«jIPA. ,^f '■ -^ / < ■■ , >* /'V' í-í*-. t-^ :% * »■ \ li^V X- .T-í- *o que num foliolo próximo havia outro exemplar muito pequeno. De ordinário resulta da transformação dos gommos. 240. R. rosarum Gir. Na Rosa sempervirens L. Coimbra (A. Moller), julho, 1900. Ohs. Esta espécie é rara na Europa e ainda não tinha sido encontrada senão na Allemanha, Áustria e Itália. Género Aulax Hartig 241. * A. liierach Bouché. No Hieracium boreale Fr. Matta do Fundão (perto do Al- caide), julho, 190 1 . Ohs. A cecidia está coberta de uma felpa comprida e branca, e é de forma arredondada, como no Hieracium miirorinn L. Encontrei um exem- plar situado no caule a mais de c'",i acima da terra (como estavam todos os outros), o qual consistia num engrossamento unilateral muito proemi- nente. (') Dr. Alessandro Trotter. Seconda co))iunica:iione intorno alie Galle (ZoocecidiJ dei Portogallo. Boletim da Soe. Brot.; xvii, 1900, Coimbra, p. i35 sgg. [lOl] J. S. TAVARKS: AS ZOOCECIDIAS PORTUGUEZAS 7 242. * A. tragopoginis ? Thoms. •]- No Urospernmm picroides Desf. Perto de Setúbal (A. Luisier !), maio, 1901. Obs. Como os insectos morreram no estado de larvas e esta cecidia não foi ainda encontrada senão em três espécies do gen. Tragopogon; não posso assegurar que o seu auctor seja o que fica indicado. A cecidia porém é semelhante á do A. Tragopoginis Thoms. e, alem d'isso, o gen. Uro- sperniiim Scop. é muito vizmho do gen. Tragopogon L. 243. * A. papaveris Perr, No Papaver Rhoeas L. Setúbal (A, Luisier!), maio, 1901. No Papaver dubium L. Estrella (na encosta de Manteigas), agosto, 1901. Obs. Esta espécie desenvolve-se nas papoilas ordinária e longa, cujas capsulas engrossam mais que o ordinário, sendo o interior tomado por uma substancia amarellada, em que estão disseminadas as camarás lar- vaes. 244. * A. soncM de Stef. No Sonchus asperV^xW. Matta do Fundão, julho, 1901. Obs. Esta espécie era só conhecida da Sicília. Género Synergus Hartig c) 245. * S. panidipennis Mayr Commensal de Cjniips Kollari Hart. (typo)^ princípios de julho do i." anno, 190 1. 246. * S. evanescens Mayr Commensal do Andricus fecundatrix Hart. \ 2.° anno, 1901. Obs. Numa só cellula central crearam-se quatro commensaes. (1) Embora as espécies dos géneros Periclistits, Ceroptres, Synergus^ e Sapliolytus não sejam cecidotjenicas; dou-lhes logar neste meu trabalho, por se crearem nas cecidias, e também porque é meu desejo incluir nelle todos os cynipides portuguezes conhecidos. 8 REVISTA DE SCIENCÍ^^S NATURAES ['02] 247. * S. ruficornis Hart. Commensal do Anciricus globuli Hart.; 2." anno, 1901. Género Sapholytus F òrstet 248. *# S. lusitanicus n. sp. $ Rubro-lulcus. Tectiis, mesopleiíri, et abdominis pars sii- . perior bviílico castauea ; pars media pronoti, mesonotum, scutellum, et metanotum iiigra. Fácies delicate ad mo- dum Jlabelli síriaia. Carinae frontales nullae. Anten- nae filiformes, i5 articuíis compositae, e quibus secini- diis vix longior qiiam crassior; iertius, aliquantum sinuatus, duplo ciim dimidio longior quam crassior; qiiar- tus, PíX longior quinto, duplo longior quam crassior; celeri gradatim decrescentes; ullinii três vix longiores quam crassiores; i5."^ subbruneus. Mesonotum, et scutel- lum delicate villosa, obscura, et asperula. Metanotum glabrum, obscurum et carinis parallelis. Alae íifalinae, ciliatae, nervis subbruneis, et cellula radiali in mar- gine aperta. Abdómen nitens, nullis pune tis signatum. Longitudo corporis $ : 2 mm. Ç Capite (excepta facie brunea), et thorace nigris; anten- nis bruncis; pedibus (praeter partem tibiarum, et tarsos luteo-j^ubra), nigris; abdomine bruneo-castaneo et levi; mesopleuris, et metasteríio luteo-rubris, pel nigris: an- tennis i3 articuíis, secundo conspicue longior e quam eras- siore; teriio plusquam duplo cum dimidij longiore quam crassiore; ceteris gradatim longitudine decrescentibus; lã- timo fere duplo cum dimidio longiore quam crassiore. Ceiera ut in $. Longitudo corporis ç ; 2 mm. Commensal do Plagiotrochus Kiefferianus Tav. maio do 2.° anno, 1901. [l03] J. S. TAVARES: AS ZOOCECIDUS PORTUGUEZAS 9 SuBGENERO AncIriCUS Hartig 249. * A. ocGultus Tschek ♦f No Q. To^a Bosc. Entre S. Fiel e o Sobral, abril, 1901. Obs. A cecidia d'esta espécie, que é muito rara, faz atrophiar o eixo do amentilho, em que está; de modo que este fica de forma algum tanto espherica. Alem d'isso o raminho dobra-se no ponto, em que lhe está pe- gado o amentilho. A cecidia, côr de palha, ou então brunea, está no meio das antheras e de escamas compridas, e assim é difficil de descobrir. O cy- nipide sae na primeira quinzena de abril e ás vezes ainda antes. 249 bis. * A. pilosus Adi. y No Q. To^a Bosc. Entre S. Fiel e o Sobral, monte das Lameiras, Soalheira, Castello Novo-, março, 1902. Obs. A cecidia d'esta espécie, semelhante á do .4. occultus Tschek, é de côr de palha e está situada, ora na extremidade do eixo do amentilho (que de ordinário Hca mais curto do que no estado normal), ora no meio d'elle. Nos logares indicados os cynipides sairam todos antes do dia 7 de abril ; ao pas^o que na AUemanha apparecern só no principio de junho. As cecidias, que não são raras, encontram-se só nos carvalhos, em que os amentilhos despontam mais cedo. Assim é que ás vezes num carvalhal não se encontram senão num ou dois pés. 250. * A. corticis Hart, No Q. pedunculatã Ehrh. Bussaco, outubro, 1901. No Q. liisitanica a. faginea Bss. Louza (quinta dos Fornos), outubro, 1901. Obs. Encontrei as cecidias d'esta espécie, que se parecem muito com as do Andriciis Krajnovici Tav., num tronco de carvalho roble a mais de um metro acima do solo. As'do Q. litsitcinica desenvolveram-se pouco, em razão de estarem parasitadas. 261. * A. burgundus Gir. •f- No Q. Siiber L. Sobral, Soalheira, Lousa, abril, 1901. Esta espécie em Portugal differe um pouco dos exemplares austríacos, que serviram para a descripçcão feita pçr Giraud. Em seguida deixo apontados estes caracteres distinctivos : IO REVISTA DE SCIENCIAS NATURAES [104] $ Pernas testaceolouras, salvas as coxas posteriores e a maior parte das intermédias e anteriores, que são negras, e bem assim os fémures e tibias posteriores de cor bruneo- castanha. As antennas da mesma cor que as pernas, po- rém mais carregada ; excepto o primeiro articulo, que é negro e os três últimos, que são bruneos. O segmento maior não chega a occupar metade do comprimento do abdómen; ao passo que nos exemplares typicos de Gi- raud toma 4/5 de extensão. Nervuras bruneas, como na ç. Comprimento do corpo: i,5 mm. Ç Pernas inteiramente testaceolouras, afora as coxas poste- riores. Antennas bruneo-avermclhadas, com a extremi- dade apical completamente brunea. O segmento maior occupa um pouco mais de metade do comprimento do abdómen. Comprimento do corpo: 1,6 mm. Obs. Esia espécie é commum. O insecto sae em maio e principio de junho do I." anno por um orifício largo, que faz perto do ápice das ceci- dias. Estas em Portugal não são nem brilhantes, nem li^as ; pois se vêem nellas, alem de vários sulcos longitudinaes, pouco fundos, quatro arestas lonpitudinnes, que convergem no vértice, e ás vezes são tão apagadas, que mal se distinguem. A altura varia entre i,5 a 2,3 mm. e a grossura anda por 1,2 a 1,5 mm. Umas vezes estão reunidas em grupos de 10 a 20 em cada amentilho, outras disseminadas entre as flores masculinas, ficando n'este caso o amentilho com o comprimento normal. 262. ** A. luteicornis Kieft'. var. nig^er n. var. Ç Dtffert a tjyo colore corporis nigro. Anlennae totae bru- neae, i^el solimi íribiis cipicalibus articulis bruneis. Tibia- rum pars, et íarsi, colore luteocitrino uí iu tjyo^ vel luteo-bruneo. Terebra niillis íiisirucía deníibus in extre- mitale. Oviitn aliquauto plus quam duplo longius guam crassius. Longiludo corporis ç: 2 mm. $ Níger. Antenuae bruneae (duo primi articuli perbrunei), 14 articulis compositae; secundo j'ix sesquilougiore» quam crassiore; íerlio triplo cum dimidio, tertio decimo [io5] j. s. Tavares: as zoocecidias portuguezas ii duplo longiore qitam crassiore; ultimo aliquantoplusquam sesqiiilongiore quam crassiore. Peies, praeter coxas fere nigras, briinei, tarsis in pedibiis andeis luteis. Mesono- iiim glabrum, delicatissime rugosoreíiculatitm, sulcis parapsidalibiis pcrcurrentibiis. Scuiellum profundius et miniis delicate ritgoso-reticidatum, foveolis profunde im- prcssis, nitentibus, transversis, carina disjiinctis, duplo longioribus quam laíioribus. Abdómen valde nitens, et glabrum (antice in utroque latere aliqui cernuníur pili). Venae bruneae, vel aliquantum bruneo-luteae. Longitude corporis $ : i,3 — 1,8 mm. Habitat. No Q. suberL, Arredores de Setúbal e S. F^iel, 1900; Cintra, março, 1902. A cccidia é semelhante á do typo. Obs. Esta espécie fica já mencionada no n.° 29, onde não falo da va- riedade, a que se refere a breve descripção do o, que n'esse n." fica inserta e que acima completei. Os cynipides da Extremadura começam a sair em março e os da Beira em abril. 253. ** A. trilineatus var. beirensis n. var. áç Differunt a typo thorace luteo-rubro. Antennarum arti- culi in $ 16; in ç i3 vel 14. Longiludo corporis $<^: 2 mm. Cecidia. Esta em nada differe da do typo. Está no tecido lenhoso dos ramos novos e não se vê exteriormente. Os in- sectos saem em julho do i.° anno. Habitat. *i- No Q. To:{a Bosc. Louza, Lardosa, Gasteilo Novo, ou- tubro, 1900. No Q. lusitanica a. faginea Bss. Lousa, julho, 1901. No Q. pedunculata Ehrh. Louza, Castello Novo, julho, 1901. Obs. Esta espécie, muito commum na Beira desde Castello Bra;ico até á Covilhan, já fica mencionada no n.° 54. Com os muitos exemplares 12 REVISTA DE SCIENCIAS NATURAES ['O^] que obtive, pude verificar que não se trata d'uma espécie nova; mas de uma variedade, cujos caracteres principaes deixo apontados acima. Tam- bém encontrei a forma typo (exemplar mediano) no Q. T^o^íí Bosc. (Cas- tello Novo), com a cecidia na nervura média das folhas, saindo a imago em principio de julho do i.° anno. 253 bis. * A. furunculus (Beijer.) -f No Q. 7b^tj Bosc. Castello Novo, Soalheira e Monte das Lameiras, março, igo2. •|' No Q. pediniculaía Ehrh. Cintra, Castello Novo, março, 1902. *|- No Q. liisitanicã o., faginea Bss. Quinta do Armelão (perto da Arrábida) (J. Andrieux !), março, 1902. Obs. Esta espécie, que é muito abundante, já fica mencionada nos n.°' 227 e 23o. Os gommos onde estão as cecidias em numero variável, umas vezes desenvolvem-se normalmente, outras só depois do cynipide sair, e outras seccam. E uma das espécies que apparecem mais cedo. A maior parte dos cynipides sae da cecidia na primeira quinzena de abril e alguns logo depois de 20 de março. 264. ** A. íidelensis n. sp. Ç Coloris nigri, praeter peies liiteos (sed basis coxanim iiigraj, et abdómen bnineonigrum. Ántennae 14 arti- culis instnictae, secundo articulo funiculi aliquanlo lon- giore terlio, qui aequalis est primo, et aliquanlo plus- quam qualer longior quam crassior; penúltimo j'ix lon- giore quam crassiorc; ultimo duplo longitudinem íerlii decimi excedente. Tliorax nitens et glaber. Mesonotum in speciem delicate asperum, sed reapse eleganter reticu- latum: sulci parapsidales ad oram anticam perducíi. Scutellum obscurum et ineleganter rugosum ; foveolae rotundac, projundae, remotae. Metanotum obscurum, carinis in summa parte convergenlihus, et triangulum aequilaterum, nilcnlem circuniscribenlibus. Alae hjwlinae et cãiatae: ceilula radialis longa, et aperta in margine, et ápice. Nervi subcostalis et radialis brunei; ceteri lufei. Longitudo corporis ç: c irei ter 2 mm. [107] J. s. Tavares: as zoocecidias portuguezas i3 Cecidia. Engrossamento dos ramos novos, que cie ordiná- rio se dobram em forma de cotovelo. O comprimento anda por 6 a 7 mm. A cecidia interna é oval, de paredes lenhosas e del- gadas, e tem de comprimento 3 mm., sendo a largura i,5 mm. Fica situada na concavidade da cecidia externa e de tal modo que uma parte, maior ou menor, está sempre descoberta. En- contrei poucos exemplares. A imago deve apparecer em maio e junho. Habitat. No Q. siiber ;3. gemiina P. Cout. (Forma pên- dula). S. Fiel, junho, 1900; Soalheira, maio, 1901. Obs. A descripção foi feita por meio de dois exemplares que encon- trei mortos nas cecidias, nenhum dos quaes estava já completo. 255. ¥* A. Bocagei n. sp. Ç agamica, colore briineocastaneo, praeter septem ultimas antennariim a?'tictilos, partem mediam occipiitis, et íar- sorum uitimum articulum bruneo-nigra. Mesonotum no- tatiim puuctis sparsis, satis magnis, et in tota superfície aequabiliter distributis. Spinula veiitralis quater longior quam crassior. Cetera ut in Andriciis globiili Hart., cui satis affinis. Longitiido corporis ç : 3,5 mm. Cecidia. Esta espécie, dedicada ao sr. Vicente Barboza du Bocage, Director e, pode dizer-se também. Organizador do Museu de Historia Natural de Lisboa, de todos conhecido pelos seus trabalhos sobre os Vertebrados portuguezes, differe do Andricus globuli Hart. não só nos caracteres acima apontados; mas ainda nos costumes e na cecidia que produz. Esta é verde, glabra e lisa, de forma globosa ou mais ou menos espherica, como a do Aniricus globuli Hart.; mas sulcada longitudinal- mente, como a do Andricus autumnalis Hart. Apparece já na primavera, mettida até ao meio nos gommos axillares ou terminaes, e em meados de julho já muitas tem caido para a terra. A imago apparece em outubro do primeiro anno; ao 14 REVISTA DE SClENCIAS NATURAES [lo8] passo que os A A. globuli e autiimnalis Hart. não saem da cecidia senão no 2." e ás vezes só no 3." anno. Habitat. No Q. lusitanica y.. faginea Bss. Quinta dos For- nos (Louza), julho, 1901. No Q. pedimculata Ehrh. Ibidem, juliio, 1901. No Q. pedimculata encontrei poucos exemplares; ao passo que no Q. lusitamca as cecidias eram abundantes. No Bussaco (outubro, 1901) apa- nhei também no Q_. pedimculata cecidias semelhantes ás d'esta espécie. 255 bis. **• A. Girardi n. sp. Ç V^ertex, et thorax nigri; genae, ova postiça oculonim, os, antennae (praeter articiilos apicalesbnineos),etsqitamnlae liitea; fácies brunea; pedes lutei; basis femonim, et abdo- jiien bruneocastanea. Fácies áspera. Pronotum valde ritgo- sum. Mesonotum carinis transversis, deusis et valde cens- picuis; sitieis parapsidalibits percurreníibus. Scutellum rugosiim, fopeolis haiid contiguis. Alae anticc.e villosae, nec ciliatae; cellida radiali aperta, satis brevi. Spiuula ventralis sesquilongior qiiam crassior. Unguiculi tarso- rum bifidi. Antennae 14 articulis, apicalibus crassiori- bus; tertio triplo longiore quam crassiore., ceteris lon- gituãine decrescentibus, ultimo duplo longiore penúltimo. Differt ab omnibus speciebus europaeis hujus subgene- ris carinis transversis mesonoti. Longitudo corporis ç ; 2 mm. Género de vida. Esta espécie, que dedico ao sr. Alberto Girard, M." secretario scientifico de Sua Magestade El-Rei, e muito distincto malacologo, produz uma cecidia nos gommos do carvalho roble, que não logrei ver. Gomo tivesse juntos muitos gommos com a cecidia do Andricus fitrunculus Beijer,* appareceu esta espécie em 20 de março, sem que eu lhe pu- desse descobrir a cecidia. Como tem querenas fortes, transver- saes e muito visiveis no mesonoto, devia ser classificada no subgenero Callirrhytis de Fõrster; mas os colchetes dos tarsos, [log] J- s. Tavares: as zoocecidias portuguezas i5 que são bifidos como nas espécies do subgenero Andy^icus, me obrigam a collocal a neste. No subgenero Callirrhftis os col- chetes dos tarsos são sempre simples. Se a p. (i3) não fiz menção d'este caracter, é porque elle foi accrescenlado por Mayr (Die Genera der f!;allenbewohncnden Cyiiipiden. Separat- abdruck ?us dem 20 Jahresb. der Comm. Oberrealsch. I Bez. Wien;, p. 27) ao que tinha sido proposto por Fõrster (Ueber Galhvespen — Verb. zool. bot. Ges. Wien, p. 33 1) como dis- tinctivo, isto é, a existência de riscas ou rugas grosseiras e transversaes do mesonoto. Habitat. No Q. pediinculata Ehrh. Castello Novo, março, 1902. Género Triejoíiaspis Hartig 256. ** T. bruneicornis n. sp. Ç Caput bruneiim; thorax, et pedes luteo-riibri; abdómen castaneum. Antennae i3 articulis compositae; quorum tertius, in basi valde conlractiis, aliquanio plusquam du- plo longíor quam crassior; ccteri decrescentes usqiie ad septimum, qiii aeqite crassior ac longior; hino ad extre- mam iisque antennam iterum longitiidine crescentes; iil- timiis, omniiim crassissimus, duplo longior quam cras- sior. Thorax nitens et parce pilosus. Abdómen valde ni- tens et glabrum (anlice lamen in utroque latere aliqui cernuntur pili). Spinula ventralis ^/í longior quam crassior, et pilis longis instructa. Unguiculi tarsorum bifidi. Longitudo corporis : 1^8 mm . Cecidia. A cecidia d'esta espécie (Est. I, fig. 3 e 3 A) fica descripta no n." 32, como se fora produzida pelo Andricus Nobrei Tav. Por distracção as duas cecidias ficaram juntas al- gum tempo, e d'ahi o engano que reconheci só depois de im- presso o n." 52. X cecidia do Andricus Nobrei Tav. será des- cripta abaixo entre as correcções. Alguns exemplares saem no l6 REVISTA DE SCIENCIAS NATURA.ES [l lo] outono do i.° anno •, mas a maior parte conserva se na cecidia no estado de imago e só apparece em dezembro e janeiro. Habitat. No Q. To^a Bosc. Covilhan, setembro, 1900; Es- trella (Carvalheira de Manteigas), setembro, 1901; Bus- saco, « outubro, 1901; Castello Novo, novembro, 1901. Género Plagiotrochus M ayr 257. ** P. Burnayi n. sp. Ç Capiit, et abdómen castanea, thnrax niger. Pedes omnes luteo-rubri. Corpus, praeter pedes, et antenuas, glabvitm. Anleunae 14 artkulis; quorum tcrtius. duplo longior quam crassior, quartum longitudine aequ.it, ceteri a quarto gradatim decrescentes usque ad decimum tertium, parum longiorem quam crassiorem; ultimus sesquílongior penúltimo. Mesonolum, et scutellum áspera et parum ni- tentia. Sulci parapsidales pcrcurrentes. Foveolae niten- tes et cariuã disjunctae. Carinae melnnoti anlice valde convergentes, poslice divaricatae; inter quas carina media longitudinalis interjacet. Abdómen niíens. Spinula ven- tralis ter-quater longior quam crassior, et aliquibus pilis patentibiis signata. Unguiculi simplices {.ongitudo corporis ç; 3 mm. Cecidia. Esta espécie, que dedico ao meu amigo sr. dr. Eduardo Burnay, da Academia Real das Sciencias e illus- trado Lente da Escola Polytechnica de Lisboa, produz na cúpula dos fructos da azinheira uina cecidia mais ou menos oval, situada no tecido da cúpula e collocada de modo que toca na bolota^ mas sem que coisa nenhuma manifeste exterior- mente a sua existência. A. bolota cresce pouco e curva-se para, o lado onde está a cecidia; e a cúpula dobra se do mesmo modo. As cecidias (uma ou duas) estão collocadas inferiormente no lado, ou mesmo na base da cúpula. Habitat. No Q. ilex L. Perto do Sobral do Campo, no- [lllj J. S. TAVARES: AS ZOOCECIDIAS PORTUGUEZAS I7 vembro, igoi. Dois insectos conservavam-se ainda no estado de pupa; outro era já imago. Provavelmente saem da cecidia de janeiro a março do 2.° anno. Obs, Esta espécie parece r;ira. 258. ** P. amenti n. sp. Ç Coloris nigri. Duo primi antennarum articiili, pedes (qiiin coxae excipiantiir), et squamulae liitea. Mesonotum ni- teiis, glabrum, cielicalissime asperum; sulci parapsiciales ad oram anticam producli. Scittellum delicatissime as- perum; foveolae subroíundae, haud profundae, propin- quae. Carinae meianoíi arcuatae, spatium hemicirculare amplect entes, carina media longitudinaliter secíum. Fá- cies delicaíe in longitudinem striata. Antennae 14 arti- culis conflatae. arliculis teriio, et quarto aequalibus, tri- plo longioribus quam crassioribiis; sequenlibus decrescen- tibus; ter tio decimo sesquilongiore quam crassiore; ultimo duplo longiore quam crassiore. Palpi maxillares qua- tuor, iabiales duobus articulis compositi. Unguiculi tar- soriim simplices. Alae longe ciliatae, nervis nigris. Cel- lula radialis longa, tantum in margine aperta. Abdó- men in modum lenticulae compressum. Spinula ventralis duplo longior quam crassior. Longitudo corporis ç ; i,25 mm. Cecidia. Desenvolve-se por baixo de uma flor masculina no rachis ou eixo do amentillio, o qual engrossa bastante e de ordinário se curva muito nesse ponto. Cavidade larval sem pa- redes próprias; de forma algum tanto ellipsoidal, sendo o seu -comprimento 1,6 mm. e a largura i mm. As paredes da cecidia são delgadas e constituídas por feixes liberolenhosos, cobertos pela casca, que em nada differe da normal. O eixo do amen- tilho umas vezes engrossa em todo o comprimento (princi- palmente quando tem mais de uma cecidia), ficando bastante curto; outras só na vizinhança da cecidia. A grossura anda por 1,6 mm. a 1,8 mm. (suppondo que o rachis normal tem l8 REVISTA DE SCIENCIAS NATURAES [n^l de grossura 0,7 mm.). Estes amentilhos não se despegam dos ramos senão no tempo da maturação da cecidia, já bastante depois dos normaes, ás vezes quando o insecto está já meta- morphoseado. A imago sae em junho do primeiro anno. Habitat. No Q^ suber L. Soalheira, maio, 1901. Não é raro. 259. ** P. fusifex Mayr var. ilicinus n. var. Ç Differt a trpo corporis colore nigro, exceptis pedibits luteis, et antennis bruneis (sed três vel quatuor primi articuli lutei). Tertius antennarum aríiculus quartiim lougitu- dine aequans, vel vix super ans. Longitudo corporis ç .• 1,6 mm. Habitat. 7 No Q. ilex L. x. genuina P. Cout. Sobral do Campo e Oledo, maio, 1901. Os insectos sairam em maio do i.° anno. A cecidia, em tudo parecida com a do typo, não é rara. 260. * P. ilicis Fabr. var. Emeryi Mayr -^^ No Q. coccifera x. vera DG. e [3. imbricata DC. Arredo- res de Setúbal (J. Andrieux!), março, 1902. Obs. Esta variedade nos exemplares por mim obtidos têm a cabeça completamente negra, e, alem d'isso, a mancha parda sobre o mesonoto ás vezes é difficil de ver e até chega a não apparecer. Obtive também a va- riedade Liclílcnsteini Kieff. [Plagiotrocliiis ilicis Licht.) de cecidias do mesmo carvalho. A imago appareceu em fins de março e principio de abril do 1." anno. 260 bis. * P. ilicis Fabr. var. niger Kieff. No Q. Ilex L. Sobral do Campo, abril, 1902 Obs. Os exemplares portuguezes têm os três primeiros artículos das antennas de côr variável. Umas vezes os dois primeiros são pardo- amarellados e até completamente pardos (no sentido de brmieos), sendo só o ;■>." amarellado ; outras são todos três amarellos, ou amarellados, ou ainda vermelho-amarellados. As pernas também ás vezes são vermelho- amarellas. Principiaram a sair em 20 de abril do i." anno. As cecidias são semelhantes ás do lypo. [[[3] J. S. TAVARES: Aí) ZOOCECIDIAS PORTUGUEZAS I9 Género Dryocosmus Giraud 261. # D. australis Mayr No Q. ilex a., genuína P. Cout. Sobral do Campo, setem- bro, 1900; Soalheira, Louza, abril, 1901. Obs. As cecidias apparecem nas folhas novas na primavera. Umas ve- zes estão no meio do limbo, outras na margem. De ordinário o limbo desenvolve-se normalmente, o contrario do que succede, noutras partes da Europa. O insecto sae em maio e junho do 1.° anno. Esta espécie não é rara. 262. * D. Fonscolombei Kieff. No Q. coccifera L. Arredores de Setúbal, fevereiro, 1900. Commensal : Synergiis pomiformis Fonsc. Obs. A cecidia d'esta espécie, ha pouco descripta pelo sr. Abbade Kieffer {Les Cynipides, pp. 61 1, 612), já fica mencionada no n.° 222. Género Neupoterus Ha rtig 263. * N. lenticularis 01. var. histrio Kieff. -['■ No Q^ pediinculata Ehrh. S. Fiel, Castello Novo, outu- bro, 1900. •\- No Q. toia Bosc. Castello Novo, S. F^iel, setembro, 1900-, Covilhan, Carvalheira de Manteigas, setembro, 1901. No Q. lusitanica a. faginea Bss. Louza (quinta dos For- nos), outubro, 1901. Commensal: Clinodiplosis galliperda Fr. Lw. Obs. Obtive os insectos só das cecidias do Q. To^a; mas as dos QQ^, pedunculata e lusitanica são em tudo parecidas ás do Q. Tofa. Muitas ve- zes as cecidias estão deformadas pelo commensal, cuja larva vive entre a face inferior da cecidia e a folha. Esta espécie é muito commum e abun- dante. 20 REVISTA DE SCIENCIAS NATURAES [^ 14] 264. * N. aprilinus Gir. '|- No Q^ lusitanica a. faginea Bss. Quinta do Armelão (J. Andrieux!), março, 1902. •^ No Q^ To-^a Bosc. Castello Novo e entre S. Fiel e o So- bral, principio de abril, 1902. Obs. As antennas de um o que examinei eram quasi negras. Os C3'ni- pides em Portugal saem da cecidia na segunda quinzena de março; ao passo que na Áustria e Allemanha só apparecem na segunda quinzena de abril e até em maio. A cecidia é verde-amarellada, grande de paredes membranosas e delgadas, e com escamas ou folhas rudimentares á su- perfície. 265. * N. leviuscTilus Schenck var. lusitanicus n. var. Ç Fácies, thoracis latera et pedes toti liiteo siibbvunea. Ali- quando coxae, femora, et tibiarum pars, briinea. Cetera uí in tfpo. Longitiido corporis: 3 mm. Cecidia. Differe da cecidia typo em estar coberta de pêlos, como a do N. lenticularis 01. Não sei se ha alguma differença na forma;, pois esta, como se sabe, muda quando a cecidia no outono cae em terra. Deve porém ser muito parecida com a do N. lenticularis; por isso que eu as tinha misturadas. Diâmetro 4,5 mm. Os cynipides sairam em fevereiro do 2.° anno. Habitai. *|- No Q. To:{a Bosc. Soalheira e Castello Novo; outono, 1901. 265 bis. * N. cMeclitendali Mayr. f No Q. To^a Bosc. Monte das Lameiras, abril, 1902. Obs. Ainda não obtive o cynipide; mas as cecidias em tudo são se- melhantes ás do typo. Em 20 de abril já estavam a cair em terra; ao passo que noutros paizes não succede isto senão em junho, raras vezes no lim de maio. Género Dryophanta Forster 266. # D. distiolia Hart. [ll5J J. S. TAVARES: AS ZOOCECIDIAS PORTUGUEZAS 21 -|- No Q. pedunculata Ehrh. Ponte do Lima (G. Sampaio!), setembro, 1901: Bussaco, outubro, igoi. Raro. 267. * D. divisa Hart. No Q. pedunculata Ehrh. Ponte do Lima (G. Sampaio!), setembro, iqoi: Bussaco, outubro, 1901. Commum. Obs. As cecidias d'esta espécie em Portugal não são mais lusidias do que as da precedente, o contrario do que costuma succeder. Ás vezes nem sequer são brilhantes. Dois cynipides sairam em dezembro do i." anno. As cecidias pouco desenvolvidas, que encontrei no Bussaco e que com duvida attribui ao D agama Hart. (n." 69), provavelmente eram do D. izV/sa; -porquanto em outubro de 1901 não achei lá senão as d'esta es- pécie e as do D. disticha. 268. * D. pubescentis Mayr No Q^ lusitanica a., faginea Bss. Termo de Torres Vedras; agosto, 1900. ■ -l* No Q. lusitanica y. Broteri P. Cout. Matta do Collegio do Barro; julho, 1899. -^ No Q. humilis [3. prasina Bosc. Entre Setúbal e Pal- mella; setembro, 1900. No Q. To\a Bosc. Gastello Novo, setembro. 1901. Obs. Não obtive o insecto das cecidias do Q. humilis. Das cecidias do Q. Tofa (as quaes não são raras), sairam as imago durante o inverno (de- zembro do i.o anno). Em Novembro porém encontrei já cecidias furadas. Estas são de côr variável; umas vezes branco-amarelladas, outras pancas, côr de rosa muito desmaiada, e até côr de canella pouco carregada. As verrugas são sempre de côr muito mais clara. O tamanho é também capaz de muitas Variações; mas nunca as achei com o diâmetro superior a 9 mm. Estão pegadas por um ponto ás nervuras na pagina inferior da folha. São esphericas (tendo contudo uma pequena depressão causada pela nervura» em que estão inseridas), as mais das vezes com grande numero de pequenís- simas verrugas de côr mais clara, como já adverti acima. O tecido interior é lenhoso e collocado como os raios de um circulo em volta da cavidade larval, sem cecida interna. 22 REVISTA DE SCIENCIAS NATURAES [l I^] CECIDOMYIDAE Género Rabdophaga Westwood 269. * R. nervorum (KieíF.) No Salix cinerea L. Granja (A. Nobre e G. Sampaio!)*, perto de S. Fiel, junho, 1901; Castro Laboreiro (J. A. Reis!), outubro, 1901. No Salix aiirita L. Salgueiraes do Zêzere (perto da Covi- Ihan), agosto, 1901. Ob?. Esta espécie, que é rara, sae da cecidia em junho do i." anão. 270. * R. rosaria (L.) No Salix aiirita L. Salgueiraes do Zêzere (Manteigas e Tortozendo), agosto, 190 1. Obs. D'esta espécie, que não é rara, obtive uma imago em setembro, saindo as outras em março do 2.° anno. Em agosto as cecidias contmham as larvas. Género Pei*pisia Rondani 271. # P. salicariae Kieíf. No I.ythrum salicaria L. Granja (A. Nobre e G. Sam- paio!), junho, 1901; matta do Fundão (M. N. Mar- tins!), Julho, 1901*, perto de Setúbal (A. Luisier!), ju- lho, 1901. Obs. A imago sae da cecidia em maio e junho do i.° anno. 272. * P. bryoniae (Bouché) Na br/orna dioica L. Soalheira e Castello Novo, junho, 1901; Estrella (perto de Manteigas) e Covilhan, agosto, 1901. Obs. Obtive duas imago em setembro do i." anno. A metamorphose faz-se na terra. [iiy] J. s. Tavares: as zoocecidias portuguezas 23 273. * P. párvula (Lieb.) Na Bryonia dioica L. Perto de S. Fiel, julho, 1901. Obs. As larvas criam-se em sociedade nos botões floraes da bryonia, os quaes não chegam a desabrochar. Metamorphose na terra. Uma imago saiu em Agosto do i.° anno. 274. * P. affinis Kieíf. Na Viola canina L. Matta do Fundão, julho, iqor, Estrella (perto de Manteigas), agosto, 1901. Obs. Os insectos conservavam-se ainda no estado de larvas e pupas. A imago appareceu em setembro do 1° anno. A cecidia consiste n'um en- grossamento e enrolamento marginal do limbo. Rara. 275. # P. rosarum (Hardy) Na rosa canina L. Matta do Fundão, julho, 190 1. Rara. 276. * P. Veronicae (Vali.) -^ Na Verónica micranlha Hoffgg e Lk. Matta do F^undão, Julho, 1901. Commum. 277. # P. tubioola Kieff. -j- No Sarothammis Welwitschii B. R. Perto de Ponte do Lima (G. Sampaio !), setembro, 1901, Castro Laboreiro (J. A. Reis I), outubro, 1901. *f- No Sarothamniís patens Webb. Cintra, março, 1901. -^ No Sarothammis grandiflorus Webb. Matta do Fundão, abril, 1902. Obs. A larva d'esta espécie habita no fundo de um tubo, que nos dois terços superiores está forrado de cotão voltado para o ápice da cecidia. As cecidias em Portugal são mais compridas do que noutras partes da Eu- ropa e, sobre isso, a metamorphose da larva faz-se na cecidia e não em terra. A imago apparece em março do 2." anno. Commum em Cintra; rara na matta do Fundão. 278. * P. hygrophila (Mik) No Galium palustre L. var. debile (Desv. pr. sp.). Ponte do Lima (G. Sampaio!), setembro, 1901. 24 REVISTA DE SCIENCIAS NATURAES [ I ' S] *^ No Galiimi elo.ies Hoffgg. e Lk. Ponte do Lima (G. Sampaio!), setembro, 1901. 279, # P. genisticola (Fr. Lw.) *|- Na Genista anglica L. Ponte do Lima (G. Sampaio !), setembro, 1901. Obs. As larvas vivem em sociedade na cavidade central da cecidia e metamorphoseiam-se na terra. As cecidias só tinham sido encontradas nas Genista germânica L. e tinctoria L. 280, ** Perrisia n. sp. Cecidia. Consiste num gommo terminal modificado, glo- boso, ou mais ou menos oval, e composto de folhas que só diíferem das normaes no comprimento, que é muito menor. Estão imbricadas, sendo as internas mais curtas. Entre ellas vivem as larvas de côr alaranjada, as quaes se metamorpho- seiam na terra. Em agosto as cecidias continham ainda as lar- vas. Espero obter em breve a imago. Habitat. No Halimium occidentale Willk. Estrella (em vá- rios pontos, por ex. na encosta de Manteigas); agosto, 1901. A cecidia é muito abundante. 281, #* P. sampaina n. sp. Ç Coloris carnei. Antennae siibbruneae. Pedes albidi, squa- mis nigris, decidias tecíi. Thorax supra bruneo-niger, et in atraque parte macula ejusdem coloris signatus. Abdó- men supra vittis amplis, trausversis, bruneis distiuctum; quae vittae tunc solum sunt conspicuae, cum squamae nigrae, in faseias transversas, latas dispositae, decidunt, segmenta sextum et septimum brunea; infra segmenta omnia duabus lineis transversis, bruneis ornata. Anten- nae, dimidium, longitudinis corporis aequantes, 2 Ar 14 articulis conflatae, collo vix conspícuo, sesquilongioribus quam crassioribits, duodécimo et tertiodecimo vix lon. gioribus quam crassioribus; ultimo duplo longiore pen- [lig] J. S. TAVARES: AS ZOOCECIDIAS PORTUGUEZAS 25 ultimo. Ora alarum antica sqiiamis nigris nbducta. Cubitus oram tangit muito ante extremitatem alae. Ovi- positor bruueus. Longiludo corporis ç; 2 mm. S incognitus. Ovum rubrum. cylindricum (aliquantum iamen in ulraque extremitate contractum), quater-quinquies longius quam crassius. 'Pupa nullis aculeis frontalibus, nullaque spinula dorsali. Stigma thoracale longum et incurvum. Larva incógnita. Cecidta. Esta espécie, que dedico ao meu amigo, sr. Gon- çalo Sampaio, muito distincto Botânico e Naturalista adjuncto do museu da Academia Polytechnica do Porto, por ter sido elle que a descobriu; produz nos gommos do linho uma ceci- dia oval, que já foi encontrada em França no Linum usitatis- simum L. e descripta por Perris (Annales de la Soe. Ent. de Frauce, 1870, pag. 178). A larva é solitária e metamorpho- seia-se na cecidia. Habitat. *]- No Linum angustifolium B. R. Granja (G. Sam- paio!), junho, 1901. A imago saiu da cecidia nos fins de junho (i.° anno). 282. ** P. asparagi n. sp, $<^ Coloris rubri. Funiculum, occiput, mesonotum., pars su- perior scutelli., macula in utroque latere métathoracis, lamellula superior et intermédia $, et ovipositor ç bru- neo-nigra. Pedes subbrunei, squamis nigris tecti. Abdó- men vittis trarísversis e squamis nigris insignitum. An- tennae S 2-^-14 articulis compositae, corpus longitudine aequantes, et duobus primis funiculi articulis concres- centibus. Horum primis sesquilongior quam crassior 2Õ RHVIbTA DE SClliNCIAS NaTURAES [i^o] collo quartani tanlum partem longitudinis articuli ae- quãiite; sequentes collo longiove instructi ("^3 longiludinis eorum aequanle); extremi brevioves; ultimus obovalus. Ç anlennae 2 -\- i3 arliciilis cytindricis instruclae, collo vix conspícuo, et caput simul et thoracem longitudine aequaníes. Duo pvimi articuli funiculi duplo longiores quam crassiores; extremi tertia parte longiores quam crassiores; ultimus duplo longior penúltimo, et in spe- ciem e duobus conflatus. Primus articulus palporum ali- quanto longior quam crassior; secundus duplo cum di- midio, tertius quater longior quam crassior. Alae hya- linae. T^rima rena fere contigua orae squamis obdu- ctae; secunda oram contingit longe ab extremitale alae. Fórceps analis lamellula intermédia profunde bitoba, lobulis angustioribus quam in lamellula superiore. La- mellula inferior artículos basales longitudine aequat. Longiíudo corporis á^ç: 2,2 mm. — 2,3 mm. Larva alba, 2 mm. longa, verrucis umbilicatis iecta. Ver- rucae spinijormes obíusae, parvae, vix longiores quam crassiores, a verrucis cingentibus Iwc tamtum diversae, quod minores suní. Papillae ventrales anteriores magnae; posteriores fsicut et laterales, dorsales, ocío Jerminales, et pleuralis exterior in 2." et 3.