HARVARD UNIVERSITY. LIBRARY OF THE MUSEUM OF COMPARATIVE ZOOLOGY. [3h Exebanee uma 3, IgoS, ANNAES BA SOJENCIAS NATURAES PUBLICADOS AUGUSTO NOBRE VOLUME VII E POREO FESPSSEIIST=S= ===: =S5S=S===8: CEEE SS IIESEERE Es er ss naEaceasosasos <— ANNAES SETENCIAS NATURAES ANNÃES SOIENCIAS NATURAES PUBLICADOS NV UGIUSTONOBIE VOLUME VII “PORTO FRORTO Typegraphia A. F. Vasconcellos, Successores tua de Sá Noronha, 51 Annaes de Sciencias Naturaes. Vol. VII, 1900 PLANTAS NOVAS PARA 4 FLORA DE PORTUGAL: POR GONÇALO SAMPATO PLANTAS NOVAS PARA A FLORA DE PORTUGAL POR GONÇALO SAMPAIO HI 1. Epilobium lanceolatum, Seb. et Maur. — Regoa: Ado- rigo. Foi colhido em maio de 1881 pelo distinctissimo naturalista Eugenio Schmitz, já fallecido. No seu herbario, adquirido pela Escola Normal do Porto mediante a louvavel iniciativa do pro- fessor ex.mo snr. Bento Carqueja, encontram-se depositados os exemplares. E' uma especie rara em Portugal e, creio, ainda não citada na nossa flora. 2. Laurentia Michelii, DC. 8. confusa, nob. — A specie differt caule breviore, interdum subnullo; pedunculis valde longis prope basin bracteatis ; foliis repandis, integris sew leviter crenatis. An Fi. Maj. Habitat in locis graminosis, ad littora maritima : Matho- sinhos, Boa-Nova et aliba. E' abundante pelos arrelvados da costa, nos logares indica- dos, e estende-se, talvez, até ao extremo norte do paiz. Apre- senta as flores geralmente brancas, e alguns exemplares são per- feitamente acaules, com os pedunculos radicaes, como acontece na L. tenella, DC. 3. Erythroca maritima, (L.) Pers. 9. brevipes, Lge. — Leça de Palmeira, junto da costa ma- ritima. Ann. Sc. Nat., vol. VII, 1900. Porto, 8 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES [4] Esta interessante variedade foi colhida em 1884 pelo snr. Joaquim Tavares, empregado do Jardim Botanico do Porto e muito habil herborisador, a quem o estudo da flora portuguesa deve importantes descobertas. No mesmo logar, juncto da Foze- lha, adquiri, ha poucos annos, os exemplares que conservo no meu herbario. 4. Anchusa sempervirens, L. 5. racemosa, nob.— 4 typo vir differt foribus omnibius bracteatis, in racemos laxos et longiores quam axillantia folia dispositis ; corollis suepe rubescentibus ; fructibus pal- lidis, muioribus. Habitat cum specie: Paredes de Coura. Povoa de Lanhoso et alba. E' possivel que a planta não passe de uma fórma muito cu- riosa da especie. A sua inflorescencia, porém, é deveras notavel, pois ao passo que no typo ella se apresenta constituida por cy- meirulas subcapituliformes mais curtas que as folhas axillantes e providas na base de duas bracteas oppostas — n'esta variedade, pelo contrario, é formada por cachos axillares mais compridos que as folhas e com as flores todas acompanhadas por uma bractea. Além d'isto tem os pediculos mais compridos e as sepalas muito acrescentes. Tenho-a encontrado em varias localidades do norte e possuo exemplares no meu herbario. 5. Gratiola genuilora, nob. Caulis crassus, teres, inferne gluber aut parce pilosus, superne glandiloso-puberulus sicut pedunculus et calices. Folia sessilia, opposita. integra, carnosa obscure 1-3 nervia, sub lente puberula. Flores axillares, pedunculis tenuibus, subaeguantibus foliis aut bre- vioribus. Cali 5 fidus cum bracteis epicalicis brevioribus quam sepala. Corolla exterius pubescens, 13-18 mil. long., tubo lwtescente in genu “curvato et calicem valde excedente, limbo imtense roseo et cum. lobo medio non refracto. Habitat in humidis locis, ad ripas Tamega, prope Amarante. Per. Fi. Jun. Jul. [5] G. SAMPAIO: PLANTAS NOVAS PARA A FLORA DE PORTUGAL Colhi os primeiros exemplares em junho de 1896, no logar indicado, onde era abundante em mistura com a G. officinalis, da qual se distinguia, logo á primeira vista, pelo seu aspecto muito differente. A planta é affim da G. lusitanica; separa-se dela, porém, por um conjuncto de caracteres valiosos, como são: os pe- dunculos pubescentes, as bracteas do epicalix mais curtas que as sepalas, as corollas pubescentes por fora, de tubo muito mais comprido que o calix, amarello, curvado em cotovello, de lim- bo roseo-intenso e apresentando o lobulo superior não reflectido, e, finalmente, as folhas menos distinctamente nervadas. A G. linifolia aparta-se muito da presente especie pelos seus caules tetragonaes.e menos robustos, pelas folhas mais es- treitas e pelas corollas muito menores, de tubo direito ou quasi. 6. Mentha silvestris, L. 6. candicans, (Crantz). — Gaya: Avintes, nas margens do “rio Douro. Em 1881 colheu o snr. Joaquim Tavares, no logar referido. tanto os exemplares que existem em cultura no Jardim Botanico do Porto como os que se encontram depositados no Herbario da Academia Polytechnica. Um facto curioso e que devo registrar é que pertencendo a planta á variedade candicans, como se vê pelas exiccatas do Her- bario, regressou ao typo, pela cultura em terreno secco, tomando um aspecto inteiramente diverso, quasi o aspecto de uma M. wo- tundifolia depauperada, com a qual se poderia confundir sem um exame attento. As suas folhas um pouco mais agudas, menos ru- cosas, de pubescencia quasi deitada, e o facto de não produsir na base caules estereis e reptantes são, porém, caracteres que revelam a M. silvestris. Como, apezar das minhas numerosas herborisações pelas margens do rio Douro, juneto do Porto, não tenho descoberto a planta é de suppor que ella se encontre bastante para o interior, sendo os exemplares colhidos pelo snr. Tavares provenientes de sementes arrastadas pelas cheias, como acontece com muitos ou- tros vegetaes que apparecem adventiciamente perto do Porto, nas margens do rio. 10 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES [6] 7. Teucrium Luisieri, nob. Radix perpendicularis, ramosa. Caules numerosi adscendentes, fragiles, dupliciter pubescentes, ut folia et calices, pilis simplicibus patentibusque, sed biformi- bus: aliis brevibus, densis, glandiulosis, aliis longis et alvis- simis. Folia pagimis subconcoloribus et pubescentibus, linearia, obtusa, 12-20 mill. long., basi dilatato-amplexicaulia, per tria verti- cillata, valde crenato-rugosa, marginibus convolutis proser- tim prope basin, adultiora satis decidua. Inflorescentia odoratissima. Flores sessiles in capitula semper glo- bosa et, lateralia, in axilis foliorum,summorum per tria dis- posita: inferiora demum remota et longe pedunciulata, supe- riora dense congesta. Bracteae biformes: exteriorae majores, cblongo-lanceolatae, obtusae, crenatae, marginibus involutis; interiorae calices aequantes, pediculatae, lineari-lanceolatae, in marginibus valde ciliatae et facicbus simpliciter pubescentes. Calices 3 4 mil. long., hirsuti, dentibus im dorso carinatis, acutis et inaequalibus: duo dentes inferiores majores et im aristam satis villosam desimentes, superiores plerumque vir acuminati. Corolla albo-sulphurea, tubo pubescenti et labis superioribus cblongis glabrisque. Filamenta flexuosa, inferne pubescentia, cum antheris reniformai- bus ochraciis. Stigma bifidum, glabrum, ramis longis et satis divergentibus. Achenia migra, rugosa. Habitat in «Serra da Rasca» (Portugal) Per. FI. Maj, Jun. Dicavi cl. botam. Alphonso Luisiero, ex Collegio Sancti Francisci Setubalensis, qui hanc plantam aperuit et mihi communicavit. Esta planta distingue-se do T. Haenseleri, Bois., ao lado do qual deve ser inscripta, por um conjuncto de caracteres valiosos, como são: a pubescencia dupla e mais abundante, os caules des- cahidos ou remontantes, e menos densamente folhosos, as folhas alargado-amplexicanles na base, dispostas por tres em cada ver- ticillo e providas nas axillas de pequenos gommos folheiferos, os capitulos menores, globosos, muito menos densos, sendo os late- G. SAMPAIO: PLANTAS NOVAS PARA A FLORA DE PORTUGAL 1 —— =] A) raes verticillados por tres e com os pediculos mais acrescentes, pelas bracteas interfloreas, e pelos calices de dentes deseguues, terminados, pelo menos os inferiores. por wma aresta. Além d'isto a planta tem um aspecto diverso e os seus ramos offerecem en- trenós mais compridos, sendo proporcionalmente mais delgados e muito quebradiços pela deseccação. Foi seu descobridor o snr. Alphonse Luisier. do Collegio de S. Francisco de Setubal, a quem devo a amabilidade de remet- ter-me os exemplares sobre os quaes estabeleci a presente dia- gonose. Encontra-se em varias localidades da Serra da Rasca, sendo bastante abundante no alto do «Cabeço gordo». 8. Teucrium fragille, Bois. 5. Schmitz, nob. — 4 specie, cui habitu valde similis, via difrert pubescentia plus brevi et mimus densa ; foliis ovato- lanceolatis in margine revolutis; calicibus ad fauxem parce piloso-aniwlatis. Habitat Buarcos: Cubo Mondego. Leg. E. Schmitz. Apr. 1870. Afasta-se do typo pela pubescencia mais curta e menos abun- dante, sendo quasi deitada nos caules, pelas folhas ovaes-lanceo- ladas, com os bordos revirados. e pelos calices com a fauce pro- vida de alguns pellos, que constituem um annel rudimentar. Além disto os cachos são quasi sempre um pouco mais densos e as bracteas inferiores excedem um pouco os calices. De resto condiz perfeitamente tanto com a dignose como com a estampa de Boissier. O Tintrincatum, Lge.. (1) que se apro- xima d'esta planta pelo habitat maritimo e pelas folhas de bor- dos revirados é differente pelo aspecto, pelos cachos paucifloreos, laxos, e pela natureza da pubescencia. O typo da especie é desconhecido em Portugal, e a pre- sente variedade foi estabelecida sobre os exemplares do Herba- rio Schmitz, onde estavam etiquetados com o nome de T. Cha- muedris, L. (1) Descriptio iconibus illustrata plantarum novarum vel minus cogni- tarum. Hauniae, 1864-1866. 12 ANNAES DE SCIENCIAS NATURA ES [8] 9. Thymus coespititius, Brot. 5. macranthus, nob. — Planta quam typus robustior, ramais floriferis elatioribus, calicibus 6-7 mill. long., floribus subduplo majoribus plus longe pedunculatis et manus dense congestis. Habitat in montibus transtaganis, circa Setubal et alii. E' uma interessante variedade austral, bem defenida pela sua robustez e pelas flores muito maiores. Os calices apresentam, ao contrario das fórmas do norte, o labio superior sempre pro- fundamente tridentado e mais comprido que o inferior. 10. Polygonum subalatum (Lej.).— Mathosinhos, nas mar- gens do rio Leça. Esta curiosa planta tem sido tomada por uns botanicos como simples variedade do P. convolvulus, por outros como hybrido desta especie com o P. dumetorum, e por outros, ainda, como especie independente e intermedia a estas. Comquanto não te- nha elementos sufficientes para com segurança me decidir por qualquer das tres opiniões devo dizer que me inclino a favor da ultima. Na verdade, a hypothese do hybridismo não me parece admissivel por varias rasões, taes como são: 1.º — por apparecer a planta em Portugal na bacia do pequeno rio Leça. onde, ape- zar de regularmente explorada, se não conhece um dos suppos- tos paes, o P. dumetorum; 2º — por nas bacias do Ave, do Ca- vado e do Lima existirem em mistura, como tenho observado, o P. convolvulus e o P. dumetorum, sem que até hoje se conheça qualquer producto do seu cruzamento; 3.º— por o P. subalatwm apresentar caracteres particulares, pelo menos em Portugal, que não poderia herdar de qualquer das outras duas especies, taes como é a côr rosea das suas flores. O considerar-se a planta como uma simples variedade do/ P. convolvulus tambem me parece pouco justo, visto que ella tem um aspecto muito diverso e as duas differem muito pelos seus caracteres, como se vê no seguinte quadro: [9] G. SAMPAIO: PLANTAS NOVAS PARA A FLORA DE PORTUGAL 13 P. convolvulus, L. Periantho fructifero sem azas membranosas sobre as angu- los. Antheras violaceas. Flores abrancadas. Cachos quasi todos laxos e fo- lhosos. Caules curtos (1-6 decimetros) e pouco trepadores. P. subalatum, (Lej.) Periantho fructifero com peque- nas azas membranosas sobre os angulos. Antheras roseas ou brancas. Flores roseas. Cachos quasi todos densos e nus. Caules compridos (1-2 metros) e bastante trepadores. Do P. dumetorum, cujo aspecto semelha um pouco, separa- se muito bem a planta pelas azas do periantho fructifero muito menores, pelos achenios fôscos e finamente papilloso-estriados, pelas flores roseas, e pelos caules menos trepadores. Em agosto de 1900 colhi nas margens do rio Leça os exem- plares que conservo no meu herbario. E planta nova não só para Portugal mas tambem para toda a peninsula hispanica. 11. Rumex rupestris, Le Gall. — Arredores do Porto. Differe do R. conglomeratius, especie frequente nos arredores 'do Porto, pelos cachos da panicula erecto-ascendentes, aproxima- dos entre si, pelos glomerulos das flores menos compactos na ma- turação, sendo na maior parte não acompanhados por uma pe- quena folha, e. finalmente, pelas sepalas exteriores com a calosi- “dade comprida e menos saliente. A fórma do Porto tem a panicula mais desenvolvida que o typo, como acontece em outros pontos da Europa. 12. Rumex occidentalis, S. Wats. — Porto e arredores. E uma bella especie, robusta e de aspecto inconfundivel. Do R. crispus, que tambem se encontra no Porto, pelas margens do rio Douro, aparta-se muito bem não só pelo seu facies espe- cial mas tambem pelas folhas radicaes oblongo-ovaes, grandes, de base larga, profundamente cordada e menos undeado-cres- padas na margem, pelos cachos da panicula muito compridos, e, 14 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES TA 10] finalmente, pelas sepalas fructiferas mais ovaes, maiores c offe- recendo sempre só uma com calosidade dorsal. Condizem-lhe muito bem tanto a diagonose como a estampa publicadas por William Trelease no Report de 1892 (*) do Jardim Botanico de Missouri (Estados Unidos da America do Norte). Porto, janeiro de 1901. () A revision of the American species of Rumex occurring norti of Mexico, pag. 81, est. 19. Annaes de Sciencias Naturaes. Vol. VII, 1900 AS ZOOCECIDIAS PORTUGUEZAS ENUMERAÇÃO DAS ESPECIES ATÉ AGORA ENCONTRADAS EM PORTUGAL E DESCRIPÇÃO DE DEZESETE NOVAS POR JOAQUIM DA SILVA TAVARES da Sociedade Hecpanhola de Historia Natural e professor no Collegio de 8. Fiel As zoocecidias portuguezas póde dizer-se que estão ainda por estudar. O sr. Adolpho Frederico Moller juntou em 1899 algumas especies, que appareceram este anno classificadas pelo sr. dr. Alessandro Trotter no «Boletim da Sociedade Brote- riana» (Prima communicazione intorno alle galle (zoocecidi) del Portogallo — Bol. da Soc. Br., t. xvr, p. 196, sgg.). Afóra este trabalho, em que estão enumeradas só 21 especies, faz-se men- ção de 5 ou 6 especies portuguezas nas Species des Hiyménoptê- res d Europe et d'Algérie, t. vir — Cynipides, par J. J. Kiefer. Estas foram recolhidas na quinta do Bom Successo (Cintra) e en- viadas ao sr. Abbade Kieffer pelo Rev. P.º Paulus, actual Mis- sionario de Angola. O sr. dr. Paulino de Oliveira (Catalogue des Insectes dw Portugal — Coleoptêres — Coimbra) faz menção de alguns coleo- pteros cecidogenicos; mas não se occupa das cecidias. O sr. José Maximiano Corrêa de Barros (Subsidios para o estudo da fauna entomologica transmontana — Coleopteros do concelho da Sabrosa — Annaes de Sciencias Naturaes, vol. 111, Porto, 1896) menciona tambem tres especies cecidogenicas, sem falar porém nas ceci- dias correspondentes. Os trabalhos sobre os Hemipteros portu- guezes são os seguintes: Lethierry — Relevé des Hemuúptêres re- cueillis en Portugal et en Espagne par M. C Van Wolxem en Mai et Jun 1871. (Ann. Soc. Entom. de Belgique, t. xx, 1877, pag. 34. sgg.): Bolívar y Chicote — Enumeración de los Hemi- pteros observados en Espana y Portugal (Anales de la Soc. Esp. de Hist. Nat., t. vir, 1879, pag. 147, sgg.): Chicote — Adiciones à lx enumeración de los Hemípteros de Espana y Portugal (Tbid. 2 Ann. Sc. Nat., vol. VII, 1900. Porto. 18 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES [4] t. 1x, 1880. p. 185, sgg.); e dr. M. Paulino de Oliveira — Cata- logue des Hemiptêres du Portugal (Annaes de Se. Nat., vol. 1 e rr, Porto, 1895, 1896). Pois em nenhum destes trabalhos é cita- da especie alguma portugueza, que produza cecidias. Quanto aos Dipteros, não conheço estudo especial que trate das nossas es- pecies, sendo por isso ineditas quasi todas as cecidogenicas. Nos catalogos (muito poucos desgraçadamente!) dos Arachnideos e Lepidopteros portuguezes tambem não vejo citadas as especies que se criam nas cecidias. Talvez seja a difficuldade que tem afastado d'este.estudo os nossos naturalistas. Com effeito, a pequenez da maior parte das especies e a grande abundancia de commensaes e parasitas que bastas vezes tornam trabalhoso o descobrimento do verdadeiro proprietario e auctor da cecidia, são embaraços que fazem des- alentar, mórmente no principio. Accresce haver nas zoocecidias representantes de Arachnideos e de quasi todas as ordens de insectos, e assim a classificação se faz mais laboriosa. Se estas difficuldades me não desanimaram. devo-o em boa parte á gen- tileza do sr. Abbade Kieffer, que não sómente me auxiliou com seus valiosos conselhos, mas tambem me prestou generoso con- curso na determinação das especies duvidosas. E” por isso que desejo fique patente aqui o meu sincero agradecimento para com o distincto Professor de Bitsch. Emquanto estava reunindo os materiaes para o catalogo das zoocecidias portuguezas, razões especiaes me levaram a publicar desde já os resultados das minhas primeiras investigações. Ape- sar do pequeno numero de especies recolhidas, apparecem nesta lista, além de 24 especies completamente novas (das quaes são des- criptas 17), mais de 110 novas para a fauna portugueza e uns 70 substratos novos, isto é, plantas em que as cecidias já conhecidas não tinham ainda sido encontradas. Vão tambem descriptas qua- tro variedades novas. No recolher das especies auxiliaram-me alguns de meus collegas e por isso lhes tributo neste logar pu- blico agradecimento. Como as cecidias por elles descobertas fo- ram por mim examinadas e fazem parte da minha collecção, junto dos seus nomes vae o signal convencional —! As especies novas para a nossa fanua levam uma *, e os subsiratos novos — EPE [5] J. S. TAVARES: AS ZOOCECIDIAS PORTUGUEZAS 19 uma “7. Quando ao lado de cada especie não ha nenhum nome, entende-se que foi por mim encontrada. Por ultimo, seja-me permittido patentear o meu reconheci- mento para com o meu collega, sr. Carlos Zimmermann, que benevolamente se quiz encarregar dos desenhos das cecidias novas. S. Fiel — Outubro, 1900. 20 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES [6] HYMENOPTEROCECIDIAS CHALCIDIDAE Gexero Blastophaga Wesrwoon 1. Grossorum Grav. Na Ficus carica L. Setubal, Maio, 1900. Muito commum no Algarve. Nome vulgar das cecidias, ou antes dos figos que as contêm — figos de toque. Obs. As femeas, entrando nos figos, pbem um ovo em cada flor, que se muda numa cecidiasinha. Succede isto principalmente nas figueiras bravas (Ficus carica var. silvestris). Como ha figuei- ras cultivadas que dão figos lampos ou de S. João e não os vin- dimos, ou que não produzem nem uns nem outros (os figos cáem- lhes antes de amadurecer); basta collocar nellas alguns figos de toque, para darem figos lampos e vindimos. Esta operação, cha- mada caprificação natural, era já conhecida dos romanos e está bastante em uso no Algarve. Começa tambem a ser empregada na Beira, onde recebem do Algarve os figos de toque. Em cada figueira costumam collocar 6 a 12 figos de toque enfiados num junco ou numa guita. Os insectos sáem destes figos, entram pe- los olhos dos figos verdes e produzem nelles uma segunda gera- ção. As cecidias, emquanto se formam, causam um afíluxo de seiva, fazem o figo mais succulento e concorrem eficazmente para a sua maturação. Paizes ha em que se usa a caprificação artifi- cial, que consiste em deitar oleo ou azeite no olho do figo. Ao que se crê, o azeite impede a evaporação e a seiva em maior abundancia concorre para a maturação. [7] J. S. TAVARES: AS ZOOCECIDIAS PORTUGUEZAS 21 TENTHREDINIDAE Genero Pontania Costa 2. * P. bella (Zadd). No Salix awrita L. S. Fiel, Monte do Barriga (não longe de Tinalhas), desde abril até ao outono, 1900. Obs. As cecidias desenvolvem-se na pagina inferior das fo- lhas junto da nervura media, onde produzem uma saliencia pe- luda do tamanho de um ou dois grãos de milho. 3. * P. gallicolla (Westw). No Salix frigilis L. var. decipiens (Hof) Koch. Cadriceira (entre Runa e o Turcifal), agosto, 1900; arredores de Se- tubal (A. Luisier!), setembro, 1900. Gexero Cryptocampus Harria 4, * C. saliceti? Wall. No Salix cinerea L. Cadriceira, julho, 1899. Obs. A cecidia d'esta especie é muito semelhante á que pro- duz o C. migritarsis Cam., e como não encontrei senão as larvas, não posso affirmar ao certo a qual das duas pertence: parece-me, porém, mais provavel que seja do €. saliceti Fall. CYNIPIDAE CYNIPINAE Gexero Rhodites Harria 5. * R. eglanteriae Hart. Na Rosa canina? L. Entre Runa e o Turcifal, julho, 1899; quinta do Armelão (acima da Commenda, perto da Arra- bida), setembro, 1900. Commensal: Periclistus caninae Hart. Parasita: Um Chalcidite do genero Pteromalus Sehwed. bo bo ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES [8] Obs. De uma só cecidia saíram oito commensaes em maio do 2º anno. 6. * R. Mayri Schlecht. Na Rosa canina L. Perto de S. Fiel (Candido Mendes!) ou- tubro, 1889: Caféde (M. N. Martins!), março, 1900. Parasitas: * Orthopelma luteolator Grav. * Torymus eglanteriae S. Obs. Os Rhodites parecem raros em Portugal. Apesar de muitas diligencias, não encontrei ainda a cecidia do Rhodites ro- sae (L.) Hart. (bedegar), communissima em quasi toda a Europa. Dos R. eglanteriae e Mayri foram encontrados poucos exem- plares. Grsxero Xestophanes Fórsrer 7. * X. brevitarsis Thoms. Na Potentila tormentilla Nestl. Praia de Santa Cruz (en- tre a Ericeira e Peniche), agosto, 1900. Obs. As cecidias eram quasi todas côr de rosa, e estavam collocadas aos grupos nos caules. Gexero Aulax HarriG 8. * A. hypochoeridis Kicff. Na Hypochoeris radicata L. S. Fiel (C. Mendes!) março, 1900: arredores de Setubal (A. Luisier!) abril, 1900: perto de Torres Vedras, agosto, 1900: Monte do Barriga (perto de Tinalhas), setembro, 1900. + Na Hypochoeris glabra L. S. Fiel. julho, 1900; Foz do Douro (Gonçalo Sampaio!), abril, 1901. Parasita: um Chalcidite do gen. Ewrytoma JJ. Obs. Os insectos sahiram em abril do 2.º anno. 9. * Aulax sp.? Encontrei a cecidia sobre uma planta herbacea, já secca (provavelmente composta), que por esta causa não pude classifi- |9] J. S. TAVARES: AS Z00CECIDIAS PORTUGUEZAS 23 car. A cecidia consiste n'um engrossamento quasi espherico dos ramos, em que o diametro póde chegar a 15 mm. A superficie externa é giabra e desegual. Um córte mostra as cecidias inter- nas em grande numero, de fórma oval, paredes espessas (1 mm. e mais) e algum tanto lenhosas, cuja largura é proximamente 2.5 mm. O resto da cecidia é formado pela medulla extraordina- riamente desenvolvida, coberta pela casca. Não obtive senão a larva. Perto de Setubal, fevereiro, 1900. Gexero Diastrophus Harria 10 * D. rubi Hart. Rubus sp.? Matta do Fundão (M. N. Martins), principio de julho, 1900. Obs. As cecidias eram verdes ou de côr avinhada. Estavam nos ramos e algumas chegavam a ter 07,1 de comprimento. Gexero Periclistus FórsrTeER 11 * P. caninae Hart. Commensal do Rhodites eglanteriae Hart. Obs. Saíram em maio do 2.º anno. As cecidias em que vi- vem estes commensaes reconhecem-se facilmente no exterior, por isso que são maiores e não redondas como as normaes. Gexero Ceroptres Harrra 12 * G. arator Hart. 7 Commensal do Newroterus baccarwum L. Obs. Saíu em junho do 1.º anno (1900). Até agora não tinha sido encontrado n'esta cecidia, e além d'isso nunca foi observado que saísse no 1.º anno, mas sim no 2.º As coxas nas go são de côr parda quasi negra. 13. * GC. cerri Mayr. 7 Commensal do Plagiotrochus cocciferae Mayr, em cuja cecidia ainda não tinha sido visto. 24 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES [10] Obs. Saíu na primavera do 1.º anno (1900). As duas care- nas da face nos exemplares por mim observados não são visi- veis, o que succede não raras vezes com esta especie. Sobre isto o 2º e 3.º segmentos abdominaes estão soldados por fórma que não se lhes enxerga indício algum de sutura. Todos os auctores assignalam a sutura d'estes dois segmentos como caracter do ge- nero Ceroptres. O sr. Abbade Kieffer, a quem consultei por esta razão, diz-me que em tudo o mais concordam os meus exempla- res com os do Quercus Cerris L. Gexero Synergus Harria 14. * S. umbraculus O1. Commensal das cecidias seguintes: Cynips argentea Hart. (Kieffer). Cynips Kollari Hart. (Kieffer, Tavares). + Trigonaspis Mendesi n. sp. (setembro, 1900, 1.º anno). Cynips coriaria Haihm. Obs. Os exemplares do Cynips Kollari Hart. saíram em se- tembro do 1.º anno. Até agora não tinha sido observada a saída destes commensaes senão no 2.º anno. 15. * S. umbraculus Ol. var. histrio Kieff. Commensal das cecidias seguintes, saindo em setembro do 1.º anno (1900): Cynips Kollari Hart. + Cynips Panteli n. sp. T Cynips coriaria Haibm. Obs. Do Cynips Panteli n. sp. obtive grande numero de exemplares. O tamanho é muito variavel. Nas 99 de ordinario anda por 3 mm. a 3,5 mm., e nos dé póde chegar a 2,8 mm. 16 ** S. evanescens Mayr var. rubricornis n. var. dq Antennae totae rubrae, tenues. Secundus articulus in q non longior quam crassior; tertius (triplo vel quadruplo [11] J. S. TAVARES: AS ZOOCECIDIAS PORTUGUEZAS 25 longior quam crassior) quartum longitudine aequat. Ca- put nigrum. Abdomen brunco-castaneum. Pedes rubri; sed corae (excepta parte extrema), basis femorwum et ti- biae posticae a parte media ad extremam usque coloris bruneo-nigri. In é pedes postici, exceptis genibus et tar- sis, migri. Venae lutene. Carinae frontales conspicuae et ad ocellos produciae; absque carinula media. Mesonotum rugis transversis, incequalibus, valde conspicuis ornatwm ; spatium rugis interjacens mnitens. Cuetera ut in typo. Longitudo corporis 27: 3,5 mm. Commensal do Andricus Kirschsbergi Wachtl. Setem- bro do 1.º anno (1900). 17. * S. Reinhardi Mayr. Commensal do Cynips Kollari Hart. (typo). Maio do 2.º anno (1900). Obs. Os exemplares, que obtive, teem as nervuras amarel- las e são faltos de carena media. Por isso, para os distinguir do S. evanescens Mayr, foi preciso soccorrer-me da cecidia de que são commensaes. Já a Mayr succedeu o mesmo. À camara larval é muito maior que no estado normal e as larvas estão separadas umas das outras por meio de tabiques membranosos. 18. * S. pomiformis Fonsc. 7 Commensal da cecidia do n.º 181, do Q. coccifera. Abril do 2.º anno (1900). 19. * S. radiatus Mayr. Commensal de: Andricus solitarius Fonsc. 2.º anno (1900). Neuroterus baccarum L. Primavera do 1.º anno (1900). 20. ** S. radiatus Mayr var. testaceipes n. var. 2 Primus articulus antennarum miger. Pedes (quin coxae excipiantemr) testacei. Abdomen castanewm (aliquando fere nigrum), et mitens. Cuctera ut in typo. 2 incognitus. 26 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES [12] Commensal do Plagiotrochaws cocciferae Licht. Maio e ju- nho do 1.º anno (1900). 21. * S. vulgaris Hart. Commensal do Andricus solitarius Fonse. Primavera do 2.º anno (1900). 22, * S. pallidicornis Hart. + Commensal da Trigonaspis synaspis Hart. Setembro do 1.º anno (1900). 2 ot . * S. albipes Hart. | + Commensal da Trigonaspis Mendesi n. sp. Verão do 1.º anno (1900). Obs. Obtive extraordinario numero d'estes commensaes du- rante o mez de agosto, e mais que tudo em setembro. 24. * S. thaumatocera Dalm. Commensal do Andricus curvator Hart. Primavera do” anno (1900). 25. ** S. lusitanicus sp. n. 2 Nigra; abdomen et thorax bruneo-castanea, mesonoto bru- neo-nigro; antennae et pedes (quin coxae excipiantur) sublutei coloris. Antennae temwes; tertius articulus via quarto longior. Carinula frontalis parwm conspicua. Me- sonotum swlcis transversis, haud valde conspicwis, distin- ctum. Venae fere hiyalinae. Abdomen lacve, mullis orna- tum punctis. Longitudo corporis q: 1,2 mm. Commensal do Andricus ostreus Mayr. Saíu na primavera do 2.º anno (1900). Obs. Varios dos Synergus que ficam enumerados, noutras partes da Europa sáem das cecidias só no 2.º anno; ao passo que em Portugal apparecem no 1.º, ás vezes apenas a cecidia chega à maturação. Taes são SS. wmbraculus typo c var. lustrio, Rei- bo = [13] J..S. TAVARES: AS ZO00CECIDIAS PORTUGUEZAS nhardi e pallidicornis. Provavelmente é isto devido á maior uni- formidade do nosso clima temperado. Genero Andricus Harria Sup-cexERO Callirhytis Fórsrer Mesonoto com riscas ow rugas grosseiras e transversaes 26. * CG. glandium Gir. No Q. suber L. var. genmna P. Cout. S. Fiel, outubro, 1900. Obs. As landes em que está a cecidia conhecem-se bem. por estarem quasi sempre fendidas, ou algum tanto arqueadas. Lan- des ha, em que se encontram 3 e 4 cecidias tomando quasi todo o espaço que devia ocenpar a semente. Sup-ceNERO Andricus HarriG Mesonoto sem riscas transversaes, ou com ellas muito apagadas 27. * A. ostreus (Gir.) Mayr. No Q. lusitanica var. faginea Bss. Matta do Collegio do Barro. julho, 1899: entre Runa e Turcifal, agosto. 