QK99 F45 FLORA PHARMACEUTICA E ALIMENTAR PORTUGUEZA, O u TRACTADO DAQUEaES VEGETAES INDÍGENAS DE PORTUGAL, E OUTROS NELLE CULTIVADOS, Cujos productos são usados , ou susceptiveis de se usar como remédios e alimentos, distribuidos segundo o Systema Linneano em Clas- ses, Ordens, Géneros, e Espécies com os seus caracteres genéricos , e específicos. OFFER ECIDA A ACADEMIA REAL DAS SCIENCIAS D E LISBOA POR JERONYMO JOAQUIM DE FIGUEIREDO, Cavàlleiro da Ordem de Christo , e Lente de matéria Medica , e PJtar' macia na Universidade de Coimbra. LISBOA Na Typographia da Academia R. das Sgisncias. 1825:. Com licença de Sua Magestadh» NEW YORK Ctim germinam , virent , fructum gerunt , puU chriores , atque perfectiores et sunt , et esse vtden- tur. Theophr. de Histor. plant. Lib. i. Oh fortunatos nintium , sua si hona norint \ Virg, G. Lib. 2i ARTIGO EXTRAI! IDO DAS ACTAS DA ACADEMIA REAL DAS SCIENCIAS DA SESSÃO DE J DE ABRIL DE 1824. P. etermina a Academia Keal das Sciencias^ que a Flora Pharmaceutica e alimentar Portugueza , que lhe foi apresentada feio seu Sócio Jeronymo Joa- quim de Figueiredo , seja impressa d custa da Academia, Secretaria da Academia em ij de Abril de 1824. José Maria Dantas Pereira, Secretario da Academia. 4 cc * '7^-x>ooo<:x >coo-^>c>íXí«x.x>?^ * FLORA PHARMACEUTICA E ALIMENTAR PORTUGUEZA, CLASSE 1/ Monanâria, íff í^ í(t J|t- ^ í(t ♦ ^ ^ í(f í|f íff ííf ^ í|6 ^ íj6 í(í í)f í|6 í^ #• ORDEM l/ Monogynia, Salicornia, > Caracter genérico , essencial , ou abhreviado, Calyx Iium tanro bojudo^ pétalas nullas • dá só huma semente. I. S. herbácea, ^m Port. Salicornia herbácea. Caracter especifico ahbreiíiado. Caule patente , articulações comprimidas , chan- fradas bifendidas. Pharmacia : herva , ou toda a sobreraiz tenra e herbácea. Raiz : fibrosa. Caule: de 7 ou mais pollegadas, herbáceo, roli- ço, articulado, levantado, hum tanto áspero, A 2, FLOKA PHAKMACEUTICA ■ ■'■■'■■- dlifFu?o . ramoso: ramos oppostos, articulados": entre-nóz turbinado-cylindricos. Folhas : nuUas. Espigas : muitas , cylindricas. Habita nas agoas salgadas, estagnantes, e praias ^^ marítimas de Lisboa, Setúbal, Figueira, Mon- temor o Velho , etc. Floresce desde Junho até Agosto. Sabor salgado , quasi mordicante. Segundo o Doutor Brotero a Vortugueza não he annual \ elle a reputa vaneda^ de da seguinte. a, S. fruticosa. Salicornia arbustiva. Caule levantado, entre-nóz quasi iguaes, obtusos, approximatlos. Habita com a precedente, frequente alem do Te- jo, perto do Seixal, Piedade, e outras partes. Floresce desde Junho até Agosto. Arbusto. CLASSE 2,^ Diandria. *^ -V^F^W ^"^ ^^n >fr "^ Tfr Tfr tJt Tft "^ "ífr /fr "^ "^ -^ '^ "• ORDEM I.* Monogynia. Jasminum. Corolla fendida em cinco lacinias : baga de duas sementes. E ALIMENTAR PORTlfGUEZAi |: J. officinale. 'Jasmineiro gallego. ^ Folhas pinnuladas , oppostas ; foliolos exteriores separados huns dos outros. Pharrn. flores recentes. Flores : na suramidade dos ramos , quasi em co- ryrabo, terminal j flores três, cinco, ou-pouco mais. Perianthio: monophyílo-, tubo pequeno, de cin- co ângulos, de cinco lacinias , assoveladas , le- vantadas, mais compridas que o tubo. CoroUa: branca, glabra , assalveada ; tubo cy- lindrico, esbranquiçado, estriado, muito mais comprido do que o calyx ; orla partida em cin- co lacinias, ovadas-oblongas . patentes. Estaraes : dous filetes curtos, pegados ao tubo; antheras lineares , amarellas , planas de huma parte , convexas da outra , contidas no tubo. Pistillo germe sobreposto , esverdinhado , tron- cado , hum tanto chato de ambas as partes ; estylete hum tanto curto; estigmas dous, li- neares, hum tanto obtusos, levantados, mais curtos que os estames. Cultiva-se nas hortas , quintas , e jardins. Flo- resce quasi todo o anno. Arbusto. Cheiro suave ; sabor quasi amargo. Olea. CoroUa fendida em quatro lacinias ; drupa mo- nosperraa. O. europea. Oliveira, Tem as folhas lanceola- das. Alimento : fructo (azeitona) recente era conser- va. A 2 FLORA PHAKMACEUTICA Allm. Pharm. óleo (azeite). Drupa (azeitona) perfeitamente oval , obtusa-ar- redondada em ambas as extremidades , glabra , negra , mais ou menos escura , segundo a va- variedade ; caroço oval , oblongo , agudo em ambas as extremidades , áspero , com sulcos longitudinaes e rugas, acinzentado; amêndoa branca , coberta de huma túnica esverdinhada , reticulada , com veios brancos. Cultiváo-se quasi em todo o Reino trcs varieda- des , cujos fructos se distinguem pelos nomes de azeitona ordinária, uerdeal , e cordoveza ; a primeira he perfeitamente oval , a segunda também , mas obtusa nas duas extremidades , a terceira obtusa-oval. A terceira he entre nós quasi exclusiva- mente destinada d meza , cortinão-a. primeiramente em agua , e conservan- do-a depois em salmoura: das primei- ras duas se faz o mesmo uso onde a cordoveza he mais rara. Da segunda e primeira se tira por ex- pressão o óleo commum , conhecido en- tre nos pelo nome azieite, por cujo mo- tivo tem lugar esta espécie nos catalo'^ gos de matéria medica. Floresce em Maio e Junho. Arvore. Verónica. Calyx partido era quatro ou cinco lacinias ; Co- roUa em quatro , a inferior mais estreita \ E ALIMENTAR PORTITGUEZA. f capsula de duas cellulas , chanfrada no to- po. V. officinalis. Verónica da Alemanha ^ ou das Boticas. Espigas lateraes, pedunculadas j folhas oppostas; caule prostrado. Pharra. herva. Raiz filiforme, geniculada , rèptante, fibras fi- brilhosas, que descem das articulações. Caule: de sete pollegadas , filiforme, roliço, simples, empubescido, articulado. Folhas : oppostas , nas articulações , quasi ren- tes, empubescidas , de huma pollegada , hum tanto concavas , patentes , de hum verde di- juido ; as inferiores cuneifbrmes ; as superiores ovaes-oblongas , obtusas, hum pouco maiores, mais apartadas. Racimos: solitários; dous a dous , axillares das folhas, pedunculados, levantados, interrom- pidos^ flores dispersas: pedúnculos curtos. Bracteas : junto das flores , solitárias, lineares, obtusas , empubescidas , apenas do comprimen- to do calyx , levantadas. Perianthio : monophyllo , empubescido com pcl- los capitulosos, partido em quatro lacinias^ ovaes-lineares , obtusas, iguaes. Corolla : arrozetada ; tubo branco , hum pouco mais curto que o calyx ; orla entre levantada e patente, de hum roxo diluido, com estrias mais coradas, partida em quatro lacinias, ova- das , obtusas , desiguaes , as três maiores quasi iguaes, a largura da quarta iera metade da das outras três. ^^i^mQs: filetes dous, assovelados , arroxados, pegados ao tubo, levantados, hum pouco mais $ FLORA PHARMACEUTIGA compridos que a corolla ; antheras cordifor- mes , obtusas, vacillantes. Pistillo: geryne ovado, obtuso, chato, ernpu- bcscido , sulcado d'ambos os lados , cingido na base por huma margem glabra ; estylete asso- velado, levantado, do comprimento e cor dos filetes; estigma troncado, azul celeste. Habita na serra da Lousan , Miranda , e outras partes septentrionaes do Reino. Floresce de Maio até Junho. Perenne. Cheiro débil, sabor amaricante , no estado re- cente. Cheiro nullo, sabor amaricante, e al- guma cousa adstringente, no estado secco. 6. V. Beccabunga. Beccabunga, Racim.os lateraes ; folhas ovadas quasi redondas , planas, caule reptante. Tharm. herva. Raiz cylindrica , verde , glabra, articulada ; estO' lhos longamente reptantes ; fibras verticilla- das , nas articulações , aggregadas , brancas , fi- brilhosas, descendentes; das articulações bro- tão caules , e pimpolhos caulescentes. Folhas : oppostas , quasi carnosas , de pequenos peciolos , ovadas-oblongas , obtusas , serradas , de hum verde diluido , glabras em ambas as superfícies, glandulosas, de huma poUegada e mais; peciolos curtos, côncavos, amplexicau- ies. Flores racimosas , racimos oppostos , lateraes , do comprimento dos entre-nóz , axillares das fo- lhas, pedunculados , glabros, levantados, fo- liosos ; folio los flora es , ou Bracteas lineares, adelgaçadas nas extremidades, solitárias nos pedúnculos , quasi do compri- mento do calyx. Calyx perianthio , partido em cinco lacinias. E ALIMENrAK PORTUGUEZA. 7 Corolla arrozerada , azul diluído, tubo curtíssi- mo, inteiramente piloso : orla partida em qua- tro lacinias, obtusas, quasi íguaes, estriadas na base , do comprimento do calyx , mais le- vantadas que patentes. Estames : áous filetes assovelados, inferiormente brancos , superiormente arroxados , insertos no tubo da corolJa , algum tanto mais curtos que ella ; ^/^Z/^ÉT^j- afrechadas , levantadas, alou- radas. Pistillo: germe ovado, obtuso, bilobado, pon- toado , chanfrado na base ; estylete assovela- do, engrossado superiormente, de cor azul di- luída , do comprimento do calyx ; estigma, capitoso , esbranquiçado. Habita junto das nascentes entre Campiao e Peso da Régua e outras partes da Beira e Traz- os-montes. Cheiro débil das folhas confusas; sabor amari- cante , estyptico , e acidulo no estado recente : folhas mastigadas, sabor análogo ao dos mas- truços. V. Teucrium Verónica Teucrieta. Racimos lateraes, compridíssimos ; folhas ova- das , rugosas , dentadas , obtusas hum tanto ; caules prostrados. Habita nos sítios húmidos perto do Convento de Santo António dos Oiivaes de Coimbra , e ou- tras partes da Beira. Floresce desde Maio até Junho. Perenne. H€ huma variedade , e quasi neva espécie. JJsão alguns desta espécie em lugar da V. d'Alemanha {Act. medic, Berol. voL 1. pag. 125) Scopoli ajunta em huma só espécie as duas V. Teucrium e Cha- 8 FLOBA PHARMACEUTICA mxàns-, por isso dou aqui os caracte- res específicos desta segunda. 8. V. Charaaídris Verónica Carvalhinha. Raciraos lateraes : folhas ovadas, rentes, rugo- sas, dentadas; caule piloso em duas direcções. Habita nos prados e junto dos ribeiros perto de Bragança. Floresce em Maio. Perenne. Rosmarinus. Calyx bilabiado; o labio superior inteiro, o in- ferior bifendido; corolla bilabiada , labio su- perior bipartido: filetes simplices, com hum dente. R. officinalls Alecrim, Folhas rentes, margens reviradas para baixo. Pharm. summidades, flores. Caule fructicoso de dous , três , ou mais pés , de alto, ramoso; casca cinzenta gretada; ramos oppostcs , levantados , os mais tenros quadran- gulares , cmpubescidos. Folhas oppostas , de curtos peciolos , lineares , de margem revolta , d' hum verde diluido , ru- gosas, escabrosas, hum tanto luzidias, rugo- sas tambcm por baixo, de hum cotanilho es- branquiçado, patentes, mais longas que os en- tre-nóz. Corymbos pequenos, terminaes , simplices, pou- co mais longos que as folhas , levantados , miudamente cotanilhosos. Bracteas elevadas, levemente agudas, concavas, junto dos pedicellos , solitárias , exteriormente cotanilhosas, interiormente glabras, mais cur- tas que os pedicellos. E ALIMENTAR PORTVTGUEZA. 9 Calyx perianthio, tubo curto, cotanilhoso , bi- lablado , Jabios quasi iguaes , chanfrados, o superior hum pouco mais curto. Corolla monopetala , de hum roxo dlluido ; tuba do comprimento do calyx, no collo inferior- mente gibboso ; orla labiada ; lábio superior oblongo , bifendido , levantado , margens de ambas as partes revoltadas para traz , o lábio inferior trifendido , a lacinia intermédia de dobrada grandeza , concava , obtusamente re- dondada com crenulas miudissimas na orla. Esta mes : filetes dous assovellados , insertos na fauce da corolla , remontantes , do comprimen- to da corolla, cada hum com hum denticulo recurvado; antheras lineares vacillantes. Pistillo: germe partido em quatro lóbulos, ver- de , obtuso ; estylete assovellado , arroxado , mais comprido que a corolla , incurvado ; es^ tignia agudo , bifendido , a ponta superior mais curta. Habita nos montes calcareos do x\lemtejo, da Beira , e outras partes. Floresce todo anno , principalmente no Estio. Arbusto. Cheiro fragante , sabor análogo. Salvia, Calyx bilabiado ; lábio superior bidentado , infe- rior trifendido : corolla bilabiada : filetes trans- versalmente apegados a hum pésinho. IO. S. officinalis Salva das boticas ou ordinária. Folhas lanceoladas-ovadas , inteiras, crenuiadas, flores espigosas, calyces agudos. Pharm. herva, B to FLORA PHARMACEUTICA Raiz ; fibrosa. Caule: levantado, quadrangular, avelutado, ra- moso; ramos oppostosj levantados, axillares das folhas. Folhas : oppostas, pecioladas, ovalmente oblon- gas, obtusas, miudamente avelutadas em am- bas as faces ; superiormente rugosas ; rugas hum tanto convexas , inferiormente lacunosas reticuladamente , crenuladas na margem, pa- tentes , as supremas de curtos peciolos , e ordi- nariamente rentes , peciolos cylindricos avelu- tados , superiormente canaliculados. Espiga : terminal, simples, e ás vezes composta de outras lateraes menores, miudamente .ave- lutada ; flores patentissimas de curtos pedún- culos, verticilladas, os verticillos seis até oito. Bracteas : duas , oppostas , na base dos verticil- los, rentes, ovadas-oblongas , concavas, agu- das, membranaceas na base, algumr tanto lisas, superiormente subrugosas , patentissimas. Calyx : perianthio , monophyllo , turbinado-cara- panulado, purpúreo, pallido na parte inferior, estriado-angulado , empubescido, viscoso; ía- biado ; lábio superior troncado , tridentado ; dentes terminados em huma pragana curtíssi- ma , curvados para fora , o intermédio mini- mo ; o inferior bifendido , agudo. Corolla : monopetala , arroxeada , labiada miuda- inente, empubescida , de dobrado comprimen- to do do calyx ; tuh inferiormente branco , ampliado pouco a pouco, estvÍ2Lào; fauce bo- juda ; orla bilabiada ; o lábio superior levanta- do, abobadado, chanfrado; o mferior trifen- dido , as lacinias redondadas , com as mar- gens revoltas para fora; a intermédia maior, inversamente cordiforme. 'E ALIMENTAR PORTUGUEZA. H Estames : dons filetes , assovellados , brancos ,- postos transversalmente em hum pésinho , le- vantados , encurvados , com huma anthera em cada extremidade ; antheras quatro , purpú- reas , as duas superiores escondidas no lábio superior , lineares , férteis , as duas inferiores são estéreis , ou antes humas glândulas subova- das, chatas, convergentes, approximadas, ou quasi formando hum só corpo. Pistillo: germe de quatro lóbulos, esverdinhado, obtuso, na base avermelhado: estylete filifor- me, pallidamente roxo, mais comprido que a coroUa, curvado para dentro, próximo ás an- theras superiores ; estigmas dous , agudos le- vantados , a grandeza de hum dupla da do ou- tro. Cultiva-se frequentemente nas hortas. Floresce na primavera. Subarbustiva. Cheiro fragrante, forte; sabor hum tanto amar- go. As seguintes espécies possuem as mes- mas propriedades ^ e são dignas de hum lugar nos Dispensatorios Pharmaceu-* ticos. II. S. verbanecoides Salva Irava do inverno. Folhas cortado-oblongas , crenadas , quasi sinua- das, ou pinnatifidas , rugosas; corolla mais es- treita que o calyx; verticillos de seis flores^ bracteas quasi cordiformes. Tem as variedades seguÍ7ítes\ < I. Lábios da Corolla afastados. 2. Espiga aguda. B z a FLORA PHARMACEUTICA 3. Lábios da Corolla approxiraados. 4. Corolla branca. Habita nos montes arenoso-argilaceos de Lisboa , Coimbra, e outras partes da Beira e Estrema- dura. Parece mediar entre a S. Verbenaca e a S. ClaiidestíJia. Floresce na Primavera, Ou- tono , e Inverno principalmente , e por isso seria bem nomenclada S. hiemalis. Perenne. 11. S. sclareoides. Salva viscosa dos montes , ou esclarea bastarda. Folhas radicaes: quasi cordiformes , ou ovadas- oblongas , hum tanto agudas , rugosas , bicre- nadas, lanuginosas: verticillos de seis flores, viscosos : bracteas mais curtas que o calyx. Habita nos montes calcareos de Coimbra , e em outras partes da Beira e Estremadura. Flo« resce em Junho e Julho. Perenne^ Gratiola, Calyx profundamente partido em cinco lacinias^ duas bracteas na base : corolla fendida em qua- tro Jacinias, resupinadas ; estames quatro, dous estéreis; capsula de duas cellulas. 13. G. Officinalis Cini folio. Graciosa ou Graciola. Folhas lanceoladas quasi integerrimas j flores pe- dunculadas. Fharm, herva. Raiz cylindrica , branca , nodosa , obliquamente horisontal, fibras filiformes, perpendiculares. Caule : de sete pollegadas , levantado , liso , sub- ramoso, cylindrico, geniculado, entre-nóz al- ternada , e oppostamente sulcados. Folhas : nas articulações do caule, e oppostas, mais compridas que os entre-nóz, rentíís, laa- E AI.IMENTAR PORttJGUEZA. I^ ceoladas , hum tanto agudas , glabrns cm hu- ma e outra face; as inferiores interrigerrimas, as superiores ás vezes com algum denticulo. Pedúnculos: axiilares, filiformes, alternos, gla- bros , do comprimento das folhas ou mais , unifloros , nus. Bracteas : duas lanceoladas , agudas , oppostas , na base do calyx, e do comprimento deste. Calyx : perianthio, partido em cinco lacinias, ort sete, lineares-lanceoladas , agudas, levantadas, iguaes. CoroUa : monopétaía ; tubo esverdinhado, crasso, comprimento duplo do- do calyx, estriado, su- periormente quasi quadrangular, interiormen- te empubescido ; orla branca , partida em qua- tro lacinias , ovadas , as três inferiores quasi iguaes, levantadas, a superior chanfrada, re- curvada. Estaraes : quatro filetes , insertos no tubo , e mais curtos que elle, os dous superiores asso- velad-os ^ os dous inferiores setaceos , ant heras. quatro, as duas superiores brancas, quasi re- dondas^,. férteis , as duaa inferiores , estéreis, Pistillor germe sobreposto ,. pyramidal , esverdi- nhado , com quatro suturas longitudinaes ; es- tylete assoveiado , do comprimento dos esta- mes ; estigma de duas laminas,, depois da fe- cundação convergentes. Habita nos lugares inundados, e húmidos, junto de Coimbra , Peso da Régua , e margem do Vouga, Floresce desde Maio até Agosto* Pe- renne. Cheiro nullo; sabor intensamente amargo, in- grato , tenaz. Ordinariamente as folhas todas são /W 14 floua phamaceutica tegerrinias , e por isso alguns 'Botani^ cos consíderao esta planta como espé- cie nova^ c lhe dão o nome de G. linifo- lia , 7nas as propriedades são as ynes- mas , e parece ser unicamente varie- dade. ORDEM 2.» Digynia, Anthoxanthum, Calyx; Casulo bivalve, unifloro; a válvula in- terior maior \ corolla bivalve , aristada ; pra- gana curvada para fora \ nectario de dous fo- liolos. 34. A. amarum. ^m Port. Feno de cheiro amar- goso. Panicula em forma de espiga , alongada , quasi lanceolada ^ pedicellos felpudos ; folhas de côr verde-mar, d'ambas as partes glabras , lizas; bainha hum tanto áspera j pragana da corolla hum pouco mais comprida que as válvulas do calyx j nectario adherente á semente ; raiz no- dosa-bolbosa. Pharm. colmo e folhas. Raiz perenne, fibrosa na planta nova, fibras bran- cas j depois engrossada em noz bolbi formes, de baixo dos colmos:, e finalmente reptante, ain- da que por pequeno espaço. Colmos: muitos, dos noz radicaes, levantados, roliços, fistulosos, 3 ou 4 geniculados , de hum E ALIMENTAR PORTUGUEZA. T5' pé, pé e meio, e mais, estriados , glabros , embainhados até hum pouco acima do nó in- termédio , annuaes. Folhas: três ou quatro, de bainha glabra, es- triada, hum tanto áspera, de hum verde cla- ro, termJnada em huma porção ligulosa, mem- branacea , meio-abarcante ; lamina da folha pi- losa na base, aos lados da liguia ; no resto ab- solutamente glabra , lisa , de huma e outra, parte verde-mar , ou verde louro , estriada , aguçada , linear-lanceolada .437 pollegadas de comprimento, de 6 a 8 e mais linhas de largura , decrescendo para a parte superior do colmo; nas folhas fundeiras a bainha he mais comprida, e nas cimeiras he metade mais cur- ta. Panicula : em huma forma de espiga, terminal , oblonga, cjuasi lanceolada, de três pollegadas; carolim quasi fíexuoso, g-labro, de 15 a 18 ar- ticulações. Flores : como empilhadas alternadamente , de- crescendo pouco a pouco em numero desde as articulações fundeiras até ás cimeiras, nas fun- deiras 5" a 8 , e nas cimeiras duas a duas , e finalmente solitárias : peâunculos levantados, empilhados \ antes e depois da florescência sempre coarctados, hirsutos, des-iguaes, huns siraplices, outros compcstos , tcdos mais cur- tos que as flores, excepto hum ou outro dos compostos ; inferiormente junto da primeira articulação ás vezes ha huma escama curta. Casulo calycino : unifloro , bivalve , bigumeo ^ aguçado , quasi lanceolado , cinco linhas de comprimento, huma de largura inferiormente: 'valTíílas entre verde e branco, desarisradas, mucronadas^ glabras, de quilha verde^ e ce- l6 FLORA PHARMACEUTICA llieada-aspera , mcrabranaceas , nos lados , desí- guaes, huma de metade do comprimento da outra , e sem nervuras , outra com três. Casulo corollino : a metade mais curto que a vál- vula maior calycina ; bivalve, válvulas iguaes, ellipticas, hirsutas, louras, depois de seccas fuscas, mcrabranaceas no topo, e nelle algu- mas vezes bifcndidas, aristadas,com huma pra- gana loura no fundo do dorso da válvula infe- rior , e hum pouco mais comprida que a maior válvula calycina, e secca inferiormente retorci- da, requebrada no meio, mas nao articulada, outra inserta no meio do dorso da válvula ex- terior , recta , da metade do comprimento da primeira. Nectario: de duas escamas, membranaceas , con- cavas , de metade do comprimento do casulo corollino, mas triplo do do germe que con- tém , quasi iguaes , a externa mais larga , ova- da , obtusamente chanfrada , a interna ellipti- ca , ambas persistentes. Estames : dous , insertos no fundo do necta- rio ; filetes capillares , esbranquiçados , do comprimento do casulo calycino ; antheras sabidas do casulo corollino , vacillantes , ama- rellas , oblongas , quadrangulares , com qua- tro sulcos , de huma e de outra parte aforqui- Ihadas. Pistillo : germe esbranquiçado, inversamente ova- do ; estyletes dous , capillares , esbranquiça- dos, do comprimento do casulo corollino j es- tigmas quasi hirsutos , mais compridos que o casulo calycino. Semente ovada-oblonga , hum tanto aguda , en- tre fusca e loura , glabra , polida. Escamas do nectario : incorporadas cora o alba- E ALIMENTAR PORfUGUEZA. f^ me da semente , á maneira de crusta , e lhe servem de tegumento, ficando o calys, e co- rolla laxos , e desapegados delia. Habita nos terrenos hum tanto raros , húmidos , ou frios dos valles e collinas da Beira-alta, e entre Douro e Minho, e também em Villa- Franca perto de Coimbra. Floresce em Abril e Maio. Graminea perenne. Cheiro agradável j sabor amargo. Bstas propriedades fazem dar a esta. espécie hum lugar nos CataloQ-os de Matéria medica , não obstante não se achar até agora nos livros que tratão deste ramo de Medicina; por isso co- piei aqui a sua descripção da Phyto^ graphia do Doutor Brotero; segundo a. optmao deste Botânico , iião obstante a. afinidade das suas folhas com as do A. odoratum , ella constitue huma es- pecie distincta , não só por todo o ha- bito maior , mas também pelas folhas lisas ^ de hum elegante verde-mar e algumas de verde-flavo, grande amar^ go das suas folhas e colmos ^ raiz no- dosa-solbosa ^ sendo a raiz de todas as variedades do A. odoratum , que elle conhece em Portugal , annual e fibrosa. lâ FLORA PHARMACEUTICA C L A S S E 3.' Triandria, o R D E M I.* Monogynia. Valertana. Calyx : margem superior ou dentada , ou quasi inteira ; pela maturação desenvolvida em pap- pilho plumoso ; corolla monopetala , fendida cm cinco lacinias, gibbosa na base ; semente pappilhosa , ou baga secca bi ou tricellular , de duas ou três sementes , quasi nua no topo , ou coroada com os dentes do calyx. jr5'. V. locusta olitoria. Em Fort. Alface de cardei^ ro. Flores triandras; caule forquilhoso ; folhas li- neares-lanceoladas , obtusas , integerriraas , ou denteadas j fructo nu , ou raucronado , ou den- teado. lí^ão se faZ uso desta espécie como medi- c amento^ mas em algumas partes se usa nas mezas em salada no fim de Outubro , e principio da Primavera , e assim se aproveita a virtude refrige- rante pelo uso oleraceo. E ALIMENTAR PORTUGUEZA. 1^ Raiz: filiforme, perpendicular, fíbrillosa. Caule : levantado , cylindrico , estriado, quasi era- pubescido, forquillioso , de sete pollegadas. Folhas : hum tanto succulentas , oppostas , ren^ tes, glabras, integerrimas , obtusas, inferior-» mente celheadas ; as inferiores inversamente ovadas , levantadas , as superiores lineares-Ian- ceoladas , levemente serreadas , patentes , ordi- nariamente mais curtas. Espigas: terminaes , rentes , foliosas , hum tanto convexas. Bracteas : lineares-ovaes , obtusamente arredon- dadas, miudamente celheadas. Habita nos terrenos soltos ao pé de Coimbra e outras partes da Beira e da Extremadura. Flo- resce na Primavera. Annual. Varia muito, e as suas variedades são a Discoidea ^ e Coro^ nata. Cheiro nullo , sabor débil , hum tanto austero. íris. Espatha diphylla , envolvendo as flores : corolía monopetala , partida em seis lacinias , três le- vantadas , três viradas para fora , alternadas humas cora as outras ; estigmas três, petali- formes , com hum sulco longitudinal. 16. I. pseudo-acorus. Em Fort. Açoro bastardo , ou Ltrio dos charcos. Lacinias da corolla alternadas menores , que o estigma. Pharmacia', raiz. Raiz tuberosa, subcylindrica , horisontal , quasi moniliforme de nóz quasi redondos, desiguaes^ C 2r iÒ FLORA PHARMACEUTICA levemente ramosa , cercada de rugas annula- res, semeada inferiormente de pontos escava- dos , ou boraquinhos, quasi redondos, de ca- da hum dos quaes nasce huma radicula filifor- me , branca , ordinariamente alongada ; he ex- teriormente ferruginea , superiormente esca- mosa , cora escamas fuscas , murchas , sobre as rugas ; as radiculas filiformes , terminao em fibrillas setiformes. Parenchyma : carnoso , frágil , cortado transver- salmente aprezenta hum disco incarnado, cora pontos por toda a parte quasi redondos. Habita nas lagoas d' huma e d' outra parte do Tejo e outros rios. Floresce em Maio e Ju- nho. Perenne. N.B. Alem desta espécie de lirio , ha ainda outras em Portugal, cujas raizes são usadas era Medicina , como são o íris Subbijlora , Sambucina , e Fceti- ãa^ os dois primeiros chamados lírios roxos ^ e o ultimo lirio fétido. Cheiro lodoso , sabor estyptico , no resto insípi- do, no estado recente-^ secca perde o cheiro, conserva o sabor. Cyperus, Caíyx : casulos paleaceos , univalves , distlcha- mente imbricados , em espigas oblongas , cha- tas, bigumeas ; coroUa nulla, semente huma, triangular , nua. 17. C. longus. Em Portuguez. Junca de cheiro ou Albafor, E ALIMENTAR PORTUGUESA. T2T Colmo foHoso, de três faces; iimbella foliosa, sobrecomposta \ pedúnculos nus ; espigas alter- nadas. Pharm. raiz. Raiz secca ; quasi lenhosa , tenaz , roliça , ra- mosa , articulada , cercada de anneis approxi- mados : casca loura, estriada, lisa, separa-se ordinariamente em escamas. Habita nos lugares húmidos e paludosos. Flo- resce na Primavera. Perenne. Secca^ cheiro fragrante, agradável ; recente chei- ro mais débil; sabor amargo , balsâmico, te- naz nas fauces. y^'^'^ ^"^^"^"^ "^^ft f^ yfi ^ ^ ^" ^ /^ ^^ "^ ^' ^v ■^ ■^c ORDEM 2." Digynia. Panicu7n. Calyx casulo trivalve, válvula exterior minima, incluindo na base válvulas maiores; ordinaria- mente unifloro. i8. P. italicum. Em Fort. Milho painço. Espiga composta ; espiguinhas glomeradas , mis- turadas com sedas ; pedúnculos hirsutos. Pharm. Alim. sementes. Semente : quasi redonda , menor que a da espé- cie seguinte, exteriormente amarellada. 19. P. railiaceum. Milho miúdo. Panicula laxa, fíaccida ; bainhas das folhas tesas, casulos mucronados , nervosos. Pharyn. Alim. semente. 22 FLORA PHARMACEUTIGA Semente : ovada, qiiasi chata, nítida de huma linha ou mais de comprimento, casca ou ne- gra escura, ou branca, ou alourada j farinha branca , hum tanto doce. Cultivâo-se tanto esta como a espécie antece- dente nas Provincias do Norte, menos abun- dante que o millio grosso. Secale* Calyx casulo bivalve, opposto, bifloro; corolla bivalve, a válvula exterior bojuda, aristada, quilha celheada, a interior plana, celheada. 20. S. cereale. Eyn Port. Centeio. Celhas dos casulos ásperas. Pharm. Alim. semente. Semente : quasi cylindrica , huma extremidade obtusa, a outra, na qual está obliquamente o corculo, aguda com hum sulco longitudinal, acinzentada , semipellucida. Farinha menos branca , que a do trigo , e quasi doce, viscosa. Cultiva-se quasi em toda a extensão de Portu- gal , mas principalmente na Beira e Tras-os- montes. Triticum, Calyx bivalve, corolla bivalve, cingindo a se- mente ou apertada , ou laxamente : disco da es- piga opposto ao carolím. 21, T hybernum. Em Fort, Trigo branco > pu can- 'e alimentar PORTITGUEZA. 23 dcal , preto , mourisco , duras to , galle* go etc. Calyces quadrifloros , bojudos, lisos , imbrica-" dos, aristados, ou quasi sem praganas. Pharm. e Alira. semente, ou amido tirado deíla. Cultiva-se era todo o Portugal assim como as duas espécies seguintes, que tem os mesmos usos. 22. T. festivum. Trigo tremez, Calyces quadrifloros, bojudos, glabros, imbrica- dos, aristados. 23. T. compositum. Trigo mourisco maior. Espiga recomposta de espiguinhas amontoadas, aristadas. 24. T. repens. Grama das boticas de França. Calyx quadrifloro, assovellado, aguçado, folhas planas. Pharm. raiz. Raiz: filiforme, roliça, quasi simples ou pouco ramosa, lisa, glabra, reptante , compridíssi- ma, e central nodosa, noz distantes, embai- nhados, lançando fibrillas capillares, ramosas. Habita na parte septentrional da Beira, Entre- Douro e Minho, e Tras-os-Montes. Floresce no Estio. Perenne. Sabor debilmente doce , cheiro , quando se guar- da cortada nas caixas, o mesmo , que o de hum monte de trigo. Paspalum. Calyx: casulo bivalve: válvulas iguaes: corolla univalve , igual ao calyx, flores unilateraesj carolira quasi membranaceo. 14 FLORA PHARMACEUTICA 2^, P. dactylon. Em Port. Grama das nossas hoti' cas. Panicum dactylon Lííi. Espigas digitadas , patentes , vilosas na base in- tcrior ; flores solitárias ; caules sarmentosos , reptantes. Pharm. raiz. Raiz bem conhecida. Habita frequentemente nos campos, nas margens dos caminhos e outras partes era tpdo o Rei- no. Floresce no Estio. Perenne. Hordeum. Calyx : dous ou três casulos em cada dente do carolim, bivalves, involucriformes •, corolla bi- valve , a válvula exterior aristada. Cahhão-se em Portugal as duas espécies se^ seguintes. 26. H. Hexastichon. Em Port. Cevada. Todos os flosculos hermaphroditos , aristados, sementes postas igualmente em seis direcções, ly. H. Distichon. Cevada sancta. Flosculos lateraes masculinos , desaristados , se- mentes angulares , imbricadas , nuas de casca. Pharm. e Alim. semente. A semente da primeira espécie he bem conheci- da : a da segunda bem notável pelos caracteres referidos : com tudo ás vezes varia ficando a semente pegada ao casulo. A espécie vulgaris , a que ordinariamente se referem os A A. de Matéria medica não sei que se cultive em Portugal^ mm se dá nelle espontaneamente. E ALIME>-"rAPv PORfUÔUEZA, 2«f Avena. Calyx bivalve, válvulas desaristadas, corolia bi- valve, válvula exterior aristada, no dorso pra- gana espiral. 28. A. agraria. Evi Port. Aveia. Panicula , quasi segundina , espiguinhas quasi tri- floras j fiosculos , lisos , dous , cora duas sedas no topo , pragana dorsal , articulada , debaixo do topo , e duas sementes. 29. A. agraria mutica. Aveia mocha. Panicula quasi segundina : espiguinhas quasi tri- floras , dão duas sementes , todos os fíosculos desaristados, válvulas das corollas inteiras, ob- tusas , quasi dentadas. 30. A. agraria sesquialtera. Aveia ordinária, Panicula quasi segundina, espiguinhas bifloras, de huma semente , corolla cora duas sedas no topo , pragana dorsal articulada. Variedade de A. agraria. Brot. A semente destas duas espécies he usada em Phar- macia. Semente oblonga, adelgaçada em ambas as extre- midades, hum sulco médio longitudinal. Ami- do acinzentado. Saccharum. Calyx: casulo bivalve, cingido na base de lanu- ^5 TLOÍIA PHARMACEUTICA geni comprida: coroUa bivalve, glabra, pega- da á semente. 31. S. officinale. Em Port. Cana de as sue ar. Apenas se cultiva nos jardins por alguns curio- sos. CLASSE 4." T^etranàrta. *********************** o K D E M. Monogynia, Scabiosa. Perianthio commum patente j receptáculo multí- floro, convexo, paleaceo, ou nu-, calyx pró- prio duplicado ;, hum sotoposto ( na antliese ) , depois invoive e coroa a semente j outro sobre- posto, por fim pappiforme. 32. S. Succisa. Em Fort. Escabiosa de raiz tran- cada ou mordida. Corollulas iguaes ^ caule simplex ; ramos oppos- Tos , solitários : folhas inversamente lanceola- das , integerrimas •, receptáculo paleaceo. Pharm. raiz, herva. Raiz : fibrosa j fibras filiformes, vcrticilladas, des- cendentes j troço da raiz cylindrico , retraça- do , encravado por entre as fibras , mais curto que cilas : parenchyma branco. Caule : de 7 poUegadas ou mais , simples , le- E ALIMENTAR POIITUGITEZA. ^f vantado, roliço, empiibescido , hum tanto ás- pero. Folhas: r^y^/zV^fj- , pecioladas , ovadas, ou ova- das-oblongas , hum pouco agudas , integerri- mas crapubescidas em ambas as paginas ; pelos raros tuberculados na base; superiormente ver- des, inferiormente garças; as capdlnas oppos- tas , poucas , lineares , estreitas , remotas. P^- ciolos lineares , côncavos embainhados na ba- se. Flores : terminaes capitosas \ cabeça solitária muitas vezes triplicada, pedunculada, quasi re- donda. Calyx commum : polyphyllo ; foliolos lanceola- dos , agudos , quasi empubcscidos , celheados. Corolla : composta , azulada , uniforme ; a pró- pria afunilada ; tubo inversamente cónico ; or- Ja levantada , fendida em quatro lacinias , ova- das , obtusamente redondas , três iguaes , a ex- terior maior. Estames : filetes quatro, setaceos , mais compri- dos que a ccrolla, levantados,*entre as incisões da corolla. Antheras oblongas. Pistillo : germe sotoposto , turbinado , hirsuto , Estigma troncado, concavo, sahido da corol- la , azulado. Habita na parte septentrional da Beira. Floresce no Estio. Perenne. Kãiz : cheiro débil , sabor amargoso. Herva : cheiro nullo ; sabor herbáceo , amargoso. Variedades de folhas asperamente em- pubescidas ou glabras^ serreadas^ cre- nadas ^ recortadas, 33. S. Arvensis. Escabiosa dos campos. D 2 2Í$ FLORA PHARMACEUtlCA Corol lulas maiores e deslguaes no ralo : folhas pinnatifidas , com incisões ; caule hispido. Pbarm. herva. Caule: d' hum pi ou mais, cylindrico , simples, áspero , superiormente cmpubescido , inferior- mente pontuado de negro , e com sedas bran- cas. Folhas: oppostas , hispidas, agudas, as inferiores inteiras , ovadas-oblongas , espatlmladas-pecio- ladas , serreadas , reniontantes j as superiores rentes , amplexicaules , pinnatiíidas ; lacinias lineares , oppostas , quasi serreadas , a intermé- dia de dobrada ita nas montanhas do Gerez , da Serra da • Estrella , e outras partes da Beira , Minho e Tras-os-montes. Floresce na primavera. Ar- vore. Cheiro de Terebintliina , sabor análogo. CLASSE 5-.' Pentandria. ORDEM I.* Monõgy7iia, Anchusa. Calyx partido em cinco lacinias , persistente \ co- roJla quasi afunilada j orla fendida em cinco E ALIMENTAR PORTUGUEZA. 4^N lacinias , algum tanto patente, fauce fechada por cinco escamas convergentes ; sementes fu- radas na base. A. officinalls Itálica. Em Port. Buglossa ^ //;/- gua de Vãcca ou Orcanetta. Folhas quasi lanceoladas, as do cimo mais lar- gas na base , quasi amplexicaules ; espigas se- gundinas. Pbaryn. raiz , herva , flores. Raiz cylindrica , fusiforme , descendente, fíbril- las poucas, exteriormente zlouv^á^: parejíchy- ma quasi carnoso, encarnado; cortada trans- versalmente , hum centro medullar circular rubicundo \ na peripheria hum annel , hum tanto largo, encarnado com algumas sombras, rubicundo na parte cortical. Caule levantado, anguloso, hirsuto, áspero, su- periormente ramoso. Folhas quasi succulentas , alternas lineares-lan- ceoiadas, agudas, hirtas d'ambas as partes, ás- peras por baixo aquilhadas , margem com miúdos recortes , denticulados, patentes ; as do fundo inferiormente attenuadas , pecioladas ; as do cimo rentes , inferiormente mais lar- gas , de base arredondada. Corymbo terminal , espigas alternas , conjuga- das , bracteadas , segundinas , topo encaracola- do para fora. Bracteas lanceoladas, hirtas, celheadas, hum pou- co mais compridas que o calyx. Flores quasi rentes : caljx perianthio , mono- phyllo, hirsuto; lacinias lineares-lanceoladas, agudas, levantadas: corolla ^ tubo cylindrico, do comprimento do calyx, d' hum azul des- maiado, superiormente anguloso: orla d' hum azul elegantíssimo, exteriormente hum tanto F ^ Íf4 FLORA PHARMACEUTICA polida , lacinias ovadas , obtusas , patentes ; no topo do tubo hum cinto deprimido, interrom- pido. A fauce tapada com cinco escamas oblongas , de cor azul , obtusas-gibbosas no topo , anterior- mente barbudas , pelos brancos na margem d' huma e d'outra parte , inclinados sobre a fauce. Estames : filetes curtos , brancos , no topo do tu- bo. Antheras lineares-triangulares, fuscas , en- tre vacillantcs e levantadas, occuítas debaixo do nectario. Pistillo : germe sobreposto , partido em quatro lóbulos , obtuso , verde. Estylete cylindrico , esbranquiçado, mais curto que os estames. Es- tígjna quasi capitoso-obtuso , chanfrado. Habita em Caparica , nos montes calcareos dos arredores de Lisboa , de Coimbra , e outras partes da Extremadura e Beira. Floresce na primavera. Perenne. Raiz: cheiro nullo, sabor mucilaginoso. Folhas, cheiro nullo, sabor herbáceo, débil. Flores, inodoras, insípidas, quasi mucilaginosas. JV. B. Esta espécie he a Anchusa offichiã" lis , ou Buglossa verdadeira dos antigos Botânicos, e de muitos modernos, usada era Medicina , como tal , em todos os paizes meridionaes da Europa ; porém na opinião de Retz, seguida por muitos Botânicos Allemaes e Poiret , não he a Anchusa officinalis de Linneo, indígena do norte da Europa, a qual tem as es- camas da corolla quasi glabras , ou hum tanto cotanilhosas \ mas esta e outras notas , tiradas da sua pequena estatura e E ALIMENTAR PORTUGITEZA. 45* calys, segundo o Doutor Brotero, tal- vez nao sejao constantes e sufficientes para a fazer difFerir da nossa , senão co- mo variedade . denominada Anchusa of- ficlnalis itálica. Cynoglossum. Calyx partido em cinco lacinias, persistente ; co- rolla quasi afunilada ; orla fendida em cinco lacinias , hum tanto patentes , fauce fechada com cinco escamas convergentes ; sementes apegadas pelo lado interior ao estylete persis- tente. C. officinale. £w Tort. Cynoglossa ou lingua de cão. Estames mais curtos que a corolla ; folhas lan- ceoladas , quasi hirsutas , as radicaes quasi pe- cioladas , as caulinas oblongas , rentes. Pbarm. raiz, herva. Raiz exteriormente rubra-anegrada , inferiormen- te simples, superiormente ramosa: parenchyma branco, quasi carnoso; transversalmente cor- tada, centro medullar orbiculado, amplíssimo, cingido d' hum annel quasi esponjoso. Caule : levantado , hum tanto roliço, sulcado, anguloso , avelutado , superiormente ramoso ; ramos hum tanto curtos, paniculados, direi- tos , avelutados. Folhas: dispersas , frequentes , empubescidas de ambas as partes , mollcs , de duas nervuras , agudas , inferiormente pecioladas, lanceoladas, as cimeiras rentes , lineares. Kacimos nos ramúsculos ^ os floriferos quasi ca-- /i6 FLORA PHAI^MACEUTICA r fo'scados , segLindinos , os fructiferos foliosos , de compridos pedúnculos. Calyx : p3rianthio , lacinias ovaes-Iineares , hum tanto obtusas , avelutadas , levantadas. Coroila : raonopetala ; tubo cylindrico , crasso , pallido, estriado, d'ametade do comprimento do calyx \ orla concava , de cor purpúrea pour CO elegante \ lacinias inversamente Ovadas , obtusis-arredondadas , ásperas , mais compri- das que o calyx; escamas da fauce purpúreas, anteriormente hum tanto concavas , gibbosas no topo , obtusas , insertas na margem do tu- bo , d'ametade do comprimento da orla , con- vergentes ; fauce da coroUa perfurada. Estames : filetes curtos , insertos na margem do tubo. Antheras cordiformes-triangulares , oc- cultas debaixo das escamas da fauce. ^, Pistiilo : germe glabro , partido em quatro lóbu- los giobosos. Estylete pyramidal , quadrangu- lar , do comprimento do tubo da coroila. Es- tigma obtuso j chanfrado. Habita em alguns montes da província da Beira e outras do norte , pouco frequente. Floresce na primavera. Annual. Raiz recente : cheiro fetido-hircoso , sabor ado- cicado, hircoso. Herva recente^ cheiro fetido- narcotico •, sabor herbáceo , aquoso , hircoso. B^ai% secca , sabor mucilaginoso , doce pouco decidido. Herva secca mais débil nestas pro- priedades. A espécie Porttigueza he variedade do C. olícinale , e tem affinidade com o C. monta num. ^O. C. pictum. Cynoglossa de f>or riscada. E' ALIMENTAR POTlTUGUI^ZA. '47 Corollas qiin.si iguaes ao calyx, lacinias quasi re- dondas, dilatadas; folhas lanceoladas , cotani- Ihosas; as superiores cordiforraes. Habita frequente pelos caminhes, nas ruínas dos edifícios, e nos montes pelos arredores de Coim- bra , e outras partes na Beira" e Extreraadura. Floresce na primavera. Annual. Dtifere do C. officinale, com o qual tem muita ajjjnidade , ítas folhas caulinas não estreitas jta base , ynas cordifor- • ■ 7nes , na corolla pintada de veios pttr- pureos , sendo priyneiramente pallida. 5:1. C; clandestiniim. Cynoglossa /de flor fecJrada. :. .Folhas lanceoladas, as inferiores pecioladas, as -superiores rentes, arredondadas na base; co- rollas iguaes ao ca lyx, lacinias fechadas, ex- teriormente hirsutas no topo , interiormente cobrindo ás antheras e as escamas- mais curtas que as mxsmas lacinias. Habita nos subúrbios de Lisboa pela borda dos caminhos, e dos campos. Floresce desde Ja- neiro até Março. Biennal. Esta espécie tem muita affinidade com o G. officinale, pictum , e raontanum : os llervolarios , e Boticários de Lisboa confundem-na com o C. officinale : os gados , inclusivamente as cabras , a deixão intacta. Tudo o que fica dito me communicou por escrito o Doutor Brotero , e outras particularidades a. respeito da sua virtude , que não per- tencem a este escrito. 4? FLORA PHARMACEUTICA Symphytum, Calyx partido em cinco lacinias, persistentes ; co- rolla de tubo curto , orla tubulada-ventricosa , levantada , com cinco dentes ; cinco raios na fauce, mais curtos qúe a orla, assovelados, formando huma elevação cónica , que fecha a fauce. 5'2. S. officinale. Em Port. Condoída maior. Folhas ovadas-Ianceoladas , decursivas. Pharm. Raiz, herva , flores. Raiz exteriormente anegrada , grande, ramosa, ramos cylindricos ; parenchyma branco, car- noso ; cortada transversalmente , centro rae- dullar, orbiculado, amplo, obscuramente es- trellado, semeado de pontos. Caule: simples, levantado, roliço, quasi angula- do , escabroso , de hispidez rija , curvado para fora. Folhas: alternas, pecioladas, ovadas-Ianceoladas, agudas, d'hum palmo de comprimento; de his- pidez áspera, celheadas, patentes; peciolos su- periormente côncavos , inferiormente convexos aquilhados ; ala foliosa , decursiva d' huma e d'outra parte. Corymbo : terminal , acenoso, folioso, de his- pidez avelutada ou levemente áspero; compos- to de ramagens alternas , acenosas , axillares das folhas do corymbo. Calyx: perianthio, raonophyllo, avelutado ; la- cinias lanceoladas j . agudas , aquilhadas, levan- tadas. Corolla afunilada , branca , decadente j tubo eras- E ALIMENTAR PORTUGUEZA. 4^ so do comprimento do calix, notado no topo com cinco pontos deprimidos ; orla ovada , ampliando-se pouco a pouco o tubo. Estames : filetes lanceolados , brancos hum tan- to curtos. Antheras oblongas , fendidas era dous lóbulos na base e no topo , brancas , le- vantadas , occultadas pelas escamas nectariferas que fechão a fauce da corolla. Pistillo: germe sobreposto, fendido era quatro lóbulos , quasi redondos , obtusos , verdes. Es- tylete assovellado , branco, sahido d'entrc os lóbulos do germe, hum pouco mais comprido que a corolla. Estigma obtuso , sahido da co- rolla. Habita nos sitios sombrios e húmidos d' Entre- Douro e Minho , segundo o Padre Christovao dos Reis. Raiz recente : sabor doce , pouco decidido ; sueco tenaz , mucilaginoso. Secca quasi insípida, hum tanto dura , frágil , igualmente raucilaginosa. Pulmonaria, Calyx de cinco ângulos, de cinco dentes, persis- tente; corolla quasi afunilada, orla fendida era cinco lacinias . tubo do comprimento do ca- lyx. 5'3. P. angustifolia. Em Fort. Pulmonaria de fo- lhas estreitas. Folhas radicaes , lanceoladas. Habita nos sitios embrenhados , e entre os arvo- redos da serra do Rebordão , perto de Bragan- ça. Floresce era Maio. Perenne. 5'Ò FLORA PHARMACEUTICA Foi communicada ao Doutor Brote^ ro. A espécie ordinariamente usada nas boticas he a P. officihalis , que não cres- ce em Portugal. Os Francezes usao da P. angustifolia j por isso a ponho aqui. Lithospermum. Calyx partido em cinco lacinias , persistente ; co- roUa quasi afunilada, e quasi do comprimento do calyx \ orla fendida em cinco lacinias. 5'4. L. fruticosum. Em Fort. Herva das sete san- grias , ou Saragaça bastarda. Folhas lineares, hispidas ; estaraes iguaes á co- rolla. Fharm. Semente, herva. Semente ovada , crusta esbranquiçada-cinzenta , dura, esplendente; embigo fusco na extremi- dade mais larga. ' Habita nos matos rasteiros , e tapumes nos arre- dores de Coimbra, e outras partes na Beira e Extremadura. Floresce na primavera. Arbusto pequeno. Insípida j núcleo da semente quasi doce, oleoso. Fchium, Calyx partido em cinco lacinias , persistente , co- rolla de tubo curto , orla mais ampla , fendida em cinco lacinias, irregular. 5'5'. E. vulgare. Viperina ordinária. E ALIMENTAR PORTUGUEZA. $í Caule tubercLilado, hispido, folhas caulinas lan- ceoladas , hispidas ; flores espigadas , lateraes. Habita nos campos , muros , e ruinas dos edifí- cios. Floresce na primavera e estio. Annual ou Biennal. Nos authores modernos de Matéria Me- dica não se acha esta espécie ^ nem ou- tra alguma deste género \ nao obstante faço aqui menção delia pelas virtu- des , que attríhuem Dioscorides , Plí- nio e outros dos antigos ao Echium , que , segundo a sua descripçao , parece poder referir-se d espécie vulgare \ e por me parecer que na Flora pharma" ceutica d'*hum paiz nao deve omittir- se vegetal algum em que possa suspei- tar-se virtude. Borago. Calyx partido em cinco lacinias , persistente ; co- rólla arrosetada , orla partida em cinco laci- nias, fauce coroada coai cinco elevações, chan- fradas. 5'6, B. officinalis. Em Fort. Borragem ordinária. Folhas todas alternas , calyces patentes. Fharm. herva , flores. Caule: redondo, carnoso- succolento, levantado, angulado, com sulcos intermédios ; ângulos de- cursivos das folhas, pequenos-, empubescido ; pelos assovelados , hum tanto rijos , pungen- tes , nascidos d' huma base tuberculada , quasi redonda; ramoso, diífuso ; ramos alternos, ro- liços , estriados , hispidos. G 2. ^^ FLORA PHAKMACEUTICA Folhas : alternas , junto dos ramos , ovadas-ob- longas , obtusas, patentes, rentes, amplexicaii- les , quasi decursivas , superiormente verdes , inferiormente garças, hispidas d'ambas as par- tes, venosas-rugosas; as inferiores espatuiadas, d' hum palmo. Corymbo: terminal, bifendido, foliosas, simples, segundino, acenoso. Calyx : perianthio, monophyllo , Iiispido quasi côr de purpura , lacinias lineares-lanceoladas , hum tanto agudas , quasi iguaes , levantadas. CoroUa : roxa do comprimento do calyx , laci- nias lanceoladas, agudas, planas-patentes, quasi iguaes. A fauce coroada com cinco escamas , ovadas , obtusas , chanfradas , quasi carnosas , esbran- quiçadas; huma na base de cada lacinia da co- rolia ; outras cinco insertas na parte exterior de cada filete perto da anthera , mais curtas que as antheras , levantadas. Estames: cinco filetes , carnosos; curtos, esbran- quiçados, turbinados-triangulares, exteriormen- te convexos , anteriormente gibbosos , chanfra- dos em ambos os lados, superiormente levan- tados , hum pouco mais compridos que as es- camas da corolla. Antheras lanceoladas , agu- das, aquilhadas d'arabas as partes, levantadas, convergentes. Pistillo : germe sobreposto , dividido em quatro lóbulos, obtuso, verde, liso. Estylete cylin- drico, esbranquiçado, do comprimento dos es- tames. Estigma troncado. Habita quasi espontânea nos lugares estrumados; cultiva-se nas hortas. Cheiro débil j sabor herbáceo , aquoso. E ALIMENTAR PCRTUGUEZA, C^^ Trhnula, Calyx tubuloso, de cinco ângulos, de cinco den- tes, persistente; corolJa de tubo cylindrico do comprimento do calyx ; fauce aberta , quasi fendida em cinco Jacinias ; estigma globcso ; capsula roliça; d' huma celJula^ aberta no to- po em dez dentes. P. officinalis. Pr. vcris Lin. Em Port. Primave- ra das boticas. Folhas obtusas , crenadas , rugosas ; hasteas mul- tiíloras ; flores todas acenosas , orla da corolla concava. Pharm. raiz, herva , flores. Raiz quasi cylindrica , descendente , toda com vários tubérculos frequentes, e com fibras fili- formes , dispersas ; glabras , esbranquiçadas , hum tanto compridas ; bainhas radicaes , ob- longas , merabranaceas. Hastea : radical , esbranquiçada-cinzenta , simpli- císsima , de comprimento dobrado do das fo- lhas , levantada , roliça empubescida. Folhas: todas radicaes pecioladas, ovadas-oblon- gas , obtusas , rugosas , crenadas , cinzentas pe- la parte inferior, cobertas d' hum cotanilho miúdo, decursivas pelo peciolo, de veios ele- vados forquilhosos ; peciolos trigumeos , es- branquiçados. Umbella: terminal, acenosa , esbranquiçada, cin- zenta, empubescida, simples. Invólucro : pequeno , polyphyllo ; foliolos linea- res-lanceolados , concaves, agudos, desiguaes. Flores: pedunculadas, de diff^erentes idades. Calyx: perianthio, monophyllo , empubescido_j 5'4 FLORA. PHAIIMACEUTICA laxo , turbinado-campanulado , franzido em cinco ângulos, fendido em cinco lacinias. Corolla: amarella, monopetala , assalveada ; tu- bo cylindrico do comprimento do calyx , no meio articulado, de cinco ângulos superiormen- te, e mal assipnados ; orla plana-concava , in- reriormente com cmco maculas mtenores , quasi fuscas , ovadas ; lacinias inversamente cordiformes , toda a face interna estriada, com dez pontos era forma circuLir na margem. Estames : filetes curtissimos , iguaes , em huma serie dentro do tubo \ antheras oblongas, trian- gulares ; incluidas na corolla. Pistillo: germe sobreposto, globoso, glabro; es- tylete cylindrico , inferiormente empubescido , do comprimento do tubo da corolla ; estigma capitoso, quasi fora do tubo. Habita nos sitios sylvestres montanhosos, prados húmidos , em Tras-os-montes ; e outras partes do norte do Reino , mas rara. Floresce era Abril e Maio. Perenne. Raiz recente : cheiro fragrante , análogo ao da herva docej sabor no principio levemente es- typtico , depois hum tanto amargo com aci- dez. Folhas : sabor herbáceo. Flores cheiro gratissi- mo , quasi de mel ; sabor débil , levemente do- ce ^ dissolvem-se facilmente pela masticação^ tingem de amarello a saliva. 5:8. P. elatior. Primavera elevada ou dos jardinei- ros. Folhas obtusas , crenadas , rugosas ; bastias mul- tifloras •, o coUo do tubo da corolla inchado , e orla plana. Cultiva-se nas hortas. Floresce na primavera. Perenne. E ALIMENTAR PORTUGUEZA. $'5' Estas dííãs espécies , q^ue Linneo reputou Dãriedades da P. vcris, tem sido am- bas recebidas nos Dispensatorios phar- maceuticos ; mas a primeira deve ter a preferencia ; 'visto cpíe a segunda não he abonada pelas suas proprieda- des como medicamento ; por esta ra- zão epela mutua substituição os Médi- cos tem enunciado differentes juizos a respeito da sua potencia. Os nossos Médicos e Boticários as distiniruirão muito bem pela ãiscripção circuynstan^ ciada que dou da primeira , e pela maior estatura de todas as partes da segunda , visto crescerem ambas no terreno Portuguez, N, B. Os nossos hervolarios cm lugar da primeira espécie costumao colher e ven- der a Primula acaulis , quejadilho j que alguns julgao ser variedade delia, ou de elatior , mas que o Doutor Brote- ro pensa ser espécie diversa , porque as suas corollas são vastas e aplanadas , a orla do calyx muito aberta , as suas flo- res não são dispostas em um.brella ordi- nariamente ; mas solitariamente postas em pedúnculos radicaes , e quando são umbrellados , o que he raríssimo-, a ^ hastea he muito mais curta do que os pedúnculos da umbreila^ e estes são mui- to acenosos. 5'6 FLORA PHARMACEUTICA Convohulus. Calyx partido em cinco lacinias; corolla quasí afunilada , franzida , grande ; nectario luinia glândula coroniforrae em torno da base do germe; estigmas dous, hum tanto largos; ca- psula bi ou trilocular , raras vezes quadrilo- cular; cellulas mono ou dispermas. 5'p. C. Sepium. Trepadeira dos tapumes. Folhas sagittadas , posteriormente troncadas ; pe- dúnculos quadrangulares , unifloros. Pbarm. herva. Caule enroscado. Corolla branca , grande ; perianthio guarnecido com duas bracteas , grandes , cordiformes , op- postas na base. Habita pelos tapumes , e bordas dos ribeiros. Floresce na Primavera. Perenne. Planta lactescente. Dá hum sueco, que, segundo Haller, tem huma virtude análoga á da Es- camonea. 6o. C. Soldanella. Soldanella , ou versa marinha. Folhas reniformes; pedúnculos unifloros. Pharm. herva. Caule herbáceo , prostrado , inferiormente reptan- te, glabro, anguloso, ordinariamente compri- do , não enroscado. Folhas quasi carnosas , alternas, de longos pe- ciolos , glabras d'ambas as partes , riervosas- venosas. Pedúnculos axiilares , solitários , unifloros , mais compridos que as folhas. Flores purpurascen- tes. E ALIMENTAR PORTUGUEZA. 5^7^. Habita perto da Figueira , e outras partes pelas praias do mar. Floresce em Maio e Junho. Pe- renne. Planta lactescentej sabor salgado, e amargo. Mira bílis. Caíyx partido em cinco lacinias, persistente; co- rolla afunilada; nectario, espherico , carnoso, glabro, sotoposto á corolla ; semente huma só, coberta estreitamente pelo nectario persisten- te. 6i. M. Jalapa. Em Port. Boas noites. Flores amontoadas , terminaes , levantadas. Pharni. raiz. Cultiva-se frequente nos jardins. Floresce no es- tio, Perenne. 62. M. dichotoma. Boas noites , de caule forqui- Ihoso. Flores rentes , axillares , levantadas , quasi solitá- rias. Bharm, raiz. Cultiva-se cora a precedente. Floresce no estio. Perenne. Na primeira espécie : corollas purpúreas, esbran- quiçadas , amarellas , ou malhadas destas cores. Na segunda : flores duas , três , quatro amontoa- das , purpúreas , de noite odoratissimas , meno- res que na precedente, tubo da coroUa quasi peludo. A raiz oficinal foi attrihuida d M. Ja- lapa por Clusio , Linneo , e Spielman. Linneo depois achou mais semelhança H 5*^ FLORA PHARMACEUTICA em quanto d grandeza , casca , e tex- tura entre a raiz officinal ^ e a da M. longiflora. ^ai , Sloane , Houstoun , e Míller as severa o que esta raiz he do Convolvulus jalapa. Mil ler recebe o cP Houstoun a raiz de huma espécie de Convolvulus , que fez distribuir pelos Boticários de Lon- dres ^ que a venderão com muito cre- dito nos seus ejfeitos purgantes ; em consequência do que Linneo a restituía ao Convolvulus com o nome especifico Jalapa , a qual se acha em todas as edições do Systema Veget. , que me foi possível consultar , posteriores á deci- ma. Bergio diz , que applicdra as raizes da M. Jalapa e longiflora sem ejf ei- to , o qual conseguia da dichotoma. jEw quanto a nós^ como no terreno por- tuguez ^ por meio da cultura se produ- zem as duas espécies Jalapa e dicho- toma , offereço os caracteres especificas anhuma e outra a fim de incitar os Bo- ticários a ter nos Dispensatorios as raizes , e os Práticos a tentar as ex- periências debaixo das vistas de evi- tar huma raiz exótica no caso de pos- suirmos huma tornada indígena^ e das mesmas virtudes. "Em quaiito d questão u Se a raiz )9 exótica , que se acha nas officinas , >5 he huma espécie , ou do género Con- )) volvulus, ou do ^(fz/íTí? Mirabilis ?» respondo com Murray^ que nada se op- pÕe a que existao vcgetaes com as mes- E ALIMENTAR PORTUQUEZAí ^() mas virtudes^ posto que de género dif- ferente ; e accrescento^ que neste exem- plo tem quanto precisão os que perten- detn adivinhar a conformidade das nnirtudes dos vegetaes pela afinidade botânica. Lonicera. Calyx de cinco dentes ; corolla tubulosa , longa , orla partida em cinco lacinias, encaracoladas para fóra , desiguaes ; estigma capitoso ; baga quasi redonda, bilocular, polysperma. 63. L. caprifolium. Em Port, Madre-silva capri-^ na. Flores verticilladas, terminaes , rentes \ folhas ci- meiras adunadas-enfiadas. Habita frequente nos tapumes nos arredores de Coimbra , e quasi em todo o Reino. Floresce em Junho , e Julho. Arbusto. Faço menção desta espécie ^ porque ^ se» gundo Scroder ^ pôde usar-se promis^ cuamente com a seguinte. 64. L. periclymenum. Aíadre-silva ordinária , ou periclymena. Cabeças das flores ovadas, imbricadas, termi- naes ; folhas todas distinctas. Fharm. caules. Caules roliços, d' hum cinzento pallido, glabros, articulados , ramosos •, ramos oppostos nas ar- ticulações, semelhantes, de casca ténue, longi- tudinalmente ocos no centro. H 2 èo FLORA PHARMACEUTICA Habita com a precedente. Floresce em Junho , e Julho. Arbusto» Cheiro nullo , sabor débil , levemente amargo. Verhascum. Calyx partido em cinco lacinias, persistente; co- rolla arrosetada , orla partida em cinco laci- nias, hum tanto desigual; filetes ordinariamen- te peludos na base ; capsula bivalve, bilocular. fÇj-. V. Thapsus. Verbasco ordinário. Folhas caulinas ovadas-lanceola^as, decyrsivas , cotanilhosas d'ambas as partes ; caule simples. Tharyn. herva , flores. Raiz ramosa, descendente. Caule simplicíssimo, levantado, de dous ou três pés, cotanilhoso, anguloso pela decurrencia das folhas. Folhas : dispersas , rentes , decursivas , de sete pollegadas, oblongas , inferiormente attenua- das , hum tanto agudas , cotanilhosas diambas as partes , esbranquiçadas-csvcrdinhadas , mar- gem crenada, levantadas; por cima rugosas, por baixo nervosas-venulosas ; as inferiores pe- cioladas , as superiores pouco a pouco menores. Espiga: cylindrica, terminal, quasi rente, de qua- tro pollegadas, ou mais, bracteada ; hracteas lanceoladas , terminadas n' hum topo linear , estreito ; por baixo cotanilhosas , por cima gla- bras , quasi mais compridas que o calyx. Calyx: perianthio , cotanilhoso , ovado-oblongo, fendido em cinco lacinias , lineares-lanceola- das, quasi iguaes interiormente lisas, levanta- das. E ALIMENTAR VOrVMGUElh. 6t Corolla : afunilada, mais comprida que o calyx; tui^o ^labro , crasso , lium tanto curto , cria amarelia , cctanilhosa , fendida em cinco laci- nias , ovadas-oblongas , obtusas-arredondadas, quasi iguaes, voltadas para dentro, a inferior patente. Estames : cinco filetes , filiformes , insertos no tubo, mais curtes que a corolla, três superio- res hum pouco mais curtos , -superiormente la- nuginosos , levantados , dous inferiores m,ais compridos, glabros, inclinados para fera: an- therãs oblongas, bilobadas, levantadas. Pistillo: germe quasi redondo , cotanilhoso, ob- tuso ; estylete filiforme , inferiormicnte cotani- Ihoso , superiormente glabro , do comprimento da corolla ; estigma capitoso , achatado. Habita nos sitios arenosos , estéreis , e matos nos arredores de Coimbra , e outras partes do nor- te do Reino. Floresce na primavera , e estio. Biennal. Folhas : inodoras ; sabor hum tanto amargo, hum tanto adstringente. Flores : cheiro suave ; sabor de mel , ou pingue ; estructura tenra ; em vidro fechado , expostas ao calor do sol , ou de qualquer medo fomen- tadas , depois de longo tempo desfazem-se em hum licinamen fusco, mucilaginoso, oleoso. Datura. Calyx tutuloso , de cinco ângulos, He cinco Sen- tes, caduco, base orbiculada , persistente ; co- rolla afunilada , tubo do comprimento do ca- Jyx j orla franzida , com cinco pregas , de cm~ 02 FLOnA PHARMACEUTICA CO ângulos terminados em hum dente; capsuía quadrivalve , ordinariamente aculeada. 66. D. Stramonium. E:>n Port. Estramonio. Pericarpos aculeados, levantados, ovados; folhas ovadas, glabras, dentadas. Pharm. herva. Raiz branca, ramosa, toda coberta de fibras alon- gadas. Caule: de dous e mais pés, levantado, roliço, glabro , hum tanto luzidio , inferiormente sim- ples , superiormente forquiihoso : ramos hum tanto patentes , miudamente empubescidos. Folhas : alternas , quasi succulentas , pecioladas , ovadas , agudas , glabras d'ambas as partes , hum tanto luzidias , por cima obscuramente verdes , veios por baixo pálidos , com fortes nervuras , quasi alternas , desigualmente sinua- das-dentadas na margem , patentes : peciolos mais curtos que as folhas, roliços, junto do apego á folha , canaliculados superiormente. Fores : axillares da forquilhadura ; pedúnculos curtos , levantados. Calys : perianthio , monophyllo , cylindrico , ar- redondado na base, d'hum verde diluido, miu- damente lanuginoso, de cinco ângulos agudos; orla fendida em cinco lacinias, ovadas-agudas , aquilhadas. CoroUa: branca, afunilada; tuho esverdinhado de de cinco ângulos , mais curro que o calyx ; or- la turbinada , ampliando-se o tubo pouco a pouco, com nervuras quasi dispostas em cinco ordens ; mais comprida que o calyx ; superior- mente ampliada , patente , de cinco ângulos , fendida em cinco lacinias arredondadas, hum tanto curtas, terminadas n'hum ápice linear- assovelado , dobrado ao meio , levantado. Estamcs : j^/ífífj- cinco, assovcladcs, iní^?riormen- te lineares , insertos no tubo , sulcados , supe- riormente livres, do comprimento d'ametnde da orla, levantados; antherãs oblongas, acha- tadas d'ambas as partes , longitudinalmente abertas d'ambas as partes, levantadas, conti- das na corolla. Pistillo : germe sobreposto , obtuso , todo hispi- do ; estylete branco, cylindrico, glabro , do comprimento dos estames ; estigma aclavado obtuso, fendido nos lados. Habita espontaneamente nos entulhos, prados, principalmente nos campos de Valiada, e Coim- bra. Floresce no estio. Annual. Cheiro narcótico ; sabor amargo. He 'variedade da precedente a Dutura ta- tula, da qual somente dijfere pelo cau- le mais elevado^ saturadamente pur- púreo ^folhas maiores^ ás vezes denta- das-sinuadas\ peciolos e nervuras sa- turadamente purpúreos \ calyx e corol- la da mesma cor , ou d'* hum azul di- luído ; aculeos da capsula mais co- piosos , mais compridos , mais ténues. Também se cultiva nos jardins ou- tra variedade D. fastuosa ( Trom be- tões) corolla dupla ou tripla ; pericar- pos tuberculoses , acenosos , glohosos ; folhas ovadas ^ angulares, Brot. Uyosciamus. Calyx fendido em cinco ladnias , tubuloso, bc- ^4 FLOUA PHAílMACE;j^TrCA judo na base, persistente; corolla afunilada; orla tendida em cinco lacinias , obtusas , des- iguaes , huma só mais larga que as outras ; capsula exarada nos lados com hum sulco, bi- locular , entampada. 67-» H. niger. Meimendro negro. Folhas amplexicaul^s , sinuadas ; flores rentes. Pharm. raiz , herva , sementes. Raiz : fusiforme , toda branca , cortada trans\^er- salmcnte ; parenchyma carnoso, esbranquiça- do , centro meduUar orbiculado , cingido de hum disco annular, anneis quasi aproximados, pouco sensíveis. Caule : levantado , roliço , peludo-Ianuginoso , quasi glutinoso , superiormente ramoso ; ramos alternos , levantados. Folhas: alternas, rentes, amplexicaules, ovadas- oblongas , agudas , de miúdo cotanilho , mol- les, pinnatifidas-dentadas, lacinias lanceoladas, agudas , inteiras. Flores : axillares , em hum dos lados da axilla^ quasi pedunculadas. Calyx : periantliio , monophyllo , quasi cotani- Ihoso , lanudo na base , no topo fendido era cinco lacinias, lanceoladas , agudas, aquilha- das , concavas, quasi iguaes. Corolla : tubo cylindrlco , peludo , do compri- mento do calyx, inferiormente branco, supe- riormente estriado, avermelhado; orla, am- pliando-se o tubo pouco a pouco, levantada, patente , cor lutea , desagradável , toda pintada de veios rubicundos ; exteriormente quasi em- pubescida ; fauce purpúrea. Estames : filetes cinco , filiformes , brancos , pe- ludos , levantados, hum pouco mais compri- dos que o tubo; os dous inferiores mais cur- E Alimentar portugueza, 6ç tos, nrqueados; antheras ^ cordatas-Iineares , levantadas. Pistillo: germe sobreposto, ovado, obtuso, gla- bro, superiormente esbranquiçado, inferiormen- te araarellado ; fj/j/ieíí? filiforme , empubesci- do , arroxado, mais comprido que os cstames-, com a mesma fíexura dos estames inferiores, esbranquiçado na base; estigma capitoso, es- branquiçado , quasi fora da corolla. Capsula: dentro do calyx, ovada, obtusa, gla- bra , circumtalhada ; e coberta com huraa tam- pa obtusa , mucronada. Sementes numerosas , obtusas , ovadas , cinzentas , chatas d'ambas as partes, semeadas de peque-» nas depressões. Habita pelos caminhos, ruinas de edifícios na Beira e norte do Reino ; mais raro na Extre-» madura e Alemtejo. Floresce no estio. An- nual ou Biennal. Raiz : cheiro e sabor narcótico, quasi doce, quasi mucilaginoso. Herva : cheiro narcótico , análogo ao do tabaco nas folhas contusas. Folhas : viscosas , mucilaginosas ; sabor fátuo : seccãs , quasi insípido e apenas acre ; cheiro débil; lançadas era brazas scintillao e fulgurão como o nitro; fumo narcótico como o do ta- baco. ^8. H. albus. Meimendro brajico. Folhas pecioladas, quasi sinuadas, obtusas; flo- res rentes. Pha-rm. as mesmas partes da espécie anteceden- te. Habita frequente em todo o Reino pelos entu- lhos, junto dos muros, torres, e lugares seccos mais elevados. Floresce no estio. Annual. I 6d, FLORA PHAMÁCEUTICA Physalís. As mesmas propriedades da espécie antecedente, mas em menor gráo. Calyx bojudo, quasi fendido em cinco lacinias, persistente ; corolla arrosctada , orla fendida em cinco lacinias , franzida ; antheras levanta- das , convergentes ; baga quasi globosa , bilo- cular , contida no calyx , túmida. Pbarm. alkekengi. Ein Port. Alquequenje. Caule herbáceo , inferiormente nu ; folhas inte- gerrimas, duas a duas, flores solitárias. Pbarm, bagas , sementes. Bagas : quasi redondas , o seu tamanho pouco menor que o da cereja , cobertas do calyx , ru- bras , polposas , polyspermas. Sementes : quasi ovadas , chatas d'ambos os la- dos. Cultiva-sc nos jardins pharmaceuticos , e depois da cultura quasi espontânea. Floresce no estio. Annual, Bagas recentes : sabor no principio acidulo , ulti- mamente amargo \ seccas , sabor mais débil. Sementes : hum tanto acres , levemente amargas : calyx intensamente amargo. Solamnn, Cãlyx partido em cinco lacinias persistente; co- rolla arrosetada; orla fendida em cinco laci- nias, franzida , antheras convergentes, ou quasi unidas, no topo dous poros; baga quasi redon- da, bilocular. E ALIMENTAR PORTUGUEZA. 6'f yo. S. dulcamára. Em Fort. Doçamarga ^ ou uva. de cão maior. Caule inerme , arbustivo , flexuoso ; folhas supe- riores alabardinas; rac.imos cyraosos. Pharm. caules , uva. Raiz reptante. Caule: subarbustivo, flaccido , hum tanto roliço,-' quasi anguloso , áspero com pequenas rugas e tubérculos dispersos j ramos poucos, alternos, levantados. Folhas alternas, pecioladas, ovadas , agudas , gla- bras d'ambas as partes , patentes , as inferiores inteiras , as superiores alabardinas -\ peciolos glabros , por baixo convexos, por cima canali- culados. Flores : em cymeira ; cymeiras lateraes , oppositi-» folias, pedunculadas, nuas, acenosas, quasi se- gundinas. Bracteas nuUas ; hum pequeno callo, truncado, na base dos peciolos. Calyx : perianthio, monophyllo , turbinado , pur- púreo , hum tanto pequeno , truncado ; orla fendida em cinco lacinias , pouco apparentes ^ obtusas. Corolla monopetala, azulada; tuho quasi nullo; orla partida em cinco lacinias , agudas, planas- patentes ; na base de cada huma duas nódoas , quas redondas , diaphanas , marcadas no centro com hum ponto rubro, quasi cordiforme. Estames : cinco filetes curtíssimos \ antheras amarellas, lineares, sulcadas, convergentes em forma cónica. Pistillo : germe ov2iào ^ glabro ; estylete ^ssoyq- lado , hum pouco mais comprido que os esta- mes , glabro y estigma obtuso. Habita frequente nos tapumes, e lugares som- I 2 ^g floka pharmaceutica brios e húmidos , Entre Douro e Minho , Bei- ra e Extremadura. Floresce no estio. Perenne. Caules recentes : cheiro grave , nauseoso ; sabor amargo hum pouco, depois adocicado; seccos , sabor mais amargo. Folhas recentes: cheiro fétido, sabor herbáceo. 71. S. tuberosum. Batata solanea , ou ordinária. Caule inerme , herbáceo ; folhas pinnuladas, in- tegerrimas •, pedúnculos divididos sem ordem. Vharm. herva , raiz. Alim. raizes. lEste ^vegetal he utilissimo , nao ohstante pertencer a huma família venenosa^ foi conhecido na Europa no fim do sé- culo XVI. : Sholtz a fez conhecer em I5'90 a G. Bauhino por meio d'*huma estampa: Sv:ry philosopho ^ d''Hollan- da , para onde tinha passado da Itá- lia , para aqui da Hespanha , e para. esta d^ America , fez presente a Clusio em 1588 de duas tubaras, e dofructoi Clusio entre a historia das plantas raras descreve em 1601 ^s tuharas deste vegetal como novas , e accrescen- ta que já então erao anhuma cultura Tulgar nas hortas d^ Alemanha. Berg. Os usos culinares já bastante co- nhecidos , por meio dos quaes se prepa- rão iguarias delicadas ^0 gosto ^ mui- to nutrientes , e de facU digestão ; as 'vantagens na pharmacia ^ já conheci- das ^ e as que ainda em commodo da saúde publica se podem conseguir , não obstante a extensão da cultura desta planta em todas as provindas do Rei- E ALIMENTAR PORTUGUEZA. ^9 no , a tornão digna de cuidados ainda maiores , ccyno já tem sido per tendi do pela Academia das Sciencias de Lis' boa. 72. S. melongena. Beringela roxa ou hranca. Caule inerme, herbáceo; folhas ovadas, cotani- Ihosas; pedúnculos pendentes, engrossados j ca- lyces de raros aculeos. Alim. fructo. Fructos axillares , pedunculados, pendentes. Ba- ga oval ou quasi cylindrica , pouco pesada, quasi da grandeza d' hum ovo de pata, for- mosíssima ; obscuramente arroxada , ou pur- púrea , muito lisa , nitida , obtusa no topo, hum tanto deprimida ; em lugar d'embigo hu- ma nódoa amarellada ; hum pouco convexa hum pouco attenuada na base \ coberta do ca- lyx quasi carnoso , entre arroxado e verde , semeado de muitos pelos entrelaçados e raros , com aculeos pungentes, fendido em cinco la- cinias agudas, entre levantadas e patentes ;^^- rf^^r^jyw^ esbranquiçado , carnoso, firme, de muitas sementes , quasi redondas , hum tanto chatas, dispostas em muitas series longitudi- naes. Ciiltiva-se menos frequentemente que a espécie antecedente; tem huma variedade, que tam- bém se cultiva cm Portugal , de fructo bran- co S. Melongena o-vifera. Floresce no estio. Annual. O fructo cru e cortado de fresco tem o cheiro e sabor análogo ao dos pepinos^ 73. S; Lycopersicura. Tomate. C^ule inerme , herbáceo ; folhas pinnuladas , re- cortadas; racimos simplices. Fructo : tem o mesmo usò que a espécie antece- dente. jCy -FLOT^A PIIARMACEITTICA Cultlva-se nas hortas, e por isso se tem tornado nellas e junto das habitações, qiiasi espontâ- nea. Floresce no estio. Annual. 74. S. nigriim. Herva moura. Caule inerme, herbáceo; folhas ovadas, dentadas- anguladas , quasi glabras ; racimos disticha- - • dos , siraplices , acenosos ; fructo negro. Pharm. herva. Raiz : branca , quasi cylindrica , ramosa , fibrosa. Caule: levantado, roliço, verde, nodoso, entre os nóz angulado , dous ângulos ásperos, op- postos , decursivos de cada pedúnculo até o próximo, todo ramoso ; ramos alternos, sahin- do dos nós , levantados. Folhas junto dos nós , por baixo dos ramos, al- ternas; pecioladas, ovadas, agudas , angulosas, ; quasi carnosas, glabras d'ambas as partes, de miúdas celhas na margem , de duas pollegadas ou mais, segundo o terreno, patentes; pecio- ■■ los meio roliços , por cima angulosos. Racimos em.iimbrellas , que são lateraes do mes- , mo caule, e- ramos, por baixo das folhas , mas no lado opposto , pedunculadas, miudamente empubescidas , simpiices , acenosas , de seis íio- .r.es ou pouco menos. Calyx : perianthio , monophyllo , miudamente ; era.pubescido , obtuso , levantado. Corolla: afunilada.; tubo curto, entre verde e amareilo , do comprimento do calyx ; orla ' branca, lacinias ovadas-oblongas, agudas, com miudissimas celhas na margem, patentes, de triplo comprimento do tubo. 'EsVã.mes: filetes hum tanto curtos , levantados y avelutados , insertos na fauce do tubo; ^;^í/6é'- ras lineares, obtusas, levantadas. Pistillo: germe globoso j sobreposto^ verde, gla- E ALIMENTAR PORTUGUEZA. 7I bro ; estyhte assovelado , do comprimento dos estames , inferiormente avelutado ; estigma capitoso , verde. Habita nos entulhos, lugares incultos, sombrios, e hum tanto húmidos. Floresce no estio. An- nuai. Herva recente : cheiro fétido ^ sabor lierbaceo, he quasi insípida. Capsicum. Calyx fendido em cinco lacinias, persistente; co- roUa arrosetada \ orla fendida era cinco laci- nias, franzida ; antheras convergentes ; baga ex- succa , polymorpha ; sementes pimentosas. 75*. C. annuum. Em Port. Fiynentao cornicahra. Caule herbáceo; pedúnculos solitários. O uso desta espécie e d'outras, que logo referirei, he simplesmente culinar. ri.3 fructo pyramidal longo. Variedades-? 2.^ fructo túmido incrassa- C do. A 2." variedade he o C. grossum Lin. , Fiynentâo grosso ^ ou Vivi- maçaa ^ não obstante o caule annual. Brot. Cultivão-se frequentem.ente nas hortas, nos ter- renos humosos. Florescem no estio. Annuaes do mesmo modo as duas espécies seguintes. 76. C. .bacchatum. No Brasil lhe dáo o nome Com- marim\ os Inglezes Bird pipper. O seu fructo he ynoido na Catana, e faz a base dos pós ^ ■'J% FLORA PHATIMACEUTICA que àallt se expor tão com o nome ãe Phnefi'- ta da Cay afia ^fingindo yyios tarda. 77, C. Fnitescens. Pimentão redondo de planta ar-^ hustiva. Caule arbustivo , pedúnculos solitários \ fructos hum tanto globosos. Rhamnus, Calyx gomiloso , fendido em quatro ou cinco la- cinias; corolla de quatro ou cinco pétalas, rai- iiiraas, escamiformes , na base das lacinias do calyx; estamcs quatro ou cinco; baga de três ou quatro sementes. 78. R. frangula. Eyn Fort. Frangula , ou Amieiro negro. Inerme ; flores monogynas ^ herraaphroditas ; fo- lhas integerrimas. Pharm. casca. Casca : tenaz , viminea ; epiderme olivacea , acin- zentada , interiormente amareliada ; a parte media flava. Habita nos sitios húmidos , pelos matos , ribeiros entre Semide e Lousã , e outras partes septen- trionaes do Reino. Floresce em Junho e Julho. Arvore. Cheiro nullo ; recente , sabor nauseoso ; secca de amargo agradável , e adstringente. 79. R. zizyphus. Maceira da andfega, ou das açu^ feifas maiores. Aculeos dous a dous , hum curvado para fora ; flores digynas; folhas ovadas -oblongas, serrea- das , lisas ; fructos oblongos. Pharm. bagas , ou jujubas. E ALIMENTAR PCIltUGlTEZA. f^ Drupa oval , obtusa d'ambas as partes, pouco maior que huraa azeitona, rubra; 7wz oval turbinada , aguda d'ambas as partes , rugosa , bilocular ; parenchyma da drupa polpa raolle , branca , secca espongiosa. Cultiva-se no Algarve. Floresce na primavera. Arvore. Cheiro : nullo ; sabor doce , mucilaginoso. Esta arvore foi trazida da Syria pelo Cônsul Sexto Papinio para a Itália^ €omo refere Plinio : hoje cultiva-se também na Hespanha e parte oriental da França : ao norte d^ Alemanha sus- tentas e d* inverno em estufas , ondeflo- resce ^ mas não fructifica. Cultiva-se também no Algarve , na. Estremadura , e outras partes do Rei- iio o Rharanus Lotus , cujo fructo he globoso ^ chamado Anafega ou Acufeifa .menor , e possue as mesmas proprieda' Mes qiie a precedente, Brot, Hedera. Flores umbelladas, invólucro mínimo de mui- tos dentes ; calyx de cinco dentes , minimo , em torno do germe ; corolla de pétalas oblon- gas; baga globosa, de cinco sementes, coroa- da do calyx. 8o. H. helix. Etn Port, Hera ordinária. Folhas ovadas, lobadas. Pharm. folhas, lenho, baga, resina. Folhas alternas , pecioladas , glabras d'ambas as K 74 TLOUA THAI^MACEUTICA ' partes, firmes, venosas j na planta m^ de cinco lóbulos agudos , o intermédio mais com- prido ; na de idade media de três •, na Telha cordiformes ou ovadas agudas, intcgcrriraas ; por cima luzidias; por baixo pnilidas. Umbellas: terminaes sirgpliccs: bagas da gran- deza d' huma ervilha, anegradas, estrelíadas no topo, mucronadas, sementes angulosas. Lenho : moUe , poroso. Resina (vulgarmente gomma) : sahe do tronco ou espontaneamente, ou por meio de incisão j composta de fragmentos grandes , compactos , semipellucidos, entre rubro c escuro \ semeados de maculas ou veios rubiginosos. • Habita parasiticamente pelos tapumes , muros, penhascos , e arvores. Floresce no outono. Ar- • busto. Folhas: sabor amargo, austero , nauseoso». Bagas recentes : acidulas ; seccas; sabor resi- noso, e depois acidulo. Kesina: friável, secca , insolúvel na saliva, chei- ro dçbii 5 quasi fragrante , resinoso. Vitis. Calyx de cinco dentes, mínimo; corolía de cin- co pétalas , caducas ; estylete nuUo ; estigma capitoso; baga redonda, e raras vezes ovada ou oval , unilocular , polysperma. 8l, V. vinifera. Em Fort. Videira vulgar do vi'. 7ibo. Folhas lobadas , sinuadas , nuas. Vegetal tao conhççido ^ que seria inútil a E ALIMENTAR POTlfUGTJEZÀ. ^Ç» sua àescripçao , e qtiasi hnpoísivel pe^ las suas numerosíssimas variedades. Poucas substancias naturaes nós mi-' mstrão hum tão grande numero d^ali- mentos e medicamentos : na primeira ordem entrao as troas maduras e re' ce fites , as passas , o arrobe , o vinho , a agua ardente , ( álcool diluido em ngua ) \ na segunda as mesmas sub- stancias ; e , alem delias , o álcool , o cr e mor de tártaro , a potassa , e ynui- tos preciosos medicamentos , de que eS'-^ tes fazem parte» Cultivão-se em amplas vinhas hum grande nu» mero de variedades, principalmente na Extra»- madura , parte septentrional da Beira , Tras- os-montçs, e margens do Douro. Floresce na primavera. Arbusto. Vinca. Calyx partido em cinco lacinías ; corolla asal- veada \ fauce com cinco ângulos , nua .; orla partida em cinco lacinias , truncadas obliqua- mente no topo ; estigma capitoso, sobreposto a huma rodinha, dous foUiculos levantados; sementes não pappilhosas. 