MAY 2 7 1963

Ó R Q Ã O

da Faculdade de Teologia

São Leopoldo - RQS.

Federação Sinodal

Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil

ESTUDOS TEOLÓGICOS

órgão trimestral editado pela Faculdade de Teologia da Federação Sinodal

Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil

Diretor responsável: Conselho de Redação:

Redator:

D. Ernesto Th. Schlieper

Dr. Joachim Fischer, Dr. Harding Meyer, D. Ernesto Schlieper, P. Heinrich Tappenbeck, Dr. Hans Eberhard von Waldow e P. Lindolfo Weingaertner.

Dr. Hans Eberhard von Waldow, Faculdade de Teologia, Caixa Postal 14, São Leopoldo, RGS., Brasil.

SUMÁRIO

Blaise Pascal f 1662 pag. 91

Erich Fausel: O alemão falado no Rio Grande do Sul

e suas transformações pag. 92

P. Berthold Beck S.J.: Über die Vorbereitungen des 2. Vatikanischen Konzils sowie einiges zu seiner Theologie und Praxis pag. 113

Eugen Baltzer: Gedanken über unsere Gottesdienst- ordnung pag. 128

Aussprache :

Replik zu den Ausführungen von Eugen Baltzer (E. v. Waldow) pag. 137

Ein Diskussionsbeitrag zur Frage der Or- dination (Wolfgang Schanze) pag. 138

Pedidos à Faculdade de Teologia, c.p. 14, S. Leopoldo, RS.

BLAISE PASCAL - f 1662

No dia 19 de agosto, 300 anos faleceu em Paris BLAISE PASCAL, uma das maiores figuras da humanidade, sobressaindo tanto na esfera da ciência como da Igreja, no campo da razão como da fé.

Nos séculos que se seguiram foi venerado fervorosamente ao tempo que apaixonadamente atacado. Mas a admiração nunca lhe foi negada. Seu adversário do século seguinte, Voltaire, que em seu escárnio a poucos poupou, escreve sôbre Pascal: «É o único

que permaneceu, pois era um gênio. É êle que fica de nas ruínas de seu século.»

Pascal pertence aos que fazem transbordar com obras de uma grandeza insuperável e duradoura a taça pouco profunda de uma vida, que mal tendo começado, logo foi tragada pela morte. Essa vida lamentàvelmente curta, que durou apenas 39 anos, é impos- sível contemplar sem que sua profunda tragicidade sempre de nôvo nos comova. Não lhe foi negado o tempo integral da vida para a realização dessa gigantesca obra, mas, além disso, sua vida frag- mentária foi duramente açoitada por doenças sucessivas. Pascal mesmo afirma que desde os 18 anos não conheceu um dia sem dores torturantes. Para cada movimento quando de suas desco- bertas e experiências, para cada página de seus manuscritos, para cada conferência diante de seus irmãos na fé, tinha que superar literalmente um corpo fraco e flagelado pelas dores.

Mas nessa vida estigmatizada pela angústia e pela morte ful- ge a luz da grande alegria, quando numa noite memorável de no- vembro de 1654 lhe apareceu pessoalmente o Deus de Jesus Cristo, que doravante permaneceria ao seu lado em meio a tôda angústia. «Alegria, alegria, alegria, lágrimas de alegria» exclamou nessa noi- te. Ainda palpitante ante ao que sentira, descreve o acontecido num papel, que daí por diante trará sempre consigo. E acrescente a súplica fervorosa: «Oxalá nunca esteja separado dÊle.»

A partir dessa noite entrega, sem reservas, ao serviço de Deus tudo o que possue, seus bens e seu talento. Vende tôdas as suas propriedades, até a sua biblioteca da qual guarda apenas a Bíblia e as apreciadas obras de Agostinho. Ampara os pobres e doentes. Ainda na hora da morte implora a sua irmã que acolha um doente em sua casa. Deseja morrer na comunhão dos pobres.

Torna-se, sobretudo, a partir daquela memorável noite, o pre- gador e defensor do Evangelho, cujas palavras, ainda hoje ouvidas, não perderam sua eficácia.

Sua morte é amarga e dura, antecedida por quatro anos cheios de terríveis sofrimentos. Anos sôbre os quais segundo declara a sua irmã: foram mais um constante estar morrendo do que viver.

A ignorância profissional dos médicos e a rigorista estreitez reli- giosa de seus parentes tornaram ainda mais dolorosa a sua agonia. Mas o Deus daquela noite de novembro não o abandona na hora de sua morte. Nela resplandecem suas últimas palavras: «Que Deus

nunca me abandone». Harding Meyer

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O alemão falado no Rio Grande do Sul e suas transformações '>

por Erich Fausel

Quando pensamos nas relações entre os povos geralmente fala- mos de política, de comércio e de técnica. Mas, igualmente, deve- ríamos pensar nas grandes migrações dos povos e, antes de tudo, no contato lingüístico no qual se realiza e se evidencia o grau de aproximação mútua. Não língua moderna viva e de importância cultural que não mostra em centenas de palavras, em formas e cons- truções essa interdependência frutífera e forte. Não podemos falar nem uma frase inglesa sem usar palavras e ao mesmo tempo, ex- pressões gramaticais de línguas germânicas ou do normano-francês. E como seria diferente o português se não tivesse sofrido tantas e tantas influências do árabe e, em quantidade muito menor, de certas línguas de tribus germânicas! Mas não existe somente esta trans- formação de línguas pelo contato migratório, causada por invasões ou por transplantações políticas de poyos, conhecemos na mesma maneira, as relações quase cotidianas da vizinhança.

Como na filosofia, na psicologia e na teologia moderna a cha- mada situação fronteiriça a «Grenzsituation» dos pensadores ale- mães — oferece a melhor possibilidade de observação, assim a vi- zinhança linguística representa uma das mais ricas e valiosas fontes de pesquisa. Homens não podem viver uns ao lado dos outros sem se influenciar continuamente. Neste caso o alemão, por causa da situação central da Alemanha na Europa, é um campo excelente de investigação. Se observamos a parte oriental e seu contato milenar com as várias línguas eslavas, se passamos para o norte e a zona do báltico com suas inúmeras ligações linguísticas com os povos escandinavos, se visitamos o oeste e as regiões limítrofes do francês ou se vamos para o sul .e o sudeste com seus vizinhos italia- nos, húngaros ou croatas, em cada região o alemão mesmo irradiou para as línguas contíguas, mas estas, por sua vez deixaram seus vestígios no alemão falado nas províncias fronteiriças. Assim, por exemplo, o alemão falado no Luxemburgo, e na Alsácia esta mis- turado com certas palavras e locuções do francês, ainda que os li- mites entre as duas zonas de línguas diferentes quase não mudas- sem e mmuitos séculos. Não nada de anormal nêste câmbio, é uma troca natural como aquela de mercadorias e de produtos das indústrias típicas daqueles povos, é uma espécie de intercâmbio

1) Conferência na Universidade do Rio Grande do Sul em Pôrto Alegre em junho de 1961.

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cultural que se realiza de dia em dia, sem programas oficiais, sem autorização governamental e sem preconceitos quaisquer. A hos- tilidade da fronteira raras vêzes vem dos povos, é mais um resulta- do da política, vem dos governos, de grupos economicamente anta- gônicos e de aspirações ideológicas. Quem conhece a realidade da vida nas fronteiras não pode negar que tem um fluxo e refluxo ininterrupto não de homens e certas peculiaridades lingüísticas, mas, sim, de muitos costumes e hábitos. a fronteira ditatorial é que desconhece ou mesmo proibe a formação desta atmosfera de compreensão e vizinhança natural.

Espírito de compreensão e de boa vizinhança, eis a necessidade primordial, eis o leitmotiv de tôda pesquisa lingüística que se des- prende de exigências absolutas, que quer servir a ciência e não me- nos a vida e que deseja contribuir, por seu lado, ao intercâmbio cul- tural e à aproximação dos povos.

Vivemos aqui no Brasil num país de grande imigração onde a vizinhança diária das etnias e línguas mais diferentes é quase na- tural. Temos, por isso, aqui um campo de investigação não menos importante e interessante do que no centro da Europa.

Será o nosso dever hoje o de observar e analisar um setor do vasto problema, temos que falar do alemão que se fala entre os imigrantes e seus descendentes aqui no Rio Grande do Sul.

Quando, em 25 de julho de 1824, os primeiros 43 imigrantes chegaram em São Leopoldo, êles formaram um grupo singular quanto à sua linhagem e situação familiar, à sua profissão e con- fissão: da lista dos imigrantes que ainda existe consta que contra- riando os desejos do govêrno imperial de então mais ou menos 80% dos recém-chegados pertenciam a Igreja protestante; 16 eram ca- sados, 27 solteiros. 7 foram registrados como trabalhadores na la- voura, entre os restantes se classificaram dois marceneiros, um fer- reiro, um pedreiro e um papeleiro. Uma pequena sociedade primi- tiva sem qualquer organização ou coerência sociológica! Nem vie- ram de uma zona ou região de seu país de origem, chegando do norte e do sul da Alemanha, de Hamburgo, de Holstein e da Baviera.

Esta primeira leva de imigrantes assim demonstra claramen- te o que vai se repetir nos decênios seguintes: aqui não se trata de migração planejada ou organizada, de transplantação de grupos so- ciologicamente selecionados, diferenciando-se essa migração assim completamente dos movimentos migratórios da Idade Média. Com a manumissão dos camponêses e a estipulação de novos direitos pela Declaração de Independência dos Estados Unidos, pela Revo- lução Francesa e pelas novas constituições destruiram-se os últimos restos da organização social da Idade Média, tomando outro rumo os processos migratórios, as evoluções lingüísticas e culturais. Transcorreram em formas puramente individualistas grande parte das migrações do século 19, isolando o homem das velhas ligações sociológicas e, ao mesmo tempo, amalgamando-o em massas mais

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e mais uniformes. O preço que se pagou pela liberdade adquirida foi, pelo menos no comêço, demasiadamente alto!

São esta desorganização completa, essa multiplicidade de pro- cedimentos, essa irregularidade que impediram até hoje uma rela- ção verdadeiramente científica de todo o complexo processo da imi- gração, pois ném o livro recente e sob todos os aspectos excelente de Jean Roche «La colonisation allemande et le Rio Grande do Sul» conseguiu dar a história da imigração, ainda que desse uma análise profunda e otimamente documentada. E’ êle também que, ao lado de poucos outros, quer abordar o problema da língua que se fala entre os alemães radicados aqui.

É esta língua, suas peculiaridades, suas qualidades específicas e suas transformações que queremos observar agora, bem cônscios das dificuldades que nos defrontam e convencidos que mais do que um bem intencionado ensaio de aproximação não podemos dar. Mas vale a pena! Vivemos numa época do pluralismo de línguas. Um homem de certa cultura não pode viver sem o conhecimento de uma ou outra língua além da sua própria. O que, então, deve ser mais interessante para os que vivem aqui do que conhecer algo de uma língua que se fala na casa do vizinho, muitas vêzes do amigo e colaborador. A estatística é escassa, mas, sem exagerar, podemos talvez dizer que no Rio Grande vive mais ou menos % milhão de Riograndenses que, de uma maneira e outra, comprendem ou falam uma ou outra forma de alemão.

Se os primeiros imigrantes representaram vários dialetos e descendências diferentes, o mesmo se repete com a maior parte dos outros que vieram mais tarde. Desde o comêço, por isso, não exis- te nenhuma igualdade lingüística, nenhuma homogeneidade de ex- pressão. Contribuiu isto, com tôda certeza, para as muitas trans- formações posteriores como, da mesma maneira, a diferença dos sistemas de colonização, de habitações e da posição social. Pare- ce-nos não sem importância anotar o exemplo de São Leopoldo cuja evolução em três direções diferentes deixou seus vestígios também na língua dos três grupos em questão: os colonizadores e pioneiros continuaram desembrenhando a- mata virgem e abrindo novas colô- nias, levando consigo a velha herança lingüística e cultural; o se- gundo grupo, de moldes diferentes, transformou-se nos futuros co- merciantes e industrialistas da capital crescente e entrou em con- tato contínuo com a vida econômica e, no curso do tempo, também política e cultural do país inteiro; enquanto que os restantes, mui- tos artesãos e a classe média da pequena vila, ficaram e por muito tempo vacilaram entre as duas formas de vida. Fica inteiramente confirmada essa minha opinião pelo que diz o eminente sociólogo Emilio Willems, falando sôbre as três fontes principais das mudan- ças lingüísticas. Antecipando alguns pontos que vamos abordar mais tarde, podemos citar o trecho correspondente de Willems na íntegra:

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«1) O meio físico diferia profundamente do meio ambiente eu- ropeu e impunha, paralelamente a outras mudanças culturais, a acquisição de uma terminologia que preenchesse as lacunas existen- tes no equipamento lingüístico trazido dos países de língua germâ- nica.

2) Raramente as comunidades teutas se compunham de imi- grantes culturalmente homogêneos. vimos que, em geral, êles representaram culturas regionais e locais e, portanto, padrões lin- güísticos muito diferentes. O contato entre dialetos e padrões pro- vinciais originou processos de difusão intra-étnica bastante compli- cados. Pouco se sabe sôbre êsses caldeamentos, a não ser que os dialetos e padrões provinciais mais «poderosos» (no sentido numé- rico ou social) absorveram os demais, mas que o resultado final dêsses processos, o linguajar atualmente falado, se impregnou de um número maior ou menor de traços fonéticos e gramaticais dos pa- drões absorvidos.

3) Os imigrantes entraram a viver, desde o primeiro dia, em simbiose com grupos culturalmente diferentes. Em muitas partes estabeleceu-se uma divisão de trabalho inter-étnica condicionada a relações secundárias, intermitentes ou permanentes. Por menos freqüentes ou intensas que fôssem essas relações, nunca deixaram de funcionar como canais de infiltração lingüística. Geralmente a acquisição de novos elementos oriundos das culturas circunvizinhas era acompanhada da adoção dos têrmos correspondentes.»

Eis as fontes das mudanças! Mas qual é, antes de tudo, a he- rança lingüística que os imigrantes trouxeram?

Qual é a língua falada pelos alemães mesmos?

Será o «Buehnendeutsch», o alemão do palco, formulado e san- cionado na obra de Siebs? Ou será simplesmente o alemão falado em certos empórios do Norte da Alemanha? Se, na época dos pri- meiros imigrantes o alemão oficial ou padronizado do tipo «Hoch- deutsch», o alto alemão, estava em formação, hoje podemos di- zer que existe uma certa unidade lingüística levemente acentuada pelas intonaçõesj ou pequenas peculiaridades de pronúncia regionais. Mas 150 anos atrás existiu a língua clássica da literatura alemã.

Foi o alemão escrito que logo se manifestou na formação do alemão que estava sendo falado aqui. Mesmo se, entre os colonos dos primeiros tempos, houvesse alguns meio alfabetizados, a maior parte dos ádvenas trouxe um modesto fundo cultural. «Ver- dade é», escreve o P. Balduino Rambo, «que o patrimônio escolar da grande maioria não passava dos conhecimentos fundamentais de ler, escrever e contar, e que o elemento intelectual, exceção feita dos «Brummer» e de casos isolados, pràticamente não existia na população rural. Entretanto, nenhum grupo de imigrantes no Bra- sil fêz tantos esforços e sacrifícios para transmitir aos filhos sua modesta herança cultural como os alemães; e se ainda hoje não há, nas comunidades habitadas por seus descendentes, criança que

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não freqüente a escola a razão está na vontade cultural herdada dos antepassados.» (Enciclopédia Riograndense I p. 84).

O conhecimento do alemão escrito assim foi difundido pelas centenas de escolas da colônia as quais, como o P. Rambo atesta, «devem ser consideradas como simples expressão do ambiente his- tórico.» Mas a primeira cartilha editada em 1828 pela tipo- grafia Dubreuil de Pôrto Alegre «principalmente para a colônia de São Leopoldo» é uma prova convincente do ensaio de adaptação à nova pátria e ao novo ambiente. Naturalmente essa sociedade de colonos, pequenos negociantes e artesãos não era capaz de dirigir qualquer produção literária de alto valor, como por muito tempo não conseguiu um meio intelectual propício à criação de obras lite- rárias. O colono, limitado a família e vizinhança, vai conservar a língua dos antepassados sem, entretanto, participar da evolução in- telectual ou literária da velha pátria. Mas sejamos francos e cla- ros neste ponto: a integração perfeita na nova pátria exigiu tam- bém uma expressão literária na língua tradicional do imigrante. Quem não compreende isto, nunca compreenderá o problema de imigração em tôda a sua complexidade. Um dos pontos mais visí- veis da questão é justamente a evolução natural e regular de certa literatura, por mais simples que seja. Possuímos tôda uma coleção de livros escolares confeccionados, especialmente, para o uso nas es- colas da colônia nas quais, aliás, o ensino do vernáculo se adminis- trava também a custo dos colonos e sem as menores despesas para os cofres públicos!

