m AXNO XXIV SIIMMAKIO momento económico. K(litiiri;il ( i líio «Trande (lo Sul e a sua riiiueza imliluvi. ,,aK. 2 — Possiliilidades alfíodoeiras iiíi Kraell. pelo Dr. Uolierto Simonsen. iias- :t A sancção da lei contra as seccas. pag. 8 — O cultivo da balata ralatorio do Cônsul Argentino na Allemanha. pag. 10 — Solos: sua conservação e re- lação com a vida animal e vegetal, |.flo frof T. H. Day. pag- 12 — A carnaliubei- ra. pelo Pr. Paschoal de Moraes, pos, H — Museu Commercial do Paríi. pelo Or. r..yra Castro, pag. 17 — Cm adubo para a lavoura, pag. 18 — A maior safra de as- sucar do mundo. pag. IS — A borracha como .succedaneo da sola nos sapatos, pelo I)r. Alberto Moreira, pag. 2» — Os problemas económicos da .\mazonia, pa- gina 20 — A exportação do cafí e da bor- racha, pag 21 — Teo.sinto. i)elo IVof. T. K. nay. pag 22 — A e.^itinciião da D^Mo- gacia da Troducção Nacional, pag. 22 - Novas creações pomicolas. pag. 2.1 — Os trabalhos da Kmpreza Agrícola Indus- trial de Tubarão, pag. 2.í - A Industri.i frigorifica em S. Paulo. pag. 26 — O consumo do algodão, pag. 27 — Soe. Nac. de Agr.. sócios inscriplos. pag. 28 — Alimentação livre "versus" arraçoament» ii:i siiinotechnia. pag. ■^" -- ^ ' iiMri:i nu i: o cirande do Sul ^. ^^N^ ^■a^< <^>í9=^ Rua líbE Março, 15 °innfi.uyrip»-*^pA-yn "/yt/fvv^^ :<5:::^x^::í:kx^k^:c^:?j:::5SJ{^j::í:j^5í:^5^jí5ck Q^.Q^)_0^OOOOOOO0 o OOOOOOOO-O-O-O-OOO EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL PANAMA-PACIFICO D CHAPAS ESPECIAES para fabrica- ção de fogões, cofres, obras estam- padas, objectos esmaltados, cons- trucções navaes, etc, etc. corrugados para estra- das de ferro e de ro- dagem, fabricados no Brasil. galvanizados para cereaes e café em coco. P o Ih a C lisas para irrigação e fins l/dl lido industriaes. 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AGRICULTURA TELBPHONE 1.418 — NORTE ADMISSÃO 1M3 SÓCIOS CAPITULO V DOS ESTATUTOS Art. 8» — A Sociedade admitte as seguintes categorias da souios; Sócios effectivos, correspondentes, honorários, beneméritos e associados. § 1» — Serão sócios effectivos todas as pessoas residentes no paiz que forem devidamente propostas, e contribuírem com a jóia de 15$ e a annuidade de 20$n00. § ií** — Serão sócios correspondentes as pessoas ou associa- t;ões. com residência ou sede no estrangeiro, que forem escolhidas pela Directoria, em reconhecimento dos seus méritos, e dos serviços »iue possam ou queiram prestar á Sociedade. § 30 — Serão sócios honorários e beneméritos as pessoas que. iKir sua dedicação e relevantes serviços á lavoura, se tenham tor- nado dignos desta distincção. § 4° — Serão associados as corporações de caracter official e as associações agrícolas filiadas ou confederadas, que contribuírem com a jóia de 30$ e a annuidade de 50$000. § 5"* — Os sócios effectivos e os associados poderão remir-se nas condições que forem preceituadas no regulamento, não devendo, porém, a contribuigão fixada para esse fim ser inferior a dez (10) anntiidades. Art. 9° — Os associados deverão declarar o seu desejo de participar dos trabalhos da Sociedade. Os demais sócios deverão ser propostos por indicação de qualquer sócio e a apresentação de dons membros da Directoria e ser acceitos por unanimidade. Art. 10° — Os sócios, qualquer que seja a categoria, poderão assistir a todas as reuniões sociaes, discutindo e prO'pondo o que julgarem conveniente: terão direito a todas as publicações da So- ciedade e a todos os serviços que a mesma estiver habilitada a pres- tar, independentemente de qualquer contribuição especial. § 1° — Os associados, por seu caracter de conectividade, terão preferencia para os referidos serviços e receberão das publicações da Sociedade o maior numero de exemplares d e que esta puder dispor. § 2» — O direito de votar e ser votado é extensivo a todos os sócios; é limitado porém, para os associados e sócios correspon- dentes, os quaes não poderão receber votos para os cargos de admi- nistração. § S*» — Os sócios perderão somente seus direitos em virtude de espontânea renuncia, ou quando a assembléa geral resolver a sua e.xclusão por proposta da Directoria. CAPITULO vr DO REGULAMENTO Art. 18. — A Sociedade prestará seus serviços, de preferencia, aos sócios e associados quando estiverem quites com ella. Art. 19. — A jóia deverá ser paga dentro dos primeiros três mezes após a sua acceitação. Art. 20. — As annuidades poderão ser pagas por prestações semestraes. Art, 21. — Os sócios e os associados poderão remir-se me- diante o pagamento das quatias de 200$000 e 500$000, respectiva- mente, feito de uma só vez e independente de jóia, que deverão pagar em qualqur caso. Art. 22. — Os sócios e associados não poderão votar, nem re- ceber o diploma, sem terem pago a respectiva jóia. § 1° — O sócio, que tiver pago a jóia e uma annuidade, po- derá remir-se mediante a apresentação de 20 sócios, desde que estes tenham egualmente satisfeito aquellas contribuições. § 2» — Para esse effeito o soclo deverá requerer á Directoria, provando seus direitos nos termos do paragraplio anterior. §3'* — Serão considerados beneméritos os sócios que fizeram donativos á Sociedade a partir da quantia de um conto dê réis. Art. 23. — Para que os sócios atrazados de duas annuidades possam ser considerados resignatarios. nos termos dos Estatutos, preciso que suas demissões tenham sido solicitadas por escripto, até três mezes antes, cabendo-lhes o direito de recurso para o con- selho superior e para a assembléa geral. ^ É ^ •^ ^ i^ ^■ n^ Recebem encommendas para o estrdngei- ro, d: artigos e machinas para lavou- ras e industrias, E. de Ferro, etc. Preços das fabricas de que são agentes especiaes "^^ Loterias da Capital Federal [OMPAPIfl DE LOKIIIA! RAtlOIIIIÍS DO BRASIL Sabbado, 3 de Fevereiro as 3 horas — 300-49 100: 000 $000 décimos a 800 réis Os pedidos de bilhetes do interior devem ser acompanhados de mais 700 réis ipara o .porte do Correio e dirigidos aos agentes Nazareth & C., rua do Ouvidor n. 94, caixa n. 817, Teleg lAISVEL, e á casa E. .Guimarães, rua do Rosário n. 7, esquina do becco das Cancellas. Caixa do Correio 273. THAJANO DE MEDEIBOS &: C. fabricantes de material rodante para estradas de ferro e bondes Escriptorio de Engenharia OFFICINAS: rua xFosí dos Reis, no Engenho de Dentro— Escriptorio : rua S. /José n. y>> Telephone n. 341 - Central — RIO DE JANEIRO End. Telegraphico — METALUGICA A LAVOURA „„ ANNO XXIV Rio de Janeiro — Brasil N. 1 O MOMENTO ECONÓMICO Está de ijarabens a lavoura naeio- mil, a classe laboriosa dos campos, a que representa a cellula mater da eco- nomia pnblica. Num paiz dito essen- cicdmentc agrícola seria extranho for- mularmos esse voto. Mas o paiz que tão excelle-ntes se não excepcionaes condieõe,* naturaes offerece á agricul- tura ainda não está apparelhado a fa- zer dessa fonte a fcase da riqueza pu- blica. E não está apto, poi^que não bas- tam a exhuberancia da nossa terra por- tentosa, nem o nosso excellente clima, nem mesmo a sua extensão territorial. Faltam-lhes, aos operosos traibalhadores da terra, três recursos caipitaes, que são o seu maior anhello, e que reclamam incessantemente: o credito, o braço e o traníiporte, factores indispensáveis ao progrediniento da lavoura e industrias annexas . Está, pois, de parabéns a lavoura aia- cional, pelo esforço nobilitante e pa- triótico que vem fazendo, notadamente depois da guerra, para, o seu desenvol- vimento, máo grado a deficiência dos recursos de que dispõe. Antes do grande conflicto, em que também fomos envolvidos, não -nos aproveitávamos, como devíamos, do« recursos que promanam da terra. Fa- zíamos lavouras insignificantes, salvo no que respeita ao café, cacau e pouco? outros productos, que pesavam, para o necessário equilíbrio, na nossa balança económica. O erro- das monoculturas repetidas vezes se fez sentir, avisando- nos provi dencialimente a seguir uma nova pratica que não podia deixar de ser a da polycultura. Dess'arte vemo- Estados como S. Paulo, auferindo not:'_ veis proventos de.ssa politica, de que foi. como sempre — força é fazer justiça — ^ pioneiro . Um factor importante levou o paiz a essa nova trilha : — a guerra . Premidos pelas contingências por ella creadas, só nos restava redobrar de esforços . (Assim o fez a classe a que nos consagramos, mantendo o seu tradicio- nal patriotismo . A terra, sempre dadivosa, nos sup- priu vantajosamente e ide tal maneira, que nos permittiu attender ás afflicti- vas solicitações dos mercaidos europeus, nos quaes até hoje a producção es- casseia . I Importávamos de taes mercados, an- tes do conflicto, productos que nos era dado colher em noss;o solo. Hoje expor- tamol-os em quantidade considerável, creando, a ipar disso, mercados novos e de grande importância. Collocamo-nos, assim, numa posi- ção de destaque, mas que nos impõe es- forços maiores ainda. Não podemos, depois de tão notável co-nquista, esmorecer nessa campanha, que será incessante. Exhortamos a lavoura a dar prose- cução á sua actividade, mas reclama- mos dos poderes públicos que acampa- rem efficientemente, que a cerquem das difficuldades de que carece ainda para manter-se na plana em que se en- contra e — o que é mais— para que to- me um surto maior, mais concentaneo com as no.ssas possibilidades. O Brasil é o paiz que offerece as me- lhores e maiores possibilidades eco- nómicas. Urge, pois, orientar o traba- lho e estimular, pelo amparo opportu- no e jus^;o, as boas iniciativas. Á Sociedade Nacional de Agricul- tura, que se ufana do seu papel de orientadora dos esforços da classe agrí- cola do paiz, não se furtará a nenhum sacrifício nesse sentido, e confia em que os seus appellos continuarão a ser patrioticamente coTresi>ondidos . BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA Aliás, a despeito dos óbices que im- pedem, ide alguima íorina, o surto da nossa iproducção, um factor importante a acoroçôa : — a natural valorização dos productos, consequente da deficiên- cia da producção mundial. Foi isso, sem duvida, um dos es- timulos — talvez o principal — que tiveram os nossos lavradores para du- plicar a #ua actividade, aproveitando- se, porém, da excepcional opportuni- dade que se lhes deparava e correspon- dendo aos appelliis dos ipoderes ]nil)li- cos, que ]~>or .sua parte, se não fizeram tudo, realizaram bastante, amparando e fomentando a agricultura e a indus- tria . O resultado dessa campanha foi mui- to lisonjeiro, maiormente para os la- vradores, que não têm credito, que não dispõem de hraçiis, que não têm tranS' |)orte que possam supprir as suas neces- sidades, constituindo isso um reclamo permanente da lavoura. E é notável que, com uma precarissima organiza- ção hancaria, com a accentuada faltii de braços — mormen-te durante a guer- ra — e, sohretudo, com a escassez de tran.^portes que o nosso paiz extensis.*i- mo soffre; e é notável, quasi incrível, que nos eollocassemos na i>nsição em (pie nos encontramo,* . A estatística apurada — apena.< du- rante os dez |)rimeiros mezes do anno l)assado — evidencia o nosso esforço. Durante aquelle lapso de tempo expor- támos para o exiterior 1.587.149 tone- ladas, no valor de £ 106.802.000, ao passo que em 1912, antes da guerra, o anno de maiox exportação na nos>a vi- da cnmmercial, esta attingiu apenas a 1.110.737 toneladas, no valnr tital de £ 74.(349.000. Houvesse o credito, tivesse o lavra- dor transportes fáceis e dis'puzesse de braços aos milharfs, como carece, certo não seria uima miragem a no.-^sa inde- pendência económica. Mas ao lado desses importantes fa- ctores da riqueza ha um outro que não podemos esquecer e que, nos parece tão nece.«sario quanto o^ outros: o cambio estável, ])rovidencia urgente e impres- cindivel, como reguladora da vida eco- nómica e financeira da Xação, porque Iiermitte ;prevêr, iquanto é possível, os resultados da actividade commercial, industrial ou aaricola. A Sociedade Nacional de Agricultu- ra tem estudado com a maior dedicação todos esses complexos problemas, con- stituindo commis.^ões especiaes para esse fim, e, ao fazel-o, procura corres- ponder ao manifesto desejo que tem a lavoura de melhorar. De facto, es.sa aspiração vae se tor- nando uma realidade, sentindo-se i.sso pela procura que ha de ■machinismos agrícolas de f oda a e.specie. Desse modo suppre-se, de alguma forma, da ascassez de braços subsituindo-os pela machina. Sem nenhuma lisonja para nós. póde- se affirmar que o melhoramento dos processos culturaes que ora se vae notando, i^esulta da propaganda feita por asta Sociedade e da cooperação de suas congéneres, cabendo uma boa pale- te dessa conquista ao Ministério da Agricultura . Prcsegue, assim, e,Sita Sociedade na campanha que encetou em 1897, desde a sua fundação, dedicando toda a sua actividade á realização dos legitimes desideratu da lavoura. Eis porque não nos é licito deixar de registrar a passagem do vigésimo ter- ceiro anno da creação de-ta instituição. Ao contrario, prevalcc&mo-nos de^sa opportunidade feliz, em que manife.sta- mos os nossos applausos á lavoura, para aprefientar-lhe de envolta com esse voto a? nossas congratulações por e=se moti- vo. E o fazemos aqui neste ensejo, por- que cabe a esta instituição uma parte, miuima embora, na obra da nossa con- struccão económica . O RIO GRANDE DO SUL E A SUA RIQUEZA PUBLICA •Segundo dados colhidos nos últimos relatórios que recebemos, vê-se que a ri- queza publica do Estaco attingiu, em 1918, a 4.963.804:000$000._ Essa riqueza está assim distribuída : Riqueza pecuária l.?,2?..91R :r.9õí^000 Idem «vicola.... 18.900 :000$000 Idem commercial 873.789 :tlO0«O0O Idem terrítorial.. 1.330.190:30.5*000 Idem indastrial.. 421.1373.000*000 Idem mobiliaria, etc 1.495.438 :000$000 Total... 4.963.804 :00n!l;OO0 Admittida a população de 1.9S5.800 b.nbitantes ^para 31 de Dezembro de 1918, tem-se uma quota de 2:500!ií027 por habitante do Estado. A LAVOURA Possibilidades Algodoeiras no Brasil Relatório apresentado e lido na sessão da International Federation of Masters Cotton Spinners and Manufactures Associations, no dia 4 d'e Setembro de 1919, em Paris, pelo Delegado brasileiro, Roberto Cochrane Simonsen. TEMPOS ANTIGOS Antes do Brasil ser descoberto pelos portogiiezes já existia uessa terra o Algodão, conhecido e usado pelos abo- rígenes . Ha noticias de uma primeira ex- portação de fardos de algodão de Per- nambuco em 1575. Somente, porém, a partir de 1782 é que foi iniciada uma exportação regular de algodão para a Inglaterra, ficando o Brasil até o anno de 1800 como o maior fornecedor desse artigo naquelle paiz. Antes dos Estados Unidos serem co- nhecidos como um paiz productor de algodão já o algodão brasileiro era co- nhecido em Liverpool. ■CAUSAS DA DIMINUIÇÃO DA CULTUKA Quando foi da guerra de Seceessão ainericana, donde surgiu a "fome do al<'pcios de fibra longa ; que o Brasil é a pátria na- tural dos melhores algodoeiros conheci- dos; que os obstáculos ao desenvolvi- mento podem ser facilmente superados por uma administração progressista e esclarecida : e, finalmente, que, se se chegar a isso, o Brasil será, dentro de BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA uienos de 50 niuios,,o primeiro i)aiz pro- tluetor de alg^odão no mundo inteiro". ALGODÃO DE S. PAULO O Nordeste Brasileiro é talvez neste momento a região mais favorável para ser estabelecida a cultura em larga es- cala do algodão de fibra longa. Emquanto uo Norte do Brasil exis- tem essas variedades nativas,no Sul cul- tivam-se variedades herbáceas america- nas do "upland". O Estado de S. Paulo acaba de col- loear-se como o primeiro Estado produ- ctor de algodão no Brasil . Acompanhando o incremento das in- dustrias textis no Estalo, vê-.se que alli a cultura algodoeira s.' desenvolveu a partir de 1900. relativamente, porém, em pequena escala, porque o regimen agrícola de S. Paulo foi organizado para o café. Com a alta de preços do algodão trazida pela guerra deáenvolveu-se mais rapidamente a cultura conseguindo o Estado em 1916 e em 1917 produzir 40 % do algodão necessário ao seu con- sumo, que é de cerca de 2.5.000 tone- hulas. Em Junho de 1918, fortes geadas destruíram cerca de 50 % do algodão da lavoura eaféeira paulista, diminuin- do nessa proporção a safra de café por um espaço de quatro annos. Passado o primeiro momento de profunda impres- são, os fazendeiros em S. Paulo, que possuem a única lavoura organizada in- dustrialmente no Brasil, resolveram aproveitar as suas excellentes terras e suas organizações no plantio do algodão. E assim con-seguirom obter este anno uma colheita de 50.000 toneladas contra uma produeção de 16.000 toneladas d? algodão em rama do anuo anterior. Não fossem a difficuldade da obten- ção de sementes, os tropeços naturacs que surgem no inicio de um grande desenvolvimento de cultura e outras pragas que as.solaram o E.stado, a co- lheita teria alcançado um volume mais elevado . S. Paulo está habilitado para expor- tar este anno cerca de 25.000 toneladas de algodão. O algodão pauli.sta, se bem que de fibra curta, é claro, limpo e uni- forme, já tendo as amo.stras chegadas a Liverpool tido aceeitação favorável e sido consideradas como repivsentando as melhores espécies de algodões de fi- bras curtas conhecidas. A ijroducção das boas terras pavilistas é de cerca de 1.200 kilos por hectare. O congresso algodoeiro realizado iia cidade de S. Paulo em princípios deste anno, veio demonstrar que os agricul- tores paulistas estão perfeitamente ha- bilitados a augmentarem racionalmente suas plantações desde que os consumi- âori s interissados auxiliem a rápida ex- portação do producto. Como couseqiiencia desse Congresso foram rapidamente construídos no por- to de Santos grandes armazéns e mon- tadas prensas para embalar o producto numa densidade de 600 kilos por metro cubico . Organizou-se de accôrdo com o Go- verno do Estado uma Commissão para promover immediatamente o seleeciona- meuto das sementes para futuras plan- tações, e os lavradores procuram intro- duzir em .suas culturas os processos aconselhados pela technica moderna. Emquanto isso se dá uo Estado de S. Paulo o Governo Brasileiro procura por todos os meios desenvolver e melho- rar a produeção no norte do Brasil. Como ficou dito acima, o Governo eontractou em Fevereiro de 1915 o Pro- fessor Green, especialista de renome, para dirigir . os serviços do Ministério da Agricultura relativos ao fomento da produeção algodoeira . PROVIDENCIAS DO GOVERNO FEDERAL Em 1916 realizou-se no Rio de Ja- neiro um Congresso Brasileiro de Algo- dão., promovido pela Sociedade Nacio- nal de Agricultura, e ue.sse Congresso foram ventiladas todas a-s questões re- lativas á organização da. cultura algo- doeira no Brasil.. O Governo Federal, depois desse Congresso, já toniou diversas iniciati- vas, dentre as qnaes, a de fazer adean- tamento em dinheiro para a montagem de 12 estações de prensagem de algodão no Norte do Bra.sil, assim como para a installação de campos de demonstração e experimentaes junto a essas u.sinas. Além do Governo Federal, diversos Estados Brasileiros procuram fomentar a industria e cultura algodoeira, tendo o Estado de Matto Gro.sso, por exem- plo, dado uma conces.são "om garantia A LAVOURA de juro por 10 aniios para uma inicia- tiva dessa ordem. O actual Presidente da Republica, o Exmo. Sr. Dr. Epitacio Pessoa, consti- tuiu como um dos pontos esseneiaes de .seu programma de governo o desenvol- vimento da cultura algodoeira no Brasil. 'ifet- Tudo indica portanto que o Brasil será um grande productor de algodão dentro de algum tempo. Entretanto, neste momento em que ha fome mundial de algodão, essa pro- dueção poderia ser precipitada por um grande emprehendimento dos interessa- dos mundiaes no consumo do producto. Nos Estados do Norte do Brasil fal- ta o capital e elementos brasileiros or- ganizados para levarem a effeito um grande commettimento immediato so- bre bases commerciaes. No emtauto, o Norte e Nordeste Brasileiros offerecem vastíssimas regiões em que poderiam ser installadas rapidamente as maiores plantações mundiaes de algodão com todos os requisitos aconselháveis pela technica moderna. As margens do rio São Franci.sco e outras regiões offerecem ainda zonas fe- racissinias em que poderia .ser pratiea- ila a irrigação muito economicamente. O Governo Brasileiro acolheria cora sympathia qualqiier iniciativa nesse sentido. Todos os estudos technicos so- bre a cidtura de algodão no Brasil, as- sim como demonstrações experimentaes, acham-se feitos e os plantadores pode- riam obter rapidamente todas as infor- mações de que carecessem para a sua boa orientação. Esses são os factos que submetto á apreciação da Fed. Int. dos Industriaes de Algodão. Caso ^Ua deseje verifical-os pelos .seus próprios elementos, poderia man- dar para o Bra.sil uma Delegação sua que seria alli cordialmente recebida. E talvez os seus resultados poderiam servir de base para que se intensifi- quem alli plantações algodoeiras em larga escala, para o beneficio não só dos membros da Federação, como de toda a humanidade. GR.\XJ.\ REMANSO — SOBR.\GY — >II XAS GERAES — PROPRIEDADE DE ) TAVTO CARXEIRO E TRAJAXO DE MEDEIROS I, Touro Priíicipe — Menção especial da raça South Devon. II, Jlarquez — Touro Hereford — Campeão. III, Favorito — Touro Durham — Menção especia'». BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA â eiICÇlO M Ml COITM £S BlOOIS o brilho excepcional de que se revestiu a ceremonia desse acto Uma esperança, quasi secular, ali- mentou geraçÕeí inteiras do nordeste brasileiro, baloiçando crystalina nos seuí-' sonhos justos e simples de vida li- berta e sorridente, na bonança e na far- tura merecida; escravizadas, até hoje, aos horrores e torturas idas seccas que espalharam o tédio, a desolação, a fo- me, a sede e a morte naquelle solo in- felicitado que a Pátria postergara. E para sempre vexar os nossos foros de civilização, remorsear a nossa consciên- cia e entravar o nosso progresso e , prosperidade, ahi estava esse flagello pertinaz, banindo do lar arruinado e faminto o sertanejo lioni. trabalhador, honesto e resi.stente. Mais a Noite da.* Castelladas vem derramar, nas Três Gottas abençoadas, a alegria toda dum Natal felicíssimo, fazendo arfar o peito oppresso e alen- tando o coração combalido das popula- ções do,s valles nortinos, que hoje invo- cam, jubilosas, a tradição egVípcia nas suas fe.stas cultuaes ao deus Nilo. 'E o mesmo prodígio de outr'ora. que so- mente o sacrificio de vidas poderia pro- duzir, fez-,se agora, mais humano, mais nobre e mais patriótico, com a sancção presidencial da lei contra ais seccas. Para gravar em relevo luminoso esta nova pagina da historia da civilzação brasileira, o 6r. Presidente da Republi- ca imprimiu como que um cunho re- ligioso á cerimonia da sancção do de- creto legislativo autorizando o Poder Executivo a executar as medidas alvi- tradas para combater o mal das seccas. O brilho excepcional de que se re- vestiu a .^olemnidade do dia 24 de De- zembro de 1919 confirmou, d'um modo eloquente, a resolução inabalável do Chefe de Estado, de executar o plano que traçou e constitue a pedra angular do seu i])rogramma de governo. Os representantes federaes dos Es- tados do nordeste no Senado e na Ca- mará, num preito de gratidão ao Su- 1 iremoMagistrado, offereceram-lhe uma caneta e penna de ouro, para a assigna- tura da sancção da grande lei . Antes do Sr. Presidente da Eepu- iilica tomar da penna ipara escrever o seu nome na resolução legislativa, usou da i^alavra o Sr. Deputado Félix Pa- checo que, interpretando o sentimento dos seus collegas da representação fe- deral dos Estados do nordeste, i>ediu que o Chefe da Nação lhes concedesse a .subida honra de acceitar aquelle in- significante brinde, como pallida ex- pres.são da sua gratidão immensuravel, na alegria commovida dos seus cora- ções de nortistas. Em seguida, osr. Félix Pacheco fez reviver, em traços ligeiros, o martyrolo- gio dos seus infelizes ijf.atricios daquel- 1 as plagas longínquas e esquecidas dos governos successivos da Eepublica, na expectativa doloro,sa d'um gesto de ca- ridade -];)atria que os alentasse na sua vida de afflicções e torturas. Realçou os dotes pliyscos dessa geuite simjiles e boa — o verdadeiro núcleo formador da nossa raça forte — e ;a uberdade desses valles extensos, que, com os am- plos recursos da nova lei, se tornarão nivm esplendor de riciueza, fartura e l)rogreí?so . O Sr. Deputado Félix Pacheco i>e- rorou declarando ao Chefe de Estado que, como os seus Estados são, por essa lei, chamados a collaborar com uma parcella de suas rendas no meritório commettimento, nenhum delles se fur- tarti ao gr.ato dever de secundar, dessa maneira, a acção do Governo Federal. E, por elle e por todos, afiançava que o modesto brinde que offereciam a S. Ex. sellava, de.*de aquelle momento, esse comiproniiseo de honra, que as suas as- sembléas e os seus governos haviam de ratificar pressurosos e com o maior e mais justificado jubilo. O Sr. Deputado Félix Pacheco ter- minou o seu discurso sob prolongados applausos . Res]Jondeu depois o vSr. Presidente da Republica . Num brilhante impro- viso, 6 . Ex . começou alludindo ás pa- lavras que proferiti no banquete do Club dos Diários, em Outubro de 1917, em favor ila redempção das populações A LAVOURA flagelkdas pela seeca, problema muito serio, cuja solução se impunha aos po- deres da Republica. Referiu-se á ma- neira menos feliz por que echoaram es- sas palavras, em que o espirito maligno de muitos dos seus adversários fingiu vêr o intuito dis^imuliado de provocar desintelligencias e rivalidades entre os Esta)dos do sul e do norte. No emtanto, aquellas ipalavras nada mais eram do que a reivindicação dos direitos sagna- dos desses filhos esquecidos do Brazil, para a prosperidade do qual tanto con- tribuem . Diz que seria incoherente si não considerasse um dever de honra para o seu governo a execução dias medidas que S . Ex . , filho do norte, aconselha- va ao filho do sul. Declara que é exactamente por isso que o problema das seecas se tornou, até certo ponto, a razão de ser do seu governo . Longe de S. Ex. a ^retenção de res'olvel-0 de modo completo e defini- tivo ; espera, entretanto, que os seus succe.ssores .-aberão terminar a=sa obra de ]>revisão, humanidade e patriotismo. Agradece, profundamente commo- vido, as congratulações que lhe são dirigidas e solicita o auxilio de todos os presentes nessa grandiosa empreza. As ultimas palavras do Presidente foram cobertas por uma estrondosa sal- va de ipalmas, que se prolongaram após o Sr. Ministro da Viação, Dr. Pires do Rio, ter referendado o decreto. A Sociedade Nacional de Agricultu- ra, que sempre se dedicou, desveladia- mente, ao estudo dos magnos proble- mas aigi'icolas e económicos nacionaes, intereseando-a vivamente o progresso e a civilização do nosso vastíssimo e que- i'ido Brasil, associou-se, com indizível satisfação, a essas manifestações de re- gosijo pela sancção da grande lei, lan- çando em acta, por approvação unani- me de sua directoria, um voto de lou- vor e agradecimento ao Governo da Republica pela sua iniciativa de alto piatroti.snio e humanidade. A Socieda- de nomeou, também, uma commissão de directores, para transmittir os seus cumprimentos e as suas congratulações ao eminente Chefe de Estado. GRAX.J.\ lllí MANSO SOBRAGY — IVHNAS I, Égua Argentina, raça Percheron — 1" premio de animaes de tiro pesado. II, Ju- mento Andaluz — 2° premio de reproductores asininos. 10 BOLETIM DA SOCIEDAnE XACIOXAL DE AGRICrLTCRA O GULTIVO DA BATATA Novos processos de multiplicação e selecção APPLICADOS SOMENTE A PEQUENAS CULTURAS (*) O novo processo para augmeiítar a produeeão da batata consiste na ntili- zação dos brotos, como sementes, em logar do tubérculo inteiro, isto é, no ai)roveitamento dos brotos que assigna- leni o poder germinativo em vigor. E" necessário depositar-se a batata num logar que tenha a temperatura de 10° a 15°, pois esta temperatura activa o poder germinativo do tubérculo, dan- do vida vegetativa aos brotos. Estando os germens suffieientemeií- te dezenvolvidos, com a sua baze radi- cada sobre a parte mondada do tubér- culo, corta-se o broto, tendo o cuidado de não molestal-o e de não ferir aos outros brotos, que tenham poder ger- minativo e ainda estejam em estado dormente. Praticada essa operação, de- pozitam-se os brotos adquiridos num lo- gar adequado, afim de seccar as partes gol])eatlas, o que, neste cazo, deve ser feito dentro dos liuíites de 5 a 6 horas, antes de submetter os brotos a novas experiências. O tubérculo deve ser depozitado no mesmo .sitio, até que .se tenham dezen- volvitlo todos as seus brotos germinaes, para serem utilizados os segundos bro- tos suecessivamente dezabrochados, do mesmo modo que o primeiro germem. Cortados todos os grellos dezenvol- vidos dum tubérculo, dá-se-lhes, depois, conveniente destino, i.sto é, empregam- se na alimentação humana, ou dos ani- maes. Reunida a quantidade dezejada de brotes, ou germens, podendo deuo- minar-se matrizes germinadoras, num intervallo de separação, que poderá ser d 'algumas semanas, sem, entretanto, haver perda do poder germinativo e dos factores de vegetação, procede-se á sua l)lantação em canteiros, que tenham a altura de S a 10 centímetros, enclien- do-os eom terra adubada, ou, então, usando uns taboados cobertos e na dis- tancia de 3 a 5 centímetros, enchen- do-se-os bem de terra vegetal e miúda, não devendo a camada ter espessura maior de 8 centímetros. A' uma determinada temperatura as raizes apparecem logo, como embryão dos rliizomas que exercerão as fuuc- ções nutritivas da i^lanta nascente. E' uma condição primordial a profundi- dade da plantação dos brotos e serve de garantia para o seu dezenvolvimento e florescente vegetação ulterior da haste. Uma vez o broto dezenvolvido, com a sua pequena haste e ramagem, deve euidar-se do dezenvolvimento da plan- ta, jiara que a mesma seja o mais possí- vel frondoza, em i*azão das suas fune- ções respií-atorias, absorvendo o oxyge- nio necessai-io ao novo individuo vege- tal : corta-se a extremidade da planta afim de estimular-lhe as energias, ainda existentes na matriz que está na terra, e com isto se consegue a multiplicação das folhas. No cazo de já existirem folhas, 5 ou 8, corta-se a eópa da plan- ta, de maneira que fiquem, somente, no tallo, duas ou 3 folhas, obtendo-se, com esta operação, nova.s mudas utili- záveis, pois, as folhas cortadas são apro- veitadas como germem vegetal, e as fo- lhas obtidas pelo corte são plantadas nos taboleiros cobertos e ahi, facilmen- te, se dezenvolvem com o seu embryão de raizes naturaes; isto se verifica no espaço de 8 dias. Esta classe de ger- mens, ou brotos, pôde ser plantada dum modo mais denso, do que em relação ao l)lantio dos germens até ao ponto de serem cortadas as suas folhas, porque conservam melhor a humidade cir- culante dos taboleiros, por absorpção, a qual é necessária á formação das raizes destas plantinhas. ( * ) Infoniiações extrabidas ile um rela- tório apie*eutailo ao Ooveruo ila .argentina, )>elo Cônsul Gorai desse paiz iin .\llcmaiiha. A LAVOURA 11 E ' aconselhado o processo de decote, repetidas vezes, até que a planta attin- ja a uma completa fronde, indispensá- vel á sua melhor coudicção vegetativa, como haste productiva. Esta experiên- cia, que se pôde fazer até conseguirem- se 20 ou 30 brotos num só germem, dos muitos existentes num tiiberculo, pre- vendo-se todas as faculdades rej^rodu- etoras, reprezenta uma economia de 30 vezes a quantidade de tubérculos des- tinados á sementeira, o que dá para um hectare, segundo o methodo antigo de plantar os tubérculos inteiros, a exigên- cia de 40 quintaes; quando, pelo pro- cesso exposto, se pôde fazer, no mesmo espaço de terreno, uma grande cultura bastando o emprego de 100 kilos de ba- tatas. Existe, na Allemanha, um systema geriuinativo, utilizado no plantio da ba- tata, em certa escala, e consiste em fa- zer-se o expurgo dos tubérculos. Além doutras vantagens económicas, evita a propagação das enfermidades, visto a selecção ser feita no terreno prophy] atiço, o que não permitte a transmissão das moléstias duma á ou- tra planta. Vm tubérculo plantado inteiro, mui- tas vezes conserva, na sua parte inter- na, germens de moléstias vizinhas ; dan- do-se essa transmissão pela circulação do ar, attingindo a toda extensão cul- tivada. A melhor selecção duma semen- te, nem sempre garante o êxito de ob- ter-se uma planta immune, porque essa garantia, é ás vezes, falha e não "evita o ilezenvolvimento duma enfermidade contagioza, que destruirá as plantas próximas. Adoptado o novo methodo de plantar a batata pelos brotos, evita- se a propagação do mal e o contagio. Si os lavradores, portanto, acceitarem os conselhos de cortar o tubérculo, afim de extrahir os brotos germinativos, ve- rifica-se nesse trabalho as condições de bom ou mal estado do fructo. Mesmo no cazo de serem utilizados os brotos af- fectados pelos fungos, i.sto não preju- dica á plantação, porque os brotos do- entes, ou atacados, não germinam, dei- xando de ter dezenvolvimento quando lançados na terra destinada ao cultivo. Garantidas desta forma, pela selec- ção, os fructos obtidos darão rendimen- tos compensadores, vi.sto ter sido obser- vada a escolha de brotos em perfeito estado de germinação, assegurando uma colheita remuneradora ; as plantas, ob- tidas por esse processo, tornam-se mais rezistentes e evitam as moléstias, não permittindo o ataque dos fungos. A experiência foi dum êxito com- pleto, o que está demonstrado pelos productos expostos recentemente, na ex- pozição de horticultura de Altona, onde o rendimento dalgumas plantas attin- giu de 12 a 20 tubérculos, encontran- db-se algum fructos pezando 750 gram- mas, rezultado nunca obtido pelos pro- cessos antigos de plantar o tubérculo inteiro. Em relação ao modo de fazer- se a plantação, o systema é o mesmo que o uzado antigamente, não havendo alteração digna de nota, tendo-se so- mente, o cuidado de deixar sobre a ter- ra as cascas das plantas semeadas. Para obter-se melhor rezultado na fructificaeão, aconselham plantarem-se os tubérculos mais profundamente no solo, porque quando se faz a plantação quazi á superfície o rendimento é me- nor que o obtido nas plantações mais profundas . Este novo processo de plantação, pelos brotos, não é aconselhado para a cultura extensiva, dando, entretanto, rezultado nas hortas ou nas plantações cujo objectivo é obter fructos seleccio- nados; garante uma boa colheita e me- lhora a qualidade não só da planta, como dos fructos obtidos. Assim executado o trabalho, obtèm- se as sementes para futuras plantações IRMÃOS CASTRO — Vendem reproductores das ra- ças Caracú e Hollandeza, a preços razoáveis. Para mais informações e pedidos com o Sr. Roberto Dia* Ferreira — Rua 1° de Marco n. 15 — Rio de Janeiro. 12 BOLETIil DA SdCIEDADE NACIONAL DK AGRICULTURA SOXOS: Sua conservação em relação à vida animal e veselal Capitulo III DA VIDA DA PLANTA E DO SOLO Na composição das plantas eutram quatorze elementos chimicos, em. maior ou menor proporção. São elles : carbo- no, oxygenio, lij'drogenio, azoto, plios- plioro. potássio, cálcio, sódio, ferro, en- xofi'e, chloro, magnezio, maiiganez e si- licio. Esses elementos fonnam o eonjun- eto harmonioso, que determina o desen- volvimento perfeito e regular do vege- tal ; dahi a necessidade de manter o solo fértil ,isto é, suppril-o do que não tem, ou restituir-lhe o que lia perdido em lavouras repetidas, para que pro- duza colheitas abundantes. As plantas se alimentam por meio de sua.s raizes e folhas. Noventa e cinco por cento do peso total da planta é con- stituído de elementos provindos directa, ou indirectamente, do ar, e são : car- bono, oxygenio, hydrogenio e azoto. Os demais elemenos constituintes formam menos de 5 % desse peso total da planta e derivam-se do solo, ou dos compostos mineraes. Na planta combusta, as cin- zas encerram os elementos mineraes. Só o carbono é que vem directamente do ar atravez os estoniatos, ou poros de res- piração existentes nas folhas e por onde têm logar, também, a vaporisação e eli- minação de ox}'ger.io. O azoto procede indirectamente do ar, mas, deve existir no solo sob a forma de azotato solúvel, de maneira a poder .ser absorvido ideias raizes da planta e pela mesma utilizada. O oxygenio e o hydrogenio sahem combinados, do solo, na forma d 'agua, que funcciona, egualmente, como um dos elementos de nutrição da planta e lhe dá a turgidez necessária. Um pouco de oxygenio livre é ne- cessário, á planta, nos seus processos biológicos. O phosphoro, o potas.sio e o cálcio, originários e directamente vindos de compostos mineraes do solo, são delles emanados. A planta cuida de si mesma, como se dá com o seu alimento do ar, que representa um complicado processo de respiração, dependente da vida, da luz, do calor; da piesença de humidade, do dioxydo de carbono e do oxygenio. O gaz dioxydo de carbono fórma-se pela decomposição da matéria orgânica, pela combustão da mesma e na respira- ção dos animaes. Fixaudo-o e desprendendo oxygenio, as plantas mantíim o ar puro para a respiração do homem e dos outros seres animaes. A nutrição da planta, pelas raizes, é o resultado dum j)henomeuo phy.sieo. chamado osmose, e, praticamente, pôde .ser explicado dizendo-se que nenhum alimento pôde ser absorvido pelas rai- zes sinão na forma solúvel, o que, em outras palavras, significa que um solo fértil deve reunir todas as condições physieas, chimicas e biológicas que tor- nem o alimento solúvel efficaz e pro- porcionem ao systema radical da plan- ta a sua perfeita actividade e o seu completo desenvolvimento . Certas espécies de bactérias, ou mi- cro-organismos duma ordem inferior de planta.s unieellulares, assoeiaram-se a certas actividades do solo e fazem que as plantas se desenvolvam e augmen- tem. suecessivamente, as colheitas. Estes organismos incluem as bacté- rias que se formam no meio azotoso, e vivem em tubérculos nas raizes das le- guminosas, e as bactérias productoras da fermentação e desintegração da ma- téria orgânica e observadas nas tran- sformações chimicas do solo, pelos quaes o alimento da planta se torna, gradativamente, solúvel e efficiente. A fertilidade, favorecendo ás fiinc.- ções microorganicas, mostra que o solo tem vida. De facto, sem a presença de certas A LAVOURA 13 dessas bactérias o solo está morto, es- téril . Muitas das culturas, fertilisaeôes e rotações de plantas que o lavrador pra- tica, têm por fim, justamente, fornecer alimento ás bactérias do solo, além de tornar o ambiente agradável á vida do agrário, no seu penoso e abençoado la- bor em prol da agricultura. O azoto € o elemento mais necessá- rio á alimentação das plantas, não só na sua relação com a produeção da sa- fra, propriamente, senão também pelo importante papel que desempenha na nutrição animal. Elle está inteiramente ligado ao crescimento dos tecidos e á côr verde das plantas. O vigor das plantas e a quantidade e a qualidade das colheitas, dependem duma provizão sufficieute de azoto no solo. A quanti- dade de azoto no solo, efficiente ás plantas, em qualquer occasião, é muito pequena. E' este um dos elementos nu- tritivos da planta mais traiçoeiros, se assim podemos nos exprimir, porquan- to, elle se altera, mais cedo ou mais tarde, noiítra forma que se perde, facil- mente, no solo. Não podemos coutar com produeções rendosas sem que se leve, constante- mente, azoto ao solo. A agricultura pra- tica e lucrativa consiste em empregar o azoto commercial mais dispendioso como estimulante do crescimento rápido, e aproveitar o estrume de curral e as le- guminosas para as necessidades mais urgentes das culturas. O cálcio é, também, outro elemento essencial ao desenvolvimento das plan- tas. Além de funccionar como um ali- meuto, a sua presença no solo, sob a forma de cal ou carbonato do cálcio, serve, egualmeute, para neutraliza r-lhe a acidez e tornal-o fresco. Melhoi-a as suas condições physicas, promovendo maior porosidade nas terras argillosas compostas. A cal favorece a produeção das le- guminosas, que não prosi^eram bem era terras acidas. Pela .sua influencia, li- berta-se uma quantidade considerável de potassa insolúvel, sobre desipertar, ella, a acção bacterial que accelera o desdobramento da matéria orgânica e torna o azoto mais promptamente uti- lisavel . A cal fornece base sólida não só ás plantas, sinão também aos animaes, a que é necessária na formação dos ossos. Applicada ás planta.s,dá-lhes rigidez es- tructural, graças á qual ellas podem manter-se numa posição erecta perma- nente, a de.speito dos ventos e outras in- tempéries. O phosphoro actua como estimulan- te de certas actividades da planta, quer apre.ssando o desenvolvimento das sementes, quer promovendo a germina- ção destas. Estudos comparativos, levados a ef- feito em diversas estações experimen- taes dos Estados Unidos, provam a maior efficacia do phosphoro sobre qualquer outro elemento fertilizante. Relatando a conclusão de experiên- cias, o Sr. Thorne, Director da Estacão Experimental de Ohio, diz : "O phosphoro produziu óptimos re- sultados em todas as estações, sub-esta- ções e fazendas, em Ohio, Indiana, Pennsylvania e Oeste Virgínia, onde se realizaram experimentos com fe]'tiliza- dores". O phosphato fertilizador estimula o desenhalvimento da luzerna, e, entre as gramíneas, é especialmente benéfico aos cereaes e grãos. Deve, por isso, plantar- se, a luzerna e enterral-a verde com o arado, revolveiido-a bem, no solo, jun- tamente com o estrume para cereaes e outras plantas. O acido produzido pela desintegração da matéria orgânica fa- vorece a decomposição e solução da ro- cha phosphatosa e não se podem obter bons resultados quando se applica o phosphato mineral inobservando a de- eomposição da matéria orgânica. O potássio fórm,a um terço da cinza das plantas. Eneontra-se-o em abun- dância nos terrenos normaes, na sua maior parte, porém, em estado insolú- vel,não .sendo, conseguintemente, de ef- ficiencia immediata ás plantas. Em presença da cal e da matéria or- gânica em decomposição, esses compos- tos potássicos insolúveis, dissolvem-se gradualmente, e o potássio toma-se em condições de ser aproveitado pelas plan- tas. De regra, não é necessário, portan- to, appliear directamente a potassa na forma de fertilizante, uma vez que se abasteça o solo, convenientemente, de adubo verde (leguminosas), esterco de curral, cal e phosphoro. T. R DAY. 14 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA A CARNAHUBEIRA Pelo Dr. Paschoal de Moraes A canialiubeira (Copí-micid ccrife- va, Mart),. (• unia palmeira ipl"ovirlen- eial para o< habitantes duma grande região brazileira, limitada, principal- mente, entre o Ceará « o Rio Grande do Norte, os únicos E;-tados que, até ao presente, a exploram e delia auferem resultados e innumeravei.