1899. 7 No Q. lusitanica var. Broteri P. Cout. Matta do Collegio do Barro, agosto, 1900. No Q. pedunciulata Ehrh. Perto de S. Fiel e Castello Novo, setembro, 1899. No Q. Toza Bosc. Alpedrinha e arredores de S. Fiel, setem- bro, 1899. Perto de Castello Branco e Covilhã, setembro, 1900. + No Q. humilis var. prasina Bosc. Perto da praia de S. Cruz (entre Peniche e a Ericeira), agosto, 1899. Commensal: Synergus lusitanicius n. sp. Obs. Em Portugal as cecidias começam a cahir das folhas desde julho por deante. Duas vezes observei as cecidias na face 28 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES [14] superior das folhas do Q. Toza Bosc. e outra na mesma pagina das folhas do Q. pedunculata Ebhrh. São communs nos OQ. lusita- nica, humilis e Toza; bastante raras no Q. pedunciulata. 28. A. ramuli (L.) Schenck. var. trifasciata Kieff. No Q. humilis Lk. Perto de Coimbra (Moller), maio, 1899. + No Q. humilis var. prasina Bosc. Perto de S. Cruz, agosto, 1900. No Q. lusitanica var. faginea Bss. Arrabida (Mezinha), maio, 1900; quinta do Armelão, maio, 1900; arredores de Se- tubal (A. Luisier!), junho, 1900. + No Q. lusitanica var. Broteri P. Cout. Perto de Torres Vedras, Cadriceira (entre Runa e Turcifal), abril, 1900. No Q. pedunculata Ebrh. Perto de S. Fiel, setembro, 1900. No Q. Toza Bosc. Arredores de Castello Branco, julho, 1900. Parasitas: Eurytoma sp.? Torymus sp.? Obs. Só obtive insectos da cecidia do Q. lusitanica var. Bro- teri, e todos pertenciam à variedade trifasciata. Todas as 9? (8 ex.) por mim observadas tinham só 13 articulos nas antennas. O sr. Trotter (Prima Communicazione intorno alle galle del Portogallo, Bol. da Soe. Brot., xvr. p. 200), diz succeder isto ra- ras vezes. E” porém de notar que os exemplares observados por Trotter provieram de cecidias do Q. hwmilis. As tres faixas es- curas que ornam o mesonoto são ás vezes difíicies de vêr. A ce- cidia não é rara em Portugal. 29. * A. luteicornis Kieff. No Q. suber L. Quinta do Armelão, valle dos Puchaleiros (junto da Arrabida). perto de Azeitão, maio, 1900. S. Fiel, junho, 1900. Obs. Esta especie era conhecida só da Cicilia. As cecidias de ordinario estão duas a duas nos gommos axillares. Não são raras. Os insectos saem durante o mez de abril do 2.º anno € al- [15] J. S. TAVARES: AS ZOOCECIDIAS PORTUGUEZAS 29 ——— + guns ainda em maio. Como o d não foi ainda descripto, apresen- tarei resumidamente os seus caracteres e bem assim algumas differenças que encontrei na q em relação á descripção do sr. abbade Kieffer (Les Cynipides, p. 419). d Niger. Pedes plus minusve lutei, sed coxae omnes, et tibia- rum magna pars, et antennae brunea. Mesonotum, scutel- lum, et alae, ut in q; foveolae nitentes. Venae luteae (in 9 bruneo-luteac). Abdomen, ut in 9, laeve, nitens, et fere glabrum. Antennae compositae I£ articulis longitudinali- ter striatis. Secundus articulus vix longior quam crassior ; tertius, ommnirm longissimus, incurvus ut in Synergus; ceteri inde sensim longitudine dscrescentes ad 12%" usque, sesqui- longiorem quam crassiorem; penultimus aliquanto longior duodecimo; ultimus duplo longior quam crassior. Longitudo corporis: 1,3 mm. q Antennarum color, et pedum ut in À. Longitudo corporis: 1,5 mm. 30. * A. grossulariae Gir. No Q. suber L. Arredores de Setubal (A. Lusier!), maio, 1900; perto de Azeitão, maio, 1900; cercanias de S. Fiel e Castello Branco, junho e julho, 1900; Luso, junho, 1900. Obs. As cecidias são communs em Portugal, e observei-as no Q. suber var. brevisquamma P. Cout. e var. genuina P. Cout. São verdes a principio e no tempo da maturação fazem-se arro- xeadas. Nunca as vi vermelhas, como Giraud diz tel-as encon- trado. Na Cicilia os insectos começam a sair nos fins de maio; no norte da Italia em principios de junho e na Austria no fim de junho. Em Setubal começam a apparecer no princípio de maio e em meados do mesmo mez teem já saído quasi todos. No Luso, a 4 de junho, ainda poucos tinham saído, e em S. Fiel appare- ceram na primeira metade do mesmo mez. Em todas as 99 que observei (e foram muitas) as pernas eram de côr amarello-aver- melhada, mais ou menos escura, às vezes quasi negra. A côr das antennas corresponde geralmente á das pernas. 30 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES [16] 31. * À. gemmatus Adl. + No Q. lusitanica var. faginea Bss. Perto de Torres Ve- dras, julho, 1899. Obs. A cecidia estava pegada á nervura media na face in- ferior da folha. Este insecto é a fórma agamica do A. corticis Hart., que por conseguinte deve existir em Portugal, apesar de não ter sido ainda encontrado. Raro. 32. * A. trilineatus Hart. + No Q. humilis var. prasina Bose. Perto da praia de S. Cruz, Obs. Encontrei tambem cecidias bastante parecidas com as do 4. trilineatus no Q. lusitanica var. faginea Bss.. mas não obtive o insecto. À cecidia é rara. Às que encontrei, estavam em ramos novos. 33. “* A. pseudococcus Kicff. No Q. ilex L. var. genvina. Perto do Sobral do Campo, se- tembro, 1900. Raro. Obs. As cecidias começam a apparecer nos fins do outono e o insecto sáe na primavera seguinte. Nalgumas folhas encontrei até oito cecidias. 34. * A. Giraudi Wachtl. + No Q. humilis var. prasina Bosc. Arredores de Setubal, setembro, 1900. Obs. Encontrei só um exemplar e a cecidia estava já vazia. 35. “ A. Malpighii Adl.- + No Q. Toza Bosc. Monte do Barriga, junho, 1900. Obs. Não encontrei senão um exemplar. [17] J. S. TAVARES: AS ZOOCROIDIAS PORTUGUEZAS 31 36. A. curvator Hart. Q. lusitanica Lk. Arredores de Coimbra (Moller), maio, 1899. No Q. lusitanica var. faginea Bss. Não longe de Torres Ve- dras e entre Runa e Turcifal, julho, 1899. Quinta do Ar- melão, abril, 1900. + No Q. lusitanica var. Broteri P. Cout. Matta do collegio do Barro (perto de Torres Vedras), julho, 1900. + No Q. Toza Bosc. Matta do Fundão e Monte do Barriga (perto de Tinalhas), junho, 1900. Perto da Covilhã, setem- bro, 1900. Castello Novo, outubro, 1900. No Q. pedunculata Ehrh. Bussaco, junho, 1900; Castello No- vo, abril, 1901. Commensal: Synergus thaumatocera Dalm. Parasita: Burytoma sp.? Obs. Nos QQ. lusitanica var. faginea Bss. e pedunculata Ehrb. encontrei nos ramos novos uma fórma corticola, que formava um engrossamento e os dobrava em fórma de cotovelo. A cecidia typo encontrei-a no peciolo e em todas as partes do limbo. No Q. lusitanica a parte superior da cecidia é muitas vezes peluda como a inferior. No Q. Toza Bose. está coberta de longos pêlos, como a folha. A cecidia não é rara no Q. lusitanica. O compri- mento póde chegar a 7 mm. e a grossura a 6 mm. Os insectos em Portugal saem em abril. Esta especie é a fórma sexuada do A. Collaris Hart., que por esta causa deve existir tambem no nosso Paiz. 87. * A. inflator Hart. No Q. pedunculata Ebrh. Entre Castello Novo e Alpedrinha, setembro, 1900. Obs. Os exemplares que encontrei d'esta cecidia são mais pequenos do que os normaes, pois teem de comprimento só 7 mm. e de grossura 5 mm. 38. A. coriaceus Mayr. Q. ilex L. Quinta do Bom Successo (Cintra) (R. P. Paulus). 32 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES [18] 39. ** A. coriaceus Mayr, var. barrensis n. var. Caput luteo-rubrum, praeter verticem brunewum. Antennae to- tae bruncae. Abdomen luteo-rubrum, excepta tertia parte postica, quae supra magro signatwr colore. Caetera ut in typo. Habitat. No Q. cocifera var. imbricata DC. Matta do Colle- gio do Barro, agosto, 1900. 40. * A. globuli Hart. + No Q. lusitanica var. Broteri P. Cout. Matta do Collegio do Barro, julho, 1899. No Q. pedunculata Ehrh. Castello Novo, setembro, 1900. Obs. A cecidia estava já completamente formada em mea- dos de julho. O insecto é fórma agamica do A. inflator Hart. No Q. pedunculata havia alguns exemplares ainda não completa- mente desenvolvidos em fins de setembro. 41. * A. fecundatrix Hart. + No Q. lusitanica var. Broteri, P. Cout. Matta do Collegio do Barro, julho, 1899. No Q. lusitanica var. faginea Bss. Matta do Collegio do Barro, julho, 1899; Arrabida (Mezinha), quinta do Arme- lão, maio, 1900. No Q. pedunculata Ehrh. Bussaco, junho, 1900. No Q. Toza Bose. Alpedrinha e arredores de S. Fiel, outu- bro, 1899; Monte do Barriga, junho, 1900; perto de Cas- tello Branco, julho, 1900. 42. * A. Kirchsbergi Wachtl. T+ No Q. lusitanica var. faginea Bss. Matta do Collegio do Barro, julho, 1899. Commensaes: 7 Synergus umbraculus Oliv. + Synergus evanescens M. var. rubricornis n. var. Parasitas: * Eurytoma rosae Ns. [19] J. S. TAVARES: AS Z00CECIDIAS PORTUGUEZAS 33 43. Andricus Panteli Ixieff. + No Q. lusitanica var. Broteri P. Cout. Matta do Collegio do Barro, julho, 1899. No Q. lusitanica var. faginea Bss. Junto de Torres Vedras e do Turcifal, setembro, 1899. Arrabida (Mezinha) e quinta do Armelão, maio, 1900. No Q. pedunculata Ehrh. Castello Novo e cercanias de S. Fiel, setembro, 1899. + No Q. Toza Bose. Monte do Barriga, junho, 1900. + No Q. humilis var. prasina Bose. Arredores de Setubal (A. Lusier!), setembro, 1900. Obs. Esta especie foi por mim descoberta em Portugal; mas já depois foi citada como pertencente á nossa fauna pelo sr. abba- de Kieffer (Les Cynipides, p. 486). As cecidias começam em julho e agosto no Q. lusitanica Lk. A principio são verdes e cobertas de uma substancia pegajosa. No tempo da maturação fazem-se amarelladas, ficando ás vezes os topos dos appendices, que lhes cobrem a superficie, de côr negra. Os insectos sáem no inverno ou na primavera do anno seguinte. Em meados de abril encon- trei uma cecidia em que a maior parte dos insectos estavam ain- da no estado de pupas. Nos QQ. Toza e pedunculata da Beira as cecidias começam a apparecer em setembro. 44, À. solitarius Fonsc. Substrato? Quinta do Bom Successo (Cintra) (R. P. Paulus). + No Q. lusitanica var. Broteri P. Cout. Matta do Collegio do Barro, agosto, 1900. No Q. lusitanica var: faginea Bss. Perto de Torres Vedras, julho, 1900; quinta do Armelão, maio, 1900. No Q. Toza Bosc. Monte do Barriga, junho, 1900; arredores “de Castello Branco, julho, 1900; S. Fiel, julho, 1900; junto da Covilhã, outubro, 1900. Commensaes: Synergus vulgaris Hart. Synergus radiatus Mayr. 3 Ann. Sc. Nat. vol. VII, 1900. Porto, 34 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES [20] Obs. Em Portugal a cecidia está já formada em principio de junho. O sr. abbade Kieffer (Les Cynipides, pag. 490), diz que começa dos fins de julho por deante. No Q. Toza as cecidias são de ordinario sesseis. Obtive o insecto das cecidias dos QQ. lusi- tanica e Toza (novembro de 1900). 45. * A. superfetationis Pasz. + No Q. lusitanica var. Broteri P. Cout. Cadriceira (não longe do Turcifal), julho, 1899; matta do Collegio do Barro. agosto, 1900. Obs. Esta cecidia era conhecida só da Hungria, onde foi en- contrada por Giraud nos Q0. pedunculata e pubescens. Encon- trei-a nos arredores de Vienna d'Austria no Q. sessiliflora, d'onde a enviei ao sr. abbade Kieffer por meio do R. P. Pantel. As ce- cidias do Q. lusitanica teem a fórma de um limão (como as do Q. pedunculata) e são d'um verde cinzento e cobertas de pêlos compridos, salva a ponta do mamillo, por que terminam supe- riormente. Na parte inferior ha tambem um como mamillo. que tem um alargamento glabro, pelo qual está pegada à cupula. A altura anda por uns 6 mm. e a grossura por uns 5 mm. E' bas- tante rara e só uma vez é que encontrei tres n'uma cupula. A superficie exterior está coberta d'umas como cristas ondeadas e muito pouco elevadas. 46. * A. Sieboldi Hart. + No Q. lusitanica var. faginea Bss. Quinta do Armelão, setembro, 1900. No Q. Toza Bosc. Castello Novo, Soalheira, outubro, 1900. Obs. As cecidias estavam na parte inferior de rebentos no- vos da base do tronco. Este insecto é a fórma agamica do A. tes- taceipes Hart., que tambem se deve por isso encontrar no nosso paiz. 47. * A. radicis Fabr. + No Q. lusitanica var. Broteri P. Cout. Matta do Collegio do Barro, setembro, 1900. [21] J. S. TAVARES: AS ZOOCECIDIAS PORTUGUEZAS 35 + No Q. lusitanica var. faginea Bss. Quinta do Armelão (perto da Arrabida). setembro, 1900. No Q. Toza Bose. S. Fiel, outubro, 1900. Obs. Este insecto é a fórma agamica do A. trilincatus Hart. 48. * A. rhizomae Hart. + No Q. lusitanica Lk. var. faginea Bss. Quinta do Arme- Jão. setembro. 1900. + No Q. Tuza Bose. Soalheira, setembro, 1900. Obs. A cecidia parece-se muito com a do A. Sieboldi Hart. Estava na base de um rebento que nascera junto da raiz. 49. ** A. pseudo-inflator n. sp. q Caput castanewm, fere migrum; genae ferrnginede. Anten- nae, 13 articulis instructue, articulis 1-5 ferrugineis, ul- timis fuscis. Tertius articulus sat longior quarto; ulti- mus duplo fere longior penultimo. Pedes testacer, apice tarsorum subgriseo. Thoras castaneus. scutello migro, et rugoso. Mesonotum fere glubrum, mitens, leviter coria- ceum, et. ut mos est, quinque sulcis longitudinalibus or- natum. Horwum duo extremi sunt recti, valde conspicun, et tertia parte aliis breviores. Secundus et quartus imi- tantur ogivam, cuqus vertex est cbtusus et scutellum mres- picit. Tertins (centralis) est rectus. Alae ciliatae, non in- fuscatae. Ablomen valde mitens, castaneum, et aliquan- tum luteo-rubrum. Subtus color est nitidior. Supra spi- mulam cernitur regio citrina. Spinila ventralis triplo longior quam crassior. Longitudo corporis 9: 2 mm. Ovum duplo longius quam crassius, pediculo sexies longiore. Cecidia. A cecidia (Est. 11, fig. 12 e 12-4) parece-se exte- riormente com a do A. inflator Hart.; mas é mais pequena, pois mede só 5 a 6 mm. de alto e £ a 5 mm. de largo: ao passo que a do A. inflator pôde chegar a 12 mm. de altura e 7 mm. de lar- gura. Consiste n'um engrossamento terminal de um rebento novo 36 ANNAES DE SCIENCIAS NATURÃES [22] do Q. lusitanica Lk. Tem gommos e folhas normaes á superficie (mais proximas que na do A. inflator), o que prova que o insecto põe o ovo no eixo do gommo terminal, que em seguida augmenta só em grossura. Por meio de um córte vertical vê-se a cecidia interna, de fórma ellipsoidal e de paredes não muito delgadas. Lateral e superiormente fica ella rodeada de tecido esponjoso, que está envolvido pelo tecido lenhoso do ramo. O insecto fura a cecidia interna superiormente. atravessa o tecido esponjoso e sãe pela parte superior da cecidia. A cecidia apparece em março e o insecto perfeito sãe em maio e junho do mesmo anno. Habitat. No Q. lusitanica var. Broteri P. Cout. (Fórma ma- crophylla). Perto de Torres Vedras, junho, 1899. No Q. lusitanica var. fuginea Bss. Quinta do Armelão, mar- ço e abril, 1900. 50. ** A. Krajnovic'i n. sp. 2 Forma agamica coloris migri. Caput vubrum, excepta parte media faciei, et macula pone antennas migri coloris. Duo primo antennareon artaculi, tarsi omnes. genua, et pars major coxarum anticarum vrubro-brunea. Antenhae 13 articulis conflatae; e quibus vltimus longior penultimo, tertius et quartus triplo longrores quam crassi, penulta- mus vis longior quam crassior. Thorax mitens; mesono- tum et scutelum aequabiliter pilis distincta ; mesonotum, densis et hawd elegantibus punctis instructum. delicate asperum ; sulcis parapsidalibus, et externis profunde im- pressis. Foveolae mitentes, vulde contiguac, et fere ovatae. Abdomen glabrum et nitens. Spinula ventralis quater — quinguies longior quam crassior. Longitudo corporis: £5 mm. Cecidia. Esta especie, dedicada a meu amigo, o sr. Jacob Krajnovice”, distincto botanico da Bosnia, produz na parte inferior do tronco do Q. lusitanica var. Broteri P. Cout., cecidias (Est. 1, fig. 4 e 4-s) bastante parecidas com as do 4. corticis Hart. Nas- a tai dO E ad ds [23] J. S. TAVARES: AS ZOOCECIDIAS PORTUGUEZAS SA cem na parte inferior do tronco em qualquer fenda da casca e ficam tão conchegadas que fazem pressão umas sobre as outras. Sãc de côr amarella e cobertas superiormente por um como ca- puz. o qual cãe na epoca da maturação. Tem de alto (sem o ca- puz) 12 mm., e de largo (na parte superior) 5 mm. São lenhosas € conicas, estando a parte mais estreita mettida na casca. A parte superior da cecidia é convexa, como na do A. corticis Hart.; mas o circulo de pontos é substituido aqui por um cylindro ôco, can- nelado interiormente (na direcção do eixo), liso por fóra e aberto em cima. À altura d'este cylindro é proximamente 3 mm. A cel- lula larval é grande, mais ou menos oval e situada como na ce- cidia do A. corticis Hart. O insecto sáe abrindo um orifício no centro da parte convexa superior. Habitat. No Q. lusitanica var. Broteri P. Cout. Matta do Collegio do Barro, setembro, 1900. No Q. lusitanica var. faginea Bss. Quinta do Armelão, setem- bro, 1900. Em principios de setembro as cecidias continham ainda as larvas. Os insectos perfeitos passam o inverno na cecidia e sáem na primavera por um orifício que fazem na parte superior. 51. ** A. Nobrei n. sp. q Caput et thorax migra: abdomen et pedes (quin coxas ex- cipiantiur) rubra. Antennae bruneae (quatuor primi articula bruneo-castanei), et 1£ articulis conflatae; quorum tertius, leviter incurvus, duplo cum dimidio longior quam crassior, et vix longior quarto; sequentes gradatim ac sensim alia aliis breviores ; penultimus aliquanto longior quam crassior ; ultimas tertia parte longior penultimo. Caput mitens et lueve, praeter faciem in longitudinem striatam, regione media luevi. Vertes, et frons valde mitentia; carinula fron- talis nulla. Thorax mnitens et fere lúevis, excepto scutello obscuro et ineleganter rugoso: mesonotwum leviter asperulmm, glabrum, sulcis parapsidalibus profunde impressis, ad oram productis. Foveolae scutelli mitentes, transversae, profunda, 38 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES [24] et carina disjunctae. Alarum ora ciliata. Cellula vradialis parum elongata, viz longior quam in Synergus; clausa im basi et vertice, aperta in margine. Abdomen nitens, glabrum, mullis signatum punctis, basi valde contracta. Primwum se- gmentum abdominale had striatum; secundum dimaidia- tam longitudinem abdominis aequans. Ungues tarsorum non distincte bidentatae, cum tantum habeant parte media appen- dicem minimam et cbtusam. Longitudo corpores 9: 2,9 mm. Cecidia. Esta especie. dedicada a meu amigo o sr. Augusto Nobre, muito distincto malacologo, e director dos Annaes de Scien- cias Naturaes, produz uma cecidia muito elegante nas folhas do Quercus Toza. Está representada na Est. 1, fig. 3 e 3-4. E” fusi- forme e em ambas as extremidades finda em bico direito ou curvo. Está collocada sobre o comprido e pegada lateralmente ás nervuras na face inferior da folha por um como umbigo, donde irradiam em todos os sentidos elevações pouco resaltadas da pa- rede da cecidia, dispostas com elegancia. Na parte superior ha do mesmo modo um ponto central, d'onde partem pregas mais ou menos tortuosas, de ordinario no sentido do comprimento da ce- cidia. A côr é branco-amarellada. A parte superior está coberta de longos pêlos; ao passo que a inferior é quasi glabra. Compri- mento: 4 mm.; grossura: 1 mm. a 1,5 mm. Cavidade larval unica e bastante grande. Parede da cecidia delgada e sublenhosa. Habitat. Encontrei as cecidias nas folhas do Q. Toza Bose. perto da Covilhã, no fim de setembro, 1900. Estão nos lados das nervuras secundarias, menos vezes na média. Alguns insectos ti- nham já saído; a maior parte, porém, estava ainda no estado de larvas e passa assim o inverno, saindo na primavera seguinte. 52. ** Andricus n. sp.? Encontrei a cecilia d'este insecto nos ramos novos do Q. Toza Bose. A cecidia interna, semelhante à do Andricus trilineatus, es- tava no tecido lenhoso. Exteriormente o ramo não apresentava signal nenhum especial e só reconheci que tinha cecidias pelos A macios [25] J. S. TAVARES: AS ZOOCECIDIAS PORTUGUEZAS 39 orifícios que os insectos tinham feito para sair. Dos caracteres de dois insectos que encontrei mortos, conclui que provavelmente é uma especie nova. E' o que se colhe da descripção, que apre- sento em seguida, na qual attendo principalmente aos caracteres que distinguem este insecto do 4. trilincatus Hart.: o Pedes et antennae fere ut in A. trilineatus (sed antennae 14 articulis instructae). Caput et thorax castanea vel bruneo-rubra. Mesonotum (nullis signatwm vittis), et scrt- telum carinis transversis, regularibus, et propinquis or- nata. Mesonotum parum mitens. Abdomen mitens et ma- grum. Sulci parapsidales antice evanescentes. Ungues bifidae. Cellula radialis aperta in margine. Longitudo corporais q: 2 mm. Habitat. No Q. Toza Bosc. Lardosa e Castello Novo, outu- bro, 1900. Genero Synophrus Harr 53. * S. politus Hart. No Q. suber Li. S. Fiel, junho, 1899; Setubal, perto de Azei- tão, valle dos Puchaleiros, abril, 1900; Luso, junho, 1900; perto de Castello Branco, julho, 1900. Obs. A cecidia é commum em Portugal e conhecida pelo nome de bugalho. Começa na primavera e no principio está co- berta de cotão, que se vê bem sem lente. Todos os exemplares que vi são transformações de gommos que semelham engrossa- mentos dos ramos. Ordinariamente na cecidia desponta um ou mais gommos que parecem continuar o ramo na mesma ou diffe- rente direcção. Os insectos saíram em março do 2.º anno. Fura- ram o bugalho sem ser preciso amollecel-o em agua, como o sr. Abbade Kieffer (Les Cynipides, pag. 380) diz ser necessario. 40 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES [26] Gexero Cynips L. 54. * C. coriaria Haibm. + No Q. lusitanica var. faginea Bss. Perto de Torres Ve- dras, junho, 1899; Arrabida (Mezinha). maio, 1900; quinta do Armelão, maio, 1900. + No Q. lusitanica var. Broteri P. Cout. Matta do Collegio do Barro. agosto, 1900. + No Q. pedunculata Ebrh. S. Fiel e Castello Novo, outu- bro, 1899. No Q. Toza Bosc. S. Fiel, outubro, 1899; Castello Novo, Monte do Barriga, junho, 1900; perto da Covilhã, outu- bro, 1900. Commensaes: Synergus wmbraciulus OL Synergus wmbraculus Ol. var. histrio Kieff. Obs. As cecidias são communs. No Q. lusitanica principiam em julho; no Q. Toza muitas vezes começam a apparecer só em setembro. Os insectos sáem em janeiro e fevereiro do anno se- guinte. 55. * C. coriaria var. lusitanica Kicff. No Q. lusitanica var. faginea Bss. Perto de Torres Vedras, julho, 1899; Arrabida e quinta do Armelão, maio, 1900. + No Q. lusitanica var. Broteri P. Cout. Matta do Collegio do Barro, agosto, 1899. 56. C. tozae Bosc. (argentea Hart.) No Q. lusitanica Lk. Arredores de Coimbra (Moller), verão, 1899. No Q. lusitanica var. faginea Bss. Perto de Torres Vedras, julho, 1900; Arrabida (Mezinha), valle dos Puchaleiros, quintas da Rasca e do Armelão, abril, 1900; junto da Louza, maio, 1901. + No Q. lusitanica var. Broteri P. Cout. Matta do Collegio do Barro, agosto, 1900. J. S. TAVARES: AS ZOOCECIDIAS PORTUGUEZAS 41 ==: bo =] [== No Q. pedunciulata Ehrh. Arredores de Coimbra (Moller), inverno de 1898-99; S. Fiel, Castello Novo, outubro, 1899; Bussaco, junho, 1960. No Q. Toza Bosc. S. Fiel, Alpedrinha, outubro, 1899; Monte do Barriga, Lardosa. matta do Fundão. junho, 1900; Bus- saco, junho. 1900; perto da Covilha, outubro, 1900. Commensal: Synergus wmbraculus Ol. (Kieffer). Parasita: * Megastigmus dorsalis Fabr. (segundo o R. Marshall). Obs. A cecidia é commum em todas as especies de carvalho acima apontadas. E” conhecida pelo nome de bugalho ou bugalha. Apparece na primavera e o insecto perfeito passa o inverno na cecidia, saindo em fevereiro do anno seguinte. 57. GC. Koilari Hart. No Q. lusitanica Lk. Arredores de Coimbra (Moller). verão, 1899. No Q. lusitanica var. faginea Bss. Perto de Torres Vedras, julho, 1899; Arrabida (Mezinha), Commenda, quintas da Rasca e Armelão, maio, 1900; junto da Louza, maio, 1901. + No Q. lusitanica var. Broteri P. Cout. Matta do Collegio do Barro. agosto. 1900. No Q. hunmuilis Lk. Arredores de Coimbra (Moller), verão, 1699; FT No Q. hmilis var. prasina Bose. Perto de Setubal, maio, 1900; junto da praia de S. Cruz, agosto, 1900. No Q pedunculatu Whrh. Arredores de Coimbra (Moller), verão, 1899; S. Fiel, outubro, 1899; Bussaco, junho, 1900. No Q. Toza Bose. S. Fiel, Castello Novo e Alpedrinha, ou- tubro, 1899; matta do Fundão, Monte do Barriga, junho, 1900; Bussaco, junho, 1900; perto de Castello Branco, julho, 1900; arredores da Coviiha, outubro, 1900. > id AP DD E = IT 6 EE E DE A a Ad a AD NDA SS SE da A Ar 42 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES [28] Commensaes: Synergus wmbraculus Ol. (Kiefer, Tavares). Synergus umbraculus var. histrio Kieff. Synergus Rheinhardi Magyr. Parasita: * Torymus regius N. Obs. Póde dizer-se que é a cecidia mais commum de Portu- gal. O povo dá-lhe o nome de bugalho e bugalha. Em "Torres Novas, comtudo, e noutros pontos do paiz, chamam a esta espe- cie bugalha, reservando o nome de bugalho para as cecidias do C. tozae Bosc. Os insectos sáem em agosto e setembro do 1.º anno e ás vezes ainda mais cedo. 58. * C. Kollari Hart. var. minor Kieff. + No Q. humilis var. prasina Bose. Junto da praia de S. Cruz. agosto, 1900. ) + No Q. lusitanica var. faginea Bss. e Broteri P. Cout. Nos mesmos logares que o typo. 59. Cynips sp.? No Q. inwumilis Lk. Arredores de Coimbra (A. Moller), ju- nho, 1899. 60. ** CG. Panteli n. sp. q Color plus minusve ferrugineus. Antennae, If articulis con- flatae (quorum 7 ultimi vir longiores quam crassiores), subnigrae. Omnes suturae thoracis, tibiae posticae, et fo- veolae scutelli nigrae. Mesonotum tribus fasciis nigris dis- tinctum, quarum longitudo mesonoti longitudinem non aequat. Tertius antennarum articulus tertia parte longior quarto, qui duplo cum dimídio est longior quam crassior. Tibiae anticue mullis pilis erectis notatae. Foveolae trans- versae, glabrae, et nitentes. Spinula ventralis quinquies longior quam crassa. Corpus pilis albidis vel cinereis obsitum, excepta parte superiore majoris segmenti abdomi- nalis (quandoque et sequentium segmentorum), quae glabra est, et nigra. Longitudo corporis: £ mm. [29] J. S. TAVARES: AS Z00CECIDIAS PORTUGUEZAS 43 Cecidia. Este cynipide, dedicado ao R. P. Pantel, meu estima- dissimo professor, de todos conhecido pelos seus trabalhos sobre os Orthopteros da peninsula iberica, produz com a sua picadura na cupula ainda muito nova dos QQ. lusitanica e Toza uma cecidia, que imita a fórma de um cone truncado (Est. Ir, fig. 1 e 2). Tem duas coroas de prolongamentos, uma na parte inferior (de ordinario vi- rada para baixo, de modo que involve toda a cupula); outra a quasi meia altura. Os prolongamentos d'esta podem ser simples ou ra- mificados; estão commummente voltados para baixo; teem um comprimento de 5 a 15 mm. e são mais ou menos achatados. Na parte superior da cecidia ha ainda dois, tres ou mais prolonga- mentos de fórma e comprimento variaveis e situados em volta de uma depressão. por onde ha-de sair o insecto. Ao principio está coberta de uma substancia viscosa muito abundante e é de côr avinhada. Na maturação esta materia pegajosa tem já des- apparecido; a superficie é glabra e algum tanto rugosa; e a côr da cecidia é pouco mais ou menos a de chocolate pouco carre- gada. Desenvolve-se ordinariamente na parte externa de cupula, não podendo esta crescer mais. Ás vezes nasce no interior e en- tão, como a cupula e a lande se desenvolvem bastante, a cecidia tem que passar entre uma e outra e fica monstruosa. O tamanho é: 20 mm. de comprimento e 20 a 25 mm. de grossura ao nivel da segunda corôa, sendo a largura na parte superior da cecidia 11 a 13 mm. E” quasi lenhosa, sendo a substancia medullar esponjosa. Esta póde ás vezes faltar e nesse caso ha um canal central e lon- gitudinal, que vae alargando de cima para baixo até à cellula central, situada quasi na base da cecidia. O insecto atravessa a substancia medullar e fura a cecidia na parte superior. A cecidia no Q. lusitanica Lk. começa a apparecer em julho, e na primeira quinzena de setembro tem chegado à maturação. No Q. Toza Bosc. começa a apparecer em fins de agosto e du- rante o mez de setembro. encontrando-se em outubro algumas ainda pequenas. A pupa transforma-se em imago no principio do inverno ou durante elle, mas não sãe senão em janeiro e feve- reiro. Habitat. No Q. lusitanica var. faginea Bss. Cadriceira (en- 44 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES [30] tre Runa e o Turcifal), agosto, 1950; quinta do Armelão, abril, 1900. No Q. lusitanica var. Broteri P. Cout. Cadriceira. julho, 1899; anatta do Collegio do «Barro, agosto, 1900. No Q. Toza Bosc. Castello Novo, perto de Castello Branco, (M. N. Martins!), agosto, 1900; monte do Barriga, setem- bro, 1900. Commensal: Siynergus wmbraculus OL var. histrio Kieff. (Setembro do 1.