Todo êsse alemão escrito se transformou em fôrça viva de ale- mão falado, conservando ou aumentando o vocabulário, introduzin- do novas idéias ou expressões e oferecendo inúmeros tópicos de con- versação e discussão. Foi de grande importância a publicação de jornais no país mesmo, ainda que grande parte da literatura fôsse fornecida aos colonos em forma de almanaques e revistas importa- das. Os primeiros jornalzinhos Der Kolonist e Der Deutsche Einwanderer logo desapareceram e após quase 40 anos os milhares de imigrantes conseguiram manter um jornal, prova sufi- ciente das dificuldades dos primeiros decênios! Não podemos dar a lista de todos os jornais publicados nos 100 anos passados. Po- deríamos festejar o centenário' da «Deutsche Zeitung» nêste ano, se tivesse sobrevivido os tempos das duas guerras! Representa- ram estes jornais além do serviço informativo geral uma expres- são natural e sadia da vida colonial e, sobretudo, em inúmeros ar- tigos, uma fonte sem par da verdadeira história da imigração e dos imigrados.

De influência muito mais duradoura e intensiva foram os anuá- rios substituindo muitas vêzes o livro e, assim, adquirindo uma im- portância multilateral na formação da mentalidade colonial. Afir- ma, em obra editada em 1917 em Philadelphia, o autor norteameri- cano Benjamin Franklin Schappelle: «The want of reading matter has been filled by the most important medium, the almanac. . . We might call the almanac the colonists’ encyclopedia . . . In addition

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to being an indispensable source of information to the colonists, the Brazilian German almanacs are also most valuable to persons living outside of Brazil who want to form an idea of the life of those co- lonists.» Falando da evolução da língua alemã no Brasil e obser- vando as transformações lingüísticas Schappelle acrescenta, aliás: «It is to be remembered, however, that High German is the norm in ordinary news articles in almanacs, newspapers etc. as well as for literary purposes in general. In such instances Brazilian Ger- man forms appear relatively rarely.»

A Bíblia e o anuário, ao lado do hinário religioso, são, de fato, os verdadeiros livros do colono de outrora. O anuário bem redigido, adaptado à vida peculiar da colônia, com artigos para tôdas as ida- des, ocupações e predileções, conseguiu criar uma tradição lingüís- tica firme e ao mesmo tempo construir os alicerces morais e men- tais das populações trabalhadoras e pacíficas do interior. E qual foi o maior sucesso dêste esforço contínuo em língua alemã: os imi- grantes vindos de zonas longínquas se transformaram em cidadãos brasileiros ativos e valiosos. Refletiu-se nestes anuários diferentes também a formação tripartida da mentalidade colonial de outrora: o ativismo secular e o liberalismo filosófico de Koseritz foi contra- riado pelo espírito protestante e cristão do Dr. Rotermund, até que, em época um tanto pacificada, os católicos de língua alemã se juntaram ao concêrto dos almanaques.

Quando sabemos que alguns desses anuários tinham edições de 20 até 30.000 exemplares podemos mesmo dizer que, em todo caso até os limites de nosso tempo, o colono em sua relação ao alemão escrito não se distinguiu essencialmente do simples camponês das zonas agrárias da própria Alemanha. Naturalmente o conhecimen- to do alemão escrito e a prática do alemão falado não se correspon- dem diretamente como, aliás, em tôdas as regiões onde se falam dialetos.

Mas quase desde o comêço da colonização existiam certas zonas ou camadas de imigrantes onde, ainda que parcialmente falassem o chamado «Pommersch» ou «Westfaelisch Platt», muitos usavam um alemão bem próximo do tipo padronizado, um verdadeiro alto ale- mão. No estado vizinho de Santa Catarina, por exemplo, uma re- gião se destacou tanto que entre outros Schappelle escreveu: «Do- na Francisca was founded under favorable circumstances, at a time, when many Germans, including members of the «upper classes» were leaving the fatherland on account of the general political discontent during the latter part of the forties of the past Century. This fact is reflected in the German language as spoken in Joinville to-day. It is perhaps more free from dialect than in any other German colony in Brazil.» Schappelle mesmo acreditou na influên- cia moderadora do alemão padronizado, «a modified form of High German.»

Não podemos deixar de mencionar também êstes grupos de co- merciantes, representantes, engenheiros e técnicos alemães ou de

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descendência alemã, os quais, especialmente nos grandes centros de comércio e indústria, cultivaram um alemão mais elevado e bem di- ferente do linguajar da colônia.

Foi de suma importância para o cultivo do alemão padroniza- do no Rio Grande do Sul a vinda dos Brummers depois da revolu- ção fracassada de 1848/9 e o fim desastroso do movimento liberta- dor no Schleswig-Holstein. Êstes membros da legião estrangeira do Brasil logo depois, de refugiados e soldados demitidos se trans- formaram em propagandistas de idéias e exerceram sua influência sôbre os colonos no papel de professores, redatores, colonizadores e políticos. Mas nunca, como Willems afirmou com todo jus, «a atuação intelectual dessa elite e das outras que mais tarde se cons- tituiram, alcançou de modo apreciável as inúmeras comunidades dis- tantes dos centros urbanos.» (p. 276) Nem podemos esquecer ou- tros grupos intimamente ligados ao pensamento alemão e à língua educada e espiritual: os muitos padres Jesuitas vindos da Alemanha e, por causa da conservação da tradição religiosa, sempre sérios de- fensores da língua dos colonos. Vieram, na época de Bismarck, não poucos socialistas forçados à emigração da mesma maneira co- mo, em tempos mais recentes, vários grupos de inimigos do Hitle- rismo, judeus e antitotalitários aumentavam o número daquêles que usavam um alemão mais culto e que, as vêzes, criaram verdadeiras ilhas dum alemão padronizado no meio de dialetos e deformações.

Pois onde se fala o alemão fora dêstes grupos ou de certas fa- mílias de cultura elevada quase sempre se nota uma influência dos dialetos, seja na intonação, nos ditongos e sua função, na escolha das palavras ou no uso bem variável do caso! Isto, entretanto, não é de admirar: Na Alemanha mesma registramos fato igual, diferen- ças típicas na pronúncia, na acentuação, na fonética das vogais e das consoantes. O alemão oriundo do Sul e o Hamburguês, por exemplo, mesmo se ambos estão falando no «Hochdeutsch» logo se deixam reconhecer por peculiaridades típicas de sua maneira de fa- lar. Aqui, no Brasil, na zona de Blumenau, é fácil encontrar pes- soas continuamente trocando «mir» e «mich», enquanto que os des- cendentes da zona do Hunsrueck têm pouca certeza no uso do ar- tigo. Encontramos também certas formas obsoletas na Alemanha de hoje como «alsmal», «paar» eih vez de «gelegentlich» e «ein paar», o uso estranho do mais que perfeito («ich war gewesen» em vez de «ich war») e variações na ordem das palavras («wie ich bin nach Hause gekommen»). Acha-se também uma pronúncia um tanto va- garosa e uma tendência de abrandar as consoantes finais. Mas muitas dessas transformações observadas com pessoas, falando um alemão padronizado e gramàticalmente assáz correto, com grande vocabulário e facilidade de expressão parecem mais explicar-se da influência do português do que de dialetos. A fonética portuguesa às vêzes vence na pronúncia de palavras estrangeiras ao alemão por serem mais conhecidas na forma portuguesa do que na expres- são alemã. Mas, no total, a pronúncia do alemão oficial nem de longe passa por tantas transformações como o alemão falado nos

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Estados Unidos onde mesmo alemães da primeira geração de imi- grantes não poucas vêzes adotaram um sotaque completamente alheio ao alemão.

Muito sofreu a difusão do «Hochdeutsch» aqui pela proibição do ensino do alemão durante e depois da segunda guerra mundial. O alemão, entretanto, continua ser uma das grandes línguas da cul- tura humana. Quanto mais o Brasil progredir na sua evolução moderna entrando como potência autônoma no mundo político, econômico e intelectual, tanto mais deve utilizar-se de tôdas as for- ças à sua disposição, tôdas as imensas possibilidades de aumentar o inestimável valor do intercâmbio cultural. São portadores legíti- mos disso os inúmeros descendentes de imigrantes de muitas nações e línguas, hoje todos brasileiros convictos. Mas, tanto no setor econômico como no cultural, o Brasil inteiro poderia ter proveitos sempre crescentes de uma população falando, além do vernáculo, as respectivas línguas dos seus antepassados. É um fato isto e uma fôrça para criar uma atmosfera propícia e benéfica para o clima internacional.

Mas além do alemão oficial falado na Alemanha sempre viveu e viverá uma expressão lingüística diferente, dividida em vários dialetos. «Êstes» disse Willems «continuam sendo falados até hoje pelas populações rústicas, grande parte do proletariado e da pe- quena burguesia. Em parte nenhuma as diferenças entre dialetos vizinhos são profundas a ponto de torná-la mútuamente ininteligí- veis às populações que os falam. Mas camponeses do norte e do sul da Alemanha, por exemplo, não se entenderiam se, ao estabele- cer contato, usassem apenas de seus dialetos respectivos.» O baixo alemão do Norte da Alemanha não é mais dialeto, mas antes uma forma antiga do alemão, quase uma língua em si mesma. Essa di- visão mais clara facilita o uso dos dois idiomas um ao lado do outro.

O mesmo não se pode dizer no Sul da Alemanha onde, entre- tanto, o uso quase geral do dialeto é uma das realidades mais sig- nificantes. Basta dizer que homens de fama mundial como Schil- ler, Hoelderlin, Hegel ou Schelling usaram seu dialeto sue vo não para a conversa familiar mas para discutir os mais difíceis pro- blemas artísticos e filosóficos. O velho presidente Professor Heuss, como qualquer simples trabalhador ou camponês, ainda sabe conver- sar no dialeto sem qualquer constrangimento. E, eu posso afirmar da minha própria experiência que nós, na escola, no ginásio, como na universidade fizemos pleno uso do dialeto para exprimir ou de- fender nossas idéias culturais. Não acreditamos na inferioridade do dialeto, pelo contrário, vemos nêle uma ligação mais direta e mais profunda às origens, às raízes das respectivas línguas.

Não obstante temos que confessar que em muitos países do mundo os dialetos estão diminuindo. Dois anos atrás, na Univer- sidade de Muenster, na Westfalia, nós participámos dum congressc de linguistas de tôda a Europa e quase unanimemente todos os

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presentes, fôssem da Polônia ou da Jugoslávia, da Alemanha ou da Bélgica afirmaram êste retrocesso dos dialetos causado pelos meios modernos de comunicação (rádio, cinema, televisão), pelas escolas unificadoras, pela maior difusão do livro, pelo costume de viajar e, naturalmente, pelas facilidades modernas do tráfego, finalmente pelas grandes migrações forçadas da guerra e de após-guerra.

Aqui no Brasil, a grande massa da população colonial, descen- dente de imigrantes alemães continua falando seus dialetos. A vi- da dêstes colonos muitas vêzes se pode explicar ou compreender por quem sabe algo do dialeto, pois nem o «alto alemão» nem o português alcançam a situação especial dêstes homens. Foi uma das grandes surpresas para Schappelle: «The dialect under discus- sion as spoken in the «pikaden», is practically incomprehensible to the German speaking person travelling in Brazil for the first time. To the uninitiated it is even harder to understand than the German dialects of North America. The latter developed under the influ- ence of a related language, while the former carne into being becau- se of linguistic influences entireiy foreign.» (pág. 40/41).

Jean Roche, o culto francês, não fica menos pasmado em ob- servar «le parier teuto-riograndense» : (p. 496) «C’est un phéno- mène três complexe que 1’évolution de la langue parlée par les co- lons. Au début de la colonisation les immigrants ne pratiquaient pas le bon allemand (Hochdeutsch) mais les dialectes en usage dans leurs Etats ou Provinces et dont la Conservation s’explique par leur isolement et leur groupement plus ou moins spontané sui- vant leurs régions d’origine, Poméranie, Westphalie, Hunsruck, Rhé- nanie. Certains ont pris le caractère de langue d’échanges, par exemple le rhénan. Malgré leurs insuffisances, des dialectes domi- nants ont eu une teile force assimilatrice que les immigrants d’ethnie différente qui par aventure s’installèrent dans une zone de peuple- ment essentiellement germanique adoptèrent la langue locale, c’est- -à-dire un parier allemand.»

Willems, por seu lado, nos uma explicação do linguajar teu- to-brasileiro (p. 276) : «A condição fundamental para a constitui- ção de comunidades lingüísticas no Brasil foi o isolamento espacial das principais áreas de colonização. Quanto ao meio da comunica- ção verbal não havia outro recurso senão a conservação do equipa- mento lingüístico trazido do país de origem. Na situação nova que se deparava aos imigrantes somente êste idioma podia desem- penhar as funções que normalmente uma língua exerce com rela- ção à configuração cultural.»

No Rio Grande do Sul o linguajar do colono está antes de tudo influenciado pelo dialeto do Hnnsrueck. Esta zona montanhosa da Alemanha ocidental, limitada pelos rios Reno, Mosela e Nahe está, na geografia dos dialetos, caracterizada pelo encontro de dois tipos do dialeto francônio, o Rheinfraenkisch e o Moselfraenkisch, dife- renciados pela quantidade das vogais. Nota-se a forma caracte- rística de dilatação das vogais relacionada ao comportamento re-

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fletido e à lentidão dos camponêses; são outras peculiaridades do dialeto a falta dos sãos «ô» e «ü», a conservação do «p» em vez do «pf» (Dae Paerzfelder Parre hor e Pund Paelzer Tuwak, awer kae Peif), a substituição de «d» e «t» pelo «r» (Schneider Schneire, Peter Peere) e a omissão de «g» entre duas vogais (sagen saan).

Chegava, de fato, a maior parte de imigrantes das regiões oci- dentais da Alemanha dando assim uma preponderância natural aos dialetos francônios entre si intimamente ligados, o Mosel-, Pfalz- e Rheinfraenkisch. Certa mobilidade do francônio, seu vocabulá- rio bastante rico, junto com uma tenacidade elástica e a faculdade bem hábil de criar novas palavras (Schuppenschwein tatú, Dreckbauer João de Barro, Schleppgras, Mulenzuckerrohr, Schweinsborstentee, etc.) e seu poder considerável de assimilação destacaram êsse «Moselfraenkisch» entre os outros dialetos sem que, por causa disso, pudesse ser chamado «o teutobrasileiro». Mas

consta, que esta vitalidade reno-francônia a fôrça propulsora

da migração interna de nossos dias sobrepuja também os outros dialetos nas novas zonas de colonização no oeste ou norte do Pa- raná ou no Mato Grosso. Faltam, entretanto, pesquisas mais espe- cializadas sôbre o vocabulário e a influência da tradição familiar, da profissão, confissão e procedência sôbre as flutuações de pro- núncia entre aquêles que falam o «Hunsrueckisch».

Ainda que haja descendentes do Hunsrueck do tipo daquêle tão convencido de si que disse «Mir sein ka Deitsche, mir sein Hunsbuckler», infelizmente encontramos muitos desvalorizando seu dialeto em linguajar rústico e rude sem qualquer importância e expressão cultural. Não são raros estes casos entre os filhos dos novos ricos e entre aquêles que querem avançar na vida seja no comércio, na vida pública ou intelectual e que assim se desligam do dialeto como dum fardo inútil sem que lhes venha a idéia de aproveitar-se do dialeto para aprofundar seus conhecimentos lin- güísticos. Quem menospreza seu próprio dialeto, não poderá, pelo menos, ter muita confiança em suas faculdades de expressão em qualquer outra língua.

No verdadeiro mundo dos colonos ainda vive uma porção de ane- dotas, gracejos e contos que aparecem na prosa popular das bode- gas, das vendas, no balcão e no baralho, com preferência, sem dú- vida, na roda do querido chimarrão. Estas histórias às vêzes her- dadas da geração dos imigrantes, às vêzes influenciadas pelos vi- zinhos lusobrasileiros, mas muitas vêzes de própria experiência ou invenção, quase nunca tomam uma forma documentada se não fôr, de vêz em quando, num conto folclórico de jornais ou anuários.

Mas realmente existe certa literatura no dialeto bem digna de ser equiparada a produções literárias do mesmo tipo dentro da Alemanha. O dialeto do colono, geralmente em forma vituperada e artificialmente deformada, não é somente uma fonte de alegria bem barata de certas folhinhas ou programas radiofônicos, mas é,

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sim, a expressão lingüística de homens simples e, por seu trabalho, produtivos e necessários.

É nêste ambiente colonial onde o P. Balduino Rambo 1 ) botâni- co de renome mundial e catedrático desta Universidade do Rio Grande do Sul, autor de obras püramente científicas no vernáculo, jornalista em ambas as línguas, encontra a matéria prima de seus contos em dialeto. Assim o dialeto Hunsrueck do Rio Grande nês- tes contos, em forma um pouco abrandada e, apesar do conteúdo muitas vêzes alegre, com tendências pedagógicas e moralizadoras, recebeu suas honras literárias.

São igualmente dignos de menção, os numerosos contos de Al- fonso Brod, escritor tipicamente riograndense e, anos atrás, editor do «Brummbaer-Kalender», almanaque escrito na maior parte no dialeto do Hunsrueck. Êstes contos divertidos, hàbilmente con- feccionados e interessantes como p. ex. «Fixoel», «En scheen Wahl- geschicht’che», «De Schorsch off de Kerb im Schwaartedaal» e muitos outros, não raras vêzes baseados em acontecimentos reais, lhe valeriam um lugar destacado entre os autores de contos fol- clóricos, mas, lamentàvelmente, quase ninguém toma nota dêste ta- lento tão raro e inimitável.

Enquanto que a maior parte dos teuto-riograndenses usa um dialeto mais ou menos influenciado ou derivado do Hunsrueckisch ou melhor Rhein-Moselfraenkisch, não devemos esquecer os ou- tros grupos dialetais.