* utilidades, sendo uma da.s principaes a cera, que e O producto da i>almeira de maior valor ç de negócios mais lucrativos. AS SUAS VARIAS APPLICAÇÕES A canialiubeira fornece aos haibi- tantes da região, onde auspiciosamente vegeta e é oriunda, valiosos recursos de que o .sertanejo sabe tirar proveito. O esipique da Palmeira, quaivlo completamente desenvolvido e em edí'- de avanyada, torna-se madeira rija, «>'- cellente para coustruccões, não estando em contacto com a agua; para esse ef- feito, ella é muito empregada na cober- tura e madeiramento dos 'edifícios, quer em forma de esteios e traves, quer em forma de caibros e revestimento de paredes; a sua duração, neste mister, é importante de c'ommentar-se : ídura séculos e não é sujeita, absolutamente, a bichar, nem nie.smo ao cupim de- struidor que sob ella se installe — uma madeira de resistência admirável . Delia, ainda, os habitantes daquel- las ref^iões confeccionam todos os seus utensílios e todo o seu tosco m'ohiliario ; a madeira permitte, porém, um poli- mento especial e lindo e prestar-se-ia a figurar entre as mais fina- para marce- naria de ornamentação. E', também, emprega/da para con- .ttrucções dentro d'agua salgada, como trapiches e ipontes, offerecendo, para isso dentro do salso — uma conservação indefinida. A carnahúba é utilizada, ainda, pa- ra confecção de cercas-vivas e para moij rões, durando, neste mister, mais .de 15 annos. Da palha verde penteada é extrahi- da uma fibra regular, muito emprega- da no fabrico de corda.*; fazem-se. ain- da, das palhas, surrões, jacas apropria- dos ao tran.sporte do sal, batatas, caro- ços de algodã'0. farinha e fructas. Confeccionam-se com ellas, também, vassouras e esteiras para uso domestico e para envolver fardos de fumo e ou- tras mercadorias; tecem-se, com ellas, chapéos imitando panamá, enchemise cangalhas e cobrem-se palhoças de pes- cadores. Os fructos maduros servem, tam- bém, de alimento a diversos rumi- nantes. Assim, da providencial ipalmeira, que ipresta, além disto, toda e.ssa somma de 'benefícios aos habitantes da região onde nasce expontaneamente, retira-se a cera das palmas, que constituo um producto económico excellente de ex- portação e que, até á presente data, não tem merecido .ser objecto de cogitações no sentido de melhoral-o ; mesmo sobre fl preciosa palmeira, muito ]iouco se tem escriípto e estudado devidamente. ''HABITAT" DA PALMEIE A O limite dos carnahubaes, nati\-'os nos Estados -Unidos do Brasil, começa 110 Estado de Matto Grosso, onde e?sa3 palmeiras abundam nos territórios de Arayozes e São Francisco, estendendo- se, depois, pelo norte de Goyaz, para o sueste do Maranhão, para o Piauhy e, dahi. para o interior do Ceará, Rio Grande do Norte e Parahyba, rareando para o norte do Estado da Bahia e Per- nambuco. Pôde, portanto, mais ou menos di- zer-se que a Carnahúba cresce desde o ?," gTáo de latitude norte até ao 15° de latitude sul, internando-se pelo conti- nente. PRODUCÇÃO E COMMERCIO Os carnahubaes do norte do paiz rendem, anuualmente, uma média de 2 . õOO . 000 a 3 . 500 . 000 kilos de cera, que soffrem, nos mercados, uma cota- ção muito instável . Na praça do Recife a cera de car* A LAVOURA nahúlja, em Jlaio de 1918, era cotada, p'or arruliíi, de 57$ a 65$000, e em, Ju- nho do mesmo amio, alcançou o .preço cie 68$ a 80$00, á arroba . 'ASPECTO PHYSICO DA CERA ' A fera de cai-nahúba é uma suljstan- •cia dura, cjueliradiça, de forma con- fhoidal inó'dora e insípida, sem nenhu- ma ductilidade e podendo ser reduzida a pó; é dum amarello-claro quando re- tirada das palmas tenras; as palmai^ velhas dão um pro'ducto mais escui'o, oxydado naturalmente .pela acção .do ■ar; não é inflammavel, sendo i.solador do calor e da electricidade e funde-se na temperatura de 85° Cent . : pôde ser ■facilmente purificada ne.^se gráo ther- mieo, ipossue um cheiro especial, agra- dável, e é unctuosa ao tacto, PROPRIEDADES CHIMICAS 'A cera de carnahiiiba c uma de etheres .sólidos e ácidos graxos superio- res, diíssolvendo-se ibem no álcool e no ether , UTILIDADES Nos ■Estados Unidos, empregam a cera de carnahúba na fabricação de re- cords cylindric'os de gramophones, ■ Depois de branqueada, u.sa-se-a, também, ,para dar firmeza ás velas e augmentar o lustro da chamma . Serve, egualmente, para graxa de polir calçado de couro amarello e ar- Veios, e faz parte da cera para encerar 'assoalhos , A CARNAHÚBA NO CEARA' A carnahúba, no Ceará, tem o seu maior habitat no rio Jaguaribe, em cujas margens vegeta exhuberantemen- te, formando, nas lerras do município de S. Bernardo das Russas, espessos carnahúbaes, preciosa e fecunda fonte de renda dos municipos de Limoeiro, Morada Nova, União, Aracaty, Para- rucú, Soure e nos municípios banhados pelos rios Carahvi e Camocim. Nesse E,stado, a extracção da cera 'das folhas de carnahúba attinge, mais 'OU menos, a 600,000 kilogrammas, an- •nualmente, sendo um terço de 1^ quali- 'dade e o restante de 2", (o pieço, para •a l-', regula 30$, 'os 15 kgs., e, o da 2", •2õ$000) . Constituem, ainda, objecto ■de grande commercio os chapéos teci- idos com a .sua palha, as va.^^souras e cor- idas, que com ellas se confeccionam. >Em 1912, o numero dos productos des^ ■sa industria attingiu a 150 mil cha- •pé'o.s, 52 mil vassouras e 8.900 cordas. Os chapéos de palha de carnahúba 'imitam lOs legítimos panamás ; são, po- *i'ém. mais toscos e menos cuidados, k-onvindo, grandemente, aperfeiçoar-se bssa pí-eciosa indu.stria, que teria .gran- •de consumo no paiz, onde os chapéos de palha são os preferidos e aconselha- 'dos pela hygiene dos tnopicos. U CARNAHÚBA NO RIO GRANDE DO NORTE No Rio Grande do Norte, o maior, mais largo e rnais extenso carnaliul>al fica situado no valle do rio A.ssú: prin- cipia acima daquella cidade, acompa- nhando o vale até enc'ontrar as immen- sas e bellas salinas de Assú e Macau. Essa várzea de carnahubal tem uma extensão, talvez, não inferior a 70 kilo- metros, com largura média não infe- rior a 7 kilomelros. E.ste carnahubal está situado, em grande parte, no mu- nicípio de Assú, parte no município de Sant.'Anna de Mattos, parte em Ma- cau, que tem, também, o pequen'o car- nahubal do valle do Amargoso, e insi- gnificante iparte no município de An- igicos. O carnahubal do rio Mossoró, ou 'Apody, nas proximidades da cidade desse nome, até Passagem Funda, var- igem ique tem uma extensão de 19 kilo- •metros, c'om uma largura média supe- rior a 6 kilometros. E' comprehendido, quasi todo, no município de Apody e pequena parte no município de Carnahúbas. Outro carnahubal, de Mossoró, es- lende-se ao ,povoad'o de S. Sebastião, ■atravessando, ao longo do rio, os mu- nicípios de Mossoró, até o de Areia .Branca, com uma extensão de cerca de ,60 kilometros, sobre uma largura me- ,día nã'o inferior a 3 kilometros. Ha, ainda, o carnahubal do valle do .rio Upanema, que recebe, também, o «ome de Rio do Carmo, ao approxi- .mar-se de uma confluência com o rio 16 BOLETIM DA SOCIEDADE XACIONAL DE AGRICULTCRA MosíOró. Eíse caruahiibal, que não é Ijequeno, está sitiiad'o na parte do mu- •nieipio de Augusto Severo e parte no de Moísoró. GERMINAÇÃO DA SEMENTE DE CARNAHÚBA A semente de carnahúba nasce fa- cilmente ; o seu período de germinação, porém, é muito variável, tendo necessi- dade de bastante humidade no solo, para poder brotar mais facilmente. Encontrando solo frouxo e bem re- gado, a semente nasce aos 30 ou 35 idias depois de collocada na terra . CONSIDERAÇÕES ECONÓMICAS Querendo dar-se uma idéa do d&s- perdici'0 de que são culpados os Estados exportadores de matéria prima para Ião múltiplas applieações, fez-se o se- guinte calculo: tomando-se .por base, ipara colheita annual de 2 milhões de tkilos de cera, a média de 6 grs. e 75 fcentigrs. de carnahúba, por folha, en- i:-ontra-.se, como resultado, o corte de (•29(3 . 444 ; 446 folhas. Pesando cada fo- ilha, em média, 134 grs. , o seu peso to- rta! será de 39. 723.555 kilogrammas. Desse avultado peso, emprega-se, apenas, uma pequena fracção de ,2.998.080 kgs., na média, .sendo a icpasi totalidade queimada, ou perdida .nas operações. Os processos de prepara- •gão da cera são os mais primitivos e lanachronicos po-ssiveis, bem como a ba- itedura ao relento . I A inchistria extractiva da cera da ícarnahúba, no norte do paiz, não mere- iceu, ainda, melhoramento algum e ■nem se tem cuidado, nos Estados inte- ressados, de promover e' desenvolver, systematicamente, a sua cultura, que, mais dias menos dias, entrará franca- mente em declínio. A cera de carnaliúba é. entreanto, imi producto valioso e de boa cotoyão e procura nos mercados e a sua exporta- ção rende ao pai?, na médid. .1 sonuna de G.83'?:4G9$000 ! ! ! A CARNAHUBEIRA PLANTADA NO ORIENTE, SYSTI.MATICA- 31 ENTE Ha uns 20 annos que os cultivado- res do Ceylão prestaram grande atten- ção ás varias vantagens dessa palmeira, sabendo que foda ella é de grande uti- lidade. As sementes, importadas do Brazil, germinaram esplendidamente e as pal- meiras encontram-se perfeitamente ■ fron dentes. Daqui a alguns annos. o Oriente^ como faz' com a seringueira, far-nos-á concurrencia com a carnahúba. EXPORTAÇÃO DOS E. V. DO BRAZIL, DE CERA DE CARNAHÚBA ANNOS 1 1 \Kilogrs. | Valor em mH 1 1 féis 1910 . . 2.680.986 4.308:819$000 1911 . . 3.214.152 5.856;6Õ6.$000 1912 . . 3.099.102 5. 450:861 $000 1913 . . 3.867.108 6.592 :653$000 1914 . . 3.315.693 õ.511:990$000 1915 . . 5.897.378 9.596:132$000 1916 . . 4.166.996 7.976:891$000 1917 . . 3.668.626 8.421:803$000 Média . 3.729.755 1 6,839:469$000 Aos Estados interessados convém, quanto ante.s, tratarem da cultura sys- lematica desta copernicia e procurarem introduzir melhoras no ])rodncto extra- tivo . m m ^ IRMÃOS CASTRO — Vendem reproductores das ra- ças Caracú e Hc41andeza, a preços razoáveis. Para mais informações e pedidos com o Sr. Roberto Dias Ferreira — Rua i" de Março n. 15 — Rio de Janeiro. A IjAVÓURA 17 MUSEU COMMERCIAL DO PARA' A 16 de Novembro ultimo foi offi- cialmenle inauourado em Bflém o Mu- í=eu Commercial do Pará. A idéa da fundação dessa utilíssima instituição, cujos teneficos resultados não é dado desconhecer, partiu do Sr. Francisco Baptista de Oliveira, esclare- cido commerciante ali. .sendo recebida com enthusiasmo pelos ,?eus collegas da Associação Commercial. >Sua actual di- rectoria, composta dos esforçados com- merciantes Srs. Coronel Cas-io Reis, Manoel G. Pereira Sobrinho. -José Mar- tins, Menassé Bensimon e António Al- buquerque, tomou sobre seus hombros o encargo de transformar a su.ggestão na brilhante realidade que ora se os- tenta ás vistas do observador . E' justo assignalar aqui o empenho com que o illustre Dr. Lauro Sodré, actual «'overnador do Estado, e o Dr. Martins Pinheiro. Intendente Munici- pal de Helúu, auxiliaram a solução do problema em foco. A direcção do importantíssimo cen- tro de informações foi confiada aos co- nhecidos especialistas Srs. Dr. Paulo Le Cointe e Raymundo Monteiro da Costa, o que vale por assegurar-lhe o successo . Basta percorrer o vasto programma, para se ter certeza do valor da obra inaugurada, maximé sendo a sua dire- cção confiada a liomens experimenta-' dos, como o foi. Sua organisação se inspirou na du- pla necessidade, á qual corresponde a instituição das duas secções : uma de exportação, comprehendendo o mos- truai-io permanente, o laboratório de ensaios industriaes, o deposito de amos- tras e o departamento do ensino agrí- cola, industrial e commercial ; e a outra do importação, abrangendo os esciipto- rios de informação do extrangeiro e os mostruários dos productos exóticos. Como se vi\ o Museu Commercial ^H ^^ BB ^^ ^M ^" MM ^^ I ^ M ■ Éi 1^ ,/ ^. i-^ts^ Vacca da raça Tcrína, com 5 annos de edade, da qual nasceram, em 9 de Março de 1919, 2 bezerros, que com 10 dias pesaram, cada uni, 33 kilos. A mesma vacca, antes dos bezerros, pesava 500 kilos e dava 13 litros de leite. Depois de nascidos os bezerros, está dando 8 liti-os de leite e alimenta bem os filhos. E' propriedade do Sr. Franklin Gomes A'^éras, de Pamaliyba. 18 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA vae se desdobrar numa vasta rede de in- formações dentro e fora do paiz, de sor- te, não síSmente a facilitar ao extran- geiro as suas relações commerciaes com D Estado do Pará, como ainda aos na- cionaes, suas relações com as princi.paes praças do nmndo c do sul do paiz. A douta directoria da Associação Comniercial com.prehendeu também a necessidade indeclinável de apparelhar, o melhor iiossivel, a mocidade que se destina ás praticas commerciaes, para o que tem melhorado o quanto pdssivel os cursos da sua Escola de Cdmmercio. Não escapa ao seu programma pa- triótico o ensino agrícola, como meio de augmentar e melhorar a producção do Esíado, deslocando i^ara a polycultaira o centro económico que deve servir de base solida á riqueza do grande Estado, qUe durante meio século apoiou sua existência somente na renda da borra- cha, ora em franco declínio. Divulgar nossos agentes de permu- tas, indagar onde ir buscar com van- tagem as utilidades de que carecermos, aipparelhar a mocidade ])ara os traba- lhos do campVi e para as lides do coni- mercio e das indusltrias, eis, em resu- mo, o escopo do Museu Cominercial. A vastidão do emprehendimento exige esforço continuado e intelligente. sem o qual não será depois mais do que uma bella ndrasíem de-feita. Confia- mos no iiatriotismo do corpo commer- cial do Estado, que trabalhando pela prosperidade geral, alicerça sua |;iropria grandeza. Não faltam riquezas latentes no vas- to e abençoado solio paraense; o que lhe faltam são 'braços e capitaas 'para as ex- plorar. Para que esses dois principaes elementos da construcção da riqueza procurem a região amazonica, urge tor- nal-a conhecida ; apagar a maléfica im- pressão deixada por escriptos de exlran- geims de i)aI. A EXPORTAÇÃO DO GAFE' E BORRACHA A exportação .do iioi?o iprodueto clássico — o café — tomou um vulto considerável no anno p. passado, em- bora quantitativamente não se avanta- je á'de 1915. E' provável que, pelo me- nos, recupere a média anterior á guerra e, quanto ao valor, deixará, é certo, bem longe todos os exercícios conheci- dos, tanto assim que, só nos dez primei- ros mezes de 1919, o valor da exporta- ção desta ru'biacea alcançou qua-i o de todos os productos em 1918 e, pelos fins daquelle anno, já era superior ao com- mercio total em todos os annos anterio- res a 1912. A quanúdade de café exportada nos mezes de -Janeiro a Outubro do anno qne expirou foi de 11.273.000 saeca.?. no valor vde 1.075.379:000.$; no mes- mo perioido de 191S, a quantidade ex- portada e o seu valor foi de 6.410.000 e rs. 272.032:000$000. DA lí^í^íP resultado é uma consequência da alta <áos preço.s, que ainda persiste. O valor médio da sacca exportada em 19 18 foi de 47$454, papel, e em 1919 de 95$, confronto, aliás, bem si- gnificativo . Sendo a quantidade muito acima da média e o augmento do valor excepcio- nal, o anno de 1919 bate, pois, o record 110 quadro da nossa exportação. O anno passado foi, egualmente, muito propicio para os productas no- vos, tae* como a banha, a carne em conserva e outros de orjgem animal, que estão em pleno desenvolvimento. Outros productos «lassicos, como os couros, o fumo, o caeáo, a herva-matte ()U inelliorarn. ou registram tendência de reiniraçãi). Taiul)em augmentou a cifra da ex- portação da borracha. Assim, nos pri- meiros mezes de 1919, a exportação foi de 2S . 760 toneladas, quando no mes- iiiii pcriudo, eni 1918, foi de 17.102. GRANJA REM.WSO — SOBRAGY — >UNAS Enfardamento de feno e capim gordura e .jaraguá. 22 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICri.TrRA TEOSINTO (EUCHLAEnA ME- XICANA) O Teosinto é uma planta forrageira annual, da mesma familia do milho, o que quer dizer que pertence á cla*se das gramíneas . E' semelhante ao milho, em ap;i)arencia e hahitos. Tem as ío- Iha.s largas, e a flor parece cg/i a do "Iiidian Oorn", ou milho propriamen- te dito. Cresce até grande altura, e dá forragem e grãos em abundância. Quer terra (estrumada e chma quente e hú- mido. Não .supporta muito frio. E' natural do México e da America Central, mas não tem sido muito culti- vado alli. Ha poucos annos foi intro- duzido nos Estados mais ao sul dos Es- tados Unidos, onde é agora muito po- pular como planta forrageira. A ha.roduziu muito bem, á razão de 30 toneladas dia forragem verde e duas e meia de se- mente limija, i>or geira (acre), ou se- jam 7õ tonelada- de forragem e 6 ou 7 de semente, per hectare. Na.-í Estações Experimentaes de líemfica e Conselheiro Paulino, as co- lheita-^ foram também muito boa*, po- rém não iguaes á de Campos. O Teo-into é provavelmente a plan- ta forra'j^ira de mais fácil cultivíi no* logares húmidos do Brasil, onde a for- ragem fôr desejada verde ou como feno. E' elle e^iijecialmente aproveitado )>elo negociante em leite, que necessita de forragem em grande quantidade pa- ra alimentar o seu gado. Na opinião de algun- botânicos, o Teosinto representa n milho em seu es- tado original . T. R. Day. A EXTINCQÃO DA DELEGACIA DA PRODUCÇÃO NACIONAL Em officio diri.trido á Sociedade Na- ciímal de Agricultura, o sr. dr. Vieira Souto, delegado executivo da Produ- cção Nacional, connminieou á mesma que, em virtude de não ter ,*ido votada verba alguma para a manutenção da Delegacia a seu cargo, já iniciara o tra- balho de balanço e liquidação daquelle departamento. A Delegacia da Producção. e é grato registral-o, vinha-se constituindo num auxiliar valoroso da lavoura nacional, quer ))ela distribuição, em larga escala, de plantas e sementes .seleccionadas, com que tentava melhorar a ])rodu- ccão díj nosso .^olo ubérrimo, quer pela diffusão ampla de . ensinamentos de agriinomia, em folheto.-^ innumeraveis, nniitos dos qnaes ria sua )ii'ii|>ria publi- cação, concorrendo, des<'arle, e mui po- derosamente, para debelliU' um dos nossos maiores males — a rotina dos campos; e quer ainda piela propaganda intelligente e multiforme da nossa po- lencialidade agricnla, e palhando o en- (liu-iasmo entre os agricultores brasi- leiros pela exploração do sub-sobi ri- quíssimo. Era a campanha que o dr. Vieira Souto, com muita elevação de esi)irito, com))etencia, patriotismo e efficiencia. mantinha ardente em jirol do inten^i- ficamento da producção. E--e departamento futuroso vinha, lior isso, )n'eenchendo -atisfactoriamen- te os seus fins e ao esforço continuo e efficaz do seu emérito director .ro ultimo, 1.000 novi- lhos, sendo 500 mestiços, á razão de 250$ por cabeça. — O sr. Octávio do Amaral Pei- xoto, residente em Pelotas, adquiriu, por compra feita ao sr. Boaventura Marques de Souza, o campo que este possuia no Quebracho Grande, muni- cipio de Bagé. O referido campo será destinado á criação de cavallos de corrida, de re- productores puro sangue inglez. fican- do aquelle municipio enriquecido com. o "haras" daquelle criador. O mesmo senhor adquiriu também, para. auxiliar Scarpia no padreamento das suas manadas, o cavallo norte-ame- ricano Dreadnought, de justa fama no turf uruguaya, onde conquistou o ti- tulo de campeão, e onde foi comprado. — O sr. Elenterio Brum, proprie- tário da estancia São Sebastião, fez, no mez p. p., as seguintes operações: Vendeu ao sr. Fábio Braga, fazen- deiro em Poncho Verde, 6 tourinhos, de 2 a 3 annos, da raça Hereford, a 600$; ao sr. João. Francisco Brum. criador em Santa Maria, 3 touritos, a fazer 2 annos, da raça Hereford, ,a 1:500$ por cabeça; ao sr. João Ma- noel Ávila, fazendeiro em Cacimbi- nhas, 1 terneiro de 1 anno e 1 tounui de 2 annos, da raça Hereford. por 2:000$; ao sr. João José Ávila Brvmi, fazendeiro em Piratiny, 2 terneiros de 13 e 14 mezes, da raça Hereford. a 1 :500$000 . O referido fazendeiro comprou um reproductor cavallar da raça Hackney. importado da Inglaterra, por 3:500$, sendo esse um animal de bellissima es- tampa. O .sr. Brum ini)iortou também, de importante "cabana" uruguaya, vinte potrancas da raça Hackney. ^ft> >> >> >> >> I » >> >> >> >> i i! » » }> >> >> » » » ú T Us *> ♦:♦ <* Para qualquer queda e quantidade de agua. Para Lavoura, Industria, Força e Luz eoNsTP^UiMos Turbinas de jacto livre com regulador á mão ou com regu- lador automático para quedas de 5 até 100 me- tros de altura com força de 12 até 300 cavallos effectivos Turbinas Typo FRANCIS com regulador á mão ou com regulador automático, para quedas de 1 até 40 metros de altura com força de 1 até 2.000 cavallos effectivos Queiram pedir mais informações aos fabricantes: M. Hiipert 8t Co. RUA DA ALFANDEGA, 99 CAIXA POSTAL, 2026 RIO DE JANEIRO | ò 30C1EPAPE SUISSA RUA S. PEDRO 14 S. PAULO Flor. Abreu 43 A RIO DE JANEIRO P. ALEGRE Gal. Municipal 87 ESPECIALIDADES BAHLA Cons. Dantas 31, Installações hydro-electricas para ijualquer queJa Turbinas e • geradores sempre em "stock" Installações para abastecimento de agua potável Bombas de baixa e alta pressão — Encanamentos, registros, ete. 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Oscar Corrêa, pag. 46 — O azotato de ammonium como fertilizante, pag. 52 — A nova tentativa censitária, B. de Araujo Lima. pag. 54 -— Castração dos animaes, pag. o4 — Cu - tura das lentilhas, pag. 58 — Cultura al- godoeira. W. W. Coelho de Souza. pag. 59 — O acido prussico do Sorgho. pag. 67 — O pan-americanismo da batata. Paschoai de Moraes, pag. 68 — Producção do Lei- te-Wicar. G. Teixeira, pag. 70 — Os ini- migos da batata, pag. 73 — Cultura do fumo e o seu preparo, Sylverio Guima- rães, 'pag. 74. Rua Vím Março, 15 RIOdeJANEIRO-^RAZIL 55:::::íj::í:í5íkxjc:c^^5::^:í5íjíxkjc::í:k:ck::5:k 000<>0000000<>0000<><><>-0-<>-0--0-0-€>-0-0-C>0 A M H R I C: A N ^ EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL PANAMA-PACIFICO □ CHAPAS ESPECIAES para fabrica- ção de fogões, cofres, obras estam- padas, objectos esmaltados, cons- trvicções navaes, etc, etc. Rnolrnc corrugados para estra- DUCII UO (jas de ferro e de ro- dagem, fabricados no Brasil. SilnQ galvanizados para cereaes ""** e café em coco. P o I h a C ^^^^^ P^'^^ irrigação e fins l/dlllad industriaes . FEREO PURO resistente á ferrugem inegualavel em DURABILIDADE e DUCTIBILIDADE. CHAPAS pretas, pintadas e galva- nizadas, lisas e corrugadas. ERICAN ROLLI AV. RIO BRANCO 109 •BIO DE JANEIRO- CAIXA POSTAL 19 Liiyi 000<>00<>00<>00<>0~000<>-(><>-0-0-G-C>0 k^^xk::5:2í::xk:ík^j:5í::^xíc::55:í::xk^^kk ■ ■ B aia LLOYD BRASILEIRO A mais importante empreza de navegação da America do Sul PARA TRANSPORTE DE PASSAGEIROS Linhas Internacionaes para New- York, Nova-Orleans, Buenos Aires e Montevideo. Linhas de grande e pequena cabotagem. Linhas fluviaes, VAPORES DE PRIMEIRA ORDEM Luxuosamente ornamentados, offerecendo todo o conforto Praça Sérvulo Dourado RIO DE JANEIRO a B a a a kí?:::^^:^:^5í:{;5íj::íkxk5í5ík::k5:k555í5C5í:íxk:: A LAVOURA LMRAJÍY NEW YORK ANNO XXIV Rio de Janeiro — Brasil N. 2 A Terceira Exposição de Gado Honrada mais uma vez com o convite do ilinistro da Agricultura para incumbir-se da Terceira Exposição Nacional de Gado, a Socie- • dade Nacional de Agricultura tomou a peito a realização do certamen com o devotamento e in- teresse que lhe despertam todas as manifestações tendentes a engrandecer o Brasil. O successo de exposições anteriores, -em as quaès se apresenta- ram espécimens de gado da maior parte do nosso vasto paiz, revelando o estado da nossa pecuária e mostrando, por um exame consciencioso, o que se precisaria fazer, em corresiíondencia com as exigências do progresso da criação e as necessi- dades dos mercados consumidores, onde começá- vamos de entrar a competir, no fornecimento de carnes em conserva e frigorificadas, nos animoa a novos commettimentos com o. intuito de fomen- tar e premiar a promissora pecuária nacional. Não é novidade para ninguém que as Socie- dades de Agricultura têm, em todo o mundo, pa- pel proeminente e decisivo na organização e exe- cução das exposições de pecuária, das quaes re- sultaram, em grande parte, o incentivo e o suc- cesso da industria pastoril, hoje riqueza de pri- meira ordem de todos os paizes — e não são muitos — que possuem condições de tornar a criação fonte de riqueza pelo valor ascendente das terras, que, na agricultura, têm maiores pro- babilidades de lucro vultuoso e certo. , A preoccupação dominante em alguns Esta- dos, especialmente os do sul do Brasil, da com- pra de reproductores para o que o preço já não é motivo de impossibilidade acquisitiva, animoi: o Governo Federal a manter, nos três últimos annos, a verba orçamentaria destinada a facili- tar a importação de espécimens das raças bo- vina e cavallar, suina e ovina, verba que, ainda agora, foi mantida para o exercício corrente. E' animador esse estado de cousas resultan- te, em grande parte, das exposições realizadas e, sobretudo, do Congresso de Pecuária, aqui reu- nido, por iniciativa da Sociedade Nacional de ^gricultura, sob os auspícios do Ministério da k Agricultura, o qual tem, na realidade, auxiliado, de maneira proveitosa, a iniciativa iDarticular, dando as facilidades que lhe são por lei permit- tidas, para o fim meritório de espalhar, pelo ter- ritório nacional, o maior numero de animaes das raças chamadas finas, as quaes, desfarte, vão concorrer efficientemente para o seleccionamen- to, do que tem decorrido, ipso facto, a valoriza- ção dos nossos rebanhos. As exposições realizadas, demonstraram ca- balmente o estado da pecuária no Brasil e pro- varam que marchamos para maior aperfeiçoa- mento, satisfazendo, assim, ao amor próprio na- cional. E' essa, na realidade, a maneira mais pratica de balancear o estado da nossa produe- ção, que vae tomando, nas suas differentes moda- lidades, apreciável desenvolvimento, para o que tem contribuído a cooperação valiosa dos frigo- ríficos, os quaes offerecem segura garantia e vantajosa coUocação de toda a producção. O interes.se que tem sido dispensado pelo Poder Publico, amparado na propaganda tenaz e ininterrupta da Sociedade Nacional de Agri- cultura, que, de longa data, vem se batendo pela pecuária nacional, com Eduardo Cotrim á fren- te, o benemérito pregoeiro dessa cruzada, infe- lizmente abatido pela morte, qiiando ainda não estava terminada a sua obra magnifica, está dan- do frutos excellentes e eontribue, efficazmente, para consolidar uma riqueza económica, actual- mente com probabilidades assas promissoras. A Terceira Exposição de Gado, se tiver, como é de esperar, a cooperação dos interessados, será mais um motivo para affirmar de quanto é capaz a iniciativa brasileira, que tão sólidas provas vem de dar, no decurso da guerra, erean- do industrias e desenvolvendo a producção de maneira a ter podido prestar seu concurso ao progresso mundial, concoi-rendo para tornar ef- fectivas as facilidades de distribuição de alimen- tos e matérias jjrimas, que tanto faltaram nos últimos tempos, pela subversão da ordem das cousas, e o deslocamento da vultuosa massa de 34 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTUKA elementos de trabalho, da agricultura e da indus- tria para o campo da guerra, determinando o desequilíbrio, cujas consequências, ainda lioje, pesam sobre a humanidade. Restatelecida a paz, é dever de todos nós, proseguir no trabalho encetado e de braços com o governo federal, que tão bem orientado se vae mostrando na execução do programma politico económico que se propoz contribuir para o mais depressa possível conquistarmos a nossa inde- pendência económica — suprema asijiração dos povos que se presam de adiantados. Esse ideal legitimo só ijoderemos attingir produzindo muito e procurando aperfeiçoar, .sempre, a nossa produccão, de maneira a tor- nál-a economicamente explorável. ^ A CULTURA DO ANANAZ ^ ÍQJ ( Bromei ia (niaiiassa, L. ) ^~-^J A cultura do ananaz reuue em si todos os proveitos económicos e excellentes duma cultura valiosa e de resultados magníficos e certos ; ella reconcilia, ao mesmo tempo, todas as vantagens lucrativas de utilidade industrial e commercial, além da fibra exeellente que as suas folhas for- necem; os seus fructos saborosíssimos e cheirosos têm \\m apreço extraordinário em todos os mer- cados do globo, e podendo-se rednzil-os — em ca- sos de excesso — a licores espirituosos, finíssi- mos e salubres, pela racional fermentação. O ananazeiro é uma herva aeaule, vivaz, de folhas espinescentes e verticilladas, da família das Bromeliaceas e oriunda do Brasil septen- trional . E' a esta insigne família industrial que per teneem a maeambyra, o caraó, a tillandisia, o gravata, a nsnea ou barba de velho, e outros ve- getaes utilíssimos fornecedores de fibras valio- sas, de flores bellas e de fructos olentes e esti- mados. HISTÓRICO O ananaz era desconhecido, até ao sé- culo XVII, dos povos do velho mundo ; a primi- tiva menção que appareeeu desta Bromelia e a principal gravura que foi feita do seu porte, fo- ram publicadas na Europa era 1578 e exaradas no capitulo 13 da Viagem ao Brasil, escripta por nm fi-anctz : Jean de Lery, de Margelle. pequena cidade do departamento do Cote d'Or, que a emprehendeu. Nesta aventura, elle levou á França diversos brotos que plantou; deixou, porém, negligenciarem a sua cultura e a — herva exótica — como a denominavam, pereceu. Mais tarde, foi ella novamente adquii-ida e introduzida em Versailles, onde forneceu, em 1733, as bellas soroses qite fizeram as delicias da mesa regia de Lniz XV. Deve-se ao Governador de S. Domingos, Hernandez d 'Oviedo, o ter, em 1525, feito conhe- cer esse vegetal como proveniente e oriundo da America meridional, porque dantes julgavam-uo do Indostão. O nome de Naná, era-lhe dado pelas tribus Peruvias e pelos Incas que o levaram do Ama- zonas. Os nossos tupys foram os primeiros que cha- maram as suas variedades cultivadas de abacaxi.- VARIEDADES Existe um grande numero delias, que aqui relacionaremos em dois typos : Ananaz ordinário, com folhas espinhosas, e ananaz branco, com folhas lisas. ' Em 1835, Mr. Murs publicou no "Relatório j da Sociedade de Horticultura de Londres" , a descripção de 52 variedades; esse numero está hoje, porém, consideravelmente augmentado. HABITAT De uma maneira geral, pôde dizer-se qire o clima (temperatura e humidade) intervém radi-' calmente na cultura desse fructo. O ananaz pode, portanto, figurar entre às da zona tórrida e nas regiões baixas, podendo,! entretanto, fruetificar em grandes altitudes,! tanto que no Ceylão elle se desenvolve a cinco mil pés acima do nivel do mar. Oananáz pôde, portanto, figurar entre as l)lantas rústicas dos paizes quentes; resiste per- feitamente ás variações do calor e da humidade^ assas pronunciadas. ! A sua vegetação se detém desde que a tem-| peratura abaixe, e se torna pujante quando o' thermometro .se eleva. Entre nós, como habitat typo, temos todo o Brasil septentrioual e central. SOLO Os terrenos adequados a essa cultura são os compostos de terras silico-argillosas e ricas em húmus, sufficientemente húmidas. Esta planta procura, sobretudo, os terrenos feitos de desagregação de rochas graníticas, re- pousando sobre um sub-sólo argilloso. E' preciso evitar, duma maneira absoluta, A LAVOURA 35 os solos excessivameute húmidos e as terras ar- gillo-compactas . Uma boa íeiTa jíara essa cultura deve con- ter, em peso, os seguiutes elementos : azoto. 1/1000, ou sejam 4000 k. ao hectare ; acido phos- phoi'ico 1/1000, ou sejam 4000 k. idem ; potassa 1/1000, ou sejam 4000 k. por hectare. Os solos typicos, entre nós, parecem ser os terrenos de alluvião silicosos, sem agua estagnada; as areias, com deposito de húmus, são egualmente per- feitas. Nas ilhas de Bahama são aproveitados, com successo, os terrenos cretáceos, compostos exclusi- vamente de eoraes decompostos. PREPARO DO TERRENO Desfundam-se. mais ou menos, 35 cents. do solo, tendo-se o cuidado de extirpar todas as raí- zes e hervas damninhas. • Aproveita-se esse trabalho para o nivelEfmen- to do terreno, depois traçam-se as linhas distan- tes 1"',20 a 2 metros, sobre as qiiaes serão plan- tados os brotos mais perfeitos e ramalhudos. MULTIPLICAÇÃO Servem-se, somente, dos brotos que partem da base da sorosc, desde que a primeira colheita foi feita ; pôde, ainda, utilisar-se da coroa de folhas que encima a enfrutescencia. Muitos plan- tadores preferem os rebentos do capitel, outros optam pelos brotos básicos do fructo. Pôde propagar-se, também, essa planta por meio de sementes, que em algumas soroses rus ticas se encerram no mesocarpo ; só se recorre a esse processo , porém, quando se procuram pro- duzir variedades novas e nunca para grande culturas . Os brotos devem ser destacados da planta cuidadosamente, mesmo com a mão ou com um pequeno cinzel ; não devem ser plantados imme- diatamente, mas, deixados dois ou três dias á sombra para que as secções resudem um pouco. No momento de collocar-se-os no sulco da terra, elevam-se as folhas inferiores sobre um comprimento de alguns centímetros, para faci- litar a emissão das raizes. Deve ter-se o cuidado de evitar que a terra penetre no interior do rebento ; em seguida, e com o auxilio de um pedaço de taboa, se exerce uma forte pressão sobre o solo para que a planta fi- que perfeitamente fixada. E' muito prudente fazerem-se algumas irri- gações, emquauto as plantas não estejam radica- das e quando os verões se prolongarem sem pre- cipitações aquosas constantes. Numero de pés a'plantar-se por hectare se- gundo os espaçamentos : Esp. das linhas Esp. dos pés N. de pés por hect 0"',55 0"',o5 33058 1"',00 0"',50 2000S 1"',50 0'",.50 13320 2"-,00 0"',50 10000 ÉPOCA DAS PLANTAÇÕES E' preferível plantar-se o ananáz no começo das estações chuvosa.s, evitando-se, assim, as irri- gações necessárias e mais ou menos dispendiosas. raízes Elias se estendem horizontalmente, e não se aprofundam sinão alguns centímetros. CUIDADOS CULTURAES Deve limpar-se a terra no começo da estacão secca, afim de remover o .solo amontoado pelas chuvas. Depois da floração, quando os fructos começam a desenvolver-se, procede-se ao suppri- mento dos brotos, deixando-se somente o mais re- forçado de todos. E" preciso que se tragam lim- pas, constantemente, essas plantas e que se não deixe herva alguma crescer no terreno. FLORAÇÃO Eni geral, pode dizer-se que o ananáz dá a sua flor entre o 9.° e o 15.° mez. FRUCTIFICAÇÃO O fructo está amadurecido, mais ou menos, quatro mezes depois da floração; o ananáz não estando maduro apresenta uma carne feculenta e sem sabor ; na auaturidade, porém, essa carne se satura dum sueco as-sucarado mais ou menos acido e muito perfumado. O peso médio dum fructo maduro regula de dois, três a cinco kilos, e tem um comprimento de 0,"'20 a 0"',30, con- forme a adubação do terreno. ANALYSE DO SUCCO DE ANANÁZ POR 100 CENTS. CÚBICOS Assucar crystallizado Glucose 12,43 % 3,21 % Cadet, verificou numa analyse, que o sueco do ananáz contém assucar, ácidos acético, citrieo e tartarico. Buignet achou como theor em assu- car para o ananáz : Saccharose 11,30 % Assucar reduzido 2,0 % 36 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA ESGOTAMENTO DO SOLO INIMIGOS Este esgotamento é menos importante qne para a bananeira, por isso que a nutrificação desta planta se effectua em parte pelo ar. No México, pretende-se, mesmo, que, em ter- renos férteis, muitos fertilisantes retardam o de- senvolvimento do frueto; aconselharemos, entre- tanto, adobar os terrenos que não forem ricos de potassa e azoto naturalmente, porque, segundo Boname, um hectare plantado a 50X50 suppre-se annual mente de : Ksí. Pot. A. phosph. Azoto Fruetos 28.909 101.246 k. 64.59 k. 192.05 k. Caule. . 36.907 93.077 k. 52.14 k. 171.20 k. ADUBAÇÃO Bem que o ananáz precise mencs adubo do que a bananeira, é muito prudente adubar as terras pobres .si se quizer ter boas colheitas. Uti- lizar-se-á dum adubo muito decomposto; recom- menila remos, es])ecialmente, os adubos ealcareos misturados ás cinzas. O azoto e a potassa são, para o ananáz, os melhores agentes fertilizantes. Uma mi.stura de estrume de curral, de fari- nha de ossos e de .sulphato de potassium é muito preconizada. E' preciso que se empreguem esses adubos com grande eircumspecção. Na Florida, faz-se grande uso desta compo- sição : Farinha de semente de algodão 850 libras Negro de os-sos (carvão) 700 Nitrato de sodium 300 Sulphato de potassa 250 Boname aconselha, além dessa dosagem, re- verter ao solo a totalidade dos brotos apodreci- dos que ficarem da colheita precedente. A prodiieção plena do ananáz não passa de dois a três annos; devem, pois, renovar-se as plantações de três em três annos, na média, bem como adubal-as. COLHEITA E RENDIMENTO Quando se considera um campo de ananáz, á razão de 10.000 pés por hectare, pôde dizer-se que o rendimento médio e annual para esta su- perfície é de 12 a 15 mil kilos de fruetos, ou de 10 ou 15 mil fruetos segundo o pe.so. Na Flo- rida, plantam-se 50 mil pés por acre, que produ- zem, na média, 10 mil fruetos. Três ou quatro colheitas annuaes são, aliás, obtidas sem re- plantio. Para destruir o MaeUj-Bugg, a Momilia e a Puecinia, é bastante irrigar as plantas com cozi- mento concentrado de tabaco. Em Queensland, os entomologistas aconse- lham irrigar os brotos, antes da plantação, com uma lixivia de cal ou de enxofre. A podridão (Blight), é contagiosa, e é preciso arrancarão queimar os pés atacados. ANANÁZ PARA FIBRAS Nas Philippinas, este ananáz constitue", hoje, uma espécie distincta : a Bromelia pigiM. Um pé de ananáz pôde produzir 50 grs. de filassa ou seja, por 10 mil pés ao hectare, 500 kilos. RESISTÊNCIA DAS FIBRAS As experiências que se fizei-am em Singa- pura permittem concluir que si um fio de linho, dum peso determinado, supporta um peso de 260 libras ingiezas, o mesmo fio de fibra de ananáz pôde supportar um de 350 libras. M. Wilkies demonstrou que uma corda dessa filassa de 3 1/2 pollegadas ingiezas de circumfe- rencia, pôde supportar um peso de 2.133 kilos; o Dr. Royle constatou que essas fibras suppor- tam 300 libras sem se quebrar, emquanto as do Pliormium se quebram a 260 libras. PROPRIEDADES ESPECIAES As fibras do ananáz resistem ao vapor, não absorvem a agua e não se putrefazem. E' bas- tante uma lavadura para desfibrar o ananáz; os fios isolados são muito flexíveis e podem ser em- pregados de mistura com o algodão e a lã. O fio de ananáz é exeellente para cozer as rendas e os cortinados ; os tecidos dessa fibra lavam-se fa- cilmente. O fio dessa fibra serve para confeccio- nar o batiste, de renome universal, o finiliam e muitos outros pannos de valia e belleza. VINHO DE ABACAXI Receita para o fabrico de vinho de abacaxi, publicada pelo Dr. Alfredo Salles na Revista Agrícola de 15 de Janeiro de 1902 (S. Paulo) . Expremem-se 24 abacaxis descascados, eo- ando-se o caldo num barrilote fechado, com tor- neira na parte inferior, destinado a servir de cuba para fermentação : addicionem-se 5 deci- grammas de bisulfato de cal. chimicamente puro, para cada litro de caldo e deixa-se repousar du- rante 12 horas para produzir a defeca. Decan- ta-se e agita-se o mosto, passando-se dum barril para outro, afim de arejal-o. Por cada litro de A LAVOURA 37 mosto, juntam-se três deeigramos de eonotanino dissolvido em álcool, eujo peso seja dez vezes o do eonotanino. Jnutam-se, então, dois decigram- mos de phosphato de ammonium por litro de li- quido. Mede-se a percentagem glucometrica e acidimetrica. No abacaxi bom, eneontram-se 12 % de assuear e 4 % de acidez . Partindo-se desta base, levam-se ' dois litros de mosto ao fogo com 1.700 grs. de assuear alvo e 60 grs. de acido tartarico, deixando-se ferver durante uma hora. Junta-se, então, o restante do mosto ao fervido e deixa-se elevar a tempera- tura de 38 gráos centígrados e, em seguida, des- peja-se no barrilote que servirá de dorna ; em poucas horas a fermentação começará, e quando o aerometro de Baumé marcar 2 gráos, leva-se ao fogo e pasteuriza-se, elevando-se a tempera- tura até 65 centígrados. Juntem-se mais 8 deei- gramos de eonotanino, por litro, dissolvido em dez vezes seu peso de álcool e deixa-se repousar du- rante 15 dias, em barril bem limpo e hermeti- camente fechado. Findo este prazo, engarrafa-se e arrolha-se, amarrando as rolhas com arame e mergulhando em agua morna, e leve-se a tempe- ratura a 65.°, para esterilização. Renovam-se a.s amarras, lacram-se e guardam-se as garrafas pelo tempo que fôr preciso. Feito com os cuidados necessários, o vinho dura indefinidamente. PEODUCTOS DIVERSOS O ananáz fornece, ainda, a aguardente, o creme e a cidra, a limonada e o sorvete ; delle faz-se saborosa marmellada, compota, xarojse 6" sueco. COMO SE DEVEM EXPORTAR OS FRUCTOS Depois de despidos dos seus perfilhes infe- riores e os cabos apparados a uma ou duas pol- legadas de comprimento, devem ser collocados- em numero de seis, numa só camada, numa caixa chata, e separados uns dos outros por folhas sec- cas, ou algodão em rama ordinário. Quanto a esses fructos, devemos chamar toda a attenção, tanto dos despachantes, como dos cultivadores, para o seguinte ponto que é de magna importância. Os abacaxis só devem ser colhidos depois de seu completo desenvolvimento e mesmo quando apresentarem os primeiros signaes de maturação, não devendo, de modo algum, ser remettidos para o exterior completamente verdes, methodo este muito empregado em Pernambuco, Rio de Janeiro, Bahia e Santos, com relação ás encom- mendas que particularmente são feitas aos ne- gociantes desses portos. Taes fructos chegam á Europa, ou á Argen- tina geralmente verdes, murchos, embolorados e completamente inutilizados e até sem o inimmo odor; algumas amostras offerecidas ao mercado inglez, ha bem poucos annos, não chegaram a ai- \-> s s s s s FONSECA, ALMEIDA &C. Importadores e Exportadores Esfjjcialidade em : Oieos, lubrificantes, grajías, estopas — Ferra- gens, mstaes diversos, tintas e vamises — Acoessorios para machi- nas — Mi'eria23 de coistrus?