82. V. maior. Em Port. Congossa maior , ou Per- vinca. Caules levantados j folhas ovadas , flores pedun- culadas. Pharm. herva. Caules ordinariamente raigotosas nas .'articula-: K z yá FLORA PHARMACEUTICA ' ç3es ; huma glândula grande de cada parte na base do germe. Habita nos tapumes , e nos sítios sombrios , hú- midos. Floresce desde Março até Maio. Pe- renne. Sabor amargo com signaes d'acidez) secca ^ ie*. vemente adstringente. lllecebrum. Corolías de cinco pétalas aguçadas -, persistentes-;- capsula unilocular , de cinco válvulas, monos- perma. S3. I. cymosum. Em Port. Paronychía de fores em cymeira. Gaule herbáceo, levantado, forquilhoso ; folhas, quasi lineares , hum tanto crassas , as inferio- res em verticillo de quatro a quatro; espigas- cymosas, anteriormente segundinas , aproxima-» das, curvadas para fç^ra. Brot. Fhyt. Lusjto Pharm. herva. Raiz: annual, fibrosa, radiculas brancas, curtas, poucas. Caule: solitário, levantado, roliço, filiforme, forquilhoso desde o fundo até o cimo-, empu- bescido , articulado , entre-nóz superiores ion-- gos , os inferior-es curtissiraos; tem duas, três ou quatro pollegadas d'alto ; ramos entre le- vantados, e hum tanto patentes; os inferiores ordinariamente iguaes em altura , ou pouco mais compridos que os superiores , terminados em cymeiras da mesma sorte iguaes ou quasi, de medo, que tcda a planta na florescência re- presenta hum corymbo sobrecoraposto. E ALIMENTAR PORTUGUEZA. ^7 Folhas quasi lineares , ou Jineares-Ianceoladâs, agudas , imicronadas , hum tanro crassas , por cima hum tanto convexas , margens quasi en- caracoladas para fora: por baixo canalicula- das , glabras d'ambas as partes ; no meio da largura de meia ou d'lnima linha , do compri- mento de duas até três, rentes, patentissimas j as inferiores e médias ordinariamente verticil- ladas quatro a quatro; as superiores contiguas ás cymeiras, terrainaes, ordinariamente duas oppostas, menores. Estipulas: duas na base ds cada folha (de cada parte sua) miudissimas, raembranaceas, assove- íadas , quasi empubescidas. Flores: cymosas; cymeiras muitas-, terminaes nO' caule e nos ramos (raras vezes huma lateral na penúltima articulação, rente ou quasi) for- quilhosas , divididas três ou quatro vezes ; raios curtissimos muito aproximados, os, exte- riores curvados para fora, flizendo assim cy- meiras quasi capitosas ; flores numerosas , an- teriormente segundinas , alternas, contigua^, rentes, huma só quâsi rente. na primeira ou se- gunda dichotomia. Bracteas : huma a cada flor do raio, miudissima, muito mais curta que o calyx, membranacea esbranquiçada, pellucida, ovada ^ aguda, con- cava, quasi empubescida. Integunienro da flor hum só. Perianthio: (também se pôde dizer corolla) dé cinco foi 10 los, três externos, pouco maiores dous internos mais estreitos , todos glabros com dous appendiculos na base; superiormente mais crassos, vistos á lente quasi papulosos, aca« pellados-rebatidos ; de curtas praganas exterior-^ mente, interiormente côncavos 3 na antheseies- .78 FLORA PMARMACEiyTiCil vantados-patentes , esbranquiçados , íeremetité verdes no meio do disco ; depois fechados , verdes, persistentes, deus mais estreitos no cen- tro dos três mais largos. Estames : cinco, curtissimos, ou d' hum compri- mento menor que a quarta parte do calyx ; in- sertos no receptáculo no fundo do calyx ; file^ tes assovelados, pallidos; antheras quasi re- dondas , biloculares , fiavas. Pistillo : geryne ovado , agudo , liso ; estylete único, mínimo, pouco mais curto que os esta- mes \ estigma obtuso , algumas vezes quasi chanfrado. Capsula estreitamente coberta com ocalyx,mem- branacea , oval , coroada com o estylete , uni- Jocular , sem válvulas, abre-se inferiormente dilacerando-se. Semente: huma só, oval. aguda, lisa , fíava. Habita nos matos áridos, collinas arenosas, ma- gras, nos arredores de Coimbra , e outras par- tes na Beira, e Alem-Tejo nos arredores de Setúbal. Floresce em Maio ejunho. Annual. Toda a planta he hum tanto amarga , e adstrin- gente. 84. I. echinatum. Em Fort. Varonychia ouriçada. Caule quasi ramoso , obliquo ou descabido ; flo- res glomeradas , axillares , numerosas , quasi nuas- calyces inferiormente bojudos, hirsutos, rijamente aristados no topo. Tharm. herva. Raiz : annual , inferiormente fibrosa , ténue no collo , filiforme. Caule: roliço, filiforme, articulado, articulações inferiores apprOximadas ; quasi empubescido ; nos terrenos magros, arenosos e áridos levan- tado; ou obliquo, do comprimento de três até E ALIMENTAR PORTUGUEZA. 7^ cinco pollegadas, solitário, simplicissimo, ou simples ; inferiormente hum ou outro ramo hum pouco levantado , raras vezes dous ou três da mesma raiz; nos terrenos férteis cinco até sete e mais pollegadas de comprimento, le- vantado depois de descabido , mais ramoso j ramos ordinariamente alternos. Folhas: duas, oppostns nas articulações , muitas vezes quatro, duas das^ quaes menores, perto do gommo do novo ramo, gomrao quasi sem- pre sufFocado pelas flores visinhas , ordinaria- mente quasi segundinas , e declinadas das ca- beças das flores, quasi rentes, lanceoladas , mu- cronadas no topo, glabras d'ambas as partes, inteiras, quasi celheadas •, vistas á lente miudis- simamente serreadas , do comprimento de três linhas e meia , de largura de duas ou pouco mais no meio ; mais compridas que os entre- nóz do cimo e do fundo , hum pouco mais curtas que as do meio.. Estipulas: duas na base de cada pecioío curtissi- fno, levantadas, ovadas, agudíssimas, integer- rimas , glabras, membranaceas, esbranquiçadas , pellucidas , do comprimento de linha e meia. Flores em cada articulação do caule e ramos, capitosas , outo até doze e mais , no centro das cabeças rentes, na orla quasi rentes. Bracteas pouco a baixo do calyx, ou na base do pedúnculo, três, pellucidas-menbranaceas, ova- das, agudas, celheadas, quasi do comprimen- to do bojo do calyx. Tegumento da flor hum só. Perianthio corollino , de cinco foliolos , infe- riormente gomiloso-bojudo, hirsuto; superior- mente glabro, foliolos quasi do comprimento • de linha e meia, iguaes em altura e largura ^ 8o FLORA PHARMACEUTrcA quasi lineares; superiormente hum pouco mais largos; topo interiormente concavo, acapella- do, quebrado para traz, posteriormente hum tanto agudo , terminado era huma pragana hum tanto rija, do comprimento d'huma ]i~ nha ; na anthese abertos, verdes no disco, mem- branaceos na orla; esbranquiçados, depois ab- solutamente verdes , fechados , praganas hum tanto rijas, persistentes, fazendo a cabeça echi- niforme. Estames : dez filetes , cinco férteis , assovelados esbranquiçados , dilatados na base , insertos no receptáculo no fundo do calyx , quasi do com- primento da quarta parte dos follolos do ca- lyx , e oppostos aos mesmos ; ãntheras vacil- lantes , amarellas , quasi redondas , cJianfradas d'ambas as partes , biloculares : os outros fíle- :tes sem anthcras assovelados, alternando com os férteis, e apenas menores que ellcs. Tistillo : germe sobreposto , quasi globoso, gla- bro, visto á lente superiormente quasi erapu- bescido ; estylete capillar, levantado, do com- primento dos estames ; estigma chanfrado, ou levemente bifendido. Capsula: fechada estreitamente pelo calyx, quasi globosa , mcmbranacea , unilocular , sem vál- vulas , rasgando-se pela base. Semente : huma , ova-da-quasi-redonda , çsfada- mente aguda, lisa, exteriormente ornada d'hura funiculo umbilical , hum tanto comprido. Habita nos sítios áridos, arenosos, e matos es- téreis nos arredores de Coimbra , e outras par- tes da. Beira. Floresce na primavera. Annual. Cheiro nullo , levemente adstringente. 85. I. Paronychia. £77/ Fort. Faronjchiã ordinária , Herva prata , ou Herva dos unheiros, ■ É ALTMEoTTAR PORTUGUEZA. 2í Flores guarnecidas de bracteas nítidas , caule prostrado, folhas lisas. Habita nos sitios arenosos ao redor de Lisboa , Coimbra , e outras partes. Floresce na prima- vera. Ferenne. NãO tenho achado estas três espécies nof catálogos de Mat. Med. , porém pelas propriedades da primeira e segunda , e pelas denominações Portuguezas da- segunda e terceira julguei as deviúf. fazer entrar na Flora Pharmaceutica de Portugal. A respeito da sua distincçao bota' nica observa o Doutor Brotero, que a capsula de todas as espécies deste gé- neros ^ que tem visto em Portugal ^ ex- cepto a do I. verticillatum, não consta, de cinco válvulas \ e por tanto, que, pa- ra se não confundirem com as dos gé- neros, que com este tenhao hum a afini- dade próxima , se deverá tirar o seu caracter das partes do tegumento da for, superiormente acapelladas-reba- tidas , e posteriormente aristadas. Anagallis. O calyx partido em cinco segmentos , persisten- te ; a corolla rosetada, partida também em cin- co lacinias ; a capsula unicellular, giobosa, cir- cumcidada. 86. A. ph^nicia. Em Port. Murriao vermelho. Caule prostrado ; follias ovadas-ianceoladas , mais L Si FLORA. í>HARMArtUTICA curtas ordinariamente do que o pedúnculo ; os segmentos do calyx lanceolados. Pharm. Jierva. Esta planta tem huma raiz curta , filamentosa ; as suas radiculas sáo tortuosas , e guarnecidas de fíbrillas também curtas. Os seus caules sao glabros , angulosos , fracos , e deitados sobre a terra; dividem-se em ramos semelhantes a el- Jes, hum pouco remontantes. As folhas são ren- tes, fronteiras huraas ás outras, rarissimamen- te três em verticillo , ovadas, pontudas , gla- bras, verdes, indivisas na margem, patentissi- mas, e ás vezes hum pouco inclinadas para bai- xo. As flores sao axillares das folhas, ao lon- go dos ramos, sostidas em longos pedúnculos revirados para baixo, principalmente na madu- reza do fructo. As cinco lacinias do calyx sao mais curtas do que a corolla, a qual he de côr escarlate. Habita frequentemente nos campos, pastos, hor- tas , e lugares cultivados era quasi todo o Rei- no. Floresce na primavera , e verão. Annual. A herva colhida fresca e verde , he succosa , e inodora ; sendo mastigada indica no principio hum sabor oleraceo , depois cora alguraa acri- monia branda. O sueco espremido e condensa- do, como também a infusão da planta secca , tem as mesmas propriedades amargas e acres. J»7. 5. O Murrião azul ( Anagallis c£ru~ lea^ segundo Linneo, e muitas Pharma- copéas Francezas , he huma variedade desta planta; e com eíFeito ella he ás ve- zes tão equivoca no habito externo e propriedades , que só parece differir na côr azul da sua corolla ; porém a mais E ALIMENTAR PORTUGUEZA. 85 usada he a de cor escarlate. Alguns her- volarios , e Boticários costuraao mistu- rallas, e mesmo confundillas inteiramen- te com a Morugem vulgar {Alsine me- dia') ^ o que he hum grande erro, por- que esta planta he muito diversa dos Murrióes tanto no género e espécie, co- mo nas suas inertes propriedades. Viola. Calyx de cinco foliolos prolongados na base ; co*< rolla irregular ; de cinco pétalas, a superior es- porauda ; estames cora dous appendices , que entrão no nectario; capsula unicellular, trival-» ve. V. odorata. Eyn Port. Violeta cheirosa orãina* ria. Sem caule, folhas cordiformes; estolhos reptan-» tes. Vharm. herva , flores , sementes. Raiz: filiforme, de sete pollegadas, reptante , horisontal , d' hum amarello hum pouco sórdi- do, glabra, fibras esbranquiçadas, filiformes ^ fibrillosas , descendentes, alongadas. Folhas: todas radicaes, pecioladas, patentes, cor-» diformes , obtusas, e crenuiadas na margem, miudamente celheadas ; por cima glabras , li- neadas com nervuras e veios arqueados j por baixo erapubescidas nas nervuras , d' huraa pol- legada ou mais j peciolos levantados , empu- bescidos ; por baixo convexos ; por cima pla- nos-canaliculados, mais compridos que as fo- lhas. L 2 $4 FLORA PHARMACEUTICA Estipulas: duas, radlcaes, membranaceas , lan- ceoladas , agudas , serreadas-celheadas. Estolhos: de três pollegadas , prostrados, roli- ços, pallidamente esverdinhados, foliosos. Pedúnculos: radicaes , filiformes, cmpubescidos hum tanto purpúreos, d'huma parte convexos , da outra sulcados j mais curtos que as folhas, unifloros. Bracteas : lineares, duas, oppostas no meio do pendunculo. Flores : acenosas. Calyx: perianthio , pentaphyllo ; foliolos apega- dos , ovaes-lineares , obtusos , glabros , mas semeados d'atomos elevados , entre verdes e fuscos, levantados, dous de cada parte, late- raes , imbricados , hum superior. Corolla : arroxada , pentapetala , de comprimento dobrado do do calyx ^ irregular; pétalas inver- samente ovadas , obtusas-arredondadas , quasi iguaes, unguiculadas na base hum tanto bran- cas, quasi barbudas; as duas superiores volta- das para fora , olhando para cima ; lateraes duas , oppostas , patentes ; a inferior olhando para baixo; estrias fuscas, quasi parallelas, jun- to da base , e duas callosidades lineares que comprehendem huma cavidade , com hum es- porão posteriormente , cónico , obtuso , curva- do para fora , prominente entre os foliolos do calyx. Estaraes : filetes quasi nullos ; antheras , cinco, pallidas, convergentes ; quasi quadrangulares , sulcadas no meio , abertas em ambos os lados , no topo huma escama , ovada-oblonga, obtusa , amarellada , levantada-, duas das antheras de- cursivas em dous appendices , assovelados, cur- vados para dentro , comprimidos , introduzidos no esporão. E ALIMENTAR TORTUGUEZA. 85' Pistilo: germe sobreposto, cónico quasi angula- do erapiibcscldo ; estylete inversamente asso- velado , glabro , anzolino no topo •, estigma lateral, assovelado , obtuso, terminado n' hu- ma seda empubescida , molie. Capsula : ovada , obtusa , purpúrea clara , toda semeada d'atmcs , em.pubescida , de seis ân- gulos , três alternadamente incrassados, arre- dondados, três alternadamente pequenos j uni- cellular , trivalve. Sementes: muitas, inversamente ovadas, obtusas, glabras , dispostas longitudinalmente em três ordens , pedunculadas. Habita nos soutos de Monchique no Algarve , cultiva-se frequente. Floresce desde Março até Maio. Perenne. Folhas: cheiro quasi nullo, sabor herbáceo. Flores: cheiro suave, sabor débil. 58. V. tricolor. Violeta de três cores , ou Amor perfeito dos floristas. Caule diffuso ^ folhas oblongas, recortadas pin- natifidas , estigma gomiloso. Tharm> herva. Kaiz: filiforme, esbranquiçada, descendente, gla- bra , no topo ranicsa-f brosa. Caules: muitos d' huma só raiz prostrados, sim- plices, triangulares, ásperos, obscuramente ver- des. Folhas : alternas , de longos peciolos , ovadas , obtusas , recortadas-crenuladas , iium tanto ás- peras, unguiculares ; peciolos quasi' de três fa- ces, superiormente bicanaliculados. Estipulas : duas , oppostas , oblongas , pinnatifi- das , lacinias lineares , obtusas ', miudamente celheadas , lado exterior amplexicaulc profun- damente pinnatifido) a intermédia cuneiforme, jcccrtí.da. ^<^ FLORA PHARMACEUTICA Pedúnculos : filiformes , de três faces , hum tanto ásperos, nus, unifíoros, do comprimento do- brado do das folhas. Bracteas : duas, pequenas, quasi oppostas , ova- das-agudas , alabardinas na base , hum tan- to concavas , membranaceas , de côr ferrugi- nea. Flores : acenosas : calyx perlanthio , de cinco fo- liolos , lincares-lanceol-idos , agudos , miuda- mente ásperos , entre levantados e patentes ; inferiormente huma dobradura apegada for- mando huma apophyse , truncada-retraçada , chata. Corolla : irregular, de cinco pétalas, inversamen- te ovadas , reflexas-patentes ; as duas superio- res arroxadas , unhas voltadas para fora ; as duas intermédias oppostas, hum pouco me- nores , violaceas-esbranquiçadas ; estrias três , azues, a unha desde o topo até a base com hum collo barbado j a inferior maior, mais larga , espathulada , despontada , branca , hum tanto concava na base, amarella com cinco ou sete estrias anegradas; por baixo hum esporão, purpúreo , cylindrico , incurvado-levantado , obtuso. Estames : filetes desadunados , três curtíssimos, dous mais compridos , introduzidos no espo- rão; a união á2.s antheras hemispherica ^ es- triada , esbranquiçada , terminada em cinco denticulos, Pistillo : germe sobreposto , ovado , miudamen- te áspero , angulado \ estylete curto , íiexuoso na base •, estigma máximo, capitoso, concavo, anteriormente furado , cavidade orbiculada. Habita nas vinhas e entre as searas nos arredo- res de Lisboa j cultiva-se frequentemente nas E ALIMENTAR PORTUGUEZA. ^7 hortas, e depois provem espontânea. Floresce na primavera e estio. AnnuaJ. Raiz : cheiro e sabor agradáveis. Herva : cheiro da raiz, porém ma(s débil; sabor glutinoso. í)(7. V. canina. Violeta silvestre ordinária. Caule : mais adulto remontante j folhas cordi- formes , hum tanto oblongas. Pharm. raiz. Raiz de varias flexuras, nodosa, muito fibrosa; casca d' hum fusco esbranquiçado ; parenchy- ma branco. Habita pelos tapumes, nas brenhas hum tanto húmidas , e nos pastos. Floresce desde Maio até Junho. Perenne. Secca : cheiro mucoso • insípida. jLohelia. Calyx fendido em cinco lacinias , mínimo ; co- rolla monopetala; tubo hum tanto cylindrico, por cima longitudinalmente dividido no dor- so; orla profundamente partida em cinco laci- nias, irregular; estigma hispido ; capsula ova- da , bi ou tricellular , bi ou trivalve. 5?o. L. urens. Em Port. Lobelia urente , ou queima lingua. Caule hum tanto levantado ; folhas radicaes quasi redondas, crenuladas ; as superiores e inferio- res lanceoladas, serreadas ; flores racimosas. Habita nos sitios húmidos. Floresce era Maio e Junho. Arjiual. A nossa he , segundo o Doutor Brotero , variedade da L. urens de LinneOj^or- 8B FLORA PHARMACEUTICA que as folhas inferiores nao sao quasi redondas , raas só as primeiras radi- caes. Não me consta que ella tenha entra^ do nos catálogos de Mat. Me d. ; mas eu julguei que em razão do sabor urente a devia fazer entrar na nossa Flora Pharmaceutica •, e por pertencer a hum género, que dd outra espécie ã Medicina L. sypliilitica, da qual se tem, obtido bons ejf eitos nas moléstias , que indica o seu jwme especifico , mas que não habita em Portugal, o R r> E M 2/ Digynia. *Asclepias, Corolla fechada , retorcida ; nectarios cinco , ova- dos, acapellados, rostrados ; pericarpos dons folliculos -y receptáculo livre ^ sementes pappi- Ihosas. 91. A. vincetoxicum. Em Port, Herva contra vene- no ou Vincetoxico. Folhas ovadas, barbudas na base; caule levanta- do, urabellas proliferas. Pharm. raiz, herva. Raiz recente : oblonga , cylindrica , ou hum tan- to plana, horisontal, reptante , hum tanto cur- ta , superiormente cinzenta , áspera , notada cora cicatrizes caliosas , rugosas ; iiiferiormeii- E ALIMENTAR PORTUGUEZA. 89 te ornada de fibras numerosas , aggregadas , fi- liformes , brancas , quasi carnosas , glabras , descendentes , alongadas. Pontos germinatítes encarnados, dispersos, imbricados de escamas ovadas , obtusas , conchegadas. Parenchyma. da raiz hum tanto solido, cortada transver- salmente variegado; o das fibras branco, cor- tadas transversalmente hura ponto central quasi redondo. Caules muitos d'huma raiz maior, d'outra me- nor solitários, levantados , d' hura pé , ou mais roliços , glabros , d' huma e outra parte huma linha longitudinal empubcscida; simplices, ver- des, articulados hum tanto purpúreos na base , semeados de escamas dispersas, ovadas, agu- das , hum tanto convexas. Folhas: nas articulações do caule oppostas, de curtos peciolos , cordiformes , agudas , de duas pollegadas, patentes, glabras d'ambas as par- tes, miudamente celheadas na margem, ner- vosas-venosas. Peciolos empubescidos , por ci- ma canaliculados, por baixo convexos. Corymbos : axillares , quasi oppostos , de longos pedúnculos , quasi acenosos , empubescidos. Calyx : perianthio, raonophyllo, turbinado, quasi erapubescido , fendido em cinco lacinias li- neares , obtusas , conchegadas á corolla , pa- tentes no topo. Corolla : monopetala, esbranquiçada, fendida em cinco lacinias, ovadas oblongas, agudas, pa- tentes, ou reviradas , mais compridas que o ca- lyx. Nectarios : sao cinco escamas , ou orelhinhas , concavas , carnudas , mais curtas do que a co- rolla , fronteiras ao calyx, e lançao da sua ca- vidade hum fio inclinado para o meio da flor, M ^Ò FLOBA PHARMACEUTICA "Estãvnes-.ji/efps cinco, lineares, levantados, con- vergentes , dentro do nectario , e apenas do seu comprimento^ antheras membranaceas, no to- po huma rodinha pentagcna. Pisti'lo": germes dous, ovados, glabros ; estyle- tes curtos ; estigmas obtusos. Habita nas matas e matos do Gerez. Floresce em Maio e Junho. Perenne. Raiz : recente cheiro hum tanto forte nauseoso j secca j as mesmas propriedades , menos inten- sas \ sabor no principio quasi doce, depois hum tanto acre. Herva : cheiro débil j sabor herbá- ceo. Herniaria. Calyx partido em cinco lacinias; coroUa nulla , filetes dez , cinco dos quaes estéreis • capsula monosperraa, coberta do calyx, mal aberta. 92. H. glabra. Em Port. Herva turca. Herbácea, prostrada, glabra, glomerulos multi- floros em forma d'espiga. Vharm. herva. Raiz: perenne, filiforme, ramosa. Caules: muitos d' huma só raiz, prostrados, ver- des, roliços, mal empubescidos , articulados, ramosos. Folhas alternas , quasi rentes , ou de curtos pe- ciolos ovados- hum tanto oblongos; attenuadas inferiormente , no topo hum tanto agudas , quasi carnosas , glabras, do comprimento d'hu- ma linha , patentes. Estipulas tenras membranaceas , esbranquiçadas, ovadas, agudas, levantadas. Glomerulos de flores : lateraes , oppositifolios , E ALIMENTAR PORTUGUEZA. pi rentes, quasi redondos, foliosos ordinariamen- te em todo o raminho , e por isso representão espiga?. Habita nos terrenos magros , pelos marachões arenosos , nos arredores de Coimbra , e em ou- tras partes na Beira , e nas mais- Provincias do Norte. Cheiro : nullo ; sabor pouco differente do herbá- ceo; a infusão com tudo levemente amarga, e com o sulfato de ferro obscurece-se. Chenopodium. Calyx partido em cinco lacinias , de cinco ner- vuras \ corolla nulla ; semente única , lenticu- lar, horisontal, sobreposta, coberta do calyx convergente ; tegumento hum tanto duro , frá- gil, embrião annullar. p3. Ch. vulvaria. Em Fort. Fuharia , o\x fedegO' Sã, Folhas integerrlmas , rhomboideas-ovadas j flores apilhadas, axillares. Fharm. folhas. Habita frequente junto dos muros , caminhos , nos arredores de Lisboa , Coimbra , e outras partes da Extremadura, Beira, e mais Provin- cias do norte. Floresce era Junho até Agosto. Annual. Recente : cheiro ingrato , análogo ao do peixe salgado e quasi podre , conserva-se muito tem- po nos dedos que a tem tocado; mais débil nas dos entulhos do que nas dos terrenos-, hú- midos ; mais débil nas seccas , nas quaes des- apparece pouco a pouco 3 sabor nauseoso. M 2 C}Z floba phArmaceutica ^4. Ch.botrys. Botrys ordinário^ ou Ambrósia das hoticas. Folhas oblongas, sinuadas ; racimos nus, multi- íloros. Tharyn. herva , semente. Caule: levantado, apenas d' hum pé, ramoso, anguloso , estriado , hirto-escabroso j ramos al- ternos , levantados. Folhas : alternas , pecioladas , oblongas , obtusas , glabras, runcinadas ; lóbulos alternos, obtusos , angulosos ; sinuosidades obtusamente escava- das. Racimo : terminal , alongado, quasi folioso, com- posto de racimulos, dous a dous, forquilhosos j nus, hirtos-escabrosos, segundinos ; flores quasi rentes. Perianthio partido em cinco lacinias , lineares- ovaes, agudas, hirtas, verdes. / Corolla nulla. Estam.es : filetes cinco , assovelados , esbranqui- çados, pouco mais compridos que o calyx ; an-^ theras triangulares , esbranquiçadas. Pistillo : germe sobreposto , obtuso truncado ; dous estyletes capillares , do comprimento dos estames j estigmas simplices ; sementes orbi- culadas , chatas , fuscas. Habita nas margens do Douro. Floresce no estio. Annual. Herva ; recente d' hum contacto resinoso , vis- coso j cheiro forte, balsâmico, hum tanto in- grato; sabor aromático, hum tanto amargo: secca , cheiro e sabor semelhantes j semente fragrante. 95*. Ch. ambrosioides. Ambrósia do Mcxico^ouHer- ua formigueira. Folhas lanceoladas , dentadas j racimos foliosos, simplices. E ALIMENTAR POUTTJGUEZA. 93 Habita frccuente jurto do Tejo , Mondego , Douro , Minho , e também pelos ribeiros e tapumes húmidos quasi em todo o Reino. Floresce em Junho até Setem^bro. Annual. Cheiro e sabor como os da antecedente, e mais forte, principalmente o cheiro. O nome de Chá Mexicano , que se tem da- do a esta espécie , faz recordar o seu ' anti iro uso , e elogios em lugar do da China : este uso era antigamente mui- to frequente na parte yneridional da Baixa-Saxonia , Baviera , Hungria , e Silesia ; ynas , aleyn de não ter o mere^ cimento do da China , pela sua virtu- de estimulante ^ não se deve fazer dei- te hum uso quotidiano. ^5. Ch. maritimum. Té de ganso marítimo. Folhas assoveladas , semicylindricas ; flores axií- lares , empilhadas j sementes luzidias, hum tan- to negras. Bharm. herva. Caule : levantado, altura de sete até quatorze pollegadas , ás vezes obliquo, ramoso. Folhas : quatro até treze linhas de comprimen- to, semicylindricas, ou também superiormente hum tanto convexas, glabras , succulentas, de hum verde diluido, e algumas vezes côr mista de verde e esbranquiçado. Flores : axillares , rentes , ordinariamente duas até quatro, poucas solitárias. Semente : coberta estreitamente do calyx , no fundo delle debaixo d' huma membranasinha, lentiforme ; tegumento externo negro, luzidio, crustáceo, frágil j embrião filiforme, e náo ^4 FLORA PHARMACEUTICA enroscado, ou inversamente conico-espiral, mas levemente retorcido em hum anncl applanado- espiral. Brot. Habita frequente nas margens do Tejo , princi- palmente perto do Seixal : no Mondego perto da Figueira e outras partes. Floresce em Agos- to au; Outubro. Annuai , e ás vezes biennal. O Doutor Brotero nota que esta espécie tem o habito da SalsoJa , mas as se- mentes do Chenopodium : he huma das plantas que dão soda pela incinera^ ção , e pela infusão evaporada huma crystallisação salina. Beta. Calyx partido em cinco lacinias, de cinco nervu- ras dorsaes , convergente na maturação da se- mente j corolla nulla ; germe quasi sotoposto \ semente horisontai reniforme , envolvida na base capsular do calyx. 97. B. vulgaris. Em Port. Celga^ ou Acelga brava, FJores congregadas , três a três , ou quatro a quatro; caule levantado. Pharm. raiz. Raiz: fusiforrae, crassa de sete pollegadas , pur- púrea rugas transversaes , çafcidas ; parenchy- ma carnoso, succulento, quasi intunicado, pur- púreo; transversalmente cortada, variegada de annels esbranquiçados e purpúreos ; centro me- duUar quasi redondo , esbranquiçado. Habita nos campos e valles hum tanto húmidos nos arredores de Lisboa , Coimbra , e outras partes. Floresce no estio. Annuai ou biennal. E ALIMENTAR PORTUGUEZA. ç^T Ha mv.it as 'variedades ãeduz-idas da cor e forma das raizes , e da cor verde das folhas mais ou menos saturada. Cultiváo-se com preferencia nas nossas hortas as duas variedades seguintes: i/ Beta vul garis alba vel palie scejis. Acel- ga hortense. 2/ Beta vul garis ruhra r adice rap£. Betar- raba , ou Celga vermelha napiforme. ^sta segujida variedade ^ cultivada jun- tamente com as outras ^ dentro de pou- cos annos degenera pelo coito floral , e torna-se B. vu]garis rubra radice cylin- dracea , dura, ou Celga vermelha fusi- forme. A primeira he a B. Cicia Lin. , cujo aso principal he cu lin ar , de virtude hum tanto ecoprotica j por isso dou aqui a descripção. Raiz : fusiforme , branca , da grossura d' huraa pollegada e muito mais , rugas transversaes ; no topo áspera com escamas amontoadas, hum tanto rijas , fuscas. Caules : muitos d' huma raiz, de dous ou três pés, levantados, flaccidos, verdes, glabros, es- triados-angulosos, ramosos; ramos vergontea- dos, levantados, alternos, alongados, confor- mes ao caule, simplices, glabros hum tanto, nodosos na base. Folhas: quasi succulentas; as radicaes vastas, le- vantadas , verdes , ou verdes-pallidas, pecioía- das , ovadas, obtusas-arredondadas , inferior- mente mais largas , peciolo produzido pelo 96 FLORA PHARMACEUTICÀ prolongamento da base, levemente decursivas, margem franzida; glabras d'ambas as partes, lisas, assoveladas-, as caulinas nas articulações dos ramos, alternas, pecioladas , ovadas, ob- tusas, também glabras; as dos ramos yneno^ res inversamente ovadas. Espigas : filiformes , compridíssimas ; pilhas das flores dispersas , rentes , remotas , quasi triflo- ras. Bracteas : lineares, estreitas, solitárias , hum pou- co mais compridas que as pilhas das flores, e sotopostas. Calyx : periantliio, monophyllo ; escamas linea- res-ovadas, obtusas, concavas, aquilhadas , pa- tentes , insertas logo por baixo da margem d'abertura do calyx. Estames : filetes cinco , curtos , cada hum entre duas escamas do calyx; antheras biiobadas, ovadas , regoadas de huma e outra parte. Pistillo: germe quasi sotoposto, quasi redondo, todo coroado pela margem do calyx; estyle- tes curtíssimos ; estigmas acinzentados. Pericarpo: capsula formada do calyx hum pouco endurecido, unilocular. Semente huma enroscada. Raiz : cheiro débil ; sabor adocicado , hum tanto aromático. Salsola. Calyx partido era cinco lacinias; coroUa nulla; semente única , coberta do calyx convergente , tegumento raoUe membranaceo ; j^embriao en- roscado. E ALIMENTAR PORTUGUEZA. 97 ^8. S. Tragus : Em Port. Trago espinhoso , grama- ta, ou harrilheira espinhosa. Caule levantado , inferiormente ramoso ; folhas assoveladas, espinhosas, glabras , calyces axil- lares, patentes, membranaceos na margem. Fharm. herva. Caule : d' hum pê ou pé e meio , glabro , como toda a planta , levantado , ramoso junto da raiz ; ramos compridos ou prostrados , topo le- tado Folhas: rentes, inferiormente mais largas, ter- minadas n' hum espinho. Flores : rentes , axillares , de cada parte huma bractea , semelhante ás folhas, porém mais cur- ta. Semente : única , coberta do calyx , quasi glo- bosa \ tegumento raembranaceo , tenuissimo ; embrião hliforme enroscado, globoso-inversa- mente cónico. Habita nos sities maritimos do Tejo ; nos cam- pos de Vallada e GoUegã ; nos do Mondego perto da Figueira. Floresce no estio. Annual. Alguns Botânicos , reconhecendo grande ajjinidade entre esta espécie e a ^. kaii , diz^em que ellas se devem distinguir coyno espécies di ff crentes \ cpuerendo que na S. kali as folhas crassas , lineares- lanceoladas , ásperas ou hispidas por baixo e na margem , caule decumhen- te ^ calyces ovados ^ de margem mem- hranacea , patente ou levantada ; e que 72a S. T\:àg\xs as folhas Jil formes j de margem membranacea^ celheada, mais ^ compridas , e ynais estreitas , calyces ovados, membranaceos, sejão sufjicien-- 9 8 FLORA PHARMACEUTICA tes -para tal distincçao : o Doutor Bro- fero com Willich , e Gmelin , repintan- do estas 7iotas variantes ^ e não se op- ponão entre os antigos nem G. Bauh. , 7iem outros Botânicos seus contemporâ- neos , julgão que ambas são huma só espécie, ^p. S. soda. Soda maior ^ gramata maior ^ ou har^ rilhe ir a maior. Herbácea , patente ; folhas inermes. Fharm. herva. Folhas : longas , carnosas , patentes , largas na base. Flores : axillares , rentes. Semente : semelhante á da espécie antecedente , porém maior. Habita nos sitios maritlmos do Tejo e do Mon- dego perto da Figueira , e outras partes. Flo- resce no estio. Annual. Estas duas espécies , principalmente a segunda , são itnportantissimas na Me- dicina , e jias artes pela soda^ que del- ias se extrahe pela incineração , e ^ se he verdade , como parece ao Doutor Brotero, como acima referi ^ que a pri- meira he hur.ia variedade da S. kali • e alem disto a segunda a mesma que a Sativa , segundo hojiing^ e Jussieu , podemos ter o desvanecimento que o A. da natureza nos fez também proprie- tários dos vegetaes ynais erainentes neste importantíssimo pro dueto : não faço^ menção destas idéas neste lugar , senão por metter algum estimulo á in- E ALIMENTAR PORTITGUEZA. 99 dustria nacional , lembrando igual^ mente que por hum processo economia co^ de que poderia encarregar-se o nos- so eminente Professor de Chymica o Ur, Sobral , meu prezadissimo mes- tre, poderiamos fazer-nos senhores des- te interessa7ite ramo de commercio pe- la decomposição do muriato de soda , do qual somos superabundantemente ri^ COS. Ulmus. Calyx turbinado, de cinco dentes ; corolla nulía ; sainara , ou baga exsucca , chata , membrana- cea-alada unilocular , monosperma j semente quasi lenticular. ICO. Ul. campestris. Em Port. Ulmeiro , ou olmo com mu m. Folhas duplicadamente serreadas , dcsiguaes na base. Pbarm, casca intermédia. Casca intermédia : quasi viminea esbranquiçada , hum tanto frágil, divisível longitudinalmente, fissura capillar, Hbrillosa ; no lado interior se- m.eada de pontos oblongos, lineares, frequentes. Habita quasi espontânea junto de Cintra , das povoações na Extremadura e Beira , e outras partes pelo norte do Reino. Floresce em Abril. Arvore. Cheiro da dita casca nullo ; sabor débil , hum tanto amargo , mastigada grandemente gluti- nosa ; a dos ramos pequenos muito mais amar- ga , e mastigada mais glutinosa. N z lOO FLORA PHARMACEUTICA Cynanchíim. Corolla fechada enroscada; nectario cylindrico, anguloso, com pregas, e cinco dentes ; pericar- pos dous folliculos; receptáculo livre; semen- tes pappilhosas. loi. C. monspeliacum. Em Portug. Escamonea de Moynpelher, Caule enroscado, herbáceo; folhas entre renifor- mes e cordiformes , agudas. Habita frequente pelas margens do Tejo , nos marachões e tapumes de Vallada e Santarém, e outras partes na Ex.tremadura , Beira e Tras- os-montes. Floresce em Julho e Agosto. Pe- renne. Esta planta por huma incisão obliqua na parte superior da raiz dd hum sueco 5 que , inspissado pela cocção , se torna huma substancia mais pesada e Tnais negra que a Escamonea do Con- volvulus scamonea Lin. , mas d''huma virtude purgante mais débil -^ e por is- so talvez ainda mais digna do usa therapeutico. Gentiana. Caíyx partido em cinco lacinías, persistente; co- roUa de base tubulosa ; orla fendida em cinco lacinias , raras vezes em quatro , de figura va- E ALIMENTAR PÔRTUGUEZA. lOI ria; estaraes ordinariamente cinco, raras vezes quatro ; estylete profundamente partido em dous ; capsula bivalve, unilocular ; sementes in- sertas nas paredes da capsula , ou n' hum re- ceptáculo nas válvulas marginaes. 102. G. lutea. EniPort. Genciana ynaior^ ou das bo- ticas. Ccrollas qunsi fendidas em cinco lacinias, arro- sctadas , verticilladas j calyces espathaceos. Pharm. raiz. Raiz : hum pé de comprimento ou mais , hum dedo de grossura ou aiuito mais, cylindrica , rugosa ; rugas annulares, approximadas; fusca, ramosa ; parenchyyna rubro-amarellado. Habita no cimo das mais elevadas e inaccessiveis montanhas da serra d' Estrella. Floresce era Junho e Julho. Perenne. Cheiro débil , sabor grandemente amargo. 103. G. Centarium. Centatirea metior^ ovifel da ter^ ra. Corollas fendidas em cinco lacinias, afuniladas; folhas inversamente ovadas-, caule forquilho- so •, flores terminaes , corymbosas. Tharm. herva. Raiz : cylindrica. Caules ordinariamente muitos d'hunia só raiz levantados, d' hum palmo e mais, bigumeos , d'ambas as partes com hum angulo, glabros, simplicíssimos. Folhas radicaes : amontoadas, cuneiformes-oblon- gas , obtusas , integerrim^as , quasi succulentas ; peciolos curtos, glabros, apenas d' huma pol- legada, patentes; as caulinas oppostas, ren- tes, lineares, obtusas, levantadas, mais curtas que os entrenós. lOi FLOPvA. PHARMACEUTICA Corynibo! terininnl, rente, de ramos trifloros, folioso; flores rente?. Habita nos matos, prados, pastos, montes cal- careos ao redor de Coimbra , Lisboa e outras partes. Floresce de Julho até Agosto. Annual. Sabor eminentemente amargo. Varia nas cores purpiirea , e branca da corolla. 104. G. ramosissima. Genciana ra^nosissima. . Corollas fendidas cm cinco lacinias, afuniladas ^ lacinias estreitas ; folhas quasi lanceoladas ; caule forquilhoso , ramoso quasi desde a base, laxamente corymboso. Brot. Habita nos terrenos humosos, e montes calcareos nos arredores de Coimbra , e outras partes na Beira. Floresce em Junho e Julho. Annual. Alguns Botânicos reputao esta planta como variedade da antecedente , por es- ta razão ponho acitii os seus caracte- res com o fim de pôr os nossos Médi- cos na via de tentar as suas virtu- des , e comparalas com as da G. Cen- taureum, tendo com tudo em vista, que o Doutor Brotero , pela constância das suas notas , a reputa hum a espécie distincta. 105, G. Pneumonanthe. Genciana azul, Corollas fendidas em cinco lacinias, campanula- das; flores oppostas, pedunculadas; folhas li- ndares. Habita nas alturas da serra d'Estrelia. Floresce em Julho até Setembro. Perenne. E ALIMENTAR PORTUGUEZA. IO3 Ponho aqtd esta espécie com o mesmo fim ^ com que puz- a antecedente : o sabor intensamente amargo condoída a expe- rimentala. Umbrelladas, Eryngium. Umbella simples, multiflora, capituiiforme, in- vólucro polyphyllo ; perianthio próprio de cin- co dentes ; receptáculo comraura paleaceo , có- nico ; fructo quasi ovado. 106. E. campestre. Em Fort. Cardo corredor ordi" nario. Folhas amplexicaules, pinnuladas-laciniadas, laci- nias largas-cuneadas , espinhosas; caule supe- riormente ramosissim.o ; cabeças muitas, palhi- cos indivisos. He variedade maior do E, cam- pestre Lin. Pharm. raiz. Raiz: cylindrica , apenas da grossura d'Jium de- do com articulações annullares, fusca; paren- chyma branco; secca frágil. Habita frequente nos montes calcareos dos arre- dores de Coimbra , Lisboa , e outras partes na Beira e Extremadura. Floresce cm Maio e Ju- nho. Perenne. Cheiro : levemente aromático ; recente , sabor adocicado ; secca , levemente arom.atico, amar- go, pouco adocicado. 107. E. maritimum. Cardo corredor viarithno. ^ Folhas radicaes quasi redondas, franzidas, espi- nhosas; cabeças pedunculadas; palhiços tricus- pidaes. I04 FLORA PHARMACEUTICA Pbarm. raiz. Differe da precedente somente na grandeza , sen- do esta maior em comprimento e grossura. Habita nas praias arenosas , perto de Lisboa , Fi- gueira e outras partes. Floresce em Maio até Julho. Perenne. Sabor : doce , agradável , levemente aromático ; mastigando-se por muito tempo mostra huma branda acrimonia. Os usos pharmaceuticos destas duas es- pécies são os triesmos ; mas na França e Alemanha usao da primeira , na In- glaterra e Paizes-Baixos da segunda. io8. E. corniculatum. Cardo corredor ponta gudo. Folhas radicaes ovadas-lanceoladas •, dentadas ou partidas •, peciolos interiormente articulados, íistulosos ', as caulinas Superiores tricuspidadas \ cabeça cónica terminada ordinariamente n'hum espinho longo. Brot. Phyt. Lusit. Raiz : perenne , no collo da grossura d' huma penna de pato \ por baixo subdividida era mui- ■ ' tas radicuías fibrosas. Caule : ordinariamente solitário, raras vezes dous ou três da articulação da mesma raiz; altura de meio pé , d' hum ou pouco mais , ordinaria- mente levantado, ás vezes obliquo, ou prostra- do , fistuloso , roliço, estriado, verde -claro , glabro coaio toda a planta-, superiormente di- vidido em três, ou simplesmente forquilhoso , terminado na forquilhaçáo em hum pedúnculo, sempre mais curto que os ramos lateraes, ás vezes também inferiormente ramoso j ramos al- ternos, no topo divididos em tres^ ou simples4Í mente forqu.il hosos., * te- ÁLIMENfAR PORl^ÚGUÈZA. I05r Folhas radicaes ordinariamente levantadas-, pe- ciolos compridos, quasi roliços, fistulosos, ar- ticulados •, tubo interrompido com muitos se- ptos transversos ; lamina primeiramente lan- ceolada , ou ovada-íanceolada , denticulada , depois partida em três , ou cinco lacinias , den- tes dispersos, espinhosos \ as inferiores do cau- le partidas , dentadas-espinhosas , peciolos lon- gos, canaliculados ; alternas como as medias ^ que são muito menores , e curtissimas , quasi apalraadas ; lacinias cinco , desiguaes , conca- vas, assoveladas, espinhosas no topo, e ás ve- zes nos lados, do meio até á base estreitadas, encaracoladas para cima , meio-embainhando os ramos : as superiores e ultimas oppostas ou verticilladas trgs a três, tripartidas com a base curta , semiabarcante ; lacinias assovela- das , concavas, ordinariamente integerrimas , espinhosas no topo. Flores: capitosas. Invólucro da cabeça, ordina- riamente de cinco , raras vezes de seis ou sete foiiolos , assovelados , côncavos , aquilhados , integerrimos , espinhosos no topo , ordinaria- mente mais compridos que a cabeça , quasi iguaes, excepto o sexto, que, quando existe, tem metade do comprimento dos outros. Cabeça : ovada , obtusa , do comprimento de três até sete linhas, no topo hum foliolo espinho- so, longo, e semelhante aos outros do invólu- cro; ordinariamente outro ao lado deste, cur- tíssimo, o qual com o primeiro se devem re- putar duas bracteas comosas , porque provém do topo do carolim, ou receptáculo das semen- tes , cor de toda a cabeça cerúlea. •Palhiços de receptáculo commum : indivisos , lau- O J06 FLORA PHARMACEIJTICA ' ceolados , quasi pungentes , do comprimento do calyx. Calyx : dentes ovados , mucronados. Corolla : pétalas viradas para fóra , franjadas no topo. Estaraes e pistillo : como fica dito nos caracte- res do género. Sementes ; quasi ovadas , cobertas de sedas molles e curtíssimas. Habita nos sitios húmidos, profundos, inunda- dos pelo Tejo , Mondego perto de Pereira , e nos paludosos e inundados pelo Vouga entre Angeja e Aveiro, e também no Algarve na villa da Lagoa. Floresce no estio. Perenne. Esta espécie nao se acha nos catálogos de Mat. Med. , e como fica para ulte- riores experiências o decidir que parte pode ter uso na Medicina , visto in- dicar alguma virtude eminente , e seu cheiro aromático análogo ao dos óleos essenciaes das espécies de Citrus , ac[ui offereci ^ ^i^^ descripçao , segundo o Doutor Brotero na citada obra. Segundo as observações deste Botâ- nico esta planta varia excessivamen- te^ conforme a variedade do terreno em que habita ; e como do seu aroma se pode suspeitar a sua virtude , he ne- cessário ter presente , que a dos sitios 7nais seccos he sempre aromática , e a dos húmidos muitas vezes inodora. E ALIMENTAR POkTUGUEZA^ XO^ Sanicula. Invólucro universal: semicircular; parcial po-» lyphyllo , curro ; umbella universal de poucos raios ; parcial de muitos , coacervada , quasi capitosa ; fíosculos do disco abortivos : calyx pouco apparente , pétalas viradas para dentro, fructo ovado-quasi-redondo. lop. S. europa^a. Em Port. Sajúcula vulgar, FoJhas radicaes simplices, de cinco lóbulos- fíos- culos todos rentes. Pharm. herva. Raiz perenne. Caules : ordinariamente dois de cada raiz , levan- tados, quasi nus, regoados, giabros , simpli- císsimos, da grossura do colmo do centeio. Folhas : radicaes , muitas , de compridos pecio- los , reniformes , de mais de pollegada , d' hu- ma e outra parte glabras , profundamente di- vididas em cinco lóbulos , cuneiformes , in- cisos-serreados. Umbella terminal , levantada \ a universal quasi partida em cinco; a parcial em três, e mui- tas vezes em dous raios siraplices. Cabeças das flores globosas , grandeza d'huma ervilha. Invólucro: universal de três foliolos, partidos em três, serreados, muito mais curtos que a umbella ; o parcial de dous foliolos, oppostos, lineares, serreados, mais curtos que a metade da umbella parcial. Cabeçâs das sementes aculeadas ; aculeos gancho- sos. O 2 108 FLORA PHARMACEUTICA Habita nos matos das montanhas do Biissaco, Gerez , serra da Estrella, Louza, Castello-Vie- gas perto de Coimbra , e outras partes ao nor- te do Reino. Floresce em Junho. Perenne. Amarga , austera , com huma sensação d'acrimo- nia. Tordylium. Invólucros ambos polyphyllos ; foliolos indivi- sos , umbellas curtíssimas ; flosculos todos her- maphroditos, férteis-, calyx de cinco dentes; pétalas do raio desiguaes , a mais exterior maior ; fructo orbiculado, plano, cingido d'hu- ma margem incrassada. víio. T. magnum. Em Port. Tordylio grande. Folhas radicaes pinnuladas , foliolos ovados-ob- lohgos , obtusos , recortados , obtusamente ser- reados ; invólucros parciaes , hum pouco mais compridos que a respectiva umbella liorifera. Pharm. sementes. Sementes quasi planas, marginadas ; margem ele- vada, ou incrassada , integerrima, d' huma par- te tuberculosa , da outra glabra. Habita nos tapumes , marachões no valle de Mar- rocos, e junto a Cellas perto de Coimbra , mas raro. Floresce em Junho e Julho. Annuaf. Sabor levemente amargo. Esta planta não só se nao acha nos ca- talogos de Mat. Med. , mas nem ain- da em alguma das edições de Linneo ^ que tenho d vista : o Doutor Brotero a lio nos sitios que tenho referido , e a descrevei) na Flora Lusitana , d^onde CO'^ E ALIMENTAR PORTUGUEZA. IO9 piei OS Caracteres genéricos e especiji'-' cc: , por ser possivel tirar delia algu- ma utilidade evi alut^ni dos estados morbosos da economia humana ; 'visto ser hum a planta média entre o Tord. officinale e o Tord. maximum , e talvez todas três variedades do T. ofEcinale. Esta espécie oficinal he chamada em Pharmacia Seseli cretico , nome que também se dd ao Laserpitium Siler _, que não temos. ( Hal. Hist. Helv. ) JSJão obstante a confusão ^ que ainda reina entre as espécies de Seseli , de que os antigos fizer ao menção^ entre os quaes Dioscorides numera quatro ^ Massiliense , Ethiopico , Peloponense , e Cretico, ou Tordilio , o Doutor Mur^ ray , fundado na authoridade de Lin- fieo ^ dêo d espécie officinale o nome de Seseli. .III. T. peregrinum. Tordylio menor das searas. Invólucros quasi triphyllos, mais curtos que a umbella ; caule forquilhosoj folhas tripinnula- das , foliolos multifidos ; sementes sulcadas ^ com nervuras dorsaes transversalmente lamel- ladas. Raiz : annual , branca , fusiform.e, inferiormente muito fibrosa , superiormente da grossura de huma penna de pato, ou pouco mais. ■Caule: quasi ílexuoso , levantado, de hum pé ou pé e meio, glabro como toda a planta, infe- riormente estriado, superiormente sulcado, an- guloso, ângulos lisos, ás vezes escabrosos jun- to das articulações, forquilhoso desde o meio até o cimoj ramos curtos, patentes^ ou quasi patentes. no FLORA phArmageutiga • Folíias : as radicaes maiores que as outras, de cinco até sete pollegadas de comprimento con- tando o peciolo , levantadas-pateiites , opposta- mente tripinnuladas ; os foliolos extremos ova- dos-cuneados , raultifidos, iacinias quasi linea- res, mucronadas, de meia até huma linha de largura , curtíssimas : peciolo humas vezes hura pouco mais curto que a folha , outras vezes igual ou quasi nada mais comprido , canalicu- lado , aquilhado no dorso, estriado, para o fundo pouco mais largo ; margens membrana- ceas na base meio invaginantes do caule : as caulinas semelhantes , mas para o topo do caule e dos ramos absolutamente menores , le- vantadas, alternas, (mas na dichotomia ás ve- zes oppostas) as superiores tem o peciolo cur- tíssimo, largo, na articulação embainhando os ramos. Pedúnculos: angulados, estriados, glabros, ordi- nariamente mais ou menos curtos que a um- bella , humas vezes oppositifolios , outras col- locados na dichotomia dos ramos. Invólucro universal : di ou triphyllo ; foliolos lanceolados, agudos, indivisos , verdes , mem- branaceos na margem até á base , glabros , pa- tentes , de duas linhas até duas e meia de com- primento , muito mais curtos que cada raio da urabella, nas umbellas extremas ás vezes hum pequeno foliolo pinnulado em lugar do tercei- ro íoViolo; parcial ordinariamente tetraphyl- lo , foliolos semelhantes na forma aos do uni- versal , patentes, os três externos quasi iguaes, o interno mais curto que estes , todos hura pouco mais compridos que cada raio da ura- bella, porém mais curtos que o germe, mur- chosos. E ALIMENTAR PORTUGITEZA. III XJíiibella tmiversãl : hum tanto plana, ou con- cava j raios ordinariamente três ou quatro, ra- ras vezes dous, mrissimas vezes cinco; o cen-. trai (quando lia quatro ou cinco) mais curto, os outros quasi iguaes , de outo até quatorze linhas de comprimento , glabros quasi sulca- dos, angulosos, hum tanto ásperos: 2l parcial plana, curtíssima, de quatro raios até nove, desiguaes; os exteriores mais compridos, d'hu- ma linha até linha e meia de comprimento, glabros , estriados , angulosos, Calyx próprio : sobreposto , de cinco dentes ; de baixo da base do germe huma membrana mí- nima denticulada , formada do topo do pedi- cello parcial dilatado. Corolía universal: quasi radiada; todos os flos- culos férteis : a parcial do disco apenas de diâmetro de duas linhas, pétalas cinco, bran- cas, iguaes, inflexas-cordiformes ; semelhante á parcial do raio, mas em hum ou outro flos- culo a pétala exterior hum pouco maior. Estames : Qmco filetes ^ brancos, patentes, do comprimento das pétalas ; antheras levanta- das, quasi redondas, bicellulares , d' hum lou- ro diluido. Pistillo : germe sotcposto, oval, glabro , verde , estriado, hum tanto rugoso : estyletes dous, brancos, levantados, mais curtos que as péta- las ; estygma obtuso. Fructo quasi oval, quasi chato; profundamente sulcado, com rugas transversaes , glabro, iner- me, curtissimamente coroado do calyx e esty- letes, mais ou m.enos fusco , hum pouco mais comprido que duas linhas, no m.eio da largura de meia linha divisível, em duas partes igyacs. Sementes : duas, quasi ovaes, planas d' huma par- 112 FLORA PHARMACEUTICA. te , da outra convexas-achatadas , com .quatro sulcos profundos , três costellas ou elevações agudas , laxas , pregas lamelladas transvcrsaes nos lados das costellas, e nas margens j porém maiores nas margens que nas costellas. Habita entre as searas desde Lisboa até as po- voações de Cintra. Comrauaicada primeira- mente ao Doutor Brotero pelo Doutor Valo- rado. Floresce em Maio e Junho. Annual. Inodora ; o sueco lácteo , doce em toda a plan- ta e sementes verdes (mas nao varia na raiz como o do Aipo) e hum tanto acre. Esta planta nao se acha nos catálogos de Matéria Medica ; mas pelas suas- qualidades sensíveis , e afinidades hc- fanicas ^ sendo digna de ser ensaiada y a julguei também digna de entrar na nossa Flora Pliarmaceutica ; e por isso copiei a sua inteira descripçao da Phy- tographia Lusitana, Daucus» Foliolos do invólucro universal pinnatiíidos ; ura- bella de muitos raios ; calyx pouco apparen- te; pétalas encurvadas para dentro, cordifor- mes , as exteriores maiores ; fructo ovado , hÍ3- pido , ou coberto de pelos rijos. XI2. D. carota. Cenoura ordinária. Folhas radicaes bipinnuladas, quasi hirsutas, la- cinias estreitamente lineares , agudas ; peciolos nervosos por baixo ; invólucros quasi bipinnu- lados; sementes quasi redondas. "Bharm, folhas, sementes, raiz. E ALIMENTAR PORTUGUEZA, II 3 Raiz : fusiforme , d' hum palmo ou mais , bran- ca , ou amarellada exteriormente , com sulcos transversaes , annulares ; íibrillas capillares , dispersas i parenchyma carnoso, todo amarel- lo, ou branco, o centro meduUar orbiculado, com estrias radiantes, peripheria cortical reti- culada. Folhas raãicaes do primeiro anno: de compri- dos peciolos, por baixo empubescidas-asperas , por cima glabras , pinnulas cuneiformes, pinna- tifidas , lacinias oppostas , lanceoladas , celhea- das , levantadas , parallelas. Sementes duas, hispidas, quasi ovadas, do com- primento de duas linhas ou d' huma , planas de iiuma parte , convexas da outra , com três li- nhas elevadas , miudamente celheadas d'ambas as partes. Habita frequente nos montes áridos , campos , matos , tapumes , e caminhos quasi em todo o Reino. Annual ou biennal. Floresce em Ju- nho , Julho e Agosto. He a variedade Silvestris , a qual quan- do tem 7ia umhella hum fiosculo een^ trai estéril , e atro-ptirpureo , que em certa distancia finge huma mosca alli pousada , parece pertencer antes a Daucus mauritanicus do que ao D. ca- rota. Cultiva-se nas hortas a variedade sativa de raiz branca, amareila, ou lutea-rubra , ou atra-ru- bente, usada nas mezas, em conservas ou cal- dos ; muiio digna de entrar na dieta em certos estados morbosos : diíFere da brava pelo háli- to maior, raiz mais grossa; e mais tenra. Raiz recente: cheiro aromático, não ingrato 3 P 114 FLORA PHARMACEUTICA sabor adocicado, levemente aromático: secca hum tanto dura , igualmente adocicada , mais aromática , tinge de louro a saliva. Folhas: cheiro hum tanto forte; sabor análogo. Sementes: aromáticas, hum tanto calefacientes, amargosas. 113. D. meifolius. Ce7totira de folhas finas. Folhas pinnuladas \ pinnulas partidas em muitas lacinias. setaceas, glabras; caule simples, his- pido com pelos voltados para traz ; foliolos do invólucro membranaceos na margem, fen- didos em três ou cinco lacinias ; sementes his- pidas. Tharyn, rãh, sementes? Raiz : perenne , fusiforme, casca hum tanto ama- rella , hum tanto lactescente , he inferiormente ramosa , do comprimento de pé e meio até dous e mais , e da grossura d' huma penna de pato , ou mais. Caules solitários, ou muitos, n'huma raiz annosa, d' hum ou dous pés , inferiormente da grossu- ra d' huma penna de gallinha ou de pato; le- vantados, roliços, estriados, hum tanto fle- xuosos, hum tanto hispidos , com pelos miú- dos voltados para traz; paucifolios, articula- dos , da base até o topo forquilhosamente ra- mosos; ramos três até cinco, remotos, entre levantados e patentes, simplices ou simplicís- simos. ■ Folhas raãicaes : alastradas sobre a terra , pin- nuladas com impare, do comprimento de qua- tro até outo polleg?.das ; pinnulas oppostas , rentes ou quasi rentes, do comprimento de cin- co até dez linhas, binadas-multipartidas, es- quarrosas , e quasi fingindo verticillos, decres- centes até o topo da folha j lacinias todas se- E ALIMENTAR PORTUGUEZA. II5' tacea^, glabras, unisulcadas, as extremas bifur- cadas, mucronadas ; peciolo commum quasi ro- liço , canaliculado , estriado, glabro, no fundo hum tanto hispido , base larga , membranacea : as caulinas como as radicaes decrescendo pouco e pouco para o topo do caule , base ara- plexicaule, quasi envaginante. Umbellas : terminaes do caule e dos ramos , le- vantadas , de compridissimos pedúnculos : a universal de huma e meia, duas e mais poUe- gadas de diâmetro , plana , convergente depois da anthese, e concava; raios doze até trinta e dous , roliços, estriados, ásperos,. os exterio- res d' huma até huma e meia pollegadas de comprimento ou hum pouco mais, decrescendo pouco a pouco para o centro, todos entre bran- co e verde , os fructiferos completamente ver- des : a parcial como a universal ; raios doze até trinta , menos com tudo nas centraes , os externos do comprimento de três linhas, hum tanto ásperos, esbranquiçados. Invólucro : tniiversal polyphyllo ; foliolos seis até onze , de metade ou d' hum terço do com- primento da umbella , patentissimos , ou volta- dos para fora , lineares , da largura d' huma li- nha ou huma e meia, hum tanto glabros, mar- gens albidas-membranaceas , celheadas , encur- vadas para dentro, no topo três, quatro ou cin- co pontas, hum tanto purpúreos ordinarianien- te antes da anthese ; lacinulas setaceas , muito agudas , curvadas para fora , indivisas , raras vezes forquilhosas : parcial do comprimento da respectiva umbella , ou hum pouco mais curto ; foliolos sete até nove , humas vezes todos lineares-lanceolados , indivisos , outras vezes huns indivisos, outros lineares, forqui- P 2 1X6 FLOl^A PHA^HACEUTICA. Ihosos do tcpo, patentissimos ou voltados pa- ra fora; margens como nos foliolos do invó- lucro universal , hum tanto rubros antes da anthese , persistentes. Flosculos do i-aio herraaphroditos , todos com o central das umbellulas férteis; no disco ordi- nariamente os masculinos abortivos ; na um- bella primaria raríssimas vezes férteis quasi todos os hermaphroditos ; na umbella univer- sal flosculo central nullo. Perianthio próprio de cinco dentes , desiguaes, agudos , os maiores quasi do comprimento do tubérculo estylifero , persistentes. Corolla universal: quasi radiada; a parcial de cinco pétalas, inflexas-cordiformes, quasi iguaes no raio , ás vezes hum tanto purpúreas , no disco ordinariamente iguaes. "EsidLmt^: filetes capillares, brancos, patentes, o seu comprimento o dobro do da corolla ; an- theras quasi redondas, bisulcadas, biloculares , hum tanto purpúreas. Pistillo : germe nos flosculos masculinos quasi nullo, nos hermaphroditos quasi inversamente ovado , estriado , hum tanto hispido , verde ou hum tanto purpúreo ; estyletes e estigmas nos masculinos nuUos, mas unicamente hum tubér- culo min imo no centro da flor: nos hermaphro- ditos os estyletes dous , esbranquiçados , vol- tados para fora , hum pouco mais compridos que a corolla , persistentes , e então hum tan- to mais altos ; estigmas obtusos. Fructo quasi oval , do comprimento de linha e meia , hispido , partivel em duas partes iguaes. Sementes: duas, hum tanto oblongas, de huma parte convexas, de nove elevações, destas as cinco primarias pouco prominentcs , hum tanto E ALIMENTAR PORTUGUEZÁ. 117 hispidas com pelos minimos ; as quatro secun- darias mais elevadas com hispidez pectinada de sedas molles ; da outra parte planas, gla- bras , e com estrias pouco apparentes. Habita nos montes incultos perto de Coimbra , nos arredores de Lisboa , e outras partes na Beira e Estremadura. Floresce em Junho e Ju- lho. Perenne. Raiz hum tanto doce, apenas acre com hum mo- derado aroma. Estas qualidades , e as afinidades bota- nicas desta planta com outras de bem reconhecidas virtudes me levarão a dar aqui a sua descripçao traduzida da Phyt. Lusit. do Doutor Brotero , não obstante não se achar nos catálogos de Mat. Med. , nem alguma das indica-^ das na Synonymia delia pelo mesmo Botânico, Am mi. Invólucros polyphyllos ; os foliolos do universal pinnatifidos , os do parcial inteiros ; umbella de muitos raios; calyx quasi nullo ; pétalas in- flexas-cordiformes , no disco iguaes , no raio desiguaes \ fructo ovado-globoso , glabro ^ es- triado. 214. A. maius. Em Fort. Ammio maior ^ ou vulgar. Folhas inferiores pinnuladas, foliolos ovados -lan- ceolados , serreados ; as superiores quasi bipin- nuladas, foliolos lineares-lanceolados. Habita entre as searas, nos campos, vinhas nos arredores de Lisboa, Coimbra e outras partes bll FLOKA. PHAIIMACÊUTICA na Beira e Extremadura, Floresce no estio Annual. Pharm. semente. Semente estriada •, fusca. Sabor aromático, débil ^ he quasi inodora. Cofiium. Invólucro universal de três ou cinco foliolos vol- tado para fora ; parcial de três foliolos , semi- circular ; calyx pouco apparente \ pétalas in- - flexas-cordiformes , desiguaes ; fructo ovado , quasi globoso; sementes de cinco elevadas cos- tellas , ondeadas antes da maturação, ll^. C. maculatum. Eyn Fort. Cicuta , ou Cegude malhada , Cicuta terrestre vulgar. FoJhas tripinnuladas , caule malhado de nódoas atras-purpureas ; costellas das sementes ondea- das antes da maturação. Pharm. herva. Raiz fusiforme , da grossura da raiz da cenoura , comprimento de meio palmo e mais , muitas vezes d' hum ; branca , toda rugosa , estrias an- nulares approximadas , fibras e fibrillas disper- sas. Caule de três ou quatro pés, levantado, roliço, articulado , da grossura do dedo menor ^ e mui- tas vezes do pollegar, ramoso, diífuso j ramos alternos , axillares das folhas, levantados, ra- mulosos, foliosos. Folhas: nas articulações alternas , glabras -diam- bas as partes, d' hum verde escuro, luzidias, lineadas , por baixo pallidas , entre levantadas e patentes, tripinnuladas 3 sendo pinnulas op- E ALIMENTAR PCKTUGUEZA. 119 postas , pinniiladas as novas pinnulas e oppos- tas ; as inferiores distinctas, rentes, pinnatifi- das ; com lacinias oblongas , obtusas , recorta- das-serreadas; as superiores confluentes, sim- plices, rccortadas-pinnatifidas com lacinias lan- ccoladas, obtusas; as dos ramos menores, pe- cioladas, envaginantes ; ^m(9/í?j communs hum tanto roliços , fistulosos , estriados , glabros , hum tanto comprimidos e maculados no lado superior, aquilhados entre as pinnulas Ínfimas sulcados entre as superiores, com sulco longi- tudinal ; base envaginante , bainha concava, ample^icaule, exteriormente toda sulcada. Urabellas : terminaes , pedunculadas , as primei- ras axillares dos ramiusculos ; a tmiversal par- tida em doze ou quatorze raios, concava , gla- bra ; a parcial , dividida ordinariamerite em dezeseis raios, plana. Invólucro universal: foliolos pequenos, lanceo- lados, agudos, iuferiormente membranaceos , glabros ; parcial situado no lado exterior , fo- liolos ovados-agudos, membranaceos na mar- gem , patentes. Perianthio: como fica dito no caracter genérico abbreviado. Corolla universal igual, uniforme; flosculos to- dos férteis; própria branca, de cinco pétalas incurvadas , cordiformes, aquilhadas, patentes, Estames : filetes ^ cinco, assovelados, brancos , patentes , do comprimento da corolla ; anthe- ras bilobadas. Pistillo: germe quasi redondo, hum tanto chato, verde, todo estriado-angulado , ângulos tuber- culados; estyletes dous , brancos, levantados ^ patentes ; estigmas obtusos. 120 FLORA PHATRMACEUTICA. Fructo : quasi globoso , com cinco estrias crenu- ladas, e divisível era duas sementes. Sementes duas, quasi hemisphericas, planas áo hum lado , convexas do outro , e estriadas. Habita pelos tapumes, ribeiros, e lugares húmi- dos entre Pereira e Coimbra , nos arredores de Lisboa e outras partes em todo o Reino ; mas não he frequente. Cheiro de toda a planta: narcótico, fétido, mu- rino. S'ecca hum tanto mais forte ; sabor leve- mente aromático desagradável , quasi nauseoso. De três Cicutas se faz menção na Mat. Med. : I.'" Cicuta maior , 2.' Cicuta aquá- tica 2.* Cicuta rhenor : a primeira he o coniura que fica descripto , a segunda a Cicuta virosa de Linneo, a terceira a iEthusa cynapium do mesmo Author, Devem estas plantas ser bem distin- ctamente conhecidas \ porque ^ não ob- stante serem todas d' huma virtud^e suspeita , a da primeira com tudo ?ião o he tanto que não tenha sido reputada por muito virtuosa em muitas moles^ tias , e algumas da primeira gravida- de-^ a segunda he hum funestíssimo ve^ neno\ a terceira nao he absolutamente innociva. Não he fácil dar-se hum exemplo mais notável da necessidade da Botâ- nica em Medicina \ por falta dos seus conhecimentos não he ainda decidido se os ejf eitos, ou deletérios, ou saudáveis ,, se devem attribuir ao Conium macula- tum, ou se, tendo-se tornado esta plan- E ALIMENTAR PORriTGUEZA.. tlt ta recommendavel pela sua effic acta ^ em lu^ar delia se tem admittido ou- tras da mesma afinidade botam ca , ou coma nocivas , ou como inertes ; poden- do consequentemente vir desta origem a dijferença dos juizos acerca da sua virtude saudável.^ venenosa , ou inerte. Igualmente devemos cuidadosamen- te distinguir esta planta do Clisero- phyllum biilbosum de Linneo , vegetal mais alto^ de raiz, globos a ^ caule igual- mente maculado , ynas intumescido na origem dos ramos e das folhas; com folhas quasi hirsutas , luzidias , car^ tilagineas no topo das pinnulas e la" cinias \ sementes assoveladas , lisas. Não obstante referir Haller d Ci- cuta virosa a descripçao de Dioscori- des , com tudo crê-se que a planta^ que fica de s cripta , he o Koneion dos Gre- gos , como se pôde ver na Dissertação ífEhrhart , citada por Murray. Entre os antigos a palavra cicuta tem varias significações , porque toma-se não por huma planta particular , mas por to- das as plantas venenosas ; cjyno tam- bém por qualquer parte fistulosa entre as articulações d' hum caule ^ como se vê do seguinte verso de Virgílio Ecl. 2. Est mihi disparibus sepíem compacta cicutis Fistula.... alem disso por qualquer bebida vene- nosa , de que usavão os Athenienses na execução da pena ultima sobre os ci- dadãos criminosos \ mas he. pouco pro- vável que aConiuni; que fica descripto^^ tis FLOKA PHARMAGEUTICA ' fosse desthíãdõ a este tis o , nao oh st a fi- te as muitas provas da sua potencia nociva. He verdade que as Viagens do Dou- tor Brotero nos não informao da exis- tência no terreno Portuguez, de planta alguma das referidas ^ das quaes he necessário distinguir bem o Coniuni maculatum: o que nao obstante^ sendo possivel que todas , ou algumas , cres- ção no jtosso terreno j não cessarei de recommendar o exacto conhecimento desta distincção , accrescendo a isto que achou o Doutor Brotero no terreno Portuguez huma planta , que fica des- fr//'/^?', (Tordylium peregrinum) com a qual os incautos podem confundir o Co- nimn maculatum, ao qual Des Fointai- fjes chamou Coniura dichotomum , La Marck Cicuta dichotoma , e Tournefort Tordylium cicutaefolium ; entre esta planta e a (Enanthe ha também grande affinidade botânica. enanthe. Umbella univei*sal de poucos raios ; parcial quasi globosa ; raios curtíssimos^ amontoados; invó- lucro universal de poucos foliolos , ou quasi nullo; parcial de muitos; calyx de cinco den- tes; pétalas desiguaes ; fructo oblongo, ou quasi ovado , estriado , coroado do calyx e es- tyletes. Íi6. (E. apiifolia. Em Port. Embude, E ALIMENTAR PORTUGUEZA. I23 Folhas radicaes e caulinas, bi ou tripinnuladas, as cimeiras pinnuladas; foliolos de todas ordi- nariamente cuneiformes, recortados-denticula- dos , estriados \ fructo hum tanto oblongo , es- triado , quasi roliço. Pharm, inexperta. Raiz percnne , grumosa , tubaras fusiformes , es- branquiçadas , de sete ou mais pollegadas de comprimento, diâmetro d'huma pollegada ou mais, amontoadas em fascículo, putrescentes todos os annos , e todos os annos nascendo no- vas. Caule: solitário, fistuloso, do comprimento de três até seis pés ou mais, huma até duas pol- legadas de diâmetro junto da raiz, levantado, roliço , nodoso , glabro , como toda a planta , inferiormente purpúreo , sulcado , angulado , superiormente verde , estriado , quasi flexuoso , e quasi ramoso ; ramos sem-clhantes , alternos , levantados. Folhas : as radicaes pinnuladas, ou ordinaria- . mente bipinnuladas : as caulinas inferiores e médias bi ou tripinnuladas , mais compridas que os entre-nóz ; peciolo commura quasi roli- ço , esponjoso , sulcado, de base larga, nervosa- estriada , quasi invaginante ; peciolos parciaes oppostos j foliolos ordinariamente todos cunei- formes , por cima saturadamente verdes , es- triados , por baixo com veios prominentes ; são recortados, e denticulados j dentes Inim tanto obtusos , mucronados , o impar trifendido ; to- das alternas, patentes, ou hum tanto voltadas para baixo, decrescendo pouco e pouco para o topo do caule , e dos ramos , onde humas são pinnuladas, outras bipinnuladas j pinnulas la- 124 FLORA PHARMACEUTIGA ciniadas, lacinulas, cuneadas estreitas, de pou- cos dentes. Flores umbelladas ; umbellas levantadas, termi- naes. Umbella universal florescendo , hum tanto plana , tendo fructo , convexa , ou semi- globosa , de raios dezeseis até trinta e dous, es- triados , desiguaes , do comprimento d' huma ou duas pollegadas e mais; a parcial amontoa- da, de trinta até cincoenta raios , glabros, hum tanto comprimidos, lisos, curtos, os exterio- res do comprimento de trcs ou quatro linhas , decrescendo pouco e pouco para o centro, on- de sáo quasi nuUos , ou nullos. Invólucro : universal paucifolio , hum foliolo até cinco , ( raríssimas vezes hum único caduco na umbella primaria ) desiguaes , integerrimos , quasi setaceos , horisontaes ou voltados para baixo , todos muito mais curtos que a umbel- la , murchosos , e ás vezes caducos : parcial , polyphyllo, foliolos nove até quatorze, agu- dos, quasi lanceolados, patentes, de metade do comprimento da umbella , murchosos. Flosculos do raio masculinos , abortivos ; os do disco hermaphroditos , ordinariamente quasi todos férteis, na umbella primaria. Perianthio próprio de cinco dentes, assovelados, os externos maiores, persistente. Corolla universal branca, irregular, radiada; a parcial de cinco pétalas, a do raio de pétalas maiores, desiguaes, inflexas-cordiforraes , hum ápice ganchoso ; a do disco com pétalas quasi iguaes também inflexas-cordi formes. Estames : filetes capiilares , brancos , patentes , quasi de dobrado comprimento do da corolla ; antheras biloculares , quasi redondas , atropur- pureasa E ALIMENTAR PORTUGUEZA. 12^ Pistillo : germe nas masculinas quasi nullo ^ mas hum receptáculo incrassacio debaixo do pe- rianthio; estyletes e estigmas nullos, em seu lugar dous tubérculos , brancos , carnosos , no centro : nas hermaphroditas o germe hum tanto oblongo, hum tanto roliço, glabro. es- triado, estyletes dous apegados a hum tubér- culo cónico ; na anthese brancos , no princi- pio levantados , depois voltados para baixo , do comprimento da corolla , depois da anthese crescem , vegetao, e persistem levantados; es- tigmas hum tanto obtusos, e como dous pon- tos hyalinos. Fructo : hum tanto oblongo, quasi roliço , gla- bro, estriado, do comprimento de duas linhas, da grossura d'huma, coroado do perianthio e dos estyletes compridos, levantados, divisível em duas partes iguaes. Sementes: duas, d'huma parte meio-roliças, de quatro sulcos, de cinco costellas pouco appa- rentes, e da outra planas. Habita frequente nas margens dos ribeiros, e nos sítios umbrosos húmidos , junto do Mondego perto de Coimbra, nos arredores de Lisboa pe- las povoações d' Almada, Cintra, Setúbal, e outras partes da Beira e Extremadura. Sementes : amargas , levem.ente aromáticas , e hum tanto acres. Folhas : no cheiro e sabor análogas ás do aipo bravo {^Apium graveolens.^ Raiz: acre, venenosa aos peixes : os pescadores do Mondego usao delia contundida para atur- dir os peixes, e apanhallos mais facilmente : os gados rejeitão esta planta , excepto as cabras , em quanto he tenra, segundo o Doutor Brote- ro 3 mas os bois a comem ^ como tenho visto 120 FLORA PHARMACEUTICA principalmente ofFerecendo-lha de mistura com outras hervas. Esta planta 7ião se acha nos Catálogos de Mat. Med. ; mas as qualidades re- feridas , e ajfínidades botânicas a tor- não recommendavel ^ e muito digna de ensaiar-se na Medicina Portugueza, A (Enanthe , de que fazem menção Dioscorides , Theophrasto , e Plinio , he certamente huma planta muito diuer- sa não só da que fica de s cripta , ynas ^ ainda da Fiiipendula, contra o parecer de muitos dos antigos -y como nota Ma- thiolo. Athamajitha. Invólucro universal polyphylío , raras vezes mo- nophyllo \ umbella e umbellulas miiltiradia- das ; calyx pouco apparente , pétalas ovadas , voltadas para dentro, chanfradas, qiiasi iguaes ; fructo quasi oval-oblongo , estriado , lanugi- noso. 117. Ath. Cretensis. Em Port, Dauco Cretico-^ Ce- 710 ura de Cândia. Folhas lineares , planas, hirsutas; pétalas parti- das em duas laciniasj sementes oblongas, hir- sutas. Pharm. sementes. Sementes assoveladas , do comprimento de duas linhas ; na base obtusas ; coroadas no topo com os estyletes persistentes , d' huma parte notadas com hum sulco, e concavas, da outra meio roliças, CQtanilhosas. E ALIMENTAR PORTUGUEZA. ■" 127 Acre , cálida , e levemente aromática , como a Cenoura ordinária. Habita na serra d'Arrabida. Floresce em Julho e Agosto. Perenne. Peucedanum. Invólucros ambos poIyphylJos , curtos : calyx mí- nimo, de cinco dentes: pétalas oblongas, cur- vadas para dentro, iguaes, amareiladas : fructo oval, comprimido , cingido d'huma ala cur- ta , estriado d' huma e outra parte. 118. P. officinale. Em Port. Brinca, ou Funcho de porco. Folhas filiformes, lineares, cinco vezes triparti- das. Pharm. raiz. Raiz; longa, cylindrica, fusca-nigrlcante ; /(^rf;/- chyniã pallidamente cinzento , friável ; centro raedullar branco, angulado-estrellado. Recente: sabor quente, ingratamente aromático, e contém suecos lácteos , os quaes quando sec- cos ficão com a côr e cheiro do enxofre. Habita nos prados perto do Pezo da Regoa , e outras partes em Traz-os-montes, e entre Dou- ro e Minho. Floresce em Junho e Julho. Pe- renne. Laserpitium, Huns e outros in\^oIucros polyphyllos ; humas e outras um.bellas multiradiadas j calyx pouco sensivelmente denticulado 3 pétalas inflexas- ^28 FLORA. PHARMACEUTICA. chanfradas, patentes; fructo oval-subrotundo, com cinco costellas , na margem raembrana- ceo. 119. L. peucedanoides. Em Port. Pyretro da Beira, Bruço do Alemtejo. Folhas radicaes bipinnuladas , foliolos hneares- lanceolados , distinctos , ou confluentes , veno- sos-estriados , glabros diambas as partes: cos- tellas das sementes cinco , ás vezes quatro mí- nimas entre ellas , e quasi nullas. ^ Pharm. raminhos, folhas, flores, raiz. Raiz quasi fusiforme , ramosa , superiormente da grossura de seis até outo linhas; casca fusca. Caules ordinariamente muitos d' huma só raiz , levantados , de pé e meio até dous e mais , glabros como toda a planta, fistulosos-, quasi roliços , levemente angulados , estriados , ordi- nariamente ramosos desde a base até o topo ; ramos alternos, distantes, levantados, poucos, quatro ou cinco , os inferiores mais altos , sub- divididos. . . Folhas- radicaes e inferiores do caule peciola- das , bipinnuladas ; pinnulas inferiores de lon- gos peciolos , os das outras decrescendo pouco e pouco; foliolos, huns lineares-lanceolados , integerrimos , no meio da largura d' huma e meia até duas linhas, do comprimento de meia , huma,e mais pollegadas ; outros, principalrnen- te os terminaes , confluentes, bi ou tripartidos , raras vezes quadripartidos ; todos glabros de huma e outra parte , venosos-estriados. Peciolo fistuloso, meio roliço, estriado, por ci- ma quasi canaliculado , do comprimento da fo- lha ou mais , na base largamente membrana- ceo. Folhas inferiores do caule alternas , parcamente E ALIMENTAR POUTlTGTTEZÃ. 11^ bipinnuladas ou pinnuladas , foliolos tambetn Jineares-Ianccolados , mas muito mais compri- dos ; embainhando quasi o caule com a base, ou quasi amplexicaules ; as superiores terna- das, foliolos lineares-lanceolados , quasi iguaes, peciolo largamente membranaceo , quasi em- bainhando o caule; as cimeiras simplices, li- neares-Ianceoladas , com peciolo semelhante aos das precedentes. Umbellas : terminaes do caule e dos ramos. Invólucro : universal de poucos foliolos , três até cinco, aguçados, quasi lanceolados ; des- iguaes , muito mais curtos que a umbella , vol- tados para baixo, ordinariamente caducos; o parcial de quatro ou cinco foliolos semelhan- tes , voltados para baixo , desiguaes , os maio- res do comprimento da respectiva umbella. Umbella : a universal hum tanto convexa , de setQ raios até outo, estriados, desiguaes ; a parcial convexa , de outo até vinte raios , desiguaes, os mais compridos do comprimentO| até duas linhas e meia. Flosculos centraes mui- tos abortivos. Calyx : quasi nullo. Corolla : pétalas iguaes, voltadas para dentro, chanfradas, exteriormente hum tanto purpú- reas. Antheras amarelladas, e por fim brancas. , Fructo oval-subrotundo. Sementes planas d' huraa parte, hum tanto con- Texas da outra, aladas- membranaceas na mar- gem; cinco costellas no dorso, ás vezes alter- nadas com quatro outras. interpostas mínimas, as quaes desapparecera na plenitude da matu- ração, e então são unicamente ornadas com R l^O FLORA PHARMACEUTICA. cinco costellas obtusas , e com quatro" sulcos interpostos. Esta planta he sujeita a 'variar prin- cipalmente nas suas sementes, e se approxima muito ao Selinura carvifo- lia , como também a outras espécies deste género, e conforme as recentes observações do Doutor Brotero , deve antes ser incluida no género Selinum do que no Laserpitium. Qjiando secca he hum tanto amargosa , hum pouco cre , e quasi sem aroma. Habita nos lugares sombrios, e húmidos brejos, nos prados húmidos , nas fraldas dos montes de Miranda e Lousa , e outras partes na Beira, as- sim como na Extremadura , e Salvaterra , etc. no Alemtejo. Floresce no estio e outono. Pe- renne. 119. L. thapsiseforme. Bruço fétido. Caule quasi sem folhas , simples , glabro ; folhas radicaes tri ou quadripinnuladas ; foliolos gla- bros, quasi luzidios, quasi cuneados , fendidos cm muitas lacinias , as da extremidade mini- mas , setaceas , agudas ; invólucro polyphyllo , foliolos verdes, lineares-lanceolados ; umbella convexa \ as parciaes semiglobosas ; fructo li- near-oblongo , com outo alas , quatro delias largas , unduladas. Pharm. raiz, folhas, sementes. Raiz longa, da grossura d' hum dedo e mais, casca grossa , exteriormente fusca , interior- mente branca. Folhas ; radicaes do comprimento d' hum pé. E ALIMENTAR PORTUGUEZA. T3Í pé e meio, e mais, estreitamente prostradas, tri ou quadripinnuladfis, pinnulas primarias la- xas, oppostas, as ultimas pequenas, alternas, rentes, glabras , verdes, quasi cuneadas, miu- dissimamente fendidas em lacinulas setaceas , curtissimas agudas ; peciolo commum e par- ciaes quasi roliços , levemente estriados , por baixo hum tanto ásperos no topo ; o commum com huraa base larga membranacea , quasi em- bainhando o caule , e na inserção dos inferio- res prtrciaes aquilhado por cima, nas mais par- tes liso, ou algumas vezes canaliculado, como os peciolos parciaes. Fructo : glabro , oblongo , quasi louro , chato , coroado do calyx, alado com outo membranas longitudinaes. Sementes : da mesma forma do fructo , da largu- ra d' huma linha , e comprimento de quatro ou cinco , d* huma parte quasi planas , levemente lineadas , da outra quasi convexas , ornadas de • quatro membranas , duas máximas ondeadas , chanfradas por baixo e por cima ^ duas dorsaes minimas , todas com linhas interpostas de ma- neira que cada semente, alem das duas linhas marginaes do canaliculo , pelo qual adheria ao receptáculo setaceo, tem nove elevações, cin- co primarias quasi abolidas, e quatro secunda- rias rnais elevadas, aladas, que alternao com as primarias. Raiz: amarga, hum tanto acre, aromática, nau- seosa. Folhas fétidas. Sementes hum tanto amargas , e aromáticas. Habita nos terrenos magros e arenosos , junto de Coimbra, e alem do Tejo nos pinhaes" d'Al- . mada e Caparica. Floresce em Junho e Julho. Perenne, R z "13'S FLORA rHARMACElTTlCA As duas espécies precedentes , cujas des^ cripçoes são extrahidas da Flora Lusi- tana , e da Pliyt. Lusit. , não se achão nos catálogos de Matéria medica : eu as ponho na Flora Pharmaceutica de Por^ tugal , porque as suas qualidades sen- siveis nella lhe merecem hum lugar. O Doutor Brotero no Catalogo das plantas pharmaceuticas Portuguezas , que quíz ter a bondade de me remet- ter ^ diz que os raminhos ^ folhas ^ e jiores seccas da primeira se usao em infusão em Lisboa contra os cálculos dos rins e da bexiga , os quaes fazem expellir , e acalmar as dores produ" zidas por elles \ da segunda diz o mesmo Professor na sua Phyt. Lusit. que as suas qualidades sensiveis a fa- zem recommendavel em Medicina ; po- rém recommenda circumspecçao no seu uso , por lhe parecer dotada d"* hum po- der viroso. Angélica. Invólucro universal de poucos foliolos: umbellu- Ias globosas, calyx quasi de cinco dentes ; péta- las lanceoladas, curvadas para dentro, iguaes^ estyletes curvados para fora ; fructo quasi re- dondo, angulado j sementes com duas alas mar- ginaes , duras. Í20. A. silvestris. Em Port. Angélica silvestre. Folhas iguaes , ovadas-lanceoladas , serreadas. Fhartn. raiz. E ALIMENTAR PORTlTGTJEZA. I53 Hajz: branca, base quasi cylindrica, rugas trans- versaes annulares , approximadas , hum tanto ásperas; ramos cylindricos-fusiformes, alonga- dos, tuberculados , fibrillosos; fibras quasi fus- cas; centro m.edular com estrias transversaes approximadas, ordinariamente esponjoso, cer- cado d' hum disco profundo, transversalmente estriado , pelliculado. Habita pelos matos húmidos junto de Cintra na Extremadura. Floresce em Julho e Agosto. Perenne. Aromática e doce ; depois agradavelmente amar- ga ; cheiro fragrante : estas qualidades nao são muito notáveis. 221. A. montana. Aiigelica dos montes. Folhas bipinnuladas, foliolos ovados, serreados oppostos , inteiros, bilobados ou trilobados. Habita nos baixos sombrios e húmidos dos mon- tes da Lousã e Aliranda ; nas margens do Mondego junto a Coimbra. Floresce era Ju- nho e Julho. Biennal. lEsta planta nao se acha ^ nem se podia. achar nos Catálogos de Mat. Med. an- tes da publicação da Flora Lusitana da Doutor Brotero-^ eu a faço entrar na Flora Pharmaceutica de Portugal ; por- ^ue , segundo a authoridade do mesmo Botânico , parece ser o original da A. Archangelica , ou Angélica hortense , tendo , quando espontânea , as folhas muito maiores que as da A. silvestris, e muito maiores ainda , e muito seme- lhantes ds da A. Archangelica, quan-^ do cultivada. 134 FLORA PHARMACEUTICA Sison. Invólucros ambos de poucos foliolos; umbella de poucos raios; calyx pouco apparente j pétalas lanceoladas , ou cordiformes , voltadas para dentro ; fructo ovado , estriado. 122. S. amrai. Em Port. Ammio ynenor ou verda^ deiro. Folhas tripinuladas, as radicaes lineares; as cau-= linas setaceas ; as estipulares mais compridas. Pharm. sementes. Fructo mais curto que huma linha, ovado; ob- tuso, estriado; separável em duas sementes, as quaes ordinariamente encontrao-se separadas; d' huma parte planas-concavas, da outra con- vexas, de cinco ângulos. Cheiro aromático, agradável: sabor aromático, hum tanto amargo, estimulante. O Doutor Brotero diz que não encontra'- ra esta -planta nos terrenos Portugue- zes ; não obstante dizerem outros que ella cresce nos montes de Gerez ; e co- mo este Botânico se inclina a que ella será huma 'variedade da seguinte , co- fio aqui a sua descripção por inteiro da Phyt. Lusit. Seseli, O pequeno invólucro ordinariamente de poucos foliolos ; umbellulas curtas ^ quasi globosas j E ALIMENTAR PORTITGUEZA, 1^5'- calyx pouco apparente; pétalas infíexas-cordi- formes; fructo ovado, pequeno, estriado. 5. S. pusilum. Em Port.