Ocupa o segundo lugar o grupo des pomeranos, radicados na sua maioria no sul do estado ao oeste da linha São Lourenço do Sul Pelotas, os restantes em mais algumas zonas no interior, especialmente perto de Santa Cruz do Sul. Mas aqui se nota um fato bem interessante: Como dissemos, nas zonas do chamado baixo-alemão, o Platt ou Niederdeutsch, na Alemanha muitos que, apesar de falarem o dialeto em família, usam o alemão oficial na vida pública. Coisa semelhante acontece aqui. Podemos con- firmar o que Willems (p. 279) conta que realmente entre os colo- nos descendentes dos pomeranos e igualmente da Westfalia sempre certos falando em casa o seu dialeto, mas usando em outras ocasiões um dialeto renano que êles consideram idioma- padrão. Criaram-se, certamente, relações inter-dialetais muito in- teressantes, mas achamos um tanto arriscada a opinião de Willems (279) «que nisso tenha havido um reconhecimento tácito da «su- perioridade» cultural dos colonos descendentes de renanos».

Pertencem ao grupo do baixo-alemão, do Platt, os colonos de procedência da Westfália, hoje na maior parte na região de Teutó- nia no Alto Taquari. Mas, falando do Platt, não devemos es» quecer os Menonitas na região de Bagé. São êles um grupo de cunho nitidamente religioso, um grupo de verdadeiros migrantes

1) O P. Balduino Rambo S. J., infelizmente, faleceu em 12 de setembro de 1961.

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nêste mundo. Seu dialeto é o baixo-alemão da Frieslandia e da antiga baixada de Danzig na Prússia Oriental.

São êstes os grupos dialetais mais ou menos compactos que ainda encontramos aqui enquanto que todos os outros dialetos, ain- da que sejam falados, somente existem em pequenos agrupamen- tos isolados como p. exemplo os poucos restos do suevo em Pa- nambí, do bávaro perto de Erechim, do bohêmio na zona do Agudo e Sampaio, do alemão dos Wolhynios na região ocidental do Rio Grande perto do rio Uruguai. Todos os outros dialetos e mui- tos na Alemanha se falam dentro de pequenos grupos numè- ricamente insignificantes ou em famílias meio isoladas. Conser- varam-se, todavia, durante cinco ou seis gerações o dialeto francô- nio em suas ramificações diferentes, tão bem como o «Platt» dos pomeranos e da Westfália. Sendo impossível tirar claras linhas divisórias entre os dialetos, não podemos dar números exatos so- bre sua difusão, mas, em tôda hipótese, o franco-renano e seus de- rivados alcançaram algumas centenas de milhares de praticantes.

Por enquanto unicamente falámos das várias expressões do «Hochdeutsch» e dos múltiplos dialetos usados aqui, nem sequer mencionamos as fortes influências do ambiente lingüístico e cultu- ral do Brasil ou melhor do português falado aqui.

A lógica irredutível dos fatos históricos e sociológicos como as tendências irracionais de cada língua contribuiram para êste en- contro lingüístico, resultando disso em graus sempre variáveis, o simples empréstimo de palavras, uma mescla lingüística multifor- me ou finalmente, uma espécie de língua mista de elementos ale- mães e portuguêses. Em obra recente sôbre as transformações da língua alemã no Brasil um dos melhores conhecedores do pro- blema, Carlos Oberacker Jr., confirma «que a influência da lín- gua portuguesa sôbre a alemã. . . aqui no Brasil. . . não fica atráz da que tem sofrido aquela pela incorporação de têrmos indígenas e africanos, pois os neo-imigrantes alemães têm de vencer não poucos obstáculos para compreenderem os colonos radicados no país várias gerações». Sem subestimar a aceitação de muitas palavras no processo de assimilação cultural, Oberacker tem ou- tras normas de diferenciação, distinguindo dois grupos, sendo o pri- meiro de palavras inteiramente inevitáveis ou de adaptação que poderiam ter sido evitadas somente pela criação de neologismos. O grupo abrange as palavras cuja aceitação era, em princípio, evitável. Distingue aqui dois subgrupos: primeiramente, de pala- vras de depauperamento, aceitas pela pobreza lingüística do imi- grante pouco culto, e em segundo lugar de palavras de assimila- ção cultural propriamente dita, para cujo acolhimento não existia necessidade objetiva. Oberacker não desconhece o caráter rela- tivo e elástico desta definição de evitabilidade ou inevitabilidade. Para o imigrante da Europa central, de outro clima, outro ambien- te e outra forma de govêrno, sempre terá certa inevitabilidade de expressões complètamente estranhas à sua vida antiga. Mas a

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aceitação dessas palavras pode variar em grau, pois «podem man- ter a sua pronúncia e acentuação originais ou tomar pronúncia ale- mã, como também desinência alemã, ou, ainda, ser complètamente germanizadas.»

Sem tentar um sistema de ordem dêste tipo, sempre um tan- to subjetivo, poderíamos simplesmente subdividir tôdas as pala- vras encontradas conforme as respetivas profissões, afazeres e es- feras da vida daquêles que as usam, poderíamos mesmo restrin- gir-nos a uma divisão püramente fonética ou folclorística. Seja como fôr, não podemos duvidar da realidade lingüística dêste lin- guajar bastante estranho à primeira vista, tão estranho que Schap- pelle disse: «They os colonos found themselves more or less thoroughly cut off from the outside world and its influences. It is not surprising, therefore, to find that these people have developed a new dialect which we may call «Brazilian German».» E logo quer também explicar a razão desta situação e evolução singular: «From the moment of their arrival on the parcel of land allotted to them they were in contact with many objects for which their mother tongue offered no designation. The animais, plants, insects, and even the agricultural implements in the new home land had to a large extent names for which the German language offered no equivalent. As a result many non-germanic words had to be immediately adopted.» Mas também Schappelle se aproxima da questão de evitabilidade e inevitabilidade quando diz: (p. 42) «Had the immigrants and their descendents only adopted such words as had no equivalent in their mother-tongue, our case would be much simpler. They went, however, much further, and, as a result, even many of the commonest words dealing with the house- hold or farm were replaced at an early date by Brazilian-Portu- guese terms, or by formations based on them.» Nós não sabemos nada de exato sôbre a densidade e extensão dêste processo nos primeiros decênios, mas sabemos que mais ou menos noventa anos atrás o fenômeno foi estranhado e observado num artigo do «Koseritz-Kalender». Willems, em 1946, com sua coleção de 693 palavras incluindo únicamente 37 verbos, 6 adjetivos e 8 inter- jeções não somente oferece a maior lista dêste vocabulário, mas faz uma tentativa de classificação de acordo com a sua associação cultural. São 107 as palavras adotadas de animais domésticos e de criação em geral com uma porcentagem de 17,54. 99 dêstes

têrmos ligam-se ao cavalo e aos apetrechos de montaria «corres- pondendo à novidade e à importância relativa do complexo eqüino na cultura teuto-brasileira». Não é menos fácil a explicação das palavras relativas aos poderes públicos, à alimentação ou as dife- rentes plantas. Schappelle achou muito interessante a adoção de têrmos portuguêses de parentesco: «The Portuguese forms are

commonly used where the German forms would naturally be ex- pected.» Willems, sempre guiado da idéia de aculturação, nis- so o padrão brasileiro que serviu de modêlo às mudanças que se operaram na família teuta.

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Oberacker, na obra citada, não acha oportuna esta classifi- cação segundo porcentagens pelo simples fato de serem muitas palavras conhecidas por certo grupo ou usadas simultâneamen- te com a palavra alemã; ademais o vocabulário está sujeito con- tinuamente a alterações, o valor assimilativo dos diversos grupos de vocábulos é bem diferente e antes de tudo, a quantidade de pa- lavras portuguêsas usadas não define o grau da assimilação, «o modo de falar, a construção das frases, os gestos etc. são muito mais significativos para o estado de aculturação de um indivíduo do que o número de palavras portuguêsas que por ventura em- pregue.»

Apesar de estarmos de acordo com esta afirmação, achamos ainda interessante saber algo sôbre o número dessas palavras por- tuguêsas misturadas em várias formas e deformações com o ale- mão dialetal e colonial. Compilando nosso vocabulário pensámos em encontrar algumas centenas de palavras conforme o dizer da pobreza e pouca variabilidade da língua do colono. Finalizamos com uma coleção de quase 3500 palavras diferentes, não incluindo ou contando muitas pertencendo ao linguajar profissional. Não há, pois, dúvida alguma sôbre a extensão dêste encontro lingüístico, e, em face da continuação viva dos dialetos ainda que enriquecidos por palavras novas, é preciso mudar a idéia usual sôbre o vocabu- lário fraco, minguante e exausto do colono.

Mas, em geral, êste colono mesmo não está cônscio de tôdas estas palavras emprestadas; e nem de longe compreendeu o hibri- dismo lingüístico aquêle que certa vêz disse, até orgulhosamente: «Mir spreche Hochdaitsch, mir tun das Daitsche un das Portu- guiesisch net misturiere.» Outra prova dessa inconsciência pode- riam ser algumas formas tautológicas mencionadas por Willems (p. 306) como p. ex. «cavalo - Pferd», «milje - Mais», «chapéu - Hut», se não devem ser explicadas como frutos do senso humo- rístico de muitos colonos.

Os canais de infiltração linguística eram multiformes, a in- tensidade mudando de colônia para colônia, de profissão para pro- fissão, de pessoa para pessoa. Foram de necessidade imediata as palavras próprias ao novo ambiente, seja que pertencessem a cul- tura ergológica como as de significações de animais, de alimentos, plantas e utensílios do trabalho às vêzes completamente novo, seja que fôssem coisas relacionadas com a vida administrativa, jurídi- ca ou política ou, finalmente, com profissões praticadas além do isolamento colonial. Foi esta a maneira do colono e imigrante de adaptar-se ao novo ambiente e de fazer de bom gôsto do novo país sua nova pátria e aquela de seus filhos. Sem deixar de falar seu dialeto alemão, mesmo com a boa vontade de conservar e cul- tivar esta ótima herança de seus antepassados, o colono tanto se integrou na nova pátria que, por exemplo, nos nomes de batismo muitas vêzes escolheu um nome português ou pelo menos abrasi- leirado. Viu nisso Schappelle, o Americano, no meio da primeira grande guerra um sinal típico do patriotismo dos colonos: «The

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Portuguese Christian name in the country in question distinguishes the individual as a Brazilian not as a German. The people under discussion regard themselves first of all as Brazilians.» Mas Schap- pelle acrescenta, que, não obstante, querem conservar e cultivar seus costumes e sua língua herdada em pról da nova pátria. Pa rece tal mentalidade talvez ambígua ou infrutífera, mas é típica do verdadeiro colono teuto-riograndense, é sincera e não conhece subterfúgios.

Não negamos a afirmação de Willems (p. 307) que a razão de muitos empréstimos lingüísticos reside no prestígio que se atri- bui ao vernáculo e às pessoas que o sabem falar. Willems fala mesmo da elevação do vernáculo à categoria de símbolo, de língua superior, de língua prestigiada e privilegiada. Concordando ple- namente com isso, chegamos a outras conclusões: causa principal da aceitação das palavras portuguêsas e do hibridismo seguinte é o desejo firme da acomodação, enquanto que a grande estima- ção atribuida ao português estimula mais como se com o Coronel João Daniel Hillebrand, médico alemão e diretor da anti- ga colônia de São Leopoldo a propagação do ensino do portu- guês e a vontade de expressão mais correta no vernáculo. Estas duas tendências podem convergir, mas muitas vêzes decorrem em movimento paralelo. É uma simplificação errôneo quando não admitimos isto.

Antes de mostrar alguns exemplos cio vocabulário da língua mista do teuto-riograndense, queremos, para a melhor compreen- são do problema, dirigir a atenção também aos neologismos. o Dr. Lacmann, em artigo publicado em 1905, mencionou p. ex. palavras como «Dachblatt», uma palmeira cujas folhas se usavam em lugar de têlhas, ou «Lichtrohr», um tipo de taquara para fa- bricar tochas. Devemos restringir-nos nêste momento e damos somente poucos exemplos significativos da fantasia lingüística do colono. Entre as muitas designações de animais encontramos p. ex. : Stinktier gambá, Sandhase preá, Aasvogel urubú, Dreckbauer João de barro, Silberschmied araponga, Pfeffer- vogel — tucano, Schlepper, Saubermacher, Wanderer tipos de formigas, Krickelmaus grilo. No reino vegetal: Ameisenbaum imbaúba, Wollbaum painèira, Naegelsbaum cinamomo, Zuckerschotenbaum ingazeiro, Elefantengras capim elefante, Bankrottgras capim gafanhoto, Zwiebelgras tiririca, Schuh- schlappe — chuchu. Instrumentos ou métodos de trabalho: Busch- sichel foice, Futterhaken espécie de cangalhas, Schneid- muehle serraria, Ofen- ou Schuppentabak tipos diferentes de fumo. Outros tipos dessas palavras são: Musterreiter caixeiro viajante, Zuckersteinche caramelo, Fixfeuer fósforos, Panz- weh dôr de barriga, Koppauseinanner insolação, Kochofen fogão. Tôdas essas e muitas outras palavras são invenções dos próprios colonos.

Não menos ativa é a fantasia do colono na formação de pala- vras híbridas onde, com bastante habilidade e a coragem típica do

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inconsciente se amalgamaram palavras portuguêsas e alemãs. «Nouns of mixed origin are quite frequent», disse Schappelle. Es- tas palavras, antes de tudo, tem seu timbre folclórico especial des- vendando certas maneiras da vida do colono. Um alemão recém- chegado quase não compreenderá algumas destas palavras, mas sem muita dificuldade notará que essa hibridazão, ação produtiva do colono, seguiu as formas gramaticais do alemão, justapondo em ligação genuina a palavra portuguêsa explicativa e mesológica à idéia básica da palavra alemã. Fàcilmente encontramos muitas destas palavras em todos os setores da vida. São estas palavras não de uso prático, mas igualmente, de certo cunho atmosféri- co e mesmo sentimental. Nós escolhemos alguns exemplos para demonstrar a singularidade dessas expressões: Teebrung, Wasser- brung porongo; Nussdoss, Schlappedoss doce, Moschstuhl, Moschkuh môcho; Kochmanjok, Eiermanjok, Manjokholz mandioca; Fumfabrik, Fumbeutel, Rollfum fumo; Hinkelkorral, Schweinskorral coral; Backkamell, Fusskamell gamela ; Schickbaum angico; Ameschebaum ameixeira; Schabotikaba- baum jaboticabeira.

Quem conhece a facilidade do alemão para formar palavras compostas seguindo uma regra quase matemàticamente exata e pra- ticável, não se admirará que os colonos, na formação dessas novas composições híbridas, inconscientemente cumpriram a ordem gra- matical da língua de seus antepassados.

Assim podemos dizer que, em verdade, se trata de uma es- pécie de assimilação dupla. O colono de descendência alemã assi- mila tantas e tantas noções portuguêsas amalgamando-as com sua própria língua de origem, mas ao mesmo tempo e geralmente sem perceber nem um nem outro lado dêste processo interessan- tíssimo — êle mesmo está sucessivamente assimilando-se ao por- tuguês, transformando, junto com muitos costumes, gestos e ma- neiras de pensar, também sua língua. assim, apreciando a ativação recíproca das duas línguas, podemos realmente falar do linguajar teuto-brasileiro e compreender algo de sua originalidade.

Da grande quantidade das palavras aceitas daremos alguns exemplos: nos primeiros anos expressões da vida pública como vila, câmara, praça, coletor, fiscal, multa, santa-casa, intendência e inúmeras outras, na maior parte em forma germanizada ou pelo menos com acentuação alemã, eram de uso geral. Introduziram-se com igual facilidade designações geográficas ou meteorológicas co- mo campo, serra, cochilha, litoral e minuano. Na compra e venda todos logo falaram de braça, alqueire, légua, palmo, medida, ses- maria, quadra e lote e, pagando, contaram em vintém, patacão, mil réis e conto. Com o boi que comprou do gaúcho o colono adquiriu também os nomes do gado: alegre, andorinha, barroso, brasino, borboleta, crioulo, diamante, estréia, malvado, mimoso, quei- mado e dúzias de outros. O colono plantando e colhendo mandio- ca, aipim, batata doce, milho e abóboras, mesmo falando de «Man- jok, Aipi, Sissbatate, Mil je e Bowre» não foi mais um camponês

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alemão, mas sim um colono teutoriograndense de língua e hábitos próprios. Êste colono, muito, estava acostumado de tomar seu mat-chimarrão de manhã, «seine Grine lutsche», êle gostava mes- mo de vêz em quando do cafèzinho, mas preferiu uma pinga ou cachaça; sua casa estava situada ao longo duma linha ou picada, seu gado pastava no potreiro e êle mesmo ia, de tamancos, à roça para capinar. Ã sua direita bamboleava um facão e para muitos trabalhos usava um instrumento perfeitamente novo ao imigrante, a foice, que, no talento lingüístico dos colonos, se tinha transfor- mado em «Fuchs», velha palavra alemã de sentido bem diferente.

