ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL DO RIO DE JANEIRO VOLUME XVII ^ waib. D. 14; A. 16 â 17; L. iat. 265 (á 300) Cabeça 1/3 do corpo (sem a caudal) de corte trapezoide, vertex mais ou menos escamoso, sobre tudo na base do rostro, tendo a região occipito frontal mediana saliente; e o interorbital com uma goteira pronunciada; do ponto de união da carena occipito frontal com a goteira, partem ramos so- bre as escamas oculares; rostro 4 e 4/6, recto no joven ligeiramente entu- mecido na base, no adulto; maxilla inferior glabra, com um sulco mediano pouco accusado; é pouco mais curto que a mandíbula; esta escamosa, as escamas decrescem em tamanho para a frente, face recoberta de escamas desde a região preorbitaria. Olhos grandes, 12 vezes na cabeça, 3 e 1/6 á 2 e 1/2 na parte postorbital. Escamas muito glabras. Linha lateral emittindo um processo para a axilla da peitoral, passando por sobre as ventraes e continuando até o meio da base da caudal, passando no extremo posterior do pedúnculo por uma carena pouco pronunciada. Peitoraes semilanceo- ladas, egualando á parte preorbital da cabeça; ventraes 1 e 3/4 nas pei- toraes. Dorsal sobre o sexto raio anal; esta nadadeira mais desenvol- vida: caudal truncada, sub-lunada. Três exemplares desta espécie servi- ram á presente descripção, um trazido por mim do Amazonas, Manáos; e 2 outros colligidos pelo Snr. Siqueira, no Rio de Janeiro, Bahia Guanabara . O do Amazonas tem a anal com 17 raios, conservando a dorsal com 14; a proporção dos olhos, ao contrario, é ahi menor (3 e 1/6) do que nos ex- emplares do Rio (2 e 1/2^; estes factos mostram o primeiro com as pro- porções dos olhos de T. almeida e anal de T. marinas e o segundo com os olhos de T. marinas e dorsal e anal de T. almeida; d'ahi concluo, como Günther, reunindo as duas pretensas espécies, embora Jordan, Gilbert e Evermann as separem sobre taes caractères. Habitat: Atlântico. De Cap Cod até Rio de Janeiro. 1) Marinas = marinho. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL vol.— XVII lÖ Tylosurus raphidoma^'^ (Ranz) AQULHÄO D, 22 á 23; A. 20 á 21; L. lat. 345-350 O contorno do corte transversal do corpo é ovóide, superiormente um tanto abatido, o da cabeça trapezoide; esta 3 e 5/6 no corpo o rostro 2/3 da cabeça, tendo os ramos maxillares quasi eguaes, sendo o superior pouco menor que o inferior; são semi-cylindricos, semi-conicos e quasi li- sos, o maxillar superior percorrido apenas por três sulcos longitudinaes fortes, um mediano (intermaxillar) e um para cada lado; sobre e fora da orla de caninos maiores, ha uma facha de pequeninos dentes cónicos sub- eguaes em toda a extensão, de ambas as maxillas. Alto da cabeça apenas estriado nos supra orbitados, escamoso n'um triangulo de vértice posterior, situado entre as fossas nasaes e revestido d 'um tegumento adi- poso, glabro sobre a região occipito cervical. Os maxillares podem ser occultes perfeitamente sob os preorbitaes. Válvula nasal semilunar, re- clinada para traz e para cima na fossa que é quadrangulo-semilunar. Olhos 2 e 1/2 vezes na parte postorbital da cabeça e 1/6 no rostro; apenas a região periophthalmica posterior entre os opercuíos e os ramos articulares das mandíbulas, revestidos de escamas, o resto da cabeça totalmente gla- bro. Peitoraes semilanceoladas, egualando á parte post-orbital da cabeça; ventraes. pouco menores; dorsal e anal originando-se no mesmo plano. Caudal entalhada, com o lobo inferior maior. Linha lateral bifurcando-se sob a vertical do angulo anterior da base da peitoral, enviando um ramo ao angulo inferior dessa base e seguindo, depois, parallela ao contorno in- ferior do abdomen, passando sobre a base das ventraes, dirige-se ao meio da base da caudal, onde termina. Dorsal e anal sub-eguaes, o ultimo um tanto maior. Argyreo inferiormente, sepiaceo-glauco superiormente; ossos do craneo virescentes; peitoraes, dorsal e lobo superior da caudal denegri- dos. Compr. 538 mm. até o extremo da caudal; 500 até a base da cauda . Um exemplar joven tem os últimos raios dorsaes mais elevados do que os maiores do lobo anterior; e são coloridos, bem como a membrana interra- dial, de negro retinto. Habitat: Atlântico, desde Florida, na America do Norte até Bahia, no Brasil. POTAMORHAPHIS, (2) Günther. Cat. VI -253-1866 Raios dorsaes anteriores sub-eguaes em comprimento, não formando um lobo. 1) Raphidoma (Gr.), de raphis agulha, e do suff. orna, raphisoma éra o nome grego de Lucio. 2) Raphis, estylete (agulha) potamos, rio. 11 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES ÍD. 33 á 36; A. 29 â 31; L. lat. 113 á 121 -|- 74 á 75 P. guianensis (D. 28; A. 25; L. lat. 82 á 90 + 54 á 60 P, eigenmanni Potamorrhaphis guianensis, ('' soiomb. PIRÁ - PUCÚ D. 33 á 36; A. 29 á 31; Ps. 8; Vs. 6; L. lat. 113 á 121 -|- 74 á 75 Corpo subtetraedrico, comprimido apenas á contar do inicio da dor- sal, esta originando-se no inicio do quinto sexto do comprimento total (in- cluída a caudal) anal sob o sexto raio dorsal. Cabeça deprimida, 2 e 5/6 á2e 7/10 do comprimento total (excluída a caudal); rostro longo, a ma- xilla superior ligeiramente mais curta que a inferior que é mais larga e provida d'um processo membranoso anterior e de uma estreita fimbria la- teral, um sulco pouco profundo separa os dous intermaxillares em toda a extensão: duas á 3 ordens de dentes cónicos (caninos) em fila nos bordos das maxillas, os da serie interna três vezes maiores que os demais e se- parados equidistantemente entre si; um á dous poros, exteriormente sobre a base de cada canino, no bordo supero lateral da mandíbula superior; uma goteira curva une esses poros dous á dous, formando uma bordadura em relevo; na mandíbula os poros correspondem á base dos caninos e for- mam uma fila sem arcadas salientes; medida da ponta á orla orbital ante- rior, todo o rostro é contido 3 e 3/2 á 3 e 1/2 no comprimento total (sem a caudal). Valva nasal de direcção antero-inferior. Orbita 2 e 1/4 á 2 e 1/2 na porção postorbital do craneo 1 e 1/3 á 1 e 1/4 no espaço interorbital, onde ha uma goteira que se projecta entre duas cristas baixas e perfuradas por poros mucosos, até a articulação dos intermaxillares; duas cristas quasi rectas se projectam de sobre as orbitas á membrana opercular terminando á alguma distancia do angulo superior da abertura das guelras. Face es- camosa; operculo revestido de pelle. Branchiostegios 12; uma serie de po- ros vem dos mandibulares ao operculo pela orla inferior das bochechas e so- be, depois, por sobre a base do operculo, á encontrar a crista postorbitaria. Escamas pequenas, perfeitamente cycloides. A linha lateral origina-se adiante da base das peitoraes, á altura do ultimo raio inferior, desce até os lados do abdomen e, passando por sobre as ventraes, vae margear a anal na terceira linha de escamas, de baixo para cima. Peitoraes falca- das, 4 vezes no rostro, ventraes idem, terminando na vertical baixada do primeiro raio dorsal; esta nadadeira com os raios quasi eguaes, os poste- riores (com exclusão dos dous últimos) sendo os maiores. Anal com os cinco primeiros raios mais longos, formando um lobo anterior que se des- taca nitidamente dos demais raios; caudal lanceolada. 1) Guiantnsis, da Guyana. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL vol.— XVII 12 Pesquei 8 exemplares d'esta espécie em aguas do Rio Negro, em Ma- náos; todos apresentavam colorido virescente translúcido para a parte su- perior e argyreo para a inferior; uma facha escura que se tornava mais intensamente prateada, vinha da mandíbula, atravessando os olhos á 2/3 da altura e ganhava os lados da cauda; a parte membranosa do bico éra ru- bra sanguínea, não me recordo de ter visto a facha amarella viva, figurada por Schomburgk na caudal e dorsal. Não obstante, devo dizer que os ex- emplares aqui descriptos, conservados no alcool, apresentam uma estreita fimbria escura em ambas essas nadadeiras. O maior dos exemplares aqui descriptos mede 246 mm. Este Peixe-Agulha é muito commum nos arredores de Manáos e anda aos cardumes na superficie das aguas. Guiados por Steindachner que declarou não haver descripção no traba- lho de Roberto Schomburgk, Jordan & Fordice, na sua Revisão das Espé- cies Americanas de Belonidœ (Pr. U, S. Nat. Mus., pg. 359) dizem: "Belone guianensis «Schomburgk, Fish Guiana, 1841, II, est !, 131» (Guiana: nome só?)» e declaram, mais adiante, não terem tido em mãos o livro citado. Schomburgk dá uma referencia evidente d'esté peixe que elle diz "Rara- mente excede á 15 pollegadas de comprimento e foi apanhado no Rio Pada- uiri em Fevereiro; alimenta-se de insectos, coléoptères e cupins. As esca- mas são muito pequenas e deciduas. O intestino recto e a vesícula nata- toria é única e, se estende até a anal. O resto da descripção é tirada da estampa dada por Schomburgk 1), a qual aliás está errada no con- torno da nadadeira anal 2) que elle pinta semelhante á dorsal, isto é, sem o lobo proeminente anterior. Mas, como bem dizem Jordan & Fordice, a estampa e as palavras acima bastam para a identificação. Müller »S: Troschel que examinaram as collecções de peixes de Ricardo Schomburgk 2) (Schomburgk, Reise in British Guiana, III, 626) confirmaram a determinação e também erraram reunindo á esta espécie Tylosunis fimucu de Vai. 4); Jordan & Fordice não tiveram,, egualmente, os livros de Miil- 1) Os "Fishes of Guiana" de Roberto Schomburgk foram editadas sob as vistas de Wil- liam Jardine, por W. H. Lizards de Edimburg, em 18^3. As descripções das espécies eram quasi sempre feitas sobre notas juntas á collecção de desenhos daquelle viajante, ampliadas das observações que as estampas permittiam se fizesse. 2) Este erro é reproduzido por Jordan & Evermann (Buli. 47-U. S. Nat. Mus., 1, 1896) nota, pag. 708. 3) Irmão de Roberto Schomburgk que viajou na Guiana por conta da AUcmanha. 4) O peixe colligido pelo irmão de Roberto é, ao que parece, Tylosurus almeida. Quoy. Forma xiphíoide, alongada, comprimida, pequena. Cabeça alongada pela projecção das maxillas n'um rostro fraco; a maxilla superior é sem- pre menor e um pouco elevada na ponta. Dentes villiformes, muito redu- zidos e apenas perceptíveis por meio de lente, em uma serie externa na parte posterior dos intermaxillares. Maxillares curtos e largos, occultando- se sob os preorbitaes egualmente curtos e largos. Narinas duplas. Olhos lateraes. Preoperculo e operculo inermes, aquelle com o angulo mais ou menos saliente. Abertura branchial ampla, procedente de deante da orbi- ta, no mento. Rastros presentes, chaetiformes, contíguos. Branchias far- }as, passando o isthmo que fica occulto entre as duas franjas terminaes que são contorcidas e filiformes. Pharyngeanos inferiores unidos, os últi- mos superiores (4°) ausentes ou fundidos ao immediatamente anterior e den- ticulados. Escamas cycloides, deciduas; as da linha lateral guarnecidas por uma serie externa de bordo triangular; linha lateral abdominal, nascen- do no isthmo e morrendo no pedúnculo, sobre a base das pinnulas anaes, Peitoraes plicadas sobre a base formando calha complementar d'uma ca- réna post- temporal cutanea Ventraes abdominaes. Dorsal e anal sub- triangulares, posteriores, oppostas e seguidas d'uma serie de pinnulas. Caudal geralmente furcada. Vesícula natatoria simples, appendices pylo- ricos ausentes. Género do Atlântico; 1) Scombresox, género referido, eidos, semelhante. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL VOl. — XVIl 2 SCOMBRESOX, (') Lacépède Hist. Nat. Poiss.. V, pg. 344-1803 Ossos da bocca projectando-se para frente em urn rostro achatado que se desenvolve até a edade adulta. Preorbitaes longos, recobrindo em parte os curtos maxillares; linha de poros sobre a cabeça margeando o contorno da base da mandibula e preoperculo; no corpo a parte do perfil ab- dominal. Ventraes posteriores ao meio do corpo; dorsal e anal ao se- gundo terço; uma serie de pinnulas posterior á estas nadadeiras: Scombresox saurus, <-> (Wab) D. 9 + VI; A 12 + VI, L. lat. 110 Rostro mais longo do que a cabeça, no adulto, as duas maxillas sen- do deprimidas, lamellares como em xiphias gladias mas a inferior é mais longa. Olivaceo superiormente, argyreo inferiormente, sendo a separação das duas cores intensamente definida por um duplo debrum escuro que, forma uma faxa prateada, lateral, de largura da orbita, em todo o flanco. Tenho em mente haver marcado a presença desta espécie em aguas brasi- leiras, perdendo entretanto os meus pontos de referencias; comíudo essa lacuna é supprida pela distribuição geographica do animal que habita o Atlântico, desde Cap. Cod. na America do Norte, costas da Europa e da Africa e foi constatado em aguas de Montevideo pelo Dr. Carlos Berg. 1) Scomber e Esox os dous generös á que se pode referir a combinação de caractères que mostrain as espécies d'esté género. 2) Saurus, s«urio, lagarto. H EM I RH A M PH iD/E (1) Forma alongada, de contornos superior e inferior medianos subpa- rallelos e flancos mais ou menos comprimidos. Cabeça alongada mais geralmente pela projecção anterior da mandíbula que se desenvolve n'um hemi rostro marginado por uma membrana delgada e possuindo outra in- feriormente disposta, mais ou menos desenvolvida em bolsa para a região guiar. Emquanto isto, os iníermaxillares dilatados e curtos, constituem uma lamina triangular, cujos bordos são providos d'uma facha de dentes geral- mente tricúspides. Essa faxa corresponde á outra em um semicírculo da base da mandíbula. Maxillares firmes nos intermaxillares estreitos, cur- tos e curvos e assim mesmo occultando-se sob os preorbitaes que são mediocremente expandidos. Narinas n'uma pupilla dérmica ao meio d'uma depressão antero superior ás orbitas. Estas lateraes sendo os olhos de bordos livres. Peças operculares unidas pelo recebimento de escamas, que, no operculo, são muito grandes e geralmente únicas. Rastros lamel- lares; abertura branchial ampla, desde a região guiar, sendo o isthmo envolvido pelas branchias. Escamas cycloides, deciduas, grandes; reco- brem mais ou menos as nadadeiras dorsal e anal. Linha lateral acompa- nhando o perfil abdominal, não percorrendo a caudal. Peitoraes subtri- angulares, decumbentes posteriormente, em seguimento á uma calha post- temporal. Ventraes posteriores ao meio do corpo. Dorsal única, ante- rior á origem da anal ou quasi symetrica com esta. Caudal mais geral- mente furcada e tendo o lobo inferior mais desenvolvido que o superior. Appendices pyloricos ausentes. Vesícula natatoria simples ou cellulosa. 1) Hemirhamphus, género referido; eidos, semelhante. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL vol. — XVH 2 Vertebras 50. Terceiro pharyngeano superior unido ao immédiate 6 0 4" ausente . Inferior triangular. Peixes pequenos, herbívoros, oviparos ou viviparos e, neste caso, lendo os machos a anal modificada. I Flancos convergente inferiormente; anal no mesmo plano que a dorsal Hyporhamphus Flancos parallelos; anal sob o meio da dorsal . . Hemirhamphus HYPORHAMPHUS, (1) Oiii. Proc. Acad. Nat. Sei. Philad., pg. 131—1859 Linha lateral disposta em carena pouco evidente, não formando sali- ência de modo á tornar os flancos parallelos, nem a face thoraco abdomi- nal opprimida. Dorsal quasi perfeitamente symetrica com a anal. Ven- traes anteriores á dorsal e a anal, pelo menos de um diâmetro. Vesícula natatoria simples. Membrana submandibular ampla, dilatada em sacco proximo da região guiar que é áspera e, ás vezes recoberta de escamas . Espécies brasileiras: i Região guiar escamosa; ventraes separadas da anal peio triplo de seu maior diaiueíro H. unifasciatas Região guiar núa; ventraes separadas da anal por um único diâmetro. . . //. kronei Hyporrhamphus unifasciatus (^> (Ranz) D. 14; A. 17; L. lat. 54 Cabeça 4 e 5/6 no comprimento que vae do extremo anterior dos in- termaxillares até a base da caudal; altura 7 e 2/3 n'esse comprimento. Diâmetro orbítario 1 e 1/2 vezes na extensão que vae do seu bordo ante- rior ao extremo dos íntermaxíllares e 4 vezes na que vae d'ahi á margem do operculo e 1 vez e 1/6 no espaço interorbital. Divisão preopercular da opercular imperceptível. Rastros 8/20. Dorsal egualando ao compri mento que vae da orla anterior da orbita á opercular, decumbente poste- riormente; ventraes isoladas da anal pelo triplo de sua extensão; anal originando -se sob o 2° raio dorsal e ambas as nadadeiras sub-falcadas e 1) Hypo, em baixo; rhamphos, bico. 2) Unas um (uma vez); fasciatus, fasciado. A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES densamente escamosas; caudal furcada com o lobo inferior mais desenvol- vido que o superior. Linha lateral pouco saliente. Olivaceo superior- )f^ mente, argyreo translúcido inferiormente; uma faxa prateada, intensa e de ^^ diâmetro egual ao da pupilla, vae da axilla das peitoraes ao meio da base da caudal, sendo mais larga entre a dorsal e anal, 275 mm. Habitat: Atlântico Occidental de Key West, na America do Norte ao Rio de Janeiro. Temos duvida á respeito da affirmação de Berg, do en- contro desta espécie em aguas de Montividéo, por nos parecer que a ci- tada por elle sob o nome unifasciatus seja, talvez, a adiante descripta . Hyporhamphus kronei, <') nob. D. 15; A. 16; L. lat. 56 Cabeça da ponta dus intermaxillares á base da caudal 4el/2 altura 9 vezes n'essa dimensão; orbita 1 e 1/2 vezes no focintio (sem contar a mandíbula) e 3 e 2/3 na cabeça. Peitoral menor que o comprimento que vae da orla anterior da cabeça a orla opercular. Ventraes separadas da anal por um proprio comprimento. Anal sob o 3° raio dorsal e ambos as nadadeiras falcadas. Caudal na forma commum. Região guiar não escamosa. Cor translúcida. Uma faxa argyrea mais apparente entre a dorsal e a anal. Nadadeiras denegridas. Um exemplar, de uns 20 centí- metros de comprimento, me foi remettido de Iguape pelo Snr. Ricardo Krone, á cujo nome dedico a espécie. HEMIRHAMPHUS, (2) Cuv. Régne Anim., 1817 Escamas da linha lateral n'uma carena abdominal que se dirige á base da anal, no mesmo plano vertical que o contorno lateral supeior dos flancos o que torna estes verticaes e o abdomen sub-opprimido. Anal originando- se sob o meio da dorsal. Ventraes espessas com o aculeo forte e tocando com o extremo p^osterior o piano vertical do inicio da dorsal. Escamas operculares grandes, de contorno egual á forma d'aquelle órgão. Os de- mais caracteres contidos na diagnose da familia. Espécie brasileira: 1) Pharm Ricardo Krone 2) Hemi, meio; rhamphos, bico, rostre. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL VOl . — XVII 4 Hemirbamphus brasiliensis, ^'^ (l.) D. 14; A. 10 á 12; Vs. 1 + 5; L. lat. 56 Cabeça até o extremo dos intermaxillares, 1/4 do comprimento que d'ahi vae á base da caudal; orbita 3 e 5/6 no que vae até a orla do oper- culo e exactamente uma vez no espaço interorbital. Dentição acicular nos intermaxillares e no bordo da dspressão mandibular que corresponde aos intermaxillares. Maxillares espessos, occultando-se um pouco sob os preorbitaes. Preoperculo de bordo livre, triangular, sendo o angulo agudo; operculo lamelloso. Escamas grandes, as da linha lateral em carena ab- dominal recta e saliente, as do abdomen egualmente grandes o que é fa- cilmente comprehendido pela depressão que ahi se nota. Duas escamas recobrem o operculo. Peitoraes grandes, largas, eguaes ao comprimento que vae dos maxillares ao bordo opercular, inclinadas da base para traz e para baixo. Ventraes egualmente largas e fortes 1/2 das peitoraes e situadas no inicio do ultimo terço da distancia que vae dos intermaxillares á base da caudal. Anal nascendo sob o meio da base da dorsal. Caudal ligeiramente curva para baixo com o lobo inferior muitt) mais forte e am- plo que o superior. Cor argyrea uniforme, um pouco azeitonada para o dorso. Cerca de 35 centímetros. Habitat: De Key West até a Bahia. 1) Brasiliensis—brasiliense ou brasileiro. EIXOCCEITIDyqE: (1) Peixes sub-cIa»fiformes, moderadamente comprimidos ou sub-quadran- gulares em um corte transverso. Cabeça robusta, superiormente deprimida; bocca pequena, antero superior, tendo os intermaxillares não protracteis, os niaxiilares estreitos e occultando-se sob os preorbitaes que são especial- mente entumecidos em curva, de modo á lembrar vagamente os maxillares das Clupeas. Narinas duplas. Olhos lateraes, grandes, sem membrana adiposa, circulares. Operculo inerme; abertura branchial ampla, desde o isthmo. Escamas cycloides, moderadas. Linha lateral presente, corren- do pelo contorno inferior do corpo. Peitoraes triangulares, longas e fortes, adaptadas ao vôo planado fora d'agua; ventraes idem. Dorsal e anal sim- ples, sem aculeo, situadas na parte posterior do corpo e oppostas. Caudal furcada, com o lobo inferior grandemente maior que o superior. Dentes nem sempre presentes, fracos e pequenos. Pseudobranchias presentes, glandulares. Ossos pharyngeanos inferiores unidos em placa concava, ar- mada de dentes tricúspides. Quarto pharygeano superior soldado ao an- tecedente e todos providos dos mesmos dentes tricúspides. Mais ou menos 50 vertebras. Zygapophyses ausentes. Caecos pyloricos ausentes. Os exocoetideos são conhecidos no mundo pelo nome de Peixes- Voadores; no Brasil chamam-n'os mais justamente Tainhotas-Voadeiras. São gran- demente sociáveis, deixam-se ver com frequência voando fora d'agua, á passagem dos navios, succedendo frequentemente cahirem á bordo. O vôo d'esses animaes é, comtudo, imperfeito e consiste apenas no vôo planado, de diricção quasi sempre rectilínea: o animal lança-se fora d'agua (1) Exocœtus, género referido; eidos, semelhante. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL vol. — XVit 2 com OS movimentos bruscos da nadadeira caudal, levando as peitoraes e ventraes colladas ao corpo; assim que transpõe o meio liquido, distende es- tas nadadeiras e as conserva fixas, dispostas, abertas, transversalmente ao corpo as primeiras; as ventraes, ao contrario, ficam um pouco em angu- lo e ao principio do movimento, no ar, tocam á agua; a caudal con- tinua os movimentos vigorosos e lateraes, primeiramente tendo mergulhado o lobo inferior — maior que o superior — e, por fim, espadanando apenas o ar; já então o peixe paira á alguns 10 ou 12 metros sobre a agua. Com a velocidade adquirida, desloca-se, em curva alongada, para cahir n'agua ou- tra vez. Dado o impulso o peixe não se move mais, deslocando-se perfeita- mente como um pequeno aeroplano. Frederico Villar, transcreve nas suas conferencias sobre a Pesca no Brasil o seguinte trecho d'uma conferencia do Sr. Domingos Barros, reali- zada em 1908, na Exposição Nacional do Rio de Janeiro. «As pescaria do Canal (de São Roque do Rio Grande do Norte) são celebres em toda a população ribeirinha que vive dos productos do mar. Pesca curiosa e interessante é a do voador. Da praia o pescador avista, ao longe a manta de voadores voando em certa direcção. Rápido apresta a jangada e larga. Nas visinhança do cardume que intencionalmente pro- curou em direcção opposta ao vento, esmaga e esfrega, nos bordos da em- barcação, intestinos de peixes anteriormente apanhados. E' o engodo e é quanto basta. Mal sentem o cheiro acre e oleoso das entranhas esmaga- das, saltam das aguas e sustidos no mar por suas longas barbatanas mem- branosas, precipitam-se para a jangada, como mariposas para a luz. Os pes- cadores limitam-se á apanhal-os e a encher saccos e samburás. Occa- siões há de tamanha abundância que o barco, excedido o limite da fluctua- ção, ameaça sossobrar sob a carga incessante que lhe chove do mar e (curio- sa inverção dos papeis) é agora o caçador que, á força de remos, foge para terra, perseguido largo espaço pela caça insolente e pertinaz». Frederico Villar-Pesca no Brasil, Pg. 14—1911. D 'esta familia que contem 4 géneros, está, apenas, constatado em aguas brasileiras o género CYPSILUR0S,(1) Swainson Nat. Hist. Cias. Fisches pg. 296—1839 Sub-claviformes, sub-quadrangulares. Cabeça sub-truncada anterior- mente, bocca antero superior, com os intermaxillares livres dos maxillares e (1) Cypsilos, andorinhão ; oura, cauda. 3 A. DE MIRANDA RIBEIRO — PAUNA BRASILIENSE — PEIXES dentição frequentemente ausente; joven, ás vezes com barbilhões mentaes. Dorsal e anal oppostas, médiocres, únicas. Vesicula natatoria presente. Espécies constatadas no Brasil : 1 Cabeça 4 e 1/2, altura 5 e 4/5 C. heterurus Cabeça 4, altura 5 C. bahiensis Ventraes^á meia distancia entre a orla oper- cular e a base da caudal A. 9 á 10. Dorsal negra na ametade anterior C. nigricans A. II. Uorsal maculada de negro C. cyanopfents Cypsilurus heterurus^'^ (Rafinesque) D. 14; A. 9; L. lat. 46 TAINHOTA - VOADEIRA Cabeça 4 e 1/2; altura 5 e 4/5; olhos 3 e 1/4, na cabeça 1 e 2/5 no es- paço interorbital. Plano da cabeça sub-trapezoide, com o focinho trans- versamente truncado; maxillares chegando á meia distancia da orbita. Pei- toraes attingindo a base da cauda, sem segundo raio dividido; ventraes at- tingindo o meio da caudal; lobo superior da caudal 1 e 1/2 vezes no inferior. Negro purpúreo superiormente, branco inferiormente; uma tarja branca, obli- qua e pouco definida atraz das peitoraes. Um exemplar de 345 mm. que me foi trazido do Mercado do Rio pela Sr. Eduardo de Siqueira, ex-naturalista do Museu Nacional. Cypsilurus bahiensis (^^ (Ranzani) «Cabeça 4; altura 5; olhos 3.1; focinho 4.25; espaço interorbital 3; D. 13; A. 9; escamas 50. Peitoraes chegando aos últimos raios dorsaes e (1) (Gr.) heteros, différente; oura, cauda. (2) Bahiensis., da Bahia. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL VOl. — XVII 4 anaes, segundo raio dividido; terceiro e quarto os mais longos; ventraes mais longas que a cabeça chegando á ponta das peitoraes, sua origem bem á meio da distancia entre o meio do operculo e a ultima vertebra caudal; Dorsal consideravelmente á frente da anal, sua base quasi o dobro da anal caudal amplamente furcada, com o lobo inferior maior. Azulado superior- mente, prateado nos lados. Peitoraes quasi uniformemente escuras-azula- das exteriormente. Ventraes e anal pallidas, dorsal idem, caudal obscura.» (Evermann & Marsh.) Habitat: De Cuba á Bahia, no Atlântico Occidental. Cypsilurus nigricans/'^ (Bennet) «Cabeça 4 e 1/4 no corpo; altura 5 e 2/3; focinho 4 na cabeça; olhos 3 e 1/4. D. 14; A. 9 á 10; escamas cerca de 52, 27 adiante das ventraes, 26 adiante das dorsaes. Anal curta, sua inserção posterior ao primeiro raio da base do dorsal, seu raio 9 ou 10; segundo raio peitoral dividido (1\ simples) terceiro e quarto mais longos; ventraes inseridas á meia distancia entre a margem posterior do preoperculo e a ultima vertebra cadual; peitoraes não colloridas uniformemente; sua metade posterior, ventraes e dorsal antes abruptamente negras; anal branca, comprimento das pei- toraes 1 e 1/3 do corpo; sua ponta chegando quasi á base da caudal; primeiro raio peitoral 1 e 4/5 no comprimento do maior; ventraes 2 e 4/5 no comprimento do corpo, sua ponta chegando á ponta do ultimo raio anal; dorsal antes elevada, seu maior raio 1 e 1/3 na cabeça; mais longo raio anal 3 e 1/2 vezes na cabeça; lobo caudal inferior cerca de 1/4 mais comprido do que a cabeça. Espaço interorbital largo, ligeiramente concavo, sua largura 2 e 2/3 na cabeça; altura da cabe- ça 1 e 2/3. no seu comprimento 3. Comprimento 10 pollegadas. Mares tro- picaes, norte até Cuba, America Central e França; não muito commum, reco- nhecida á primeira vista pela sua dorsal elevada, negra, na ametade anterior. O exemplar aqui descripto procede do Atlântico ao largo do Brasil» (Jordan & Everm.) Cypsilurus cyanopterus/^) (Cuv. &vai.) «D. 12; A. 11. Segundo raio peitoral dividido, o primeiro 3/5 do com- primento da nadadeira. Focinho pontudo; área interorbital concava, trans- (1) nigricans (lat.) denegrido. (1) (Gr.) cyanos, roxo ; pteron (aza) nadadeira. 5 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BARSILIENSE — PEIXES versamente Focinho 3 e 1/2 na cabeça; olhos 3 e 1/3; cauda forte; dorsal moderadamente elevada, sua base mais longa do que a do ulti- mo raio anal. Inserção da anal consideravelmente posterior á da dorsal. Peitoraes projectando-se alem das pontas do ultimo raio dorsal e anal. Ven- traes não perfeitamente até a base do ultimo raio. Inserção das ven- traes á meio caminho entre a base da caudal e a orla do preoperculo. Na- dadeiras pallidas excepto para uma nódoa redonda, negra, do diâmetro dos olhos, no extremo dos raios dorsaes medianos; ventraes brancas. Costas do Brasil e mar Caraiba; raro, afim de Exocoeíus bahiensis e talvez nem mes- mo distincto; também colhido nas ilhas James do Archipelago de Galapagos. Os raios anaes são menos numeroros em E bahiensis do que no typo ori- ginal de E. cyanopterus do qual a descripção supra é tomada» (Jordan & Evermann). «> TREMATOLEPIDES (1) Physoclites subclaviformes, de tamanho moderado, revestidos de escamas cycloides mais ou menos laciniadas. Linha lateral substituída por duetos mucosos, esparsos em quasi todo o peixe ou apenas abaixo da linha mediana. Duas dorsaes, a primeira óssea. Anal com 1 á 3 raios. Pel- vianos ligados á symphyse dos cleithros ou firmemente unida ás post-clavi- culas. Costellas com parapophyses robustas. Estômago transverso, em forma de moella. ff^ I Duetos mucosos era todo o corpo; U á Hl aculeos anaes... Mugilidce li CO f Duetos mucosos abaixo da linha mediana dos flancos; um ^ V acuieo anal Atherinidce MUGII_ID/E(2> Percesoces subclaviformes, comprimidos posteriormente, subdeprimi- dos anteriormente, até a região cervical. Hocca anterior, de hiato triangu- 1) Trema, abertura, poro; lepis, escama. 2) Mugil, jjenero typico; eidos, semelhante. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL vol . — XVII 2 lar, provida de dentes ciliares, curvos, nem sempre presentes e em uma serie sobre os lábios. Estes mais ou menos espessos. Maxillares delgados, subcutâneos. Preorbitaes serrilhados no bordo anterior. Olhos lateraes, na ametade anterior da cabeça, providos ou não de pálpebra adiposa am- plamente desenvolvida. Preoperculo inteiro, curto, subcutâneo; operculo amplo; abertura branchial ampla; isthmo largo; pseudobranchias presentes. Rastros longos, setiformes, numerosos, nos dous ramos do primeiro arco branchial. Escamas subciliadas, grandes, translúcidas; linha lateral inexis- tente, ao contrario quasi todas as escamas do corpo com um tubo mucoso. Dorsal dupla, a anterior espinhosa, pequena, muito afastada da segunda, que émais ou menos escamosa. Anal opposta á segunda dorsal, symetrica com esta na forma e mais ou menos escamosa. Ventraes posteriores ás peito- raes, francamente desenvolvidas. Peitoraes subtriangulares. Caudal mais ou menos furcada ou lunada e oesophago provido de plicarnentos cutâneos longitudinaes. Estômago disposto transversalmente e constituído de duas lojas, uma correspondente á parte cardíaca, delgada e membranosa; outra correspondente á pylorica, musculosa e terminando n'um intestino multipla- mente plicado em circumvoluções diversas, reunidas entre si por um mesente- ric resistente. Appendices pyloricos ausentes. 24 vertebras. Os peixes d'esta família são vulgarmente conhecidos pelos nomes de Tainhas e Paratys e constituem uma boa fonte industrial. Grandemente prolífico e migratórios apparecem em grandes bandos nos mezes de Setem- bro e Outubro, sendo então pescados em grandes porções. Procuram ge- ralmente as enseadas d'agua salobra ou sobem os cursos dos rios para desovar. Alimentam-se de substancias orgânicas depositadas na areia ou no lodo do fundo do mar, e são distribuídas, no Brasil, pelos seguintes gé- neros; Dimensões maiores. Pálpebra adiposa presente; aculeos anaes lU—Mugií. Pequenas dimensões. » * ausente; » » U—Querimana. MUGIL, (1) Linnaeus Syst. Nat., pg. 316-1758 Forma descripta na diagnose de familia. Os olhos são densamente providos de uma membrana adiposa que se estende muito para os seus dous lados anterior e posterior. Dentes nem sempre presentes, muito moveis. 1) Mugil, do verbo mulgo, ordenhar, allusão á forma da bocca destes peixes. 3 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES Lábio superior mais ou menos largo em triangulo de vértice sobre os pro- cessos estyliformes dos intermaxillares. Anal com 3 aculeos perfeitamente differenciados. Formas maiores, crescendo até cerca de 90 centímetros. Espécies constatadas em aguas brasileiras: Dorsal e anal apenas provi- /Peitoral á muito /23 escamas entre a dorsal e a das de uma serie interra-í menos de 1 dia-l ponta do focinho L. iat. 40. Aí. cephalus dial de escamas; escamasl metro do plano* do corpo com o centro es-\ da dorsal JL. Iat. 33 á 36; 21 escamas en- curo donde series de estri--^ f ^J.ç ^ dorsal e a ponta do ascineraespelo corpo....) ^ focinho M. lisa Peitoral á 1 diâmetro do plano da 1* dorsal m. platamus ÍL. Iat. 42 á 45 Dorsal justamen- te á meia distancia entre o fo- cinho e a base da caudal m. incilis ás vezes|ausentes. \ trias do corpo ausentes. . . / (^ ^.j^^o e a base da caudal .... m. curema Dorsal e anal espessamentel V. Iat. 35 Dorsal posterior ao recoberta de escamas; es-\ f ^^-^ ^^ distancia entre o fo- Dentes intermaxillares distinctamente muito maiores que os mandibulares Aí. trtchodon Mugil cephalus, O) Conhecemos esta tainha de um único exemplar procedente da America do Norte e representante da variedade conhecida por Mugil mexicana de Steindachner, por isso preferimos aqui dar na integra a descripção de Jordan e Swain: «Corpo notavelmente robusto, algo comprimido; sua altura moderada. Focinho estreito e pontudo, seu perfil superior pouco menos obliquo do que o inferior. Espaço interorbital ligeiramente convexo, 2 e 2/5 na cabeça. Lábio superior fino. Espaço, no queixo, entre os mandibulares, oblanceo- lado, acuminado posteriormente. Preorbital estreito e quasi recobrindo os 1) Cephalus, cabeça. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL VOl. — XVII 4 maxillares. Olhos escondidos anteriormente e posteriormente por uma larga membrana adiposa. Dentes contíguos, pequenos, porém evidentes. Escamas pequenas; cerca de 33 grandes escamas entre a origem da dorsal e a ponta do focinho; escamas no alto da cabeça ligeiramente maiores; 2* dor- sal e anal com raras escamas. Margem da 2^ dorsal concava, o sétimo raio o mais curto, 2 e 1/2 vezes no comprimento do segundo ou mais longo raio; anal semelhante á 2^ dorsal, porém menos concava. Peitoraes chegando quasi á frente da dorsal espinhosa; caudal profundamente furcada. Côr azul escura superiormente, lados prateados, com estrias escuras conspícuas, ao longo de cada serie de escamas; amarello pallido inferiormente; ventraes amarelladas, outras nadadeiras escuras. Habitat: Atlântico, Costas da Europa, Africa e America, de Cap Cod até o Brasil» . Jordan & Swain. Mugil lisa, (') Cuv. & Val. TAINHA D. IV + I, 8; A. III + 8; L. lat. 33 á 36; L. tr. 13 Cabeça 4á4e1/2, altura 4/7 á 5. Orbita 4. Dentes intermaxil- lares pouco maiores que os mandibulares; lábios estreitos; narinas anterio- res tendo do seu lado superior dous pequenos poros mucosos; abertura branchial desde sob a vertical do meio da pupilla; peitoraes attingindo a fila obliqua de escamas que desce do primeiro aculeo dorsal e tendo uma es- cama axillar longa pouco apparente. Segunda dorsal e anal tendo escamas apenas em uma serie nas membranas, entre os raios; ventraes posteriores ao meio da distancia que vem do mento ao 1° aculeo anal. Caudal sub- lunada. Todas as escamas tendo um tubo mucoso longitudinal, 21 entre a ponta do focinho e a primeira dorsal; as escamas pequenas são em pequeno numero sobre o focinho e em curta tarja preorbital. Cor olivacea no dorso, argyrea nos flancos e abdomen; uma estria escura sobre cada serie de es- camas, nos flancos. O exemplar que sérvio á presente descripção procede de Iguape, S. Paulo, donde me foi mandado pelo Snr. Ricardo Krone; mede cerca de 30 centímetros. 1) Lisa, nome vulgar do peixe na America Central. 5 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES Mugil platanUS, <') Günther TAINHA D. IV + I, 8; A. Ill + 8; L. lat. 35 á 39; L. tr. 14 à 15 Cabeça 4 e 1 2 á 5 e 1/3 até a base da caudal. Peitoraes pequenas mal attingindo á vertical levantada da base das ventraes e eguaes á 1/2 da distancia que vae da sua base á vertical baixada do primeiro aculeo dorsal. 2* dorsal e anal tendo poucas escamas anteriores e o bordo terminal falca- do. Caudal sub-lunada. Dentição muito reduzida e lábios estreitos. Co- loração olivacea denegrida superiormente, argyrea lateral e inferiormente. As maculas das escamas formam estrias longitudinaes plúmbeas. E' a maior tainiia das aguas brasileiras, attingindo á 90 centímetros de comprimento, tal como se pode verificar no exemplar que mandei preparar para a Inspectoria de Pesca do Ministério, da Agricultura e lá se encontra. Na epocha da desova (Agosto á Setembro) apparece cm grandes bandos, sendo pescada aos milheiros. Mugil inciliS, ^-^ Hanc. D. IV + 9; A. III 4 9; L. lat. 42 á 45 Cabeça 4 e 1/5 no comprimento; altura 4 e 4/5. Angulo da bocca passando um pouco a orla orbitaria anterior, tendo a mandíbula a symphyse saliente para cima e para dentro; lábios delgados; dentes ciliares, isolados e grandemente moveis; os dos intermaxillares três vezes maiores que os mandibulares. As narinas formam com um poro sub nasal um triangulo isoscele anterior á orla anterior da pálpebra adiposa. Olhos 4 vezes na ca- beça e é pouco mais de 1/2 diâmetro da ponta do focinho. Abertura bran- chial ampla; juncção das membranas branchiostegas no plano vertical da orla posterior da iris; isthmo livre, envolvido pela membrana e sendo sob essa mesma membrana excavadoem calha. Escamas cycloides,tubuladas; as do focinho e lados da bocca muito pequenas; só a P nadadeira dorsal é nua e a segunda d'esse nome nasce sobre a vertical da base do segundo raio anal. A primeira dorsal tem o primeiro aculeo justamente a meio da 1) Platanus, do Rio da Prata . 2) InciliS, (iat.) que entra nos drenos. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL VOl . — XVH 6 distancia que vae da ponta do focinho ao primeiro raio basilar superior da caudal que é pouco entalhada. As ventraes nascem em meio da distancia que vae do focinho ao primeiro aculeo anal. OHvacea superiormente, ar- gyrea lateral e inferiormente; as nadadeiras amarelladas. 38 cms. Dous exemplares que serviram á presente descripção me foram trazidos de Sa- pucaia, sobre o rio Parahyba, pelo meu amigo Snr. Carlos Moreira, em 16 de Fevereiro de 1911. Mugil curema, "^ cuv. & vai. PARATY-OLHO-DE-FOQO D. IV + 9; A. III + 10; L. lat. 35 Cabeça 4 e 1/10; altura 3 e 1/6. Dentição intermaxillar egual ou mais baixa do que a do mandibular; uma depressão circular acima da narina an- terior; olhos 3 e 5/6 na cabeça; peitoraes curtas, tendo uma escama basilar alongada servindo de encosto ao dorso da nadadeira com a carena que for- ma. Dorsal posterior ao meio da distancia entre a ponta do focinho e a base da caudal; ventraes posteriores ao meio da distancia entre a ponta do focinho e o primeiro aculeo anal; caudal amplamente lunada; escamas com os centros escuros. Parte superior olivacea escura, inferior e lateral argy- rea. No mais como em M. incilis. 29 cms. O exemplar que sérvio á pre- sente descripção procede da Bahia (Plataforma) d'onde foi trazido em 1876. Mugil trichodon, <2> Poey PARATY D. IV + 1,8; A. III -i- 8; L. lat. 33; L. tr. 13 Cabeça 3 e 1/2; altura 4. Denticulações preorbitaes bastante fortes e salientes. Dentes intermaxillares muito mais espessos e maiores que os mandibulares, dispostos separadamente. Dous poros amplos na symphyse e dous, em linha recta, abaixo da narina anterior. Olhos 3 e 1/4 na cabeça; 1 e 1/5 no espaço interorbital. Peitoraes quasi attingindo o plano posterior da axilla das ventraes, afastados, porém, do da V dorsal. 2^ dorsal e anal 1) Curema, em vez de *Curiman^, brasílico. 2) Jrichos, cabello; odous, dente, allusão á forma dos dentes. 7 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES sub-falcadas, esta ultima um pouco anterior á primeira citada. As ventraes são do tamanlio das peitoraes e a caudal é lunada. Coloração olivacea superiormente, argyrea nos flancos. QUERIMANA, O jord. & Giib. Pr. U. S Nat. Mus., pg. 588-1883 Apenas se distingue do género Mugil pela ausência de pálpebra adi- posa, pela constância de II aculeos na anal e pelo tamanho raramente ex- cedente de 5 centímetros. Espécies brasileiras: / Olhos maiores que o focinho, os premaxillares ficando com o extremo sob as orbitas, coloração uniforme Q. brevirostris Olhos menores que o focinho os premaxillares não attingindo a orla anterior da orbita, coloração irregularmente punctulata de escuro. Q. curvidens Querimana brevirostris, ^^^ sp. nov. D. IV + 8; A. II + 9; L. lat. 33 Cabeça egual á altura, 3 vezes no comprimento até a base da caudal; olhos 3 e 1/6 na cabeça, sem membrana adiposa; preorbital estreito, espi- nhoso no bordo, tendo 3 poros mucosos; região isthmica alongada, lanceo- lada no mento, styliforme posteriormente, com cerca de 5 poros em cada lado na parte mentoniana. Dentes curvos e grandemente moveis, os da mandíbula podem se inclinar para fora. As peitoraes attingem a vertical baixada da base do primeiro aculeo dorsal. 2^ dorsal sobre o 5° raio anal. Focinho nú. Coloração prateada, olivacea superiormente, albicante inferiormente. Vários exemplares, em alcool, medindo 53 millimetros, e tendo apenas a procedência — Brasil. 1) Querimana, nome vulgar, hispano-americano (Am. Central). 2) Brevirostris, de focinho curto. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL VOl. — XVU 8 Querimana curvidens/^) cuv. & vai. . D. IV + 8; A. II + 9 Diffère da espécie precedente por ter os dentes da mandibula curvos para fora e para baixo, como os da maxilla superior, ö seu focinho é maior que o diâmetro orbitario (pela estampa) e os premaxillares apenas chegan- do á vertical da orla anterior da orbita. Cuvier & Valenciennes faliam em 3 aculeos anaes; deve ter sido engano daquelles naturalistas, porque o pri- meiro raio dessa nadadeira é simples e rijo, sendo, entretanto, articulado. Querimana curvidens é figurada como finamente punctulada de escuro, nos lados do abdomen. No mais a descripção e desenho dados por Cuvier & Valenciennes combinam perfeitamente com a da espécie anterior. Habitat: Ilha da Ascensão— Bahia. ATHERINIDyŒ:^^) Peixes de dimensões médiocres e subclaviformes', subcylindricos ou comprimidos lateralmente. Bocca antero-superior, protractil; intermaxillares rectos ou curvos e, n'este caso, dilatados no extremo posterior, providos de dentes pequenos curvos, em duas ou mais series; vomer geralmente eden- tulo, mais raramente providos de três grupos de dentes isolados; mandibu- lares dentados como os intermaxillares. Maxillares estreitos, curvos, oc- cultando-se sob os preorbitaes. Narinas duplas. Olhos lateraes, sem membrana adiposa; preoperculo e operculo isolados, mais ou mais occultos sob as escamas. Rastros chaetiformes, numerosos. Abertura branchial ampla, desde o isthmo, que tem a parte anterior descoberta. Escamas cy- 1) Curvidens, de dentes curvos. 2) Atherina, género typico; eidos, semelhante. Atherina (^) lessoní, cuv. qE:<'> Peixes de forma cylindroide e focinho grandemente prognatha, tendo os ossos rugosos e expostos e formando ura tubo dilatavel peio ligamento dos ossos do lado inferior do rostro. Bocca anterior, protractil provida de dentes cardiformes porém pequenos, em series nos intermaxillares, man- dibulares, vomer e palatinos. Narinas duplas, próximas dos olhos; estes lateraes, de orla livre. Preoperculo grandemente alongado e obliquamente disposto sob a orbita, para frente; operculo e interoperculo inermes, de bordo membranaceo. Abertura branchial ampla. Rastros indistinctos. Branchiostegos 6 á 7. Pelle glabra ou recoberta de placas ósseas, aci- culadas; L. lateral com escudos rudimentares. Peitoraes lateraes, am- plas. Ventraes mais ou menos á meio corpo e sub-lateraes. Dorsal única, opposta e symetrica com a anal, na parte posterior do corpo. As quatro prii leiras vertebras anteriores grandemente alongadas e reunidas entre si, de modo á formar uma peça única, em que ficam confundidas as neurespi- nas, n'uma lamina vertical. Vertebras 48 á 49+28 á 33. Vesícula natatoria e appendices pyloricos presentes. Género único: FISTULARIA, (2) Linnaeus Syst. Nat., Ed. X pg. 312-1758 ' Corpo cylindrico ou subcylindrico por uma depressão dorsal; cabeça grande pela projecção anterior do focinho no sentido do eixo do corpo; 1) Fistularia, género referido; eidos, semelhante. 2) (Ut.) Flautista. ARCHlVOS DO MUSEU NACIONAL VOl. — XVII 2 focinho quasi très vezes maior que o resto do craneo e tendo a forma tu- builar e terminando pela bocca anterior, provida de dentes agudos porém médiocres, em uma serie nos intermaxillares e mandíbula; alguns dentes iso- lados na linha mediana do vomer; ossos do craneo e rostro niís; pelle gla- bra ou recoberta de placas ósseas, aciculadas, pequeníssimas e ásperas. Linha lateral provida de uma serie de escudos ósseos, pequenos, subcutâ- neos. Dorsal única, pequena, collocada em opposição á anal e situada mais ou menos sob o inicio do ultimo quinto de todo o corpo; peitoraes largas, curtas; ventraes um tanto anteriores ao meio do corpo. Caudal furcada com um filamento mediano mais ou menos longo. Espécies brasileiras: r Ossos da cabeça quando muito granulares; pelle glabra; coloração olivacea ma- culada de azul F. tabacaria fOssos da cabeça fortemente serrilhados; pelle áspera; coloração rubra uniforme ou transfaciada de mais escuro F. rubra Fistularia tabacaria, (^) l. TROMBETA D. 14; A. 13, L. lat. 86 Cabeça 1/3 do comprimento até a base da caudal. Olhos 15 vezes na cabeça 1 1 no focinho, pouco mais de 1 vez no espaço interorbital; ru- gas lateraes do rostro apenas granulusas; cristas post-oculares, ao contra- rio denticuladas; parte cervico-occipital fortemente estriada. Distancia entre o inicio da dorsal e a base da caudal, egualando á 1/2 da que vae da ponta do focinho á base das peitoraes e justamente egual á que vem da orla do operculo á base das ventraes. Filamento caudal egualando ao com- primento que vae da ponta do focinho á orla posterior da orbita. Colora- ção olivacea pardacenta, superiormente, albicante inferiormente; uma serie de maculas azues, oblongas, sobre os flancos, acima dos escudos da linha lateral; essas maculas, ás vezes, confluentes para a parte posterior do cor- po, formando uma linha que se estende até sobre o pedúnculo. Íris com uma nódoa azul posterior e superior ao meio da pupilla. Nadadeiras cla- ras. A '^Trombeta» é um peixe que cresce até cerca de 2 metros. Habitat: Atlântico Occidental, de Florida, na America do Norte até Rio de Janeiro, no Brasil. 1) Tabacarias, (Lat.) cachimbo. 3 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES Fistularia rubra, <'> Mir. Rib.» D. 16; A. 16: Ps. 1 + 14 Cabeça 2 e 5/7 e focinho 3 e 2/3 no comprimento do corpo (sem a cauda); altura 1 1 e 3/4 no comprimento da cabeça; a parte post-orbital 4 e 1/2 no focinho. Corpo deprimido, liso (áspero no joven). Focinho ser- rilhado. Totalmente rubra; os jovens têm 9 faxas transversaes obscuras . E' um bello peixe, completa e inteiramente rubro em todo o corpo e nadadeiras. O maior dos três exemplares obtidos mede Im 21, o menor 0,33. Este tem todas as cristas ósseas do craneo fortemente serrilhadas e a pelle muito áspera; o corpo, de côr também rubra tem 9 faxas escuras transversaes em toda a extensão. Os ossos rostraes superiores são muito desenvolvidos, de modo á occultar o serrilhado lateral superior que perma- necerá no adulto. Os exemplares descriptos procedem da Ilha Rasa — Rio de Janeiro. 1) Ruber, (Lat.); vermelho. Fistularia rubra, Mir. Rib.° Macrorhamphosus scolopax (L.) Macrorhamphosus velitaris (Palias) MACRORHAMPHOSID/EO) Forma oblonga, alongada anteriormente em um delgado tubo — o ros- tro, constituído pelos ossos craneanos anteriores. A bocca fica no extre- mo d'esse tubo, sendo antero-superior e provida de intermaxillares fixos, maxillares largos porém curtos e mandibulares prognathas, completamente edentada. Narinas duplas, não valvulares, próximas das orbitas; estas la- teraes. Preoperculo estreito, obliquamente disposto, geralmente denticula- do e de angulo mais ou menos saliente. Operculo inerme. Abertura bran- chial ampla, isthmo articulado quasi como nos Lophobranchii. 4 bran- chiostegos. Pseudobranchias presentes. Escamas mais ou menos forte- mente aculeadas e estriadas, presente as vezes também sobre os ossos do rostro e sobre a cornea, na região da iris. Linha lateral ausente. Dor- sal dupla ou continua; a parte anterior ou óssea tendo o 2° aculeo forte- mente desenvolvido e aciculado no bordo posterior e dous sulcos lateraes na base. Anal inerme. Ventraes abdominaes. Vesícula natatoria pre- sente e cerca de 24 vertebras. Géneros constatados do Brasil: ,í Dorsal dupla ; região cervical desprovida de r aculeo dorsal\ ^'^'<^"'°' Macrorhamphoswí muno reauzluO/ oorsal continua; região cervical com uma pla- \ ca de aciculos Notopogon 1) Macrorhamphosas, género referido; eidos, semelhante. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL vol . — XVII 6 MACRORHAMPHOSUS,(V Lacép. Hist. Nat. Poiss., V vol. pg. 136—1803 Forma oblonga, comprimida anteriormente, prolongada em tubo em cujo extremo fica a bocca, antero-superiormente situada. Intermaxillares styliformes; maxillares triangulares. Ossos da cabeça exteriores, longitu- dinalmente estriados nas partes frontal e rostral; preoperculo estreito, obliquo, aculeado e de angulo saliente; operculo lamellar, inteiro. Esca- mas pluricarenadas, aculeadas nos bordos pela saliência das carenas. Cos- tellas e epipleuras difíerenciadas, sendo externas em quatro escudos ósseos na parte antero-superior do corpo. Linha lateral substituída por uma curta carena supra axillar. As escamas se projectam até sobre o rostro e sobre a região da iris. Dorsal dupla, o primeiro aculeo ás ve- zes semelhante á um fulcrum; dous outros lateraes ficam na base do 2° aculeo dorsal n'esse caso. O segundo aculeo é geralmente muito forte, es- triado longitudinalmente e tendo duas series de denticulações posteriores. Segunda dorsal e anal fracas, oppostas, sendo que a segunda antecede á primeira. Caudal entalhada. Ventraes pequenas, abdominaes e reclina- das sobre uma depressão baixa. Durante as pescas do Annie (2) consta- tei a presença das seguintes espécies em aguas brasileiras: Altura 3 e 1/2 vezes no corpo; olhos eguaes á parte post-orbital da cabeça M. scolopax Altura 5 e 1/2 vezes no corpo ; olhos menores que a parte post-orbital da cabeça M. velitaris Macrorhamphosus scolopax <^) a.) D. V+ 12; A. 18-20 Cabeça 2 e 1/5 na distancia que vae da ponta do focinho á base da caudal e justamente 1/2 da que vae da mesma ponta á vertical baixada da base do ultimo raio dorsal. Focinho 3 e 1/2 vezes na primeira distancia citada. Orbita justamente 1/3 do focinho e egual á distancia post-orbital da cabeça. Peitoraes do tamanho ou pouco menores do que o 2° aculeo dor- sal. Ventraes pouco posteriores ao meio do corpo e eguaes á 2/3 do dia- 1) Macros, grande; ramphos, rostro, bico; osus, suffixo. 2) Vide a "Lavoura", Abril á Julho de 1903. 3) Scolopax, a narseja, (Scolopax gallinago) allusão ao rostro do peixe, comparável ao bico «la ave. 7 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES metro orbitario. Altura 3 e 1/2 vezes no comprimento (até a base da cau- dal). Preoperculo serrilhado; as carenas sub rostraes, porém, apenas gra- nulosas. Roseo, albicante para o lado abdominal. 0 exemplar que sér- vio á presente descripção mede 127 mm. e procede da Ilha Rasa. (Col- lecção Annie). Habitat: Atlântico, Mediterrâneo. Macrorhamphosus velitaris ^'> (Paius) D. V+ 10; A. 19 Cabeça 2 vezes e 1/5 no comprimento que vae da ponta do focinho á base da caudal ou justamente 1/2 da que vae da mesma ponta ao plano vertical da base do ultimo raio dorsal. Focinho 3 e 1/4 na extensão pri- meiro citada. Diâmetro orbitario 4 e 1/2 vezes no comprimento do focinho e 1 e 1/2 na parte post-orbital da cabeça. 2" aculeo dorsal sub compri- mido estriado e fracamente serrilhado no bordo posterior, menor que 1/2 do comprimento do focinho e egual ao comprimento da caudal. Preoper- culo denticulado; carenas sub-rostraes, ligeiramente granulosas. Uma ca- réna sub-vertical no operculo e outra, curva, axillar das peitoraes. Pei- toraes mais longas que o 2" aculeo dorsal; ventraes situadas pouco depois do meio do corpo (a metade de sua extensão); esta egualando á 1 diâme- tro orbitario. Anal nascendo por traz do plano vertical do ultimo aculeo dorsal e tendo os dous últimos raios posteriores ao ultimo dorsal; caudal emarginada. Roseo, albicante para a parte abdominal. O exemplar que sérvio á presente descripção mede 15 centímetros e faz parte da collecção Annie, do Museu Nacional e provem da Ilha Rasa. Nas pescas do Annie, eu o havia determinado como M. gracilis. Habitat: Oceanos Atlântico e Pacifico; Mediterrâneo. NOT0POG0N,(2) Regan Annals guich. D. 17 á 18; Anneis 12+30 Focinho mais ou menos egual á 1 e 1/2 na cabeça. Tubérculos baixos. Dorsal sobre 4 anneis; sacco ovigero do macho sobre 9 ou 11. Cinereo olivaceo punctulado de negro. Atlântico, das índias Occidentaes ao Rio de Janeiro. D0RYRHAMPHUS,(2) Kaup. Lophobr. pg. 54—1856 Caracteres de Siphostonia com o sacco ovigero no abdomen. Cauda mais curta que o corpo. Espécie constatada em nossas aguas. DoryrhamphUS lineatUS, ^^^ (Valendennes) Kaup. D. 42 á 44. Anneis 19 á 22 + 23 á 27 «Orlas dos escudos áspera com os espinhos proeminentes nos indiví- duos mais jovens que, porém, desapparecem no adulto. Linha lateral in- terrompida, passando para a orla inferior da cauda. Corpo comprimido. Operculo com uma ruga longitudinal e poucas linhas fracas irradiando infe- riormente. Focinho 3/5 da cabeça. Comprimento d'esta um pouco menos de 1/5 do total. Origem da dorsal consideravelmente adeante do anus, os três anneis anteriores de sua base pertencendo ao tronco. Anus mais proxi- mo do extremo da cauda do que da guelra. Focinho com 5 ou 6 fachas ne- gras em baixo. Atlântico tropical desde as Antilhas e costas do Gabão até Bahia» . (Günther). SIPHOSTOMA, (4) Rafinesque Caratteri, pg. 18—1810 «Corpo delgado 6 ou 7 angular e terminando em longa cauda; carenas do tronco discontinuas com as da cauda. Cabeça longa, precedida d'um longo rostro tubular, supportando as maxillas curtas e edentulas no extremo 1) Puntuclatus (Lat.)=Cheio de pontos. 2) DoryrhamphUS {Qt .)=ramphos, focinho, dorys, lança, espeto. 3) L//jeaíus=lineado. 4) Siphos— tubo; stoma— boca. ARCHIVOS DOMUSEU NACIONAL VOl. — XVII 12 anterior. Ossos humeraes unidos ao annel thoraxico. Corpo protegido por uma serie de placas irradiantes, dispostas em serie linear. Dorsal dis- tincta, curta, inserida adiante ou em opposição ao anus que fica á meio cor- po. Caudal presente, pequena; anal idem junta ao anus; peitoraes desen- volvidas, curtas e largas. Macho com o sacco ovigero sob o lado inferior da cauda e formado por duas pregas cutâneas. Fêmeas de tronco mais ele- vado que os machos» . (Jordan & Evermann), Espécie constatada no Brasil: IAlto da cabeça pouco carenada; focinho da côr do corpo, anneis 15 + 38 á 39.. S. crinigerum Alto da cabeça fortemente carenado, focinho claro transfasciado de escuro no lado inferior; anneis 18 + 30 S. albirostre Syphostoma crinigerum, ('^ Bean & oresei Anneis 15 -f- 38 á 39; D. 16 á 17 «Focinho muito curto, menos de 1/3 no comprimento da cabeça, redon- do superiormente; ligeiramente carenado; ângulos do coipo pouco assigna- lados; cabeça quasi 11 vezes no comprimento até a base da caudal, olhos 5 vezes na cabeça; altura do corpo 1/2 da cabeça. Sacco caudal 4 vezes no comprimento do corpo, 17 anneis caudaes; peitoraes e caudal muito peque- nos. Cor parda castanha com cerca de 12 largas faxas escuras, transver- saes no dorso; meio de cada facha transversal com muitas estrias azues pal- lidas, as mais distinctas para baixo e para traz dos olhos. índias Occiden- taes, de Pensacola e Key West até os recifes dos Abrolhos, no Brasil; antes commum para o Sul em torno das rochas e dos recifes de coral. Uma das espécies menores, de 3 pollegadas de comprimento». (Jor- dan & Evermann). Siphostoma albirostre, ^^^ (Heckei) D. 23; Anneis 18 + 30 «Cabeça 9 no comprimento total. Corpo massudo. Focinho curto, 2 e 2/5 na cabeça; uma forte ruga mediana acima do focinho, duas rugas em baixo com um sulco mediano e em cada lado do sulco uma ruga horizontal correndo na parte inferior da orbita. Occiput e placas nucaes carenadas mui afiadamente; operculo com 2 rugas horizontaes. Ventre um tanto concavo,' 1) Crinigerum (Lat.)=com crinas. 2) Albirostre (Lat.) de rostro (focinho) branco. 13 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES pouco carenado. Dorsal muito mais curta do que a cabeça, cobrindo 1+4 anneis. Caudal bem desenvolvida 1 e 3/4 na base da dorsal; cauda mais longa do que o resto do corpo 1 e 3/4 no total. Côr (no alcool) olivacea, com cerca de 12 fachas transversaes pardas, irregulares, cada uma cobrindo 2 á 3 anneis; focinho claro com 2 a 3 fachas estreitas em baixo. Resto da cabeça escuro. índias Occidentaes até Pensacola e Key West — Sul até Bahia. Singular e bonita espécie, inteiramente dessemelhante das outras e encontrada em aguas mais profundas, especialmente em torno dos recifes de coral e não nas praias arenosas» . (Jordan & Evermann) . POGONOCŒLI (1) Forma alongada, subcylindrica ou subcomprimida. Bocca fortemente armada de caninos nos intermaxillares, palatinos e mandibula. Linha la- teral presente em geral saliente. Duas nadadeiras, a anterior óssea e si- tuada no mesmo plano que as ventraes. Uma bolsa muscular no mento, atraz da symphyse, communicando-se com o exterior por dous meatos ovói- des, contíguos. Pelvianos livres. Abdomen sem aculeos. Familia Sphyraenidœ. SPHYRAENID/E C^) Forma alongada, regular, lateralmente comprimida ou subcylindrica, de corte transverso mais ou menos elliptico ou oval. Cabeça grande; bocca ampla, poderosamente armada de dentes caninos e triangulares. Intermaxil- lares fixos; maxillares occultando-se sob os preorbitaes e tendo um proces- so superior no terço posterior; mandibula prognatha; mento com uma bolsa alongada, musculosa, abrindo-se na symphyse por dous meatos oblongos. Narinas duplas. Olhos lateraes. Operculo e preoperculo isolados, o pri- meiro sub-triangular, ás vezes tendo um aculeo rudimentar. Rastros ausen- tes. Abertura opercular ampla, desde o isthmo. Escamas cycloides, mé- diocres; linha lateral presente, ás vezes saliente. Duas dorsaes, isoladas, 1) Pogon, barba, queixo; coelum=cavidade. 2) Sphyraena, género referido; eidos, semelhante. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL vol . — XVH 2 ventraes sob a primeira dorsal; anal sob a segunda. Caudal furcada. Pha- ryngeanos isolados; vertebras 24, pelvianos livres. Peixes bastante apreciados e conhecidos sob o nome de Bicudas ou Pescadinhas Bicudas. Género unlco: Sphyraena/'^ bi. & ;schn. Syst. pg. 100, 1801 Intermaxillares com 4 dentes caninos anteriores; uma serie de dentes comprimidos, triangulares nos palatinos; dentes menores no ramo lateral dos intermaxillares e mandibulares; geralmente um forte dente na symphyse mandibular encaixando-se na maxilla superior. Cabeça revestida de pelle ou tendo os olhos expostos. Chave para as espécies brasileiras: Linha não saliente com cerca de 80 escamas. Ossos ccphalicos não apparentes S. barracuda ' L. lat. saliente, tendo mais de 100 1 escamas. Alto da cabeça mos- \ trando cristas ósseas expostas.. D. V + 10. L. / L. lat. 110 a 114, ^ lat. 110 S, picudilla I altura mais ou me- V nos 7 ) \ / D. Vli + 10. L. ,' V lat. 114 S. branneri ' L. lat. 14.3 + 50, altura 9. Dorsal no \ mesmo plano que as ventraes S. sphyrœna 1) Antigo nome do Cação-Martello. A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES ] Sphyrœua barracuda (') (Waib) BICUDA D. V+ 10; A. 9; L. lat. 87 Cabeça 1/3; altura quasi perfeitamente 2 vezes na cabeça, 6 até a base da caudal. Maxillares chegande á orla anterior da pupilla; em vez de ras- tros, aciculos baixos perto do angulo do V arco branchial; olhos 7 vezes na cabeça 1 e 1/2 vezes no espaço interpalpebral. Uma dorsal de origem poste- rior a das ventraes. Côr olivacea pardacenta superiormente, argyrea inferior- mente. Dorsal com uma nódoa negra no terço inferior do bordo anterior e a parte posterior denegrida, anal com uma ampla mancha violácea trans- versal aos seus raios; caudal e ventraes denegridas, alto da cabeça, orla su- perior do operculo e axilla das peitoraes denegridas. Sphyrœna picudilla/^^ Poey D, V+1,9; .A 1,9: L. lat. 110 «Cabeça 3,16; altura 2,25 na cabeça. Olhos grandes, cerca de 5 vezes da cabeça, 1,5 no espaço interorbital. Maxillares 26, na cabeça, não attin- gindo a orbita. Mandíbula com ponta dérmica. Dentição como em S. bo- realis, porém mais fraca. Posição da dorsal espinhosa em relação ás ven- traes, variável; distancia da ponta do focinho á dorsal espinhosa cerca de 1,1 no corpo; peitoraes não atíingindo a dorsal espinhosa; espaço separan- do as dorsaes 5. 5 no corpo; segunda dorsal egual e alguma cousa á frente da anal. Olivacea clara, mais escura superiormente; dorsal ramosa, anal e ven- traes amarelladas, dorsal espinhosa e peitoraes mais escuras; parte superior do preoperculo e operculo, cada um com uma nódoa escura; alto da cabeça e ponta do focinho denegridos. Habitat: Atlântico Occidental, das índias Occidentaes á Bahia, no Bra- sil» . (Jordan, Evermann & Marsh). 1) Barracuda^ antigo nome vulgar do peixe. 1) Picudilla; nome vulgar hispano-americano. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL vol. — XVII 4 Sphyraena branneri, sp. nov. D. VII + 10: A. 9: L. lat. 114 Cabeça 1/3; altura 7 e 1/2; olhos 5 e 4/5 na cabeça, uma vez no espaço interorbital, 3 no focinho e duas no espaço post-orbital. Operculo com um entalhe posterior, sob o qual ha um pequeno espinho. Mento sem ap- pendice dermico e duas rugas salientes, no vertex, em V. Peitoraes attingin- do francamente o plano anterior da dorsal que é distinctamente posterior ás ventraes, estas menores que as peitoraes cuja base não é convexa. 2* dor- sal ligeiramente anterior a anal. Linha lateral apparente, porém as escamas são menores que as collateraes. Virescente olivacea no dorso, argyreo inferiormente. Um exemplar medindo 33 centímetros e procedente de Maria Farinha, Pernambuco, colligido pela Commissão Hartt; dedico a espécie ao Prof. John Casper Branner, pelo muito que, n'aquella Commissão, fez em prol da Ichthyologia do Brasil. Sphyrasna sphyraena ^'^ (l.) D. V + 9: A. [9: L. lat. 143 á 150 Cabeça 3 e 1/3; altura quasi 3 vezes na cabeça, 9 no comprimento. Olhos 5 e 3/4 na cabeça, 1 vez no espaço interpalpebral; maxillares á 1 raio dos olhos. Post-temporal exposto, lamellar, ligeiramente crenulado. Mento provido de appendice dermico e seguido de um dente solitário na symphyse correspondente a quatro superiores; os demais como na diagnose genérica. Peitoraes médiocres com a base concava para baixo, não attin- gindo o plano da dorsal e afastada das ventraes por 1/2 de um comprimento. Dorsal mais próxima da ponta do focinho do que da base da caudal por um seu diâmetro basilar. Segunda dorsal e anal perfeitamente symetricas. Caudal com o lobo inferior ligeiramente maior. Cor olivacea superiormente, prateada inferiormente. A linha lateral é perfeitamente evidente sendo as escamas bastante maiores que as collateraes. Um exemplar que me foi trazido da Ilha Grande pelo Capitão de Cor- veta Machado da Silva, mede 30 centímetros. Habitat: Atlântico, Europa e America, das Bermudas á Ilha Grande. 1) Vide a explicação do género. RHEGNOPTERI (1) Peixes sub-claviformes, comprimidos, recobertos de escamas cy- cloides, tendo a liniia lateral presente, bifurcada sobre a caudal. Duas dorsaes isoladas, a primeira óssea, a segunda sobre a anal. Peitoraes falcadas, divididas:— os raios inferiores afastados para baixo e modifi- cados em filamentos longos, isolados e flexíveis. Família Polynemidœ (1) Rhegnuo — irromper, pteron — aza, nadadeira. PO L Y IN e: M I D>qE: (') Forma percoide, moderadamente elevada; focinho saliente sobre a bocca que é provida de dentes villiformes, em facha, nos intermaxillares, maxillares vomer, (aqui ás vezes ausentes) e palatinos. Narinas duplas, pró- ximas da orbita. Orbita lateral, recoberta de pálpebra adiposa. Peças operculares expostas, o preoperculo denticulado ou inteiro, com ou sem aculeo no angulo; abertura branchial ampla, membranas livres. Rastros presentes, longos. 7 branchiostegos. Escamas ctenoides; linha lateral presente, em geral bifurcada sobre a caudal. Dorsal dupla, a parte ra- mosa isolada da óssea. Anal com 3 aculeos. Caudal furcada. As pei- toraes com os raios inferiores dissociados e modificados em filamentos e articulados sobre um actinosteo, sobre o coracoide. Vesícula natatoria ás vezes ausente. Tubo digestivo provido de estômago cœcal e appendices pyloricos. Género constatado no Brasil: POLYDACTYLUS (2) Lacép. Hist. Nat. Poiss., vol. V, pg. 419—1803 Preperculo serrilhado com um aculeo forte no angulo e seguido d'um processo ósseo, lamellar, inferior; dentes também presentes no vomer e nos pterygoides. Encerra o peixe vulgarmente conhecido pelo nome de "Barbado". 1) Polynemus, género referido, eidos, semelhante. 2) Palydacíylus, (Gr.)=de muitos dedos, os ultimes raios das peitoraes. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL vol. — XVII 2 Polydactylus virginicus <') (l.) D. VIII + I, 13; A. Ill + 14. Ps. fil. 7 L. lat. 71 Cabeça 4 vezes, altura idem no comprimento que vae da ponta do focinho á base da cauda. Focinho grandemente entumecido, 4 e 1/2 vezes na cabeça, valva da narina anterior recobrindo a posterior. Olhos gran- des, 4 vezes na cabeça, uma no espaço interorbital, envolvidos por uma ampla pálpebra adiposa que se projecta até a orla maxillar. Preoperculo serrilhado, com um aculeo no angulo; operculo lamellar. Bocca antero inferior, de contorno parabólico, com o maxillar bem desenvolvido, inter- maxillares pouco prognathas e dentes villiformes, baixos em faxa nos in- termaxillares, mandibulares, vomer e palatinos. Abertura branchial ampla, membranas isoladas desde o isthmo, cerca de 12/14 rastros sub-lamellares no primeiro arco branchial. Escamas ctenoides; linha lateral recta, inteira até a base da caudal, onde se bifurca, seguindo cada ramo o bordo interno de cada lobo caudal; apenas a parte inferior do focinho, as nadadeiras peitoraes e as ventraes e os extremos dos raios das nadadeiras não reco- bertas de escamas, caudal grandemente furcada. Côr prateada uniforme; extremo das nadadeiras denegrido; iris dourada. A presente descripção foi feita sobre um exemplar que mede 33 cen- timetros (até a ponta dos lobos caudaes) e procede de Iguape, donde mo mandou o Snr. Ricardo Krone. Habitat: Atlântico Occidental, de Key West, na America do Norte até Iguape, S. Paulo, no Brasil. 1) Virginicus, da Virgínea. ACANTHOGASTRES" Physoclistes de forma variável. A's vezes a bocca provida de longo rostro. Dentição robusta, fraca ou ausente, no primeiro caso triangular ou mesmo caniniforme. Preoperculo e operculo inermes. Dor- sal dupla ou única, ás vezes a parte óssea mais ou menos atrophiada, ás vezes aculeos procumbentes. Na regra, uma pinnula óssea composta de 2 á 3 aculeos na região abdominal, adiante da anal e nem sempre presente. Escamas, na regra, papyraceas, pequenas. Linha lateral pre- sente, ás vezes fortemente sinuosa na região das peitoraes, ás vezes tendo o seu percurso ou a parte posterior elevada em carena óssea, ás vezes só a parte posterior elevada em carena adiposa (xiphuri). 'Uma serie de placas ósseas pelo dorso e pelo abdomen aos lados das nadadeiras; aculeos do ventre, quando presentes, III Zeidœ ' Serie de placas / Cabeça deprimida; aculeos dorsaes bifurcados Rachycentridoe ausentes; acu-i leos do ventre, \ Escamas normaes, segunda dorsal simples Cheilodipteridce quando pre- ]>-aDeça sentes, II \comprimi. Jda; acule- 1 Corpo taenioitle Trichiuridœ fos dorsa-l / \D?es^""" 'Escamas pa- /L. lat. com escudos; cor- '^ ■[ pyraceas, _ ( po sem corselete; acu- aculeadas; l / g Íleos ventraes II álll... Carangidœ 2* dorsal ásl / ^ \ vezes comi c 'i , . c pinnulas.L.j l L. lat. Escamas an- lateralmui- l o ^sem escu- tenores for- to sinuosa J l S /dos; acu-i mando cor- to sinuosa./ i ^ fj^^g ^[ selete.ásve- r\r, e.>i 1 '^ ^s ausen- \ zcs aculea- •' °.!r„ 1 tes , ' das Gmpylidce Í Escamas an- teriores for- mando cor- me ou 1 í V selete Scombridœ L subrhom \boidal . . . < \ Focinho prolongado em ros- \ tro XiphiidcE Corpo muito alon- / gado, comprimido; l dorsal; desde so- l bre a cabeça Coryphœnidce ^Dorsal única. . . jCorpo comprimido, I sub-romboide; dorsal posterior á \ cabeça Siromateidœ (1) Acantha = espinho; gasfer = abdomen. Forma elevada, fortemente comprimida ; bocca ampla, protractil, an- terior, provida de pequenos dentes em facha estreita ou em serie única nos premaxillares e mandibulares e as vezes nos palatinos ; olhos late- raes ; superiores, grandes ; narinas duplas, verticalmente allongadas, pró- ximas das orbitas, preoperculo inerme, maior do que o opercule e sub- operculo juntos, operculo egualmente inerme, delgado. Supra-clavicular com 2 á 3 aculeos externos. 4 branchias com uma fenda por detraz da ultima, pseudo, branchias grandes, rastros curtos, em numero moderado, 7 á 8 branchiostegos. Linha lateral s-forme, não se projectando sobre a cau- dal, escamas pequenas ou ausentes. Dorsal dupla, parte espinhosa desen- volvida. Ventraes thoracicas, com 1+6 á 8 raios; peitoraes pequenas ; anal com 1 á 4 aculeos anteriores, ás vezes inteiramente afastados e indepen- dentes da parte ramosa; dorsal e anal mais ou menos providas de placas ósseas basilares, ventre mais ou menos armado das mesmas placas. Ver- tebras 32 á 34, caecos numerosos ; vesícula natatoria grande. Peixes pe- lágicos, de aguas intertropicaes. Assignalei a presença de um represen- tante d'esta familia em a Lavoura de Abril a Julho de 1903 e ahi, seguin- do Jordan & Evermann, o colloquei, com outro da familia Caproidœ, ao Xdiáo úo^ Chœtodontidœ Á"") Entretanto melhor exame da -morphologia ex- terna e interna obrigam-me a afastar-me daquelle primeiro modo de pen- sar e deixal-o reunido aos demais Scomberomorphi . (1) Por um erro de copia, não só as phrases— Grapo Zeidœ Grupo Caproidœ como outros foram omittidos. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL VOl. — XVII 4 ZENOPSIS Gill Pr. Acad. Nat. Sei. Philad., pg. 126—1862 Forma um tanto oval, fortemente comprimida e núal; bocca ampla, protractil, provida de dentes villiformes nos premaxillares mandibulares e vomer, articular e coracoide providos de aculeos posteriores. Cobertura das guelras inermes. Rastros curtos, isolados, em numero moderado, olhos grandes, lateraes, superiores ; narinas duplas, contíguas, próximas da orla orbital anterior. Uma serie de placas ósseas em cada lado da base das nadadeiras verticaes e duas series contiguas orlando inferiormente o abdo- men. 2 placas ósseas entre o isthmo e a base das ventraes. Dorsal dupla originando-se sobre o cintura escapular, tendo IX aculeos prolongados em filamentos, peitoraes articuladas verticalmente sob o operculo, peque- nas, assymetricas ; ventraes verticalmente sob os olhos, longas com 7 á 8 raios ; anal com 3 aculeos e symetrica, com a parte ramosa da dorsal ; caudal redonda ou moderadamente lunada. Linha lateral s forme, completa não se projectando sobre a caudal. Animaes pelágicos. Das três espécies conhecidas (uma do Pacifico e 2 do Atlântico) uma é brasileira. Zenopsis conchifer ^^^ (Lowe.) GALLO D. IX 4- 25 á 27; A. IH + 24 á 26. Ps. 12 Vs. 1,6 Poros 70 Forma elevada, grandemente comprimida. Cabeça 2 e 2/3; altura 2 e 1/6 ; olho 3 e 1/2. Bocca ampla, grandemente protractil. maxillares não attingindo a vertical da orla anterior da orbita, espatulados posteri - ormente e um tanto curvos para traz. Dentes villiformes, em duas filas superiormente, nos intermaxillares, em uma fila nos mandibulares e vomer; preoperculo e operculo inermes, delgados. Narinas amplas, as posteriores muito maiores do que as anteriores e ambas contiguas á orla orbital ante- rior. Crista supraorbital saliente, com dous aculeos posteriores. Linha late- ral s-forme. Duas placas ósseas, a primeira com um e a 2^ com dous aculeos curtos, entre o isthmo e a base das ventraes que são longas e desprovidas de aculeos. Duas series de placas ósseas providas de um aculeo central, do qual partem irradiações pouco elevadas na base da dor- sal, sendo 2 á 3 sob a parte espinhosa e 3 á 5 sob a ramosa e da anal (1) Conchifer "elles (os escudos ósseos da base das nadadeiras) assemelham-se ás conchas deprimidas de uma Fissurella, vistas de perfil." 5 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE— PEIXES 4 á 6 e entre esta nadadeira e as ventraes 1+6 a 8 pares. Dorsal corn os aculeos elevados e prolongados em filamentos, originando-se sobre a cintura escapular. Peitoraes 1/2 das ventraes, estas situadas sob a ver- tical da orla anterior da pupillae quasi attingindo o anus com o ápice. Pedúnculo caudal fraco e curto. Caudal ampla, lunada. Anus sobre o ultimo par de placas ventraes. Prateado, com a parte espinhosa da dorsal e as ventraes, parte superior da cabeça e uma nódoa sobre o meio do corpo, um tanto para traz do operculo e orla posterior da caudal, dene- gridos; vertebras 13+21. Habitat : O typo d'esta espécie foi encontrado na ilha da Madeira, outro exemplar foi obtido por Berg em aguas de Montevideo. Tive o en- sejo de examinar mais de 15 procedentes de visinhanças da ilha Raza e Guaratiba apanhados á 80 metros de fundo, donde concluo ser um peixe proprio das nossas aguas. O Museu Nacional possue três desses exemplares por mim colli- gidos . Zenopsis conchifer (Lowe) (O.-^SO) Alectis ciliaris (Bl.) (0,"'09) RAOMYOEINiTRID I B F X RACHYCEirMTRIDyCE^') Peixes claviformes, com a parte anterior do corpo subdeprimida e man- díbula prognatlia . Uma dorsal ossea, baixa, com os aculeos bifurcados e isolados entre si. Cabeça moderada, com a bocca supero-anterior; pro- vida de dentes cardiformes, em faclia, nas maxillas, vomer e palatinos ; maxillares longos, espinhosos no extremo livre. Narinas duplas, peque- nas. Olhos lateraes, médiocres. Peças operculares espessas, inteiras ; abertura branchial ampla á partir do isthmo ; rastros isolados, médiocres. Escamas pequenas, tornando-se espessas com a edade. Linha lateral presente, simples. Dorsal dupla, a anterior constituída de aculeos bai- xos e providos de um processo anterior na parte basilar , parte ramosa symetrica com a anal. Peitoraes ramosas, de posição elevada ; ven- traes thoracicas, médiocres. Appendices pyloricos dendritiformes. Vesí- cula natatoria ausente. Género ate' hoje conhecido : RACHYCENTRON (2) Kaup Isis, X!X vol., pg. 89-1826 Cujos caracteres estão comprehendidos na diagnose acima e na da espécie única : Rachycentron canadus, (l.) BIJUPIRA' p. VIII + 25 á 37, A. II + 25-27 Forma sub cylindrica, anteriormente sub deprimida. Cabeça 4 e 1/3 no comprimento até a base da caudal. Bocca antero-superior, provida de dentes aciculares, em faxa, nos intermaxillares e mandibulares ; ,ma- (1) Rachycentron, gen. referido ; eidos, semelhante. (2) Racliycentron ; racfiys, columna rachydiana, centron espinho. ARCHIVOS DO MUSEU NAGIONAL vol.— XVII 4 xillares espatulados posteriormente, estriado no sentido longitudinal e ter- minando, cada ruga formada pelas estriações, em um espinho curto. Preorbitarios baixos, pouco occultando os maxillares. Alto da cabeça nú, nos indivíduos edosos nota-se as estriações dos ossos. Peças oper- culares lamellosas, de bordo inteiro. Post-clavicular exposto. Olhos 5 e 1/2 na cabeça. Escamas cycloides, alongadas, espessas, implanta- das na pelle e fortemente pygmentadas. Linha lateral presente, sinuo- sa, simples. Dorsal dupla ; a parte óssea obliterada e constituída de aculeos bifurcados, baixos ; a parte ramosa falcada, tendo os raios ante- riores elevando-se do primeiro ao sexto e d'ahi por deante para con- tinuar, depois, parallela á base. Anal egualmente falcada, tendo os 5 primeiros raios elevados e originando-se por traz dos lobos da dorsal. Caudal sub-lunada. Peitoraes fortes, falcadas, largas e egualando á distancia que vae da ponta do focinho á orla do operculo. Ventraes médiocres, na mesma vertical das peitoraes, egualando á 1/2 d'estas Cor de sépia superiormente, alvadio inferiormente. Os jovens têm uma facha denegrida em toda a extensão dos lados. Habitat : Atlântico, de Cap Cod ao Rio de Janeiro ; índias Orientaes. O Bijupirá é muito apreciado e considerado um dos peixes mais fi- nos das mesas brasileiras. Vive em pequenos grupos sendo commum- mente encontrado nadando sobre as grandes rayas, especialmente as jamantas . ci-íe:il.odi che:ilodirte:rid/c:('> Corpo subfusiforme, comprimido, revestido de escamas cycloides, moderadas. Cabeça escamosa ; bocca ampla, provida de uma serie de dentes subconicos, comprimidos, nas maxillas e de dentes villiformes, em faxa, no vomer e nos palatinos. Preoperculo serrilhado. Linha lateral completa, ligeiramente sinuosa. Dorsal dupla, a espinhosa baixa e fraca. Ventraes inferiores á base das peitoraes ; anal da mesma forma e em opposição á parte ramosa da dorsal. Representada pelo género : CHEILODIPTERUS, (2) Lacép. Hist. Nat. Poiss., vol. HI, pg. 542—1802 Cujos caracteres estão englobados na diagnose da espécie única, abaixo descripta : Cheilodipterus saltator^^^ (Unnaeus) ENXOVA, ENXOVI.NHA D. VIM + 26; A. U + 26; L. lat. 87 L. tr. 7/17-20 Fusiforme, comprimido, de cabeça contida 3 e 3/4 no comprimento, até a base da caudal. Bocca ampla, com a mandíbula prognatha, consti- tuindo o mento o vértice do angulo anterior formado pelos perfis superior e inferior ; maxillares attingindo a vertical da orla posterior da orbita ; (1) Cheilodipterus, género referido, eidos = semelhante. (2) Cheilodipterus, Cheilos = lábio; dis = dous; pteron = aza (Nadadeira). ß) Saltator = Saltador; dansarino. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL vol.— XVII 4 lábios grandes, espessos, reflexos, recobrindo o bordo inferior dos maxil- lares ; uma serie de dentes comprimidos, triangulares, de vértice curvo para dentro da bocca, nos intermaxillares e mandibulares ; dentes villi- formes, baixos, no vomer, nos palatinos e nos pharyngeanos; rastros 4/11, lineares, médiocres, pouco aciculados. Olhos circumdados de pál- pebra adiposa pouco desenvolvida, cerca de 8 vezes no comprimento da cabeça. Peças operculares recobertas de escamas, tendo, porém, os bor- dos nus e crenulados. Altura 4 e 1/2 no comprimento até a base da caudal. Escamas cycloides, moderadas, delgadas e transparentes. Li- nha lateral quasi recta. Dorsa! dupla, a parte óssea fraca, de contorno superior curvo e terminando á curta distancia da parte ramosa ; esta tendo os raios anteriores mais elevados e decrescendo em curva para traz ; o mesmo succède á anal que se origina sob o oitavo raio dorsal, ao passo que o anus fica sob o segundo ou terceiro; ambas estas nadadei- ras são espessas e recobertas de escamas curtas e largas em toda a extensão. Peitoraes sub triangulares, moderadas, pouco mais compridas que a metade do comprimento da cabeça ; ventraes originando-se sob a articulação das peitoraes e menores do que estas; reclinam-se n'uma go- teira ventral e tem o ultimo raio ligado a linha lateral mediana thoracica pela membrana interradial que até ahi se estende . Caudal furcada, esca- mosa. Verdoenga olivacea superiormente, branca inferiormente. Íris áurea. Mento e uma nódoa na base das peitoraes negras. Alto da cabeça, linha mediana superior, dorsal e caudal denegridas ; ventraes brancas, anal idem, ligeiramente enfumada. Estômago caecal, appendices pyloricos curtos e numerosos ; intestinos com duas circumvoluções. A enxova é um peixe sociável, que chega a attingir 1 metro de compri- mento. Reproduz-se em Agosto e Setembro, sendo os ovos muito pe- quenos e numerosos. E' objecto de pesca regular nas costas do Bra- sil, não alcançando, porém, preço elevado. p^iomiupfsid/í^ib; trichiurid/:e('> Corpo taenioide, acuminado, de grande comprimento. Cabeça gran- de, comprimida, com os maxillares em parte protegidos pelos preorbitaes e fortes dentes comprimidos, triangulares nos intermaxillares e mandíbula, alguns dentes maiores, caniniformes, na parte anterior da bocca em ambas as maxillas Narinas duplas. Olhos grandes, lateraes. Peças opercula- res lamellares, inermes; abertura opercular ampla . Escamas obsoletas. Linha lateral presente, pouco apparente. Dorsal quasi sempre continua, anal ás vezes, com a parte anterior abortada. Peitoraes sub falcadas; ven- traes rudimentares ou totalmente ausentes, caudal fraca ou ausente. Tubo digestivo reduzido, com os cœca desenvolvidos bem como a vesícula bi- liar. Vulgarmente conhecidos pelo nome de Peixe Espada. Géneros encontrados até agora em aguas brasileiras : (Cabeça de perfil acuminado e não carenado superiormente. Nadadeira cau- dal ausente e substituída por um prolongemento cestoide Trichiurus. 'Cabeça de perfil curvo e carenada superiormente Nadadeira caudal presente Evoxymeíopon . TRICHIURUS, (2) Linnaecus Syst. Nat., ed. X, pg. 246-1756 Cabeça comprimida, plana na região interorbital, elevando-se emcarena para o occipital, bocca ampla, provida d'uma faixa de dentes falciformes, nos intermaxillares; dentes comprimidos em series nos intermaxillares, (1) Trichiurus, género referido; c/ Poey D. 87 (X + 70) P. 12; A. 20 Cabeça 7 e 1/5 no comprimento total; altura 12; olhos 5 vezes (até o extremo do operculo; 5 e 1/2 até o extremo da membrana opercular). Ras- tros 7/16, medíocres, espaçados, havendo sempre um menor entre cada par. Cabeça com a unha mediana elevada em gume que sähe, em curva fraca, da origem da dorsal á ponta do focinho. Bocca ampla, um tanto curva para baixo com uma serie de dentes comprimidos e de tamanho subegual em toda a extensão; 4 dentes caninos, curvos, anteriores, logo por traz da primeira fila; uma serie de dentes pequenos no bordo externo dos palati- nos; uma facha estreita de dentes villiformes, curtos nos bordos da língua, um veo mucoso, saliente da gengiva superior e livre posteriormente, emitte um pequeno processo mediano inferior; os dentes dos maxillares são me- nores que 03 mandibulares e a mandibaia inferior é prognatha, obtusa, ao (1) (Gr.) fü = Vero, verdadejro! ox>'s = agudo (afiado); /ne/(y7on = cabeça. (2) Taeniatus (Gr. lat.), fasciado. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL VOl.— XVII 6 passo que a superior termina em ponta membranosa. Os olhos são grandes, de margem orbitaria livre, sendo esta um pouco desenvolvida anteriormente. A linha orbitaria anterior fica verticalmente acima do extremo posterior do maxillar e o angulo da bocca á 1/4 do diâmetro do centro ocular. Narinas contíguas aos olhos. Os dez primeiros raios dorsaes são simples, os de- mais bifides; os raios anaes começam em forma de simples tubérculos e vão se desenvolvendo gradativamente para traz; duas escamas ósseas sub- stituem as ventraes, situadas á meia extensão dos raios peitoraes que cres- cem do anterior (superior) ao posterior (inferior), esses raios são transpa- rentes e pouco furcados. Anus justamente ao meio do comprimento total. A caudal é fortemente furcada. Coloração: no individuo que sérvio a esta descripção e que estava muito maltratado pela rede, nota-se uma co- loração agyrea geral em que se distingue umas 6 estrias em que transpa- rece a cor de carne inferior do peixe A base da caudal tem uma nódoa denegrida, cordiforme, sendo o vértice da figura anterior; a mucosa das guelras, sobre as paredes operculares, é negra; a iris é argyrea. Compri- mento im. 41 . Rastros 6+17. Comp, oesophago 8 cms., estômago 18; vesícula biliar 9, intest. 34. Coec. pylor 5 dir. e 7 esquerdos. Procedência: Aguas do Rio de Janeiro. Leg. Comp^ de Pesca. o CA 3 ■<-> .5 'c U ■*-' c o Q. O ■(^ a> S >> X o > CARAIMOID u« CARANGID>qE:<'> Forma oblonga ou elevada e n'este caso muito comprimida, geral- mente robusta . Cabeça grande, inerme, nua na sua parte supero ante- rior. Peças operculares mais destacadas entre si do que nos Scombri- dae . Bocca anterior, geralmente provida de denies reduzidos ou villifor- mes, na sua maioria sobre os intermaxillares, maxillares, mandibulares, vomer e palatinos e mesmo lingua. Branchias abundantes, pseudobran- chias geralmente presentes. Abertura branchial ampla, em geral desde o mento ; branchiostegos geralmente 7 á 8. Narinas duplas, modera- das, geralmente próximas da orbita . Olhos lateraes, ás vezes providos de pálpebra adiposa, geralmente grandes. Escamas médiocres ou peque- nas, ás vezes dissimuladas na epiderme, geralmente deciduas. Linha la- teral presente, sinuosa, ás vezes apresentando um ramo accessorio anterior que se eleva da axilla opercular para acompanhar o perfil dorsal, ás ve- zes provida d'uma serie de placas ósseas ou escudos. Dorsal variável em numero de partes e em forma ; óra precedida d'um aculeo procum- bente, óra tendo uma pari: anterior isolada, mais ou menos mediocre, ora tendo essa parte ligada á posterior, ora tendo-a reduzida em altura e quasi obsoleta, óra tendo a parte ramosa seguida de pinnulas. Anal geralmente precedida de 2 á 3 aculeos, nem sempre persistentes durante todas as edades, ás vezes seguida de pinnulas. Peitoraes médiocres, sempre mais ou menos falcadas. Ventraes sob as peitoraes e nem sem- pre presentes. Caudal homocerca, sempre mais ou menos furcada. Ver- tebras 10+14. Appendices pyloricos numerosos. Os peixes d'essa fa- mília cosmopolita, assaz numerosos, constituem uma base industrial de me- diocre importância no Brasil, por não serem considerados, em geral, de pri- meira qualidade. São geralmente conhecidos pelos nomes vulgares de Xaréos, Xareletes, Olhos de Boi, Olhetes, Palemetas etc Os géneros que se encontram no Brasil vão representados na chave abaixo: (1) Caranx, género typico ; etdos = semelhante. Ventraes presentes Escamas normaes rn w Pi" 3 3 CL O < fTJ n> n. 3 o. O uk ■^ ■t t£> 03 rn CD St O Ai to £•2-?; "5-3 3 • cr ^ r; ^ 03 _ 3 I n o 01 3 a. f» 3 a> 3 a. » 3 < O a. a 13 3 n o a. t/l c 3 O 3 U c < o 2. en rt 5* s •-t ■^ a r) o> Õ c 3 O ■o ET O 3 c !-•- 0> o lu a. 03 o a- — -a ■— 73 3 o o. 0> X 01 Çf» Î ;. b •g I I I s 3 ^ (^ ît" Q 9 S- I t 3^ 'S S- a 5 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASIUENSE — PEIXES PARONAC) Berg. Anales del Museo de Buenos Ayres— vol. IV, pg. 39-1895 Forma rhomboidal, comprimida. Cabeça sub carenada ; bocca am- pla, fendida, anterior, provida de dentes villiformes, em facha nos interma- xillares, mandibulares, vomer, palatinos e pterygoides, os pharyngeanos e lingua. Rastros lamellosos, médiocres. Oesophago musculoso, porém sem processos ósseos trituradores. Estômago syphonico, pyloro longo, musculoso, porém desprovido de appendices, em seu logar aberturas cir- culares pares no lado superior e protegidas por uma delgada membrana. Figado longo, desenvolvido. Vesicula natatoria vestigiaria. Processo escapular da cintura desse nome desenvolvido, fusiforme e livre na cavi- dade abdominal . Escamas pequenas, as da região cervico dorsal isola- das. Linha lateral com processos na sua parte inicial, dirigindo-se para a linha mediana superior. Dorsal dupla, a parte óssea atrophiada. Anal com 11 aculeos médiocres, isolados. Caudal furcada, Espécie conhecida : Parona signala ^^^ (jenyns) VI (VIU) + 34; A. 11 4- 37; L. lat, (poros) 158 Forma losangonal, grandemente comprimida. Cabeça 4 vezes no comprimento até o extremo da linha lateral, subcarenada na linha me- diana superior, com a mandibula prognatha, espessa, sub-cochlear ; o fo- cinho curto, 3 e 2/3 no comprimento da cabeça, narinas mais próximas da orbita do que do seu extremo anterior ; orbita 1/7 do comprimento da cabeça, de orla livre ; preorbitaes amplos, recobrindo a base dos maxilla- res cujo osso suplementar é em forma de facão, passando esses dous ossos que, em conjunto ficam com o bordo posterior redondo, a vertical da orla posterior da orbita. Uma ruga nasce, no mandibular, junto ao angulo infero-posterior do maxillar e se dirige em parabola para a frente, apagando-se perto da symphyse que é obtusamente truncada ; tanto a fim- bria do preorbital como a do preoperculo delicada e imperceptivelmente crenuladas. Rastros 10/15. Linha lateral sinuosa e com 7 ramos verticaes, superiores, na sua ametade anterior; escamas pequenas, delgadas e forte- (1) (Gr.) Parona = navigium. (1) Sígnatus, a, um (Lat.) = marcado, assignalada pela macula peitoral. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL vol.— XVII 6 mente pigmentadas. Dorsal com os dous primeiros aculeos subcutâneos e os demais gradativos em tamanho, até a base da parte ramosa que é falcada anteriormente e, depois, termina perto da caudal, sobre o curto pedúnculo. A anal que termina no mesmo plano em que a dorsal, tem os dous primeiros aculeos muito pequenos e, sendo da mesma forma na parte ramosa que esta, tem o seu primeiro raio no ultimo plano attingido pelo extremo das peitoraes e, portanto, verticalmente abaixo do penúltimo aculeo dorsal. Peitoraes falcadas, porém largas, pouco maiores que 1/2 da cabeça. Superiormente glauco cinereo, inferiormen- te branco de prata ; parte falciforme das nadadeiras dorsal e anal dene- gridas, o resto amarellado ; pagina interna das peitoraes e uma nódoa alongada que se projecta da axilla para traz e para baixo, negras, 2 exemplares que serviram á esta discripção, medem cerca de 57 centí- metros; um proveio do Rio da Prata, onde o collecionei, o outro é do Rio de Janeiro fMez de MarçoJ, onde é raro. OLIGOPLITES, U) Gill Proc. of the Acad, of Nat. Sei. Phüad,, vr.l. for IS63, pg. 166-1864 (2) Forma verdadeiramente navicellar, muito comprimida. Bocca ante- rior, provida de dentes cónicos, curvos, ou aciculares, dispostos em se- ries nos iníermaxillares e mandibulares, ou em fachas nos palatinos, vo- mer, lingua e pharyngeanos. Maxillares estreitos, delgados, curvos. Ras- tros lineares, médiocres. Abertura opercular ampla, desde o isthmo. Olhos grandes, lateraes, próximos do extremo do focinho. Corpo provido de escamas alongadas, aciculares, fundamente implantadas na epiderme que é densamente pigmentada, de modo á não serem apparentes. Dor- sal dupla, provida de cinco á seis aculeos na parte anterior, o primeiro aculeo procumbente, fundamente implantado no dorso ; parle ramosa sub- falcada, sendo os raios pouco elevados e os posteriores pinnuliformes. O mesmo succède á anal cujos aculeos anteriores são isolados da parte ramosa. Peitoraes pequenas. Ventraes presentes, desenvolvidas, recli- (1) Oligopliies (Gr.) Oligos = pouco oplites = armado : «(2) Os peixes Occidentaes re- feridos ao género Chorinemus por Cuv. & Vai., não parecem congéneres dos africanos e orien- taes, mais depressa constituem um género peculiar, distincte pelos aculeos dorsaes em menor nu- mero (4 á 5) Os nomes àeScomberoides Lacépède, Orcynus Raf., Chorinemus Cuv e Porthmeus Cuv. &Val. (Joven), foram applicados primeira ou totalmente ás espécies extra americanas e não podem ser retidas para o typo americano. Os Chorinemus occidentalis, C. guarlbira Cuv. (Unnaeu;,) D- VI + 1, 19; A. II + 1, 18 «Cabeça 3 e 3/4 ; altura 1 e 3/5 ; corpo largamente ovado, modera- damente comprimido, perfil ligeiramente convexo do aculeo procumbente da orla superior da orbita, onde elle desce quasi que verticalmente . A (1) Falcatus (Lat.) = falcado ; allusão as pontas anteriores das nadadeiras 2.* dor- sal e anal. 11 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES porção vertical é cerca de 1 e 1/3 vezes o diâmetro orbital; comprimento do focinho quasi egual ao diâmetro ocular ; bocca quasi horizontal ; ma- xillares chegando á vertical do centro dos olhos, seu comprimento 2 e 2/3 na cabeça ; maxillas sem dentes no adulto ; aculeo dorsal curto e espesso, não ligado por membrana no adulto ; ventraes curtas, suas pontas apenas chegando á 1/2 caminho do aculeo anal anterior, 3 vezes na cabeça ; cau- dal amplamente furcada ; lóbos cerca de 2 e 2/3 no comprimento do cor- po. Nadadeiras dorsal e anal falcadas ; raios anteriores chegando á qua- si o extremo posterior das nadadeiras ; nos adultos os lóbos dorsal 2 e 2/3, o anal 4e 1/2 no comprimento do corpo. Côr : superiormente azulado, inferiormente prateado ; lóbos da dorsal negros no joven, nos adultos as nadadeiras são todas azuladas com as pontas mais claras. O joven diffère do adulto, como acima foi descripto, nos seguintes respeitos : Per- fil apenas convexo, focinho mais curto e menos vertical ; aculeos muito mais compridos e ligados por membranas ; lóbos das nadaderas verticaes mais curtos ; maxillas com fachas de dentes villiformes ; olhos maiores. índias Occidentaes, Cap Cod até Brasil» (Jord. Everm.) Trachinotus carolinus^') (Qm') PALOMETA OU PALOMBETA; PAMPO D. VI + 1, 24; A. II + !, 26 Forma rhomboïde, comprimida, de altura contida justamente duas vezes no comprimento que vae do focinho á base da cauda . Cabeça me- diocre 3 e 4/5 no comprimento até a base da caudal : de perfil anterioi abruptamente vertical ; bocca antero-inferior, fechando hermeticamente, completamente desdentada e em vez de dentes papillas ; maxillares mo- derados, não attingindo a vertical do meio dos olhos; preorbitaes desen- volvendo-se anteriormente ; narinas anteriores, acima do plano da pupilla ; olhos de diâmetro egual ao comprimento do focinho, 4 e 1/2 vezes no comprimento da cabeça. Peças operculares de bordos finamente crenu- lados. 7 á 10 rastros no ramo inferior do primeiro arco branchial ; mem- brana livre por cima do isthmo. Linha lateral mediocremente sinuosa, um tanto ondeada. Nadadeiras peitoraes sub triangulares, largas, ante- riores ás ventraes que nascem na vertical da sua axilla. Ventraes pouco menores do que a metade das peitoraes, reclinando-se n'uma depressão que lhe serve de encaixe. Dorsal anterior tendo um aculeo procumbente e a posterior os raios anteriores constituindo um lobo pouco menor que as (1) Caroltnus (Lat.); da Carolina. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL vol.— XVII 12 peitoraes. Anal com os dous aculeos anteriores livremente moveis e os primeiros raios egualmente prolongados em lobo, pouco mais curto que o seu opposto da dorsal. Pedúnculo curto e sub quadrangular. Caudal amplamente falcada. Azul cinereo superiormente, branco prateado infe- riormente. Dorsal e caudal e axilla das peitoraes denegridas. Habitat : De Cap Cod até o Rio de Janeiro, d'onde são os 2 exempla- res que servem á presente descripção. A palometa é um peixe de pouco valor ; quando desenvolvido é vendido por Pamplo pelos pescadores. CHLOROSCOMBRUS ci) oirard Proc. Acad. Nat. Scei. Philad. pg. Í68— 1858 Forma lanceolada, comprimida. Bocca anterior, provida de dentes acículares, em facha, nos intermaxillares, mandibulares, vomer, palatinos e língua; maxillares providos de osso supplementär; intermaxillares pro- tracteis. Focinho curto; narinas obliquamente superpostas supero late- raes. Olhos lateraes, providos de pálpebra adiposa. Peças operculares de bordos membranaceos, inteiros . Rastros numerosos, lanceolares. Esca- mas cycloides pequenas, firmes nos adultos. Linha lateral completa, si- nuosa, com um ramo accessorio cervico dorsal; parte posterior, nos adul- tos, provida de escudos indistinctos. Dorsal dupla, a anterior com espinho procumbeníe; a posterior, bem como a anal ,sem lobo anterior. Aculeos anteriores á anal desenvolvidos, formando-se por uma articulação basilar. Chioroscombrus chrysurus^^' (l.) FOLHA DE MANQUE D. VIII + 27; A. II + 25 Contorno perfeitamente lanceolado, comprimido; pedúnculo fino, sub- cylindrico. Cabeça 1/4 do comprimento até a base da caudal; bocca an- terior, obliquamente disposta; muito saliente; intermaxillares grandemente proíracteis como nas sardinhas; dentes pequenos, aciculares, em facha nos intermaxillares, mandibulares, vomer, palatinos e lingua; maxillares pro- vidos de osso supplementär, attingindo a vertical da oria anterior da orbi- ta; preorbitaes medíocres. Narinas no plano da oria superior da orbita; )) Chioroscombrus (Greco-Lat) = chloros = verde; Scombrus, género referido. 2) Chrysurus (Gr.) Crysos = ouro e oura = cauda 13 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES olhes 3 e 1/5 na cabeça, pouco maiores que o focinho e providos de pál- pebra adiposa desenvolvida principalmente no lado posterior. Peças operciilares de bordos mcmbranaceos, inteiros. 33 rastros no ramo inferior do r arco branchial. Altura 2 e 2/5 no comprimento até a base da cau- dal. Escamas cycloidcs, pequenas, firmes nos adultos. Linha lateral curva na frente e tendo um ramo accessorio cervico-dorsal. Lado curvo menor do que o recto . Dorsal anterior com um aculeo procumbente; a posterior com os raios anteriores um pouco maiores, porem não formando lobos; o mesmo succède á anal e ambas se reclinam numa bainha de es- camas bem desenvolvida Aculeos anaes salientes, fortes e podendo ficar firmes por uma articulação especial. Peitoraes falcadas, 1/3 do compri- mento até a base das caudaes. Ventraes moderadas, recobrindo o anus e reclinando-se n'uma calha especial. .'Xzul superiormente, branco de prata inferiormente; alto do focinho, uma nódoa opercular e outra na base da cauda, negros. Parte anterior da dorsal e nadadeira caudal orlados de negro 0,m 23. Habitat.- Atlântico tropical, de Cap. Cod., na America do Norte, até a fóz do Rio da Prata. O Museu Nacional possue exemplares de (Maria Farinha,) Pernambuco, Alagoas, Bahia, Rio de Janeiro e Santos. SELENE, O) Lacépède Hist. Nat. Pois., IV, 560-1803 Forma comprimida e elevada. Cabeça elevada; bocca anterior, com os intermaxillares, mandibulares, vomer palatinos e lingua providos de dentes, em facha. Narinas superpostas. Olhos lateraes com a pálpebra adiposa muito pouco apparente. Peças operculares estreitas, elevadas, inermes, membranaceas. Rastros desenvolvidos, numerosos. Dorsal dupla, precedida de uma serie déplaças ósseas; dorsal anterior filamen- tosa no joven, obsoleta no adulto; segunda dorsal com um lobo anterior que se desenvolve com a edade; peitoraes semi-espatulado no joven e fal- cada no adulto; ventraes muito longas no joven, rudimentares no adulto; anal com os aculeos anteriores fixos; indistinctos ou ausentes no adulto; anal com o lobo anterior desenvolvendo-se com a edade. Linha lateral presente, desprovida de escudos e com um ramo anterior obsoleto. Espécie brasileira: 1) Selene (Or.) = Lua. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL vol.— X VU 14 Selene vomer <'' l. GALLO D. Ill + 23; A. 18 D, VII + 22; A. 1, 19 D. VIII + 23; A. II + 1, 19 Adulto (46 centímetros). Contorno pentagonal, tão fortemente com- primido que a espessura é 4 e 1/2 vezes contida na altura; esta é 1 e 2/3 do comprimento total (sem a caudal). Cabeça grandemente elevada, de comprimento contido 2 e 1/2 na altura e 3 e 2/3 no total (sem a caudal^. Bocca anterior, porém collocada no plano do 5° raio anal. Dentes aci- culares, villiformes, em fachas nos intermaxillares, no vomer, nos palati- nos, mandibulares e lingua; um espesso osso anterior ao vomer, entre este e os intermaxillares; lábios desenvolvidos, redobrados, debruando os dous lados da bocca; maxillar amplo, com osso supplementär, tocando a ver- tical da oria anterior do orbita. Preorbitaes tão elevados que são mais compridos que a mandíbula. Narinas sobrepostas, lanceoladas, a superior maior, no mesmo plano do centro dos olhos. Estes médiocres, contidos 2 vezes no comprimento que vae da symphyse dos intermaxillares ao extremo posterior dos maxillares. Peças operculares elevadas, muito estreitas, de bordos inteiros e membranosos. 27 rastros médiocres, es- pessos no ramo inferior do 1° arco branchial. Primeira dorsal atrophia- da; 3 ossificações absoletas antes d'esta que é representada apenas por 3 raios vestigiarios que, não medem 3 millimetros de altura nem meio de espessura; os dous primeiros raios da segunda dorsal pouco maiores do que a metade da altura; os dous primeiros raios da anal também são sali- entes, porém, não tanto quanto os dorsaes; não ha vestígios dos aculeos anteriores; ventraes reduzidas á pouco mais de metade do diâmetro da or- bita. Peitoraes falcadas, 2 e 1/3 no total (sem a caudalj ou eguaes á al- tura que vem do extremo superior da abertura branchial ao bordo inferior do isthmo; caudal furcada. Linha lateral presente, parte sinuosa egualan- do á 1/2 da recta; um ramo ascendente vae de sua origem á linha dorsal cervical. Azul superiormente, branco prateado da linha lateral para baixo. 2^ dorsal denegrida, caudal amarellada, outras nadadeiras mais albicantes. 3 exemplares menores deixam ver a 2'' formula dorsal acima referida, sendo que os três primeiros aculeos da V dorsal são de 8 millimetros de altura o s exemplares medem cerca de 15 centímetros). Os primeiros raios da 2^ dorsal são do comprimento do corpo e os da anal 2/3. Altura 1 e 1) Vomer (Lat.) = ferro do arado; allusão á forma da cabeça do peixe 15 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES 1/3; parte curva da dorsal 2/3 da recta; duas placas ósseas são os vestí- gios dos aculeos anteriores da anal. Um exemplar medindo 25 millimetros tem o segundo e 3° aculeos da P dorsal tão desenvolvidos que egualam ao dobro do comprimento do corpo; as ventraes egualam ao comprimento que vae do perfil anterior á base do pedúnculo; o perfil abdominal é mais arqueado e os aculeos da anal são perfeitamente desenvolvidos. Os raios anteriores da segunda dorsal e da anal são contidos 2 e 1/2 vezes no comprimento total fsem a caudal/ Raios longos das nadadeiras verticaes e ventraes denegridos. As peito- raes são arredondadas. Habitat: Atlântico e Pacifico tropicaes. O primeiro e o ultimo exemplares descriptos procedem do Rio de Ja- neiro, resp." fora e dentro da Bahia Guanabara. Os 3 outros são de Fer- nando de Noronha donde foram trazidos pelo Prof. J. C. Branner, da Comm. Geológica. n^76J, ALECTIS, ^') Rafinesque Analyse de la Nature, 1815 Forma rhomboidal . Bocca anterior, provida de dentes aciculares nos intermaxillares, mandibulares, vomer, palatinos e lingua. Narinas duplas, supero lateraes, pequenas. Olhos lateraes, grandes e inteiros, membrana- ceos. Rastros espessos, moderados, acicuíados. Dorsal dupla, a ante- rior vestigiaria; a posterior bem como a anal, com os raios anterio- res muito desenvolvidos, maiores do que o corpo. Dous aculeos iso- lados antes da anal . Ventraes muito desenvolvidas. Escamas cycloides, deciduas. Linha lateral completa, curva na metade anterior; a posterior com escudos moderadamente desenvolvidos. Espécies brasileiras : Alectis cilíaris (^^ (bi.) ARACANGUIRA D. VII + 20; A. ]| + 17; L. lat. com 11 escudos Perfil sub-pentagonal ; forma comprimida, elevada, com a linha cer- vico oral pouco curva e quasi vertical. Cabeça elevada, 2 e 1/2 no com- primento, (excl. caudal); bocca antero-inferior, provida de dentes acicu- lares, curvos, em mais de uma serie nos intermaxillares, vomer, palati- (1) Alectos (Gr.) = o gallo (2) Cilíaris (Lat.) = ciliar,- os cilios da dorsal. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL vol.— XVII 16 nose lingua; mento saliente como em Beryx ; maxillares largos, attingin- do a vertical anterior (bordo livre) da iris. Preorbital largo, tocando mais de metade dos intermaxillares. Focinho 2 vezes no diâmetro dos olhos que são grandes e contidos 2 e 1/2 no comprimento da cabeça ; a orla inferior da orbita é superior ao plano superior dos intermaxillares. Rastros espessos, ásperos, desenvolvidos, cerca de 15 no ramo inferior do primeiro arco branchial . Linha lateral grandemente curva na ametade anterior; escudos pouco desenvolvidos; escamas cycloides, grandes, de- ciduas. Dorsal anterior muito baixa, vestigiaria ; a posterior e a anal com os raios anteriores tão desenvolvidos que são maiores que o comprimento do corpo. Ventraes anteriores ás peitoraes e egualmente muito desenvol- vidas, egualando ao comprimento da base da segunda dorsal. Peitoraes grandes, largas, pouco mais compridas que a cabeça ; caudal furcada. Glauco superiormente, argyreo inferiormente , os raios longos da dorsal e anal e respectivas membranas interradiaes denegridas; ventraes idem. Habitat : Atlântico e Pacifico tropicaes (costas das duas Americas). O exemplar que sérvio á apresente descripção foi trazido do mercado de S. Salvador da Bahia pelo Snr. R. Rathbun em 1876. VOMER, O Cuv.&Val. Hist. Nat. des Poissons, IX, 141 — 1833 Forma elevada, comprimida. Cabeça curta, alta; bocca anterior com uma facha de dentes cónicos, curtos nos intermaxillares, vomer e lingua, e uma fila nos mandibulares ; maxillares com o osso suplementar, largo. Preorbitaes elevados, membranaceos. Narinas superpostas, pe- quenas, no mesmo plano dos olhos que são lateraes e ficam muito aci- ma do plano da bocca. Peças operculares membranaceas, elevadas; rastros numerosos, lamellares desenvolvidos. Escamas cycloides peque- nas deciduas. Linha lateral completa, com um ramo accessorio basilar, dirigindo -se para o perfil dorsal; ella é sinuosa e tem a parte posterior provida de escudos fracos. Nadadeira dorsal precedida de três placas ósseas na linha mediana cervical ; é dupla, a anterior mais desenvolvida no joven do que no adulto ; os quatro primeiros aculeos desta parte, são mais elevados e mais fracos do que as seguintes nos exemplares muito jovens, comtudo, ambas se obliteram e quasi desapparecem com a edade do peixe. A segunda dorsal e a anal são de forma idêntica, baixas, com os primeiros raios pouco desenvolvidos sobre os demais ; os 2 aculeos (1) Vomer (Lat.) = ferro do arado. 17 A. DE MIRANDA RiBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES anteriores ä anal são fixos e se obliteram egualmente com a edade, Vci»- /. ^* traes rudimentares ; peitoraes falcadas, caudal furcada. Vesicula nata- /<^,^o' toria grande, com dons processos posteriores progredindo entre os mus- ' "• culos anteriores do pedúnculo. Estômago caecal e appendices pylori- .„^ i- 1 b cos numerosos. \-^ Vomer setipinnis^'^Mitciiin) v^ OALLO D. VIU + 22; A. II -f- 20 ou somente 20, Escudos 12 > 20.; Forma ovo lanceolada, grandemente comprimida, de altura contida 2 e 1/3 no comprimento (até a base da caudal). Cabeça curta, elevada, de fronte gibbosa, seu maior comprimento contido 1 e 1/2 vezes na al- tura ; bocca anterior e collocada no extremo inferior do perfil anterior da cabeça, o qual é quasi vertical, concavo e comprimido em gume. Dentes cónicos, em facha nos intermaxillares, vomer e lingua ; em uma fila nos mandibulares; palatinos edentados. Lábios moderados; maxillares pas- sando a vertical da orla anterior da orbita e providos de osso supple- mentär. Preorbital elevado, porem menor que o comprimento que vae da symphyse intermaxillar ao extremo posterior dos maxillares. Narinas superpostas. Olhos 3 e 3/4 na cabeça, duas vezes na maxilla superior. Peças operculares elevadas, membranaceas ; preoperculo com depressões longitudinaes marginaes. Cerca de 32 rastros no ramo inferior do primei- ro arco branchial. Linha lateral completa, sinuosa, com um ramo acces- sorio do operculo proximo do perfil cervico dorsal, com a parte cus va pouco menor do que a recta e esta com uns 13 escudos na sua parte pos- terior (sobre o pedúnculo . Escamas muito pequenas, cycloides, deci- duas. Dorsal anterior verligiaria, posterior com os primeiros raios pouco elevados, não formando lobos. Peitoraes falcadas, muito pouco maiores que o comprimento da cabeça . Ventraes rudimentares. Os dous aci»- leos anaes anteriores pouco maiores que os subsequentes. Glauco me- tallico superiormente, branco de prata inferiormente. Nadadeiras ama- relladas, a 2.^ dorsal ligeiramente denegrida no primeiro terço. (Exem- plar procedente de Bahia, coliigido pelo Snr. Rathbun), Um exemplar joven, medindo 46 mm, tem a altura contida 1 e 1/5 no comprimento, três ossificações ante uma primeira dorsal formada de 4 raios delgados c pequenos, após os quaes vêm 4 aculeos isolados, fortes, porém curtos, e finalmente a 2.^ dorsal com os raios anteriores formando um lobo mcde- rado. As ventraes são pequenas; os aculeos anteriores í\ anal, fixos, são rudimentares; e esta não tem os raios anteriores formando lobos. Habitat: Atlântico e Pacifico tropicaes, sobre as costas da America. (1) Setipimis (Lat.) — Se/a, seda, cerda ; pinna, nadadeira. ARCHIVÛS DÛ MUSEU NACIONAL VOL— XVII 18 CARANX (') Lacépède Hist. Nat. des Poissons, IH, pg. 57—1802 Forma comprimida, elevada. Cabeça grande ; bocca anterior, provi- da de dentes cónicos, em facha mais ou menos ampla, nos intermaxillares, mandibulares, vomer palatinos e lingua; maxillares largos. Narinas supe- ro-lateraes. Olhos médiocres, lateraes, providos de pálpebra adiposa. Peças operculares de bordos inteiros e membranosos ; abertura branchial normal de sob os olhos, opeicular do isthmo ; rastros numerosos, delgados, elevados. Linha lateral, presente, completa, provida de escudos ósseos na ametade posterior, curva na anterior ; escamas cycloides. Dorsal anterior provida em geral de um aculeo procumbente que pode se occultar por completo na pelle. Peitoraes e ventraes mais ou menos na mesma vertical. Anal com dous aculeos antei'iores separados. Coloração mais ou menos uniforme. Peixes de tamanho moderado, de pouco valor como alimento, se bem que as vezes constituindo objecto de commercio. Espécies constatadas no Brasil (2) ^Altura egual ou menor do que 1/3 do comprimento C. chrysos Raios anteriores da 2" dorsal e /Peito totalmente escamoso . C. lugubris da anal elevados, formando/ um lobo distincto e muito sa-1 liente, base dos ralos sem asV nadadeiras com ossificações j externas \ Altura maior do que 1 Î/3 do compri- j f pgito nú, com uma placa mento . . ; . .^ ^ ovóide, escamosa, adiante das ventraes C. hippos 'Raios anteriores da 2* dorsal e Escudos 24 á 29 C. guará anal mediocremente elevados, não formando lobo distincto; base dos raios d'essa nadadei- ra sem ossificações externas. \Escudos 19 C. latus 1) Caranx=áQ Kára (gr.) cabeça. 2) Jordan e Gilbert referem C. ruber á Fauna Brasiliense, creio, comtudo, não haver base para tal afirmativa e, por isso, deixo de incluir aqui esta espécie. 19 A. DE MIRANPh ribeiro — FAUNA BRASILIFNSE — PEIXES Caranx chrysos^') (Mitchiii) XARÈLÊTE OU XERÊLÊTE D. Vlll + 24; A. II -i 20; Escudos 47 á 50 Forma oblonga, comprimida; altura 1/3 do comprimento que vae da ponta do focinho ao extremo da serie de escudos da linha lateral á base da cauda, no adulto . Cabeça 3 e 3/4, de perfil convexo; bocca attingindo a vertical da orla posterior (livre) da iris com os maxillares que são lon- gos ; dentes presentes nos intermaxillares, mandibulares, vomer, palatinos e lingua, aqui não só numa ampla facha mediana, como nos lados. Olhos 3 e 4/5 á 4 e 1/5 (no adulto) na cabeça. Cerca de 25 rastros no ramo inferior do 1.° arco branchial Peças oparculares de bordos membrano- sos, inteiros. O perfil superior da cabeça e' dado por uma carena cónica que encontra seguimento em peças medianas da mesma natureza que se de- senvolvem na região cervical. Escamas pequenas, deciduas, nos jovens. Linha lateral de curva pouco elevada ; parte curva pouco maior que a me- tade da parte recta; cerca de 47 escudos maiores. Primeira dorsal comum aculeo procurnbente e contorno sub triangular ; segunda e anal com os raios anteriores formando um lobo pouco falcado. Peitoraes falcadas, egualando ao comprimento que vae das narinas á orla posterior e maior que a cabeça no adulto. Caudal furcada. Plúmbeo azulado superior- mente, branco de prata inferiormente ; nadadeiras amarelladas. Uma nódoa negra no opercule e outra na axilla das peitoraes. Em geral os aculeos separam C. chrysos de C. cabalhis á exemplo de Günther, basea- do na extensão da peitoral que, n'esta ultima e pretensa espécie, é maior que a cabeça do peixe que é indicado como existente apenas nas aguas do Pacifico. Jordan e Gilbert não admittem que Günther tenha encon- trado C. caballas (espécie de Günther) nas Bermudas, affirmando ser isso um erro ; porém, Jordan e Evermann já dizem : "Entre os nossos exemplares de C. chrysos, de Key West, alguns ha que parecem muito com o typo de C. caballus. tendo as peitoraes muito pouco mais curtas ; não é provável que as duas espécies possam ser separadas como espécies e talvez nem mesmo como variedades". O Museu Nacional possue 3 exemplares de C. chrysos, um dos quaes determinado e procedente de Massachussetts. Dos dous exemplares brasileiros, o menor tem as nada- deiras peitoraes menores do que a cabeça ; no maior essas nadadeiras passam de muito aquella parte do corpo em comprimento ; o de Massa- chussetts tem a cabeça e as peitoraes de comprimento egual. Seguindo Jordan & Gilbert eu andaria errado se considerasse o exemplar brasileiro (1) Chrysos (Gr.) = ouro ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL VOl.— XVll 20 maior como C. caballus ; para seguir Günther, ao contrario, tal determina- ção tinha razão de ser ; acho porém que a razão pertence mais á Jordan e Evermann. E não separo ao duas espécies porque me parece que, com a edade, os seus caracteres difíerenciaes se reduzem e nem mesmo são constantes nos jovens (o exemplar de Massachussetts é impercepti- veímente maior que o menor de procedência brasileira). Comprimento do maior exemplar 0,'"24. Habitat : Os dous oceanos Atlântico e Pacifico ; n'aquelle de Cap Cod ao Rio de Janeiro. Caranx lugubris, <') Poey. D. Vm + 22; A. 11 + 18; L. lat. 75; Escudos 29 Adulto cabeça 3 e 1/2, de perfil gibboso, abrupto ; bocca mediocre, os maxillares mal attingindo a vertical da iris, triangulares e largos ; den- tes em facha nos intermaxillares, vomer e palatinos, em uma serie nos mandibulares, os da serie externa dos intermaxillares um pouco maiores. Narinas quasi no mesmo plano do centro da pupilla. Orbita mediocre, 1 vez e 1/2 no focinho, 4 e 1/2 na cabeça, provida de uma ampla mem- brana adiposa no lado posterior ; peças operculares de bordos membrano- SO.S e inteiros ; cerca de 20 rastros no ramo inferior do 1." arco branchial. Altura 2 e 1/5 no comprimento. Escamas cycloides, espessas, fixas ; linha lateral fortemente arqueada no terço anterior. Dorsal anterior com um aculeo procumbeníe; dorsal posterior originando-se por traz da vertical elevada do 2° aculeo anal; o seu lobo é maior que o d 'esta ultima nadadeirae do tamanho da cabeça, (anal menor quasi de metade). Peiíoraes falciformes, 2 e 2/3 no comprimento. Coloração no joven quasi uniformemente prate- ada albJcante, com o extremo do lobo da segunda dorsal negro ; no adulto, a coloração é denegrida uniforme, sendo as nadadeiras ainda mais escuras, quasi pretas . O joven tem o perfil menos abrupto, os maxillares attin- gindo a vertical do meio dos olhos, a base lateral menor fortemente curva e as nadadeiras menores. Habitat : Atlântico e Pacifico intertropicaes. Os exemplares que ser- viram á presente descripção procedem de Parahyba do Norte, Rio For- moso (Pernambuco), Fernando de Noronha, Plataforma (Bahia) e mercado da cidade d'esté nome (colligidos por J. C. Branner eR. Rathbun em 1875). Um joven, de Alagoas, (comprado). { f ) Lagubris (Lat . ) = Lugubre. 21 A. DE MIRANDA RIBEIRO —FAUNA BRASILIENSE — PEIXES Caranx hippos <') (l.) XARÉO Corpo ovoide-Ianceolado, tendo o perfil inferior, do mento ao pri- meiro raio anal, quasi recto, e o superior regularmente curvo, do mento á base da caudal ; a linha inferior entre o 1." raio anal e o ultimo, é recta. Altura 2 e 1/3 (até o extremo da parte da linha lateral recoberta de escu- dos). Cabeça 3 e 1/3. Bocca ampla, os maxillares largos, terminando entre as verticaes da orla posterior da iris e da orbita. Preorbital dila- tado, de contorno inferior convexo, entrando no perfil superior dos inter- maxillares. Dentes em facha, cónicos, de tamanho desegual nos inter- maxillares, sendo a fila externa a maior ; na mandíbula em uma única fila, no vomer e palatinos em facha, aciculares e eguaes. Cerca de 16 rastros no primeiro arco branchial . Peças operculares de bordo mem- branaceo, inteiro, sendo a abertura desde a symphyse e a das guelras ver- ticalmente de sob a orla anterior dos olhos. Escamas cycloides, firmes. Uma area nua na base das peitoraes, ventraes e thorax, em torno de uma placa de escamas que fica adiante da base das ventraes. Linha lateral ten- do a parte curva do comprimento pouco menor que a recta. Vestígios de ossificação na base das nadadeiras dorsal e anal e de duas carenas cutâneas ao lado dos escudos na base da caudal. Dorsal com um aculeo procumbente e contorno ellipsoidal ; dorsal posterior e anal falcadas. Peitoraes desta forma, menos de 3 vezes no corpo. Cor plúmbea azula- da escura superiormente, amarella argyrea inferiormente. Uma nódoa negra no eperculo e outra do lado interno da base das peitoraes. Cresce até 5 centímetros ou pouco mais. O Xaréo é um peixe bastante abundante nas costas do Brasil, sendo objecto de grande pesca especialmente na Bahia e em Cabo Frio. Pes- cam-n'o aos milheiros, conservando-os em salmoura ou secco, para exportação. Habitat : Atlântico e Pacifico ; no Atlântico vem de Cap, Cod. N. America até Angra dos Reis, no Brasil. Caranx guará ^-^ (Bonnaterre) Não conhecemos esta espécie que é assim descripta por Jordan & Everman : « Cabeça 3 e 1/3 ; altura 2 e 1/2 ; focinho 2 e 1/2 na cabeça ; olhos 4 e 3/5 á 5 e 1/4 . D. VII -t I, 26 ; A. II + I, 21 . Escudos 24 á 29, (1) Hippos (Gr.)= Cavallo. (2) Guará (brasílico) = Vermelho ? ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL vol.— XVII 22 112 escamas da linha lateral. Corpo oval, comprimido; os contornos igualmente curvos ; cabeça comprimida ; perfil superior abrupto, não for- temente decurvo ; bocca pequena, os largos maxillares apenas chegando adiante dos olhos; dentes nas maxillas biseriaes nos jovens, uniseriaes no adulto, os dentes subeguaes, cegos ; dentes villiformes no vomer, pala- tinos e lingua nos jovens, desapparecendo inteiramente com a edade, traços rémanentes em exemplares de 13 polegadas. Beiços espessos no adulto. Linha lateral pouco arqueada, sua parte curva, antes mais com- primida do que a sua parte recta. Peitoraes longas, falcadas, chegando ao sétimo raio brando da anal, ligeiramente mais longa do que a cabeça. Dorsal ramosa e anal baixa, apenas elevadas anteriormente, os raios 2 e 2/3 á 3 na cabeça. Lobos caudaes longos, do comprimento da cabeça. Azul prateado ; uma nódoa opercular negra ; nadadeiras immaculadas. Comprimento 2 pés» (Jordan e Evermann, reproduzindo Steindachner). Habitat : Atlântico, mediterrâneo, Africa, Madeira, índias Occiden- taes e Brasil . Caranx latus <'^ Agass. GUARAMBÁ D. VIU + 27; A. n + 23, Escudos 19 Perfil mais alongado anteriormente pela projecção do focinho que é egual a 1/3 do comprimento da cabeça. Bocca provida de dentes nem sempre perceptíveis, no iníermaxilíares, mandibulares, vomer e palatinos e n'uma estreita facha mediana sobre a lingua ; maxillares largos, não attingindo a orla livre lado anterior da iris. 18 rastros no ramo inferior do 1.° arco branchial. Olhos 1 e 1/3 vezes no focinho e quatro na cabe- ça. Peças operculares de bordos membranosos, delgados e inteiros. Es- camas cycloides, persistentes, pequenas ; linha lateral com a curva ante- rior pouco elevada e pouco menor (de 1/7) que a parte recta Peitoraes falcadas, do comprimento da cabeç-i e attingindo a vertical do oitavo raio da 2!" dorsal. Dorsal anterior com um aculeo prociimbente occulto na massa do corpo, o mais alto aculeo (2.°) mais baixo que os 4 primei- ros raios da segunda dorsal que, como a anal tem os raios anteriores mais elevados sem contudo formar um lobo falciforme bastante distincto. Caudal furcada. Coloração superior glauca, inferior argyrea. Esta es- (1) Lo/us (Lat.) = largo. 23 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES pecie é dada como venenosa por Jordan & Evermann. Os três exem- plares que serviram á presente descripção, foram trazidos da Bailia pelo Snr. R. Ratiibun e tem uma etiqueta em que se vê, indistinctamente o no- me vulgar Quarambá. Habitat : Mares tropicaes e intertropicaes ; no Atlântico occidental, vem da Virgínea, na America do Norte, até Bahia, no Brasil. CARANGOPS, O oiii Pr. Acad. Nat. Sei. Philad. pg. 431-1862 Forma comprimida e elevada. Bocca protractil com os maxillares pequenos e estreitos ; preorbitaes estreitos ; dentes em uma serie nos intermaxillares ; mandibulares, palatinos e lingua. Os dos intermaxilla- res e mandibulares eguaes, de bordos parallelos e ponta angular, sub comprimidos. Linha lateral presente completa, provida de escudos na parte posterior ; dorsal dupla ; a posterior e a anal sem os primeiros raios desenvolvidos. Caudal furcada. Não seguimos Jordan e Evermann dan- do para este género o nome adoptado por aquelles auctores (fiemica- ranx) porque elles são os primeiros á declararem que nenhum meio ti- nham de verificar qual tinha prioridade se Hemicaranx de Blelker se Ca- rangops de Gill ; e porque o nome Carangops de Gill já fora adoptado por Poey antes que outro autor adoptasse Hemicaranx. Espécie brasileira : Carangops amblyrhynchus ^-^ icuv. & vai.) D. Vll + 27, A. 11 + 14. Escudos 51 Forma ovo-lanceolada, fortemente comprimida, altura 2 e 1/4. Ca- beça 3 e 2/3 no comprimento (até o extremo posterior da fila de escudos caudaes). Bocca mediocre, provida de uma ordem de dentes eguaes, de bordos parallelos e ponta angular, subcomprimidos nos intermaxillares e mandibulares, e de outra de dentes, finos e curvos nos palatinos ; uma serie mediana de dentes cónicos, rectos, isolados, sobre a lingua ; ma- il) Caraux, género referido; ops = face, cara. (2) Amblys (Qr.) obtuso; rhynchus (Gr.) focioho. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL VOl.— XVII 24 xillares estreitos, pouco occultos pelos preorbitaes, e mal attingindo a vertical da oria anterior da orbita. Focinho curto, narinas antero-late- raes, a posterior ovóide, ambas ligeiramente mais próximas da orbita do que da orla oral. Olhos grandes, de diâmetro 1/3 maior que o focinho e contido 3 vezes no comprimento da cabeça. Peças operculares débor- des delgados e inteiros, o preoperculo de canto redondo. Abertura oper- cular desde a symphyse que tem os mandibulares de ângulos salientes, á modo dos Berycideos; abertura branchial de sob o meio dos olhos. 