- Seseli pequeno. Folhas radicaes pinnuladas ; foJiolos ovados, fen- didos em três lacinulas , recortadas, mucrona- das ; os das caulinas setaceos ; peciolo membra- naceo ; os dos pequenos invólucros huns asso- velados, outros clavados-espathulados , mucro- nados ; pétalas nao voltadas para dentro \ cau- le forquilhoso. Raiz quasi fusiforme, branca. Caule ordinariamente solitário, glabro com.o to- da a planta , filiforme , quasi roliço , estria- do, altura de m.eio até hum pé, raras vezes mais , flexuoso , hum tanto levantado, débil , forquilhosamente ramoso desde a base até o topo , ramos hum tanto patentes. ^o\\^-d.s radicaes pinnuladas, foliolos oppostos ou quasi, rentes ou quasi, ovados, fendidos ordi- nariamente em três lacinias miniraas , estreitis- simamente cuneadas , duas ou três vezes recor- tadas , ou subdivididas em outras lacinias cur- tíssimas , agudas , mucronadas ; peciolo quasi do comprimento da folha, canaliculado , es- triado, pouco e pouco mais largo até a base, membranaceo nos lados, embainhando ou abar- cando metade da base do caule: as caulinas Ínfimas tamíbem pinnuladas; foliolos partidos em lacinias setaceas ; as superiores alternas, hum tanto remotas, recompostas, de três em rama , cada huma com seu peciolo , ou sem tWo. ; todas com foliolos lineares , setaceos , compridos; peciolo membranaceo, semiample- xante. Umbellas ; oppositifolias , sustentadas em hum 13^ FLORA PHAuMACEUTICA pedúnculo de pollegada e meia , ou mais de comprimento. Invólucro universal nullo, raríssimas vezes mo- nophyllo; parcial de poucos foliolos, quatro ou cinco, raras vezes nnis, huns assovelados, outros espathulados ; topo crasso, quasi acla- vado, mucronado. Umbella universal de poucos raios , três até nove, desiguaes , os externos mais altos, pla- na ; parcial de seis até nove raios , desiguaes ^ os externos apenas mais compridos que os res- pectivos invólucros. Calyx: nullo. Corolla : sobreposta , de cinco pétalas , brancas , quasi iguaes , inversamente cordiformes , pro- fundamente chanfradas , náo incurvadas para dentro. Estames : filetes cinco , capillares , curtos , obli- <]uos , brancos j antheras ovadas quasi redon- das , fuscas. Pistillo : germe sotoposto , ovado ; estyletes dous , curtíssimos j estigma simples. Fructo: separável em duas partes, ovado, coroa- do com os estyletes revirados para fora. Sementes : duas , glabras , ovadas , planas d' huma parte, três costeilas da outra. Toda a planta he hum tanto acre. Habita frequente nos montes calcareos junto de Coimbra , Lisboa e outras partes na Beira e Extremadura, Floresce na primavera e estio, Annual. E ALIMENTAR POMUGUEZA* Tff Cuminum. Ambos os Invólucros ordinariamente de quatro foliolos , simplices e trifendidos ; umbellulas quatro; calyx pouco apparente; pétalas infle- xas-chanfradas , quasi iguaes ; fructo elliptico, estriado, hum tanto áspero. 124. C. cyminura. Em Port, Cominho ordinário. Os caracteres do género servem para distincção da espécie por isso que até agora se não conhece outra. Planta annual , que se dd esponta-- neamente no Egypto e Ethiopia-^ entre nós cultiva-se nas hortas^ principal" mente nas provindas do suL Pharm. semente. Sementes : ovaes-oblongas, lineares, d' huma par- te planas e hum tanto concavas, da outra con- vexas , todas regoadas , hum tanto ásperas , do comprimento de duas linhas , fuscas-cinzentas. O fructo ordinariamente encontra-se unido , isto he , composto de duas sementes pegadas huma a outra. Sabor urente, hum tanto amargo; cheiro aro- mático. Phellandrium, Invólucro parcial polyphyllo; sete até dez folio- los ^ lineares ; umbella de muitos raios ; as par- S 13^ FLOBA PHARMACEUTICA ciaes bastas raulrifloras ; flosculos todos fér- teis ; calyx de cinco dentes ; pétalas cordatas- inflexas , brancas , as centraes menores •, fructo ovado-oblongo , coroado do calyx e estyletes ; sementes estriadas ou regoadas, com cinco cos- tellas. 125'. Ph. aqiiaticura. Em Port. Funcho d^agua, ou Clcutariã dos palies. Caule fistuloso , articulado ; articulações Ínfimas raigotosas j ramos desvaricados ', umbellas axil- lares. Tharm. sementes. Sementes: oblongas, lineares-ovaes , troncadas, hum tanto chatas , glabras , estrias pouco ap- parentes, hum tanto purpúreas, inferiormente verdes , hum tanto Kizidias , de duas linhas apenas de comprimento ; corotilho huma pe- quena margem de cinco dentes , com dous es- tyletes , persistentes , assovelados. Habita frequente nos sitios paludosos da mar- gem esquerda do Tejo, e também entre Douro e Minho. Floresce em Julho e Agosto. Bien- nal. As sementes são levemente aromáticas e constan- temente acres, O Doutor Brotero me communicou que lhe parecia que os referidos sitios pa- ludosos do alto Tejo , onde "uio esta planta , não erao os da antiga indige- neidade , vtsto ser ella alli mal nutri- da , comparada com a que cresce nas margens do Mansares ao norte e uisi- nhanças de Madrid, e julgava que a corrente deste rio vertendo no Tejo as suas aguas , as sementes desta planta E ALIMENTAR POUTUGUEZA. J^9 vas grandes innunãaçÕes tertao sido semeadas pelas margens do dito Tejo até Abrantes , onde he mais frequen- te. Coriandrum, Invólucro parcial semicircular , ordinariamente trifendido; flosculos centraes abortivos; calyx de cinco denticulos \ pétalas inflexas-cordifor- mes , desiguaes no raio ; fructo globoso, ou bi- lobado. 126. C. sativum. Em Fort, Coentro das hortas. Fructos globosos. Pharm. semente. Sementes globosas , umbilicadas no topo , miuda- mente rugosas , sulcadas-angulosas ; huraa li- nha ou pouco mais de comprimento. Cultiva-se frequente nas hortas. Floresce na pri- mavera e estio. Annual. Sementes recentes fétidas •, seccas fragrantes. 127. C. testiculatum , Coentro bigloboso. Esta espécie tem o caule ramoso , e anguloso , elevado até a altura de hum pé ou pouco mais ; as suas fo- lhas são pinnuladas ou bipinnuladas com folio- los divididos em lacinias estreitas e agudas ; as umbellas pequenas , e ordinariamente simpli- ces ; os fructos são didymos, ou como dous glóbulos adunados. Habita nas searas perto de Coimbra , e em outros lugares na Beira ; flo- resce em Junho , e Julho. Annual. Tem o chei- ro mais forte do que a e?pecie precedente. S z Í4Õ FLORA pharmaceutica Ch^rophyllum. Invólucro parcial ordinariamente de cinco folio- los ; flosculos centraes abortivos \ calyx pouco apparente; pétalas chanfradas, ou inflexas-cor- diforraes, as exteriores maiores •, fructo gla- bro , ou áspero , ou felpudo , oblongo , atte- nuado no topo, assovelado, ou rostrado. 128. Ch. sativum. £w2 Fort. Cerofolio, ou Cerofolho das hortas. Sementes lisas ou luzidias , oblongas ; umbellas i^uasi rentes , divididas era quatro ou cinco raios. Tharm. herva. Raiz fusiforme , fibrilosa no topo. Caule hum tanto roliço , levantado , estriado , quasi anguloso, glabro, esverdinhado, articu- lado, d' hum pé ou mais, forquilhoso. Ramos nas articulações, solitários, alternos, entre le- vantados e patentes , semelhantes ao caule , quasi empubescidos inferiormente. Folhas nas articulações , alternas , pecioladas ^ glabras .d'ambas as partes, tenras, bipinnula- das ; foliolos remotos , os da segunda pinnula- çâo ovados , hum tanto agudos , recortados- pinnatifidos , miudissimamente celheados na margem , nervura por baixo erapubescida j pe- los rectos, brancos; peciolos coynmims estria- dos, canaliculados , semiamplexicaulcs, de ca- da lado decursivos em huma membrana te- nuissima celheadaj parciaes hum tanto roli- ços , quasi triangulares , glabros. Estipulas nullas , em seu lugar hum annel avelu- tado-esbranquÍ£ado na inserção do pecioio. E ALIMENTAR PORTUGITEZA. T41 Umbellas terrainaes pedunculadas , as lateraes rentes, ou quasi rentes, excepto as da forqui- Ihadura do caule ; a universal dividida em três , quatro , ou cinco raios ; a parcial era cinco até outo, glabra. Invólucro universal nullo , em seu lugar hum foliolo semelhante aos caulinos, solitário j _^/5rr- cial de dous ou três foliolos. Perianthio quasi nullo. CoroIIa universal uniforme , flosculos do disco hum pouco inferiores ; a parcial branca de cinco pétalas, inversamente cordiformes, por ci- ma aquilhadas, por baixo canaliculadas, paten tes , no topo hum tanto curvadas para dentro quasi iguaes ; as exteriores hum pouco maiores Nectario : hum orbiculo sobreposto ao germe plano, branco, angulado^ fendido no meio persistente. 'S.^Xd.m.fè: filetes cinco, assovelados, brancos, pa- tentes , quasi do comprimento da corolla ; an- theras louras, quasi redondas, bilobadas, va- cillantes. Pistillo: germe sotoposto, verde, linear, tronca- do , bilobado ; estyletes dous , assovelados ^ hum tanto grossos , levantados , hum pouco curtos , brancos , persistentes 3 estigmas sim- plices. Cultiva-se nas hortas nos arredores de Lisboa , Porto , e outras partes. Floresce na primavera. Annual. Recente : cheiro agradável , balsâmico , débil nao se esfregando a planta. Secca absolutamente ino- dora, sabor débil aromatico-balsamico , quasi •o da herva doce. Esta planta he o Scandix cerefoliura de .t4Í TLOTlA PHARMACEUYICA Linneo: o Doutor Brotero seguto antef a Synonymia de Bauhino , e opinião de La Mafck. 120. Chxr. Silvestre. Cerofolho Silvestre ^ ou Cicu- taria dos prados. Caule quasi liso, estriado com articulações hum tanto túmidas ; foliolos agudos. Pbarm. herva. Raiz: fusiForme, cylindrica. Caules: muitos d' huma só raiz, d' hum pé ou mais , levantados , hum tanto roliços , sulca- dos , angulados , empubescidos , articulados , com entre-nóz engrossados no topo , forqui- Ihosos ; ramos levantados , inferiormente mis. Folhas : alternas , pecioladas , bipinnuladas ; as primeiras pinnulas remotas, as segundas ova- das, glabras, d'ambas as partes, luzidias, por cima d' hum verde saturado, lineadas, miuda- mente celheadas , recortadas-pinnatifidas, laci- nias lineares-ovaes , agudas , integerriraas. Pe- ciolos triangulares, miudamente estriados, pou- co empubescidos , por cima canaliculados , e formão na base huma bainha amplexicaule , sulcada , concava. Umbellas termmaes , duas a duas florentes , divi- didas era outo-, a primeira intermédia fructi- fera , dividida era dez raios ; as parciaes divi- didas em doze. Invólucro universal mulo -^ parcial de cinco fo- liolos , ovados-Ianceolados , agudos , voltados para fora , glabros , hum pouco mais curtos que a umbellula. Corolla universal igual; flosculos do raio her- maphroditos •, os do disco masculinos, hum pou- co menores , abortivos j a parcial branca , pe- E ALIMENTAR PORTUGITEZA. JA^ talas cinco , patentes , inversamente ovadas obtusas, a exterior hum pouco maior, inversa- mente cordi forme. Tubérculo sobreposto ao germe , a que alguns chamão nectario, branco, hum tanto luzidio, concavo, bipartido, convergente, persistente. Estames -.fi/etes assovelados, do comprim.ento da corolla, levantados j antheras quasi redondas, biJobadas. Pistillo: germe sotoposto , turbinado, hum tanto chato d'huma e outra parte, estriado, hum tanto luzidio ; estyletes brancos , hum tanto pequenos; estigmas simplices. Habita nas matas hum tanto húmidas, e nos ta- pumes ao norte do Reino : apparece raramente junto do Mondego na quinta de Villa Franca perto de Coimbra. Floresce em Maio até Ju- lho. Ferenne. Cheiro da planta contusa mais forte, desagradá- vel y sabor hum tanto amargo , nauseoso. Pastinaca, Caljx pouco apparente; pétalas amarelladas en- caracoladas para dentro, inteiras; fructo oval, chato , quasi plano. J30. P. sativa. Em Port. Pastinaca das hortas , ou Cherivia. Folhas simplesmente pinnuladas. Pharm. raiz, sementes. Raiz : fusiforme , quasi d' hum pé , esbranqulça- aa , rugas transversaes cm toda , fibras fili- formes, áxs^Qvszs; parejuhyjfia carnoso, bran- co; centro medullar orbicular, ou anguloso. 14^' FLORA PHARMACEUTICÁ estrias radiantes , ou d' hum disco pintado de miudissimas estrias ; recente na primavera la- ctescente. Sementes : ovaes , d' hiima e outra parte compres- sas-planas , ohtusas-arredondadas , hum pouco chanfradas, glabras •, d' huma parte hum tanto concavas, hum tanto aquilhadas da outra, e estriadas. Cultiva-se nas hortas em Lisboa, e Porto. Flo- resce na primavera. Perenne. Raiz recente : cheiro fragrante , sabor hum tanto doce , aromática ; secca pouco pesada , hum tanto friável, mais aromática. Sementes : cheiro débil j sabor intenso , empyreu- matico. Ainda que a raiz desta planta cultiva- da sirva entre nós unicamente como alimentar^ com tudo tem sido applica- do em ynolestias graves com grandes elogios atê o tempo de Boerhaave : as suas virtudes serão mais enérgicas sendo espontânea , o que poderia conse- guir-se semeando-a nos sitios natural' mente estrumados e incultos ^ coyno são as bordas dos caminhos , dos terrenos cultivados y tapumes y e ruínas de edt~ ficios. An et hum. Calyx pouco apparente ; pétalas encaracoladas para dentro , inteiras, amareiiadas j fructo oval ou <^uâsi , chato , estriado. E ALIMENTAR PORTUGUEZA. l^^ . A. graveolens. Em Fort. Endro ordinário^ ou maior. Folhas duas e três vezes pinnuladas ; pinnulas glabras, oblongas-seraceas, sementes pequenas, cllipticas , chatas, de três nervuras dorsaes, margem estreita, quasi membranacea. Fharm. herva , flores , sementes. Raiz : entre fusiforrae c cylindrica , descendente , ramosa , branca. Caules: ordinariamente muitos, d'huraa só raiz, de pé e meio até dous, levantados, glabros , estrias parallelas , alternas , rubicundas ; ramos alternos, levantados, remotos. Folhas : alternas , glabras , pecioladas , trcs ve- zes pinnuladas , lacinias assoveladas , agudas , por cima hum tanto planas ; peciolos roliços entre verdes e rubicundos , envaginantes na base , bainha lanceolada , concava , estriada , apertada , base amplexicaule. Umbellas : terminaes , amplas , planas , nuas , pe- dunculadas ; a universal ordinariamente divi- dida em dez raios , a parvial semelhante. Invólucro : nullo. Corolla : universal igual , uniforme ; parcial araarellada , pétalas cinco, rentes, ovadas, cur- vadas. Esiames : filetes setaceos , amarellos , compri- dos , levantados ; antheras subrotundas. Pistillo : germe sotoposto , hum tanto roliço , troncado , amarellado , estriado , glabro ; es- tyletes curtíssimos , approximados \ estigmas siraplices. Tubérculo, ou nectario: sobreposto, cobrindo o germe, oval, amarello, hum tanto convexo, tendido em dous lóbulos, convergentes, g ^uasi persistente. T j^^^ FLORA PHARMACEUTICA. Fructo ovado , d' huma e outra parte compresso- p!ano, estriado, glabro, do comprimento de duas linhas , divisível em duas sementes. Habita nos montes calcareos , nas searas nos ar- redores de Lisboa , Coimbra , e outras partes na Beira e Extremadura. Floresce em Maio e Junho. Annual. Folhas recentes : cheiro agradável , fragrante ; sabor aromático agradável. Flores mais aro- máticas, estimulantes. Sementes também aro- máticas como a planta ; do mesmo sabor, mais estimulantes. 132. A. segetum. Enàro das searas , ou menor. Folhas caulinas três ; fructos ovaes. Pharm. as mesmas partes da antecedente. Habita nos campos de Vallada e outras partes da Extremadura. Floresce em Julho e Agosto. Annual. Linneo por authoriàade do Doutor Van- de IH reputou esta planta hum a espé- cie disthcta da antecedente ; porém o Doutor Brotero , por ser esta perfeita- mente semelhante áquella , a julga ser huma 'variedade : consequentemen- te a esta idéa a metto na Flora Phar- maceutica , e pela mesma razão que tenho mettido outras ainda nao usa- das em Medicina. 133. A. Faeniculum. Funcho ordinário. Folhas inferiores três vezes pinnuladas ; foliolos lineares-setaceos ; bainhas dos peciolos quasi amplexicaules na base ^ fructo oblongo , es- triado. JBbarm, raiz , herva j semente. E ALIMENTAR POPTUGU-EZA. Í4^ Kalz: tenra, fusiforrae, branca, ramosa. Caules muitos d'huma só raiz, de três, quatro, até seis pés, levantados, roliços, estriados-, es- trias longitudinaes , ás vezes alternadamente glabras, e menos coradas, alternadamente pon- toadas; articulados; ramos alternos. Folhas nas articulações , intensamente verdes , glabras, diíFusas; pinnulas pinatiíidas, lacinias filiformes, agudas, tem por cima hum sulco longitudinal , por baixo três estrias remotas ; peciolos roliços, estriados j bainha cylindrica, concava , sulcada. Umbellas : terminaes nos ramos , pedunculadas , glabras; a mtiversal dividida ordinariamente em vinte parciaes , ampla , concava ; as ^ar- ei aes semelhantes. Corolla: amarella , de cinco pétalas, rentes, ova- das, obtusas-chanfradas , por cima aquilhadas, encaracoladas no topo. Tubérculo ou Nectario sobreposto ao germe, amarello , carnoso , oval , convexo , hum pou- co mais largo que o germe, crenulado na mar- gem , bifendido no meio , e quasi persistente. Estames : amarellos , filetes cinco , assovelados , do comprimento da corolla; ant heras ovadas, comprimidas , bilobadas. Pistillo : germe sotoposto , ovado-cylindrico , troncado , glabro , estriado-angulado, entre ver- de e amarello ; estyletes crassos , curtos , le- vantados, nascidos do nectario ; estigmas tron- cados. Fructo oval-linear, hum tanto roliço, profunda- mente sulcado , separável em duas sementes , do comprimento de duas linhas. Habita frequente junto dos caminhos, muros, sí- tios saxosos 5 e tapumes . quasi em todo o Rei- T 2 14^ FLOHA PHARMACEUTICA no. Floresce em Junho e Julho. Triennal e mais. Folhas recentes : cheiro débil , porém esfregadas fragrante , aromático , agradável j sabor aromá- tico, hum tanto doce. Raiz recente e tenra : sabor mais doce e mais agradável. Flores recentes : cheiro o das folhas. Sementes : cheiro aromático , suave ; sabor aro- • raatico , hum tanto doce , hum tanto estimu- lante j agradável. Llnneo âehalxo desta espécie reunlo di~ •versas variedades , as quaes Miller restituio a dijfer entes espécies \ entre ?ws ctíltiva-se , principalmente 720s ar- redores de Lisboa^ a variedade. Fseni- culura dulce , Funcho doce , de folhas mais doces , menores , caule mais curto ^ umbellas maiores ; fructo hum pouco mais comprido, mais doce; raiz annual; mas j segundo o Doutor Brotero , as re- metidas sementeiras , e o coito jloral o tornão em silvestre. Segundo a viesma authoridade tam- bém habita junto de Lisboa outra va^ riedade de Foeniculum rigidum, de fo- lhas maiores, foliolos mais largos , maia rijos, quasi mucronados, e mais laxos. Fimpinella. Umbellas acenosas antes da florescência; floscu- ios ordinariamente todos férteis^ calyx pouco E ALIMENTAR PORTUGUEZA. I^ç apparente ; pétalas inflexas-cordiformes , bran- cas, quasi igiiaes; estigmas quasi iguaes ; fru- cto estriado, ovado, ou quasi redondo, gla- bro, ou hum tanto avelutado. 134. P. anisum. Em Port. Herva doce ordinária. Folhas radicaes, fendidas era três Jacinias, re- cortadas. Pharm. Semente. Fructo pedunculado , ovado , separável em duas sementes , miudamente avelutado , estriado pouco mais comprido que huraa linha. Cheiro aromático, suave j sabor aromático hum tanto doce, agradável calefaciente. Cultiva-se nas hortas ao sul de Portugal: a sua pátria he o Egypto. Floresce no estio. x\nnual. 135". P. bubonoides. Saxifragia do Reino. Folhas radicaes duas ou três vezes pinnuíadas ; as caulinas medias alternas , compostas , de me- tade do comprimento do peciolo larguíssimo; as superiores siraplices, oppostas, ou verticil- ladas três a três; caule ramosissimo-panicula- do; umbellas numerosíssimas; sementes avelu- tadas. Brot. Thann Esta planta não se acha nos Catálogos de Matéria medica , e he reduzida pe- lo Doutor Brotero ao género de que actuahne?ite tratamos ^ e deslocada do Apium , e do Bubon , no primeiro dos quaes o tinha o m et ti do tanto Grislei ^ como Tournefort j ao segundo a chama- ria a afinidade co?n as suas espécies-, mas a falta d^ invólucros parcial e uni- versal a prohibem entrar neste segun- do género, Na incerteza das partes de I5'0 FLORA PHARMACEUTICA que se poderá chegar a fa&er uso dou aqui a traducçao de toda a descripçao, como se acha na Phyth. Lusit. Raiz : perenne , longa , hum tanto ramosa , da grossura d' hum dedo e mais , exteriormente verde , interiormente branca. Caule: annual, ordinariamente solitário, (ás ve- zes deus ou três na raiz annosa ) meio flexuo- so, roliço, estriado, glabro ; d' hum palmo, d' hum pé ou pé e meio d'altura; do fundo até o cimo ramosissimo , paniculado •, ramos patentes, glabros , alternos, meio forquilho- sos, quasi no topo do caule dous oppostos, e ordinariamente três em verticillo, raras vezes quatro. Folhas radicaes em torno do caule , opposta- mente bipinnuladas, raras vezes tripinnuladas; foliolos d' hum verde agoado , mui garços , rentes , desiguaes , multiformes , huns ovados- cuneados , outros ovados-rhomboidaes , alguns trapesiformes muito pouco ovados , e quasi redondos , todos crenulados , oppostos , junto da base das primeiras pinnulas hum sempre solitário, os impares maiores, recortados; pe- ciolo commum glabro, estriado, até o meio plano-convexo , d'ahi até o topo quasi roliço > canaliculado , na base largamente membrana- ceo : caulinas todas alternas (excepto no topo, onde duas sao oppostas, ou três era verticil- lo) : as inferiores semelhantes ás radicaes , po- rém, menores ; as outras pequenas decrescendo pouco e pouco até o cimo: as medias^como as inferiores dos ramos, curtissimamente pinnula- das , ou fendidas era cinco, e finalmente era três lacinias miniraas j peeiolo iarguissimo , E ALIMENTAR PORTUGUEZA. 15'! oblongo, membranaceo , espathirorme, linea- do , quasi amplexicaule , maior duas ou três vezes que a lamina da folha ; pela exsiccaçao recurvado para fora; as superiores estipulifor- mes, agudas, ovadas-Ianceoladas , glabras , de margem escariosa , pela exsiccaçao revirada. Umbellas: terminaes, e lateraes, numerosíssimas, todas acenosas antes da florescência ', pedúncu- los filiformes , estriados junto da umbella , quasi empubescidos , mais compridos que ella : a universal quasi plana , de poucos raios , três até sete , patentes , iguaes , quasi empubesci- dos: a parcial de cinco até nove, patentes, desiguaes , empubescidos. Invólucro: nullo (raríssimas vezes hum foliolo junto da umbella universal). Flosculos todos herraaphroditos, férteis. Perianthio próprio apenas notável. Corolla : quasi fechada , pétalas brancas , iguaes , inflexas-cordiformes , exteriormente erapubesci- das. Estames : filetes capillares , brancos , entre levan- tados e patentes, de dobrado comprimento da corolla •, antheras brancas , bilobadas , quasi globosas. Pistiilo: germe ovado, quasi redondo, estriado, erapubescido, entre verde e esbranquiçado; es- tyletes esbranquiçados , levantados , hum pou- co mais compridos que a corolla ; estigmas globosos, de cor hyalina. Fructo ovado-quasi-globoso , avelutado , quasi da largura d' huma linha. • Sementes d' huma parte convexas, avelutadas , pouco sensivelmente com três costellas no dor- so; e da outra levemente concavas. Habita nos terrenos arenosos , áridos , e magros ^ I^Z FLORA PHARMACEUTICA ao sul do Tejo nos pinhaes d'Almada , e Ca- parica , pelos tapumes nos arredores de Coim- bra , e outras partes da Beira , Extremadura e Alemtejo. Floresce em Julho , e Agosto. Pe- renne. Raiz acre; folhas levemente aromáticas» Calyx pouco apparente ; pétalas iguaes , encur- vadas para dentro , quasi redondas , amarel- ladas ; fructo pequeno , ovado , sulcado. 136. A. Petroselinum. Em Port. Salsa vulgar. Folhas caulinas lineares ; invólucros parciaes pe- queninos. Pharm. raiz, herva, semente. Raiz : fusiforme , branca ; exteriormente rugas annulares , approximadas ; parenchyma branco, carnoso-, centro medullar orbiculado, radiado- estriado; a parte cortical mais tenra, mais es- branquiçada. Caule : levantado , roliço , estriado , glabro , de hum verde intenso, articulado, superiormente ramoso ; ramos alternos , entre levantados e patentes. Folhas radicaes : do primeiro anno : pecioladas pinnuladas-ternadas ; pinnulas de longos pecio- los, partidas em três foliolos cuneiforraes, gla- bros d'ambas as partes, luzidios , venosos , pla- nos, fendidos em trcs lacinias, oblongas, ob- tusas com aresta minima. As do segundo anno bipinnuladas , hum pouco mais estreitas , e me- nos recortadas. As caulinas alternas , as infe- riores de longos pecioloSj bipinnuladas; pinnu- í ALLMENTAR PORTUGUEZA. 15'^ las pinnatifidas ; lacinias lineares, "obtusas com aresta minima , pinnas , inteiras , glabras ; as superiores pecioladas com bainhas , biterna- das, foliolos lineares, integerrim.os , peciolosi- nho intermédio quasi de dobrado comprimen- to; as extremas muito menores, simplesmen- te ternadas : peciolos compridos , hum tanto roliços , glabros , por cima canaliculados , na base envaginantes , bainhas lanceoladas , estria- das, glabras, margem quasi membranacea. Umbellas : terminaes nos ramos ; a universal partida em outo até dez parciaes , plana-con- vexa; -às parciaes patentes, partidas em doze raios e dahi para cima. Invólucro: universal nullo; parcial de seis e ordinariamente d'outo foliolos , assovelados , hum tanto deprimidos , aguçados , mais cur- tos que a umbella , desiguaes patentes. Corolla : universal igual , uniforme \ parcial verde, de cinco pétalas, ovadas, patentes, por cima aquilhadas, topo muito agudo, voltado para dentro; nectario, ou tubérculo sobreposto ao germe , convexo, verde, luzidio, de mar- gem hum pouco mais largo que o germe ^ cre- nulada. Estames : ^/í^/^ífi" assovelados , esverdinhados , de dobrado comprimento da corolla , patentes ; antheras verdes , quasi redondas. Pistillo : ^éT^/íÊ" verde, sotoposto, ovado, chato, truncado , estriado , glabro ; estyletes assovel- lados , curtos, levantados ; estigmas obtusos. Sementes do comprimento d' huma linha , planas d'huma parte, da outra convexas, de cinco ângulos. Cultiva-se quasi em todas as hortas de Portugal, V Í5'4 TLOUA PHAKMACEUTICA e nellas lie quasi espontânea. Foresce no estio, Biennal. Haiz recente : cheiro e sabor aromáticos ; sec- ca , frágil e quasi friável. Herva : cheiro fragrante, agradável ; sabor aro- mático; hum tanto calefaciente. Sementes: aromáticas, calefacientes. 137. A. graveolens. jí/po cultivado ^ e inculto. Folhas caulinas cuneiformes. \ Pharm. raiz, hcrva , sementes. Raiz : branca , fusiforme , ou quasi obovada , ra- mosissima ; ramos simplices : parenchyma car- noso , branco , firme , hum tanto frágil , com veios de differentes cores. Caules: muitos d'huma só raiz, hum tanto le- vantados, glabros, articulados, angulados, es- triados-sulcados ; ramos alternos, levantados. Folhas : alternas nas articulações , pecioladas, ternadas ; lóbulos cuneiformes , recortados , glabros d' huma e outra parte e luzidios , o in- termédio pedicellado ; as superiores fomente pedicelladas com bainhas ; peciolos do com- primento da folha ^ sulcados-angulados , enva- ginantes na base; bainha hum. tanto pequena, de cinco ângulos , amplexicaule , a margem de huma e outra parte m.embranacea. Umbellas: terminaes nos ramos , algumas appa- rentementc lateraes , quasi rentes ; a ujnver- sal ravâ , partida em doze raios patentes, os seis exteriores mais compridos , os seis interio- res de metade do comprimento dos primeiros; a parcial partida em dezoito raios , contrahi- da , plana. Invólucro: universal nullo. Corolla : universal igual, uniforme;, parcial E ALIMENTAR PORTUGUEZ A. l^f branca ; pétalas cinco, patentes, ovadas, por cima aquil liadas , topo virado para dentro ; nectario, ou tubcrciilo sobreposto ao germe, fendido em dons lóbulos, ovados, obtusos. Estames: filetes capiilares, mais compridos que a corolla, antheras bilobadas. PistilJo 1 germe sotoposto, ovado, troncado, cha- to , estriado ; estyletes nullos j estigmas sim- plices. Sementes: hum tanto pequenas, d'huma parte planas-concavas , da outra convexas , de cinco ângulos, os três intermédios maiores. Habita pelos rios , e nos sitios húmidos , princi- palmente maritimos da Costa da Trafaria , e outraS' partes na Extreraadura, e outras provin- cias do Reino. Floresce em Junho, Julho, e Agosto. Perenne. Raix recente : cheiro aromático , intenso , ingra- to; sabor hum tanto aromático, hum tanto doce : secca , frágil , mais calefaciente , cheiro mais ingrato. Herva recente : cheiro ingrato ; sabor aromáti- co , ingrato , caleficiente. Sementes: cheiro e sabor ingrato, amargo, cale- faciente. Cultiva-se nas hortas no Torto ^ e Lis- boa a -variedade A. dulce ou Aipo hor- tense, ou Celeri dos Italianos, de folhas largas , grandes , levantadas , com pecio- los coropridissimos , grossos ; foliolos de cinco lobolos , serreados. A afinidade com as JJynhelladas a- qu atiças , as qualidades sensíveis de todas as suas partes -^ o seu nocivo ef^ Jeito em algumas moléstias , tornao V i 1^6 FLOBA PHAKMACEUTICA suspeita esta planta , quando silves- tre ; ãa cultivada se faz uso cullnar , principalmente em salada^ ORDEM. *Trigynia, Rbus. Calyx partido em cinco laclnias ; corolla de cin- co pétalas; drupa, ou baga peqiTena, e o ca- roço da semente quasl redondo. 138. Rh. coriaria. Em Fort. Sumagre dos cortido^ res. Folhas bipinnuladas \ foliolos ovados-lanceola- dos , serreados , por baixo avelutados. Pharm. folhas , flores , bagas. Folhas : caracteres os da espécie. Flores : esbranquiçadas-amarelladas. Bagas : rubras , empubescidas , quasi redondas , hum tanto chatas ; polpa pouca. Semente : huma só ovada , achatada , escura , du- ra , unida á baga por hum cordão umbilical. Habita nos montes de Monchique no Algarve, e nos arredores de Lamego quasi espontânea : também se cultiva principalmente nas provín- cias do norte. Floresce em Abril e Maio. Ar- busto. Bagas : sabor acidulo. A dissolução do sulphate de ferro não ennegresce a infusão das bagas. O Gefiero j a que pertence esta espécie^ E ALIMENTAR PORTUGUEZA. 15*7 contém mtntas outras , famosas pela sua Índole 'venenosa , taes são o R. to- xicodendron , o R. radicans , o R. ver- nix , que sao vegetaes dioicos : estas es- pécies porém não hahitão em Portu- gal , pois não escapar ião ás investiga- ções do Dr. Brotero , feitas em todas as Provindas do Reino, Samhucus. Calyx de cinco dentes; corolla fendida em cinco lacinias ; baga de três sementes. I3p. S. Ebulus. P.m Port. Engos ^ ou Ebulo. Cymeiras tripartidas ; estipulas foleaceas ; caule herbáceo. Pharm, raiz , casca interior , folhas , flores , ba- gas , sementes. Raiz: hum tanto roliça, reptante, quasi carnosa, comprida , branca. Caule: herbáceo, hum tanto roliço, glabro, to- do estriado-sulcado , quasi articulado ; noz comprimidos , o superior , muito ramoso j ra- mos oppostos , levantados. Folhas oppostas , pinnuladas, quadrijugadas com impar •, foliolos lanceolados, desiguaes na base , agudos , venulosos , por cima glabros , por bai- xo empubescidos, verdes , serreados na mar- gem , o impar hum pouco maior : as caulinas pecioladas ; as do cimo quasi rentes ; peciolos roliços, estriados-angulados em toda a exten- são. Estipulas : quatro oppostas , pecioladas , cordifor- mes, agudas j serreadas j as do cimo -afoiça- 1^2 FLORA PHAT^MACEUTICA das ; as das pinnulas (excepto as do par in-^ ferior) dins a duas, quasi iguaes , semelhan- tes ás outras , porém menores. Cymeira: terminal, tripartida, com bracteas na base; raios quasi nus, os exteriores hum tan- to roliços, por cima cora cinco estrias, o in- termédio comprimido , todo estriado , sulcado : Bracteas solitárias , lineares-assoveladas , quasi serreadas ; nos raios da cymeira , muito meno- res nos pedicelios. Calyx perianthio, margem sobreposta pequena, de cinco dentes , ovados-agudos , levantados , purpúreos. Corolla : monopetala , esbranquiçada ; tuh cur- to, crasso; orla profundamente fendida era cinco lacinias, lanceoladas, agudas, liura tan- to concavas ; margem toda voltada para den- tro , ou topo voltado para dentro , por isso obtusas , purpúreas por fora , rugosas , paten- tes , por dentro brancas. Estaraes: jÇ/^íé-j hum tanto roliços, crassos, ru- gosos, brancos, insertos no tubo, e do com- primento da corolla ; antheras duas a duas parallelas , hum tanto roliças , agudas , sulca- das por cima. Pistillo : germe sotoposto , turbinado , glabro ; estyletes nullos , e em. lugar delles huma glân- dula bojuda ; estigmas obrusos no topo da glândula Bagas: orbiculadas , deprimidas no topo, com embigo pequeno , fendido . glabras , luzidias , ennegrecidas , da grandeza d' huma pequena ervilha ; parenchyma succoso , purpúreo , de três sementes. Sementes: rugosas, ovadas, quasi triangulares, convexas no dorso, anteriormente aquiihadas. E ALIMENTAR PORTUGUEZA. 15*9 Habita nos sitios húmidos , sombrios junto de Torres Vedras, Cintra, Serra d'-EstreIla, e outras partes na Beira e Extremadura. Flo- resce em Junho e Julho. Perenne. Toda a planta tem o cheiro viroso , ingrato , semelhante ao do sabugueiro, mas mais forte. Raiz: sabor amargo, nauseoso. Casca interior dos caules : cozida recente era agua dá hum liquido intensamente amargo. Folhas : cheiro fétido ; sabor no principio hum tanto fétido, e mastigadas intensamente amar- gas , e muito nauseosas. Flores recentes: cheiro e salíor como nas folhas. Bagas recentes : cheiro nullo \ sabor acido, amar- goso ; o sueco tinge o papel branco d' hum azul elegante. I40. S. Nigra. Sabugueiro ordinário. Cymeiras partidas erA cinco raios; caule arbóreo. Pharm. Flores, bagas, sementes, casca interior, follias. Caule : arbóreo , ramos cinzentos , hum tanto ás- peros com pontos dispersos, elevados; ratm- fíbos oppostos , roliços, articulados, esverdi- iihados , levantados , hum tanto ásperos. Folhas só nos ramos , oppostas , pecioladas , pin- nuladas ; pinnulas ovadas-oblongas , agudas , serreadas , miudamente celheadas , glabras, por baixo veios hum tanto ásperos, de duas polle- gadas ou m.ais , pcuco a pouco menores ; pe- ciclos hum tanto roliços , ásperos por cima canaliculados, por baixo convexos, estriados; ângulos esbranquiçados, murchosos, incrassa- dos na base do peciolo. reciprocamente encruzados. -Cyraeira terminal convexa-plana , nmpla , bran- ca; peãuncíão cylindrico, estriado-angulado.. l60 FLO^A PHARMACEUTICA branco , áspero ; flores brancas , pedlcella* das. Calyx: perianthio, sobreposto, pequeno, bran- co , de cinco dentes , ovados , hum tanto agu- dos^ miudamente celheados, por baixo empu- bescidos. Corolla ; arrosetada , plana d' huma e outra par- te, branca, fendida em cinco lacinias, ovadas obtusas ; tubo nullo. Estames: filetes brancos, apegados á corolla, e do seu comprimento , assovelados , patentissi- mos; tó;//^í?r<3'j' amarelladas, bilobadas. Pistillo : germe verdadeiro sotoposto , turbina- do , glabro , esbranquiçado \ o sobreposto ova- do , glabro , alvíssimo, do comprimento do ca- lyx (^) ; estyletes nullos ; estigmas quasi re- dondos, carnosos, brancos. Bagas: ovaes, negras, hum tanto luzidias, ob- tusas no topo , quasi mucronadas , umbilica- das ; emhigo convexo , radiado , raios obtusos , cinco \ par ene hy ma succoso, com três semen- tes. Sementes: approximadas , ovaes-lineares, obtusas diambas as partes , planas-convexas , miuda- mente rugosas, pouco mais compridas que hu- ma linha , crusta quasi óssea hum tanto frá- gil , dentro da baga rodeadas d' hum sueco ge- latinoso. Habita nos tapumes, e margens dos rios, perto do Sabugueiro na Serra d' Estrella , e outras (a") Esta descripção dá a entender a existência de dons germes ou ovários, hum sotoposto, outro sobreposto, mas não lie assim-: a parte sotoposta lie propriamente o ovário, a sobreposta he verdadeira- mente huma intumescência do ovário, que faz as vezes de estylete, a que Linneo chama glândula. E ALIMENTAR PORTlTGUEZA. I^I. partes na Beira , e he cultivado era quasi todo o Reino. Floresce em Março e Abril. Pequena arvore. Flores recentes : cheiro fragrante , pouco des- agradável, ou hum tanto nauseoso; sabor hum tanto amargo. Bagas : cheiro mais debil ; sabor acidulo , a ma= teria colorante adhere á superfície interna. Casca interior : sabor ao principio hum tanto do- ce , depois hum tanto amargo , acre , nauseoso. Tamarix. Calyx partido em cinco lacinias , persistente ; co- rolla de cinco pétalas ; estames cinco, mais raras vezes dez ^, capsula oblonga , de três fa- ces , de três válvulas , unicellular , de muitas sementes; sementes pappilhosas. 141. T. gallica. Em Fort. Taynargueira franceza. Folhas rentes, alternas, escamiforraes, mucrona- das, imbricadas; flores pentandras. Pbarm. casca, lenho, folhas. Casca exteriormente fusca-acinzentada , hum tan- to glabra , enrolada , face interior d' hum fus- co alourado, tem linhas elevadas, interrumpi- das, e he toda áspera, luim pouco grossa. Habita pelas ribanceiras dos rios , marachões dos esteiros e salinas , e pelas praias do mar perto da Figueira , e outras partes na Beira e Extre- madura. Floresce em Junho e Julho. Arbus- culo. Cheiro quasi nullo , sabor levemente austero. X lèz FLORA PHARMACEUTICA. • • - ORDEM Pejitagjjiia, Statice. Calyx monopliyllo, inteiro, franzido, escarioso, persistente •, corolla de cinco pétalas , raríssi- mas vezes monopetala ; semente única , sobre- posta , oblonga , pendente d' hum cordão com- prido. 142. S. Limonium. Em Port. Limonio ordinário. Hastèa roliça sobrecompostamente paniculada , folhas quasi ellipticas , glabras, venosas, por baixo grossas nervuras \ perto do topo hum aculeo rainimo voltado para fora, Vharm. raiz. Raiz secca : cylindrica , rugosa ^ transversalmente miudamente estriada, parenchyma hum tanto solido, rubicundo. Habita nos sitios relvosos e húmidos , principal- mente perto da Figueira , e entre Alfeite e Sei- xal junto do Tejo. Floresce no estio. Perenne. Cheiro débil ; levemente austero, levemente amar- Do monte Lihano e outros lugares da Syria vem hum a raiz chamada Belien rubro , em pedaços , transversalmente cortados, curvados, rugtsos , compa- 'Ctos ,que alguns attribuem a esta es- pécie ; o -que não he ainda decidido , nem provavehnente se decidirá pela E ALIMENTAR TOI^TUGUEZA. l6^ falta das ãescripçoes do Belien d'Aví- cenna , de Serapião , ou dos Árabes mo- dernos ; outros querem que a raiz des- ta espécie seja ao ynenos muito capa^ de se substituir ao Behen rubro, •143. S. auricLiIoefolia. Limonio , orelha d' urso, Hasrea simples, roliça ; espigas terminaes, late- raes, segundinas ; folhas espathuladas, agudas. Folhas : quasi da mesma fórma e gjrndeza que as da Primula auricuU (orelha d'urso) cras- sas j glabras , espathuladas ; sem veias , c sem nervuras sensíveis, terminadas n'huma aresta miniraa , hum tanto rija. Hasfea : de pé e meio ou mais. Flores : bastas . segundinas. Habita nos sitios marítimos, herv^osos, e húmi- dos do Tejo entre Alfeite e Seixal. Floresce no estio. Perenne. Flauta média eittre a precedente e a se- guinte. Brotero. 144. S. oleoefolia. Estatice de folhas d'oliveira. tolhas espathuladas-lanceoladas, hum tanto ob- tusas; perto do topo quasi aristadas , glabras; de três nervuras pouco apparentes ; hastea fíe- xuosa, paniculada; ramos levantados; pétalas chaníradas. Habita nos precipícios marítimos', na costa da Trafaria, junto da Lagoa d^Obidos, e outras partes. Floresce na primavera e estio, e ás ve- zes no outono. Perenne. 145-. S. armeria. Herva divina de Curvo. Folhas lineares, ou quasi, integerrimas, agudas, aqmlhadas j hastea simplicíssima ; flores capito- X 2 • 164 FLO?>A PHARMACEUTICA sas ; foliolos externos do calyx commura mui- to pontagudos. Habita nos sitios maritiraos perto da Figueira , e outras partes; e também nos montanhosos da •Louzã , Miranda do Corvo , perto da Serra d'Estrclla , entre Lamego e Vizeu , montes do Alem-Tejo , e Algarve. Floresce no estio e outono. Perenne. 146. S. Pseudo-armeria. Cravo Romano. Folhas muito lanceoladas, integerrimas, glabras, trinerveas, agudas, moiles; hastea simplicissi- ma; flores capitosas; foliolos do calyx cora- mum , agudos , margem membranosa. Habita nos sitios marítimos desde a Figueira até o Cabo da Roca. Floresce no estio. Perenne. 147. S. Pungens. Est atice de folhas agudíssimas. ' Folhas estreitamente lanceoladas , integerrimas , rigidas , quasi pungentes no topo ; hastea sim- plicissima ; flores capitosas ; foliolos do calyx commum todos obtusíssimos, chanfrados. Habita entre Porto Brandão e Albufeira, e en- tre esta alagoa e o Cabo d' Espichel. Floresce no estio. Perenne. Tlanta média entre a St. armeria e pseu- do-armeria. Alem da S. Limonium referi as outras espécies do ynesmo género pela grande affinidaâe , que ha entre ellas , a qual eonduz a presumir virtudes análogas. Lijiuín, Calyx de tinco foliolos ; corolla de cinco peta-» E ALIMENTAR POKTUGUEZA. l6^ I?.s ; esrnmes quasi monadelphos na bnse ; capsula quns) ^lobosa , aguçada, de cinco vál- vulas, dez cellulas monospermas. 148. L. usitatissimum Em Fort. Unho ordinário. Calyces, e capsulas, mucronados^ pétalas cren^a- dasi folhas lanceoladas; caule quasi solitário. Pharm. Sementes. Sementes ovadas-oblongas, pouco e pouco atte- nundas no topo, hum tanto obtusas, lisas, lu- zidias, hum pouco mais compridas que huma linha , e de côr d'azeitona. Cultivâo-se nos campos férteis , e hum tanto hú- midos algumas variedades , a que chamcío //"- 72Ò0 da terra , gallego ^ e mourisco. Floresce na primavera. Annual. Cheiro quasi nullo, sabor fátuo, mucilaginoso. Aparte descripta he a única usada em Medicina : o caule , depois das prepa- rações bem conhecidas^ reduzido a pan- no o he muito extensamente em cirur- gia, em ligaduras , fios ^ chumaços e isca : todos estes usos , e outros bem conhecidos ^ ou se considerem physiolo- gica , ou pathologicamente afazem esta planta digna d'' huma cultura mais extensa entre jws. 149. L. agreste. Linho gallego silvestre. Folhas e calyces lanceolados , mucronados , de três nervuras, glabros j capsulas mucronadas, lanuginosas nos partimentos ; caules quasi ces- pitosos, oblíquos. ( Brot. Flora Lusit.) Este insigne botânico diz, que he uiii- camente a esta espécie que se pôde re- t66 FLO^A THA^MACETTTICA. ferir o L. sil veste latifoUo, laniigínoso , de flor branca com linhas purpúreas , í]ue J. Bâi^h. (Hist. plant. vol. 7^. p. 4^4) pela authoriàaãe de Clusio diz habi- tar nos arredores de Coimbra ; posto que rãrissimas vezes Ia tifo Ho , nem lanugínoso, senão nos dissepimentos da capsula. Faço menção delle pela sua afinidade com a espécie precedente , da qual talvez seja huma variedade, Omitto a sua descripçao , por ser bem fácil distinguilla pelos caracteres es- pecíficos, i^O. L. catharticum. Linho purgante. Folhas inferiores ovadas , obtusas ; superiores , ovadas-lanceoladas j caule superiormente for- quilhoso. Pharm. Herva. Raiz filiforme, descendente, fibrillosa no topo. Caule filiforme, de quatro poUegadas até hum pal- mo , segundo a diversidade do terreno , levan- tado, roliço, glabro , inferiormente simples, superiormente forquilhoso •, ramos patentes. Folhas: d' hum quarto de poUegada, hum tanto .• • agudas, glabras , quasi aquilhadas por huma nervura longitudinal , integerrimas , levanta- das, mais curtas do que os entrenóz , as infe- riores mais próximas. , ,^ Flores : pedunculadas , paniculadas , terminaes. Bracteas : lineares , oppostas nos pedúnculos , mais curtas que elles. Calyx: perianthio partido em cinco lacinias ova- das-oblongas, aguçadas, glabras, miudamente celheadas , concavas , aquilhadas , iguaes , le- vantadas , persistentes. E ALIMENTAR PORTlTGUEZA. j^^ Corolla: campanuíada, de cinco pétalas, bran- ca, inferiormente amarellada , caduca • pétalas quasi rentes, cuneiforr.es, obtusas, tri^ne^rveas de dobrado comprimento do calyx entre le- vantadas, e patentes. ^ ' Estames : filetes membranaceos , inferiormente mais krgos, ovados, quasi monadejphos ao redor do germe superiormente assoveJados dondar""'"'" ^" ''^^^' '''^'^^^^ q-^^i rei Pistillo: ^m;/^ ovado, verde, glabro, quasi an- guloso - estyletes capiilares , ^uasi do^olrl Capsula: globosa , coberta do calyx, pentagona de dez cellul.s, de cinco válvulas. ^ "''S''^^' bementes: solitária, em cada ceiiula, ovadas-a^u- das , chatas , nitidas. ' ^S" Habita nos sitios húmidos, e pelas ribeiras no Gerez , e outras partes Entre Douro e MTnlò Floresce em Junho e Julho. Annuai. Cheiro debil, sabor amargo , hum tanto acre. ::Lr^""^^^^^'^'---' poucos Drosera. Calyx partido em cinco lacinias; corolía de cin- co petaJas; capsula uniíocular, de cinco valvu- ias; sementes muitas 15^. D rotundifoJia. Em Fort. Rosella , ou Orva^ Ihinha orchnaria. ' ^ Hasteas radicadas • folhas orbiculadas. JriJarm. herva. Raiz fusiforme, fibrosa , hum tanto negra. Folhas todas radicaes, pecioladas, orbiculndas, d' hum verde diluido, por baixo glabras , por cima hirsutas, de pelos curtos, capitosos ce- Iheadas na margem, as celhas assoveladas , molles, capitosas i as folhas mais tenras me- nores com celhas e pelos rodos voltados para dentro, cobrindo o disco da folha; peciolos roliços , hirsutos , patentissimos de dobrado comprimento das folhas, na base huma unha linear-plana, mais larga que o peciolo ; hum pincel de sedas molles nas unhas dos peciolos em lugar de estipulas. , . ,. Hastea radical, de quatro poUegadas, levanta- da filiforme , roliça , glabra , simp icissiraa. Racimo terminal, levantado, segunaino; flores CaíyxTp^erlmthio , raonophyllo , glabro tubo curto , turbinado , de cinco ângulos; orla mais - compíida que o tubo, fondida em cmco laci- nias, lineares, obtusas, levantadas, miudamen- te vesiculosas. CoroUa de cinco pétalas , brancas ; hum pouco maior que o calyx. , , , • .^ Éstames -.filetes assovelados , do comprimento do calyx •, antheras hum tanto pequenas. Pistillo • ^^rw;^ quasi redondo ; estyhtes áo com- primenlo dos esta mes ; estigynas simplices. Habita nos brejos do Gerez , e d'outras partes principalmente nos d'Antanhol , c Sarnache perto de Coimbra. Cheiro nullo; sabor acidulo , e hum tanto amar- go hum tanto acre , e hum tanto estyptico. TC2 D loncrifolia. Rorella de folhas compridas. 'nâsteas radicad?.s; folhas inversam.cnte ovaes- hnceoladas , quasi decursivas no peciolo. Pharni. ?- E ALIMENTAR PORTUGITEZA, 169 A eHructura desta espécie , coyn a dijfe- rença referida , as mesmas proprieda^ des , ou qualidades chamadas sensí- veis , e a mesma habitação que a da. espécie antecedente me o briga o , alem. da menção que delia fa^em alguns Au* thores de Matéria Med. , entre elles Murray , a metella no numero das plantas Portuguezas , que podem prés* tar algum uso na nossa ynedicina. C L A S S E 6." Hexandria. ORDEM I." Monogynia, Allium, Corolla sotoposta , de seis pétalas , patentes ; es- patha multiflora; umbella simples, congrega- da; estigma simples; capsula trilocular, trilo- bada. I5'3. A. porrum. Alho porro das hortas, Umbella globosa ; estames tricuspidados j raiz tu- nicada. Pharm. e Alim. Raiz , folhas. Bolbo cónico de huma , de duas ou mais polle- gadas, branco, estriado , sulcado , coberto de bainhas membranaceas , raigotoso de muitas X ■^yO FLOBA PHAKMACEUTICA fibras brancas descendentes ; parenchyma bran- co , carnoso, tunicado, centro raeduUar quasi redondo. Folhas lineares-lanceoladas , amplexicaules. Ciiltiva-se nas hortas. Floresce no estio, Annual. Cheiro forte , desagradável ; sabor quasi adocica- do, brandamente acre. Tem multa affinlãaãe com o seguinte^ do qual he 7ahez variedade , segundo Wílãenovj. 15'4. A. ampeloprasum. Alho porro bra-vo. Umbella globosa , estames tricuspidados , hum pouco mais compridos que a coroUa ^ pétalas ásperas na quilha. Bolbo tunicado, bojudo, bolbilhos conchegados em torno da base , habito menor que o do an- tecedente. Habita frequente nos montes , valles , e campos nos arredores de Coimbra , e outras partes do sul da Beira, e de todo o Reino. As mesmas propriedades do antecedente. Não se acha nos Catálogos de Mat, Med. entre nós o seu uso he unicamente cu- linar , principahnente em molhos de • ■ peixe, 1<<, A. Victorialis. Alho oblongo de raizes enreda- das. Umbella arredondada ; estames lanceolados, mais compridos que a coroUa j folhas ellipticas. Pharm. raiz. Eolbo simples, ou muitos juntos parallelos, cy- lindrico, fbrilloso,;, com rugas annulares^ pro« E ALIMENTAR PORTUGITEM. 'lyt' fundas^; -bainhas numerosas , reticulares , sec- cas. ., Habita na Serra d'EstrelIa entre os vidoeiros perto do lugar do Sabugueiro. Floresce em Ju- lho e Agosto. Perenne. ;:,n . Raiz e toda a planta recente: tem o cheiro alliaceo , mais débil que nas outras espécies, secca he inodora, insipida , e caria facilraea^ ;;te. ■ . A discordância gr ammatical entre^'\.z\.0' rialis e Allium, que se acha em todos os Authores de Mat. Med. e de Botâ- nica , indica que este noyne se não ap- plica d totalidade da planta \ Clusio o applicQU d raiz pelo seu expectaculo uistoso e elegante : em ph armada se tem dito Victorialis longa para a dis- tinguir ^/f Vctorialis rotunda, noyne da- do d raiz do Gladiolus communis {es- padana dos montes e searas.') 1^6. A. sativum. Alho ordinário das hortas. Bolbo composto, tunicado \ bolbilhos oblongos, aguçados , interiormente angulados j estames tricuspidados. Pharm. Raiz , folhas , e alimentar. Bolbo quasi redondo, com túnica inteira, secca ^ papyracea , branca ; composto de bolbilhos em huma ou duas series de fascículos , coberto de huma túnica branca própria •, bolbilhos cinco ou seis quasi iguaes ,*-parallelos , oblongos , cur- vados para dentro, agudos, convexos exterior- mente , interiormente cora dous planos incli- nados , cada hum coberto d' huma túnica de duas laminas , a exterior papyracea , a interior y 2. 'íi'% FLORA PHÁl^x\íACEUTICA mais ténue \ parenchyma branco, carnoso, cheio d' hum sueco limpidissimo. Cultiva-se nas hortas. Floresce no estio. Peren- ne. Natural da Sicília, Cheiro forte, penetrante, ingrato, volátil , espe- cifico ; sabor hum tanto doce , acre , análogo ao cheiro. ^57. A. Scorodoprasum. Alho grosso d'' Hespanha, Caule espiral no cimo; folhas crenuladas; bai- nhas bigumeas ; bolbo composto , entunicado ; bolbilhos grossos , d' Imm angulo interiormen- te ; estames tricuspidados. O mesmo uso do antecedente, e as mesmas par- tes. Bolbo radical quasi globoso •, túnica acinzenta- da , secca , nervosa ; raigotoso na base por meio de fibras ; no topo obtuso-arredondado , solido , branco , estrias externas , longitudi- naes , parallelas ; parenchyma carnoso, bran- co, quasi succulento, centro medullar oblon- go, pouco apparente. Cabeça floral quasi redonda com bolbilhos turbi- nados , obtusos , inferiormente pallidos , supe- riormente purpúreos, glabros, unguiculados, estrias fuscas ; parenchyma entre branco e amarello , carnoso , centro medullar quasi re- dondo , pequeno, verde. Espatha universal : levantada , aguda , membra- nacea, branca, mais comprida que a cabeça; parciaes muitas , linearcs-lanceoladas , muito mais compridas que os bolbilhos, mem.brana- ceas , brancas , cad*a hum com sua \ rudimento de flores pedunculadas ao lado, ou entre os bolbilhos. Cultiva-se principalmente no Alemtejo. Floresce no estio. Perenne. E ALIMENTAR PÓRTirGUEZ'A. I'7J Cheiro forte, análogo ao do alho ordinário; sa- bor acérrimo , amargoso , forte,, penetrante. j^2. A. cepa. Cehola hortense ordinária. " Hastea inferiormente bojuda , mais comprida que as folhas , que sao ôccas \ estames alter- nos , trifendidos, O m.esmo u'so, e as mesmas partes' dos antece- dentes. ; Bolbo orbiculado, membrana cortical papyracea glabra, com estrias \ong\iuá'm^Qs; par ene hy ma. carnoso , frágil , túnicas carnosas, concêntricas , o das hr ancas intimas alvissimo, mais molle^ mais succolento. Cultiva-se frequente nas hortas. Floresce no es- tio. Annual , ou bicnnal. .1 Cheiro fragrante , hum tanto alliaceo intenso; sabor hum tanto doce, acre. .\-i Varia no bolbo radical ovado ^ ou mui- to depriynido , nas túnicas externas brancas , ou avermelhadas , na umbel' la bolbifera-prolífera , ou jlorifera, 15^. A. ascalonicum. Chalotas das cozinhas. Bolbos oblongos , agudos , conglomerados ; hastea roliça; folhas assoveladas , fisiulosas; umbeila globosa; estames alternos, tricuspidados. Uso da raiz somente culinar. Bolbos muitos, conglomerados, ovados, os late- raes menores, quasi chatos, o central m.aior ; cobertos de duas túnicas, ambas inteiras, li- vres , glabras ; a exterior rubra-ferruginea , ou cor de palha , hum tanto luzidia, longitudi- nalmente estriada ; a interior nervosa , as ner- vuras parallelas distantes: depois delias huma membrana ténue, applicada ao bolbo 3 paren- 1:74: ..-?I70M' .MATIMACEUTICÁ . chynia carnoso, qiiasi diaphano , azul claro; , , centro medullar ovado, ou orbiculado, ordina- riamente duplicado, livre., cingido d' hum .dis- co análogo. .:',jrrj -Mi -iu" ■ii'. ' . Xultiya-se nas hortas ern Lisbõái S; PQtjto. Flo- resce no estio. Perenne. ' , ;f' .' r -> ■ -:•;- Cheiro o da cebola, mas mais .a:gradavel , sabor o da cebola , porém mais brando,: levemente acre, quasi, nada amargo. ri-n •-■ ,' 160. A. Lusitanicura. .Ci»^/»?/^/;^^^? do Reino. ■ ,;;^ Folhas filiforrnes ., fistulosas.,^. inferiormente em- •;'! bainhando a hastea roliça , mais curtas que ella ; urabella globosa ; estames simplices, hum - ( tanto mais compridos que a corolla. Habita nas alturas do Gerez. Floresce no estio, jOJ IV] Perenne., 161. A. magicum./^/Z'^a raiz, na hastea ramosa, e em todo o habito semelhante d espécie antece- dente -j por isso a ajuntei acpui. E ALIMENTAR PORTUGUEZA. I791 Asparãgus. Corolía hexapetala , sotoposta ; pétalas conver- gentes na base ; estigma de três ângulos \ baga de três cellulas com duas sementes em cada huma. 166. k. officinalis. Fjyn Port. Espargo hortense» Caule herbáceo , roliço , levantado , paniculado ; folhas setaceas ; estipulas caudadas , membrana- ceas , agudas ; flores dioicas por abortamento. Tharm. t2Ívl \ alim. grelos. Raiz: fibrosa; fibras muitas, longas, cylindricas, pouco a pouco engrossando até a grossura de huma penna de escrever ou mais , acinzenta- das , fibrillosas na base , fasciculadas como era cabeça no ponto do apego, entre horisontaes e descendentes. Parenchyma carnoso , quasi succulento, branco, ponto central pequeno. Grelos ou renovos : cylindricos , levantados , de quatro ou mais pollegadas , da grossura d' hu- ma penna de escrever , ou do dedo minimo , ás vezes mais , segundo o terreno , entre verde e pallido do meio para baixo , e do meio para cima arroxados , carnosos , tenros , cheios de hum sueco aquoso , semeados de escamas ova- das-lanceoladas , agudas , conchegadas , bran- cas, imbricadas: parenchyma carnoso, succcso, esverdinhado. Cultiva-se nas hortas , e nas vizinhanças das po- voações acha-se espontâneo e silvestre. Raiz : cheiro não ingrato ; sabor no principio hum tanto doce , depois hum tanto amargo. Grelos : cheiro quasi nullo ; sabor como o das ervilhas cruas. Z i j8o » ÍLOTIA PHAUMACETJTICA l^ão he certo se os antigos Gregos tive' rão noticia deste Espargo; mas como Dioscorides descreve e refere as vir^ tudes do i\sparagus silvestris , que de- nomina Corruda , e no nosso terreno crescem três espécies chamadas Cor- rudas , ojfereço aqui aos nossos Medi' cos e Botânicos os caracteres delias. 167. A. acutifolius. Espargo hravo de folhas agU" das , ou Corruda menor. Caule anguloso, arbustivo j aculeos lineares, ri- jos , curtíssimos , quasi iguaes , fasciculados. Habita nos terrenos estéreis na Extremadura e Alem-Tejo. Floresce no estio. Arbusto. 168. A. aphyllus. Espargo bravo sem folhas , ou Corruda ynaior. Caule angulado , arbustivo, espinhosinhos fasci- culados, agulhiformes, ou assovelados , rijos, longos , desiguaes. Habita nos tapumes , ao pé das arvores , e nos montes nos arredores de Coimbra , Lisboa , e quasi em todo o Reino. Floresce no estio. Pe- renne. Habitão em Portugal duas variedades : l." de espinhos crassos^ quadrangulares, do comprimento de huma e meia até duas pol legadas , dous a dous , três a. três , ou ás verdes "oliiarios. 2." de espinhos curtos muito desiguaes , de huma e meia até seis linhas de comprimento. 169. A. albus. Espargo branco. O caule e ramos são brancos , estriados , flexuo- SOS 3 os espinhos quasi horisontaeSj solitários ), E ALIMENTAR PORTtTGUEZA. iSl as folhas fasclculadas, filiformes, quasi glau- cas, decadentes. Habita nos arredores de Lisboa , e outras partes da Extremadura. Floresce no verão. Arbusto. Convallarla. Corolla sotoposta , monopetala , globosa , ou tu- bulosa , dividida em seis e raríssimas vezes era quatro lacinias •, estames apegados na corolla por cima da base; estigma de três ângulos; baga de três cellulas monospermas, ames da maturação malhada, ayo. C. maialis. Em Fort. Lirio convalle, ou dos •valles, Hastea inferiormente embainhada ; bainha de duas folhas ; racimo simples , segundino , quasi acenoso. Tharm, flores , bagas. Racimo : terminal, levantado, superiormente ace- noso j glabro ; axe commum dos pedúnculos comprimido, entre elles alternadamente angu- loso ; pedúnculos alternos , roligos , glabros ^ unifloros , acenosos. Bracteas nos pedúnculos; solitárias, lanceoladas, hum tanto concavas , esbranquiçadas, membra- naceas, de metade do comprimento dos pedún- culos. Flores: brancas, acenosas. Olyx nuilo. ■Corolla: camp^nulada , branca, fendida em seisr lacinias, ovadas, hum tanto agudas, reviradas para fora. l2z . ■ FLORA PHARMACEUTICA Estames : filetes curtos , brancos , mais largos na base ; duas glândulas pouco apparentes na base de cada hura dos filetes; antheras: pyramidaes, quadrangulares , agudas , inclinadas para o es- tylete, levantadas, aberras longitudinalmente pelos lados , do comprimento de metade do pistillo. Pistillo: mais curto que a corolla ; germe sobre- posto, ovado, entre esbranquiçado e amarella- do, terminado em hum estylete crasso, cylin- drico,'branco , quasi de três ângulos; estigma. de três ângulos , obtuso miudamente aveluta- do , branco. Bagas : ovadas-obtusas , rubras , polpa succulen- ta, ordinariamejite com três sementes, ovaes, duras. Cultiva-se nos jardins. Não obstante a authori- dade d'alguns Botânicos, affirmando que esta planta cresce em Portugal , o Doutor Brotero nelle não a vio : a sua pátria he o norte da Europa. Willden. Flores recentes : cheiro fragrante , agradável ; nas murchas cheiro menos intenso ; nas sec^ cas nullo; sabor amargo. Bagas hum tanto do- ces , hum tanto amargas. Sementes mais amar- gas. 171. C. polygonatum. Sello de Salomão. Folhas alternas , amplexicaules ; caule biguraeo ; pedúnculos axillares , quasi unifloros. Pharm, raiz. Raiz recente : cylindrica , ramosa , alvíssima , glabra ; com rugas annulares hum tanto re- motas, elevadas , toda raigotosa ; fibras iiW- formes j solitárias; />ízré'^r/jjywz/2 solido , igual, branco : secca côr entre paleacea e amarella- da , hum tanto moUe , hum tanto frágil ^ e E ALIMENTAR PORTUGUESA. í^^^"- então o parenchyma esbranquiçado , farinoso- pulposo. Habita nos sítios sombrios e hum tanto húmi- dos nos arredores de Coimbra , e outras partes em todas as provincias do Reino. Floresce na primavera. Perenne. Cheiro quasi hircoso, análogo ao do rábano; sa- bor hum tanto doce , hum tanto p-lutinoso. As folha s maiores , o caule de pé e meio ou hum pouco mais , inferiormente quasi roliço^ ou agudamente angulado ^ as flores três , quatro , ou cinco em ca- da pedúnculo , são circunstancias , que constituem variedades da planta de que tr at avios ^ as quaes se reputao a C multiflora de Linneo, ou a C. larifo- lia de Jacquin : mas , segundo o Doutor Brotero^ não diferem da C. polygona- tum ordinária senão pelo numero maior das flores em cada pedúnculo ; por is- so as reputa humas variedades da C. polygonatum. Faço esta advertência^ tendo em vis- ta que os nossos Boticários , e Médicos ^e não illudão ^ rejeitando hum vege- tal que possue as virtudes que pro- curão , alem disso visto que Haller (Bistor. stirp. he\\.) attribue as virtu- des d raiz da C. multiflora. Devo também advertir^ para se ter presente na practica , que , segundo Jacquin , a C. latifolia tem o habito da C. multiflora, as flores da C. poly- gonatum , e as folhas da C. maialis. KFl. Austr.) 1^4 FLORA PHARMACEUTICA Scílla. Corolla hexapetala , sotoposta, absolutamente pa* tente, hum tanto purpúrea ou azul; filetes or- dinariamente todos filiformes , engastados na base das pétalas. 172. Sciila peruviana, l^m Port. Alvarra do Peru. Flores quasi corymbosas ; corrymbo muito vas* to , quasi cónico \ folhas radicaes em torno da hastea , alastradas pela terrra. Pharni. raiz ?. . . . Bolbo intunicado , cónico , glabro ; tracheas co- piosas nas túnicas. Folhas radicaes do comprimento de meio ou de hum pé , meia poUegada de largura, concavas , verdes como as da Sciila marítima de Lin- neo , e Ornithogalum maritimum do Doutor Brotero. Habita hoje espontânea entre os pastos ou cam- pos de boa exposição junto de Cintra. Culti- va-se muito frequente nos jardins. Perenne. "Esta planta não se acha nos Catalogou de Mat. Med. \ eu a ponho aqui pela afinidade com a Sciila marítima de Lin^. neo (ou Ornithogalum seguinte^ nas fõ^ lhas e bolbo , a fiyn de excitar os Me- dicos ^ principalmente os de Lisboa^ a tentar as suas virtudes , como também ainda as das outras espécies indígenas de Portugal ^ como são a Sciila odora- \^_ ta, pumila , autumnalis, e principalmen* te a Sc. hyaciathoidcs. E ALIMENTAR PORTUGUEZA. 185' Ornithogalum, Corolla hexapetala , sotoposta ; pétalas conver- gentes na base , depois parentes , brancis com huma nervura dorsal verde , ou amarellas ou entre amarellas e esverdinhadas; três filetes de ordinário alternadamente dilatados na base ; capsula trivalve. 173. O. maritiraum. Em Fort, Alvar r a branca das boticas. Hastea compridissima , multiflora , racimosa , flo- rescente antes de romper folha alguma \ bra- cteas por baixo esporaúdas. "Pharm. raiz. Bolbo : de três ou quatro pollegadas de diâme- tro , cónico , exteriormente coberto de túnicas membranaceas , áridas \ nervosas , as nervuras parallelas ; as túnicas exteriores mais ténues, as interiores succulentas na base; parenchyma en- tre branco e amarello, tunicado, túnicas car- nosas desiguaes, sueco viscoso, centro medul- lar quasi redondo. Habita nos montes marítimos e outros remotos do mar, quasi em todo o Reino. Floresce era Agosto , Setembro , e Outubro ; as folhas re- bentão do bolbo no fim d'Outubro ou Novem- bro, acabada absolutamente a florescência. Bolbo recente : cheiro quasi nullo ; sabor inten- samente amargo, acre, nausecso, tenaz ou diu- turno: sueco igualmente am^argo, menos acre. Esta espécie he a 'variedade da Scilla m-aritima radice alba de Linneo , ou a Scilla radice alba de Bauhtno. Aa 1^6 FLORA PHARMACEUTrcA He de notar que as duas varieda- des radice alba, e radice rubra, jiao sus- tentão esta di-jferença senão nos cas~ cos ^ ou túnicas exteriores \ porque in- teiramente o bolbo he se?npre branco, ou pallidamente verde. Alguns Authores , como Alston^ e LeVúis reputão as duas variedades de igual potencia sobre as moléstias da economia humana ; outros porém , como Ludixjigio , reputão a da radice alba menos enérgica. Segundo o Doutor Murray^ a dissec- ção desta raiz não tem sido feita com toda a devida ex acção , elle chama a esta raiz bolbo escamoso , composto de escamas carnosas ^ attenuadas para os lados , nervosas , cobertas d' outras sec" cas membranaceas , tão ténues que o bolbo parece d primeira vista tunica- do ; circunstancia que , segundo a sua opinião^ tem imposto a alguns, que tem denominado este bolbo tunicado, e cita por ex. Alston , e Bergio. Este dissentimento se desvanece , dando ao termo tunicatus também a si- gnificação de escamoso , como diz o Doutor Brotero no seu Diccionario Bo- tânico. Nos modernos Catálogos de Matéria Med. não se acha , quanto eu sei , espé- cie alguma do género Ornithogalum : eu tirei delle a espécie raaritimum pela razão^ como já disse .^ de nella se com- prehender a Scilla raaritima radice alba de Linneo y e alguns outros Botânicos^ E ALIMENTAR ÍORTUGUEZA. 1H7 que habita em Fortíig^l ^ planta poten- tíssima em virtudes mcdicinaes. Estou intimaw.ente convencido da. correspondência desta synony mi a, prin- cipalmente sendo os dous géneros Scil- la, e Ornithogalum duas divisões artifi- ciaes do mes7no género natural , segmt' do o Doutor Brotero : o que não obstan- te noto que , se a, constância dos ca- racteres genéricos , persistência na co- rolla , e dilatação dos filetes na base para o Orniihogaliim ; decadência da corolla , e forma filiforme dos filetes para a Scilla corresponder sempre na. pratica , será esta circunstancia sufi- ciente para os nossos Médicos , e Boti- cários distinguirem bem distinctamen- te as espécies destes dous géneros .^ que possão possuir^ ou possuão virtudes so- bre a economia humana. ' , '• 'Não obstante não haver nós Catálo- gos modernos de Mat. Med. espécie al- guma de Ornithogalum, com tudo Dios- corides (L. 2. Cap. 138) e o seu Co?n- 7nentador Mathiolo referem deste ve- getal ^ ou d^hum vegetal com este no- me eminentes virtudes ^principalmente nutrientes {a) ; vê-se porém , assim da. Qx) O Doutor Erotero mudou a ScUla movHhna de Linneo para o género Onílthogahini ^ por seguir a opinião de Tournefort , que achou mais cohsrente com as notas características deste género do que com as do género Scilhi. Em ambos estes dois géneros lia plantas mais ou menos suspeitas de virulência, e se nos Crnitholagos ha-alguraas, cujas raizes passão por ser nutrientes, como as do Cnuilu Itíitum ^ es- tas mesmas, segundo alguns Médicos, são fortemente eméticas e ca- tharticas. , . ■ • ■ ' Aa 2 l88 FLORA PHARMACEUTICA sua descrlpção , como da estampa de "^ Mathiolo , que não he a espécie , de que tratamos , o vegetal , de que fal- Ião estes dous Authores ^ se comparar- mos a referida estampa com o exem- plar da natureza, e a virtude nutrien- te com as attribuidas hoje d Sciíla ma- rítima radice alba , ou rubra. Berberis. Calyx hexaphyllo ; foliolos alternadamente maio- res; coroUa hexapetala ; pétalas oppostas aos foliolos do calyx, na unha de cada huraa duas glândulas; estigma rente, orbiculado; baga cy- Jindrica , unilocular , umbilicada , as semen- tes duas ou três. 174. B. vulgaris. Em Port. Berberis vulgar, Racimos simplices , pendentes ; folhas inversa- mente ovadas, celheadas-dentadas. Pbarm. Bagas , casca , sementes. Casca : bastante ténue , cinzenta , longitudinal- mente sulcada , hum tanto lisa ^ semeada de átomos negros. Bracteas lanceoladas, agudas, hum tanto conca- vas, solitárias, nos pedúnculos. Pedúnculos quasi verticillados , do comprimento das bagas. Racimos das bagas rubros , pendentes ; bagas ovaes-oblongas , obtusas d'ambas as partes, de três ou quatro linhas de comprimento , sanguí- neas, hum tanto lisas, luzidias, umbilicadas no topo ; embigo hum tanto pequeno , hum tanto fusco , quasi redondo , convexo , no cen- E ALIMENTAR 1>0RTUGUEZA. tSp tro concavo ; parencliyma carnoso-succoso , sanguíneo, renue , no centro concavo, amplo, unilocular , dispermo. Sementes: duas ou três, r ubras- fusca s , ovaes-ob- longas , miudamente rugosas , d'huma parte convexas, da outra planas, inferiormente pou- co a pouco attenuadas , obtusas no topo , hum tanto luzidias, do comprimento de quasi duas linhas. Habita quasi espontânea nos tapumes na Portella perto de Coimbra. Cultiva-se nos jardins. Flo- resce na primavera. Arbusto. Casca : cheiro nullo , sabor continuamente amar- go. Bagas recentes: cheiro nullo; sabor intensamente acido. Sementes: sabor hum tanto amargo, hum tanto estyptico. ^ ^ ^ ^ :^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ .^ ^ ^ ^ ^ ^ :^ ^ j^^ 'IR ^ ^ ^ 7^ 7^ ?yr Tyr ^^ fj\ ^j\ ^^ ^ ^r /jv ^r ^r ^v ^K "^ ^ í^ ORDEM. Digynia, , Oryza. Caíyx casulo bivalve, unifloro; corolla bivalves de válvulas naviculares , e ficao apegadas á se- mente; a exterior estriada, aristada ; necíario diphylío , minimo , de foliolos truncados. ^y). O. sativa. B^m Fort, Arroz ordinário. Esta espécie he única no seu género até o presente : *L,inneo etn duvida lhe desi- / IpO FLORA PHARMACEUTICA.' • gna a Ethiopia por pátria. Cuhiva-se . hoje for quasi todas as nações do sul e poente da Europa. No f.m do sécu- lo XFII passou de Madagáscar para a America , onde ao sul da Carolina produzio prodigiosamente. Gosta de lugares innunaados \ mas , ha muito tempo , he sabido , que na "Java , no "Japão^ na Cochinchina^ e Ilha de Fran- ça se dá muito bem nos campos eleva- dos e nos montes. Parece que daqui se poderia suspeitar a existência de duas espécies ; 7nas o exemplo de muitos ou- tros vegetaes terem huma vida am- phibia faz concluir ^ e os conhecimen- tos botânicos o confirmao , que esta cir^ cunstancia apenas dd variedades. Willdenow , escrevendo o Species plantaruin de Linneo ^ não tinha noti- cia de menos de lU variedades. ORDEM. Trigynia, Colchicum. Calyx espatha •, corolla ordinariamente monope- tala , partida era seis lacinias , tubo pegado á raiz, compridissimo, mais raras vezes de seis. pétalas , unhas pegadas á raiz, compridissiraas ; capsulas três inturaecidas, unidas na base , e de muitas sementes. E ALIATENTAE P0RTUGUE7A. ífjí lyó. C. bulbocodioides. CrAchíco ynenor ^ ou Meren- ãéra de La Marck. Caule curtíssimo, unif oro ; fr-^; folhas r a base lineares, parentissimas ^ corolía de seis pétalas, unhas compridissimas. ( Erot. Flor. et Phyt. I.usir. ) Phãrni. raiz. Raiz: bolbosa ; bolbo solido, maduro perfeita- mente o fructo, e secco o caule e as folhas, quasi ovado, ordinariamente da grandeza de huma avelã, e raras vezes d' huma castanha ^ exteriormente tem algumas túnicas seccas , e fuscas, as quaes no anno antecedente forao a espatha e a bainha da folha fundeira ; por bai- xo destas dous tegumentos próprios, m.embra- naceos, louros, o interior mais ténue-, paren- chyma solido , branquíssimo , d' huma parte convexo, da outra deprimido , mas hum tan- to plano , ou quasi canaliculado , umbílicado com hum topo hum tanto agudo, e ahi hum^ depressão lateral , sede do fundo do antigo caule; na base tem hum tubérculo unguifor- rae, de crenas iguaes approximadas, e paralle- las, hum.a cicatriz no lado convexo na sede da parte inferior do antigo bolbo , no lado de- primido huma covinha , sede do gomo floral ovado, agudo, e branco. ( Brot. Phyt. Lusir. ) Habita nos montes calcareos de Coimbra, e Lis- boa , nas coUinas de Monsanto , e outras par- tes na Beira e Extremadura. Floresce em Se- tembro e Outubro depois das primeiras aguas do outono. Perenne. Hum tanto acre, levemente am.argo. Esta planta , que se não acha em nenhu- ma das edições do Systema sexual , nem ipi FLORA PHAUMACEUTICA. na riquíssima do Specles plantarurrf for Wílldenow ^ mas que foi vista nos referidos sitios de Portugal pelo nosso insigne Brotero^ reputando-a synonymo do Colchicum pumjlum , croclfolium ^ flore albo de Grisley ; he não só huma acquisição nova para, a Botânica em geral ^ mas pelas suas qualidades sen- siveis , e porque os botânicos de Coim- bra a substituem ao Colchicum autu- mnale , posto que seja de inferior vir- tude , deve augmentar o JtumerQ dos vegetaes medicinaes. {a) 177. C. multiflorum. Cole bico maior mui ti flor o. Folhas radicaes quasi lineares, as caulinas seme- lhantes , involucriformes , mais compridas que o caule •, tubo das corollas compridissirao. Habita na Beira, principalmente na parte septen- trional. Floresce em Setembro e Outubro lo- go depois das aguas equinocciaes. Perenne. Va- riedade do Coichico raontano ? Tem as mesmas virtudes que o Coichico do Outono, e pouco em menor grão» Rumex. Calyx de três foliolos ; pétalas três , convergen- (a) Alguns Botânicos modernos , em r?.zão da Corolla ser de seis pétalas, fi-eráo desta planta hum género novo, com o nome de Me- rendera bulbocodiíim ^ mas elle fica sendo muito arbitrário e artificial. Vej. La Marck. Dict. Encycl. Suppl. Tom. j. pag. 665. E ALIMENTAR PORTUGUEZA^ Tp^' tes ; semente triguraea , coberta da corolla convergente. 178. R. crispus. Lahaça crespa. Petnias intcgerrimas j folhas lanceoladas , ondea^ das, agudas. O Doutor Brotero não vto esta espécie \ mas , segundo os caracteres , que lhe indicarão , dis se-me que cila habita 7Í0S sitios humosos da Extremadura , e que tem jnuita afinidade com o R. undulatus. Floresce eyn Junho e Julho^ Ferejine, 179. R. scutatus. Azeda Romana. Pétalas quasi redondas , menores que o calyx ; fo- lhas cordatas-alabardinas, garças ; caule roliço. ' Pharm. herva. Caule inferiormente prostrado ,, roliço, glabro, tingido d' hum orvalho garço-diluido, de hura pé d'a]tura, ramoso, succulento ; ramos alter- nes, ascendentes. Folhas^ alternas , de longos peciolos , obtusas , quasi carnosas , glabras , integerriraas, de mar- gem ténue, crystailina , patentes; as inferiores reniformes, de base arredondada, posteriormen- te hum tanto agudas , inferiormente cem sm- bos os lados rectos e escavados, as tenra? trian- gulares ; peciolos por baixo convexos , csiria- dos, por , cima . canaliculadcs j e concave: na base. Estipulas tenras, membranaceas, em hum^ e ou- . tra ,parte da base do peciolo , ovadas-aguu..s, hura tanto pequenas. Racirao: terminal, nú, levantado, de ramos al- ternos. Bb 194 PLOBA PHABMACEUTICA Verticillos das flores: semicirculares, cj^drlflo- ros , com huma bainha bracteada , tenra , membranacea^ tubulosa amplexicaule, hum tanr to curta , com a orla troncada. FJores : pedunculadas , pendentes ; pedúnculos fi- liformes, unifíoros , quasi carnosos, d' hum ver- de pallido, glabros, com huma articuhição por baixo do meio. Calyx: perianihio, monophyllo, entre patente, e voltado para fora, glabro , de três lacinias, ovadas , obtusas , concavas , persistente. CoroJIa : pétalas . três , orbicuhidas ^ obtusas, pla- nas-concavas , integerrimas , esverdinhadas, le- vantadas , convergentes , persistentes. Estames : filetes capillares mais compridos que a corolla ; antheras lineares, bilobadas, obtusas; sahidas fora da corolla. Pistillo : germe sobreposto, ovado , triangular, glabro j estyletes capillares; estigmas bran- cos, avelutados. Sementes solitárias , triangulares, hum tanto agu- das, luzidias, dentro de válvulas obtusas-arre- dondadas , resultantes da corolla , e convergen- tes em forma triangular; cada válvula quasi granifera na base. Habita junto dos muros, entulhos , tapumes , nas vizinhanças de Coimbra, Porto, Algarve, e outras partes. Floresce em Julho e Agosto. Pe- renne. Cheiro nullo; sabor acido muito agradável. t8o. R. Acetosa. Jlzeda ordinária , ou das hortas ^ ou brava. Flores dioicas ; folhas oblongas , afrechadas. Pbarm. raiz, folhas, sementes. Raiz: ramosa, fibrosa; ramos e fibras cylindri- cas, amarelladasj glabras, descendentes; pa- E ALIMENTAR PORTUGUEZÂ. Tp^ renchyma c]uasi carnoso, branco, miudamente estriado-radiado, annel medullar amplo. Caules: muitos d' huma só raiz, de hum a dous pés de altura, levantados, roliços, estriados- angulados, glabros, articulados. Folhas : alternas , quasi carnosas , afrécHadas , agudas, de quatro até sete poUegadas, segun-^ do o terreno, glabras , margens algumas ve- zes unduladas , dentadas ; as inferiores pecio- ladas y as superiores rentes ) as do cimo linea- res. Estipulas : membranaceas , esbranquiçadas , ten- ras , semilobulosas, nervosas , apertadas ; na or- la dentes setaceos, alongados. Racimo : composto , terminal , nú , flores quasi verticilladas, pedicelladas , dioicas, acenosas. Bracteas : ovadas-agudas , concavas , amplexicau- les. Pedicellos: filiformes, diaphanos, com huma ar- ticulação fusca. Flores femininas : perianthio ver^e , raonophyl- lo ; de três lacinias, ovadas, obtusas, conca- vas , voltadas para fora , na margem mem- branaceas. CoroUa verde , hum pouco mais comprida que o calyxj pétalas três, ovaes, obtusas, levanta- das. Pistillo: germe trigumeo, glabro; estyJetes três, capillares ; estigmas penicilliformes , incarna- dos, em três ordens. Sementes: em verticillo, pendentes, trigum^eas, côr de castanha, luzidias, glabras, cobertas de três válvulas orbiculadas , planas-rugosas , li- sas na margem , incarnadas , formando quasi hum pericarpio trigumeo , sustentado na base por três escamas caiycinas, voltadas para fora, Bb z Í9^ FLOTlA PHAKMACEUTICA Flores masculinas em diversa planta. Habita frequente nos prados, nos tapumes, ri- beiros , nos arredores de Coim.bra e outras par- tes na Beira e norte do Reino. Floresce desde Maio até Julho. Perenne. Raiz: cheiro nullo , sabor levemente amargo. Folhas: cheiro nullo, sabor intensamente acido, • agradável. Semente : sabor e?tvptico. 38 í. R. obtusifolius. Lãhaçol ^ ou "Lai aça ohtusa. Pétalas dentadas; folhas cordatas-oblongas , hum tanto obtusas, crenuladas. Habita nos sítios húmidos, nos fossos e margens dos ribeiros, nos arredores de Coimbra e ou- tras partes pelo norte do Reino. Ha 'variedades de folhas radicaes agu- das ; e ejitão mal se distinguem do Rumex acutus , cuja raiz tem muito uso na medicina \, por isso ponho aqtd esta espécie. •.lb'2, R. pulcher. Lahaça sinuada. Pétalas dentadas, ordinariamente huma só grani- fera ; folhas radicaes violinas. Habita frequente nos monturos, sitios relvosos, prados, quasi em todo o Reino. Floresce no estio. Perenne. Fonho aqui esta espécie por habitar , se- gundo se diz^ com o R. crispus nos meS' mos sitios ; e como este he substituto ^0 R. acutus , 7iem entre as suas 'vir- tudes he fácil notar dijferenca\ e seja proz'az'el que vegetaes congéneres , Jtu- tridos dos mesmos principios , possuao E ALIMENTAR PORTUGÚEZA. Í97 as mesmas virtudes ; por tanto julgo que esta tem as mesmas dos crispiis^ e acutus. ^^^^^ T^ Tf: 7^ ^ ^ ^^ íTV ^"^^^^^"^^ ^ ^JN ^ ^ yi\ ?^^v ORDEM Alisma, Calyx de três foliolos; corolla de três pétalas; germes muitos ; sementes muitas , aggregadas era hum receptáculo commura. ;r83. A. plantago. Em Port. Tanchagem d''agua. Folhas ovadas , agudas; hasteas paniculadas; ra- mos e pedúnculos verticillados j fructo obtusa- mente triangular. Tharm. raiz. Raiz: bolbosa; bolbo bastnrdo, inversam^ente có- nico, tcdo coberto de radiculas fibrosas, bas- tissim.as , fasciculadas ; bolbilhos , ou pontos germinativos em series longitudinaes por todo o corpo do bolbo; parenchyma branco, com- pacto, penetrado pelas radiculas em differentes direcções desde o centro inversamente cónico até a superfície. Kabita frequente nas escavações húmidas e palu- dosas , nas rguas estagnantes e nas ribancei- ras dos rios. tloresce em Junho, Julho e Agos- to. Perenne. Raiz : clieiro quasi o de farinha de trigo quando leveda ; sabor amylaceo ^ levemente estjptico « aromático. XpS FLORA rnA^MACEUTlCA: Entre os a antigos fizer ao menção ãõ Alisma D/oscorides ^ Galeno^ Ruellio ^ Fuchsio , Plínio , e Mathiolo ; entre os modernos não se encontra noticia deste vegetal j como medicavãento-. algumas das notas botânicas dos antigos con- formão-se com as do A. plp^tago , oU' trás são pouco conformes , ou verdadei- ramente repugnantes : dos antigos não convém huns com a^ notas botânicas dos outros : nas virtudes medicas , at- tribuidas -por huns a este vegetal , não se ajustão outros , ex. gr. Dioscorides diz que ella cura as dysenterias , as diarrheas , e os edemas \ Galeno que estas virtudes não forão confirmadas pela experiência própria , mas que pos-^ suia a de dissolver os cálculos renaes, He de crer que a confusão dos cara- cteres botânicos produzisse o dissenti- mento a respeito das virtudes, e que huma e outra causa troussesse o aban- dono ou total esquecimento, em que os Authores posteriores de Mat. Med. po- zerão este vegetal. Eu o deixaria no mesyno esquecimen^ to, a não se ter feito, ha poucos annos , menção da sua virtude em huma mo- lestia tão terrível como he a hydropho- hia , e a não me ter inclinado forte- mente d existência de tal virtude nes- ta planta a relação, que me fez o Re- verendo Padre António, habitante em Lavos , de a ter dado a alguns cães ^ mordidos por outro decididamente hy- drophobico, com o subsequente effeito de E ALIMENTAR POUTUGUEZA. I99 em Jienhum se desenvolver tao horro- rosa moléstia : assim como não se des- envolver em huma menina de oito an~ nos , filha de Manoel d''Oliveira Sea- bra , habitante em Coiynbra , mordida por hum cao^ em que recahiao todas as suspeitas da mesma moléstia , tendo-se applicado por meu conselho d dita me- nina huns bolos do bolbo desta planta com miolo de pão e manteiga. CLASSE 7.' Heptandria, ORDEM Monogynia, ^sculus, Hermaphrodita : perianthio monopíiyllo, campa- nulado , de cinco dentes; pétalas cinco, des- igiiaes , cem as unhas insertas no calyx; esta- mes inclinados; estigma aguçado; capsula co- riacea , de trcs cellulas ; de três válvulas ; se- mentes castaniformes , duas , e ordinariamente huma. MasculÍFia: calyx, corolla , e estames como nas liermaphroditas ; pistillo nullo, ou castrado. ■IB4. ^. hippo-castanura. Em Fort. Castanheiro da Índia j ou das Castanhas para Cavallos, 200 FLOKA PHARMACEUTIC Folhas digitadas •, flores racimosas-tliyrsoldeas- j as superiores masculinas por abortamento. Pbarm. Casca , semente. Cultiva-se junto das ruas e passeios nas quintas cm Lisboa , Coimbra , e outras partes. Flores* ce na Primavera. Arvore agigantada. Semente intensamente amarga ; parenchyraa bran- co , amylaceo. .Casca , ferida na arvore, distilla hum bálsamo terebinthinaceo, viscoso, pellucido-, sabor amar- go, agradável, adstringente, e nestas ultimas propriedades análoga á quina assim como na cor. Ainda que na presente ohra eu não tenha, em vista senão fazer conhecer os ve- getaes , ou indigenos , ou naturalisados em Portugal ^ os quaes prestem^ ou pos- são prestar^ algum auxilio therapeuti- CO, dietético, ou alimentar; com tudo em obsequio da agricultura Portugue- sa direi que esta arvore tendo passa-^ do do norte da Ásia para a Europa no meio do século XVI, e achando-se hoje propagada por todas as nações desta parte do Globo , pode prestar-nos as se- guintes vantagens : i/ As suas folhas , que são tempo^ rans em cahir , e ainda succulentas , por serem atacadas pelos insectos , pr estão excel lente alimento aos veados nas tapadas , em que se conservarem estes animaes\ e pela putref acção po- dem servir d fabricação dos estruvdes. 