° segmento thoracico) seta valida instructae. Spatula lutea, longa, gracilis, et in extremitate seciione acuta in duos lóbulos triangula- res profunde divisa. Pupa incógnita. Cecidia. A cecidia d'esta espécie fica já descripta acima no n.° 10 1. A imago foi obtida pelo meu amigo, sr. José An- drieux, em novembro de 1901. As cecidias tinham começado no mesmo anno. Pode dizer se que se encontram em todas as quadras do anno cecidias com larvas, as quaes vivem em so- ciedade e se metamorphoseiam na terra. Habitat. No Asparagus aphyllus L. Setúbal. [l2l] J. S. TAVARES: AS ZOOCECIDIAS PORTUGUEZAS 27 Género Dasyneura Rondani 283. ** D. rosmarini n. sp. áç Coloris riibvi. Três vittae longiludinales thoracis, et fasciae transversae supra abdómen bruneae. Antennae $ 2-\-i3 vel 2-\-i4 articitlis, collo vix conspicuo, et ar- ticulis tertio, et quarto coalescentibus in unum duplo lon- giorem quam crassiorem: $ 2-\-i4 articulis sesquilougio- ribus quam crassioribus, collo ^k longitudinis eorum aeqiiante, et articulis tertio et quarto concrescentibus. Palpi 4 articulis compositi, quorum duo primi breves; ceteri aequales, et ter quater longiores quam crassiores. Uuguiculi tarsorum bifidi; três patellae. Álarum ora antica squamis nigris obducta. Ultima pars cubiti re- cedit ab extremitate alac, et desinit ubi ora alae inter- rumpitur. Caritas ovipositor is elongata. Fórceps analis $ uihil peculiari habens. Longitudo corporis $<^ i,5 mm. Larva, et pupa incognitae. Cecidia. Esta espécie, como já disse no n.° loo, cria-se nas flores do alecrim. A imago saiu no principio de dezembro do i.° anno (1901), e foi obtida pelo sr. José Andrieux. No ou- tono é que se encontram as larvas dentro das flores. Meta- morphose na terra. Espécie rara. Habitat. No Rosmariuus officinalis L. S. Fiel, setembro, igoQ- arredores de Setúbal (J. Andrieux!), outubro, 1900. 284 # D. raplianistri Kieff. No 'l^aphanus raphanistrum L Monte das Lameiras e S. Fiel, maio, 1901; Estrella (não longe de Manteigas), agosto, 1901. •^ No Erucastrum Pollichii Schim. S. Fiel, maio, 1902. 28 REVISTA DE SCIENCIAS NATURAES ['22] Obs. As larvas d'esta espécie crescem em sociedade nos botões en- grossados do Saramago, os quaes não chegam a desabrochar. Estes botões como já notou o dr. M. Molliard (Recherches sul les cécidies florales, 1895, p. 161), cheiram muito, principalmente quando se esfregam, a sulfureto de allyle. A imago apparece em junho do i.° anno. Gommum. 285. * D. capsulae Kieff. Na Eiiphorbia nicaeensis AU. Arrábida e arredores de Se- túbal. Obs. Da cecidia d'esta espécie, cuja descripção acaba de publicar o sr. Abbade Kieffer (Description de quelques Cécidomyies nouvelles, 1901), falei já no n.° 216. Género Rhopalomyia Rubsaamen 286. *# R. santolinae n. sp. Ç Carnei coloris. Antennae et pedes siibbrunea. Ora antica et duae fasciae laterales et latae mesonoti, aliquae par- vae macidae pectorales, brimea. Metathorax, et sciitel- Iwn bruneo-nigra. Segmenta abdominis supra vitta trans- versa et lata coloris carnei saturioris signata. ISasis oinpositoris duabus lineis longitudinalibiis, nigris, con- vergeutibiis, in unam tandem confluentibus, ornata. Ex- tremitas ovipositoris colore saturiore, et praedita cavi- iate brevíssima, vix longiore qiiam crassiore. Palpi uno tantum articulo, duplo longiore quam crassiore, et in pilum desinenie. Antennae, y-2 longitudinis corporis ae- quantes, 2-\-i6 articulis compositae. In funiculo duo primi articuli concrescentes; ceteri decrescentes longitu- dine et crassitudine, et primum collo vix conspícuo; dein collo Ys vel V4 longitudinis ipsorum adaequante. Pedes villosi. Unguiculi larsorum simplices, aliquanto patella longiores: pulvilli dimidio patella breviores. Alarum ora tnllosa. Cubitus vix incurvus, et ad extremam alam per- ductus. Longitudo corporis ç; 3 mm. $ Capul et ihorax bruneo-rubra; abdómen subbriimum, ex- [(23] J. S. TAVARES: AS ZOOCECIDIAS PORTUGUEZAS 29 ceptis laterihiis perbníneis. Antennae 2 -\- i6 articulis; primis diíobiis funicidi articulis concrescentibus; ceteris primo sesquilongioribus qiiam crassioribus et collo ^^ longitudinis ipsoriima egua?ite; deinde decrescentibus; api- calibiis fere spliaericis et collo longitudinem eorum ferme adaeqiiante. Fórceps analis sicut in aliis speciebus hiijiis generis. Lamellula superior articulas basales longitu- dine coaequans. Longitudo corporis S: 2,60 mm. 'Pupa absqiie spinulis dorsalibus, et aculeis frontalibus (ex atraque parte frontis assurgit parva prominentia). Ver- rucae cingentes minimae. Siigmata thoracica haud pro- minentia. Papillae cervicales setis longis (quinquiesde- cies longioribus ipsis papillis). Puparium abdomine li/a- Uno, thorace bruneo. Larva incógnita. Cecidia, Esta fica já descripta no n.° 23 1. As paredes são carnudas, verdes e bastante grossas; mas depois da saída da imago, seccam e fazem-se delgadas e um tanto duras. Ca- vidade larval única, a não ser quando varias cecidias estão sol- dadas numa só. O tamanho é capaz de bastantes variações, podendo o comprimento ou altura chegar a 6 mm. e a gros- sura a 4 mm. Cada cavidade larval contem uma só larva e nellas se faz a metamorphose. Em novembro já as cecidias contém as pupas. A imago apparece em dezembro do i.'* anno. Provavelmente as cecidias principiam na primavera. Habitat. Na Santolina rosmarinifolia L. a. vulgar is Bss. Arredores de Setúbal. Imago obtida em dezembro de 1901. Género Oligotrophus (Latr.) Kiefíer 287. * O. capreae (Winn.) 3o REVISTA DE SCIENCIAS NATURAES ['24] •\- No Salíx aiirita L. Salgueiraes do Zêzere (perto da Co- vilhan e Manteigas), agosto, 1901. Muito raros exempla- res nos mesmos pés, onde apparece com frequência a cecidia da variedade major KieíF. 288. # O. panteli? Kieíf. No Junipevus nana Willd. Estrella, agosto, 1901. Obs. Esta espécie é muito abundante a oeste e noroeste da serra, es- tando os pés de zimbro cobertos de cecidias entre a lagoa da Salgadeira e a lagoa Escura. A este e sul são as cecidias bastante raras; pois encon- trei apenas alguns exemplares no Espinhaço do cão e na base do Cântaro Magro. Continham as larvas e por isso não posso assegurar que o seu au- ctor seja a espécie acima mencionada. Género Schizomyia Kiefíer 289. * S. galiorum Kieíf. •\- No Galium erectum Huds. Gastello Novo, Louza, Sobral do Campo, junho, 1901. Obs. As larvas criam-se nos botões floraes, que não abrem, são maiores do que os normaes, e ás vezes de cor tirante a roxo. Género Asphondylia H. Low 290. # A. bitensis Kieíí". -f- No Cftisus albus Lk. Gastello Novo, perto de S. Vicente, maio, 1901. Obs. A larva d'esta espécie, que é muito rara, desenvolve-se nas va- gens, engrossando estas muito pouco. A imago sae da cecidia em maio do i.° anno. Nas vagens da carqueja encontrei uma cecidia parecida com esta e que provalmente é da mesma espécie. 291. # A. melanopus Kieff. -[- Na y^icia cracca L. Arredores do Porto (G. Sampaio !), junho, 1901. [l25] J. S. TAVARFS: AS ZOOCECIDIAS PORTUGUEZAS 3l Obs. Esta espécie desenvolve-se, como a precedente, nas vagens e sae em princípios de junho no i." anno. Era conhecida só dos Loiíis cornicu- latus L. e uliginosus Schk. O insecto conservou se só três dias no estado de pupa. 292. ## A. adenocarpi n. sp, Ç Rubra. Anteniiae, maailac faciei, verlex, ires vittae am- plae mesonoti, macula 7iiagna, qitae a coxis intermedns -ad alas iisque porrigituv, et alia minor supra coxas postiças, ac praeterea fasciae latae supra et infra abdó- men, bruneo-ni^ra. Fasciae superiores totum abdómen su- pra capiunt. Pedes sublutei, squamis nigris tecti. Palpi duobus arlicidis insíructi, quorum secundus quinquies, primus duplo cum dimidio longior quam crassior. Pri- mus articulus funiculi antennarum sexies cum dimidio, secundus quater cum dimidio longior quam crassior; de- cimus sesquilongior quam crassior; undecimus aeque lon- gior atque crassior; duodecimus longior quam crassior. Longitudo corporis ç; 5 mm. $ incognitus Pupa nihil peculiare habet. Larva incógnita. Cecidia. E' um tanto oval, verde, ás vezes pouco lisa e até encrespada, pouco peluda e constituída por duas folhas op- postas de um gommo, as quaes estão soldadas nas bordas em todo o comprimento. Paredes delgadas, sendo a cavidade larval bastante grande. Comprimento da cecidia: 7 mm.-, gros- sura: 4 mm. A imago apparece em setembro e principio de outubro do i." anno. Habitat. No Adenocarpus íntermedius DG. Ponte do Lima (G. Sampaio!), setembro, 190 1. Género Coniarinia Rondani 293. * C. loti (De Geer). 32 REVISTA DE SCIRNCIAS NATURAES [126] No Lotus uliginosus Schk Alpedrinha e Castello Novo, ju- lho, iqoi; Estrella (perto de Manteigas e da Covilhan), agosto, 1901. 294.. # G. scoparii Rbs. •^ No Sarodiamnus palens Webb. Cintra, março, «902. •\- No Cytisus albus Lk. S. Fiel, março, 1902. 295. * O. anthobia F. Lõw. No Crataegiis oxyacantha L. Subúrbios de Setúbal (J. An- drieux !), março, 1902. Obs. As larvas d'esta espécie criam-se nos botões floraei, que não chegam a desabrochar. 296. ## O. pimpinellae n. sp. $<^ Colore cárneo. Capiit (cum antennis), íliorax (praeter latera), et/asciae transversae supra abdómen (in ç eliam infra), brunea; pedes subbrunei. In S 24 noduli arlicu- lorum funiculi verlicillo arcuato, multo breviore verti- cillo seloso, ornati. Collum, utrumque nodulum singulo- rum articulorum conjungens, ipsis noJulis brevius; col- lum, quod unumquemque articulum complet, vix primum nodulum ejusdem aríiculi longiludine aequat. Nodulus terminalis instar coni oblusi. In ç primus articulus fu- niculi duplo cum dimidio, secundus duplo, tertius ali- qiianto minus duplo longior quam crassior; ultimus in- star coni obíusi. Ovipositor, et fórceps analis niliil pe- culiar e Jiabent. Alae hyalinae; rena transversa aliquan- tum ante ?nedium primae venae longitudinalis sita. Longitudo corporis S: 2 mm. » » Ç-' -2,5 mm. Tupa nullis aculeis frontalibus, nullisque spinulis dorsalt- bus Stigmata thoracis cjlindrica, longissima, brunea, et tertia parte superiore incurva. Setae cervicales sti- gmatibus sesquilongeores. Larva incógnita. [127] J- S. TAVARES: AS ZOOCRCIDIAS PORTUGUEZAS 33 Orum riibntm, qiiater-qiiinqiiies longiiis quam crassius, iitra- qiie parte gracilius, nulloque pedículo . Cecidia, Consiste num engrossamento dos ramos mais ou menos fusiforme (Est. I, fig. 6, 6 A, 6 B e 6 G). Ás vezes soldam-se duas e mais cecidias, ficando deformadas e não raro separadas por um como gargalo (fig. 6 A). O comprimento varia entre 7 e 8 mm. e a grossura anda por 3 a 5 mm. (sup- pondo que a grossura do ramo normal é i mm.). E' de côr verde e a superficie não differe da do ramo normal senão em que os sulcos longitudinaes, que neste mal se percebem sem lente apparecem com muita nitidez (fig. 6 B). Cavidade larval única (ainda quando se soldam varias cecidias numa só), bas- tante grande e situada no eixo do ramo. Paredes bastante grossas (i mm. a i,5 mm.) e um tanto duras. A larva faz um orificio, ordinariamente na metade superior da cecidia (fig. 6 C), que deixa coberto só pela epiderme, para a imago por ahi sair. A situação da cecidia é capaz de bastantes variações, estando ordinariamente nos ramos, não raro no ponto d'onde partem os raios das umbellas, nos mesmos raios e até no caule. Muitas vezes o ramo dobra-se junto d'ella em forma de cotovello e algumas atrophia-se a* umbella ou o raio, onde está situada. A metamorphose faz-se na cecidia e a imago apparece na primeira quinzena de julho do i.° anno. Habitat. Na Timpinella villosa Schousb. Castello Branco. (M. N. Martins!), junho, 1900; Louza, julho, 190 1; Setú- bal (A. Luisier!), agosto, 1901. Obs. Massalongo (Le Gaite netla Flora Itálica, n." 56, p. Jig, Tav. xin, fig. 4-5) fala d'uma cecidia da Ferida ferulago L., que provavelmente é a da C. pimpinellae n. sp. Noto porém que os desenhos se parecem pouco com eJla, e que o auctor diz conter varias cavidades larvaes, em cada uma das quaes vive sua larva. Mas na nossa cecidia, ainda quando estão soldadas varias só uma vez é que encontrei duas cavidades larvaes. O sr. dr. Trot- ter (Seconda comunica^ione intorno alie Galle dei Porto gaito: Boi. da Soe, Brot. t. VII, 1901, p. i56, refere-se, ao que parece, a esta mesma cecidia, que attribue a uma Lasioptera. 34 REVISTA DE SCIENCIAS NATURAES ['^S] 297. ** C. luteola n. sp. Ç Colore liiteo vitdlino, antennis nig>^is, pedibus subbrunneis, macula brunea supra et in utraque parte thoracis; abdo- mine 7 viitis transversis supra et infra signato. Hae vittae infra laíae: supra eodem modo amplae, praeter primam; sequentes quinque in utraque extremilate íenua- tae, leviter bifdae, et puncta lutea ibi continentes. Palpi quatuor articulis, duobus apicalibus aequalibus, duplo longioribus quam crassioribus. Primus el secundus funi- culi articuli in antennis concrescentes; primus aliquanto secundo longiori, triplo longior quam crassior, collo ^/g longitudinis ipsiiis aequante; in secundo collum ^/i longi- tudinis ipsius articuli aequans; sequentes decrescentes, sed collo longiore; decimus, et undecimus duplo longiores quam crassiores, collo ipsis duplo brerius: ultimus in ápice coarctatus. Alarum ova ciliata, inlerrupta ubi ipsa?n ciibitus aítingit. Unguiculi simplices, haud longio- res patella única. Ovipositor nihil peculiare habens. Longitudo corporis ç; i,5 mm. $ Antennarum nodulis verticillo setoso et rerticillo arcuato distinctis; quatuor primis nodulis ovatis, collo aequante V2 longitudinis ipsorum: ceteris alterne globosis et ova- tis, in primis collo 2/3 longitudinis ipsorum atl ingente, in ovatis collo Ya longitudinis aequante; ulttmo nódulo du- plo longiore collo villoso. Fórceps analis ut in aliis spe- ciebus hujus generis. Cetera ut in ç Longitudo corporis $: i,5 mm, ^ Larva aurantiaca; valde similis larvae Contarinia ilicis Kieff; sed duo lobuli spatulae latiores, quam longiores, valde oblusi, contra atque in Contarinia ilicis evenit. Piipa incógnita. Cecidia. Já fica mencionada nos n.°' 124 e 224. Foi por mim descoberta num dia, em que me vi perdido com uma tempes- [i2q] j. s. tavarks: as zoocecidias portuguezas ' 35 tade, valendo me por ultimo da choça de um pastor, em que pernoitei (setembro, 1900). Quando está no limbo da folha (n." 224), consta de uma camará larval, situada no parenchyma, de contorno mais ou menos circular, de pequena altura relativa- mente á largura, e encimada por um tubo cylindrico côr de palha, cujo comprimento é 2 mm. e a largura i mm. Este tubo até meia altura tem alguns pêlos, como o limbo onde está, e ergue-se no meio d'uma pequeníssima elevação esbranquiçada, cujo diâmetro anda por 2-3 mm. e que no tempo da matura- ção se faz de um pardo escuro. Quando a cecidia é como a descreveu Massalongo (Le galle nella Flora itálica, i8()3, p. 348J, está na casca dos ramos novos, ou no peciolo, raro na nervura média das folhas, e tem a forma de um cone mais ou menos rebaixado (cfr. n.° 124 e Est. 11, fig. 5, 7). Julgo que o auctor d'estas duas cecidias é o mesmo, embora pare- çam bastante differentes. Obtive çç de ambas; não se distin- guindo umas das outras senão em que nas çç do n." 124 as faixas bruneas abdominaes não são bifidas lateralmente, o ul- timo articulo dos palpos é mais comprido que o penúltimo e o ponto de inserção do cubito está depois do i.° quarto da pri- meira nervura longitudinal; ao passo que nas çç do n.' 224 esta inserção faz-se depois da terceira parte do comprimento. Não obtive senão 2 $$ e esses da cecidia do n." 124. As lar- vas também são eguaes. A cecidia começa a despontar no fim do verão e outono, e a imago apparece em fins de março e principio de abril do 2.'* anno, saindo pelo tubo que coroa a camará larval. Meta- morphose na cecidia. Habitat. No Q. ilex L. Perto do Sobral do Campo e Soa- lheira, setembro, igoo", Louza e Oledo, maio, 1901; Villa Velha de Ródão, maio, 1902. No Q. coccifera L. x. vera DC. e ^3. imbricata DG. Torres Vedras, julho, 1899; Setúbal, maio, 1900. Obs. As cecidias que ficam mencionadas no n.° 223 são provavelmente d'esta mesma espécie. Na imago as taixas abdominaes são ás vezes pouco 36 REVISTA DE SCIENCIAS NATURAES L^^Oj visíveis e até parece chegarem a desapparecer. Não raro o abdómen é amarello-avermelhado e o thorax pardacento. Em todos os casos a côr amarella é mais pura no abdómen do que no thorax. MUSCIDAE TRYPETINAE Género Urophora Robineau-Desvoidy 298. * U. quadrifasciata Meig. Y Na Centáurea paniciilata L.' Soalheira, maio, 1901 \ Covilhan, agosto, 1901. Obs. A larva d'esta espécie, de que encontrei poucos exemplares, cresce e metamorphoseia-je nos akenios da Centáurea, durante o desen- volvimento d'estes. O akenio pouco augmenta em volume e conserva as paredes delgadas; de sorte que a cecidia á primeira vista parece a do Aiilax jaceae Schenck. A imago apparece em junho do i.° anno. A cecidia ainda não tinha sido vista nos akenios; mas só nos receptáculos que se fazem duros, ovóides e pluriloculares. 299. * U. solstitialis L. . ^ Na (lent áurea sempervirens L. Setúbal (J. Andrieux 1), junho, 1901. Obs. A cecidia é commum e consiste na transformação do receptá- culo num corpo duro e plurilocular. A imago saiu em julho do i." anno. Género Carphotricha Robineau-Desvoidy 300. * C pupillata Fali. No Hieracium sabaudum L. Matta do Fundão (perto do Alcaide), julho, 1901. A imago saiu no fim de julho do 1." anno. Hm exemplir appareceu só" em abril do 2." anno. Cria-se nos capitules, que se fazem mais grossos c não desabrocham. [l3l] J. S. TAVARES: AS ZOOCECIDIAS PORTUGUEZAS 3 7 Género Tephritis Latreille 3o I. * T. eluta Meig. -|- Na Centáurea iiigra L. Matta do Fundão (perto do Al- caide), julho, 190 1. Obs. D'esta espécie só era sabido que se cria nas flores das Centáu- reas. Pôde por tanto dizer-se que a cecidia era desconhecida. Esta é tão parecida com a que produz a Urophora solstitialis L. nos receptáculos de diversas Centáureas, que a principio julguei ser d'esta espécie. A imago sae da cecidia em julho e principios de agosto do i." anno. Género Acídia Robineau-Desvoidy 3o2. ** A. pulchella n. sp. Ç Coloris nigri nitentis. Caput (praeter partem siiperiorem occiputisj, palpi, fácies, antennae, sciitellum, halleres, tibiae, larsi, et vitta, qiiae a collo ad basim alae por- rigitiir, liilea. Alae (cum venis) nigrae, tribus maculis lacteis insignitae. Hariim prima minima, et oram anti- cam primae venae lotigitiidinali conjinigens, ubi vena costalis est lutei coloris, supra veiiam transversam pos- ticam. Secunda, magna, triangularis, et juxta oram postiça??! sita, fere ab extre?nitate alae ad penam tran- versam postica?n exíe?iditur. Terlia, o??iniu?n ?naxima, a secunda divisa vitta nigra, reliqua?n oram postica??i occupat, et i?i pai'te?n superiore??i usque ad ?nedia?n ala?n producitur. Ovipositor conicus, vix longior quam eras- sior. Longitudo corporis ç ; 4 ?n?n. $ his tantum a ç differt. Abdo?nen castaneum et vittis tra?is- versis bruneo-rubris supra et i?ifra, et praeterea supra faseia longitudinali ejusde?n coloris sig?iatum. Femora bnmea. Longitudo cojporis $ : 4 mm. Cecidia. A larva desenvolve-se e metamorphoseia-sc nos 38 REVISTA DK SCIENCIAS NATURAES [1^2] capítulos, cujas flores desapparecem, ficando só as escamas imbricadas a cobrir a cavidade larva! única. O capitulo não desabrocha, antes engrossa e faz se cónico. Comprimento 7 mm. e grossura 3 mm. A imago saiu na primeira quinzena de julho do 1/ anno. Habitat. Na Lacíuca viminea Lk. Perto de S. Fiel (nas margens da Ocresa), julho, 1901 Rara. APHIDIDAE Género Aphis Linneu 302 bis. * Aphis sp. ? No Sorbiis aiiciiparia L. Estrella (valle de S. António, logo abaixo dos Cântaros), setembro, 1901. Obs. Esta espécie encrespa os foliolos e enrola toda a folha de deante para traz e de cima para baixo. Género Tetraneura Hartig 303, * T. semilunaria Pass. No Pistacia terebmthiis L. Junto das Portas de Ródão, maio, 1902. Obs. Esta espécie já fica mencionada no n." i6*'i, mas por equivoco com a Aploneiira lentisci Pass. O Pistacia terebinthiis L. é muito raro em Villa Velha de Rodao; pois não encontrei senão um pé a bastante altura na encosta do Tejo (margem esquerda), não muito longe da ponte. 303 bis. * T. utricularia Pass. No Pistacia terebinthus L. Não longe das Portas de Ródão, maio, 1902. PHYTOPTIDAE Género Eriophyes Siebold 304. * E. tetanotrix var. loevis (Nal.) [i33] j. s. Tavares: as zoocecidias portuguezas Sg No Salix aurita L. Perto de Torres Vedras, junho, 1809*, Commenda, abril, igoo; junto de Gastello Branco, ju- lho, igoo; Ocresa, setembro, 1900; salgueiraes do Zê- zere (Covilhan e Manteigas), agosto, 1901; Portas de Ródão (Licinio Cantharino!), maio, 1902. Obs. Esta espécie é bastante commum nos logares indicados. As to- lhas ás vezes tem o limbo coberto de cecidias com a forma de pequenas elevações, em que a parte que se levanta acima da pagina superior é mui- tas vezes parda e até tirante a rosa. Encontrei algumas sobre as nervuras secundarias, sendo que o dr. Fockeu (Recherches sur lesGalles, 1896, p. 57) diz que isto não succede nunca. 305. * E. alni Fockeu No Alniis glutinosa Gãrtn. Ribeira de Gastello Novo, Ocresa, matta do P^undão, julho, 1901 ', nas margens do Zêzere (Manteigas), agosto, 1901. Obs. A cecidia d'esta espécie corresponde ao Erineiim axillare Schl. Mas, quando desenvolvida, a forma é mais de um Cephaloneon, do que de Erineum. Rara, Cresce só nos ângulos que as nervuras secundarias fazem com a primaria. 306. * E. tristriatus (Nal.) Na Juglans regia L. Govilhan, agosto, 1901. 307. * E. pyri (Nal.) No Sorbiis aiicuparia L. Estrella (valle de S. António logo abaixo dos Gantaros), setembro, 1901. No Pyri/s communis L. S. Fiel, março, 1902. Obs. A cecidia consiste numas como pústulas dis folhas. Abundante. 308. * E. laticinetus (Nal.) Na Ljsimachiã viilgaris L. Matta do Fundão, julho, 190 1 Abundante. 309. * E. galii? (Nal.) 40 REVISTA DE SCIENCIAS NATURAES ['^4] •\- No Galiiim erectum Huds. Margens da Ocresa, julho, 1901; Alpedrinha, agosto, 1901. -j- No Galium Broterianum Bss. e Reut. S. Fiel (margens da Ocresa), agosto, 190 1. Obs. A cecidia é semelhante á do E. galii (Nal.) no Galium silvestre Poli.; como porém não pude examinar o ácaro, não posso affirmar com segurança que seja d'esta espécie. 3 IO. * E. Steph.anii (Nal.) No Pistacia lentisciis L. Torres Vedras; Portas de Rodâo, maio, 1902. Obs. No n.» 220 tratei da cecidia d'esta espécie, que foi determinada pelo sr. dr. Trotter. 3ii. * Eriopliyes sp.? No Q. cocei fera L, Arredores de Coimbra (A. MoUer), ju- nho, 1899", Torres Vedras, junho, 1899; S. Cruz, agosto, 1899-, Arrábida e perto de Setúbal, maio, 1900; Portas de Ródão, maio, 1902. 3i2. E. rubiae (Can.) Na Rubia peregrina L, Arredores de Coimbra (A. Moller), julho, 1900. Obs Provavelmente é esta mesma espécie que fica citada no n." 177 com o nome de E. galiobius (Can.) 3i3. # E. salviae? (Nal.) Na Sairia verbenaca L. y. pnvcox Lge. Arredores de Setú- bal (J. Andrieux!), fevereiro, 1902. Obs. A deformação que encontrei nas folhas d'esta Salva é semelhante á que produz o E. salviae (Nal.) nas Salvia praiensis L., silvestris L., scla- rea L., e verbenaca L.; mas como não pude examinar o ácaro, não posso afiirmar com segurança que o auctor seja o mesmo. [l35] J. S. TAVARES: AS ZOOCECIDIAS PORTUGUEZAS 4I CURCULIONIDAE Género Ceuthorrhynchus Germar 314. C. quadridens Panz. Y No Raplianus raphanistrum L. S. Fiel (M. N. Martins!), maio, 1900. Coimbra (Paulino de Oliveira, 1. s. c. p. 3io). Cecidia. Esta não era ainda conhecida e consiste num engros- samento comprido e mais ou menos fusiforme do peciolo e da nervura principal das folhas. Cavidade larval única, sem paredes próprias e situada no eixo. A imago sae em junho do i." anno. 3i5. C. sulcicollis Payk. Beja (Paulino de Oliveira, 1. s. c. p.), Casa Branca (C. v. Volxem); Sabrosa (J. M. Corrêa de Barros, 1. s. c. p. 191). A cecidia d'esta espécie ainda não foi vista em Portugal. E semelhante á do C. pleiirostignia Marhs. (sulcicollis Gyll. nec Payk, cfr. n.° 206, onde por equivoco o menciono como descripto por Schõnherr). Apparece nas raizes do Cheiranthus cheiri L. Cochiearia armoracia L. e outras Cruciferas. Género Mecinus Germar 3 16. M. longiusculus Boh. •^ No Anarrahimim bellidifolium Desf. S. Fiel, rfiaio, 1901. Felgueira (Paulino de Oliveira, 1. s. c. p. 3o2). Cecidia. Não tinha ainda sido descoberta e é formada por um engrossamento pouco apparente do caule e ramos do Aiiar- rhiuum. Cavidade larval situada no eixo do caule e não muito grande. A superficie externa em nada diftere da do caule, a não ser ás vezes em estar corada de negro. A imago sae da ce- cidia em junho e julho do i.° anno. 42 REVISTA DE SCIENCIAS NATURAES [l36] Género Nanophyes Schõnherr 317. * N. globiformis ? Kiesw. (*) •^ No L/thrum acutanguhim Laq. Rasca (no sopé da Ar- rábida) (A. Luisier !), junho, 1901. A cecidia d'esta espécie, até agora desconhecida, é seme- lhante á do N. hemisphaericiis Ol. e consiste num engrossa- mento algum tanto unilateral dos ramos. As paredes são del- gadas e a cavidade larval única e grande. A imago sae em julho do I .° anno. 3 18. * N. niger Waltl. {siculus Boh.) *|- Na Eriça aragonensis Wk. Gardunha (a i 100™), feve- reiro, 190 1; perto do Sobral do Campo, abril, 190 1; Es- trella (Argentcira ou Nave de S. António a 1.702"' e Es- pinhaço do Cão), agosto, 1901; Guarda (Heyden, citado por Paulino de Oliveira, 1. s. c. p. 3o5). Obs. Esta espécie é commum nos logares indicados. A imago sae da cecidia em julho e agosto. TINEIDAE Género Mompha Hiibner 319. * M. decorella? Steph. -|- No Epilobiiim vivgatitm Fr. Bussaco, outubro, iqoi ; matta do F^undão (M. N. Martins!), junho, 1902. Obs. Os insectos eram ainda chrysallidas. Por isso não posso assegurar que seja esta espécie, apezar das cecidias serem em tudo semelhantes ás que ella produz no Epilobium parviflorum Schreb. e noutras espécies do mesmo género. (') O sr. Bedel, que classificou este e outros Coleopteros dos que fi- cam citados, diz fin litteriS' que conserva uma leve duvida sobre esta espé- cie; porque o exemplar que enviei estava um tanto immaturo. [iSy] J. s. Tavares: as zoogecídias portuguezas 43 DESCRIPÇOES RELATIVAS A ESPÉCIES JA CONHECIDAS 320. Synergus umbraculus Ol. var. histrio Kieff. O $ d'esta variedade não foi ainda descripto. Por isso darei d'elle aqui uma resumida descripçao", já que me esqueci de o fazer no seu legar (n.*' i5). Além d'isso a ç também é um tanto differente das que serviram para a descripção do sr. abbade Kieífer. áç His soliíin diffcruiit a tfpo. Capiit testaceum, praeter óculos et ocellos nigros. Pedes autici, et niedii testa- cei. Basis coxanon, et tibiariDii pedum niedion/in sub- nigra, vel bruiiea. Pedes postici, praeter arliculatioues testaceas, pliis niinusve bn/neo-nigri. Antennae aliqiiando bruneae. Abdómen castaneum. Pronotum, et mesonotiim in $2 "'^^^^ macula vel línea bruueorubra signantuv. Longitudo corporis $ : 2 — 3 mm. » » ç ; 2 — 3,5 mm. Gommensal da Biorrhi\a pallida 01. (junho do i.° anno). 32 1. Aulax hypoclioeridis Kieff. Descripção do $. $ Niger. Pedes (praeter coxas nigras) rubro-nigri. In pe- dibus anticis tibiarum pars, et tarsi luteo rubra. Ca- put (cum antennis 14 articulis), thorax, et abdómen ut in ç; sed mesonotum omnino glabrum. Cellula radialis aperta in margine. Venae bruneae ut in ç. Longitudo corporis $ : i,j — i,q mm. Obs. Em Portugal os cynipides principiam a sair da cecidia desde março do 2." anno. Isto succede mesmo na Beira, onde as cecidias novas começam a apparecer no fim de março. Aqui porém a maior parte sae em abril. 32 2. Andricus fidelensis Tav. Descripção da ç. Ç nigra; pedibus, et antennis (excepto primo articulo bru- 44 REVÍSTA DE SCIENCIAS NATURAES [l38] neoj luteis, coxís poslicis fere tolis, et basi aliariim ni- gris, extremitate tarsorum subnigva; sciitello inelegan- ter reliciihto; abdomine parum nitente, glabro, spinula pentrali brevi; mesopleuris partim levibus, partim parum conspicue longitudinaliter striatis; antennis i3 arliculis, articulo tertio 3 Ys longiore quam crassiore; ceteris de- crescentibus ad ii"'" — í2"'" parum longiores quam eras- Stores; ultimo sesquilongiore quam crassiore. Celera ut in $. Longitudo corporis ç ; 2 mm. Obs. Esta descripção foi feita á vista de uma pupa que estava já des- envolvida, faltando-lhe só as azas. Não consegui ver bem o comprimento da espinula ventral. Em 20 de maio d'este anno (1902) encontrei duas ce- cidias já furadas e outra com esta pupa, que não consegui crear. As ce- cidias apparecem só nos raminhos novos e por conseguinte o cynipide sae em maio do i.° anno. Esta espécie é muito rara. No n." 254 ficou por erro typographico o signal o em vez de o. 32 3. Plagiotrochus amenti Tav. Descripção do $. $ nigro colore; pedibus totis luteis; antennis bruneis (prae- ter três primos articulos luteo-bruneosj, i5 articulis, teriio incurvo, 3 'A longiore quam crassiore, Y* longiore quarto; ceteris sensim longitudiue dccrescentibus; 14.^ du- plo longiore quam crassiore; ultimo 2 Ya longiore quam crassiore; mesopleuris longitudinaliter striatis; thorace parce piloso, delicatissime áspero. Cetera ut in ç. Longitudo corporis $: i,5 mm. 324 Plagiotrochus Kiefferianus Tav. Descripção do $. S capite (cum anlennis), et pedibus totis testaceis; thorace infra perbruneo, supra nigro et obscuro; abdomine cas- taneo, glabro et nitente; mesopleuris longitudinaliter striatis; mesonoto, et scutello carinis transversis, nec re- dis, nec valde conspicuis eleganter signaíis; antennis i5 articulis, secundo vix longiore quam crassiore, tertio 3 V2 longiore quam crassiore; ceteris longitudine decres- [[SgJ J. S. TAVARES: AS ZOOCECIDIAb PORTUGUEZAS 45 centibus, praeter ultiniiim i ^3 longiovem quam crassio- rem. Cetera ut in ç, Longitiido corporis $: 2 mm. Obs. Julguei a principio que esta espécie se reproduzia agamicamente, ou, o que é o mesmo, por parthenogenese. Depois de obter muitas Ç J, appareceu-me este arino o o que acima deixo descripto e que tira toda a duvida. A còr das pernas e cabeça não é em rigor testacea ; mas, além d'esta côr fundamental, tira alguma cousa para vermelho, ou para côr de mel. N'uma o, das muitas que examinei, as antennas eram completamente bruneas; noutra o abdómen não tinha faixas distinctas ; mas era quasi todo negro, sendo as antennas bruneas, excepto os dois primeiros articules» amarello-avermelhados. 325. Oligotroplius origani Tav. Descripção da pupa. 1,^0 mm. longa, tecla verrucis ciiigentihiis parris et mii- cronatis (aliquanto longioribus in quarta parte ante- teriore segmentorum); absqiie spiniilis dorsalibus et acu- leis frontalibus (sed in utroque latere parva prominen- tia assurgit). Stigiuala thoracica sexies lougiora quam crassiora in basi, leviter inciivva: setae cervicales duplo longiores stigmatibus. 826. Janetiella maculata Tav. Descripção da ç e pupa. Ç Antennis longitudinem capitis simul et thoracis vix su- perautibus, 2 -\- j3 articulis, primo funiculi duplo lon- giore quam crassiore, concrescente cum secundo aliquanto breviore, ceteris sensim decrescentibus usque ad 10""^ — 12.'"" vix longiores quam crassiores; ultimo 7^4 lon- giore quam crassiore; abdominis segmentis supra et in- fra faseia transversa, nigra noíatis, vel supra loco fas- ciae duplici macula insignitis; ora alarum antica squa- mis et setis signata; ovopositore valde protractili, ca- vitate ter-quater longiore quam latiore. Cetera ut in $. Longitudo corporis ç ; 2,5 mm. — 2,8 mm. Pupa sine aculeis veríicalibus; stigmate thoracali luteo, fere 46 REVISTA DE SCIENCIAS NATURAES LH^J recto, ápice graciliore, septies lougiore quam crassiore in basi; setis cervicalibus duplo longioribus sligmate; spi- niilis dorsalibus luteis, densis, septem ordinibus disposiiis. Obs. A imago este anno (1902) appareceu desde o principio de abril. 327. Asphondylia pterosparti Tav. Descripção da ç. Ç Diferi a i anteiniis, quavum articulus prinius in funi- culo octies lougior quam crassior, ceteris decrescentibus usque ad decimum duplo longiorem quam crassiorem, undécimo vix longiore quam crassiore, nullo collo; ul- timo fere sphaerico, exlremitate truncata; thorace bru- neo- rubro, antennis subbruneis. Longitudo corporis ç ; 5 mw. Obs. O o é de côr vermelha mais escura do que a Ç. Além d'isso o abdómen do o é ornado superior e inferiormente de faixas transversaes de côr muito mais carregada; ao passo que na o o abdómen é de côr uni- forme. 328. Contarinia cocciferae Tav. Descripção da larva. Luteo-alba, 3,5 mm. longa, levis, cylindrica, verrucis spini- formibus granulatis, in 20 — 3o ordines transversos dis- posiiis in segmentis abdominis, minus frequentibus in 2° et 3." thoracis segmentis; papillis dorsalibus et laterali- bus vix conspicuis, sine seta; spatula lutca, extrema parte valde dilatata sectione obtusa in duos lóbulos subrotundos divisa ; segmento anali ut in aliis speciebus hujus generis. 329. Contarinia ilicis Kieff. Descripção da larva. Cjlindrica, levis, luteovitellina, i,5 mm. longa, verrucis spiniformibus parvis, mucronatis; spatula lutea, gra- cili, exlremitate dilatata, profunde et obtuse divisa in duos lóbulos mucronatos, sesquilongiores quam crassio- res; papillis lateralibus et dorsalibus vix conspicuis et absque seta; segmento anali sicut in aliis speciebus hujus generis. CORRIGENDA ET NOTANDA No n." 5i o insecto descripto é ^ e não ç, como foi impresso. Segundo já adverti acima (n.