â3 — Miteriai para ístrada de Ferro Officina em geral e Construccâo I^laval Correia Balata marca CALDERON. fabrico exclusivo de Turner Brothers, Rochdale, England, experimentada e adoptada official- mente pela Estrada de Ferro Central do Brasil, com outras marcas. Metal patent CADINHO, (MAGNÓLIA METAL Co., de New York. ÚNICOS IMPORTADORES Ar^Bâzeni e Esíriptorio : rui t • de Mirç) 7 5-7 7 , e General Camará, 1 9 DEPOSITO: RUA CAMERIKO 64 End. Teleg. CALOEfJO,^ - Caixa Postal 422 — Telep. Norte 962 RIO DE JANEIRO em eoncurreneia fabricado pela " S 38 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA eauçar um valor superior a dois diuheiros (300 réis mais ou menos), emquanto que ananazes deseuxabidos, mas, com perfeito aspecto, doutras procedências, como, por exemplo, os ananazes cultivados em estufas de S. Miguel dos Açores e Canárias, attingem em Southampton. um preço mínimo no mercado retalhista de 8 a 6 dinheiros ($900 a 1.1i200), approximadamente, chegando mesmo, em certas épocas do anno, a alcançar o fabuloso preço de 2 libras cada um, ou quasi 42$000 ! ! ! Deve ter-se em vista que o bom êxito desse commereio precioso, nesses mercados, depende inteiramente do exacto cumprimento das instruc- eões no resumo seguinte : 1. Sua boa selecção, colheita feita á mão e somente no eoíaeço da sua maturação : 2. Seu bom acondicionamento e embal- lagem ; 3. Grande cuidado no seu transporte ; 4. Serem os fructos colhidos no menor es- paço de tempo possível, antes do seu embarque. A CULTURA DO ANANAZ NOS AÇORES As ilhas 'portuguezas dos Açores, principal- mente a de S. iliguel, cultivam essa planta em estufas e produzem aiuuiazes que encontram preços vantajosos na Inglaterra. Os fructos são muito desenvolvidos, attiu- gindo ao peso de 5 a 6 kilos e vendem-se por preços elevados; também, os maiores cuidados são empregados na sua cultura, colheita e trans- porte . O fructo é colhido, cuidadosamente, sazona- do e encaixotado isoladamente em caixas espe- ciaes, guarnecidas interiormente ; são os anana- zes dispostos de tal forma que podem ser trans- portados sem a minima avaria. São tão bem cuidadas essa cultura e indus- tria, ali, que nos seria muito vantajoso es- tudal-a. Não podemos mais, de forma alguma, con- tinuar nesse desleixo inqualificável com a cultura e exportação dos nossos saborosos fructos. A Primeira Exposição de Milho === na Bailia == Com notável brilhantismo realizou-se em De- zembro do anno findo, no Estado da Bahia, sob os auspícios do seu governo, a Primeira Expo.si- ção de ililho. Só temos applausos para esse gesto feliz da administração bahiana, organizando esse certa- men que constituiu uma como apuração dos pro- gressos alli realizados com referencia a essa im- portante lavoura. Somos dos que pensanr que as exposições são uma necessidade, porque é sempre bom ba- lancear as nossas riquezas. E uma exposição é um I)alanço das forças económicas de que dispo- mos, .servindo, além di.sso, de fecundo ensina- mento e efficiente estimulo ás classes laborio.sas. Os brasileiros — é um symptoma que apraz — já se vão habituando e se interessando por es.ses commettimentos. Lembramo-nos ainda da numerosa e excepcional concorrência, não so- mente de expositores, mas de visitantes, que lo- graram as exposições ultimamente organizadas pela Sociedade nesta capital. Não podíamos, pois, permanecer indifferen- tes á inieiativa do governo da Bahia, tanto mais que ella obteve notável resultado, mercê dos es- forços intelligentemente orientados pela respe- ctiva commissão organizadora. Excellentes e numerosas variedades do ce- real de ouro foram exhibidas, attrahíndo a curio- sidade dos visitantes do Palácio Rio Branco, onde foi habilmente installado o eertamen. A impressão que ficou desse commettimeuto será o melhor conselheiro do governo e dos pró- prios lavradores que, todos, sem duvida, porfia- rão em tornal-o cada vez mais importante. Aliás, é essa politica muito aconselhável e plausível, porque, habituados aos certamens re- gionaes, os lavradores, que se preoccuparão em destacar-se pela excellencía dos seus productos, dedicarão ás suas lavouras os indispensáveis cui- dados de que ellas carecem para o almejado aperfeiçoamento. Só assim, cremos, poderemos, de tempos a tempos, dar um balanço exacto de determinado producto nacional. Ne-ste rápido registo de tão auspicioso facto, não poderíamos esquecer de manifestar as nos- sas congratulações aos membros da Commís.são Organizadora da Primeira Exposição de Milho, que lograram vêr coroados de êxito os seus es- forços . rr" A LAVOURA I t t à , 39 ■^-^•^^■^"^^^■p" ^1 &u LiUr5: hua conservação e relação com a vida ^^ i^>J< :T?7 ^^ animal e veselal XV^ C CAPITULO ]V A FERTILIDADE DO SOLO » « > ^ J A humidade relativa do solo é um, dos fa- ctores mais importantes na producção agricola. A ag'ua serve não só de alimento ás plantas, for- ueeendo-lhe liydrogenio e oxygeuio, sinão tam- bém desempenha funeção capital nas suas acti- vidades vitaes e, bem assim, nas do solo, cujas condições physieas e temperatura ella melhora e regula, favorecendo, desfarte, á vida microor- ganica. E " a agua, também, que vehicula o ali- mento mineral ás raizes, já dissolvido no seu seio, encaminhando-o, depois, pelos vasos da planta, além de a esta emprestar a turgescência dos tecidos, a erecção e o vigor necessários. Esta questão da humidade, sua conservação e utiliza- ção no solo, já foi suffieientemente ventilada em capitulo precedente e, por isso, nos dispensamos de estendel-a mais longe Depois da humidade, occupa o factor hú- mus o segundo logar na producção agricola. Devia, aliás, caber-lhe a primazia, porque a capacidade do solo de absorver e reter a humi- nade varia na razão directa da quantidade de húmus nelle existente. O húmus fornece o ali- mento das bactérias do solo, cujas reacções ehi- micas que provocam tornam mais solúveis e promptamente assimiláveis as substancias nutri- doras das plantas. A boa contextura da terra arável, que facilita a sua abundante aereaeão e a absorpção e armazenagem da humidade, é uma derivante do húmus presente, com a sua influencia decisiva no afrouxamento do solo, ou, melhor, na regularisação da sua porosidade, evi- tando a estagnação das aguas pluviaes ou a sua excessiva evaporação. Deve-se ao húmus a côr escura dos solos, a qual, pelo seu grande poder de absorpção do calor, torna-os mais quentes e aceessiveis á vida ambiente. Uma terra pobre de húmus, pôde di- zer-se, é estéril e morta, porque este elemento agrologico constitue a base da sua fertilidade. Os elementos essenciaes á nutrição das plan- tas podem ser fornecidos pela applicação de es- trume, pelo emprego de adubos verdes ou de fertilizantes chirLÍcos. A provisão de azoto faz-se, muito economi- camente, pela cultura de leguminosas ade- quadas. Quatro quintos do ar atinospherico são re- presentados pelo azoto e ha milhares de tonela- das deste gaz sobre cada geira de terra, esperan- do que o homem venha utilisal-o de forma ef- ficaz. As leguminosas, devido ao desenvolvimento de certos microorganismos nas suas raizes, au- gmntam o stock de azoto do solo e o seu húmus conteiido pelo apodrecimento das mesmas. ^Muitas dessas leguminosas constituem ricas forragens para o gado, que as restituem no es- trume á terra, além de servirem de excellente adubo verde quando incorporadas ao solo, pelo arado, antes da floração. O alimento mineral das iilantas escasseia, e vem, por fim, a faltar no solo, quando as suas colheita? são levadas para muito distante, ou não lhe são restituídas, pelo menos, em parte. Torna-se neoessario e urgente, então, suppril-o artificialmente por meio da applicação dum aduho completo, em que os ingredientes se acham misturados em proporção effieieute. Nem todos os nutrientes vegetaes faltam no solo : a potassa, por exemplo, é especialmente abundan- te nos terrenos normaes, que raras vezes preci- sam ser suppridos deste elemento. O azoto, a cal e o phospboro são os que desappareeem mais rapidamente; mas, o primeiro pôde bem ser res- tituido mediante a cultura de leguminosas; os dois últimos, também importantíssimos e cuja ausência se evidencia por uma acidez no sôlo e um desenvolvimento tardio do grão. podem ser fornecidos, sem grandes dispêndios, pela pedra de cal e a rocha phosphatosa, ambos productos mineraes existindo em estado natural na terra IRMÃOS CASTRO — Vendem reproductores das ra- ças Caracú e Hollatideza, a preços razoáveis. Para mais t^^ informações e pedidos com o Sr. Roberto Dia* Ferreira I ^^ — Rua 1' de Marco n. 15 — Rio de Janeiro. ♦5 40 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA e, ás vezes, em grande quantidade, com especia- lidade o primeiro. As plantas precisam tanto de alimento como os animaes, todo o lavrador o sabe e mais, que quando os solos são submettidos a ciúturas continua.s, se toniam improductivos e requerem adubações especiaes para produzirem, de novo, colheitas abundantes. Nem sempre, porém, é pos- sível ao lavrador manter ou restaurar a fertili- dade das suas terras; neste caso' é necessário um estudo meticuloso do solo e das plantas cul- tivadas, ou, em palavras mais precisas, um co- nhecimento geral da sciencia agronómica. Os factores que concorrem para tornar um solo fértil e, portanto, a vegetação vigorosa e productiva, não escapam ás intelligencias clara- mente deductivas; é, as mais das vezes, uma questão de observação. Ha muitos agricultores, por exemplo, que praticam o afolhamento com real suecesso, estudando, assim, a boa distribui- ção das reservas do solo, ou ensaiando adubações, mas, não desprezando nunca a questão do tempo e do trabalho, que representa dinheiro. O augmento, ou a boa conservação da ferti- lidade do solo exige, ás vezes, o emprego directo de capital. E o agricultor não deve hesitar em fazel-o, quando possa, porque será largamente compensado com fartas colheitas, além do lado secundário do beneficio, isto é, o seu recreio in- tellectual. ( Continua ). T. R. Day. Exposição das Industrias Italo- Brasiieiras Ha já algum tempo, o engenheiro Dr. Lino Finocchini apresentou á Camará de Commercio Italo-Brasileira de S. Paulo o projecto de orga- nização duma exposição das indu.strias italo-bra- sileiras nessa Estado. Achando óptima a idéa do engenheii'o Fi- nocchini, a Camará de Commercio approvou a sua execução, concedendo-llie ainda o seu patro- cínio offieial, interessando-se, também, pelo seu completo êxito, dados os proveitos que advirã» á colónia italiana e ao Estado de S. Paulo, pois que o conhecimento da nossa capacidade pro- ductiva trará, sem duvida, braços e capitães ao no.sso paiz. Assim é que, consultado a respeito o Dr. Cândido Motta, Secretario da Agricultura, of- fereceu todo o seu apoio ao emprehendimento do Dr. Lino Finocchini. pondo á disposição do comité o Palácio das Indu.strias, local onde será levada a effeito a exposição, em Maio e Junho próximos. Todos os industriaes italo-brasileiros, da ca- pital e do interior do Estado, concorrerão ao.cer- tamen, prevendo-se, poi'tanto, um suecesso com- pleto. Dá-se o nome de afolhamento & divisão de uma propriedade em folhas ou porções de terre- no destinadas a ser cultivadas todos os annos, com a condição de não voltar a mesma cultura á mesma folha, senão passado um certo numero de annos ou depois de ter feito a rotação, isto é, o giro ou ordem por que as diver.sas culturas se sueeedem umas ás oi\tras no afolhamento ou so- bre a mesma folha . Esta pratica agrícola é de antiquíssima ori- gem e uma das mais nteis. O assumpto não é certamente novo para os leitores, mas, ainda mesmo aquelles que o couhe- 'Cem seguirão com interesse e proveito a elucida- ção que sobre tal matéria nos dá o eminente pro- fessor Difloth. I NOTAS HISTÓRICAS A experiência e a pratica devem ter demon- strado aos primeiros lavradores a necessidade de variar as culturas no mesmo campo ; sem que pos- sa dar-se uma explicação racional do facto, é certo que essa noção se estabeleceu desde o raiar dos primeiros progressos em agricultura. Os gregos recommendam, com Xenofonte, que se deixe repousar a terra um anno depois da colheita do trigo : é o anno de pousio, ainda hoje em dia adoptado. Entre os romanos, para que o solo não fi- casse devoluto durante esse largo período, inter- calavam-se, ás vezes, no anno de pousio, plantas menos esgotantes (Varrão), e Catão indicava já as propriedades melhoradoras das leguminosas (favas, tremoço, ervílhaca. . . ). Era então cor- rentemente praticado o afolhamento bíennal. A' medida que a civilização avança, a agri- cultura tem de occorrer ás necessidades dos po- vos mais numerosos e mais cultos, e a cultura deve produzir mais considerável porção de grãos; é, então, que apparece o afolhamento cai'acteríza- do pela successão de três colheitas alternando-se A LAVOURA 41 com intervallos regulares, quer dizer, o afolha- mento triennal. Columela indica a rotação seguinte : nabo, trigo, fava.' Plinio aconselha o afolhameuto triennal : nabo, trigo, cevada. Ora se deixava o solo sem cultura (pousio), ora nelle semeavam plantas de vegetação rápida, que occupavam a terra pouco tempo (meio pousio) . Os afolhamentos bieunaes, com pousio com- pleto ou meio pousio, constituem, no emtanto, a regra geral das culturas dos povos antigos. No sul da Europa era um cereal de outom- no, geralmente o trigo, o que se cultivava, por- quanto a seceura do clima não permittia as se- menteiras de Primavera. Ao contario, as regiões septentrionaes uti- lizavam os cereaes de Primavera, aveia ou ceva- da, porquanto os invernos eram demasiado ás- peros para o trigo. No emtanto, á medida que os arroteamentos de florestas suavizaram a temperatura, e que os melhoramentos da propriedade permittiram o sa- neamento dos terrenos, a cultura do ti-igo avan- çou do sul da Gallia para o norte e alcançou a Germânia e a Grã-Bretanha . Acclimataram-se a.s variedades, eonstitui- ram-se novas espécies mais rústicas e vigorosas, foi possível adoptar o afolhameuto triennal : pousio, trigo de outomno, cereal de primavera — afolhamento este que pouco a pouco alastrou pela Europa Central (1). Os rebanhos criados nas granjas alimentavam-se nos pousios e, no ou- tomno, nos restolhos. O pousio nú era a regra geral, e o gado não tinha mais do que palha para se .sustentar no inverno. Mas, á medida que a população augmentou no centro da Europa, foi necessário obter para o consumo mais pão e mais carne. Essas duas con- dições eram incompatíveis em tal estado da cul- tura : augmentando.-se a superfície reservada para o trigo, diminuia-se a extensão das pasta- gens, reduzindo, ao mesmo tempo, a producção da carne ; si para ter mais herva se invadissem as terras aráveis, as colheitas de trigo seriam insuf- fieientes para o consumo geral. Eesolveu-se o problema com o estabelecimen- to dos prados artificiaes : empregava-se uma parte do pousio na cultura de trevos ou seme- ando na aveia a luzerna ou o saufeno. E' então, que apparece o principio do afolhamento qria- dríeinuil. enunciado por Tareio de Veneza no (1) Este systema cuUaral predomina ainda mais ou menos nvodifieado pela adopção das raizes e do trevo: o seu quadro triennal é mais ou menos bem preencpiíido. mas -clonserva-se, e entrou não .só nos costumes agrícolas, mas. nas leis (em França); os bens dos menores não podem ser arrendados sinã« em períodos de três, 'de seis ou de nove annos. século XVI e posto em pratica nas culturas aperfeiçoadas das Flandres e da Lombardia. Depois de terem estabelecido nos seus afolha- mentos as forragens artificiaes, os rábanos e um certo numero de plantas indu.striaes, os flamen- gos reconheceram que era necessário evitar o cultivar cereal sobre cereal, mas. sim intercalar entre um e outro, quer uma planta leguminosa, quer plantas-raizes ; descobriram, assim, o prin- cipio da cultura alterna, determinando o melho- ramento dos produetos obtidos que se suecediam numa ordem maLs consentânea com as suas ne- cessidades. Das Flandres passaram esses methodos ra- eionaes de cultura para o valle do Rheno e para a Inglaterra, onde serviram de base ao celebre afolhamento quadriennal de Norfolk : Tornepos, beterrabas ou batatas — cereaes de verão — trevo e gramíneas — trigo de inverno. Mercê das descobertas da chimica agrícola e- de um perfeito conhecimento da fertilidade dos- solos, foi possível generalizar essas regras e rea- lizar afolhamentos de cinco, seis, sete annos, á medida que se estabeleciam novas culturas, e que os progressos da civilização reclamavam a pro- ducção de matérias primas úteis á existência do homem ou ao desenvolvimento novo do commer- cio e da industria : plantas alimentares, plantas, textis, plantas oleaginosas, plantas industriaes,, etc, etc. II ESTABELECIMENTO DOS AFOLHAMENTOS Necessidade de alternar as culturas. — Os progressos da agricultura e o estabelecimento dos princípios primordiaes da agronomia permit- tiram, pouco a pouco, desenvolver as leis physio- logicas e económicas que presidem ao estabeleci- mento dos afolhamentos. A necessidade da alternância das culturas pôde effectivamente explicar-.se por diver.sas hy- potheses. 1.0 — Variedade dos alimentos das plantas — Para que os vegetaes completem inteiramente o seu desenvolvimento, devem encontrar no ter- i-euo todos os elementos nutritivos, mas, cada planta possue uma espécie de faculdade de elei ção que lhe permitte escolher entre esses prin- cípios alimentares e absorver dentre esses al- guns em mais quantidade. Cada cultura, considerada em particular, deixa, portanto, o terreno empobrecido mais es- pecialmente de azoto, acido phosphorieo, potassa ou cal, e a terra não poderia oeeorrer mais, de um modo geral, ás necessidades das colheitas se- melhantes durante longos annos no mesmo solo. Pretendeu-se generalizar estes resultados es- 42 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA I KXPOSICÃO NACIONAL DE MILHO NA liXHIA Lote lie esiiigas — CaDiiieão — Miinlciíiio ile Jlaiacfls tabeleeendo a theoria demasiado absoluta das do- minantes : segundo essa regra, havia para as dif- ferentes plantas cultivadas um elemento de ferti- lidade, azoto, aeido phosphorieo, potassa ou eal, que devia dominar e encontrar-se na terra, para cada cultura, em considerável quantidade (2). Estas affirmações, demasiado precisas, ne- nhum valor tiram á theoria da variedade de ali- mentação da.s plantas : .si bem que a observação desses princií^ios .se tenha tornado menos neces- sária, desde o emprego dos adubos ehimieos qne permittem enriquecer novamente o solo incorpo- rando-lhe o elemento c.rtrahido em grande quan- tidade, devemos ter em conta, no estabelecimen- to dos afolhameutos, prefrencias peculiares das culturas (3) . 2.° — Forma das raizes — As plantas cul- tivadas podem classificar-se em dnas grandes ca- thegorias, segundo a forma dos seivs órgãos sub- terrâneos : os vegetaes de raizes aprofundadas, e os vegetaes de raiz fascicnlada. Os primeiros, penetrando nas camadas jirofundas, utilizam as ]iartcs da terra arável mais afastadas do nivel do solo, e até o snb-sólo ; ao contrario, as plantas de raiz faseieulada absorvem só os elementos nu- tritivos situados nas camadas superficiaes do solo. Uma boa utilização da terra cultivada com- portará, portanto, a sueeessão de plantas de raiz aprumada e de plantas de raizes fasciculadas ; cada parte do solo não explorada poderá ser no- vamente enriquecida, durante os annos de re- pouso, quer pelos elementos solúveis arrastados pelas aguas pluviaes, quer pela nitrificação ou pela acção dos micro-organismos. 3.° — Dejectos e.rcrementicios das plantas — E' de observação corrente que não ])odem es- (2) Para as leguminosas a dominante era a potassa; para as gramineas o azoto; para a batata a potassa, etc. (3) Os estragos ca^usaflos pelos nematoides nas , culturas de beterrabas sacoharinas parecem dever-sc ao reg"resso demasiado freiquePte dessas plantas aos solos que ellas empobre^^em de potassa. fabeleeer-se certas culturas immediatamente após á colheita de determinados vegetaes. E.sta espécie de repui/nancia, de antipathia notada nas plantas cultivadas, já tinha sido ob- servada ])or Brugman, Plenek, de Humboldt, antes de ser estudada por De CandoUe e Ma- caire (Physiologie vegetale). Teutou-se explicar estas faltas suppondo a presença no solo de se- creções peculiares a cada cultura, que desempe- nhariam um papel toxico para as collieitas .se- guintes. Em abono de.stas asserções, é fácil citar o caso das leguminosas que não podem voltar ao mesmo terreno sinão depois de decorridos largos intervallos; e licito suppôr que as secreções das bactérias das suas nodosidades infectem a terra durante certo tempo. No emtanto, poderia egual- mente explicar-se essa repugnância evocando o principio de eleição que os vegetaes pos.suem, para a procura dos seus alimento.s, a absorpçã_o de certos princípios que impedem o estabeleci- mento das culturas que exigem esses mesmos ele- mentos nutritivos. 4.° — Destruição dos insectos nocivos, pre- servação das doenças parasitarias — As diver- sas cultiiras são sujeitas aos' damnos de insectos peculiares e podem ser atacadas por doenças hy- ptogamicas que lhes são próprias. E' a.ssim que a altica devasta de preferencia as cruciferas, a atomaria linearia destróe, .sobretudo, as beterra- bas, a phylJo.rera é terrível para a videira, o gorgulho, a ahtcita, exercem as suas depredações nos trigos. A ferrugem é frequente nos cereaes. o carnelho ou esporão at.^pa de preferencia o centeio, a aveia é muito sensível ao morrão {Ure- do carbo), os nematoides compromettem as cul- turas de beterrabas, a cuscuta é um terrível ini- migo das luzernas e trevos, etc. Mantendo alguns annos seguidos a mesma cultura na mesma terra, faeilita-se. assim, a l)ropagaeão desses perigosos inimigos : os inse- ctos jiocivos encontram alimentação abundadante e abrigo S"guro ; os esporos dos fungos atacara, no anno immediato, as novas colheitas e provo- A LAVOURA 43 cam a ferrugem, a carie, o esporão, ete. ; os fi- lamento.s ou as sementes da euscuta invadem no- vamente as hizernas. Ao contrario, a alternância das culturas per- mitte eolloear os insectos e os esporos nas con- dições mais desfavoráveis ao seu desenvolvimen- to e contribuir, assim, para o seu desai^pareci- meuto. 5." — Modo de vegetação das plantas — Estas eidturas têm um desenvolvimento herbáceo pouco abundante e uma vegetação bastante mo- rosa ; as hervas damninhas podem então oecupar o terreno, eomprometter as colheitas, especial- mente si a sementeira a lanço torna difficil as sachas . Pelo contrario, as plaiitas cultivadas em li- nhas, com um certo desvio, deixam livre a fa- culdade de effectuar as sachas frequentes e con- tribuem para a limpeza do terreno. Essas plantas sachadas dizem-se culturas saneadoras; as culturas que permittem ás hervas damninhas o desenvolverem-se são, ao contrario, culturas iv.fectantes. Ha plantas eultivadas cuja vegetação é tão luxuriante, e cujo crescimento é tão rápido, que as plantas adventícias não podem conquistar o terreno (sarraceno, cânhamo, etc.) ; essas plan- tas são egualmente saneadoras. O estabelecimento do afolhamento deverá, portanto, inspirar-se nestes factos, e, por uma hábil successão de culturas infectantes e de cul- turas saneadoras, assegurar a destruição das plautas adventicias. (Da Gazeta das Aldeias) . Exportação de farinha de trigo n Argentina Segundo informações prestadas pelo nosso Cônsul em Rosário de Santa Fé ao Ministério das Relações Exteriores, a exportação de fari- nha de trigo desse porto da Republica Argen- tina para o Brasil foi nulla nos nove primeiros mezes de 1915 ; no mesmo periodo de 1916, at- tingiu a 72.776 kilos, elevando-se, em 1917, a .5.46.3.958 kilqs. Depois, nos nove primeiros mezes de 1918, eahiu extraordinariamente, não tendo excedido de 715.290 kilos para subir for- temente, em egual periodo do anno passado, á quantidade de 20.6.50.211 kilos. Com o trigo em grão, as estatísticas, nos três primeiros trimestres de cada anno, accusam as seguintes quantidades : em 1917, foram ex- portados 49.796.268 kilos; em 1918. 52.048.339 kilos e em 1919, .55.300.055 kilos. Os lons setviçcs da Inspectoria de Veterinária do E. G. do Sul Devido a estar causando grandes prejuízos á criação do município de S. Francisco de Pau- la o carbúnculo hematico, com surto epizootico, o L)r. Ulysses de Mouohay, operoso Inspector Sanitário do Estado do Rio Grande do Sul, de- signou, em Dezembro do anno passado, iima turma de funccionarios dessa Inspectoria pava. dar combate ao mal. Os funccionarios da Inspectoria. agora de regresso da sua importante missão, fizeram, se- gundo indicação do Inspector, um inquérito sa- nitai"io com todas as autopsias necessárias, to- mando todas as providencias cabíveis nesse caso, como a cremação dos cadáveres e vaceinação em larga escala, conseguindo, em pouco tempo, ju- gular a epizootia. Os fazendeiros daquelle município e o res- pectivo intendente, mandaram ao Inspector Sa- nitário, Dr. Ulysses de Mouohay, os seus agra- decimentos e applausos pelo magnifico serviço de prophylaxia realizado com perfeito êxito. Os funccionarios, em numero de cinco ape- nas, vaccinaram, em menos de um mez, 42 mil cabeças de gado, sendo 35.000 contra o carbún- culo hematico e 7.000 contra o carbúnculo sym- ptomatico, ou uma média de duas mil rezes dia- riamente, attendendo a que parte desse tempo fora tomado pelas suas viagens de fazenda em fazenda . Aquella infecção se desenvolveu j^ova vio- lência logo após a peste aphtosa e, cqjicomittau- temente com ella, matando, em menos dum mez, mais de 13 mil rezes, porque todo o gado desse município ainda não fora vaccinado, ao contra- rio do que vem succedendo nos demais municí- pios do Estado. Por isso mesmo, todo o empenho do Inspe- ctor Sanitário, Dr. Ulysses de Monohay, com inteiro apoio do Presidente do Estado, tem sido manter constantemente turmas de funccionarios fazendo e ensinando processos para a vaceina- ção do gado, que, em parte, tem sido diffícul- lado pela defficiencia de verbas do Laboratório do Serviço de Industria Pastoril, sendo precário o fornecimento dos productos biológicos neces- sários. Agora, porém, o Sr. Ministro da Agricul- tura, Dr. Simões Lopes, profundo conhecedor desses assumptos, pretende, ao que consta, fazer uma remodelação completa ne.ste serviço, dotan- do-o do apparelhamento necessário para uma perfeita effieiencia, de forma que, em pouco tempo, todo o gado nacional terá defesa segura V constante. 44 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA Comparativo do valor da Exportação de alguns Estados do Brasil nos annos de 1919 e 1920 Valor da export. em libras ' 1 Anno de 1918|Anno de 1919 Amazonas ..'... £ 940.161 £ 8.067.992 Pará 2.359.976 3.143.681 Maranhão 489 . 074 1.158.914 Ceará 558.140 1.654.200 Rio Grande do Norte ■ 1.326 51 . 936 Parahvba 16.340 167.634 Pernambuco .... 2.032.581 2.283.732 Alagoas 143.204 123.034 Bahia 3.860.371 8.768.050 Espirito Santo . . . 430.321 2.021.713 Capital Federa 1. . . 9.830.442 13.996.943 São Paulo 14.587.544 48.135.726 Paraná 1.369.286 1 . 703 . 006 Santa Catharina . . 470.237 619.738 Rio Grande do Sul . 4.966.523 6.454.882 Matto Grosso .... 303 . 659 298.796 Pelos dados acima, baseados nos nove pri- meiro.? mezes de cada anno, vê-se que todas as unidades da Federação que figuram na estatís- tica do no.sso commercio exterior, á excepção ape- nas de Alagoas e Matto Grosso, tiveram a sua exportação consideravelmente augmentada no anno passado, comparada á do mesmo periodo em 19 IS. O decréscimo no valor da exportação do Es- tado de Alagoas é em parte explicável pelo facto da sua exportação operar-.se, em grande parte, pelo porto do Recife ; quanto a Matto Grosso, convém notar que a sua borracha figura nas es- tatísticas do Amazonas. Do grande accrescimo no valor da nossa ex- portação em 1919, foi o café o factor principal. (Dados extrahidos do Jornal do Commercio, «dição da tarde, de 22 de Janeiro de 1920) .  qnestão dos transportes em Santa Catharina Percorrendo ultimamente zonas do Estado de Santa Catharina servidos pela Estrada de Ferro S. Paulo - Rio Grande, ouvi continuas queixas contra esta companhia, queixas cujos fundamentos procurei estudar e que venho tra- zer ao conhecimento da Sociedade Nacional de Agricultura. Vou servir-nM! de dados que me foram for- necidos pelo Sr. Cid Gonzaga, um catharinense estudio-so, ora residente em Porto União, teste- munha diária das anomalias que tive occasião de verificar. DISPARIDADE NOS FRETES A distancia de Porto Alegre ao Rio Uru- guay é de 924 klms. 055 mts. "Entre S. Francisco e Rio Uruguay, 824 ki- Lometros, 393 mts. Tomenos para argumentar a estação de Rio Capinzal, distante do Rio Uruguay 51 kilome- tros e por onde se dá o escoamento e importa- ção de grande parte das mercadorias de e para Campos Novos. De S. Francisco do Rio Capinzal, cuja dis- tancia é de 774 klm.s., 511 mts., cobra a Compa- nhia S. Paulo -Rio Grande, de accordo com as tarifas em vigor, o seguinte por tonelada : Assucar, fazendas nacionaes, tachos, tarra- chas, saccos vasios novos, aguardente, creolina, louça estrangeira, maehinas de costura desarma- das, inclusive o imposto de transito — 125$890. Miudezas, bebidas espirituosas, vinho estran- geiro, doces nacionaes, doces estrangeiros, maehi- nas de costura armadas, molho de mesa, óleo de ricino, potassa, phosphoros, papel, sardinha em lata, inclusive o imposto de transito — 182$690. Arame farpado, ferro de engoramar, ferra- gens, fogões, panellas, salame, solas e vaquetas, folhas de zinco, vassouras — 89^170. Farinha de trigo nacional, soda cáustica, vinho nacional, sal nacional, cimento — 48$250. (•) Co-mmunicação feita & S. N. de Agricultura, em sessão âe iDirectoria, pelo Secretario interino, Dr. Gustavo L.ebon iRegis. â^ IRMÃOS CASTRO — Vendem reproductores das ra- ças Caracú e Hollandeza, a preços razoáveis. Para mais informações e pedidos com o Sr. Roberto Dias Ferreira — Rua 1° de Marco n. 15 — Rio de Janeiro. A LAVOURA 45 Farinha de trigo estraligeira, agua_ mineral, café em casca ou moido, cerveja — 53$580. Arroz nacional, farinha de mandioca, mi- lho — 19$370. Madeira quando em pequena quantidade — 48$2õ0. Idem quando em vagão completo — 2_3$570. Consideremos, agora, os fretes na Auxiliaire, companhia que serve o Rio Grande e tomenos a mesma distancia : — 774 kilometros. Arreios, azeite doce, baealháo, bacias, quan- do em pequena quantidade, por tonelada — 48$660. Em grande quantidade — 42$120. Assucar, azeite, bronze, cabos, cautchuc, cera bruta, cimento, crina, farinha de trigo na- cional ou estrangeira, ferragens, óleo, sebo, sa- bão nacional, sementes em pequena quantidade — 42$120. Em vagão completo — 35$580. Arroz nacional, milho nacional, feijão, fari- nha de mandioca, madeira serrada ou lavrada, tijolos de barro, em pequena quantidade — 35$.580. Em vagão completo — 25$680. Façamos agora um confronto. Uni sacco de assucar de S. Francisco a Rio Capinzal (774 kilometros), paga — 7$553. Na Auxiliaire, mesma distancia — 2$527. Um sacco de café, S. Paulo - R. Grande — 34334 Na Auxiliaire — 2$134. Um sacco de sal de 30 kilos — 1$450. Na Auxiliaire, em pequena quantidade . — 1$067 . Em vagão completo (Aux.) — $770. Isto quer dizer que o commercio de Porto Alegre, distante 975 kilometros de Rio Capin- zal, dentro do território catharinense, vae fazer í concurrencia, e com vantagem, ao commercio de *S. Francisco, distante somente 774 kilometros, •por causa da disparidade dos fretes. I O productor catharinense dentro do seu 'próprio estado é vencido pelo productor rio- grandense. embora tenha que andar menos. Consideremos porém a madeira . Sabe a Sociedade que a grande serraria da Lumber, a poderosa companhia americana, está situada em Três Barras, á beira da linha de S. Francisco. Consultando a tarifa, verifica-se que a São Paulo - Rio Grande cobra por tonelada em va- gão completo — 23$570. A Auxiliaire, nas mesmas condições — 2.5.$680. Como se vê, no caso da madeira, á egual distancia, a S. Paulo - Rio Grande cobra um frete módico e, o que é mais, menos pesado que a Au- xiliaire . Ha aqui porém uma grave quí^ixa dos ex- portadores. Como sabe a Sociedade, quasi todas as serrarias estão situadas na linha S. Francisco e dahi a vantagem de exportal-a pelo porto des- te nome, em egualdade de circumstaneias com a Lumber. A companhia, porém, sob o fundamen- to de não haver carga de retorno para os vagões, fornecia-os de preferencia para o Rio Grande, obrigando, assim, os exportadores a fazer maio- res despesas com o transporte para a Argentina, enviando suas madeiras atravez do Rio Grande e E.stado Oriental. Jogo inverso está fazendo, actualmente, a companhia com os exportadores de herva-matte de Rio Capinzal e Herval, conforme me affir- mou o Sr. Eugénio Lamaison, que está sendo obrigado a mandar suas hervas para S. Francis- co, quando o seu interesse, devido á differença de tarifas, está em mandal-as paj-a a Argentina atravez do Rio Grande e Estado Oriental. Vejamos porque. Tomemos a cidade de Porto União. A hei-va-matte sabida desta cidade para SanfAnna do Livramento, pagará por um va- gão de 16 toneladas, 1:479$360, sendo que para a S. Paulo - Rio Grande, isto é, de Porto I'mão a Mareellino Ramos, cuja distancia é de 369 ki- lometros, pagará l:0õ8|560 e para a Auxiliire, isto é, de Mareellino Ramos a SanfAnna, cuja distancia é de 815 kilometros, pagará _420$80p. Considerando, agora, que Rio Capinzal di.sta de Mareellino Ramos 51 kilometros, vè-se facil- mente a que ficaria reduzido o frete desta esta- ção a 'SanfAnua, e qual a conveniência dos ex- portadores. Pois bem, a pretexto de que a Au- xiliaire não lhe restitua os carros, a S. Paulo - R. Grande está obrigando os exportadores a mandar suas hervas para S. Francisco, cobran- do pelo mesmo vagão de 16 toneladas, de Rio Capinzal a S. Francisco (774 kilometros) — 1:364.$800 — , ou seja mais do dobro do que se seguisse para SanfAnna. E' justo, e está no interesse do Estado de Santa Catharina, que a companhia encaminhe_a exportação das suas linhas pelo poi-to de São Francisco, mas. não assim, sacrificando os expor- tadores. Imagine, agora, a Soeiedade a disparidade dos fretes para os exportadores localisados numa e noutra margem do Rio Uruguay, isto é, os _ca- tharinenses, distantes de S. Francisco 824 kilo- metros, 393 mts., servidos pela S. Paulo -Rio Grande e os rio-grandenses. distantes de Santa Anna 815 kilometros, servidos pela Aiixiliaire. Devo lembrar á Sociedade que o lavrador do littoral catharinen.^^e produz, muitas vezes, um sacco de assucar para vendel-o por 10$ ou 12$ e, 'ás vezes, até por menos, quando a companhia cobra pelo seu percurso dentro do território ca- tharinense 7$553 e até mais si fôr além de Ca- pinzal. Trazendo estes factos ao conhecimento da Sociedade, solicito a sua intervenção junto ao Exmo. Sr. Ministro da Viação para que sejam corrigidas estas anomalias. 46 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA Apezar dos fretes caros as cargas se amon- toam nas estações por falta de transportes e o valle do Rio do Peixe está tendo um desenvolvi- mento assombroso. Terras que ha dez ou doze ânuos eram vendidas a 15$ e 20$ o alqueire custam, hoje, 100$ e 200$, e difficilmente se acha quem queira vendvl-as. Trabalham actual- mente nessa zona as seguintes emprezas de eolo- nisação : — Brasil Raihvay, H. Haker & C; Raymuudo e Augusto Pieolli, Miguel Matte, Me- tzler & ilyrth e Albei-to Schmidt. Destas empre- zas só a Brasil Raihray já fundou os seguintes núcleos eoloniaes : — Nova Galileia, Rio das Antas, Rio das Pedras, Rio Bonito, Herval, Rio CJapinzal, iSavoia, Rio do Peixe, Rio Uruguay. A empreza Haker já fundou 6 ou 7 núcleos. O povoamento está se dando, em sua quasi tota- lidade, i)or gente vinda do Rio Grande. A contar de Porto União até Rio Uruguay existem, actualmente, IS estacões e dois desvios, sendo a do Porto de 1." classe, com a renda an- nual df 1.200:000$000 e de 2." as do Herval e Caiiinza! . A exportação de.sta região consta de herva- matte, madeiras, trigo, feijão, milho, gado vac- cum, cavallar, muar, suino e seus derivados, vi- nho, couros crus, sola, lã, crina animal, cascas para cortumes, alfafa, cachaça, assucar (estes dois somente do Alto Uruguay) e outros em me- nor escala. Correm, actualmente, trens de jDassageiros em dias alternados, o que difficulta muito as viagens de umas estacões para outras, pela per- da de tempo. Pedem os habitantes a ereação de trens mix- tos, também em dias alternados, não só para fa- cilidade de viagens, como também para regula- ridade do transporte de cargas, o que redundará em maior desenvolvimento da zona servida por esses trens. Rogo, pois, á Sociedade interessar-se junto a quem de direito, para que seja satisfeita esta justa asijiração dos habitantes do valle do Rio do Peixe. Setembro — 1919. GrsTAvo Lebox Regis. INFORMAÇÕES SOBRE O ALGODÃO De todos os productos nobres que o Brasil, por sua excellente situação geographica. está chamado a fornecer ao mundo em largas propor- ções, destaea-se o algodão como talvez o mais importante na actualidade. E' para elle que ap- [lella a Eiu-opa, depois de uma longa i)aralysa- eão indu.strial, afim de poder fazer face ás cres- centes necessidades da fiação e, com o artigo já manufacturado, attender aos reclamos da hu- manidade, tão sequiosa agora do conforto que as duras contingências da guerra lhe negaram por dilatado tempo. A matéria prima escasseia, entretanto, nos grandes centros productores, onde as adversida- des da natureza eondemuaram boa parte das co- lheitas. Com ©ffeito, previam os entendidos, em 1918, lima situação singularmente séria para o futuro; e os factos estão, mais ou menos, a ra- tificar a alarmante ]H'rspectiva então esboçada. De maneira que, a um paiz como o nosso, que se esforça por intensificar a sua cultura algodo- eira e por querer dar maior expansão commer- cial ao excesso da sua producção manufaetiira- da, não pôde deixar de interessar vivamente o problema que tanto preoccupa o Governo Inglez. ante as desanimadoras possibilidades que prevêm os seus especialistas na matéria, sempre empe- nhados, de resto, em continuas pesquizas para encontrar-lhe uma solução, senão capital, pelo menos attenuadora. E', pois, de bom aviso co- nhecer, a titulo de necessária orientação, os pe- rigos previstos no anno findo e, até certo ponto, confirmados pe^os acontecimentos. A CULTURA DO ALGODÃO ESTRANGEIRO Tomando por directriz o resultado dos estu- dos de jirofissionaes britannicos, a quem se dera a incumbência de formular um juizo seguro quanto á situação da matéria prima utilisada em maiores quantidades nas fabricas de tecidos do Reino Unido, pôde dizer-se que o sea island (classificação n. 1), é o melhor de todos os ty- pos e a sua producção, muito reduzida aliás, obtém sempre o mais alto preço no mercado. EUe é originário de algunuis jjequenas ilhas ao longo da costa de South Carolina, cerca do porto de Charleston, e também das Antilhas. A ijroduc- ção deste typo, que também é conhecido na se- lecção do crop lot pela designação de island. montava antes da guerra a uns 10.000 fardos de 400 libras por unidade, e o seu valor alcançava até 40 diidieiros por libra. E', portanto, muito deficiente e nada autorisa a esperança da sua expansão, nem mesmo a preciosa eireumstancia A LAVOURA 1" EXPOSIÇÃO NACIONAL DE MILHO NA BAHIA 47 Vista do salão (ie entrada de parecer não ter sido ainda attingida por ne- nhuma praga. O total das colheitas do sea islaiid no Es tado de Scuth Carolina e nas Antilhas eviden- ciou, durante a guerra, uma notável tendência para a baixa. Em 1916, englobadamente, foi de 7.000 fardos, contra 13.000 em' 1913. Quanto á cultura de South Carolina, separada, ha a notar o aspecto característico da sua variabilidade por ser a mesma muito delicada e susceptível ás condições do tempo. Um vendaval, por exemplo, pôde reduzil-a de 50 % em um só dia, segundo ob.servação até hoje não desmentida. E essa pro- ducção representa, ao anno, menos de 1 % da safra total do referido Estado. O melhor sea island das Antilhas, que equi- vale ao island de South Carolina, participa com a porcentagem approximada de 20 % na pro- ducção das ditas Antilhas, mais 50 %j de idên- tica qualidade, mas não incluída no padrão dos crop lots, cabendo os restantes 30 % a typos eguaes aos sea inlanãs da Florida e da Geórgia, que pertencem ao typo n. 2. A producçãL das Antilhas inglezas tem sof- frido decréscimos graduaes desde o começo da guerra. Elegendo para exemplo a superfície cul- tivada de Barbados, que em 1913 concorreu com a sexta parte no computo global da respectiva safra, chega-se á conclusão de que, realmente, é para alarmar no ponto de vista inglez o decrés- cimo mencionado, isto é, 3.970 acres em 1913, 2.985 em 1914, 2.323 em 1915 e apenas 1.07S em 1916. Attribue-se tão grave redueção á con- eurrencia dos altos preços por que é vendido o aí'sucar e também a condições climatéricas e ou- tras difficuldades. O facto, porém, é que as co- lheitas das Antilhas têm diminuído sensivel- mente e será difficil, por muitos annos, retoma- rem o normal de 6.000 a 7.000 fardos. E' claro, portanto, que a cultura do typo n. 1, de que dependem em larga escala as necessidades da fiação mais apurada, representa para a Inglater- ra um problema da mais elevada importância. O typo n. 2 provém, sobretudo, da Florida e da Grecrgia e abrange as melhores qualidades do Egypto. O das primeiras, procedências se ap- proxima do island e é cultivado perto da costa, por meio de sementes do sea island, num plan- tio renovado de anno para anno. A respectiva colheita, que em 1911 e 1916 foi das melhores, offereceu, entretanto, nos quatro annos inter- venientes o contraste de alcançar, em compara- ção com os totaes daquellas duas, apenas a pro-, porção média de 60 %. Tão marcada variação, mais as especulações nos preços, que também são notáveis, muito têm contribuído para o arre- fecimento das actividades dos plantadores. E' curioso observar que em 1916-17 a Florida e a 48 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA •Geórgia produziram 110.000 fardos (4:00 libras por unidade), ao passo que para 1917-18 os cál- culos dos entendidos anteciparam total não su- perior a 90.000. Mas, não se restringe unicamen- te á especulação o esmorecimento nesses campos de cultura. Superior a essa mera contingência eomniercial. como o mais potente factor, é o -damninho boll weevil — a peste que tem avan- çado nos últimos seis annos dos Estados ao longo do Golfo do México em direcção aos do Atlân- tico. Já em 1913 prenunciavam os especialistas que dentro de um lustro o holl weevil chegaria aos districtos de cultura do sea island e que, uma vez attingidos estes, nada seria capaz de evitar a destruição integral das colheitas. Assim se pensava então porque as condições do Delta do MLssissippi, quanto ao long staple (fibra longa), eram idênticas. Nada se sabe de seguro, entretanto, sobre se já e.stá confirmado o sério aviso de seis annos atraz. A ])este em questão é mais activa nos fins das estações, isto é, durante a ultima parte dos niezes de Agosto e Setembro, eondemnando prin- cipalmente os derradeiros bagos amadurecidos que, nn caso das variedades do long staple, con- stituem uma porção considerável das colheitas. Além disto, as condições climatéricas loeaes — geadas tardias e não muito .severas — mais a •cireumstancia de offerecerem os bagos amadure- cidos excellente abrigo, são incentivos ideaes para a propagação do boll weevil de anno para anno; e as particularidades favoráveis á praga e desfavoráveis ao algodão sobre que ella actua se manifestam em proporções mais alarmantes nas zonas propicias á cultura do sea íslanã, onde quasi não ha geadas no curso da estação algodo- eira. De modo que não pôde .ser levado á conta de exaggero a supposieão de que as desastrosas ■condições da região do Mississippi venham a re- petir-se, eventualmente, nas áreas do sea islaml. E' bem eloquente este caso : logo que o holl weevil começou o seu trabalho de penetração nos districtos do long staple. os plantadores, .sem esperar o damno que elle pudesse causar e sem offereeer-lhe a menor resistência, abando- naram suas culturas por completo, entregando- se quasi que exclusivamente ao plantio de quali- dade inferior, que lhes proporciona, em compen- sação, a garantia de uma colheita antes da época da peste. . Cumpre assignalar, de resto, que não se pode attribuir a outro motivo o facto de, desde 1913, todos os interessados no commercio do algodão acompanharem com o mais vivo receio o avançar lento, mas seguro, da terrível praga; e quiz o destino que aos mesmos interessados fosse dado contestar, aos poucos, a penetraçã.