º anno. Em grande quantidade). Parasita: Kupelmus sp.? Obs. Os commensaes furam a cecidia lateralmente ou então na parte superior. A cecidia que em 1899 era muito rara, neste anno appareceu sem escassez, mórmente no Q. lusitanica var. Broteri P. Cout. Gexero Trigonaspis Harria 61. T. Synaspis Hart. No Q. lumilis Lk. Arredores de Coimbra (Moller), maio, 1890; FT No Q. hwmilis var. prasina Bosc. Perto da praia de S. Cruz, agosto, 1900. Obs. Como os exemplares por mim obtidos não concordam em tudo com os caracteres da especie, indico as differenças prin- cipaes. As antennas compõem-se de 13 articulos claramente dis- tinctos. o ultimo dos quaes tem comprimento dobrado do penul- timo; o 5.º sensiveimente mais curto do que o £º; os 6 ultimos cannelados, indo todos desde o 8.º até ao 12.º diminuindo (mas muito pouco) em comprimento, sendo este egual á grossura. O segmento maior occupa mais do que metade do abdomen, que é completamente negro. Cecidia. A superficie exterior é glabra, lisa, sem brilho e sem pontos nenhuns amarellados. Quando nova, é de côr purpurea viva; | | | [81] J. S. TAVARES: AS ZOOCECIDIAS PORIUGUEZAS 45 mas no tempo da maturação torna-se d'um escuro purpurino. À me- dulla que rodeia a cellula central é espoenjosa. O diametro anda por 6-7 mm. Apparece de maio por deante. Em agosto ainda se encontram algumas em via de crescimento. À imago sãe em ja- neiro do anno seguinte. Por isso é fóra de duvida que o sr. Trot- ter (1. s. e. p. 200) não obteve o insecto das cecidias portuguezas, que foram colhidas em maio. Commensal: Synergus pallidicornis Hart. Parasita: * Torymus lusitamicus n. sp. (1) 62. ** T. Mendesi n. sp. q Fórma agamica. Caput nigro-rubrum; sed genne et tres primi antennarwm articuli plus minusve ferruginea. Oculi nigra. Thorax, et pedes luteo-rubra. Abdomen bruneo-rubrum, nitens, et fere glabrum. Corpus parce pilosum. Caput, et thorax delicate aspera; sed scutellum insuper duobus tu- derculis insiqnitum. Mesonotum mediocriter incurvum. An- tennae 13 articulis instructae, tertio articulo obconico et duplo longiore quam quartus; et ultimo fere duplo lon- giore quam penultimus. Spimula ventralis, longe ciliata, duplo cum dimidio longior quam crassior. Unguiculi sim- plices. Aptera. Longitudo corporis: 1,7 mm. (*) Eis muito resumidamente os caracteres d'esta especie: | l do Abdomen bicolor, cum tertia pars anterior lutea sit, et re- liguum coloris viridis-subnigri. Pedes (quin coxae exci- piantur) sublutei. Cetera (etiam vertex) coloris viridis metallici. Alae hyalinae. Terebra thoracem simul et abdo- men longitudine aequat. Longitudo corporis q: 2 mn. q aliquanto minor, ejusque color luteus minus in abdomine productus. 46 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES [32] Cecidia. Esta especie, dedicada a meu collega. sr. Candido Mendes, cuja colleeção de Lepidopetros portuguezes é talvez a mais importante depois da do sr. Carvalho Monteiro, produz uma cecidia elegante. (Est. 1. fig. 9 e Est. 11. fig. 13). que foi descoberta em Hespanha pelo R. P. Pantel e descripta resumidamente pelo sr. abbade Kieffer (Les Cynipides. p. 100, Est. xxr. fig. 11). Des- envolve-se na pagina inferior das folhas do Q lwsitanica Lk. de cada lado da nervura principal, raro nas nervuras secundarias. Tem a fórma de naveta, constando de um pé um tanto estriado e encimado por uma como meia lua, em cuja base está a cellula larval de fórma oval. E' sublenhosa. glabra e amarellada; ás ve- zes côr de rosa. Nas bordas da meia lua ha bastantes vezes um ou dois dentes. A altura anda por 4-5 mm., e a largura por 3-4 mm. Apparece nos mezes de julho e agosto e o insecto sãe em janeiro e fevereiro do anno seguinte por um orificio lateral. Habitat. No Q. lusitanica var. faginea Bss. Quinta do Ar- melão, setembro, 1900; Cadriceira, julho, 1899. 7 Nos: RR var. Broteri P. Cout. Matta do Collegio do Barro e Cadriceira, julho, 1899. Commensaes: Synergus wmbraculus OL Synergus albipes Hart. (agosto e setembro do 1.º anno, em erande quantidade). Genero Biorrhiza Wesrwoon 63. * B. pallida OI. (B. terminalis Fabr.). No Q. lusitanica var. faginea Bss. Perto de Porres Vedras, julho, 1899; quinta do Armelão, março, 1900; Arrabida, maio. 1900; junto da Louza, maio, 1901. + No Q. lusitanica var. Broteri P. Cout. Matta do Collegio do Barro, agosto, 1900. + No Q. Toza Bosc. Perto de Castello Branco, monte do Barriga, S. Fiel, julho, 1900; junto da Covilha, outubro, 1900. No Q. pedunculata Ebrh. Bussaco, junho, 1900. | [33] J. S. TAVARES: AS ZO00OCECIDIAS PORTUGUEZAS 47 Parasitas: * Syntomaspis caudata Nz. * Ptinus fwr 1. (Coleoptero). Obs. As cecidias apparecem no começo da primavera e são communs em Portugal. No Norte, Beira e Extremadura daão-lhes o nome de maçans de cuco, em Torres Novas o de cucas, e em Caféde o de cucos; porque o povo julga que é a saliva do cuco que lhes dá origem. Chegam a ter o tamanho de uma maçan grande. Todas as 99 por mim observadas, tinham as azas bem desenvolvidas. O abdomen é ás vezes quasi negro. Em Portugal os insectos começam a sair em abril e maio. 64. * B. aptera Bosc. + No Q. Toza Bose. Monte do Barriga, setembro, 1900. Obs. Esta especie é a fórma agamica da precedente. As ce- cidias desenvolvem-se nas raizes, d'onde o insecto, falto de azas, sobe para os ramos e ahi produz nos gommos as maçans de cuco. Gexnro Plagiotrochus Maynr. 65. * P. fusifex Mayr. No Q. coceifera L. var. vera DC. e var. imbricata DC. Arre- dores de Setubal. quinta do Armelão, valle dos Pucha- leiros, Arrabida, perto de Torres Vedras. maio, 1900. No Q. ilex L. var. genvina P. Cout. Perto do Sobral do Campo e Oledo, maio, 1901. Parasita: Eurytoma sp.? Obs. Em maio já tinham saído varios insectos. As cecidias consistem em engrossamentos dos amentilhos, umas vezes verdes, outras vermelhos. Algumas chegam a ter 07,018 de comprimento e 0",012 de largura. 66. P. cocciferae Licht. | No Q. coccifera IL. Arredores de Coimbra (Moller), junho, 1899. 48 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES [34] No Q. coccifera L. var. vera DC. e var. imbricata DO. Mon- tes de Torres Vedras, junho, 1899: arredores de Setubal, valle dos Puchaleiros, Arrabida, maio, 1900: praia de S. Cruz, agosto. 1900. Commensaes: Ceroptres cerri Mayr. (primavera do 1.º anno). Synergus radiatus Mayr., var. testaceipes n. var. (maio do 1.º anno). Obs. A cecidia principia a vêr-se no começo da primavera e o insecto começa a sair em fins de abril. E' vermelha ou de côr: verde e de ordinario faz atrophiar a folha onde está. 67. * P. iliois Licht. No Q. ilex L. var. genvina P. Cout. Perto do Sobral do Cam- po. Soalheira. setembro, 1900; junto da Louza, maio, 1901. 68. = P. Kiefferianus n. sp. q Forma agamica. Corpus nitens, parce pilis obsitum, coloris luteo-rubri. Antennae, IE articulis instructae, a medio ar- ticulo sexto ad extremitatem wusque griseae. Oculi, et ocelli nigri. Pars extrema omnium tarsorum subnigra. Scutel- lum mucula castanea, parte media, ornatwun. Abdomen, valde mitens. supra rubro-lutemm, et sex fasciis transversais nigris insignitum; infra fere luteum, praeter regionem migri coloris, intra quam spinula sita est. Venae subni- grae. Cellula vadialis elongata, aperta. Mesonotum, et scutellum mugis transversis, nec rectis, mec valde conspi- cuis, delicate signata. Sulci parapsidules satis profunde impressi, antice evanescentes; externis haud valde conspi- cutis. Foveolae scutelli nitentes, transversae et carina dis» junctae. Carinae metanoti ad modum arcus incurvae, cir- culum circunscribentes carina media notatum. Abdomen- glabrum, excepta spinula ventrali, et regione circa ipsam nigri coloris. wubi aliqui cermuntur pili. Spinula ventralis: brevis, dimidio longior quam crassior, longe ciliata. -Un-. guiculi simplices. Longitudo corporis: 2,5 mm, [35] J. S. TAVARES: AS ZOOCECIDIAS PORTUGUEZAS 49 Cecidia. Foi já descripta resumidamente pelo sr. Abbade Kieffer (Les Cynipides, p. 87, 88 [78|). a quem tenho o gosto de de- dicar esta especie. Está representada na Est. Ir, fig. 9, 9-s e 10. Consiste num engrossamento mais ou menos fusiforme dos ramos novos. A côr e a superficie exterior são como no ramo normal. O tamanho é capaz de muitas variações, encontrando-se algumas mais pequenas do que a representada na fig. 9. E' muito dura e lenhosa e tem no interior grande numero de celiulas larvaes (fig. 9-n) de fórma algum tanto oval. Na cecidia da fig. 10, contei mais de 90. Em cada cellula vive só uma larva e o insecto per- feito fura a cecidia lateralmente. De ordinario o ramo sécca logo adeante da cecidia. No outono sáem já alguns insectos; mas à maior parte passa o inverno na cecidia no estado de imago é não sáe senão em março e abril do anno seguinte. As cecidias apparecem na primavera € ás vezes no outono. Habitat. No Q. alex L. var. genuina P. Count. Perto do So- bral do Campo, setembro, 1900. + No Q. coccifera var. vera DC. e imbricata DO. Torres Ve- dras, junho, 1899; perto de S. Cruz, agosto, 1899; Arra- bida e perto de Setubal, abril, 1900. Parasita: Megastigmus dorsalis Fabr. (segundo o R. Marshall). Obs. Esta especie provavelmente é a forma agamica do P. cocciferae Licht. E como ella se encontra no (). ilex L. onde se não dá o Q. coccifera L., será mais uma prova de que o P. coccife- rae Licht. e o P. ilicis Licht. são uma e a mesma especie, como pensa o sr. abbade Kieffer. Grxero Dryophanta Fórsrer 69. * D. agama Hart. No Q. pedunculata Ehrh. Bussaco, junho, 1900. Obs. Apezar de me parecer fóra de duvida ser esta a espe- cie indicada, não a dou como certa, pois a cecidia não tinha che- gado à maturação e por isso não pude obter o insecto. 4 Ann. Sc, Nat., vol. VII, 1900. Porto, 50 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES [36] Gunxero Neuroterus Harrig 70. N. tricolor Hart. No Q. hwumilis Lk. Perto de Coimbrá (A. Moller), maio, 1899. + No Q. hwmilis var. prasina Bosc. Entre Setubal e Pal- mella, maio, 1900. + No Q. lusitanica var. faginea Bss. Perto do Turcifal, ju- lho, 1899. Parasita: Eurytoma sp.? Obs. As cecidias ás vezes são em tal quantidade que as fo- lhas do Q. humilis var. prasina Bose. ficam atrophiadas e quasi se não conhecem. Raras no Q. lusitunica Lk. 71. * N. baccarum Mayr. No Q. lusitanica var. faginea Bss. Matta do Collegio do Barro, julho, 1900; quinta do Armelão, maio, 1900. + No Q. lusitanica var. Broteri P. Cout. Matta do Collegio do Barro. abril, 1900. No Q. pedunculata Ehrh. S. Fiel, setembro, 1899; Castello Novo, abril, 1901. No Q. Toza Bose. S. Fiel e Alpedrinha, setembro, 1899; matta do Fundão e Monte do Barriga, junho. 1900; Bus- saco, junho, 1900; perto de Castello Branco, julho, 1900; arredores da'Covilhan, setembro, 1900. + No Q. lumilis var. prasina. Entre Setubal e Palmella, agosto, 1900. Commensaes: Synergus radiatus Mayr. Ceroptres arator Hart. Parasitas: Torymus sp.? Pteromalus sp.? Euwrytoma sp.? Obs. As cecidias encontram-se desde março até setembro. No Q. lusitanica var. faginea e var. Broteri, e no Q. pedunculata [37] J. S. TAVARES: AS ZO0CECIDIAS PORTUGUEZAS 51 desenvolvem-se nos amentilhos quasi em tanta abundancia como nas folhas. Os insectos sáem em abril e maio. No Bussaco as cecidias eram de grandes dimensões e pela maior parte conti- nham ainda as pupas (+ de junho). Em agosto encontram-se ainda cecidias com larvas nos QQ. hwumilis e pedunciulata. São communs em Portugal. 72. * N. glandiformis Gir. No Q. suber var. genvina? P. Cout. Perto de Azeitão, maio, 1900. Obs. Dois insectos saíram na primeira quinzena de junho do mesmo anno. À cecidia é rara. Não posso assegurar que a variedade de Q. suber seja a genuna P. Cont.; pois os fructos ainda estavam novos. 73. * N. alhipes Schenck. +T No Q. lusitanica var. faginea Bss. Matta do Collegio do Barro, junho, 1899. Obs. Encontrei uma só cecidia na borda de uma folha. 74. * N. vesicator Scllecht. + No Q. Tozu Bosc. S. Fiel, outubro, 1899. No Q. pedunculata Ehrh. Castello Novo, outubro, 1900; maio, 1901. Obs. Esta especie não é muito rara no Q. pedunculata Ebrh. Os insectos sáem em maio. 75. * N. fumipennis Hart. T No Q. lusitanica var. faginea Bss. Perto de Torres Ve- dras, julho, 1899. 7 No Q. lusitanica var. Broteri P. Cout. Matta do Collegio do Barro e perto do Turcifal, setembro, 1899. No Q. pedunculata Ehrh. S. Fiel, outubro, 1900. 7 No Q. Toza Bosc. S. Fiel e Alpedrinha, setembro, 1900; 2 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES [38] arredores de Castello Branco, julho, 1900; perto da Co- vilhan, outubro, 1900. 7 No Q. humilis var. prasina Bosc. Perto da praia de S. Cruz (entre Peniche e a Ericeira), agosto, 1900; entre Setubal e Palmella, setembro, 1900. Obs. As cecidias são communs no nosso paiz nos logares in- dicados. Começam a vêr-se em julho na face inferior das folhas. Em agosto e setembro estão completamente desenvolvidas. Não é raro encontral-as na pagina superior das folhas. De setembro por deante cáem no solo. 76. N. lenticularis Oliv. No Q. humilis Lk. Perto de Coimbra (A. Moller), maio, 1899. 77. * N. numismatis Oliv. FT No Q. lusitanica var. faginea Bss. Perto de Torres Ve- dras, julho, 1899. + No Q. lusitanica var. Broteri P. Cout. Matta do Collegio do Barro e perto do Turcifal, setembro, 1899. No Q. pedunciulata Ehrh. S. Fiel, setembro, 1899. No Q. Toza Bose. S. Fiel e Castello .Novo, setembro, 1899; Monte do Barriga, setembro, 1900; Lardoza, outubro, 1900. Obs. No Q. lusitanica a cecidia não é rara. 78. * N. saltans Gir. + No Q. suber L. Perto do Sobral do Campo, setembro, 1900. Obs. No Q. pedunculata Ehrh. encontrei tambem cecidias semelhantes ás d'esta especie, que parece ser rara. atras Qdo 139] J. S. TAVARES: AS ZOOCECIDIAS PORTUGUEZAS 53 Il DIPTEROCECIDIAS CECIDOMYIDAE Gexero Lasioptera H. Lôw 79. * L. carophila F. Lw. No Foeniculum officinale AM. Setubal (A. Luisier!), setem- bro, 1899. No Davwcus carota L. S. Fiel (M. N. Martins), julho, 1900. Obs. No Dawcus carota L. as cecidias são muitô maiores e mais raras que no Foeniculum officinale AJ. 80. L. thapsiae? Kieff. Na Margotia gummifera (Desf.) Lge. (Laserpitium thapsime- forme Brot.). Arredores de Coimbra (A. Moller), julho, 1899); perto de Setubal (A. Luisier!), setembro, 1900; junto de S. Cruz, agosto, 1900. Obs. Estou desde o anno passado à espera e ainda as lar- vas se não transformaram em pupas. A cecidia porém em tudo é semelhante á da L. thapsiae Kieff., conhecida da Argelia. As ce- cidias são muito grandes e provêm do engrossamento dos pontos d'onde partem os raios das umbellas e umbellulas da Margotia gummifera (Desf.) Lge. O sr. Trotter (1. s. ec. pag. 197) tam- bem não obteve a imago e apresenta esta especie como nova. 54 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES [40] Gexero Rhabdophaga Wesrwoop (*) Cecidomyia H. Lw. pr. p. 81. * R. salicis (D. G.) No Salia: cinerea L. Entre Runa e o Turcifal, julho, 1899: arredores de S. Fiel (Ocresa). setembro, 1900, Gexero Baldratia KrgrrER 82. “* B. salicorniae Kieff. Na Salicormia fruticosa L. Commenda (perto de Setubal) (A. Luisier!), abril, 1900. Genero Perrisia RoNxDANI 83. * P. asperulae (Fr. Lw.) + Na Asperula aristata L. filho. Arredores de Setubal, fe- vereiro, 1900; Arrabida (A. Luisier !), abrii, 1901. Na Asperula sp.? Oledo (C. Zimmermann), maio, 1901. 84. * P. crataegi (Winn.) No Crataegus oxyacantha L. Monte do Barriga, setembro, 1900; perto da Covilhan, outubro, 1900; Alpedrinha, ou- tubro, 1900; Oledo, maio, 1901. Obs. Quando nova a cecidia é de côr de rosa desmaiada. Imita mais ou menos uma roseta e é formada de folhas modi- ficadas. 85. * P. hyperici (Br.) + No Hypericum undilatum Schousb. S. Fiel, outubro, 1900. Commum. (1) O sr. Abbade Kieffer acaba de descobrir que o genero Rabdophaga Westwood (1827) se refere às especies do salgueiro, que costumavam ser incluidas no genero Cecidomyia H. Lw. Por sua indicação é que restabeleço aqui este genero. [41] J. S. TAVARES: AS ZOOCECIDIAS PORTUGUEZAS 55 86. P. oenophila (Haimh.) Na Vitis vinifera Li. Arredores de Coimbra (Moller), verão, 1899; perto de Torres Vedras, agosto, 1900. Obs. Os insectos tinham já saído quasi todos no principio de agosto. Não encontrei eccidias nem nos elos, nem nos pecio- los das folhas; mas só nas nervuras e ás vezes no parenchyma em fórma de paliçada. S7. * P. ericae-scopariae (Duf.) Na Erica scoparia L. '""ermo de 'Porres Vedras, julho, 1899; perto da praia de S. Cruz, agosto, 1849; arredores de Setubal, valle dos Puchaleiros, Arrabida, maio, 1900. Commum. 88. * P. ericina (Fr. Lw.) + Na Erica stricta Don Cat. S. Fiel, Alpedrinha, setembro, 1899; matta do Fundão, junho, 1900. Na Hrica arborea IL. Arredores de Setubal, valle dos Pu- chaleiros, Arrabida, abril. 1900; S. Fiel e Gardunha (a 900"), setembro, 1900; Covilhan, setembro, 1900; Cas- tellejo. maio, 1901. 7 Na Erica aragonensis Wk. Gardaúnha (a 900”), setem- bro, 1900. Obs. Esta especie, commum em Portugal, produz cecidias de fórma oval, que têm muito pouca semelhança com as da es- pecie precedente. Ás vezes são avermelhadas ou côr de rosa. Apparecem na primavera. 89. * P. periclymeni (Rbs.) Na Lonicera periclymenum L. Perto da Covilhan e S. Fiel, outubro, 1900. 90. * P. acrophila (Winn.) + No Fraxinus angustifolia Vahl. S. Fiel, setembro, 1900; Setubal (J. Andrieux!), fevereiro. 1900. 26 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES [42] Obs. Esta especie dobra os foliolos do Fraxinus ainda muito novos ao longo da nervura media em fórma de folliculo. As lar- vas brancas vivem ahi em sociedade e metamorphoseiam-se na terra. Os insectos sáem em abril do primeiro anno. 91. * P. loticola (Rbs.) No Lotus corniculatus? IL. Castello Novo e S. Fiel, outu- bro, 1900. Commum. 92. * P. plicatrix (H. Lw.) No Riubwus sp.? S. Fiel, setembro, 1900; Castellejo, maio, 1901. Obs. As larvas metamorphoseiam-se na terra. 93. * P. galii (H. Liw.) No Galium saccharatum? AN. S. Fiel e Castello Novo, ou- tubro, 1900. 94. * P. rufescens de St. Na Phyllirea media L. Arrabida, matta do Collegio do Barro, abril, 1900. Parasita: * Torymus glechomae Forst. Obs. Os insectos sahiram em abril e maio. A cecidia con- siste num engrossamento dos nós. E” commum. 95. * P. urticae Vall. Na Urtica diwica Li. Matta do Fundão (M. N. Martins!) ju- lho. 1900. 96. ** P. coroniilae n. sp. do rubri; antennae et pedes brunea. Thorazx, exceptis late- ribus, niger. Abdomen superius et inferius vittis nagris, amplis, et transversis, ornatwm. Vaittae inferiores du- plices, hoc est. fascia, et limea confectac. Antennae [48] J. S. TAVARES: AS ZO0CECIDIAS PORTUGUEZAS 51 2 + 42 articulis instructae, duobus primis articulis funiculi concrescentibus. In à articuli sesquilongiores quam crassi: colum duplo brevins articulis. In 9 col- lum fere nullum; tres primi articuli fumiculi duplo lon- giores quam crassiores, sequentes breviores; ultimus ut tres primi. Palpi quatuor articulis conflato. Patella bre- vior unguibus tarsorum bifidis. Tibia antica aliquanto longior metatarso. Ora alarum antica squannis ni- gris tecta. Ultima pars secundae venae longitudina- lis recedit ab ora alae, et duo rami forcipis angulum acutum conficiunt, quorum anterior venam ipsam con- tinuat. Forceps amalis mihil peculiare habet; cum la- mellae superior et intermediae profunde bilobae sint. Unguis articulo dasali multo angustior. Cavitas ovipo- sitoris duplo cum dimidio longior quam latior. Longitudo corporis do: 25 mn. Larva. Rubra, et verrucis granulatis tecta. Spatula sternalis lute, et ornata lacinia alta et obtusa. Verrucae spimfor- mes fere rotundae, hawd magnae, q verrucis gramulatis di- versissimae. Papillae sternales valde magnae, latiores spa- tiula. Im papillis plewralibus externis ilhud notatwr quod clarissimus Kieffer tanquam propriwm specierum hujus ge- neris statuit (Beobachtungen iiber die Larven der cecido- myimen. Wiener Entom. Zeitung, 1895, p. 2): nempe im primo segmento thoracico sunt simplices, in duobus autem sequentibus wno pilo instructae. Longitudo corporis: 2 mm. Cecidia. Consiste numa agglomeração de fórma irregular (ás vezes porém redonda, ou oval), composta de foliolos engrossados e carnudos, côr de rosa, não raro verdes (Est. 1. fig. 2). O tama- nho é variavel, sendo em media o comprimento S a 9 mm. e à largura 7 a 8 mm. A superficie exterior é elabra e tem sulcos e pequenas elevações. Na formação da cecidia ordinariamente en- tram só os foliolos inferiores da folha, podendo não obstante to- dos elles ser parte della. Vi algumas formadas de um só foliolo, 58 ANNAES DE SCIENCIAS NATURA ES [44] e neste caso cram estreitas, compridas e algum tanto arqueadas. No interior ha ordinariamente varias cavidades provenientes dos foliolos. os quaes se não soldam em todo o comprimento. As lar- vas vivem em sociedade. Em meados de maio estavam já varias transformadas em pupas. Os insectos saíram nos fins de maio e em junho. Habitat. Encontrei-a no valle dos Puchaleiros (perto da Arrabida) na Coronilla glaca Li, subarbusto de um me- tro de altura. Maio, 1900. 97. ** P. Broteri n. sp. do Culore rubro. Antennae et pedes brunea. Quatuor vittac transversae (pilis conflatae), et tres longitudinales thora- cem supra distingunt. Abdomen supra quatuor fasciis transversis e squammnis nigris; infra in unoquoque se- qmento duabus vittis transversis, angustis, brunco-ni- gris, ornatum. Antennae, 2 + 15 articulis instructae (duo primi articuli funiculi concrescentes), in d aliquantum dimidium longitudinis corporis superant, in 9 aliquanto longiores capite et thorace. In é collum articulorum fu- niculi primo */,, dein 2! longitudinis articulorum acquans: in 2 colum fere nullum, et articuli dimidio longio- res quam crassi. Cavitas ovipositoris triplo cum dimídio longior quam latior. Secundus articulus forcipis À satis crassus (triplo tantum longior quam crassior). Lamella media forcipis analis longior superiore, et incisione ins- tar anguli acuti in duos lobulos breves secta. In P, eri- cae-scopariae lamella haec est brevior, et curva incisione divisa, Ultima pars secundae venae longitudinalis rece- ab extremitate alae. Ora alarum squammnis nigris tecta. Palpi labiales quatuor articulis instructi, duobus ultimis longioribus. Longitudo corporis So: 1,8 mm. Larva. Rubra. Supra et in lateribus verrucae wmbilicatae ; infra verrucae granulatae. Pupillae nihil peculiare habent. Spa- ni [45] J. 8. TAVARES: AS ZOOCECIDIAS PORTUGUEZAS 59 tula lutea, stilo brevi, et superius lacinia obtusa in duos lo- bulos divisa. Pupa. Stigmata thoracis conica, triplo longiora quam crassio- ra. Pili verticis haud longiores stigmatibus. In P. ericae- scopariae haec stigmata sunt cylindrica,. decies longiora quam crassa; et pili verticis longitudine stigmuta aequant. In hoc conveniunt utraque pupa, quod spinulue dorsales sunt nulla, Cecidia. E? de fórma oval e composta de escamas imbrica- das (Est. rt. fig. 4), como na da P. ericae-scopariae Dut., ligadas por uma substancia viscosa. verdes e ás vezes de côr mais ou menos avinhada. Cada cecidia contém 1.3.5 eaté 7 ou 8lar- vas alojadas entre as escamas, como na da P. ericae-scopariae. A differença está em que nesta cada larva está contida numa ceci- diasinha sotoposta a um foliolo e resultante de uma flor; ao passo que na ?. Broteri a larva é livre, sem cecidia interna e fia um casulo branco, em que se metamorphoseia debaixo de uma escama. O comprimento medio da cecidia é 15 mm. e a grossura 9 mm. Saido o insecto as cecidias seccam, o contrario das cecidias da P. ericae-scopariae Duf. Habitat. Na Erica ciliaris L. Entre Runa e o Tureifal (A. Luisier!), julho, 1899; Perto de S. Crnz, agosto, 1900. A cecidia começa a apparecer no principio de junho. O in- secto perfeito ou imago sae em agosto e setembro. Em agosto de 1900 encontrei algumas cecidias ainda pequenas. Na mesma 0c- casião observei uma q oceupada a pôr os ovos num gommo da E. ciharis L. Dedico esta especie a Brotero; porque já o nosso eminente naturalista menciona esta cecidia na sua Hora lusitanica, dizendo (Part. 11, p. 25): «Interdum cum Insecta oculos ramiulorum pun- gunt, aut erodwunt, ut àbi ova deponant, folia enormiter excrescunt, ambricantur, et strobilwm crassum pyramidalem effingnt.» 60 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES [46 | 98. ** P. Zimmermanni n. sp. do Colore rufo. Mesonotum, et postscutellum tribus fasciis la- tis coloris bruneo nigri, abdomen supra 7 vittis transver- sis ejusdem coloris, signata. Quae quidem vittae parte media plus minusve evunescunt. Forceps analis, pedes, et antennae brunea. Palpi quatuor articulis instructi; quo- rum secundus vix longior quam crassior; tertius duplo cum dimídio, quartus fere quater longior quam crassior. Antennae 2 + 12 articulis instructae (in funiculo duo primi articuli concrescentes). In É articuli funiculi du- plo. longiores quam crassiores; eorumque collum primo dimidium, dein */, longitudinis articulorum aequans: in 9 articuli absque collo conspicuo, primo aliquanto plus- quam duplo longiores quam crassiores, deinde sensim longitudine decrescentes. Forceps analis crassis unguibus instructa ; lamella media lobulis valde angustis, et multo brevioribus lamellis superna et inferna, quae longitudine sunt aequales. Cavitas ovipositoris fere triplo longior quam crassior. Alarum ora antica longis pilis, et am- plis squammis, transverse striatis, distincta. Haec au- tem ora longe ab extremitate alae interrumpitur, wubi cubito adjungitiur. Longitudo corporis do: 1,4 mm. Pupa hyalina, absque spinulis dorsalibus. Stigmata thoracica octies longiora quam crassiora, viz longiora duobus pi- lis cervicalibus. Basis vaginae antennamum fere inermis. Larva incognita. Cecidia. Esta especie, que dedico a meu collega, sr. Carlos Zimmermann, a quem principalmente se deve o conhecimento da flora da região de S. Fiel. produz cecidias que se parecem algum tanto com as da Cecidomyia mediterranea (Fr. Lw.). São porém mais compridas e mais estreitas. Provêm de gommos terminaes e são constituidas por seis escamas que se cobrem umas ás ou- tras. A principio são verdes; na maturação porém fazem-se par- [47] J. S. TAVARES: AS ZOOCECIDIAS PORTUGUEZAS 61 das. As tres externas têm 5 mm. de comprimento e 2 mm. de largura, e terminam por uma ponta delgada. As internas são ob- tusas e cobrem a larva que é solitaria. As cecidias no outono es- tão já formadas; mas a imago não sáe senão em abril e maio do anno seguinte. Habitat. Vive na Erica arborea L. Perto da Covilhan, se- tembro, 1900; Gardunha (a 800”), março, 1901. 99. ** Perrisia n. sp. A cecidia é uma transformação dos gommos axillares ou ter- minaes do Halimiwm libanotis (L.) Lge. E' verde ou côr de rosa, glabra, e constituida por duas escamas de paredes delgadas e molles. A fórma é algum tanto oval. Ás vezes porém a cecidia é concava na parte que está voltada para o ramo e lateralmente apresenta uma saliencia pouco resaltada. As escamas são lisas e soldadas até dois terços da altura; mas d'ahi para cima são deli- cadamente encrespadas e a borda de uma fica juxtaposta á da outra. O comprimento anda por uns 4 mm. e a grossura por 2 mm. A cavidade larval, bastante grande, contém uma ou duas larvas avermelhadas. Habitat. No Halimimm libanotis (L.) Lge. Arredores de Se- tubal (J. Andrieux!), setembro, 1900. As cecidias appare- cem desde os fins de agosto. 100. ** Perrisia n. sp. A larva d'este insecto cria-se nas flores do alecrim, cujas corollas não chegam a abrir. Habitat. No Rosmarinus officinalis L. Jardim de S. Fiel, setembro, 1900. 101. ** Perrisia n. sp. A cecidia consiste num engrossamento dos ramos novos, formado pelos espinhos, que se tornam ovaes e carnudos, ficando todos conchegados uns aos outros. As larvas brancas vivem na 62 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES [48] axilla dos espinhos e d'elles se nutrem. Metamorphoseiam-se na terra. As cecidias apparecem desde o outono e a imago deve apparecer na primavera do anno seguinte. Habitat. No Asparagus aphyllus IL. Arredores de Setubal, janeiro. 1900. Gexero Dryomyia KrgrrER 102. * D. cocciferae (March.) No Q. cocefera var. vera DC. e var. imbricata DC. Arredo- res de Setubal, fevereiro, 1900. + No Q. suber L. var. brevisquamma P. Cont. e var. genuina P. Cout. S. Fiel, setembro, 1899: perto do Turcifal, agosto, 1899; arredores de Setubal, perto de Azeitão, valle dos Puchaleiros, maio. 1900; perto de Castello Branco, julho, 1900; Luso, junho. 1900. Obs. Esta especie era conhecida só da Argelia. Em Portu- gal é commum no Q. swber, rara no Q. coccifera. As folhas do so- breiro encontram-se a cada passo cheias de cecidias com o as- pecto de pequenas cristas, cobertas de cotão, como a pagina infe- rior das folhas. No carrasqueiro são glabras. Apparecem na pri- mavera nas folhas novas e a imago sáe em abril do anno se- guinte. 