° 256), a cecidia descripta não é pro- duzida pelo Andrici/s Nobrci Tav ; mas pela Trigonaspis brii- neicornis Tav. A cecidia do Andricus Nobrei Tav. é mais ou menos ponteaguda na parte superior, um tanto oval (de modo que tem alguma semelhança com a do Andricus circulam Mayr), luzidia, glabra e cor de palha. Tem de diâmetro 2 a 3 mm. Desenvolve-se dentro da cúpula de uma lande nova do Q. lusitanica y. Brotcri P. Cout. Matta do Collegio do Barro, agosto, 1900. A imago apparece em agosto e setembro do 1." anno. N.''^ 66 e 67. Ainda ha pouco obtive de cecidias do Q. coc- cifera L., em tudo parecidas umas com as outras, os Plagio- trochus ilicis Licht. e Emeryi Mayr, e bem assim formas de transição entre uns c outros. Isto provaria mais uma vez, se ainda fosse preciso, que estas espécies são meras variedades do PLigiotrochus ilicis Fabr , como pensam o sr. abbade KiefFer (Les Cynipides, p. 6o5j e o sr. dr. G. Mayr (in litteris). Por tanto considerai as-hei para o futuro, como já o fiz nos n,°^ 260 e 260 bis, como variedades de uma só espécie pela forma se- guinte: Plagiotrochus, ilicis Fabr. (P. cocciferae Licht.) » B D var. Lichtensíeini Kieff. ÍP. ilicis Licht.) » » » var. Emeryi Mayr (P. Emeryi Mayr). A Asperula sp. ? do n.° 83 é a Crucianella aiigustifolia L. e no n.° g3 o Galium saccharatum? é o Galium erectum Huds- 48 REVISTA DK SCIENCIAS NATURAES ['4^] N.° 107. O piorno em que vive a Janeliella Martinsiu. sp. não é a Retama sphcurocarpa (Bss.)^ mas sim a Genista liisita- tiica L., como me parece fora de duvida. A pag. (67) antes do n.° iSg falta o género Eurfcera Laporte. O Peniphigiis citado no n.° i66 não é o seniilunarius Pass.; mas sim a Aploneura lentisci Pass. N.° 210. O género Terás é parte da familia Tortvicidae e não da Tineidae, como escrevi por distracção. A Terás fer- rugana Tr., apezar de citada de ha muito pelos auctores (a quem segui) como cecidogenica, não o é, segundo me affirma (in litíeris) o R. P. J. de Joannis. N." 219. A cecidia de que falo aqui é uma bacteriocecidia causada pelo Bacillus oleae Arcangeli, como me advertiu o sr. dr. A. Trotter. A doença produzida por este micróbio nas oliveiras é de ha muito conhecida na Itália. Na Beira nunca vi as cecidias na oliveira gallcga. Os camponezes conhecem-nas de longa data como característico da cordovil, que não parece soífrer nada com isso. MICROSCOPIA VEGETAL C. ZIMMERMANN Professor no Gollegio de S. Fiel Quem acompanhar sequer de longe o actual movimento scientifico, não ignora decerto o maravilhoso auxilio que a mi- croscopia veiu prestar ás sciencias nos últimos cincoenta annos. Com os delicados processos de coloração, com a quasi inexcedi- vel perfeição dos microtomos e outros meios de que actualmente dispõe, dilatou extraordinária e rapidamente o horizonte dos conhecimentos humanos Digam-no a anatomia animal ou ve- getal, a cytologia. a histologia, a physiologia, a bactereologia e todos os outros numerosos ramos das sciencias que ao mi- croscópio devem os progressos que estão fazendo. Revelou-nos ella um novo mundo ou multidão de seres no- táveis pela forma, propriedade e sobretudo pelo numero in- calculável, os quaes por sua pequenez se furtavam aos olhos e cuja existência apenas suspeitaram os homens mais sábios de quantas gerações nos precederam. Presentemente, porém, pela microscopia ficam sob o dommio e ao alcance dos nossos sentidos-, estudam-se, analysam-se, admira-se-lhes a natureza e importância capital e de tudo isto se auferem vantagens im- portantíssimas para a medicina, hygiene, agricultura, etc, etc Julgar-se ha, porém, que a microscopia só pertence aos cursos superiores ou só é necessária a quem, depois de fre- quentar os laboratórios micrographicos, se quer dar em espe- cial a algum ramo da sciencia e conhecel-o a fundo. E um erro: e infelizmente muito se tem descurado em Portugal o uso do 5o c. zimmermann: microscopia vegetal [2] microscópio no ensino secundário. Se exceptuarmos alguns collegios de ensino particular, rarissimos são os lyceus do Es- tado em que os alumnos aprendam a trabalhar com o micro- scópio, Contentam-se com a mera descripção do instrumento, sem aproveitar as innumeras vantagens e proveitos que do seu uso podem tirar-se. D'onde nascerá, pois, este abandono lastimoso do microscó- pio? E, limitando-me á anatomia vegetal, porque não virão as preparações microscópicas auxiliar practicamente as prelecções do professor e servir como de demonstradores, alliandose as- sim perfeitamente a theoria á practica? Na minha opinião, vem, em grande parte pelo menos, de se desconhecer a faci- lidade relativa que ha em obter essas preparações. Facilitar estes trabalhos, indicar os melhores meios de con- seguir as preparações, eis o intuito que me propuz numa sé- rie de artigos que vou publicar. Não se destinam elles eviden- temente ás pessoas já iniciadas na technica do microscópio ou áquellas para quem o uso d'este instrumento com os seus pro- cessos annexos já nenhum mysterio encerra- apenas servem para auxiliar os meus estimados collegas no ensino secundário e subministrar a qualquer estudioso m.eios de poder iniciar-se nos segredos da microscopia vegetal. Muitos e volumosos livros se teem escripto nas ditíerentes linguas sobre este assumpto. Porem, como o fim dos seus au- ctores foi escrever principalmente para especialistas, não é pe- queno o embaraço em que se vê o principiante ao folhear taes livros para n'elles descobrir um meihodo fácil e ao mesmo tempo profícuo para as condições especiaes em que se encon- tra. A multiplicidade de processos, differentemenie apreciados pelos diversos auctores, augmentam por tal forma a sua per- plexidade na escolha, que se sente tentado a desanimar, que- rendo antes dar de mão a seus estudos que embrenhar-se n'um caminho que lhe parece labyriniho sem saída. Para obviar a esta difficuldade apresentarei ao principiante, depois das observações prévias, vários meihodos e processos usados na microscopia vegetal, primeiro nas suas linhas ge- raes, porém sem apparato scientifico de iheorias, aliás muito [3J c zimmermann: microscopia vegetal 5i vantajosas para especialistas, mas de summo embaraço a prin- cipiantes. Depois passarei ás applicaçÕes practicas. Os exemplos, que para este 'fim "+161 de escolher, serão pre- parações microscópicas obtidas segundo os diíferentes metho- dos, applicando já um já outro processo, descrevendo minu- ciosamente toda a longa série de manipulações por que pas- sou o fragmento do vegetal até ficar apto para examinar se ao microscópio e, mais ainda, conservar-se permanentemente. Nada apresentarei que por mim mesmo não tenha sido expe- rimentado e preparado, a não ser que expressamente o diga. Se com isto conseguir que alguns dos meus illustres coUe- gas se animem a estudos micrographicos, e assim contribuir para que aos seus alumnos seja ministrado um ensino practico, que no estudo da anatomia vegetal é o único proficuo, dar-me- hei por bem pago do trabalho que tomei. Difficuldades Não trato agora d'uma certa difficuldade que ao principio se sente n'esse estudo, difficuldade que o exercício remove, pois é commum a todos os trabalhos mais ou menos árduos, e desapparece sempre com a practica, se não falta constância e boa vontade. A primeira difficuldade é a do tempo. Todos se lastimam de que este lhes falta para taes estudos, mormente no começo do magistério. Mas, economizando-o e aproveitandoo bem, não faltará talvez: o ponto está na boa vontade. Bastariam umas ferias para adquirir o indispensável exercício. E nem por isso ellas deixariam de ser o que devem ser: tempo de des- canço. Trabalhos como etse não fatigam a mente, nem nos privam do justo recreio, antes são recreação e passatempo proveitoso. Experimentem, e verão. Difficuldade maior é a falta de instrumentos e utensílios indispensáveis. Vencer, porém, esta difficuldade compete ao governo. E vergonha será que negue aos lyceus o que estes precisam para a boa instrucção dos alumnos. 62 REVISTA DF. SCIENCIAS NATURA ES [4] Por indecoroso teem, carecerem d'elles os collegios de en- sino particular, e não hão de tel-os estabelecimentos officiaes? Gomo ha de julgar encargo demasiado oneroso para o thesouro publico conceder os subsídios necessários á educação e instruc- ção, quando a elles evidentemente se obrigou ao abrir os seus estabelecimentos? Lance os olhos para as outras nações que se empenham á porfia em prover seus estabelecimentos litterarios e scientificos de tudo o que pode fomentar o estudo, contribuir para o adeantamento das sciencias, e por conseguinte para o desen- volvimento intellectual da sua nação. Não: o governo não pode nem deve negar os subsídios, ao menos para apparelhos indispensáveis na instrucção secundaria, e um d'estes é, sem duvida, o microscópio. Pode haver também n'esta matéria uma difficuldade, ou melhor, um escolho, que reputo perigosíssimo: é que talvez alguns dos meus collegas se persuadam bastar um microscó- pio razoável e uma serie de preparações compradas para sa- tisfazer ao que exige o estudo da anatomia vegetal nos cursos secundários. Para estes, se os houver, uma só observação. Que diriam ss. ex.^* do cirurgião ou medico, que não qui- zesse durante o seu curso sujeitar-se aos trabalhos do theatro anatómico nas escoJas medicas? Que diriam d'um lente de me- dicina que, para se subtrahir ao trabalho das dissecções cada- véricas, se contentasse com apresentar aos seus discípulos pe- ças anatómicas conservadas em álcool ou formol, e preparadas por qualquer technico? Não quizera se fizesse a meus estudiosos collegas a obser- vação que um dia me dirigiu um alumno. Mostrando eu uma vez aos meus discípulos uma serie de preparações microscópi- cas compradas, notou-me no fim da aula um d'elles: — «Mas serão realmente fragmentos de plantas ou antes simples pin- turas muito bem feitas estas preparações? Podem-nos enganar vendendo-nos uma aguarella por tecidos vegetaes». Embora esta observação não tivesse razão de ser, ninguém pode pôr em duvida que taes preparações estão longe de ex- citar aquelle interesse, melhor, aquelle enthusiasmo que notei [5] c. zimmermann: microscopia vfgetal 53 se despertava entre os alumnos, ao fazerem-se as prepara- ções á vista dos que as haviam de observar, estudar e des- crever. O próprio professor não se interessa, nem pode interessar- se com as preparações de outrem, como com as de sua casa. Estas são obra nossa própria: apreciamol-as, estudamol-as e propomol-as com novidade e com um encarecimento que ali- geira e suavisa o estudo, grava melhor as ideias e é incita- mento poderoso para o progresso intellectual. Observações pedagógicas Os que já ensinaram, sabem perfeitamente que o adeanta- mento de uma aula não depende tanto da maior ou menor sciencia e aptidão do professor, da maior ou menor intelligen- cia dos discípulos, como do amor que estes mesmos tomam á matéria que lhes é ensinada. Se um professor conseguir infun- dir nos ânimos juvenis, que o escutam, amor e enthusiasmo para com o que devem estudar, o aliás duro trabalho de ensi- nar e aprender parece desapparecer por completo. Nada é então diflficil, nenhuma lição é demasiadamente grande. Ora nada ha no estudo da anatomia vegetal que tanto ex- cite este amor e interesse no discípulo, como o estudo d'ella por meio do microscópio nos exemplares naturaes. Mostrae aos alumnos algumas preparações no microscópio. Vêem o que nunca viram nem tinham imaginado, e prorom- pem em admiração e enthusiasmo. Olham, e não se fartam de olhar para os differentes objectos, fascinados já da elegância, já da variedade, já da quasi geométrica symetria na disposição das partes. Depois vem uma multidão de perguntas, a que é mister satisfazer. Tudo querem saber, e de tudo dar razão. O primeiro impulso está dado áquelles espíritos juvenis. Apren- deram n'uma hora o que não aprenderiam em muitos dias sem o microscópio. Vereis então os novéis anatomistas com ideias claras e pre- cisas das coisas, em logar das ideias vagas, ligeiras e muitas vezes incorrectas e falsas que adquiririam no estudo dos li- 54 FEVISTA DE SCIENCIAS NATURAF.S [6] vros, embora adornados de estampas, estudo que ordinaria- mente se faz aborrecer por fatigar a memoria. O que se vê grava se mais profundamente que o que se leu ou ouviu. Já Horácio expressou elegantemente esta ver- dade, dizendo: 9Seg)iii/s irritant ânimos demissa per aurem, Qiiam qiiae siint oculis siibjecta Jidelibiis, et quae Ipse sibi íradit spectaíor». Mais um reparo parece dever ter logar aqui. E certo que os naturalistas de Portugal se queixam, e com razão, de en- contrarem no paiz poucos que de alma e coração se dediquem ao estudo das sciencias. Muito mais razão de ser tem ainda esta queixa quando se trata de microscopistas. A única explicação, que d'isto me occorre, é que os jovens não ganharam nunca por estes estudos o interesse e amor de que vou fallando. Verifica-se o adagio allemão aWas Hanschen nichl lernt; lernt fíaus iummermehr>, correspondente ao tão conhecido provérbio português: Remendão em grammatica, toda a vida remendão. O ensino das sciencias e também das mathematicas, com magoa o digo, na quasi totalidade dos es- tabelecimentos litterarios em Portugal é demasiada, para não dizer exclusivamente, theorico. Não bastam os esforços que homens verdadeiramente de- dicados nos cursos superiores empregam para captar, deixae- me dizer assim, um ou outro joven que lhes imite o exemplo. Ao estudante agrada ordinariamente mais a folgada liberdade da vida académica, que um estudo serio e praciico. Ignora com pletamente os encantos e prazeres que encerram estes géne- ros de estudo, que deveria ter aprendido desde a sua carreira de preparatórios. Uma qualidade indispensável e o primeiro requisito para quem se dedica ás sciencias naturaes é incontestavelmente o espirito de observação. Sem elle o naturalista assemelhar-se-hia a um viandante melancholico e^pathico que, atravessando ver- dejantes prados e campos cheios de fructos, não reparasse nas [7] c. zimmermann: microscopia vegetal 55 variegadas boninas e flores de que estão nnatizados, cerrasse os ouvidos ao alegre chilrear das avezinhas e não se deixasse impressionar dos encantos da paizagem que o rodeia. Ora espirito de observação, como este, é o que requer em alto grau a microscopia; mas não o requer só: desenvolve-o e aperfeiçoa-o extraordinariamente. Olha, por exemplo, o estudante pelo microscópio e observa ao professor que vê isto ou aquillo. O professor faz-lhe notar por observações repetidas o engano em que cahiu, e persua- de-o de que na observação foi precipitado e se deixou guiar por preconceitos, parecendo-lhe ver o que imaginava, e não o que realmente havia de ver. Olham vários discípulos por sua vez, obrigados a observar um determinado tecido ou elemento cytologico. As suas obser- vações não concordam. O professor, em logar de lhes cor- rigir immediatamente o erro, obriga-os a novas investigações e novo exame. Sabendo que entre as suas affirmaçÕes diver- gentes só uma pode ser verdadeira, esforçam-se por obser- var o objecto mais detidamente, porfiando cada um por encon- trar a verdade. Assim pouco a pouco se acostuma o discípulo a uma observação minuciosa, que depressa se converte em habito, o que aliás é também muito importante para todos os actos da sua vida. Os repetidos enganos, as continuas correcções que tem de fazer aos próprios juizos, fazem-lhe conceber uma salutar des- confiança de si mesmo. Vê que muitas vezes se enganou, por- que foi precipitado em julgar, e receia enganar-se de novo. Acautelar-se-ha n'aquillo que diz; não proporá nem acceitará como verdadeira uma affirmação, cuja evidencia está longe de possuir. D'este modo o seu saber vae-se apurando e aperfei- çoando mais e mais, e todo o caracter adquire uma certa so- lidez, apanágio da verdadeira sciencia. Além d'isto a conservação dos apparelhos e outros utensí- lios do laboratório micrographico exige muita limpeza e grande delicadeza no manejo e bom uso. Isto influe de tal forma no observador que tudo o que não é limpo lhe repugna, o que é pouco delicado o oftende. Ora o bom educador que se serve 56 REVISTA DE SCIENCI4S NATURAES [8] do microscópio, pode e deve por este meio fomentar nos seus alumnos essas bellas qualidades de um homem social. Finalmente os estudos micrographicos são um grande in- centivo e poderoso estimulo de piedade e amor de Deus, que tudo fez e ordenou com medida, peso e sabedoria summa. Grande se revela o Creador do universo nos enormes cor- pos celestes, e na ordem, disposição e leis com que admira- velmente os regeu-, mas em formosíssimo contraste com estes nol-o pintam não menos admirável, no numero mcalculavel, na variedade de estructura e multiplicidade de fins, todos os seres que a vista alcança, auxiliada pelo microscópio. Quantas vezes, extasiado e como que arroubado ante as maravilhas que nas minhas preparações o microscópio me pa- tenteava, eu louvei a Deus, tão minucioso, delicado e perfeito em suas obras! Talvez algum dos meus leitores receba estas palavras com desdém e sorriso: não importa. Contentem-se ingenuamente outros com essa multidão de hypotheses, ou antes, phantasias que mutuamente se oppõem e destroem quanto a mim, nem por sombras me satisfazem, como não podem satisfazer a quem procura fundar-se em factos e observações. E, para con- cluir estas considerações, seja-me licito citar as palavras do sábio dr. Lionel S. Beale, F. R. S., presidente da Real Socie- dade de Micrographia de Londres. Escrevia elle na introduc- ção á sua obra «How to work with the microscope: For want of a little practical experience in connection with microscopic observation, most ridiculous mistakes have been made; and it is probable that many of the w\\á fancies which have lately been recklessly hazarded, accepted, and spread would never have disgraced science if their authors had in the first instance been able to demonstrate, for then they might have determined whethcr the things they talked about had actual existence, and could be seen with their own eyes and rendered evident to others, or were but the creations of their own imaginaiions. No one who had seen and properly studied the lower forms of life would have jauntily suggested the possibility of their ride through space from their birthplace on a fragment broken [g] c. zimmermann: microscopia vegetal 67 oft" írom a remote world. The man who had often pondered over the movements of the transparent matter of an amoeba woLild surely have hesitated before suggesting to the public the presence of machinery and would never have compared them with the movements of an automaton. Even a very super- ficial acquaintance with the actual structure and mode of growth of any tissue in nature would have interfered with the aífirmation of many of the silly dogmas, of wich aman is a machine» is by no means the only or the most significant exem- ple. Moreover, it is quite certain that a very moderate amount of practical Information upon matters microscópio would have prevented the public from falling headlong into many philoso- phical traps wich have been laid to catch the ignorant who desire to be thought learned, and the unwary who wish to appear knowing. Not one of those who have devoted themsel- ves to the study of living matter, and have seen with their own eyes and contemplated with their own understandings the phenomena of living matter, has been able to discern those promises and potencies wich dr. Tyndall boastfully declares have been discerned by him in matter, a nor has one single observer been able 10 see «molecular» or other machinery in the living matter of any living being. Tor these and other ab- surd and mischievous statements received by the materialist faithful experienced observers who are familiar with the use of the microscope are not responsible». Instrumentos O primeiro instrumento e o mais essencial de todos para um microscopista é sem duvida um bom microscópio. Com elle ha de lidar constantemente; da perfeição d'elle depende a perfeição dos conhecimentos que vae adquirir. Todo o cui- dado e circumspecção é, poi^, necessária na acquisição d'este instrumento; um engano na escolha seria lamentável e teria como consequência necessária o abandono completo dos estu- dos começados, ou gastos pecuniários excusados. O mais seguro será, portanto, dirigir-se o comprador a uma 58 REVISTA DE SCIENCIAS NATURAES [lO] casa constructora de microscópios, conscienciosa e acreditada. Entre estas alcançou nome em todo o mundo a de Cari Zeiss, Optische Werkstatte, Jena na Allemanha, cujas lentes, se não me engano, não teem em perfeição rival na Europa. Esta casa envia os seus catálogos ricamente illustrados em francez, in- glez ou allemão, a quem os requisitar. Consta um microscópio completo do estativo(*), oculares, objectivas e condensador, podendo haver, alem d'estes, outros apparelhos accessorios, que lhe facilitem o manejo, ou sirvam para certos trabalhos especiaes. Convém, pois, escolher em primeiro logar um bom esta- tivo. Vários estão representados no catalogo da casa Zeiss e de differentes preços. Para o fim que temos em vista parece que o estativo IL que a nossa figura representa, satisfaz com- pletamente aos desejos d'um botânico microscopista. Pode ser- vir direito ou inclinado. Alem do parafuso micrometrico de movimento lento, que qualquer estativo deve ter, e serve para focar com a maior precisão, tem uma cremalheira que dá ao tubo do canhão o movimento rápido. Esta cremalheira impede que o tubo, por qualquer accidente imprevisto, adquira um movimento rápido demais, como pode succeder nos estativos em que o tubo se move no canhão com movimento de attrito, não sem grave perigo de deteriorar ou inutilisar a objectiva e partir a prepa- ração. Outro aperfeiçoamento possue o estativo, que o torna re- commendavel ao microscopista: é a platina redonda, de ebonite, com 100 mm. de diâmetro, que pode girar em torno, facilitando d'este modo o exame da preparação por todos os lados. A (^) Sejame licito empregar esta palavra technica, embora até hoje tal- vez não tenha sido usada em português: outras nações cultas não duvida- ram admiiti-la no seu vocabulário. Justifico a minha innovação: Licuit, semperque licebit Signatum praesente nota procudere nomen, Si forte ncccsse est Indiciis monstrare recentibus abdita reriim. (Hor. Arte poética). [•I] c. zimmermann: microscopia vegetal 5q \^\^ ^^'Sj?^ FlG. I bO REVISTA DE SCIENCIAS NATURAES [12] platina, pode alem d'isso, ser centralísada por meio de dois pa- rafusos lateraes do lado do observador e de uma mola anta- gonista actuando de frente para traz. Este mechanismo pode servir também para deslocar lentamente a preparação em qual- quer sentido no plano da pla(ina, dentro de limites restrictos, vantagem que para certas observações é de muita importância. As oculares de uso ordinário para o botânico microsco- pista são as oculares n.°^ 2 e 4 de Huyghens. Pouco a pouco poderá adquirir outras oculares segundo as necessidades espe- ciaes, bastando estas duas para todos os trabalhos geraes da microscopia vegetal. Quanto ás objectivas, bastam egualmente poucas para o fim que temos em vista Das muitas que existem, damos como necessárias as duas objectivas achromaticas seguintes: Objectiva A, que, combinada com a ocular n.° 2, dá um augmento de 5o diâmetros, e com a n.° 4, o de 90. Objectiva D, que dá o au- gmento respectivo de 240 e 420 diâmetros. Desejando ainda maior augmento é recommendavel a ob- jectiva F, que, com as ditas oculares, dá respectivamente um augmento de 585 e 1000 diâmetros (*). Para facilitar o uso de differentes objectivas é de grande vantagem o emprego de um apparelho accessorio, chamado «Revolver» (^) que se adapta ao tubo do microscópio, e per- mitte trabalhar na mesma observação com 2 ou 3 objectivas, podendo-se substituir uma pela outra por meio d'um leve mo- vimento de rotação que se imprime ao revolver. Este mesmo apparelho também facilita notavelmente o trabalho de focar, sem perigo de tocar com a objectiva na lamella; o que de outro modo seria muito fácil, attenta a pequena distancia frontal (3) das objectivas D (2 mm.) e F (0,17 mm.). Foca-se primeiro com a objectiva A; o que é fácil, pois (') Do uso de outras objectivas fallarei a seu tempo. (2) Outro apparelho ha para substituir o revolver, caso se queira tra- balhar com mais de três objectivas. Não o descrevo porque para o nosso fim o revolver é sufficiente. (3) Disiancia frontal é a distancia que vae da lamella da preparação á face inferior da objectiva. [i3] c. zimmkrmann: microscopia vegetal 6i tem a distancia frontal de 9 mm. Querendo agora substituir, por exemplo, esta objectiva pela objectiva D, basta pelo revol- ver collocar esta no logar d'aquella, e depois imprimir pelo pa- rafuso micrometrico um pequeno avanço ao tubo: teremos o objecto focado, sem perigo para a objectiva ou para a prepa- ração. Um bom microscópio deve também possuir um apparelho de illuminação, chamado condensador de Abbe, que faz con- vergir para o objecto, em forma de cone de grande abertura, os raios luminosos reflectidos pelo espelho plano ou concavo do microscópio. Embora para muitos trabalhos este condensador não seja necessário, e baste um diaphragma íris, comtudo por meio d'elle regula se a intensidade da luz com tanta facilidade que o microscopista lucrará muito cm acostumar-se a trabalhar sempre com elle. Sobre o modo como ha de conseguir-se a intensidade de luz desejada, dá esclarecimentos sufficientes o catalogo Zeiss, de forma que me parece inútil insistir mais n'este ponto. Como estou convencido da necessidade (*) de o microsco- pista desenhar as preparações que estuda, parece-me indis- pensável mais um apparelho de desenho. Por meio d'elle po- derão facilmente, até os que nada sabem de desenho, obter imagens boas e fieis das preparações. Aos que teem practica de desenho facilita o trabalho e poupa muito tempo. Impossível é projectar em papel com microscópios ordiná- rios a imagem produzida; pois, como é sabido, é uma imagem virtual. O fim portanto de qualquer apparelho d'esta espécie deve consistir em fazer que aos olhos se offereçam simultanea- mente e sobrepostas a imagem do objecto, que se examina ao microscópio, e a imagem do papel e lápis, que servem para obter o desenho. Inventaram-se para conseguir este fim vários apparelhos, dos quaes, até ha pouco tempo, o mais usado era a chamada camará lúcida ou camará clara, pouco recommendavel por (') Sobre esta necessidade fallarei n'um dos artigos seguintes. 62 REVISTA DE SCIENCIAS NATURAES [•4] imperfeita. Avantaja-se-Ihe, porém, muito o apparelho de de- senhar de Abbe, do qual existem dois modelos diversos. O FlG. 2 primeiro é o apparelho pequeno de desenhar de Abbe, (fig, 2) que alem d\im espelho plano, consta de dois prismas isosce- les, rectangulares, unidos pelas bases de tal modo que formam um cubo — cubo Abbe. O prisma superior tem a base amalga- mada, e apresenta assim uma superfície reflectora com. uma abertura pequena na amalgama (i ou 2 mm. de diâmetro). Este cubo Abbe, mettido n'um tubo de latão, tem uma abertura para o lado do espelho, ao qual está unido por um braço de metal. Todo este conjuncto está ligado por uma charneira a um annel, que se pode aparafusar ao tubo do microscópio. A charneira permitte afastar momentaneamente da ocular o cubo Abbe, para se poder observar o objecto directamente, sem ti- rar de todo o apparelho. Do lado direito do cubo Abbe ha ainda disposição para segurar dois vidros defumados caso se queira diminuir a luz por intensa de mais. O funccionamento do apparelho é muito simples. Por uma parte a abertura na amalgama permitte ver a imagem da preparação, tal qual se veria sem o cubo Abbe*, e por outra [i5] c. zimmermann: microscopia vfgetal 63 o espelho plano convenientemente inclinado reflecte a imagem do papel e lápis, que estão por baixo airavez da abertura la- teral do tubo do apparelho para a superfície reflectora supe- rior da amalgama, que apresenta esta imagem aos olhos do observador. Este, vendo a imagem da preparação como sobre o papel, não tem mais do que seguir com o lápis os contor- nos da mesma imagem. FiG. 3 O segundo modelo é o apparelho maior de Abbe, de que ne sirvo nos trabalhos micrographicos (fig. 3). O funcciona- mento é como o do anterior. Em logar do tubo de latão que protege o cubo Abbe, tem este modelo um braço H Z com um disco perfurado n'uma das extremidades, no qual se pode encaixar o cubo Abbe (P). Este braço pode girar em volta de um eixo Z, para separar o cubo e fazer a observação directa. Com o fim de fazer coincidir o eixo óptico do microscópio com o centro do orifício do cubo Abbe tem o braço H Z mais dois parafusos H e L. O primeiro faz avançar ou recuar o cubo Abbe; o segundo permitte movel-o lateralmente n'um ou n'outro sentido. Por baixo do cubo Abbe, quando está no seu logar, existe um diaphragma de seis aberturas circulares B, cinco das quaes teem vidros defumados de differente intensidade: com estes se 64 REVISTA DE SCIENCIAS NATURAES [i61 regula a intensidade da luz que entra pela parte inferior do microscópio. Sobre o cubo P pode-se ainda collocar outro dia- phragma cylindrico R, que, do mesmo modo que o anterior, permiite dar a conveniente intensidade á luz que entra lateral- mente. FiG. 4 E também de grande auxilio n'estes trabalhos graphicos uma prancheta, a que se pode dar qualquer inclinação: alem de ser muito commoda, faz com que a imagem não seja de- formada por causa da inclinação do espelho. O modelo de que me sirvo é o representado na íig. 4. O constructor é também Cari Zeiss, de Jena. Para se observarem as preparações, é indispensável que sejam transparentes. Embora muitos objectos, como as algas de agua doce, pellos, etc. possuam esta qualidade; comtudo a maior parte não a tem. E mister, pois, reduzir o vegetal a uma lamina de grossura tal, que a luz a possa atravessar. Sem isto [17] c. zimmermann: microscopia vrgetal 65 seria inútil o mais perfeito microscópio. Para este fim serve o 7iiicroíomo. O microtomo mais simples é uma navalha de barba. Com ella conseguem-se fazer ás vezes cortes tão delgados, que nada deixam a desejar. E' verdade que d'entre muitos cortes que se fazem, muitissimo poucos poderão servir; po- rém com o exercicio muito se consegue. Basta ás vezes segu- rar simplesmente com a mão esquerda, o fragmento que se quer cortar encostando o braço ao peito, para obter estabili- dade, e cortar com a navalha na mão direita. A natureza do objecto exige outras vezes que se segure entre duas laminas de medulla de sabugueiro ou dois discos de batata, apertando tudo entre os dedos e cortando a medula ou batata ao mesmo tempo que o objecto. O processo de cortar os objectos entre os dedos com o au- xilio da navalha de barba, além do inconveniente já apontado de se inutilizarem muitos cortes, tem ainda outros defeitos, como o não se cortarem com a mesma grossura em toda a ex- tensão, ficando n'umas partes mais transparentes que n'outras, e o não sabermos com exactidão a espessura dos cortes por causa da incerteza dos movimentos e instabilidade das mãos. KiG. b 66 REVISTA DE SCIENCIAS NATURAES [i8] O.microtomo cylindrico (fig. 5) e o microtomo de mão (fig. 6) evitam todos estes inconvenientes. O primeiro consta de um cylindro oco com uma platina de vidro de 7 cm. de diâmetro, em cuja parte superior desliza a navalha. O objecto segura-se com uma pinça provida de parafuso no interior do cylindro. Esta pinça, e com ella o objecto, pode ser levantada gradualmente por meio de um parafuso micrometrico com um circulo graduado na parte inferior do cylindro. Avançando com este parafuso micrometrico uma divisão, levanta-se o obje- cto o'"'",oi, podendo assim obtcr-se cortes d'esta grossura. Pode- se fixar o microtomo na mesa por meio de um parafuso (*). Fig. 6 Outro modelo de microtomo simples é o microtomo de mão (fig. 6). Funcciona como o anterior-, mas com a vantagem de ter uma pinça que se pode tirar. A platina é substituída (') Cu;,ta 4^200 réis. [•9] c. zimmermann: miroscopia vegetal •67 por duas laminas estreitas de vidro de 7 cm. de compfi- mento (*). Estes microtomos, embora não sejam dos mais perfeitos, podem comtudo prestar grande serviço e poderão bastar para quem só raras vezes se entrega a estudos microscópicos. Com o microtomo cylindrico consegui arranjar cortes que satisfazem plenamente. Porém, para quem d'estes estudos quizer fazer occupação predilecta, convem-lhe um microtomo mais perfeito. D'estes ha systcmas diíferentes e modelos variadíssimos, devendo-se attender na escolha ao fim que se tem em vista, pois uns ser- vem para trabalhos geraes, outros para certos trabalhos e pro- cessos especiaes. Para o nosso caso convirá um, que, além de uma applicação geral, seja barato, solido e tenha a perfeição desejada. Ora a estes requisitos, a meu ver, satisfaz completa- mente o microtomo automático de systema Schantze, do afa- mado constructor Ernst Leitz, Optischc Werkstatte, Wetzlar, FlG. 7 (1) Custa 8íSí»400 réis. 68 ■ REVISTA DE SCIENCIAS NAFURAES [2o] na Allemanha. A nossa figura 7 representa esse micro- tomo(*). Com elle podem facilmente obter-se cortes de o,"""oo25. A fiugura dispensa ulteriores explicações; se, porém, alguém as desejar sobre o seu funccionamento e preço, pôde vel-as no ca- talogo que o mesmo contructor envia grátis e franco em allemão, francez ou inglez, a todos os interessados. E de notar que a navalha d'este microtomo também pôde ser movida á mão, porém melhor é que isto se faça automa- ticamente, por meio de uma manivela e cadeia; pois será d'este modo o trabalho incontestavelmente mais perfeito e faci'. Devo accrescentar que a differença do preço é pequena. Fixação Conhecemos já os apparelhos; passemos agora aos proces- sos que tornam os vegetaes capazes de se estudarem ao mi- croscópio. E, pois o fim que o micrographo tem em vista, não é tanto observar phonomenos pathologicos, traumatismos ou alterações post mortem, como conhecer a estructura normal da planta quando viva, necessário se torna conseguir que o vege- tal apresente depois de morto essa mesma estructura que na maior parte d'elles, emquanto vivos se não pôde estudar. O processo para o obter diz-se fixação. Deve, portanto, um bom fixador ter duas propriedades es- senciaes: i) matar rápida e, se possível fosse, instantaneamente os differentes elementos do vegetal; afim de evitar todo e qualquer estado pathologico; 2) fixar estes mesmos elementos, que é não só tornal-os inca- pazes de alterações post -mor tem, mas ainda conseguir que, du- • Outras casas constructoras de microtomos são: R. Jiing, Heidelberg. I .andhausstrasse 12, Allemanha.