20 rastros no ramo inferior do 1 ." arco branchial ; os rastros são delgados, lamellares, isolados e providos de aciculos que os tornam de aspecto algo violáceo. Escamas cycloides, delgadas, deciduas. Linha lateral com- pleta, com a parte anterior arqueada, de elevação egual á um diâmetro orbitario quasi egual ao comprimento da cabeça e contido 2 vezes e 1/3 na parte recta. Escudos começando com esta ultima parte e na vertical dos aculeos anaes. Nadadeira dorsal anterior com um aculeo anterior procumbente e contorno semi-sinuoso ; posterior bem como a anal egua- iando na forma e tendo o bordo livre recto á contar do segundo raio, o ultimo sendo egual a cerca de 1/4 d'esté; base das nadadeiras verticaes escamosa (excepto a caudal). Peitoraes falcadas, maiores do que a cabeça, 1/3 do corpo (caud. exl.) e attingindo a vertical do 9.° raio dor- sal e 6.° anal. Caudal amplamente furcada. Coloração da parte supe- rior glauca, inferior argyrea. Nadadeiras, dorsaes denegridas, as demais amarelladas. Habitat : Atlântico Occidental do Cabo Hatteras até Bahia, donde são os dous exemplares que serviram á presente descripção. (Trazidos pela commissão Hartt). TRACHUROPS, o gíii Proc. Acad. Nat. Sei Philad., 431 — 186á Forma clupeoide, idêntica á de Trachurus em quasi todos os respeitos. Dentição mais desenvolvida ; ramo dorsal da linha lateral obsoleto. Cin- tura escapular formando com o isthmo um angulo quasi recto e pouco acima deste emittindo para dentro da cavidade branchial, um lóbo dermi- co, cuja extremidade livre toca os extremos das laminas branchiaes cor- respondentes. Espécie única (1) Trachurus, género referido; ops, face, aspecto. 25 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRAStLIENSE — PEIXES Trachurops crumenophthalmus/') (bj.) XIXARRO D. VIII 4- 26. A. II -f- 22, L. lat. 90 Muito semelhante á Trachums írachiirus, do qual diffère pelas placas do ramo normal da linha lateral que é constituida como em Decapterus, comquanto na sua trajectória seja menos sinuosa. Diâmetro ocular 1/3 da cabeça. Habitat ; Atlântico, costas do Brasil, do Rio de Janeiro (?) para o Norte até Cap Cod na America do Norte. TRACHURUS, (2) Rafinesque índice d'lttiologia Siciliana, pg. 20—1810 Forma perfeitamente clupeoide. Cabeça idem, com os intermaxilla- res protracteis; providos de dentes aciculares, imperceptíveis, bem como os mandibulares, vomer e palatinos. Preorbitarios desenvolvidos e se- guidos de uma serie externa de suborbiíarios. Rastros numerosos, delga- dos, longos. Escamas cycloides, deciduas Linha lateral dupla ; o seu ramo superior nú percorrendo a base das dorsaes ; o inferior sinuoso e provido de placas ósseas em toda a extensão. Dorsal e anal duplas, sem pinnulas ; a primeira dorsal provida d'um espinho antrorso, na base do primeiro aculeo ; os aculeos da anal como em Decapterus ; ventraes tho- racicas. Caudal furcada. A espécie brasileira é a seguinte : Trcchurus trachurus (l.) XIXARRO D. VIII + 29, A. II + 29, L. lat. 70 á 72 Cabeça 3 e 1/4 á 3 e 1/3 no comprimento (excl. a caudal); mandíbula proeminente ; intermaxillares, vomer e mandíbulas providas de dentes aciculares ; maxillares attingindo a orla orbitaria anterior e preorbitarios pouco entumecidos, porém, recobrindo os maxillares na sua parte anterior e acompanhando o contorno dos intermaxillares, anteriormente. Narinas verticalmente alongadas, supero lateraes, a posterior mais elevada que a anterior. Olhos providos de pálpebra adiposa, 3 vezes e 1/3 na cabeça, uma vez no focinho. Peças operculares de bordos inteiros, delgados. Rastros delgados, longos, numerosos. Abertura opercular procedente da (1) (Gr. iat.) Cruinena = ho\s& ophthalmos - o\ho ; a pálpebra adiposa. (2) Trachurus (Gr.) áe trachos, áspero e ouro cauda. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL VOl.— XVII 26 symphyse branchial do isthmo. Altura 1 e 1/3 no comprimento da cabe- ça 4 e 1/4 no do corpo. Escamas deciduas. Linha lateral com um ramo accessorio acompanhando o perfil dorsal, na base das nadadeiras onde se perde depois do entalhe da 2.^ nadadeira desse nome ; o ramo normal sinuosa e totalmente recoberto de escudos largos, que começam á se pro- ver de aculeos de sobre da metade do corpo para traz ; a secção inferior desse ramo lateral tem a sua curva para a superior na linha em que terminam as peitoraes que são falcadas e longas, egualando ao com- primento da cabeça, incluindo a mandíbula. A primeira dorsal tem um espinho bem desenvolvido, antrorso, no articular do primeiro aculeo dor- sal e toca o inicio da segunda com o seu 4.° aculeo, quando reclinada. A segunda dorsal e a anal entalhadas, sendo os aculeos desta isolados e situados sobre o segundo raio daquella. Caudal furcada. Côr glauca na parte dorsal, argyrea na abdominal. Uma nódoa negra no operculo, acima da articulação da peitoral. O «xixarro» não é muito commum nas costas do Brasil, pelo menos pelas informações que temos até agora. Os exemplares que serviram a esta discripção, procedem das pescas do Annie em proximidades da Ilha Rasa. Mediterrâneo e Atlântico, tanto nas costas europeas como nas das duas Americas, até Rio de Janeiro, Brasil. DECAPTERUS (1) Bleeker Natuurkunde Tjdschrift, V, 417—1855 Forma clupeoide. Cabeça e disposição oral idem ; intermaxillares grandemente protracteis, providos de dentes aciculares nos premaxillares, mandibulares, vomer, palatinos e lingua. Rastros presentes, numerosos, longos e delgados. Branchias com um entalhe correspondente á uma proeminência da cintura escapular. Dorsal dividida. Parte ramosa e anal seguidas de uma pinnula ; os aculeos da anal fortes, em numero de dous e isolados das nadareiras. Ventraes thoracicas. Linha lateral sinuosa, simples, mais ou menos provida de placas ósseas, sobretudo na parte posterior. Escamas cycloides, geralmente delgadas e mais ou menos deciduas. Espécies constatadas no Brasil 'Altura 5 no comprimento do corpo, linha lateral quasi recta, sem pontos ne- gros, escudos caudaes médiocres, 25 D. macarellus 'Altura 4 e 1/2 no comprimento do corpo, linha lateral sinuosa com pontos ne- gros na ametade anterior, escudos caudaes desenvolvidos 40 D. punctatas (,1) Decapterus (Gr.,) de Deca — dez, pteron = aza, nadadeira. 27 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES Decapterus macarellus<'^ (Ci.v.&vai.) D. VIII f 28, A. 11 + 27. L. laf. 117 ä 128 (escudos 25) Forma ainda mais alongada e espessa do que em D. piinctatus . A cabeça, contida 4 vezes no comprimento (até o meio da base da caudal), tem quasi o fácies da de Albula conorhynchus. Bocca mediocre, inter- maxillares grandemente protracteis, dentes imperceptiveis. Preorbitaes entumecidos, recobrindo os maxillares que não attingem a orbita, ficando á uma distancia d'esté que eguala á largura da iris. Narinas superiores, na divisão do 2." ao 3.° terço do focinho, este longo, 2 e 4/5 na cabeça. Olhos grandes, providos de pálpebras adiposas, 3 e 1/4 na cabeça, peças operculares de bordos inteiros, delgados e transparentes. Rastros nume- rosos, longos e delgados, projecção do arco escapular não entalhando as branchias ; abertura branchial muito ampla ; angulo opercular quasi recto. Linha lateral muito pouco sinuosa; escudos aculeados em nu- mero de 25. Escamas delgadas e deciduas, nas bochechas ellas se pro- jectam em facha larga até o angulo da bocca. Dorsal anterior elevada, com a membrana muito transparente, não se percebe, aculeo anterior pro- cumbente e o seu maior aculeo quando reclinado, mal passa o ultimo com o vértice. Segunda dorsal, nascendo verticalmente acima do anus ou im- perceptivelmente adiante d'esté; tanto ella como a anal mediocremente falcadas Peitoraes falcadas, egualando ao comprimento que vae da ponta do focinho á orla posterior da orbita. Ventraes egualando ao focinho, em comprimento. Còr glauca superiormente e argyrea inferiormente. Atlân- tico, de Fernando Noronha, no Brasil, até Cap Cod, America do Norte, Os quatro exemplares que serviram á esta discripção, medem approxi- madamente 24 centímetros, até a base da cauda e procedem de Fernan- do Noronha, donde foram trazidos pelo Snr. Prof" Branner, da Commis- são Hartt. Decapterus punctatus<^' (Agass.) XIXARRO D. VlII + 33 A. II + 29, L. lat. 83 Cabeça 4 á 4 e 1/4 vezes no comprimento. Olhos 3 e 1/3 á 3 e 1/2 na cabeça, 1 á 1 e 1/3 no focinho. Altura 4 e 2/3 ? 4 e 1/2 no compri- mento. Preorbitarios entumecidos, quasi tocando os premaxillares em (1) Macarellas (Lat.) = Macquereu (Fr.) Maquerel (Ingl.) (2) Punctalus, pontuado, referencia ás pontuações negras da lin^a lateral. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL vol.— XVII 28 toda a extensão. Escamas grandemente protracteis . Narinas contíguas supero-lateraes, as posteriores maiores do dobro que as anteriores, alto da cabeça subplano, ligeiramente tri ou penta-carenado, sendo que as carenas lateraes partem de sobre o meio dos olhos para o angulo opercular su- perior, o que se percebe melhor quanto mais magro está o peixe. Peças operculares de bordos lisos, inteiros, transparentes, excepção dos sub- operculares, que são opacos. Abertura branchial procedendo do isthmo opercular da symphyse. Rastros finos, longos e em grande numero, no ramo mferior do arco branchial ; mais curtos no superior ; as branchias mostram uma reentrada no contorno externo correspondente á uma sa- liência anterior do arco escapular. Escamas medíocres, delgadas, deci- duas. Linha lateral sinuosa, fazendo a curva por traz do entalhe da se- gunda dorsal ; depois dessa curva começam os escudos á se tornarem elevados e salientes, tendo uma serie de aculeos medianos de ponta di- rigida para a cauda ; ha cerca de 36 desses espinhos, bem perceptíveis. Peitoraes, ventraes e dorsal anterior, origínando-se quasi em um mes- mo plano. Primeira dorsal terminando sobre o inicio da segunda e tendo um processo spiníforme, obsoleto, na parte articular do primeiro aculeo. Segunda dorsal originando-se verticalmente diante do anus ; é falcada como a anal. Os dous aculeos d'esté são separados dos raios anteriores, como se constituíssem uma outra nadadeira. As pinnulas são bem des- envolvidas, egualando á quasi o dobro dos últimos raios dorsaes e anaes. Caudal furcada. Glauco superiormente, argyreo inferiormente; cerca de dez pontos negros na parte anterior da linha lateral. Habitat : Costas do Brasil, do Rio de janeiro (?) para o Norte, Mar do Mexico. America do Norte (Cap Cod.) . Não entramos na apreciação das varias espécies admittidas pelos auctores para os peixes d'esté género, inclusive Jordan e Gilbert, por falta de material . (Os três exemplares que serviram á descripção supra e pertencem ao Museu, estavam determinados por Schreiner como Ca- ranx puncfafus e dados como procedentes do Atlântico.) Porém, apezar d'essa defficiencia, os dados supra já mostram quanta divergência sobre- sahe da clave e dos caracteres assignalados por estes últimos auctores para a espécie de que tratámos ; e não me permittem, além de tudo, considerar idênticas esta s o Caranx suareus de Cuv. & Vai. SERIOLAO' Cuv. Règne Animal, 2» Ed., 2» vol. pag. 218-1829 Corpo subfusiforme, comprimido; cabeça cónica, idem; bocca ante- rior, ampla, com os processos dos intermaxillares um tanto longos, per- mittindo movimento livre; maxillares largos, triangulares, divididos, não 29 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES occultos pelos preorbitaes; dentes aciculares, em facha nos intermaxillares, maxillares, mandibulares, palatinos, vomer, lingua e hyoides. Focinho adiposo; narinas duplas, contíguas, verticaes, separadas do extremo do focinho e das orbitas. Estas lateraes, da orla livre. Peças operculares lamellares, porém robustas; aberturas branchiaes amplas. Rastros médio- cres, simples, em numero moderado. L. lateral presente, pouco sinuosa; escamas pequenas, fracas, delgadas e fortemente pigmentadas. Peitoraes médiocres, largos, subfalcados; ventraes regulando com o tamanho das peitoraes, reclinadas sobre uma depressão mediocre, thoracica: Dorsal dupla, a parte anterior separada da posterior, de contorno curvo. Anal precedida de dous aculeos médiocres ou atrophiados. Caudal furcada, Pedúnculo ás vezes subcarenadu, nos lados. Estômago coecal. Quasi todos os peixes d'esté género, grandemente apreciados como alimento, têm uma facha de cor amarella dourada pelo corpo, pouco intensa, do focinho á caudal e que desapparece no alcool. Espécies brasileiras : 'Escamas das bochechas bem apparentes e compa- ctamente dispostas, ventraes maiores que as (Cabeça mais longa do que\ peitoraes S. carolinensis alta JEscamas das bochechas implantados em mais da metade, e espassamente dispostas, ventraes do tamanho das peitoraes S. lalandi I Cabeça mais alta do que longa, dorsal e anal ramosas com o lábio maior que 1/2 \ da altura do corpo S. rivoliana Seriola carolinensis, ^'^ (Hoibrook) OLHETE D. VII + 34, A. II + 21 Cabeça 3 e 1/2 até á base, 4 e 1/2 até a ponta da caudal. Altura 3 e 3/4 á 4 e 3/5 nas mesmas dimensões. Bocca ampla, provida de dentes villiformes, em facha nos intermaxillares, vomer, palatinos, mandíbula, lingua e hyoides. Os dentes da lingua formam 3 fachas longitudinaes, uma mediana, claviforme e as outras marginaes. Intermaxillares algo protracteis Maxillares triangulares; o seu extremo posterior é muito lar- go e attinge, quasi perfeitamente á vertical da pupilla. Os preorbitaes são 1) Da Carolina ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL vol.— XVli 30 expandidos porem membranosos e, com o perfil superior do focinho e uma crista obsoleta superorbital, empresta a cabeça um facies aquilino. OJhos lateraes, de orbita livre 1/6 da cabeça. Narinas verticalmente lan- ceoladas. Abertura opercular ampla sendo o contorno externo da arcada escapular ligeiramente crenulada. 8 Branchiostegos. Rastros 3/20. Pseudobranchias presentes. Linha lateral presente, quasi regularmente curva, e formando sobre os lados do pedúnculo, vestígios de umacarena. Escamas pequenas, cycloides, numerosas, existentes em um segmento de coroa sobre as bochechas, n'um triangulo da base do operculo e sobre o corpo. Nadadeiras nuas; os raios anteriores da dorsal e da anal mode- radamente elevados. Ventraes imperceptivelmente maiores que as peito- raes, reclinando-se n'uma depressão abdominal e egualando a 1/2 da dis- tancia que vae do focinho á base das peiíoraes. Cor olivacea superior- mente, branca inferiormente. O «olhete» é um peixe carnívoro, não muito commum e reputado excellente entre os entendidos da arte deVatel. Cresce até cerca de 1 metro. Habitat: Atlântico, das Antilhas ao Rio de Janeiro. Seriola rivoíiana, (^)cuv. áVai «O duque de Rivoli deu ao Gabinete do Rei uma Seriola do Ar- chipelago que nos parece différente da espécie da que acabamos de descrever (Ser. dumerilii). E' proporcionalmente mas curta. Sua al- tura é contida de 3 e 1/3 no comprimento. A bocca é menos fendida, as fachas dos dentes palatinos mais estreitas ; a vomerine uni pouco mais longa. Sua segunda dorsal um pouco mais elevada anteriormen- te e seu primeiro raio molle tendo os 3/5 da altura do corpo sob si ; as escamas são maiores. Contamos 28 raios molles n'esta nadadeira. A grande facha parda da fronte projecta-se adiante dos olhos — é mais assignalada que na seriola commum. Afinal, os outros caracteres d'es- ta nova espécie são os mesmos que os da priraeira. D. XII + 1,28; A. + 1,20 Nosso individuo mede 9 polegadas. A seriola de Rivoli tem o ligado menor; o estômago mais largo e mais longo, os caecums muito menos numerosos que os da Seriola commum. No resto a sua splan- chnologia e semelhante á d'aquella» (Cuv. & e Vai.) (I) Dedicada ao Duque de Rivoli, collector da espécie. 31 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES Berg que reúne Ser. rivnliana á Ser. falcata (das Antilhas), diz o seguinte : «O exemplar que sérvio á Cuv. & Vai. para estabelecer a espécie de Ser. bonark-nsis, deve ter procedido do Montevideo, mesmo que tenha sido comprado, provavelmente, no mercado de Buenos Aires. Examinei exemplares que foram pescados em Mar dei Plata, na segunda metade de 1895. Este peixe, quando fresco, é ornado d'uma ampla facha lon- gitudinal d 'um amarello olivaceo que começa no focinho, atravessa os olhos e vae, ao largo da linha lateral, até o extremo da cauda. Tem o dorso plúmbeo azulado, as nadeiras dorsal (principalmente a parte radial elevada) caudal e anal, de amarello assafrão e a carena caudal bastante saliente, porém não afiada. D. Vil, 1, 39-31 ; A. II, 1, 19-21 . Ps. 1, 20. L. lat. 180-190 » Seriola lalandí, ('^cuv.ávai. OLHO DE BOI D. VII -1-35, A. II -I- 28 Mais robusto e maior do que a espécie anterior porem, conservando aproximadamente o mesmo aspecto. A dorsal espinhosa é mais isolada que a ramosa e esta, por sua vez, bem assim a anal têm a forma mais de- cididamente falcada. As escamas são relativamente menores; sobre as bochechas mais isoladas e a carena do pedúnculo é mais pronunciada. Cabeça 3 e 4/5 altura 3 e 3/5. Olho 1/6. Peitoraes justamente 1/2 da cabeça e eguaes as ventraes. Nos lados superior e inferior do pedúnculo nota-se uma depressão bem accentuada. Coloração superiormente violá- cea ou azulada metallica, inferiormente branca. A facha longitudinal amarella muito clara ou imperceptível nos indivíduos adultos. O Olho- de-Boi é um peixe muito apreciado e que attinge a mais de 2 metros de comprimento. Vive em sociedade, nadando aos bandos de 10 ou mais indivíduos nas proximidades dos rochedos ou praias pedregosas. E' es- pecialmente commum em Cabo-Frio, onde é objecto de pescarias es- peciaes. Habitat; Atlântico Occidental, das Antilhas ao Rio de Janeiro. I) Dedicada á Delalande, preparador do Museu de Paris que colleccionou a espécie no Brasil. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL vol.— XVll 32 NAUCRATES, 0) Rafinesque Caratteri di ale. Nuovi Generi, pg. 44—1910 Forma subcylindroconica. Cabeça com peças operculares de bordo inteiro no adulto e com o operculo provido de aculeos grandes e robus- tos, no joven. Bocca anterior, mediocre, com os maxillares largos no ex- tremo livre e provida de dentes villiformes nos intermaxillares, no vomer, e nos palatinos. Olhos lateraes, providos de pálpebra adiposa ; preor- bitarios distinctos de bordo livre, curvo. Escamas pequenas, cycloides, adhérentes. Linha lateral presente, mui fracamente s-forme, terminando sobre uma larga carena no pedúnculo. Dorsal dupla, ventraes desen- volvidas. Espécie única : Naucrates ductor, ^^^ unnaeus PILOTO Cabeça 1/4 do comprimento até a base da caudal. Dorsal anterior muito atr phiada, tendo membrana interradial somente nos jovens. Se- gunda dorsal nascendo adiante do meio do comprimento do corpo, os seus raios elevados anteriormente e diminuindo gradativamente para traz. Anal começando pouco adiante do meio da 2.'' dorsal e terminando um pouco depois d'esta. Caudal normalmente furcada. As ventraes são maiores que as peitoraes que ficam em plano inferior á axilla opercular. Olivaceo-glauco superiormente; albicante inferiormente. 8 fachas trans- versaes negras no corpo e nadadeiras, sendo uma sobre a cabeça, atraz dos olhos e duas sobre a caudal; peitoraes e ventraes (estas na parte terminal) negras. Cresce até cerca de 60 ou 70 centímetros. A Inspe- ctoria de Pesca possue um exemplar de uns 25 centrms., constatado em aguas brasileiras, pelo Dr. Gomes de Farias. Habitat : todos os mares tropicaes e sub tropicaes. (1) Nouerais (Gr.) o piloto. (2) Ductor, conductor. Caranx chrysos (Mitchili) Parona signata (Jenyns) (0,"' 57) Toledia macrophthalma, Mir. Rib IVI L.ID GE:MRYL-ID>^qE:<'> Forma comprimida, alongada ; peitoraes sub-falcadas, ventraes pre- sentes, médiocres, ou rudimentares ; dorsal múltipla em consequência da divisão anterior em óssea e ramosa e da presença de pinnulas também exis- tentes depois da anal, geralmente falciforme como a parte ramosa da dor- sal. Caudal furcada. Corpo e cabeça protegidos por escamas cycloides, ás vezes recoberto de espinhos. Linha-lateral presente, mais ou menos des- envolvida. Bocca ampla, anterior, provida de dentes fortes fazendo lem- brar a dentição das Cavallas ou das Enchovas, pela presença de caninos anteriores ; aberturas branchiaes amplas, livres ; peças operculares lamel- lares, fracas ; rastros aciculares. Narinas duplas, lateraes, desprovidas de valvas. Olhos lateraes médiocres, desprovidos de pálpebra adiposa. Tubo digestivo reduzido, com poucos appendices pyloricos. Vesicula natatoria pre- sente, mediocre. Vertebras 32 á 53. Esqueleto accrescido de falsas costellas subcutâneas. Géneros brasileiros : < Pelle desprovida de aciculos Thyrsitops \ Pelle provida de aciculos crystallines Ravettus 1) Gempylus, género typico, eidos, semelhante. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL vol.— XVII 4 THYRSITOPS, (1) Gill Proc. Acad. Nat. Sei. Philad. para 1862, pg. 125 1863. «Corpo sub fusiforme e moderadamente alongado ; primeira dorsal com menos de 25 aculeos ; cauda não carenada; ventraes 1+5 ; linha late- ral presente, quasi recta ; pinnulas dorsaesS, anaes4». (Gill.) Espécie : Thyrsitops lepidopoides ^^^ cuv. & vai. CAVALLINHA D. XVII -r 14 + V; A. 17 + V Cabeça 3 e 1/2 no comprimento total (até a base da caudal). Altura quasi perfeitamente 6 vezes n 'esse comprimento. Bocca ampla, com os maxillares attingindo a vertical da pupilla e seguidos d 'uma ruga sobre as bochechas, de direcção póstero inferior. Articulação mandibular pos- terior á orla posterior dos olhos. Maxillares pouco recobertos pelos pro- orbitaes. Premaxillares unindo-se anteriormente em forma de bico e pro- vidos de uma serie de cerca de 15 dentes isolados, sub comprimidos e sub cónicos; destes dentes os primeiros anteriores) são ligeiramente maio- res que os que se seguem immediatamente; os do meio do osso, porém, vão augmentando e depois diminuindo até que, finalmente, os do extremo posterior terminam de novo muito pequenos. Na mandíbula a serie desses dentes é em numero de 9, sendo os dous primeiros menores cónicos, se- guíndo-se depois 2 ou 4 ainda menores e curvos para traz e depois então vêm os maiores, erectos. No vomer estão os dous dentes maiores, muito pare- cidos com os de Trichiarus e todos elles, inclusive os vomerinos, têm ás vezes a ponta um tanto lanceolada, como em Ancilodon e amarella de âmbar. Nos bordos dos palatinos ha uma fila de dentes cónicos, curvos, in- travertidos, interna á fila intermaxillar. A mandíbula é prognatha, tendo a symphyse entumecida. A abertura opercular começa desde ahi para os mandibulares, porém a membrana opercular é reunida por fora do isthmo, quasi sob o ligamento da lingua. Os rastros são em numero de 6-1-12 e ao envez de serem simples, apresentam-se como dous ou três aculeos simples e crystallinos, sobre um callo basilar largo; o do angulo, ao contrario, é (1) Thrysites, = género citado; ops = feição. (2) Lepidopoides (Qr.) Lepis = escamas; pos = pés; eidos = sem^lhantes; que parece ter escamas nos pés. 5 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES uma peça óssea mais larga e espessa, provida no seu bordo interno supe- rior de uma serie de 4 d'esses aculeos. As narinas são duplas, isoladas e ficam á meia distancia entre a ponta do focinho e o bordo anterior dos olhos. Olhos lateraes, 6 á 6 e 1/2 na cabeça, 1 vez no espaço interorbital e tendo a orla completamente livre. As peças operculares são lamellosas, inermes, fina e irradialmente estriadas. Excepção feita do focinho, região inter orbital e nadadeiras, todo o corpo é revestido de escamas cycloides, pequeninas e grandemente deciduas. As da linha lateral maiores, em calha sobre os tubos, o que torna essa linha perfeitamente saliente em todo o seu percurso; ellaé reguläre moderadamente sinuosa, desde o alto á abertura opercular até o meio da cauda, sobre a qual se projecta. Nadadeira dorsal, na parte óssea, de al- tura e curva médiocres, continuando-se gradativamente para a parte ra- mosa que forma par com a anal sendo ambas ligeiramente falciformes, 4 pinnulas dorsaes e anaes seguem essas nadadeiras, sobre o pedúnculo. Peitoraes moderadamente falcadas, egualando em comprimento á parte post-orbital da cabeça; ventraes 1/2 menores e situadas um pouco poste- riormente á axilla das peitoraes. Anus proximo da anal. Caudal fur- cada. Corargyrea, glauca no lado dorsal. Os exemplares que serviram á presente descripção procedem das Pes- cas do (Annie), E. S. E. da Ilha Rasa, medindo 26 centímetros de compri- mento. Cuvier e Valenciennes descreveram-n'a de exemplares de 33 cent, levados por Delalande das costas do Brasil. Habitat: Atlântico, em costas do Brasil . RUVETTUS.O) cocco Giorn. Sei. Sicília, vol. VLU, 2—1829 Corpo subfusi forme, comprimido. Bocca anterior com os maxilares não protegidos pelos preorbitaes, provida de dentes sub cónicos fortes, os anteriores caniniformes, elles se estendem em uma serie sobre os inter- maxillares e mandibulares e orla dos palatinos. Peças operculares reco- bertas de escamas. Rastros como em Thyrsitops. Narinas duplas, numa depressão entre a ponta do focinho e a orbita; esta lateral, moderada. Abertura branchial ampla. Escamas pequenas, cycloides. Dorsal dupla, a anterior fraca, pouco elevada, a posterior, bem como a anal falcadas e ambas seguidas de duas pinnulas. Peitoraes e ventraes medíocres; care- ci) Ruvettus, latinisacão de "Rovefo" nome italiano, com o qual o peixe é conhecido na Sicília. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL— vol. Xvll 6 nas caudaes absoletas; obdomen com uma carena mediana. O caracter mais notável dos peixes d'esté género, consiste na presença de aculeos bi ou trifidos, implantados na pelle e dispostos em series tão regulares e secantes entre si, tal como succède com as escamas. A espécie única d'esté género, constatado no Brasil, graças ao Snr. Virginio Campello que angariou na Praça do Mercado do Rio um bello exemplar, hoje de proprie- dade da inspectoria de Pesca, attinge á quasi 2 metros de comprimento e é «m peixe habitante das grandes profundidades. Ruvettus pretiosus, (^> cocco ENXOVA-PRETA D. XV + 18 + II; A. 17 + 2; L. lat. 100; L. tr. 30 Cabeça ''4 até a base da caudal. Maxillares não protegidos pelos preorbitaes, attingindo a vertical do meio da pupilla; intermaxillares unindo-se em curto bico anteriormente e providos, como os mandibulares de dentes fortes, 3 ou 4 anteriores maiores caniniformes. Narinas separadas, em meia distancia entre a ponta do focinho e a orbita ; esta 5 e % vezes na cabeça. Abertura branchial ampla. Altura % no comprimento do corpo até a base da caudal. Linha lateral presente, quasi recta; escamas providas de um aculeo tricuspede em sua parte livre; a cabeça (excepção feita do focinho) é egualmente recoberta de escamas como todo o corpo ; na linha abdominal mediana as escamas constituem uma carena. Peito- raes sub falcadas, quasi egualando á ','2 da cabeça; as ventraes por sua vez quasi egualam 72 das peitoraes e estas articuladas um pouco atraz da vartical da axilla d'estas nadadeiras. A dorsal tem a sua parte espinhosa nascendo sob a abertura opercular, e os seus aculeos finos e fracos, pouco elevados, descrevem uma ligeira curva. A parte ramosa forma par com a anal, sendo ambas falcadas. As pinnulas são bem desenvolvidas. Cau- dal furcada, vigorosa, deixando ver nos lados de sua base vestígios de 3 carenas quasi imperceptíveis. Còr purpurea, denegrida, os espinhos são alvadios o que empresta ao peixe uma punctulação branca de bonito effeito. Habitat; Atlântico (Antilhas, Madeira, Brasil) e Mediterrâneo. (1) Pretiosus (Lat.) precioso. SOOIVIBRID SCOMBRID/qEI^^) Corpo fusiforme, moderadamente comprimido na parte inferior e reco- berto de escamas que tomam dous aspectos, constituindo, as immediatamente posteriores á cabeça, uma cinta mais ou menos ampla ou "corselete", em que ellas são maiores e se destacam das demais, ás vezes imper- ceptiveis e tão delgadas que dão á superficie do corpo do peixe, a ap- parencia indivisa e brilfiante d 'uma superficie metallica. Cabeça quasi perfeitamente cónica, bocca ampla, anterior, provida de dentes maxillares e mandibulares, de contorno mais ou menos triangular e tamanho variável. Intermaxillares protracteis e maxillares desprovidos de supplemento, em geral attingindo a vertical posterior da orbita. Peças operculares de bor- dos inteiros, inermes, e tão justamente appostos que ás vezes, é, difficil distinguir-se a solução de continuidade. 7 branchiostegios, sendo a aber- tura das guelras ampla e procedente do isthmo. Branchias grandes. Na- rinas isoladas, próximas dos olhos, as posteriores verticalmente alongadas. Olhos lateraes, grandes, ás vezes providos de pálpebra adiposa. Nada- deiras verticaes múltiplas; a dorsal tendo os aculeos fracos, quasi sempre rectos, médiocres, encaixando-se n'um sulco onde quasi desapparecem, a ramosa, bem como a anal, seguidas de muitas pinnulas. Caudal sempre lunada, tendo, em geral, uma forte carena no pedúnculo que é achatado; e nesta termina a linha lateral, completa e mais ou menos sinuosa. Peito- raes geralmente falcadas, mais ou menos sobre o plano dos olhos; ventraes thoracicas, maison menos inferiores áspeitoraes. Vertebras 2 á 6. In- 1) Scomber, género typico eidos semelhante ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL vol.— XVII 4 tcstino mediocre, em geral provido de enormes massas de appendices py- loricos ás vezes tão delgados e numerosos que tomão o aspecto dendriti- forme. Cores meíallicas em que predominam o negro, o azul eo branco de prata e, ás vezes, maculas douradas . Os Scombrideos constatados em aguas brasileiras são distribuídos pelos seguintes géneros: Carena mediana do pedúnculo ausente Scomber. Uma carena no pedun- ^Corselete de escamas mai- \ ores Sarda. Carena mediana do pe-', ''" ° i dunculo presente, ? 'corselete nú Gymnosarda. elevada ^Corpo curto; altura de 3 e 1/2 á 4 vezes no conipri- 3 escamas no pedun-\ mento (sem a caudal). . . Thunnus. culo. (Corpo longo, altura, no mí- nimo 4 vezes no compri- mento (sem a caudal). . . Scomberomorus. SCOMBER, 0) Linnaeus. Syst. Natura, pg. 297-1758 Corpo biconico, inferiormente comprimido, cabeça cónica, subcom- primida, bocca mediocre, provida de dentes cónicos, curvos, introrsos em uma fila, nas maxillas, vomer e palatinos. Maxillares occultando-se sob os preorbitaes; uma dilatação cutanea no angulo da bocca, sobre cada lado da mandíbula; Rastros finos, compridos e numerosos. Narinas na mesma linha, as anteriores subcirculares, as posteriores abrindo-se no circulo orbitario, fendidas. Olhos lateraes, moderados, mais ou menos providos de pálpebra adiposa. Peças operculares adaptando-se mui justamente umas sobre as outras, com os bordos inteiros e mui delgados, inermes. Aber- tura branchiostega ampla, externamente começando na symphyse mandi- bular. Escamas numerosas, cycloides, pequenas; corselete mediocre. Linha lateral inteira, pouco sinuosa na parte posterior do corpo e termi- nando abruptamente entre duas carenas de escamas na base da caudal. (1) Do Grego Scombros; e Lat. Scomber, o antigo nome do Maquereau ou da Cavalla do Reino. s A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES Nadadeiras peitoraes collocadas elevadamente no angulo superior da aber- tura dasguelras, ventraes mais ou menos sob a axilla daquellas, mais ou me- nos ligadas ao corpo por uma membrana; dorsaes duplas, mais ou menos correspondendo á segunda dorsal e ambas seguidas de pinnulas bem des- envolvidas. Vertebras 31 (14+31). Tubo digestivo curto; estômago syphonico, caecos pyloricos numerosos. Vesícula natatoria nem sempre presente. — Carnívoros, sociáveis e movendo-se velozmente, em grandes bandos. Crescem pouco, chegando mais ou menos á meio metro. São migradores ou mais propriamente nomades. O género encerra um dos peixes maríti- mos de maior consumo e apreço na Europa: o Maquereau dos francezes e Mackerel dos inglezes: No Brasil só foi até hoje constatada a espécie abaixo descripta, muito parecida com a Européa, comquanto menor. Scomber eólias ('^ omi. D. IX + 11 (4- 5 pinnulas); A. 12 (+ 5 pinnulas) L. lat. 195? Forma regularmente biconica, latero-inferiormente comprimida. Ca- beça 1/4 do comprimento que vae 1/4 da ponta do focinho á base da na- dadeira caudal, com as escamas desenvolvidas apenas na região post- ocular superior e opercular superior; parte superior do focinho á região cervical, nua, translúcida, deixando ver quatro cristas longitudinaes, li- neares; as duas internas parallelas, as externas sinuosas. Focinho 1/3 do comprimento da cabeça; narinas anteriores semi-circulares, á meia distan- cia entre a ponta do focinho e o contorno anterior do globo ocular; as pos- teriores fendidas verticalmente. Olhos grandes, 1/4 do comprimento da cabeça, providos d'uma espessa pálpebra adiposa, cujo bordo livre nasce verticalmente abaixo da orla posterior da pupilla e, depois de chegar ao contorno mediano superior do globo ocular, desce e vae passar por dentro do ponto onde se origina, dando a projecção a idéa de duas circumferen- cias intersecantes de raio egual e cuja corda commum passava pelo centro da pupilla; a pupilla é perfeitamente espherica, o contorno da íris, porém, é ovóide, de curva mais fechada anterior. Preorbitaes rhomboïdes, alonga- dos, formando um hyato oval ligeiramente sinuoso e que termina sob o meio da pupilla; a prega da mandíbula que dahí parte, forma, com a linha do preorbital, uma curta bifurcação retrovertida, no angulo do hyato. Ma- xíllares occultando-se completamente sob os preorbitaes e quasi attingindo a vertical do bordo anterior da pupilla, provido, como os dentários, da (1) (Lat.) Outro nome antigo da Cavalla do Reino. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL vol.— XVII 6 mandíbula, de uma fila de dentes muito finos e cónicos, ligeiramente curvos para dentro da bocca. Suboperculo com o bordo posterior vertical. Li- nha lateral presente, distincta, simples, começando na escama supra tem- poral e terminando, bruscamente, entre duas carenas de escamas existentes na base dos raios da caudal. Escamas muito pequenas, porém, franca- mente perceptíveis. Dorsaes independentes, sem sulco connectivo de uma á outra; a espinhosa, começa sobre o meio das peitoraes e a ramosa um pouco avante do anus. A anal termina um pouco posteriormente á dorsal ramosa; á uma e outra seguem-se cinco pinnulas sub-eguaes e quasi per- feitamente dispostas aos pares. Ventraes triangulares, ligadas ao thorax, até 1/4 de sua extensão, por uma membrana tenuissima; peitoraes falca- das, implantados um pouco abaixo da linha lateral . Còr-superiormente azul-virescente, translúcida, com zebruras obliquas, sub parallelas, negras; inferiormente-branca de prata; nadadeiras peitoraes denegridas. Vesícula natatoria presente, simples, cónica, deprimida posteriormente; estômago sy phonico, de extremidade pylorica muito robusta e originando-se á meio da parte cardíaca que é cónica e da qual é separada por um poderoso sphyncter, sua extremidade posterior ^anterior na posição) é provida d'uma grande massa de appendices pyloricos, a qual fica allojada á esquerda da cavidade abdominal e se bifurca para diante e para traz. Os exemplares que ser- viram á presente descripçào, em numero de dous, medem respectivamente 280 e 225 millimetros, e procedem da Ilha Rasa, Rio de Janeiro. E foram erradamente determinados por mim como Scomber scombrus, nas "Pescas do Annie" Lavoura, ns. 4 á 7 — Abril a Julho de !903. Habitat: Atlântico e Pacifico; Europa Meridional, America do Norte e do Sul; Chile e Japão SARDA.C) Cuv. Règne Anira., (2. a ed.), pg. 120—1829 Corpo biconico, de pedúnculo deprimido, nadadeiras verticaes divididas, as ramosas seguidas de pinnulas, a caudal amplamente furcada e as ven- traes inferiores ás peitoraes que, repousam sobre um leito constituído pelas escamas do corselete e têm uma articulação axillar, exterior, membranosa. Cabeça cónica, com as peças operculares justapondo-se hermeticamente; olhos lateraes, na metade anterior da cabeça; narinas verticaes bocca ampla, com uma serie de dentes sub triangulares, comprimidos: dentes no palatino; um labío recobre aquelles quasi completamente. Rastros (1) Sarda = Da Sardenha. 7 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES presentes, médiocres, isolados. Linha lateral presente, completa, simples, sinuosa, terminando posteriormente n'uma carena do pedúnculo; duas ou- tras na base dos lobos caudaes. As escamas são pequenas, porem, de dous tamanhos, as maiores pela base da dorsal e outras nadadeiras. Vesí- cula natatoria ausente; caeca pylorica numerosos. Peixes pelágicos que se aproximam da costa, suppõe-se, em epochas da desova. São pouco apreciados como alimento. A espécie que frequenta as nossas costas c a abaixo descripta. Sarda sarda (bi.) SERRA D. XXI + 15 + IX; A. 11 + 7 Corpo biconico, comprimido. Cabeça cónica, e o mento truncado, 3 e 1 /12 do comprimento, da ponta do focinho á base da cauda. Bocca ampla, com o hyato attingindo a vertical da orla posterior da orbita; pre- orbitaes não occultando os maxillares; e estes e os intermaxillares reco- bertos de um lábio movei que occulta a serie de dentes triangulares, com- primidos e que se implantam no bordo livre desses ossos; os dous dentes mais anteriores são caninos, curvos para traz. Olhos lateraes, moderados, situados um pouco adiante da vertical do meio da cabeça e contidos 6 vezes n'ella; uma pálpebra adiposa, de bordos livres e entalhe elliptico, os protege anterior e posteriormente. Rastros elevados, 6/12. Escamas pequeníssi- mas, não apparentes na cabeça e muito maiores no corselete que se projecta até o extremo das peitoraes e lados da primeira dorsal. Linha lateral si- nuosa e terminando, sobre o pedúnculo, n'uma carena adiposa e longa, a qual, por sua vez, termina entre duas outras da base dos lobos caudaes. Dorsal mediocremente elevada e pouco curva; origina-se na mesma vertical, em que se origina a peitoral e termina á uma distancia da segunda, menor que o diâmetro da pupilla; ella vae se abatendo gradativamente até esse ponto terminal. Segunda dorsal falciforme, um pouco mais baixa que a primeira. A anal que é da mesma forma, origina-se por traz da vertical baixada no ultimo raio da segunda dorsal. As peitoraes repousam, quando encostadas, n'uma depressão augmentada pelas escamas do corselete e têm um encaixe produzido por uma expansão dérmica, na axilla, ao qual cor- responde outra expansão da base (lado interno^ d'essas nadadeiras; ellas são de tamanho egual á 1/2 da cabeça. Parte superior azul de aço cambiando para o branco prateado para parte inferior; 6 fachas longitudinaes negras, parallelas, do corselete á base da segunda dorsal e pinnulas. Nadadeiras peitoraes, dorsaes, caudal e pinnulas, denegridas; a anal d'essa cor, com ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL vol.— XVII uma facha basilar e outra marginal anterior, brancas. Ventraes brancas. O comprimento usual da «serra» é de 55 centimetres. Habitat: Oceano Atlântico e Mediterrâneo; no lado occidental desde Cap Cod, na Am. do Norte, até o Rio de Janeiro, no Brasil. E' de admirar que não haja citação desta espécie para procedência brasileira. QYMNOSARDA, (•) gíh. Pr. Acad. Nat. Sei. Philad. pg. 125-18fí2 Forma commum da ''Serra" (Gen. Sarda). Qill define-o do seguinte modo: «Aculeos dorsaes em números de 22 ou menos. Vomer inerme. Pinnulas, dorsaes e anaes 6 Corselete nú. Dorsal óssea XIV». Jordan e Evermann addem á isso, "peculiar desenvolvimento em forma de malha ou treliça de uma porção da parte abdominal dos ossos lombares, entre as vertebras propriamente ditas e as haemopophyses. Frequentam as nossas costas as seguintes espécies: /Linha lateral com escamas imbricadas, maiores, de sob o penúltimo aculeo dor- sal até a carena do pedúnculo, parallela ao perfil dorsal da origem até sob a primeira pinnula, onde ella segue pelo meio da parte caudal do corpo; 3 á 4 estrias longitudinaes sobre cada lado do abdomen, até a cauda e abaixo da linha lateral G. pelamis. j Linha lateral pouco distincta, regular e moderadamente curva em sentido in- verso ao perfil dorsal, de sob o nono aculeo dorsal á carena caudal; linhas azues denegridas, ondulantes e parallclas entre si, vão da linha lateral ao perfil dorsal, em ambos os lados do dorso, de sob o meio da dorsal espinhosa para traz, até a cauda G. alletteraia. Gymnosarda pelamis^^) (Linnaeus) Nunca vimos esta espécie que parece rara; e Cuvier et Valenciennes que fizeram a sua descripção tendo em vista um exemplar procedente do Rio de Janeiro, assim se exprimem á seu respeito.' «O Bonito de barriga riscada {Thynnus pelamys noh., Scomber pela- mys, L.) de que fallaremos abaixo e que é um pelamideo, muito tem da (1) Gymnos (Gr.) nú (Sarda) género acima referido. (2) (Gr.) Pelamis = Thoninha. 9 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES thoninha por suas formas; comtudo sua cabeça é mais longa, seu focinho mais pontudo e o seu corselete mais extenso; mas os seus dentes são como no atum e na thoninlia. A altura n .s peitoraes é contida quatro vezes no comprimento. A cabeça ahi não vae mais do que três e pouco e, na nuca, em altura, um pouco mais de dous terços do seu comprimento. O primeiro aculeo da dorsal é ainda um pouco mais forte e alto que na tho- ninha. Seu corselete é também mais extenso sem o ser, comtudo, tanto quanto no atum. Sua abertura superior não chega senão á frente do 8" aculeo dorsal, e é muito estreita. As cs'. ninas que lhe formam a parte su- perior, ao longo da dorsal, são mais fortes, tem sua parte apparente pouco mais ou menos quadrada e formam, assim, quatro ou cinco filas regulares; mas de facto ellas são duas vezes mais longas do que largas, o compri- mento da peitoral e' contido 6 vezes e meia no total; a largura da caudal, d'uma á outra ponta, ahi se contem três vezes. D. XV+1, 12í-VIII; A. 1I+12+VI1; C. 35; P. 27; Vs. l4-5. A côr deste peixe o faz distinguir facilmente. Seu dorso e seus flancos são de um brilhante azul de aço, com reflexos verdes e róseos. Seu abdomen é prateado, com oito fachas lon- gitudinaes pardas, quatro de cada lado que se estendem desde a garganta até a caudal, onde só se perdem sobre a parte delgada da cauda. Temos d'esta espécie um exemplar medindo dous pés e meio e procedente do Rio de Janeiro, donde nos veio por intermédio do Snr. Duque de Rivoli; e dous outros, medindo dous pés, procedente do Mar das Índias e offerecido pelo Snr. Dussumier. Como elles estão seccos ou vazios, não lhe pudemos fazer a anatomia; e Commerson que á fizera, diz ter perdido as respectivas no- tas; lembra-se apenas que éra bem différente da do género. Encontramos, pelo menos em Osbeck que esta espécie tem uma vesícula natatatoria. E' este o bonito dos trópicos de que faliam quasi todos os navegantes e que é tão celebre pela caça que faz aos peixes-voadores. Osbeck des- creveu a muito bem na sua Viagem {n° 67, pg. 87, da edição allemã); e foi sobre sua descripção e sobre a de Lœfling, recebida em manuscripto que Linnaeus definio o seu Scomber pelamis.» «Este bonito nutre-se sobretudo de peixes voadores e de Calmares, mas não recusa outros peixes. Lesson encontrou um Scombresox no seu buxo e Commerson ahi viu pequenas conchas e mesmo hervas marinhas. Os marinheiros pescam-n'a de um modo interessante, suspendendo n'uma linha sobre o mar, um peixe de chumbo ao qual juntava algumas pennas para lhe dar apparencia de peixe voador. Segundo Lesson e Garnot a carne deste peixe é firme e pouco secca e ás vezes, venenosa. Os offi- ciaes da equipagem de Duperrey foram, um dia, muito incommodados por ella; uns acharam-se cobertos de rubores exanthematicos muito fortes, se- guidos de calor, suores violentos, cephalalgias; outros tiveram fortes cólicas e diarrheas. Já se lê em Mérola que o bonito da Africa, colorido de ama- rello e verde, é uma comida perigosa que produz morte subita». ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL vol.— XVII 10 «Esta espécie é mais do que nenhuma infestada por vermes diversos. Commersonrepresenta-acomo muito miserável á este respeito. Encontrou nos seus intestinos ascarideos e taenias, sob o peritoneo fasciolideos, no buxo filarias e ainda outras espécies. Encontramos observações semelhan- tes nos manuscriptos de Solander» . Jordan e Evermann dão á este peixe a seguinte côr: «dorso azulado, ventre prateado; quatro estrias em cada lado do ventre, parallelas com a curva inferior do corpo; manchas inferiores ás peitoraes ausentes» . Habitat: Mares intertropicaes. Gyranosarda alletterata <') (Raf.) D. XV (á XVI) + 12 + VIII; A. 12 + Vil Nunca vimos no Brasil este peixe, do qual Cuvier e Valenciennes obtiveram um exemplar d'essa procedência e remettidos por Delalande. Dresslar e Fesler descreveram-n'o da seguinte forma : «Linha lateral em parte alguma descrevendo uma curva muito distin- cta. Corselete não recobrindo todo o espaço entre as diagonaes reunindo as extremidades da espinha dorsal e a base das peitoraes. Margem posterior do preoperculo cerca de 2 vezes na margem inferior. Peito- raes attingindo a vertical do nono aculeo dorsal. Azulado superiormen- te ; lados e ventre prateados ; anteriormente sem estrias abai- xo da linha lateral; acima da linha lateral muitas linhas ondeantes, obliquas ; cinco maculas negras, redondas, quasi do diâmetro da pupiila abaixo das peitoraes. Corpo fusiforme, robusto. Cabeça 3 e 3/4 , altu- ra 4 e 1 /4» . Habitat: Mares tropicaes e sub-tropicaes. THUNNUS (2) South Enchyel. Metrop. V, 620—1845 Corpo biconico. Cabeça cónica tendo a bocca anterior, moderada, provida de dentes sub, eguaes, em uma serie, nas maxillas, villiformes no vomer e nos palatinos. Narinas anteriores circulares, as posteriores fen- (1) Allitterata: Ital., repetição de lettras, aqui empregado como nome vulgar, naturalmente em allusão aos chamalotados da côr do peixe. (2) Do Grego Thunnus, Thunnus thynnus, o atum, um dos peixes mais conliecidos e maiores de todos os mares tropicaes. TO — to " o- CS "-" -a u Co c« o c o Il A. DE MIRANDA RIBEIRO — KAUNA BRASILIENSE — PEIXES didas cambas na mesma horizontal e fora da cavidade orbitaria. Cober- tiira opercular com as suas peças de bordo livre inteiro, regular, perfeita- A mente justapostas umas sobre as outras; abertura externa desde a sym- physe. Nadadeiras dorsal, peitoraes e ventraes mais ou menos na mes- ma vertical; a segunda dorsal pouco anterior e sobre a anal, separada ' da primeira dorsal por um pequeno interspaço; pinnulas desenvolvidas, três carenas no extremo posterior do pedúnculo que é delgado ; caudal semilunar. Linha lateral mais ou menos distincta; escamas apparentes; corselete mais ou menos desenvolvido. Ventraes 39 á 41. D'esté género que encerra, talvez, o maior peixe Physoclisto do mar, o atum ou thoriinha, (1) apenas está constatada nas nossas costas a espécie seguinte que Jordan e Evermann collocam n'um género á parte. Como tenho pouco conhecimento das relações anatómicas de ambos, pre- firo seguir Dreslar e Fesler que as reúnem em um ; e assim sendo, adopto o nome genérico que, segundo os primeiros autores citados, cabe ao atum, por um direito de prioridade. Thunnus alaIanga(-)(Gmi.) ALBACORA D. XIV + 2 + 12 + VIII, A. II + 12 + VII. Quasi perfeitamente biconico, tão pouco comprimido é dos lados; cabeça cónica, quasi perfeitamente egual em comprimento, á 1/3 do cor- po até a base da caudal; focinho 1/3 da cabeça; de dentes subeguaes, maxillares mal attingindo a orla anterior das pupillas ; bocca provida d 'uma serie de dentes medíocres ; olhos 2 vezes no focinho e cinco no comprimento da cabeça. Escamas pequenas, numerosas; corselete in- distincto, pequeno. Dorsaes, peitoraes e ventraes articulando-se quasi na mesma vertical, sendo as ultimas as anteriores e ligadas ao thorax por uma membrana; as peitoraes attingem a vertical do 1." raio dorsal ou a da primeira pinnula dorsal (nos adultos) ; a anal é posterior, originando- se sob o 10 raio dorsal. Carena da caudal única, saliente; caudal cres- centiforme, com os lobos eguaes. Parte superior azul de aço, denegrida; parte inferior branca pura. Cresce até um metro. Um exemplar medindo apr. meio metro foi por mim obtido no mer- cado do Rio de Janeiro ; hoje pertence á Municipalidade (Inspectoria de Mattas Caça e Pesca do Districto Federal). (1) Corpo fusiforme, comprimido. Cabeça grande, de bocca ampla. Os- sos dos intermaxillares, vomer e ethmoide reunidos, desenvolvendo-se no sentido longitudinal anterior para formar um espeto ou "espada", ás vezes de bordos redondos, ás vezes cortantes; este rostro se desenvolve com a eda- de, ao passo que os dentários, também reunidos e formando um espeto me- nor na mandíbula, diminue com a edade. E ambos são resultantes da mo- dificação dos ossos que, em edade mais joven constituía duas longas ma- xillas, rostriformes e providas de dentes aciculares e fortes, como em Be- lone ou Tylosurus. Com o proseguimento da edade permanecem, apenas, os dentes granulares menores que ficam, com o aspecto de ''lixa", na pagina interna das laminas rostraes ou nas maxillas ou, mesmo estes, desappare- cem. Maxillares abortados, reduzidos apenas á uma projecção cutanea que fica sobre o angulo da bocca. Narinas duplas, contíguas, pequenas. Olhos lateraes, grandes de bordos livres. Peças operculares fortemente armadas, nos jovens, de aculeos longos e robustos, retrovestidos os quaes diminuem e desapparecem com a edade, deixando as referidas peças lamel- lares, de bordos inteiros e completamente inermes. Abertura opercular muito ampla, livre, envolvendo o isthmo. Escamas substituídas por escudos alongados, de dimensão variada, ás vezes, de uma carena' mediocre de aculeos que se obliteram com a edade, dando á pelle apparencia de nudez. Linha lateral sinuosa, indistincta com a edade. Pedúnculo provido de 1 á 2 carenas basilares. Dorsal elevada, única, ás vezes permanece com a (1) Xiphais; género typico; eidos = semelhante. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL vol.— XVII 4 edade apenas a parte anterior, alguns vestígios da posterior que fica substi- tuída pelo ultimo raio modificado em pinnula. O mesmo succède áanal. Peitoraes grandes, falcadas, situadas em plano inferior á orbita. Ven- traes rudimentares, thoracicas, ás vezes permanentes, ás vezes obtíterando- se, como succède com o arco pelviano. Caudal seleniforme. Rastros obsoletos, branchias amplas, com as laminas reticuladas, numerosas. Pseu- dobranchias. Tubo digestivo simples, pouco ou muito desenvolvido. Caecos numerosos. Vesícula natatoria simples ou multilocular. Vertebras 12+12 ou 14+12. Peixes de grande vulto, conhecidos vulgarmente pelos nomes de Agulhão, Agulhão-Bandeira, Espadarte ou Guebuçu; habitantes dos mares temperados e quentes. Estão constatados em aguas do Brasil os seguintes Dorsal elevada, única em toda extensão, persistindo em todas as edndes; i ventraes presentes com 2 ou 3 raios longoí Istiophorus i Dorsal e anal falcadas, só a parte anterior elevada e permanente no f_ adulto; ultimo raio modificado em pinnula; ventraes ausentes no adul- ) to, no joven curto rudimentar Xiphias «. ISTIOPHORUS, (1) Lacépede. Hist. Nat. des Poissons, 111, 374-1802 Forma biconica, comprimida. Cabeça grande, com os ossos interma- xillares, vomer e ethmoides muito unidos e prolongados em rostro de sec- ção menos deprimida que no género á seguir; mandibulares egualmente prolongados, porém, não tão grandemente quanto os da maxilla superior; os ossos da maxilla superior e palatinos providos de dentes pequenos. Aber- tura branchial ampla; branchias abundantes, reticuladas. Linha lateral pre- sente, escamas reduzidas e quasi imperceptíveis. Dorsal dupla, consti- tuída d'uma parte anterior elevada multíradiada e de contorno sinuoso e de uma pinnula posterior. Anal egualmente dupla, tendo porém a parte ante- rior falcada e não desenvolvida. Peitoraes medíocres. Ventraes longas, porém constituídas de poucos raios. Caudal crescentiforme. Espécie brasileira: (1) (Ur. Istione = vela; phorein = verbo trazer. 5 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES Istiophorus nigricans ^'^ (Laccp) AGULHÄO BANDEIRA - BICUDO - QUEBUÇU. E' assim descripto por Jordan c Evermann: «Cabeça 2 e 2/3 (3 c 1/4 no total); altura cerca de 6. D. XLh7, Mais longo raio dorsal 3/4 do comprimento total da cabeça. Ventraes 1 e 5/6 na cabeça; peitoraes 3 e 2/5; lobos caudaes 1 e 7/8. Focinho desde os olhos, 2 e 1/2 vezes no resto da cabeça; mandíbula inferiors c 1/2 vezes na cabeça. Orla anterior dos olhos quasi á meio caminho entre a ponta da maxilla inferior e a margem do operculo. Espaço inter orbital largo, achatado, 1 e 3/5 na parte post orbital da cabeça. Maxillarcs che- gando quasi á frente dos olhos que são 2e 1/3 (cada um) na parte post orbital da cabeça e 10 no focinho. Espada estreita, regularmente acuminada, deprimida; suas superficies superior e inferior arredondadas, suas margens cegas e mais ásperas do que no lado superior. Em toda a extensão é quasi duas vezes mais larga do que alta. Largura do focinho no plano mediano entre sua ponta e os olhos 25 vezes no seu comprimento, á contar dos olhos. Negro azulado, mais pallido inferiormente; dorsal azulada escura; suas membranas com muitas maculas negras quasi redondas, medindo 1/2 a 1/4 do diâmetro da orbita. Comprimento do exemplar descripto (obtido pelo Prof. Jordan em Key West) 6 pés (lm.98)» Parece ser á respeito dessa espécie que o Dr. S. Maia publicou a se- guinte noticia na revista da Soe. Vellosiana; «Trabalho sobre a ponta de um osso de um peixe encontrada no costado de um navio, peio Dr. E. J. da S. Maia. Como facto curioso, e até certo ponto interessante, julgo conveniente trazer ao conhecimento de nossa sociedade, noticia detalhada sobre uma das amostras do museo. O objecto de que fallo é para nós antigo, mas amostras deste género não sendo mui vulgares, e sendo tudo quanto é nosso pouco conhecido, sua publicidade torna-se necessária. Consiste este exemplar em um pedaço de ponta óssea do compri- mento de dous palmos, de côr branca, tendo de diâmetro na extremidade mais larga duas pollegadas, e neste mesmo lugar de cima para baixo uma (1) Nigricans (Lat.); denegrido. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL vol.— XVII 6 pollegada, terminando a outra extremidade em ponta um pouco aguda; toda ella é igualmente alguma cousa achatada de cima para baixo, e ligeira- mente arredondada dos lados; apresenta também em muitos lugares da face externa pequenas asperesas, ainda bem visíveis, semelhantes ás de uma grossa lixa. Pelas fendas que existem na extremidade mais larga clara- mente se vê ser esta amostra formada de substancia de natureza óssea, tendo alguma semelhança com o marfim; o seu aspecto interno sendo de feixes distinctes de fibras longitudinaes bem indica ser proveniente da re- união de muitos ossos compridos. Quando não tivéssemos as informações que passamos a referir, bas- tava a simples inspecção desta amostra, e a natureza da sua textura interna para sabermos ser ella a extremidade aguda de uma destas formidáveis armas de defeza, que na parte anterior do corpo apresentam alguns habi- tantes dos mares. Mas como os animaes assim armados são de famílias, géneros e espécies diversas, nossa tarefa com isso não se acha concluída, resta determinarmos a espécie do animal, tendo só por guia uma mui pe- quena parte do seu corpo. Foi o que fizemos em 1843, e agora desenvol- veremos as considerações em que nos estribamos para assim o fazer. Segundo os assentos da casa constava que esta amostra foi remettida ao museo em 4 de março de 1830, tendo sido tirada em 24 de fevereiro do mesmo anno do costado do brigue de guerra Constância, que estava a que- renar no arsenal de marinha. Acompanhava esta remessa a seguinte infor- mação; que o brigue Constância em uma das suas ultimas viagens indo da Bahia para as Alagoas teve em uma noite, sem ser esperado, forte estreme- cimento como se tivesse tocado em algum baixo, assustando-se com razão o commandante mandou immediatamente dar a bomba, e não apparecendo agua alguma de mais, descançou, ficando todavia sempre em duvida sobre a causa do choque porque tinha passado a embarcação. Mas a vista do osso que se acabava de achar de todo enterrado no costado do navio, a ré do portaló de bombordo um pé abaixo da linha d'agua de cobre, tendo atra- vessado este metal e grossos paus, não restava a menor duvida, que o em- bate do brigue foi causado pelo animal, cuja ponta apparecia. Ainda que estes choques não sejam mui vulgares, todavia os annaes marítimos apresentam alguns factos idênticos a este. Desde Plinioaté os mais modernos escriptores, muitos casos se referem, por onde se vê que alguns navios soffreram grandes abalos com o encontro de animaes aquáti- cos armados de pontas mais ou menos salientes. O autor antigo Aelino chega a affirmar que navios tem ido ao fundo furados desta maneira. Podemos apresentar agora muitos factos deste género, mas nos limitamos á dous, que se acham em escriptores portuguezes de grande nomeada, porque não sendo citados por icthiologista algum, parecem ser por elles ignorados ' A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES O ré de João de Barros, e vem iia dccada 3' I. 3", cap. 1". pa^^. 53. Eis com pouca diffcrença as palavras deste celebre escriptor. No aiino de 1518 partio de Lisboa a armada commandada por Diogo Lopes de Si- queira, antes de chegar a Moçambique na passagem do Cabo de Boa-Espe- rança, um peixe deu uma encontrada em a náo D. João de Lima, que cui- daram alguns no estremecer que ella fez, que dera em algum penedo, e dando logo á bomba notaram no entretanto que não fazia mais agua alguma. Dalii a pouco em Coclii dando pendor á náo, acharam mettido no costado um focinho de peixe do comprimento de dous palmos e meio, agudo na ponta com a superficie externa de pelle de lixa, preto e duro, semelhante a chifre de Ganda, ou Khinoceronte. Esta ponta tirada da náo veio a Lisboa, ficando todos os sábios desta cidade cm duvida de que peixe seria. O 2° facto pertence a Francisco de Brito Freire; na narração da viagem da armada por elle commandada á paginas 28, diz, pouco mais ou menos, o seguinte: — No Pde janeiro de 1656 na altura do Cabo de Santo Agosti- nho investiu contra o costado da náo capitanea, na presença de grande tormenta, um peixe agulha com tal fúria, que a espinha monstruosa da ponta do focinho, quebrando-se ficou dentro, fazendo assim menor damno. Estes dous casos são inteiramente semelhantes ao nosso, e segundo as paragens em que succederam, e as formas que as pontas mostravam per- tencer a peixes do mesmo género. Ode Brito Freire provavelmente foi causado pela mesma espécie de peixe que 174 annos depois veio produzir a amostra existente no museo. Mas a que espécie de animal pertence a nossa amostra? Tal foi a questão nos occupou por alguns dias de 1843, e a qual foi-nos possivcl com certeza resolver, visto os processos da sciencia em nossos dias. Desde logo exclui a idéa de ser a ponta do narval (Monodon. L.) per ser animal dos climas frios, e por ter este a defeza redonda e sulcada em spiral . Não podia ser o espadarte (Pristis L. ), a que os nossos indígenas chamavam araguagua, porque sua arma sendo em forma de serra e não pontuda, é de configuração mui diversa desta. Desprezei também a lem- brança de ser o grande peixe, a que os italianos chamam águia, e que existe também na índia (Tetrapterus rafinesquei) porque a ponta da sua arma é um perfeito punhal fino e agudo. Não me foi também possível admittir a idéa de ser a ponta do verda- deiro peixe espada (Xiphias L.) tanto porque a arma deste é nimiamente achatada, cortante dos lados, e sulcada na face superior, como porque não consta, que estes animaes frequentem as costas do Brasil. Feitas estas exclusões a nossa amostra não podia pertencer senão a algum animal proprio da nossa região zoológica . Com esta convicção consultamos os trabalhos de ichtiologistas mo- dernos, e os naturalistas que com especialidade se tem occupado do Brasil' ARCHIVCHOS DO MUSEU NACIONAL— VOl. XVII 8 0 resultado do nosso estudo foi que o nosso exemplar é a extremidade da longa ponta, que termina a maxilla superior do peixe vulgarmente chamado em alguns dos portos do Brasil, Agulhão ou Bicudo, a que Curvier chama Hisiiophorus americanus, espécie propria da America Meridional . Eis o juizo que fizemos sobre a espécie do animal á que pertence a amostra do museu. Mas depois disto tivemos occasião de vêr nossas ideas confirmadas mostrando-nos um official da marinha franceza por in- termédio do Dr. Descourtilz, a arma inteira com a estampa do peixe dese- nhada com o animal á vista. Este peixe, pertence á ordem dos Acanthopterigios a familia dos Scom- beroides, é o mesmo de que falia Marcgrave com o nome de Guebuçú, e do qual já no seu tempo elle assegura ter-se as vezes achado o bico enterrado na quilha dos navios Ainda que pela descripção deste celebre escriptor hollandez, veja-se ser elle mui différente do verdadeiro peixe es pada, no entretanto naturalistas como Linneu, Gmelin, e outros, o tomaram como tal, e dahi provem a grande confusão que em muitos autores appa- rece a respeito do nosso Guebuçú , Mas quem attender aos caracteres próprios, de que são dotados estes nossos peixes, não poderá deixar de comnosco concordar, que a forma da propria arma, a existência das bar- batanas ventraes representadas por dous filetes mui delgados e compridos, e a barbatana dorsal nimiamente alta a poder servir ao animal como de vella, fazem com que sem replica se admitta o novo género Histiophorus, do qual a espécie existente nas costas do Brasil acha-se bastante espalhada nos mares que o rodeiam.» Jordan e Evermann suppõe que Histiopfiorus pulchelliis de Cnv . & Va- lenciennes (VIU pg. 223 e est. 230) seja joven da espécie supra. XIPHIAS,(1) Linnaeus Syst. Nat. Ed. X, pg. 248-1758 Em geral semelhante ao género anterior, tendo, porém, a dorsal ele- vada somente nos indivíduos muito jovens; no adulto a parte anterior é falcada e largamente isolada da pinnula posterior; e as ventraes faltam por completo. Os dentes só estão presentes nos jovens. São sujeitos á grande mudança de forma durante sua evolução, passando por uma phase que representa bem aproximadamente o género anterior. (1) Xiphos (Gr.); espada. C/3 3 '•õ C/3 ."* Is a 9 . DE MIRANDA RIBEIRO — FAl'NA BRASILIENSE — PEIXES XípIliaS gladiUS^'' (Unnaeus) PEIXE - ESPADA; ESPADARTE Um exemplar, medindo 66 cm . de comprimento e procedente de Ná- poles, Mediterrâneo, offerece os seguintes caracteres: Cabeça, da ponta do bico a orla opercular, 2 vezes e 1/6 no comprimento até a base da caudal . A ponta da mandíbula quasi attinge o meio da lamina rostral superior, á contar do angulo da bocca. A largura desta lamina media por 1/10 do seu comprimento; é completamente achatada e faz lembrar um longo pu- nhal; em toda a sua extensão, tanto no lado superior como no inferior, ella é percorrida por um sulco mediano e os seus bordos livres são cortantes e finamente aciculados, no lado inferior ou interno nota-se a mesma denticuln- ção baixa, granulosa e egual, (bem como no superior ou interno da m^ndi- bula), como a que se observa entre os caninos maiores do rostro de Be- lone ou Tylosurus. As narinas, contíguas e peqeninas, ficam próximas dos olhos, a um raio destes. Olhos grandes, lateraes, anteriores do angulo da bocca de cerca de um diâmetro, cerca de I e 2/3 no espaço interorbital. Preoperculo muito curto, lamellar, operculo e interoperculo longos, e la- mellares. Os branchiostegos são grandemente curvos, e de modo á formar uma gotteira por cada lado do isthmo. Abertura branchial ampla, mem- brana livre desde a vertical da orla anterior da iris. Rastros nullos, redu- zidos á placas aciculares indistinctas. Branchias grandes, fartas. Dorsal longa, anteriormente elevada, falciforme, depois mais baixa e projectando- se até sobre a carena do pedunculo.com 45 raios. Anal 17. Peitoraes grandes, falcadas, inferiores ao plano do angulo da bocca, attingindo n metade da distancia entre sua base e a da anal. Ventraes ausentes. Caudal fortemente furcada. Linha lateral indistincta, ondulante. Escamas indis- tinctas, de tamanho e forma variáveis e irregulares, providos de uma ca- rena mediana formada de espinhos cónicos. A's vezes essas escamas tornam-se maiores em series regulares, longitudinaes, constituindo carenns aciculadas ao longo do dorso, abdomen e pedúnculo. Este provido de uma carena dérmica mediana, longitudinal. Cor cinerea glauca superiormente, albicante inferiormente. N'um individuo adulto, da Inspectoria de Pesca e apanhado no sacco de Itaipú, nota-se a atrophia dos raios posteriores da dorsal que tem des- envolvida somente a parte falciforme anterior e uma pinnula posterior, ul- timo vestígio do ponto em que terminava aquella nadadeira.no peixe, quando em edade menos avançada. Na anal o mesmo succède para com os raios (1) Gladius (Lat.) = espada. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL vol.— XVII IQ posteriores, permanecendo délies a pinnula. A caudal é mais amplamente aberta, dir-se-ia seleniforme. 0 rostro è contido 2 e 2/3 no corpo faté a base da caudal e contado da orla anterior dos olhos). A symphyse man- dibular pouco passa a vertical da orla anterior destes, alem de um diâmetro ocular. As escamas como que desappareceram e apenas um vestígio de carena, como que uma bolina, marca uma parallela do perfil abdominal entre a base das peitoraes e a anal. A cor é a mesma acima descripta do exemplar de Nápoles e o comprimento é de 2, m. 87. Este Peixe foi con- statado no Brasil pelo Dr. Gomes de Faria, da Inspectoria de Pesca (Vide Jornal do Commercio de 27 de Maio de 1914-variasJ. U peixe-espada é um devastador dos Bonitos (Scomber eólias e S. scombrus) e, á julgar pelas mandíbulas encontradas no estômago do que foi apanhado na inspectoria, também ataca as pequenas sardas e Bonitos V^erdadeiros. A sua carne é muito apreciada na Europa. NI coRYPH>qE:i\iiD/c:<') Esta família, constituída de um uníco género, encerra peixes pelági- cos de grande tamanho, conhecidos vulgarmente pelo nome de Dou- rados. C2) Forma geral semiespatulada, sendo o punho da espátula constituída pelo pedúnculo e o lado menos curvo (ou quasi recto desta meia espátu- la) constituído pela linha do contorno inferior de todo o corpo. Cabeça grande, de contorno superior curvo até a região occipto-cervical, devido á elevação d'uma crista-lambdoide que se desenvolve com a edade. Bocca ampla, anterior, provida de dentes cardiformes nos dentários e íntermaxiilares, vomer e palatinos ; dentes vílliformes na língua. Inter- maxillares pouco moveis. Maxillares estreitos e alongados ; narinas duplas ; olhos grandes, lateraes ; peças operculares inteiras, lamellares. Abertura branchial ampla. Pseudobranchias ausentes. Dorsal ramosa, única, nascendo sobre a região occipto-cervical e se prolongando até a base da cauda ; ventral egualmeníe indivisa e longa. Ventraes pre- sentes, reclinando-se em uma calha abdominal. Escamas pequeníssimas. Linha lateral presente, completa, simples. Appendices pyloricos em grande numero ; vesícula natatoria ausente. Os dourados são cosmopolitas de todos os mares tropicaes e sub- tropicaes, onde se deslocam em grandes cardumes. Género constatado no Brasil * CORYPHv^NA, (3) Limsus Syst. Nat., Ed. X, pag. 261-1758 Cujos caracteres principaes vem na diagnose infra: (1) Coryphœna, género typico; eidos, semelhante. (2) Não devem, estes Dourados, ser confundidos com os Dourados de rio, que sào Cha- racinideos, nem com os ^Pei-xes Dourados» que são Cyprlnideos, nem com a Dourada do Ama- zonas que é Pimelododideo. (3) Coryphœna, mostra-heimo; allusão á forma da cabeça do peixe, nome empregado por Aristoteles. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL vol.— XVII 4 Coryphsna hippurus ^'^ l. DOURADO D. 53; A. 25 Forma alongada ; altura pouco maior do que a cabeça ; cabeça tendo o perfil superior curvo, tanto mais abrupto quanto mais edoso é o in- dividuo. Bocca antero-inferior, provida de uma faxa de dentes cónicos, curvos, nos intermaxillares e mandibulares ; maxillares estreitos, occul- tando-se pouco sob o preorbital que é delgado. Olhos sobre o angulo da bocca, grandes, 6 e 1/2 vezes na cabeça; esta 1/5 no comprimento até a base da caudal. Escamas alongadas, implantadas na pelle. Linha lateral presente, pouco sinuosa e quasi que imperceptível na sua ametade anterior, recta e distincta na posterior. Peças operculares inermes. Dor- sal continua, mais elevada anteriormente, de bordo livre e recto, origi- nando-se sobre a vertical do preoperculo e terminando perto da caudal ; anal sub falcada, tendo apenas os três raios anteriores mais desenvol- vidos. Peitoraes e ventraes na mesma vertical, estas um pouco posterio- res ao inicio da base d'aquellas ; ambas do mesmo comprimento. Caudal lunada, escamosa. Glauco cœruleo ou brilhante no lado dorsal, áureo ou argyreo no ventral. O exemplar que sérvio á presente descripção pertence á Inspectoria da Pesca, do Ministério da Agricultura. (1) Hippurus (Gr.) = cauda de cavallo, allusáo à disposição das nadadeiras dorsal e anal. ROiVIATELIO STROMATEID/qB <'> Peixes de forma rhomboide ou parabólica, pela extensão maior ou menor do corpo, providos de nadadeiras verticaes indivisas. Cabeça grande, com a bocca anterior, tendo dentes nos intermaxillares e mandi- bulares ; intermaxillares fixos. Narinas duplas, pequenas anteriores aos olhos ; estes lateraes, moderados ou grandes, pálpebra adiposa, quando presente, rudimentar. Peças operculares lamellosas, inteiras. Escamas cycloides, geralmente fracas. Linha lateral simples, mais ou menos curva ás vezes, uma serie de poros nos lados da dorsal. Esta nadadeira continua, tendo alguns aculeos anteriores pouco desenvolvidos e os pri- meiros raios mais ou menos elevados ; ás vezes ha aculeos procumben- tes. Anal eguaimente com alguns aculeos anteriores e os primeiros raios sempre mais ou menos maiores ; peitoraes mais ou menos falcadas ; ven- traes ás vezes presente, ás vezes obliteradas. Rastros moderados, finos. Œsophago musculoso, provido de peças rijas, triturantes, ósseas, ora de aspecto de esmalte, mais ou menos aciculadas. Tubo digestivo provido de muitos caecos pyloricos; parte rectal, ás vezes, dobrada em forma es- piralada. Vesícula natatoria geralmente ausente. /Ventraes ausentes ' . Pepriíus Géneros brasileiros. .; / f Dorsal continua .... Toledia Ventraps nresentes . ' Ventraes presentes . Dorsal dupla Gobiomorus (1) Stromateus, género typico; eidos, semelhante. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL vol.— XVII 4 PEPRILUS,(i)cuv. Règne Animal, Poiss. II, pag. 213-1817. Forma geral rhomboïde, comprimida, com as nadadeiras verticaes tendo OS raios anteriores mais elevados. Ventraes ausentes ; apenas se nota os ossos pelvianos e dous pequenos aculeos, em seu logar, apparentes externamente. Escamas cycloides, pequenas, deciduas. Linha lateral pre- sente, simples. Peças operculares inermes, inteiras. Espécie brasileira (2) : Peprilus parú^^^ PARU, GORDINHO D. IH + 43 á 45; A. II + 42 á 43 D. I + III á V + 42 á 45; A. I + III á IV + 39 á 41 Cabeça 3 e 1/2; altura, no inicio das nadadeiras dorsal e anal 1 e 1/3 á 1 e 1/2. Perfil sub-romboidal ; linha rostro caudal parabólica. Fronte abrupta, quasi vertical ou vertical. Bocca pequena, provida duma serie de dentes villiformes nos intermaxillares e nos mandibulares. Olhos 4 á 4 e 1/2 vezes no comprimento da cabeça, providos de pálpebra adiposa pouco desenvolvida, deixando porém anteriormente a orla com- pletamente livre. Ossos operculares laniellosos, o preoperculo fino e pa- rallelamente estriado, no sentido do angulo posterior que é saliente. Ras- tros 6+14. Linha lateral presente, simples, parabólica, procurando o perfil dorsal e atravessando o pedúnculo obliquamente, de cima e diante para traz e para baixo. Escamas cycloides, pequenas, delgadas, deciduas; as maiores são as da base da anal ; recobrem todo o corpo, exceptuan- do-se o alto da cabeça a fronte e o focinho e as nadadeiras peitoraes. (1) Peprilus, nome latino não explicado por Cuvier. (2) Quoy Aculeos tri ou quadri-radicados Chilomycterus. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL — vol . XV» 6 do que os aculeos deprimidos ou lamellares, longitudinalmente estriados e entrelaçando-se com os dos aculeos próximos, formando d'esta arte, um verdadeiro engradado externo que de alguma forma o enrijece. Espécies brasileiras: 'Espinhos moderados, 2 aculeos supra-oculares com um tentaculo mediano. Verde sujo sup.te com uma nódoa negra na base da dorsal, outra acima e outra atraz das peitoraes e finalmente outra sub ocular, negras; amarello inferiormente. . . C. spinosus. I Tentaculo supra ocular e maculas na base da dorsal 'Espinho curto, comprimi- P^^ente, outra acima e outra atraz das peitoraes e dos, 3 aculeos supra ocu-\ °"t"^ menores esparsas pela parte superior do largg j corpo Ps. 12 C. atinga. /Tentaculo supra ocular e maculas grandes, pardo oli- I vaceo, densamente maculado de negro na parte Su- \ perior do corpo Ps. 21 C tigrinus. Chilomycterus spinosus <'^ (D BAIACU DE ESPINHO D. 11; A. 11; Ps. 22; Cabeça 2 e 1/2, altura 2 e 5/6 ; olho 4. Forma um tanto oblonga, de- primida, cabeça grande, olhos grandes, salientes ; bocca moderada, angulo não attingindo a vertical baixada das narinas ; estas n'uma papilla mode- radamente desenvolvida, tendo duas aberturas oppostas, anteriores. Todo o corpo protegido por espinhos de três raizes, fixos, de ponta um tanto obli- quamente dirigida para traz ; ha um d'esses espinhos na parte supero-an- terior e outro na supero-inferior da orbita; entre estes dous aculeos ha um tentaculo filiforme que pouco os excede ; sob o primeiro aculeo super- orbitario ha outro, abaixo da orbita, de ponta dirigida para baixo, para fora e para diante. No meio da região frontal ha um solitário e na abertura branchial ha um superior fixo e outro mais interno movei. Todos os aculeos são em quasi a totalidade de sua extensão recobertos pela epiderme que é grande e finamente reticulada e porosa; nos aculeos lateraes e alguns infe- ro-posteriores, a pelle prolonga-se em filamento de suas extremidades ; os abdominaes são curtos e fortemente inclinados para traz. Peitoraes gran- des e dorsal muito maior do que a anal ; caudal muito fraca, sendo o pe- dúnculo muito reduzido ; n'um exemplar, de minha collecção, conto 4 raios (1) Spinosus — espinhoso. 81 9f . V i:iPillli|llll|llll|llll|llll|lin >r 10 11 lis 1 i ■■ 1— iiii|iiii|iiiiiiin|î s II4 1:6 16 17 1^ ■Mitî.iwrTRi» Chilomycterus spinosus (L.) 7 A. De MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES apenas, n'essa nadadeira. Amarellado de chromo, olivaceo obscure no dorso mais claro no ventre, com a pelle que recobre os aculeos dessa região esbranquiçada ; uma nódoa negra na base do aculeo que fica sobre o pedúnculo da peitoral, posteriormente; e outra em meio da distancia que vae da pupilla ao extremo do pedúnculo, sobre a horizontal d'esté e atraz das peitoraes ; outra macula da mesma côr na base da dorsal e outra sob a orbita, ás vezes seguida de outra inferior, atraz do angulo da bocca; e, finalmente, uma no mento, onde ha 4 á 5 tentaculos brancos. Nadadeiras transparentes, iris obscura com reflexos bronzeados . Chílomycterus atinga, <'^ l. D. 12 á 13; A. 12 á 13; Ps. 12; C. 10 Cabeça 2 e 2/3, altura 2 e 3/5; um tentaculo dermico na arcada supra orbitaria; todo o corpo provido de aculeos muito curtos, com 3 raizes muito desenvolvidas, chatas, lamellares, estriadas; pardo olivaceo, densamente maculado de preto na parte dorsal, sendo algumas d'essas maculas ocel- ladas, abdomen claro ; base da dorsal negra, uma nódoa superior e outra posterior ás peitoraes, nadadeiras maculadas de preto. Habitat : Atlântico, de Florida ao Brasil. Chílomycterus tigrinus, ^^^ (l ) D. 11; A. 10; Ps. 21; C. 10 Forma oblonga, deprimida ; cabeça 3 e 2/3 ; olhos 4 e 1/2 na cabeça arcada orbitaria saliente, perfil fronto-rostral vertical, sendo o maxillar su- perior saliente ; peitoraes relativamente moderadas, trapezoidaes ; dorsal totalmente anterior á anal, no inicio do ultimo quarto do comprimento do corpo, caudal pequena, redonda; todo o corpo provido de aculeos de 3 e 4 raizes, 2 na cabeça, um aculeo post-ocular de 4 raizes e um post-caudal de 2; todos os aculeos são muito curtos, tendo as raizes extraordinaria- mente desenvolvidas, entrecruzando-se com as dos aculeos contíguos; supe- riormente azulado claro, punctulado de negro, inclusive todas as nadadeiras branco inferiormente. 0,'"56. Penso que o exemplar que sérvio á presente discripção ^' seja procedente de aguas brasileiras. (1) Atinga — nome tupy. (2) 7"<^mu5 — tigrim, allusào á côr. (3) Coll. do Museu Nacional. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL — vol. XVII g O máo vezo dos antigos funcionários do Museu Nacional, de deixar sem procedência os exemplares em collecção, não permitte que dê cer- teza do que sérvio á presente descripção e que pertence ao mesmo Museu. Feia forma me parece ser uma preparação do Snr. Peçanha e, como tal de procedência brasileira. ' 1 ;-rRODOiM~riD RODONTID/CE Corpo claviforme, moderadamente deprimido ou sub quadrangular ; ca- beça grande, obtusa, bocca pequena, provida de lábios espessos; prema- xillares e dentários envolvidos por uma lamina de esmalte, tendo uma sutura mediana, formando quatro laminas cortantes, oppostas duas á duas, maxillares dirigindo-se para fora dos premaxillares, posteriormente á estes ; narinas mais ou menos próximas dos olhos, mais ou menos pediculadas, simples ou duplas; olhos moderados, mais ou menos oblongos, lateraes, mais ou menos próximos da vertical do meio da cabeça e do perfil su- perior desta ; abertura branchial moderada ; peitoraes mais ou menos am- plas, assymetricas ou trapezoidaes ; dorsal e anal posteriores, compostas de 6 á 15 raios, mais ou menos falcadas; pedúnculo e caudal robustos, nor- maes; linha lateral mais ou menos distincta, muito sinuosa, tendo ou não um ramo transversal sobre a nuca. Pelle completamente glabra ou provida de aculeos obtusos, curtos, com 2 á 5 raizes mais ou menos desenvolvidas, nunca porém maiores do que o corpo do aculeo ; vesícula natatoria pre- sente ; vertebras 7 á 8+9 á 13 Peixes marinhos {Colomesus é fluviatil) de má fama, tidos em conta de venenosos, o que está provado pelo menos para certos géneros; e, por isso, despresados como alimento. Podem dis- tender enormemente o abdomen, ingerindo ar ou agua, boiando, no primeiro caso sobre a agua, de ventre para o ar ; alguns emittem um som parti- cular quando ingerem o ar, o que talvez seja devido ao attrito das lami- nas dentarias. r Narinas sesseis, uma prega do lado do cor- n.— «.o/, ...» I Focinho moderado, muito mais comprido 1 po. D. Í2 á 15 Lagocephalus. ucneros constaiaaos 1 ^^ q^j g largura do espaço interorbital ' em aguai brasilei- ' ^ ras: J I Narinas pedenculadas, prega fD. 9 i 10. Uosacus. \ abdominal ausente D. 6 á IO. < ' D. 6 á 8. . Sphéroïdes. >, Focinho obtuso, mais curto do que a largura do espaço interorbital Colomesus. ARGHIVOS DO MUSEU NACIONAL — VOL. XVII 4 LAGOCEPHALUS, (») Swainson Class. Fishes, etc. II, 194 e 328 — 1839 Tetrodontideos claviformes, mais ou menos tetragonaes, mais ou me- nos providos de espinhos curtos, no dorso ou no abdomen; pelle lisa, del- gada, resistente, justa ao corpo ; olhos moderados, contorno palpebral pa- rabólico ; narinas oppostas n'uma papilla próxima da orbita ; abertura branchial moderada, pouco maior do que a base das peitoraes ; estas am- plas, mais ou menos trapezoidaes ; dorsal e anal falcadas, aquella anterior a esta ; linha lateral conspícua, circumdando os olhos, unida á sua opposta por um ramo cervical, sinuosa posteriormente ; uma prega ventral cuta= nea do mento á cauda, como que delimitando a face abdominal de todo o corpo ; abdomen dilatavel ; caudal geralmente lunada; vertebras 8-rl3. Espécies brasileira: /Cabeça 3 e 1/2, altura 4 e 1/2; /Espaço interorbital e nü4 olhos 2 L. laevigatas Abdomen espinho-l ca providos de espinhos, j 80 ) /cabeça 2 e 5/6, altura 3 e 1/2; J V olhos 3 e 2/5 L. pachycephalus \ Espaço interorbital e nuca providos de espinhos. . . . L. giintheri Lagocephalus laevigatas ^^^ (l.) BAIACU -GUMMA, BAIACU-ARA D. 14; A. 12; Claviforme, quadrangular, cabeça 3 á 3 e 1/4, altura 4 á 4 e 1/2 no comprimento do corpo ; olhos 2 vezes no focinho e 2 no espaço interor- bital ; abertura branchial maior do que a base das peitoraes que são algo trapezoidaes e de comprimento egual ai/ da distancia que vae de sua base aos lábios. Dorsal sobre a anal, um pouco anterior á esta e ambas falcadas ; caudal lunada. A linha lateral circumda os olhos, forma um lo- sango irregular atraz e acima d 'estes, tendo um ramo que une entre si os dous losangos, por cima da nuca; é sinuosa para a parte posterior do corpo. Do mento parte uma crista que separa a face abdominal das late- raes e que se projecta até sobre o meio da base da caudal; toda a região (1) Lag'os — lebre; cepAû/e — cabeça; allusão aos dentes. (2) Lœvigatus — alisado, liso. 5 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRaSILIENSE — PEIXES abdominal delimitada por essa crista e comprehendida entre o queixo e o anus, é recoberta de aculeos baixos, eguaes ou sub-eguaes, de três raizes, os quaes podem-se occultar na pelle abdominal e ahi desenham um oval bastante allongado, de extremidade mais fina voltada para diante. Olivaceo superiormente, prateado nos lados e branco no abdomen aber- tura branchial, extremidade da dorsal, raios superiores e extremo dos me- dianos da caudal, denegridos ; peitoraes ligeiramente enfurnadas. Attinge a cerca de 6 centímetros Habitat : de Cap Cod, na America do Norte, ao Rio de Janeiro, no Brasil. No Rio de Janeiro é muito commum e despresado, sendo mesmo tido como venenoso Os pescadores accusam-n'o de destruidor de peixe e, no anno de 1904, diziam-me soffrerem prejuízos enormes, causados pelos cardumes de aras que, não somente lhes devoravam o peixe preso ás re- des, como também cortavam as proprias redes Mostraram-me linguados de 8o centímetros reduzidos á esqueleto e trouxeram-me um chumbo de rede, de 3 millimetros de espessura, donde uma furiosa dentada havia cor- tado um pedaço triangular como se fosse uma thesoura Lagocephalus pachycephalus ^'^ (Ranz) D. 14; A. 13; P. 17 Esta espécie foi considerada synonyma de L. lœvigutas por Günther e ulteriores ichthyologistas, baseados na opinião do eminente mestre; entre- tanto, Jordan e Rutter a separaram como diversa, baseados em do us exemplares obtidos na Jamaica pelo Snr. J. S. Roberts. «Diffère, dizem estes últimos autores, de Lagocephalus lœvigaius, no corpo robusto com pedúnculo caudal curto, caudal apenas emarginada e forma das peitoraes.» Os principaes caracteres de L. pachycephalus são: cabeça 2 e 5/6; altura 3 e 1/2; olho 3 e 2/5 (no focinho/ Distancia interocular egual ao comprimento do focinho; raios superiores e inferiores das peitoraes ligeiramente prolongados; uma prega cutanea em meio do pedúnculo sobre a crista abdominal inferior; olivaceo superiormente com ligeiras maculas escuras, prateado nos lados, branco inferiormente; uma area esverdeada diffusa sobre os lados . Habitat : Das Grandes Antilhas ao Brasil. (Raro) Lagocephalus giintheri, (^^ nom.nov. «Espaço interorbital e pescoço cobertos de espinhos ; comprimento da cabeça egual á sua distancia da dorsal ; caudal emarginada. Pardo su- (1) Pachys — grosso, cephalé — cabeça. (2) Giintheri— Denominodo em honra ao Prof. Dr. Alberto Günther, auctor do Catalogo do Museu Britannico e de muitas obras sobre ichithyologia. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL vol. — XVII periormente, lados prateados. Uma larga facha escura atravez do meio do dorso, abdomen branco. Mede 8 e 1/2 pollegadas de comprido» (Günther) Habitat : Brasil. Somente conhecido pela descripção de Günther. LIOSACUS, (') Gunth. Cat. Fishes British Museum, VHI, pg. 287— 1870 Forma oblonga, não quadrangular ; narinas duplas, em uma pa- pilla curta próxima dos olhos, pelle inteiramente desprovida de espinhos, sem a prega cutanea abdominal . Espécie brasileira : LiOSaCUS intermediUS, ^^^ lV\ir. Ribeiro D. 9; A. 8; P. 15 Pelle inteiramente sem espinhos, formando innumeraveis rugas lon- gitudinaes no dorso e nos lados ; focinho obtuso, comprido ; olhos muito mais próximos das guelras do que da extremidade do focinho, de tama- nho moderado, com o maior diâmetro 2/8 no comprimento da cabeça e 1 e 3/4 no do focinho, 1 e 1/3 no espaço interorbital que é chato, tendo 3 cristas, duas lateraes e uma mediana, recta, interrompida em meio de sua extensão ; estas três cristas em conjuncto desenham o contorno de uma penna de escrever. O comprimento da cabeça é maior do que a sua distancia da dorsal que é pequena, 9— raiada, anterior á anal ; caudal truncada, tendo porém os raios superiores e inferiores prolongados. Pardo olivaceo com maculas pretas, redondas, menores do que a pupilla, diffu- sas, nas partes superior e lateraes do corpo ; a arcada orbitaria superior denegrida ; parte inferior de todo o corpo branca, nadadeiras brancas, transparentes, com nuanças sombrias (especialmente a caudal, base da caudal, no lado superior, denegrida). As narinas, duplas, em uma curta, porém grossa papilla branca, situada em uma depressão branca, junto dos olhos e á uma distancia d'estes egual a um diâmetro da pupilla. íris pra- teada. Uma facha escura, marginando a orla inferior da pupilla. Habitat : Atlântico, Rio de Janeiro (Ilha Rasa. O exemplar que sérvio de typo á presente descripção foi pescado entre 60 e 80 metros de pro- fundidade (1) Leios — liso; saccos — sacco. (2) /nícrmerf/us — intermédio, entre L. cutâneos, Gthr, e L. pãchygaster (Mull. (bi. sehn.) BARBEIRO D. IX + 27; A. Ill + 24 Corpo de perfil rhomboidal, comprimido; cabeça 3 e 1/2 ; angulo da bocca muito proximo da vertical baixada das narinas anteriores ; olhos 3 e 2/3 ; operculo com estrias transversaes ; peitoraes triangulares, de cantos um tanto agudos ; caudal com os lobos sub-eguaes. Azul escuro uniforme ou com estrias longitudinaes, lábios e as vezes o aculeo caudal amarellos, uma tarja marginal negra na cauda; peitoraes e caudal, no meio, verdoengos. Dorsal mais ou menos obliquamente estriada de amarello par- dacento . Habitat : De Key West, na America do Norte, até Bahia no Brasil. Teuthis hepatus ^^^ l. BARBEIRO D. IX + 26; A. III -\- 24 Cabeça 3 e 1/2 a 3 e 2/3 ; bocca moderada, com angulo muito afas- tado da vertical das narinas anteriores ; os dentes superiores tem 9 os in- feriores 7 lobos ; perfil rostro-dorsal curvo ; operculo com estriações irra- diantes do 3° superior ; altura 2 vezes no corpo, linha lateral quasi im- perceptível. Aculeo anal contido cerca de 3 zezes nas peitoraes que são maiores do que a cabeça. Caudal com os lobos sub-eguaes. Vineaceo escuro virescente ou azulado, com cerca de 12 barras transversaes escuras, indistinctas, sobre o corpo; nadadeiras denegridas, dorsal com barras obli- quas alaranjadas na parte espinhosa ; no alcool toma uma cor denegrida vinacea quasi uniforme e as barras da dorsal desapparecem, ficando uma estreita fimbria azul marginando a anal. De Kay West até Rio de Janeiro. O individuo que sérvio á presente descripção é d'esta ultima localidade e mede 34 centímetros de comprimento. O Museu Nacional possue um exemplar joven, do Rio de Janeiro e 2 trazidos um, de Parahyba e outro de Pernambuco pelo Sr. Branner da com. Geológica. (1) Ccerulens — azul. (2) Hepatus, de Hepatus mucrone reflexo de Gronow que assim chamave a este peixe, tal- vez de hepar - figado, pela sua apparencia que faz lembrar o aspecto d'esse órgão. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL — *0l. XVII 6 Teuthis bahianus <') (Castein.) BARBEIRO D. IX + 24; A. Ill + 22 Cabeça 3 e 2/3 á 3 e 1/2 ; olhos 3 e 2/3 ; corpo sub-elliptico, altura 2 e 1/3 á 2. Bocca pequena, com o angulo muito aquém da vertical das narinas anteriores que são ligeiramente maiores que as posteriores, pro- vidas de uma orla tubular baixa e de uma valva posterior Dentes supe- riores 11 -, inferiores 9 - lobados . Operculo com cristas irradiantes par- tindo do terço superior. Peitoraes do tamanho da cabeça triangulares com os cantos redondos, ventraes attingindo apenas o 10° aculeo anal; caudal com o lobo superior maior do que o inferior. Aculeo caudal 3 e 1/3 do comprimento das peitoraes 2 e 2/3 das ventraes. Pardo mais ou menos manchado de cor mais clara inferiormente ; caudal violácea com a margem azul, oito estrias finas parallelas entre si e a base da nadadeira, sobre a dorsal . Os exemplares do Museu NacionaJ foram trazidos da Bahia ao Museu pelo Sr. R. Rathbun. (1) Bahianus — bahiano. CH^TODONTI (1) Pectimbranchios de forma su-rhomboide, de post-temporal formemente unido ao craneo; escamas differenciadas em placas, em aculeos elevados. Bocca pequena, raramente protractil, ás vezes alongada, mais geralmente os palatinos sem dentes e estes presentes nas maxillas e mandíbula em se- ries compactas sub-villiform3S. Menbrana opercular reunida inferiormente. As' vezes ura forte aculeo preopercular, outras vezes o operculo armado. Uma lamina sub-ocuiar presente. Anal com 111 á IV aculeos. Dorsal coma parte anterior óssea, atrophiada ou não. Bocca edentula, ás vezes grandemente protractil dentes villiformes Caproouidœ \ Dorsal dupla, entalhada e a parte óssea núa Ephippidœ Dentes em escova. Dorsal continua, não entalhada, com a parte óssea densamente escamosa Chaetodonlidce (1) Chaeta, seda, odous, dente. I 1 caproid^e: Forma elevada, comprimida, da altura maior do que o comprimento da cabeça, bocca mediocre, protractil, provida de dentes villiformes nos premaxillares e mandibulares, narinas duplas, as posteriores maiores, ambas próximas da orbita, esta grande, preorbitaes mais ou menos espinhosos; preorpeculo escamoso, mais ou menos armado no bordo in- ferior, operculo curto, escamoso, inerme ; dorsal dupla, com os aculeos fortes, parte ramosa symetrica com a mesma parte da anal que tem 3 aculeos fortes, mais ou menos isolados dos raios, ventraes thoracicas, com o aculeo forte, caudal redonda ou truncada. Linha lateral completa, escamas ctenoides. Queiras normaes. Supraclavicular com o bordo pos- terior serrilhado, vertebras lu +13 {Capros aper.) Estômago simples, mo- derado, intestino com uma circumvolução (Antigonia) vesícula natatoria moderada, simples. Peixes habitantes de profundidades maiores de 100 metros Cons- tatei a presença de um representante d'esta familia em aguas brasi- leiras em Março de 1903. ANTIGONIA (1) Lowe Proc. Zool. Soe. Lond. pg, 85—1843 Forma rhomboidal, elevada, fortemente comprimida ; cabeça mode- rada com a parte superior núa, sendo os ossos providos de cristas sa- lientes mais ou menos serrilhados. Bocca pequena anterior, protractil, (1) Antogonia — antis, contra; gonis, ângulos; referencia á forma do peixe, cuja bocca fica no vértice do angulo anterior. Jordan e Evermam pensam que a etymologia seja dada por Anti- goneia., antiga cidade fundada por Antigonus. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL — VOL. XVII 4 maxillares escamosos, com uma ordem de dentes pequenos nos interma- xillares e mandibula . Narinas contíguas, mais próximas dos olhos do que do extremo do focinho, as anteriores valvulares, as posteriores simples, maiores do que as anteriores. Olhos lateraes, grandes. Preoperculo com pectinações antrosas no bordo inferior, operculo inerme, os preorbitaes também são providos de aculeos antrosos, seguimentos de cristas transver- saes que se desenvolvem n'estes ossos; o mesmo succède com os dentaes e articulares. 6 branchiostegios Escamas pequenas ctenoides; Linha lateral completa, não se projectando sobre a caudal, parallela ao perfil dorsal; dorsal dupla, com VIII aculeos fortes, originando-se na mesma vertical que as ventraes, um tanto atraz da origem das peitoraes, estas moderadas, assymetricas, aculeos ventraes fortes e grandes. Anal com três aculeos. A base da dorsal e da anal escamosa. Estômago simples de tamanho mode- rado, tubo digestivo perfazendo uma circumvolução, vesícula natatoria simples, moderada. Peixes carnívoros que se alimentam de outros pei- xes e de pequenos crustáceos (esopodes). Uma única espécie. Antígonia capros, <'^ Lowe D. VIII + 34; A. III + 31 Vs. I + 5; Ps 14; C. 16; L. lat. 58 L. tr. -^ Forma rhomboidal, fortemente comprimida, concava no perfil rostro- dorsal e convexa no rostro ventral e bem assim no perfil posterior Cabeça 2 e 2/3, bocca anterior, obliqua, situada acima da linha mediana antero posterior, pequena, protractil, provida de uma fila de dentes villiformes nos premaxilíares e mandibulares ; maxillares moderados, escamosos ; não attingindo a vertical das narinas anteriores ; narinas duplas, as anteriores valvulares, posteriores o dobro maiores do que as anteriores, oblongas, desprovidas de valva. Olhos grandes, 2 e 1/3; preoperculo escamoso, tendo uma crista premarginal finamente pectinada, de canto em angulo agudo e o bordo livre inteiro posteriormente, com finas pectinações inferiormente ; operculo muito curto, inerme e recoberto de escamas. Altura 9/8 do com- primento total ; escamas medioc es, fortemente ctenoides; nadadeiras dor- sal e anal com um revestimento escamoso na base; essas escamas se pro- jectam sobre os aculeos dorsaes, 4° á 8° e sobre dous (posteriores^ dos anaes, as outras nadadeiras completamente niías. A dorsal origina-se sobre a mesma vertical que as ventraes, tem os dous primeiros aculeos curtos e (1) Capros, género typo da familia Antigonia Capros, Lowe •^ A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES O terceiro que é o maior 1 e 1/6 no comprimento da cabeça ; os 3 primeiros aculeos dorsaes são longitudinalmente estriados e todos um tanto curvos na base. A parte ramosa da dorsal é constituida de raios curtos, decres- cendo de tamanho ao passo que se aproximam do curto pedúnculo cau- dal; o mesmo succède com a parte ramosa da anal, cujos 3 aculeos ficam um tanto afastados ; o 1° aculeo d'esta nadadeira também é estriado longitudinalmente. As ventraes que tem o 1° aculeo egualmente estriado tem também os raios providos, superiormente, de uma fina lamina denti- culada . As peitoraes assymetricas com os raios superiores prolongados, são pouco menores do que a cabeça; a caudal é truncada. Quando fresco, éra de uma bella cor rosea, viva, tendo a base escamosa da dorsal e da anal alvadias. Comprimento do exemplar descripto primeiro obtido Museu Nacional — 75 mm. Trata-se como se vê de um exemplar joven, com os aculeos preorbitaes, orbitaes, preoperculares e articulares não desen- volvidos. N'um exemplar de 195 mm. do Museu de Vienna o diâmetro dos olhos occupava 1/3 do comprimento da cabeça sendo as peitoraes d'esta ultima extensão. Habitat : Cosmopolita— Atlântico ; Barbadas, Madeira, Rasa, Pacifico, Omura, Tokio, Manado, Japão, King George Sound (Australia.) f-81 \ I e:phiprid>=e: Forma elevada, comprimida, cabeça robusta, muito menor do que a altura, tendo a bocca anterior, pequena, muito pouco protractil, com os premaxillares e maxillares isolados, dentes n'aquelles ossos e nos mandibu- lares finos longos e curvos, juntamente collocados em uma facha larga, que toma a apparencia de uma escova ; narinas separadas, as anteriores circulares com um rebordo baixo collocadas em meio da distancia entre a orbita e o sulco premaxillar ; preorbitaes inermes ; olhos lateraes, médio- cres, preoperculo inteiro ou minusculamente pectinado, com o canto redon- do, inteiran)ente desprovido de aculeo ; operculo inerme, pseudobranchias, 6 á 7 branchiostegios; rastros curtos. Dorsal dupla, parte espinhosa tendo o 3° aeuleo mais desenvolvido do que todos os outros, inteiramente nua, reclinando-se sobre um encaixe basilar, parte ramosa tendo um aculeo an- terior e os primeiros raios prolongados; a nadadeira origina-se sobre a axilla das peitoraes que são pequenas, assymetricas, porém com os cantos redondos ; ventraes thoracicas originando-se um pouco adiante da base das peitoraes, tem um aculeo forte que, porém, quando muito eguala ao quarto raio ; anal com llí ou IV aculeos, o segundo o maior e a parte ramosa sy- metrica com a mesma parte da dorsal, anal truncada ou lunada. Escamas ctenoides, as da cabeça (excepção do focinho que é nú) thorax e abdomen muito pequenos, contíguos, firmemente implantados, bem assim como as que recobrem as nadadeiras verticaes; cores obscuras, linha lateral completa, vesícula natatoria desenvolvida, bifurcada anteriormente e com dous duetos pneumáticos posteriores; cceca pouco numerosos, branco robusto, post tem- poraes bifurcados ou trifurcados, separados do craneo, vertebras löf 14. Peixes carnívoros de littoral que chegam á attingir um metro em com- primento, representados em aguas brasileiras pela conhecida «Enchada» . ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL — vo!. XVII 4 CH^ETODIPTERUS, d) Lacépède Hist. Nat. Poiss. IV, pg. 503-1802 Corpo elevado, comprimido, bocca pequena anterior, provida de den- tes cerdiformes nos premaxillares e mandíbula ; narinas separadas, as pos- teriores obliquamente fendidas ; orbita lateral, mediocre ; preoperculo in- teiro, operculo inerme, 6 branchiostegos ; dorsal mais sobre a mesma ver- tical que as peitoraes e ventraes, tendo 8 á 9 aculeos com a parte espi- nhosa completamente núa de escamas e separada da ramosa que tem os primeiros raios mais ou menos prolongados ; peitoraes pequenas, ventraes moderadas, com um aculeo forte ; anal com III aculeos e a parte ramosa symetrica com a mesma parte da dorsal ; Escamas ctenoides, pequenas ; Linha lateral completa, mais ou menos parallela com o dorso, percorrendo os lados do pedúnculo. Caudal geralmente lunada. Quatro a seis appen- dices pyloricos. Género americano, contendo duas espécies das quaes é brasileira a seguinte : Chsetodipterus faber^^) Brouss. ENXADA D. Vni + 1, 20 á 23; A. Hl + 18 á 20; L. lat. 54 á 60; L. tr. ^ Cabeça 3 á 3 e 1/2 ; bocca pequena, maxillares attingindo a vertical das narinas anteriores, estas providas de um rebordo baixo, circulares, afastadas das posteriores que são próximas da orbita, fendidas obliqua- mente ; orbita 3 e 1/2 na cabeça ; preoperculo tendo o bordo posterior in- teiro (e o inferior finamente granuloso no joven) ; operculo inerme ; altura 1 á 1 e 1/2; dorsal peitoral e ventraes articulando-se mais ou menos na mesma linha, anal symetrica com a parte ramosa da dorsal, ambas as nadadeiras são quasi perfeitamente truncadas no perfil posterior, nos jovens, mas, tem os primeiros raios prolongados no adulto ; caudal truncada no joven, lu- nada iio adulto. Plúmbeo cinero com cerca de 5 fachas transversaes ne- gras sobre o corpo, a prim.eira facha passa pelos olhos, a segunda pela base das peitoraes ; ventraes negras. Nos indivíduos adultos estas fachas esvaem-se confundindo-se com a cor geral. E' um peixe bastante commum, desde Cape Cod na America do Norte até Sepetiba no Brasil. Cresce muito, chegando a attingir 90 centímetros de comprimento. (1) Chœtodon, género referido, rf/s — dous, pteron — (&s&) nadadeira; allusão á dorsal dos peixes d'esté género (e família). (2) Faber — ferreiro, nome com o qual o designou Sloane. DOIMT'ID CHi^^ETODONTIDi^qE: Peixes de forma elevada, comprimida, cabeça robusta, muito menor do que a altura, bocca pequena, anterior, protractil, ás vezes os seus ossos são desenvolvidos para frente, n'uma espécie de bico; premaxillares e ma- xillares separados, longitudinalmente fendidos, denies cerdiformes, dispos- tos em facha sobre os premaxillares e mandibulares, o que lhes dá o as- pecto de uma escova; preorbitaes inermes ou aculeados; narinas contíguas, as posteriores oblongas e ambas próximas da orbita; esta lateral, medio- cre ; preoperculo inerme ou pectinado, provido de um forte aculeo no an- gulo ; interoperculo inerme ou aculeado ; operculo inerme, branchiostegos 6 ou 7, rastros muito curtos, pseudobranchias grandes. Dorsal originando-se sobre o operculo, inteira, revestimento basilar muito desenvolvido, abran- gendo a maior parte dos aculeos; os primeiros raios mais ou menos de- senvolvidos, peitoraes moderadas, ventraes originando-se sob a base das peitoraes, tendo um aculeo forte que não excede de muito o 3" raio . Anal com III á IV aculeos, o 2" ou o ultimo o maior; parte ramosa symetrica com a mesma parte da dorsal e como esta nadadeira, com o revestimento basilar muito desenvolvido ; os primeiros raios mais ou menos desenvol- vidos. Caudal truncada ou com os raios exteriores muito desenvolvidos. Escamas mais ou menos ctenoides, de tamanho diverso ou do mesmo ta- manho sobre o corpo ; as que recobrem toda a cabeça, sem excepção do focinho e parte anterior do thorax e abdomen, pequenas, justapostas, dando apparencia de pellucia á estas partes do corpo ; linha lateral com- pleta ou incompleta, apenas attingindo a base do pedúnculo superiormente. Craneo robusto, post-temporal apparentemente simples, unidos ao craneo; vertebras 10+14, cœca mais ou menos numerosos, vesícula natatoria pro- vida dos duetos posteriores. Peixes carnívoros, brilhantemente coloridos representados em nossas aguas pelos seguintes géneros : ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL — VOl. XVII 'Preoperculo inerme, aculeos medianos da dorsal os maiores, nadadeiras dorsal e anal sem os raios anteriores prolongados; ventraes não prolongadas em fi- lamentos, 2» aculeo anal o maior Chcetodon Jpreoperculo armado de um forte /'"te^^oP^culo inerme Pomacanthus aculeo no angulo, aculeos por- teriores da dorsal os maiores,' quasi totalmente occultos no re- % vestimento escamoso basilar, rai-) os anteriores da dorsal e anal e[ íPreorbital inerme. . Angelichthys ventraes prolongados Vlnteroperculoaculeadoc VPreorbital aculeado. Holacanthus CH/ETODON, (1) L. Syst. Nat. Ed. X, pg. 272—1758 Corpo elevado, comprimido, de contorno mais ou menos oval; bocca anterior, pequena, provida de dentes cerdiformes nos premaxillares e man- díbula, o angulo não attingindo a vertical da orla anterior da orbita ; na- rinas duplas, as posteriores maiores e ambas contíguas á orla orbital an- terior ; olhos lateraes moderados ; preoperculo inerme, de bordos mais ou menos inteiro, operculo inerme, 6 branchiostegos. Dorsal originando-se sobre o bordo livre do operculo, com cerca de Xlll aculeos. Peitoraes mé- diocres, assymetricas, ventraes originando-se sob o meio da base das peitoraes, com um aculeo forte e desenvolvido, porém, menor do que a na- dadeira; anal com 3 aculeos, dos quaes o 2° é o maior e tendo a parte ra- mosa symetrica com a mesma parte da dorsal, caudal truncada ou redonda. Escamas moderadas, ctenoides; toda a cabeça é escamosa, sendo as suas escamas muito pequenas em relação ás do corpo. Os aculeos da dorsal e da anal têm uma bainha basilar que vae augmentando de altura gradativamente, de diante para traz, de modo á quasi occultar completamente o ultimo aculeo. Linha lateral curva do operculo á parte superior da base do pedúnculo cau- dal onde termina. Peixes carnívoros, habitantes dos recifes e polypeiros. Espécie brasileira : Chaetodon striatus ^^^ l. BORBOLETA D. XII + 22; A. 111 + 19; L. 37 á 40 L. tr. -^ Contorno em ponta de flexa ; corpo elevado, fortemente comprimido, perfil rostro dorsal ligeiramente s-forme. Focinho pouco maior ou egual ao diâmetro orbital Bocca pequena, anterior ; preorbitaes planos, um tanto » (1) Chaeta — cerda; odons — dente; allusão á forma dos dentes. (2) Striatus — estriado . 5 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEXES salientes, no angulo antero-superlor. Narinas contíguas. Orbita 2 e 3/4 á 3 e 2/5. Preoperculo finamente pectinado, com os bordos posterior e inferior em angulo recto ; operculo inerme. Dorsal originando-se sobre a vertical do angulo opercular superior, aculeos fortes, augmentando de compri- mento até o 5° e decrescendo, d'ahi para traz, até o 8", para augmentar de novo até o 12°. Peitoraes assy métricas, moderadas 1 e 1/6 na cabeça. Ven- traes originando-se sob a axilla das peitoraes, com o aculeo egual ao 4°, dorsal em comprimento. Anal com o 2° aculeo egual ao 5° dorsal, cau- dal truncada. Escamas moderadas, finamente ciliadas ; n'uma linha que da orla superior da orbita vá á parte superior do pedúnculo; divergem ellas em series obliquas para cima, para baixo e para traz sendo o seu ponto de contacto marcado por linhas estreitas, escuras, um pouco curvas e convergentes posteriormente. Essas estrias são bem visíveis sob o fundo amarello claro do corpo do peixe. O lábio superior é negro, negra uma facha moderadamente curva, de convexidade anterior que da nuca atravessa a pupilla e se projecta sobre o meio do interoperculo ; outra facha da mesma cor desce da base dos 4 primeiros aculeos dorsaes e se dirige ao meio da distancia que vae da base das ventraes á anal ; uma 3^ facha um pouco mais larga que a 2^ vem dos 5 últimos aculeos dor- saes ao inicio da parte ramosa da anal ; outra faixa curva em sentido inverso das anteriores, obscurece a base das nadadeiras dorsal e anal e o pedúnculo caudal; finalmente uma 5' e ultima facha percorre toda a parte central das nadadeiras verticaes deixando livres os bordos d'essas mesmas nadadeiras. Ventraes negras com os aculeos amarellos. POMACANTHUS, (1) Lacépede Hist. Nat. Hoiss. vol. IV, pg. 517—1803 Corpo elevado, comprimido ; bocca pequena, premaxillares e mandi- bulares providos de dentes cerdiformes ; narinas contiguas, as posteriores maiores, preorbitaes inermes, orbita lateral, moderada, preoperculo tendo um forte e longo aculeo no angulo, o bordo posterior inteiro no adulto fina- mente pectinado no joven, operculo inerme, interoperculo idem ; 6 bran= chiostegos. Escamas ctenoides; as da cabeça, preoperculo, operculo, re- gião escapular thoracica e abdominal, muito pequenas e unidas de modo a darem uma apparencia de pellucia a essas regiões, as do corpo são grandes, entremeadas de duas a três ordens de escamas pequenas. Linha lateral completa, percorrendo os lados do pedúnculo. A dorsal e anal tem (1) Poma — face; acanthus — aculeo; referencia ao aculeo preopercular. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL — VOl. XVII 6 O revestimento escamoso da base muito desenvolvido, de modo á invol- verem quasi completamente os aculeos que crescem do primeiro ao ul- timo gradativamente; o bordo posterior de ambas é fortemente furcado, as ventraes, thoracicas, têm os dous primeiros raios prolongados, a cau- dal é redonda ou truncada; caecos múltiplos, vesícula natatoria com dous prolongamentos posteriores . Espécies brasileiras : ('Caudal redonda; coloração negra com o bordo das escamas grandes amarello, uma nódoa d'essa cor na base das peitoraes, caudal nos jovens finamente fim- briada de amarello P. arcuaius /Caudal truncada; coloração (?) negra, com o bordo das escamas grandes e pe- quenas do corpo e nadadeiras fimbriada de amarello, caudal amplamente fim- de claro no adulto P. rathbuni Pomacanthus arcuatus^'^ (l.) FRADE,-PARÚ - DA - PEDRA D. VIII á X + 29 á 32; A. 111 + 24: L. lat. 50 a' 90; L. tr. ^ (contados nas escamas grandes) Cabeça 3 e 2/3 á 3 e 1/2 ; altura 1 e 1/3 ; olho 3 e 1/2 á 4. Bocca moderada, não attingindo a vertical das narinas anteriores, estas razas, tendo uma valva posterior simples, as posteriores obliquamente alongadas e ambas situadas n'um sulco nú que conduz á orbita. Preo- perculo tendo o bordo posterior finamente serrilhado. Dorsal tendo o pri- meiro aculeo sobre a vertical do extremo anterior da base das peitoraes, estas francamente maiores do que o aculeo ventral, este, attingindo o anus anal symetrica com a dorsal, tendo os primeiros raios prolongados, e como o contorno mediano das mesmas nadadeiras é convexo, segue-se que o perfil do bordo posterior da dorsal é s-forme; o da anal egualmente s-forme sendo porem o s invertido ; caudal redonda Negro de azeviche, tendo as escamas grandes do corpo uma tarja estreita marginal amarella, man- díbula e as vezes a base das peitoraes da mesma cor e o aculeo do preo- perculo ; as escamas menores das nadadeiras verticaes são também fina- mente marginadas de amarello ; o sulco sobre que jazem as narinas é d'essa ultima cor. Os jovens apresentam 5 arcos amarellos, o primeiro circumdando a bocca e a mandíbula, o 2° descendo da nuca marginando o preoperculo e terminando na base das ventraes, o 3° originando-se na base (1) Arcuatus — "ChcEtodon spinis pinnae dorsalis 8, arcubus 4 albis". Pomacanthus arcuatus (L.) Pomacanthus rathbuni, Mir. Rib.° 1 7 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES do l" raio dorsal que elle acompanha em toda a extensão e descendo até o anus ; o 4° vem do meio da parte ramosa da dorsal ao meio da mesma parte da anal, o 5°, finalmente, atravessa a base dos raios caudaes, cujo ex- tremo é da mesma cor . As vezes uma linha amarella vae do lábio superior á dorsal sobre a linha mediana. Habitat : Desde Nova Jersey até o Rio de Janeiro ; No Rio de Janeiro pescam-n'o á dynamite pois não cae no anzol e só accidentalmente na rede. Poraacanthus rathbuni^'^ mihi PARU DA PEDRA D. IX + 32; A. Ill -(- 24; L. lat. 68; L. tr: ^ Cabeça 3 e 5/6 ; altura 1 e 1/2 ; olho 4. Contorno geral em ponta de flexa ; perfil cervico-rostral recto, obliquo ; bocca moderada, quasi attin- gindo a vertical das narinas anteriores, estas um pouco maiores do que as anteriores, ambas valvulares e situadas sob a horizontal da orla inferior da orbita ; bordos do preoperculo rectos, o posterior finamente pectinado, formando os dous um angulo de 100 graus, operculo triangular, inerme. Dorsal tendo o primeiro aculeo sobre a vertical levantada do extremo an- terior da base da dorsal . Peitoraes muito pouco maiores do que o aculeo ventral, triangular, com os ângulos arredondados. Ventraes originando-se sob a axilla das peitoraes, attingindo o anus com o aculeo e tendo os dous primeiros raios prolongados ; anal symetrica com a dorsal; caudal, abrup- tamente truncada, com os raios externos imperceptivelmente salientes. Parece ter sido negro com a mandíbula amarellada, as escamas do corpo e nadadeiras verticaes, tanto as grandes como as pequenas, com uma larga tarja marginal amarella, uma tarja marginal clara na cauda. O exemplar que sérvio à presente discripção trazido da Bahia pelo Snr. Rathbun mede 235 millimetros de comprimento. ANGELICHTHYS O Jord. & Everm. Check-List Fishes, pg. 420—1896 Forma oblonga ; análoga á do género Holacanthus; bocca pequena, provida de dentes cerdiformes, narinas contíguas, próximas dos olhos, estes lateraes, médiocres, preorbitaes inermes , preoperculo provido de aculeos (1) Rathbuni — dedicada ao Snr. R. Rathbun, da extincta Commissão Ueologica. (2) Angelas — anjo: ichthys — peixe; allusão ao nome vulgar de Angel-Fish pelo qual são conhecidos, na Carolina, os peixes d'esté género. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL — VOl. XVII 8 fortes, graduados e no bordo posterior do aculeo do canto ; interoper- culo provido de 1 á 4 aculeos, operculo inerme; as escamas são cte- noides, moderadas; as da parte anterior do corpo pequenas, como no gé- nero Holacanthus ; a linha lateral é completa e se prolonga sobre os lados do pedúnculo até a base da caudal. Dorsal e anal symetricas, sendo a parte espinhosa d'aquella um pouco mais livre do que no género Hola- canthus. Peixes que se desenvolvem bastante, brilhantemente coloridos. Espécie brasileira: Angelichthys ciliaris ^^^ (l.) D. XIV + 21; A. Ill + 21; L. lat. 47 L. tr. ^ Cabeça 3 e 2/3 ; altura 1 e 3/4 olho 5. Contorno do corpo oval, considerado com as nadadeiras em ponta de flexa. Bocca moderada, attin- gindo a vertical das narinas anteriores ; olhos medíocres, lateraes, tendo o bordo inferior da orbita sobre a mesma horizontal das narinas posteriores que são obliquamente alongadas e maiores do que as anteriores ; bordos posterior e inferior do preoperculo fortemente pectinados. Operculo inerme. Dorsal originando»se sobre a vertical do angulo superior da abertura oper- cular; peitoraes assymetricas, semi-conchoidaes; ventraes originando-se sob o meio da base das peitoraes e pouco maiores do que estas. Anal sy- metrica com a parte ramosa da dorsal, com os primeiros raios fortemente prolongados; caudal redonda. Olivaceo com um ocello marginado de azul sobre o alto da cabeça ; focinho, bordo posterior do preoperculo, basilar do operculo, lado do thorax e abdomen, peitoraes, ventraes e caudal ama- rellos ; uma facha transversa do ocello ao isthmo, região dorsal, parte ramosa e basilar da dorsal e toda a anal de cor azul denegrida pur- pura ; uma estria em cada lado da facha cephalica transversal; e 4 fa- chas transversaes no corpo e orla do operculo e da dorsal, azues de cobalto ; base da dorsal espinhosa e alguns raios da dorsal e da anal, vermelhos, ires amarello rubescente. Habitat: Das índias Occidentaes ao estado da Bahia. HOLACANTHUS, (2) Lacépède Hist. Nat. Poiss., vol. IV, pg. 525—1803 Corpo um tanto elliptico, bocca pequena, provida de dentes cerdifor- mes nos premaxillares e nos mandibulares, narinas contíguas, as posterio- (1) Ciiiaris — ciliar, allusão ao prolongamento filiforme das nadadeiras dorsal e anal. (2) Holos — inteiro; acantha — espinho, aculeo. 9 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES res maiores e ambas próximas da orla orbital ; orbita lateral, mediocre, preorbitaes providos de aculeos pouco desenvolvidos porem fortes ; preo- perculo tendo o bordo posterior recto, aculeado, e um forte aculeo no an- gulo como no género Pomacanthus, as vezes outro aculeo menor no bordo inferior, junto á base do aculeo angular ; interoperculo provido de 1 á 4 aculeos fortes no seu bordo inferior. Operculo inerme. Escamas fortemente ctenoides, bastante regulares, as da cabeça (que é totalmente re- coberta), thorax e abdomen menores, nos jovens de apparencia de pellucia, as do lado do tronco muito semelhantes na disposição, ás escamas dos Balistes . Linha lateral não se projectando sobre o pedúnculo . Aculeos da dorsal mais livres do que no género Pomacanthus, essa nadadeira origina-se sobre o operculo. Ventraes thoracicas, com o primeiro raio mo- deradamente prolongado; anal com 111 aculeos, symetrica com a parte ramosa da dorsal e tanto esta como aquella tendo os raios anteriores mais ou menos prolongados, caudal na regra redonda, com os raios ex- teriores prolongados. Bellamente ornados de cores vivas, são carní- voros e vivem nos polypeiros. Espécie brasileira : Holacanthus tricolor o (L) SOLDADO D. XlV -f 19; A. III + 18; L. lat. 45 á 48; L. tr. ^ Corpo oval, moderadamente comprimido ; contorno em ponta de flexa se forem consideradas as nadadeiras. Cabeça 3 e 1/2 á 4 vezes no corpo. Bocca pequena, attingindo a vertical das narinas posteriores, lábios gros- sos, espessos ; preorbitaes armados de aculeos curtos, porem fortes, um anterior; antrorso, dous á três inferiores divergentes e um posterior retror- so, narinas pequenas, as anteriores tubulares, com uma pequena valva pos- terior, as posteriores ovaes, um pouco maiores e ambas próximas da or- bita, esta 3 e 1/2 á 4 vezes na cabeça; preoperculo tendo o bordo posterior recto, obliquamente inclinado para diante (de cima para baixo) e provido de aculeos isolados e curtos, porém, fortes; no bordo inferior e base do aculeo do angulo ha um aculeo pequeno ; operculo inerme, interoperculo com dous aculeos. Dorsal tendo o primeiro aculeo sobre a vertical do angulo supe- rior da abertura opercular, a sua parte ramosa tem os raios medianos for- temente prolongados ; peitoraes amplas, assymetricas porém com os cantos redondos, são eguaes ou pouco menores do que o comprimento da cabeça; (1) Tricolor — de três cores. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL — VOl. XVII 10 ventraes nascendo sob a axilla das peitoraes, urn pouco maiores do que estas, tendo o primeiro raio moderadamente prolongado e o aculeo do ta- manho do bordo posterior do preoperculo, e terminando á cinco escamas do anus; a anal é symetrica com a parte ramosa da dorsal; e a caudal é redonda com os raios externos prolongados. Em vida ou ainda fresco tem toda a cabeça e parte anterior do tronco até a 3^ fila transversal de esca- mas, região thoracica-abdominal, até uma linha que vem obliquamente de traz das peitoraes ao 3° aculeo anal, peitoraes, ventraes e caudal de um amarello de chromo vivo, o resto do corpo e os lábios completamente ne- gros, dorsal e anal fimbriadas de rubro, cor que também apparece nos raios prolongados da caudal. Íris amarella com uma sombra superior e outra inferior de cor azul. Este bello peixe vem do archipelago das Ber- mudas ao estado da Bahia, donde vieram para o Museu Nacional os dous exemplares que serviram á presente descripção, trazidos pelo Sr. R. Ra- thbun. PLECTROPOMf Pectinibranchios de forma aproximadamente sub-rhomboide; rara- mente uma dorsal com aculeos anteriores, na regra duas mais ou menos continuas. Anal com très aculeos fortes. Bocca raramente provida de caninos; dentição geralmente villiforme. Escamas cycloides ou ctenoides, distinctas, não laciniadas. Linha lateral presente, contínua, geralmente acompanhando o perfil dorsal. Preoperculo e operculo distinctos, pri- meiro geralmente pectinado; o segundo aculeado (2 á 3 aculeos); as vezes os suborbitaes denticulados ou mesmo espinhosos. 'Dorsal única; linha lateral sub-angular, curvando-se sob a dorsal que é de base menor que a anal E /Anal com IV aculeos; suborbitarios aculeados , \Dorsal du- pla. Linhal lateral sinu-| osa, acom- panhando o ' perfil dor- sal [Anal com osl aculeos vari- ando de O ál 111; preor-' bital quan- do muito crenulado. Dentes palatinos e vomeri- nos pre- ^ sentes . . /Preoperculo apenas crenu- lado perto do angulo. Olhos de diâmetro maior que 1/2 maxiílar [Preoperculo ra- ramente intei-/ ro, denticulado! ou aculeado; olhos de diâme- tro menor que 1/2 maxiílar. /Dorsal contínua; sem aculeo áspero; diâmetro orbitario maior que 1/2 ma- xiílar iDorsal dupla seus aculeos lizos, diâ- metro orbitario quando muito egual á 1/2 diâme- tro maxiílar Caninos ausentes; preorbitaescrenu- lados; aculeos for- tes; peitoraes tri- angulares Preorbitaes em ge- ral subcutâneos; peitoraes geral- mente sub-espatu- lados; caninos pre- sentes Pempheridœ Holocentridœ Priacanthidat Apogonidce Percidœ \Dentes palatinos e vomerinos ausentes. Serranidce Lobotidof (!) Plectron = palheta, as denticulações do preoperculo; poma = face. 1 pe:mphe:rid/e<^> Peixes de tamanho mediocre e forma rhomboide, comprimida. Bocca anterior, ampla, obliqua provida de intermaxillares protracteis, estreitos, ar- mados de duas filas de dentes cónicos, curvos e pequenos, também presentes nos mandibulares. Vomer e palatinos, ao contrario, providos d'uma única serie desses dentes. Maxillares, triangulares. Preorbitaes estreitos, man- díbula prognatha, com o mento saliente, como em Beryx. Preoperculo e operculo inermes, apenas este tem uma delgada ponta lamellar, subcuta- nea. Abertura branchial ampla; membrana branchiostega livre desde o isthmo. 7 branchiostegos. Escamas ctenoides ou cycloides. Linha late- ral presente, fortemente curva no terço anterior, acompanhando depois o perfil dorsal, desde a base da nadadeira d'esse nome e se projectando até o extremo dos raios medianos da caudal, por sobre uma fila de escamas ahi existente. Dorsal única, subtriangular, situada á meio corpo e consti- tuída d'uma parte espinhosa, gradativa e outra ramosa (decrescente como em Beryx). Anal longa, escamosa. Ventraes pequenas, com 1 +5 raios, mais ou menos á meio corpo. Caudal entalhada. Vertebras 24. Vesí- cula natatoria presente, dividida em duas por uma constricção. Appendi- ces pyloricos presentes, pouco numerosos. Cor argyrea ou translúcida. PEMPHERiS.(2) Cuv. & Val. Hist. Nat. des Poiss., vol. VU, pg. 221—1831 Forma berycoide. Bocca ampla, de mento saliente e dentição refe- rida na diagnose anterior. Escamas cycloides e ctenoides ou ctenoides. 1) Pempheris, género referido; eidos, semelhante. 2) «Le nom de pempherides que nous leur consacrons, est une de ces nombreuses déno- minations de poissons que l'on trouve dans les anciens, sans aucun caractère indicatif de leurs «spèces». ARVHIVOS DO MUSEU NACIONAL vol . — XVII Linha lateral muito curva no terço anterior. Olhos grandes, lateraes, de orfa livre. Opercule membranaceo. Peitoraes alongadas, ventraes peque- nas e anal de bordo livre parallelo á base. Caudal furcada. Os demais caracteres incluídos na diagnose citada. Perapheris schreineri, nob. D. VII + 6; A. III +35; L. lat. 5« Cabeça 1/3; altura 2 e 1/4. Orbita 2 e 1/2 vezes na extensão qnç vae do mento ao vértice do triangulo opercular; focinho 1/2 do diâmetro orbitario. Os maxillares mal passam a vertical do limbo anterior da pu- pilla. As peitoraes são de comprimento egual ao que vae da base do 1° aculeo dorsal ao ápice do 1" raio, comprimento esse que é menor do que a cabeça de 1/6 da extensão d'esia. A dorsal origina-se na vertical do anus; as ventraes que apenas passam este com o extremo de seus raios maiores, originam-se sob o meio das peitoraes. Linha lateral 56 até a base da cauda, sendo prolongada até o meio da chanfradura d'esta por sobre uma linha de escamas que até ahi vae. As escamas da região ju- gulo-thoracica e dorsal, posterior á nadadeira d'esse nome e acima da li- nha lateral e algumas da base da caudal, sob essa linha, ctenoides; as de- mais cycloides; e as dos flancos são muito maiores que as da linha lateral, de modo á existirem, apenas em uma serie longitudinal cerca de 29 ou 30 series transversas. Translucente em todo o corpo, á excepção da zona jugulo-thoracica que é argyrea. Os dous exemplares que serviram á presente descripção, medem cerca de 85 millimetros; e procedem de Fernando Noronha, d'onde foram trazidos em 1876, pelo Snr. J.C. Branner, da Commissão Hartt. Esta espécie muito se assemelha á P. poeyi, de que guarda as pro- porções, differindo, comtudo, em. detalhes que me forçam á consideral-a no- va. Denominei-a em honra de Carlos Schreiner por ter encontrado, no frasco em que estavam guardadas, uma etiqueta, do punho d'esse naturalista, com a designação de P. brasiliensis. i holoceintrid/e:^^) Peixes de pequenas dimensões ; em geral não excedem de 40 centí- metros ; corpo elevado, posteriormente sub truncado ou elliptico; olhos grandes, collocados quasi no perfil superior da cabeça ; escamas pecti- nadas, as que ficam entre a linha lateral e uma linha que, partindo da axil- la vá á base da cauda, são dilatadas, attingindo grandes dimensões rela- tivamente ás outras ; dorsal espinhosa francamente distincta da ramosa, apenas ligada á essa pelo prolongamento da menbrana interradial ; destas a ultima e a nadadeira anal symetricamente oppostas ; pedúnculo caudal fraco e redondo. Operculo e preoperculo armados de aculeos mais ou menos desenvolvidos. Vesícula natatoria ovóide, occupando um espaço amplo na cavidade abdominal, obliquamente collocada, ligada á columna vertebral pelo centro do extremo anterior bifurcado. Estas duas dilata- ções lateraes, de direcção póstero anterior, se prendem aos otocraneos. A coloração é rubra mais ou menos modificada pelo branco. Estes peixes são, por alguns auctores, considerados como parte integrante dos Berycidce dos quaes, entretanto, outros os separam, dando- Ihes um grupamento á parte, sob o nome acima. Effectivamente assim parece que deve ser; quando mais não fosse, a existência de duas dor- saes distinctas e a posição relativa da 2." dorsal e da anal, bastariam para collocal-os inteiramente fora da família Berycidse. Os Holocentrideos comprehendem diversos géneros e muitas espé- cies e se acham representadas nos aceanos Indico, Pacifico e Atlântico . Os d'esté ultimo oceano, e da fauna brasileira, pertencem a três géne- ros, á saber : (1) Holocentrus, género typico; eidos, semelhante. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL vol.— XVII 4 ■ Preoperculo sem grandes aculeos nos ângulos; vesícula natatoria divi- dida ao meio por uma constricção; sub orbitario finamente serrilhado no bordo inferior Myripristis (Sub orbitarios providos de tubérculos spi- niformes, mais ou menos desenvolvidos e isolados; vesícula natatoria simples Holocentrus no angulo. )Sub orbitarios providos de espinhos grandes e fortes, curvos, dirigidos para baixo e para traz. Vesícula natatoria simples, pro- vida de um revestimento externo, posterior Corniger MYRIPRISTIS (') Cuv. Règne Animal, pg. 47—1829 Holocentrideos providos de 7 raios nas ventraes, preoperculo sem aculeos grandes no angulo, as duas dorsaes apenas ligadas por pequena extensão da membrana natatoria ; vesícula dividida em duas por uma constricção e com a camará anterior bilobada, ligando-se ao otocraneo. Encerra não pequeno numero de espécies nos mares tropicaes e uma única brasileira: Myriprisíis jacobus ^^^ cuv. FOGUEIRA D. I + 13; Ps. 15; A. 4 -h 12. Cabeça 1/3 (sem a caudal); altura 2 e 1/3. Olhos grandes 2 e 1/2 na cabeça. Bocca ampla. Maxillares attingindo a orla posterior da pupilla. Orbitarios serrilhados, face recoberta de escamas, operculo com uma ordem basilar de 8 escamas triangulares. Todos os ossos da co- bertura das guelras denteados na orla livre. O corpo é de contorno parabólico ; recoberto de escamas largas e delgadas. Nadadeiras verti- caes (exceptuada a primeira dorsal) escamosas. Intermaxillares, maxil- lares (2), mandibulares, vomer com dentes aciculares. Junto da inserção superior de cada um dos intermaxillares ha um grupo de dentes curvos, (1) "Nous appelons ce genre au nom de Myripristis que signifie dix mille scies, parce que toutes les pièces qui garnissent la joue, toutes celles de l'opercule et toutes les écailes y ont le bord dentelé et que c'est la ce qui frappe de le plus au premier aspect de ces singu- liers poissons." (2) Jacobus = Jacob ou Jacques; na iVlartinica o Fogueira é chamado "Frère Jacques". 5 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES um pouco maiores e entre esses dous grupos assim formados, outros dous de dentes minúsculos, separados entre si por um espaço mi. Os mandibulares tem, além da orla dos aciculares, um grupo de dentes cóni- cos e curtos, antevertidos, á maneira dos Anthias em cada lado da sym- physe, do lado de fora da bocca, como no género Exodon. Rubro carmineo no dorso, esvaecendo para os lados e abdómen. Na intersecção das escamas o colorido é mais intenso, de forma á dese- nhar estrias longitudinaes. Uma zona na iris, superior á pupilla e uma faxa muito egual que vae do angulo superior dos operculos á base (axilla) das peitoraes, carmim com manchas negras. Dir-se-hia, á pri- meira vista que o peixe fora contundido n'aquelle logar, onde ficara o sangue coagulado e denegrido. 1.^ dorsal rubra, com a base da mem- brana branca. Todas as outras nadadeiras rubras com uma orla externa branca (caudal com duas, 1 superior e outra inferior). íris bran- ca com uma zona supero-anterior carminea — Nome vulgar Fogueira. Não é muito commum. Quasi sempre anda em companhia do Jaguaruça, assim é confundido por muitos pescadores. Em geral são trazidos de fora da barra pelos poveiros. Castelnau que o obteve na Bahia, onde, affirma, é conhecido pelo nome de Olho de Vidro, descreve o seu colorido da seguinte forma : Em cima de uma bella cor vermelho brilhante ; lados e parte inferior do corpo de um branco prateado, com bastantes linhas longitudinaes cor de rosa ; nadadeira dorsal cinzenta com os raios bordados de vermelho es- curo e uma larga mancha transversal atraz do operculo e que cobre o seu angulo posterior. Olhos muito grandes e amarellos. HOLOCENTRUS (»> Scopoii Int. Hist. Nat., p^ 449-1777 Holocentrideos com 7 raios nas nadadeiras ventraes, preoperculo e operculo providos de espinhos fortes no angulo, sub-orbitarios provi- dos de tubérculos espiniformes, mais ou menos desenvolvidos. Dorsal ramosa, unida á espinhosa por maior porção da membrana natatoria que na espécie precedente. Vesicula natatoria ovóide, simples, pren- dendo-se por uma facha mediana á um annel da 2.^ vertebra cervical e por dous prolongamentos lateraes ao otocraneo. Este género que constitue o typo da familia, foi denominado por Artedi Holocentrum, nome formado de duas palavras gregas e que signi- fica — todo espinho, designação que caberia melhor ao género que se (I) (Gr) //o/os = inteiro, todo ; centron espinho. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL vol.— XVll 6 segue. É entretanto considerado Scopoli como o baptista do präsente porque Artedi viveu antes de Linneu e não empregava a nomenclatu- ra binaria. Ha muitas espécies de Holocentrus nos mares tropicaes, nas nossas aguas existe apenas : Holocentrus ascensionis, ^^^ (osbeck.) JAGUARUÇA D. XI + 15, A. IV + 10, L. lat. 52 (2) Cabeça 3 e 1/5, altura 3 vezes na extensão do corpo (caudal excluí- da). Bocca anterior, protractil, mediana, ligeiramente obliqua, inter- maxillares recobertos por lábio transversalmente enrugado, sendo essas rugas providas de villosidades muito curtas, o que dá á este o aspecto de um cordão de pellucia ; maxillares largos, tendo no seu lado supe- rior duas placas accessorias, estriadas; lábio inferior da mesma forma, porém, menos regularmente villoso ; dentes curtos, cónicos, ligeiramente curvos, retrovertidos, em faxa nos intermaxillares, mandibulares, vomer e palatinos. Lingua lisa; isthmo transversalmente estriado. Rastros bem desenvolvidos no angulo dos arcos branchiaes, diminuindo de comprimento, com regularidade, d'ahi para os extremos anterior e supe- rior, sendo nesses pontos rudimentares — 16 no arco inferior, 9 no su- perior. Orbitas grandes, muito regulares, quasi perfeitamente circulares ; olhos grandes, salientes. Craneo nú de escamas, tendo uma goteira mediana, chata, lanceolada, de ápice indistincío, superior ; sub-orbitarios denteados ; face escamosa ; o preoperculo é recto e quasi perpendicular- mente cortado na sua margem posterior. Da sua juncção com os man- dibulares, parte uma crista longitudinal estriada que vae se reunir em angulo ligeiramente obtuso com a crista da margem posterior e se prolon- ga para traz ípara fora) em um forte aculeo ; tanto em seu bordo poste- rior como no inferior, o osso é regularmente pectinado. Operculo ter- minando em um aculeo maior que o faz de contorno triangular, é radial- mente estriado, terminando cada estria em um aculeo, o que faz com que a sua margem postero-inferior também seja pectinada. Este osso tem entre si e a margem posterior do preoperculo, uma carreira de dez escamas. Sub operculo fraco e interoperculo fortemente estriados ; este ultimo pectinado. Dorsal grande, continua ; os raios ósseos crescem do l.°ao 3.° e crescem d'ahi, insensível e regularmente até o 11.° que é o (1) Ascenciones, da Ilha da Ascensão. (2) 47 á 54 nos dous únicos exemplares que o Museo possue. 7 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES mais curto ; logo após elevam se os raios ramosos, quasi que abrupta- mente do 1 ." ao 3" que é 1 e 3/4 vezes maior do que o 3.° raio ósseo ; d'ahi a nadadeira ramosa é cortada perpendicularmente ao eixo do cor- po, em seu bordo posterior. Peitoraes medianas, triangulares, ventraes grandes, fortes, providas como as antecedentes, de um aculeo anterior e grandemente prolongadas de modo á quasi attingir o anus. Anal mediana tendo o 3.° aculeo muito desenvolvido, longitudinalmente es- triado ; o 4." aculeo é muito menor e mais fraco . Pedúnculo caudal fraco e estreito ; caudal fortemente furcada com o lobo superior mais longo do que o inferior. Escamas grandes, regulares, fortemente pecti- nadas, as de 4 series longitudinaes abaixo da linha lateral são as maio- res; e todas são fortemente pectinadas. Nadadeira caudal revestida de escamas até o 6.° raio de cada lobo ; o mesmo succède com a base das peitoraes. Em um individuo de centimetros de comprimento que obtive de um pescador de fora da barra observei a seguinte coloração que é Alto da cabeça e focinho rubro carmineo, lábios da mesma cor an- teriormente, lado inferior dos maxillares rubro miniato, face mais cla- ra ; parte superior dos maxillares e uma faxa que vae ter á base do aculeo preopercular, brancos ; garganta, queixo e mandibulares, de cor branca amarellada. Dorso rubro carmineo essa côr vae se esvaecen- do para os lados do corpo cuja parte inferior é rosea albescente; uma facha amarella em cada lado das escamas da linha lateral; duas de um amarello mais extenso, parallelas e superiores á estas e três inferiores, de uma côr onde o amarello cede ao vermelho até des- vanecer-se completamente ; essas fachas correm sobre as intersecções das escamas. Nadadeira dorsal amarella verdoenga na parte espinhosa ; raios rubros na ramosa. Peitoral com os raios rubros e membrana inter- radial até o 1." raio de côr branca, d'ahi por diante rubra, esvaecendo para a orla interna ; caudal e anal, exceptuando os aculeos que são ama- rellados, de cor rubra. íris branca de prata. E' vulgarmente chamado Juguriçá, corrupção de Jaguaruçá e garal mente pescado pelos poveiros, ao largo das costas do Rio de Janeiro. E' pouco apreciado para alimenta- ção e somente notado pelo colorido vistoso. Habitat : Costas do Brasil. CORNIGER'!) Agassiz Selecta gen. et species Pisciua Brasiliensium, pgs. 121-123-1829 Holocentrideos com 7 raios nas ventraes, sub-orbitarios providos de enormes espinhos curvos e retrovertidos, vesícula natatoria simples (1) (Laf.) Corna, chifre, gèrere, v. fazer. ARCHIVÕS DO MUSEU NACIONAL vol.— XVU 8 com um revestimento posterior externo que a faz parecer dupla. Todo o corpo protegido por escamas resistentes, fortemente pectinadas. Não sei se Gill<^> tem rasão em separar do presente o género Hypo- plectron da America Central ; H. retrospinnis é uma forma duvidosa, somente conhecida pela descripção e figura dados por Quichenot e Ramon de la Sagra e, tanto em uma como em outra, parece ter havido qualquer mal entendu. Günther é de opinião, com a devida reserva, de que aquella espécie bem pode ser essa que constitue o type do género Corniger de Agassiz. Se assim for Hypoplectron será synonymo de Corniger e achar-se-ha ampliada a area geographica habitada pela espécie brasileira: Corniger spínosus, <2' Agass. talhAo D. XII + 13; A. IV + 11; Vs. 1 + 7; Ps. 6 Cresce pouco mais de um palmo, á avaliar pelos exemplares conhe- cidos. Cabeça 3, altura 2 e 5/6 na extensão total do corpo; bocca mode- rada ; maxilla superior protractil, tendo os ossos intermaxillares separados por uma fossa em que se encaixa uma protuberância da symphyse do mandibular ; apresenta um rebordo inferior quasi recoberto pelo lábio membranoso, perfeitamente cylindrico e não villoso como em H. ascencionis; armada de dentes villiformes um pouco mais de dous terços de sua ex- tensão inferior e interiormente. Maxillares (osso accessorio) grandes, compostos de dous ossos espatulados na extremidade inferior, por onde se articulam aos intermaxillares, massiços, retrahidos na base em vértice de triangulo de que afectam a forma. Vomer, palatinos, parte interna da base dos arcos branchiaes, recobertos de dentes muito peque- nos, villiformes ; mandíbula descoberta em quasi toda a extensão, tendo apenas um lábio muito expesso contornando a base dos dentes finamente villosos que recobrem uma faxa estreita, desde a symphyse, onde ha um espaço nú entre os dous ramos, projectando-se para dentro do angulo da bocca. Ramo interno dos nasaes terminando em três curtos e fortes aculeos irradiantes para a frente. Abertura nasal superior ampla, inferior apenas perceptível como se fosse um poro no angulo antero inferior da primeira. Ossos do alto da cabeça fracamente estriados longitudinalmente e terminando em pontas. Orbita grande, entretanto os olhos do exem- plar que tenho em mãos, ficam exteriores á ella, como succède com peixes do género Pontinus ou Sebastes, 3 e 1/3 na cabeça, quasi o dobro da menor largura do espaço interorbital ; o suborbitario é munido de duas (1) Proscedings of the Academy of Natural Sciences of Philadelphia, 1862, pg. 237. (2) Spinosus = espinhoso. 9 A. DE MIRANDA RlBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PElXES series de espinhos retrovertidos ; a de espinhos maiores é inferior. Es- tes, em numero de 5, são achatados na base e longitudinalmente sulcados ; os dous primeiros são curtos e unidos por forma á parecerem um único ; depois seguem-se dous outros curvos, grandes, isolados e, finalmente, o 5.°, recto, muito pouco maior que o diâmetro da parte dourada da iris; á este segue-se, nos demais ossos postoculares, a serie com pequenos espinhos . Preoperculo recoberto de escamas em 4 series verticaes e 4 obliquas de traz para diante e de cima para baixo ; é também munido de duas ordens de espinhos retrovertidos, em sua margem livre; esses vão crescendo pouco, porém, gradativamente, até proximo do angulo do osso, onde os da serie interna desapparecem para dar logar ou melhor, se fundirem á dous grandes espinhos horizontalmente retrovertidos, de cuja base continuam, outra vez, as duas series, até a articulação mandibi^lar. Após estes espinhos e como que constituindo, de alguma forma, uma almofada que não permitte que elles rocem o operculo, ha uma serie de 8 escamas. Esta serie, á meu ver, muito característica dos peixes d'esta família. Este ultimo osso é estriado parailelamente ao eixo do corpo do peixe; e essas estriações vão terminar em uma, no bordo superior e em duas series de espinhos, no inferior. Estes não seguem sempre uma direcção recta, para a parte de traz do corpo do animal mas, ás vezes, tam- bém se curvâo para cima, soldando-se uns aos outros, o que os reduz de numero ; no vértice do angulo posterior, nota-se quatro espinhos dous maiores, superiores um pequeno espaço por sobre o qual apparecem os espinhos menores da serie interna e dous inferiores menores. O sub operculo é tembem espinhoso no bordo livre e como os mandibulares fortemente estriado e nú. O contorno anterior do craneo do peixe é angular e tomando-se para base uma linha que desça da origem da dorsal (em cuja frente o perfil arqueia-se um pouco) e base das ventraes, poder-se- ia considerar triangular a figura por essas linhas formada. O aspecto do corpo do peixe, é quadrangular se não consideramos as nadadeiras e o pedúnculo caudal ; este é fraco e termina em caudal furcada. Nadadeira dorsal de contorno curvo na parte espinhosa, arredondado na ramosa ; peitoraes quasi symetricas, ventraes situadas logo atraz da base d'estas ; anal quasi egual á dorsal ramosa, tendo quatro aculeos canaliculados posteriormente. Os espinhos da dorsal alternam-se na direcção, incli- nando-se óra para a direita, óra para esquerda, disposição que per- mitte que o peixe a recolha, o mais possível, dentro do entalhe em que se acha situada. As ventraes tem um aculeo externo. Todo o corpo é recoberto por escamas fortemente pectinadas na orla livre; caudal recoberta de escamas. Coloração: Maxillares, duas maculas anteriores da iris, aculeos suborbitarios, orla orbitaria, orla espinhosa preopercular, dorso, aculeos e membrana (base d'esta exceptuada) da nadadeira dorsal espinhosa, ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL VOl.— XVII 10 dorsal ramosa, caudal, peitoraes, anal (aculeos e raios), base dos aculeos e raios das ventraes, extremidade livre das escamas — de cor rubra viva ; operculo e interoperculo e centro de algumas escamas do lado do corpo com laivos de amareilo de chromo; parte posterior da iris, base da membra- na da 1/ dorsal entre os aculeos, membrana das ventraes, fundo geral de todo o corpo, abaixo da linha lateral, de cor branca; as escamas, sob certas incidências, apresentam nuanças violáceas. Único individuo que obtive por compra na Praça do Mercado á 26 de Fevereiro de 1903 e outro em Agosto do corrente anno. E' um peixe raro de cujos hábitos nada se sabe. Segundo me disse um pes- cador, elle é conhecido pelo nome de Talhão. RIAOAIM-TMID I PRlACANTHIDyCEI Perfil do corpo (até o pedúnculo caudal) quasi perfeitamente parabólico; cabeça curta, comprimida, alta; bocca fortemente obliqua, quasi vertical, protractil, intermaxillares e maxillares sem osso supplementär e expostos; den- tes villiformes. subeguaes nos intermaxillares maxillares vomer e palatinos; mandíbula sempre proeminente; narinas duplas, a anterior com um rebordo circular, a posterior mais ou menos obliquamente fendida. Sub e preorbitarios muito estreitos, orbitas grandes geralmente o dobro do focinho; preoperculo pectinado e aculeado no angulo; operculo com um aculeo e muito curto e alto. Rastros numerosos, delgados, moderadamente longos; pseudobran- chias occupando toda a altura do operculo. Linha lateral quasi normal, as vezes sinuosa ou formando angulo sob os últimos raios dorsaes. Escamas scelrosas, maxillares e toda a cabeça (com excepção apenas dos lábios) es- camosos. Nadadeiras verticaes continuas. Peitoraes fracas; ventraes des- envolvidas. Pedúnculo caudal curto e fraco. Dous géneros, dos quaes um apenas se acha representado nas aguas brasileiras. PRIACANTHUS (•) Cuv. Régne Animal II, pg. 281 — 1817 Corpo comprimido, de perfil regular. 6 branchiostegos; lingua lisa; narinas posteriores constituídas por uma ampla fenda vertical com uma valva anterior. Operculo de bordos rectos, finamente serrilhado, formando (1) Do grego prion — serra; acantha espinho; AUusão ao espinho preopercular e ás nada- deiras que são serrilhados. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL — vol . XVII 4 um angulo obtuso. Nadadeira dorsal e anal continuas, com os aculeos e os raios finamente serrilhados. Escamas pequenas fortemente unidas, com o bordo livre revestido por uma placa triangular sclérosa, as vezes irregu- larmente ctenoides. Dorsal com X + 12 á 15, anal 111 + 12 á 15. Espécie brasileira (') Priacanthus arenatus Cuv. & Vai. Priacanthus arenatus (-^ cuv. Forma percoide e tamanho mediocre. Bocca ampla, anterior, provida de dentes villiformes nos intermaxillares nas maxillas, no vomer e (nem sempre) nos palatinos, ás vezes lia caninos e ás vezes, ao contrario, fal- tam os dentes. Maxillares amplos. Preorbitaes de bordo inferior distin- cío, recobrindo parcialmente os maxillares. Narinas duplas. Olhos late- raes, de bordos livres. Preoperculo duplamente serrilhado nos jovens, frequentemente inteiro no adulto. Operculo com um aculeo fraco. Aber- tura branchial ampla. Rastros lamellares. Pseudobranchias presentes. Escamas ctenoides. Linha lateral presente, normal. Peitoraes subtrian- gulares ou sub-espatuladas. Dorsal dupla, a parte ramosa opposta a anal; esta com II ou IV aculeos. Género constatado em nossas aguas: AP0G0N(2), Lacép. Hist Nat. Poissons, HI vol., pg. 411 — 1798 «Dentes villiformes e presentes sobre os palatinos; lingua lisa. Duas dorsaes separadas, a primeira com VI á VII aculeos; anal com II. Oper- culo espinifero e preoperculo com duas ordens de denticulações na orla. Escamas grandes, deciduas». (Günther). Espécies constatadas] 2* dorsal immaculada A. americanus no Brasil : j 2* dorsal com uma nódoa negra A. maculatus 1) Apogon, género referido; eidos, semelhante. 2) a— sem pogon barba : point de barbillons au dessous de la mâchoire inférieure' . ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL vol. — XVII 2 Apogon americanus, castein. D. VI + 1,9; A. 11 + 8; L. lat, 33 «Depois de ter permanecido no alcool, este peixe parece d'um lilaz claro com as nadadeiras amarelladas e diaphanas». (Casteln.) De sua figura, conclue-se, ainda, a existência de uma nodoa negra, tri- angular, depois do preoperculo. Á cabeça é contida 3 vezes no compri- mento até a base da caudal e a altura 2 e 5/6. Orbita 3 e 1/2 na cabeça, 1 vez no focinho, chegando os maxillares ao meio da pupilla. Peitoraes espatuladas e caudal furcada. Bahia. Em Jordan & Evermann lê-se a seguinte descripção na espécie supra, de um exemplar colligido na Bahia: «Cabeça egual á altura do corpo, 2 e 4/5 no comprimento, maxillares 1 e2/3 na cabeça, olho 2e 1/3. D. Vl-1,8; A. 11,8, escamas 2-25-9. Rastros delgados e longos cerca de 8+10 em numero. Preoperculo mui finamente serrilhado em cima, mais inteiro em baixo, excepto junto do an- gulo, onde sua superficie é irregularmente entalhada" Cor vermelha, im- niaculada, excepto para uma nodoa diffusa, constituída de pontos escuros no operculo e algumas nódoas escuras no focinho e nas bochechas. Base da caudal immaculada, bem assim o corpo e as nadadeiras, exceptuadas as manchas escuras da cabeça» . (jord. & Everm.) Apogon maculatus (Poey) «Cabeça 2 e 3/4; altura 2 e 4/5, D. Vl-1,9; A. 11+8; escamas cerca de 2 e 1/2-26-7. Maxillares 1 e4/5 na cabeça, chegando á frente da pu- pilla; olhos muito grandes, 3 vezes na cabeça; preoperculo distinctamente serrilhado. Peitoraes 1 e 2/3 na cabeça, um tanto mais curto do que a cau- dal. Cor intensamente rubra, quasi uniforme, uns laivos de carmezimem torno das peitoraes e lados da cabeça; uma nodoa redonda, negra, pare- cendo de tinta e um tanto maior que a pupilla, sob a segunda dorsal; uma outra menor sobre a parte superior da cauda em cada lado, logo adiante da origem da caudal ; ponta da caudal alvadia, da anal obscura ; iris ver- melha. Comprimento 2 e 1/2 pollegadas. Índias Occidentaes, de Pensa- cola á Bahia, em aguas profundas; commum nos "Bancos de Caranhos" frequentemente achados nos buchos d'estes peixes e das garoupas; é um bonito peixinho» . (Jordan & Evermann). RERCIDyCE O peixes desta familia representam um dos typos mais perfeitos de toda a classe, mostrando uma differenciação muito de accordo com as condições de vida d'aquella. São caracterisados pela forma propriamente percoide, de corpo alon- gado, comprimido ; cabeça obliquamente truncada de cima e de traz para diante e para baixo; bocca ampla, provida de dentes em faixa nas ma- xillas, vomer e palatinos ; maxillar superior protractil, mandíbula saliente ; peças operculares armadas de serrilhas e aculeos bem como os preorbi- taes salientes. Nadadeiras armadas de aculeos fortes. Duas dorsaes continuas ou não. Linha lateral presente, simples, com- pleta Escamas ctenoides Vesícula natatoria presente . Sãu peixes na sua maioria fluviaes, ou quando marinhos podem per- feitamente se adaptar e passar á agua doce No Brasil esta familia está representada pelo género á seguir de que muitos auctores modernos formam outn á parte: Centropomidœ i. e. Oxy- labridœ. Nós porém, preferimos deixar reunidas as percas e os robalos d'além e d'aquem mar n'uma única e antiga familia, como bem o indica o titulo que encima este artigo ; apenas nos afastamos de Günther em considerar as suas Percince Percidœ, sensu strictu ; cremos que as divisões extremas começadas por Gill e seguidas depois pelos nataralistas americanos e por Täte Regan, são demasiamente anti-naturaes e não exprimem e grupa- mento que se observa entre Perca, Labrax e Oxylabrax. 1) Perca, a perca eidos, semelhante. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL VOL. XVII OXYLABRAX O Bleeker Arch. Nesrl. XI pg. 264-1876 ROBALOS (2) Cabeça mediana, prognatha. Bocca ampla, protractil ; maxillares des- providos de escamas, envolvidos por pelle espessa e translúcida; osso supplementär presente; dentes em pasta, villiformes, nas maxillas, vomer e palatinos; preoperculo e operculo escamosos, o primeiro marginado por uma dupla crista das quaes a segunda supporta um serrilhado mais ou me- nos accentuado ; especialmente nos jovens o operculo é desprovido de espi- nhos. 7 raios branchiostegios ; pseudo-branchias presentes. Corpo regular- mente comprimido, redondo superiormente e inferiormente, até as ventraes ; thorax chato. Dorsaes (2) pouco desenvolvidas, a J^ espinhosa, com espi- nhos relativamente fracos, separados; e membrana interradial muito delgada e transparente. As demais nadadeiras pouco desenvolvidas, a excepção da caudal que é forte, bilobada e tem os lobos redondos . Linha lateral com- pleta, regular, prolongando-se até a intersecção marginal dos lobos caudaes. Peixes marinhos e fluviaes, ao mesmo tempo, da America Tropical . Sobem os rios e localisam-se nos lagos interiores O Brasil possue cinco espécies que podem ser reconhecidas por inter- médio da seguinte clave synoptica. í L. l'Anal com 6 raios < l L. L. lat. 71—74. . O. undecimalis -, ... V ( L. lat. 47—50. . O. ensiferus Nadadeira l ^Ventraes de ponta preta L. lat. 50—52. . O. pedimacula Anal com7 raios., jygjjj^ggg ^^ ponta I L. lat. 52-55. . O. pectinatus (branca [ \ L. lat. 64—80. . O. parallelus Oxylabrax undecimalis (^) (bi ) ROBALO, ROBALO-BICUDO, ROBALO-FLECHA, CAMURl D. Vlll+I, 10; A. 111, 6; L. lat. 71 á74; L. tr. ^^^ 13 á 17 Perfil variável ; ora a linha superior curva-se para encontrar, no men- to, com a inferior que se conserva mais ou menos recta, á partir da nada- (1) Oxys - agudo; labrax — robalo. (2) 0 nome de "robalo" foi dado a este peixe americano pelos Portuguezes que o supu- nham o mesmo robalo da Peninsula ( Dicentrarchus labrax (L.) (3) Undecimalis — reiQrencia. aos 11 aculeos da primeira dorsal. A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES deira anal, ora as duas linhas se curvam egualmente, o que empresta ao contorno superior uma apparencia mais recta ; essa forma é mais commum nos individuos de 25 á 35 centimetros. Altura 4 á 5 e 1/3 (sem a nadadeira caudal) (' e comprimento da cabeça 2 e 1/2 á 2 e 6/7 no comprimento do corpo ; espaço interorbital 2 e 1/2 á 3 vezes no focinho (do mento á orbita) ; diâmetro da orbita 5 e 1/3 á 7 e 1/2 (da juncção dos intermaxillares á extre- midade do lobo membranoso do operculo); maxillares attingindo quasi o meio da pupilla ou attingindo a orla posterior da mesma; sub-orbitario liso ou com 5 ou 6 espinhos pouco apparentes (esses espinhos dispostos como os dentes de uma serra e de direcção antero posterior, são appa- rentes nos jovens). Supra esca- pular com 2 á 4 dentes, frequen- tes vezes, quando ha quatro os dous medianos são os maiores. Preoperculo com 2 aculeos cha- tos, obsoletos algumas vezes, no angulo do bordo anterior da sua margem livre. 14 á 24 espinhos mais ou menos rectos e cónicos no bordo posterior, 2 maiores, divergentes, no angulo e 15 á 12 no inferior. Esses dentes são obsoletos e, em regra, desappa- recem nos individuos adultos. Rastros 2 á 3 acima e 8 á 9 abai- xo do angulo. 3° aculeo da na- dadeira dorsal é o maior. Ori- gem da anal sob o 4° ou 5° raio da dorsal ramosa; 2° aculeo anal forte, liso ou estriado, egual ou pouco mai- or doque o 3° que é (como na regra) fino e mais ou menos sinuoso. E' menos extenso que os primeiros raios d'essa nadadeira e varia entre o compri- mento do pedúnculo caudal (individuos jovens) a 2/3 d'essa extensão (in- dividuos adultos . Anus situado á 2/3 da distancia que vae da linha an- terior da base das ventraes ao primeiro aculeo anal. Vesícula natatoria provida de 2 appendices caeciformes, anteriores e que variam em forma com a edade do peixe, como se vê pelas figuras juntas. Ora são ovóides com um prolongamento inferior, ora oblongos e curvos. Esverdeado, translúcido superiormente, branco de prata lateral e inferiormente. A linha leteral é denegrida mais ou menos intensamente. Membranas interradiaes dene- gridas. Iris argêntea, ás vezes áurea. Formas da vesícula e 2 3 prolongamentos coeciformes no tropomus imdeclmalis BI. (1) Essa nadadeira pôde ser estimada em 1/5 da extensão total. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL — VOl. XVII 6 E' vulgarmente conhecido pelos nomes de Robalo, Robalo-Bicudo (Rio de Janeiro), Camuri— (Norte do Brasil). Muito apreciado, occupa logar proximo ás garoupas. Muito commum no Atlântico occidental, desde o Sul dos Estados Unidos até perto de S. Sebastião, no Brasil. Sobe o curso dos rios até grandes distancias, pelo interior das terras, sendo bastante conhecido em diversas localidades dos Estados centraes. Eu o encontrei em Cataguazes, E. de Minas, em aguas do rio Pomba, affluente do Parahyba ; e o exem- plar que de lá trouxe acha-se hoje no Museu Nacional, por doação mi- nha. Cresce bastante. Os robalos que procedem de Macahé e do Rio Dou- rado, especialmente, tornam-se notáveis pela corpulência e tamanho ; vi e medi indivíduos de 1"15 a 1"18 da ponta do focinho á extremidade da cauda. São por isso mesmo afamados. Outra particularidade que os faz distinguir dos de outra procedência, é a coloração plumblea que lhes occupa todo o corpo, á excepção da garganta, peito e ventre que são brancos. Maio, Junho e Julho são os mezes em que criam. Procuram os lagos em communicação com os rios, as aguas mortas, para a desova. Um amigo meu, inexperiente em materia de pesca, deitou uma bomba de dy- namite em um desses saccos do rio Macahé. O resultado foi ficar toda a superficie do remanso, não inferior á mil metros quadrados, inteira- mente branca de filhotes de robalo. Este facto prova que os robalos des- ovam congregadamente, nos logares escolhidos para tal fim. O maior ro- balo que tenho visto é de minha propriedade, mede l'",20, pesava 15 kilos. Oxylabrax ensiferus^^^ (Poey) D. VIU + 1, 9 ou 1, 10; A Hl -f- 6; L. lat. 47—50 Cabeça 2 e 2/3 á 3 no comprimento total ; olhos 5 á 7 vezes na cabeça ; os maxillares attingem a pupilla; preorbitaes serrilhados; espinhos do pre- operculo desenvolvidos no angulo, precedidos de dous anteriores no angulo da orla escamosa do osso. Altura do corpo 3 á 4 vezes no comprimento total. 2° espinho anal muito desenvolvido, comprido, um decimo maior do que a maior altura do corpo. Prateado, com o dorso verdoengo. Membra- nas interradiaes das nadadeiras impares denegridas; uma macula no oper- culo, linha lateral um tanto obscura. E' uma espécie pequena de que se não conhece indivíduos de mais de dous palmos. Como O. parallelus é vulgar- mente denominado Camuri-Peba. Habitat: Desde o mar do Mexico até Rio de Janeiro e Cujatuba. (1) Ensiferus, portador de espada, referencia ao grande desenvolvimento do 2° aculeo da anal. 7 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES Oxylabrax pediraacula^') (Poey) CAMUR! D. VIII + I. 10; A. 7. L. lat. 50-52 « Corpo allongado, altura mais de 5 e 1/2 no comprimento total ; cabeça mais de 3 vezes e meia no comprimento total; o maxillar attinge o meio da pupilla ; diâmetro da orbita contido 5 vezes no comprimento da cabeça; sub- orbitario denticulado. Linha lateral só tendo uma ligeira sinuosidade anteri- or; anus no meio da distancia que separa a base das ventraes da anal. Anal sobre uma saliência arredondada ; segundo espinho egual á altura do corpo; 3° muito fino egual ao 2° em comprimento. Lombo pardo pouco brilhante, o resto do corpo branco ; cada escama tem um espaço central claro. O que mais distingue este peixe é a ventral alaranjada com a extremidade de cor negra carregada". (Vaillant in V. & Bocourt, Miss. Sc. do Mexique Poiss. Pg. 29). Habitat Bahia . Mar do Mexico ; Atlântico em costas do N. do Brasil até Oxylabrax pecíinatus (-) (Poey) D. VIII + 1, IO; A m, 7. L. lat. 52-55 «Corpo esguio e estreito, altura 1/5 da extensão e mais do dobro da espessura. Cabeça mais de 3 e 1/2 na extensão total Maxillares não attin- gem o meio do olho; este ultimo egual somente á 1/6 da extensão da cabe- ça ; sub orbitario denteado . Denticulacões preoperculares longas, delgadas, unidas em forma de dentes de pente acima do angulo. Anus no meio da distancia que separa a base das ventraes da origem da anal. Esta suppor- tada por um prolongamento angular muito saliente , segundo espinho egua- lando quasi á alturado corpo; o terceiro da mesma dimensão, mas muito delgado . Côr de chumbo superiormente, branco nos flancos e inferiormen- te, cada escama tendo o centro azul e o bordo espinhoso obsoleto, do que resultam linhas pronunciadas; nadadeiras esverdeadas, lobo inferior caudal amarellado, iris parda amarellada. Vesícula natatoria simples". (Vaillant in V. &. Bocourt, Miss. Sc. ao Mexique, pg. 25). Habitat: Do Mar do Mexico ao Brasil (Pernambuco). (1) Pedimacula — referencia á macula preta da extremidade das ventraes. (2) Pectinatus— com pente; allusão ao desenvolvimento do serrilhado do bordo posterior do precoperculo. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL — VOl. XVII Oxylabrax parallelus ('> (Poey) D. VIII I, 10; A III, 6. L. iat. 64 á 80; L. tr. '° ^ '" )6ál8 Nomes vulgares : Robalo (Camuripeba), Cangoropeba ou Camurupeba Mais alto do que C. undecimalis é por isso apparentemente mais curto. Altura 3 e 1/2 á 3 e 3/4 e cabeça 2 e 3/5 á 2 e 4/5 (sem caudal). Diâ- metro ocular 4 á 5 e 1/3 na cabeça (do mento á extremidade do lobo mem- branoso do operculo) ; espaço interorbital 2 á2 1/3 no focinho. Suborbi- tario com 4 á 7 espinhos nitidos ; supra escapular com 4 á 7 espinhos, os dous últimos os maiores. Preoperculo tendo no bordo livre 2 dentes anteriores no angulo inferior, 12 á 35 no bordo posterior, 2 f >, posteriores no angulo e 6 á 10 no bordo inferior ou horizontal. ^ ^ Rastros 4 á 5 superiores, 1 1 inferiores ao angulo. 3° ou 4° acu- / 1 leos da 1^ dorsal os maiores. Anal começando em baixo do 8°' / \ raio da 2^ dorsal ; 2° aculeo anal o mais forte, mais longo do que / \ o pedúnculo caudal, do que os raios anaes e um pouco maior / do que o 3° aculeo anal que é fino e denegrido, podendo-se occul- j tar n'um sulco posterior do 2°. Anus á 3/5 da distancia que vae j da linha anterior da base das ventraes ao primeiro aculeo 1 / anal. Nadadeiras amarelladas com as membranas interradiaes \ / denegridas. Parte superior verde azeitona, translúcida, lateral e \ / inferior prateada. íris amarella, focinho violáceo. Vesícula nata- \ / toria simples, tendo, porém, os rudimentos dos apêndices caeci- \ / formes anteriores, conforme se vê na figura junta. \/ Habitat: Oceano Atlântico occidental, desde o mar do ^ Mexico até Sepetiba, no Brasil. Sobe o curso dos rios e frequenta as lagoas d'agua salobra. Tenho medido indivíduos de mais de meio metro de comprimento que attingem a uma altura e volume consideráveis. Os au- tores separam O parallelus de O. mexicanus ; sigo a opinião de Boulenger por ter um O. mexicanus com 80 escamas na linha lateral. (1) PûraZ/etos— parallelo, referencia ao aspecto do corpo do peixe. NI SERRANID/E(') os SERRANIDEOS Têm o corpo mais ou menos robusto, recoberto de escamas geral- mente ctenoides, mais ou menos fortemente implantadas na pelle e ricas em pigmento. Bocca ampla; maxillares fortes, mandibulares proeminentes; dentes em facha mais ou menos ampla, sobre os intermaxillares, mandi- bulares, vomer, palatinos e pharyngeanos ; narinas mais ou menos sepa- radas, as anteriores tubulares com ou sem valva, as posteriores simples. Pseudobranchias presentes; preoperculo mais ou menos pectinado no bordo posterior; operculo armado de 2 ou 3 aculeos, 6 á 7 branchiostegios. Linha lateral normal ou angulosa, simples, não se projectando sobre a caudal. Sub- orbitaes inermes. Dorsal mais ou menos continua; a parte ramosa, em geral, mais alta que a espinhosa. Ventraes thoracicas. Anal sem ou com 3 aculeos anteriores. Vesícula natatoria presente, em geral pequena. A riqueza de pig- mento sobre as escamas, torna-as muito espessas e fortemente coloridas, de modo que, revestidas pelo muco que é abundante, parecem de relance não exis- tir, dando apparencia de pelle á superfice escamosa dos animaes. São peixes de colorido, em geral, pardacento obscuro, mais ou menos estriados ou ma- culados; alguns são vivamente róseos ou violáceos. Na maior parte de grande porte, occupam logar importante na economia humana, sendo muito apreciados. No Brasil são commumente conhecidos sob os nomes de Qa- roupas, Chernes, Meros, Badejos etc. Na familia ha 22 espécies brasileiras segundo os dados até hoje conhecidos. Este vasto grupo é cosmopolita. As nossas espécies distribuem-se pela seguinte chave, em 4 sub-familias: (1) Serranus, género typico; eidos (gr.)— semelhante. S o ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL — VOl. XVII 4 /Anal com os aculeos obsoletos ou inteiramente sem elles Grammistinœ Anal com 3 a- culeos des- envolvidos. /Epiderma espessa, fortemen- te pigmentada, geralmente disfarçando as escamas mé- diocres, compactas e opa- cas. Geralmente coloridos de obscuro. Caninos médio- cres, sempre introrsos, li- nha lateral normal .... 'Caninos, quando desen- volvidos, anteriores, ir- regulares; alto da cabe- ça escamosa Epinephelinœ Um ou mais caninos late- raes (nos lados da man- díbula); alto da cabeça desnudado Serranince [Epiderma fina, não disfarçan- do as escamas geralmente grandes e transparentes. Coloração brilhante. Cani- nos também extrorsos. Li- nha lateral elevada, acom- panhando o perfil dorsal . GRAMMISTINyE (O Anthiinœ Anal com os aculeos obsoletos Dorsal com III á IV aculeos. Tama- nho mediocre, senão pequeno. Coloração obscura. Corpo abundantemente mucoso. Género brasileiro : RYPTICUS, (2) Cuv. Rign. Anim. Poiss. Pag. 37 — 1829 Corpo alongado, comprimido, revestido de escamas muito pequenas implantadas na pelle fortemente gusmosa Cabeça pequena, convexa su- periormente em o sentido tarnsverso, quasi perfeitamente recto no perfil longitudinal ; narinas pequenas, a segunda sobre a orbita, dirse-ia um poro lacrymal ; bocca ampla, protractil ; osso supplementär presente, den- tes villiformes nos maxillares, palatinos e vomer. Operculo e preoperculo providos de 2 á 3 fortes espinhos occultos na pelle. Pseudobranchias pre- sentes. Branchiostegos em numero de 7. Rastros curtos. O perfil superior, da nuca eleva-se obliquamente á V nadadeira constituída por 3 ou 4 espi- nhos, revestidos de pelle espessa a 2^ dorsal é symetrica com a anal . Cau- dal, redonda. Linha lateral presente, symetrica com o perfil superior do cor- (1) Do grupo de Grammistes, género alliado á Rypticus e encerrando espécies asiáticas. (2) Rypticos (gr.)— que lava 5 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXEE po Ventraes pequenas, anteriores ás peitoraes que são redondas. Todas as nadadeiras escamosas. Espinhos preoperculares e opercu- lares de Rypticus saponaceus Synopsis das espécies brasileiras. / Diâmetro ocular quando muito egual ao focinho, egual l ou maior do que 1/4 do comp.«» da cabeça; linha late- Rypiticus com o ] "' ^^-^° ^- ''«z'"''«««* Diâmetro ocular maior do que o comp.i» do focinho e menor do que 1/4 de comp.i» da cabeça; linha lateral 67. R. arenatus Rypticus saponaceus, (') bi. &schn. BADEJO-SABÃO D. 111 +25; A. 16 E' um peixe esguio, mais comprido do que alto; a sua cabeça pequena, a forma da sua nadadeira dorsal, o separam frisantemente dos outros ser- ranideos. Cabeça 3 e altura 3 e 1/3 no comprimento total (excluída a caudal). Olhos grandes, coino diâmetro 1/4 do comprimento da cabeça, egual ao do focinlio, situados quasi no perfil superior da cabeça, são anteriores. Maxillares, mandibulares, vomer e palatinos providos de dentes pequenos villiformes; osso articular dos maxillares largo, quasi da largura do diâmetro da orbita. Preoperculo munido de dous dentes posteriores e, ás vezes, um inferior ao angulo ; operculo provido de três espinhos des- envolvidos . Tanto os primeiros como os segundos ficam occultos na peile do animal. Da cabeça o perfil se eleva á primeira nadadeira dorsal con- stituída de três espinhos revestidos por uma bainha escamosa que não, os (1) Saponaceus— que tem sabão, referencia á profusão de muco que reveste o corpo do animal. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL— vol. XVII 6 deixa livres D'ahi o lombo, em quilha aguda, prosegue até a origem da 2." dorsal, também fortemente revestida de pelle escamosa. Sob as peitoraes symetricas e escamosas até meio, acham-se as ventraes, um tanto anteriores, muito unidas sobre a linha mediana inferior. São muito pequenas 1 e 2/3 do diâmetro da orbita). A anal de extremi- dade redonda, como a 2? dorsal também é escamosa e revestida de pelle espessa. A linha lateral partindo da abertura da guelra, acompa- nha irregularmente o dorso no seu contorno Caudal redonda, originan- do-se sobre a linha de terminação da 2 " dorsal e da anal, no pedún- culo Todo o peixe é cor de chocolate escuro. Rypticus arenatus, ^'^ cuv. & vai. Não vi este peixe e a respeito da validade da espécie mantenho mi- nhas duvidas. Entretanto, autores notáveis a sustentaram e eu, não pos- suindo nem tendo visto exemplar algum que me autorise a fundamentar a minha opinião, sigo a dos referidos auctores. Boulenger diz tel-o conhecido por um exemplar jovem (de 65 millime- tros de comprido) apanhado na Bahia e que diffère do jovem de R sapo- naceus apenas pelos caracteres enumerados na claves ynoptica, dizendo mais: "Cinzento ou pardo claro, com maculas ou pequenos pontos arredondados denegridos enadadeiras claras» O mesmo autor identifica R. arenatus de Stein- dachner com R.saponaceus (81. á Sehn.) deixando entretanto a descripçâo de Jordan & Evermann (Bui. U.E. Fish. Com. Vlll, pgs. 338 e 340) como referindo-se ao primeiro. Ora, lê-se na obra citada: "Nós não vimos esta espécie e tiramos a nossa descripçâo da mesma principalmente da do Dr. Steindachner". Isto quer dizer que, comquanto intencionalmente se refiram á Rypticus arenatus, Jordan & Evermann descrevem effectivamente Rypticus saponaceus. Habitat: Brasil (Bahia). EPINEPHELIN^E Os serranideos brasileiros desta sub-familia, encerram, á par de espé- cies pequenas, os nossos maiores peixes physoclistes ; são quasi todos de cores obscuras, fugindo raramente a esta regra; e se distribuem pelos se- ^ guintes géneros : (1) Arenatus — cheio de areia, referencia á côr do peixe, que parece ter sido polvilhado com areia. A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES .Dorsal tendo XU á XIII aculeos— Bordo inferior do preoperculo com 4 espinhos curvos de ponta virada para diante Acanthistlas o. "5. Dorsal do aculeos ai ten-\ X á xn Canto do preoperculo prolonga-se para baixo e para diante n'um forte espinho lamellar que tem o bordo posterior denteado; D. XI Alphestes Escamascycloides, caninos obsoletos, Anal 111 -f 9 á 10 Dermatolepls \ Canto do prooperculo 1 mais ou menos redon- do mais ou menos pec- , Dorsal com o perfil da parte espinhosa mais ou menos recto hori- zontal e baixo Promicrops Escamas ctenoides ; ca-l tinado ; . . / "'""S oboseletos. Anal 111 -r 8 , „ I Dorsal com o perfil da a y ^ parte espinhosa curvo ou obliquo de diante para traz, nadadeira pouco entalhada Cerna Dorsal profundamente \ intalhada no adulto . Garrupa ^Escamas cycloides ou fracamente ctenoides, caninos distinctos Anal III + 10 á 121 Epinephelus \Dorsal tendo 9 aculeos Bodianus ACANTHISTIUS, O gíii. Pr. Acad. Nat. Sei. Philad., pg. 236, 1862 Cabeça grande, guarnecida de espinhos no bordo inferior do preoper- culo, onde esses espinhos em numero de 2 á 4 tem a forma curva e são de ponta antevertida; outros, normaes, no angulo do operculo; um ou mais caninos fortes em cada lado dos maxillares (mais apparentes no maxillar inferior). Corpo curto, reforçado, obeso, revestido de escamas cycloides ou pectinadas, fortemente implantadas na pelle. As duas dorsaes espinhosa e ramosa unidas em uma, a primeira tendo de 12 á 14 espinhos; a segunda escamosa até o meio de sua altura, com 15 á 18 raios ramosos. Género alliado á P/ecfropoma do qual foi separado por Theodore Gill por ter 13 (12 á 13)espinhos na 1.^ dorsal em vez de 8, como n'aquelle género . Preoperculo e operculo de Acanthistias brasilianas (1) Acantha — espinha, istion — véla, referencia aos aculeos do nadadeira dorsal. ARCHIVOS DO MUSEU NAOONAL — VOl. XVII Encerra peixes habitantes dos oceanos Pacifico e Atlântico meridionaes e uma única espécie brasileira : Acanthistius brasilianus^'>(cuv. 16; A. 111 + 8; L. lat. 162 E' O maior dos nossos serranideos. Cabeça 2 e 2/3 á 3 vezes no comprimento, até a base da caudal. Altura quasi perfeitamente 3 vezes nes- sa extensão. Bocca ampla, obliqua, anterior, com os maxillares terminando na vertical baixada da orla posterior da orbita ; dentes pequenos curvos, introrsos em cardo nos intermaxillares, mandibulares, vomer e palatinos ; as fachas do vomer e palatinos separados entre si, a dos intermaxillares tendo a fila externa maior ; mandíbula não inclu- ída. Narinas no lado supero anterior da arcada orbitaria, as anterio- res internas, tubulares, as posteriores simplesmente sub-circulares, sem válvula. Olhos onze vezes na extensão que vae da orla anterior do lábio superior do angulo do operculo, com a cornea apparente de contorno elliptico e iris piriforme (de extremo menor voltado para diante). Preoper- culo tendo a orla posterior mais próxima da ponta do aculeo opercular do que da ponta do focinho e, portanto, posterior ao meio comprimento da cabeça. Bordo posterior do preoperculo vertical, sinuoso, junto ao augulo, fina, porém fortemente denticulado, as denticulações sub-eguaes ; bordo inferior sub-cutaneo, inteiro, sinuoso. Operculo irregularmente cordiforme, com algumas denticulações no bordo inferior e três aculeos chatos e rhom- bos na parte livre do triangulo formado pela reunião dos dous bordos superior e inferior. Parte postero-exterior dos maxillares, toda a cabeça, corpo e base das nadadeiras, recobertos de escamas ctenoides parallelo- gramicas, fundamente implantadas no tecido cutâneo subjacente e deixan- (1) Guttatus — Cheio de gottas. Linneu, descrevendo no Systema Naturae a presente espé- cie, baseado em descripções de diversos autores, confundiu nella outra espécie; e querendo cara- cterisar a diagnose, tirou da figura da espécie confundida (Cerna catus) a ptirase Corpore punctis sanguineis adeperso e a designação de guttatus. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL— vol. XVII 14 do á vista apenas 1/4 ou 1/5 do seu comprimento ; a denticulação das es- camas é apenas de uma fila no bordo livre. Linha lateral completa, regular mente sinuosa. Peitoraes espatuladas, de comprimento quasi egual á ex- tensão que vae da ponta do focinho á orla posterior do preoperculo, ori- ginando-se sob primeiro e terminando, quando reclinada, sob o sexto aculeo dorsal. Ventraes, começando sob a axilla das peitoraes, egual- mente espatuladas, porém menores de 1/4 do comprimento d'aquellas. Dorsal originando-se na vertical d'entre o aculeo opercular mediano e a ponta livre do operculo, quasi tocando, quando reclinada, a base da caudal. Os aculeos são fortes. Anal redonda, originando-se sob o segundo raio dorsal, terminando pouco depois da vertical do extremo da base da dorsal ramosa. Caudal espatulada. Olivaceo denegrido uniforme, quando totalmente adulto; olivaceo claro, com pontos negros sobre a parte superior e lateral da cabeça e interspaces de 5 fachas, largas, negras, sobre o corpo ; nadadeiras mais ou menos transfasciadas d'essa cor. O mero attinge á grandes dimensões, chegando á medir cerca de 2 metros (ha pescadores que informam de dimensões maiores), parecendo que o peso máximo de que se tenha conhecimento no mercado do Rio de Janeiro, seja de 450 kilos. E'um animal solitário que vive em logares rochosos, passando os dias occulto nas tocas, d'onde sähe para comer á tarde e de madrugada. Os pescadores pegam-n 'o á linha, empregando o polvo ou um bagre como isca. E' um dos peixes mais apreciados no Brasil. No Rio é commu- mente vendido ao preço de 45000 ao kilo. CERNA, (1) Bonap. Fauna Itálica, Pesei, 111 (pt)— 1833. Preoperculo finamente serrilhado, sem espinhos antrosos no bordo in- ferior ; maxillares inferiores desprovidos de caninos propriamente ditos em sua extensão posterior e providos dos mesmos, assim como os in- termaxillares, na symphyse; corpo oblongo, robusto, medianamente com- primido; dorsal com 10 á ! 1 espinhos, anal curta 111+8 á 9; escamas re- lativamente pequenas, firmemente implantadas na pelle, geralmente cte- noides, as da linha lateral sem pregas irradiantes. Peixes de grande vulto, muito apreciados no Brasil onde são geral- mente conhecidos pelo nome de garoupas. Habitam os dous oceanos. O Brasil encerra as seguintes espécies : (1) Cerna, nome italiano latinisado. 15 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES /S' aculeo dorsal o mais] longo. Uma mancha denegrida sobre o pe- dúnculo caudal. . . . aculeo doi sal curto,! mais baixo do que] o terceiro ou quarto; ' perfil da nadadeira espinhosa curvo. Corpo e nadedeiras reco- berto de maculas arre- dondadas chocolate ru- becente; 3 á 4 maculas quadrados na base da dorsal C. adscensionis . >i Corpo com fachas trans- versaes irregulares es- curas, uma facha escu- ra (em forma de ferra- dura) parte da região oculo-malar e passa adiante da dorsal . . . C. striata. /3° a 4" aculeos dorsaes os maiores; amarello ou „„,.„, . 1 pardacento maculado 3« a 5° aculeos os rnaiores; l ^e pardo mais escuro. C. catas. pedúnculo caudal semi macula ( "' á 5" aculeos os mais longos; chocolate ma- culado de verde, nada- deiras denegridas, or- ladas Je branco. ... C. gigas. 12° aculeo dorsal egual ou maior do que o 3° e o 4°; perfil da nadadeira es- pinhosa recto, obliquo S. morio. Cerna adscensionis ^'^ (osb.) D. X! -f- 16-17; A. Ill -|-8; L. lat. 55-60 Cabeça cónica, 2 e 1/2 na extensão total; bocca ampla, maxillares attingindo a vertical da orla posterior da orbita, tanto estes como os in- termaxillares são revestidos de pelle espessa; dentes villiformes, em facha, quatro caninos anteriores, 2 superiores e dous inferiores ; narinas sepa- radas, as anteriores providas de uma valva posterior que se dobra para diante. Orbitas grandes, 5 e 1/2 no comprimento da cabeça (4 e 1/2 á 6) si- tuadas quasi no perfil superior das frontaes ; bordo posterior do preo- perculo finamente serrilhado, sinuoso perto do angulo, onde não ha gran- des aculeos. O aculeo superior do operculo occulto na pelle. Corpo bas- tante robusto, 3 e 1/2 no comprimento total Dorsal pouco entalhada su- periormente, caudal redonda e bem assim a anal. Peitoraes amplas, syme- tricas, attingindo o vértice das ventraes que terminam aquém do anus, originando-se atraz da axilla das peitoraes. Linha lateral completa, nor- mal. Pardacento superiormente, albicante inferiormente ; todo o corpo (1) Adscensionis — da Ilha de Ascensão. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL — VOl. XVII 16 inclusive as nadadeiras, recoberto de maculas arredondadas, chocolate rubescente, eguaes ou menores do que a pupilla. Nadadeiras finamente marginadas de branco, 3 á 4 maculas mais escuras, quadrangulares, na base da dorsal e uma sobre o pedúnculo caudal. D'aquellas a mais ap- parente e a maior é a 2.^ a qual começa na base do 9.° espinho e termina na do 2.° raio da referida nadadeira. Conheço esta bella garoupa por um exemplar que me foi trazido da Bahia pelo meu illustre amigo Dr. Publio de Mello, em Janeiro de 1889. Esse exemplar mede 0,'"2 de comprimento, da ponta do focinho á extremidade da cauda. Boulenger dá á Cerna adscensionis o compri- mento de 0,'"4. Habitat: Desde Florida até o Estado da Bahia no Brasil ; ilhas Ascenção e Santa Helena. Cerna striata ('> Também não possuímos esta espécie, retirando a nossa descripção das de Vaillant e de Jordan. «Cabeça 3/10 do corpo, maxillares attingindo a perpendicular bai- xada do bordo posterior da orbita, um par de caninos em cada maxilla anteriormente, diâmetro da orbita 1/4 da cabeça, angulo do preoperculo pouco saliente, 3.° aculeo dorsal, o mais alto, 2 e 1/2 vezes na cabeça, escamas moderadas, caudal redonda, maxillar inferior projectando-se al- gum tanto, nadadeiras verticaes em vida largamente marginadas de ama- rello. Sobre o pedúnculo caudal uma grande mancha quadrada, negra, uma facha em forma de ferradura, parte da região óculo malar e passa adiante da nadadeira dorsal, no resto do corpo; fachas transversaes ir- regulares; olhos cercados por pontos pardos conspícuos. Habitat : Atlântico occidental, desde Key West até o Norte do Brasil.» Cerna catus ^^^ cuv. & vai. Não possuímos nem conhecemos este peixe, por isso aqui repro duzimos mais ou menos a descridção de Boulenger. (1) S/ríflía — estriada. (2) Catus — matreiro. 17 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES D. XI + 16-17; A. Ill + 8; L. lat. 50-55 «Dentes em duas series nos lados dos mandibulares e em estreita facha nos demais ossos. Altura 2 e 4/5 á 3 e 1/2, cabeça 2 e 3/5 á - e 2/3 ; focinho egual ou maior do que o diâmetro ocular que é contido 4 á 5 e 1/2 na cabeça. Maxillar inferior proeminente ; ossos maxillares attingindo o terço posterior do diâmetro ocular ou a vertical do bordo posterior da or- bita. Bordo do preoperculo obtusamente anguloso, com serrilhas mode- radamente maiores no angulo. 3.° e 4.° espinhos dorsaes os maiores ; do comprimento ou maiores do que o mais longo dos raios ramosos, 2° anal do comprimento do terceiro. Caudal redonda no jovem, sub-trunca- da no adulto. Escamas o mais das vezes ciliadas. Amarello olivascen- te ou pardo purpúreo superiormente, mais pallido inferiormente com três barras escuras, obliquas, transversaes, quasi indistinctas em cado lado ; cabeça e corpo tendo numerosas manchas redondas, pardas ou vermelhas brilhantes, no ultimo caso com o centro mais escuro; peitoraes amarellas ou vermelhas, com ou sem pequenas manchas. Dorsal ramosa, anal e caudal amarellas com uma larga margem parda ou negra fimbridada fina- mente de branco. O," 37.» Atlântico occidental desde Florida e Bermudas até o Brasil. Cerna gigas <'^ (Brunn.) GAROUPA, G. CRIOULA G- VERDADEIRA D. XH- 14 á 16; A. Ill -p 8; L. lat. 60 á 80 Cabeça 2 e 1/3 e altura 3 no comprimento total. Bocca ampla ; ma- xillares, mandibulares, vomer e palatinos providos de dentes villiformes, em facha ; maxillares attingindo á vertical posterior dos olhos ; narinas separadas; olhos grandes, 1/6 do comprimento da cabeça; preoperculo serrilhado no bordo posterior, as denticulações do angulo são ligeiramen- te maiores; operculo provido de três aculeos chatos, occultos na pelle ; bordo bastante robusto. Rastros moderadamente desenvolvidos, separados 15 á 16 no ramo inferior. Dorsal originando-se sobre o angulo superior do operculo, com os espinhos fortemente envolvidos na pelle, 4.° espinho o mais longo ; base da parte ramosa revestida de escamas. Peitoraes am- plas, symetricas, ventraes sob a sua base, acuminadas, ligadas ao abdo- men até metade de sua extensão pelo bordo interno, attingindo o anus com o ápice; anal relativamente pequena, redonda, symetrica, com a parte terminal da dorsal; caudal redonda. Linha lateral parallela ao perfil dorsal. (1) Gíá-os — gigante ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL VOl. XVII 18 Cor de chocolate com diversas manchas irregulares, verdes esparsas pelos lados do corpo ; uma estria negra atraz dos maxillares ; nadadeiras de- negridas, finamente orladas de branco ligeiramente azulado. Attinge um metro em comprimento. Habitat : Mediterrâneo e Atlântico, das costas da Africa, (as duas costas Occidental e oriental) e Europa até o Brasil. Cerna raorio ^'^ cuv. & vai. GAROUPA S. THOMÉ D. Xl-f-16 á 17; A. 111+9; L. lat 60 á 65 Cabeça 'i e 1/2 vezes no corpo; bocca ampla; maxillar inferior ligei- ramente proeminente; dentes caninos próximos á symphyse dos interma- xillares (um para cada lado), estes ossos, os mandibulares, (2 filas no joven) vomer, palatinos e pharyngeanos, providos de dentes villiformes ; maxil- lares attingindo á vertical do perfil posterior da orbita, com uma facha de pequenas escamas junto ao angulo infero-posterior ; preoperculo ligei- ramente reentrante antes do angulo que é um pouco saliente e provido de dentes ligeiramente maiores do que os do bordo posterior do osso ; no adulto estes dentes obliteram-se quasi ; operculo provido dos três aculeos normaes. Olhos 1/4 do comprimento da cabeça no jovem, 1/6 no adulto Corpo moderadamente comprimido no adulto, bastante no joven. Dorsal alta ; o 2° raio é o maior de todos, ás vezes é egual ao 3.° (ra- ramente). Esta dimensão dos raios dorsaes imprime á nadadeira um perfil superior obliquo de diante para traz que forma com o perfil anterior da nadadeira esticada um angulo obtuso, quasi recto, caracter que différen- cia o peixe á primeira vista de Cerna gigas. A dorsal ramosa é redonda, a caudal truncada nos jovens é lunada nos adultos. Peitoraes, nos jovens, attingindo o vértice das ventraes que, por sua vez passam além do anus e quasi attingem á anal ; nos adultos as peitoraes são mais curtas, não attingindo o ápice das ventraes que, por sua vez, terminam á boa distan- cia d anus. Linha lateral completa e normal. Cor de tijolo com punctula- ções negras em baixo dos olhos, parte inferior mais clara. Os adultos tor- nam-se mais escuros com as nadadeiras fimbriadas de negro azul ; os jovens têm uma estria negra atraz dos maxillares. Informaram-me crescer até meio metro de comprimento total, pesso almente tenho visto muitos indivíduos, não attingindo os maiores d'estes a 45 centímetros exactamente. Bastante commum. 1 (1) Mono=mouio, negro 19 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES Desde Virginia, na America do Norte até Sepetiba e Angra dos Reis, no Brasil. GARRUPA (1) Jord. & Eigenm. Craneo largo e chato, espaço interorbital pouco concavo, com a prega mediana pouco evidente (no adulto) ; a crista occipital desapparece antes de chegar ao espaço interorbital ; o vértice da crista temporal dirige-se para fora ; a apophyse da crista occipital encontra-se com esta em angulo recto sem formar sulcu. Dentes villiformes; alguns, nos jovens, um pouco maiores de modo á parecerem caninos. Aculeos dorsaes anteriores desenvolven- do-se com a edade Este género, proximo alliado do género Cerna, foi instituído como sub- género por Jordan e Eigenmann, na magnifica "Revista dos Serranideos" publicada no Bulletin of the U. S. Fish Commission, vol. VIII, para 1888 (1890). Acceito-o como género não somente para maior facilidade da taxonomia d'esta difficil família de peixes, como porque effectivamente acho n'elle razão de ser. Quem tiver examinado uma serie qualquer de Ser- ranideos verá que a tendência na relação da altura da nadadeira dorsal espinhosa para com o tamanho do peixe examinado, está na rasão inversa do desenvolvimento, quero dizer, quanto maior for o peixe tanto me- nores serão os aculeos dorsaes, caracter externo levado ao máximo gráo em Promicrops gutfafus, acima examinado. Ora, justamente no peixe que constitue o presente género, é o contra- rio que se dá para com os aculeos anteriores da dorsal ; a modificação n 'essa nadadeira é tão grande que, nos individues plenamente adultos, ella pa- rece completamente dividida em duas. Esse caracter que não se encontra em nenhum outro Serranideo, é sufficiente para a constituição do género Gar- rupa que contem uma única espécie, um dos gigantes das aguas brasileiras. Garrupa niveata/^) (Cuv. )bi. Bloch, Ichthyol. Vil-22, 1793. Corpo comprimido e de perfil (com a cabeça) fusiforme e bem assim a cabeça; caninos distinctos na parte anterior da maxilla; anal longa com onze ou doze raios (111+ 1 1 á 12); dorsal com os acuieos fracos e dezesseis á dezoito raios (XI+ 16 á 18); escamas pequenas, cycloides, as da linha lateral simples. Este género encerra os peixes geralmente conhecidos sob a designa- ção de badejos (excluído o badejo-sabão) e muito apreciados nas mesas brasileiras. As aguas brasileiras encerram as seguintes espécies : f/J /Rastros numerosos. , 22 à 35 no arco inferior, narinas se- l paradas, sub-eguaes E. ruber BI. - ' f 20 no arco inferior, narinas unidas, a O- \ m \ ^ posterior maior E. falcatus Poey. X ÜJ ] /Narinas separa- í '2 rastçs no arco 2 / das sub-egu- \ mferios £. m/crotepis (Gde. BI.) K. \ ^^^ rrj \D.,o*.■/^■, ««.. .,..-,»,,,„ ,o 1 I 10 rastos no arco UJ \ Rastros pouco numerosos; (^ i^f^^i^^ ^ ^^„^^. p^^^ /Narinas unidas, , a posterior i maior. ...;£. tigris (Cuv. &Val.) Epinephelus ruber, ^^^ ei. MIRA -BADEJO- MIRA D. XI + 15 á 17; A. Hl -f 11 à 12; L. lat. 75 á 85 Cabeça 2 e 2/3 no comprimento total, de contorno superior e inferior rectos, encontrando-se na symphyse mandibular em angulo agudo. Bocca ampla, obliqua; mandibular prognatha, lábios espessos, maxillares attingindo a orla posterior da orbita, com uma facha posterior, longitudinal, de esca- mas finas e pequenas com um pequeno tubérculo externo junto á sua extremi- (1) Do grego epinephele — nublado por cima; allusão á névoa branca que Bloch observou nos olhos de ura Badejo-Mira. (2) Ruber rubro. Tendo ura exemplar de E. ruber em alcool, Bloch julgou que a cor par- dacenta do mesmo fosse primitivamente rubra, depois descorada. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL — vol. XVII 22 dade superior (articular do craneo). Dentes pequenos em faclia estreita 2 nos lados da mandíbula) nos intermaxillares, mandibulares, vomer e palatinos. Rastros delgados, unidos, 22 á 25 no arco inferior; focinho sem contar a maxillar superior) egual ou pouco maior que o diâmetro da orbita; narinas separadas, anteriores, circuladas por uma membrana que posteriormente se prolonga em valva; posteriores muito pequenos, parecem apenas um poro e ficam um pouco mais próximas das anteriores do que da orla orbital. Espaço interorbital aguai ao diâmetro da orbita, ligeiramente concavo nos indi- víduos magros ou ressecados pelo alcool. Diametro orbital contido cinco vezes na cabeça. Preoperculo com o bordo posterior finamente serrilhado, ligeiramento obliquo para traz, ligeiramente sinuoso perto do angulo onde os aculeos são imperceptivelmente maiores e com o bordo inferior liso e um pouco curvo. Operculo delgado, com os três aculeos fracos e chatos. Corpo alto; altura 3 vezes no comprimento. Prega axillar desenvolvida; linha late- ral normal, completa. Dorsal pouco entalhada. Peitoraes redondas, ligeira^ mente anteriores ás ventraes, quasi attingindo o ápice destas, que são angu- losas e recebidas n'uma ligeira depressão abdominal, ligadas ao abdomen até mais de metade de seu bordo interno e tocam o anus com a extre- midade. Anal saliente, ligeiramente falcada no bordo posterior com o 1° aculeo egual á 1/3 do 3°. Caudal lunada. Em vida e dentro d'agua o badejo^mira é esverdeado com largas fachas transversaes cor de sépia e estrias finas, longitudinaes, ondeantes, ao longo dos lados da parte inferior do corpo e cabeça; algumas manchas esverdeadas, irregulares esparsas por todo o corpo e uma estria negra que, partindo de trás dos maxillares, se dirige ao angulo do preoperculo; duas outras superiores, parallelas. A pupilla é verde. Fora d'agua o colorido verde esmaece para dar logar á côr de chocolate geral, distinguindo-se diffusas as estriações longitudinaes e uma pequena mancha negra sobre o pedúnculo caudal, junto á nadadeira. A estria sobre o preoperculo permanece e as nadadeiras verticaes e ven- traes tornam-se denegridas. E' commum; cresce pouco e deixa-se apanhar em covos. Encontra-se de preferencia nos logares pedregosos cuja sombra elles sabem aproveitar. Nunca vi indivíduos maiores de 40 centímetros; Beulen ger dá-lhe, entretanto, O, "62. Habitat: Mediterrâneo, Atlântico — Costa da Africa e da America, desde as índias Occidentaes na America Central até Angra dos Reis no Brasil. 23 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES Epinephelus falcatus, ^'^ (Poey) D. X!4-ná 18; A. HI + 10 all; L. lat. 75. (Boulenger. Cat. 1.263) «Narinas muito unidas, a posterior maior do que a anterior, preo- perculo com angulo saliente, caninos fortes, rastros 4+20. 2° aculeo dorsal curto, mais curto do que o terceiro. Raios externos da nadadeira caudal muito prolongados, maiores do que duas terças partes do comprimento da cabeça. Escamas pequenas. Pardacento com pequenas manchas mais escuras, nadadeiras verticaes largamente marginadas de denegrido.» (Jord. & Eigenm. Buli. N. S. Fish Comm., pg. 365. Jordan & Eigenmann dizem possuírem espécimens d'esta espécie pro- cedentes da Bahia. Habitat: Atlântico occidental, desde Florida, na Am. do Norte até Bahia, no Brasil. Epinephelus microlepis ^^^ (Ode. & Bn.) BADEJO-BRANCO D. XI + 16; A. 111+ II; L. lat. 88 á 95 Cabeça 2/2 na extensão total; bocca ampla, quasi horisontal, caninos fortes, 12 rastros no arco branchial inferior. Maxillares passando a ver- tical da margem posterior dos olhos, tendo uma facha de escamas poste- riormente. Narinas separadas, sub-eguaes, anterior provida de uma valva posterior. Olhos ellipticos, com o maior diâmetro contido 6 veses na cabeça. Bordo posterior do preoperculo ligeiramente obliquo para trás com as den- ticulações do angulo um tanto maiores. Aculeos do operculo grandes, ligei- ramente oblíquos para baixo, preza axillar não muito desenvolvida. Todo o corpo (como a cabeça) comprimido, de altura egual á 1/3 do comprimento total. Linha lateral completa, normal. Escamas pequenas, fracamente cilia- das. Aculeos dorsaes finos, membrana interradial escamosa e bem assim a base das outras nadadeiras. Caudal lunada. Anal redonda, truncada pos- teriormente com os aculeos muito fracos. Peitoraes redondas, attingindo o ápice das ventraes que não chegam ao anus. Em vida é cor de pérola com manchas escuras e verde claro com a extremidade das nadadeiras dorsal. (1) Falcatus — falcado, em forma de foice, allusão â nadadeira anal. (2) Do grego micron, lepis — pequeno escama — escamas pequenas ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL — vol. XVII 24 ventraes e anal azues claras. Morto é cinereo com o abdomen albescente e as nadadeiras denegridas. Habitat: Desde as costas da Carolina, dos E. Unidos, até Rio de Janeiro (onde é commum) e Angra dos Reis. Epinephelus bonaci, ^'^ Pocy BADEJO-FERRO D. XI 4- 16 a 18; A. !ll+llál2; L. lat. 0 á 85 Cabeça 2 e 2/3 á 3 no comprimento do corpo. Bocca ampla, dentes fortes em duas series nos lados da mandíbula, em duas series no jovem; nos intermaxillares, a serie externa a mais forte; dous pares de cani- nos fortes anteriormente, tanto na maxilla superior como na inferior; dentes villi-formes em facha no vomer, palatinos e pharyngeanos. Lábios nus, mandibulares escamosos, maxillares com uma facha de escamas posteriormente. 10 rastros no arco inferior. Narinas separadas, as posterio- res ligeiramente maiores, as anteriores sem valva. Diâmetro da orbita 1/6 da extensão da cabeça. Preoperculo com o bordo posterior finamente pecti- nado e ligeiramente curvo para diante, redondo no canto e também curvo no bordo inferior. As pectinações do angulo são imperceptivelmente maio- res. Espinhos operculares fracos, lamellares. Corpo moderamente compri- mido, de altura mediana, 3 e 1/2 vezes no comprimento total. Linha lateral completa, normal. Aculeos e raios dorsaes e anaes fracos; a primeira dessas nadadeiras pouco entalhada, de contorno posterior arredondado, assim como a anal, cujos aculeos são fracos, o ° contido 3 e 1/2 vezes no ultimo. Prega axillar desenvolvida. Peitoraes anteriores ás ventraes, sob a origem da dorsal. Ventraes logo após á axilla das peitoraes, excedendo apenas o vér- tice destas nadadeiras mas não attingindo o anus, ligadas ao abdomen até metade da extensão do seu bordo interno. Caudal lunada, emarginada. Toda a cabeça, inclusive o focinho, corpo e nadadeiras (até meia altura) revestidos de escamas ciliadas. Todo o corpo coberto de maculas redondas bronzea- das Cquando o animal está fresco) ou chocolate denegrido, (depois da morte) separadas entre si por linhas brancas sinuosas que formam uma verdadeira rede. No alcool as manchas unem-se e o colorido do peixe torna se chocolate uniforme com o abdomen mais claro e nadadeiras denegridas. Uma fina orla branca margeia as nadadeiras verticaes. E' o maior dos nossos badejos; (1) Bonaci— latinisação do nome vulgar pelo qual o peixe era conhecido em Cuba (Bona- ci arara de Parra,) 25 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES cresce á quasi um metro e engorda muito. Quando adulto, deixa-se ver á flor d'agua, aquecendo-se ao sol, nos logares pedregosos, pelas marés calmas. E' então fácil pescal-o á fisga. E' também o mais delicado dos peixes pretos, deteriorando-se rapi- damente, após a morte. Habitat: Das índias Occidentaes ao Brasil — Rio de Janeiro e Angra dos Reis. Epínepheius tigris^'^ (Cuv.&vai.) D. XI+16ál7; A. Ill-j-lOáll; L. Iat.80á83 Cabeça 2/3 á 3 no comprimento total; maxillares attingindo a vertical da margem posterior da orbita; dentes fortes, caninos, grandes; diâmetro orbital 5 á 6 vezes na cabeça. Rastros 6 á 9 no arco inferior. Caudal truncada. Pardo avermelhado, flancos e face reticulados de azul cinereo com 7 ou 8 fachas transversaes, d'esta cor, descendo obliquamente, no dorso. O Museu de Zoologia Comparada de Cambridge possue indivíduos d'esté espécie, procedentes do Maranhão. Habitat : Atlântico, desde as índias Occidentaes até o Maranhão, no Brasil. B0DIANUS,(2) BI. Ichthyologia— 1790 Escamas francamente ciliadas, proporcionalmente maiores do que no género Cerna, Dermatolepis, etc. Caudal redonda ou lunada. Crista supra- occipital prolongando se sobre a região frontal que é chata ou ligeira- mente convexa, crista lateral curta e baixa, divergente. Dorsal provida de 9 aculeos e 13 á 15 raios ; anal III + 7 ou 8. Das espécies conhecidas duas são também brasileiras : Bodianus 17 á IS rastros, dorso sem maculas na base da dorsal, queixo maculado de negro, pedúnculo caudal com duas maculas superiores Bodianus fulvus. 9 á 11 rastros, dorso com maculas na base da dorsal queixo e pedúnculo caudal sem maculas negras Bodianus cruentaíus. (1) T/gT/s— tigre— listrado como um tigre. (2) ßorf/anus— Bodiano, Pudiano ou Gudiano — (Obliteração) nomes pelo quaes são conhe- cidos no Brasil, alguns peixes da familia dos Labrideos e Scarideos. ARCHIVOS DO MUSEU J^ACIONAL VOL. XVII 26 Bodianus fulvus^'^ (l.) Cabeça 2e 1/2 no comprimento total; bacca obliqua, maxillares supe- riores compridos, attingindo a vertical da oria posterior da orbita ; mandí- bula muito proeminente ; dentes em três ou quatro ordens nos lados da mandíbula, os da ordem interna os maiores ; caninos dos maxillares su- periores distinctos; vomer, palatinos e pharyngeanos dentados ; 13 ras- tros no arco inferior. Narinas separadas, a anterior provida de uma valva, a posterior de bordos elevados. Orbita quasi redonda, 6 vezes no comprimento da cabeça. Preoperculo redondo, finamente aciculado no bordo posterior, com uma reentrância acima do augulo. Aculeos operculares fortes, terminando na mesma vertical. Linha lateral completa, normal. Dorsal pou- co entalhada, de desenvolvimento moderado. Prega axillar ampla, com o lobo inferior proeminente. Peitoraes ponteagudas, anteriores ás ventraes (que nascem sob sua axilla) attingindo o anus ou passando além com as ex- tremidades. Ventraes robustas, com aculeo forte, ligadas ao abdomen até metade do ultimo raio interno ; terminam á uma distancia do anus que eguala a que vae do ápice do aculeo á ponta da nadadeira. Anal modera- da, com aculeos fortes, o \° contido 2 e 1/2 vezes no terceiro. Caudal forte, redonda. A côr de exemplares no alcool, (de 30 annos n'esse liqui- do) é parda; toda a cabeça, parte supero-anterior do dorso, prega axillar, parte posterior da base da peitoral, fina e regularmente punctulados de branco, circulado de pardo mais escuro do que a côr geral ; duas manchas pretas no queixo, por fora dos caninos mandibulares, duas manchas pre- tas sobre o pedúnculo caudal, uma pouco atraz do ponto de inserção do ultimo raio, outra justamente onde attingem os últimos raios dorsaes quando inclinados sobre o pedúnculo. Haumafinaorla branca nas nadadeirasverticaes. Jordan & Eigenman dão-lhe para côr fundamental o amarello limão, vermelho vivo ou pardo e os pontos azues. Os exemplares que serviram á presente descripção e que pertencem ao Museu Nacional, procedem de Fernando de Noronha. O Museu de Zoologia Comparada de Cambridge, possue exemplares procedentes de Maranhão e Rio de Janeiro, facto notável pois que Bodia- nus fulvas não é conhecido dos pescadores nem visto no mercado do Rio. Habitat: Atlântico occidental, da Florida ao Rio de Janeiro. Bodianus cruentatus/^) (Lacep.) D. lX+14ál5, A 111+8; L. lat. 50á56 Cabeça 2 e 3/4 á 3 vezes no comprimento total, orbita 5 vezes no com- primento da cabeça, mandíbula proeminente, 9 á 11 rastros no arco inferior. (1) Fu/ví/s— amarello. (2) Cruen/a/us— ensanguentado. 27 A. DE MIRANDA RIBEIRO— FAUNA BRASILIENSE— PEIXES Os 2° e 3° aculeos anaes de egual comprimento, desenvolvidos. Caudal redonda. Cinzento rubro ou olivaceo com punctulações de cor vermelha ou vermelho amarellado ; junto á base da dorsal très ou quatro maculas negras, nem sempre constantes. Habitat : Desde Florida, na Am. do Norte, até Bahia, no Brasil. SERRANIN.^ Os peixes brasileiros desta sub-familia não offerecem a elevação de corpo que se encontra nos da sub-familia anterior, tendendo á forma mais alongada. São em geral de tamanho reduzido, ou mesmo, os menores re- presentantes da familia. 13." aculeo dorsal muito prolongado 6 branchiostegos ^em filamento; canto do preoperculo ^redondo moderadamente pectinado Dales Serraninae^ /canto do preoperculo proeminente _ . , . , „ (fortemente armado de aculeos irra- 7 branchiostegos \^^^^^^^ aculeos dorsaes / sub eguaes / canto do preoperculo não proemi- \ nente, redondo, pectinado . . DULESOcuv. Règne Animal— 1829 Haliperca Serranas Toda a parte superior da cabeça e focinho e região sub-orbitaria an- terior nús. 6 branchiostegos ; 3" aculeo dorsal prolongado em filamento. Dentes villiformes, curvos, em facha nos intermaxillares, mandibulares, vomer e palatinos, caninos anteriores presentes, pouco desenvolvidos. Uma única espécie. Dules auriga/2^ cuv. & vai. D. X+13; A ni+7, L. lat. 49 MARIQUITA Corpo elevado, de perfil superior bastante curvo. Cabeça 2 e 1/2, esca- mosa apenas sobre o preoperculo e operculo. Bocca mediana, pouco obli- qua, protractil. Maxillares sem osso supplementär, attingindo a vertical do (1) Dculos— escravo, referencia á semelhança do peixe (que serviu de typo ao género) com Therapon servas. (2) Auriga, cocheiro, referencia á forma do 3° aculeo dorsal que parece um chicote. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL VOL. XVIl 28 meio da pupilla ; mandíbula pouco proeminente. Olhos grandes 4 vezes na cabeça. Operculo pectinado, redondo. Espinhos operculares divergentes, o superior obsoleto. Altura egual ao comprimento da cabeça ; linha lateral normal. Dorsal quasi inteira, 3° aculeo o maior, attingindo a extremidade do ultimo raio (dorsal) e munido de uma membrana posterior em toda a extensão ; peitoraes grandes, eguaes ao comprimento que vae da orla an- terior da orbita ao ápice da membrana opercular; attingem a nadadeira anal. Ventraes originando-se sob a axilla das peitoraes e tocando o anus com o ápice. Anal sub-trapezoide, 2° e 3" aculeos eguaes. Caudal truncada, relativamente pequena. Escamas grandes, ctenoides. Côr fundamental branca amarellada, obscura na parte antero superior, mais clara em toda a parte inferior e posterior. Branco puro n'uma zona triangular que vae de dous terços da distancia que separa as ventraes da anal, ao 2° espinho d'esta nadadeira. Uma facha negra, pouco distincta nos indivíduos em alcool, parte da base da dorsal, do 5° ao 9" aculeo e desce ao abdomen sobre as ven- traes, tornando-se mais accentuada em contraste com a macula abdominal branca. Outra facha parallela, posterior á esta, desce da base da dorsal ra- mosa (4°á9°) sobre a anal. Dous terços superiores de toda a dorsal dene- gridos ; peitoraes amarellas, ventraes e anal denegridas, caudal amarella denegrida. E' bastante commum em toda a costa do Brasil. Berg (Anales del Museu de Buenos Ayres — 1895,pag. 44) e Boulenger (Catalog. Fish. British. Mus., 2" ed., vol. I., pag. 287-1895) dão Serranas fla- viventris como femea d'esta espécie. Não somente a diversidade de estru- ctura não permitte tal concepção, como o facto de ter observado e possuir mesmo Dales auriga com os ovários cheios, affasta qualquer duvida a re- speito e deixa as duas aspecies, effectivamente separadas, em seus respe- ctivos géneros. HALIPERCA, (1) Gill. Proc. Ac. Hat. Sei. Philad. pg. 263-1862 Os ossos preorbitaes, nos peixes d'esté género, são mais largos do que os maxillares; estes ossos são mais largos no meio de sua extensão. Cabeça núa, do alto ao focinho ; pectinações do preoperculo muito gran- des, irradiantes em um ou dous grupos. Aculeos dorsaes sub -eguaes, for- mula IX + 12. Ventraes completamente livres do abdomen. Encerra duas espécies brasileiras : Aculeos preoperculares em dous grupos divergentes-Z/a/z/jerca/or/nosa. Aculeos preoperculares em um grupo — Haliperca radialis. (1) Haliperca— (ßr.) Halis, mar; perce, a perca (do mar) em contraposição á Perca fluviatilis, ou perca do rio, d'agua doce. 29 A. DE MIRANDA RIBEIRO— FAUNA BRASILIENSE— PEIXES Halíperca formosa (')(l.) MICHOLE DA AREIA D. X+12; A. III4-7; L. lat. 60 Cabeça cónica, quasi perfeitamente 3 vezes no comprimento total. Alto da cabeça e focinlio nús. Dentes cónicos em faclia estreita nos man- dibulares, intermaxillares, palatinos e vomer; caninos distinctos, também nos lados da mandibula. Face escamosa, com 10 ordens de escamas (dos olhos ao angulo preopercular). Narinas separadas, anterior valvular, pos- terior verticalmente elliptica. Olhos 5 vezes na cabeça. Preoperculo for- temente armado, com as pectinações dividindo-se em dous grupos, um superior outro no angulo. Supra-escapular dentado, apparente. Aculeo su- perior do preoperculo o mais curto, mediano o mais longo e o mais forte, inferior muito delgado. Corpo um tanto robusto de perfil parabólico. Linha lateral normal. Nadadeira dorsal originando-se sobre as peitoraes ; prega axillar pouco desenvolvida. Peitoraes parallelogramicas excedendo as ven- traes, não attingindo o anus. Ventraes originando-se sob a base das pei- toraes, completamente livres do abdomen. Anal moderada, 3° aculeo o maior. Caudal curta, lunada. Escamas grandes, ctenoides. Coloração fun- damental verde eléctrico, com estrias longitudinaes e umas dez fachas largas transversaes e macula na base da caudal, sobre o pendunculo, côr de bron- ze. Orla das escamas escura. Nadadeiras — dorsal côr de laranja com fa- chas obscuras; peitoraes transparentes denegridas; anal cor de laranja; caudal d'essa mesma côr, com zebruras bronzeadas rubescentes. No alcool essas cores esmaecem para deixar o fundo pardo vinaceo com as manchas e estrias côr de sépia. Nadadeiras amarellas albicantes, com excepção da caudal que se torna denegrida. Atlântico Occidental, de Charleston, na America do Norte, a Montevi- deo, na do Sul. Haliperca radialis (-) (Qy. & omrd.) MICHOLE. D. X-l-12; A 111-1-7; L. lat. 52 Cabeça 3 vezes no comprimento total ; bocca ampla, anterior, mandi- bula ligeiramente prognatha. Dentes villiformes, em facha sobre os inter- maxillares, mandibulares, vomer, palatinos e pharyngeanos ; caninos sub- eguaes, em geral constituindo uma orla externa. Narinas separadas, a ante- rior valvular, a posterior redonda, de bordos rasos. Olhos grandes, 4 e 1/2 (1) Formosa— formosa, bella. (2) Radialis— Cheia de raios (no angulo do preoperculo). ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL — Vol. XVII 30 vezes na cabeça Toda a parte inferior da cabeça, focinho, alto do craneo e uma facha sub-orbitaria posterior, completamente desprovidos de esca- mas Operculo com dez ordens de escamas, com o bordo posterior recto, obliquo de diante para traz, finamente pectinado com o angulo forte- mente espinhoso saliente e de contorno redondo. Espinhos operculares fracos, o inferior ausente, superior obsoleto. Prega axillar pouco des- envolvida; linha lateral normal, escamas grandes e regulares. Dorsal en- talhada. Peitoraes truncadas, ventraes originando-se sob as peitoraes que não attingem a vertical do anus. Anal pequena, regular, com o I.°aculeo menor do que a metade do 2°, e 3° maior que os anteriores. Caudal curta, angularmente entalhada. Robusto, pardo amarellado no dorso, albi= cante no ventre com fachas escuras transversaes. Dorsal fasciada como na espécie precedente, escamas dos lados com o centro prateado. Base da cauda com o centro escuro; e zebruras da mesma côr sobre a nadadeira caudal. Peitoraes, ventraes e anal amarelladas. flndividuos em alccoolj. O colorido de indivíduos em alcool é muito semelhante ao da espé- cie precedente também em alcool. Habitat : Desde a America Central até Santos, no Brasil. SERRANUS (1) cuv. Régne Animal, 1 ed., pag. 276—1817 Corpo alongado. Altura 1/3 á 1/4 do comprimento total; bocca mo- derada; maxillares sem osso supplementär; mandíbula provida de cani- nos nos lados. Narinas separadas, alto da cabeça, focinho e região preor- bitaria nús. Dorsal quasi sempre continua, com os aculeos sub-eguaes ; for- mula IX á X 4- 11 á 15. Preoperculo simples ou finamente pectinado com o angulo arredondado, escamas variáveis em tamanho. I Pardacento, (no alcool) ou virescente (em vidaj ma- ^culado de rubro e negro, ventre nitidamente branco yamarello no alcooU duas maculas pretas, na base da CílllHíll mib-triinrada caudal, uma superior outra Inferior S. flavwentris ' Ruhescente maculado de negro, com dous anneis ne- \ gros, Incompletos atraz dos olhos S. annularis SCincento ordesiaco, nadadeira dorsal com pontos amarellos e vermelhos ■ S. castelnaui Amarellado com seis barras verticaes escuras, uma grande mancha negra sobre o lado interno do oper- eulo S. atrobranchus (2) (1) Serranas, latinisação de Serran, nome vulgar, na França, de Perca cabrilla L., typo do género (2) A's formas acima addiciono a seguinte, por mim encontrada na antiga collecção de peixes montados no Museu Nacional, sem indicação alguma e que eu supponho ser brasileira apenas peia natureza da preparação. 31 A. DE MIRANDA RIBEIRO— FAUNA BRASILIENSE— PEIXES Serranus flaviventris^'^ (Cuv. l Bleeker Sur les Espèces Indo Archip. D'Odontanthias, etc. pg. 1—1872. (Nederl. Tijdschr. Dierk., IV pg. 235) Peixes com a cabeça curta, escamosa, maxillares escamosas abrupta- mente dilatados, rastros numerosos, bocca obliqua, intermaxillares com dentes caninos anteriores, mandibulares com 2 anteriores (em cada lado) 2 lateraes, curvos, lingua com uma placa central de dentes villiformes, li- nha lateral completa, formando um angulo sob o ultimo raio da dorsal; preoperculo serrilhado, com os dentes do angulo pouco augmentados. Dorsal continua, caudal furcada, com os raios lateraes prolongados. 3 espécies brasileiras : Dorsal com 12 raios molles , . . . . Odontanthias tonsor. S 3" espinho dorsal menor do que 04°, orbita 2 e 5/6 na cabeça, ven- traes prolongadas em filamentos. 2 O. asperilingua ._ fS" espinho dorsal é o maior, or- 'bita 3 1/2 na cabeça. Ventraes \ não filamentosos 3 0. duplicidentatas (1) Roseus (Lat.) coloração da espécie descripta. (2) Ocíos- dente, anthias, género creado por Bloch para o typo d'esta sub-familia (Anthias anthias (L.) {Anthos—Üox) 37 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES Odontanthias tonsor (') (Cuv. & vai.) D. X+12; A. III+VI «Foi Delalande quern a trouxe do Brasil. Assemelha-se tanto ao Anthias do nosso Mediterrâneo que é preciso a maior attenção para distinguil-o. Seus caracteres consistem nas denticulações do preoperculo um pouco mais fortes, nas ventraes mais longas, três raios molles de menos na dorsal e um de menos na anal. Os das outras nadadeiras são no mesmo numero que no Anthias do Mediterrâneo» . (Cuv. & Vai.) Odontanthias asperilingua/-^ cunth. D. X+15, A 111+7; L. lat. 37 Cabeça grande, 2e 4/5 no comprimento do corpo; dentes villiformes, ligeiramente curvos; dous caninos anteriores nos premaxillares, quatro nos mandibulares (dos quaes 2 lateraes). Maxillares largos, attingindo a verti- cal do meio da pupilla, escamosos. Narinas separadas, posterior junto da orbita, um tanto oval. Preobitarios estreitos ; olhos grandes 2 e 5/6 na cabeça. Preorperculo com o bordo posterior ligeiramente dirigido para diante, de cima para baixo, canto redondo ; é finamente pectinado e as pectinações do angulo augmentam ligeiramente de extensão. Aculeo oper- cular superior e mais proeminente posteriormente e mais separado dos dous outros. Dorsal grande, parte espinhosa com a membrana prolongando se em filamento curto no ápice de cada espinho, parte ramosa sub-truncada posteriormente. Peitoral grande, um tanto lanceolado, egual em compri- mento á distancia que vae da parte antero-superior do focinho, logo atraz dos intermaxillares ,ao inicio da linha lateral sobre o operculo. Ventraes originando=se na vertical do 2° aculeo dorsal, 'anteriores ás peitoraes ; têm o 2° raio muito prolongado (3 e 1/2 vezes o aculeo ventral). Anal redonda, 3° aculeo é o maior, o 1° é 1/3 do 3°. Caudal furcada, com os lobos muito prolongados (1/2 do comprimento total). Escamas grandes. Linha lateral curva-se para cima até á 3"" ordem longitudinal de escamas e depois para baixo descrevendo uma parabola da origem a 26^ escama (20'' serie trans- versal) e dahi segue em linha recta o meio do pedúnculo caudal. «Verme- lho estriado de dourado». Sòmento conhecido por um único exemplar, propriedade do Museu Britânico. America do Sul. (1) Tonsor ( at.)— cortador (Cabellereiro), barbeiro, nome vulgar da espécie typica, na França. (2) Asperilingua—Vmgua áspera. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL — vol. XVII 38 Odontanthias duplicidentatus, ^'^ Mir. Rib. D. X+15; A. II1+7; Vs. 1+5, Ps. 16; Poros 39 Cabeça 3 vezes no corpo (excluída a caudal); altura 2 e 1/2. Alto da cabeça, focinho e bem assim os m.axillares escamosos, escamas d'essas partes francamente ctenoides, as do resto do corpo fracamente. Bocca mediana, intermaxillares providos de uma orla externa de dentes cónicos maiores, inclinados para dentro; atraz d'essa orla vem uma facha de den- tes cónicos introrsos muito menores. Em cada intermaxillar anteriormente, ha um canino, primeiramente antrorso e depois introrso ; atraz de cada um d'estes e da facha de dentes pequenos, ha dous outros mais fortes, horizontalmente retrovertidos e sobre os quaes cahe uma prega semilunar da mucosa do paladar. Os mandibulares são providos de quatro dentes (2 para cada lado) anteriores, cónicos ; depois segue se uma facha de pe- quenos dentes cónicos, curvos, retrovertidos ; esta facha termina em cada lado em dous fortes caninos, também retrovertides e atraz d'estes segue-se uma fila de dentes cónicos menores. O vomer, os palatinos e toda a parte central da lingua são recobertos por uma placa dentifera. Os maxillares attingem a orla posterior da pupilla. Os olhos são médiocres 3 e 1/2 vezes no comprimento da cabeça. Face revestida de seis ordens de escamas, operculo de quatro (contadas de diante para traz e para baixo). O pre- operculo tem a margem posterior recta, ligeiramente obliqua de diante para traz, finamente dentada, tendo no angulo dous espinhos pouco desenvol- vidos, largos e chatos. Nadadeira dorsal continua, provida de curtos fila- mentos nos espinhos ; o terceiro espinho é o maior ; os demais vão grada- tiva e insensivelmente diminuindo de comprimento até o decimo que é apenas menor de 1/6 da extensão d'aquelle ; os raios augmentam progressi- vamente até oil" que é o maior, decrescendo d'ahi abruptamente ao 15° que é pouco maior do que a metade do 11° e egual ao dobro do 1° espinho. Peitoraes do comprimento da cabeça, rhomboides; o nono raio que é o mais extenso, attinge a vertical levantada do segundo aculeo anal. As ex- tremidades das ventraes tocam o anus ; estas nadadeiras têm a base infe- rior á axilla das peitoraes. Anal pouco prolongada ; o segundo aculeo é o mais forte, menor, porém, do que o terceiro; o seu maior raior é o 5°, contendo apenas 1 e 3/4 vezes a extensão do segundo aculeo anal. Caudal lunada, com os lobos prolongados egualmente; é revestida de escamas até o meio de sua extensão. A linha lateral descreve o mesmo trajecto que no Odontanthias asperilingua; se imaginarmos, entretanto, uma linha recta que, partindo do angulo superior de abertura branchial vá á parte superior (2) Duplicidentatus — diiplicidentado, referencia á duplicidade dos caninos. 39 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES do pedúnculo caudal, a flexa d'essa corda ao arco formado pela linha la- teral será egual á um diâmetro da orbita. Carmesim com algumas manchas diffusas amarelladas e virescentes ; duas fachas escuras, indistinctas, uma partindo dos caninos anteriores do maxiliar superior, atravessa a metade antero-superior da iris e se diffunde no dorso sob os cinco primeiros espi- nhos ; a segunda parte de baixo da orbita, junto do maxiliar e perde-se no inicio da linha lateral. Olhos divididos em duas zonas por uma linha obli- qua, de traz para diante, passando pela margem posterior da pupilla. A parte anterior é violeta denegrida, a posterior amarella dourada. Nadadei- ras brancas, amarelladas. Habitat: Costas do Rio de Janeiro. Ilha Rasa. L-OBOTID/E Corpo alto, cabeça pequena, região frontal deprimida, larga, um tanto quadrada. Olhos pequenos, anteriores tangendo o perfil superior ; bocca protractil ; vomer e palatinos edentulos ; branchiostezios 5 a 6 ; branciíias 4 com uma pequena fenda após a ultima ; dorsal com a parte espinhosa maior do que a ramosa ; anal com três espinhos, ventraes maiores do qne as peitoraes . Escamas grandes, etenoides. Linha lateral completa. Um único género LOBOTESO) Cuv. Régne Anim. 2 e 3 H, pag. 137-1829 Cabeça pequena, região frontal deprimida . Bocca protractil, provida de uma fila de dentes pequenos sub eguaes nos intermaxillares e mandi- bulares, seguida de uma facha posterior de dentes curtos, maxillares es- treitos, em parte occultos sob as preorbitaes . Narinas separadas, a pri- meira tubular, a segunda simples. Orbita pequena ; preoperculo forte- mente aculeado nos jovens, em os quaes se encontram aculeos an- trorsos, no bordo inferior; absolutamente serrilhado no adulto. Operculo com dous aculeos chatos Corpo alto Linha lateral presente, completa. Dorsal entalhada, parte espinhosa maior do que a ramosa. Anal com três aculeos. Peitoraes menores do que as ventraes. Uma única espécie cosmopolita e muito commum nas nossas aguas de Norte a Sul : (1) Lobotes ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL — vol. XVII 4 Lobotes surinamensis ^'^ ^'• FREJEREBA D. XI! + 15; A. 111 + 11 L. lat. 51 Cabeça 3 vezes no corpo, de perfil concavo, fronte chata, orbitas an- teriormente salientes Intermaxillares grandes, robustos, com uma fila de dentes cónicos sub eguaes, tendo em sua extremidade anterior uma facha de dentes muito pequenos ; maxillares estreitos, quasi totalmente occultos sob os sub orbitarios anteriores ; mandíbula forte, proeminente ; mento tubercular; pseudo branchias curtas; 13 rastros. Focinho curto; narinas anteriores tubulares, tubos curtos, situadas do lado interno das poste- riores que são circulares. Olhos pequenos ; orbitas 6 vezes na cabeça, 2 vezes no espaço interorbital . Preoperculo, no joven fortemente armado, tendo os aculeos do bordo posterior dirigidos para para cim.a, os do infe- rior, para diante, os do angulo normalmente para traz e para baixo; no adul to essas armações se obliteram os aculeos do operculo são rhombos e ob- soletos, o superior é denticulado. O post-temporal é fortemente denticulado; da mesma forma a lamina externa da clavícula. Corpo, como a cabeça, for- temente comprimido, alto 2 e 1/4 no comprimento total. O 5° aculeo é o maior. Toda a parte espinhosa encaixa-se n'um sulco dorsal formado pe- las escamas superiores do dorso; parte ramosa alta, escamosa. Peitoral pe- quena, menor do que a ventral que, por sua vez, não attinge o anus; r espi- nho da anal egual á metade do terceiro, essa nadadeira é escamosa da base ao meio de sua altura. Caudal bi-truncada, pedúnculo curto. Preteado de- negrido. Joven com estrias longitudinaes na cabeça e zebruras mais ou menos irregulares pelo corpo, as vezes uma orla branca na caudal. E' um peixe muito robusto e carnudo, bastante apreciado. Cresce até cerca de 70 centímetros. Gosta muito de vir átona, encostando-se á som- bra d 'algum pedaço de madeira solta sobre a agua e ahi permanecendo á garra. E' no entanto peixe de fundo, sendo commumente apanhado com espinhei. (1) Surinamensis, de Surinam. 1 MOLODONXr'^ Forma sub-losangular, comprimida. Bacca de hiato, variável senda ora provida de dentes villiformes apenas nas maxillas, ora dentes villiformes no vomer, nos palatinos (ás vezes molares aqui também presentes) appare- cendo egudlmeníe caninos nas rnariuibülas; ura ha denies incisivos ou cóni- cos ou molares apenas nas maxillas. A's vezes o segundo interhaemal excavado, grande, recebe o extremo posterior da vesícula natatoria no sulco anterior. Operculo inerme. Duas dorsaes reunidas. Anal com III aculeos. L. tateral normal. Escamas cycloides ou ctenoides. Bocca protractil ; dentes villiformes apenas sobre as maxillas; peitoraes normaes Eucinostomidce Bocca de hiato varia- / Peitoraes modificadas nas condições retro Chilodactytidce vel. Peitoraes ás ve- zes com os raios in- feriores simples e dos quaes alguns prolon- gados Dentes villiformes no vomer e nos palatinos Lutjanidœ Peitoraes mães . . . . nor- Vomer e palati- nos edentulos . . Molares pre- sentes Soaridœ Molares au- sentes Kyphosidoe Mola, a mó ; odous, dente, allusão aos dentes molares. EIUOIIM IVIID ^\ J. L) S R A R Y) eucinostomid/e: Peixes pequenos ou de tamanho moderado, de forma subelliptica ou- rhomboidal, de cabeça pequena, com perfil triangular. Bocca central, médios cre, grandemente protactil devido a extensão da apophyse ascendente dor premaxillares e á uma prega mandibular lateral, revestida de escamas que apparecem á guisa de bigode. Maxillares sem osso supplementär, exte- namente appostos aos preorbitaes que são estreitos, anteriormente curvos, inteiros ou pectinados. Maxillares providos de dentes villiformes, eguaes ; palatinos vomer e pterigoides sem dentes. Os sinus em que se encaixam as apophyses ascendentes dos premaxillares são muito longos, lineares ou ob- ovaes, e estendem-se até acima da vertical ou margem posterior da pupilla, sendo externamente nus, em parte, ou inteiramente revestidos de escamas. Narinas superiores lateraes, obliquamente elliptic: s, as anteriores menores, mais ou menos valvulares e ambas próximas da arcada orbitaria. Olhos la- teraes, quasi no perfil da cabeça, médiocres. Preoperculo inteiro ou pectinado, revestido de escamas, com as escamas da orla menores. Operculo inerme, ar- redondado ou lyriforme, escamoso, como o sub e o interoperculo. Branchios- tegos 6. Rastros curtos, um tanto espessos, isolados. Escamas cycloides. Os caracteres osteologicos mais frisantes apparecem na forma dos pharyngeanos inferiores ás vezes unidos^ ' apparentemente, revestidos de dentes obtusos. As vertebras são em geral em numero de 10 + 14 e o 2- interhaemal, ás vezes apresenta-se modificado cyathiforme, quasi de modo análogo ao interhaemal dos Calami. Vesícula natatoria ablonga, ligando-se posteriormente ao 2 inter- haemal. Caeca rudimentares. Tubo intestinal pouco desenvolvido. Os peixes d 'esta familia são vulgarmente conhecidos pelos nomes de Carapicús, Cara- tingas e Carapébas. (Acará-picus, Acaratinga e acarapébas). (1) o que fez com que alguns autores os collocassem entre os Pharyngognathas. Chare para os generös brasileiros < ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL — VOl. XVH 4 /Corpo alongado; anal com a parte espinhosa moderada- mente desenvolvida; preoperculo liso; segunda apophy- se interhaemal cyathiforme Eucinostomus /Corpo curto, rhomboidal; anal com a parte espinhosa muito desenvolvida; preoperculo pectinado; segunda apophyse interhaemal não modificada Diapterus EUCINOSTOMUS W Baird. & Girard. Ninth Smishsonian Report pag. 20-1855 Corpo allongado, revestido de escamas cycloides, um tanto deciduas Perfil anterior cephalico triangular. Narinas transversalmente ellipticas, as anteriores valvulares as posteriores simples, maiores do que as anteriores. Preorbitaes sinuosos, pequenos, inermes; olhos lateraes, superiores 2 e 1/3 á 3 vezes na cabeça. Preoperculo tendo os bordos quasi em angulo recto, lisos. Operculo lyriforme, inerme. Anal com 3 aculeos moderada- mente desenvolvidos. O 2* interhaemal muito desenvolvido,^^) ouço, cya- thiforme, recebendo o extremo posterior da vesícula natatoria, que ahi des- embocca. São os peixes marinhos commumente conhecidos entre nós pelo nome de Carapicù. Espécies brasileiras: v) /Sinus premaxillar recoberto anteriormente de escamas e deixando núa a par- E ( te posterior em um espaço oval E. gula %) O \ . ! Olhos 3 vezes, 2''aculeo anal 2e 2/3 á 3 e 1/3 c JSinus premax.llar linear, semi ^^ ^ ^ harengulus ^ [ facha transversal anterior de' Üj \ escamas / \ Olhos 3 e 1/5, 2 aculeo anal 4 e 1/2 na cabeça E. pseudogula Eucinostomus gula<^> (cuv. Peixes de apparencia haemuloide, de bocca antero-inferior provida de dentes villiformes em faxa ou ligeiramente cónicos nem sempre presentes na mandíbula. Intermaxillares protacteis. Narinas duplas, próximas das orbitas, estas lateraes; orla ocular livre. Preoperculo e operculo distinctos, inermes; abertura opercular ampla a membrana involvendo o isthmo que é mais ou menos entalhauo. Rastros presentes. Branchiostegos 5 á 6. Pseudobranchias presentes. Post-temporaes expostos. Escamas cycloi- des. Linha lateral presente. Dorsal entalhada; anal symetrica com a dorsal ramosa. Peitoraes com a base larga, procurrente e tendo os raios inferiores simples e um delies, ás vezes, muito prolongado. Ventraes tho- racicas, com um aculeo. Vesícula natatoria lobulada. Appendices pylo- ricos presentes. Género constatado no Brasil. CHlLODACTYLUS,(2) Lacép. Hist. Nat. des Poiss., vol. V, pg. 6—1803 Caracterisado pela espessura dos lábios, dentição villiforme nos inter- maxillares, inexistente no mandibular; uma orla de dentes maiores exterior aquella dos intermaxillares e presente na mandíbula. Vomer e palatinos edentados. Um dos raios simples das peitoraes muito prolongado. Cau- dal furcada e vesícula natatoria multilobada. Espécie constatada no Brasil: 1) Chilodactylus, género referido; eidos, semelhante. 2) Chilodactylus, «a forma dos lábios e dos dedos ou raios das peitoraes». (Lacép). ARCHTVOS DO KUSSV NAOONAL VOl. -- XVII 2 Chilodactylus macropterus (^> (bi. & schn.) D. XVn+25; A. 111 + 13; L. lat. 53 Forma sub-rhomboidal, comprimida. Cabeça 3e 1/2 no comprimen- to até a base da caudal. Bocca mediocre, antero-inferior, com os interma- xillares protracteis e, como os mandibulares, revestidos por lábio espesso e reflexo; maxillares pequenos, quasi por completo occultos sob o dila- tado c espesso suborbital, cujo bordo anterior faz uma ligeira saliência so- bre o focinho. Dentes villiformes, em faxa, sobre os intermaxillares, or- lada de uma serie exterior de dentes cónicos, um tanto maiores; uma serie idêntica nos mandibulares. Narinas duplas, contiguas, a anterior com uma oria membranosa baixa. Olhos lateraes, moderados, e de oria livre. Pre- operculo de bordo inteiro; opercuio e suboperculo idem. Rastros 4/13. Abertura branchial ampla, a membrana, porém, reunida sobre o isthmo que envolve; ha um entalhe baixo neste e depois uma saliência na arcada es- capular, para dentro da cavidade branchial e opposta a base da peitoral . Pseudobranchias presentes. O osso post-temporal exposto. Escamas cy- cloides, porém, espessas, ausentes sobre o focinho. A linha lateral acom- panha o perfil da base da dorsal, em curva suave, até a caudal. Dorsal nascendo sobre a vertical da base das peitoraes, entalhada na separação da parte espinhosa da ramosa, cujos primeiros raios são mais altos que o ul- timo aculeo. Ventraes na vertical do 9° aculeo dorsal. As peitoraes são entalhadas pelo prolongamento de alguns dos seus raios submedianos, um dos quaes é pouco maior que a metade do comprimento que vae do focinho á base da caudal. Anal é baixa e a caudal furcada A coloração deste peixe é argyrea, ligeiramente plúmbea translúcida para a região dorsal. A membrana interorbital da dorsal e a base das peitoraes são escuras . Cavidade branchial purpurea. Berg achou para formula deste peixe D. XVIII+25 á 27; A. 111+13 á 14; L. lat. 52 á 55; L. tr. 6/17. Habitat: Günther dá Porto Arthur e Australia para procedências desta espécie; Berg encontrou-o em Mar dei Plata, d'onde eu proprio trouxe um exemplar em 1908. O Museu Nacional possue um de fora da barra, of- ferecido pela casa Carios Basilio. O maior exemplar que tenho visto deste peixe vae figurado neste trabalho e mede 42 centímetros, pertencendo ás collecções da Inspectoria de Pesca do Ministério da Agricultura. 1) Macros, grande; pieron, aza, nadadeira. o C/J ce C/D 3 01 *-< O. o u C/3 ■o O CM E 1 JAIMID 4 l-utjanid>=e:<'> Peixes de corpo oblongo, comprimido moderadamente, de cabeça mais ou menos núa, começando as escamas a apparecer em tamanlio abru- ptamente egual ao das do corpo, sobre a nuca e sobre a face em fila obliqua, não havendo a gradação como na maioria dos peixes; ás vezes apenas as escamas da região temporal são um pouco menores. Dorsal continua, ou mais ou menos entalhada. Anal com 3 aculeos, mais ou menos semelhan- te a parte ramosa da dorsal. Ventraes triangulares, sob mais ou menos a base dos peitoraes. Linha lateral completa, normal. Dentes cónicos, ás vezes caniniformes, nunca in- cisivos. Dentes do vomer e palatinos em placa villiforme, ( os palatinos podem ser molariformes e, ás vezes, não existir ) pharyngeanos inferiores separados. Maxillares sem osso supplementär, mais ou menos occulto sob a dilatação posterior dos lábios e sob o bordo antero-inferior dos pre- orbitaes. Como caracteres osteologicos pode^se considerar a ausência de tu- bérculos articulares dos epipharyngeanos e desenvolvimento das apophyses articulares dos palatinos e pharyngeanos. As 4 vertebras anteriores não pos- suem parapophyses, podendo se considerar como formula vertebral — 10+14=24 como o fazem Jordan e Evermann. Esta familia é representada, no Brasil, segundo os dados até agora existentes, pelos três géneros abaixo, os quaes encerram os caranhos^-^ os vermelhos etc., peixes bem considerados nas mesas brasileiras, comtudo em posição assas inferior ás garoupas e outros peixes pretos. São animaes vigorosos e vorazes, ás vezes attingido á grandes dimensões e peso; e providos de poderosos dentes. Nos mezes de Dezembro á Fevereiro são mais communs do que nas outras épochas do anno, no Rio de Janeiro. (1) Lutjanus, género typico; eidos, semelhante. (2) Obliteração de Acará-aya. ARGHIVOS DO MUSEU NACIONAL — VOL. XVII 4 Pterygoides dentados; dentes / Sub operculo nii, dentes vo- occultos sob a mucosa nos I merinos em placa rhomboïde Rhomboplites . jovens ; T T TT I A Min /P ' / ^"'' operculo escamoso, den- LU 1 JAINIU/Ci >j f tes vomerinos em pontada \ flecha Ocyurus. Pterygoides desdentados Neomœnis. RHOMBOPLITES, (1) gíh. Proc. Acad. Nat. Sei. Philad. pg. 273—1862 Corpo oblongo, comprimido moderadamente. Nadadeira dorsal conti- nua. Cabeça tendo as regiões frontal, preorbital e mandibular nuas. Preo- perculo, interoperculo e operculo escamosos, sub-operculo mi ; caudal for- temente escamosa. As facetas articulares dos prefrontaes desenvolvidas de sobre tubér- culos simples, tendo esses ossos as areas posteriores cribriformes. Basis- phenoide não é lobulado. Vomer provido de uma placa rhomboidal de dentes seguidos que se prolonga em uma posterior egualmente den- tada, palatinos, hyodes e os pterygoides revestidos de dentes ( os dentes pterygoides apparentes no adulto. Este género tem uma única espécie a qual também frequenta as aguas brasileiras : Rhomboplites aurorubeas ^^^ D. Xill -f- 11; A. III + 8. Poros 50 Cabeça 3 e 1/6 alta; mandíbula prognatha, espessa; maxillares attingindo a orla anterior das pupillas, estreitas, occultando-se em parte sob os pre- oculares. Dentes inter-maxillares eguaes, cónicos, em uma fila atraz da qual encontra-se uma facha de dentes villiformes ; o mesmo succède com os mandibulares cuja orla externa é mais robusta que a dos inter maxilla- res e cuja facha villiforme só existe na parte anterior da mandíbula. Lingua com duas placas dentigeras. Narinas separadas, a distancia que vae da posterior á orbita é ligeiramente menor do que a que vae da anterior ao bordo infero-anterior do preorbitario. Olhos 4 vezes na cabeça. Bor- do posterior do preoperculo vertical, um tanto sinuoso, fracamente den-^ (1) Do grego; Rhombos—oplites—rhombo armado (de); forma da placa de dentes vomerinos. (2) Do latim', aurum, o ouro, ruôe/is,— rubescente;— vermelho-dourado. 5 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES tado, bordo inferior curvo, com as denticulações maiores (incluindo também a do angulo). 21 rastros no ramo inferior do 1° arco. Linha lateral normal; es- camas pequenas, as da região temporal menores. Dorsal e anal de contorno quasi egual ao das mesmas nadadeiras de Priacanthas arenatus. A !• é um tanto sinuosa. Os aculeos são fracos, 4" dorsal 2 e 2/3 na cabeça 3° anal (maior do que o 2°) do mesmo comprimento que o 5° raio molle (anal). Peitoral falcada, grande, um pouco menor do que o comprimento da cabeça. Ventraes triangulares, originando-se atraz da base das peitoraes e não attingindo o ápice d'essas nadadeiras. Caudal furcada, grande, bastamente escamosa. Vermelho vivo mais claro inferiormente e nas nadadeiras Obliqua e indistinctamente estriado de fusco de traz para diante, na região dorsal, flancos com estrias irregulares douradas. Habitat : Atlântico occidental, desde Charleston, na Am. do Norte até o Rio de Janeiro, no Brasil. OCYURUS, O Qiu. Pr. Ac. Nat. Sei. Philad., pg. 236- 1862 Os caracteres cranêanos que baseam este género, são constituídos pela projecção anterior da crista fronto-occipital até proximo ás narinas, a area posterior dos prefrontaes é curta, excavada superior e anterior- mente. Não ha, entre os dentes, caninos volumosos como no género Neo- mœnis ; ao contrario, encontra-se dentes pterygoides no adulto. A na- dadeira dorsal é quasi continua, sendo os aculeos fracos, tanto nella como na anal. Uma placa de escamas sobre os raios na base das peitoraes. As es- camas do corpo são fracamente ciliadas, medianas; linha lateral completa, não formando angulo nem curva sob os últimos raios da dorsal. Uma única espécie, também brasileira : Ocyurus chrysurus ^^^bi.) MULATA D. X + 1.3; A. in + 9; L. lat. 52 Cabeça 3 vezes no corpo. Bocca moderada, maxillares pouco occultos sob os preorbitaes e lábio superior, atingindo a vertical da margem an- (1) Do grego óArys— agudo e o«ra— cauda; cauda ponteaguda. (2) Do grego cÄrysos— ouro e oura— cauda; cauda dourada. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL — VOl. XVII 6 terior da orbita; cada intermaxillar tendo 3 caninos moderados, ante- riores, e atraz de uma orla de dentes cónicos, maiores, uma estreita faclia de dentes villiformes. Mandibula com uma ordem de dentes cónicos externos e interiormente a esta, uma facha de dentes villiformes. Os den- tes do vomer estendem-se por uma facha em forma de ancora com um pro- longamento posterior mediano. 12 rastros no ramo inferior do 1° arco. Olhos grandes lateraes, situados quasi no meio da cabeça, sendo o seu diâmetro nella contido 4 e 1/2 vezes. Preoperculo finamente pectinado no bordo poste- rior, que é ligeiramente reentrante acima do canto, onde as pectinações são divergentes e um pouco maiores Altura 3 vezes no comprimento ; corpo regularmente lanceolado, comprimido ; escamas delgadas e finamente pecti- nadas. Dorsal baixa, muito pouco entalhada; parte espinhosa de contorno curvo, regular; parte ramosa do contorno recto superiormente, redondo pos- teriormente. Peitoraes falciformes, attingindo a vertical sobre o anus. Ven- traes triangulares, não attingindo o anus e repousando em uma depressão abdominal. Anal mediana, 3° aculeo é o mais longo, egual ao diâmetro da orbita. Caudal furcada, escamosa como a base das peitoraese da parte ra- mosa da dorsal e da anal. Olivascente violáceo superiormente, róseo infe- riormente ; uma facha amarella de ouro, nasce no focinho, atravessa os olhos, todo o corpo, dilata-se sobre o pedúnculo e colore toda a cauda ; as vezes algumas manchas amarellas sobre o dorso. Nadadeiras amarellas, A conjuncção das escamas, no abdomen, produz estrias longitudinaes amarelladas sobre o lado róseo d'essa parte do corpo. A Mulata não é um peixe commum nas aguas do Brasil ( pelo menos no Rio de Janeiro ). Não é saboroso, sendo mesmo um tanto desagradável ao paladar. Habitat : Atlântico occidental — desde Florida Meridional até o Rio de Janeiro. NEOM^ENIS, (1) Girard U. S. Mex. Bound. Surv., Zool., Fishes, pg. 18—1859 Preorbital grandemente desenvolvido ; narinas separadas, mais ou menos no meio da distancia que vae do focinho á orbita, a anterior cir- cular, nunca tubular ; a posterior fendida no sentido longitudinal do craneo do peixe. Dentes villiformes, em facha nos intermaxillares e mandi- bula, por fora dessa facha uma ordem de dentes caniniformes ou ca- ninos, 4 a 6 caninos anteriores maiores; 4 dentes vomerinos em facha estreita, angulosa, com o vértice do angulo dirigido para frente, com ou sem um prolongamento que partindo do lado interno do vértice do angulo se dirige para traz, e, finalmente, dentes nos palatinos ; pterygoides e (1) Afeo— novo; Mcenis, género referido. 7 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES pharyngeanos edentulos. Properculo com urn entalhe posterior, finamente dentado. Cabeça e focinho mis. Uma orla de escamas partindo do occiput dirigindo-se aos post-temporaes e outra anterior, isolada, parallela, delimitam um espaço em que se encontram 2 á 4 ordens de escamas menores. A pri- meira ordem de escamas do preoperculo, por ter a parte basilar descoberta, parece muito maior do que as que se seguem, o que empresta uma feição muito característica aos peixes deste género. Escamas espessas, ctenoides nus jovens; linha lateral presente, com as escamas que o formam quasi to- talmente occultas sob as collateraes. Nadadeiras moderadamente desen- volvidas Dorsáes unidas, com dez a onze aculeos. Anal com 3 aculeos. Peitoraes maiores do que as ventraes. Peixes vulgarmente conhecidos pelas denominações de Caranhos,^^' Vermelhos etc., alguns de grande porte ; carnívoros como attestam os vigorosos caninos de que são providos. Habitam os dous oceanos. As seguintes espécies são encontradas em aguas brasileiras : /l" aculeoanal egual ao 3°, 3 e 3/4 na cabeça. Uma fila superciliar de escamas— desde a orbita até o post-temporal— Poros 46— , , ^ , A. ni + 9 N. analis. /Anal falcada/ '2° aculeo anal menor, quasi egual ao 3* Fila superciliar de escamas ausente— Pó- D X 4- 14 ' \ ros 51, A. IH -f- 8 N aya (/Altura 2 e 7/8 á 3 e 1/4; 2" aculeo anal 4 e 3/4 1 na cabeça, poros 47 á 50 N. griseus. Anal redonda ' I J j 12" aculeo anal 3 1/2 ve- O 1 [Altura 2 e 3/4 ai zes na cabeça. 36 Poros N. apodas. ^ i \ 2 e 1/2. . . .) f2° aculeo anal 3 vezes na ^, cabeça. 45 Poros . . N. jocú \D. X -f 12 N. synagrb. Neomaenis analis ^^^ (cuv. & vai.) CARANHO VERMELHO D. X + 13; A. ni 4- 8. L. lat. 50-51 Cabeça 2 e 2/3 no corpo; bocca ampla, uma facha de dentes villiformes nos intermaxillares, vomer e mandíbula, os do vomer em facha angulosa sim- (1) Obliteração de Acará-aya. (2) i4na/(s— anal, referencia á nadadeira desse nome que é desenvolvida no peixe. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL — VOl. XIII 8 pies: A uma serie externa de dentes cónicos (caninos) maiores, nos interma- xillares e mandibula ; anteriormente, dous caninos d'esta serie, nos interma- xillares são muito desenvolvidos, havendo, ao seu lado interno, mais dous outros menores; os da mandibula são sub-eguaes, sendo três anteriores ligei- ramente maiores; focinho comprido, 2 e 1/4 na eabeça; narinas separadas, an- terior com uma valva delgada, posterior um tanto fendida, as duas si- tuadas quasi que equidistantemente do meio do comprimento que vae do extremo do focinho á orbita Olhos médiocres 6 e 1/3 na cabeça 3 álO rastros. Preoperculo finamente pectinado, com uma reentrância acima do angulo , cujos espinhos são maiores ; parte posterior do bordo inferior pec- tinado no joven. Operculo sem aculeo O post-temporal um tanto pectinado no joven. Corpo um tanto robusto, revestido de escamas grandes, ctenoi- des ; (1) de altura egual ao comprimento da cabeça ; nadadeiras desenvol- vidas ; dorsal espinhosa maior do que a ramosa que terraina em angulo como a anal; o 5° espinho é o maior. 2° espinho anal é o mais forte, menor do que o 2°. Caudal fracamente furcada. As peitoraes são falciformes com- pridas, quasi attingindo á vertical do 1° aculeo anal. As ventraes que lhe nascem sob a axilla, attingem o anus Dorso verdoengo, lados e abdomen róseo ; no joven observa-se algumas barras indistinctas transversas Uma pequena mancha preta, redonda, da linha lateral e abaixo do 2" raio da parte ramosa da dorsal. O caranho vermelho é um peixe bastante apreciado ainda que não tendo a carne muito saborosa Vive nos logares pedregosos, sendo pesca- do em covos ou em espinhei . E' bastante commum nas nossas aguas Habitat : Atlântico occidental, de Key West, na America do Norte a Sepetiba no Brasil . Neomaenis aya '^^ (bi.) D. X + 1; A. III + 9. Poros 46 Cabeça 2 e 3/5; olhos 5 e 1/2; maxillares attingindo a vertical anterior dos olhos, 4 caninos anteriores ; dentes caniniformes da mandibula, peque- nos, com alguns lateraes maiores ; os dentes villiformes da mandibula presentes só na parte anterior d'esta. Lingua com uma placa oval de den- tes e outra pequena irregular anterior. Prolongamento mediano dos dentes (1) Cabeça e focinho nús, duas ordens de escamas partem da região cervical para encontrar o post-temporal, uma outra vae de cima dos olhos ao canto antero-superior do operculo, preo- perculo com 7, operculo com 7, sub-operculo com 1 e inter-operculo com 1 ordem de escamas. (2) A>'a— de acará— aya— aesignat^äo brasileira do peixe. 9 A. DE MIRANDA RIBEIRO— FAUNA BRASILIENSE— PEIXES vomerinos pouco desenvolvidos. Preoperculo com 6, operculo com 7 sub e inter-operculo com uma fila de escamas Dorsal forte, 4° espinho 2 e 2/3 na cabeça. Anal falcada, 2 aculeo 4 vezes na cabeça. Peitoraes attingem a anal, falcadas, grandes . Vermelho róseo, mais pallido inferiormente, com linhas longitudinaes azuladas nas series das escamas, as vezes indistinctas, principalmente no adulto. Nadadeiras verticaes com uma orla denegrida. Jovem com uma grande placa negra sobre a linha lateral, abaixo do inicio da parte ramosa da dorsal Habitat : de Key West ao Rio de Janeiro. Neomaenis griseus <') (l.) D. X + 14; A. ni + 8; L. lat. 50 Cabeça 2 e 3/4 á 3. Bocca ampla; maxillares attingindo a orla anterior da orbita ou ao meio da pupilla. Caninos fortes, 4 anteriores nos interma- xillares, os externos grandes ; 2 anteriores, na mandíbula, grandes; cani- nos lateraes um pouco menores. Vomerinos de angulo simples ou de ponta de flecha variável . Preoperculo finamente serrilhado no bordo posterior, uma exavação baixa acima do angulo, denticulações d'esté um pouco maio- res e se prolongando algum tanto sobre o bordo inferior ; lingua com uma placa ovóide, lanceolada, de vértice virado para traz. Narinas mais próxi- mas da orbita do que da extremidade do focinho; olhos grandes, 5 vezes na cabeça. Corpo alongado, altura 3 e 2/3 no comprimento. Linha lateral com- pleta, normal, 7 filas de escamas no preoperculo, 7 no operculo, uma no sub-operculo, 1 no interoperculo, 3 na região temporal. Dorsal moderada- mente entalhada ; o 4 aculeo é o maior 3 e 1/4 na cabeça. Anal tendo o 2° aculeo mais robusto porém menor do que o 3°, 4 e 1/2 vezes na cabeça Peitoraes moderadas, menores do que 2/3 do comprimento da cabeça. Ven- traes não attingem o ápice das peitoraes. Caudal pouco furcada. Todas as escamas têm a parte basilar bronzeada e a terminal argêntea. Dorsal com uma orla marginal denegrida, assim como a anal e a caudal. Os grandes exemplares são de uma bella côr rosea rubra, quasi vermelha. Habitat : nas costas orientaes das duas Americas desde Nova Jersey, na do Norte até o norte do Brasil. Rio de Janeiro. Neomaenis apodus (Waib.) .D. X + 14; A 111 + 8. Poros 36 «Cabeça 2 e 1/2; altura 2 e 1/2. Corpo comparativamente alto, modera- damente comprimido, com o dorso consideravelmente elevado; perfil quasi (1) Gmeas— cinzento. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL — VOl. XVII 10 recto do focinho á nuca, região nucal mais propriamente convexa ; fociniio descommunalmente longo e pontudo, seu contorno ante os ollios um pouco deprimido, seu comprimento 5 e 5/7 na cabeça; olhos moderados, 4 e 1/2 na cabeça ; espaço interorbital achatado ou ligeiramente convexo, 5 e 1/2 vezes na cabeça ; bocca larga, maxillares attingindo a parte anterior da orbita, 2 e 3/5 na cabeça; maxillar superior com uma estreita facha de dentes villiformes, do lado externo dos quaes se acha uma única serie de dentes; 4 caninos na frente da maxilla superior, um d'elles, em cada lado, muito grande, quasi do comprimento do diâmetro da pupilla ; maxilla inferior com uma estreita facha de dentes villiformes, na frente somente, e uma serie maior do lado externo; d'esta os maiores no lado da maxilla, onde alguns d'elles são um tanto caniniformes; lingua com uma única e grande placa oval de dentes, de comprimento maior do que o dobro de sua lar- gura ; dentes no vomer formando uma placa settiforme, com um prolon- gamento para traz sobre a linha mediana, cuja extensão é egual ao dobro da ponta da flecha anterior. Rastros mais propriamente curtos e espessos, sendo o mais largo cerca de 1/3 do diâmetro dos olhos, mais ou menos 9 na parte inferior do arco. Preoperculo com a sua margem posterior diri- gida um tanto obliquamente para diante, em geral mui fracamente emar- ginada, finamente serrilhada na parte superior, quasi inteira no angulo. Escamas grandes, decididamente maiores do que em A^. jocú, sendo as series abaixo da linha lateral quasi horizontaes, as superiores em filas pa- rallelas com a linha lateral, tornando-se mais ou menos irregulares poste- riormente e projectando-se para cima e para traz em baixo da dorsal ra- mosa ; cerca de 7 filas de escamas sobre as bochechas, 1 fila no intero- perculo, 1 no sub-operculo e 7 no operculo ; região temporal com poucas escamas grandes em cerca de 2 filas ; base da dorsal {parte ramosa ) e da anal escamosa. Tubos da linha lateral com 4 ou 5 ramos cada um. Espinhos dorsaes fortes, perfil da nadadeira não muito convexo, A° espi- nho o mais longo, 2 e 2/3 na cabeça, o 10° espinho 4 vezes na cabeça ; margem da dorsal ramosa bem redonda; raios medianos os mais longos, egual ao dobro da extensão do ultimo e 2 e 3/4 na cabeça ; caudal pouco profundamente furcada, lobo superior mais longo 1 e 1/2 do compri- mento dos raios medianos, que são contidos duas vezes na cabeça ; mar- gem da anal bem redonda, seus raios medianos eguaes ao dobro da ex- tensão do ultimo, 2 e 2/7 na cabeça, o primeiro raio chegando ao meio do ultimo quando a nadadeira se acha deprimida ; espinhos anaes fortes, o 2° mais longo do que o 3,° e 3 e 1/3 na cabeça; ventraes 2 vezes na cabeça; peitoraes chegando á parte anterior da anal, 1 e 1/3 na cabeça. Gordos jovens em vida, esverdeada com cerca de 8 barras verticaes muito es- treitas, pallidas, sobre o corpo; escamas na parte inferior dos lados com maculas centraes côr ,de laranja, formando traços fracos ao longo das filas de escamas ; ventre côr de pérola ; cabeça esverdeada ; uma estria dene- 11 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES grida parte do focinho, atravessa os olhos e vae á nuca ; uma estria azul estreita, fortemente definida em baixo dos olhos, do focinho ao angulo do operculo ; não ha macula lateral ; nadadeira dorsal marginada de laranja ; ventraes, anal e caudal de côr amarella pallida; peitoraes mais pallidas. Os adultos differem dos jovens em terem as barras verticaes mais fracas ou ob- soletas e na ausência, commummente, de estrias azues em baixo dos olhos e da estria escura sobre a região temporal ; a dorsal ramosa, a anal e a caudal, são sempre amarellas, de intensidade variável e a margem da dorsal espinhosa cor de laranja, não obscura ; a area alvadia debaixo dos olhos, muito constante em N. jocú, falta em N. apodas. y> — ( Jord. & Everm. Buli. 47— U. S. Nat Mus. parte 11, pgs. 1258—9. ) Habitat : Atlântico occidental, desde Key West até Bahia. Neomsenis jocú (^) (bi. & schn.) D. X + 14; A. III -I- 8; 46 poros Cabeça 2 e 1/2 no comprimento total. Focinho pontudo ; bocca am- pla; maxillares attingindo a orla anterior da pupilla ; 4 caninos anteriores nos intermaxillares, os externos maiores, dentes vomerinos formando uma figura em forma de flexa ; dentes mandibulares sub eguaes com os ca- ninos um pouco maiores, separados. Um canino lateral sobresahe em des- envolvimento. Narinas separadas, anterior valvular, a posterior fendida. Olhos grandes, 4 vezes na cabeça, tangendo o perfil superior. Preoperculo finamente pectinado, entalhado acima do angulo no bordo posterior ; bordo inferior inteiro 9 rastros. Corpo alto, comprimido ; altura um pouco maior do que a cabeça, 2 vezes e 3/7 no comprimento total. Escamas grandes, espessas, 9 series acima da linha lateral á contar do 1° aculeo dorsal. Linha lateral completa, normal ; as escamas são pequenas, quasi totalmente occultas pelas collateraes, implantando-se o tubo em um ponto para onde convergem três a quatro sulcos da margem livre. Dorsal pouco entalhada ; o 4° aculeo é o maior ; parte ramosa com a membrana interra- dial escamosa até meia altura. 2 "aculeo anal muito forte, contido exacta- mente 3 vezes na cabeça. Peitoraes falciformes, grandes, quasi attingindo á anal. Ventraes pequenas, não attingindo o anus. Região temporal com três ordens de escamas ; uma ordem parte do occiput e termina nos post- temporaes ; 8 ordens no preoperculo ; 8 no operculo ; uma no sub-oper- culo e 1 no interoperculo. O individuo que sérvio para a presente discripção, procedente de Pernambuco e conservado no alcool desde 1875, acha-se visi- íl) yocú— nome pelo qual o peixe é conhecido em Cuba. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL — VOl. XVII 12 velmente descorado ; por isso recorro á discripção de Jordan & Evermann, dada na pagina 1258 do Boletim 47 ( II parte ) do Museu Nacional dos Estados Unidos «Olivaceo superiormente, pallido inferiormente, muito en- rubecido de tal modo que a cor torna-se geralmente vermelha— cobreada ; lados do corpo com numerosas barras transversaes indistinctas. sendo o claro e o escuro de quasi egual largura ou o pallido mais estreito ; escamas da parte superior medianamente bronzeadas ; cabeça cuprea, especialmente na parte superior ; uma larga area esbranquiçada desce dos olhos ao an- gulo da bocca, tornando-se rosea no alcool ; uma linha irregular de pontos pequenos ou oblongos sob os olhos, do focinho ao angulo do operculo ; todas as nadadeiras egualmente vermelho claro de tijolo, a anal um tanto alaranjada e a caudal um tanto amararellada. Nadadeira dorsal com uma facha laranja clara na base e na margem, meio cor de pérola. O joven em vida é verde olivaceo, cabeça e peito com nuanças de cobre violáceo ; base de cada escama, amarello laranja brilhante, uma mancha escura no alto da cabeça ; região temporal com um sombreado escuro, uma estria azul ondulante, do focinho ao angulo do operculo, uma estria, semelhante indistincta, abaixo d'esta ; peitoraes vermelho claro ou laranjo claro, outras nadadeiras amarello dourado vivo, parte anterior da anal e a margem da dorsal espinhosa laranjo claro brilhante. Habitat : Atlântico occidental, de Florida até Bahia. Neomaenis synagris (l.) VERMELHO HENRIQUE D. X + 12; A. III-)- 8: Poros 52 Cabeça 2 e 2/3 no comprimento total. Bocca ampla dentes vomerinos em forma de ancora , intermaxillares villiformes com uma orla externa sub egual, pouco desenvolvida ; dous caninos anteriores, moderados ; man- dibulares em facha, villiformes também com uma orla externa de dentes maiores cónicos. Narinas anteriores valvulares, posteriores horizontalmente ellipticas, 8 á 9 rastros. Preoperculo profundamente excavado no bordo posterior, junto do angulo ; tanto este como o bordo inferior finamente denticulados ; denticulações do bordo inferior um tanto isoladas. Corpo musculoso, de altura egual ao comprimento da cabeça. Região temporal com 6 á 7 ordens de escamas; preoperculo com 6, operculo com 8, sub operculo com 1/1, operculo com uma. As escamas do corpo, grandes, am- plamente ctenoides e a linha lateral é completa e normal ; as nadadeiras verticaes são escamosas ( dorsal na parte ramosa somente ) na base ou 13 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES até meia extensão. Peitoraes falcadas, passando o anus, ventraes apenas tocando-o. Esverdeado superiormente, róseo inferiormente, cinco á seis estrias longitudinaes douradas, duas das quaes passam pelos olhos e vão ao focinho. Uma grande macula negra sobre a linha lateral abaixo dos 4 ou 5 primeiros raios molles. Dorsal com duas fachas longitudinaes dou- radas ; peitoraes, ventraes e anal amarellas douradas, caudal rubescente . Habitat : De Florida ao Brasil (até Angra dos Reis). Bastante com- mum. SPARIDiŒ: ^'> Peixes de corpo comprimido, tendo, geralmente, a região occipito- cervical elevada, dorsal e anal baixas com os aculeos, assim como os raios, bem separados entre si. Cabeça moderada, sempre muito menor do que a altura, bocca antero-inferior, moderadauiente protractil. Dentes anterio- res em un-ia serie, seguida de uma facha moderada e os lateraes em duas á três series. Os anteriores cónicos ou incisivos ou conico-trúncados; os das series lateraes molariíormes. Vomer e palatinos edentados. Foci- nho curto, sempre menor do que o resto da cabeça. Narinas lateraes, supe- riores, as anteriores circulares pequenas, as posteriores maiores oblongas ou fortemente fendidas. Olhos lateraes, superiores. Preoperculo inerme, ligeiramente denticulado, deixando uma ampla margem desprovida de es- camas, operculo inerme, escamoso e bem assim o interoperculo. 4 bran- chias com uma ampla fenda atraz da ultima. Em geral uma prega cutanea liga o operculo ao l"arco branchial. Pseudobranchias moderadas, rastros médiocres. Escamas francamente ctenoides. Linha lateral completa, nor- mal. Dorsal com X á Xlli. Peitoraes falcadas, maiores do que as ven- traes; um appendice escamoso na axilla das ventraes, cuja formula é 1+5. Anal com 111 aculeos fortes; caudal escamosa, em geral furcada. Vesícula natatoria em geral simples, coecos pyloricos em pequeno numero e canal intestinal curto como soe ser nos peixes carnívoros. Vertebras 10+14. Peixes do Mediterrâneo, do Mar Vermelho, Mar do Mexico e Atlântico. Medeiam por 50 centímetros em comprimento. 1) Sparus, género typico; eidos semelhante. ARCHIVOS DO MUSEU lÍACIONAL Vol.— XVII Géneros encontrados em aguas brasileiras: _ /Narinas posteriores ellipticas, não fendidas Pagrus ^ ] /Interhaemal em forma de penna de escrever, sem •^ \ I acuieo antrorso na base do 1° aculeo dorsal, sem g^ / l placa negra sobre o pedúnculo caudal Calamus ^ Narinas posteriores \ ^1 aculeo antrorso na base do I ! 1° aculeo dorsal Archosargus Vlnterhaemal simples. .^) Sem aculeo antrorso na base do 1° aculeo dorsal; esca- mas cycloides. Uma placa negra sobre o pedúnculo caudal Diplodus PAGRUS (2) cuv. Règne Anira. pg. 272—1817 Peixes de corpo comprimido; bocca antero-inferior, tendo uma serie anterior de dentes caniniformes seguida de uma facha de dentes agudos, subulaceos ou setaceos e de duas ou mais series lateraes de molares. Na- rinas posteriores ellipticas, não fendidas como no género Calamus. Pre- operculo e operculo inermes, 6 branchiostegios, rastros curtos. Escamas finamente ctenoides; linha lateral completa; duas series de escamas es- triadas, parallelas sobre os lados da cabeça. Dorsal continua, com XII aculeos; peitoraes ponteagudas, grandes, ventraes moderadas. Um pro- cesso escamoso pelo lado externo de sua axilla. Anal com três aculeos, não maiores do que os raios. Caudal furcada. Apophyse interhaemal e visicula intestinal simples. Género europeu-africano, do qual a espécie seguinte também habita as aguas do Brasil.- Pagrus pagrus (l ) PAQRO OU PARGO D. XI + 12 ou XII + 10 ou II; A. 111 + 8; L. lat. 53 á 56; L. tr. 6/13 á 17 Perfil superior regularmente curvo, de curva muito mais accentuada do que o inferior. Cabeça 1/3 do comprimento, de perfil superior regular- (1) Deixa de ser incluído o género Pagdliis, n'esta chave, por ser duvidosa a presença de espécies que o representem em aguas brasileiras. P. mormyrus, L. segundo Cuv. & Vai, baseados em um espécimen empalhado, do Museu de Berlin e recebido por Bloch como procedente de "Fernambouc" e tendo a determinação do Pagellus perriambucensis). 2) Pagrus (Lat.) = o pagro. 5 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES mente curvo, inferior quasi recto ; comprimida ; bocca antero-inferior, moderada, de abertura égua! ao diâmetro da orbita; maxillares terminando sob a orla inferior da orbita. Nos intermaxillares 4 dentes caniniformes, eguaes, anteriores ; atraz d'esses uma serie de dentes cónicos logo seguida de uma facliada de dentes cónicos truncados, muito baixos e não muito finos ; essa fachada prolonga-se um pouco para os lados, emqeanto que a serie de dentes cónicos prolonga-se até o angulo da bocca, em linha recta; os dentes d'essa serie, pequenos anteriormente, augmentam de tamanho para os lados e depois do decimo segundo tornam-se molariformes ; inter- namente a esta ha outra serie lateral de dentes, estes, porém, são molares. Nas mandíbulas os dentes são como na maxilla superior. Focinho alto e curto, 3 e 1/2 vezes na cabeça. Peitoral egual ao diâmetro ocular. Na- rinas anteriores circulares, pequenas, posteriores ellipticas, maiores. Olhos 3 e 1/2 na cabeça. Preoperculo inteiro, com o canto perfeitamente redon- do, deixando á vista, desprovida de escamas, uma ampla margem trans- versal e finamente estriada, como se fosse tuyautée. Operculo alto e curto, inerme. A zona núa da cabeça não tem angulo agudo supero- posterior, sendo ahi completamente semi-circular e marcada pela margem posterior da orbita. Em compensação, uma serie de escamas sulcadas, vem dos lados da região occipito anterior, sobre a vertical do centro da pupilla e caminha em linha recta, até encontrar a vertical da margem posterior do properculo, marcada por uma depressão que segue a linha divisória externa, entre o preoperculo e operculo e forma, com essa de- pressão, um angulo obtuso, de 100". Outra linha de escamas idênticas, vem do alto da cabeça e, em curva, dirige-se ao inicio da linha lateral. Esta é completa, fortemente curva no inicio, continua, depois, parallela ao perfil dorsal. As escamas, finamente ctenoides, estão dispostas em series parallelas á linha lateral, acima e horizontaes, abaixo d'essa linha. A dorsal é baixa, um tanto sinuosa no seu perfil superior. As peitoraes são longas, pontudas e escamosas na base ; attingem á vertical levantada sobre o 2.° raio anal. Ventraes moderadas, encaixando-se n'uma depres- são abdominal e providas de um appendice escamoso axillar ; o seu ápice attinge o anus que é situado no segundo terço de um espaço nú que abran- ge 7 ordens de escamas. Anal symetrica com a parte escamosa da dorsal, 2° e 3." aculeos eguaes em tamanho, o 2.°, porém, mais forte ; são um pouco mais curtos do que os raios. Tanto a dorsal como a anal podem se occultar, em parte, em um encaixe basilar. Caudal furcada, escamosa. Rubro róseo, com irisações douradas, nadadeiras amarelladas, cá e lá encontra-se escamas tendo um ponto azul, o que forma series irre- gulares sobre o corpo do peixe, bastante distinctes sob a linha lateral. Nos indivíduos em alcoal não se nota traço algum de azul. Habitat : Mediterrâneo, Attlantico, o Sul da Europa ; Costas da America do Norte, Brasil de Norte á Sul, Republicas Argentina e Uruguay. ÁRCHIVOS DO MUSEU NACIONAL vol.— XVII 6 CALAMUS, (1) Swainson Nat. History-Fishes vol. II, pg. 222-1839 Corpo comprimido, perfil superior fortemente curvo, inferior franca- mente. Focinho curto, alto pela elevação dos preorbitaes ; narinas an- teriores circulares, pequenas, posteriores fendidas, apresentando o con- junto a seguinte forma de um ponto e virgula invertido. Bocca antero inferior, provida de lábios pouco espessos e de dentes caniniformes ante- riores em uma serie externa e outra múltipla, de dentes cónicos, villifor- mes. Atraz d'esses dentes, sobre os lados das mandíbulas, ha duas ou três series longitudinaes de dentes molares O preoperculo é inteiro tendo uma ampla margem descoberta. O operculo é inerme, redondo ou angular. Os rastros são pequenos ou melhor, tuberculares, isolados, em pequeno numero. A altura é, na regra, maior do que o comprimento da cabeça. As escamas finamente ciliadas, são de tamanho moderado, em series parallelas acima, horizontaes abaixo da linha lateral. Dorsal baixa, com XI á Xlll aculeos. Peitoraes triangulares, maiores do que as ventraes que se originam sob sua axilla. Ha um processo escamoso na axilla dessas nadadeiras, internamente. Anal com III aculeos menores do que os raios, symetrica com a parte ramosa da dorsal, caudal, geral- mente furcada. U caracter osteologico mais frisante do género consiste na curiosa forma da segunda apophyse interhaemal (2) que se dilata em forma de penna de escrever para receber, na concavidade anterior, o extre- mo posterior da vesícula natatoria. O processo prefrontal forma um angulo obtuso com o supraorbital, o que produz a saliência externa, ante- rior á orbita que se observa acima das narinas posteriores. Espécies brasileiras : / Dentes caniniformes anteriores 4-6/6- 8; L. lat. 56, L. tr. 8/19 C. bajonado \ Olhos, no adulto, maiores do que a metade da altura dos preorbitaes; 3 / V fachas denegridas, entre a axilla das Dentes caniniformes posteriores 8/10; \ ventraes e a anal C. penna \ L. lat. 48, L. tr. 6/13 julhos, no adulto, eguaes á metade da altura dos preorbitaes 4 fachas es- curas transversaes, entre a axilla das peitoraes e a anal C. arctifrons (1) Calamus = penna de escrever (2) o osso sobre o qual se articula o 2" aculeo da na- Uadeira anal. 7 A. DE MIRANDA RIBEIRO - FAUNA BRASILIENSE - PEIXES Calamus bajonado (i) (bi. & schn.) D. XII + 12; A. Ill + 10; L. lat. 56; L. tr. 8/19 Oblongo, perfil superior fortemente, inferior moderadamente arquea- do. Cabeça 3 e 1/4 no comprimento. Bocca anterior, maxillares attin- gindo 0 bordo anterior da orbita, dous caninos anteriores um pouco maiores do que os demais, havendo 4 á 6 superiores e 6 á 8 inferiores Preorbital alto, 2 e 1/4 no comprimento da cabeça; narinas como em Lalamus penna, posteriores, um pouco mais estreitas e comprimidas sendo o íocinho contido duas vezes e pouco na cabeça. Olhos í vezes na cabeça. Preoperculo com o bordo posterior ligeiramente concavo e o canto perfeitamente redondo. Operculo inerme, formando o bordo poste- rior um angulo obtuso. Altura 2 e 1/4 no comprimento. Dorsal pouco entalhada. Linha lateral completa, normal, escamas como em C. p^/z/za Peitoraes falciformes, não attingindo a anal ; ventraes menores do que as peitoraes, triangulares. Anal symetrica com a dorsal ramosa, de bordo posterior convexo. Caudal furcada. "Côr bronzeda obscura, com pouco azul ; uma estria azul, indistincta, embaixo dos olhos; preorbital cobreado obscuro, commummente uniforme as vezes indistinctamente estriado de azul, axillas amarelladas ; ventraes igeiramente denegridas. Jovens, como nas outras espécies, com fachas 509'-T893) '''"'"'"^ ^^'"'''" '' ^'''- ^'P- ^ ^- ^''^^- ^°'^-' Pg- O Museu de Zoologia Comparada, de Cambridge possue exemplares procedentes de Porto Seguro. Habitat : De Florida, na America do Norte, até o Estado da Bahia, no orasil. Calamus penna (2) (Cuv. & vai.) PEIXE - PENNA D. XII + 12; A. III + 10; L. lat. 48; L. tr. 6/13 Adu/fo: Ovóide, perfil inferior muito menos curvo do que o superior cabeça curta, alta 3 e 3/5 no comprimento ; toda a região entre uma linha supercihar transversa, e outra post-orbital que desce até a articulação mandibular, nua, o que empresta á phisyognomia do animal um aspecto ovino bastante acentuado. Bocca pequena, antero-inferior, iníermaxila- res e mandibulares protegidos por lábios delgados mas largos ; maxillares quasi completamente occultos sob ás preorbitaes, attingindo a orla anterior aa pupilla. Dentes em duas series anteriormente: na 1 .'' composta de 1) bajonado (Hesp.) provido de baioneta \ 2) penna (portuguez) penna (de escrever). ) ^ °^^° interhaemal. ARCHiVCHOS DO AIUSEIT NACIONAL— VOl. Xv!l 8 uma unica fila, elles são cónicos, curvos e augmentão de tamanho dos lados para o centro; ha 8 superiores e 10 inferiores. Na segunda serie, composta de 4 filas parallelas, são villiformes e de egual tamanho (aliás muito reduzido). Os lateraes, molariformes, da serie externa, são mais altos, emquanto que os da serie interna que é dupla na maxilla superior, são mais largos. Preorbitaes altos, 2 e 1/2 vezes na cabeça, egualando quasi ao diâmetro do espaço interorbital . Narinas anteriores muito pe- quenas, circulares, as superiores fendidas para cima, as duas acham-se muito proximo da orbita e lembram um ponto e virgula invertido cuja ex- tremidade da virgula tocasse justamente a orbita no meio da altura. Olhos com o centro acima da horizontal da axilla superior do operculo, 4 vezes na cabeça Preoperculo inteiro, tendo o bordo superior vertical, imper- ceptivelmente concavo e o canto amplamente circular. Operculo inerme, com o bordo livre redondo. Corpo elevado, comprimido. 2 e 1/7 no comprimento total. Escamas moderadas, cycloides; as superiores alinha lateral em series parallelas á esta e as inferiores em serie horizontaes. Nadadeira dorsal baixa, de perfil superior sinuoso. Parte espinhosa de perfil superior redondo, o 4.° aculeo é o maior ; ha gradação regular do 1." ao 4.° e d'esté ao decimo segundo que é egual ao segundo. Anal sy- metrica com a dorsal ramosa, o 3.° aculeo é o maior, pouco excedendo, ao segundo é menor ou egual ao ultimo raio; o perfil posterior d'essa nadadeira é regularmente convexo. A caudal é furcada, tendo os lobos que são estreitos e mais ou menos eguaes, o bordo externo recto e o ápice redondo. As peitoraes são triangulares e attingem a vertical sobre o anus, sendo mui- to pouco maiores do que o comprimento da cabeça. As ventraes são também triangulares, tendo um processo escamoso externo á axilla ; são menores do que as peitoraes e não attingem o anus. Argênteo cinereo ; uma facha alvadia desce dos olhos ao angulo da bocca, 7 fachas cinereas transversaes sobre o corpo, a 1.^ passando sobre a base das peitoraes e perdendo-se acima da axilla das ventraes; a 3.^ nascendo sob os 7.°, 8.° e 9.° aculeos dorsaes e terminando adiante do 2° aculeo anal. Ventaes com duas fachas denegridas transversaes. Caudal com duas maculas basilares e cinco fachas tranversaes parallelas. As fachas do corpo pro- jectam-se indistinctamente sobre as dorsaes. Joven: Possuo 2 exemplares, de 14 centímetros de comprimento que attribuo á esta espécie e que apresentam as seguintes differenças; em logar da facha branca sub-ocular, uma facha negra que desce da frente a articulação mandibular, atravessando os olhos ; em logar de 7, 8 fa- chas denegridas transversas sobre o corpo havendo, entre a facha da axilla e a que vae ter ao 1.° aculeo anal, 2 fachas e não uma. Além dessas differenças no colorido, noto : Perfil inferior quasi recto da articula- ção mandibular á anal; diâmetro orbital 3 e 1/3 na cabeça; bordo livre; operculo formando um amplo angulo obtuso. 9 A. DE MIRANDA RIBEIRO - -FAUNA BRASILIENSE — PEIXES Habitat : Atlântico occidental, desde o Sul da Florida na America do Norte até o Rio Grande do Sul no Brasil. O Museu de Zoologia Compa- rada de Cambridge, possue exemplares de Camamú, S. Thomaz, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. O Peixe-Penna é menos com mum do que o Pagro e de pouco valor como alimento. Calamus arctifrons, (i) ooode. & Bean. PEIXE - PENNA D. XII + 12; A. III + 10; L. lat. 48; L. tr, 6/13 Cabeça 3 e 1/10; bocca anterior, moderada; maxillares não attin- gindo a vertical baixada da orla anterior da orbita; dentes como em C.penna ; focinho 2 e 1/6 na cabeça; preorbitaes elevados, de altura contida 2 e 1/6 na cabeça e igual ao dobro do diâmetro da orbita. Narinas como em C. penna Olhos médiocres, 4 e 1 3 na cabeça, situados quasi no per- fil superior do craneo e inteiramente acima do preoperculo que é estreito, elevado, tendo o bordo posterior inteiro, o canto perfeitamente redondo e deixando uma ampla margem desprovida de escamas. Operculo iner- me, com o bordo livre em angulo obtuso. Altura 2e 1/4. Linha lateral completa, normal, escamas finamente pectinadas, as que ficam acima da linha lateral em series parallelas á mesma, as que ficam abaixo, em series horisontaes Dorsal pouco entalhada, parte espinhosa fraca ; o maior acuieo (3.°) 2 e 1/2 na cabeça. Anal mais baixa que a parte ramosa da dorsal o 3." acuieo é o maior, pouco maior que o 2° e egual ao penúlti- mo raio. Peitoraes amplas, triangulares, terminando sob a vertical do penúltimo acuieo dorsal; ventraes com um apêndice na axilla, moderadas, originam-sc atraz da axilla das peitoraes e não lhes attingem o ápice. Caudal ampla, bifurcada, escamosa; pedúnculo curto. Olivacente, com 7 fachas transversaes, a 1.^ nasce no 1." acuieo dorsal e dirige-se á axilla das ventraes; a 4.-'' nasce sob os três primeiros raios dorsaes e mor- re sobre os aculeos anaes; a 2." e 3.^ de egual largura, são intermedia- rias, á egual distancia e parallelamente dispostos; a 6 une os últimos 2 raios da dorsal aos 2 últimos da anal, ficando a 5." perfeitamente intermediaria e, finalmente, a 7." sobre o pedúnculo, na base da caudal que é atravessada por 5 fachas denegridas. Preorbitaes denegridos, com reflexos dourados; nadadeiras irregularmente maculadas. Jovens — 2 exemplares, da minha coUecção, medindo 4 centímetros de comprimento que attribuo á presente espécie apresentam as seguintes (1) Arctifrons (Lat.) = de fronte estreita. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL vol. -XVII jq differenças: cabeça 3 e 1/4, olhos 2 e 1/4 eguaes á altura dos preorbitaes. Além das fachas transversaes do corpo uma facha negra dos olhos á ar- ticulação mandibular. ARCHOSARGUS,(i) om Canadian Naturalist, Agosto de 1865 Peixes de crescimento moderado, de corpo elevado, comprimido mais alto do que a cabeça que é pequena, robusta; bocca anterior, pro- tractil, tendo uma serie anterior de dentes incisivos inteiros ou com um entalhe mediano seguidas de duas ou três series de dentes molares Preorbitaes moderados, narinas posteriores fendidas formando com as anteriores a característica figura do ponto e virgula invertido Olhos moderados, lateraes Preoperculo inteiro, deixando uma ampla margem nua, operculo inerme. Rastros rudimentares. O focinho e os preorbi- taes sao nus; o preoperculo apresenta algumas seríes postero-inferíores de escamas, o operculo é completamente escamoso. Duas seríes de escamas canelladas, parallelas, sobre a região occipito-cervical As es- camas da região jugulo-thoracicas são muito pequenas e, ás vezes têm entremeiadas outras accessorías, ainda de menor tamanho. Linha ikterai completa, nadadeira, á excepção da caudal e da pagina inferíor das ven- traes, sem escamas. A dorsal tem um espinho horízontalmente antrorso na base do l.°aculeo dorsal e quasi totalmente occulto sob as escamas desse logar. Em geral á formula para os aculeos é 13 á 12 A anal tem 111 aculeos. o 2.° o maior. Na regra a caudal é furcada. Espécies brasileiras: ( Aculeos dorsaes XIII, plúmbeo olivaceo mais ou menos definidamente es- J tnado de amarello dourado, uma placa negra sobre a rigião escapular. A . unimaculalus / Aculeos dorsaes XII, plúmbeo olivaceo com 6 á 7 barras negras, trans- \ versaes, sobre o corpo a , ^ ,. , ^ A. probatocephalus Archosargus unimaculatus (2) (bi.) CANHANHA D. XIII + 10 á 11; A. Ill + 10 â 11; L. lat. 45 â 50; L. tr. 8 á 9/14 á 17 Elliptico, fortemente comprimido. Cabeça curta, baixa 3 e 7/2 no comprimento total ; bocca moderada, aberíura egual ao diâmetro da orbita. Narinas anteríores reduzidas á um poro. Preorbital baixo, si- 1) Archosagus (gr.) í7rc/20s, o princioal; sargos, sargo 2) unimaculalus (Lat ) com uma nódoa ou macula. 11 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES nuoso inferiormente. Orbita moderada, 4 vezes na cabeça. Preoperculo com bordo posterior recto, vertical, ligeiramente granuloso no angulo; centro ocular na mesma horizontal da axilla preopercular. Operculo lyri- forme, inerme, curto. Altura 2 e 1/4 á2e 1/3. Escamas cycloides, mo- deradas, em series parallelas á linha lateral acima da mesma, horizontaes abaixo. Escamas da região jugular e thoracica pequenas até a base das ventraes, com escamas accessorias intercaladas . Dorsal baixa, o 5.° acu- leo é o maior e egual á 1/2 do comprimento da cabeça ; parte ramosa pouco mais baixa ou egual, em altura, ao ultimo aculeo dorsal. Peitoral longa, falciforme, attinge a vertical sobre o 3.° aculeo anal ; uma placa triangular, escamosa, na base . Ventraes escamosas na pagina inferior, attingindo o anus que se acha situado em um espaço nú, de extensão marcada por três series de escamas; na axilla e sob o ultimo raio das ventraes (pagina inferior) ha um appendice escamoso, bastante desenvolvi- do. Anal symetrica com a parte ramosa da dorsal; os aculeos são cur- vos ; o 3.° aculeo egual ou pouco maior do que o 1." raio; o 2° aculeo é o maior e o mais forte, o que aliás o são tanto este como o primeiro. Cau- dal moderadamente furcada, escamosa. Verdoengo plúmbeo, superior mente, argênteo inferiormente, algumas estrias longitudinaes amarellas, indistinctas, no dorso. Uma placa negra, circular sobre a região escapu- lar. Nadadeiras verticaes amarellas com a magern enfumada; peitoraes amarellas esverdeadas. Habitat : De Key-West, na America do Norte, ao Rio de Janeiro, no Brasil . Archosargus probatocephaliis^'^ (waib.) SARGO - DE - DENTE D. XII -f- 12 (10 á 12); A. \\\ + 10 á 11; L. lat. 44 á 48; L. tr. 7 á 8/14 á 15 Fortemente comprimido. Cabeça 3 á 3 e 1/2 no comprimento total. Bocca moderada, maxillares attingindo a orla anterior da orbita. Incisivos 6/8; molares em 3 series longitudinaes. Focinho moderado. Preorbitaes mais baixos do que o diâmetro da orbita, esta contida 4 vezes na cabeça. Preoperculo inteiro, curto, com o bordo posterior vertical e o canto ampla- mente redondo; deixa uma larga margem nua tendo 6 ordens obliquas de escamas. Operculo lyriforme, inerme, ainda que com vestígios de 2 aculeos angulares ; 6 rastros rudimentares ; corpo elevado, altura 2 vezes a 2 vezes e meia no comprimento. Escamas grandes, francamente cte- noides, as da região jugulo thoracica pequenas as anteriores á linha late- ral em series parallelas á estas, inferoires em series horizontaes. Nadadei- ras fortemente heteracanthas. Dorsal moderadamente elevada, pouco en- talhada, o 4.° aculeo que é o maior, eguala á 1 vez 2/3 do comprimento (1) Probatocephalus, do grego Probaton — carneiro; cephale — cabeça. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL vol.— XVII 12 da cabeça. Peitoraes, grandes, falcadas, attingem o 1.° aculeo anal; têm uma placa de escamas na base. Ventraes triangulares, attingindo o vértice anterior do espaço nú que circumda o anus n'uma extensão de 5 series de escamas. 2." aculeo anal muito forte, attingindo a vertical do meio do ultimo raio, 3." aculeo attingindo ao extremo do 2.° terço do l.°raio, Caldal forte, pouco furcada e escamosa até meio de sua exten- são. Um apêndice escamoso, axillar, externo e outro sobre o ultimo raio (pagina inferior) nas ventraes. Olivaceo plúmbeo com 7 barras negras trasversaes. Dorsal, ventres e anaes denegridas ; peitoral e caudal ama- relladas obscuras Habitat. Cap Cod, na America do Norte á Sepetiba, no Brasil. DIPLODUS, O Rafinesque Índice d'lttiologia Siciliana, pg. 54—1810 Peixes robustos, comprimidos, de corpo elevado, cabeça mediocre, bocca mediocre anterior, protractil, com uma serie anterior de incisivos curvos e largos, truncados, justapostos como os incisivos de um cavallo. Essa serie é seguida de uma outra de dentes menores. Lateralmente duas ou três series de molares. Intermaxillares expostos e maxillares occultos em 2/3 de sua extensão pelos preorbitaes. Preoperculo curto, inerme, tendo uma ampla margem desprovida de escamas ; operculo iner- me, curto , interoperculo escamoso, emquanto que o focinho, os preorbi- taes e a mandíbula são desprovidas de escamas. 6 branchiostegos ; rastros curtos e delgados. Escamas muito fracamente ctenoides em linhas parallelas á linha lateral acima e horizontaes abaixo d'essa linha. Dor- sal baixa, com 12 aculeos, não entalhada; peitoraes grandes, falcadas, ventraes médiocres, thoracicas, nascendo logo atraz da axilla das peito- raes. Anal com 3 aculeos fortes, baixa e longa. Caudal furcada, es- camosa. Espécie brasileira: Diplodus argênteas. Oiplodus argenteus (Cuv. & vai.) MARIMBA' D. Xll -H 14; A. 111 + 13; 10 á 11 -|- 5 L. lat. 70 Cabeça 3 e 1/2. Bocca anterior, com uma serie de dentes incisivos, prognathas, tanto nos intermaxillares como na mandíbula; por traz d'esta serie uma facha de dentes granulares, pavimentosos. Lábios reflexos, mo- (1) Diploos = duplo; odous = dente; aliusão as duas formas dos dentes de peixes 2) Argenteus (Lat.) = prateado. 13 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES derados, delgados e moveis. Maxillares curtos, não attingidos pelos delgados preorbitaes. Angulo da bocca anterior á vertical baixado da orla anterior dos olhos. Estes lateraes, superiores ao plano da bocca, cinco vezes na cabeça e tendo as orlas livres. Região frontal e superiorbital anteriores salientes. Preoperculo de bordo posterior recto, vertical, infe- rior ligeiramente curvo; ambos inteiros, o ultimo apenas indistinctamente estriado. Operculo inerme. Alto da cabeça até a região post-frontal, fo- cinho e faces nus ; uma facha de escamas precedendo a orla preopercu- lar, entre a axilla preopercular superior e o angulo da bocca; operculo escamoso; uma coroa de escamas ciliadas na região occiptal; uma escama isolada sobre a guelra. Altura 2 vezes no comprimento (até a base da caudal). Linha lateral acompanhando a curva do perfil dorsal até a base do pedúnculo caudal, recta n'este. Escamas finamente aciculadas, gran- des. Nadadeiras, exceptuada a caudal, mias. Dorsal de bordo inteiro, curvo anteriormente; recto posteriormente; os seus aculèos são espessos e de altura mediocre. Anal da mesma forma, ou antes, acompanhando o perfil da sua base ; tanto este como o dorsal reclinando-se n'uma gottei- ra basilar de escamas. Peitoraes falcadas, com os raios 4.° á 6." maiores que a cabeça. Ventraes articulando-se atraz da axilla das peitoraes, não attingindo o anus que fica na vertical attingida pelo extremo das peitoraes. Caudal furcada. Prateado, plúmbeo sobre o dorso, alvadio sobre o ventre uma nódoa negra sobre o lado superior do pedúnculo, caudal tendo uma facha amarella na orla terminal ; as outras nadadeiras apenas enfumadas. O Marimba é um peixe de pouca importância; não muito commum; pescado á linha ou dynamite. 4 Diplodus argenteus (Cuv. & Val.) Boridia grossidens, Cuv. & Val. (o-'.ao) KYRHOSID>qE:('> Forma sub-rhomboide, robusta. Cabeça moderada; bocca anterior^ provida de intermaxillares e mandibulares fortemente constituídos e arma- dos de dentes moveis ou fixos comprimidos; incisivos em uma serie, se- guida de dentes villiformes, também presentes no vomer, nos palatinos e na lingua. Narinas duplas, contíguas ás orbitas; estas lateraes, de orla li- vre. Preoperculo interno ou apenas crenulado; operculo inerme. Aber- tura branchial ampla, desde o isthmo. 7 branchiostegos. Rastros presen- tes, desenvolvidos. Escamas ctenoides, compactas e espessas, estendendo- se ou não sobre a base das nadadeiras e toda a extensão da 2^ dorsal, anal e caudal. Linha lateral presente, acompanhando o perfil dorsal. Nada- deira dorsal contínua, porém, baixa; a parte óssea é separada da ramosa por um entalhe. Peitoraes mais ou menos subfalcadas. Ventraes poste- riores á axilla das peitoraes. Anus posterior ao meio do corpo. Verte- bras 24 á 28. Caecos pyloricos numerosos e intestino longo. Vesícula natatoria presente, ás vezes bilobada. Peixes herbívoros de que se conhece no Brasil o género. KYPH0SUS,(2) Lacép. Hist. Nat. Poiss.; vol. III, pg. 114-1802 Caracterisado pelos dentes incisivos, fixos e providos de raiz posterior comprimida; pela segunda dorsal e anal revestidas de escamas em toda a 1) Kyphosus, género referido; eidos, semelhante. 2) Kyphosus: «Le nome Kyphosus que nous avons donné à ce poisson, vient du mot ky- phos, qui en grec signifie bosse*. ARCHIVOS 00 MUSEU lÏAClONAL VOl. — XVU extensão; cabeça núa apenas no focinho e região interocular, dorsal e anal baixas e de bordos mais ou menos subparalieios; caudal escamosa mode- radamente entalhada, vertebras 25 á 26. Kyphosus incisor, <^) (Cuv. <& vai) PIRAGICA D. XI + 14; A. Ill + 13; L. lat. 65 Cabeça 4 e 1/3; altura 2 e 1/2 no comprimento que yae do focinho á base da caudal. Perfil oblongo; cabeça obtusa, com o perfil anterior mui pouco curvo. Bocca anterior. Iníerrr.axillares e mandíbula salientes em arco regular e solido que se oppõem um ao outro como dous semicírculos regulares. Dentição regularmente dispostas nesses arcos em uma serie de incisivos comprimidos de bordos subparalieios e oria cortante. Maxilla- res recolhendo-se sob os preorbitaes. Olhos lateraes, circulares, modera- dos e de orla livre. 5 e 1/2 vezes na cabeça. Preoperculo crenulado e de corte posterior vertical. Operculo de bordo membranoso. Humeral ex- posto. Peitoraes triangulares 1 e 1/2 vezes na cabeça. Ventraes menores que as peitoraes e posteriores á axilla d'estas. Dorsal baixa, originando-se pouco posteriormente ao extremo das peitoraes; e continua, embora a parte óssea seja perfeitamente distincta e de contorno em arco. A parte ramosa é densamente revestida de escamas justapostas, e bem assim a anal; esta tem os raios mais elevados anteriormente e decrescendo d'ahi para traz, de modo, porém, á conservar o bordo recto. • Linha lateral acompanhando o perfil dorsal. Caudal entalhada. Coloração argêntea uniforme, denegrida sobre a região oculo frontal, nadadeiras dorsal óssea e ventraes. A «Piragica» é pouco commum nas costas do Rio de Janeiro; e tem a carne bastante saborosa. E' um peixe herbívoro, de fácies origi- nal pela saliência da bocca e elevação da fronte. Cresce até uin metro. Habitat: Atlântico Occidental, desde Cuba até o Rio de Janeiro, Ilhas Canárias. 1) Incisor, (Lat.): cortador. POGONOTREMATI (1) Physoclistos subclaviformes, recobertos de escamas cycloides ou ctenoides, tendo o operculo inerme e o mento perfurado por um grupo de meatos mais ou menos numerosos, ás vezes também providos de barbilhões mais ou menos desenvolvidos. Dorsal dupla ; peitoraes falcadas; aculeos anaes I á III dentição variando entre villiforme subconica, ás vezes ha cani- nos presentes. Linha lateral presente. Barbilhões ausentes, caudal sempre furcada Hœmulidœ CO « / Barbilhões geralmente [ B^bilhões 2 ; caudal furcada ; poros ausentes Mullidœ 1 presentes ; caudal rara- \ mente furcada < Barbilhões múltiplos, quando presentes; caudal sinuosa ou bitruncada Sciaenidœ Pogon, barba, queixo; trema, poros. míce:iviljl.id H/EMULI Peixes comprimidos, mais ou menos altos, de cabeça moderadamente desenvolvida, bocca geralmente antero-inferior, protractil ; os dentes, cóni- cos em serie única externa, seguida de uma facha interna villiforme ou mo- lariforme, existem somente nos intermaxillares, mandibulares e pharyn- geanos inferiores, onde são aciculares. Maxillares desprovidos de osso sup- plementär, quasi totalmente occultos sob a margem antero inferior dos preorbitaes. 2 bordos anteriores e 2 ou 4 posteriores sob a symphyse, ge- ralmente estes reunidos n'um vestíbulo commum. Narinas superiores, as anteriores eguaes ou muito maiores do que as posteriores. Olhos lateraes, moderadamente desenvolvidos, quasi no perfil superior. Preoperculo intei ro ou pectinado ; operculo inerme ; branchiostegios em numero de 6 ou 7 ; 4 branchias com rastros curtes e separados e uma abertura estreita atraz da ultima; pseudobranchias presentes, moderadas. Escamas ctenoides, so- mente ausentes na parte anterior do focinho, linha lateral presente, nor- mal, terminando na base da caudal. Dorsal dupla, mais ou menos profun- damente entalhada ; parte espinhosa heteracantha, espinhos fortes, formula para os aculeos, geralmente 10 á 13. Peitoraes angulosas, mais ou menos desenvolvidas, não excedendo, porém, o comprimento da cabeça. Anal com III aculeos, symetrica com a parte ramosa da dorsal. Ventraes thoracicas, augulosas, formula I + 5, situadas logo atraz da base das peitoraes, meno- res ou pouco maiores do que estas, com um processo escamoso no lado externo da axilla e as vezes outro sobre o ultimo raio. Caudal furcada ou truncada, nunca redonda ou bitruncada. O œsophage moderado, estômago pequeno, tubo digestivo curto em duas ou três circumvoluções, poucos cae- cos pyloricos, recto musculoso. Vesícula natatoria ovóide com a extre- midade anterior larga e posterior estreita, ás vezes provida de 2 á 3 pro- longamentos caeciformes anteriores e um posterior. Vulgarmente conheci- dos pelas designações de Corcorócas, Caicanhas, etc. Géneros brasileiros : I a I I Í ■S3 e 1 1 Pt P c: o oa U I ■s I ■§ e 42 §• o 09 a S 3 Í ^ o e •ra ■S ^ ■c e o 'ï D «3 3 O O -O O •a O O c o 1) •o E o o T3 ca c Q. C d) E 3 O Q. E O o •o E n o n •-► b. u .^ Q. <í> O O" o > CA O CA 2 3 3 O* c (U c O) E E ca u cg a. 4j ca CO O T3 T3 O ca c E-l a. S E 3 O (U in . V r o c cu c * 3 c ca CJ E ■a ^ CJ ■- Im O "3 c o u c o o o Q. O O) ■u S O n w •- O) a> E S n 2 =õ •- Ä -o O " s s o D o D. ca o o ta ca ca i) w Ol n ii> cn c ■a CTt £ 0) 1 1) l o 09 O o. ■a 3 o c E >^ •o o CA n •o ■ca n (11 E 2 CO o J3 •a E -o k« o F IA F a. 01 41 o CA b. to ■o u O •a •O CA •a CA O) E « B c c b. k. o 0) (D «^ X o 'S i5 a> — JJ E b« b. 01 IA D V) CA D CO O» C c ta > JC , Q. _ E E >, 3 « E •C8 E S o u o O •c 3 u JO «ri l 1 > o E •*•* 0) e 01 o S •a c o ■o 5 00 E o 01 b« ■o CA Q. "O E 5 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILÍENSE — PEIXES HyEMULON.C) cuv. Règne Animal, 2* Ed. pg. 175—1829^ Corpo comprimido, elevado ; bocca ampla, maxillares salientes, pas- sando a borda posterior dos preorbitaes; dentes cónicos, n'uma facha villi- forme, interna, tendo uma ordem externa onde os dentes são maiores e cur- vos nos intermaxillares e mandibulares somente. Região molar das gengi- vas e pharyngé vermelha mais ou menos viva. Mandíbula incluindo-se na maxilla superior; uma prega elliptica em cujas paredes desembo- cam, internamente, dous poros mentaes, na symphyse mandibular. Narinas contíguas, próximas ás orbitas, as anteriores providas de um prolonga- mento dermico posterior que se projecta sobre as posteriores. Olhos la- teraes, quasi no perfil superior, mais ou menos sobre o extremo dos ma- xillares. Preoperculo pectinado moderadamente só no bordo posterior; operculo inerme, curto e largo, lyriforme. Rastros pequenos, isolados. Escamas ctenoides, linha lateral completa ; somente a parte anterior do focinho nua. Parte ramosa da dorsal, anal e caudal fortemente revestidas de escamas. Dorsal moderadamente entalhada, de perfil anterior redondo Três aculeos anaes, o 2° maior e mais forte do que o r e o 3° Os jovens differem bastante dos adultos, tendo o focinho mais curto proporcionalmente e as vezes tendo duas estrias mais ou menos bem de- finidas nos lados do corpo Este género exclusivamente americano é representado no Brasil pelas seguintes espécies : (1) Do grego : Aœma— sangue, ou/on— gengiva. ARCHIVOS DO MUSEU NAQONAL — VOl. XVII ?d 3 o 3 - 3 *0 CD ^ 3- n W o ET ru u CA PD a 3. » 5 o B^ W § » M S " » 5 £.§• . « S' 3 o 2 3 S 5 3 »> M M o g — rt X P Cfl 3 -* Xi w I T I " 5 1-i » 3 ''S S - 'S 3 g g- n o ^ 3 !» to &i w S? rs < ■n ûî m ta O -» f6 ^. n CL CA os " Cú CA 3 CA W Cl; rt rt tA ^ 1 Î^ 3 S « P O o rra u n- cr ?5 •a :v; 7 A. DE MIRANDA RIBEIRO— FAUNA BRASILIENSE— PEIXES Hsemulon sciurus('> (Shaw) CORCORÓCA BOCCA-DE-FOGO D: XllI + 16 á 17 ; A. Ill + 8 á 9. L. lat. 53 Cabeça 2 e 3/4 á 2 e 5/6 no corpo. Bocca ampla; maxillas eguaes, a infe- rior incluindo-se na superior. Dentes villiformes, comum a oria externa, maior, em facha nos intermaxillares e mandibulares. Os anteriores dos interma- xillares caniniformes. Maxillares attingindo a vertical baixada do meio da pupilla. Narinas eguaes, bem separadas. Olhos medianos, 4 e 1/2 vezes na cabeça. Preoperculo com o canto redondo e o bordo livre denticulado ; as denticulações vão augmentando gradativamentiva de cima para baixo. Corpo bastante robusto, altura 2 e 1/2 vezes no comprimento. Escamas finamenta pectinadas. Linha lateral completa, normal. Escamas abaixo da linha lateral quasi horizontaes. Peitoraes falcadas, attingindo a vertical so- bre o anus, ventraes attingindo-o com o ápice. Dorsal ramosa, anal e cau- dal revestidas de escamas em toda a extensão. 4° aculeo dorsal o maior, egual ao comprimento que vae da base do r aculeo ao ápice do 2° aculeo anal. A nadadeira d'esté nome tem o bordo posterior verticalmente trun- cado, caudal furcada. Amarello verdoengo com a parte inferior alvadia; onze á doze estrias longitudinaes, azues, marginadas de escuro, vão da cabeça ao pedúnculo caudal ; 3 d'essas estrias atravessam o pedúnculo e attingem a base da cauda. As estrias do corpo desapparecem após a morte do animal. Commum. Habitat : Atlântico occidental. De Florida ao Rio de Janeiro. Hsmulon plumierí (^^ (ucép.) NEGRA-MINA D XU -h 16 á 17; A 111 + 8 á 9; L. lat. 50 á 51 ; L. tr. 5i 6 17 Perfil superior da cabeça e região cervico-dorsal um tanto s-forme. Do 1° aculeo ao 3° raio dorsal recto; inferiormente, da lábio ao isthmo é curvo e do isthumo ao 1° aculeo anal, quasi recto. Cabeça 2 e 2/3 no com- primento , lábios espessos, maxillares attingindo a orla posterior da orbita ; dentes villiformes em facha, fortes, os da facha externa maiores ; fo- il) Sc/urus— esquilo (caxinguelê) ; nome vulgar de Haliperca formosa, com a qual a presente Gorcoróca foi confundida por Shaw. (2) Plumierí, do padre Plumier, ARCUtVOS DO MUSEU NACIONAL — vol. XVII 8 cinho prognatha, 2 e 1/2 na cabeça ; narinas superiores, as anteriores meno- res do que as posteriores. Olhos pequenos, 1/6 na cabeça. Preoperculo es- treito, elevado, com o bordo posterior ligeiramente concavo e finamente pectinado. Canto redondo. Operculo lyriforme, inerme. 12+15 ras- tros. Corpo comprimido, altura egual ao comprimento do cabeça. Linha lateral completa. Escamas pectinadas, as da região cervical grandes e tanto estas como as dos lados do corpo tanto acima como abaixo da linha lateral ordenadas em series transversalmente obliquas. Nada- deiras, dorsal espinhosa, de perfil anteriormente curvo e posteriormente recto ; ramosa, fortemente revestida de escamas de perfil superior recto e posterior em angulo agudo ; é pequena a differença de altura do ulti- mo aculeo para o Traio. (1/4 da extensão d'esté). Peitoraes triangulares, attingem a vertical do anus. Ventraes triangulares, com um pequeno pro- cesso axillar externo . Anal fortemente escamosa tendo o 2" e 3° aculeos fortes, eguaes entre si e ao comprimento do 1° raio anal. O perfil pos- terior d 'essa nadadeira é convexo. Caudal furcada, escamosa. Bronzeado denegrido com a orla das escamas mais clara. Lados da cabeça longi- tudinalmente estriados de azul celeste ; cerca de 4 estrias de côr celeste sobre a parte anterior do tronco acima da linha lateral. Estas ultimas es- trias desapparecem no alcool. Gengivas e parte interna da bocca de côr ama- rella avermelhada, mais intensa n'esta ultima região. Operculo com uma facha esverdeada em parte sob a borda postero-inferior do pre- operculo. Nadadeiras verticaes obscuras, com uma orla amarella mais ou menos distincta, (as vezes ausente na caudal.) Peitoraes e ventraes obs- curas. Habitat: das Índias Occidentaes ao Brasil. Rio de Janeiro. A Negra Mina não é, comtudo, um peixe commum no Rio de Janeiro, onde raras vezes é encontrada nas tampas de corcorócas, em mãos dos pescadores. Hsemulon flavolineatum ('> (Oesm.) D vil + 14 ; A 111 + 8 ; L. lat. 50 ; L. tr. ^ Perfil geral um tanto ovóide, comprimido. Cabeça 3, bocca modera- da, maxillares attingindo a orla anterior da pupilla. Dentes superiores um tanto desenvolvidos, os posteriores antrorsos e inferiores grandes, os superiores ainda maiores, caniniformes. Focinho curto, 3 na cabeça. Olhos moderados, 3 e 2/3 á 3 e 1/2 na cabeça. Preoperculo fortemente pectinado. (1) /7avi/s— amarello, lineatus, listado ; listado de amarello. 9 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES Operculo inerme. 13 rastros. Altura maior do que o comprimento da ca- beça, 2e 1/2 á 2 e 3/4. Escamas da parte antero superior do corpo e, principalmente as dos lados, até o nivel inferior das peitoraes, quasi o dobro mais altas do que as escamas superiores á linha citada que é completa; são dispostas em series obliquas tanto acima como abaixo da linha la- teral. O maior aculeo dorsal é o 4° ; 2° aculeo anal muito maior do que o 3°, e attingindo o extremo do ultimo raio. Cinereo glauco (em vida) com uma placa amarella escura em cada escama, o que forma estrias irregulares transversaes, d'essa cor, sobre todo o animal; da nuca ao ultimo raio dorsal uma linha d'essa cor. Uma placa negra no operculo, debaixo do angulo do preoperculo. Gengivas e pharyngé vermelhos, angulo da bocca denegrido. Habitat : Das índias Occidentaes ao Brasil. Hmulon parra ^^^ (Oesm.) D. Xn + 17; A. UI + 7; L. lat. 50; 1. tr, j^ Cabeça 3 vezes no corpo. Bocca moderada, antero inferior ; focinho cónico, quasi 3 vezes na cabeça. Olhos 4. Preoperculo tem o bordo pos- terior recto, vertical, pectinado, canto redondo, bordo inferior em angulo recto com o posterior. Operculo curto e largo. 15 rastros. Altura 2 e 2/3 no corpo; linha lateral completa; escamas em séries fortemente obliquas tanto acima como abaixo d'essa linha. Dorsal pouco entalhada, a parte espinhosa d'essa nadadeira de perfil redondo anteriormente, o 4° aculeo é o maior. Perfil superior da parte ramosa ligeiramente convexo. Peitoraes vomeriformes, pouco maiores do que as ventraes. Anal forte, de contor- no posterior truncado ; 2° aculeo maior e mais forte do que o 3° attin- gindo a vertical sobre o extremo do penúltimo raio anal quando inclinado sobre a base Caudal furcada. Parte ramosa das nadadeiras revestida de escamas. Cinereo plúmbeo, mais claro no ventre; centro das escamas olivascente o que produz estrias irregulares sobre o corpo do animal ; uma nódoa negra sob o angulo do preoperculo Gengivas amarellas averme- lhadas. Habitat : das índias Occidentaes ao Brasil (1) D. Antonio Parra. ARCHIVOS DO MUSEU NAfclONAL — Vol. XVII 10 Hsemulon carbonarium, <"> Poey D XII + 16 ; A III + 8 ; L. lat. 55 ; L. tr. ^ 14 Altura maior do que o comprimento da cabeça, 2 e 4/5 no comprimento total, cabeça 3. Bocca moderada, maxillares attingindo a orla anterior da pupiíla, maxilla inferior incluiando-se na superior. Dentes curtos e fortes, uma fila externa, de dentes villiformes, nos intermaxillares e mandíbula. Fo- cinho curto 3 e 1/5 á 3 e 1/6 na cabeça. Olhos 3 e 2/3. Preoperculo pectinado, operculo inerme. 14 rastros no 1° arco, ramo inferior. Escamas pectinadas, com as series, acima da linha lateral que é completa, obliquas e as inferiores á referida linha horizontaes.. O 4° aculeo é o maior, na nadadeira dor- sal. 2° aculeo anal attingindo o ápice do ultimo raio d'essa nadadeira. Gengivas vermelhas, angulo da bocca denegrido. Corpo cinereo glauco com 7 á 8 estrias longitudinaes de cor amarella escura, nos lados do cor- po. Uma pequena mancha denegrida sob o angulo do preoperculo. As nadadeiras verticaes (com excepção da parte espinhosa da dorsal) e ventraes amarellas, denegridas para o bordo livre. A parte espinhosa da dorsal amarella, com a zona mediana cinerea glauca e uma facha ama- rella no meio de sua extensão. Peitoraes amarelladas, com a base ama- rella. Habitat : Das índias Occidentaes ao Brasil. (Bahia) no Atlântico Occi- dental. Hsemulon steíndachnerí (^^ (jord. & oiib.) CORCORÓCA BOCCA-LARQA D, XII + 16 á 17 ; A. Ill + 8 á 9. L. lat. 54 Cabeça comprimida, 2 e 5/6 no corpo ; bocca ampla, mandíbula pro- eminente, intermaxillares estreitos, providos de uma facha anterior de dentes villiformes e de uma fila externa de dentes cónicos, maiores, curvos a qual se prolonga até o angulo da bocca ; destes dentes os maiores são os anteriores. Mandíbula dentada da mesma forma, mento com dous poros anteriores pequenos e um posterior grande. Maxillares occultando-se completamente sob os preorbitarios, até mais de metade de (1) Carbonarium = carvoeiro, nome vulgar do peixe em Cuba. (2) Steindachaneri—dt Steindachner, Dr. Franz Steindachner, Director do Naturhistorische Hoff museum de Vienna. Il A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES sua extensão ; extremidade posterior saliente (livre), attingindo a verti- cal do meio da pupilla. Narinas anteriores ellipticas, maiores do que as posteriores ; e tanto umas como outras, situadas na linha do bordo supe- rior da orbita e próximas d'esta. Olhos grandes, um tanto ellipticos; orbita quasi 4 vezes n : cabeça. Preoperculo tendo o bordo posterior recto, perpendicular e finamente pectinado ; dentes do angulo um pou- co maiores e mais separados. Post-temporal denticulado. Corpo compri- mido ; altura 2 e 4/6 no comprimento total. Linha lateral normal, com- pleta. Nadadeira dorsal fortemente entalhada ; parte anterior elevada, sendo o 4" aculeo o maior; parte posterior baixa e, como a anal, bas- tamente escamosa até a extremidade. Peitoraes médiocres, acuminadas, atitngindo a 5'' fila perpendicular de escamas anteriores ao anus. Ven- traes pequenas, originando-se sob as peitoraes e não attingindo o ápice d'estas nadadeiras. Anal baixa e curta, 2° aculeo maior do que o 3° e todos três fortemente estriados no sentido longitudinal. Caudal forte bas tante furcada, totalmente escamosa e tendo o lobo superior um pouco maior do que o inferior. Todas as escamas fortemente pectinadas. Oli- vascente, violáceo na cabeça e no dorso ; escamas com o centro branco azulado, o que produz estrias d 'essa côr seguindo as filas das mesmas, obliquas acima e horizontaes abaixo da linha lateral ; as estrias sobre o pedúnculo caudal, são todas mais ou menos horizontaes. Uma facha azul de aço no operculo, quasi totalmente sob o bordo e angulo do preoperculo. Uma placa negra mais ou menos diffusa sobre os lados do pedúnculo, na base da caudal. Nadadeiras amarelladas em vida do animal, denegrida nos indivíduos em alcool. Habitat: Costas tropicaes americanas do Pacifico; e do Atlântico, desde Santa Lúcia até Rio Grande do Sul. Esta corcoróca, que não é das mais communs, distingue-se prompta- mente das demais, pela serie de linhas brancas azuladas que contrastam com a coloração fundamental escura do corpo. Cresce pouco, regulando por 22 centímetros o maior comprimento a que attinge. Hsemulon album, ^'^ cuv. (l.) D. XIII + 1,13; A. Ill + 7; L. lat. 70 Cabeça 3 e 1/2 vezes no comprimento total, focinho curto, pouco me- nor do que o diâmetro dos olhos. Bocca mediocre, não attingindo os ma- il) Do latim aurum— ouro, lineatus, a, um— listrado; allusão á estrias douradas do corpo do peixe. (2) Do grego Striatum {striatus, a, Jum)— estriado. 15 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES xillares a orla anterior da pupilla. Dentes como nas espécies precedentes. 18 rastros no ramo inferior do 1° arco branchial. Corpo mais esguio do que nas espécies precedentes, altura 3 e 1/2 vezes no comprimento total. Linha lateral completa ; escamas comparativamente pequenas. Parte espinhosa da dorsal baixa, o 4° aculeo é o maior, approximadamente egual á 1/2 do comprimento da cabeça. 2° aculeo anal mais forte e distinctamente maior do que o 3°. Verdoengo superiormente, albicante inferiormente. (Uma estria dourada mediana do alto da cabeça á dorsal e 6 outras da mesma côr mais ou menos distinctas, sobre os lados do corpo. Habitat : Atlântico occidental, do mar do Mexico ao Brasil. BRACHYGENIS, O Poey Synopsis Piscium Cubenisium, pg. 310-1868 Cabeça curta, focinho obtuso e bocca pequena, menor do que 1/3 do comprimento da cabeça. Dentes villiformes, os posteriores em uma única fila nos mandibulares, um pouco maiores. Preorbitaes largos, occultando quasi completamente os intermaxillares e maxillares. Espaço interorbital largo, abaulado para baixo, o que dá ao focinho uma apparencia curva. Toda a cabeça escamosa, excepção feita dos lábios e mento, onde se notam 3 poros. Preoperculo denticulado. Rastros curtos, separados, 15 no ramo inferior do 1° arco branchial. Dorsal dupla, a parte espinhosa alta, aculeos delgados, em numero de 11 ; parte ramosa tendo um aculeo anterior, 's principaes caracteres osteologicos, repousam sobre a separação dos fora- mens frontaes que são dispostos um pouco á parte da crista occipital. Esta é muito curta. Escamas pectinadas finamente. Como no género Hœmulon o representante do presente tem a bocca internamente vermelha. Uma única espécie, do Atlântico Occidental, e que também frequenta aguas brasileiras : Brachygenys chrysargyreus (2> ^q^^^j, ^ D. XI + I, 14; A. III + 9 a 10; L. Ias. 51 - '2 Cabeça lembrando o fácies da de Mullus surmuletus, 3 e 1/4 á 3 e 1/5 no comprimento total. Bocca pequena, intermaxillares e maxillares (1) Do grego brachys—cnrXo, genys-mtnto, queixo: queixo curto. (2) Do grego chrysos—o\iTo, argyreos— prata, prateado e dourado. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL VOL. XVII 16 invaginando-se sob a expansão antero-inferior dos amplos preorbitaes. Dentes villiformes em facha nos intermaxillares e mandibulares, aqui ter- minando em uma única fila posterior, em a qual elles se tornam um pouco maiores. Maxillares apenas attingem a orla anterior da pupilla. Focinho cur- to, grosso, curvo para baixo, egual ao diâmetro da orbita; narinas contí- guas, sub-eguaes, próximas á orbita; preoperculo tendo o bordo posterior vertical ligeiramente concavo, denticulado até o canto que é redondo. Olhos grandes 1/3 da cabeça. Post-temporal pouco apparente, obsoletamente denticulado. Corpo oblongo, altura 3 vezes no comprimento. Linha lateral completa, normal, muito accentuada ; as escamas acima d'esta linha for- mam series obliquas que se transformam em series horizontaes sobre o pedúnculo caudal ; abaixo da mesma formam series horjzontaes. Nada- deira dorsal profundamente entalhada ; parte ramosa alta, o 4° aculeo é o maior, egual á 1/2 do comprimento da cabeça; parte ramosa baixa, for- temente escamosa. Peitoraes médiocres, não attingindo o anus, ventraes, originando-se um tanto atraz da base das peitoraes e attingindo-lhes o ápice. Anal egualmente escamosa, heteracantha, de modo que, vista da esquerda, o 3° aculeo parece o mais forte, vista da direita é o 2° que as- sim se mostra. O 3° aculeo é maior, pouco excedendo, entretanto, ao 2°, tem o perfil posterior concavo. Caudal furcada, escamosa. Azulado su- periormente, albescente prateado inferiormente, 4 á 5 estrias longitudinaes, bronzeadas mais ou menos distinctas, sobre os lados ; uma outra estria do alto da cabeça á nadadeira dorsal. Das lateraes, as mais distinctas são as duas collateralmente immediatas á estria central que vem das narinas, passam pela parte superior do dorso e unem-se em uma sob o ultimo raio dorsal, assim se prolongando sobre o pedúnculo até a cauda. Nada- deiras amarellas rubescentes. Habitat: Mar do Mexico (Key West e Havana) até o Brasil. Os três indivíduos que serviram á presente descripção e que perten- cem ao Museu Nacional, procedem de Fernando de Noronha, onde foram colleccionados pelo Sr. Branner, da Com. Geológica, em 1876. CONODON Cuv. e alta posteriormente. Preoperculo com o bor- do posterior um tanto concavo, inclinado para traz e provido de aculeos fortes dirigidos de baixo para cima e isolados ; no angulo ha um forte aculeo, do tamanho do diâmetro da pupilla, dirigido para traz e dous outros cola- teraes, menores e divergentes ; os do bordo inferior são dirigidos para dian te. Altura 3 e 3 e 1/2 vezes no comprimento total. Linha lateral completa, normal ; escamas pectinadas, revestindo toda a cabeça {í excepção do foci- nho e do queixo) e membranas interradiaes das nadadeiras (exceptuadas a peitoral e a parte espinhosa da dorsal e da anal) em series parallelas ao perfil dorsal, acima da linha lateral, horisontaes abaixo da mesma. Base da peitoral também escamosa. Um processo escamoso na parte externa da axil- la das ventraes. A dorsal profundamente entalhada, tem a parte espinhosa alta e os espinhos curvos no 1 " terço de sua altura ; o 4° é o maior, decresceu • do os demais até o ultimo que é menor de 1/3 da extensão do aculeo da parte ramosa, cujo maior raio é do comprimento do 3° aculeo dorsal Pei- toraes falciformes 1 e 1/3 na cabeça, não attingem o anus. Ventraes nas- cendo logo atraz da axilla das peitoraes; são providas de um forte acu- leo externo e de um processo escamoso no lado interno do ultimo raio (além do processo axillarj. O 1° raio bi-ramoso, termina em um filamento curto, que não attinge o anus. 2° aculeo anal forte, longitudinalmente estriado, excede o 3° em extensão quasi, egual á de seu comprimento, não att nge, porém, a extremidades dos raios anaes. Caudal lunada. Coloração geral amarellada com reflexos de prata; cabeça mais escura, 8 fachas triangulares, transversaes, de vértice dirigido para baixo, originam-se no perfil superior do corpo e terminam nos lados do abdomen e pedúnculo caudal sobre a linha horisontal da axilla das peitoraes. Nadadeiras peitoraes amarellas as demais enfumadas. Habitat: Atlântico occidental, desde as costas do Texas até Rio de Ja- neiro. Cresce pouco, não tenho visto maiores de 26 "'"■ Pouco apreciado. (1) Nobilis (lat.) nobre, notável. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL vol. XVII 18 BRACH YDEUTERUS am. Pr. Acad. Nat. Sei. Philad., pg. 17—1862 Forma geral alongada, altura egual ou menor do que o comprimento da cabeça. Bocca pequena, terminal, antero inferior, não colorida externa- mente de vermelho, dentes villiformes, em facha nos intermaxillares e man- dibulares, com os da ordem externa um tanto maiores. Escamas ctenoides, as que ficam acima da linha lateral parallelas com o perfil dorsal e com a referida linha. Formula da dorsal XI + 1, 15 á 16. Aculeos anaes pouco des- envolvidos, em geral o 2° em pouco ou nada excede ao 3" e ambos não excedem esta nadadeira. Uma única especis brasileira : Brachydeuterus corvinaeformis (') (steind.) D. XI + I, 15|; A. Ill + 7; L. lat. 51 á52 Cabeça 3 á 3 1/3 ; bocca antero-inferior terminal ; dentes villiformes, em facha nos intermaxillares e mandibulares ; maxillares quasi totalmente occultos sob os preorbitaes, mal attingindo a vertical baixada da orla ante- rior da orbita Focinho cónico, ligeiramente curvo, pouco maior do que a orbita. Narinas anteriores muito maiores do que as posteriores, quasi verticalmente ellipticas tendo uma valva-externa posterior e deixando ver perfeitamente as branchia'i nasaes internas Olhos 4 vezes na cabeça . Preoperculo pectinado na margem posterior que é ligeiramente obli- qua para traz ; 12 rastros curtos e isolados no ramo inferior do l°arco bran- chial. Altura egual ao comprimento da cabeça. Linha lateral completa, nor- mal; escamas pectinadas, em 5 series parallelas alinha lateral e ao perfil dorsal, acima d'esta linha; em 10 series longitudinaes, mais ou menos re- ctas abaixo da mesma; em 10 á 11 series concêntricas aos olhos sobre os lados da cabeça que é toda escamosa, á excepção do alto do focinho, dos lá- bios e do queixo: Uma guarnição de escamas na base das nadadeiras dorsal e anal; a parte ramosa d'essas nadadeiras, e as ventraes com a membrana interradial revestida de escamas ; base das peitoraes e caudal egualmente escamosos A parte espinhosa da dorsal tem os aculeos altos mais fra- cos e curvos ; o 4° aculeo é o maior, apenas excede o 3° e os outros decres- cem gradativamente até o ultimo que é contido 1 e 2/3 no aculeo da parte ramosa e egual a 1/3 do 4° aculeo dorsal . 1° raio egual ao 6" aculeo dorsal Peitoral falciforme, contida 1 vez e 1/3 na cabeça, não attinge a verti- (1) Corvina—de corvina, /orma— forma, aspecto. 19 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES cal do anus. Ventraes nascendo sob a axilla das peitoraes e termi= nando na mesma vertical em que terminam as peitoraes; tem o primeiro raio bi-ramoso e terminando em filamento pouco prolongado Aculeos anaes 2" e 3° eguaes em comprimento, mais robustos, porém; ambos mal excedem, quando inclinados sobre a base, o 1° terço do ultimo raio anal Parte ramosa d'essa nadadeira com o bordo ligeiramente con- cavo Caudal furcada. com o lobo superior mais desenvolvido. Verdoengo translúcido superiormente, prateado inferiormente centro das escamas par- do, provavelmente dourado em vida, formando 5 estrias parallelas, acima da linha lateral e 5 mais ou menos rectas longitudinaes, abaixo da mesma linha; duas estrias indistinctas sobre a face, concêntricas dos olhos Logo atraz da região post-temporal uma mancha escura, indistincta. Nadadeira dorsal com uma serie de pontos pardos (dourados?) na base e parte superior enfumada Iris dourada: Os dois indivíduos preservados em alcool, que serviram á presente descripção, foram trazi- dos ao Museu Nacional do Rio de Janeiro, de Maria Farinha, em Per- nambuco, pela Commissão Geológica Habitat: Atlântico occidental, desde o mar do Mexico, na America Central, até Rio Grande do Sul, no Brasil. POMADASYS (1) Lacép. Hist. Nat. Poiss. vol. IV, pg. 516 Peixes de corpo moderadamente allongado, comprimido; cabeça cóni- ca, focinho pontudo, formando os preorbitaes uma espécie de revestimento superior as maxillas que são curtas, e que lhe ficam por baixo ; inferior é li- geiramente incluída na superior, que é constituída quasi especialmente pelos intermaxillares, dentes villiformes nos intermaxillares e mandibulares, maxil- lares envolvidos por uma membrana que os não deixa apparecer e não at- tingindo a margem posterior dos preorbitaes ; poucos rastros curtos e del- gados, era pequeno numero. Preoperculo denticulado, sem grandes acu- leos no canto . Linha lateral completa ; escamas ctenoides ; as superiores a linha lateral em fiias parallelas á mesma — Dorsal mais ou menos entalha- da formula X+I a XIl+1 para os aculeos, 1 1 á 14 para os raios; anal 111+7 ou 8 Género americano e africano Espécies brasileiras : Í caudal truncada; maxillares chegando quasi sob a pupilla. . . ramosus caudal ligeiramente lunada; maxillares chegando abaixo da 1.* narina crecro (1) Do grego Poma - face (preoperculo), dasys áspero. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL VOL. XVII 20 Pomadasys ramosus^'^ Poey Esta espécie que não conhecemos, é assim descripta por Jordam & Fes- ler no «Report of U S Fish Commission for 1889 to 1891» pag. 491. «Corpo muito comprido e baixo, comprimido, dorso pouco elevado, altura pouco mais ou menos 3 e 3/5 no comprimento; peitoraes um tanto curtos, 1 e 1/3 na cabeça Segundo espinho anal muito comprido, 1 e 1/4 na cabeça; perfil anterior irregular, um tanto recto sobre o focinho, ligeira- mente convexo acima dos olhos, occipital convexo na nuca; bocca modera- da, maxillares attingindo a parte anterior da pupilla; preoperculo e escapu- la fortemente serrilhados, os dentes, no angulo do preoperculo, quasi es- pinhosos ; olhos grandes ; base da dorsal ramosa e anal nua ou ligeira- mente escamosa; dorsal só ligeiramente entalhada, com a porção ramosa quasi do comprimento da metade da porção espinhosa. Aculeos dorsaes muito fortes; segundo espinho anal muito comprido, attingindo além das pontas dos últimos raios; peitoral curta; caudal truncada. Côr do corpo cinzento dourado metallico, com estrias e fachas indistinctas ; ventre mais claro, nadadeiras obscuras. Cabeça 3 á 3 e 1/2 altura 3 e 1/2 á 3 e 3/4; escamas 6-54-14; D. III, 1 1 ou 12; A. Ill, 6 á 7 olhos3e 1/2; preorbitaes5e 1/2 a 8; focinho 3 e 2/5; maxillares 3, 2 peitoraes 1 1/3; 4° espinho dorsal 1 e 4/9 á 2 ; segundo espinho anal 1 e 1/4; dorsal ramosa 2 vezes na es- pinhosa» . Habitat: Das índias occidentaes ao Estado do Espirito Santo, no Brasil. Pomadysis crocro (Cuv. & vai.) TICOPÁ D. Xn + I, 12; A. ni + 7; L. lat. 54; 1. tr. y| Cabeça cónica, perfil superior concavo, inferior recto até o queixo, contida 2 vezes e 5/6 á 3 no comprimento. Bocca pequena, anterior, termi- nal ; dentes villiformes; lábios superiores carnudos, róseos em vida; maxilla- res terminam sob a narina anterior ; focinho comprido 2 e 4/5 á 3 e 2/3 na cabeça. Narinas anteriores maiores do que as posteriores, deixando ver em parte a branchia nasal; uma dilatação dérmica da sua orla recobre as na= rinas posteriores. Olhos grandes 3 e 1/2 á 5 e 1/2 vezes na cabeça. Preo- perculo tendo o bordo poterior concavo, denticulado, as denticula- ções isoladas, o canto redondo com dous aculeos curtos, e achatados, e o bordo inferior inteiro. Operculo inerme. Post-temporal denticulado. Altura (1) Ramosas = ramoso, allusão aos raios das nadadeiras neutraes. 21 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES 'J e 2/3 á 3. Escamas moderadas, ctnoides, em linhas parallelas á lateral aci- ma desta que é completa mas um tanto sinuosa sob a parte ramosa da dorsal . Nadadeira dorsal baixa, profundamente entalhada, de perfil regular- mento curvo, o 5" aculeo é o maior. Parte ramosa completamente despida de escamas, excepção feita da bahinha basilar, como acontece com a anal. Peitoral pequena, falciforme, terminando na mesma verti- cal que as ventraes e tendo a base escamosa. Ventraes tringulares, nascendo soba axilla das peitoraes e providas de um aculeo forte; um processo escamoso externo delimita a sua axilla; do lado de dentro d'es- se processo uma prega da pelle liga-o ao segundo raio (molle) da nadadeira; o 1° raio bifido termina em dous filamentos curtos que attingem a metade da distancia que vae da base das ventraes á base do 1° aculeo anal ; além disso, as ventraes têm a membrana interradial escamosa na sua pagina externa (inferior) e um processo escamoso do lado inferior do ulti- mo raio A anal é pequena, posteriormente truncada, em linha quasi vertical. O primeiro aculeo é delgado e curto, egual em comprimento ao ultimo raio. O segundo é o mais forte e longo ; attinge justamente a extremidade dos raios ou os excede ligeiramente, quando inclinado sobre a nadadeira O 3° é menor de 1/4 da extensão do 2". Caudal escamosa, ligeiramente concava. Plúmbeo na parte superior, branco argênteo na inferior. Parte superior do focinho e zona interorbital negras, 3 á 4 estrias longitudinaes de largura egual ao diâmetro da pupilla, mais ou menos nitidas sobre os flancos; uma delias segue a linha lateral; uma vem da orbita ao meio da base da caudal . O centro das escamas, acima da linha lateral, escuro, o que forma umas 4 ou 5 linhas longitudinaes indistinctas Uma facha preta anal. Dorsal e anal denegridas ; peitoraes e ventraes amarellas, as primeiras têm uma mancha axillar e o primeiro raio superior negros . Habitat : De Cuba, até Barra de S . João, no estado do Rio. E' um peixe robusto, que cresce até 40 centímetros. Sua carne é tão delica- da que se desfaz após a cocção como se estivesse corrompida; entretanto não é muito saborosa. ORTHOPRISTIS Oirard. U. S. Mex. Bound. Surv. Fish., pg. 15-1859 Forma allongada, comprimida, região cervico dorsal conveva e muito comprimida. Cabeça moderada; bocca anterior, pequena ; dentes villiformes, em facha nos intermaxillares,emaxillares muito pouCO maiores na fila exteri- orda maxilla superior. Parte anterior do focinho nua; narinas anteriores ma- iores doque as posteriores, contíguas, próximas das orbitas. Olhos lateraes. Preoperculo com o bordo posterior recto inteiro ou então egual e finamente denticulado, bordo inferior e canto inteiros. Operculo inerme. Nadadeira dor- ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL — VOl. XVII 22 sal com XII a XIII aculeos, 14 a 16 raios, sem ou com poucas escamas na parte ramosa. Peitoral pequena, menor do que a cabeça; ventral tendo um processo escamoso delimitando externamente a axilla eo 1° raio molle bí- fido, filamentoso. Anal com 3 aculeos mais curtos do que os raios, com ou sem escamas atrazde cada raio. Linha lateral completa. Escamas ctinoides, em series obliquas acima da linha lateral. Habitantes do Atlântico e do Pa- cifico. Espécie brasileira : Orthopristis ruber (^'^ (Cuv. (bi.) SARGO DE BEIÇO D. XI + I, 19 ; A. Ill + 9 ; L. lat. 51-52. Cabeça curta, elevada, de perfil fortemente obliquo, 3 vezes no com- primento total ; bocca moderada, lábios extraordinariamente espessos, villosos; maxillares quasi completamente occultos sob os preorbitarios, apenas attingindo a orla anterior da pupilla. Dentes villiformes em facha sobre os intermaxillares e mandibulares ; uma ordem de dentes cónicos, maiores, externa a essa facha. Preorbitarios altos. Narinas amplas, a ante- rior elliptica, com um prolongamento dermico ao redor. Olhos grandes, diâ- metro 4 vezes na cabeça, egual á altura dos preorbitaes. Espaço interorbi- tal^ largo, 3 e 1/2 á 3 e 1/3 na cabeça. Preoperculo tendo o bordo posterior recto um tanto obliquo para traz, denticulado, com as denticulações maio- res no canto que é redondo. 13 rastros e 4 ou 5 rudimentos no ramo infe- rior do r arco branchial. Post-temporal pectinado obsoletamente. Corpo ele- vado, 2 e 1/8 no comprimento total. Linha lateral cempleta, normal. Escamas grandes, ctenoides. A excepção das partes espinhosas das nadadeiras dor- sal e anal, estas e as demais têm a membrana interradial completamente escamosa até á margem. Parte espinhosa da dorsal de perfil redondo, he- teracantha, aculeos fortes, o 4° é o maior, 2 e 1/2 vezes na cabeça e o ultimo egual ao primeiro e ao comprimento da parte exposta do maxillar; parte ramosa de perfil superior ligeiramente concava. Peitoral falciforme, attin- gindo a vertical do 1° aculeo anal. Ventraes triangulares, originando-se atraz da axilla das peitoraes, mas não attingindo a anal. Anal com os três aculeos muito fortes, o 2° muito maior e mais forte do que o 3° e egual ao com- primento do 3° dorsal ; o bordo posterior desta nadadeira é verticalmente truncado. Caudal furcada co.n o lobo superior um pouco mais desenvolvi- do. Escamas denegridas com a orla livre prateada. Nadadeiras dene- gridas. O Sargo de beiço é um peixe robusto, que se desenvolve bastante, attingindo a mais de meio metro de comprimento. O individuo que serviu á presente descripção pertence ao Museu Nacional, mede O m, 35; tenho visto muito maiores procedentes de Sepetiba. Habitat : Atlântico occidental, desde Florida, na America do Norte, até Sepetiba, no Brasil ; Oceano Pacifico, das Ilhas Magdalenas ao Archipela- go de Galapagos. (1) Surinamensis — de Surinam, na Guyanna franceza. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL — VOl. XVII 26 Anisotremus virginicus ('> (un.) SALEMA D. XII + 17 á 18; A. Ill 4- 10 á 11 ; L. lat. 57 á 58. Cabeça 3 e 1/3; bocca pequena, maxillares não attingindo a orla ante- rior da orbita, quasi totalmente occultos sob a expansão antero inferior do preorbital ; lábios moderados ; dentes villiformes em facha sobre os in- termaxillares e mandibulares, os da serie exterior ligeiramente maiores. Fo- cinho egual ao diâmetro da orbita. Narinas anteriores muito maiores do que as posteriores. Olhos 3 e 1/2 vezes no comprimento da cabeça. Preoperculo estreito, alto, tendo o bordo posterior ligeiramente obliquo para diante e finamente pectinado, o canto redondo com as pectinações gradativamente menores até desapparecerem na passagem para o bordo inferior que se eleva ligeiramente de traz para diante. 1 1 rastros no ramo in- ferior do 1° arco branchial. Corpo elevado, comprimido, 2 e 1/6 no compri- mento total; escamas pectinadas, moderadas, linha lateral ligeiramente si- nuosa sob o ultimo raio dorsal. Esta nadadeira baixa, principalmente na parte ramosa, cujo perfil superior é recto; o 3° aculeo é o maior 2e 1/6 na cabeça e todos são fortemente curvos para traz. Peitoraes f alçadas, at- tingindo a vertical sobre o primeiro aculeo anal ; ventraes triangualres, ori- ginando-se sob a axilla das peitoraes e quasi attingindo o anus com o ápi- ce. Anal baixa, 2° aculeo muito forte, longitudinalmente estriado e ligei- ramente curvo, de comprimento egual ao 3° aculeo dorsal Caudal furcada, com o lobo superior mais desenvolvido. Todas as nadadeiras (exceptuadas as partes espinhosas da dorsal e anal, com a membrana interradial esca- mosa ; aculeos dorsaes e anaes encaixando-se n'uma calha basilar corres pondente. Cinereo azulado com sete fachas longitudinaes amarellas, mais estreitas do que o diâmetro da pupilla, sobre os lados do Corpo. Uma facha negra nasce no alto da região cervical e desce, dilatando-se, sobre a orbita que atravessa, diffundindo-se na face, sob os olhos ; outra facha negra, nitidamente delimitada para o lado da cabeça e difusamente no lado que dá para o corpo, nasce sob o primeiro aculeo dorsal e, dila- tando-se, desce até a base da peitoral, onde se diffunde, apanhando o an- gulo posterior do operculo; é dessa facha negra que sobem as 8 fachas amarellas longitudinaes para morerem : as duas primeiras (de cima para baixo) sob a parte ramosa da dorsal ; a 3 e 4^ depois de unidas em uma na vertical do 1° aculeo dorsal, sobre a parte superior do pedúnculo, na base de nadadeira caudal ; a 5^ e 6^ na base dessa nadadeira, sobre os (1) Virginicus — de Virginia, Estado do Sul dos Estados Unidos da America do Norte. 27 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES lados do pedúnculo e, finalmente a 7^ sobre o ultimo raio da anal Nada- deiras amarellas ; a parte espinhosa da dorsal fortemente enfurnada. Habitat: De Florida, na America do Norte, á Angra dos Reis até San- ta Catharina, no Brasil. A salema não é um peixe apreciado, tendo muito pouco valor no mer- cado do Rio. E' commum e desenvolve-se pouco, crescendo até 30 centímetros GENYATREMUS,(i) gíh. Pr. Acad. Nat. Sei. Philad., pg. 256—1862 Corpo elevado, comprimido; região occipito cervical em quilha, de per- fil canvexo até o alto da cabeça, região frontal quasi quadrangular, depri- mida, perfil descendo d 'ahi abruptamente até os lábios. Dentes villiformes, em facha, atraz de uma serie externa de dentes mais fortes e maiores. 4 po- ros mentaes, dous anteriores e dous maiores, posteriores, não reunidos em vestíbulo commum. Narinas contíguas, superiores, a anterior muito maior do que a posterior. Uma crista superciliar anterior. Preoperculo fortemente denticulado, as denticulações ligeiramente maiores no angulo; operculo iner- me. Dorsal provida de aculeos fortes — formula XII + 1, 12. Peitoraes mai= ores do que as ventraes. Anal com 3 aculeos, o 2° muito maior e mais for- te do que o 3". Escamas ctenoides. Linha lateral completa. Espécie única : Genyatremus luteus^^^ (bi.) CAICANHA D. XIH- I, 12; A. 1!1 + 11; L. lat. 52; I. tr. -||- Oblongo; corpo comprimido, elevado; espessura 2 e l/2na altura, 2 e 1/3 no comprimento. Cabeça curta 3 e 1/3 no corpo, espessa, fortemente depri- mida na região frontal, perfil descendo d 'ahi, abruptamente até o lábio su- perior. Bocca pequena. Maxilla inferior encaixando-se na superior. Dentes cónicos, delgados, em uma facha nos intermaxillares e mandibulares ; os dos intermaxillares são maiores; atraz dessa ordem de dentes ha outra de dentes menores villiformes, em facha moderadamente desenvolvida. Os ma- (1) Do grego Genys = queixo, a = sem, trema, aberturas, poros; allusão á não existência da abertura posterior mediana que se encontra nos demais Hœmulidae americanos. (2 Meus — amarello. ARGHIVOS DO MUSEU NACIONAL — VOL. XVII 28 xillares attingem a vertical da orla da pupilla. Narinas contíguas, próximas da orbita, a anterior o dobro maior do que a posterior, deixando ver a bran- chia nasal. Olhos grandes horisonîalmente ellipticos, orbita com uma crista superciliar saliente. Preoperculo curto, alto, tendo o bordo posterior recto, vertical e fortemente pectinado, as pectinações (as vezes bicúspides) vão au- gmentando em tamanho até o angulo e d'ahi decrescem até o inicio do bor- do inferior. Operculo inerme. Postemporal delgado, liso. 8 rastos delgados, curto e isolados, no ramo inferior do V arco branchial, depois alguns rudi- mentos. A região occipito cervical comprimida em quilha, eleva-se em cur- va até aP dorsal. Região thoraco jugular um tanto deprimida; região tho- raco abdominal deprimida em toda a extensão. Linha lateral completa, um tanto sinuosa sob a 2^ dorsal Aculeos dorsaes robustos, é o 5" o maior, sen- do o perfil d'essa parte da nadadeira curvo , parte ramosa baixa, de perfil superior um tanto curvo. Peitoral falciforme, pouco menor do que a cabeça. Ventraes originando-se sob a axilla das peitoraes, tendo um processo es- camoso axillar ligado ao 2° raio por uma prega da pelle. O primeiro raio é biramoso, terminando em um filamento curto que attinge apenas a orla an- terior da cloaca. Anal com os aculeos fortes; o 2" attingindo o ápice do 1° raio anal, o 3" muito menor do que o 2° a base do 6° raio anal. Plúmbeo azu- lado na parte superior, argênteo amarellado na inferior. Dorsal espinhosa denegrida com os aculeos prateados, dorsal ramosa, peitoraes, ventraes e anal amarellas, caudal amarella denegrida. As escamas têm o centro obs- curo o que produz estrias longitudinaes diffusas sobre o corpo do animal. A caicanha é um peixe commum, de pouco valor. Cresce pouco; nunca vi exemplares de mais de 30 centímetros de comprimento. Habitat : Das pequenas Antilhas ao Rio de Janeiro. BORIDIA cuv. & Vai. Hist. Naturrelle des Poissons, vol. V, pag. 114 Facies aquilino. Cabeça curta, reforçada, deprimida como no género Genyatremus; poro mediano do queixo ausente, encontra-se n'essa re- gião somente dous poros anteriores e dous posteriores muito separados um do outro e reduzidos. Dentes cónicos em uma serie exterior nos in- termaxillares e mandibulares; uma facha de dentes molariformes poste- rior á V serie. Preoperculo pectinado no bordo posterior. Operculo inerme ; sub operculo finamente pectinado o que só é apparente nos in- dividues adultos. Dorsal dupla, formula XII +1 para os aculeos. Anal com 3 aculeos, o 2° maior do que o 3°. Uma única espécie. 29 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES Boridia grossidens^'^ cuv. & vai. CORCOROCA-SARGO D. XH-I,13; A. 3-f9 á 10; L. lat 48; 1 tr. ^ 16 Oblongo, corpo comprimido, elevado; perfil descido em curva até á nuca e levantando-se d'ahi até ás narinas anteriores e descendo, depois, abruptamente, até á bocca que é anterio-inferior e de abertura moderada ; intermaxillares não occultos sob os preorbitarios, e com os mandibulares providos de uma orla de dentes cónicos, por detraz dos quaes nota-se umas duas filas irregulares de dentes molariformes, como nos sargos. Maxillares não attingindo a vertical baixada do meio da pupilla, em parte occulto sob o preorbital ; mandíbula introduzindo-se na maxilla superior. Narinas grandes, as anteriores obliquamente ellipticas, maiores do que as posteriores, que não t.m prolongamento dermico e são também ellipticas. Olhos moderados, 4 vezes no comprimento da cabeça ; orbita um tanto quadrangular, com o bordo anterior saliente ; espaço interorbital chato, de largura contida 3 e 1/2 vezes na cabeça. Preoperculo pectinado com o bor- do posterior recto, obliquamente dirigido para traz, e redondo do canto ao extremo anterior do bordo inferior ; as pectinações augmentam em ta- manho até o canto e diminuem d'ahi em diante. Operculo inerme. 10 ras- tros curtos, espinif ormes e 5 rudimentos no arco inferior do 1° ramo bran- chial. Altura 3 vezes no comprimento. A região occipito-cervical até á nadadeira dorsal é comprimida em quilha ; a região thoracica é deprimida, chata e larga ; a região abdominal é redonda. A linha lateral é completa, tendo 52 poros. As escamas são cycloides. As de cima da linha lateral em series parallelas á mesma. Ha uma bainha de escamas na base da dorsal ; esta nadadeira, profundamente entalhada, tem os dous primeiros raios, o 2° 1/6 do 3° que é o maior e contido 1 vez e 1/4 de sua extensão na cabeça. Do 3° aculeo o perfil marcado pelos outros é concavo ou ligei- ramente sinuoso até o ultimo que, como o penúltimo, é muito mais curto do que o r aculeo da parte ramosa. Esta é de perfil posterior obliquamente truncado. Peitoral f alçada, pequena, menor 1/6 do comprimento do 3" aculeo dorsal e de 1/3 da extensão da cabeça. Ventral grande, tendo o acu- leo muito desenvolvido (egual ao 4° rai -) e um longo processo escamoso de- limitando o lado externo da sua axilla. Uma prega da pelle liga este pro- cesso ao --° raio da ventral que é escamosa na pagina inferiore que tem mais outro processo escamoso no ultimo raio interno (3 á 4 grandes escamas). Anal verticalmente truncada ou ligeiramente concava no seu bordo pos- terior ; 2° aculeo attingindo á vertical baixada da base do ultimo raio ; (1 ) grossidens—de dente sgrandes. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL — vol. XVII 30 3° menor de 1/7 da extensão do 2°. Caudal escamosa, moderadamente fur- cada. Pardo plúmbeo superiormente, argênteo inforiermente ; estrias longi- tudinaes prateadas, indistinctas nos lados do abdomen. A dorsal tem os aculeos prateados e a membrana denegrida na parte espinhosa ; a parte ramosa d'essa nadadeira é branca, tendo duas fachas cinzentas que abran- gem toda a extensão delimitada pelos 3" e 5°, 8" e 10° raios, o que produz uma alternância de fachas brancas e escuras. O mesmo succède com. a anal, que tem uma f cha denegrida entre o 2° e 5° raios. Nas ventraes o aculeo e o ultimo raio são brancos e a zona intermediaria é denegrida. As peito- raes são externamente brancas e internamente argênteas. Caudal plúmbea denegrida. Habitat : De Santa Catharina á Ilha Rasa — A'iar del Plata. Serviram á presente descripção um exemplar pequeno e um de 28 centímetros. 1 Uey' I f 1 M ULLI D/CEI ('> Peixes subclaviformes, subcomprimidos, de bocca antero inferior, me- diocre, provida de lábios moderados e um par de barbilhões mentaes, car- nudos e desenvolvidos, simples e grandemente moveis e fazendo parte do apparelho hyoide. Intermaxillares pouco moveis; maxillares tendo uma ex- pansão semicircular no extremo livre; dentes mais ou menos subconicos, em serie única ou em facha nos intermaxillares e mandibulares; villiformes, quando presentes, no vomer e palatinos. 4 branchiostegos; membrana branchiostega livre de sua opposta; abertura branchial ampla com o isthmo envolvido no extremo anterior. Olhos moderados, lateraes. Escamas quasi ctenoides. desenvolvidas, recobrindo a cabeça e as bochechas. Linha lateral simples, com os tubos múltiplos. Dorsal dupla, as duas partes iso- ladas; a anal opposta á segunda e tendo dous aculeos. Ventraes presentes. Tubo digestivo syphonico; caecos pyloricos múltiplos, vesícula natatoria simples. Coloração geralmente vermelha. Peixes geralmente pelágicos ou de littoral e de frequência pouco commum; não se desenvolvem muito. Géneros brasileiros: Operculo com um aculeo acima do angulo • Paraupeneus Intermaxillares de dentes providos Operculo inerme. Palatinos despro- vidos de dentes Palatinos provi- dos de dentes. . Mulloídes Pseudomulloídes Intermaxillares desprovidos de dentes Mullas 1) Mullas, género referido: eidos, semelhante. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL VOl. — XVll 2 PARUPENEUS,0)Bleeker Not. sur Parupeneus. He Réunion, pag. 345 — 1867 Corpo subclaviforme, de perfil inferior mais curvo. Bocca antero- inferior provida de lábios moderados; e maxiilares não attingindo a vertical da orbita. Dentes nos intermaxillares e mandibulares em uma única serie ou irregularmente biseriaes nos intermaxillares; vomer e palatinos edenta- dos. Olhos lateraes. Preoperculo inteiro; operculo provido de um aculeo acima do angulo. Abertura opercular ampla; rastros chaetiformes. Esca- mas ctenoides. Geralmente grandes; recobrindo também a cabeça. Linha lateral presente, completa, sinuosa. Nadadeira dorsal dupla; anal com II aculeos. Caudal furcada. Espécie brasileira: Paraupeneus maculatus ^^^ (bi.) D. VII + 1 + 8: A. n +5: L. lat. 32 Cabeça 3 e 1/5; altura 3 e 1/2; olhos 4 e 1/3; perfil superior curvo, infe- rior quasi recto Focinho de comprimento quasi egual ao resto da cabeça, pela posição póstero superior dos olhos o que empresta ao peixe um aspecto de Neomenis bastante accentuado. Bocca mediocre, antero-inferior, pro- vida d'uma serie de dentes cónicos, curvos subcaniniformes, curtos, em uma única serie nas maxillas; maxiilares jamais attingindo a vertical da orla an- terior da orbita que é contida 1 e 1/3 no espaço interorbital. Focinho e região sub-ocular cheia de poros mucosos nitidos; preoperculo de bordo la- mellar, inteiro, resistente; operculo tendo um aculeo pungente acima do an- gulo. Escamas grandes, ctenoides. Linha lateral completa, sendo os po- ros múltiplos e tubulados em cada escama. Peitoraes sub-falcadas, pouco maiores que os barbiihões mentaes e pouco menores que as ventraes que lhe nascem sob a axilla das peitoraes; V dorsal verticalmente sobre a axilla das ventraes e segunda verticalmente sobre o anus; esta nadadeira e a anal não são falcadas e sim triangulares; caudal furcada e escamosa em meia ex- tensão. Cor olivacea, rubescente, mais alvadia para o ventre com 4 manchas mais escuras, transversaes, no dorso, sendo uma sobre a nuca, uma sob a P dorsal, uma sob a segunda dorsal e finalmente outra sobre a base do pe- dúnculo; d'estas manchas apenas as três primeiras passam a linha lateral sendo ahi interrompidas; sobre a cervix a serie de escamas que liga os 1) Para. (Gr.) ao lado de, Upeneus, género referido. 2) Manchado. leira . 3 A. DE MIRaNOA ribeiro — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES operculos é mais clara, series de manchas cor de pérola sobre o lado dor- sal; nadadeiras d'esté nome mais ou menos rubescentes, caudal transfascia- da, ás vezes indistinctamente. 25 centímetros. Habitat; Das índias Occidentaes ao Rio de Janeiro, no Atlântico Oc- cidental. A descripção de Bloch refere-se á exemplares de procedência brasi- MULL01DES,(1) Bleeker Niew bydrag tot de kennis der ichthyologische fauna van Ceram, pg. 697—1852 Forma alongada, mais alongada que em Mullas tendo d'esté género todos os caracteres e differindo pela presença de dentes na maxilla superior, nos intermaxillares, em facha villiforme como nos mandibulares. As esca- mas são espessas e mais resistentes. Vomer e palatinos edentulos. Espécie brasileira: Mulloides macrophthalmus, (^^ sp. nov. Um exemplar colligido no mercado da Bahia pelo Snr. R. Rathbun em 1876 tem os seguintes caracteres: Cabeça 3 e 1/2; altura 4 e l/ó; no comprimento que vae da ponta do focinho á base da cauda: maxiilares quasi attingindo a vertical da orla an- terior da orbita; esta de diâmetro justamente egual á parte post ou infra-or- bital da cabeça e muito pouco menor que o espaço interocular; na cabeça esse diâmetro é contido 3 e 1/3. Os barbilhões mal excedem o ponto de divergência dos bordos operculares. Escamas grandes, ctenoides, resisten- tes e firmes, cerca de 40 series transversaes da cabeça á base da cauda. Dorsal óssea originando-se por traz do plano da axilla peitoral em distan- cia egual a um raio orbitario. Ventraes eguaes ás peitoraes, porém ligeira- mente posteriores. Este exemplar preservado no alcool durante tanto tem- po, está muito denegrido e por isso não apresenta coloração apreciável - A dentição d'esté peixe, apenas perceptível com uma lente em ambos as maxillas, prova ser elle pertencente ao género Mulloides até agora s6 constatado no Pacifico. 1) Mulíus, género referido, eidos, semelhante. 2) Macrophthalmus, (Gr.), macros— grande, ophthalmos = olho. ARCfflVOS DO MUSEU NACIONAL VOl , — XVII 4 PSEUDOMULLOIDES,(i) gn. nov. Forma geral e caractères anatómicos do género Mulloides de Bleeker, tendo, porém, presente, uma facha de dentes villiformes e pequeníssimos no lado marginal interno dos palatinos. Pseudomulloides carmineus, ^^^ sp. nova. D. Vil + 8; A. 1 + 6; L. lat. 36; L. tr. 2/6 Cabeça 3 e 2/3; altura 4 e 1/3 no comprimento até a base da caudal. Maxillares attingindo a vertical da orla anterior da orbita; preorbitaes de contorno livre, semicircular. Olhos equidistantes da ponta do focinho e da orla opercular, 4 vezes na cabeça, uma no espaço interorbital. Bochechas com 3 ordens de escamas: orla preopercular vertical, muito unida ao oper- culo que não tem aculeo. Escapular com um processo espiniforme, obsoleto, na axilla opercular. Abertura branchial ampla; rastros setiformes, nume- rosos. Escamas ctenoides. Linha lateral presente, completa, parallela ao contorno dorsal. Dorsal e ventraes mais ou menos no mesmo plano vertical que passa pela axilla das peitoraes; anal de origem um pouco pos- terior á da base da 2^ dorsal; caudal furcada. Coloração carminea; caudal transfasciada d'essa cor, que desapparece no alcool. 2 exemplares. Um dos quaes medindo 135 millimetros, proce- dente de fora da barra e que me foi dado pelo servente do Museu, Guilher- me José Cupes. MULLUS, (3) Linnaeus Syst, Naturœ, Ed. X, pg. 299-1758 Forma alongada; bocca anterior, com o osso complementar dos maxil- lares largamente salientes no extremo livre e dentes presentes na mandíbula, no vomer e nos palatinos, intermaxillares livres; barbílhões desenvolvidos. Preorbítario amplo, elevado, porém muito delgado; orbítario anterior sali- ente. Orbita lateral, sendo a região interorbital plana e em angulo recto com o plano da orbita. Uma rede de poros mucosos sobre a região orbi- taria e rostral lateral. Operculo inerme. Rastros presentes, chaetíformes. Abertura branchial ampla, envolvendo o isthmo em curta extensão. Esca- mas grandes, ctenoides, porém, delgadas e deciduas. Linha lateral presente. Dorsal dupla; a anterior mais ou menos sobre as peitoraes e ventraes; segun- da dorsal sobre a anal esta com 11 aculeos. Caudal furcada. Durante as Pes- cas do Annie, constatei em aguas brasileiras a presença da seguinte espécie. 1) Pseudo = falso, Mulloides, género referido. 2) Carmineus, côr de carmim 3) Mullus (de mullos, Gr. beiço) nome latino de Mullus surmuletus. 5 A. BE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES Mullus surmuletus ('> (l.) SALMONETE D. VllI 4- 9; A. 11 + 6 Cabeça 3 e 1/2; altura idem, no comprimento que vae do focinho á base da cauda; bocca antero inferior, sendo o perfil do focinho obhquo; diâ- metro orbitario pouco menor que a altura do preorbital, 3 e 2/3 vezes na cabeça. 1 vez no espaço interorbital. P dorsal, peitoraes e ventraes origi- nando-se quasi no mesmo plano vertical; anal sob o segundo raie da dorsal ramosa; P dorsal 1 e 2/3 na cabeça ou quasi o mesmo comprimento das ventraes. Côr geral rosea viva, com três estrias longitudinaes amarellas, uma barra negra no ápice da dorsal óssea. Comprimento, 19 centimetres. Exemplar colhido nas Pescas do Annie, perto da Ilha Rasa. 1) Surmuletus, latinisação. NID I V 1 I SCI/ENID/E (^> Peixes de forma alongada, de tamanho variável, robustos, de perfil superior mais arqueado do que o inferior e de altura pouco excedente ou menor do que o comprimento da cabeça. Esta mais ou menos sub-conica, comprimida, com o focinho mais ou menos proeminente ou com a mandí- bula proeminente e mesmo anterior, donde se deprehende que a bocca seja inferior, pouco movei, com a mandíbula mais ou menos incluída, mo- derada, ou anterior, mais ou menos fendida, obliqua ou vertical. Só os inter- maxillares, mandibulares e os pharyngeanos providos de dentes ; estes apre- sentam-se, em geral, em fachas, naquelles dous primeiros ossos, villiformes; ao lado de outros isolados, caninos (quer nos intermaxillares, á 2 na serie interna, quer nos mandibulares) anteriores e lateraes, ou somente lateraes; nos pharyngeanos que são divididos ou unidos, elles se apresentam aci- culares ou pavimentosos. Maxillares desprovidos de osso supplementär, mais ou menos occultos sob os preorbitaes ; mandíbula provida ou não de barbilhões curtos ; preorbitaes mais ou menos desenvolvidos. Narinas mais próximas da orbita do que do extremo do focinho, as anteriores pe- quenas, circulares, as posteriores oblongas, muito maiores. Olhos lateraes, moderados. Preoperculo de bordo membranaceo ou ósseo; com ou com- pletamente sem aculeos ; operculo geralmente com dous rudimentos de es- pinhos lamellares ; 7 branchiostegios ; 4 branchias com uma fenda modera- da atraz da ultima ; rastros pouco desenvolvidos. Pseudobranchias frequen- temente ausentes. Escamas moderadas, cycloides ou ctenoides, linha late- ral presente, completa, mais ou menos sinuosa, projectando se ou não so- bre a caudal. Dorsal continua ou dupla; óra os aculeos são muito desen- volvidos em comprimento, óra moderados, sendo a parte espinhosa quasi sempre triangular e de base curta, emquanto que a parte ramosa é muito mais extensa e, ás vezes, occupa todo o resto da extensão dorsal, até sobre o pendunculo ; é de forma que pôde ser chamada parallelogramica, e egual 1) Sciœna, género typico; eidos (gr.) parecido. 4 ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL VOl. XVII OU muito mais baixa do que a sua antecedente. As peitoraes são sempre falcadas, moderadas ; as ventraes originam-se sob a base das peitoraes e são mais ou menos equivalentes á estas. A anal tem 1 á 2 aculeos mais ou menos fortes. A anal é de forma variável, frequentemente, porém, bi- truncada.O esqueleto apresenta modificações naestructura do craneo, cujos ossos apresentam processos cavernosos muito desenvolvidos, o que muito enfraquece a armação craneana, óra esses processos não existem. No pri- meiro caso, os duetos muciferos são muito mais desenvolvidos do que no segundo. A vesicula natatoria é geralmente provida de appendices mais ou menos modificados, faltando em um género. Cœcaem pequeno numero. E' uma das famílias ichthvologicas de maior imiportancia para o Bra- sil que nella tem um grande numero de espécies muito apreciadas e de gran- de consumo. Os sciœnideos são peixes sociáveis que vivem, com poucas excepções, em grandes bandos, em aguas de pouca profundidade. Preferem os logares arenosos e algumas espécies são completamente fluviateis. Das suas 148 espécies, 35 são brasileiras. Sub-familias Intermaxillares desprovidos de caninos; 9 á 12 vertebras abdominaes e 13 á 20 caiidaes Sciœninœ Intermaxillares providos de caninos; 14 á 15 vertebras abdominaes e 10 á 11 caudaes Otolithince jjj^l multo elevada, mais alta do que o dobro da sua base- inletneuraes anteriores reunidos entre a Christa ao occipital e o terceiro e new raphyse da terceira vertebra cervical . Pharyngeanos inferiores unidos, largos, provi- dos de dentes pavimentosos, grandes. Mandí- bulas com 2 series de 12 barbeis. Nenhum bar- bei impar ou digitado na symphise . Pogonias l.dorsalinoderadamente I ! elevfldanurcaegualao \ \ dobro de sua base, In- \ lerneuraes normaes... / Mento com um barbi Ihâo . Mandíbula com barbl- IhOes . . Íl-a I. aculeo anal. vesicicula atatoria ausente Mento com três ou mais barbllhões . (2 aculeos anaes; vescu- la nataloria presente. Preoperculo com o bor- do livre provido de k aculeos fortes \ Pharyngeanos inferiores • separados . (Preoperculo desprovido de aculeos no bordo Hvre . . . ■ / Nadadeira caudal com- / pleta e espessamente I recoberta de escamas Duas series de barbl- lhões no queixo e um appendice digitado na symphyse Três barbeis na physe , Menticirrhus Umbrina Micropogon Polyclemus Pacfiypops Pachyurus Mandibula sem barbl- lhões . , . . ,' Preoperculo mais ou me- nos provido de acu' leos /Dentes mais ou menos 1 / subeguaes, villi formes ' ''Rastros, curtos, pouco numerosos (-de 13); os maiores não excedem o diâmetro das na- ■ rinas posteriores Ophioscioíl I Rastros, numerosos, del- gados, longos (— de/Aculeos inferiores 15) maiores do que ol preoperculo antrossos Bairdiello diâmetro das narinas' posteriores . jAculeos inferiores preoperculo divergen- tes mas nao antrossos StelUfef' \ Nadadeira caudal mode- ' radamente escamosas./ l Preoperculo ceo, ineri I' Escamas do corpo cte- ■nenibrana-l noldes le, ciliado . y Escamas do corpo cy- ' cloides . Larimus Nebris \ Uma serie de dentes desenvolvidos, cóni- cos, caninos, além dos dentes villi formes Plagioscion A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES 5 EQUES/'> BI. Ichthyol, vol. pg. 1739 Sub claviformes, comprimidos; cabeça alta, bocca inferior, pequena ; intermaxillares e mandibulares providos de dentes villiformes, focinho cur- to, provido de poros e fendas labiaes, sendo o perfil rostro-cervical muito obliquo ; narinas anteriores maiores do que as posteriores, olhos lateraes, moderados ; preoperculo inerme, operculo com rudimentos de uma ou duas pontas lamellares ; rastros em pequeno numero, rudimentares. L. lateral completa, escamas finamente ctenoides. Dorsal dupla, a parte espinhosa tendo o primeiro espinho muito curto e o terceiro ou quarto seguintes muito elevados, o que lhe dá uma apparencia falciforme, por ser, em geral, mais alta do que o dobro da extensão da base; a parte ramosa prolonga-se sobre o pedúnculo até proximo da caudal e é quasi parallelogramica, mais ou me- nos revestida de escamas ; peitoraes amplas, mais ou menos lanceoladas, com as ventraes nascendo sob a sua base ; anal com 2 aculeos sob a parte media da dorsal ramosa, caudal bitruncada ou obliqua. Vesícula natatoria grande, simples, vertebras 10 + 15. Destes bellos peixes, duas espécies frequentam as aguas brasileiras : Dorsal menor do que a cabeça, X + 1, 38 á 39 A. II + 7; estrias da cabeça e corpo longitudinaes. Eques acuminutus (BI. & Schn.) Dorsal maior do que a cabeça, XIV á XVI -|- 1,53 A H. + 5. Du»« das estrias transversaes sobre a cabeça e thorax Eques lanceolatus (L.) Eques acuminatus, <^> (bi. & schn.) Não conhecemos este bello sciaenideo que é assim descripto por Jor- dan & Evermann que tiveram á sua disposição, entre outros, exemplares do Rio de Janeiro e S. Thomaz, pertencentes ao Museu de Zoologia Compa- rada de Cambridge : D. X + !, 38á40; A, 11+7; escamas 50. ^ «Cabeça 3 ; altura 2 e 3/5 ; olhos 4 na cabeça ; focinho 3 e 3/4. Corpo alongado, comprimido ; perfil forte, porém não quasi vertical. Distancia do (1 Eques, quitis, cavalleiros — allusão á parte espinhosa da dorsal, que faz lembrar a pluma dos cavalieiros andantes. (2) Acuminatus, ponteagudo. 6 ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL VOl. XVII focinho ao primeiro aculeo dorsal, quasi egual á altura do corpo. Aculeos dorsaes pouco elevados ; o mais longo cerca de 5 e 1/2 no comprimento do corpo ; primeiros 5 ou 6 interneuraes articulados entre as neuraes da segun- da e terceira vertebras, os restantes entre a terceira e quarta ; area interor- bital não completamente da largura da orbita ; segundo espinho anal 2 e 1/3 na cabeça ; mais longa dorsal 1 e 3/5; peitoraes 1 e 4/7 ; bocca maior do que em Eques punctatus, attingindo as maxillares além do meio da orbita e 3 na cabeça; dentes da maxilla superior ligeiramente maiores ; rastros Icurtos, delgados 6+9 ; pedúnculo caudal e nadadeira menos elevados do que em f^wt^s pí//2c/u/u5; segundo acuieo anal ligeiramente mais curto do que os raios, 2 e 1/3 na cabeça; dorsal ramosa, recoberta de escamas grandes, as series sob a linha lateral ligeiramente obliquas. Còr da forma typica das índias Orientaes (var. acuminatus) quasi negro com estrias longitudinaes esbranquiçadas no corpo, não nas nadadeiras; uma estria da margem su- perior dos olhos, em linha recta, até á orla superior do pedúnculo caudal, uma logo acima d'esta até os últimos raios da dorsal ramosa, dous con- fluentes, da nuca ao meio da dorsal ramosa, dous em baixo da primeira das peitoraes á base da caudal, a inferior até á orla do pedúnculo caudal, nadadeira escura. Carolina do Sul até o Brasil, não raro nas índias Occi- dentaes.» Eques lanceolatus ('> d Maria-Nagô D. XIV á XVI + 1,53; A. II + 5 Subfusiforme, moderadamente comprimido ; cabeça grande, elevada, obtusa, 4 vezes no comprimento Bocca moderada, maxillares attingindo a orla anterior dapupilla ; narinas muito próximas da orbita que é regu lar e contida 2 e 4/5 na cabeça. Preoperculo de margem membranosa de bordo posterior vertical e canto redondo, densamente escamoso, operculo lyriforme escamoso com duas pontas lamellares moderadas. Altura 3 e 1 10. Escamas irregulares. Dorsal originando-se sobre a axilla oper- cular; primeiro aculeo maior de um meio de sua extensão do que o com- primento da cabeça ; parte ramosa parallelogramica, baixa e longa ; pei- toraes pequenas, menores do que a cabeça e muito pouco menores do que as ventraes que nascem sob a sua articulação ; base da dorsal ramosa, ventraes e anal, assim como a caudal que é espatulada, revestida de es- (1) Lanceolatus (Lat.) — lanceolado. A. DE MIRANDA RIBEIRO— FAUNA BRASILIENSE — PEIXES 7 camas. Amarellado claro. Uma facha transversal denegrida, orlada de branco e, da largura da pupilla, vem do alto da fronte, atravessando os olhos e termina atraz dos maxillares ; outra idêntica um pouco mais larga, vem do alto da região occipito cervical em curva branda, á base das ventraes e se prolonga sobre esta nadadeira até o ápice dos primeiros raios ; outra finalmente originando-se na ponta do maior aculeo dorsal que é branco e forma ahi a orla anterior da facha, dirige-se, dilatando-se, á base dessa nadadeira ; dahi, segue de bordos parallelos em curva suave até o extre- mo da caudal. Habitat : das índias Occidentaes até o Estado da Bahia. P0G0NIAS,(1 Lacep. Hist. Nat. Poiss., vol. Ill pg. 138-182 Fica perfeitamente caracterisado este género pela descripção da espé- cie única Pogonias chromis (l.) PIRA-UNA ; VACCA ; MIRAGUAYA D. X-f-I, 19 á 21; A. 11+ 5 á 6; L. lat. (escamas) 46 á 50; L. tr. ^ ^ ® 14 á 15 Corpo comprimido, elevado, perfil superior grandemente curvo, infe- rior (do mento ao primeiro aculeo anal) recto, elevando-se dahi em angulo obtuso até o pedúnculo. Cabeça sub-conica, moderadamente comprimida, 3 e 1/3 á 3/2 no comprimento; bocca inferior, dentes villiformes, em facha nos intermaxillares e mandibulares ; os dentes pharyngeanos pavimento- sos grandes, maxillares attingindo a vertical da orla posterior da orbita ; olhos 4/8 á 7 vezes na cabeça, com 5 poros anteriores, e 12 barbeis em ca- da lado do queixo, do mento á articulação. Focinho curto, 4 vezes na cabeça; narinas anteriores circulares, oblongas, maiores ; preoperculo com a parte livre membranacea, inteira, bordo posterior recto, ligeiramente obliquo para traz, canto redondo; operculo com dous espinhos lamellares. 12 rastros curtos no ramo inferior do primeiro arco branchial. Altura 2 e 5/4 á 3 ve- zes no corpo. Escamas ctenoides ; linha lateral completa, prolongando-se sobre a caudal até o extremo dos raios medianos. Nadadeiras mias, apenas as peitoraes e caudal têm a base revestida de escamas. Dorsal continua. Pogonias (gr.)— barbado. 8 ARCHIVOS DO MUSEU, NACIONAL VOl. XVll fortemente entalhada ; parte espinhosa triangular, parte ramosa parallelo- gramica. Peitoraes falcadas, do tamanho ou pouco menores do que a ca- beça ; ventraes 1/4 menores do que as peitoraes, originando-se por traz da axilla Anal curta, situada sob o meio da base da dorsal ramosa, com dous aculeos; o primeiro muito pequeno, o segundo 1 e 3/4 (nos jovens) a 2 e 2/3 (no adulto) na cabeça ; caudal truncada, ligeiramente concava. Pra- teada com 4 fachas largas tranversaes, sob o corpo e nadadeiras, mais ou menos denegridas, nos jovens, estrias indistinctas ao longo das series de escamas, mais ou menos constantes. Os adultos são côr de chumbo unifor- me, com as nadadeiras denegridas, e os lábios vermelhos. Vesicula nata- toria ampla, com uma facha de caecos múltiplos em cada lado. A pira- una é um peixe robusto, muito commum nas regiões dos mangues, onde vive isolado. Cresce muito, attingindo á mais de metro de comprimento. E' muito procurado pelos comnierciantes de peixe que a vendem por garoupa. Habitat : Atlântico Occidental, de Long Island, na Am. do Norte á Rep. Argentina, na do Sul. Meníicirrhus ^'^ gíh Proc. Acad. Nat. Sei. Philad., pg. 86 — 1861. Peixes subfusiformes, comprimidos superiormente, deprimidos na re- gião frontal e inferiormente ; de cabeça cónica, bocca inferior, moderada ; dentes villiformes nos intermaxillares e mandibulares, ás vezes alguns den- des externos caniniformes nos intermaxillares, porém pouco desenvolvi- dos; dentes pharyngeanos agudos ou rhombos, mento provido de um barbilhão curto e riio e de oud.^^f^ nóros. Focinho nmpminpntp^ nrnviHo de poros. Narinas contíguas, próximas dos olhos, as anteriores circulares, moderadas, as posteriores oblongas, maiores. Olhos lateraes, médiocres. Preoperculo de bordo livre membranaceo, crenulado. Operculo com um á dous rudimentos de pontas lamellares. Rastros rudimentares. Escamas cte- noides, recobrindo todo o corpo á excepção do focinho, preorbitaes e queixo. Nadadeira dorsal dupla a parte espinhosa triangular, com 10 á 13 aculeos; parte ramosa parallelogramica. Peitoraes as vezes com a base escamosa, falciformes, amplas, originando-se perto do perfil inferior. Ven- traes menores do que as peitoraes, originando se atraz da axilla das pei- toraes ; anal pequena com 1 aculeo fraco. Caudal escamosa na base, com a metade inferior redonda e a superior angular, com os raios superiores ligeiramente prolongados. Vesicula natatoria rudimentar. Deste género que contem muitas espécies, todas americanas, existe no Brasil um único representante : M. americanas 1) Meníicirrhus (Lat.) = mentum. mento, queixo; cirrhus, barbilhão 9 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES Menticirrhus americanus ^'^ (l.) PAPA-TERRA D. X + I, 22 ou 23; A, 1 +7; L. lat. 58 ; L. tr. |5. Sub-fusiforme, comprimido e de perfil superior curvo, moderadamen- te angular; inferiormente deprimido, de perfil recto. Cabeça 3 e 1/2 no cor- po , cónica, moderadamente deprimida na região frontal. Focinho có- nico, proeminente, com um poro apical e dous (um para cada lado) lateraes, formando um triangulo de que o poro central é o vértice, seguidos de um entalhe labial. Outro poro muito maior seguido de um entalhe labial, abaixo do meio da linha da base do triangulo citado. Entre o entalhe do poro mediano inferior e os entalhes lateraes, ha outra prega da pelle divi- dindo em dous os lobos labiaes por elles formados. Preorbitaes entumeci- dos ; narinas próximas dos olhos, as anteriores circulares, providas de uma prega dérmica pouco desenvolvida, as posteriores semilunares, com um rudimento de valva superior. Bocca inferior, moderada; maxillares attin- gindo a vertical do meio da pupilla. Intermaxillares e mandibulares pro- vidos de uma ampla facha de dentes villiformes; naquelles ha seis dentes caniniformes moderadamente desenvolvidos. Mento provido de um barbi- Ihão cónico, duro, seguido de quatro poros lateraes (2 para cada lado). Olhos 6 vezes na cabeça, espaço interorbital 4 e 1/3. Preoperculo tendo o bordo porterior vertical, membranaceo, crenulado ; eperculo ly- riforme, com duas pontas lamellares obsoletas. Rastros rudimentares. Altura 4 vezes no corpo. Escamas ctenoides, revestindo toda a cabeça, á excepção do focinho, preorbitaes e mandíbula. Dorsal sem escamas, dupla, a parte espinhosa, triangular, tem o 3° aculeo mais alto de todos; a ramosa parallelogramica. Peitoraes amplas, 1 e 1/6 na cabeça; ventraes muito menores que as peitoraes, originando-se atraz da axilla desta e terminando á 2/3 da distancia que vae da base do aculeo ventral ao anus. Anal sem escamas, com um aculeo fraco, menor do que a metade do r raio e con- tido 5 vezes na cabeça, originando-se sob o extremo posterior do 1° terço da base da dorsal ramosa. Caudal sinuosa, com o lobo inferior proeminen- te e revestida de escamas até meia extensão. Cinereo plúmbeo uniforme ou com fachas transversaes mais escuras. Dorsal espinhosa, finamente pon- tuada de negro; peitoraes idem, na pagina superior mais intensamente ; as ventraes e a anal, bem como a parte infero lateral do corpo, também pon- tuadas, porém, muito menos densamente. (1) americanas (Lat.) — da America. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL VOl. XVII 10 Habitat : Da bahia de Chesapeake e Texas á Patagonia. O papaterra é bastante commum no Brasil ; não é um peixe apreciado, antes conside- rado grosseiro. UMBRINA,(i) cuv. Rigne Animal, pg. 297— 1» Ed. 1817. Forma oblonga, comprimida, perfil dorsal arqueado, thoracico e abdo- minal mais ou menos recto. Cabeça pouco menor em comprimento do que a altura ; bocca inferior, com dentes villiformes, em facha, nos intermaxilla- res e mandibulares, os da serie externa dos intermaxillares um pouco maiores. Aíento com um cirrho mais ou menos longo. Focinho proeminen- te ; preorbitaes mais ou menos entumecidos ; narinas anteriores circula- res, posteriores fendidas superiormente (cónicas); olhos lateraes, modera- dos. Preoperculo com a margem óssea ou membranosa (nos jovens) fina- mente serrilhada ; operculo com rudimentos de 1 á 2 pontas lamellares. Rastros moderados. Escamas ctenoides, moderadas, linha lateral completa, mais on menos prolongada sobre a caudal. Dorsal dupla ; parte espinhosa com dez aculeos, parte ramosa com 1 e 25 á 33 raios. Anal com 2 aculeos, o 2° o maior. Nadadeiras verticaes nuas ou com poucas escamas nas mem- branas. Vesícula natatoria ampla. Dentre as muitas espécies que habitam os dous oceanos, representa o género, no Brasil. Umbrina coroides. Umbrina coroides, ^^^ cuv. & vai. D. X + 1, 24 á 28 ; A. 11 + 6 á 8 ; Lat. 48 ; L. tr. 5/10 Perfil superior arqueado do focinho ao pedúnculo, recto do mento á anal, subindo dahi em angulo obtuso até o pedúnculo, por uma obliqua fra- ca. Cabeça robusta, espessa, 3 e 1/6 no corpo ; focinho proeminente ; preor- bitaes intumecidos; narinas anteriores circulares, posteriores fendidas supe- riormente. Bocca inferior, moderada ; dentes villiformes, em facha nos in- termaxillares e mandibular, os da fila externa dos intermaxillares maiores; maxillares attingindo a vertical da orla posterior da pupilla. Olhos 3 e 1/2 vezes na cabeça. Preoperculo de margem membranacea, crenulado, bordo posterior obliquo, canto redondo. Operculo com dous rudimentos de (1) Umbrina, sombreada. (2) Coroides: Coro = Conodon nobilis, (roncador) eidos, semelhante. 11 A. DE MIRANDA kIBEIRO— FAUNA BRASILIENSE— PEIXESE pontas lamellares, rastros 9á 11, médiocres. Linha lateral completa, nor- mal, projectando-se sobre a caudal. Altura 2 e 9/10. Dorsal espinhosa, pouco elevada, de perfil um tanto arredondado, o 3° aculeo é o maior. Parte ra- mosa parallelogramica, da altura do 3° aculeo dorsal. Peitoraes le 1/4 na cabeça ; ventraes originando-se sob a origem das peitoraes e terminando na mesma vertical em que estas terminam; o primeiro raio é filamentoso. Anal com dous aculeos, o primeiro 1/6 do 2" que é contido 2 e 1/3 na ca- beça ; ha um serie de escamas atraz de cada raio. Caudal duplamente si- nuosa ( j forme) não revestida de escamas. Escamas ctenoides, revestindo todo o corpo e cabeça, inclusive focinho e madibula. Argênteo, com estrias diffusas pelas series de escamas, no exemplar que serviu á presente descri- pção (joven de O"", 11); dorsaes denegridas. Segundo Cuvier e outros auto- res, 9 estrias transversaes de disposição e aspecto análogo ás que se no- tam em Conodon nobilis (coro), o que lhe valeu o nome especifico. Habitat : Atlântico occidental, de Florida ao Rio de Janeiro. MICROPOGON, <') cuv. & Vai. Hist. Nat. Poiss., vol. V pg. 158—1830. Sub-fusiformes, moderadamente comprimidos; perfil superior muito mais arqueado que o inferior. Cabeça cónica, focinho curto, proeminente ; bocca inferior, mediocre, provida de dentes villiformes, em facha, os dos intermaxillares na serie externa, algum tanto desenvolvidos ; mandíbula provida de duas series de barbilhões, muito pequenos ; olhos lateraes, mé- diocres ; preoperculo provido de aculeos fortes e operculo de dous rudi- mentos de espinhos lamellares ; rastros curtos. Escamas francamente cte- noides. Linha lateral completa. Dorsal dupla, parte espinhosa mais ou me- nos triangular, parte ramosa parallelogramica, um pouco mais baixa do que a sua antecedente ; anal com 2 aculeos, o segundo o mais forte, comtudo moderado. Deste género, americano, ha as seguintes espécies brasileiras : Mandíbula com 4 poros, olhos 4 e 1/3 á 5 vezes na cabeça, ventraes terminando á 2/3 da distancia que vae da propria axilla ao anus, 2° aculeo anal 1/3 da cabeça Aí. undulatus Mandíbula com 5 poros, olhos 5 e 1/3 á 6 na cabeça, ventraes terminando á 3/5 da dis- tancia que vae da propria axilla ao anus, 2<'aculeo anal 4 e 1/2 á 5 vezes na cabeça ... Aí. opercularis Micropogon 1) Do grego : micros — pequeno pogon = barba ; allusão ao tamanho minúsculo dos bar- bilhões que se encontram nos peixes d'esté género. ARCHIVOS DO MUSEU NAèlONAL VOl. XVII 12 Micropogon undulatus^'^ (l.) CORVINA; CORVINA-DE-LINHA D. X+I, 28 á 29; A. 11 + 7; L. lat. 54; L. tr. ^ Subfusiforme, modernamente comprimido. Cabeça 3 e 1/3 á 3, de perfil superior regularmente curvo; focinho obtuso, preorbitaes altos, entume- cidos, poros anteriores bem visíveis. Bocca mediocre, muito protractil, maxillares attingindo a vertical da orla anterior da pupilla, occultando-se sob os preorbitaes, intermaxillares com uma facha ampla de dentes vil- liformes eguaes, alguns da serie externa consideravelmente maiores; man- díbula com uma facha de dentes villiformes eguaes, sem outros maiores externos. Quatro poros no mento, sendo os externos maiores. Narinas anteriores circulares, pequenas, posteriores muito maiores, ovaes. Os pre- orbitaes deixam perceber o bordo superior, atravez da pelle, por uma crista que, nascendo na vertical do meio dos pupilla, termina no focinho sobre a articulação dos maxillares. Olhos lateraes, 4 e 1 /3 á 5 vezes na cabeça. Preoperculo com o bordo posterior recto, vertical, fortemente den- ticulado, aculeos do angulo maiores, o inferior dirigido para baixo; oper- culo lyriforme, com duas pontas lamellares obsoletas. Altura 3 e 2/3 á 3 e 1/3. Linha lateral sinuosa, tornando-se recta de sobre o anus para traz; e pro- |ectando-se sobre a caudal até á extremidade dos raios medianos. Nada- deiras não escamosas, apenas as peitoraes têm uma pequena placa externa na base e a caudal, algumas escamas entre os raios. A dorsal é continua, fortemente entalhada, o 3° aculeo é o mais alto, decrescendo os outros gra- dativamente até o 10°, o que dá um contorno triangular á parte espinhosa; parte ramosa parallelogramica, mais baixa do que a espinhosa. Peitoraes falcadas, amplas, le 1/2 na cabeça, apenas excedendo as pontas das ven- traes. Estas originam-se logo atraz da axilla das peitoraes, têm o primeiro raio filamentoso e terminam á 2/3 da distancia que vae da propria axilla ao anus. Anal com 20 aculeos, o primeiro curto, 1/5 do 2° que é 1/3 da ca- beça. O maior raio attinge a vertical da base do ultimo raio dorsal. Caudal rhomboïde, mais accentuadamente nos jovens. Os indivíduos plenamente adultos, de 70 á 80 centímetros de comprimento, são bellamente dourados superiormente, com estrias negras truncadas, irregulares, obliquamente dis- postas sobre os lados do dorso; e vertical ou transversalmente sobre a linha lateral. Os lados do abdomen e parte inferior de todo o corpo, peitoraes, ventraes, anal e caudal, de côr amarella salmonea, com reflexos dourados. O preoperculo tem a mucosa denegrida, o que, por transparência, obscure- ce-o, algum tanto, externamente. Dorsal ligeiramente obscura. Os jovens (1) [/ní/u/aíus — ondeado . 13 'A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES são prateados ; da nuca partem oito estrias longitudinaes côr de sépia que, em chegando sob o \° aculeo dorsal, mudam da direcção longitudinal para obliqua, sobre a linha do contorno superior do corpo, assim é que a oitava estria (contando-se de cima para baixo) vae ganhar o ultimo aculeo da dorsal espinhosa e, parallela á esta seguem-se 14 outras estrias, diffusa e indefinidamente prolongadas para baixo e para diante, sobre os lados do obdomen. Sobre o pedúnculo, as estrias são novamente horizontaes. Con- tam-se 13 barras curtas, transversaes, sobre a linha lateral, unindo-se de modo indistincte com as estrias obliquas superiores e inferiores. As nada- deiras são brancas, a dorsal apresenta a membrana interradial finamente punctulada de sépia que, na base da parte ramosa, formam uma espécie de serie de pequenas manchas dessa côr. O sombriado denegrido do operculo é mais intenso Habitat: de Cap Cod, na America do Norte, ao Rio de Janeiro, no Brasil. Micropogon opercularis ('^ (Qy. & omrd.) CORVINA, CORVINOTA, CORVINA - MARISQUEIRA 7 D. X + I, 28; A II + 8; L. lat. 50; L. tr. 15 Perfil superior muito mais arqueado do que o inferior que é quasi recto. Corpo comprimido ; região cervico-dorsal em quilha proeminente. Cabeça 3 e 1/3; sub-conica, focinho obtuso, proeminente, com 5 poros an- teriores, amplos e duas fendas lateraes inferiores. Mento com 5 poros grandes, distinctos; um anterior, central, na symphyse e quatro posteriores, em semi-circulo. Atraz do 1" poro ha dous cirrhos lateraes e pordetraz de cada um dos dous poros da segunda serie, segue-se uma fila de três cir- rhos, no lado interno dos rami mandibulares. Bocca moderada, inferior ; maxillares attingindo a vertical do meio da pupilla, maxilla inferior inclu- indo-se na superior; dentes em facha, villiformes sobre os intermaxilla- res e mandibulares, os d'aquelies ligeiramente maiores na serie externa. Narinas anteriores, circulares, pequenas como uma cabeça de alfinete, as posteriores muito maiores, oblongas. Olhos lateraes, 1 e 2/3 no focinho e 5e 1/3 na cabeça. Espaço interorbital chato, 1 e 1/2 dos olhos. Preoper- culo com o bordo posterior ligeiramente dirigido para traz, tendo cerca de 8 denticulações moderadas ; tem o canto redondo e provido de dous aculeos maiores, divergentes. Operculo lyriforme, com duas pontas lamel- lares, flexíveis. Cerca de 12 rastros no ramo inferior do primeiro arco (1) Opercularis (Lat.) opercular, = allusão á macula sombreada do operculo. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONA VOl. XVII 14 branchial ; o maior, situado no angulo, é pouco mais ou menos egual á 1/2 do diâmetro da pupilla, os demais vão diminuindo, gradativamente, até o duodecimo que é já rudimentar. O post-temporal deixa vêr o seu bordo externo crenulado. Altura 3 e 1/2 ; linha lateral sinuosa, completa, tor- nando-se recta de sobre o extremo posterior da base do pedúnculo e pro- jectando-se sobre a caudal até o extremo dos raios medianos. Dorsal con- tinua, profundamente entalhada ; parte espinhosa triangular, elevada, 3° aculeo o maior ; parte ramosa parallelogramica, provida de uma bainha basilar de escamas. Peitoraes grandes, distinctamente maiores do que as ventraes, terminando á 2 filas transversas de escamas antes do anus. Ven- traes originando-se atraz da axilla das peitoraes, com o r raio filamen- toso, terminando á 3/5 da distancia que vae do extremo posterior de sua base ao anus. Anal com dous aculeos ; o primeiro muito curto, o segundo 5/6 do primeiro raio e contido 4 e 1/2 vezes na cabeça, o maior raio ter- mina na vertical da base do 25° raio da dorsal. Caudal rhomboïde. Coloração prateada, com laivos amarellos ; escamas dos lados e dor- so com uma facha desta côr sobre as séries de escamas. Dorsal com a membrana denegrida ; sobre a base da parte ramosa, uma série de man- chas, análogas á que se encontra na parte ramosa, dessa nadadeira, nos jo- vens da espécie precedente. A corvina marisqueira só é bôa quando bem desenvolvida ; em cer- tas épochas, os indivíduos de desenvolvimento meião, possuem, mesmo, um cheiro desagradável. Cresce menos do que a espécie precedente, sendo, comtudo, muito mais commum e deixando-se apanhar aos mi- lheiros. Habitat: Grandes Antilhas, costas do Brasil e Rep. Argentina. POLYCLEMUS, ('> Berg. Ann. Mus, B. Aires., !V, 3* ser. tom 1, pg. 54—1895. Forma allongada, cabeça sub-conica, bocca inferior, moderada ; dentes villiformes nos intermaxillares e mandibulares ; uma serie de cirrhos em cada mandibular (lado do ultimo) e um facho digitado no mento. Preoper- culo com o bordo livre inerme, delgado ; operculo com rudimentos de dous aculeos lamellares. Rastros rudimentares, pseudobranchias ausentes. L. lateral presente, completa. A coloração apresenta sempre fachas transver- saes obscuras sobre o corpo. Espécie brasileira : P. brasiliensis. (1) (Gr.) Po/y = niui!o; c/emos = filamento, (barbilhão) 15 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE = PEIXES / Polyclemus brasiliensis (steind.) D. X 4- I, 32; A II + 8; L. lat. 63 Corpo lanceolado, comprimido, perfil superior e inferior quasi equiva- lentes. Cabeça obtusa, deprimida, 4 vezes no corpo ; focinho redondo, po- ros rostro-labiaes presentes, desenvolvidos ; preorbitaes entumecidos, lar- gos ; bocca inferior, protractil, provida de dentes villiformes nos intermaxil- lares e mandibulares; maxillares attingindo a vertical da orla anterior da orbita ; narinas anteriores á meia distancia entre a orbita e o focinho, cir- culares, providas de um rebordo dermico ; posteriores alongadas, maiores, providas de uma expansão dérmica superior que se dobra, á modo de vál- vula, obturando-as parcialmente; olhos lateraes, médiocres, 5 e 1/3 na ca- beça ; preoperculo tendo o bordo posterior membranaceo, crenulado, e o canto redondo. Altura 3 vezes no corpo. Linha lateral presente, completa, arqueada do operculo á vertical do inicio da anal, recta dahi para traz, não se prolonga sobre a caudal. Dorsal dupla, parte espinhosa mais baixa do que o raio mais longo da parte ramosa (26°) ; aquella de contorno irregu- larmente trapezoide, esta tendo a forma geral, porém posteriormente trun- cada, revestida de escamas na base ; peitoraes largas e curtas, do compri- mento da cabeça, ventraes originando-se sob a axilla das peitoraes e ter- minando sob a vertical da base do 7° raio dorsal ; anal com 2 aculeos fra- cos, curta, sob o terço mediano da dorsal ramosa ; caudal espatulada, obli- quamente truncada com o angulo inferior saliente. Uma placa circular ne- gra e três fachas transversaes da mesma côr, intercalladas de outras tantas indecisas, entremeiadas sobre um fundo geral argyreo. PACHYPOPS, ('^ Giii Proc. Acad. Nat. Sei. Philad., pag. 87—1861 Corp sobfusiforme, moderadamente comprimido. Cabeça sub-conica, focinho obtuso, proeminente; bocca antero inferior, moderada, com uma facha de dentes villiformes sobre os intermaxillares e mandíbula. Esta com três barbeis no mento. Preorbitaes desenvolvidos, entumecidos, trans- lúcidos/narinas anteriores menores, olhos lateraes, quasi no perfil supe- rior. Preoperculo denticulado, operculo com rudimentos de uma á duas pontas lamellares espiniformes , rastros rudimentares. Altura egual ou menor do que o comprimento da cabeça. Dorsal dupla, com a parte (1) Do Gr, Pachy =^ espesso — hypo = em baixo — ops olhos; allusão ao entumecencia dos preorbitaes. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL vol. XVII 16 espinhosa elevada, mais ou menos triangular e membrana despida de escamas ; a parte ramosa é mais ou menos parallelogramica, longa, mais baixa do que a espinhosa e revestida de escamas. Peitoraes médiocres. Ventraes originando-se sob a articulação das peitoraes, moderadas, riva- lizando em tamanho ou mesmo menores do que estas. Anal curta, despro- vida de escamas, com 2 aculeos moderados, o 2° é o maior e mais forte. Caudal escamosa, não porém tão espessamente como no género Pachyurus, rhomboïde ou sinuosa. Este género, exclusivamente sul americano, comprehende três espécies brasileiras, únicas conhecidas até agora. Coloração uniforme . Pachypops ' Corpo estriado de obscuro , Olhos 3 vezes 1/8, 2'>acu- leo anal 2 e 1/5 na ca- beça / Olhos 4 vezes, 2° aculeo I anal 2 e 1/4 na cabeça Olhos 5 vezes, 2° aculeo anal 1/2 da cabeça. . P. furcrceus P. trifllis P. adspersus Pachypops furcraeus (1) (Lacép.) D. X + 1, 25 á 27; A. 11 + 6; L. lat. (escamas) 58. Cabeça 3 e 1/2 no corpo ; bocca pequena, inferior, provida de uma fa- cha de dentes villiformes nos intermaxillares e mandíbula, esta com 3 bar- bellas no mento, pequenas e ás vezes absoletas ; maxillares pas- sando a vertical anterior da orbita, escondendo-se sob os preorbitaes largos e enormemente entumecidos, focinho obtuso, entumecido; proeminente, arredondado regularmente até o perfil superior da fron- te que é deprimida. Narinas anteriores menores, quasi em meio da- distancia que vae do extremo do focinho á orla anterior da orbita ; pos- teriores semi-circulares, juntas á orbita, na mesma horizontal que as ante- riores. Olhos grandes, 3 vezes e 1/8 na cabeça, lateraes, ellipticos, com o maior eixo horizontal. Preoperculo com o bordo posterior perpendi- cular, em angulo recto com o inferior que marca o limite inferior do con- torno da cabeça; é espaçadamente aculeado e tem o canto redondo. Oper- culo lyriforme, com duas pontas lamellares, flexíveis. Da região frontal o (1) furcrœus—àe Furcroy. 