103. * D. Lichtensteini (Fr. Lw.) No Q. ilea L. var. genvina P. Cout. Sobral do Campo (C. Men- des!) e Soalheira, setembro, 1900; Oledo, maio, 1901. Obs. E' commum. Alguns pés de azinheira têm as folhas co- bertas d'estas cecidias, que são muito parecidas com as da D. coceiferae, consistindo a principal differença em não serem com- primidas nos lados. A imago apparece na primavera do 2.º anno. A E NPR E O a e [49 | J. S. TAVARES: AS ZOOCECIDIAS PORIUGUEZAS 63 Gexero Rhopalomyia RússasMEN 104. * R. millefolii (H. Lw.) + Na Achillea ageratum Li. Arredores de Setubal, desde fe- vereiro até junho, 1900; perto de Torres Vedras, abril, 1900; valle dos Puchaleiros. maio, 1900; á beira mar (praia de S. Cruz). agosto. 1900. Parasita: Apanteles sp.? Obs. Às cecidias nesta planta desenvolvem-se egualmente no limbo e peciolo da folha, assim como nos capitulos das flores. Imitam uma cabacinha. São verdes e ás vezes avermelhadas. A imago apparece desde março até julho. Esta especie é commum. Gexero Janetiella Krgrrer 105. * J. thymicola Kieff. FT No Thymus mastichina l. Arrabida (A. Luisier), ja- neiro, 1900. 106. * 3. tuberculi (Rbs.) + No Sarothamnus patens Webb. S. VWiel e Gardunha (a 900”), janeiro, 1901. 107. ** J. Martinsi n. sp. do Rubri. Caput (quin antennae excipiantur), pars superior thoracis, pectus, et pedes fusco-brunea. Sex prima abdo- minis segmenta supra, utraque parte, macula subqua- drangulari, aliquanto longiore quam lata, insignita: in- fra duplici vitta transversa, brevi, similiter notata; qua- rum prima duplo latior secunda. Palpi tribus articulis brevibus instructi, quorum tertius, omnium longissimus, duplo longior quam crassior; in À tertius articulus ap- pendice brevi et subovata, articulum aliwm simulante, signatus. Antennae conflutae 2 + 13 articulis, in eaxtre- mitate decrescentibus, et duobus primis funiculi articulis 64 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES - [50] concrescentibus: in À articuli omnes cilindrici, et ali- quanto minus duplo longiores quam crassiores, et colo ipsos longitudine fere acquante; articulus 13: collo bre- vi, et appendice subovata instructo: in P vero articula plus duplo longiores quam crassiores, collo via conspi- cuo; articulus 15º subovatus, vix duplo longior quam crassior, et sine appendice. Parsi unguiculis nigris, alri- quanto empodio brevioribus, et dente in basi armatis. Forceps analis ungui subovato, sicut in Rhopalomgyia ; cavitas ovipositoris, qui oblongus est, duplo longior quam latior. Ora antica alae hyalinae villosa. Cubitus in P're- ctus; in À tantisper incurvus, et oram tangens paulo ante extremitatem alue, ubi vena costalis laxe interrumpitur. Pars antica tertiae venmne recta, et ipsam venam conti- nuans; postica valde obliqua. Haec species ab aliis Janetiella, et Oligotrophus unguiculis tar- sorum, dente in basi armatis, differt. Palpis ad Oligo- trophus uccedit; sed, propter cubitum ad extremitatem alae non productum, in Janetiella locanda. Longitudo corporis So: 3 mm. Pupa thorace bruneo-nigro, nec hyalino, ut mos est. Spinulae dorsales nullae. Pili cervicales breves. Stigmata thora- cica haud prominentia. Armatura frontalis duabus spi- nis triungularibus, et sejunctis conflata. Larva aurantiaca. Verrucae cingentes vel haemisphaericae, vel conicae. Verrucae spiniformes nullae ; pili brevissima, haud longiores quam ipsorum papillae. Spatula, eandem latitudinem conservans, fusco-brunea, secta in duos lobu- los obtusos lacinia incurva. Longitudo corporis: 2 mm. Cecidia. Esta especie, que dedico ao meu collega, sr. Ma- noel Narciso Martins, por ter sido elle que a descobriu na serra: da Gardunha, produz no piorno amarello umas cecidias ovoides, carnudas e verdes. O comprimento anda por 2 mm. a 2,5 mm. e ! [51 | J. S. TAVARES: AS ZOOCECIDIAS PORTUGUEZAS 65 a grossura por 1.7 mm. A superficie exterior em nada differe da casca, dos ramos normaes. Umas vezes são engrossamentos uni- lateraes dos espinhos ou ramos transformados; outras o espinho aborta e então não se vê senão a cecidia coberta em parte pela folha modificada, em cuja axilla se devia desenvolver o espinho. A cavidade larval é bastante grande e nella se cria uma larva, que ahi mesmo se metamorphoseia. Ás vezes estão reunidas e soldadas parcialmente tres e mais cecidias no mesmo espinho abortado. Em janeiro as cecidias estão já formadas. À imago sãe no mez de abril por um orifício, que faz quasi na extremidade da cecidia. Habitat. Na Retama sphaerocarpa (Bss.) (Spartium sphaero- carpum L.). Gardunha (a 1:000”) (M. N. Martins!), janei- CO OE: 108. ** J. maculata n. sp. à Ruber. Mesonotum, scutellum, pectus migra. Pars inferior abdominis sex vittis transversis, latis, nigris, notata ; su- pra vitta transversa, angusta, nigra ornat primum et octavum segmentum; cetera segmenta intermedia duabus maculis magnis, hemicircularibus, nigris, linea tantum disjunctis, distincta. Antennae bruneae, sicut et pedes, qui squammis nigris et striatis teguntur. Palpi £ articulis in- tructi; quorum primus viaz longior quam crassior; se- cundus duplo, tertiws, et quartus quater-quinquies longiores quam crassiores. Antennae 2 + 15 articulis compositae, duobus primis funiculi articulis concrescentibus, fere duplo longioribus quam crassioribus; ceteris longitudine decres- centibus, collo */, longitudinis eorum aequante, et duobus verticillis insignito; ultimo subovato. Unguiculi tarsorum simplices, et via empodio breviores. Patellae laterales valde conspicuae. Forceps subnigra, unguibus in basi crassis, in apice mucronatis: lamellula superior vir longior in- termedia, profunde biloba, lobulis subrotundis ; intermedia minus profunde biloba, lobulis valde angustis; inferior longior superiore, et mihil peculiare habens. Ora antica Ann. Sc, Nat. vol. VII, 1900, Porto, o 66 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES [52] alarum squammis amplis, striatis, pilis longis mixtis. Cu- bitus paulo ante alue extremitatem desinit, ubi ora inter- rumpitur. Pars antica tertiae venae recta, et venam conti- nuans: postica fere angulum vectum conficiens. P ancoguita. Longitudo corporis à: 2,5 mm. Larva. Coloris rubri. Verrucae cincenges umnbilicatae. Papillae pleurales externae in tribus primis segmentis thoracis lon- go pilo anstructae. Spatula brevissima stylo bruneo, parte patula fere hyalina, duplo longiore stylo, et arcuatim an- Cisa. Cecidia. Esta especie produz nos gommos axillares uma ce- cidia mais ou menos oval (Est. 1. fig. 7 e 7-4), verde, ás vezes côr de rosa. e constituida por escamas algum tanto peludas, que se soldam em quasi todo o comprimento. As paredes são carnu- das e pouco grossas. Comprimento 3-4 mm.; grossura 2.5 mm. à 3 mm. Cavidade larval unica. A cecidia apparece no ontono. À larva sãe pela parte superior da cecidia, afastando as pontas das escamas e metamorphoseia-se na terra. À imago apparece em maio do anno seguinte. ; Habitat. No Cytisus albus Lk. S. Fiel, outubro. 1900. Gexero Oligotrophus (Latr.) KrEzFFER 109. * O. capreae (Winn.) var. major Kicf. No Salir cinereu 1. Entre Runa e o Turcifal, julho, 1899; S. Fiel, Castellejo, maio, 1901; Granja (Gonçalo Sam- paio !), junho, 1901. Obs. Os insectos d'esta especie, que é rara, sáem da cecidia em maio e junho. : 110. ** 0. origani n. sp. do Rubri. Thoras tribus fusciis longitudinalibus nigris, ab- domen vittis transversis ejusdem coloris, ornata. Anten- tt RC e [53] J. S. TAVARES: AS ZOOCECIDIAS PORTUGUEZAS 67 nae. et pedes brunea. Antennae 2 + 13 articulis confa- tae: in É duo primi articuli in funiculo concrescentes; ultimeus pemultimo vix longror; colum anrticulormum funa- cul primo aequans, deimn superans, postea im duodecimo et tertio decimo iterum aequans dimidium longitudinis articulormumn, tandem in quarto decimo tertiam tantum partem lujus longitudinis aequans: im q articuli 11-15 concrescentes. tertius decimus duplo longior duodecimo ; 7 primi mullo colo, cacteri collo via conspicuo signati. Palpi tribus articulis anstruct, quorum duo wltima aequa- les, quater longiores quam crassiores. Secunda vena lon- gitudinalis fere recta, et ferme ad extremitatem alae per- decta. Ora alarem pilis destincta. Pedes squammis latis tecti. Ungues simplices. patela aliquanto breviores: pul- villa minimi. sed conspicui. Ovipositor, et ejus cavitas elongata. | Longitudo corporis do: 2 mm. Larva. Rubra. Verrucae supra converae, fere hemisphaeri- caes infra mins convexae. Papilae plewrales externae nulo pilo im primo segmento thoracico; in duobus se- quentibus uno pilo notatae. Sputula lutea, longo stylo instructa; parte antica in duos lobulos breves et obtusos divas. Longitudo corporis: 2 mn. Cecidia. Consiste num engrossamento ponco mais on menos de forma oval (Est. 1, fig. 5). e de côr verde, devido às folhas dos gommos lateraes, que se tornam mais largas e ficam im- bricadas. Comprimento 13 a 15 mm.; grossura 10 mm. As lar- vas vivem entre as folhas (cujas bordas e face superior têm lon- “gos pêlos brancos), sem cecidia interna, e fiam um casulo branco em que se metamorphoseiam. Depois da saída dos insectos, os gommos começam a desenvolver-se, crescendo os ramos; e as folhas da cecidia abrem-se e ficam patentes. Apparecem durante todo o anno e os insectos sácm desde fevereiro até setembro. Habitat. No Origanum virens Hifo. Lk. Arredores de Setu- bal, fevereiro, 1900. 68 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES [54] GexerO Schizomyia KirnrrEr 111. * S. pimpinellae (F. Lw.) No Foeniculum officinale AU. Entre Setubal e Palmella (J. Andrieux!), setembro, 1900. Gexero Asphondylia H. Lôw 112. * A. ulicis Verr. 7 No Ulex sp.? (non exropaeus Sm.). Valle dos Puchaleiros (A. Luisier!). abril, 1900; arredores de Setubal, maio, 1900; perto de Torres Vedras e da praia: de S. Cruz, agosto, 1900. 113. * A. pilosa Kieff. + No Cytisus albus Lk. S. Fiel, junho, 1900. Obs. A cecidia começa em abril e maio, e o insecto appa- re em junho. 114. * A. verbasci (Vall.) No Verbascum sinuatwum? L. Perto de Torres Vedras, agosto, 1900. 115. * A. Borzi de St. No Rhammnus alaternus L. Setubal, maio, 1900; Matta do Collegio do Barro, agosto, 1900. Obs. Esta cecidia era conhecida só da Cicilia (de Stefani) e do sul da França (Boyer de Fonscolombe). Os insectos sáem em agosto e setembro do 1.º anno. As cecidias são transformações das flores e têm alguma semelhança com um figo pequeno. 116. * A. ononidis Fr. Lw. + Na Ononis ivispanica L. filho. (A. Luisier!), arredores de Setubal, setembro, 1900. [55] J. S. TAVARES: AS ZOOCECIDIAS PORTUGUEZAS 69 117. * Asphondylia sp.? No Ornithopus sp.? Setubal (A. Luisier!), junho, 1900. Obs. Não se encontrou senão um exemplar d'esta cecidia e o insecto morreu no estado de pupa. À cecidia é cordiforme e estava na extremidade de uma vagem pouco desenvolvida. As dimensões são: 4 mm. de comprimento, 5 mm. de grossura. Cavi- dade larval unica e bastante grande. 118. * A. sarothamni H. Lw. + No Sarothamnus grandiflorus Webb. Castello Novo (C. Zimmermann!), abril, 1901. Obs. A imago sãe em abril e principios de maio. d Ruber. Mesonotwun, maculae pectorales, et antennae migra. Pedes brunei. Differt ab Asphondylia sarothamni H. Tac. antennarum forma, quae corporais longitwdlinem acquant, et 2 + 12 articulis compositae sunt. Articuli omnes am funículo valde longi; quorum primas sexves longior quam crassior; ultimus brevior et angustior primo, sed aeque sexies longior quam crassior. Palpi tribus articulis ins- tructi; quorum primus acque longus ac crassus; secun- dus quater cum dimidio longior quam erassior ; tertits quinquies longior quam crassior. Vena transversa post 1, longitudinis primae venae longitudinalis sita. Patela parte media velut crista anstructa. Forceps analis sicut in A. sarothamnai. Longitudo corporis 3: 4 mm. P ancognita. Pupa ut in A. sarothamni. Larva incoguita. Cecidiu. A cecidia é oval, do tamanho da que produz a 4. sarothamni H. Lw. e coberta de um cotão branco e espesso. E' transformação de um gommo axillar e floral. Começa a vêr-se em fevereiro. A imago sãe em abril. [AU ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES [56] Habitat. Esta especie produz as cecidias no Pterospartum cantabricum Spach. (Genista tridentata L. pr. p.) (). S. Fiel (€. Mendes!), abril, 1900; Sobral do Campo, abril, 1901. Gexero Cecidomyia Mercex (non H. Lw.) Diplosis H. Lów. 120. * CG. mediterranea (F. Lw.) Na Erica arborea L. Arredores de Setubal, maio, 1906; Bussaco, junho, 1900; Gardunha (a 8007), março, 1901. Obs. Esta especie não é rara. A imago sáe em abril e maio. 121. * CG. Giardiana (Kietr) + No Hypericum tomentosum 1. Perto de Setubal (A. Lui- sier!), novembro, 1900. Obs. As duas folhas modificadas, de que é formada a ceci- dia, são de côr verde e não vermelha, como as da que serviram de typo na descripção do sr. Abbade Kieffer. Provavelmente re- sulta isso da planta ser differente. Era conhecida só dos H. mon- tamwum, humaifusum, perforatum e hirsutum. Gexero Braueriella KrprrER 122. * B. phyllireae (Fr. Lw.) Na Phallirea media L. Matta do Collegio do Barro, abril, 1900; Arrabida, maio, 1900; perto do Sobral do Campo, outubro, 1900. (1) A Genista tridentata L. (port. carqueja) está hoje comprehendida no gen. Pterospartum Spach e forma varias especies (PP. lasianthum Spach, stenopterum Spach, Cantabricum Spach, tridentatum Spach), que differem tão pouco umas das outras, que mais parecem variedades e na opinião de Will- komm (Prodromus Florae Hispanicae, pag. 442), talvez fosse melhor in- cluil-as na especie Pterospartum tridentatum (L.) . 4 [57] J. S. TAVARES: AS Z00CECIDIAS PORTUGUEZAS 11 7 Na Plyllirea angustifolia L. Perto de Setubal, setembro, 1900; Sobral do Campo, novembro, 1900. Obs. E” commum. Não tinha ainda sido encontrada senão na Sicilia e Dalmacia. Gexero Contarinia RonxDANI 123. * C. ilicis Kicff. No Q. iler 1. var. genvina P. Cout. Sobral do Campo (C. Mendes!) setembro, 1900; Soalheira, novembro, 1900; Oledo, maio, 1901. + No Q. ilex var. avellanacformis Colm. e Bout. (*). Perto do Sobral do Campo, fevereiro, 1901. Obs. A cecidia d'esta especie (Est. 11. fig. 6, 6 A € 6 c) foi des- cripta por F. Lôów (Verhandl. Zool. bot. Ges. Wien. 1878, p. 398- 399, Est. Iv, fig. 6). O sr. Abbade Kieffer deu uma breve descripção da 2 na Synopse des Cécidomyes d'Europe et d' Algérie, p. 61. Por isso descreverei brevemente o é e ajuntarei tambem alguns ca- racteres da 9. 9 Abdomen, et thorax ferruginea; pedes brunei; caput mi- grum, praeter genas, ct antennas subgriseas. Articila omnes fere rotunda; collum vero usque ad articulum 12º" alquanto brevius articulis; ande ad extremitatem antennarum vel cequale vel longius ipsis articulis. Ala- rum ora longe cihiata, et wba prima terminatur vena longitudinalis, parva incistone notata. Longitudo corporis é: 1,7 mun. t Não pude vêr os fructos d'estas azinheiras, mas asseguraram-me pessoas da localidade que os pés onde encontrei as cecidias são de bolota dôce e por conseguinte não pertencem à var. genuina P. Cout. Como por ou- tro lado a var. Ballota Desf. ainda não foi encontrada na Beira, segue-se que é a avellanaeformis Colm. e Bout. 12 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES [58] 9 Abdomen ferrugineum ; thorax, caput, et antennae brunea ; pedes bruneo lutei ; oculi migra. Alarwum ora longe ciliata. Pupa, et larva incognitae. No outono e principio do inverno as larvas sáem das ceci- dias e enterram-se. Pelo menos é o que parece; pois as cecidias ficam vazias e a imago não se mostra ainda. O insecto perfeito apparece em abril do anno seguinte e em breve começam a des- pontar as cecidias nas folhas novas. 124. ** Contarinia n. sp. No Quercus ilex L. var. genwina P. Count. Perto do Sobral do Campo e Soalheira, setembro, 1900. + No Quercus coccifera L. var. vera DC. e imbricata DC. Perto de Torres Vedras, julho, 1899; Setubal, maio. 1900. Obs. A cecidia (Est. 11, fig. 5, 5-» e 7). foi já deseripta por Massalongo (Le galle nela Flora italica, 1893, p. 348, Tav. xxxvirr, fig. 1-2). Está na casca dos ramos novos, ou nos pecio- los das folhas e até não raro, como já observou tambem Massa- longo, na nervura media. Têm pouco mais ou menos a forma de um cone rebaixado. Comprimento medio 3 a 4 mm.; grossura na base 2 a 3 mm. E' de côr verde ou amarellada. As paredes são sublenhosas e algum tanto espessas. Ha no interior varias cavi- dades larvaes separadas por um septo membranoso, que de or- dinario se prolonga até á parte superior da cecidia, por onde o insecto sãe. Em cada cavidade vive uma larva vermelha. O in- secto perfeito ainda é desconhecido, mas, como tenho grande nu- mero de larvas, espero obtel-o em breve. 125. ** CG. cocciferae n. sp. 2 Rubra. Antennae bruneac; pedes subbrunei. Abdomen su- pra, sex fasciis transversis, bruneis, amplis, et punctum rubrum utraque parte continentibus; infra, sex maculis vir longioribus quam amplis, et antice ad modum arcus profunde incisis, ornatum. Palpi quatwor articulis con- flati, quorum ultimes sexies longior quam crassior. An- [59] J. S. TAVARES: AS ZOOCECIDIAS PORTUGUEZAS vs tennae 12 articulis compositae; duobus primis articulis funiculi non concrescentibus; primus quater longior quam crassior, collo */, longitudinis ipsius aequante: secundas via brevior; ultimus instructus appendice villosa, et ver- ticilata, dimidio breviore, et aliquanto minus quam dimi- dio graciliore ipso. Articuli omnes conspicue fere parte media coarctati. Pedes villosi et longissima (sesquilongio- res corpore). Unguiculi tarsorum patella breviores. Ora alae antica interrupta statim post junctionem cum cubito, tertia parte apicali aligquantum incurvo. Vena transversa post tertiam partem primae venae longitudinalis sita. Longitudo corporis 2: £ mm. à ancognitis. Ovum, nulo pediculo, rubrum, longissimum (sexies-septies longius quam crassius), utraque extremitate vix courctatum. Pupa Iyalina, spinulis dorsalibus luteis, satis longis, et in septem ordines dispositis; aculeis frontalibus mullis; papil- lis cervicalibus longis, brevioribus tamen stigmatibus thora- calibus, quae sunt octies longiora quam crassiora. Larva incognita. Cecidia. Esta (Est. Ir, fig. 8), foi já descripta pelo sr. Abba- de Kieffer (Les Cynipides, p. 88), como se fosse produzida por um Cynipide. O dr. Trotter (s. 1. c. p. 199, n.º 6), fala da cecidia de um Cynipide, que provavelmente é esta mesma. Noto porém que a descripção feita pelo sr. Abbade Kieffer não concorda exa- ctamente com as cecidias de que falo; por isso descrevel-as-hei brevemente. São transformações dos gommos axillares ou termi- naes e ficam sempre pegadas ao ramo, ainda depois de saídos os insectos. A sua fórma é mais ou menos oval, parecendo-se bas- tante com as do A. fecundatriz Hart., com que têm sido confun- didas. O tamanho é capaz de muitas variações. Encontram-se algumas do tamanho das do 4. fecundatria Hart. (compr. 18 mm., gross. 14 mm.); havendo outras bastante pequenas (compr. 4 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES [60] 7 mm., gross. 4 mm.). Cada uma consta de uma parte larga, le- nhosa e algum tanto convexa, sobre a qual estão collocadas as cecidias internas, de paredes muito delgadas e não lenhosas (quando muito sublenhosas). Cavidade larval unica. Cada ceci- dia interna é resguardada por grande numero de escamas im- bricadas, havendo, alem destas, na peripheria outras escamas mais largas e compridas, que protegem exteriormente toda a ce- cidia e envolvem os systemas proprios de cada cecidia interna. Habitat. No Q. alex L. var. genvina P. Cout. Arrabida, maio. 1900; perto do Sobral do Campo, setembro, 1900. + No Q. coccifera L. var. vera DC. e imbricata DC. Matta do Collegio do Barro e montes de Torres Vedras, junho, 1899; Arrabida e perto de Setubal, maio. 1900. No outono e principio do inverno as larvas sáem da cecidia e enter- ram-se. À imago apparece em maio do 2.º anno. 126 ** Contarinia n. sp.? Na Drica aragonensis Wk. Gardunha (a 900 m.), janeiro, 1901; perto do Sobral do Campo, fevereiro. 1900. Obs. Não obtive ainda a imago desta especie. Pela larva parece nova. À cecidia é mais ou menos ovoide (depois de tira- das as escamas exteriores) e resulta da transformação de um gommo axillar. E formada de grande numero de escamas, que se cobrem umas ás outras e vão diminuindo em comprimento de tóra para dentro. As externas são folhas um pouco mais curtas do que as normaes, verdes ao principio. depois avermelhadas e por ultimo pardas. As internas são branco-amarelladas e co- brem a larva, que é solitaria. A cecidia tem de comprimento 3 mm. 5 mm. e de largura (quasi na parte inferior) 1,7 mm. | , = [op [61] J. S. TAVARES: AS ZOOCECIDIAS PORTUGUEZAS MUSCIDAE AGROMYZINAE Gexero Agromyza FaLLEN 127. * A. Schineri Gir. No Salix cinerea L. S. Fiel, maio, 1901. Obs. O insecto estava ainda no estado de larva na cecidia, que consiste num engrossamento unilateral dos ramos novos. 128. ** A. Kiefferi n. sp. 2 Colore nigro. Proboscis, et oculi rubro-brunea. Squamma halterum alba. Abdominis latera rubra. Caput obscurum, praeter partem ad modum trianguli, quae ocellos continet, et praeter lineus pilis distinctas, quae frontem cingunt. Alae hyalinae. Venae secunda, et tertia rectae; quarta “âncurva; quinta fere recta; sexta, valde conspicua, fere ad extremitatem alae producta. Spatium quod inter tertiam, et quartam venam continetur, latiws patet in extrema parte quam in media; pars vero quae duabus venis transversis comprehenditur, est aliquanto minor quam vena transversa inferior, quae connectit quartam quintae, et ex quinta vena continet aliquanto plus quam tertiam partem portio- nis, quae comprehenditur inter venam transversam infe- riorem, et infimam posticam alae oram. Ovipositor brevis, instar coni truncati, et sesquilongior quam latior. Ungues tarsorum nigri et simplices, aliquanto longiores duabus pa- tellis, Longitudo corporis 2: 3 mm. Cecidia. Esta especie, que com muito gosto dedico ao sr. Abbade Kieffer, produz nos ramos do Cytisus albwus Lk. um en- grossamento fusiforme (Est. rr, fig. 11). as mais das vezes uni- lateral, que tem de cumprimento 15 mm. e de grossura 4 mm., suppondo o ramo normal com 2 mm. de grossura. É de côr ver- 16 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES [62] de e tem sulcos longitudinaes como o ramo onde está. A dois terços da parte inferior, raro na parte superior, nota-se um es- paço circular. por onde deve sahir a imago. coberto só pela casca. Esta ás vezes desecca-se e o orifício fica aberto, ainda antes do insecto sair. À cavidade larval, bastante grande e unica, está situada no tecido lenhoso. À cecidia começa a appa- recer no outono e o insecto perfeito sáe em junho e julho do anno seguinte. A Agromyza pulicaria Mg. produz no Sarothamnus scopa- rius Koch, uma cecidia analoga. É principalmente na nervação das azas que esta especie differe da 4. Kielferi n. sp. Habitat. No Cytisus albus Lk. S. Fiel e desde Castello Branco até à Covilhan, setembro, 1899. Parasita. Obtive desta cecidia um Braconidio (So), que, segundo o Rev. Marshall, é— * Dacnusa bathyzona Marsh. TRYPETINAE Gexero Myopites BriBissox 129. * M. Frauenfeldi Schin. Na Inula crithmoides L. A beiramar, praia de S. Oruz, Agosto, 1900. 130. “ M. Olivieri Kieff. Na Inula viscosa Ait. Arredores de Setubal (A. Luisier!), setembro, 1900; Alpedrinha, outubro, 1900. Obs. As larvas d'esta especie e da precedente vivem nos receptaculos das Inulas citadas e ahi se metamorphoseiam. Gexero Urellia Rogixgau-DesvoiDy 131. * U. mamula Frauenf. + No Helichrysum stoechas DC. N. Sra. da Orada, abril, [63] J. S. TAVARES: AS ZOOCECIDIAS PORIUGUEZAS ii 1901; Castellejo. maio, 1901; perto de Setubal (A. Lui- sier!), maio, 1901; S. Fiel, junho, 1901. Obs. Esta elegante especie era conhecida só da Dalmacia. A imago sãe da cecidia, situada na extremidade dos ramos, em maio. Gexero Trypeta Mergex 132. ** T. Luisieri n. sp. à Caput (cum antennis, palpis, et proboscide) flavido-ferrugi- neum. Oculi delicate cincti filo coloris albi in fronte, et facie, quae cava est, et oris extremitate eminenti instru- cta. Thorax griseo-cinereus. Abdomen nitens, migrum. Pedes flavido-brunei. Coxae posticae bruneo-nigrae. Ocu- li spatio disjuncti, quod eorum longitudinem aequat. Scutellum duobus pilis ornatum, quorum longitudo triplo excedit longitudinem scutelli, et duplo longitwdinem pilo- rum mesonoti. Alae nitentes, nigrae, excepta tertia parte basali coloris albi, quae distincta est et duabus lineis niyris, quae extremitatem anteriorem primae venae lon- gitudinali nectunt, et macula migra in basi cellulae sitae ante primam venam transversam. Pars nigra alae duo- decim maculis parvis, albis conspersa. Ex his autem quatuor, quarum longitudo aliquanto latitudinem excedit, in ora antica binae sitae; quarum duae inter primam et secundam venam positae; aliae inter secundam et ter- tiam. Harum prima tertia vena, ultima quarta vena se- catur. In extremitate alae, inter tertiam et quartam ve- nam, macula rotunda, major praecedentibus, cernitur. In extremitate postica alae sex, vel septem maculae sunt. Harum prima, ante quartam maculam extremitatis an- terioris collocata, quarta vena scinditur: secunda parva, fere rotunda, et apice nigro supra notata : tertia, primae similis, paulo ante quartam venam terminatur: quarta, ferme rotunda, ante secundam maculam extremitatis an- 78 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES [64] ticae collocata, cui punctum apice distinctum impositum est: quinta, omnium maxima et fere rotunda, quintam . venam non tangit; sexta parva, fere rotunda, in extre-. mitate sextae venue sitae. Semel quintam maculam in duas minores divisam inveni. Supra quintam maculam, ante iam primam extremitatis anticae, inter quartam et quintam venam, maca rotunda et minor cernitur. Inter venas longitudinales tertiam et quartam, supra es- cundam transversam, est praeterea macula rotunda. DD) Longitudo corporis 3: 3 mm. Cecidia. É um engrossamento oval da ponta de um ramo do Phagnalon saxatile Cass. (Est. I. fig. 1). A superficie está coberta de cotão, e o comprimento é 3 mm., sendo a grossura 2 mm. À parede é delgada e a cavidade larval grande c unica. As cecidias apparecem desde março até outubro. Os insectos sáem em março e abril do anno seguinte, e talvez antes; pois em outubro já se encontram cecidias com pupas. £ Habitat. No Phagnalon saxatile Cass. É com muito prazer que dedico esta especie ao companheiro de minhas excursões scientificas, o sr. Affonso Luisier. que a encontrou na quinta do collegio de S. Francisco (Setubal), março, 1900. Parasita: Pteromalus sp.? Gexero Carphotricha 133. ** CG. Andrieuxi n. sp. à Niger. Caput et pedes flavo-rubra; femora, praeter partem extremam, brunea. Thorax, et abdomen obscura, excepto scutello, et duobus ultimis adominis segmentis valde niten- tibus. Oculi raris et brevibus pilis signati. Caput, thorax, femora antica, et segmentorum abdominis ora postica setis albis et obtusis obsita. Aliae setae nigrae, longiores et an ordinem dispositae adjacent fronti ex utraque parte; et mesonotum, supra duplici serie longitudinali distinguunt. | | [65] J. S. TAVARES: AS ZOOCECIDIAS PORTUGUEZAS 19 Scutellum duabus setis nigris et longissimis insignitus. Ocellus medius utraque parte seta nigra simiter notatus. Tertius antennarum articulus supra parum incurvus, ejus- que seta simplex et brunea parte basali. Oculi spatio dis- juncti, quod eorum longitudinem aequat. Alae totae nigrae, multis maculis albis, parvis et cir- cularibus, aliquanto majoribus secundum alae oram, aeque distantibus, numero JO in ora antica, 7-8 in ora postica ; aliis fere punctiformibus, praeter 3 àn triangulum dispo- sitas, quarum una in media cellula discoidali, ceterae infra cellulam eandem sita. Longitudo corporis d: 3,5 min. ? His tantum differt a À. Spatium, quod ocellos continrt, bru- neo-nigrum; et ex utraque parte ocellorum linea ejusdem coloris. Vesicula frontalis magna, et valde eminens. Ovi- positor conicus, nitens, niger, et duo ultima abdominis se- gmenta longitudine aequans. Longitudo corporis 2: £ mm. Cecidia. Esta especie, que dedico a meu amigo, sr. José An- drieux, por ter sido elle que a descobriu, produz nos ramos da Santolina engrossamentos unilateracs e fusiformes. O tamanho é capaz de bastantes variações, sendo o comprimento medio 10 mm. e a grossura 6 a 8 mm. (suppondo que a grossura do ramo nor- mal é 2 mm.) A parede da cecidia é grossa, pouco dura e forma- da pela casca do ramo. Cavidade larval unica, situada no eixo do engrossamento, cuja superficie externa é semelhante à do ramo. À imago sãe em maio por um orifício que faz na metade superior da cecidia, em que a larva se metamorphoscou. Habitat. Na Santolina rosmarimifolia L. Arredores de Setu- bal (J. Andrieux!), maio, 1901. 