2." Esta arvore ora he inteiramente hermaphrodita^ ora polygama, e semprâ E ALIMENTAR PORTUGUEZA. 201 muito abundante he nella o pollen das ant heras , e consequentemente a ma- téria ceracea \ e por esta ra'zão tal- vez estas flores fazem as delicias das abelhas^ e de mais alguns insectos que construem as suas habitações da mes- ma m.ateria, 3/ Os fructos abundantíssimos em amyda , ministrao a muitos animaes hum alimento ynuito nutriente^ a pon-^ to de se observar nas fêmeas em la- ctação huma secreção muito mais a- hundante de leite em consequência des- te alimento ; assim succede -nas ca- bras , ovelhas , e vaccas : para minis- trar este pasto nada mais he necessá- rio que descascar os fructos , e ter o cuidado de tirar-lhe o tegumento inter- no ^ chamado vulgarmente camisa, /^jr- tillos em pedaços , ynisturallos com o feno humedecido , e offerecer a mistura, aos animaes. 4." Os mesmos fructos prestao aos cavallos , alem do mesmo alimento , hum grande auxilio nas suas molés- tias ^ quando estas consistem em diffi- cít Idade de respirar , e tosse. Desta 'Vantagem he deduzido o nome especifi- co desta arvore hippocasranum. f." Dão os mesmos fructos excel- lente amydo , que pôde servir aos mes- 7nos usos que o do trigo , batatas etc. , podendo extrahir-se pelo methodo usa- do para o extrahir destes últimos ve- getaes. ■ 6." A agua da maturação destes fru-^, Ce 202 PLO^A phakmaceutica ctos para a extracção ão amyão^ ser^ •ve para dealbar os tecidos de canamo^ linho , algodão , e la. Os leitores podem ver em Murray ( App. Med. Tomo IV. pag. 62 ) ^ ci- tação dos Authores acerca de todas estas utilidades : a respeito do amydo posso referir-me d minha própria ex- periência^ tendo-o tirado do fructo des- ta arvore , alvíssimo , insípido , e tão puro^ e ynais abundante que o do trigo. Relativamente d agricultura desta arvore, parece-me que não rejeitando ella as partes septemtrionaes da Eu- ropa, e amando os sitios húmidos , se poderia plantar e seynear nas fraldas das nossas mais elevadas montanhas - ãs bordas dos regatos ^ ribeiros, e rios. CLASSES.» Octandria, O R D E M I.* Monogynia, Trop£olum. Calyx mooophyllo , partido era cinco lacinías^ rostrado, e corado, pétalas cinco, desiguaes j E ALIMENTAR PO-RTUGUEZA. 2O3 bngas tres, seccas fungosas , rugosas , monos- permas. 185'. T. maius. Em Fort. Chagas ^ ou Mastruço do Peru. Folhas arrodelladas , qiiasi de cinco lóbulos j pétalas obtusas. Pbarm, Alira. flores recentes , fructos. Flores de compridos pedúnculos. Calyx, amarellado, glabro; lacinias lanceoladas, agudas , quasi estriadas , levantadas ; as duas inferiores e a superior iguaes , as duas lateraes oppostas , quasi de dobrada grandeza , as tres superiores na face interior inferiormente es- triadas de negro ; nectario cónico , esporaúdo , hum tanto obtuso , de cinco ângulos pouco sensíveis , glabro , compridíssimo , formado pe- la producçáo dos tres foliolos superiores do calyx. Corolla : entre loura e encarnada , pétalas paten- tes, obtus»s-arredondadns, desiguaes ; as duas superiores por cima do rostro do nectario , in- versamente ovadas, convergentes, o seu ápice quasi encaracolado para fora , estreitas infe- riormente 5 e pintadas de estrias anegradas , pegadas ao calyx ; as tres inferiores iguaes , de unhas compridas, cylindricas , sulcadas no la- do interior com a rima convergente ; laminas quasi redondas, planas, distantes, na base con- cavas e multifidas-celheadas, celhas decursivas até o meio das unhas. Estaaies: filetes amarellados , assovcllados, gla- bros , levantados, o topo voltado para dentro, quasi iguaes , hum pouco mais curtos que as unhas das pétalas j antheras ascendentes, quasi ovadas , sulcadas. Pistillo V ^ót;^/^' sobreposto, de tres ângulos ar- C 2 :204 S^LO^A !>HABMACEUTICA redondados , trisulcado ^ estylete cylíndrico, amarellado, do comprimento dos estames , le- vantado-, estygma trifendido, agudo. Baga: da grandeza d' huma grande ervilha, trian- gular, tripartida era lóbulos ovados, obtusos d' huma parte , da outra angulados monosper- raos; \mm tanto solida. Cultiva-se nas hortas. Floresce no estio. Annual. biennal , ou triennal. Toda a planta , principalmente as flores : cheiro e sabor como nos Mastruços. ^s partes referidas desta planta sao dignissimas de viais extenso uso em Medicina , e na mesa, He natural do Peru , donde foi trazida para a Hol- landa por Buverningio em 1684 ; no principio a sua 'vegetação exigi o gran- des cuidados , actualmente com muita facilidade se consegue delia o orna- mento dos jardins^ e alegretes. Tem-se observado , que as flores , depois do Sol posto , fulgura o vivamente no mez de 'Julho ^ e mais froxamente em Âgoste,. "Ruta.. Calyx partido em quatro laclnlas , sotoposto ; pétalas quatro , concavas ; capsula de quatro cellulas, de quatro lóbulos. 586. R. graveolens. Bm Fort, Arruda , ou Kuda ordinária. Caule multifolio, ramoso; folhas recompostas j fpliolos partidos 3 lacinias quasi ovaes. E ALIMENTAR PORTUGITE2A. ÍO5' Fharm. Iierva , semente. ^ \^auies muitos dMiuraa só raiz, herbáceos, roli- ■ ço? , semeados de pontinhos elevados , pouco divididos, d* hum pé e mais. Folhas: alternas, peciohuias , bipinnuladas, pin- nulas oppostas , ns inferiores de longos pecio- Ics ; pinnulas pinnatifidas , lacinias lineares-lan- ceoladas, obtusas, glabras , por baixo pontua- . das, miudamente crenuladas na margem; a da extremidade maior, cuneiform.e ; pcciolos ro- liços, por cima sulcos pouco apparentes. Corymbo : terminal, glabro, pontuado, folhoso; com ramos alternos, entre levantados e paten- tes , os inferiores mais laxos. Bracteas: lineares, crenuladas. Calyx: perianthio, pontuado, lacinias lineares, agudas, miudamente crenuladas, planas -paten- tes. Estames: filetes assovelados, escondidos nas pé- talas; antheras de quatro ângulos, de quatro sulcos, concavas na base. Pistillo : germe hum tanto maior, sobreposto, ovado-obtuso ; inferiormente carnoso, verde com pontos volumosos ; superiormente fusco^ com quatro sulcos, pontuado, rugoso ; estyle- te quadrangular , hum tanto curto j estigma troncado. Sementes: reniformes, rugosas-, fuscas-. Habita nos montes calcareos nos arredores de Lisboa , Coimbra , e outras partes na Extre- inadura e Beira ; também se cultiva nas hor- tas. Recente :^ cheiro forte , grave ; sabor amargo , sueco tão acre que inflamraa as mãos de quem, faz a sua colheita. 6àz ■ FLORA pha-rmacetjtica; Esta planta na maior parte ^ se fino Be em todas as Edições <^(?Systema Sexual ^ he da Classe Decandria \ porque algw vias flores primarias são decandras \ mas esta regra he menos segura para os principiantes do que a dos estames do maior numero das flores \ seguindo esta he que o Doutor Brotero pôz este género na sua Octantherii \ e eu ^ se- guindo os vestigios deste grande Mes- tre , também a classifiquei na Octan- dria. 187. R. tenuifolia. Arrudao. Caule paiicifolio , sobreposto, ramoso; folhas re- compostas, foliolos partidos, lacinias lineares- lanceoladas , miúdas , estreitíssimas. Habita nos mesmos sitios que a antecedente, í'loresce no estio Perenne. Indifferentemente se usa desta ou da es- pécie antecedente. Vaccinium. Calyx mínimo, inteiro, ou fendido em quatro lacinias , sobreposto ; coroUa campanulada , fendida em quatro lacinias ; baga globosa , umbilicada , de quatro cellulas j sementes pou- cas. 188. V. Myrtillus. Em Port. Arando. Pedúnculos unifloros; folhas ovadas, serreadas, decadentes ; caule anguloso. Pharm. bagas. E ALIMENTAR PORTUGUEZA, IO7 Bagas globosas , negras-piirpureas , luzidias da grandeza d'hiima ervilha, urabilicadas no to- po , embigo duplicado , deprimido ; o exterior cingido d' huraa pequena margem , integerri- mo, levantado; o interior no centro do exte- rior , hum tanto convexo ; parenchyma car- noso , succolento , polyspermo. Sementes : muitas , ruivas , cliatas lineares-reni- formes, convexas no dorso, anteriormente hum tanto agudas, miudissimamente rugosas. Habita nas matas sombrias e montesas do Gerez. Floresce em Maio e Junho. Arbusto. Cheiro nullo ; sabor acidulo. Daphne. Calyx nullo ; corolla monopetala , fendida em quatro lacinias ; estames reclusos ; baga mo- nosperma, 189. D. Gnidium. Em Port. Trovisco ordinário ^ ou Trovisco fêmea. Panicula terminal ; folhas lineares-lanceoladas , aguçadas. Fharm. casca. Casca ténue , fibrosa , fibras longitudinaes , tena- •cissimas ; recente , de côr arroxada , epiderme tenuissima. Habita nos montes incultos , e matos baixos nos arredores de Lisboa , Coimbra , e outras partes em todo o Reino. Floresce era Maio e Junho. Arbusto. Cheiro particular, desagradável j sabor acérrimo, inílammatorio. 2o8 FLORA PHARMACEUTICA ipo. D. Laureola. Laureola macha, ou Bsplrradeí-- ra laurtna, Racimos axillares , de cinco flores, folhas lan- ceoladas , glabras. Pharm. casca. Casca : ténue , esverdinhada , maculada de fusco^ Cultiva-se nos jardins junto de Cintra , e Colla- res; hoje quasi espontânea nas vizinhanças des- tas povoações. Floresce na primavera. Arbus- to. Possue as mesmas propriedades que a espécie an- tecedente. Muitas espécies deste género tem au^ gmentado o numero dos medicamentos -^ as principaes sao Mezereum , Thyme- lasa , Laureola , Gnidium : as virtudes com tudo são communsj todas sao do- tadas ^' huma acrimonia veheynente ; não pôde com tudo resultar do seu uso o erro , ciue , em outros casos ^ pôde pro- vir da confusão das espécies. O ter- reno Portuguez não produz senão as duas referidas , mas , pela razão di- ta^ jtellas possuimos todas as virtudes medicas ^ e veterinárias das outras eS' pecies do mesmo género. E ALIMENTAR PORTUGUEZA» ÍO9Í ORDEM Trigyjíta, Polygoimm, Flores hermaphroditas ; calyx niillo; corolla par- tida cm cinco lacinias, persistente; estamcs or- dinariamente outo, ás vezes cinco, seis, sete; estyletes ordinariamente três, ás vezes dous ; semente huma angulada. IpT. P. hydropiper. Em Fort, Pimenta (Vagua , ou Persicaria urente. FJores hexandras , de dous ou três estyletes , fo- lhas lanceoladas; estipulas mais ou menos ce- Iheadas. Pharm. herva. Raiz : ramosa , fibras longas. Caule: hum tanto levantado, de pé e meio, gla- bro, articulado; entrenóz roliços, maculados com malhas fuscas-rubicundas , inferiormente engrossados nodosamente; ramos axiílares das folhas, alternos, levantados, hum tanto cur- tos; os inferiores porém alongados, levantados. Folhas nas articulações , alternas , pecioladas , voltadas para traz, lanceoladas, agudas, gia- bras d' huma e outra parte ; ásperas na mar- gem e quilha; por baixo pontuadas; nervuras alternas, obliquas; peciolos hum tanto curtos, curvados para fora, por cima canalicuhidos , envaginantes, na base; bainha gomilosa , ara- plexicaule, chata de ambas as partes, angula- da com veios. Dd --trO PLOBA PHARMACEUTICA. Estipula: menbrnnacea, cylindrica, tubulada , le- vantada, troncada , inteira, sobreposta á bainha, celheada. Espigas: alternas, terminaes, pedunculadas, nuas, acenosas, flores de curtos pedicelios. Corolla : campanulada, tenra, membranacea, acin- zentada, fendida era lacinias ovadas, obtusas, levantadas. 'Estames : jft/etes setaceos, esbranquiçados, mais curtos que a corolla ; antheras quasi redondas purpúreas, contidas na corolla. Pistillo: germe sobreposto, verde, ovado quasi orbiculado , hum pouco triangular , e quasi chato d'ambas as partes , glabro \ estyletes se- taceos, voltados para fóra , três, ás vezes dous unidos na base, ou hum semibiíido; estigmas capitosos. Sementes solitárias j conformes ao germe, lou- ras. Habita nas margens dos ribeiros, sitios panta- nosos e humidcs nos arredores de Coimbra , e outras partes. Floresce no estio* Annual. Cheiro nullo , sabor acre , urente. 192. P. persicaria. Fer sicária vulgar ^ ou Herua pe- cegueira. Flores hexandras, digynas , espigas ovadas-oblon- gas •, folhas lanceolãdas ; estipulas celheadas. Tharm, herva. Folhas: ovadas-lanceoladas , ordinariamente ma- culadas •, flores quatro a quatro, ou cinco a cin- co de cada bractea ovada , aguda. Estaraes do comprimento da corolla. Habita nos sitios húmidos, e entre as searas fres- cas dos milhos ; frequente nos arredores de Coimbra , e outras partes. Floresce em Junho e julho. AnnuaL E ALIMENTAR POKTUGUEZA. ÍII 1^5. P. amphibiiira. Persicaria ãmphihta. Flores pentandras , digynas quasi rentes; espiga ovada, densa ; folhas lanceoladas, bainhas tron- ca das. Habita nas aguas era estagnação, nos fossos, nos sitios inundados, e nos terrenos húmidos, jun- to do Tejo , do Mondego e outras partes. Flo- resce era Junho, Julho e Agosto. Perenne. A fíquatica tem o caule glahro , folhas pecioladas , gl abras , luzidias , nutavi' tes ^ coriaceas\ os e st ames ordinaria- mente mais curtos que a corolln. A terrestre tem o caule pilo s o \ folhas quasi rentes , celheadas , ás vezes ma- culadas ; vaginas e espigas mais com^ pridas , e os estames ordinariamente mais compridos. Posto que hoje se não dê por confirmado o que se diz das virtudes destas duas ultimas espécies , da primeira das quaes fez menção Haller (Hist. Stirp. Helv. ) e da segunda escreveo Sehulsio huma dissertação-^ puz com tudo aqui os seus caracteres específicos , para conhecimento dos nossos Médicos , que quizerem de novo tentallas na sua practica. 15^4. P. aviculare. Centinodia^ Sempre-noiva dos mo* demos , ou Corrida bastarda {a). Flores axillares, folhas lanceoladas , caules esti- rados , íilifcrraes , forquiihosos , herbáceos. Pharm. herva. (jo) Em Coimbra lhe cliamáo fícrvc da vinda. Dd 2 112 TLORA PHARMACEXJTICA Caule: d' hum pé ou mais , articulado, roliço, estriado, glabro, ramoso, diffuso ; ramos alon- gados , divaricados , prostrados, parcamente ra- mulosos. Folhas : nas articulações , de curtos peciolos , glabras , agudas, integerrimas, patentes, do comprimento dos entrenóz. Estipulas : tenras , esbranquiçadas , membrana- ceas, luzidias, amplexicaules, de tubo curto; fendidas em duas lacinias, lanceoladas, agu- das. Flores : quasi alternas, pedunculadas; pedúnculos dentro da bractea tubulada , tenra , membrana- cea. Corolla: monopetala, fendida em cinco lacinias, concavas, aquilhadas, verdes, com a orla en- tre branca e encarnada. Estames : filetes mais largos na base , assovela- dos no topo , mais curtos que a corolla ; an" t heras quasi redondas, trigonas. Pistillo: germe trigono, glabro; estyletes três curtissimos ; estigmas capitosos. Sementes : solitárias , negras , triangulares , gla- bras. Habita nos caminhos , ruas , entulhos , campos cultos e incultos. Floresce na primavera, e es- tio. Annual. Cheiro nullo; sabor herbáceo com adstringência débil (^). 195. P. fagopyrum. Trigo Sarraceno , ou Mourisca trigumeo. Folhas cordatas-sagittadas ; caule hum tanto le- (jC) Linneo recommenda a variedade de folhas larfas , a qual tem mais adstringência , assim cowo o Poli/gonimi inuriitiuiim; ambas de- vem ser preferidas ao Pol. aviculare. QBtot. In Litaris ) ^ E ALIMENTAR PORTUGXTEZA. 213- vantado , ângulos das sementes sem denticu- los. JV^<7 tem uso em pharmacta : a semente pode, e he muito digna de ser usada economicnmente ^ ou na fabricação do pão na falta dos cereaes , e em todo o caso como alimento dos animaes , cu- jas carnes convertemos e?n nosso ali" viento. As suas flores produzem mui- to mel , ^ são lucrosas aos colmeaes vizinhos. Habita na Ásia , e Africa : era Portugal cultiva- se pelo norte do Reino. Cheiro nuUo •, sabor amylaceo. CLASSE 9/ Enneandria, ^L^L^L^L. -^ -^ ^. ^ -^ ^ -^ -^ -^ -ik- -^ ^-^í- ^ -^ ^ ^ ^ f^ ÍJt "^ "^ ■^ "^ "^ '^ * * ~^ "^ ^ T> * ^ * V ^ n^ ^ V^ ORDEM Monogynia. Laurus. Flores todas hermaphroditas, ou dioicas ; calyx nullo ; corolla partida em quatro, ou seis la- cinias ; estames em numero vario , seis até do- ze, ordmariamente nove férteis j os três inte- riores glandulosos, pedicellados j baga sobre- posta , unicellular , monosperma. 114' TLORA PHA^MACEUTrcA 196. L. nobilis. Em Port. Loureiro ordifMrh. Folhas lanceoladas , coriaceas , quasi unduladas, perennes; umbellas pequenas, axillares; flores dioicas, as corollas partidas em quatro laci- nias. Pharm. folhas , bagas. Folhas pecioladas, sempre-verdes , ovadas-Ianceo- ladas , agudas, integerrimas , de quatro polle- gadas de comprimento , glabras, hum tanto lu- zidias , reticuladas, veios minimos era ambas as paginas , pallidamente verdes, os maiores quasi oppostos , obliquos. 3agas ovaes , obtusas d'ambas as partes , entre negras e fuscas , reticuladas- rugosas pela anas- tomose das venunculas, hum tanto luzidias, unicellularesj núcleo não pequeno, da figura da baga recente, separável em duas metades, ou cotyledones planas-convexas ; secco hum tanto solido. Habita espontaneamente nas matas da Arrábida , de Monchique, e outras: cultiva-se frequente quasi em todo o Reino. Floresce em Março e Abril. Arvore. Folhas: sabor aromático, balsâmico, hum tanto grave ; nas recentes mais forte , hum tanto amargo j esfregando-as , cheiro fragrante, e também mais forte quando recentes. Bagas: núcleo de sabor amargo, balsâmico, hum tanto pingue , hum tanto cálido ; cheiro aná- logo •, mastigadas, solúveis na saliva pouco e pouco j parte cortical também aromática. E. ALIMENTAR PORTUGUEZA. Slf CLASSE 10/ Decandria. ORDEM Monogyma, Arbutus, Calyx minirao, partido em cinco lacinias-, corol- la raonopetala , ovada , orla fendida em cinco lacinias , revirada para fora \ germe sobrepos- to ; baga quasi globosa , de cinco cellulas. 197. A. unedo. Em Fort. Aledrojiheiro. Caule arbóreo; folhas glabras , serreadas ; raci- mos terrainaes ; cellulas da baga polyspermas. Pharm. bagas. Habita nos sitios montanhosos , principalmente ao norte do Reino. Floresce na primavera , e ás vezes no estio. Arvore. No Gerez quando he annosa chega á altura de trinta pés. Esta espécie não se acha nos Catálogos de Mar. Med. ; ynas eu a numero entre "' as medicamentosas por serem as suas bagas muito govãmosãs-sacc farinas , darem, depois da feriu ent aç (lo ^ pela distillaç-ão muito e bom alcohoL jl5 FLORA PHARMACEUTICAl ********************** ORDEM T>igy7Úa. Saxifraga. Calyx fendido em cinco Incinias, persistente; co- rolla de cinco pétalas; capsula birrostrada, de huma celluia , polysperma. 19S. S. granula ta. Em 'Port, Sax:fragla granula- da , ou branca. Folhas caulinas rcniformes , lobadas, caule ra- moso , raiz granulada. Pharm. raiz, herva , flores. Raiz: quasi redonda, quasi da grandeza d' huma cereja, bolbosa, a do anno antecente definha- da , composta de bolbos como grãos aggrega- dos quasi redondos , desiguaes , esbranquiça- dos, lanuginosos no topo; cada bolbo vestido de cinco ou seis túnicas membranaceas , imbri- cadas, as mais interiores tenuíssimas, as exte- riores hum pouco maiores; parenchyma fari- náceo, succulento, molle; fibras da raiz seta- ceas, dispersas, descendentes, entre os bolbos. Caule : d' hum palmo , levantado , roliço , _ de poucos ramos , piloso ; ramos alternos , slra- plices, semelhantes ao caule. Folhas : alternas , quasi carnosas , empubescidas ; as radicaes e inferiores de longos peciolos , rc- niformes, obtusas, recortadas-lobadas ; as cau- linas superiores cuneiformes , lobadas; as dos ramos , lineares , Integerrimas , hum tanto ob- tusas : peciolos roliços pilosos , por cima sul- E ALIMENTAR PORTUGUEZA. 2^7 c?3c!os, amplexicaules, bainha na base plana, de margem renue , e celheada-cotanilhosa. Panicula: terminal, pilosa; flores pedunculadas, distantes. Calyx: perianthio , monophyllo, turbinado , pi- loso-viscido , verde , fendido em cinco laci- nias , lanceoladas, obtusas, levantadas. Corolla : cinco pétalas , cuneiformes^ obtusas , en- tre levantadas e patentes , rentes , de compri- mento dobrado do do calyx , muito brancas com três estrias araarelladas na base, três ner- vuras exteriores , bifendidas. Estames : filetes assovelados , esbranquiçados , mais curtos que a corolla ; antheras ovadas, bilobadas , obtusas , levantadas , abrindo-se por ambos os lados. Pistillo: germe sotoposto, rostro superior palli- do , terminado em dous estyletes , crassos , ex- teriormente convexos , canaliculados no lado interior , glabros, do comprimento dos esta- mes ; estigynas assovelados , obtusos , conver- gentes. Habita nos montes rélvosos ao redor de Coim- bra nas fraldas dos montes de Cintra , e ou- tras partes na Beira e Extremadura , e pelo norte do Reino. Floresce era Abril, Maio, e Junho. Perenne. Raiz : secca mastigada friável , no principio in- sípida , depois hum tanto amarga \ recente es- typtica-amarga. Herva : recente cheiro nulloj sabor herbáceo ^ obscuramente acido. Ee 31 8 FLORA PHARRIACEUTIGA Saponarta, Calyx oblongo, tubuloso, de cinco dentes, na base mi; cinco pétalas, unguiculadas ; capsula oblonga , unicellular. ipp. S. officinaíis. Em Port. Saponaria , ou Saboei- ra legitima. Calyces cylindricos \ folhas ovadas-lanceoladas. Pharm. raiz, herva. Raiz : compridíssima de dous ou três pés , da grossura d' huma penna de escrever, cylindri- ca, articulada, superiormente ramosa, ramos incruzadamente oppostos , nas articulações fi- bras filiformes junto dos ramos-, alguns gora- mos nas articulações inferiores , que brotão em ramos; toda coberta d' huma casca exte- riormente rubicunda , hum tanto crassa , facil- mente separável , na face interior esbranquiça- da ; parenchyma branco , firme , fibroso , cen- tro medullar orbiculado, cercado d' hum annel esbranquiçado , quasi estriado. Caule : d' hum pé ou mais, roliço, levantado, articulado ; entrenóz inferiores comprimidos d'ambos os lados, os superiores arredondados, quadrangulares, hum tanto ásperos; simples, superiormente ramoso; ramos incruzadamente oppostos , simplices , patentes , empubescidos , e hum tanto ásperos. Folhas : incruzadamente oppostas , de curtos pe- ciolos , ovadas-lanceoladas , agudas , glabras , trinervcas , parcamente venosas-lineadas , de margem hum tanto áspera, patentes; peciolos curtos , largos , trineryeos , apegados mutua- mente. E ALIMENTAR PORTUGUEZA. 21^ Estipulas: nullas, porém huraa margem dos pe- ciolos apegada d'huma e outra parte até as articulações , e miudamente celheada. Coryrabo : terminal, folioso, de ramos oppos- tos , curtamente triforquiíhoso ; pedúnculos curtos. Bracteas : lanceoladas ou lineares , agudas , nos pedúnculos oppostas ; flores acenosas , as inter- médias primogénitas. Calyx : periantliio, monophyllo, tubulado, palli- do, empubescido. e Imm tanto áspero, na base mettido para dentro, no topo os dentes ou la- cin'as lanceoladas, agudas, levantadas. Corolla : pétalas cuneiformes , obtusas-arredon- dadas, patentes; unhas quadrangulares d' hum verde diluido , do comprimento do calyx ; ne- etário duas producçoes pontagudas , pequenas, brancas, na base das laminas das pétalas. Estaraes : jí/é-ífj- assovelados, brancos, hum pou- co mais compridos t}ue as unhas das pétalas, levantados; antheras triangulares, vacillantes. Pistillo: germe cylindrico, glabro ; estyletes as- sovelados, brancos, hum pouco mais compri- dos que os estames ; estigmas troncado&. Habita nos sítios sombrios e húmidos nas riban- ceiras dos ribeiros , frequente nas margens do Mondego perto de Coimbra , e outras partes na fieira. Floresce em Maio , e Junho. Feren- ne. Raiz : recente cheiro débil ; secca nullo ; sabor amargo , levemente gíutinoso. Herva : recente cheiro débil ; sabor amargo. Os hervolarios a confundem muitas •ve- zes com a Lyclmis dioica. Ee 2, 220 FLORA PHARMACEUTICA Dianthus. Calyx oblongo, tubuloso, de cinco dentes, cin- gido de escamas applicadas na base; corolla de cinco pétalas, unguiculadas , orla ordinaria- mente denticulada \ capsula cylindrica , unicel~ lular. 2CO. D. Cariophyllus. Em Port. Cravo ^ ou Cravei' ro dos jardins. Flores solitárias •, escamas calycinas quasi ovadas, curtíssimas ; corollas crenuladas. Ploarm. flores. Flores: terminaes, quasi corymbosas, peduncula- das. Bracteas: oppostas , ovadas, agudas, de margens inferiormente convergentes ; sotopostas ao ca- Calyx: perianthio, cylindrico, estriado, glabro, escamas da base quasi iguaes , ovadas, agu- das, mais ténues na margem, oppostas, estrei- tamente imbricadas ; fendido em cinco laci- nias, ovadas-agudas, hum tanto concavas, le- vantadas. Corolla: rubra, unhas das pétalas brancas, do comprimento do calyx, apegadas ao receptá- culo, com a quilha sulcada no lado interior; orla plana , laminas inversamente ovadas , ob- tusas-arredondadas , de grossas crenulas. 'EsUmQs: filetes assovelados,do comprimento das unhas; antheras cordatas-sagittadas , obtusas, levantadas. Pistillo: germe sobreposto, ovado-oblongo , in- feriormente pallido , quasi anguloso , superior- mente verde, com quatro sulcos, obtuso; es- E ALIMENTAR PORTUGUEZA. 221 tyletes assovelados , purpúreos , sulcados no la- do interior , hum pouco mais compridos que a coroila; estigmas obtusos, longitudinalmen- te empubescidos , encaraccladcs para fora. Cultivâo-se immensas variedades , bem differen- tes na cor , grandeza , e multiplicidade das pé- talas; mais bellas e mais vigorosas nos jardins do norte do Reino. Floresce na primavera. Pe- renne. decentes: cheiro grato, particular, chamado ca- riophyllaceo; seccas nullo. Unhas : recentes , sabor doce j o das laminas amargo, levemente estyptico. Estas Jlores tem acttial mente cabido em desuso como medicamento , e muitos Catálogos de Mat. Med. as tem om^ mittido , porque as suas virtudes , cu^ Jo fundamento he o sabor e o cheiro ^ excitão mais eficazmente em outros 'vegeta es : a sua matéria odor i fera he nimiamente fugaz , e mais débil do que seria justo para delia se espera- rem úteis ejf eitos no systema nervoso, ORDEM Fentagynia. Se dum, Calyx partido em cinco lacinias ; corolla de cin- co pétalas ; escamas nectariferas na base do ^erme^ capsulas cinco. 22S FLORA PHARMACEUTICA 201. S. Telephium. Em Port. Telephio , Tau ária 'Vulgar , Herva dos callos. Folhas hum tanto planas, serreadas ; corymbo folioso; caule levantado. Pharni. herva recente, raiz. ■ Raiz: Jium aggregado de corpos tuberosos, ob- longos , fibrosos. Caules: muitos d' huma raiz, inferiormente quasi prostrados, roliços, glabros, rubros-purpureos, semeados de pontos elevados , simplices , raras vezes ramosos j ramos alternos. Folhas: frequentes, carnosas, rentes, oppostas, planas, ovadas obtusas , desigualmente. serrea- das , d' huma pollegada , glabras d'ambas as partes. Corymbo: terminal, composto, rente, quasi fo- lioso , levantado. Bracteas : ovadas-lanceoladas , agudas, solitárias, nas divisões dos pedúnculos. Calyx : perianthio , monophyllo , com lacinias íanceoladas , agudas , levantadas. Corolla : d' hum branco pouco elegante, de do- brado comprimento do do calyx; pétalas ren- tes , ovadas-lanceoladas , concavas , inferior- mente convergentes em hum tubo ; superior- mente patentes , callosas-obtusas no topo. Y.si:iU\Qs: filetes assovelados , do mesmo compri- mento da corolla, esbranquiçados, levantados, cinco insertos no receptáculo , os outros cinco nas pétalas \ antheras cordiformes , obtusas , quasi bilobadas , glabras. Pistillo : germe cinco ovários, esbranquiçados, glabros, oblongos, quasi triangulares, no dor- so convexos-gibbosos , attenuados d'amb3s as partes; estyletes assovelados, o seu compri- mento o mesmo dos estamcs ; estigmas simpli- ces. E ALIMENTAR PORTUGITEZA. 21^ Habita nas vinhas nos arredores de Lisboa ; cul- tiva-se nos jardins. Floresce em Juuho, e Ju- lho. Subarbusto. Cheiro débil j sabor nullo. 202. S. acre. Vermicularia , ou Uva ãe cao menor. Folhas quasi ovadas conchegadas, rentes, gib- bosas , hum tanto levantadas , alternas j cy- meira bifendida. Fbarm. herva. Raiz: filiforme, descendente, hum tanto curta. Caule: filiforme, apenas de três pollcgadas, re- plante na base, depois levantado, ramoso, ro- liço, glabro, pallido, succulento. Folhas : ovadas , obtusas, carnosas , por cima hum tanto planas, por baixo convexas-gibbo- sas, rentes, levantadas, levemente ponteadas, quasi rugosas miudamente. Cymeira : pequena , terminal , tripartida , de flo- res rentes, pedunculadas; pedúnculos foliosos. Calyx: perianrhio, de cinco foliolos , semelhan- tes aos caulinos. CoroIIa : estrcllada , amarellada, de pétalas lan- ceoladas , agudas , patentes , por baixo aqui- Ihadas , por cima hum tanto concavas. Estames: filetes assovelados , apenas do compri- mento da corolla , patentes ; antheras renifor- mes , hum tanto chatas. Pistillo: germe cinco ovários, glabros, cónicos, divergentes ; estyletes assovelados , quasi do comprimento dos estames ; estígynas simplices. Habita nos sitios seccos , estéreis , junto do Por- to e outras partes nas provindas do Minho e Tras-os -montes. Floresce em Junho , e Ju- lho. Perenne. Cheiro débil ; sabor acre^ mastigado he pican- te nas fauces. 224 FLORA PHARMACEUTICA Oxalis» Calyx partido em cinco lacinias, persistente; pé- talas cinco, lateralmente quasi coadunadas pe- las unhas ; capsula pentagona , de cinco cellu- las •, abre-se pelos ângulos ; sementes quasi re- dondas. 203. O. corniculata. Em Port. Trevo azedo corni^ Indo. Pedúnculos umbelliferos , caule ramoso ; folhas? ternadas, foliolos inversamente cordiformes. Pharm. herva recente. Caules: lateraes, prostrados, o central levanta- do, de quatro até outo pollegadas de compri- mento; os lateraes ás vezes reptantes na base, avelutados como os pedúnculos e pecioios. Peciolos : nodosos , articulados. Estipulas : largas , inversamente ovadas. Estipulas : largas inversamente ovadas. Pedúnculos : solitários nas alas das folhas ; bi ou quadrifíoros. Invólucros de três ou quatro foliolos setaceos. Pétalas obtusas, inteiras, amarelladas. Capsula : oblonga , pentagona , aguda , aveluta- da , abrindo-se elasticamente. (Brot.) Habita nas hortas, lugares graminosos , nos ta- pumes quisi em todo o Reino, principalmente nas províncias do norte. Floresce na prima- vera , estio , e outono. Annuaí. Cheiro: nuUo; sabor acido agradável, mastigada embota os dentes. Esta espécie , a única no seu género , que temos em Portugal ^ segundo o Doutor 3E ALIMENTAR ?01(TUGITEíÃ. hlf Brotero , não se acha ordinariamente nos Catálogos de Mat. Med. ; mas^ eu^ a ponho entre os medicamentos não só porque as propriedades lhe dão mere- cimento , mas porque em algumas offi" cinas da Itália he substituída em lu^ gar da Oxalis ace tosella. Cotyledon» Calyx partido em cinco lacinias ; corolla mono- perala, ordinariamente campanulada, fendida em cinco lacinias ^ escamas nectariferas cinca, na base do germe ; capsulas cinco. C. Umbiiicus. Em Port. Conchelos , Sombrei" rinhos dos telhados , Orelha de monge. Raiz tuberosa ; folhas acapelladas-arrodelladas ,• crenuladas; bracteas pequenas, inteiras, quasi lineares; flores acenosas. Pharm. herva. Esta planta acha-se hoje ahandonada /)<•- los Authores de Mat. Med. \ faço men^ ção delia por ter sido usada pelos au" tigos Gregos , e Romanos. Habita nos rochedos , marachões, terrenos som- brios e húmidos, muros, muralhas velhas, e telhados dos edifícios , quasi em todo o Reino, Floresce em Abril , e Alaio. Biennal. Ff ^26 FLORA PHABMACEUTICA ORDEM Decagynia, 'Bhytolacca. Calyx nullo-, corolla de cinco pétalas, persisten- te; germe estriado; estyletes outo até dez; baga ordinariamente orbiculada , deprimida , de muitos sulcos, de muitas cellulas monosper- mas. 105-, Vharm, decandra. Em Port, Tintureira vul- gar Herva dos cachos da índia. Flores decandras , decagynias. ( de dez estames e dez pistillos) Tharm. raiz, folhas. ^ - Raiz branca de mais d' hum pé de comprimen- to, articulada, estriada, muito grossa. Folhas ovadas-lanceoladas , venosas , dispersas. Habita hoje espontânea nos sitios sombrios , hum tanto húmidos, nos pomares, nas margens dos rios , principalmente do Mondego perto de Coimbra , e outras partes da Beira Septemtrio- nal. Floresce em Maio , Junho , e Julho. Pe- renne. Esta espécie he natural da Virginia na America ; está naturalizada na Itá- lia^ Aliem anha^ Suissa, França, Hes- ^anha , e Portugal ; e não foi conheci- da na Europa , senão depois da desço- herta da America. He dignissima de ser bem conhecida , não só ^elo seu uso E ALIMENTAR ÇÔRWGtrEZA.' 'íif fia tinturaria e illumlnação ãe estam-^ pas\ mas principalmente pelas 'virtu- des medicinaes , ao menos para confir- mar ou destruir a opinião que alguns Médicos , práticos eximios , tem de que esta planta cura a terrivel moléstia chamada Cancro. Os habitantes da. America do norte fazem uso dos seus grelos recém brotados como alimcn-^ to. CLASSE ii.« Dodecandria. ^ ^^ ™ ^ "^ "^ ^ '^ ^" "^ ^v ^ ^ "^t "^ "^ '^ ^ ^ ^^ 't^ 't* ORDEM Monogynia. Portulaca. Caíyx fendido em duas lacinlas , estylete curtís- simo, estigmas cinco; capsula circumcidada , unicellular , polysperma ; receptáculo central das sementes , desapegado da capsula. 206. P. oleracea. Em Port, Beldroega. Folhas cuneiformes, succulentas ; flores rentes, caule prostrado. - Pharm, Alimento, herva recente. Raiz: fibrosa. Caule prostrado , roliço , glabro , liso , luzidio hum tanto , inferiormente sanguíneo , supe- Ff 2 ii^ . FLORA PHAílMACEUl:' IGA ■ ríormente esverdinhada , comprimido diambas as partes, com estrias paralle]as, ramoso, dif- fuso; ramos orpostos , conformes ao caule; os inferiores prostrados, os superiores paten- tes, ramúsculos quasi oppostos, ordinariamen- nte alternos , levantados. :' Folhas: d'huma pollegada , oppostas , quasi ren- tes, carnosas , integerrimas , levantadas, gla- bras d'ainbas as partes , hum tanto nítidas com pontos approximados , escavados; nervura dor- sal elevada na base, para o topo terminada insensivelmente. Flores: muitas, terminaes , congregadas, rentes, verdes , cercadas de folhas quatro a quatro semelhantes ás dos ramos. Bracteas : diphyllas , membranaceas , tenras , ova- das-agudas, concavas, oppostas, quasi iguaes, sotopostas ao calyx , e mais curtas- que elle. Calyx : perianthio , sobreposto , com as suas laci- nias naviculares, aqailhadas , quasi iguaes. Corolla : pétalas cinco , tenras, esverdinhadas, rentes , ovaes , chatas na extremidade , e cora huma ponta voltada para traz , levantadas , convergentes , contidas no calyx. Estames : amarellados ; filetes muitos , assovela- dos , mais curtos que a corolla; ant heras cor" datas-bilobadas , levantadas. Pistillo: germe sotoposto; estylete cylindrico, mais curto que os estames; estigmas assovela- dos , miudamente empubescidos , do compri- mento do estylete , quasi encaracollado. Capsula : ovada-oblonga , hum tanto aguda , ver- de ; sementes muitas, pedicelladas, dentro da capsula, reniformes-quasi-orbiculadas , anegra- das , hum tanto chatas , com estrias, e ponti» culos elevados» E ALIMENTAR PORTUGUEZA. 110 Habita espontânea nas n^argens d Mondego , Tejo , nos prados , can^pos cultos , humidcs , ou regados: cultiva-se das hortas, nas quaes se produz também espontaneamente. Floresce era Julho , e Agosto. Annual. Cheiro nuUo; sabor herbaceo-aquoso, sueco mu- coso , insípido ; folhas mastigadas hum tanto acidas, assim cruas como cozidas j caules cozi- dos mais acidulos. O nosso terreno^ segundo a Flora do Dou- tor Brotero , não produz senão esta es- fecie do género Portulaca. Todas as es- pécies seo muito pouco regulares nos caracteres para serem facilmente clas- sificadas no systema sexual ; a olera-^ cea ex. gr. , segundo Haller, e Scopoli ^ tem cinco pi st il los , e outo até quinze estames^ segundo Haller^ mas seis até doze e mais^ segundo Willdenovú ; o es- tigma he quadripartido segundo Gme- lin. Circunstancias semelhantes tem lu- gar em outras espécies : o que ynoveo a Willdenovj {o pai) a estabelecer hum género novo ^ com a espécie meridiana. Willdenovj ( o filho ) não reputou esta. dijferença tão considerável^ que a dita espécie se não podesse combinar com o género Portulaca , permittindo-o assim a afinidade botânica. He jía verdade muito irregular este género em quan- to d fructificação e numero das par- tes-^ mas separada que seja huma. es- pécie o mesw.o se deve practicar com outras. ( J'VilldenõW, Sp. plant. ) 2^0 FLORA PHARMACEUTICA; Na certeza do terreno Lusitano nno proâuz>ir se não a espécie oleracea , su- pérflua seria esta advertência ; mas tal certeza he o que ninguém pôde es- tahelecer. Lythrum. Calyx monophyllo , cylindrico , multldentado , os denticules alternos menores; pétalas ordi- nariamente seis, insertas no calyx; capsula ob- longa, de duas cel lulas, polysperma. a07. L. salicaria. Em Port. Salgueirinha. Folhas oppostas , cordatas-lanceoladas ; flores em espiga , dodecandras. Pharm. raiz , herva , flores. Raiz: lenhosa, ramosa, fibrosa, descendente. Caule : levantado , inferiormente glabro , tetra- gono, superiormente empubescido e pentágono, os ângulos agudos , membranaceos , ásperos ; ramos superiores dispersos, os inferiores op- postos, tetragonos, ásperos, miudamente em- pubescidos , levantados , hum tanto curtos , fre- quentes. Folhas: rentes, amplexjcaules , agudas, por ci- ma glabras , por baixo miudamente empubesci- das , hum tanto ásperas , venosas , e também ásperas na margem , patentes-; as inferiores oppostas, as superiores dispersas, as dos ra- mos oppostas. Espigas : terminaes , rentes , cylindricas , compos- tas de gloraerulos de flores; glomerulos dis- persos, hum tanto remotos, ordinariamente de E ALIMENTAR PORTUGUEZA. -Í31 outo flores, apoiadas em bracteis ; e?piga ter- minal de grandeza .dobrada , primogénita. Eracteas : dos glomerulos solitárias, ovadas, lon- gamente agudas, por baixo avelutadas, mais compridas que os calyces , quasi purpúreas; as das flores lineares-assoveladas , hum tanto pe- quenas. Calyx : perianthio , tubulado , turbinado-cylin- drico, estriado, hirsuto, orla troncada , co:ii denticules hum tanto purpúreos , seis alterna- dos , assovelados , hirsutos , levantados , os ou- tros seis pequenos , ovados , hum tanto agu- dos , voltados para dentro , miudamente ce- Iheados no topo. Corolla : purpúrea , pétalas cuneiformes-obloii- gas , obtusas-arredondadas , levantadas , mais compridas que o calyx, insertas no calyx en- tre os denticulos maiores, patentes, antes do desenvolvimento do calyx escondidas no tubo, "Estâmes :fí/etes assovelados, esbranquiçados, in- sertos na parede do calyx, dentro do tubo • seis mais compridos hum tanto do que o tubo do calyx, e seis mais curtos, occultos no mes- mo tubo; ant heras ovadas, luteas, vacillan- tes. Pistillo: germe sobreposto, ovado, agudo, sul- cado d'huma e outra parte, glabro, esverdi- nhado ; estylete cylindrico , branco , apenas ma]s comprido que a corolla ; estigma capi- toso, sabido fora da corolla. Eabita frequente nas bordas dos ribeiros, rios, tanques , prados húmidos , nos arredores de Coimbra, e outras partes. Floresce no estio, Perenne. Cheiro: nullo ; sabor herbáceo, hum tanto ad- stringente^ mucilaginoso. !Í^1 FLORA PHARMACEXTTICA. ^^" '^ y^ i^ "^ 'fc tf-' ^[v 7^ 7^ ^' ^C ^ tJç- 7^ ?|ç" t^ ^t ^ '^ ^^ ^& ORDEM Dígynia. j^grimonia. Calyx monophyllo, de cinco denticules, de mui- tas sedas ganchosas ; corolla de cinco pétalas ; estames insertos no calyx \ sementes duas , co- bertas do calyx , superiormente coarctado , capsuli forme. 2o8. A. Eupatoria. Em Port. Agrimonia. Folhas caulinas pinnuladas, a impar pecioladaj fructo hispido. Pbarm. herva. Raiz quasi cylindrica , ramosa , descendente , ru- bra, cercada de escamas, hum tanto negras. Caule d' hum pé , ou mais , levantado , roliço , simples, ou levemente ramoso, hirsuto. Folhas : alternas , pecioladas , pinnuladas coti impar , de quatro ou cinco pares de pinnulas oppostas, planas-patentes , rentes, ovaes-oblon- gas , hum tanto agudas , d' huma pollegada ^ por cima verdes , semeadas de átomos eleva- dos , empubescidos , por baixo cinzentas , hir- sutas ; com veios quasi oppostos, recortadas- serreadas na margem , com as serreaduras ce- Iheadas ; ha outras pinnulas pequenas , igual- mente celheadas , entre cada par das pinnulas maiores , ellas são rentes , desiguaes ; humas maiores quasi oppostas , ovadas , recortadas- serreadas , outras menores ovadas , integerri- mas, alternas : peciolos por baixo convexos, E ALIMENTAR PORTUGITEZA^ ijjf 'por cima concavos-canaliculados ; os inferio- res mais compridos, envaginantes na base. Estipulas: duas , opposras , celheadas , hirtas; as dos peciolos inferiores inteiras , lanceoladas , agudas, as dos superiores hum tanto maiores amplexicaules , patentes, recortadas. Espiga: terminal, cylindrica, alongada, hirsuta; flores de curtos pedúnculos. í Bracteas : hum tanto pequenas , hirsutas ; em ca- da pedúnculo três , a inferior maior , as duas superiores oppostas , hum tanto menores. Calyx : perianthio , de tubo ovado-turbinado , hirsuto •, no topo todo armado de praganas , ou sedas assoveladas , levantadas ; lacinias ou denticulos ovados-agudos , côncavos , triner- veos , patentes , esverdiíihados. Corolla : pétalas amarelladas, rentes, inversamen- te ovadas, obtusas, venosas, planas-patentes, de triplo comprimento do do calyx. Estames -.filetes doze ou mais, assovelados, ama- . rellados, hum pouco mais curtos que a corol- la , entre patentes e levantados , insertos sobre- postos ao calyx \ antheras ovadas , margem aberta d'huma e outra parte. Pistillo : germe sotoposto , dentro do tubo do calyx, mas acima do calyx convexo; estyletes assovelados, levantados, hum pouco mais cur- tos que os estames; estigmas obtusos, chan- frados. O calyx endurecido serve de capsula, a qual he turbinada , estriada , angulada , superiormente cingida de praganas ganchosas, coroada no to- po com os denticulos convergentes do calyx, unicellular. Sementes duas , quasi redondas , glabras. Habita nos montes, nos tapumes, caminhos, mu- 1^4 FLOUA PHAÍIMACEUTICA ròs, nos arredores de Coimbra , e outras par- tes do sul , e norte de Portugal. Floresce era Maio , e Junho. Perenne. Cheiro : debil , aromático ; sabor quasi aromáti- co, na secca levemente estyptico. ORDEM Trigynia, Reseda, Calyx monophyllo , profundamente partido , pé- talas desiguaes , algumas partidas ; glândula nectarifera produzida do receptáculo ; capsula ou única e unicellular , ainda verde aberta no topo, e polysperraa , ou cinco patentes em for- ma ds estrella , monosperraas. lop. R. Lu-eola. Em Port. Lirio dos tintureiros. Folhas lanceoladas, inteiras, ordinariamente un- duladas ; as radicaes de cada parte com seu dente; calyces partidos em quatro lacinias. Pharm, herva. Caule levantado, roliço, estriado-angulado, gla- bro d' hum pé ou mais , inferiormente ramo- so ; ramos dispersos , levantados , simplices , verdascosos. Racimos: terminaes, cylindricos, alongados, del- gados, nus, levantados; fores de curtos pe- dúnculos , hum tanto verdes. Bracteas : solitárias nos pedúnculos, ovadas, ter- minadas n'hum topo assovelado , alongado. Habita nos campos , caminhos , marachões , nos ■E ALIMENTAR PORflTGUEZA; I^JT arredores de Coimbra , Lisboa , e outras par- tes na Beira , e Extremadiira. Floresce em Maio , e Junho. Annual ou biennal. Cheiro e sabor nauseosos. 210. R. phyteuma. Reseda menor. Folhas inferiores ordinariamente inteiras , outras fendidas em três , cinco ou sete íacinias , undu* ladas ; calyces partidos em seis Íacinias quasi iguaes á corolla ; flores trigynas. Pharm. herva. Raiz : biennal , triennal , e algumas vezes peren- ne , ramosa , branca. Caules : d' hum pé , cespitosos , prostrados, ramo- sos, angulosos, quasi peludos; ramos alternos, ascendentes , terminados em racimos longos , laxos. Folhas do comprimento d' huma poUegada até duas , d' huma e outra parte quasi peludas , margens unduladas, humas trifendidas, outras pinnatííidas , de cinco ou sete Íacinias decursi- vas, a impar sempre menor; as radicaes ordi^ nariamente inteiras , e lanceoladas ; pedúnculos delgados , angulosos , hum tanto ásperos , es- triados, do comprimento de duas linhas e meia, Bracteas: agudas, três vezes mais compridas que os pedúnculos. Calyx : partido em seis Íacinias lineares , hum tanto obtusas, patentes, do comprimento de duas linhas , hum pouco mais curtas que a corolla , persistentes. Corolla de seis pétalas brancas , concavas na base, em forma de escama ; a.s duas superio- res, debaixo do nectario , maiores , partidas no dorso em nove ou dez Íacinias lineares, se- taceas; as duas lateraes com seis ou sete Íaci- nias semelhantes entre si ; as duas iníeriores 2^6 ÇLORA l>HA"RMACEtmc slmplíces, quasi lineares ; /^é-^í^ r/V perfeitamen- te louro. Esames treze até dezoito, do comprimento do z^\y^\ filetes dobrados para baixo, brancos; antheras louras. Pistillo: germe minimo, quasi triangular ; fj-^y- letes nuUos ; estygmas , três corniculos , que corolo o germe. Capsuli : hum tanto aberta, triangular, ângulos hum tanto ásperos, trivalv^e, unicellular , quasi rugosa, do comprimento de meia pollegada, da largura de três linhas. Sementes: reniformes , lisas, presas ás suturas. Habita nos sítios arenosos, rochedos, tapumes, e marachões arenosos nos arredores de Lis- boa , Coimbra , e outras partes na Extremadu- ra, e Beira. Floresce em Maio, e Junho. Bien- nal, e ás vezes perenne. Sabor de toda a planta o mesmo que o dos Agriões. íiil. R. purpurascens. Reseda de fructo es^trellndo. Folhas hum tanto obtusas , lineares-lanceoladas , integcrrimas ; flores pentagynas ; capsulas pa- tentes , em forma de estrelia. Tharm. herva. Raiz : perenne , ramosa , superiormente junto do collo da grossura, ou diâmetro, de duas ou três linhas. Caules: cespitosos , annuaes, e algumas vezes su- barbustivos , filiformes , ou da grossura de li- nha e meia; de meio, d' hum ou mais pés de altura, glabros , como toda a planta, ascen- dentes , levemente angulosos , já simplicíssi- mos , já simplices. Folhas : radicaes lanceoladas , pecioladas , cauli- nas humas vezes lineraes ou quasi, outras ve- li ALTMENTATl rORTUGTJEZA. 2^7 zes linearcs-Ianceoladas , hum tanto crassas,' glabras, intefícrrimas, dispersas ; Irgura meia até huma e meia linhas, comprimento de qua- tro ou cinco, até meia pcllegada. Flores : muitas , racimosas ; racimo terminal , simplicissimo, do comprimento de sete polle- gadas, florente por muito tempo. Bracteas : agudas , ovadas , voltadas para fóra , côr entre verde e loura , quasi do comprimen- to do pedicello , persistentes ; pedicello seta- ceo , do comprimento d' huma linha, curvado para fóra , depois da florescência ascendente. Calyx : perianthio , monophyllo , de cinco denti- cules, entre verde e flavo, minirao, a grande- za quasi hum terço da da corolla , persisten- te, tem os dentes obtusos, quatro iguaes , o quinto menor por baixo do nectario. Corolla: de cinco pétalas, decadentes, do com- primento d' huma linha até huma e meia , in- sertas no receptáculo , partidas em lacinias de numero incerto, unguiculadas, lanceoladas, a inferior escamiforme , minima com huma só lacinia , duas lateraes partidas em cinco ; duas superiores debaixo do nectario , escamiformes ovadas, concavas, com sete lacinias. Kectario: huma escamasinha , apenas mais com- prida que o calyx , produzida do receptáculo e do lado superior da flor , amarelíada , de margem membranacea , esbranquiçada, revira- da , inferiormente concava , com huma glân- dula meliflua na base, murchosa. Estames: nove até doze, insertos no receptáculo hum pouco elevados acima do calyx, apenas menores que a corolla ; filetes capillares, cur- íissimos, pallidos, antheras levantadas, ova- ya3^ FLORA PHARMACEUTICA. das , obtusas , biloculares , de còr entre verde e flava. Pistillo : germes cinco, raras vezes quatro, ra- ríssimas seis , inversamente ovados , obtusos glabros , do comprimento dos estames ; estyle^ lete lateral em cada germe , curtíssimo , asso- vellado ; estigma simples. Capsulas : tantas como os gerares, monospermas , patentes em forma de estrella , algumas hum tanto voltadas para fora , cora pedicello com- mum minimo , elevado sobre o calyx , curvado para dentro, sobrepostas, uniloculares, coroa- das com o estylete. Sementes, quasi arredondadas-reniformes. Habita nos sitios arenosos, montões lapidosos, e rochedos nos arredores de Coimbra , Lisboa , e outras partes na Beira , e Extremadura. Flo- resce em Junho, e Julho. Perenne. Sabor hum tanto amargo , hum tanto acre. Das três espécies do género Reseda, que fie ao descriptas , a primira apenas se acha em alguns Catálogos de Matéria Med. Não tenho noticia que a segunda e terceira te nhã o até agora entrado em algum \ o que não obstante , coyno he do meu plano fazer entar na Flora phar- maceutica de Portugal toda a planta , que vegeta no seu terreno e que por al~ gum principio se pôde pensar que pos- sue 'virtudes medicamentosas ^ e corno as qualidades destas duas espécies re- lativamente ao sabor as abonão como taes^ copiei aqui da Flora Lusitana as suas descripçoes. E ALIMENTAR PORTUGUEZÁ. 239 Euphorbia. Calyx monophyllo , bojudo; pétalas quatro ou cinco, insertas no calyx, ovadas, ou lanceola- das ; estames doze até quinze , articulados no meio , de idades differentes ; germe sobrepos- to, pedicellado; estyletes bifendidos; capsula tricocca. 212. E. I.athyris. Em Fort. Tartago^ ou Catapucia. wenor. Umbella de quatro raios, forquilhosos ; folhas rentes . cppostas , imbricadas em- quatro direc- ções, Ifnceoladas, integerrimas. 'Pharyn. sementes. Capsula: quasi arredondada-triangular , toda ru- gcsa, fusca-acinzentada , tricellular, ou tricoc- ca. Sementes : três , ovadas , obtusas d'ambas as par- tes , tão grandes como as do canamo , d' hum lado longitudinalmente sulcadas, huma das ex- tremidades troncada cora hum orbiculo niveo, hum tanto convexo , crenado na margem ; pa- renchyma hum núcleo branco, oleoso, dentro da casca ténue , e quebradiça. Cultiva-se em alguns jardins pharmaeeutlcos ; na Extremadura encontra-se espontânea perto das povoações. Floresce em Maio, e Junho. Biennal. Cheiro nullo \ sabor quasi nullo •, os núcleos das sementes m.astigados , são acres , corrosivos. 213. E. Helioscopia. Tithymalo helioscopio ^ malei- teira helioscopia, Umbella composta de cinco raios divididos em treSj e estes forquilhoscs ^ invólucros. parciaes 2^0 FLORA PHARMACEUTICA. inversíimente ovados; folhas cuiieiformeSj ser- reidas. Pharm. herva. Raiz : filiforme , descendente , simples , flexuosa. Caule : de sete poUegadas : levantado , roliço , glabro , ramoso na base; ramos patentes. Folhas: alternas, cuneiformes, despontadas, in- feriormente estreitadas, quasi rentes, glabras d' ambas as partes, serreadas , quasi d' huraa pollegada , patentes. Umbella : terminal , composta ; a universal di- vidida em cinco parciaes , patente , o flosculo central solitário , quasi rente ; cada parcial dividida em três , pilosa , o flosculo central solitário, quasi rente. Ipvolucro : universal de cinco foliolos , rentes , planos e patentes ; inversamente ovados , ob- tusos-arredondados , serreados , iguaes ; o par- cial de três foliolos, ovaes, obtusos-arredon- dados ; o próprio igualmente de foliolos con- formes aos do parcial , hum pouco menor. Calyx : perianthio turbinado , glabro , troncado. CoroIIa : de quatro pétalas, pequenas, ovaes, planas, rubicundas, pediceUadas , insertas na margem do calyx, levantadas, iguaes. Esta mes : filetes muitos , assovelados , -dentro do calyx , mais compridos que elle ; ajttheras quasi redondas, bilobadas , amarellas, sulcadas de ambas as parres, fora da corolla. Pis.tilIo: germe pedunculado, acenoso , glabro, esverdinhado, ovado, triangular, ângulos ar- redondados, estylete tripartido, lacinias cy- lindricas, bifendidas ; estigmas seis simplices. Habita frequente nos valles , hortas, sitios cul- tos e incultos de todo o Reino. Floresce era Maio , Junho , e Julho. Annual. E ALIMENTAR PORTUGITETlA. 24Í Cheiro debil , herbáceo ; sabor acre ; toda a plan- ta lactescente; leite branco, vertido da parte cortical. 214. E. peplus. Esula redonda. Umbella fendida em três, forquilhosas ; involu- crosinhos ovados; folhas integerrimas , inver- samente ovadas , pecioladas. Pharm. raiz ? caules ? casca ? Caule: levantado, altura de três até outo polle- gadas, he roliço, glabro. Folhas: gíabras , inversamente ovadas, integerri- mas. Invólucro: de três foliolos, ovados, obtusos; os parciaes de dous foliolos, ovados, quasi re- dondos. Pétalas : bicornes. Capsulas : glabras , trigonas , sulcadas. Habita pelos caminhos , tapumes , nos campos cultos e incultos, frequente em todo o Reino. Bi^. E. exigua. Umbella fendida em três forquilhosas ; involu» eros parciaes lanceolados ; folhas Imeares. Pharm. as mesmas partes da espécie anteceden- te ? Caule: roliço, glabro, altura três até seis polle- gadas, quasi simplicíssimo. ] Folhas : dispersas , rentes , lineares , integerri- mas, glabras. Umbella imiversal ordinariamente de três raios, raríssimas vezes de quatro ou de cinco; raios forquilhosos. Invólucro; tanversal e parcial de foliolo? entre ovados e lanceolados, e por isso de base mais lars^a. Pétalas: quatro, semilunares, amarelladas. Capsula : glabra. Hh !1^1 FLOPA rHAKMACEUTlCA. Habita nos campos cultos e incultos nos arredo- res de Coimbra. Floresce na Primavera , e Es- tio, e ás vezes no Outono. Annual. 21 6. E. characias. Trovisco macho , Maleiteira viaior. Umbella multifida , depois bífida , amontoada ; invólucros parciaes quasi enfiados , obtusos ; folhas lanceoladas , integerrimas , empubesci- das ; caule arbustivo. Habita nos montes, marachões, tapumes, fre- quente em todo o Reino. liy. E. ptericocca. Esula angulosa. Umbella fendida em cinco, depois em três, em fim em dois raios invólucros parciaes, ovados- trapezi formes j folhas cuneadasj capsulas quasi maduras de seis azas. m. 3 Thar Raiz quasi fusiforme, ás vezes flexuosa , radicu- ias fibrosas por toda ella ; comprimento duas até quatro poUcgadas , superiormente junto do collo da grossura de meia ou huma e meia li- nha ; casca esbranquiçada. Caule roliço , glabro , como toda a planta , infe- riormente de meia ou huma e meia linha de grossura, altura de quatro até treze pollega- das ; superiormente alguns ramúsculos alter- nos, levantados, simplicíssimos, flcriferos, mais curtos que a umbella caulina ; inferiormente raras vezes quasi ramoso, ou lançando hum ou outro ramo quasi da altura do caule. Folhas: inferiores do caule , e dos ramos cunea- das, de miúdas serreaduras, rentes, levanta- das, alternas, outras inversamente lanceoladas- cuneiformes , pouco e pouco maiores para o cimo do caulcj as cimeiras d' huma até duas pollegadas de comprimento ^ de quatro até se- E ALIMEWAR POUTUGTTEZA. 243 te linhas de largura, igualmente rentes e ser-: ruladas. Urabella caulina recomposta , do comprimento de duas até cinco pollegadas ; a primaria de cinco raios, tripartidos, e estes depois duas, três , e mais vezes forquilhosos. Invólucro: unrcersal de cinco foliolos, lanceo- Jados , serrulados , do mesmo comprimento dos raios primários ou mais, ás vezes também mais curtos ; o parcial nas umbellulas secunda^ rias de três raios ^ de três folioios, ovados- lanceolados, ou, ás vezes, ovados-trapezifor- mes , serrulados ; nas outras de dous foliolos oppostos, amarellados , ovados-trapeziformes , agudos, decrescendo pouco e pouco para ci- ma , serrulados. Umbellas primarias nos topos dos ramos ordina- riamente tri ou bifendidas, raras vezes algu- mas de cinco raios , todas muito menores que a caulina, e menos subdivididas. Flores : todas quasi rentes ; as terminaes herraa- phroditasj as masculinas no centro da umbclla primaria, e das de três raios, e nas fbrquilha- ções ; mas raras vezes ahi se encontrão as her- raaphroditas férteis. Calyx : perianthio , monophylio , turbinado , mi- nimo, giabro, pallido, na abertura quadriden- tado, denticules agudos, mínimos, voltados para dentro; persistente. Corolla : de quatro pétalas em todas as flores, pétalas quasi flavescentes , quasi reniformes , integerrimas , adherentes á margem do calvx por unhas mínimas, alternadas cora os denti- cules , murchosas. Estames: filetes pouco mais de dez, capillares, insertos no receptáculo, articulados, dcsenvol- Hh 2 244 FLORA PHARMACEUTrcX' vidos em diverso tempo, muito poucos sn1ií- dos do calyx; entre elles alguns fios ou palhi- ços mínimos-, antheras bilobadas, louras. Pistillo : germe hum pouco sabido da corolh , pedicellado, levantado , glabro , hum tanto fla- vo , deprimido , com seis sulcos , com seis ân- gulos ; estyletes três bifendidos , amarellos , hum tanto voltados para fóra j estigmas ob- tusos , hum tanto crassos. Capsula : chata , lisa , tricocca , trilocular , tris- perma , acenosa para fóra do calyx por meio do pedicello voltado para fóra , com seis sul- cos profundos quasi até perfeita maturação , seis ângulos agudamente prominentes, de lar- gas cristas ou aliformes, amarellados, obscu- ramente crenulados na parte marginal, molles, finalmente murchosos , ou quasi abolidos na maturação perfeita. Sementes: solitárias, quasi globosas, tegumento fusco, reticulado, coriaceo. Habita nos montes , hortas , e entre as searas nos arredores de Lisboa , Coimbra , e outras partes na Beira e Extremadura. Floresce na primave- ra, Annual. 'Referi as espécies peplus , exígua , chara- cias, porque ellas se achao em muitos Authores de Mat. Med. , e a characias , por ter uso na veterinária , principal- mente na cura da sarna dos cães , e ronha das ovelhas : juntei a descripçao da ptericocca , nova espécie , segundo o Doutor Brotero , e planta hyhrida das duas peplus e helioscopia , por serem os pais reputados medicinaes-^ ojfere- cendo-a d experiência dos nossos Me-- E ALIMENTAI rOUTUGtTEZA. ^45" áícos , a qual elevem emprelender com muita precaução , por serem ambas também virosas , como quasi todas as espécies deste género. O Fuphorhio que se acha nos Dispen' satorios pharmaceuticos he huma gom- ma rezina tirada por incisão do cau~ le d''alguma das espécies E. officlna- rum, E. antiquorura, E. canaricnsis. Lin- neo na sua Mat. Med. a attrihue á primeira destas espécies ^ por authori" dade de Ruyschio^ e Kiggelario^ com o fundamento de que estes Authores mais d^huma vez receberão esta planta dos lugares arenosos e desertos d"" Africa vizinhas da cidade Salé coyn porções desta gomyna resina. Depois no Species plantarum a attri- huio á E. antiquorum , seguindo a au- thor idade dos dous Commelinos 'João e Gaspar ^ com o fundamento de terem estes dous Authores achado entre as porções do Euphorbio , vindo da Bar- beria , flores , e capsulas serninaes deS' ta planta. Mil ler o attrihue d espécie E. cana- rlensis. Seja como for \ o facto não re- pugna , e he antes conforme com hum grande numero de princípios ve;ietaes que são preparados no corpo de espé- cies de differentissimos géneros. Nós não possuímos nenhuma das espécies ás quaes o Euphorbio tem sido attr'X bui do j mas sendo certo que eni todas as deste género se prepara hum sueco branco , lácteo ^ extremamente acre e 440RTUGtTÈZ A. 2^3 cios marmellos mollares , ou gamloas. Folhas ovadas, ou quasi , mais Jargas ; pomos maiores, menos turbinados; parenchyma mais tenro , menos adstringente. Maduros-, cheiro fragrante, quasi cephalalgico. Verdes : sabor austero. Maduros sabor adstrin- gente, acidulo, vinhoso. Mesemhryànthemum. Calyx sobreposto , fendido era cinco lacinias , persistente ; pétalas numerosas , em series mul- tiplicadas, lineares, levemente unidas na base; capsusa carnosa, coberta do calyx, de cinco ceílulas, de cinco válvulas, polysperma. 236. M. crystallinum. Em Fort. Herva do orvalho. Folhas alternas, ovadas, papulosas, unduladas. Pharm. herva. Caules: prostrados , ramosos, papulosos d'huna pé ou mais de comprimento. Folhas: também semeadas de papuIas,como pin- gos d'orvaIho. Cultiva-se nos jardins , e he quasi espontânea perto d'Alcacer do Sal , e Silves. Floresce em Junho, e Julho. Annual. Sabor brandamente salino , refrigerante ; Lieb compara-o com o da terra foliada de tártaro. São fitnnerosas as espécies deste género» JVillden. Sp. plant. refere outenta e seis \ quasi todas habitantes- do Cabo de Boa F^sperança. A que fica referida dd-se também na Grécia junto crAtbe- nas : 7íem esta , nem outra alguma ei^ ié4 FLORA PHARMAGEITflGA. tra nos Catálogos antj^os de Matéria Med. Com tudo esta foi nella introdu- zida por Lieh em i/Ss", e provavelmen- te poderá ser substituída pela Orva- lhada nodifiora ^ Mes. nodiflorum, que lhe he muito análoga , e se dá nos lu- gares marítimos da Figueira , e do Algarve. Spir£a. Calyx fendido em cinco lacinias ; corolla de cin- co pétalas i capsulas muitas, amontoadas, agu- das, uni ou tricellulares. 237. S. Filipendula. Em Port. Filipendula. Caule herbáceo-, folhas interrompidaraente pin- nuladas , pinnulas lanceoladas \ flores quasi cy- mosas, capsulas hirsutas. Pharm. raiz, herva. Raiz: cylindrica, filiforme, ramosa, descendente, com tuberas pendentes turbinadas ouovaes, re- ctas ou hum tanto curvadas para dentro, de igual grandeza, ordinariamente de pollegada, fuscas, terminadas no topo por hum fio solitá- rio fibrilloso, descendente ; parenchyma niveo, carnoso-firme, hum tanto secco, de disco igual. Caule: simplicíssimo, levantado, flexuoso, quasi angulado , glabro , d' hum pé. Folhas: alternas, interrompidamente pinnuladas ; compostas de hum grande numero de foliolos ovaes , ou oblongos, glabros , verdes nas suas duas faces , denteados , e com incisões ; medêão entre estes outros menores ; as radicaes pecio- ladas , alongadas , de sete pollegadas , prostra- E ALIMENTAR PORT0GUÉZA. 265- das pela terra -/as caulinas rentes , levantadas; nas ridicnes o peciolo commum he por cima canaliculado. Estipulas : na base dos peciolos , ovadas , venulo- sas , araplexicaules , agudamente serreadas na margem, superiormente bifendidas, recortadas. Cymeira : terminal , pedunculada , concava , quasi forquilhosa , nua . glabra. Bracteas : nullas, ordinariamente hum foliolo jun- to da cymeira. Flores: brancas, pedunculadas, segundinas, todas olhando para dentro. Calyx: perianthio, raonophyllo, turbinado com estrias elevadas ; lacinias oblongas, obtusas, co- tanilhosas interiormente na base, voltadas pa- ra fora. Corolla: pétalas ovaes , obtusas, brancas , de cur- tas unguiculas , patentes , mais compridas que o calyx. Esta mes : filetes muitos , setaceos , brancos , in- sertos no calyx, do comprimento da corolla, desiguaes , patentes ; antheras amarellas , ova« das , obtusas , bilobadas. Pistillo : germes^ muitos, convergentes, formando hum hemispherio troncado-, pilosos-, estyletes , brancos, postos circularmente, superiormente en(7rossados ; estigmas^ capitosos, troncados, comprimidos, com hum sulco longitudinal. Habita' nas relvas hum tanto húmidas entre Tor- res Vedras e Óbidos na Extremadura ; perto da Serra d'Estrella, e outras partes na Beira, Floresce no estio. Perenne. • Tuberas recentes ^ arrancadas no fim do outono 3 cheiro agradável, análogo ao da fior de laran- geira j sabor quasi doce , agradável , excepto LI 206 FLORA PHARMACEUTIGA erti saberem excessivamente ao aroma das flo- res de larangeira ; arrancadas no estio, am-^r- gas , menos fragrantes-, seccas duras, friáveis, sabor agradável , cheiro niillo, Herva recente : sabor hum tanto amargo , quasi misto do d'amendoas amargas , e pétalas das flores de larangeira : pisada , clieiro análogo. Flores recentes \ o mesmo cheiro, e sabor. 238. S. Ulmaria. Herva Uhneira , ou Rainha dos prados. Caule herbáceo; folhas interrompidamente pin- nuladas; pinnulas ovadas, desigualmente ser- readas , por baixo quasi cotanilhosas ; flores quasi cymosas. Pbarm. raiz , herva , flores. Raiz: quasi cylindrica, de três e mais políega- das , exteriormente negra , escamosa , toda cer- cada de muitas fibras filiformes, negras, fibri- losas , descendentes; parenchyma quasi carno- so, centro medullar amplissirao, igual, esbran- quiçado , ordinariamente semeado de átomos alourados, cercado d' hum annel ferrugineo, situado entre o centro medullar e a parte cor- tical. Caule: simples, de dous pés ou mais, angulado, glabro , pallidamente esverdinhado , inferior- mente hum tanto purpúreo. Folhas alternas, pecioladas, pinnuladas, trijuga- das , ou ás vezes jugadas em cinco pares de fo- liolos oppostos , rentes , ovados-oblongos , por cima verdes , glabros , hum tanto luzidios , li- neados , miudamente venulosos , rugosos , e por baixo nervosos, miudamente cotanilhosos, cinzentos, na margem recortados, miudamen- te seiheados ; foliolo terminai maior , cordifor- E ALIMENTAR PÓRTUGUEZA. 1^7 me , trifendido , aplanado ; peciolos por bai- xo convexos, por cima côncavos, os radicaes do triplo comprimento. Estipulas : agudas , arredondadas , falcadas , am- plexicaules , serreadas na margem , miudamen- te celheadas, entre patentes e planas. Panicula : terminal , ampla, levantada, miuda- mente empubescida , pedunculada , nua , com- posta de ramos compridos , e desiguaes. Calyx ; perianthio, monophyllo , campanulado, pallido , miudamente empubescido ; lacinias ovadas , obtusas , concavas , voltadas para fóra. Corolla : branca, pétalas inversamente ovadas, obtusas-arredondadas , unguiculadas, de com- primento duplo do do calyx, planas, hum tan- to concavas , patentes. 'Estimes: filetes muitos, setaceos, do comprimen- to da corolla, insertos no calyx, entre levan- tados e patentes ; antheras ovadas, obtusas, bi- lobadas , entre vacillantes e levantadas. Pistillo: germes outo , ovados, obtusos, compri- midos, glabros ; estyletes superiormente en- grossados, insertos na margem interior do ger- me respectivo , dobrados sobre o mesmo ger- me, circularmente dispostos j estygmas capi- tosos , pendentes. Habita nos sitios pantanosos, húmidos, á borda dos rios ao norte do Alem-Tejo. Floresce era Jujiho, e JuIiiO.Perenne. Raiz recente : cheiro débil , sabor estyptico. Flores : cheiro grato ; sabor quasi estyptico , hum tanto amargo , análogo ao das fíores de laran- geira. Herva: cheiro mais débil, grato j sabor hum tan- to estyptico , .levemente amargo , levemente aromático, não ingrato. LI i ^é8 l^LORA PHARMACEUTICA JBergio oh serva que nesta espécie muitas 'Vezes falta a quinta parte das partes íla fructiJicaçno , e qí4e a infusão da herva secca he loura^ mesmissimamen- te como a do Chã da Índia , e de sa- íor huyn tanto amargo. Os rtisíicos da Suécia nos seus dias festivos , por causa da fragrância des- ta herva ^ a espalhao recente pelas ca~ sas , e ahi calcada pelas danças , as enche do seu aroma , pouco agradável ã olfatos delicados : de grande utilida- de seria , se fosse certo que lançada fios celleiros afugenta os vermes no- civos aos cereaes. Ministra ás cabras huyn bom pasto \ pelo contrario jaz de- finhar os novilhos^ que pastao nos cam- pos ^ onde ella abunda. ORDEM Folygynia. Rosa^ Calyx inferiormente bojudo , carnoso , superior- mente contrahido no collo, partido em cinca lacinias; corolla de cinco pétalas (nas cultiva- das, de muitas pétalas, monstruosa) sementes muitas, hirsutas, quasi ósseas, dentro do calyx embagado. ^39- R. canina. Em Fort, Rosa de cao^ ou Silva ma eh a. E ALIMENTAR PORTUGUEZA. 269 Germes ovaes , glabros ; pedúnculos hispidos ; caule, e peciolos aculeados. Phãrm. Flores, frucro (cynosbatos , fungo {Be- deguar) Alira. fructo. Flores : duas ou três amontoadas , axillares , de curtos pedúnculos. Bracteas : oppostas , lanceoladas , rentes , agudas , empubescidas , celheadas, do comprimento do pedúnculo , levantadas. Calyx : perianthio , monophyllo , tubo ovado , liso , collo coarctado , orla partida era cinco lacinias, voltadas para fora, ovadas, por cima cotanilhosas , por baixo glabras no dorso , e denteadas na margem. Corolla: encarnada; pétalas rentes, inversamen- te cordiformes , patentes , mais compridas que o calyx, na base esbranquiçadas. Estames: amarellosi^/íf/^í-j- muitos, setaceos, en- tre inclinados para baixo, e patentes, mais cur- tos que a corolla ; antheras inclinadas para baixo , ovadas , despontadas d' huma e d'outra parte. Pistillo : germes muitos , dentro do tubo do ca- lyx, oblongos , peludos ; estyletes filiformes, hum pouco mais compridos que o collo do ca- lyx, pilosos; estigmas muitos, estreitamente convergentes , formando huma cabeça que co- roa o calyx, turbinados, quasi celheados, hum tanto côncavos. Receptáculo das sementes, hirsuto. Bagas {cynosbatos) ovaes, inferiormente estreita- das , obtusas no topo, na margem coroadas das lacinias decadentes do calyx , e dos estames murchosos, lisas em todo o seu corpo, luzi- dias , cor de escarlate , interiormente concavas , unicellulares.. Sementes: pallidas, qmsi ovadas hum tanto ob- lonc^as , convexas no dorso, laniig^inosas, e ce- Iheadas no topo, as inferiores pedicelladas, as superiores quasi rentes i parenchyraa carnoso, firme , escarlatino. Galha (fungo bedeguar) : quasi redonda , rubra , esponjosa' , com fibras rectas , quasi intorti- Ihadas , pilosas, dentadas, assoveladas. Habita nos tapumes, e nos matos na Beira , prin- cipalmente pelo norte do Reino. Floresce na primavera. Arbusto Flores : cheiro agradável , débil \ sabor debil , hum tanto acido. Bagas : acidulas. Galha : cheiro nullo , sabor entre acescente e es- typtico. Esta galha he o resultado da picadura d^ hum insecto (Cynips Rosse Lin.) em alguynas partes deste vegetal , onde depoz os ovos ; e então pela afjiuencia dos líquidos para aquellas partes, e obstáculo no seu movimento se forma este pr o dueto , que serve de ninho ao ovo, e ao novo animal , o qual alli se conserva até o complemento da fneta- morphose j e então , penetrando a sua habitação, voa : não he unicamente nes- ta espécie que apparece este phenomeno. 240. R. gallica. Roseira de França. Germes hum tanto oblongos, turbinados; pedún- culos hispidos ; caule e peciolos hispidos , acu- leados. Pharm. flores. Flores : solitárias, ou duas a duas , de longos pe- E ALIMENTAR PORTUGUEZA. iyi diinculos, roliços, de duas pollegadas, hirsu- tos, com pubescencia capitosa, unifloros. Calyx : perianthio , monophyllo ; tubo ovado quasi globcso, inferiormente hirsuto , superior- mente glahro, coilo coarctado, exteriormente hirsuto, interiormente avelutado ; orla fendi- da em cinco lacinias, mais ou menos pinnati- fidas, algumas vezes alternadamente maiores, e menores, patentes. Corolla : de comprimento duplo do do calyx , ru- bra-purpurea ; pétalas rentes, inversamente cor- diformes , nervosas na base. Esta mes : /'/V/é'j' muitos, amarellados, assovela- d( s do comprin-enro do calyx , levantados miud:^ mente empubescidos , insertos no calyx • antheras lineares, curvadas para dentro, ob- tusas d'ambas as partes, sulcadas, no fira da anthese inrortilhadas. Pistillo: germes m.uitos, ovados, hum tanto gla- bros, superiormente barbudos; estyletes fili- formes, hirsutos, mais compridos que o tubo do calyx, convergentes em cylindro; estigmas esverdinhados , capitosos , truncados , conver- gentes em cabeça. Beceptaculo dns sementes hirsuto. Culrivao-se algum.as variedades principalmente nos arredores de Coim.bra. i.^ R. gallica plena. Rosa Francesa dobrada. Corclla d' hum purpúreo escuro- cheiro aora- davel. 2.a R. gallica pr^nestina, ou provincialis. Rosa ã^ Alexandria. Corolla he a máxima de todo o género, sim- ples, ou semidobrada, pétalas d' huni pur- púreo escuro, e ás vezes escurissimo , chei- ro agradável. 27i FLOTIA ?HA"RMAGETTTICA 3.' R. gilHca prsenestina maior versicolor. Rof^ raiada d"* Alexandria. Corolla : pétalas da mesma grandeza que a precedente , encarnadas com malhas d' hum purpúreo escuro; cheiro agradável. 4.* R. gallica omnibus mensibus florens. Rosa de todo o anno. Corolla purpúrea quasi inodora. As outras variedades florescera na primavera. Arbustos. Cheiro : agradável , hum tanto débil ; sabor hum tanto amargo, estyptico: pela exsicca- ção as pétalas ficâo inteiramente rubras. 241. R. centlfolia. Kosa de repolho^ Rosa cheirosa de Jericó ^ Rosa de cem folhas. Germes: oblongos, coarctados nocollo, ovaes; pedúnculos hispidos; caule hispido , aculeado; peciolos inermes. Pharm, flores. Flores terminaes nos ramos ; pedúnculos roli- ços, hispidos, os aculeos e pelos curtos, es- tes capitulosos. Calyx: perianthio, monophyllo; tubo ovado-ob- longo , inferiormente hispido, e com aculeos, cada hum destes superiormente glabro ; collo coarctado; orla fendida em cinco lacinias, vol- tadas para fora ^ inteiras , por baixo hispidas , ovadas , agudas. Corolla: dobrada, rubra-arroxada , mais compri- da que o calyx ; pétalas inversamente ovadas, obtusas , patentes. Estames: filetes muitos, insertos no calyx, le- vantados; antheras cordiforraes, obtusas. Pistillo: germes muitos, dentro do tubo do ca- lyx , quasi cylindricos , lanuginosos ; estyletes assovelados, pilosos, hum pouco mais compri- E ALIMENTAR PORTITGUEZA. 2-7^ dos que o collo do calyx; estigmas turbina-* dos , troncados , chanfrados. Receptáculo dos germes hirsuto. Cultiva-se frequente. Floresce na primavera. Ar- busto. Pétalas: cheiro fragrante; sabor hum tanto aci- do , quasi estyptico. 242. R. alba. Rosa branca dobrada. Germes oblongos, coarctados no collo, ovaes, glabros; pedúnculos hispidos; caule e peciolos aculeados. Fharnu Flores. Flores: ordinariamente três, terminaes nos ra- mos, pedunculadas, acenosas ; pedúnculos roli-. ços , hispidos , com pelos rijos capitulosos. Calyx : perianthio , monophyllo ; tubo ovado, glabro; collo coarctado; orla d' huma e outra parte miudamente cotanilhosa, por baixo hum tanto áspera , com pelos rijos , quasi esbran- quiçados, curtos, assovelados , fuscos, capitu- losos , partida em cinco foliolos, lanceolados, pinnulados , ou pinnatiíidos. Corolla : branca , mais comprida que o calyx dobrada; pétalas acenosas, inversamente ova- das 5 venosas , mais curtas que o calyx , com unhas pequenas , amarelladas. Estames : amarei !os ; filetes muitos , assovella- dos, muito mais curtos que a corclla , insertos na calyx ; anthcras ovaes , chanfradas d'ambas as partes , vacillantes. Pistillo : germes numerosos , dentro do tubo do calyx ; quasi cylindricos , 'lanugincscs ; estyle- tes assovcllados , pilosos ; e}ti guias conver- gentes em hemispherio , hum pouco elevado por cima do collo do calyx, turbinados, tron- cados, apenas chanfrados. Mm 2^4^ ^LORA PHARMACEUTICA ' • Cuítiva-se nas quintas de Coimbra e outras par- tes. Floresce na primavera. Arbusto. Flores recentes : cheiro fragrante; sabor débil, hum tanto estyptico. Seccãs: sabor amargo. A difficuldaãe ãe àistingiiir as espécies deste género , ás quaes , por me servir da expressão do Doutor Brotero , diffi- cilmente se podem circumscrever limi- tes , e mal se vê que a natureza lhos estabelecesse , em geral tem sido oc- casião de nos livros de Mat. Med. se referirem as mesmas flores officinaes já a huma , já a outra espécie ; ex. gr. as flores da Kosa. vulgarmente dita Da- mascena , ou pallida da pharmacopea de Edimburgo , são attribuidas por Hal- ler ^ e Linneo á R. canina, por Schre- her á R. Damascena de Mil ler , por Spiehnan as da R. centifolia á mes- ma R. Damascena: muitos Authores.co- 7710 Bergio , os da pharmacopea da Sué- cia , da Rússia , e de Brunsvjich refe-^ rem as flores officinaes Damascenas d R. centifolia de Lin. : mas se a nature- za assignou mal os limites botânicos das espécies , o mesmo podemos dizer dos das suas virtudes medicinaes , se- gundo o escrutínio dos sentidos \ por isso deixo de fazer menção de algu- mas ^ cpue se cultivão 120 terreno Por- tugueZo E ALIMENTAR PORTUGUEZA, ^175? Kuhus. Calyx fendido em cinco lacinias ; corolla de cin- CO pétalas \ sementes muitas embagadas , jun- tas densamente por cima do receptáculo cóni- co, e constituindo huma cabeça ou baga com- posta. 243. R- Idíeus. Em Fort, Silva framboeza^ ou Çar- ça Ide a. Folhas quinadas-pinnuiadas , e ternadas ; caule aculeado ; peciolos canaliculados. Pharm. bagas; (Amoras framboesas). Bagas : louras , da grandeza de huma cereja , mhidamente lanuginosas , concavas na base ; receptáculo aclavado , branco , avelutado , car- noso , hirsuto, ou hispido, introduzido na ca^ vidade da baga, formada de pequenos bagos, quasi redondos , o btusos , succulentos , monos- permos. Estes bagos no -estado de germes lan- çâo do seu lado huns pequenos estyletes capil- lares com estigmas capitosos persistentes. As sementes são quasi rcniforraes , cobertas de mucilagem de casca hum tanto frágil, com o núcleo oleoso. Cultiva-se nas quintas nos arredores de Coimbra, e outras partes. Floresce em Junho , e Julho. Arbusto. • Cheiro fragrante, suave , gratissimo j sabor agra- davelmente acidulo. O terreno Porttigue:^ produz'^ esponta^ ne a mente duas espécies deste género a I." R. Fructicosus, ci?ar,iada Silva ordi- nária, nos montes ^ vdatos ^^ bosqííes em Mm 2, ' ^7^ '"FLOÍlA P^ArmACEUTIGA toãa ã extensão do Reino \ a 2/ R. c^- sins. Silva azulada nos mofites do Ge- rez ; amhas ellas dao bagas chama- das Amoras de Silva : as da primeira de côr 'vermelha-escura ^ e as da se- gunda azuladas , das quaes alguns animaes , e os mesmos homens , usao como alimento. • . Tormentilla. Calyx fendido era outo lacinias, alternadamente maiores e menores; corolla de quatro pétalas; sementes muitas , nuas , em hum receptáculo pequeno , fungoso , exsucco. 2.44. T. erecta. £??z Rort, Tormentilla ^ ou Sete em rama. Caule hum tanto levantado ; folhas rentes , ordi- nariamente quinatas, ou cinco em rama; fo- liolos quasi lanceolados , dentados , os inter- médios maiores , quasi peciolados. Pharm. raiz, herva. Raiz: quasi cylindrica, superiormente mais cras- sa, e escamosa, ordinaricmente fibriljosa , ex- teriormente fusca, parenchyma firme, rubicun- do, centro medullar quasi redondo com cinco pontos na mr.rgem, na periplieria estrias con- cêntricas, e raios longitudinaes três a três de cada ponto do centro até a casca. Caules: muitos de huma só raiz, roliços, filifor- mes, pilosos, inferiormente siraplices , supe- riormente forquilhosos. folhas: alternas, rentes, amplexicaules , multi- fidaSj d' huma e d'outi-a parte parcamente em- E ALIMENTAR PORTUGUEZA, 277 pubescidas, por cima verdes-esciir\«; ; lacinias inversamenie InnceoJadas , obtusas , superior- mente mais líirgas , patentes , recortadas , as três supremas maiores; pedúnculos axillares, filiformes, alongados, unifloros, pilosos. Flores: levantadas; calyx perianthio, monophyl- lo , empubescido; lacinias ovadas, agudas, pa- tentes, quatro inteiras, outras quatro bifendi- das , alternas liumas com outras. Corolla : amarella , de quatro pétalas , quasi re- dondas , despontadas , rentes , quasi do compri- mento do calyx. Estames:^/j' muitos, capillare?, amarellados , insertos no calyx, mais curtos que a corolla; antheras ovadas, chatas, bilobadas, levanta- das , chanfradas. Pistillo : germes muitos , glabros , quasi redon- dos , obtusos , no lado interior rectos ; estyle- tes assovellados, insertos no lado do germ.e, quasi do comprimento dos filetes ; estigmas ob- tusos. Receptáculo: avelutado. Habita nos sitios húmidos. Floresce no estio. Perenne. Raiz: cheiro nuUo; sabor estyptico. Herva : cheiro débil ; sabor herbáceo. Fragaria. Calyx fendido era dez lacinias m.aiores e meno- res alternadamente; corolla de cinco pétalas; sementes nuas , glabras , collocauas em hum receptáculo, ovado, carnoso, bacciforinc, có- -rado 5 ordinariamente decadente. 