— Schanze, Leipzig, Bruderstrasse, 3i. Al- lemanha— Reichert, Vienna d'Austria, Bennogasse, 24, 26. — Aug. Becker, Gõttingen, Allemanha. — í£. Zimmermann, Leipzig, Albertstrasse, 10. Ar- lemanha.— Kipp & Zonen, Dclft, Ilollanda. — Bansch & Lonib, Rochestel, N. Y. America. [2i] c. ziMíMermann: microscopia vegetal 69 rante as manipulações, todos os elementos conservem invariá- veis as posições relativas de uns para com os outros. Muitas espécies ha de fixadores, uns de applicação geral, outros que só se empregam em trabalhos determinados. Dizer de um modo geral, quaes de entre os primeiros sejam melho- res, é difficil; pois o seu resultado depende de circumstancias múltiplas e summamente variáveis em casos particulares. Só a experiência própria e alheia em condições perfeitamente idên- ticas poderão ser bom. guia na escolha. Gomtudo, ha alguns que na quasi totalidade dos casos dão resultados, senão óptimos, ao menos satisfactorios. Descreveremos alguns dos que oftere- çam menos difficuldades no emprego. O preferível para principiantes é sem duvida o fixador Gilson (*) cuja composição é a seguinte : Acido azotico de 46° Baumé 78 c. c. D acético cristalizavel 22 » Bichloreto de mercúrio q5 a 100 gr. Álcool de 60 ° 5oo c. c. Agua distillada 4400 » Convém saturar a mistura com iodo. Outros fixadores recommendaveis são os que teem por base o acido chromico, v. g. Fixador cliromo-acetico Acido chromico 0,8 cc. » acético glacial o, 5 » Agua distillada 99,0 » (') Embora esta receita seja de facil confecção, é preferível, e quiçá mais económico, comprar o fixador, assim como qualquer outro producto, já preparado por alguma casa especialista em productos chimicos para microscopia, tal como a do Dr. G. Grtibler & C.% Centralstelle fur mi- croscopisch-chemischen Bedarf, Leipzig — Allemanha. 70 REVISTA DE SCIENCIAS NATURAES [22] Liquido de Flemming (solução fraca) Solução de acido chromico Vioo • • 25 volumes » D B osmico Yioo-.. IO » » » » acético Yioo • • • lo » Agua distillada 55 » Liquido de Flemming (solução forte; (Solução de acido chromico Vioo • ii partes A<; Agua distillada 4 r> B Acido acético i I Solução de acido osmico -/10o no I Acido chromico Yioo Embora a formula dada por Flemming não tenha as solu- ções A e E distinctas, comtudo parece melhor fazer estas duas soluções em separado e misturar antes do uso (4 partes de A com \i » i> B Não conservando as duas soluções separadas, deteriora-se facilmente a solução em virtude da grande quantidade relativa de ácidos orgânicos. A solução B deve conscrvar-se em logar escuro ou n'um frasco de vidro corado. Os liquidos de Flemming teem especial utilidade nos estu- dos cytologicos principalmente dos chromosomas, centrosomas e estructura achromatica, e em geral no estudo de todos os phenomenos karyokineticos. Todos os fixadores que teem por base o acido chromico são de pouco poder penetrativo. Por tanto é necessário que os fragmentos, que se querem fi.xar, sejam muito pequenos e a fi.xação prolongada. Nos casos ordinários bastarão 6 a 12 horas, [23J c. zimmermann: microscopia vegetal -71 não havendo comtudo inconveniente algum em prolongar a acção do fixador até 24 horas, ou mais. Se os objectos, que se lançam no liquido fixador, não fica- rem immersos, basta mergulhal-os um instante em álcool abso- luto e depois deital-os no fixador. Fixador de acido picrico Serve principalmente para fixar algas filamentosas ou uni- cellulares, como lambem objectos que por sua natureza são frá- geis, ou se tornam taes pelas manipulações subsequentes. Em- prega-se uma solução aquosa, saturada a frio. O poder penetrativo d'este fixador é grande, bastando por tanto pouco tempo para fixar os objectos. Não ha também aqui inconveniente em prolongar a fixação até 24 horas. Fixador alcoólico Também os alcooes podem servir de agentes fixadores; teem comtudo o inconveniente de provocar, em virtude do grande poder deshydratante, fortes correntes osmoticas, que trazem como consequência inevitável a plasmolyse (*). Entre todos os alcooes porém é o álcool absoluto que está menos sujeito a este inconveniente:, pois coagula os elementos histo e cytologicos com tanta rapidez, que os inconvenientes do poder deshydratante ficam, senão de todo, pelo menos em grande parte removidos. Será em todo o caso preferível não empregar o álcool como fixador, senão em trabalhos de natureza puramente anatómica. Fixador aldehyde fórmico Este fixador tem em geral os mesmos defeitos que os fixa- (1) Chama se assim a contracção do protoplasma provocada pelas cor- rentes osmoticas. Em certos estudos convém provocal-a, como veremos mais tarde. -j2 REVISTA DE SCIENCIAS NATURAES [24] dores alcoólicos*, serve porém em solução de 2 p. 100 ou 4 p. 100 para fixar algas filamentosas, que n'elle podem permane- cer indefinidamente. O aldehyde fórmico, que ordinariamente toma no commercio o nome de formol ou formalina, empre ga-se mais como liquido conservador, do que como fixador. A's vezes succede que no meio da fixação o liquido fixador se torna turvo. E' então de summa importância renovar o li- quido.— Sempre se deve procurar com o máximo cuidado obter uma boa fixação. Sem ella, nenhumas manipulações sub- sequentes dariam bom resultado. Lavagem Acabada a fixação, segue-se a lavagem, que tem por fim remover do objecto qualquer resto do fixador, quando este não haja dado origem a combinações estáveis com certos elementos vegetaes. Esta lavagem faz-se com agua, excepto quando se tenha empregado como fixador o acido picrico; pois n'este caso só pôde ser feita com álcool (70 por 100). Para conseguir uma lavagem completa pódem-se lançar os objectos fixados n'um copo, tina ou cristallisador, com agua distillada, renovando a com frequência. Melhor é sem duvida lavar em agua corrente. Para o meu uso emprego um frasco lavador representado na figura 8. E' um frasco de gargalo largo, tapado com uma ro- lha de cortiça (^), que sustenta um funil comprido e um tubo de vidro recurvado. Este, na sua extremidade (a), tem uma rede de ga-{e para impedir que os objectos pequenos sejam ar- rastados peia corrente de agua para fora do frasco. Quando os objectos mergulham na agua completamente, introduzo o funil até que a extremidade inferior esteja quasi no fundo do frasco; o tubo recurvado, pelo contrario, le- vanto-o o mais possível. Se, porém, os objectos fixados fluctua- rem, enteio levanto o funil e abaixo o tubo recurvado. (') Não convém empregar rolha de cautchú, porque este seria atacado pelos dilTercntes fixadores e em breve inutilisado. [2 5] c, zimmer.mann: microscopia vegetal 73 D'este modo parece-me que se consegue uma lavagem mais rápida e completa, pois, além de ser mais perfeita a renovação da agua, acham-se os objectos em continuo movimento em virtude da queda e corrente d'esta. A lavagem pôde dár-se por completa depois de 4 a 6 horas, tendo-se empregado o liquido de Gilson. Po- £pZ^ rém com outros fixado- res é necessário pro- longal-a de 6 a 10 e mais horas. Deshydratação Depois da lavagem segue-se a deshydrata- Ij cão. (*) Tem esta por // fim remover todo e qualquer vestígio de agua e acabar de dar aos objectos a conve- niente dureza, que os faça aptos para as manipulações subsequentes. Esta des- hydratação deve ser lenta, principalmente quando o objecto houver de cortar-se em paraffina. Descreverei o que eu escolhi depois de experimentar outros mais rápidos, porém não satisfactorios. Mergulham-se os objectos successivamente na seguinte serie de alcooes: (4) Querendo corar os objectos iu tolo ou em massa n'um corante aquoso, passavam-se agora para este. Porem como este processo não deve ser o ordinário; embora seja o mais fácil para o principiante, que por elle deve começar, omitto-o por emquanto, faliando d'elle quando tratar dos proces- sos de coloração. Direi também então como se ha-de proceder, para corar os objectos em massa n'um corante alcoólico. "74 REVISTA DE SCIENCIAS NATURAES [26] Álcool 10 por 100 i — 2 horas » 20 » » » — » » » 3o » » » — » » » 40 » » » — » • » 5o » D » — » » D 60 D D » » » » -70 o V 24 4S » D 80 » » I — 2 » » go » » > » — •> » » 1 00 (^) » » » — » » Não querendo ou não podendo completar todas as manipu- lações, suspende-se a desh3^dratação do álcool a 70 por 100 em que os objectos podem conservar-se indefinidamente. Com- tudo, havendo de infiltrar nos objectos paraffina, é preferível proseguir a deshydratação até este termo, por ser na paraffina que melhor se conservam as preparações. Succede ás vezes que os objectos, preparados n'um fixador de que faça parte o acido osmico, dão no álcool conservador origem a um ténue precipitado negro. N'este caso deve-se reno- var o álcool ou, o que ainda é mais seguro, pôr os objectos em logar inaccessivel á luz. A deshydratação faz se commodamente em tubos pequenos de vidro de 1,5™ de largura e 4,5 a 5'"' de comprimento. O álcool já empregado não deve servir segunda vez para a deshydratação. Dou em seguida a tabeliã de Gay Lussac, por meio da qual se pôde obter álcool de grau inferior com outro de maior grau misturando-lhe um certo volume de agua, cuja proporção é in- dicada no quadro, dispensando assim o emprego do alcoometro. Querendo, por exemplo, obter álcool de 46 por 100 por meio de álcool de 76 por 100, procura-se na primeira columna vertical o numero 46 e na primeira columna horizontal o nu- mero 75. No cruzamento da columna horizontal do numero 46 (-) É hom renovar uma ou duas vezes este álcool [27] c. zimmermann: microscopia vegetal 75 com a columna vertical de 73 en;ontra-se o numero 69,54. Devera, pois, juntar-se a i volume de álcool de 75 graus, 69,5 volumes de agua para obter o álcool desejado. 0 ■- li!" Cj «3 Graduação do álcool de que se dispõe 90 85 1 80 75 70 65 60 58 50 85 6,56 80 i3,79 6,83 76 21,89 14,48 7,20 70 3i,o5 23,14 i5,35 75^4 65 41,53 33,o3 24,66 16,37 8,i5 60 53,65 44,48 35,44 26,47 17,58 8,76 55 67,87 57,90 48,07 38,32 28,63 19,02 9,47 50 84,71 73,90 63,04 52,43 41,73 3i,25 20,47 10,35 45 io5,34 93,3o 8 1,38 69,54 -^7,78 46,09 34,46 22,90 11,41 1 40 i3o,8o 117,34 104,01 90,76 77,58 64,48 5 1,43 38,46 25,55 35 163,28 148,01 1 32,88 117,82 102,84 87,93 73,08 58,3 1 43,59 1 1 5]0 206,22 188,57 171,05 io3,53 1 36,04 118,94 101,71 84,54 6-,45 (Continua) ZOOCECIDIAS DOS SUBÚRBIOS DE VIENNA D'AUSTRIA COLHIDAS POR J. S. TAVARES As zoocecidias da Áustria têm sido estudadas por muitos e notáveis naturalistas, sobresaindo entre elles Giraud, Mayr, Hartig e Wachtl na Áustria inferior e Paszlawski no reino da Hungria. O dr. Fr. Lõvv occupou-se particularmente das Cecidomyidae, Psyllidae e Eriophydae. Poderá por tanto pa- recer inútil tratar de assumptos já conhecidos, principalmente em relação a um paiz que não é o meu. A isto responderei primeiramente que o campo scientifico está sempre patente a todos os tcabalhadores, nacionaes ou extranhos. Em o nosso Portugal bastantes têm sido os naturalistas extrangeiros, que nos estudaram a fauna e flora. O próprio Giraud, a quem tanto deve a fauna cecidologica austríaca, era extrangeiro e estudou os cynipides dos arredores de Vienna, emquanto se demorou nessa capital como medico do embaixador francez. Pelo que me diz respeito, quando comecei a recolher as zoocecidias das mattas de Vienna, foi mais com o intuito de augmentar a minha coUecção com as espécies próprias da Áustria, do que descobrir alguma coisa nova. Tanto mais que me havia de demorar pouco tempo, e só nalguns raros pas- seios, que dava para allivio de minhas multíplices occupações, 78 REVISTA DE SCIENCIAS NATURAES [4] é que podia distrahir-me na colheita das zoocecidias e mais ainda nas herborizaçÕes que procurei fazer, visto ser a flora local tão interessante e differente da nossa. Accresce que numa grande capital como Vienna, por causa das distancias, é preciso dispor de muito tempo para ir ao campo. Se me animei a dar a lume esta pequena enumeração, apesar do numero de es- pécies ser bastante limitado, é porque o resultado de minhas investigações me fez conhecer que o campo não estava ainda tão explorado, como era de suppôr. Assim, alem de espécies muito raras, como é o Andricus Giraudi Wachtl, encontrei outras que não eram ainda conhecidas na fauna da Áustria inferior (por ex. o Andricus superfetationis Pas:;.) e oito es- pécies novas. D'estas a Contarinia quercicola foi já posterior- mente descripta por Rubsaamen (1899). Se das sete restantes não obtive a imago, foi isso devido ás razões acima apontadas. Se tivesse permanecido mais tempo em Vienna, não só o teria conseguido, mas é provável que descobrisse ainda outras es- pécies novas. Se por tanto este modesto trabalho lograr ao menos persuadir os naturalistas d'esse pittoresco paiz, que ainda ha nelle zoocecidias desconhecidas, o contrario do que me affirmavam alguns-, dar-me-hei por bem recompensado de al- gum trabalho que nisto tive. E assim parece-me ter respon- dido ás observações que me podem ser dirigidas. As minhas explorações limitaram-se ás mattas ou fllorestas (Wienenpald) situadas a oeste, noroeste e norte de Vienna. São ellas formadas principalmente de faias (Fagi/s silvatica L.) e carvalhos (Qiieixus cerris L , Q^ pediniciilata Ehrh., Q. sessilijlora Salisb. e Q. pubescens Willd.); e occupam grandes extensões de terreno, principalmente a noroeste, sendo a oeste continuadas pela tapada imperial. A sua amenidade excede todas as ponderações que eu podesse fazer. Para não falar do encanto das fontes e regatos, que ás vezes se despenham de grandes alturas entre faias que se elevam tanto, que a vista não as pode seguir; tudo está cortado de passeios ladeados de bancos, casas de abrigo, chalets e restaurantes. O extrangeiro não se pode nelles perder*, pois em todas as encruzilhadas ha tabo- letas indicando os caminhos e direcções que deve seguir. Nem [5] J. S. TAVARES: ZOOCECIDIAS DE VIENNA 7Q isto é para admirar; visto haver em cada freguezia uma so- ciedade chamada de afoniioscainento, cujo fim é vigiar pela conservação das mattas, limpeza dos passeios e tudo o mais que contribue para a amenidade do seu termo. A monotonia é cortada pelo alegre dos prados (Wiesen), intercalados no arvoredo e atapetados de flores na primavera:, onde, a cada passo, se vêem as lebres e zorlithos a pastar. E' principalmente nestas relvas encantadoras, que os viennenses se juntam em multidão aos domingos a tomar suas merendas de familia, quando lhes falta o divertimento predilecto da patinagem. As minhas zoocecidias foram colhidas principalmente em Lainz, Ober S. Veit, Mauer, Rodaun e Kalksburg. Varias foram classificadas pelo Rev. P.' Kieffer e por isso tributo neste logar publico agradecimento á amabilidade do meu sábio amigo. As que são novas para a fauna austriaca, vão marcadas com o signal *. S. P^iel, Julho, 1902. BIBLIOGRAPHIA "* Cynipidae 1. Giraud (J. E.) — Signalements de quelques espèces nouvelles de Gyni- des et de leurs galles. 1859. (Verh. :jfool. boi. Ges. Wien. p. SSy). 2. — Fragments entomologiques. 1861. flhid. p. 447-494). 3. Haimhofen — Cynips coriaria, 1867. fVerh. ijool. bot. Geselsch. Wien, p. 529). 4. Hartig (Th.) — Ueber die Familien der Gallwespen. 1840. (Germar's Zeitschr., ir, p. 176-209). 5. — Ueber die Familien der Gallwespen. 18 }i. (Gennar's Zeitschr., iii, p. 322-358). 6. — Ueber die Familien der Gallwespen. 1843. (Ibid. iv, p. SgS). 7. KoUar (V.)— Ueber springenJe Gynips-Gallen auf Quercus Gerris. 1857. (Verh. :çool. bot. Ges. Wien, p. lò). 8. Mavr (G). — Die mitteleuropaischen Eichengallen in Wort und Bild. 1870-71 (10 und II Jahresbericht d. Comm. Oberrealsch. \x, Be:f. Wien, est. i-vii). 9. — Die Einmiethler der mitteleuropaischen Eichengallen. 1872. (Verh. ^ooL bot. Gesellsch. Wien, p. 669-726). 10. — Die europaischen Gynipiden-Gallen, mit Ausschluss der auf Ei- chen vorkommenden Arten. 1876. (i5 lahresbericht d. Comm. Oberrealsch. ix, Be:;. Wien, 24 p. e 3 est.) 11. — Die Genera der gallenbewohnenden Cynipiden. 1881. f^/Z'/íí. 38 p.) 12. — Die eurospâischen Arten der Gallenbewohnenden Gynipiden. (Ibid. 44 p.) i3. Paszlawsky (J.) — Beitrage zur Cynipiden-Fauna Ungarns. 1882. (Fer- mésjetrajji Fiísetek. BudapestJ. 14 — Die Galle und Wespe der Gynips superfetationis. 1884. (Wiener ent. Zeit. p. 147 -i5i). (i) Não foi meu intuito apresentar uma bibliographia completa, que isso seria demasiado extenso ; mas tão somente fazer menção de alguns trabalhos mais importantes sobre a ceci- dologia e cynipides austríacos. 82 REVISTA DE SCIENCIAS NATURAES [8] i5. Paszlawsky (J.) — Cynips superfetationis. i885. (Mathem. u. Natunv. Ber. aiis Un^arn, p. 172-177). 16. — Gubacsok a magyar tolgion (cecidias do carvalho de Hungria). iS85. fErdésijeli Lapok, p. 3oi-3o2). 17. Tschek (G.) — Ueber eine neue Galle aus Eichen. 1869. ^'Ff?r//. foo/. bot. Gesellsch. Wien t. xix, p. 559). 18. — Zwei neue osterr^, Cynipiden und ihre Gallen. 1871. (Ibid. p. 797-798). 19 Wactl (Fr.) — Beitriige zur Kenntniss d. gallenerz. I.isecten Europas. 1881. fVerli. ^ool. bot. Gesellsch. Wien, p. 53 1-545, est. xviii). 20. — Chilaspis Loewi n. sp. 1882. f Wiener ent. Zeit. p. 291, est. iv). Gecidomyidae 21. Dalla Torre (Von) — Die Zoocecidien und Cecidozoen Tirols und Vor- arlbergs. 1891-92. (Berichte des Natunv. medi^. Vereins m Innsbruck, xx lahrg., p. 90-172). 22. — Zweiter Beitrag. 1894. (Ibid. xxi lahrg. p. 3-24). 23. — Dritter Beitrag. 1896. flbid. xxii I;ihr. p. i35-i65). 24. Frauenfeld (von) — Die Linsengallen der Õsterreichischen Eichen. i856. (Buli. Soe. Nat. Moscou, t. xxiv, p. 293-405, est. iv). 25. Lõw^ (Fr.) — Ueber neue und einige ungeniigend bekannte Gecidomyi- den der Wiener Gegend. 1875. fVerh. ^ool. bot. Geselsch. Wien. t. XXV, p. i3-32, est. n). 26. — Ueber Gallmucken. 1877. (Ibid. t. xxvii, p. i-38, est. 1). 27. — Mittheilungen Líber Gallmucken. 1878. ("Ibid. t. xxviii, p. 387- 406, est. iv). 28. — Beitriige zur Kenntniss der gallenerzeugenden Cecidomyiden. {Ibid. t. XXXV, p. 483 — 5 10, est. xvii). 29. Lõw. (H.) — Mittheilungen uber neue und bekannte Gecidomyden. 1888. (Verh.' ^ool. bot. Gesellsch. Wien t. xxxviii, p. 231-24Ó). 30. Mik (Jos.)— Ueber ein neues Gallinsect aus Nieder-Oesterreich. 1882. (]Men. ent. Zeit., t. i. p. 275-269). 3i. — Diptera des Gebietes von Hernstein in NieJer Oesterreich und weiteren Umgebung. iS85. (Beek's Fauna von Hernstein, 11 Theil). 32 — Drei '.ecidomyidengallen aus Tirol. 1790. [Wiener ent. Zeitg- t. IX, p. 233-238, est. i-ii). 33. — Ueber zwei Gecidomyidengallen aus Tirol. 1892. {Ibid. t. xi, p. 3o6-3o8, est. iv). 34. Szepligeti (V.) — Beitrage zur Kenntniss der Verbreitung dei Gallen mit besonderer Riicksicht auf die Ungebung von Budapest. 1890. (Termesretraj^i Fusetek, Budapest. p. 40-44). 35. — Adatok a magyarorszagi Gubacsok ismeretehaz. 1895. (Ibid. p. 214-219). [g] j. s. Tavares: zoocecidias de vienna 83 PSYLLIDAE 36. Lõw (Fr.) — Uebersicht der Psylloden von Oesterreich-Ungarn mit Ein- schluss von Bosnien und der Herzogowina, nebst Beschreibung neuer Arten. 1888. (Verh. ^ool. boi. Ges. Wten; t. xxxviu, p. 5-40). Phytoptydae 37. Lõw (Fr.) — Ueber Milbengallen. 1874. (^Ibid. t. xxv, p. 727-632). 38. — Nachtrage zu meinen Arbeiten iiber Milbengallen. 1875. fibid. xxv, p. 23-38). 39. — Beitrãge zur Kenntniss der Milbengallen 1878. (Ibid. t. xxviii, p. 127-150). 40. — Beschreibung von neuen Milbengallen. 1879. (Ibid. t. xxix, p. 715-727). 41. — Ein Beitrag zur Kenntniss der Milbengallen. \8S3. {"Ibid. t. xxxiii, 129-133). 42. — Ueber neue und schon bekannte Phytoptocecidien. i885. ("Ibid. t. XXXV, p. 451-470). 43. — Neue Beitrãge zur Kenntniss der Phytoptocecidien. 1886. (Ibid. t. XXXVI. p. 23-38). REVISTA DE SCIENCIAS NATURAES [lO] HYMENOPTEROGECIDIAS CYNIPIDAE CYNIPINAE Género Rhodites Hartig 1. R. eglanteriae Hart. Na Rosa sp.? Entre Ober S. Veit e Fanitheum, setembro, 1898. Commum. 2. R. rosarum Gir. Na Rosa sp.? Ibid. Setembro, 1898. Obs. Esta espécie é bastante rara. Os prolongamentos, que estão á su- perfície da cecidia, umas vezes são curtos e grossos, outras compridos, delgados e ponteagudos. 3. R. spinosissimae Gir. Na Rosa sp.? Ibid. Setembro, 1898. Obs. As cecidias estavam no limbo das folhas perto da nervura média e eram avermelhadas. Giraud diz tel-as observado também nos peciolos e caules. Não são raras, pois encontrei bastantes exemplares. 4. R. rosae (L.) Hart. Na Rosa sp.? Entre Lainz e Fanitheum, outubro, 1898. Muito commum. A cecidia íbedef^ar) está coberta de longos filamentos musgosos. [li] J. S. TAVARKS: ZOOCECIDIAS DH VIENNA 85 Género Xestophanes Forster 5. X. brevitarsis Thoms. Y Na Potentilla procumbens Sibth. Lainz, setembro, 1898. Commum. Género Andricus Hartig 6. A. ostreus (Gir.) Mayr No Q. sessiliflora Salisb. Matta do Collegio de Kalksburg. No Q. pedunailata Ehrli. Ibid. Agosto, 1898. Commum. 7. A. multiplicatus Gir. No Q. cerris L. Setembro, 1898. Raro. 8. A. singulus Mayr No Q. cenis 1.. Setembro, 1898. Raro. 9. A. circulans Mayr No Q. cerris L. Agosto, 1898, 10. A. trilineatus Hart. No Q. sessiliflora Salisb. Setembro, 1898. 11. A. curvator Hart. No Q. sessiliflora Salisb. Setembro, 1898. 12. A. inflator Hart. No Q. pcduncidata Ehrh. Entre Lainz e Fanitheum, se- tembro, 1898. Bastante commum. i3. A. glandulae Schenck No Q. sessiliflora Salisb. Setembro, 1898. Raro. 14. A. Giraudi Wachtl No Q. sessiliflora Salisb. Matta do Collegio de Kalksburg, setembro, 1898. 86 REVISTA DE SCIENCIAS NATURAES [l2] Obs. A cecidia em setembro estava ainda nos ramos de um carvalho pequeno. Encontrei poucos exemplares, apesar de a ter procurado repe- tidas vezes. i5. A. g-lobuli Hart. No Q. pediinciílcita Ehrh. Setembro, 1898. Raro. 16. A. fecundatrix Hart. No Q. pubescens Willd. Setembro, 1898. 17. A. lucidus Hart. No Q. sessilijlora Salisb. Entre Lainz e Fanitheum, setem- bro, 1898. No Q. pediinciilata Ehrh. Setembro, 1898. Não é raro. 18. A. KirchsbergiWachtl No Q. pedunculata Ehrh. Setembro, 1898. Parece raro. E só conhecido da Áustria, Itália e Portugal. 19. A. solitarius Fonsc. No Q. pubescens Willd. Setembro, 1898. Género Cynips (Linneu pr. p.) 20. C. glutinosa Gir. No Q. sessiliflova Salisb. Outubro, 1898. Raro. 21. C. caput-medusae Hart. No Q. pubescensyV\\\á. Agosto, 1898. Nos QCl- sessilijlora Salisb. e pedunculata Ehrh. Montes de Kalksburg, setembro, 1898. Obs. Esta elegante cecidia justifica o nome especifico nos prolonga- mentos sem conto, que lhe cobrem a superfície e estão entrelaçados em todas as direcções. É communissima. Quando no inverno os carvalhos estão despidos de folha, veem-se os ramos cobertos d'estas bonitas pro- ducções, que semelham ao longe ouriços de castanheiro (mais pequenos porem, pois o diâmetro de ordinário não excede o"',04). [i3] j. s. Tavares: zoockcidias de vienna 87 22. O. oalicis Burgsd. No Q. pedunailata Ehrh. Ober S. Veit; setembro, 1898. Obs. Este cynipide é a forma agamica do Andricus cerri Bajer. 23. # C. coriaria var. lusitanica Kieíf. •\- No Q. pedimculata Ehrh. Setembro, 1898. Obs. Não conservei as folhas do carvalho em que colhi esta espécie; parece-me comtudo que é o que fica indicado. 24. C. coriaria Haimh. No Q. sessiliflora Salisb. Outubro, 1898. Commum. 25. O. aries Mayr No Q. piibescensWúXá. Setembro, 1898. Raro. 26. C. galeata Mayr No Q. pedimculata Ehrh. Setembro, 1898. 27. C. lignicola Hart. No Q. sessiliflora Salisb. Outubro, 1898. 28. *# Cynips n. sp.? Cecidia. E bastante parecida com a do C. calicis Burgsd.; mas diftere d'ella: i.° na cor, que é amarellada: 2.° em estar coberta de uma substancia pegajosa pouco abundante: 3." alguma coisa na forma e tamanho, e bem assim na po- sição da cellula central. A íórma é a de um cone truncado e muito rebaixado, sendo a altura (sem o pé por onde se insere á cúpula) 739 mm. e a largura na base 18 a 21 mm. Da parte superior á base correm 9 querenas ou quilhas longitudinaes, interrompidas como na do C. calicis, de modo que muitas ve- zes se estreitam em prolongamentos. Superiormente ha um orifício, que se continua com uma cavidade central, donde parte 88 REVISTA DE SCIENCIAS NATURAES [14] O pé com a forma de um cone invertido, cujo comprimento anda por 9 mm. Na base do pé está a cellula central de paredes delgadas, situada horisontalmente e fixa ao pé por todos os la- dos, sendo as suas dimensões as mesmas que na do C. calicis. Toda a cecidia é lenhosa. A lande desenvolve-se quasi nor- malmente e o pé passa entre ella e a cúpula, fixando-se na parte interna e inferior da mesma cúpula. A base da cecidia encobre esta, como na do C. calicis. A superfície da cecidia veem-se sulcos pouco fundos e mais ou menos tortuosos. Ha fructos com duas e três cecidias. Habitat. No Q^ pedimculata Ehrh. Fanitheum, outubro, 1898. Obs. Os insectos estavam ainda no estado de larva, e não consegui obter a imago. O sr. P. Kieffer também não foi mais feliz com as larvas que lhe enviei. Género Aphelonix Mayr 29. A. cerricola Gir. No Q^ cerris L. Entre Mauer e Kalksburg, agosto, 1898. Bastante raro. Género Biorrhiza Westwood 30. B. pallida Ol. No Q^ pedunciilala Ehrh. Setembro, 1898. 3i. B. aptera Bosc No Q. pedimculata Ehrh. Setembro, 1898. Género Chilaspis M avr 32. C. LõwiWachtl No Q. cerris L. Setembro, 1898. Encontrei poucos exem- plares. [i5] j. s. Tavares: zoocecidias de vienna 89 Género Dryophanta Forster 33. D. folii (L.) No Q. pedimcidata Ehrh. Perto de Kalksburg, setembro, 1898. No Q. pediinciilata Ehrh. Perto de Kalksburg, setembro, 1898. •X No Q^jt7//í'esce//sWilld. Montes (não longe de Kalksburg), setembro, 1898. Raro. Obs. Não me consta que esta espécie fosse ainda encontrada no Q. pubescens Willd. 34. D. pubescentis Mayr No Q. pubescens V^'ú\á. Setembro, 1898. 35. D. agama Hart. No Q. pedunculata Ehrh. Matta do collegio de Kalksburg, agosto, 1898. 36. D. cornifex Hart. No Q^ pubescens Willd. Matta do collegio de Kalksburg, agosto, 1898. Obs. Encontrei bastantes exeiuplares, mas somente num carvalho pequeno. Género Neupoterus Hartig 37. N. saltans Gir. No Q. cerris L. Perto de Kalksburg, agosto, 1898. Commum. 38. N. minutulus Gir. No Qj cerris L. Setembro, 1898. 39. N. lenticularis 01. No Q pedunculata Ehrh. Setembro, 1898. 40. N. fumipennis Hart. No Q. sessiliflora Salisb. Setembro. 1898. 90 REVISTA DE SCIENCIAS NATURAKS [l6] 41. N. lanuginosus Gir. No Q. pubescem Willd. Setembro, 1898. No Q. cenHs L. Agostoi, 1898. II DIPTEROGECIDIAS CECIDOMYIDAE Género Lasiopteraf H. Lõw 42. L. rubi Schr. No Rubus sp.? Fanitheum, fevereiro, 1899. Género Perrisia Rondani 43. P. galii (H. Lw.) No Galiinn nioUugo L. Setembro, 1898. 44. P. ulmariae (Br.) Na Spiraea ulmaria L. Kalksburg, agosto, 1898. Género Dryomyia líieflFer 45. D circinnans (Gir.) No Q. ceiv^is L. Ober S. Veit, setembro, 1898. Commum. Género Arnoldia (Fr. Lw.) 46. A. homocera (Fr. Lw.) No Q^ cerris L. Ober S. Veit, setembro, 1898. Muito commum. 47. A. cerri Koll. No Q. cerris L. Setembro, 1898, [17] J- s. Tavares: zoocecidias de vienna gi Género Oligotrophus Latreiíle 48. O. comi Gir. No Cormis sangiiinea L. Kalksburg, agosto, 1898. 49. O. Reaumurianus F. Lw. Na Tilia gr andi folia Ehrh. Lainz, maio, 1899. Género Schizomyia Kieffer •)0. S. pimpinellae Fr. Lw. No Bupleuriim falcatum L. e Anthriscus sihestrís Hffm. Setembro, 1889. Género Mikiola Kieffer 5i. M. fagi (Hart.) No Fagiis silvatica L. Kalksburg, agosto, 1898, e maio, 1899. Commum. Género Contarinia RonJani 52. O quercicola Rbs. No Qj cerris L. Entre Lainz e Ober S. Veit, setembro, 1898. Obs. A cecidia d'esta espécie tinha já sido encontrada na Áustria por Fr. Low (i885) e na Itália pelo sr. Trotter. A imago foi descripta por Riib- saamen (1899), já depois de eu encontrar a cecidia, que é commum e consiste em engrossamentos dos gommos. Género Harmandia KiefTer 53. H. petioli Kieíf. No Popiilus tremula L. Não longe do Fanitheum, maio, 1899. Commum. Obs. As cecidias não estavam nos peciolos, mas na base do limbo. 92 REVISTA DE SCIENCIAS NATURAES [l8] III PHYTOPTOCECIDIAS ERIOPHYDAE Género Eriophyes Siebold 54. E. macroclielus (Nal.) No Acer campestre L. Lainz, agosto, 1898. Obs. A cedidia d'esta espécie era antes conhecida pelo nome de Ce- phaloneon solitarium Br. 55. E, macrorrhynchus (Nal.) No Acer campestre L. Kalksburg, agosto, 1898. Obs. A cecidia d'esta espécie é o Cephaloneon myriadeum Br/ 56. E. exilis (Nal.) Na Tilia grandifolia Ehrh. Lainz, agosto, 1898. Commum. 57. E. ulmi (Nal.) No Ulmus campestris L. Lainz, agosto, 1898. 58. E. padi (Nal.) No Prunus padiis L. Lainz, maio, 1899. Género Phyllocoptes N alepa 59. P. acericola Nal. No Acer campestre L. Kalksburg e Lainz, setembro, [8q8. [ig] J. s. Tavares: zoocecidias de vienna 93 IV HEMIPTEROGEGIDIAS APHIDIDAE Género Pemphígus Hartig 60. P. bursarius L. No Populiis pyramidalis? Roz. Ober S. Veit, agosto, 1898. 61. P. marsupialis Courch. Nq Populus nigra L. Agosto, 1898. Género Tetraneura Hartig 62. T. rubra Licht. No Ulnuis campesíris L. Perto de Ober S. Veit, maio, iSqq. Commum. Género Chermes Amiot 63. Oh. abietis? L. No Abies excelsa DC. Lainz, agosto, 1898. Obs. Quatro espécies do género Chennes (Ch. abietis L., Ch. coccineiis Ratz., Ch. strobilobius Kalt. e Ch. tardus Dreyf.) produzem neste abeto ce- cidias parecidas umas ás outras, e por isso, como não pude examinar a imago, não posso assegurar que o seu auctor seja o que fica indicado. O sr. P. Kieffer acaba de prestar grande serviço aos cecidologistas enume- rando as espécies cecidogenicas do género Chennes nas Goniferas e apre- sentando os caracteres distinctivos de cada uma das cecidias (J. J. Kief- fer—Les Chennes cécidogènes siir les Conifères dans le Nord de l'Eu- rope. Marcellia, 1. 1, p. 80, sgg. 1902). PRIIVIEIRA CONTRIBUIÇÃO PARA O ESTUDO DOS FUNGOS DA REGIÃO SETUBALENSE Undécima para a Flora Mycologica Portugueza POR CAMILLO TORREND Os fungos portuguezes tem sido objecto de aturados estu- dos, cujos resultados todos admiramos. Sem falar da Flora Lusitanica de Brotero, em que são mencionadas 53 espécies, lo são os trabalhos publicados sobre a mycologia portugueza. A colheita das espécies, principiada em 1879 e 1880 por Estacio da Veiga e Gastão Mesnier, foi continuada nos annos seguin- tes pelo sr. Adolpho Moller, inspector do Jardim Botânico de Coimbra, sob o impulso e direcção do sr. dr. Júlio A. Henri- ques, Lente cathedratico de botânica na Universidade. Para a classificação d'estas espécies prestaram o seu concurso os ce- lebres especialistas Barão de Thuemen, De Niessl, Winter, Berlese, Roumeguère, Saccardo e Bresadola. O Jornal de Sciencias Mathematicas, Physicas e Naturaes, O Instituto, o Boletim da Sociedade Broteriana e a Revue Mycologique en- chiam successivamente as suas columnas com esses preciosos trabalhos. Os resultados foram notáveis principalmente em relação aos fungos inferiores, onde se descobriu grande numero de espécies microscópicas novas para a sciencia. Assim por exemplo, só na 3.* contribuição se vêem as descripções de Go espécies novas. Por fim o sr. Saccardo em 1893, resumindo os trabalhos anteriores, publicava a Florida Mycologica Lusita- nica, onde menciona 1.178 espécies. Mas, apesar dos resultados obtidos serem brilhantes, pa- recia-me a mim de ha muito que o campo não estava ainda completamente explorado e até me admirava de que na Fio- ruía Mycologica Liisitanica figurassem tão somente 36o espé- cies de Basideomycetas (por certo a ordem mais importante dos fungos), sendo ainda mais para extranhar que d'entre es- sas espécies não houvesse nenhuma nova. Sentia-me pois im- pellido para este género de investigações. Mas que fazer em tanta escassez de livros e sem guia, em campo tão vasto, ha- vendo tantas espécies microscópicas e sendo os fungos supe- riores tão difficeis de conservar em collecção?"Estive irresoluto por muito tempo, sem comtudo deixar de colher as espécies que iam apparecendo*, até que em setembro passado se me ofTereceu com summa benevolência o sr. P. Bresadola, incan- çavel mycologista de Trento, para classificar todos os fungos que encontrasse. Comecei logo com ardor a coUeccionar todas as espécies que se me deparavam nos momentos que podia roubar a occupações de maior importância. O successo foi muito alem do que eu esperava. Para me res- tringir só aos Basideomycetas íque dos fungos inferiores falarei num trabalho ulterior), são cerca de Syo as espécies que en- contrei (para não mencionar outras que não puderam ser clas- sificadas);, das quaes 267 novas para Portugal, 3 para a Europa e 1 1 para a sciencia. Sobre isto com uma das espécies pôde ser constituído um género novo muito interessante. E ninguém julgue que por esta forma apresento uma lista completa dos Ba- sideomycetas dos arredores de Setúbal. As condições da vege- tação mycologica são aqui excepcionalmente favoráveis. Mattos de charneca, mattas de arvores copadas e entre ellas coníferas, tapetes de relva e musgo, terrenos argillosos, ou arenosos, nada falta nas cercanias doesta cidade Ora todos sabem quanto estas condições concorrem para o desenvolvimento dos Basi- deomycetas. Se por tanto não é mais elevado o numero das es- pécies que publico, é isso devido ao pouco tempo que pude consagrar ás explorações c ao mau estado de conservação de muitas espécies, quejmpediu a sua classificação. Ainda que procurei fazer investigações cm toda a região setubalense, explorei comtudo de um modo particular as se- guintes localidades: i) Pinhaes e campos arenosos, que se extendem da estação de Setúbal á de Palmella: 2) Pinhaes, sobraes e charnecas desde as salinas de N. S.