-. das zonas da Florida (1913) e da Geórgia (1914), onde, em 1915, não foi tão .séria a sua acção destruidora. Em 1916, as plantações fo- ram algo damnificadas. Esperançados pelos pe- quenos i)rejuizcs, que realmente não foram para alarmar nessas duas estações, calcularam os plantadores, para 1917, a bella safra de 125.000 fardos. Em meados de Agosto, porém, começa- ram os primeiros indícios da acção do boll we- evil no sul da Geórgia, onde mais intensa é a cultura, para pouco mais tarde desfazerem todas as i:)revisões dos entendidos. Em fins de Setem- bro, com ef feito, as estimativas reduziam-n'a de 125.000 a 85.000 fardos (um terço em poucas semanas), com a aggravante de terem esperado os próprios plantadores a destruição completa da safra de 1918. Vê-se, pois, que a producção dos Estados Unidos parece estar, de facto, bastante ameaça- da. Arguem os inglezes, comtudo, que a reduc- ção das melhores qualidades não vem affectar seriamente os abastecimentos do melhor sea is- land preciso aqui. De mister se torna, agora, considerar a al- ternativa das possíveis fontes de abastecimento das melhores qualidades. Na America do Norte ellas parecem escassear. Só o Egypto, poderia remediar a situação. Mas, lá também, as appa- rencias não são das mais animadoras. Suas me- lhores variedades — a jannovitch, o abbassi e o sukel — são quasi eguaes aos melhores produ- etos da Florida e da Geórgia, mas, a producção dessas variedades é insufficiente para satisfazer ás exigências do consumo na Grã-Bretanha. Ha a, notar, ainda, que o algodão do Egypto tem soffrido bastante em consequência de excessiva irrigação era alguns pontos e da natureza ala- gadiça do solo em certas zonas, dahi resultando, a despeito da extensão das áreas em cultivo, não haver i^raticaraente nenhum augmento producti- vo desde 1910. com a circum.staucia de ter-se ag- gravado a situação, a partir de 1913, com o ap- parecimeuto da devastadora lagarta rosada. A guerra também ■ influiu para qu.e a situação se tornasse mais diffieil, não só pela necessidade da reducção do trabalho em proveito das mobilisa- ções militares, mas, por ter forçado o aprovei- tamente de terras aptas para a cultura de gé- neros alimentícios. Outro typo que, segundo affirmam os com- petentes, está eondemnado ao mais rude decrés- cimo é o n. 3, não havendo, como em relação ao n. 2, a mais leve esperança de uma alternativa salvadora. As plantações do Sudão, para onde i:ioderiam ajapellar os interessados, nunca pro- duziram mais de 25.000 fardos de 400 libras cada um ; . e qualquer perspectiva de vindouro augmento só pôde ser entretida com a idéa de que a respectiva marcha asceneional deverá ser muito lenta. Deprehende-se do exposto, como resultante lógica dos factos, que é precisamente para os demais paizes produetores, em cujo niamero oc- eupa o Brasil logar de bôa evidencia, que se of- fereoem risonhas probabilidades para iima mais larga expansão commercial de matéria prima, visando os excellentes mercados inglezes, onde os A LAVOURA 49 reclamos da fiação confrontam, sem duvida, uma séria possibilidade. A INDUSTRIA DE LANCASHIRE A industria de tecidos de algodão, como é sabido, é a de maior importância e vulto den- tre todas as localisadas no 'Condado de Lancas- hire, onde operam 1.980 fabricas com 55.000.000 de fusos e 800.000 teares, todas ellas absorvendo, nas suas vastas actividades, um capital superioor a f 68.000.000 e produzindo, em artigos manu- facturados, para mais de £500.000.000. Utilisam-se — e este é um factor de alta monta — apenas machinismos uacionaes, proce- dendo de Oldham, Manchester e Acrigton as ma- chinas de fiar, e de Blackburn, Burnly e Pres- tou as de tecer. Convém notar que todas essas cidades fazem parte do referido Condado, que também produz as caldeiras, os motores e demais elementos necessários á elaboração dos seus afa- mados tecidos. Localisada cu determinados dis- trietos, segundo o espirito de organisaeão que caracterisa o trabalho inglez, a mencionada in- dustria tem em Manchester o seu centro produ- ctor e Liverpool recebe e distribue a matéria prima e o artigo manufacturado. Lancashire deve a sua fama mundial a es- tas causas : 1) — a proximidade do mar a offerecer enor mes facilidades para a importação da matéria prima, bem como para a distri- buição do artigo manufacturado: 2) — a atmosphera húmida particularmente favorável á confecção e resistência dos fios mais delgados ; '. 3) — a abundância e proximidade das jazidas de carvão ; 4) — a existência, nas cercanias, de todas as industrias subsidiarias ; 5) — ^ a cooperação e a proximidade das fabri- cas constructoras do machinismo indis- pensável á industria de que se trata ; 6) — o clima que favorece o emprego das ener- gias humanas no interior das grandes fabricas e, sobretudo, a qualidade da agua que facilita a alvura mais perfeita de todos os tecidos. A alludida industria subdivide-se em três categorias. A fabricação, propriamente dita, abrange os proce-ssos de fiar e tecer; o acaba- mento comprehende o branqueio e a impressão ou estamparia; a venda inclue a distribuição no interior e no exterior. O fiar e o tecer, por serem operações dis- tinctas, effectuam-se em regiões diversas : a pri- meira especialisação tem logar ao sitl de Lancas- hire e nos visinhos Condados de Yorkshire e Chesliire, ao passo que a segunda está radicada ao norte e a este de Lancashire. Blackburr con- fecciona a produceão destinada á índia ; Pres- tou elabora zephirs, morins, chitas finas, tecidos de fantasia, etc. ; Burnly produz setins e bro- cados . Avultado numero de operários occupa a in- dustria, aos homens cabendo os misteres da fia- ção e ás mulheres os labores da tecelagem. O MERCADO DE LIVERPOOL Não deixa de ser interessante conhecer a marcha victoriosa desse formidável consorcio do capital, da producçao e da energia. Em 1770, importava Liverpool a ninharia de 6.000 fardos de algodão. Em 1775 e 1785, tomou incremento a industria da tecelagem, que na sua phase primitiva era em extremo rudimen- tar, e a importação subiu para 25.000 fardos. Dahi 23or deante a primasia do grande porto foi, aos poucos, se firmando, até que em 1912, de cada partida de sete fardos importados na Grã- Bretanha, seis entravam por suas oíDtimas docas . Muito influiu para o vasto successo do ne- gocio a fundação dos esplendidos apparelhamen- tos reguladores das compras e vendas que são a Cotton Clearing House e o Cotton Bank, res- pectivamente organisados em 1877 e 1878 e, mais tarde, a Cotton Brocker's Association. Pode afe- rir-se a imiDortancia a que attingiu a praça pela substituição, desde 1808, do velho systema das inspecções em bruto, pelo mais pratico methodo das compras por amostras. Hoje, não ha negar, Liverpool é o mercado mundial mais importante para a matéria prima. Importa-se, aqui, algodão da Africa Oriental e Occidental, das ilhas Leeward e Windward, de Queensland, do Egypto, de Natal, bem como das seguintes procedências estrangeiras : Estados Unidos, Brasil, Turquia, Peru, São Domingos e China . E' bom observar, pelo muito que interessa ao Brasil, a symptomatica eircumstancia de estar sendo cotado, logo após ao norte-americano. o artigo de procedência nacional, o que denota, evidentemente, a forte concurrencia que pode- mos offerecer neste ramo de negocio. Aceresee, ainda, o facto dos altos preços por que são ven- didos os algodões brasileiros, cujas variedades aqui conhecidas sob as designações de Pernam- 50 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA buço, Parahyba. Ceará e Maceió desde ha muito que têm a mais completa acceitação. MATÉRIA PEDIA BRASILEIRA Uma nova fonte de abastecimento, dispondo de recursos immensos, só agora começa a ser conhecida na praça de Liverpool, graças á sa- bia iniciativa da firma Almeida Prado, Irmão & C, de S. Paulo, destacando o sócio Dr. Irviuo W. Tebyriçá para a louvável missão económica de introduzir na Inglaterra o algodão paulista. O mencionado negociante offereceu á obser vação dos compradores ioeaes amostras optima- mente acondicionadas e que, pela alvura e lim- pesa do conteúdo, despertaram geral interesse e. eventualmente, encaminharão, de seguro, uma irrosislivel corrente de approximação commer- eial entre este porto e o de Santos. Um dos mais abalisados classificadores de Liveri^ool, em documento authentico, opina, de- pois de cuidadoso exame, que o algodão paulista, da safra de 1918, é hright hditdsomc, limpo e pôde ser incluido, no seu estado actual, na good fair Liverpool classification, em virtude do re- gular comprimento de sua fibra {fair staple). O mesmo classificador assevera jamais ter visto, no curso de sua longa pratica, artigo de melhor limpesa e maior alvura no mercado, bem como de sua observação chegou a certificar-se de que a i'espectiva fibra é de resistência idêntica á do da melhor variedade conhecida. Yê-se, por conseguinte, que São Paulo, de accordo com as amostras agora examinadas na Grã-Bretanha, já está se tornando conhecido no grande merca- do mundial do algodão como productor de ma- téria que pouco falta para ser considerada ex- cellente . Resta conliecer, porém, alguns detalhes essenciaes ao êxito desta nova exportação liacio- nal. E' mister, antes de tudo, cuidar-se ahi da uniformisação dos diversos typos, não só da cul- tura que toma vulto no sul, mas, egual mente, da que se pratica ao norte do Brasil. Um dos graudes entraves á nossa expansão económica — dizem sem discrepância os importadores — é o methodo de negociar com o estrangeiro sem a observação dos princípios da selecção. Esta cir- cumstaucia, de appareucia tão simples, tem o in- conveniente de acarretar dispêndios addieionaes, pois não ha mercado que, legitimamente, possa expor géneros em promiscuidade de aspectos e diversidade de tamanhos. Se tal é a regra geral, iá em si bastante grave, deve-se deprehender que para o algodão, sobretudo, ha a invocar ain- da a natureza da dimensão das fibras, porque com este artigo, longe de haver facilidade de es- colha, a confusão só pôde trazer a mais completa dcsmoralisação para o centro exportador. Vem, depois, o aspecto da mercadoria. O proce.sso de limpesa, para attrahir o compra- dor, precisa eliminar todas as impuresas do pro- ducto. Ha descontentamento em Liverpool pelo algodão importado do Brasil contra esses dois inconvenientes, que, no emtanto, ijoderão deixar de existir com o auxilio de recursos já existentes para tal fim. Outro ponto que, também, exige cuidados especiaes é a embalagem. Segundo a aguda ob- servação de conhecida autoridade no assumpto, "o que se faz preciso na embalagem das bolsas ou fardos, é que sejam elles bem prensados, que o envoltório seja de tecido resistente e o amar- rado de arame, para resistirem a todas as bal- deações, desde o ponto de partida até ao seu fi- nal desembarque, evitando-se as avarias, as per- das do produeto e outros contratempos q\ie po- derão provocar sérias reclamações". Felizmente, ao que parece, não se pôde fazer e.ssa increpação ao algodão paulista, porque as amostras da fir- ma Almeida Prado, Irmão & C, que aqui fo- ram examinadas, denotam que no Estado de São Paulo o progresso industrial é completo no con- juncto. A fibra do algodão nacional demanda, dos entendidos, estudo muito especial no sentido de lograr-se-lhe o augmento da dimensão. E' neste particular que reside a explicação das altas co- tações do produeto. LTm millimetro a mais no comprimento já influe poderosamente na classi- ficação e, concomitantemente, no valor official. O algodão paulista — dito seja de passagem — é o que mais se assemelha ao americano e, para satisfazer inteiramente as necessidades de Lau- ca.shire precisa, apenas, ser de natureza menos áspera e ter a fibra, que actualmente mede cerca de 29 millimetros, augmentada para 31 millime- tros, que é o comprimento desejável para o grosso da respectiva exportação. E' para os detalhes acima esboçados que se devem volver, antes de mais nada, os estudiosos e os interessados no negocio. Sobre essa maté- ria, cuja importância é exeusado encarecer, as mais brilhantes e opportunas theses foram obje- cto de detido estudo no Primeiro Congresso Al- godoeiro de S. Paulo. Postas em execução as idéas e theorias aventadas na memorave? assem- bléa, pois todas são de cunho pratico, ao Brasil estará reservado, de seguro, um grande impulso na sua economia. E se fôr posto em pratica o alvitre lembrado na recente Conferenfia de Nova Orleans, no sentido de ser difficultada a expoi-tação da matéria prima americana, em con- sequência das colheitas pobres, o mercado de Li- verpool tomará toda a produeção nacional e co- meçará, precisamente, por comprar, desde logo, esse excessr de cerca de 38.000 toneladas de al- godão paulista, que tanto tem preoccupado e im- pressionado o grande Estado da Federação. A LAVOUEA 51 TECIDOS NACIONAES Entre 19 e 22 de Maio, realisou-se em Man- chester, sob os auspícios do Departamento Ultra- marino do Ministro do Commereio, em coope ração com a Camará de Commereio local, uma exposição de amostras de tecidos estrangeiros, em numero superior a 5.000. Visitaram-n'a para mais de 1.100 industriaes, embarcadores e expor- tadores de Lancashire. Dentre as amostras, que procederam da Al- lemanha, Áustria, Itália, Hespauha, Rússia, Japão, Brasil e Estados Unidos, as que desper- taram maior interesse foram as japonezas e, so- bretudo, as brasileiras, cuja collecção, embora in- cluísse algumas centenas de padrões, não repre- sentava a producção completa das fabricas naeio- naes. A matéria prima empregada na confecção das fazendas constantes da nossa secção proce- deu, toda ella, de S. Paulo. As firmas de Manchester mostraram-se ad- miradas com o progresso alcançado no Brasil e não deixaram de manifestar receios de que a in- dustria nacional, exportando desde já para al- guns paízes sul-amerieanos, será nesses mercados uma séria concorrente á manufactura britannica. O mostruário brasileiro, que foi organisado pelo Cônsul inglez em S. Paulo, despertou tal inte- resse que a Associação dos Estampa dores de Manchester solicitou-o, por empre-stimo, para que os respectivos directores pudessem estudar, com attenção, o progresso alcançado no Brasil, que foi uma verdadeira revelação para o publico deste paiz. Não é, pois, somente em Buenos Aires e Montevideo que se conhece, graças ás ex- posições não ha muito realisadas em ambas essas cidades, a producção das fabricas brasileiras. E' no próprio centro onde a industria mais se ex- pandiu, que as nossas manufacturas são applau- dJdas e despertam interesse. Nada mais recom- mendavel para o espirito de um povo que pro- cura acompanhar a evolução e o progresso, em- bora aijida haja no Brasil quem, por avidez do lucro ou por simples elegância, desprestigie as fazendas nacionacis com que se confeccionam as roupas que levam o bem estar aos gananciosos e a illusão aos inconscientes. EXPANSÃO DO TECIDO NACIONAL Antes de mais nada seria conveniente que os brasileiros, por dever de lealdade e por mero espirito de solidariedade, assimilassem as fazen- das nacionaes, sem criticas e sem suspeitas, por- que a maior recommendação que as mesmas po- deriam alcançar já ficou corporificada, irrevo- gavelmente, no espontâneo triumpho obtido no certamen de Manchester. E' preciso, em seguida, ter em mente a in- fallivel theoria da evolução. Tudo no mundo passa por transformações successivas. Jamais foi a humanidade envolvida, com tanto empenho como agora, pela anciã de gosar as commodi- dades da vida. Essa tendência invadirá, fatal- mente, todos os agglomerados exóticos da terra, onde ainda não penetraram, com a vehemencia desejada, as luzes da civilisação occidental. A' China, por exemplo, ha de chegar, em tempo não remoto, a convicção de que o abrigo fabri- cado com o algodão, além de proporcionar o mais completo conforto ao corpo humano, é muitas vezes mais barato que o vistoso e cu.stosLSsimo traje de seda, que a tradição local consagrou e os séculos ainda não conseguiram substituir. Na Africa, também, onde grandes populações sel- vagens começam a ter contacto directo com o eu- ropeu, ha de operar-se a troca da tanga primi- tiva pelas commodidades da roupa mais com- pleta. Com dizer isto atina-se desde logo, sem grande esforço de imaginação, mesmo dando de barato as perspectivas africanas, que apenas os quatrocentos milhões de ehinezes, uma vez acos- tumados ao uso de vestimentas mais modestas, abrirão para o commereio de fazendas as portas do melhor de todos os mercados. Ha a considerar, outrosim, a situação anor- mal que atravessa a Rússia, tanto no Oriente como no Occidente, onde nada se produz e as necessidades são tanto mais prementes quanto o frio é impiedoso. A Europa Central, exhausta e arruinada em consequência da guerra, os paizes escandinavos, os balkans, todo es.se eonjuncto formidável de mercados appella para os centros productores com visível angustia, pedindo aga- salho para milhões de creaturas ameaçadas, ago- ra, pelos rigores do inverno e, depois, para não ficarem maltrapilhas no verão, quando de rou- pas nada mais haverá senão vestígios das res- pectivas producções locaes de antes da confla- gração . Não é somente na Europa, na Asía e na Africa que se esboçam, entretanto, tamanhas pos- sibilidades para a expansão do tecido nacional. Ha, no próprio Continente Americano, mais de trinta milhões de pessoas que se abastecem, com grandes dispêndios, da producção ingleza ou norte-americana, quando nenhum outro paiz está em melhores condições para satisfazel-as do que o Brasil. Temos, a nosso lado, o relevante factor ethnico, para não mencionar também a proximi- dade, como que a desafiar a nossa iniciativa. Na Argentina, Peru, Chile, Venezuela, Bolívia, Co- lômbia, Equador, Uruguay, Guyanas, Panamá, Cuba, nas Republicas da America Central, em todos esses paizes, com a provável exclusão do México, os tecidos brasileiros, sobre abrirem no- vas correntes de approximação commercíal, se- 52 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA riam o mais valioso de todos os elementos para vincular as relações de eordeal affecto que nu- trimos pelos demais povos latinos da America. A própria vantagem politica e.stá a indicar que não devemos demorar uma acção bem conduzida nesse sentido. Se assim quizer proceder a iniciativa par- ticular, á qual o Governo não regateará, decerto, a assistência indispensável, encontrará solução immediata esse grave problema que é o .stock de mais de 200.000 :000$000 de tecidos accumulado.s nas fabricas nacionaes, cuja collocaeão, é obvio, estimulará o movimento da industria em vez de paralysal-a ou entorpecel-a, como é o caso pre- sente que, além do mais, occasiona "a fraquesa do mercado de algodão e a queda das cotaçõe.s á metade dos preces de 1918". Nota-se, por conseguinte, que ha em toda a questão muitos detalhes a estudar e, quanto ás possibilidades expansionistas para dar cabo da superproducção, que ora é um facto no Brasil, a mais elementar prudência aconselha a procura de mercados que, pela proximidade e outras eir- eumstancias ponderáveis, estão promptos a re- ceber as avultadas sobras do nosso consumo interno. CONCLUSÃO Este modesto trabalho é orientado pelo leal desejo de bem servir ao Brasil e, egualmente, corresponder, de modo inconfundivel, á legitima espectativa dos industriaes e productores que ahi se esforçam por dar maior desenvolvimento ás suas fecundas actividades. Se não houver nestas observações nenhuma novidade, nem mesmo a virtude das cousas pra- ticas, não se lhes pôde negar, entretanto, a ac- tualidade palpitante, em face das graves possi- bilidades que confrontam os grandes centros pro- ductores da matéria prima, e, consequentemente, do artigo manufacturado, porque onde carece aquella não pode exi.stir este. Oxalá possam ellas ser, pois, de alguma utilidade para a orientação do labor nacional tanto nos campos de cultura como nas fabricas de tecidos, que só assim .será, com viva satisfação, collimado o fim que lhes deu origem. Consulado Geral do Brasil tubro de 1919. Liverpool, Ou- OscAR Correia, Vice-Consiil. O AZOTATODE AMMONIUM COMO FERTILIZANTE Desde qi;e as hostilidades ce.ssaram, o Minis- tério das Munições da Inglaterra tem distribuído grande quantidades de azotato de ammonium para fins agricolas. 0 Dr. E. J. Ru.ssell, Director da Estação Experimental de Rotham.sted fez publicar no Journal of the Board of Agriculture, os rezul- tados das experiências e estudos a que submette- ram este composto chimico, afim de apurar-lhe o valor como fertilizador. Essas investigações tiveram um êxito es- plendido e mostraram que o azotato de ammo- nium é o adubo azotado de maior concentração existente no mercado. ção de Rothamsted. Damos a seguir, resumidamente, os resulta- dos e as conclusões geraes a que chegou a Esta- 1 — O azotato de ammonium é um excellen- te fertilizante, sendo o seu azoto equivalente ao do azotato de sodium ou sulphato de ammonium. Pelos preços actuaes destes dois fertilizadores, o azotato de ammonium custaria £37.55 (trinta e sete libras e cinco shillings) por tonelada. 2 — Comparado ao azotato de sodium. o .seu conteúdo azotico vae além do dobro e con- tém 1 3/4 vezes mais do mesmo elemento que o sulphato de ammonium. Em egualdade de cir- cumstancias, onde se empregam, commumente, três quintaes de azotato de sodium ou 3/4 de quintal de sulphato de ammonium, seria preci- so, apenas. 1/2 quintal de azotato de ammo- nium. 3 — Pôde ser applicado a qualquer cultura, onde o azotato de sodium seja resultoso. Seu em- prego é mais vantajoso, isoladamente como adubo ■superficial — top dressing — que em misturas fertilizadoras. 4 — Os agricultores devem exigir o azotato de ammonium indeliquescente, de modo a evitar diff iculdades futuras . 5 — Posto este composto seja inflammavel, elle alimenta, eomtudo, e consideravelmente a combustão. Eis porque é necessário eouserval-o ao abrigo do fogo. (Do The Agricultura! Xcws, 1919) . A LAVOUEA 53 A HOVA TENTATIVA CEWSITARIA _==^ o scepticismo fuudamental com que certas p,essoas, verdadeiramente conhecedoras das cou- sas naeiouaes, encaram e consideram o recensea- menti em caminho de execução, baseia-se quasi exclusivamente na conhecida prevenção da gran- de massa, de eseassissima cultura e, por isso mesmo, dominada por vícios mentaes inveterados, contra todos os inquéritos ostensivos e officiaes que têm por objectivo a determinação da cifra demographiea. Esse obstáculo, duma realidade tão brutal- mente marcada que a ninguém é licito ignoral-o, junta-se a todos aquelles que, peculiares, inhe- rentes á natureza intrínseca de tal serviço, o tor- nam duma relevância excepcional, duma delica- deza inexcedivel, no seio mesmo dos povos cuja proporção de analphabetos se revela mais exigua. Nenhum, porém, o sobrepuja, maximé na éra presente, quando o aperfeiçoamento continuo do processo censitário, elevado na America do Norte ao altíssimo gráo que se conhece, parece haver dominado definitiva e inteiramente as múltiplas e omnimodas difficuldades technicas, máximas senão exclusivas responsáveis outr'ora pelas de- ficiências e imperfeições dos resultados obtidos Para o nosso paiz, onde os calcules mais opti- mistas hesitam honestamente em limitar a 80 % o peso morto da população absolutamente ille- trada, e cujos altos sertões só permittem accesso a uma instrucção defeituosa e incompleta, de influencia mais perniciosa por vezes do que a ignorância integral, o supremo óbice a que uma investigação censitária se produza de maneira efficaz, conduzindo a conclusões dignas de toda a confiança e de todo o credito, é positivamente a antipathia manifesta e decidida com que o grosso da população recebe iniciativas de tal ca- racter. Não se trata de instinctivos movimentos de repulsa, que venham patentear um aspecto novo da tendência muito brasileira de nosso povo para a indisciplina e para a rebellião — tendência de verificação por bem dizer espontânea e de exame fácil, a cujo respeito já tive occasião de affir- mar, sem escandaloso paradoxo, que as perigo- sas idéas do sovietismo russo vivem de ha muito entre nós, paralysadas felizmente em seu sui'to pela mais forte característica da nacionalidade : o horror á acção. Trata-se, ao contrario, duma hostilidade raciocinada, duma attitude voluntá- ria, duma repugnância consciente, que se gerou de noções deploravelmente falsas mas terrivel- mente alarmante em relação aos propósitos reaes do poder publico, toda vez que se movimenta para a colheita de dados demographicos precisos e completos. Duas tremendas ameaças se dissimulam in- sidiosamente, para a grande maioria do povo brasileiro, notadamente para a população que não tem contacto directo e continuo com a civi- lização littoranea, em todos os trabalhos censi- tários : ameaça de uma possível aggravação dos impostos existentes, fundada nas determinações da capacidade tributaria dos vários núcleos, que o recenseamento viria immediata ou mediatamente facilitar, e até da creação desse tributo novo a incidir indistinctamente sorbe todos os habitan- tes do território nacional, a cujo propósito de quando em quando bordam variações de puro romantismo económico alguns publicistas em dif- ficuldades de matéria mais sisuda, e que tem por vezes proporcionado ensejo a certos parla- mentares estreantes, de fazer brilhaturas orató- rias e ostentações duma sciencia elemeutarissima, a pretexto de procurar uma solução intelligente e pratica para o nosso complicadíssimo, affli- ctivo problema financeii'o ; ameaça duma in- tensificação do serviço militar obrigatório, que encontraria base das mais seguras nos elementos eolligidos pelos organisadores do censo demogra- phico . Possuindo uma visão clara dessas circum- stancias de ordem moral, capazes por si só de condemnar a um mallogro certo e inevitável o trabalho de tão grande o indiscutíveis vanta- gens, a que brevemente se vae dar inicio, o illus- tre Director da Kepartição Geral de Estatística tem deliberado que, ao lado da operação censi- tária, parallela e simultaneamente, com o fim de a tornar mais facilmente exequível e de lhe as- segurar o desejado êxito, se promova uma pro- paganda intensiva contra os desarrazoados te- • mores e receios com que a população, na sua quasi totalidade, acolhe os agentes reecnsea dores, esforçando-se de todos os modos por fraudar o objecto da investigação, e levar a equívocos gros- seiros quem tem a missão de effectual-a. ■Sei que o plano dessa campanha benéfica e altamente meritória, está elaboi-ado com o cri- tério seguro que tem caracterisado, atravez de alguns lustros de exercício na direcção daquelle departamento do serviço publico, a acção lidi- mamente patriótica do Sr. Bulhões de Carvalho. Por meio de conferencias, de folhetos, de ar- tigos para a imprensa diária e periódica, os en- carregados do serviço, escolhidos por pessoa que em hypothese alguma se conformaria com aquel- las monstruosas asserções de Henri Mazel sobre 54 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA "o fetichismo da competência", diffundirão pelos districtos respectivos a promessa formal e solemne que faz o director de Estatística a toda a população, de mandar incinerar todos os bo- letins do recenseamento, logo depois de proce- didas as addições necessárias. Assume de tal geito o governo do paiz, por intermédio desse seu auxiliar, um compromisso de honra, obri- gando-se a não permittir que as informações e os dados eoUigidos para a cobiçada fixação de nossa cifra demographica, sejam utilisados para quaesquer outros objectivos, sejam os que inte- ressam á nossa vida financeira, sejam os que en- tendem com as questões attinentes á defesa na- cional . Executado plenamente esse pormenor, que constitue a mais importante preliminar, o mais delicado preparativo do trabalho projectado, ga- rantido ficará virtualmente o êxito que para este é vivamente desejado por todos os patrio- tas sinceros e esclarecidos. Ainda nesse caso se evidencia a justeza do conceito dum grande phi- losopho moderno, segundo o qual todas as ques- tões sociaes se resolvem em questões moraes, o que equivale indiscutivelmente a asseverar que toda obra social tem de ser precedida pela modi- ficação de taes ou quaes factores de ordem psy- chologiea, predominantes no seio da coUectivi- dade que vae tental-a. Para que a nova tenta- tiva censitária seja victoriosa em toda a linha, satisfazendo ás necessidades cujo reconhecimen- to a inspirou, e compensando amplamente os sa- crifícios de expressão financeira que vae acar- retar, é absolutamente preciso, é indispensável que, ao envez de procurar estorval-a, contribuam para a sua realização todas as classes, convictas de quanto concorrerá esse inquérito para o des- envolvimento económico da nação, e certas de que nenhum vexame ou gravame lhes advirá da probidade e solicitude com que attenderem aos distribuidores dos boletins censitários. A cooperação utilíssima de todas as forças vivas da nacionalidade — industria, commercio, imprensa, magistério, sacerdotes, sociedades promotoras da educação moral e cívica — , já e.stá garantida pela voz dos que legitimamente as representam, e será de certo aproveitada ha- bilmente pelo Sr. Bulhões de Carvalho e por quantos tenham de o auxiliar na execução de.sse nobilíssimo emprehendimento. A propaganda que .se ídealisou como imprescindível acondiciona- mento moral do censo projectado, terá o con- curso de todos os brasíleros natos ou por ado- pção, que representem, por todos os recantos deste paiz fabiilosamente extenso e até agora de população absolutamente ignorada, as responsa- bilidades da cultura e as agitações fecundas do pensamento constructor. Benjamin de Araújo Lima. (9 Êffeitos e utilidade da eastra- ^ @ çlo dos animaes domésticos 6) Todos os animaes domésticos, tanto os machos como as fêmeas, podem sof frer a castração ; e hoje, á excepção das fêmeas, praticam-n'a em to- j dos, visto que ha necessidade de recorrer a esse meio i^ara dar, a uns e a outros, o máximo de utilidade. Assim é que se castram os solipedes; os animaes das espécies bovina, ovina, caprina, suina, canina e felina; os coelhos, as aves domes-' ticas de criação : gallos, gallinhas, gansos, pa- tos, perus ; os peixes. A maior parte dos animaes que soffrem a operação, toma denominações especiaes; assim o cavallo inteiro ou garanhão, toma o nome de ca- Vítllo cupão; o jumento, o de hurro; o touro, o de boi; o carneiro, o de carneiro capado; o por- co, o de varrão; o gallo, o de gallo capão; o gal- linha, o de franga. Entre todos os animaes, a privação dos ór- gãos reproductores acarreta modificações nume- rosas e variadas, attingindo diversos elementos constitutivos do sêr vivo e animado, no génio, na conformação exterior, no temperamento geral. As forças nutritivas e vitaes, principalmente di- rigidas no estado da natureza acerca da funcção á qual está confiada a conservação da espécie, tomam, sob a influencia da castração, uma direc- ção differente, e concentram-se inteiramente, nas fnneções de essência exclusivamente individual. Juntamente com a economia, as variações impor- tantes são utilizadas, duma maneira vantajosa, para as nossas necessidades, e tornam os animaes mais próprios aos vários usos a que se destinam. A castração, consequentemente, modifica os animaes em múltiplos pontos de vista : o seu desenvolvimento e a sua conformação externa, a sua energia muscular, o seu temperamento e o seu caracter. >Si se considerar a castração no desenvolvi- mento e na conformação do macho, observa-se que o primeiro effeito da operação, assim que é praticada no animal joven, não tendo, ainda, adquirido formas definitivas, é approximal-o da conformação exacta de seus ancestraes, fixal-o em' alguma classe menos aperfeiçoada, approximan- do-o das fêmeas, e tanto mais assim quanto a castração tenha sido praticada numa época mui- to próxima do nascimento. Assim, o esqueleto, ao mesmo tempo que as massas musculares, a que serve de supporte, se desenvolvem menos, a cabeço fica fina, leve, estreita; o pescoço e os membros adelgaeam-se ; o eonjuncto do corpo toma uma configuração mais esbelta. A parte an- terior torna-se mais estreita, emquanto as par- tes posteriores vêm a ser mais largas e estofadas, o que completa a parecença com a fêmea. Ao mesmo tempo, a pelle fica mais delgada; os pellos são mais finos, mais raros, mais sedo- A LAVOURA 1' EXPOSIÇÃO NACIONAL DE MILHO XA BAHIA 55 Oomniissão organizadora — Drs. J. A. Pedreiía Franco, J. Barbosa de Souza e Giatiilino A. Mello. SOS, menos frisados; os cornos, nos auimaes que 9S têm, são mais finos, mais longos e, algumas vezes, faltam inteiramente. A voz outrosim, é profundamente modificada; perde sua força, so- noridade e extensão. Sabe-se toda a differença existente entre o relinchar forte, tarando, agudo, offerecendo os tons mais variados do cavallo in- teiro, e a voz fraca, não se fazendo ouvir sinão com longos intervallos, do cavallo capão ; entre o mugido altivo, .sonoro, ruidoso e grave do tou- ro, e o berro moderado e mais agudo do boi, quasi semelhante ao da vacca ; entre o canto agu- do e penetrante do gallo, e o mutismo quasi ab- soluto do gallo capão, etc. Na espécie humana, as modificações da voz, produzidas pela castra- ção, não são menos sensíveis; e ninguém ignora a detestável applicação dessa particularidade physiologica, ha muito tempo, na Itália, para ob- ter-se voz de soprano. Ao passo que essas mutações se operam na conformação apparente dos animaes, seu tempe- ramento geral soffre alterações menos evidentes, comquanto possam ser menos radicaes. As forcas nutritivas vêm a ser, de qualquer maneira, exce- dentes, pelo desapparecimento dum apparelho que absorvia, em seu beneficio, uma notável parte, estendendo sua_acção aos tecidos da vida vegetativa, de preferencia ao systema cellular, donde resulta esse amollecimento das carnes, essa predisposição maior á engorda, e, por con- seguinte, na mór parte dos casos, essa diminui- ção proporcional da força e da energia do animal, que e oberva tão eommumente nos indivíduos privados dos órgãos geradores. O temperamento, também, soffre modifica- ções bastante profundas, em seguida á castração. Êm todos os tempos, a influencia da castração, sob esse ponto de vista, é reconhecida, e ella foi mesmo um dos primeiros motivos que suggeri- ram, ao homem, a idéa de submetter á castração os animaes por si utilizados. Desde que esses, com ef feito, são despojados do apparelho repro- ' ductor, tornam-se mais dóceis, mais brandos, mais fáceis de guiar, respondendo melhor aos carinhos prodigalizados; elles são, emfim, de uma educação infinitamente mais fácil. E isto se comprehende. Todo animal obedece a duas for- ças : ás paixões instinctivas e á intelligeneia. Pela castração extinguem-se as primeiras; a ou- tra fica, consequentemente, dominante; do_ que resulta, para o animal, um accrescimo relativo á aptidão a ser_instruid(> domado, etc. Essa influ- encia da castração se manifesta com tanto_ mais forca após á operação; no animal mais joven, todavia, ella não deixa de fazer sentir-se, seja qual fôr a edade do individuo operado; tem-se visto, dess'arte, velhos animaes, até então indo- máveis, abrandar-se muito rapidamente, depois que são submettidos á castração. Considerando as modificações variadas, que acabamos de ennumerar, devidas á castração, tal- vez tenhamos o direito de ver inteiramente rece- bidos os avisos da natureza, que afasta os ani- maes de sua constituição original, dando-lhes um caracter e férmas contrarias á verdadeira belleza, tal a concebemos no sentido absoluto da palavra. Mas, tem-se dito, de ha muito tempo : os ani- maes domésticos, não sendo disciplinados e man- 56 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA tidos por si mesmos, mas, por nós. importa muito meuos desenvolver, nelles, qualidades próprias para engrandecer seu valor, seu mérito intrínseco, debaixo do ponto de vista da natureza e da arte, que lhes dar, em detrimento de sua belleza nati- va, aptidões em beneficio das necessidades dos homens,^ com o papel que elles são obrigados S' representar . Ora, tal é, precisamente, o objecto da cas- tração, que barbara, como se a suppõe, encarada duma maneira abstracta e com o fim exclusiva- mente humanitário, não eonstitue mais que uma medida da mais alta utilidade, indispensável, mesmo ao nosso e,stado social; o único meio, numa palavra, de tirar o maior proveito possí- vel dos animaes sob o nosso dominio. E' o com- plemento indispensável da domestieidade ; e, isto só, será sufficiente para dispensar-nos de justi- ficar,^ mais longamente, este costume, si, em nos- sos dias, sua necessidade, na immensa maioria dos animaes domésticos, pudesse, ainda, ser posta em duvida. Todas as espécies são chamadas, cada uma uo sentido especial de sua destinação, a augmen- tar as vantagens económicas da castração. No cavallo, particularmente, a castração é util para amansar o génio do animal e facilitar sua educação. Frequentemente indomável e fe- roz, quando é animado pelos ardores .sexuaes, o cavallo t^rna-se dócil, fácil de educar, depois que ha soffrido essa operação. Não ha, então, mais a temer seu arrebata- mento; elle cessa de excitar-se contra os outros eavallos, sobretudo contra as éguas, e pôde es- tar reunido, com estas, nas parelhas, nas fileiras do exercito, nos curraes, sem se expor a aeciden- tes numerosíssimos, que são occasionados, na maior parte das vezes, por eavallos inteiros, des- de que .se desprendem, escapando-se das cavalla- riças, ou dos campos nos quaes se os deixam pas- tar. Ademais, o cavallo capão, tendo a voz dé- bil, o relincho menos aeeentuado, e que elle faz ouvir muito raramente, é menos perigoso na guerra, sobretudo, onde o animal, pelos .seus re- linchos, pôde traliir seu cavalleiro. Essas modificações, tão úteis na natureza do animal, se obtêm, geralmente, sem que as quali- dades exigidas para o serviço, ao qual elle é dtsignado, sejam sensivelmente alteradas. Assim, contrariami^nte á opinião que ha muito tempo prevalece, si é verdade que os eavallos capões têm menos fogosidade, menos vivacidade, menos ardor, não é menos verdade, também, que elles são os mesmos de força e de vigor reaes. Admit- te-se, entretanto, que ell&s façam um serviço me- lhor e mais durável, por isso que, não se excitan- do uns contra os outros, não se fatigam, inutil- mente, quando são desjungidos, aproveitando, completamente,- as horas de repouso; podem, aliás, concentrar toda a sua energia no trabalho que lhes é exigido, dispendendo, a.ssim regular- mente o tempo. Entre os innumeros exemplos que provam ser a ca.stração inoffensiva ao vigor dos, animaes, citamos, somente, o que se passa em Inglaterra, onde os carros de praça, aos quaes se atrelam exclusivamente, eavallos capões, são re- putados pela ligeireza de sua marcha, como não tendo eguaes em nenhuma outra parte do mundo . Nada melhor confirma o facto que, pela cas- tração, as diversas mutações não trazem prejuí- zo algum ao trabalho do.s animaes. Assim, o des- envolvimento geral, no cavallo, não á sensivel- mente modificado; elle adquire, pouco a pouco, o mesmo talhe, a mesma grandeza, e, si houver alguma differença neste ponto de vista, será an- tes para mais que para menos. Somente a parte anterior estreita-se, o pescoço adelgaça-se ; mas, e.sse inconveniente, si o fôr, não é apreciável, quando muito, sinão no serviço de trella, por- que, para a trella ligeira, para o serviço de trel- la, sobretudo, essa conformação que dá ao cavai- lo mais agilidade e submissão, vem a ser uma vantagem, que torna o animal mais fácil de ser dirigido e conduzido. Emfim, a castração nos eavallos é, ainda, uma medida necessária, como meio de separar da reproducção um grande numero de animaes em- pregados, actualmente, em vários misteres, que não têm, em si nem em seus ancestraes, as quali- dades exigidas nesses misteres. U| IRMÃ' IRMÃOS CASTRO — Vendem reproductores das raças Caracú e Hollandeza, a preços I razoáveis. Para mais informações e pedidos com o Sr. Roberto Dias Ferreira rzs 1' de„Março n. 15 — Rio de Janeiro recos AJ ^ A LAVOUEA 57 íía espécie bovina, os effeitos da castração não são menos importantes, seja para modificar o temjiei^amento do animal, seja para dar-llie aptidões que a sua condição de animal de traba- lho exige. Sob este ponto de vista, ella é, de facto, de utilidade maior que entre os cavallos, porque, estes, conservados inteiros, não deixam de prestar relevantes serviços, ao passo que, o touro não castrado fora da sua funcção repro- ductora é poiico utilizável. Quanto ao temperamento, todos conhecem a differenea entre o touro feroz, iraseivel, arisco, difficil de conduzir, duma approximação quasi sempi'e perigosa, o mugido sonoro e retinente, e o boi, timido e dócil, cujo mugido surdo o fraco aununcia sua natureza mansa. Mas, principalmente, é sob o ponto de vistp, do desenvolvimento do corpo e das aptidões no- ^ vas de economia, que a castração exerce uma influencia feliz na raça bovina. Entre o boi, to- das as circumstaneias se egualam, sendo, entre- tanto, o talhe mais elevado, o peito mais estreito, a cruz mais apertada, o rim mais longo e o pel- vis maLs magro que entre o touro. O augmeuto do talhe, com que o coujuncto do corpo benefi- cia, de qualquer sorte, das forças nutritivas dei- xadas sem emprego pela suppressão dos órgãos reproductores, é devido, mui particularmente, nas raças de trabalho, ao desenvolvimento do systema mu-scular, emquanto que, nas raças de pasto, é o tecido adiposo, para o qual se dirige toda energia nutritiva, que toma o aecreseimo ; e como, então, o esqueleto não pôde adquirir um desenvolvimento proporcional, o animal ganha menos em altura, que em extensão. Seu corpo, resumindo, é mais volumoso que o do macho in- teiro, sem que, entretanto, o exceda em talhe. Um outro effeito da castração, nessa espécie, é trocar o período da vida, no qual se verifica o crescimento normal, em altura ; emquanto que, no touro, o augmeuto máximo se opera durante o terceiro anuo, e, sobretudo, é no segundo que tem logar no boi, vantagem preciosa mormente na educação dos bois de pasto. Nos touros, como nos cavallos, a castração produz o estreitamento das partes anteriores do corpo. Assim, o peito do boi tem menos largura, o que restringe, um pouco, a duração da respi- ração, por conseguinte, a cruz é mais estreita, o pescoço mais longo e fino, ao envez de ser curto e cheio de músculos, como o do touro. A cabeça desse ultimo, é larga, quasi quadrada, guarne- cida de chifres eurtos, grossos e rugosos, ao passo que a do boi, relativamente, é longa, apertada, offerecendo mais finura e tem cornos longos, li- sos e pouco volumosos. Por opposição, o conjuncto posterior, entre os bois, offereee maior desenvolvimento. O rim é mais longo, a anca mais musculosa e mais larga, as pernas são mais alongadas, modifica- ções que, na conformação Iaranhão O algodoeiro MOCO', typo fibra longa, do nordeste. Ai-vore productiva, cultivada na fazenda Pindobal, Guimarães — Maranhão. 