80 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES [66] SAPROMYZINAE Gexero Lonchaea FarLEN 134. * L. lasiophthalma Maca. No Cynodon dactylon Pers. Perto da praia de S. Cruz, agosto, 1900; junto de Torres Vedras e de Setubal, se- tembro, 1900. Obs. E commum. Umas vezes desenvolve-se fóra da terra, outras no rhizoma. Em agosto encontrei muitas em que a larva branca estava já bastante crescida, vivendo na cavidade larval unica, muito comprida e situada na direcção do eixo do ramo ou colmo. A mosca, depois de sair da cecidia, segundo Massalongo (Le gulle nella Flora Ialica, 1893, p. 310) pica os bois, sendo- lhes muito molesta na lavoira. ANTHOMYINAE Gexero Anthomyia MEiGEN 135. * A. signata Brischk. No Asplenium filix-foemina Bernh. N. Sra. da Orada (perto de S. Vicente da Beira), maio, 1901. Obs. Esta especie enrola a ponta das folhas novas do feto macho e a larva metamorphoseia-se na terra. [67] J. S. TAVARES: AS ZOOCECIDIAS PORTUGUEZAS 81 WI HEMIPTEROCECIDIAS HETEROPTEROS TINGIDAE 136. “ E. teucrii Hart. No Teucrium poliwm |. Montes de Torres Vedras, julho, 1899. Commum. STERNORHYNCOS PSYLLIDAE Grxero Psylla Grorrroy 137. * P. buxi L. No Buxws sempervirens L. Jardim do Collegio de S. Fiel, junho, 1900. Raro. 138. * P. pyrisuga Fórst. No Pyrus communis L. Sobral do Campo, abril, 1901. Genero Livia LaTREILLE 139. * L. juncorum (Latr.) Fr. Lw. No Juncus lamprocarpus Ehrh. Perto da praia de S. Cruz, agosto, 1900. Obs. A cecidia consistia na deformação da flôr. 6 Ann. Sc. Nat. vol. VII, 1900, Porto, 82 ANNAES, DE SCIENCIAS NATURAES [68] Genero Trioza FórsrTeER 140. T. alacris Flor. No Lauwrws nobilis 1. Arredores de Coimbra (A. Moller), ve- rão, 1899: matta do Coliegio do Barro, junho, 1899; perto de Palmella, setembro, 1900; S. Ficl, outubro, 1900. APHIDIDAR Gexero Aphis LixNEU 141. * A. pruni Fabr. No Prunus domestica L. S. Fiel, julho, 1900. No Crataegus oxyacantha L. S. Fiel, Alpedrinha, Covilhan, setembro, 1900. Commum. 142. * A. humuli Koch. No Prunus domestica L. N. Sra. da Orada (perto de S. Vi- cente da Beira). maio, 1901. 143. * A. oxyacanthae Kalt. No Crataegus oxyacantha L. S. Fiel, abril, 1901. Obs. Esta especie, bastante commum, é facil de reconhecer por umas covas vermelhas, que produz nas folhas do Crataegus. 144. A. persicae Wonsc. No Persica vulgaris DC. Arredores de Coimbra (A. Moller),' junho, 1899; S. Fiel, junho, 1900; Torres Vedras, S. Cruz, agosto, 1900; Setubal, setembro, 1900; Covilhan, outu- bro, 1900. Communissimo. 145. * A. atriplicis L. No Chenopodiwm album L. S. Fiel, junho, 1900. 146. * A. brassicae L. Na Brassica oleracea Li. S. Fiel, junho, 1900. Obs. Este pulgão, a que na Beira dão o nome de piolho da couve, é muito commum e vive principalmente na pagina inferior da folha. [69] J. S. TAVARES: AS ZOOCECIDIAS PORTUGUEZAS 83 147. * A. rumicis L. No Rumex pulcher Li. Arredores de S. Fiel, setembro, 1900. Obs. As bordas da folha dobram-se longitudinalmente para baixo e na cavidade assim formada vive grande numero de pulgões. 148. * A. mali Fabr. No Pyrus malus L. Perto de Torres Vedras, agosto, 1900. Obs. Este pulgão ataca as folhas e gommos da macieira. 149. ** A. suberis n. sp. Forma aptera. Lutea. Pars superior corporis, et articuli 2-3 antennarum appendicibus filiformibus, seriatim, et transverse dispositis, insignita. Appendices, quae corporis lutera or- nant, duplo longitudinem earum excedunt, quae parte media collocata sunt. Antennae 7 articulis compositae; quorum aul- timi annuli similitudinem referunt; tertiws, omnium longissi- mus, quarta parte excedit quartum; hic, quintum aequans, sextum quarta parte superat; septimus, angustior et tertia parte brevior penultimo, quinquies longior quam crassior. Tubuli abdominis subcylindrici, et vix duplo longiores quam crassiores. Tarsus duobus articulis instructus, quorum pri- mus brevissimus. Unguiculi simplices. Vibiae pilis seriatim dispositis signatae; quorum longitudo tibiae longitudinem duplo excedit. Longitudo corporis: 2 mm. Forma alata. Lutea. Caput plus minusve obscure maculatum. Thorax cum tribus vittis obscuris parum distinctis. Abdo- men viltis transversis nigris, parte media interruptis, supra et infra ornatum. Pars superior cum pilis sparsis, sine appendicibus filiformibus. Tibiae nullis pilis seriatim dis- positis insignitae. Tubuli abdominis ut in forma aptera. Tertius antennarum articulus dimidio longior quarto, qui quinta parte superat quintum; hic plus quam duplo longior 84 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES [70] sexto; septimus duplo angustior, ac duplo longior sexto. Alae hyalinae, quxta oram minimis verrucis instructae. Cel- lula marginalis sublutea, et ornata macula minima nigra, in longum producta, et coram tertia vena obliqua sita. Pars extrema uniuscujusque venae simili macula notata. Tres ve- nae obliquae; quarum secunda parte basali distincte incur- va; tertia bis bifurca. Longitudo corporis do: 1.7 mn. Cecidia. Este pulgão vive na pagina inferior das folhas, e com a sua picadura faz com que as duas metades do limbo se dobrem para baixo ao longo da nervura media, ao mesmo tempo que o limbo todo se curva para baixo, de modo que a base e o apice ficam mais proximos do que na folha normal e assim fica muito ao natural imitando um bote (Est. 1, fig. 8). Habitat. No Q. suber L. var. genvina P. Cout. (Forma pen- dula). S. Fiel, setembro, 1900, No Q. pedunculata Ehrh. Castello Novo, dezembro, 1900. Obs. Não é com inteira segurança que apresento a forma alada como pertencente á especie aptera acima descripta. Não obstante creio que são parte da mesma especie; pois encontrei estas duas formas sempre juntas e além d'isto observei mais de uma vez os d$ alados procurando fecundar as 9? apteras. 150. * Aphis sp.? Nos Pyrus communis L. e malus L. S. Fiel, maio, 1901. Obs. Este pulgão enrola as folhas novas da pereira e ma- cieira como faz o A. pyri Koch. É de côr avermelhada. As folhas ás vezes amarellecem e chegam a seccar. Os gommos novos tam- bem são atacados. Commum. 151. * Aphis sp.? No Citrus aurantium Risso. S. Fiel, maio, 1901. No Citrus limonum Risso. S. Fiel, maio, 1901. [71] J. S. TAVARES: AS Z00CECIDIAS PORTUGUEZAS 85 Obs. Este pulgão encrespa as folhas da laranjeira e limoeiro, e ás vezes até as enrola e curva de cima para baixo e de deante para traz. Commum. 152. * Aphis sp.? No Origanum vulgare L., cujas folhas ficam encrespadas e encarquilhadas. Oledo e Castellejo, maio, 1901. 153. * Aphis sp.? Na Mercurialis anna L. S. Fiel, maio, 1901. Obs. As folhas e extremidades dos ramos são enroladas por este pulgão. 154. * Aphis sp.? No Phaseolus vulgaris L. S. Fiel, primavera, 1900. Obs. Este prlho do feijão, como o povo lhe chama na Beira, é grandemente nocivo e nos annos favoraveis ao seu desenvolvi- mento destroe os feijoaes. Ataca os gommos dos feijoeiros novos, encrespando e arqueando ao mesmo tempo as folhas, que muitas vezes amarellecem. 155. Aphis sp.? No Salix cinerea L. Perto de S. Vicente da Beira, maio, 1901. Obs. Os rebentos e folhas novas são invadidas, ficando o limbo dobrado longitudinalmente para baixo. Gexero Myzus PasserINI 156. * M. cerasi Fabr. Nos Prunus cerasus L. e avium L. Commum em toda a parte. Na Beira dão-lhe o nome de piolho das cerejeiras. 86 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES [72] Gexero Phylloxera Boyer DE FoxscoLomBE 157. P. vastatrix Planch. Na Vitis rupestris Scheelle. Perto de Torres Vedras, julho, 1900. Obs. Do ovo de inverno, commummente resguardado no rhytidoma da cepa, sáe na primavera um insecto aptero, cujos filhos, tambem apteros e agamicos, descem quasi todos para as raizes, continuando ahi a propagar-se prodigiosamente por par- thenogenese. Alguns comtudo sobem para as folhas, onde produ- zem na pagina inferior cecidias, que teem alguma semelhança com uma cabacinha; pois são terminadas por uma parte mais es- treita ou gargalo, que se abre na face superior das folhas. O com- primento anda por 3-4 mm. A superficie é desegual e peluda, e o gargalo cannelado longitudinalmente. Durante os grandes calores as cecidias seccam e os insectos morrem, ou descem para a raiz. Nas videiras americanas as phylloxeras vivem principalmente nas folhas, não deixando comtudo immunes as raizes, som com isso soffrer a cepa, a não ser muito pouco. O contrario succede na Vitis vimifera L. Nas radicellas d'esta, quando começam de ser atacadas, vêem-se uns engrossamentos mais ou menos fusiformes, que podem, assim como as nodosidades das raizes, ser considera- das como cecidias causadas pela picadura da phylloxera. Durante os calores do estio apparecem as 929 aladas, cujos ovos partheno-: geneticos dão origem aos dd e 99, de que provêm os ovos de inverno. 158. * P. coccinea Heyd. No Q pedunculata Ebrh. Perto de Castello Novo. abril, 1901. Obs. O cyclo da evolução desta especie é semelhante ao da precedente. Do ovo de inverno, tambem abrigado no rhytidoma da planta, sác em abril uma 9? aptera, parthenogenetica e de côr amarellada. Com a picadura faz com que a borda da folha se dobre para baixo em forma de gola e, assim resguardada, põe grande numero de ovos. No fim de maio vêse já a segunda geração [73] J. S. TAVARES: AS ZOOCECIDIAS PORTUGUEZAS 87 composta de 22 tambem apteras, agamicas, e de côr amarellada com laivos vermelhos. O comprimento póde chegar a 1,2 mm. Cada uma d'estas 99 está na face inferior da folha no meio de um sal- pico amarello e arredondado, no centro de um ou dois circulos de ovos. As 99 aladas são d'um vermelho escarlate. Encontrei-as já em principio de junho no Q. ilex L.; ao passo que em França apparecem só em agosto. Os ovos d'estas 99? são dioicos ou de duas qualidades, uns maiores que darão origem ás 2? sexuadas, outros d'onde resultarão os dd. Mas estes ovos dioicos podem tambem provir de poedeiras ordinarias apteras. Os ovos fecundados das 99 sexuadas chamam-se ovos de inverno. Vê-se pois que a prin- cipal differença entre o cyclo evolutivo da P. coccinea e da P. vas- tatria está no modo de geração dos Sé e 22 sexuadas. Gesxero Schizoneura HartTIG 159. * S. ulmi Kalt. No Ulmus campestris L. Matta do Collegio do Barro, julho, 1899; entre Setubal e Palmella, setembro, 1900. 160. * S. lanigera Hausm. No Pyrus malus L. S. Fiel, junho, 1899. Obs. Esta especie produz no tronco e ramos das macieiras uns engrossamentos, sobre os quaes vive o insecto coberto por um cotão alvissimo, semelhante a algodão em rama, que elle pro- prio segrega. 161. S. lanuginosa Hart. No Ulmus campestris L. Arredores de Coimbra (Moller), primavera, 1899; perto de Castello Branco, julho, 1900; Alpedrinha, outubro, 1900; Oledo, maio, 1901. Commum. Gexero Tetraneura Harrie 162. * T. alba Ratz. No Ulmus camprestris L. Arredores de Setubal; maio, 1900; Castello Novo, setembro, 1900; Oledo, maio, 1901. Com- mum. 88 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES [74] 163. T. ulmi Kalt. No Ulmus campestris L. Arredores de Coimbra (A. Moller), primavera, 1899: Setubal, maio, 1900; Collegio do Barro, agosto, 1900; Oledo, maio, 1901. Commum. 164. T. rubra Licht. No Ulmus campestris 1. Arredores de Coimbra (A. Moller), primavera, 1899: quinta do Pinheiro (perto da estação de Castello Novo), maio, 1901. Rara. Gexero Aploneura PasseRINT 165. A. lentisci Pass. No Pistacia lentiscus Li. Arredores de Coimbra (A. Moller), primavera, 1899. Gexero Pemphigus Harrig 166. * P. semilunarius Pass. No Pistacia lentiscus Li. Perto de Torres Vedras, julho, 1899; montes proximos da praia de S. Cruz, agosto, 1899; Setu- bal, abril, 1900; Arrabida, maio, 1900. Commum. 167. * P. bursarius L. No Populus migra IL. Arredores de Setubal (A. Luisier!), junho, 1900; Alpedrinha (á beira da estrada), outubro, 1900; Oledo, maio, 1901. Commum. 168. * P. vesicarius Pass. No Populus migra Li. Arredores de Setubal, maio, 1900. Raro. 169. * P. populi Courch. No Populus migra 1. Quinta do Armelão (perto da Arra- bida), setembro, 1900; Oledo, Castellejo, maio, 1901. Raro. 170. * P. marsupialis Courch. No Populus nigra Li. Oledo, Castellejo (4 beira da estrada), maio, 1901. Commum. 171. * P. affinis Kalt. No Populus nigra E. Oledo, Castellejo (á beira da estrada), maio, 1901. Commum. [75] J. S. TAVARES: AS ZOOCECIDIAS PORTUGUEZAS 89 172. * P. spirothecae Pass. No Populus nigra L. Arredores de Setubal (A. Luisier!), junho, 1900; Capinha (C. Mendes!), maio, 1900; Alpe- drinha, setembro, 1900; Oledo. Castellejo, maio, 1901. Commum. 173. * Pemphigus sp.? No populus migra IL. Alpedrinha (á beira da estrada), outu- bro, 1900; Oledo e Louza, maio, 1901. Obs. Esta especie parece-me differente do Pempligus bur- sarius IL. cuja cecidia, quando está nos ramos, nunca é rente e occupa o logar de um gommo. Na especie de que falo a cecidia é rente e não está nos nós. O seu tamanho é tambem bastante grande (altura: 20 mm.; largura 25 mm.). O ramo de ordinario engrossa nos pontos onde ella está inserida. Quando a encontrei, já todos os pulgões tinham saído ou eram ainda larvas, e assim não posso asseverar que é especie diversa do P. bwrsarius L. 174. * Pemphigus sp.? + No Populus nigra À. Castellejo, maio, 1901. Cecidia. Nas folhas novas as duas metades do limbo do- bram-se para baixo e formam uma cavidade em que vivem os Hemipteros. Estes conservavam-se no estado de larvas e por isso não foi passivel determinar a especie. A cecidia é nova. COCCIDAE Gexero Asterolecanium Tarc.-VozzerrTr 175. À. rhamni Kicff No Rhammnus alaternus L. Arredores de-Coimbra (A. Moller), verão, 1899; Setubal, maio, 1900. 176. * A. Massalongianum Targ.-Tozz. Na Hedera helio IL. Perto de S. Fiel (C. Zimmermann !), fevereiro, 1901. 90 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES 176] IV PHYTOPTOCECIDIAS PHYTOPTIDAE Genero Eriophyes SrgBoLD 177. “* E. galiobius (Can.) (1. informis Nal.) + Na Rubia peregrina L. Termo de Torres Vedras, julho, 1899; perto de Setubal (A. Luisier!), junho, 1900. 178. * E. chondrillae (Can.) Na Chondrilla juncea Li. S. Fiel, Alpedrinha, setembro, 1899. 179. * E. genistae (Nal.) + No Sarothamnus patens Webb. S. Fiel, junho, 1899; arre- dores da Covilhan, outubro, 1900. T No Cytisus albus Lk. S. Fiel, julho, 1900. FT No Sarothamnus gr anditor us Webb. Castello Novo, ju- lho, 1900. j 180. E. vitis (Land.) Na Vitis vinifera L. Arredores de RR (A. Moller), ju- nho, 1899; perto de Torres Vedras, junho, 1899; S. Fiel, setembro, 1899; Setubal e Covilhan, setembro, 1900. Obs. E muito commum. As cecidias consistem numas covi- nhas do limbo cobertas de pêlos, onde vivem os acaros. 181. * E. brevitarsus (Fockeu) No Alnus glutinosa Grirtn. Á beira da Ocresa, perto de S. Fiel, setembro, 1900. E o A PN [77] J. S. TAVARES: AS ZOOCECIDIAS PORTUGUEZAS 91 Obs. A cecidia d'esta especie, que é commum, é o Erincum alneum Pers. 182. * E. ilicis (Can.) No Quercus alex L. var. genuina P. Cout. Perto do Sobral do Campo, setembro, 1900. Commum. 183. * Eriophyes sp.? Nos QQ. suber e ilex L. Perto do Sobral do Campo e 8. Fiel, setembro, 1900. Obs. A cecidia d'esta especie é o Phylleriwum suberinum Fée. 184. * E. fraxini (Nal.) No Fraxinus angustifoha Vahl. perto de Alpedrinha, setem- bro, 1900; S. Fiel, abril, 1901. 185. * E. erineus (Nal.) Na Juglans regia L. S. Fiel, junho, 1900. 186. * E. tetanothrix (Nal.) - No Salix cinerea L. Perto de S. Vicente da Beira (M. N. Martins !), maio, 1901. 187. * E. truncatus (Nal.) No Salix fragilis L. var. decipiens (Hffm.) Koch. N. Sra. da Orada (perto de S. Vicente). maio, 1901. Obs. A cecidia d'esta especie, que é commum na localidade indicada, consiste num enrolamento marginal do limbo do vimeiro. Genero Epitrimerus NAaLEPA 188. E. trilobus (Nal.) No Sambucus migra L. Arredores de Coimbra (A. Moller), maio, 1899. 92 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES [78] V COLEOPTEROCECIDIAS SCOLYTIDAE Gexero Thamnurgus ErcrHor 189. * T. Kaltenbachi Bach. No Teucrium scorodonia L. S. Fiel (M. N. Martins), ju- lho, 1900; Louza, julho, 1901. CURCULIONIDAE CIONINAE Gexero Mecinus GerMaR 190. M. pyraster Herbst. Serra de Rebordãos, Vizella, Bussaco (Paulino de Oliveira, às ta org CRSSADIZO Obs. A cecidia, de que não fala o dr. Paulino, é formada por um engrossamento mais ou menos oval do caule, ou do eixo da espiga da Plantago lanceolata Ii. Raras vezes se desenvolve no peciolo das folhas. 191. * M. dorsalis Aubé. + Na Linaria Towrnefortiu (Poir.) Lge. var. glabrescens Lge. S. Fiel, junho, 1901. [79] J. S. TAVARES: AS ZOOCECIDIAS PORTUGUEZAS 93 Obs. Não me consta que a cecidia d'esta especie, analoga á que produz na Linaria vlgaris Mil. o M janthinus Germ., fosse até agora observada. A imago sáe da cecidia em julho do 1.º anno. 192. * M. collaris Germ. + Na Plantago coronopus L. Monte do Barriga, junho, 1901. Obs. A cecidia d'esta especie não tinha sido encontrada se- não nas Plantago maritima L. e major L. e consiste num engros- samento do eixo da inflorescencia, onde a larva passa ao estado de pupa. A's vezes a inflorescencia dobra-se acima da cecidia. No principio de junho saíram já alguns insectos. Nunca vi a ce- cidia no caule. GexerOo Gymnetron ScHôNHERR 193. * G. linariae Panz. + Na Linaria Tourneforti (Poir.) Lge. var. glabrescens Lge. S. Fiel, maio, 1901. Obs. A cecidia. carnuda e branco-amarellada, desenvolve-se principalmente no collo da raiz. E' mais ou menos espherica e póde chegar ao tamanho de uma ervilha. No fim de maio uma boa parte dos insectos estão já no estado de imago, vendo-se ainda algumas larvas. Muito commum. 194. * G. antirrhini Payk. + Na Linaria Towrnefortii (Poir.) Lge. var. glabrescens Lge. S. Fiel, junho, 1901. Obs. Os insectos criam-se nas capsulas da Linaria, que ficam muito pouco deformados, e ahi mesmo se metamorphoseiam. No principio de junho estavam ainda no estado de larvas, não appa- recendo a imago senão no fm do mesmo mez e principios de julho. 94 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES [80] Gexero Nanophyes ScHôxHERR 195. * N. Duriaei Luc. No Umbilicus pendulinus DC. S. Fiel, dezembro, 1899; arre- dores de Setubal, fevereiro, 1900. Obs. As cecidias são carnudas e desenvolvem-se nos peciolos e caules. Começam a apparecer em novembro e dezembro. Os insectos principiam a sahir em março do anno seguinte. Commum. 196. N. hemisphaericus Ol. FT No Lythrum hyssopifolia L. Praia de S. Cruz, agosto, 1900; Esmoriz, Espinho (G. Sampaio !), julho, 1901. Obs. O dr. Paulino de Oliveira (1. s. c. p. 305), cita de Coim- bra esta especie, sem comtudo mencionar a cecidia, que consiste num engrossamento do caule e ramos. Os insectos sáem em julho, agosto e setembro. APIONINAE Genero Apion Hergsr 197. * A. scutellare Kirb. + No Ulex spartivides? Webb. Praia de S. Cruz (A. Luisier , agosto, 1899. Obs. Os insectos sáem da cecidia, que é um engrossamento oval dos ramos, em julho e agosto. 198. A. Germari Walt. (semivittatum Gyll.). Na Mercurialis annua L. S. Fiel(M. N. Martins), abril, 1900; Faro e Espinho (Paulino de Oliveira, sem falar da cecidia, Ttse. PSB): 199. A. trifolii L. Norte de Portugal até ao Bussaco (Paulino de Oliveira 1. s. c. p. 318); Sabrosa (J. M. Corrêa de Barros, 1. s. c. p. 191). [81] J. S. TAVARES: AS ZOOCECIDIAS PORTUGUEZAS o Obs. A cecidia d'esta especie consiste numa deformação das folhas do Trifolium ochroleucum L. Deve portanto existir em Portugal, assim como a da seguinte, embora d'ellas não fale o dr. Paulino de Oliveira. 200. A. miniatum Germ. Espinho e Serra da Estrella (Paulino de Oliveira, 1. s. c. p. 319). Obs. A cecidia é formada por um engrossamento da nervura media das folhas dos Rumex conglomeratus Murr. e nemorosus Schrad. 201. A. frumentarium L. No Rumes acetosella L. S. Fiel, maio, 1901; communissimo ao norte de Lisboa (Paulino de Oliveira, 1. s. ec. p. 319); Sabrosa (J. M. Corrêa de Barros, 1. s. c. p. 191). Obs. Esta especie produz engrossamentos mais ou menos compridos, ás vezes fusiformes, nos peciolos ou nervuras das fo- lhas do Rumex acetosela L. Quando a cecidia está na nervura media e ainda mesmo no peciolo, é de côr amarella ou vermelha e no limbo ha em volta d'ella um espaço da mesma côr. Nunca vi as cecidias nas nervuras secundarias. 202. * A. sanguineum Dez. No Rumezx acetosela L. S. Fiel, dezembro, 1900. Obs. Desenvolve-se nas raizes das azedas, onde produz ce- cidias carnudas, em que se metamorphoseia. A imago nutre-se das folhas da mesma planta. 203. * A. cyanescens Gyll. Cecidia. A cecidia não tinha até agora sido descoberta e é formada por um engrossamento fusiforme dos ramos novos. Com- 8 primento 3 a 4 mm.; grossura 3 a 4 mm. (suppondo que a gros- 96 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES [82] sura do ramo normal é 2.8 mm.). A superficie exterior é egual á do ramo normal. A cecidia está já formada no outono e a imago sáe por um orifício lateral em abril e maio do anno seguinte. Habitat. -j No Cistus monspeliensis L. S. Fiel (M. N. Mar- tins!), setembro, 1900. + No Cistus ladaniferus L. Gardunha (a 900") (C. Zimmer- mann'!), janeiro, 1901. 204. * A. atomarium L. No Thymus serpyllum? IL. Castellejo, maio, 1901. Obs. O insecto por mim obtido não é o typo, mas sim uma variedade, que o sr. Bedel (que foi quem fez a determinação) diz ter já recebido da Argelia. A cecidia consiste num engrossamento pequeno e unilateral dos ramos novos de um tomilho, que, por não estar ainda em flôr, não pude classificar com segurança. Os insectos sáem da cecidia em maio. Na extremidade dos ramos seccos da mesma planta encontrei outra cecidia que provavel- mente é uma forma differente causada pelo mesmo insecto. 205. A. gracilicolle Gyll. + No Latlmprus cicera L. Perto de Oledo (C. Zimmermann), maio, 1901. Monchique, Woya, Evora, Castro Verde (C. V. Volxem, citado pelo dr. Paulino de Oliveira, 1. s. c. p. 318). Obs. A cecidia não tinha até agora sido descoberta e con- siste num engrossamento pouco saliente dos ramos do Lathyras. Cavidade larval unica e situada no eixo do ramo. O insecto me- tamorphoseia-se na” cecidia e apparece em maio. Nas folhas da mesma planta encontrei cecidias formadas pelos foliolos atro- phiados e com as bordas dobradas para a pagina superior. Bem podem estas cecidias ser da mesma especie. [83] J. S. TAVARES: AS ZOOCECIDIAS PORTUGUEZAS 97 CRYPTORHYNCHINAE Gexero Ceutorhynchus Germar 206. C. sulcicollis Scbônh. Na Brassica napus L. S. Fiel, dezembro, 1899. + No Erwucastrum Pollichii Sperm. S. Fiel, janeiro, 1901. Beja, Casa Branca (C. V. Volxem, citado pelo dr. Paulino de Oliveira, 1. s. c. p. 311); Sabrosa (J. M. Corrêa de Bar- tos; Se pr 9): Obs. As cecidias, a que na Beira dão o nome de potras, principiam em dezembro e janeiro, e a imago sãe desde março por deante. Commum. Nem o dr. Paulino de Oliveira, nem o sr. J. M. Corrêa de Barros se referem ás cecidias. CERAMBYCIDAE Gexero Saperda Fasricro 207. S. populnea L. Santa Clara (C. v. Volxem, citado pelo dr. Paulino de Oliveira ls. c. p. 344). Obs. Como na especie precedente, o dr. Paulino de Oliveira não se occupa da cecidia. Esta consiste num engrossamento do tamanho de uma ameixa nos ramos do Populus tremula L. A ca- vidade, onde a larva se metamorphoseia, é unica e tem a fórma dum —?. 7 Ann, Sc. Nat. vol. VII 1900, Porto, 98 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES [84] VI LEPIDOPTEROCECIDIAS TINEIDAE Gexero Stagmatophora HerricH-SCHAEFER 208. * S. serratella Tr. T+ No Anarrhinum bellidifoum L. S. Fiel, junho, 1901. Obs. Não me consta que a cecidia d'esta especie fosse ainda observada. E constituida pelo engrossamento bastante comprido e irregular, ou algum tanto de forma conica da raiz mestra ou gavião do Anarrhinum bDellidifolium IL. A lagarta vive ou no eixo da raiz, ou lateralmente, sendo neste caso o engrossamento mais ou menos unilateral. A lagarta chrysalida-se na cecidia e a borboleta sãe em maio e junho. Gexero Heliozela HerricH-ScHAEFER 209. * H. stanneella? Fr. | + No Q. lusitanica var. Broteri P. Cout. Matta do Collegio do Barro, abril, 1900. Obs. A cecidia em tudo se parece com a da H. stamneella ; mas, como não obtive a imago, não posso afirmar com segurança que seja esta especie ou a H. sericiella Wr., as quaes são tão pa- recidas, que o principal distinctivo consiste na côr da luz refle- ctida nas azas. [85] J. S. TAVARES: AS ZOOCECIDIAS PORTUGUEZAS 99 Genero Teras TreiscHKE 210. * T. ferrugana Tr. Apanhada perto de S. Fiel (C. Mendes?), junho, 1899. Obs. Esta especie cria-se numa cecidia ovoide ou fusiforme, do tamanho de uma ervilha, e situada no ramo, junto do ponto onde se insere o peciolo das folhas da Betela alba Ehrh. Em Portugal ainda esta cecidia não foi encontrada. Gexero Gelechia ZELLER 211. * G. cauligenella? Schrt. + Na Silene gallica L. Monte do Barriga ou das Lameiras, maio, 1901. + Na Silene portensis Li. S. Fiel (C. Zimmermann!) junho, 1901. Obs. Não obtive ainda a imago, mas a cecidia é egual á tod) Lo) d'esta especie na Silene nutans L. ALUCITIDAE Genero Alucita LATREILLE 212. * A. grammodactyla? Zell. No Pterocephalus Browssoneti Coult. Arredores de Setubal (A. Luisier !), junho, 1900. Obs. A cecidia é semelhante à que se encontra na Scabiosa columbaria 1. Como porém a lagarta morreu, não posso assegu- rar que seja d'esta especie. 213. * A. hexadactyia Hb. Apanhada perto da Covilhan (C. Mendes!), setembro, 1898. Obs. Esta especie cria-se numa cecidia da Scabiosa colum- daria 1., que ainda não foi vista no nosso paiz e consiste num engrossamento do peciolo. APPENDICE Juntarei aqui a lista das zoocecidias, cujos auctores ainda não encontrei. Vão pela ordem alphabetica dos substratos em que se criam. Às que são novas, estão marcadas com duas estrellas. Cytisus albus Lx. unilateral, dos ramos novos (Est. rr, fig. 3). O comprimento é em média: 3,5 mm., e a grossura: 3 mm. (suppondo que a grossura do ramo normal é 0.7 mm.). A cecidia é de côr verde e está co- berta de cotão abundante. Cavidade larval unica. sendo a pa- rede carnuda a principio, e fazendo-se lenhosa mais tarde, de- pois da saída da larva. O ramo dobra-se muitas vezes em fórma de cotovelo logo adeante da cecidia e de ordinario continúa a crescer. Raras vezes se encontra uma só cecidia, estando reuni- das em grupos de tres e quatro, podendo-se ver immediatamente o numero d'ellas por causa dos espaços mais estreitos, que me- deiam entre ellas. Apparecem em grande numero na primavera. A larva em tudo é semelhante á da Janetiella maculata n. sp. A metamorphose faz-se na terra. S. Fiel e desde Castello Branco até Guarda, junho, 1899. Erica arborea L. e scoparia L. 215. “* A cecidia consiste numa modificação dos gommos (commummente lateraes, conservando-se a folha, em cuja axilla está). E” de fórma oval, quasi sessil, de côr avermelhada, raras [87] J. S. TAVARES: AS ZOOCECIDIAS PORTUGUEZAS 101 vezes verde, e formada de grande numero de escamas estreitas, acuminadas e de margens ciliadas. As escamas interiores são sem- pre de côr verde e no centro deixam um vão, onde vive uma larva avermelhada, sem cecidia interna. Comprimento: 5 mm.; grossura: 3 mm. A metamorphose provavelmente é no solo. Em maio estavam já muitas vazias. Cecidomyia. Arrabida, valle dos Puchaleiros, arredores de Setubal, maio, 1900; Granja (tr. Sampaio!), junho, 1901. Euphorbia nicaeensis ArL. 216. * Cecidia já descripta por Massalongo (Entomocecid. nuovi o non ancora segnalati nella fl. at, in Bullett. Soc. Bot. It. n.º 7, p. 428. Firenze, 1893). Não tinha porém sido encontrada nesta especie de Kephorbia. Cecidomgyia. Arrabida e arredores de Setubal (A. Luisier !), julho, 1900, Obs. Em abril, 1901, obtive dois insectos; mas por um acci- dente imprevisto escaparam-se, sem que eu os pudesse descrever. Halimium heterophyllum Spacx. 217. ** A cecidia está nos gommos axillares e terminaes e é constituida por duas folhas novas e oppostas. Estas folhas são peludas e estão soldadas em toda a extensão pelas bordas, limi- tando uma cavidade onde vive a larva. A cecidia termina su- periormente em bico. Altura: 6 mm.; grossura: 2 mm. À larva metamorphoseia-se na cecidia e a imago sãe por um orifício que faz lateralmente. Provavelmente Dipterocecidia. Quinta do Armelão, setembro, 1900. Obs. Em setembro as cecidias estavam já vazias. 218. “* Engrossamento oval e pouco saliente dos ramos. A superficie exterior é como a do ramo. Comprimento: 4 mm.; grossura: 25 mm. a 3 mm. (suppondo que o ramo normal tenha 102 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES [88] uma grossura de 2 mm.). Cavidade larval unica e situada no eixo do ramo. Quinta do Armelão, setembro, 1900. Obs. Quando a encontrei, já os insectos tinham-sahido. Pro- vavelmente Coleopterocecidia. Olea europaea L. 219. ** Cecidia bastante parecida com a do Eriophyes pin, que se cria no Pinus silvestris L. Por isso provavelmente é Phy- toptocecidia. A cecidia é formada por um engrossamento unilate- ral dos ramos novos. A superficie é irregular e fendilhada. A altura póde chegar a 9 mm. e a grossura a 15 mm. A cecidia é lenhosa e não tem no interior cavidade alguma. Pistacia lentiscus L. 290. ** Folhas com as bordas encrespadas e enroladas para a pagina superior. Plytoptocecidia. Perto de Torres Vedras e montes da praia de S. Cruz, agos- to, 1900. Pulicaria odora RcHz. pherico, do tamanho de um grão de milho, resaltado sobre as duas faces da folha (principalmente sobre a inferior). São col- locadas em todas as partes do limbo (ás vezes em tal abundan- cia que o deformam), e não raro no caule. São cobertas de fel- pa branca, fina e comprida. Parede delgada, c cavidade larval unica. Em maio ainda a maior parte das larvas estavam pouco desenvolvidas. Dipterocecidia. Arredores de Setubal, maio, 1900. Parasita: Torymus glechomae Fórst. EP [89] J. S. TAVARES: AS ZOOCECIDIAS PORTUGUEZAS 103 Quercus coccifera L. var. vera DC. e imbricata DC. 9299. * (ecidia descripta pelo sr. Abbade Kieffer (Les Cyni- pides, p. 84, n.