* da Graça e Cotovia até á linha férrea, em especial a quinta chamada do Mocho e os dois pinhaes da Cotovia: 3) Matta e areaes dos conventos de S. Paulo e quintas pró- ximas, particularmente a quinta Barradas: 4) O valle d'Almelão e a Commenda (principalmente o pi- nhal e as immediações da presa d'agua): 5) A serra d'Arrabida (vertente norte;: 6) Mais que tudo a agradável matta de Revoredo, próxima a Brancanes, onde a relva e o musgo, bem como a grande va- riedade de arvores, criam extraordinária abundância de fungos. Não quero concluir sem testimunhar o meu sincero agra- decimento para com o rev. sr. P. Bresadola. Sem a sua dedi- cação e auxilio intelligente não poderia dar um passo seguro neste vasto campo da Mycologia. Foi elle quem classificou a maior parte das espécies e quem fez a revisão das que por mim classifiquei. E também obsequio para agradecer a licença que me deu de reimprimir neste meu trabalho as descripções das espécies novas, por elle ha pouco publicadas fJ. Bresadola — Mj-cetes Liisitanici novi. Estratto dagli Atti deli' I. R. Aca- demia di Scienze Lettere ed Arti degli Agiati in Roverelo. Serie iii — Vol. viii — Fase. 11 — Anno 1902). Por ultimo advertirei que as espécies novas para Portugal vão marcadas com um * e que a collecção' quasi completa dos fungos citados neste trabalho se guarda no museu do CoUegio de Campolide. Setúbal — CoUegio de S. Francisco — Julho, 1902, [j] c. torrend: fungos da região setubalense 97 HYMENOMYCEM AGARICACE/E Sect. I. Leucospor^ Fries Género .A-manita Persoon em. Fries Este género está abundantemente representado na flora Setubalense. Alem das 12 espécies que vou mencionar, encontrei outras mais, que não foram classificadas, por não se terem podido conservar em bom estado os exemplares necessários para classificação. Na Florida Mycologica Liisitanica, publicada no Boletim da Sociedade Broteriana pelo sr. Saccardo em 1893, na qual se enumeram todos os fungos encontrados até então em Portugal, vêm citadas 8 espécies : A. ynuscaria L. A. rubescens Fr. A. coesarea Scop. A. spissa Fr. A. phalloides Fr. A. vaginata Buli. A, verna (Buli.) Fr. A. áspera Fr. Não appareceram, é verdade, as AA. verna, spissa e áspera, mas em compensação encontrei 7 espécies novas para a flora mycologica por- tugueza. I. * Barlae Quel. Novembro e dezembro. Obs. Notabilissima espécie mencionada raras vezes nas floras locaes da Europa. Encontra-se, porém, com frequência em Setúbal, nos pinhaes da linha férrea. 9^ RKVISTA DE SCIFNCIAS NATURAES [8] 2. * Boudieri Bari. Fevereiro. Obs. Como a preceilente é rara noutras regiões e também na setuba- lense, onde só encontrei 3 exemplares, que não pude infelizmente conser- var. Pinhal entre a quinta dos Cyprestes e a linha férrea. 3. Caesarea Scop. Novembro. Encontraram-se raros exemplares no sobral da quinta do Mocho. 4. * Citrina Schaef. Novembro e dezembro. Commum nos pinhaes da linha férrea. 5. *: Echinocephaia Vitt. Outubro. Appareceram dois exemplares num campo arenoso próximo d quinta do Mocho, 6. * Mappa Batsch. Novembro. Bastante commum nas charnecas. 7. Muscaria L. Novembro e dezembro. Obs. Esta espécie, tão commum noutras regiões e especialmente em França, onde causa muitas desgraças por se parecer com a A. ccesarea, é rara na região setubalense. Encontraram-se apenas alguns exemplares nos pinhaes da Cotovia e da linha férrea. 8. Ovoidea Buli. Outubro e novembro. Commum nos pi- nhaes da Gommenda e valie de Pixaleiro. É uma das primeiras que apparecem, mal começam as chuvas do outono. 9. * Pantherina DC. Outubro e novembro. Commum nos campos arenosos em volta da quinta do Mo- cho. E muito de notar a forma de bolbo, que, contrariamente ao typo, encontrei constantemente rapiforme. 10. PhailoidesTr. v. virescens. Outubro e novem- bro. Commum nos campos arenosos próximos da linha férrea. [g] c. torrend: fungos da região setubalense 99 [I. Rubescens Fr. Appareceu um único exemplar na matia do valle d'AImelão (vertente norte). 12. Vaginata Buli. v. plúmbea Schfef. {Amanitopsis vaginata Roz.). Janeiro e fevereiro. Commum nos campos arenosos e no pinhal da Cotovia. Género Lex>Íota Persoon em. Fries A Florulã Liisitanica menciona 6 espécies conhecidas em Portugal : Lepiota procera Scop. L. acutesqiiamosa Weinm. L. excoriala (Schtef,) Fr. L. Jiispida Lasch. L. gracilenta Kromb. L. cristaia (A. e S.) Fr. Não encontrei as 3 ultimas. Alem das 3 primeiras, achei 8 novas para a nossa flora, e d'estas, uma nova para a sciencia. Não posso deixar de chamar lambem a attenção dos que quizerem fa- zer nuvas explorações nos arredores de Setúbal para outra espécie interes- sante, encontrada no pinhal da Cotovia. Parece-se com a L. Forquignoni Quel. E muito pequena; o peridio tem o^jOi ou-0^,02 de diâmetro e é le- vemente escamoso, areolado e rosáceo. Cinge-lhe o espique um annel muito pequeno e fugaz. O sr. P. Bresadola, a quem mandei apenas um exemplar incompleto, duvida se é Lepiota ou Pholiota. i3. * Badhami Berk. Não encontrei mais que um exemplar, no jardim do Gollegio de S. Francisco. 14. Excoriata (Scht^f.) Fr. Novembro e dezembro. Bas- tante commum nos pinhaes de Revoredo e da Commenda. i3. # Felina Pers. Novembro. Rara, pois encontrei apenas dois exemplares, um na quinta do Gollegio de S. Francisco, outro no valle da Pena. 16. # Forquignoni Quel. Novembro e dezembro. Esta elegante espécie foi encontrada algumas vezes nos sitios musgosos. Appareceram poucos exempla- res. Pinhal da linha férrea e Revoredo. 100 FEVISTA DE SCIENCIAS NATURAES [lo] 17. Gracilenta Kromb. (permixta Bari.). Dezembro. Na matta do valle d'Almelão e no sobral da quinta de Esteval, próximo á estrada de Azeitão. 18. * Granulosa Batsch. Janeiro. Achou-se um grupo de 5 ou 6 exemplares num pinhal junto á estação de Palmella. 19. # Naucina Fr. Novembro. A beira da estrada de Es- tremoz. 20. # Nymphapum Kromb. Novembro e dezembro. Nos campos arenosos, onde é rara. 21. Procera Scop. Novembro. Commum Quinta Barra- das, pinhal da Çommenda, etc. Obs. Esta espécie é uma das poucas que o nosso povo conhece como boa para comer. Nalgumas partes da Beira dão-lhe o nome de gasalho. 22. * Rufidula Bres. Pileo carnosulo, e campamãáto expanso-gibboso vd umbo- nato, castaneo, ciite niox in sqnamas concolores in fundo rufidiilo rupia, 1-2''"' lato; lamellis subconfcrtis, adnexo-secedentibus, al- bis, demum pallide riijis; stipite fisliiloso, a basi siibatteniiato, supra anniditm glabro vel subpruinato, pallido, striato, sub an- nulo rufo castaneo, squamis Jloccosis, demum evanidis ornato, 2^l. — 5 V2'"' longo, 2"""' circiter crasso; annulo infero, floccoso, fugaci; basidiis clavatis 20 — 25=5-6 ^j. sporis hyalinis, oblongo- subamfgdaliformibus, laieraliier apiculatis, 12 — 15-=^5 u.. aí.epiota castanear» Qitel. próxima, a qua sporis majoribus, colore magis rufidulo et lamellis primitus adnexis dislinguitur. Obs. Esta espécie é rara. Appareceu no meio do musgo e da relva. Novembro, dezembro. 23. * Seminuda Lasch. Novembro. Commum nos sitios musgosos da matta Revoredo. [ii] c. torrknd: fungos da região setubalense lOl Género Ai-niillaria Fries 24. Mellea Vahl. (Omphalia mellea Quel.). Novembro e dezembro. Commum nas raizes das arvores. Não encontrei a A. bulbigera A. S., também citada na Florida. Género Ti*ioliolomia Fries A Florida Lusitanica menciona só 4 espécies pertencentes a este im- portante género : T. portentosiim Fr. T. iistale Fr. T. acerbiim (Buli.) Fr. T. terreum (SchEef.) Fr. D'estas só encontrei a ultima; achei, porém, outras i5 espécies novas para Portugal. 2b. # Albo-brunneum Pers. (strialum Scheef.). Novem- bro. Commum na matta Revoredo e no pinhal da Commenda. 26 # Capniocephalum Buli. (immiindum Berk.). No- vembro. Na relva da matta Revoredo. 27. * Columbetta Fr. Dezembro. Encontrei só dois exem- plares d'esta elegante e odorífera espécie no pi- nhal da Commenda. 28. # Cuneifolium Fr. Novembro. Na relva da matta Revoredo. Raro. 29. # Equestre L. Novembro. Obs. E para extranhar que esta notável espécie, tão apreciada como alimento e tão commum nos pinhaes, não tivesse sido ainda mencionada em Portugal. 3d. * Glauco-canum Bres. Dezembro, janeiro. Obs. Esta espécie, muito parecida com o T. niidiim, encontra-se com 102 REVISTA DE SCIENCIAS NATURAES [12] frequência no pinhal d'AlmeIão, sobral da quinta do Mocho, pinhal da Cotovia, etc. òi. * Lupidum Schíef. Novembro. Na matta Revoredo. 32. * Melaleucum Pers. Dezembro. Obs. Esta espécie, tão bonita e multiforme, mencionada em quasi todas as floras locaes, não podia faltar em Portugal. E apparece realmente com muita frequência nas encostas relvosas, nas charnecas, etc. 33. # Wlurinaceuiti Buli. Novembro. Encontrei tres exem- plares d'esta curiosa espécie na matta Revoredo. 34. * Nudum Buli. Dezembro. Frequente na matta Re- voredo. 35. # Rutilans Schaef. Novembro e dezembro. Frequente no pinhal da Cotovia^ cespitoso, perto das raizes e troncos dos pinheiros. 36. * Scalpturatum Fr. Novembro. Na matta Revo- redo, onde é raro. 37. * Sordidum Fr. Janeiro. Charnecas das vizmhanças da linha férrea. 38. * Stans Fr. Janeiro. Nos campos arenosos. 39. # Sulfureum Buli. Janeiro. Obs. Esta fétida espécie foi encontrada duas vezes nas folhas putres- centes dos sobreiros da quinta do Mocho e do valle d'A!melão. 40. Teppeum (Schaef.) Fr. De novembro a abril. Obs. Esta espécie encontra-se com frequência nas encostas relvosas, pinhaes, charnecas, etc, e com varias formas, appareccndo umas con- stantemente no outono, outras na primavera. [i3] c. torrend: fungos da região setubalense io3 Género Clitoc^be Fries São 7 as espécies mencionadas na Florida Lusitanica : C. infinidibulifonuis Sch^f. C. geotropa (Buli.) Fr. C. laccata Scop. C. metachroa Fr. C. brumalis (Fr.) Quel. C. ceriissata Fr. C. sinopica Fr. Não encontrei senão as 2 prinaeiras; é, porém, de notar que muitas outras foram achadas nesta região, as quaes não menciono aqui por não haverem sido classificadas com toda a exactidão, visto não se terem po- dido conservar em bom estado. Das 18 espécies, que colhi, 16 são novas para a nossa flora. 41. # Cartilaginea Buli. (Tricholomacartilagineum^uW.) Sac. Fevereiro, março. Obs. Notável e raríssima espécie, que mui poucos auctores citão depois que Bulliard a descobriu e descreveu. Encontrei-a em dois annos conse- cutivos á beira da estrada do Outão, debaixo dos pittosporos, uns 5o me- tros depois de passada a ponte da Commenda. 42. * Cinerascens Buli. Fevereiro, março. Obs. Esta elegante espécie, que, assim como a C trigonospora Bres., é tida por alguns auctores como simples variedade da C. aggregata Schccf., foi encontrada na Commenda, no sitio da precedente, e alem d'isso na quinta do Mocho. 43. * Concava Scop. Novembro. Obs. Três ou quatro exemplares foram encontrados na quinta do Colle- gio de S. Francisco, na relva e musgo. É de notar que são todos menores que o typo; pois o peridio tem só 2-4"^™ de diâmetro, emquanto no typo tem 3-6™. 44. * Cyathifopinis Schaef. (Cinerascens Batsch. non Buli.). Março, abril. No valle de Pixaleiro, em sí- tios requeimados. 46. * Dealbata Sow. Março, abril. No musgo. Conventos de S. Paulo. 104 REVISTA DE SCIENCIAS NATURAES [14] 4(5. *- Epícetopum Buli. Janeiro. No musgo que cresce entre as urzes (Eriça arbórea) á beira da linha férrea. 47. Infundibulifopmis Schíef. Novembro. Obs. Este gigante do género Clitocybe é commum no musgo do pinhal da Commenda, perto da presa d'agua. Quelet dá ao peridio as dimensões de o",07 - o^iCg ; mas eu encontrei exemplares em que o diâmetro excede o", 10. 48. * Inversa Scop. Novembro e dezembro. Commum no musgo dos pinhaes. 49. Laccata Scop. v. próxima Boud. Durante a es- tação das chuvas. Communissima nos pinhaes e charnecas. 50. * Obsoleta Batsch. Dezembro. Na matta Revoredo, onde é rara. 5i. *- Parilis Fr. Janeiro. Na matta Revoredo, debaixo dos eucalyptos. 52. # Pityophila Fr. Dezembro. Nas charnecas e pinhaes, onde apparece raras vezes. 53. * Pruinosa Lasch. Janeiro. Encontrei um só exemplar, na quinta do Collegio de S. Francisco. 54. # Squamulosa Fr. Dezembro. Na matta Revoredo, onde é rara. 55. * Suaweolens Schum. Janeiro. No musgo dos pinhaes e charnecas. 56. * Tabescens (Scop.) Bres. Novembro. No pinhal da Commenda perto da presa d'agua. [i5] c. torriínd: fungos da região setubalense io5 57. # Trigonospora Bres. Fevereiro. Appareceu um grupo de 3 ou 4 exemplares na matta da Arrá- bida. 58. # Vibecina Fr. Janeiro. Charnecas e perto das ruinas de S. Catharina. Género Collybia Fries Obs. Não logrei encontrar a C. xanthopoda Fr, nem a C. fusipes (Buli.) Fr., únicas espécies mencionadas na Florida Lusitanica. São por tanto novas para Portugal as 8 espécies que vou mencionar, sendo uma nova para a sciencia. 59. * Badia Bres. Pileo cavnosiilo, e convexo siibexpanso, haud hygrophãno nec margine striato, badio, i "^1% — •2Y2"" lato; lamellis sub- confertis, postice sinuatoadnexis, acie integra, luride carneolis; stipite tereti, fistuloso, glabro, pileo concolori, radicato, simul cum radice 3-5™ longo, 2""" circiter crasso; carne pallide sub- carneola, inodora et insapora; sporis h/alinis, obovatis, 6-'y=^4 \j.; basidiis clavatis, 20- 25 = 6- j u.; trama subhymeniali cellu- losa; coníextu lamellarum e cellulis cylindraceis, latis, con- Jlato. Obs. Esta interessante espécie parece ser muito rara. Só encontrei 5 ou 6 exemplares numas charnecas, perto da quinta do Mocho. Março. 60. * Butyracea Buli. Novembro. Gommum na matta Revoredo. 61. * Dpyophila Buli. Novembro e dezembro. Gommum na relva e no musgo. Sobral, perto das salinas de N. S.* da Graça. 62. # Excuipta Fr. Outubro. Perto d'um tronco de pi- nheiro, na Gommenda. I06 REVISTA DE SCIENCIAS NATURAES [l6] 63. *- Extuberans Batt. Outubro e novembro. Pinhal da Gommenda, onde é rara. 64. * Longipes Buli. Dezembro. Obs. Esta elegante espécie, notável por ter o espique comprido e fel- pudo, foi vista só 3 ou 4 vezes, na matta Revoredo, e na Commenda, perto da presa d'agua. 65. # Racemosa Pers. Dezembro. No musgo da matta Revoredo. 66. # Seifiitalis Fr. Novembro. No pinhal da Gommenda, onde é rara. Obs. Esta espécie, apesar de pequena, é muito para ver, por causa da arborescencia que formam os seus raminhos conidiferos. Encontrei bas- tantes exemplares, mas desgraçadamente não pude conservar senão um, e esse sem escleroto. Género IVIiyceiía Fries Com serem 18 as espécies que vou enumerar, ninguém julgue que menciono todas as mycenas da região setubalense. Nos mezes chuvosos do inverno será difficil olhar para algum tronco musgoso, sem ver nelle gracio- samente erguida alguma espécie cespitosa, pertencente a este género. As 3 espécies mencionadas na Flonila Lusitanica — M. galericultura Scop. M. lineata Buli. M. corticola (Schum.) Quel. foram também por mim encon- tradas. 67. CorticoSa (Schum ) Quel. Janeiro. Num tronco carco- mido de medronheiro (Arbutus unedo). Revoredo. 68. # Debilis Fr. Janeiro. Enlre as folhas cabidas dos Cislus, urzes, etc. 69. Galericulaia Scop. Marco. Gespitosa, num tronco. Arredores da Gotovia. [ly] c. torrend: fungos da região setubalense 107 70. * Galopus Pers. Novembro a março. Communissima nas folhas e ramos em decomposição. Revoredo. 71. # Gypsea Fr. Dezembro. Nos ramos cabidos. Quinta do Collegio de S. Francisco. 72. * Inclinata Fr. Novembro. Cespitosa, num tronco de medronheiro. Revoredo. 70. * Láctea Pers. Novembro e dezembro. Frequente nos sitios musgosos, á beira dos caminhos, etc. 74. Lineata Buli. Janeiro. No musgo. Pinhaes da linha férrea. 75. * Nigpicans Pers. Dezembro. Alguns exemplares fo- ram encontrados num tronco musgoso de me- dronheiro, formando um grupo cespitoso. Revo- redo. 76. * Plicosa Fr. (Oligophylla Lasch.). Outubro. Achei poucos exemplares, na quinta do Collegio de S. Francisco. ' 77. Polygpamma Buli. Dezembro. Cespitosa, num tronco musgoso, Revoredo. 78. * Prolifera Fr. Dezembro. Na quinta do Collegio de S. Francisco. 79. # Rosella Pers. Janeiro. Nas folhas da esteva fCisíus ladaniferus). 80. * Sudora Fr. Dezembro. Cespitosa, num tronco de medronheiro. Revoredo. 81. * Tenella Fr. Janeiro. Revoredo. Num tronco de car- valho. I08 RKVISTA DK SCIENCIAS NATURAFÍS . [l8] 82. * Tenuis Bolt. Janeiro. Na quinta do Collegio de S. Francisco, nas pinhas de um pinheiro manso. 83. íK Virens Buli. Na quinta do Collegio de S. Francisco, num caule em putretacção do Ritbiis dtscolor. Obs. Nas charnecas e arredores das salinas da Cotovia encontrei varias vezes uma linda espécie, ou variedade da M. lineata, que merece especial menção. Nasce nas raizes das Gyperaceas e juncos, e forma um elegante grupo esverdeado. O sr. P. Bresadola julga ser espécie nova ; mas não a pôde classificar com segurança, porque não se puderam obter exem- plares frescos. 84. * Vulgaris Pers. Obs. Commum nos pinhaes da Commenda e nas margens do Sado. A maior parte dos exemplares que vi, são notáveis pelo espique, que é viscoso e tem fibrilhas. Estas ficam soltas e separadas de alto a baixo, e são vo- lúveis, formando com os multiplices contornos um espique fistuloso. Não me consta que este caracter fosse até agora observado pelos auctores. Género Onaplialia Persoon em. Fries Não encontrei as O. hydrogramma Fr. e innbellifera (L.) Fr., únicas espécies de que se trata na Florida Liisitanica; são portanto novas para Portugal as 7 que vou mencionar. 85. # Fibula Buli. Novembro. Bastante frequente no musgo dos pinhaes da Cotovia e da Commenda, perto da presa d'agua. 86. * Maura Fr. Fevereiro. Encontrei apenas alguns exem- plares, no valle de Pixaleiro, terrenos requei- mados. 87. * Pixidata Buli. (hepática Batsch.). Obs. Esta elegante espécie parece rara; não a tornei a ver desde ou- tubro de 1901, em que encontrei alguns exemplares no pinhal da Cotovia junto das salinas. I ic)] c. tcrrend: fungos da região setubalense ioq 88. * Polyadelpha Lasch. Na estação chuvosa. Com- mum nas folhas e raminhos em decomposição. 89. * Speipea Fr. Fevereiro. Num tronco musgoso. Revo- redo. qo. * Umbratilis Fr. Dezembro. Bastante frequente nas terras argilosas e á beira das estradas. 91. * Velutina Quel. Janeiro. No musgo e á beira dos ca- minhos. Valle d'Almelão. Género Plenrotns Fries A Florida Litsitanica cita os P. perpusillus Fr. spodoleucus Fr. e P. olearius DC. D'estes só o uhimo foi visto na região setubalense, ao qual junto 7 espécies novas para a nossa flora. 92. * Canus Bres. Novembro. Alguns exemplares forão en- contrados num ramo secco da Eriça arbórea. Pinhal da linha férrea. 93. # Chioneus Pers. Estação das chuvas. Communis- simo nos ramos em putrefacção da Lonicera am- plexa, Rubus discolor, etc. Quinta do Collegio de S. Francisco. 94.. # Geogenius DC. Novembro e dezembro. Frequente, especialmente debaixo dos pittosporos, que estão á beira da estrada do Outão, perto da ponte da Gommenda. 95. Olearius DG. Novembro. Nos troncos das oliveiras, urzes, etc. 96. * Olearius var. carpinus Bari. Dezembro. Nas raizes da amen Joeira. Revoredo e quinta do Gollegio de S. Francisco. lio REVISTA DE SCIENCIAS NATURAES [20] 07. * Petaloides Buli. Janeiro. Frequente nos ramos das sardinheiras em decomposição. 98. # Reniformis Fr. Novembro. Num ramo podre de medronheiro. Revoredo. 99. * Septicus Fr. Março. Alguns exemplares forão en- contrados num tronco de medronheiro. Revoredo. Género IrIyg*i'oplioiTis Fries Este género tem numerosos representantes na região setubalense. Alem das 12 espécies aqui mencionadas, outras não puderam ser classsifi- cadas com exactidão pelo sr. P. Bresadola, porque não foi. possivel con- serval-as em bom estado. A Florida Liisitanica tracta de 7 espécies: H. puniceus Fr. H. miniaíiis Fr. H. coccineus (Schaef.) Fr. H. ceraceus Fr. H. erubescens Fr. H. conicus Fr. H. psitlacimis (Schfef.) Fr. D'estas só vi as duas primeiras na região setubalense. 100. # Arbustivus F^r. Janeiro. Frequente nas charnecas, perto da linha térrea. loi. Coccineus (Schsef.) Fr. Novembro e dezembro. Quinta do Collegio de S. Francisco; valle d'Al- meláo; matta da Arrábida. 102. * Discoideus Fr. Dezembro. No musgo do pinhal da Commenda, perto da presa d'agua. io3. * Eburneus Buli. Janeiro. Quinta do Mocho. 104. * (Hypothejus) Fr. Dezembro. No musgo. Almelão. Obs. h com duvida que supponho os exemplares encontrados H. hy- [2l] C. TORREND: fungos da região StTUBALENSE lil pothejus; pois bem pôde ser que pertençam a uma espécie ou variedade nova. As laminas são brancas e não amarellas como no H. hypothejus. io5. # Niveus Scop, Dezembro. Gommum nas charnecas e montes. io6. * Obpusseus Fr. Dezembro. Charnecas perto da li- nha férrea. 107. * Olívaceo-albus Fr. (gliitinosiis Bull.j. Janeiro. Charnecas e sobral da quinta do Mocho. 108. # Pratensis Pers. Janeiro e fevereiro. Commum nas mattas Revoredo e da Arrábida. 109. Puniceus Fr. Janeiro. Matta Revoredo. 110. Vitellinus Fr. Janeiro. Nos sitios relvosos da matta Revoredo. 111. * Virgineus Wulf. v. fuscescens. Dezembro e janeiro. Nos sitios musgosos do pinhal da Com- menda, perto da presa d'agua. Género Lact£ii*iixs Persoon Alem das 3 espécies mencionadas na FloruLi Lusitanica — L. piperatus Fr., L. deliciosus L. L. ^onarius Buli., encontrei mais 9 ainda não conheci- das na flora portugueza. 112. * Aurantiacus Fr. Novembro. Na matta Revoredo, onde é raro. ii3. Deliciosus L. Obs. Communissimo em todos os pinhaes, especialmente nos da li- nha férrea. E para admirar que esta espécie, boa para comer e que não dá azo a ser confundida com cogumelos venenosos, não seja conhecida do povo. E comtudo poderia servir de alimento a muita gente pobre, não só em Setúbal, mas também em Torres Vedras e na Beira Bai.xa, onde a en- contrei abundantemente. 112 REVISTA DE SCIENCIaS NATURAES [22] 1 14. Piperatus Scop. Outubro e novembro. Gommum no pinhal da Commenda, perto da presa d'agua. ii5. * Pypogalus Buli. Novembro. Abundante na matta Revoredo. 116. # Rubescens Bres. Novembro e dezembro. Pinhaes e terrenos arenosos. 117. * Serifluus Fr. Dezembro. Na matta Revoredo, onde é raro. 118. * Thejogalus (Buli.) Fr. Novembro. Gommum nas charnecas. 119. * Topininosus Schíef. Fevereiro, março. Gommum nas charnecas. 120. # UvidJus Fr. Novembro. Nas charnecas. 121. * Victus Fr. Dezembro. Encontrei dois exemplares nos valles húmidos e pantanosos, perto das salinas de N. S.^ da Graça. 122. * Volemus Fr. f/ac/z^í/z/sSchoef.). Outubro e novembro. Pinhaes e campos arenosos. 123. Zonarius Buli. Outubro e novembro. Quinta Bar- radas. Quinta Esteval. Sobraes perto da estrada de Azeitão. Género I^ussula Persoon em. Fries A Florula Lusitanica cita 6 espécies já conhecidas em Portugal: Russtila alutacea Fr. A', subfcetens Sm. R. rubra (DC.) Fr. R. foetens (DC.) Fr R. sanguínea Fr. [23] c. torrend: fungos da região setubalense ii3 Das muitas espécies que encontrei d'este género, só 14 se puderam clas- sificar, sendo i3 novas para a nossa flora. 124. * Adusta Pers. Fevereiro. Quinta do Mocho, onde é rara. 125. # Badia Quel. Outubro, novembro. Commum no pinhal da Cotovia. 126. # Citrina Quel. Novembro. Matta Revoredo. 127. * Clusíi Schfef. Dezembro, janeiro. Commum nos pi- nhaes da Cotovia e da linha férrea. 128. * Depallens Pers. Outubro e novembro. Revoredo. 129. * Emética Scha^f. Dezembro. Abundantíssima nos pi- nhaes. i3o. Fcetens (DC.) Fr. Dezembro. Revoredo. i3i. * Integra L. Março. Num sobral perto da quinta do Mocho. i32. # Maculata Quel. Outubro, novembro. Quinta do Mo- cho, onde é rara. i33. * Nigricans Fr. Julho. Nas charnecas e sobraes dos pinhaes de Almelão, onde é rara. 134. # Pectinata Buli. Frequente nos sobraes perto da es- trada de Azeitão. i35. * Queletii Fr. Outubro e novembro. Commum no pi- nhal da Cotovia. 114 REVISTA Dií scii:ncias naturaes [24] i i36. * (Rósea) Schasf. Julho. Revoredo. Obs. Apresento esta espécie como duvidosa, porque não foi possivel examinar os esporos, como era preciso. iSy. * Tupci Bres. Outubro e novembro, nos pinhacs da Co- tovia e da linha férrea. i38. * Virescens Scha;f. Julho. No sobral da quinta de S. Paulo. Género Canthai*clliX!!í Adanson A Florida Lusitanica menciona 5 espécies pertencentes a este género: C. lutescens Pers. C. aiirantiacus Wulf. C. cibarius Fr. C. cinereus Fr. C. tiibce/ormis Fr. D'estas encontrei somente as 3 primeiras, e outras 2 até agora desco- nhecidas na flora portugueza. iSg. Cibarius Fr. Fevereiro, março. Obs. Esta espécie, tão abundante em muitas provincias de França, onde serve de alimento á gente pobre, parece rara na região setubalense. Appareceram apenas alguns exemplares no valle d'Almelão. A razão d'isto^ a meu ver, está na falta de arvores de folha caduca. Com eflfeito a folha- gem, accumulando-se no inverno em cima do solo, entra em decomposi- ção e favorece o desenvolvimento d'esta espécie: 140. * Helvelloides Buli. (C. degans Pers., C. cupulatus Fr.). Dezembro e Janeiro. Nos logares pedrego- sos dos montes. 141. Lutescens Pers. (Elvela titbccformis Schíef.; Pc^i^a undiilata Bolt ). Encontrei um bello grupo cespi- toso de mais de 60 exemplares na matia Re- voredo, debaixo d'um pinheiro. [25] c. torrend: fungos da região setubalense ii5 142. * Muscigenus Buli. (C. s/'<:7/i//íjíz/s Fr.). Dezembro e março. Obs. Achei alguns exemplares d'esta elegante espécie no musgo que está á beira do caminho, junto dos conventos de S. Paulo. Desenvolve-se parasiticamente nos caules do musgo e por isso não é fácil dar com ella. 143. # Tubacforinis Fr. (híspidus, villosiis Pers.). Encon- trei poucos exemplares no pinhal da Cotovia, em fevereiro ou março. Género ]>XarasmivTS Fries A Flcrula Lusitanica faz só menção do M. hygrometriciis (Brig.) Fr. Alem d'este encontrei mais i3 espécies desconhecidas na flora portugueza. 144. * Amadelphus (Buli.) Fr. Novembro e dezembro. A.p- pareceram muitos exemplares no caule musgoso de um loureiro. Quinta da Conceição (Revoredo). 145. * Andposaceus (L.) Fr. Janeiro. Charnecas, nas fo- lhas em putrefacção dos Cistus e dos pinheiros. 146. * Archypopus Pers. fprasiosmiis Fr.). Novembro e dezembro. Matta Revoredo e quinta do Mocho. 147. # Candidus Bolt. Durante toda a estação das chuvas. Commum nos raminhos seccos. 148. # Caulicinalis Buli. Novembro. Obs. Não o encontrei somente no colmo das gramíneas, que é o seu substrato ordinário; mas também nas raízes descobertas e musgosas da Eriça arbórea, onde cresce muito mais do que nos colmos. Revoredo e montes de Setúbal. 149. * Epodius Bres. Janeiro e fevereiro. Alguns exem- plares d'esta elegante espécie foram encontrados na relva do pinhal da Commenda e no valle de Pixaleiro. Il6 - REVISTA DE SCIENXIAS NATURAES [26] i5o. * Epythropus Pqts. fColl/bia acerrjta Fr.) Obs. Frequente em Revoredo, onde apparece, logo que sobrevêm as primeiras chuvas, continuando a vegetar durante todo o inverno. i5i. * Faetidus Sow. {venosus Pers.), F^evereiro. Na matta Revoredo, onde é raro. i52. * Fusco-purpureus Pers. Outubro e novembro. Na relva, perto de N. S.* da Graça. i53. Hygrometricus (Brig.) Fr. Dezembro, janeiro e fevereiro. Communissimo nas folhas das oliveiras e Pistacia lenticiis, e até em ramos seccos de amo- reira. 154. * Laxipes Quel. Esta elegante e Tarissima espécie foi só encontrada em outubro, 1901, á beira da es- trada de Extremoz, perto da Cotovia. i55. * Oreades (Bolt.) Fr. Novembro e dezembro. Obs. É o faníoso mousseron tão procurado em França nos sitios rel- vosos, á beira dos caminhos, etc. Em Setúbal não é raro abaixo da capella de N. S.* da Graça. i56. * Putillus Fr. Outubro. Não achei mais de 3 exem- plares d'esta bonita espécie. Pinhal da Commenda. 157. * Saccharinus (Batsch.) Fr. Novembro e dezembro. Obs O peridio de todos os exemplares, que examinei, era pardacento e não branco de neve, como costuma ser. Género Lentiniis Frie^ i58. * Bisus Quel. Novembro e dezembro. Obs. Os exemplares encontrados no pinhal da Cotovia têm o peridio de còr purpurina; ao passo que os que se criam nas raízes e caules das ur- zes nas charnecas são de côr parda, como o typo descripto por Quelet. [27] c. torrend: fungos da região setubalense 117 Não encontrei o L. lusitaniciis Kaichbr , mencionado na Florida Lu- sitanica. Género IP anus Fries i5g. * Rudis Fr. (P. hirtus Sec). Fevereiro e março. Obs. Encontrei 3 ou 4 exemplares nuns ramos de sobreiro, na quinta do Mocho e no valle d'Almelão. Não achei nenhuma das 4 espécies men- cionadas na Florida Lusitanica — P. siipticus Fr., P. conchatusVr.^P.toru- íosiis Fr. e P. sitffrutescens (Brot.) Fr. Género ScliizopliyllvTiii Fries 160. S. comniiine Fr. Todo o anno. Muito abundante nas arvores seccas. Sect. RHODOSPOR.E Fries Género Volvai'ia Fries Não encontrei a V. párvula Weinm., mencionada na Florida Lusita- nica. As duas seguintes não tinham ainda sido vistas em Portugal. 161. # Gloicephala DC. Novembro, dezembro e julho. Commum nos campos arenosos, e nas salinas da Cotovia. Obs. Nos campos arenosos, perto dos Conventos de S. Paulo, encontre alguns exemplares com particularidades interessantes. O espique chega ás vezes a ter no topo a grossura de o,"'oi-o,'"02; ao passo que no meio não excede o,"'oo5. Por outro lado as laminas, em logar de principiarem ir" radiando junto do espique, começam ás vezes a avultar só á distancia de 5-6."'"' 162. * Murinella Quel. Novembro. Obs. Não appareceu mais do que um exemplar d'esta raríssima espécie- Pinhal acima da matta Revoredo. Il8 REVISTA DE SCIENCIAS NATURAES [28] Género IPlntens Fries i63. Cepvinus Fr. Novembro e Julho. Poucos exemplares encontrados no quintal do Gollegio de S. F^ran- cisco. Género Entoloina Fries A Florida Lusitanica cita os E. sinuatum Fr., E. ardosiacum (Buli.) Fr. e E. nidoroswn Fr. Se não me appareceu nenhuma d'estas espécies, em compensação encontrei outras não mencionadas até agora na flora portu- gueza. 164. # Clypeatum (L.) Fr. Janeiro. Frequente nos sobraes do valle de Almelão, e perto da quinta do Esteval. i65. * Elaphínum Fr. Janeiro. Na matta de Almelão, nos iogares cobertos de musgo. 166. # Lividum (Buli.) Fr. Novembro. Quinta do Mocho, onde é raro. 167. * Sepiceum (Buli.) Fr. Novembro. Nos campos c so- braes arenosos. Género Clitopiliiisí Fries 1G8. # Ppunulus (Scop.) Fr. (Paxillus priniuliisQue\.). No- vembro e dezembro. Debaixo dos carvalhos na quinta de S. Ephigenia, e na relva da matta Revoredo, onde é frequente. Género Leptonia Fries líHj. Nefpens Fr. Dezembro. Nas charnecas próximo á estação de Palmella, Não encontrei a L. tnurina (S^^^) Fr., que a Flora Lusitanica menciona tam- bém. [29] c. torrend: fungos da região setubalense iig Género .IVolanea Fries 170. * Celestina Fr. Janeiro. Lindissima espécie encontrada numa charneca, perto da linha férrea. Género Eccilia Fries 171. * Parkensís Fr. Fevereiro. Num sitio requeimado do valle de Pixaleiro. Sect. OCHROSPOR^ Fries Género ÍPlioliota Fries A Florida Lusitanica cita 7 espécies pertencentes a este género: P. mutabilis Schcef. P. pudica Fr. P. áurea (Matt.) Fr. . P. leochroma Crovke P. dura (Bott.) Fr. P. spectabilis Fr. P. prcecox (Pers.) Fr. D'estas só appareceu a Tholiota spectabilis. Achei mais 3 espécies até agora desconhecidas na mycologia portugueza. 172. # /Egipita Brig. Em toda a estação chuvosa. Commum no ohno (Ulmus campestris) da quinta Barradas e d'Almeião. 173. # Erinacea Fr. Janeiro. Obs. Encontrei um exemplar único d'esta espécie tão pequenina, em um ramo secco do Rubus discolor. Caminho do GalUnheiro, perto da linha férrea. 174. # Lucifera Lasch. Janeiro. Cespitosa num tronco d'eu- calypto da Gommenda, assim como a espécie seguinte. Outros exemplares foram encontrados separadamente á beira do Sado, perto das.ruinas de S. Catharina. 175. Spectabilis Fr. Nos eucalyptos da Gommenda. 120 REVISTA DE SCIENCIAS NATURAES [3oJ Género Inocybe Fries Este género está abundantemente representado na flora setubalense. Muitas são as espécies que encontrei; mas nem todas puderam ser classi- ficadas. Das que vou mencionar, 8 eram desconhecidas na flora portu- gueza e uma acaba de ser descripta pelo sr. P. Bresadola. As 3 que vêm ci- tadas na Florida Litsitanica são as seguintes: /. geophylla Sow. L rimosa (Buli.) Fr. /. pyriodora (Pers.) Fr. 176. * Caesariata Fr. Fevereiro. Gommum no pinhal da Cotovia. 177. *- Cappta Scop. (I. hrunneovillosa Jungh.). Encontrei um grupo cespitoso d'esta espécie num sobral perto d'Azeitão. 178. * Cervicolor Pers. (Bougai^dii Weinm., albocrenata Jungh). Novembro e dezembro. Gommum na relva da matta Revoredo. 179. * Fastigiata Schíef. forma alba. Novembro e dezem- bro. Abundante nos pinhaes, á beira dos cami- nhos, etc. 180. # Geophylla Sow. v. lilacina. Durante toda a es- tação chuvosa. Communissima nos sitios mus- gosos. 181. * Grata Weinm. Novembro. Frequente em Revoredo. 182. * Lacera F^r. Novembro e dezembro. Gommum nos pinhaes. i83. * Petiginosa Fr. Novembro e dezembro. Gommum nos pinhaes arenosos da Gotovia e linha férrea. [3i] c. torrend: fungos da região setubalense 121 184. Pypiodora Pers. (furfuracea Buli. non Pers.). No- vembro. Frequente nos sitios sombrios. Quinta do Collegio de S. Francisco e pinhal da Gom- menda. i85. Rimosa (Buli.) Fr. v. fusca et brunnea. No- vembro e dezembro. Esta espécie, que alguns auctores considerão como simples variedade da I. fastigiata, encontra-se muito frequentemente na matta Revoredo. 