62 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA aguardam solução e que só poderão ser resolvi- dos nellas; porque particulares não podem fazer certas experiências que são necessárias, improdu- ctivas e dispendiosas. No terreno seientifieo muito se tem a expe- rimentar no norte em relação ao algodoeiro, prin- cipalmente de longo-porte, e num meio cujas con- dições mesologicas não foram estudadas, porque nunca se realizou alli a cultura racional destas espécies. De sorte que têm ellas vasto programma de interessantes experiências a emprehender, em re- lação a todas as operações culturaes : — lavras, adubações, irrigação, podas, afolhamento e ou- tras, qual delias mais importante e que está a reclamar uma solução pratica e económica. A .sei^aração e selecção dos typos do algo- dão, exi.stentes nos Estados e que cabe realizar nas E.stações Experimentaes, para evitar a actual mistura, é um dos assignalados serviços que te- rão ellas de prestar á lavoura algodoeira, porque permittirá maiores lucros ao lavrador, visto como as espécies de fihra-longa obtêm dentro e tora do paiz maiores preços. FAZENDAS PARA PRODUCÇÃO DE DE SEMENTES Além das Estações Experimentaes, cuja funcção será realizar experiências sobre varias coisas, que precisam ser resolvidas sobre o algo- doeiro, será preciso diffundir por todos os Es- tados as Fazendas para proãucção de sementes, nas quaes se cultivarão, pelos processos mais modernos, a.s plantas próprias da região, toman- do as sementes melhores das existentes nos Es- tados, ou outras acclimataveis nelles, para se- rem cultivadas em seus campos por processos ra- cionaes e depois as sementes colhidas serão pro- fusamente distribuídas j^elos lavradores. Estas fazendas, ainda procurarão ensinar os agricultores; e os seus operários serão ao mesmo tempo alumnos, que a propósito de cada opera- ção receberão uma lição pratica e instnictiva. Deste modo, dentro de certo tempo, quando dei- xarem o estabelecimento, serão liomens capazes de ganhar com mais intelligencia a vida. Ellas se oecuparão da cultura do algodoeiro, como de outras que .se façam no Estado. Nos seus campos não se farão experiências. Mas, ope- rarão com os resultados das experiências feitas nas Estações Experimentaes, as quaes firmarão em larga escala. Serão estabelecidas em regiões que offere- cam todas as condições de successo e todas as fa- cilidades para a sua acção junto dos lavradores. O seu pessoal será reduzido e idóneo, forma- do nas E.stações Experimentaes. COOPERAÇÃO O trabalho de cooperação será o liame que estabelecerá o estreito ponto de contacto entre os Estabelecimentos officiaes e o lavrador. Consiste em fazer pequenas demonstrações, em áreas de dois a cinco hectares, dos processos racionaes da cultura do algodoeiro, como de ou- tras mais importantes na região, na projjria fa- zenda do agricultor mais abastado, ou junto das roças do pequeno lavrador. O essencial é que cada uma destas demon- strações, feitas nos principaes municípios agrí- colas, sejam completas, sendo executadas pelo pessoal do Governo, uma a uma todas as ope- rações culturaes e em épocas próprias para cada uma, de maneira que aquelles que recebem as lições, em sua própria casa, possam comparar os resultados da demonstração official com aquelles obtidos por elles em suas plantações rotineiras. Sempre que fôr possível, estas demonstra- ções deverão ser assistidas pelos lavradores vizi- nhos e pelas creanças das escolas, de modo que aquelles possam aproveitar as lições dadas em lin- guagem chã a propósito de cada operação, e estas recebam em sua retina impressões de coisas úteis, que poderão aproveitar mais tarde. Deverá haver todo o critério no modo de executar este trabalho, de maneira que as des- pesas correspondam, com vantagem, á colheita ob- tida, e a.ssim, sob o ponto de vista económico, o lavrador receba uma demonstração insoi^hisma- vel das vantagens da lavoura racional sobre a rotineira; esta será a melhor propaganda, por- que lhe fere os sentidos. Se o pe-ssoal do Governo fôr insufficiente para attender, em cada Estado, todas as princi- paes regiões agrícolas e os pedidos de coopera- ção, é preferível deixar de attender aos novos candidatos e limitar assim o numero de demon- strações em cada Estado, mas, torna-se necessá- rio que sejam ellas completas em cada faz-^nda, para poder firmar o êxito da tentativa. Tenho absoluta confiança neste systema, por mim largamente experimentado em Mara- nhão desde que trabalho alli ao .serviço do JÀIi- nisterio da Agricultura, tanto na Inspeetoria Agrícola, como na Estação Experimental de Co- roatá. As demonstrações que tive ensejo de rea- lizar deram resultados compensH dores. Ao demais, é o systema que a pratica de ou- tros povos mais adeantados na agricultura acon- selha como melhor e posso sanccionar com a ex- periência própria. A LAVOURA 63 MACHINAS agrícolas Para o mellioramento da cultura algodoeira pelos processos raeionaes, a primeira diffitml- dade que surge é a impossibilidade do agricul- tor adquirir no interior dos Estados do Norte as machinas agrieolas. Para a solução deste importante problema, durante um ou dois annos, os serviços offieiaes deverão emprestar os seus apparelhos aos lavra- dores ; depois destes estarem conveneidcs das vantagens da lavoura mechanica. comprarão as machinas que precisarem . Esta propaganda iniciei para varias cultu- ras da zona em que está situada a Estação Ex- perimental de Coroatá, tanto em relação ao al- godoeiro, como a outras culturas e será este o meio de um estabelecimento official ser útil ao lavrador . A questão da aequisição de machinas agri- eolas pelo lavrador nortista é bastante importan- te, porque, visto não serem ellas conhecidas, nem adoptadas, não existem nas capitães desses Es- tados depósitos desses apparelhos e quando exis- tissem seus preços seriam , muito elevados ; de outro lado a difficuldade dos transportes e tran- sacções eomraereiaes eom a Capital Federal, ou o estrangeiro, impossibilita o lavrador situado no iuliospito interior dos Estados do Norte de ad- quiril-os naquellas praças. Nestas condições o Governador terá de in- tervir, interessado, como o julgo, em tornar ef- ficiente e completa a propaganda da lavoura mechanica junto do lavrador que se resolver adoptal-a. E parece-me pratico lembrar ao Governo de estabelecer depósitos nos Estados para as machi- nas importadas directamente do estrangeiro pelo Serviço de Producção Nacional, alguns appare- lhos simples : — arados, grades, semeadores e rapinadores, e cedel-os ao lavrador pelo preço do custo, at5 o ponto em que funccionam as Es- tações 6 outros Serviços do Ministério. Pelo menos, por algum tempo, até que a propaganda feita pelas Estações Experimentaes, e outros estabelecimentos de agricultura nos Es- tados, tenha determinado grande procura desses instrumentos e o commercio das suas capitães se resolva a negociar com os mesmos artigos. Dada a falta de iniciativa por parte do la- vrador nortista e o atrazo em que se acha a agricultui-a nos Estados para se poder conseguir desenvolvel-a, é preciso que o Governo interve- nha ; e deverá ser o Federal, porque os Estados não têm para isso rcursos. Mas, para não avolumar despesas, deverá a propaganda ser feita lentamente, mesmo porque não se poderá fazel-a de chofre, e as aequisições de machinas também com cautela, renovando-se os fornecimentos gradativamente. E que advirão para o Governo Federal lu* eros que recompensarão estas despesas e o em- pate de capital, que aliás não precisa ser grande, aão ha duvida ; póde-se fazer o que acima lembro dentro dos recursos orçamentários dos Estabele- cimentos de Agricultura dos Estados e com o stock que possue o Serviço de Producção Nacio- nal (*). Desenvolvendo-se a agricultura, augmeu- ta-se a producção e os impostos federaes se avo- lumarão proporcionalmente, fazendo o retorno Lias despesas realizadas pelo Governo. A idéa que aqui lanço nasceu da experiência da.s coisas, em relação á agricultura official no Maranhão, onde tenho trabalhado desde o inicio do ilinisterio da Agricultura. E', pois, necessário estabelecer o perfeito contacto entre o lavrador e os serviços do Minis- tério da Agricultura no Norte, fazendo com que aquelle aproveite as machinas agrieolas que todos essis serviços possuem e estabeleça uma propa- ganda por cooperação, como se torna preciso. O pequeno lavrador nortista é analphabeto e a lavoura que apparece nos Estados a esta classe, em boa parte, está confiada; mas, esta gente não pode lêr a propaganda eseripta, não comprehende a falada, pouco se interessa pelo que se faz nos campes de cultura racional do vi- zialio, seja este o Governo ou o particular. Torna-.se necessário, portanto, bater-lhes á porta, despertal-os do somno lethargieo da igno- rância e fazel-os admirar no espelho luzente da aiveca do arado, sulcando a terra do seu próprio solar, o scenario sublime do progresso agrieola. que os povos modernos conhecem e que a elles é indifferente, porque desde o seu primitivo an- tepassado, o caboclo ou o preto, ninguém lhes ensinou outro meio de haurir da terra bemfazeja fartas messes. Esta funeção junto do lavrador, bem como outros ensinamentos, para que este possa me- lhorar os seus processos de cultura, deverão ser realizados pelas Estações Experimentaes e pelos outros Serviços de Agricultura no Norte conjun- etamente, afim de que tanto a cultura do Algo- dão, como as demais principaes para esses Esta- dos, i^ela acção dos Serviços de Agricultura, se possam moldar pelas praticas raeionaes, únicas capazes de compensar o esforço do agricultor, como de fazer a grandeza económica do Brasil. BENEFICIAMENTO DO ALGODÃO No momento presente é a questão mais im- portante para a industria agrícola desta fibra ; imperfeito e sem cuidados, como é feito, desva- loriza o algodão nas praças do paiz e do estran- geiro, fazendo-o alcançar baixas cotações, que não correspondem, mesmo com os processos ae- tuaes de cultura, ás qualidades primitivas da fi- bra. Esta depreciação é de grande alcance mo- (*) Refere-iSe o autor á Delegacia Executiva da Producção Nacional, ora extincta. — Jí. H. 64 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA vai pyra o Brasil, porque eompromette o seu re- Jiome em todas as praças, oiide vae ter o nosso produeto. Maior é, porém, o prejiiizo material que soffrem lavradores, como uegoeiantes, por- que, ai)ezar de todo o máo trato dado ao nosso algodão, sua fibra possue qualidades mui e,spe- eiaes . (.'umpve, porém, observar que nas regiões onde se cultivam as espécies de fibru-longa, de- vemos promover a installação de uzinas centraes lie beneficiamento, como ha no Egypto, índia, Austrália e America do Norte, que adoptem os dcsfibradorcs de ralo, ou cijlindrico, denomina- dos " Mdc-Carthy", os quaes não dilaceram as fi- bras do algodão, como fazem os de serra. Em toda parte, onde se preza a prodncção dos algo- dões de fihra-longa, é este o typo adoptado. Os apparelhos são de pequena producção diária; onde, pois, .se tenha grande quantidade de algo- dão a beneficiar convém multiplicar o numero de api:)arelhos, até corresponder ao rendimento diário total que a installação deverá produzir : assim se pratica no Egypto. Dada a multiplicidade das pequenas instal- lações de beneficiamento do algodão existentes uo interior dos Estados do Norte, acho que ellas con.stituem, para a defesa deste produeto contra a lagarta rósea, e outras pragas, maior praga que qualquer delias, porque não se poderá con- seguir melhorar estas installaeões impróprias e viciadas, como são, para um trabalho perfeito, e muito menos obter que seus proprietários estabe- leçam as camarás de expurgo e outras medidas de defesa necessárias. Acho que os Governos dos Estados, como o Kederal, deverão promover a installação de uzi- nas centraes de beneficiamento do algodão, de modo que ellas se multipliquem por todas as prin- eipaes zonas algodoeiras, montando-se uma em cada região. Ao mesmo tempo que se lhes deve favorecer a multiplicação, deverá haver a necessária fis- calização pelo Governo, dos seus negócios, de modo a acautelar os interesses do pequeno pro- ductor, para que este não seja lesado. Seriam ellas obrigadas a manter camarás de expurgo cie sementes de algodão e só pode- riam fornecer .sementes expurgadas e de aecôrdo com o funceionario do Ministério destacado na região. Emquanto não se pôde conseguir a mídtipli- caeão das uzinas centraes, cabe aos Governos uma assistência rigorosa ; e, por meios de leis severas e conselhos aos proprietários de maehinas de descaroçar, influir para que sejam modificadas as actuaes installaeões defeituosas sob todos os pontos de vista, que existem por toda parte no norte . BE AÇO Nesta ordem de considerações, não posso deixar de occupar-me da questão do braço. Sem ser infenso á colonização estrangeira para o Norte, pelo contrario, achando que essa região é perfeitamente colonizavel pelo elemen- to estrangeiro, em todo caso, dada' a falta de ou- tros factores necessários á vida desses colonos, acho que o meio mais pratico será ensinar os me- thodos racionaes de cultura do algodão ao nosso actual trabalhador, o caboclo e o preto. A America do Norte, o paiz talvez mais cosmopolita do mundo, tem sua cultura de algo- dão, do pequeno lavrador, entregue ao preto; es- tamos no mesmo caso; tanto mais que, lá como aqui, essa cultura requer delles pequenos ca- pitães e o braço mais barato é o nativo. Esse elemento já está affeito ás inclemências do nosso clima, conhece a época de ijlantar, de debastar, capinar e colher, como sabe o que faz mal e não convém ao algodão ; falta-lhe conhecer a lavoura mechanica ; entreguemos-lhe a rabiça dos apparelhos agrários, ensinemos o seu mane- jo e teremos assim, em pouco tempo, bons lavra- dores práticos da cultura racional do algodão. Tratando-se do mesmo elemento de trabalho, é possível que se consiga no Brasil o que o ame- ricano obteve; tanto mais que, segundo a expe- riência dos nossos profissionaes, o nosso caboclo, ou o preto, torna-se em pouco tempo bom arador, como já tive occasião de verificar. Attentemos para outra circumstancia — a nossa exiltura de algodão de todo o Norte ; está entregue a esses trabalhadores, e poucas são as grandes lavouras de agricultores mais adeanta- dos; por isso, devemos, ao transformal-a em ra- cional, fazel-o junto dos que nella trabalham, por- que será difficil que consigamos desenvolver uma cultura entregando-a a elementos novos que, mesmo conhecedores delia era outros pãizes, são estranhos no nosso meio; tanto mais tratando de uma cultura, como a do algodoeiro, planta sus- ceptível de grandes variações individuaes. DIVISÃO DAS TERRAS Não só a cultura rotineira constitue grave obstáculo á prosperidade agrícola do Norte ; um outro factor avulta, no meu modo de vêr. Quero referir-me ás grandes porções de ter- ra actualmente abandonadas, constituindo ver- dadeiros morgadios dos velhos tempos feudaes, pertencentes aos herdeiros de antigos lavradores, da época da agricultura florescente do Norte, propriedades estas conservadas indivisas e, o mais triste, improductivas. Não aproveitam essas terras aos seus pro- prietários, ao pequeno lavrador, ao município; portanto, ao Estado e á eommuuhão. A LAVOURA 65 J)i' (iiiti'() l;i(lo, é (liffieil a fiscalização das uicsiuas, devido á sua extensão; o pequeno la- vrador, num g-esto de ousadia, nellas se- situa, abre suas roças, ou tira a madeira, o cipó, o palmito, a caça e a pindnba, para entreter sua vida primitiva. Aos seus proprietários não pagam aforamen- tos, ou qualquer outra forma de aluguel ; de sor- te que são aos poucos devastados terrenos ás ve- zes de primeira ordem, sem real proveito para ninguém, nem do próprio caboclo ; porque, como sabemos, o seu trabalho na lavoura rotineira, que adopta, mal satisfaz a.s necessidades pró- prias . Também esse individuo não tem grande am- bição, porque tal .systema de vida não o prende ao solo e ao lar ; pelo contrario, fal-o um nómade, vivendo da pilhagem na terra alheia. E' tempo de remediar »este mal que tem prejudicado ao grande proprietário, como ao pe- queno lavrador; urge o desdobramento dessas terras em pequenos lotes, divididos pelas famí- lias dos proletários agrícolas. |- Esta ídéa tem me preoceupado desde que 'iniciei minha carreira em Maranhão e lembro, para chegar a am resultado pratico, o methodo seguinte : O grande proprietário de terras, depois de demarcadas estas, dividil-as-á em lotes, que en- tregará, mediante prévio contracto, ao pequeno lavrador, que lhe parecer mais idóneo; o crité- rio para a divisão dos lotes será o numero de pessoas aptas para o trabalho que tiver^ cada fa- milia; o prazo para o pagamento será relativ- mente longo e a quota annual pequena ; termina- do o prazo iles.se módico pagamento, o lavrador querendo augmentar a área do seu lote, poderá fazel-o de accôrdo com o numero de filhos ho- mens que tenha para o trabalho. Tudo isto se fará, naturalmente, com os i melhores elementos de trabalho, dentre os pequc- 'nos lavradores, preferindo-se os que tenham fa- mília legitima, afira, de certo modo, concorrer o processo para a moralização do meio, que actu- almente é bastante dissoluto. Se o proprietário residir nas próprias ter- ras, poderá ainda adiantar casa de morada con- i fortavel, auimaes, machinas e instnunentos de ' lavoura ; neste caso, o preço do lote será mais ele- vado e as obrigações para o seu dono maiores. Para o grande lavrador resultam vários be- iieficios, como à valorização e productividade das suas terras, o bom negocio tia compra, se se tra- tar de algodão e de toda a producção do .seu ■ colono, que tem á porta, por preço rasoavel, col- locação certa para o seu producto. Nestas condições, poderá o grande lavrador ter todas as suas terras produzindo parte, por conta própria ; e parte por conta do colono ; tor- • nando-se elle na .região o único negociante de al- godão, porque, comprando ao seu colono o algo- dão que este produzir e beneficiaiido-o em suas machinas, começará elle a aufei"ir lucros que actualmente, sem razão de ser, cabem aos nego- ciantes das cidades e villas do interior dos Es- tados. E assim, muitos lavradores jjossuidores de grandes terras, poderão tornar-se abastados pro- prietários voltando suas vistas para a cultura do algodão nessas vastas capoeiras desertas, hoje improductivas e desvalorizadas, e pelos meios' que acabo de apontar. Tenho toda confiança no que venho de lem- brar á experiência dos lavradores nortistas, e que se tem deixado de realizar pela falta de ini- ciativa que entorpece o Norte. Acho, mesmo, que os Governos dos Estados deverão intervir na solução deste magno proble- ma económico de fixar o homem ao solo e tornar productivas as enormes regiões devastadas que apresentam estes Estados á contemplação dos viajantes, num triste aspecto de abandono, que i-e.sulta' dos factos acima apontados, fazendo por sua conta a demarcação das terras. E' um problema importante a considerai-, porque, desde que essas terras se cubram de al- godoaes e outras culturas que lhe sejam pró- prias, a producção agrícola do Norte crescerá e com ella a prosperidade material idos Estados. Entendo que se os Governos dos Estados fizessem as demarcações das suas terras e obri- gassem, por meio de um regulamento, os seus proprietários a mantel-as em jjroduccão e lan- çassem depois o imposto territorial, proporcio- nalmente á extensão das propriedades, acabando com os actuaes impostos que ora gravam a la- voura, o Norte teria suas rendas augmentadas e todos pagariam tributo ao Estado, do mais rico ao mais pobre, ao passo que actualmente a lavou- ra se vê onerada com grandes impostos e boa par- te dos lavradores ribeirinhos não paga _ nenhum tributo aos Estados, pela grande quantidade de pequenos portes existentes nesses rios e a impos- sibilidade de manter postos nesses pontos; do que resulta a falta de equidade na arrecadação dos impostos e o seu pequeno rendimento rela- tivamente ao território habitado nos Estados. A demarcação das terras facilitaria ao gran- de proprietário destas, o desdobramento das mesmas em lotes, pai*a o pequeno lavrador, De outro lado, fazendo-se o regulamento de terras nos Estados do Norte, como já ha em vá- rios Estados do Sul, o grande proprietário ver- se-á na contingência de dividir .suas terras e en- tregal-as a quem i)oderá aproveitar; tanto mais, se fôr elle obrigado a pagar o imposto territo- rial; pois, ninguém se sujeitará a este desde que, suas terras estejam incultas. Como é natural, se muitas terras se acharem abandonadas, o Governo poderá fazer a sua divi- 66 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA .são em lotrs e c-oiiíial-as ao iiequciio Javrailor u (lalii ai mia resultarão «Taiides lucros para os Kstaiilas. O rcmliiuento' que poderá resultar de taes s'Tvieos, methodieamente feitos, sem grandes dispêndios, estou certo, constituirá boa receita para os Estados e poderão esses serviços ser rustoados com o seu próprio rendimento. Attentemos por um instante, quanto não au- ^luentaria a arrecadação dos Estados pelo lança- mento ido impoalo territorial, desde que grande [)arte dos seus territórios pagasse tributo ao The- souro ! O.s serviços de demarcação poderão comet^ai' com alguns agrimensores e píslos municípios cos- teiros e ribeirinhos de cada E.scado e depois, suc- cessi vãmente, para o interioj'. ■- o sertão, pro- curando sempre as regiões onde o ti aiispoi-te fes- se mais fácil. Entendo dever estabelecer-se uma acção cou- juneta entre os serviços de agricultura dos Es- vaídos e os federaes, podendo os Directores dos mesmos presidir e fiscalizar a divisão dos terre- nos em lotes, tanto mais que os Centros Agrícolas se occuparão de localização de trabalhadores na- cionaes; de tal maneira, irão os Estatlos ao en- eotdro da iniciativa federal, eompletando-a em outros municípios. Resumijido o que acima fica idito, reenmmen- do á atteução dts comj)etentes o seguinte : — a demarcação das terras dos Estados, o regula- mento de terras, o imposto territorial em sub- stituição aos actuaes e a divisão em lotes, p< los ^pequenos lavradores, das terras devolutas. Para o desenvolvimento de uma região as eoLsas se têm de completar — a expansão da agri- cultura, a facilidade dos transportes, a instrnc- ção primaria e o encitamento das cla.sses proleta- ri-às para um trabalho mais remunerador e útil a elles próprios, tudo deve correr de parallelo com a marcha do progresso; porque, a pequena abundância dessa gente, num trabalho intelli- geute, conduz á prosperidade a grande com- munhão. Não devemos, nem ura instante, esquecer que o trabalho mudo dessas populações laborio- sas, faz o nosso bem estar pes.soal e do Brasil. Nestas condições, tudo devemos fazer para melhorar a sorte desses elementos, porque tra- balhamos por nós mesmos e pela felicidade do no.sso paiz. E os que nos governam devem associar to- .los os bons elementos que o Brasil possue para realizar e.ste desideratura, de sã politica, em que a energia, a intelligencia e a competência pro- fissional dos nossos homens se casam, para des- pertar da vida primitiva esses míseros proleta- i'ios, que vivem no inte)'ior dos Estados nortis- tas, alheios ao progresso, que se desvenda lui nossa metrópole, levando-lhes novos factores ])ara a sua evolução. A luim assiste, apenas, o ensejo de leml)rar estas meididas, que jjodem concorrer para esse bem estar e levar ao seio da agricultura brasi- leira os novos meios para que resurja ella opu- lenta e progressista, ficando de atalaia ao pri- meiro brado de alarma dos nos.sos Governos. A agricultura é uma industria onde a scien- eia se associa á experiência e ao trabalho, para sustentar as populações ruraes e a vida das grandes j)otencias, pelo desdobramento das ma- nufacturas e a circulação ido capital. Acho que, sem grandes apparatos, sem maio- res desiiesas, se i)0(.ierá, jjor sua acção pratica e methodica, augmentar a actual producção dos Jiistados do Norte, numa palavra ao Brasil, pon- do os nossos profisslouaes identificados com o nosso meio e trabalhadores em contacto com o lavrador, o pequeno obreiro da nossa evolução, proiUgalizanao-Uie, conselhos úteis e acompanhan- (10-0 no seu trabalho, i^ara ensinal-o a produzir mais, com menos dinheiro e menor esforço. Ainda que apparentemente lenta, esta acção sei'á efficiente, jjorque terras incultas como te- mos e lavoura atrazada não j)oderão fazer pros- pera uma nação, cuja natureza é tão pródiga. Quando as nossas capoeiras estiverem tran- sformadas era verdes campos de lavoura racio- nal, pelos nossos innumeros rios navegáveis, as embarcações, ligeiras descerem atopetadas de pro- tluctos da lavoura e o trem de ferro, na vertigem da cari-eira, approximar os extremos do .sertão, o Norte resurgirá grande e opulento e o Brasil jamais terá crises económicas. E' tempo de fazer-se alguma coisa pelo Norte, augmentando sua producção, de-spertaiulo sua natureza, trazendo ao convívio da civiliza- ção as populações ignorantes que habitam o in- terior desses Estados, para qeu possam elles concorrer mais e melhor para a grandeza eco- nómica do Brasil. Recursos naturaes não faltam a esses Esta- dos, todos elles têm esplendidas condições de suceesso ; faltam, porém, outros factores em rela- ção á agricultura, que dependem do homem, como acabo de apontar, e cujo estudo confio á consideração dos competentes, esperando que in- spire a sua sympathía e apoio. CONCLUSÕES Do' exposto chegaria ás conclusões que se • seguem : l.") que se promovesse a installação de Es- taç es Experimentaes nos E.stados algodoeiros, com o fiin de estudar e melhoi^ar as espécies na- tivas e acelimatar as exóticas cpie sejam reeom- mendaveis ; 2.") que se promoves.se a diffu.são, jielo Norte, de fazendas para producção de sementes, com o objectivo de produzir, em cada Estado, com as sementes existentes ou importadas, a A LAVOURA 67 O ACIDO PROSSIGO DO SORGH O lím Kansas, Estado da União Norte-Aiiipfi- i/aiia, onde o sorgho conquistou uui log'ar de des- taque Romo planta fori-àgeira, e, jior isso mesmo, consumiu u!iia grande somma do esforces para toruarein-no numa uova fonte de assuear. veri- eou-se. ha muitos auucs, que o gado morria re- pentinamente ao pastar em campos do chamado Isorijho do segundo crescimento, isto é, jilantas f,do sorgho que brotavam das raizes da primeira vegetação. Na ignorância da verdadeira causa desses ef- feitos ilesítstroscs e de tão rápida consummação, surgiam observadores, aliás meticulosos, formu- lando hypotheses as mais diversas sobre a sua origem. Assim, houve 'quem acreditasse que a:; folhas do sorgho, por uma contextura especial, adheriss.'m ás paredes do apparelho respiratório dos animaes, de tal modo a determinar-lhes a mortv suliita. A cultura lo sorgho, não obstante a gravi- , dade desses acontecimentos, continua a ser feita em larga escala e o seu emprego, como forra- gem, em nada diminuiu, tendo-se, porém, agora o cuidado de evitar que o gado paste nos cam- pos de.ssa gramínea. E nestes iiltimos tempos não se tem falado mais na repetição dos desastres tão frequentes ha vinte annos passados. f O assumpto é. actualmente, objecto de sérios 'estudes nas índias Occidentaes Inglezas e de lá nos chegam informações, coincidindo com as oh- ■sei'vaeões americanas mais recentes, de aue numa certa jjhase do crescimento da planta do sorgho h:i fornuicão duma glucocida caracterisada |iela sua acção toxica rápida e fatal nos animaes. r quantidade de sementes puras e sãs aos agricul- tores ; 3.") que se promovesse a expansão do -st-r- viço de cooperação junto ao lavrador, de modo a poder convencel-o das vantagens da lavoura racional ; 4.") que se estabeleça nos Estados, com os elementos disponíveis, stocks de machinas agrí- colas, simples, que serão cedidas aos agriculto- res pelo preço de custo; 5.*) que se faça a proiiaganda no sentido dos Estados productores nudhorarem o benefi- ciamento do algodão no interior, como na Ca- pital : 6.'") que o Governo Federal influísse junto aos dos Estados productores de algodão, para ser feita a divisão systematica de suas terras. Maranhão, Outubro de 1919. I WiLIjIAM W. CpELHO DE S0UZ.\. Fizeram-se experiências, em 1916 - 17, na Escola de Agricultura de Sabour, nas índias Oc- cidentaes, com o fim lie apurar a influencia das (lifferentes épocas de plantio, e, bem a.s.sim da turgescência dos tecidos, sobre a formação da glucocida no sorgho índio conhecido por "Jo irar". Os resultados desses ex))erimentos deram maigem á coiiclu.são que a época do i.ilautio não jurece ter a menor influencia sobre a producção da glucocida. Três talhões, semeados com o ín- tervallo diun mez, approximadamente, entre si, não indicaram a menor differenea entre o pri- meiro e o segundo, não só no que respeita á producção máxima do veneno, sínão também quanto á razão do Si.'u decréscimo consoante o, crescimento da planta. O terceiro talhão, porém, indicou somente metade da quantidade máxima de veneno, posto a razão do decréscimo se conser vasse inalterada. Facíl fora. pois, inferir que a plantação tardia desfavorecia a formação abun- dante do veneno, devido, talvez, a um maior ae- ' cumulo de humidade no solo, nessa época. Este veneno se encontra, em maior quanti- dade, nas folhas e nos rebentos, sendo pre-sente em i)roporção insignificaiite no colmo durante o pi'i-;odo que decrrrç do surgimento da i)]auta até altingii' esta a uma altura considerável. Uma conclusão parece, confirmavel, entre- tanto, em meio a tantas outras : é que a ínsuf- ficiencia de humidade no solo, ou um período de srcca. é conducente á producção excessiva da glucocida. Inacredíta-se que o crescimento da [)]anta tenha correlação alguma com o seu piuler de fornrdção do veneno. No caso de plantas vigorosas e fracas, cres- cendo ao lado umas das outras no mesmo terreno, nem sempre as ultimas produzem maior quanti- dade do acido hydrocyauico. Outro aspecto da questão é que ha sempre maior abundância de azoto nas folhas que no colmo, o que leva a .sup- pôr uma relação entre a producção das glucoci- das e o eonteiído azotico da planta. Fórma-se na índia, presentemente, uma cor re;ite favorável á opinião que nos annos de chu- vas escas.sas, quando as actividades vitaes da planta se retardam devido á falta de humidade, a utilisação. pela mesma, dos compostos cyano- genéticos tenha logar, {)rovavelmente, muito mais lentamente e. portanto, o vegetal encerre uma quantidade de veneno que não pôde, duma só vez, ser aiiroveitada na formação de compostos mais complexos. Todo.s esses dados c informações permittcin concluir que as condições meteóricas, ou, meliior. a atmcsphera é que responde pelo desenvolvi- mento do principio toxico, desempenhando o .solo utn papel muito secundário na producção da glucocida. (Do TJie Plavter and Sugar Munufacinrer, de Junho de 1919). 68 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA r ^^ Concíderaçúes preliminares sobre o Pan-ame ^ ricanismo da Batata . — í (SOLANUM TUBEROíSU.M \j. OU PAPA8 PERUANORUM) Pódf dizer-.se — com a mais jubilosa satis- fação — qne a America tem dado de comer ao mundo inteiro com a sua batata, por isso qnc esse tubérculo é oriundo do nosso continente. Para a orientação devida, torna-se necessá- rio, porém, referir que na época prehistorica já existia a batata nas fraldas occidentaes do con- tinente do sul, desde as cercanias do Quito, no Equador, e. segundo outros, também de Bogotá, em Columbia, até á região central do Chile. Do ponto de vista botânico, a batata é u:ua lias plantas mais diversas do reino vegetal . Têm sido descriptas umas mil variedades,, .sendo notável que dentre tantas, só umas -IO classis têm folhas pinnuladas, produzem tub'^r culos nas raizí's sob o solo, e que são variedade-; pspeciaes principalmente de origem americana . Na America Meridional todas as plantas, ou tubérculos, de folhas pinnuladas, que têm unn corolla em forma de roda, .são oriundas d:i< re- giões da costa Occidental, ao longo dos Ande.s, desde a Columbia até ao Chile, emquanto qnc as de coi'olla ein forma de estrellas, como a í<'i\(i- iiuin Coincraoiti. procedem das regiõts da co.sta oriental do Rio da Prata, desde o sul do Brasil até á Argentina. Não cabe duvida de que a batata come--ti v-, I. da qual se desenvolveram todas as variedaric- européas e americanas, foi eidtivada pelos povo- da Costa Occidental que habitaram aquella re- gião antes da chegada dos Incas. Quando os conquistadores Hespanhoes appa- receram em scena pela primeira vez, este tubér- culo nativo lhes proporcionou magnifico ali- mento. Sem embargo, no Peru não era um produ eto da costa, pois parece que o clima ahi não era propicio para o cultivo des.sa solanea, e oa que se obtiveram em terrenos mais baixos foram pequenos, insignificantes e aguados. As melhores batatas se cultivavam a uiiu; alttira de uns 2.310 mts. atraz de Lima e eram l)equenas, redondas, de casca fina a chama- Aam-n"as "Papa amarilla", por ser a sua carne amarella. Na parte .sul desse paiz, a batata se encontra' sylvestre á pouca distancia das regiões nebulosas de Mollendo : de Junho a Setembro, cobrem ellas os áridos cimos das elevações de terreno e os antigos indígenas denominavam ba- tatas das eollidas as que ahi eram colhidas. O "'(■huno" e outras classes de batata antiga, que constituem uma parte da alimentação dos indí- genas peruanos, crescem nas montanhas. ITma coisa caracteristica do "Chuno" é ser elle gelado, posto que nas alturas em que nasce a temperatura baixa um pouco de congelação; os Índios aiolhau] as batatas tlurante a noite e as põem ao sol durante o dia . Assim, pois, esses selvagens se podem jactar dl' terem produzido batatas dessecadas antes que os teutões as obtivessem e como pretende a "Spiritus Zentrale". ^lais abaixo, ao longo da Costa do Chile, onde o clima é bastante temperado e, por con- seguinte, propicio para vegetação desta planta, eneoutra-se outra classe de batata indígena, a "Maglia", que tanto prendeu a attenção do na turalista Darwin quando fez a sua famosa via- gem no Beagie . No Paraguay, ha muitos annos que se sabe da existência desta i)lanta na região do rio Pa- raná. A batata comestivel que se conhece no mer- cado é oriunda, portanto, dos Andes, de onde sahiu, via Europa, para a America do Norte e jiara as costas orientaes da America do Sul. A tradicção e as historias, que até agora se têm relatado, não concordam nem determinam, com certeza, a quem cabe a honra de haver le- vado este valioso tubérculo atravez do Atlântico. B' provável que Pizarro o tivesse levado como amostra ao seu soberano, como uma das muitas eurio.sidades e objectos raros do Novo ilundo. Diz-se que, em 1565, John Hawkins levou as ])rimeiras batatas de Santa Fé (America do Sul) l)ara a Irlanda, e que pouco tempo depois, em 1580, o naturalista Cardanus as introduziu na Itália e as cultivou regularmente em 1588. Da Hespanha ella foi enviada para Portu- gal e para a Áustria, em 1588, ao sábio botânico Clusius, que a repartiu á Allemanha e de onde imssou para a Suissa e leste da França, sendo introduzida na Bélgica em 1620. Na França o precioso tubérculo foi defini- tivamente usado somente no fim do século XVIII graças aos esforços de Parmentier que, em 1778. a plantou nos plainos arenosos perto de Paris. A batata eon.stitue uma curiosa provisão da natureza, em virtude da qual pôde ser effectnada a propagação mediante o enxerto de talos aná- logos, que se desenvolvem até a um gráo extra- ordinário sob a terra, assim como mediante o crescimento regular e normal da plantação de .sementes. As batatas têm sementes e fructos como qualquer outro membro do reino vegetal, as quaes, não sendo «uidadas convenientemente, gastam mais energia em accumular a própria substancia alimentícia nos tubérculos, dando como resultado que tanto as flores como as se- mentes sejam imperfeitas. Na theoria. é a mes- , A LAVOURA 69 ma coisa usar os tubérculos ou as semeutes para que regressavam da America, é que a acceitaram a peri.etuidade da batata; mas, praticamente, o como uni novo prato nas suas mesas. hibeííi Io se desenvolve tanto que, em geral, se A producção total de batatas num anno as- ; n le por completo .la semente. cende a uns 5.500.000.0U0 de bu-shcUs 1 In^ ' Oonvém mencionar, de passagem, o facto hell é .gual a 60 libra.s, 1 ibra e egual a 4. b une a popular batata de Burbank, cuja propa- grammas), enorme quantulacle essa que procede ciacão foi uma das prinunras provas do gnnio ,le todas as partes do mundo. Mais da quarta do^abio botânico americano, nasceu da semente. parte dessa somma colhe-sc na Alemanha ; cerca 'Como antes ficou dito, nem -todas as sola- 'la oitava na Rússia; quantidade pouco menoi ucas tèm tubérculos e nem todos os tubérculos na Austria-Ilungria ; uma nona parte em in-ança ■•■" ' .'olanea.s e assim, proporcionalmente, na Polónia e nos '"" Mas seia qual fÔr a causa, o tubérculo não Estados Unidos. Apezar disto, porém, todos os é uma raiz verdadeira, sinão um galho sem fo- ânuos se annunciam notáveis variações nas eolhei- Ihas que em geral, se encontra sob a terra e, ai- las do mundo em geral, como nas de determiua- o-umas vezes acima do solo. Os olhos que ha dos paizes. Algumas nações exportam em gran- nelie são brotos ,,i,.,,.,i.jt . não offereea grande resistência ao desenvolvi- uoucnaiuai . i^,,i,,iij.4.i., mento dos tubérculos ; que tenlui bastante mate- ^^y.^., 74. UO ria orgânica, mas, que não seja demasiado hu- ^"g^jjjj _'_ '" "' 20.00 mido c que contenha sufficiente poder natural. Assucar 1-09 ^ terrenos arenosos,' bem enxutos, são excel- Materias 'o'ordas," essência". 0.11 lentes, devendo ser preferíveis os que não sejam Cellulose': 1-64 argillo.sos. . ,^ u . Matérias diversas -.. 1-60 E conveniente alternar as culturas, posto que a batata fructifique melhor depois de algu- Pcctatos citratos, phosi)hatos, silicatos, chh.) uuis colheitas; comtudo, pôde miuguar se se se- rureto de pòtassinm,' sodium, calcium e magne- meia o terreno com excessiva regularidade. A sium 1 Ií6 Total 100.00. semeaeão deverá ser de 60 cents. uma da outra, F/évulente que se notaram variações nas em terreno plano e enterrada 12 cents. do solo. proporções acima ennumeradas, as quaes depen- Em se tratando da batata, deve advertir-se que ,lem do terreno, do clima e do methfldo de cultivo a palavra '•semente" significa o tubérculo, ou que se empregue. Pedaços do mesmo que tenham um broto. Vê-se portanto, que a batata não é um Pode reproduzir-se a planta i)or meio de se- alimento perfeito e que carece -de matéria nitro- mentes, mas, este methodo não dá bon resul- «■enada sufficiente, a par de conter uma super- tados. abundância de amido e assucar. J'ma verdade patente e que a munensa ex- Esta circumstancia, entretanto, não destroe tensão que medeia entre o Kio Grande e o Jis- de forma alguma seu valor nem sua utilidade, treito tle Magalhães se adapta magnificamente nem tampouco a sua popularidade, porquanto, ao cultivo da batata, assun como o Chile e o excepção feita do milho, do arroz e do trigo, a Peru são os paizes em que ella e mais abun- batata é o vegetal que mais .se consome no uni- dante. ,^,pj,^P Na Argentina, Uruguay e uas terras altas " Milhares de pes.soas se alimentam ras no :illllilllll!lllllll'i:|'ll!illllllllllllllllllí:f d snii cstiil/flcci iiiriiíii, (i rua do Onvid> or li Hs. 101 e 1U3, reno/vii fazer r/rande.i 'M Fj ahathnenfos vos preço» de seu enorme -=. J ''fifocl'" de jóias;, rrlor/io.i. pedra.; pre- S g ciosas, iiriif/os dr prata e ohjecios de S g: Arle; por esse aioiien cinividn. a seas = g jreguezes e ao publico a vixitar sen es- m II iaheleeimenio, onde enemifrarão ain, M m '■lorfimenfo nnnea visto nesta Capital. = ÈírainiiiiiiiiiiHiiiii! /- Para qualquer queda e qu antidade de agua. Para Lavoura, Industria, Força e Luz eoNsTRUiMos Turbinas de jacto livre com regulador á mão ou com regu- >> lador automático pa ra quedas de 5 até JOO me- tros de altura co m força de 1 i2 até 300 cavalios effectivos Turbinas TypoJF4l31AKIO TruIlulheniON, editorial — Pelo algodão no BraMil, Dr. Hannil>al Porto. pag". 80 — Dr. KnneN de Souza. pag. 82 — A la- voura da eanna e a indui«tría at«Nucarei- ra no Brasil, pelo Eng'enlieiro António *_'arlos de Arruda BeUrão. T>ag". 82 — A eultura do fumo e o Heu preparo, pelo Prot". Silvério Guimarãeis, pag" 92 — Le- pidopteroK uerig^enos do Brasil, pelo Prof . Benedicto Ray mundo, pag:. 98 — SoIoh: nuj» oonser^-açfio e relação ooin a vida animal e vegetal, pelo Prof. T. R. Oay, pag". 103 — Dr. Castro Menezes, pag", 104 — Terceira exposiçfio nacional de gado, pag". 105 — Reeenseaniento íçe- rai da Republiea, pag. 106 — O algodão brasileiro, pelo Dr. AVilliam AV. Coelho de Souza. pag. 108 — Q,ninta exposição nacional de milho, pag. 108 — Mercados de gado vivo, pelo Dr . J . de Araújo GóOfi. pag. 109 — Avicultura, pag. 116. s;5v K*!» ^■^c^ \*^:' ''^^í!**\í m^ ^-í^»- Rua xm. Março, 15 RIOdeJANEIRO-BRAZIL ^% ú 'íÊè-' 0<><><><><><><><><><><><><>ooooooo0000000<>00-0-<><>0-00 riMERlCAN R0LL!N/1 V AV. RIO BRANCO 109 ã \ RIO DE JANEIIRO /_ ■■% CAIXA POSTAL 19 # ^ ^^MILL CO.^(J K5:jcj^k^2^2í:^j?kxk5:k5íx::k5í::íx::::x:ík:^kk ■ a ■ LLOYD BRASILEIRO A mais importante empreza de navegação da America do Sul PARA TRANSPORTE DE PASSAGEIROS Linhas internacionaes para New- York, Nova-Orleans, Buenos Aires e Montevideo. Linhas de grande e pequena cabotagem. 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Grande parte deste n(is.*o preito, cabe, de justiça, ao actual titular da Agricultura, o Dr. Ildefonso .Simões Lopes, engenheiro conqietente, lavrador jirogressista e dedica- do, dispondo de profundos conhecimentos económicos e c|ue vae. no desenqienho do alto cargo que occupa, norteando pelo verdadeiro caminho, pois possue a vi.são nitida das cou- sas, ganhando, desse modo. os múltiplos ser- viços do Ministério e. por isso mesmo, a la- voura nacional. Agora mesmo, un (jUt- rc.-]ifita ao algo- dão, o valioso producto jiara cuja cultura o nosso paiz offerece excepcionaes condições, S. Ex., segundo nos é dado conhecer, tem em elaboração um sábio jilano. onde são toma- dos em conta todos (js factores do proVilema rasileiro, desde o melhoramento das espécies algodoei- ras nativas, desenvolvimento da cultura em todo o Paiz. até o combate systernatico das l)ragas que flagellam as nossas ]>lantações. Estas são as caracteristicas de um pro- grarnma que vem resolver uma asjiiração na- cional de longa data. alimentada pelos nos- sos technicos, "como pelos Estados interessa- dos e quantos se acham ligados ao algodão, desde o campo á fabrica, e desde as praças internas do Brazil ás do estrangeiro. r'o que nos é po.~sivel acompanhar, pe- los actos já publicados de S. Ex., vê-se cjue o surto das Uzinas de Beneficiamento do Al- godão, entre nós, é uma de suas jaincipaes preoccupações na momentosa questão do al- godão. Ora, de ha muito, nas praças do Paiz, como do estrangeiro, todos reclamam contra o máo beneficiamento do algodão brazileiro, que, apezar de possuir excellentes qualidades intrínsecas, se apresenta carregado de toda sorte de impurezas e com. suas fibras dilace- T8 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA radas pelos primitivos e iriipniprios appare- Ihos com que se i>retende beneficiar o pro- ducto. Faz-se. pois. mister, que tanto no inte- rior como nos portos de embarque, se melho- i"e o systema até aqui adojitado. de descaro- çar Jiosso algodão, já introduzindo macliinas que façam a sua Íimi)eza, e já montando ou- tras, aperfeiçoadas, que não estraguem as suas fibras. E' o que tem em vista S. Ex. ol)ter com as novas Uzinas de Beneficiameuto, que vi- rão influir no a])erfi'içoamento da industria do algodão, como os Engenhfis Centraes con- tribuiram i)ara <■ progresso da lavoura de canna e da industria do assucar. Para as.segiu'ar o exito do commetti- mento. que interessa es]iecialniente os Esta- dos ]iroductores. 