27o FLORA. PHATlMACETTtrCA 245'. F. Vesci. Em Port. Fragaria ^ ou Moranguei- rn vulg^iir. Esrolhos reDtantes , folhas ternadas. Pbarrn. raiz, herva , bagas. Haiz : cylindrica, horisontal, superiormente en- grossada , com escamas oblongas , imbricadas, fuscas , entre as escamas fibras filiformes , des- cendentes. Caule: herbáceo, levantado, roliço, piloso em- pubescido, hum tanto simples ; estolhos rèptan- tes , filiformes , hum tanto empubescidos , fus- cos-esverdinhados , foliosos no topo. raigoto- sos por fibrillas. Folhas: de longos peciolos , ternadas; foliolos ovados , obtusos , serreados-recortados , por ci- ma glabros, lineados, por baixo garços, ner- vosos, empubescidos, principalmente nas ner- vuras ; peciolos roliços , empubescidos , por ci- ma canaliculados , na base com bainhas mem- branaceas , esbranquiçadas, concavas. Estipulas : lanceoladas , agudas , quasi empubes- cidas. • Pedúnculos: axillares, empubescidos, unifíoros, niís. Calyx : perianthio , monophyllo , empubescido , fendido em dez lacinias , patentes, cinco ova- das, mucronadas, cinco hum pouco menores, alternadas humas com outras. Corolla : branca ; pétalas cinco , inversamente ovadas-orbiculadas , obtusas , ondeadas, rentes , hum pouco mais compridas que o calyx, pla- nas-patentes, insertas no calyx. Estames : dLm^r^Wos-^ filetes muitos, assovellados, hum tanto curtos, insertos no calyx ; antheras cordatas-orbiculadas ; planas d' huma e outra parte, margem incrassada, levantada. E ALIMENTAR PORTUGUEZA. lyc^ Fistillo : germes muifos, o^-^ados, o'^ni?os, psUi* dcs , aj^gregados em hum recepraculo próprio quasi redondo ; estyletes hum tanto cras^^os cylindricos , amarelladcs, insertos lateralmen- te nos germes, mais compridos que elles ; es- tigmas tronca d os. Bagas: ovadas, qu3si redondas, obtusas, nascidas d' hum receptáculo succulento, luzidias, d'hu- ina parte sanguineas, da outra entre brancas, e pallidas, com excavaçoes reticuladas, muito pouco ásperas. Sementes : rentes , rubras , luzidias , pequenas , ovadas, hum tanto chatas d' liuma e d'outra parte, miudamente aquilhadas no dorso, hum tanto agudas , no lado interior tem o estylere persistente ; parenchyraa carnoso, succulento, molle , esbranquiçado , no centro huma fo- veola vasia. Habita nos bosques sombrios, e nos abrigadou- ros raontosos. Floresce era Junho, e Julho. Pe- renne. Também se cultiva. Raiz: cheiro nullo; sabor levemente estypticoj secca amargosa. Herva : cheiro nullo, sabor hum tanto austero. Baga: cheiro fragrante, suave, gratíssimo j sabor levemente acidulo.. Sementes : sabor levemente estyptico. Totentilla. Calyx fendido em dez lacinias , alternadamente menores; corolla de cinco pétalas, sementes muitas , fixas era hum receptáculo miaimo ^ fungoso , exsucco. 28o FLORA. PHARMACEUTICA. 246. P. repta ns. Em Port. Potentllla ordinária^ ou Ch:co em rama. Folhas quinaras j caule reptante ; pedúnculos nni- fíoros. Pharm. rniz, herva. Raiz : cylíndrica , descente , de quatro pollega- das ou mais de comprimento , fibrillosa , exte- teriormente fusca, hum tanto lisa, ou áspera com escamas seccas , e murchosas \, parenchy- ma quasi carnoso , centro medullar orbicula- do, notado com huma estrella de cinco raios engrossados no topo , a parte cortical rubra. Caules: muitos d' huma só raiz, filiformes, re- ptantes, superiormente comprimidos insensivel- mente , aquilhados , com articulações remotas, de hum pé ou mais , entre fuscos e verdes, em- pubescidos. Folhas: pecioladas , quinadas, ou cinco em ra- ma , foliolos cuneiformes , obtusos , nervosos- venosos , por cima lineados , quasi rugosos , por baixo empubescidos , serreados na mar- gem, desiguaes \ os três exteriores quasi iguaes , os dous interiores menores: as radicaes mui- tas , amontoadas ; as caiilinas alternas , ordi- nariamente duas a duas , de curtos peciolos , roliços , empubescidos , por cima sulcados. Estipulas : duas , oppostas , ovaes, oblongas , agu- das , empubescidas. Pedúnculos lateraes , axillares , solitários, mais compridos que as folhas, empubescidos, uni- floros. Calyx: perianthio, monophyllo, partido era dez lacinias o^adas-agudas, empubescidas , planas- patentes \ as cinco exteriores verdes , as cinco interiores amarelladas , hum tanto glabras , miudamente celheadas. 2 ALIMENTAR V0RTUGUE2A. 28 1 CoroIIa amnrella ; pctaías cinco, inversamente ovadas, hum pouco mais compridas que o ca- lyx. EjSta.mes : Ji/etes muitos, assovellados , amarel- los , levantados, mais curtos que o calyx , in- sertos nelle; antheras cordiformes , obtusas, levantadas. Pistillo : germes muitos , dispostos em cabeça n' hum receptáculo próprio , ovados , glabros ; estyletes cylindricos , cada hum inserto no la- do do germe respectivo; estigmas troncados. Habita nos prados, sítios abrigados, e hum tan- to húmidos. Floresce no estio. Perenne. Raiz: cheiro débil; sabor estyptico. Herva : cheiro nullo , sabor herbáceo. Geum. Calyx fendido em dez lacinias, alternadamente menores ; corolla de cinco pétalas , sementes terminadas em huma pragana articulada ; re- ceptáculo oblongo hirsuto. 247. G. urbanum. Em Port. Sanamtinda , Cario- phyllada rrmior , Herva benta. Caule ramoso; folhas radicaes pinnubdas; folio- los extremos maiores; flores levantadas, fru- cto globoso , rente, cora praganas glabras, ganchosas. Vharm, raiz, herva. Raiz : troço oblongo , hum tanto crasso , exte- riormente fusco ; escamas scccas em. todo, prin- cipalmente no topo ; fibras filiformes , rubicun- das, alongadas, glabras , parcamente flrillo- sas , horiscntaes ; parenchym.a frme , centro Kn 2,8s ÇLOTlA ?HATlMACET7TICA medullir fusco, anorulado , a peripheria obscu- recida coii cintas conccntrics ; transversalmen- te cortada e deixada ao ar pouco e pouco se torna rubra, com huma linha branca concêntri- ca. Caules: muitos d' huma só raiz, de dous pés, levantados, roliços, hum tanto angulosos, en- tre avelutados e hum tanto ásperos, simplices. Folhas: alternas, pecioladas, pinnuladas, e quasi lyrad.is , entre empubescidas e hum tanto aspe- -ras entre lineadas e quasi rugosas ; foliolos cuneiformes , recortados , serreados , celheados , superiormente quasi lobados ■, os lateraes ren- tes , o intermédio hum pouco maior , de curto peciolo, hum par de pequenos folioIos^ soto- postos aos outros ; peciolo sulcado por cima. Estipulas: duas filiformes, recortadas, serreadas, rentes na base do peciolo ; patentes. Flores: duas ou três terminaes, pedunculadas. Calyx : periahthio, monophyllo, turbinado, es- triada, erapubescido; lacinias cinCO lanceola- das curvadas para dentro no topo , cinco me- nores , lineares-assovelladas , levantadas, alter- nadas com as maiores. Corolla : pétalas amarellas , ovadas, obtusas, concavas, rentes, hum pouco mais curtas que o cal/x , levantadas. Estames : filetes muitos, assovelados , quasi do comprimento da corolla ; antheras, curtas, ob- tus-is , redondeadas. Pistillo: germes muitos, dispostos em cabecnha ovada, 'e em hum receptáculo próprio, oblon- gos, pilosos; estyletes cylindricos, insertos na base do germe respectiVo , glabros , no m.eio flcxuosos, ascendentes; estigmas simplices. Sementes muitas dispostas em cabeça , apega- E ALIMENTAR PORTUGUEZA. 283 das a hum receptáculo roliço, e felpudo; são ovaes, escuras, hirsutas, ásperas, comprimi- das, e terminadas por huma aresta ganchosa, que he o estylete persistente. Habita nos soutos de Manteigas , e outras par- tes nos sitios nemorosos , e montuoscs , perto da Serra à^Estrella. Floresce em Maio, eju- nho. Perenne. Raiz : (apanhada na primavera era terreno secco) cheiro de cravo ; sabor estyptico. Herva : cheiro dcbil , sabor herbáceo , hum tanto amargo. ■248. G. biflorum. Cariophyllada menor , ou de duas jiores. Flores levantadas ; folhas radicaes pinnuladas , quasi lyradas , o foliolo terminal máximo , quasi cord i forme , quasi sinuado-Iobado, nos lados empubescido, os outros pouco e pouco menores ; caule bifloro , raramente trifloro ; ca- becinha das sementes de comprido pedúnculo , por cima do calyx ; sementes avelutadas, cora praganas ganchosas , torcidas no meio , gla- bras. Tharm. raiz ? . . . Raiz: obliqua, de casca fusca, da grossura de huma penna d'escrever , e as vezes do dedo minimo , inferiormente com radiculas míni- mas, e compridas. Caules poucos da mesma raiz , hum , dous até quatro, oblíquos, ou hum tanto levantados, de m.eio até hum pé ou pouco mais d'altura , roliços^ empubescidcs , como toda a planta, ordinariamente simplices (com ramos dous ra- ramente três unifloros) e nos sities estéreis, al- gumas vezes simplicíssimos, e unifcrcs. Folhas: radicaes poucas, circularmente dispos- Nn 2 aS4 FLOT^A pkAt\maceuticA tas, pinnuladas qiissi lyradas, de dous, fres ou quitro pares de foliolos , qiiasi opposros miniraos, pouco e pouco maiores aré o termi- nal, todos rentes, quasi redondos, ou ovados, obtusos, serreados, ou crenulados , empubesci- dos d' huma e outra parte, ou avelutados, hum tanto remotos i o terminal maior quasi cordi- forme, obtuso, nos lados levemente sinuado- lobado , crenado , do comprimento de pollega- da e meia até duas ; peciolo hirsuto, por baixo convexa, por cima sulcado: caulinas poucas remotas, alternas, rentes, pequenas, do com- primento de meia até huma pollegada , todas simplices, quasi çuneiformes, serreadas-recor- tadas , de huma e outra parte empubescidas pouco e pouco menores até o topo do caule • as mais superiores miniraas , trifendidas cora as lacinias agudas. Estipulas : duas , apegadas , ovadas-lanceoladas agudas , serreadas. Flores : terminaes , solitárias , ordinariamente duas, nos terrenos férteis algumas vezes três nos estéreis huma só ; pedúnculo comprido , ro- liço, empubescido, antes da florescência ace- noso^ florente, e flructifero levantado. Calyx: perianthio ; das suas dez lacinias, humas lineares-lanceoladas , quasi setaceas , outras ovadas; agudas, alternadamente maiores e me- nores, todas avelutadas, na maturação do fru- cto levantadas. Corolla : pétalas patentes , amarellas , inversa- mente ovadas , quasi redondas , clianfradas , hum terço mais compridas que o calyx. Cabecinha das sementes: pedunculada , pedicel- lo roliço, avelutado , alongado sobre a base do calyx, ou receptáculo da fructificagáo , duas ou três linhas. E ALIMENTAR POÍlTUGUEZA. i^f Sementes: quinze até vinte e seis, patentlssimas e Quasi disposrns em três series em forma de estrella , as inferiores hum pouco viradas para baixo; todas ovadns-lanceoladas , agudas, hum tanto cliatas, avelutadas, de dobrado ou tripli- cado numero das que dá a Caryophyllada maior, e mais volumosas; attenuadas em hu- ma pragana ganchosa, humas vezes apenas tor- cida no meio , outras torcida e refracta no mesmo sitio , ordinariamente mais comprida que a semente , glabra , ou na base algumas vezes empubescida. Habita nos montes calcareos nos arredores de Coimbra , e outras partes na Beira. Floresce na primavera. Perenne. Raiz: sabor hum tanto amargo, estyptico. Esta espécie na o só na o tem entrado nos Catálogos de Mat. Med. , mas até de- 've entrar como nova nos Systemas de botânica : o nome especifico he synony^ mo de Caryophyllatá montana elegans Lusitana de Grisley. O Doutor Brote- ro^ não obstante a muita analogia des- ta planta com dijferentes espécies do mesmo género , principalmente com o G. atlanticum, G. montanura , G. pyre- naicum , a dá por huma espécie distin- et a. O seti sabor me obrigou a nume- ralla na Flora Pharmaceutica Lusitana e por isso copiei aqui a sua descripçao 4a Phytologia Lusit. do Doutor JBrote- TO^ iSó ' FLORA PHARMACEUTIC.V CLASSE 13.=* Tolyandria, ********************** ORDEM Monogynta, Papaver, Calyx diphyllo, caduco; estygma rente, arrode- lado, radiado, crenado ; capsula incompleta- mente multicellular , coroada com o estigma, e debaixo delJe abrindo-se por furos. 249. P. rliaeas. Em Fort. Papoila ordinária. Capsulas ovadas quasi globosas , glabras ; caule piloso, multifloro; pelos hum tanto patentes; folhas p'nnatifídas, recortadas. Pharm. Capsulas, flores. Flores : de longos peciolos ; calyx perianthio , de dous foliolos iguaes , ovados, obtusos, conver- gentes, exteriormente seme.^ros d: tubérculos; contendo a ccrolla antes do des-nvolvimeno , e desenvolvida decadentes ; ccrolla vermelha, pulcherrima , ás vezes dobrada ; pétalas semi- orbiculadas , obtusas-arredondadas, rentes, ve- nosas na base, entre levantadas e patentes. Estames: hum tanto purpúreos ;^/í'/- jiamynatorio. Folhas iníimas ovadas-lanceoladas ; caule hum tanto levantado, forquilhoso. Pharm. herva. Raiz: fibrosa, não reptante. Caule: prostrado na base, ordinariamente levan- tado, forquilhoso, glabro , como toda a plan- ta, fistuloso, levemente anguloso. Folhas ínfimas: pecioladas , ovadas, e ás vezes quasi serreadas , pedúnculos terminaes , e late- raes , longos , unifloros. Corolla : amarella , pequena; calyx araarellado. ( Brotero ) Habita nos prados húmidos , e aguas em estagna- ção; frequente nos arredores de Coimbra, e outras partes. Floresce era Junho , Julho , e Agosto. Perenne. He das espécies mais acres deste género, e dahi \\\Q vem o nome, pois que applicada sobre a pelle a infíamma , e levanta vesículas. "XSj. R. repens. Ranúnculo reptante, botão de ouro rasteiro. Calyces patentes ; pedúnculos sulcados ; estolhos reptantes ; folhas compostas. Habita nos prados, valles húmidos, margens dos ribeiros , junto de Coimbra , e outras partes E ALIMENTAR PORTUGUEZA. 3O7 quasí em todo o Reino ; também se cultiva frequentemente nos jardins , e então varia em flores dobradas. Floresce no estio. Perenne. Poucos são os Authores de Mater. Med. que nos seus Catálogos fazem menção desta espécie : delia faz rnençao Cho- mel^ recommendando-a em fomentaçÕes contra as hemorrhoides. He de todas as espécies deste género talvez a úni- ca destituida d^acrimonia^ e de suspei- ta de veneno ; passa por ter a virtude d''augmentar o leite nos animaes ^ qtie pastão nos prados ^ em que ella abun- da ; e lê-se em Tragus que o baixo po- vo de Allemanha usa das folhas como hortaliça, 268. R. acris. Botão d^ouro sublime. Caijces hum tanto patentes, pedúnculos hum tan- to roliços; folhas bipartidas-multitidas , as su- premas lineares. Pharm. Folhas. Folhas radicaes: todas partidas em três ou cin- co lacinias multitidas , largas, agudas no to- po; as lacinulas recortadas-serreadas ; superior- mente d' hum verde muito escuro , ou verdene- gro, quasi avelutadas , e por baixo d'!!^!! ver- de m,enos escuro, avelutadas; peciolos compri- dos, avelutados, convexos, por cima catialicu- lados ; as caulinas inferiores alternas, tàmbem partidas em cinco- lacinias, multifídás, qiiasi se- melhantes ás radicaes , pêcioladas ; pecicílos de base larga, avelutada , serai-invaginante , ou se- miamplexicaule ; as iiiedias , e superiores me- nores , partida"s em três lacinias- fendidas linea- aq 2 3oS PLOl^A PHAKMACEUTICA res-!anceolndns; as do cimo ordinariamente op- postas , simplices, assoveladas , integerrimas. Cultiva-se nos jardins a variedade áQ flor dobra- da. Folhis : inodoras , muito acres. 269. R. scelerntus. Fatalou dos v alies. Folhas inferiores apalraadas j as supremas digi- tadas. Pharm. folhas. Folhas : de forma varia ; as radicaes e inferiores de três ou cinco lóbulos, arredondadas, e de longos peciolos; cora os lóbulos cuneiformes, obtusamente recortados-dentados \ as caulinas de peciolos mais curtos ou rentes, alternas, profundamente partidas, quasi digitadas, cora os seus segmentos lineares-lanceoiados. ( Bro- ter o ) Hahita nos sitios paludosos , prados húmidos , fossos , entre Pereira e Figueira , e outras par- tes pelo norte do Reino, mais raro que o pre- cedente. Floresce em Junho , e Julho. Perenne. He de todas as espécies a mais acrimoniosa era todas as suas partes : esta acrimonia he na rasão inversa da idade da planta , e directa do apartamento da raiz para as flores. As folhas trituradas entre os dentes excitao huma sensa- são de combustão com hum fluxo considerável de saliva ; repetida a experiência inflammao a iingua , escorião-na , privao-na do ^osto , pro- duzem na sua parte anterior huma certa aspe- reza estyptica , fendem-na no ápice , produzem o estupor dos dentes , e constituem as gingivas dolorosas, e cruentas. A acrimonia dos Ranunculos consiste ii^ hum principio 'volátil ^^posto que ino^ E ALIMENTAR VO^rVGlfEZA, 'ja<^ ^oro , como prova a sua ahalição pelo calor ^ cocção^ exsiccaçao^ e matura- ção : esta acriínonia existe em muitas partes destas espécies ^ ex. gr, raiz caule , folhas , flores , germes no esta- do imm aturo, sueco expresso, cozimen- to , infusão, como em muitas experiejt- cias observou Krapf. (Experimenta de nonnulJorum Ranunculorum venenata qualitate, horum externo et interno iisu. Vien. 1766.) O mesmo Author tentou achar antídotos a semelhante veneno e conheceo que as folhas das azedas, as groselhas , e sobre tudo a agua erao os melhores, para o mitigar. Faço esta advertência por commodi- dade dos hervolarios , e boticários, que iynprudentemente podem provar as par- tes referidas das espécies de ranuncu- los. 210 FLORA PHARMACEITTICA. CLASSE 14/ Didynamia, ********************** ORDEM Cymnospermia, Qlechoma. Calvx cvlindrico, fendido em cinco lacinias, es- triado; comprimento da corolla duplo do do -g5i;^.'íjcailyx; Jahio superior bifendido ; lacinia média do inferior maior , chanfrada ; antheras por pares convergentes em cruz. 270. G. hederacea. Em Fort. Hera terrestre. Folhas reniformes, crenuladas. Pharm. herva. Raiz : reptante. Caule: quadrangular, reptante, de sete pollega- das, empubescido, hum tanto áspero, ramoso; ramos oppostos, levantados» Folhas: oppostas , pecioladas, reniformes, crenu- ladas, celheadas, rugosas, por cima hum tan- to ásperas, por baixo miudamente pontuadas, empubescidas nas nervuras , entre levantadas e patentes ; peciolos hum tanto roliços , áspe- ros, por cima com hum sulco longitudinal. Estipulas : nuUas , apenas a base dos peciolos de huma e outra parte , obtusa , celheada. E Alimentar i»ortugueí5A. gii Flore? nxillares das folhas , oppostas , reunidas em numero de duis até quatro ou mais, sosti- das por curtes pedúnculos setaceos simplices ou postos estes sobre hum pedúnculo commum curto, bracteado. Bractens : quasi oppostas , lineares, agudas, ce- Iheadas-empubescidas , patentes. Calyx : perianthio, tubulado, cylindrico , infe- riormente attenuado, todo estriado, empubes- cido; orla fendida em cinco lacinias, ovadas, agudas , as duas inferiores hum pouco mais curtas. Corolla : monopetala, arroxada ; tuho cylindrico , pallido, miudamente empubescido, comprimen- to dobrado do do calyx, aquilhado no dorso superiormente engrossado , anteriormente va- riegado ; orla , bilabiada ; lábio superior le- vantado, glabro , ovado, obtuso, margens re- viradas, aquilhado no dorso, quilha empubesci- da ; o inferior ovado , obtuso , patente , igual- mente glabro, fendido em três lacinias, as la- teraes lineares-ovaes , obtusas , a média como fica dito nos caracteres do género , na fauce barbado, cerúleo, variegado. Estames : filetes esbranquiçados- , insertos no to- po do tubo da corolla , conchegados ao lábio superior ; antheras brancas , latereaes no topo dos filetes , bilobadas , convergentcs-crucifor- mes , o par superior no meio do labio^, o infe- rior na fauce. Pistillo : germe ovado , verde , glabro , partido era quatro lóbulos, obtuso-, estylete assovella- do , esbranquiçado, do comprimento d'os esta- mes superiores, e approximado delles \ estigma bifendido, agudo, arroxado. Habita nos sinos húmidos, e sombrios da Beira^ 311 FLORA PHAT^MÂCEUTICA.' e Extremadura , e outras partes. Floresce na primavera. Perenne. Cheiro: débil, fragrante, hum tanto grave, não desagradável ; sabor brandamente aromático, análogo ao cheiro, brandamente amargo. Mentha, Calyx denteado; corolla quadriloba, quasi isjual, quasi nao labiada ; lóbulo superior mais largo, chanfrado; estames distantes, levantados. Hahitão em diferentes sítios do Reino ^ ou se cultivão nas hortas sete espécies ^ que o Doutor Brotero distribue em três secções de flores espigadas , capitosas , verticilladas, como fez Willdenow a to- das as espécies conhecidas até o tempo da publicação das Espécies plantarura (Berolini 1800). As de que faço men- ção todas se achao nos Catálogos de Mat. Med. , dotadas todas de grandes virtudes ^ posto que com dijf crença de grão, Flores espigadas, 2-71. M. viridis. Hortelã verde. Espigas oblongas; folhas ovadas-lanceoladas, nuas , serreadas , rentes ; estames mais compri- dos que a corolla. Cultiva-se nas hortas. Floresce no estio. Peren- ne. Esta espécie acha-se em muitas Phar-^ É ALIMENTAR PORTUGUEZA. 3IJ macopéas , principalmente nas de In» glaterra. 272. M. rotundifolia. Menthastro. ■£spigas oblongas; folhas quasi redondas, rugo- sas, crenuladas, rentes. As duas -variedades seguintes ambas tem uso na Medicina, 1." hirsuta. Menthastro das Boticas. 2." glabra. Menthastro glahro. Esta variedade , segundo o Doutor Bro- tero , coyno por escripto me participou , se cultiva em lugar da hortelã das hortas (Mentha sativa); alguns a tem por hum a nova espécie , somente pela falta de hirsutismo ^ o que não basta para caracterizar especificamente. Habita nos sitios húmidos nos arredores de Coimbra , e quasi era todo o Reino. Floresce na primavera , e estio. Perenne. Flores capitosas. 273. M. aquática. Hortelã aquática. Folhas ovadas-oblongas , serreadas , pecioladas; estames mais compridos, ou mais curtos que a corolla. Habita junto das aguas do Mondego , e nos lo- gares inundados , nos arredores de Coimbra , e outras partes ao norte do Reino. Floresce no estio. Perenne. Parece ser variedade da M. hirsuta. Rr ^14 FLO"RA PHAEMACEUTICA. "^ 274. M. piperrta. Em Fort. Hortelã apimentada. Flores capitosas j folhas ovadas, scri^eadas, pe- cioladas ; estames mais curtos que a corolla. Pharm. herva. Caule: quadrangular, nos lados oppostos cana- liculado , hirsuto , articulado , superiormente ramoso; ramos inferiores mais curtos. Folhas oppostas , de curtos peciolos , ovadas-ob- longas, hum tanto agudas, agudamente serrea- das , celheadas , empubescidas d'ambas as par- tes , mas por cima menos , hum tanto molles , por baixo pontos escavados , são do compri- mento do entrenó, patentes, arredondadas. Cabeça das flores terminal , oblonga , obtusa. Bracteas : duas, oppostas , lanc-eoladas , longamen- te aguçadas , celheadas : outras bracteas pe- quenas junto dos pedicellos das flores, linea- res, assovelladas , mais curtas que os calyces. Calyx : perianthio, tubulado , cylindrico-turbina- do , estriado-angulado , hirsuto , fendido em cinco lacinias assovelladas, quasi iguaes. Corolla : monopetala, o tubo esbranquiçado, mais comprido que o calyx , superiormente mais amplo; a orla, he o tubo ampliado, empubes- cido, de hum arroxado diluído, fendido em quatro lacinias, ovadas-oblongas, obtusas, chan- fradas , entre levantadas e patentes , as três inferiores iguaes , a superior mais larga pro- fundamente chanfrada. '^st^mts: filetes curtos, setaceos , insertos no tu- bo quasi na mesma altura ; antheras dentro do tubo da corolla, cordiformes, obtusas. Pistillo : germe fendido em quatro lóbulos ob- tusos; estylete filiforme, mais comprido que a corolla; estigma bifendido. Cultiva-se nas hortas d'alguns curiosos. E ALIMENTAR PORTITGUEZA. ^í^ Secca ^ e recente: cheiro fragrante, espirituoso camphoraceo ; sabor aromático, calefaciente , camphoraceo. Flores verticilladas. lyi^. M. gentil is. Vergamota. Folhas ovadas, agudas, serreadas; estames mais curtos que a corolla. Parm. herva. Caule: levantado, quadrangular, articulado, hura tanto áspero, de sete pollegadas, ás vezes mais até hum pé, ramoso; ramos oppostos ; articu- lações hum tanto comprimidas , empubescidas. Folhas: nas articulações , alternadamente oppos- tas , pecioladas , ovadas , obtusas , arredonda- das , planas, serreadas , miudamente celheadas, por cima glabras, d' hum verde claro , por bai- xo mais pallidas , ásperas com veios, d' huma pollegada , entre patentes , e voltadas para bai- xo; as superiores hum tanto agudas; as mais tenras nos ramos tenros quasi orbiculadas , serreadas , convergentes , planas. Verticillos das flores: nas articulações terminaes do caule , dous ou três, axillares das folhas, quasi rentes. Bracteas : oppostas , ovadas-agudas , serreadas, celheadas. Calyx: perianthio, monophyllo, tubuloso , estria- do, miudamente empubescido, a orla fendida em cinco dentes lineares-Ianceclados , celhea- dos, agudos, levantados, quasi iguaes. Corolla d' hum roxo claro, afuiiiliída ; tubo hum pouco mais comprido que o calyx , superior- mente hum pouco engrossado; a orla fendida em quatro lacinias , ovadas, obtusas, lèvánta- Rr 2 9"í6 fLOU pharmaceutigá das, de comprimento i.í^ual , a superior" hum. pouco mais larga , chanfrada. Esram.es : filetes curtos, quasi iguaes, insertos nas sinuosidades da orla ; antheras hum tanto pequenas , ovadas-oblongas , por cima sulca- das, contidas no topo do tubo. Pistillo: germe hum tanto pequeno, verde, par- tido em quatro lóbulos, obtuso, glabro ; esty- lete assovellado, d' hum roxo claro, mais com- prido que a corolla ; estigma bifendido , se- gmentos agudos, patentes, muito compridos. Cultiva-se frequente nas hortas , e quasi espontâ- nea nos sitios húmidos das mesmas. Floresce no estio. Perenne. Cheiro fragrante, agradável; as folhas, esfre- gando-se , balsâmicas , fragrantes \ sabor cáli- do , aromático. 3,76. M. pulegium. Poejo. Folhas ovadas , obtusas , quasi crenuladas ; caules quasi roliços , reptantes ; estaraes mais compri- dos que a corolla. Fhann, herva. Caule: prostrado ou vacillante, quadrangular, articulado , empubescido , ramoso ; ramos al- ternadamente oppostos , levantados , conformes com o caule, hum tanto simplices. Folhas nas articulapóes , oppostas , de curtos pe- ciolos, ovaes, obtusas, serreadas , glabras, por cima lineadas, por baixo pontuadas miudamen- te, empubescidas nas nervuras, patentes. Verticillos das fiores : axillares , muitos , quasi redondos , quasi rentes , mais curtos que as folhas ; flores pedunculadas , acenosas. Bracteas : quatro a quatro, de cada parte duas; sao huns foliolos inversamente ovados, supe- riormente serreados , peciolados , de metade do E ALIMENTAR PORT.UGUEZA'. 517 comprimento das folhas , hum pouco mais compridos que os verticillos , revirados, ver- des. Calyx : pcrianthio, tubulado , cylindrico , todo estriado, empubescido , entre verde e purpú- reo; a cria fendida em cinco lacinias, agudas, levantadas , iguaes. Corolla : d' hum arroxado diluído , empuhesci- da ; tuho cylindrico , do comprimento do ca- lyx, superiormente engrossado; a ^r/^? fendi- da em quatro lacinias lineares-ovaes, obtusas, levantadas , quasi iguaes. Estames: da mesma cor da corolla ; /"/í-z^j- asso- vellados , levantados , mais compridos que a corolla , patentes , o seu ponto de apego no tubo da corolla na mesma linha horisontal ; ant heras cordiformes, obtusas. Pistillo : germe verde , fendido em quatro lóbu- los , glabros , obtusos ; estylete assovelado , quasi do comprimenso dos estames; estigma bifendido , agudo. Habita frequente nos sitios hum tanto húmidos. Floresce no estio. Perenne. Cheiro fragrante, hum tanto grave; sabor aro- mático, calefaciente , camphoraceo. (*) Larandula. Calyx denteado, sustentado n'huma bractea ; co- rolla resupinada; orla de cinco lóbulos, quasi igual ; filetes contidos no tubo da corolla. 277. L. spica. Em Fort. Alfazema. Q') Ha huma variedade toda felpuda r.esta esrecie. 3l8_ FLOl^A PHARMACÈUTICA. Folliíis rentes lanceoladas-lineare? , reviradn.s pa- ra fóra na margem ; espigas interrompidas , nuas. Pharm. flores. Espiga: terminal, cylindrica, levantada, pedun- culada ; verticillos de dez ov. mais flores, nuas, rentes; os inferiores separados ; os superiores mais approximado?. Bracteas : oppostas , rentes, cordiformes , nervo- sas-estriadas, muito agudas, acinzentadas , mais curtas que os calyces. Calyx : perianthio , tubulado , cylindrico , todo estriado, com cotanilho acinzentado, superior- mente azul, troncado, de quatro crenulas ; la- cinia superior quasi redonda, plana, hum tan- to concava , levantada. Corolla : arroxada , afunilada , em.pubescida ; tu- bo estriado , hum pouco mais comprido que o calyx , interiormente piloso , exteriormente empubescido miudamente ; orla fendida em cinco lacinias, igual; lábio superior inversa- mente cordiforme , ou fendido em duas laci- nias inversamente ovadas quasi crenuladas , e maior ; o inferior fendido em três lacinias, ovadas , obtusas , patentes , iguaes. Estames : filetes insertos superiormente no tubo ; antheras hum tanto pequenas, quasi conver- gentes , arroxadas , de centro amarello , e mar- gem de quatro lóbulos pouco apparentes , pi- losas-celheadas , fechando a abertura do tu- bo. Pistillo: germe fendido em quatro lóbulos quasi redondos; estylete cylindrico, do comprimen- to dos estames, mal empubescido; estigmas dous , ovados-oblongos , obtusos. Cultivão-se duas variedades angustifolia ^ e la- E ALIMENTAR PORTUGUEZA» 3!^ tífolia. Floresce na primavera , e no estio. Pe- renne , 011 subarhusro. Cheiro frpgrante, forte, cephalico, suave; sabor aromático, hum tanto calefaciente. Das duas 'variedades fez Enrhart d ti as espécies •, mas Willdenow pensa que são variedades produzidas pela cultura. 278. L. stsechas. Rosmaninho. Folhas rentes, lineares , reviradas , na margem; espigas quadrangulares , coarctadas , comosas. Pharm. Flores , ou antes espigas inteiras. Habita frequente nos matos em todo o Reino, Floresce na primavera, Perenne, ou subarbusto. Cheiro forte, agradável, aromático; sabor amar- goso, calefaciente. Teucrium, Calyx campanulado , gibboso na base ; corolla de hum só lábio , em lugar do superior huma fenda profunda, em que se achão os estames encostados. 279. T. sccrdium. Em Port. Escordio. Folhas oblongas, rentes, dentadas-serreadas; flo- res duas a duas, axillares , pedunculadas; cau- _ le diíFuso. Pharm. herva. CauJe: huni tanto levantado, quadrangular, era- pubescido, ramoso; ramos alternadamente op- postos , alongados , do comprimento do caule , simplices. Folhas: oppostas, rentes, d' huma pcllegadr. , li- ^20 FLORA PHAUMÂCEUTICA. neares-obtusas , glabras d' huma e outra par- te, por cima verdes, lineadas, por baixo gar- ças, quasi empubescidas nas nervuras, margem de grossas serreaduras , patentes. Flores: verticilladas , duas a duas ou mais, pe- dunculadas, levantadas. Calyx : perianthio, raonophyllo , tubulado, an- gulado-esiriado, empubescido, fendido em cin- co lacmias, ovadas-agudas, três iguaes , duas superiores, mais curtas. Corolla de cor azul-clara, por fora miudamente erapubescida j tubo curvado para dentro , de hum branco pouco elegante , do comprimento do calyx, superiormente hum pouco mais cras- so; lábio inferior patente, oblongo, fendido em cinco lacinias , as quatro inferiores quasí iguaes , agudas, levantadas, opposras, em pa- res, a terminal muito maior, quisi redonda, concava , inregerriraa , na base de varias co- res, pouco vivas. Estames : j^/í'/«^J' assovellados , brancos, sahidos da corolla , levantados ; antheras hum tanto compridas, escuras, segundinas. Pistillo : germe quasi redondo, obtuso, de qua- tro lóbulos; estylete assovellado, branco, do comprimento dos estames ; estigma bifcndi- do, agudo. Habita oos sitios e matos húmidos entre a Tra- faria e Costa , e entre Coimbra e Buircos. Floresce no estio. Perenne. Segundo o Doutor Brotero esta planta diííere muito pouco do T, scordium ^ e só he huma variedade delle, e nao diversa espécie , conforme alguns outros Botânicos pensão, por ser lanuginosa. Cheiro alliaceo , cephalico, grave, sabor amar- go , análogo ao cheiro , tenaz nas fauces. E ALIMENTAR PÕRTUGITEZA, 32I 2S0. T. polium. Folio montano. Folhas oblongas, crenuladas, cotanilhosas enca- nescidas ; cabeças quasi redondas , rentes j cau- le prostrado. {La Mark) Pbarm. herva , summidades muito odorasu O Doutor Brotero dd a esta espécie o no^ me Portuguez Polio montano, talvez:, segundo a authoridade de Bauhino ^ e de Clusio \ mas eu devo advertir que em Pharmacia se tem dado o nome de Polium montanum a dijferentes espe^ cies deste género ; a saber : os France- zes chamão assim ao T. polium de Linneo , ou T. aureum de Scbreb. (Vert. unil.) ; os Allemães ao T. montanum de Schreh. , ( /. c. ) no qual se comprehen- dem o T. supinum , e o montanum de Linneo ; os Inglezes ao T. capitatura de Linneo ( Murray ) . Eis-aqui hum exemplo bem manifesto da necessidade de significar as espécies pharmaceuti- cas pelo nome botânico , por evitar que debaixo do mesmo noyne se signifiquem plantas de virtudes bem diff^crentes ^ e talvez oppostas. Pai devia fazer menção da espécie referida , por ser das admittidas em Pharmacia com o titulo de Polium montanum , tmica , segundo os conheci- mentos actuaes , que cresce no terreno Portwiuez, Cs Habita nos montes calcareos nos arredores dtí Coimbra. Floresce no estio. Ferenne. 2^'i. T. iva. Loa moscada, Ss ^2Z FLORA. FHAUMACEUTICA Folhas quasi tricuspidadas, ou tridentadas no ctT— me , lineares ; flores rentes axillares, solitárias. Pbarm. herva. Habita nos montes calca reós nos arredores de Lisboa, e Coimbra, principalmente nos mon- tes áridos , e outras partes. Floresce na prima- vera, estio, e outomno. Perenne. A florescência desta espécie he 'vcrdadei- ' ramente singular \ os sexos são ou mi- nimos approximados , juntamente com a corolla em forma de véo membrana- ceo , incluidos no calyx sem jamais sahirem delle , ou sabidos com a corol- la amarella , segundo o modo ordiná- rio de fecundação das outras espécies» ( Brot. ) Willdenoii) nas Esp. plant. de Linneo não traz esta espécie no Género Teu- crium, e a mudou para o Género Aju- ga , por julgar que a sua corolla se conformava m.ais com o caracter deste género do que co?n o do Teucrium. Lin- neo , mais o Doutor Brotero , e muitos outros Botânicos a tiverão por huma espécie de Teucrium; nós seguimos es- ta opinião , em quanto estes dois gé- neros artificiaes nao são reunidos em hum só natural , como de facto consti- tuem c ^92. T. capitatum. Polio capitoso. Cabeças redondas , oú quasi redondas , de curtos pedúnculos •, folhas lanceoladas , crenadas , co- tanilhosas, niveas, caule levantado. Habita nos- montes calcareos d'Alcantaraj jun- E ALIMENTAR PORTUGUEZA» 323 to 4e Lisboa , e outras partes na Extremadu- la. Floresce em Junho , e Julho. Perenne, Dou aqui os caracteres específicos desta planta , o lugar da sua habitação em Portugal , tempo da florescência , e du- ração ^ porque os Inglezes , como jd disse , a reputão das mesmas virtudes que o Poliura montanum. Ajuga. Lábio superior da coroUa ^mínimo , bidentado ^ estames mais compridos que o iabio superior. 283, A. reptans. Em Fort. Consolda media ^ ou Bu- gula reptante. Estolhos reptantes. Pharm. herva. Caule: simples , levantado, quadrangular , desde a base até o ápice cercado de fcihas, e neste florifero j estolhos roliços prostrados, nascidos da base do caule, reptaiites, no principio nús, depois foliosos e flori feros, de metade do com- primento do caule. Folhas: radicaes pecioladas, ovaes , veios escu- ros desde a nervura dorsal até quasi-a mar- gem, obliquos , fasciculados ; cãulínas cppos- tas, rentes, venulosas como as radicaes ,• ova- das levemente rubras; humas e outras crenu- ladas. Flores: axiilares das folhas, verticilladas, ccrol- la labiada. Habita nos sítios assim húmidos , corro a rides da Beira ,, e das outras Provincias do norte. Ss 2 324 FLOKA PHARMACEX7TTCA Cheiro debil , hum tanto grave •, sabor debll hum tanto ingrato, hum tanto amargo. ^sta espécie foi onumtti.da na Flora Lu- sitana por esquecimento^ como o Doutor Brotero teve a bondade de me partici- par. Eu lhe conservei o nome de Con- solda media, que Spiehnan ^ Morendo ^ e outros antigos Authores lhe der ao , ainda que hinneo , Murray , e alguns €utros 7nodernos dêm o dito 72ome d Bugula pyramidal {Ajuga pyramida- lis ) , o que pouco importa , porque , se- gundo Ha l ler e muitos outros , as vir' tudes são as mesmas em ambas. Betonica. Calyx de cinco praganas \ tubo da corolla cur- vado para dentro; lábio superior remontante, plano , inteiro , estames do comprimento da fauce. 184. B. officinalis. Em Fort. Betonica. Espiga interrompida \ lacinia média do lábio in- ferior das coroUas chanfrada j folhas cordifor- raes-oblongas , recortadas. Bharm. herva. Caule: levantado, d' hum pé ou mais, quadran- gular; ângulos obtusos, lados planos-canalicu- lados com estrias pouco apparentes , áspero , superiormente muitas vezes ramoso, articula- do; ramos oppostos, levantados, mais curtos que o entrenó. Folhas: nas articulações, oppostaSj pccioladas , E Alimentar portugitezA, 325? obtusris, pontuadas em roda a extensão; com pontos escavados ; empiibescidas de ambas as partes, venosas-rugcsas ; margem denteada-ser- reada ; dentes obtiisos-arredondados ; dobrados para fora ; peciolos empubescidos , por baixo obtusamente aquilhados, por cima côncavos. Espiga: terminal, quasi foliosa; verticillos ren- tes , oppostos , approximados , os inferiores mais separados; na base dous foliolos oppos- tos, voltados para fora. Bracteas : lanceoladas, nos verticillos, oppostas , rentes, celheadas, empubescidas , hum pouco mais compridas que o calyx ; as inferiores quasi dentadas, voltadas para fora, as superio- res inteiras, patentes. Invólucro: polyphyllo , em torno do verticillo; foliolos semelhantes ás bracteas superiores desiguaes, levantados, apenas mais compridos que o calyx. Flores : rentes. Calyx: perianthio, tubulado, turbinado, quasi anguloso , superiormente avelutado ; abertura com cinco dentes assovelados , levantados iguaes , mucronados, e quasi aculeados. Corolla : monopetala , tui?õ curvado para dentro inferiormente glabro, branco, por cima pur- púreo , exterior e interiormente empubescido mais comprido que o calyx; orla labiada, miu- damente empubescida, purpúrea ; o Ja/;io supe- rior oblongo , obtuso , piano , topo revirado- patente, fauce contrahida ; /a^io i)iferiõr re- virado-patente , fendido em três lacinias, arre- dondadas, a intermédia de dobrada grandeza convexa na base , com hum sulco lonpirudi- nal , chanfrada no topo, levantada. 'Esiàmts-.fietes assoveilados , brancos, emiubes- |2i6 FLOn.\ THATIMACEUTIGA. eidos, insertos no tubo, n:iais compridos que elle-, antheras na fauce, segundinas, entre ru- bras e purpiireas , bilobadas , lóbulos quasi re- dondos. Pistillo : germe quasi redondo, troncado , gla- bro , esverdinhado , partido em quatro lóbu- los , estreitamente convergentes ; estylete asso- veliado , inferiormente curvado para dentro, esbranquiçado , iium pouco mais comprido que os estames; estigma bifendido, agudo. Habita nos matos em Marrocos , junto de Coim- bra , e outras partes na Beira e Extremadura. Floresce na primavera , e estio. Perenne. Toda a planta tem cheiro aromático , quasi nar- cótico, fétido como o dos percevejos. Flores: cheiro hum pouco menos desagradável ^ sabor ingrato, ao mesmo tempo hum tanto ca- lefaciente, e levemente amargo. Flores: cheiro, e sabor análogos aos das folhas, mais débeis: tudo isto se deve entender no es- tado recente : no secco cheiro mais débil \ sa- bor hum tanto amargo, ingrato. Satureja. Calyx dentado, estriado; orla da corolla fendida em cinco lacinias , quasi igual ; estames ás ve- zes distantes. aS^. S. hortensis. Em Port. Segurelha das hortas. Pedúnculos bifloros. Pharm. herva. Raiz : cylinirica ,-4escendente , fibrillosa. Caule: de sete pollegadas, levantado, quasi qua- drangular , miudamente empubescido , e-ntre E ALIMENTAR PORTPGUEZA. ^2f' purp^Lireo e verde, ramoso. diíFuso ; iramos en- cruzados , oppostos , levantados. Folhas: opposras, quasi rentes, mal empubesci- das, lineares-lanceoladas, hum tanto agudas/ apenas d'huma pollegada , semeadas de foveo- las d'huma e outra parte, por baixo pontos quasi redondos, dispersos. Flores: verticilladas, verticillos axillares, com- postos de glomerulos de flores, pedunculados oppostos j flores pedicelladas. Bracteas: lineares, quasi rentes, celheadas, soli- tárias nos pedicellos. Calyx: perianthio, m.onophyllo, tubulado-turbi- nado, semeado de pontos, mal empubescido , estriado-angulado , fendido em cinco lacinias lineares-lanceoladas , aquilhadas , levantadas quasi iguaes. . ' Corolla: afunilada, d'huma e outra parte empu- bescida, d' hum roxo diluido ; tí/l>o cylindrico, do comprimento do calyx ; or/a bilabiada ; /a- bio sí^perior plano, levantado , obtuso-arredon- dado , pontuado , chanfrado ; lábio inferior hum pouco maior, patente, fendido cm três lacinias arredondadas, crenuladas, planas. r^si^m^s: filetes assovellados, pallidos, insertos na abertura do tubo da corolla , mais curtos que a orla ,; antkeras reniformes , obtusas , hum tanto purpúreas. Pisíillo: germe verde, partido em quatro lóbu- los; estylete assovellado , pallido, hum pouco mais comprido que os estames; estigm.a bifen- dido , agudo. Culíiva-se nas hortas. Floresce na primavera, e estio. iVnnual. 'Recente: cheiro fragrante, forte, cephalico; sa- bor aromático, caleiaciente^ hum tanto amar- 2l8 FLORA PHARMACÉirTlcA. go. Secca cheiro e sabor hum tanto mais for- tes. Thynius. Fauce do calyx fechada com fejpa; lábio supe- rior tridentado; o inferior dividido em duas lacinias , ou bifendido. 286. Th. vulgaris. Em Port. Tomilho ordinário. Folhas reviradas, ovadas^ flores verticilladas-es- pigadas. Pharm. herva. Subarbusto pequeno , raraosissimo , de sete ou mais pol legadas , levantado, ramos oppostos , levemente quadrangulares , empubescidos , os mais tenros avelutados. Folhas : oppostas , pecioladas , ovaes-oblongas , obtusas, pontuadas, de quasi duas linhas de comprimento, patentes , hum tanto glabras , ou esbranquiçadas-avelutadas. Flores quasi capitosas \ cabeças terminaes , ob- tusas , foliosas , compostas de flores peduncu- ladas. Calyces hirsutos, fendidos em cinco lacinias. Habita nos montes calcareos da Beira , e Algar- ve. Floresce na primavera. Propriedades as mesmas da espécie seguinte. 287. Th. serpillum. Serpiia ^ ou Serpilho. Flores capitosas-, caules reptantes; folhas planas, obtusas , celheadas na base. Pharni. herva. Raiz: filiforme, fibrillosa. Caule: filiforme, roliço, miudamente empubesci- do, fusco-acinzentado, prostrado, inferiormen- te reptante, ramoso j ramos oppostos, remon- E ALIMENTAR PORTUGUEZA. '329 tantes, quadrangulares, esbranquiçados-avelu- tados ; os inferiores mais compridos, ramosos, os superiores pouco e pouco mais curtos ;, sim- plices. Folhas caulinas pouquíssimas ; as dos ramos op- postas, de curros peciolos, inversamente ova- das , obtusas , semeadas de pontos d' huma e outra parte, do comprimento de duas linhas, inferiormente esbranquiçadas , celheadas, pa- tentes. Cabeças das flores: terminaes, laxas, quasi ren- tes, sustentadas em quatro folhas, as duas su- periores oppostas ; flores pedunculadas. Calyx: perianthio, tubulado, de dez estrias, ave- lutado, esbranquiçado, bilabiado, fendido em cinco lacinias ; o lábio superior plano , fendi- do em três lacinias, agudas, celheadas; o in- ferior fendido em duas , assovelladas , celhea- das. Corolla: d' hum roxo claro; tubo cylindrico, do comprimento do calyx , empubescido ; orla glabra , bilabiada ; o lábio superior oblongo, obtuso , chanfrado , levantado, plano; o ijífe- rior patente, fendido em três lacinias, ova- das , obtusas. Estaraes: filetes levantados, assovellados , inser- tos no iabio superior da corolla , mais compri- dos que elJa , de cór entre branca e roxa ; an- thcras pequenas, cordiformes, purpúreas. Pistillo: ^éTjwf ovado , de quatro lóbulos gío- bosos ; estylete assovellado , entre branco e roxo, do comprimento dos estames; estigma bifendido, agudo. Habita nos sitios abrigados, pelo norte do Rei- no, segundo a aurhoridade do P. (Iiristovao dos Reis. Floresce na primavera. Subarbusto. Tt ^■^O FLORA PHARMACEUTICA Cheiro fragrante , cephalico , agradável ; sabor aromático, hum tanto calefaciente, quasi cam- phoraceo, hum tanto amargo. ^Tanihem se cultiva hum Tomilho nota- 'vel pelo cheiro das suas folhas ^ aná- logo ao da Cidra , o qual chamao em, Portuguez Serpao cidrado , maior ^ e le- •vajitado , coín ca ide e ramos mais crassos^ o qual talvez seja huma es- pecie ^ diversa do Tomilho ordinário, € na o variedade delle , e do Serpao , e talvez a este se deva referir o que o Coiíde ã^Hoffmanseg' descobrio flores- cendo em funho , c "Julho nos arredo- res de Montalegre , Montesinho^ e Ser- ra do Rehordão , de caule reptante , dijfuso ^ de ramos remont antes ^folhas oblongas , obtusas , pontuadas , raras celhas na base , attenuadas em hum curtissimo peciolo ; verticillos multi- floros , densos , quasi capitosos no topo ; calyoc hirsuto ; corolla pequena , de cor purpurea-liliacea. a88. Th. cretlcus. To?nilho de Creta. Cabeças de flores imbricadas , bracteas Celhea- das , folhas lanceoladas , rentes , pontuadas, aquilhadas; caule levantado, ramoso, superior- mente cotanilhoso. Pharm. folhas , cabeças de flores. >. Folhas : (alem dos caracteres específicos), op- postas, mais largas na base, hum tanto agudas jio topo, hum tanto concavas, quasi celheadas na base , hum tanto glabras , duas linhas de comprimento» lE ALIMENTAR PORTUGUEZA. ^^l Cabeças de flores cónicas , ou quasi redondas ^ obtusas, rentes. Bracteas: semelhantes ás folhas, mas hum pouco maiores, pontuadas-rugosas, na margem albi- das-celheadas, imbricadas, mais compridas que o calyx. Calyx: comprimido, hum tanto áspero, curva- do para dentro, bilabiado, fendido em cinco lacinias , celheadas , as duas inferiores mais compridas; fauce barbada. Corolla bilabiada. Habita nos montes calcareos d' Alcântara perto de Lisboa , e perto da Capella de Santa Luzia junto de Coimbra , e outras partes pelo sul do Reino. Floresce na primavera, e estio. Arbusto. Cheiro fragrante, cephalico, hum tanto grave; sabor aromático, hum tanto calefaciente, agra- dável. Esta espécie he a Satureja capitata de Linneo , qtie a maior parte dos Autho- res de Mat. Med. sem razão tem dei- scado pôr cm esquecimento ; pois que possue qualidades sensiveis ^ que a fa^ zem recommendauel ^ e pertence a hu- ma família, que possue eminentes 'vir- tudes. 289. Th. calamintha. Calamintha, ou nevada maior. Pedúnculos axillares, forquiíhosos , do compri- mento das folhas. Fkaryn. herva. Habita nós arredores de Lisboa nos sitios mon- tanhosos. Floresce na primavera. Perenne. Cheiro fragrante ; triturando-se semelhante ao da hortelã : sabor calefaciente. Tt 2 ■^32 FLORA PHARMACEUTICA! 290. Th. nepeta. Neveda menor. Pedúnculos axillares, dichotomos, mais compri- dos que as folhas; caule ascendente, hirsuto. Tharm. herva. Caules: hum tanto duros, hirsutos como toda a planta. Folhas: cordiformes , por cima glabras. Bracteas : assovelladas. ■ Corolla : quasi cerúlea, fauce branca e cerúlea, chanfrada. Habita frequente nos monturos, pelos caminhos, muros, tapumes, e nos campos arenosos. Propriedades as mesmas da espécie antecedente. A espécie antecedente he a Melissa Cala- mintha de Linneo : esta he a Melissa Nepeta do mesmo Atithor. O nome es- pecifico de Calamintha foi-lhe dado por Scopoli , tcndo-a reputado como perten- cente ao género Thymus , como igual- mente a reputou o Doutor Br útero : o da ultima foi-lhe dado pelos Bau hinos, N. B. Alem das mencionadas espé- cies de Thymus ha em Portugal ainda algumas outras ^ de que será fácil co- nher o seu género^ e que omitto por nao estar certo de serem antes- varieda- des , do que espécies verdadeiras e no- vas.. Clinopodium, Calyx contrahido no collo ; lábio superior tri- fendido; o inferior bipartido; hletes curvados;, antheras transversalmente bipartidas ; bracteas de muitas sedas , em torno dos verticiilos. E ALIMENTAR POUTUGTTEZA. 555 291. C. vulgare. Em Port. Clinopodio vulgar. Cabeças quasi redondas, hispidas. Esta planta levemente aromática , se- < gundo o juizo de Murray ^ sem razão :. , he substituída pelos droguistas Alie- mães ^' Melissa Calamintha: com mais ■ -. razão na Inglaterra se suhstitue á Calamintha a Nepeta, que he verdadei- ramente eficaz , quasi das mesmas virtudes que a Mentha pulegium , e tãa acre , que eleva vesiculas na pelle» Habita nos tapumes, e matos nos arredores de Coimbra , na Beira , e outras Provincias. Flo- resce em Maio até Julho. Perenne. Ballota, Calyx dentado, de dez estrias, assovellado ; lá- bio superior da corolla concavo, crenulado; bracteas de muitas sedas , em forma de invó- lucros. 292,. B. nigra. Em Port. Marroio negro. Folhas cordiformeSj inteiras, serreadasy calyces ponteagudos. Pharm. folhas. Folhas : pecioladas , oppostas , margem denteada ou serreada , como fica dito entre as notas do caracter especifico, villosas, d'huma cor ver- de muito obscura. Híí-bita nos sitios som.brios , húmidos, nos tapu- mes nos arredores de Évora , Coimbra , e ou- tras partes no Alemtejo, e Beira. Floresce no estio, Perenne, J34 FLORA PHARMACEUTICA. "Esta planta he reputada como possuído^ ra de consideráveis virtudes , pelos Tilais antigos Authores de Mat. Med. : he de admirar que muitos , ou a maior parte dos modernos itao fação menção delia : he nomeada nas liiíguas de quasi todas as Nações da Europa-^ o que dd a entender que ^ não tendo uso Tias artes , estes 7iomes lhe fossem du" dos pelo que teve em Medicina, Marruhium. Calyx denteado, rijo, de dez estrias, assalvea- do; lábio superior da corolla linear, levanta- tadOy-Bifendido. 2^3. M. víilgare. Em Port. Marroio branco, Pharm, herva. Dentes calycinos setaceos, ganchosos. Caule : levantado , d' hum pé ou mais , quadran- gular, avelutado, ou cotanilhoso esbranquiça- do , ramoso ; ramos oppostos , levantados , se- melhantes ao caule. Folhas : nas articulações oppostas , pecioladas, ordinariamente ovadas, quasi .redondas , d'hu- ma pollegada, patentes, rugosas, empubesci- das, ou avelutadas, de grossas crenas , obtusas. Verticilios das flores j axillares, amontoados nos caules, rentes, cotanilhosos, multifloros. Invólucro: polyphyllo, assovellado, hirsuto, mais curto que os calyces, sotopcsto , aristado. Calyx: perianthio, monophyiio, tubulado, hir- suto, estriado, de abertura patente, fendido em dez lacinias , assoveiladas , levantadas , E ALIMENTAR PO^TUGUEZA, .^^Ç» ^anchosas, rijas, glabras, alternadamente des- iguaes. Corolla : branca , lablada , aveíiitada ; tubo cylin* drico, do comprimento do calyx-, lábio supe- rior levantado , linear , hum tanto concavo bifendido, hum tanto obtuso; o ififerior pa- tente , fendido em três Jacinias , ovadas-linea- res, hum tanto obtusas; a intermédia de do- brada grandeza , inversamente ovada, obtusa- arredondada , quasi crenulada. Estanies : contidos no tubo perto da fauce. Pistilio : germe de quatro lóbulos ; estylete fili- forme , do comprimento dos estames ; estigma bifendido, agudo. Habita nos sities cheios de caliça, e ruinas de edifícios , nos caminhos , e tapumes. Floresce no estio. Pcrenne. Ocimum. Caíyx com o labio superior plano, orbiculado mais largo; o inferior fendido em quatro la- cinias convergentes ; corolla resupinada ; tubo curto ; os dois mais curtos filetes cora hum denticulo na base voltado para fora. 294. O. minimura. ILm Fort. Mangericao orãinã' rio. Folhas ovadas , integerrim.as. '295'. O. basiiicura. Mangericao maior, ow Alfavaca^ Folhas ovadas, gíabras; calyces celheados. Cultiv?.o-se as duas espécies antecedentes, e mais algumas em alegretes, e jardins. Cheiro: suave, fragrante ^ forte; sabor modera- fiaraente aromático. •^^f) FLORA PHARMACEUTICX ]SÍão me consta que a Medicina Vortu- gueza faça uso destas plantas \ mas ■ ãs suas qualidades as fazem recom' mendaveis. Prunella, Calyx bilabíado ; lábio superior largo , plano , troncado , levemente tridentado ; o inferior meio bifendido; filetes bifurcados no topo, hum dos dentes antherifero; estigmas dous. "•296. P. vulgaris. Em Fort. Prunella , Herva fér- rea , Consolda menor. Folhas ovadas-oblongas , quasi serreadns, pecio- ladas ; lábio superior conlo fica dito no ca- racter genérico. Pharm. herva. Caule: remontante, quadrangular , nos lados ca- naliculado, hum tanto simples, parcamente ra- moso na base, com ramos oppostos , semelhan» tes a elle, inferiormente glabro, superiormen- te nos ângulos empubescido , áspero. Folhas : alternadamente oppostas , pecioladas ^ ovadas, oblongas, hum tanto agudas, serrea- das , hum tanto ásperas d'huma e outra parte, iineadas, patentes, d' huma pollegada; as ci- meiras lanceoladas, patentes. Espigas: terminaes , rentes, ovadas-cylindricas , d' huma pollegada , troncadas , com flores ver- ticilladas, de curtos pedúnculos; verticillos de seis flores; pedúnculos achatadcs-triangulares. Bracteas : oppostas, cordiformes, largas, planas, membranaceas , rentes , iguaes , esbranquiça- das , patentes, de estrias parallelas, esverdi- E ALIMENTAR PORTUÔUEZA. 3^7 nhadas , exteriormente empubescidas , interior- mente glabras, celheadas , agudas no topo, co- brindo os verticillos respectivos. Calyx: perianthio, tubulado, mais comprido que as bracteas, de dons ângulos, por cima gla- bro , cora três nervuras; por baixo estriado, empubescido, celheado nos ângulos, bilabiado; lahio superior entre chato e plano, troncado, crenulado , miudamente tridentado , margem d' huma e outra parte revirada , comprimida ; o inferior lanceolado, mais apertado, fendi- do em duas lacinias , agudas. Corolla : arroxada ; tuho mais comprido que o calyx, inferiormente branco, superiormente ar- roxado , pouco e pouco ampliado , estriado \ orla arroxada , bilabiada ; lahio superior abo- bedado , obtuso , levantado \ o inferior paten- te, fendido em três lacinias, ovadas, obtusas- arredondadas , as exteriores reviradas , a média patente, denticulada. Estaraes : occultos debaixo do lábio superior ; filetes assovellados , arroxados , terminados era hum dente assovellado, afastado ; antheras bi- lobadas , lóbulos divergentes, quasi ovados, apegados a hum dos dois dentes dos filetes. Pistillo : gerviie partido era quatro lóbulos ; gla- broso , obtuso; estylete assovellado, arroxa- do, hura pouco mais curto que os estames ; es- tigma bifendido , agudo. Habita nos prados , pastos , e sitios hum tanto húmidos, quasi em todo o Reino, frequente nos arredores de Coimbra. Cheiro nuUo; sabor amargoso. V» 338 FLORA ?HARMAGEUTICA. Origãjmm, Flores densa e quadrangularmente espigadas , bracteas ovadas , quasi coradas , imbricadas , unifloras. âp7. O. Creticum. Em Port. Orégão da Creta. Espigas aggregadas, longas, prismáticas, rectas, bracteas membranaceas , de dobrado compri- mento do do calyx. Fharm, espigas. Espigas : lineares , hum tanto purpúreas , rectas , pedicelladas , com pedicellos alternadamente oppostos, compostas de bracteas, e flores. Bracteas: cuneiformes, hum tanto agudas, venu» losas , ásperas na margem superior , imbrica- das , mais compridas que os calyces. Calyces : ovados, em todo o seu corpo pontos resinosos, fendidos em cinco lacinias lanceola- das, hum tanto obtusas, miudamente celhea- das , quasi iguaes. Corollas : esbranquiçadas , labiadas , comprimidas no tubo. Habita nos arredores de Lisboa , e outras partes nas' Provincias mendionacs. Floresce na pri- mavera , e no estio. Perenne. He reputado pe- Io Doutor Brotero como variedade do Creten- se e por oatros como huraa nova espécie. Cheiro fragrante , cephalico , agradável , forte ; sabor aromático, agradável hum pouco, leve- mente amargo, ao8. O. vulgare. Ouregao -vulgar. Espigas quasi redondas , paniculadas , glomera- das; bracteas ovadas, mais compridas que o calyx. £ ALIMENTAR PORTUGUEZA. 33^, Pharm. herva. Caule: d' hum pé, levantado, quadrangular, pur-» pureo, empubescido, ramoso; ramos oppostos, levantados, mais tenros que o caule, os supe- riores mais compridos. Folhas : oppostas , pecioladas , ovadas , nervosas , de meia pollegada , por cima glabras , por bai- xo miudamente empubescidas , pontuadas de huma e outra parte, na margem miudamente celheadas, patentes. Flores : espigadas , em panicula terminal j es- pigas quasi redondas, pedunculadas. Bracteas: cuneiforraes, hum tanto agudas, pla- nas, purpúreas, glabras, venosas, rentes, so- topostas ás flores respectivas. CaJyx: perianthio, pedicellado, quasi do compri- mento da bractea, turbinado, estriado, gla- bro, fendido em cinco lacinias, lineares-agu- das, levantadas, iguaes, ás vezes purpúreas. CoroUa labiada, roxa; tubo por cima pouco a pouco ampliado , mais comprido que o calyx ; orla labiada , lábio superior levantado , bifen- dido, obtuso; o inferior trifendido , patente, obtuso. Estames: quasi do comprimento da corolla. Pjstillo: germe partido em quatro lóbulos; es- tylete filiforme, mais comprido que a corol- la; estigma bifendido, agudo, revirado. Habita nos montes , e nos tapumes nos arredores de Coimbra , e outras partes das Províncias septeratrionaes. Floresce no estio. Pcrenne. Cheiro fragrante, hum tanto grave, não ingra- to , quasi o do serpao ; sabor aromático análo- go ao da hortelã , porém mais débil. '<)^. O. majora na. Mangerona. Folhas ovadas, obtusas ^ espigas quasi quadran- Vv 1 34^' FLORA PHARMACEUTICA guiares, compactas, bracteas hum tanto era sas , empubescidas. Pharm. herva. Raiz : cylindrica , descendente , toda fíbrillosa. Caule: levantado, de palmo e meio e mais, pou- co sensivelmente quadrangular, articulado, era- pubescido-avelutado, inferiormente ramoso; ra» mos alternadamente oppostos , simplices , le- vantados. Folhas : nas articulações do caule , e dos ramos , oppostas, quasi succulentas , pecioladas, ovaes, obtusas, apenas d' huma poUegada , miudamen- avelutadas , levemente pontuadas, lineadas, le- vemente franzidas na margem ; axillas das fo- lhas, com foliolos quatro a quatro; ãs Jloraes nos ramos da panicula , e das cabeças , oppos- tas , rentes , ovaes , concavas , mais curtas que os pedúnculos. Panicula : terminal , de muitas espigas , nos ra- mos terrainaes , amontoadas , pedunculadas , todas ovadas, hum tanto oblongas, obtusas, quadrangulares , avelutadas. Flores : rentes. Bracteas: evadas, quasi redondas, planas, pon- tuadas, imbricadas. Calyx: he superiormente fendido, ou consta de duas divisões. Corolla : branca ; tido turbinado , miudamente empubescido , do comprimento das bracteas ; orla fendida em quatro lacinias, ovadas, ob- tusas , patentes , toda a margem revirada, a su- perior mais larga , chanfrada , revirada no to- po. Estames : filetes levantados , assovellados , bran- cos , insertos no topo do tubo , mais compri- dos que a corolla ^ antheras reniformes , bilo- badas. E ALIMENTAR PORTUGUEZA. 34T Pistillo: germe verde, hum tanto pequeno, fen- dido em quatro lóbulos , obtusos ; estylete as- sovellado , do com_priraento dos estaraes , le- vantado; estigma bifendido, agudo. Cultiva-se frequentemente nas hortas, indígena da Palestina. Floresce no estio. Subarbusto. Nos Paizes do norte da Europa esta espécie he annual , raas nao diíFere por isso nas suas qua- lidades , e caracter especifico. Cheiro fragrante, forte, cephalíco , hum tanto grave, agradável; sabor aromático, hum tan- to amargo , estimulante. Melittis, Caíyx campanulado , mais amplo que o tubo da corolla , trifendido, lacinia superior chanfra- da ; corolla de dobrado compriaiento ; labio in- ferior crenulado ;. o superior inteiro, plano j antheras incruzadas. 300. M. melissophyllum. Em Port, Mellissa has- tarda. Folhas cordiforraes, dentadas; flores segundinas; glândulas na base do pedúnculo, hum tanto ru- bras. Fharm. folhas. Folhas : oppostas , duas a duas por rodo o caule ; cruzadas a pares , mais ovadas que cordifor- mes, serreadas ; dentes obtusos-, celjieados, de hum verde escuro, venulosas. Habita perto das caldas do Gerez, nos sitios som- brios e húmidos, perto de Coimbra, Lousaa , e outras partes na Beira. Floresce de Maio até Julho. Perenne. Cheiro levemente aromático 3 sabor acre. 54^ VLO^A pitarmaceutica Alguns ã julgão ser o Melissophyljum dos Gregos antigos , Apiastrum dos Latinos. Melíssa. Calyx árido; por cirna plano, tridentado, por baixo' bifendido ; lábio superior da corolla quasi concavo, bifendido; o lóbulo médio do lábio inferior cordiforme. 301. M. officinalis. Em Fort. llerua cidreira , ou Melissa verdadeira. Raciraos axillares , com verticillos ; pedicellos simplices. Pharm. lierva. Caule: levantado, quadrangular, articulado, de hum palmo e mais, miudamente empubescido, inferiormente ramoso, diífuso ; ramos alterna- damente oppostos , conformes ao caule , rà- raulosos^ levantados. Folhas : alternadamente oppostas , pecioladas , cordiformes, obtusas, serreadas; dentes gros- sos, e obtusos, rugosas, dMiuma pollegada c mais compridas ; por cima verdes , miudamen- te empubescidas, hum tanto ásperas com pe- quenos pontos elevados; por baixo garças, se- meadas de pontos escavados, patentes; as su- periores quasi ovadas , hum tanto agudas , em- pubescidas , superiormente serreadas , entre pa- tentes e reviradas. Verticillos das flores, axillares, quasi peduncula- dos. Bracteas : quatro, hum tanto pequenas, ovaes, celheadas, do comprimento dos pedicellos. E ALIMENTAR PORfUGUEZA. 343 Caíyx: perianthio, tubulado-turbinado , quasi in- curvado , de cinco ângulos , piloso-empubesci- do ; orla bilabiada , miudamente celheada; Z^- bio superior plano, quasi redondo, tridenta- do, revirado; o inferior levantado, fendido em duas lacinias, lineares-lanceoladas, aguça- das. Corolla : branca; /»/^í> cylindrico, curvado para dentro , mais estreito , e mais comprido que o calyx \ orla engrossada , angulada , bilabiada ; lábio superior convexo-gibboso , concavo miudamente empubescido, levantado, margem chanfrada , revirada ; o inferior fendido em três lacinias, ovadas , obtusas , reviradas , a mé- dia maior, fauce hirsuta. Estames : filetes assovcllados , do comprimento da corolla ; antheras bilobadas , divaricadas. Pistillo: germe partido era quatro lóbulos, ob- tusos , glabros ; estylete assovellado , do com- primento dos estames \ estygma bifendido , as- sovellado , agudo , entre revirado e patente. Habita nos sitios sombrios, e húmidos, nos ta- pumes junto da Conraria, Mondego, e outras partes da Beira ; também se cultiva nas hortas» Floresce na primavera. Perenne. Recente e secca : cheiro fragrante , quasi o da parte amarella da casca de cidra ; sabor hum tanto estimulante, cidrado ; colhida antes da florescência^ sabor mais agradável. ^44 FLORA PHAÍIMACEVTICA ■ O B D E M Angiospermia, Acanthus. Calyx de foliolos designaes , hum era lugar do lábio superior da corolla; tubo da corolla cur- to , fechado com lanugem ; lábio superior nuU lo; o inferior grande, trilobado; antheras an- teriormente avelutadas ; capsula biiocuíar. 302. A. molli?. Em Fort. Acantho , Branca ursina dos Italianos ^ Herva gigante. Folhas sinuadas, inermes. Pharm. folhas. Folhas: pecioladas, oblongas, glabras, d'ambas as partes , hum tanto luzidias ; as superiores lobadas , as inferiores pinnatifidas; lóbulos op- postos, ovados, obtusos, ou hum tanto agu- dos , obtusamente dentados , miudamente ce- Iheados na margem ; peciolos roliços , por ci- ma canaliculados-planos. Habita frequente nos sitios sombrios , hum tanto húmidos nos arredores de Coimbra , e Lisboa. Floresce na primavera. Perenne. Cheiro débil \ sabor glutinoso , herbáceo. E'aphrasia. Calyx fendido em quatro laclnias , cyllndrico ; tubo da corolla do comprimento do calyx ; la- E ALIMENTAR PORTtrGlTÈZA. 54J bio superior concavo, chanfrado; o inferior partido em rres lacinias igiiacs; sntheras bilo- badas, as inferiores com íiiim Icbulo aguçado em espinha; capsula bilocuJar , ovada-oblonga, 303. E. Jatifolia. Eín Fort. Euphrasia de folhas largas. Folhas ovadas, profundamente dentadas ; flores quasi capitosas ; calyx fendido em quatro laci- nias; lábio superior da corolla integerrímo. Habita nos pastos seccos, e perto de Coimbra no terreno arenoso do monte próximo ao Con- vento das Iheresinhas, Floresce d' Abril até Maio. Annual. O Doutor Brotero àzivida se esta he a E. latifolia Lin. ; e como ella no habito externo , e nas suas propriedades tem grande afinidade com a E. officinalis, a offereço aqui ás experiências dos^ nvssQS Médicos, *i Scrophularia. Calyx fendido em cinco lacinias, arredondadas 5 corolla resupinada, quasi globosa ; orla míni- ma, fendida em cinco lacinias, a média recur- vada para o tubo ; capsula bilocular. 304. S. aquática. Em Port. Escrophularia , herva das escaldadellas. Folhas cordiformes, pecioladas, decursivas , ob- tusas; caule angulado com membranas j raci- mos terminaes. Pharm. folhas. Folhas alternadamente oppostas , pecioladas^, lan-? Xx 34^ FLORA pharmacetttica ceoladas, serreadas, venosas, d' hum verde es- curo. Habita junto dos ribeiros , e lugares húmidos nos arredores de Coimbra , e outras partes na Bei- ra e Extreraadura. Floresce no Estio. Peren- ne. Toda a planta fétida, ingratamente amarga. DigHalis. Calyx partido em cinco lacinlas , desiguaes ; co- rolla bojuda na parte inferior, quasi campa- nulada , a base coarctada em hum tubo estrei- tissimo ; orla fendida em quatro lacinias, a superior chanfrada ; estames inclinados para baixo; capsula ovada do comprimento do ca- lyx, bilocular. D. purpúrea. Ein J^ort. Digital , Dedaleira ^ Herva dedal. Foliolos do calyx ovados- , agudos ; corolla ob- tusa ; lábio superior inteiro, Pharm. folhas. Folhas: pecioladas, ovadas, obtusamente serrea- das, venosas, nervura dorsal angulosa até alem do meio da folha, por baixo lanuginosas, de hum verde escuro, reticuladas \ peciolos ala- dos, seraiamplexicaules. Habita pelos tapumes, nos sitios hum tanto hii- midos , e sombrios y he frequente pelo norte do Reino. Sabor ingrato, amargo, acrimonioso. Esta planta varia em ter as suas folhas . na face inferior ínais ou menos cota- E ALIMENTAR PORTUGXTEíA, ''^4*» iiilhosas ^ como também" o seu calyx , 9 flí/e só constittie variedade ^ e não di-» 'versa espécie. (Brot.) Antirrhinum. Calyx de cinco foliolos , corolla ordinariamente míiscarina , na base hum esporão , ou huma gibbosidade; capsula ovada-obtusa , ou quasi redonda , bilocular. 306. A. origanifolium. ^m Port, Linaria com fo» lhas d^ouregão. Folhas ovadas , ordinariamente oppostas ; flores alternas ; corollas quasi campanuladas ; esporão curto. Habita na Serra d' Arrábida , e desde os Carva* Jhos até Rio Maior. Floresce na primavera- Annual. Folhas amargas, hum tanto acres. Esta espécie não se acha nos Catálogos de Mat. Med. , mas as stías qualtda^ des sensíveis ^ e a afinidade botânica a recommendão d experiência dos pra* ticos. 307 A. hirtum. Linaria hirsuta. Follias lanceoladas , hirtas ; flores espigadas j fo- liolo calycino superior máximo. Pharm. folhas. Folhas: nos caules estéreis, e ás vezes no fundo dos férteis , quatro a quatro , ovadas , agudas j corolla do A. linaria , estriada. Habita no Alem -Tejo, principalmente nos cam- pos perto da Vidigueira , Moura , e Serpa. Xx 1 í(4<^ FLOUA PHArMACEUTTCA 308. A. snpínum. Linaria prostrada. Folhas lineares-lanceoladas , as do fundo quatro a quatro, as superiores alternadamente amon- toadas; caule hum tanto ramoso no topo; flo- res espigadas-capítósas ; esporão curvado para fóra. Desta, espécie tamhem se jiao fa2i men- ção nos Catálogos de Mat. Medica. O Doutor Brotero duvida se ella he o A. supinum Lin. ^ vias pilga que os A. triste , e supinum de Lmneo , o lusitanr- cum de La March , e o marginatura de ha Fontaines são plantas híbridas da mesma espécie-^ e não dwvida que es- ta espécie seja a Linaria Iiispanica, a quí7tta de Clusio Salraaticensis : como esta espécie , segundo o mesmo Doutor Brotero , he huma planta toda amar- ga.^ e tem o ynesmo sabor do Rhuibar- bo, dou aqui a descripção ^ que o jnes- mo Botânico dá na, sua Flora Lusitana. Raiz: hum tanto ramosa; a casca e muitas fi- bras brancas; annual, e raras vezes biennal. Caules cespitosos , ás vezes ramosissimos, entre prostrados , e hum tanto levantados, roliços, filiformes, simplicisslmos, alguns simplices, de- dbus ou três ramos no topo, sem folhas na base e no topo , glabros , empubescidos por baixo das flores, junto da raiz purpúreos,, to- dos floriferos , de meio ou hum pé. Folhas: lineares-lanceoladas, hum tanto agudas, quasi carnosas , glabras , quasi garças , hum tanto convexas, margens quasi reviradas; as fundeiras menores quatro, a quatro ao menos ^ E Alimentais poiitxjgueza. ^49 sendo o caule novo ; as superiores dispersas, quasi segundinas, mais compridas, e raais lar- Flores : terminaes , espigosas , qiiasi capitosas , poucas, (quatro até sete) levantadas, passada a florescência mais separadas; pedicellos d' h li- ma linha, até huma e meia de comprimento, erapubescidos , pelos glandiiliferos no topo. Bracteas : reviradas, lanceoladas, empubescidas , principalmente na margem , mais compridas que os pedicellos. Calyx : partido em cinco lacinias , hum tanto pa- tentes, lineares-lanceoladas , huni pouco mais largas no topo , empubescidas , principalmente na margem , dcsiguaes , a superior hum tanto raais comprida que as outras. «i Corolla : de còr sulfúrea , do comprimento de dez linhas, contando o esporão; lahio supe- rior levantado, fendido em duas lacinias revi- radas, hum tanto obtusas; o híferhr d' hum amarello escuro , fendido em três lacinias , ob- tusas , franzidas , mal chanfradas ; abertura ornada de pelos sulfúreos; tubo largo, marca- do inferiorrae nte de muitas estrias purpúreas; esporão do comprimento , e cor da corolla , curvado para fora , com estrias purpúreas, con- vergentes em ângulos pouco e pouco mais agu- dos para o topo. Estames : filetes filiformes , a base em.pubesci- da hum tanto craSvSa ; antheras bipartidas. Pistillo : germe ovado, quasi glabro, sobreposto a hum receptáculo glanduliforme; estyleie do comprimento dos estames mais curtos, mur- choso; estigma simples, obtuso. Capsula: hum pouco mais comprida que o ca- lyx^ inversamente cordiforme,. hum sulco ao '^fO ÍLOIIA PHARMACEUTlCA lado, glabra, abre-se por seis ou sete semival* vulas. Sementes: coraplanadas, orbiculadas, negras, de margem membranacea. Habita nos terrenos magros da Beira Alta , Traz os montes; e também junto a Coimbra, nos ca- minhos , e muros perto do Convento de Santa Clara. Floresce na primavera , e estio. An» nual ou biennal. 309. A. Lusitanum. Linaria Lusitana. Caules prostrados , quasi simplices , glabros j folhas inumas três a três , as mais alternas , quasi ovaes , glabras, garças-, flores racimosas, amontoadas , terminaes ; bracteas mais curtas que o calyx; esporão revirado, pyramidalmen- .• te hneado, glândula crassa na base do germe; capsula de seis dentes , do comprimento do ca- lyx. Esta espécie também se na o acha nos Ca- tálogos de Mat. Med. \ e como toda el- la he a marga , julgo-a digna de^ se tentar se he ou não virtuosa \ por isso ajunto aqui a descripçao do Doutor. Brotero na sua Phyth. Lusit. Raiz: annual , hum tanto ramosa. Caules: muitos (10 até 26) da mesma raiz, pro- strados orbicularmente , quasi remontantes, de meio pé e mais , glabros , lisos , com pontos cinzentos , ou cinereos-garços , como toda a planta, roliços, foliosos , hum tanto duros ou lenhosos no ponto do apego \ huns simplicíssi- mos , ou simplices, outros ramosos alem do meio ; ramos alternos , próximos , remontantes , ordinariamente simplicissiraos , todos sem fo- lhas como os caules perto do topo, ou poUe^ S ALIMENTAR PORTUGUEZA» ^Jf gada e meia pouco mais ou menos a baixo das flores. Folhas: dispersas, lineares-lanceoladas , ou quasi ovadas, ou ordinariamente ellipticas, succulen- tas hum tanto crassas , integerrimas , ghibras dMniraa e outra parte, cinereas-garças ; por ci- ma hura tanto convexas , por baixo reviradas- concavas , no topo , ou ás vezes no lado , cur- vadas para dentro, outras levantadas, e quasi encostadas ao caule e ramos , outras entre pa- tentes e segundinas ; todas rentes , aproxima- das , alternas , rarissimas quasi rerticilladas de três a três, ou quasi oppostas na base dos caules; largura d'huma até três linhas, com- primento de quatro até doze; as caulinas or- dinariamente m.aiores que as dos ramos. Flores : terminaes , racimosas ; racimos de três pollegadas até meio pé e mais; por muito tem- po floridas no topo; pedúnculos, solitários, na anthese distantes entre si duas ou três linhas, depois pouco e pouco m^ais separados , alter- nos, levantados^ e do comprimento de meia até outo linhas. Bracteas : lineares-lanceoladas , hum tanto agu- das, glabras , hum tanto crassas, curvadas pa- ra dentro, mais compridas que o pedúnculo, mais curtas que o calyx. Caiyx: perianthio , monophyllo , partido em cin- co lacinias , hum tanto patentes, hum tanto crassas , lanccoladas , integerrimas , inferior- mente hum tanto flavas, superiormente garças, hum tanto glabras , ma^ levemente erapubesci- das d' huma e outra parte perto do topo, quasi celheadas, desiguaes ; a s-upericr hum pouco mais comprida, e quasi aquilhada, do compri- '55'^ FLORA PHARMACEUTICA mento de duas linlias e meia, as duas inferio- res hum pouco mais largas. CoroUa : mascarina, d' hum amarello aloirado, do comprimento de quinze linhas ,i contando o es- porão ; tubo hum pouco oblongo, anteriormen- te gibboso, posteriormente muito deprimida, estriado de ambas as partes ; lábio superior com os seus lados voltados para fora , e do- brados ao meio , fendido em duas lacinias , amarellas, obtusas, e mais comprido três li- nhas que o inferior; o inferior amarello, fen- dido em três lacinias, obtusas, quasi iguaes, a média mais estreita ; abertura palatina ave- lutada , cora lanugem loura ; esporão do com- primento de outo linhas, curvado para fora, mais comprido que o resto da corolla , ama- rello , estriado d' ambas as partes \ as estrias quasi purpúreas, pyramidalmcnte reunidas ao lado do esporão; as pyramydes posteriormen- te pouco e pouco mais compridas , e mais agu- das. Estames : filetes esbranquiçados , de base tuber- culosa , quasi avelutada ; antheras bilobadas, louras , malhadas d' huma linha quasi purpú- rea , incruzadas aos pares. Pistillo: germe quasi redondo, entre verde e fus- co, quasi erapubescido , levemente chanfrado, com dous sulcos pouco apparentes , e huma glândula grossa na base ; estylete pallido , fili- forme, do comprimento dos estames mais al- tos; estigma obtuso, quasi truncado. Capsula : do comprimento do calyx, ovada quasi redonda , glabra , quasi chanfrada , bilocular ; abre-se no topo por seis lacinias ou dentes agudos. E ALIMENTAR POUTUGUEZA. 355 Sementes : dez e mais , acima do meio presas no partimento, quasi redondas, chatas, glabras, hum tanto negras, cingidas d'huma margem membranacea. Habita nas arcas maritimas , principalmente jun- to de Buarcos, e Figueira. Floresce em Junho, e Julho. AnnuaL A ajfivÀdãde botânica desta planta com a antecedente he muito decidida , e tal- vez seja prole mulina da mesma, ( Brotero ) 309. A. maiiís. Antirrhino maior, ou Herva hêzer-^ ra. Flores espigadas; calyces arredondados. Habita frequente era todo o Reino pelos muros, torres, tapumes, e ás vezes entre as searas. Floresce no estio. Perenne. Perto da Serra ã^Estrella , em Valhe^ lhas , Covilhã , Pinhel , e outras par- tes apparecem variedades de corolla d'' hum amarello claro, algumas tal' vez sejão o A. moUe. (Brotero) Esta espécie he mencionada em mui" tos livros de Mat. Med. 31Ó. A. spurium. Linaria bastarda , ou Falsa Ve- rónica d^ Allemanha. Folhas ovadas , avelutadas , integerrimas \ caules prostrados. Habita nos sitios calcareos, entre as searas, nos campos, e vinhas, frequente nos arredores de Coimbra. Floresce de Maio até Junho. An° nual. :^5'4 FLORA PKARMAGEUTICA. Parece ser huma variedade do A. spu- num. Vítex. Calyx curto , de cinco dentes ; orla da corolla plana , quasi bilabiada ; estigmas dous \ fructo huma baga , ou drupa erabagada ; noz de qua- tro cellulas ; sementes solitárias cm cada cel- íula. 311. V. Agnus castus. Em Tort. Anho casto. Arvo- re da castidade , Pimenteiro bastardo. Folhas digitadas , serreadas ; espigas verticilla- das. Pharm. bagas. Bagas: globosas, obtusas, raucronndas, hum tan- to lisas, fuscas-cinzenras, do tamanho de hum grão de pimenta , inferiorm.ente vestidas do calyx cinzento , urceolado , cotanilhoso. Ruentes: cheiro fragrante; sabor acre, aromáti- co. Cuitiva-se nas hortas , e cresce quasi espontânea cm alguns sirios paludosos de Tras-os-montes. Floresce na primavera. Arvore. Efitre os Gregos esta arvore foi ãKtiga- me^ne consagrada d conservação da castidade ; por esta razão as yyiatro- nas , que presavao esta virtude , nos Thesmophorios , oíí Festas de Ceres , juncavão^as suas camas com as fo- lhas desta planta : (Diosc. , Gal. , Plin.) daqui vem o nom.e Grego Ag-nus , ao {[ual se ajuntou o latino Castus, que significa o mesmo. E ALIMENTAU VOTCVVG^fÈlA» '^^^ CLASSE I)-.- Tetradynamia» ORDEM Siliculosas, Cochlearta. Calyx hum tanto patente •, foliolos côncavos; si- licula quasi chanfrada , túrgida , ovada , ou Guasi cordiforme, coroada d' hum estylete cur- to ; ceJIulas polyspermas ; válvulas obtusas ^ gibbosas , partiraento quasi parallelo. 312. C. pusilia. Em Fort, Cochlearia menor. Folhas quasi cordiformes-ovadas , obtusas, quasi de três ou cinco lóbulos, de longos peciolos; pedúnculos algumas vezes radicaes numerosos, murchosos , unifloros , outras vezes , posto que raras , caulinos \ caule levantado , curto., sim- plicíssimo, densamente folioso, multiSoro ; pé- talas ovadas-oblongas ; silicula ovada quasi re- donda, d'huma parte turgidamente convexa^ da outra plana. Pharm, herva. Raiz: quasi fusiforme , collo da grossura d'hu- ma penna de gallinha , inferiormente com mui- tas radiculas fibrosas, superiormente caulescen- te ou quasi. Folhas-: ordinariamente todas radicaes, peque- Yy 2 •5" 6 FLOUA. PHATIMACE-UTTCà nas, quasi cordatns-ovadas , ns vezes quasi de tres lóbulos, ou de cinco, pouco apparentes, obtusíssimas no topo , no mesmo e nos lóbulos inte<];errimas, glabras como toda a planta, pe- ciolos aoproximndos , filiformes , mais largo?