17 A. DE MIRANDA RIBEIRO— FAUNA BRASILIENSE— PEIXES perfil superior sobe até á base do 4° raio dorsal para, depois de curva moderada, descer em linha recta até á base da caudal ; do ultimo á nada- deira anal, o perfil inferior é fracamente curvo, para d'ahi subir em augulo obtuso até o pedúnculo e, novamente tomando a direcção antero posterior, ganhar a cauda em uma curva imperceptível. Altura 3 e 3/4 á 4 vezes no comprimento. Peitoraes falcadas, ligeiramente mais curtas do que o 1° raio das ventraes que lhes nascem sob a axilla. Dorsal originando-se sobre as ventraes e terminando á uma distancia da base da caudal que eguala ao 7° aculeo dorsal. Parte espinhosa triangular, 3° aculeo o maior, egual ao 2° raio das ventraes, ligada á parte ramosa pela membrana interradial ; parte ramosa parallelogramica, 3/4 de sua altura mais baixa do que a es- pinhosa, revestida de escamas e tendo uma bainha basilar escamosa. Anal pequena, com 2 aculeos, o 2° muito desenvolvido, egual ao 4° raio ventral. Caudal larga, com a membrana escamosa, rhomboide. Linha late- ral completa, sinuosa, quasi parallela ao perfil dorsal e projectando-se so- bre a caudal até o extremo dos raios medianos. Escanias ctenoides. Ful- vescente, cum o centro das escamas mais claro. Dorsal espinhosa e parte superior da ramosa, punctuladas finamente de obscuro. Habitat : Rios Amazonas, Negro e Trombetas; N. do Brasil. Pachypops trifilis ^'^ (müh. >. Habitat: Rio das Velhas e R. S. Francisco (e provavelmente seus afflu- entesj descendo até o Atlântico. Pachyurus nattereri/^) steind. D. X + I, 31 ; A, 11+8; L. lat. 80 á 96; L. tr. J. Subfusiforme, comprimido . Cabeça cónica, ligeiramente arqueada no perfil superior, 3 e 1/2 vezes no comprimento do corpo Bocca pequena, inferior. Maxillares attingindo a vertical das narinas posteriores. Dentes vil- liformes, constituindo uma estreita facha nos intermaxillarese na mandíbula. Narinas posteriores um pouco maiores do que as anteriores e um pouco acima d'estas, ambas próximas dos olhos que são moderados e cujo diâ- metro é egual á 1/4 do comprimento da cabeça Preoperculo com o bordo posterior ligeiramente sinuoso, um tanto obliquamente dirigido para traz e formando angulo com o inferior Operculo lyriforme, inerme Altura egual ao comprimento da cabeça. Dorsal espinhosa, de contorno arredondado, ramosa parallelogramica Peitoraes triangulares, do comprimento das ven- traes que lhes nascem sob a articulação Anal pequena, 2° aculeo mode- rado 1/4 menor do que o 1° raio e começando sob o 14° da dorsal Caudal rhomboïde Linha lateral completa, fracamente sinuosa, prolongando-se sobre a caudal e terminando com os seus raios medianos As escamas são cycloides, um tanto ciliadas, as do angulo do preoperculo são muito des- envolvidas sendo a cabeça completamente escamosa, excepção feita dos lábios e queixo. 1° aculeo dorsal muito curto e o 3°e 4° os maiores. Dorsal ramosa, completamente recoberta de escamas Pardo claro amarel- lado inferiormente, espessa e irregularmente maculado de pardo escuro. Uma das manchas, situada sobre a região cervico dorsal, grande, um tanto qua- drangular Dorsal irregularmente maculada da mesma cor, sendo as ma- culas da ramosa, lineares e verticaes Habitat: Norte do Brasil, rios Branco e Negro (1) Nattereri = de Natterer ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL VOl. XVII 22 Pachyurus schomburgki, (•) Gunth. D. 10 + 1, 26; A. II -J- 7; L. lat 85; L. tr. ^ 20 Corpo ligeiramente comprimido e um tanto alongado, sua maior altu- ra sendo acima da base das nadadeiras ventraes e contida 4 e 1/2 vezes no comprimento total. A cabeça é cónica, comprimida, com o focinho pro- eminente e um tanto pontudo. Espaço entre os olhos ligeiramente convexo e da largura do diâmetro occular que é 1/4 do comprimento da cabeça e con- tido 1 e 2/3 no do focinho. Este tem uma apparencia cónica, peculiar, por cau- sa dos preorbitaes que são dilatados e tão grandes que os maxillares ficam inteiramente escondidos por debaixo d'elles. A maxilla superior é mais comprida do que a inferior que não é proeminente nem anterior nem late- ralmente A abertura da bocca é pequena e a extremidade dos maxillares fica á alguma distancia do nivel da margem anterior da orla ocular Esca- mas transparentes, maiores do que as do corpo, cobrem as preorbitaes, bo- chechas e preopeculos e estendem-se pela face superior do craneo, adiante das narinas Estas, acham-se situadas adiante do meio dos olhos; são con- tíguas e quasi de egual tamanho; a abertura da posterior é parcialmente coberta por um pequeno lóbulo m.embranaceo Os olhos são muito mais compridos do que altos, ellipticos e com o transparente e, entumecido pre- orbital, dão uma physionomia muito peculiar ao peixe; são mais próximos da ponta do focinho do que do extremo do operculo O preoperculo é pro- vido de dentes espinhosos de tamanho moderado em toda a extensão; o limbo posterior desce obliquamente para traz e é mais curto do que o inferior; o angulo é arredondado. O operculo sem espinhos é coberto com escamas menores do que as do preoperculo A primeira dorsal começa acima da origem das peitoraes com um pequeno aculeo e termina acima^ da extremidade d'essa nadadeira, onde ella e' continuada pela dorsal ra-' mosa; e de accordo com a distincção de Cuvier entre as dorsaes únicas ej duplas, este peixe, como muitos outros verdadeiros Sciœnideos pertence-j ria antes aos Prístipomas do que ao seu grupo com duas dorsaes . O se- gundo aculeo da nadadeira dorsal é mais curto do que os dois seguintes] que são os maiores e 3/5 da altura do corpo Os espinhos seguintes di- minuem em comprimento até o decimo que é 1/3 do mais longo Todosj os espinhos são muitos delgados e flexíveis A dorsal ramosa torna-se gra- dualmente mais baixa para traz e tem a margem superior recta; o com- primento de sua base é contido 3 e 1/2 vezes no comprimento total; ella é muito mais baixa do que a porção espinhosa e coberta de escamas em 3/4 de sua altura A distancia entre as nadadeiras dorsal e caudal quasi eguala á altura da cauda sob a extremidade da primeira Os raios media- nos da caudal são prolongados, o lobo superior sendo mais angular, o in- ferior mais redondo; toda a nadadeira é espessamente envolvida de esca- 23 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE —PEIXES mas A base da anal fica situada verticalmente sob o terceiro quarto da dorsal ramosa; o primeiro aculeo é muito pequeno; o segundo de modera- da robustez, mais curto do que o primeiro raio e 1/3 do comprimento da cabeça A parte ramosa é mais baixa do que a segunda dorsal e sem es- cama alguma. As peitoraes são pontudas e o seu comprimento 1/6 do totalí as ventraes inserem-se atraz das peitoraes, curtas, sendo o seu compri- mento 6 e 1/2 no total O aculeo é moderado, comprimido, flexível na ponta e 2/3 do comprimento do primeiro raio. Este é prolongado em um filamen- to curto, porém afastado do anus As escamas são pequenas, um pouco mais altas do que longas e muito finamente ciliadas; uma das maiores sobre 1/5 dos olhos. A linha lateral é ligeiramente curva e não se prolonga sobre a nadadeira caudal Os dentes são pequenos, apenas perceptíveis na maxilla superior; na inferior elles formam uma estreita facha villiforme.» (Günther, Cat. II, 2 2- 86ö;. Habitat: Rio Capim, Caripé — Pará N. Brasil. OPH10SCiON,(') Gill. Prcc. Acad. Sei. Philad.— pg. 164—1863 Forma allongada, de perfil dorsal moderadamente curvo, focinho pou- co proeminente, bocca moderada, provida de dentes villiformes, em facha, os da serie externa dos intermaxillares moderadamente desenvolvidos, mento desprovido de barbilhões, preoperculo armado de aculeos fortes e operculo com vestígios de duas pontas lamellares. Rastros curtos. Linha la- teral presente, completa. Dorsal dupla, parte ramosa revestida de escamas ; anal com dous aculeos, o segundo maior, egualmente revestida de escamas. Caudal convexa ou bi-truncada. Espécie brasileira. Ophioscion adustas. Ophioscion adustus^^) (Agass.) D. XI. 4- 1, 22 á 26 ; A. II + 7 á 8 ; L. lat. 51 á 60 Sub-fusiforme, moderadamente comprimido. Cabeça obtusa, 3 e 2/5 no corpo. Bocca moderada, inferior, maxillares attiugindo a vertical da orla posterior da pupilla ; dentes villiformes nos intermaxillares e mandibulares (1) OpA/s — cobra, scion, sciaena, género que caractérisa a familia, vide a respectiva nota. (2) Adustus queimado, crestado, allusâo á côr. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL — vol. XVII 24 em facha ampla. Preoperculo com o bordo posterior vertical e canto re- dondo, este provido 6 á 8 de aculeos fortes ; operculo com 2 rudimentos de aculeos lamellares; rastros curtos. Linha lateral completa. Altura 3 e 1/3 no comprimento. Dorsal tendo a parte espinhosa triangular e o maior aculeo 1 e 4/5 na cabeça, a ramosa parallelogramica, revestida de escamas, assim como a anal ; esta tem 2 aculeos, o segundo 2 vezes na cabeça. Peitoraes moderadas e 1/3 na cabeça. Caudal redonda. Pardo plúmbeo com uma estria denegrida sobre cada serie obliqua de escamas. Nadadei- ras obscuras. Habitat : Das índias Occidentaes ao Rio da Prata. BAIRDIELLA,(i) gíii. Cat. Fishes Eastern Coast North America, pg. 33—186!. Corpo elevado, moderadamente comprimido ; bocca ampla, mais ou menos obliqua, anterior ; dentes villiformes, em facha nos mandibulares e intermaxillares ; olhos médiocres, lateraes ; preoperculo pectinado, com o ultimo aculeo inferior ligeiramente antrorso ; operculo com duas pontas la- mellares indistinctas; rastros delgados 15 á 18 no ramo inferior do primeiro arco branchial. Linha lateral completa, sinuosa. Anal com 2 aculeos o se- gundo mais ou menos desenvolvido. E' um género americano, do qual apenas uma espécie frequenta as nossas aguas. Bairdiella ronchus, ^^^ (Cuv & vai.) CONGOÁ D. X + I, 21—24 ; A 11+ 8 ; L. lat. 49—50 ; L tr. ^ Cabeça 3 e '/e» sub cónica, comprimida; focinho obtuso, curto 4 '/v na cabeça; bocca inferior, provida de dentes quasi viliformes, occultos entre papilas das gengivas, sub-eguaes, em facha estreita nos premaxillares e mandibulares, maxillares attingindo a vertical do meio da pupilla; preorbi- taes sinusos, delimitando anteriormente uma fenda rostral. Narinas obli- (1) ßa/rdfe/to — Designação em honra do notável naturalista americano, Spencer Fullerton Baird. '2) Ronco ou el roncador nome vulgar dado á este peixe e algumas Corcorócas pelos pes- cadores de Maracaibo. 25 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES quas, as posteriores maiores, juntas á orla orbital; espaço interorbital egual ao diâmetro da orbita, muito pouco convexo. Olhos 4 e 1/7 na cabeça. Preoperculo com a margem óssea tendo o bordo posterior recto, vertical, fortemente pectinado, os três aculeos do angulo maiores, dirigindo-se para baixo ; o ultimo maior antrorso. Operculo lyriforme, com duas pontas iamellares, flexíveis, espiniforme. Quinze á dezoito rastros no ramo infe- rior do l.°arco branchial. Altura 3 e 1/6; linha lateral s-forme, recta de sobre o 2." aculeo anal para traz. Escamas ctenoides, deseguaes ; as da cabeça e dorso sob a dorsal espinhosa menores; as dos flancos, atraz das guelras maiores, em series longitudinaes quebradas, descrevendo dous ângulos grandemente obtusos ; as do pedúnculo e flancos, sob a metade posterior da 2^ dorsal, em series rectilíneas, parallelas. Nadadeiras verticaes, base das pei- toraes e pagina inferior das ventraes, com filas de escamas interradiaes. As peitoraes são um pouco maiores do que as ventraes que attingem o anus. A anal é provida de um forte aculeo (o 2°) contido 1 e 2/3 na cabeça, e do tamanho do 1.° raio. A caudal é redonda, ás vezes com os raios superiores um pouco prolongados. Plúmbeo superiormente, argênteo brilhante inferiormente; uma estria escura sobre cada serie longitudinal de escamas. Dorsal (principalmente a espinhosa) e parte anterior da anal desamente punetuladas de escuro. Íris denegrida, prateada. Habitat : Desde as Antilhas, Pacifico e Atlântico até o Rio de Ja- neiro, no Atlântico occidental. STELLIFER, (D oken Isis, pg. 1182 do anno de 1817 Peixes pequenos, comprimidos, de altura egual ou menor do que o comprimento da cabeça. Esta de estructura grandemente cavernosa, re- coberta de escamas, em geral cycloides, emquanto o resto do corpo o é de escamas ctenoides. De bocca mais ou menos inferior, mais ou menos obliqua, têm os intermaxillares providos de dentes pequenos, mais ou , menos eguaes, assim como os mandibulares que são providos, em geral, I de 2 series, das quaes, ás vezes, a interna é um pouco mais desenvol- vida. Focinho moderado ; narinas próximas dos olhos, as anteriores me- nores do que as posteriores. Preorbitaes e olhos (lateraes) moderados. Preoperculo com a crista premarginal grandemente elevada, descrevendo uma forte curva; e formando a parede anterior de um amplo canal que se prolonga sobre a mandíbula, até a symphise ; e o bordo provido de 2 a 20 aculeos de tamanho variável. Operculo inerme. Rastros desen- (1) (Lat.) Stella = estrella; ferre = trazer, allusão ao aspecto dos suborbitaes. ARCHIVOS DO MUSEU -NACIONAL— VOl. XVII 26 volvidos, numerosos, delgados, contíguos. Dorsal continua, fortemente entalhada; parte ramosa com uma bainha basilar de escamas e, em geral, algumas escamas atraz de cada raio. Peitoraes moderadas, maiores do que as ventraes que lhe ficam sob a articulação. Anal com II á III acu- leos, o 2.° muito desenvolvido, menor comtudo do que o 1 ° raio anal. Caudal rhomboïde, nas espécies conhecidas. Vesícula natatoria simples muito desenvolvida, fusiforme. Este género é exclusivamente americano, e têm representantes tanto no Pacifico como no Atlântico. E' para as espécies brasileiras a seguinte chave : Stellifer Preopeculo com 2 espi- . nhos no bordo. D. XI /Preoperculocom2á3es-^ +1,21; A. II, 9. . . . S. rastrifer pinhos no bordo livre. yPreoperculo com 3 espi- nhos no bordo D. XI -|- I, 19; A, II + 8. . . . S. stellifer j /Olhos pequenos, 6 e 1/4 á [ Preoperculo tendo mais! 7 vezes na cabeça, D. ( de S.espinhos, no bor-\ XI + II, 19; A. II, 8. . S. microps \ do livre / joihos grandes 3, e 1/2 na f cabeça, D. XI -f- I, 20; l A. lII{?) + 7 S. mso Stellifer rastrifer, jord.&Eigenm. CANGANGUÁ D. XI + 1 + 21 á 22; A. 11+9; L. lat. (poros) 48 Cate á inserção da caudal;. L. tr. ^ Corpo elevado, comprimido, de altura maior do que a cabeça e contida 3 á 3 e 1/5 no comprimento; cabeça 3 e 1/4 á 3 e 1/5 no compri- mento; bocca ampla, grandemente obliqua, dentes da serie externa dos inter- maxillares e da interna dos mandibulares ligeiramente maiores, sobretudo na symphyse ; mandíbula incluída ; maxillares 2 á 2 e 1/5 na cabeça ; es- paço interorbital 1/3 do comprimento d'esté; vertex deprimido, limitado por uma crista baixa que, circulando pela orbita, se dirige para os lados do fo- cinho, cercando, no conjuncto, um espaço piriforme, cujo extremo largo é occupado pelos olhos e o estreito pelas narinas, contíguas á estas e das quaes a anterior é menor que a posterior ; preborbitarios ante- riores de largura egual á 1/2 diâmetro ocular ; olhos grandes, 4 á 5 vezes na cabeça; preoperculo armado de 2 aculeos, o inferior maior e diri- gindo-se para baixo e um pouco para traz ; operculo inerme 28 á 30 27 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXEE rastros no ramo inferior do primeiro arco branchial ; o maior 1 e 1/2 diâmetros da pupilla. Linha lateral sinuosa até o primeiro aculeo anal, dahi por diante recta ; ella se prolonga até o ápice da caudal. Pei- toraes muito pouco menores do que o comprimento da cabeça (menos de um diâmetro ocular) ; e terminando antes do anus, justamente nessa medida ; ventraes originando-se sob a axilla das peitoraes e terminando á 1 diâmetro orbitario de menos do ponto em que terminam estas. Anal nascendo á meio da base da 2.^ dorsal, um tanto obliquamente truncada e não attingindo o ápice dos últimos 5 raios daquella. Caudal rhom- boïde com o lado superior mais amplo. Cinereo prateado, uniforme. Habitat: Costas do Brasil, do estado do Maranhão ao Sul de S. Paulo; os exemplares (3j que serviram á esta descripção, procedem de Ribeira Baixa — Iporanga — S. Paulo. Stellifer stellifer ('> (Bioch.) D. XI 4- 1, 19; A. II + 8; L. lat. 48 á 49. L. tr..*^ ^ '' ■9 á 10 Um tanto rhomboidal. Cabeça volumosa, 3e 1/3 no corpo; boccaampla, conformada como em Larimus breviceps, com os dentes villiformes, em faixa estreita nos intermaxillares e na parte anterior da mandíbula, em serie única nos lados da mesma; os dentes da serie externa, tanto superiores como inferiores, maiores. Maxillares attingindo a vertical da orla posterior da pupilla. Olhos moderados, 4 e 1/3 á 4 na cabeça. Preo- perculo com a crista premarginal fortemente curva, com 5 espinhos ob- soletos, occultos na pelle que a recobre e o bordo semicircular, tendo no logar do canto três espinhos divergentes. Operculo provido de duas pontas fracas, contíguas, superiores. 23 rastros finamente aciculados, del- gados, o maior 2/3 do diâmetro dos olhos. Altura 3 á 3 e 1/8 no corpo. Linha lateral completa, tornando-se recta de sobre o inicio da anal e projectando- se sobre a caudal. Escamas da cabeça cycloides, as restantes ctenoides, post-temporal pectinados. Nadadeira dorsal quasi continua, parte espinhosa triangular, os espinhos longos e fracos, um tanto curvos e tendo cada um uma serie de escamas atraz de si em toda a extensão. Parte ramosa reco- berta de escamas. Peitoraes falcadas, 1 e 1/6 na cabeça. As ventraes que se originam sob a sua articulação, quasi atttingem o anus, mas não o ápice das peitoraes. Anal fortemente escamosa, com o 2° aculeo muito desenvol- vido, 1 e 2/3 na cabeça. Caudal bitruncada, com os raios centraes muito desenvolvidos. Prateado, nadadeiras finamente punctuladas de negro. Symphise mandibular e maxillar com uma estria externa negra ; (1) Porta estrella. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL- vol. XVII 28 é da mesma cor a gengiva da mandíbula, em sua parte anterior. Es- trias diffusas, obscuras, ao longo das series de escamas. Habitat : Costas da America do Sul, das Guyanas, ao Rio de Ja- neiro, no Brasil. Stellifer mícrops, (^) steind D. XI4-1I, 19; A. II-|-8. Poros 46 á 48; escamas 51, L. tr. ^ Cabeça 3e 1/6. Bocca pequena, inferior. Maxillares attingindo a ver- tical da orla anterior da orbita. Focinho proeminente, obtuso. Narinas circulares, na mesma horisontal, anteriores pouco maiores. Olhos pe- quenos, 6 e 1/4 á 7 vezes na cabeça. Preoperculo com o bordo posterior quasi vertical e provido de pequenos dentes. Operculo lyriforme, inerme. 16 rastros. Altura egual ou muito pouco menor do que o comprimento da cabeça. Dorsal continua, profundamente entalhada. Ventraes sob a inserção das peitoraes, menores do que esta que é contida 1 e 1/4 na cabeça. 2." aculeo anal muito forte, 1/4 menor do que o raio anal. Caudal rhomboide. Linha lateral completa. Prateado com estrias diffu- sas seguindo as series tranversaes de escamas, acima da linha lateral (suinosas); e segundo series longitudinaes, um tanto obliquas, abaixo da referida linha. Habitat : Norte do Brasil e Guyanas. Stellifer naso (2) uord. & Eigenm.) D. X! + I, 20; A. III +7; L. lat. 48 Olhos grandes, 3 e 1/2 na cabeça; preorbitaes grandes, de largura egual á 1/2 do diâmetro ocular ; corpo moderadamente alongado; perfil anterior recto, agudo ; area interorbital achatada, muito esponjosa, mais estreita do que em S. microps, de largura contida 3 e 1/5 na cabeça; focinho espesso, grosso, proeminente, 4 e 1/2 na cabeça ; bocca pequena inferior, horisontal, os maxillares projectando-se até a orla posterior da pupiila, 3 e 1/3 na cabeça, dentes como nas espécies referidas, em faxas moderadas, os superiores ligeiramente maiores ; preoperculo re- dondo, agudamente serrilhado, as serrilhas maiores no angulo, umas 12 (1) Meros.— pequeno — ops olho. (2) Narigudo. 29 A. DE MIRANDA RIBEIRO— FAUNA BRASILIENSE— PEIXES presentes. Rastros longos, muito delgados, cerca de 18. Espinhos dor- saes delgados, os mais compridos 1 e 2/5 na cabeça ; dorsal ramosa menos recoberta de escamas do que em outra qualquer espécie, mais baixa do que em 5. microps, o mais longo dos raios 2 e 1/4; espinho anal 2 na cabeça; peitoraes 1 el/4; cor cinerea suja superiormente, com estrias escuras, indistinctas, ao longo das series das escamas ; prateado inferiormente ; nadadeiras um tanto punctuladas. (Jord. & Eigenm.) Habitat : Costas do Brasil (Cachoeira, E. do Espirito Santo). LARlMUS,(i) cuv. &vai. Hist. Nat. des Poiss., vol V, pag, 111 — 1830 Peixes caracterisados pela estreiteza dos preorbitaes e interma- xillares que são regularmente curvos, formando os dous um contorno de perfeita ferradura. Dentes villiformes em uma ou, ás vezes, parcialmente, em 2 series, nos intermaxillares. Mandíbula espessa, anterior por ser a bocca muito obliquamente disposta, quasi como no género Nebris. Focinho muito curto, narinas próximas da orbita. Olhos grandes, lateraes. Preoperculo de bordo membranaceo, crenulado, estriado ou ciliado. Operculo inerme. Rastros delgados, compridos 10 á 24 nas espécies conhe- cidas. 6 pseudo-branchias. Escamas geralmente cycloides na cabeça e, ás vezes, na região thoraco-jugular; e ctenoides no corpo; as da linha lateral, (completa) não semelhantes ás demais, não recobertas por outras. Nada- deira dorsal mais ou menos entalhada na juncção das partes espinhosa e ramosa, esta maison menos escamosa. Formula: D. X + 1, 24-30 nas espé- cies conhecidas. Anal pequena, com 2 aculeos e 5 ou 6 raios. Caudal rhomboïde, mais ou menos escamosa; Craneo moderadamente cavernoso. Vertebras 10 + 14. Ha interhaemaes sem raios adiante da anal. Vesicula natatoria simples, em geral passando alem do anus. Este género, genuinamente americano, tem, no Brasil, como representan- te, a seguinte espécie. Larímus breviceps, ^^^ cuv. & vai. D. X. + I, 27; A. U +6; L. lat 46 á 48; L. tr. ^^"^ 9á 10 Perfil lanceolado, obbtuso anteriormente. Comprimido; cabeça 3 e 2/5; focinho curto, 2/3 do diâmetro dos olhos, o que torna a bocca muito obliqua (1) Nome de peixe citado de Opiano e empregado por Cuv. steind. D. X4-I, 24; A. 2 4-9; L. lat. (poros) 60 á 64 até a cauda esc. 140. Os caracteres principaes, segundo Steindachner, são : Dous grandes caninos anteriores nos intermaxiliares, na fila interna, 3 á 4 maiores, desi- guaes entre si, na serie interna, nos lados da mandibula e um a dous ante- riores na serie externa. Parte espinhosa da dorsal em relação com a parte ramoso por uma faxa dérmica de pequena altura. Caudal francamente rhomboïde, mandibula pouco proeminente. Comprimento da cabeça quasi 3 e 1/5, altura do tronco um pouco mais de 4 vezes no comprimento do cor- po, diâmetro ocular 4 e 1/3, comprimento do focinho cerca de4 e 1/2 vezes, largura da fronte 4 e3/4 no comprimento da cabeça. Escamas cycloides, es- triadas radialmente no bordo livre ; as dorsaes muito pequenas, as da linha lateral grandes. Esta projecta se até o extremo dos raios centraes da cauda. Parte ramosa da dorsal e anal recobertas de escamas Uma zona ou man cha cinzenta de aço sobre o preoperculo; atraz dos maxillares Parte su- perior cinerea argêntea com um fraco laivo rubescente, lados da cabeça e parte inferior do corpo de cor branca argêntea, mais clara . Habitat : Costas do Brasil, de Ceará até Santos. (1) Bairdi — Spencer Fullerton Baird, vide pag. nota A. DE MIRANDA RIBEIRO— FAUNA BRASILIENSE— PEIXES SAGENICHTHYS, O Berg. Anales del Mus. de Buenos Aires, tomo IV (Ser. II, tom. 1) pag. 52 — 1895. Forma alongada, comprimida. Cabeça moderada ; bocca ampla, ma- xillares pouco occultos ; intermaxillares com 2 caninos muito desenvolvidos deprimidos, lanceolados, os outros dentes menores, muitos com essa forma. Mandíbula com 2 caninos anteriores, menores, 3 á 4 dentes lateraes maiores do que os da serie de que fazem parte, comprimidos. Narinas posteriores cres- centiformes transversalmente alongadas. Olhos lateraes, médiocres. Preoper- culo inerme, de bordo lamellar estriado. Operculo com 2 pontas lamellares obsoletas. Rastros médiocres, delgados . Nadadeira dorsal continua, mais ou menos entalhada, parte ramosa baixa, longa, quasi parallelogrammica Peitoraes maiores do que as ventraes que nascem abaixo de sua articula- ção. Anal pequena com II aculeos. Linha lateral prolongando-se sobre a caudal. Caudal rhomboïde. Escamas cycloides Craneo, preoperculo e ma- xillas cavernosos. Vertebras 154-11. Vesícula natatoria provida de dous appendices caeciformes. Espécie brasileira : Sagenichtys ancyclodon Sagenichthis ancyladon ^-^ (bi. schn.) D. IX -f- I, 27 á 28; A. II + 10; L. lat. (poros) 75, escamas 85. Cabeça 3 e 1/4 Maxillares passando a vertical da orla posterior da or- bita. Mandíbula prognatha, não revestida de escamas ; focinho curto, egual- mente nú Narinas mais próximas das orbitas do que do extremo do foci- nho, as anteriores circulares, pequenas, as posteriores lineares, curvas, de concavidade anterior. Olhos medíocres quasi 6 vezes na cabeça (não incluí- do o mandibular) Preoperculo de bordo lamellar, estriado, fortemente esca- moso, contorno posterior regularmente curvo. 8 Rastros. Altura 4 e 3/4 no comprimento. Linha lateral sinuosa, tornando-se recta sob o 1." terço anterior da nadadeira ramosa para traz. Dorsal continua, fortemente entalhada ; parte espinhosa de contorno triangular, com o 3." aculeo maior. Peitoraes (1) Sagenichthys—» TO > > u en £ O u 03 > > 3 C/5 3 en 3 C u o a 3 CIOMI.ID CICHL-ID/E^') Forma variando entre a subcylindrica, lateralmente comprimida e a discoidal Focinho nú. Bocca mediocre ou mesmo pequena, anterior, coliocada na linha mediana ou abaixo d'ella. Narinas singulares, mais ou menos á meia distancia entre a ponta do focinho e a orbita; esta lateral, modera- da, na linha mediana ou á ella superior. Peças operculares quando muito denticuladas no bordo livre. Abertura opercular ampla, attingindo a symphyse. Escamas variando em tamanho, cycloides ou ctenoides. Linha lateral interrompida na parte posterior do corpo ; ás vezes bifurcan- do-se sobre a nadadeira caudal. Dorsal única, continua ou com um ligeiro entalho entre as partes espinhosa e ramosa, o numero de aculeos variando de Vil a XXIV e os raios medianos mais ou menos prolongados; ás vezes são os anteriores que se prolongam ao passo que os aculeos augmentam gradativamente para traz ou são mais ou menos sub-eguaes, á partir do 3." ou 4.°. Anal com os raios egualmente prolongados e tendo III á VIII aculeos. Peitoraes assymetricas, moderadas. Ventraes com um aculeo fraco ás vezes com os raios anteriores grandemente desenvolvidos. Caudal raramente filamentosa. Coloração muito variável, havendo entre- tanto tendência geral para o amarello verdoengo, mais ou menos diversa- mente adornado de verde ou azul metallico ou carmineo ou negro. Fre- quentemente ha um ocello quer no corpo quer na base da caudal. No esqueleto nota-se o craneo óra achatado com prejuízo da crista lambdoide ora elevado, em favor d'esta; os frontaes e nasaes modificando-se em extensão, em relação ao desenvolvimento dos processos superiores dos (1) Cichla, género typico ; e/í/os = semelhante. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL Vol. — XVII 4 intermaxillares. Estes mais ou menos amplamente moveis, de accordo com esses mesmos processos ; os maxillares allojando-se mais ou menos per- feitamente sob os preorbitaes . Estes ás vezes muito elevados . As co- berturas operculares desprovidas de acuieos isolados. Os dentes são geralmente cónicos, óra depressiveis, como em alguns serranideos, ora firmes, sempre em facha, no mínimo de duas series; ás vezes, apenas exi- tantes nas symphyses, ás vezes, também, tendo a serie externa (maior) com alguns dentes isolados, mais elevados e caniniformes. Destes pha- ryngeanos aciculares e os ossos d'esse nome inferiores unidos em toda a extensão (Pharyngognathi). Branchias em três typos definidos, de accordo com a forma dos rastros que são, óra desenvolvidos, chaetiformes, mais ou menos numerosos, óra 'tuberculares; os arcos branchiaes anteriores de rastros tuberculares, ainda se apresentam sob outro, aspecto, pela existência, no seu ramo superior, de um processo dermico semilunar, pendente, livre na cavidade branchial. As vertebras, no máximo em numero de 41; e as pleurspophyses são pouco numerosas. O estômago é syphonico com os tubos pyloricos muito desenvolvidos porém em pequeno numero (2); o in- testino é curto com duas circumvoluções incompletas ; a vesícula natato- ria é simples e de paredes muito delgadas, livre no caeloma. Os cichlideos constituem uma familia de peixes d'agua doce, existentes tanto na America do Sul e Central como em toda a Africa e no littoral do Hindostão . Agassiz attribuiu á Geophagus o habito de incubar os ovos dos peixes na cavidade bucal ou branchial ; este habito, porém, constatado para um género africano da familia, não tem sido ainda confirmado nas tentativas de criação nos aquários. Ainda no género Geophagus nota-se uma intumescência nua sobre a cabeça dos indivíduos maiores que eu attri- bue apenas ás condições de sexo combinadas com os da idade. O facto da dispersão por continentes diversos, separados por extensões d'agua salgada considerável, tem levado muitos naturalistas a tomar os cichlides como uma das provas da necessidade da existência de um território de ligação desses continentes nas eras primitivas, para cabal solução desse problema geographico. Regan, tratando do desenvolvimento philogenetico d'esté grupo, ex- plica os relações prováveis dos géneros existentes pelo seguinte dia- gramma : 5 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES Neetroplus Í Fterophyllum Symphysodon I I I Uarii Herotilapia Paraneetroplus Herichthys Petenia (C. severum) (C. psittacum) (C. nebuliferum) (C. multipinosum) (C. dovii) (C. labridens) I Cichlasoma Batrachops Crenicichla I Crenacará Astronotus Geophagus Biotœcus Acaropsis -Heterogramma -Retroculus -Nannacará Chœtobranchopsis Chaetobranchus Acará Cichla Pondo de parte Cichla e Chaetobranchus, elle dá /Equidens (Acará) como o ponto de partida da evolução dos géneros da America do Sul, sendo todo o grupo americano filiado á dous centros constituídos respecti- vamente por Cichlasoma e iíiquidens. Por nossa parte, estudando apenas os peixes brasileiros, chegámos á conclusão quasi idêntica; não podemos, porém concordar em que fiquem excluído d'esses centros Chaetobranchus, Chaetobranchopsis e Cichla, por- que nos parece que os rastros de Pterophylum nos offerecem um caminho para os dos dous primeiros, ao passo que a característica linha lateral de Cichla, bifurcada sobre a nadadeira caudal, offerece um caracter de que não conhecemos similar e, portanto, parece indicar uma forma ulterior, cujas primeiras tentativas apparecem em Geophagus e Cichlasoma. Entrando no terreno das hypotheses, quer nos parecer que Crenicichla se nos afigure a mais antiga forma d'esse grupo, pela sua apparencia mais propriamente marinha, e pelo facto dos jovens d'alguns géneros viz, Cichla terem com ella semelhança. Também, baseando-se na variação de forma e especialmente na do numero de aculeos anaes, nos pareceria Cichlasoma facetam a forma mais antiga do segundo grupo. Em schema teríamos: Chtatobranchus Chxtobranchopsis Pterophyllum Mesonauta- ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL — vol. XVII Retroculus Acaropsis Sytnphysodon -Cichlasoma- -Uarú Cichla Astronotus Biotoecus Heterogramma -iCquidens- Crenacará Dicrosus -Oeophagus ■Bratrachops- Crenicichla A chave annexa enumera os géneros brasileiros: CRENICICHLA O Heckel Ann. Wiener Museums, pg. 416—1840 Forma alongada, anteriormente deprimida, posteriormente comprimida, de altura sempre menor do que o comprimento da cabeça; bocca anterior, ampla, provida de lábios espessos formando uma prega no angulo. A mandí- bula prognatha, intermaxillares e mandibulares providos de duas á 4 series de dentes pequenos, villiformes sub-eguaes, moderadamente curvos; pha- ryngeanos inferiores unidos, providos de dentes egualmente villiformes, em facha; rastros pouco desenvolvidos ou rudimentares, isolados, em pequeno numero sobre os arcos branchiaes. Região fronto-rostrale mandibular, assim como a orla infero-posterior do preoperculo nús; narinas singulares, mais próximas do lábio do que da orbita; preoperculo tendo o bordo posterior mais ou menos pectinado e na orla premarginal uma serie de poros que, de resto existem também sobre as outras partes niías da cabeça em torno dos olhos. Cperculo maison menos triangular, inerme; sub-operculo amplo e como o seu antecedente recoberto de escamas. Nadadeiras nuas; a dorsal (1) Crene — fonte; cichla —meho; (melro d'agua). [ Dentes depressiveis Crenicichla /Operculo denticulado. r Dentes fi- V xos , Altura 1/4 ou menos; D. XV á XXIII Batrachops ) I Altura menor de 1/3 Altura maior de ; (jo coniprimeuio 1/4; D. XIV á\ do corpo Dicrossus XVII ; i Altura maior de 1/3 Crenicara /Arcos branchiaes sem processo^ cutâneo; estes quando presente tendo os rastros na base Linha Iate. ral nâo tri- furcada so- bre a cau- dal , Caudal sem escamas do meio para o í Intermaxillares protracteis Acaropsis ^^"^^ ( Intermaxl . pouco protracteis guldens /Rastros não chae- tiformes; em ge- ral tuberculares. A. III.^ C/3 O a> CO CO O l-i n O Arco soe rastros 1 Operculo \ 1 ( Arco branchial superior com pro- inteiro . j r i cesso cutâneo tendo os rastros na Caudal com\ base Retroculus escamai até , o ápice... . I [ Arco branchial superior sem pro- \ cesso cutâneo Astronotus Linha lateral trifurcada sobre a caudal Cichla IL. lat. afastada da dorsal. Geophagus ....... »„,. ..^. u...., L. lat. contigua a dorsal. Heferogramma ■( V Altura menor que 1/3 do comprimento; D. VII á Vlll Biotœcus ■ R astros chaetif ormes, numerosos, longos Chœtobranchus Rastros chaetiformes. ' numerosos, longos Chœtobranchopsis i. pouco numerosos, medíocres Pterophyllum A.lVá' VIII. Raios dorsaes em numero mediocre (12 ä( 13) Dentes normaes ' Dentes cónicos Cichlasoma \ Rastros tuberculares. \ « subincisivos Uarú Raios dorsaes em numero elevado (32 á 33) Dentes apenas na symphyse... Symphysodon 7 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES é continua, baixa, de bordo superior mais ou menos recto, horisontal, vae de sobre a base das peitoraes ao pedúnculo caudal, tocando com o ápice posterior a base ou quasi o extremo d'esté. Anal baixa com 3 aculeos mo- deradamente desenvolvidos, nunca maiores do que o primeiro raio, últimos raios mais ou menos desenvolvidos, acha-se situada sob o ultimo terço da dorsal. Peitoraes sy métricas, moderadas, pouco excedendo as ventraes; es- tas originando-se sob ou um pouco atraz da axilla das peitoraes, têm um aculeo moderado quasi sempre egual á 1/2 do maior raio ventral. Anal sempre cunéiforme ou redonda truncada — nunca furcada. Anus á mais ou menos um diâmetro orbital do primeiro aculeo anal. As escamas são cycloides ouctenoides na mesma espécie, moderadas ou pequenas, as da face, alto da cabeça regiões cervico-dorsal e throracica, pequenas, equivaiendo-se; as do abdmen também são pouco desenvolvidas; as do operculo e sub-operculo mais ou menos equivalendo ás do tronco. As da linha lateral são mais ou menos ponteagudas na parte livre, esta linha é interrompida geralmente sob os 3 ou 4 primeiros raios da dorsal e nunca se projecta sobre a caudal nem se ramifica. A vesícula natatoria é simples, e grande, occupando a cavidade geral, á cujas paredes ella se acha ligada pela face superior; intestinos com uma única circumvolução. Peixes fiuviateis da America do Sul, ao Oriente dos Andes eNorte da Re- publica Argentina. Para as espécies brasileiras pôde servir a seguinte clave. /Rastros não pediculados, moderadamente desenvolvidos, ponteagudos; ocel- V los peitoraes ausentes, corpo punctulado de negro, uma larga facha longi. J tudinal do operculo á cauda , outras transversaes no dorso e que nella ) morrem, estas fachas cambiantes, á vontade do peixe C. lacustris ' Rastros pediculados, curtos ru- dimentares, aculeados; ocellos ou manchas nos lados do tho- A. III-t-7á801hos/Maxillas attingindo aorla rax, sobre as peitoraes e na 3 e 1/4 á 5 nal anterior dos olhos. . . C. macrophthalma base da caudal; diversamente l cabeça . . . .' coloridas quanto ao restante) ^Maxillas não attingindo a do corpo ) \ orla anterior dos olhos C. wallacii ' Escamas 40 á 62 C. saxatilis A. Ill + 9 á 12^ /Focinho 1/3 da 'Escamas l cabeça . . . . C. vittata 72ál36 )^ _ \Focmho menor / do que 1/3 da ' cabeça C. brasiliensis Exceptuando-se a inclusão actual de C. wallacii, em 1904 a minha concepção do numero de espécies do género Crenicíchla éra a dada n'esta ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL — VOl. XVU 8 chave e, actualmente, não tenho ainda elementos para modidifical-a, embora n'isto fique em contradição com as autoridades de Eigenmann e Regan, os quaes pensão de modo diverso . Para Eigenmann o numero das espécies sobe á 18 em 1910, quando elle as enumera no Report of the Princeton University, vol. Ill, pt.lV, pg. 477—78, á saber: 1 Crenicichla lepidota, Heckel 2 » saxatilis, Linneus 3 » lucius, Cope 4 » geayi, Pellegrin 5 ■» lacustris, Caste In 6 » macrophthalma, Heckel 7 » wallacii, Regan 8 > vittata, Heckel 9 » acutirosfris, Günther 10 » mu/tispinosa, Pellegrin 11 » mar mo rata, Pellegrin 12 » strigata, Pellegrin 13 » lugubris, Heckel 14 ■» cinda, Regan 15 » fasciafa, Pellegrin 16 » ornata, Regan 17 » lenticulata, Heckel :8 » Johanna, Heckel Para Regan, em 1913, o numero de espécies vinha á ser de 22, assim distribuídas na sua chave synoptica: I Escamas nos lados etenoides; narinas não mais próximas da ponta do foeinlio do que dos olhos. A. 3Sá 72 escamas n'uma serie longitudinal abaixo da linha lateral. 1 Maxillares projectando-se além da vertical da margem anterior dos olhos. a. D. XVl-XX 13-16. Espaço interorbital 1/3 (adulto) ou l/4fjoven) no comprimento da cabeça. Frequentemente uma nódoa escura ou ocello entre a peitoral e a linha lateral. Menos de 50 escamas n'uma serie longitudinal 1 C. lepidota A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES 9 50 á 62 escamas n'uma serie longitudinal 2 .C saxatilis b. D. XVIII-XXl 13á 15. Espaço interorbiíal 1/4 (adulto) ou menos no comprimento da cabeça. Um ocello na li- nha lateral, acima da nadadeira peitoral. D. XVIIl-XIX 13 á 15; 3 e 1/2 ou 4 escamas entre o ultimo aculeo dorsal e a linha lateral 3 C. alta D. XIX-XXI 13 á 14; 4 e 1/2 á 6 escamas entre o ultimo aculeo dorsal e a linha lateral 4 C. lucius c. D. XX-XXII, 11 á 13; nenhum ocello acima das peitoraes . Maxillares estendendo-se até sob o meio dos olhos; nenhum ocello na dorsal 5 C. geayi Maxillares estendendo-se até sob o 1/3 anterior dos olhos; uma grande mancha ocellada na parte poste- rior da dorsal espinhosa 6 C. dorsocellata 2 — Maxillares estendendo-se até a vertical da orla anterior dos olhos; 63 à 70 escamas n'uma linha longitudinal lateral, 8 á 12 do r e 3 até 6 do ultimo aculeo dorsal— á linha lateral. D. XX-XXX 12-13. A. 111 + 8-10 Diâmetro ocular 4 á 7 no comprimento da cabeça fem exemplares de 90 á 300 mm . ) 7 C. lacustris D. XX á XXII + 10 á 11 ; A. III h 8. Diametro ocular 3 e 1/3 á 4 no comprimento da cabeça (em exem- plares de 98 á 225 mm) 8 C. macrophthalma 3 — Maxillares não attingindo a vei tical da margem anterior dos olhos; 57 á 65 escamas n'uma serie longitudinal, 6 do 1° e 2° (raramente) do ultimo aculeo dorsal á linha lateral . D. {XVIII) XX-XX\+ lOáll (13); A. ül-f 7á9. a Dentes anteriores em 5 ou 6 series; nenhum ocello na dorsal ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL — vol. XVII 10 Ultimo aculeo dorsal 1/2 do comprimento da cabeça 9 C. wallacii Ultimo aculeo dorsal apenas maior do que 1/3 do comprimento da cabeça 10 C. nana b Dentes anteriores em 3 ou 4 series; um grande ocello junto ao extremo posterior da dorsal espinhosa 1 1 C. notophthalma B12 à 130 escamas n'ama serie longitudinal sob a linha lateral. 1 Maxillares não chegando abaixo dos olhos ; focinho maior do que 1/3 do comprimento da cabeça. a Espaço interorbital 4 e 1/2 á 5 no comprimento da cabeça . 1 2 C. viitata D. XXIir+ 13 á 14; A. 111 + 9 á 10. 84 á 95 escamas n'uma serie longitudinal lateral D . XXIV + 14 ; A . ill + 11 . 113 escamas n'uma serie longitudinal 13 C. acutirostris b Espaço interorbital cerca de 3 no comprimento da cabeça D XX á XXII + 11 á. 12; A. III +9; 72 á 76 escamas n'uma serie longitudinal 14 E. cametana D. XXIV á XXV + 13á 14; A. III + 9á 10. 102 escamas n'uma serie lateral longitudinal 15 E. mutispinosa 2 Maxillares projectando-se até sob a margem anterior dos olhos ou um pouco além, focinho 1/3 do comprimento da cabeça ou menos o escamas acima da linha lateral ctenoides; excepto anteriormente. D. XXII á XXIV, 15 á 17. A. III + 10 á 12 93 á 108 escamas n'uma serie lateral longitudinal, 14 á 16 entre o primeiro aculeo dorsal e a linha lateral; focinho 3 e 1/3 á 3 e 2/3 no comprimento da cabeça; duas estrias lateraes escuras terminando n'uma macula na base da caudal, uma terceira ao longo da linha lateral, uma quar- ta juntando uma serie de anneis em cada lado do dorso. 16 E. strigata n A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES 116 escamas n'uma serie longitudinal, 15 entre a primeira nadadeira dorsal e a linha lateral; focinho 3 e 1/2 no comprimento da cabeça; uma facha pardacenta, irregular ao longo do meio dos lados, uma outra na linha lateral 1 7 C. marmorata 106 á 113 escamas n'uma serie lateral longitudinal, 16 ou 17 entre a primeira dorsal e a linha lateral; focinho 3 á 3 e 1/4 no comprimento da cabeça; pardacenta, com uma nódoa escura acima da peitoral e outra na base da caudal 120 escamas n'uma serie longitudinal. 20 entre o 1° aculeo dorsal e a linha lateral; corpo com barras transversaes escuras 18 C. lugubrís 19 C. cineta b Escamas acima da linha lateral quasi todas cy- cloides; 1 12 á 130 n'uma serie longitudinal abaixo d'ella. D. XXI á XXlll + 17 á 19; A. Ill + 11 á 12. Maculas denegridas sobre o peito . Nadadeira peitoral menor do que 2/3, parte post- orbital da cabeça maior do que 1/3 do comprimento d'esta . Uma estria na cabeça atraz dos olhos; uma serie de maculas na dorsal espinhosa; uma serie de barras verticaes estreitas acima da linha lateral. Nadadeira peitoral antes maior do que 2/3, parte post-orbital da cabeçamenor do que 1/2 do comprimento da cabeça. Cabeça sem estrias; dorsal espinhosa sem series de maculas; commummente uma serie de largas manchas abaixo da linha lateral. // Escamas eyeloides, pequenas; narinas mais próximas da ponta do foeinfio do que dos ollios. 20 C. ornata 21 C. lenficulafa 22 C. Johanna Do material existente no Museu, quer do antigo, em parte determinado no Museu de Paris, (Pellegrin) quer do que eu proprio collecionei na Com- missão Rondon, concluo serem C. lepidota, C. saxatilis e C. lucius varieda- des de uma espécie idêntica . C. geayi, C. dorsocellata e C. lucustris, varidades d'esta ultima . C. nana e E. notophthalma, variedades de C. wailacii. 12 RRCHIVOS DO MUSEU NACIONAL— vol. XVII Cr. acutirostris var. de Cr. vittata, e as demais citadas, excluída Cr. alta ficam ainda consideradas varie dades de C. brasiliensis . * * * Crenicíchia lacustris^') castein. MIXORNE, JOANNINHA D. XII á XVIII ; A. II1+8 L iat. (esc. 65, poros 26+13 (L. tr. 10/22) E' esta uma das espécies mais esveltas. A cabeça é comprida, depri- mida, 3 e 1/10 no comprimento total; a bocca ampla, attingindo os maxil- lares a vertical da orla anterior da orbita; esta é contida 4 e 1/2 no com- primento da cabeça; o preoperculo tem o bordo posterior vertical, ligeira- mente sinuoso, fortemente pectinado; o operculo é triangular e termina em ponta chata precedida da orla lamellar do sub operculo; os rastros são um tanto desenvolvidos, em numero de 9 no ramo inferior do 1° arco (contados os rudimentos/ A altura é 6 vezes contida no comprimento. A linha lateral é interrompida sobre a 25 ou 26^ escama, continuando na 4^ fila longitudinal inferior, as escamas são densamente ctenoides. Os dous exemplares que ser- viram á presente descripção, precedentes do Rio Pomba-Minas Qeraes, em vida eram verdoengos cinereos com a parte dorsal salpicada de negro . Uma estria de mesma cor do lábio superior do angulo posterior do operculo uma circumferencia negra sobre o meio da dorsal e um ocello da mesma cor sobre a base do lobo superior da caudal que é cunéiforme, 3 exemplares jovens, precedentes do Rio Grande do Sul apresentam os seguintes indices: D. XIX á XXII + 11 á 9; A. III + 8; L. Iat. (escamas 60, poros 21 +11) L. tr. 7/14 cabeça 3 e 2/10, olhos 4, altura 5 e 1/2; 9 rastros da mesma forma que nos exemplares ido Rio Pomba. Descorados pelo alcool — Um dos indivíduos apresenta uma circumferencia negra em meio da nada- deira dorsal e toda a estria rostro-opercular e o ocello caudal. Crenicichla macrophthalma^-^ Heck JACUNDÁ' D. XX á XXII+10 á 11 ; A. 111+7 a 8 ; L. iat. (Poros 37 escamas 68 á 69) 1, tr. -|^ E' uma das espécies melhores caracterisadas. Corpo allongado, com- primido, cabeça moderadamente deprimida 3 vezes no corpo . Bocca an- (1) /acízs/rís=habitante dos lagos. (2) macros=:grande; ophthalmos=o\ho. 13 A. DE MIRANDA RIBEIRO— FAUNA BRASILIENSE— PEIXES terior, mandíbula prognathe, maxillares attingindo a vertical da orla ante- rior da orbita ; intermaxillares e mandibulares providos de uma facha de dentes viliformes sub-eguaes. Olhos grandes 4 á 3 e 1/4 na cabeça; preperculo curto, pectinado, de centro redondo, não saliente e margem provida de poros singulares isolados ; operculo inerme; 9 rastros clavifor- mes, não muito curtos, aciculados. Altura 5 e 3/4. Escamas ctnoides, moderadas . L. lat. interrompida no 26.° poro e recomeçando na quarta serie longitudinal inferior. Nadadeira dorsal originando-se sobre o angulo superior da abertura branchial. Peitoraes cunéiformes; ventraes originan- do-se sob a axilla das peitoraes e attingindo o ápice d'estas. Caudal cu- néiforme, escamosa. Pardo verdoengo com uma estria denegrida do fo- cinho ao extremo livre do operculo, uma placa da mesma cor sobre a axil- la das peitoraes, uma placa circular negra, cercada de amarello esbranqui- çado sobre os lados da cauda, na base do lobo superior; este ocello é mais ou menos distincto; linha lateral pontuada de negro. Habitat : Amazonas e tributários. Crenícichia wallacii, Regan Altura 5 e 1/4 no comprimento, comprimento da cabeça 3 e 1/3. Focinho de comprimento igual ao diâmetro ocular que é contido 3 e 1/2 vezes no comprimento da cabeça, largura interorbital 4 e 1/3. Narinas um pouco mais próximas dos olhos do que da ponta do focinho. Maxil- lares não se projectando ate' sob os olhos; altura do preorbital 1/2 diâme- tro ocular. Dentes anteriores formando 5 ou 6 series em cada maxillar. 9 rastros na parte inferior do primeiro arco. Escamas denticuladas, ex- cepto na cabeça, na parte inferior do thorax e abdomen e, anteriormente, acima da linha lateral; 64 e 6/18, 57 n'uma serie inferior á linha lateral, 2 entre o ultimo aculeo dorsal e a linha lateral, 3 entre as partes superior e inferior da linha lateral. Linha lateral 21+10. Dorsal XX+ll (XVIlI+13) os espinhos sub-eguaes á partir do nono, o ultimo 1/2 comprimento da cabeça. Anal 111+7(9). Peitoral 5/7, ventraes 3/5 o comprimento da cabeça. Pedúnculo caudal mais comprimido do que alto. Pardacenta; uma estria escura do focinho, pelos olhos até a extremidade do operculo, continuada fracamente pelos lados; dorsal e anal com uma oria marginal denegrida; caudal com barras transversaes obscuras e com uma nódoa escura na parte superior de sua base. Habitat : Rio Negro, R Essequibo . ■» (Regan) ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL — VOl. XVll 14 Crenicichla saxatilis^'^ l. JACUNDA-CORÔA, GUENZA-VERDE D. X1X+ 13; A. Ill +9 L. lat. (poros) 33 á 34 (escamas 34 á 70) L. tr. 7/14 Corpo alongado, comprimido ; cabeça deprimida 2 e 5/6 no compri- mento total ; bocca anterior, maxillares attingindo a vertical da orla ante- rior da pupilla, mandíbula proeminente; dentes em facha, villiformes ; sub- eguaes nos intermaxillares e mandíbula; pharigigeanos aciculares em facha; rastros não capitados, não muito curtos, separados, cerca de 8 posteriores á uns 4 rudimentos capitados. Narinas singulares, próximas da prega labial. Olhos 4 e 2/3 á 5 na cabeça. Preoperculo finamente pectinado com o canto saliente, redondo. Operculo inerme. Altura 4 e 2/3 á 5 no comprimento; escamas ctnoides, as da linha lateral pouco maiores, linha lateral interrompida na 22.'' ou 24.^ escama e continuando na 3.^ serie infe- rior, não se ramificando sobre a caudal. Dorsal originando-se atraz do angulo superior da abertura das guelras tendo os raios posteriores um tanto prolongados, assim como a anal; peitoraes symetricas; ventraes ori- ginan(Ío-se um pouco atraz das peitoraes e excedendo-lhe de pouco o ápice. Caudal cónica. Olivacea, dorsal fusca, tendo a parte ramosa in- distinctamente transfasciada de sépia. Anal idem, com uma fimbria infe- rior obscura. Peitoraes e ventraes fuscas, unicolores. Caudal indistincta- mente transfasciada de obscuro. Uma facha negra, mais ou menos intensa do focinho ao angulo do operculo, outra obliqua da orbita até proximo á crista premarginal inferior do preoperculo; uma placa da mesma cor, atraz do angulo do operculo sob os raios 3.° 4° 5° e 6.°, logo abaixo da linha lateral; un)a placa negra ocellada nos lados da base do lobo superior caudal. D'esta espécie, extremamente variável, tem o Museu Nacional dous ex- emplares procedentes do Rio Grande do Sul, cujas dimensões se acham muito modificadas. Num, observo: altura 3 e 1/2, no outro 3 e 3/5; a ca- beça em um tem a proporção geral, em outro 2 e 4/6 ; olhos 5 e 1/2. Os dous animaes estão muito gordos tendo, por isso, o contorno geral muito mais arqueado do que na forma geral. Habitat: Brasil de Norte á Sul; Am. do Sul ao oriente dos Andes desde Guyana até Patagonia. Crenicichla vittata^'^ Heckei D. XXni + 13 á XXIV+14; A. HI+IO á 11, L. lat. 100 á 125 «13 series de escamas entre a origem da dorsal e a linha lateral. Fo- cinho proeminentes contendo o seu comprimento uma vez e meia o espaço (1) v/Yto/us=vidrado. (2) saxatilis=quc mora entre as pedras. 15 A. DE MIRANDA RIBEIRO— FAUNA BRASILIENSIS— PEIXES inter-orbital. A altura do corpo é iguala 2/15 do comprimento total, o comprimento da cabeça 1/4. Esta espécie assemelha-se a Cr. Johanna porém seu focinho é comparativamente muito mais longo sendo o seu com- primento contido 2 vezes e 3/5 na cabeça, a abertura da bocca é um tanto menos larga do que longa e as margens internas da mandíbula estão em contacto immediato entre si. O exemplar é pardo com uma serie de dez manchas quadradas, mais claras no dorso, ao longo da base da dorsal. 9 pollegadas — Rio Cupai (á 800 milhas do oceano)» (Günther) Crenícíchia brasiliensis^') bi. JACUNDÁ ASSU', J. BRANCO, I. TORO; J. PYRANGA-YACUNDA'-GUENZA BRANCA D. XXII á XX1114-16 á 17; A. III+ll; L. lat. 130 á 136, (98 á 136) (43 poros) L. tr. -^ Corpo lanceolado, longo, comprimido. Cabeça deprimida regular- mente cunéiforme, 3 e 2/7 no corpo; mandibula muito pouco proeminente; bocca larga, provida de quatro á cinco ordens de dentes villliformes, sub- eguaes nos intermaxillares e mandibula; dentes pharyngeanos egualmente villiformes, dispostos em facha; rastros capitados, espesssos, muito curtos, aciculados e em numero de 1 1 no ramo inferior ao primeiro arco branchial; focinho de comprimento egual á largura do espaço interorbital; narinas singulares, circulares, collocadas á margem da prega labial; olhos 5 e 1/2 vezes na cabeça ; preoperculo de bordo livre semi-parabolico, finamente pectinado; operculo inerme e com o sub operculo revestido de escamas; espaço interorbital, focinho, região angular e margem do preoperculo niís e providos de placas de poros mucosos. Escamas pequenas, ctenoides; linha lateral interrompida sobre o 28 poro e recomeçando na sexta serie longitudinal inferior, termina na base da caudal, não se bifurcando sobre a nadadeira. Altura 4e 2/3. Dorsal baixa com a membrana prolon- gandü-se em lobos livres atraz da ponta de cada aculeo; o mesmo succède com os dous primeiros aculeos anaes, o primeiro desses aculeos é 2 e 1/2 contido no terceiro que é o maior. Todas as nadadeiras, á excepção da caudal, despidas de escamas; as peitoraes são symetricas as ventraes que têm origem logo atraz da axilla das peitoraes apenas excedem a sua extremidade terminando á metade da distancia que vae da propria base ao primeiro aculeo anal caudal arredondada. O individuo que sérvio a prezente descripção (de 0,30 de comprimento) conservado no alcool ha mais de trinta annos, é pardo chocolate com uma facha ao longo da dorsal (em meia altura da nadadeira) uma zebrura lateral, irregular, nadadeiras peitoraes, parte interna das ventraes e base da anal e uma meia lua na caudal de cor amarella de ochre . (1) öras///ensis= brasileira. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL — VOl. XVIl 16 As dimensões dadas para o comprimento do focinho em relação á largura interorbital variam sendo a mandibula além disso, mais ou menos prognatha. No exemplar que sérvio á presente descripção que pode ser considerado como Cr. obtusirostris de Günther, a mandibula é muito pouco prognatha; em outros exemplares do Museu (var lugubris e Johanna) é ella mais saliente, entrando mesmo no perfil superior. Günther considera 7 variedades de Cr. brasiliensis, variedades anteriormente descriptas por Meckel como espécies. Por sua vez Günther descreve Cr. obtusirostris como nova baseado nas dimensões do focinho em relação ao espaço inter- orbital e tamanho da cabeça ; porém essas dimensões são tào variáveis como o proprio peixe e d'ahi se deprehende a falta de base para perma- nência de tal espécie. Deprehende-se de GíJnther, addicionando-se C. ob- lusitostris, as seguintes variedades de Cr. brasiliensis : Olho 1/6 D. XXII +17; A. III + 12 esc. 130 Poros 29+15 uma facha e 8 á 9 manchas irregulares na parte superior do tronco ; manchas lenticu- lares sob a cabeça e sob o peito, margem dorsal negra 2 Cr. lenticulata, Heck. Um par de estrias pardas ao longo do meio do corpo até a mancha caudal, a estria superior continua de atravez do olho até o focinho. Outra estria marginando a porção superior da linha lateral; uma facha parda undulante ao longo do dorso. Parte superior de cabeça com series de maculas negras e com uma estria longitudinal que éfurcada posteriormente. Nadadeiras verticaes com largas fachas marginaes, negras. 3 Cr. strigata, Gthr. Olho 1/6 D. XXI + 18; A III + 12 esc. 112; poros 28 + 16; fusco verde, abdomen branco, um ocello caudal, peito e cabeça com pontos negros 4 Cr. adspersa, Heck. Olho 2/11 D. XXIII + 15 A. III + 9 esc. 1 iO poros 28 + 15 pardo escuro uniforme com uma mancha obscura na região opercular e outra negra sobre a base da cauda. 5 Cr. lugubris Heck Olho 1/6 D. XXII + 16; A. III + 10; esc. 100; poros 28 + 16. Uniforme com uma mancha escura na região escapular; macula caudal indistincta 6. Cr.funebrís, Heck 17 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES Olho 1/5 D. XX + 6 ; A. Ill + 11, sc. 98, poros 27 + 15; uniforme pardo ou negro ; abdomen e ponta das nadadeiras verticaes rubescentes. 7. Cr. Johanna D. XX + 17; A. Ill + 11 ; L. lat. 130 pardo uniforme ou irregularmente maculado de claro 8. Cr. obtusirostris Gthr. Habitat: R. Amazonas, Paraguay e respectivos affluentes. BATRACHOPS, (») Heckel Ann. Wiener Mus., vol II, pg. 432—1849 Forma alongada, mediando a cabeça cerca de 1/3 do corpo (sem a caudal) e a altura 3 e 1/4 ou menos. Bocca antero superior com os dentes cónicos, curtos, fortemente implantados e fixos tanto nos intermaxillares como na mandíbula. Intermaxillares grandemente protracteis; rastros curtos, pouco desenvolvidos. Focinho nú. Narinas próximas da orla premaxillar. Olhos lateraes. Abertura branchial ampla, desde o perfil cervico dorsal á symphyse. Linha lateral interrompida sob a dorsal ramo- sa, simples sobre o peduncnlo; escamas d'esta maiores que as demais; as do vertex, região cervico dorsal, abdomen thorax e isthmo cycloides, as demais ctnoides. Dorsal de bordo livre paralello á base, anal mediocre, paralella aparte posterior da dorsal; peitoraes sub-lanceoladas; ventraes com um aculeo moderado. Caudal espatulada. Peixe de coloração mais ou menos viva e variável. I'Maxillarespassan-/ Orla posterior do peoperculo da curva do aorla anteri-V para diante B. semifasciaius or da orbita . . ' Espécies conhecidas^ /orla posterior do preoperculo curva para traz B. reiiculafus . Maxillares passando a vertical da pupilia B. ocellatus Batrachops semifasciatus, ^'^ Heck «Cabeça grande, obtusa ; fronte larga, deprimida; olhos 2/11 no compri- mento da cabeça; osso suborbital 1/3 do diâmetro ocular; margem poste- rior do preoperculo arqueada para diante. Cada escama marginada de (1) ßuirac/jus=batrachios; o/7S=cara. (2) semi=meio, fasciotus, a um— fasciado. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL — VOl. XV 18 fusco; 7 á 8 fachas verticaes brunneas do dorso ao meio do corpo; uma estria escura do olho á margem do operculo ; um ocello na base da nada- deira caudal; nadadeiras unicolores. D. XXIl+10; A. III+7; escamas 56 á 57. Esta espécie próxima visinha da precedente, tem o tronco mais com- primido, o dorso mais elevado de modo que a maior altura do corpo próxi- ma ás ventraes, excede de 1/4 a maior espessura do mesmo e é contido apenas 5 vezes no comprimento total do peixe; a menor altura do corpo, na cauda, excede á três diâmetros da espessura da mesma e não attinge totalmente á 5/8 da maior altura do corpo. O comprimento da cabeça é 3 e 1/2 vezes contido no comprimento total ; tomado porém o comprimento da cabeça até a orla posterior do preoperculo, não attinge a maior altura do corpo. A cabeça é espessa, obtusa, deprimida anteriormente, de modo que a largura de sua fronte chata, entre os olhos (egual á doas diâmetros dos olhos) excede ainda o comprimento d'esta até a orla nasal e o diâme- tro de um á outro angulo da bocca, perfaz a metade do comprimento da cabeça. Os dous perfis da cabeça divergem n'um angulo de 40.° A larga abertura oral abre-se um tanto sobre o eixo ; o extremo posterior da maxil- la superior attinge a vertical da orla anterior e a articulação da larga e pouco prognata maxilla inferior, mais ou menos a da orla posterior dos olhos. Estes são muito avançados jazendo apenas á 1 e 1/2 do seu diâ- metro, o qual é contido 5 e 1/2 vezes no comprimento da cabeça, da pon- ta da maxilla inferior e, tendo a sua orla superior quasi tão alta como a fronte. O sub-orbital é apenas da largura egual á 1/3 do diâmetro da orbita. A orla posterior do preoperculo, que começa á um diâmetro orbital dos olhos, curva se logo de sua origem para diante em um arco moderado. A abertura das guelras começa sob o nivel dos olhos á dous diâmetros orbitaes atraz dos mesmos. A ponta dérmica do operculo jaz abaixo do eixo e está á cerca de 3 diâmetros oculares atraz da orla posterior da orbita. As nadadeiras peitoraes e ventraes são como na espécie anterior, (B. reticulatus) unicamente na nadadeira dorsal os aculeos occupam 3/5 do comprimento da base e o 7.° raio é o mais comprido; quanto ao mais esta nadadeira assim como a anal, com excepção do numero dos aculeos, não diffère da de Batrachops reticulatus. A nadadeira caudal é fortemen- te arredondada. O anus jaz á um diâmetro ocular da sua nadadeira. O tamanho relativo das escamas relaciona-se com as diversas regiões por ellas occupadas, de resto como na espécie anteriormente descripta ; unicamente no ventre ellas são um tanto maiores. Entre a articulação das ventraes e a dorsal ha 33 filas horisontaes de escamas, sendo 10 acima e 22 abaixo da linha lateral, das quaes as nove filas inferiores já 19 A. DE MIRANDA RIBEIRO— FAUNA BRASILIENSE— PEIXES contêm escamas muito pequenas. Do 14.° aculeo dorsal ao meio do ventre ha apenas 25 filas das quaes 6 superiores e 19 inferiores á linha lateral; sobre a origem da nadadeira anal encontra-se 18 até a dorsal donde ficam 5 acima e 12 abaixo da linha lateral. Sobre o extremo da cauda, tanto acima como abaixo da linha lateral, ha 6 filas horisontaes de escamas. Da região escapular até a base da nadadeira caudal conta-se em linha recta 56 á 57 escamas. A parte superior da linha lateral compõe-se de 25, a inferior de 12 escamas tubuliferas successivamente maiores de diante para traz. A interrupção da linha lateral dá-se sobre o 3.° aculeo da na- dadeira anal, de forma que a parte inferior começa 3 filas abaixo. A for- ma e a constituição das escamas são justamente como nas espécies pre- cedentes, apenas as escamas tubuliferas menos longas, sem ponta e não excavadas na orla posterior, junto do poro. N'um exemplar conservado em alcool, a fronte e o focinho até sob os olhos são cinzentos; dorso e lados da cabeça pardos; lados do dorso e toda a parte inferior de cor branca amarellada. Dos olhos á ponta do operculo ha uma larga facha denegrida e 7 á 8 similares porem ainda mais largas, verticaes, da base dorsal ao meio do corpo onde gradativa- mente se diffundem depois do que ellas se tornam mais intensas abaixo da linha lateral. Na metade superior da caudal, um tanto separada da base, ha uma pequena macula parda escura, circumdada de um annel de pequenos pontos de um branco puro. Cada escama isolada, sobre os lados do dor- so e na linha lateral, é amarella na base e na orla parda escura em contra- posição ás escamas da espécie precedente onde ellas são pardas escuras na base e amarellas na orla. As nadadeiras, têm em geral a cor do dor- so, sem macula alguma; dorsal e anal cinereas esbranquiçadas na base, a caudal denegrida na orla. A iris parece ter sido parda. Esta espécie foi pescada no rio Paraguay, perto de Caiçara na Pro- víncia de Matto Grosso, e parece não attingir o desenvolvimento da pre- cedente. Comprimento do exemplar descripto: 6 pollegadas». Heckel. Crenicichla reticulata ('^ Heck. JACUNDÁ' Cabeça grande, obtusa; fronte larga, deprimida; olho 1/5 do com- primento da cabeça; sub orbital 3/4 do diâmetro ocular; a margem pos- terior do preoperculo arqueada para traz. Cada escama com uma nódoa (2) reticulatus, a um = envolvido por uma rede, ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL — VOl. XVII 20 fusca na base; uma estria escura do olho á margem do operculo; um ocello na base da nadadeira caudal ; quatro series horisontaes de pontos nas nadadeiras dorsal e anal. D. XXIV+ll; A 1II+8; escamas 68. Parte posterior da cabeça e anterior do dorso mais ou menos cylindri- cas, a primeira anteriormente deprimida o ultimo posteriormente comprimi- do. A maior altura do corpo, sobre as ventraes, excede a espessura do mesmo cerca de 1 11 e é comprehendida 6 vezes no comprimento total do peixe ; a menor altura do tronco sobre a cauda excede á mais de dous diâmetros, a espessura da mesma e attinge á 5/8 da maior altura do corpo. O comprimento da cabeça é contido 3e 1/2 no comprimento total ; mes- mo considerada atè a orla do preoperculo excede ainda de muito a maior altura do corpo. A cabeça espessa, obtusa e inferiormente quasi plana, é na parte anterior deprimida de modo que a largura de sua fronte chata, entre os olhos (egual a dous diâmetros oculares), é egual ao compri- mento da mesma até a orla nasal e o diâmetro de um á outro angulo da bocca, perfaz mais ou menos uma metade do comprimento da cabeça. Os perfis superior e inferior divergem n'um angulo de cerca de 4Ö gráos. A ampla bocca abre-se um pouco sobre o eixo e é parallela com o perfil inferior até a vertical da orla anterior dos olhos emquanto os maxillares excedem-n'a um pouco para traz. A articulação da larga mandibula attin- ge a vertical da orla posterior dos olhos. Os olhos são anteriores ja- sendo á 1 e 1/2 de seu diâmetro (o qual é contido 5 vezes no comprimento da cabeça) da ponta da maxilla inferior que é pouco proeminente e attinge o perfil da fronte com a sua orla superior. A altura do sub-orbital um tanto curvo para dentro na sua parte anterior, mede 3/4 de um diâmetro ocular e egualmente outro tanto da distancia da articulação superior do preoperculo á orbita. A orla posterior do preoperculo descreve um arco moderadamente curvo da sua origem superior para traz; a maior largura do preoperculo, na parte inferior, comprehende 1/2 de um diâmetro ocu- lar. Também á 3/4 de um diâmetro ocular, junto da articulação supe- rior do preoperculo sobre o nivel dos olhos, abre=se a guelra, terminando essa abertura verticalmente sob a orla posterior dos olhos. A orla superior dessas coberturas, constitue com a inferior um tanto curva para dentro um angulo recto, o qual se afasta dos olhos, em linha recta, dous diâmetros or- bitaes; proximo termina o largo sub-opercular em uma ponta dérmica chata que jaz sobre o eixo do corpo. As largas peitoraes são um tanto mais compridas do que as ventraes que attingem a 1/2 da cabeça, estas ultimas tem um aculeo ósseo moderado, o qual eguala á 1/2 do segundo e mais longo raio. Da base da dorsal, que prefaz 1/2 do comprimento total pertencem 3/4 aos aculeos, que de mode- 21 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES rado desenvolvimento, attingem apenas 1/4 do comprimento da cabeça, emquanto que o do 8.° que é o maior dos raios que se segue, excede á 1/2 d'esse comprimento; esses raios são todos, com excepção dos dous últimos extremos apenas, bifidos, divididos duas vezes. A base da anal não perfaz inteiramente 1/2 do comprimento da cabeça; seus raios são um pouco mais curtos do que os da dorsal, o primeiro é indiviso, o segundo e o ultimo são bifidos, os outros duas vezes divididos; os 3 aculeos especialmente o segundo são fortes e espessos. Na cauda, fortemente redonda, os raios medianos são divididos 3 vezes. O anus jaz á um diâmetro ocular de sua nadadeira. As escamas são, ao longo dos lados do tronco, maiores e tornam-se caracteristicamente pequenas sobre o ventre, ainda mais, porém, sobre o peito. As da nuca egualam em pequenez ás do peito, tornam-se, porém, ao longo do alto do dorso e sobre a linha lateral um pouco maiores até que, ao fim da parte superior d'esta ultima, readquiram os tamanhos das demais. As da face egualam ás do peito, as das coberturas das guelras ás da base da nadadeira peitoral. Entre as nadadeiras ventral e dorsal ha 32 series horisontaes á saber 9 acima e 22 abaixo da linha lateral, das quaes as ultimas 9 ou 10 inferiores ja comprehendem escamas muito pequenas. Do 14° aculeo dorsal ao meio do ventre ha 35 series, das quaes 7 superiores e 27 inferiores á linha lateral. Da origem da anal á dorsal ha 20 series horisontaes, sendo 5 acima e 14 abaixo da linha lateral. Na cauda, final- mente, ha 6 estrias acima e 7 abaixo da segunda parte da linha lateral que começa verticalmente sobre o 3.° aculeo anal e começa 4 filas abaixo do ponto em que termina a parte superior. Conta-se 66 escamas em linha recta da região escapular á base da caudal ; a parte superior da linha lateral, paraFlela com o dorso, compõe-se de 25 escamas tubuliferas, a inferior recta, de 12. Estas, especialmente as ultimas, são muito maiores do que as escamas ordinárias cujas filas visinhas lhe recobrem a base. A forma das escamas tubuliferas é um oval anteriormente obtuso, e poste- riormente pontudo, com um pequeno entalhe no poro; os anneis concên- tricos percorridos por umas 6 ou 8 irradiações ósseas, são posteriormente providos de aculeos moderados e distribuem-se do centro de uma peque- na area que circumda o poro. As escamas communs dos lados ou do meio do dorso são eguaes á 1/3 do diâmetro dos olhos, quadrangulares, posteriormente arredondados, de estructura egual á das escamas da linha lateral do tronco e da cauda. As escamas pequenas da nuca, parte an- terior do dorso e peito, não tem pectinação alguma, nas ultimas os anneis concêntricos além desse são completamente limpos até o ponto centrai Um individuo conservado em espirito de vinho é na parte superior e no dorso de um pardo escuro que se esvaece para traz e para baixo do ani- mal em branco amarellado ; uma estria denegrida dirige-se horisontalmente dos olhos á orla opercular; cada escama isolada, no lado do tronco, até ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL — vol. XVII 22 O dorso é parda denegrida, com uma bella orla amarellada, donde a parte superior do peixe parecer recoberta por uma fina rede. Nadadeiras dorsal e anal cinereas albicantes, pardacentas sobre as orlas, a primeira é per- corrida, na parte espinhosa por 3 e na ramosa por 6 estrias horison- taes de maculas denegridas de que se percebem traços também sobre o extremo da anal. A caudal tem a côr do dorso e, na parte superior de sua base um placa negra oval, com orla branca. Peitoraes e ventraes amarelladas, iris amarella clara. Em vida a parte superior da cabeça e anterior do dorso é negra, a côr geral do dorso cinerea amarellada, peito e ventre albicantes ; os lados da cabeça amarellos de ochre, a maxilla inferior branca, tincta de negro sobre os lábios. As nadadeiras peitoraes são amarellas de ochre na base, cinerea azulada na extremidade ; as nadeiras ventraes amarelladas; dorsal e anal cinereas com maculas denegridas; o ocello é negro com o annel branco; iris amarella parda. Encontra-se no Rio Negro e na Barra do Rio Negro é conhecida pelo nome de Jacundá como as nossas Crenicichlas macrophthalma e len- ticulata. Comprimento do exemplar descripto : 10 pollegadas.» (Heckel) Batrachops ocellatus^'^ (Perugia) «Altura 4 vezes no comprimento, comprimento da cabeça 3 e 1/4. Diâmetro ocular 5 e 1/2 no comprimento da cabeça, comprimento do foci- nho 4; espaço interorbital 2 e 1/5. Narinas equidistantes dos olhos e da ponta do focinho. Maxillares projectando-se até quasi embaixo da mar- gem posterior dos olhos ; altura do preorbital 1/2 diâmetro ocular. Dentes anteriores formando 3 series em cada maxilla. 7 ou 8 rastros no ramo inferior do primeiro arco branchial. Escamas fracamente denticuladas ex- cepto na cabeça e partes inferiores do thorax e abdomen e, anteriormente acima da linha lateral, 4 entre o ultimo aculeo dorsal e a linha lateral, 2 entre as partes superior e inferior da linha lateral. Dorsal XXII+ 11, os aculeos sub-eguaes á partir do oitavo, o ultimo quasi 1/3 do comprimento da cabeça. Anal III+8; Peitoral 2/3, ventraes quasi 3/5 do comprimento da cabeça. Pedúnculo caudal 3/4 da propria altura. Olivaceo com estrias longitudinaes indistinctas ao longo das series das escamas; um ocello de- negrido na parte superior da base da caudal. 265 mm. Alto Paraguay». (Regan) (1) Ocellatus (Lat.) que tem o cello (na caudal). 23 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES DICROSSUS (1) Steindachner Sitzungsber. Akad. Wien; LXXI, pg. 102—1875 «Corpo fortemente alongado e moderadamente comprimido como em Crenicichla. Preoperculo finamente dentado. Bocca, denticção e arcos branchiaes como em Cichlasoma. Linha lateral interrompida. Aculeos dorsaes numerosos». (Steind.) Dicrossus raaculatus^^) 2 1/2 D. XIV + 9; . 3 + 7; L. lat. 26; L. tr. 7á8 «Altura 3 e 1/3, á 4 no comprimento. Comprimento da cabeça cerca de 3 vezes e alguma cousa mais. Escamas nas bochechas em 3 filas. Lábio inferior interrompido no meio. Intermaxillares prognathas, com processos longos. Dorsal com XIV, anal com III aculeos. Base do L" raio dorsal verticalmente á frente das ventraes. Duas filas longitudinaes de grandes maculas pardas no tronco; uma facha longitudinal escura nos lados da cabeça. Dorsal e caudal maculada. Uma nódoa mais escu- ra adiante da origem da anal, no ventre.» Steindachner Habitat: Lago Maximo, José Açu, Tocantins, Javary e Tayapurú. CRENICARA (3) steindachner Sitzungsber. Akad. Wien, LXXl, Bd. Heft. I e II pg 99—1875 «Forma do corpo oval e comprimida como em Cichlasoma. Parte espinhosa da dorsal mais fortemente desenvolvida do que a ramosa. Anal com III aculeos. Primeiro arco branchial sem processo dermico. Orla do preoperculo fina e regularmente denticulada.» (Steindachner) Espécie conhecida: Crenicara punctulata, Günther «Altura do corpo 2 e 1/4 á 2 e 2/5 no comprimento, comprimento da cabeça 3 e 1/2. Focinho um tanto mais curto do que o diâmetro ocular (1) Dicross (Gr. latinisado) Dis dous, duas crassos franja. (2) maculatus {Lat.)=macuiado. (3) Crenicara ~ de Crcni, contracção, (por Crenicichla) cará ou Acará, género citado. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL — vol. XVII 24 que é contido 2 e 3/4 no comprimento da cabeça e eguala ao espaço inter- orbital. Altura do preorbital 3/4 do diâmetro ocular, Maxillares não se projectando até sob os olhos ; maxillas eguaes anteriormente ; bochechas com 3 ou 4 series de escamas, nenhuma no preoperculo ; 6 rastros no ramo inferior do 1.° arco branchial. Escamas 2-39-1 entre a linha lateral e o raio anterior da dorsal. Dorsal XVI (XVIl+8) 9, começando sobre a abertura opercular, os aculeos não ou somente augmentando de- pois do 5.°, o ultimo 1 12 á 3/5 no comprimento da cabeça ; nadadeiras ramosas projectando-se até o 1.° quarto da caudal. Anal II1+(7J 8. Dor sal ramosa e anal sem escama. Peitoral mais comprida do que a cabeça; ventral projectando-se até a origem da anal. Caudal redonda. Pedún- culo tão largo quanto alto. Pardacento, com uma serie de manchas escuras na e acima da linha lateral e outra, mais distinçta, abaixo da mesma linha; uma estria escura marginada de branco parte dus olhos para a bocca ; parte posterior da dorsal espinhosa, dorsal ramosa e parte mediana da caudal com series de maculas ou estrias alternadas claras e escuras. Anal com uma fimbria denegrida.» Regan. Habitat: Rio Amazonas, Guyanas. RETROCULUS O Eigenm & Bray Ann. N. Y. Ac. Nat. Sei., Vol. VII, pgs. 608 e 614—1894 Dentes cónicos; premaxillares grandemente protracteis; 3 aculeos anaes; linha lateral com os ramos superior e inferior sobrepujando-se. Focinho muito prognata, mais do dobro do comprimento da porção post- orbítal da cabeça. Preorbitaes muito grandes, quasi o dobro do diâmetro dos olhos. Narinas muito mais próximas da orbita do que da ponta do focinho. Bocca baixa, quasi horisontal, á um diâmetro orbital abaixo dos olhos. Caudal densamente escamosa. Maxillares attingindo as narinas. Este género é proximo alliado do género Acaropsis, do qual diffère em alto gráo pela forma da cabeça. A differença é grandemente devida ao alto desenvolvimento do focinho e dos preorbitaes. Encerra a seguinte espécie: Retroculus lapidifer^^^ castein. D. XVI+11; A. 111+7; L. lat. 27+ 19+2 ou 3 Cabeça c. 3 ; altura 3. Linha lateral superpondo-se por 7 á 9 escamas. 7 series de escamas da origem da dorsal a linha lateral; 10 (1) re/ro = atraz, ocü/us=olho allusão á sede da orbita quasi sobre a abertura opercular e, portanto muito posterior na cabeça. 25 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES OU 11 do limbo inferior ao anus. Anal marginada de escuro, uma nó- doa negra na base dos primeiros cinco raios dorsaes. Lábio superior escuro. Forma geral de um Geophagus. Contorno abdminal quasi recto; perfil abrupto até o l.°aculeo dorsal, d'ahi descendo gradativa- mente até a caudal. Olho inteiramente acima da abertura branchial e na metade posterior da cabeça, 2 nas preorbitaes, 1 e 2/5 nos interorbi- taes, c. de 5 na cabeça. Focinho muito prognatha, mais do dobro da porção post-orbital da cabeça. Bocca quasi horizontal, maxillares attin- gindo as narinas que são mais próximas aos olhos do que da ponta do focinho. Premaxillares, quando protrahidos, eguaes á 1/3 da distancia que vae da sua ponta á orbita. 4 séries de escamas nas bochechas. Uma série de dentes fortes, cónicos, os da mandíbula menores, uma facha de dentes villiformes atraz d'elles. Rastros pequenos, comprimidos, uncinados, com o bordo anterior pectinado. Dorsal ramosa e anal angulares, attin- gindo a caudal. Poucas escamas ao longo dos raios. Caudal redonda, densamente escamosa até a ponta» (Eigenmann & Bray) A descripção que se encontra em Castelneau é a seguinte: D. XIII + 11; A. III + 6; «Cabeça muito espessa, volumosa arqueada e elevada atraz dos olhos, bocca um tanto protractil. Verde com 5 fachas largas mais escuras sobre o dorso ; ventre branco, os lados da cabeça são amarello? e a parte inferior cor de laranja ; adiante dos olhos vê-se dous traços oblíquos azues; a dorsal é marginada su- periormente de vermelho, apresenta uma nódoa negra na parte posterior. Todas as nadadeiras são obscuras. Este peixe foi apanhado na grande cascata do Araguaya. Elle traz para terra uma grande quantidade de pedras do tamanho da cabeça de um dedo e forma um leito sobre o qual deposita os seus ovos, que se assemelham, pela forma e côr, á semen- te da mostarda. Carrega essas pedras, uma por uma, na bocca.» (Cast.) ACAROPSIS 0) Steind. Beitr. Kenntn. Chrom. Aniaz. Stromes, pg. 20-Sitzber. Akad. Wien. LXXI Bd-1875 Forma robusta, comprida; altura maior do que a cabeça; bocca anterior, moderada, grandemente protractil, obliquamente fendida e armada de dentes villiformes, em facha. Narinas singulares com uma valva supero anterior. Poros mucosos amplos sobre as partes nuas da Acará opsis = face, fácies de acará. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL — VOl. XVII 26 . cabeça. Rastros curtos, isolados, providos de aculeos pequinissimos dentes pharyngeanos villiformes. Preoperculo inteiro, escamoso; opercuio inerme e com o osub-operculo egualmente escamoso. Escamas grandes, fracamente ctenoides; linlia lateral elevada, interrompida, não se bifurcan- do nem se projectando sobre a caudal. Dorsal originando-se sobre a abertura apenas de perfil superior horizontal e raios prolongados, provido de aculeos moderados. Anal com 3 aculeos moderados e os raios egualmente prolongados; ventraes originando-se sob a axilla das peitoraes; caudal tendo uma estreita facha basilar de escamas. Género brasileiro, do Amazonas e tributários, encerrando uma única espécie : Acaropsís nassa ^'^ (Heckei) ACARA BOCCA-DE-JIQUIÁ D. Xni + 9 á 10; A. UI+9 á 10; L. lat. 23; L. tr. 4/8 Forma robusta, comprimida, de contorno irregularmente lanceolado. Cabeça 2 e 2/3, de perfil superior ligeiramente s-forme, ligeiramente conca- vo sobre a região interorbital e inferior anguloso. Bocca anterior, forte- mente protractil, quasi mediana, mandíbula obliqua, lábios moderados as- sim como a preza do canto da bocca; maxillares attingindo a vertical do meio da orbita; intermaxillares e mandíbula providas de dentes villiformes, eguaes, em facha. Pharyngeanos um pouco maiores, em facha. Narinas pequenas, circulares, mais próximas da prega labial do que da orbita, com uma valva supero anterior; olhos médiocres, 3 e 1/3 na cabeça; preorbi- taes moderados; preoperculo de bordo posterior inteiro, recto, ligeira- mente obliquo para traz, e canto redondo, saliente ; todo o bordo livre cortante, com três grandes poros claramente visíveis; ha 3 ordens de es- camas parallelas ao contorno inferior da orbita ; opercuio triangular, iner- me, recoberto de 3 ordens de escamas ; sub opercuio e inter opercuio de uma. 8 rastros rudimentaes, deprimidos, finamente aciculados, no ramo inferior do primeiro arco branchial. Altura 2 e 1 3. Escamas grandes, finamente ctnoides ; linha lateral muito alta, interrompida quasi sob o ponto de inserção do 6.° raio dorsal, continuando 3 filas abaixo, não se bifurcando sobre a caudal. Nadadeiras nuas, com excepção da caudal que tem uma estreita facha de escamas na base. A dorsal origina- se sobre a abertura das guelras, tem o contorno superior horizontal, não entalhado e os raios medianos prolongados. Peitoraes originando-se sob o 3.° acu- (1) Nassa = Covo, jiquiá 27 A. DE MIRANDA RIBEIRO— FAUNA BRASILIENSE— PEIXES leo dorsal, é egual ao comprimento da base da parte espinhosa d'aquella nadadeira. As ventraes nascem-lhe sob a axilla, são providas de um aculeo forte e os seus raios prolongados (r bifido, 2.° e 3.°) attingem fol- gadamente ou excedem a parte espinhosa da anal, chegando, ás vezes, os filamentos do l.°raio, á base da caudal. Anal ampla, com três aculeos moderados, os raios são muito desenvolvidos e, como os da dorsal, attin- gem o extremo da caudal que é redonda. Os indivíduos em alcool são verdoengos, com uma placa denegrida indistinctamente ocellada sobre os flancos e outra escura sobre o da parte superior do operculo ; ha outro egual sobre o canto do preoperculo e uma barra da mesma côr, nem sempre presente, sobre a base da caudal. Nada- deiras côr de sépia — a dorsal com uma mancha alvadia atraz da base de cada acuieo e, após o 5.° raio, estreitamente transfasciada de branco; anal e caudal totalmente assim desta ultima forma coloridas; ventraes com algumas maculas brancas esparsas. Habitat: Amazonas e tributários. >EQUIDENS (') Eigenm. (steind.) 2 á 2 e 1/2 D. XV + 7; A. 111 + 6; L. lat. 23; L. tr. i ' 6 á 7 «Forma do corpo allongada, linha dorsal fraca e egualmente curva; altura 2 e 2/3 á 3 no comprimento do corpo. Preorbital de mediocre al- tura. 3 filas de escamas nas bochechas. Raios medianos da dorsal, anal e mesmo da caudal, especialmente nos machos mui fortemente alongados. Uma facha parda denegrida, horisontal, entre as orlas posteriores da orbita e da nadadeira caudal; uma estreita facha parda denegrida, da orla inferior dos olhos, para traz, e para baixo, até a orla opercular; uma terceira facha curta e escura entre as orlas anteriores dos olhos e lateral da bocca, sobre (1) Agassizi = de Agassiz (Luiz). 47 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES OS preorbitaes, nem sempre bem desenvolvida. 23 escamas entre o ex- tremo posterior da cabeça ea base da caudal, em uma serie horisontal. Dorsal com 15, anal com 3 aculeos. Apenas 2 á 2 e 1/2 escamas entre a do primeiro aculeo dorsal e a linha lateral, em uma serie vertical» (Stein- dachner.) Habitat: Curupira, Cudajás; Rio Puty; Lago Maximo, lagoa Manaca- purú. Amazonas. Heterogramma taeniatum('> aunth. D. XV + 6: A. in+6; L. lat. 3/6 Forma oblonga, moderamente comprimida. Cabeça moderada, justa- mente egual á menor altura do corpo e 1/3 comprimento total d'esté. Bocca mediocre, os maxillares attingem a vertical da orla anterior da orbita; den- tes em duas series, narinas á 1/2 de distancia entre a prega, premaxillar e a orbita, orbita 1/3 á 2/7 do comprimento da cabeça; preoperculo com o bordo posterior ligeiramente sinuoso, com 3 series de escamas. Linha lateral interrompida; parte anterior muito elevada. A dorsal origina-se sobre a abertura das guelras, adiante da base das ventraes que se origi- nam atraz da axilla das peitoraes . Estas e as ventraes não attingem a anal; os raios medianos da dorsal e da anal attingem a base ou o meio da caudal que é moderadamente escamosa na base. Caudal redonda. Verdoengo com uma facha do focinho á uma nódoa caudal, tendo ao meio de sua extensão outra maior mais ou menos nitida; outra facha do vértice da cabeça ao angulo do preoperculo e juncção do sub ao interoperculo; outra pelo meio da nadadeira dorsal. Comprimento do exemplar conhe- cido 85 mm. Amazonas e tributários; Rio Paraguay. Heterogramma trifasciatum í^) (Eigenm. & Kennedy.) D. XIV á XV + 6 á 7; A. Hl + 6 á 7; L. lat. 7 + 9; esc. 22 «Cabeça 3; altura 2 e 3/4; 22 escamas ao longo da linha mediana. Estria ao longo da base da dorsal; facha lateral da ponta do focinho á macula caudal; uma facha escura obliqua, estreita, bem definida, da orla (1) Tcmiatus — (de tania = fita) fasciado. (2) Trifasciatum — cora três fachas. 1 ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL — vol . XVll 48 inferior das peitoraes até a origem da anal e continuada até a ponta do primeiro raio; uma facha obliqua dos olhos, para baixo e para traz, raios externos e a maior parte da base das ventraes negras retintas, o resto incolor. Peitoraes e caudal denegridas. Dorsal com uma orla negra; anal escura, exceptuada a facha acima mencionada, que é negra. Nada- deiras amarellas em vida. Olhos mais próximos do focinho do que da fenda branchial, 3/5 do focinho, 2 e 3/4 na cabeça. Processo supplemen- tär do 1° arco bem desenvolvido. Escamas grandes; linha lateral mal des- envolvida, a parte anterior só tendo nove tubos abertos, o ultimo dos quaes sob a metade anterior da dorsal, somente uma escama parcial entre o ul- timo tubo desenvolvido e a dorsal. Peitoraes chegando ao anus, ventraes á anal, dorsal ramosa e anal á candal. . (Eigenm. & Kennedy) «5 exemplares mais d'esta espécie nos habilitam á rever a descripção original: (1) Anal, atraz da facha negra, uniformemente escura ou alternada- mente clara e escura; uma facha escura da ponta do focinho á macula cau- dal distincta, a facha mais estreita na cabeça e não mostrando indicações de fractura nos lados ou dilatação n'uma nódoa lateral; base da dorsal mais ou menos escura; em um dos exemplares indicações de sombreados transversaes na cauda; membrana entre os dous primeiro raios dorsaes denegrida na maioria dos exemplares; ventraes com uma larga macula ne- gra, caudal uniformemente denegrida. A linha lateral sobe rapidamente; os tubos são diversamente desen- volvidos, havendo de 5 á 10 na parte anterior da linha lateral. Atraz dos tubos as escamas contém somente poros inconspicuos, os quaes estão na serie de escamas visinhas á dorsal, n'alguma distancia, porem ulteriormente se enclinam para baixo, nos lados, sobre a visinha serie. Na secção pos- terior da linha lateral os tubos são diversamente desenvolvidos, até cerca da 3 visinha da caudal, o restante da linha sendo representada por poros» . (Eigenmann & Ward). Corumbá — Rio Paraguay, E. de M. Grosso, Heterogramma corumbae, <2) Regan. D. XVI + 5 á 6: A. Ill -p 6 á 7. «Altura do corpo 2 e 1/2 á 2 e 3/4 no comprimento; comprimento da cabeça 2 e 3/4 á 3. Focinho mais curto do que o diâmetro ocular, o qual é contido 2 e 3/5 a 2 e 4/5 no comprimento da cabeça; largura interorbital 3 e 1/4 á 3 e 2/5. Altura do preorbital 1/3 do diâmetro. Ma- il) Reproduzimos, apenas, d'esta descripção, o que não foi dito na anterior (2) De Corumbá, cidade principal de Matto Grosso. 49 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES xillares estendendo-se até sob a orla anterior dos olhos; maxillas eguaes anteriormente ; prega do labio inferior continua ; bochechas com 3 series de escamas; nenhuma escama no preoperculo; rastros indistinctos na parte inferior do arco anterior. Escamas 23 á 24 l±!:RAl-^ linha lateral superior plenamente desenvolvida somente sobre 5 ou 10 escamas; linha lateral inferior rudimentar ou ausente. Dorsal XVI + 5 á 6, com os aculeos sub eguaes á contar do quarto, o ultimo 1/2 do comprimento da cabeça. A. III + 6 á 7 (em um exemplar IV + 5) Peitoraes um pouco mais curtas do que a cabeça. Caudal redonda. Pedúnculo de altura 3/4 á 4/5 do comprimento. Pardacento, com barras mais escuras trans- versaes formando uma serie de maculas em baixo da dorsal; uma estria escura continua desde os olhos até a base da caudal, formando uma ampla macula no pedúnculo; cada serie da parte inferior do corpo com uma estria mais ou menos distincta escura e longitudinal ; uma estria longitudinal escura do olho á bocca e uma outra do olho ao interoper- culo, dorsal com uma orla denegrida ; parte posterior da dorsal ramo- sa e anal e meio da caudal, ás vezes, maculada. 38 mm.» (Regan) Carandasinho, rio Paraguay — M. Grosso. BIOTŒCUS, <1) Eigenm. & Kennedy Proc. Acad, N. Philad., vol. LV pg. 535-1903 «Forma do corpo muito alongada; processo do primeiro arco bran- chial como em Geophagus. Parte articulada da dorsal muito mais for- temente desenvolvida do que aculeada. Anal, na espécie até agora conhecida com 3 aculeos. Escamas médiocres. Preoperculo inteiro.» (Steindachner.) Biotœcus opercularis <^^ (steind.) D. VII á VIII + 13 á 14; A. lII + 7; L. lat. 29 á 30; L. tr. 2/1/7 «Altura 3 e 2/3 á 4 vezes no comprimento ; dorsal com 7 á 8 aculeos e 14 á 15 raios. 29 á 30 escamas ao longo do meio do corpo até a caudal. Lobo inferior interrompido no meio. 4 filas de escamas sobre as bochechas. Raios marginaes superiores da caudal alongado em fila no macho. Uma grande macula mais escura no meio da parte nua das coberturas operculares, uma menor na base da nadadeira caudal. (1) Biotœcus (Gr.) Bios = vida; oicos = casa. (2) Opercularis = opercular ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL — VOl. XVII 50 Uma serie de maculas pouco apparentes, pardacentas ao longo do meio da altura do corpo. Inter maxillares protracteis, com o processo longo. Desta espécie particular restam-me apenas exemplares pequenos de tamanho que vae a duas pollegadas e duas linhas em comprimento. A forma do corpo é alongada; a sua maior altura cahe sob o primeiro aculeo da dorsal e é contida cerca de 3 e 2/3 ou 4 vezes no compri- mento do corpo ; a menor altura do corpo, no pedúnculo, é contida 8 e 2/5 á 9 vezes n'esse comprimento. O comprimento da cabeça diametral- mente, vae á 1/3 do comprimento do corpo. A linha superior do perfil da cabeça é fracamente curva, a fronte transversalmente chata, e mediocremente larga, sendo a mandíbula um tanto prognatha. O hiato abre-se para diante; a maxilla superior fica, quando a bocca está fechada, sob o preorbital e o seu extremo posterior na linha vertical da orla ocular anterior. Os intermaxillares são francamente protracteis, por serem providos de longos processos, que, quando a bocca está fechada, attingem ao meio da fronte. O comprimento do processo é contido cerca de 2 ou 2 e 2/3 vezes no comprimento da cabeça. Os dentes mandibulares da orla externa são um pouco maiores e mais fortes do que os da fila interna. Os preorbitaes são quadrangulares, obliquamente dispostos, conspicuamente mais com- pridos do que altos; ao seu comprimento quasi eguala o diâmetro ocular e excede em altura a metade deste, apenas imperceptivelmente. O diâmetro ocular é contido cerca de 3 e 1/3 no comprimento da ca- beça e eguala ao do focinho; a largura da fronte comprehende 2/3 do diâ- metro ocular. A fronte é nua. As escamas das bochechas são como as do occipu| e nuca semi occultas na pelle e formam 4 filas horizontaes. A orla inferior e posterior das coberturas das guelras encontram-S€ em angulo recto cujo vértice é redondo e não se salienta para traz . Am-j bas as orlas livres são lisas, sem denticulações. As coberturas das guelras são totalmente escamosas, comquanto mui frequentemente cahiam nos exemplares conservados em alcool. A dorsal começa verticalmente sobre o extremo posterior da corber- tura das guelras. Os aculeos da mesma são subeguaes entre si em com- primento e, a altura do primeiro como a do ultimo, é contida cerca de 2 e 1/3 vezes no comprimento da cabeça. Os raios da dorsal e da anal aug- mentam gradativamente até antepenúltimo e attingem, com as suas pontas externas, a base da caudal . Os aculeos da anal são eguaes, em robustez, aos da dorsal; e os raios augmentam moderadamente até o antepenúltimo, em altura. O comprimento do pedúnculo caudal é notável e comprehende cerca de 1/4 do comprimento do corpo; sua altura, porém é menor. 51 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES A caudal é fracamente concava na sua orla posterior. Os lobos são redondos, o superior se alonga, no macho, em uma fa- cha, que não é do comprimento da propria nadadeira. As ventraes articulam-se sob as peitoraes, o primeiro raio, no macho prolongado em um filamento mais extenso que na fêmea; e cuja ponta, no primeiro, chega ao extremo da base da anal. A cor fundamental do corpo é, em exemplares em alcool, parda ama- rellada clara, a orla anterior da dorsal, e as vezes a orla superior de sua parte aculeada denegrida. A macula caudal é frequentemente apenas perceptível e pequena, algu- mas vezes, pore'm muito grande e intensamente colorida . A grande macula escura de brilho metallico, do operculo, falta em todos os nossos exempla- res por nós examinado . As grandes maculas do corpo são, na regra, for- temente diffusas e faltam em muitos exemplares da nossa collecção. A caudal é maculada indistinctamente de claro e de escuro e recoberta de es- camas na parte basilar. As escamas na cabeça ena nuca são cycloide.s, as demais escamas do tronco finamente denticuladas no bordo livre. A li- nha lateral é interrompida, perfeitamente desenvolvida e, na regra, su- bstituída por pequenos poros» . Habitat: Lago Saracá e Amazonas, junto a Villa Bella. (Steindachner). CH^TOBRANCHUS (D Heck. Ann. Wiener Museum H; pg. 401—1840. Corpo sub-parabolico, curto, comprimido; cabeça elevada, de perfil superior concavo, inferior convexo; focinho, espaço interorbital, preorbitaes e queixo, assim como a orla marginal do preoperculo, nus; todas as nada- deiras com excepção da caudal egualmente nuas; resto do corpo escamoso; escamas grandes cycloides ou moderadamente ctenoides. Linha lateral in- terrompida, ramificando-se sobre a caudal. Focinho desprovido de poros; narinas singulares. Bocca anterior, mediana, maxillares attingindo a orla an- terior da orbita; lábios desenvolvidos,o inferior cobrindo o superioríno angulo da bocca e formando uma prega profunda, intermaxillares e mandibulares providos de uma facha de dentes villiformes, a serie externa dos intermaxilla- res é de dentes um pouco maiores, cónicos e curvos; pharyngeanos providos de dentes aciculares, em facha. Rastros numerosos, delgados, longos, providos de pectinações lateraes, os posteriores do ultimo arco muito desenvolvidos (1) ChcEta = cerda; bronchus = branchias, allusão a forma das branchiaes do peize. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL — vol. XVII 52 pectinado. Preoperculo elevado escamoso anteriormente com 8 á 9 series transversaes de escamas; operculo vomeriforme, inerme; sub operculo des- envolvidos também escamoso. Nadadeira dorsal com XIII á XIV aculeos fortes porém pouco elevados; é arredondada anteriormente e depois recta até a parte ramosa que é mais saliente sendo nos machos, geralmente, os raios prolongados, o que também se dá com a anal e com a caudal . Anal com três aculeos fortes, estriados longitudinalmente, o maior (3") nunca attingindo o extremo do primeiro raio, ao qual é muito inferior em compri- mento. Vesícula natatoria simples, occupando a cavidade geral entre o craneo e o anus. E' um género proprio do Amazonas e tributários e de alguns rios das Guyanas. Encerra as seguintes espécies: /66 rastros no ramo inferior do 1" arco branciíial verdoengo amarellado com al- gumas manchas, indistinctas sobre o corpo, com ou sem uma outra maior sobre a linha lateral C. flavecens (86 rastros no ramo inferior do 1° arco branchial; verdoengo, 3 á 4 fachas de- negridas sobre os lados da parte superior do corpo; uma placa circular ne- gra orlada de amarello esbranquiçado sobre os lados da base da caudal. . C. semifasciatus Chsetobranchus flavescens, Heckei ACARÁ D. Xni -I- 12; A. Hl + 10; L. lat. 28; L. tr. 3/11 Sub-elleptico, comprimido. Cabeça 2 vezes e 2/3 no corpo, de perfil superior um tanto convexo, inferior concavo; bocca anterior, protactil; ma- xillares attingindo a vertical da orla anterior dos olhos, lábios moderada- mente espessos, o inferior recobrindo o superior no angulo da bocca e ahi formando um sinus bastante profundo. Maxillares e mandíbula providos de uma facha de dentes villiformes, tendo alguns irregularmente esparsos e uma serie exterior de dentes maiores cónicos, curvos e de ápice ferrugi- noso; dentes pharyngeanos cónicos; 66 rastros no ramo inferior do 1° arco branchial, denticulados, muito delgados e longos, o maior egual ao diâme- tro da iris. O Focinho é 1/3 da cabeça; as narinas são singulares, peque- nas, obovaes e desprovidas da oria dérmica e um pouco mais próximas da extremidade do focinho do que da oria anterior da orbita . Espaço in- terorbital 2 e 4/5. Olhos 4 e 1/2 vezes na cabeça. Preoperculo muito estreito posteriormente, de bordo posterior vertical, quasi recto, canto redondo. 53 A. DE MIRANDA RIBEIRO— FAUNA BRASILIENSE— PEIXES Operculo inerme. Altura 2 e 2/5. Espaço interorbital, focinho, preorbi- taes, margem do preoperculo e queixo, nús. Escamas grandes, regular- mente arranjadas em linhas longitudinaes. Linha lateral interrompida sobre a 18 serie transversal de escamas e continuando, n'essa mesma serie ou um pouco antes, sobre a terceira linha longitudinal, inferior até a caudal onde se bifurca, prolongando-se até quasi 2/3 dos raios. Dorsal inteira, nua, começando sobre o angulo das guelras, com os aculeos moderados, a membrana interradial prolongando-se em filamento curto atraz, do ápice de cada aculeo e os raios grandemente filamentosos Peitoraes pontudas, grandes, prolongando-se ate' sob a vertical do ponto em que se interrompe a linha lateral ou melhor, sobre a vertical da base do 3° raio anal. Ventraes originando-se sob a axilla dos peitoraes tendo o V raio filamentoso e attingindo folgadamente a base do 3° aculeo' Qo"f/lPi°^'^u ^^ ^ aculeos fortes, grossos, longitudinalmente estriados, o cJ, 1/3 da cabeça; caudal fraca, com os raios recobertos de escamas (é a unica nadadeira escamosa) até meia extensão e fortemente filamentosos. Verdoengo amarellado com as nadadeiras transversalmente estriadas de sépia; duas estrias azues, parallelas marginando os preorbitaes, da bocca aos olhos. Ventraes e algumas escamas irregularmente dispostas, denegridas. Estômago de paredes delgadas e curtas, vesícula natatoria simples, occupando toda a cavidade geral entre o craneo e o anus. A fêmea não tem os raios das nadadeiras prolongadas. O exemplar que sérvio a presente descripção media 27 centímetros. Habitat: Amazonas e tributários. Chsetobranchus semifasciatus (') stei D. XIV + 14; A. III + 13; L. lat. 26; L. tr. 7/12 nd. Sub-parabolico, comprimido. Cabeça curta, elevada 2 e 5/7 no compri- mento, de perfil superior concavo, inferior convexo; bocca anterior ma- xillares, attingindo a vertical da orla anterior da orbita; dentes em uma es- treita facha nos intermaxillares e mandíbula, os da serie externa dos in- termaxillares um tanto maiores, os pharyngeanos aciculares, 86 rastros muito delgados, pectinados, no ramo inferior do 1° arco branchial, mandi^ bula proeminente. Focinho moderado, quasi 3 vezes na cabeça, narinas singulares, um pouco mais próximos da orbita do que da extremidade do fo= cinho; olhos 3 e 3/4 á 4 vezes na cabeça; preoperculo elevado, de bordo posterior moderadamente sinuoso, canto redondo, um tanto saliente; oper- culo (verimiforme, e sub operculo inteiros de bordo membranoso. Altura (1) Semifasciatus = semifasciado. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL — VOl. XVII 2 e 1/0. Escamas moderadas, cycloides, linha lateral interrompida na 19*] serie transversal de escamas e recomeçando na decima sétima, sobre a 4* serie longitudinal, inferior ao ponto de interrupção, sobre a caudal a linha] lateral ramifica-se, prolongando-se essas ramificações sobre a caudal. Dorsal inteira, originando-se sobre a axilla da abertura opercular, nua; peitoraes de comprimento egual á altura do corpo, alcançando a vertical do 8° raio anal; ventraes attingindo o o primeiro aculeo anal. Esta nadadeirai com três aculeos fortes, o 3" egual ao dobro do primeiro; raios 6 á 8° pro- longados, como os raios 5 á 7° da dorsal ramosa; caudal truncada, maisj ou menos filamentosa. Verdoengo, com 3 á 4 fachas transversaes, indistin- ctas, sobre os lados da parte superior do corpo; uma placa superior negra,! orlada de amarello sobre a parte superior dos lados do preoperculo; na-J dadeiras verticaes transversalmente fasciadas de amarello. Habitat: Amazonas e tributários. Os 2 exemplares que serviram á presente descripção medem 16 e 17j cent. Um outro no Museu Nacional mede 25 cent". CH>ET0BRANCH0PS1S 0) Steindachner Chrom. Amazonenstromes, pg. 73 Sitzungsber. Akad. Wien LXXI Bd. 1875. Corpo obovado, comprimido, recoberto de escamas moderadas cycloi- des, linha lateral interrompida, ramificando-se sobre a caudal, base da dor- sal ramosa, anal e caudal revestidas de escamas, preoperculo egualmentej provido de 3 á 4 series d'ellas. Bocca anterior, obliqua, protactil, lábios inferior recobrindo o superior no angulo, formando uma prega; é provida de uma serie de dentes pequenos sobre os intermaxillares e mandíbula; dentes] pharyngeanos aciculares, em facha. Rastros muito delgados, pectinados, compridos, mais de 60 no ramo inferior do primeiro arco branchial; rastros] posteriores do ultimo arco muito desenvolvidos, pectinados. Preoperculo] de bordo sinuoso, vertical, com o canto um pouco saliente; é provido dei uma crista premarginal de cujo angulo partem dous duetos muciferos parai aborda. Operculo inerme. Dorsal inteira, originando-se sobre a aber-j tura das guelras com os raios prolongados; anal idem, com 6 aculeos for- tes. Peitoraes pontuados, longos. Ventraes originando-se sob os peito- raes e primeiro raio prolongado' Espécies conhecidas: |D. XV + 13; A. VI + 14 C. orbicularis\ \d. XIV + 13; A. V + 17 C. australis (1) Chœtobranchus = género citado; opsis = aspecto; face. 55 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA 88AS1L1ENSE — PEIXES Chœtobranchopsis orbicularis^') steindachner D. XV + 13; A. VI + 14; L. lat. 25; L. tr. 4/14 Obovado, comprimido. Cabeça 2 e 1/3, de perfil superior concavo, in- ferior convexo; bocca anterior, obliqua, lábio inferior sobrepujando o su- perior, no angulo da bocca, formando uma prega profunda; dentes peque- nos, subeguaes, em uma serie nos intermaxillares e mandíbula. Pharyngeanos aciculares, em facha. Maxillares attingindo a vertical da orla anterior da orbita. Focinho moderado, nú, assim como o espaço interorbital, provido de cinco, poros lateraes anteriores, narinas singulares acima da orbita. Olhos de 1/2 na cabeça. Preoperculo elevado, de bordo posterior sinuoso e curto, saliente, tendo uma crista premarginaí de cujo angulo partem três septos separando dous duetos mucosos; tem 4 series de escamas. Operculo inerme, curto. 61 rastros delgados e compridos, altura 2 vezes no corpo. Escamas moderadas, cycloides. Linha lateral interrompida na 15° serie transversal de escamas e continuando na 4^ serie inferior até a caudal, onde se bifurca, projectando-se sobre a nadadeira. Dorsal continua originando-se sobre o angulo da abertura opercular com os aculeos fracos e os raios prolongados. Aculeos anaes fortes e grada- tivamente crescendo do 1" ao 6° que é, comtudo, menor do que o primeiro raio, raios anaes prolongados. Peitoraes longas, pontudas, contidas 2 ve- zes e 1/10 no corpo. Ventraes nascendo um pouco adiante da base das peitoraes, tem o primeiro raio filamentoso. Caudal com os raios prolon- gados. Parte basilar da dorsal e anal provida de escamas deciduas. Verdoengo sépia com uma nódoa negra, orlada de branco, sobre a linha lateral. Nadadeiras verticaes transfasciadas de amarello- Habitat: Amazonas e tributários. Chsetobranchopsis australis ^-^ Eigemn. & ward. D. XIV, 13; A. V, 16; L. lat. 19 + 10 «Perfil, da ponta do focinho á região occipital, recto, d 'ahi fracamente curvo até a base da caudal. Altura 1 e 2/3, cabeça 1 e 1/2; olhos 3 e 1/2 na cabeça, 1 no focinho, 1 e 2/3 no espaço interorbital . Abertura oral obliqua, não attingindo a vertical da orbita; bochechas escamosas, parte superior do operculo escamosa; 14 escamas na frente da dorsal; 10 es- (1) Orbiculares — arbicular. (2) Australis = austral, do sul. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL — vol. XVII 56 camas na frente das ventraes. Aculeos dorsaes médiocres, augmen- tando de altura posteriormente, sendo o mais alto 1 e 1/2 vezes mais alto que o diâmetro orbital; peitoral longa, alguns dos raios da metade supe- rior mui prolongados, mais longos do que a cabeça, chegando á origem da segunda metade da anal; ventraes prolongadas em um filamento que chega ao 3° raio anal. Anal e caudal densamente escamosas; dorsal ra- mosa com raras escamas indistinctas na base. Côr parda clara; uma nó- doa denegrida nas bochechas e uma nódoa escura nos lados, abaixo da linha lateral; ventraes e anal marginadas de negro (Eigenm. «Corpo comprimido, elevado, recoberto de escamas. Linha lateral nulla. Dorsal e anal longas, tendo numerosos aculeos, a porção espinhosa mais desenvolvida. Ventraes thoracicas, compostas de um aculeo e cinco raios. Dentes fracos. Branchias 3 ou 4; pseudobranchias escondidas; sacco branchial nullo. Peixes carnívoros das aguas tropicaes da America» .(Günther). Género constatado no Brasil: MON0CIRRHUS,(2) Heckel (Nafterers Brasilianische Flussfische (Ann. Wien. Mus. II, 439—1840) «Corpo elliptico, muito comprimido, escamoso. Bocca muito protra- ctil Dentes villiformes, ausentes no vomer e nos palatinos. Maxilla infe- rior proeminente nos ângulos. Lábio inferior alongado no meio, com as margens enroladas e pendentes como cirrhos. Narinas redondas; duplas. Peças operculares lisas. 6 branchiostegos. Ventraes thoracicas. Dorsal única e composta, como a anal, quasi toda de aculeos. Os raios indivisos e as escamas ásperas» . (Heckel) 1) Polycentrus, género referido; eidos, semelhante. 2) Monos=\im; cirrhus, cirrho, barbilhão. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL VOl. — XVU 2 Monocirrhus polyacanthus/*) Heckei pirA-caa D. XVII + 12 ; A. XIII + 12 ; L. lat. 32 A forma geral do corpo asseme!ha-se bastante á de Capros aper Cuv. A grande espessura é contida 4 vezes na maior altura do corpo, sobre a nadadeira anal e esta ultima, por sua vez, 2 e 1/3 no comprimento total do peixe. A cabeça é ponteaguda, muito comprimida e perfaz 1/3 do total. O perfil, desde a parte anterior do tronco até a ponta da cabeça, é concavo, a abertura da bocca extensa e dirigida obliquamente para baixo. A man- díbula é fortemente prognatha e tem. sobre a symphyse espessos lábios que se alongam e enrolados juntamente, pendentes como um barbilhão carnoso e pontudo, aproximadamente como em Labeobarbus Ruppell; o compri- mento d'esse barbilhão eguaia á 1/3 do comprimenio da cabeça. Os inter- maxillares são tão protracteis como em Zeus faber. Os olhos ficam no meio da ametade superior da cabeça, sendo o seu diâmetro 1/6 do com- primento d'esta. A curta e chata ponta do operculo eguaia em altura á orla superior dos olhos. As redondas peitoraes são apenas do comprimento de um diâmetro ocular; as ventraes algo pontudas e não muito mais com- pridas. A base da dorsal começa um pouco próxima das peitoraes e cahe em um arco parabólico até sobre a linha horizontal do curto pedúnculo caudal; 6/7 desta base são providos de aculeos que, desde o 3" que mede 1/4 do comprimento da cabeça, encurtam-se gradativamente, de modo que o comprimento do ultimo apenas perfaz 1/3 daquelles. Os raios propria- mente ditos ficam muito contíguos, no extremo do arco aproximadamente em angulo recto; e consíiiuem uma curta ponta. A nadadeira anal tem per- feitamente a mesma estructura da dorsal, apenas começando uns três raios mais atraz. A caudal é muito curta, emarginada no meio. As escamas tornam-se para traz algo maiores e recobrem 2/3 da caudal; as narinas, os suborbitaes maiores e a mandíbula são nus. 32 escamas em linha hori- zontal, desde a arcada escapuiar até a base da nadadeira caudal e 26 em linha vertical, no começo da anal. Apenas cá e lá apparecem escamas poriferas sem que consiituam uma linha lateral. As escamas especialmen- te representam um pentágono, do qual dous lados se dirigem para traz e um para diante; os anneis concêntricos são tão contíguos que no centro se misturam, de modo confuso, n'um disco; e são atravessados por 12 á 13 es- trias rudimentares em leque; e têm espinhos posteriormente, os quaes, com- tudo, são muito mais curtos que em Capros aper. 1) Po/y=muitos; acantha espinho. 3 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASIUENSE — PEIXES A cor, no alcool, é parda clara; dos olhos nascem 3 estrias negras irradiantes, uma para baixo, sobre as bochechas; uma para traz, sobre os operculos e a terceira obliquamente para cima, para o inicio da abertura das guelras, da ultima vê-se uma estria mais parda, orlada de mais es- cura, dirigida para baixo, sobre as peitoraes ; d'ahi, porém, horizontalmente atravez da cauda, cuja ametade inferior occupa. Cá e lá mostram-se es- parsos, pontos denegridos irregulares. A orla da dorsal, da anal e as pon- tas das ventraes, são denegridas; ao contrario o extremo da caudal é bran- co» . (Heckel). «Parece que este notável peixe não cresce muito; nosso exemplar mede apenas 3 e 1/2 pollegadas; é muito raro e vive em pântanos do rio Negro e conhecido em Marabitanos por Pira-caa, o que quer dizer peixe folha». (Heckel e Natterei). «Rio Cupay». (Günther). i_abrid>=e:<'> Peixes de tamanho moderado; forma oblonga, comprimida, cabeça gran- de não muito maior ou menor do que a altura do corpo, bocca anterior, mo- derada, ás vezes, mesmo, pequena ; lábios desenvolvidos, espessos, mais ou menos duplos; dentes cónicos caniniformes, dispostos em uma fila exter- na, seguida de outra interna onde os mesmos são mais ou menos coalescen- centes ; ás vezes os dentes, tanto da maxilla superior como da inferior, são inteiramente coalescentes e envolvidos por uma lamina de esmalte, mais ou menos colorida, permanecendo também presentes, alguns caninos da serie externa na maxilla superior, caninos esses que podem faltar completamente e, n'esse caso, a armação da bocca do animal offerece o aspecto d'um bico de papagaio ; esta semelhança faz também lembrar a dentição dos baia- cus (da família dos Tetrodontidœ). 5 á 6 branchiostegios.'" Pharyngeanos inferiores singulares, providos de dentes cónicos ou pavimentosos. Narinas duplas, mais ou menos próximas, as anteriores ás vezes providas de uma valva mono ou polydigitada; olhos médiocres, lateraes; preoperculo e oper- culo inermes, mais ou menos lamellares, mais ou menos escamosos. Escamas papyraceas; linha lateral completa, sinuosa, subcontinua ou interrompida, não se prolongando sobre a caudal. Dorsal provida de aculeos pungentes ou fle- xíveis, com a membrana mais ou menos emarginada; anal symetrica com a parte ramosa da dorsal tendo II á III aculeos flexiveis ou pungentes; ventraes thoracicas, providas de um aculeo frequentemente flexível. Appendices pylo- ricos ausentes; estômago simples. Vesícula natatoria presente; vertebras de 10 4- 17 á 20 4-21. Todos são mais ou menos brilhantemente coloridos. Habitantes exclusivos da agua salgada das regiões tropicaes e tempe= radas, são carnívoros ou herbívoros e carnívoros ao mesmo tempo. * * * Os Labrideos se dividem em duas sub-familias: Labridœ com os pha- ryngeanos inferiores T ou Y-formes mais ou menos providos de dentes có- nicos ou tuberculares; intermaxillares e mandibulares anteriormente provi- dos e de dentes cónicos em maior ou menor numero Labrince. (1) Labrus, género typico, eidos semelhante. (2) 3 e 1/2 branchias, e pseudobranchias. ARCHIVOS DO MUSEU NATIONAL — vol. XVII 4 Labridœ com os pharyngeanos inferiores mais ou menos cyathiformes e com os dentes pharyngeanos pavimentosos ; dentes mais ou menos coa lescentes em uma lamina divididos anteriormente por uma sutura me- diana Scarinœ LABRIN/E A seguinte chave reproduz os géneros brasileiros : Operculo e preo- / ^^^P^^^^*^ "^""^ ""^ espaço interno ósseo nú perculo escama- 1 P°sterior aos caninos, D. XU Harpe SOS. ..,...' ,^ . . . \ /Dentes cónicos ISO- /L. lateral in- \ f Symphyse sem espaço l lados, D. XVII. . Labrus ^^""^ < V interno ósseo nú. . Dentes em muitas series, D. XVIII á XIX Tautogolabms. Cabeça nua, D. VIII á IX Irídio L. lateral interrompida, 2 caninos nos intermaxillares e 2 nos mandibulares, cabe- \ ça nua, D. IX Xyrichthys HARPE, (')Lacép. Hist. Nat. Poiss, vol. IV pg. 426 — 1802 Forma oblonga, cabeça maior do que a altura do corpo, podendo adquirir uma turgescência análoga á que se observa em Geophagus brasi- liensis Bocca ampla, provida de 4 caninos superiores e 4 inferiores, ante- riormente seguidos de uma serie de dentes obtusos, curtos e justapostos e tendo perto do angulo da bocca um canino superior e outro inferior, ambos antrorsos ; tanto os intermaxillares como os mandibulares expostos internamente, na symphyse, de forma á apresentar uma superficie óssea logo atraz da fila dos 4 caninos A prega premaxillar tem uma expansão do seu bordo superior que vae encontrar-se com o lábio inferior quando a bocca está fechada, recobrindo completamente os dentes ; o lábio inferior é desenvolvido n'uma expansão sinuosa, um tanto retrahida na symphy- se e dilatada para os lados Narinas duplas, as anteriores valvulares, pequenas, as posteriores circulares, um pouco maiores e ambas próximas ( ) Harpe — foice, allusão a forma dos raios exteriores da nadadeira caudal. 5 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES da orbita Esta lateral, mediocre; preoperculo inteiro ou finamente pectina- do, mais ou menos escamoso; operculo inerme com o sub e o inter operculo egualmente escamosos. Rastros moderados, em pequeno numero. Branchias 3 e 1/2, sem fenda depois da ultima (meia). Onze vertebras abdominaes e dez- essete caudaes. A dorsal é baixa sendo os aculeos isolados, em geral em numero de 12; a anal tem 3 aculeos moderados e tanto aquella como esta nadadeira têm uma bainha basilar de escamas, fortemente desenvolvida. Pei- toraes assymetricas; ventraes thoracicas, caudal geralmente truncada com os raios exteriores prolongados Escamas moderadas, cycloides; linha late- ral não interrompida Coloração vistosa, différente nos dous sexos . Em aguas brasileiras só se conhece a espécie : Harpe rufa^^^cL) PAPAGAIO D. XII +9 á 10; A. Ill + 11 á 13; L. lat. 33 L. tr. -^ Forma oblonga, comprimida moderadamente. Cabeça muito pouco maior ou egual á altura, 3 e 1/3. Bocca ampla, maxillares attingindo a vertical da orla anterior da orbita . 4 dentes caninos anteriores, curvos e fortes nos intermaxillares e mandibula, seguidos de uma orla interna de dentes pequenos cónicos e unidos que se prolonga para traz, até encontrar um grande canino antrorso nos intermaxillares e 2 nos mandibulares, no angulo da bocca, seguindo depois até um pouco mais para traz nos referi- dos ossos. A pelle do focinho é muito desenvolvida anteriormente, de modo que é ella que se encontra com o lábio inferior, por sobre a prega premaxil- lar; os lábios são desenvolvidos. Narinas pequenas, a anterior tubular, a posterior pori-forme e ambas próximas da orbita Orbita 6 vezes no com- primento da cabeça até o extremo da membrana) . Preoperculo escamoso de bordo posterior vertical recto, finamente pectinado e em angulo recto com o inferior, canto redondo. Operculo inerme e com o sub operculo reco- berto de escamas. Inter operculo largo, escamoso. 7 rastros. Altura 3 e 1/3. Dorsal baixa, com uma bainha basilar de escamas, muito desenvolvida e com os últimos raios um pouco maiores do que os primeiros, o seu bordo superior é parallele ao da base da nadadeira e originando-se sobre a arti- culação das peitoraes. Estas assymetricas, com o 2° e o 3° raios raaiores e os outros gradativamente menores; as ventraes articulam-se sob a axilla das peitoraes e com o primeiro raio prolongado em filamento, attingem o anus Anal baixa com. uma bainha basilar de escamas, muito desenvoluidas e os raios 7 á 9 desenvolvidos de modo á attingirem o meio da caudal ; esta na- (1) Rufus,{a, um Lat.) — amarello. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL — VOl. XVH 6 dadeira tem as escamas da base muito desenvolvidas, é truncada com os raios externos prolongados. O macho é azul purpúreo tendo a parte superi- or do pedúnculo caudal e cauda amarella dourada; a fêmea é rubra, com as nadadeiras e com a parte superior de pedúnculo e cauda (o que nos dous sexos forma uma grande macula que occupa toda a parte superior do pe- dúnculo caudal, desde a base do 4° ralo dorsal, obliquamente para diante até uma escama sob a linha lateral, e dahi segue obliquamente até sobre os três raios caudaes inferiores) amarella de chromo; membrana dos dous primeiros aculeosdorsaes, o ápice da membrana dos 6 aculeos immediata- mente posteriores ; uma nódoa sobre o extremo dos 3 primeiros raios pei- toraes e os 3 raios caudaes inferiores, negros; uma fimbria denegrida na or- la anterior das ventraes e inferior da anal. O pagaio habita o Atlântico occidental, desde S Paulo Rocks, e Ber- mudas, até Rio de Janeiro LABRUS, (1) L. Syst. Nat. Ed. X, pg. 282—1758 (Descripto por Jordan para L. bimaculatus (typo), L. viridis, L. bimaculatus, L. turdus, mixtus etc. Review of the Labroid. Fishes, pg. 9—1891.) Forma moderadamente allongada, cabeça grande; bocca moderada, anterior, premaxillares prognathas, providos, com os mandibulares, de uma serie de dentes fortes cónicos, mais ou menos isolados, lábios espessos, bochechas e operculos escamosos ; escamas médiocres, linha lateral intei- ra, abruptamente curva sob os últimos raios dorsaes ; nadadeiras nuas, dorsal e anal parallelogramicas, aquella com 17 á 21 aculeos, esta com III; vertebras 38 á 41 Peixes de tamanho moderado, brilhantemente colori- dos e pertencentes á fauna marinha europea. Segundo Agassis, também frequenta as aguas do Brasil a espécie seguinte : Labrus livens ^^^l.) D. XVn + 14 ; A. Ill + n ; L. lat. (?) 32 L. tr. (?) ^ Cabeça moderada, c. 3 vezes no comprimento. Bocca moderadamen- te protractil, anterior, com o maxillar superior sobrepujando a mandíbu- la, provida de dentes caninos, isolados em uma serie nos intermaxillares e mandibulares ; maxillares não attingindo a orla anterior da orbita. Nari- nas duplas, circulares. Orbitaes lateraes, 5 e 1/2 vezes na cabeça. Preo- perculo inteiro, de bordo posterior vertical ou ligeiramente inclinado para (1) Labrus (Lat.) — beiço, allusão ao desenvolvimento dos beiços do animal. (2) Livens (Lat) côr de chumbo. 7 A. DE MIRANDA RJBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES diante, recoberto de escamas pequenas. Operculo inteiro, egualmente es- camoso. Altura 3 e 1/3. Escamas moderadas, marginadas, inteiras e lisas. Linha lateral fracamente curva até sob os últimos raios dorsaes onde se diri- ge obliquamente para baixo e para traz, seguindo depois o eixo do pedúncu- lo caudal. A dorsal nasce sobre a axilla opercular adiante das ventraes, que se originam sob a articulação das peitoraes; tem a margem parallela á base; aspeitoraes são symetricas e eguaes á 1/3 do comprimento da base da dor- sal ou ao comprimento das ventraes. A anal é moderada e sua base contida 2 e 2/3 na da dorsal. Caudal redonda ; todas as nadadeiras mias Rubes- cente com os extremos dos raios e partes nuas da cabeça azulados. Habitat : Mediterrâneo e Atlântico oriental, colligido por Spix em aguas do Brasil TAUTOGOLABRUS, O Gûnth. Cat. IV, pg. 89—1862 Forma oblonga, moderadamente comprimida, cabeça egual ou pouco maior do que a altura, dentes desiguaes em muitas series nos intermaxilla- res e mandíbula, sendo os da serie externa (os mais fortes) muito desen- volvidos ; caninos posteriores ausentes ; preoperculo finamente pectinado, mais ou menos escamoso, operculo egualmente escamoso, interoperculo nú ; rastros curtos Dorsal baixa com 18 á 19 aculeos sub eguaes ; anal com 3 espinhos; peitoraes médiocres; ventraes thoracicas ; linha lateral bruscamente sinuosa sobre os raios dorsaes posteriores. Coloração variável. Das duas espécies deste género, ambas habitantes ao Atlântico occi- dental, pertence ao Brasil Tautogolabrus brandaooís ^^^ (steind.) Conhcido por um único exemplar conservado no Museu de Vienna e do qual diz Steindachner: D. XIX -i- 9; A. III + 9; L. lat. 37 a 38; L. tr. ^ A altura do corpo é cerca de 3 e 2/5, o comprimento da cabeça sem o prolongamento dermico da cobertura das guelras 4 e 1/2 vezes no compri- mento total, a extensão do diâmetro ocular 4 e 3/4, a largura da fronte um pouco mais de 4 vezes, o comprimento do focinho 3 e 2/5 no comprimento da cabeça . Ha 5 filas de escamas sob as bochechas, o inter operculo é re- vestido de pelle ; sobre o operculo, no meio, ha um grupo de escamas, das quaes a fila inferior, que contem escamas pequenas, quasi cahe inteiramente sobre o sub-operculo; o resto desses dous ossos operculares é recoberto (1) Taulogûlabrus: Tautoga (género referido) tautauog (Ind. N. Americanos) (peixe com ca- beça de carneiro) Labrus, género já citado. (2) Brandaonis; um snr. Brandão, referido por Steindachner. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL VOL. XVII g de pelle lisa. A orla posterior do preoperculo é finamente dentada. A meta- de longitudinal anterior da caudal, que é arredondada, provida de escamas, a base das demais nadadeiras, porém, é núa. O corpo é pardo amarellado um pouco mais claro no ventre As escamas acima da linha lateral até o perfil dorsal e immediatamente abaixo da linha lateral tem, na orla posterior, uma estria parda denegrida. A parte ramosa da dorsal e da anal com peque- nas maculas pardas dispostas regularmente em filas. Pátria : Brasil". irídio, (•) Jord. (SEverm. Cheek-List, pg. 412, 1896 Forma allongada, sub lanceolada, comprimida; nadadeiras baixas, nuas. Cabeça moderada completamente núa; bocca moderada com 6 caninos an- teriores, dous nos premaxillares e 4 nos mandibulares e 1 superior no angu- lo da bocca, um tanto antrorso ; atraz desses dentes uma serie de outros pequenos cónicos, coalescentes lateralmente. Preoperculo lamellar. Rastros em numero limitado. Dorsal com VIII a IX aculeos ; anal com III, ventraes thoracicas, situadas um tantoa traz da axilla das peitoraes. Linha lateral completa, acompanhando o perfil dorsal até sob os últimos raios, curvando- se ahi abruptamente para baixo e percorrendo depois o meio do pedúnculo ; as escamas são relativamente grandes, finas, estriadas longitudinalmente. Deste género americano são conhecidos as seguintes espécies habitan- do as aguas brasileiras /Escamas an- Tubos mucosos da /Raios externo da caudal moderadamen- teriores á dorsal não at raves- sando per- fil cervico dorsal . linha lateral ge- ralmente bifurca- dos te prolongados Irídio radiatus. O. lX+12; L. lat. 26; L. Irídio cyanocephalus. yCaudal re- 1 donda trun- ^ cada. . . . tr D. tr 2el/2 9 IX+ll, L. lat. 27; L. Irídio bivíitatus 8 (Dorsal com um grande ocello negro sob os pri- meiros raios dorsaes. Irídio irideus rai geralmente triturcaaos. . . \ ( Dorsal sem ocello sob os \ primeiros raios dorsaes. Irídio kirschii Escamas anteriores á dorsal reduzidas em tamanho e atravessando o per- fil cerviço dorsal Irídio penrosei Irídio— át íris, dis— o arco-iris, allusão as cores brilhantes com ornados. que esses peixes sao 9 A. DE MIRANDA RIBEIRO— FAUNA BRASILIENSE— PEIXES Irídio radiatus ^'^ (l.) D. VIII a IX + 11; A. 111+ 12; L. lat. 26 a 28; L. tr. ^ Forma oblanceolada, comprimida ; cabeça menor do que a altura, 3 e 1/2 no comprimento; altura 2 e 5/6. Bocca moderada, anterior, labios espessos, internamente plicados, não recobrindo, porém, os dentes. Olhos 7 e 3/4 na cabeça. 