º 72). Engrossamento pyriforme e glabro da ex- tremidade de um ramo novo, encimado por um como bico. Altura: 7 mm.; grossura: 4 mm. (sendo a grossura do ramo normal 1 mm.). A's vezes o engrossamento é unilateral. Provavelmente Cinipide. Entre Setubal e Palmella, fevereiro, 1900. Commensal: Synergus pomiformis Fonsc. 223. ** Cecidias collocadas na pagina superior das folhas e constituídas por um tubo cylindrico, glabro, escuro (na epocha da maturação) e rodeado na base por uma zona escura e con- vexa, que tem de diametro 1,5 mm. A altura e largura do cy- lindro são eguaes (*/, mm.). Dipterocecidia, a qual provavelmente se metamorphoseia na terra. Perto de Torres Vedras, abril, 1900. Quercus ilex var. genuina P. Cout. 294. ** (ecidia collocada na face superior das folhas (raro na inferior). cylindrica e côr de palha. Até meia altura tem algum cotão, e na base está rodeada de uma mancha circular e esbran- quicada, cujo diametro é 2-3 mm. O comprimento da cecidia é 2 mm. e a largura 1 mm. Dipterocecidia, cuja metamorphose se faz na terra. ' Perto do Sobral do Campo, setembro, 1900. 225. ** "Transformação dos amentilhos das flores masculinas em engrossamentos quasi cylindricos, ordinariamente curvos para o lado do pedunculo que os sustenta. A cecidia consta de um eixo lenhoso (que não é mais do que o eixo do amentilho ou es- piga) e de uma parte exterior esponjosa, côr de café claro, resul- tante do perigonio calyciforme e dos estames. O comprimento anda por uns 15 mm., e a grossura por 4 mm. Phytoptocecidia. Perto do Sobral do Campo, setembro, 1900. 104 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES [90] Quercus lusitanica var. Broteri P. Cout. 2926. ** Transformação de um gommo axillar, cujo compri- mento é 3.5 mm., e a grossura 2 mm. E” de fórma oval e co- berta de cotão denso. Paredes delgadas e cavidade larval solita- ria. Cynipide. Quercus pedunculata Emir. 297. ** Cecidias de fórma ellipsoidal, verdes a principio, pardas na maturação e collocadas na base dos rebentos novos. Quando são muitas (4, 6 e mais), o raminho sécca e ellas ficam dispostas ao comprido em volta delle. Quando ha só uma ou duas, o ramo desenvolve-se normalmente, ficando apenas engros- sado na base, onde ás vezes se dobra em fórma de cotovelo. N'este engrossamento ha uma depressão que serve como de leito á cecidia, onde esta fica situada longitudinalmente, estando a parte exterior, opposta ao leito, resguardada por uma escama delgada, que se lhe molda perfeitamente. A's vezes, emquanto engrossa, o ramo envolve a cecidia, de modo que esta fica toda coberta e não raro até situada no eixo do ramo. O comprimento da cecidia, cuja parede é muito delgada, é egual a 2? mm. e a largura 1.5 mm. Cavidade larval unica. O insecto, que não pude colher, sáe em abril por um orifício lateral. Cymipide. Perto de Castello Novo, maio, 1901. 228. ** Engrossamento carnudo e unilateral d'um ramo novo, do tamanho de um grão de milho. No interior de uma cavidade bastante grande está a cecidia interna de paredes delgadas. Não encontrei senão um exemplar, d'onde a imago já tinha saido. Perto de Castello Novo, maio, 1901. Quercus suber var. genuina P. Cour. (Forma pendula) 229. ** Anthera engrossada, escura, sem brilho, obtusa nas duas extremidades e com um sulco longitudinal de um lado. Com- primento: 2,25 mm.; grossura: 1,5 mm. Soalheira, junho, 1901. A A dita E a [91] J. S. TAVARES: AS Z00CECIDIAS PORTUGUEZAS 105 Quercus Toza Bosc. 230. ** Cecidias descriptas no n.º 227. Monte do Barriga ou das Lameiras, junho, 1901. Santolina rosmarinifolia IL. var. vulgaris Bss. 231. ** Cecidias cobertas de felpa comprida, densa e branca e collocadas nos gommos axillares dos ramos novos. Não teem sempre a mesma fórma, sendo umas vezes conicas, outras quasi cylindricas, e não raro teem o aspecto de massas irregulares, principalmente quando estão muitas juntas. As paredes são del- gadas e sublenhosas. Cavidade larval unica e bastante grande. O tamanho é variavel, podendo o comprimento chegar a 6 mm. Principiam na primavera. Dipterocecidia. Arredores de Setubal, fevereiro, 1900. 232. ** Cecidias de forma conica e situadas na pagina su- perior das folhas. Estão cobertas de cotão esbranquiçado e me- nos denso do que nas precedentes. Comprimento: 4 mm.; largura: 1,5 mm. Paredes delgadas e cavidade larval unica. O insecto sáe pela parte superior. ficando as pontas reviradas para fóra. Principiam no outono e a imago sãe na primavera seguinte. Pro- vavelmente Dipterocecidia. Arredores de Setubal, fevereiro, 1900. Sarothamnus patens Wes. 233. ** Engrossamentos pouco resaltados dos ramos novos. À superficie exterior é peluda e sulcada como o ramo de que é parte. Comprimento: 9 mm.; grossura: 2 mm. (suppondo o ramo normal com uma grossura de 1 mm.). Na direcção do eixo está a cavidade larval. Provavelmente Dipterocecidia. S. Fiel, julho, 1900. 106 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES [92] Tamarix gallica Wes. 9234. * Engrossamento pouco resaltado dos ramos novos. À superficie exterior em nada differe da do ramo. Comprimento : 5 mm.; grossura: 2 mm. (sendo a grossura do ramo normal 1 mm.). Na direcção do eixo ha uma cavidade larval grande. Provavel- mente Lepidopterocecidia. Na Argelia a Amblipalpis Olivieri Rag. produz nos ramos do Tamariz engrossamentos maiores do que este. Nas cecidias encontrei alguns exemplares do Sphoericus exiguus Bojeld. Este Ptinide naturalmente tinha-se ahi refugiado e não é o auctor da cecidia. Perto da praia de S. Cruz. agosto, 1900. Thymus viilosus L. 235. ** As cecidias que encontrei nesta planta são modifi- cações dos gommos terminaes e constituidas por 3-6 escamas, das quaes aos exteriores são verdes. mais estreitas e compridas, sendo aos interiores verde-amarelladas. Estas são bastante cur- vas € limitam um vão, oude vive uma larva vermelha. Compri- mento: 4-5 mm.; grossura: 2-3 mm. Arrabida, maio, 1900. (Continia ), [03] J. S. TAVARES: AS ZOOCECIDIAS PORTUGUEZAS 107 Explicação da Estampa I Fig. 1. — Raminho do Phagnalon saxatile Cass. com duas cecidias da Trypeta Luisieri n. sp. Fig. 2. — Raminho da Coronilla glamca IL. com duas ce- cidias da Perrisia coronillae n. sp. Fig. 3. — Folha do Quercus Toza Bose. com cecidias do Andricus Nobrei n. sp. Fig. 3 A. — A mesma cecidia bastante augmentada. Fig. 4. — (ecidias do Andricus Krajnovici n. sp. (umas com o capuz, outras sem elle). Fig. 44. — Córte longitudinal da mesma, para mostrar a camara larval. Fig. 5. — Cecidias do Oligotroplhus origani n. sp. Fig. 6 e 64. — Raminhos da Pimpinella villosa Schousb. com as cecidias da Contarinia pimpinellae n. sp. Fig. 6 Be 6 c. — As mesmas cecidias bastante augmentadas. Fig. 7. — Cecidias da Janeticlla maculata n. sp. num ra- minho de Cytisus albus Lk. Fig. 74. — A mesma augmentada. Fig. 8. — Cecidia do Aphis suberis n. sp. (folha modificada do Quercus suber L.). Fig. 9. — Folha do Quercus lusitanica var. faginea Bss. com cecidias do Trigonaspis Mendes: n. sp. N. B. As cecidias estão desenhadas em tamanho natural, sal- vo quando se adverte o contrario. 108 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES [94] Explicação da Estampa II Fig. 1. — Cecidia do Cymips Panteli n. sp. no Q. Toza Bosc. Fig. 2. — Córte longitudinal da mesma para mostrar a cellula central C. (Por distracção foi desenha- da uma cecidia de forma algum tanto anormal). Fig. 3. — Cecidia do Cytiswus albus Lk., descripta no n.º 214. Fig. 4, — Cecidias da Perrisia Broteri n. sp. na Erica ci- haris 1. Pigs: — Raminho do Quercus ilex Ii. com cecidias de uma Contarinia n. sp. Fig. 5 A. — A mesma cecidia no peciolo da folha. Fig. 6. — Folha do Quercus ilex L. com cecidias da Con- tarinia alicis Kieff. Fig. 64 e 6c. — As mesmas bastante augmentadas. Big: — Folha do Quercus ilex IL. tendo no peciolo a mesma cecidia que está representada na fig. 5. Fig. 8. — Cecidias da Contarinia cocciferae n. sp. num ra- minho do Quercus coccifera L. Fig. 9. —- Cecidia do Plagiotrochus Kiefferianus n. sp. no Quercus coccifera L. Fig. 9 A. — Córte longitudinal da mesma para deixar vêr a cavidades larvaes. Fig. 10. — Cecidia muito desenvolvida da mesma especie no Quercus coccifera L. à Mc E — Cecidia da Agromyza Kiefferi n. sp. no Cytisus albus Ik. Elio DAS — Cecidia do Andricus pseudo-inflator n. sp. no Quercus lusitanica var. faginea Bss. Fig. 12. — A mesma aberta longitudinalmente para mos- trar a cellula central C. Fig. 13. — Cecidia bastante augmentada do Trigonaspis Mendesi n. sp. N. B. As cecidias estão desenhadas em tamanho natwral, sal- vo quando se adverte o contrario. Annaes de Sciencias Naturaes, Vol. VII, 1900 PLANTAS NOVAS PARA A FLORA DE PORTUGAL POR GONÇALO SAMPATO PLANTAS NOVAS PARA A FLORA DE PORTUGAL POR GONÇALO SAMPAIO IV 1. Cheiranthus fruticulosus, L. — Villa do Conde: muros do Convento. Distmgue-se perfeitamente do €. Cheiri, que não passa de uma variedade cultural da mesma planta, não só pelas folhas mais estratas e esbranquiçadas mas tam- bem pelas flores menores, com as petalas inteiramente amarellas por ambos os lados. Encontrei-a pela primeira vez em maio do anno corrente, no logar acima indicado, onde apparece no estado subespontanco sobre os muros, tal qual como n'outros logares da Europa. Os auctores reunindo, e com evidente rasão, o (. cheiri e o O. fruticulosus numa só especie adoptaram o primeiro bimome para designar o typo; eu penso, porém, que a não ser creado, como em outros casos semelhan- tes se tem feito, um novo bimome para representar o conjuneto das duas formas linneanas, se deve preferir a designação de C. fruticulosus para indicar o typo espe- cifico e o de O. cheiri para indicar a sua variedade eul- tural. Está isto mais em harmonia com a realidade dos factos, porque é effectivamente o primeiro que repre- senta a forma primitiva, como bem o mostra o facto de sempre se apresentar subespontaneco sobre os muros, onde é produzido, sem contestação possivel, por uma 112 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES [4] regressão do O. cheiri ao typo primitivo da especie, pela Elio absoluta do meio artificial da cultura. 2. Silene Boryi, Bois. &. duriensis, nob. — 4 specie, cui habitu valde simi- lis, via diftert foliis, sicut calicibus, glanduloso- puberulis; foribus subnutantibus; lobulis coro- nae lacerato-denticulatis. Nas margens do rio Douro, para montante do Por- to, encontram-se exemplares dispersos e raros da Silene im yi, differindo do typo por um conjuncto de caracte- res sobre os quaes estabeleço a presente variedade. Tanto a especie como qualquer das suas formas são desconhecidas em outros pontos do paiz. 3. Cerastium varians, Coss. et Ger. 6. fallax, Guss. — Porto: Gramide, nos terrenos are- nosos da margem do rio Douro. E o typo da variedade, muito distineto pelo seu aspecto geral, pelas flores pequenas e pentameras, com as pet talas de um branco impuro, muito mais curtas do que o calix, estreitas, lmeares, bifidas ou desegualmente triido-lobadas, pelas capsulas curvadas e salientes, pe- los filetes glabros, pelos pediculos não excedendo o do- bro do calix, reflectidos na fructificação e sempre direi- tos em relação a elles, pelas bracteas bastante escariosas nos bordos e no cimo e, fmalmente, pela côr, quasi sem- pre de um verde amarellado. Differe do €. semidecandrum, L., que pertence ao mesmo typo especifico, pelas capsulas curvas, pelas bra- cteas e pelos pediculos mais curtos. Abunda no logar referido, onde o encontrei pela primeira vez em março do anno corrente. E” planta Já mdicada na Hespanha pelos snrs. Rouy et Foucaud 2. 1 Flore de France, III, pag. 217. [5] G. SAMPAIO: PLANTAS NOVAS PARA A FLORA DE PORTUGAL 113 4. Sida rhombifolia, L. — Povoa de Lanhoso: Ren- dufinho, Fonte-Arcada, Senhora do Porto. Ponte do Lima: Sá, Moreira, etc. Pelas bordas dos caminhos de um grande numero de povoações ruraes do Mimho encontra-se esta especie perfeitamente naturalisada. À planta é ahi conhecida popularmente pelo nome de «Herva do chá» e provém, sem duvida, de antigas culturas nas hortas, onde fôra mtroduzida em virtude do uso que o povo faz della para imfusões theiformes bastante reputadas. Semelhante origem para a nossa flora tiveram outros vegetaes hoje bastante espalhados em Portugal, como são o Chenopodium ambrosivides e o Borrago officinalis. 5. Lathyrus palustris, L. 8 angusticarpus, nob. — Planta glauca, coulibus exala- tis et paulo scandentibus, legumimibus linecribus 4 mall. lat., seminidbus migris cum hilo parvo. Habitat in humidis locis, inter «Granja» et «Senhor da Pedra» (Gaya). Esta variedade differe muito do typo especifico pela côr mais ou menos glauca, pelos caules exalados e pou- co ou nada trepadores, pelos frnctos muito diversos, pois que são Imeares, muito estreitos, com 4 mill. de largura, e pelas sementes uniformemente negras, com o hilo al- cançando apenas + ou 4 da circumferencia. À planta apresenta as folhas inferiores reduzidas ao peciolo e com as estipulas muito pequenas, de forma a parecerem es- camas situadas na base dos caules. As folhas medias são desprovidas de gavimhas e terminam por uma breve pragana, como nos Orobus, e os pedunculos dos cachos são muito accrescentes, tornando-se bastante grossos na fructificação. E” quasi uma forma media entre o L. ma- ritimus e o L. palustris, devendo filiar-se, porém, n'este ultimo, com o qual apresenta muito mais estreitas analo- elas segundo os caracteres de maior valor taximomico no genero. 8 Ann. Sc. Nat. vol, VII, 1900, Porto, 114 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES [6] Encontrei-o no logar acima referido em junho do anno corrente, e suspeito que pertençam a esta varieda- de todos os exemplares portuguezes referidos à especie. 6. Mesembryanthemum glaucum, L. —bispinho: nos areaes maritimos ao norte da povoação. Está perfeitamente naturalisado no logar indicado, propagando-se bem por meio das sementes. A planta, que é all bastante abundante, toma exactamente a for- ma e o aspecto do typo, apresentando-se pequena, mais ou menos erecta e muito glauca O meu particular amigo Edwm Johnston, que foi o primeiro botanico que alli encontrou esta especie, trans- portou alguns pés para o Porto, verificando que culti- vada em terreno ordmario de A se transforma a breve trecho, tornando-se ada ou quasi, muito desen- volvida e com os ramos prostrados ou só remontantes na parte superior —talqual como a forma que com- mumente se encontra em cultura. No mesmo logar abunda o M. acinaciforme, que tambem apparece subespontaneo em muitas outras loca- lidades da zona maritima do paiz. 1. CEnanthe silaifolia, M. Bieb. — Ilhavo, nos terre- nos frescos e humidos: Vista-Alegre, margens da Ria. Vagos: perto da ponte. E bastante frequente nos logares indicados, onde a colhi em junho do anno corrente. Distingue- se De das O. peucedanifolia e O. Lachexcli, das quaes é affim, pelos raios da umbella, que se tornam grossos na fructificação, pelos achenios troncados na base e providos ahi de um re- bordo calloso. Da O. pimpinelloides afasta-se muto pelas radiculas não termimadas em tubereulosidades ovoides, pelas folhas inferiores decompostas, como as superiores, em lacinias estreitas, lineares e compridos, pelas corol- las de um branco puro, pelas umbellulas fructiferas com a superficie superior convexa, etc. [7] | G. SAMPAIO: PLANTAS NOVAS PARA A FLORA DE PORTUGAL 115 Devo mencionar que nas plantas de Ilhavo os cau- les são medullosos, ou aleums, estreitamente fistulosos. Os exemplares dos logares menos humidos tomam côr mais ou menos glauca. Tambem as petalas do raio são, em todos os exemplares que observei, levemente atte- nuadas na base e bastante profundamente mflectidas. 8. Crepis rubra, L. — Praia da Nazareth: terrenos m- cultos e arenosos, perto da estrada de macadam. E” uma especie nova para a flora de toda a nossa peninsula. Foi esta linda planta descoberta na praia da Nazareth, a 23 de maio do amno corrente, pelo meu der no amigo e distmeto zoologo ano Nobre, que alh colheu os dous exemplares sobre os quaes esta- beleci a determinação especifica da planta. 9. Myosotis globularis, nob. Species parva seu mediocris, pilis crassis, rigidis scabridis- que, radice annua et fibrosa. Caulis prostratus, tenis, basi ramosus, hirtus et valde fra- giuis. Folia subcrassiuscula, breve ovata, basi rotundata sew le- viter attenvata — coulinia subamplevicaulia. Racemi fructiferi subconferti, pediculis subrectis, erecto-pa- tulis calice brevioribus. Calia pilis uncinatis, dentibus late triangularibus tubo bre- vioribus, in maturatione subglobosus et satis caducus. Corolla valde parva, limbo concava 2 mill. lat. coeruleo, tubo alho, sicut faux, calicem aequanti. Nuculae nigrae mitidae. Habitat im arenosis maritimis, prope «Villa do Conde». An. Fl. Apr. Maj. Encontrei pela primeira vez esta especie, que é muito distincta e imconfundivel, a 2 de maio do anno corrente, no logar imdicado, onde é abundante um pou- co ao norte do Castello. De entre as especies descriptas aproxima-se mais particularmente do M. stricta, sobre- 116 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES [8] tudo pela côr dos fructos, pelo comprimento dos pedicu- los, ete.; mas differe delle notavelmente não só pelo as- pecto como por muitos caracteres valiosos e constantes, como são os caules prostrados, a pubescencia mais forte e mais aspera, as folhas bastante grossas, mais curtas € mais ovadas, sendo as caulinares subamplexicaules e to- das desprovidas de pellos uncinados, os cachos fructiferos mais densos, como os eixos Júrtos e muito quebradiços, os calices fructiferos subglobosos, muito caducos e com os dentes mais curtos do que o tubo e não convergentes. Do M. collina, de que tambem é affim, separa-se anda por maior numero de caracteres, taes como o as- pecto diverso, os caules prostrados, tesos e muito quebra- diços, os pellos mais grossos, rigidos e muito asperos, as folhas mais grossas, curtas, ovaes, nada ou quasi nada attenuadas na base, os cachos fructiferos muto mais densos, com os pediculos mais curtos que o calir e por fim aberto-ascendentes, os calices maduros muito cadu- cos, subglobosos, com os dentes mais largamente triangu- lares e mais curtos que o tubo, a corolla de fauce e tubo branco, e, fmalmente, as sementes negras. A forma caracteristica dos seus calices fructiferos, que semelham pequenos globulos, sugeriu-me o nome especifico com que o apresento. ; 10. Mentha Sehultzii, Bout. — Gaya: Esmoriz, perto da Barrinha. Os exemplares que conservo no meu herbario fo- ram colhidos em maio do anno corrente, no logar imdi- cado, onde existem abundantemente os paes deste hy- brido: Mentha aquatica e M. rotundifolia. | Em Sarrazolla (Aveiro) colhi tambem este anno um outro hybrido das mesmas plantas, hybrido muito cu- rioso, que julgo imteiramente danerhácido e sobre « qual espero a opinião do notavel especialista do genero Mentha, o snr. Malinvaud, a quem consultei. [9] | G. SAMPAIO: PLANTAS NOVAS PARA A FLORA DE PORTUGAL 117 11. Veronica demissa, nob. Vo nana, flavo-virens, siccatione haud migricans, vadice anna. Coulis lanuginoso-hirsutus, erectus, simplex ant parum ra- MMOSUS. Folia subcarnosa, pubescentia, ovata, crenata — infina breviter petiolata, coetera sessilia. Flores pediculis sepala nom superantibus in racemum par- vum terminalem digesti, cum bracteis obtuso-ovatis calice brevioribus. Calio sepalis L inaequilongis. Corolla alba non venosa, limbo concavo, 1 2-2 múll. long. calicem subaequans. Antherae fusca. Capsula plurisperma, compressa, glanduloso-ciliata, calice longiora, profunde marginato-biloba, sinu acutus et lobis obtusis stiylum superantibus. Semina compressa, peltata, brunnea. Habitat im arenosis maritimis, prope «Vila do Conde». An. Fl. Apr. Maj. E' especie afhm da V. arvensis, mas differe muito Vela pelo aspecto inteiramente diverso, pelo tamanho muito menor, pela côr de um verde muito amarellado, pelas folhas um pouco carnosas, pelas bracteas todas ovaes, muito obtusas e mais curtas do que as flores e do que os fructos, pelos cachos pequenos, pelas sepalas mais curtas do que as capsulas, pelas corollas menores, bran- cas e desprovidas de veios. À planta tem as corollas exa- ctamente eguaes ás da V. peregrina mas afasta-se della pelo conjuneto dos outros caracteres. Penho seguido com cuidado as variações da V. ar- vensis, que é muto polymorpha e offerece modalidades ús vezes muto distmetas, segundo as localidades, expo- sição e época de floração; mas não me é possivel ligar qualquer das suas formas com a V. demissa, que me apparece sempre com os seus caracteres e aspecto per- feitamente fixos e constantes, mantendo-se de um modo 118: ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES [10] irreductivel como especie mdependente e bem definida. A hy pothese de consideral-a uma forma maritima da V. arvensis, não a posso admittir, portanto, visto que a falta de intermedios a não valida. Encontrei-a pela primeira vez em 2 de maio do anno corrente nos areaes maritimos de Villa do Conde. ao norte do Castello, onde é muito frequente e abun- dante e onde colhi numerosos exemplares, parte dos quaes tenho distribuido aos meus correspondentes com o bmome de V. demissa. 12. Lycopodium inundatum, L. — Ponte do Lima: 5. Pedro d'ÁArcos, perto da estrada de Vianna. Descobri a planta, que estava em fructificação, nos principios do mez corrente. Era bastante abundante nos montes, pelas depressões e escavações do terreno que formam pequenos charcos de agua que desapparece no verão. NOTAS E CORRECÇÕES Permimando aqui esta série de artigos tenho de fa- Zer as seguintes correcções e anhpliações ao que escrevi a respeito de algumas das especies enumeradas: Lachnis diclinis, Lag. — Observações feitas poste- riormente sobre esta planta levam-me a alterar um pou- co o que afirmei a seu respeito. Na verdade, a cór das corollas é variavel desde o vermelho ao branco quasi puro, tanto nos individuos masculinos como nos femeni- nos. Às antheras podem apresentar-se tambem viola- ceas, e as capsulas não só variam muto do tamanho mas tambem de forma, sendo ora curtas e largas, ora oblongas. No L. pratensis tambem os estylletes appare- cem, ús vezes, curtos e não flexuosos. 1” muito abun- [11] G. SAMPAIO: PLANTAS NOVAS PARA A FLORA DE PORTUGAL 119 dante em certas localidades da Serra de Vallongo, so- bretudo nos rochedos graniticos do «Reboredo». Cerastium tetrandrum, Curt. — Não me parece que deva ser considerado mais que uma subespecie ou va- riedade bem definida do mesmo typo especifico a que pertencem egualmente os €. pumilum, Curt., O. glutino- sum, Fries, €. falar, Gus. e OU. semidecandrum, L. Para designar a unidade especifica de todas estas formas pre- firo o binome propositadamente creado de €. varians, Coss. et Ger. Sagina maritima, Don, var. rupestris, nob. — Con- forme ultimamente pude constatar esta variedade não passa de uma simples forma, ligada o typo por mterme- dios numerosos. Lotus hispidus, Desf. É. longipes, nob. — Em junho do anno corrente pude a que esta curiosa planta é bastante abundante e frequente entre Aveiro e Ihavo, Ponte de Vagos, etc. Os caules eram por vezes bastante menores (4-7 decim.), mas todos os outros caracteres, melusivê o porte, se conservavam, nd -a per- feitamente do typo, para o qual dio está, pelos seus sa tes do calix abertos em estrella no no ão, como o L. uliginosus para o L. corniculatus. - Mais que uma variedade parece-me hoje uma boa subespecie, com caracteres constantes e notaveis e com uma área de dispersão bastante larga. Sedum micranthum, Bast. — Não se póde, real- mente, considerar esta planta mais do que uma varieda- de do. S. album, L., ao qual se liga, como ultimamente observei nos areaes maritimos de Villa do Conde, por exemplares mtermedios. Myriophyllon altermiflorum, L.— IE abundante, tam- bem, nas vallas, regos d'agua e charcos, em Esmoriz, perto da nn onde o colhi em aeRLo de 1901. Epilobium dos um, Sch. É. lusitanicum, nob. — Ao descrever esta planta suspeitei, desde logo, da sua identidade com a especie distribuida por Welwitsch sob 120 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES [12] o nome de E. mollissimum, mas da qual este ilustre na- turalista não deu a diagonose. Para esclarecer este ponto escrevi ultimamente ao ex.”º snr. Pereira Coutinho, dis- tincto botamico e professor da Escola Poly techmica de Lisboa, o qual teve a amabilidade, que muito lhe agra- deço aqui, de enviar-me uma amostra da especie de Welw., cujo herbario se encontra depositado no museu botanico d'aquella Escola. Pude verificar, então, que o meu E. parciflorum, É lusitanicum não era mais, real- mente, que o E. mollissimum, Welw., que hoje considero como especie imdependente e muito distincta da especie de Schrb, não só pelos caracteres deduzidos dos orgãos vegetativos, mas tambem pela forma das petalas e pelos estvemas mais ou menos desegualmente 4-lobados, não excedendo o comprimento dos estames maiores, com os lobulos erectos e apenas um pouco divergentes no apice. Estes caracteres apresentam-se fixos não só no norte mas tambem no sul do paiz, onde foram ultimamente observados, sobre exemplares vivos, pelo distmeto bo- tanico ex." snr. Alphonse Luister, na Serra da Arra- bida, que é um dos logares classicos da especie de Welw. Comquanto fosse a designação dada por mim a que acompanhou a primeira e unica diagonose da planta prefiro ao bimome £. lusitanicum, o bmome de &. mollis- simum, Welw. não só porque elle é muito proprio mas tambem porque existem referencias a elle, impressas e anteriores à publicação do meu artigo. Devo acerescen- tar que as citações e as exiccatas portuguezas do parviflorum se devem reportar a este 1. mollissimum, Welw. Lawrentia Micheli, DC: B. confusa, nob. — À esta variedade, que predomina perto da costa maritima, em- quanto que a fórma legitima se encontra mais para o imterior, julgo que se refere á variedade nana, Hotff ct Lk., cujo nome, por mais antigo, deveria ser preferido. E possivel que t tambem a esta mesma planta se refira a Z. [13] G. SAMPAIO: PLANTAS NOVAS PARA A FLORA DE PORTUGAL 121 Micheli B. albiflora, Lob., mdicada na costa da Galliza pelo snr. P.º Merimo. Anchusa sempervirens, L. É. racemosa, nob. — Con- forme verifiquei ultimamente não passa, como suspei- tava, de uma simples forma sem importancia, embora curiosa, do typo. Heliotropium supinum, L.— Foi por equivoco que citei como nova para Portugal esta especie. Era já co- nhecida e citada em diversas publicações. Priglochim striata, Ruiz et Pav. — Esta planta tem uma larga dispersão ao longo da costa maritima do paiz, pois que ultimamente verifiquei a sua presença e abundancia em todos os prados salgados desde Villa do Conde, ao norte. até 4 Ria de Aveiro. Ao contrario do que tinha observado nas marimhas de Mathosimhos vi que os fructos se desenvolvem e amadurecem muito bem, devendo esta especie ser considerada, portanto, não como simplesmente aclimatada mas sim como natu- ralisada, e desde remota epocha, attendendo á enorme área que hoje oceupa na costa portugueza. Leersia orysoides, Sw. — E” muito frequente e abun- dante na Ria de Aveiro, em Sarrazolla. juntamente com outra graminea um pouco rara no paiz, a Antinoria agros- tidea, 'P. Marsilia vestita, nob. — Não deve ser considerada especie, mas sm variedade penmsular da M. quadrifo- ha, da qual apenas differe constantemente pelos esporo- carpos cobertos de felpa castanha muito densa. Porto, agosto de 1901. Annaes de Sciencias Naturaes. Vol, VII, 1900 AS AVES DA MADEIRA PELO Padre ERNESTO SCHMITZ pRedames daviviadeira PELO Padre ERNESTO SCHMITZ A lista que abaixo apresento differe bastante aquela que publiquei no fasciculo de julho de 1896 desta mes- ma revista. Mudando eu em 1898 a mimha residencia do Seminario Funchalense para o Collegium Marianum, de Theux, na Belgica, quiz reunir n'um trabalho mais ex- tenso as observações mais importantes até então feitas e amda não publicadas, em proveito daquelles que no fu- turo quizessem continual-as. Publiquei-o em allemão na revista ornithologica da Austria Ornithol. Jahrbuch, 1899 pag. 1 a 38 e pag. 41 a 66, com additamentos no fase. 5.