- na base , muito mais compridos que a lamina- da folha. Pedúnculos: ordinariamente todo? radicaes , nu- merosos , filiformes , uniíloros, d' huma e meia ou duas pollegadas, flaccidos , oblíquos-, nas plantas assombradas lev^antados , hum pouco mais compridos que as- folhas. Caule ordinariamtente quasi nullo, algumas ve- zes muitos , dous até quatro , curtíssimos , de meia ou d' huma pollegida , raras vezes mais altos, mis na base, e ásperos cabidas as fo- lhas, prostrados-, nos sitios umbrosos relvosos , hum levantado até tres ou quatro pollegadas, solitário, e nao dous, tres, ou quatro^ cespi- tosos da mesma raiz , como quando sao cur- tíssimos ( como na nossa Frimida acaulis. ^ que da raiz lança huma liastea umbellifera , e esta só pedúnculos uniíloros ) e então simpli- císsimo, levantado, folioso, desde a base até o topo; folhas levantadas, mais ou menos ap- proximadas; as radicaes s-imillimas em pccioio e lamina. Flores numerosas, radicaes, ou axillares solitá- rias, pedunculadas; pedúnculos filiformes , le- vantados, do comprimento das folhas pouco mais ou menos. Calyx: perianthio, de quatro foliolos côncavos, curvados para dentro- , hum tanto patentes , muito mais curtos que a coroUa. Corolla: cruciformc, grandeza e forma da Co- chl.earia ojjicinal , ou pouco menor ; lamina E ALIMENTAR POUfUGUEZA. ^5-7 azul, OU hum tanto purpúrea, quasi linear, ou ovada-oblonga , obtusa , integerrima ; unha amarellada , rainima , do comprimento metade do dos foliolos do calyx. í^andulns nectariferas : quatro, mínimas, csca- miformes, insertas atraz da base dos estames. Estaraes : filetes assovellados, levantados, appro- ximados do germe e do estigma , do compri- mento do calyx; antheras levantadas, ovadas-- cordiformes, obtusas, hum tanto azues, bilo- culares, com o pollen amarello. Pistillo : ^ Raiz: filiforme, quasi horisontal, branca, fibras descendentes , capillares. Caule: d' hum pé, levantado, ramoso, hum tan- to roliço, todo estriado, empubescido-aspero j ramos alternos, levantados. Folhas : alternas , ásperas , miudamente celhea- das, as inferiores pecioladas, inversamente lan- ceXDladas, exteriormente mais" largas , roníina- das , margem miúda, e remotamente denticula- da; as caulinas lanceoladas, rentes, sagittadas, agudas , margem denticulada ; as dos ramos da mesma forma , algumas lineares. Corymbo ; terminal, de flores pequenas , pedun- culadas, racimoso na maturação. v '3 Calyx : perianthio, de quatro foliolos , laxo , os foliolos pallidos, ovados, pilosos; a sua mar- gem branca , mas verde no topo , hum tanto côncavos , obtusos. Corolla : cruciforme; pétalas quatro, brancas, cuneifcrmes, obtusas, pouco e pouco attenua- das, com unhas lineares. Estames : filetes assovellados, brancos, mais ^cur- tos que a corolla ; antheras ovadas , amarei- las, vacillantes. Fistillo : germe hum tanto obovado, obtuso, chato , verde ; estylete cylindrico , curto ; HARMACEUTICA -: ■ 2-.hura pé, superiormente ramoso; ramos alter- nos , vergonteados. Folhas : alternas , rentes , amplexicaules , gla- bras , lineadas , por cima obscuramente ver- des, hum tanto luzidias, lyradas ; kcinias , la- teraes lineares, denticuladas, a terminal mui- to maior, ovada, obtusa, recortada na mar- f ■- gem , as elevações , e sinuosidades obtusas/ Kacimos flori feros terminaes, ovados j fructife^ ros alongados. Calyx: perianthio, tetraphyllo, amarellado, fo- liolos lineares, obtusos, dous oppostos, gib- bosos. Corolla : amarella , cruciforme ; pétalas unifor- mes , obtusas , unguiculadas , de comprimento dobrado do do calyx. Estames : filetes assovellados , mais curtos que a corolla; antheras lineares, alabardinas ; fie- etário glândulas quasi redondas, duas a duas collocadas d' huma e outra parte entre o ger- me e o estame mais curto. Pistillo : germe cylindrico , obscuramente qua- drangular ; estylete hum tanto curto ; estigma obtuso , chanfrado , d'altura das antheras. Habita frequente junto d'Obidos , e do Monde- go perto de Coimbra. Floresce no estio. Pe- . .._ ~ renne. Cheiro análogo ao da couve ; sabor do mastru- ço , levemente amargo , acre \ folhas mastiga-* das levemente calefacientes. Cheiranthus, Calyx fechado , em dois foliolos bojudos na E ALIMENTAR POÍlTTTGUEZA. 3^9 bnse; germe com hum denticulo; siliquas hum tanto chatas, comprimidas, bidentadas no to- po ; sementes planas. 322. Ch. che'ri. Fm Port. Goiveiro amarello. Folhas lanceoladas, agudas, glabrasj ramos an- e;uIados ; caule subarbustivo. PJyarm. flores. Racimos: terminaes, simplices, pubescentes , an- gulados ; pedúnculos miudamente empubesci- dos , de quatro ângulos , pouco apparentes , unifloros. Calyx : perianthio , tetraphyllo , d* hum verde pallido ; foliolos lineares-lanceolados , obtusos , levantados ; dous oppostos , convexos , gibbosos na base ; outros dous também oppostos , hum pouco mais altos , aquilhados , comprimidos no topo. Corolla : cruciforme; pétalas quatro, inversamen- te ovadas, obtusas, amarellas; as unhas linea- res, do comprimento do calyx. lísx.2iWLts: filetes assovellados , do comprimento do calyx ; antheras lineares , agudas , bifendi- das na base, entre vacillantes e levantadas. Nectario: huma glândula de cada parte, junto dos estames mais curtos. Pistillo: germe cylindrico, pouco sensivelmente quadrangular , encanescido ; estylete curto \ estigtna obtuso, bifendido, patente, hum tan- to crasso. Cultiva-se frequente nos jardins , e alegretes ; nas provindas do sul quasi espontâneo junto dos muros das quintas e hortas, como era Palmel- Ja, e outras partes. Floresce na primavera, e estio. Biennal ou perenne. Cheiro suave , sabor hum tanto amargo , análogo ao dos mastruços, hum tanto acre, no estado Aaa i/O FLORA PHARMACEUTICA recente \ no secco cheiro nullo, sabor lium tan- to amargo. Brassica.. Flores de cor varia; calyx levantado, conchega- do; estylete curto ; estigma capitoso; siliquas hum tanto comprimidas , rostradas com o es- tylete, válvulas manifestamente mais curtas, que o partimento , lineares d' huma e outra: parte; sementes globosas. 323. B. oleracea. Em Vort. Couve das hortas. Raiz caulescente, roliça; folhas carnosas.. Alira. Cultivao-se as variedades seguintes : 1.* B. oleracea viridis , Couve verde \ e desta as subvariedades seguintes : a B. ol. viridis humilis. Couve verde ordiná- ria, h B. ol. viridis procerior. Couve serrana tron- chuda maior ^ ou hortos, da Beira. c B. ol. viridis crispa, Sabauda. Couve Sabóia, 2.^ B. oleracea capitata ; e desta as subvariedades seguintes : a B. ol. capitata alba. Repolho ordinário, h B. ol. capitata rubra. Repolho roxo. 3.^ B. oleracea botrytis , e desta as subvariedades seguintes: a B, ol. batrytis caulifera. Couve flor. h B. ol. botrytis cymosa sive asparagoides. BrO" cos j ou Br óculos. 4.^ B. ol. napo -brassica. Couve nabo. 5-.» B. ol. gongyloides, sive caulo-rapa. Couve rabão. E ALIMENTAR POaTUGUEZA, ^ 37I 324. B. eriíca. Er uca , Eruga , ou Er oca. Folhas lyradas, caule hirsuto; flor pallida, va- riegada , de veios corados ; siliquas glabras. * Pbarm. sementes. Sementes : globosas , na cor quasi citrinas gla- bras; da grandeza da mostarda. Habita junto do Peso da Regoa , e outras oartes em Tras-os-montes. Floresce em Junho , e Ju- lho. Annual. Cheiro hum tanto grave , sabor de mostarda , mais brando. 325:. B. na pus. Nabo. Raiz carnosa, turbinada; folhas radicaes, lyra- das , ásperas ; caulinas lisas , cordatas-oblon- gas ; superiores profundamente dentadas. Alim. raiz. £ultivão-se por causa do alimento^ que se tira ou da raiz , ou dos grellos^ al- gumas variedades . que facilmente se alterão pelo coito floral , principal- mente sendo cultivadas na visinhança humas das outras-^ em outras nações da Europa se cultiva o por causa da semente, d^onde se tira bom óleo para. luzes -, mas que incommoda muito com o cheiro , principalmente aos valetudi- nários de moléstias de peito* 326. B. rapa. ISÍabo redondo, ou turnepo dos Ingle- zes, PvSiz carnosa, orbicular, achatada por cima, e por baixo; folhas radicaes e caulinas lyradas, rugosas , ásperas ; as cimeiras quasi inteiras. Cultiva-se nas hortas , e nos campos, porém mais rara que a precedente. Aaa 2 37^ FLORA PHARMACEUTIGA A raiz desta espécie pôde ter hum use excellente em Medicina \ mas não he este o lugar de tratar deste objecto* Cardamine. Flores brancas, ou hum tanto purpúreas; calyx pequeno hum tanto aberto ; siliqua longa cylindrica-chata , abre-se elasticamente ; vál- vulas reviradas da base para o topo; partimen- ío incmbranaceo , igual ás válvulas; estigma inteiro, capitoso. 327. C. pratensis Cardamina dos prados. Folhas pinnuladas ; foliolos das radicaes quasi redondos, pouco sensivelmente angulosos, por cima quasi hirsutos, os das caulinas lanceola- dos-lineares ; caule levantado. Vharyn, flores. Caule: levantado, simples, de sette pollegadas, glabro. Folhas: alternas, quasi carnosas , glabras , pecio' Jadas , pinnuladas com impar , as superiores- quasi com quatro pares de foliolos lineares , côncavos, hum tunto agudos, quasi aquilha- dos ; peciolo commum linear . concavo ; as in- feriores quasi com seis pares de foliolos qua- si redondos, o ultimo hum pouco mais, e or- dinariamente lobado. Racirao : terminal, obloiigo , pedunculado, nu, glabro. Calyx: perianthio tetraphyllo, glabro; foliolos ovaes , obtusos, hum tanto côncavos, levanta- dos; margem renue, membranacca; dous op- postos, na base bojudos. E ALIMENTAR PQ-RTUGUEZA, 373 Corolla: cruciforme , d' hum roxo claro, veios zzwhàos; pétalas inversamente ovadas, des- pontadas, as tmhas hum tanto amarelladas, do comprimento do calyx. 'Esi^m^s: filetes assovellados, brancos, mais cur- tos que"a corolla ; antheras lineares-cordifor- mes , curvadas para dentro. Nectario : glândula , quasi redonda , em torno da base dos estamcs mais curtos. Pistillo: germe cylindrico, glabro ; estylete cy- lindrico , mais curto que o germe , apenas do comprimento dos estamcs ; estigma capitoso. Habita nos sitios pantanosos e húmidos , perto de Pereira nos arredores de Coimbra , entre Lousa e Miranda do Corvo, na Serra d'Es- trella , e outras partes na Beira. Floresce em Maio , e Junho. Pcrenne. Cheiro débil ; sabor hum tanto amargo , leve- mente acre ; caules de cheiro mais forte , e mais acres que as folhas. Com erro da sua arte , e prejuízo ãa saúde os Boticários da Suécia e Alle- manha substituem esta espécie aos A- grióes Sisymbrium nasturtium Lin. T)as flores desta espécie ^ que fica de s cripta^ ha quarenta armos se não fazia ynen- ção nos livros de Mat. Med. ; D ale \Phar.) e Baker {Med. transactions^ as ejfierecem como hum poderoso antis- pas módico : não dei a descri pç a o de to- da a planta senão com o fim de que os nossos Aíedicos , e Boticários dis- tinguão bem estas duas espécies, C. hirsuta. Agrião menor. ^74 FLORA riTAÍlMACEUTICA Folhas pinnatifídas, quasi hirsutas ^ foliolos quasi redondos, obtusamente angulosos, os extremos maiores ; flores tetrandras. Pharm. ? . . . Caule ordinariamente da altura de quatro a seis pollegadas ; nos sitios umbrosos ás vezes qua- si d' hum pé, levantado, ramoso, anguloso, inferiormente piloso , superiormente glabro. Folhas pinnuladas , empubescidas ; as raãicaes de foliolos ovados quasi redondos de curtos peciolos \ foliolo impar máximo , obscuramen- te lobado ; as caiilinas de pinnulas mais es- treitas , oblongas , quasi integerrimas. Flores: racimosas, pequenas, brancas, ordinaria- mente só tem quatro estames. Siliquas: levantadas, laxas, quasi d' huma polle- gada, glabras. (Brotero) Habita frequente nos campos , hortas, vinhas^ tapumes , sitios umbrosos nos arredores de Coimbra , Lisboa , e em quasi todo o Reino. Floresce no inverno , e primavera. Annual. Slnapis, Flores amarellas, raríssimas vezes brancas j calyx patente ou patentissimo , siliqua ^ hum tanto roPça, inferiormente quasi torosa , ordinaria- mente levantada •, o partimento , abrindo-se as válvulas rectamente , muito mais comprido do que ellas , e pontudo. 329. S. nigra. F^ni Fort. Mostaràa negra. Siliquas glabras, conchegadas no racimo. Fharm. semente. Sementes: hum tanto pequenas, quasi redondas, fuscas-ferrugineas, miudamente rugosas. E ALIMENTAR PORTUGUEZA. 375' Cultiva-se. Floresce era Junho, e Julho. Annual. Cheiro débil, sabor hum tanto amargo, picante, e rubefaciente. S. alba. Mostarda branca. Siliquas hispidas; rostro compridíssimo ensifor- me. Fharm. semente. Sementes as maiores de todas as espécies , hum tanto louras, poucas. Habita nos campos, vinhas, montes, nos arredo- res de Coimbra , e outras partes na Beira. Flo- resce em Maio, e Junho. Annual. Tem' as mesmas propriedades da espécie antece- dente. Sísymbrium» Flores amarellas ou brancas ; calyx aberto , ou patente; siliquas roliças, ou também quadran- gulares obscuramente, patentes hum tanto, ou inteiraaiente ; abrem-se em válvulas rectas, o seu partimento he hum pouco maior que ci- las. 331. S. nasturtium. Em Port. Agrião ordinário. Siliquas inclinadas para baixo ; folhas pinnula- das ; foliolos quasi cordiformes. Vharm. herva. Habita frequente nos ribeiros , fontes, prados hú- midos quasi em todo o Reino. Floresce era Abril , e Maio. Aniuial ou blennaL Murray recomynenda todo o cuidado de não confundir esta espécie com a Car- damine amara Lin. : julgo desnecessá- ria esta recommendação em Portugal-^ ^76 FLOKA. ?HABMACEUTICA. Til pois que nelle nao habita^ ao menos 7íelle não foi -vista pelo Doutor Brote- ro esta ultima espécie. O mesmo Mur- ray nao approva que o S. nasturtiurn seja substituído pela Cardamine pra- tensis, pela ijiferioridade da sua vir- tude, 7ião obstante Bergio ser de sefi- ti mento contrario. 2 32. S. Sophia. Sophia dos Cirurgiões, Pétalas menores que o calyx; folhas recompôs- tas-pimiuladas. Pbarm. sementes. Sementes : pequenas , louras , ovadas , obtusas de ambas as partes , hum tanto glabras. Habita junto do Douro , principalmente perto da Barca d' Alva, e outras partes emTras-os-mon- tes. Floresce em Maio. Biennal. Cheiro nuUo , sabor quasi o da semente de Mos- tarda. CLASSE i6.» Monadelphia. ********************** ORDEM Decandria. Geranium. Calyx de chico foliolos ; pétalas ordinariamente r E ALIMENTAR PORTUGUEZÍ. 377 iguaes; estigmas cinco, curvados para fora; capsula de cinco ceilulas, rostrada. 333. G. robertianura. Em Port. Herva de S. Rober- to , Bico de grou robertino. Pedúnculos bifloros ; folhas quasi redondas-qui- nadas, foliolos incisos-dentados ; calyces pilo- sos , aristados ; pétalas inteiras. Habita frequente nos tapumes , muros , nos ar- redores de Coimbra , Lisboa , e em todo o Rei- no. Floresce na primavera , e Estio. Annual. Herva recente: cheiro muito ingrato, segundo Linneo hircoso, segundo Murray análogo ao fedor da ourina em consequência de se ter co- mido espargos ; sabor entre salgado e austero com hum certo amargo. Entre as muitas espécies deste género , das quaes em outro tempo se fez uso na Medicina , algumas delias são pro- prias do terreno Portuguez, e das quaes farei menção pelas razoes que muitas vezes tenho dito \ das antigas apenas hoje se conserva em uso a que fica re- ferida. 334. G. rotundifolium. Bico de grou de folhas re- dondas. Pedúnculos bifíoros , caule débil \ folhas oppos- ras , as inferiores quasi redondas , divididas em cinco lacinias , as superiores quasi cuneifor- raes ; pétalas integerrimas hum pouco mais compridas que o calyx aristado. Habita nos campos cultos e incultos, nos tapu- mes^ caminhos junto a Coimbra , Lisboa , e outras partes quasi em todo o Pvcino. Floresce na primavera, e estio. Annual. Bbb D/ 78 FLORA PHAKMACEUTICA 335'. G. snngiíineiim. Bico de grou sanguíneo.^ Pedúnculos uniiloros , solitários, compridíssimos arricuíadotSj folhas orbiculados, profundamen- te partidas em cinco ou sete lacinias trifendi- das ; caule rubro, hispido, articulado. Habita nos montes entre os matos desde Leiria até Monte-junto, na Extreraadura. Floresce no estio. Perenne. O cheiro da seguinte espécie a faz re^ commenâavel ^ por isso dou aqui a des- cripçãa^ traduzida da Flora do Dou- tor Brotero. 336. G. moschatum. Gerânio moschado^ ou Almis- careira. Pedúnculos urabelliferos , quasi de nove flores; folhas odoríferas, pinnuladas; foliolos ovados, recortados hum tanto remotamente , vilíosos ; foliolos cotyledonicos quasi quinados-pinnuia- dos. Bharm. herva. Pvaiz: quasi ramosa, esbranquiçada. Caules: poucos da mesma raiz, prostrados, de- pois ordinariamente remontantes , empubesci- dos como toda a planta, do comprimento de sete até outo pollegadas. Folhas pecioladas , pinnuladas com impar ordi- nariamente quasi trilobado; pinnuias ovadas, recortadas , cora as lacinulas hum tanto obtu- sas ; as caulinas oppostas. Estipulas membranaceas quasi amplexicaules. Pedúnculos: compridos, ás vezes alguns do no da raiz (em terreno pingue, e na planta nova da primavera), outros caulinos axillare?, soli- tários ; umbella simples, de sete até dez flores. È ALIMENTAR PORTITGTTEZA. 37(> Invólucro : polyphyllo , membranaceo. Calyx empubescido , nervoso, mal aristado. Pétalas hum tanto azues , hum pouco mais com- pridas que o calyx. Coquilhos (cocculi) ou válvulas de capsula, cin- co, oblongos, aguçados para baixo, aveluta- dos superiormente notados- junto das caudas de cada parte cora huma excavaçâo ; caudas ou praganas do rostro , de poilegada e meia , ave- lutadas, espiraes até o meio, e depois curva- das-falcadas. Folhas cotyledonias na germinação pecioladas , alternadamente pinnuladas; foliolos quatro até cinco , ovados-quasi-redondos , desiguaes , o -impar maior. Habita nos campos , e pelos caminhos , frequente nos arredores de Lisboa , e Coimbra , mas principalmente nas. provindas do sui. Flores- ce na primavera. Annual. ORDEM Pol^andriao Althea. Calyx duplo ; o exterior monophyllo , fendido em seis até nove lacinias j o interior em cin- co ; capsulas muitas , dispostas em verticillo. 337. A. oíHcinalis. Em Fort. Althea^ ou Malvaisco. Folhas cordatas-ovadas , quasi lobadas , cotani- ihosas, mollesj caule cotanilhoso. Vharm. raiz. Raiz recente-, ramosa com ramos d' hum pé^ Bbb 2 , 380 FLORA PHAT^MACEUTICA descendentes, roliços, simplices, da grossura de hum dedo , he exteriormente cinerea-es- branquiçada quasi rugosa transversalmente; o parencliyma quasi carnoso , branco , estriado , as estrias radiantes, mais esbranquiçadas, pou- co apparentes , estendendo-se do centro para a peripheria , o centro medullar mais amplo , notado com hum annel encarnado; parte corti- cal quasi carnosa. Habita pelos ribeiros, nos sitios hum tanto hú- midos , e prados perto do Tejo e Mondego , nos arredores de Óbidos , e outras partes na Extreraadura, e Beira. Floresce no estio. Pe- renne. Raiz recente e secca: cheiro nullo; sabor hum tanto doce , he muito mucilaginosa. §38. A. rósea. Malva da China ^ ou Althea rósea da China. Folhas quasi redondas , angulosas-sinuosas , ou lobadas-sinuosas. Pharm. flores. Calyx : perianthio duplo , o exterior monophyl- lo, cotanilhoso, hirsuto, com pelos hum tan- to rijos, profundamente dividido em seis, e muitas vezes em nove lacinias, ovadas-lanceo- Jadas, agudas, estriadas , hum tanto laxas; o interior também monophyllo , cotanilhoso-hir- suto, estriado, mais comprido que o exterior, fendido em cinco lacinias, ovadas-lanceoladas, ondeadas na margem, agudas, levantadas. Corolla : de comprimento dobrado do do calyx ; pétalas cinco (ordinariamente dobradas), pur- púreas , imbricadas , patentes , inversamente ovadas, largas, quasi troncadas, ou levemen- te despontadas, venosas, com unguiculas cur- tas, esverdinhadas, e d' huraa e outra parte bar- ■badas. E Alimentar -portugueza. 381 Estames : filetes muitos , do comprimento me- tade do da corolla ; unidos em coJumna penta- gona , glabra , esverdinhada , levantada do re- ceptáculo, superiormente livres, glabros, todos patentes ; ajitheras quasi reniformes. Pistillo: geryne sobre o receptáculo, orbiculado, deprimido , esverdinhado , glabro , superior- mente com algum cotanilho ; estyletes mui- tos, rubros, dentro da columna dos estames, mais compridos que elles j estygmas simpli- ces. Cultiva-se nas hortas. Floresce na primavera , e estio. Biennal. Cultiva-se também nos jardins huma variedade desta espécie , chamada Al- thea ficifolia ^ cora folhas apalmadas como as das figueiras ordinárias , que Linneo pôz no género Alce a. Cheiro nullo, sabor debilissimo, quasi nulloj to- da a planta he mucilaginosa. A infusão das pétalas serve de excellen^ te reagente no exame dos ácidos , e dos alcales , e supporta muito bem o tor- fjesol. Malva. Calyx duplo, o exterior triphyllo (raras vezes diphyllo); o interior fendido em cinco laci- nias ; capsulas muitas , dispostas em verricillo. 339. M. rotundifolia. Em Port. Malva de folhas redondas. Caule prostrado, erapubescido •, folhas cordatas- orbiculadas, de cinco ou sete lóbulos- pedun- ; FLORA PHARMACEUTICA cuíos fasciculados ; foliolos do calyx exterior lanceolados • corollas pequenas. Pbarm. herva. Raiz : cylindrica , descendente , branca. Caules : muitos d' huraa só raiz , entre patentes e prostrados , roliços , empubescidos. Folhas : alternas , pecioladas , d' huma e outra parte miudamente empubescidas , hum tanto ásperas , entre redondas e reniformes ; com ló- bulos redondeados , crenulados na margem , por baixo de sete nervuras , por cima exara- das delias ; peciolos roliços , alongados , entre empubescidos e ásperos , sulcados por cima. > Estipulas: oppostas, hum tanto pequenas, lan- ceoladas , agudas, ceiheadas, empubescidas. Flores: quatro até sete , .pedunculadas , axillares das folhas ; pedúnculos mais curtos que os pe- ciolos, filiformes, roliços, empubescidos, or- dinariamente desiguaes. Calyx perianthio ; o exterior de três foliolos, lineares , lancelados ; o interior campanulado , entre empubescido e áspero , fendido em cin- co lacinias , ovadas-agudas , levantadas , aqui- Ihadas, celheadas na margem, quasi undula- das. CoroUa rósea ou branca ; pétalas cinco , linea- res-cuneiformes, obtusas; chanfradas, hum pou- co mais compridas que o calyx , levantadas , quasi rentes. Estames -.filetes em colurana cylindrica, gUbra , mais curta que a corolla, superiormente sol- tos ; antheras pequenas , quasi reniformes , to- das vacillantes. Pistillo : germe circular, deprimido, sobre o re- ceptáculo estylete cyiindrico , curto , dentro da columna tubulosa dos estames, levantado, E Alimentar portugueza. 3S3 gkbro ; estigmas setaceos, recurvados, sete ou oito. Habita junto das povoações , caminhes , muros , nos lugares cultos e incultos ao redor deCoim- - bra , Lisboa , e outras partes quasi em todo o Reino. Floresce em Junho, e Julho. Annual. Cheiro nullo •, sabor herbáceo, débil, mucilagi- noso. 340. M. silvestris. Malva silvestre. Caule ordinariamente levantado, áspero; folhas inferiores quasi orbiculadas , de sete lóbulos ; pedM||§í.ilos fascicuiados , levantados , foliolos do calyx externo ovados. Tharm. herva. Caules muitos , ordinariamente levantados , ás- peros, da altura d'hum, dous, e mais pés. Folhas alternas • as inferiores quasi redondas ^ chanfradas na base , de sete lóbulos , apparen- tes, agudos, ou hum pouco obtusos, crenula- dos \ as superiores de cinco lóbulos ; peciolos longos, pilosos. Pedúnculos fascicuiados nas axillas das folhas , três até seis , pilosos , levantados ainda os fru- ctiferos. Calyx externo com três foliolos , distinctos na base, ovados, obtusos. Pétalas quasi três vezes maiores que na espé- cie antecedente, entre azues e purpúreas, veios de côr escura (Brotero). Habita , e floresce com a antecedente. Annual. Os Ingleses , e Francezes dedictlo esta espécie ao usa Medico-. Linneo fãz o inesmo na Flora Suecica ; porém nalS\?i' teria Med. prefere a espécie anteceden- te: estq. escolha^ como ambas são mu- ^34 FLORA PHARMACEUTICA. cilaginosas , he meramente arbitra- ria. Lavatera. Calyx duplo ; o exterior monophylío , partido em três lacinias , ovadas , obtusas ; o ijiterior fen- dido em cinco lacinias; capsulas muitas dis- postas circularmente. 341. L. silvestris. Em Fort. Lavateraffjj^vestre. Caule herbáceo , levantado , empubescido , áspe- ro; folhas cordatas-quasi redondas, de cinco ou sete lóbulos ; pedúnculos aggregados \ calyx exterior menor, tripartido profundamente. Pharm. herva. Caule : levantado , de dous , três ou quatro pés , inferiormente ramoso , áspero , empubescido , pelos fasciculados ; folhas cordatas-quasi-re- dondas, as inferiores de sete lóbulos, redon- dos , crenulados , d' huraa e d'outra parte de hum verde diluido; as superiores quasi franzi- das, de sete, e ordinariamente de cinco lóbu- los , hum tanto agudos : peciolos compridos , ásperos , pilosos. Estipulas : ovadas , agudas , cellieadas. Flores amontoadas nas axillas das folhas, três até sete, alem d' hum raminho florifero ; pe- dúnculos desiguaes, pilosos, hum tanto levan- tados: calyces felpudos, o exterior profunda- mente partido era três lacinias, ovadas, hum tanto obtusas \ o interior fendido em cinco la- cinias , agudas , mais compridas que o calyx exterior: corolla grande, profundamente chan- frada , de cor purpúrea diluida , veios satura- E ALIMENTAR PORTUGIJEZA, 385^ dos na côr : tuho dos estaraes quasi hirsuto , esbranquiçado. Capsulas : ordinariamente outo ou nove , gla- bras ( Brotero) . Habita junto dos caminhos, tapumes, muros, nos sitios cultos e incultos , "frequente nos arredo- res de Coimbra , Lisboa , e outras partes era todo o Reino. Esta espécie 7tão entra , quanto eu sei ,' em catalogo algum de Mat. Med. : eu faço aqui menção delia por authorida- ' de do Doutor Brotero^ de cuja Flora copiei a descripção , e por alguns a re- putarem por variedade da M. silves- tris y póde-se pois applicar a esta espe- cie o que disse da M. silvestris, e da M. rotundifolia. CLASSE 17.^ Diadelphia, ORDEM Hexandria. Fumaria. Caiyx minimo , diphyllo ; corolla tetrapetala , ía- biada , posteriormente rostrada ; fiietes dous a Ccc 396 FLOTIA PHAKMACEUTICA dons, membranaceos, cada hum com três an- rheras. 342.. F. bwJbosa.- "Em Port. Fumaria holhosa. Caule simples \ bracteas do comprimento das flo- res. Fharm. raiz. ^ Bolbo quasi redondo, da grandeza d'huma er- vilha grande ou maior, hum tanto comprimi- do, fusco-ferrugineo , hum tanto liso; paren- chyma hum tanto solido, firme, igual, ama- rello claro, centro meàullar hum tanto pe- queno, redondo, muitas vezes oco; na raiz da variedade maior o centro absolutamente oco. Habita nas matas sombrias da Serra do Rebor- da© perto de 'Bragança. Floresce em Abril, e Maio. Perenne. Cheiro nulio, sabor amargo. A nossa he a variedade holbosa maior. 343. F. ofEcinalis. Fumaria, ou Herva molarinha. Pericarpos monospermos , racimosos ; caule dif- fuso. Fharm. herva. Raiz entre filiforme e fusiforme, pallida , descen- dente , no topo fibrillosa. Caule succulento , frágil , levantado , flaccido , quasi flexuoso, pentágono, liso, ramoso; ra- mos alternos , levantados , semelhantes ao cau- le , diíFusos junto da raiz. Folhas alternas, pecioladas, dobradamente pin- nuladas ; humas e outras pinnulas alternas , distantes, pecioladas; os lóbulos quasi succu- lentos , cunei formes , recortados, pinnatifidos, as lacinias ovaes-lineares , obtusas, quasi mu- cronadas , d' hum verde claro , totalmente gla- E ALIMEITTAR PORTUGUEZA. 387 bras, por baixo liiim tanto mais pallidas-, pe- ctolos coramuns triangulares , rectos , os par- ciaes quasi flexuosos. Racimos das flores lateraes , oppositi-folios , pe- dunculados , mis , levantados ; flores dispersas , patentes , pedunculadas. Bracteas solitárias , lineares , aguçadas , sotopos- tas aos pedicellos , e do comprimento dos mes- mos. Calyx perianthio, diphyllo; foliolos lanceolados, agudos , membranaceos , serreados , decadentes. CoroIIa tetrapetala , dMiura arroxado claro; pé- talas lineares, quasi iguaes , concavas, supe- riormente aquilliadas-gibbosas , obtusas ; duas oppostas rubicundas no topo ; as outras duas também oppostas, unidas no topo, purpúreas, aladas-aquilhadas no dorso , chanfradas , com hum pequeno gume. Nectario: esporão quasi redondo, obtuso, com- primido , na base da pétala superior. Estames : filetes membranaceos , superiormente assovellados , hum pouco mais curtos que a corolla ; antheras quasi redondas, pequenas. Pistillo : germe sobreposto, ovado , glabro \ esty- lete Ao comprimento dos estames; estigma- acenoso , capitoso , barbudo. Habita pelos caminhos , campos cultivados , hor- tas , frequente era todo o Reino. Floresce era Maio , e Junho. Annual. Herva contundida: cheiro como d' hortaliça •, sa- bor quasi ingrato, intensamente amargo ; na secca mais amargo.' ■ ■ • ;. > 344. F. caprioiata. Fumaria maior ^ Hérvà molari- nha 7naior. Pericarpos monospermos , racimosos ; folhas re- montantes , quasi gavinhosas. Ccc z 3 §8 FLORA PHARMACEUTICA Pharm, herva. Cau!e : de dons até seis pés de comprimento ramoso , muito diíFuso , débil , muito tenro > nunca levantado por si , mas trepador ; pecio- los médios das folhas gavinhosos, Racimos quasi sempre lateraes. Flores e fructos como os da precedente espécie ( Brotero ). O Doutor Brotero com La Marck a re- puta ser huma a •variedade maior da F. officinalis. Polygala. Calyx pentaphyllo , com dous foliolos maiores em fórma d'aza , ordinariamente corados ; corolla irregular ; pétalas três, Iiuma quasi cylindrica \ capsula inversamente cordiforme , comprimi- da, bilocular; sementes solitárias. 345". P. vulgaris. Em Port. Polygala ordinária , Herva leiteira. Flores cristadas , racimosas j caules herbáceos , siraplices, prostrados j folhas lineares-lanceola- das. Pharm. herva. Habita nos matos e pastes seccos , nos arredores de Coimbra , e outras partes na Beira e norte do Reino. Floresce em Maio, e Junho. Pe- renne. Caule de sete até onze pollegadas de comprimen- to, débil, ordinariamente prostrado, quando não se encosta aos arbustos visinhos , simples. Folhas alternas , ordinariamente ovadas-lanceola- das, d' hum verde escuro. E ALIMENTAR PORTUGUEZA. ^2p Racimo curto , laxo , segundino ; flores ordinaria- mente aziíes , ou purpúreas, raras vezes encar- nadas, ou brancas (Brotero). Sabor hum tanto acre, e levemente amargo (Dii Hamel). Murray refere a esta espécie as expe- riências feitas em França com a Po- lygala indigena , nas moléstias infiam- maiorias do peito j posto que Haller as refira <«' Polygala amara, que nós não temos , e que não se conforma com as referidas propriedades^ que Du Hamel lhe attribue, ^-^■^■^ -^ -^ '■^ -^ -^ -^ 4k. -^ -^ -^ -^ '^ -^ -^ -^ ^ *^ ^ ORDEM Decandria, Genista, Calyx bilabiado , orifício não escarioso , os den- tes agudos, hum tanto compridos, dous supe- riores , três inferiores j quilha da corolla do- brada para baixo, bifendida, ou de duas péta- las j vagem oblonga, ordinariamente túrgida, hum tanto roliça, polysperma. 346. G. triacantha. Em Port. Giesteira trespinhosa. Folhas glabras , humas simplices, lanceoladas , outras ternadas-rentes ; foliolos iineares-lanceo- lados , luzidios \ espinhos glabros , roliços , simplices, e com.postos , muitos de trcs pon- tas; raminhos raciraiferos, espinhosos, ou quasi inermes , quasi cotaniihosos ^ corolias glabras. 5pO FLORA PHAlRMACETTTICA Esta espeàe nao tem entrado até agora nos Catálogos de Mat. Med. ; mas as suas propriedades physicas lhe mere- cem nelles hum lugar , ao menos com o fim de ser tentada chimica e ynedi- camente \ e sendo estas propriedades ainda mais enérgicas na espécie se- guinte G. falcata, por isso copiei aqui as suas duas descripçÕes da Phythog. Lusir. do Doutor Brotero. Raiz : perenne, ramosa. Caules arbustivos, solitários, ou poucos da mes- ma raiz, d' hum, dous , três e mais pés, roli- ços , inferiormente sem follias, com escava- ções , como no Tojo , junto dos espinhos sec- cos , laxamente ramosos , cor entre fusca e ver- de. Ramos: huns levantados, outros hum tanto pa- tentes, glabros, roliços, os mais adultos sem folhas , e nascidos d' huma racha da epiderme , angulados até o topo, como também os d' hum anno, armados em todo o seu corpo de espi- nhos amiudados ; espinhos alternos , patentissi- mos, glabros, roliços, hum pouco sensivelmen- te estriados, outros lisos, nas summidades dos ramos , muitos tricuspidaes , o médio hum tan- to mais comprido , de meia pollegada , topo hum tanto curvado para fora , os lateraes re- ctos , alternos , hum tanto patentes ; alguns simplices, poucos bicuspidaes; nos ramos mais adultos de quatro, cinco, seis e mais pontas: raminhos floriferos ou racimiferos d' hum an- ' no , huns espinhosos , outros quasi inermes , foliados como igualmente os novos espinhos vernaes, verdes, quasi avelutados, angulosos, E "ALIMENTAR PORTUGUESA. ^çf estriados, patentes ou pntentissimcs , nascidos da asilla inferior dos antigos espinhos , e de dobrado e maior comprimento dcque elles. Folhas: humas simplices, outras ternadas ; nos ramos d' hum anno todas d' hum verde escu- ro, glabras, ou quasi empubescidas , vistas á lente, hum tanto luzidias: as simplices, duas oppostas 5 na origem dos ramos d' hum anno e floriferos , ou ás vezes ao lado da primeira fo- lha ternada , quasi rentes , largamente lanceo- ladas , integerrimas , reviradas, canaliculadas, aquilhadas , da largura d' huma linha , e do comprimento de linha e meia ; outra semelhan- te hum pouco acima destas , mas plana e mais estreita ; as que ás vezes brotao na parte infe- rior das axillas dos espinhos lateraes são tam- bém simplices , semelhantes aos foliolos das ternadas : as ternadas rentes, alternas, paten- tissimas , de foliolos quasi rentes, lineares-lan- ceolados , quasi setaceos , do comprimento de linha e meia e mais ; nas suas axillas nasce al- gumas vezes hum ou outro espinho. Racimo único em cada raminho, folioso, termi- nal, curto, carolim inerme no topo : flores al- ternas , solitárias , cinco até doze ; pedúnculos roliços, pallidos, hum tanto patentes, de com- primento de meia até hama linha : bracteas três, levantadas, agudas, verdes, quasi gla- bras, semilhantes aos denticulos do calyx ; hu- ma na origem do pedúnculo, e mais comprida que tW^\ duas na base do calyx , e produzidas hum pouco alem da fauce, ou divisão dos lá- bios. •Calyx campanulado , glabro , pallido na base , quasi bilabiado, do comprimento de linha e meia , contando as lacinias dos lábios : lábio ^pi, FLORA pharmaceutica: superior profundamente partido em duas lacl- nias distantes, setaceas-assovelladas , raucro- nadas, d' bum verde escuro, reviradas ; o in- ferior partido em três lacinias, quasi iguaes, apenas mais compridas que as do lábio supe- rior , e semelhantes a ellas. CoroUa pcntapetala , glabra , amarella. Estandarte levantado, apartado da quilha, lados voltados para fóra , quasi arredondado-cordi- forme , obtuso com huma pontinha , estriado , lamina de duas linhas de comprimento , infe- riormente duas de largura ; unha canalicula- da mais curta quasi metade dos denticules do lábio superior , inserta no receptáculo. Azas pendentes , ovadas , oblongas , hum tanto obtusas , concavas , applicadas frouxamente á quilha , do comprimento do estandarte j unhas insertas na base dos filetes. Quilha pendente \ mais comprida que as azas hu- ma linha , quasi dipetala ; unhas insertas na base dos filetes, mais curtas que o lábio in- ferior do calyx ; laminas quasi lineares , ob- tusas, applicada? levemente huma a outra , uni- das por huma felpa na margem carinal, sepa- rando-se depois por huma larga chanfradura. Estames : filetes todos unidos abaixo do meio em hum tubo comprimido , ordinariamente descobertos , entre a quilha e o estandarte , desiguaes, quatro mais curtos, os outros quasi do comprimedto da quilha ; antheras amarel- las , quasi levantadas , ovadas , obtusas , bisul- cadas. j Pistillo : germe quasi lanceolado , verde , quasi avelutado; estylete paliido, assoveUado^ hum pouco mais comprido que os estames , hum pouco remontante , do comprimento da qui- E ALIMENTAR PORTUGUESA» 39^ lha, e ás vezes hum pouco mais; estigma pon- tuado , apenas mais crasso que o topo do esty- lete, quasi globoso. Vagem rhomboidea , fusca, aguçada com o es- tylete persistente , rostrada , comprimida , do comprimento de duas linhas , largura de li- nha e meia , glabra , mas vista á lente quasi empubescida nos lados. Sementes poucas , ordinariamente hurna , raras vezes duas ou três, reniformes-quasi-arredon- dadas, hum tanto louras. Habita nos terrenos raros , nas matas e encostas dos montes nos arredores de Coimbra , e ou- tras partes na Beira. Floresce em Março, e Abril. Arbusto. Levemente amarga. 547. G. falcata. Giesteira gadanha , ou Tojo ga- danho. Folhas simplices , alternas , quasi lanceoiadas, avelutadas na orla , e nervura , as fasciculadas nas origens dos ramos , quasi redondas ] espi- nhos ordinariamente triçuspidaes ; vagens hum tanto fa Içadas. Raiz perenne ramosa. Caules: arbustivos, solitários, ou poucos da mes- ma raiz, de dous pés c mais, de grossura de três até seis linhas , roliços , verdes , glabros , laxamente ramosos, inferiormente espinhosos, ou de- muitos ramos , seccos , espinhosos , e quasi sahindo d' huma racha da epiderme rota. Ramos maiores ^ e mais adultos: alternes, le- vantados , empubescidos , inferiormente roli- ÇC3, sem folhas, quasi gretados, superiormen- te angulosos, estriados, no topo inermes ; os 7nenores alternos , patentes , ou patentissiraos , hum tanto laxos angulados , estriados , empu- Ddd ^p4" FLOP.A- PHABMAGEUTICA bescldos , do comprimento de áms até seis pollegadas , ordinariamente incrnies no topo foliosos , tcdos form.ados dcs espinhos dos an- nos precedentes : espinhos angulosos, estriados todos compostos assim nos maiores como nos menores ramos, do comprimento de pollega- dá e meia até duas, rectos, patentes, alternos muitos triforquilhosos, poucos biforquilhosos nòs triforquilhosos o terminal mais comprido. Ramos fíoriferos, recentes perfeitamente iner- mes , foliosos , vernaes , esbranquiçados-ave- lutadòs , estriados , patentes , nascidos da axil- la inferior dos espinhos , do comprimento de huma e meia até duas poUegadas , contando o racirao, simplicíssimos-, mais compridos, e ra- mulosos os que nascerão nos topos inermes ramos mais adultos - Folhas: todas simiplices , quasi rentes, alternas^ humas quasi lanceoladas, outras ellipticas, ave- lutadas na orla, e nervura, no resto quasi gla- bras, de comprimento de três linhas, largura no meio de linha e meia; quasi fasciculadas na inserção do ramo, e ahi quasi redondas, três ou quatro vezes menores que as outras. Racimo : único era cada ramo folioso , terminal , com flores alternas , solitárias , hum tanto pa- tentes; pedúnculos avelutados de branco, com- primento de huma ou huma e meia linha ; bracteas três, mínimas, huma na origem do pedúnculo, duas oppostas hum pouco abaixo do calyx , apenas menores que a primeira. Caljx : perianthio monophyllo , quasi campanu- lado, nervoso, glabro , bilabiado; lábio supe- rior quasi do comprimento de linha e meia , profundamente fendido em duas lacinias , ova- das, agudas, avelutadas na orla ; lábio infe- E ALIMENTAR PÓRftJGUÈZA. .395' rior qiiasi linear , avelutado na orla , de com- primento de duas linhas , com três denticulos agudíssimos, o médio hum pouco mais com- prido e mais largo que os lateraes. Corolla : amarella , papiiionacea , pentapetala , murchosa : estandarte levantado, ovado, obtu- so , levemente mucronado , nos lados revirado, convexo para dentro, canaliculado no meio, por fóra concavo, quasi aquilhado, a sua u- 7/Z?^ canaliculada , encravada no receptáculo, comprimento o do lábio superior do calyx , o da lamina de quatro Hnhas , e largura duas na base : azas pendentes ou apartadas do es- tandarte , oblongas , quasi lanceo-ladas , conca- vas , largura de linha e meia , separadas da quilha , e hum pouco mais curtas qiue ella , as suas unhas prezas na base dos Filetes , e rnais curtas que o lábio superior do calyK : quilha pendente, pouco mais comprida que o estan- darte, quasi de duas pétalas, as suas unhas encravadas na base dos filetes, e do compri- mento do lábio saperior do calyx, as suas laminas quasi lineares, agudas, mutuamente applicadas, na margem da quilha unidas cora felpa até alem do meio, no topo unidas sem ella , finalmente separadas formando huma chanfradura aguda. Estames : /z/í'/€'.r todos- unidos abaixo do meio em hum tubo comprimido , descobertos , prolon- gados entre a quilha' e o estandarte, desig^uaes, os mais • compridos sao do comprm:iento da quilha; authefas quasi levantadas, amarellas, obtusas com quatro sulcos. ' ■ ^ Pisíillo : ^írm2/obk)ngo ,• linear- entre roliço, e hum tanto comprido , verde , glabro , do com- primento do.íu-bo .dosf.eêtámes ;' fj/jy/f/ié' asso- Ddd z.--. ' 39ó' FLORA PHA1\MACEUYICA - Velkdo , pallido , ascendente , hum pouco mais comprido que as pétalas e os estames, curva- do para o estandarte, fóra dos estames curva- do para dentro : estignid hum ponto quasi globoso, hum pouco mais grosso, que a extre- midade do estylete , quasi glabro. Vagem no ápice curvada cm fouce , glahra , fus- ca , comprimento de nove linhas, largura quasi de duas \ as válvulas semicylindricas , encosta- das ás suturas. Sementes lo até i8, ovadas quasi reniformes, lisas, nitidas, quasi lívidas, ou denegridas. Habita nos terrenos raros , e meio sombrios , nos arredores de Coimbra , e outras partes na Bei- ra, e Extremadura. Floresce em Março ;, e Abril. Arbusto. Sabor muito amargo. 348. G. tridentata. Carqueja. Caules arbustivos ramosos, alados; folhas sim- plices, curtas , tricuspidadas no topo : racimosi- nhos axillares, terminaes. Habita nos montes incultos, e matos baixos ^ em todas as Províncias do Reino. Floresce na primavera. Esta espécie não se acha nos Catálogos de Mat. Med. , mas alguns habitantes das nossas aldeãs usao das smumida- des floridas em infusão theiforme , e outros usão também da de cocção dos seus ramos com folhas ^ como diapho- r ético nas ajfecçÕes morbosas , a que elles chamão constipações ^ que não são senão principio de febre, 349. G. polygalaephylla. Giesteira d( folhas de po-, lygala* E ALIMENTAR PORTUGUEZA. "^C)^ Folhas siraplices , Janceoladas, por baixo d' hum assetinado verde; ramos estriados, roliços; ra- cimos quasi segundinos; bracteas avelutadas ; pétalas quasi iguaes. Habita perto do Gerez, e Serra d' Estrella , prin- cipalmente junto do Sabugueiro, e também, posto que raramente, nas ribanceiras do Mon- dego perto de Coimbra , e outras partes do norte do Reino. He hum a espécie nova do Doutor Brote- ro y que tem muita affinidade com a G. tinctoria ; e como Linneo dedicou ás of- ficinas esta ultima , faço menção delia na nossa Flora pharmaceutica. Spartium* Calyx campanuíado , escarioso no orifício, unilo- bado , ou quasi bilobo , dentes inferiores sec- cos, quasi çafados, ou nullos; quilha da co- rolla humas vezes produzida para diante , ou- tras dobrada para baixo, bifendida, ou dipera- la ; estigma avelutado ; vagem monosperma , ou polysperma. 35'0. S. grandiflorum. Em Port. Giesteira grandi^ jiora das seves. Folhas quasi todas simplices, as dos gomos mui- tas em cada fascículo, as primarias menores, quasi redondas , as outras alternas , ovadas- lanceoladas •, ramos angulados; flores lateraes, solitárias , ou duas a duas ; vagens perfeita- mente lanuginosas. Habita nos tapumes, nos montes arenosos ^ frios, ^^9^ FLOÍIA PHA.TIMACETJTICA. nas margens dos rios , nos sítios hum tanto sombrios nos arredores de Coimbra , e outras partes na Beira, e norte do Reino; mas rara na Extremadura. Floresce em Março, e Abril. Arbusto. (Brotero). Líipinus. Calyx bilabiado: quilha da coroUa bipartida na base : cinco antheras oblongas , e cinco quasi redondas: vagem coriacea , oblonga, hum tan- to comprimida , torulosa junto das sementes. 35'!. L. albus. Em Fort. Tremoceiro ordinário, Caljces alternos; inappendiculados , lábio supe- rior inteiro, o inferior com três denticules. Pharm. Alim. sementes. Semente orbiculada , comprimida ; casca branca , cotyledones louras. Cultiva-se nos terrenos magros , arenosos , princi- palmente nas Provindas do sul. Floresce na primavera. Annual. 35'2. L. prolifer. Tremoceiro ordinário da Beira, Calyces alternos , appendiculados ; lábio superior inteiro, o inferior quasi tridentado. Pharm. Alim. semente. Semente semelhante á da espécie precedente. Cultiva-se nos mesmos terrenos , que a espec]e antecedente , principalmente nas Provincias do norte, onde apparece quasi espontânea. Flores- ce na primavera. Annual. Sabor das sementes d'arabas estas espécies he in- tensamente amargo, o qual perdem pela mace- ração. Jd no tempo de Galeno ^ e Plínio consti- E ALIMENTAR PORTUGUEZA. 399 tuiãõ hum alimento uulgãr. Alguns Médicos , como Jíojfman^ e Simão Pau- lo ^ recearão nestas sementes humia po- tencia 'venenosa \ por isso prohibírao o seu uso interno \ o que he tanto menos fundado quanto he raro haver na fa- mília das Papilionaeeas planta alguma 'venenosa. Ononis, Calyx campanulado , partida em cinco lacinias , agudas ; estandarte maior que as outras péta- las, pintado de linhas de diíícrentes cores; va- gem túrgida, rente, sementes poucas. 35'3. O. spincsa. Em Fort. Resta-Boi ^ Rilha-Boi , Unha-gata. Flores racimosas , solitárias , axillares ; folhas ternadas , e simpUces ^ caules ascendentes , os mais novos inermes, os mais adultos espinho- sos. Pharm. raiz , herva. Raiz cylindrica , d' hum pé e mais de compri- mento, e da grossura d'huma penna de Cisne e muitas vezes d' hum dedo, fíbrillosa , exte- riormicnte fusca , descendente ; parenchyma hum, tanto solido, esbranquiçado, o centro r,ie- dullar estriado-radiado , cercado d' hum disco mais largo, miudamente reticulado, com es- trias longitudinaes , e frequentes. Caules muitos d'huma raiz, prostrados, roliços avelutados, d' hum pé, ramosos; ramos des- vairados, ou patentes, espinhosos; espinhos ri- jos , pungentes , do comprimento de meia pol- legada , foiiosos , íloriferos. AOO FLOKA PHARMAGEUTTGA. Folhas câulhías junto dos raminhos, alternadas , de curtos peciolos , ternadas, foliolos ovaes, obtusos , por cima hum tanto glabros , por bai- xo empubescidos , e serreados na margem , as dos ramos, e espinhos simplices. Estipulas solitárias , planas , largas , Imeares ob- tusas , ou troncadas , serreadas^ termmando a base do peciolo em lugar de bainha. Flores na summidade do caule , nos ramos ou nos espinhos , solitárias , de curtos pedúnculos , axillares das folhas , pequenas. Calvx perianthio, monophyllo , turbmado-tubu- loso , hirsuto , estriado , angulado , fendido em cinco lacinias lincares-lanceoladas , hum tanto obtusas, aquilhadas , levantadas, iguacs ; as quatro superiores parallelas , approximadas , a inferior posta debaixo da quilha da corolla. Corolla papilionacea , de comprimento dobrado do calyx y estandarte orbiculado , obtuso , ar- redondado , dobrado ao meio , ou mais depri- mido que as outras partes da flor , d' hum ru- bicundo claro , exteriormente empiibescido , le- vantado , estriado na base , a sua unha mais curta : azas duas , esbranquiçadas , cuneifor- m.es . de metade do comprimento do estandar- te, obtusas, quasi meio alabardinas na base, a 'sua tinha pequena , linear , curvada para dentro: quilha entre esbranquiçada e rubra, reniforme, com o topo quasi cónico, compri- mido, ascendente, e a base anterior e poste- rior mente fendida , quasi mais comprida que as azas , de unhas duas pequenas. Estames-.^/fí^J" dez, monadelphos na base, con- vexos , contidos na quilha : antheras quasi re- dondas, acenosas. Pistillo: germe sobreposto, hum tanto pequeno. E ALIMENTAIS PORfUGUEZÀ. 401 e^verdlnhado, ovado, hirsuto no topo : esty-^ lete filiforme, glabro, ascendente, mais com- prido que os esta mes; estigma ootuso. Habita frequente nos campos nos arredores de Coimbra , Lisboa , e outras partes em todo o Reino. Floresce era Junho , e Julho. Perenne. Raiz : sabor hum tanto doce , análogo ao d^a er- vilha •, cheiro análogo-, tenaz na masticação. Herva : cheiro , e sabor o mesmo , mas hum tan- to fétido. O Doutor Brotero tem esta espécie ^ como a. -variedade b, ou i.^d^On. arvensis de La Marck , e de Linneo {Spec. pi. ) : pare- ce por isso ser este sábio Botânico da. opinião de Loselio , á qual subscreve-^ rão Linneo, Haller , e outros eximias Botânicos , os quaes julgao que esta. planta em quanto nova he ineryne , e espinhosa depois de adulta , e que con- sequentemente havião duas variedades delia , a Ononis spinis carens purpúrea , e a Ononis spinosa flore purpúreo. Mas Rai , Guan , e outros, e ultimamente Retzio as declarao por espécies diffe- rentes. Smith unio em huma só a es- pécie que fica descripta com a Ononis repens, que nós não temos (^ao menos segundo as viagens de nosso Mestre por todo o Reino) , e teve a inerme por distincta espécie denominada arvensis, e hircina. fFildnow também a reputa co- mo hmiia espécie distincta , affirmando que a espécie spinosa nunca , e em par- te nenhuma carece de espinhos. Mas se- ja o que for , hç certo , opie .naç tem si- Eee 4<52 'FLORA PHARMACEUTICA do recebida nas Ojfícinas Tharmaceu- ticas senão a Ononis spinosa, e que hu- ma planta Tortugueza com tantas vir- tudes corno referem Galeno^ Dioscori- des, Simão Paulo , Matthiolo ^ Nebel , Aerel ^ Bergio^ e outros não deve fal- tar na Matcria Med. Portugueza, />r/«- cipalmente habitando em Portugal, Phaseolus. Calyx bilabiado, por cima chanfrado, por baixo tridentado, ordinariamente bibracteado; estan- darte revirado ; quilha com órgãos sexuaes dis- posta era espira ; vagem oblonga. 55'4. Ph. vulgaris. Em Fort. Feijoeiro maior de tre^ pa. Caule espiral , flores racimosas ; bracteas calyci- nas e patentes. Alim. Vagens recentes , sementes, A sua cultura , e propriedades alimenta^ res são tão conhecidas em todo o Pei- no ^ que nellas yne não devo ^ riem he necessário ^ demorar. 555'. Ph. multiflorus. Feijoeiro escarlate. Caule espiral , flores racimosas ; bracteas applica= das, ou encostadas ao calyx. Cultiva-se como o antecedente nas hortas. Flo- resce em Junho, e Julho. Annual. 356. Ph. nanus. Feijoeiro branco das searas ou me- 71 or. Caule levantado 5 liso j bracteas maiores que o E ALIMENTAR POUTUGUEZA. 4O5 calyx, vagens pendentes comprimidas, riigo-^ sas. Cultiva-se frequente nos campos de Coimbra , e em todo o Portugal, principalmente com o mi- lho grosso. Floresce no estio. Annual. o Nesta espécie e na primeira ha muitas 'variedades. Dolicbos, Caíyx: de quatro denticulos, o superior chanfra- do ; estandarte com duas callosidades parallelas na base, comprimindo por baixo as azas; qui- lha requebrada-falcada , ou rectângula ; vageríL oblonga de varias formas. 35'7. D. Lablab. Em Portuguez Feijão cutelinho. Caule espiral; vagens ovadas-alfanjadas ; semen- tes ovadas ; hilo arqueado para huma das ex- tremidades. Cultiva-se nas hortas nos arredores de Coimbra, Lisboa , e Porto. Floresce em Junho , e Julho. Annual. 358. D. Monachalis. Feijão frade. Caule levantado, meio espiral; flores poucas es- pigadas-capitosas ; calyces com três bracteas ; estigma calloso-rostrado ; vagens duas a duas hum pouco arqueadas , quasi roliças , depois ' pendentes; em torno do hilo huma nódoa ne- gra. (Brotero). Cultiva-se nos sitios hum tanto húmidos entre o milho grosso quasi em todo o Reino. Flo- resce no estio. Eee 2 404 FLORA PHARMACEUTICA Assim do fructo destas duas espécies , como do das duas antecedentes (35^4 e 35'6) se faz hum uso muito frequente em todo o Reino como alimento. Orobus. Calyx obtuso na base , de cinco denticulos os su- periores mais curtos, e mais profundos ; co- rolla longa ; estandarte inversamente cordifor- me ; estylete linear ; estigma superiormente avelutado ; vagem oblonga , roliça , ou hum tanto comprimida. 35'o. Or. Faba. Efu Fort, Faveira ordinária. Caule fistuloso , quadrangular , levantado ; folhas alternadamente pinnuladas , foliolos ovaes , ga- vinha assovellada quasi nulla ; hilo terminai arqueado. Fharm. caules, sementes, flores. Alim. semen- tes. Cultivão-se em Portugal nas hortas, e campos três variedades principalmente : i.3 Faba maior, Fava ordinária y a.^ Faba mediocris , Fava de Mazagao ; 3.3 Faba minor sive equina , Fava d'*Hollanda. Floresce era Março , Abril , e Maio. Annual. O Doutor Brotero associou esta planta, antes ao Orobus, que ás Vicias pelas suas gavinhas curtíssimas , e assovel- lada s : advertindo que a não ser as- sim , constituiria hum género próprio. E ALIMENTAR POKTUGUEZA. "4O5' Pisam, Calyx , e corolla do género seguinte ; estylete triangular, por cima aquilhado, empubescido, vagem oblonga ; sementes globosas. 360. P. sativum. Em Port. Ervilha ordinária. Peciolos roliços j estipulas inferiormente arredon- dadas; pedúnculos muítifloros. Alim. sementes , vagens. Cultivão-se muitas variedades, têmporas ou se- rôdias \ de caules maiores ou menores , e tam- bém anãas ; de vagens compridas ou curtas, casca dura coriacea ou tenra \ de sementes pe- quenas ou grandes , ordinariamente globosas , e raras vezes quasi cubicas, de cor varia como a da corolla. Floresce em Abril, e Maio. An- nual. .361. P. arvense. Ervilhas miúdas, Peciolos tetraphyllos ; estipulas crenadas ; pedún- culos unifloros. Alim. sementes. Cultiva-se nos campos , e também occorre espon- tânea por causa das sementes não aproveitadas. Floresce na primavera. Annual. Lathyrus. Calyx fendido em cinco lacinias , as duas supe- riores mais curtas ; estandarte maior que as azas e quilha; estylete plano, superiormente mais largo ; estigma anteriormente avelutado -, vagem oblonga, \ J^OC FLORA PHARMAGÊUl^rCÁ 362. L. cíccra. Em Porí. Chicharos miúdos. Pedúnculos uniíloros; gavinhas diphyllas; vagens oblongas, hum tanto chatas, canaliculadas no dorso, e quasi nuUamente aladas. Habita nas searas dos cereaes nos arredores de Coimbra , e outras partes da Beira , Extrema- dura, e Alcmtejo. Floresce era Abrill, e Maio. Annual. 363. L. sativus. Chtcharos grossos ^ ou ordinários. Pedúnculos unifloros ; gavinhas de dois ou de quatro íiosj vagens ovadas, de duas azas no dorso. Cultivâo-se nos campos frequentemente ou sepa- rados, ou de mistura com outros legumes. Flo- resce em Junho , e Julho. xAnnual. 364. L. amphicarpos Chi eh ar os subterrâneos. Pedúnculos unifloros quasi do comprimento da vagem , de duas sedas, articulados, engrossa- dos por cima da articulação; gavinhas ordina- riamente de dois fios, ou simplicíssimos; flo- res caulinas, e subterrâneas férteis. Raiz : no collo da grossura d' huma penna de gal- linha , inferiormente ramosa , annual ou bien- nal. Ramos subterrâneos : primeiro nascidos a duas ou três pollegadas do collo , todos flexuosos , esbranquiçados , grossura d' huraa linha com- primento de huma e meia até quatro pollega- das ; huns horisontaes , outros oblíquos para baixo ; sem folhas , mas com estipulas , denta- das-multindas , comprimento dua-s até três li- nhas , glabras , esbranquiçadas, rentes , semiam- plexicaules, alternas , distantes de meia até hu- raa pollegada era cada ramo. Flor huma da axilla de cada estipula , nascida duas até três pollegadas abaixo da terra , ova- E ALIMENTAR POP.TUGUEZA. 4O7 da , aguda , topo voltado para a superfície da terra, esbranquiçada, pedunculada ; peàiinculos filiformes, glabros, primeiramente curtíssimos, depois pouco e pouco crescendo, finalmente na maturação do fructo até três linhas de com- primento , articulados no meio , na articulação duas bracteas minimas capillares , voltadas pa- ra a superfície da terra juntamente com a flor e fructo, ainda que o topo do ramo se incline mais ou menos para baixo. Calyx monophyllo, campanulado, de cinco den- tes, membranaceo, esbranquiçado. Corolla papilionacea , tenuissima, todas as péta- las assovelladas, quasi semelhante á suprater- ranea , sempre coberta do calyx, primeiro ab- solutamente branca , depois só na orla hum tanto purpúrea , e então rota pelo fructo , e igualmente o calyx, murchosa. Estames : filetes unidos somente na base , nppro- ximados do germe, esbranquiçados, levanta- dos : antheras todas approximadas do estigma, ovadas-quasi-redondas , de cor entre branco e verde, bicellulares, sem.pre fechadas. Pistillo: germe quasi lanceolado , complanado, glabro , esbranquiçado , com hum sulco , ou canaliculado no dorso: estylete curtíssimo, as- sovellado , ievantado : estigma obtuso , hum tanto crasso, quasi capitoso. Vagem mais comprida que o pedúnculo, oval^ mucronada , mais crassa , e de duas azas na su- tura seminifera, na opposta aquilhada, ordi- nariamente monosperma (duas ou três semen- tes abortivas) amadurece a duas ou três polle- gadas debaixo da terra. Semente quasi globcsa da grandeza d' hum grão 4oS FLORA PHARMACEUTICA ^ de pimenta negra , hum pouco maior que a das vagens caulinas, d' hum verde claro, com den- sas manchas côr de tijolo-fuscas. Catiles siipraterraneos muitos d'huma raiz, en- tre prostrados , e levantados , de dous pés ou hum pouco mais , simplicíssimos , raras vezes simplices angulados , glabros. Folhas alternas , d' hum par de foliolos levanta- dos, glabros, integerrimos , de três nervuras, no fundo do caule quasi ovaes , mucronados , para o cimo lanceolados : peciolo d'huma e meia até três linhas de comprimento , três ve- zes menor que os foliolos, aquilhado, por ci- ma canaliculado : gavinha de dois fios , ou simplicíssima , mais curta que os foliolos. Estipulas meio-alabardinas , aguçadas , na sinuo- sidade unidentadas , muito mais compridas que o peciolo, mais estreitas que os foliolos. Flores sempre para o cimo do caule huma até três, axillares: pedúnculo de meia até huma poUegada de comprimento , hum pouco mais curto que a folha , e quasi igual á vagem , le- vantado, roliço , glabro , articulado duas linhas abaixo do calyx, na articulação com duas bra- cteas , oppostas, çafadas, ou com quasi dous denticulos minimos , he desde a articulação até ao calyx de dobrada grossura. Calyx verde, de cinco dentes, os dous mais su- periores mais curtos. Corolla , estaraes, e pistillo como no L. cicera\ vagem oval-oblonga , mucronada , glabra , de seis até nove linhas de comprimento, e cinco de largura, he d' huma e d'outra parte canali- culada nas suturas , de duas azas , ou membra- nas , e de duas ou três sementes. Sementes obtusamente anguladas, quasi em for- E ALIMENTAR PORTUGUEZA. 409 ma de cnnha, d' hum verde pouco elegante, com densas manchas fuscas. Habita nos montes argillosos-calcareos, e pelos caminhos nos sitios calcareos perto de Coim- bra , e de Lisboa , nos montes de Monsanto. Floresce em Maio , Junho , e Julho. Annual. Não sei que esta planta notável pelas suas partes subterrâneas e suprater- raneas se ache em Catalogo algum de Mat. Medica nem como alimento , nem como medicamento \ mas resolvi-me a dar aqui a traducçao da sua descri- pção do Doutor Brotero na sua Phyt, Lusitana , por ser este Mestre de opi- nião que o Lath. tuberosus que Grisley^ e D'' Vandelli affirmao crescer em Por- tugal , se deve talvez referir a este ; e sendo certo que o Lath. tuberosus se acha em algumas Mat. Medicas covão^ alimento mais carregado ainda de ma» teria nutritiva que as batatas ( Sola- num tuberosura) e que alem disto são nutrientes os fructos de muitas espé- cies deste género, he de esperar que o conhecimento desta planta excite a cu-*, riosidade de a experimentar. Astra^alus, O' Calyx de cinco dentes ; estandarte mais compri- do que as azas e quilha ; vagem curta , ou ob- longa , bicellular , bivalve , válvulas longitudi- nalmente sem dentes. Fff '4'^0 FLOI^A PHATlMACETJTtCX " 365'. A. poterium. Eiri Port. Alquittra do Algar- ve. Caule arbustivo . ramoso ; peciolos hum tanto es- pinhosos no topo; foliolos assetinados de bran- co; pedúnculos axilares, solitários, muito mais curtos que as folhas; vagens quasi duas a duas hum pouco mais compridas que o calyx. Habita perto de Sagres junto do Cabo de S. Vi- cente no Algarve. Floresce na primavera. Ar- busto. Esta espécie parece ser a 'variedade ^ do Ast. Tragachanta de Linneo , que pro- duz a gonima Tragachanta, ou Alqui- tira , que a travéz da casca sabe da medulla do tronco e ramos ; penetra as fibras lenhosas e corticaes no estado de liquido^ e pelo contacto do ar se conden- sa : por esta razão se acha adherente á superficie da planta na forma de la- minas rugosas , da grossura d* huma Unha pouco mais ou m^nos entortilha- da d maneira de intestinos , ou de grãos ordinariarãente côncavos^ como se pode ver na estampa de Tournefort (Voyage du Levant); a cor he branca ou loura : ^ primeira como mais pura. he destinada aos usos médicos^ a outra aos dos artistas : a que se acha nas oficinas vem da Turquia. Mas podere- mos nós obtela da nossa planta ? 1l>íZ' se que os arbustos Europeos dão muito pouca ou nenhuma gomma ; mas este enunciado não decide a questão: he pos- sivel que os arbustos do Oriente mais humedecidos dêm mais fácil passagevti a travéz dos seus tecidos a este li- E ALIMENTAR PORTUGUESA. 4H' fíuido mucoso , que o terreno do mesmo paiz ministre princípios nutrientes a este vegetal , q?íe pelas leis da sua economia se convertao neste principio , e o torne mais abundante \ ?nas ^ se- gundo as leis de toda a economia uiva, desta causa não pode resultar outro efeito^ que não seja maior ou menor quantidade dos principios iynmediatos vegetaes , produzidos pela acção dos órgãos respectivos : d''onde , eu jtdgo , se pode concluir que este vegetal ,_ ha- bitando em Portugal, deve produzir os mesmos principios que no Oriente com a diferença referida : e daqui se con- clue também que os conhecimentos Geo- gráficos e Mineralógicos do paiz , em ciue este vegetal no Oriente cresce es- pontaneamente , podem habilitar para em Portugal se lhe dar tal cultura , que produza também entre nós a gom- via adragante , ou tragacantha ^ tanto e mais abundantemente. 366. Cymbsecarpos. Astragalo saveirinho. Caule herbáceo, quasi piloso, prostrado; foíio- los quasi*em cunha, obtusamente chanfrados; vaí^eiís glabras , rugosas-verrucosas , íunuladas , rostradas, por baixo hum sulco profundo, pou- co e pouco mais enturaescidas para a base ; pe- dúnculos do comprimento dos folioios , passa- da a anthese mais compridos. Raiz annual , fusiforrae , esbranquiçada , no collo da grossura d'huma penna de pato, do com- primento d' hum pé e meio. Caules: muitos, do nó do collo da raiz ( 15 até Fff 2 41^ íLOíiA phArmaceuticá; iS) postos circularmente, prostrados inferior- mente roliços, quasi angulosos, e sulcados do meio até ao topo , hum tanto pilosos ; com pelos curtíssimos, acamados, esbranquiçados; do comprimento de meio até hum pé e mais , grossura d' huma penna de pomba ; ramos da base até o topo, axillares, alternos, curtos, ordinariamente simplicíssimos. Folhas: alternas, pinnuladas com impar , entre levantadas e patentes , comprimento de três e mais pollegadas ; peciolo coramum meio roli- ço, por cima canaliculado, hum tanto piloso j IO, II, 12 pares de pinnulas , foliolos (quasi como na Ervilha ordinária. Vicia sativa Lin.) oppostos , quasi rentes, verdes, por cima gla- bros, por baixo empubescidos, todos profun- damente chanfrados, as orlas marginaes inte- gerrimas , quasi empubescidas ; nas folhas fun- deiras inversamente cordiforraes, e mais cur- tos, nas superiores quasi em cunha, algumas ás vezes quasi lanceolados ; largura linha e meia , comprimento três até quatro. Estipulas : duas, ovadas, acuminadas, interior- mente glabras , exteriormente empubescidas , integerrimas, celheadas, entre verdes e flavas , quasi amplexicaules , d' huma parte adunadas inferiormente defronte da folha , da outra quasi desunidas na base do peciolo ; largura de duas e meia linhas, comprimento quatro ou cinco. Pedúnculos : na parte superior do caule e dos ra- mos solitários, axillares, ascendentes, angulo- sos, sulcados, empubescidos, do comprimento da folha, ou hum pouco mais na anthese, de- pois mais compridos que ella huma e mais pol« legadas» E ALIMENTAR PORTUGUEZA. '413 Flores: quasi capitosas-espigadas , quatro ou cin- co , levantadas ou patentes ; pedúnculos par- ciaes muito poucos, quando os ha. Bractca : única , hum pouco aguçada , quasi lan- ceolada , e quasi erapubescida , do comprimen- to do calyx , contando os dentes deste. Perianthio monophyllo, quasi gomiioso , verde, quasi empubescido de pelos mínimos, fuscos, com cinco dentes assovellados, iguaes em com- primento , os dous superiores hum pouco mais largos , hum tanto revirados ; de duas e meia linhas de comprimento, contando os dentes, huma linha e quasi nada mais de largura abai- xo dos dentes. Corolla : papilionacea , humas vezes esbranquiça- da , outras declinando para purpúrea. Estandarte: elliptico, quasi recto, interiormen- te canaliculado, exteriormente levemente aqui- Ihado , lados voltados para fora , chanfrado com huma agudeza rainima , mais comprido que o calyx duas e mais linhas , que as azas huma e meia : azas oblongas, obtusas , rectas , concavas , huma linha mais compridas que a quilha: qtàlha do'comprimento do calyx (não contando os dentes deste), topo integerrimo, ordinariamente esbranquiçado, no topo de ca- da parte huma macula purpúrea. Estames : filetes esbranquiçados curvados para dentro: antheras amarellas, ovadas-quasi-re- dondas , bicellulares, cobertas da quilha. Pistillo : germe lanceolado , glabro , liso , entre verde e íiavo : estylete assovellado, remoutan- te , de comprimento dos estames, quasi ama- rello , persistente : estíg?na minimo , hum tan- to globoso. Pericarpo : vagem huma ou duas era cada pedun- AT4 FLOKA PHARMACEUTICÁ culo commum, bicellular (ou antes composta ta de duas adunadas , bipartivel) células de huraa parte convexas, d'outra planas, lunular , glabra, rugosa , hum tanto verrugosa rostra- da inferiormente hum sulco profundo , túmi- da' pouco e pouco mais larga para o meio . ( ahi de duas linhas) , huma poUegada de com- primento, não contando o rostro, o quai he fistuloso, curvado para dentro, e de quatro li- nhas de comprimento: sementes dez ate doze em cada cellula, reniformes, hum tanto com- primidas, flavas, ou ferrugineas , e hum tanto Habkf nos terrenos magros da parte boreal da Beira, e também, posto que raramente na quinta de ViUa Franca perto de Coimbra ao lonsfo do Mondego. Raiz: sabor herbáceo, todas as mais partes, sa- bor amargo. Esta espécie he verdadeiramente nova, e descoberta pelo nosso lllustre Brote- ro (Vej. a sua Phyt. Lusit.) o qual re- metteo a Wtlldenow as sementes da mesma •, e este Botânico dèo no hp. plant. de Linneo as notas especificas ti- radas da planta creada em vasos , as quaes para se notar a diferença co- piei aqui. A. cymbiformis. Astragalo saveirinho auasi sem caule , foliolos ^unei formes despon- tados ; flores quasi rentes ; vagens ovadas-tri gumeas, canalicuiadas , glabras ; quasi sem pe- Q mesmo Botânico, cultivando-o em ter- E ALIMENTAR PORTUGUEZA. 415' reno aherto , ohteve-o caulescente \ de caule ctirtissimo , prostrado. Consequentemente nao se acha em Catalogo algum de Mat. Medica : as propriedades a inculcao digna de a submetter ás obseruaçÕes medicas^ e analyse chimica , a fim de a julgar^ therapeuticamente. Trifolium, Calyx tubuloso, fendido em cinco lacinias, per- sistente ; quilha simples , mais curta que as azas , e estandarte ; vagem pequena , ordinaria- mente coberta do calyx , ou ás vezes nua , le- vemente mais comprida que elle , levemente aberta , decadente j semente huraa , raras vezes duas até quatro. 367. T. melilotus officinalls. Em Fort, Meliloto , Trevo de cheiro ^ Coroa de Rei. Vagens racimosas , nuas , de duas sementes , ru- gosas , agudas ; caule levantado. Pharm. herva , flores , sementes. Raiz : fusiforme , fibrillosa , exteriormente palli- da , interiormente branca. Caules muitos d' huraa só raiz , levantados , de dous, três, e mais pés d'altura , roliços, gla- bros, verdes, de três ângulos á maneira de li- nhas elevadas , e decursivas , parallelos , re- motos, ramosos; ramos alternos, levantados, angulosos, glabros , estriados. Folhas alternas , pecioladas , ternadas ; foliolos ovacs-oblongos, despontados, agudamente ser- reados na margem, quasi d' huma pollegada, 41^ FLORA PHA^MACEUI^ICA glabros cl'ambas as partes , superiormente de hum verde escuro, por baixo mais pallidos; nervuras ténues, quasi oppostas , obliquas á dorsal;, os dous foliolos inferiores quasi ren- tes, o intermédio hum pouco maior, peciola- do , topo voltado para cima. Os peciolos supe- riormente sulcados , ovados na base , hum tan- to côncavos, amplexicaules. Estipulas : duas , oppostas , lineares-assovelladas , pequenas. Racimos das flores : axillares , pedunculados , le- vantados , quasi cylindricos , mis , empubesci- dos , segundinos , de flores pedunculadas , ace- nosas. Bracteas: pequenas, lineares-assovelladas, quasi pilosas , solitárias nos pedúnculos , mais curtas que elles. Calyx: perianthio campanulado, hum tanto pe- queno , miudamente erapubescido , orla de cin- co lacinias , agudas, levantadas. Corolla : araarella , três vezes mais comprida que o calyx ; estandarte inversamente ovado , ob- tuso-arredondado , chanfrado, plano, aquilha- do , quasi revirado ; a sua tinha concava ; azas duas , lineares , obtusas , do comprimen- to do estandarte , na base mui alabardinas ; quilha navicular, convexa no dorso, quasi do comprimento das azas , a sua unha linear. Estames : filetes dez , hum simples , outro fendi- do em nove lacinias , contidos na quilha ; an^ theras quasi redondas. Pistillo : germe linear-oval, agudo d'ambas as partes , esverdinhado , comprimido ; estylete assovellado , do comprimento dos estames ; es- tigma simples. Vagem: pendente, mais comprida que o calyx, Ê ALIMENTAR PORTUGUEZA. 417 oval , aguda d'ambas as partes, convexa no dorso, margem anterior aguda, toda rugosa, unicellular ; sementes duas , quasi redondas. Habita junto ao Douro , em Tras-os-montes , e outras partes ao norte do Reino. Floresce em Junho, e Julho, Annual. Cheiro suave; sabor hum tanto amargo. 368. T. repens. Trevo reptante. Flores capitosas-umbelladas ; vagem de quatro sementes ; caule reptante. Pharm. Flores. Umbella simples , de longos pedúnculos , capi- tosa-globosa ; pedúnculos hum tanto roliços , unifloros , os superiores pouco e pouco mais compridos. Bracteas : solitárias , pequenas , raembranaceas , ovadas-oblongas, aguçadas, mais curtas que os pedúnculos. Calyx: perianthio , monophyllo, esbranquiçado, de dez ângulos, de cinco lacinias, assovellas, quasi iguacs , as duas superiores hum pouco mais compridas. CoroUa : branca , papilionacea ; estandarte oval , obtuso , muito mais comprido que o calyx , piano , a sua unha oblonga , concava \ azas duas, quasi ovadas , obtusas , meio alabardi- nas , mais curtas que o estandarte , as suas tmhas lineares; quilha navicular, hum tanto aguda, do comprimento das azas. Estaracs: jí/^f/é-x hum sim.ples, outro profunda- mente dividido em nove , occultos na quilha \ antheras ovaes , bilobadas , vacillantes. Pistillo: germe linear com o rudimento de qua- tro sementes, verde, glabro ; estylete assovel- lado , no topo curvado para deniro , mais com- prido que os estaraes; estigma obtuso. Ggg 41 S TLOBA PHATIMACEUTIC\ Habita nos prados, relvas hum tanto húmidas, e sombrias, nos arredores de Coimbra, Lisboa, e outras partes quasi, era todo o Reino. Flo- resce cm junho , Julho , e Agosto. Perenne. Cheiro análogo ao do mel, sabor quasi nuUo. Glycyrrhiza. Calyx bilabiado ; lábio superior dentado , des- igual j o inferior integerrimo , linear; quilha de duas pétalas ; vagem quasi lanceolada , cha- ta. 369. G. glabra. Em Port, Alcaçús ordmario, ou Re- goliz. Vagens glabras ; estipulas nullas ; folhas pinnula- das, o foliolo impar peciolado. Pharm. raiz. Raiz sarmentosa , profundamente descendente , reptante-, ramos roliços, exteriormente ferru- gineos , da grossura d' huraa penna de escre- ver , ou do dedo minimo . ou do pollegar \ fi- bras radicantes , dispersas ; parenchyma quasi carnoso, hum tanto amarello, centro raedullar quasi redondo , hum tanto pequeno , disco sal- picado, radiado-estriado, com raios do centro para a peripheria, e dous círculos, o interior mais flavo. Habita nos sitios hum tanto húmidos nos arredo- res de Torres Vedras , nos marachões húmidos dos campos entre Vallada e Castanheira, e ou- tras partes na Extremadura e Alemtejo, e tam- bém pelo norte da Beira , segundo o Author da Pbarmacopéa do Porto. Floresce em Ju= lho, e Agosto. Perenne. Sabor inteiramente doce» E AMMENTA^ PORWGUEZÃ. 419 Trigonella. Calyx de cinco lacinias , quasi igual ; corolla pe- quena; azas, e estandarte patentes, aíFectando huraa corolla de três pétalas, e igual; vagem oblonga , aguçada , quasi falcada. 370. T. foenum-grsecum. Em Portug. Feno grego, Hervinha , ou Alforva. Vagens rentes, conchegadas, hum tanto levanta- das, quasi falcadas, aguçadas; caule levanta- do. Phartn, sementes. Sementes: oblongas, hum tanto roliças, tronca- das d'ambas as partes, glabras , escuras, se- meadas de átomos excavados, incisura lateral formada d'huma estria deprimida, decursiva d' huma e outra parte ; sao da grandeza da se- mente do Canamo , ou maiores ; parenchyma cotyledoneo, hum tanto amarello. Habita entre as searas na Extremadura , e x\íem- Tejo. Floresce na primavera. Annual. Cheiro fragrante; sabor o da semente da Ervi- Iheira, análogo ao cheiro; mucilaginosa. Ervu m. Calyx de cinco dentes; corolla pequena; estan- darte hum pouco mais comprido que os dentes do calyx; estigma ordinariamente hum tanto glabro; vagem oblonga, ordinariam.ente hum tanto torosa junto das sementes; estas duas até cinco. 420 S^LORA. PHARMACETJTICA 371. E. lens. Eyn Port. Lentilha ordinária. Pedúnculos ordinariamente bifíoros ; sementes convexas d'huma e outra parte. Alim. sementes. Cultiva-se frequente nos terrenos magros do sui do Reino, onde he quasi espontânea entre as searas em muitas partes da Beira, e nos montes dos arredores de Lisboa. Floresce na primave- ra. Annual. Cheiro quasi nullo ; sabor o das ervilhas. 372. E. ervilia. Oroho das Boticas^ Ervilha de pom.' ho. Folhas pinnuladas , terminadas em huma gavinha curtíssima \ germes ondeados-franzidos ; vagens glabras , torulosas , ordinariamente de quatro sementes. Habita nos sities calcareos entre as searas nos ar- redores de Coimbra , e outras partes na Beira. Floresce em Maio , e Junho. Annual. Willdenov) traz esta espécie entre as do género Vicia. Cicer. Calyx fendido em cinco lacinias , do comprimen= to da corolla , vagem rhomboidea, túrgida j sementes duas, cada huma d' hum rostro curto. 373. C. arietinum. Em Fort, Grãos de bico. Caule levantado; foliolos, e estipulas serreadas, hum tanto villosas ; pedúnculos ordinariamente unifloros , solitários , terminados n' hum fio. Pharm. Herva. Aiira. e Pharra, Sementes, t ALIMENTAI PORTTTGUEZA. ^2f Este vegeta/ he cultivado em todas as Prcviíicias do P^ehío em ra5 Os caules, folhas, e flores desta plan- j) ta , sendo pisados mostrao ser aroma- jj ticos , e amargos \ a sua infusão he » usada em Lisboa , e no Levante , com jj feliz successo, para fazer expellir as 5> arêas dos rins, e bexiga, e mitigar as » dores que delias procedem. He bera jj fácil de se conhecer pela abundante » felpa branca , de que he toda guarne- ^ 55 cida. Linneo a considerava como hu- 5? ma espécie da Athanasia , mas Will- 55 denow , e Smith a mudarão para a 55 Santolina com justa razão , pela fal- 55 ta de pappilho nas sementes, e outras 55 notas. 55 E ALIMENTAR PORTUGUEZA. 447 Eupatoriuyn. Calyx obloníTO , quasi cylindrico , escamas des- iguaes, imbricadas, paiicifloro ; estylete cora- pridissirno , bifendido até os estames , receptá- culo mi; panpiiho quasi plumoso, ou capillar* 370. E. cannabinum. Em Fort. Eupatorio d''Avice^ na , ou Trevo cervino. Folhas digitadas. Pharm. Jierva , raiz. Raiz cylindrica . perpendicular , inferiormente hum tanto inclinada para a banda, e hum tan* to tuberosa , fibrosa , ramosa. Caule : levantado , estriado , hum tanto purpú- reo; ramos axillares das folhas. Folhas: digitadas, foliolos três ou quatro, sa- gittados-dentados ; dentes próximos ao pecio- Jo agudos, do meio da folha por diante ob- tusos, os das folhas cimeiras quasi nullos. Habita nos sítios húmidos, nas bordas dos rios, e ribeiros pelas Provincias do norte. Floresce no estio. Perenne. Cheiro aromático j sabor amargOo 44^ FLORA PHARMACEUTICA ORDEM 2.' Poligamia superjiua. Artemísia, Culyx quasi ovado; escamas apertadas, imbrica- das, corollulas do raio poucas, assovelladas, sem dentes , ou quasi nullas ; receptáculo pla- no, mi; pappilho nullo. 398. A. vulgaris. Em Fort. Artemísia verdadei- ra. Folhas pinnatifidas , planas , recortadas , por bai- xo cotanilhosas ; racimos simplices recurva- dos ; raio da flor quasi de cinco flosculos. Pharm. herva. Caule : levantado, de dous ou três pés, roliço, estriado-angulado , lanuginoso , ramoso; ramos vergonteados , simplices, estriados, empubesci- dos , entre levantados e patentes, os inferiores pouco e pouco menores. Folhas planas, alternas, rentes, de duas polle- gadas , superiormente verdes , glabras , linea- das, por baixo cotanilhosas, cinzentas, pinna- tifidas ; lóbulos quasi oppostos , lanceolados, agudos , pinnatifidos ; com as suas lacinias li- neares-lanceoladas , hum tanto agudas , quasi dentadas ; os lóbulos inferiores inteiros , os fundeiros lunulados, postos em torno do caule em vez de estipulas. Panicula : terminal , vergonteada , formada de racimos compostos , alongados , foliosos , nos ramos terrainaesj os racimulos axillares, dos E ALIMENTAR PORTUGUEZA. 449 foliosos, são simplices , unilateraes i flores de curtos pedúnculos. Folhas fíoraes quasi patentes , as inferiores pin- natifidas, as cimeiras simplices , lineares, quasi do comprimento das Fiores. Calyx commum oblongo , ordinariamente cotani- Ihoso ; escamas levantadas , as inferiores li- neares , as superiores ovaes-oblongas , hum tanto obtusas , membranaceas. Corolla composta discoidea , do comprimento do calyx, troncada ; a própria do disco her- maphrodita , cinzenta, o tubo filiforme, a orla turbinada, na abertura de cinco lacinias revi- radas ; a do raio feminina , setacea , a orla bi- fendida ou nulia. Estames: filetes cinco capillares; antheras for* mando hum corpo cylindrico tubuloso , (con- formemente ao caracter clássico) dentro da corolla. Pistillo : germe em humas.e outras coroUas , oval , obtuso , glabro , nú \ estylete setaceo , mais comprido que a corolla \ estigmas dous , lineares , recurvados agudos \ receptáculo nú. Habita nos monturos , e campos cultivados do norte do Reino. Floresce em Julho, e Agos- to. Perenne. Folhas : cheiro forte e quasi rancido. Fiores chei- ro mais forte; sabor herbáceo pouco amargo. 399. A. palmata. Artemisia apalmada , ou das praias. Folhas simplesmente pinnuladas, algumr.s laci- nias bifendidas. Habita nos sirios mnritiraos de Tavira, Alciícer, e Alfeite. Floresce no estio. zVrbustu baixo. lE^sta espécie não se acha nos Catálogos LU 4) o FLOR A PHARMACEUTICA de Mat. Med. : eu a menciono aq^ui por ser , segundo o Doutor Brotero , huma variedade da A. maritiraa , e esta ser bum a espécie oficinal. 400. A. panlculata: Artemisia paniculada ^ Ahrota- no macho do Reino , Herva lombrigueira. Caules numerosos, arbustivos, levantados; fo- lhas multifidas , cora lacinias setaceas \ calyces luzidios. Habita perto do Peso da Regoa nas fraldas da Serra d' Estrella , e outras partes pelo norte da Beira. Floresce no estio. Arbusto. Cheiro fragrante, forte, quasi inebriante , agra- dável; sabor aromático. Parece ser variedade da A. abrotanum. '401. A. campestris. Ar temi si a dos campos. Folhas multifidas com lacinias lineares ; caules prostrados , vergonteados. Habita nos c-ampos , e pelos caminhos nos arre- dores do Porto. Floresce desde Julho até Se- tembro. Perenne. Cheiro aromático. Ahsinthium, Calyx quasi globoso , escamas obtusas , aperta- das, imbricadas; floscuJos do raio de corollu- las assovelladas , sem dentes; receptáculo ave- lutado; pappilho nullo. 402. A. oíficinale. Em Fortug. Losna ordinária , ou Ahsinthio vulgar. Folhas compostas, multifidas; flores quasi glo- bosas, pendentes. Fharm, herva. E ALIMENTATl VORTUGUEZA. 45'! Caule: levantado, de dous pés, roliço, aveluta- do, esbranquiçado, estriado-angulado , panlcu- ladamente ramoso; ramos dispersos, axiJhres das folhas, estriados, simplices; os superiores mais curtos. Folhas: alternas, pecioladas , planas, miudamen- te ponteadas, vilosas , molles , pinnatindas, com lacinias lineares, hum tanto obtusas; as superiores rentes, cuneiformes, trilobadas ; as cimeiras inteiras , lineares-lanceoladas. Racimos: terminaes nos ramos, compostos, fo- liosos , segundinos , vergonteados ; flores pe- dunculadas, acenosas. Bracteas : lineares-assovelladas , nos pedúnculos. Calyx commum: quasi globoso, escamas exte- riores cotanilhosas , mas poucas ; as interio- res ovadas, escariosas , ferruginosas, aveluta^ das na quilha, hum tanto conchegadas. Corolla composta : hum tanto convexa , hum pouco mais comprida que o calyx , ferrugi- nea-araarellada ; a própria do disco herma- phrodita , tubulosa , na orla fendida em cin- co lacinias ; a do raio feminina , assovellada , obtusa. Estaraes: filetes cinco, capillares, cada hum com sua anthera ^ formando pela sua união hum _ corpo cylindrico, tubuloso, mais curto que a corolla. Pistillo em ambas as corollas : germe inversa- mente ovado , glabro; estylete assovellado , hum pouco mais comprido que a corolla ; es- tigmas dous, patentes; os do disco lineares troncados ; os do raio assovellados ; receptácu- lo avelutado. Habita nas ribanceiras do Douro junto ao Porto. Floresce em Julho, e Agosto. Perenne. LU 2 45*2 FLOKA PHARMACEUTICA Cheiro forre, fragrante, quasi inebriante j sabor intensamente amargo. O Doutor Brotero estaheleceo na Flora Lusitanica este género^ no qual metteo a espécie referida pertencente ao gene- TO Artemísia de Linneo ^ assim como a seguinte. 403. A. arborescens. Losna arbustiva do Algarve. Folhas compostas, multifidas, brancas, com la- cinias lineares ; flores quasi globosas. Habita nas praias, e tapumes no Algarve. Flo- resce em Julho , e Agosto. Arbusto. As mesmas propriedades que a espécie antece- dente» Tanacetum^ Calyx hemispherico , escamas apertadas , imbrica- das; corollulas do raio tridentadas; receptacu- Io convexo, nú ; pappilho nullo , era lugar deste huma coroa mini ma membranacea. 