8. Ex. tem buscado um en- tendimento eom (js governos dos mesmos Es- tados e. em lioa hora. os referidos governos comprehenderam o alcance do ol)jectivo eol- limado e têm corres]iondido ao patriótico a])- pello do illustre titular da i)asta da agricul- tura, coiU'edeu;io a redvu-ção do importo de exportarão e de prorlncrão para os algoiJõcx limpos de fibra longa. Já responderam a .S. Ex. os Presidentes do Maranlião e da Parabyba do Norte; é de esperar que os demais Estailos todos acceitem as sabias suggestões do Dr. .Simões Lojies. He é de louvar a iniciativa já começa-la. 6 também de desejar que todos os Estados productores \enliam ao seu encontro, na par- te do comltale ás ])ragas do algodoeiro, com- pletando a acção da União em seus i-especti- vos territórios com a contrilaiição Cjue cabe a cada um delles. Todos sabemos os aii]irehensivos dias que passaram os Estados algodoeiros do nor- deste, que ficaram, durante os últimos me- zes do anno findo, imp>o.ssibilitados de collo- car, nas j)raças do sul, o seu algodão, deante da esmagadora concorrência do Pará e de S. Paulo, que apresentavam um producto de alvura e limpeza irrei>rehensiveis. E' natural, pois, que os Governos desses Estados, comiireliendendo a gravidade da si- tuação para o seu eommercio. indu.stria e la- voura, venham em auxilio do Governo Fe- deral, com])letando e ampliando o grande progrannna cjue em relação ao problema do algodão, o Dr. Simões Lopes, numa visão ní- tida e arguta da situação, esboçou e, com mão firme, começa a pôr em execução. Vae, dess'arte, S. Ex. pondo em pratica o progrannna que sempre defendeu no Par- lamento e que traçou perfunctoriamente no seio da Sociedade Naciojial de Agricultura no seguinte diseurso que ali proferiu, quan- do nos honrou com a sua visita: -O SR. STMÓES LOPES: — Sr. Presi- dente, agradeço as suas benévolas ])alavras. Meus senhores: Depois de empossailo uo' meu cargo, é esta a primeira vez que tenho' o prazer de conq)arecer ao seio generoso dos. meus antigos collegas, amigos e collaborado- res de uma obra conumun ; olira essa cada vez maior, no momento liistoiico que atra- vessamos, de concorrências intelligentes, de- esforços ao serviço da sciencia — a grandc' investigadora dos melhores caminhos práti- cos para a realização dos objectivos. .V humanidade de hoje está voltada para os grandes problemas do mundo, que são o,- lia occujiação dos mercados, fazendo mais por esses processos pacificos do que pelas ope- rações de caracter militar. E' debaixo desse ponto de vista que \amos enfrentar as futu- ras remodelações, quasi (pie com]:)letas, nai orbita universal. .Já o disse a palavra autori- zada de LIoyd George. ha três ou quatro ân- uos, quando previa que um novo mundo ia, abrir á concorrência mna conq)leta remode- lação do trabalho, cogitando necessariamente; do novo elemento que surge actualmente. E.sse elemento de caracter social e indispen- sável aos industriaes, é o operariado. Os ])odero.sos "tanks" vão agora sulcar os campos, re^•olvendo a terra jiara a cultura, j luxando atraz de si innvmieros arados e gra- rles. Os o])erarios e camponezes, que foram desviados para o sagrado dever de defender a pátria, terão de voltar a labutar era prol do restabelecimento e equilibrio económico dos seus paizes. E' diante desse grande espectáculo que- as nações modernas vão entrar na ).>orfiada lucta ]iara a conquista dos mercados. Que compete, então, ás administrações dos paizes que teem a responsaliilidade di honrar os seus sagrados ]iavilliões ? — Erguer o facho luminoso da sciencia,. enipmihado ]ielos homens mais competentes e pierseverantes, e illuminando a suave estra- da do nosso futuro, apiiellar para todas as- energias afim de que. nessa P'eleja, o nosso^ paiz occupe o melhor logar. Não é i)0ssivel que o Brasil, diante de tantos thesouros. que nem sequer foram ain- da tocados pela mão dos homens; diante de tantas riquezas naturaes; diante desse espe- ctáculo sublime de ver augmentada-, em me- nos de cinco annos, a sua exportação de quasi trezentos mil contos, compai'ecendo aos mer- cados estrangeiros com artigos novos; sobre o- qual o mundo inteiro volve as suas vistas,, considerando-o um campo de trabalho, um campo de riqueza fora do conmium,. no ter- A LAVOURA 79 reno da pecuária e da agricultura eui geral: não é possível — repito — que nos não una- mos para que o nosso paiz oceupe, como deve occupar muito breve, o logar proeminente que lhe está reservado na gloriosa estrada do porvir. Collima esse objectivo a actividade da Sociedade Nacional de Agricultura, que 6 o pioneiro do nosso progresso económico e cujos esforços se vêm accentuaudo de alguns annos a esta parto, cabendo-lhe, por isso, o titulo de directora e coordenadora dos nossos mais vitaes problemas agrícolas e até indus- triaes e commerciaes. Lamento sinceramente não estejam pre- sentes o Sr. Lauro Muller, cuja acção nesta casa ou como homem publico excu.sa realçar, porque todos a conhecem ; e o Sr. Miguel Calmon, que se tornou aqui o centro das "me- lhores e mais profícuas energias. De facto, a Sociedade Nacional de Agri- cultura é hoje conhecida mais pelos seus actos, que pelas reuniões que realiza semanal- mente; e o patenteiam as expo.sições por ella realizadas, os brilhantes congressos que tenr organizado, além de muitos outros serviços de ordem pratica que ella vem prestando ao paiz. lí' uma Sociedade que ganhou, nmito' justamente, a posição que conquistava, estan- do integralizada na nossa vida de trabalho- de tal modo que os seus serviços são hoje im- prescindíveis. Como membro do Governo, praz-me de- clarar que o seu, programma, emquanto esta Sociedade orientar-se dessa forma, não será outro que de apoial-a. Aliás, na Argentina, no Uruguay, na Inglaterra e em outros paí- zes, as Sociedades do género e posição desta desempenham um nobre pavel junto á alta administração publica. E, pois, repito, emcjuanto esta Sociedade se mantiver na altitude que ora assume, só poderá encontrar, da parte do Governo, por meu intermédio, o seu decidido apoio. Ao terminar, felíciio-me do ensejo de re- ver os meus amigos da Sociedade, bem como de volver a ella, á qual auguro os melhores proventos o a maior prosperidade." y&w- Semeador simples plantando algodão "Upland", vendo>se perfeitamente as linhas rectas da plantação — Estação E.vperimental de Coroatá, Maranhão. £0 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA (^ PELO ALGODÃO DO BRASIL ^ A repercussão que tem lido no nosso paiz a questão do algodão, por cuja producção, seleccionamento e beneficiajncnto a S. N. de Agricidtura vem se batendo ha nuiito tempo, justifica a transcripção do artigo- do- nosso director Hannibal l'orlo, )-ecem-publicado na excel lente revista Indimtria c Cormiicrcio: desta Capital, da qual é elle dos mais assíduos coUaboradores. O assumpto, jjela sua opportuniaade, me- rece a maior divulgação, no interesse da la- voura algodoeira : "Ha por toda a parte, nesie nioniento, accentuado movi(nento no sentido de modi- ficar os methodos de beneficiamcnto e acon- dicionamento do nosêt> algodão considerado de primeira ordem, mas repcUilo do merca- do estrangeiro, muito justamente, pela má apiiarencia e falta de uniformidade, que in- dubitavelmente o eollocam em plano inferior, sacrificando, dessa ai"te, os interesses do Bra- sil, que perde assim um vasto ctmipo de ab- sorpção do excesso da jiroducção de uma das mais importantes das suas riífueza^ culturaes. Si bem que, na Europa, se rec-oolieça a superioridade do nosso algodão, es]iecial- inente o de origem do Nordeste, considt-rado, pela extensão e resistência da fibra, por ou- tro lado ninguém quer allí adcfuiril-o pelo risco de impossibilidade da sua applicação na tecelagem que exige uniformidade quanto á extensão e alvura da fibra. De maneira que, assim não procedendo, ficamos em inferioridade perante os nossos concurrentes das Inditis Inglezas, Egypto e Estados Unidos da America do Norte, que se esmeram para satisfazer as exigências dos mercados europeus, sujeitando-se aos typos padrões das bolsas estrangeiras de ilgodão. A campanha que levantei, na Sociedade Nacional de Agricultura, a esse respeito, re- sultado de estudo e observações nos princi- paes mercados de Inglaterra, fez despertar os centros produetores que já pensam em modificações, sendo conveniente que os go- vernos da União e dos Estados não desampa- rem as iniciativas intelligentes e bem inten- cionadas que se apresentam a cooperar para obra tão urgente e opportnna. O Sr. Miguel Faustino dó Monte, resjjei- tado c prestigioso commerciante nortista, que eu tive a fortuna de conhecer na minha ul- tima excursão através do nordeste, acaba de suggerir á Sociedade Nacional de Agricul- tura, as seguintes medidas, dignas de serem meditadas : 1° — ser feita, em acção conjuncta, sob a direcção das proi)rias instituições locaes, a selecção da espécie da semente de algodão apropriada a cada terreno no acto do plan- tio, ainda no anuo de 1920. 2° — a colheita, não só desse plantio como a do algodão que já existe plantado, sem a devida selecção, seja feita com o maior cuidado e separação para evitar o quanto pos- sível o sujo, ao menos o sujo grosso, impossi- bilitando a machina beneficiadora de elimi- nal-o ; 3" — que esta selecção, separação e asseio sejam mantidos no acto de descaroçar e en- fardar ; 4° — que se obtenha por lei, ou outro qualquer meio suasório, que toda fabrica de beneficiar algodão (descascadores) applique, na capa dos seus fardos, um emblema ou nome com tinta a olco; 5° — que este emblema ou marca seja remettido e publicado nos jornaes de cada praça compradora e exportadora de algodão; (i° — que cada Estado, por suas associa- ções commerciaes, sociedades de agricultura, negociantes, etc, tome a si a direcção desse serviço, nomeando, em cada município, pes- soas do próprio local, praticas, interessadas e idóneas, para promoverem taes medidas, que se afiguram inadiáveis e salvadoras; 7° — a Sociedade Nacional de Agiicultu- ra do Rio de Janeiro pedirá o apoio e con- curso do Governo Federal nos seguintes ter- mos: O Ministério da Agricultura, Industria e Commercio subvencionará, para tal fim, a cada Estado. Esta subvenção será distribuída e entregue a cada instituição encarregada do serviço . 8° — o Governo Federal incumbirá ou nomeará alguns agrónomos para orientarem e auxiliarem o serviço, frequentando pessoal- mente todas as regiões e roçados de algodão; 9° — cada comprador de algoelo nosso il- lustre consócio engenheiro Antojnio Carlos de Arruda Beltrão em sua conferencia reali- zada na Sociedade Nacional de Agricultura, em 8 de Outubro, merecem ser rejiroduzi- das, para que os nossos consócios vejam nel- las ensinamentos de quem se occupou por largos annos da matéria, nella empenhando teiiipo, experiência e dinheiro: "Sr. Presidente — Meus consócios da Sociedade Nacional de Agricultura — Per- miiti que vos dirija algumas despretencio- sas palavras sobre uma das nossas jn-oducções que é ao mesmo tempo agrícola e industrial e que, como todas as importantes explora- ções económicas do paiz, no presente momen- to histórico do mundo, em face da profunda e horrorosa convulsão em que se debate a humanidade está tamliem em foco e attrahe a attenção de todos quantos patrioticamente se interessam pelo nosso progresso. Por um phenomeno que bem se explica, a reper- cussão do pavoroso cataclysmo que nos cam- pos do Velho Mundo devora os enormes the- souros accumulados pelo trabalho luuuano, vae sacudindo o nosso organismo nacional e despertaudo-lhe energias novas que a to- dos enchem de conforto e de coragem. Relevai-me a ousadia de abordar assiun- pto de tal magnitude e importância ; para absolver-me, porém, desse peccado, do qual, acreditai, tenho plena consciência, seja-me levado em conta o estimulo ]>;itriotico que me impelle a trazer também a minha mo- A LAVOURA 83 desta contribuição á obra fecunda desta be- nemérita Sociedade, que já se impoz ao res- peito e á gratidão do paiz, fallando-v 4,5 % do peso da canna. isto é, 45 kilos de . , , ,.„„ . , assucar por 1 .000 kilos de matéria prima, 'f » ^Jnn^nnnl "'^"i"'' '■ T'"' ""^'f e as usinas extrahem 8 %, rendimento que, 413.000:000$. sendo anula jmra notar que, por motivo que terei mais adiante de expli- ^o pa.sso que os 390 mil contos actuaes sao car, está abaixo da sua capacidade fabril, que «"«'"'los pelas despezas do custo da matéria deveria ser de cerca de 9,5 %. 1,'"™^, da fabricação, do frete, dos impostos Deixemos de lado o confronto desse ren- ^1" commissao e outros, que todas se i-odem dimento que obtemos da canna com o que computar talvez em cerca de 15.000 contos a industru. euroi>éa e norte-americana con- ';^'^y^/"; » ^^V^l^^ *o*'^l a 3/5.000 contos, os seguem receber ria beterraba, além do mais, ^l;"' ' '""*"'' 5"' i-epresentam o excesso até mesm,. por se tratar de matérias primas calcukdo, se manteriam quasi intactos, quasi diversas '^^ ™'^'- beijada, como se diz, porque a quan- tidade de matéria prima seria a mesma, pou- Procureinos. como é natural, comparar ^^ j^-,,-,joj. ^ ç^jg^^ ^^ fabricação e só as des- 0 nosso caso com os similares de Cuba, Ha- j^g^as commerciaes, as de frete e as de im- wai, Java e outros paizes estrangeiros, que gostos, o onerariam, isto é, com a mesma conseguem uma percentagem de cerca de t,uantidade de cannas que pro(Uizíram 13 %. E quereis saber, vós que não estais 420. 000 toneladas de assucar, |>oderiam amda fainiliarisados com as cousas da in- ^ij^pj. „,.,j,, ,|,, ,|ç,i,i.,, ,iy,,„^> producto. dustria, o que representa essa diff crença a gg ^ hvpothese. que acabo de figurar menor, que para as nossas usinas é de cerca p^j-a a fabricação se estendesse também ao de 3,5 % e para os "bangues" e de 8,5 % ? excesso que parallelamente nos daria a cul- Procurarei vol-o mostrar. (m.a aperfeiçoada que hoje consegue colher 180 toneladas de canna, por hectare, quando. PERDEMOS 413.000 CONTOS POR geralmente não conseguimos mais de 60, ANNO SO" XA FABRICAÇÃO nossa producção tomaria só por isso um surto enorme, pois, com muito menor área do que A producção indígena é, neste momento, a que actualmente cultivamos com o syste- de cerca ile 7 milhõi-s de saccos de (i() kilos ma extensivo, ella suliíría ao (juadru])lo da ou sejam 420.000 toneladas, das quaes ca- actual, ou 1 .OSO.OtlO toneladas (lue, jielo bem aos "banguês'" cerca de 150.000 e as luvco calculado, nos dariam réis restantes 270.000 ás usinas. 1 1 .()S().000:0O0$O()0 ! Essas 420.000 toneladas, aos preços ~ E' justamente esse atrazo revelado pelos actuaes de 1:000$ (1$ o kiío) para o as- 3 números, no que diz respeito ao nosso ren- A LAVOURA 85 dimento saccharino da canna, além do baixo rendimento da cultura da própria matéria prima, que explica o facto extraordinário da differença de producção deste paiz colossal com os minúsculos paizes estrangeiros, como Cuba, cuja superfície é menor que a de Per- nambuco e que produz cerca de 3.200.000 toneladas; Java, de superfície também me- nor, do que aquelle nosso Estado assucarei- ro, e que no emtanto, produz cerca de 1.700.000 toneladas e até a insignificante illia de Hawai, perdida no meio do Pacifico, que tendo ajiena.s a superfície de 11.300 ki- lometros quadrados, quer isso dizer, onze vezes menor que o referido nosso Estado, produz mais de 500.000 toneladas, isto é, muito mais quQ o Brasil inteiro ! Tudo isso attesta, sem duvida, um mun- do de circumstancias, muito outras que as nossas. Os fartos capitães americanos e hol- landezes bafejam, á saciedade, a industria de Cuba, Hawai e Java, a qual dispõe dos melbores processos da mais adiantada cultu- ra, de possantes e aperfeicoadissimos appare- Ihos e as luzes scientificas do mais compe- tente pessoal technico e i^rofissional, de modo a conseguir, ao mesmo tempo, o me- lhor artigo e o mais reduzido custo da pro- ducção. Cuba possue fabricas colossaes, das quaes uma ha que fabrica diariamente .... 12.000. Em Hawai encontram-.-ie. lambem, fabricas enormes com 18 cylindros expresso- res, havendo mesmo uma, a de Paia, que possue 21 cylindros montados para extra- hir 98 % de caldo ou sueco de canna, o que é realmente prodigioso. A média de produ- cção diária de suas usinas é de mais de 3.000 saccos de assucar. As nossas usinas, além de deixarem nuiito a desejar, quanto ao seu apparelha- mento, são, na grande maioria, de capacida- de demasiado reduzida para affrontar tão formidável concurrencia : sua capacidade média é apenas de 375 saccos diários. E se hoje ellas, assim como os próprios rudimen- tares _ "banguês", auferem lucros avultados, tal situação é inteiramente excepcional e transitória. Amanhã, quando esta cessar, essa lavoura e essa industria, iirincijialmeu- te a lavoura, voltarão á sua \ida ]irccaria e cheia de provaçõe.-^. Não devemos ter illusões a tal re.-jieito e ninguém neste paiz teve visão mais perfeita dessa verdade do que o bravo e illuminarlo lirasileiro Cincinato Braga, nu seu memorá- vel discurso do anno passad(j no seio do nos- so Parlamento. E'. seguindo os ensinamen- tos de espirites de tal envergadura, que os outros povos vencem e, o que é penr. ven- cem deixando-nos eternamente jungidos á nossa imperdoável miséria. Minha voz. acre- ditae-o bem, senhores, é simplesmente a da sinceridade e do patriotismo, porijue não me liga hoje (I mais indirecto interesse indivi- dual á industria, na qual fui um completo vencid(í e a que não mais voltarei nesta ida- de, qnandd, já inteiramente desilludido e s s s s s s s s s s s s s s s s s s s s s s s s s s s s s s s s ® m 1^ FONSECA, ALMEIDA & C. Importadores e Exportadores Especialidade em : Óleos, lubrificantes, grafias, estopas — Ferra- gens, metaes diversos, tintas e vernises — Accessorios para machi- nas — Materiaes de consfrucção — Material para Ssfrada de Ferro Officina em geral e Construccâo I^aval Correia Balata marca CAI/DERON. fabriro exclusivo de Turner Urotliers. Rochdale, Eiiíland. experimentada e adoptada official- niente pela iniciativa semjjre opero.sa e fecimda do grande Brasileiro Paulo de Frontin, para a connnemoração da passagem, em 1922, do no.sso centenário da Independência, e que se acha confiada á grande competência e ao pa- triótico esforço do >Sr. Professor Francisco s, ^^«-N. í^^,.-^l .«Ni^ \\ V \ "■"''^ "^rx Colheita rima, que é a canna. obtida pela cultura, e o seu tratamento ou transformação em assucar. Mas em toda i^arte do nunulo, senhores, existe ainda um terceiro e importantíssimo factor, que completa o cyclo de gestação da producção do assucar e rpie o nosso uivei de atrazo. que em tudo se manifesta, ainda não permittiu rpie viesse tomar o seu logar enti'e nós. Ocioso é dizer cpie me refiro á refinação lio assucar, á operação cpie o torna chimica- mente puro para entrar no consumo, ao mes- mo teui]io que affeiçôa e euibelleza o seu typo. Na marcha de remodelação e transforma- ção da nossa industria que, força é com grato aj)razimento reconhecer, se vae já acce- lerando. nos chegaram emfim os engenhos aperfeiçoados ou as — usivuis — . que tra- tam já cerca de metade das cannas que culti- vamos, mas, é triste registral-o. ainda não possuímos uma única refinaria, uiáo grado as tentativas que têm redundado em doloro- sos fracassos para aquelles que ousaram em- prehendel-as. Em toda parte do mundo, ao contrario das fabricas de assucar, localisadas geralmen- te nos centros ruraes, onde exercem o seu papel industrial, as refinarias, enormes, co- lossaes estaljelecimentos assucareiros, se en- contram nos empórios commerciaes, de onde o artigo se irradia em volumosas correntes cm demanda do consumo. São estaljelecimentos, que tanto têm de industriaes, como de connnerciaes, pois são por assim dizer as casas matrizes do commer- cio do assucar. Os indivíduos ou emprezas que os ])ossuem representam fortunas formi- dáveis, mesmo em tempos pa,ssados, como ainda ha vinte annos, o Sr. Spreckels, — fhe king of Sugar — como então o chamavam na Norte America, o Sr. Say, de Pariz, e em geral todos os refinadores do mundo então e agora. Ao tempo em que me occupava seria- mente desse objectivo, tive, em 1890. occa.sião de visitar, em Philadeljibia, a refinaria — Spreckels — propriedade do referido — Rei do Assucar, — cio qual acabo de vos fallar, e cuja producção diária, já a esse tempo tão remoto, attingia, notae bem, a enor.me cifra de um milhão de kilos diários ou mil tonela- das de assucar refinado, ou sejam cerca de 360.000 toneladas por anno, o que significa que a producção de todo o Brasil, naquella época, não dava para alimental-a. e mesmo a de 420.000 toneladas, a que já attingimos, apena.s chegaria com alguma .^obra; e hoje. 88 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA dado o natural iiicrciueulo de .sua ca]jacida- na Alleniaulia. durante o quinquennio de de, será talvez de todo insufficiente. A refi- 1906-07- a 1910-11 as differenças entre o re- naria — Say — de Pariz, que consegui tani- finado e o demerara a 9(i de ]iolarização ou Ijem visitar, produzia nessa é]joca (iOO.OOO o bruto a 88 grãos foram em média de réis líilos ou seiscentas toneladas diárias. Egual 041,5 por kilogranniia para os dous grandes ca])acidade tinha a de Aussig, na Boliemia. paizes, o que representa contra a nossa atra- Por toda a parte se encontram essas enor- zada industria de refinação uma desvanta- mes refinarias, até nos paizes que níio são gem de 058,5 réis por kilogramma. productores. como a Inglaterra, mas impor- Todavia, o ónus resultante para o custo, tam o assucar em rama jiara refinar. do assucar de consumo torna-se ainda mais A' vista do que acalio de vos expor, é o considerável, pelo facto de .sermos obrigados caso de inquirirmos de nós mesmos como se a fabricar nas usinas o crystal branco, qua- explica que. até hoje, pudéssemos dis])ensai lidadc indispensável ao refinador rotineiro o concurso desse elemento, desse apparelha- para obter os refinados superiores, mento complementar e imprescindivel á jj^g^ gj^ya muito o nosso custo de pro- vida de no.^sa in.lustria; e a resposta não ducção, não só pelo angmento das manipu- póde ser senão (pie só mesmo o nos.so grande laçõos, como .pela reducção decorrente da atrazo do qual a tanto custo e tão mornua- c-ai^acidade de trabalho da usina e resultantes mente nos vamos libertando, pôde explicar di.^pcndios com a mão de olira e o combus- semelhante estado de cousas que, ali^ii de tivel. determinar o consumo forcado de um arti- ^ , , •, ,,,„,„ r.,^ --.vt-o Aa ■ r ■ ■ • i - i> 1 O tvi)0 normal de assacar que ser\e cie go inienor e nni)Ui'o, cuio tvoo so o nrasil e ,* "^ , r- • ■ i i r, , 1 / , 1 . • 1 rama as grandes refinarias e o crvstal ama- Portugal (este peio menos ate ha inaico ,, ,^ . j j r>t; n,-> «-'•v,,, „„ ■ . • ■■ ' 1.1 • (■ rello, polarizando de 9d a 9b %. JNessa es- empo_)ainda usam abastarda a própria fa- '^^^^^^^ ^^^^_^^^^^^ ^j^, ^^^^^ ^^^ ^■ bricaç^w pipjudicindo os seus interesses, .jue. \,^^^-^^^ esmagada em moendas de tríplice por extensão, sao os do paiz, ligados a essa ^^^,^.^^,50, produz 90 kilogrammas de assu- iiqueza. ^^^ quando, com o crvstal branco, só se ob- E quereis saber o que caracterisa esse ^^,^^ g^ ^ma carga usual na turbina exige l.rejudicial abastar.lamento de nossa indiis- ^^^.^^j. ^ demerara dous minutos de ro- tria ? Dil-o-a muito melhor do que o pode- ^.^^.-^^ ^^^ ^ ^,.^.^^..^1 ,,j..,,^^.,, ^^^^ ^ ^,.^,.r^ ^ ria eu fazer e com muito niaior autorida- f^.f,^, grafina, consumido no Eio Grande, 15 de, no seu precioso livro "O Assu(;ar •. j.a- ,„i„^tos. Têm-.se ainda os cosimentos de 2» gina 60, o illustre Sr. Dr. Pereira Lima. um ^, o„ ■ ^^^_ ^^ j.,gj.^..,<, ^-,^j. inversão conse- dos Brasileiros mais com]ietentes e versados ,^,e„fps e forte quantidadr de mel a distiUar, no assumjito e que actualmente dirige com ,^ , . , , , tanto brilho e patriotismo o Ministério da ^ Tu-ío isso da logar a uma despeza eonsi- Igriculturn- deravel, a grandes entraves no trabalho e ' "Nota-se que comparamos o assucar re- ^^'-^^^ "'^ colheita, com prejuizo do rendi- finad., europeu com o crvstal branco brasi- 1"^;"*" ^^^ ^a"V«- A culpa e da defeituosa leiro quasi chimicamente" iniro. e .labi vae industria complementar, a da ret mação, que resultar uma das observações mais interes- "-^-^"i^ altamente concorre ,,ara encarecei c ,1 ,1 ' assucar de consumo, santes de nosso estudo. E' que o trabalho obsoleto e anti-eco- O que se torna mais grave, porém. _é que- nomico das refinarias nacionacs é uma das o processo colonial usado nas refinarias do l.rincipaes causas do encarecimento do as- Eio apenas modifica a forma do IjcUo crys- sucar de consumo. Duas tentativas jiara im- tal que as usinas fabricam, com sacrificio de plantar entre nós a grande industria, da re- sua riqueza saccharina. finação em Recife, e nesta Cajntal. ]ior mo- De analyses effectuadas pela Compaiiliia tivos especiaes, fracassaram. Existe hoje uma Assucareira, constam, as seguintes composi- fabrica de certa importância, cujas instai- ções que põem o facto em evidencia: lações não tivemos ainda occasião de conhe- cer e que nos consta não traltalhar normal- Cri/stal ituianlh, (deiiierara') : mente o crystal amarello (demerara) i)ara [iroduzir o refinado de ])rimeira (pialidade. A.ssucar 97,30 A differenea entre o preço da rama, en- Glucose , 0,49 tve uós, e crvstal branco, e o refinado, é de Cinzas 0,21 100 réis por kilogramma commumente. Agua e outras sulistaiicia- .... 2.00 •Tá dahi resulta uma aggravação no custo da manipulação nacional, pois na 1'rança e 100,000 A LAVOURA 89 ('ri/.ftn! branco: Assacar !)9,10 Glucose 0.11! Cinzas 0,10 Agn;» 0.20 Outras substancias 0.49 100,000 PiífinaiU) ihj Riu: Assacar 90.:!0 Glucú.se .3.1)0 Cinza.s . . ' 0.12 Agua 2,82 Outra- sul.i.-tancias 2.82 100.000 Ha, i'iii<. nu jiscudo refinadd, em rclaçãn ao crystal liranco. cerca de nove kilogram- mas em 100. que não são assacar e cjue o consumidor paga como tal; o género refi- nado, de boa qualidade, deve ]>olarizar pelo menos 98. õ ';^ . Eis ahi um ponto do problema que me- rece ãttenção e que jioderia prestar-se a unia mediíla de granile efficacia em Ijeneficio do pulilicii. ('(insistiria ella no encorajamento, por ]iarte do Governo, ás grandes refinarias que fossem montadas, com a clausula de trabalhar n i-rystal amarello, systcmatica- mente, e obrigação de fixar o i)reço do refi- nado para o consumo dentro de certos li- mites . Ha uma organização nesse sentido na Repulilica Argentina, conjugando os interes- se? das usinas com os da Refinaria do Ro- sário e solj a fiscalização governamental, no que concerne aos preços máximos no mer- cado. 8e as circurnstancias permittirem. iremos ao paiz vizinho estudar esse caso". E" PRECISO ^'ENCER A ROTINA Eis ahi. meus senhores, a explicação da reducção de coefficiente de rendimento de nossos engenhos centraes. Desviados de sua funcção natural de fabricar assacar para ■■s refinarias, simplesmente pela razão de não existirem estas ainda no paiz, assucar esse que no estrangeiro se chama por isso — as- sucar bruto — e que é o crystallizado ama- rello. elles se vêem forçados a fabricar o crystallizado l>ranco ou o typo grã-fina, imi- tação do branco dos antigos engenhos ou banguês, afim de offerecer essa singular matéria prima aos pseiido-refinadores indíge- nas,' cujo rudimentar e obsoleto processo só consegue oljter o seu refinado do similar liranco. aliás prejudicando até a pureza de sua conqjosição. como vistes da transcripção que acabo de fazer. distes, ainda, como essa anomalia na constituição de no.s.sa industria encarece o jiroducto das fabricas de a.ssucar, obrigan- (lo-as a augmentar. ])ara uma mesma quan- tidade de matéria jirima. a operação do cosi- mento de turbinação e outras em 'detrimento de seus réditos, além da própria inversão ou perda de saccharose que esse transito prolon- gado dos xaropes pelos apparelhos, através de dous ou mais jactos, acarreta para a fabri- cação. Mas a fundação da grande industria da refinação a])erfeiçoada entre nós, como aliás em toda a jjarte. e na escala e proporções que tal espécie de exploração exige, para que seu artigo fique por tão Ínfimo custo de produ- cção, e, portanto, possa ser vendido por tão baixo preço que leve de vencida as duas gran- des barreiras, a saber: a rotina dos nossos consumidores hal)ituados ao nosso tyjio de refinado e a pro])ria guerra da legião dos innumcraveis refinadores indígenas, essa fundação, repito, demanda de avaltadi,«simo capital, porque, além do custo da installação das fabricas, se faz preciso ainda um enorme capital de mo\imento connnercial para as grandes compras da matéria prima, que é o assucar em rama, e a collocação do producto que, pelo menos nos primeiros tempos, sof- frerá os esperados emljaraços. Como já tive occasião de dizer-vos, loucas tentativas já se fizeram : uma em Recife, sob o nome de "Refinaria Beltrão", da capa- cidade de SOO saccos diários, o mais gran- dioso e perfeito estabelecimento assucareiro no Brasil, e outra nesta Capital, na Praia Vermelha: ambas, porém, fracassaram, prin- cipalmente por não offerecerem as condições de viabilidade que caracterizei ha pouco. Todos os que, levados pelo sonho de se- rem ateis ao iiaiz. têm tido o infortúnio de se achar á frente de tentativas industriacl? da ordem destas, ou que disso po.ssam ter uma noção, uma visão verdadeira, podem avaliar e coniiirehender a somma de esforços, de vi- cissitudes, de verdadeiros soffrimentos que custaram taes tentativas com capitães de todo insufficientes e inteiramente desamparados do auxilio official. do seu liafejo. ao menos. E para attestar o facto, de que realmente se fizeram e.ssas tentativas, restam hoje apenas as enormes construcções que o tempo tem vindo gradualmente a destruir e a esplen- dida installação industrial nellas contida e que já se acha grandemente de^sfalcada pela rapina ou pela dispersão dos apparelhos 90 BOLETIM DA SOCIEPADE NACIONAL DE AGRICULTURA e peças, que vão semld vendidas a uni e a outro. E' simplesmente incrível, meu.s senliores ! A falta de iniciativa e o obscurantismo que reinam em nosso meio e em todas as eaplie- ras da nossa vida nacional vão a tal jionto que tudo isso se passa como a cousa mais na- tural deste muncío, como se aquellas soberbas installações, solíretudo a da "Refinaria Bel- trão", que custaram tanto dinheiro e uma somma de esforços ainda muito maior. <.'m um paiz, tão desa]iparelhado para attender a commettimentos dessa ordem, de nada va- lessem, não passando talvez de vesânias de cérebros doentios e desiquililjrados. Seria perfeitamente natural, como tan- tas vezes acontece, que viessem depois ou- tros que, aprovei tando-se dos esforços e do trabalho realizados pelos primeiros que ba- quearam na luta. retomassem sua obra in- terromi)ida e a continuassem até vencer, re- habilitando ao menos os nomes daquelles que não puderam lograr a realização do seu sonho grandioso; mas, não; ninguém en- xerga o ilescalabro e demais "]iara fpic ]i(')de aquillo prestar" Y e. . . lá vae tudd iTagna abaixo ! E, 11(1 emtanto, meus senhores, é por anuir da conservação desse processo de refi- nar assucar que já nos envergonha, ou jiela inca]iacidade de supprimil-o, o que não é menos vergonhoso, c por isso que ha já 401) annos que a navegação transatlântica á vela conduz dos portos do Brasil o nosso baixo producto do assucar das banguês, antigamen- te acondicionado em caixas de madeira e de- pois em saccos, a dessorarem na longa tra- vessia o melaço que as bombas jogam dos porões ao oceano; e deixo á vossa imaginação avaliar toda essa riqueza perdida: é |)or isso, ainda, que ha já meio século a fabricação aperfeiçoada nos chegou e o nosso prejuízo apparece ainda sob uma nova forma ! Os Americanos do Norte, ao iniciarem a sua industria agrícola do trigo, diziam qup liav'am de aperfeíçoal-a a tal ponto que as suas barricas de farinha correriam o mundo como o dollar e o cumpriram : au passo que nós, no decurso de quatro séculos, ainda man- damos para as refinarias da líuropa o baixo producto de nossa industria secular de assu- car. depreciado e a largar os pedaços pelo ca- minho ! Agora mesmo, nesta quadra excepcional, que nunca mais .orventura opportuno trazer ao conhecimento desta illustre assemljléa, que eu erigiria em tribunal augusto, as pe- ripecias desse grandioso emprehendimento e o paj^el que nelle representei. Por outro lado, poderia ainda talvez trazer com isso al- guns ensinamentos aos Cjue quizessem metter honil)ros a essa obra grandemente patriótica que rne esmagou e cpiasi nu' tirou a ])ropria vida; mas importaria isso prolongar ])or de- mais esta iialestra e mais abusar de vossa lon- ganimidade. Restringir-me-ei. pois, á these geral que me jiropuz tratar e terminarei esta alinha- vada )ialestra registrando os meus sinceros votos i)ara que Deus inspire aos que moure- jam na exploração dessa nossa grande ri- queza, afim de que aiipliquem todos os enor- mes proventos, que lhes t(/in Irazido a pre- sente quadra que, repito, nunca mais se re- produzirá, no sentido de aperfeiçoar suas culturas e reformar o seu apparelhamento in- dustrial, á altura do jirogresso actual e da formidável concurrencia mundial. E' essa uma verdadeira medida de "struggle for life", e elles devem lemlirar-se de que os que vencem têm todos os talentos, todas as vir- tudes e os que succumbem rolam na valia commum e nem sua memoria se salva, tal a dura realidade das cousas liuniaiias. Devem elles compenetrar-se de que não têm a contar senão comsigo jiroprios como agora mesmo ficou provado com a ameaça de ser tributado pela própria União o seu ar- tigo de producção. Deus lhe dê, pois, juizo e coragem ])ara agir em }»ról dessa nossa se- cular industria, que nos veio com o alvorecer de nossa í^stirpe e está ligada á liistopia na- ciopal nos ]niinordios de nossa vida de Ame- ricanos, ])OÍs foi dos verdejantes e ondu- lantes cannaviaes pernambucanos que emer- giram os nossos primeiros surtos heróicos pela liberdade que affirmaram a indomável energia de nossa raça. com a expulsação do A LAVOURA 91 HoUaiulez im século XVII. com as revolu- ções de 1817. 1S24 c 1848. Em nome dessa nossa industria que, como as similares estrangeiras, só precisa de animação e protecção para tornar-se tambein um dos maiores factores de nossa prosperi- dade, eu, do seio fecundo desta benemérita Sociedade, na fiual um pugilo de patriotas abnegados Brasileiros, tendo á frente a gran- de e luminosa cerebração do illustre Brasi- leiro Lauro Miiller e a assistência solicita, ca- rinhosa e indefectivcl do não menos illustre estadista Miguel Calmou, e-se espirito supe- rior, suljstractiuii. symljolo de alma encan- tadora e enérgica de nossa raça. lutam sem tréguas, nem cesfallecimentos pelo triumpho dos ideaes economicc^ de no.«sa Pátria ; eu termino, meus senhores, por erguer desta fri.h--<]a an vehemente appello a todos os nossos compatriotas de lioa vontade para que se não descurem da sorte da nossa lavoura e industria da canna de assucar e congreguem comnosco os seus esforços para encaminhal-a aos brilhantes destinos, a que tem direito. ^SiS,m^s^ssss&~'^-«»sík.i^ss^ ^xv-iissss^^&&sm Arvore piodiutiva ilo algodão do Ceará, Estação Expeiimental de Coroatá, Mara nhão. 9^ IRMÃOS CASTRO — Vendem reproductores das ra- ças Caracú e Hcllandeza, a preços razoáveis. Para mais informações e pedidos com o Sr. Roberto Dias Ferreira — Rna i" de Marco n. 15 — Rio de Janeiro. '# 0 92 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA 7^ oultuna cío fxuimo & o seu pr>o pano si-^s; =::5 =::5 (Conclusão) P^niiilia lias Siilaiiac(_'as. Género Nientiana. E<])ec'ie cultivada — yivolinna-Maeio- pln/lii (nomo ^cientifico). Vaiiedades — l'^nnjo da Baliia (nome vuluar ) . X. 1 Manocas de 1" corte. y. 2 Folha.-; abertas do 2° corte. CULTURA RA(;T0.\AI. E ErOXOMTU.V Terreno (^iniproprio para a cultui-a iln Taliaco ) .silico-argiloso (salão) . Sem adubação nem correctivos cliinucds. Ciirrectivo.'* ]ihy.*icos e mechardcos de ro- íéa . X. 1 TratanieiUo iiclu processo da ceva. N. 2 Trataniento pelo processo de rosá- rio e ]iilhas de 8 folhas. Firmenlação em cama. (*) CULTUl; .V EXPERLMENTAL Etn meus anteriores artigos publicados sob o titulo e sub-titulo acima, disse que o aroma das plantas faz sua migração da raiz á flor e desta aos frutos ou sementes ahi con- centrado para se transmittir á esjiecie pela reproducgãov Ora, runa vez eliniinadosi os órgãos floraes é claro que por uma acção de retorno o principio aromático em evolução na seiva deve-se encontrar nas folhas antes de chegar á raiz jior comiileta desccnção após preenchido o cyclo vegetativo. As substancias odoríferas, o aroma n))- tido e verificado nas flores do fumo da cul- tura especialisada concentrou-se nas folhas de todos os indivíduos cujos órgãos floraes foram suppressos por ablação, ou como se diz em gyria, pelo processo usual da caparãa, (*) Plllllic.Ttlo 110 'Gommercio e IiKlufitvia" 1918, pag. 47. 'Boletim lia Agrimiltura, — Bailia — Xs. 6 e 7 — O cjual é adoptado para augmentar o desen- volvimento das folhas e concentrar concom- mitantemente os ])rincipios aromáticos que ';e formam pala cultura e se transformam pelos processos de fermentação como deixei explicado em meus anteriores artigos já pu- blicados. O resultado das exiieriençias foi sa- tisfatório obtendo flores odoríferas e folha-s que tratadas methodicameute (xla fermenta- ção verde, em pilhas dr nitu folhas, sasi^en- sas em rnsario, fermenladas em rama, ob- servada a temperatura a thermometro, pro- ■luziram charutos de especial aroma, caracte- rístico e manocas de aspecto e jierfume agra- dável e còr uniforme; as folhas nas cultu- ras, em pleno campo «lavam por transuda- ção o cheiro jJrenunciador daquillo que al- mejava conseguir. Tal como nas culturas de canna, ás ho- ras da canicula, sentem os transeuntes o cheiro característico do caldo ou do mel, a essência do alecrim nos campos em que flo- resce este vegetal, o perfume da angélica e das flores, das gramíneas como o capim de .\ngola, o cheiro avulpínado do cai)ím gor- dura, entre outras; e não é novo o iihenome- no; sentia-se ao jienetrar na cultura do fumo tratado ]>e\o processo por mim adoptado, nos momentos em rpie a transudação era forte, o auspicioso e alviçarcíríi odor vvrU-cado ])elo chefe de culturas ipie me cummunicou o fa- cto e mais pelos alumnos encarregados do tratamento na jinipria lavoura. .V convite do chefe, agrónomo Riccó David, verifiquei in loco o phenomeno de evolução relativa- mente ao fumo regado. O resultado das ex- periências consta de meu relatório para o exercício de 1914, como passo a transcrever: Além da cultura racional, do fumo, a que mandei proceder para exercitar os alumnos na pratica de uma planta cultivada nesta zona e com o fim especial de inicial-os nos processos de tratamento, fermentação e bo- nificação por mim aconseliiados em meus ar- tigos publicados no "Boletim de AgTÍcultu- ra", deste Estado, realizei a cultura experi- mental desta solanacea pelo jiroccsso de irri- gação de que nos mesmos trato, folgando em registrar aqui o feliz êxito olitido, c(iuseLíUÍn- di) flores de um cheiro delicado e accclerar A LAVOURA 93 a germinação da* sementes em (juarenta e oito horas ovi dois dias. O finno germina en- tre um minimo de 12 dias e máximo de 20 dias; entretanto as sementes mergulhadas ua p]-eparação de meu uso nella emliehida por espaço de 12 horas, seccadas entre tecido de lã e plantadas ou semeadas em viveiros de terra assaloada (porque o Aprendizado não possue terreno arenoso, o mais ])roprio á eul- tura do fumo) sem prévia estrumação ou adubação, plantadas em alfol)re a (i de Agos- to a 16 do mesmo niez já estavam germina- das, visíveis á flor das leiras. As sementes fo- ram recolhidas ao panno de lã e expostas á quanto as flores dos typos de cotejo (1) con- servavam-se inodoras como são as flores da.s espécies nirnfiana^ e especialmente a varie- iia de Outubro, ]iroxinio passado, em que me communicaes haverdes verificado a excellen- cia dos processos por mim indicados em meus artigos sobre a cultura do fumo e seu pre- paro. Muito vos agradeço a participação para mim elogiosa e que vem confirmar quantp hei escripto e observado nas culturas reali- zadas no Aprendizado. O Dr. Cândido Ej- beiro, professor repetidor de Chimica, que já teve grande fabrico de charutos e o cultivou em Muritiba, examinando o fumo fermen- tado no Aprendizado pelos meus processos dá I«ira os mesmos uma superioridade egual á vossa sem que entretanto a conheça. E'-me nuúto grato vos scientificar que a cultura ex- A LAVOURA 95 perimental feita com o preparo que aconse- lho para embebição das semente? e irrigação deu óptimo resultado, antecii)ariilo á germi- nação em dois dias e dando ];ierfume delicado á flor do fumo, que como sabeis é inodora. Necessariamente o perfume contido c olitido na flor conservar-se-á na folha desrle que ])e- la capação se impeça o desenvolvimento dos órgãos floraes. Agradeço-vos muito penhora- do o empenho em j^ordes á prova os uieus conselhos, resta-me a grata satisfação em vel-03 confirmados por vossos dedicados es- forços". Em Brotas os resultados satisfactorios confirmaram minhas assertivas ; as operações dirigidas iiessoalmente por mim de embebi- ção e irrigação deram resultados positivos. Encarreguei o chefe de culturas de executar e fiscalisar o trabalho no cam])o, tomando stante e obterem-se jiroductos de fumo com natural e especial perfume, certo muito mais apreciado no commercio. Para falar restricta e detalhadamente do assumpto, do principio até agora, para que V. S. possa formar uma base segura sobre os tratamentos consecutivos, do meu melhor modo me explico: No dia 6 de Agosto intro- duzi por espaço de 12 horas as sementes do fumo, que V. S. me entregou, na solução que me fez prejiarar, assim composta: Agua Estrume ovino Extracto de Valeriana. Extracto de Cumarina . Sementes de fumo . . . 10 litros 1 . 000 grammas 850 450 30 Passado o tal es])aço de tempo de 12 ho- DDD m *:■ i ^'h r-4 ^W^í^Ê^ .. t \^ .<^ > '. ■ W^ m, — mw^ 'V ■i %•' 1^^ ,. _ notas das occurrencias e de ciuanto fosse ob- servado. Em seguida transcrevo o que em data de 26 de Novembro me communicou o mesmo agrónomo, chefe de culturas, neste Aprendizado, Sr. Riccó Davide : "Brotas, 2(3 de Novembro de 1913. Ulmo. e Exmo. Sr. Director. Tenho o prazer de communicar a V. S. o confortante êxito da cultivação experi- mental do fumo, a qual com todo o cuidado 8 com muita ordem, na hoi'ta deste Aprendi- zado, semeei e tratei em seguida segundo o desejo e indicação de V. S., fazendo uso dos ingredientes fornecidos com o fim de conse- guir o tanto desejado perfume nas inflores- eencias (o que se não verifica até o presente em nenhuma variedade) com a intenção fi- nal de ai)resentar em seguida uma derivação na semente a reproduzil-o de um modo con- ras procurei bem dessecar as sementes para facilitar o espargimento na sementeira. Um dia depois effectuei a semeadura no terreno, em leiras, de natureza silico-argiloso e sem adubação prévia em diversas parcellas, fazen- do em seguida, e por duas vezes ao dia, irri- gações com a acima citada sdjução ferti- lisante e perfumada de vosso processo. No dia 1(3 de Agosto mesmo já appareceram em germinação, e sem mais deixar a irrigação supradita, consegui obter as plantinhas promptas para o transplante depois de 20 dias. Effectuei o transplante na mesma horta e em terreno da mesma natureza do primeiro, procurando no tirar as plantinhas da se- menteira de fazer ao mesmo tempo uma ope- ração de desbaste. Do resultado da transplan- tação me limito a dizer por agora que depois £6 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA ■Ao melhor o ríicioiíal tnitaincuto cultivativo, já operei a primeira e aljundante colheita (las folhas, que soffroram o tratamento ila primeira fermentação verde. Logo que estejam completas as ulterio- res operações de fermentação darei o resul- tado final desta experiência. O (pie tenlio de mais importante a confirmar por a.Líora é o resultado i)lenamen(c favorável ao enten- officio n. (í;!, de 20 de Outuhro próximo passado" . De quanto aqui exaro três cousas se evi- denciam : 1" — Consegui pela cultura ex]ierimental dar iierfume delicado e l)em determinado a uma flor inodora ou de aroma exquisito, ])i.uco agrailavel ao sentido do olfato, cara- cleristico do cerol. era Fig. 3 àimento prefixo no constatar n perfume tao agradável nas inflorescencias das plantinhas deixadas na sementeira agora tão hem flo- ridas, líu estou hem convicto que A .S. po.ssa conseguir o seu intento, haseando-se no resultado desta primeira operação e que com a repetição da mesma ]>odcrá enconlral-o í-om constância como já próprio de typo de fumo superiormente ai)reciado, confiando no entendimento de V.H. de poder em seguida disi)ensar o artificial tratamento irrigatorio. Sem nada mais a accrcscentar i)or ora, com muito rcsiteito "\'.S. Ilima. Ohgmo. — Da- '•i'Ie Riccó. ('hefe de culturas". Em data de 1" de Dezembro do anuo juis- sado recebi novo officio do professor ambu- lante, com exercic'o cm Saiitn Anlonut de Jesus, Engenheir:i Agrónomo Lodonio de Almeida, em o qual me relata a continuação íle suas experiências alli. .