186. # Squamosa Bres. Pileo caniosulo, e convexo expanso, scepe iimbonalo, ochra- ceo- fulvo, squamis concoloribiis, fibrilloso — hirtis ciense obsito, centro sublaevi, scepe areolato, i-i Va"" lato; lainellis siibdistan- tibus, latis, posttce sinuatis, e cyslidiis copiosis, villosis, pallide fulvis; stipite subcvqualí, jibrilloso, Jlavidulo, e farcto subcavo^ 7-3"" longo, 2-4^"" crasso; carne flavida, miti, odore vix idlo; sporis ochraceis, obovatis, g-ij=6-y [j.; basidiis clavatis, 25-3o= 7-/0 p.; cjstidiis subclavatis, ápice miiricellatis, jo-qo^=io-i3 [j.. Inocybce dulcatnarce A. et S. et InocybcV Ctvsariata^ Fr. pró- xima, quarum forniam et colores quoque habet, sed pileo eviden- tius squamoso, sporis latioribus, et pra.'sentia cystidioruui optinie distincta. In In. dulcamara et In. ca.'sariata cystidia prorsus desiderantur. Obs. Encontrei alguns exemplares somente na matta da Arrábida de- baixo d'um grande carvalho, no meio da relva. Como não sabia que era espécie nova, não recolhi mais exemplares. Depois não a tornei a encontrar. Género Hebeloixia Fries O H. crustiiliniforme Buli., única espécie que menciona a Florula Lti- sitanica, não foi encontrado em Setúbal. 187. «: Hiemale Bres. Novembro e dezembro. Espécie muito próxima do H. crusluliniforme. Vegeta cespitosa na relva do pinhal da Commenda. 122 REVISTA DE SCIENCIAS NATURAES [32] i88. * Mesophaeuin Fr. Novembro e dezembro. Commu- nissimo nos pinhaes da Cotovia e de S. Catharina. Género Flanmaula Fries i8g. * Lúbrica Fr. Novembro e dezembro. Obs. o peridio d'esta espécie cobre-se de uma espessa camada de um liquido viscoso, que depois se desprende facilmente sem deixar vestígio algum. Encontra-se muito frequentemente cespitosa ou isolada no pinhal da (vOmmenda, perto da presa d'agua e na matta Revoredo. 190. * Spumosa Fr. Fevereiro. Encontrei vários grupos cespitosos d'esta bonita espécie no sobral da quinta do Mocho. Género Crepiclo tus Fries Alem do C mollis, única espécie mencionada na Florida Lusitanica encontrei mais 3 novas para Portugal, sendo uma nova para a Europa. 191. * Epibpyus F^r. Dezembro. Nos eucalyptos e raminhos em puirefacção. Commenda. 192. Mollis Schíef. Durante toda a estação chuvosa. Muito abundante nos eucalyptos, videiras, etc. 193 ^= Ragazzianus Bres. Obs. Esta interessante espécie, nova para a Europa, vegetou durante quasi toda a estação chuvosa num eucalypto na quinta do Collegio de S. Francisco. 194. * Rubi Berk. (Naucoria effiigiens Quel.). Fevereiro e março. Frequente nos ramos em putrefacção dos Riibiis, sardinheiras, etc. Género IVancoria Fries 195. * Atnoena Fr. Fevereiro e março. Raríssima espécie, [33] c. torrend: fungos da região setubalense i23 de que se encontraram muito poucos exemplares nas charnecas e montes de Setúbal. 196. # Escharoides Fr. Outubro. Encontrei somente dois exemplares d'esta espécie na quinta do Collegio de S. Francisco. 197. * Fupfuracea Pers, {pellucida Buli.). Durante toda a estação das chuvas. Communissima nos sitios em que não ha arvoredo. liarÍ£i Fries 218. # Coponilla (BuU.J Fr. Novembro. Frequente nos campos. 219. # Semiglobata Batsch. Dezembro. Nos sitios culti- vados, á beira dos caminhos. rib REVISTA DE SCIENCIAS NATURAES [3Õ] Obs. A S. melasperma, citada pela Florula Lusilanica, não foi desco- berta em Setúbal. Género Hypholoiiati Fdes A Florida trata das 3 espécies seguintes: H. fascicular e Huds. H. lacrymabiindum Fr. H. siiblateritium (Schíef.) Fr. D'estas não encontrei senão a primeira, e outras 3 novas para a nossa flora. 220. # Appendiculatum Buli. Janeiro. Achei vários gru- pos cespitosos d'esta espécie na quinta do Col- legio de S. Francisco. 22 1. « Candollaneum Fr. Communissimo na quinta do Collegio de S. Francisco, durante a estação das chuvas. Cresce também á beira do caminho do Almelão. 222. Fasciculare Huds. Dezembro e janeiro. Commum nas raizes e troncos das arvores, nos terrenos arenosos. 223. * Hydpophilum Buli. Novembro, janeiro e fevereiro. Obs. Esta espécie costuma vegetar cespitosa nos troncos das arvores. Eu porém não a vi senão uma vez no caule de uma couve em decomposi- ção, encontrando-a de ordinário na terra dos campos cultivados quasi sempre cespitosa. Género Copi^iniis Persoon A Florula menciona 8 espécies de Coprinus: C cinereus (Buli.) Fr. C. viicaceus Fr. C deliquescens (Buli.) Fr. C. fimetarius (L.) Fr. C. atramentarius Fr C. comatus Miill. C ephemerus (Buli.) Fr C. » v. ovatus Scha:f. D'estas espécies só não encontrei as 3 primeiras. [Sy] c. torrend: fungos da região setubalense 127 224. Comatus MuU. Dezembro e fevereiro. Frequente á beira dos caminhos. 22b. Comatus Mull. v. ovatus Scheef. Março. Encon- trei 3 exemplares na quinta de Moura. 226. Ephemepus (Buli.) Fr. Durante toda a estação chu- vosa. 227. Fimetapius (L.) F'r Commum no estrume. 228. * Hemerobius Fr. Outubro e novembro. Frequente nos sitios relvosos, na quinta do Collegio de S. Francisco. 229. Micaceus (Buli.) Fr. Durante toda a estação chu- vosa. Commum nas sebes e pomares. 230. * Picaceus (Buli.) Fr. Novembro. Alguns exemplares enormes d'esta espécie foram encontrados num campo arenoso perto do Gallinheiro. Género IPsilocybe Fries O P. spadicea Fr., única espécie mencionada na Florula, não foi visto em Setúbal. 23 1. # Bullacea (Buli.) Fr. Novembro. Commum num sobral perto das salinas de N. S.^ da Graça. 232. # Inquilina Fr. Fevereiro. Nos raminhos em putre- facção. Género I^satliyi^a, Fries As 2 espécies citadas na Florida: T. digitalifortnis e P. noli tangere, não foram vistas em Setúbal. 128 REVISTA DE SCIENCIAS NATURAES [38 233. * Coppugis (Pers.) Fr. Dezembro. Num campo are- noso perto da linha férrea. Género r*anoeoliis Fries 234. * Retipugis Pers. Fevereiro e março. Commum nas hortas e campos cultivados. Género I*satla.yi»ella, Fries. A Florida cita 2 espécies: T. disseminaia Fr. e T. trepida Fr. D'estas encontrei a primeira somente. Appareceram mais 2 novas para Portugal. 235. Disseminata Fr. Durante toda a estação chuvosa. Communissima na quinta da Conceição (Revo- redo). 236. * Gpacilis Fr. Dezembro. Na quinta do Gollegio de S. Francisco. 237. * Subatpata Batsch. Novembro. Commum num cam- po relvoso perto de N. S.'* da Graça. Género Gromplii(liix!*i Fries 238. * Roseus (Pers.) Fr. Dezembro. Não appareceram se- não dois exemplares d'esta espécie, na matta Revoredo. 239. * Viscidus (L.) Fr. Dezembro, janeiro e fevereiro. Commum nos pinhaes da Commenda e Revo- redo. E esta a única espécie mencionada na Flo- rida l.usiUinica. [Sg] c. torrend: fungos da região setubalense 129 Género Ir*li.\'llopoms Quelet 240. Rhodoxanthus (Schw.) Bres. (Clitocybe Pellctieri Lev., Phylloporiis Pelletieri Quel.). Dezembro e e janeiro. Frequente nos pinhaes da linha férrea. POLYPORACE/E Género Boletris Fries Descobri muitas espécies pertencentes a este género; mas só 11 foram classificadas, sendo 8 novas para Portugal e uma para a sciencia, A Florida Lusitanica enumera as 11 seguintes: B. gramilatus L. B. cereiís Buli. B. edulis Buli. B. satanás Lev. B. mitis Kromb. B. liiridiis Schcef. B. subtomentosiis L. ~ B. felleiís BuW. B. badhis Fr. B. cavipes Kalch. B. piperatus Buli. 241. *i Appendiculatus Schtef. Outubro e juUio. Na matta Revoredo. 242. # Appendiculatus v. regius Kromb. Julho. Re- voredo. Obs. Esta variedade, que alguns auctores consideram como especifica- mente differente do Appendiculatus, foi encontrada no mesmo sitio, e entre exemplares d'este. Como não estivesse madura, não se pôde observar se os esporos eram idênticos aos do Appendiculatus. Esta verificação tiraria toda a duvida. 243. Badius Fr. Fevereiro. No valle d'Almelão e quinta do Mocho. Obs. Esta espécie não costuma apparecer senão nos pinhaes e matta- de outras coníferas; eu porém encontrei-a nos sobraes e mattas de cars valhos. l3o REVISTA DE SCIENCIAS NATURAES [40] 244. * Bellini Inz. (Boudicri Quel.). Fevereiro e março. Commum nos pinhaes e na quinta do Collegio de S. Francisco. 245. * Castaneus Buli. (fidvidus Fr.) Outubro e no- vembro. Obs. D'esta elegante espécie só encontrei 3 ou 4 exemplares nos pi- nhaes da linha férrea. É fácil de conhecer pelo espique esponjoso e ôco. 246. # Chrysentepon Buli. Outubro. Pinhal do Pixaleiro. 247. Edulis Buli. Outubro e julho. Sobraes da quinta do Mocho e próximo á serra da Arrábida. 248. Granulatus Buli. (Jlavorufus Schasf.). Novembro. Commum nos pinhaes da Cotovia e Revorcdo. 249. Luridus Schftíf. (Rubeolarius Buli.). Março e julho. Nas charnecas e sobraes, entre a estrada de Azei- tão e a serra da Arrábida. 250. # Pruinatus Fr. Outubro. Cespitoso, nos campos are- nosos da quinta do Mocho. 261. * Puppupcus Fr. forma slipite non reliculato. Outu- bro e julho. Muito frequente na matta Revoredo, quando apparecem as primeiras chuvas. Não achei nenhum exemplar com espique reticulado. 252. Subtomentosus L. Novembro e dezembro. Com- mum nos sobraes e charnecas. 253. * Toppendii Bres. Tilco piilvinato, piirpureo-bnínneo vel caslaneo, sicco, Lvvi, dein areolato-rimoso, vimis luteis, 8- 12"" lato; tubidis flavis, slipilc cx parte adnatis; pons obloiigts, acic obtusa, e /Lvis [41] c. torrend: fungos da região setubalense i3i rubiginoso-brunneis, stipite solido, ventricoso- fusiformi, flavo, deorsum nibro-jiiaculato, pruinato, haud reticulaio, 4-'j'"' longo, 1^/2-4"" in parte ventricosa crasso, subradicato; carne liilea, fracla ad pileum ciJeridescenle, ad apicem stipitis demum rubes- cente; odore grato, sapoi'e niiti; sporis luteis, subcylindraceis, 6-y = 3-3 y-2 u-.; basidiis clavalis, 20-25==--j ij..; cystidiis fusoidcis, 34-36=8-g \j.. Octobri. Boleto rubello Krombh. proximus, sed stalura majori, sporis minoribns etc. bene distinctus. Obs. Esta importante espécie, primeiramente encontrada em outubro nos sitios relvosos da quinta do Esteval, entre a estrada d'Azeitão e Almelão, perto d'um tronco de pinheiro, deu origem a que o sr. P. Bresadola nos seus nMycetes Lusitânia Novi» a indicasse como própria dos pinhaes. Mais tarde, porém, em novembro encontrei outros exemplares na relva da quinta do Mocho. Vive cespitosa, ou isolada. Género Folypoms Micheli A Florida Lusitanica cita as espécies seguintes : P. Schweinit:iii Fr. P. hispidus (Buli.) Fr. P. rheades Pers. P. cymatodes Rost. P. riifescens Pers. P. impoliíus Fr. P. adustus (W.) Fr. 264. * Fimbriatus Buli, Novembro e dezembro. Commum nos sitios húmidos dos pinhaes da Cotovia, S. Ca- tharina e da linha férrea. 255. *- Giganteus Pers. (acaníhoides Buli. non Fr.). No- vembro. Em grandes camadas sobrepostas num tronco, á beira do caminho que vae do Gallinheiro á quinta do Mocho. 256. Hispidus (Buli.) Fr. Junho. Quinta da Conceição. Obs. Esta espécie, que os autores costumam citar como parasita das arvores de fructa, foi encontrada num salgueiro. l32 REVISTA DE SCIENCIAS NATURAES [42] 267. # Leucotnelas Pers. Novembro e dezembro. Fre- quente na matta Revoredo e no pinhal da Com- menda. 258. * Pepennis (L.) Fr. Novembro. Commum na matta Revoredo. 259. (Schweinitzii) Fr. Novembro. Obs. Foram achados alguns exemplares ainda não maduros no meio da linha férrea, perto do Gallinheiro. Como faltassem os esporos, o sr. P. Bre- sadola classificou-o como duvidoso. 260. * Tubarius Quel, Novembro e dezembro. Obs. D'esta bonita e rara espécie encontrei poucos exemplares nas raizes das urzes (Eriça australis e arbórea). Género Fomes Fries A Florida Lusitanica cita 10 espécies pertencentes a este importante género: F.fulvus (Scop.) Fr. F. igniarius F"r. F. vegetus Fr. F.fomentarúts Fr. F. ribis Fr. F. marginatus Fr. F. ulmarius Fr. F. pinicola Sow. F. fraxineus (Buli ) Fr. F. piniperda (Holm. et Lk?) D'estas só as F. fiilvus e ribis forão encontradas em Setúbal. Mas appareceram 5 espécies novas para Portugal, sendo uma nova para a Eu- ropa. 261. Fulvus Scop. non Fr. Todo o anno. Obs. Esta espécie é commum nos pomares, onde prejudica muito as arvores de fructa. 262. * Fusco-puppupeus Boud. (ruhriporus Quel.). Todo o anno. Commum no tronco dos medro- [43] c. torrend: fungos da região setubalense i33 nheiros e alfarrobeiras, sendo raro nos carvalhos. Revoredo e matia da Arrábida. 203. * Haptigii A. et S. Todo o anno. Abundante nos caules de Cistiis e Eriça. Montes de Setúbal e Arrábida. 264. # Pectinatus Klotzch. Março e abril. Obs. Esta espécie vegeta abundantemente nos caules e ramos verdes do Jasminium fructicans na quinta do Collegio de S. Francisco e na do Almelão. 265. Ribis (Schum.) Fr. Todo o anno. Frequente nos caules da madresilva (Lomcer^a implexa), de vários Cistus, das roseiras, etc. Obs. Quelet identifica esta espécie com a precedente. Não sei porque. O sr. P. Bresadola, depois de as comparar, considera-as como especifica- mente differentes. Pela minha parte só direi que a sua forma é muito di- versa. 266. # Scutellatus Schow. Novembro. Obs. Como o sr. P. Bresadola o fez notar no seu prologo dos Mycetes Lusitanici Novi, esta importante espécie é nova para a Europa e até hoje conhecida somente dos Estados Unidos. Foi encontrada num tojo (UlexJ secco á beira do caminho que vae da quinta dos Cyprestes ao Gallinheiro. Género Granocleriiia Karsten Obs. Das 2 espécies citadas pela Florula Lusitanica — G. lucidiim (Leyss.) Fr. e G. applanatum (Pers.) Fr., appareceu só a ultima. 267. Applanatum (Pers.) Fr. Todo o anno. Obs. Colhi muitos e bonitos exemplares d'está espécie no caule de um loureiro, na quinta da Conceição (Revoredo). l34 REVISTA DH SCIENCIAS NATURAES [44] 268. # AustraBe Fr. Outubro e maio. Obs. Esta espécie, que algumas floras citam como raríssima, não parece também frequente na região setubalense. Alguns exemplares velhos fo- ramencontrados num tronco do Cereis siliqiiastrum na quinta de S.Fran- cisco; outro nas margens do Sado, sem duvida arrastado de longe pelas ondas. 269. * Resinaceum Boud. Julho e septembro. Obs. Esta espécie, raríssima noutros paízes, appareceu só três vezes nos arredores de Setúbal, num tronco de loureiro na Arrábida e nos Con- ventos de S. Paulo, e num tronco de alfarrobeira {Ceratonia siliquaj perto do Collegío de S. PVancisco. Género !F*olj^stictii.s Fries A Florida Lusitanica menciona as 9 espécies seguintes : P. versicolor (L.) Fr. P. Iiirsiilus (Schrad.j Fr. P. luiescens (Pers.) Fr. P. hapalus Lev. P. veliitinus (Pers.) Fr. P. pictus (Schultz) Fr. P. abietinus Dicks. P. subroseus Berk (?) P. pulchellus Sacc. Eu não achei senão 3, uma das quaes nova para Portugal. 270. # Dichpous (Pers.) Fr. Obs, Alguns exemplares d'esta espécie foram encontrados em novem- bro em raminhos pútridos na matta Revoredo, apparecendo outros em março nos ramos dos sobreiros na quinta do Mocho. 271. Lutescens (Pers.) Fr. Novembro. Nos ramos em putrefacção do loureiro. Revoredo. 272. Versicolor (L.) Fr. Maio. Num tronco de cerejeira. Revoredo. Género Trametes Fries Alem da T. pini (Brot.) Fr., única espécie mencionada na Florida, en- contrei outras 5 novas para Portugal. [45] c. torrend: fungos da região setubalense i35 273. # Albida (Fr.) Bres. (Leniiles albida Fr.). Maio. Obs. Colhi só 3 exemplares d'esta minúscula e elegante espécie, que parece tão rara em Portugal, como o é noutros paizes. 274. # (Flavescens) Bres. Outubro. Pinhal perto da quinta do Mocho. Obs. Como o exemplar enviado ao sr. P. Bresadola fosse velho e sem esporos, não pôde ser classificado senão como duvidoso. 275. Pini (Brot.) Fr. Março. Commum nos troncos dos pinheiros. 276. * Serialis Fr. (scalaris Pers). Março. Frequente nos troncos dos pinheiros cortados. 277. * Seppens Fr. Abril. Num ramo de carvalho em pu- treíaccão. Arrábida. Género Lascliia Fries 278. * Alba Berk. Obs. Espécie até hoje conhecida somente dos Estados Unidos. Foi encontrada em novembro e dezembro, na quinta do Collegio de S. Fran- cisco nas raizes do trigo, amontoadas e expostas ás chuvas do inverno. Encontrei-a varias vezes, sempre no mesmo sitio. Julguei a principio que o apparecimento d'esta espécie em l'ortugal devia ser attribuido á grande importação de trigo que recebemos da America; m.as tendo mais tarde encontrado o Fomes scutellatus Schow., que também se não conhecia senão dos Estados Unidos, inclinei-me a ver nisto mais uma prova do facto tão universalmente verificado pelos mycologos, que a flora mycologica é sensivelmente a mesma para todos os paizes. Género IVIer*ii.lixxs Haller 279. * Corium (Pers.) Fr. (papyrinus Buli.). Todo o anno. Commum nos ramos seccos. 1 36 REVISTA DE SCIENCIAS NATURAES [46] 280. Lacpymans Wulf. fpastator Toá., desírueus Pers.). Dezembro. Obs. Alguns exemplares muito grandes d'esta espécie devastadora fo- ram encontrados no soalho da casa do sr. Miguens na quinta Barradas. Não será talvez fora de propósito indicar aos que tiverem este terrivel hospede em casa alguns meios de se livrarem d'elle. Logo que se manifeste a sua presença, é preciso raspar as taboas atacadas, e laval-as com agua de lixivia ou então acidulada com acido sulfúrico. Depois cobrem-se com uma ca- mada de alcatrão para as subtrahir á acção do ar húmido, ou imbebem-se em antisepticos fortes, como sulfato de cobre, chloreto de zinco, etc. Género P*ori£i Persoon A P. contigua Pers., que a Florida cita juntamente com a P. vulgaris, não foi ainda vista em Setúbal. 281. # Medulla-panis Pers. Janeiro. Commum nos tron- cos da urze (Eriça arbórea), no valle d'Almelão. 282. Vulgaris Fr, v. calcea. Todo o anno. Commum nos ramos seccos do pinheiro. Valle de Pixaleiro. Género Porotlielirim Fries 283. * Fimbriatum (Pers.) Fr. (lacerum Fr.). Novembro e dezembro. Obs. Esta notável espécie, considerada geralmente como transforma- ção d'alguma Grandhiia, encontra-se muito frequentemente na quinta do Collegio de S. Francisco, nas raizes e caules dos Cisius, etc. e até raste- jando na terra. Tanto este género, como a espécie, são novos para Por- tugal. HYDNACEAE Género H^clnuixi Linneu As espécies citadas pela Florida Liisilanica são as seguintes: H. rcpandiim L. H. fraceolens Brot. H. gravcolcns (Pers.) Fr. H. ferritgineum Fr. [47] c- torrend: fungos da região setubalense iSy H. ^onatum Batsch H. nignim Fr. H. scrobiculatum Fr. H. pusillum Brot. H. imbricaíum L. H. argutum Fr. D'estas só appareceram as H. repandum, imbricatum, scrobiculatum e ^onatum; ás quaes accrescento 4 novas para Portugal, sendo uma nova para a sciencia. 284. * Atnicum Quel. Março. Nas folhas pútridas dos car- valhos na malta d'Almelão. 285. * CcBPuleum Fl. Dan. (compactum Kromb.). Dezem- bro e janeiro. Commum na matta Revoredo e na Commenda. 286. # Colossum Bres. Tileo carnoso, crasso, e convexo explanato-depresso, mar- gine repando, laevi, pubescente, badio-ritbiginoso, usque ad iS""" lato; acideis palidis, confertis, pileo concoloribiis, usque ad 2"" longis; stipite napiformi, valido, solido, concolore, priiinato, ápice punctato-scabro, 6'"" circiter longo, ápice ^"°, basi 1-2""' crasso; carne liiride pallida, subconcolore, odore forti, sub- nauseoso, sapore subamaro; sporis angulato-ecliinulatis, strami- neis, 'j-8=^5-'j p..; basidiis clavatis^ 35-40 = 6-8 u. Hydno versipelli Fr. proxime affine. Obs. Esta espécie colossal, cujo chapéu nos exemplares maiores chega a i5™ de diâmetro, e nos mais pequenos passa de 9 ou io"°, foi encontrada nos sitios relvosos da matta Revoredo, debaixo dos pinheiros, medronheiros e loureiros. Apesar do seu grande tamanho, não é fácil de descobrir, por causa da côr pardacenta e por estar escondida nas hervas, que a ro- deiam. Novembro. 287. Imbricatum L. Novembro e dezembro. Frequente no pinhal da Cotovia. 288. * Pudorinum Fr. Janeiro e fevereiro. Commum nos ramos seccos dos carvalhos. Revoredo, valle de Almelão, serra da Arrábida. l38 REVISTA DE SCIENCIAS NATURAES [48] 289. Repandum L. Dezembro. Matta d'AImelão e Revo- redo. 290. Scpobiculatum Fr. Dezembro e janeiro. Commum nos pinhaes da Cotovia e da Commenda. 291. Zonatum Batsch. Dezembro. Pinhal da Cotovia e Commenda. Género Od-ontia Persoon Esle género, novo para Portugal, tem numerosos representantes na região setubalense, entre os quaes algumas espécies novas para a sciencia. 292. * Brassicicola Bres. Late effusa; suhiculo íomeníoso, albo, ubiqiie fertili; aculeis dense congeslis, e gvamdosis verrucifoimibus, ápice breviter fimbriatis, albis, minutis, vix V-2""" longis; sporis subvirgidifor- mibiis, hyalmis, 3 ^l%-4 V2 ^ / V2--2 P-í basidiis clavatis, i5- 18 =5 /j..; hjpliis 2 ^l'í-4 V2 [J- latis. Obs. Esta espécie encontrada primeiro nos caules seccos da Brassica oleracea, foi também ultimamente descoberta num ramo de urze (Eriça arbórea). Novembro, janeiro. 293. * Bugellensis Cesati. Novembro e dezembro. Fre- quente nos ramos pútridos de Ulex, Eriça, etc. 294. * Cristullata Fr. Dezembro. Num ramo secco. Re- voredo. 295. * Cpustosa Pers. Janeiro. Num ramo do Licium vidgare, nas margens do Sado. 296. * Crustosa Pers. v. Punicese Bres. Differt a tj-po colore cândido, acideis magis regularibus, siibglobosis, et sporis aliqiiantidum minoribiis. Num tronco musgoso d'uma romanzeira. Revoredo, De- zembro. [49] c. torrend: fungos da região setubalense 189 297. * Farinácea Pers. Abril. Num ramo putrescente de carvalho. 298. # Lusitanica Bres. Resiipinatã et late ejffiís.i; subiculo tenui, submembranaceo, in sicco cartilagineo; acideis caniosis, exsiccando corneis, sii- bulatis, dense aggregalis vel basi connatis, ápice fimbriatis, glabrescenlibus, ex hyalinis pallide cárneo- fumosis, 6-10'"'" lon- gis, basi 7""" circiter crassis, sporis hyalinis, obovalis, 6-j = 4 — 4 Y2 [j-.; basidiis clavatis, 25-3o=^6-y (j..; cystidiis subfiisoi- deis, ápice obtusis, 12 - 15 p.. latis. Obs. Esta espécie é principalmente notável pelo comprimento e lar- gura dos dentes ou aguilhões. Na descripção acima transcripta suppõe-se que têm 6 10"™ de comprido; mas, quando frescos, ha exemplares com dentes de 2"=" de comprimento, occupando extensões de i ou 2'*"""^ Não encontrei este cogumelo senão uma vez numa raiz putrescente de amen- doeira. Quinta do CoUegio de S. PVancisco. Outubro e novembro. 299. # Nivea Pers. Janeiro. Commum na folhagem em de- composição. Revoredo. 300. * Stnaminella Bres. Effiísa; subiculo albo, tenui, submembranaceo, margine fim- briato, sterili; aculeis albis, demiim stramineis, subdistantibus, verruciformibiis, minutis, ápice multijidis, 72 - Va™" longis; spo- ris kyalinis, obovatis, 4-5=^2 ^/-i-S [j..; basidiis clavatis, i5=4u..; liyphis crasse tunicatis, 2-3 [j.. latis. Hab. ad ramenta lignea, conos Tini, etc. Setúbal, in cam- pis Collegii S. Francisci. Novembro e dezembro. 3oi. # Uda Fr. Julho. Revoredo. Género Irpex Fries 3o2. # Fusco-violaceus Fr. Todo o anno. Obs. Esta espécie é commum nos troncos seccos dos pinheiros. É muito de notar que também a vi num ramo de sobreiro, sendo que nin- guém a tinha ainda encontrado senão como parasita das Goniferas. 140 REVISTA DE SCIENCIAS NATURAES [5o] 303. # Pachyodon (Pers.) Bres. (Sistolrema pachyodon Pers.). Março e abril. Num tronco de sobreiro na quinta Barradas. Género U-aclnlniii Fries 304. * Membranaceuni (Buli.) Bres. (molare Fr.). Ja- neiro. Num ramo secco de sobreiro. Género Phlebia Fries 305. # Radiata Fr. Outubro. Nuns ramos em decompo- sição, cobertos de terra. TELEPHORACEAE Género Oj^pliella Fries 306. Albo-violascens (A. et S.) Karst. (Pe^i^a fallax Pers.). Março e abril. Commum nos ramos seccos. Obs. Não encontrei a C. vlllosa (Pers.) Karst., que a Florida Lusitanica cita com a precedente. Género Craterellus Fries 307. Copnucopioides (L.) Fr. Abril. Na matta d'Al- melão. Obs. O C. Tusillus Fr., de que fala a Florula Lusitanica, não foi descoberto em Setúbal ; quanto ao C. lutescens cfr. Cantharellus luíescens. Género Stereixiri Persoon A Florula menciona as 6 espécies seguintes: S. hirsutum (W.) Fr. S. pini Fr. 5. purpureiím Fr. S. latericium Kalchlz. 5. sanguinoleníiim A. S. S. bclliim Kunze. Não vi senão as duas primeiras, ás quaes junto mais 3 novas para Portugal. [5i] c. torrend: fungos da região setubalense 141 3o8. # Bicolor Pers. Janeiro. Num ramo de carvalho. Al- melão, 309 * Gausapatutn Fr. Abril. Num caule secco de car- rasqueiro. Revoredo. 3 10. Hipsutuiti (Willd.) Fr. Todo o anno. Commum nos troncos seccos. 3ii. Puppupeum Pers. Março. Frequente nos ramos putrescentes dos carvalhos, lentisco, etc. 3i2. * Spadiceuin Pers. Dezembro. Commum nos ramos seccos de sobreiro. Género Peniophora Cooke 3i3. # Rouniegueri Bres. Todo o anno. Vários exem- plares num tronco carcomido de loureiro. Revo- redo. Obs. A P. molleriana (Bres.) Sacc, única espécie citada pela Florula Liisitanica, não appareceu na região setubalense. Género Hyni.enoclioete Leveillé 314. Ferruginea (Buli). Bres. (Telephora rubiginosa Schrad., Stereum ferriigineum, riibiginosiim Fr.). Abril. Obs. Esta bonita espécie, que o sr. P. Bresadola, depois de minu- ciosa comparação com os exemplares de Fries, reconheceu ser idêntica ao Stereum rubiginosum, parece rara na região setubalense. Foi encontrada uma só vez, num tronco de medronheiro em Revoredo. Não achei a H- tabacina (Sow.) Lev. mencionada pela Florula Lusitanica juntamente com a precedente. Género Hyj>oclin.n.s Fries 3i5. # Sitnensis Bres. vel n. sp. 142 REVISTA DE SCIENCIAS NATURAES [52] Obs. Este cogumelo foi encontrado na matta Revoredo em dezembro, num tronco carcomido não sei se de oliveira, se de carvalho. Como estava pouco desenvolvido não foi classificado seguramente; pois bem pode ser espécie nova. O que porém é certo é que tanto a espécie como o género são novos para Portugal. Género Conioj^liora De Candolle Não descobri a C piitanea, única espécie de que o sr. Saccardo fala na Florida Lusiíanica. 3 16. # Byssoidea (Pers.) ¥v. Abril. Na folhagem da matta Revoredo. 3 17. * Olivacea Fr. Março. Num tronco carcomido de pi- nheiro. Pinhal da Commenda. Género Corticitiin Persoon A Florida Lusitanica enumera as seguintes espécies : C. evolvens Fr. C. quercinum {Pers.) Fr. C. lacteum Fr. C. cinereum Fr. C. incarnai imi (Pers.) Fr. C. calceum Fr. C. ccenileiím DG. C. niidian Fr. D'estas só a quercinum e ca'ridewn fazem parte da minha collecçao. Das muitas que recolhi, só foram classificadas 6, sendo 3 novas para Por- tugal e uma para a sciencia. 3 18. # Byssinuin Karst. Dezembro. Num tronco de pi- nheiro. Revoredo. 319. Coeruleum Pers. Janeiro. Frequente nos ramos em decomposição. 320. # Caesium (Pers.) Bres, Durante toda a estação das chuvas. Commum nos ramos seccos. 321. Quercinum (Pers.) Fr. (Telephora corticalis Buli.). Dezembro e janeiro. Commum nos ramos dos carvalhos. [53] c. torrend: fungos da região setubalense 143 322. # Roseuiti Pers, Num caule cortado de Querciis coc- ei fe?\2 . 323. # Toprendii Bres. Late effuso, adnato, crasso, membranaceo-subtomentoso, mar- gine mox similari siiblibero; hymenio pallidc , aetate subfumoso, in vegeto laxe tuberculoso, sub lente pruinato; sporis hj-alims, subglobosis, 8-io='j-8 Y2 p-.,- basidiis claratis, 25-3o=6-'/ u..; hjphis jnx distinclis, substantiam subamorpham efformantibiis, 3 • 4 yi. latis. Hab. ad truncum Olea' europea.\ Obs. Esta espécie não foi encontrada senão num tronco carcomido de oliveira na quinta da Conceição (Revoredo). Todo o anno. Género Teleplioi*fi (Ehrenberg) D'este género achei duas espécies novas para Portugal, alem de uma das que vêm citadas na Florula Lusitanica — T. laciniata Pers. e T. cris- tata Pers. 324. * Caryophyllea Schtef. non Bolt. Marco e abril. No sobral da quinta Barradas. 325. # Fastidiosa Pers. Março. Na folhagem da matta da Arrábida. 326. Ternestris Ehr. (laciniata Pers.). Dezembro e ja- neiro. Commum nos terrenos arenosos. AURICULARIACEAE Género .iáLXTi'icTilai'ia (Bulliard) Fries Achei só uma das espécies citadas na Florula Lusitanica — A. lobata Somm. e mesenterica (Buli.) Fr. 327. Mesenterica (Buli.) Fr. Março. Num tronco secco do Ulmus campestris na quinta Barradas. 144 REVISTA DE SCIENCUS NATURAES [64] 328. * Sambucina Mart. Marco No sobral da quinta Bar- radas. CLAVARIACEAE Género Clavaria, Linneu Este género importante, de que são mencionadas 16 espécies na Fio- ruía Lusitanica, parece ter poucas espécies na região setubalense. Apesar da muita diligencia que empreguei, só descobri 9, 3 das quaes novas para Portugal. As espécies da Florida são as seguintes: C. fastigiata L. . C, rugosa Pers. C. tnuscoides L. C. formosa Pers. C. Kun^ei Fr. C. gracilis P. C, vermicularis Scop. C. abietina Pers. C. cristata Holmsk. C. macropiis Pers. C. coralloides L. C. ceranoides Pers. C, crispula Fr. C pistillaris L. C.flaccida Fr. C. ligula Schasf. 329. * (Amethystina) Buli. Abril. No musgo, perto da quinta do Mocho. Obs. O sr. P. Bresadola, como duvidasse da classificação d'esta raris- sima espécie, pediu-me novos exemplares frescos; mas não me foi possivel encontral-a de novo. 330. * Aupea Schaef. Dezembro. Na matta Revoredo. 33i. * Cinerea Buli. v. fallax. Novembro e dezembro. Gommum no musgo. Commenda e Revoredo. 332. Cristata Holmsk. Março. Na matta d'Almelão. 333. Fastigiata L. (pratensis Pers.) Março. Na relva. Sopé da Arrábida. 334. Muscoides L. Janeiro. Na matta da Arrábida. 335. Pistillaris L. Janeiro. Almelao. [55] c. torrend: fungos da região setubalense 145 336. Rugosa Buli. Fevereiro. Commum na matta Revo- redo. 337. Subtilis Pers. v. macropus Fr. Dezembro. Commum na matta Revoredo. Género Tyj>l^""-1^ Persoon 338. * Grevillei Fr. Novembro. Commum na folhagem em estado de putrefacção. TREMELLACE/E Género Ti^emella Dillenius As espécies d'este género abundam na região setubalense; mas des- graçadamente a maior parte não pôde ser classificada. 339. Lutescens Pers. (Hormomyces aurantiacus Bern.). Janeiro e fevereiro. Commum nos ramos pu- trescentes, onde vive cespitoso. Obs. Alguma duvida que podia haver sobre a identidade da T. lutes- cens com o Hormomyces aurantiacus acaba de ser resolvida peremptoria- mente. Mandei successivamente ao sr. P. Bresadola este fungo quando novo e completamente desenvolvido. Assim reconheceu elle facilmente que o Hormomyces aurantiacus Bern. não é senão o estado conidifero da Tremella lutescens. 340. Mesenterica Retz. Janeiro e fevereiro. Commum nos ramos cortados. Género Exiclie. Fries 341. Glandulosa (Buli.) Fr. Janeiro e fevereiro. Com- mum nos ramos dos carvalhos. Género Dacryomyces Nees 342. *- Deliquescens (Buli.) Dub. Março. Num ramo de carvalho. 146 REVISTA DE SCIENCIAS NATURAES [56] GASTEROMYCETAE HYMENOGASTRACEAE Género Halum. Peridio pilealo, convexo- subhemisphcerico, ccraceo-suhgelatinoso, intiis celliiloso, a siipilc libero; stipite carnoso- fibroso, a peridio discreto, volva univer- sali ampla, memhranacea, persisleníi; sporis hfaliuis; basidiis 1-4 sporis. Videtur Amaniiopsis gasterospora, Geiíeri Batarrea' et Tf- lostoniatibus volvatis analoguw, sed cotitcxtii ceraceo-gelatíuoso, vel carnoso-fibroso inter Hjmenogastraceas locandum. 345. # Pulchella Bres. Peridio convexo-subhemispluvrico, pileiformi, albo, minute reticulatoareolato, subtiis libero, fere iibique a.'que crasso, mar- gine obtuso, 1-1 V2™' leito, ò^-w"""' alto, cuticula teniii, glabra, non separabili, 18-20 [j.. crassa, contextu subparenchymatico; gleba subgelatinosa, alba, cellulosa, cellulis sape vacuis, siibro- tundis, contextu intercellulari subparenchjmatico, basidiophoro; basidiis clavatis, 1-4 sporis, 25-3o^=y-io (j..; sporis hyalinis, oblongis, sa^pe i crasse guttatis, i2-j6^=6-q [)..; stipite carnoso- [Dy] c. torrend: fuvgos da região setubalense [47 fibroso, centrali, a peridio discreto, albido, subglabro, tereti vel compresso, Scvpe deorsum attenuato, 2-4"" longo, 2-6""" crasso, ex hjyhis sepíatis, cylindraceis, usque ad 3o a. latis, contexto; i>olva membranacea, ampla, lobata, pallida, libera, scepe in peridio fragmenta reliqiiente, basi radiculis prceiita. Hab. locis sabulosis. Obs. Este curioso género parece estabelecer a transição entre as Hy- menogastraceas e as Lycoperda:eas. A T. pitlchella encontra-se não raras vezes nos logares arenosos dos arredores da Cotovia e da linha férrea. Indico especialmente os seguintes: i.° no pinhal da Cotovia próximo ás salinns; 2." numa charneca perto da quinta do Mocho; 3.® num campo inculto junto da estação de Palmella; 4.° numa vinha inculta ao pé do Gal- linheiro. Novembro, dezembro e principio de janeiro. LYCOPERDACEAE Género Tylostoina Persoon 346. Mammosuin (Mich.) Fr. Obs. Encontrei vários exemplares d'esta interessante espécie em ja- neiro, nas salinas da Cotovia debaixo da Suceda fructicosa. 347. Squatnosutti Pers. Fevereiro. Nos sitios pedre- gosos da serra de S. Luiz. Género Gí-eastei' Micheli A Florida Lusitanica cita as 6 espécies seguintes: G. hygrometricus Pers. G. mammosus Chevr. G. rufescens Fr. G. fimbriatus Fr. G. tnultifidiis W. G. michelianus W. 348. Hygrometricus Pers. Dezembro e janeiro. Gom- mum nos pinhaes e na relva. 349. * Triplex Jungh. Fevereiro. Obs. Só encontrei 2 exemplares d'esta curiosa espécie á beira do ca- minho que vae para o Gallinheiro. 14^ REVISTA DE SCIENCIAS NATURAES [58] Género Sclei*oclex*nia Persoon Não achei os 5. Bovista Fr. e pedunciilatwn Link., que a Florula Lusitanica menciona alem do geaster. 35o. Geaster Fr. Outubro e dezembro. Pinhal da Coto- via, areaes de S. Paulo, etc. 35i. # Vulgare Fr. Durante toda a estação das chuvas. Commum nos pinhaes e campos arenosos. 352. * Toppendii Bres. Peridio siibgloboso, basi vadicato, 2-5'''diam., fiisco-purpH' veo, primitus Lvvi, dein aveolato-rimoso, areolis fusco-purpureis, interstitiis alutaceis, citte i-i V2"'" crassa, irregulariter rupta, substantia subliitcola, fracta riibescenle\ vadice brevi, intits lii- tea, cxliis fibris mj'celialibits copiosis, albis proedita; gleba ju- renili compacta, atro-purpurea^ reuis albis marmorata, dein iiialura pulveracea, griseo purpúrea, Jloccis lutescentibus; spo- ris globosis, atropurpureis, aculealis, i2-i5 u. diam., basidiis obverse piriformibus, mox absortis; hjphis capilliíii subhjalinis, septatis, 3-6 p.. latis, ad septa hinc iude injlatis. Hab. ad terram in locis sabulosis, hieme. Sclerodermati Bo- pisíce Fr. proxime accedit. Obs. Esta espécie encontrada a principio debaixo da Ficus carica, onde cresce com uma côr purpúrea muito mais carregada, foi depois desco- berta muitas vezes noutros sitios arenosos, pinhaes, sobraes, campos, etc. Sendo tão abundante como é, parece extranho que não tivesse sido encon- trada ha mais tempo. Género Lj^coperdon Tournefort A Florula Lusitanica cita as 1 1 espécies seguintes : L. gemmalum Batsch. L. constellatum Fr. L. praiense Pers. L. giganteum Batsch. L. hiemale Buli. L. saccalum Vahl. L. ccelalum Buli. L. granuliteum Brot? (an Poly- L. furfuraceum Schaef. saccumfj L. pirijonne Schaef. L. excipulifonne Scop. [69] c. torrend: fungos da região setubalense 149 As 5 ultimas não appareceram na região setubalense. Achei duas no- vas para Portugal. 