Seria facílimo ler listas compridas de centenas de palavras aceitas, poderíamos falar de tôda a contribuição da sociedade agro- pecuária, do estado patriarcal e republicano, da vida social e des- portiva — é pensar no futebol da atividade militar, comer- cial e técnica, mas achamos preferível dar ainda alguns exemplos do processo de mescla. Não é sem interêsse o que Schappelle no seu livrinho escreveu: «Nouns form by far the greatest number of words taken over, followed next in order by verbs, exclamatory words and phrases, adjectives and adverbs. The last two appear relatively rarely.» Êsse fenômeno da falta completa de partí- culas, o uso muito escasso de advérbios e adjetivos êstes geral- mente de origem verbal por outro lado a abundância de subs- tantivos e a aceitação freqüente de verbos parecem provar que o desejo da acomodação material estava .determinando o processo, e que pelo menos na sua opinião o colono continuava falando seu dialeto, enriquecendo-o de novas expressões, mas a escolha era dêle.

A transformação das palavras adotadas reconhece-se melhor com os verbos e substantivos.

Na aceitação dos verbos os colonos simplesmente seguiram o exemplo do alemão oficial no seu costume de dar aos verbos de origem românica a terminação ieren; assim a maior parte dos verbos portuguêses em ar, mas também outros em er ou ir terminaram em ieren. Encontra-se, ademais, a terminação mais germanizada de en. Entre os verbos aceitos a quase totali- dade denota certa atividade ou trabalho, registramos um nú- mero limitado de verbos abstratps. posso dar alguns exemplos ilustrativos: abrassiere abraçar; abusiere abusar; afroschiere afrouxar; apitiere apitar; kaprischiere caprichar; despa- schiere despachar; enkaminjiere encaminhar; estoriere estourar; furiere furar; schulgiere julgar; relaschiere re- laxar; selliere selar; trawiere travar; weraniere veranear. Tem formas duplas também, p. ex. : em vez de «kaprischiere» apa- rece «kaprische».

Com as terminações de forma mais alemã existem p. ex. : ka- piene capinar; schege chegar; schoge jogar; mesche mexer; trocke trocar. Estas palavras são mais uma espé- cie de loan words, Lehnwoerter, palavras emprestadas onde o co- lono nem sabe que são de origem portuguesa.

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Formas de terminações portuguesas diferentes são muito mais raras, como estas do tipo de: defendiere defender; torsiere torcer; inwadiere invadir.

Com esta mudança de terminações o colono conseguiu conju- gar todos os verbos conforme as regras gramaticais alemãs.

Negligência e pronúncia incorreta contribuiram a mais outras transformações, modificando consoantes e palavras assim que final- mente saiu uma palavra de fonêmas alemães. Ouçamos algumas provas: papai Babai; picaço Bigass; poncho Bunsch. O «p» português transforma-se em «b» alemão. O «t» muda para «d», «c» «g», «g» «k» em formas como tatu Dattu; coque Gock; gamela Kamell.

Encontramos não poucas palavras com várias mudanças ; o colono fiel- e inconcientemente participava também das mudanças de r 1 ou 1 r dizendo p. ex. : flosch em vez de frouxo; plei- tiere em vez de empreitar ou Karse em vez de calça.

É muito freqüente a perda das últimas letras: amendoim Mendowi; capim Kapi.

Maior ainda é a transformação das vogais. Temos p. ex. : o - u: bomba Bumb; porongo Brunge; i e: cochinilho Koschenilje; a ô: pintado Pintôde. O ditongo português «ei» em terminações como eiro ou eira aparece na forma simpli- ficada — ee: balseiro Balseere; capoeira Kapoweere; figuei- ra — Figueere; solteiro Solteere.

A transformação, de fato, vem muitas vêzes do fim da pala- vra enfraquecendo-se o som final ou desaparecendo a última vo- gal. Foi essa, também, uma das primeiras observações de Schap- pelle tratando dos substantivos: «In the case of masculines the vowel ending is as a rule dropped.» Seus exemplos são: abati- mento — Abatiment; campo Kamp; pasto Past. Transfor- mou essa omissão completa do som final a palavra muito mais do que o simples enfraquecimento como em bandeja Bandesche; isca Iske; saída Saide.

Temos a impressão que fazendo isto o colono, mais uma vez inconcientemente, deu às palavras um aspeto mais alemão, uma estrutura mais consonantal.

Tinham os descendentes do Hunsrueck uma predileção por formas diminutivas. Porque não empregá-las também nas novas aquisições lingüísticas. Não é bonito, não é cordial e familiar di- zer: Tikotikche, Mareckche, Guriche, Babadche ou mesmo Gafan- jotef iljotche ?

Coisa observada desde muito tempo é a mudança do artigo, possivelmente causada por sinónimos ou homónimos do alemão: o trinco die Trinke, em alemão die Klinke, o mapa die Mappe, em alemão die Karte e igualmente die Mappe, significando pasta; o bar- ranco — die Barranke, em alemão die Boeschung ; o charuto die Scharutt, em alemão die Zigarre. Mas também o feminino não es- capa a transformação : a mula der Mule, em alemão der Maulesel,

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a tropa der Tropp, em alemão der Trupp. O fósforo das Fosfor das Streichholz.

Cortaram-se muitos prefixos do português, dando a palavra um aspeto novo: abóbora Bower; adaga Dage; alambique Lambick; angico Schick.

Sem qualquer respeito pela etimologia, sem o menor conhe- cimento das regras gramaticais transformaram os colonos as pala- vras portuguêsas, simples sons nos seus ouvidos e não palavras escritas ou impressas de valor literário e cultural, e lhes deram a forma mais adequada à própria pronúncia, à desinência acostuma- da e à construção de suas frases simples e rústicas. Mudaram o acento, desfiguraram as palavras, mas sempre, enquanto que fa- laram seu dialeto, conseguiram apropriar-se das novas palavras sem mudar radicalmente a estrutura sintática das frases. Impri- miu-se raras vêzes a sintaxe portuguesa ao estilo do colono, prova bem significante do que dissemos.

Todo êsse processo, ainda em andamento, como aliás, a vida de cada língua, se deve compreender como tentativa do colono de familiarizar-se com essa sua existência no Brasil. Ê uma assi- milação que usa os canais mais diferentes, mas sempre, enquanto que o colono está ainda trabalhando como pioneiro e que ainda tem a viva lembrança de suas origens étnicas e lingüísticas, esta as- similação é um sinal de certa expressão própria, ainda que não formulada em téses e teorias; é uma prática de vida, é o desejo do colono de viver nesta sua pátria brasileira em convivência fe- liz e próspera com seus patrícios, mas sem perder a ligação dire- ta com os costumes e a língua dos antepassados.

Êste seu linguajar tão estranhamente mesclado é a expressão correta da sua existência e de seu amor abnegado pelo Brasil e. igualmente, de seu respeito pela tradição de sua família e dos ve- lhos imigrantes. Seria tão difícil apreciar isto?

«Car les Teuto-Riograndenses qui ont contribué à peupler et à mettre en valeur un grand État, à y constituer une autre société et une cité originale participent maintenant à la vie de la Nation qu’ils ont plébiscitée.» (Roche p. 587).

O que nós mostrámos ainda corresponde mais ou menos à si- tuação na própria colônia. Apesar das transformações rápidas da vida moderna sobreviveu êste dialeto e, se homens sensatos não entendem mal sua fôrça expressiva, não precisa ser transformado em museu lingüístico. Pelo contrário!

Lembremo-nos do exemplo negativo dos Estados Unidos da América do Norte onde o ensino de línguas estrangeiras foi, por muito tempo, incrivelmente negligenciado e onde hoje, em face dos problemas reais do mundo moderno, todos têm que fazer esforços enormes para recuperar o terreno perdido. Jovens Americanos, filhos e netos de imigrantes que fàcilmente e sem qualquer custo

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poderiam ter aprendido a língua dos seus antepassados, têm que fazer estudos caríssimos agora para dar à América do Norte o lu- gar que lhe compete no intercâmbio cultural.

Vivemos numa época de pluralismo lingüístico!

Tomára que aqui no Brasil os responsáveis pelo ensino das línguas não caiam nos mesmos erros como os Americanos e saibam aproveitar-se dessa riqueza natural e barata que o conhecimento de cada nova língua realmente representa. 1 ) E não esqueçamos isto se dirige aos economistas e materialistas que cada inter- câmbio cultural hoje não é mais privilégio da classe favorecida mas de interêsse para o povo inteiro ,que cada intercâmbio cultu- ral é o precursor, não a consequência, do intercâmbio econô- mico!

Cultivando estas suas línguas ao lado do vernáculo, todos os imigrantes e seus descendentes podem aumentar a grandeza do Brasil. Línguas são pontes vivas entre homens e nações. Falan- do e traduzindo línguas, transmitimos a melhor compreensão en- tre os povos.

E não esqueçamos o que Johann Wolf gang Goethe disse a respeito das traduções, êste elemento imprecindível de todo inter- câmbio cultural: «Dies ist das wichtigste und wuerdigste Geschaeft in dem Weltverkehr.» «É esta a tarefa mais importante e mais digna no intercâmbio mundial.»

1) A Lei de Diretrizes e Bases da Educação de dezembro de 1961, dando às escolas secundárias a livre escolha entre várias línguas estran- geiras, já abriu novas possibilidades lingüísticas.

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Über die Vorbereitungen des 2, Vatika- nischen Konzils sou/ie einiges zu seiner Theologie und Praxis V

von Pater Berthold Beck S. J.

Sehr verehrte Zuhoerer!

Es ist mir eine grosse Freude vor Ihnen ueber ein Thema sprechen zu duerfen, das wie kein anderes geeignet sein koennte, Bruecken zur Wiedervereinigung zu schlagen. Zwar wird die Wiedervereinigung der Christen vermutlich ueberhaupt nicht direkt und thematisch auf der Tagesordnung des Konzils stehen: Viel- mehr wird es darum gehen, dass die Roemische Kirche in ihrer Lehre und Verkuendigung, in ihrem Gottesdienst und Kirchenrecht der gewandelten Welt angepasst wird, damit sie als innerlich er- neuerte in das Gespraech mit den getrennten Gemeinschaften treten kann. Ist doch sowohl durch die Situation der Kirche in der Ge- genwart wie durch den Kampf gegen sie, im umfassenden Sinne das Ganze ihres Lebens und ihrer Lehre in Frage gestellt. Dieses Programm hat Papst Johann XXIII. als das eigentliche Anlie- gen genannt, er nennt es «Aggiornamento».

Jeder weiss, dass in der Kirche Menschliches, und wie Papst Pius der XI es ausdrueckte, (in der Enzyklika «Mit Brennender Sorge») : «Allzu Menschliches» gibt, weshalb auch jedes Konzil

von einem reformatorischen Geist beseelt ist. Immer wieder be- ginnen die Konzile seit dem 7. Jhdt., mit diesem Eingestaendnis menschlicher Gebrechlichkeit: «Adsumus, Domine Sancte Spiritus, adsumus peccati quidem immanitate detenti, sed in nomine tuo spe- cialiter congregati».

Aber nun erst einmal zu den entfernteren Vorbereitungen des 2. Vatikanischen Konzils. Am 25. Januar 1959 erfolgte die erste Bekanntgabe des Planes eines oekumenischen Konzils. Mut und Entschlossenheit des neuen Papstes kam in diesem (von seinen 2 Vorgaengern wohl ueberlegten, aber nicht gewagten) Schritt zum Ausdruck. Am 17. Mai 1959 wurde dann Kardinalstaatssekretaer Tardini mit der Einrichtung der «vorbereitenden Kommission» beauftragt. Am 29. Juni des gleichen Jahres erschien dann die Enzyklika «Ad Petri cathedram» mit der offiziellen Ankuendigung des Konzils. Die Kommission fuer die entferntere Vorbereitung stellte nun Rundfragen an 2.700 Bischoefe, Weihbischoefe, Aebte.

1) Der Verfasser, Pater Berthold Beck S. J., ist Professor für Neues Testament am Colegio Christo Rei in São Leopoldo. Über dieses Thema hielt er einen Vortrag vor Dozenten und Studenten der Faculdade de Teologia in São Leopoldo.

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Nuntien, hoechste Ordensobern, an theologische und kirchliche Fakultaeten : Die Gesamtheit der einlaufenden Antworten wurde sowohl nach sachlichen wie regionalen Gesichtspunkten zusammen- gestellt. Sie umfasst in 7 Baenden die Antworten: 3 Baende fuer Europa, davon 1 Band fuer Italien allein, zusammen 780 und 810 und 942 Seiten; 1 Band fuer Asien mit 662 Seiten; 1 Band fuer Afrika mit 580 Seiten; 1 Band fuer Nord- und Mittelamerika mit 694 Seiten und 1 Band fuer Suedamerika und Ozeanien mit 700 Seiten. Dazu erschien auch der 1. Band der «Acta et documenta Concilio Vaticano II apparando, Series I (Antepraeparatoria) : Acta Summi Pontificis Joannis XXIII» (Roma 1960). Dieser Band ent- haelt auf 168 Seiten die Hauptzeugnisse der Taetigkeit des Papstes zur Zeit der sog. entfernteren Vorbereitung. Beim Vergleich mit der entsprechenden Vorlage des I. Vatikanischen Konzils, wo den Konzilsvätern nur die in einem Band von 423 Seiten zusammen- gefassten Stellungnahmen von 224 Bischoefen vorlag, ergibt sich sofort der grosse Unterschied in der Vorbereitung beider Konzilien

Pflingsten 1960 begann dann der 2. Abschnitt der Vorberei- tungen, und zwar der naeheren Vorbereitungen durch die Konsti- tuierung von zunaechst 9 Kommissionen. Sie wurden durch ein Motuproprio «Superno Dei nutu» verkuendet und in der Pfingstan- sprache des Papstes näherhin kommentiert. Der Papst haette aus der Fuelle der Anregungen einige Themen von besonderer Wich- tigkeit fuer das kirchliche Leben herausgreifen koennen, aber er wollte nicht bei einigen Einzelfragen stehen bleiben. Das exzep- tionelle Eigenziel des II Vatik. Konzils, das nicht nach dem Typus bisheriger Konzilien mit aufgetauchten Fragen der dogmatischen Doktrin, mit disziplinaeren Einzelfragen oder speziellen Reformauf- gaben sich befassen will, sondern eine Gesamtdarstellung der Kirche «in den reinen, einfachen und urspruenglichen Linien» ihres Wesens (Joh. XXIII) beabsichtigt, eine Enthuellung der Substanz des christlichen Lebens in der Auseinandersetzung mit den atheisti- schen Tendenzen des 20. Jhdt., verlangte nach einer bes. Methode. So erschien eine Aufgliederung der vorbereitenden Arbeiten nacfy der Gliederung der kirchlichen Gesamtverwaltung sinnvoller, was bedeutet, dass kein bedeutsamer Bereich des kirchlichen Lebens bei der Konzilsvorbereitung ausser Betracht bleibt, dass die allent- halben bekannten allgemein grossen Anliegen der Kirche der Ge- genwart sicher beruecksichtigt werden.

Den 9 Roemischen Kongregationen entsprechen zunaechst die 9 vom Papst angekuendigten Kommissionen. Die Zusammenset- zung ihrer Mitglieder laesst erkennen, dass daran gedacht ist, bei der Vorbereitung im einzelnen sowohl die Uebersicht der Mitar- beiter roemischer Kongregationen wie die Frontnaehe der Seel- sorger und theologischen Experten auf allen Bereichen des kirch- lichen Lebens sich gegenseitig ergaenzen zu lassen. Die naehere Arbeitsweise ist dabei den einzelnen Kommissionen ueberlassen. Die Weite der Thematik legt dabei die Bildung von Unterkom-

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missionen nahe. Nun zu den einzelnen Kommissionen und ihren Aufgaben :

1: Die theologische Kommission; sie entspricht der Congre-

gatio Sacri officii und ihre Taetigkeit wird sich auf die Lehre der Kirche (Bischoefe), anthropologische Irrtuemer und soziale Aspekte der heutigen Moral richten. Ihr Praesident ist Kard. Ottaviani, ihr Sekretaer P. Tromp S. J., ihre Mitglieder sind 11 Bischoefe, 11 Weltgeistliche und 9 Ordensgeistliche.

2: Entsprechend der Consistorilkongregation gibt es die Kom-

mission fuer Fragen der Bischoefe und bischoeflichen Amtstaetig- keit. Ihr Aufgabenbereich ist ein dreifacher. Es sind die 3 Pro- bleme: Nach oben, die Frage des Zentralismus bzw. des Dezentra- lismus; nach der Seite, die Umschreibung der Exemtion der Or- densleute im Hinblick auf die Einheit des Lebens in den Bistue- mern; nach unten sind es die Fragen des Pfarrprinzips usw. Prae- sident dieser Kommission ist Kard. Mimmi, Sekretaer Erzbisch. Gawlina, Mitglieder sind 17 Bischoefe, 1 Praelat, 1 Weltgeistl. u. 1 Ordensgeistl.. Konsultoren 11 Bischoefe, 1 Praelat, 8 Ordensgeistl.

3: Die Kommission fuer Kirchenzucht im Klerus u. im kirchl.

Volk: Sie entspricht der Konzilkongregation. Ihre Anliegen sind die Erneuerung des Diakonats, der relig. Unterweisung, Neuord- nung des kirchl. Busswesens (Fastenordnung). Ihr Praesident Kard. Ciriaci, Sekretaer P. Berutti O. P., Mitglieder 10 Bischoefe (4 Erzbischoefe 6 Bischoefe), 12 Weltgeistliche u. 10 Ordensbrue- der, Konsultoren sind 3 Erzbischoefe, 9 Bischoefe, 12 Weltgeist- liche u. 10 Ordensgeistl.