404. T. vulgare. Em Port. Tanaceto, ou Athanasia das boticas. Folhas bipinnuladas , recortadas, serreadas. Pharm. herva , flores , sementes. Caules: muitos d' huma só raiz, levantados, ro- liços , estriados-angulados , glabros , de dous ou três pés , superiormente ramosos ; ramos al- ternos, levantados, simplices, também estria-- dos-angulados. Folhas: alternas, rentes, amplexicaules , verdes d' huma e outra parte, glabras, semeadas de E ALIMENTAR PORTUGUEZA. 45*3 pontos escavados opacos pinnuladas; pinnulas rentes , lineares-lanceoladas , reccrtadas-pinna- tifidas 5 serreadas ; as ií^feriores rentes ; as su- periores decursivas na nervura commum até á pinnula próxima. Corymbo: terminal no caule, e nos ramos, ani- velado. Bracteas : lineares-assovelladas , nos pedúnculos. Calyx : hum tanto glabro , entre amarello e es- verdinhado, imbricado j escamas lanceoladas^ agudas, escariosas no topo, acinzentadas. Corolla composta : convexa , amarella , quasi igual , discoidea , hum pouco mais comprida que o calyx; ^ própria hermaphrodita , tubu- lada , estriada-angulada na orla quinquefida aguda , levantada j no raio pouquíssimas femi- ninas, mais estreitas, trifidas. Estames : segundo a classe, e mais curtos que a corolla. Pistillo : germe oblongo, glabro, nú ; estylete setaceo , mais comprido que a corolla; esti- gmas dous , recurvados ; receptáculo mi. Sementes: pequenas, cylindricas-turbinadas ^ an- guladas, rroncadas d'ambas as partes. Habita na Serra do Marão , junto das povoações em Tras-os-montes. Floresce em Juliio até Se- tembro. Perenne. Folhas recentes : cheiro forte, grave ; sabor aro- mático, amargo. Flores recentes ^ e seccas : cheiro análogo ao das folhas , mas hum pou- co mais agradável ; sabor quasi nada diíFeren- te do das folhas, mais aromático, mais cale- faciente. Sementes : cheiro fcagrante , forte; sabor amargo. 405. T. balsamita. Balsamita vulgar ^ Hortelã F.0- 771 a K a 5 ou Franceza. 45'4 FLORA. PHAUMACEUTrC^ Folhas ovadas , inteiras , serreadas. Pbarm. herva. Caules: muitos d'huma só raiz, de dous pés, le- vantados, hum tanto roliços, angulosos, miu- damente empubescidos , ramosos; ramos alter- nos. Folhas: alternas, pecioladas , inteiras, ovadas, obtusas , toda a margem obtusamente serrea- da , verdes d' ambas as partes, semeadas de pontos, miudamente empubescidas, de três pol- legadas ou mais, entre levantadas e patentes, tenras , avelutadas ; peciolos muito mais curtos que as folhas , hum tanto largos, por cima pla- nos-concavos , por baixo aquilhados, quasi de- cursivos na base. Estipulas: duas oppostas, quasi cunei formes , re- cortadas-dentadas , ordinariamente outras duas inferiores, pequenas, lineares, oppostas, intei- ras. Corymbo: terminal , levantado, miudamente la- nuginoso , anivelado , ramos alternos , infe- riormente foliosos , superiormente corymbu- losos. Bracteas: lineares, agudas, solitárias nos rami- nhos do corymbos , e nos pedúnculos. Calyx : lanuginoso , imbricado, escamas muitas, lineares, apertadas, quasi celheadas. CoroUa composta: amarella , igual, fabulosa, do comprimento do z-úy^:, própria: com tubo ru- goso , e com a orla de cinco dentes , aguda , patente. Estames : apenas do comprimento da corolla. Pistillo: g»rme quasi cylindrico, estriado, angu- loso, glabro, nii ; estylete filiforme; estigmas dous, lineares, patentes, pouco mais compri- dos que a corolla \ receptáculo nú. E ALIMENTAU PORTUGTTEZA. ^^^ Cultíva-se nas hortas. Floresce em Junho , e Ju- lho. Perenne. Cheiro fragrante , análogo ao da Salva , ainda mais agradável j sabor amargo, aromático, ca- lefaciente. Anacyclus. Calyx hemispherico , escamas imbricadas , agu- das; receptáculo cónico, paleaceo, os palhiços obtusos com huraa agudeza minima ; sementes do disco mais estreitas, comprimidas, as do raio aladas nos lados, chanfradas no topo, e por isso denticuladas , em humas e outras pap- pilho nuUo. 406. A. aureus. 'Em Port» Macella gallega ordiná- ria , ou 7naior. Folhas bipinnuladas, lanuginosas, ou hum tan- to glabras , esverdinhadas , lacinias ténues , hum tanto roliças , laxas , escavadas-pontoa- das. Fharm. flores, (cabeças de Macella). (Descriptas nos caracteres do género). Caules: muitos, de sette pollegadas, hum tanto levantados, levemente estriados, com hispidez villosa. Folhas: bipinnuladas, com as pinnulas hum tan- to roliças , lineares , quasi encanescidas com lanugem acamada , patentes , mucronadas ; as fundeiras amplexicaules. A folha suprema sim- plesmente pinnulada. Pedúnculos: terminaes, solitários, muito compri- dos, unifloros , sem folhas, e sem bracteas , quasi empubescidos. 45'6 FLORA PHARMACEITTICA. Corolla -. disco semlov^áo , Jiosculos do disco fen- didos era cinco lacinias; os do raio femininos, muitos , pequenos , sem orla. Habita nas bordas dos caminhos , nos campos , e sitios lavados das aguas do inverno. Fjoresce desde Maio até Julho. Annual. Cheiro aromático , desagradável ; sabor muito amargo , análogo ao cheiro. l^ão acho esta planta nos Catálogos de Mat. Med. j mas as suas virtudes sen- do decididas por experiências sem nu- mero , principalmente nas moléstias do canal alimentar , que parecem proce- der assim de espasmos como de más digestões ^ eu faria huma injustiça as- sim d opinião vulgar como a de todos os Médicos Portuguezes, que delia fa- zem uso viuito frequente , se a não mettesse no Catalogo da Mat. Med. de Portugal. EU a não he desigual ^ nas suas propriedades e virtudes ^ d Ma- cella Romana ou nobre. Bellis. Calyx hemispherico , polyphyllo em dupla serie ou quasi simples , igual ; coroUulas femininas, estreitas , lanceoladas , levemente tridentadas ; receptáculo cónico ; sementes comprimidas ; pappilho nuUo. 407, B. silvestris. Em Portug. Margarita intermé- dia. Folhas todas radicaes, quasi ovadas, crenadas. E ALIMENTAR PORTUGUEZA. 4^7' d' hiima e outra parte quasi hirsutas , liastea quasi três vezes mais comprida que as folhas^ empubescida , uniflora. Pharm. flores, e folhas. (Descriptas nos caracteres do género, e da espécie ) . Habita nos montes calcareos nos arredores de Lisboa , Coimbra , e outras partes. Floresce na primavera Perenne. Cheiro nu Ho , sabor levemente acre. O Doutor Br ater o duvida se a espécie referida he variedade dd B. perennis de Linneo : Willdenow affirma ter ella muita afinidade com a B. perennis , diferindo com tudo nas folhas triner- veas , e na grandeza \ mas como Lin- neo metteo na sua Mat. Med. a B. pe- rennis, ^V/o-^é-/ devia fazer menção na Flora Medica Portugueza desta, que com ella tem afinidade. Matricaria. Calyx hemispherico, polyphyllo, foliolos quasi iguaes, imbricados em poucas ordens, linea- res, poucos dos exteriores hum tanto agudos, os interiores obtusos, e escariosos no ápice j receptáculo cónico ; pappilho nuUo. 408. M. charaomilla. Em Port. Chaynomilla legiti- ma , Mac ella gallega de Grisley, Receptáculo cónico j raios da corolla patentes ; sementes nuas • escamas caiycinas iguaes na margem. Mmm 458 FLORA PHARMACEUTICA Tharm. hcrva , flores. Caules ordinariamente muitos d' huma só raiz, levantados, roliços, estriados, superiormente angulosos , ramosos , inferiormente lisos , de hum pé; ramos alternos, levantados. Folhas alternas, quasi carnosas, glabras , ren- tes , pinnuladas-multifidas , lacinias assovella- das , agudas. Flores: terminaes, quasi paniculadas, peduncula- das; pedúnculos estriados, mis, unifloros. Calyces estreitamente imbricados , escamas linea- res, oblongas, as interiores obtusas no topo com huma membrana escariosa , algumas das exteriores agudas. Corolla composta radiada , as próprias do disco amarellas , as do raio voltadas para baixo , brancas ; as do disco tubulosas , afuniladas , com o tubo mais crasso , raembranaceo , ru- goso, e com a orla de cinco dentes ; as do raio ligulosas, lineares quasi cuneiformes, obtusas, tridentadas. Estames : filetes cinco, terminado cada hum em sua a7íthera , formando a reunião de todas hum corpo cylindrico. Pistillo: germe oblongo, mi; estylete hum tan- to curto, penetrando o corpo cylindrico das antheras; estigmas dous, recurvados; receptá- culo nú. As sementes são oblongas \ as dos flosculos femininos do raio tem no ápice huma coroa membranosa, as do disco são inteiramen- te nuas no ápice. Habita entre as searas d'Alcantara , na raiz dôs montes, perto de Lisboa, mas he rara. Flo- resce na primavera. Annual. Cheiro debilmente fragrante; sabor hum tanto acre j flores cheiro fragrante , agradável 3 mais. E ALIMENTAR PORTTJGUEZA. 45^9 forte que o das folhas ; sabor aromático , hum tanto calefaciente. 409. M. parthenium. Matrlcaria vulgar ^ Artemi' sia bastarda dos hervolarios. Folhas compostas , planas ; foliolos ovados cora incisões ; pedúnculos ramosos. Pharm. herva , flores. Raiz: cylindrica ; radiculas muitas, aggregadas, longitudinalmente dispostas. Caule : roliço , levantado , estriado-angulado , glabro , de dous pés , ramoso ; ramos vergon- teados, alternos, estriados-angulados , levanta- dos, miudamente empubescidos. Folhas alternas, pecioladas, planas, glabras de ambas as partes , semeadas de pontos peque- nos escavados , e frequentes , pinnatifidas , laci- nias quasi oppostas , ovadas-oblongas , recorta- das, serreadas; peciolos quasi triangulares. iZorymbo: terminal nos ramos , levantado, infe- feriormente folioso , pedúnculos alongados, sulcados -angulados, empubescidos. Bracteas : lineares , na base dos pedúnculos , e nos mesmos pedúnculos, solitárias. Calyx: sulcado, cinzento; foliolos convexos-aqui- Ihados , na margem raembranaceos , quasi ce- Iheados. Corolla composta radiada ; disco amarello , he- mispherico, raio branco, voltado para baixo; própria do disco tubulosa , angulada , hum tanto áspera , curvada para dentro , hum pou- ■- CO mais comprida que o calyx , cinco dentes na orla ; própria do raio ligulada , tridenta- da, por cima glabra, do comprimento do ca- lyx, por baixo rugosa, o tubo hum tanto cur- to. Estaraes do àiszo-^ filetes cinco, capillares, cada Mram 2 460 FLOl^A PHAUMACEUTICA. hum com sna anthera^ todos reunidos em cor- po cylindrico-oval. Pisrillo : germe oblongo , estriado , angulido , glabro, mi; estylete filiforme, penetrando o corpo cylindrico das anrheras, hum pouco mais comprido que ellas ; estJQ^mâs dous , agudos recurvados ; sementes oblongas , anguladas , nuas; receptáculo nú. Habita como espontânea pelo norte do Pxcino ao redor das povoações : cultiva-se frequentem.en- te a -variedade de fiores dobradas. Floresce _ em Julho, e Agosto. Biennal , ou triennal. Kerva : cheiro fragrante , forte, análogo , ou quasi o mesmo que o da espécie antecedente. Flores : cheiro mais forte, sabor hum tanto amar- go, aromático. O Doutor Brntero observa que as duas espécies referidas deste género^ tendo escariosos qs topos das escamas do ca- lyx , nao deixaria de ser conforme d natureza metellas entre as do género seguinte. Chrysa nthem u m . Calyx hemispherico, polyphyllo, escimas imbri- cadas em muitas ordens, as interiores mem- branaceas na margem e no topo , obtusas ; re- ceptáculo convexo; pappilho nullo ; ás vezes em lugar deste huma coronula membranacea , ordinariamente denticulada. 410. Ch. leucanthcmum. '£w Portugez Margarita maior , 01 o de boi , ou Bem-me-ciuer dos hervolarios» E ALIMENTAR TORTUGUEZA. 461 Caule levantado, laxamentc ramoso; folhas ra- dicaes quasi espathuladas, caulinas alternas; superiores oblongas , alinguetadas , seraiample- xicaules, serreadas. Pharm. " herva , flores. C^ule: levantado, d' hum pé e mais, quasi em- pubescido. Folhas quasi carnosas, obtusas, quasi empubesci- das. Flores: pedunculadas, terminaes , solitárias. Calyx : escamas lanceoladas , arroixeadas , mal empubescidas , aquilhadas , as inferiores meno- res, as mais interiores maiores, lineares, mais •. escr.riosas. Corolla composta radiada; disco amirello con- vexo, raio branco, ^n^rW^Q; próprias do' disco tubulosas , o tubo rugoso , pallido, na orla hum pouco mais crassas, fendidas em cinco jacinuhis ovadas-agudas ; próprias do raio lanceoladas , rodas conchegadas inferiormente Imra pouco mais, obtusas, tricrenulndas , ner- vosas , paralleias , três vezes mais compridas que o calyx. Estames: filetes cinco, cada hum com sua an- thera^ e estas reunidas em hum corpo cylin- drico termm^ido era cinco denticules. Pistillo: gervãe oblongo, obtuso d'ambas as par- tes., estriado, anguloso, glabro; coronuli pa- leacea, ténue, rnembranacea ; estyhte setficeo; . estigmas àiOVi% ^ lineares, recurvados, miuda- mente celheados no topo. Habita nos sitios umbrosos , sylvaticos perto de Cintra , Coimbra , e outras partes na Beira» Floresce em Maio, e Junho. Perenne, Cheiro nullo, sabor herbáceo. afiz FLORA rHARMACEUTICA Doronicum. Calyx polyphyllo, foliolos iguaes, levantados em huraa ou duas series \ receptáculo plano , se- mentes do raio nuas , as do disco pappilhosas- pilosas. 411. D. pardalianches. Em Port, Doronko vulgar. Folhas radicaes cordiforraes , obtusas , peciola- das , as caulinas ovadas-oblongas , denticula- das, quasi auriculadas, amplexicaules. Pharm. raiz. Raiz: tuberosa , ovada, apenas d'huma pollega- da , branca, glabra ; rugas annulares , celhea- ■das ; parenchyma carnoso, disco igual, annel concêntrico junto da peripheria , de pontos se- parados, dispostos em huma serie annular; sec- ca dura, hum tanto frágil. . Cheiro débil aromático ; sabor hum tanto doce, agradável. Habita nos sitios hum tanto húmidos , e silvati- cos da Serra d'Estrella, junto do Sabugueiro, no Vai da Espera , e em Pedrastante junto de Montesinho. Floresce era Julho, e Agosto. Pe- rerme. Arnica, Calyx polyphyllo , foliolos iguaes, levantados, em huraa ou duas series ; filetes das corollulas do raio castrados ; receptáculo plano , nú ; se- mentes do raio, e do disco guarnecidos d' hum pappilho piloso , coraprido. '412. A. montana. Eyn Fort. Arnica vulgar. E ALIMENTAR PORTUGUEZA. 465 Folhas ovadas , inteiras ; as caulinas oppostas, duas a duas. Pharm. herva , flores. Caule : hum tanto roliço, quasi nú , estriado, com pubescencia áspera , levantado , d* hum pé, quasi simples; ramos dous oppostos , sim- plices , levantados , hum tanto nus , al'onga- dos, unifloros. Folhas Tãdicaes : muitas , ovadas-Ianceoladas , hum tanto obtusas, rentes, ou inferiormente attenuadas em peciolos lineares , hum pouco alongados, integerrimas , miudamente celhea- das ,' por cima hum tanto ásperas , por baixo glabras; caulinas poucas, menores, alternas, lineares-lanceoladas, rentes, oppostas na rami- ficação. Flores: terminaes , solitárias, pedunculadas, le- vantadas. Calvx: imbricado, foliolos lineares-lanceolados , iguaes, empubescidos , levantados. Gorolla composta , radiada ; própria do raio le- vantada, lanceolada, muito mais comprida que o calyx , patente , de nervuras longitudinaes parallelas , despontada , tridentada ; própria do disco afunilada , tubo cylindrico , empu- bescido, orla cy-indrica, glabra, fendida era cinco lacinulas recurvadas , agudas , hum tanto ásperas. Esiames nos fíosculos do disco , filetes cinco , capillares , terminado cada hum em sua anthe- ra , formando estas pela reunião hum corpo cylindrico, mais comprido que a corolla , ter- minado em cinco dentes ; nos flosculos do raio^ insertos no tubo da corolla , sem antheras , e ás vezes nullos. Eistilio: em arabas as corollas: germe assovella- '4^4 FLORA PHARMACEUTICA do , estriado-angulado longitudinalmente , ás- pero, coroado de hum pappilho; estylete seta- ceo , mais comprido que os estaraes; estigmas dous, assovcllados, e revirados. Sementes: fuscas, coroadas d' hum pappilho simi- ples , esbranquiçado. Keceptaculo nii. Habita nos sirios húmidos, e paludosos perto do Porto de S. Martinho, em Antanhol perto de Coimbra, nos montes visinhos a Guimarães, e outras partes na Extreraadura , Beira, e Mi- nho. Floresce de Junho até Agosto. Perenne. Secca cheiro débil; recente cheiro penetrante, esternutatorio ; sabor herbáceo , acre. O Doutor Brotero não faz menção algu- ?na de variedades foliis latioribus , e foliis angustioribus; ynas , não obstante isso , he possível que cresça no terre- no Portuguez a segunda destas varie- dades ; em tal caso devo eu advertir ^ em obsequio da Matéria Medica des- te Reino , que a segunda he em virtu- des superior d primeira , segundo a experiência de Gmelin (Flor. Sib.)^ o qual declara que na mesma dose ^ em que a outra se costuma applicar sem offensa , excitara o vomito aos Alle- 7nães ^^^ moravão na Sibéria \ effei- to que i^ão resultava d^ Arnica ordiná- ria , ou àe foliis latioribus , salvo sendo administrada em dose maior. Advirto maisj que Schulz (Mater, Med.) nota ser já queixa muito repe- tida , que nos Dispensatorios pharma- ceuticos se substituído a esta espécie de Arnica outros vegetaes ; Linneo E ALIMENTAR PORTUGUEZA. 465 (Am. Acad.) aponta por exemplo a^^y- pochseris maculara, a qual ^ segundo o Doutor Brotero , nós não temos : acho bem fundada esta advertência , por sa- ber que até ha poucos annos ^ e talvez ainda hoje , o dito vegetal era dispen- sado, nas boticas do R.eino ^ comprado aos estrangeiros. N. B. Esta planta he indigena tan- to dos paizes do norte , co?no dos me~ ridionaes da Europa ; acha-se também em muitas Provindas de Hespanha , e os Hespanhoes fazem muito uso delia em varias doenças. ( Vej. Spec. plant. de Linneo y traducçao flespanhola por Palau^ e Ver der a ^ T, VI. pag. 458.) Inula. -Calyx polyphyllo , foliolos imbricados , laxos , os inferiores ordinariamente hum tanto paten- tes ; antheras com duas sedas na base ; corol- lulas do raio numerosas , constantemente ama- rellas ; receptáculo plano e niij pappillio pi- loso. }.I3. I. dysenterica. Em Fort. Inula das dysenterias^ ou Arnica espúria. Folhas amplexicauies , cordiformes-oblongas ; caule avelutado , escamas calycinas seta- ceas. Tharm. herva. Habita nos sitios húmidos, ou innundados, nos arredores de Coimbra , principalmente nas ri- ' Nim 466 FLORA. PHAKMACEUTICA. bancelr.:s do Mondego , e oiuns nqrf-es da Beira , e pelo norte do Pveino. Flcresce em Julho, e Agosto. Annual. Sabor íicre, e aromático. 414. I. odora. Cony^a segunda de Morison ^ Herva monta. Folhas smplexlcaiiles , insensivelmente denticula- das , rugosas , hirsutas, ns ridicaes ovadas, as caulinas lanceoladas; caule paucifloro. Pharm. raiz. Raiz: de grossas fibras, fasciculadas, longas. He odora. Habita nos montes arenosos, matos, nos arredo- res de Lisboa , Coimbra , e outras partes na Beira , na Rxtremadura , e Alem-Tejo. Flo- resce em Julho, e Agosto. Perenne. ^l^. I. viscosa. Conyza maior , ou Tagueda maior de Dioscoriâes. Folhas lanceoladas , serreadas, na base reviradas, rentes; o caule piloso-viscoso; os pedúnculos axillares, unifioros, folhosos. Pharm. herva. Habita nas collinas abrigadas, entulhos, e pela borda dos caminhos na Beira , e Extremadura. Flcresce no estio, e outono. Perenne, e quasi subarbusto. O seu habito externo resinoso , cheiro forte ^ e outras propriedades a fizer aa julgar por Gaspar Bauhino\^ Clusio , e outros antigos Botânicos ser a Cony- za maior de Dioscorides^ ou muito ana- loíia a ella. Entre nós alQ-uns camto- nezes usao delia como medicamento para si , e também para os seus gados. O Doutor Brotero póz> esta planta E ALIMENTAR TORTUGUEZA. 4^- 7Í0 género Solidago na sua Flora Lusi- tana , adoptando a opinião de Tourne- fort , e de la Marck ( Flora Fraiiceza ) com preferencia d de Linneo , que a ti- nha mettido no Género Erigeron ; ulti- mamente Willdenovj a pôz, no Género Iniila , e esta opinião he hoje a mais seguida , e com cila se conforraa o Doutor Brotero, Erigeron, Calyx oblongo , quasi cylindrico , polyphylío , foliolos imbricados, apertados- corollulas do raio numerosas , tubo comprido , terminado em huraa ligula , linear , bifendida , estreitíssima , curtíssima , quasi nuUa ; receptáculo plano , pappilho piloso. 416. E. acre (non Linnoei ). Em Fort. Erigero acri' monioso (varietas sequentis Lusitanica). Kacimo terminal; pedúnculos unifloros , ou pau- cifloros \ orla das corollulas do disco fendida em cinco dentes ; folhas lanceoladas. Vharm. herva; Segundo a Flora Lusitana esta planta tem o caule d' hum pé ou mais , simples , com os ra- cimos term.inaes, laxos e os pedúnculos indi- visos , unifloros , outros biíloros , ou trifloros , elle he raras vezes quasi paniculado. Folhas : inferiores quasi serreadas, os dentes hum tanto remotos ; as superiores integerrimas. Calyx : lanugmoso : corollulas do raio ligula- das, rainimaSj bifeudidas, na côr entre esbran- Nnn 2, 4-6^ '■' FLOTlA PHAl^MAGEUTlCA quicadas , e hum tnnto purpúreas ; as do disco amarelladas , tubulosas, de cinco dentes. Habita nos monturos, campos cultivados, cami- nhos, e outras partes quasi em todo o Reino. Floresce desde Julho até Agosto. Annual. Sabor acre. N. B. Esta planta^ seç-undo pen^/r pre^ sentemente o Doutor Brotem , he huma njarledade h^i brida da seguinte espécie (E. Canadense). EU a he na sua fructi- jicacão muito análoga ao E. acre de Ltnneo \ mas assemelha-se ao E. Cana- dense nas suas folhas radicaes mais ou vãenos serreadas, He muito verosi- ■ • viil que o E. acre de Linneo ^ e o E. Canadense, que se dão também esponta- 7ieamente em Hespanha , tenhiío pelo coito floral degenerado em variedades, tanto lã como cd , ou cora esta degene- ração de lã assim tenhão vindo para cã. Mas como os seus grãos de acri" moíiia são os mesmos em ambas as duas , huma pode ser substituída a ou- tra em Pharmacia , e Medicina sem a menor duvida , nem engano. 4-17. E. Canadense. Er i gero do Canada. Caule ramoso, paniculado, hirsuto, d' hum até dous pés de alto; as folhas radicaes lanceola- das , trinerveas , mais ou menos serreadas , pe- ludas , celheadas ; flores numerosas, pequenas, corollulas do disco cora quatro dcnticulos , cora pedúnculos ram.osos, e folheados. Habita pelas miargens do Mondego . nos sitios húmidos j e outros na Beira, e Províncias do í: alimentar voKTuarÊZA. A^9 iiorte do Reino. Floresce em Junho, e Julho, Annual. Sabor acre. Solídago. Calyx polyphyllo, os foliolos imbricados, aper- rados; corollulas do raio lincares-lanceoladas, cinco aré dez, raras vezes doze, apartadas hum tanto entre si ; receptáculo plano ; pappilho piloso. S. virraurea. Em Port. Vara agouro ordinária. Caule 'quasi flexuoso , anguloso; raciraos panicu- lados , levantados , amontoados. Pharm. hcrva. Caule: d' hum pé ou mais, simples ou ramoso, estriado-angulado , glabro. Folhas: alternas, ovadas-oblongas, agudas, e agu- damente serreadas, miudamente ceíheadas, ve- nosas, hum tanto glabras d' huma e cutra par- te, por cima semeadas de atmos cinzentos, de duas pollegadas ; as inferiores caulinas pccio» ladas, as superiores espathuladas , as cimei- ras rentes, ovadas-lanceoladas , attenuadas de huma e outra parte, integerrimas ; ^s radi- caes, isto he, as do novo caule do primeiro anno, m.uito maiores, de três ou mais polle- gadas, de longos peciolos profundamente ca- naiiculados. Racimo: terminal, empubescido, quasi unilate- ral, folioso, levantado, com.posto de racimuios axiliares, mais curtos que as folhas, levanta- dos, pedicelladosj bracteas lineares-assovella-- das. i^yÓ FLORA PHAPxMACEUTrCA Calyx imbricado, escamas quasi memíbranaceas, glabras , lineares-lanceoladas, hum tanto agu- das , aquilhadas, levantadas, as interiores hum pouco maiores. Corolh coiN posta araarella, radiada; apropria do raio ligulada , linear , obtusa , chanfrada , hum pouco mais comprida que o calyx, levan- tada ; a própria do disco tubulada , levantada , com a orla fendida em cinco denticules. "Esizmes-. filetes cinco, separados; antheras cin- co unidas em hum corpo cylindrico. Pistillo em huraas e outras corollas : germe ob- longo , glabro , coroado d' hum pappilho sim- ples, levantado ; ^j^/jy/f/é" filiforme; estigmas dous, assovellados , revirados; receptáculo nú. Habita nos sitios sombrios do Gerez , e Serra de Estrella , e também pelas ribanceiras do Mon- dego perto de Coimbra. Floresce desde Julho até Setembro. Perenne. B^ecente : cheiro débil aromático ; secca mais forte , sabor hum tanto amargo , hum tanto acre. Senecio, ■Calyx: quasi cylindrico ou cónico j polyphyllo; foliolos iguaes, levantados, apertados em hu- ma serie, calyculado na base com escamas cur- tíssimas , ordinariamente definhadas ou dene- gridas no ■ topo ; receptáculo piano ; pappilho capillar. 419. S. vulgaris. ILm. Port. Tasneirinba , ou Cardo morto. Corollas nuas , folhas pinatifidas-sinuadas , am- plexicaules; flores dispersas. E ALIMENTAR VORTITGUEZA. 47Í Phnrm, herva. Habita frequente nos terrenos cultivados , nos monturos, pelos caminhos. Floresce desde Abril até Outubro, ás vezes no outomno, e inverno. Annuil. Sabor hum tanto salgado, oleraceo. Esta planta , uno obstante tanto em Me>^ àiclna como em Veterinária ser re^ commendavel y estd \hoje em esqueci- mento. 420. S. Jacobsea. T asneira^ ou Tlerva de S^. Tiago. Folhas pinnuladas-lyradas, lacinias lacinuladas j caule levantado. Habita frequente nos prados , pastos , e montu- ros. Floresce d':?sde Julho até Agosto. Perenne, "Não acho nos Catálogos de Mat. Med. esta espécie , salvo se o Senecio de Dioscorides se pôde referir a ella ; mas a descripçao deste Author não o confirma-, eu faço menção delia pela autkoridade do ÍJoutor Brotero , con- forme o (-[val esta planta varia nas folhas , sei[undo habita ao sul ou nor^ te do Reino , sendo ellas no sul de or- dinário irregularmente laciniadas , e em^ o norte mais pinnuladas-lyradas ^ e ds vezes , como as do Frysimum bar- barciea , glabras ^ denteadas , e as li- gulas da corolla reviradas como va- riedade do Senecio erucsefolium : nos sí- tios húmidos as folhas são mais cras- sas , e o caliculo . ou escamas na bass: do calyx ^ ds vezes nullo. 472» FLORA PHARMACEUTIC Tussilagõ. Calyx polyphyllo; foliolos iguaes , quasi raem- branaceos , levantados em huma unica serie pela maturação inferiormente túmido , depois dobrado para fora; corollulas do raio linea- res , inteiras ■, receptáculo plano ; pappilho ren- te , capillar. 421. T. farfara. Em Port. Tussilagejn , ou Unha de cauallo. Pharm. raiz. Raiz: perenne, cylindrica , roliça, reptante, tu- berculosa , com tubérculos dispersos quasi re- dondos, ramosa, fibrillosa. Hasteas brotao na primavera: muitas de huma só raiz, levantadas, simplices , quasi de sete pollegadas, hum tanto roliças, anguladas, im- pubescidas , unifioras , cscamiosas; escamas dis- persas, membranaceas, esverdinhadas, lanceo- ladas, concavas, Imm tanto obtusas, quasi pa- tentes , glabras. Folhas brotao depois da fior , radicaes , de lon- gos peciolos , quasi arredondadas-cordiformes , toda a margem agudamente lobada , denticu- lada com denticulos quasi purpúreos ; são de cinco ou mais pollegadas , planas , patentes , por cima glabras , venosas , por baixo cota- nilhosas, acinzentadas; peciolos roliços, por cima planos , semeados d' hum cotanilho ra- ro. Calyx : descripto nos caracteres do género. CoroUa : radiada , amarella , do comprimento do calyx ; raio multifloro ; disco de corollulas afuniladas , o tubo íiliforme , alongado , a orla E ALIMENTAR PORTUGUEZA. '473 quasi diaphana , campanulada , de cinco laci- Tiias reviradas para fora. Estames : filetes cinco capillares , desadunados ; antheras cinco formando pela sua união Lite- ral hum corpo cylindrico. Pisrillo : germe era humas e outras corollulas cylindrico, coroado d' hum pappilho piloso; estylete cylindrico , nas femininas alongado , estigma das hermaphroditas simples, das fe- mininas dous , agudos \ receptáculo nú. Habita no Minho nos sitios hum tanto húmi- dos, segundo o P. Christovao dos Reis. Flo- resce na primavera. Perenne. Sabor quasi estyptico , levemente amargo , quan- do a raiz he recente : cheiro mais débil , não ingrato , quando a raiz he secca. Folhas recentes cheiro débil \ sabor amargo. Anthemis. Calyx hemispherico , polyphyllo ; escamas imbri- cadas , quasi iguaes , quasi membranaceas na margem , e no topo ; receptáculo paleaceo , quasi convexo j pappilho nullo , em seu lugar algumas vezes huma coroazinha membrana- cea sem denticules. 422. A. cotula. Em Fort. Macella fétida ^ on fede-- gosa. Receptáculos cónicos com palhiços setaceosj se- mentes nuas. Fharm, herva , flores. Raiz : fibrosa. Caule levantado , muitas vezes prostrado^ d' hum pé, inferiormente roliço ^ Ooo 474 FLORA PHARMACEUTICA superiormente estriado-angulacio , j^l-sbro ra- moso , diííuso; ramos alternos, levantados. Folhas: qiiasi carnosas, esverdinhadas, as cauli- nas junto dos ramos alternas, rentes, paten- tes , d'am.bas as partes semeadas de pontos , glabras , ou mal impubescidas, d'huma polle- gada ou mais, dobradamente pinnatifídas com as lacinias lineares-assovelladas , aguçadas, le- vantadas. Estipulas: nullas, as lacinias inferiores das fo- lhas amplexicaules em vez de estipulas. Pedúnculos : alongados , levantados , termlnaes nos ramos, solitários, estriados, miudamente lanuginosos , ou empubescidos. Calyx : ianuginoso, as escam.as lanceoladas, agu- das , membranaceas , aquilliadas-, apertadas , as inferiores menores. Corolla : radiada-, disco amarello, convexo-corii- co ; raio branco, patente ; ^r^/r/'-^ do disco afunilada, tubo hum tanto crasso, hum. tanto áspero, orla campanulada, fendida em cinco lacinias, reviradas; a áo raio ligulada , oval- oblonga , obtusa, tridentada, branca, glabra, entre patente e revirada , com dous sulcos de- primidos, o tubo cylindrico, hum tanto áspero. 'Esí^mesr: filetes cinco, desadunados ; antheras adunadas pelo? lados , formando hum tubo cy- lindrico, terminado em cinca denticulos. Pistillo : germe do disco esbranquiçado, inversa- mente cónico, pentágono, hum tanto áspero,^ nií , estylete penetrando o tubo das antheras, € do mesmo comrrim.ento , >J"/^^/?'^^?j' dous, li- neares, obtusos, do comprimento dos estames; geryiie do raio cyliiidrico hum tanto áspero, estylete ^ è estigma nu! los. Sementes do disco; inversamente cónicas, angu- E ALIMENTAR PORTUGUEZA. 475' ladas com pontos que as tornao ásperas, ob- tusas , terminadas n'hum ponto elevado; as do raio ás vezes nullas, os germes definha- dos. Receptáculo: paleaceo, palhiços setaceos, mais curtos que as flores. Habita frequentemente nos campos nos arredo- res de Lisboa, Coimbra, e outras partes. Flo- resce no estio. Annual. Cheiro fétido, nas folhas mais que nas flores; sabor hum tanto amargo, hum tanto estimu' Jante. 423. A. áurea. Mace 11 a dourada. Folhas duas vezes pinnuiadas , quasi empubesci- das ; foliolos hum tanto roliços , escavados- pontuados. DiíFere muito da Cotula atirea , e , só por ter raio , do Anacyclus aureus. Habita nos mais altos montes do Gerez, e no Douro perto da Barca d' A Iva. Floresce na primavera. Annual, ou biennal. 424. A. fuscata. Macella fiisca. Folhas bipinnuladas ; foliolos filiformes, carno- sos, glabros, quasi turbinados, obtusos, mis; receptáculo quasi cónico ; palhiços quasi ovaes, na margem fuscos. Pharm. flores. Flores : term.inaes nos ramos , e no caule ; pedún- culos d' huma pollegada ou mais , levantados , estriados. Perianthio commum hemispherico ; foliolos quasi iguaes , estreitamente imbricados, glabros, mui- to escariosos, disco verde, ovado, aguçado, margens membranaceas , membrana árida, fus- ca-lcura , obtusa no topo. CoroUa composta : radiada , diâmetro d' huma pollegada; próprias do raio brancas, liguia- Ooo 2- 47^ FLORA PHARMACEUITCÀ das , Íineares-Ianceoladns , topo tridentado ou bidentado , ou obtuso hum tanto, macula mí- nima amarellada na base, tubo entre com.pri- mido e alado; próprias do disco amarellas afuniladas, de cinco dentes curvados para fo- ra , base do tubo mais larga cobrindo o topo do germe. Germes esbranquiçados , oblongos , os das corol- hxXsLSyfemininas tenuíssimos , ordinariamente abortivos ; estigmas nas hermaphroditas dous revirados, topo quasi capitoso, ordinariamente contidos nas corollulas; n^s femininas ordina- riamente castrados, ou nullos. Calyx : na maturação das sementes laxo, ou com os seus fbliolos hum tanto revirados para bai- xo. . Sementes : hum tanto oblongas . quasi turbina- das, quasi louras, estriadas, de dous ângulos pouco apparentcs , topo muito obtuso , pappi-. iho nullo. Receptáculo: quasi cónico, paleaceo, do compri- mento das escamas, ou mais curto; palhiços obtusos , ellipticos , pallidos , margem entre fusca e loura, sao quasi de metade do compri- mento das sementes. Habita nos terrenos raros nos cnm.pos, nos arre- dores de Coimbra , Lisboa , alem do Tejo era Caparica, e outras partes na Beira, Extrema- dura , e Alem-Tejo. Floresce em Dezembro , Janeiro, Fevereiro, Março, i\bril, e Maio. AnnuaL Flores odoriferas , amargas, e hum tanto acres. 415". A- repanda. Macella espathídada. Folhas simplices; as radicaes espathuladas, cre- nadas , glabras, as caulin^is oblongas, obtusas, rentes ; caule simples ; palhiços dq receptáculo aristados* E ALIMENTAR PORTUGUEZA» 477 Pharm, ? . . . Raiz da grossura de huma pcnna de pato no collo , inferiormente nnnosa. Caule levantado, glabro , como toda a planta, estriado, quasi anguloso, simples, com hum ou outro ramo, raras vezes simplicíssimo, de hum pé ou hum e meio. Flores: poucas, terminaes, solitárias, semigío- bosas, raras vezes quasi globosas. Caiyx : imbricado, os foliolos superiores e inti-» mos escariosos-membranaceos no topo. Coro] la : composta radiada, perfeitamente ama- rella \ floscuíos do raio ordinariamente de es- tjlete mutilado. O disco e receptáculo sao con- vexos cora palhiços aristados , a pragana ama- rella , e na anthese levantada sobre os floscu- íos. Sementes : quadrangulares', as do ralo coroadas com escamas , as do disco ordinariamente nuas no topo : quando o receptáculo tem pou- cos palhiços , as sementes do disco são coroa- das com huma membrana tubulosa na base, e para cima em forma de colher , e denticulada , e com outra semelhante ás do raio, ainda que mais comprida. Habita nos matos dos terrenos arenosos, e mon- tanhosos dos arredores de Coimbra . em Ca- parica alem do Tejo, e outras partes na Bei- ra , e Extremadura. Floresce em Junho, Ju- lho , e Agosto. Annual , ou biennaL Sabor amargo. jÍs três espécies ultimamente referidas não me consta que tenhao entrado nos Catálogos de Mat. Med. ; mas a pri- meira A. áurea , não differindo do Ana.- 47^ FLORA PHARMACETJTICA cycliis nurcus senão no ralo que este nao tem , e sendo este huma planta co- nhecidamente rir tu os a , e usada por tO' dos os nossos Médicos em todas as mo- léstias espasmódicas do canal alimen- tar ^ como já disse ^ he mais cpue pro- vável que a A. áurea possua as vies- mas virtudes: a segunda A. fusca ta , segundo as qualidades sensiveis de que he dotada , deve possuir as mesmas virtudes que a Matricaria cliamomilla , e A. nobilis : a terceira A. repanda pe- la sua qualidade ama^'-ga deve presu- mir-se ser hum vegetal tónico. Achillea. Calyx ovado , polyphyllo, escamas imbricadas, estreitas , apertadas ; flosculos do raio curtos , poucos , cinco até dez, receptáculo plano j pap- pilho nullo. 426. A. millefolium. Ein Port. Milfolhada , Mille- folio^ ou Mil em rama. Folhas bipinnuladas, nuas, lacinias lineares, den- tadas j caules superiormente sulcados. Pharm. herva. Raiz: filiforme, descendente, fibrillosa. Caule : levantado , d' hum pé , hum tanto roliço , estriado, anguloso levemente, lanuginoso, sim- ples, superiormente parcamente ramoso. Folhas : rentes , amplexicaules , lineares-lanceola- das, alternas , pinnuladas, por cima miudamen- te erapubescidas , por baixo lanuginosas ; fo- lhas inferiores pecioladas, peciolos membrana- ceos. E ALIMENTAR PORTUGUEZA. 479 Corymbo terminal, íinivcl-^.do , Janiiginoso. Bracreas lineares, pinnatifidas , ou inteiras, em- pubescidas. Calyx eranubescido , estreitamente imbricado , es- camas ovaes , concavas ,. empubescidas , hum tanto obtusas, superiormente celheadas na mar- gem. Corolla : composta , radiada , disco de doze flo- res., do comprimento do calyx, esbranquiça- das i raio de cinco , branco ; a proprin do dis- CO tubulada , afunilada, tubo amarello , orla quasi diaphana , campanulada , esbranquiçada, de cinco lacinias , ovadas-agudas , reviradas; própria do raio ligulada , branca , despontada , tridentada , patente, tubo cylindrico, esverdi- nhado , estriado, quasi empubescido, do com- primento do calyx. Estames: filetes cinco ^ desadunados, hum pou- co mais compridos que a corolla , esbranquiça- dos \ antheras cinco , cada huma pertencente a seu tilefe, formando todas pela reunião late- ral hum tubo cylindrico, amarello. Pistillo: em huns e outros íiosculos he o germe oblongo, hum tanto comprimido, quasi qua- drangular, branco, nií , glabro ; estylete nos do disco capillar, mais comprido que os ts,x.^~ mQs-, estigmas dous, lineares, troncados, pa- tentes. Receptáculo: palenceo , palhiços tenros, mem- branaceos, oblongos, mais curtos que as flores» Habita nos pastos dís fraldas da Serra d' Estrel- Ja, perto oe Covide no Gerez , e também en- tre Lamego e Vizeu. Floresce no estio. Pe- renne. Herva: sabor hum tanto adstringente, hum tan- to amargo com indícios de aroma. '4^0 FLOR/Sl pharmaceuticâ Flores mais manifestamente aromáticas , princi- palmente tritm-adas entre os dedos. 427. A. ageratum. Agerato ^ Herua copada de Sao 'João ^ Eupatorjo de Mesue. Folhas lanceoladas., obtusas, agudamente serrea- das. Pharm. herva. Habita nos montes calcareos , perto de Lisboa e Coimbra, e borda dos caminhos, quasi era to- do o Reino. Floresce de Maio até Junho. Pe- renne. Ciíeiro suave , sabor amargo. ^ vL- vf/ vo^ j^ ^L .^.^ ^ 2^ ^(- ^(~ ^L ^, !^ '^í-^- ^ ^If ^i^ ^ TJf ORDEM Tolygamia frustranea. Centáurea. Calyx bojudo-ovado ; escamas imbricadas, varia- mente terminadas; corollulas do raio irregula- res, mais compridas, afuniladas; receptáculo setaceo ; pappilho ordinariamente plumoso, al- gumas vezes capillar nas sementes dos fioscu- los hermaphroditos , as quaes são nullas nos femininos. 428. C. cyanus. Em Port. Amhreta cyanea^ Lóios dos jardins. Folhas lineares , integerrimas , as fundeiras den- tadas ; caule ramoso , raultiíioro. Pharm. flores. Flores terminaes nos ramos, solitárias, peduncu- ladas, levantadas. E ALIMENTAR PORTUGUEZA. 4S1 Calyx: ovado, cinzento , coranilhoso , todo im- bricado; escamas apertadas, as inferiores me- nores , ovadas, agudas, serreadas , celheadas era toda a margem , com dentes membrana- ceos , esbranquiçados , agudos , fuscos no to- po ; as superiores pouco e pouco mais compri- das , serreadas somente no topo , obtusas ; as do cimo lineares, também obtusas, miudamen^ te serreadas. Corolla : composta flosculosa , d' hum azul cla- ro muito elegante ; no disco fértil , de compri- mento dobrado do do calyx , o raio esreril ; a própria do disco tubulosa , tubo cylindrico , branco do comprimento do calyx, a orla ace- nosa, azul, de cinco ângulos, cada hum com três gibbosidades , de cinco lacinias lineares, estreitas hum tanto obtusas , mais compridas que o tubo, levantadas; a do raio afunilada, mais comprida que o calyx , inferiormente •branca , superiormente azul , orla pouco e pou- co ampliada desde o tubo , azul , desigual , fendida em outo lacinias , as cinco exteriores mais altas, lanceoladas, agudas, patentes, as três interiores muito menores , profundamen- te divididas, superiormente serreadas. Estames : filetes brancos , hum pouco mais com- pridos que o tubo, barbados no topo; anthe- ras unidas lateralmente em hum tubo cylin- drico, azul escuro, hum pouco mais comprido que a corolla. Pistillo : das corollas herm-aphroditas ^ _germe inversamente ovado , branco , miudamente em- pubescido hum tanto, coroado d' hum pappi- Iho simples, rente, branco, hum pouco mais comprido que o germe ; estylete filiforme , branco^ quasi do comprimento dos estames^ Ppp 4S2 TLORA rHABMACEUTlCA superiormente azulado; estigmas dous azucs levantados • nas corollas femininas o germe sumido , sem estvlete, nem estigma. Receptáculo: setoso, sedas paleaceas, estreitissi- mas , brancas. Cultiva-se , e floresce no estio. Annual. Cheiro débil , pouco agradável ; sabor levemente amargo. A àescripção antecedente pertence á plan" ta espontânea. He susceptivel de va^ riar com corollas azues^ brancas .^ va^ r legadas, ( Brot. ) 429. G. benedicla. Cardo SantOi Calyces dobradaraente espinhosos , lanudos , in- volucrados ; folhas semidecursivas, denticula- das-espinhosas. Tharm. herva. Raiz cylindrica , ramosa, branca, fíbrillosa. Caule quasi de dous pés , levantado , hum tanto roliço, sulcado-anguloso, hispido, superiormen- te ramoso; ramos dispersos, sulcados-angulo- sos , levantados , superiormente de curtos ra- minhos. Folhas de sete pollegadas, obtusas, rugosas , de aspereza hum tanto hispida , por baixo reticu- lada mente venosas, runcinadas, de lóbulos op- postos , oblongos , obtusos com huma agudeza minima , celheados na margem, denticulados- aculeados ; as inferiores pecioladas; as supe^ riores rentes, levantadas. Flores: duas ou três terminaes nos ramos, pe- dunculadas; pedúnculos roliços , hispidos , la- nuginosos , foliosos, unifloros; invólucro so- toposto composto de dez folhetas desiguaeSj E ALIMENTAR PORTUGUEZA, 483 levantadas , as cinco exteriores maiores , ren- tes , lanceoladas , dentadas , celheadas-aculea- das , as cinco inferiores menores levemente dentadas , celheadas-aculeadas. Calyx: glabro, estreitamente imbricado, escamas conchegadas , lisas , agudas , terminadas em hum espinho alongado , desvairado-levanta- do , lanuginoso ; as inferiores ovadas , de espi- nhos simplices , as superiores lanceoladas , de espinhos pinnatifidos. Corolla : composta igual , flosculosa ; a própria afunilada, o ttíbo compridissimo, branco, cy- lindrico, quasi mais comprido que o calyx, a orla amarella, cylindrica , hum tanto curta, pentagona , quasi bilabiada , o labio superior fendido em quatro lacinias lanceoladas , hum tanto obtusas , quasi iguaes , levantadas , o in- ferior lanceolado , hum tanto agudo , quasi patente. "Eslzmes : filetes assovellados , brancos, impu- bescidos , insertos na base da orla ; anthera^ formando hum tubo cylindrico , escuro, estria- do, a abertura de cinco denticules, correspon- dentes cada hum a cada antliera, hum pouco mais compridos que a corolla. Pistillo: germe inversamente ovado , branco , es- triado, coroado d' hum pappilho piloso , sim- ples , rente , mais curto que o tubo j estylete filiforme , do comprimento dos estames \ esti- gma amarello , quasi sabido , bipartido , as la- cinias ovadas, obtusas, planas. Receptáculo : s-stoso, sedas brancas, conformes ao pappilho. .h-qíj.^ Habita espontânea , ainda qtie" rara, pelos mara- chões arenosos, dos montes d' Arregaça junto a Coimbra. Floresce em Junho, e Julho. Annual. Ppp 2 4?4 FLOTlA PHARMACEUTICA Sabor das folhas intensamente amargo, náo nau- seoso, tenaz. 4.30. C. calcitrapa. Calcitrapa , Cardo estrellado, ou esporado. , Calyx dobradamente espinoso , rente; folhas pin- natifidas, lineares, dentadas; caule piloso. Pharm. Todas as partes desta espécie são usadas era Medicina com bons eíFeitos , segundo as authoridades de Tournefort , Geofroi , Baulii- no , Lobel , e outros. Habita frequente pelas margens dos caminhos , e dos campos, e nos montes caJcareos nos arre- dores de Lisboa , Coimbra , e outras partes. Floresce no estio. Annual. Toda a planta he amarga. He opinião de Morre ir (Exod. 12. ^. ), que fora o condimento do Cordeiro Pas- chal entre os Judeos. 431. C. Tagana. Centáurea maior ^ rhapontico has^ tardo do Reino. Calyces escariosos; folhas radicaes lanceoladas, hum tanto obtusas, hum tanto serreadas , gla- berrimas d'ambas as partes , caulinas humas inteiras , outras levemente pinnatifidas na ba- se, Pharm. vqlii. Raiz: muito grossa, longa, inferiormente ramo- sa, dura; casca densa, exteriormente negra, inteiramente alourada. Habita nos sítios arenosos , encontra-se nos pi- nhaes de Caparica , e acima de Lisboa nos montes lapidosos junto do Tejo; e perto de Coimbra nos matos de Vai de Marrocos. Flo- resce em Junho ^ e Julho. Ferenne. E ALIMENTAR POKTUGUEZA. 4^5" Raiz: cortada recente verte hum sueco açafroa- do, aromático, hum tanto amargo. Ha mais de cem annos que o celebre Bo- tânico Clusio observou em Portugal es- ta planta , e diz que os Eervolarios , € Botânicos lhe chaviavao Rhapontis ; que ella era huma segunda Centáurea centaurium, e era usada em vez desta , e da Centáurea rhapontica , e do Rheum rhaponticum. Antigamente mandava-se ■ da 'Uespanha para Antuérpia, como re- fere Dodoneo , que julgou ser o Cen- tarium maius dos antigos com folhas de Labaça (Brotero). Heliantlmí. Calyx grande, polyphyllo, escamas imbricadas, cscariosas , no topo entre recurvadas e paten- tes; sementes com dous palhiços no topo, agu- çados , decadentes ; receptáculo hum tanto pla- no, amplo, paleaceo. 432. H. tuberosus. Eyn Fort. Girasol tuberoso ^ Ba- tata tupinamba. Alim. raiz recente. Raiz: polymorpha, exteriormente cor d'2zeito- na; consta de muitas tuberas, oblongas-arre- dondadas, glabras, por fibras presas humas ás outras, desiguaes; fibras filiformes, solitárias, alongadas , esbranquiçadas-ferrugineas \ paren- chyma branco, carnoso, disco igual, unifor- me. Cultiva-se na Beira septemptrional , no Minho , 4^0 FLORA PHARMACEUTICA e Tras-os-raontes. Floresce no estio. Peren- ne. Cheiro nullo, quasi nullo o sabor, pouco succu- lenta : não dá amydo. ORDEM Polygamia necessária. Calendula, Calyx polyphyllo, simplesmente de huma serie de foliolos iguaes ; sementes do disco poucas férteis , aladas , ás vezes cymbiformes ; as do raio diversas, mais compridas, curvas, ordi- nariamente echinosas, ou ásperas j receptácu- lo mi; pappilho nullo. 433. C. officinalis. Em 'Port. Maravilhas dos jar- dins , Mal-me-queres de todos os mezes. Sementes cymbiformes, echinosas, todas curva- das para dentro. Pharm. herva, flores. Raiz: fusiforme-cylindrica , branca, descendente, fibrillcsa. Caule: quasi succulento, estriado-angulado , em- pubescido , d' hum pé , ramioso , diffuso ; ramos alternos, simplices, semelhantes ao caule. Folhas: quasi' carnosas, alternas, espathuladas, obtusas cora hum minimo tubérculo ; as infe- riores rentes, integerriraas, glabras d'ambas as partes, margem miudamente celheada , no- tada com minimos tubérculos remotos , com- primento de quatro ou mais pollegadas ; as ^ superiores quasi lineares. E ALIMENTAR TORTUGUEZA. 487 Flores: solitárias, pedunculadas, nuas, levanta- das. Calvx: coramura polyphyllo, empubescido, sim- plesmente formado por huma serie de escamas lineares, agudas, fuscas no topo, levantadas, exteriormente convexas , interiormente conca- vas , quasi iguaes , hum tanto baixas. Corolla: composta loura, radiada, no disco her- maphrodita , do com.priraento do calyx , no raio feminina , patente ; a própria do disco afunilada, tubo curto, impubescido, orla tur- binada , glabra , fendida em cinco íacinias , ovadas- agudas, lèvpntndas, margem toda in- crassada ; a do raio ligulada , inversamente lanceolada , plana , apertada , de dobrado com- primento do calyx, tubulada na base, impu- bescida , o topo obtuso, de três crenulas. Estames: filetes cinco amarellos; antheras uni- das em tubo cylindrico. Pistillo do disco: germe oblongo, estylete fili- forme , táo comprido como o tubo das anthe- ras , que penetra, estií^ma capitoso, simples, ou bifendido , amarello *, o do raio, germe quasi triangular, curvado para dentro, avelu-- tado , estylete filiforme do comprimento do- tubo , estigmas dous, lineares, agudos, revi- rados. Receptáculo nií. Cultiva-sCo Floresce na primavera, e estio. An- nual. Folhas: cheiro debil, diífusivoj sabor acidulo, depois levemente amargo. Flores: cheiro levemicnte suave, quasi narcótico^, sabor brandamente acido. O Doutor Brotero ^ 7iotando as dijferejt-^ FLORA THA?MACEUTICA. ças entre esta espécie e a seguinte , ohser^ja que estas differenças são in- constantes \ porque pelas repetidas se- : ■ vienteiras ^ ou hybridismo , ella se tor- na semelhante no habito e sementes d seguinte , e por isso a julga variedade delia. Willdenow nota a mesma nimia^ afinidade : Haller as reputa huma só espécie , e consequentemente das mes-- mas virtudes: d vista do que a Offici- nalis sendo entre nós hum resultado da cultura , para os usos pharmaceuticos deve-se preferir a seguinte. 424. C. arvensis. Herva Vaqueira, Sementes cymbiformes , echinosas, curvadas para dentro , as mais exteriores levantadas , e muito prolongadas. Habita entre as searas , nos campos , nas margens dos caminhos nos arredores de Coimbra , e ou- tras partes na Beira , e Extremadura , e quasi em todo o Reino. Floresce na primavera , ás vezes no outomno , e inverno. Annual , ou biennal. Cheiro ingrato , análogo ao do bitume j he hum pouco viscosa ao tacto. K ALIMENTAR PORTUGUEZA. 4^^ CLASSE 20/ Qynandria. ORDEM Monandria. Orchís. Petaía inferior da corolla (nectario Lin.) gran- demente lobada , rostrada posteriormente na base. 435'. O. Morio. Em Port. Salepo ordinário , ou Ges- ticulo de cão usual. Lábio do nectario fendido era quatro lacinias, crenulado, o rostro obtuso remontantej péta- las obtusas convergentes. Pharnu raiz. Bolbo oval , esbranquiçado , hum tanto espon- gioso j no estado recente , exteriormente cin- zento , Iium. pouco rugoso ; parenchyraa de ap- parencia córnea , no estado secco. Habita nos prados do Alemtejo , e em Caparica. Floresce no estio. Perenne. Recente: cheiro desagradável, sabor quasi nullo, muciiaginoso ; crepita entre os dentes , e dis- solve-se quasi perfeitamente na saliva. As raizes das espécies seguintes dão igualmeute bom Salepo. 4^0 FLORâ PHARMACF.UTICA 436. O. coriophora. Ore b? de fétida. Lábio do nectarío trifendido, cVenulado o ros- rro curto ; pétalas convergentes. ' Pkarm. raiz/ Habita nos montes calcareos nas visinhanças de Coimbra, em S. Pedro Dias, e montes deCin-» tra. l^loresce em Maio. Perenne. 437. O. máscula. Salepo maior. O lábio do nectario fendido em quatro lóbulos crenulado, o rostro obtuso j pétalas dorsaes vi- radas para fóra. Habita perto de Coimbra, e outras partes naBei- Q J^' -^/oresce de Abril até Junho. Perenne. 43<>' ^- militaris. Satyrião militar. O lábio do nectario quasi de cinco lóbulos , ma- lhado de pontos purpúreos, o rostro obtuso ; pétalas quasi coadunadas. Habita nos muros antigos, matos, e montes cal- careos ao redor de Coimbra , e outras partes na Beira. Floresce de Fevereiro até AbriL Perenne. He variedade , e quasi mu a espécie. 439. O. pyramidalis. Orchide pyramidal. O Jabio do nectario tem dous corniculos e mais três lacinias iguaes , e integerrimas, o rostro comprido; pétalas sublanceoladas. Habita nos arredores de Bellas , e Cascaes. Flo- resce de Maio até Julho. Perenne. He varie- dade , e quasi nova espécie. As raizes destas quatro espécies são re- dondas. 4^0. O. latifolia. Satyrião bastardo , ou Orchide das folhas largas. Bolbos quasi apalmados^ rectamente arraigados; E ALIMENTAR PORTUGITEZA» 49 1 O rostro do nectario cónico, o lábio, triloba- do , lóbulos lateraes dobrados para fora ^ bra- cteas mais compridas que as flores. Habita nos sitios húmidos perto de Coimbra , e outras partes da Beira , como também no Aleratejo, e Extremadura. Floresce de Maio até Julho. Perenne. N. B. Alem destas espécies ha ainda al- gumas outras , com cujas raizes se pôde supprir o Salepo. {Veja-se a Phyt. € Flora Lusitanica.) Ophrys, Corolla: a sua pétala inferior (nectario Lin.) de- pendurada , lobada, por baixo quasi aquilhada , e he mais comprida do que as outras. 441. O. lutea. Em Fort. Herva vespa. Bolbo quasi redondo ; caule roliço , foiioso ; fo- lhas lanceoladas j lábio do nectario oblongo , largo , trifendido , laclnias lateraes , largas , a média ovada inversamente, mais larga, no disco fusca, e vil los ,1 , orla amarellada, gla- bra , levemente chanfrada no topo , e neste sem appendix. Fharm. raiz. Raiz bulbosa-grumosa , ou comosa , bolbo tanto o novo como o velho quasi redondo. Habita nos sitios calcareos perto de Coimbra , e Lisboa. Floresce na primavera. Perenne. As mesmas propriedades das antecedentes. 442. O. scolopax. Herva abelha. (Phyt. Lusit. Brot.) Bolbo quasi redondo j folhas caulinas lanceola- Qaq ^ 49^ FLOKA PHA?.MACEUTICA das; labio do nectario tripartido, luzidio, tu- berculado na base , lanudo nas margens, la- cinia média inversamente ovada , levemente chanfrada, sem appendix; antheras bipartidas, ( Oph. vernixia. Flor. Lusit. Brot. ) Tharm. raiz. .^ Raiz bolbosa-comosa : bolbos dous quasi globo- sos, hum mais recente maior, outro mais an- tigo menor , ambos ornados de algumas raí- zes filiformes, e hum tanto crassas por baixo da base do caule. Habita nos sitios calcareos de Coimbra , e outras partes na Beira. Floresce na primavera. Peren- ne. As mesmas propriedades ^as antecedentes. Satyrlum. Pétala inferior comprida , estreita , e tem na base. posteriormente hum appendiculo túmido bilo- bado , ou rostro curtíssimo , coarctado no prin- cipio. 443. S. diphyllura. Em Fort. Satyriao de duas fo- lhas. Folhas caulinas duas, largamente ovadas, alter- nas , agudas , base amplexicaule ; espiga laxa ; bracteas lanceoladas , apenas mais compridas que o germe. Vharm. raiz. Habita na serra da Arrábida até Azeitão. Floresce na primavera. Perenne. 444. S. densiflorum. Satyriao de folhas densas. Bolbos ovaes, indivisos j folhas radicaes lanceo- E Alimentar poutugueza. 4^5 ladas , pecioladas , as caulinas superiores espa- ■ thiformes ; espiga densa. Pbarm. raiz. Habita na Arrábida. Floresce na primavera. Pe- renne. Estas duas espécies , como todas as dos géneros antecedentes , que pertencem â família natural das Orchideas , tem Tia Pharmacia o mesmo uso, isto he , com as suas raizes bolbosas se pode preparar o Salepo , principalmente de- fendo referir-se amhas^ segundo o Dou- tor Brotero , ao Género Orchis. ORDEM 2. Hexandria, Âristolochia» Calyxnullo; corolla sobreposta , monopetala tu- bulosa , bojuda na base , dilatada no topo em huma ligula comprida , integerriraa \ antheras rentes ; estylete nullo ; estigma quasi globoso , concavo , fendido em seis lóbulos ; capsula de seis cellulas. 445'. A. pistolochia. Em Fort. Aristolochia menor. Folhas cordiforraes, crcnuladas, por baixo reti- culadas, pecioladas; caule na base ramoso, fle- xuoso, prostrado; corollas solitárias, levanta- das , com o lábio lanceolado. Habita perto de Punhete nas ribanceiras do Zê- zere , nas visinhanças de Portalegre , Marvão , ^^4: FLORA PHARMACETTTlCA e outras partes no Alemtejo. Floresce em Ju- nho 5 e Julho. Perenne. Ponho aqui esta espécie , não obstante não se achar nos Catálogos de Maté- ria Medica , porque muitos Botânicos a reputarão muito arialoga nos caracte- res d A. serpentária de caule nodoso, espécie indigena da Virgínia^ e de emi- nentes virtudes bem conhecidas. 445*. A. longa. Aristolochia longa , ou Estrella- mim. Folhas cordtformes, pecioladas,integerriraas, hum tanto obtusas ; caule débil , flores solitárias. Pharm. raiz. Raiz: cylindrica, obtusa, de huma pollegada de grossura, e de hum palmo de comprimento, com sulcos rugosos , longitudinaes , cinzenta > dura, hum tanto frágil ; parenchyma igual > fusco , undulado. Habita nos sitios hum tanto sombrios, no fun- do dos montes nos arredores de Coimbra , Lis- boa , e outras partes. Floresce na primavera , e estio. Perenne. Cheiro hum tanto nauseoso ; sabor hum tanto amargo , análogo ao cheiro. N. B. No Algarve costumao substituir a a esta espécie a A. subglauca {Estrel- lamim do Algarve ) que lhe he muito análoga \ mas âijfere por ter as folhas por baixo de cor glauca^ os caules mais longos^ e angulosos ^ o tubo da flor am- pliado para o ápice, obliquamente trun- cado , e recurvado. E ALIMENTAIS TORTUGUEZA. 495» CLASSE 21.* Moncecia» TJt "^ TfÇ" "'fv ^ ■^ 'f^ "^ ^ ■'f^ 'F "^ "^ '^ ORDEM l^riandria, Zea* Flores "casulosas : as masculinas terminaes, pa- niculadas , de calyx bivalve , bifíoro , e de co- rolla bivalve: 2i.s femininas dispostas em hum receptáculo alongado, espongioso, cingido de folhas próprias, ou espatha casulosa , polyphyl- la , o calyx , e corolla bivalve ; estylere hum , filiforme , longissirao , pendente ; sementes so= litarias , encravadas no receptáculo. 447. Z. mayz. Em Fort. Milho grosso. Folhas integerrimas, Alim. Semente. Segundo o Doutor Brotero , he planta Africana^ outros a reputcio America- na : ha mais de três séculos que come- çou a ser cultivada em Portugal , e ho- je o he mais ou menos em todas as Provindas , principalmente na do Ali- nho^ e na parte da Beira entre as duas serras de Estrella e Caramullo^ cons- tituindo o pãe da maior parte do povo '. 49^ FLORA PHARMACEXrriCA OS terrenos húmidos , ou regados sHo para a planta os mais próprios , e pa- ra as alternações , de maneira que no mesmo anno dêni duas producçÕes de muita utilidade \ consistindo huma na. colheita do milho , que se faz no ou- tomno ^ a outra na do azevém (Lolium perenne Lin. ) que começa a fazer-se logo no outomno, tirado o milho , e con- tiniía até a nova sementeira deste na primavera seguinte^ tirando-se muitas camadas d^herva neste intervallo^ com que nutrem muito os animaes. Não he próprio deste escripto occu- par-me de agricultura , mas não posso deixar de advertir que deste modo de alternar os terrenos ^ que se achão nas condições referidas ^ se tiraria maior vantagem do que da agricultura do trigo nos mesmos terrenos^ os quaes infelizmente ainda vemos sujeitos ãs antigas rotinas , e o ar menti o perecen- do de fome pela yningua de pastos. Carex. Amentilho oblongo, espigoso, imbricado de es- camas unifloras ; corolla nulla. Flores masculinas misturadas com as femininas , ou separadas em amentilho distincto. ' fem. estigmas três , mais raras vezes dous : semente huma de três faces , dentro do nectario. 448. C. arenaria. Em Port. Sarsaparrilha de Alle- manjoa , ou Junca das arêas. È ALIMENTAR PORTUGUEZA. 497* Espiga composta : esplguinhas inferiores mais re- motas , ornadas d' hum foliolo mais compri- do. Pharm. raiz. Raiz : longa , recta , apenas ramosa , nodosa , ex- teriormente escura , interiormente branca , da grossura de huma penna de pombo. Habita nas praias , perto do Douro, e outros sí- tios raaritimos de Entre Douro e Minho. Flo- resce na primavera. Perenne. Recente cheiro brando, mas aíFectando os nari- zes com huma acrimonia agradável e subtil 3 sabor farináceo adocicado, balsâmico. ^ ORDEM Tetrandria. TJrtica. Calyx de quatro foiiolos, corolia nuiía. Masc. perianthio de foiiolos iguaes, quasi redon» dos j nectario no centro da flor , assalveado. Fera. perianthio de dous foiiolos oppostos, mui- to pequenos; estigma avelutado , semente hu- ma , nitida , coberta do calyx. 449. U. dioica. Em Fort» Ortiga maior ^ ou Oni" gão. Folhas oppostas, cordiformesj estipulas lineares- lanccoladas , patentes , d'arabas as partes duas a duas; amentilhos mascuiinos dous a dous, ramosos. Fharm. raiz, herva, Rrr 49^ FLÔ-RA PHA^MACÉtJTrCA Raiz : cylindrica , da grossura d' liumâ penna de pato, flexuosa , fibrosa em todo o comprimen- to , hum tanto rija; parenchyma mais secco, cortada transversalmente mostra hum centro medullar , orbiculado , cingido d' hum disco çafadamente annular. Caules: muitos dMiuma só raiz, levantados, sim- plices , apenas ramosos , quadrangulares com os ângulos quasi redondos , <]uadrisulcados , hispidos, de sedas hum tanto rijas, inferior- mente hum tanto crassas, cylindricas, articu- ladas no meio, com o topo assovellado, agu- do , pungente. Folhas : oppostas , pecioladas , cordiformes , agu- • das , serreadas com grossos dentes , de duas ou três poUegadas, por cima miudamente venosas, rugosas , de hum verde saturado , por baixo pallidas, hispidas d'ambas as partes com sedas curtas , rijas , assovelladas , globosas na base ; as superiores mais approximadas. Peciolos triangulares'^ hispidos. Estipulas : oppOstas , duas a duas , ou partidas em duas lacinias lineares , hum tanto obtusas, membranaceas, celheadas , quas] patentes, e en- caracoladas para fora. Flores masculinas ; e amentilhos dous a dous , ' de curtos pedúnculos, ramosos, patentes-, flo- res glomeradas , quasi rentes. ^ Calyx: perianthio , os foliolos côncavos, mem- branaceos , por baixo ásperos, patentes. Esta mes : filetes setaceos, mais compridos que o calyx ; antheras quasi ovadas-globosas , por baixo hum tanto convexas, por cirça chanfra- das \ constão de duas cellulas. Pistillo: nullo, rudimento do germe no centro, turbinado, glabro , obtuso, furado. E ALIMENTAR 1'ORTUGUEZA. 499 Flores femininas : em amentilhos semelhantes aos masculinos, empilhadas , minimas j pilhas quasi redondas , alternas. Calyx : perianthio , cora foliolos pequenos , ova- dos , obtusos , hirsutos. Corolla : nulla. Pistillo : germe sobreposto , orado , glabro , te- nerrimo.; estyletes nuUos ; estigma liuma borleta branca, pequena, patente. Habita nos sitios sombrios , e hum tanto hunii- dos na Beira. Floresce na primavera , e estio. ' Perenne. Raiz : cheiro débil ; sabor (Jebil , levemente amar- go. Herva , cheiro , e sabor herbáceo. ■ 45*0. U. urens. Urtiga menor ^ ou ordinária. Folhas ovadas; estipulas agudas, integerrimas , d'ambas as partes duas a duas, encaracoladas para dentro ; amentilhos simplicíssimos , de pe- quenos pedúnculos. Habitão estas duas espécies nos tapumes , e sitios hum tanto sombrios. A primeira floresce na primavera, a segunda na primavera, e estio. Annuaes. Ambas tem as mesmas propriedades que a JJr fi- ca dioica. 451. U. Lusitanica : Urtiga menor caudata. Folhas: ovadas, ou quasi cordiformes, oppostas, amentilhos d'ambas as partes dous a dous , » simplicíssimos , longos ; estipulas ovadas , bi- fendidas no topo. Pharm. hcrva. Caule obtusamente quadrangular, e com quatro sulcos; hispidez de sedas urentes ; he d' hum pé , e pé e meio de altura. Folhas ; oppostas ^ ovadas , quasi cordiformes-, Rrr 2 t.oo FLOI^A rHA"RMACElTTICA tcdas serreadas, e com sedas urentes, peclolos canaliculados , muito compridos. Ámentilhos: dioicos , raríssimas vezes monoicos, laterifolios , de cada parte dous, pecioíados^ peciolos de meia pollegada , canaliculados. Masculinos : patentissimos , simplicissimos , li- neares, até duas pollegadas de comprimento, inferiormente mis , e inermes , com as mar- gens membranaceas, superiormente floriferos: fe7tiininos levanTados-patentes , cylindricos, o topo curvado, elles tem huma e meia, duas, e mais pollegadas de alto. Estipulas: -laterifolias, ovadas, solitárias, bifen- didas no topo. O Doutor Brotero pela vialor affinlãade , que tem esta espécie com a U. urens, do que com a U. dioica a reputa filha da primeira. As folhas de todas as espécies deste ge, 7íero são ornadas de sedas ^ ou ferroes rijos pellucidos , como se vê a olhos nús , os quaes applicados á cútis a /";/- ■fíammão'. por meio do microscópio des- cohre-se em todos os ferroes ^ os quaes occupão os veios das folhas , huma ve- sícula oblonga , cheia de hum liquor limpido ardentoso j desta vesícula sahe hum aculeo assovellado , de ponta agu- díssima , impellido o qual leveynente contra a base , vê-se subir o liquor até certa altura ^ e cessando a impulsão ^ * descer outra vez para a base. Nas pi- cadas feitas pelos aculeas o liquor tirente ^ que então sahe das suas ve si- È ALIMENTAR ÍORTUGUEZA. ^Qí cuias compridas , he introduzido nas feridas , e dahi procede o ardor , que se sente. Morus. FJores masculinas e femininas em distinctos amen- tilhos, ovados, em forma de espigas densas, rentes , ou de curtos pedúnculos ; perianthio partido em quatro lacinias \ corolla nulla. Masculinas : filetes mais compridos que o calyx. Feinininas: germe hum, estyletes dous; semente huma, coberta do calyx convertido era baga„ 45'2. M. nigra. Em Fort. Moreira negra. Folhas cordiformes , escabrosas. Pharm. casca, fructo. Casca recente da raiz , exteriormente amarella- da ; secca longitudinalmente rugosa , de diver- sa grossura , segundo a idade da raiz ; paren- chyma esbranquiçado. Bagas (amoras) axillares das folhas, de curtos pedúnculos , ovaes , obtusas, negras, luzidias, de huma pollegada , compostas de pequenos bagos , dispostos em huma serie longitudinal desigual, ovados , comprimidos, truncados-ob- tuscs , terminados cm dous estyletes , imbrica- dos' em hum receptáculo carnoso, cylindrico cada hum de quatro lóbulos vesiculosos, ten- ros , succosos , superiormente convexos , infe- riormente attenuados. Semente huma entre os lóbulos , triangularm.ente ovada , aguda , ás- pera, inferiorm.cnte truncada, cora huma apo- physe gelatinosa. ^0% FLORA PHARMACEUTICA Casca: cheiro hum tanto grave; sabor austero,^ amargoso , Imm tanto salgado. Bagas: cheiro quasi nuUo ; sabor acidulo, hum tanto aromático.. Cultiva-se mais ou menos em todas as Provin» cias. Floresce na primavera. Arvore. Buxus. Flores masculinas e femininas, nascidas do mes- mo gomo. * Masculinas : perianthio de três foliolos ; corolla de duas pétalas. Femininas : perianthio de quatro foliolos ; co- rolla de três pétalas •, capsula quasi redonda , de três pontas agudas, de três cellulas, de seis sementes. 45' 3. B. sempervirens. Em Port, Buxo ordinário. Flores monoicas. Fharm. folhas, lenho. Folhas ovadas-oblongas , ás vezes malhadas de diíferentes cores. Lejiho bastante solido , e duro , pesado , pallido- citrino , com veios longitudinaes ; casca cin- zenta , rugosa. Habita pelos ribeiros entre Figueiró dos Vinhos e Thoraar ; cultiva-se em differcntes partes na Beira , e mais províncias do Reino. Floresce de Janeiro até Março. Arvore. E ALIMENTATl "PORTUGUEZA. ^C^ Almts. Flores masculinas , e' femininas em distinctos amentilhos cylindricos , com escamas imbrica- das. Masculinas : a escama do calyx commura qiiasi arrodelada , dividida era cinco , a escamula média maior : corollas três , profundamente partidas em quatro lacinias ovadas. Femininas : calyx de três escamas , a média maior; corolla nulla; germes dous. A. glutinosa. Em Port. Amieiro ordinário. Folhas ovadas-quasi-redondas , serreadas. Pharm. folhas. Habita nas ribanceiras dos rios , e lugares pa- ludosos da Beira , Entre Douro e Minho , e Tras-os-Montes. Floresce na primavera. Ar- vore. He a Betula ahtus de Linneo. Sabor amargo , e adstringente. ORDEM Polyandria. Ar um. Espatha floral monophylla , corada , bojuda na base , oblonga , superiormente aguda ; espadice aclavado , superiormente nú , no meio estami- neo , inferiormente pistilloso ; bagas unilocula- res , quasi globosas , monospermas , ou de pou- cas sementes. 5'04 PLORA PHARMACEUTICA 45' 5". A. vulgare. yaro , ou Té de bezerro. Hastea curta j folhas alabardinas-sagittadas, in- tegerriraas , glabras ) espadice aclavado \ espa- lha recta. Pbarm. raiz. Raiz recente da grandeza d' hum ovo de pom- ba com huma túnica tenra , membranacea ovada , exteriormente branca , parcamente fi- brillosa; as fibras, e tubérculos dispersos, dis- tantes , quasi redondos \ no topo muitas esca- mas brancas , membranaceas , imbricadas , con- chegadas , as interiores menores , dentro delias hum denticulo vivaz, solitário , assovellado, agudo, quasi curvado para dentro; o paren- chyma branco , carnoso , quasi succulento : sec- ca dura , quasi diaphana , e conservada ynuito tempo nivea , farinosa , frágil, friável. Habita nos sitios sombrios , valles hum tanto hú- midos , e tapumes , principalmente ao norte do Reino. Floresce na primavera. Perenne. Recente: cheiro nullo, sabor primeiramente in- sípido j depois pungente , rnuito tempo depois árida , o sabor farináceo , e quasi nada pun- gente , perfeitam-cnte amylacea sendo secca , e annosa. 456. A. Colocasia. Colocasla^ ou Inhame do Egypto, Hastea mais curta que as folhas arrodeladas , cordiformes, repandidas, vastas; raiz crassis- siraa. Habita espontânea pelas ribeiras de Monchique no Algarve. Floresce na primavera. Perenne. 45'7. A. arisarum. Arisaro^ ou Capuz de fradinho, Hastea curta ; folhas cordatas-oblongas ; espatha anegrada , inferiormente muito inteira , ova- da no topo, e ahi concava, e curvada para den- tro. E ALIMENTAR PORTUGtTEZA. 5'OJ' Habita frequente nos campos, e montes cultos e incultos na Beira , Extremadura , e outras par- tes quasi em todo o Reino. Floresce em Feve- reiro , Março , primavera , e outomno. Peren- ne. As raízes das três espécies referidas alem do uso medicinal , que se pôde fazer tanto das ultimas , como da pri- meira, podem ter também uso na eco- nomia domestica como alimentares : delias se tirão estas vantagens na Botim ia Oriental e Occidental ,^ ex- trahindo-lhes depois da torref acção ou exsiccação, e repetidas lavagens, amy- ão tão bom como o mais excellente do trigo, no qual se acha hum a porção de glúten ou principio vegeto-a'tiimal. Ajuntarei aqui mais huma quarta espécie , visto que La Marck ( Dicc. Bot. da Encycl. Meth. Tomo 3. p. 7.) diz que ella goza quasi das mesmas propriedades que as do Ar. vulgare, e que lhe parece ser a mesma planta^ de que Pison , e Aíarc grave fazem men- ção ( Hist. Brasil. Serpentária , seu Dra- cuncuhis maior) e ter sido trazida pa- ra a Europa do Brazil, 458. Ar. Dracunculus. Serpentina , ou Serpentária vulgar. A sua raiz he tuberosa , brota huma hastea cau- liforme , de dous ou três pés de altura , gros- sa, imperfeitamente cylindrica, envolvida nas bainhas das folhas ,- lisas , e malhadas como huma cobra. As suas folhas são grandes , pe- cioladas , apedadas , lisas , verdes , ordinaria- Sss ^OG FLORA PHARMACEUTICA mente malhadas de branco, e compostas de cin- co até sete foliolos, ou digitações, lanceola- dos, ondeados, inteiros, dispostos como os de- dos de huma mao aberta na bifurcação do seu peciolo comraura. Estas folhas sao radicaes , mas quando a hastea está desenvolvida , pare- cem caulinares, por envolverem a dita hastea com longas bainhas. A espatha he muito gran- de, ella termina a hastea, e se eleva quasi até a altura das folhas; he esverdinhada por fora, e por dentro, pupurea-denegrida , exhala hum cheiro fétido quando de todo está aberta. O amentiího he pontudo, tem muitas flores na base, no seu comprimento mi de flores he pur- pureo-denegrido, e pouco mais curro do que a espatha. Habita nos sitios incultos e sombrios de Cintra , e outras partes da Extremadura , quasi espon- tanea , e he também cultivada em alguns jar- dins. Floresce em Maio. Perenne, Foterium. Flores em espiga. Masculinas : calyx de três ou quatro foliolos ; coroUa partida em quatro lacinias ; estames muitos-, pistiílos imperfeitos. Femininas: na mesma espiga, acima das mascu- linas; calyx, e coroUa como nas masculinas^, estigm.as penicilliformes ; baga formada do tu- bo da corolla endurecido, mono-ou disperma. 45:9..?. sanguisorba. Em Port. Fimpinella menor. Caule inerme, anp^uloso, glabro ; folhas pinnula- das, quasi pecioladas ; espigas terminaes, solitá- rias. ^ E ALIMENTAR PORTUGUEZA. íTO^ Pbarm. herva. Raiz: cylindrica , escura, ramo«;a. Caules: ir!tíitos,d'huma só raiz, levantados, de hum pé, verdes, angulados, ângulos notados com Jiuma linha fusca, glabr.os, ramosos; ra- mos^ alternos, levantados, hum tanto cliatos, angulosos. Folhas: alternas, peciolada&^pinnuladas com im- par, de sete pares de pinnulas com peciolosi- nhos , estas são oppostas , ovadas , obtusas , re- cortadas-serreadas , glabras diambas as partes, venulosas , por baixo garças , aqíiilhadas , por cima obscuramente verdes, hum tanto conca- vas, inferiormente menores; peciolos communs hum tanto pilosos, hum tanto fuscos, por bai- xo convexos, por cima canaliculados, cônca- vos na base, celheados. Estipulas : duas ou huma de cada parte na base dos supremos peciolos das folhas, e na base do peciolo coramum. Flores : capitosas ; cabecinhas terminaes , quasi solitárias , ovadas , obtusas , pedunculadas ; as flores superiores femininas, as inferiores mas- culinas. Calyx: perianthio , sotoposto, de três folioíos, ovados , obtusos , celheados , membranaceos mais curtos que a corolla, Corolla : sobreposta , plana , cruciforme , de qua- tro pétalas, rentes, ovadas, obtusas, debaixo do topo hum ponto elevado, quasi redondo, reviradas , trinerveas , a margem membrana- cea , ondeada. Esnmes : Ji/etes muitos, capillares, levantados, ' do comprimento da corolla ou mais altas, afi- theras levantadas, louras, didymàs. Pistillo : gerríie sotoposto, ovado , hum tanto SSS 2 '5'Oo FLORA PHARMACEUTICA comprimido, riigoso, esbranquiçado, de quatro ângulos; estyletes dous , brancos, cylindricos, apenas do comprimento da corolla \ estigmas peniciliiformes , brancos. Habita nos pastos , montes , j^into de Coimbra , e pelos seus arredores, e nos de Lisboa, e outras partes na Beira , Extremadura, e norte do Rei- no j em algumas partes se cultiva. Floresce na primavera. Perenne. Cheiro : fragrante , agradável \ sabor análogo. Fãgus. Flores masculinas -. rentes, dispostas em amenti- tilho, cylindrico, muito longo, calyx campa- nulado , fendido era quatro ou cinco lacinias j corolla nuUa ; estames dozes e mais , raras ve- zes menos. femininas: na base do mesmo amenti- Iho , ou em outro ; calyx de quatro dentes , aculeado. 460. F. castanea. Em Port. Castanheiro. Folhas lanceoladas, agudamente serreadas, gla- bras d'arabas as partes.^ Alim. fructo ( castanha ) . ^ He hem conhecida entre nós assim a ar- vore cúyno o seu fructo \ este he mui- to alimentar pela abundante matéria amylacea , e saccharina. Cultivão-se entre nós muitas "ja^'iedades \ as prin- cipaes são as que produzem castanhas rebordans , longaes , e raartainhas j as primeiras das quaes são de cor obtu- E ALlMENirAU PORTUGUEZA. 5'09 sa , qtiasi heynisphericas ; as segundas da mesma cor, quasi semrpyramidaes; as terceiras não dijferem das segun- das senão na cor , que he hum louro claro. A aruore que dá as castanhas reborda ns , não sendo enxertada ^ dá talvez a mais preciosa madeira que possuímos para construcção : também se costuma cultivar em Devézas pa- ra arcos de pipa ^ para cestos^ e ca- nastras : he por tanto huma arvore di- gnissima de mais extensa cultura , assim pelo uso alimentar do seu fru- cto , como pelo económico da sua ma- deira. Quercus. Flores masculinas : calyx monophyllo , fendido em numero incerto de lacinias j estames seis até dez , ordinariamente outo. ' femininas: calyx soioposto, monophyllo coriaceo, inteiro, áspero, cupuliforme^ estyle- te curtissimo •, estigmas vários ; bolota oval- oblonga , coriacea , monosperma. 461. Q^ suber. Em Fort. Sobro ^ ou Sobreiro. Folhas ovadas-oblongas, indivisas, serreadas, por baixo cotanilhosas i casca rim.osa , fungosa. Pharm. casca (cortiça). Habita nos montes calcareos, arenosos, ou argil- Icsos-arenosos em todo o Portúg.il , principal- mente nas provincias do sul. Floresce em Abril e Maio. Arvore. Cheiro, e sabor nuUos. 5 IO FLORA rHARMACEUTlCA 462. Q. robur. Carvalho rohle. Folhas glabras, pecioladas, pinnatifidas*siniiadas , superiormente mais largas, com angules obtu- sos ; bolotas ovaes, muito obtusas. Tharm. casca, folhas, bolotas, cúpulas. Casca: quasi lignea, cinzenta, exteriorm.ente com fendas longitudinaes, ordinariamente povoada de lichens. Folhas: alternas, de curtos pecJoíos , cuneifor- m.es , roncinadas-lobadas ^ lóbulos oppostos , obtusos , as inferiores pouco e pouco menores , glabras d'huma e outra parte , miudamente venulosas-reticuladas , com a m^argem quasi curvada para fora ; pedúnculos axillares, na summidade dos ramos , solitários , mais curtos que as folhas, niís, glabros. , Perianthio do fructo (cúpula) acinzentado, hum tanto crasso , corticoso , de margem troncada , miudissimamente celheada , exteriormente ru- goso, com pequenas escamas imbricadas, ova- das-agudas , quasi aquilhadas, arrimadas á cú- pula, hum tanto obtusas no topo; hc interior- mente liso , tem o centro raspado , lium tanto pallido. Bolota : oval , de comprimento triplo do da cú- pula , lisa , luzidia hum tanto , cor de palha de centeio , com estrias longitudinaes , e huma macula orbiculada raspada, ou áspera na base, o topo obtuso, guarnecido do estylete prorai- nente , cylindrico ; casca pergarainea frágil ; núcleo de dous lóbulos, ou cotyledònes, tuni- cado, exteriormente rugoso com vestígios ve- nulosos ; plumula no topo, consistindo n' hum ponto quasi redondo, hum tanto prorainente. Habita nos sitios montanhosos , principalmente nas Provindas do nonte. Floresce em Maio. Arvore. E ALIMENTAR PORTUGUEZA. ' 5- 11 Cheiro nuiíoj sabor fortemente adstringente. N. B, Nesta espécie as bolotas tem pe- dtmculos muito curtos \ quando porém estão penduradas era longos pedúnculos alguns Botânicos c ha mão ao Carvalho^ que assim as produz,. Carvalho raci- moso ( Qj racimosa), e o considerão co- mo dijferente espécie. 463. Q^ piibescens. Carvalho pardo da Beira. As folhas ena ambas as faces empubescidas , pe- cioladas, pinnatifidas, mais largas para a ban- da do topo , os seus ângulos são obtusos \ as '.bolotas são pedunculadas ou rentes. Habita na Lousa, Viseu, Gerez , e outros sitios das Provincias do norte do Reino. Floresce era Maio. Arvore alta. 464. Q^ hybrida. Carvalho cerquinho da Beira. Folhas pecioladas, por cima glabras , por baixo - huna pouco cotanilhosas, oblongas, dentead'as5 quasi sinuadas , inermes : bolotas oblongas, ren- tes : eupula das bolotas hum tanto escabrosa, tronco de grande arvore. Habita nas collinas da Beira austral , e da Ex- trernadura. Floresce era Maio. Arvore alta. 465*. Q. ilex. Azinheira , ou Azinho vulgar. . Folhas ovadas •oblongas' , indivisas , serreadas , glabras por cima, por baixo esbranquiçadas; a casca do tronco e raraos ordinariamente sem raxas. Habita no Alemtejo, e Algarve, e he com esta espécie que os proprietários de terras nestas Provincias formão as matas chamadas Mon- tados, com^cujas boljcas engordao os porcos. Flqresce era Abril ^ o Maio!. Arvore aita. 5' 12 FLOiaA PHATIMlACEUTICA 466. Q. rotundifolia. Azinheira doce. Folhas ovadas, obtusas, menos oblongas do que as da espécie precedente , hum pouco tenden- tes a redondas, ou ellipticas, com dentes es- pinhosos nas margens, por cima cinzentas-ver- des , e quasi glaucas, por baixo esbranquiça- das , ou cotanilhosas , persistentes \ bolotas muito compridas. Habita cora a espécie precedente nos Montados ^ e mesmos sitios. . Floresce nos mesmos mezes. Arvore alta. As suas bolotas, chamadas doces, tem muito m.enos adstringência do que as da precedente espécie; sao adoçadas, usadas como alimento; e, segundo Plinio, os habitantes da . Peninsula se serviáo delias nas sobremezas. 467. Q.r coccifera. Carrasco^ ou Carrasqueiro. Foíhas quasi ovaes, indivisas, com dentes espi- nhosos , glabras em ambas as faces ; caule ar- bustivo. Habita nos terrenos calcareos , e argillosos-calca- ■ reos mais ou menos soltos da Beira baixa , e Províncias meridionaes do Reino. Floresce era Abril e Maio. Arbusto. He nesta espécie que se colhe a grã para as tinturarias, chamada Grã de carrasco. As galhas não são hum producto natural nem destas , nem d^ outras quaesquer espécies do género Quercus; mas hum morboso producto^ causado por hum in- secto do género Cynips : he próprio des- te e d^outros insectos gostarem de dif- f crentes espécies de vegetaes congéne- res , ex. gr. o Curculio Scrophulariae não ataca só huma espécie de Scrophu- laria-y a Chrysomeia Gottingensis ata- E ALIMENTAR PORTUGUEZX. ^í^ ea muitas espécies de Mentha ; o Cy- nips Ros£e forma em dijferentes espé- cies de Rozeira o Bedeguar : por isso não admira que as galhas se encofi" trem em dijferentes espécies de Quer- cus, e mais abundantemente no Quer- cus fruticosa (Carvalho anão, ou Cer- quinho menor) ciue habita nos matos rasteiros j nos terrenos arenosos ^ e he frequente entre ^io frio e Aldeia Gal- lega alem do Tejo , desde ViHa Nova até Santarém , e Rio Maior na Ex- tremadura , nos arredores de Coim^ bra y ao Sul do Mondego nas collinas entre Sanguinheda e Mouronho na Bei- ra. A fêmea deste insecto com o acu- leo da cauda fura indistinctamente differentes partes deste vegetal , fo- lhas , peciolos , pedúnculos , ramos ten- ros, casca ^ e gommos para fiel l es pôr ■os seus ovos , e pela deposição dos ovos alli faz accumular os líquidos , depois pela coagulação lenta destes se pre^ para hum conveniente domicilio das larvas ^ e puppas até que, feita a me' tamorphose,^ rompem os insectos perfei- tos a s,ua clausura , e sahem por hum orifício em forma de moscas. As nossas galhas não são de tão boa qualidade como as que vem da Ásia Menor , principalmente d^Alepo , que ordinariamente são de cor cerú- lea , ou hum tanto negra , e mais pesadas: os mercadores costumão fal-- sificalas , dando-lhes artificialmente Ttt: 514 TLORA PHAUMACEUTICA huma cor que imita a natural ^ o que se conhece pela maior intensidaae âa cor ^ e maior espessura da camada co- lorante\ as furadas tem perdido parte àa sua bondade , por isso he mais útil apanhalas antes da sabida do inse- cto. Juglans. Flores masculinas dispostas em amentilho cy- Jindrico; calyx escamiforme, raonophyllo; co- rolla partida em seis lacinias ; estames doze até dezoito ; antheras quasi rentes. — femininas duas ou três contiguas , ren- tes ^ calyx sobreposto, fendido em quatro laci- nias; corolla partida em outras tantas, maior que o calyx ; estyjetes dous , curtos ; estygmas dous, grandes, superiormente rasgados; drupa oval , noz bivalve , núcleo variamente sulca- do , inferiormente de quatro lóbulos. 