353. CcBlatum Buli. Outubro. Á beira do caminho d'Es- tremoz, próximo da Cotovia. 354. Fupf uraceuiti Schí^f. Durante toda a estação chu- vosa. Commum na relva. 355. Gemmatuin Batsch. Dezembro e janeiro. Commum nos campos incultos e arenosos. 356. Gemmatum v. pratense Pers. Outubro. Areaes. 357. Hiemale Vitt. Novembro. Nos campos arenosos, perto da qumta do Mocho. 358. * Hirtuen Mart. var. ou forma do L. iimbrinum Pers. Dezembro. Abundante na matta Revoredo e no pinhal da Commenda. Obs. Este fungo vegeta muitas vezes ao pé do L. umbrinum, com que muito se parece. Este facto é mais um argumento para aquelles que o consideram como simples forma d'esta espécie. 359. Pípiforitte Schíef. Outubro. Commum na relva. 360. # Umbrinum Pers. Novembro e dezembro. Abun- dante no pinhal da Commenda. Género I*olysacctiiii De Candolle 36 1. Crassipes DC. (T^isolithus arenarins A. et S.). Outubro e novembro. Commum nos campos e pinhaes arenosos. 362. Pisocarpiumi Fr. Outubro e novembro. Fre- quente á beira da estrada d'Estremoz e da linha férrea. l5o REVISTA DE SCIENCIAS NATURAES [6o] NIDULARIACEAE Género CyathxTS Haller A Florida menciona três espécies: C. vernicosus (^\i\\) DC. C. catinifonnis Brot.? (an Cru- C. striatus Hoffm. cibulumfj. 363. * Campanulatus Silb. Novembro. Num charco, perto da quinta do Mocho. 364. Vernicosus (Buli.) Fr. Março. Num ramo de fi- gueira. Algeruz. 365. # Vernicosus v. rivulosus. Março. Terrestre. Na quinta do Collegio de S. Francisco. Género Cmcibnlnm Tulasne 366. Vulgare Tui Desde janeiro a março. Nos ramos seccos. Género Splioei'ol>olris Tode 367. Stellatus Tod. Dezembro. Gommum nos raminhos em putrefacção. PHALLOIDACE/E Género niallns Linneu 368. Impudicus L. Dezembro e janeiro. Gommum nos pinhaes e campos arenosos. Género Clathms Micheli 369. Cancellatus Tourn. Dezembro e janeiro. Nos cam- pos incultos e olivaes, onde é raro. Tiç\mxi^^^ \i& oti':^ti':>\\c3^-3^3' \ .i}\ s. ■iy\ e. 'Í>^ ^ .^\\ t .^\\ ^ •i}\ explicação da estampa fig. 1 Cxemplar novo, ao sair da volva, em tamanho natural. fig. 2 Exemplares vários, em tamanho natu- ral Fig. 3 7>ois exemplares cortados verticalmente em tamanho natural. fig- 4 - ^asidios, augmentados 750 vezes. fig. 5 Esporos, augmentados 750 vezes. Fig. 6 Corte de uma parte do periâio, augmen- tado 750 vezes, a) cútis; b) basidiosporos. Cant TORREMDIrí PlJLCHELLrí BRES. ri. SP. i/->xcja f/c/ti ací . lil.í). Xfffffei •J*«4*im LEPIDOPTEROS DE PORTUGAL I LEPIDOPTEROS Da região de S. Fiel (Beira Baixa) POR CÂNDIDO MENDES D'AZEVEDO Professor no Gollegio de S. Fiel Havendo de interromper o estudo dos lepidopteros de Por- tugal, a que me dediquei n'estes últimos 5 annos, e na incer- teza de mais tarde o poder continuar, resolvi começa desde já a publicação das espécies, que até agora colleccionei. Ape- zar de ser tam restricta a área das minhas excursões, nem assim consegui apresentar uma lista completa dos lepidopteros d'estes arredores. Ficam bem exploradas as proximidades do Gollegio, se bem que ainda aqui, estou certo, se poderão des- cobrir muitas outras espécies; resta porem muito que explo- rar n'outros pontos mais afastados, onde apenas pude ir uma ou outra vez. Margens do Tejo juncto a Villa Velha de Ródão e Serra da Estrella são localidades citadas n'este catalogo; mas poucas vezes e só de passagem as pude percorrer. Perto da Covilhã passei cada anno i5 dias em Agosto e principio de Setembro, mas como o tempo era pouco opportuno para a caça, também esta região fica por explorar. Concentraram-se as excursões na área limitada por Castello Branco, Lousa, Alpedrinha, Fundão, Castellejo e Sobral do Campo, no qual circulo está comprehendida a Matta do Fundão, que é de to- das estas cercanias o sitio mais abundante em insectos, e toda a Serra da Guardunha que para noroeste se ergue a 1224'" so- branceira ao Collegio. Como resultado d'estas excursões cheguei a junctar umas 700 espécies, entre as quaes ha uma de género novo que o R. P. J. de Joannis houve por bem dedicar-me com o nome de Mendesia echiella (Buli. Soe. Ent. Fr. 1902 pag. 23o) e outras também novas para a sciencia como Agrotis fidelis J. de Joannis (i. 1.), acerca das quaes ainda os estudos não estão ultimados. Umas ainda se não tinham descoberto na Europa como Crambiis divisellus de Joannis, da Syria e da Argélia, Epidauria phoeniciella Rag., da Syria; outras não tinham sido até agora encontradas na península ibérica; para não fallar das espécies desconhecidas em Portugal. Certamente não é de admi- rar, que n'este ramo das sciencias naturaes se descubram mui- tas espécies novas para o nosso paiz, visto terem sido até agora tam poucos os exploradores, pelo menos que tenham publicado as suas investigações. Com eífeito não me consta que se te- nha dado á estampa lista alguma de lepidopteros portuguezes, á excepção da que publicou o Sr. Mattozo Santos no Jornal de Sciencias Mathematicas, Phjsicas e Naturaes de Lisboa n."^ xxxvii e xxxvm (1884) — Contribui ions pour la faune du Portugal, Lépidoptères — , em que apenas menciona 90 espé- cies. E verdade que nas obras d'este género se vê muitas ve- zes Portugal citado no habitat das espécies, por causa d'exem- plares dispersos, que chegaram ás mãos dos naturalistas ex- trangeiros, ou por excursões que elles fizeram ao nosso reino; mas quasi nunca apparece especificada a localidade, d'onde provieram os exemplares citados. Um dos excursionistas mais celebres, vindos do extrangeiro a Portugal, foi o naturalista prussiano, Conde de Hoftmannsegg, que no principio do sé- culo passado, alem de muitas plantas e insectos d'outras or- dens, recolheu também grande numero de lepidopteros. A elles se refere a cada passo Ochsenheimer na sua obra «D/e Schmetterlinge von Europa, Leipzig 1807 18 10», onde contei o nome de Portugal 47 vezes só nos três primeiros volumes. Ainda que poucos, alguns ha também entre nós que se teem dedicado a este estudo; pois me consta que possuem boas collecções em Lisboa o Sr. Dr. A. A. de Carvalho Monteiro, e no Porto o Sr. Emílio Biel. Em Coimbra deixou também uma o fallecido Dr. Paulino d'01iveira, a qual pertence agora ao museu da Universidade. Oxalá appareçam em breve muitos d'estes catálogos locaes ou regionaes, para que mais tarde possa algum naturalista abranger em obra mais ampla toda a fauna lepidopterologica do nosso paiz. N'este meu trabalho não estive só;, foram muitos os coope- radores, aos quaes cumpre que declare publico reconheci- mento. Primeiramente emquanto á classificação, carecendo de livros bastantes e de collecções bem providas, onde pudesse comparar as espécies, baldado seria todo o meu empenho, se não fosse a extremada fineza com que dois amigos se presta- ram a determinal-as. Foram elles r>s Rev/"' P." José e Leão de Joannis da Sociedade Entomologica de França, bem co- nhecidos dos naturalistas pelos seus trabalhos lepidopterologi- cos. Com excessiva amabilidade desempenharam para com- migo durante 4 annos as vezes de eruditos mestres vencendo as difficuldades que não raro se levantam na classificação de muitas das nossas espécies. Outros cooperadores tive nos alumnos deste Collegio e nos professores meus coUegas, que muito me auxiliaram na caça dos lepidopteros tanto diurnos como principalmente nocturnos. Dois porem não posso deixar de os especificar pelo especial auxilio que d'elles recebi : é o primeiro o digníssimo Director do Collegio, P." José da Cruz Tavares, que muito me alentou com o interesse que sempre mostrou por esta coUecção, não se de- dignando de me trazer quantos exemplares encontrava; o se- gundo é o meu collega, P." Luiz M. Alves Correia, a cujas vi- gílias devo a posse de muitas espécies e que ainda agora do Collegio de Campolide, onde é actualmente professor, me con- tinua a augmentar a collecção. A estes, bem como a todos os mais de quem recebi algum auxilio, presto aqui reconhecido a homenagem do meu sincero agradecimento. Collegio de S. Fiel, Agosto de 1902. Notanda. I.") — Na enumeração das espécies segui a ordem e nomen- clatura adoptada no — aCatalog der Lepidopteren des pa- laearctischen Faunengebietes von Dr. O. Standinger und Dr. H. Rebei» — 3.* edição, Berlim 1901. 2.°) — Quando nos lepidopteros nocturnos não cito locali- dade alguma, entende se que foram caçados á luz dentro do Collegio. 3.°) — Ao citar as datas da apparição dos insectos, separei por (;) aquellas que evidentemente correspondiam a gerações diíferentes. 4.°) — Indicando os mezes em que vivem as lagartas, só pretendo declarar o tempo em que as vi, sem de nenhum modo circumscrever a esses mezes a sua existência. O mesmo se diga das plantas, que assignalo para sustento de algumas es- pécies. [y] C. MENDES: LEPIDOPTEROS DE S. FIEL l55 Fam. papilionidae Gen. PapiliO (L.) Latr. I Podalirius L. — Julho e Agosto. Jardins e hortas. Esta forma typica é raríssima, só vi uma com a cor ama- rella distincta. a) var. Miegii Th.-Mieg. — Abril. Obs. Pertencem a esta variedade os indivíduos da primeira geração. São mais brancos e mais pequenos com a margem interior das azas posteriores inteiramente negra. b) var. Fheisthamelii Dup. — Julho a Setembro. Agosto, Serra da Estrella (F. Mattozo Santos, Jornal de Sciencias Mathematicas, Physicas e Naíuraes de Lisboa n.° xxxvii (1884) pag. 29) (*). Obs. Os indivíduos da 2.* geração são quasi todos d'esta variedade. Alguns attingem grandes dimensões; uma ç por exemplo tinha 82 mm. de envergadura. 2. Macliaon L. — Julho e Setembro. Rara. Agosto, Serra da Estrella (F. Mattozo Santos 1. s. c. pag. 3o). (') Como este catalogo é local, só farei menção das localidades já pu- blicadas por outros auctores, quando estiverem comprehendidas na área das minhas explorações. l56 REVISTA DE SCIENCIAS NATURAES [8] aj var. Sphyrus Hb. — No mesmo tempo. Lagarta: Foeniciditm officinale a que vulgarmente chamam por aqui Herva doce. Junho. D'estas lagartas saíram-me as borboletas a 12 de Julho depois de 10 dias de chrysalidas. Obs. Nos exemplares que vi, é muito variável a posição da mancha negra situada na extremidade da cellula das azas posteriores: ora toca e quasi se confunde com a faixa margi- ginal, ora se afasta mais ou menos d'ella. Gen. Thais F. 3. Rumina L. — Março e Abril. Commum nas Portas de Ródão, em Castello Novo e Lousa. Perto de S. Fiel é mais rara. Lagarta: Aristolochia longa. Maio e Junho. Fam. pieridae Gen. Pieris Schrk. 4 Brassicae L. — Commum todo o anno; até de inverno apparece em qualquer dia de sol. Lagarta: Na couve onde por vezes causa grandes estragos. As chrysalidas encontram se com frequência dentro de casa suspensas das portas e janellas. 5. Rapae L. — Commum de Março por deante principalmente nas hortas. 6. Napi L. — Junho. Quinta de S. Fiel. Muito rara. 7. Daplidice L. — Agosto, Serra da Estrella (F. Mattozo Santos 1. s. c ). Muito commum pelos campos incultos primeiro em Março, depois do fim de Maio em deante. [g] C. MENDES: LEPIDOPTEROS DE S. FIEL l5'J Gen. Euchioê Hb. (Anthochavis B.) 8, Belia Cr. — Março e Abril. Varia muito o tamanho das manchas prateadas das azas inferiores. a) var. Ausonia Hb. — E a 2.* geração e apparece em Maio. Castellejo e Portas de Ródão. 9. Cardamines L. — Maio. N. Senhora da Orada (perto de S. Vicente da Beira). Matta do Fundão. Gen. Leptidia Billb. (Leiícophasia Stph.) 10. Sinapis L. — Maio, Julho 'e Agosto. Matta do Fun- dão, Senhora da Orada, Ribeira da Alpreada e da Ocreza. a) ab. ç Erysimi Bkh. —Agosto, Serra da Estrella (F. Mattozo Santos 1. s. c. pag. 3i). Julho. Castello Novo. h) var. Diniensis B. — Agosto, Serra da Estrella (F. Mat- tozo Santos 1. s. c). Agosto. Ribeira da Ocreza. Gen. Golias (F.) Leach 11. Edusa F. —Agosto. Serra da Estrella (F. Mattozo San- tos 1. s, c). Não é rara de Março a Setembro. a) ab. ç Hélice Hb. — Maio. Quinta da Anta. Gen. Gonepterix Lench (Rhodocera B.j 12. Rhamni L, — Março, Abril e Julho. ' i3. Cleópatra L. — Abril e Maio. Commum nas Portas de Ródão, onde abunda o Rhamnus. l58 REVISTA DE SCIENCIAS NATURAES [lo] Fam. nymphalidae Sub-Fam. NYMPHALINAE Gen. Charaxes o. 14. Jasius L. — Outubro. Louriçal. Gen. Limenitis F. i5. Camilla Schiff. — Junho a Agosto. Matta do Fundão, Valle de Prazeres e Covilhã. Gen. Pypatneis Hb. 16. Atalanta L. — Todo o anno até de inverno. Lagarta: Ortigas. Maio e Agosto. 17. Cardui L. — Todo o anno. Gen. Vanessa f. 18. Polyohloros L. — Marco-, Julho. Gen Polygonia Hb. ig. O álbum L. — Março; Julho e Agosto. Gen. Melitaea F. 20. Aurinia Rott. — Abril e Maio. Commum na Senhora da Orada e Matta do Fundão. Lagarta: Lomcera. Até Abril. 21. Plioebe Knoch — Maio. Louriçal. Em alguns indivíduos o loiro da parte de baixo [ll] C. MENDES: LEPIDOPTEROS DE S. FIEL I Sq das azas posteriores é substituído por um branco azulado. 22. Didyma O. — Agosto, Serra da Estrella (F. Mattozo San- tos I. s. c. pag. 36). Maio, Julho e Agosto. S. Vicente, Casal da Serra e Matta do Fundão. Obs. Os 7 exemplares, que tenho, differem muito entre si já no tamanho, já na forma e grandeza das manchas das azas. 23. Deione Hb. — Em Maio commum na Senhora da Orada, em Junho, Julho e Agosto na Matta do Fundão. Lagarta: Antirrhinum. Até Abril. Gen. Apgynnis F. 24. Lathonia L. — Agosto, Serra da Estrella (F. Mattozo Santos 1. s. c). Em Julho e Agosto commum na Matta do Fundão. Setembro, Serra da Estrella (Nave de Santo António). Perto de S. Fiel é mais rara. 25. Adippe L. — Junho e Julho; abundante na Matta do Fundão. a) ab. Cleodoxa O. — Maio. Capinha. b) var. OMorodippe H. S. — Matta do Fundão. c) ab. Oleodippe Stgr. — E esta a forma mais frequente na Matta do Fundão. 26. Pandora Schiff. — Commum de Maio a Setembro. Agosto, Serra da Estrella (Nave de Santo António). Muito abundante em Agosto na Matta do Fundão pousada nas flores dos cardos. l60 REVISTA DE SCIENCIAS NATURAES [ l 2] Obs. Nos muitos exemplares que vi, observei, que na maior parte dos $$^ mas só nos $$^ Jesapparecia o prateado das azas inferiores, e n'aquclles em que ainda subsistia, reduzia-se apenas a algumas manchas da faixa média, que nunca era continua, a uma das manchas basilares e a alguns dos 5 pon- tos. Será a ab. Paupercula Ragusa ? As manchas prateadas são algumas vezes, mas não sempre, substituidas por outras amarelladgs. Em alguns as manchas da base são orladas do lado de dentro por uma linha preta muito distincta. Sub-Fam. SATYRIN^ Gen. Melanapgia Meig. 27. Lachesis Hb. — Junho. Não é rara. Commum na Matta do Fundão. 28. Inês Hffsgg. — Maio. Matta do Fundão, Ribeira d'Alpreada (entre a Lousa e Oledo) e Portas de Ródão. Gen. Satyrus (Latr.) We stw. 29. Oirce F. — Julho e Agosto. Castello Novo, Matta do Fun- dão, Quinta dos Carvalhos (*) (Castello Branco), Quinta dos Fornos Q (Lousa) e Quinta do Ribeiro Negro (^) (Covilhã). 30. Hermione L. — Agosto, Serra da Estrella (F. Mattozo Santos 1. s. c. pag. 87). Setembro, Serra da Estrella (Nave de Santo António e Covão da Lapa Fina). (M Propriedade do Sr. Dr. Gonçalo d'Almeida Gnrrett, distante de Cas- tello Branco uns 3 kilom., também chamada Quinta de D. Leonor. (2) A pequena distancia da Lousa; ha n'e!la diversas espécies de carva- lhos como Q. ilex, siiber, To^a, pedunculata e liisitanica. Pertencia ao re- centemente fallecido Sr. Manuel Vaz Preto Geraldes. (') Situnda nas faldas da Serra da Estrella não longe da Covilhã, h do Sr. Luiz António de Carvalho. [l3] C. MENDES: LEPIDOPTEROS DE S. FIEL l6l 3i. Alcyone Schiff. — Julho, Matta do, Fundão. 32. Semeie L. — Julho e Agosto. Gommum. Na Serra pousa nos rochedos, nos bosques prefere o tronco das arvores. Obs. Encontrei alguns $S com a faixa das azas muito es- branquiçada principalmente do lado interno. 33. Statilinus Hufn. — Julho e Agosto nos logares áridos. Agosto, Serra da Estrella (F. Mattozo Santos 1. s. c. pag. 38). a) var. Allionia F. — Mais commum que o typo. Obs. E muito variável a cor das azas inferiores por baixo. N'umas o tom geral é muito escuro, n'outras cinzento muito desmaiado; com frequência a faixa marginal está quasi inteira- mente sumida, sendo aliás a media bem disiincta. Vi um $ em que a côr esbranquiçada da faixa media se prolongava até á base. 34. Fidia L. — Julho a Setembro. Louriçal e Sobral do Campo. 35. Actaea Esp. var. Mattozi Carvalho Monteiro. — Agosto, Serra da Estrella (F. Mattozo Santos 1. s. c. pag. 38). Agosto e principio de Setembro; commum na Serra da FJstrella desde a Nave de Santo António até um pouco abaixo do Sanatório da Covilhã. Obs. Já em 1807 Ochsenheimer (Die Schmetterlinge von Europa I, i pag. igS) descreveu a variedade Podarce fundan- do-se em exemplares que lhe mandou da Serra da Estrella o Conde de Hoffmannsegg. Comparando porém attentamente os meus exemplares com a sobredicta descripção, achei as diffe- renças seguintes: a) Na var. Podarce O. a côr fundamental é mais clara, que na forma typica; l62 REVISTA DE SCIENCIAS NATURÂES [14] b) As azas não apresentam reflexos ou furta-côres; c) A ç não tem o 2.° olho nem os dois pontos brancos por cima nas azas anteriores. Pelo contrario nos meus exemplares a) A côr fundamental pelo menos nos $$ t mais carregada; b) Os reflexos esverdeados, amarello cobreados e violáceos são muito distinctos, chegando a aza a apparecer inteiramente violácea principalmente sob a acção directa do sol; c) Finalmente na ç ha sempre os dois olhos nas azas an- teriores com a pupilla branca, e até os dois pon- tos brancos situados entre os dois olhos são em muitos indivíduos visíveis por cima. Em vista d'estas diíferenças afasto-me n'este ponto do Catalogo de Staudinger (Stgr. Cat. ed. 3.*, I, n." 878 a), que identifica a var. Podarce O. com a var. Matto\i Carvalho Monteiro, e prefiro adoptar esta ultima denominação para os exemplares por mim recolhidos na Serra da Estreita, visto concordarem com a descripção que d'esta variedade publicou o distincto entomologista portuguez, o Sr. Dr. A. A. de Car- valho Monteiro (Jornal de Sciencías Mathematicas, Physicas e Naturaes de Lisboa n.° xxxiv (1882) pag. 107). Accrescento porém a essa diagnose as seguintes restricçÕes: i) E verdade que os dois pontos brancos nunca são visí- veis por cima nos $$^ são no porém muitas vezes nas çç; 2) A faixa media da parte inferior das azas posteriores só desapparece de todo nos $$^ nas çç permanece bastante dis- tincta. Gen. Parapge Hb. 36. Aegeria L. — Commum principalmente nas hortas. [l5] C. MENDES: LEPIDOPTEROS DE S. FIEL l63 37. Megera L. — Abril, Maio e Julho Agosto, Serra da Es- trelia (F. xMattozo Santos 1. s. c. pag. 3g). 38. Maera L.— Agosto, Serra da Estrclla (F. Mattozo San- tos 1. s. c ). Commum em Maio. aj var. Adrasta Hb. — Julho e Agosto. Gen. Epinephele Hb. 39. Jurtina L. (Janira L.) —Agosto, Serra da Estrella (F. Mattozo Santos l. s. c. pag. 40). Muito abundante nos bosques de Maio a Agosto. aJ var. Hispulla Hb. — Também muito commum. 40. Lycaon Rott. — Agosto, Serra da Estrella (Nave de Santo António) e Serra da Guardunha. 41. Tithonus L. — Agosto, Serra da Estrella (F. Mattozo Santos l. s. c). Commum de Junho a Agosto. 42. Ida Esp. — Junho a Agosto. 43. Pasiphaè Esp. — Junho e Julho. Commum na Matta do Fundão. Gen. Coenonympha Hb. 44. Dorus Esp. — Junho e Julho na Matta do Fundão. Agosto na Serra da Estrella. 45. Pampliilus L. — Muito abundante de Março por deante. a) var. Marginata Ruhl. — Também é bastante commum no verão. IÒ4 REVISTA DE SCIENCIAS NAFURAES [ l Ó j Fam. LYCAENIDAE Gen. Laeosopis Rbr. 46. Roboris Esp. — Junho. Quinta de S. Fiel, Alpedrinha e Portas de Rodao pousada nos castanheiros. Gen. Thecla F. 47. Spini Schiíf. — Maio. Portas de Ródão. a) ab. Lynceus Hb. — Maio. Portas de Rodáo. 48. Ilicis Esp. — Junho e Julho. Commum no Monte de S. José (') e na Matta do Fundão. aj var. Esculi Hb. b) ab. Oerri Hb. — Apparece em companhia da forma ty- pica, bem como a variedade antecedente. Gen. Callophrys Biiib. 49. Rubi L. — Abril e Maio. N. S." da Orada (encosta do monte). Gen. Zephyrus Dalm. 50. Quercus L. — Junho e Julho. Monte de S. José e Quinta dos Fornos. (') Grande quinta do Sr, Visconde de Tinalhas situada entre esta po- voação e a Lardosa, é também vulgarmente conhecida pelo nome de Miinie das Lameiras e Monte do Barriga; ha n'ella um extenso carvalhal, onde cacei as borboletas aqui citadas. [17] C. MENOFS: LEPIDOPTEROS DE S. FIEL 1 65 Gen. Chr^sophanus Hb. (Polyommatus) 5i. Alcipliroii Rott. var. Gordius Sulz. — Agosto, Serra da Esirella (F. Mattozo Santos 1. s. c. pag. 32). Junho e Julho. Matta do Fundão. 52. Phlseas L. — De Março por deante muito commum. a) var. Eleus F. — Geração do verão. Também commum. GE^T. Lampides Hb. 53. Boeticus L. — Commum de Julho a Outubro. 54. Telicanus Lang — Agosto, Serra da Estrella (F. Mattozo Santos 1. s. c. pag. 33). Junho, Julho e Agosto, prin- cipalmente nas hortas. Gen. Lycaena F. 55. Lysimon Hb.— Agosto. Covilhã c margens da Ocreza. 56. Arg-us l^. (Aegon Schifí.) — Serra da Estrella (F. Mattozo Santos 1. s. c). Maio, N. S." da Orada. Abundante em Julho na Serra da Estrella perto da lagoa do Pa- xão (J. da Silva Tavares!) e em Agosto na Nave de Santo António. 57. Astrarclie Bgstr. (Agestis Schiff.) — Em grande abun- dância. a) var. Cálida Bell. (Aestiva Stgr.) —Agosto, Serra da Es- trella (F. Mattozo Santos 1. s. c. pag. 34). Com- mum no verão. 58. Icarus Rott. — Agosto, Serra da Estrella (F. Mattozo Santos 1. s. c). Commum desde Julho. l66 REVISTA DF. SCIENCIAS NATURAES [l8] 59. Bellargus Rott. — Maio. Portas de Ródão. 60. Melanops B, — Maio. Ribeira d'Alpreada (entre Oledo e a Lousa). Gen. Cyanipis Daim. 61. Argiolus L. — Abril, Julho e Agosto. Fam. hesperiidae Gen. Adopaea (Billb.) Wats. (Hesperia Stgr.) 62. Lineola O. — Junho. 63. Tliaumas Hufn. — Maio. 64. Acteon Rott. — Julho. Gen. Augiades (Hb.) Wats. (Hesperia (Stgr.) 65. Oomma L. — Agosto, Serra da Estrelhi (F. Mattozo San- tos 1. s. c. pag. 42). Agosto, Matta do Fundão e Serra da Guardunha. ^fô. Sylvanus Esp. — Junho. Gen. Carcharodus (Hb.) Wats. (Spilothfvm b.) 67. Alcese Esp. — Agosto, Casal da Serra e Matta do Fun- dão. Setembro, Covilhã. Gen. Hesperia (F) Wats.fSyrichíhus b.) 68. Sao Hb. — Agosto, Serra da Kstrella (F. Mattozo Santos l. s. c.) Maio, N. S." da Orada. Agosto, Man- teigas. [ig] C. MENDES: LEPIDOPTEROS DE S. FIEL 167 Fam. SPHINGIDAE Gen. Achepontia o. 69. Atropos L. — Maio, Agosto e Seterribro. Lagarta: Junho e Julho; Outubro e Novembro. No Solanum tuberosum e Olea europcea. Gen. Smepinthus Latr. 70. Ocellata L.- Lagarta: Salix cinerea. Junho. Gen. Dilina Daim. 71. Tilise L. — Maio, S. Vicente. Junho, Castello Novo. Ju- lho, Ribeira da Ocreza. Gen. Sphinx (L.) O. 72. Ligustri L. — Só vi a lagarta em Outubro. Gen. Ppotoparce Burm. 73. Oonvolvuli L. Lagarta: No Coupolviilus. Outubro. Gen. Deilephila o. 74. Lineata F. var. Livornica Esp. — Maio e Julho. Lagarta: Encontrei uma em Junho na Linaria spar- tea; chrysalida a 6 de Julho, borboleta a 20 do mesmo mez. Vi outras na mesma planta em Julho e Agosto. Gen. Chaepocampa Dup. 75. Celerio L. — Outubro. Rara. l68 REVISTA DE SCIENCIAS NATURAES [20] Gen. Pterogon b. 76. Prosérpina Pall. — Junho. Matta do Fundão. Gln. Macpoglossa Sc. 77. Stellatarum L. — Bastante commun:i de Maio a Outubro. Agosto, Serra da Estrella (F. Mattozo Santos 1. s. c. n.° XXXVIII, pag. 122). Fam. NOTODONTIDAE Gen. Cerura Schrnk. (Harpyia o.) 78. Verbasei F. — Junho e Julho. Margens da Ocreza e seus affluentes. Lagarta: No Salix cinerea e anrita. As da pri- meira geração vivem em Junho dando as bor- boletas em meados de Julho; as da segunda apparecem em Outubro e Novembro c as bor- boletas em Julho do anno seguinte. 79. Fúrcula Cl. — Maio. Lagarta: Nos salgueiros em Outubro e Novem- bro. Gen. Dicranura B. 80. Vinula L. — Abril. Lagarta: Nos salgueiros em Junho. Gen. Drymonía Hb. 81. Querna (S. V.) F. —Maio. Lagarta: Em Novembro nas margens da Ocreza. [2l] C. MENDES: LEPIDOPTEROS DE S. FIEL 169 Gen. Pterostoma Gcrm. ~ 82. Palpina L. — Abril, Maio e Julho. Gen. Phalera Hb. 83. Bucepliala L. — Julho. Lagarta: Outubro e Novembro, ás vezes em grande numero devorando as folhas dos castanheiros, sobreiros, salgueiros e azinheiras. Vi-as tam- bém em Junho e Julho. Gen. Pigaera o. 84. Pigra Hufn. — Março, Abril e Junho. Fam. thaumetopoedae Gen. Thaumetopoea Hb. (Cnethocampa Stph.) 85. Processionea L. — Agosto. Covilhã. ■■tj^ 86. Pityocampa Schift'. — Agosto. Lagarta : Em grande abundância no Piniis maritima de Setembro até Março. Muito nociva aos pi- nheiros principalmente quando novos, aos quaes vae roendo as folhas de ramo em ramo. Ha annos em que os pinhaes novos vistos de longe em Março parecem seccos por causa dos des- troços n'elles causados por esta lagarta. Fam. LYMANTRIIDAE (Liparidae) Gen. Euppoctis Hb. 87. Ohrysorrhoea L. — Junho e Julho. 170 REVISTA DE SCIENCIAS NATURAES [22] Gen. Lymantria Hb. 88. Dispar L. — Julho e Agosto. Encontra-se com frequência a ç pousada dentro dos troncos carcomidos dos cas- tanheiros, onde põe os ovos. Lagarta: Só a vi nos sobreiros. Fam. lasiocampidae Gen. Chondrostega Ld. 89. Vandalicia Mill. — Agosto e Setembro. Lagarta: Bastante commum na Serra da Guardunha desde Outubro até Abril na relva fresca. E mais frequente no alto da Serra e nunca a vi a altitu- des inferiores a 8oo"\ Sustenta-se de gramineas principalmente do Nardus stricta que é muito abundante na Serra; gosta também da Hypo- chneris radicata, que por vezes prefere ás gra- mineas. Obs. As lagartas facilmente se criam em casa, mas é muito difficil obter as borboletas; morrem quasi todas dentro dos casulos sem ao menos se transformarem em pupas, como expe- rimentei alguns annos. Gen. Malacosoma (Hb.) Auriv. 90. Neustria L. — Junho. Gen. Lasiocainpa Schrk. 91. Quercus L. — Agosto. Covilhã. • 92. Trifolii (S. V.) Esp, — Agosto e Setembro. Lagarta: Em Março e Abril apparecem bastantes já crescidas no Cytisus albus; metamorpho- seiam-se em fins de Abril. [23] C. MENDES: LEPIDOPTEROS DE S. FIEL I7I Obs. Nas borboletas que vi, a côr das azas variava desde o castanho escuro até ao loiro muito desmaiado. N'uma ç a linha transversal das azas superiores era loira sobre fundo muito claro. Gen. Diplupa Rbr. 93. Loti O. — Agosto. Serra da Estrella (perto da Covilhã). Obs. Uma ç encontrada perto de S. Fiel tinha a linha api- cal quasi de todo sumida. Gen. Epicnaptera Rbr. 94. Suberifolia Dup. — Outubro. Entre o Louriçal e o Sobral do Campo. Fam. saturniidae Gen. Saturnia Schrk. 95. Pyri Schiff. —Abril. Lagarta: Junho e Julho. Nas arvores de fructa. Fam. DREPANIDAE Gen. Drepana Schrk. 96. Binaria Hufn. — Abril, Junho e Agosto. Gen. Cilix Leach 97. Glaucata Sc. — Abril, Maio, Junho e Agosto. (Continua) DESGRIPÇAO DE SEIS COLEOPTEROCECIDIAS NOVAS POR ^. S. Tavares Apion alcyoiieii.111 Germ. (*) A cecidia produzida por este Coleoptero consiste numa ag- glomeração mais ou menos globosa de todos os foiiolos de uma folha. Cada foliolo dobra-se em forma de vagem recurvada, ficando todos conchegados e limitando uma cavidade, onde vive e se metamorphoseia a larva. Habitat. No Laíh/rus cicera L. A imago apparece em ju- nho do 1.° anno. Gommum. Soalheira, 1902. .A.x>ion ai'g'eii.tfitii.111. Gerst, (sqitamigerum Duv.) Esta espécie produz nos ramos novos um engrossamento fusi- forme, ordinariamente unilateral, pouco perceptível e muitas vezes situado logo abaixo da inserção das folhas. O diâmetro anda por 2,5 mm., suppondo a grossura do ramo normal i ,5 mm. A cavidade larval é pequena e de ordinário unilateral. A imago sae da cecidia em junho e julho do i.° anno. Habitat. No Adenocarpiis intermedius DG. Soalheira, ju- nho, 1902. Gommum. (') Esta espécie e as seguintes foram classificadas j^elo sr. L. Bede , [2] J. S. TAVARES: COLEOPTEROCECIDIAS NOVAS 178 # .A^pion I^raatzi Wencken A cecidia é formada nos ramos novos por uma intumescên- cia fusiforme e pouco perceptivei. Cavidade larval situada no eixo do ramo. A cecidia está ordinariamente fendilhada de um lado. A imago sae d'ella na segunda quinzena de maio do i." anno. Esta espécie não era conhecida senão do norte da Africa e da França meridional. Habitat. No Sarothamniis grandijlorus Webb. Matta do Fundão. Maio, 1902. A.j3Íon sxTbsnlcatniii Marsh, (aetiops Auct.) Este Coleoptero causa nos raminhos novos, ao nivel dos nós, uns engrossamentos fusiformes e pouco perceptíveis. Ca- vidade larval grande e coUocada no eixo do ramo. Comprimento da cecidia 7 mm.*, grossura 2 mm., quando a grossura do ra- minho normal é i mm. A imago sae em maio do i.° anno. Habitat. Na Vicia pyrenaica Pourr. Matta do Fundão, maio, 1902. A.j>i<^*^ trTl>ifeni.ni Gyllh. Esta espécie cria-se nos gommos, cujas folhas se encres- pam e dobram umas sobre as outras, ficando mais ou me- nos encarquilhadas, e constituindo uma cecidia de forma irregular. A imago apparece em meado de julho do i.° anno. Obtive o lypo e uma variedade de cor azulada. Habitat. No Cistus salpij:folius L. Setúbal (C. Torrend!), julho, 1902. IVanopliyes i>£illiclixs Oliv. A cecidia em que se desenvolve e metamorphoseia este Coleoptero é uma transformação da capsula, a qual, em vez de ser comprida e ponteaguda, fica de forma oval, ás vezes quasi espherica. O comprimento attinge 2,5 mm. e a largura 2 mm. 174 REVISTA DE SCIENXIAS NATURAES [3] Na capsula normal ha 3 arestas longitudinaes, muito salientes; em quanto na cecidia se notam 6, mas bastante apagadas. Até meia altura está coberta pelo cálix persistente e muitas vezes também pela corolla. No tempo da maturação as cecidias caem em terra e deslocam-se com os movimentos, de que tra- tarei abaixo. O insecto sae em junho do i." anno, e tem salpi- cos muito visíveis á superfície do corpo. Habitat. No Tamarix africana Poir. Setúbal (J. Andrieux!), maio, 1902. MoYimento das cecidias do Nanopliyes pallidus oiiv. Não se conhecia até agora nenhuma coleopterocecidia do- tada de movimento, ao menos que eu saiba. Nas hymenopte- rocecidias este movimento é raro; pois parece que não se desco- briu ainda senão no Neurolerus saltans. As cecidias do Nanophyes pallidus deslocam-se com facili- dade e dão grandes saltos. Este movimento foi observado pela primeira vez pelo meu amigo, sr. J. Andrieux, e estudado em commum pelo meu collega, sr. C. Zimmermann, e por mim. Se o dr. Kollar, quando descobriu o movimento das cecidias do Neiiroteriis saltans, ficou tão admirado que chamou Giraud e outros amigos para observarem esse curioso phenomeno, não é para extranhar que me succedesse a mim outro tanto, ape- sar de ter já visto mais de uma vez os saltos do Neuroterus saltans. Mas nas cecidias do Nanophyes pallidus o movimento vê-se muito melhor, dura mais tempo, executa-se dia e noite e os saltos fazem-nas elevar 20 mm. e mais, andando assim horizontalmente i e 2 decimetros. No Neuroterus saltans o mo- vimento dura poucos minutos e para começar é preciso exci- tal-o; mas a cecidia do Nanophj-es ás vezes está saltando um dia inteiro e mais, sem ser necessário tocar-lhe. O movimento comtudo accelera-se expondo a cecidia á luz, e não se produz somente, quando ella contem a larva; mas até a pupa lhe faz dar saltos, posto que menos energicamente. Mecanismo do movimento. Todos sabem quão difficil é a [4] J. S. TAVARES: COLEOPTEROCECIDIAS NOVAS 175 uma pessoa que está dentro de um carro, o imprimir-lhe mo- vimento de modo que se desloque; pois, como a reacção é eguai e contraria á acção, ambas as forças actuam nelle e se destroem ao menos parcialmente. O mesmo succederia a quem estivesse dentro de uma esphera oca e de paredes não flexiveis. Parece Oy ^ portanto difficil explicar o mecanismo com que a larva do Na- nopJi/es pallidus, dentro de uma cecidia de paredes lenhosas e rigidas, pode imprimir-lhe movimentos de projecção, de ro- lamento e trepidação. Para estudar este mecanismo, basta abrir um pouco a ce- cidia, conservando a larva dentro, e examinar attentamente o que se passa. O resultado das observações do meu collega e das minhas está representado eschematicamente nas figuras lyÕ REVISTA DE SCIENCIAS NATURAES [5] a, b, c Q. d . A fig, a mostra a larva, muito augmentada, dentro da cecidia. Na parte media, pouco mais ou menos correspon- dente ao principio do abdómen, ha um anncl, que se prolonga mais que os outros para o exterior, formando uma saliência ou gibbosidade. Esta serve de mola e de ponto de apoio á larva. A fig. h representa por uma setta o corpo da larva na sua posição de repoiso, indicando a ponta da mesma setta a cabeça do animal. Quando a larva se quer mover, fixa-se com a gibbosidade á parede da cecidia e tira o abdómen da posi- ção 1 para a posição 2 (linha ponteada), ficando o abdómen á maneira de mola tensa e numa posição forçada. Em seguida (fig. c) o abdómen passa violentamente da posição 2 para a po- sição 3, dando na parede uma forte pancada, que faz saltar a cecidia. A reacção faz-se immediatamente por intermédio da gibbosidade. Mas, como esta não fica diametralmente opposta á parede que recebe a pancada, a reacção não é directamente opposta a acção e, como a gibbosidade faz de mola, deve ser também destruida parcialmente. Por estas duas razões só uma pequena parte da acção é contrabalançada pela reacção e as- sim o movimento cxecuta-se facilmente. As vezes a cabeça da larva, em logar de se conservar na sua primeira posição (fig. b e c), move- se também na mesma direcção que o abdómen (fig. c'J, sem duvida para deslocar o centro de gravidade no sentido do movimento e auxiliai o por esta forma. Alem do movimento de projecção, ha ainda na cecidia o movimento de trepidação e de rolamento. Este é produzido por qualquer movimento da larva, que desloque o centro de gravidade, bastando para isso deitar-se para os lados, ou avan- çar. A trepidação é causada pelo movimento helicoide do abdómen e pelo movimento pendular e nutação da cabeça. Nota sobre a cecidia do MECINUS DORSALIS áubé Este Goleoptero cria-se em cecidias fusiformes e pouco perceptíveis dos caules e ramos da Linaria Toiínicforíii (Po\r.) Lge. var. glabrescens Lge. (Cfr. J. S. Tavares — As Zooce- cidias Portuguc'{as. Ann. de Sc. Nat. vol. vii, n.