4: Die Kommission fuer Ordensleute entsprechend der Reli-

gionskongregation, zur Ueberpruefung des Ausbildungsgangs der kommenden Seelsorger im Orden, gegen Abnahme der Berufe, zeit- gerechte Formen des Apostolates, Verhaeltnis zu Säkular insti tuten, Praesident ist Kard. Valeri, Sekretaer P. Rousseau O. P. I. (Cana- da), Mitglieder 24: 2 Erzbischoefe, 4 Bischoefe, 1 Priester vom Opus Dei (Saec. Institut), 17 Ordensleute. Kosultoren 27 (alles Ordensleute).

5 : Kommission fuer Studien und Seminarien, entsprechend

der Studienkongregation, ihre Aufgabe: Überprüfung des ge- samten Ausbildungsganges der Theologiestudenten, ihr Praesident Kard. Pizzardo, Sekretaer P. Mayer O. S. B. (Deutscher), Mitglie- der 36: 6 Erzbischoefe, 14 Bischoefe, 12 Weitgeistl. u. 8 Ordens- geistl. Konsultoren 32: 7 Erzbischoefe, 1 Bischof, 14 Weltgeistl. u. 9 Ordensgeistl. u. 1 Laie (Prof. Francisco Vito, Reet. Univ. Mai- land) .

6: Kommission fuer die Verwaltung der Sakramente, ent- sprechend der Sakramentenkongregation. Sie wird ueber Firmrecht, Bussrecht und Eherecht beraten. Ihr Praesident Kard. Masella, Sekretaer P. Bidagor S. J., Mitglieder 25: 4 Erzbischoefe, 2 Bi- schoefe, 11 Weltgeistl. u. 8 Ordensgeistl. Konsultoren 15: 5 Bi- schoefe, 2 Weltgeistl. u. 8 Ordensgeistl.

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7 : Kommission fuer die Hl. Liturgie, der Ritenkongregation

entsprechend; sie wird sich mit der Reform der liturgischen Buecher befassen (Missale, Brevier, Rituale, Pontificale, Caeremoniale) . Ihr Praesident ist Kard. Arcadio Larraona (Esp.) C.M.F. (Claretie- ner), Sekretaer P. Bugnini (Lazarist). Mitglieder sind 1 Erzbi- schof, 5 Bischoefe, 12 Weltgeistl. und 7 Ordensgeistl. Konsulto- ren: 1 Erzbischof, 4 Bischoefe, 16 Weltgeistl. und 17 Ordensgeistl.

8 : Kommission fuer die Ostkirchen, entsprechend der Ost-

kongregation; sie wird bei der heutigen Voelkerverschiebung ueber das geordnete Nebeneinander der Riten handeln, sowie ueber die eventuelle Einheit der getrennten ostkirchl. Gruppen. Ihr Praesi- dent ist Kard. Amleto Giovani, Sekretaer P. Welykyj (Brasilianer aus der Ukraine), Mitglieder 26: 8 Erzbischoefe, 7 Bischoefe, 1 Archimandrit, 2 Praelaten, 8 Ordensgeistl. Konsultoren 30: 2 Bi- schoefe, 9 Weltgeistl., 1 Chorbischof, 1 Auditor der Rota, 19 Or- densleute.

9: Die Kommission fuer die Missionen, entsprechend der Con-

gregatio de Propaganda Fidei mit ihren eigengesetzlichen Proble- men. Ihr Praesident ist Kard. Agagianian, Sekretaer Erzbischof Mathew (Engl.), Mitglieder 22: 4 Erzbischoefe, 14 Ordensleute und 4 Bischoefe. Konsultoren 32: 4 Erzbischoefe, 4 Bischoefe, 4 Welt- geistl. u. 20 Ordensleute.

10: Dazu kommt nun noch eine Kommission, der keine Kon-

gregation entspricht. Es ist die Kommission fuer das Laienapo- stolat. Sie wurde aus der Kommission fuer Kirchenzucht heraus- geloest. Alles, was sich auf religioese und soziale Aktion der Laien bezieht, wird von dieser Kommission behandelt werden. Ihr Prae- sident ist Kard. Cento, Sekretaer, Mgr. A. Glorieux, Mitglieder: 10 Bischoefe, 12 Praelaten, 5 Weltgeistl, und 6 Ordensleute. Kon- sultoren: 10 Bischoefe, 2 Praelaten, 2 Weltgeistl. und 5 Ordensleute.

Ausserdem existieren dann noch 4 Sekretariate :

1. Das Sekretariat fuer die Einheit der Christen. Hier steht der Kontakt mit dem Weltprotestantismus (250 Millionen) im Vordergrund. Praesident ist Kard. Bea S. J.. Mitglie- der sind 6 Bischoefe (alles Europaeer), 2 Praelaten, 3 Ordensleute. Konsultoren: 2 Praelaten, 5 Weltgeistl. und 8 Ordensleute.

2. Das Sekretariat fuer Massenpublikationsmittel, die Massen- medien: Presse, Film, Funk, Fernsehen. Ihr Praesident ist natuerlich ein Amerikaner, Erzbischof o’Connor, Se- kretaer Mgr. Deskur (Pol.), Mitglieder: 6 Bischoefe, 5 Praelaten, 5 Ordensleute. Konsultoren: 7 Bischoefe, 6 Praelaten, 2 Weltgeistl. und 5 Ordensleute.

3. Ein Sekretariat fuer Fragen des Protokolls und der techni- schen Durchfuehrung. Ihr Praesident ist Kard. Gustavo Testa, Sekretaer Erzbischof Felici. Sie haben die Peters- basilica fuer die Plenarsitzung vorzubereiten und haben Licht- und Tonprobleme und das Elektronensystem fuer Stimmabgabe klarzustellen.

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4. Als eine weitere, gewiss nicht unwesentliche Einrichtung kommt hinzu, das Sekretariat fuer administrative Fragen. Ihr Praesident ist Kard. Alberto de Jorio, Sekretaer ist hier Mons. Guerri (Geld).

Ueber allem aber steht dann die Zentralkonimission, deren Praesident Papst Johann XXIII ist, Sekretaer hier Mgr. Erzbi- schof Pericle Felici, Mitglieder 102 im ganzen: 60 Kardinaele in 2 Gruppen: a) 24 sind von der Kurie, b) 26 sind Residentialbi- schoefe bzw. Erzbischoefe (darunter die 13 Presidenten der Kom- missionen und Sekretariate), auch Kard. Wyszynski ist dabei, 5 Patriarchen, 27 Erzbischoefe, 6 Bischoefe, 4 Generalobere (OBS., OFM., SJ., OP.); Konsultoren 29: 11 Bischoefe, 9 Praelaten, 6 Ordensleute.

Damit meine ich, mich meiner Aufgabe, etwas über die Vor- bereitungen zum II. Vatikanischen Konzil zu sagen, entledigt zu haben. Jetzt richten wir unser Augenmerk auf die Frage nach dem Wesen und der Aufgabe des Konzils. Dazu ist es nötig, auch auf einige verfassungsrechtliche Fragen einzugehen.

Wollen wir Wesen und Aufgabe eines katholischen Konzils verstehen, müssen wir aber zuvor die Frage nach dem Wesen der Kirche erörtern, wie es sich nach katholischem Glaubensverständnis darstellt. Von folgendem Doppelsatz wollen wir dabei ausgehen: Die Kirche ist verfasst und geleitet durch das Bischofs- kollegium mit dem Papst als seiner persönlichen Spitze, in dieser institutioneilen, hierarchischen Verfasstheit der Kir- che im Amt erschöpft sich jedoch ihr Wesen nicht, da zu ihm auch das eigentlich Charismatische, das Nichtinstitu- tionelle, das rechtlich nicht eindeutig Regelbare gehört.

Dieser Doppelsatz ist ein wenig zu erlaeutern. Die kath. Kir- che versteht sich nicht als ein demokratischer oder charismatischer Zusammenschluss von unten her aus Menschen, in denen der Glau- be an die Botschaft v. Jesus Christus Ereignis geworden ist und die sich nachtraeglich zu diesem individuellen Glaubensereignis zusammenschliessen u. darum die Strukturen dieses Zusammen- schlusses nach eigenem Belieben bestimmen koennen. Sie ist viel- mehr eine von Christus selbst durch die Bestellung des Apostel- kollegiums unter Petrus als seinem Haupt von oben her autoritativ begruendete Gesellschaft, die mit dem von Gott her kommenden Anspruch auf Gehorsam, Glaube u. Einordnung zu den Menschen kommt und deren Grundzuege der Verfassung, des Rechtes u. der Gewaltenverteilung bei allem Wandel im einzelnen durch den Stif- tungswillen Christi festliegen. Die v. Christus autorisierten Trae- ger der gehorsamsfordernden Predigt des Evangeliums und der rechten u. wirksamen Spendung der Sakramente u. der sichtbar verfassten Einheit des einen christl. Lebens, Traeger also der Lehr-, Priester- u. Hirtengewalt, sind somit die Bischoefe als Nachfolger der Apostel unter dem Papst als dem Nachfolger Petri, weil u.

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insofern sie in einer legitimen u. rechtlichen Weise in einer eigent- lichen apostolischen Sukzession (materialer u. formaler Art in ununterbrochener Reihenfolge) ihre Gewalten von dem Apostel- kollegium u. seinem Haupte Petrus ableiten koennen.

Dabei ist zu beachten: Das Bischof kollegium darf nicht als

nachtraegliche Summierung, als der sekundaere Zusammenschluss der einzelnen Bischoefe als einzelner Nachfolger einzelner Apostel betrachtet werden. Das Bischofskollegium u. seine Gewalt gegen- ueber der Gesamtkirche geht als eine kollegiale, aber wahre Ein- heit dem einzelnen Bischof u. seinen Rechten voraus. Das heisst, die kollegiale Einheit des Gesamtepiskopats unter dem einen Pe- trusnachfolger, dem Papst, ist die sachlich und rechtlich vorge- ordnete Groesse gegenueber den territorial begrenzten Rechten des Einzelbischofs und seiner territorialen Funktion. Nur so wird er- klaerlich, warum dem Gesamtepiskopat z. B. die absolute Lehrau- toritaet u. Lehrunfehlbarkeit unter bestimmten Voraussetzungen zukommen kann, die sich als Summierung der Lehrautoritaet der einzelnen Bischoefe als solcher und fehlbarer nicht erklaeren liesse. So kommt es auch, dass dem Bischof nicht nur nachtraeglich zu seiner territorial begrenzten Einzelautoritaet und als Folge davon, sondern im voraus dazu, wenn auch immer als Glied der kollegialen Groesse des Gesamtepiskopats, Rechte u. Pflichten der Gesamt- kirche gegenueber zukommen.

Es gibt nun nach kath. Lehre ein ordentliches Lehramt des Gesamtepiskopates immer und jederzeit auch ausserhalb des Kon- zils, mit und unter dem Papst. Der Gesamtepiskopat ist ein wahres Rechtssubjekt goettlichen Rechtes und goettlicher Stiftung, das seine Moeglichkeiten (Pflichten und Rechte) aus seinem Wesen und seiner Einheit im Papst heraus meist durch die personale Spitze und personale Repraesentanz dieser dauernden Einheit, d. h. durch den Roemischen Papst wahrnimmt. Diese Tatsache, richtig gesehen, hebt diese handlungsfaehige Einheit des Gesamtepiskopa- tes, die er immer hat, nicht auf, sondern unterstreicht sie und laesst sie dauernd aktuell bleiben. Damit ist natuerlich nicht gesagt, dass sich diese Handlungsfaehgkeit nur im Handeln des Roemischen Bischofs vollziehe und in Erscheinung trete.

So, wenn auch nicht als Instanz im Unterschied vom und ge- gen den Papst, eignet dem Gesamtepiskopat die hoechste Gewalt in der Kirche, die niemand anderem als nur Gott verantwortlich ist. Als hoechstes Fuehrungsgremium hat sie nicht noch einmal eine Instanz neben oder ueber sich, die auf dem Wege einer recht- schaffenden Nachpruefung ueber die Legitimitaet formaler und ma- terialer Art befinden koennte und selbst gegen den Missbrauch dieser Gewalt nur noch durch den verheissenen Beistand des Gei- stes und nicht mehr durch kirchenrechtlich greifbare Vorbehalte oder Appellationsinstanzen geschuetzt waere.

Man muss nun weiter sagen, dass der Roemische Papst als Person (freilich insofern er Papst ist) jene Rechte ausueben kann,

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die dem Gesamtepiskopat mit dem Papst an der Spitze zukommen. Er ist also durch sich selbst handeln koennende und oberste Spitze dieses kollegialen Traegers der hoechsten Vollmachten in der Kirche und er bedarf dazu nicht einer bes. rechtlich kontrollierbaren Beauftragung von seiten des Bischofkollegiums, da ja dieses seibst nur handelnkoennendes Rechtssubject in und gegenueber der Kirche ist, insofern er zur Einheit im Papst verfasst ist. So sehr der Roemische Bischof somit auch in Person die hoechste Gewalt in der Kirche besitzt, so bedeutet dies dennoch nicht, dass der Ge- samptepiskopat als solcher vom Papst abgeschafft werden koenne, nur das ausfuehrende Organ der paepstlichen Gewalt, und diese nur die Teilnahme an der paepstlichen Gewalt sei. Ja man wird sagen koenen, dass auch dort, wo der Papst als Person und aus der ihm in Person eignenden Fuelle der Gewalten handelt, er als Haupt des Gesamtepiskopates handelt. Damit ist aber auch nicht gesagt, dass der Papst einer rechtlich nachkontrollierbaren Beauf- tragung durch den Gesamtepiskopat als eines von ihm und seiner Gewalt unterscheidbaren Rechtstraegers beduerfe. Der Papst hoert ja nicht auf, wenn er «ex sese» handelt, Spitze des Kollegiums in diesem Handeln zu sein, wenn er auch jedem einzelnen Bischof al§ Einzelglied des Kollegiums gegenueber selbst nochmals eine bi- schoef liehe Jurisdiction hat und wenn er auch die genauen Formen seines Handelns, durch die es das Handeln der Spitze des Gesamte- piskopates wird, selbst bestimmen kann und an keine rechtlich nachkontrollierbaren bestimmten Formen solchen Handelns als Haupt der Kirche und des Gesamtepiskopates gebunden ist.

Wir koennen also zusammenfassend sagen : Es gibt einen

obersten und hoechsten Traeger der obersten und hoechsten Gewalt in der Kirche, die Einheit des Bischofskollegiums in und unter dem Papst, und dieser eine oberste Traeger hat entsprechend dem Wesen eines Kollegiums die Moeglichkeit, in verschiedener Weise handelnd aufzutreten, ohne dadurch die Einheit des handelnden Subjektes aufzuloesen: entweder in dem als Haupt des Kollegiums handelnden Papst oder in einer Weise, in der die Kollegialitaet des einen Kolle- giums unmittelbarer und greifbarer zur Erscheinung kommt, d. h. in einem Handeln, das sich unmittelbar aus dem Handeln der ein- zelnen Bischoefe zusammensetzt. Aber auch darin wirkt sich im- mer noch die apriorisch einheitsstiftende Funktion des Papstes aus (insofern diese Bischoefe in sich und in ihren Handeln «Frieden und Einheit mit dem apostolischen Stuhl haben»), und es wird nicht nur eine nachtraegliche Summierung der einzelnen Handlungen der einzelnen Bischoefe hergestellt.

Bevor wir nun diese verfassungsrechtlichen Ueberlegungen auf das Konzil anwenden, ist aber noch der 2. Teil unseres Doppelsatzes zu bedenken, von dem wir ausgingen. Nur wenn auch er gewuer- digt ist, laesst sich aus dem eben Gesagten gefahrlos das Wesen eines Konzils verstehen und richtig positiv und negativ wuerdigen. Wir hoerten schon: Die institutionell hierarchische Verfasstheit in dem petrinisch zur Einheit verfassten Gesamtepiskopat erschoepft

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das Wesen der Kirche als gottgeleiteter Leitung der Glaeubigen nicht, sondern zu diesem Wesen der Kirche gehoert auch im Unter- schied zu diesem Institutionellen das Charismatische.

Man koennte zwar den Eindruck bekommen, als sei alle Leit- ung, aller Impuls Gottes und seines Heilshandelns auf die Kirche hin immer und ausschliesslich vermittelt durch diese hierarchischen Gewalten (ihre Traeger und deren Tun), aller Einfluss Gottes sei durch die Hierarchie vermittelt, und nur derjenige goettliche Ein- fluss, den Gott auf diese nimmt, sei unvermittelt und wesentlich immer unvermittelt.