468. J. regia. Em Fort, Nogueira. Folhas pinnuladas, foliolos quasi nove a nove, ovaes , glabros , integerrimos. Alim. fructo {nozes) Pharm. casca exterior do fructo verde. Cultivão-se junto das povoações, nos valles, nas fraldas dos montes algumas variedades. Flo- resce em Maio. Arvore. He muito digna de mais extensa cultu- ra ^ tanto pelo fructo , que he muito alimentar , e pela casca exterior do mesmo fructo^ da qual se prepara hum extracto anthelmintico , como pela ma- ãeira , que he multo hoa para toda a ohra de marceneria , e pela casca da arvore ^ que tem muito uso na tintu- ria. Os nossos rios , e ribeiras , cujas ribanceiras se achao ordinariaynente ■povoadas de arvores , que não compen- são o terreno inutilisado pela sua som- bra , e raizes , o podião ser por esta srvore com as vantagens referidas* Corylus. Flores masculinas , e femininas : coroUa nulía. — masculinas: amentilho comprido, cylin- drico cora escamas imbricadas , unifloras , fen- didas em três lacinias , a média mais larga. femininas : nos raminhos terminaes , três a três, quatro a quatro ou mais; calyx bipar- tido , coriaceo , retraçado ; avellá ovada , ordi- nariamente quisi globosa , de base raspada. 460. C avellana. Em Port, Avelleira. Folhas inversamente ovadas-quasi-redondas , ser- readas , rugosas , hirsutas j estipulas ovadas , obtusas. Alira. Pharra. fructo , lenho. Fructo ; ovado , núcleo branco , doce , epiderme loura. Lenho: esbranquiçado, centro medullar delgado» Habita nas fraldas dos montes , nos sitios hum tanto sombrios , e hum ranto húmidos nos ar- redores de Coimbra, Cintra, e outras partes, principalmente ao norte do P^eino. Também se cultiva nas quintas. Floresce na primave^ ra. Arvore dS mediana estatura. Ttt 2 ^j6 PLORA PHAllMACEUTICA Lenho: cheiro, e sabor nullos. Friicto: cheiro niillo; sabor hum tanto doce; he firme ao mastigar , e torna a saliva lactescente. Betula. Flores amentilhosas. Masculinas: era araentilho cylindrico, e de cur- tos pedicellos. CaJyx : três escamas ovadas , quasi redondas , celheadas , a média maior que as duas lateraes. Corolia : três pétalas (rarís- simas vezes quatro , neste caso huraa he mini- rna), inversamente ovadas, concavas, celhea- das, apegadas ao pediccllo, a intermédia mais comprida que as lateraes , e o calyx. Filetes doze, curtos, que parecera estar adunados in- feriormente dous a dous: antheras doze, linea- res. (*) Femininas : araentilho hum pouco a baixo das masculinas , cylindrico. Calyx : três escamas rentes , celheadas , bi ou trifloras , lateraes, quasi redondas, a média mais comprida, ova- da , voltada para fora. CoroUa nuUa. Germes : dous ou três , cada hum com dous estyletes. Sementes : cordiformes , aladas. 470. B. alba. Em Fort, Betula , ou Vidoeira. ^ (*) Nos amentilhos masculinos de todas as Bétulas, que o Dou- tor Brotero pôde observar em Portugal , as três escamas constituem hum só calyx , e contém huma- só corolia com doze estames ; ellas não constituem três calyces , nem contém três corollas , cada iiuma de quatro pétalas , com quatro estames , como se observa em serae- lliantes amentilhos das Bétulas do Norte da Euiopa. TE Alimentar portugueza. '^ty - Folhas: agudas, ovadas, quasi deJtoIdeas , ser- readas, glabras. Pharm. casca, folhas, seiva. Casca : epiderme do tronco crassa , árida , coria- cea , a superfície que olha para a casca semea- da de elevações aguçadas , separável em muitas laminas, tenuissimas, planas, parallelas,as ex- teriores brancas, mais ténues. Folhas: alternas, pecioladas, ovadas, agudas , e pouco a pouco de mais de pollegada, glabras d'ambas as partes , por cima intensamente ver- des, luzidias, salpicadas de pontos albicantes, por baixo cinzentas, nervosas, com pequenos veios , na margem dobradamente serreadas. Seiva : obtem-se em grande quantidade pela per- foração do tronco ou ramos , antes da erupção das folhas; quanto mais inferior se practica a perforação, tanto mais aquosa he, e quanto mais superior tanto mais concentrada. Habita nos sitios montanhosos do Gerez , e Ma- rão, e outras partes das Províncias Entre Dou- ro e Minho, e Tras-os-Montes. Floresce em Maio. Arvore. Folhas : cheiro débil ; sabor hum pouco amar- goso. Casca : cheiro , e sabor nullo. Seiva : sabor quasi doce. Tem variedades de ramos glahros , em^ puhescidos j dependurados assim os no- vos como os adídtos , ou remontantes ou levantados-patentes 'j e também de folhas mais novas glabras: varieda- des , que alguns modernos chamao Ee-^ tuia pêndula , Betula pubescens. ^l8 • FLOllA PHAIIMACEUTICA ORDEM Monadelphra, Cytinus, Flores masculinas, e femininas no mesmo corym- bo. ■ masculinas : calyx diphyllo , do compri- mento do tubo da corolla tubulada carapanu- lada , e de quatro lacinias \ tubo formado de quatro tubosinhos nectariferos ; antheras quasi syngenesicas. — Femininas : calyx como nas masculinas , hum pouco abaixo do meio do germe; corolla como nas masculinas, de tubos semelhantes ne- ctariferos , mas sobreposta ; estigma capitoso , de outo ângulos ; baga globosa , coroada , de outo cellulas; sementes numerosas. 471. C. hypocistis. Em Port. Hypocisto, Putegas dat Sargaço, Sendo até hoje a única espécie conhecida neste género os seus caracteres especi- ficos são os genéricos» Pharm. sueco. Sueco expresso dos fructos recentes contundidos, inspissado ao calor do sol , ou extrahido da planta contundida macerada e cozida, inspissa- do depois de coado : o que se acha nas boti- cas vem de Creta , ou Languedoc por Marse- lha: he huma massa negra de fragmentos luzi- E ALIMENTAS PORfUGUEZA. $í^ dios , frágil , de sabor acido , adstringente , inodora ; mastigada adhere aos dentes , mas dissolve-se pouco e pouco na saliva. Habita parasita nas raizes de alguns arbustos , principalmente do género Cistus quasi em to- do o Reino , principalmente pelo norte. Pinus, Flores masculinas : dispostas em hum racimo terminal ; calyx de três ou quatro foliolos ; co- rolla nulla. Femininas : amentilho cónico, escamas oblongas , incrassadas no topo , angulosas , bi- floras ^ corolla nulla ; germes minimos , dous a dous em cada huma das escamas ; estylete as-» sovellado ; estigma simples ; pinhões cingidos d' huma aza membranacea. , P. maritima. Em Port. Pinheiro bravo. Folhas : duas a duas , embainhadas na base , as primordiaes solitárias , celheadas-asperas ; ra- mos verticillados , patentes , pouco e pouco mais curtos para o topo ; pinhas fructiferas conicas-oblongas , hum tanto agudas, penden- tes. Pharm. renovos, livrilho, sueco, pez. Habita espontâneo quasi em todo o Reino depois de semeado. Floresce na primavera. Arvore, Pela lenha , madeira de cojistrucção , e pêz , que desta arvore se extrahe em muitas partes do Reino , ella he sum- mamente interessante , e muito mais o podia ser , se delia mais quizessem 5'20 FLORA PHAKMACETTTICA extrahlr a resina : as nossas monta- nhas podião estar povoadas desta ar- vore ^ e de outras muitas espécies con- géneres ^ com muita vantagem da Na- ção , em lugar de arbustos inúteis , e que só servem de couto aos animaes damnosos ^ que entre nós habitao^ co- mo Lobos , Raposas , etc. O Pinheiro manso ^ ou negro (Pinus pineo ) he também de grande utilida- de 5 bem conhecida. Cupressus. .Flores masculinas , e femininas era distinctos amentilhos; coroila nulla. Masculinas : amentilho ovado , em cada hum muitas escamas, quasi redondas, oppostas; an- theras na superfície interna das escamas , ren- tes. Femininas : amentilho quasi globoso , escamas oppostas, anguladas, arrodeladas , superiormen- te hum tanto convexas , obliquamente mucro- das 5 inferiormente multifloras no pedicello ; estigma simples , rente, 473. C. sempervirens. Em Port. Cipreste ordinário. Folhas: imbricadas, quadrangulares; ramos qua- si encostados ao tronco, e formando pyramide. Pharm. fructo. Fructo (jnaçã): cónico , quasi arredondado ; pe- la maturação as escamas arrodeladas, que pe- gão por meio de hum pedicello *ao carolim commum , separao-se entre si. Cultiva-se frequente junto dos muros das quin- E ALIMENTAR PORTUGUEZA. ^21 tas , e quintaes. Floresce de Outubro até De- zembro. Arvore. Sabor adstringente, amargo. Croton. Flores masculinas : calyx de cinco folioíos ; co- roUa de cinco pétalas , ás vezes nulla ; cinco glândulas no receptáculo. femininas : remotas das masculinas , e hum pouco maiores ; c;ilyx , e corolla como nas masculinas ; glândulas nullas ; germe so- breposto, estyletes bifendidos ; capsula tricoc- ca , elástica , sementes solitárias. 474. C. tinctorium. Em Port. Tornesol dos tintu- reiros ^ ou Tournesol dos Francezes. Folhas rhomboidaes, repandidas na margem j ca- psulas pendentes ; caule herbáceo. Pbarm, sueco de toda a planta menos raiz. Caule: d' hum pé, ramoso, cotanilhoso, levanta- do. Folhas : ovadas , cotanilhosas , quasi repandidas , peciolos compridos. Racimos : curtos ; flores masculinas amarellas ; femininas poucas, no fundo do racimo, com longos pedúnculos-, capsulas hum tanto áspe- ras. Habita nos arredores de Beja nos terrenos cul- tos e incultos , e nas margens do Guadiana ; no Algarve entre Alcoutim e Castro Marim, Floresce era Maio , e Junho. Annual, Esta planta , alem dos usos medicinaes , pode servir para azigynento da indus- Vvv ^11 FLORA PHMIMACETTTICA trta , e consequentemente para riciue' za nacional \ he da preparação do seu sueco que resulta o Tournesol dos Francezes , do qual nenhum Dispensa- tório pharmaceutico , e nenhuma fabri- ' ca de tinturaria pôde dispensar-se^ pa- ra conhecer qualquer excesso de aci- do , e para muitos outros usos. Ricinus, Flores masculinas : inferiores ; o caíyx partido em cinco lacinias ; coroUa nulla. femininas superiores ; calyx partido em três lacinias; corolla nulla; estyletes bi fendi- dos; capsula aculeada , aculeos raoUes; cellulas três, cada huma com huma só semente. 475'. R. comraunis. Em Port. Carrapateiro^ Rici- fío y Catapucia maior, Mammona , Figueira do inferno. Folhas arrodelladas , quasi apalraadas, serreadas. Pharm. semente. Semente : oval , obtusa de ambas as partes , da grandeza d' hum feijão grande , chata d'arabas as partes , nitida , variegada de baio e verde ; hilo prominente, amarello, hum tanto agudo; núcleo muito branco , concavo no centro , co- berto d' huma membrana branca , immediata- mente dentro da casca , ténue , e frágil. Cultiva-se nas hortas junto das povoações, e he ahi quasi espontânea. Floresce na primavera, e outomno. No sul do Reino arvore; pelo nor- te, e em Tras-QS-raontes annual. E ALIMENTAR PORTUGUEZA. ^1^ Cheiro niillo; sabor debil , levemente doce, hum tanto acre; he muito oleosa. O óleo de R/chio extrahido do fructo deS' te vegetal^ he de grande uso em Medi- cina , e podia igualmente ser em econo- mia domestica^ servindo na combustão das luzes com preferencia ao azeite , ainda ita abundância deste ^ por susten- tar esta combustão sem exhalaçao de matéria não queimada , como succede com o azeite. Se este ramo de industria se deve- ria promover na abundância do azei- te , com quanta maior razão na falta deste , pela terrível moléstia , que ha mais de 30 annos tem estragado os olivaes de quasi todo o "Reino ? He hum a moléstia extrema , que af- fiige toda a Nação , e que ella exija algum remédio^ e alguma providencia ^ não se duvida ; mas nem em Portu- gal, nem em Hespanha^ França, e Itá- lia se tem até hoje descoberto para a curar remédio algum , que geralmen- te seja efficaz , e infallivel com persis- tência, Lembra-me por conseguinte re~ commendar muito a cultura do Rici- no , principalmente para com o seu azeite supprirmos a falta do das nos- sas oliveiras , em quanto estas , ou pe- la natureza ou pela arte , não chegao ao periodo de ser todas curadas do mal , que as infesta. Vvv 2 5'S4 FLORA PHARMACEUTICA ORDEM Moncecia Syngenesia. Momordica. Calyx monophyllo, partido em cinco lacinias , adunado á corolla partida também em cinco lacinias, e rugosa. Flores masculinas : hum estame simples , monan,-^ dro, dous compostos ou unidos por syncretis- mo em pares diandros. Flores feraen. três filetes castrados : estylete tri- ■ fendido : baga ( pepino ) secca , oblonga , elás- tica , de três cellulas, de muitas sementes. ^^d» M. elaterium. Em Fort, Pepi?w de S. Gregó- rio. Bagas ou peponios (pepinos) hispidas (quasi acu- leadas); gavinhas nuUas. Pharm. raiz, fructo. Raiz : crassa , ramosa. Fructo : oblongo, d'huma pollegada ou mais de comprimento , entre verde e louro ; durante a maturação , com hum leve toque , ou flexão rompem-se as suas fibras elásticas junto do pe- dúnculo, e esguicha então juntamente os sue- cos , e sementes , que dentro em si contém. Habita nos terrenos soltos da Pedrulha , e Alcar- raques perto de Coimbra , e outras mais partes na Beira e Extremadura. Floresce no estio. Pe- renne. Assim a raiz como o fructo e seus suecos são in^ tensamente amargos» E ALIMENTAR PORTUGUEZA. ^2^ N. B. Neste género^ e nos três seguin- tes , os cinco filetes dos e st ames não são aãunados todos inferiormente em hum só corpo , oti columna \ mas são àous a dous inteiramente a d una dos , e hum solto ; por consegtwite não ha 7iel- les verdadeira Monadelphia , como o Doutor Willdenow admitte ; mas as cinco antheras achão-se perfeitamente adunadas ou todas , ou duas a duas e huma solta, e de qualquer sorte que seja a união , ella constitue Syngenesia verdadeira, conforme o parecer do Dou- tor Linneo , do Doutor Brotero , e de outros Botânicos , que seguimos. Cucumis, Calyx campamilado , com cinco dentes; corolía partida era cinco lacinias , apegadas ao calyx. Flores masc. filetes como na Momordica. fcm. estylete cylindrico , curtissimo ; es- tigmas três , fendidos em dous lóbulos , volta- dos para fc-ra ; baga , ou peponio , grande, suc- cosa , de muitas sementes, de três cellulas; se- mentes em duas ordens , comprimidas , mar- gem aguda. '^"j"]» C. melo. Em Fort, Melão. Folhas de ângulos arredondados. Pharm. semente: alimentar, fructo. Sementes miuitas pedicelladas , ovaes , agudas , comprimidas diambas as partes, glabras , es- branquiçadas, lisas, aninhadas em huma pol- pa mollissima , e succosa» ^l6 FLORA PHAUMACEUTICA Cultivão-se muitas variedades nas hortas, bace- los, e valias, em todo o Reino, principalmen- te nos campos do Mondego , Tejo, e Coa. Floresce no estio. Annual. 478. C. sativus. Pepino ordinário. Ângulos das folhas rectos. Al ira. fructo. Cultiva-se frequente nas hortas. Floresce no es- tio. AnnuaL Cucurbita. Calyx campanulado, com cinco dentes; corolla fendida em cinco lacinias , pegadas ao calyx. Flores masc. filetes superiormente unidos : anthe- ras lineares , com linhas tortuosas serpejando para cima , e para baixo. fem. estylete cónico , fendido era três ló- bulos no topo ; estigma hum , trilobado ; ba- ga , ou peponio , grande , carnosa , de muitas sementes , e estas de margem túmida , obtusa. 479. C. lagenaria. Em Fort. Cabaço ^ Co l ombro ^ A- bobara de carneiro, Pharm. semente , fructo. Sementes : cinzentas , miudamente rugosas , linea- res , de menos de huma pollegada , planas de ambas as partes , sulcos convergentes no to- po , obtusas em ambas as extremidades , muito engrossadas , no topo ; miolo branco , separá- vel em duas cotyledones , dentro de huma cas- ca frágil. Cultiva-se nas hortas, assim como a variedade pyriforme Cabaça de vinho. Floresce no estio, Annual. E ALIMENTAR PCmTXTGUEZA. ^If Cheiro niillo, sabor hum tanto pingue, análogo ao das amêndoas. 480. C. citrullus. Melancia, Folhas partidas em muitas lacinias. Pharm. semente: alimentar, fructo. Muitas sementes , pedicelladas com o pedicello carnoso, molle, lisas, polidas , obtusas, com- primidas , e planas de ambas as partes. Cultivão-se frequentemente muitas variedades , algumas das quaes de fructos mui grandes, e agradável sabor, nas hortas, nos campos, e principalmente no Tejo, ao sul do Reino, e outras partes. Floresce no estio. Annual. Sementes cheiro nullo , e com o sabor das amên- doas. 481. C. pepo. Ab obreira das abóboras meninas^ mo- gangas , por queiras , etc. Folhas lobadas, frutos (abóboras) lisos. Alim. fructo. Cultivão em Portugal as sobreditas variedades , que se usão como alimento em preparações cu- linares. Florescem no estio. Annuaes. Bryonia, Calyx de cinco dentes , pegado á corolla , cam- panulada , partida em cinco lacinias. Flores masc. Estames hum simples; os outros compostos por pares ; dous filetes , e duas an- theras unidas por syncretismo. fem. Estylete fendido era três, ou qua- tro lacinias ; baga quasi globosa , de muitas se- mentes. 482. B. alba dioica. Em Fort, Norça branca , Bryo- nia. ■pS FLOIIA PHA"RMACETTTICA Folhas apalmadas, de huma e outra parte cal- losas-asperas : flores dioicas, e raramente mo- noicas. Pharm. raiz , baga , sementes. Raiz : fusiforme , ordinariamente ramosa , quasi de hum pé, obtusa-arredondada no topo, es- branquiçada-amareHada , transversalmente ru- gosa , rugas pouco apparentes, quasi approxi- ví\2.á2iS\ parenchy ma branco, carnoso, succo- so, com pontos arredondados , dispostos era serie radiai do centro para a peripheria , e com outra serie annular solitária , que contém o centro medullar. Bagas ou peponios : em racimos axillares pen- dentes , globosas , da grandeza de huma ervi- lha grande, vermelhas, ou negras, glabras, e hum tanto polidas , ornadas no topo com hum ponto elevado em lugar de embigo ; pa- renchyyna succoso j sueco verde j cinco semen- tes. Sementes: ovadas, obtusas, comprimidas d'am- bas as partes , fuscas , hum tanto lustrosas , miudamente rugosas. Habita frequente pelos tapumes nos arredores de Coimbra , e outras partes na Beira. Floresce em Julho , e Agosto. Perenne. Cheiro : nauseoso ; sabor nauseoso , hum tanto acre , quasi estyptico na raiz recente ; na raiz secca são mais débeis estas propriedades. Ba- gas : cheiro nauseoso , sabor fátuo. B ALIMENTAR PORT0GUEZA. ^1^ CLASSE 22/ Díoecia. ORDEM Diandria, SaiíX: Escamas do amentilho uniflofas , imbricadas ; in- volucro do gommo, coriaceo, escamoso; co- rolla nulía. Flores masculinas. Glândula nectarifera cylindri- ca ou sim.ples , ou dobrada no centro da flor. Flor. fem. Estigmas dous, bifendidos ou simpli- ces : capsula unicellular, bivalve, válvulas en- roladas para fora , sementes com hum pappi- Iho simples hirsuto. 483. S. alba. Em Port. Salgueiro branco ^ ou ordi- nário. Folhas íanceoladas , agudas, de ambas as partes empubescidas, serreadas, dentes Ínfimos glan- duloscs. Fharm. casca , folhas , amentilho. Habita nos lugares aquosos , quasi em todo o Reino. Floresce em Fevereiro, e Mar^o. A.r- vore. Sabor da casca mais adstringente na prrprrçao da idade , decrescendo na mesma as proprie- dades amarga , e kilsamica. Xxx j^ FLORA PI«>lRMACEUTIC'A Cheiro das folhas novas balsâmico; sabor amar-» go, nas mais adultas mais adstringente. Amentilhos gratamente odoriferos. 484, S. frágil is. Salgueiro quebradiço. Folhas ovadas-lanceoladas ; peciolos dentados , glandulosos. Pharm. casca. Habita pelo norte do Reino. Arvore. ORDEM Triandria. Phwnix, Flores: espatha monophylla; espadice ramoso. masculinas : perianthio rainimo, partido em três lacinias , persistente ; corolla de três pétalas , oblongas , do comprimento triplo do do calyx ; estames hum pouco mais curtos que as pétalas. femininas : calyx como nas masculinas ; corolla de três pétalas, ovadas , obtusas, com- primento dobrado do do calyx j germe sobre- posto ; estigma simples , agudo ou três ; baga inversamente oval , monosperma ; semente ob- longa , tegumento crustáceo , albume duríssi- mo , de huma parte sulcado , da outra con- vexo, embryão horisontalraentecollocado.no meio do dorso da semente. '485'. Ph. dactylifera. Em Fort. Palmeira das Tâ- maras , ou d* Igreja. Folhas pinnuladas , foliolos ensiforraes. Pharm,, Alim. fructo (Tâmaras). E ALIMENTATIX POFUGUEZA. 5*31 Friicto recente: drupa oblonga, da ^randezn das ameixas f^rdinnr'as com o parenchyma pelluci- do, molle, dulcíssimo, qiiasi louro: secco có- nico, topo obtuso , arredondado, a base susten- tada no calyx escamoso, a cutícula ténue, de côr baça; o parenchyma alourado, doce vincso, coberto de huma pellicula tenra , branca , te- naz •, semente como fica dito nos caracteres do género. Cultiva-se em quasi todas as quintas em todo o Reino, principalmente em Alem-Tejo , e Al- garve. Floresce na primavera. Arvore. Tle indígena da Africa , da Arábia , e Pérsia ao longo do Mar 'vernielho , e erã torno do golfo Pérsico,-, dd-se heyn 710S climas adustos^ onde soprao osven- -tos do sul , em terrenos arenosos ^ seC" cos ^ e nitrosos ^ e em geral onde falta o que pode concorrer para as commo- didades da vida , que se suppreyn com as producçces desta arvore : transplan- tada do paiz natal precisa do benefi- cio da cultura , e então pode concorrer para os usos da vida nao só como ali- mento e medicamento^ mas ainda dan- do matéria para muitos utensilios ^ co- mo se pratica no Algarve com as suas folhas , e com as da Palmeira das vas-- soiras (Chamocrops liumilis. ) Xxx. 7, f^Z FLORA PHARMACEtTTICA ORDEM Tetrandria. Myrica. Flores masculinas , e femininas em dístinctos a- mentilhos , ovados-oblongos, medíocres; esca- mas imbricadas , unifloras em forma de meia lua , menores nas femininas ; corolla nulla. Masculinas: antheras ordinariamente quatro, bi- lobadas , lóbulos bifendidos. Femininas : baga oval ou globosa , unicellular , semente huma. 486. Myr. Gale. Em Port. Samoco de 'Barbante. Folhas lanceoladas, quasi serreadas; caule arbus- tivo. Pharm. folhas. Folhas: alternas de curtos peciolos , quasi ren- tes, levantadas, inversamente lanceoladas, ob- tusas , superiormente serreadas , d' huma polle- gada , impubescidas na margem e na quilha , miudamente rugosas d' huma e d'outra parte, em tudo o mais glabras, nervuras alternas, ob- liquas, salpicadas d'atomos elevados, amarel- lados , brilhantes por baixo , e com a margem curvada para fora. Habita nos sitios paludosos perto de S. Marti- nho. Floresce na primavera. Arbusto. Cheiro quasi caraphoraceO; sabor amargo. E ALIMENTAR l>0RfUfíUE7,A. 5*3 -; ^ ^T ^\ "^ ^" ^T "^ ^^ J^^^^^^^^^ ^^ '^" ^^ ^T ORDEM "^ Pentandria. Qannahis, Flores masculinas : corolla nulla ; calyx de cin- co dentes. ■ femininas \ corolla nulla; calyx raono- phyllo, inteiro, acuminado, longitudinalmen- te aberto; nózinha bivalve, estreitamente ves- tida do calyx. 487. C. sativa. Em Port, Cannamo, Folhas oppostas, digitadas. - Pharm. sementes. Sementes: ovadas, hum tanto chatas d'huma e outra parte, lisas, hum tanto luzidias, obtusas em ambas as extremidades, mas em huma ex- cavadas, do comprimento de duas linhas , mar- gens hum tanto prominentes , pallidas ; paren- chyma cotyledoneo, branco, oleoso; cotyledo- nes duas ; crusta cortical frágil ; pellicula fusca , cobrindo as cotyledones. Cultiva-se nos arredores de Melgaço, no Bispa- do de Vizeu , e outras partes do norte do Rei- no. Floresce em Maio , e Junho. Annual. Sabor, e cheiro quasi nullos. Huinulus. Flores masculinas : calyx de cinco foliolos j co- rolla nulla. 5*54 FLOT^A PHATIMACEUTICA Flores femininas : calyx a escama do amenti- lho, ovada, aguçada, uniflora ; nectario hum folliculo mínimo, envolvendo o germe, persis- tente; germe único, ovsdo; semente única, na base de cada huma das escamas ampliadas e convergentes , coberta do nectario membrana- ceo, arilliforme. 488. H. lupulus. Em Fort. Lúpulo ^ ou Pé de gallo. Fharm. Pinhas. Kecentes : pedúnculos axillares , quasi verticilla- dos, hum tanto ásperos. Bracteas: lanceoladas, agudas, m.iudamente em- pubescidas , solitárias junto dos pedúnculos , menores nos pedúnculos alternos. Amentilhos : quasi redondos , imbricados laxa- mente cora escamas ovadis , hum tanto agu- das, membranaceas , seccas , cor de palha, por fora miudamente empubescidas , por dentro lium tanto glabras, nervosas-venosas , levemen- te celheadas na margem , as inferiores meno- res , destas algumas concavas na base , exte- riormente pulverisadas de huma farinha resi- nosa , côr d'ouro. Sementes: solitárias, quasi redondas, dentro das escamas, cobertas d' huma membrana seccâ,e pulverisada com a mesma farinha resinosa. Habita nos arredores de Coiípbra, Porto, e ou- tras partes do norte do Reino nas ribanceiras dos ribeiros , e nos tapumes. Floresce em Ju- nho, e Julho. Perenne. Cheiro frngrante , quasi narcótico^ sabor muito amargo, análogo ao cheiro. E ALIMENTAR POUTUGUEZA. 'Ç^^ Pistacia, Flores: corol la nulla. -. viasculinas : nmentilho laxo, disperso; escamas unifloras; calyx fendido em cinco la- cinias, e minimo. femininas', amcntillio mais laxo; calyx ■fendido em três lacinias , minimo ; drupa sec- ca , ovada. 489. P. lentjsciis. Em Portug. Lentisco uerdadeiro , Aroeira, Folhas abruptamente pinnuladas, foliolos alter- nos , glabros , lanceolados , decursivos. Pharm. Mastiche , ou Almecega. Resina tirada pela incisão transversal da casca no mez d'Agosto por tempo secco e sereno; com- posta de grãos frágeis , dè varia grandeza , quasi pellucida , de cor loura , de leve cheiro não desagradável , e quasi insipida. Habita nos montes, e tapumes nos arredores de Coimbra , Lisboa , e outras partes na Beira , Extremadura , Alem-Tejo , e Algarve. Flores- ce em Abril', e Maio. Arbusto, ou pequena Arvore. O Mastiche^ âe que se faz uso ^ todo vem da Ilha Chio , tirado deste vegetal cultivado ahi com muito cuidado : as mulheres do Imperador da Porta Ot- toínana , e as dos Magnates 'Turcos fa- %em delle hum grande uso para con- servarem a alvura dos dentes ^ o bom- hálito da hocca ^ e firmeza das gengi- vas ; raras vezes apparece puro nas ^S^ FLORA PHARMACEUTICA. ojjicinas da Etíropa. Não só por esta razão ^ mas por motivos de economia politica deve promover-se a cultura deste vegetal , ijidigena do Reino. De- vo advertir que , segundo alguns Bo- tânicos , o individuo masculino dá ds vezes flores hermaphroditas triandras peíitagynas , e produz fructo , a fim de que se não repute diversa encon- trando-a hermaphrodita. O D: Brote- ro não faz menção desta circunstan- cia ; por isso he provável que ella se não dê nos individuas desta espécie em Portugal, '490. P. terebinthus. Terebintho ^ ou Cornalhcira de Tras-os-niontes. Folhas pinnuladas com impar ; foliolos ovados- lanceolados. Fharm. Terebinthina Cjpria. Resina liquida, tenaz, quasi diaphana, de cor amarellada escura , quasi verde-raar : cheiro fragrante , agradável , análogo ao das flores de Jasmim; sabor hum tanto oleoso, hum tan- to amargo, e hum tanto acre: adherente ás fauces. Habita perto da Torre de Moncorvo nas mar- gens do Sabor, na Serra da Navalheira junto do Mosteiro das Penduradas , e outras partes em Tras-os-montes. Floresce em Maio , e A- bril. Arbusto. A Tcrehinthina Cypria chega ds boticas da Europa 720 estado de pureza ainda wais raras vezes que o Mastiche ; a \ planta^ eme a produz ^ ainda quando E ALIMENTAR PORTUGlTEZA. 5*37 arbórea^ dd de si muito pouca , de sor-" te que y segundo Duhamel , quatro ar- vores de altura de cinco cavados , e de cinco pés de peripheria nos troncos , apenas der ao em 1763 duas libras e nove e meia onças \ por esta razão cos- tumâo adulterala com a de Veneza ; esta circunstancia deve excitar entre nós a cultura deste vegetal , do qual a dita terebenthina se extrahe por inci- sões longitudinaes no tronco desde os ramos até a raiz. Não cresce no terreno Portuguez a Pistacia vera' ; mas podendo-se ohtela- da Itália , onde foi introduzida por Vitellio trazendo-a da Syria quando foi Legado naquella Provinda , e en- xertando-se na P. terebinthus , possui- ríamos hum vegetal^ que produziria boa terehinthina ^ e excellentes fructos^ como refere DuhameL Spinacia, Flores : coroUa nulla. masculinas : calyx partido em cinco la- cinias. — femininas: calyx fendido era quatro la- cinias ; semente huma, dentro do calyx endu- recido. 491, S. oleracea. Em Fort. Espinafre, Fructos rentes. Alim. herva. Cultiva-se abundantemente nas hortas. Floresce na primavera. Annuai. $*3S ^ FLOUA PHARMACETJTICA. í^j/-(? vegetal ^ nao obstante alguns Att^ thores de Mat. Med. recommendarem v seu uso em algumas moléstias , e ser indicada a sua "virtude pela crystalli- sacão salina , que se mostra no extra^ cto da sua decocção , entre nós não he jisado senão como alimento , do qual algumas pessoas gostão , e o estômago ò supporta muito bem : os Botânicos ainda ignorão a sua naturalidade. ORDEM Hexandria, Smilax, Flores masculinas : calyx nullo ; corolla de géis pétalas , patentes. ■— femininas : calyx nullo ; corolla como nas masculinas; germe sobreposto; baga trilo- cular , concameraçoes monosperraas. 492. S. áspera. Em Fort, Legação, Salsa-parrilha do Reino, Caule aculeado , anguloso ; folhas dentadas-acu- leadas , cordiformes , de nove nervuras. Pharm. raiz. Raiz fibrosa , fibras compridissimas , da grossura d'huma penna d'escrever, roliças , longitudi- nalmente sulcadas , flexiveis de casca ténue ru- bicunda-acinzentada ; fibrillas dispersas , filifor- mes, hum tanto curtas, quasi ramosas ; /^^ré-^- íhjrna branco farinoso , secco debaixo da cas^ E ALIMENTAR PORTUGUEZA. 5'39 ca mais profundamente quasi lenhoso, me-' dulla quasi flirinacea , branca , compacta , cen- tro medullar branco , hum tanto maior , com huma camada exterior ferruginea. Habita frequente pelos tapumes quasi em todo o Reino. Floresce em Agosto , e Septembro. Ar- busto. Cheiro quasi nuUo , sabor levemente amargo. Linneo reputa por verdadeira espécie of~ ficinal a S. Sarsaparilla ; mas Posper Aipim diz sello a que fica referida s deste seiítimento são Falopio ^ Amato Lusitano^ e Aldina. Os Botânicos as tem por espécies verdadeiramente dif- ferentes , cujas raizes , única parte usada em pbarmacia , tem a mesma forma ; e por isso he possivel possui" rem ambas as mesmas virtudes^ como com ejfeito attesta a experiência quasi universal dos nossos practicos, sem em- bargo de que se attribua d ò^arsapar- rilha Americana huma virtude mais forte. ORDEM Octandria, Populus. V Flíàces masculinas: amentilho cylindrico; esca- mas laxamente imbricadas , rasgadas na raar- Yyy 2 ^i\0 FLORA PHAtMACEUTlCA gem , unifloras ; corolla turbinada , oblíqua , inteira. FJores feminí72as : amentllho como nas mascu- linas ; germe ovado-aguçado , estigma fendido em quatro; capsula uni-ou-bilocular ; sementes muitas , pappilhosas. 4^3. P. nigra. Em Portug. Choupo ordinário ^ ou ne^ gro. Folhas deltoideas , aguçadas , serreadas. Pharrn. gomraos , ou botões. Estes gommos na primavera estão cheios d' hum sueco viscoso balsâmico , amarello , amargo. Habita espontâneo nas ribanceiras do Mondego, Douro , e outros rios : cultiva-se junto das po- voações nos sitios húmidos. Floresce na prima- vera. Arvore. 494. P. alba. Alemo ordinário^ Choupo hrafico, Faia branca. Folhas quasi redondas, dentadas-anguladas, por baixo cotanilhosas-brancas. Habita espontâneo , e cultiva-se nos mesmos sí- tios que a espécie antecedente. Floresce no mesmo tempo. Arvore. ORDEM Enneandria. Mercurialis. Flo/es masculinas-, calyx partido em três laci- n\as \ corolla nulla ; estames ordinariamente nove e mais até doze 3 antheras globosas, bilo« badas. E ALIMENTAI POKTUGUEZA. 5-4! . 'Florçs femininas : calyx, e corolla como nas masculinas'; germe sobreposto; capsula bival- ve, bilociilar. 495^ M. annua. Em Port. Mercurial. Caule de ramos encruzados; folhas glabras, op- postas , ovadas-lanceoladas ; flores masculinas pedunculadas, espigadas; femininas rentes, axil- lares. Pharm, herva. Raiz : branca , cylindrica , descendente , fibrosa. Caule: levantado -d' hum pé, glabro, articula- ^ do, articulações comprimidas; ramos nas arti- culações , estriados-sulcados , oppostos , supe- riormente foliosos. Folhas: oppostas, pccioladas, ovadas, hum tan- to obtusas, na margem obtusamente serreadas, miudamente celheadas, glabras d'ambas as par- tes , luzidias , nervosas , apenas de duas polle- gadas , patentes ; peciolos quasi roliços , canali- culados , por cima glabros. Estipulas : quatro nas articulações, duas a duas de cada parte, pequenas, lanceoladas, hum tanto concavas, levantadas, quasi membranaceas. Pedúnculos: axillares, oppostos, mais compridos que as folhas, niís , filiformes, estriados-qua- drangulares, levantados, no cimo amentilhos globosos, niis, rentes; os inferiores • remotos, alternos , os superiores conglomerados. Habita nas hortas , campos , nos arredores de Coimbra, e outras partes na Beira septemptrio- nal. Floresce desde a primavera até o fim do outomno. Annual. Cheiro fétido; sabor ingrato, hum tanto amar- go, quasi salgado. ^96. M. ambigua. Mercurial monoica. Caule de ramos encruzados ; folhas hum tanto X ^^Z FLORA PHARMACEUTICA glabras , celheadas , ovadas-oblongas ; flores vertiçilladas, masculinas, e femininas mistura- das. Habita nos campos cultos e incultos, nas hortas- quasi em todo o Reino, nos arredores de Coim- bra. Floresce desde a primavera até o fim do outomno. Annual. Differe da espécie precedente pelas fiores- monoicas \ mas como da sementeira das mesmas sementes nascem indis- ttnctamente plantas monoicas e dioi' cas , o Doutor Brotero julga que ella deve ser considerada como variedade da precedente. Ordem Monadelphia, Juniperus, Flores masculinas : coroUa nulla ; fiktes três. femininas : calyx partido em três laci- nias; corolla de três pétalas, ou nulla; pinha em forma de baga. 497* J» communis. £m Vort, Zimbro, Folhas três a três , patentes , mucronadas , mais compridas que a baga. Pharm, lenho, su mm idades, bagas. Caule: arbustivo, diíFuso, muitas vezes arbores- cente; ramos roliços, patentes, casca quasi dá cor d'azeitona ; raminhos patentes, dispersos, desiguaes , escamosos; renovos tenros, esverdi- nliados, glabros, articulados; entrenoz de três E ALIMENTAR PORTUGUEZA. 545 ângulos, quasi succosos, glabros , arredonda- dos , superiormente attenuados. Folhas : nos raminhos tenros junto das articula- ções , acerosas, três a três, verticilladas, ren- tes,'lineares, glabras, por cima planas-conca- vas , garças , por baixo convexas , aquilhadas , hum tanto lisas , mucronadas no topo , pungen- tes , patentes , do comprimento de três ou qua- tro linhas. Bagas : lateraes nos raminhos, solitárias, quasi rentes , ou de curtissimos pedúnculos crassos ^ e imbricados de escamas ovadas-agudas con- chegadas; são da grandeza da ervilha , côr en- trenegra e roxa , globosas, glabras, hum tanto luzidias , no topo com huma malha quasi re- donda , hum tanto rugosa , e três sulcos com outras tantas direcções; parenchyma de pol- pa esponjosa , hum tanto succulenta , ferrugi- nea , a casca papyracea. Sementes: três, planas d' huma parte, convexas d'outra. Habita nas mais altas montanhas da Serra d'Es- trella , e do Gerez. Floresce em Abril , e Maio. Arbusto : pela cultura se torna arvore. Lenho : cheiro agradável , côr rubra. Summidades : cheiro agradável, sabor balsâmi- co , levemente amargo. Bagas ; cheiro aromático , agradável ; sabor do- ce , aromático , hum tanto acre. 498. J. phoenicia. Zimbro phenicio. Folhas: três a três, imbricadas, obtusas, no dor- so huma cavidade oblonga ; amentilhos mascu- linos terminaes. Habita nós sítios arenosos alem do Tejo , no Al- garve entre Lagos e o Cabo de S. Vicente, e junto da Nazareth na JExtremadura, 5'44 FLORA PHARMACEUTICA Fiz menção desta espécie , porque nas ho-^ ticas se 'vendem os seus ramos em vez 'l de J. sabina j que nao habita em Por- tugal. r r^Tf^^T^^T^T^T^ ífÇ «^ 'fC ^ * "^ ^ vfc ?|c 'fÇ ^1^ <^ *f\ ^ * ORDEM Dicecia Syngenesia. Ruscus. Caíyx de três foliolos; corolk de três pétalas; nectario central , levantado , bojudo , ovado , cora três dentes no topo. Flores masc. filetes nullos ; antheras de quatro cellulas , bilobadas , unidas lateralmente, so- brepostas ás chanfraduras do nectario. fem. estylete do comprimento do necta- rio; estigma obtuso, prominente pela abertura do nectario , baga de duas cellulas ; ordinaria- mente huma. semente suííoca as outras usurpan- do-lhes os suecos no seu crescimento. 499. R. aculeatus. Em Port. Gilbarbeira, Folhas ( ou frondes ) ovadas , superiormente flo« riferas, pungentes no topo. Pharm. raiz. Raiz: com apparencia da do espargo, cylindrica, quasi torulosa , acinzentada , de muitas fibras cylindricas , descendentes , alongadas , frequen- tes , acinzentadas. Habita a cada passo pelos tapumes , e nos matos ao redor de Coimbra , e outras partes da Beira e Extremadura. Floresce pelo outomno, e até Janeiro. Perenne. Sabor hum tanto amargo. E ALIMENTAR PORTUGUEZA. $^^ CLASSE 23.» Polygamia. ORDEM Monoecia. Ver at rum. Flores masculinas : algumas abaixo das herma- phroditas no mesmo individuo, perfeitamente semelhantes a estas , mas o pistillo definhado. ' ■ hermaphroditas: calyx nullo; corolla de seis pétalas , persistentes ; capsulas três , unidas na base , unicellulares , abrindo-se para dentro , polyspermas ', sementes de margem raembrana- cea. 5^00. V. álbum. Em Port. Hellehoro branco. Racirao sobrecomposto \ coroUas levantadas. Pharm. raiz. Raiz recente : carnosa , fuslforme , entre esbran- quiçada, e amarellada ; coberta de fibras roli- ças , compridas. Secca áspera cinzenta ; paren- chyma solido d' hum cinzento pallido, corta- do transversalmente semeado de pontos. Habita no Valle d' Espera , junto do Sabuguei- ro, e outras partes na Serra d'EstrelIa. Flo- resce em Junho , e Julho. Perenne. Kscente : cheiro ingrato. Kecente e stcca : sabor Zzz Ç46 TLORA PHAT^MACEUTICA naúseoso , muito acre , muito adherente á lln- g ua , e fauces. Acácia. Flores hermaphroditas : calyx de cinco dentes ; corolla de cinco pétalas ou laminas; estaraes quatro até cem ; pistillo hum ; vagem bivalve. ■ masculwas : calyx de cmco dentes ; co- rolla de cinco pétalas ou laminas, estames qua- tro até cem. coi. A. farnesiana. Em Port. Esponjeira ordinária. Espinhos estipulares , setaceos ; folhas bipinnula- das , de três até outo pares de pinnulas prima- rias , estas de muitos pares de foliolos ; espigas globosas , quasi rentes. ( Villd. ) Esta espécie pertencente ao género Mi- mosa de Linneo, repartido em cinco por Willdenow^ he indígena da Ilha de São Domingos ; e depois de i6ll cultiva- da eni quasi todos os jardins ^ e quin- tas da Europa^ principalmente em Ita- lia , e Portugal , por causa da fra- grancia das suas fiores polyandras. Faço menção delia na Flora Pharma- ceutica, porque a sua vagem tem en- tre as duas laminas ^ de que são com- postas as válvulas ^ huma camada tão abundante de tanino ^ que se vê a olhos nus , cuja infusão precipita tão abun^ dantemente a dissolução do sulfate de jerro^ que dd immediatamente huma tinta de escrever preferível d que dd ^ noz de galha. E ALIMENTAR PORTUGUEZA. ^4'/- Esta descoberta he devida a meu Mestre o Doutor Sobral; qualquer a pôde verificar. Parietaria. Invólucro polyphyllo , paucifloro , hum fíosculo feminino, os mais hermaphroditos ; perianthio monophyllo, fendido em quatro lacinias ; co- rolla nulla. Hermaph. : filetes mais compridos que o perian- thio na anthese ; semente huma , sobreposta , ovada, contida no perianthio alongado, cam- panulado , convergente. Fem. Semente ténue , involvida no perianthio. 502. P. officinalis. Parietaria das boticas. Alfava- ca de cobra. Folhas lanceoladas-ovadas : pedúnculos forqui- Ihosos •, calyces de dous foliolos. Pharm. herva. Caule: roliço, d' hum pé ou mais, estriado, em- pubescido, inferiormente ramoso; ramos alter- nos , levantados , simplices. Folhas: alternas, pecioladas , ovadas, agudas de ambas as partes, attenuadas, integerrimas , por baixo empubescidas nos veios , expostas á luz todas pontuadas , de duas pollegadas ou mais , parentes; peciolos pai lidos, estriados, por cima canaliculados, miudamente erapubescidos. Verticillos das flores: axiliares das folhas, con- glomerados, de pedúnculos dous a dous, for- quilhosos; axillas todas floriferas. Bracteas todas solitárias, lineares-ovadas, pon- Zzz 2 ^â^ FLORA PHATXMACEUITICA. tuadas , obtusas , celheadas , em todas as divi- sões do verticillo, e nos pedicellos. Foliolos do invólucro ovaes, semelhantes ás bra- *= cteas. Estames: filetes lineares-assovellados; antheras ovadas, obtusas, bilobadas. Pistillo : ^íTwe ovado, obtuso, diaphano, gla- bro. Estylete nuUo. Estigma simples. Flores femininas axillares , entre o verticillo. Habita nos tapumes , nos muros , nas ruinas dos edifícios, frequente em todo o Reino. Floresce na primavera , e no estio. Perenne. Cheiro nulloj sabor herbáceo. Ha variedades de folhas mais largas, mais glabras \ cor dos caules inferior" tnente tirando para purpúrea , ou el~ les são absolutamente verdes. 503. P. Lusitanica. Tarietaria Lusitana. Folhas ovadas , obtusas ; caules filiformes , es- triados, lisos, prostrados. Habita nos sitios sombrios, mais elevados d' En- tre Douro e Minho , Tras-os-montes, nos mu- ros de Lamego e outras partes ao norte da Beira. Floresce na primavera. Annual? Parece ser variedade ou mistiça da Pa- rietaria officinalis. ( Brot, ) Atriplex. Flores hermaphroditas: calyx de cinco foliolos-; sementes huma só, coberta com o calyx fe- chado» E ALIMENTAR PORTUGUEZA. ^49 Flores femininas : calyx de dous folíolos ; se- mente huma só , chata , incluída no calyx. ^04. A. halimus. Em Fort. Snlgadeira. Caule arbustivo; folhas deltoideas, inteiras. Habita nos tapumes maritimos , principalmente das salinas (a que chamão motas) nas visinhan- ças de Lisboa , Figueira , e também junto de Coimbra , ainda que ahi he rara. Floresce na primavera. Arbusto. l>^ão obstante nao se achar nos Catálogos de Matéria Medica, /'i^p menção desta espécie-^ porque em algumas partes o povo faz, uso com bom successo dos ba- 7ihos , e loções do seu cozimento ern algumas moléstias cutâneas , e inter- namente contra ohstrucçÕes das vis cea- ras. fOf, A. hortensis. Em Port. Herva Armóles. Caule levantado , herbáceo \ folhas triangulares. Alim. herva : Pharm. herva , semente. Em tão grande abundância de plantas oleraceas, e porque poucos gostos se de- cideyn por esta, não merece que nos de- moremos com a sua descripção \ nem como medicamento na da sua semente ^ 'visto que não se acha hoje nos Dispen- satorios pelo desuso , em que tem cahi- do j 7ião obstante as recommendacoes de Rhases , Serapião , e Plinio, 5'5'0 FLORA PHARMACEUTICA. ORDEM Díwcia, Fraxinuí^ Calyx nullo ; corolla nulla. Hermaphrodito : pericarpio superiormente folia- ceo , unicellular ; semente huma só , lanceola- da. Feminino: tubo como no hermaphrodito. 5'06. F. excelsior. Em Port. Freixo vulgar. Foliolos serreados. Flores despetaleadas. Pharm. casca , folhas. Casca dos ramos exteriormente cor de azeitona, lisa, com pontos elevados , hum tanto palli- dos, interiormente pallida-cinzenta. Folhas encruzadaraente oppostas, pecioladas , pin- nuladas, com quatro pares das pinnulas oppos- tas, rentes, lanceoladas, serreadas , adelgaça- das de ambas as partes , com o topo prolonga- do, glabras de ambas as partes, por cima de hum verde escuro, por baixo cinzentas; os pe- ciolos glabros por cima , e canaliculados , por baixo convexos , engrossados na base : os go- mos do anno futuro quasi redondos, negros, hum tanto glabros , da grandeza de metade de huma ervillia. Habita em bosques , passeios , e outras partes quasi em todo o Reino. Floresce em Janeiro , e Fevereiro. Arvore de grande estatura. Cheiro da casca nullo , o sabor acerbo ; cheiro das folhas nullo, sabor acerbo-amargo. E ALIMENTAR TOUTUGUEZA, 5'5'í ^ T> iV"^ 'T ^^^^^^Tr^ V^ V T^ ^ 'n T\ 'l^ T* ORDEM Ceratonia, Perianthio fendido em cinco lacinias; corolla nuí- la ; filetes ordinariamente cinco , rarissiraas ve- seis, e sete; germe cingido d' hum disco car- noso de cinco lóbulos, exteriormente estamini- fero ; - vagem chata , coriacea , concamerações polposas ; sementes duras , luzidias. C. Siliqua. Em Port. Alfarrobeira. Pbãrm. Alim. Vagem. Habita no Algarve, na Serra da Arrábida, e ou- tras partes na Extremadura , e Beira, Culti- vão-se no Algarve algumas variedades. Fícus. Flores incompletas, occultas em hum receptacu= lo commum, turbinado, carnoso, fechado com escamas no topo. Flores masc. no topo do receptáculo ; corolla tripartida. ■ fem. corolla partida em cinco lacinias^ estylete lateral ; huma semente. 508. F. carica. Em Port. Figueira ordinária. Folhas trilobadas , por baixo ásperas \ receptácu- los lisos, turbinados, urabilicados. Pharm. fructc ( tígos passados): Alim, fructos recentes 3 e passados. Jji FLORA PHATIMACEUTICA. Fructo tão variado como conhecido. Planta, talvez Asiática, muito frequente em Por- tugal , e em grande numero de variedades , es= pontanea pelos muros , torres , rochedos , e ta- pumes. Floresce em Maio , e Junho. Arvore. CLASSE 24.» Cryptogamia, ORDEM I.* Fetos. Equisetum, Espiga ovada-oblonga ; fructificaçoes arrodela» das, abrindo-se na base. 5'09. E. arvense. Cavallinha dos campos, Espique fructificante núj o estéril verticlllado- folioso. Pharm. herva. Habita nos campos , e prados pelo norte do Rei- no. Floresce em Março , e Abril. Perenne. Cheiro nulloj sabor debil. Não obstante não ser do plano deste eS" cripto fallar em applicação alguma dos vegetaes^ que nelle tem lugar ; com tudo julgo do meu deuer advertir aos creadores de bois^ e gado lanígero, que E ALIMENTAR POUTUGUEZÀ. f^^ este vegetal , sendo comido por "caccas , ou ovelhas prenhes , produz o aborto vestes antmaes ; e que os animaes ma^ chos destes dous géneros quando , obri- gados da fome ^ comem este vegetal, definhão , sojfrem diarrheas , e perda, dos dentes ^ e ourinao sangue. (JLinneo , Schulz , Haller) fio. E. palustre. Cavallinha das alagoas, Espique angulado j folhas simplices. Habita nos sitios paludosos , e fossos. Foresce desde Maio até Julho. Perenne. 5'II. E. fluviatile. Cavallinha dos rios. Espique estriado, folhas quasi simplices. Habita nas alagoas , e fossos junto dos rios. Flo- resce era Maio, e Junho. Perenne. 512. E. limosum. Cavallinha do lodo. Espique liso, quasi nú. Habita nos sitios lodosos, alagadiços, junto das fontes , e sitios húmidos das matas. Floresce em Maio, e Junho. Perenne. f/s menção destas quatro Cavailinhas, todas indígenas do terreno Fortuguez porque cada huma tem a seu favor authoriàades respeitáveis : sendo todas do mesmo género , e ligadas por t/>.ntcí affinidade , não admira que possuão tO' das as mesmas virtudes , assim úteis como nocivas ; devo porém advertir que cilas são hoje de muito pouco uso ^ e nas moléstias^ para que tem sido re- commendadas ^ lhes são preferidos oU'. tros remédios livres de toda a suspei-^, ta de nocivos, Aaaa ^S4- tLORA rHARMACEUTICA Asplenhm, Fructlfícaçoes em linhas rectas , quasi paralle- las , d'ordinario obliquamente decursivas peia pagina inferior da fronde. $'13. A. ceterach. Em Fort. Douradinha. Frondes pinnatifidas j lóbulos alternos , confluen- tes, obtusos. Habita nos muros, e fissuras húmidas dos roche- dos era todo o Reino. Floresce no estio, e ou- tomno. Perenne. Cheiro débil ; sabor herbáceo, hum tanto adstrin- gente , hum tanto mucilaginoso. 514. A. scolopendriura. Escolopendrio vulgar ^ ou Lingua cervina* Frondes simplices, indivisas , inteiras, cordifor- mes-alinguetadas , integerrimas (i)i espiques hirswtos. Pharm. herva. Habita nos sitios sombrios, húmidos, nemoro- sos , saxosos , pelo norte do Reino. Floresce em Agosto, e Septembro. Perenne. Cheiro ingrato , sabor acerbo. 5'I5'. A. trichomanoides. Polytrico das boticas , ou Avencão, Frondes pinnuladas ; pinnulas quasi redondas , crenuladas. Pharm. herva. Habita pelos tapumes nos arredores de Coimbra (O Alguns Botânicos modernos confundem as folhas inteiras, e integerrimas , e do mesmo modo as frondes : inteiro se diz a que he indivisa , nem tem lóbulos , nem scissiiras ; integenivia a que na «nargem nem he dentada, nem serrcada, nem crenulada. (Willdenow) E ALIMENTAR POKTUGUEZA. ^^^ nas fendas húmidas dos rochedos pelo norte do Reino. Floresce era todo o anno. Perenne. Cheiro nullo ; sabor hum tanto doce , hum tanto acerbo , e hum tanto adstringente. Adiantum, Fructificaçoes em maculas ovae?, terminaes, de- baixo da margem da folha encaracollada, ou revirada. jri6. A. Capillus Veneris. Em Port. Ai^enca ordina* ria. Frondes recompostas ;" pinnulas alternas \ fo^iolos cuneiformes , lobados , pedicellados. Pharm. herva. Habita junto das fontes , nos poços, e sitios som*» brios. Floresce no estio. Perenne. Cheiro débil, sabor hum tanto doce, hum tanto adstringente , brandamente amargo, não ingra« to. Polypoâíum. Fructificaçoes era pontos quasi redondos, disper- sos na pagiaa inferior da fronde. , 5'i7. P. vulgare. Em Port, Poly pódio 'vulgar. Frondes pinnatifidas ; lacinias oblongas , quasi serreadas, obtusas j raiz escamosa. -Pharm. raiz. Raiz horisontal , reptante , cylindrica , da grossu- ra d' huma penna de escrever , rubcrculada ; tubérculos elevados, truncados, dispersos, re- motos ', tegumento escamoso •, escamas ferri^gi- Aaaa z ^S^ ■ PLOnA pharmaceuticA neas , murchosas , imbricadas ; he raio-orosa de muitas fibras , alongadas , filiformes , ramo- sas , perpendiculares , dispostas longitudinal- mente; parenchyraa carnoso, esbranquiçado inclinando a rubro , cortado transversalmente mostra pontos dispersos. Habita nas fendas dos rochedos , nos muros , ta- pumes, troncos annosos das arvores. Floresce no estio. Perenne. Cheiro nullo ; sabor doce ao principio , depois nauseoso, amargo, e hum tanto adstringente. 5'l8. P. filix mas. Feto macho. Frondes bipinnuladas ; foliolos obtusos , crenula- dos ; espique paleaceo. Phamn. raiz. Raiz oblonga, crassa, quasi horisontal, exterior- mente com bolbilhos parallelos , approxima- dos , ovados-oblongos , agudos , hum tanto ne- gros, hum tanto lisos ou com escamas palea- ccas , murchosas , ferrugineas , oblongas ; pa- renchyma quasi carnoso, esbranquiçado, ama- rellado , transversalmente cortado, disco igual , margem lobada. Habita junto dos rios, e sitios sylvados, nas Pro- víncias do norte. Floresce no estio. Perenne. Cheiro débil , quasi nauseoso ; sabor quasi esty-» ptico, não ingrato. Pteris, Fructificaçoes dispostas em huma linha , que cin- ge por baixo a margem da fronde. 519. P. aquilina. Em Port, Feto fêmea. Frondes sobrecompostas j foliolos pinnulados ^ È ALIMENTARX PORUGUEZA. ^í^ plnnulas lanceoladas ; as inferiores pinnatifi- das, as superiores menores. Pharm. raiz. Raiz longa da grossura d' hum dedo, solitária, exteriormente negra , interiormente maculada. Habita frequente nos montes, e matos. Floresce no estio. Perenne. Sabor viscoso, hum tanto amargo, mais nau-*! seoso que a do feto miacho. ORDEM 2.* Musgos. Polytrichíim. Gommo ou rosula orbicular, terminal ; capsula em outra planta , pedunculada , terminal , ob- longa , ás vezes angulada , na base com huma apophyse; trinta e dous dentes no peristoma que prendem a membrana; operculo acumina- do; calyptra avelutada. 520. P. commune. Em Fort. Avenca d^ouro ^ ou Po- lytricho d^otiro. Surculo simples, prolifero; folhas lineares-lan- ceoladas com. miúdas serreaduras; capsulas ob- longas , de quatro faces. Fharm. herva. Habita nas matas , e sitios montanhosos , are- nosos, principalmente nas Províncias do norte. Floresce no outomno, e inverno , como he pro» ^ prio a todos os musgos, Perenne. Cheiro , e sabor nullos. 5'58 FLORA PHARMACEUTICA. ^'ik^)k^)lc^ Á^^ ^ ' ^ )k. )k)k)k'^È.^^^ ORDEM 3.* Algas. Conferva, Fibras capillares , ou filamentosas , simplices , ou ramosas, longas, não lanuginosas, sem arti- culações , ou articuladas , interiormente com grãosinhos. 521. C. rivularis. Em Port. Limos. Filamentos simplicíssimos, iguaes, compridíssi- mos. Habita nas aguas de pouco movimento , nas dos tanques , ribeiros , e outras. Fucus. Vesículas glabras , humas por dentro com al- guns pelos , outras cheias de gelatina , na qual existem glóbulos perforados , cheios de semen- tes. 522. F. vesiculosus. "Em Fort. Sargaço xesiculoso ^ Botilhão uesiculoso ^ ou Carvalhinho do mar. Fronde plana, forquilhosa com nervura dorsal, e integerriraa ; vesículas axillares duas a duas, as terminaes tuberculadas. Habita em todas as praias do Reino desde o Mi- nho até o Guadiana, E ALIMENTAR PORTUGUEZA, '^^(^ Líchen. Graosinhos prolíficos , contidos ou n' hum pó va- gamente disperso, ou n'hum receptáculo , o qual he ou redondo, hum tanto pJano, e con- vexo (tubercuhy^ ou concavo {escudilho) , ou quasi revirado , adherente na margem ( rodela la)^ ordinariamente diverso da fronde na côf. 523. L. saxatilis. Em Port, Usnea saxatil. Quasi foliaceo ; foliolos imbricados, sinuados, ásperos , lacunosos ; escudilhos baios termi- naes. Habita pelos penhascos, e troncos das arvores nas montanhas subaipinas do norte do Reino* 5*24, cocciferus. Musgo copinho de tubérculos escar^ lates. Crusta foliacea , prostrada , pequena , laciniada , lobada; espique simples, levantado, margem do scyphulo terminal simples , ou prolifera ; tubérculos coccineos. Habita entre as Urzes, nos rochedos, e lugares estéreis pelo norte do Reino. 525'. L. pyxidatus. Musgo copinho de tubérculos fuS' COS. Crusta foliacea , prostrada , pequena , cora lóbu- los , ou lacinias curtas ; espique levantado , curto, m.argem do scypho terminal crenulada , ou integerrima , simples ou prolifera ; tubércu- los fuscos. Habita pelos tapumes nas matas estéreis de to- jos, urzes, etc. nos rochedos, e troncos pútri- dos, principalmente pelo norte da Beira , fre- quente nos arredores de Coimbra. H-sta espécie tem as variedades seguintes: 5'6Õ FLORA PHARMACEUTICA l/ de Scyphulos ou copinhos na margem in- teí?;errimos. 2.* de Scyphulos na mar5t Bem que o grande uso deste 'vegetal seja tínctorto , com tudo os Dispe7tsator}os fharmaceutícos o devem possuir para. conhecimejtto do excesso dos ácidos^ que possa entrar em algumas preparações^ mostrando a perfeita saturação dos Al cales com os Ácidos^ como tenho ad- vertido por outras occasiÕes. 5'27. L. piilmonarius. Pulmonaria das arvores. Fronde reptante , sinuada , variamente lacinia* da, superiormente reticulada-lacunosa , por bai- xo bolhosa; lacinias chanfradas-truncadas ; eg- cudilhos marginaes. Habita nas matas pelos troncos das arvores, rara pelos rochedos do norte do Reino, raríssima nos arredores de Coimbra. lEste vegetal pôde ser outro stfhstituto do L. Islandicus, como o indteao o seu a- margo e mucilagem , e algumas Au- thoridades , assim antigas como mO'- demais, 5'28, L. caninus. Musgo dos cães damnados. Fronde reptante, lobada , obtusa , plana ; por bai- xo venosa j escudilhos marginaes ascendentes. Habita nas matas , pelos tapumes , muros , pe- dras , e na terra , frequente nos arredores de Coimbra , e outras partes ao norte do ReinOj Bbbb <^6l FLORA PHARMAGEUTIGA ORDEM 4.* Fungos. ^ Boletus» Neste fungo o Umbracuío he poroso por baixo» ^2p. B. igniarius. Em Port. Boleto da isca de cou- ro ^ ou Agarico dos Carvalhos. O umbraculo rente , isto he , sem cspique al- gum, quasi semicircular, obtuso; por cima co- riaceo, convexo, liso, de côr quasi ruiva, ou tannica , e ás vezes com zonas de diversas co- res ; por baixo aplanado , e cheio de muitos poros finos , ou tubos estreitíssimos , curtos , regulares, e da côr da polpa; esta he engros- sada pouco a pouco para cima , e para o ponto de apego , em forma de travesseiro, de consis- tência primeiramente como a de cortiça , de- pois muito compacta e dura , a sua côr he se- melhante á do pó tannico. Habita apegado lateralmente aos Carvalhos, e a muitas outras arvores; vive muitos annos , e em cada hum delles se forma nelle huma nova camada dos poros. O Umbraculo, pelas preparações, que se lhe fa- zem, serve para medicamento, e para isca. Jlgaricus, Umbraculo lamelloso por baixo. 5' 30. A. cauipestris Em Port. Cogumello das ígua' rias. E ALIMENTAR PORTUGUEZÁ» 5(^3 Solitário , carnoso ; iimbraculo convexo , com m:iculas pilosas-escamosas, esbranquiçado, na margem ordinariamente fendido, com laminas desiguaes por baixo , primeiramente esbranqui- çadas, depois louras, finalmente negras louras, afrouxadas ; espique curto , solido , com a base túmida ; véo e annel persistentes , merabrana- ceos, brancos. Habita no outomno depois das primeiras chuvas, nos sitios estrumâtlos, nas hortas, e nos po- mares. Alimentar. F I M. SUPPLEMENTO. 7F^^^^^^^'W'^ ^ -^ ^ 'T' -T* "^ ■^ ^ * "^ 'Wr CLASSE Triandria^ ORDEM Monogynia*. Crocus. Çalyx: he liuma espatha monophylla; a corollá he monopétala com o seu tubo compridíssi- mo, e a orla partida em cinco lacinias iguaes^ levantadas, e hum pouco patentes; os estigmas ább 2 5^4 FLORA FHARMACEUTICA são tres , enrolados, cristados, ou multifidos corados. 5'3l. Cr. auturanalis multifidus. Em Port, Açafrão hr^avo. Esta variedade , de que alguns Botânicos moder- nos fazem humà espécie , tem as folhas linea- res , quasi setaceas , estriadas no dorso , pouco reviradas na margem , e no tempo da flores- cência são mais curtas do que a corolla ; os es- tigmas são em forma de cunha , enrolados , fendidos em muitas lacinias desiguaes , oblí- quos, pouco mais compridos do que as anrhe- ras , mas muito mais curtos do que a corolla , e muito pouco ou nada cheirosos. Habita na Extremadura, na Beira, e Minho, as- sim como o Crocus vernus ^ que pouco delle diifere. Floresce no outorano. He vivaz. N. B. Esta espécie , e a que floresce na primavera differe -muito nas suas pro^ priedades de cheiro^ tintura^ e amar- go do açafrão do commcrcio ^ e Boti- cas ( Crocus officinaíis ) ; posto que os nossos Historiadores digão que elle Ije frequente em Portugal • o que be hum erro , pois nelle ate agora ^s verda- deiros Botânicos o não tem podido des- cobrir espontâneo em parte alguma , e só he nelle cultivado nos jardins por_ alguns curiosos. S6^ INDEX DOS GÉNEROS E SUAS ESPÉCIES RESPECTIVAS. 'Abstv.thtum arborescens officinale Acácia farncziana, Acanthus mollis Achilha ageratum raillefolium Aãiavthum Capillus Veneris JEsculus hippo-castanum Ag^T^icus campestris Agrimonja Eupatoria Ajuga reptans Alchemllld' vulgaris Ali sina plantago Allium arapeloprasiim ascalonicum cepa Pag. 45-0 45-2 450 5'46 5-46 344 480 478 S5y 199 199 562 5'62 232 232 3^3 323 37 37 197 197 169 170 173 173 Lusitanícura rnagicum porrum sativum Scorodoprasiim Victorialis Alnus glutinosa Althea officinalis rósea Aynmi maius Ainygdahs communis Pérsica Anacyclus aureiís Anchusa officinalis Itálica Anagallis ph^nicia Anemone nemorosa Aiiethum FsenicuJum groveolens segetum Pag, ^- 174 174 169 171 172 170 5'03 5-03 379 379 38a 117 117 25-5: 25-5- 256 455: 45- 5Í 42; 4j Si 8r 30^' 304 144 146 '^^ fóó INDEX DOS GÉNEROS Angélica jnontana silvestris 'Anthemis áurea cotula fuscata repanda Anthoxanthum a ma rum Anthirrhinuyn Jiirtum Lusitanura maius origanifolium spuriura supinum ApUTll graveolens Petroselinum '^cpíilegíã vulgaris Arhutus unedo. Arctium lappa AristolochtA - longa . pistolochia Arnica montana Artemísia Campestrís palmata panlculata. Pag. Pag. 132 vulgaris 448 ^^3 Ariím 5'03 152 a risa rum 504 -473 Colocasía 5-04 47^ Dracunculus 5-05- 473 vulgare 485- 485r 302 303 90 90 435- 435- 435- Hordeum distichon hexastichon Humulus lupulus Hyosciamus ai bus niger Hypericum ciliatum perforatum quadrangulare Ilex Aquifolium lllecebrum cymosum echinatiim paronychia Inula dysenterica odora viscosa íris pseiido-acorus Isatis Lusitanica tinctoria lasminum officinale Juglans regia ^uniperus coramunis phcenicia Lactuca Pag. 24 24 24 533 54 426 425: 42^3 41 42 76 76 78 80 465- 465- ^66 466 19 19 3^4 3^3 ^ 3 514 SH 5-42 5-42 543 434 E SITAS ESPÉCIES BESPECTÍVAS. sativa luaserpititim peucedanoides thapsisèforrae Lathyrus araphicarpos cicera sativ-us luãvandula spica stseclias luãvatera silvestris Laurus nobilis Lepidium latifolium sativum hichen caiiinus cocciferus pulraonarius pyxidatus rocella saxatilis J_,tHum candidum martagon hinum agreste catharticura iisitatissimum Ijithospermum fruticosum Lobelia Pag. ^34 127 128 130 405- 40^ 406 406 317 319 384 384 213 214 3f8 360 35'9 561 $61 5'6o 176 17Ó 177 164 i6> 166 16 s 50 B7 urens Lomcera caprifolium periclyraenum Ijupinus albuâ prolifer hythrmn salicaria *i Malva rotundifolia silvestris Marrubium vulgare Matricaria chamomilla parthenium Melissa officinalis Meltttis raeiissophyllum Mentha aquática gentil is piperita pulegium rotundifolia viridis Mercurialis ambígua aniuia Mesemhryanthemum '16^ crysrallinum 26; 25 Q 259 5'7i Pag. 87 5-9 5-9 398 398 230 230 381 381 383 334 334 45-7 457 45'9 34^ 34^ 34^ 34^ 3ii 3U 3i5r 3H 31^ 31^ 540 5r4t 5'4i Mespllus ;erman Cccc 2 germânica ?72 INDEX DOS GEKEROS '^Urahilis dichotoraa jalapa Momordica elaterium Morus nigra Myrica gale Myrtus communis Nigella arvensis 2>Jymph£a alba lutea Ochnum minimum basilicum apiifolia Olea europsea Ononts spinosa Onopordon acanthium Ophrys lutea scolopax Orchts coriopliora latifolia máscula luilitaris Pag. 57 57 57 TH 524 501 5-01 249 249 300 300 292 292 294 335 335 335 122 122 3 3 399 399 444 444 491 491 491 489 490 490 490 490 mono pyramidalis Origanum creticum raajorana vulgare Ornithogalum maritiraum Orobus faba Oryza sativa Oxalís corniculata Panicum italicura miliaceum Papaver soraniferum rhseas Farietaria lusitanica officinalis Paspalum dactylon Pastinaca sativa Peuceàanum oíficinale Phaseolus raultiflorus nanus vulgaris Phellandrium aquaticura Pag. 489 490 338 33? 338 i85r 185 404 404 189 189 224 224 21 21 21 286 287 286 54« 5'47 23 24 H3 143 127 127 402 402 402 402 '37 138 k SVAS ESPÉCIES F.ESPEOTIYAS. Í75 Pag. , Pag. Phccnix 530 vulgare 5S$ dactylifera 530 Polytrichum 55^ Fhíladelphus 248 comraune 5')7 coronarius 248 Popultis 539 Physãlis 66 alba 50 alkekengi (^6 nigra 540 Phytolacca 226 Portulaca 227 decandra 226 oleracea 227 Pinipinella 148 Potentilla 279 Anisum 149 reptans 280 bubonoides 149 Potertum 506 Vinus 5'i9 sanguisorba 506 raaritima 5*19 Priynula 53 Pistacia 5'35' elatior 54 lentiscus 535' officinalis 53 terebinthus 53^ Prunus 2^1 Pisum 405" armeniaca 251 arvense 405- avium ^53 sativura 405- cerasus 25-2 Plantago 35" domestica 251 lanceolata 36 padus 254 maior 35' spinosa 252 psyllium 36 Prunella 336 Paonia 294 vulgaris 33Ó officinalis 29^- Pteris 5S(> Polygala 388 aquilina S$^ vulgaris 388 Pulmojtaria 49 Polygonum ■ 209 angustifolia 49 amphibiura 211 Púnica 25'0 aviculare 211 granatum 250 fagopyruru 212 Pyrus 260 hydropiper 209 coramunis 261 persicaria 210 maJus 261 Polypoàium ^^^ cydonia 262 iilix mas ^6(> Qí^ercíis 509 S74 INDEX DOS GÉNEROS ilex hybrida robur pubescens suber rotundifolia cocei fera Ranunculus acris fiamraula ficaria repens seeleratus Raphanus sativus Reseda luteola phyteuma purpurascens 'Rhamnus frangula zizyphus Khus cofiaria Kicinus communis Rosa canina alba gallica centifolia Rosmarlnus officinalis Rubia silvestris Pag. 510 5-09 512 5-12 304 307 306 304 30Ó 308 3^5' ^34 234 236 7^ .72 72 156 156 5*22 ^22 268 268 273 270 272" 8 8 33 34 tinctorum Ruhus idseus Rumeoc acetosa crispus obtusifolius pulcher seu ta tus Ruscus aculeatus Ruta graveolens tenuifolia Saccharum officinale Salicornia herbácea fruticosa Salix alba fragllis Sal sol a soda tragus Salvia officinalis sclareoides verbenacoides Samhucus ebulus nigra Sanicula europsea Santolina Pag. 33 27^ 192 194 196 196 193 ^44 5*44 204 204 206 i^ 26 I I 5:2^ 5-29 pó 98 97 9 9 12 II 15-7 ^5-7 ^S9 107 107 444 Ê SUAS especieí respectivas. chaiTías-cyparissus maririma Saponaria officinalis Satureja - hortensis Satyrium densiílorum diphyllura Saxifraga granulata Scabiosa arvensis succisa Scilla peruviana Scorzonera hispânica humilis Scrophularia aquática Secale cereale Se dum acre telephiuín Senecio jacob^ea vulo Seseli pusillura Sinapis alba nigra Síson Pag. 444 446 218 218 326 326 492 492 492 216 216 26 27 26 184 184 431 431 432 34^ 345- 22 22 221 223 222 470 471 470 134 ^35 374 37^ 374 134 ammi Stsymbrinm nasturtium sophia Smilax áspera Sol anu m dulcamara lycopersicum melongena nigrum tuberosum Solidago virgaurea Sonchus oleraceus Sorhus aucuparia domestica Spartium grandiflorum Spínacia oleracea Spircea filipendula uiraaria Statlce arraería auricul^folia limonium olegefolia pseudo-armeria pungens Symphytum officinale 57? Pag. 134 37r 375- 37^ 53S 538 66 \' 69 70 68 469 469 436 436 25-7 2^7 ^5-8 397 397 5-37 264 264 26<í 162 162 163 164 164 48 48 Tamarix gallica lanacetuni balsamita vulgare Taraxacum officinale Teucriíim capitatum Iva polium scordiura Thalictrum flavura Hhlaspi bursapastoris campestre ^hymus calamintha creticus nepeta serpyllum - vulgaris Holpis barba ta Tordylíum magnuni peregrinum Tormentilla erecta Tragopogon pratense porrifolium Trifolium melilotus officinalis 415 INDEX DOS GENEKOS Pag. i6r lól 45-2 4ír5 433 319 322 3^1 321 319 302 302 361 362 361 328 331 330 332 328 328 429 429 108 118 109 27Ó 276 430 430 431 Pag. repens 417 Trigonella 419 foeniim gr^cum 419 Triticutn 22 a^stivum ^3 compositum ^3 hibernum 22 repens ^3 Tropceoltím 202 maius 203 Tussilago 472 farfara 472. Ulmus 99 campestris 99 JJrtica 497 dioica 497 lusitanica 499 urens 499 Vaccinium 2o5 myrtillus 206 Valeriana 18 locusta olitorla 18 Ver at rum 5'45r albura 545r Verbas cum 60 thapsus 61 Verbena 39 officinalis 39 Verónica 4 becabunga l chamaedrys 8 officinalis % teucrium" 7 Vinca 75- maior 7^. E SUAS ESPÉCIES I^ESPECTIVAS. ^'Tf Pag. Viola 83 canina 87 odorata 83 tricolor 85- Viteid 354 - Pag. agnus castus 354 Vitis 74 vinifera 74 Zea 495 may2 49^ Ddd(i r?^ INDEX DOS NOMES VULGARES P0RTUGUE2ES. Nomes Pag. Jllohara de carneiro ^ ou cabaço 5 2 6 — menina , mogan- ga, chila 5-27 Abrotano fêmea 444 • — macho do reino 45*0 \Abrotea da primave- ra •— do verão Abrunheiro bravo — manso Absinthio vulgar Acácia dos alemães Açafrão bravo Açafroa Acanthio vulgar Acantho Acelga, ou celga bra- va — hortense — vermelha , ou Be- tarraba 95' Açoro bastardo 19 Açucena branca or- dinária 176 Açufeifa maior 72 •— menor 73 178 178 252 25 1 450 25'2 5-64 497 444 344 94 95- Nomes Pag. Agarico dos carva^ lhos Agerato Agrião menor — ordinário 480 373 375* 23^ Agrimonia Aipo cultivado e in- culto 1^4 — hortense i^^ Albafor 20 Albricoqueiro 251 Alcachofra hortense 440 — g^noveza, ou roxa 441 ■— franceza , ou ver- verde aai Alcaçuz ordinário 418 Alcaparra Alecrim Alemo ordinário Alface — repolhuda — crespa — orelha de mula — de cordeiro 18 Alfarrobeira 55' i Alfavaca 335" — de cobra 547 200 8 5-40 434 ^435: Vulgares portuguezeS ^n Nomes Pag. Alfazema 317 Alforva 419 Alipivre dos campos 301 Alho grosso de Hes- panha 172 — magico de Lisboa 174 — oblongo de raizes enredadas 170 r- ordinário das hor- tas iji — porro bravo 170 — porro das hortas 170 Almeirão 427 Almeirôa 429 Ahniscareira 378 Alquequenje 66 Alquitira do Algar- ve 41O Althea 379 — rozea da China 380 Alvarrã branca das boticas 185' Alvarrã do Peru 184 Ambreta cyanea 480 Ambrósia das boti- cas ou Botrys or- dinário 92 : — ' do mexi CO ou h er- va for m igueira 9 2 Amendoeira ordiná- ria 255' Ameixeira brava 2 5' 2 — mansa 2^1 Amieiro negro 72 «^ ordinariQ 503 Nomes Pag, Ammio maior ^ ou vul- gar iiy — menor , ou verda- deiro 1 34i Amor de hortelão 30 — perfeito ou violeta de três cores 85* Amoreira negra 5'0I Anafe ga 7} Anémone ou Ane mo- la dos bosques 304 Angélica dos montes 133 — silvestre 13^ Anho casto 35*4 Antirrhino maior 3 5' 3 Aquilegia 298 Arando 20(5 Arisaro 504 Aristolochia longa 494 — menor 495 Arnica espúria 46^ — vulgar 46Í Aroeira 5' 3 5" Arroz ordinário 18^ Arruda^ ou Ru da or- dinária 204 Arrudão 206 ArtewÀsia b a st ar d a, dos hervolarios 45-9 — ^í/j" campos 45'Q — apalmada,ou das praias 449 •— paniculada i\-yO — verdadeira 448 Arvore da castidade ^^^â. Dddi 2. Nomes Pag. ''Asperí72ha reptante 31 :dstragalo saveiri- 7jho 411 f 414 '^thanasla das boti- - cãs 45*2 Avêa 25' — - mocha 25 "— or d i fiaria 2^ Ave/ /eira 515' Avenca ordinária 555: — í/í" j>j sanguineo 378 ^<7^x noites 5'7 <5?^ cau/eforqui' /hoso 5'7 Bo/eto da isca de cou- ro 5-62 Bo/sa de pastor 3^2^ , Borragem ordinária 5'! Botão de ouro rastei- ro 306 — — sub/ime 307 Bot i/hão vesicu/oso 558 Botrys ordinário 92 Branca ursina dos Ita/ianos 344. Brinca j ou Funcho de porco 127 Brocos ^ ou Br o cu/ os 370 Bruço do Aleyntejo 128 — fétida 13Q Bryonia , í?^ Norça branca 527 - Buga/a reptante 323 Bug/ossa, Lingua de vacca ou Qrcaneta 43 VULGARES POWUGUEÍES. ^Sí Nomes Pag. ^ííxo ordinário 502 Cabaça de vinho 5-26 Cabaço ^26 Calamintha 2:^1 Calcitrapa 484 Caleri dos Italia- nos ji^^ Cana de assucar 16 Cannamo c-y-i Capuz de fradinho 5-04 Çarça Ide a 275 Cardanúna dos pra- dos ^72 Cardo argentino de - Vigier 444 i — corredor ynariti- mo 103 — — ordinário 103 — — ponte agudo 104 — estrellado, ou es- porado 484 — leiteiro 442 — de S. Maria 442 — . morto 470 — santo 482 Cariophyllada maior 281 Cariophy liada menor ou de duas jiores 283 Carrapateiro 522 Carrasco ou Carras- queiro 5" 12 Carqueja 39o Carthamo dos tintU' reiros 437 Carvalhinho do mar 558 Nomes Pag^ Carvalho cerquinho da Beira ^jj — pardo da Beira 5-11 Castanheiro çoS castanhas para cavai los jn(i Catapucia maior ^2Z — menor 239 Cavallinha das ala- goas 5^^3' — dos campos ^^z do lodo cc^-y — dos rios ^^-y Cebola cecém lyS — hortense ordena- ria jj Celga ou Acelga 94 Celidonia maior 28S — menor 304. Cenoura de Cândia 126 — ^^ folhas finas 114 ^ordinária nz Ce^^i^^rea maior . 484 _ me?ior ou Fel da terra Centeio Centinodia Cereijeira 2 5' 2 Cereijeira preta 253 Cerofolho das hortas ou Cerofolio 140 — silvestre 142 Cevada ' 24 loi 22 211 ^2t Nomes Pag. levada santa 24 Chagas ou mastruço ào Peru 203 Chalotinha do reino 174 Chãlotas das cozi- nhas 17^ Chamoniilla legiti- ma 45' 7 Cherivia 143 Chjcharos grossos ou ordinários 406 — miúdos 406 — subterrâneos 406 Chicória "J — crespa >428 — hranca i Chondrilla tuheroSa de Dioscorides 435' Choupo branco 540 — ordinário ou ne- gro ' 5-40 Cicuta vulgar , <9« Cegude malha- da >ii8 -,-_ terrestre vul- V a cu t ária dos paúes 1:^8 — dos prados 142 Cidreira 42 3 C/V/íTí? (??7z rarda 280 Cinifelio 12 Cipreste ordinário 5*20 Clinopoàio vulgar 333 Çoalba-leite , herva do coalho verda- línDEX DOS NOMEâ Nomes deira Coclearia menor Coentro bigloboso . — das hortas Pag. 355* 139 13? Cogumello das igua- rias 5'ó^ Colchico maior mul- tifioro 192; — menor , í?^ Meren- dera de La Mar ck 191 Colocasia 5*04 Commarim 71 Cominho ordinário 137 Colombro ^26 Concheies 225^ Congossa maior , 0^ Pervinca 75* Consolda maior 48 — media 323 — iuenor 336 — rf^/ 296 Conyza maior 406 ~ segunda de Mo- rison 466 Cornalheira de TraS' os-montes 536 Cornogodinho 257 C'^70 naria j Nomes Couve serrana tron- chuda maior ^ ou hortos da Beira '— àe Sabóia ? 37^ •^flor — nabo — rabão Cravo ^ ou Craveiro dos jardins — romano Cuscuta ordinária -r- do tomilho Cynoglossa — de flor riscada — de flor fechada Damasqueiro Dauco cretico Dedaleira , ou digi- tal Dente de Leão Doç amarga^ ou uva de cão maior Dorynideira Doronico vulgar Douradinha Ebulo Embude Endro maior ^ ou or- dinário Endro das searas^ ou m.enor Engos , ou Ebulo Epithymo Vulgares PõTnruGVEZES, Pag. Pag. 220 164 40 40 45' 4Ó 47 25-1 126 34^ 433 67 287 462 554 157 122 145 146 157 40 Nomes Er uca , ou Eruga ^ ou Er oca ^yt Ervilhas miúdas 405^ — ordinária ^c^ — de pombo 42a Erysimo das boticas 366 Escabiosa dos cam- pos ■2.'^ — de raiz troncada ou mordida 26 Escamonea de Mom- pelher locj Escarolla, ou Endí- via 42 S Esc l área bastarda 12, Escolopendrio vul- gar ^ ^ ^5^4 iiiscorcioneira ordiná- ria^ ou maior 431 — menor 452, Es cor di o gra Escrophularia -^^^ — pequena de Gris- ley 304 Espargo branco 180 — bravo de folhas agudas 180 Espargo bravo sem fo- lhas 1 80 •— hortense 179 Espinafre 5-37 Espirradeira lauri- na 208 Erigero do Canadá 468 Espongeira ordina- —- acrimonioso 467 rici 546 ^4 INDEX DOS NOMEá Nomes Pag. Esporas de cãvallei- ro 29Ó ''—- dos jardins 297 ' — das searas da Ex- tre madura 297 Es t atice de folhas agudíssimas 164 . — — de oliveira 169 Esteva ordinária^ ou do ladano da Hes- panha 291 Estr amónio 62 Estrellamim 494 Esula angulosa 14^1 ' — redonda 241 Eupatorio d^Avicena 447 Euphrasia de folhas largas -2^^ Eupatorio de Mesue 480 Faia branca 5'40 — ou S amo CO de Bar- bante ^^i Falsa verónica de Al- ie manha ^5*5 Favaria vulgar 222 Faveira ordinária 404 Fe d egos a ou v uivaria 9 1 Feijoeiro maior de trepa 402 ; — branco das searas ou menor 402 Feijão cute linho 403 Feijoeiro escarlate 402 Feijão frade 403 Fel da^ terra loi Nomes pa^. Feno de cheiro amar- íeto fêmea rr^ — macho er^ Figueira r-^j, — espÍ72hosa da índia 246 — do Í7iferno ^1% Filipendííla 264 Fragaria 278 Fra?igula ou amieiro negro j^ Freixo vulgar yço Fumaria 286 — bulbos a 285 — maior ^g— Funcho d''agua 138 — ordinário ia^ — de porco J27 Gamão do estio 178 — ramoso " j_g Qenciajia azul loi Qenciana maior ^ ou das boticas loi — ramos is sim a 102 Gerânio moscado 378 Giesteira — de folhas de po- lygala ^^^ — gadanha 39^ — grandijiora das seves 397 — trespinhosa 389 Gilbarbeira J44 Gingeira %%% WLGÃRES rORTCGUEZES. fSr Nomes Pag. Gít 301 Gira sol tuheroso 485' Goiveiro amare lio 369 Golfão amarello 294 — branco 292 Graciosa ou gracio- la das boticas 12 Grama das boticas de França 2-^ — das nossas boti- cas 24 Gramai a ^j — maior 98 Granza , ou ruiva dos tinctureiros 33 Grãos de bico 420 Guarda roupa 444 Helleboro branco 545' — fétido 303 iÍÉ-r^ ordinária 71 — terrestre Herva abelha 3r- andorinha legiti- ma 288 — ar moles 5-49 — — divina de cuf^vo 1Ó3. — <^(!7^(? ordinária 149 — /^^x escaldadelas 345:. — férrea 336 — formigueira 92 — ^/^^;//^ 344 — leiteira 388 — lombrigueira 45*0 — molarinha ^86 ' ynaior 387 — monta 466 — moura yo — ^/^ muda 211 — ^ 5*34 — ^^ ganso m ar i ti- mo 93 P/ ^É" /f^í? 37 Pecegueiro 25*6 Peonia if)$ Pepino de S, Gregó- rio 5' 24 — ordinário 526 Pereira 260 Persicaria amphi- bia 2 1 1 — urente 209 Pervinca^ ou Congo s- sa ynaior 75 VULGARES PORTUGITEZES. s^ Nomes Pag. Tilosella das boti- cas 435' Pimenta ã*agua 209 Pimentão cornicahra 71 — de Cayena 72 — grosso^ ou maçaã yi — redondo de plan- ta arbustiva 72 Pimenteiro bastardo ^^4. Pimpinella menor '^oG Pinheiro bravo 519 Poejo 316 Poli o capitoso 322 — montano 321 Polygala ordinária 388 Polypodio vulgar ^^^ Polytrico das boti- cas 5'^4 = — de ouro 5'5'7 Potentilla ordinária 280 Pr une lia 336 Primavera das boti- cas . 5'3 • — elevada ou dos jar- dineiros 54 Pulmonaria das ar- vores 5'6i — de folhas estrei- tas 49 Putegas do sargaço 5-18 Py retro da Beira 128 Queima lingoa 87 Quejadilho 5'5' Rabão das hortas 365' Rainha dos prados 166 236 Nomes Pag, Ranúnculo fiammula ou injiammatorio 306 — reptante 306 Rhapontico bastardo do Reino 484 Regoliz 418 Repolho ordinário 370 — ríí-^íí? 370 Reseda defructo es- trellado — menor 235^ Resta boi j ou rilha boi 39^ Rhuibarbo dos pobres 302 Ricino ■ 5-22 Rinchão 3ÓÓ Robertino i^jy Romeira 250 Rorella de folhas compridas 168 i^íij-íír albardeira ic)iy Rosa d'* Alexandria 271 . — branca dobrada 273 — franceza dobra- da 271 — ^^ ír^(9 268 — raiada ã' Alexan- dria " 272 — ^(? repolho^ cheiro- sa de Jericó , de. cem folhas 272 — <^^ todo o anno 272 Roseira de França 270 Rosella, ou orvalhi- nha ordinária 167 Nomes Pag. Rosmaninho 31^ Kiiiva brava , ou ra- palingua 34 i — àos tinct uretras ^ ou granza 33 Sahoeira legitima ou saponaria 218 Sabugueiro ordinário 1^^ Salepo maior 490 — ordinário Salgadeira Sãlgueirinha Salgueiro branco , ou ordinário — quebradiço Salicornea arbustiva — herbácea Salsa vulgar Salsaparrilha de Al- ie manha 496 i-« — do Reino 538 Salsifí dos france- zes 431 Salva brava do in- verno '-^ das boticas ou or- \ dinaria > — viscosa dos mon- tes Salva das boticas or- dinária 9 — brava do inverno 11 S a mo CO de Barbante 5:32 Sanamunda 281 Sanicula vulgar . 107 INDEX DOS NOMES Nomes Pag. Santolina das praias 446 Saragaça bastarda 5*0 Saragãço vesiculos» 5:5' 8 Sarsaparrilhà de Al lemanha Satyrião bastardo — militar — de duas folhas — de folhas densas 489 Saxifrãgia branca ou 49^ 490 490 492 492 549 230 5-29 I I 152 II 12 granulada 216 — do Reino 149 Segurelha das hor- tas 326 Sei lo de Salomão 182 Sempre-noiva dos ynodernos 2x1 Ser pão ou Serpilho 328 Serpentina ou Serpen^ taria vulgar ^o^ Serralha 436 — branca ou macia 436 — preta ou áspera 437 Seseli pequeno 13^ Sete em rama 276 Stlva azulada 276 — framboeza 275' — macha 268 — ordinária 275^ Sipó do Reino 301 Sobro ou sobreiro 5^09 Soda maior 98 Solda branca 30 — grande 33 Soldanella 5'qi. VULGARES POKTVGUEZES. Nomes Pag. Somhretrinhos dos te- Ihados iify Sophia dos Cirurgiões 37o Sorveira dos passa- rinhos 2 5' 7 — ordinária 258 Sumagre dos corti- dores 15-6 Sylindra 248 Tagueda maior de Dioscorides ^66 Tamargueira fran^ ceza i5i Tanaceto x^z Tanchagem d' agua 197 — lanceolada 36 — maior -yc Taraxaco .,, tartago ^-à 1 asneira 4^1 Tasneirinha 470 lelephio , Favaria vulgar, Herva dos callos 222 Terebintho 536 Testiculo' de cao usual 489 Teucrio bastardo 7 Thalictro amarello 302 Thlaspi dos campos 361 T^inctureira vulgar 226 Tithymalo hei i os co- pio 239 Tojo gadanho 393 Tomate 69 Nomes Pag. Tomilho de Creta 330 — ordinário 328 Tordylio estrangeiroio^ • — grande 108 — menor das Searas 109 Tormentilla 27o Tornesol dos tinctu- reiros ou Tourne- sol dos Francezes 5'2l Trago espinhoso 97 Tramazeira 257 Tremoceiro ordina- — urdi nano da Bei- ra 398 Trepadeira dos tapu- mes ^S Trs'^0 azedo cornicu- lado 224 — cervino 447 — de cheiro 415' — reptante 417 Tr/^í? branco^ ou ca.ji- de ai ^ preto ^ mou- risco durasio^gal- lego ^ etc. 2i — mourisco maior 23 — sarraceno^ ou yuan- risco , ou trigumeo 212 — tremez 2^ Trovisco ordinário , 207 — macho 24.2 Tussilagem 472 Vimeiro , í?^ 0/;/2* Heptandria t^^ ORDEM Monogynia "^99 CLASSE 8.» Octandrta . '%ot Monogynia Irigynia ORDENS. 209 CLASSE 9.=» Enneandria li| Monogynia ORDEM - ii? CLASSE lo/ Decandria ti% Monogynia ORDENS ^^t Ffff i ScjC IN DE X Digynia Pentagyf^ia Decãgynia 2IÓ 221 226 CLASSE 11.^ J)od€candria 227. Monogynia Digynia Trigynia ORDENS 227 232 CL A S S E 12.' Içosanàrta 246. Monogynia Trigynia íentagynia Polygynia o R D E N 9 246 268 CLASSE «3-' Poiyandria , 2S6 Monogynia Digynia o R D E N 3 > 286 294 DAS CLASSES, E ORDENS. í^7 Trigynta Fentúgynia Tolygynia 2^6 198 ^01 CLASSE 14.* Bidynamia JI<3 ORDENS Gymnospermia Jngiospermia 310 344 CLASSE ij." Tetraãynamia m 0 a D E N s Silhuhsas Siliquosas 3^5 CLASSE 16.» Monadelphia 376 0 »-D E N S Decanãria PolyandríA 376 379 J'98 INDEX CLASSE 17.' Diadelphia 38r ORDENS Hexandria Dccandria 38? 389 CLASSE i8.a Polyaâelphia 422 ORDENS Icosandria Polyanària 42i 423 CLASSE 19.» Syngenesia 427 ORDENS Polygamia igual Polygamia supérflua Polygamia frustranea Polygamia necessária 448 480 486 DAS CLASSES E GBDENS 5*90 CLASSE 20.* Gy nanaria 4^9 ORDENS Monanãrla 4^9 Hexandria 495 CLASSE 2i.« Monoicia 49f ORDENS Trianãria 49^ Tetrandria 497 Tolya-ddria ^OX Monadelphla 5*^^ Syngenesia 5^4 BMi11«J-»«l-JUgMI»IMMIH'lB^»— °— 'g^J CLASSE 22.^ J)ioicta 5^9 ORDENS Dianãria 5'29 Jriandria 53<^ ^etrandria ^ 5^32' Tentandrta 5*3? Hexanâria 5^ 600 I N D E X Octaiidria 5'^9 Erineandria Monadelphia Syjjgenesia 5-40 5-41 5^44 CLASSE 23.' Polygamta . 5'45' Monoicia Dioicia Trioicia ORDENS 5'45' 55-0 BB CLASSE 24," Cryptogamia • 55-^ Fetos Musgos Algas Fungos ^ORDENS 56^ F I Mo QK 99 .F4r'°" """"'"' °""^""'"-* ^'^ittmi?Jnl?.'^'f'^^^^°'^ pharmaceutica ^®" 3 5185 00058 0850 V} ik MHÉiiil lãggHIII ,MÍ.