8 rastros moderados no ramo inferior do T arco, pre- cedidos de alguns rudimentos Dorsal originando-se sobre o angulo supe- rior da axilla opercular. Peitoraes 1 e 1/3 na cabeça e attingindo a vertical sobre o anus; ventraes originando-se sob a articulação das peitoraes. Na- dadeiras nuas. Caudal moderadamente lunada. O macho é olivaceo auro= micante com a parte inferior verde azulada com maculas amarellas diffusas sobre o dorso; atraz das quebras ha uma nódoa avermelhada donde parte nma facha azul em direcção ao anus ; fachas azues irradiantes dos olhos e sobre as escamas dos lados do pedúnculo caudal A fêmea é mais bronzea- da do que olivacea; uma nódoa amarelladaoriada de azul adiante da dorsal. Uma nódoa azul escura sobre a base das peitoraes, prolongando-se sobre o r raio até o ápice onde se diffunde; atraz d'essas nadadeiras haduas fachas avermelhadas marginadas e entremeiadas incompletamente de azul cobalto, as estrias azues sobre a cabeça e sobre o pedúnculo caudal, mais distinctas que no macho; nadadeiras aproximadamente eguaes nos dous sexos, dorsal vermelha amarellada com uma barra basilar e outra marginal azues, no meio d'estas outra mediana que se desfaz, posteriormente, em maculas da mesma côr; anal tem 4 fachas azues alternando com 3 amarellas; dessas fachas a basilar e a 3.^ formadas de pontos azues; caudal vermelha amarellada mais clara para a extremidade com os raios exteriores azues. Habitat: de Florida aoE. da Bahia — Os exemplares que serviram a esta descripção vieram de Fernando de Noronha Irídio cyanocephalus <^) (bi.) PEIXE— REI D. IX + 12; A. III + 12; L. lat. 26; L. tr. ^ Corpo oblongo ; cabeça 3 e 3/5 egual ou pouco menor do que a altu- ra Bocca moderada com 2 caninos superiores e 4 inferiores em uma fila anteriormente seguida de outra posterior de dentes cónicos menores ; pre- maxillares providos de um canino antrorso no angulo da bocca ; labios de- (1) Radiatus—cheio de raios (as estrias irradiantes dos olhos.) (2) Cyano - cepfialus— cabeça roxa. ARGHIVOS DO MUSEU NACIONAL — VOL. XVII 10 senvolvidos, preoperculo de bordo membranaceo, inteiro, assim como o opercule o inter e o sub-operculo; narinas anteriores imperceptíveis, tubula- res, as posteriores com uma válvula anterior ; ambas próximas da orbita; esta 1/7 da cabeça, situada quasi no perfil superior da cabeça ; 13 rastros no ramo inferior do 1° arco branchial, estes providos de prolongamentos cerdiformes no lado interno. Altura 3 e e 1/3. Escamas grandes, estriadas longitudinalmente e delgadas; linha lateral completa, descendo obliquamen- te 3 filas longitudinaes abaixo, sob o inicio do 4" posterior da dorsal Na- dadeiras nuas e bem assim toda a cabeça e uma estria que vae da nuca ao inicio da dorsal que fica sobre a vertical da P escama da linha lateral e um pouco adiante da base das peitoraes e ventraes; estas originam-se sob a articulação daquellas das quaes são menores (1 vez e 3/4 na cabeça emquan- to as peitoraes são contidas 1 e 1/2) Em um exemplar de 25 cm. observei o seguinte colorido: Focinho, alto da cabeça e uma facha que se vae estreitan- do soba base da dorsal, até o fim do seu segundo terço de extensão, ama- rello chromo; nadadeira dorsal, uma facha do focinho á região cervical, outra que dos olhos curva se para cima, ganhando a mesma regi o uma ampla facha que vae da abertura opercular a quasi o extremo do lobo supe- rior da cauda, os 2/3 posteriores da dorsal, violeta escura; parte inferior bran- ca violácea. Dorsal com uma fimbria azul celeste, anal com uma tarja basi- lar e outra marginal vermelhão e a zona mediana branca violácea, caudal com o angulo supero posteriore lobo inferior amarellos de chromo ; n'outro exem- plar de 15 cts. observei o seguinte colorido: Focinho, parte superior da cabe- ça e uma facha que se estreitava em angulo agudo até sob o ultimo 4" da dor- sal, ponta e oria posterior da caudal e parte anterior da dorsal, estreitando-se em facha até sobre a oria no meio da nadadeira, amarello de chromo; dos olhos ao meio da dorsal uma facha rubra marginada de azul cobalto; uma zo- na triangular sob os olhos até o angulo superior da axilla do preoperculo ru- bescente; iris dourada; a facha violeta do corpo tem uma fimbria marginal carmim, o resto como no individuo anteriormente descripto. Este bello peixe parece perder o seu brilhante colorido com a edade para se tornar mais in= tenso e geralmente violáceo. E' pouco apreciado e apenas notado pelas co- res que lhe valeram o nome do "Peixe Rei". Habitat : Desde Havana até o Rio de Janeiro, no Atlântico occidental. Iridio bivittatus ^^> (bi.) D. IX + 11; A. Ill + 12; L. lat. 27; L. tr. -| Cabeça 3 e 1/2; altura 4; olhos 7 e 1/2. Corpo allongado, comprimido. Dorsal originando-se pouco adiante da inserção das peitoraes e ventraes; estas (1) Bi - viítatus-áusis vezes estriado. 11 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES um pouco maiores do que 1/2 da extensão da cabeça; um sulco ruí do alto da cabeça ao inicio da dorsal. «Em vida, dizem Jordan & Evermann, esver- deado com laivos purpúreos para o dorso, onde esta ultima côr forma cerca de 10 fachas escuras. Jovens com uma facha pardacenta, lateral, e uma estria acima e abaixo d'ella. Muitas escamas da parte posterior do corpo com uma nódoa vertical de azul escuro, esta menor e mais azul sobre o pedúnculo caudal ; sombreados azues, vermelhos e esverdeados estendendo-se das peitoraes para baixo e para traz ; uma facha vermelha atraz de cada olho, encontrando-se sobre a nuca e bordada anterior- mente de asul e confluente posteriormente com uma estria vertebral ru- bescente que se projecta até a frente da dorsal ; focinho amplamente ver- melho ; região frontal verde ; uma facha vermelha do focinho á orla do oper- culo marginada de azul superiormente, depois de amarellado, depois de ver- melho; mandíbula com duas fachas vermelhas alaranjadas; o seu meio ver- melho anteriormente, azul posteriormente; garganta avermelhada; operculo com uma nódoa violeta marginada de verde e laranja ; atraz d'esta uma nódoa «forme violeta marginada posteriormente de amarello; dorsal azulada na base, depois vermelha, depois amarellada, depois vermelha e finalmente pallida ; as vezes, porém, uma nódoa violeta na base do seu ultimo raio. Caudal amplamente vermelha com estrias azuladas, mais inten- samente no adulto ; anal como a dorsal; ventraes rubescentes, peitoraes uniformes. " Habitat : De Charleston ao Brasil . Iridio irídeus, starks. «A cabeça é contida de 3 e 1/4 á 3 e 1/2 vezes no comprimento até a base da caudal e a altura de 3 e 3/4 á 4 vezes. O diâmetro ocular é egual ao diâmetro do osso interorbital (comquanto o espaço interorbital seja um tanto mais largo) e é contido 5 vezes na cabeça. O focinho é conti- do de 2 e 3/5 á3 vezes. A formula das nadadeiras é — Dorsal iX, 11 ; anal III, 12. As peitoraes chegam usualmente bem além das ventraes até junto do anus Seu comprimento é contido 1 e 1/2 vezes na cabeça. As ventraes são ponteagudas, porém não filamentosas . A caudal é ligeiramente redon- da, porem conspicuamente angulosas nas pontas dos raios externos. A par- te anterior da anal fica a meio caminho entre o meio dos olhos e a base da caudal, ou varia do primeiro ponto á frente dos olhos . A linha lateral apparece em 28 escamas e os poros são trifurcados. As escamas na frente da dorsal não são reduzidas em tamanho e não cobrem a linha mediana do dorso. Em vida as cores d'esta espécie são particularmente brilhantes . A côr fundamental dos lados da cabeça e da parte anterior do corpo é ama- ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL — VOl. XVII 12 relia clara, que se muda gradualmente para o verde posteriormente, d'ahi ao azul eléctrico e á uma côr azul mais escura e brilhante na caudal, em- quanto que no lado dorsal a côr do corpo sombreia-se n'um laranja par- dacenta e lado ventral para palha. Duas estreitas fachas longitudinaes de um laranja brilhante atravessa a parte inferior dos lados. Uma estria azul corre do focinho aos olhos e duas correm dos olhos á nuca. A mandíbula é palha. Uma grande nódoa, negra de carvão, quasi da largura dos olhos e duas vezes mais comprida, jaz quasi egualmente sobre a base dos pri- meiros raios dorsaes e do dorso. Uma outra, menor, na base dos últimos dous raios e dorso. Esta é muito mais conspícua do que em outras espécies que tem nódoa sobre o ultimo raio Um terceiro sobre as ultimas escamas na base da caudal, justamente acima dos raios caudaes medianos . Todas essas maculas são conspicuamente ocelladas de azul. A dorsal é assignala- da por estrias longitudinaes de côr laranja e azul e a anal de azul e car- mim. No alcool as maculas ocelladas são de um negro muito claro e egual. Uma nódoa negra na parte superior da base das peitoraes e duas es- trias pardas escuras correm irregularmente dos olhos á nuca As duas es- trias na parte inferior dos lados são apenas ou então ligeiramente eviden- tes . Os raios caudaes medianos são escuros e as outras nadadeiras são in- colores. A espécie pode ser reconhecida a primeira vista d'entre todas as outras espécies americanas pelas grandes maculas ocelladas no dorso. Cinco exemplares de 3 á 5 pollegadas, foram pescados n'uns poços de pedra em Natal:» (Starks) . IridiO kirSChii,^'^ Jordan &Everm. GUDIÃO 2 D. IX -I- 11; A. Ill + 12; L. lat. 27 a 28; L. tr. 9-10 Cabeça 3 e 3/4 ; altura 4 e 1/2 á 3 e 3/4 ; olhos 5. Corpo allongado, comprimido ; dorsal originando-se sobre a vertical da axilla das peitoraes (cujo 1° aculeo é muito curto e se encaixa na base do 2°,) e articulação das ventraes; estas pequenas, um pouco menores do que 1/2 do comprimento da cabeça ; caudal redonda, truncada. Linha lateral completa com o tubo mucoso trifurcado antes da curva posterior, simples d'ahi para traz. Em vida é verde com fachas transversaes obliquas côr de ouro velho sobre a dorsal e corpo; face rubra, com uma facha que vae do focinho aos olhos, outra que se curva por cima d'estes e termina n'uma zona mais intensa (1) Kirschii — de Kirsch; Dr. Philp. H. Kirsch, em reconhecimento aos trabalhos desse Na- turalista sobre os peixes americanos. 13 A, DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES logo atraz dos olhos, outra posterior á esta e, finalmente, outra que vae do alto da cabeça até quasi o perfil thoracico, por cima da base das ventraes, verde azulado brilhante ; uma tarja marginal côr de laranja debrua a dorsal, uma nódoa sobre a base das peitoraes, superiormente, prolongandose- em estria sob a articulação de todos os raios d'essas nadadeiras, azul de cobalto ; três fachas longitudinaes côr de laranja na anal ; duas fachas con- vergentes, rubras sobre os lados do pedúnculo e base da caudal ; iris dou- rada, pálpebra rubra. Em alcool essas cores esvaem-se, ficando o peixe pardo claro com uma nódoa negra azulada atraz dos olhos e outra na base do ultimo raio dorsal ; percebendo-se, sobre o corpo, duas ou três ma- culas escuras, indistinctas e uma estria sobre a base das peitoraes. Attin- ge á 28 ou 30 centímetros. Habitat : Desde as índias occidentaes até o Rio de Janeiro, donde é o exemplar que sérvio á presente descripção. Iridio penrosei, starks. «Forma do corpo e da cabeça como em Halichœres ( Iridio) bivittatus. A cabeça é contida 3 e 1/4 no comprimento, até a base da caudal e a al= tura 4 vezes. O canino posterior bem desenvolvido e agudo. Olhos conti- dos 4 e 1/2 vezes na cabeça e o focinho 3 e 1/4 A formula da nadeira é, dorsal x, 10; anal III, 1 1. As peitoraes chegam até alem da ponta das ven- traes, porém não ao anus. As ventraes não são filamentosas e seu compri- mento é egual ao comprimento combinado do focinho e dos olhos. A cau- dal é duplamente truncada no seu lado posterior As escamas são reduzi- das em tamanho adiante da dorsal e são continuas sobre a linha mediana. Cerca de doze series existem adiante da dorsal. A linha lateral atravessa 26 escamas. Ella é continua e cahe sobre um nivel inferior sobre a sétima e oitava escamas do extremo posterior. Os poros são simples. Uma larga facha negra retinta, muito mais larga do que os olhos medianamente, cor- re da parte do focinho á base da caudal Atraz do operculo seu nivel in- ferior está no plano do centro dos olhos. E' separada superiormente, da côr do dorso, por uma estreita facha clara, que encontra sua relativa do lado opposto, no alto do focinho, onde ambas formam uma figura V-forme, quando vistas de cima A côr escura do dorso é bem definida acima do traço claro ; porém é muitíssimo mais clara do que a facha lateral Abaixo d'esta existem fracos vestígios d'uma outra. Com excepção d'isso não exis- te côr abaixo da facha lateral, excepto sobre as peitoraes, que são ligei- ramante escuras e teem uma nódoa negra na sua base, pelo lado de cima Do sexto ao sétimo espinho dorsal ha uma nódoa negra ; quanto ao resto as nadadeiras são inteiramente incolores. Esta espécie diffère da maioria ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL — vol. XIII 14 das demais do género, por ter as escamas á frente da dorsal, reduzidas de tamanho e atravessando a linha mediana do dorso, como em Halichœres semicinctus e por ter 10 aculeos dorsaes. Estes caracteres separam -n'o á primeira vista de H. maculipinna e H. bivitatus, ao qual elle se assemelha de alguma forma na côr. O typo e único exemplar d'esta espécie mede 2 e 3/4 de pollegada em comprimento e foi pescado em um poço de maré em Natal Tenho prazer de denominal-o em honra do Dr. S. A. F. Penrose Ju- nior, por algum tempo repetidor de geologia na universidade de Stanford, em reconhecimento ao seu interesse pela Expedição Stanford ao Brasil» . CEdwin Chapin Starks). XIRICHTHYS O Cuv. Mem. du Museum d'Hist. Nat. de Paris, vol I, pgs. 324 e 329 Corpo oblongo, comprimido, cabeça de perfil anterior abruptamente truncado ; bocca infero-anterior, pequena, maxillares quando muito attin- gindo a vertical da orla anterior da orbita, com 2 caninos anteriores sobre os intermaxillares e dous também anteriores sobre os mandibulares. Cabe- ça nua, apenas com algumas escamas sob os olhos que são pequenos e collocados muito em cima devido a altura dos preorbitaes Preoperculo e operculo lamellares . Linha lateral elevada interrompida sob os últimos raios dorsaes continuando inferiormente sobre o meio do pedúnculo, escamas regulares, delgadas, longitudinalmente estriadas. Dorsal originando-se sobre a sutun preopercular, tendo geralmente IX aculeos e o bordo superior recto, peitoraes assymetricas com os raios superiores maiores, ventraes ori- ginando-se sob a articulação das peitoraes, ás vezes com o primeiro raio filamentoso ; anal parallelogramica com III aculeos, caudal redonda ou sub-truncada, todas as nadadeiras nuas . Peixes brilhantemente coloridos. Espécies brasileiras /Róseo com uma estria transversal azul em y cada escama X. novacula ventraes não filamentosas. . ) "^ /violáceo, com um ocello na nadadeira dor- a < V sal X. uniocellatus ventraes prolongadas em filamentos, um ocello sobre os lados do corpo. X. spkndens (1) Xyron — navalha; ichthys — peixe; allusão a forma do corpo do animal. 15 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES Xyrichthys novacula, ('> l. D. IX +12; A. 111 + 12; L. lat. 26 á 27; L. tr. 4- Cabeça nua ou com poucas escamas sob os olhos 4; altura 3 e 1/5 á 3 e 1/6; olho 5 1/2 á 6 e 1/2, situados acima do ponto de origem da linha late- ral ; tubos mucosos da linha lateral simples. A dorsal origina-se acima e um pouco adiante do sulco preopercular, é baixa e de perfil superior quasi recto ; as peitoraes são pouco maiores do que as ventraes, cujo 1° raio é filamentoso e attinge o anus ; a caudal é redonda, tendo entre os lobos um amplo espaço occupado pela membrana interradial Rubescente com as escamas verticalmente transfaciadas de azul; da altura dos olhos para a mar- gem do preoperculo e operculo, a cabeça tem cerca de 1 1 estrias sinuosas, transversaes, azues; atraz das peitoraes uma area vermelha escura ou pra- teada, anal com sebruras violáceas e caudal transfasciada de obscuro . Habitat: Atlântico — Mediterrâneo; no lado occidental do Atlântico, vem do mar do Mexico até o Estado da ahia . Xyrichthys unlocellatus ^^^ (Ag.) D. IX + 12; A. Ill + 12; L. lat. ? L. tr. ? Eis 0 que a respeito diz o Professor Jordan, que examinou o exem- plar typo d'esta espécie, no Museu de Paris e um outro coUigido pelo Albatroz no Estado da Bahia: "Um ocello negro circumdado de azul na na- dadeira dorsal atraz do sexto aculeo, nenhum sobre o corpo ; poucas es- camas pequenas sob os olhos; altura 3 e 1/4 no comprimento, cabeça 4; ven- traes um tanto filamentosas chegando a sua extremidade apenas adiante anus. Violáceo com uma nódoa transversal diffusa no extremo do primeiro 3' do corpo, sob o ocello dorsal; dorsal e anal vermelhas; caudal amarella com li- nhas transversaes, de côr violeta, cabeça com 12 estrias verticaes; olho 2 e 1/2 (3) no preorbjtal que é contido 2 e 1/4 no comprimento da cabeça. Habitat : Costas N. do Brasil (Bahia). Xyrichthys splendens, ('*> castein D. IX + 12; A. Ill -r 12; L. lat. (?) 29; L. tr. (?) ^ Cabeça (?) 4; altura 3 e 1/2. Dorsal originando-se sobre o preoperculo cujo bordo livre é um tanto s-forme. Peitoraes attingindo o anus ; ventraes (1) Novacula (Lat.) navalha, ailusão à forma do peixe. (2) t/nioce/totos (Lat.) uniocellado, com um ocello na nadadeira dorsal. (3) 6 vezes na cabeça, segundo o desenho do Agassis — Spix, est. IV. (4) Splendens (Lat.) brilhante. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL — VOl. XVII 16 originando se sob a axilla das peitoraes e tendo o primeiro raio filamentoso; caudal redonda. Coloração geral verde ; face, preoperculo e operculo trans- fasciados de amarello e azul ; sobre o meio dos flancos carmineo ; parte inferior azul. A dorsal tem um debrum róseo e a anal zebruras rubescentes. Abaixo da linha lateral, em meio do corpo, ha uma nódoa negra. Castelnau diz que este peixe diffère de Xyrichthys uniocellatus de Spix peia dorsal di- vidida em duas, etc. (Nageoire dorsale divesée en deux ; la première de 2 rayons, la deuxième de 20 rayons) entretanto a figura o pinta com uma única dorsal com a formula acima. Jordan diz : "Seus caracteres geraes es- tão bem representados na figura de Castelnau, que, comtudo, deixa de mostrar a area prateada em torno do ocello lateral. N'um jovem os dous primeiros aculeos dorsaes são um tanto elevados de modo a dar-lhe uma grande semelhança ao X. rosipés. Entretanto Jordan & Evermann dizem de X. rosipés: "Dous exemplares são conhecidos, ambos jovens. Provavel- mente o adulto se approximará da espécie brasileira Novaculichtfiys splen- dens (Casteln) na forma e no colorido, provavelmente tendo os dous pri- meiros aculeos dorsaes mais baixos e as ventraes mais longas do que no jovem". E, na diagnose de Navaculichthys : "Os dous primeiros aculeos dorsaes são flexíveis, um tanto isolados, prolongados ou differenciados dos demais, porém não formando uma nadadeira separada". Ha em tudo isso algo de confuso talvez explicado por alguma troca de notas ou de nomes de estampas do trabalho do Castelnau. Habitat : Atlântico meridional até Cabo da B. Esperança. SCARIN/E A seguinte chave determina os géneros brasileiros: Dentes dos premaxillares em duas series, os da externa deprimidos ou conicos.con- tiguos ou isolados, os da interna mais ou menos coa- lescentes ou revestidos de uma camada de esmalte. . Dentes mandibulares não soldados em quicunx, disposto em series, obliquas, . . 'Aculeos dorsaes flexíveis. Cryptotomus. Aculeos dorsaes pungen- tes Callyodontkhthys. /Dentes mandibulares /Aculeos flexíveis mexilla coalescentese envol- [ superior proeminente. . Scarus. vidos por uma ca-l mada de esmalte ) mais ou menos bri- j Ihantemente colori-/ Aculeos dorsaes pungen- da e tendo uma sotu- tes mandíbula proemi- ra mediana anterior. \ nentes Sparisema. 17 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES CRYPTOTOMUS, (i) Cope ' Trans. Am. Philos. Soc. pg. 462 — 1871 Sub-claviformes, comprimidos ; bocca moderada, anterior ; lábios mais ou menos longitudinalmente fendidos; dentes dos premaxillares e mandibu- lares em dous grupos anteriores, deprimidos, superpostos, de contorno ter- minal redondo ; internamente aos dentes anteriores nos premaxillares e mandibulares, seguindo-se para os lados, uma serie de dentes comprimidos, contíguos, formando um bordo mais ou menos continuo; nos lados dos premaxillares, frequentemente um á quatro caninos extrorsos. Narinas peque- nas, as anteriores tubulares, as posteriores oblongas. Olhos lateraes, situa- dos no alto da cabeça ; preoperculo, operculo, sub e interoperculos lamella- res ; escamas regulares, longitudinalmente estriadas ; uma serie do extremo superior do sulco preopercular até proximo do angulo da bocca, operculo e sub operculo escamosos, o resto da cabeça nú ; linha lateral quebrada sob o ultimo raio dorsal, continuando uma fila abaixo sobre o meio do pe- dúnculo; os tubulos mucosos muito ramificados. Nadadeiras nuas. Dorsal tendo IX aculeos fracos, delgados e flexíveis, originando-se sobre o angulo superior da axilla opercular; anal com II ou 111 aculeos egualmente flexíveis, peitoraes assymetricas, com os raios superiores maiores que os demais ; ventraes thoracicas, menores do que as peitoraes. Caudal geralmente sub- truncada. Peixes de coloração yerdoenga ou lilaz mais ou menos irregular- mente estriados. Espécies brasileiras : presentes \ Caninos lateraes.^ ( 3 á 4; anal M + 8. . . Crypiotomus ustus fl; « II+9. . . Cryptotomus auropunctaius L. lat. 24, anal II +9 i D. IX + 10 Cryptotomus beryllinus V ausentes. L. lat. 25 anal III + 9 D. IX + 9 Cryptotomus roseus Cryptotomus ustus, (2) cuv. & vai. BATATA D. IX + 9; 11 + 8; L. lat. 24; L. tr. í-^ Sub claviforme, comprimido. Cabeça 3 e 1/3 a3 e 1/2; altura 3. Bocca moderada, com o angulo sob a vertical baixada das narinas posteriores 13 (1) Criptotomus {Qr .); Crypto, occulte, tomos corte (dentes) (2) Ustos (Lat.) queimado ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL — vol. XVII 18 dentes anteriores comprimidos nos intermaxillares formando um grupo so- bre a sutura dos mesmos, seguido para os lados de 2 á 3 caninos de direc- ção horizontal para fora e depois curvados para traz;atraz de todos esses dentes os intermaxillares apresentam-se com uma fil i de dentes pequenos coalescentes e quasi indistinctos ; nos mandibulares o grupo de dentes an- teriores dirige-se para traz e para baixo desapparecendo logo atraz do ul- timo canino superior, sob o primeiro destes começa, na mandíbula, uma segunda ordem d'outros eguaes, porém, menores, a qual termina prox mo do angulo da bocca. As narinas são muito pequenas. Os olhos collocados nos lados do alto da cabeça são contidos no comprimento d'esta 6 á 6 vezes e 1/3. Logo abaixo dos olhos, dirigindo-se obliquamente do canto da bocca para cima, ha uma fila de 4 escamas. O preoperculo é, como o sub e inter oper- culo, lamellar; sobre o pre perculo e sub-operculo ha 5 ou 6 escamas grandes. Nadadeiras nuas ; a dorsal origina-se sobre a base das peitoraes, é baixa e fraca; as peitoraes são largas; têm o primeiro raio muito curto e spiniforme, é assymetrica tendo os raios superiores maiores que os demais. As ventraes originam-se sob o meio da base das peitoraes e são menores do que esta e ligeiramente arredondadas. Anal baixa e fraca. Escamas grandes, delgadas, finamente estriadas ; linha lateral interrompida sobre a primeira fila transversal de escamas posteriores ao ultimo raio dorsal e continuando na fila longitudinal immediatamente inferior ; os tubos mucosos são muitos lar- gos e ramificados. Verdoengo com cerca de 6 manchas pardacentas diffusas marmoradas no dorso, as 5 primeiras se estendem diffusamente sobre a dorsal. Muitas escamas dos lados do corpo têm o centro egualmente parda- cento, uma zona azulada vem da parte posterior dos olhos, passando pelo bordo inferior da orbita, ao angulo da bocca. Íris prateada. Habitat : Desde Charleston, na Am. do Norte, até o Rio de Janeiro, no Brasil. O exemplar que sérvio á presente descripção mede 22 centímetros e foi pescada pelo Annie, entre as ilhas Rasa e Grande. Cryptotomus auropunctatus (i) (Cuv. & vai.) BATATA D. lX + 9; A. II +9. L. lat. 24; L. tr. ^-^ Muito parecido com C. ustus do qual apenas diffère pelos seguintes caracteres : somente 12 dentes anteriores nos intermaxillares, um único canino lateral superior, sob o qual termina a serie de dentes comprimidos, exteriores dos mandibulares, os olhos 5 á 5 1/2 vezes na cabeça ; angulo da bocca termina na vertical baixada das narinas anteriores. Conhecido Auropunctatus (Lat.) pontuado á ouro. 19 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASIENSNE — PEIXES apenas pelo exemplar typico de Cuv. & Vai. (O". \7) e por outro de minha collecção e (O™. 205) pescado em aguas do Rio de Janeiro. Habitat: Atlântico occidental, desde a Rep. S. Domingos até Rio de Janeiro. Cryptotomus beryllinus (i) (jord. & swain) BATATA D. IX +10; A. n + Q; L. lat. 24; L tr- ^ Egualmente semelhante a C. ustus,. 8 dentes anteriores nos intermaxil- lares e 16 nos mandibulares. Caninos lateraes ausentes. Olhos 4 e 1/2 á 5 na cabeça. Cor de lilaz com as zebruras denegridas. Cryptotomus roseus, (2) cope. D. IX + 9; A. III + 9; L. lat. 25; L. tr. i-p «Cabeça 3 e 1/5; altura 4 e 1/5; focinho 3 e 3/4; dentes lateraes em cada maxilla sub-eguaes, os da maxilla inferior maiores do que os da superior, comprimidos, caniniformes, dirigidos para diante, separados até á base; ma- xilla inferior com os seus dentes anteriores compridos e um tanto caninifor- mes ; lábio superior duplo em cada extensão ; escamas do peito e do ven- tre consideravelmente augmentados, 3 escamas adiante das ventraes, cinco adiante da dorsal ; corpo delgado, alongado, pouco comprido ; olhos grandes, maiores do que a metade do focinho ; focinho muito agudo, o per- fil é recto até em cima dos olhos. Nadadeira caudal truncada ; aculeos da dorsal compridos e muito flexíveis ; nadadeiras peitoraes attingindo além das pontas das ventraes ; origem do aculeo ventral sob o meio da base das ventraes. Coloração quasi uniforme (rosea purpurea, segundo Cope) com 4 fachas transversaes escuras ; dorso vagamente fasciado ; caudal estriada de mais escuro, uma nódoa axillar negra, distincta ; nadadeiras inferiores pallidas, provavelmente amarellas em vida. Índias occidentaes, sul até Bra- sil ; apparentemente rara. Desta espécie examinamos o typo original no Museu de Sciencias Naturaes de Philadelphia e 3 specimens menores pesca- dos pelo Albatros em Bahia. E' o mais delgado de todos os Scarideœ.» (Jord. & Everm.) (1) Beryllinus (L&t .) esmeraldino; e é: Côr de esmeralda (beryl) (2) Roseus (Lat.) = côr de rosa ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL — Vol. XVII 20 CALLYODONTICHTHYS, (•) Bieek. Versl. in Med. Akad. Wetensch. Amsterd. Natuurk. vol. Xll, pg. 2—1861 Forma de Sparisoma ; mandíbula prognatha, dentes dos premaxillares em duas series, uma externa de caninos isolados e pouco numerosos, outra interna de dentes coalescentes e recobertos por uma camada de es- malte ; os dos mandibulares contíguos, porém não envolvidos por uma la- mina de esmalte, dispostos em series obliquas. Dorsal tendo IX aculeos pungentes ; linha lateral sub-continua. (2) Espécie única: Calliodonthichthys bleekeri, (4) steind. D. IX + 10; A. II + 9; L. lat. 25 L. tr. i-H «Corpo oblongo comprimido; altura 3 e 1 /2, cabeça convexa, 3 e 2/3, pouco mais comprida do que alta; olhos 4; narinas contíguas, muito pequenas, as an- teriores providas, de um cirrho simples; maxilla superior com duas series de dentes ; os da serie externa caninos livres afastados (9), dos quaes 7 anterio- res dirigidos para diante e pouco curvos e um para cada angulo e curvo para fora e para traz; os da serie interna são comprimidos, pequenos e, na maior parte, confluentes n'uma lamina óssea e somente distinctos proximo á margem livre; maxilla inferior proeminente, com os dentes imbricados, superpostos em series obliquas parallelas entre si; 4 escamas sob-oculares, semicobertas pela pelle; linha lateral com os tubos mucosos muito ramificados esub-continua sob os últimos raios dorsaes. Nadadeira dorsal ("começando sobre o vértice do angulo opercular posterior) pouco elevada, tendo, 9 aculeos fortes muito pun- gentes e subeguaes, e a membrana inter-espinhal levemente emarginada ; a 1) Do grego : Calos = bello ; odous = dente ; ichthys — peixe ; peixe de dentes bonitos. 2) Referindo-se a este género, diz Günther: iLabio superior duplo só posteriormente^. «Este género foi fundado pelo Dr. Bleeker sobre um escaroide da Bahia, chamado Scarus flavescens no Museu de Vienna. Pensei por algum tempo tel-o reconhecido em peixes com os dentes man- dibulares em series distinctas, porém estes teem o lábio superior duplo em todo o circuito e são meramente jovens de Scarus radians . Ora, Steindachner que estudou e descreveu o mesmo pei- xe do Museu de Vienna que serviu de typo para o género de Bleeker, diz : «Terminantemente não devo deixar de notar que, no exemplar jovem do Museu de Vienna aqui descripto e exami- nado pelo proprio Dr. Bleeker, o lábio interno accidentalmente liga-se ao externo, na ametade di- reita da maxilla superior, ao passo que em toda a ametade opposta, separa-se completamente daquelle e é finamente pigmentado de negro na sua face externa». Portanto, o lábio superior «não é duplo só posteriormente» e este caracter não constitue motivo para uma separação ge- nérica. Porem, o exemplar único, em questão, que Steindachner diz ser joven, mede 126 linhas ou por ortra 272,2 mm., tamanho em que já se encontram Sparisomas (Scaros de Günther) com os dentes da mandíbula isolados em series obliquas. 3) «Schlusslich kann ich die Bermerkung nicht unterlassen, dass an dem hier beschriebe- nen und von Dr. Bleeker selbst untersuchten jungen Exemplare des Wiener Museums, die innere Oberlippe beiläufig in der langmitte der rechten oberkieferhälfte, mit der äuseren sich vereinigt, dagegen an der ganzen linken Oberkieferhälfte von der äuseren Oberlippe vollkommen getrennt und an ihrer Aussenseita fein schwärzlich pigmentirtist.» 4) Bleekeri, do Dr. Pietervan Bleeker, o mais activo e notável ichthyologista hollandez de sua epocha. 21 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES parte ramosa mais elevada que a espinhosa e posteriormente arredon- dada; as peitoraes acuminadas cerca de 5 e 5/5, ventraes pontudas, 7; e a cau- dal redonda, cerca de 8 vezes no comprimento do corpo; anal posteriormente acuminada, tendo dous espinhos muito delgados e flexíveis, não pungentes , corpo superiormente amarello fusco, com os lados e o ventre mais claros; uma estria cor de laranja, vertical, pouco apparente, em cada escama ; uma facha crescentiforme, fusca, muito estreita, na base das nadadeiras pei- toraes ; uma nódoa pequena, livida, atraz dos olhos, Comprimento do único exemplar 126 "» (=272, mm.) (Steind.) SCARUS, (') Forskal Descr. Anim. pg. 25—1775 Sub-fusiformes, comprimidos, cabeça grande, egual ou pouco menor do que a altura ; dentes coalescentes tendo uma sutura anterior, os superiores, proeminentes; commummente 1 á 4 caninos lateraes nos premaxillares. Narinas pequenas, as anteriores tendo uma valva posterior; olhos médio- cres, lateraes; preoperculo com 2 á 4 series de escamas; operculo, sub e inter-operculo escamosos; margem dos interoperculos tocando-se uma a outra, começando no mento por sobre a membrana branchiostega que reco- bre todo o isthmo. Nadadeiras nuas ; escamas moderadas ou grandes, pa- pyraceas, longitudinalmente estriadas, 6 á 8 escamas na linha mediana adiante da dorsal. Linha lateral interrompida. Dorsal tendo IX aculeos, anal com 11 e todos, tanto daquella como desta nadadeira, flexives. Peixes de ta- manho regular, chegando a attingir 0,"'6 de comprimento, brilhantemente co- loridos; vivem perto dos recifes de coral e alimentam-se de polypös e de fucos adquirindo por isso, ás vezes, propriedades venenosas, devendo, por- tanto, ser riscados da lista dos peixes de mesa. , Caninos lateraes presentes 3 á 4; pardo avermelhado, caudal marginado i de escuro Scarus trispinosus. [ /Nadadeiras dorsal e anal terminando em ponta ás j Caninos lateraes, noi vezes um canino, dentes verdes Scarus cœlestinus. I máximo um ou total-i mente ausentes . . . ^^Nadadeiras dorsal e Azul escuro, nadadeiras de- i anal arredondadas uegridas Scarus cœruleus. f posteriormente, dentes» ^ ''"neos Verde, com maculas de cor I mais intensa na cabeça; [ nadadeiras verticaes la- \ ranja, orladas de verde. Scarus guacamaia. (1) Scarus ou Skaros, nome pelo qual era conhecido, na Grécia e na Italía, o Sparisoma cre- íensis, o escaro do Mediterrâneo. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL — vol . XVII 22 Scarus trispinosus, (') cuv.&vai. D'esta espécie, segundo Guichenot, Jordan e Evermann, pode-se dizer: «Forma de Scarus guacamaia, dentes com 3 á 4 caninos posteriores, superiormente ; 2 e 1/2 á 3 filas de escamas sobre o preoperculo; 7 esca- mas antes da dorsal, na linha mediana; caudal lunada. Pardo avermelhado com a caudal mais clara no meio, tendo esta a margem posterior denegrida; axillas pallidas». Habitat : Das Grandes Antilhas ao N. do Brasil. (1) Trispinosus; tri-tres vezes, spinosns, a um— espinhoso, allusão aos dentes dos premaxillares. Scarus croicensis (2) (bi.) • Cabeça 3 e (5/7 com a caudal); altura 3 (3 e5/7). D. IX, 10, A. 11 9 olhos pequenos, 5 e 1 /4 na ca- beça ; focinho não obtuso, 2 e 3/4; escamas 2 e 1/2— 24-6. Corpo comparativamente alongado. Canino posterior ausente; labio cobrindo a maior parte da superfície da maxilla superior/ bo- checha em 3 filas de escamas, a inferior com 3 ou 4 escamas, as da fila superor apenas maiores do que as da segunds fila ; 7 escamas na linha mediana, adiante da dorsal; peitoral attingindo justamente a vertical depois das pontas das ventraes ; origem dos acuieos das ventraes ligeiramen- te posteriores a base das peitoraes ; pontas das ventraes chegando ligeiramente á mais de meio caminho entre abase da nadadeira e a frente da anal; caudal ligeira e egualmente redondas, seus raios exteriores 1 e 1/2 na cabeça, não prolongados nos exemplares examinados. Cor em vida, do joven de 2 á 4 pollegadas, olivaceo escuro, pouco maculado, róseo inferiormente, na base das escamas e parte inferior da cabeça; e estrias escuras, lateraes, parallelas, a superior passando pelos Olhos e quasi egualando ao diâmetro ocular em agua, tendo n'essa dimensão a dobro da inferior que encontra a base da peitoral ; inaxillas avermelhadas, dentes ligeiramente avermelha- dos, dorsal laranja, claras, sua orla azularia; caudale anal semalhantes, a primeira maculada; ven- traes amarellas rubescente; peitoraes uniformes, com a base amarellada sem macula escura. No al- Cool a cor rosea torna- se cineracea e todas as nadadeiras claras. Exemplares mais velhos de 7 á 9 pollegadas de comprimento, são pardos avermelhados escuros, mais pallidos inferiormente; dorso escuro, lados com 2 estrias parallelas escuras da cor do dorso, separados por interspaços mais pallidos, o superior partindo dos olhos; focinho pardo azulado superiormente, uma estria es- branquiçada estreita, correndo da cabeça ao longo da linha mediana do ventre ; três fachas seme- lhantes em cada lado do peito, havendo uma em cada fila de escamas; dentes vermelhos escuros, uma nódoa escura na base das peitoraes; caudal vermelha alaranjada pallida, escura na ponta e nos lados, com os raios externos um tanto fasciados de pardo; anal azul clara, suja, mais pallida anteriormente e na margem ; ventraes e peitoraes pallidas ; dorsal corde laranja, fimbriada de azul.» (Jord. & Evermann.) Starks identificou com esta espécie um escarus apanhado em Natal e que difteria da diogno- se desta espécie apenas da cor de dentes (verdes). Habitat : Atlântico, de Havana ao Notai —Brazil. (2) Croicensis (Lat.)=de S.ta Cruz 23 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES Scarus cœlestinus, ('^ cm. & vai. QUDIÃO (oblit. de Bodiano) D. IX + 10; A. II + 9; L. lat. 24; L. tr. U^ Forma exacta do 5. guacamaia, com os olhos 6 vezes na cabeça 3 filas de escamas sobre o preoperculo e sendo a ultima constituída por uma única escama no angulo; tubulos mucosos da linha lateral ramificados. Dorsal e anal pontudas posteriormente, ventraes pontudas. Em vida, azul escuro superiormente, claro inferiormente, nadadeiras denegridas. Em alcool, violáceo, mais escuro para o dorso, dentes cor de sulfato de cobre com a base e a orla dos superiores de cor branca, nadadeiras denegridas. 1 exemplar de 22 centímetros da minha collecção. Habitat : Attentico, das índias occidentaes ao Rio de Janeiro. Scarus cseruleus^-^ (bi.) BODIANO OU BODIÃO D. IX -hlO; A. 11 + 9; L. lat. 25; L. tr. ^ Cabeça 3, altura2 e 5/6, olhos 5 e 1/2 á 6, 3 series de escamas sobre a base do preopereulo e uma á 2 escamas sobre a margem. Dorsal originan- do-se sobre o angulo superior da abertura opercular, ventraes originando- se sob o extremo posterior ou sob o meio da base das peitoraes e pouco excedidas por estas. 6 á 7 escamas na linha mediana antes da dorsal, linha lateral interrompida, com os tubulos mucosos simples ou pouco ramificados, caudal truncada, com os raios superiores um tanto prolongados. Os exem- plares que serviram á presente descripção (n. 241, esp. 182 da Coll. Ra- thbun) de 2 centímetros de comprimento, foram trazidos do mercado da Ba- hia em 1876, estão, portanto, inteiramente descorados, parecendo terem sido azues; os dentes são amarellados. Segundo Jordan & Evermanna cor d'esté peixe é azul intensa; tendo os jovens mais ou menos laivos rubescentes. Habitat : Desde a Ilha de S. George, na America do Norte, até Rio de Janeiro. A' meu vêr, as duas espécies que se seguem nada mais são do que variações de sexo e edade da presente. Não me parece, outrosim, que o co- lorido dos dentes possa servir para distincção das espécies e muito menos dos géneros. A falta de material me impede de melhor julgar o assumpto, deixando as espécies brasileiras deste género, tal qual a consideraram as autoridades que delle trataram. (1) Cœ/e5//ni/s — celestino; da côr do céo. (2) Cœruleus =^azul. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL — vol . XV\Í 24 Scarus guacamaia, ^'^ cuv.&vai. D. IX + lo; A. II 4- 9; L. lat. 24; L. tr. J-i^ Cabeça 3 e 4/7 no comprimento até a base da caudal ; altura 2 e 3/4 á 2 e 2/3; olhos pequenos. 6 (á 8, na largura) na cabeça, focinho muito obtuso, 2 e 2/3 na cabeça.» «Maxilla superior sem caninos pos- teriores, dentes de cor verde azulada intensa, caudal profundamente en- talhada, com os ângulos muito prolongados no adulto (a nadadeira trun- cada ou arredondada no joven) corpo moderadamente allongado ; boche- chas com 2 e 1/2 filas de escamas, as da fila superior maiores do que as da segunda, 1 escama em baixo da segunda fila. Cor verde alivacea com manchas verdes mais ou menos mal definidas na cabeça ; partes inferiores mais ou menos rubescentes, nadadeiras verticaes cor de laranja pardacenta, todas marginadas de azul intenso." (Jord. & Everm.) Habitat : Da Florida ao Rio de Janeiro. SPARISOMA (2) SWS. Nat. Hist. Class. Fishes, 11, pg. 227-1839 Sub-claviformes, moderadamente e comprimidos, cabeça cónica, com- prida, bocca moderada, nunca attingindo a vertical da orla anterior dos olhos, lábios duplos, dentes inferiores proeminentes francamente coales- centes, formando um gume mais ou menos serrulado, tendo uma sutura vertical anterior, frequentemente 1 á 4 caninos lateraes presente nos pre- maxillares. Preoperculo lamellar, atravessado na base por uma fila obli- qua de 3 á 5 escamas grandes, operculo, sub e inter-operculo escamosos. Margem dos interoperculos afastados, originando se sob, escamas grandes ; linha lateral sub continua, ligando-se sob os últimos raios dorsaes ; tubulos mucosos muito ramificados, ramificações extendendo-se até quasi ao bordo da escama. Nadadeiras nuas ; dorsal provida de IX aculeos pungentes, anal de 2. Ventraes sem aculeos (6 raios). Peixe de tamanho moderado brilhantemente colorido e conhecido dos brasileiros pelas designações de Bodianos, Pudianos ou Batatas. Devem ser tidos em conta de suspeitos como os do género precedente e pelos mesmos motivos. Entretanto — Spari- soma cretense passa por delicioso, sendo mesmo preconisado por Pliniocomo o mais fino dos peixes. Os antigos consideravam os peixes deste género como sendo "ruminantes" e Valenciennes explica que esta noção pode ter sido suggerida pelo modo de mastigar do animal. Günther affirma ser certo que o alimento está extremamente dividido quando chega ao estômago. (1) Guacamaia—nomt de um papagaio. (2) Sparus — esparo soma corpo. 25 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES C3 E o y 'C ra C/2 Caninos lateraes pre- sentes L. lat 26, olhos 4 na cabeça peitoraes e ventraes attingindo a mesma vertical S. radians \L. lat. 24, peitoraes 01hos41/2nacabeça, cabeça3e 1/5 S. abildgaardi excedendo I as ventraes^ /Cabeça 3, cau- 1 dal sub- trun- Olhos 5 ä 5 1/2. . ) '^^'^^ •^- hoplomystox 'Cabeça 3 e 1/4, \ caudal lunada S. chrysopterum /Ventraes excedendo o ápice dos peitoraes, linhas claras sobre as series longitudinaes de escamas. 5. distinctum ^Caninos lateraes ausentes. Peitoraes exce- dendo o ápice das ventraes. ., /Ventraes origi- nando-se sob extremo pos- terior da base das peitoraes; violáceo uni- forme .... iVentraes origi- nando-se sob orneio da ba- se das peito- raes ; oliva- ceo rubescente marmorado. . S. frondosum S. flavescens Sparísoma radians, ^'^ cuv. & vai. D. 1X4-9; A. II -i- 9; L. lat. 26; L. tr. 2 1/2 Cabeça 3 e 1/2 ; olhos 4, bocca moderada com 4 caninos em cada lado, augmentando progressivamente do primeiro ao ultimo e irradiando da base para fora. Peitoraes e ventraes attingindo a mesma vertical ; caudal sub-truncada ; pardo avermelhado irregularmente marmorado ; uma estria sub-ocular azulada, 2 fachas transversas, brancas, no queixe; uma nódoa axillar um tanto indistincta. Habitat : Desde as índias occidentaes até Bahia, no Brasil. (1) Radians=radiante, allusão á divergência dos caninos. ARGHIVOS DO MUSEU NAQONAL — VOL. XVII 26 Sparisoma abildgaardi, (i) (bi.) D. IX + 10; A. 11+9; L. lat. 24 L. tr. 1^ Cabeça 3 e 1/5 ; bocca moderada, intermaxillares com urn canino pe- queno lateral posterior, olhos lateraes, 4 el/2. Ventraes terminando um pouco aquém da vertical attingida pelas peitoraes, caudal lunada com o lobo superior um pouco mais desenvolvido. Linha lateral sub-continua tendo os tubulos mucosos no máximo 8 ramificações. Rubescente com as nadadeiras verticaes, as ventraes e a região abdominal mais intensamente rubros, esparsa e irregularmente manchado de cor mais clara. Habitat : Atlântico occidental, desde as grandes Antilhas até o Estado da Bahia. Sparisoma hoplomystax, ^^^ (Cope) D. IX + 10; A. U + 9; L. lat. 24; L. tr. í^ Cabeça 3, altura 2 e 3/4; olhos 5. Angulo da bocca sob as narinas anteriores que são providas de uma valva não ramificada ; um á dous ca- ninos nos premaxillares, lateraes dirigidos para fora e um pouco para traz outro canino junto á cada lado da sutura mediana, anteriormente. Dorsal originando-se sobre as ventraes que por sua vez se originam sob o extremo anterior da base das peitoraes, sendo excedidas de pouco por estas. Cau- dal sub truncada. Olivaceo, mormorado. 2 fachas brancas transversaes sob o queixo. Preoperculo marginado de azul; axilla e base das peito- raes azues punctulados de rubro. Dorsal com vestígios de 4 e anal 3 bar- ras transversaes escuras; Caudal marginada de escuro. Habitat : De Key West ao estado da Bahia Sparisoma chrysopterum (^) (Bi.&scim.) D. IX -I- 10; A. II +9; L. lat. 24; L. tr. '-^ Cabeça 3 e 1/4. Intermaxillares providos de 4 caninos lateraes, gra- dativamente maiores de diante para traz, os anteriores dirigidos para dian- te e oultimo para traz. Olhos 5 e 1/2. Linha lateral sub-continua as esca- (l) Abildgardii= do Prof. Abildgaard, de Copenhagen. {2) Hoplos = espeto, mystax, bigode (maxilla superior) (3) Chry SOS ^= ouro; pterum = asa (nadadeira); allusão á cor amarella das peitoraes. 27 A. DE MIRANDA RIBEIRO —FAUNA BRASILIENSE — PEIXES mas com os tubulos polypartidos. Caudal lunada com o lobo superior maior do que o inferior. Azul com uma estria mais ou menos distincta sobre os lados do abdomen e pedúnculo, nadadeiras verticaes rubescentes tendo a caudal um debrum da cor do corpo. Uma nódoa negra na base das pei- toraes sobre fundo avermelhado. Habitat: Das grandes Antilhas até Bahia. Sparísoma distinctum, (O Poey. D. IX+10; A. 11+10; L. lat. 24; L. tr.í-|^ Sub-claviforme, moderadamente comprimido. Cabeça 3 1/2; angulo da bocca sob as narinas posteriores ; narinas grandes, eguaes, as anteriores providas de uma valva curta poly-digitada olhos 5e 1/3; 4 escamas so- bre o preoperculo; 2 sobre o interoperculo. Altura 2 e 5/6. Dorsal origi- nando-se sobre o extremo anterior da base das peitoraes ; sob o extremo opposto originam-se as ventraes que excedem de pouco o ápice d'aquellas. Caudal lunada muito pouco no joven, de modo á parecer truncada quando aberta. Escamas grandes, as da linha lateral muito ramificada. Violáceo com linhas albicantes mais ou menos distinctas pelas series longitudinaes de escamas, duas fachas brancas, transversaes, no queixo, uma nódoa branca mais ou menos distincta sobre o pedúnculo, dorsal indistinctamente marmorada, caudal posteriormente debruada de branco com umas 4 fa- chas transversaes mais claras do que a cor geral; parte interna da base das peitoraes ponctuladas de cor violácea purpurea; o primeiro raio d'esta nadadeira que é curto e spiniforme denegrido, uma nódoa osbscura sobre o angulo do operculo Nos jovens as estrias longitudinaes são mais visí- veis e a cabeça é mais marmorada do que no adulto. Nos quatro exem- plares que serviram a presente descripção, colligidos em Pernambuco, Pa- rahyba do Norte e Bahia pelos Snrs. Branner & Rathbun da Commissão Geológica, os premaxillares estavam desprovidos de caninos lateraes. Sparisoma frondosum, ^^^ (Agassis.) D. IX + 10; III + 10; L. lat. 25; L. tr. ?-|^ Cabeça 3 e 1/2, cónica, comprimida; bocca moderada, dentes da ultima oria superior da mandíbula distinctos na extremidade ; lábio duplo (1) Distinctum, a, um = Distincto pelas estrios longitudinaes. (2) Frondosas, a um — cheio de frondes; allusão ás bifurcações dos tubulos da linha lateral. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL — vol . XVII 28 em toda a extensão, angulo da bocca sob as narinas anteriores que são providas de uma valva posterior digitada e um pouco maiores do que as posteriores. Olhos 5 e 1/2 vezes na cabeça. 4 escamas grandes sobre o preo- perculo; operculo, sub e inter-operculo escamosos. Altura 2 e 1/2 vezes no comprimento. Nadadeiras nuas. Dorsal originando-se sobre o angulo superior da axilla opercular, moderada. Peitoraes amplas, 1 e 1/3 vezes na cabeça, o primeiro raio transformado em aculeo curto e forte ; ventraes originando-se sobre o extremo posterior da axilla das peitoraes e termi- nando a 3 escamas do anus. Anal moderada e caudal lunada. Escamas grandes. Linha lateral formando um Z na primeira fila transversal posterior ao ultimo raio dorsal. Violáceo purpúreo uniforme. O exemplar que sérvio á presente descripção e que pertence ao Museu Nacional, mede 31 centi- metros de comprimento; e foi obtido em aguas de Fernando de Noronha, pelo Sr. Branner, da Comm. Geológica, em 1876. i Sparisoma flavescens ('> (Bi.&shn.) D. IX + 10; A. II + 9; L. lat. 24; L. tr. l^ Cabeça 3 e 1/3; olhos 5 e 1/2. Peitoraes excedendo as ventraes que nascem sob o meio de sua base, caudal lunada no adulto, com o lobo su- perior um pouco mais longo do que o inferior, e truncada no joven. Oliva- ceo moderado com laivos rubescentes, uma facha clara no queixo ; peito- raes amarellas com laivos rubescentes, tendo uma nódoa escura na base ; ventraes e anal rubras, maculadas de pardo. Habitat : De Kay West, na Florida, ao Rio de Janeiro. (1) Flavescens = amarellado. MALACANTHF'^ Physoclistos subenchelioides ou subfusiformes, recobertos ou não de escamas; dentição geralmente subconica; caninos presentes; peças opercula- res ás vezes armadas ; ás vezes apenas o preoperculo com um aculeo de di- direcção inferior. Dorsal variável e com a anal provida de aculeos flexí- veis. Ventraes espessadas, ás vezes reunidas em funil. Linha latteral nem sempre presente; ás vezes substituída por segmentos verticalmente dispostos ao longo da linha mediana. Linha lateral presente Ventraes isoladas. Maxillares normaes. . . Malacanthidœ Maxillares prolongados Opisthognathidœ t/3 05 E RS O, Linha lateral ausente Eleotridœ Ventraes reunidas. Gadidœ (1) Malacos= molle ; acantfia = espinho. IVI/^ AIM-TÍHID I MALACANTHIDyCEZ^» Peixes subclaviformes, comprimidos, com a bocca anterior ou antero inferior, tendo os lábios mais ou menos espessos e a distancia constituída de duas á 3 series — a saber: a P de dentes caninif ormes ou cónicos de tamanho variável, nos intermaxillares e mandibulares, dentre as quaes, ge- ralmente, sobresahem um ou dous no angulo da bocca; depois d'esta se- rie vem uma faxa de dentes villiformes, mais larga, na parte anterior da bocca, finalmente, ás vezes, uma terceira serie constituída de dentes cónicos maiores acompanhados d'outros villiformes, no vomer e nos palatinos. Maxillares sem osso supplementär. Pharyngeanos providos de dentes có- nicos ou aciculares. Narinas duplas, mais ou menos próximas da orbita que é lateral. Preoperculo, ás vezes inteiro, ás vezes serrilhado ou ape- nas crenulado. Operculo geralmente aculeado no angulo. Abertura oper- cular ampla; as membranas reunidas sob o isthmo que fica envolvido, po- rém livre. Rastros geralmente tuberculares e quando basilares médiocres Pseudobranchias duplas, as accessorias no extremo superior da arcada escapular. Escamas ctenoides, recobrindo o operculo e o preoperculo; li- nha lateral presente, dislincta. Dorsal única, com alguns aculeos ante- riores e muitos raios; anal opposta á sua metade ou parte posterior. Ventraes thoracicas, ligeiramente anteriores as peitoraes. Ventraes 24 á 30. Estômago caecal, intestino geralmente com duas circumvoluções. Vesícula natatoria presente. Géneros constatados no Brasil: I) Malacanthus, género referido, eidos, semelhantes. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONA vol.— XVI Palatinos e' vomer e- dentulos . 'Angulo da boca com 1 Lado da mandíbula com 2 caninos maiores. Malacanthas á 2 caninos maiores,) antrorso. , Lados da mandíbula sem caninos maiores . . Caulolatilus Angulo da bocca sem caninos maiores região cervico dorsal com uma faxa núa adiposa mais ou menos elevada Lopholatilus Palatinos e vomer providos de den- ( tpQ ríinirrvQ p villifrirtnPQ ' tes cónicos e villiformes Preoperculo crenulado, lábios médiocres... Pseudopercis Preoperculo inteiro, lábios espessos, enormes Pinguipés MALACANTHUS, (1) Cuv. Règne Anim., 2» ed., II vol. pg. 205 — 1829 Forma alongada. Cabeça subconica, subcomprimida. Bocca ante- rior, provida d'uma serie de dentes cónicos, curvos, caniniformes tanto nos intermaxillares como nos mandibulares; os maiores da serie intermaxillar anteriores, decrescendo pouco d'ahi para traz, até o angulo da bocca, onde ha um ou dous caninos maiores, antrorsos; na serie mandibular 2 caninos maiores ficam no extremo posterior do terço anterior da bocca e um no angulo da bocca. Depois desta serie de dentes cónicos e caninifor- mes, vem uma faxa de dentes villiformes que se acumina para os extre- mos. Não ha dentes no vomer nem nos palatinos. Um amplo véo re- cobre a parte anterior do palatino. Narinas duplas. Olhos lateraes. Preoperculo de bordo livre inteiro; operculo armado d'um aculeo no an- gulo. Abertura branchial ampla, sendo a membrana ligada á sua opposta por sobre o isthmo que fica livre. Rastros médiocres. Escamas ctenoi- des, pequenas; linha lateral presente, pouco curva. Dorsal inteira, com poucos aculeos anteriormente; anal sem aculeos. Peitoraes espalhadas. Ventraes thoracicas. Estômago caecal; pequeno; tubo digestivo mediocre, com duas circumvoluções; anus anterior ao extremo posterior da cavidade abdominal. Vertebras 10+14 Espécie conhecida: 1) Malacanthus (Qr.) maíacos, molle; acantha espinho. Malacanthus plumieri (Bl.) Caulolatilus chrysops, Cuv. & Val. 5 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES Malacanthus plumierM'^ (bi.) D. VI + 49 á 53; A. 48 â 51; L. lat. 113 á 130 Forma alongada, subtaenoide. Cabeça 1/4 do comprimento total. Cabeça oblonga, sub-conica, comprimida. Focinho prognatha, 2 e 1/2 ve- zes na cabeça. Bocca ampla, provida de uma faxa de dentes villiformes, tendo uma serie de dentes cónicos, exteriores, maiores; nos intermaxillares, anteriormente, ha 4 caninos e perto do angulo da bocca 2 (antrorsos). Na mandíbula 2 caninos maiores, ficam no extremo posterior do terço an- terior da bocca cujo angulo cahe quasi sobre a vertical da orla anterior da orbita. Esta 5 vezes na cabeça, lateral, elevada e marcando justamen- te o quinto mediano da extensão d'esta. Preoperculo inerme; operculo, porém, com um aculeo forte, deprimido, no angulo. Abertura opercular ampla. Membrana unida á sua opposta, recobrindo o isthmo. Escamas ctenoides, pequenas. Linha lateral presente, curva, elevada. Anus no extremo posterior do 1° terço do corpo Nasce ahi a anal que tem o bordo livre parallelo á base. A dorsal é da mesma forma e ambas essas nada- deiras apenas attingem a base da caudal com o extremo dos seus últimos raios. Caudal unida com os raios exteriores prolongados em filamento . Os individues que serviram á esta descripção e procedem de Fernando de Noronha, onde foram colleccionados em 1876 pelo Prof. Branner, estão muito descorados pelo alcool e pela luz. Comtudo, do que resta de cores ainda se vê que a parte superior do corpo devia ter tido zebruras azues acompanhando as faxas musculares e portanto, transversal e obliquamente dispostas, sendo a cor fundamental um olivaceo pardo que esmaece para a parte inferior. Ha laivos de iridescencia verdoenga sobre a parte an- terior. Na formula colligi os dados fornecidos pelos outros auctores, sendo entretanto a do exemplar descripto D. IV+55; A. 51: L. lat. 113. Habitat: Atlântico occidental, das índias Occidentaes á Fernando de Noronha. CAULOLATILUS, (1) Qiii. Pr. Acad. Nat. Sei. Philad., pg. 240 — 1862 e pg. 66 — 1865 Subclaviformes, comprimidos, com a cabeça grande, bocca pequena, anterior provida de uma serie de dentes cónicos caniniformes nos interma- xillares e mandibulares dos quaes ha dous, no angulo da bocca, maiores, 1) Do padre Plumier. 1) Caulos, caule; Latiliis, género referido. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL vol.— XVll 6 antevertidos; depois dessa fila vem uma faxa de dentes villiformes acumi- nada para os lados. Vomer e palatinos edentados. Narinas duplas, não tubulares. Olhos lateraes, elevados. Preoperculo de bordo livre serrilha- do; operculo provido de um aculeo forte. Abertura branchial ampla, a membrana branchiostega reunida á sua opposta sob o isthme que é livre. Rastros curtos. Escamas ctenoides; linha lateral presente. Dorsal e anal continuas. Ventraes thoracicas. Caulolatílus chrysops^'^ cuv. & vai. D. Vni + 24; A. 24; L. lat. 103 (á 120) Subclaviforme, comprimido. Cabeça 4 e 1/4 no comprimento do cor- po. Bocca antero-inferior, prognatha com uma faxa de dentes aciculares nos intermaxillares e mandíbula, mais larga na symphyse e uma serie de dentes maiores, cónicos, externa á faxa villiforme, os dentes d'esta se- rie desapparecem para a symphyse; ao contrario, no angulo da bocca, tem ella um á dous caninos antrorsos, especialmente apparentes no ex- tremo do intermaxillar. Maxillares fortes, sub-parallelos. Olhos 1/4 no comprimento da cabeça, elevados Preorbitarios médiocres. Preoper- culo com o limbo egual e distinctamente serrilhado e canto redondo. Oper- culo com uma ponta lamellar, truncada ou denticulada. Branchiostegos distinctos, fortes; a membrana reunida á sua opposta e envolvendo o is- thmo. Escamas ctenoides, ausentes apenas no focinho e na região jugular Linha lateral presente, sub-parallela ao perfil dorsal. Dorsal continua, nascendo verticalmente em cima da base das peitoraes e tendo o ante- penúltimo raio ligeiramente prolongado, o mesmo succède com a anal que nasce sob o sexto raio dorsal. Peitoraes falcadas, do tamanho da cabeça; ventraes menores, posteriores ás peitoraes. Caudal lunada. Argyreo glauco superiormente, albicante inferiormente. Dorsal obscura, com uma zona mais clara perto da base; as outras nadadeiras albicantes; uma lun- nula suborbital que parte das narinas e um lozango sobre a axilla das peitoraes amarello de enxofre; o lozango da peitoral tem os dous lados superiores marginados de escuro. Habitat: Aguas brasileiras. O exemplar que serviu á presente des- cripção provem do proximidades do Rio de Janeiro. 1) Chysos, ouro; ops, olho. 7 A. DE MIRANDA RIBEIRO — hAUNA BRASILIENSE — PEIXES LOPHOLATILUS, O Ooode & Bean Pr. U. S. Nat. Mus, pg. 205 - 1879 Aspecto um tanto Sparoide: cabeça grande, elevada; bocca antero inferior provida de uma fila de dentes cónicos, curvos, caniniformes, isola- dos uns dos outros nos intermaxillares e mandibulares, seguidos de uma faxa de dentes cónicos, muito pequenos, de apparencia villiforme; na symphyse, por traz d'essa faxa ha alguns dentes cónicos, vomer e pala- tinos sem dentes; nem ha caninos maiores no angulo da bocca. Maxil- lares delgados, estreitos, articulando-se indirectamente com os intermaxilla- res por um cordão tendinoso; esse cordão se bifurca para se ligar ao lá- bio inferior; lábios superior e inferior moderados. Preorbitarios muito elevados, expandidos, delgados. Narinas duplas, contíguas. Olhos la- teraes, elevados, de pálpebra livra. Preoperculo de bordo serrilhado. Operculo terminando em ponta larga, porém desprovida de aculeo. Ras- tros bacillares, isolados, médiocres. Pseudobranchias duplas, sendo as accessorias n'uma depressão do extremo superior da arcada escapular. Membranas branchiostegas unidas entre si, porém, deixando livre o isthmo que é por ellas envolvido. Focinho, regiões inter-e periophthalrnica e uma faxa cervico dorsal nus; esta ultima occupada por uma carena adi- posa, baixa ou por uma elevada crista d'essa natureza. Escamas ctenoi- des, moderadas, menores, sobre as regiões cervical e jugulo-thoracica. Linha lateral presente, continua, acompanhando o perfil dorsal. Nada- deira d'esté nome continua, de bordo livre parallelo á base. Anal idem, opposta á parte posterior da dorsal. Peitoraes falcadas. Ventraes tho- racicas. Caudal sub-lunada. Estômago syphonico. Vesícula natatoria presente, simples. A espécie typica e até agora única d'esté género, Lopholatilus cha- mœleoticeps, é norte-americana e caracterisada pela presença de uma crista cartilaginosa, elevada, sobre a região cervico-dorsal. Descoberta em 1874 por pescadores de bacalháo, foi objecto de grande attenção, por parte dos ichthyologistas norte-americanos que a suppunham capaz de offerecer grandes vantagens industriaes, devido á sua abundância Comtudo, uma grande mortandade de peixes, havida n'aquellas aguas em 1882, durante a qual foram observados extensões de 5 á 7.500 milhas quadradas cobertas de peixe morto, cuja maioria éra do Lopholatilus em questão, fizeram suppol-o extincto, porque as pesquizas ulteriores não mais denunciavam a sua presença nas paragens de Nantucket, onde fora com- mum, até que as pescas do Grampus vieram revivescel-o em 1892, nas 1) Lophos (Gt.) crista, latilus, género referido. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL vol.— XVII g latitudes de 38° á 40° N . Uma outra espécie d'esse género, comtudo, exis- tia em aguas brasileiras, parecendo ser recente a sua apparição, a qual, quanto a mim, começou no anno de 1912, por occasião dos meus trabalhos para organizar a Inspectoria da Pesca, sendo os 3 primeiros exemplares comprados por mim ha um poveiro, que dissera havel-os pescado em parcels de fora da barra, ao largo de Cabo-Frio. As differenças principaes notadas entre as espécies d'esté género, hoje conhecidas, são: /Cervix provida de uma crista adiposa; angulo da bocca com um appendice y cutâneo; olhos 1/6 da cabeça L. chamœleonticeps /Cervix provida de uma carena adiposa, indistincta; appendice cutâneo V obsoleto; olhos 1/4 da cabeça L. vilíarii Lopholatilus víllarii, sp. nov. BATATA D. VIII + 14; A. 15; L. lat. 94; L. tr. 41 Cabeça 1/3 do corpo, até a base da caudal; bocca antero-inferior com uma faxa de dentes villiformes, firmes, precedida por uma fila de dentes cónicos caniniformes curvos, isolados, maiores. Maxillares não articula- dos com os intermaxillares directamente e sim por meio d'um tendão e á mandíbula por meio de espesso lábio. Preorbitarios membranosos, oc- cultando os estreitos maxillares. Narinas duplas, próximas da orbita que é lateral tem os bordos livres e é contida 4 vezes na cabeça. Preoperculo com o bordo posterior finamente serrilhado e angulo saliente; operculo terminando em ponta lamellosa, porém, resistente. Abertura opercular am- pla, a membrana branchiostega reunida sob o isthmo á sua opposta e envolvendo este. Rastros 8/14, medíocres, bacillares, isolados; pseudo- branchias presentes. Escamas ctenoides, na cabeça presentes apenas no preoperculo e operculo. Linha lateral elevada, parallela ao perfil dorsal que é gradativo e recto até o curto pedúnculo. Dorsal continua, com o ante-penultimo raio tocando a caudal; o mesmo succède á anal que nasce sob o 5° raio dorsal. Peitoraes triangulares 1 vez e 1/6 na cabeça; ven- traes sob a base das peitoraes e terminando antes do ultimo terço das ul- timas. Caudal pequena, sub-lunada. Cinerea olivacea superiormente, al- bicante inferiormente; lado esparsa e regularmente manchados de amarello sulfúreo, as manchas redondas e pouco maiores que uma escama; uma tarja d'essa cor ao longo do dorso, junto á dorsal, até o pedúnculo; dorsal obs- cura com uma tarja larga, clara, ao longo do meio e menos dístincta na parte posterior; caudal obscura com o seguimento da faxa dorsal amarella, 9 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES no bordo superior, uma tarja amarella junto de toda a orla posterior e algumas nódoas amarellas, redondas. Os maiores peixes d'esta espécie que tenho visto, em mão dos povei- ros na Praça do Mercado, mediam um metro de comprimento: e eu fiz preparar um que se conserva no Museu Nacional, quasi d'essa dimensão. Estes pescadores dão-lhe erradamente o nome de Batata e Namorado, confundindo-o com os Scarineos e com Pseudopercis numida. Embora todos os exemplares vistos não trouxessem a crista caracte- rística da espécie do Atlântico Norte, observa-se na região cervico dorsal uma carena adiposa, ahi entumecida e que me faz crer essa crista talvez desenvolvida na epocha dos amores, sendo, assim, um ornamento sexual. A presença dessa carena nua e baixa, n'essa região, junta aos demais caracteres assignalados na descripção retro, fazem-me incluir esta espécie no género Lopholatilus de Goode e Bean, ao lado L. chamœleonticeps, da Ameríca do Norte. Serviram á esta descripção o alludido exemplar do Museu e dous outros que comprei para a Inspectoría da Pesca, em cujas collecções se encontram, preservados em alcool. Dedico a espécie ao Snr. Capitão de Corveta Frederico Villar, o ardoroso e principal propagandista da systematisação da Pesca no Brasil. PSEUDOPERCIS.C) Mir. Ribeiro Pescas do Annie, Lavoura, ns. 4 á 7, Abril á Julho de 1903 Alto da cabeça, focinho, maxillas, isthmo e sub-operculo nus, o resto do corpo protegido por escamas ctenoides. Intermaxillares com uma or- dem exterior da dentes cónicos, dos quaes os quatro antenores solitários, caninos; depois vem uma faxa de dentes pequenos, retrovertidos, mais ampla no centro acuminando-se para os extremos. Vomer provido de dentes curtos, obtusos, os palatinos d uma fila d'outros menores. Mandí- bula com uma fila de dentes tubulares até 2/3 de sua extensão; d'ahi para o angulo da bocca estes dentes decrescem. Depois d'esta fila ha uma faxa de dentes pequenos, análoga á dos intermaxillares. Lábios espes- sos porém não proeminentes como no género Pinguipés. Preoperculo subcrenulado; operculo provido d'um aculeo fraco. Dorsal nua, continua, pobre de aculeos com muitos raios subeguaes. Ventraes thoracicas. Peitoraes symetricas, caudal larga, truncada ou redonda. (1) Pseudo, falso; percis, género referido. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL vol.— XVII 10 Pseudopercis numída, Mir Rb. NAMORADO D. VII +28; A. 27; Ps. 19; Vs. 7 L. lat. '^g- Cabeça 3 e 3/4; altura, tomada sobre as ventraes, 5 vezes no com- primento do corpo (sem a caudal). Alto da cabeça, focinho, maxillas, is- thmo e suboperculo nús. Resto do corpo coberto de escamas ctenoides. Base externa das peitoraes e caudal, entre os raios, escamosa. Maxilla- res providos de uma orla externa de caninos, quatro anteriores, medianos, isolados dos que se seguem por um espaço maior do que aquelle que separa estes entre si; atraz d'essa ordem uma outra de dentes curtos, fi- nos, recurvados para traz e formando uma faxa larga no centro e acumi- nada para os lados. Vomer provido de dentes cónicos e curtos e palati- nos de uma fila dos mesmos dentes menores. Mandibulares providos de uma orla externa de dentes tubulares subeguaes até 2el/3 de sua exten- são; d'ahi até o angulo da bocca esses dentes se tornam cónicos e curtos. Depois segue se uma faxa idêntica á da maxilla superior. Lingua núa. 7 rastros abaixo do angulo, decrescendo do primeiro ao 7' e 4 rudimenta- res. Nadadeiras dorsal e anal quasi eguaes em altura que é relativamente mediana; o 1° aculeo é menor do que o diâmetro da pupilla, o 7" é do comprimento do focinho (não contando o lábio) a passagem dos aculeos para os raios é insensível. A peitoral é larga, quasi symetrica, attingin- do a vertical do anus. As ventraes thoracicas, collocadas muito pouco adiante das peitoraes não attingem o anus com a sua extremidade. Cau- dal truncada com os raios superiores prolongados. Pardo violáceo na cabeça, mais claro no dorso e na cauda; essa côr se estende em cinco faxas largas, (da largura de um diâmetro da orbita) nos lados do corpo, transver- salmente, alternando-se com outras tantas esbranquiçadas, formadas pelo branco que se estende da parte da inferior do corpo. As escamas lateraes teem o centro branco prateado, como em P. somnambula Berg.) e uma ampla margem parda que mais se accentua sobre as fachas transversaes. As nadadeiras são transparentes. A dorsal tem uma serie de manchas atraz do 1° aculeo, cuja membrana natatoria é denegrida, seguindo d'ahi, diffusamente, em faxa parallela á base da nadadeira até o ultimo raio. Anal é branca e a base das peitoraes parda; as ventraes são ligeiramen- te denegridas. As pintas brancas que se nota no corpo do peixe, fazem lembrar, vagamente, uma gallinha d'Angola (Numida meleagris). Cresce até cerca de um metro, tornando-se mais escuro ou violáceo denegrido. E' um peixe reputado de primeira qualidade e vendido por preço elevado. Habitat: Aguas do Brasil— Rio de Janeiro. T3 1 3 C V) u a> a o lU V) II A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES PINGUEPÉS/») cuv. & Val. Hist. Nat. des Poissons, vol. Ill, pg. 206-1829 Forma alongada, cabeça cónica, subcomprimida, tendo a bocca ante- rior provida de lábios espessos, proeminentes e internamente villosos. Dentes cónicos, curvos ou rectos, caniniformes, em uma fila, nos interma- xiliares e mandibulares, os maiores anteriores, os lateraes subeguaes. Por de traz d'essa fila uma faxa de dentes villiformes que se acumina para os lados; no vomer duas series transversas de 3 dentes cónicos isolados com outros villiformes du permeio, nos palatinos ha egualmente dentes cónicos primeiro em grupos e depois em serie. Um véo membranoso entre os den- tes anteriores e os vomerinos e palatinos. Dentes pharyngeanos acicula- dos cónicos. Rastros bacillares, medíocres. Olhos lateraes, elevados. Preoperculo inteiro, operculo com um aculeo no angulo; membrana bran- chiostega unida á sua opposta por sobre o isthmo livre. Escamas cte- noides, moderadas. Linha lateral presente. Nadadeiras nuas; dorsal in- teira, anal idem, a primeira occupa quasi toda a extensão do corpo. Es- tômago caecal intestino de comprimento moderado. Vesícula natatoria adhérente a parede supero posterior da cavidade abdominal. Espécie brasileira: Pinguepés brasilianus,'^^ cuv. & vai. MECHOLE COATl D. Vil + 27; A. 26; Ps. 18; Vs. 1 + 5 L. lat. 83/71 Cabeça 3 e 4/5 no comprimento, focinho prognatha. acuminado, depri- mido anteriormente. Bocca antero inferior, com a mandíbula sub-plana, sub-horizontal; lábios grandes, espessos, densamente villosos na mucosa, dentição differindo da de Malacanthus pela ausência dos grandes caninos antrorsos maiores do extremo posterior dos intermaxillares, por serem os ca- ninos anteriores da linha mediana os maiores. Vomer e palatinos arma- dos d'uma serie de grossos dentes cónicos. Maxillares occultando-se por completo sob os preorbitaes. Narinas contíguas, as anteriores tubulares . Olhos latero superiores, grandes, 3 e 1/2 vezes na cabeça. Preoperculo de bordo inteiro, regular. Operculo provido d'um aculeo forte no angulo. 1) Puiguipés (Lat.) pinguís, gordo (espesso); pés, as nadadeiras ventraes. 2) Brasilianas, brasileiro. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL vol.— XVII 12 Abertura branchial ampla, a membrana, entretanto, se reúne á sua opposta envolvendo o isthmo que é livre em toda a sua extensão. Rastros bacilla- res, médiocres, baixos. Altura 5 e 1/3 na extensão. Escamas ctenoides; linha lateral mediocremente curva, e se projectando sobre a caudal. Dorsal continua, nascendo verticalmente sobre a base das peitoraes, sendo o dor- so parallelo á base e tocando a base da caudal com os últimos raios. Anal nascendo sob o 4° raio da dorsal e terminando no mesmo plano vertical que esta. Peitoraes espatuladas, attingindo a vertical do anus. Ventraes espessas, ligeiramente anteriores á base das peitoraes e terminando quasi no mesmo plano em que esta. Nas «Pescas do Annie» escrevi sobre os dous exemplares que servi- ram á descripção supra: Dous exemplares jovens (o maior mede 0m,2) que differem da descripção de Cuvier e Valenciennes pela dimensão do es- paço interorbital que é menor do que o diâmetro longitudinal das orbitas e contido 3 e 3 4 vezes no comprimento da cabeça (de um dos exemplares, 4 e 1/9 no do outro) e pela presença de uma forte macula negra na base da cauda. Não creio entretanto que se trate de outra espécie; os indices aci- ma reproduzem os fornecidos por Cuvier e Valenciennes que, ao se refe- rirem ás cores dizem «... .mais cette description de couleurs est peut être fort éloignée de l'état frais» . Muito mais afastada da verdade do que a descripção fica a estampa 63 da Hist. Nat. des Poissons. Os individuos pescados pelo Annie são jovens; tem a parte superior do corpo, até uma linha que, partindo do labio superior, vae até ao meio da base da caudal, pardo chocolate; face mais clara; lábios, queixo, emfim a parte inferior do corpo, de cor branca amarellada. Logo atraz da axilla, n'uma distancia de um raio de orbita, a cor parda do dorso se prolonga sobre o branco amarellado inferior, dirigindo-se obliquamente em direcção ao anus; esta faxa é pouco distincta e mesmo interrompida, sendo quando muito, da largura de um diâmetro da pupilla. Logo atraz d'essa facha se- guem-se seis outras que guardam entre si a distancia egual á um diâme- tro da orbita; são estreitas como a primeira e mais ou menos parallelas. Contando-se de diante para traz, logo depois da segunda faxa, os es- paços claros que as separam umas das outras são, ainda, divididos ao meio por outra facha mais estreita e indistincta, equidistante, em sua inteira ex- tensão das primeiras citadas. Na base da nadadeira caudal, parte superior, ha uma forte mancha negra, ovóide. As nadadeiras ventraes são dene- gridas nas margens e amarelladas ao centro, as outras verticaes, orladas de negro. Olhos ovaes; iris negra anterior e superiormente, amarella esver- deada inferior e posteriormente. A mancha da cauda do individuo menor perdeu, no alcool, muito de sua intensidade» . Um individuo de 33 centímetros, obtido no Mercado do Rio, tem as nadadeiras ventraes denegridas e o colorido idêntico ao que se observa em 13 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES P.fasciatus de Jenyns. A faxa denegrida da dorsal é mais escura. O estudo comparativo dos jovens acima citados e das descripções de Cuvier e Vallenciennes e Jenyns, conduzem-me á identificação das duas espé- cies. As variações encontradas por Berg são referentes á intensidade do colorido e formula das nadadeiras D. VI á VIl+26 á 27; A. 24 á 25; Ps. 18; V. 6; C. 15 á 18; L. lat. 80. A posição das ventraes é a mesma nas duas pretensas espécies. Habitat.- Atlântico Occidental meridional, do Rio de Janeiro á Pa- tagonia. OPISTHOGNATHID/Elt» Forma oblonga, comprimida. Cabeça grande, caracterisada pelo des- envolvimento dos maxillares que são livres tendo um osso supplementär e, ás vezes, attingem o comprimento da cabeça, sendo prolongados por um appendice dermico. Intermaxillares com dentes cónicos ou cardiformes, presentes no vomer e raramente nos palatinos. Peças operculares inermes. Abertura branchial ampla, normal. Pseudobranchias. Rastros desenvol- vidos. Escamas cycloides, pequenas. Linha lateral presente, contigua á base da dorsal. Dorsal continua, anal idem, alguns raios anteriores ósseos, aculeiformes. Ventraes isoladas, jugulares. Cores mais ou menos brilhan- tes. Género constatado no Brasil: GNATHYPOPS, (2) om. Proc. Acad. Nat. Sei. Philad., pg. 241 1862. Forma oblonga, comprimida. Cabeça grande, a bocca ampla com den- tes cardiformes nos premaxillares, vomer e ás vezes nos palatinos. Os ma- xillares grandes, pouco passando, porém, as orbitas e completamente livres. Olhos lateraes, grandes, de orla livre. Operculos inermes; rastros longos, abertura branchial ampla. Escamas presentes no corpo, pequenas. Dor- sal continua, anal idem, de bordo inteiro. Caudal geralmente redonda. Caecos pyloricos ausentes. Espécie brasileira: 1) Opisthognathus, género referido: eidos, semelhante. 2) (Gr.) Gnathas — maxilla; hypos = sob, em baixo; ops = olhos. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL VOl. — XVII 2 Gnathypops cuvieri, ('^ cu.v&vai D. X + 13; A. II 4- 16; C. 15; Ps. 17. Vs. 1/5 «Cabeça grande e mais comprida que a altura do corpo, pois que sua altura, nas peitoraes, não completa mais que 2/3 do comprim.enío da cabeça; a cauda é comprehendida três vezes e 2/3 no total . Olhos grandes, si- tuados anteriormente, perto do focinho e muito próximos entre si; seu diâme- tro é contido três vezes e meia na distancia da ponta do focinho ao angulo do operculo. Não vejo tentaculo algum sobre os olhos nem sobre o occi- put; mas existe um, muito pequeno, sobre a narina; é simples e filiforme. O operculo e o preoperculo são occultos na pelle molle e flácida que recobre a cabeça; vê-se um pouco o bordo ascendente do preoperculo. A bocca é fendida até sob a vertical do bordo posterior da orbita; o maxillar se pro- jecta até um pouco além da orbita, mas não tanto quanto no Opisthognatho das índias. O intermaxillar é delgado e estreito e occulto sob um lábio bas- tante espesso e molle. Os dentes são finos, cardiformes nas duas maxiUas; vejo dous muito pequenos sobre o processo do vomer; não me admiraria se cahissem facilmente e se algum naturalista os desprezasse ou achasse um individuo que tivesse o paladar completamente liso. A lingua é livre, redonda e lisa. As guelras são largamente fendidas; a membrana, sustentada por seis raios, junta-se entre os ramos da maxilla inferior á do lado opposto. As peitoraes são pequenas, redondas e trans- parentes; adiante da sua inserção vê-se a das ventraes; nadadeiras mais curtas que a da espécie indiana, mas compostas egualmente de cinco raios articulados, precedidos d'um longo e solido espinho. A dorsal nasce sobre a parte posterisr da craneo, verticalmente sob as peitoraes; ê baixa na sua porção anterior e um pouco elevada na parte sustentada pelos raios arti- culados. A anal é mais baixa, só tem dous raios simples e os outros exce- dem um pouco a membrana. A caudal é redonda. Ás escarnas são regu- lares, muito pequenas mas não implantadas ou occultas na pelle como as de um grande numero de blennios. Conta-se facilmente setenta series en- tre as guelras e a caudal. A linha lateral é traçada sobre o alto do dorso, como uma pequena faxa escura, que se apaga para o decimo raio da dorsal. Todo esse peixe parece ter sido cinereo amarellado ou esverdeado, com refle- xos prateados e maculado ou vermiculado de vermelho mais escuro. Ha uma espécie de facha pardacenta, longitudinal, sobre as bochechas. A dorsal e 1) Cuviéri, de Jorge Cuvier. 3 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEECES a anal são azuladas. Sobre a porção anterior da nadadeira dorsal, compre- hendida entre o quarto e o oitavo raios, vê-se uma larga mancha oval, azul escura, cercada d 'um circulo branco. A caudal é ruiva, com duas faxas verticaes de pontos azulados, formando como que dous arcos concêntricos, parallelos, no bordo da nadadeira. As ventraes são denegridas. 5 pollega- das». (Valenciennes). Procedência — Bahia. e:le:otrid>ce: (» Forma subcylindrica, comprimida posteriormente, as vezes deprimida anteriormente. Cabeça moderada; bocca provida de uma facha de dentes, óra moveis ou fixos, villiformes ou subconicos, intermaxiilares e mandibu- lares. Narinas duplas, as anteriores, ás vezes tubulares, na fimbria pre- orbital. Olhos lateraes, geralmente subcutâneos. Preoperculo ás vezes provido d'um aculeo forte, infravertido, no angulo. Abertura branchial moderada; os branchiostegos desenvolvidos e a membrana ligada aos lados do isthmo. Arcada escapular com um ou dous entalhes aos lados da base das peitoraes. Rastros tuberculares. Escamas ctenoides, presentes egual- mente na cabeça e peças operculares, linha lateral ausente. Dorsal du- pla, a segunda opposta a anal. Peitoraes geralmente espatuladas. Ventraes isoladas, articulando-se sob as peitoraes. Peixes sedentários e de tama- nho mediocre, geralmente reunidos aos Gobiideos sob o titulo de sub-fami- lia géneros constatados no Brasil: I Dentes moveis Dormitator /Craneo curto, concavo entre o espaço interorbital e a entumecida Dentes fixos. ) região cervico dorsal; um aculeo no angulo do preoperculo. . . Eleolris ^Craneo moderadamente desformado, preoperculo inerme. . . . Guavina 1) Eleotris. género referido; eidos, semelhante. ARCHIVOS 00 MUSEU NACIONAL vol. — XVII 2 DORMITATOR, («) oui. Proc. Acad, Nat. Sei. Philad., pg. 240—1862 Subclaviformes, subcomprimidos, tendo a dorsal dupla, elevada bera como a anal. Bocca anterior, tendo uma faxa de dentes aciculares, moveis, nos intermaxillares e mandibulares. Maxillares estreitos, occultando-se sob os preorbitaes. Olhos médiocres. Abertura das guelras passando inferiormente a base das peitoraes. Rastros tuberculares. Escamas cte- rtoides; recobrindo toda a cabeça em cima e nos lados; linha lateral ausen- te. Nadadeiras mias. Dorsal dupla, elevada; anal opposta á segunda dorsal. Espécie brasileira: Dormitator maculatus, ^^^ (bi > D. 7 -f 10; A. 11; L. lat. 30; L. tr. 11 Cabeça 3 e 1/4 no comprimento (excluida a caudal). Bocca antero- superior, obliqua, tendo uma faxa de dentes grandemente moveis, acicula- res, curtos, com a ponta virada para dentro, sobre os intermaxillares e mandibulares. Maxillares occultando-se totalmente sob os preorbitaes que são salientes na sua parte basilar. Olhos 5 vezes na cabeça. Membrana branchiostega emittindo uma projecção angular curta, em direcção á base das ventraes e outra superior na axilla da abertura das guelras, suppor- tada pelos dous últimos extremos branchiosíegos que se originam do lado interno das peças operculares. Abertura das guelras ampla, passando francamente a base das peitoraes, tanto acima como abaixo desta. Li- nha lateral ausente. As escamas são grandes e recobrem todo o corpo e toda a cabeça á excepção da região peitoral, o mento, e a região guiar branchiostega. Nadadeiras completamente nuas. As peitoraes têm a base muito larga, os raios extremos atrophiados e a axilla profunda; são trian- gulares. As ventraes, nascendo sob a articulação das peitoraes, têm os raios augnientados de fora para dentro e o ultimo passando a base do pri- meiro raio anal, com a ponta que é filamentosa. Primeira dorsal fraca, porém, elevada e quadrangular, segunda mais alta, isolada e attingindo a base dos raios caudaes superiores, com a ponta do ultimo raio, também fi- 1) Dormitator, cochilador. 2) Maculatus, (Lat.) maculado. a A. DE MWANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES lamentoso. Anal opposta á segunda dorsal e subegual á mesma. Cau- dal triangular. Papilla genital desenvolvida. E' de suppor que estes pei- xes possam, por isso, realizar a copula. Côr olivacea mais ou menos car- regada de pigmentação escura, e irregularmente distribuída sobre o corpo. Habitat: Atlântico, das Carolinas do Sul, na America do Norte, até o Rio de Janeiro, donde possui um exemplar pescado nos lagos da Quinta da Boa Vista. O Museu possue dous exemplares coUigidos pelo Snr. R. Rathbun e procedentes da Bahia. ELEOTRIS,(') BI. &schn. Syst., pg. 65—1801 Cabeça deprimida, bocca antero-superior com uma faxa de dentes cónicos nos intermaxillares e mandíbula; os da serie externa geralmente maiores, separados. Maxillares estreitos, recobertos pela fimbria preorbi- tal. Orbitas lateraes, moderadas. Preoperculo provido d'um aculeo rija de direcção inferior. Abertura branchial passando francamente a base das peitoraes; rastros tuberculares; um entalhe na cintura escapular formando uma reentrância na base das peitoraes. Escamas ctenoides, recobrindo mais ou menos completamente as peças operculares. Linha lateral ausente. Dorsal dupla; anal opposta á segunda dorsal. Ventraes 11+16. Espécies brasileiras: I Cabeça 3 á 3 e 1/3; olhos 1/2 do espaço interorbital E. pisonis Cabeça 4 e 1/2; olhos 1/3 „ ,. „ E. pemiger Eleotris pisonis, <2> (Gmi.) PEIXE-MACACO D. VI + 9; A. 8; L. lat. 57; L. tr. 21 D. vu -i- 11; A. I + 9; L. lat. Cabeça 3e 1/3; altura 1/4; bocca obliqua, antero-superior, com uma faxa de dentes cónicos nos intermaxillares e na mandíbula, os da serie ex- 1) Eleotris (Gr.); de Eleios, que vive no lodo. 2) Pisonis, de Piso, companheiro de iVlarcgrav, AKCHIVOS DO MUSEU NACIONAL vol. — XVII 4 terna maiores, separados entre si nos intermaxillares em grupos de três na mandibula, anteriormente e perto do angulo da bocca; maxillares longos, estreitos, recobertos pelos preorbitaes. Região interorbital deprimida, cervico dorsal entumecida. Orbita latero-superior, mediocre, 1/6 na cabeça 1/2 no espaço interorbital; um espinho no angulo inferior, preoperculo, cur- ao para baixo e para diante. Abertura opercular ampla, chegando quasi vo isthmo; rastros tuberculares, baixos; um entalhe na cintura escapular formando uma reentrância adiante da base das peitoraes. Preoperculo, na ametade posterior e operculo e todo o corpo desde a região cervico or- bitaria, escamosos, as escamas ctenoides e longitudinalmente estriadas. Linha lateral ausente. P Dorsal sobre os 2 últimos terços da peitoral que attinge com a ponta a vertical do 1° aculeo dorsal. 1 aculeo anal sob o segundo da segunda dorsal e as duas nadadeiras terminando no mesmo plano vertical . Caudal espatulada; ventraes sob a axilla das peitoraes e chegando ao meio da distancia que vae a sua base ao inicio da anal. Pa- pilla genital desenvolvida como em Dormitator. Coloração olivacea, escura, uniforme; nadadeiras caudal e dorsaes longitudinalmente estriadas. O exemplar que sérvio á presente descripção e pertence a Inspectoria da Pesca do Ministério da Agricultura, foi pescada na lagoa Rodrigo de Frei- tas. 165 mm. Habitat: Das índias öccidentaes ao Rio de Janeiro. Eleotris perniger, f'^ (Cope) D. VI + 1, 9; A. I, + 9; L. lat. (esc.) 61 «Cabeça 4 e 1/2 altura 4 e 2/3; olhos 3 no espaço interorbital; dentes vomerinos ausentes. Um forte aculeo no angulo posterior do preoperculo, dirigido para baixo. Aculeo premaxillar não proeminente em perfil; escamas do vertex estendendo-se até sua extremidade. Diâmetro longitudinal da or- bita 1/6 no comprimento da cabeça. Côr negra, abdomen pardo, nada- deiras escuras; primeira dorsal com a extremidade branca e duas faxas longitudinaes negras, uma ao longo da base, outras nadadeiras com pe- quenas barras negras; comprimento cinco pollegadas. Índias Occidentaes, para o Sul até Rio de Janeiro». (Cope). «E' proximo de E. pisonis, porém, as bochechas não são totalmente escamosas». (Jord. & Everm.) 1) Perniger, (Lat.) todo negro. •> A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES Como se vê, essa differença não é característica, pois que o exemplar antes descripto sob o nome de E. pisonis, e que o é effectivamente pelo conjuncto de caracteres concordando com a descripção typica, também ti- nha a ametade anterior do preoperculo núa. GUAVINA.C) Bleeker Esquisse d'um Syst. Nat., pg. 302—1874 Forma robusta, siiuroide: corpo anteriormente subdeprimido; espaço interorbital largo, plano porém não concavo como em Eleotris. Bocca anterior, provida d'uma facha de dentes villiformes, firmemente implanta- dos nos intermaxillares e mandíbula; os da serie externa maiores. Maxil- lares occultos na fimbria preorbital . Narinas anteriores tuhii'^r*>c cnhrp essa fimbria. Olhos lateraes, subcutâneos. Preoperculo idem, inerme. Abertura opercular ampla; um duplo entalhe na arcada escapular acima e abaixo da base das peitoraes. Rastros tuberculares. Escamas fracamente ctenoides, papyraceas, densamente pygmentadas. L. lateral ausente. Dorsal dupla; anal opposta á segunda dorsal» . Vertebras 11 + 13. Post temporaes pouco divergentes, inseridos separadamente. Espécies brasileiras: ^L. lat. 80 G. guavina KL. lat. lOfl á 110 G. brasilitnsis Guavina guavina (Cuv. & vai.) MOREIA-DO-MANOUE D. Vil 4- I, 10: A. 10; L. lat. 106 (á 100 á 110) Forma robusta, posteriormente comprimida; cabeça 3 e 1/6, larga, com a bocca anterior, tendo uma faxa de dentes cónicos nos intermaxillares e mandibula; lábios desenvolvidos, espessos principalmente nos ângulos da bocca, maxillares occultos pela prega cutanea dos preorbitaes. Narinas anteriores tubulares, sobre a fimbria cutanea preorbitaria. Olhos latero su- periores, no terço anterior da cabeça inteiramente subcutâneos. 8 vezes na cabeça. Preoperculo subcutâneo; abertura opercular ampla, proje- 1) Guavina, nome cubano ou da America Central. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL vol. — XVII 5 ctando-se até sobre o plano da articulação das ventraes que ficam sob a ar- ticulação das peitoraes; estas tendo a base attingida pela membrana bran- chiostega que é larga; a cintura escapular tem uma dupla reentrância, acima e abaixo da base das peitoraes; axillas destas pouco profunda. Escamas sobre toda a cabeça, á excepção do focinho e da parte inferior; e sobre todo o corpo, desde o isthme e base das nadadeiras. P dorsai nascendo sobre o meio das peitoraes que são espatuladas e cujo extremo passa de muito o das ventraes, mas não attinge a vertical baixada do es- pinho da segunda dorsal; os 3 últimos raios dessa nadadeira alongados, taes como os mesmos raios da anal, cujo aculeo fica verticalmente abaixo do 3° raio da segunda dorsal; elles tocam os raios accessorios da caudal que é espatulada. Violáceo denegrido uniforme, albicante para o lado ab- dominal; fimbria das nadadeiras albicante Procedente de Santos. Cresce 33 centimetros. «Os exemplares existentes no Museu (de Zoologia Comparada de Cambridge) são procedentes do Ceará, Victoria, São Matheus, Cuba, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Turbo, Costas do Atlântico da America Centrai Barbados e Goyaz». (Eigenmann á Eigenmann). Ouavína brasiliensis, <'^ (Sauvage) D. VII -L I, 9; A. I + 9; L. lat. 80 «Altura 6el/2 no comprimento total; cabeça de 4 e 2/3. Focinho egual ao diâmetro ocular, 5 vezes na cabeça; 2 vezes no espaço interocular. Mandíbula um pouco prognatha, maxillares projectando-se até sob o 3" an- terior dos olhos. Dentes da serie externa largos. Preoperculo sem espi- nhos. Escamas pequenas, ciliadas, 35 series entre a origem da segunda dorsal e da anal. Escamas do alto da cabeça do tamanho das do corpo e chegando á ponta do focinho. Pardo uniforme. Comprimento 0,115 m. — Bahia». (Eigenmann & Eigentnann). 1) Brasiliensis, (Lat.) brasiliense. GOBIID/E<*í Forma aproximadamente subcylindrica. Cabeça moderada; bocca mais frequentemente anterior, mais ou menos obliqua, provida de duas ou mais series de dentes nos intermaxillares e mandibulares. Maxillares es- treitos, delgados, occultando-se sob a fimbria preorbital anterior e, ás ve- zes, projectando-se para fora do angulo da bocca de modo á passar a vertical baixada dos olhos. Peças operculares inermes. Membrana bran- chiostega mais ou menos estreitamente ligada aos lados do isthmo, proximo da base das peitoraes. Arcada escapular normalmente curva, ás vezes provida de processos rastriformes. Rastros curtos, tuberculares. Corpo mais ou menos revestido de escamas ctenoides, cabeça mia e, ás vezes, também todo o corpo. Linha lateral ausente ou formada de secções verti- calmente dispostas sobre o corpo. Dorsal dupla, tendo uma parte óssea, menor e outra ramosa, maior, ás vezes continua, geralmente a parte acule- ada distincta da ramosa que é quasi sempre mais alta; anal opposta á esta. Peitoraes amplas, espatuladas ou triangulares; ventraes reunidas, forman- do um disco adhesive, ás vezes unido ao abdomen em toda a extensão. Caudal sempre espatulada ou bitruncada. Estafamilia encerra peixes de pequena importância e tamanho, geralmente conhecidos, no Brasil, pelos nomes de Amoreia e Maria da Toca. A' seguir vão os géneros constata- dos nas nossas aguas até agora, dos quaes eu excluo, porque considero de família diversa, os demais gobioides que os auctores aqui incluem sob o titulo de subfamilia e designação de Eleotrinae. Os gobios são peixes se- dentários, habitantes das tocas das pedras. Espécies ha que podem sahir fora d 'agua onde se m.ovem com grande rapidez. Em secco, valem-se do disco ventral e se deslocam sobre as pedras e até sobre arvores, com relativa facilidade, afim de capturar pequenos insectos e outros prezas de que vivem. I) Gobius, género referido; eidos, semelhante. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL VOl . — XVII 2 Corpo nú Gobiosoma ^ /Corpo normal . ,' /Arcada escapular provida de appendices •is I /Corpo esca- l rastriforraes Chonophorus r= l V moso . • • < tg \ i / Aculeos dorsaes 2 ) f \ VI . . . . Gobius •" S \ Arcada escapular normal . ' Q / /Aculeos dorsaes oJ f V "^ ou 8. . . Microgobíus O ^Corpo anguilliforme; dorsal e anal ligadas á caudal Gobioides GOBIOSOMA, (1) (Girard) Jord. S: Everm.) Espécie brasileira: Gobiosoma molestum/^' Girard MARIA DA TOCA D. VII + 11; A. 11 «Cabeça 3 vezes no comprimento; altura 3 e 3/4. O mais elevado aculeo dorsal 1 e 3/4 na cabeça, mais elevado raio 1 e 3/4; caudal muito larga e redonda, uma vez na cabeça; ventraes chegando ao anus, 1 e 1/4 na cabeça; peitoraes ligeiramente mais longas. Corpo mais elevado sob o primeiro aculeo dorsal, acuminando-se para o focinho e para o pedúnculo caudal; cabeça ligeiramente mais larga do que alta. Côr amarellada, com traços de faxas escuras transversaes comprehendendo cabeça, corpo, nada- 1) Gobiosoma; Gobius, o gobio, soma corpo. Girard creou este género dando-lhe apenas o nome e designando as espécies typicas; (Proc. Acad. Nat. Sei. Philad— pg. 169—1858. A primeira diagnose apparece no trabalho de Jordan e Eigenmann acima citado, 2) Molestam (Lat.) molestado. 3 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES deiras verticaes e ventraes; uma nodoa negra na membrana interradial da dorsal, entre oprimeiro e segundo aculeos; nadadeiras peitoraes uni- formes. Os espécimens no Museu (de Zoologia Comparada de Cambridge) são de Luis Ville, Pensacola, Florida; e o N" 13.143, de 1 e l/2pollega- das de comprimento, da Bahia. Este exemplar parece muito estreitamente com os de Pensacola, sendo entretanto as nadadeiras algo mais altas». Eigenm. & Eigenm.) Creio ser a espécie em questão o pequeno gobiideo tão commum nas nossas aguas, nas tocas de pedra e vulgarmente conhecido pelo nome de Maria da Toca. Infelizmente não dispõe o Museu, neste momento, de nenhum exemplar para comparação. A Maria da Toca varia da côr amarella (ferruginea) acima referida á sepiacea denegrida, mais commum nos individuos maiores. Sendo con- firmada a minha supposição, o seu habitat estender-se-á até o Rio de Ja- neiro. CHONOPHORUS, (1) Poey Memorias, vol. Il, pg. 274—1861 Subcylindroconicos, de cabeça grande, bocca sub-inferior provida de uma faxa de dentes sub cónicos nos intermaxillares e mandibulares; lábios espessos; maxillares occultando-se sob a fimbria preorbital; preorbitaes elevados; olhos latero-superiores, médiocres; preoperculo e operculo iner- mes. Rastros tuberculares, médiocres. Arcada escapular provida de 2 ou 3 processos rastriformes decumbentes. Escamas ctenoides, ausentes sobre a cabeça . Linha lateral ausente. Nadadeiras duplas, anal opposta á segunda dorsal. [Dentes dos intermaxillares em 2 series C. iajacica Espécies brasileiras: 11 ti faxa C. flavas Chonophorus tajacica, ^^^ (Licht.) AMORÉ GUAÇÚ; PEIXE-FLOR; FLORETE D. Ví + 9 á 12; A. 11; L. lat. 57 á 65) Forma sub cylindrica, moderadamente comprimida para a parte pos- terior do corpo. Cabeça grande, 3 e 1/6, nua, um pouco mais elevada na 1) Conophorus (Gr.): de chone, contr. por Choane, funil, e phorein, v. trazer. 2) Tajacica, brasílico. ARCHIVOS DO MUSEU NACJONAL vol. — XVII 4 região ocular. Focinho grande, menor de i/5 da ametade do comprimento da cabeça; bocca antero-infericr. com os lábios espessos, grandemente di- latados na ametade terminal, reflexos sobre os preorbitaes; dentes em duas series nos iníermaxillares, os da serie anterior maiores, os da mandíbula em faxa, sendo os anteriores egualmente maiores. Céo da bocca e lingua grandemente papillosos. 3 processos rastriformes na arcada escapular. Rastros tuberculares, médiocres, isolados, em pequeno numero. As nari- nas dividem em 3 a parte preorbital da cabeça pela sua posição respecti- vamente equidistante do bordo preorbital e do orbital anteriores. Os olhos são salientes e contidos 7 vezes na cabeça e 1 e 1/2 no espaço interorbi- tal. Linha lateral ausente; escamas ctenoides. Peitoraes, ventraes e anal alvadias; uma tarja violácea procedente do operculo sobre a base das peitoraes. Dorsaes e caudal finamente transfasciadas de pardo violáceo, sendo as faxas mais ou menos ondeantes e interrompidas; corpo e cabeça até metade de sua altura maculados da mesma cor. No focinho descem duas estrias irradiando dos olhos. A coloração fundamental de todo o peixe é a amarella. O exemplar (de 17 centímetros) que sérvio a esta descri- pção procede de Xiririca, donde me foi mandado pelo Snr. Ricardo Krone, de Iguape. Habitat: Agua doce do Brasil e do Mexico. Chonophorus flavus/'^cuv. (SVai D. VI + 1 + 11 á 12; A. 1 + 10; L. lat. 53 á 56 Cabeça 3 e 1/4 á 3 e 2/3 no comprimento, até a base da caudal. Olhos de diâmetro egualando ao espaço interocular e 7 e 1/2 vezes no compri- mento da cabeça. Bocca antero inferior, com os dentes em faxa, tanto nos iníermaxillares como nos mandibulares. Abertura opercular mais ampla que a base das peitoraes. Linha lateral ausente; as escamas ctenoides, as da região cervico-dorsal pequenas, em 21 ou 26 series entre a cabeça e a 1." dorsal que é mediocre e se origina verticalmente sobre o primeiro terço das peitoraes; as escamas da linha mediana cervico-dorsal faltam na parte anterior dessa linha. Anal opposta á segunda dorsal . Ventraes arti- culando-se no mesmo plano vertical das peitoraes. Coloração parda ama- rellada uniíorffle. Os dois exemplares que serviram á presente descripção procedera da Bahia pelo Snr. R. Rathbun. Habitat ; Brasil, da Bahia ao Norte; Guyana Franceza. 1) Flavas (Lat.), amarello. Ci u o u (Tt OJ p: « •— ■*-• r^ nj c« CJ s u O o CN J= Q. O c o u a n o c« c« 3 O u X3 ;a ]õ o O I 5 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES GOBIUS, (') Linnaeus Syst. Nat., Ed. X, pg. 262—1758 Forma subcylindrica, posteriormente comprimida. Cabeça grande, com a bocca sub-inferior com uma faxa de dentes aciculares nos intermaxil- iares e mandibulares; maxillares occultos sob a fimbria preorbital. Oliios lateraes, elevados e médiocres. Peças operculares inermes. Abertura opercular moderada, abrangendo a base das peitoraes. Rastros tuber- culares. Escamas ctenoides, as da região cervico dorsal reduzidas, as da cabeça ausentes, L. lateral ausente. Dorsal dupla, a anal opposta mais ou menos perfeitamente á segunda dorsal. ^ Raios superiores das peitoraes filiformes, mais ou menos soltos da ^ ! membrana interradial G. soporator 2* aS ' (42 Orbita3el/2,L ,a^ 23. . . G. glaucofrenum á 3 e 1/3. J L. lat. 23 á\ (L. lat. 27. . . G. siigmaticiis afta « /Cabeça 3 el iorbita 4 á 5;/'^^'''"f ^^ 2 e •^ c *i l/3á4el/2l f j_ ,gj 32'. 1/8 á 2 e 1/3 Raios supe-l nocompri-j \ á 42 .^ na cabeça. . G. smaragdus ■^ f riores dasl mento 2) . \ i g- í peitoraes 1 i 'Maxillares 3 ve- "^ y normaes. .1 zes na cabeça. G. boleosoma i L. lat. 98 G. iiranoscopus L. lat. 61 G. oceânicas Cabeça 6 ve- zes no com ^ primento. lat. 50 G. badius Gobius soporator, ^^^ cuv. om D. VI + 1, 10; A. I + 10; L. lat. cerca de 50 L. tr. 18 «Cabeça 6 no comprimento total; altura cerca de 7. Perfil anterior muito obliquo; uma linha nos poros atraz dos olhos; um poro acima de cada olho; dous na ametade superior da margem ascendente do preoper- culo; olhos 4 vezes na cabeça; espaço interorbital 3/10 da orbita; caudal 5 no comprimento total; peitoraes 6; côr rubescente ou «baia clara com uma nódoa cinerea e recta posteriormente no centro de cada escama; no dorso e em cima, nos lados, a cabeça é plúmbea, com duas barras azues lividas, projectando-se dos olhos á maxilla superior». (Eigenmann & Eigenmann). Habitat: Amazonas. 1) Bodius, (Lat.) baio. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL vol. — XVII 12 MICROGOBIUS, Poey Enumeratio, pg, 127—1875 «Aculeos dorsaes 7 ou 8, escamas pequeníssimas, cycloides ou fraca- mente ctenoides, corpo escamoso anteriormente e posteriormente, cabeça ruía, nuca, ventre, e peito geralmente assim . Bordo interno da arcada escapular sem processos carnosos; corpo mais ou menos comprimido; bocca ampla, muito obliqua; mandibula conspicua, dentes fortes; ruga interorbital com ou sem carena mediana. Vertebras 1 1 + 1 5 ou 1 6» . (Jordan & Everm). MicrOgObiUS meeki^^^ Everm. & Marsh. D. VII + 18; A. 17; L. lat. 45 á 48 «Cabeça contida de 3 e 1/4 á 3 e 1/2 no comprimento até a base da caudal; a altura de 4 á 4 e 1/2 e 2 vezes o da largura. A carena car- nosa corre para frente desde a dorsal e termina no occiput. O diâmetro orbital é mais comprido do que o focinho, contido 3 e 1/2 na cabeça e é 2/5 mais longo do que o espaço interorbital. A bocca é muito obliqua. Os maxillares chegam até sob o meio dos olhos e são eguaes á 1/2 do compri- mento da cabeça. Os dentes, em estreitas faxas, com os exteriores maio- res e curvos. O comprimento do aculeo dorsal é extremamente variável, attingindo os mais longos, n 'um exemplar, exactamente o extremo poste- rior da dorsal ramosa; em outro até oppostamente o meio da dorsal ramosa e em outro só um pouco á frente. A peitoral é grande e amplamente re- donda e sua ponta chega um pouco alem da frente da dorsal ramosa. As ventraes apenas chegam á anal. A caudal termina n'uma ponta fina, muito mais aguda do que a que se observa na figura de Microgobius meeki. Seu comprimento é egual á base da anal e contido 2 vezes e 4/5 no do corpo. As escamas são finamente ctenoides. A cabeça e o corpo, anteriormente, até a dorsol espinhosa, mis. A cabeça e o corpo uniformemente azulados, muito pouco mais pal- lido inferiormente. A côr consiste antes em maculas contíguas; justamente atraz da cabeça e sobre as peitoraes, ha uma nódoa escura círcumdada de escuro sobre a sua parte superior, deixando de permeio um annel claro. As nadadeiras são azuladas, uniformes, as ventraes, ás vezes, muito escuras e a dorsal ramosa, anal, ventraes e caudal com uma estreita margem branca. Três exemplares foram colligidos (medindo 1 e 1/4 á 1 e 1/2 pollega- das de comprimento), nas poças d'agua dos escolhos de Natal. Esta es- (1) Meeki = dedicado ao naturalista norte-americano Seth Eugene Meek. 13 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES pecie é próxima alliada de M. eulepis de Eigenmann e de M. meeki de Evermann & Marsli, diffère da primeira pelas escamas ctenoides, forma comprimida e cor; da ultima por ter a bocca muito menor e a caudal mais longa e mais pontuda* . (Edwin C. Starks; Micr. umostigma) Não obstante julgamos dever reunir aqui as duas pretensas espécies sob o nome de Microgobius meeki, por serem insufficientes os caracteres differenciaes apontados que, quando muito podem ser tidos em conta de variações locaes. j^'^ b" GOBIOIDES, O Lacépède Hist. Nat. Pûiss., II, 270-1798 Forma anguilloide, cabeça moderada, tenda a bocca anterior, ampla, provida de dentes subulares em faxa nos intermaxillares e mandibulares, sendo os da serie externa os maiores. Maxillares envolvidos pelo liga- mento labial. Preoperculo subcutâneo. Olhos subcutâneos. Abertura branchial limitada á base das peitoraes; rastros setiformes, isolados, fracos. Escamas papyraceas, subcutâneas. Poros mucosos constituindo secções de linhas que são verticaes sobre os flancos do corpo. Nadadeiras dor- sal e anal continuas, longas, uniformes, reunidas á caudal que é bitrun- cada. Estômago simples; intestino muito longo, tendo muitas circumvo- luções e disposto á modo dos de um gyrino. Espécie brasileira: Qobioídes broussonneti <-> Lacép. D. VI á VII + 16 ou 17; A. 17 ou 18 Cabeça contida 8 vezes no comprimento do corpo (até a base da cau- dal). Os olhos 9 á 13 vezes no comprimento da cabeça, 1 e 5/6 á 2 e 1/6 no espaço interorbital e situados verticalmente adiante do angulo da bocca. Esta de contorno semiparabolico, tendo uma faxa de dentes su- bulares, curtos, sobre os intermaxillares e mandibulares; lábios desenvol- vidos, occultando os maxillares. Preoperculo subcutâneo. Abertura oper- cular abrangendo apenas a base das peitoraes que são largas, bitrunca- das e perfeitamente lateraes. Varias linhas de poros mucosos sobre a ca- beça, sendo uma transversal sobre o vertex e que muda na direcção do craneo: esta linha envolve duas outras, parallelas, que se acham situadas 1) Gobius, o gobio; eidos, semelhante. 2) Broussonneti, do Dr. Augustin Broussonnet, ProL na Universidade de AAontpellier. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL VOl. — X\ll 14 longitudinalmente sobre a região cervical; outras, curtas, irradiam dos olhos e das narinas, sendo que uma passa horizontalmente sob os olhos, atra- vessando o preoperculo de diante para traz. As escamas são quasi per- feitamente subcutâneas, sendo as maiores as da parte posterior do corpo, onde a linha lateral se apresenta em secções verticaes, marcando as con- juncções das vertebras. A dorsal é continua, sendo imperceptível a passa- gem dos aculeos para os raios e tanto estes como aquelles são grandemente espaçados; esta nadadeira nasce verticalmente acima da segunda ametade das peitoraes. A anal que nasce sob o primeiro raio da dorsal tem, como esta nadadeira, os seus raios muito separados e o ultimo ligado á caudal pela membrana interradial. As ventraes são grandes, egualando ao compri- mento da cabeça que vae da ponta do focinho á orla do preoperculo. A caudal é longa e subtriangular. Um exemplar, procedente de Alagoas, tem a côr fundamental amarella, com barras violáceas de bordos indis- tinctos, sobre todo o corpo e a cabeça e direcção das hasmapophyses e neurapophyses, naquelle. As nadadeiras têm os raios denegridos, sendo que nas peitoraes o extremo dos raios inferiores é branco e nas ventraes são totalmente dessa côr. Na parte superior do corpo domina o violáceo denegrido. Dous exemplares de Iguape, que me foram manda- dos pelo Snr. Ricardo Krone, estão descorados pelo alcool. Habitat: Atlântico e rios da America, desde o Mexico Oriental, na do Norte, até Iguape, na do Sul. STYLOTI 0) Pectinibranchios subclaviformes, mais ou menos deprimidos ou quando muito comprimidos na parte posterior do corpo. Dentes subconicos, comprimidos, geralmente caninos presentes e operculo armado d'um ou 3 eslyletes, ás vezes outro na arcada escapular; escamas presentes ou ausen- tes. Linha ialeral idem, no primeiro caso sinuosa, ás vezes múltipla, tendo pseudophotophoros Ventraes deslocando-se para sob a garganta. Dorsal dupla ou única. ^Lábios franjados e as franjas se entrelaçando Uranoscspidœ C/3 S /L. lat. múltipla, provida de pseudophotophoros, Porichthyidœ Lábios intei- ros /Ventraes li- I vres ,1* dorsal ausen-i te ou com U á' IV aculeos ' Aculeos oper- culares ocos Thalassophrynidoí j Aculeos oper- culares ma- cissos BatrachoididcB ^L. lat. normal ^ [ Ventraes reunidas aos flan- 1 cos, formando discos com V duas pregas cutâneas . . . Gobiesocidce 1» dorsal normal Percophidce (1) Síyto = estylete ; otis = ouvido, orelha. URANOSCOPID (1) Os peixes d'esta familia têm o corpo subclaviforme e a cabeça sub- cuboide, sendo a bocca verticalmente fendida e a região glosso-isthmica muito espessa com a projecção anterior do isthmo, donde uma apparenciade truncatura anterior, muito accentuada. Bocca ampla, protractil, lingua espessa, ás vezes provida d'um tentacuio protractil; intermaxilares estreitos, providos de dentes médiocres, bem como o vomer e os palatinos; os maxillares lar- gos; mandibulares grandes, attingindo o mento o plano superior de ca- beça; tanto o lábio superior como o inferior franjados, correspondendo-se os interspaços das franjas alternadamente, de modo á fechar por completo a cavi- dade oral. Narinas duplas, pequenas, próximas, superiores. Olhos superiores, médiocres, não subcutâneos; ossos craneanos totalmente apparentes e rugo- sos ou apenas mostrando-se em parte, por placas isoladas. Região perio- phthalmica interna, ás vezes, provida d'uma calha externa, de bordos fran- jados; partes externas dos órgãos eléctricos, capazes de produzirem cho- ques apreciáveis. Infraorbital isolado do preoperculo; esta ultima peça e o sub operculo, ás vezes armados. Abertura opercular ampla, com a mem- brana livre desde o isthmmo. Isthmo espessado pelo redobramento da membrana branchiostegaque forma, ahi, uma valva transversal (sub-discoide) entre os ossos angular e dentário, occultando os branchiostegos. Escamas pequenas, cycloides, espessando-se na região cervico dorsal. Linha lateral presente, elevada, acompanhando na sua maior parte a base da dorsal. Esta nadadeira dupla, a anterior mediocre, baixa. Peitoraes amplas, ven- traes recobertas de pelle espessa. Anal opposta á segunda dorsal e caudal geralmente truncada ou curva. Pseudobranchias presentes. Estômago caecal e poucos caecos pyloricos. 1) Uranoscopus, género referido; eidos, semelhante. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL VOl. — XVII 2 Os uranoscopideos são peixes sedentários que passam a vida deita- dos sobre os fundos arenosos, á espreita das prezas que lhes passem proxi- mo. Carnívoros, occultam-se na areia para melhor garantir o êxito das suas victorias, nos assaltos á victimas incautas que lhes servem de pasto. I' Cintura escapular provida de um aculeo externo de di- recção postero-superior Uranoscopas Cintura escapular desprovida de aculeo externo Asiroscopus URANOSCOPUS, O Linnaeus Syst. Nat., ed. X, pg. 25.0-1758 «Cabeça superiormente recoberta de placas ósseas. Preoperculo armado inferiormente de quatro á seis aculeos. Maxilla inferior com a margem inferior inteira e não entalhada abruptamente; seu véo membranoso interno provido de um filamento. Corpo coberto de escamas; Duas nadadeiras dorsaes: a primeira com três, quatro ou cinco aculeos curtos; o segundo correspondendo á anal. O género Uranoscopus fica aqui restricto áquellas espécies que se assemelham ao muitíssimo conhecido Uranoscopus scaber na forma do corpo, escamas, nadadeiras, armação da cabeça e presença de um barbilhão intralabial. As outras espécies que foram á elle referidas, por alguns naturalistas, não parecem ahi pertencer, porém, são antes os typos de muitos géneros distinctes e bem caracterisados. O género, tal como é aqui definido contem 9 espécies conhecidas» . (Gill.) Espécie brasileira: Uranoscopus occidentalis/^) Agass. D. IV + 14; A. 14; Vs. 6 «Cabeça conicamente subtetragonal, na parte superior horizontalmente aplainada; peças oraes e operculares verticaes; garganta plana. Bocca com o extremo verticalmente no alto da cabeça, a mandíbula vertical quando ;a bocca está fechada, horizontal quando está aberta e então formando um angulo recto com a maxilla superior. Os ossos do craneo insculpidos 1) Uranoscopus (Gr.); Ouranos = céo; scopein = olhar. 2) Occidentalis (Lat.); Occidental = occidente; em opposiçâo á espécie da Europa, consi- derada oriental. 3 A. DE MIRANDA RIBEIRO — TAUNA BRASILIENSE — PEIXES e fortemente rugosos no lado externo. O primeiro infraorbital rugoso, mui- to largo, recobrindo totalmente os maxillares, prolongados anteriormen- te em dous aculeos; operculo dentritico, radialmente insculpido, provido na margem posterior de uma larga membrana franjada; preoperculo duplamente lacunoso e rugoso, provido na orla inferior de quatro espinhos agudíssimos; sub-orperculo com um único aculeo. Membrana e raios branchiostegos recolhida para frente sob o preoperculo. Olhos pequenos, distantes entre si no alto da cabeça, olhando para cima. Bocca ampla, vertical, com os lá- bios espessos sub-franjados; lábio superior sustentado pelos estreitos ossos intermaxillares, dos quaes os processos alongados são recebidos entre as orbitas. Ossos maxillares superiores sem dentes, mais largos junto aos intermaxillares, verticaes. Mandíbula mais longa do que a maxilla superior, muito proeminente quando a bocca está aberta; o seu osso articular prolon- gado posteriormente n'um agudíssimo aculeo. Língua muito longa, obtu- sa. Osso escapular prolongado posteriormente em dous aculeos, humero armado d'um aculeo mais longo, quasi recto e dirigido para cima. Tronco fusiforme, subcylindrico, anteriormente muito espesso, posterior e gradativa- mente attenuado e cada vez mais comprimido, recoberto de pequenas esca- mas, immersas na pelle e dispostas por series obliquas. Todas as escamas mui delgadas, membranaceas, oblongas, cycloides. Linha lateral descendo do angulo superior do operculo, curva para baixo e d'ahi ganhando quasi o alto do dorso, junto á inserção da dorsal á que fica parallela até o inicio da caudal, onde se curva para baixo até o meio d'essa nadadeira. Dorsal dupla, parte anterior com raios simples, tenues, reunida pela membrana á segunda cujos raios são articulados, simples, ou apenas bífidos. Caudal truncada, com os raios exteriores simples e mais curtos. Anal com a ponta dos raios envolvida por pelle'mais espessa. Ventraes thoracicas, envolvidas por espessa pelle, com o primeiro aculeo curtíssimo. Peitoraes redondas. Vários exemplares de tamanho diverso, em alcool, no Museu de Monaco» (Agassiz). ASTROSCOPUS, (1) Brevoort In. Qill,, Nomencl. Amer. Fishes, Pr. Acad. Nat. Sei. Philad. pg. 19—1860 «Corpo vigoroso. Cabeça superiormente não de todo recoberta de placas ósseas, placa occipital cessando muito para traz das orbitas; da li- nha mediana, anteriormente, um processo ósseo, Y-forme, projectando-se para diante, as pontas da furca entre os olhos; um espaço trapezoidal em cada lado do y, coberto de pelle niía. Uma calha recoberta posterior e no 1) (Gr.) Astron — astro; scopto = olhar; allusão á sede superior dos olhos. ARCmVOS DO MUSEU NACIONAL VOl. — XVM 4 lado interno de cada olho, terminando junto á frente das orbitas, tendo as margens franjadas . Cabeça sem aculeos; o aculeo humeral obsoleto; lábios e narinas franjadas; bocca desprovida de tentaculo retractil. Os jovens com o alto da cabeça largamente recoberta de osso. Cabeça sem escama, dor- so e lados cobertos de escamas contíguas; ventre o mais das vezes nú. Ventraes sem aculeo anterior. Primeira dorsal pequenina, com 4 á 5 espi- nhos baixos, pungentes, reunidos pela membrana á segunda dorsal que é elevada e longa; peitoraes e ventraes grandes. Espécies americanas, distinctas das do género do Velho-Mundo — Uranoscopus, especialmente pela cabeça inerme.» (Jordan & Eyermann). Í2' D. clara maculada de negro A . sexspinosus Espécies /D. iv á v + ii á i4.-{ í; , , j (2' D. com três estrias obliquas negras A. y-grecum no Brasil (d. vi + 13; 2» d. com a orla denegrida A. guttatus Astroscopus sexspinosus,'^^ (steind.) D. VI + 13; A. 13; Ps. 20; Vs. 114 «Seis curtos aculeos na primeira dorsal; um arco semilunar na orla inter- na de cada olho, fortemente franjando nas membranas lateraes (como os lábios . Dous aculeos de egual comprimento nos preorbitaes. Os aculeos no preoperculo obtusos. Nenhum no humerus, na escapula ou no sub- operculo. Comprimento da cabeça cerca de 3 e 1/2 vezes no comprimento total. Caudal truncada na orla posterior. Primeira dorsal negra, segunda com a orla denegrida. As peitoraes, a anal e a caudal denegridas com uma fímbria clara na ultima, essa fimbria abrange apenas os lados; coloração fun- damental cárnea violácea mais escura superiormente» (Comp. Steindachner & Lahille). Habitat: Atlântico, do Rio de Janeiro á Republica Argentina. Astroscopus y-grecum, '^^ cuv. & vai. D. IV + 1, 10; A. 13; L. lat. 80 Cabeça 2 vezes e 1/2 a 2 e 5/6 no comprimento do corpo, até a base da cauda, maior que o comprimento das peitoraes. Dentes pequenos em faxa, cónicos e moveis nos intermaxillares, mandibulares, vomer e palatinos. Olhos cerca de 1 1 vezes na cabeça, sub-peduncu!ados. Preorbitaes despro- vidos de aculeos. Côr fundamental cárnea cineracente, diluindo-se para o branco á proporção que caminha para o lado abdominal. Peitoraes dene- I 1) Sexopinosus (Lat.) com seis espinhos na 1* dorsal 2) Y-grecum (Lat.) = o y formado pelas apophyses anteriores da placa occipital transve- ra posterior. 5 A. DE MIRAiNDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES gridas; duas maculas negras, oblongas, grandes, na orla da dorsal, uma larga da mesma cor, na anal; caudal negra com duas faxas brancas longitudinaes no centro e duas outras marginaes nos lados. Dorso recoberto de peque- nas manchas sub-ellipticas, brancas. O primeiro exemplar deste peixe que consegui, O de procedência brasileira, pertence hoje á Municipalidade e procedia do mercado do Rio de Janeiro donde me foi mandado pelo Sr. Arthur Moreira. Habitat: Atlântico Occidental, do Cabo Hatteras, na Ameri- ca do Norte ao Rio de Janeiro. Aßtroscopus guítatus, <^^ Abb. D. IV á V + 13 á 14; A. 13 Stelndachner affirma não ser esta espécie rara no Rio de Janeiro. Dif- fère da precedente por ter dous aculeos adeante dos olhos e de direcção póstero anterior, ser um pouco mais longo, ter a 2' dorsal estriada obliqua- mente de negro (3 faxas). Hab. Atlântico Ocidental, de Long Island ao Rio de Janeiro. 1) Boi. Min. Agric, Anno I, Março de 1912 pg. 16., est. I. 2) Gí/«u//ís(Lat.)= Cheio de gottas PORICHTHYIDyqE:<^) Peixes sub-claviformes, posteriormente comprimidos, de cabeça sub- cuboide. Bocca anterior, provida de dentes caniniformes ou aciculares, agu- dos e de tamanho diverso nos intermaxillares, vomer, palatinos e mandibula; intermaxillares longos; maxiilares longos, sub-triangulares. Narinas duplas. Olhos supero-lateraes. Operculo baccillar com um processo espiniforme que se projecta para fora da pelle, sobre os lados da cabeça, desprovido porém, de apparelho mucoso basilar e de tubo interno. Abertura branchial late- ral, abrangendo a base das peitoraes. Rastros lamellares, médiocres. Linha lateral tríplice sobre o flancos. Dorsal dupla, a parte anterior pouco desenvol- vida, geralmente tendo II aculos; anal opposta á segunda dorsal e de forma idêntica á ella. Ventraes jugulares. Peitoraes largas. Vesícula natatoria pre sente, sub-reniforme. «Numerosas linhas de pontos prateados, brilhantes, dis- tribuídos em series sobre a superficie do corpo. Estes pontos foram chama- dos órgãos phosphorecentes comquanto tal funcção não tenha ainda sido observada, provindo o nome d'uma semelhança superficial. Taes órgãos ditos phosphorecentes são dispostos em series sobre o corpo e são defini- dos e característicos e inteiramente constantes em localisação em différentes indivíduos (de Porichthys). São acompanhados por series de órgãos sen- sitivos, tendo os dous intima relação na distribuição sobre a superficie do peixe. Em vista superficial os órgãos brilhantes tem uma apparencia brilhan- te, um contorno mais ou menos redondo e tamanho de uma simples macula de O, 8 mm de diâmetro e circulado ou limitado de um lado por um accresci- mo de pigmento. O botão terminal apresenta um ponto redondo, transparente ou pellucido e geralmente um pouco elevado. Cada botão terminal é limita- 1) Porichthys, género referido; eidos, semelhante. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL vol. — XVII 2 do por um par de papillas. Ha cerca de 20 linhas bem definidas. Os órgãos phosphorecentes são encaixados em tecido conjunctive da derma da pelle e mostram, em secção, uma estructura geral, uniforme, em todo o corpo. Um órgão typico, das series anal e ventral, consiste em um grupo de cellu- las esternamente esphericas, chamadas lentes, jazendo n'uma profunda armação cyathiforme — a capsula, e esta é, por sua vez, revestida d'uma ca- psula de tecido conjunctive fibrillar, chamada o reflector. A lente consiste de cellulas polygonaes no centro do grupo e achatadas ou fusifornies na pe- ripheria. Elias têm um grande núcleo conspícuo e um corpo cellular denso, homogéneo e altamente réfringente. O contorno das cellulas é muito dis- tincte. Nas cellulas da capsula os núcleos se colorem mui rapidamente, po- rém, o protoplasma granular com muita difficuldade e as cellulas circumja- centes são indistinctas e em geral obliteradas. Em alguns exemplares os septos de tecido conjunctive penetram na capsula. Capillares sanguíneos es- tão sempre presentes. O reflector se estende bem em torno dos lados da lente; elle consiste em tecido conjunctive fibrillar que reflecte fortemente a luz. Muito pigmento é encaixado entre es seus faxes. Não foi ainda des- coberto nervo algum diriginde-se ao órgão. Os órgãos phosphorecentes em desenvolvimento não apparecem no embryão do peixe, emquanto este não attinge 15 á 16 mm. de comprimento. Então apparece um botão na folha inferior da epiderma que depressa se terna constricta como uma massa es- pherica de conchas jazendo no tecido conjunctive sub-epidermico. Esta mas- sa, depois, alonga-se ligeiramente e dá logar, por constricção, á lente e á ca- psula. O reflector é desenvolvido do tecido connective circumvizinho, assim como as cellulas pigmentares. Os órgãos maduros só são encontrados em animaes de comprimento superior á 20 mm. (em Porichthys). O betão terminal apparece muito mais cedo (9 á 10 mm.)» C. W. Greene, in Jordan e Evermann). Em geral, es ichtyolegistas deixam estes peixes reunidos aos Batra- cheidideos, e Thalassophrynidae, o que não fazemos aqui, não somente per força da lógica mas em attenção á existência de tão importantes órgãos, per- feitamente diiferenciados, reunidos aos demais caracteres acima enumerados. Tal como a consideramos aqui, esta familia fica constituída pelo género. PORICHTHYS, (1) Girard. Proc. Acad. Nat. Sei. Philad,. pg. 141—1854 Corpo anteriormente subprysmatico, posteriormente comprimido; intei- ramente mi. Cabeça grande, bocca anterior tendo os dentes caniniformes ou 1) Porichthys (Gr.)/ de poros, o poro; ichthys, o peixe; allusão as punctulações (linhas de poros mucoso e pseudophotophoros) encontrados no corpo da espécie typo. 3 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES aciculados, curvos, de tamanho diverso, em uma serie sobre os intermaxil- lares, vomer, palatinos e mandibula. Maxillares fortes, não incluídos sob os preorbitaes. Olhos supero-lateraes, em vida proeminentes. Operculo "T forme, a maior haste do t horisontal e modificada em aculeo canellado. Abertura branchial abrangendo a base das peitoraes. Rastros lamellares; curtos. Linha lateral múltipla, longitudinal, sobre os flancos; os poros mucosos providos de franjas dérmicas. Diversas series de órgãos seme- lhantes aos photophoros parallelos aos poros mucosos e distribuídos egualmente sobre a cabeça e abdomen . Vesícula natatoria presente, enta- lhada anteriormente. Peixes sedentários, constituindo poucas espécies; das quaes a que se encontra em aguas brasileiras é a seguinte: Porichthys porosissímus, (Cuv. & vai.) BACALHÁO; MANGANOÁ-LISO; NIQUIM D. n + 38; A. 35 Forma siluroide; cabeça sub-quadrangular, alongada, contida 3 e 1/2 vezes no comprimento, até a base da caudal; ella tem o lado superior sub- plano ou ligeiramente concavo, a bocca anterior com a mandibula ligeira- mente concava, bocca anterior com a mandibula ligeiramente prognatha; dentes caninos, em uma serie nos intermaxillares e palatinos, em duas na mandibula, sendo os maiores os dous internos dos palatinos e os três pos- teriores de cada lado da mandibula. Maxillares longos e largos no extremo externo que passa com o vértice a vertical baixada da orla posterior dos olhos. Olhos subpedunculados, retracteis, egualando o seu maior diâmetro 1/6 da cabeça. Operculo é um espinho longo, carenado e de base estreita e trans- versa, tem aproximadamente á forma do operculo de Thalassophryne. Rastros 1 + 13, lamellares, aciculados no extremo livre do bordo superior. Aber- tura branchial abrangendo a base das peitoraes que são sub-triangulares, e egualam ao comprimento que vae da pupilla ao bordo da membrana opercular. Ventraes sob o angulo inferior da abertura opercular; são pouco menores que a caudal que é espatulada e tem o bordo posterior curvo. Dorsal dupla, os dous aculeos que formam a parte óssea, reduzidos; parte ramosa pouco posterior á anal e como esta tendo o bordo livre paralle- lo á base e recortado segundo a terminação dos raios. 