Dies ist jedoch ein totalitaeres und statisches Verstaendnis der Kirche, das in vielen Koepfen der Obern und Untergebenen in der Kirche mitschwingen wird, das aber nicht der (kath.) Wahrheit entspricht. Es gibt das freie Charismatische in der Kirche, und dieses gehoert zur Kirche selbst. Nicht nur dehnt sich allerwichtigstes und heilsentscheidendes Gnadenhandeln Got- tes am einzelnen Menschen in der Kirche und ausserhalb ihrer (weit ueber den Bereich der sakramentalen Gnadenvermittlung durch die Kirche in ihrer potestas ordinis) aus, sondern es waere eine einfache Haeresie und sonst nichts, wollte man der Ansicht huldigen, Gott wirke in Christus auf seine Kirche nur durch die Vermittlung der Hierarchie allein, so dass die Hierarchie allein eine (allseitige) Gottunmittelbarkeit habe. Gott hat in seiner Kirche nicht zugunsten der Hierarchie abgedankt. Gottes Geist weht in der Kirche nicht nur dadurch, dass er in den obersten Behoerden der Kirche zu wirken beginnt. Das Amt in der Kirche darf nie meinen, es komme nur auf es allein an, es sei im autonomen Allein- besitz des Geistes in der Kirche, die nichtbeamteten Glieder der Kirche seien nur und allein die Exekutoren der Befehle und Im- pulse, die vom Amt und nur von ihm kommen. Die Kirche ist kein totalitaerer Staat auf religioesem Gebiet, die Kirche darf nicht meinen, es funktioniere alles dann am besten, wenn alles moeglichst institutionalisiert und von der obersten Spitze der Kirche gesteuert werde, wenn der Gehorsam die Tugend waere, die alles andere, also auch die eigene Initiative, eigenes Fragen nach dem Draengen des Geistes, eigene Verantwortung, kurz das eigenstaendige, unmittel- bar von Gott kommende Charisma voellig ersetzen wuerde. Nein, es gibt in der Kirche das Nichtplanbare, das Nichtinstitutionelle, das Ueberraschende, und darum echte Geschichte in der Kirche, die nicht nur die Ausfuehrung eines immer schon gewussten Bau- planes des Hauses Gottes ist. Es gibt das Charismatische in der Kirche als Moment an der Kirche, und nur mit ihm ist sie das, was sie nach dem Willen Gottes und Christi sein soll und immer auch durch seinen Geist ist und sein wird.

Es ist natuerlich klar, dass nicht nur die Unterscheidung zwi- schen dem Amt mit seinem Charisma (das sehr wahr so genannt werden kann) und dem freien Charisma nicht ganz leicht ist, son- dern dass auch ein Amtstraeger Traeger (nicht nur der existentiell voll aufgenommenen Fuelle seines Amstscharismas sein kann, son-

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dern auch sehr wesentlicher und fuer das Heil der Kirche und die Erfuellung ihrer Aufgabe) bedeutsamer freier Charismen sein kann. Der Amtstraeger und der freie Charismatiker koennen ge- wissermassen in Personalunion vereinigt sein. Das war oft so, das ist hoechst ersehnenswert, wenn auch manchmal nicht ungefaehr- lich. Aber trotz dieser oft gegebenen Personalunion ist eine solche nicht erzwingbar, nicht verwaltungsmaessig herstellbar (in groes- serem Umfang und in einer kirchengeschichtlich bes. hervortreten- den Weise). Dieses Bestreben waere ein verwegener und zum Scheitern verurteilter Versuch: Gott will gar nicht, dass der Amt- straeger auch der hoechste Geisttraeger sei, oder dass der hohe Charismatiker immer darum auch schon mit den hoechsten Aem- tern in der Kirche betraut werde. Einheit und Diastase dieser bei- den Groessen stehen wiederum weder beim Amt als solchem noch beim freien Charisma als solchem, sondern allein bei Gott und seiner Fuehrung der Kirche, die er letztlich auch nicht mit den Fuehrungstraegern in seiner Kirche teilt. Denn auch sie sind von Gott ungefragt und inappellabel gefuehrt und koennen den Weg ihrer Fuehrung auch nicht apriorisch und zugleich allseitig bestim- men. Ist dies aber so, dann darf der Christ weder erwarten noch verlangen, dass das Charismatische, das in der Kirche sein muss, adaequat vom Amt in der Kirche dargestellt werde. Es waere ungerecht gegen das Amt und verriete ein fundamentales Missver- staendnis des Wesens der Kirche. Die Kirche wird nur richtig gesehen, wenn sie als von Gott allein adaequat verwaltete Einheit von Amt und Charisma gesehen wird; von keiner der beiden Groes- sen darf restlos das verlangt werden, was der anderen Groesse zukommt und als Aufgabe gesehen wird.

Wenden wir das nun auf das Konzil als Ausdruck der Struktur der Kirche an. Zunaechst ist vom zuerst Gesagten aus das Wesen des Konzils verstaendlich. Das Konzil hat nach dem Codex Juris Canonici (Canon 228 § 1) die oberste Gewalt in der Kirche inne. Diese Erklaerung stellt eine Tatsache goettlichen Rechtes in der Kirche fest, sie ist nicht ein Verfassungsparagraph eines kirchlich- menschlichen Rechtes, ueber den die Kirche oder der Papst selbst verfuegen koennten. Nach dem bisher Gesagten ist das auch ohne weiteres einleuchtend. Es versammelt sich lediglich das oberste kollegiale Subjekt der hoechsten kirchlichen Gewalt, das immer schon bestand und diese Gewalt immer schon ausuebte. Es entsteht also nicht ein neues Subjekt von Gewalt, sondern ein altes Subjekt uebt seine alte und bleibende Gewalt nur auf eine andere Weise aus. Was auf dem Konzil erscheint, gibt es auch sonst und handelt auch sonst: der eine Gesamtepiskopat in Einheit mit und unter Fuehrung durch den Papst. Dieser Gesamtepiskopat mit seiner bleibenden Vollmacht kann konziliar handeln, muss es aber nicht, weil er auch anders sein und handeln kann. Handelt er konziliar, dann hat er auch als so Handelnder genau die Vollmachten und Rechte, die er auch sonst hat: die Unfehlbarkeit der Lehrgewalt und die oberste Hirtengewalt. Das ordentliche Lehramt handelt so in ausseror-

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dentlicher Weise und kann in diesem Sinne ausserordentliches Lehramt genannt werden; das Subjekt ist in beiden Faellen das- selbe; es bekommt keine neuen Vollmachten.

Ganz natuerlich ist nun das von Christus eingesetzte Amt in der Kirche auch auf dem Konzil Repraesentant der Kirche ueber- haupt, also aller Glaeubigen, in der Weise, wie das Amt dies auch sonst ist: nicht als die von der Menge des Kirchenvolkes demo- kratisch Beauftragten, sondern als dessen mit Christi Auftrag und Vollmacht versehenen Hirten der Glaeubigen. Dadurch aber wer- den diese Hirten nicht weniger, sondern mehr die echten und wahren Repraesentanten des Kirchenvolkes.

Es besteht eine so innige, durch Gott selbst geschaffene objek- tive und in ihrer Auswirkung durch den Geist der Kirche garan- tierte Einheit zwischen Hirten und Kirchenvolk, dass die Hirten auf dem Konzil in jedem Fall in einem wahren Sinn auch die Reprae- sentanten der ganzen Kirche und aller ihrer Glieder sind. Es ist ja nicht so, dass die Kirche als das Volk der Erloesten und Christ- glaeubigen erst durch das Amt zu bestehen anfange, gleichsam als die bloss von dem amtlich Beauftragten angeworbene Anhaenger- schaft eines Vereins, der von dem freien Werbeentschluss seiner Gründungsmitglieder aus zusammengeschart wird. Dem Amt und den einzelnen Glaeubigen geht in gleicher Weise der absolute Ent- schluss Gottes zur Schaffung der Kirche voraus, geht die Erloesung und so die objektive Heiligung der Menschheit in Jesus Cristus und seiner Erloesertat voraus, geht die Menschheit als konse- kriertes Gottesvolk voraus. Diese Heilstat Gottes, die der eigent- liche und dem Vergesellschaftungs willen der Menschen und dem Bestehen des Amtes vorausgehende Grund ist, schafft sowohl Glau- be (zumindest in den Amtstraegern einmal selbst) und Amt gleich urspruenglich und ordnet beide Groessen zu einer letzten untrenn- baren Einheit zusammen. Das zeigt sich sowohl darin, dass Glaube auf das gemeinsame und geordnete Bekenntnis dieses Glaubens hingeordnet ist und vom Hoeren der legitimierten Botschaft im Munde der autorisierten Kuender des Evangeliums herkommt, als auch darin, dass dieses kirchliche Amt nur in einem sein kann (und waere es selbst der Papst), der mindestens einmal in der oeffentlich rechtlichen Dimensipn auch ein Bekenner des wahren Glaubens ist, und so Amt und Glaube nie restlos auseinanderfallen koennen (wenn auch aus begreiflichen Gruendeii der Rechtsstabi- litaet die Vollmacht des einzelnen Amtstraegers in der Kirche nicht von seiner inneren Glaeubigkeit abhaengig ist). Damit aber sind die Amststraeger notwendig selbst Glaubende, wenigstens in der gesellschaftlichen Dimension des aeusseren Bekenntnisses; sie gehoeren selbst, um Amtstraeger sein zu koennen, zu denjenigen, die Glaubende sein muessen, die hoeren und gehorchen; sie und das Kirchenvolk stehen nicht sich einfach gegenueber wie Obrigkeit und Untertan, wie Befehlsgeber und Befehlsempfaenger. Beide stehen vor Gott als die Glaubenden und Gehorchenden, als die auf dem einen Grund, Jesus Christus und seiner Erloesungstat Ste-

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henden; sie sind miteinander schon Brueder und Schwestern und in seiner Gnade, bevor diese Einheit der Erloesung und des Glau- bens nach dem Willen Christi in die einzelnen Funktionen des einen Leibes Christi auf gegliedert wird (und es darum auch die Amts- charismen der Lehre und der Leitung gibt, die nicht jedem im gleichen Masse zukommen. Darum aber sind die Leiter der Kirche, gerade weil sie ihr Amt von Christus innerhalb der einen schon bestehenden Kirche erhalten, zu der alle Christen als Glieder des einen Leibes Christi, und nicht bloss als Untertanen gehoeren, auch ohne eine demokratische Bevollmaechtigung von unten schon im- mer und zumal auf einem Konzil Repraesentanten der ganzen Kirche und aller ihrer Glieder. Diese Grundrepraesentanz kann nun besser und auch schlechter durchgefuehrt werden; denn nicht jede faktische Praxis der Kirche ist gleich ideal.

Es ist nun weiterhin von dem Konzil nicht zu verlangen, dass es gewissermassen das handelnde Subjekt und die Repraesentanz alles Charismatischen in der Kirche sei. Tausend und abertausend Forderungen und Erwartungen werden an das Koazil herangetra- gen. Es muesste ein Monsterkonzil von unabsehbarer Dauer wer- den, sollte es alles gruendlich beraten und beschliessen wollen. Sehr vieles davon ist mindestens im heutigen Augenblick der Ge- schichte der Kirche und ihrer Entwicklung Gegenstand rein charis- matischen Strebens der vom Geist Gottes getragenen Bewegung von unten, des noch inoffiziellen Versuchens, der erst zu machenden Erfahrung, des sich erst noch als vom Geist Gottes kommend zu Bezeugenden, zu Bewaehrenden ; aber nicht etwas, worueber die Kirche des Amtes und des Rechtes, also der Gesamtepiskopat auf einem Konzil, sinnvoll ueberhaupt oder schon jetzt befinden kann. Mit dieser Feststellung ist aber nicht ueber die Frage entschieden, ob durch das teilweise Versagen des Charismatischen in der Kirche oder durch ein teilweises «Ausloeschen» des Geistes in der Kirche durch das Amt, durch Misstrauen, zu grosse Aengstlichkeit, zu grosses Verhaftetsein in der Tradition in Leben und Lehre, durch schuldhafte «Fehlentwicklungen» die es geben kann, ein Zustand in der Kirche ist, der nicht einfach gutgeheissen werden kann (wer solches leugnete, der bestritte Sinn und Grund eines Konzils selbst). Ein Zustand also, der, solange er besteht, gewisse Moeglichkeiten konziliarer Selbstbesinnung und Entscheidung, die an sich moeglich waeren, fuer jetzt einfach nicht zulaesst. Es kann Fehlentwick- lungen geben, die zu relativ festgefahrenen Verhältnissen fuehren, die apriorische Grenzen fuer die Moeglichkeiten des Konzils sind. Aber von all dem abgesehen, es ist auf jeden Fall so, dass ein Kon- zil die Repraesentanz des Amtes in der Kirche ist und darum das als Moeglichkeit und Aufgabe hat, was des Amtes und nicht was des freien Charisma in der Kirche ist.

Das heisst natuerlich nicht, dass das Amt nicht auf das Cha- rismatische in der Kirche blicken muesse oder duerfe. So wie eine innere Zusammenordnung und ein gegenseitiges Abhaengigkeits- verhaeltnis zwischen der institutioneilen und charismatischen

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Struktur in der Kirche immer besteht, so hat das Konzil natuerlich auch das Charismatische in der Kirche gebuehrend zu berueck- sichtigen, es vorauszusetzen, es zu foerdern, es aufzugreifen usw. Aber es kann das Charismatische nicht ersetzen. Und man kann es von ihm nicht verlangen, dass die eigentliche Initialzuendung fuer neue charismatische Impulse vom Amt ausgehen muesste oder auch nur koennte.

Von diesen grundsaetzlichen Ueberlegungen aus ist nun das Folgende zu verstehen. Man wird von dem Konzil nicht erwarten koennen, dass er grundlegend neue Erkenntnisse verkuendigt. Zwar muesste des Evangelium neu gepredigt werden, die alte, ewig guel- tige Wahrheit der christl. Offenbarung neu durchdacht und aus der Mentalitaet des heutigen Menschen heraus formuliert werden, aber hier ist nun nuechtern zu sehen, dass man von einem Konzil in der gegenwärtigen Situation nicht viel in dieser Hinsicht erwarten kann. Das Amt, auch wenn es Lehramt ist, muss sich an das allge- mein Gelehrte, das Erprobte und ueberall schon Eingaengige hal- ten.

Ist die Theologie und die durchschnittliche Verkündigung auf den Kanzeln und in den Schulen so, wie sie ist, dann kann zumal wenn ein Konzil nur kurz dauern soll und die Hauptarbeit von densel- ben Theologen geleistet werden muss, die auch jene Schultheologie vertreten dann kann man eben nicht erwarten, dass es in den theo- logischen Dekreten des Konzils wesentlich anders sein wird als heutige Theologie in Schule, auf der Kanzel und in den theologi- schen Buechern eben ist. Das Lehramt kann das Charisma der Theologie nicht ersetzen. Ist dieses Charisma aber heute schwach, so wird sich das auch in den Lehrdekreten eines Konzils zeigen. Man kann vielleicht sogar einer berichteten Absicht des Papstes entsprechend hoffen, dass nicht zu viel definiert wird. Wenn ein Konzil gar nicht mit einem bestimmten, schon aktuell diskutierten Fragepunkt lehrhafter Art Zusammentritt, dann liegt die Gefahr nahe, dass man nun gewissermassen sucht, wo man dem Konzil einen wuerdigen Gegenstand lehrhafter Art finden koennte, dass man also Lehrdefinitionen zur Beschlussfassung vorschlaegt, damit sich das Konzil auf diesem Felde als wichtig und gross ausweise. Eine solche Tendenz ist menschlich naheliegend. Ich vermute, dass nicht nur Luther, sondern auch kath. Christen schon gedacht haben, dass das 5. Laterankonzil (1512-1517) eigentlich wichtigere Probleme gehabt haette, die es aber ungeloest gelassen hat, als die Definition der natuerlichen Unsterblichkeit der menschlichen Seele, so wahr dieser Satz ist. Die damit verworfenen wenigen Neoaristo- teliker waren nicht die Gefahr, die damals vor allem der Kirche drohte. Die Praelaten jenes Konzils haetten sie naeher bei sich suchen sollen. Die heute die eigentliche Substanz des Christen- tums bedrohenden Haeresien sind nicht jene im Grunde genommen doch harmlosen, wenn vielleicht auch wirklich irrigen und rein logisch gesehen sehr substanziellen Irrtuemer, die da und dort auch bei katholischen Theologen zu finden sein moegen. Vielmehr der

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Positivismus, der latente und kryptogame Materialismus, die Un- faehigkeit das Nichtempirische als wirklich zu realisieren, das Ge- fuehl, dass das Geheimnis, Gott genannt, zu gross sei und nur durch «Abwesenheit» anwese, das tief im Grund des Geistes sitzende Ge- fuehl von der Relativitaet alles Menschlichen und so auch Reli- gioesen angesichts des unueberwindlichen Pluralismus der heutigen Kultur und der unübersehbaren Vielfalt der religiösen Erschei- nungen, das sind die wirklichen Haeresien. Diese sind aber noch gar nicht theoretisch und existentiell aufgearbeitet, so dass das kirchliche Lehramt die Wahrheit dagegen so formulieren koennte, dass sie in einer Weise in Geist und Herz des Menschen einstrahlte, wie es durch die bisherige uebliche Lehre noch nicht geschehen ist. Andere Fragen wie ueber den Monogenismus, das Los der ungetauft sterbenden Kinder, die Beurteilung der Psychoanalyse scheinen schon genuegender durch Pius XII in der Enzyhlika «Hu- mani generis» behandelt zu sein.