º dos annos 1899 e 1900. Para pormenores, ácerca de cada uma das aves, devo remetter o leitor para este tra- balho e limitar-me aqui a algumas explicações que jus- tifiquem os additamentos e alterações feitas na lista de 1896. Amda que longe da Madeira, fiquei sempre ao fa- cto de observações novas alh feitas, sobretudo pelo meu excellente discipulo e amigo, o Rev. P.º O. Martinho Fernandes, assim como por alguns novos trabalhos ácer- ca de aves madeirenses, feitos por ornithologos estran- geiros. ANNAES DE SCIENCIAS NAPURAES [4] 6: LISTA SYSTEMATICA DAS AVES MADEIRENSES Observadas até ao anno 1901 I. Aves indigenas Falco tinnunculus canariensis (Ke); Francelho, Mi- lhafre, Brilhafe. RR Aceipiter nisus (L.); Furabardo, Gavião. Accipiter granti, Sharpe; Furabardo, Gavião. Buteo buteo (L.); Manta, Mantanna, Milano, Bicha. Striz Hammea, L.; Corwa. Variedade: Strie flammea schmitzi Hartert. Micropus murinus (Brehm):; Andorinha do mar. Micropus unicolor (Jard.); Andormha da serra. Upupa epops, L.:; Poupa. Regulus maderensis, Hare.; Bisbiz, Guismho, Melm- nho d'urze. Turdus merula L.; Melro preto. Erithacus rubecula (L.); Papinho, Papo rouxo, Lou- vadeus, Florosa. U Sylvia atricapilla (L.); Toutinegro, Cabecinha preta. «Forma anomala: S. heinckeni (Jar d); F. de capello. Iv ariedade: S. atricapilla obscura "Psch. Sylvia conspicillata, bella "Psch.; Rapassaio, Tmge- burro, Furabardo, Cigarrimho, Picaburro. Sylvia melanocephala (Gm.) Motacilla melanope, Pall.; Lavandeira, Papamoscas, Melrimho da ribeira. Variedade: Motacilla boarula schmita, von Pschusi. Anthus bertheloti, Bolle.; Carreiró, Correcaminho, Melrinho de N.º S.”", Bica. Acanthis cannabina (L.); Pimtarouxo, Papinho en- carmado. Variedade: Acanthis cannabina nana "Psch. P.E ERNESTO SCHMITZ: AS AVES DA MADEIRA 1927 Carduelis carduelis (1,.); Pintasilgo, Milheiró, Cabe- emhba encarnada. Variedade: Cardwelis carduelis parva "Tseh. Fringila maderensis, Sharpe; Tintilhão. Serinus canarius (L.); Canario da terra, Canarinho, Papinho amarello. Petronia petronia (L.); Pardal, Pardau, Melro do rancho. Variedade: Petronia petronia madeirensis Erl. Columba palumbus, L.; Pombo mglez, Pombo bran- co, claro. Columba trocaz, Hemek.; Pombo trocaz, trocal, Pombo preto. Columba schimperi Bp. Columba livia, L.; Pombo da rocha, Pombo bravo, Pombimho. Caccabis rufa (L.); Perdiz. Coturnia coturnia (L.); Codorniz. Variedade: Coturnia coturnia africana 'P. & Sehl. Charadrius alevandrinus, L.; Rolmha, Rola. Scolopar rusticula, L.; Gallinhola, Marreco, Rola. Sterna hirundo, L.; Garajão. Sterna cantiaca, Gm. Pardau. Larus DAS Pall.; Gaio, Gaivota. Oceanodroma castro Hare: Roque de Castro, E quinho, Guiso. Bulweria bulweri (Jard. Selby); Anjimho, Alma ne- gra, Pomba do mar. Pufinus anglorum (Ray).: Boeiro, Patagarro, Estra- pagado, Furamar. Pugfinus kuhli Boje.; Cagarra, Pardella. Puginus assimilis Caldo ameno. Pintinho, Pin- telho. Oestrelata mollis (Gould.); Freira. 128 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES [6] HH. Aves de arribação 1. Neophron percnopterus, 26. Erithacus phoenicurus, (Lo) (L) 2. Falco subbuteo, L. 2%. Saxicola oenanthe, (L.) 3. Asio otus (L.) 28. Silvia hortensis, Behst. 4. À. acciprtrinus, (Pall) 29. 8. sylvia, (L.) 5. Pisorhina scops, (L.) 30. Phylloscopus sibilatrix, 6. Caprimulgus europous, Behst. 4 31. Ph. trochilus, (L.) T. Clivicola riparia, (L.) 92. Ph. rufus, (Behst.) Andormha de fóra. 55. Ph. (Reguloides) super- 8. Chelidonaria urbica, ciliosus, Gm. (L.) Andormha de 34. Troglodytes troglodytes, tóra. (L.) d. HMirundo rustica, (L.) 35. Anthus pratensis, (L.) Andormha de fóra. 36. Motacilla alba, L.:; La- 10. Cuculus canorus, L. vandeira de fóra. 11. Alcedo hispida, L. 57. Budytes flavus flavus, 12. Jyna torquilla, 1. (L.) 15. Merops apiaster, L. 58. Alauda arvensis, L.; l4. Schizoris africana, Laverca. (Lath.) 59. Pyromelana flammiceps. 15. Corvus corax, L. 40. Fringilla montifringil- 16-- “Co corone di [fo DR 17. C. leptonye, Peale. 41. Chloris chloris, (L.) 18. Lanius senator rutilans, 42. Passer domesticus, (L.) Temm. 43. Columba oenas, Gm. 19. Oriolus oriolus, L. 44, Turtur turtur, (Lo); 20. Sturnus vulgaris, 1. Rola. 21. Purdus pilaris, L. 45. Oedicnemus oedicnemus, DB re a cus: da: (L.) 23. T. musicus, L. 46. Vanellus vanelus, (L.) 24. Musicapa grisola, L. 47. Charadrius pluvialis, 25. Luscinia luscinia, (L.) L. t P.E ERNESTO SCHMITZ: AS AVES DA MADEIRA 129 OC. maticula, L. (1. Botiíurus stellaris, (L.) C. dubius, Scop.==C. 8. Ardetta minuta, (L.) fluviatilis, Behst. (9). Ardeola ralloides(Seop.) O. squatarola, (L.) 80. Bubulcus ibis, (L.) C. vociferus, L. 81. Herodias garzetta, (L.) Arenaria interpres, (L.) 82. Ciconia ciconia, (L.) Haematopus ostrilegus, 83. Conigra, (L.) 1 e S4. Platalea leucerodia, L. Phalaropus fulicarius, Colhereira. E 85. Crek crex, L. Himantopus himanto- 86. C. pusilla, (Pal) (CU. pus, (L.) bailloni, Vieill.) Calidris arenaria, (L.) ST. Ortygometra — porzana, Pringa alpina, L. (L.) P.canutus, L. 88. Gallinula chloropus (L.) T. subacuarta, Gld. 89. Limnocoras miger (Gm.) Machetes pugnaz, (L.) 90. Porphyrio — alleni, Totanus hypoleucus (L.) Thomps. P. littoreus, (L.) PE Bula tro, Eos Mame P. calidris, (L.) cão. T. glareola, Temm. 92. Anser anser, (L.); Mer- Gallinago major, (Gm.) gulhador. (Gr. caclestis (Frenzel.) 93. A. segetum, (Gm.) G. gallimula, (L.) 94. Anas boscas, L. Limosa limosa, (L.) DD Al muito Ts L. lapponica, (L.) 96. A. angustirostris, Mé- Numenius phacopus, L.: nétr. Maçarico real. 91 Arereccã; EL. N. areuatus, L. 98. 4. penélope, L. Falcinellus falcinellus, 99. Oedemia nigra, (L.) (L.) 100. Sterna Dougalli, Mont. Otis tetrar, L. 101. 8. minuta, 1. Ardea cinerea, L.: Gar- 102. S. milotica, Hass. ca real. 103. Mydrochelidon nigra(L) 104 105 À. purpurea, L. Nycticorar nycticoraz, (L.) 106. Ann. Sc. Nat., vol. VII. 1900, Porto, - Larus marinus, L. - LL. fuscus, L. L. vidibundus, (L.) 130 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES [8] 107. Rissa tridactyla, (L.); 115. Oceanites oceanica, Gavina. (Kuhl.) Calcamar. 108. Stercorarius catarrha- 116. Puffimus gravis (OReil- ctes, (L.) ly). 109. 8. pomarinus (Tem.) 117. P. cinereus, (Gm.) 110. 5. parasiticus, (L.) 118. Phacton Rr io L. 111. Procellaria pacífica, 119. Sula bassana, (L). And. 120. Phalacrocorax crabo, 112. Thalassidroma pelagi- (L.) ca, L. 121. Colymbus auritus, (L.) 115. Oceanodroma leucor- 122. Urinator glacialis, (L.) rhoa, (Vieill.) 123. Fratercula arctica, (L.) 114. Pelagodroma marina, Rheichenb. Com relação á lista I note-se: 1.º Os nomes populares das aves veem mais comple- tos. Elles variam muito na Madeira, ás vezes até duma freguezia para outra. Os nomes mais geralmente usados ficam em primeiro logar. 2.º Riscou-se o Pufjfinus obscurus; pois um exame mais minucioso da ave madeirense, feito por R. Og. Grant, deixou fóra de duvida que só P. assimilis é mdi- gena. O mesmo ormnithologo reconheceu que os pombos bravos do Porto Santo pertencem geralmente à fórma Columba schimperi, Bp. 3.º Simgularissma foi a sorte da ave madeirense fto- que de Castro. Em 1851 Harcourt julgoa-a identica com Thalassidroma leachi do norte da Europa. No mesmo anno achou-lhe difrerenças caracteristicas e descreveu-a como Th. castro. Em seguida duvidou do valor destas differenças e adoptou o nome Th. leachi, como antes. Assim figurou muitos annos, ou com o synonimo mais justificado Oceanodroma leucorrhoa, até que em 1895 Og. Grant demonstrou a differença certa com esta espe- cie e a identidade com Oceanodroma cryptoleucura, Rid- gway das ilhas Sandwich. Só em 1898 se conheceu que [9] p.E ERNESTO SCOMITZ: AS AVES DA MADEIRA 131 tambem este nome devia cahir pela lei da prioridade e adoptar-se o primitivo de Harconet: O, castro. 4.º Accrescentou-se Sterna cantiaca, da qual obtive em dois annos quasi sucecessivos, 1896 e 1898, exempla- res ainda em pennugem, das freguezias do Fayal e Porto da Cruz. 5.º O estudo das variedades ou subspecies, tão em voga nos ultimos annos, levou tambem a uma compa- ração mais rigorosa dos specimens da Madeira com os correspondentes da Europa e fez descobrir differenças caracteristicas que obrigaram a separar os madeirenses das fórmas typicas europeias. Assim: Stria flammea schmitzi, Hartert; descriptas nas Novitates Loologicae, vol. vit, dezembro 1900. Motacilla boarula schmitzi, deseripta por von Pschusi em Ornithol. Jahrbuch, 1900, pag. 223. Petronia petronia madeirensis, descripta pelo barão von Erlanger em Journal f. Ornith. de Berlim, 1899, pag. 466 e 482. As Sylvia atricapilla obscura, Sylvia conspicilata bella, Acanthis caonnabina nana e Carduelis carduelis par- va, descriptas como subspecies em Ornithol. Monatsbe- richte de Berlim 1901, n.º 9 por von Tschusi. Outras vezes existem na Madeira a variedade junta- mente com a fórma tvpica, como por ex.: Coturnia co- turnie africana com a C. coturnia typica. Com relação à lista II deve notar-se o seguinte: Foi elimmado Lamprocolius ignitus por haver proba- bilidades de que o unico exemplar obtido, apezar de ter sido observado em liberdade durante 2 mezes, tinha fu- gido Valguma gaiola. Como a ave é mdigena nas ilhas de 5. Thomé e Principe, não se explica facilmente por outro modo o seu apparecimento na Madeira. Especies novas para a Madeira, averiguadas desde 1896: N.º 18. Lanius senator rutilans, Temm. Uma g foi 132 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES [107 morta a tiro na Praça Academica do Funchal em 9-4-99. N.º 24. Muscicapa grisola, L. Appareceu uma 2 na ilha do Porto Santo em 4-11-96; outra em 15-12-96 e anda outros exemplares em 1897. N.º 25. Luscinia luscinia, (L.) Nunca tinha sido ou- vido ou observado na Madeira um rouxmol; mas em 8-4-99 alcançou-se um exemplar 2 na serra do Estreito da Calheta, provavelmente embaraçado por qualquer circumstancia na sua migração da Africa para a Europa. Nº 32. Phylloscopus rufus, (Behst.) O Museu do Se- minario deve os dois exemplares esta avezinha ao Rev. C. Martinho Fernandes, que os colheu na freguezia do Monte em 25-12-96. N.º 35. Phylloscopus (Reguloides) superciliosus, Gm. E smegular o apparecimento na Madeira desta especie rarissima na Europa. Foi obtido o exemplar no Porto Santo em 15-1-1900 pelo snr. Adolpho de Noronha. que teve a amabilidade de cedel-o ao Museu do Semmario. N.º 35. Anthus pratensis, (L.) O primeiro exemplar averiguado d'esta especie veio de Machico em 16-11-96. N.º 37. Budytes flavus flavus, (L.) Tambem esta es- pecie, nova para a Madeira, é devida ao Rev. O. Marti- nho Fernandes que obteve um exemplar 15-3-1900 no Funchal. Confundiu-se ao principio com a lavandeira madei- rense vulgar; mas distingue-se della facilmente por ser mais pequena e ter um amarello mais vivo. O snr. von Pschusi, que exammou o exemplar, suspeita que a ave tambem eme na Madeira. Por isso a ave merece atten- cão especial. N.º 39. Pyromelana flammiceps. Esta ave africana foi capturada viva pelo snr. Joaquim da Silva em 5. Gon- calo aos 10-10-99. O exame das pennas remiges e re- ctrizes mostrou que não podia ser ave fugida de gaiola. O apparecimento na Madeira não tem muto de surpre- hendente, visto que é mdigena na Senegambia, tão pou- Ju] PÉ ERNESTO SCHMITZ: AS AVES DA MADEIRA 133 co distante da Madeira. Foi classificada pelo snr. Dire- ctor do Muzeu de Budapest. N.º 40. Fringila montifringilla, L. Devo esta ave 4 amabilidade do snr. Frederico Barreto de S.'º Amaro, que o obteve com um tiro dado ao acaso n'um bando de pardaes ordinarios em 12-12-96. N.º 49. Charadrius dubius, Seop. (C. fuviatilis, Behst.) O primeiro e unico exemplar desta especie foi alcançado a tiro em Machico a 20-4-97 pelo snr. Boa- ventura VOrnellas. N.º 53. Haematopus ostrilegus, L. Tambem desta es- pecie não se obteve senão um só exemplar na Ponta da ha do Porto Santo em 16-9-97. N.º 64. Totanus glareola, Temm. Esta especie foi uma das ultimas descobertas na Madeira. O exemplar respectivo, colhido em S. Cruz a 13-4-1900 foi veri- ficado como tal pelos Snrs. von Pschusi e Madarasz da Austria. N.º 69. Limosa lapponica, (L.) Matou-se uma 9 desta especie a 11-5-97 no Camiço. No Porto Santo foram observados outros exemplares no mesmo dia pelo Rev. Francisco Ascensão de Freitas, e amda em 10-10-97. N.º 11. Numenius arcuatus, (L.) Por deseuido toi omittida na lista de 1896; pois já Harcourt a menciona, e eu mesmo obtive uma 2 em 7-12-93 do Curral SER Freiras. Outros exemplares foram recebidos de 5. Gon- calo e do Caniço. N.º 73. Otis tetr ax, E. Esta bella ave foi averiguada como madeirense pela primeira vez em 10-10-97. Obti- e-a do Camniço. Outro exemplar appareceu no mesmo sitio em 10-11-98. N.º 82. Ciconia ciconia, (L.) No mesmo dia em dois logares bem distantes da Madeira alcançou-se um exem- plar da cegonha branca. Foi no Porto Moniz e na ilha do Porto Santo em 12-1-99. Um d'elles foi preparado para o Museu Episcopal do Seminario, que, em geral, conserva exemplares de quasitodas as especies esta lista. 134 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES [12] N.º 102. Sterna nilotica, Hass. O primeiro exemplar para a Madeira, 4, foi caçado no Estreito da Calheta e classificado como tal pelo Snr. von Tsehusi. N.º 114. Pelagodroma marina, Reichenb. Obtive uma 2, quasi morta, em 19-2-98, colhida a bordo dum va- por do Cabo, quando este se approximava da Madeira, por oceasião dum tempo extraordinariamente sombrio. Na força do dia o sol appareceu todo vermelho, como a lua ao pôr-se, por causa da arêa finissima suspensa na atmosphera e que cegava as aves. Já tinha sido observada esta especie perto da Ma- deira pelo Conego Tristram das Canarias. E” uma das aves maritimas mais graciosas pela fórma, pelo colorido e pelo vôo. Cria em abundancia e quasi exclusivamente nas nossas Ilhas Selvagens, a meio caminho entre a Ma- deira e as Canarias. Alguns pormenores a respeito d'ellas e sobretudo da caça que se faz ao Pufjinus Kuhli, foram deseriptos na Ornithol. Jahrbuch, 1893, pag. 141 até 147. N.º 120. Phalacrocoraa carbdo, (L.) Recebi em 20-9-96 o primeiro exemplar desta especie, do Porto Santo. * CoxcrusÃo. — Aimda que a Madeira seja a terra por- tugueza fóra do continente mais bem explorada sob o ponto de vista ornithologico, fica comtudo muito por ex- plorar, como prova a cireumstancia de, em quatro annos apenas, a lista das aves madeirenses passar de 142 a 161, ou a 169, incluindo as variedades. Ficam amda muitas questões abertas, não só a respeito do tempo exacto da chegada e partida das aves que não permane- cem na Madeira o anno inteiro, mas tambem a respeito do caracter indigena dalgumas. Devia por exemplo ser melhor confirmado para os n.º 8, 14 e 38 da lista IL Além d'isto novas observações hão de mostrar talvez que os n.º 34, 37, 44, 102, 112, 114 ou outros da lista IL, devam ser considerados como mdigenas. E” para desejar que o Museu do Seminario, fundado por D. Manuel A. Barreto, bispo do Funchal, e que tan- £ PA EU [13] P.º ERNESTO SCHMITZ: AS AVES DA MADEIRA 135 tos serviços prestou em poucos amnnos á ornithologia ma- deirense, contmue a tomar a peito este ramo tão interes- sante da Historia Natural. Depois de concluida esta lista consta-me que mais uma ave nova foi encontrada na Madeira. E” uma Syl- via deserti (Loche) alcançada no Porto Santo em 26-1-01 pelo imcansavel observador Snr. Adolpho O. de Noro- nha e classificada pelo Snr. von Tschusi. Collegium Marianum em Theux (Belgica) 24-92-1901. CATALOGO PEIXES DE PORTUGARE EM Collecção no Museu de Zoologia da Universidade de Coimbra ah DEAR GRE ST | g ek nte fas pl CATALOGO PEIES DE PORTUCTAL Coliecção no Museu de Zoologia da Universidade de Coimbra PELO DR. LOPES VIEIRA Naturalista Adjuncto interino (CONCLUSÃO) Gen. RHOMBUS Esp. 155. Rhombus laevis, Rond. Pleuronectes rhombus, Risso, ob. cit., pag. 315. Rhombus laevis, Bonap., ob. cit., fig. 1. — Giinther, ob. cit., vol. IV, p. 410. — Mo- reau, 0b. cit., tom. JII, p. 440. — F. Day, ob. cit., vol. IL p. 14, pl. ROII. Brill, Couch, ob. cit., p. 161, pl CLXII. Nome vulgar — Pedovalho (Buarcos). a) Buarcos,. 3 de maio de 1892. Gens. BOTHUS, C. Bp. Esp. 156. Bothus podas, C. Bp. Pleuronectes argus, Risso, ob. cit., p. 317. Rhombus podas, Bonap., ob. cit., tab. 16, fig. 1. 140 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES [4] Rhomboidictys podas, Giinther, ob. cit., vol. IV, p. 432. Bothus podas, Moreau, ob. cit. tom. II, p. 346. Nome vulgar — Cartéta (Faro) a) Faro. Exploração zoologica de 1897. Fam. CYCLOPTERIDAE Gex. LEPADOGASTER, Góuan Esp. 157. Lepadogaster Gouanii, Lacép. Risso, ob. cit., p. 12. — Giinther, ob. cit., vol. III, p. 510. — Moreau, ob. cit., tom. HI, p. 356.—F. Day, ob. cit., vol. 1, p. 189, pis ENAEIS e o Cornish sucker, Couch, ob. cit., vol. IL, p. 196. DIC EL dio: Nome vulgar? a, b, c) Foz do Douro, março de 1894. Offerecidos pelo Sr. Augusto Nobre. Fam. CYPRINIDAE Gexs. CYPRINUS Esp. 158. Cyprinus carpio, L. Cuv. & Val., ob. cit., tom. XVI, p. 23 —. Giinter, ob. cit., vol. VII, p. 17. Mo- reau, ob. cit., tom. III, p. 368. — F. Day, ob. cit, vol. II, p. +38, pl. CXXIX, fio. 2. Carp, Couch, ob. cit., vol. IV, p. 4. Nome vulgar — Carpa à, b) Rio Guadiana. [5] DR. LOPES VIEIRA: CATALOGO DOS PEIXES DE PORTUGAL 141 Gen. CARASSIUS, Nilson Esp. 159. Carassius auratas, Giinth. Cyprinus auratus, Risso, ob. cit., p. 964. — Cuv. & Val., 0h. cit., tom. XVI, p. 101. Cara fe auratus, Ginther,ob. cit., vol. VII, p. 32. — Moreau, ob. cit., tom. III, pag. at. rs Day, ob. cit., Rolo Eos 5) pl. CXXX, fis. >. Gold-fish, Couch, 06: cus vols NO prados pl. CLXXXVI. Exemplares das vallas do Campo do Mondego. Gux. BARBUS, Cuv. “sp. 160. Barbus Bocagii, Steind. Stemdachner, «Catalogue prélimimaire des poissons d'eau douce du Portugal, Lis- bonne, Jorn. de se. phys. e math. de Lis- boa, 1866, p. 3. — Giinther, ob. cit., vol. E a Met: 92. Nome vulgar — Barbo Numerosos exemplares dos differentes rios e ribeiros de Portugal. Nota. — Esta especie, frequentissima em nossos rios e muito conhecida do vulgo, foi julgada pelo Dr. Steindachner como bem distincta do Barbus fuviatilis, que vive em França. e privativa da peninsula iberica. E quanto ao Barhws fuviatilis, não o tem a collecção icthyologica do Museu de Coimbra, nem está averi- guado que exista em Portngal. Tambem não inserevemos como especie distincta o Barbus Comiza, Steind., não obstante a descripção que d'esta fez o mes- mo Steindachner, e o vela consignada no Catalogo do British Musewm, vol. VII, p. 93; e isto pelas razões que adduzimos em a Memoria intitulada «Contributions à Vétude des poissons d'eau douce du Portugal, in Annaes de sciencias natwuraes, Porto, 1894, p. 8 e seg. 142 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES [6] Gen. TINCA Esp. 161. Tinca RN Cuv. nan Val. ob. cut. tom: XVI p.: 392 pl. 484. — Bonap., Fauna feio Pee p. 13, fig. I. — Griinther, ob. cit., vol. VII, p. 264. — Moreau, ob. cit., tom. III, p. 383. The Tench, Couch, ob. cit., vol. IV, p. 22. Nome vulgar — Tenca. a, b, ec, d) 4 exemplares capturados no rio Alcõa (Naza- reth, concelho de Alcobaça, districto de Leiria). es) 2 Rs es provenientes das albufeiras (Elvas). Gex. LEUCISCUS Esp. 162. Leuciscus alburnoides, Steind. Giinther,.ob. cit., vol. VII, p. 217. Nome vulga a vaca Esp. 163. Leuciscus macrolepidotus, Steind. Giather, ob. cu, po abit. Nome vulgar — Ruivaca, Bogardo Nota. — Numerosos individuos provenientes de rios e ribei- ros de differen es regiões de Portugal, nomeadamente designa- dos in «Contrilntion à Pétude des poissons d'eau douce du Por- tugal», Annaes de sciencias naturaes, Porto, 1894, onde ficam tambem indicalas as razões que nos levam a não distinguir em o nosso paiz senão as duas mencionadas especies de Ruivacas (Leuciscus), e nenhuma d'ellas o L. wutilus, unica que descreve Moreau, ob. cit. Ges. SQUALIUS Esp. 164. Squalius cephalus, Sicbold. Leuciscus cavedanus, Bonap., ob. cit., fig. — Cuv. & Val., ob. cit., tom. XV TE ROS E : [7] DR. LOPES VIBIRA: CATALOGO DOS PEIXES DE PORTUGAL 143 Leueiscus cephalus, Giinther, ob. cit. vol. VII, p. 22.—F. Day, ob. cit., vol. II, p. 178, pi CRXXIL fel. Leuciscus dobula, Cuv. & Val., ob. cit., tom. MV EL posti a. Leuciscus frigidus e squalius, Cuv. & Val, ob. cit., tom. XVII, p. 174 e 142. Squalius cephalus, Moreau, ob. cit., tom. HI, p. 422. Chub, Couch, ob. cit., vol. IV, p. 44, pl. CXC. Nome vulgar — Escálo, Bordálo Numerosos exemplares dos rios e ribeiros de differentes regiões do paiz. Gex. CHONDROSTOMA, Agass. Esp. 165. Chondrostoma nasus, Agass. Cuv. & Val., 0h. ci., tom. XVIL, p. 364. — Giinther, ob. cit., vol. VII, p. 272. — Mo- reau, 0b. cit., tom. III, p. 429. Nome vulgar — Boga a) Rio Guadiana (Elvas), 23 de novembro de 1897. Offe- recido pelo Sr. J. U. da Silva Senna. Esp. 166. Chondrostoma polylepis (7) Giinther, ob. cit., vol. VII, p. 272. a, b) Rio Guadiana (Elvas), 23 de novembro de 1884. Offerecidos pelo Sr. J. C. da Silva Senna. c, d) Rio Tamega, janeiro de 1886. Oferecidos pela Sr.* D. Maria Lina Henriques. 144 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES |8| Esp. 167. Chondrostoma Wilkomii, Stemma. (2) 924 b) Rio Guadiana (Elvas), 23 de novembro de 1887. Offerecidos pelo Sr. J. O. da Silva Senna. Nota. — Já em uma memoria inserta nos Annaes de sciencias naturaes, Porto, 1894, deixámos registado o facto de haver o bem conhecido professor Steindachner e director do Museu de Vienna d' Austria descripto, como existentes em alguns rios de Portugal, tres especies distinctas do genero Chondrostoma, que são as que ficam mencionadas e inscriptas n'este Catalogo, das quaes as duas ultimas seriam privativas da peninsula, No Catalogo do Musew de Londres, vol. VII, p. 272 e 9274, descrevem-se tambem as duas especies Chondrostoma nasus e Chondrostoma polylepis; mas não a Chondrostoma Wilkomai. Nós, guiando-nos por taes descripções. conseguimos destacar, da collecção do Museu de Coimbra, alguns individuos que corres- pondem bem aos caracteres attribuidos ás respectivas especies; sem embargo do que não ficámos então, nem ainda hoje estamos convencidos de que seja bem justificavel e assaz rigorosa a dis- tincção de taes especies; e assim o deduzimos do exame de todos os numerosos exeniplares do mesmo genero, archivados no Museu de Coimbra. Fam. COBITIDAE Gens. COBITIS, Arted. Esp. 167. Cobitis barbatula, L. Cuv. & Val., ob. cit., tom. XVIIL p. 14, pl. 520. — Moreau, ob. cit., tom, III, p. 452. Nemachilus O da Giinther - ob. cit., vol. VH, p. 354. The Loach, Couch, ob. cit., tom. IV, p. 69. Nome vulgar — Fardélha (Torres Novas) b) Rio Alvorão. confluente do rio Almonda, de Torres Novas. Offerecidos pelo Sr. Luiz À. Trincão, em 5 de setembro de 1895. ri A dd af DE a a [9] DR. LOPES VIEIRA: CATALOGO DOS PEIXES DE PORTUGAL 145 Esp. 168. Cobitis faenia, L. Cuv. & Val., ob. cit., tom. XVHI, p. 58. — Giinther, ob. cit., vol. VII, p. 362. -— Mo- reau, ob. cit. tom. HI, p. 454. —F. Day, ob. cit., vol. IL p. 201, pl. CXXXVII, fig. 3. Spined loach, Couch, ob. cit., tom. IV, p. 72, pI UXCES hos: Nome vulgar — Verdemã (Serpa) a) Serpa, 27 de maio de 1888. Oferecido pelo Sr. A. F. Moller. Fam. CLUPEIDAE Gex. ALOSA, Cuv. Esp. 169. Alosa vulgaris, Mor. Alausa vulgaris, Cuv. & Val., ob. cit., tom. RX, p. 391, pl. 604. Alosa vulgaris, Moreau, ob. cit. tom. II, p. 458. Clupea alosa, Griimther, ob. cit. vol. VII, p. 433. — F. Day, ob. cit. vol. II, p. 234. pi 'CRL. Allis, Couch, ob. cit., vol. IV, p. 117, pl. CCIV. Nome vulgar — Savel (Buarcos, Nazareth): q É q ESTAS Y x É Savelha, Savalêta e Saboga, emquanto pequenos a) Mercado de Cormbra, 24 de março de 1888. 6) Buarcos, 22 de junho de 1888. Esp. 170. Aosa finta, Mor. Clupea alosa, Risso, ob. cit., p. 955. Cupea finta, Giimther, ob. cit., vol. VII, p. 435.—F. Day, ob. cit., vol. IL, p. 236, pl. CXLI. 10 Ann. Sc. Nat., vol. VII, 1900, Porto, 146 ANNAES DE SOIENCIAS NATURAES [10] Alosa finta, Moreau, ob. cit. tom. JII, p. 456. | Piait-shad, Couch, ob. cit., vol. IV, p. 122, + plL COY. | PR E E DE E 4 E o o Nome vulgar — Savel Nota. — Esta especie confunde-se inteiramente. no seu as- pecto exterior, com a sua congenere. Disunguir-se-hão porém as duas entre si, desde que se lhes examinem as guelras, cujos raios 4 são muito mais longos, delgados e numerosos na Alosa vulgaris do que na Alosa finta, e n'esta antes grossos, fortes e curtos. Giinther, in Catalogue of the Brit. Museum, indica na Alosa vulgaris 60 a 80 raios; e na A. finta desde 21 a 27. Nós porém encontramos 123 a 130 em individuos da primeira especie e 41 em os da segunda. Esp. 171. Alosa sardina, Mor. Clupea sprattus, Risso, ob. cit., p. 352. Alausa pilchardus, Cuv. & Val., ob. cit., tom. XX, p. 445, pl. 605. Clupea pilchardus, Griimther, ob. cit., vol. VII, p. 489. — F. Day, ob. cit., vol, II, p. 224, pl. (BR ORE Alosa sardina, Moreau, ob. cit., tom. HI, p. 458. Pilchard, - Couch; ob.“cib., vol IX, p. 49; pl. COI. Nome vulgar— Sardinha (Nazareth, Vieira, Buarcos, Povoa de Varzim) a) Nazareth, 8 de setembro de 1892. Nota. — Capturada pelo auctor, ao levantar do peixe de uma rêde Valenciana fixa; unico meio de poder conseguir esta especie sem a grande falta de escama com que vem ao mercado. [11] DR. LOPES VIEIRA: CATALOGO DOS PEIXES DE PORTUGAL 147 Gex. ENGRAULIS, Cuv. Esp. 172. Engranlis encrasicholus, C. Bp. Clupea encrasicholus, no DD: Ciro Po NDA fongraulis encrasicholus, Cuv. & Val. ob. Gis; tom NE pm pi. 607. Gunther. ob. cit., vol. VII, p. 85. — Moreau, ob. cit., tom. III, p. 460. ay, ob. cit, vol. EE p= 206 pl. CXXXVIIL fig. Nome vulgar — Chacareu (Nazareth); Boqueirão (Espinho) a) Nazareth, 19 de setembro de 1892. Colligido pelo auctor. Fam. EXOCOETIDAE Gex. BELONE, Cuv. Esp. 173. Belone vulgaris, Flem. Fisow mn Risso, ob. cit., p. 3350. Belone vulgaris, Cuv. & Val., ob. cit., tom. XVII, p: 399. — Giimther, ob. RR vol. VI, p. 254. F. Day, ob. cit., vol. II, p. 147, pl. CXXVII, figs. 1, 1 a, 16. —Mo- reau, ob. cit. tom. II, p. 470. Garfish, Couch, ob. cit., vol. IV, p. 146, pl. GeIX: Nome vulgar — Agulhão (Lisboa) à, b) Lisboa, 17 de novembro de 1889. Gen. SCOMCRESOX, Lacépede Esp. 174. Scombresox saurus, Flem. Scombresoar Camperii, Risso, 0b. cit, p. 994. 148 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES [12] -=Ouv.«& Val, ob. cit; tom: ANELE Sp: 464, pl. 551. Scombresox saurus, Gimther, ob. cit., vol. VI, p. 257. — Moreau, ob. cit., tom. II, p. 475:—F. Day, ob. cit., vol. IL, p. 151, pl. CXXVII. Skipper, Couch, ob. cit., vol. IV, p. 141, pl. CLOA AU EE Nome vulgar — Patinho (Nazareth) a) Nazareth, 27 de setembro de 1892. Colligido pelo auctor. Gex. EXOCOETUS, Artedi Esp. 175. Exocoetus lineatus, Cuv. & Val. Giinther, ob. cit., vol. VI, p. 287. — Capello, Jornal da Acad. das Sciencias de Lisboa, vol. II, p. 132 (descripção). Nome vulgar — Peixe voadôr (Nazareth e Povoa de Varzim) a) 2 Nazareth, 2 de junho de 1893. b) Nazareth, 20 de junho de 1898. Fam. SALMONIDAE, Miiller Gen. SALMO, Artedi Esp. 176. Salmo salar, L. Salmo salmo, Cuv. & Val., ob. cit., tom. XXI, p. 169, pl. 614. Salmo saltar, Giimther, ob. cit., vol. VI, p. 11. — Moreau, ob. cit., tom. III, p. 525. F. Day, ob cit., vol. II, p. 66, pl. CX e CXI. [13] DR. LOPES VIEIRA: CATALOGO DOS PEIXES DE PORTUGAL 149 Salmon, Couch, ob. cit., vol. IV, p. 163; pl. COXI. Nome vulgar — Salmo «) 2 Valença, 11 de junho de 1892 (exploração zoologica). Gens. TRUTTA Esp. 177. Truta fario, Steind. Salmo fario, Risso, ob. cit., p. 232.— Giin- ther, 0h. cit., vol. VI, p: 59. — PF. Day, ob. gui vol Bro pl GEXS CARR GREVE CXVI. Salar Ausonit, Cuv. & Val., ob. cit., tom. RXLprdto. Fario lemanus, Cuv. & Val., ob. cit.; tom, XXI, p: 300, pl. 617. Trutta fario, Moreau. ob. cit., tom. IH; p. Fo Jo. Nome vulgar — Pruta Numerosos individuos de differentes rios do paiz. Nota. — Não obstante a diversa proveniencia dos numerosos exemplares do Museu, não encontrámos entre elles differenças assaz caracteristicas que permittam referil-os a mais de uma es- pecie. Póde ver-se a proposito o que expuzemos desenvolvida- mente em nossa «Contribntion à Pétude des poissons d'eau douce du Portugal» in Annaes de sciencias naturaes, Porto, 1894. Fam. ANGUILLIDAE Gens. ANGUILLA Esp. 178. Anguilla vulgaris, Turt. Griinther, ob. cit., vol. VIII, p. 28. — Moreau, Ra 150 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES [14] ob. cit., tom. HH, p. 560.—F. Day, -ob. cit vol LE po 240 pl CRER Sharp-nosed-eel, Dublin-eel, Broad-nosed-eel, snig-eel, Couch, ob. cit., vol. IV, p. 326, pl CXXIV. Nome vulgar — Enquia a) Pereira, abril de 1886. Offerecida pelo Snr. Martms. (rr. latirostris). b) Algarve. Exploração zoologica de 1897. (v. acutiros- tris). Nota. — Tanto Moreau como F. Day consideram toda a En- guia como pertencente a uma só e mesma especie, apenas susce- ptivel de variedade. pela fórma do focinho, que seria estreito e aguçado na fórma typica da Anguilla vulgaris, e largo e arredon- dado, na fórma vulgarmente dita Eiroz, e constituiria a varie- dade A. lutirostris. Outros porém, chegam a distinguir, além do typo, que deve- ria corresponder á A. mediorostris, uma variedade latirostris e outra acutirostris. Gen, CONGER, Cuv. Esp. 179. Conger vulgaris, Cuv. Muraena conger, Risso, ob. cit., p. 92. Conger vulgaris, Gimther, ob. cit., vol. VIII, p. 38.