4 linhas longi- tudinaes de poros mucosos no corpo, duas das quaes acompanham a base das nadadeiras dorsal e anal; varias outras sobre a cabeça, 2 linhas longitudinaes de pseudo-photophoros no corpo; uma percorre a linha mediana e outra desce da axilla, em curva, até apanhar a altura doutra linha que vindo da base das ventaes pára na transversal do anus; e segue de- pois até perto da base da caudal em parallela á anal. Um curto arco ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL voi. — XVH 4 que percorre a parte inferior da base das peitoraes, completa um cemi- circulo com o arco da linha inferior que nasce na axilla. Sobre a cabeça; acompanhando os contornos dos branchiostegos e da mandíbula ha ou- tras linhas d'esses órgãos, bem como na vertical posterior da orbita. Cor plúmbea denegrida superiormente, albicante inferiormente; essas duas cores se combinam em cerca de 8 fachas transversaes no corpo; região peristomal e ocular denegridas, bem como a fímbria da dorsal e da anal e uma estria intermediaria entre a fimbria e a base da dorsal. Este peixe é impropriamente chamado de Bachalháo no Rio de Janeiro: é pouco com- mum e não tem importância commercial. THALASSOPHRYNID/E d) Forma siluroide, cabeça deprimida, corpo posteriormente comprimido. Cabeça grande; bocca supero-anterior com os intermaxiiiares pouco pro- tracteis e providos de uma ou mais series de dentes pequenos e obtusos também presentes no vomer e nos palatinos e nos mandibulares. Narinas duplas, superiores. Olhos superiores, subpedunculados, geralmente provi- dos de um disco na iris. Peças operculares subcutâneas, o preoperculo muito reduzido. O operculo bacillar, vertical, emittindo um processo supe- rior espiniforme, cananiculado, em communicação com um sacco mucoso. Abertura branchial estendendo-se por sobre a base das peitoraes. Rastros medíocres, sub-Iamellares, Pelle nua; linha lateral constituída de canaes contínuos ligando os poros mucosos, múltipla sobre a cabeça, tríplice no corpo; a mediana sempre continua. Dorsal dupla, a parte anterior consti- tuída de IV ou II aculeos cananiculados, em communicação com saccos mucosos; a parte posterior geralmente confluente com o pedúnculo ou base da caudal. Peitoraes largas. Ventraes jugulares, espaços com poucos raios, o primeiro isolado no ápice. Œsophago musculoso. Vesícula na- tatoria espessa, subglobosa, reniforme. Estômago syphonico, extenso; in- testino curto, recto e espesso. Os Thalassophrynídse são peixes sedentários que vivem occultos na lama do fundo dos rios e emboccaduras ou próxima da costa no oceano. São muito perigosos por causa dos ferimentos dolorosos que produzem com os aculeos do operculo e da nadadeira dorsal, ferimentos que não raro são acompanhados de infecções, mais ou menos graves, resultantes da mucosidade que esses aculeos podem injectar. 1) Thalassophyne, género referido; eidos, semelhante. I ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL VOl. — XVII 2 THALASSOPHRYNE, (D Günther Catalogue of Acanthoplerygran Fishes of the British Museum vol. Ill, pg. 174—1861 Forma siluroide; cabeça grande, deprimida, tendo a bocca superior com OS intermaxillares moderadamente moveis permittindo uma ligeira projec- ção anterior; tanto estes como os mandibulares providos de uma ou duas filas de dentes médiocres, eguaes ou subeguaes; vomer e palatinos provi- dos egualmente de uma única serie de dentes subconicos, comprimidos. Narinas duplas, sem tubos. Olhos superiores, no terço anterior da cabeça, subnedunculados. Operculo modificado em, aculeo occo, de basp transver- samente dilatada, quasi affectando, por isso, a forma de um f— , cuja haste maior ficam horizontalmente disposta; esta haste está em connexão com um sacco mucoso que contem um muco venenoso. Abertura branchial an- terior á base das peitoraes e acompanhando-a. Pelle completamente mia; viscosa; linha iateral presente, consiituindo um canal cuianeu que, par- tindo dos olhos vae a base da cauda pelo perfil superior do corpo e emitte um ramo que fica proximo dos aculeos dorsaes. Outros poros em grupos sobre a cabeça, base da anal e caudal. Dorsal dupla; a anterior espi- nhosa com 2 espinhos; estes constituindo outros tantos tubos occos, em communicação com saccos mucosos que ficam na base e contêm egualmente muco venenoso. A parte ram.osa é cpposta á anal e tanto uma quanto outra tem o ultimo, raio unido, em quasi toda extensão, á base da caudal ou ao pedúnculo. Vesícula naiaiuiia picsenie, leiíiíoiine, iransversameiííe dis- posta; figado volumoso, vesícula biliar grande; estômago syphonico longo e intestino muito reduzido. Rectum espesso. 1) Thatassos, o oceano; phryne, o sapo (sapo do mar). AUiado á este é o género Thalasso- tUa de Berií, com uma uiiica tspecie, encomrdda em vários exemplares, apanhaJua nas cercanias de Montividéo, emboccadura uo Prata. Berg assim define o género e a eipecie: THALASSOTHIA, Berg. «Cabeça dilatad.'', deprimida. Corpo anteriormente subcyiindrico, posteriormente compri- mido, nú. Dentes ma.xiiiare; cumcos. (Jp^rculo provido d'um aculeo concavo. Primeira na- dadeira dorsal com dous acuieoí côncavos e a seguntia com dous aculeos pequenos e muitos raios. Dorsal e anal separadas da caudal, os dous primeiros raios anteriores da anal isolados dos outros. Thalassothia moníevidensis, Berg. D. II + 11 + 16; A. 11 + 14; 26, 1 + 2; Ps. 16 Obscuramente isabellina, variegada de fusco e de negro, com a parte posterior do corpo (parte caudal) isabellina mais clara, ornada de três faixas denegridas, largas; ventre e peito de cor branca suja. Comprimento (caudal incl.) 16; i ircumf. na base da cabeça 14; altura 4. id base da cauda 3 cm.» (Carlos Berg). 3 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES Espécies brasileiras: fPs. 13 á 14, cabeça 1/3 do comprimento do corpo. T. amazonica (Dentes maxillares em umal fi'^ < Ps. 16; cabeça menor que/ Nadadeiras orladas de 1/3 do comprimento doV claro T, punctata corpo < /Nadadeiras orladas de l, escuro T. nattereri \ Dentes maxillares em faixa estreita T. branneri Tbalassophryae amazonica, ('> steind. D. II + 20; A. 18; U. 1 + 2; Ps. 13 á 14 «Dorsal e anal reunidas á caudal. Tronco com 6 faxas transversaes pardas escuras, das quaes cinco partindo ao longo da base da segunda dor- sal; duas mais estreitas indistinctas, na cabeça, o restante, bem como a peitoral, marmorado e maculado de pardo. A largura da cabeça é contida cerca de 1 e 1/3 iio comprimento d 'esta que é contido justamente 3 vezes no comprimento do corpo e um pouco mais de 3 e 3/5 no total; ella é aproximadamente quadrangular e deprimida. Os olhos são muito pequenos, dirigidos para cima e separados entre si tanto quanto o são da orla anterior do focinho. A largura da fronte chega á cerca de dous diâmetros oculares. A mandíbula eleva-se muito abrupta- mente para cima e excede anteriormente a orla intermaxillar. Os dentes de ambas as maxillas, bem como do vomer, são cónicos e mais ou menos obtusos na ponta, nos intermaxillares um pouco menores do que na man- díbula; e nesta ultima mais fracos e mais curtos do que no vomer. Só na mandíbula formam os dentes, na symphyse, duas filas, no resto apenas uma. O aculeo do operculo é longo, agudo e ponteagudo e como o aculeo dorsal, fracamente envolvido por uma espessa pelle; seu comprimento vae á 1/3 do comprimento da cabeça. A peitoral é fortemente des- envolvida, longa e pontuda e chega horizontalmente, para traz, á vertical da base do 3 ou 4 raio anal. O comprimento da nadadeira peitoral eguala á separação que medeia entre as bases do aculeo opercular no extremo anterior da cabeça. As ventraes são lar- gamente anteriores ás peitoraes, quasi 1/2 do comprimento da ca- 1) Amazonica, do Amazonas. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL VOl. — XVII 4 beça e chega com á ponta do mais longo raio externo indistinctamente e posteriormente á base do mais baixo raio peitoral. A segunda dorsal e a anal mostram um desenvolvimento perfeitamente egual e se projectam em toda a altura do ultimo raio sobre a caudal que, é contida em 2/3 do com- primento da cabeça e posteriormente oval. Os dous aculeos da primeira dorsal são delgados e ponteagudos e apenas mais curtos que o do oper- culo. A espessa pelle do corpo envolve fracamente a cabeça e o tronco como em muitas espécies de Batrachus. Só pelo ressecamento da pelle da ca- beça ficam as estrias froníaes visíveis externamente. A cabeça e os lados do corpo são marmorados e manchados de pardo sobre um fundo pardo . Duas faxas pardas escuras, transversaes, de largura mediocre e de bordos diffuses, pardas sobre a cabeça; a anterior dirige-se, da orla ocular, obli- quamente para traz e para baixo e é interrompida pela fronte; a posterior vem da região cervical á orla da abertura opercular, algumas vezes, porém, não chega á se desenvolver. A primeira faxa do tronco fica na base da primeira dorsal e perde-se ás vezes, em duas faxas; da segunda até a quinta as faxas correm da base da segunda dorsal á base da anal. Sobre a base da peitoral, ha como sem- pre parece, uma larga faxa parda, muito mais estreita. A maior parte res- tante das peitoraes é, óra irregularmente maculada, óra constituem as ma- culas filas transversaes, como sobre a caudal. Sobre a segunda dorsal e sobre a anal ficam as maculas pardas e filas obliquas. O maior exemplar da nossa collecção mede 2e 1/2 pollegadas. Thalassophryne amazonica parece ser um verdadeiro peixe d'agua doce, pois que até agora só foi colllgida na embocadura do Rio Negro e no Amazonas a meio caminho de Tabatinga (por Natterer e Wessel) as- sim como no Xingií» . (Steindachner) . Thalassophryne punctata,^') steind. D. n + 20; A. 19; Vs. 1 -f 2; Ps. 16 «Cabeça e corpo com pequenas maculas punctiformes, nitidas, negras, Cabeça parda escura. Lados do tronco, superiormente, cor de chocolate, inferiormente cambiando para um pardo cinereo; anal parda cinerea clara e na orla inferior debruada de pardo escuro. O comprimento da cabeça, até o extremo superior da abertura das guelras, egual a sua largura e quasi 1) Punctata, (Lat.) cheia de pontos. 5 A. DE MIRANDA RIBEfRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES 3 vezes no comprimento do corpo, um pouco mais que 3 e 2/5 no total . Lado superior da cabeça plano; os olhos muito pequenos; a mandíbula prognatha. Largura da fronte cerca de 1/4 do comprimento da cabeça. L Dentes maxillares e vomerinos em uma fila, obtusamente cónicos, de ta-V^ manho reduzido e os dentes intermaxillares maiores do que os restantes . ^• Apenas anteriormente, na mandíbula, constituem os dentes uma segunda, (externa) fila. A delgada ponta do aculeo opercular é maior do que 1/4 do compri- mento da cabeça e um pouco mais comprido que dous dorsaes. O maior raio dorsal é mais longo que a metade do comprimento da cabeça e attinge, com a sua ponta a origem da anal. A segunda dorsal e a anal são reunidas posteriormente á base da caudal por uma membrana. A caudal é oval posteriormente, medindo meio comprimento da cabeça e um pouco mais que as ventraes. A anal é orlada de pardo escuro infe- riormente. Sobre todo o corpo ha maculas punctiformes nitidamente limitadas e em grande numero; apenas sobre o lado claro, inferior da cabeça e no ven- tre ellas faltam, bem como sobre as ventraes e sobre a anal. A espécie aqui descrípta é próxima de Th. reticulata de Günther, das costas Occidentaes da America Central, differindo não só pelo já visto colorido do corpo, como pelo menor numero de raios da segunda dorsal e da anal. Proc. Bahia— Porto Seguro (Mus. Cambridge)». (Steindachner). Thalassophryne nattereri, (*> steind. D. II 4- 20; A, 19; Vs. I + 2; Ps., 16 «Todas as nadadeiras, com excepção, ás vezes das ventraes, orladas de claro, adiante ou abaixo da orla de côr parda denegrida. Lado superior da cabeça na ametade anterior, com um marmorado fino, dendritiforme, par- dacento, sobre um fundo mais claro. Cabeça larga, deprimida, redonda nos lados. O habitus geral d 'esta espécie como em Batrachus. A cabeça até a ponta do aculeo opercular é contida cerca de 3 vezes e meia no compri- 1) Nattereri, dedicada oo colleccionador austríaco Johannes Natterer. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL VOl. — XVII 6 mento total, ou um pouco menos de 3 vezes no comprimento do corpo, pois que, o comprimento da nadadeira caudal comprehende um pouco mais de 2/3 do comprimento da cabeça. A largura da cabeça entre os operculos cresce com a edade e, em exemplares de cerca de 5 pollegadas, eguala ao comprimento da cabeça, em indivíduos de cerca de 2 e 3/4 pollegadas, po- rém é mais curta do que aquelle. Os dentes nos intermaxillares constituem apenas uma fila, como no vomer e são maiores do que os da mandíbula, anteriormente na parte trans- versa constituem uma estreita faxa. A mandíbula eleva-se gradativamen- te para frente e para cima e sobrepuja os intermaxillares; a largura do hiato, entre os ângulos da bocca, chega á 2 3 do coraprimento da cabeça. Os olhos são muito pequenos, superiores e a sua separação um do outro ou a largura da fronte, é contido 5 e 1/3 á 5 e 1/2 no comprí.mento da ca- beça. As peítoraes fortemente desenvolvidas e em forma de leque, attin- gem no ultimo raio o seu maior comprimento que é contido, nos exemplares jovens 1 e 2/5 nos velhos cerca de 1 e 3/5 no comprimento da cabeça. A segunda dorsal e anal são reunidas posteriormente á caudal pela membrana interradial. Os dous aculeos da primeira dorsal e o aculeo do operculo são to- talmente envolvidos por espessa pelle; o ultimo é um pouco mais compri- do que o primeiro. A orla posterior das ventraes é como que truncada e excedida pelo prolongamento filiforme do aculeo ventral. A linha lateral se projecta para diante até a orla do focinho sob os olhos, converge para a que contorna os lados do corpo até a origem da primeira, dorsal e percorre, assim, a base das duas nadadeiras d'esse nome. Ella constitue um raro ca- nal aberto superiormente e emitte, sobre a região opercular, outros ramos curtos, lateraes, para cima e para baixo. Muitos appendices dérmicos, curtos na orla anterior do focinho e na mandíbula, e ametade inferior da prega do lábio inferior. O tronco é mais ou menos pardo avermelhado, o lado ventral amarello pardacento. As nadadeiras mostram para junto da base, uma coloração albicante ou vermelha parda e uma nitida orla esbranquiçada na fimbria; todo o resto de sua extensão é, particularmente perto da orla clara da fim- bria, pardo denegrida. Nos jovens ha, no meio das ventraes albicantes, uma nódoa parda mais escura; nos mais velhos, desloca esta ultima a cor clara, reduzindo-a á uma estreita orla marginal. Nos jovens ha 2 ou 3 largas faxas transversas indistinctas, no tronco, que não chegam, porém muito alem sobre os flancos. Procedência: Amazonas perto de Pará. Thalassophryne nattereri é muito próxima de Th. maculosa, Gthr., da qual, comtudo, se afasta pelos desenhos do corpo e das nadadeiras e particularmente n'estas, pela posse de um raio á mais na segunda dorsal e na anal; demais ficam estas nadadei- ras unidas pela membrana interradial á caudal» . (Steindachner). Thalassophryne branneri, Starks (0"',18) vista de flanco Thalassophryne branneri, Starks (0"',18) vista de cima A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES Thalassophryne branneri/'> starks MOREIATIM D. II + 17; A. 19 Cabeça 2 e 3/4 até a base da caudal e de largura egual á distancia entre o mento e o 1° aculeo dorsal; bocca superior, o mento entrando no perfil dorsal; dentes intermaxillares e mandibulares n'uma estreita faxa; de duas ou três series, no vomer e palatinos n'uma única fila, sendo aqui subcomprimidos de modo a tomarem o aspecto de incisivos. Angulo da bocca verticalmente abaixo do centro ocular; maxillares passando a orla posterior dos olhos. Fimbria preorbital com 4 tentaculos cutâneos, espini- formes; maxillares densamente envolvidos pela pelle. Narinas duplas, con- tíguas, na linha do centro de cada olho. Olhos sub-pediculados, 9 vezes no comprimento da cabeça, com um disco reentrante superior da iris sobre a pupilla; elles ficam á 2 diâmetros um do outro e á um da orla labial. Preoperculo subcutâneo. Operculo com um forte aculeo subcutâneo, canali- culado. Abertura branchial mediocre, menor que a base das peitoraes. Linha lateral presente, nascendo sob os olhos e percorrendo a parte supe- rior do corpo até a base da caudal; 3 á 4 grupos de poros sobre os lados da cabeça; uma serie sobre o corpo na base da anal e duas largas fendas acima e em baixo na base da cauda, um poro entre estas duas fendas. Dorsal com dous aculeos canaliculados sobre a vertical da axilla peitoral; o ultimo raio, como á anal, ligados ao pedúnculo. Peitoraes sub-espatu- ladas. Ventraes com o primeiro raio muito espesso e recoberto de pelle muito enrugada, sendo saliente sobre os demaes. Caudal redonda. Ci- nereo ardesiaco, albicante inferiormente, 3 á 4 faxas diffusas, denegridas, sobre a parte superior do corpo e flancos; nadadeiras mais escuras para á fimbria que é mais ou menos amplamente branca. O exemplar que sérvio á presente descripção pertence ao Snr. Dr. Pirajá da Silva e foi pescado em aguas de S. Sakador, da Bahia. 1) Branneri, dedicado ao naturalista americano J. C. Branner. batrachoidid^e: <>) A forma dos peixes d esta família faz lembrar, de algum modo, a de certos Scleracanthi, viz Pseudopimelodus ; o que, entre os pescadores e lei- gos tem produzido o duplo emprego de uma mesma designação para diver- sos d'elles, tanto d'aquelle grupo como dos d'esta família. O corpo esca- moso ou inteiramente nú, é deprimido anteriormente e comprimido posteri- ormente. A cabeça grande, com a bocca anterior, provida de series de dentes truncados, subcomprímidos nos íntermaxillares, vomer, palatinos e mandibulares; e cónicos, aciculares no vomer. Os íntermaxillares são cur- tos, tendo alguma liberdade de projecção anterior ou protractílidade. As narinas são duplas. Olhos supero-Iateraes, subcutâneos. O operculo e o sub-operculo são armados de dous aculeos fortes e divergentes. Abertura branchial ampla se bem que reduzida ao espaço lateral marcado pela base das peitoraes. Os rastros são medíocres, subtuberculares. Um foramen ou um plicamento na axilla das peitoraes. As escamas, quando presentes, são cycloides, pequenas. A linha lateral presente, é geralmente tríplice; os poros mucosos em grande numero sobre a cabeça. Dorsal dupla. A parte óssea com 3 aculeos geralmente subcutâneos. Parte ramosa em op- posição á anal e, como esta, frequentemente reunida á caudal pela membra- na. O tubo digestivo é muito reduzido sendo o estômago syphonico e lon- go; o oesophago e o recto são muito musculosos. O fígado é grande e a vesícula biliar extremamente desenvolvida e, ás vezes, endurecida na sua parte terminal; os appendices pyloricos, ao contrario, faltam. ( Corpo provido de escamas Batrachoides Géneros brasileiros •< ( „ desprovido de Marcgravichthys 1) Batrachoides^ género referido; eidos, semelhante. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL VOl. — XVII 2 BATRACHOIDES, (0 Lacépède Hist. Nat. Poiss., vol. Ill, pg. 306-1798 «Corpo robusto formado como em Opsanus -), 3 aculeos dorsaes; oper- culo desenvolvido como 2 fortes aculeos; sub-operculo fortemente desenvol- vido; ramos do aculeo sub opercular subeguaes e divergentes; corpo coberto de pequenas escamas ctenoides; região frontal larga, plana e ligeiramente deprimida; sua ruga mediana proeminente. Poros mucosos dos lados mo- deradamente desenvolvidos. Glândulas venenosas ausentes. Peixes lit- toraneos das regiões quentes» . (Jordan & Everm.) Espécie brasileira: 3) Batraciíoídes surinamensus, ^^^ (bi. & schn.) D. ni + 29; A. 26 «Cabeça 3 e 1/4 no comprimento do corpo; altura 6. Dentes peque- nos, cerca de 14 no vomer; dentes anteriores da mandíbula n'uma faxa; Edwin C. Starks diz sobre este peixe: Esta espécie era commum no mercado do Pará. Comparando um exemplar de cerca de dez pollegadas, com um de tamanho semelhante de Ba- trachoides pacifici (Günther) os olhos são menores, sendo contidos onze vezes no comprimento da cabeça emquanto que o são 9 vezes em B. pacifici. Os raios das nadadeiras são menos fun- damente incisados; as faxas transversaes do corpo são muito mais conspícuas; os dentes são «nais delgados; o par de aculeos do operculo e preoperculo são mais unidos e a interrupção das linhas lateraes muito maiores. As differenças citadas no numero dos raios dorsaes não podem ser le- vadas a conta de separação d'estas duas espécies, porque B. surinamensis pôde ter apenas 26 raios, numero commum nas outras. Posso agora, pela primeira vez, comparar esta espécie directamente com B. boulengeri, Gilbert & starks. Um examplar de 14 pollegadas de comprimento ou d'uma pollegada á maior do que o typo de B. boulengeri, tem a mandíbula mais pontuda e ligeiramente mais saliente. Os olhos são pouco se algo menores; a membrana dorsal nào é tão fundamente incisada; a inter- rupção das linhas lateraes occorre um pouco mais longe da base da caudal; os últimos raios dorsal e anal não se projectam tanto sobre a base da caudal e as escamas são um pouco me- nores. Ha escamas implantadas adiante das ventraes, o'nde o peito é totalmente nú, nas outras espécies. Talvez a maior differença appareça na ausência absoluta dos canaes interradiaes e po- ros da face interna das peitoraes que constituem uma feição tão característica de B. boulengeri. Os dentes do extremo externo do vomer são em duas filas irregulares por alguma distancia nos exemplares maiores; porém, nos menores, são n'uma única fila como nas outras espécies. Os den- tes, aliás, não differem. As faxas transversas são mais definidas e os interspaços e a cabeça não são tão cheios de pequenas maculas. Em vida esta espécie é parda avermelhada clara, tornando-se mais clara inferiormente até quasi branca no ventre. Faxas pardas, irregulares, transversas sobre o corpo; uma estreita no alto da cabeça justamente por dctraz dos olhos; duas mais largas n'elle, e na dorsal espinhosa; uma sob esta nadadeira; duas sob a dorsal ramosa e uma na base da nadadeira caudal. 1) Batrachoides (Or.); Batrachos, batrachio; eidos, semelhante. 2) E como em Marcgravichthys. 3) Agassiz descreve e figura um Batrachoides punctatus, que Günther retine á synonymia de Batrachoides didactylus, BI . <& Schn.; como esta espécie é européa e não foi obtida ulterior- mente de aguas brasileiras, deixo-a aqui em duvida. B. didactylus tem os seguintes caracte- res: D. ni-|-20 á 21; A. 16 á 17; Cab. 2/7 do total; sobre os olhos não ha tentaculo. Foramen axillar presente. Baio maculado de pardo escuro. 4) Surinamensis, de Surinam. 3 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES dentes lateraes nos palatinos augmentados, caniniformes, regularmente dis- postos; peitoraes sem poros na sua face interna. Cor cinzenta, mais es- cura nos lados e na cabeça; base da dorsal ramosa pallida com uma linha escura, irregular, superiormente; parte inferior da nadadeira mais clara; cau- dal quasi negra; anal clara com algumas nódoas escuras. Costas das Guyanas e do Brasil; não raro em costas arenosas. Nosso exemplar é de Curaçáo». Jordan & Evermann. MARCGRAVlCHTHYS,(i) nom. nov. Forma siluroide. Cabeça grande, deprimida, densamente envolvida pela flácida pelle que se expande anteriormente sobre os intermaxillares e lá- bios, e que emitte uma serie de appendices sobre o queixo e sobre os olhos, e outros menores sobre os poros mucosos. Bocca anterior, provida de dentes aciculares, em faxa sobre os intermaxillares e symphyse; truncados, comprimidos no bordo livre, em uma e duas series, nos mandibulares, vo- mer e palatinos; no vomer ha egualmente um pequeno grupo de dentes aci- culares maiores, subcaniniformes. Maxillares longos, curvos na extremi- dade exterior. Narinas duplas, não valvulares. Olhos supero-lateraes, subcutâneos. Operculo com dous aculeos superiores, divergentes. Aber- tura branchial limitada aos flancos adiante da base das peitoraes. Axilla d'esta desprovida de foramen, tendo entretanto um reticulado sobre a pelle na região em que esse foramen existe no género Opsnnus. Na parte supe- rior da arcada escapular, dentro da abertura branchial uma reticulação aná- loga mais desenvolvida (pseudobranchias?). Rastros tuberculares, acicula- dos. Dorsal dupla, a anterior com 3 aculeos baixos, subcutâneos. Ven- traes jugulares, com o primeiro raio moderadamente prolongado. Linha la- teral substituída por 3 series longitudinaes de poros que se estendem sobre os flancos; muitos outros esparsos sobre a cabeça. Pelle desprovida de es- camas que apparecem esporadicamente aqui e acolá, isso mesmo sob a epi- derme. Œsophago musculoso, estômago syphonico, tubo digestivo curto; figado volumoso e vesícula biliar desenvolvida. Jordan, nas suas «Notes on typical specimens of Fishes discribed by Cuvier and preserved in the Musée d'Histoire Naturelle (Pr. U. S. Nat. Mus, vol. IX pag. 525 e 546 para 1886 — 1887) examinou o exemplar typo da des- cripção de Batrachus cryptocentrus d'aquelles auctores francezes e sobre esse typo fundou o género Marcgravia, para os 0/)sa/2/ desprovidos de fo- ramen na axilla, foramen que é substituído por pequenos plicamentos paral- lels da pelle que são occasianalmente conjugados por outros transversos. 1) Marcgrav, Jorge Marcgrav de Licbstad, o primeiro naturalista que se occupou com Fauna Brasileira (1648) sob o governo de Maurício de Nassau. ARCHIVOS DO MUSEU NAÖONAL VOl. — XVII 4 Visto O nome Marcgravia estar preoccupado, desde Plumier, para um género Botânico, typo da familia Marcgraviacea que pertence á Ordem Ternstromiaceas, sou forçado á substituir a designação de Jordan por outra; o que faço procurando conservar o intuito d'esse naturalista americano, ho- menageando o nome de Marcgrav. Espécie brasileira; Marcgravichthys cryptocentrus, ^'^ (Cuv. =e:(') Forma alongada, subcylindrica, deprimida anteriormente tendo o corpo nú ou escamoso, sendo as escamas ciliadas ou cycloides. Hocca ampla, anterior, intermaxillares protracteis, providos de dentes aciculares, cardifor- mes ou mesmo caniniformes; dentes egualmente presentes no vomer, pala- tinos e mandíbula. Rastros baccilares, moderados. Preoperculo inerme ou ligeiramente espinhoso no angulo; operculo com aculeos longos posterio- res, ás vezes obliterados; sobre a cintura escapullar, no angulo do operculo outro aculeo, ás vezes reduzido. Membrana branchiostega livre desde o isthmo. Narinas duplas, as anteriores valvulares. Olhos supero-lateraes. Linha lateral presente. Dorsal dupla, anterior sub-triangular, a posterior opposta á anal. Ventraes jugulares, curvas. Estômago cœcal; appendices pyloricos em pequeno numero. Reúno n'esta família os géneros abaixo, embora os auctores modernos os considerem constituindo famílias separadas, por me parecerem^insubsis- tentes os caracteres adoptados para este ultimo escopo. A' meu vêr Per- cophis apenas poderia seradmittido n'uma sub-familia diversa de Chaeni- chthyinae, considerada englobadamente — mas, assim mesmo, fazendo parte do primeiro grupo Hypsicometes. Géneros constatados em aguas brasileiras: Dentição heterogénea, caninos isolados entre dentes cardiformes; aculeo humeral reduzido; os do preoperculo apenas perceptíveis ou obliterados Percophis Dentição homogénea (dentes aciculados) aculeos humeral e operculares perceptí- veis; mais desenvolvidos Hypsicometes 1) Percophis, género typico; eidos, semelhante. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL vol. — XVIt 2 PERCOPHIS, (1) Cuvier&Val. Règne Anim. Ed. II, pg. 51—1829 Forma subcylindrica, anteriormente deprimida. Mandíbula prognatha. Intermaxillares protracteis com uma faciia de dentes cardiformes, alguns caninos na articulação e uma serie de dentes cardiformes nos lados; man- dibulares com outra serie desses dentes tendo alguns caninos isolados; den- tes villosos em faxa no vomer e uma zona premarginal dos palatinos que egualmente são providos d'uma serie externa de dentes cardiformes. Ras- tros presentes, baccillares. Peças operculares inermes, lamellares, allonga- das. Narinas duplas, as anteriores valvulares, olhos grandes, de orla livre. Escamas ciliadas presentes no corpo e na cabeça; linha lateral presente, simples. Dorsal dupla, a parte ramosa opposta á anal. Ventraes jugula- res. Estômago caecal . Espécie única: Percophis brasiliensis, ^'^ Quoy&omrd. TIRA-VIRA D. Vlll + 30; A. 39; L. lat. 110 Forma subcylindrica, anteriormente deprimida. Cabeça 3 e 3/4, em forma de cunha, com a bocca supero-anterior pela projecção da mandíbula. Dentes em serie nos lados dos intermaxillares e nos palatinos, em placa na reunião d'aquelles e no vomer; aqui villiformes, ali cardiformes e des- eguaes. Também em serie, cardiformes e deseguaes na mandíbula; os den- tes maiores da reunião dos intermaxillares e da mandíbula são verdadeira- mente caninos. Os maxillares attingem a orla anterior da iris e não se oc- cultam sob os precrbitaes. Narinas duplas, isoladas, as anteriores de bordo valvular. Orbitas amplas, -7 vezes na cabeça e de orla livre. Es- paço interorbital 2/3 do diâmetro da orbita. Preoperculo de bordo mem- branaceo; operculo idem, grandemente distendido para traz. Abertura branchial ampla, membrana branchiostega livre desde quasi sob o mento (de sob a vertical da orla anterior da orbita). Rastros baccillares 6/16. Pseu- dobranchias. Escamas finamente ciliadas. L. lateral presente, quasi recta. 1) Percophis; perca, a perca; ophis, a serpente. 2) Brasiliense ou brasileira. 3 A, DE MIRANDA RIBEÍRO — FAUNA BRASIUENSE — PEIXES Ventraes pouco menores que as peitoraes, jugulares. Peitoraes em meia altura dos flancos semi-espatuladas, menores que a parte post orbital da cabeça. Primeira dorsal pequena, triangular; segunda opposta a anal. Cau- dal truncada. Cor parda, arenacea superiormente, esmaecendo-se para o lado inferior. 50 á 60 centímetros. Atlântico em aguas do Brasil. Rio de Janeiro. HYPSICOMETES, d) Goode Pr. U. S. Nat. Mus., pg. 347-1880 Forma subcylindrica, anteriormente deprimida, face thoraco-mental plana. Bocca anterior; intermaxillares protracteis com uma faxa de dentes aciculares, em faxa, sobre os intermaxillares, vomer, palatinos e mandíbula; a faxa dos intermaxillares mais larga na symphyse. Maxillares seguidos d'uma projecção dérmica que se curva para dentro do extremo desses ossos. Olhos grandes, contíguos. Preoperculo com aculeos fracos no angulo; operculo com três longos aculeos que só emergem da lamina do osso quasi na margem d'esté. Branchiostegos longos. Abertura branchial franca desde o isthmo. Pseudobranchias presentes. Rastros baccillares, mode- rados. Corpo e cabeça escamosos, escamas cycloides. Linha lateral si- nuosa, com os tubos salientes. Dorsal dupla, a segunda opposta á anal. Ventraes jugulares. Espécie constatada no Brasil: Hypsicometes heterurus, Mir. ríò.» B. 7; D. VI + 14; A. 17; Vs. 1 + 5; Ps. 25; L. lat. ca. 59 A maior altura do corpo é cerca de 2 e 3/4 vezes contida na cabeça, a qual, medida da ponta do focinho á extremidade da membrana opercular é contida 2 e 5/9 na extensão total (sem a caudal). Diâmetro horisontal dos olhos contido 1 e 1/2 vezes no focinho, da ponta do maxillar inferior á mar- gem interior da orbita e 1 e 1/4, excluído o maxillar inferior; espaço inter- mediário á terminação da 1* e origem da 2* dorsal egualando á 2/3 do diâ- metro das orbitas. Linha lateral obliqua até a origem da segunda dorsal onde attinge a 7' ordem horisontal de escamas em linha sinuosa, dirigindo- 1) (Qr.) Hypsi, em baixo, cometes, morador. ARCHIVOS DO MUSEU NÄOONAL vol. — XVll 4 se d'ahi, horizontalmente pelo meio do lado do corpo do peixe até a nada- deira caudal; peitoraes lanceoladas, attingindo o 3' raio anal; caudal sinuosa com o lobo superior prolongado em angulo agudo emquanto que o inferior é arredondado. Esverdeado na parte dorsal com as membranas de impla- teção das escamas marginadas de fusco na extremidade; a linha lateral é tor- nada mais saliente por duas linhas estreitas, sombreadas e que a delimitam em ambos os lados. Uma serie de doze manchas lateraes, diffusas, vem da axilla das peitoraes ao meio da caudal; esta nadadeira, orlada de preto, apresenta 3 series transversaes, sinuosas, de manchas negras, sendo que a ultima serie é constituída por uma única macula, na parte superior da base da nadadeira. Na base das peitoraes que são fuscas, ha uma faxa negra, assim como, na região sub- orbitaria. Íris negra superior e posteriormente, dourada anterior e inferiormente. Face abdominal branca. Ca. de 22 mm, Atlântico, em costas do Rio de Janeiro. (1. Rasa). X) s s o u c '■5 Peixes com a parte anterior do corpo vomeriforme, discoide ou sphae- roide, mais ou menos densamente couraçado por placas ósseas, de forma variável e posição mais ou menos contigua. Apparentemente uma única dorsal (a ramosa); e as peitoraes fortemente geniculadas, permittindo o des- locamento sobre o solo do fundo do mar, tal como succède aos quadrúpedes em terra. Essa dorsal é geralmente dupla, sendo a sua parte óssea modifi- cada, reunida á ossos preoculares e nasaes, formando um rostro com tenta- culos moveis (Oncocephahis). Ossos operculares grandemente desenvol- vidos, dilatados, geralmente bifurcados e expandidos concorrendo para a dilatação anterior do corpo e reunindo-se posteriormente aos pseudobran- chiaes ou supportes das peitoraes, sem, comtudo, á estes ficarem intimamen- te unidos. Pseudobranchias com 3 actinosteos. 2 arcos branchiaes comple- tos e um incompleto. Não ha aberturas branchiaes e sim poros axillares. Esta família encerra as formas bizarras vulgarmente conhecidas por peixe morcego etc . Intimamente ligada aos Lophiideos e Ceraiiideos. No Brasil, é conhecido um único generro : ONCOCEPHALUS, (2) Fisher Zoognosia pg. 78—1813 Corpo anteriormente vomeriforme pela projecção anterior d 'um pro- cesso rostriforme pela expansão lateral dos ossos operculares e direcção 1) Oncoccphalus, género referido, eidos, semelhante. 2) (Gr.) Oncos, gancho, cephale, cabeça. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL VOl . — XVII 2 n'esse sentido, dos pseudobrachiaes. Posteriormente o corpo é subcylin- drico. Bocca antero-inferior, mediocre, prognatha, provida de dentes villi- formes, em faxa, nos intermaxillares, vomer, palatinos, manibulares e pha- ryngeanos. Estes dentes em um grupo de quatro placas. Branchias em numero de 3. Cavidade brancliial ampla. Poro axillar reduzido. Dorsal muito reduzida, a parte óssea longamente afastada da pequena ramosa e se confundindo com os nasaes n'um processo rostriforme. ö seu primeiro aculeo modificado em antenna protractil e contido no processo rostriforme. Peitoraes grandemente geniculadas, livremente moveis e utilisaveis como pés; ventraes altas. Os raios, dessas nadadeiras, comquanto bifidos, não são articulados. Anal reduzida como a dorsal ramosa. Vertebras 18. Estômago syphonico, intestino moderado. Figado alongado, volumoso. Pelle densamente revestida de escudos ósseos. Linha lateral obsoleta. Espécies brasileiras: ! Processo rostriformes distincto, contido 6 á 7 e 1/2 vezes no comprimento.. O. longirostris Processo rostriforme indistincto O. fruncafus' Oncocephalus longirostris/^' (cuv. & vai.) MORCEGO D. 4; A. 4 Projecção cephalica 6 á 7 e 1/2 vezes no comprimento do corpo (?.^é a base da caudal). Antenna com o bulbo terminal subcordiforme, subcompri- mido, tendo a ponta alongada e virada para cima. Olhos 3 vezes na pro- jecção cephalica, 1 e 1/6 no espaço interorbital. Bocca antero-inferior, com os dentes em faxa nos intermaxillares, mandibulares, vomer, palatinos, lin- gua e pharyngeanos; estes últimos em dous pares de placas contíguas e pa- rallelamente dispostas. Poro axillar completamente obturavel por uma membrana marginal. Peitoraes de comprimento que vae da ponta do ros- tro a margem orbitaria posterior. Ventraes mal passando a axilla peitoral, dorsal muito anterior á anal e muito reduzida. Cor cinerea terrosa; região periophthalmica e peristomal, lados da região cervical, axillas peitoraes e nadadeiras peitoraes, dorsal e caudal, flancos do pedúnculo, mais escuros com um reticulado branco limitando círculos ou polygonos irregulares; nos 1) (Lat.) Longas, comprido, longo, rostrum, rostro, bico. Oncocephalus truncatus (Cuv. & Val.) visto pelo lado abdominal (Vi) Oncocephalus truncatus (Cuv. ã Vai.) visto pelo lado dorsal (Vi) 3 A. DE MIRANDA RIBEIRO— FAUNA BRASILIENSE — PEIXES olhos ha linhas brancas irradiantes. Parte inferior alvadia. Em outros exemplares esse reticulado e essas manchas escuras quasi desapparecem. Os escudos são muito fortes na linha mediana (em duas series continuas) e região pseudobranchial. Os exemplares maiores que serviram apresente descripção, medem 28 centimetros; e procedem do Rio Formoso (Pernambu- co) donde foram trazidos peloSnr. Prof. J. C. Branner em 1875. Oncocephalus truncatus, <'> (Cuv. & vai.) N'uma excursão á Santos colleccionou o Snr. Pedro Peixoto Pinto Ve- lho um exemplar de Oncocephalus que me parece representar a espécie su- pra. Jordan e Evermann collocam sob o titulo Oncocephalus truncatus (Cuv. & Vai.) duas espécies admittidas por aquelles auctores como tendo o rostro desenvolvido e contido, no minimo, 12 á 15 vezes no comprimento do corpo e n'essa diagnose a presente não pode ser incluída. Quanto a terceira, isto é, O. radiatus (listado) é evidente que ha mais semelhança e, portanto, razão da parte dos alludidos auctores do que da parte de Günther que a reunio a O. vespertilio. Não obstante, vejo que o exemplar obtido quadra perfeitamente com os dizeres de Cuvier e Valenciennes e noto al- gumas differenças do citado pelos auctores americanos e, por isso, deixo de considerar como idênticas as espécies da Florida e a de Santos. Cuvier e Valenciennes dizem bem claramente, na pagina 339 do tomo XII da sua Hist. Naturelle des Ponsons: "Temos emfim uma (Malthea) cuja origem nos é infelizmente indicada sem precisão, mais que temos razão de suppor também proveniente dos mares quentes da America: seu focinho é não so- mente mais curto do que em todas as outras espécies, como de forma al- guma se aguça em ponta e, ao contrario é em forma de arco mais ou menos arredondado. Seus discos escamosos, um pouco mais fortes do que nas duas espécies precedentes, não egualam aos das duas primeiras. Seu sub- operculo é menos profundamente aberto do que nas outras e o bordo é me- nos grosso. Nosso exemplar mede cinco pollegadas e o numero dos raios é o mesmo de todas as Malthaeas. As espécies citadas por esses auctores e acima repetidas, são attribuidas á synonymos de Ongocephalus vespertilio; entretanto Cuvier e Valenciennes dizem tratar-se de exemplares proceden- tes das Guyanas (hollandezas) e medirem três pollegadas e terem as placas ósseas pequenas e delgadas. No exemplar de Santos, verificamos o focinho em arco, não prolongado em rostro, o tentaculo não trilobado como em O. radiatus; a orbita egual ao espaço interorbital, o anus entre a base da cau- 1) Truncatus (Lat.) truncado (sem o processo rostriforme). ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL VOl . — XVII 4 dal e o isthmo; a região peristomeana provida de circulos finos e as nada- deiras ventraes egualando á 1/2 das peitoraes. Embora incluindo, em du- vida, O. truncaíus na synonymia de O. radiatus, Jordan e Evermann dizem que, provavelmente, trata-se d'uma espécie de Zalieutes, género creado por Jordan e Evermann e que se différencia de Oncocephalus por ter o disco mais largo do que longo; no exemplar de Santos é o contrario o que se ob- serva. Habitat: Atlântico, em aguas brasileiras (Santos). A Inspectoria de Pesca obteve outro exemplar d'essa procedência. l.ophiid>ce:<'> Cabeça deprimida, discoïde, tendo a bocca antero-superior com os intermaxillares pouco protracteis e providos de series de dentes cardifor- mes, bem como os mandibulares; no vomer e palatinos esses dentes são firmes. Narinas reduzidas, as anteriores tubulares, curtas. Olhos supe- riores. Peças operculares tendo grandes espinhos nos bordos, porém en- volvidas pelo tegumento geral. Um aculeo humeral forte, geralmente tri- cúspide. Branchias 3, sem rastros; pseudobranchias presentes; poro axil- lar muito amplo. Pelle desprovida de escamas. Linha lateral presente, reduzida e ás vezes imperceptível. Dorsal dupla, os aculeos isolados e esparsos pela li -ha mediana, á partir da região articular dos intermaxilla- res, o primeiro aculeo modificado em tentaculo. Ventraes jugulares. Pei- toraes com os ossos alongados, pseudobranchias subgeniculadas e tendo 2 actinosteos. Pharyngeanos denticulados; œsophago distensivel terminan- do n'um estômago também distensivel. Em geral, os auctores modernos separam como família, dos Lophiideos sensu strictu, os Antennarios; consideramos aqui reunidos os dous grupos apenas como subfamilias, de accordo com a seguinte chave: Nadadeira peitoral pouco geniculada, 2 actinosteos; poro axillar amplo, em forma de abertura branchial; pseudobranchias presentes; bocca hiante Lophiidœ Nadadeira peitoral francamente geniculada, 3 actinosteos, poro axillar redu- zido; bocca f echando-se perfeitamente Antennariidœ 1) Lophius, género referido; eidos, semelhante. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL vol . — XVII 2 LOPHIIN^ Género constatado no Brasil: LOPHIUS, (') Linnaeus Syst. Nat., ed. X, pg. 236—1758 Parte anterior do corpo discoide, deprimida, posterior subcylindrica. Bocca anterior, hiante, com a mandibula prognatha. Intermaxillares com duas e mandibula com 3 se ies de dentes cardiformes, depremida de tairia- nho diverso, uma serie firme, incompleta, nos lados do vomer e uma placa nos palatinos. Maxillares simples, fixos. Narinas tubulares, rudimenta- res. Olhos superiores. Preoperculo e operculo subcutâneos, providos de aculeos esparsos nos bordos. Abertura branchial ampla, abarcando a base das peitoraes. Linha lateral presente, mais ou menos perceptive! . Pelle não escamosa, mais ou menos recoberta de villosidades dendritifor- mes. Dorsal múltipla, pelo isolamento dos raios ósseos, em dous grupos, o primeiro ainda constituído de aculeos tentaculiformes, isolados, o primeiro dos quaes provido de uma flâmula cutanea e situado sobre a orla supe- rior da bocca, entre os intermaxillares. Ventraes jugulares. Anal subsy- metrica com a segunda dorsal. Caudal geralmente truncada. Branchias 3, pseudobranchias presentes. Œsuphago grandemente düatavel, estô- mago amplo, também dilatavel. Appendices pyloricos presentes. Peixes carnívoros, de fundo, notáveis pela curiosa forma e pela voracidade, capa- zes de grande desenvolvimento (2 metros ?) e pela proliferação. Encon- trados tanto á grandes profundidades (c. 400 ms.) como á superficie. Não constituem objecto industrial. tspecie constatada no Brasil: Lophius gastrophysus, ^^^ Mir. Rib.» D. in + III + 9; A. 8; Vs. 5; Ps. 25; C. 6 Cabeça quasi perfeitamente discoide e egual á 1/2 do comprimento que vae do mento á base da caudal. Bocca tendo os intermaxillares n'uma linha recta e mediocremente protracteis e providos de duas series de den- tes cardiformes, a segunda das quaes deprtssivel, se exceptuarmos os den- 1) Lophius, (Gr.) de lophos, poupa, crista; allusâo á antenna ou 1" aculeo da dorsal que fica sobre a bocca dos peixes deste género e lhes serve de isca; e com o movimento da qual attrahem as suas victimas. 2) Gastrophysus, (Gr.) gaster, abdomen, barriga; phryne, bexiga, vesicula. ?'^f r*% . W- Lophius gastrophysus, Mir. Rib. 3 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES tes maiores. Uma serie de dentes firmes, isolados, sobre o vomer; 3 se- ries de dentes depressiveis na mandibula os dentes augmentando de tamanho da serie anterior para a posterior. Lábios curtos, apenas perceptíveis na mandibula. Olhos 2 vezes no rostro, 1 vez e 2/3 no espaço interorbital . Deus aculeos externos, divergentes, sobre a articulação interna dos maxil- lares que ficam inteiramente captives na pelle do labio superior. Um aculeo antevertido no angulo da bocca, por traz do extremo do maxillar; 3 outros subverticaes no bordo do operculo e dous outros na peça basi- lar do operculo, um sobre o extremo externo e outro na articulação supe- rior; ahi, por traz dos olhos ha um grupo de 3 espinhos que terminam a serie de tubérculos que vem da pupüla nasal que é simples e claviforme. Dous aculeos dessa linha sobre os olhos. Arcada humeral com um forte aculeo tríplice. Abertura branchial ampla, passando a base das peitoraes pelos dous lados. Linha lateral presente, porém quasi imperceptível. Primeiro aculeo dorsal menor que o segundo e tendo o flabellum indiviso. Peitoraes amplas, subquadrangulares. Todo o corpo e cabeça e nadadeira mais ou menos providos de franjas dérmicas de apperencia dendritiforme. Coloração cinerea, mais ou menos marmorada de negro superiormente; uma • tarja negra, retinta, indelével no alcool e na luz, sobre o extremo dos três últimos raios peitoraes; margem inferior dessas nadadeiras denegrida. Lingua tendo uma facha negra, transversa, mais perceptível nos jovens. Os jovens nenhuma differença apresentam do adulto, á não ser na colora- ção das ventraes que, nestes, é perfeitamente negra, em frisante contraste com o branco puro do abdomen. Levado pela semelhança perfeita do adulto, edentifiquei esta espécie com Lophius piscatórios L. em 1903 (1), erro em que incidiram egualmente Täte Regan, do Museu Britannico (2) e, talvez, Lahille, do Museu de B. Aires (3). Como se vê das figuras juntas, representativas dos peixes na juventude, essa semelhança só existe nos indivíduos adultos. A descripção de Lophius americanas de Cuv. & Va- lenciennes quasi que se pode applicar ao adulto de L. gastroptiysus; mas todos os auctores norte-americanos são concordes em referir que aquella espécie tem os jovens na forma commum á Lop/iius piscatórias. D'ahi a conclusão lógica da desiguação nova aqui adoptada para a es- pécie que é encontrada em aguas brasileiras. Pode bem ser que o Lopliius piscatórias de Lahille, constatado em aguas argentinas, seja a mesma espécie brasileira. Isto, porém, não é problema que se resolva por supposições e é evidente que deva ficar em interrogação, até que possa ser convenientemente apreciado. Habitat: Costas do Brasil (e Argentina?). 1) Pescas do Annie— Lavoura n° 4 á 7— Abril a Julho de 1903. 2) Proc. Zoei. Soe. 1903. 3) Anales del Mus. de B. Aires (tomo XXIV-1903). Lophius gastrophysus, Mir. Rib." joven, pro- vavelmente da mesma edade do exemplar de Lo- phius piscatórias figurado abaixo. Vista da parte inferior, mostrando as nadadeiras ventraes e peito- toraes e o enorme abdomen, (tamanho nateral). Lophius piscatórias, L. joven, procedente do Mediterrâneo (pela Estação Zoológica de Nápoles) Vista da parte inferior, mostrando as nadadeiras ventraes e peitoraes (tamanho natural). 5 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE ~ PEIXES ANTENNARIIN.C Género constatado no Brasil: / Pelle escamosa, as escamas providas de aciculos resitentes; nadadeiras, es- \ peciaes as ventraes, moderadas Antennarías \ Pelle sem escamas; nadadeiras, especialmente as ventraes, desenvolvidas,. ,. Pterophryne ANTENNARIUS, 0) Lacép. Hist. Nat. Poiss., I, pg. 421—1798 Corpo e forma semelhante á de Pterophryne, tendo as nadadeiras menos desenvolvidas, com especialidade as ventraes. Pelle recoberta de escamas circulares, delgadas, portadoras de aciculos. Região interocular glabra. Linha lateral presente, incompleta, geralmente não attingindo a caudal. Abdomen grandemente dilatavel. Espécies brasileiras: Coloração verdoenga ou amareila, mais ou menos profuzamente transfasciada de pardo denegrido A. scaber I Manchas em cada flanco, pontas das peitoraes e ventraes brancas A. principes Marmorada de verde A. mentzeUi Antennarius scaber/^) cuv. D. II + I + 12; A. 7 Forma scorpaenoide, robusta. Cabeça grande 1 e 1/5 s'e medida até o bordo do operculo que é assignalado pela prega natural da pelle. Bocca antero-superior, com os intermaxiliares livremente protracteis e providos de duas series de dentes cardiformes, a segunda das quaes incompleta; os man- dibulares, prognathas, tendo um callo exterior na symphyse, tem 3 á 4 se- ries; tanto aquelles como estes dentes egualmente depressiveis; maxillares 1) Antennarius, (Lat.) ; antennario, cheio de vergas ou antennas; referencia á forma do primeiro aculeo dorsal. 2) Scaber (Lat.) escabroso. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL vol . — XVII & largos, articulando-se com os intermaxillares por traz d 'estas e podendo-se occultar completamente sob a pelle que circumda a bocca. Na symphyse intermaxillar ha um tentaculo dermico, de extremo livre, globular e cheio de tubérculos cutâneos. A lingua é em parte recoberta por uma prega cutanea, anterior e toda ella provida de tubérculos hemisphericos lisos ou glandulosos Hyoides aciculados. Narinas anteriores sub tentaculares, as posteriores amplas. Olhos lateraes, 1 e 1/2 no focinho e situados por baixo da fimbria da membrana do segundo aculeo dorsal; elles são contidos 2 vezes no espaço nú interocular. Cabeça, corpo e nadadeiras escamosos, as escamas peque- nas e delgadas, circulares, tendo ao centro uma ossificação que se bifurca em deus aculeos; nos logares em que ha poros mucosos esses aculeos se mul- tiplicam e formam feixes; no alto da cabeça, entre os olhos, a pelle é glabra n'um espaço cordiforme que, depois, se estende para a bocca; ahi nos lados d'esse espaço, os espinhos, bifidos, formam uma cerca limitrophe. A linha lateral se projecta como faxos isolados, perdendo-se sobre os flancos do corpo e região limitrophe do preoperculo, sobre a cabeça, lado da cara até o mento. O primeiro aculeo dorsal ou tentaculo oral eguala em comprimen- to, na sua parte óssea, ao segundo; o seu appendice dermico é bifido, espes- so e grande. O terceiro aculeo dorsal não está ligado á segunda dorsal e como o segundo é fortemente aciculado. A membrana interorbital é tran- sparente no extremo dos raios e se confunde com a pelle na base. Todo o corpo fracamente provido de appendices dérmicos villiformes. Um exemplar d'esté peixe que foi por mim adquirido nas pescas do Annie (1903), mede 123 millimetros; éra verde olivaceo, estriado de denegrido, tal qual a figura dada por Valenciennes na edição do Règne Animal, publicada pelos discípulos de Cuvier. Hoje, o verde está mudado em amarello cár- neo, pela acção do tempo. Outro exemplar de 42 mm. montado secco, foi por mim comprado d'um mercador do Rio de Janeiro. Também está amarellado, na cor fundamental. Um terceiro exemplar, de 6 centímetros (coll. Annie) apenas é mais uniforme; quando fresco éra amarello de chromo, tendo as nadadeiras cobertas de ocellos negros, 3 ocellos ellipíicos na base da dor- sal e outros verticalmente dispostos sobre os flancos que, comtudo, só eram apparentes dentro do alcool, o que ainda hoje se observa. Este exemplar faz lembrar a figura dada por Evermann, para A. scaber, nos seus «Peixes de Porto Rico (1)» . Um caracter curios d'esté peixe consiste na côr da lingua que é negra com os tubérculos brancos. Pelas razões acima e pela identidade de forma e colorido que noto en- tre as descripções de Cuv. & Vai. e da estampa citada, com exemplares 1) Buli. U. S. Nat. Mus., vol. XX, 1900 est. 43. Antennarius scaber, Cuv. Vi — adulto Antennarius scaber, Cuv. Vi — joven 7 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES maiores das collecções do Museu, julgo idênticas as espécies d'aquelle au- ctor e a brasileira, não obstante a menor densidade dos appendices dérmicos que n'este encontro. Este facto, attendendo-se ás razões de Qarmann, po- deria fazer crer mais acertada a identificação com Antennarius tigris de Poey. Penso, porém que esta pretensa espécie do naturalista cubano, é apenas uma variedade de A. scaber, attendendo-se á pequena importância e variabi- lidade dos caracteres differenciaes tomados para ella. Antennarius scaber é encontrado no Miditerraneo e no Atlântico. No Brasil tem sido constatado nas proximidades da Ilha Rasa. Antennarius principis, (') (Cuv. & vai.) «Ha no Liber principis, e no Liber Mentzelii, outras figuras de Chírone- ctes (Antennarius) que não se referem nem á esta espécie (A scaber) nem mesmo á qualquer outra uo nosso conhecimento. As do Principe são inti- tuladas guaperua como as que citamos. A primeira é de um pardo escuro, semeado de pontos negros sobre o corpo e nadadeiras. A dorsal tem so- mente uma ordem desses pontos. O segundo raio é muito livre o primeiro tem a sua haste duas vezes mais longa que o segundo e terminada por uma pequena poupa redonda. A segunda, pouco mais ou menos da mesma for- ma, tem a segunda dorsal mais longa, o primeiro raio terminado em espiral e todo o corpo negro, com duas manchas brancas e redondas em cada flanco e uma sob a outra. Segundo as notas escriptas pelo punho do principe Maurício sob suas três figuras de guaperua, os peixes attingiam um pé de comprimento» . (Cuv. & Vai.). Isto é o que se lê no 12" vol. da Hist. Nat. des Poissons de Cuvier e Valenciennes. Günther que pôde obter, do Pará, um exemplar de Antennarius identificável com a figura dada por Nas- sau "com o corpo negro" etc., restringiu para essa figura o nome da espécie de Cuv . & Vai . Eis como Günther faz a sua descripção: «D. III+ll; A. 7; Ps. 10. Aculeo dorsal anterior egual ao dobro do segundo e terminando n'um delgado lobo. A membrana por traz do 3" aculeo estende-se á raiz da nadadeira dorsal. A ultima termina á alguma distancia da caudal e seu ultimo raio não se projecta á base da caudal . Pelle áspera, coberta de pequenos espinhos, sem franjas cutâneas. Negro, pontas das peitoraes e ventraes e uma pequena mancha sobre as peitoraes brancas». (Günther). Habitat: Atlântico Occidental, tropical. Pará. A segunda figura é identificada por Jordan & Evermann á A. tigris que, como ficou dito, julgamos ser uma variedade de A. scaber. o Principis, do principe Mauricio de Nassau. ARCHIVOS DO MUSEU NAaONAL VOl. — XVII 8 Antennarius mentzelii, ^'> (cuv. <& vai.) «A figura de Mentzel não tem nome. A haste do primeiro raio livre não excede a segunda e termina por uma pequenissima poupa. Todo o corpo é negro com algumas marmoragens verdes. Só citamos aqui estas figuras e apenas lhes damos nomes específicos, para fixar a attenção dos via- jantes e animal-os á procurar as espécies que serviram de modelo á estes autores». (Cuv. cS: Vai.) PTEROPHRYNE, (2) oní. Proc. Acad. Nat. Sei. Philad., pg. 90—1863 Corpo subclaviforme, superiormente comprimido, scorpaenoide, curto e robusto; cabeça grande; bocca anterior; intermaxillares protracteis, provi- dos de dentes cardiformes, egualmente presentes no vomer, palatinos e man- díbula. Rastros e pseudobranchias ausentes. Abertura opercular subcir- cular, na axilla das peitoraes, puriforme. Dorsal tendo os aculeos isolados, os dous primeiros sobre a região fronto-rostral, o segundo sobre a região cervical. Ventraes, peitoraes e anal grandes. Escamas ausentes, sendo a pelle apenas granulosa e recoberta de franjas dérmicas. Espécie constatada no Brasil: Pterophryne histrio, <^^ (unnaeus) D. ni +14; A. 7; Vs. 5 «Cabeça 2 e 1/4; altura 1 e 4/5. Pelle da cabeça e corpo, assim como as nadadeiras dorsaes, com appendices dérmicos que são mais numerosos nos aculeos dorsaes e no abdomen. Punho delgado; ventraes grandes, quasi eguaes á 1/2 da cabeça. Dorsal e anal com os raios posteriores não adna- tos ao pedúnculo caudal; primeiro aculeo dorsal bifurcado na ponta. Ama- rellado, marmorado de pardo; 3 faxas escuras irradiantes dos olhos; nada- deiras verticaes fasciadas de pardo; ventre e lados com pequenos pontos brancos. Partes tropicaes do Atlântico; abundante na nossa costa do Gol- pho e occasionalmente para o Norte até Cabo Hatteras ou alem, especial- mente nas massas fluctuantes de Sargassum. Uma vez apanhado na Eu- ropa (Vadsö, Noruega) nos fucos fluctuantes do Gulf Stream., Notável peixe excessivamente variável em cor (72/5//70-arlequimj» . (Jordan & Evermann). «Um pequeno exemplar foi apanhado na bahia de Natal». (E.C. Starks-1903). 1) De Mentzel. 2) Pterophryne (Gr.) Pteron, aza, phryne, sapo. 3) Histrio (Lat.); histrião, palhaço. SCLEROPAREI (1) Physoclistos subclaviformes, com um processo ósseo que se projecta dos suborbitaes ao preoperculo; recobertos de escamas ou de placas ós- seas; raios peitoraes inferiores modificados, podendo sejsolar e servir á gra- dação. / Por escamas placas ósseas; peitoraes moderadas Peristediidce Escudos cephalicos 1 muito desenvolvidos ) e exteriores \ / Aculeos post-temporaes e (fí \ [ \ preoperculares enormes Cephalacanthidce ■ Escamas carenadas ca Aculeos post-temporaes não f™ i V differenciados Triglidce Escudos cephalicos moderados, geralmnete sub-cutaneos Scorpœnidœ (1) Scleroparei (Ot .) = Scleras duro, áspero; pareia, bochechas, face. Il re:ristediid>=e: (I) Subclaviformes, hexagonaes, sendo a cabeça e o corpo revestido de escudos ósseos que os tornam completamente couraçados; no corpo esses escudos são providos de um aculeo central, baixo, porém, forte. Cabeça grande, maior do que a maior altura do corpo; preorbitaes desenvolvidos, constituindo dous processos ventraes anteriores; bocca protactil, inferior, desprovida de dentes e externamente circumdada de barbas mais ou menos ramificadas; olhos moderados, lateraes, narinas baixas, duplas, isoladas; preoperculo e opercule armados. Dorsal simples ou dupla, tendo a parte ramosa symetrica com a anal; caudal truncada ou emarginada, peitoraes moderadas, tendo dous raios inferiores, livres; ventraes 1+5; cœcums ern numero moderado; vesícula natatoria presente, simples. Como as Triglas os Peristedions são peixes de fundo, com a differença de que estes só habi- tam as grandes profundidades; é natural que os raios livres que, n'aquel- las servem para a progressão e a procura de alimento, revirando os peque- nos seixos do fundo, tenham o mesmo uso n'estes. Em geral, são mais ou menos uniformemente coloridos de róseo ou rubro. Dos três conhecidos, foi constatado em aguas brasileiras o género. PERISTEDION, (2) Lacépède Hist. Nat. Poiss., Hl, 368—1802 Que apenas se différencia pelo grande desenvolvimento de barbilhões oraes e peta divisão da nadadeira dorsal que é dupla. (Caudal truncada; róseo maculado de pardo P. tnincafum Espécies brasileiras:-! ( " emarginada; róseo com as peitoraes denegridas P. roseum... (1) Peristidion, gen. typico; eidos ■= semelhante. (2) Peristidion, peri — em torno, ao redor; stedion = peitudo, peito ou peitoral . ARCHIVOS BO MUSEU NAOONAl vol.— XVU 4 Peristedion truncatum ^^^ (Günther) D. VIII + 9; A. 20; L, lat. 32 «0 comprimento dos processos preorbitaes é contido duas vezes e três quartos na distancia entre as suas extremidades e a margem anterior da orbita. O espaço interorbital é profundamente concavo, com um sulco liso ao longo do meio; um pequeno espinho na base da cada processo preorbital, porém nenhum outro na face superior do focinho; maxilla infe- rior com barbilhões numerosos, sendo o mais longo franjado. A ruga pre- opercular não se estende alem da orla posterior do osso e não é prolon- gada n'um aculeo; também a ruga opercular termina n'uma curta pro- jecção truncada. Cada escudo do corpo tem um aculeo curvo. Cada ura dos escudos ósseos, d'entre as nadadeiras ventraes, quasi egualando, em comprimento, ao dobro da largura. Côr de rosa, com pequenas maculas irregulares, pardacentas, na parte superior. Comprimento do exemplar 6 c 1/2 pollegadas. Costas de Pernambuco-Estação 1 22 <2) (3o ou 350 bra- ças» . (Günther). Peristedion roseum, <^^ Mir. Rib.» D. VIU -}- 17; A. 18; Ps. 12 + 2; Vs. 1 + 5; PI. lat. 31 á 33 Corpo hexagonal, moderadamente deprimido, sua maior altura contida duas vezes na extensão que vae dos processos rostraes á ponta posterior da ruga lateral que d'esses se origina; e 5 e 7/8 no comprimento total (excluí- da a caudal). Comprimento da cabeça 3 vezes na extensão total do corpo, incluída a caudal e 2 e 2/3 excluída esta nadadeira, comprimento da cabeça sem os processos rostraes quasi três vezes na extensão de todo o corpo, exceptuada a caudal. Espaço interorbital muito concavo, de largura que eguala ao diâmetro vertical dos olhos e que é muito menor do que o hori- zontal (quasi 3/4 d'esse diâmetro). Crista suborbitaria presente, sem aculeos. Focinho, sem os processos, menor do que 1/2 da extensão da cabeça; os processos, contidos duas vezes no comprimento do focinho são chatos, granulosos, espatulados, divergentes n'uns, convergentes n'outres exemplares; a ruga que, de sua base se prolonga até o angulo do preoper- culo, é também granulosa e a sua maior altura (no aculeo que formaj é contida 3e 1/2 vezes no diâmetro horizontal das orbitas. A outra ruga que lhe fica inferior, é tríplice na frente e dupla posteriormente; no angulo infero-posterior dos mandibulares ha uma placa linear, granulosa e, para (1) Truncatum (Lat.) truncado = allusão á parte terminal da ruga opercular. (2) Estação 122 das pescas do Challenger. Vide os synonymos. (3) Roseum (Lat.) = cor de rosa 5 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASiLIENSE — PEIXES dentro e para traz d'essa placa, nota-se um aculeo rhombo. Ha um aculeo baixo, de ponta dirigida para traz e para fora na base de cada pro- cesso rostral (nem sempre presente), um aculeo atraz de cada uma das arcadas orbitarias. D'esse aculeo partem duas cristas temporaes; a supe- rior com dous aculeos, um atraz do meio de sua extensão e outro em sua extremidade; a inferior é ligeiramente sinuosa, curva, de cancavidade su- perior e termina em um único acuieo. Há um forte espinho opercular precedido de uma crista pouco saliente. 8 barbilhões: 3 em uma linha anterior e 5 em outra parallela, posterior, em cada lado do mento; o maior pertence á fila anterior, é o mais externo e é menor do que o diâ- metro horizontal dos olhos. Este barbilhão é de todos ornais ramoso. O segundo da primeira fila, é constituído de dous pequenos barbeis e o 1°- simples da mesma extensão que o segundo e muito proximo da sua base; os da segunda fila são sub-eguaes, o 5" e o 4° tripartidos, os restantes qua- dripartidos. Os maxillares attingem a vertical baixada da margem ante- rior da orbita. Diâmetro ocular contido 5 vezes no comprimento da cabeça (da extremidade dos processos rostraes á extremidade dos aculeos pre- operculares e muito menores do que o comprimento d'esta, tomado do extremo anterior do focinho e sem incluir, portanto, os processos rostraes). Rastros finos e curtos. Origem da dorsal sobre a linha da abertura das guelras; o maior dos espinhos (4°) egual ao dobro da extensão post- orbitaria, maior raio (8") egual ao comprimento do focinho, em 2 indiví- duos (o" cf ?); nos demais, todos os raios e espinhos são mais ou menos equivalentes entre si e menores do que a porção post-orbitaria; anal baixa, originando-se na 3^ placa após o anus; caudal pouco furcada; nos dous indivíduos que considero machos, as ventraes são maiores do que as peitoraes e attingem á S"" placa ventral, após o anus; seu compri nento 1 e 3/4 da base da dorsal, nos demais apenas excedem o anus. Peitoraes estendendo-se até o 11° escudo lateral. Escudos carenados, com um forte espinho mediano, retrovertido; nas duas filas lateraes, medianas, á contar do 21° escudo para traz, os espinhos são bicúspides. Róseo; peito- raes ligeiramente denegridas. Olhos grandes, íris negra posterior e infe- riormente e em uma estreita orla em torno da pupilla, rosea dourada. 9 exemplares, pescados á 100 ms. de fundo á E. S. E. da ilha Rasa. oe:f»ma AIMTMID ce:phal-ACanthid>ce: Fusiformes, moderadamente comprimidos, cabeça quadrangular, re- vestida de placas ósseas. Bocca pequena, inferior, intermaxillires e mandi- bulares providos de dentes cónicos e curtos; preorbitaes reunidos, formando uma arcada supra oral; narinas duplas, situadas n'uma fossa nasal, olhos lateraes moderados, arcada orbitaria saliente; preoperculo escamoso, pro- vido de um aculeo forte, operculo egualmente escamoso, inerme, abertura opercular transversal á base das peitoraes, placas da região post temporal formando um aculeo muito forte, lanceolado, provido de uma crista lon- gitudinal mediana; rastros pequenos; pseudobranchias grandes. Escamas pequenas, linha lateral ausente. Dorsal dupla, a espinhosa tendo I á 2 raios anteriores, isolados dos demais; anal symetrica com a 2* dorsal; pei- toraes muito desenvolvidas, com alguns raios anteriores separados dos demais, n'uma nadadeira supplementär; ventraes pequenas, thoraxicas, com- pletamente inferiores; caudal geralmente emarginada. Vertebras 9 + 13 Vesícula natatoria bifurcada; cacos numerosos. Género único: CEPHALACANTHUS (D Lacép. Hist. Nat. Poiss., IM pg. 323—1802 Face, operculo e preoperculo escamosos; aculeos post-temporaes muito prolongados, aculeo preopercular idem, pectinado em sentido inverso do da sua direcção dorsal tendo 1 á 2 aculeos isolados e um forte (I) Cephale — cabeça; acaní/ia — espinho. ARCmVOS DO MUSEU NACIONAL Vol. — XVII aculeo baixo e immovel adiante da parte ramosa, cujos raios como todos os demais, são simples, exceptuandos o penúltimo e o da caudal, pei- toraes tendo 6 raios anteriores, formando uma pequena nadadeira "isolada da parte posterior, muito maior; escamas providas de uma quilha mediana muito accentuada nos lados do abdomen e pedúnculo caudal. Cephalacanthus volitans^-^ (Unn.) COIÓ, VOADOR D. II + IV -h I + 8; Ps. 6 + 28 A. 6; Vs. 4 Cabeça quadrangular, 4 á 4 e 1/3 fnão contando com os espinhos post-temporaes). Altura 5 á5e 1/2; bocca pequena, infero-anterior, com o angulo sobre a vertical da orla anterior dos olhos; preorbital tendo uma crista anterior, no bordo livre e uma serie de aculeos antrorsos no bordo li- vre posterior, seguidos de dous retrorsos; narinas anteriores tubulares, bai- xas, posteriores valvulares; orbita saliente, (essa saliência mais accentuando a depressão frontal) é contida 3 vezes na cabeça; preoperculo e operculo escamosos; aquelle provido de uma oria marginal óssea que se prolonga n'um aculeo forte terminando pouco além da axilla das peitoraes, operculo pequeno, abertura opercular quasi recta, transversal á base das peitoraes; este aculeo é provido de denticulações dispostas no sentido inverso á sua direcção; aculeo post-temporal terminando no mesmo plano em que termina a base da primeira dorsal; escamas delgadas, aculeadas no bordo livre e providas de uma quilha mais ou menos denticulada, mediana, que se torna mais notável sobre os lados do abdomen e pedúnculo, formando cristas salientes e emprestando com a depressão natural do corpo, um as- pecto quadrangular á esta ultima parte. Cada angulo do pedúnculo é provido de uma d'essas quilhas que se segue, na base da cauda, de duas ordens obli- quas de escamas e termina n'uma escama grandee alongada. A primeira dorsal tem dous aculeos anteriores isolados, que se movem também para os lados, tendo a extremidade quasi sempre enrolada. A segunda dorsal é um pouco anterior á anal; as peitoraes são de contorno mais ou menos circular e os seus maiores raios se projectam, no adulto, até a base da caudal; os 6 primeiros raios são isolados dos restantes e formam como que uma nadadeira supplementär menor, cuja extremidade pôde cur- var-se para traz. A caudal é lunada. As ventraes são thoraxicas, originando-se sob a parte posterior da base das peitoraes e attingem apenas ao anus. Cinereo olivaceo superiormente, branco inferiormente, com a cabeça, o corpo e as nadadeiras verticaes, exceptuando a anal, (1) Volitans — voador (por pequenos v6os). 5 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES maculadas de ferruginoso mais ou menos denegrido; anal e ventraes alva- dias peitoraes denegridas superiormente com pontuações e estrias azues, estas ultimas situadas perto da orla da nadadeira que é anteriormente fim- briada d'essa cor; inferiormente as peitoraes tem os raios brancos e a mem- brana azul escura . O coió é um peixe sociável, vivendo em bandos nume- rosos á pequena profundidade; utiiisa-se das peitoraes, para se deslocar no espaço como os peixes do género Exoccetus, porém em pequenas distancias o que lhe valeu o nome de voador. Habitat: Atlântico — Costas do Brasil, do Norte até Ilha Grande. i RIGl-ID TRIGLIDyCEI Subclaviformes; cabeça couraçada de placas ósseas mais ou menos providas de espinhos; bocca protractil, infero-anterior, provida de dentes villiformes nos intermaxillares, mandibulares, vomer e palatinos (excepto em poucos géneros exóticos, em que os palatinos não possuem dentesj; maxill&res sem osso supplementär; narinas duplas, mais ou menos pedicula- das; olhos supero-lateraes, médiocres; preoperculo e operculo armados de um á dous aculeos fortes; 4 branchias com uma abertura ampla após a 4; pseudobranchias presentes; rastros moderados; escamas ctenoides, médio- cres, linha lateral simples ou provida de placas ósseas; dorsal dupla; parte escamosa symetrica com a anal; peitoraes amplas, tendo três raios inferio- res completamente livres do resto da nadadeira e dirigidos para diante; ventraes thoraxicas ( 1 + 5); Appendices pyloricos em pequeno numero; vesí- cula natatoria desenvolvida. Geralmente pardacentos ou esverdeados mais ou menos maculados de obscuro; os de grandes profundidades rubescentes. Em nossas aguas só foi até agora constatado o género Prionotus. PKIONOTUS (1) Lacépède Hist. Nat. Poiss. Ill, pg. 37—1802 Sub-claviformes, cabeça grande, maior do que a altura, um tanto tetra- gonal, tendo os olhos superficiaes, apenas recobertos por um revestimento cuticular delgado, providos de aculeos mais ou menos salientes e de granu- (1) Prionotus; de Pr/on = serra, e no/os = dorso ; allusão á serrilha dos 3 primeiros aculeos dorsaes. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL — vol. XV 4 lações mais ou menos accentuadas; bocca ampla, anthero-inferior, mandí- bula articulando-se mais ou menos sobre a vertical baixada da orla ante- rior da orbita; narinas separadas mais ou menos pediculadas; orbitas su- pero-lateraes, em arcadas salientes, mais ou menos espinhosas; nuca provida de 2 aculeos fortes; preoperculo mono-aculeado, operculo mono-ou bi acu- leado; rastros médiocres, em numero moderado, no ramo inferior do pri- meiro arco; cintura escapular provida de um aculeo externo mais ou menos desenvolvido; corpo provido de escamas médiocres, ctenoides; linha lateral presente, acompanhando o perfil dorsal, sendo as poriferas intercaladas; dorsal dupla, parte espinhosa com 8 á 10 aculeos, os 3 anteriores mais ou menos serrilhados anteriormente, parte ramosa moderada; peitoraes mais ou menos desenvolvidas, tendo três raios anteriores (inferiores) completa- mente livres, dobrando-se facilmente para frente; ventraes 1, + 5, separadas com os raios internos mais longos do que os externos; caeca presentes, em pequeno numero; vesícula natatoria mais ou menos longitudinalmente dividida, vertebras 10 ou 11 + 15. Peixes habitantes de zonas arenosas; passam o tempo pousados sobre o fundo, onde caminham por meio dos 3 raios livres das peitoraes; estas nadadeiras são empregadas como leme; quando o animal quer se deslocar em linha recta, expandeos n'um mesmo plano propellindo-se unicamente com a caudal; se quer subir reúne as junto ao corpo. Espécies brasileiras. /Orbita cerca de 6 vezes e 1/2 na cabeça, nadadeira posterior- I meute transfaciada de pardo e anteriormente olivaceau ni- Especies constata-l forme, com uma fímbria de um vivo azul de cobalto ; corpo das^em aguas \ esverdeado claro, maculado de ferrugineo e sépia .... P. capella brasileiras . jOrbita cerca de 6 vezes na cabeça, aniarellado pardacento uniforme, mais claro no ventre, peitoraes com 2 areas escuras circuladas de cor mais clara e maior comprimento seguin- do o eixo do corpo P. beani Prionotus capella ^^^ n nov. CABRINHA D. X + 12 Ps. 13 á 14 + 3 , A. 11 ; Poros 50 Cabeça grande, 2 e 1/2; altura 3 a 5; bocca ampla, mandibulares arti- culando-se sobre a vertical baixada da orla anterior dos olhos, maxillares (1) Capella = cabrinha, nome vulgar do peixe no Rir de Janeiro, substituto para Prio- netus carolinus de Bloch e Prionotus punctatus Cuv. & Vai., ambos preoccupados. 5 A. DE MIRANDA RIBEIRO— FAUNA BRASILIENSE— PEIXES contidos 3 e 1/2 vezes na cabeça; ossos da cabeça fortemente estriados, as estrias granuloses; ossos rostraes com um aculeo retrorso sobre o bordo livre; outro aculeo sobre a vertical em que terminam os premaxillares; or- bita 6 e 1/2 na cabeça com 3 aculeos anteriores e um posterior na arcada orbitaria; post=temporaes com um aculeo superior e 2 inferiores; um sulco transversal indistinctos atraz dos olhos, sobre o alto da cabeça; preoperculo terminando em um aculeo forte, tendo outro pequeno em sua base; operculo com 2 aculeos, sua margem membranosa, revestida de escamas entre os aculeos; 9 rastros moderadamente desenvolvidos no ramo inferior do pri- meiro arco branchial, aculeo escapular estriado, desenvolvido e todos os aculeos citados providos de um gume externo que os torna comprimidos e triangulares. Escamas pequenas, ctenoides; peitoraes 1/2 do comprimento do corpo. Dorsal dupla, parte espinhosa com os três primeiros aculeos francamente serrilhados; anal baixa, caudal truncada. Cor esverdeada clara superiormente, branca inferiormente; parte superior de todo o corpo ponctuada de ferrugineo ou de sépia essas ponctuações coalescentes sobre as olhos formando uma ampla macula denegrida em toda a face; egual- mente succède com as maculas do espaço interorbital que formam uma facha ligando os olhos entre si; cinco maculas verticalmente allonga- das sobre os lados do corpo 3 fachas constituídas de maculas arre- dondadas na cauda; peitoraes tendo a parte anterior azeitona com uma fimbrea marginal azul de cobalto e a parte posterior irregularmente transf aciada de sépia. Habitat: Atlântico, de N. York, na America do Norte, até o Mar dei Plata na Republica Argentina. Esta espécie, comquanto muito parecida com P. tribulus Cuv., d'ella se afasta pelo colorido e pelo 2- infraorbital que tem o centro situado no meio do lado inferior com um espinho posteriore a largura interorbital menor do que o diâmetro vertical da orbita. Muito bem lembram Jordan & Hugus, que Prionotus pundatiis de Cuvier & Valenciennes não é idêntico com a espécie figurada por Plumier, á qual Bloch deu o nome de de Trigla puntacta e cuja cor faz pensar na possibilidade de ter sido figurada alguma espécie de grandes profun- didades. A meu ver o desenho das peitoraes afasta completamente a possibili- dade de identificação das duas . De outro lado, penso de modo contrario áquellas autoridades, quando referem a Prionotus tribulus, Trigla carolina de Bloch. O desenho de Bloch é bastante exacto para permittir tal identifica- ção apezar da macula negra da nadadeira espinhosa de modo algum cons- tante . Günther tem toda a razão identificando Trigla carolina de Bloch com Prionotus punctatus de Cuvier & Vai. porém andou mal acompanhando estes últimos autores na identificação de Triglia carolina com Trigla pun- ctata de Bloch. 6 ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL — A'O!. XVII Prionotus beani. ooode D. X + 12; A. 1 + 10; Ps. 13 + 3; Vs. 1 + 5 «Cabeça 3; altura quasi 4; maior largura 4; olhos quasi 4 na cabeça ou 2 no focinho. Focinho 2 na cabeça, egual á mandíbula, menor altura da cauda quasi 1/5 do comprimento da cabeça e egual ao pequeno diâmetro da orbita; largura do espaço interorbital ósseo cerca de 1/3 do comprimento do focinho; uma depressão atraz dos olhos interrompida na nuca; focinho prolongando-se em 2 pontas, curtas e serrilhadas, flanqueadas posterior- mente por um espinho curto mas fortemente comprimido; atraz d'esté, sobre o focinho, um outro espinho curto; um espinho curto no osso da bochecha; as narinas anteriores em um tubo que é posteriormente prolongado em fralda; narinas posteriores n'um tubo grosso porém mais curto; espinho pre- opercular também com um aculeo curto na base; espinhos preoculares e supraoculares presentes; um par de espinhos postoculares em cada lado, um á frente do outro; um par de espinhos no occiput e outro na nuca; compri- mento do espinho opercular medido para traz até a orla do preoperculo egual ao comprimento da parte postorbital da cabeça; espinho humeral bem desenvolvido, seu comprimento quasi egual ao do preocular; maxilla- res não attingindo a vertical baixada da parte anterior dos olhos, sendo o seu comprimento egual á parte postorbital da cabeça; espinho humeral bem desenvolvido, sendo o seu comprimento egual ao dos preoculares; mandí- bula quasi attingindo a vertical da orla anterior dos olhos, sendo o seu com- primento Î/2 do comprimento da cabeça. Dentes em fachas estreitas villi- formes nas maxillas, vomer e palatino; 8 rastros desenvolvidos no arco an- terior, sendo o mais longo cerca de 1/3 do diâmetro dos olhos; 5 rudimentos em baixo e 2 em cima dos rastros desenvolvidos do arco anterior, apenas salientes da superficie geral. Distancia da dorsal da ponta do focinho um pouco maior do que o comprimento da cabeça; comprimen- to da base da dorsal espinhosa quasi 3 vezes o diâmetro dos olhos; primeiro aculeo serrilhado na sua margem anterior para amaior porção de sua altura, quasi tão longo como o segundo; seu comprimento 2/5 do comprimento da cabeça; 2 últimos aculeos muito pequenos, 3° aculeos tam- bém serrilhado ao longo da sua margem anterior pela maior porção de sua altura; um ligeiro inter espaço entre as duas dorsaes; comprimento do pri- meiro raio da dorsal ramosa egual ao do segundo aculeo da dorsal; com- primento do ultimo raio egual a 1/2 do comprimento da base da dorsal es- pinhosa; comprimento dos raios caudaes medianos 3 vezes o diâmetro dos olhos;caudal ligeiramente emarginada; origem da anal immediatamente infe- rior á origem da dorsal ramosa; comprimento da base da anal 1/2 da distan- cia da anal à ponta do focinho; somente o aculeo, cerca de 2/3 do comprimen- to do primeiro raio, seu comprimento 3 e 1/2 do comprimento dos maxillares; 7 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES comprimento do mais longo raio anal 1/2 do comprimento da base da dorsal espinhosa; ventraes projectando -se até a origem da an al, seu comprimento egual á base da anal; peitoraes quando esticada attingindo a linha que liga o quinto raio da dorsal ao sexto da anal, sendo esta nadadeira emarginada posteriormente, seu maior raio, ligeiramente mais comprido do que a cabeça e mais de 2 vezes o comprimento dos aculeos dorsaes. 7 series de escamas entrea linha lateral e a origem da 2 dorsal, !8 series entre a linha lateral e a origem da anal, 50 poros na linha lateral e cerca de 93 series obliquas de escamas de thorax conspicuamente menores do que as do resto do corpo. Côr no alcool, amarello pardacento claro superiormente, mais claro inferiormente, dorsal espinhosa com uma nódoa negra entre o quarto e o quinto aculeos, seu comprimento cerca de 2/3 o do diâmetro ocu- lar; a membrana ligando os aculeos da dorsal com maculas indistinctas obs- curas em muitos logares; membrana ligando os últimos 3 ou 4 raios da 2." dorsal ligeiramente escuras; peitoraes com 2 areas escuras, largas, separadas e circuladas de uma cor clara, não tomando as manchas escuras das peito- raes a forma de fachas, porém tendo o seu maior comprimento quasi pa- rallelo ao eixo do corpo do peixe. Comprimento 4 e 1/2 pollegadas. (Goode Bean) Habitat: Trindade e Rio de Janeiro, onde foi costatado pelo Dr. Täte Regan em 1 903 . NI scorp>ce:nid/e Subfusiformes ou subclaviformes mais ou menos comprimidos supe- riormente; cabeça grande, maior do que a altura, provida de aculeos fortes, geralmente presentes nas regiões nasal, supra ocular, occipital, post temporal, pre e sub orbital (onde formam uma crista) no preoperculo e no operculo; bocca ampla, provida de dentes villiformes nos intermaxil- lares, mandibulares vomer e geralmente palatinos ; um espaço mi entre os intermaxillares ; maxillares sem osso supplementär, exteriores ; pseudo- branchias desenvolvidas, rastros curtos, aciculados, em numero moderado ; narinas duplas, separadas as anteriores providos de valva; olhos mode- rados, lateraes, salientes. Escamas ctenoides ou cycloides, médiocres prolon- gando-se ás vezes em appendices dérmicos, frequentes também entre os aculeos superorbitaes ; linha lateral presente, parallela ao perfil dorsal, não se prolongando sobre a cauda, nadadeiras mias, entalhadas, parte espinho- sa forte, de contorno geralmente parabólico, parte ramosa mediocre; peitoraes amplas, mais ou menos oblongas, com os raios inferiores somente ou com todos os raios simples, mais ou menos inferiores, procurrentes ou não; ventraes menores do que as peitoraes, originando-se em baixo ou atraz destas nadadeiras, não attingindo porem o seu ápice, providos de um aculeo forte; anal com 3 aculeos fortes. Vertebras 10 á 12 + 14 á 19. Vesí- cula natatoria em geral presente. Oviparos ou viviparos. Habitantes solitá- rios dos fundos pedregosos ou dos logares onde hajam algas por entre as quaes vivem disfarçados pela curiosa ornamentação e colorido do corpo. Em nossos mares estão constatados 2 géneros. /Peitoraes não procurrurentes, com todos os raios simples l occiput desprovido de depressão Pontinus Aculeos dorsaes 12 < /Peitoraes procurrentes, com os raios superiores bifurca. V dos, occiput deprimido Scorpœna ' ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL — vol. XV 4 PONTINUS, Poey Mem. Hist. Nat. de la Isla de Cuba, II pg. 172-1860 Subfusiforme, comprimido superiormente ; bocca ampia anterior, pro- vida de dentes villiformes nos intermaxillares, mandibulares, vomer e palatinos ; rastros pouco desenvolvidos e em numero moderado ; olhos lateraes, superiores com ou sem tentaculos sobre a arcada que é saliente, espinhosa; nuca sem depressão; preoperculo espinhoso na parte livre posterior; operculo com dous aculeos rectos ou quasi rectos: dorsal enta- lhada formula geralmente Xll-t-10 moderadamente elevad?., peitoraes amplas com todos os raios simples, não procurrentes; ventraes originando -se mais ou menos sob á articulação ou atraz das articulações das peitoraes e tendo um aculeo forte ; anal com 3 aculeos e 5 raios fortes ; caudal sub- truncada ou redonda ; escamas ctnoides, médiocres ; vesícula natatoria rudimentar. Constata a presença de um representante deste género em nossas aguas durante as pescas do 'íAnnie". Pontinus corallinus Mir. Rib.» D. XII + 10; A. Ill + 5; Vs, 1 + 5; Ps. 17 Muito semelhante á Pontinus rathbuni, Goode & Bean . Maior ai. tura do corpo 3 vezes no comprimento total (excluída a cauda) mandíbu- la 2 e 1/3 na cabeça que é contida, como no P. rathbuni, 2 e 1/3 no corpo- Maior largura da cabeça menor do que os raios caudaes medianos; lar- gura do espaço interorbital menor do que 1/4 da extensão post=orbital ; este espaço é concavo, apresentando 3 sulcos longitudinaes, um mediano e dois lateraes; estes sulcos formam duas cristas longitudinaes inter- orbitraes. Diâmetro horizontal dos olhos egual a altura do pedúnculo caudal e maior do que 1/2 do comprimento da mandíbula e bem assim maior do que a extensão total do focinho ; a maxilla extende-se até a vertical do limite posterior da pupilla e é egual á parte post orbital e contida duas vezes no comprimento da cabeça e menor do que o dobro do diâmetro dos olhos. Rastros abaixo do angulo 6+4 rudimentos; pouco desenvolvidos; acima do angulo 2 desenvolvidos e 4 rudimentares — comprimento do maior rastro inferior a 3 e 1/2 millimetros em um exemplar de 157 millimetros de extensão Pseudobranchias bem desen- volvidas. Dentes villiformes em fachas nos intermaxillares, mandibula- res, vomer e palatinos. O espaço nú entre os intermaxillares presente. Narinas posteriores não tubulares, mais próximas das anteriores do que das orbitas ; cabeça pouco escamosa no espaço interorbital . Distancia da dorsal espinhosa, da ponta do focinho 2 e 1/2 do comprimento total Pontinus corallinus, Mir. Rib." 5 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES (excluída a caudal) e é maior do que a base da dorsal ramosa; compri- mento de 3.° aculeo (o mais longo) maior do que o comprimento do maxillar superior; comprimento do penúltimo aculeo pouco maior do que a metade do maxillar superior, comprimento do ultimo pouco menor do que o diâmetro horizontal dos olhos ; comprimento da base da dorsal ramosa 5 e 1 2 de extensão total, sem a cauda; comprimento dos raios caudaes medianos 1/4 de extensão total. Caudal truncada. Origem da anal sob o 1.' raio dorsal; comprimento da base da anal 1/2 de extensão do maxillar superior; comprimento da 2.- dorsal 2/3 do maxillar superior ; 3° aculeo dorsal 1 e 3/4 do comprimento do 2° e quasi 2 e 1/2 do comprimento do 1.^; comprimento do mais longo raio dorsal excedendo o 2.° espinho d 'essa nadadeira; ultimo raio menor do que a base da 2/ dorsal ; raios peitoraes lu e 1 1° os mais longos, 3 e 1/2 no comprimento total, (sem a caudal) tocam a perpendicular levantada da origem da anal ; as ventraes apenas passam o anus, comprimento do aculeo d'essas nadadeiras 2 e 3/4 na cabeça ; comprimento do maior raio ventral menor do que um 1/2 da extensão da cabeça. Cor rosea man- chada de rubro, dorso manchado de escuro assim como a caudal. Esta e as demais nadadeiras perfarciadas de rubro. Íris dourada virescente com radiações negras superior e inferiormente, fusca anterior e posteri- ormente. 157 mm. 3 exemplares deste peixe foram pescados pelo ''Annie" á 100 ms. de fundo áE. S. E. da Rasa, em Janeiro de 1903. Obtive um outro no mercado do Rio. SCORP^NA (1) L. Syst. Nat. Ed. X pg. 266-1758 Sub claviformes. Uma depressão no alto da cabeça. Bocca ampla, provida de dentes villiformes nos intermaxillares, mandibulares, vomer e palatinos; rastros curtos, capitados, finamente acciculados; narinas duplas, as anteriores menores, providos de uma valva dérmica mais ou menos digitada; olhos lateraes, superiores providos de arcada saliente, espinhosa, com um ou dous tentaculos dérmicos mais ou menos desenvolvidos ; preoperculo armado de aculeos no bordo póstero inferior; operculo com dous aculeos divergentes de corpo moderadamente curvo para cima. Dorsal entalhada a parte espinhosa do contorno mais ou menos parabólico; peitoraes amplas, procurrentes, inferiores á horizontal de meia altura do (1) Scorpœna = scorpio = escorpião, nome vulgar de Scorpœna serofa em aguas gregas, decurrente da dor que produzem os ferimentos feitos pelos aculeos d'esse peixe. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL — vol. XVII 6 corpo, com os raios superiores divididos; ventraes posteriores ás peitoraes, não attingindo, porém, o seu ápice, providas de um aculeo forte; anal com 3 aculeos desenvolvidos e moderadamente curvos ; caudal sub truncada ou redonda. Escamas ctnoides ou cycloides, médiocres ; corpo mais ou menos provido de appendices dérmicos. Vertebras 10 + 14. Vesícula natatoria ausente. Peixes carnívoros; vivem geralmente pousados sobre o ventre nos fundos pedregosos ou cheios de plantas marinhas, com que os ornatos e o colorido do seu corpo os confudem; em certos casos, mesmo, mudam de côr conforme o meio, offerecendo assim um frisante exemplo de mimatismo. São máos nadadores que apenas se deslocam para attacar a presa geral- mente pequenos crustáceos e outros pequenos animaes. ■ 2 aculeo anal menor e mais fraco do que o terceiro S. brasiliensis I Axilla das peitoraes negra de ébano, com maculas e ' 2 aculeo anal maior e mais l estrias irregulares brancas S. plumieri forte do que o terceiro. ' Axilla das peitoraes cinerea com maculas ocelladas de negro S. grandicornis Scorpsena brasiliensis <^^ cnv. & vai. MANGANGÁ', BEATINHA D. XI + 1, 9 á 10 ; Ä. 111 + 5 ; Ps. 19. L. lat. 50 a' 60 L. tr. 25 á 30 Cabeça 2 e 1/2 á 2e 3/5 ; altura 3 ; orbita 4 e 1/2. Bocca ampla, maxillares attingindo a vertical da orla posterior dos olhos; narinas ante- riores providas de uma valva dérmica, moderada e na base externa de um aculeo que se reclina sobre a orbita e termina na mesma horizontal que esta; orbitas lateraes, superiores, tendo a arcada muito elevada dei- xando entre as duas um entalho bastante profundo, limitado anteriormente pelo extremo dos ramos ascendentes dos premaxillares, tem 3 aculeos superorbitarios e 3 post-obitarios ; posteriormente á base do primeiro d'aquelles ha um tentaculo curto, e á base do 2." outro muito maior; na região post-temporal também se encontra duas series de aculeos, uma in- terna, marginando os lados do occiput por de traz da depressão occipital, outra externa que termina com o 1.° aculeo superior do operculo; 3 aculeos na crista sub orbital, cujo inicio fica sobre os maxillares em 3 aculeos de direcção antrorsa e outro verticalmente dirigido para baixo, (1) Brasiliensis = brasileira. 7 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEXES atraz do qual ha 1 vertical pequeno, ella tem 3 á 4 aculeos ; um ante- rior, verticalmente abaixo do aculeo supraorbital; outro pequeno, verticalmente em baixo do meio da pupilla, dous outros, finalmente, sobre o preoperculo, verticalmente abaixo dos aculeos post-orbitaes e primeiros post-temporaes, o preoperculo tem 5 á 6 aculeos no seu bordo posterior, do meio para baixo; o 2.° (de cima para baixo, que termina a crista sub- orbitaria, é o maior ; o primeiro é muito curto e para na base do segundo ; o operculo com dous aculeos divergentes, o superior já citado, dirigido para traz e para cima e o 2.° para traz e ligeiramente bara baixo. Os rastros são curtos, capitados, revestidos de aciculos e em numero de 7 no ramo inferior do primeiro arco branchial. A dorsal é bastante entalhada, tendo a parte espinhosa de contorno para- bólico, os aculeos moderados e a parte ramosa um tanto pontuda; as pei- toraes são moderadas, attingem a vertical do 1 .° aculeo e as ventraes o anus ; o aculeo desta nadadeira é ligeiramente menor do que a metade da distancia que vae da sua base á base do 1.° aculeo anal ; aculeos anaes moderados, o segundo menor do que o 3."; caudal redonda. Cinereo, al- vadio no abdomen irregular e fracamente manchado de negro ; 3 maculas sobre os flancos, abaixo da linha lateral; axilla branca, maculada de negro caudal indistinctamente transfasciada de obscuro. Habitat : Atlântico occi- dental, desde Charleston, na Am . do Norte, até Santa Catharina. No Rio de Janeiro, é considerado um peixe fino. Attribuem aos ferimentos pro- duzidos pelos aculeos do mangangá, qualidades venenosas, dizendo que a dor consequente dura 24 horas, sendo de violência extraordinária. E' um peixe de fundo. Já observei em aquário onde elle se conservava repousando sobre a areia, durante horas, só se deslocando á busca da alimentação ou quando incommodado por outro peixe; n'esse caso mesmo, não se afastava muito do ponto de partida, pousando em seguida á uma curta e rápida evolução que me fazia lembrar os costumes do bacuráo (Nydidromus albicollis) . Scorpaena piumieri ('> bi. BEATINHA, MANGANOA' 11 I, 10; A. III + ,5 a 6; Ps. 20; L. latr. 50; L tr. L. tr. -^-^ Cabeça 2 e 2/5 a 2 e 1/2; altura 2 e 3/5 a 3 ; olhos 5 e 1/2 ; bocca ampla, maxillares attingindo á vertical da orla posterior da orbita; narinas amplas, dilatáveis, as anteriores providas de uma valva dérmica as poste- (1) Piumieri = de Plumier, padre francez que desenhou muitos peixes da Martinica. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL — vol. XVII Á riores circulares; ramo ascendente dos premaxillares tendo um tentaculo dermico, anterior, na base e o ápice baixo da iiorizontal em que terminam os aculeos existentes do lado interno das narinas anteriores ; estes aculeos são quasi verticalmente dispostos e ficam totalmente afastados da parede rostral ; orbitas moderadas, tendo três aculeos superiores e 2 posteriores ; as arcadas são salientes deixando entre si um amplo espaço concavo mais largo do que em S. í?ros///e/2s/5; frontaes tendo dous aculeos posteriores; post-temporaes com 2 aculeos superiores e 3 inferiores, em duas series; 4 aculeos anteriores ao inicio da crista sub-orbital, irradiantes, de direcção anterior, um 5.° dirigido para baixo tendo um appendice dermico posterior; crista sub-orbitaria com 4 aculeos, 1 de direcção anterior e os outros retro- vertidos ; preoperculo e operculo armados como em 5. brasiliensis, sendo o aculeo inferior deste ultimo de direcção horizontal, aculeos dorsaes robustos, sendo a nadadeira moderadamente entalhada, a parte espinhosa parabólica a ramosa ligeiramente pentagonal ; peitoraes amplas, tendo 8 raios anteriores bifurcados, excluído o primeiro; e os demais, simples, não attingem a vertical levantada do primeiro aculeo anal; ventraes apenas transpondo o anus; anal tendo os aculeos fortes o 2° maior do que o 3.°, caudal sub-truncada . Os tentacules super-oculares são maiores do que em 5. Brasiliensis e todo o corpo é provido d'elles ; olivaceo ou terroso irregular e profusamente maculado de negro e cinereo nos lados, parte superior e nadadeiras, caudal e anal com 3 barras transversaes negras; dorsal com zebruras da mesma côr; este colorido porém varia muito, tomando as vezes os animaes, a coloração rubra das algas em cujo meio habitam ; a axilla das peitoraes é sempre negra retinta, macu- lada de branco puro ; é também um peixe de fundo que observei em aquário, procurando de preferencia as tocas artificiaes onde occultava o corpo, tendo a cabeça á porta do buraco; assim ficava perfeitamente disfarçado pela chamalotada cabeça. Habitat: Atlântico occidental, desde as Grandes Antilhas até Rio de Janeiro. Scorpaena grandicorous^'^ cuv. & vai. D. Xn -1-9; A, Hl -I- 5; L. !af. 40 Cabeça 2 e 1/2, altura 2 e 1/4. Tem os mesmos appendices dérmi- cos que 5. plumieri, sendo mais simplesmente colorida e mais robusta na forma. A depressão da nuca é ampla e muito profunda, o espaço inter- (1) grandicornis, lê-se em Cuv. A forma dos peixes desta familia lembra tanto a dos Uranoscopos quanto á dos Labros sem, comtudo, poder ser assimillada á nenhuma das suas, embora a característica nadadeira peitoral mostre a sua verdadeira ligação á primeira. Corpo e cabeça de diâmetro vertical gradativo para traz; queixo prognatha, lábios franjados. Narinas anteriores tubulares. Olhos superiores. Preoperculo e operculo livre; por sobre a axilla deste um órgão plectriforme. Aberturas branchiaes amplas desde o isthmo. Escamas cycloides, amplas. Linha lateral presente, sinuosa. Dorsal con- tinua ou dupla. Anal longa. Ventraes jugulares. Peitoraes amplas. «Vertebras 10+14. Caecos pyloricos ausentes». DACTYL0SC0PUS,(2) gíu Proc. Acad. Nat. Sei. Philad., pgs. 132 e 133—1859 «Corpo alongado com os perfis dorsal e abdominal convergindo gra- dativamente para a nadadeira caudal. Linha lateral recta e correndo ao longo do meio dos flancos. Cabeça oblonga, subcubica e lisa. Preoper- culo inteiro, operculo radialmente franjado na orla. Bocca quasi vertical. Lingua espessa, estreita anteriormente, adnata em toda extensão. Velum labial sem barbilhão. Anus á curta distancia da base das peitoraes. Dor- sal subegual, única e muito longa, começando acima ou adiante do anus e 1) Dactyloscopus, género typico; eidos semelhante. 1) Dactylos dedos, scopus por Uranoscopus. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL vol . — XVH 2 continuada quasi até a base da caudal. Anal começando atraz do anus e com a mesma forma e terminação que a dorsal. Caudal pequena e es- treita, subtruncada posteriormente. Peitoraes sub-angulares. Ventraes jugulares, continuas e cada uma com três raios simples e articulados». Ca- racterísticos principaes: «Dentes palatinos e vomerinos nullos. Nadadei- ras ventraes com três raios articulados contíguos. Dorsal começando an- tes do anus». (Theod. Gill). Espécies brasileiras: 16 franjas operculares; cabeça 5 no comprimento; côr amarel'ada com 12 faxas alvadias transvcrsaes no corpo; cabeça maculada D. tridigitatus 9 á 12 franjas operculares; cabeça 4 1/2 no com- primento; carmineo em vida, branco no alcool, com pontos escuros superiormente; 10 faxas transver- saes sobre a parte superior do tronco D. crossotus Dactyloscopus tridigiíatus/'> oiii D. XII + 23 ; A. II + 32 ; L. lat. 45 «Cabeça 5 no total (com a caudal); altura 7. D. XII+28; A. 11+32; P. 13, Vs 1+3 ebCcmas 11+4+30. Curpo delgado, muito comprimido posteriormente; franja opercular com 15 filamentos separados. Origem da dorsal sobre o angulo inferior da base das peitoraes, ou immediata- mente antes margem do operculo, sua distancia do focinho á dorsal rinro vezes no comprimenio total. Pseudobranchias muito pequenas. Em vida pallida arenacea superionneníe, ebuianqui^aua inferiormente; 12 faxas transversaes, estreitas, alvadias, na parte dorsal, não se estendendo para baixo, nos lados. Cabeça maculada superiormente; todas as nadadtiiûS pallidas. índias Occidentaes para o Norte até Key-West, algo commum nas areias dos coraes em pouca profundidade, em torno de Key-West» (Jordan & Evermann). «Alguns exemplares desta espécie foram apanhadas em poços dei- xados pela maré, na areia, na barra externa de Natal» . (Starks). I) Tridigitatus— com três dedos (das ventraes), 3 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIEN» — PEIXES Dactyloscopus crossotus/'^ starks D. 12 + 29; A. II + 31 ; L. lat, 40 á 49 ; L. tr. 9 «Cabeça longa com a symphyse mandibular, fortemente prognatha, for- mando-lhe a ponta. Comprimento da cabeça (sem a mandíbula) 4 e 1/2 vezes em toda a extensão, até a base da caudal e a altura do corpo de 6 e 1/2 á 7 vezes. A bocca é moderadamente obliqua ou n'um angulo de 45 gráos. Os maxiUares chegam á vertical da margem posterior dos olhos. Os dentes são delgados e inclinados para traz. São em duas series em cada maxilla e os da mandíbula são três vezes maiores. Os olhos tem o diâmetro maior que o focinho, duas vezes a largura de todo o espaço in- terorbital e contidos 7 vezes no comprimento da cabeça. Ha de 9 á 12 franjas operculares. Os aculeos dorsaes passam imperceptivelmente para os iàiosde modo que só á lente são differenciados. Ha 12 aculeos e 19 raios. Os 4 aculeos anteriores são destacados, a membrana de cada es- pinha apenas chega á base da seguinte; a 5 é ligeiramente ligada a sexta que, ao contrario é largamente ligada á 7, como nas subsequentes. A anal tem 2 aculeos e 31 raios, sua origem é consideravelmente posterior ás pontas das franjas operculares, que chegam sobre a base das peitoraes emquanto que em Dactyloscopus tridigitatus sua origem é opposta á ponta das franjas. Ha de 40 á 44 series transversaes de escamas e 9 longitudi- naes, contando junto da ponta das peitoraes. A cabeça e o peito são nús. A linha lateral corre elevada anteriormente; havendo apenas uma escama e meia entre as series poriferas e a dorsal. Ha 12 escamas na parte an- terior da linha lateral 3 na parte descendente e 31 na porção posterior. Em vida o corpo e a cabeça são carmineos translúcidos ou cor de carne. No alcool a cor é branca e mui ligeiramente escura, com pontos escuros em cima. O inicio de cerca de 10 faxas transversaes é indicado no dorso mas não desce até os lados. As nadadeiras são de cor branca. A espécie não é estreitamente referida á nenhuma outra forma conhecida porém é mais próxima de Dactyloscopus tridigitatus Qill, differindo pelo menor nu- mero de filamentos operculares, olhos muito maiores mandíbula muito mais robusta e pru;^natha, anal mais posterior. E' mais delgada que qi!?>Iquer outra. Alguns exemplares foram apanhados em poças deixadas pela maré na areia, em Natal, em companhia de Dactyloscopus tridigitatus. O typo e maior exemplar mede justamente 2 pollegadas». (Starks). 1) Crossotus. = franjado LENIMIIDyCEIo Corpo oblongo ou subclaviforme, moderadamente comprimido. Ca- beça moderada, bocca aníero inferior, provida de dentição variando dentro da forma subconica, mais frequentemente distribuídos em pente ou em serie fixa ou movei, nas maxilias, seguida, nos lados, de um canino mais ou menos poderoso; posteriormente existentes também no vomer e nos pala- tinos (as vezes ausentes). Pseudobranchias presentes. Aberturas das guelras amplas ou moderadas, a membrana unida á sua opposta e en- volvendo o isthmo ou unida á este, deixando apenas uma fenda lateral. Corpo escamoso ou nú, sendo as escamas cycloides, ctenoides ou lisas. Linha lateral variável, sendo simples, dupla ou múltipla, bem como, ás vezes, incompleta; ás vezes provida de tubulos múltiplos e cruzados. Dor- sal simples, dupla ou triplicemente entalhada, composta de raios, espinhosos e ramosos ou quasi exclusivamente dos primeiros; anal ás vezes com os dous primeiros raios modificados, nos machos, em tubérculos cutâneos. Caudal geralmente redonda. Ventraes com jugulares, com um aculeo e poucos raios, ás vezes aírophiada ou ausente. As vezes viviparos, ás ve- zes ovovivipares, os Rlennios são peixes de pequenas dimensões e consti- tuintes de extenso numero, habitantes das regiões de rochedos e recifes e mais ou menos ornados de cores obscuras. No Brasil são conhecidos apenas os géneros e as espécies adiante enumeradas. Popularmente são conhecidos pelo nome de Macacos e não constituem objecto de industria . 1) Blennius, género referido; eidos, semelhante. f ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL VOl . — XVII /Dentes pectinifor- mes, firmes nas maxillas . . CO /Corpo nú. . (/) «j t- 03 O c se » I to •o c o u CA .Si 'G c Guichenot Mem. Soe. Sei. Nat. Cherbourg, vol. XIU, pg. 96—1867 Corpo nú. Bocca provida de dentes moveis nos intermaxillares e man- dibulares e caninos posteriores, porem pouco desenvolvidos; dentes obtusos no vomer, tentaculos nasaes, supraoculares ecervicaes. Abertura bran- chial ampla, as membranas unidas e envolvendo o isthmo. Dorsal enta- lhada. Salariichthys textiiis, (^^ (Quoy ) De Kay N. York Fauna, Fishes pg. 41—1842 Forma oblonga, cabeça nua, corpo protegido por escamas cycloides. Rocca anterior, provida de dentes cónicos, caniniformes, isolados em. uma serie anterior e seguida de outros menores. Dentes fortes, em serie no vo- mer e nos palatinos. Maxillares occultos em lábio espesso como os in- termaxillares. Rastros rudimentares. Abertura branchial ampla, mem- brana branchiostega reunida á sua opposta envolvendo o isthmo que fica livre. Linha lateral completa, sinuosa. Dorsal inteira, anal, no macho 1) Lepis, escama; soma, corpo. 9 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILlENSE — PBIXE8 com OS dous aculeos anteriores modificados em tubérculos cutâneos. Olhos tentaculados; duas series de filamentos dispostos em V sobre a região cervical. Consideramos valido o género Lepisoma em opposição á La- brosomus Cuv . pela presença, n'estes peixes, de dentes nos palatinos. Espécie brasileira: Lepisoma nuchipinnís, ^^^ Qy. & Gmrd. Cabeça 3el/3; altura 4. Bocca ampla, anterior, chegando os ma- xillares até quasi a vertical da orla posterior da orbita, dentes cónicos, ca- ninif ormes, médiocres, em uma serie nos intermaxillares, mandibulares, vo- mer e palatinos; alguns dentes menores, atraz da serie anterior, tanto na maxilla superior como na inferior. Olhos 5 vezes na cabeça, quasi no perfil superior e sobrepujados por urn facho de tentacules dérmicos, na nuca uma serie d'esses tentaculos, em cada lado. Abertura branchial am- pla, uma depressão na arcada escapular adiante do base das peitoraes. Membrana branchiostega passando por sobre o isthmo que é totalmente livre. Operculo lamellar sem aculeo. Escamas cycloides, projectando-se sobre a membrana interradial nas nadadeiras dorsal e anal. Linha lateral simples, sinuosa, apenas attingindo a base da caudal. Dorsal tendo um entalhe pouco accentuado na passagem dos aculeos para os raios; anal com os raios ligeiramente filamentosos. Coloração parda olivacea superior e posteriormente; sanguínea anterior e inferiormente; uma nódoa subcir- cular, negra, sobre o angulo opercular, as vezes marginada de branco. Habitat: Atlântico Occidental, desde Florida na America do Norte ao Rio de Janeiro, na do Sul. AUCHENOPTERUS, O Günther Cat. ni, pg. 275-1861 «Corpo moderadamente alongado com as escamas pequenas ou de ta- manho moderado; focinho curto, com o hiato de amplitude moderada. Uma facha de pequenos dentes nas maxillas; dentes no vomer. Duas dorsaes separadas, compostas de aculeos somente; a anterior formada por três aculeos. Ventraes jugulares, compostas de 3 raios. Cabeça com ten- taculos; branchias amplas» (Günther). Embora Günther diga "escamas pequenas etc. e dorsal composta apenas de aculeos" deve-se entender, conforme observaram Jordan e Evermann que as escamas sejam á bem dizer grandes e que a 2^ dorsal tenha um raio ramoso. 1) Nucha^^nuca, cervix; pinna, nadadeira. 1) Aachen, nuc&, pteron, nadadeira. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL vo! . — XVII 10 Auchenopterus rubicundus, <*> starks «A cabeça é pontuda com os contornos dorsal e anal semelhantes. A cabeça é contida 3 e 1/2 vezes no comprimento até a base da caudal. Altura 4e 1/3. As maxillas são eguaes anteriormente e os maxillares se projectam até sob a orla posterior da pupilla. Os dentes são agudos e eguaes, n'uma única fila na margem externa das maxillas e uma curta fila d'outros menores por traz d'elles. Os olhos são um tanto mais longos do que o focinho e contidos 4 vezes na cabeça. Ha um tentaculo multifido na narina anterior, um acima dos olhos e um na nuca. A formula da nada- deira é: D. lll+XXVI+1; A. 11+15. A origem da dorsal é opposta ao preoperculo. O primeiro aculeo dorsal um pouco inferior ao segundo e todos os espinhos anteriores são consideravelmente mais baixos do que o mais elevado aculeo da segunda dorsal. A membrana entre o terceiro e quarto espinho attinge o ultimo em cerca de 1/3 de uma extensão acima de sua base. As ventraes chegam á pouco mais do meio do caminho en- tre sua base e a frente da anal. A peitoral é largamente redonda e apenas attinge a frente da anal. As escamas são coroadas anteriormente e se tor- nam gradativamente maiores para traz. Seu numero é de 28 n'uma linha longitudinal e 8 transversal, e serie opposta á frente da anal. Ha 35 poros na linha lateral iucluindo as da curva. Na região ventral ha 12 escamas em uma linha mediana, entre a anal e as ventraes. A cabeça e as nadadei- ras são inteiramente desnudadas. A cor da cabeça e do corpo é unifor- memente rubra brilhante, tornando-se somente muito pouco mais clara em baixo. Uma larga facha branca corre pelas bochechas para traz. A dor- sal é alternadamente rubra e incolor; as areas vermelhas occupam cerca de três espinhos e as outras são um pouco mais estreitas. Uma pequena nódoa existe sob o vigésimo aculeo, porém não é ocellada. A caudal é amarellada e não tem barra na base. Um único exemplar foi apanhado numa poça em Natal. Mede 1 e 3/8 de comprimento. Esta espécie diffère das outras da género na cor e por ter uma anal mais curta. Parece ser alliado mais proximo de Auchenopterus fasciatus. 1) /?uôícun£(us=rubicundo. PHYCID>qE<') Forma alongada, subanguilloide. Cabeça grande; bocca anterior, am- pla, provida em faxa nos intermaxillares, mandibulares, vomer e palati- nos. Rastros presentes, lamellares, médiocres. Narinas duplas. Olhos lateraes. Um barbilhão curto sobre o mento. Aberturas branchiaes am- plas, membranas livres. Escamas cycloides, médiocres, delgadas. Linha lateral presente, ás vezes pouco perceptível. Dorsal dupla, a segunda quasi symetrica com a anal e ambas não confluentes com a caudal que é iso- cerca. Ventraes jugulares, seus raios prolongados em filamento bi ou tri- radiados. Embora a totalidade dos auctores inclua os peixes d'esté grupo na familia Gadidœ, pensamos perfeitamente justificada a sua separação, baseados especialmente na constituição das ventraes. Em poucas palavras o nosso modo de ver assemelha-se ao de Goode & Bean, sendo que con- sideramos familia o que elles á pgs. 352 e 353 da oceanic Ichtyology con- sidera sub famílias. UROPHYCIS, (2) Gill Pr. Acad. Nat. Sei. Philad., pg. 240-1863 Distinguindo-se pela ausência de dentes nos palatinos e pelas ventraes com três raios filamentosos. Membrana reunida ao isthmo. aj jg ,1* dorsal provida d'um longo (Altura egual ao comprimento da cabeça. . U. myíaceus ".;: l filamento < ^ ' (Altura menor que o comprimento da cabeça. U. chass dorsal desprovida de filamento U. latus ■"£ (l 1) Phycis, género referido; eidos, semelhante. 2) Uro, oura, cauda; phycis género referido. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL VOl. — XVll 2 Urophycis latus, ^'^ Mir. Rib.» D. IX + 56; A. 46; Vs. 3; L. lat. 126 Muito parecido com U. cfiuss (Walb). Altura 4 e cabeça 4 na exten- são do corpo. Olhos contidos 6 vezes no comprimento da cabeça. Os maxillares passam a linha posterior das orbitas. Cristas temporaes sali- entes, de forma que todo o alto da cabeça é quasi plano, tão ligeira ê a sua convexidade. Ha um fraco espinho opercular occulto na pelle. O corpo, muito comprimido e as nadadeiras verticaes, são revestidas de esca- mas cycluides. A linha lateral acompanha o perfil dorsal até sobre a ori- gem da anal onde se curva um pouco, seguindo, depois, em uma linha obli- qua, até o pedúnculo. Primeira dorsal da altura da segunda e tendo o 3° raio muito prolongado. Este é egual ai e 1/2 vezes o comprimento da ca- beça. As peitoraes são do comprimento da parte post-orbital. As ven- traes passam o T terço da base da anal que é baixa. 9 rastros abaixo do angulo e um rudimento. Barbilhão curto, pouco menor do que o diâ- metro da orbita. Cavidade oral branca, branchial denegrida. íris pratea- da, a sua orla interna finamente limbada de negro e a externa largamente na parte superior e na posterior. Narinas anteriores ligeiramente tubulares. Pardo sombrio, mais intenso no alto e nos lados da cabeça, nas orlas das nadadeiras e extremidade das ventraes. Dentição como em U. mystaceus. Caudal quasi toda negra. Parte inferior branca; queixo e isthmo pontua- dos de pardo. Habitat: Atlantico-Ilha Rasa. Urophycis chuss, (-> (Waib.) D. IX + 56; A. 4S Como acima ficou dito, esta espécie é muito semelhante á U. latus, differindo pela proporção da cabeça que é contida 4 e 1/5 no corpo e a al- tura 5 vezes no mesmo comprimento. Habitat: Atlântico Occidental do golpho de Virgínea ao Rio de Janeiro onde foi constatada em 1903 (Pescas do Annie). 1) Latus, largo. 2) Chuss, vernáculo norte americano, obsoleto. bi) CD 3 tu u Co c« Q. o CM bio ^ Qi C/3 3 a o bX) 3 A. DE MIRANDA RIBEIRO — PAUNA BRASILIEN6E — PEIXES Urophycis mystaceus, ^'^ Mir. Rib.» D. XI + 62; A. 51; L. lat. ca 93? Muito semelhante á U. cirratus, Gde & Bn. Cabeça 4 e altura 5 e 1/2 na extensão do corpo *(sem a caudal). Os maxillares attingem a linha pos- terior das orbitas. Os intermaxillares são providos de uma facha de den- tes villiformes e curvos; vomer com dous grupos ovóides de dentes, essas placas ovóides têm o maior eixo inclinado para dentro, de forma que, as duas se tocam pelo extremo mais estreito, anteriormente. Mandibulares também em facha mais estreita, como em Urophycis cirratus. Olhos gran- des, seu diâmetro egual á extensão do focinho e á 3/2 do espaço interorbi- tal (ósseo) e é contido 4 e 1/2 vezes na cabeça. Rastros 2+11 sob o an- gulo. Membrana das guelras ligada ao isthmo, deixando, porém, uma orla livre; um espinho chato e delgado occulta-se no operculo. O corpo é mus- culoso, tendo a linha lateral, recta, pelo terço superior. Nadadeiras mode- radamente elevadas; a primeira dorsal de altura contida 2 vezes na ca- beça, é triangular, termi ando em angulo agudo; segunda dorsal da mesma altura que a primeira. Peitoral estreita, em forma de lamina de canivete, de extensão egual á metade da distancia que vae da base das ventraes ao anus. Ventraes longas, 2" raio prolongado, attingindo á base do 13° raio da anal que é mais baixa do que a 2' dorsal. Caudal pouco menor do que a metade do comprimento da cabeça, de extremidade redonda. Todo o corpo, á excepção dos lábios, revestido de escamas; o mesmo succède com as nadadeiras verticaes. Branco amarellado com as membranas de implantação das escamas denegridas. Nadadeira dorsal finamente pontua- da com a orla preta, caudal largamente preta, ventral tendo a extremidade posterior marginada de preta, Peitoraes pontuadas, uma zona sombreada na região opercular. Olhos tendo a iris prateada na orla interna e colorida de negro na externa superior. Essa cor negra se estende em uma faxa que, diminuindo gradativamente em largura se dirige, pela parte posterior do globo ocular, perto da orbita e vae morrer em um estreito filete na parte inferior da iris, acima do angulo da bocca. Focinho denegrido; essa cor prolonga-se por cima dos maxillares e, em faxa recta, se dirige á abertura das guelras, ao meio da distancia entre a base da nadadeira peitoral á da ventral, qs intermaxillares são finamente pontuados de escuro e bem assim os mandibulares, mais fracamente, porém. Toda a cavidade oral (á excepção feita da zona sub lingual assim como toda a cavidade branchial, de cor negra purpurea, intensa. Habitat: Atlântico, em costas brasileiras; Ilha Rasa e Tijucas. 1) Mystaceus, mystaceo, provido de bigode (mystax). brotul.id>=e:í^) Forma taenioide. Cabeça grande; bocca antero inferior, geralmente provida de dentes em faxa sobre os intermaxillares, mandibulares, vomer e palatinos. Narinas duplas. Olhos lateraes. Peças operculares conjuga- das; operculo ás vezes armado. Abertura branchial ampla. Escamas pequenas, cycloides. Linha lateral presente, ás vezes interrompida. Dor- sal nascendo mais ou menos próxima do craneo, symetrica com a anal ás vezes essas nadadeiras confluentes com a caudal. " Ventraes sobre a arcada escapular anterior ás peitoraes. Caecos pyloricos em pequeno nu- mero. Embora de aspecto semelhante á certos peixes do género dos ba- calháos (Gadidae, Phycidae) o foramen do hypercoracoide demonstra se- rem elles mais affins aos verdadeiros Blennios, e como taes, pertencentes ao grande grupo que aqui chamo de Macrochires . NEOBYTHITES (2) Ooode & Bean Pr. U. S. Nat. Mus., VHI, pg. 600-1885 «Brotulideos com o corpo alongado, comprimido, recoberto de esca- mas pequenas que também recobrem a cabeça. Linha lateral incompleta, obsoleta posteriormente. Olhos moderados. Focinho moderado, redondo, ligeiramente prognatha com a mandíbula ligeiramente incluída. Não ha barbilhão. Dentes villiformes, em faxas estreitas nas maxillas e nos pala- tinos. Dentes vomerinos em placa V-forme. Dous espinhos fracos no 1) Brotula, género referido, eidos, semelhante. 2) Neo, novo; Bythites, género referido e desta mesma familia. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL vol. — XVII angulo do preoperculo e um, mais forte, no angulo do operculo. Abertura das guelras ampla, as membranas fundamente abertas e não ligadas ao is- thmo. Nadadeiras verticaes unidas. Ventraes reduzidas á um raio bifido. 8 Branchiostegos. Pseudobranchias presentes, porém pequenas. Vesícula natatoria presente. Typo Neobythites gi/li;» (Goode & Bean). NeobythiteS gillii, ('> Ooode & Bean «Corpo comprimido, sua altura (17 millimetres) contida 4 vezes e 2/3 no comprimento total e menos do que o comprimento da cabeça. Arca interorbital convexa, sua largura (5 millimetros) egual ao diâmetro dos olhos que são circulares; 3 e 2/3 no comprimento da cabeça e 1 e 1/2 no comprimento do focinho, no joven. Cabeça comprimida, mais alta do que larga, com sinuosidades amplas; seu comprimento (18 millimetros) contido 4 e 1/2 vezes no corpo; focinho obtusamente redondo, ligeiramente prognatha. Bocca ampla os maxillares estendendo-se consideravelmente para traz da vertical da margem dos olhos, expandidos posteriormente; a mandíbula ainda mais longa, seu comprimento (1 1 millimetros) cerca de 2el/3 na altura do corpo. Espaço interorbital convexo. Dentes em faxa villiforme nas maxillas e nos palatinos. Placa vomerina subcircular, com os ângulos estendidos posteriormente. Rastros moderadamente longos e delgados, uin tanto numerosos, o mais longo cerca de 2/3 no diâmetro ocular; onze desenvolvidos e 3 rudimentos em baixo do angulo. Pseudo- branchias ausentes. Abertura branchial ampla, a membrana profundamente fendida desde o isthmo. Um único aculeo, chato, ligado á parte posterior do operculo, collocado superiormente e projectado para traz ao longo da sua margem; um pequeno aculeo escondido no angulo inferior do preoper- culo. Narinas pequenas, as anteriores n'um tubo curto, quasi sobre a pon- ta do focinho; narinas posteriores ligeiramente maiores, não tubulares, immediatamente na frente do meio dos olhos. Encamas moderadas, sobre a cabeça e o corpo, em 88 series verticaes, 7 series entre a dorsal e a ori- gem da linha lateral, que se torna indistincta na sua ametade posterior; 16 á 17 do anus para frente, até a linha lateral. A origem da dorsal pos- terior a das ventraes e peitoraes. Sua distancia do focinho (21 millime- tros) contida 4 vezes no comprimento total. Seus raios moderadamente longos. Origem da anal sob o 18° raio dorsal; sua distancia do focinho (34 millimetros) contida 2 e 2/3 no comprimento do corpo. Raios antes mais delgados do que os da dorsal. Os caudaes são 6 ou 7, seu com- 1) Gill, dedicado ao Dr. Theodore Gill. 3 A. BE MmANOA RnSEIKO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES primento (9 millimetros) contido 9 vezes no total. Elles não são diffe- renciados dos das nadadeiras adjacentes. Origem da peitoral bem ante- rior, sua base algo occulta pela membrana do operculo; seu comprimento (13 millimetros) quasi egual á 2/3 do da cabeça. Cada ventrale um raio bífido, o filamento interno é o mais longo, inserido ligeiramente á frente da base das peitoraes e não longe da symphyse humeral e chegando quasi ao anus. Seu comprimento (15 millimetros) quasi egual á altura do corpo. Distancia da origem das ventraes ao anus ligeiramente maior que a altura do corpo. Cor amarella clara, com reflexos prateados, com um nublado par- dacento sobre a linha lateral e numerosos chromatophoros negros; uma serie de manchas irregulares pardas acima da linha lateral sendo uma ou duas, muito mais escuras, projectando até a dorsal. Em muitos exem- plares a cor é amarella uniforme, apenas com vestígios de ocellos escuros. Habitat: Atlântico; o Challenger pescou-o ao largo de Pernambuco, Brasil em 35'^ braças». (Goode & Bean). OPHIDIONID/Ef^) Peixes anguilliformes, escamosos, comprimidos, de cabeça grande, bocca anterior, com os intermaxilíares protracteis, com dentes villiformes e caninos ou cónicos, em serie, também presentes nos mandibulares, vo- mer e palatinos. Rastros presentes, lamellares, em pequeno numero. Branchias 4. Pseudobranchias. Abertura branchial ampla, desde o is- thmo. Preoperculo subcutâneo; operculo ás vezes armado d'umaculeo. Escamas cycloides, delgadas. Linha lateral presente. Vesícula natatoria espessa desenvolvida. Cœcos pyloricos em numero moderado, tubo di- gestivo moderado. Dorsal e anal continuas, confluentes com a caudal; ventraes jugulares, bifidas. Anus posterior as peitoraes. Géneros brasileiros: / Focinho provido d'um aculeo ósseo Lepophidium ' Focinho desprovido d* um aculeo ósseo Genipterus GENYPTERUS,(2) Phiiippi Wiegim's Archif, pg. 268-1855 Forma anguilloide. Cabeça cónica; bocca anterior com os interma- xilíares e maxiilares envolvidos em pelle espessa; dentes villiformes, em 1) Ophidion, gensTO referido; eidos, semelhante, 2) Genypterus gena, mento; pieron aza (nadadeira). ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL VOl. — XVII 2 faxa, nos intermaxillares e mandibulares, por traz d'uma serie de dentes cónicos, maiores, também presentes no vomer e palatinos. Hiato amplo . Narinas duplas, punctiformes. Oltios lateraes, subcutâneos. Preoperculo subcutâneo. Operculo armado d'um forte aculeo occulto na pella em sua maior extensão. Membrana branchiostega livre desde o isthme. Bran- chias 4. Rastros lamellares, médiocres e em pequeno numero. Escamas cycloides, foliaceas, pequenas. Linha lateral presente, os tubos curvos para baixo, dorsal e anal confluentes com a caudal. Ventraes bifurcadas, pos- teriores a symphise dos mandibulares. Vesícula natatoria presente. Es- tômago syphonico; caecos pyloricos curtos e espessos, em numero mode- rado. Tubo digestivo com 2 circumvoluções. Espécie constatada em aguas brasileiras: Genypterus blacodesíBi. (Cuv.) O facis geral d'esté peixe lembra o Ophidion barbatam, Linnaeus. Cabeça 4 e 1/2, altura 7 e 1/2 na extensão total do corpo; diâmetro hori- zontal dos olhos pouco maior do que o focinho e 4e 1/2 na cabeça; ma- xillares pequenos, subuliformes, em faxa. Os inferiores formam uma fila maior. Dentes no vomer e nos palatinos cónicos, curtos, em faxa. Lin- gua grande, lisa. Rastros 4 abaixo do angulo, eguaes á um raio da pu- pilla; acima do angulo 3 rudimentos. Vesícula natatoria oblonga, sem osso solitário anterior e de abertura com mecanismo já figurado por Kaup. As suas paredes são espessas, brancas, opacas e resistentes, de modo á conservarem a forma fora do corpo do peixe. Tem nos dous lados e posteriormente uma serie de protuberâncias caeciformes correspondentes á lojas internas; as duas ultimas das series lateraes parecem se communicar atravgz da serie transversa e posterior. Essas protuberâncias constituem uma orla externa da vesícula e adherem, assim, ás paredes da cavidade thoracica. O œsophago azul denegrido, bem assim a cavidade pharyngea- na e mucosa da cobertura das guelras e arcos branchiaes. A cabeça, desde o espaço interorbital e o corpo, são revestidos de escamas pequenas; o operculo é provido de um forte espinho, horizontal. No focinho, em al- tura da orla superior das orbitas, ha um forte espinho, occulto na pelle em alguns exemplares, dirigido para diante e ligeiramente para baixo. Colora- ção branca. Alto da cabeça, focinho, zona sub-orbitaria, queixo, operculo, base das peitoraes e 13 barras transversaes, verticaes, denegridas, com re- flexos metallicos de cobre quando o peixe está fresco. As faxas verticaes, quando chegam á linha lateral que corre pelo terço superior da altura do corpo, terminam abruptamente ou são seguidas de outras posteriores e in- feriores que descem até quasi á linha abdominal, o que dá uma apparen- cia de alternância de barras que não é definida. As nadadeiras são larga- mente marginadas de preto. Os barbilhões são eguaes em extensão á um diâmetro vertical dos olhos; ficam situados adiante do angulo da bocca e mal attingem o mento. Habitat: Atlântico em aguas brasileiras; Ilha Rasa. 1) Brevis, curto; barba, barba, as ventraes. M ERLUCCI I D/CE: (•) Peixes subclaviformes, subcomprimidos, de cabeça robusta tendo os «ossos frontaes pares com uma excavação triangular superior e as cristas frontaes divergentes, continuas, desde a occipital furcada» . Bocca anterior, ampla, provida de dentes fortes cardiformes, deseguaes, em faxas de duas series nos intermaxillares e mandibulares. Vomer também provido de dentes. Narinas duplas, não valvulares, contíguas. Olhos lateraes, de orla livre. Peças operculares isoladas das preoperculares. Abertura bran- chial ampla. Rastros longos. 