° 191, Porto, [6] J. S. TAVARES: COLEOPTEROCECIDIAS NOVAS I77 1900). Este anno encontrei as cecidias d'esta mesma espécie nas raizes e caules da Linaria trioniilhophora Willd., na malta do Fundão. As do caule consistem em engrossamentos fusiformes, cujo comprimento chega a o, ""02, e a grossura a 2,3 mm., se a grossura do caule eguala i mm. A cavidade larval é grande e situada no eixo do caule. Nas raizes as ceei- dias são mais ou menos espiícricas, do tamanho de um grão de milho, amarellas e ordinariamente unilateraes. Obtive os insectos de ambas as qualidades de cecidias em meado de ju- lho do 1." anno. Fste substrato é novo. J. S. TAVARES QUATRO DIAS NA ESTRELLA Se o estudo da flora da Estrella tem merecido a attenção dos botânicos, não menos a merece aos zoologos a sua fauna tão interessante. Comtudo, podendo dizer-se que a flora está bem conhecida, não se pode affirmar outro tanto da fauna. Assim é que poucas vezes se vê citada a serra da Estrella, a não ser nos trabalhos do sr. Mattozo Santos sobre os Or- thopteros, Odonates e Lepidopteros, e no catalogo dos Co- leopteros do fillecido dr. Paulino de Oliveira. E estes catálo- gos estão longe de ser completos. Foi esta a razão que me levou em julho findo a fazer uma pequena excursão á Estrella, em companhia de meus amigos, RR. srs. PP. Borges Grainha, Benevenuto de Sousa, J. Pinto, J. Rabaça (Vigário de Manteigas), e o sr. Thomaz Cabral Soares d' Albergaria^ aos quaes tributo aqui o meu reconhecimento pela 178 REVISTA DE SCIENCIAS NATURAES [7] agradável diversão que me proporcionaram. Subimos por Man- teigas segunda feira de manhã (21 de julho) e fomos acampar aos Barros Vermelhos (proximamente a 1.600'" de altitude); d'onde nos 3 dias seguintes fizemos excursões em todos os sen- tidos, descendo quinta feira á tarde para a Govilhan. Quem conhece a Estrella sabe quão difficil é permanecer nella muito tempo por causa da falta de communicaçÕes e mais ainda em razão dos nevoeiros e tempestades que de repente se levantam. E comtudo para a serra se explorar zoologicamente, seria preciso percorrel-a uma vez ao menos em cada uma das três estações — primavera, verão e outono, permanecendo nella 10 a i5 dias. Por isso não é de admirar que em 4 dias, apesar do tempo nos favorecer de um modo excepcional, a colheita de espécies fosse relativamente escassa. Não obstante quero desde já publicar esta resumida nota sobre o resultado da minha excursão, espe- rando que mais tarde poderei fazer mais demoradas pesquisas, se entretanto algum naturalista se não animar a explorar a serra, afim de enriquecer a nossa fauna com as espécies novas que de certo ha-de descobrir. # * Mammifcros. O lobo (Lúpus vula;aris Briss.) não é tão raro que não se oiça ás vezes de noite uivar a pouca distancia das barracas do acampamento; mas de dia poucas vezes apparece. Cria na serra. Mais raro é o l^^nce (Fclis pavdina Temm.), a que vulgarmente dão o nome de lobo cerval. O anno passado foram mortos 2 por um caçador. O texugo (Meles taxus Schreib.) sobe a pouca altura e de ordinário não vae alem do terreno, onde se cultiva o milho, de que elle se sustenta. Ha uns 3o annos os coelhos propagavam tanto nos mattos que estão perto da Lagoa do Paxão, que não era raro matarem se 200 numa caçada. Uma doença dizimou os por forma que actualmente são poucos. As lebres (Lepus tiinidus LJ têm sido vistas na explanada da torre ou pyramide no mais alto da serra; mas de inverno procuram as altitudes inferiores a lGoo"', onde já podem resistir aos frios. Não me consta que o javali [8] J. S. TAVARES: QUATRO DIAS NA ESTRELLA 1 79 fSus scrofa L.J tenha sido encontrado a grandes alturas, onde lhe escasseia o alimento e faltam os mattagaes. O ouriço ca- cheiro (Erinaceus europaeiís L.) apparece raras vezes na en- costa sul, onde ha castanheiros. Aves. As mais notáveis são algumas espécies de águias (en- tre outras a Aquila chiysaetus L.), que criam nos buracos e fendas dos Cântaros •, abutres (Gyps fiihus Gmel.), que pousam ás vezes aos centos sobre as rezes mortas; pombos bravos (Columba livia Bonnat, segundo me parece), que são sedentários e criam nas fendas dos rochedos, fazendo os ninhos de gara- vetos grosseiros ; os patos reaes ou adens (Anãs boschas L.), a que os caçadores dão o nome de marrecos; as codornizes (Cotiirnix commiinis Bonnat), que fazem o ninho no centeio e relva, e emigram em outubro para voltar na primavera*, os patos ganços que se demoram pouco na passagem; e o ma- çarico real. Ha ainda uma espécie de corvo, ou gralha, que os pastores chamam corvacha (provavelmente Pyrrhocorax gra- culus L.) e se alimenta principalmente de varias espécies de gafanhotos (Stcnobrotus), que abundam na relva. Não as vi de perto, pois desconfiadas como são, não foi possível ao meu amigo, sr. P. Benevenuto, matar nenhuma (*). No Cântaro Gordo ha uma penha (poleiro das águias lhe chamam os pastores), que de longe parece branca por causa dos excrementos dos abutrfss, que nella costumam estar pou- sados. E interessante como os caçadores matam os patos reaes. Em dezembro, quando tudo está coberto de neve, povoam elles a Lagoa Comprida. Os caçadores postam-se a pequena distancia da lagoa e a bons intervallos uns dos outros. Nisto um d'elles dispara sobre os patos por tal forma que elles le- vantem voo e se dirijam para o lado onde estão os caçadores, indo cada qual atirando por sua vez. Na Albergaria (perto dos Cântaros) e por todo o valle que (1) No museu do nosso Collegio ha um bufo fBubo maximus Fiem.), que foi morto na Estrella. l8o REVISTA. DE SCIENCIAS NATURAES [9] se lhe segue vi muitas vezes nas margens do Zêzere um pás- saro lindissimo, que me parece fora de duvida ser o pica-peixe (Al cedo ispida L.). As perdizes abundam em toda a serra. O sr. Thomaz, meu amigo e afamado caçador, disse-me que tem matado uma perdiz differente da ordinária (Caccabis rufa L.). Não sei que espécie ou variedade seja esta, pois em todo Portugal só se conhece um.a, a não ser no norte, onde também vive a charrela (Perdix cinerea Lath.). Reptis. Alem de algumas lagartixas pequenas, vi o sardao (Lacerta viridis L.) na Albergaria. Um pastor disse-me que na Povoa Nova matara, ha dois annos, uma cobra, que segundo as explicações que me deu, devia chegar a i™,75 de compri- mento. Disse mais que esta mesma espécie a tem visto até aos Barros Vermelhos (lGoo""). A cobra d^aguafTropídoiiotus vipe- rimis Boil, ou T. natrix L.) chega até á Ribeira d' Alva e Valle da Perdiz (1.400"). Mas o reptil mais commum e que na serra sobe a maiores altitudes (provavelmente até ao ponto mais ele- vado) é a vibora (Vipera Latastei Rosca), O sr. Thomaz matou uma, ha dois annos, acima da Lagoa Escura (1.800™). Amphibios. Alem das rans, que são em grande numero, principalmente na Lagoa Comprida, e de que me pareceu ver mais de uma espécie, encontrei a rela ou ran das moitas (Hfla arbórea L.) perto da mesma lagoa, a salamandra (Salamandra maculosa Laur.) acima da Lagoa Escura, e o Pleurodeles JVal- tlii Dum. na Lagoa Comprida. Por mais que trabalhei, não consegui que os guias me apanhassem esta espécie, que elles diziam parecer-se com as trutas (!). Era muito para ver o seu espanto, quando me viram entrar pela agua dentro' e apanhar este amphibio, e ainda mais ouvir os commentarios que sobre isso fizeram. Peixes de agua doce. Só mencionarei a truta (Trutta fario L.); que não sei se existe na serra mais algum peixe. As trutas criam-se no Zêzere e Mondego, e chegam até grandes alti- [lO] J. S. TAVARES: QUATRO DIAS NA ESTRELLA l8l tudes por causa da propriedade que têm de subir pelas cas- catas e penedos. As mais estimadas são as do Zêzere, segundo dizem em Manteigas. Pena é que as Lagoas não estejam po- voadas de trutas e outros peixes que nellas se podiam propa- gar. Alem da utilidade que nisso haveria, a pesca seria mais um attractivo para os exploradores e visitantes. Fauna entomologica. Como espero que mais tarde hei-de publicar as espécies que recolhi, limitar-me-hei a dizer agora o numero de insectos apanhados: Coleopteros 32 espécies Orthopteros 25 » Lepidopteros 20 » Dipteros 12 » Hemipteros 3 » Nas encostas da serra a fauna entomologica é abundante até á altura de 1.200'". D'ahi para cima o numero de espécies vae diminuindo, como é natural. A lGoo"* ainda ha bastantes Orthopteros e na relva abundam por tal forma algumas espé- cies de Stenobrotiis, que servem de alimento aos bandos de corvachas. De 1.800" até á Pyramide (1.991"') só achei 3 es- pécies de Orthopteros — 2 Forficulas e um Locustideo. Os Co- leopteros são os que se encontram em maior abundância a gran- des altitudes. Zoocecidias. Nesta Revista ficam já mencionadas 20 espé- cies descobertas na Estrella, entre ellas duas novas — Perrisia Herminii Tav. e Perrisia halimii Tav. Ha também um ceci- domyia nova do Teucriíim liisitaniciim Lam., encontrada perto da Lagoa do Paxão, cuja imago ainda não obtive. A estas es- pécies junto mais as seguintes: Tenthredinidae: Pontania bella (Zadd.) nos Salix aiirita L. e cinevea L.; margens do Zêzere (Manteigas). l82 REVISTA DE SCIENCIAS NATURAES [li] Cynipides: No Quercus To^a Bosc. (Carvalheira de Manteigas) — An- dricits ostreus (Gir.) Mayr, A. solitarius Fonsc, A. fecunda- trix Hart.; Cynips Kollavi Hart., C. coriaria Haimh., C. to- :{ae Bosc; Neitroterus numismalis 01., A^. lenticularis var. histi^io Kieft'.*, e Drfophanla pubescentis Mayr. No Quercus pedunculata Ehrh. (Manteigas, nas margens do Zêzere) — Andricus curvator Hart., A. Giraudi Wachtl, e Neuroterus numismalis Ol. Na Rosa canina L. — Rhodiíes Majri Schlecht (perto de Manteigas). Cecidomyias: Perrisia ericina Fr. Lõw e Perrisia Zimmermanni Tav., em toda a serra até ao Cântaro Magro, na Eriça arbórea L. Aphididae: Phylloxera coccinea Heyd. no Q. To^a Bosc. (Carvalheira de Manteigas). Esta espécie, que não é rara, não tinha até agora sido encontrada neste carvalho. No mesmo a vi também perto de Castello Novo. Em agosto (1901) havia grande nu- mero de çç aladas, de côr escarlate. DFSCRIp 0[ TRÊS CECIOOMÍIAS NOVAS J- S- T .A. "VA. R E S Perrisia I-Ierminii n. sp. (^Ç Rubri, praeter antennas, metanotum, et Ires faseias am- plas mesonoti coloris brunei; abdomine $ supra brwieo, vitta rubra, lala, lougitudinali, in primis seplem articulis, signato; Ç supra sex pitlis transversis, bruneis, tectis squamis nigris et [l2] J. S. TAVARES: CECIDOMYIAS NOVA.S l83 cadiicis, longitudinaliter línea rubra sectts; palpis 4 articulis, primo vix longiore qiiam crassiore, ceteris longitiidine cresceu- tibiis usque ad ultimum fere quater longiore quam crassiore: antennis $ 2-\-i6 articulis, duobus primis funiculi concrescen- tibus, ceteris cylindricis, sesquilongioribus quam crassioribus, collo 2/3 longitudinis ipsorum aequante; (^2^15 articulis, duobus primis funiculi concrescentibus, fere duplo longioribus quam crassioribus; ceteris longitudine decrescentibus, absque collo conspícuo; iiltimis vix longioribus quam crassioribus, ul- timo obopato: ora alarum antica squamis nigris et deciduis obtecta; ciibiío Jonge ab extrcmiiate alae recedente: unguiculis tarsoriim bifidis et longitudine patellam aequantibus: cavitate ovipositoris ç duplo cum dimidio longiore quam latiore; for- cipe $ nihil peculiare habente. Longitudo cor por is á^ç: 2 mm. Larva aurantica^ 2,5 mm. longa, verrucis conicis tecta, ver- rucis spiniformibus nullis: spatula lutea, augusta, longa, extre- mitate profunde divisa in duos lóbulos obtusos incisione arcuata. Pupa incógnita. Cecidia. Esta espécie, cujo nome especifico fica lembrando a localidade onde foi descoberta (Herminius nome latino da serra da EstrellaJ, cria-se em cecidias, que já foram descriptas a pag. 24 d'esta Revista (n." 280). São constituídas por gom- mos terminaes modificados, de forma oval ou globosa e com- postos de folhas imbricadas, em que vivem as larvas alaranja- das. Metamorphose na terra. A imago appareceu em julho do 2.° anno (1902). Habitat. No Halimium occidentale WK. Estrella, onde é commum. I^erris^ia haliniii n. sp. $2 his tantum differiint a Perrisia Herminii n. sp.: i) an- tennis S 2-\-i4, ç 2-{-i3 articulis, duobus primis funiculi so- 184 REVISTA DE SCIENCIAS NATURAES [l3] liim sesquílougioj^ibus qiiani crassiorihus: 2) colore abdominis, supra octo vittis transversis, bnineo-nigris, haiid inicrruptis pa7'te media, et squamis nigris signati; infra, in iinoque se- gmento faseia et linea coloris nigri distincti. Larva et piipa incognitae. Cecidia. Esta foi já descripta por mim (cfr. J. S. Tavares — As Zoocecidias Portugue:^as. Ann. de Sc. Nat. vol. vii, 1900, Porto, n.° 217). E ordinariamente vermelha e formada pelas duas folhas oppostas de um gommo axillar ou terminal, as quaes estão soldadas pela borda e terminam superiormente num como bico. Assim limitam uma cavidade, de paredes membranosas, onde vive a larva. Altura 6 mm., grossura 2-3 mm. Metamorphose na terra. Em agosto as cecidias na Estrella continham ainda as larvas. A imago appareceu em julho do 2.° anno (1902). Habitat. No Halimium occidentale WK. Serra da Estrella (acima do Sanatório da Covilhan), agosto, 1901. No Halimium heterophjllum Spack. Arredores de Setúbal, setembro, 1900. IPerrisia Trotteiú n. sp. ^Ç Riibri; autennis, thorace (praeter latera), fasciis abdo- minis amplis et transversis, bruneo-nigris (hae fasciae supra sunt simplices, infra dúplices); palpis quatuor articulis, duobus primis aliquanto longioribus quam crassiorihus, aliis duplo tri- plo longioribus quam crassioi^ibus; autennis $2 ^ '^ ^^ articulis, ultimo e duobus conflato et duplo longiore penúltimo; duobus primis funiculi concrescentibus; articulis funiculi ç absque collo conspícuo, $ sesquilongioribiis quam crassioribus, et collo y-2 longitudinis ipsorum aequante: alarum ora antica squamis ni- gris, cubiio parum ab cxtremitate alae'recedente: forcipe anali niliil peculiare habente; unguiculis vix brevioribus paíella. Longiludo corporis S: i,5 mm. » D ç; 2 mm. [l4] J. S. TAVARES: CECIDOMYIAS NOVAS l85 Larva nihil diffurre videtiiv a larva Janeliella macitlata Tav. Pupa incógnita. Clarissimo dr. A. Trotter Jiaiic speciem dicavi, qui cecidiam qiioque in Lusitânia invenit. Cecidia. Foi já por mim descripta (cfr. /. S. Tarares — As Zoocecidias Portugue\as. Ann. de Sc. Nat. vol. vii, Porto, n.° 214 e Est. II, fig. 3). Consiste em engrossamentos mais ou menos fusiformes e muitas vezes unilateraes dos raminhos no- vos. Cavidade larval única, onde vive uma larva. A parede a principio é carnuda e na maturação da cecidia faz-se lenhosa. Metamorphose na terra. A cecidia começa em março e abril e a imago apparece em maio e junho do i.° anno (1902). Habitat. No Cftisus albus Lk. Desde Castello Branco até á Guarda, incluindo a Estrella. No Cftisus sp. (non albus Lk.). Marvão (A. Trotter), agosto, 1901. No Saroíhammis (Welwitschii B. R.). Castro Laboreiro (A. Reis!), outubro, 1901. OBSERVATOmO JIETEOROLOdlCO DO COLlEfilO DE S. FIEL Em fins do anno passado installou-se neste Collegio um observatório meteorológico, o dispoz-se tudo de maneira que começasse a funccionar regularmente desde o primeiro de Ja- neiro do corrente anno com todos os instrumentos necessários para as observações que se costumam fazer nos outros postos meteorológicos do Reino. Está situado a 2 kil. das faldas da Guardunha, ao sul, no alto de um torreão que se ergue, bem l86 REVISTA DE SCIENCIAS NATURAES exposto aos ventos de todos os rumos, 20"" acima do solo. Assim não é para extranliar que, estando tão perto da serra, ella exerça grande influencia sobre a direcção dos ventos, não ficando por isso os rumos comparáveis aos dos outros obser- vatórios, onde não ha esta circumstancia. Deve-se pois consi- derar este como um elemento meteorológico de caracter pura- mente local. O horizonte é desimpedido só para o Sul desde SW até NE, pois a serra occupa os outros dois quadrantes e se eleva suavemente até atiingir a NW a sua maior altitude, onde faz com o terraço do observatório um angulo de 11 graus. Latitude do Obsevvatojio . . . 40° 2' 3o" N. Longitude i'' 87' 5o" Lisboa Altitude do terraço 5 16 metros. Os instrumentos até agora empregados são os seguintes: Barómetro de Fortin. Fazem se com elle as observações directas. Barographo Richavd. Registra graphicamente as variações da pressão atmospherica*, e da curva e das observações' dire- ctas se deduzem os valores horários. O cylindro dá uma volta em 8 dias. Psfchrometro de Augusto. Serve para observações directas. Psychvographo Richavd. Consta de um thermometro secco e outro molhado, que registram simultaneamente as suas va- riações sobre o mesmo papel. O cylindro dá uma volta em 8 dias. Os valores horários da temperatura do ar e do ther- mometro molhado tiram-se das curvas feitas pelo psychrogra- pho e das observações directas do psychrometro. Para as deducções psychrometricas serve o quadro gra- phico de Brito Capello, antigo e benemérito director do obser- vatório do Infante D. Luiz. Nos casos que esse quadro não abrange, servem as taboas de Hueghens, calculadas pela for- mula de Augusto, com os coefficientes de Regnault. Thermometro de máxima absoluta É do systema Negretti e Zambra, com reservatório preto. Está collocado directa. OBSERVATÓRIO DE S. FIEL 187 mente sobre o solo e marca o máximo de temperatura a que este subiu. A leitura é feita todos os dias ás 9 horas da manhã. 'Thermomelro de minima, sfstema Rutherford. GoUoca-se todas as noutes junto do. thermometro de máxima absoluta, e assim se cbtem a minima a que baixou o solo. Thermographo. Está collocado num abrigo e serve para marcar a máxima e minima a que o'ar chegou á sombra. A leitura faz-se ás 9 horas da noute. Alem d'estes servem outros thermometros ordinários. Anemómetro Robinson. Tem quatro mostradores que indi- cam os hectometFos, kilometros, myriametros e dezenas de my- liametros percorridos pelo vento. As observações porém não se fazem nos mostradores, por estes ficarem a uma altura con- siderável. Por esta causa o anemómetro está em communica- ção eléctrica com um chronographo que registra a velocidade do vento num cylindro que dá a volta num dia. A ventoinha do anemómetro eleva-se 4™ sobre o terraço do observatório, dominando assim todos os edifícios do CoUegio. Um catavento ordinário, muito sensível e de observação directa, mostra o rumo dos ventos. Udometro sfstema Babinet. Está collocado no jardim em frente do CoUegio, e disposto de modo que os muros mais vizi- nhos e as arvores não possam exercer influencia notável. Evaporimetro de Piche. Estão dois a funccionar: um den- tro do abrigo, e outro fora, ao sol e á chuva. A leitura faz-se todos os dias ás 9 horas da manhã. 0:^onometro de James. O papel ozonometrico fica exposto 12 horas, fazendo-se a leitura ás 9 horas da manhã e da noute. O psychrometro de Augusto, psychrographo, thermographo e vários thermometros estão no abrigo que se ergue 2^ acima do terraço e está disposto de modo que o ar lhe entra livre- mente por todos os lados. No fim de cada mez são as observações enviadas para o observatório central do Infante D Luiz em Lisboa. Em breve teremos no CoUegio uma estação telegraphica, podendo assim transmittir-se as observações diariamente. REVISTA DE SCIENCIAS NATURAES Todos OS annos irá o Collegio adquirindo outros instru- mentos, e esperamos que brevemente se poderá dar principio a um observatório magnético. C. Zimmermann. Blbliogra.plnia. Campanitlaceas de Portagal. Contribuições para o estudo da flora portu- gueza, por António Xavier Pereira Coutinho. (Extr. do Boletim da Soe. Brot. vol. xvui, igoi). Neste trabalho enumera o autor i5 espécies de Campanulaceas, dis- tribuídas por 7 géneros. A razão de tão grande escassez numa familia que na vizinha Hespanha coma 6o representantes está não só na baixa lati- tude, mas principalmente na falta de elevadas montanhas. Só uma espécie portugueza — Campânula Herminii Hoffgg. et Lk. é planta própria de mon- tanha e vive na serra da Estrella. Espécie exclusiva de Portugal é só a Ja- sione Lusitanica DC, que vegeta na região baixa do littoral. * # Subsidios para o estudo da Flora Portugueza. Caprifoliaceas, Vaccinia- ceas e Ericineas, por Joaquim de Mariz. (Extr. do Boletim da Soe. Brot. vol. xvm, 1901). O auctor subordina ás três ordens que servem de epigraphe a este trabalho as quatro familias portuguezas seguintes: Loniccreae Juss , Vae- cineae DC, Monotropeae Nutt , Ericaceae Lindl. Loniceraceas. Como o desenvolvimento máximo d'estas plantas é en- tre 45" e 60° de latitude, não é para admirar que, estando Portugal abaixo de 43°, a nossa flora tenha poucos representantes d'esta familia. Accresce também escassearem no nosso Paiz as grandes altitudes, que influem egualmente no desenvolvimento d'estas plantas. Assim a secção Xylosteum que em Hespanha tem 7 bellas espécies, não conta nenhuma em Portugal. As espécies de Lonicera mais communs no nosso Paiz são — a L. etriisca Santi e a L. Periclymcmmi L. O auctor enumera 3 variedades de L. im- plexa Ait. novas para Portugal e uma nova para a sciencia fP. lusitanica Cout.). BIBLIOGRAPHIA 189 Vaccineaceas. Esta família tem só um representante em Portugal — Vaccinium Myrtillus L., que já foi encontrado na Estrella a i.5oo". Monotropeas. E também representada por uma só espécie — Monotropa hypopithys var. hirsuta, já encontrada por Brotero perto da Aldeia das Donas e ultimamente descoberta por mim na matta do Fundão, junto do Alcaide. Ericaceas. D'esta familia cita o auctor 14 espécies portuguezas; sendo próprias da peninsula as Eriça wnbellata L. e australis L. Uma das espécies mais interessantes é por certo o RJiododendron poniicwn L. cuja variedade baeticum Bss. Reut. se encontrou até agora só em Hespanha e Portugal, vegetando no nosso Paiz na serra do Caramulo e na de Monchique. # # Nota sobre as espécies do geiíero Meutlia dos arredores do Porto, por Gonçalo Sampaio (Extr. do Boletim da Soe. Brot, vol. xviii, 1901). O auctor neste trabalho bem mereceu dos botânicos, estudando mi- nuciosamente as espécies e hybridos do género Mentha e facilitando a sua classificação com a tabeliã dichotomica. Alem das 4 espécies até agora co- nhecidas (M. pulegium L., M. rotundifolia L., M. aquática L. e M. cer- vina L.), reconheceu a existência das M. silvestris L, e M. Requienii e de três hybridos — M. citrala Ehrh., M. Sclnilíjii Bout. e M. Marip Samp. (este ultimo novo para a sciencia). * # * Auiiaes de Sciencias Jíaturaes publicados por Augusto Nobre. Vol. vn, Porto, 1901. índice — Plantas novas para a Flora de Portugal, por Gonçalo Sampaio. As Zoocecidias Portuguezas, por Joaquim da Silva Tavares. Plantas no- vas para a Flora de Portugal, por Gonçalo Sampaio. As Aves da Madeira, pelo P. Ernesto Schmitz. Catalogo dos Peixes de Portugal, pelo Dr. Lopes Vieira. Contribuições para a Fauna Malacologica das possessões portu- guezas da Africa occidental, por Augusto Nobre. Dr. Manoel Paulino de Oliveira, por Augusto Nobre. * # * Boletim da Sociedade Broteriana. Redact. J. A. Henriques. Vol. xviii, Coimbra, 1901. índice por ordem dos auctores. Coutinho (D. A. X. P.) — As Cam- panulaceas de Portugal. — Nota acerca de duas espécies do género Alliiim igO REVISTA DE SCIENCIAS NATURAES novas para a flora portugueza Daveau (J.) — L'elminthia spinosa DC. Fla- haut (Ch.) — Project de Nomenclature Phytogéographique. Henriques (Dr. J. A.) — O jardim e instituto botânico da Universidade no anno le- ctivo de anno de 190 1- 1902. — Plantas novas para a flora portugueza. — Notas necrologicas. Mariz (B. J. de) — Subsídios para o estudo da flora portugueza. Caprifoliaceae, Vaccineae, Monotropeae e Ericaceae. — Flora lusitanica exsiccata. Moller (A. F.) — Observações phfenologicas. Sampaio (G.) — Um passeio botânico ao Torrão. Nota sobre as espécies do género Mentha dos arredores do Porto. Trotter (Dr. A.) — Terza (^omunicazione intorno alie galle (zoocecidij dei Portogallo. Congrès international de Botanique (circulaires). * * * Joaquim da Silva Tavares, da Sociedade Hespanliola de Historia Natural e professor uo collegio de S. Fiel. As Zoocecidias Portuguezas. Enu- meração das espécies até agora encontradas em Portugal e descri- pçào de dezenove ainda nSo estudadas. (Separata, com 2 estampas, dos Ann. de Sc. Nat. vol. vii, Porto; 1901). Como o auctor o nota no prologo, as zoocecidias portuguezas eram quasi completamente desconhecidas. O que succedia em Portugal compa- rado com o ardor, com que são actualmente estudadas as cecidias de todos os paizes da Europa, era realmente para lastimar. O auctor veio pois preen- cher uma lacuna da nossa fauna entomologica. Assim é que Portugal co- meça a ser citado em todos os trabalhos cecidologicos, em quanto antes se não via nunca mencionado. O auctor, alem de muitas cecidias e substratos novos que menciona, descreve 19 espécies cecidogenicas novas. Se a estas accrescentarmos as i5 espécies descriptas no primeiro artigo d'esta Revista, teremos 84 espé- cies novas. Ora não me consta que em nenhum trabalho de naturalista por- tuguez sobre a nossa flora ou fauna, a não ser na Flora Lusitanica de Brotero, sejam descriptas tantas espécies novas. Se juntarmos a isto as difficuldades com que é preciso luctar neste estudo, a pequenez de muitas espécies (principalmente das Cecidoinyidae), as quaes pertencem a varias ordens de insectos e até a arachnideos, poder-se-ha ajuizar do trabalho que teve o auctor. As espécies novas são : Cynipides — Synergus lusitanicus, Andricus pseudo-inflator, A. Kra- jnovci, A. Nobrei, Cynips Panteli, Trigonaspis Mendesi e Plagiotrochus Kiefferianus. Gecidomyidae — Perrisia coronillae, P. Broteri, P. Zimmcnnanm,Ja- BIBLIOGRAPHIA IQI netiella Martinsi, J. maculata, Oligotrophus origani, Asphondylia pteros- parti e Contarinia cocciferae. Muscidae — Agromy^a Kicfferi, Trypeta Liiisieri e Carphotricha Andrieuxi. Aphidae — Aphis siiberis. * * * Description de deux Cécidomyies nouvellcs par J. S, Tavares. (Extr. de la Marcellia. Rivista Internazionale di Cecidologia. Vol. i, Padova, 1902). As duas espécies que o auctor descreve são: Perrisia Andrieuxi e Rhcpalomyia setubalensis, ambas descobertas nos arredores de Setúbal. < C. Zimmermann. * * ■* Dr. Alessandro Trotter. — Terza coinunicazione intorno alie Galle (Zoocecidi) dei Portogallo. (Extr. do Boi. da Soe. Brot. vol. xviii, 1901). O auctor, distincto cecidologista, fez em agosto do arino passado uma viagem a Portugal, com o fim de estudar as cecidias portuguezas. Visitou vários pontos do nosso Paiz, como Coimbra, Cintra, Batalha, Bussaco, Porto, etc. Nesta Ter^a CoDiunica^^ione estão expostos os resultados d'essa excursão. D'entre as espécies interessantes, citadas pelo auctor ita- liano, mencionarei : Andricus superfetationis Pasz , A. pseudo-injlator Tav., Neiiroteriis albipes Schenck, A^. vesicator Schlecht, Cynips Panteli Tav., Contarinia cocciferae Tav., Gynineiron villosiilus Gyllh. e Eriophyes eit- cricoles (Nal.) (as duas ultimas novas para Portugal). Já em dois trabalhos anteriores se havia o auctor occupado das cecidias portuguezas (Cfr. Bo- letim da Soe. Brot. vol. xvi, 1899, P- 196-202 e vol. xvn, 1900, p. i55 i38). O interesse que o sr. dr. Trotter tem mostrado pela cecidologia por- tugueza, se por um lado é muito para estimar e agradecer, por outro deve ser de incentivo ao estudo da nossa riquíssima fauna, tão descurada dos nacionaes, como estimada dos extrangeiros. J. S. Tavares. 192 REVISTA DE SCIENCIAS NATURAES NOMES E DIRECÇÃO DOS illTLRALISTAS PORTCCUEZES ZOOLOGIA O Sua Majestade El-Rei D. Carlos I — Ichlhyologia. Barbosa du Bocage (Conselheiro José Vicente), Director do museu de Lisboa. R. Eduardo Coelho, i38. — Verte- brados. Bethencourt Ferreira (Júlio de), Naturalista do museu (sec- ção de Zool,). R. de S. Bento, 5 10, Lisboa. — Baíra- cios e Reptis. Biel (Emilio), Negociante e Photographo. R. Formosa, 842, Porto. — Lepidopteros. Oarvallio Monteiro (António Augusto de). R. do Alecrim,- 70, Lisboa. — Lepidopteros. Corrêa de Barros (José Maximiano). S. Martinho d' Anta, Sabrosa. — Coleopteros. Girard (Alberto Alexandre), Conservador do museu (secção de Zool.). R. de S. Bento, 47, Lisboa. — Malacologia. Lopes Vieira (Adriano Xavier), Naturalista do museu da Universidade, Coimbra. — Vertebrados, especialmente Reptis e Baíra cios. Martins (Manoel Narciso), Prof. no Collegio de S. Fiel. Soa- lheira. — Coleopteros. (') Tanto em zoologia como em botânica publico só os nomes dos na- turalistas, que estudam a systematica. No volume seguinte espero apre- sentar, alem dos geólogos, os nomes dos que se occupam de microbia, histologia e outros ramos de Historia Natural. Bem pode ser que omitta al- gum nome que devesse ir nesta lista. Peço porém que m'o lancem á conta de ignorância e não o attribuam a outra causa. l'or isso acceitarei com prazer e agradecimento qualquer reparo que os naturalistas interessados me façam. J. S. Tavares. NATURALISTAS PORTUGUblZES igS Mattozo Santos (Conselheiro Fernando), Lente de Zoologia na Escola Polytechnica. R. Eduardo Coelho, i38, Lisboa. — Entomologia. Mendes (Cândido d'Azevedo), Prof. no Collegio de S. Fiel. Soalheira. — Lepidopteros. Nobre (Augusto), Director dos aAnnaes de Sciencias Natu- raes» e Naturalista do museu da Academia. R. do Castello do Queijo, Foz do Douro. — Malacologia. Osório (Baltazar Machado da Cunha), Lente de Zoologia na Escola Polytechnica e Naturalista do museu (secção de Zool.). Paço d' Arcos, Lisboa. — Ichthyologia e Carcinologia. Seabra (Anthero Frederico), Naturalista do museu (secção de Zool.). Lisboa. — Mammiferos. Sequeira (Eduardo), Proprietário. R. d' Alegria, 21 5, Porto. — Piscicultura, apicultura, collecção dos Vertebrados e Molluscos Portugueses. Tait (W. C), Negociante. R. d'Entre Quintas, Porto. — Or- nithologia. Tavares (Joaquim da Silva), Prof. no Collegio de S. Fiel. Soalheira. — Zoocecidias e Orthopteros. II BOTÂNICA Albuquerque (Manoel de). R. do Rosário, 80, Porto (*). Almeida (José Veríssimo de), Prof. no Instituto de Agrono- mia e Veterinária. R. do Conselheiro Monteverde, 54, Lisboa. — Nosologia i^egetal e Mycologia. Barros e Cunba (J. Gualberto), Viticultor, Director do jor- nal — Vinha de Torres Vedras. Runa. — Colleccíonador. Barbosa (J. Casimiro), Inspector do Jardim Botânico. R. da Praia de Massarellos, 42, Porto. (') Quando juncto de cada nome não vae indicada a especialidade, en- tende-se que é em Phanerogamicas. 194 REVISTA DE SCIENCIAS NATURAES Carqueja (Bento), Lente na Academia Polytechnica e Escola Normal. Jardim Botânico da Escola Normal, Porto. Ferreira (Manoel). Eiras, Coimbra. Ficalho (Conde de), Lente de Botânica e Director do Jardim Botânico da Escola Polytechnica. R. dos Caetanos, 32, Lisboa. Goltz de Carvalho (A.), Prof. Buarcos. Gonçalves (Manoel Amandino), Lente de Botânica na Aca- demia Polytechnica. Jardim Botânico, Porto. Guimarães (José d'Ascenção), Engenheiro. R. Fernandes Thomaz, 9, Lisboa. Henriques (Dr. Júlio A.), Lente de Botânica, Director do Jardim Botânico da Universidade e Redactor do Bo- letim da Soe. Brot. Coimbra. Johnston (Edwin J.). R. do Laranjal, loi, Porto. Lima (Wenceslau de Sousa Pereira), Lente da Academia Po- lytechnica. R. da Boa Vista, 246, Porto. — Paleontolo- gia vegetal. Luisier (Affonso), Prof. no Collegio da SS. Trindade. Gui-^ marâes. Mariz (Joaquim de). Naturalista adjunto e Conservador do Herbario da Universidade. Edifício de S. Bento, Co\mbvQ,. — Phanevogamicas. Flora Lmitanica. Moller (Adolpho Frederico), Lispector do Jardim Botânico. Edifício de S. Bento, Coimbra. Newton (Isaac). R. Oliveira Monteiro, 98, Porto. — Cryptoga- micas, especialmente Licliens. Oliveira David (António J. de). Cruz da Era, Bemfica, Lisboa. Pereira Coutinlio (D. António Xavier), Lente de Botânica na Escola Polytechnica. Travessa das Mercês, Lisboa. Ripamonti (João Achilles), Agrónomo e Chefe dos serviços agrícolas. R. da Imprensa Nacional, 65, Lisboa. Sampaio (Gonçalo), Naturalista do museu da Academia (sec- ção de Botânica). R. Costa Cabral, 1899, Porto. Tait (Alfredo), Barão de SoutcUinho. R. d'Entre Quintas, 11 5, Porto. — Ajnaryllideas. NATURALISTAS PORTUGUEZES IQÔ Tavares (Joaquim da Silva), Prof. no collegio de S. Fiel. Soalheira. Torrend (Camillo), Prof. no collegio de S. Fiel. Soalheira. — Mycologia. Zimmermann (Carlos), Prof, no Collegio de S. Fiel. Soalheira. — Uredineas. índice Duas palavras de introducção V Rerum naturalium in Lusitânia cultores — Felix d'Avellar Brotero. IX Elenchus operum dr. Felicis d'AveIlar Brotero XIII As Zoocecidias portuguezas — Addenda, por J. S. Tavares .... 5 Microscopia vegetal, por C. Zimmermann 49 Zoocecidias dos subúrbios de Vienna d'Austria, por J. S.Tavares. 77 Fungos da região setubalense, por C. Torrend 97 Lepidopteros de S. Fiel, por C. Mendes d'Azevedo i55 Descripção de seis coleopterocecidias novas, por J. S.Tavares... 172 J. S. Tavares — Quatro dias na Estrella 177 Descripção de tre? cecidomyias novas, por J. S. Tavares 182 Observatório meteorológico do Collegio de S. Fiel i85 Bibliographia 188 Nomes e direcção dos naturalistas portuguezes 192 ERRATAS ■— Pag. Linha Emenda . 5 7 Nardus stricta Festuca ovina L. 12 '9 ? Z « 34 » » 24 20 sampaina Sampaina 29 4 ipsoruma equante ipsorum ajquante 106 20 galericultura galericulata I 12 '4 Victus Vietus 124 8 gracilis forma gracilis 168 i5 Julho Junho 169 1 1 Thaumetopoedae Thaumetopoeidae 3 2044 103 125 969 ^tÀ Y* .'-:-^jí '_ . jf > ^ - *• 2 S^M y ic^-^ Suár^ •r- / ^w':^-''^^^^ 'd ^'^;;fcC.lk