•seguidas as minhas indicações e tudo c infirma nos termos (jue íeguem : "Pelos resultados ol)tidos, em a successão de experiências a que a tenho submettido, colliidos do camiio de demonstração deste l'r()fessora;'o, julgo-iiie habilitado a confir- mar-vos a(p!Íllo de «[uc, já vos informei em 2" — Pre|iarci uma variedade de nicoti- na a fixar um caracter dos chamados fluctu- antes e que lhe era então exl ranho. :;•' — Iniciei egualmente no Estado a fermentação verde olitendo excellentes resul- tados, os quaes foram confirmados experi- mentalmente em Santo António de Jesus pelo professor ambulante Engenheiro Agró- nomo Lodonio Ferreira de Almeida. Dando hoje cumprimento a quanto pro- metti de voltar ao assnnqito não devo con- cluir e,ste sem tratar do insecto, novo inimigo (lo fumo, por mim deseripto e referido cm meu ultimo artigo sob o titulo — C) funio, c sub-titulo — Cultura intensiva, alternância, rotação, ou afolhamento, pequena proprieda- de e pequena cultura em S. (íf.nçalo dos Campos, publicado no Jornal de Noticias, n. 9.249, ecUção de 10 de Janeiro de 1911, porque tenho pedido para S. Gonçalo r.spe- cimens para estudo, não obstante reiterados [ledidos de .sementes os recebi por solicita delicadeza do Sr. Coronel Annibal Pedreira, meu digno amigo, quando já tinha feito a leitura do estudo sobre o titulo, a praga dos melanciaes, jiiildicado pelo professor de Ento- mologia da Escola de Piracicalia, Dr. Gregó- rio Bondar, na Rerinld Chacaraít e (^uin- taea. pags. 12 e 13, edição de Novembro de A LAVOURA 97 1913 e Boletim do Ministério da Aiíricul- tura, Industria e Commercio, anno II, n. '\ edição de Novembro a Dezembro de 1917. pag. 117, em que descreve um insecto da or- dem dos Coleo])teros, familia Chrysomelidie — espécie Diabrotica speciosa, o qual por todos os característicos descriptos deve sero mesmo parasita que destróe o fumo em São Gonçalo e por mim referido. Perteiu-e ao grupo das vaquinhas e por tal nome é co- nhecido, supponho ser o mesmo que segundo o professor Bondar persegue os Melanciae.< como persegue a batatinha (solanum tul)e- rosum) nas culturas do Estado de S. Paulo. Não o vi ainda sinão em S. (ionçalo dos Campos por mais que o tenha procurado nas culturas de S. Bento e Brotas. E' como bom o descreve o ]irofessor de Piracil)aba, em 1913, e como o fiz em 1911 : um insecto pe- quenino, de cinco milli metros de compri- mento, auri-verde, isto c, de elytros verdes e .seis fachas amarellas; sendo três em cada elytro, cabeça pequena egualmente amarella. Voam muito; são lindos; seu nome de espé- cie indica o que é — diabrotica — devasta- dor, perigoso — speciosa — bonito, lindo. Não ]ireciso, pois, occupar-se mais de classi- fical-o, porque já o era. Consigno entretan- to, seu apparecimento como ])raga do fumo, no E,stado da Bahia desde 1910, quando o descobri em S. Gonçalo dos Campos e cuja descripção dei em 1911, no artigo citado. SILVEIUO GULMARÃES. NOTA autor. Este trabalho não foi revisto pelo "Paysaiidú", da raça "Hereford", com 28 iiieze.s, tia Estancia S. Sebastião, pro- priedade de Eleuterio Bruni — l>. Pedrito, K. G. do .Sul — Vendido em S. Gabriel, paia A. Machado, por Ks. :í:000$000. IdIMÃOS castro — Vendem reproductores das raças Caracii e Hollandeza, a preços stendendo-se essa côr pelo limbo. Lagarta — Bruna com a cabeça negra, ten- lo pelo corpo linhas lateraes amarellas alterna- das com outras mais escuras, ventre e patas niembranosas avermelhados . Vive, também, em sociedade e o ninho igual- A LAVOURA 99 mente grande, de tecido de seda eiu mistura com fragmentos de folhas, eneoutra-.se com o de B. Aatiiru na.s palmeiras. Habitai — Toda a America ^Meridional, .sendo conhecida no Rio de Janeiro, Estado do Rio de JaDciro. ilatto Grosso, Corrientes, etc. Appareee juntamente com a sp. precedente ao cair da tarde, pelos mesmo.s meses. .V. persrus, typico figurado por Cramer, e por isso, propõe chamal-a M. Perscidcs. Deyrolle (nota, I. e.) assim não pensa e julga que a sp, em questão é M. hércules, Dalm., abundante no Bra.sil, e não M. perseus, que, a •leu vêr, é uma variedade de M. telcmachus,. Cr., iriec L'mn.) sp. peculiar á Guyana e que não occorre no Brasil. FA:\í. .^lORPHlDAE Gex. ^Iurphcj, Fabr. Fabr. III. Mag. VI p. 2S0 (1807) M(.)RPHO HERCULES, DaLJI. Imago — S 0.15.3 a 0,170 de envergadura. Azas anteriores e posteriores dum negro Iirunaceo, com o meio do disco largamente di;m cinzento verde azulado, mais accentuado para o nascimento das posteviore.s. Borda externa das quatro azas com uma ordem dupla de manchas de um amarello ocre ala- ranjado, tendo a mais interna as manchas maio- res e quasi orbiculares. Face inferior das qua- tro azas de um bruno amarellado. As anteriore.3 com desenhos em manchas bruno-anegradas, braneo-argentadas e de um amarello ocre pallido, vendo-se, ainda dois océllos negros circulados de amarello arruivado com a jiupilla branca em traço. As posteriores com manchas brauco-ar- gentadas e quatro océllos negros circulado.s de ferruginoso, com a pupilla formada por átomos branco-azulados : borda terminal orlada por uma dupla e estreita faixa ferruginosa. Ç com 0.175 e O.ISO de envergadura, .se- melhante ao 6 com as cores mais ]3allidas e as manchas niarginaes maiores. Lagarta — De um verde brunaceo, pubesceu- te de curtos pellos negros, com a cabeça de um bruno claro. Chrjjsalida — bastante grossa, com uns 0,0.35 de comprimento no maior eixo e 0,022 no menor, de um verde azulado, manchada de quasi branco na região pterygial. As lagartas vivem em sociedade de umas 50, ou mais, dentro dum ninho .semelhante ao das duas sp.s. precedentes e saem á noite, em busca de alimento, provavelmente da.s folhas de algu- ma llimosacea. Habitat — Rio de Janeiro e seus arredores, de fevereiro á abril, nas mattas. Nota — Provavelmente é esta sp. que se acha descripta. a largos traços, por Burmeister (Rev. ilag. Zool. p. 10. u. 3, 1873), com o nome de M. perseus. Cr. ob.servada no meio de feve- reiro ao fim de marco nas matta.s do Corcovado. Diz esse auetor que ella differe ba.stante de ildRPHO LAERTES, ])RU. Imago — J 0,095 a 0.110 de envergadura. Azas anteriores e posteriores de um branco azulado, opalino, fracamente transparentes. As anteriores com o ápice negro, prolougando-se essa côr pela borda terminal, vendo-.se, por den- tro, duas ou três pequeninas lunulas também ne- gras. Borda costal negro-brunacea ; cellula dis- coidal marcada no arco anterior por uma faixa transversal curta, um pouco arqueada, que par- te da borda co.stal. Aza.s posteriores com uma ordem de man- chas negras mais ou menos luniformes; borda terminal intercortada de anegrado. Face inferior das quatro azas semelhante. As primeiras, tendo fina bordadura bruna e duas mancha.s quasi orbiculares de um bruno negro, uma na 5.'' e a outra na 6." cellula. esta marca- da de branco no centro ; pontos marginae.s, bru- naceos. A.s segundas azas. com a borda marginal intercortada de bruno, tendo no meio do disco uma faixa transversal formada de océllos alon- gados, de um amarello ocre circulados de negro; ■ingulo anal com uma mancha dessas dua.s cores. Lagarta — (*) de 0,075 a 0,090 de compri- mento, de um bruno claro com linhas longitudi- naes ruivas, bordadas de negrr ; segmentas or- nados de pincéis de pello; corpo com estrias es- cura.s e pubescencia amarella mais accentuada no.s lados ; cabeça vermelha com pellos lateraes p]'olongados. Vive em sociedade de 50 e mais em ninho ovalar de forte tecido de seda, de um amarello brunaceo, tendo, por fora. fragmentos do caule e de folhas do vegetal, que lhe serve de alimento, o ingazeiro (Ingá bahiensis. Bi nth, e Ingá- affi- nis, D. C). ' Acham-se os ninhos penduradcs nos galhos e a seda, de que são feitos, encontra-se espalha- da, formando xima espécie de tapete pelos ramos vizinhos. Nesses ninhos ainda se notam, com o velho tecido, muitas pelles caídas durante as mudas e novo revestimento de seda. As lagartas, em geral, durante o dia estão escondidas e apparecem pelo crepúsculo. Habitat — Rio de Janeiro e seus arredores, muito abundante em novembro ; Estado do Rio de Janeiro. 100 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA Sp. sciuflliaiite a .¥. Inertes, é M. (atcna- rh/s. 1'irni, qup oecorre ao Sul do Rio de Janei- ro. Paraná. Santa Catharina e Rio Grande do Sul. As lagarta.s de.ssa .sp. são pareeida.s com a.s primeiras, vivem em pequenas sociedades, mas, iião fazem lunho. revestem, apena.s, de seda os galhos do vej;-etal em que .se acham (*). Outrcs Morpliidfos, provavelmente, têm a me.sma biolofíia das .sp.s. precedentes, isto é, ora fabricam ninlio, ora não; nesse numero é possí- vel que estejam es dois mai.s conunun.s de um azul cambiante, muito abvuidantes no Rio de Janeiro, de fevereiro á abril : 31. anaxibia, Esp.. o Azul ceda e .1/. meinUnis )ustira, HiibH.. o Praia Grande, frequente também em Niterói, São Gon- çalo, Jurujuba. Atalaia, etc. líETEROCERA E" iMitre o.s Lepidoptero.s desta .secção que se encontram os vei-ihtdeiros e mais notavei.s pro- ductores de seda. Cabe ao nosso paiz algumas importantes sps. do geií. Aftacits. l-ujo.s casulcs têm .sido en.saiados com successo. Não obstante \nn grantle numero de sps. espalhadas por diversas famílias e géne- ros, apena.s i)rotegem as chry.salidas por escasso tecido de seda claro ou escuro, de maior ou me- nor resistência, nesse niuiiero estão algumas das Seguintes famílias : FAM. ARCTIIDAE Ge.v. Daritis, Walk. SriiFAir. Pericopinae Walk. Cat. Lêp. íleter. B. M. III p. 618 (1855) Daritis sacrifica, HtiBN. A lagarta alinienta-se das folhas do Cam- bará (Lrniftnin cumaru, Linn.) e das da Alcho- roiíea irirurdiia ( 1) Cars. Euphorbiacea conhe- cida em alguns logares pelo nome de maria raolle. Habitat — Rio de Janeiro e seus arredores, pelo verão; Estado do Rio de Janeiro, Espirito Santo. Jíinas Geraes. Rio Grande do Sul, Bue- nos Aires. A sji. t.viiica do Gen. é D. thctix. Kliig.. do México. Novo México. Costa Rica, Guatemala e Sul do Arizona . (•) Bui-m. II. c. p. i') B;ii-m. ]. c. p. n. í. t. 3. ft I. 2. 0ST3. n. 2, t. 2, ft I. 2. 1S73. SlIBFAM. PhAEGOPTERINAE Gen. Ecpantheria Hubn. Iliibn. \'erz. bek. Schmett. p. 183 (1822?) Ecpantheria ixdecisa, Walk. A lagarta vive em abundância na cidreira {('ifriis iiirilica cedro, Riaso) . Habitat — Rio de Janeiro, especialmente j)eIo outomno : Estado do Rio de Janeiro, Espi- rito Santo, Minas Geraes, Rio Grande ilo Sul, Republica Argentina. A sj). typica do Gen, é E. ocutaria, Fabr., da America do Norte. í^AM. CYLLOPODIDAE Gen. Lyces, Wai.k. Walk. Cat. Lep. Heter. B. M. II. p. 366 (1854) Lyces angulosa. Walk. A lagarta alimenta-se das folhas du nuiniie- leiro silvestre ou bravo (Praiiiis sphocrucurpa. Habitat — Rio de Janeiro. Santa Cathari- na. Rio Grande do Sul. L. angulosa, IVíí/íc. é a sp. typica do gen. FAM. LIPARIDAE Gen. Eloria Walk. Walk. Cat. Lep. Ileter. B. M. IV. p. S13 (1855) Eli IRIA SPECTRA, IIÍtbN. A lagarta é, algumas vezes, encontrada em varias Malvaceas. Habitat — Rio de Janeiro e seus arredores, [)rincipalmente pelo outomno; Estado do Rio de Janeiro. Espirito Santo. Rio Grande do Sul, M exico . E. sptctra. Hiibit. é a sp. typica do gen. FAM. NOTODONTIDAE Gen. Rdsema, Walk. Walk. Cat. Lep. Heter B. M. V. p. 1168 (1855) Rosem A dorsalis, Walk. A lagai'ta alimenta-se das folhas do vegetal conliecido por canella do mangue ou do brejo. Habitat — Santa Catharina, Paraná, Rio Grande do Sul . A LAVOURA 101 R. (íorsalis. 1\'(//A-.. é a sp. typiea do geií. Gex. Citherdxia. Hunx. Gex Nyst\le\ Gx. Ilúbii. Verz. bek. Schinett. p. 153 (1S22) Gueii., Si)ec. Géii. Lép. Noet. lí. p. 121 (1852) Citheroxia cassicts, Walk. Nystvlei guttiplex \ W\LK -^^ lag'arta alimeiíta-se das folhas de varias , Myrtaceas, como Goiabeiras, Araçazeircs, etc. A lagarta alimenta-se das folhas de varias ««i^^» também frequente na Aroeira vermelha Mvrtaceas, sendo encontrada frequente nas g-oia- (^chinus terebenUnfolnis. Radãi) e no Brauqui- beiras (Psidimn guaiava, Raddi. e P. pomifenim. ^lo, (Sebastiania ktotzsrhiaiia, Miiell. Arg.) . Linii.) e nos Araçazeiro.s (P. araçu. Riidrh.. e P. Habitat — Rio de Janeiro, j)rineipalmente eoriacciím. Mart.), etc. pelo outomno; Estado do Rio de Janeiro, Espi- Uahitat — Santa Catharina, Rio Grande do "t" '"^a^to, Minas Geraes, Rio Grande do Sul. Sul, etc. A sp. typiea é C. rrgtilis. Fahr. da x\meriea A sj). typiea é X. condi gf era. Gn. também do Norte, do Bi'asil. S. Thomaz e Antilhas. FAM. LASIOCAMPIDAE FAM. SPHINGIDAE Gex. Ldxo.MiA, Walk. A maioria das lag^artas desta família prote- gem as ehrvsalidas. FAM. ('ERATOCAilPIDAE Gex. Syssphixx, IIubx. lliihn. Verz. bek. Schmett. p. 153 (1822?) Syssphixx iioLiXA, Stoli,. A lagarta alimenta-.se das folha.s dos inga- zeiros {Ingá Ijahiensis, Beitth.. e Ingíí affiiiis. D. C.) e provavelmente das de outras iIimo.sa- ceas. Ilahitat — Rio de Janeiro e seu.s arredore.s, pi'ineipalmente de setembro a novembro; E.stado do Rio de Janeiro, Espirito Santo, Santa Catha- rina, Rio Grande do Sul, de fevereiro á abril, porém, um tanto rara : Buenos Aires, Surinam, ^léxico. .S". inoU)ia é a sp. typiea. Gex. Aoelocephala, Herr-Schafp Aussereurop. Schmett. I, p. 9 (1855) Adelíicephala subangulata, Herr-Schaff A lagarta alimenta-se, entre outras, de uma Leguminosa Mimosacea conhecida pelo nome de unha de gato (Acácia paniculata, Willdi) . Habitat — Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catharina, Rio Grande do Sul, ete. A sp. typiea do gen. é A. cadmus, Hcrr- Schiiff, também do Brasil. Walk. Cat. Lep. Heter. B. .M. \'. p. 1191 (1855) Ldxomia cyxhía, Çram. A lagarta vive em sociedade e apparece nos muros e nos troncos das arvores, especialmente nos logares húmidos. Alinienta-.se de varias Urticaeeas como : a urtiga commum (Urtica areiís, Liiin.), a urtiga vermelha (Vrera aniiigera. Miei.), o urtigão [Vreru .suOpettata. Miq.), etc. Habitat — Rio de Janeiro, extraordinaria- mente abundante de julho a setembro ; Estado do Rio de Janeiro, Espirito Santo, etc, Surinam e Guatemala. NOCTUIDAE FAM. EREBIDAE Gen. Erebus, Latr. Latr. Consid. Gén. p. 365 (1810) Erebus odora. Lixx. A lagarta alimenta-se das folhas de varias [Miniosaceas e, entre outras, das dos ingazeiros (Iiiga bahiensis. Benth., e Ingá affinis, D. C.) . Habitat — Esta sp. está grandemente es- palhada pelas Américas ileridional, Central e do Norte, sendo muito conhecida no Canadá. No Rio de Janeiro, é muito commum du- rante todo o anuo, tornando-se abundante do ou- tomno ao fim do inverno. 102 boletim da sociedade f.^:m. geometridae Gex. Urapteryx. Leac^h. Leaeh. Zool msc p. SO (1814) Urapteryx imlitiata, Grau. A lagarta ãi)i)arece commummente na trom- Ijêteira on c-artuxrira branca, {Dafiirti arhorea, Liini.) . Ilabi^fit — Rio de Janeiro, pelo outomno; Estaão do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul. Gex. ^Ielancurõia, Huex. Iliilei. Verz. l)ek. Selnnett. p. 173 -1 \»22) ^Ielaxchrmia pyliitis. Fabr. A lagarta é bastante commum .sobre varia.s Euphorbiaceas. entre outras a chamada .sarandy {Srhasfiaiiia angudifolia, MucU. Arg.) . Híihifiif — Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul. etc. E.sía .sp. também é conhecida numa grande parte da America ileridional. I*rof. BeiieilM'to llnyiiunulo NACIONAL DE AGRICULTURA MOVIMENTO DA SECRETARIA Durante o anno de 1919 a Secretaria da Sociedade Nacional de Agricultura expediu a èeguinte correspondência : Telegrammas 34 Cartas e offieios 3.917 Total 3.951 A correspondência recebida, registrada no protocollo da mesma secção, foi a seguinte : Carta.s 1.663 Offieios 778 Propostas 217 Telegrammas 191 Requerimentos 409 Cartrics 92 !Memorandun.s 67 Diversos 198 Total 3.61.5 « ^ lin siiiix» (avaliar (la laça "Hac Kiiey" sobre o rio Santa Maria — Kstaiicia S. Se- bastião, propriedade de Eleuterio Bruni, J>. I*edi-ito, K. (í. do .Sul. A LAVOURA 103 i^^i I ' ■ 4 SOXOS: Sua conservação e relacio com a Vj^ vida animal e vcíj^elal VS<^ CAPITULO V ' DE COMO MANTER AFERTIIIDADE DO SOLO P Na observância desta i^ratica é i^reciso considerar : 1 — A cultura de leguminosas em ro- tação e o revolvimento do estrume no solo, ■ou, melhor, a aração profunda para mistu- ral-o bem, intervaíladamente de quatro em quatro, ou de cinco em cinco annos. 2 — A applicação da cal, em pedra, ao solo acido, antes da sementeira de legumino- sas, cerca de duas toneladas por geira. de •quatro era cjuatro annos. 3 — O supprimento de esterco ao solo, ou de adubo verde pelo plantio de legumi- nosas, e de phosphato, dependendo a pro- porção da quantidade de adubo usada. No •sitio de onde fôr a colheita retirada, deve ap- plicar-se cerca de 500 kgs. de pliosiihato, de •quatro em quatro annos . Este é o Methodo Illinois, irãva manter a fertilidade do solo, e foi o Dr. C. G. Hopkins, da Universidade do Estado de Illinois, o seu pioneiro. FERTILIZANTES CHIMICOS. — O Methodo Illinois é applicavel ás condições ^•eraes de lavoura, no desenvolvimento da producção extensiva. Os fertilizantes chimi- ■cos são úteis ás culturas especiaes e em de- terminadas condições do solo. A menos que •convenientemente usados, de combinação •com o esterco e leguminosas, os adubos clii- micos podem comparar-se a drogas registra- das; seu effeito é temporário, devendo-se ap- phcal-os .continuamente. Não é que esteja- mos eondemnando o emjirego dos f ertilizado- res _ chimieos . Em certas occasiões, quando ■o solo se debilita, ou se quer apressar a pro- ducção, 0 seu uso é proveitoso ; não curam do nial, apenas o attenuam. Continuamos a insisth- na adopção dos meios já indicados neste trabalho, para manter a fertilidade do íólo,. AS CINZAS DE :\IAr)EIRA proporcio- nam um supprimento linn'tado de potassa, applicadas, de preferencia, nos [tomares e jardins. Elias contêm de 6 a 10 % de potassa e 25 a 30 ■% de cal; 500 a 700 kgs., por gei- xa, é a quantidade necessária. As cinzas neu- tralizam a acidez do solo. Todo lavrador ■que as tiver em sua propriedade, deve guar- dal-as com cuidado e utilizal-as como ferti- lizante . .0 PHOSPHATO ACIDO é um fertili- zante, chimicamente obtido pelo tratamento da pedra phosphatosa pelo acido suljdiurico. Este processo não influe na quantidade total do phosphato produzido; torna-o, po- rém, mais solúvel e assimilável ás plantas. O phosphato acido é um producto mais dispen- dioso que a pedra phosphatosa ; mas, na jar- dinagem e nas culturas forçadas, póde-se usal-o com mais proveito que a pedra Ijruta, havendo quem o prefira para a lavoura em geral. A sua princiísal applicação é como complemento do estrume. OUTRAS FONTES DE PHOSPHORO são os diversos productos derivados de ossos. Para os solos pobres de azoto, o azotato de sodium dá bons resultados, i:)rincipalmente nas culturas annuaes, que augmentam de producção, e nas intensivas. O uso do azotato é dispensável nas lavou- ras communs, em que se observa o afolha- mento intercalar de leguminosas e onde o solo c bem estrumado. Os adubos chimicos de effeito rápido são os mais vulgarmente empregados, taes como o azotato de sodium, o phosphato acido e os sáes de potassium. A melhor maneira de ap- plicar o phosphato consiste em mistural-o ao esterco, cspalhando-o por meio de machina especial. A pedra de cal pôde, egualmente, ser applicada de mistura com o esterco; a cal viva, ou apagada, porém, não deve ser misturada ao esterco, porquanto, causa a de- composição rápida da matéria orgânica e a perda de azoto e húmus. O estrume novo é o adubo mais económi- co e mais em uso nas fazendas, sobre ser a fonte mais importante e mais accessivel de fertilizantes do solo. Supera a qualquer ou- tro pelos seus resultados mais proveitosos e duradouros. Constitue um dos recursos mais efficien- tes e ao alcance de qualquer lavrador, no melhoramento continuo das suas terras, res- taurando-lhes a productividade. 0 ESTRUME CONTRIBUE PARA AUGMENTAR A FERACIDADE DO SOLO, de diversos modos: 1 — Fornece ao solo, em média : 5 kgs. de azoto, 1 de phosphoro e 4 de pota.ssa, por to- nelada de esterco. 2 — Forma o húmus cpie empresta sdda ao solo, melhorando-lhe as propriedades phy- 104 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA sieas. fiivorccemlii o seu aquefiuieutu f are- janieiito. auginentando-lhe a capacidade de retenção da humidade, além de tornal-o mais aceessivel ás raizes. 3 — Proporciona o meio e as condições de desenvolvimento das bactérias amigas, que determinam o desilobramento da matéria or- gânica e as reacções necessárias a tornar as substancias nutridoras das plantas, solúveis e assimiláveis. 4 — Diz-se que o estrume desempenha, taml)eni, uma funcção [)rophylatica no solo. eliminando as substancias toxicas desfavorá- veis ao crescimento das i)lantas. O EFFEITO ACCUMULATIVO DO ESTRUME ficou provado nas expeiiencias de Rothamstead, Inglaterra. Houve, durante quarenta annos, vnii augmento gradativo das colheitas produzidas, com a applicação an- nual do esterco. Num terreno adubado du- rante vinte annos, e cultivado outro tanto sem estrume, evidcnciou-se uma re.lncçãu gradual da producciut ; no }irinieiro cas(], comtndo, o rendimento da producção n.ão deixou de exceder ao do segundo. O EFFEITO ÚTIL DO ESTRUME no solo, observa-se, em geral, no discorrer dos três primeiros annos após á applicação. lia, de ordinário, um decréscimo notável na pro- ducção do quarto anno e um declinio gra- dual na do quinto e sexto. l^alii a nccessiilade de ailuliar o si'iln e praticar o afolhamento. 05 S6L0S RICOS em elementos nut''!- dores das plantas, em que vegeta, com êxito, a alfafa, podem ser conservados na sua ferti- lidade, e até augmentados, mediante um sys- tema intelligente de manutenção do stocl.- mineral. Quando, ]iorém, a terra c exhausta e deficiente em cal e phosphoro, ou pobre de potassa, como succede, geralmente, nos ter- renos arenosos, o addieionamento desses fer- tilizantes mineraes é necessário, afim de esta- bilizar as energias productoras do solo. e<[\n- librando a nutrição \egetal nos rendimentos máximos culturaes. O 1>A^'RAD0R QUE ABRE MÃO DE SUAS COLHEITAS, ou não tem o cuidado preciso de guardar e utilizar, suljsequente- mente, o estrume ])roduzido na sua fazenda, rouba ás suas terras, todo o anno, o alimento das ]dantas. cujo supprimento se impõe na restain'ação da productividale das terras. O LAVR.VDOR QUE INCORPOLORA AO SUB-SÓLO, EM CULTURA, O ESTER- CO AINDA NOVO, armazenando cuidadosa- mente o estrume para o seu emprego opiior- tuno, retém na sua ]>ropriedade uma grande parcella de fertilidade que, ao contrario, se j>erderia, originalmente, com as colheitas. Além disso, ha os re.sultados monetários com a venda dos produetos. A composição dos estrumes varia muito. Assim, o estrume de carneiro é o mais rico em elementos nutridores das plantas; o do porco vem em segundo logar, occupando o terceiro o do cavallo e vindo o de l)ovinos em quarto. L^ma tonelada de esterco retirado de apriscos contém, em n.iédia : 5 kgs. de azo- to. 1 de ])hosphoro e -í de potassa, represen- tando um valor venal de 11$400. OS ADUBOS ESTÃO MAIS CAROS AGORA do que nunca. Pelos preços actuaes, res])eitada a sua relatividade aos produetos agrícolas, o estrume vale de 11$-20U a 22$800 por tonelada. E' necessário, portanto, que o- lavrador saiba aproveitar todo o estrume pro- duzid.o na sua fazenda. T. l;. D.\Y. {('oiitiii úa) Dr. Castro Menezes Falleceu nesta eapilal nos primeiros dias- do mez correutr o Dr. .Vlvaro de Sá Castro Menezes, homem po- derão comparecer quando nascidos no junz. Serão realizados concursos de animaes gordo.-* e de vaccas e calaras leiteiras, sinnilta- neamente com a Exposição de rejiroduetores. Todos os animaes destinados á Exi)osição deverão ser previamente inscriptos, obedecen- do aos l»oletins organizados e impressos, para e,sse fim, i)ela Commissão Executiva da Ex- posição. Esses boletins i)oderão ser ol.iti- dos i^elos interessados mediante pedido fei- to á Commissão Executiva, devendo ser os mesmos a esta devolvidos, depois de satisfeito o que nelles estiver exarado, a tempo de se- rem recebidos até o dia 4 de -Junlio do cur- rente anuo, [irazo improrogave!. Os ditos boletins receliidos após essa data. só terão ef feito para a feira cujo prazo le inscripção se extinguirá no dia Iode .Tunlio, improrogavelmente. As inscripções serão pagas a razão de : 10$000 — para cada Ijovino, eciuino, a-^i- nino ou muar; .')!j;()(|() — para cada suimi. lanígero e ca- prino. Os animaes destinados especialmente á feira, pagarão taxa dobrada. O transporte dos animaes que concorre- rem á Exiiosição. dos tratadores que os acom- panliarem e de sua bagagem, das forragens para a viagem e dos objectos de tratamento durante o periodo da Exposição será gratuito, bem como o seu regresso e devolução após ao certamen. A Commissão Executiva da Exposição, em nome do Exmo. Sr. Ministro da Agri- cultura. Industria e Commercio, entrará em accordo com as emprezas de transi)orte ter- re,stre, maritimo ou fluvial para concessão de favores referentes ao transi)orte dos animaes, tanto na vinda como na volta, cercando-os de todas as garantias e conforto. Os animaes deverão ser consignados á 3" Ex])osição Nacional de Gado e os respectivos dficurnentos de despacho devem vir em ]>oder dds tratadores, os quaes farão entrega dos mesmos á Connnissão Executiva. Animal algum será recel)ido nas estações de procedência, nem retirado na do destino si não vier acompanhado do respectivo tra- tador, que poderá ser um para um grupo de animaes, a juizo do ex]iositor, e nem tamjjou- co será admittido no recinto do certamen si não vier contido por caljresto, buçaes, etc, em ]ierfeito estadíj de resistência. Os tratadores deverão ter, para uso de seus animaes, escovas, [lentes, raspadeiras e mais objectos que julgarem necessários. A Connnissão deverá ser avisada, com an- tecedência, do embarque dos animaes (> do 'lia i)rovavel da chegada ao destino, de modo que possa providenciar sobre o desembarque. E.sse desemljjrquo se fará, .sempre c[ue |)o.ssivel, junto á Exi)osição, nos terrenos da rua General Canabarro, 338, onde já fuuc- eionaram as duas exposições precedentes. Na occasião do desend)arque, os animaes destinados á Exiiosição soffrerão a inspe- cção veterinária indisiiensavel e não serão admittidos no recinto da Exposição ■^em -^ resjiectivo attestado de saúde firmado pela autoridade veterinária da Commissão Ex- ecutiva. Os animaes tarados, defeituosos, em es- tado de magreza, c^ue estiverem atacados de moléstia contagiosa, ou não revelarem ter re- celiido algum preparo para figurar na Expo- sição, serão recusados, dando-sedhes o des- tino que convier aos seus proprietários. Na ausência dos projirietarios, a Commis- são fará recolher a logar próprio os animaes que se acharem nas condições acima, dando aviso aos proprietários, ou seus representan- tes, por conta dos quaes correrão as despezas de manutenção, O tratamento ilos animaes, que chega- rem antes do prazo indicado, correrá por con- ta e responsaljilidade dos expositores. Os animaes, que chegarem ai)ós ao prazo determinado para limite do recebimento, não entrarão em julgamento e poderão concon-er á feira si cliegarem até á ^•espera da abertu- ra da Exposição. Depois desse dia não terão entrada. Não terão entrada no recinto da Expo- sição 03 animaes que não estiverem inscri- ptos e ficarão por conta e responsabilidade de quem tiver feito a remessa. Em falta dos boletins impressos, serão ac- . peitas as inscripções jior informações verbacs, 106 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA carliirt ou telegraiiiiuíis. de^de que se verifi- quem as espeeificações constantes dos bole- tins entregues á Comniissão Exeeutiva, den- tro do prazo ])refixado. A inscripção por boletins, informações verbaes, cartas ou telegrannnas, importa na accei tacão dos regulamentos c decisões da Comniissão Executiva da Exposição. Esses boletins conterão: o nome da pro- priedade, a residência do expositor (rua e nu- mero, estação, estrada de ferro, cidade, mu- nicii>io, Estado) : nome do expositor, ende- reço no Rio de Janeiro, logar e data da ins- crijição, ponto de embarque dos animaes; nome do reiírcsentante do expositor, residên- cia; nomes dos tratadores; assignatura do ex- positor ou de seu representante. No que respeita aos animaes: espécie, raça, nome, nu- mero, sexo. filiação (nomes de pae e mãe"), côr, data do nascimento (dia, mez e anuo), edade em mezes ; referencias do Regulamen- to (grupo, classe, sub-classe, cathegoria); si se destina a. julgamento ou á venda. As inscripções encerrar-se-ão a 4 de Ju- nlici, na sede da Sociedade Nacional de Agri- cultura, rua 1" de Março n. 15, Rio. A Comniissão Executiva da Exposição st- encarregará da manutenção dos animaes no recinto do certamen, providenciando para a alimentação, limiieza, tratamento e ai)resen- tação dos animaes exhi])idos, utilizan:lo os tratadores que acompanham os animaes. Os exjjositores enviarão empregados para tratar de seus animaes, os quaes ficarão sub- ordinados á Comniissão Executiva da Exjiosi- ção, desde o dia da chegada ao da jiartida. Os prémios adjudicados pela Exposição serão honoríficos e i)ecuniarios. A Commi.^são Executiva da Terceira Ex- posição Nacional de Ciado ficou a.^sini consti- tuida dos Srs. : Octávio Barbosa Carneiro, Presidente; Augusto Carlos da Silva Telles, Victor Lei- vas, .í. P. de Souza e Silva. Armando Ro- cha, Hannibal Porto, Joaquim Nogueira Pa- ranaguá e F. Alves Vieira, Secretario Geral. B.eceiiceamento Geral da Bepu'blic& A'ae dent]-o de poucos dias começai' o ser- viço de recenseamento da Republica, de ac- cordo com o dispositivo constitucional que manda balancear de dez em dez anuo-- a po- pulação do paiz, dispositivo que, aliás, por causas que não vem a i)ello discutir, ainda se não cunqiriu convenientemente desde que se proclamou a Republica. Tendo ficado a cargo da ])irectf>ria Gerai de Estatística o importante trabalho censi- tário, cabe ao Dr. Bulhões de Carvalho, seu eminente I^lirector. o encargo de dirigir o serviço, o que é uma garantia do seu com- pleto êxito. Em contacto com S. Ex. que já tem fei- to, por varias vezes. tral)alhos estatísticos em maleria de censD económico, a })edido da S. N. de Agricultura, temos a convicção de que, dadas as suas qualidades de administra- dor ))onderado, enérgico e competente, dará cabal desempenho á importante missão que lhe foi confiada pelo Governo da Republica. Dae^ui concitamos os nossos dignos con- sócios a auxiliar os trabalhos censitários pres- tes a realizarem-se, facilitando dest'arte aos funccionarios encarregados de.sse inqjortante serviço todos os meios ao seu alcance, afim de que o resultado seja o expoente da realidade, certos de cjue, assim ))rocedendo, i)restarão assignalado serviço ao Brazil. Muitas iniciativas aqui fulbauí jior falta de elementos estatísticos, considerados em lodo o nuuido culto como a pedra angular l>ara, a realização de grandes negócios em to- das as modalidades da vida económica e fi- nanceira das nações. "it"^*^'^''''' ^ív^í^f^Ti ■iX7Íc^iXyí^''.~í::yi\yi^i-~{^t~^ ~T%7í^7ív ^ Pedi estatutos I 15, Rua 1" de Marco -:-•- Rio de Janeiro, Brasil | A LAVOURA 107 « P^t5?;r >-;:•< fe=^^ O Algodão Brasileiro Em uma das .sessões realizadas i)ela Socie- dade Nacional de Aoricultiira no mez de Março, o Sr. William Coelho de Souza, actual inspector do serviço das culturas e beneficia- mento do algodão, por jiarte do Ministério da Agricultura, fez a seguinte comniunica- ção, muito interessante, a qual despertou \'iva attenção no auditório pelos acertados e oji- portnvios conceitos ahi cmitti^Ios: •■\'enlio occujjar pur uns instantes a at- fençáo desta Sociedade, trazendo ao seu co- nhecimento factos que talvez lhe sejam es- tranhos e que pelo duplo interesse que te- nho no caso, como technico e i)roductor. le- nho estudado com carinho, desde ([uc me acho nesta Capital. C^uero referir-me íio mercado do algodão desta grande i^raça, centro para onde conver- ge a maior i>arte da producção de todo o pai/.. A situação que atravessamos não me sur- jirehende; desde 1012. que venhi} sali"ntan- do o descaso do norte pelo seu [irincipal pro- dueto, o algodão, indicando as medidas que Competia aos Governos e particulares toma- rem i)ara se apparelhar para produzir mais e ))rinci]talmente algodão de melhor quali- dade. Ainda em 1916, por occasião da Confe- rencia Algodoeira, nos debates que nella se travaram, em conferencias que fiz e posterior- mente aos traljalhos daquelle certamen. num estudo tpie apresentei a esta benemérita So- ciedade, sobre a chissificação com mcrcial do algodão, tive ensejo de indicar a directriz que os Governos e particulares deviam tomar para am])arar o seu mais importante jjrodu- cto ]iara o norte do Brazil. como o é o algo- dão . Infelizmente, como no meu paiz, a voz daquelles que se dedicam de corpo e alma aos vitaes interesses da nossa Pátria, e que vi- vem a estudar as cousas ciue lhe dizem res- peito com uma abnegação illimitada, nem sempre ó tomada na devida conta, o proble- ma do algodão, tão largamente estudado e esplanado, como aconteceu na Conferencia Algodoeira, onde se reuniram os homens mais conqietentes no assunqito. foi relegado para segundo plano, ou peior para o abysmo insondável do esquecimento. As conclusões tão Ijem elaboradas nesse certamen, constituíram lettra morta, taivez hoje lembradas, como consequência de uma reunião memorável. Os conselhos tão maduramente estudados e ali com])endiados a ninguém aproveitou. Tudo permaneceu como d'antes. Aliás, no Brazil somos prorligos nestes feitos: falla-se, discute-se, traçam-se grandes progranmias, capazes de ser imita"los por ijualquer paiz mais culto cpie o nojoso. Mas. nada se e.cecuta com um citnho pratico c utilitário. \'iv?mos a pregar principias e a ciiueçar serviços ! S. Paulo que faz uma notável excepção a esta regra, onde os problemas económicos são seriamente estudados e executadas com carinho as medidas cjue intere-sam ao seu bem intblico. em relação ao algo Ião nos ajire- senía um exemplo surprehendente. Dentro de ;> annos e ])ouco, elle desenvolveu sita cul- tura algodoeira de tal forma; procurou pro- duzir um algodão tão limpo, alvo, que af- fastoti inteirameníe os Kstados Io Xorte. do mercado desta Capital . Nos dias cjue correm tão amargos para aquelles Estados, que so]>itaram todos os seus reaes interesses ao serviço da politica, elles sentem os effeitos da esmagadora iMtiietirron- cia que lhes está fazem lo o colono do seu ]irudente irmão do sul. que se affasta da po- litica do interesse próprio. ]iara abraçar a verdadeira politica do interesse da expansãí- económica, em Ijases seguras, dtu'adotiras e ]irosperas. Egual exeiuph.i no-: fornece o Rio (Iraiide do Sul. cujo Governo I em orientado, vae imprimindo severos priíuiiiios de cum- ]:(rimento do dever e honestidade, e nortean- do o futuro do Estado ])ara uma solida ri- queza fundada no progresso da agricultura. A situação actual é a seguinte: na jiraça do Rio de Janeiro só se compra algodão cio Pará e S. Paulo, pela sinn>les razão de que os algodões destes Estados se aprt^sentam ab- solutamente liiupos. S<'i uma firma desta praça collocou nas fa- bricas do Rio nestes jioucos dias ÕOO tonela- das de algodão de S. Paulo I E quanto che- gue, ou tenha em S. Paulo é logo vendido. Ha absoluta confiança no mercado daqui na qualidade do algodão daquelle Estado. Ao passo que. do algodão do norte não se vende um kilo. A praça do Ceará, cujo com- mercio soffreu consideráveis prejuízos com a secca. tem bastante algodão e quer collo- cal-o para desempatar o capital immobilisa- do nesse producto. e do qual itrecnsa para o seu gyro commercial ; entretanto, apezar de instantes sujíplicas. para o seti algodão não tem compradores. Deixei o deposito de algodão do Mara- nhão repleto, o mesmo deverá acont^ecer nos outros Estados do Nordeste; notei quando vim agora, cj[ue a Parahyba e Natal, embar- 108 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA ravaiu nu Miimr 1-Sahia in^quenaí (iiiantida Ifs lie algoilão para n Rio. em eiaitraste eoni ou- tras oppasiões. Nesta.* eoiidieõe?, se eontiiiiiar a situação aetual e o Norte não tomar a iniciativa, ou o (Governo ["ederal por elle, de melhorar as normas de cultura, henoficiamento c enil)al- la^eni do sen al.eodão. verá desap])are('er a exportação deste arti.uo e a sua jirodueção fieará linntada ao eonsumo das falirira< de seus listados . Tudo devido prineii)alnienle á su.jeira do al.íiodão i)r(.)dn7.ido uf) norte, que assim reve- lava a falta de cuidados, o descaso de parti- culares e Governos pela sua maior riqueza. Ainda é tempo de agir e pai'a remediar os males que apontei, indicarei as medidas abai- .\o. (pie a Sociedade se achar jirocedenie-: as encaminhai':! junto dos ]iod('rcs conipet/ut!-;. .São ellas : a) a Sociedade se emiienhará junto do (loverno (iederal ]iara decretar a rhi^xijira- (■'iii riDiniirrrial do algodão, tpie será adopta- da em todas as praças do ])aiz e c-ujo cumpri- mento o (ioverno rccounuendará acjs Esta- dos interessados;- /' ) a Sucie lade recorrerá ao Sr. Picsi- dente da Kepnhlica. jtedindo (pie recommen- de aos Estados productores de algodão, (pie criem uma taxa mais módica para os impos- tos de prodiicrão e crpoiiarão. i)ara o algo- dão reputado nas Capitães desses Esta los. na cate,goria de typos limpos e conserxcm a ctual ]iara os al.go:-ões sujos; r) a Sociedade se em])enhará junto aos Srs. Presidente da Ke])ul)lica e Ministro da Agricultura, Industria e ("ommercio. para fazer um appello aos (íovernos dos Estados productores do algodão, no sentido de envi- darem esforços jiara o melhoramento dos processos de cuHura, heneficianiento e em- lialla,geni do algodão no interior dos Estados. Promovendo esses (iovernos nas capitães, um systema de Ijeneficiamento da i)luma ]iara a ex|)ortação. mais |)erfeito, estabelecendo a limpeza : '/) a Sociedade também pedirá para o Sr. Presidente da Rejiublica, mostrai' a coiiveiii- eneia de se installarem nos entreixjstos de al- godão nas capitães dfjs Estados, camarás de ex]iurgo de sementes de algodão, de grande ca]iacidade. ]iara attender á exportação jiara as ]iraças do sul e do estrangeiro. (Mostrar a queltra do peso nas sementes furadas). Para justificar esta ]>roposta basta citar a opinião hu'.gamente conhecida do Sr. Han- nilial Porto, cpie acaba de visitar a Inglaterra, nos ]>rincipaes centros de consumo do algo- dão daquelle ]>aiz e salienta a necessidade que tem o Hrazil de cuidar s('riamentc do al- goilão. poiípic acaba de verificar cjiie em Manchester, o mais importante centro de te- celagem de-:;e producto no mundo, o nosso al,godãi;. especialmente do Norte, está muito deívalorisado ]ior causa da sujeira que o acompanlia r diz este ilbistrc consócio ser preciso mclhoi-ar o seu lienef iciaiiieiito sob pena de [ici^iliiiiios de imia \'ez a mercado inglez. ])e ois. o e.i~o a •'.'.tenção de to- dos (pie se esfoi'çaiii ]m'1h j^iiiurcsso real da agricultura. Quinta Exposição Nacional de Milho Por (jccasião lio encerramento da (Juarta Exposição Naci(jnal de Milho, organizada pela Sociedade Nacional de Agricultura, sol) os auspicios do Ministério da Agricultura, e realizada nesta ('ai)ital em Agosto do anno transacto, o Sr. Ministro da Agricultura, de então, marcou para Setembro do corrente anno a Quinta Exposição Nacional de Milho, que terá logar em Porto Alegre, cai)ital do i)ro.s)jero Estado do Rio (írande do Sul. Não é cedo de mais )iara chamarmos a atteiição dos m.issos lavradores para esse im- portante certamen nacional, convindo que iniciem, desde já, os seus preparativos de es- colha do producto a enviar á Exposição, con- correndo, assim, a tornal-a de resultados verdadeiramente práticos, em seu beneficio pro]irio e no da lavoura brazileira em geral. Aconselhamos aos futuros concorrentes a leitura attenta das instrucções contidas na "A Lavoura" de 1918, iis. 5 e (i, referentes á se- lecção das espigas de milho, sua eml)alagem e transporte ao íoeal da exposição, como mui- tos outros preceitos úteis aos que esperam collaljorar na grande olira patriótica da ra- cionalização dos nossos methodos e ])rocessos agronómicos. IRMÃOS CASTRO — Vendem reproductores das ra- ças Caracú e Hollandeza, a preços razoáveis. Para mais informações e pedidos com o Sr. Roberto Dias Ferreira — Rua 1 " de Marco n. 15 — Rio de Janeiro. ^ ^ A LAVOURA ÍÓ9 ^ $ Mercados de Gado Vivo $ ^ Knlre as rcsdluções do Comité do Produ- (•(^•ão Nacional, eroado após liaver o Brazil declarado guerra á AUemanha, para com elle se aconselhar a Nação acerca das me- didas muito urgentes e indispensáveis ao Governo para intensificar a producção brazi- leira, pelos alliados instantemente reclama- da nas vésperas da fome no continente euro- peu, está a resolução seguinte : Lembrar ao Governo a necessidade de subvencionar em cada um dos quatro Es- tados: Rio Grande do Sul, São Paulo, Minas Geraes e Bahia a installação de MERCADOS DE GADO VIVO que seriam localisados em Bago, Barretos, Três Corações do Rio Verde, e Feira de Sant'Anna. O Governo auxiliaria as municipalidades emprestando, a juro mó- dico, o capital necessário áquellas installa- ções desde que o regimen desses mercados ol)cdocesse a um regulamento expedido de ac- cordo com as bases formuladas pelo Governo Federal prevenindo o abuso da matança de noxilhas e vaccas e a pesagem do gado vivo, fornecendo coefficientes estatísticos de gran- de valor. Foi uma óptima lembrança. O mercado é que pede o augmento da quantidade, pela alta (Io producto, ou intensifica a producção, pidos pedidos renovados. Isso de um modo geral. Esses mercados internos, distribuídos no paiz, são verdadeiras agencias do mercado mundial ou a sua imagem reduzida nas es- peculações que elle supporta, registrando-lhe as oscillações da producção e do consumo. O mercado é um cartaz vivo. E' o meio mais cx]»edito de dizer a um povo o que elle tem a fazer, quando se lhe pedo a conversão do seu laljor em determinado producto. Para isso, o mercado é superior á ]irii|)aganda. porque é a evidencia do facto, a diffusãd dd ri'clame por mil boccas satisfeitas ou mil ou- \idos esperançados. A volta do mercado vale jior todos os argumentos de que um governo pôde lançar mão para convencer aos seus go- vernados de que devem produzir em deter- minadas condições e o dol,)ro da ]iroducção, se cllcs experimentaram a escassez em face da alta. A boa nova c a experiência poderão no emtanto ser feitas á sua jjorta, como é uso em todo o Brazil. Mas, senhores que me ouvis, isso na maioria dos casos é a compra dos atalhadores e a venda dos incautos, que dá aos primeiros o que tira dos últimos. Nos mercados ha a livre concorrência, que não |)i'>dc mentir, pelo menos com effeitos tão prejudiciaes como fora das garantias que elle offcrece. O comprador á porta leva o embuste c a esperteza, ás vezes contra si, tiara prejudi- car a terceiros. O comprador no mercado é uma parcella do capital que licitamente es- [)Ocula cm conjuncto. Aqui o productor ten- a \erdadc na [uirfia da offeiia: l;i a illusão nas lábias de um intcrmiMliario tpu' só visa o pro])rio bom. Ao atalhador s(') agradaria um resultado: todo o ])roduclo... por uma historia bem contada. Não ó sempre assim, mas anda perto. Nos mercados, ao contrario, ha a acção fiscalisadora do poder publico. E' o outro lado vantajoso dessas organizações, quo envolvem na sua complexidade o transito (lo producto, a sua inspecção e a sua classi- ficação, as estatísticas ou serviço de informa- ções, a regulamentação das transacções, a ga- rantia (lo productor e as vantagens do inter- mediário. ^Vssini para os mercados de gado vivo: aqui está o assumpto que prende a vossa ge- nerosidade ao meu empenho de contribuir de alguma sorte para os nobres propósitos desta casa. TRANSITO DE GADO Desdobra-se em con(li(iõc.