7 branchiostegos. Escamas pequenas, cy- cloides, deciduas. Linha lateral presente. Dorsal dupla, a parte ramosa entalhada. Anal opposta e symetrica com a segunda dorsal, na forma. Ventraes anteriores ás peitoraes. Neurespinhas desenvolvidas e contí- guas. Costellas amplas, canaliculadas inferiormente ou dilatadas. Peixes grandes e muito apreciados sob o ponto de vista industrial e culinário. MERLUCCIUS, (2) Rafinesque Caratteri, pg. 26—1810 Cujos caracteres estão incluídos na diagnose de familia supra. 1) Meríticcius, género referido; eidos, semelhante. 2) Merluccius, antigo nome vulgar do Lucio. ARCHIVOS DO MUSEU NAQONAL VOl. — XVII 2 Merluccius bilinearis/') (Mitchm) PESCADINHA-DO-REÍNO D. XII + 33; A. 37 á 38; L. lat. 112 Cabeça 3 e 1/4 á 3 e 1/2; altura 6 á 6 e 1/2. Cabeça robusta, per- corrida por algumas carenas que, na região cervico-frontal, desenham per- feitamente um W. Narinas contíguas, a posterior muito maior. Olhos cerca de 1 vez e 1/2 no focinho. Opercule terminando em triangulo la- mellar. As nadadeiras são muito fracas. A coloração é olivacea translú- cida, superiormente; argyrea inferiormente. Extremos das peitoraes e cau- dal obscuros. Linha lateral orlada de escuro nas duas margens, aliás, nos poros. Dous exemplares d'esté peixe foram por mim obtidos nas Pescas do Annie (1903) e pertencem hoje ao Museu Nacional; medem aproxima- damente 23 centímetros. Habitat: Atlântico Occidental de Belle Isle; na America do Norte, até Rio de Janeiro, no Brasil. 1) Bilinearis, de duas linhas nos flancos. X3 CA o CA >> 'S OS o .22 Ci CN C CM S e CA '3 s HETEROSOMATA he:te:rosomata<>^ Forma assymetrica, pela contorsão do craneo, cuja estructura ante- rior se modifica para permittir a localisação dos dous olhos sobre um dos lados (em virtude da estação normal do corpo ser lateral^, presumindo-se que essa deslocação que, não existe nos indivíduos muito jovens, tenha Jo- gar por perfuração dos ossos craneanos. Nadadeira dorsal única (so- mente n'um caso mostrando uma divisão anterior) e constituída de raios numerosos que se estendem em quasi toda a extensão do peixe. Anal ás vezes provida de um aculeo; ás vezes a cintura pelviana é a portadora d'outro aculeo mais forte. Peitoraes nem sempre presentes; ventraes, ás vezes assymetricas, ás vezes confluentes em uma ou, então, apenas presentes em um dos lados. Caudal nunca furcada. Escamas geralmente ctenoides ou cycloides, semp e relativamente pequenas. Linha lateral presente, ás vezes provida de um ramo accessorio na sua parte anterior; ás vezes ra- mos cephalicos egualmente presentes. Os ossos maxillares são despro- vidos de osso supplementär e a dentição se distribue pelos intermaxillares, mandibulares e vomer, sendo composta de dentes caniniformes (comquanto pouco desenvolvidos) em uma ou duas series ou villiformes e em facha ou, mesmo, ausente. Os arcos branchiaes são em numero de quatro, mostrando um foramen sob o ultimo; as pseudo-branchias estão presentes. Os rastros variam da forma lamellar para a tubercular. O estômago e os intestinos curtos, occupam uma região abdominal muito restricta, quasi sob a cabeça, fazendo lembrar, nas larvas, as formas dos Gymnoti. Os ovários, entretanto, ganham em comprimento, espaço maior, vindo attingir quasi metade da extensão da anal, na cavidade do tronco. (1) (Ol.) Heteros = différente; soma = corpo. ARCHIVOS Dû MUSEU NACIONAL VOI.—XVU 4 A vesícula natatoria não existe e o anus é sub-lateral. Das particulari- dades do esqueleto, a mais notada é a terminação da cauda (que é homocer- ca) em um largo hypural, o que afasta os linguados dos bacalháos que, têm a cauda isocerca. Egualmente não devem ser desprezados, além de outras par- ticularidades menos notáveis da armação óssea do corpo, os aculeos pel- vianos e anal, presentes em vários subgrupos destes peixes. As relações da forma, mostradas pelos jovens, juntas á maleabilidade de estructura das nadadeiras no grupo dos Xiphuri, parece mosrrar uma affinidade muito maior entre estes e os linguados do que pensava a maioria dos zoologos. Nes- te caso penso francamente com David e Jordan, não me preoccupando, entre- tanto em fixal-os como descendentes dosStromateideosoude outro qualquer grupo restrictamente determinado, desde que os nossos estudos actuaes ainda não permittam uma tal fixação. Citando o grupo Xipimri, quero jus- tamente fugir dos restricções de Jordan, deixando para a questão taxono- mica, apenas, as bases cujas provas sejam accessiveis á verdadeira lógica. Jordan, Evermann, e outros auctores, separam em 2 famílias e di- versas subfamilias o grupo dos Hetcrosomata; podemos admittir a sub- divisão em duas famílias, crendo entretanto, ainda não bem definidas as demais divisões para que possamos acceital-as desde já. E, por isso, nas chaves á seguir, nos affastaremos d'esses auctores, tanto mais quanto apenas nos referimos ao que pudemos estudar com relação á fauna brasiliense: , Peças operculaies de borbo livre Pleuroncctidœ . ! " " " " occulto sob a pelle Soleidœ. PLEIURONEICTIDyqE: (» Linguados geralmente recobertos de escamas cycloides ou simples- mente ctenoides, de bocca variável, geralmente provida de uma ou duas series de dentes aciculares ou cónicos, curvos, os anteriores maiores; as peças operculares tem os bordos inteiros, livres; as nadadeiras pares sem- pre bem desenvolvidas, pelo menos no lado colorido. O numero de ver- tebras varia de 34 á 58. O joven tem a conformação geral symetrica, evoluindo d'ahi, gradativamente, para a dessymetrica, ulterior, do adulto. A postura se effectua de modo commum. No Brasil os Pleuronedideos são representados pelos linguados ver- dadeiros, cujo tamanho varia de um decimetro (Etropas) á um metro (Paralichthys). Este ultimo é grandemente apreciado e regularmente com- mum e é pena que não seja ainda objecto de cultura especial que poderia offerecer resultados vantajosos, sob o ponto de vista económico. 1) Pleuronectes, género typico; eidos, semelhante. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL vol.— XVII 6 Os Pleuronectideos brasileiros se distribuem pela seguinte chave: Preoper- culo de bordos livres. . Lado cego da cabe- Bocca muito pequena, provida de uma serie de den- ça desprovido de' tes villiformes, eguaes aculeo ou pro-l cesso ósseo pro-\„ cumbente. . . . '^""^ "^^'^ ^""P'^' ^ provida de uma ou duas series de dentes deseguaes, isolados, os ante- riores maiores. . Peitoraes / Linha lateral prolonga- i luasi recta. . das . . . ' jLinha lateral com ' um arco anteri- V or, distincto. . /Ventraes syme Peitoraes | tricas, não pro- longados 'Escamas , cycloi- \ des . . Escamas ctenoi- des. . Etropus Syaciíim Platophrys Xystreuris Paralichthys 1 Ventraes assimé- tricas Citharichthys Lado cego da cabeça provido de um processo ósseo aculeiforme, ; procumbente, eréctil Oncopterus ETROPUS, (1) Jord. & Gilb. Proc. U. S. Nat. Museu., pg. 364-1881. Forma lanceolada, grandemente deprimida. Cabeça pequena; bocca muito pequena, symetrica, provida de uma serie de dentes villiformes, eguaes. Olhos médiocres, contíguos ás cristas interorbitaes confluentes. Membra- na da cavidade branchial, sob o ultimo ramo branchial inteira. Um enta- lhe na symphyse junto á membrana branchiostega que une as peças oper- culares até o isthmo. Escamas ciliadas, moderadas; linha lateral pouco curva ou angulosa anteriormente. Peitoraes presentes nos dous lados. 1) Ftropiis (Gr.) Efron— abdomen; poiís, odos,pés. 7 A. DE MIRANDA RIBEIRO — hAUNA BRASILIENSE ~ PEIXES Ventraes dissysmetricas, a do lado oculado sobre o perfil dos corpo. Cau- dal espatulada. Estes linguados são de pequeno porte, habitam as duas costas da America tropical. Espécie que se encontra também em aguas brasileiras: EtrOpUS CrOSSOtUS, ^'^ Jord. & Oilb. D. 84, A. 66, L. lat. 40 á 48 Forma lanceolada, de altura contida 1 e 3/4 no comprimento. Hiatus 4 e 1/2 no comprimento da cabeça que, por sua vez é contida 4 vezes e 3/4 no comprimento que vae da ponta do focinho á base da cauda. Den- tes unidos, em uma serie, nas maxillas; vomer edentado. Olhos contíguos com a ruga x-forme, collocados adiante da ametade anterior da cabeça e n'ella contidos 3 e 1/2 vezes. O maxillar não attinge o plano da orla ante- rior da pupilla. Bordos do preoperculo e operculo inteiros, o operculo do lado cego tem a membrana ciliada. A linha lateral é fracamente angulosa no seu inicio e não tem ramo accessorio. A dorsal começa sobre a mar- gem anterior da orbita, porém no lado cego; tanto esta nadadeira como a anal são livres da caudal que é espatulada. A côr deste pequeno linguado (o exemplar descripto mede 12 centímetros) é cinerea finamente punctulada de mais escuro, ha vestígios de duas manchas escuras, diffusas sobre a linha lateral uma no meio do corpo e outra sobre o pedúnculo, Habitat: As duas costas tropicaes da America; no Atlântico, desde Ca- rolina na America do Norte, até Santos, no Brazil. SYACIUM, (2) Ranzani Nov. Spec. Pisciuin, Dissert. Sec, pg. 20—1840 Corpo geralmente lanceolado, pedúnculo obsoleto, donde a cauda sub- sessil. Escamas finamente ctenoides; linha lateral simples, quasi recta. Preoperculo livre. Bocca symetrica, provida de duas ordens de dentes nos intermaxillares e uma na mandíbula; rostros médiocres, isolados e pouco numerosos, uma abertura em baixo do extremo posterior dos ramos bran- chiaes; um entalhe em angulo recto no isthmo, largura interorbital variável nos dous sexos; um aculeo pelviano forte, porém occulto na massa mus- cular do abdomen. Peitoraes prolongadas; ventraes dissymetrica, isoladas 1) Gr.) Crossotos, franjado (no operculo doía do cego.) 2) Sjjcíon— piiisinlio (ou pulseira); referencia obscura e não explicada pelo auctor. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL vol.— XVll 8 da anal. Dorsal originando-se no lado cego e adiante dos olhos. Espé- cies frequentes nos logares arenosos e cujo crescimento máximo não vae á mais de 35 centimetres. Espécies constatadas no Brasil: Focinho com projecções espinhosas, metade basilar das nadadeiras verticaes com uma serie de maculas negras S. eornutum. Espaço interorbital egual ou maior do que o diâmetro vertical da orbita cor uniforme ou ^Focinho sem projecções spini-l fracamente manchado com estrias longitu- formes, base das nadadeiras \ '""^^^ ^^"^s sobre a cabeça S. papillosum. \ verticaes sem maculas negras. /Espaço interorbital 1/2 ou 2/3 do diâmetro vertical da orbita cor mais ou menos rica de ocellos ou rosetas claras e escuras, de aspecto iichenoso S. micrurum. Syacium cornutura, ^'^ (Gunther) D. 78, A. 62, L. lat. 48 «Esta espécie diffère de todos as outras do género, por ter a linha la- teral anteriormente com uma insignificante obliquidade; não ha curva. Al- tura do corpo 1/2 do comprimento total (sem a caudal); comprimento da cabeça um pouco menor do que 1/3. Cabeça mais alta do que longa com o perfil anterior recto; o comprimento do focinho somente 1/2 da orbita maior, cujo diâmetro é egual á 2/5 do comprimetro da cabeça. Abertura da bocca moderada, estendendo-se, os maxillares, além da margem anterior dos olhos, aos quaes eguala em comprimento. Espaço interorbital conca- vo, escamoso, sua largura sendo egual á 1/2 do diâmetro longitudinal da orbita. Orbita inferior um pouco á vante da superior. Focinho com três projecções pontudas na frente da orbita superior (ao menos do adulto) . Nenhum raio das nadadeiras prolongado. Peitoral do lado colorido, do comprimento da cabeça sein o focinho. Uma serie de grandes nódoas de- negridas, distantes ao longo da ametade basilar da dorsal e da anal; uma ou duas manchas semelhantes na ametade basilar da caudal e na porção terminal da cauda. Peitoraes com duas ou três fachas denegridas, trans- versas. Em dous filhotes muito novos que parecem pertencer ás mesmas 1) Cormitus, (Lat.) com chifres. 9 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES espécies, os olhos são muito próximos entre si e não ha tentaculos no foci- nho. Comprimento 1 e 2/3 á 3 e 1/2 poliegadas.» (Günther). Habitat; Costas do Brasil. Syacium papiliosum '^^ (l ) ARAMACA, LINGUADO D'AREIA D. 86, A. 70, L. lat. 87 Forma lanceolada, cabeça 3 e 2/3 no comprimento até a base da cau- dal, bocca symetrica com duas ordens de dentes na maxilla superior; a inferior com uma única; a ordem externa da superior a de dentes maiores e, entre estes, os da articulação dos intermaxillares. Maxillares attingindo a orla posterior da orbita inferior; orbita superior posterior á inferior. Olhos quasi 5 vezes na cabeça; orbita superior maior que a inferior e egual ou ligeiramente maior, no macho, que o espaço interorbital; rastros 2/9; enta- lhe do isthmo profundo. Linha lateral mui fracamente sinuosa na sua ame- tade anterior e sem ramo accessorio anterior; escamas ciliadas, de bordo posterior recto ou com uma pequena projecção mediana. Peitoraes, quan- do completas, são de comprimento egual á largura do corpo, na cintura esca- pular. Caudal bitruncada em angulo muito obtuso. Raios das nadadeiras escamosos. Côr amarella ou fraca e irregularmente manchada, com duas estrias azues sobre a cabeça, marcando as cristas interorbitaes. O espaço interocular, na fenda, é menor que o diâmetro ocular e a nadadeira peito- ral menor que a largura do corpo na cintura escapular. Habitat: Das índias Occidentes ao Rio de Janeiro. Syacium luicrurum <2) Ranzani D. 89, A. 69, L. lat. 72 Forma lanceolada. Cabeça 3 e 1/2 até a base da caudal; bocca sy- metrica, com duas sedes de dentes na maxilla superior, a exterior das quaes encerrando dentes maiores, e os maiores d'esta serie exterior, sob a articulação intermaxillar, mandíbula com uma serie de dentes curvos; ma- xillar attingindo a orla posterior da pupilla: orbita superior muito maior que a inferior; espaço interorbilal 1/2 do diâmetro vertical da orbita que é contida 4 e 1/2 na cabeça. Preoperculo de bordo livre; operculo com uma emarginação na altura da peitoral. Rastros 1-1-8. Um grande entalhe em angulo recto sobre o isthmo. Escamas finamente ciliadas envolvidas pela 1) PapiV/osum, (Lat.) papilloso. 2) Micron, (Gr.) pequeno, oura cauda. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL vol.— XVIi 1" epiderme que lhes recobre a margem livre encobrindo a denticulação. L. lat. simples; alguns poros sporadicos acima de sua a metade anterior que é ligeiramente elevada, sem sinuosidade muito evidente. Peitoraes assy- metricas, a superior posterior e ambas livres da anal. Um aculeo anal for- te. Cauda sub-sessil com o raios mui delgados e contorno bi truncado. Pardo, com rosetas esbranquiçadas de contorno exterior denegrido. Vestí- gios d'uma nódoa escura sobre a linha lateral, sob o ápice da peitoral. Os exemplares que serviram á presente descripação, orçam por 25 centímetros e procedem de Maria Farinha, Pernambuco, onde foram colleccionados pela Commissão Hartt. Jordan e Goss attribuem á presente espécie os seguintes números: «D. 87 á 92; A. 54 á 68; escamas 65 á 70. Vertebras 9+24=53. Rastros x+7 espaço interorbital, no macho, 2/3 no diâmetro orbital vertical». Habitat: Das Índias Occidentaes ao Rio de Janeiro, no Atlântico. PLATOPHRYSO) Swains Nat. Hist. Class. Fishes., M, pg. 302—1839 «Bocca symetrica, dentição quasi egualmente desenvolvida em ambos os lados; fauce usualmente estreita, os maxillares commumente contidos mais de 3 vezes na cabeça. Pharyngeanos inferiores estreitos, cada um com uma ou mais filas de estreitas faxas de dentes agudos e pequenos; dentes das maxilías agudos. Olhos médiocres. Peitoraes e ventraes bem desenvolvidas margem do preoperculo livre. Ventraes dissimilhantes em forma e em posição, a do lado colorido inserida na carena do abdomen, sua base projectando-se ao longo desta carena, seus raios mais ou menos isolados. Caudal redonda ou subtruncada. Linha lateral accessoria au- sente, aculeo anal commumente ausente. Aculeo pélvico as vezes desen- volvido. Vertebras 9+30. corpo sinistrorso. Uma profunda emarginação junto do isthmo. Vomer edentulo: caudal sub-sessil. Espaço interorbital variável. Escamas pequenas, ctenoides. Linha lateral com um arco an- terior, distincto. Peitoral do lado colorido geralmente prolongada em fila- mento,como no género 5yûc/i//7Z» (Jordan & Goss). Espécie brasileira: Platophrys ocellaíus^-^ Agass Ps 12; V. 6-5j D. 82, C. 3-11-3, A. 62 «Sinistrorso, pequeno, corpo muito largo pintado de ocellos caerules- centes, olhos amarellados, muito distantes, as nadadeiras peitoraes peque- 1) (Gr.) Pialos, chato, ophrys, pálpebras (espaço interorbital). 2) (Lat) Occ/fatos=ocellado, cheio de manchas circulares de (centro de outra cor) ou ocellos. Il A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES nas, acuminadas; a dorsal, a anal e a caudal punctulada, bocca mediocre. Cabeça muito alta. curta, recoberta de escarnas; olhos muito distantes, o superior na margem do dorso, o inferior junto á bocca, circumdado poste- riormente por uma crista óssea, aculeada, projectando-se até a ponta do fo- cinho, como em Platophrys podas. Operculo pequeno, estreito. Bocca pequena; fronte muito pequena. Narinas pequenas, duplas, situadas entre o aculeo anterior e posterior da crista superciliar. Raios e membrana branchiostega occultos sob o operculo e sub-operculo. Nadadeira dorsal e anal de egual altura, esta nascendo entre as ventraes, aquella estendendo- se da maxilla superior até a base da nadadeira caudal que é lanceolada. Ventraes pequeníssimas, a esquerda subcontinua com a anal, a direita muito menor. Tronco egual, recoberto de pequenas escamas subeguaes; lado esquerdo róseo cárneo, recoberto de manchas ocelladas caerulescentes ir- regularmente esparsas; direito albo-cinereo, uniforme; linha lateral recta, junto do operculo recurvada semicircularmente. Escamas delgadas, sub- circulares, com a margem posterior pectinada por pequenos aculeos e ten- do raios antrorsos divergentes lateralmente e linhas concêntricas; centro irradiai posterior; escamas da linha lateral pyriformes, com um canal recto, aberto na margem posterior de escama. Dimensões do único exemplar conservado em alcool no Museu de Munich 3 e 1/2 pollegadas de compri- mento, por 2 de largura» (Agassiz). Habitat: Atlântico Occidental desde Long island, na Am. do Norte, até Rio de Janeiro, no Brasil. XYSTREURYS O Jordan & Gilbert, Pr. U. S. Nat. Mus., pg. 34-1880 «Linha lateral com um forte arco anterior, ramo accessorio ausente; vertebras 37; dentes pequenos, uniseriaes, sem caninos; oculeo anal obsoleto corpo só occasionalmente dextrorso. Dorsal começando acima da pupilla. Rastros curtos e espessos; escamas cycloides; caudal sub-sessil». (Jordan & Goss). Espécie constatada em aguas brasileiras.* Xystreurys notatus^') (Berg.) D. 78 á 81; A. 64 á 67; Vs. 6; Ps. 10; L. lat. 82 á 86 Forma lanceolada. Cabeça 1/4 do comprimento até a base da cau- dal, bocca provida d'uma serie de dentes cónicos, curvos, pequenos, em 1) (Gr.) Xjs/ro/2=rastros, eurys, largo. 2) Notatíis (Lat.), notado, marcado. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL vol.— XVII l2 toda a extensão de diante para traz. Maxillares fracos, mal attingindo ao plano transversal da orla anterior das pupiilas. Olhos grandes, sendo a orbita contida 2 e 1/2 vezes no comprimento da cabeça. Membrana opercular reunida sob o isthmo, rastros 6/11. Escamas cycloides, del- gadas. Linha lateral com uma curva anterior pouco elevada. A dorsal origina-se sobre a pupilla. As peiíoraes são ponteagudas, eguaes á distancia que vae do focinho ao preoperculo, as ventraes são pequenas, franca- mente pares e livres, tendo os raios menores. Côr olivacea, irregular e fracamente manchada de escuro. Uma nódoa negra; circular, ocellada sobre a linha lateral, em posição que a peitoral passa com a ponta; outra nódoa sub-rhomboide, transversalmente disposta sobre a linha lateral á uma distancia do plano em que terminam as nadadeiras dor- sal e anal que eguala á que vae da orla anterior do ocello á axilla da abertura opercular. Peitoral com a ponta denegrida. Comprimento máximo registrado 33 centímetros. Habitat ; Costas do Brasil e do Uruguay e da Rep. Argentina. PARALICHTHYS, (') Girard. U. S. Pac. R. R. Survey., Fishes pg. 146—1859 Forma lanceolada. Cabeça moderada com as maxülas symetricas, providas de dentes deseguaes, os anteriores maiores, curvos ; hiato am- plo ; pharingeanos com 1 ou 2 series de dentes í(L) TAPA Ps. 5, D. 50 a 55; A. 35 a 42, L. lat. 55 a 89 Forma sub-parabolica. Cabeça 3 e 1/2 no comprimento. Bocca me- diocre com os lábios mais ou menos franjados bem como o lado cego da cabeça; escamas lateraes do lado oculado d'esta, maiores. Todas as escamas densamente ctenoides. Um espinho ósseo, forte, ante e infra- vertido, sobre a abertura da bocca, adiante da mandíbula. Olhos pedun- culados, separados por menos de um diâmetro orbitario e mais ou menos no plano transverso em que termina o angulo da bocca; seu diâmetro é 1/1 1 do comprimento da cabeça* Peitoraes maiores que o diâmetro que separa os bordos exteriores dos dous olhos. Linha lateral quasi recta, projec- (1) Punctifer (Lat.), punctus, = ponto, ferre = (v.) trazer. Temos duvida quanto ao Achirus punctifer que Jordan e Goss refere á espécie de Casteln. Jnfere-se da estampa do naturalista francez que a peitoral de 6 raios, perfeitamente desen- volvida, não permitte que a sua espécie seja incluída na diagose dos naturalistas americanos, onde as peitoraes têm dous á três raios, apenas do tamanho do diâmetro dos olhos. (2) Lmea/us (Lat.) lineado, as linhas transversaes. 25 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES tando-se sobre toda a caudal. Cor pardacenta com 8 á 9 estrias dene- gridas, transversaes. Caudal indistinctamente maculada de escuro. 145 mm . Um exemplar tem os espaços entre as escamas e as depressões das mesmas, cheias de ovos de cerca de 1/4 de millimetro de diâmetro. Habitat: Atlântico, de Key West á fóz do Prata . Achims paulistanus, <'^ sp. nov. Ps. 2 á 0; D. 56; A. 43; L. lat. 70 á 75 Forma oblonga, quasi perfeitamente parabólica, largura 1 e 3/4 no comprimento. Linha lateral recta; escamas fortemente ctenoides, as da parte lateral esquerda da cabeça maiores, as da parte inferior densamente franjadas. Lábio inferior espesso, densamente franjado. Processo espi- niforme do focinho deprimido, tricúspide e- curvo para baixo. Ollios sub- pedunculados, salientes, separados entre si por um diâmetro orbitario; narina do lado cego densamente franjada, do lado superior, n'um tubo franjado, elevado. Algumas pupillas dérmicas esparsas pela cabeça. Re- gião do bordo preopercular desprovida de escamas; membrana branchios- tega franjada. Peitoraes rudimentares ou totalmente ausentes, os raios, quando presentes, mais curtos que um diâmetro da orbita e em numero de 1 ou 2. A cavidade abdominal se dilata posteriormente; ahi n'essa dilatação, se allongam os ovários í rmando uma única massa de extensão que eguala á 1/3 do comprimento do animal. Cor parda, com 8 ou 10 estrias finas, denegridas, tranversaes, por sobre o corpo, da nuca á base da cauda. Caudal indistinctamente manchada de escuro. 2 exemplares, de Santos, medem 154 millimetros; dous outros, menores, (um com 1 raio peitoral e outro totalmente despro- vido dessa nadadeira) procedem de Sepetiba. Penso caber aqui a estampa que D'Orbigny dá sob nome áecAchi- rus lineatus, que não pode ser a espécie attribuida á Linneu, porque, justa- mente esta tem a peitoral desenvolvida e com 5 á 6 raios prolongados. 1) Paulistanus (Latinsação) paulistano, i. é, do estado de S. Paulo. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL VOl.— XVII 26 Achirus mentalis ('^ Günther D. 55 á 61; A. 41 á 45; Ps. 2; L. lat. 85 á 95 Cabeça 3 e 2/5. Olhos 8 na cabeça Aculeo rostral substituído por uma projecção óssea deprimida, sem ponta. Diâmetro orbitai maior que o espaço interorbital. Raios mais elevados 1 e 1/2 na cabeça. Esca- mas pequenas, moderadamente fortes. Peitoraes com 2 raios egualando ao diâmetro dos olhos. Coloração parda, densa e finamente punctulada e reticulada de escuro. 7 estrias no corpo; algumas nódoas maiores na base das nadadeiras dorsal e anal; caudal irregularmente manchada. Os dous exemplares que serviam á presente descripção procedem de Manáos e medem cerca 16 centímetros de comprimento. Habitat: Aguas do Norte do Brasil; entra em rios. Achirus garmani, ^^^ jord. & goss D, 55, A, 47, Escamas 77 á 80 Lado cego da cabeça profusamente coberto de franjas; escamas do corpo muito ásperas, as do lado colorido da cabeça maiores e com espi- nulos longos; numerosas placas sobre o corpo cobertas de appendices pil- liformes curtos e esparsos. Lábio inferior franjado, no lado colorido as franjas quasi eguaes ao diâmetro dos olhos. Peitoraes pequenas, não maiores que os olhos que são antes grandes que pequenos e contidos cerca de 5 vezes na cabeça; mandíbula incluída; orbita superior maior e muito avançada; raios anteriores da dorsal com franjas de círrhos. Ca- beça 3 e 2/5 no comprimento, altura 1 e 3/4. Cor parda escura com cerca de 40 fachas transversas próximas, rectas, negras, cada uma da largura dos interspaços. Nadadeiras verticaes com cerca de 3 nódoas negras alon- gadas, em cada membrana interradial» . (Jord. e Goss). APIONICHTHYS, (3) Kaup. Archif fur Naturgeschichte, pg 104—1858 «Aspecto piriforme, com uma caudal pontuda; chato no lado em que ficamos olhos, apenas entumecido sobre a metade inferior do lado cego. 1) Mentalis (Lat.) mental; queixudo. 2) Dr. Samuel Garman, do Museu de Zoologia Comparada de Cambridge. 3) Apionichthys (Gr.)=peixe sem gordura. 27 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES O focinho, falciforme, recobre a symphyse da maxilla inferior a qual mostra, ao contrario, 9 cilios nos lábios. Olhos pequenos, apenas como pontos profundos. No meio d'estes, mais próximos da ponta do focinho, apenas uma narina sobre um grosso tubo cuja orla anterior é franjada . A ventral direita, anterior, chega ao queixo e é reunida á nadadeira anal por uma membrana. Sobre o lado esquerdo fica a ventral rudimentar e de com- primento egual á 1/2 da direita; ella mostra os raios quasi livres. Anus sobre o lado esquerdo. As nadadeiras verticaes não são nitidamente separa- das da caudal, parecendo- se com as de symphyse. Sobre o lado esquerdo apenas uma narina na maxilla com as aberturas na base e direcção pos- terior. Todos os raios são simples. Abertura do operculo apenas uma curta fenda. Por este ultimo caracter se afasta este género de todos os demais. 41) i4. dumerilli Kp, Denomino esta espécie, certamente a mais notável de toda a família, em honra do meu muito prezado amigo Snr. Prof. A. Dumeril, como uma prova de consideração e estima» . (Kaup.) A' esta diagnose de Kaup, amplamente rica de detalhes da es- pécie, deve-se ainda adduzir a de Seleotalpa de Günther, assim definida: «Olhos rudimentares, no lado direito. Bocca assymetrica, estreita, mais estreita do lado esquerdo do que do direito; dentes pequenos, somente no lado cego. Raios dorsal e anal escamosos, simples. A dorsal come- çando na extremidade do focinho e terminando na base da caudal. Peito- raes nullas. Ventral direita contigua á anal; a esquerda rudimentar esca- mas pequenas, ctenoides; linha lateral recta. Abertura das guelras extre- mamente reduzida». (Günther^. Apionichthys dumerilli, ('> Kaup. D. 72 á 78; A. 53 á SP; Vs. 2; L- lat. 95 á 100 «Um exemplar (N. 4677 M. C. Zoology) de Óbidos, Brasil, exa- minado por nós, diffère na côr sendo pardo pallido com o corpo e as nadadeiras profusamente cobertas de maculas redondas, escuras, de vá- rios tamanhos, sendo o maior egual ao diâmetro de olho á olho. Ca- beça 4 e 1/5, altura 2 e 2/3. Olhos reduzidos á pontos, o superior adiantado do inferior, junto ao meio do comprimento da cabeça ; aber- tura das guelras pequenas, subeguaes. Ventral direita começando no queixo, continua com a anal; dorsal e anal ligeiramente ligadas á caudal. Steindachner dá: D. 72 ; A. 53, escamas 95. Côr pardacenta, manchada de pontos escuros. Provavelmente o exemplar descripto por Günther (proced. das índias Occidentaes) está esmaecido» (Jordan & Evermann.) (1) De Dumeril, naturalista francez. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL vol.— XVII 28 ACHIROPSIS, (1) Steindachner Ichthyol. Beitr., V. pg. 110—1876 Forma geral de Achims ; um processo proboscidiforme no focinho ; bocca pequena, franjada, com os dentes pouco desenvolvidos, em facha Olhos pequeníssimos. Peças operculares adnatas deixando para aber- tura da guelra apenas uma curta fenda próxima do angulo superior do operculo. Ventraes presentes nos dous lados, assymetricas ; dorsal e anal confluentes com a caudal. Escamas ctenoides; ametade anterior da cabeça não escamosa no lado cego; L. lat. presente, recta, com dous ramos cephalicos. Peitoraes totalmente ausentes. Espécies brasileiras, até agora constatadas em rios do Brasil : D. 82; A. 61: L. lat A. naitereri [D. 60; 1 A. 44; L. lat. 70 A. asphyxiatus Achiropsís nattereri, ^^^ steind. D. 82; A. 61; Vs, 5 «Abertura branchial em os dous lados reduzida á uma pequena fen- da, próxima do extremo superior da orla opercular posterior, mais curta sobre o lado oculado do que sobre o lado cego. Olhos muito pequenos. Focinho com um processo proboscidiforme que chega á orla anterior da abertura ora!. Peitoraes completamente ausentes. Ventral do lado direito do corpo reunida á anal; esta, assim como a dorsal, com os raios posteriores e menores confluentes com a caudal . Altura do corpo cerca de 2 e 1/2 vezes, comprimento da cabeça quasi cinco vezes no comprimen- to do corpo. Lado cego anterior á cobertura das guelras, sem esca- mas, tendo numerosos cirrhos dérmicos na borda com franjas tentaculiformes. Lábio inferior do lado oculado ciliado em toda a extensão da orla supe- rior. Uma facha de escamas ao longo de cada raio das nadadeiras, exceptuados os últimos raios curtos da dorsal, da anal e os raios anterio- res da dorsal sobre a orla do focinho . Lado oculado pardo cinereo ; lado oculado pardo cinereo ; lado cego do corpo amarello. Escamas denticu- (1) Achirus, género referido; opsis (Gr.) feição, aspecto (de). (2) Nattereri, de João Natterer, collecionador austríaco. (3) Steindachner refere-se aqui ao género Solea, na accepção antiga. 29 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASlLIENSE — PEIXES ladas . Por duas particularidades se afasta Achiropsis nattereri de modo muito caracteristico, de todas as espécies deste género tão rico de formas, á saber, pela reducção da abertura das guelras á uma curta abertura trans- versal, especialmente menor sobre o lado oculado ; e pela reunião da dor- sal e da anal á caudal ; ha ainda á notar o tamanho muito pequeno do diâmetro dos olhos e a faha das peitoraes. A conformação do corpo è a bem dizer deprimida, porque a altura do tronco attinge á 2/5 do comprimento do corpo. A orla anterior da cabeça é arqueada em circulo e cahe bruscamente para baixo ; a linha dorsal mostra apenas uma curva muito fraca, especialmente na ametade posterior e se dirige gradativamente á caudal em cujo inicio a altura apenas attinge 2/7 da maior altura do corpo que está atraz da cabeça. A orbita inferior jaz um pouco atraz da superior ; a separação entre as duas é igual a um diâmetro ocular. Entre e adiante dos olhos mos- tra-se, na orla superior do hiato, uma larga narina, que se abre em um tubo dermico de mediocre estatura, o qual é franjado na orla anterior e chanfrado na posterior. Adiante d'esté ha apenas alguns cirrhos dérmi- cos, muito curtos, na orla do lábio inferior (lado oculado, não é escamosa e na orla superior densamente recoberta de tentaculos. A projecção proboscidiforme, attinge, posteriormente, á base do pri- meiro raio ventral do lado dos olhos. O hiato é fortemente arqueado no lado cego esquerdo da cabeça . O lado oculado totalmente escamoso, com excepção de todo o lábio inferior; e as escamas augmentam um pouco em tamanho sobre a orla an- terior e inferior da cabeça. Ao contrario, no lado cego é toda ametade maior, anterior, sem escamas e recoberta de appendices dérmicos que são providos de longas franjas, na orla. Semelhantes cirrhos dérmicos exis- tem cá e lá, também na parte anterior do tronco entre as escamas. A abertura das guelras, no lado oculado, não é maior que um diâ- metro ocular, a do lado cego, é egual ao dobro desse diâmetro. A dorsal começa quasi no extremo inferior da base do focinho e at- tinge á vante do meio do comprimento do corpo a sua maior altura que, entretanto, de pouco excede mais que 1/2 do comprimento da cabeça. Os raios dorsaes são abertos na extremidade e com excepção dos anteriores e últimos recobertos de uma fila de escamas sobre o lado oculado: a membrana interorbital é desprovida de escamas. O mesmo acontece com a anal, apenas a facha de escamas dos raios anteriores tam- bém se dilata sobre a metade basilar da membrana interradial, contendo, dahi, a base da nadadeira, de duas á quatro filas de escamas. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL vol.— XVII 30 Sobre o lado cego, esquerdo, do corpo, ha um processo dermico na orla lateral de cada raio dorsal e anal, com excepção dos últimos raios, recoberto de longas franjas retrovertidas por cerca de todo o terço an- terior da extensão da nadadeira. Estes processos dos raios são, excluí- dos os 20 á 21 raios dorsaes anteriores, recobertos de mais filas de es- camas. Os últimos 4-5 raios curtos, dorsaes e anaes são despidos de escamas nos dous lados e desprovidos de processos. A ventral do lado oculado jaz na orla ventral e é maior, e mais alta do que a ventral esquerda situada mais para cima e para traz. A caudal é oval posteriormente e mais curta do que a cabeça, até a abertura das guelras; comquanto ella se reúna aos últimos raios dorsaes e anaes contido a origem da caudal e frisantemente definida pois que o primeiro raio caudal é distinctamente mais longo do que os próximos raios dorsaes e anaes e, como os demais raios caudaes, é recobertos de escamas. A linha lateral perfura cerca de 105 escamas entre o extremo supe- rior da abertura das guelras e a base da caudal. Transversalmente ficam entre a base da dorsal e da anal na região da maior abertura do tronco, cerca de 37 á 40 escamas acima e 50 abaixo da linha lateral. Na ca- beça emitte a linha lateral dous ramos accessorios para diante; o poste- rior mais comprido se dirige um pouco para traz do extremo superior da orla superior do preoperculo e depois obliquamente para frente; e para cima sobre a base da dorsal; o anterior, mais curto, se projecta sobre a orbita superior quasi horisontalmente até sobre a orla anterior da cabeça. Sobre o lado esquerdo da cabeça são, toda a parte anterior da orla cephalica e os raios na mesma originados da dorsal; ambas as ventraes e extremo basilar anterior da anal, com excepção de uma estreita facha marginal violeta denegrida; mais para traz, augmenta esta orla clara gra- dativamente em altura, até toda a ametade superior da altura da dor- sal e inferior da anal, mostrando uma coloração esbranquiçada. A cau- dal é de côr parda amarella suja nos dous lados. O tronco no lado cego é amarello dourado claro. O exemplar descripto foi colhido no Rio Negro por Joh. Natterer e mede 9 pollegadas e 1/3». (Steindachner). Achiropsis asphyxiaíus, ^^^ jord. <& goss. D. 60; A. 44 - Vs. 5; L. lat. 70; L. tr. 28 «Abertura da guelra do lado colorido ausente, a membrana branchi- ostega sendo adnata á cintura escapular; abertura da guelra do lado cego 1 ) Aspyxiatus (Lat.) asphixiado, allusão a ausência de uma das aberturas branchiaes. 31 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES uma fenda obliqua, justamente inferior ao angulo posterior do operculo, sendo a sua extensão 4e 1/3 na cabeça. Olhos pequenos, próximos, o superior consideravelmente á vante do inferior, seu diâmetro egual ao diâ- metro interorbital; focinho projectado sobre a bocca, proboscidiforme, fa- zendo o perfil anterior uma curva regular. Focinho 2e 2/5 na cabeça. Escamas pequenas, (maiores do que em A. nattereri) não tão ásperas como em Achirus. as do lado cego da cabeça faltando anteriormente, sendo o seu logar tomado por cirrhos ou franjas de comprimento mode- rado; linha lateral distincta, recta; raios das nadadeiras escamosos; lábio inferior ligeiramente franjado no lado oculado, não no cego. Narinas como em Achirus, um foramen redondo na freute do espaço interorbital, não prolongado em tubo. Dorsal começando no focinho, a fenda dorsal e anal ligeiramente reunida á caudal; nadadeira ventral começando no quei- xo, na frente do isthmo, ficando a ponta do focinho em contacto com o seu primeiro raio; ventral do lado direito com a base prolongada, inteira- mente continua com a anal; ventral esquerda lateral, normalmente disposto, seus cinco raios oppostos o 3°, 4" e 5" ventraes direitos. Peitoral ausente. Corpo oblongo, menos elevado que em Achirus. Còr de areia com cerca de 8 estreitas estrias transversaes, indistinctas; corpo e nadadeira profusa e finamente pontuada e maculada de mais escuro. Cabeça 4 e 1/5; al- tura 2 e 1/3» (Jordan e Goss). Habitat: A procedência desta espécie está indicada para Qoyaz, sendo, portanto, esta espécie fluvial. SOLEA, (1) Quensel Vetensk. Akad. Handl., pg. 230—1806 «Abertura opercular de extensão moderada, confluentes no istmo; nadadeiras verticaes bem separadas. Ventral direita com a base curta, livre da anal, vertebras 47 á 50; corpo alongado; linha lateral unicn nos dous lados; peitoraes subeguaes, presentes nos dous lados» . (Jordan & Goss). Spix, Agassiz e Kner, deram como brasileiras as seguintes espécies: /D. 96; A. 84; cabeça 6 vezes no comprimento; olhos menores que o espaço l interorbital; cor castanha uniforme S. brasiliensis /d. 83 á 84; A. 65; cabeça 5 e 1/3 no comprimento, olhos eguaes ao espaço in- ' teorbital; côr cinerea diversamente maculada de negro S. variolosa 1) So/ea (Lat.) a solha, ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL VOl.— XVII 32 Solea brasiliensis, ^'^ cuv. (in Ag. á spix.) D. 96; A. 84; Vs. 5; Ps. 8 Cabeça pequena, contida 6 vezes no comprimento total, 2) recoberta de escamas pequenas, ciliadas. Focinho obtuso, proeminente. Olhos pe- quenos, ovaes, pouco distantes, amarellados o superior um pouco ante- rior. Lábios simples. Carenas superciliares nullas. Narinas adiante da orbita inferior, immediatamente acima da margem superior da bocca, pro- vida de tubulos cutâneos. Abertura branchial não passando acima da inserção das peitoraes. Tronco oblongo, gradativamente attenuado para a cauda, de altura contida 3 vezes no comprimento, recoberto de esca- mas pequenas, comquanto um pouco maiores no meio do flanco; junto da dorsal, anal, caudal e respectivos raios muito menores. Linha lateral recta junto do angulo superior do operculo á nadadeira caudal. Todas as escamas delgadas, alongadas, subtetragonas, providas posteriormente de aciculos alongados, e sulcadas por linhas concêntricas, pontas e raios sub- divergentes anteriormente; ponto irradiai no terço posterior da escama. Escamas de linha lateral piriformes, com um canal mucoso recto, prolon- gado posteriormente. Dorsal mais alta no meio do dorso; anal no meio da cauda: caudal redonda. Compr. 33 centímetros. (Agass^. Solea variolosa, ^'^^ Kner. D. 83 á 84; A. 65; Ps. 7; Vs. 4 C. 15; L. !at. 90 á 95 «Altura do corpo quasi maior de 1/3 do comprimento total, a ca- beça 5 e l/3n'esse comprimento, a orbita 1/5 do comprimento da cabeça, a superior separa da ponta do focinho apenas por um diâmetro ocular, a inferior 1 e 1/2 ambas separadas entre si apenas por 1/2 diâmetro; aber- tura oral apenas chegando ao meio da orbita, o lado direito fortemente curvo para baixo, o esquerdo incluído na maxilla superior, porém não re- curvada no angulo para baixo; a dentição do lado esquerdo muito fina. Em ambos os lados um tubo nasal de comprimento mediocre porém o es- querdo muito mais largo e espessamente franjado na orla. Os lábios não são fimbriados, porém, o lado cego da cabeça, até proximo da cobertura das guelras, densamente recobertos de longas papiüas. A dorsal começa no focinho, tem no meio de seu comprimento o raio mais comprido e at- tinge como a anal até a base da caudal, sem, comtudo, com ella con- 1) brasiliensis = brasileira. 2) com a caudal. 3) Variolosa (lat.); allusão ao colorido do animal que faz lembrar as pústulas da varíola. 33 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES fluir. As ventraes são isoladas da anal, as peitoraes bem desenvolvidas em ambos os lados, apenas a direita algo mais longa, quasi 1/3 do com- primento da cabeça; a caudal 1/2 do comprimento da cabeça. O anus se abre no lado cego; a papilla genital no direito atraz das ventraes. O lado em que ficam os olhos é pardo claro, densamente recoberto de manchas arredondadas mais claras e de tamanho e forma variáveis, manchas essas que são circumdadas de pardo escuro; além dessas ha ou- tras manchas maiores, pardas escuras, circuladas de denegrido, ora redon- das óra polygonaes. D'ahi fazer lembrar, esse lado, a pelle recoberta de pústulas pequenas que se abrem e outras maiores, na sécca, e confluentes. A mesma colo- ração apparece, também, sobre as nadadeiras verticaes e sobre os olhos; apenas a peitoral direita é quasi negra na ametade posterior e orlada de branco. As escamas do lado direito são ctenoides, as do esquerdo de bordo inteiro. A linha lateral é em linha recta em ambos os lados. En- tre as espécies descriptas por Günther, esta se aproxima de Solea marga- ritifera se é que não seja idêntica, pois Günther diz que a sua espécie provém, provavelmente, das costas occidentaes da Africa e não chega á Bor- néo. O nosso exemplar de 10"8"' de comprimento, procede ao, contrario, do Rio de Janeiro; e não se tem conhecimento de poucas espécies cuja dis- persão se estende atravéz de toda a largura do Atlântico da Africa Occi- dental á costa oriental das Americas do Sul e Central» . (Kner). SYMPHURUS(>) Rafinesque índice Ittiol. Seciliana, pg. 52—1810 Forma oblonga, lanceolada. Cabeça moderada, tendo a bocca eden- tada, contorcida e protegida anteriormente pela projecção da parte cer- vico dorsal. Focinho curto, as narinas tubulares, os olhos contíguos, sub- pedunculados. Bordos do operculo livres até o isthmo que é envolvido pela membrana branchiostega e apresenta uma forte reentrância na parte posterior. Rastros membranaceos, atrophiados, Branchias longas. Es- camas com os aciculos curtos, regulares, estendendo-se até sobre o foci- nho que é nú apenas no lado inferior e cego. Linha lateral, quando pre- sente, dupla. Dorsal e anal confluentes com a caudal. Peitoraes ausen^ tes Ventral do lado cego totalmente atrophiado. Espécie brasileira: 1) Symphurus- (Gr.) syn, unido; oura, cauda; ailusão á confluência das nadadeiras dorsal, caudal e anal. ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL VOl.-^XVU 34. Symphurus plagusia, ^'> bi. & schn. LINGUA - DE - MULATA D. 99; A. 80; escamas 89 Cabeça 1/6; altura 3 e 1/2. Bocca pequena, fortemente curva, edentada tendo os lábios estreitos. Focinlio muito curto, contido 5 vezes na cabeça. Olhos subpedunculados, de diâmetro egual á 1/2 do comprimento da bocca, contíguos. Operculo de bordo sinuoso. Rastros membranaceos, isolados, em pequeno numero e atrophiados, branchias longas; Isthmo sinuoso, com um entalhe posterior. As escamas com os aciculos dos bordos mo- derados; ellas são moderadas, regulares, egualando á 1/2 do maior diâ- metro ocular. Linha lateral ausente. Dorsal começando verticalmente sobre os olhos; anal justamente ao lado do anus e ligado á única ventral esquerda por uma membrana que percorre o meio do abdomen, a ventral fica além disso semiocculta pela membrana branchiostega. Cor parda com 7á 11 faxas transversaes indistinctas denegridas. Nadadeiras dorsal e anal e cauda denegridas, sendo que a dorsal e anal também o são na ametade posterior de sua extensão, no lado cego que é totalmente cárneo, uniforme. Os exemplares que serviram á esta descripção pertencem á Inspecto- ria de Pesca procedem de Jurujuba, dentro da bahia Guanabara. Habitat: Atlântico Occidental de Cuba ao Rio de Janeiro. A Lingua-de-Mulata» não tem importância commercial e nem mesmo é colhida pelos pescadores que a lançam fora, quando conseguem pescal-a. 1) Plagusia (Gr.) de plágios obliquo DISCOCEPHALI (1) Peixes fusiformes, anteriormente deprimidos, escamas pequenas e simples tendo uma única dorsal, ramosa, opposta á anal, as demais na- dadeiras presentes; um disco adhesivo, ellipsoidal, sobre a cabeça, pro- vido de laminas transversaes moveis. Familia Echeneidœ (1) Discus — disco, cephale = cabeça. I :ci-4eime:id EICHEINEISD/qEIí') Peixes subclaviformes, revestidos de escamas delgadas e pequeníssi- mas, implantadas na pelle cuja apparencia é vellutina ou densamente po- rosa. Sobre a cabeça deprimida um disco cutâneo, elliptico, de bordos grandemente flexíveis e o centro provido d'uma serie de dez á vinte e oito pares de laminas cartilaginosas, aciculadas no bordo livre que é movei no sentido vertical. Esse disco, modificação da nadadeira dorsal, facilita o immédiate reconhecimento dos peixes d'esta família. A cabeça tem a mandibula prognatha, provida d'uma faxa de dentes aciculares, também presentes nos intermaxillares, no vomer e nos palatinos e, ás vezes, na lingua. As narinas são pequenas, punctiformes, contíguas, mais pró- ximas da orla preorbital do que das orbitas. Estas lateraes, de orla li- vre. Peças operculares espessas, inteiras, sendo o suboperculo muito es- treito e projectado para cima, por traz do operculo; todos densamente envol- vidos pela pelle Rastros medíocres, separados, em numero moderado. Pseudobranchias presentes; abertura branchial ampla desde o isthmo . Pei- toraes amplas, membranosas ou ossificadas, situadas muito para cima dos lados do corpo; ventraes inferiores ás peitoraes; segunda dorsal e anal syme- tricamente oppostas, tendo os raios anteriores maiores. Caudal geralmente subtruncada ou sublunada. As escamas e a iinha lateral ás vezes imper- ceptíveis. Appendices pyloricos múltiplos. Referindo-se ao esqueleto de Echeneis rémora, diz Günther: «A estructura do esqueleto se distingue por muitas peculiaridades. A parte superior do craneo é muito larga, chata, ex- cavada para a recepção do disco adhesivo. O occipital é redondo, despro- vido de carena; os parietaes são muito pequenos e unidos aos principaes (1) Echeneis, género referido, «rfos = semelhante . ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL Vol.— XVII 4 OSSOS frontaes; os últimos são providos de uma crista deprimida, longitudi- nal e se estende quasi á extremidade anterior do focinho; o ethmoide é gran- de, livre, oval e situado entre as partes anteriores dos frontaes. Os prefron- taes são pequenos, formando a porção anterior do tecto da orbita; ha uma abertura vesicular entre o prefrontal e o frontal. Os maxillares são muito mais delgados do que os intermaxillares e collocados immediatamente an- tes e abaixo dos turbinaes; os últimos são singularm.ente alongados e for- mam a margem externa do focinho; ambos são afastados entre si, conver- gindo anteriormente. O vomer é excessivamente largo, com uma impres- são baixa ao longo do seu meio. Os dentários e articulares da mandíbula são fracamente reunidos entre si, os primeiros projectando-se muito para traz, os últimos chegando quasi á extremidade anterior da maxilla, a porção angular é pequena; o canal mucoso é rudimentar. O preorbital é triangu- lar e muito solido, o restante do annel infraorbital delgado. O preoper- culo é estreito e tem á oria redonda, e uma ruga muito proeminente e forte pela sua porção inferior. O operculo é rhomboidal, estreito, com duas ru- gas fortes, não muito proeminentes, irradiando do angulo superior. O suboperculo é crescentiforme, curvo para cima por traz do operculo, o in- íeroperculo é estreito. A supraescapula larga, formando uma parte da face superior do craneo, é reunida á ruga do osso frontal por um delgado pro- cesso horizontal; a escapula é estreita e curta. O humeral é composto de duas laminulas, formando reunidas um profundo sulco; o coracoide pa- rece estar ausente. Os ossos do pubis são largos e cada um formado por uma única placa óssea que é convexa inferiormente e provida de três rugas baixas; ellas estão ligadas ao meio do humerus por um curto proces- so; um outro par de processos se dirige anteriormente para a symphyse dos ossos humeraes, até aos quaes, comtudo, não se projectam. Ha 12 vertebras abdominaes e 15 vertebras caudaes, o comprimento da primeira porção da columna vertebral estando para com o da ultima como 1:3.35. As vertebras são mais propriamente delgadas e alongadas, os aculeos neu- raes curtos e deprimidos para traz. As paraprophyses das vertebras abdo- minaes são notadamente fortes e longas, na extremidade de cada uma cos- tella e os aculeos epipleuraes ficam suspensos; mesmo as vertebras caudaes são providas de epipleuraes. A estructura do disco é conhecida e é só preciso mencionar que cada par de laminulas (espinhos dorsaes) tem um interneural correspondente». Günther, Cat. 11, pg. 381 — 1860. Os peixes d'esta familia crescem pouco, o maior que tenho visto fgen. Echeneis) media 90 centímetros. Günther (Handbook) falia em Lepteche- neis com um metro de comprimento. Segundo o mesmo auctor os jovens tem a caudal prolongada em filamento, filamento que desapparece com a edade do peixe. E' ainda Günther que refere as lendas d'esté peixe poder segurar um barco im- pedindo-o de se mover para frente, como o julgavam os antigos escriptores. 5 A. DE MIRANDA RIBEIRO — FAUNA BRASILIENSE — PEIXES E' certo, porém, a grande força da adhesão do disco; pois na Praça do Mercado do Rio o individuo de 90 centemetros acima do citado, ser- viu, emquanto vivo, de brinquedos á diversas pessoas que se divertiam em puxar o animal depois de tel-o feito adherir ao ladrillio do pavi- mento, o que succedido, não permittia a retirada do peixe por qualquer homem robusto. Géneros constatados nas nossas aguas: Peitoraes nãoí^^"*"^*^^ eguaes ou pouco mais longas que as peitoraes, verte- ossificadas "^^^ ^^ + '^ Leptecheneis . (Ventraes menores que as peitoraes; vertebras 12 + 15 Echeneis. LEPTECHENEIS, (') oiii. Proc. Acad. Nat. Sei Philad. pg. 60-1860 Forma geral como em Echeneis; o numero de vertebras, porém, é de 14+16, as nadadeiras dorsal (parte ramosa) e anal tem muito maior ex- tensão, passando de muito, anteriormente, o meio do corpo; as ventraes são mais longas que as peitoraes. Espécie encontrada no Brasil. Leplecheneis naucrates^^^ (l.) 23 + 38 á A. 36 Disco 1/4 até o meio da base da caudal, de largura contida 2 2 2/3 no proprio comprimento, o seu comprimento é egual á distancia que vae do seu bordo posterior ao inicio da segunda dorsal. Peitoraes completamente falcadas, passando o disco de metade de sua extensão. Ventraes fortes, muito alongadas, quasi attingindo o mesmo plano em que terminam as peitoraes. Nadadeiras verticaes originando-se um pouco á frente da distancia que vae do focinho á fimbria da caudal que é truncada e tem os raios exteriores ligeiramente maiores. Sobre todo o corpo granula- ções lenticulares muito pequenas. Linha lateral presente, pouco nitida posteriormente. Olhos 1/7 na cabeça, não comprehendido o mento que é pon- teagudo e muito prognatha. Côr parda purpurea. Comp. apr. 50 centímetros. Habitat: Mares tropicaes e intertropicaes. 1) Leptos (gr), delgado, echeneis, género referido. 2) Naacrates, (gr) piloto, homem do leme; ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL vol.— XVII 6 ECHENEIS, (') Linnaeus Syst. Nat. Ed. X, pg. 260—1758 Corpo subclaviforme, subdeprimido superiormente na parte cephalo- dorsal; subcomprimido na posterior. Disco amplo. Bocca com a mandi- bula prognatha e os intermaxillares dispostos em curva suave; dentes aciculares, em faxa tanto nos primeiros como nos segundos; e no vomer e palatinos. Olhos lateraes anteriores, á pequena distancia da orla preor- bita!, tendo as pálpebras livres; peças operculares inteiras, espessas, revestidas de pelle espessa. Abertura branchial ampla. Escamas peque- nas, foliaceas de modo á emprestar á pelle, onde se acham implantadas profundamente, o aspecto villoso ou vellutino. Linha lateral indistincta. Appendices pyloricos moderados e em numero mediocre. Vesícula natatoria ausente. Anus pouco posterior ao meio da extensão total; caudal quasi sempre sublunada. Vertebras 12+15. Espécie brasileiras: 'Disco de comprimento menor que o dorso, dn largura D. XIH -j- 18 á 22, . . E. albescens ' Disco de comprimento egual ou maior que o{^- XV (XIV) á XVil + 29 á 32 E. brachypíera dobro da largura \ D. XVII á XIX -f 23 E. rémora EcheiîeiS albescens, ^^^ Temm. (Lowe) D. XIV á XVI + 29 á 32; A. 25 á 30 Largura do disco egual á 1/2 do comprimento do mesmo e este egual á 1/4 do total. Intermaxiilares em angulo obtuso; mandibulares progna- tha. Olhos á 2 diâmetros do plano attingido pelos intermaxiilares. Pei- toraes tendo o bordo superior em curva continua e regular até o canto pos- tero-inferior. Linha lateral distincta. 2' Dorsal e anal symetricas, come- çando e terminando quasi no mesmo plano. Caudal ligeiramente sublu- nada. Anus no meio da extensão total. Cor parda uniforme. Habitat: Mares tropicaes e subtropicaes Echeneis rémora ^-^ l. D. XV á 18 -^ 22 á 25; A. 25 Disco 1/3 no corpo até o meio da base da caudal, sua largura menor do que 1/2 do resp° comprimento. Mandíbula parabólica, monderadamente prognatha; olhos 6 e 3/4 á 10 na cabeça; peitoraes passando a orla poste- rior do disco cephalico. Dorsal e anal um tanto elevadas, porém não ten- do os raios anteriores muitos maiores; a distancia entre o bordo posterior do disco e o inicio da segunda dorsal egual á linha mediana do disco forma- da pelos aculeos medianos. Ventraes passando de pouco a vertical do extremo posterior das peitoraes. Caudal sublunada. Cor de sépia. Nos indivíduos maiores as ventraes não passam as peitoraes, terminando ao con- trario, adiante do plano em que terminam aquellas. Habitat; Mares tropicaes e subtropicaes. 1) (Gr.)=de aza (nadadeira) curta. 2) (Qr.) o que puxa para traz. 1 Os processos áe TaxMermia 6 o Mnseu Nacional ío Hio äe Janeiro [RELATÓRIO apresentado ao 5nr. Dr. João Baptista de Lacerda, Presidente e mais TT^embros da Congregação do Uluseu Tíacional PELO SUBSTITUTO DA SECÇÃO DE ZOOLOGIA ALIPIO DE MIRANDA RIBEIRO RIO DE JANEIRO- 1912 PAPELARIA LUIZ MACEDO 74, Rua da Quitanda, "4 Ulmo. Sr. Dr. João Baptista de Lacerda. D. D. Director do Museu Nacional do Rio de Janeiro. Na sessão de 14 de Novembro de 1910 propuzestes e a Congregação concordou, em que, «para dar organização adequada aos seus fins ao Laboratório de Taxidermia do Museu, afim de verificar os processos usados nas officinas de Taxidermia dos estabelecimentos congéneres á esta instituição no estrangeiro e a respectiva organização» — eu fosse designado para a viagem d'aquelle anno, conforme o art. 97 do Regulamento do Museu. A' vossa proposta addicionei que seria de maior vantagem aproveitar o ensejo para estudar collecções brasileiras da Europa, o que foi egualmente acceito. Foi estabelecida a obrigação de visita aos seguintes pontos : Vienna, Berlim, Paris, Lon- dres e Nova York. A' essas incumbências do Museu quiz o Sr. Dr. Pedro de Toledo, Dmo. Ministro da Agri- cultura, ailiar outra— a do estudo geral das questões (que se descutiam então n'esta cidade) sobre a pesca, nos pontos por onde eu passasse. Por causas diversas, todas ellas independentes da minha pessoa, d'aqui sahi á 31 de Maio de 1911, chegando de volta á 8 de Dezembro do mesmo anno. Não obstante as noticias recebidas á bordo, pelo telegrapho sem fio, da existência de cholera em Nápoles, ahi saltei visitando o aquário e a Estação Zoológica e o Instituto de Ana" tomia Comparada ; reunindo egualmente dados sobre a pesca. Segui depois para Roma, onde visitei o Museu de Zoologia, annexo a Universidade ; o Instituto de Piscicultura ; a Exposição Italiana de Pesca. Obtive egualmente dados sobre a pesca. Florença foi o ponto immediato— ahi visitei o Museu de Historia Natural que, encarado pelo aspecto faunistico, é o mais importante da Italia. De Florença segui para Génova onde visitei o Museu Civico de Historia Natural. Não me foi dado estudar ahi material brasileiro do estabelecimento, por se achar elle em mudança para o edifício agora construído para a sua nova sede. IV De Génova dirigi-me á Monaco. Visitando o Museu Oceanographico, tive a honra de ser convidado, pelo respectivo Director, para acompanhar uma das excursões do «Eider», em estudos do Museu e visitar a nova «Hirondelle II», elegante navio do Principe Alberto de Monaco, com opulentas installações para os estudos scientificos de Oceanographia que, aquelle Principe e o seu digno companheiro e amigo— o Dr. Richard— vem fazendo, de ha muito, com grande proveito para a Sciencia. De Monaco volvi á Turim onde fui ver o museu (de Historia Natural) no antigo Palácio Carignano. Visitei egualmente o aquário na Exposição Universal que então ahi se realizava. O ponto seguinte de minha viagem foi Trieste, onde estive no «Governo Marítimo», em busca de dados sobre a pesca no Adriático, por parte da Austria; segui depois para Vienna onde trabalhei no Museu de Historia Natural, estudando as collecções de Natterer (parte dos mammiferos). Com a devida permissão do Conselheiro Steindachner, fiz photographar á minha custa, em tamanho natural, um gorilla e um orango das collecções do Museu de Vienna ; essas photogra- phias, como sabeis, já estão entregues ao Museu Nacional e se destinam as suas salas de expo- sição. De Vienna passei á Berlim onde estudei vários typos de descripções de Lichtenstein, Mensel, Nehring. Hoffmansegg, Reinhardt (Lund). Visitei egualmente a Sociedade Allemã de Pesca Maritima onde colhi dados sobre a pesca; também estive no Museum fur Meereskunde. Segui depois para Hamburgo e Altona, visitando os museus d'essas cidades, os mercados e portos de pesca. Passei d'ahi á Paris, vendo os Museus de Historia Natural e Laboratório de Zoologia. Infelizmente não me foi possível obter todos os dados que procurava. Ao contrario, fui bem succedido no tocante á pesca Quiz adquirir uma restauração do Dódo, peio Sr. J. Terrier. Isso, porém, não foi também possível, devido ao preço pedido que em muito desfalcava os meus recursos, conforme se verá da carta junta ; acho, comtudo. que tal acquisição seria vantajosa para o Museu. Em observância â carta official que me determinava a fiscalisação do fornecimento de es- pécimens zoológicos ao Museu (por mim solicitados em officio de 30 de Novembro de 1910), pela casa Emilie Deyrolle, estive n'essa casa, cumprindo o disposto na referida carta e entrei com a importância necessária para a acquisição de mais um exemplar que não estava na lista de acqui- sição do Museu. Em Londres trabalhei no Museu Britannico, estudando material recentemente adquirido por aquelle estabelecimento, da fauna do Brasil. Adquiri dados sobre a pesca. Finalmente visitei os Museus de N. York e Brooklyn e a Inspectoria de Pesca de N. York. Devo referir a minha gratidão, pelo acolhimento que me dispensaram, aos Srs. Profs. Dohrn e Cerruti, da Estação Zoológica de Nápoles : Profs. Decio Vinciguerra e Oestro, o primeiro Di- rector do Instituto de Piscicultura de Roma, o segundo Director do Museu de Génova ; C. Coli, preparador do Museu de Roma; Leopoldo Granata e Ricardo Magnelli, Professor e Primeiro Preparador do Museu de Historia Natural dt Florença ; Enrico Festa, Professor no Museu de Historia Natural de Turim; Conselheiro Prof. Franz Steindachner, Director do Museu de Vienna e seus auxiliares Profs. LudVifig von Lorenz e, Cari Told e Siebenrock ; Profs. Reichnow e Matschie do Museu de Berlim; Prof. Henking, Secretario Geral da Soc. Allemã de Pesca Maritima; Prof. Richard, Director e seus auxiliares Sirvent e Oxner, do Museu de Monaco ; Trouessart, Professor e Lucien Ranson, Preparador da Secção de Zoologia do Museu de Hist. Nat de Paris ; Prof. Pellegrin da mesma secção do referido Museu ; Sr. Jules Polidor, Sub-Director da Secção de Pesca do flinisterio da Marinha de França ; Professores Boulenger, Täte Regan, Dohlman e Olfield Thomas, do Museu Britannico de Historia Natural; Prof. Lucas, Director e Assist. Roy An- drew do Museu de Historia Natural de New Yori^ ; Assistentes Murphy do Museu de Brooklyn ; Prof. Tarlton H. Bean, Culturista e R. Windemann, Superintendente da Inspectoria de Caça e Pesca de New York. Fui egualmente muito obsequiado pelo Sr. Capitão Tenente Frederico Villar, nosso patricio que me procurou em Londres e me recebeu mais tarde em New York. Foi o Commandante Villar que me apresentou ao Sr. Windemann, em companhia de quem visitámos uma usina de guano e óleo de peixe em Long Island. Alem das cortezias e gentilezas que de todos esses cavalheiros e homens de sciencia recebi eque muito me captivaram, não posso deixar de salientar o modo fraternal e solicito com que me distinguiram o Sr. Conselheiro Steindachner, Profs. Toldt e Lorenz, de Vienna e Prof. Matschie de Berlim e Olfield Thomas, de Londres. O Sr. Conselheiro Steindachner, o decano dos ichtyologistas militantes do mundo actual e um dos mais profundos conhecedores da fauna ichtyologica do Brasil, fez-me o honrosissimo convite de collaborar com elle nos meus estudos ulteriores de ichtyologia brasílica, offerecendo- me as columnas dos annaes da Academia de Sciencias e promptificando-se á fazer por sua conta todos os desenhos que fossem necessários. Embora eu já tenha merecido da bmidade de outros scientistas distincções análogas, não posso deixar de referir a do prof. Steindachner como muitíssimo agradável, não só pelo valor da procedência como pela alta estima em que tenho o venerando sábio que ha 50 annos é o braço direito e principal bemfeitor do Museu de Vienna. O Sr. Professor Matschie, do Museu de Berlim, instou por me apresentar aos Snrs. Drs. Heck e Heiíiroth, Directores do Jardim Zoológico de Berlim, os quaes quizeram ouvir as minhas opiniões sobre animaes brasileiros expostos no Jardim e respectiva classificação. Sou egualmente grato ao Snr. N. Post, Consul Austríaco, hoje destacado em Hamburgo; e aos nossos representantes consulares : Snrs. Filinto de Abreu e E. Ondino, Consul e Vice- Consul em Nápoles; Drs. Fialho e Lima e Silva, Ministro e Secretrario da Leg. em Roma; Drs. G. de Bulhões e Figueira de Mello, Secretários da Legação e Freund, Consul em Vienna ; Dr. Vieira, Consul em Londres; Drs. J. Ferreira da Cunha e Garcia, Consul e Vice-Consul em New York. * * * Cumpre-me salientar: A Congregação encarregou-me de visitar Vienna, Berlim, Londres. Paris e N. York; visitei essas cidades, conforme se verifica da visagem do passaporte e mais as seguintes : — Monaco. Génova, Florença, Roma, Nápoles, Turim, Trieste, Hamburgo, Altona e Brooklyn, com proveito para a minha missão e sem augmento de despeza para o Governo. Visitei egualmente, S. Paulo, Pará e Ceará. Colhi os dados necessários para o fim principal de minha viagem que me foi designada pela Congregação— os quaes se resumem no relatório á seguir. Colhi os dados relativos ás collecções de material brasileiro em museus que visitei, os quaes se acham egualmente á vossa disposição e os julgastes dignos de figurar nos Archivos do Museu. VI Fiscalisei o fornecimento pela casa Emile Deyrolle, dos animaes constantes da lista que acompanhou o meu officio de 30 de Novembro de 1910 a Directoria do Museu, fazendo substituir um dos espécimens, dado erradamente como "Colobus Guereza* por 7 outros cujo valor corresponde ao preço da pelle daquelle scimio e concorri com dinheiro meu para acquisição de mais outro espécimen que o náo estava considerado na lista citada. Colhi os elementos e informações referentes á pesca, conforme me encarregou verbalmente o Sr. Dr Pedro de Toledo, M. D. Ministro da Agricultura. ♦ * * Para vos apresentar o presente relatório julguei opportuno dar-lhe uma forma pratica e util, de modo que podesse ao mesmo tempo servir de um guia summario aos que pretendem se dedicar á Taxidermia, e vos prestar contas claramente. Para isso dividi-o em 3 partes : A primeira trata das noções geraes de Taxidermia como se fazia no Museu Nacional. A segunda trata dos processos que verifiquei nos outros museus. A terceira refere o que me parece de necessidade modificar para dar organização adequada aos finsdoLaborio de Taxidermia do Museu. Terminando informo mais : Recebi do Thesouro, conforme preceitua o art. 97 do Regulamento Rs. 3.000SOOO que produziram frs. 5.000 Recebi em Londres, por determinação do Sr. Ministro da Agricultura para passagens na Europa e na America do Norte " 3.000 Passagem fornecida pelo mesmo Ministério d'aqui para a Europa " 600 frs. 8.600 Saldo da verba de 3.000 frs. de que entreguei ao Thesouro . . 937.29 Custo das três commissões ao Governo 7.662.71 frs. 8.600 Os 7.662.71 produzem Rs. 4:597*626. Ao terminar este apanhado summario sobre as minhas intenções de corresponder ao mandato do Museu, peço ao Sr. Dr. Lacerda acceitar e bem assim transmittirá Congregação os meus agradecimentos pela confiança em mim depositada. Quanto á incumbência que me quiz dar o Sr. Dr. Pedro de Toledo, acima referida, já tive ensejo de pessoalmente agradecer-lhe a mesma confiança. (Copia de uma carta do Sr. J. TERRIER) Referida á pag. 2 26 Septembre 1911. Mr. Alipio de Miranda Ribeiro Monsieur Je reçois votre lettre, au sujet du Dront. Je puis vous en faire une copie, d'après celui que j'ai fait pour le Museum ; ce moulage vous coûtera six cent francs, le transport et l'embal- lage á part. Si cela vous convient vous voudrez bien me le faire savoir. Pour les photographies des têtes, Mr. L. Ranson, mon élève, n'a pas encore eu les crânes, entre les mains. Si on peut les trouver, (pour cela il faut voir Mr. Anthony au Laboratoire d' Anatomie) il vous écrira a ce sujet si on les trouvera. Veuillez agréer Monsieur, mes bien sincères salutations J. TERRIER. FRIAEiRA FARTE OU A Taxiderinia tal como era praticada no Museu 4 TAXIDER/AIA Do grego Taxis, ordem e Derma, pelle, a taxidermia é o ramo dos co- nhecimentos humanos que se refere ás regras para a conservação das pelles dos animaes com os aspectos délies. Na justa interpretação do termo tem, portanto, mais que ver com os animaes vertebrados (') ; não obstante, em regra e por extensão, se incluir nos trabalhos de taxidermia tudo quanto também se refira ao grupo dos invertebrados, aqui nos filiaremos á exactidão do termo, mesmo porque esse foi o espirito da commissão que me foi confiada pelo Museu Nacional. Todo o animal para ser conservado pelos processos da taxidermia propriamente dita, deve ser submettido a duas operações perfeitamente distinctas e que se referem: /" — á/;£'//í' (preparação). 2° — á forma (montagem). Se bem que esta ultima seja a mais difficil, é a que offerece mais recom- pensa ao operador pelas bellezas que encerra, não corre os riscos da pri- meira ; e por isso, deve-se, sobre tudo, bem cuidar do andamento d'aquella para que se possa colher os bons resultados da segunda. Obedecendo á or- dem vamos cuidar da Preparação Esta comprehende duas partes : uma que trata da retirada da pelle do corpo do animal (escalpeliação), outra que trata da sua conservação ulterior. (1) Com justiça também se pôde referir à preparação das lagartas dos lépidoptères; veja-se a respeito : Holland, Butterfly Book, pag. 44-New York, 1901. 4 ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL VOl. XVII 1.^ PARTE OU ESCALPELLAÇÃO Incisões Dado um vertebrado qualquer,temos que abril-o para retirar-lhe a pelle; devemos fazer uma ou mais incisões por onde a nossa capacidade melhor nos aconselhar. Na regra geral as incisões indicadas são sobre o lado inferior, linha mediana, do peito á frente do anus ; nas linhas medianas internas dos bra- ços e pernas (até as patas), por serem esses lados occultos e fugirem á vista mais facilmente. E' claro, porém, que podemos fazer uma incisão ao longo da linha rachidiana (dorso-lombar) e retirarmos a pelle sem outro corte, o que também pode ser feito por outra incisão no baixo ventre, linha mediana, ou duas incisões uma para cada inguis, reunindo-se na base da cauda. O que se deve estudar antes de mergulhar o escalpello n'um animal, é justamente o logar mais conveniente para abríl~o, attendendo sempre á maior facilidade ulterior para se occultar a sutura, depois ; e isso sem que se prejudique, com o corte, os caracteres, órgãos sexuaes ou glândulas na trajectória da incisão. Os zoologos costumão chamar de macro — e micromammaes os grandes e pequenos mammiferos Entre os primeiros,quando se trata de um animal de pello basto,póde-se fazer a incisão dorsal queé uma das mais simples. Sempre obtive bom resul- tado com essa incisão dorsal nos macacos, trazendo-a da nuca á base da cauda ou a região lombar. O mesmo pôde ser feito quanto aos megachiropteros (cães-volantes), podendo n'este ultimo caso, a incisão partir da região inter-escapular. Nos carnívoros é aconselhável a incisão abdominal, que deve ir do manubrium ao anus. Nos grandes roedores pòde-se optar por qualquer das duas, sendo pre- ferível a segunda. O mesmo succède com os ruminantes e solipedes, os pachidermas nús taes como o elephante, o hippopotamo, a babirussa, etc . ; podendo ser usada a incisão dorsal nos javalis, porcos do matto, etc Egual- mente succède nos marsupiaes, emquanto que para os desdentados coura- çados deve-se optar por uma incisão latero-inferior, acompanhando o bordo da couraça Deve-se adoptar como regra a incisão no lado contrario áquelle que se presuma ficar voltado aos olhos do espectador da montagem. A incisão abdominal é, na regra, seguida de quatro outras partindo d'ella e passando sobre as axillas e virilhas e se prolongando, sempre pelo lado infero-posterior, pelos membros, até as plantas do animai, isso, porém A. DE MIRANDA RIBEIRO— OS PROCESSOS DE TAXIDERMIA E 0 MUSEU NACIONAL 5 pôde deixar de ser feito. Nos animaes providos de chifres, tórna-se neces- sária outra incisão, em T, sobre a região fronto-cervical, sendo a travessa do T de cliifre á chifre e a perna, do meio da travessa para traz e de com- primento sufíiciente para deixar passar a cabeça, a qual deverá ser desar- ticulada do corpo e retirada á parte. Essa incisão ainda se faz nos animaes cujo pescoço, longo e estreito, não deixe passar livremente o craneo, na escapellação (girafas, corças, an- tilopes, etc.). Em certos casos, para maior facilidade, inciza-se também as plantas das patas e, nos animaes de porte maior e de longa cauda, é tam- bém de uso fender-se esta ultima. Nos micromammaes é de uso corrente a incisão abdominal que vem do appendice xiphoide á base da cauda, contornando o anus, ou á frente d'esté; ha quem aconselhe a incisão em torno das gengivas, virando ahi a pelle ; prefiro a primeira ou, quando se trate de marsupiaes, a dorsal. Para com as aves as incisões variam segundo o caso. A mais geral é a que vai de meia extensão do esterno á frente do anus, em linha recta. Nas aves cuja cabeça seja muito volumosa em relação ao diâmetro do pescoço, tem-se que fazer outra incisão sobre a nuca, mais ou menos prolongada sobre o pescoço (aves de rapina, nadadores, avestruzes/ Nos nadadores especialmente os de posição erecta ( pinguins, alças, mergulhões) e peito branco, é usada a incisão dorsal. Nos saurios e batrachios a incisão abdominal é a única usada ; entre- tanto, nem sempre ella pode ser mediana. Nos jacarés por exemplo, ella deve acompanhar o plastron abdominal da couraça, de axilla á axilla e, depois, ao longo da cauda, pelo lado inferior. Segundo a capacidade do operador, poderão ser dispensadas as incizões tranversaes até as extremi- dades dos membros Deve-se sempre ter cuidado em não seccionar as es- camas. Nas tartarugas deve-se cortar a carapaça pelos dous lados, de braço á perna, e cortar a pelle junto ao plastron no bordo posterior. Nas serpentes, geralmente se usa uma incizão abdominal á meio corpo e de comprimento bastante para permittir a retirada d'esté, n'um talho tão pequeno quanto possível ; prefiro, entretanto, a incisão em torno dos ma- xillares, na mucosa da bocca e a retirada do corpo por ahi. Como quasi sempre é muito diffici! destacar-se o craneo da pelle sem arrancar as esca- mas, póde-se fazer ablação das suas partes complementares dispensáveis e, desarticulando-o do corpo, proceder a retirada d'esté. Nos peixes, as incizões podem ser — uma do isthmo á base da cauda, correndo depois, por um dos lados d'esta até a linha mediana dorsal ; outra transversa, lego por deíraz da cabeça e acompanhando o limite entre o craneo e as escamas do tronco, com.binada com a incizão longitudinal ; nos peixes anguiformes póde-se ainda usar o systema do talho na mucosa, citado para as serpentes. 6 ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL VOl. XVII Escalpellação propriamente dita A escalpellação tem logar após as incizões e consiste em se destacar a pelle á preparar do corpo do animal. Deve-se ter sempre em vista não su- jar, não retalhar, nem esgaçar a pelle ; não vasar o peritoneo ou as vísceras intestinaes. Para o primeiro caso devem ser tomadas as seguintes precau- ções : introduzir nas narinas, na garganta, no anus e nos orifícios de feri- mentos por ventura existentes na pelle, mexas de algodão fartamente pulve- risadas de polvilho de mandioca, gesso, serragem ou, á falta d'estas, qual- quer outra substancia seccativa que impeça a sahida dos líquidos do orga- nismo ; vae-se destacando, ora por meio do gume, óra por meio do cabo da faca usada, óra por meio dos próprios dedos ou mesmo das unhas, toda a pelle. Comquantü essa operação seja muito simples, só a pratica trará apti- dões ao operador, fazendo-o vencer as difficuldades que appareçam, pelo seu geito em manejar o escalpello. Se as pelles de macaco, de morcego, de gato, de veado, de gavião, ou das cobras se deixam trabalhar mais facilmente, as das paccas, das rolas, dos surucuás exigem mais perícia, sendo que, mesmo os mais peritos preparadores, ás vezes não executam a escalpellação de modo irreprehensivel. As pelles dos grandes mammiferos offerecem mais trabalho pela ex» tensão. A operação é muito material ; destaca-se a pelle pelos flancos pro- curando passar a faca sempre entre as apronevrozes e a derma, gradativa- mente, até que se chegue a cintura pelviana ; passa-se ahi á destacar as per- nas e as coxas, desarticulando-se estas ; chegando-se aos pés, córta-se o tecido cutâneo adjacente ás unhas, quando se queira também aproveitar o esqueleto ; em caso contrario, víra-se a pelle até as unhas, deixando-se os ossos dos pés ; ou também os do tarso e das tibias. Passa-se em seguida á cauda. Sendo o animal de talhe mediocre (gatos, cães selvagens e todos os outros inferiores em porte) prende-se bem firmemente o esqueleto pela base da cauda e com auxilio de dous pequenos sarrafos, seguros á duas mãos e fortemente apertados um por cima e outro por baixo do esqueleto da cauda, puxa-se em sentido contrario. Outro sim, póde-se substituir os sarrafos por uma pinça forte. Também se emprega com vantagem a unha do dedopollegar, pegando- se o corpo com uma das mãos e fazendo correr a unha do pollegar da outra contra a cauda. E' preciso cuidado com essa parte da operação, pois não raro os sar- rafos ou mesmo a unha escapam, devido aos líquidos do corpo, o que pro- duz inevitavelmente uma ruptura. Desembaraçada esta parte posterior do tronco, cuida-se da anterior, procedendo-se para as mãos como para os pés. DE MIRANDA RIBEIRO-OS PROCESSOS DE TAXIDERMIA E 0 MUSEU NACIONAL Chegados ao pescoço continua-se á virar pelo avesso até attingir a re- gião cervical; quando se trata de animal cuja ca- beça não possa passar pelo pescoço,desarticula- se aquella e faz-se a in- cizão em T acima cita- da('); ao contrario, con- tinua-se á escalpellar até as orelhas, as quaes são cortadas pela base da cartilagem auricular. O máximo cuidado torna-se então necessário e, sobre tudo, ao chegar aos olhos ; aqui é preci- zo fazer a escalpellação devagar, contornando-se as pálpebras, cortando- as pelas mucosas; espe- cial attenção deve ser di- rigida ao corte que se tem de dar no angulo interno dos olhos, onde a pelle é muito justamente apposta sobre os ossos lacrymaes e arcadas orbitaes. Nos veados e antilopes ha uma funda fossa lacrymal anterior aos olhos; ahi é pre- ciso cuidado. Vencidos estes pontos, só nos resta continuar até o focinho, cuja cartilagem deve ser separada sem que se prejudique as dobras da mu- cosa reentrantes nas narinas. Tanto nos macro- como nos micromammaes,quando se tenha de deixar os ossos dos membros ambulatórios, torna-se necessário retirar toda a car- ne, deixando-os perfeitamente limpos. N'um micromammal, em regra, as unhas do operador trabalham quasi tanto quanto o escalpello; e visto a difficuldade de se aproveitar esqueleto e pelle ao mesmo tempo, em geral se deixa os ossos dos pés e das pernas juntamente á esta. Feita a incisão inferior aconselhada á pg. 5, dobra-se as pernas do ani- mal de modo á fazer apparecer consecutivamente os dous joelhos por ella ; destaca-se as pernas pela articulação tibio-femoral e, virando-se a pelle, Modo de destacar a pelle da cauda dum mammifero de pequeno porte. (I) Cortando-se a pelle na base dos chifres, quando fôr o caso. 8 ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL vol. XVII vae-se a destacando até os dedos; separa-se depois esta da parte posterior do corpo e tira-se a cauda, empregando a unha do dedo pollegar; continua-se á inverter a pelle até o craneo, seguindo para as mãos o mesmo processo empregado para os pés ; e para o craneo o indicado no caso dos grandes mammiferos. Para as aves o processo é muito semelhante ao dos micromammaes. A dobra das coxas para o corte da articulação tibio-femoral, é o primeiro tempo ; destaca-se em seguida a pelle do baixo ventre, córta-se o recto junto do orifício anal, e desarticula-se o osso coccygeano que fica preso ao uru- pygio ; limpa-se este das glândulas cerosas existentes na sua base, tendo- se cuidado em não rompel-as e inverte-se a pelle segurando-se o corpo pela região pelviana; córta-se cada humero pelo meio e prosegue-se na escalpel- lação até o craneo ; ao chegar ao ouvido arranca-se, sem ruptura, a pelle de dentro do tubo auditivo externo ; e leva-se a operação até a base das na- rinas. Na regra, o craneo das aves fica na pelle ; isso não quer dizer que um operador hábil não o possa retirar, quando o queira; esta operação não é, comtudo, aconselhável. Tendo-se desarticulado o craneo, retira-se os olhos, os músculos ma- xiilares e o cérebro, sendo de toda a conveniência que na caixa craneana nem fiquem as meninges. Cuida-se por fim da limpeza das azas ; córta-se fora os humeros, retira-se a carne do antebraço até as mãos. Para bem des- tacar as remiges dos antebraços, emprega-se o mesmo processo, á mão, usado para retirar o esqueleto da cauda dos micromammaes ; antes, porém, é bom dobrar as pennas para os lados das pontas das azas e, depois, appli- car sobre a ponta dos canutilhos das primeiras a unha do pollegar, arran- cando se todas do osso, até a articulação da mão. Nas aves de braço muito longo e estreito ou n'aquellas que, depois, se pretenda preparar com as azas abertas, não se deve retirar o humero e sim deixai o, cortado ao meio; essa deve ser, aliás, a regra geral. Quanto aos Saurios, é claro que a operação seja mais fácil, porquanto o craneo muitas vezes não é escalpellado e a pelle offerece menos risco de corte pela sua armadura de escamas — é, entretanto, preciso ter todo o cui- dado em não destacar estas ultimas. As tartarugas podem ser preparadas á parte do esqueleto, quando tenham um revestimento dermico, como Sphargis coriacea ; na regra, entretanto, o esqueleto fica incorporado ao revestimento interno e nenhuma recommendação especial merece a operação; feito o talho citado acima, vira-se o plastron para o lado da cabeça e limpa-se a cavi- dade da carapaça de todas as partes musculares e visceraes; vira-se a pelle do pescoço pelo avesso e desarticula-se a cabeça na região cervical, limpa- se por fim as patas que podem ser fendidas nas espécies fortemente coura- çadas. À. DE MIRANDA RIBEIRO— OS PROCESSOS DE TAXIDERMIA E 0 MUSEU NACIONAL 9 Nas serpentes é precizo agir corn muito cuidado, para não destacar es- camas ; sendo a pelle d'esses animaes muito distensivel, vae-se-a desta- cando até a cauda, a qual nem sempre pode ser retirada com facilidade e exige uma incizão longitudinal. Todo o cuidado será pouco quando a opera- ção correr sobre serpentes venenosas, por causa de qualquer ferimento do operador nos dentes d'esses animaes. Retirada a pelle da carcassa, procede-se a uma ultima limpeza ; deve sahir toda a carne, gordura e coagulo de sangue ; a cartilagem das orelhas até onde for possível. Em certos casos, torna-se necessária uma lavagem com agua pura, ou quando se trate de manchas de sangue, com uma solução de bicarbonato de soda. Está-se no momento de cuidar na segunda parte da operação. 2.^ PARTE OU CONSERVAÇÃO ULTERIOR Um preparador experiente sabe que dous são os meios de bem conser- var uma pelle : 1.° — Mergulhando-a num banho de cortume. 2° — Applicando-lhe uma pomada preservativa. O banho do cortume mais geralmente usado no Museu Nacional tem a seguinte formula : Agua q. b. ^'"7" ■•• \ partes eguaes Sal de cosmha / ^ ^ A' saturação. Acido salicilico 1/200 A pomada preservativa é o sabão arsenical de Becœur, de formula co- nhecida de qualquer pharmaceutico : Arsénico em pó 600 gr. Carb . de potassa 300 « Cal pulverisada 100 « Camphora 125 « Sabão branco 600 « lö ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL vol. XVII Esta pomada é de uso geral para todos os animaes e é indubitavel- mente a melhor que até hoje se tenha descoberto. Recommendavel para os animaes de pequeno porte, empreguei-a também na conservação de pelles de cervos, onças, etc., sempre com resultado favorável ; especialmente, des- de que se tenha de seguir a montagem immediata, só se deve empregar aquelle sabão. O banho acima citado exige um période d'uns dous á oito dias no mí- nimo, de permanência da pelle, variando o tempo com as dimensões d'esta. Comquanto um praso de 15 dias baste como terminal, qualquer tempo a mais em que as pelles ahi fiquem não as prejudicará. Curtida ou envenenada a pelle está nos casos de ser montada. A pelle envenenada deve ser curtida desde que não se trate de mon- tagem immediata. Sempre que se trate de uma pelle curtida é bom submettel-a á um desbastamento ulterior, á fim de reduzir-lhe a espessura ; é claro que quanto mais fina melhor, tendo-se em vista que não se deve passar o limite dos bulbos dos pellos mas, apenas affloral-o. Uma pelle bem preparada é uma pelle garantida, faça delia depois, o preparador, uma peça d'arte ou um monstro. Montagem Os antigos Museus de Historia Natural eram constituídos de collecções expostas e, por isso, todos os vertebrados n'elles deviam apparecer mon- tados, isto é, reproduzindo a forma que antes tinham, na Natureza, e en- fileirados em vitrines segundo a ordem respectiva da systematica em vigor. Hoje, os Museus, conservando em exposição e montados os animaes de apparencia mais notável de todos os grupos naturaes, reservam, entre- tanto, uma serie de exemplares de todas as espécies, em pelle ; quanto mais completa fôr a série, tanto melhor juizo poderá fazer o naturalista da capa- cidade de variação de cada uma das espécies; por isso, não mais bastam as duplicatas e cada espécie deve ser representada, n'essas collecções, por um grande numero de exemplares. São as «collecções seriadas» . Para uma coliecção seriada de macromammaes, grandes saurios, e grandes ser- pentes, basta a pelle preparada como acima ficou dito. Bem lavada e secca ao ar, deve ser novamente submettida á uma irrigação por meio de um pulverisador, d'uma solução de arseniato de soda á 50o/'' (' ' e depois novamente secca, deverá ser guardada no armário competente, ao abrigo (1) Ou mesmo immersa n'um banho. Tanto o arseniato como o sabão arsenical devem ser manipulados com o máximo cuidado, attenta a natureza eminentemente venenosa destes corpos. A. DE MIRANDA RIBEIRO— OS PROCESSOS DE TAXIDERMIA E O MUSEU NACIONAL ti da luz, com uma etiqueta em que se mencione ou se reproduza a côr da iris, a procedência, o sexo e o numero do craneo correspondente, o qual será guardado á parte ; a existência do craneo augmenta de 50 "/o o valor da pelle. Para micromammaes e aves, a pelle, para ser incluída nas series, é cheia de algodão do seguinte modo : Micromammaes Logo depois de escalpellada e limpa, vira-se pelo avesso e com um pincel, passa-se sobre o seu lado interno sabão arsenical diluido em agua. Envolve-se os ossos das patas em algodão, procurando dar-lhe as for- mas do braço e da perna e vira-se então essas partes pelo direito ; por meio de um arame fino destinado á permanecer ahi, ou de uma vari- nha, introduz se serragem fina na cauda, com o devido cuidado para não rompei a nem fazel-a encaroçada ; vira-se a pelle da cabeça, dan- do-lhe, com algodão, mais ou menos a primitiva forma e, finalmente, acaba-se de encher o corpo juntando-se os bordos da incisão ou dando- Ihes alguns pontos. Com outro pincel passa-se uma solução á 25 °/o de arseniato de soda sobre as orelhas, focinho, bordos dos lábios, pálpebras e patas do animal, que é collocado de bruços sobre uma taboa mantido com as patas esticadas em sentido opposto, por meio de alfinetes. Deixa-se assim seccar ao ar, até que, privada de toda a humidade seja reunida á serie com a respectiva etiqueta. Com as aves, o processo se modifica nos seguintes pontos : Visto que o craneo permanece na pelle, procedido o envenenamento, enche-se as orbitas e a cavidade craneana de algodão, e passa-se de dentro para fora, um facho de algodão pelo bico ; prende-se por meio de um cordel os ossos do braço de modo que elles guardem ahi um distancia de meio hu mero, passa-se algodão em torno dos ossos das pernas e vira-se toda a pelle, acabando-se, por fim, de encher o corpo. Cörta-se o algodão ex- cedente do bico, ajusta-se as pennas arrepiadas pela operação, prende- se os pés entre si, amarrando-se com o fio de linha os pollegares um sobre o outro guardando-a por fim, n'um cartucho ou n'uma cinta de papel onde deve seccar ao ar. Como se vê, taes processos se revestem da maior simplicidade; e sempre o operador influe na obtenção de melhor resultado. Muito mais complicada é a montagem propriamente dita em que se reproduz a forma exacta do animal em vida. Se o preparador possue co- 12 ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL vol. XVII nhecimentos de desenho e esculptura, está vencido o maior obstáculo — em caso contrario só a modelagem directa salval-o-ha do erro inevitável. Aliás o processo geral aconselhado pelos auctores de Taxidermia, por melhor que seja executado, dá sempre resultado insufficiente. Esse processo consiste no seguinte : Todas as vezes que se tenha de montar um animal qualquer, se a pelle é fresca, opera-se nas melhores condições e tem-se em mãos, para a coníecção do corpo, as medidas fornecidas pela carcassa. Quando, ao contrario, é uma pelle secca que se pretende montar ou se trate de um exemplar retirado d'uma serie de estudo para a exposição, deve-se, antes de tudo, amoliecel-a no banho anteriormente citado ou (sendo uma ave) deixal-a n'uma camará húmida (') para que se torne perfeitamente malleavel. Quando a pelle seja por tal modo velha que se torne muito endurecida e friável, refractária, por tanto, ao amollecimento, deve se submettel-a á uma uncção da seguinte pasta, preparada á fogo lento: Sabão 1 vol. Agua 3 > Saldecosinha 1/2». Também se pode appiicar uma solução ammoniacal á 20 ou á 30 "/o. Estando prompta, se a respectiva etiqueta não traz as medidas do cor- po, toma-se as que a pelle nos fornece da nuca á base da cauda, no meio da região escapular e pelviana á ponta dos pés; e dando-se uma differença a maior, proporcional ao tamanho do animal á montar, escolhe-se três arames de ferro, os quaes são fortemente torcidos por meio de um torno fixo e outro de mão, de modo a que se apresentem como na fig. aqui junta. Modo de dispor as hastes de ferro para armação de um corpo, n'uma montagem. Conforme a espessura d'esses fios elles serão aguçados nos extre- mos ou receberão ainda, os dous mais curtos, um passo de parafuso para (1) Qualquer crystallisador, em cujo fundo se deite areia humidecida, serve para isso; sobre a areia colloca-se um anteparo em que fique a pelle, sendo então o vaso convenientemente fe- chado por uma lamina de vidro. A. DE MIRANDA RIBEIRO— OS PROCESSOS DE TAXIDERMIA E 0 MUSEU NACIONAL 13 a passagem de duas porcas destinadas á prender o animal solidamente á peanha. Para que os arames não osculem uns sobre os outros, será bom prendel-os nos pontos onde termina a torsão, por meio de um pouco de solda, ou de outra torsão dos fios de modo a fixal-os entre si. Nas montagens antigas o craneo permanecia sempre, preso apenas pela mucosa da bocca e eram substituídos os músculos pelo barro de esculptor que, também ia encher os logares da cartilagem nasal e revestir a das orelhas ; passava-se, então, o fio destinado á supportar a cabeça, pe- lo craneo ; passava-se, depois, pelas patas e cauda, cada uma das outras extremidades e, procedendo=se gradativamente á costura das incisões, ia-se enchendo de estopa o espaço que fora occupado pela carcassa. Feita a costura total, inclusive a dos lábios, collocáva se o animal na peanha, dáva-se as saliências dos músculos por meio de pontos ou pela passagem de cintas diversas. Quando os ossos das pernas estavam presentes, também se substi- tuía as carnes ausentes das patas pelo barro de esculptor ; quando não, eram aquelles substituídos por pedaços de madeira. Um dos pontos que mais reclamam attenção n'uma montagem — O tendão de Achilles, era re- presentado, na montagem, por um cordel forte que se fazia atravessar para fora, por um pequeno furo no lado interno das coxas, junto ao anus. Esse é o processo geral e ainda hoje o vemos aconselhado nos livros da actualidade ('). Sempre julguei conveniente a separação do craneo da pelle, e nas poucas montagens que effectuei no Museu Nacional, substitui o craneo por um facsimile de páo leve. Quando reassumi o cargo de assistente da Secção de Zoologia, fiz substituir o craneo dos mammiferos á montar, não mais por \xm facsimile de páo, mas sim por uma modelagem directamen- te tomada na cabeça recem-escalpellada do animal á preparar. Também os olhos, escolhidos no momento, eram adaptados á devida posição, sendo assim a cabeça ligada ao extremo livre da haste de ferro que lhe competia e fixada, sem perfuração da pelle. Tal modelagem éra composta da seguinte pasta feita ao fogo : Cera 1/2 I Breu 1/2 ? volumes Serragem 2 J (I) Nos grandes mammiferos, a armação central de arames é substituída por uma taboa, collocada de cutello e cortada mais ou menos como o perfil do corpo; n'ella se encaixam as hastes de ferro das patas, do craneo e da cauda. 14 ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL vol. XVII Como esta pasta é naturalmente pesada e não pode offerecer á fixa- ção ao arcabôço do corpo a necessária resistência, quando se vae intro- duzil-a na forma, intromotte-se, n'esta, um pedaço de madeira leve que fica assim envolvida; e não só reduz o peso da modelagem como per- mitte a fixação desejada. Tendo-se o craneo do animal, é sempre possível fazer-se uma bôa moldagem, para o que basta reconstituir-se, com barro de esculptor, os músculos e cartilagens ausentes e fazer-se então uma forma de gesso, o que é muito simples. Esse intento meu visava reproduzir, da maneira a mais exacta, o fácies de qualquer espécie ; e o tem sido conseguido nas nossas preparações mais recentes. Quanto ao corpo, está visto que o processo geral não o reproduzirá nunca de maneira exacta ; basta ter-se em conta a mobilidade da pelle com o ressecamento, após a montagem. Por esse lado, não ha que vêr, este processo terá de ser regeitado todas as vezes que se quizer observar com verdade a Natureza. A nossa maior autoridade no assumpto, Sr. Eduardo Teixeira de Si- queira, tem se proposto á fazer os corpos de páo e palha ou estopa, processo bastante semelhante ao processo geral e que não offerece menos difficuldade. Por esse modo se poderá montar bem qualquer hemidosaurio ou outro animal provido de carapaça externa ; porém, eu não o recom- mendo ás pessoas que, desejando reproduzir a forma, em toda a sua bel- leza, se proponham á montar um mammifero qualquer. Os grandes mammiferos, como os elephantes, são muitas vezes mon- tados em corpos de madeira ; para isso tira-se a medida exacta do animal, antes de fazer as incisões; executa-se um bom esboço, em tamanho natural, dos seus perfis e, emquanto se vae curtindo a pelle, prepara-se o mane- quim que deverá reproduzir exactamente a forma do animal ; depois, ada- pta=se a pelle ou por meio de costuras com fio forte, em geral do usado pelos sapateiros, ou por meio de pequenos pregos, sobre a carcassa artefi- cial; toma-se as suturas, prende-se as orelhas que, são mantidas por meio de prensas ou de moldes de papelão, até ficarem completamente seccas. Indubitavelmente, o único modo de bem se observar a anatomia de um animal á preparar, consiste na modelação do seu corpo e ulterior confecção d'um manequim retirado das formas, para n'este se adaptar a pelle. A modelação pode ser feita directamente ou por observação. O primeiro methodo é mais simples e mais seguro. Operando-se por partes, tira-se uma forma em gesso da carcassa escalpellada do ani- mal á montar, á que se deu, antes, uma posição natural. Sendo o modelador um artista, poderá reproduzir o animal segun- do todas as medidas e desenhos que obtiver; verificada a exactidão d'essa maquette, procede-se a retirada da forma para dahi retirar o Museu Nacional do Rio de Janeiro A mesma modelagem tendo já applicada a pelle da Antilope (Trabalho do modelador Jonas Peixoto e Preparadores Pedro Pinto e Antero Ferreira) Museu Nacional do Rio de Janeiro Modelagem directa d'uma Antilope, em massa de papel A. DE MIRANDA RIBEIRO— OS PROCESSOS DE TAXIDERMIA E 0 MUSEU NACIONAL 15 O manequim em massa de papel. Essa confecção que poderá ser dita de observação, exige muita perícia e só dá á montagem a leveza necessária, se trabalhada por um verdadeiro esculptor, na mais exigente accepção do termo. N'estas condições o manequim pôde ser feito logo da maquette, sem intermédio da forma, sobre armação de ferro e tela de ferro, sendo a massa mais sobrecarregada de gesso. As formas em gesso são feitas do seguinte modo : Toma-se um pedaço de papel e estende-se por baixo da parte á tirar o molde, a qual é molhada, por meio de um pincel, com agua de sabão e mantida á certa altura por escoras de madeira e barro de esculptor ; cerca-se a parte n'uma espécie de cuba cujo fundo fica sendo o pedaço de papel ; toma-se, então, o gesso de esculptor em porção sufficiente e ajuntando-lhe agua, faz-se uma pasta de consistência fraca ; deita-se esta pasta na referida cuba, até que chegue á metade da altura da parte á modelar, procurando-se obter uma superficie tão plana quanto possível ; deixa-se então seccar o gesso, o que se dá em poucos minutos. Eguala-se bem a superficie da ametade feita, deixando-se uns dous encaixes para a juncção das duas ametades na modelagem ; ahi também se passa a agua de sabão ; eleva-se as paredes da cuba com outra camada de barro e, preparada nova pasta de gesso, enche-se de novo a cuba ; secco o gesso, com pequenas pancadas obtem-se que se separem as ametades da forma que, acaba de seccar, ao sol ou ao forno. Dissolve-se então, uma quantidade sufficiente de gomma lacca ou cera, com que se cubra a forma d'uma camada impermeável, pelo lado interno. Secco o verniz está prompta a forma. Este caso está dado para uma forma simples, d'uma cabeça, por exemplo, que pdde ser feita em duas ametades. Para um corpo é preciso fazer-se a forma de tantas partes quantas a iniciativa e intelligencia do modelador aconselharem. Quando se deseje, póde-se fazer a pasta de gesso mais consistente e, assim, se operar livremente sobre o objecto á modelar; qualquer que seja a sua posição , opera-se por partes, deixando se seccar o gesso em placas cujos bordos são regularizados com uma faca e depois pince- lados d'agua de sabão para que permittam, depois, a separação com facilidade. A massa de papel se prepara do seguinte modo : Toma-se uma porção de papel velho, o qual se reduz á pedaços n'uma tina; deita-se-lhe agua fervendo, deixando-se esfriar e permanecer o papel em maceração por alguns dias (será melhor ter-se papel sempre em maceração, quando se trate d'uma officina de taxidermia). Quando se quer fazer a pasta, tira-se certa porção d'esse papel macerado, preme-se e piia-se n'um almofariz. A pasta assim obtida é deitada sobre uma lamina de vidro ou de mármore e ahi se lhe mistura colla da Bahia e gesso de dourador ; com uma colher de pedreiro se revolve bem a mistura cujas proporções devem ser : 16 ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL vol. XVII Solução de colla 1 Gesso 1 Pasta de papel 1 e 1/2 Alúmen 3°/o. E' então bem oleada a forma com óleo de linhaça e applicada a massa feita, de modo á obter-se uma espessura proporcionada e de resistência bas- tante para receber a pelle em preparação. Em geral o manequim fica feito em duas ametades, sendo soldado no meio com a mesma massa de papel ; também pode ser feito por partes. Antes de reunir todas essas partes, se in- troduz as vergas de ferro necessárias a solidez do corpo, predendo-as por meio de travessas de madeira, ás paredes do manequim ; e parafusado este á peanha, passa-se-lhe por cima uma camada de cera, antes de se applicar a pelle. Se bem que todas as partes do corpo de um animal mereçam o mais meticuloso estudo, n'uma montagem, a cabeça, por encerrar a expressão principal, deve ser estudada e trabalhada ainda com cuidado e attenção muito maiores. As difficuldades que n'uma montagem offerece a cabeça d'um ani- mal, rezidem nas partes niías, nas orelhas, nos olhos, no focinho, na bocca, nos beiços e nas pálpebras. Os olhos devem ser fixos no competente logar, antes da apposição do couro ; depois, n'esta ultima operação, deve-se ajustar as pálpebras ; o fo- cinho deve ser bem esticado, seja sobre o modelo, seja sobre um pouco de barro de esculptor ou melhor da propria massa de papel. Os beiços depen- dem de uma operação um pouco mais complicada; na confecção do craneo deve ficar uma falha para inclusão d'um mandibular postiço; cosidos o beiço superior sobre esta falha, e o inferior sobre o mandibular postiço, puxa- se o queixo para a posição, prendendo-o por meio de uma simples facha sobre o logar competente. As orelhas devem ser presas em formas espe- ciaes, para que sequem sem se entortilhar. Como bem se deprehende, taes processos se applicam á todos os qua- drúpedes. Aves Para as aves o processo de montagem se simplifica mais. Possuindo pennas, cuja disposição auxilia grandemente ao preparador, não necessitam ellas de manequim tão perfeito quanto o exigem os mammiferos e especial- mente os de pello curto. A. DE MIRANDA RIBEIRO— OS PROCESSOS DE TAXIDERMIA E 0 MUSEU NACIONAL 17 Entretanto, algumas aves ha que offerecem essas difficuldades, taes como as avestruzes, os flamengos, os abutres, os gymnoderos : os primeiros pelo pescoço e pernas, os outros pela nudez da cabeça. Na regra um cuidado preliminar consiste na cópia, por meio de moldes em gesso de dentista, dos carunculos e das partes carno- sas que constituem ornatos, taes como as cristas dos gallos, dos perus, etc. Estas partes devem ser adaptadas por ultimo, na conclusão do trabalho. O manequim commumente é de palha fina de pinho, da usada para encaixotamento de objectos frageis; sendo as hastes de ara- me, cuja grossura deve ser proporcional ao volume do corpo. Aqui, também, escolhe-se três hastes ; duas proporcionaes ao dobro das pernas (as que se destinam a esses membros) uma, um meio maior que o comprimento do corpo e do pescoço. Faz se uma aguçada ponta nosdous extremos d'essas hastes e enfia-se, pelas solas dos pés, os arames das pernas. Nos tarsos, elles devem passar pelos ten- dões e o osso, sem romper a pelle na articu- lação. Virada a pelle da perna pelo avesso, amarra-se então fortemente a tibia, nas dia- physes, ao arame ; faz-se com algodão ou com estopa a forma da perna ; virando-se então a pelle ao direito. Cuidadas as pernas, volve-se a atten- ção para as azas ; conforme se queira montar a ave de azas abertas ou fechadas, as pennas do antebraço deverão ou não ser soltas das suas implantações ; egual- mente quando se queira montar as azas abertas deve se introduzir um arame pelos ossos das azas como tal se vê na tig. segumte, Modo de fazer um corpo de palha para Qm A. QuandO SC dczCJC aS azaS fCChadaS, uma ave ; a linha pontuada indica a ^ ^ amarrar OS OSSOS do braço como se trajectória e a curva que se deve dar -v c« à haste de ferro. Ve em h. 18 ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL vol. XVII Modo de articular as azas d'uma ave. Depois de convenientemente envenenada a pelle, vira-se as azas pelo direito e faz-se então o corpo amarrando a palha com um bar- bante. Em geral o corpo é simples, cordiforme. Pòde=se, comtudo, re- produzir aproximadamente a for- ma do corpo da ave, pondo palha onde houver mais saliências ipei- toraes, esterno e coxas). Feito o corpo introduz-se-lhe no sentido do maior diâmetro, o arame destinado ao pescoço, até passar a ponta por dentro do craneo, atravessando-se este ; mette-se então o corpo na pelle. Espeta se, depois, o arame das pernas nos pontos marcados por uma cruz na figura e atravessando-o para o lado opposto, dobra-se em alça a ponta, puxando-í- depois, ao logar ; feito isso com as duas pernas, ajusta-se estas, dobra-se o arame nas pontas, põe-se as pernas na longitudinal do corpo, cozendo-se a incizão; e põe se a ave n'uma peanha provisória. Acaba-se de fazer o pescoço introduzindo-lhe algodão pelo bico (ou pela sutura cervical); ajusta se as azas e a cauda prendendo-as com as s bras das pontas dos arames; dá-se a posição á ave; prende-se as pennas no logar, por meio de fios frouxamente dispostos ou fachas de papel. Conclue-se, então, a cabeça, pondo-se- Ihe os olhos e fechando-se o bico com um nó de linha. Ç<^i Cc^ 1 l B. Outro modo de articulação Posição Q. Curva característica do pescoço d'uma ave. A mont agem feita sobre um modelo bem trabalhado, já traz em si o essencial para que se revista do melhor aspecto artístico. Ao contrario, no precesso geral, depois de cozida toda a pelle, isto é, depois de empalhada, cólloca-se-a na peanha provisória para lhe A. DE MIRANDA RIBEIRO— OS PROCESSOS DE TAXIDERMIA E 0 MUSEU NACIONAL 19 dar a posição conveniente (') . Esta será tanto mais natural quanto mai- ores forem os conhecimentos da anatomia e dos costumes do animal em preparação, por parte do preparador. Nas aves, comtudo, ha uma curva imprescindível em todas as monta- gens — a da base do pescoço que vai representada na fig. C — pa-. 1*~. Tudo o mais é variável, dentro dos limites normaes, dependendo ex- clusivamente da observação do preparador. Como vamos passar á relação, por alto, do que vimos em muitos Mu- seus, muito do que se refere á arte em taxidermia, será encontrado nas res- pectivas photographias. Ultimos retoques Dada a posição á uma peça qualquer, torna-se necessário collocar-se nos logares competentes os pellos, as pennas ou escamas. Tudo isso é feito com um pente, uma e cova, ou um pincel de teixugo. Nas aves, prezas as azas e a cauda, deixa-se tudo seguro com faixas de papel. Quando esteja secca a peça, então euida-se de retocar as falhas de pellos ou pennas, grudando o que haja cahido com colla phenicada e repro- duzindo as mucosas com uma fundição de cera devidamente colorida. Se o animal é montado de bocca aberta, deve-se confeccionar uma dentadura justamente egual á que existe no craneo ; ao passo que a den- tadura será feita de osso, a lingua e a mucosa buccal serão confeccionadas de cera. A fórmula á empregar deve ser: Cera branca q. b Therebentina 10 7o Fundida a cera em banho-maria, ajunta-se então a tinta dissolvida na therebent na e addiciona-se uma pequena porção de alvaiade. Modela-se directamente ou faz-se um molde á parte para depois se encaixar no mane- quim Quando se vai concluir, repinta-se de novo com tinta dissolvida em the- rebentina e, por ultimo, passa-se o verniz feito de uma parte de therebentina para seis de sandaraca ; ao todo addicionando-se ainda alcool. (I) No processo filiado ao methodo de Ken, a posição jà vem dada pelo manequim que é n'este methodo, feito de palha e recoberto de plastilina ou barro de esculptor. î SEGUNDA FARTE OU A Taxiáermia em outros estalelecinientos de Historia Natural Museu de Historia Natural de Florença Duas das mais bellas preparações do Sr. R. Magnelli um ibex e um veado ITALIA As principaes preparações que mereçam ser citadas na Italia, são encontradas no Instituto Zoológico de Roma, no Museu dos Vertebrados em Florença e nos Museus Civico de Génova e de Historia Natural de Turim . No Instituto de Roma vi uma panthera que me chamou logo a atten- ção. Sem a gordura geralmente encontrada n'essas preparações de gatos, toda a anatomia do animal estava representada n'uma verdade flagrante ; e a sua expressão mostrava bem o génio de quem a havia preparado . Em Turim fui vêr um elephante do mesmo mestre, um leão verda- deiramente soberbo ; tão bom estava que fora retirado dos mostruários para servir de modelo á montagem de outro que, n'essa occasião, elaborava o Dr. Perácca. Inquirindo sobre o autor d'essas maravilhas de Taxidermia, fui in- formado ser já fallecido. Aliás o seu valor o fizera favorito de Victor Emmanuel II que o encarregara de conservar as suas peças de caça. Eis como a respeito fallou o Prof. de Geologia da Universidade de Turim, Sr. M. Baretti, noticiando o passamento d'aquelle taxidermista. «Uma d'aquellas vidas que se impõem a admiração, findou-se esta manhã ás 4 horas. O cavalheiro Francisco Comba não existe mais : uma paralysia de coração condemnára o seu organismo robustíssimo. Não obstante os seus 82 annos, nos dias tristíssimos que precederam a inevi- tável catastrophe, Comba se manteve sempre de espirito lúcido, calmo, sereno, revelando uma consciência traquilla por uma vida constantemente recta. Nasceu em Solbrito, domínio de Asti. Aos 12 annos entrou para a antiga casa Solei fabrica de passamentarias de seda : o gosto innato e o sentimento artístico e o valor no desenho, o fizera escolher, aos 16 annos de idade, para os trabalhos de decoração do theatro régio de Turime do theatro Ca. Felice, de Génova e throno real que ainda hoje se admira na «Loggia Torinense» . ^ 24 ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL VOl. XVII Aos 18 annos entrou como desenhista no «Museu de Storia Natu- rale» de Turim; e ahi ficou até 1864 como primeiro preparador taxi- dermista, com o ensino pratico de Taxidermia na Universidade. Foi durante essa época que elle teve o encargo de diversos trabalhos especiaes no Museu, entre os quaes a viagem á Sardenha, em companhia de Alberto Lamarmorra, a fim de recolher e transportar os restos fosseis do Masto- donte de Dusino que actualmente fazem parte das collecções paleontolo- gicas do Museu de Geologia da Real Universidade de Turim. Em 1864 foi chamado por S. M. Victor Emmanuel II, para dirigir o Jardim Zooló- gico e os laboratórios annexes, ficando no exercício d'esses cargos até a morte do illustre soberano. Innumeros são os trabalhos deixados por Comba, trabalhos que elle conduziu á termo de modo perfeito, graças a experiência e pratica, ao gosto artístico de que éra dotado e ao grande cuidado que dispensava ás minúci- as das operações de que se occupava. Ahi ficaram, o elephante, o tigre, a antilope nilgau, os leões e muitos outros, além do alce premiado na exposição de Londres em 1831. A elle se devem os restos fosseis do Rhinoceronte, excavados em 1882 junto á villa franca D'Asti e restaurados para o Museu de Geologia e Pale- ontologia ; e uma quantidade de exemplares zoológicos das collecções rea- es de Moncalieri e de Mandria. Foi a sua vida digna, laboriosa e nobremente empregada» . Estes dados sobre Comba, me foram fornecidos por outro taxider- mista italiano de valor, Sr. Ricardo Magnelli, primeiro preparador do Museu da Historia Natural de Florença. Ahi o fui encontrar, no seu modesto gabi- nete, onde todos os recantos indicavam um trabalho constante e uma constante revelação de intelligencia. Amigo e companheiro dedicado de Enrico Giglioli,o pranteado Director do Museu de Florença, Magnelli ha 50 annos dedica os seus esforços e a sua actividade áquelle Museu. Pintor emérito, é um outro Comba na arte de preparar animaes. Dentre os seus múltiplos trabalhos, lembro-me d'um bello Trichecus rosmarus. difficillima preparação, diversos veados, alguns roedores esplen- didos, entre os quaes dous ratões do banhado, do Rio Grande do Sul; dous Orycteropos ; um bom gorilla com a respectiva fêmea e um bello Tchego. Outra peça notável acompanhada do respectivo esqueleto, era um Aye-Aye de Madagascar (Chyromys madagascariensis). Esplendidos Lémures e um Galeopithecus. Das aves montadas, saliento um magnifico Balœniceps rex rara per- nalta do Nilo branco ; um esplendido grupo de aves do paraizo. Junto a esse grupo, onde as Astrapias, as Parotias, refulgiam as suas custosas sedas epellucias, o Sr. Magnelli reconstruira toda a ecologia das espécies Museu de Historia Natural de Florença ITALIA Uma das salas do Laboratório e preparações do Sr. Ricardo Magnelli. I Museu de Historia Natural de Vienna Um orangotango — Preparação do Sr. Franz Kalkus A. DE MIRANDA RIBEIRO— OS PROCESSOS DE TAXIDERMIA E 0 MUSEU NACIONAL 25 de Amblyornis, a primeira das quaes A. inornatus, teve os seus costumes revelados pelo naturalista italiano Beccari. Essa ave tem um verdadeiro culto pela família. O seu ninho é uma cabana feita de varinhas finas amon- toadas de encontro a um eixo central e sobre o solo. Em baixo d'esse tecto o solo é cuidadamente varrido. Ali deposita a fêmea os seus ovos sem outro abrigo. Para ali traz o macho os seus bonbons á esposa. A' frente da entrada ha um tapete de musgos onde elle deita as joías que traz. E quando chega de fora com uma nova prenda — uma pérola — ao bico, elle a offerece com as melhores poses, as mais smarts declarações de um affecto sentimental, em passo de dansa que fariam inveja ao mais emérito bailarino. Comba empregava o processo do manequim esculpturado para appli- cação ulterior da pelle. O Dr. Perácca segue-lhe o systema e creio que as suas montagens, á julgar pelo leão que vi em Turim, em breve estarão á altura das do primeiro dos taxidermistas italianos. Magnelli prefere as montagens sobre modelos de massa de papel. Um outro nome me faltava aqui citar, o da senhora D. Carolina de Negri Esta moça em nada fica o dever á Magnelli ; as suas preparações são esplendidas, reproduzindo com verdade e gosto artístico os animaes que tem preparado e que se acham no Museu Civico de Génova. A senhora de Negri é filha de um antigo preparador do Museu de Gé- nova ; ficando cedo sem o seu progenitor, teve que abraçar a profissão de seu pae para prover a sua subsistência. Os processos usados pelo Sr. Ma- gnelli e pela Sra. de Negri estão referidos no livro do Sr. Oestro ; «Manual do Naturalista Preparaclor> . MONACO O esplendido Museu fundado pelo Principe Alberto de Monaco e por elle cedido ao governo francez, sendo um Museu de Oceanographia, muito poucas peças encerra de taxidermia ; algumas phócas, aves mari- nhas, e peixes. Em geral o seu illustre Director o Dr. Richard, não se sa- tisfazendo com as imperfeições da taxidermia para os Cetáceos, prefere a exposição modelos. AUSTRIA Vienna — Vienna tem um preparador na pessoa do Sr. Franz Kalkus: é de suas mãos o bello orango aqui reproduzido, o qual prova perfeitamente a 26 ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL VOl. XVII periciado seu preparador. No Museu de Historia Natural d'essa cidade, onde as preparações são feitas peio processo geral, (') vi muitas peças montadas por preparadores estrangeiros. O Sr. Prof. Ludwig von Lorenz, naturalista de coração, caçador apaixonado e possuidor d'uma acuidade visual notável, não perde esforços para transformar as collecções expostas á seu cargo em verdadeira maravilha ; devo confessar que no tocante a exigência artistica essa collecção é superior a tudo quanto vi na Europa. Já que fallei no orango, citando de memoria, me referirei também ao es- plendido gorilla, aos magnificos bugios (Sapajús), Coatás (Afeies), Narigu- dos {Nasalis larvatus) que nos deixam embevecidos pela realidade da ex- pressão e belleza do trabalho; um esplendido okapi {Okapia johnstoni), um puma como não conheço nada que o eguale, um Thylacynus cynocephalus de primeira ordem e uma porção de outras preciosidades, pelas quaes não posso deixar de confessar o meu enthusiasmo e que me faziam aproveitar, sempre que era possível, os momentos das exposições em que jamais eu me fatigava na contemplação de todos aquelles primores. O autor principal de tudo isso é o Sr F. Kerz, de Stuttgart ; escrevi-lhe uma carta, pedindo-!he informações sobre os seus processos. Respondeu-me que no preparo das pelles empregava o banho d'uma solução de duas partes de alúmen por uma de sal commum e uma lavagem, da parte interna, com uma solução de arseniato de soda. A montagem elle as faz sobre manequins de feno ou turfa, recobertos de massa de esculptor f). ALLEMANHA Berlim — O Museu fur Naturkunde possue, á par d'uma das melhores collecções seriadas de pelles de grandes mammiferos, bellas peças de taxi- dermia, especialmente pertencentes ao grupo das aves. D'essas destaca- remos o Gypaeto barbado attacando um gato selvagem. Dentre os mam- miferos citaremos um rhinoceronte e alguns veados. Hamburgo e Altana Nos Museus d'estas duas cidades encontra-se bellas preparações de taxidermia, em grupos ecológicos bem feitos. Muito (1) No Museu Vienna o banho era de sal e alúmen. Hoje, comtudo preferem o de alú- men. Sahindo d'esté banho a pelle entra para um banho de arseniato de soda donde vae para a montagem. Em geral, o systema è a confecção de manequim de feno ou de palha de pinho sobre eixo de arame. Concluído o manequim é recoberto de barro de esculptor, uma tenue camada apenas para alisar a palha. A cabeça é feita de turfa sobre ella adaptada a pelle. (2 Vide Franz Kerr; «Das Sammeln, Praepai ren und Aufstellen der Wirbeltiere» Stuttgart, 1912. Museu de Historia Natural de Vienna jgf^ "^^^"VHIHK • ^ . um» i, .- : ; ' ^^m g ^Ên/j^^^K' Preparações do Sr. F. Kerz Museu für Naturkunde de Berlim Um rliinoceronte I lyiuseu für Naturkunde de Berlim Grupo d'um gypaeto barbado atacando um gato selvagem Museu Britânico de Historia Natural o pássaro- lyra (macho e fêmea) 5. f 1 h v^ Grupo de trinta-réis no ninho ca 13 "to z: O r ta (D ■O O O 'c c (D (O 13 I à i A. DE MIRANDA RIBEIRO— OS PROCESSOS DE TAXIDERMIA E O MUSEU NACIONAL 27 apreciei no primeiro, um grupo de capreolos (C. capreolus), outro de veado europeu (C. elaphus) e um javali {Sus scrofa), todos elles montados com verdadeiro gosto artístico ('). O Museu de Altona se bem que menor é mais rico em montagens es- coliiidas ; ali a exigência bem orientada de seus directores não permitte a a exposição de monstruosidades ao publico. Porque me demorasse pouco nas duas cidades e não tivesse tempo de procurar os respectivos directores não consegui saber quaes os preparado- res de ambos os Museus. FRANÇA Pariz — Pariz possue um artista de valor na pessoa do Sr. Julio Terrier, preparador do Museu de Historia Natural; as principaes montagens que ahi pude ver são quasi todas resultado do seu trabalho. Destacarei um ol á saturação Sal de cosinha 1/5 j Esta formula me foi aconselhada pelo Sr. Magnelli, do Museu de Flo- rença e eu a prefiro porque não é hydrophila como o banho outr'ora usado no Museu Nacional . Ou ainda a seguinte : Sulfato de zinco J aa Alúmen em pó j 20 kilos. Agua 100 litros. Formula esta aconselhada pelo Dr. Oestro. A formula que me permittiu melhor resultado foi : Akoolde40V :::;::: } P^^es eguaes Alúmen á saturação. Para a montagem de mammiferos julgo conveniente o modelo com a pasta indicada na parte referente á taxidermia. Tal systema comquanto mais longo e mais difficil, é comtudo mais leve e permitte muito bons re- sultados. Deve-se substituir o barro de esculptor pela plastilina. A situação do Museu quanto ás collecções não pode ser melhor ; nem somente o antigo palácio com as modificações óra feitas me parece a maior casa do Rio em que possam ficar as collecções bem dispostas e accondi- cionadas em espaço amplo, como o isolamento do edifício cercado de plan- tas e em alto de colina, o torna muito abrigado do pó e da trepidação das grandes cidades. À. DE MIRANDA RIBEIRO— OS PROCESSOS DE TAXIDERMIA E 0 MUSEU NACIONAL 37 Conforme já tive occasião de vos expor verbalmente, tornando-se ne- cessário mandar coliocar vidros amarellos nas janellas para impedir que a luz ataque o colorido dos animaes expostos. Nos Museus Britannico e de N. York, as janellas têm cortinas dessa côr ; mantenho, porém, a minha opi- nião sobre os vidros. No tocante ás medidas solicitadas para organisação dum laboratório de Taxidermia, apraz-me declarar, executadas ellas, ficará o Museu Na- cional na parte material, dispondo n'um laboratório que bem poucos Mu- seus europeus possuem, referindo-me, claro está, á todos os que visitei. Não basta somente executar e ter boas montagens, é preciso preser- val-as ao abrigo do pó em boas vitrines. De todas as que vi nos l.iuseus que visitei sempre me pareceram as melhores as da casa Kunscherf, de Dresden. Além de tudo isso, torna-se aiuda indispensável prohibir, duma vez para sempre, as sahidas dos typos de collecções para fora do Museu — pro- cedam de quem proceder as ordens dadas nesse sentido. I LACHEISIS LUTZI, Uma variedade de L. pictus Tschudi. por Alipio de Miranda Ribeiro O meu presado Amigo, Snr. Dr. Adolpho Lutz, teve a bondade de me fornecer uma serie de peixes do Rio S. Francisco colligidos, durante uma sua viagem ali, por conta do Instituto Oswaldo Cruz ; e duas cobras, da mesma procedência, cuja determinação pedio. Forneci-Ihe a lista dos peixes trazidos e aqui me refiro ás cobras que, por serem in- teressantes, merecem ser citadas. Eram duas: Uma geralmente conhecida pelo nome de Mussurama e scientificamente por Oxyropus cloelia (Daud) de que Boulenger fez a sua Rachydelus brasili. A outra é uma vibora ou melhor uma jararaca nova que descrevo e figuro do único exemplar que o Dr. Lutz obteve. Infelizmente o exemplar se acha bastante mutilado pelos cortes que soffreu para a procura de endo-parasitas; e tem as escamas destacadas pelo alcool em que foi conservado. Mas, assim mesmo, presta-se á descripção E' um individuo do sexo feminino que se achava com os ovários cheios, o que também é digno de nota, devendo-se inferir da data da captura, naturalmente constante da relação da viagem, a epocha da reproducção d'essa nova espécie. E com isso vae o Instituto que traz o glorioso nome de Oswaldo Cruz, contribuindo infatigável e ininterruptamente para o en- gradecimento da Sciencia Pátria, tornando-se cada vez maior credor da gratidão do Brasil inteiro. ARCBIVOS DO MUSEU NACIONAL vol.— XVII 4 Lachesis lutzi Cabeça relativamente pequena, curta, o focinho egualmente curto quasi egualando á 1/2 da parte posterior da cabeça e ligeiramente arre- bitado. Escamas da cabeça e do corpo fortemente carenadas, as da parte superior do alto do focinho maiores que as da posterior da cabeça; as carenas entendem-se por toda a extensão da escama. Ha 5 series entre as supra oculores, 23 no corpo; 180 ventraes, 40 sub-caudaes (que são em duas filas). A rostral é heptagonal; a loreal é separada da labial as supraoculares são grandes; duas series de escamas entre os olhos e as la- biaes; nasal bipartida; as três escamas que ficam mesmo no meio do diâ- metro que separa as supraoculares são egualmente maiores que as circum- visinhas. Labiaes superiores 8. Coloração parda terrosa como a casca- vel. (Croíalus terríficas), comum ziguezague baio claro, indefinido, na parte superior; esse ziguezague ás vezes forma lozangos d'essa cor, ás ve- zes se interrompe para deixar maculas isoladas; na face abdominal as esca- mas são diffusamente manchadas de escuro com a orla clara. O focinho é escuro e não ha nódoa nenhuma postocular, antes esta região é mais clara. As escamas labiaes tem o centro claro, o que é mais accentuado no lábio inferior; também as escamas do corpo têm a carena percorrida por uma estria clara, o que empresta ao desenho um aspecto muito particular. Corpo 60 centímetros, cauda 75 millimetros. E' das jararacas brasileiras a que mais se assemelha á cascavel. Das jararacas propriamente ditas, a sua próxima visinha é Lachesis pictus, da qual é mui provavelmente uma variedade e se différencia, apenas, pela ausência das manchas denegridas do corpo e da cabeça que constituíram o motivo do nome d'aquella espécie peruana. Lachesis lutzi, Mir..Rib.° INDICE Officio ao Snr. Director do Museu Nacional Pg- ÍU Primeira parte ou A Taxidertnia ta! como éra praticada no Museu Nacional pg. 1 TAXIDERMIA PREPARAÇÃO Escalpellação Incisões Escalpellação propriamente dita CONSERVAÇÃO ULTERIOR Montagem Micromammaes Aves Posição Ultimos retoques Segunda parte ou a Taxidermia em outros estabelicimentos de Historia Natural . Italia Monaco Austria Allemanha França Inglaterra A Taxidermia na America do Norte A Taxidermia no Brasil 3 3 V7 4 ft 4 9f 6 9t 9 ft 10 r> 11 ft 16 tf 18 tt 19 rt 21 23 25 25 26 27 28 28 30 Teceira parte ou as medidas necessárias para dar organisação necessária aos fins do Laboratório de Taxidermia do Museu Nacional " 32 Ci< ...i ■ ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL DO RIO DE JANEIRO Nunquam aliud natura, sapientia dicit. J. 14. 321 In silvis academi quaerere rerum, Quamqnam Socraticis niadet, sermonibus. H VOLUME XVII OFFICINAS TYPOGRAPHICAS DA RAR£I_ARIA IVIACEDO RIO DE JANEIRO IQIS MBL WHOI LIBRARY UH ITR? 7