In mehr kirchendisziplinaerer Hinsicht wird das Konzil zwei- fellos nicht unwichtige Entscheidungen treffen. Hier sind Fragen angemeldet, die unmittelbar in die Kompetenz des Amtes auch in seiner konziliaren Handlungsform gehoeren: Fragen des Verhaelt- nisses zwischen religioesen Genossenschaften und den Bischoefen, einer gewissen Dezentralisation der Kirche in groessere territoriale Komplexe hinein, nicht einfach in die kleinen Einzeldioezesen, die in vieler Hinsicht heute keine handlungsfaehigen Gebilde in vielen kirchlichen Fragen mehr sind; einer Dezentralisation, die gar nicht in Widerspruch damit steht, dass die Kirche im Zeitalter der Welteinheit in vieler Hinsicht einer gesteigerten Einheit und Verantwortlichkeit jedes Teiles jeder Dioezese usw. fuer die Ge- samtkirche gebieterisch bedarf ; Fragen der groesseren Offenheit gegenueber den evangelischen und nichtunierten orientalischen Christen, einer Moeglichkeit, dass die sich mit der kath. Kirche verbindenden Gruppen die Christi. Tradition ihrer Vergangenheit bewahren können, Fragen der mutigen Vereinfachung des kirchl. Strafrechtes und der Liturgie, der zeitgemaessen Erneuerung des Diakonats, der Anpassung der Nuechternheits-, Fasten- und Absti- nenzgesetze an das heutige Leben (wenn man da ueberhaupt noch eine gesamtkirchl. Gesetzgebung fuer moeglich haelt) ; solche und aehnliche Fragen koennen vermutlich viel eher einer Loesung zu- gefuehrt werden, teils weil sie einfacher, teils weil sie keine be- sonderen schon gegebenen «charismatischen» Voraussetzungen ha- ben, teils weil das Verstaendnis fuer eine bestimmte Loesung schon in der ganzen Kirche vorausgesetzt werden kann.

Man kann wohl auch vermuten, dass unter solchen dem Amt von vornherein zusteuernden und fuer es auch im Augenblick schon moeglichen Loesungen solche sein werden, die auf den ersten Blick sehr harmlos, selbstverstaendlich und nicht sehr weittragend er- scheinen, in Wirklichkeit aber von Wirkungen auf die Zukunft, auf die Mentalitaet der Menschen in der Kirche sein koennen, wie sie noch gar nicht abschaetzbar sind und vielleicht sogar von den Ver-

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fassern solcher kirchendisciplinaeren oder liturgischen oder stu- diendisciplinaeren oder pastoralen Bestimmungen gar nicht abge- sehen wurden. Welche Folgen koennten z. B. auf die Dauer Be- stimmungen haben, die den Wuenschen der unierten Orientalen gerecht werden, wenn sie spaeter als Musterfall fuer andere grosse kath. Teilkirchen eigenen kulturellen Gepraeges in Afrika, Asien usw. gelten koennen, die auf die Dauer nicht mehr unter die west- lich-abendlaendische und lateinische Kirche subsumierbar sind. Doch auch hier gilt: Dekrete auch die besten und weisesten koen- nen den Geist nicht ersetzen. Auch ein wohlmeinendes Dekret ueber Lesung der Hl. Schrift und ihre Verwendung in der Liturgie erzeugt noch keine Liebe zur Schrift und keine Bibelbewegung, wie wir sie noch in der Kirche wuenschen muessen, weil wir sie noch nicht haben. Man wird aber auch hinsichtlich der Kirchendisci- plin von einem Konzil nicht Wunder erwarten duerfen. Der Mensch von heute, der gelernt hat, auch ein ideales Gesetz von der Wirk- lichkeit zu unterscheiden, kann gerade dadurch gegenueber einer gesetzgebenden Versammlung ungerecht und bitter werden. Er erwartet von ihr gleich die ideale Wirklichkeit und verurteilt oder wertet das Gesetz ab, weil er zunaechst nicht immer von den Ge- setzgebern ohne weiteres glaubt, dass sie die idealen Worte des Gesetzes so ganz ernst nehmen, wie sie klingen.

Vielleicht sind wir nun aber aus einer Theologie des Konzils im allgemeinen zu sehr in eine Praxis des kommenden Konzils ge- raten und haben vielleicht zu pessimistische und nuechterne Prog- nosen gewagt. Aber unsere Ueberlegung hatte ja nur das Ziel, vor einer dogmatischen Ueberlegung des Wesens des Konzils im allge- meinen aus sich nuechtern zu sagen, was von einem Konzil erwartet werden kann und was zu erwarten von einem Konzil undogmatisch und gegen das Konzil ungerecht waere.

Wie viele Konzile hat es doch gegeben, die anscheinend ihrer Aufgabe nicht Herr geworden sind. Nach dem 1. allgemeinen Konzil in Nicaea (325) fingen die Wirren des Arianismus, die auf ihm ueberwunden werden sollten, erst an. Nach dem Konzil von Chalkedon (451) wucherte der. Monophysitismus erst recht. We- der das 2. Lyoner (1274) noch das Florentiner (1438/9) Unions- konzil brachten ein wirliche Union zustande. Weder Konstanz (1414/18) noch Basel noch das 5. Laterankonzil (1512/17) brach- ten die notwendige Reform der Kirche an Haupt und Gliedern, die die zugestanden relative Notwendigkeit der Reformation Luthers haette vermeiden helfen. Kein Christ ist darum gehalten, von einem Konzil den Himmel auf Erden fuer die Kirche zu erhoffen. Die Kirche wird auch nach dem Konzil die Kirche der Suender, der Pilger und muehsam Suchenden sein, die Gottes Licht immer wie- der durch den Schatten ihrer Kinder verdunkelt. Aber all dies ist kein Grund, ein Konzil zu unterlassen oder von einem Konzil nichts oder zu wenig zu erhoffen. Auch hier wird Gottes Kraft in unse- rer Schwachheit maechtig werden! Und vieles mag beschlossen

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werden, was Gott erst noch auf seine Weise in Gnade und Segen fuer die Kirche und Menschheit wandelt. Es ist wunderbar, dass auch in der Kirche alles Gedeihen bei Gott steht und dies ohne unser Verdienst erhofft werden kann. Also in Geduld saeen und pfanzen. Der Mensch und die Kirche muessen das ihre tun.

Diesem Aufsatz liegen zugrunde Artikel von Pater Hirschman S. J., in “Lebendige Seelsorge” 6 (1961), von Pater Tromp S. J., in Gregorianum XLIII (1962) Vol. 2, und Pater Karl Rahner S. J., in Stimmen der Zeit 1962.

Gedanken über unsere Gottesdienst- ordnung

über eine neue Agende für den Bund der Synoden und über die Existenz bzw. Verwendungsmöglich- keit des Prontuário do culto evangélico - lutera- no des Nordkreises der evangelisch-lutherischen Kirche in Brasilien.

von Eugen Baltzer

Die von Luther’s Reformation herkommende Kirche ist und bleibt eine Kirche des Wortes. Allerdings würden wir keine guten «Lutheraner» sein, wenn unsere Gottesdienste nur aus Schrift- lesung und Predigt bestünden. Bekanntlich hat Luther selbst durch und mit der Schaffung der «Deutschen Messe» seine Gedanken über Gottesdienst und Gottesdienstordnung klar zum Ausdruck gebracht.

So ist es bestimmt fortschrittlich, wenn in unserer evange- lischen Kirche lutherischen Bekenntnisses eine Agendenkommission bemüht ist, an einer allgemein verbindlichen Gottesdienstordnung für unsere Gesamtkirche zu arbeiten. 'Erfreulicherweise geht die Diskussion über unsere zukünftige Gottesdienstordnung bereits über den Kreis der Agendenkommission hinaus. Das zeigt der Beitrag von Herrn Professor Dr. Eberhard von Waldow in Nr. 2 der estudos teológicos (Seite 39 ff) : Gedanken über unsere Gottes- dienstordnung und über eine neue Agende für den Bund der Sy- noden.

Wenn wir nun über den Gedankenkomplex nachdenken wollen, müssen wir uns da Arbeiten der Kommission nicht greifbar sind zuerst mit dem Beitrag von v. W. beschäftigen. Weiter müssen wir gründlichst unseren Prontuário prüfen, wenn wir ihn in die allgemeine Diskussion bringen wollen. Und schliesslich werden wir versuchen müssen von unserer Position aus praktische Vor- schläge zur Diskussion zu stellen.

I) Der Beitrag von Herrn Prof. Dr. Eberhard von Waldow.

Zunächst darf ich einen kleinen geschichtlichen Zusatz bringen (zu v. W. : II) Geschichtlicher Rückblick/Seite 41): v. W. schreibt: «Die im Bereich des heutigen Bundes der Synoden in der Regel zutreffende Gottesdienstform ist die, die für die Gliedkirchen der ehemaligen altpreussischen Union charakteristisch ist.» Ausserhalb dieser Regel steht der Nordkreis wenn nicht die ganze lutheri- sche Synode. Soweit die Gemeinden pommerschen Ursprungs sind (die anderen haben sich ziemlich angeglichen), ist festzustellen, dass die Gemeindeglieder mehr an ihrem Gesangbuch hängen, als

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an ihrer Liturgie. Daher hatten die Pfarrer im freien Liturgisie- ren wenig Widerstand. So kam es, dass jeder Pfarrer mehr oder weniger die gewohnte Liturgie seiner Heimatkirche praktizierte Da der Grossteil der Pfarrer der bayrischen Landeskirche ent- stammte, setzte sich auch bald die bayrische Liturgie am meisten durch (Max Joseph Agende). Der 2. Weltkrieg und vor allem das Sprachengesetz schufen im Nordkreis ähnliche Verhält- nisse, wie man sie jetzt im Süden spürt. So beauftragte man da- mals 2 Pfarrer (die Herren PP. S. Wanke und G. Grottke), die dann Ostern 1955 den Prontuário do culto herausbrachten. Dieses Liturgiebuch ist heute allgemein verbreitet und hat bis auf ge- ringfügige örtliche Abweichungen Einheitlichkeit in der Durch- führung unserer Gottesdienste geschaffen.

In der sachlichen Auseinanderstzung v. W’s mit der EKU- Agende muss auf einige Punkte hingewiesen werden, bei denen die EKU - Agende nicht im Sinne des Werkes interpretiert wurde :

1) Das Wort «Gebetsteil» wird in der EKU - Agende (ebenso, wie in der VELKD - Agende) in diesem Zusammenhänge nicht verwendet (III, 1 Überschrift). Die neuen Agenden geben für die in Frage kommenden Teile des Gottesdien- stes keinen Sammelnamen. Als neuer terminus technicus wird sich dieses Wort kaum durchsetzen, weil man sonst im gewöhnlichen Hauptgottesdienst von mindestens drei Gebetsteilen zu sprechen hätte.

2) Die liturgische Ein- und Zuordnung der Stücke ist üb- licherweise (auch bei der EKU -Agende) so:

Introitus mit Gloria patri Kyrie eleison Gloria in excelsis

dann folgt eine neue Dreiergruppe:

Salutation Kollekte Lesung (en)

3) Der Introitus ist weder der Rüstteil, noch gehört er zum Rüstteil. Unter 2 war bereits von der Einordnung des Introitus die Rede.

4) v. W. schreibt: «Dieses Stück (gloria patri) war wie wohl auch die Schlussdoxologie zum Vaterunser ur- sprünglich ein alter Gemeindegesang.» Dagegen lautet eine alte liturgische Regel, dass jede Antwort (und die Doxologien gelten in diesem Fall als Antwort) in der Weise zu geben ist, wie das Vorderstück ausgeführt wur- de. Das heisst: auf einen gesungenen Psalm oder Vater- unser folgt eine gesungene Doxologie und auf einen ge- sprochenen Psalm oder Vaterunser folgt eine gesprochene Doxologie. Unsere teilweise falschen Praktiken sind ra- tionalistischer Einschlag und Verflachung.

5) Es war einmal bitter notwendig, ein Wort von den «Ge- sangseinlagen» zu sprechen. Dagegen scheint die tatsäch-

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liehe Rolle des Chores in der EKU-Agende anders zu sein (in der EKU-Agende hier kein Unterschied zur VELKD- Agende). In den Vorbemerkungen zur EKU-Agende (auf Seite 10) steht: «Der Eingangsspahn kann in folgender Weise ausgeführt werden: a) . . b) . . c) er wird vom Chor gesungen.» (Vorbemerkung 3) Weiter: «Das Kyrie eleison wird a) entweder nach der Strassburger Melodie im Wechsel zwischen Chor (Kantor) und Gemeinde aus- geführt...» (Vorbemerkung 4). Und schliesslich: «Wenn das Kyrie nach der Strassburger Melodie ausgeführt wor- den ist, folgt auch das Ehre sei Gott in der Höhe (Gloria) in der Strassburger Melodie, und zwar so, dass entweder der Chor (Kantor, Liturg) die Weise anstimmt und die Gemeinde mit: und auf Erden Fried fortfährt. . (Vorbe- merkung 5,1). Es gibt also ein respondieren von Chor und Gemeinde oder von Kantor (Liturg) und Gemeinde, agendarisch aber meines Wissens nirgends ein Respondie- ren von Liturg und Chor. Wo das in der Praxis stattfin- det, ist das betreffende Stück noch nicht ordentlich vor- bereitet.

Missverständlich ist noch das Wort «Regieanweisung» auf Seite 51 (Zeile 5). Die angeführten Beispiele gehören selbstverständlich nicht in den Gottesdienst. Dagegen ist es missverständlich, da in der EKU-Agende die nötigen Aufforderungen nicht konsequent abge- druckt sind (sie sind auch da nicht nötig, wo sie sich von selbst ergeben).

Etwa die Aufforderung zum Glaubensbekenntnis, Sündenbe- kenntnis oder zu Gebeten ist nicht mit « Regie nweisung» abzutun. Ist das doch die Pflicht eines jeden rechten Hirten, die ihm anbe- fohlene Gemeinde zum Bekenntnis des Glaubens oder der Sünden oder auch zum Gebet aufzufordern. Die Ankündigung der Lieder ist dagegen Regieanweisung und sollte wo es praktisch durch- führbar ist unterbleiben.

Das Anliegen des Beitrages von Herrn Prof. v. Waldow das darf das oben ausgeführte nicht verwischen ist unbedingt rich- tig und darf in keiner Weise auf die Seite oder auch nur auf die lange Bank geschoben werden. Es ist ein unbedingter Schritt auf dem Wege zur Kirchwerdung, dass wir uns um eine einheitliche Liturgie in deutscher und portugiesischer Sprache bemühen und auseinandersetzen. An solchen Arbeiten kann unsere Kirche und wir persönlich nur wachsen.

H) Der «Prontuário do culto evangélico-luterano» (Handreichung für den Gottesdienst) des Nordkreises der evangelisch-luthe- rischen Kirche in Brasilien.

Wenn nun in der Diskussion um eine einheitliche Gottesdienst- ordnung unserer Gesamtkirche auf den Prontuário aufmerksam

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gemacht werden soll, dann sind es vor anderen Dingen zwei Punkte, warum dies geschieht:

1) Bereits nach 7 Jahren ist dieses Buch in den Gemeinden eine liebe Gewohnheit geworden. Die Einheitlichkeit der Gottesdienste wird von den Reiselustigen der Gemeinden sehr begrüsst. Auf die Gemeinden, die den Prontuário erst später einführten, sah man (nicht die Pastoren) he- runter.

2) Der Druck auf der einen Seite portugiesisch und auf der anderen deutsch dürfte vorbildlich für jede Agen- de sein, die zur Zeit in unserer Kirche praktische Anwen- dung finden soll.

Auch inhaltlich ergeben sich viele Punkte (etwa mit dem por- tugiesischen Text), in denen der Prontuário richtungweisend sein kann.

Dagegen gilt es jetzt, seine Mängel und Unklarheiten scharf anf zuzeigen :

1) Der Rüstteil ersetzt und das ist richtig erkannt bei Gottesdiensten mit hl. Abendmahl den Beichtgottesdienst. Nun ist aber die Aufforderung zum Sündenbekenntnis empfindungsmässig (nicht theologisch) zu genau; es müss- te praktisch zuvor ein Busspsalm gelesen werden. Da aber in den meisten Fällen eine Beichte oder Abendmahls- vermahnung gelesen wird, wäre eine andere Aufforderung platzierter; etwa wie in der EKU - Agende (Seite 143): «Lasset uns vor dem Angesichte Gottes uns demütigen, unsere Sünde bekennen und ein jeder von Grund seines Herzens also (mit mir) sprechen».

2) Es sind 3 Sündenbekenntnisse angegeben. Das dritte ist den Konfirmanden vor ihrem ersten Abendmahlsgang zur häuslichen Vorbereitung gut zu empfehlen, wieweit es aber im Gottesdienst Verwendung findet, ist fraglich.

3) Das Eingangslied (Nr. 6) ist eine liturgische Dublette zum Introitus; es müsste fakultativ sein.

4) Beim Introitus zeigt sich zusammen mit dem Gebrauch der Salutationen die schwächste Stelle des Prontuário. Hier sei aber gleich bemerkt, dass diese beiden Stücke auch die schwierigsten der neuen Agende sein werden (wenn man sie nicht totschweigt bezw. sie sachlich un- wissend übergeht). Der Prontuário bringt 2 Formen des Introitus: a) die alte bayrische Form (leider sind von den 45 abgedruckten Introiten nur 22 vierteilig; sonst könnte man die Texte lassen und nur die Durchführung den litur- gischen Erkenntnissen anpassen.) und b) die unierte Form (allerdings nur andeutungsweise).

