RESUMO. Este texto destina-se a estudar o trabalho até agora realizado de inventariação dos periódicos musicais brasileiros, em publicações e bases de dados nacionais e internacionais, relacionando-o com a história e os esforços empreendidos no levantamento e divulgação da bibliografia brasileira sobre música e da bibliografia internacional sobre música brasileira. Para isso foram integralizados e analisados os resultados obtidos por autores como M. Moreira da SILVA no artigo “A música no Brasil” (1922), Luís- Heitor Corrêa de AZEVEDO no artigo “Periódicos Musicais no Brasil” (1939, reimpresso em 1942 e ampliado em 1950), Clóvis de OLIVEIRA no datiloscrito “Movimento Musical do Estado de São Paulo” (1944-1946), Mercedes Reis PEQUENO no artigo “Brazilian Music Publishers” (1988), Robert STEVENSON no artigo “Periódicos musicais brasileiros: sua história” (1991), Irati ANTONIO no artigo “Impression of music” (1992) e André CAVAZZOTTI na comunicação “Cronologia das publicações científicas brasileiras seriadas da área de música” (2003). Além desses textos, foram também examinados verbetes de dicionários e enciclopédias, como o verbete “periódicos” do dicionário musical de Pedro SINZIG (1947, reimpresso em 1959 e 1976), o apêndice “Periódicos Musicais” da ENCICLOPÉDIA da música brasileira (edições de 1977 e 1998), a relação de periódicos musicais brasileiros do verbete “Peri- odicals” do The New Grove dictionary of music and musicians (1980 e 2001), e a relação de periódicos que aparece nas mais completas bibliografias da música brasileira, como as de Luís Heitor Corrêa de AZEVEDO, Cleofe Person de MATOS e Mercedes de Moura REIS (1952) e Irati ANTONIO, Rita de Cássia RODRIGUES e Heloísa Helena BAUAB (1988). Constatou-se que a maior parte desses trabalhos foi produzida nem sempre com a consulta de todos os seus antecessores, o que ocasionou a publicação de resultados bastante diferentes, mesmo para os autores contemporâneos. A integralização dos dados aponta para a existência de uma quantidade bem maior de periódicos do que a que indicam individualmente os autores consultados, com cerca de 230 títulos, frente aos 29 e 93 títulos, por exemplo, relacionados nas duas últimas edições impressas (1980 e 2001) do The New Grove dictionary of music and musicians. Paralelamente, serão consideradas três importantes questões: 1) As bibliotecas do país contêm números de vários periódicos musicais brasileiros que não foram relacionados por nenhum dos autores que até agora se dedicaram ao assunto, o que poderá fazer o número de títulos conhecidos chegar perto de 400; 2) São raros os trabalhos realizados sobre a história e conteúdo dos periódicos musicais brasileiros que permitam conhecer a evolução da produção musicológica brasileira e estabelecer sua relação com o público leitor; 3) Estudos específicos sobre o conteúdo de alguns periódicos musicais brasileiros, como os de Paulo CASTAGNA e Werner SCHWARZ (1993), Carlos KATER (2001) e Denis Tadeu Rajh VIDAL (2005) demonstram que uma parcela significativa dos textos publicados nos periódicos analisados nunca chegou a ser indexada nas bibliografias impressas ou nas bases de dados online, permanecendo desconhecida da grande maioria dos pesquisadores que se dedicam ao assunto. Além de propor uma discussão sobre o significado do conhecimento disciplinar e especializado da produção musicológica no Brasil, este trabalho procura refletir sobre a necessária perspectiva transdisciplinar no estudo dos periódicos musicais impressos no país.