— Moreau, ob. cit., tom. HI, p. 565. -— PF. Day, ob. cit., vol. II, p. 250, pl. CXLII. Conger, Couch, ob. cit., vol. IV, p. 340, pl. COXXXVIII. Nome vulgar — Congro ou Safio (Lisboa), Nazareth, Povoa de Varzim a) Lisboa, janeiro de 1890, Um grande mdividuo pre- parado a sêco. - É [15] DR. LOPES VIEIRA: CATALOGO DOS PEIXES DE PORTUGAL 151 Fam. MURAENIDAE, Miiller Gen. MURAENA Esp. 180. Muraena helena, Artedh. Risso, ob. cit., p. 366. — Griinther, 0h. cit., vol. VIII, p. 96. — Moreau, ob. cit., tom. HI, p. 575. —F. Day, ob. cit., vol. II, p. 294 pl. CXLII. Muraena, Couch, ob. cit., vol. IV, p. 335, pl. COXXXVII. Nome vulgar — Moreia (Lisboa, Buarcos, Povoa de Varzim) a) Lisboa, 6 de julho de 1889. b) Buarcos, 5 de agosto de 1889. c) Mercado de Combra, 9 de abril de 1891. Fam. OPHISURIDAE Gex. OPHISURUS, Lacép Esp. 181. Ophisurus serpens, Lacép. Risso. ob. cit., p. 88.— Moreau, ob. cit. tome EE p. Ss. Ophichthys serpens, Giinther, ob. cit., vol. VIR p. 65: Nome vulgar — Cobra do mar (Buarcos) a) Buarcos, 1887. Fam. PETROMYZONIDAE, C. Bp. Gex. PETROMYZON, Artedi Esp. 182. Petromyzou marinus, L. º Risso, ob. cit., p. 1.—Giinther, ob. cit., 152 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES [16] vol. VIII, p. 501. — Moreau, ob. cit., tom. HI, p. 502.—F. Day, ob. cit., vol. H, p. S 90 pin dor ROLE Sea-lamprey, Coueh, ob. cit., vol. IV, p. 385, pl. CCXLVII. Nome vulgar — Lampreia do mar a) Commbra, rio Mondego. Esp. 183. Petromyzon fnviatilis, L. Giinther, ob cit., vol. VIII, p. 503. — Mo- reau, ob. cit. tom. HI, p. 604. —F. Day, ôb- cit., vol: Hyp. 359; plo CEXXIX, Lampern e Silver lamprey, Couch, ob. cit., vol. IV p. 395;pl. CONTI ho A les Nome vulgar — Lampreia de agua doce à, b, €) Marimha Grande (capturados num ribeiro do pi- nhal nacional em 16 de fevereiro de 1894). Nota. — Referimos estes e outros individuos existentes no Museu de Coimbra ao Petromizon fluviatilis; e não podemos dis- tinguir entre elles differença alguma que nos permitta pensar em que algum d'elles pertence á especie P. Planera. Com effeito, a maior parte dos pequenos exemplares de Pe- tromizon, do Museu, ou vieram da Marinha (Grande e foram ca- pturados em um ribeiro do pinhal nacional de Leiria; ou nos fo- ram obsequiosamente mandados da Mealhada pelo Sr. Dr. Costa Simões, e foram pescados n'um rio d'aquella localidade. Entre uns e outros não ha differença alguma de caracteres. Certo é porém que, á beira do río Mondego, em Coimbra, onde elle corre por entre a areia depositada no seu leito pelas alluviões do inverno, encontram-se enterradas na areia umas pe- quenas lampreias. que, embora de tamanho variavel e em muitas d'ellas egual ao da P. fluviatilis, differem sensivelmente destas, por serem mais robustas. e terem a segunda barbatana dorsal, nitidamente separada e distanciada da caudal. E assim poderá | perguntar-se se taes pequenas lampreias não serão antes o P. Planeri, em vez das juvenis do P. marimius? Em artigo inserto em os Annaes de sciencias naturcaes, n.º 2 [17] DR. LOPES VIEIRA: CATALOGO DOS PEIXES DE PORTUGAL 153 de abril de 1894, dissemos já que consideravamos as pequenas lampreias pescadas na primavera á beira do Mondego como ju- venis do P. marinus: e hoje persistimos em a mesma opinião; porquanto, se poucos e mal precisos caracteres differenciaes apre- -sentam os modernos icthiologistas citados para a distincção da P. Planeri, e os mais importantes d'entre esses são—a conti- nuidade ou quasi continuidade da segunda barbatana dorsal com a caudal, e o franjado ou recortado dos beiços, é certo que ne- nhum d'estes caracteres se observa nos individuos ainda ha pouco capturados á beira do Mondego em 10 de maio de 1901, existen- tes no Museu. Por tudo o exposto, não sabemos ainda se entre nós existirá tambem a P. Planeri, nem tão pouco se haverá razão bastante para admittir a existencia desta outra especie de lampreias de agua doce, o que aliás não crê Moreau. Fam. BRANCHIOSTOMIDAE Gax. BRANCHIOSTOMA, Costa Esp. 184. Branchiostoma lanceolata, Gray. Gunther, obstet vol VI ques TS: Moreau, ob. cit., tom. JIJ, p. 618. —F. Day, ob. cit. vol*II, p. 366, pl. XLXXIX, fio. 5. Nome vulgar? q) Setubal, 2 de maio de 1892. Oferecido pela direcção do Museu de Lisboa. Addenda a p. 16 Fam. RHINOBATIDAE ' Gex. RHINOBATUS Ê Esp. 22 bis. Rhinobatus columnae, Mull. e Henl. C. Bonap., ob. cit., fig. — Giinlher, ob. cit., 154 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES [18 vol. VIII, p. 446. — Moreau, ob.scit., tom. LITE paroZas Nome vulgar — Rebeca (Setubal) a) Setubal, 6 de dezembro de 1891. Nota. — Por inadvertencia deixou de mencionar-se esta espe- cle no logar competente sob n.º 16. APPENDICE Lista alphabetica das especies de peixes de Portugal que faltam no Museu de Coimbra e são dadas como existentes no Museu Nacional de Lisboa 'No Catalogo dos peixes de Portugal por F. Brito Capello, Lisboa, 1880. additado pelo Sr. Balthazar Osorio no Jornal de sciencias mathematicas de Lisboa, de 1888, p. 167; 18605. 28 serie, ns RIA mo re So, 2-2 serie; n.º KV) Acantholabyus palloni, Cuv. Accipenser Nacarii, Bp. Alepisaurus feroz, Lowe Ammodytes lanceolatus, Cwv. Auguilla Bibroni, Kaup. Anguilla mediorostris, Yarr. Aphanopus Carbo, Lowe Argentina hebridica, Yarr. Argentina sphyraena, L. Arnoglossus conspereus, Ca- nest. Auxis rochei, Risso Batruchus tau, L. Belone acus, Bp. Belone gracilis, Lowe Blennius galerita, L. » Montagui, Flem. » pavo, Risso » sp.? Blenniustentacularis, Brunn Drama princeps, Johnson Carassius vulgaris, Nilsson Carcharodon Rondletia, Mull. e Henl. Centristus scolopaz, Lu. Centrophorws crepidater, Boc. e Cap. Centrophorus granulosus, Miill. e Henl. Centrolophus Newtonii, B. O. » pompílio, Cuv. e Val. Centropristishepatus, Gmel. Centroseymus coelolepis, Doc, e Cap. Cepola rubescens, L. Charax puntazzo, L. Chiasmodon miger, Johnson 156 Chimaera afhinis, Capello Chrysophys crassirostris, Cuy. e Val. Clupea latula, Cuv. e Val. » sprattus, L. Conchia glauca, Couch Conger miger, Kaup. Coris Geodofredi, Gunther Coryphaena dubia, Capello Crenilabrus Bailloni, Cuv. e Val. Crenilabrus pavo, Brunn. Ctenolabrus rupestris, L. Dentex filosus, Val. Entelurus anquineus, Dum. Gadus mertangus, L. Gasterosteus spinachia, L. Gobius algarbiensis, Capelo » bicolor, Gmel. » capito,-Cuv. eVal. » fuviatilis, Bel. » 9020, L: » cminutus, Cuv. e Val. » nager, L. Hippocampus ramulosus, Leach. Julis pavo, Cuv. e Val. Labrus comber, Penn. » — Donovani, Cuv.. e Val. Labrus vreticulatus, Lowe » turbus, Cuv. e Val. “Laemargus rostratus, Rasso Latrunculus pellucidas, Nard. Lepadogaster bimaculatus, Pen. ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES [20] Lenciscus lemmingii, Stemd. Macrurus -trachyrhayncus, Risso Malacocephalus laevis, Lowe Maena vulgaris, Cuv.e Val. Mera mediterranea, Risso Molva vulgaris, Flem. Motella fusca, Risso. » maculata, Risso. Mugil constantiae, Cuv. e Val. Mus barbatus, Cuv. e Val. Mustelus laevis, Rondel. Nerophis anguineus, Kaup. » lombriciformis, Kaup. Nerophis ophidion, E. Nesiarchus nasutus, Johns. Orthagoriscus oblongus, Stemd. Oxyrheina gomphodon,Mul. . ec Heml. Pagrus auriga, Val. » Bocagei, Lowe Pagellus bogaraveo, Brim. »o Giintheri, Capello » Oreni, Gunther Pleuronectes platessa, L. Pseudotriacis microdon, Ca- pello Pristis antiquorum, Lath. Pseudo Ilelotes Giintheri, Capello Raja asterias, Mull. e Henl. » — Capensis, Mull. eHenl. » fulonica, Rondlet Julis pavo, Cuv. e Val. [21] DR. LOPES VIEIRA: CATALOGO DOS PEIXES DE PORTUGAL 157 Labrus comber, Penn. » Donovani, Cuv e A » reticulatus, Lowe » turdus, Cuv. e Val. Laemargus rostratus, Risso Latrunculus pellucidus, Nazd. Lepadogaster bimaculatus, Pen. Leuciscus lemmingii, Stemd. Macrurus trachyrhancus, Risso. Malacocephalus laevis, Lowe Maeua vulgaris, Cuv. e Val. Mera mediterranea, isso. Molva vulgaris, Flem. Motella fusca, Risso. » maculata, Risso Magil constantiae, Cuv. e Val. Mulus barbatus, Cuv. e Val. Mustelus laevis, Rondel. Nerophis onguineus, Kaup. » lombricsformis, Kaup. Nerophis ophidion, L. Nesiarchus nasutus, Johns. Orthagoriscus oblongus, Steind. Oryrheina gomphodon, Mull. Heml. Pagrus auriga, Val. » Bocagei Lowe Fagelus bogaraveo, Brim. » Guntheri, Capello Fagellus Oweni, Gunther Plewronectes platessa, L. Pseudotriacis microdon, Capello. Pristis antiquorum, Lath. Pseudo Ilelotes Gunther, Capello Raja astertas, Mull. e Henl. » Capensis, Mull. e Henl. Raja fullonica, Roudlet. » Lintea, Fres » macrorhyncha, Rofim » madeireasis, Montag. » marginata, Lacép. » mosuica, Capelo » naceus, Mull e Henl. » vadiata, Donov. » Salviani, Mull.e Henl. Raja Shultzii, Mull. e Henl, » undulata, Lacép. Ranniceps trifurcatus, Ar- ted. Salmo levenensis, Walker Scorpaena ustulata, Cuv. e Val. Seyllium camicula, Cuv. Sebastes flifer, Val. » — aimperialis, Cuv. e Val. Sebastes huhlii, Lowe » madeirensis, Lowe Seriola Dwumerilii, Risso »- Lalandii, Cuy, e Val. Serranus cernivides, Capelo Serranus fimbriatus, Lowe » govreensis, Cuv. e Val. Serranus seriba, Cuv e Val. Smaris alcedo, Risso » gargarella, Bp. 158 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES [22] Syngnathus tenwirostris, Rat. Temmondon saltator, L. Tretraodon Pennantii, Yar- rel Thaynmus brachypterus, Cuv. e Val. » pelamys, Cuv. Prichiwrus lepturus, Cuv. e Val. Prigla lineata, |. » ansidiator, Cuv. e Val. Solea Capelonis, Stemd. » oculata, Rond. » variegata, Donov. » obscura, E. Sphyraena vulgaris, Cuv. e do puma, Crunther Val. » poeciloptera, Cuv. e Val. Truta marina, Duh. Spina niger, Bp. Yo É h, . . Stromateus microchirus, Bonellé Trygon pastinaca, L. Syngnathus abaster, Risso Umbrina cirrhosa, Cuv. » pelagicus, Os- Uranoscopus scaber, Cuv. e bek. Val. Nota. — São 143 as especies de peixes de Portugal que, se- gundo os dados fornecidos pelo Museu Nacional de Lisboa, deve suppor-se que faltam na collecção do Museu da Universidade de Coimbra. Ainda, segundo os mesmos dados, o numero total das espe- cies de peixes de Portugal, já conhecidas e archivadas no Museu de Lisboa. seria de 304; por se mencionarem 267 no citado Ca- talogo de Brito Capello e addicionarem a estas 267, mais 37, que mencionou ulteriormente o snr. Balthazar Osorio. À todas estas 304 especies haverá porém a addicionar as seguintes nove, que ficam inscriptas definitivamente no Catalogo do Museu de Coim- bra, e não consta existirem no Museu de Lisboa. Callanthias peloritanus, Giinther. Cobitis barbutula, IL. Corvina nigra, Cuv. Crenilabrus mediterraneus, Rissa. Entelurus aequoreus, Dum. Miliobatis bovina, Greoff. E E UR a AR TND mm [23] DR. LOPES VIEIRA: CATALOGO DOS PEIXES DE PORTUGAL 159 Nerophis annullatus, Kaup. Plewronectes hirtus, Abilg. Sargus lineatus, Cuv. e Val. Sendo assim, o numero total das especies de peixes de Por- tugal já conhecidas ao presente, elevar-se-ia a 313, salvo erro, a que todavia não julgamos por nossa parte dar logar. (à Annaes de Sciencias Naturaes. Vol. VII, 1900 CONTRIBUIÇÕES FAUNA MALACOLOGICA DAS POSSESSÕES PORTUGUEZAS DA AFRICA OCCIDENTAL AUGUSTO NOBRE Do R Ve RA Pie RPA Ep pi 3 Er, Ed a. ps PA do HS VA, ad Pi Ee tas CONTRIBUIÇÕES PARA A FAUNA MALACOLOGICA DAS POSSESSÕES PORTUGUEZAS DA AFRICA OCCIDENTAL POR AUGUSTO NOBRE Ha alguns amnos já que o nosso amigo o snr. João Cardoso Jumior, bem conhecido pelas suas mvestigações sobre a flora eo das ilhas de Cabo Verde, tem ex- plorado a fauna malacologica das mesmas LE, submet- tendo ao nosso exame o resultado das suas mteressantes colheitas. Esta lista comprehende as especies que rece- bemos depois da publicação da nossa piano a memoria sobre a mesma fauna, inserida n'esta revista !, e na qual vão ineluidas algumas especies amda não conhecidas naquelas paragens. Com todos estes elementos e com os que foram documentados por outros naturalistas, sobretudo pela “exploração scientifica do Talisman, já a fauna malacolo- gica caboverdiana começa a ser melhor conhecida. 1! Fauna malac. da ilha de Cabo Verde, in Ann. de Se. Nat., vol. T, pag. 169 (1894). Ann, Sc. Nat., vol. VII. 1900, Porto, 164 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES [4] Acerca da fauna malacologica marinha de S. Tho- mé já temos publicado alguns documentos £. As es- pecies que agora mencionamos foram recolhidas pelo nosso amigo o snr. Tito Santos, que com ardente mte- resse se dedica á historia natur En na sua passagem para Loanda. Na impossibilidade de apresentarmos um traba- lho completo sobre a fauna malacologica das nossas pos- sessões da África oceidental, iremos dando successiva- mente listas das especies que nos forem enviadas para estudo. Molluscos marinhos Loligo, sp. Cabo Verde: Santo Antão. Um exemplar muito es- tragado. Spirula Peronii, Lamarck. Cabo Verde: Santo Antão, Sal. Melampus pusillus, Gmelm. Cabo Verde: Santo Antão. Gadinia Afra, Gray. Cabo Verde: Santo Antão. Gadinia Crarnoti, Payraudeau. Cabo Verde: Santo Antão. Os exemplares desta proveniencia apresentam certas differenças nos caracte- res typicos, mas parece-nos que não deverão constituir especie differente. Siphonaria Algesire, Quoy et Gaimard. Cabo Verde: Santo Antão, S. Vicente, Santa Lu- zia, S. Nicolau, Maio, Boa Vista. Muito commum em Santo Antão. Os exemplares não se differençam dos que temos observado na costa portugueza. Esta especie é muito variavel na fórma. 1! Fauna malac. da ilha de S. Thomé. in Instituto, 1890: Sur la faune malacologique des iles de S. Thomé et de Madére im Ann. Sc. Nat., vol. I, pag. 91, 141. (1894). [5] A. NOBRE: CONTR. PARA A FAUNA MALAC. C. VERDE 165 Folis, sp. Cabo Verde: Santo Antão. Alguns exemplares bas- tante deteriorados. Bulla striata, Bruguitre. Cabo Verde: Sal. — S. Thomé. — Loanda. Bulla ampulla, Linnen. Cabo Verde: Santo Antão, S. Nicolau, Sal. —S. Tho- mé. O smr. Locard classifica os exemplares recolhidos pelo Talisman em S. Vicente de Cabo Verde, á pro- fundidade de 700 metros como especie distmeta que designa pelo nome de B. Mabillei. Não consegui vêr nos numerosos exemplares de Cabo Verde caracteres que pudesse attribuir à referida especie, que não deve ser se- não a especie linneana ou, quando muito, uma simples variedade. O exemplar da ilha do Sal é notavel pelas suas grandes dimensões. Húydatina physis, (Limnen.) Cabo Verde: Santo Antão. Dois exemplares com o animal. O snr. Dautzenberg: suppõe que o exemplar encontrado em Ratimesque ( Senegal), e citado na sua me- moria sobre a viagem da Melita, seja aceidental. Com a colheita realisada pelo snr. Cardoso Junior o habitat da HH. physis nos mares africanos fica fóra de duvida; pos- sumos ainda um exemplar recolhido em S. Thomé. Umbrella mediterranea, Lamk. Cabo Verde: Santa HE Esta especie do Mediter- raneo vive tambem em S. Thomé (Fauna malae. S. Tho- mé, pag. 189). Conus testudinarius, Martim. Cabo Verde: Santo Antão, S. Nicolam, Santa Luzia, Maio, Boa Vista. Commum. Cancelaria cancellata, L. Cabo Verde: Sal. 166 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES [61 Oliva Hammulata, Lamarck. Cabo Verde: Santo Antão, Santa Luzia, Sal, S. Vi- cente, Boa Vista. — S. Thomé. Harpa rosea, Lamarck. Cabo V ir: Santo Antão, S. Vicente, S. Nicolau, Santa Luzia, Sal, Maio. Mitra cornicula, Limneu. Cabo Verde: Santo Antão, Santa Luzia, Sal. Turbinella triserialis, Lamarck. Cabo Verde: Santa ER Boa Vista. Pritonidea viverrata (VOrbigny). Cabo Verde: Santo Antão, S. Vicente. Columbella cibraria, Lamarck. 2, 'abo Verde: Santo Antão, Sal. Commum. Columbella rustica, Linneu. Cabo Verde: Santo Antão, S. Vicente, S. Nicolau ) ) À ; a . ; . . Santa Luzia, Maio. Commum sobre os rochedos da ilha de Santo Antão. —S. Thomé. Purpura hemastoma, Lamarck. Cabo Verde: Santo Antão, S. Nicolau, Santa Lau- ma, Maio, Boa Vista. Commum. —S. Thomé. Purpura neritoides, Lamarck. Cabo Verde: Santo Antão, S. Nicolau, Santa Lu- na, Maio, Boa Vista. Commum. Esta especie é frequen- temente habitada pelos Pagurus. Mure rosarium, Chemmnitz. Cabo Verde: Santo Antão, Maio. Murer pomum, Gmelim. Cabo Verde: Maio. Bicinula nodulosa, Adams. Cabo Verde: Santo Antão. Os exemplares desta ilha são mais pequenos que os da ilha de 5. Thomé. [7] A. NOBRE: CONTR. PARA A FAUNA MALAC. C. VERDE 167 Triton nodiferus, Lamk. Cabo Verde: Santo Antão. Triton tranquebaricus, Lamarck. Cabo Verde: Sal, Boa Vista. Triton olearius, Linneu. Cabo Verde: Sal, Boa Vista. Triton ridens, Reeve. Cabo Verde: Santa Luzia. Triton obscurum, Reeve. Cabo Verde: Boa Vista. Ranella sorobiculator, Lamarck. Cabo Verde: Santo Antão, S. Nicolau, Santa Lu- ma, Sal, Boa Vista. Cassis Saburon, Lamarck. Cabo Verde: Maio. Cassis crumena, Brugutre. Cabo Verde: Santo Antão, S. Vicente, S. Nicolau, Santa Luzia, Sal. —S. Thomé. Púyrula morio, Limneu. S. Thomé. — Loanda. Cyprea stercoraria, Linneu. Cabo Verde: Santo Antão. Não nos parece que esta especie seja muito commum no archipelago de Cabo Verde. A €. stercoraria, L., é a primeira das especies descriptas por Adanson sob o nome de Le Magjet. As figu- ras dadas por este naturalista representam imdividuos novos, com aproximadamente metade do tamanho do exemplar colhido em Cabo Verde. Cypreea zonata, Chemnitz. Cabo Verde: Santo Antão, S. Nicolau, Santa Lu- za, Sal, Maio, Boa Vista. 168 ANNAÉES DE SCIENCIAS NATURAES [8] Cyprea lurida, Linneu. Cabo Verde: Santo Antão, S. V icente, S. Nicolau, Santa Luzia, Sal, Maio, Boa Vista. Alguns exemplares são alongados e outros bastante ovaes e globulosos. E” especie muito commum em todas estas ilhas. S. Thomé. Commum. Cyprea spurca, Limneu. Cabo Verde: Santo Antão, S. Nicolau, Santa Luzia, Sal, Boa Vista. Commum em todo o archipelago. À fór- ma e o colorido são analogos aos dos mdividuos da mes- ma especie provenientes do Mediterraneo. S. Thomé. Strombus bubonius, Lamarck. Cabo Verde: S. Vicente, Maio. Commum. Priforis preversus (Lineu). Cabo Verde: Santo Antão. Nas algas do litoral. Cerithium quiniacum, Philippi. S. Thomé. Planaxis Herrmamnsena, Dunker. Cabo Verde: Santo Antão. Commum. Turritella bicingulata, Lamk. Cabo Verde: Santo Antão, 5. Vicente. Littorina globosa, Dunker. Cabo Verde: Santo Antão. Fossarus ambiguus (Linneu). Cabo Verde: Santo Antão. Mitrularia equestris, Linneu. Cabo Verde: Santo Antão. Calyptrea radians (Lamk.) Cabo Verde: Santa Luzia, Sal. Crepidula fornicata, Linneu. Cabo Verde: Santo Antão. [9] A. NOBRE: CONTR. PARA A FAUNA MALAC. C. VERDE 169 Natica lactea, Guldme. Cabo Verde: Santa Luzia, Sal. Natica hebroea, Martyn. S. Thomé. Natica variabilis, Récluz. Cabo Verde: Sal. Janthina communis, Lamk. Cabo Verde: Santo Antão. Janthina nútens, Menke. Cabo Verde: Santo Antão. Scalaria commutata, Monterosato. : Cabo Verde: Santo Antão. Scalaria, sp. ? Um exemplar muito rolado. Cabo Verde: Santo Antão. Nerita atrata, Chemnitz. Cabo Verde: Santo Antão, S. Nicolau, Maio, Sal. S. Thomé. Phasianella tenuis, Mich. Cabo Verde: Santo Antão. Trochus Tamsi, Dunker. Cabo Verde: Santo Antão, S. Vicente. Muito com- mum sobre os rochedos. Os exemplares deseriptos por Dunker foram recolhidos em Loanda. Clanculus spadiceus, Phalhppi. S. Thomé. Monodonta articulata, (Lamk.) Cabo Verde: Santo Antão. Monodonta tesselata, (Deshayes.) Cabo Verde: Santo Antão, um só exemplar rolado. Gibbula maga (Linneu). Cabo Verde: Boa Vista. Lamarck considera o Da- lat, Adanson, identico à G. maga. Dautzenberg julga-a , , G J 170 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES | 10! uma especie distmeta. Segundo a nossa opimão trata-se duma só e unica especie. Notaremos todavia que os exemplares que possuimos de Cabo Verde tem a espira bastante elevada, mas em tudo o mais os seus caracte- res são inteiramente identicos aos dos exemplares euro- peus. Haliotis tuberculata, Linneu, var. Thomensis, Nobre. S. Thomé. Pissurella gibberula, Lamarck. Cabo Verde: Santo Antão, muito commum e va- riavel na fórma. Fissurella mnubecula (Linneu). Cabo Verde: Santo Antão, Maio. Fissurella coarctata, Kimg. Cabo Verde: Santo Antão. Patella crenata, Gmelm. Cabo Verde: Santo Antão. Parece que deve ser commum esta especie. Patella Lowei, POrbigny. Cabo Verde: Santo Antão, S. Vicente, Boa Vista. Alguns dos exemplares são quasi inteiramente despro- vidos de escamas imbricadas, approximando-se da P. crenata. Ostrea Guwineensis, Dunker. S. Thomé. Ostrea, sp. ? Algumas valvas muito roladas duma especie que amda não conseguimos determinar com exa- ctidão. Cabo Verde: Santo Antão, Boa Vista. Spondylus gaederopus, Linneu. Cabo Verde: Santo Antão, S. Nicolau, Boa Vista. Maio, Sal. —S. Thomé. Pecten corallinoides, VOrbieny. Cabo Verde: Sal, Boa Vista. [11] A. NOBRE: CONTR. PARA A FAUNA MALAC. C. VERDE 171 Sal. Peeten gibba (Linneu). Loanda. Hinnitis sinuosus (L.). Cabe Verde: Santo Antão, Sal. Avicula hirundo, Lim. Cabo Verde: Maio. Perna isognomum, (Linneu). Cabo Verde: Santo Antão, Boa Vista. —S. Thomé. Pinna rudis, Lamarck. Cabo Verde: Santo Antão, S. Vicente, Boa Vista, Mytilus senegalensis, Lamarck. Cabo Verde: Santo Antão. Commum. Mytilus smaragdinus, Chemnitz. Mossamedes (F. Newton). Modiola barbata, L. Cabo Verde: Boa Vista. Uma unica valva e muto estragada. Lithodomus aristatus, Sol. Mossamedes (Alex. Monteiro). Possuo um exemplar desta especie. Arca senilis, Linneu. S. Thomé. Arca Noe, Linneu. Cabo Verde: Santo Antão, Santa Luzia, S. Vi- cente, Maio. —S. Thomé. Arca candida, Chemmtaz. S. Thomé. Area pulchella, Reeve. 'abo Verde: Santo Antão, Sal. — S. Thomé. Pectunculus, sp. ? Algumas valvas muito roladas. Cabo Verde: Santa Luzia, Boa Vista. 172 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES [12] Cardita senegalensis, Reeve. Cabo Verde: Santo Antão. Cardium bullatum, Limneu. Cabo Verde: Boa Vista, Maio, 5. Vicente. Jardium Norvegicum, Spengler. Cabo Verde: Santo Antão, Sal. Úitamos esta espe- ce com alguma duvida por apenas termos examinado algumas valvas de mdividuos novos. Cytherea tumens (Gmelin). S. Thomé. Ungulina oblonga, L. Cabo Verde: Sal. Venus verrucosa, L. 'abo Verde: Santo Antão, Maio, Santa Luzia, S. Nicolau, Boa Vista. Siliquaria Guinecensis (Chemnitz). S. Thomé. Mactra silicula, Deshayes. Cabo Verde: Santo Antão, Boa Vista, Sal. Lucina pecten, Lamk. Cabo Verde: Santo Antão, Boa Vista, Santo An- tão, Sal. Lucina borealis, Linneu. Cabo Verde: Sal. Amphidesma modesta, À. Adams. 9. Thomé. DR. MANOEL PAULINO DOLIVEIRA Acompanha este volume o retrato do saudoso pro- fessor da Universidade e director do Museu Zoologico, o dr. Manoel Paulino d'Oliveira, o illustre naturalista a quem esta revista já prestou a sua homenagem pela penna brilhante dum dos seus mais distinctos collabo- radores o snr. dr. Lopes Vieira. À seciencia portugueza ficou-lhe devendo serviços dum alto valor, que maiores seriam amda se a doença o não surprehendesse num dos periodos de mais actividade da sua vida, quando tornava conhecidos os resultados das suas Investigações scientificas feitas nos ultimos an- nos, em que a fauna maritima, com justa razão, attrahira aquelle espirito observador e consciencioso. Os documentos que chegou a publicar eram o inicio do mventario zoologico de tanto material scientifico accu- mulado carmhosamente com uma tenacidade e talento nada vulgares e que não estamos habituados a vêr com frequencia n'este paiz, onde, em poucos annos, tão im- tenso tem sido o esphacelamento do pequeno nucleo de naturalistas que, com magua o dizemos, não é sem ap- prehensões que vemos o futuro d'esta divisão da sciencia portugueza. Um periodo de desfallecimento é quasi me- vitavel tão raras são as vocações que se esboçam na nova geração. 174 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES A sua simplicidade, que chega a ser encantadora, transparece na fórma mgenua e despretenciosa dos seus escriptos de uma probidade scientifica e lealdade imma- culadas. Pudo quanto de bem se possa dizer a este respeito não é mais que justiça feita ao caracter do erudito natu- ralista. Prabalhadores conscienciosos e sabedores na espe- ctalidade não os ha melhores lá fóra, onde os meios de estudo são poderosos auxiliares que não é necessario conseguir á custa de sacrificios particulares. E, se não dizemos que o dr. Paulmo VOliveira oc- cupa o logar primacial entre os zoologos portuguezes contemporaneos é porque isso seria commetter uma m- Justiça imperdoavel para com o reformador da Zoologia em Portugal e criador do nosso Muzeu Nacional, o snr. dr. Barbosa du Bocage, o emmente naturalista tão que- rido de todos nós. Tendo o dr. Paulino Oliveira conseguido reumr uma bibliotheca de valor excepcional para um particu- lar, o seu tempo livre dos deveres officiaes ou o empre- gava em excursões por todo o paiz recolhendo elementos para o inventario da nossa fauna ou o consumia no seu gabimete de trabalho, organisando e classificando as col- lecções reunidas. (Quando começou a sentir os primeiros rebates da doença que o havia de prostrar tratou de iniciar a publh- “ação dos seus escriptos, mas a progressiva falta de for- cas veio mallograr-lhe a miciativa; a sua obra ficou muito incompleta, pois que mal teve tempo para começar a tor- nar conhecidas as suas notas sobre os invertebrados. maritimos, ultima phase dos seus estudos predilectos. Os seus trabalhos sobre historia natural miciou-os pelo estudo dos coleopteros de que nos deixou uma pre- ciosa monographia, cujo valor só póde ser apreciado pelos que se dedicam a trabalhos similares. Pela lista dos seus principaes trabalhos, que adeamte inserimos, se po- A. NOBRE: DR. MANOEL PAULINO D'OLIVEIRA 175 derá vêr como a fauna portugueza lhe era familiar. De quasi toda ella, certamente, nos deixaria valiosas mono- eraphias se tivesse tido tempo para publicar as suas observações sobre os mvertebrados maritimos. Augusto NOBRE. Principaes publicações do Dr. MANOEL PAULINO OLIVEIRA 1876. — Mélanges entomol. sur les insectes du Portugal. (Coimbra, 1876, 1 br. in 5.0) 1879. — Études sur les insectes d'Angola dui se trouvent au Muséum de Lisbonne par l'abbé Marseul et le Dr. M. Paulino de Oliveira (Jorn. da Acad. das Sc. de Lisboa, t. vir, 1880, p. 37.) 1880. — Études sur les insectes d'Angola qui se trouvent au Muséum National de Lisbonne, par MM. Joly Bourgeois et M. Paulino d'Oliveira. (Jorn. da Acad. das Se. de Lisboa, t. vir. 1580, p. 142.) 1882. — Études sur les inseéctes d'Angola qui se trouvent au Muséum National de Lisbonne (Scarabxidae). (Jorn. da Acad. das Se. de Lisboa, t. 1x, 1884, p. 40) 1884. — Études sur les insectes d'Angola qui se trouvent au Muséum National de Lisbonne (Cerambycida). (Jorn. da Acad. das Se. de Lisboa, te x, J880, p. 109:) 1884-1893. — Catalogue des insectes du Portugal. Coléoptéres. (Coim- bra. 1 vol., in-8.º, 393 p. — «Revista da Sociedade d'Instrucção do Porto» «Instituto» de Coimbra.) 1888. — Nouveau Oxyrhynque du Portugal. (Coimbra, 1888, 1 br. in-8.º) 1895. — Préparation et conservation de quelques animaux par I'Al- dehyde formique (Ann. de Sc. Nat., vol. 11, 1899, p. 69.) 1895. — Tabella dichotomica para a determinação dos Mammiferos de Portugal. (Ann. de Sc. Nat., vol. 11, 1895, p. 200.) 1895. — Eastonia Locardi, n. sp. (Rev. de Sc. Nat. e Soc., vol. 1v, 1895, D. 92). É 1895. — Opistobranches du Portugal de la collection de M. Paulino de Oliveira. (Instituto de Coimbra, vol. xui, 1895.) 1895-1896. — Catalogue des Hémiptéres du Portugal (Hétéroptéres). (Coimbra, 1896, 1 br. in-3.º, 80 p. — Ann. de Se. Nat., vol. 11, 1595, vol. nr, 1896.) 1896. — Catalogo dos Mammiferos de Portugal pelos Drs. M. Paulino de Oliveira e Lopes Vieira. (Ann. de Sc. Nat., vol. 111, 1896). 1896. — Correcção à tabella dichotomica para a determinação dos Mammiferos de Portugal. (Ann. de Sc. Nat., vol. ar, 1896). 1896. — Reptis e Amphibios da Peninsula Iberica e especialmente de Portugal. (Coimbra, 1896, 1 folh. in-8.º, 60 p.) 1596. — Aves da Peninsula Iberica e especialmente de Portugal. (Coimbra, 1896, 1 vol. in-8.º, 202 p.) INDICE Plantas novas para a Flora de Portugal — por Gonçalo Sampaio . As Zoocecidias Portuguezas — por Joaquim da Silva Tavares . . . Plantas novas para a Flora de Portugal — por Gonçalo Sampaio . . As aves da Madeira — pelo Padre Ernesto Schmitz . . . o. Catalogo dos peixes de Portugal — pelo Dr. Lopes Vieira . .. Contribuições para a Fauna malacologica das possessões portuguezas da Africa Occidental — por Augusto Nobre . . cc. Dr. Manoel Paulino d'Oliveira — por Augusto Nobre. . .c.. 163. 173. EST ANN. DE Sc. Nar, vol. VII, 1900 C. LIMMERMANN, DEL. & rn pum ENTE q ia O b H mM mM cl h ESTA ANN. DE Sc. NAT, vol. VIL, 1900 ER mean ram pa sem mr a ma tomem a Sar? o C. LIMMERMANN, DEL. o! MEr b Í ' f | 1 = no v e DE SR ai Taio 4 NNE a o 3 90 2 lo