5) Auf Seite 9 + 10 sind Sündenbekenntnis und Absolution nach der alten bayrischen Form mit Trauerrand ver- sehen, sie sollten also auch wirklich begraben sein.

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6) Es ist nicht einzusehen, warum plötzlich beim Gloria in excelsis (Seite 11) die erste Phrase von P (also aus- schliesslich vom Liturgen ) übernommen werden soll, da doch sowohl beim Introitus, als auch beim Kyrie ganz richtig die erste Phrase an A (Chor oder Liturg) übergeben ist. Obwohl sich auch die VELKD - Agende darin einmal wi- derspricht, ist doch auch auf Grund der «Anweisun- gen» — die einheitliche Durchführung von Introitus, Kyrie und Gloria in excelsis erforderlich. Übernimmt der Chor (nach VELKD- und EKU - Agende auch aushilfsweise der Kantor) diese drei Stellen, wird der liturgische Platz der Salutation erkennbar.

7) Nach der Epistel ist kein Halleluja Vers vorgesehen.

8) Über die Ungenauigkeit im Credo ist schon oft gespro- chen worden: a) es heisst entweder: «Ich glaube an Jesus Christus, Gottes eingebornen Sohn» oder «Und an Jesus Christus, seinen eingebornen Sohn». Der Prontuário ver- bindet beide Möglichkeiten, was liturgisch sprachlich nicht geht, b) das Dativ -e- bei «vom heiligen Geiste» ist unnötig, c) durch die Kommaversetzung «gelitten, unter Pontius Pilatus gekreuziget» kommt eine kleine Sinn- änderung herein, die aber den biblischen Sachverhalt nur besser erfasst.

9) Da die VELKD - Agende die Einladung zum Gang an den Tisch des Herrn nicht bringt, fehlt sie auch im Prontuá- rio. (In der EKU - Agende und in der alten bayrischen Form ist die Einladung vorgesehen).

10) Ebenso, wie die alte Max - Joseph - Agende, ist der Pron- tuário unsicher im Gebrauch der Salutation. Sie ist z. B. vor dem Benedikamus (Seite 24) meistens unnötig.

11) Bei den Gebeten muss man dem Prontuário zugute halten, dass er für die Hand der Gemeinde gedacht ist. Trotzdem ist nicht einzusehen, warum man da die Form der Pros- phenese und die Form der Ektenie abgedruckt ist das diakonische Gebet nicht gebracht hat (in jeder grösseren Gemeinde gibt es Leute, die als Lektor fungieren können).

12) Die Form des Laiengottesdienstes (für Brasilien unent- behrlich) steht hier nicht zur Diskussion. Neben der an- geführten Form gibt es auch noch andere Möglichkeiten.

Zusammenfassend muss über den Prontuário gesagt werden, dass bis auf Introitus und Salutation kaum schwerwiegende nega- tive Punkte genannt werden können. Da aber gerarde diese bei- den Punkte auch Schwierigkeiten bei einer neuen Agende unserer Gesamtkirche bringen werden, möchte ich die beiden Probleme in 2 Exkursen aufzeigen:

Exkurs I: Der Psalmgesang oder Introitus.

Der Psalter, das jüdische Gesangbuch, wurde bereits von den Aposteln übernommen; bzw, beibehalten. So begann der christ-

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liehe Gottesdienst von Anfang an mit dem Gesang eines Psalmes. Wie diese Psalme aber anfänglich gesungen wurden, ist heute nicht mehr mit Bestimmtheit zu sagen. Später finden wir in der katho- lischen Kirche drei Möglichkeiten, einen Psalm zu singen (mög- licherweise sind das auch die ursprünglichen Formen, Psalme zu singen) : a) der solistische Psalmgesang (ein Solokantor singt den Psalm / Beispiel : der Messtraktus), b) der responsoriale Psalm- gesang (auch hier singt der Solokantor den Psalm und die Gemein- de antwortet an bestimmten Stellen mit einem Kehrvers / Beispiel : das Graduale /hier wird eine Möglichkeit des rätselhaften «Sela» deutlich) und c) der antiphonale Psalmgesang (der Psalm wird von zwei Gruppen im Wechsel gesungen; typisch ist dabei die Um- rahmung von Antiphonen daher der Name. Es gab und gibt für diese Möglichkeit des Psalmgesangs neben dem einfachen Ver- sikelton 9 verschiedene Psalmmelodien je eine für die 4 «Kirchen- tonarten», je eine für die 4 «Hypokirchentonarten» und eine unre- gelmässige Melodie, die wir gewöhnlich auf a mit einem b) notie- ren). Alle drei Möglichkeiten des Psalmgesanges sollen eigentlich unbegleitet gesungen werden.

Die Reformation übernahm alle drei Möglichkeiten, aber bald blieb nur noch der antiphonale Psalmgesang übrig. Auch dieser schrumpfte mit dem Zerfall der liturgischen Grundordnungen zu- sammen. In der reformierten Tradition wurde der Psalm bald nur noch gesprochen. Dass das Gloria patri heute dort noch gesungen wird lässt den früheren Psalmgesang erraten. Dafür entwickelten sich in der reformierten Tradition die Umdichtungen von Psalmen in Choräle, die auch von uns dankbar übernommen worden sind. In der lutherischen Reformation war man konservativer: die Psalme wurden weiterhin gesungen, aber man beschränkte sich auf drei bis vier Verse und führte da man es einfacher empfand den Wechsel nur noch halbzeilig für eine Gruppe durch.

Was ist heute zu tun? Die Einübung der richtigen alten For- men wäre auf jeden Fall eine Bereicherung der Gemeinden. Ob man wieder den ganzen Psalm singt, mag an der praktischen Mög- lichkeit scheitern; jeder Gottesdienstbesucher bräuchte dann drei Bücher: Gesangbuch, Liturgiebuch und Psalter. (Weiteres siehe Teil III).

Exkurs II: Die Salutation.

Salutation heisst wir wissen das alle Begrüssung. Wie- weit in der Salutation eine wechselseitige Segnung von Liturg und Gemeinde verborgen ist, müsste erst eindeutig geklärt sein. Auch das würde sich wieder auf die Stellung der Salutation im Gottes- dienst auswirken. Von dem allen abgesehen, muss festgestellt wer- den, dass die Salutation bei uns weitgehend zur liturgischen Floskel geworden ist. Das geschah, weil bei den Umarbeitungen von Litur- gieen die Salutation oft desplatziert wurde. Der Salutation ähn- lich ist der Kanzelgruss. Der Liturg soll also vom Altar aus die

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Gemeinde so begrüssen, wie der Prediger von der Kanzel. Wird z. B. Introitus, Kyrie und Gloria in excelsis von Chor und Gemeinde gesungen, betritt der Liturg gegen Ende des Glorialiedes den Altar und begrüsst dann die Gemeinde. Übernimmt der Liturg selbst Introitus, Kyrie und Gloria in excelsis, fragt man sich, was die Sa- lutation nach dem Glorialied soll. Wie dieses Beispiel zeigt, ist es immer schwer, agendarisch die Salutation festzulegen.

Wir sehen also, wie schwierig, die beiden Stücke sind. Es wird aber kein Schaden sein, wenn hier klare Entscheidungen nach gründlichen Überlegungen gefällt werden.

Abschliessend muss noch einmal von dem Prontuário gesagt- werden: Trotz der auf gezeigten Mängel finden wir in unserer Ge- samtkirche kaum ein liturgisches Werk, das so richtungweisend für die Schaffung einer neuen Agende sein kann. Wenn das Buch nicht bekannt ist, dann ist das die Schuld des Nordkreises, weil er mit seinen Pfunden nicht wuchert. Da es jetzt aber bekannt ist, bzw. bekannt wird, darf man wohl damit rechnen, dass es bei der Diskussion um eine einheitliche Gottesdienstordnung in unserer Ge- samtkirche in Brasilien nicht übersehen wird. Der Nordkreis muss sich darüber klar sein, dass die Gesamtkirche unseren Prontuário nicht für alle Gemeinden verbindlich machen kann (Selbst wenn er völlig fehlerfrei wäre). Wir können nur bitten, dass der Prontuá- rio so weit Beachtung findet, dass die Mitglieder, die sich finanziell noch nicht gleich wieder so ein Buch leisten können, weiterhin den Prontuário benützen können auch wenn die neue Liturgie durch- geführt wird.

Exkurs. Vergleich der Agenden I der VELKD und der EKU.

Da in dem Beitrag von Herrn Prof. Dr. v. Waldow immer wie- der auf die EKU - Agende verwiesen wird, ist für die Lutheraner, die nicht aus der EKU kommen, ein Vergleich zu unserer VELKD- Agende notwendig. Über das Formular A und über die «andere Form des Gottesdienstes» ist hier nicht nötig zu arbeiten. Eine übliche Gegenüberstellung erübrigt sich; ich kann auf die Unter- schiede einzeln hinweisen:

1) das Sündenbekenntnis:' hier bringt die EKU - Agende (wie der Prontuário!) die alten Sündenbekenntnisse. Darüber hinaus aber noch andere Möglichkeiten: z.B.: die VELKD- Form oder die Form, die wir von der Complet her kennen usw.

2) der Eingangspsalm: er ist in der EKU -Agende kaum zum wechselseitigen Singen vorgesehen (ich halte hier die bay- rische Bestimmung aus sachlichen Gründen für die uns zugewachsene Form).

3) der Schlussversikel : er ist bei der EKU -Agende nur bei Gottesdiensten mit Abendmahl vorgesehen. In der VELKD- Agende ist er bei Gottesdiensten ohne Abendmahl als Ein- leitung zum Allgemeinen Kirchengebet gedacht.

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4) das sursum corda ist mit «Erhebet eure Herzen» und nicht mit «die Herzen in die Höhe» übersetzt.

5) das Lied: Christe, du Lamm Gottes: es wird vor der Aus- teilung nach der EKU - Agende gesungen (ebenso in der (Max-Joseph- Agende). VELK - Agende und Prontuário bringen es zu Beginn der Austeilung.

6) die Einladung: sie wird im Vergleich zur Max-Joseph-

Agende mit dem Zusatz: «Schmecket und sehet, wie

freundlich der Herr ist» versehen. VELKD - Agende und Prontuário lassen die Einladung ganz weg.

7) das Danklied: als Dublette zum Schlussversikel wird das

Danklied: «Gott sei gelobet und gebenedeiet» vorge-

schlagen. Die VELKD - Agende empfiehlt das Lied als letztes bei der Austeilung.

Betrachten wir die Unterschiede genau, werden wir feststellen, dass mit Ausnahme des Psalmes kaum von Abweichungen ge- sprochen werden kann. Wir dürfen also getrost zusammen mit Herrn Prof. Dr. v. Waldow das Formular B der EKU - Agende empfehlen. Zu schwer ist es keinesfalls; es müssten denn die Ge- meinden im Süden weniger lernen können, als die Gemeinden bei uns in Espirito Santo.

III) Vorschläge für die neue Agende unserer Gesamtkirche.

Um jedem Missverständnis vorzubeugen, muss hier erst gesagt werden, dass die versuchten Vorschläge nur Diskussionsbeitrag sein sollen.

Man kann bei der Erarbeitung einer verbindlichen Agende für unsere Gesamtkirche keinen besseren Weg gehen, als den, den Herrn Prof. Dr. Eberhard v. Waldow vorgeschlagen hat: das Formular B der EKU - Agende als Grundlage. Sachlich wären dazu folgende Änderungen bzw. Ergänzungen wüschenswert :

1) beim Eingangsspalm : die Psalme mögen so gedruckt wer- den, dass sie auch gesungen werden können. Dabei wä- ren die nötigen Einschnitte durch besonderen Druck zu zeigen, die beim Wechselgesang nötig sind. 4 doppelglied- rige Psalmen sind am günstigsten. Vielleicht ist es beim Text möglich, die jeweils 4 doppelgliedrigen Psalmen des Prontuário heranzuziehen. Im Melodienteil könnte je nach Platz der Versikelton, der 5., 9., und 8. Ton abgedruckt sein.

2) beim sursum corda: hier ist ebenso wie bei den Gebe- ten — zu fragen, ob in Brasilien bei unseren Leuten die modernsten sprachlichen Wendungen immer angebracht sind.

3) Der liturgische Ort der Salutationen ist genau zu überle- gen. Oft wird sie nur in Klammern und mit entsprechen- der Bemerkung gebracht werden können.

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4) im Proprium könnten einige Schlussversikel wenigstens für die Feste fakultativ dabei sein.

4) Wir werden der Notwendigkeit, Graduallieder für Brasi- lien zusammenzustellen, nicht ausweichen können. Unbe- kannte Lieder schaden nichts; sie müssen nur im Gesang- buch stehen.

Neben den sachlichen Vorschlägen gäbe es noch einige prak- tische:

1) es sollten zwei verschiedene Agenden sein: a) Altarformat für Liturgen und b) Handformat für die Gemeinde (spä- ter dann im Gesangbuch. Inhalt: das Ordinarium, vom Pro- prium nur Introitus und Schlussversikel, die drei Grund- formen des Allgemeinen Kirchengebetes.)

2) Für beide Agenden ist druckmässig der Prontuário zu emp- fehlen: auf der einen Seite in portugiesischer Sprache und auf der anderen Seite in deutscher Sprache der gleiche Text.

3) Es ist nur ein Formular für den Gottesdienst zu empfeh- len, bei welchem in der Übergangszeit nach dem An- nahmebeschluss durch das zuständige Gremium ein Grossteil der Stücke noch fakultativ sind, sodass die Ge- meinden, die viel umstellen müssen, genügend Zeit zum Üben haben. Die Grenze der Übergangszeit muss aber dann genau ausgemacht werden.

Da der Bekenntnisstand der Gesamtkirche geklärt ist, dürfte der Widerstand gegen eine ordentliche Agende soweit sie im Sinne des Bekenntnisstandes ist in der Trägheit und in dem «undemokratischen» Verhalten von Pfarrern und Gemeinden liegen. Selbstverständlich kann von keiner Gemeinde verlangt werden, dass sie Rückschritte in der Form ihres Gottesdienstes unternimmt damit Einheitlichkeit erreicht wird nur, weil andere Gemeinden nicht üben wollen. Wenn eine Gemeinde ordentlich auf die Ände- rungen vorbereitet wird, ist erfahrungsgemäss, kein Widerstand vorhanden. Im Gegenteil: das gemeinsame Üben und Erarbeiten von liturgischen Stücken kann : wenn es vernünftig durchgeführt wird jedes Leben in der Gemeinde fördern.

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AUSSPRACHE:

1) Replik zu den Ausführungen von Eugen Baltzer

(Siehe dazu oben in diesem Heft)

1: Gerne gestehe ich ein, dass mir bei der Abfassung meines

Aufsatzes das Prontuário do Culto für Espírito Santo nicht bekannt war. Wie ich inzwischen feststellen muss, ist dieses kleine Litur- giebuch aber allgemein weithin unbekannt. Deshalb bin ich für die Ausführungen von P. Baltzer sehr dankbar, denn durch ihr Er- scheinen in dieser Zeitschrift erfährt endlich ein weiterer Kreis etwas von diesem ausgezeichneten Büchlein. M. E. liegt hier eine Arbeit vor, an der die weiteren liturgischen Bemühungen in unserer Kirche auf keinen Fall vorübergehen dürfen. Besonders empfiehlt sich zur Nachahmung die Zweisprachigkeit, d. h., dass sich portu- giesischer und deutscher Text immer gegenüberstehen (vergl. die diesbezügliche Anregung in ET 1961/2, S. 49). Diese Anordnung einer Agende scheint mir die einzige Möglichkeit zu sein, nach Form und Inhalt in unserer Kirche zu einem einheitlichen Gottesdienst zu kommen.

2: Der Beitrag von P. Baltzer nötigt mich nun, die Vorschlä-

ge, die ich für eine neue Agende in unserer Kirche gemacht habe, ein wenig zu ändern. Die neue EKU - Agende ist, wie ihre Vorläu- fer ja auch zweigleisig aufgebaut. Sie bietet die sogen, «erste Form» des Gottesdienstes mit den Formularen A und B (S. 121 ff) und die «andere Form» (S. 132 f), die der reformierten Gottes- diensttradition folgt. Für diese «andere Form» liegt in unserer Kirche keine Notwendigkeit vor, so dass sie in unserer Agende fehlen kann. Wir benötigen nur die erste Form mit den Formu- laren A und B. Das Formular B entspricht im Prinzip der Got- tesdienstordnung des Prontuário, denn die dort gebotene Ordnung kann im Grunde als eine vereinfachte Form des Formulars B an- gesehen werden (was dem, der die Geschichte dieser Ordnungen kennt, nicht verwunderlich ist). Würden wir uns in unserer Agen- de also auf die Formulare A und B beschränken, dann entspräche A im wesentlichen der Praxis, wie sie in den meisten Gemeinden bei uns geübt wird, B aber der Praxis, der Gemeinden, in denen heute die lutherische Tradition, wie sie von Bayern aus in unsere Kirche gekommen ist, weiterlebt. Das Anliegen der neuen Agende müsste allerdings sein, einer generellen Einführung des Formulars B den Weg zu bereiten.

3 : Spricht man in unserer Kirche von einer Revision der

Agende, hört man immer wieder den Einwand, dass in unseren Ge- meinden tiefgreifendere Änderungen in der Gottesdienstform nicht möglich seien. Gewiss ist vielleicht in unseren Gemeinden der so-

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