^ do Irantipnrfe r policia Konifaria o nosso ]»>nto de vista do transito do gado para os mercados. As condições do transporte, intimamente ligadas á policia sanitária pastoril, dexem ter por principal objectivo o acautelamento da saúde dos animaes conduzidos e a im])ortan- cia do seu valor económico, dentro de um tempo que se procura reduzir. Tanto nas es- tradas de rodagem e caminhos públicos como nas enijirezas de viação. O gado não é vuii far- (lo que occupe o espaço pelo tempo da distan- cia, sem mais outras despezas. A alimentação, a saúde e o repouso mal cuidados depreciam- Ihe o valor, até a completa desvalorisação. Ha no Brazil travessias ingratas, .sem ])ouso e sem aguadas; como ha grandes nados a fazer por animaes cançados, vindos daf[uelles esti- võvs de nuiitíjs dias, batidos pelas intempé- ries ou castigados ])ela soalheira. Vm poço alierto á margem da estrada, um guarda e um banheiro remediariam em parte os males da travessia ingrata ; e uma balsa na ])assa- gem removeria os inconvenientes do nado. Cousas tão simples, mas que fazem a gente pensar porque não se removem oljsta- 110 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA culos tão (lauuioSDS ! E' a iiie.-iiiia cou.sa nas em] )rezas 'de viação. O rc.tíiilamento ii. 11.4(.i0, de 27 de Ja- iiciío de 1!)13, artigQ ÕO. diz: "O (íoverno provideuciará ]>ara que todas as oinjirczas de nave.2;at'ão e estradas de ferro que Iransjjor- lani íiado sejam dotadas do uialerial iieees- sario a esse fim, tendo em vista a segurança, a liygiene e as aceoniniodações apropriadas a (^ada espécie de animal, preserevendodhes egualmente as regras attinentes á desinfecção das i'mliarcações e quaescjuer vehiculos de (pie se servirem". Não me parece, comtudo, que o gado nessas enq)rezas de viação passe (íe volume a ser trans])ortado. com um ]kiuco de capim, (punido uuiilo, semelliaud(j um co- meço de endjallagem não realizada. Cabe nmito bem a(jui a policia sanitária do outro ramo em que se desdobrou o tran- sito do gado. Para se avaliar o enqienho (jue leni tido o Governo em acertar, e o traljalhe que lhe tem custado para conseguir uma po- licia sanitária pastoril conveniente, l)asta passar em revista o decreto n. 9.194 e as [:5ases ]iara, o Serviço de Policia Sanitária, ambos de 1911, o Código de Policia Sanitá- ria Animal do Teuente-Conaicl Moniz de Aragão na Conferencia Pecuária em 1917, seguindo-se a ella no mesmo anno o })atrio- tico enq)enlio do então Ministro Jos(^' Bezerra, valendo-se dos serviços dos infatigáveis pro- pugnadores Arthur Moses, Parreiras Horta e Graceho Cardoso, em cujo meio se destaca a acção moderadora, reflectida e intelligente do nosso illustre consócio Alcides Miranda, actual Director do Ser\iço de Industria Pas- toril. No meu entender, port^nn, todas essas tentativas de organização de serviços regula- res da policia sanitária pastoril carecem, não de conhecimento da matéria, mas de adapta- ção a esses Brasis, tão variados que motiva- ram ao nosso illustre Presidente Dr. Lauro Muller a preoccupação, quando Ministro da Agricultura, de saber quantos delles haviam dentro do primeiro, o grande Brazil, o que faz as leis para os demais. Todos os nossos estadistas deveriam ter presente essa obser- vação sabia e prudente. E' por isso que vou citar aqui alguns period(js da exposição de motivos com que o Dr. Urbano Santos levou ao Presidente a sua reforma soljre prophy- laxia rural: "O Serviço de Hygiene nos Esta- dos C' assumpto incontestavelmente da compe- tência destes, não sendo nenhum daquelles que a Constituição reservou j^ara a União. Esta, portanto, não tem poder jtara invadir o território dos Estados e trahu' de saúde ]iu- blica sem um entendimento ])ri''vio com seus Governos. E' o que faz a nossa actual legis- lação, exigindo para a obra do saneamento aão só a acquiescencia como o concurso fi- nanceiro dos Estados. E a meu ver o Sr. Pre- sidente, esta solução não -foi— somente verda- deira sob o i)onto de vista constitucional, mas também a mais acertada no i)onto de vista administrativo, p)orque não pertenço ao nu- mero da(_iuelles que negam aos Governos dos Estados a"idoiieidade d)ara administrar. An- tes estou firmemente convencido de qu! o Governo da União, pela difficuldade 'lo os fiscalizar e até mesmo de ter solire elles um conhecimento directo (■ completo, o mellioj' meio que tem para executar certos ser^iços nos Estados é confiar aos respectivos Gover- nos a sua execução. "Na segunda parte du meu relatório apresentado ao Sr. J^ireetur 1(1 Scrxico de Industria Pastoril, cm dç-em- penlio da commissão que me foi no anuo pas- sado confiada para insijeccionar no norte da líepublica os serviços creados com o decreto u. ].'5.(tr)4, de õ de Junho de 1918, tereis occasião de \er como se de-;eja e como se pre- tende realizar a policia sanitaiia pastoril na- ipulla região. E' um serviço (^ue os Estados querem organizar de accord(j com o Governo Federal para ser executado por todos os mu- uicipids. E o mais interessante é que tive occasião de verificar os pontos de contacto, as affinidades, as necessidades reciprocas dentro de leis que até então se mahpiistavam, per inhaliilidade do poder mais forte. Não ha duvida: camarariamente, o brazileiro é um servo amigo; dá o que não pôde e faz o que está além das suas forças. Um inspector de quarteirão da policia civil, senhores, caminha léguas e léguas, por muitos dias, sem perce- l)er um real do seu penoso officio, só porque lhe soulie a lei regional prescrutar a genero- sidade e a intenção de servir honradamente. Dou o exemplo do mais pequeno para ser dis- pensado de outros. A resistência contra as medidas de policia sanitária pastoril não vêm, ]iois, dos criadores, injustamente ac- cusados. Ella vem das difficuldades que comsigo trazem, vem da falta de adaptação, em primeiro logar. Saiba o Governo Federal e a sua policia sanitária pastoril não tardará muito a ser uma realidade. INSPECÇÃO DO GADO ExM TRANSITO K' o meio pratico de impedir a i(ropaga- ção das moléstias transmissíveis e a venda de animaes que delias estiverem atacados. A in- specção de saúde do gado deve ser prompta e com i)ericia executada, como convém aos interesse-f em jogo. Está vislo que a União não ]iod:-rá manter um exercito de veteriná- rios internados no seu vasto território á es- pera de que passe a rez. Não jioderá; mas, le- gislando sobre mercados de gado vivo por ella subvenci(jnados cm algumas regiões do A LAVOURA 111 paiz, dirá certamente as condições cm que concede o favor. Interessaria, por exemplo, na fiscalisação desses mercados todo o pessoal tias Inspectorias Veterinárias Federaes e mais o que houvesse jíor bem crear para attcndcr a exigências de serviços supervenientes dali. Seria um conjunto de medidas tendentes a regular a manutenção dos mercados de gado vivo. nos moldes ajustados, com a obrigação reci]H'oca de systematisar a União os seus serviços em proveito dos criadores cjue con- corressem áquelles mercados. A systematisação consistiria em ir aos seus equiparando eguaes serviços dos Muni- cípios, de antemão apparelhados pelos respe- ctivos Estados a que o Governo Federal es- tendesse a acção reguladora e Ijenefica que pretende sol.ire a industria pastoril. Uma es- pécie de — "faze como te peço que eu cuida- rei de ti" — quanrlo se c^uer a collaboração sincera de um amigo que tem outras cousas a fazer no momento. Então, viríamos que bons serviços prestaria aquelle inspector de quarteirão de que vos fallei ainda ha pouco. Em todo recanto do Brazil se encontra o medico. A maioria dos Municii)ios os têm nos seus orçamentos, para cuidarem da saú- de publica. Um encargo a mais, uma obri- gação a menos é para os Municípios o que um commensal inesperado é para a mesa do brazileiro: não altera, desde que não seja al- gum gargatão. Porque não contar com os Municípios para a realização da empreza ? Pelo contrario, tudo nos leva a crer que elles têm o maior interesse de collaljorar com o (loverno Federal. Rentir-se-ão alguns até me- nos diminuídos na pequenez a que os têm i'eduzido certos interesses regionaes inconfes- sáveis. Outros terão opportunidade de mos- trar cpie não é somente o poder federal que sabe ser organizador. Quanto aos Estados, não precisamos ter preoccupações : estes é cjue fazem a Republica e os seus actos. Em vindo a lei que chama para a União o principal en- cargo ou pôe nos orçamentos municipaes o resto do contracto, como na hypothese figu- rada, vai tudo nuiifi) benj . Porcpie a de- niora ? A occasião é a melhor possível, e tão propicia que não será i)ara extranhar que os altos responsáveis ]iclos negócios da Agri- cultura e Industria Pastoril estejam senhores dos segredos que ora presumo revelar a esta illustre assemljléa. Assim, não se descuida- riam elles de estudar as condições de obten- ção de bilhete de livre-transito ou attestado de salubridade jiara o gado em viagem. Não deixariam tão pouco de tornar depenlenie da insijecção d(j gado, como uma consequên- cia desta, o exame do foco de que proveio a moléstia contagiosa e a intervenção da pro- ]ihylaxia conveniente, seguida da clinica possível no momento. Seriam a assistência e, ao mesmo tempio, a garantia dos visínhos e a do próprio local contaminado. Que benefí- cios não teria, por exemplo, o serviço de im- munisações, se fosse praticado com o concur- so dos Municípios ! O que o Governo Federal (em olitido nesse .«entido é quasi sempre em des])ro]iorção com a grandeza e as necessi- dades do paiz. Os productos Ijiologicos, nem só para immunisações, como ])ara olitcnção da cura, deverão um dia constituir ónus es- senciaes dos erários i:)ublicos nos Estados e nos municipios. Positivamente, seria talvez imi)raticavel a montagem de laboratórios ai)ro])riados em cada um dos Estados. O pro- lilema já começa a ser resolvido: a União falnica áquelles productos no Ministério da Agricultura. O que não entendo, no meu par- ticular modo de ver as cousas, c como o Go- verno Central toma a tarefa de fabricar mi- lhões de ampolas, distribuil-as ao appello das necessidades locaes, por muitas e muitas centenas de léguas, sem buscar o equilil^rio financeiro entre a despeza c a receita da fa- iança. Porque, a dizer a verdade, com a mi- nha costumada myopia no assumpto, o Mu- nicinio indemnisaria ao Estado, e este a União, como uma consequência dos bons ne- gócios. Se se tratasse de um auxilio para caso imprevisto, estaria bem ; mas, para sempre, não me parece razoável manter sozinho o Governo Federal essa officina de productos a enviar ijara freguezes que não i^agam. A principio era a resistência em não acceitar os serviços clínicos officiaes. Venceu-a por toda parte a habilidade com que elles foram offerecidos. Posso vos citar um facto tiue liem mostra o valor do actual Serviço de In- dustria Pastoril do Ministério da Agricul- tura. Entre os seus funccionarios ha um que, sob a direcção do seu illustre chefe, se tor- nou um verdadeiro bandeirante da veteri- nária. São homenagem que se devem propor- cionar a quem as mei'ece. poi'que do reconhe- cimento iniblico pelo liem ])raticado vem na- turalmente a maior das comjiensaçÕes para as almas liem formadas. Refiro-me ao Dr. Armando Rocha. Nem todos sabem as peri- pécias das suas viagens através os sertões e de como, sem estardalhaço, sem avisos espa- lhafatosos, entrou em casa de fazendeiros in- experientes e os transformou de incrédulos '•m crentes da medicina veterinária. O Gover- no se pode considerar venccdoí- pelo nuiito que está feito nesse sentido. Ninguém mais (lispensa os soros e vaccinas. Não lui mãos a medir, que os pedidos se nudliplicam, E', pois, conveniente uni melhor entendimento. Os créditos votados não correspondem ás nos- 112 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA sas necessidades. Os laboratórios officiaes ser- vem apenas aos clientes mais pressurosos ou que estão por perto da acção continua da Di- rectoria do Serviço de Industria Pastoril. Ha reclamações desde o Amazonas ao Rio Gran- de do Sul. Todos querem o amparo efficaz contra as epizootias. (^'omo attender aos ])e- didos de uma tão vasta clientella e de uma freguezia tão vasta '! Ou a União custeando... ou ]>eilindo auxilio... E, se a União não pôde, é claro que devemos intervir. Deixo aqui as minhas considerações sobre insi^ecção do gado em transito, porque o assumjtto pro- jiriamente, além de não caber nesta palestra, é bastante conhecido. O meu fim é que se pódc fazer a inspecção sanitária de gado em transito c não como cila deve ser feita. r-LASSIFICAÇõES Começii jH)!- citar ainda uma rcsoluçãn retendesse comprar ou vender. Des- ta sorte feriamos mais um cuidado para o (ío- vcrno Federal, voltailo ato agora de preferen- cia jnu-a a chamada introducção de rc]jroossa por si só ou mesmo ajudada por outras satisfazer aos frigoríficos, prati- que-se a escojha por indivíduos, levando em conta a sua compleição e edade, e até a ali- mentação e os lialiitos, quanto possível, além de outras condições e caracteres que a pratica da escolhii descobrir ou já tenha. E' uma medida que está nas mãos dfico da sua autoridade para um serviço (jue ha muito <> (iuwvud prdcura dar o dcs- en\'ol\im('nto merecido: a estatistii-i do ga In, com informações que interessarem aos esta- liclecimentos de criação. Não vae ser um tri- lialho cjue façamos da )irimeira \ez o lialanco annual da pecuária. Se também não chegar- mos amanhã, chegaremos de])ois. O que ('■ preciso é condiater o maior mal dos nossos criadores, a niaior difficuMade dos interme- di;irios no nosso commercio do gado, e o maior entrave da no.-^sa ex[)ortação de jn-odii- ctos animaes. A estatística será a demonstra- ção desse imperdoável desleixo pelas nossas vias de communicação do interior; trará dos mercados dislanles (js ]ie. lidos e as encom- mcndas (jue nunca nos \'isitaram ; e será o incentivo, a c()m]iaração. o desenvolvimento da industria jiastoril nacional. Serão maiores os lucros v maior a afoi- teza de ]iiaticar por melhores ])roce.ssos. (Juem não se sente inclinado a aprender e a pros^terar, quando o methodo remunera o disci])ulo ? A estatística, senhores da Socie- dade Nacional de Agricultura, precisamos de estatística ! A creação dos mercados de gado vivo nol-o poderá dar, ]iei)so eu, se quizerdes coUaborar com o Governo, uma vez ajusta- dos os meios de acção. O ])rocesso não é com- l)]icado; já tem sido recommendado ás mu- nicipalidades, como vereis do meu referido relatório, se o cominilsardes. Iv o registro do gado na sede dos Monicipios. A vossa duvi- da é certa, ponpie as causas que o difficul- tam exigem um dura peleja. Responder- vos-ei que ahi é (pie está a utilidade da vo.ssa interferência e do vosso prestigio ao lado dos criadores, juntos aos governos, pelos vossos órgãos de defesa e de combate, pela vossa autoridade, pelo liem que representaes. Não vos tendes descuidado, como o Governo tam- bém : entretanto, é mister a acção em con- juncto. com maiores elementos c mais fortes c mais e^ítreitos círculos de atacpie. Uma des- sas causas é o dizimo, imposto anachronico, vexatório, iníquo. Iniquo, porque lil)e]'a fa- cilmente o amigo e cáe pesadamente sobre os contribuintes restantes; iniquo, porque to- lhe os movimentos dos criadores, entre os azares da s(jrte o seu rebanho e a deficiência de meios; inii[iio, porr[ue gra\'a ao mesmo tempo o productor e o producto, na contin geiícia de laitros gra\'ames. Por que ha tle estar um governo em contradicção com o seu ]")ovo 011, peior ainda, em oi>posição á justiça? O ilizimo. (I .< "" >' organização da nossa vida ordinária i>ara alcançarmos os resnltados extraordinários, isto é, a intensifi- cação pretendida pelo Comité s esse numero elev(ai-se a HO. 000. Para o ai)roveitamint(' do pello e do eian-o, existe nma imlustria a tal jionto que o pello é \ciidido hoje até a 54 francos o V^s^v.'^^^.^^.' J)()is grii|><>N tle ovelhas niisturailii^, Honiiiey e Caias Xof-ia^ — Kslaiuia .S. Se- blistião, piopi ieilailc Ue iíleilterio ISniiii, I), rcdrito, li. (i. do Sul. TURBINAS HYDRAULICAS I fmk MacMiias para iMoiira & Industria IVI. 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A termentaçao _da3 folhas de tat)aco, Dr. Silvério Guimarães, naa- 135. O estudo da juta: na índia- Ur. Rodrigues Caldas, pag. 136 Plantas ta- niferas do Brasil, pag. 140 Cultm-a do lúpulo no Paraná, pag. 145. Solos, sua conservação e relação com a vida anim.ai : e vegetal, T. R. Day. pag. 148. Regula- mento da 3« Exposição de l>ado. pag 14». A batata no Canada, pag. 1.53. O tumo em Cuba. pag. 153. O novo mercado para o algodão, pag 156. Senador Victorino Monteiro, pag. 156. Valorização eco- nómica do Amapá, Alves de Souza, pag 157. O commercio brasileiro de fu- mo pag. 158. O intercambio com o Orien- te, Hannibal Porto, pag. 159. A borracha na Malásia, pag. 160. Oproblema da sac- caria, pag. 161. Recenseamento da Re- l.ublica, pag. 162. A agricultura em Sen- na Madureira, J. V. de Alencar. pag.;^163. O commercio de madeiras, pag. 163. ^^. "^y^' 'N .^ Tin ■^v í ' ^.tSf^ w-^ 'i M^- ^■«^..»^/!!f Rua líbE Março, 15 RIOdeJANEIRO-BRAZI SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA ÍA_\ Reconhecida de utilidade publica pela Lei n. 3.549 de 16 de Outubro de 1918 Fundada em IG de Janeiro de 1S$>7 RUA 1° DE MARÇO N. 15 — • RIO DE JANEIRO Caixa do Correio 1.245 End. Tel. AGRICULTURA TELEPHONE 1.416 — NORTE ADMISSÃO I>E SÓCIOS CAPITULO V DOS ESTATUTOS Art. 8° — A Sociedade admitte as seguintes categrorias da sócios: Sócios eftectivos, correspondentes, honorários, beneméritos e associados. § 1° — Serão sócios eftectivos todas as pessoas residentes no paiz que forem devidamente propostas, e contribuírem cora a jóia de 15$ e a annuidade de 20?000. § 2" — Serão sócios correspondentes as pessoas ou associa- ções, com residência ou sede no estrangeiro, que forem escolhidas pela Directoria, em reconhecimento dos seus méritos, e dos serviços que possam ou queiram prestar á Sociedade. § 3® — Serão sócios honorários e beneméritos as pessoas que. por sua dedicação e relevantes serviços á lavoura, se tenham tor- nado dignos desta distineção. § 4° — Serão associados as corporações de caracter official e as associações agrícolas filiadas ou confederadas, que contribuírem com a jóia de 30$ e a annuidade de 50Ç000. § 5» — Os sócios effectivos e os associados poderão remir-se nas condições que forem preceituadas no regulamento, não devendo, porém, a contribuição fixada para esse fim ser inferior a dez (10) annuidades. Art. 9° • — Os associados deverão declarar o seu desejo de participar dos trabalhos da Sociedade. Os demais sócios deverão ser propostos por indicação de qualquer sócio e a apresentação de dous membros da Directoria e ser acceitos por unanimidade. Art. 10» — Os sócios, qualquer que seja a categoria, poderão assistir a todas as reuniões sociaes, discutindo e propondo o que julgarem conveniente; terão direito a todas as publicações da So- ciedade e a todos os serviços que a mesma estiver habilitada a pres- tar, independentemente de qualquer contribuição especial. § 1° — Os associados, por seu caracter de conectividade, terão preferencia para os referidos serviços e receberão das publicações da Sociedade o maior numero de exemplares d e que esta puder dispor. § 2" — O direito de votar e ser votado é extensivo a todos os sócios; é limitado porém, para os associados e sócios correspon- dentes, os quaes não poderão receber votos para os cargos de admi- nistração. § 3° — Os sócios perderão somente seus direitos em virtude de espontânea renuncia, ou quando a assembléa geral resolver a sua exclusão por proposta da Directoria. CAPITULO VI DO REGULAMENTO Art. 18. — A Sociedade prestará seus serviços, de preferencia, aos sócios e associados quando estiverem quites com ella, Art. 19. — A jóia deverá ser paga dentro dos primeiros três mezes após a sua acceitação. Art. 20. — As annuidades poderão ser pagas por prestações semestraes. Art. 21. — Os sócios e os associados poderão remir-se me- diante o pagamento das quatias de 200$000 e 500$000. respectiva- mente, feito de uma só vez e independente de jóia, que deverão pagar em qualqur caso. Art. 22. — Os sócios e associados não poderão votar, nem re- ceber o diploma, sem terem pago a respectiva jóia. § 1° — O sócio, que tiver pago a jóia e uma annuidade. po- derá remir-se mediante a apresentação de 20 sócios, desde que estes tenham egualmente satisfeito aquellas contribuições. § 2° — Para esse effeito o sócio deverá requerer á Directoria, provando seus direitos nos termos do paragrapho anterior. § 3° — Serão considerados beneméritos os sócios que fizeram donativos á Sociedade a partir da quantia de um conto de réis. Art. 23. — Para que os sócios atrazados de duas annuidades possam ser considerados resignatarios, nos termos dos Estatutos, é preciso que suas demissões tenham sido solicitadas por escripto, ité três mezes antes, cabendo-lhes o direito de recurso para o con- ^■elho superior e para a assembléa geral. ■^ A LAVOURA mim n ^mmi m\mí n mKuim ÍLTKk A ara que possam con- seguir a estabilisação da ex)iortação das nos- sas matérias primas. O Governador do Maranhão iniciou o movimento, com uma alta com])rehensão do assumpto, suggerindo, no cjue diz resneito ao algodão, medida muito acerlaíla á Assem- blca daquelle Estado, prestes a reunir-se. Certamente, os outros Estados da Fe- deração adoptarão a mesma norma de con- ducta, porcjue assim o exigem os interesses da Nação, que precisa assegurar a ])erma- nente coUocação dos seus productos nos mer- cados estrangeiros . A propósito do assumpto o Sr. Hannibal Porto reccljeu do Sr. Dr. Deoclecio de Cam- ]ios, operoso addido conmiercial á Embaixada do Brazil na Itália e ex-representante do Es- tado do Pará na Camará Federal, a seguinte carta, digna de ser lida pelos agricultores do Brazil, porventura os mais interessados no seu conteúdo: "O convulsionamento da Europa, conse- quente á longa guerra que e.sta acaba de supportar, determinou, como sabe, uma pro- funda alteração no systema económico dos mercados, supprimmdo velhas correntes e creando outras. A questão alimentar, sob o ponto de vista económico, foi a c^ue mais se aggravou com a deslocação dos mercados. O nosso paiz, riquíssimo, e capaz de propagar- se, technicamente, e concorrer ao consumo desses géneros com uma contribuição rele- vante, apresentou-se aos importadores com muitos artigos que iam faltando ao consumo mundial, devido ás vicissitudes da guerra, e com outros, alimentare.'^, que supportaviun faltas ou serviam de succedancos. Cessada a tremenda conflagração, cssaa transacções foram i)erdcndo o nivel alto, de preços, e também, da procura, que attingiram c que não podiam, e nem era de esperar pu- dessem conservar após a volta á normalida- de. Alguma cousa, porem, devia ficar, de tudo isso cjue foi o movimento e a actividade do nos,so commercio exportador, de 1914 a 1918. As estatísticas a.^signalam a curva que de- t-liua, mas que se tem de manter numa dada média, favorável á nossa balança commer- cial, se souljermos conservar o terreno con- quistado pelos nossos productos. Para isso, o que c preciso é somente impôr-se á confiança (!o comprador, c recommendar o producto, sempre, pela sua qualidade superior. A .sele- cção rigorosa do nosso café, após a politica da valorisação, fez muito, muito mesmo, jsara (jue i)udesse esse artigo merecer, hoje, entre os concurrentes, o favor dos mercados na Eu.ropa. Sei que é nuiito melindroso o assumpto de que quero me occupar aqui, movido, em- l)ora pelos mais legítimos intuitos: os meus deveres de Addido Connnercial e os de pa- triotismo; sei que po.sso ir tocar susceptibi- lidades, e talvez não me abalançasse a uma tal empreitada se não contasse, já. com a es- trada larga, feita, devida á iniciativa de um dos mais conspícuos representantes do coa- mercio brazileiro. E' a campanha patriótica que iniciou o meu distincto amigo e patrício, na tribuna cr 118 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTDEA da Sociedade Naeioiud de Agiieultuva, dd Rio de Janeiro, em uma das suas sessões do mez de Novemliro do aiino passado, que me quero referir. O seu vibrante discurso, meu caro Hanrdlial Porto, animado dos melhores intuitos, em favor dos créditos das nossas ex- portações, na Europa, tive-o em mãos, publi- cado I3,ela A Gazeta da Bolina, de :^> do referidn mez. As suas palavras, estou certo. ])roduziram uma séria impressão, e terão uma repereus^fui salutar na systematisação do no.ortador em relaxar o rigor da sua fiscalisa- ção na apresentação do nosso producto. E não o faz, estou certo. A respeito do algodão, ha a questão de- batida da unificação de um typo de emballa- gem e peso, que facilite as transacções de bolsa. E ainda sobre esse artigo, tive occasião de propor alvitres que me suggeriram impres- sões colhidas nos meios commerciaes interes- sados. Em 1916 uma communieação nunha, endereçada ao então Ministro do Estado, Sr. Embaixador Souza Dantas, lendjrava a ne- cessidade de estabelecer as bases de uma re- modelação dos nossos hábitos commerciae» com relação á exportação do algodão, de ac- cordo com as exigências dos centros comjn-a- dores dessa matéria prima. E', i)OÍs, uma verdade que não pode ter escapado ao espirito arguto do nosso expor- tadiir. (|ue o producto brazileirn tem que en- frentar a lula ciiiii (I seu similar, na concur- reneia numdial, e que, ])or isso, são pelo' meuí.s, indispensáveis duas condições para attrahir sobre elle uma attenção especial e fa-' zer clitnfrln certa: uma l)oa apresentação do artigo e a garantia absiiluta da sua qualidade. 10 (juanto aos luissos productos alimenta- res, como sejam o arroz, o feijão, o milho, o a.«sucar, a mandioca, a banha, as carnes con- geladas, e outros, é preciso sobrepor o da boa ciniscrrnrão. (.)s senões que se possam com- iiictler na falta de um escrupuloso controle na observância dessas condições, sacrifica- nos II credito de vendedor e nos aliena a cli- entella. Com ri'lação a esses artigos com que o Brazil concorreu para o abastecimento da Euro])a. solicita-lo ])elas necessidades do mo- mento econonúco. de presentemente ,se vae enfraijueeendo a ]iroeura nas ]iraças importa- doras, isso não nos deve surprehender: vol- tam á .-lelixidade embora de um modo ainda irregular e )iareelladas. as provisões conhe- cidas dos celleiros europeus. Disse antes, e toda a gente sabe. que a intensidade dos ne- goeids \a<' :!ia a dia diminuindo, mas ha mui- ta cousa nova, a constatar no estado actuai da nossa vida económica, que deverá perma- necer, que cumpre procurar conservar. Uma restauração conijileta do estado de cousas anti-lielHco não sei^á ]iossivel em l)reve tem- lio: ahi está a situação fimuiceira numdial, com a voluta inverosímil de Estado a Esta- do; a questão dos fretes e dos transportes, dependendo aquella da solução technica des- ta outra. E tral)alliando, por toda parte, num sentido de desarticulação dos melhores esfor- ços ]iara e.almente, do productor, cjue, attrahicío pela procura. vem adaptar-se, muita vez com enormes sacri- fícios de capitães ás exigências do consumo, assignaladas no dia. Tal foi a situação do pro- ductor brazileiro durante a guerra européa. E esse esforço deve ser secundado pelas nos- sas exportações. A conservação de uma "mé- dia", compatível com a estabilização dos ne- gócios, na paz, seria uma compensação ven- cida para o actual intercambio do Brazil. A difficuldade em pôr em pratica as me- didas de "controle" está na conciliação da liberdade commercial, da necessária rapidez nas expedições, e, por outro lado no modo pratico de realizar essa fiscalisação, que de- verá ter um cunho official, capaz de se im- por, como tal, á fé do comprador. Está no interesse do próprio exportador, e ão productor, procurar um terreno de con- ciliação com o Estado responsável, co- participe nos interesses das explorações — para que este possa oppôr o seu sellode fis- calisação da mercadoria entregue á coucur- rencia dos mercados importadores. A immediata iniciativa das providencias emedidas adequadas deverá ser a consequên- cia da attitude assumida pelo illustre mem- bro da Sociedade Nacional de Agricultura do Rio de Janeiro. Em pouco tempo, poderão o nosso expor- tador e o nosso productor verificar o resulta- do da observância escrupulosa dessas normas que o_ bom senso aconselha, no interesse dos próprios negócios e da sua consolidação. Pensei que seria conveniente trazer-lhes, nesta,s linhas, a expressão da minha solida- riedade, ao mesmo tempo que lhes dar o meu testemunho, a essa attitude a que deverá se- guir-se um movimento salutar que terá, cer- tamente, nos meios interessados a mais fa- vorável acolhida. A sua palavra encontrou o apoio neces- sário nu Sociedade de que é um dos maia competentes membros agora, com o seu pres- tigio de propagandista indefeso, e a solida- riedade dessa illustre aggremiação, das asso- ciações commerciaes, centros industriaes, praçaá de commercio, e outros institutos, cumpre-lhe proseguir, realizar uma obra de patriotismo, orientando para o bom caminho os que fizerem estrada errada. Nas minhas funcções de addido com- mercial á Embaixada do Brasil na Itália, qui- zera sempre encontrar iniciativas, como a sua. que collocam a questão económica do Brazil em terreno pratico, e facilitam, deste HHxlo, o contributo que podem dar os que têm uma parte das responsabilidades nos fa- ctos da noíssa politica commercial. E o que conforta é que tudo faz crer que o seu gesto de energia e sinceridade patriótica terá uma immediata repercussão, que só po- derá ser benéfica aos altos interesses do nos- so intercambio. Que assim seja". il! [KPOfOO I! le [ME fg Xo decurso da guerra foram feitas avul- tadas remessas de eereaes para o estrangei- ro e, destes especialmente de feijão, que teve grande aceeitação. sobretudo na Itália. No começo as partidas chegai'am ao seu destino em más condições, levantando a grita dos compradores de além mar, que eram seriamente prejudicados. Mais tarde, quando a guerra em meio, se estabeleceram nesta capital varias usinas destinadas a beneficiar o feijão e o milho que se destinassem á exportação, de maneira que ficassem escoimado dos corpos estranhos que do interior do Paiz se lhes vêm aggrega- dos cercando-os dos meios necessários a poder resistir a travessia oceânica dentro dos po- rões dos navios, onde a athmosphera é sem- pre propicia ao desenvolvimento do gor- gulho . Sendo vários os processos de tratamen- to do feijão ao tempo a que nos referimos e surgindo queixas de que uma parte consi- derável do cereal era torrado em algumas das referidas usinas, resolveu o Governo Fe- deral fundar uzinas suas, que, por processos simples, satisfizessem ás exigências do com- mercio exportador. 120 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA E preeisameute, ha dous aiinos, fuiiceio- nani no Cáes do Porto as referidas uzinas, cujos resultados estão constatados pelos em- barques que já foram feitos pelo maior nu- mero de easas exportadoras desta praça, que se manifestaram satisfeitas com o processo empregado, que conservou por longo tempo Gs cereaes sem lhes prejudicar as qualidades nutritivas e germinativas. Por diversas vezes a imprensa carioca se tem manifestado a propósito desses ser- viços por occasião de visitas officiaes, que alli têm sido feitas, com grande contenta- mento para os visitantes. As uzinas do governo estão a cargo da Superintendência de Expurgo e Benefieia- mento de Cereaes e se acham installadas, duas na rua Gama 84 a 92 e d\i>\^ na Avenida Venezuela 126 a 164. São actualmente as uzinas em funccionamento permanente nesta capital. MACHINAS AGRÍCOLAS Extincta a Delegacia Exi-cutiva da Pro- ducção Nacional, o Sr. Ministro da Agricul- tura incumbiu da venda das maeliinas e fer- ramentas agrícolas e bem assim dos adubos e insecticidas, serviços que estavam affectos áqui^lla repartição, á Superintendência de Expurgo e Benefieiamento de Cereaes. Havendo ainda diffieuldade para os par- ticulares conseguirem niachinas. a medida do governo é muito opportuna e digna de applausos. Ainda por algum tempo haverá obstáculos a vencer, quer no fornecimento desse material, que é escas.samente produzi- do em consequência das frequentes e prolon- gadas greves nos Estados Tinidos da Ameri- ca do Xorte, quer no occidente europeu. Não podemos ficar desapparelhado pa- ra prover ás necessidades sempre crescentes dos nossos campos, sobretudo agora que appellamos para os agricultores pedindo" Ihes que produzam muito, de maneira que a producção baste ás nossas necessidades in- ternas e possam as sobras ser exportadas, em condições de real lucro para o productor. E uma das maneiras indirectas de alcançar- mos esse objectivo é fornecei'-lhes barato os apparelhos, de ([ue necessitam i^ara traba- lhar a terra. A propósito deste assumpto a Superin- tendência do Serviço de Expurgo e Benefi- eiamento de Cereaes dirigiu a todos os lavra- dores registrados no Ministério da Agricul- tura, a seguinte e opijortuna circular: Mostruário <1íis machínas oiii <>xpo.«ição na Sii perintoiulcncia do S<'r\-iço de Expurgo e Bene- ficiaiuiento de Cei-eaes do M. da Agricultura A LAVOURA 121 "Tendo o Sr. Ministro da Agricultura, possuído do maior desejo de facilitar á la- voura, resolvido a passar para as attribui- ções da Superintendência de Expurgo e Be- neficiamento de Cereaes a venda de instru- mentos agrários, adubos cliimicos e insectici- das,em virtude de ter sido extineta a Delega- cia Executiva da Producção Nacional, com- munico-vos que nos armazéns desta Superin- tedencia, á rua Gama 84 a 92 e Avenida Vc- nezuella 126 a 164, no Cáes do Porto, proce- de-se diariamente áquelle serviço, sendo o material vendido pelo custo, ficando, ainda, a cargo do Ministério da Agricultura os car- retos, despachos e fretes, sempre que forem expedidos pelo Lloyd Brazileiro ou peVà Es- trada de Ferro Central do Brasil. A Superintendência estará aberta, para attender aos interessados, das 8 da manhã ás 4 horas da tarde. Saudações". O que produzem as nossas terras Sob este titulo, publicou o ".Jornal do Comnicrcio", de 9 de Março, edição matuti- na, uma conimunicação do Sr. Dr. Dia.s Mar- tins, Director do Serviço de Agricultura Pra- tica do Ministério da Agricultura. Corno se trata de assumpto que interessa á lavoura, para aqui transerevemol-a, data venta: "E' de interesse geral sal>er o cjue pro- duzem os nossos agricultores cm cada re- canto do paiz. porque é priucipalniento com o trabalho delles cjue todos nós vivemos. Por isso é útil, de quando em vez, a pu- i)licação de notas cheias de interesse local, de- monstrando a natureza e valor dessa produ- cção, notas extrahidas dos trabalhos da inspe- cção agrícola que ora está sendo feita nos numícipios dos Estados pelos Inspectores Agrícolas e Chefes de Culturas deste Serviço, para a publicação da 2" edição dos seus "Questionários Agrícolas" sobre as condições Sérte das Usinu.s de Evimigo e líciu-ficiaiii < uto de l'piT:ies do Ministério da Agri- ■ "cultura, lio Cáes do Porto 122 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA da nossa agricultura cm todos os municipios, e também da "Producção de nossas terras" ambos trabalhos deste Serviço, já publica- dos pelo Ministério, em 1912 e 1913. Essa 2" edição deve apparecer entre o fim deste e começo do próximo anno, com grandes melhoramentos informativos sobre tudo o que diz respeito á nossa agricultura em cada município dos respectivos Estados, e mais desenvolvidos ambos no seu feitio pratico, bastando dizer conforme publicação minha, que, de cada município, se destacará o traballio de um, dous ou três agricultores, dos mais operosos, e trabalho manifesto na conta da receita e da despeza das respectivas culturas, organizada pelo agrónomo, encar- regado (la inspecção, com os dados fornecidos por cada um. Por tal meio o Ministério da Agricultura indicará praticamente a todos os interessados; o que se produz neste e na- quelle município; qual a producção do nosso hectare; qual a despeza e receita de cada cul- tura; quaes os agricultores locacs qiio podem instruir melhor aos interessados, sobre o que disser respeito á lavoura e á criação deste ou daqucllc município. Repetimos: não é fácil este (raljalho, i>ois. é penosa fazer nos Estados a inspecção local para a collecta dos dados, e exigente da ca- pacidade profissional, fazer a revisão dos "Questionários" aqui na Directoria, critican- do o trabalho antigo e o que está sendo feito, e tanto cpic, a cada passo, o trabalho da re- visão está desenvolvendo; informações, contas de despeza c receita, mensuração de áreas de tamanhos diversos, para rectificações con- stantes, afim da informação ministrada ficar o mais perto possível da verdade local, em to- dos os municipios. A nota de hoje rcfere-se a alguns pontos de inspecção agrícola do município de Bento Gonçalves, no Rio (irando do Sul, feita pelo Chefe de Culturas, agrónomo António de Arruda Camará, que o inspeccionou, sob o exame do Inspector Agrícola, agrónomo Al- berto Pimenta: Cultura — A principal é a do vinho, que vae sendo pouco a pouco melhorada, se- guiudo-se em importância a do linho, milho, feijãd, trigo, cevada, centeio, favas, forra- gens, hortaliças e arvores fructiferas, sendo cultivados em pequena escala o fumo e a canna de assucar. Videirns — Segundo a t'.*tatistica muni- I>eposito de cei-paes expurgados, promptos para serem export;íidos pai-a Hamburgo e caixão de mateiial agrário, no armazém da S. de B.vpurf-o e Beneficiamento de Cereaes A LAVOURA 123 cipal ha cerca de (iOO.UUO pés de parreiras das A-ariedailes Isabel, Branca, coinmum, Po- verella, Barbéra, Moscatel e outras, predomi- nando, porém, a Isabel, por mais productiva. menos exigente de cuidados culturaes, mais resistente ih)Ís, emljora os cantineiros ou fa- bricantes de vinho líaguem por um kilo de uvas finas. ])ara vinhos finos, 200 réis, o por um kilo de Isabel 60 réis. O numero de vi- deiras por hectare é muito variável, poden- do-se considerar uma média de 300 por he- ctares; também muito variável é a producção por hectare e por videira. A cultura geral- mente é feita em latadas; actualmente, jío- rém, já fazem a i^lantação em linhas. A póáa da videira é feita segundo o sy.steraa Guj^ot, principalmente das videiras finas, que pouco a pouco vão substituindo a Isabel na forma- ção das novas parreiras. As moléstias mais coiiimuns, ncsla cul- tura são: a perunoítpora ou iitildiíi. combati- da 2''ela calda Ijordaleza, o uíx]ioitados 2.125 sae- cos de farinha de trigo, e 7.839 saccos de trigo em grão. sendo a prodncção do muni- cípio avaliada em cerca de 4.750.000 kilos de trigo em grão. Na Estação Estadoal de Agrieuhura, em 1918. a despeza do hectare, em terra já oc- cupada por outras culturas foi de 142^250 e a receita de 180$, liavendo o lucro de réis 37^750 para a cultura do trigo lucro mais ou menos egual ao da cultura do millio, por hectare. Aveia — Em 1918. foram exportados 915 saccos de 50 kilo.s, sendo a ])roducção do município avaliada em 90.000 kilos de aveia em grão. O lucro do hectare regula 142$00O. Centeio — A producção é avaliada em 140.000 kilos. sendo exi^ortadas 175 saccas em 1918. Milho — Em 1918. foram exiiortados 3.443 saccos de 00 kilos. sendo a producção do município, segundo o serviço de estatís- tica municipal que forneceu estas informa- ções, avaliada em 23 . 400 . 000 kilos, produ- cção que exige um milharal — occupando uma arca de cerca de 19.000 hectares. Feijão — A exportação de 1918 foi de 8.548 saccos de 00 kilos. sendo a producçãO' do município avaliada em 18.000 saccos de 60 kilos. A variedade de feijão mais cultiva- da é o preto, e a ])roduccão jmr hectare regula 600 kilos. Faroíi — lv\]H)rtou 907 saccos. em •1918,, .«endo a i)r<.iducção avaliaria em 1(1.350 sac- cos. regulando a méilia de producção por he- ctare em 90O kilos. Lenfilha.i e tremoçoíí — A iiroducção de uma e outra c avaliada em 200 saccos. para cada uma respectivamente. Amendoim — A producção é avaliada em 800 saccos de 40 kilos, sendo a ]iriiducção média, de hectare, de 2.500 kilos. Bfifafa in(jh:a — A jiroducção é avalia- da em 750.000 kilos. sendo a média -de pro- ducção por hectare 5.000 kilos. Esta produ- cção é consumida no nuuiieiíiio". Bscriptoi-io «la Supei-intendencíii (lo Serviri) de Expui-}t<> o licncfiiiainciito (!<' (lo Poilo — Rio (Ic .íjineífo Cerciícs, no Cáes A LAVOURA 125 Preparação do milho para semente A selecção ENSTDAT)E SE DEYE TE.VX- TAR O MILHO A di>lancia de se plantar o milho para se obter a maior colheita é um assumpto, no qual tem liavido a maior variedade de opi- niões. Existem advogados em plantal-o Ijem espesso, advogados em plantal-o Ijem distan- ciado; ci^eulcs ua~ carreiras distantes e cren- tes nas carreiras juntas. O espacejar é um assumpto muito impor- tante. En suggero que as carreiras devam ter quatro a seis jxV de distancia uma da outra. As plantas r.o -uleo devem ser espacejadas de accordii coui a quantidade de fertilizado- res usados e eoui a fertilidade do solo. Para produzir de 40 a ÕO l.ushols por acre. eu teria as ean'oiras de 11,-1 mt. a 1 1|2 mt. distantes uma da oulra, com as plantas de 40 em 4i) cm., tendo uma planta em cada eóva, ]ilaniaiido eowpeas entre as carreiras em oeca.-iãii do idtimo cultivo, Eeceulemente o Prof, Mooers fez uma carta ])ara milho que mostrou justamente em que espessura mais ou menos o milho de dif- fercntes lypos deve ser plantado, em .solos de fertilidade variada, para se oljter as maio- res colheitas. As conclu.sões ahi apresentadas foram o residtado de um estudo de 12 annos das jilantações exiierimentaes na Estação Ex- perimental do Estado de Tennessee, c prove- nientes de um homem com experiência sci- entifica e com paixão pela exactidão, pio- dendo ser aeceitas como uma verdadeira base da qual se ]}(')de calcidar a espessura que se deve dar ao milho. Quando o artigo foi iiublieado, dissemos que, em nossa opinião, elle era um dos mais importantes que um papel jamais eontercá, e ainda hoje temol-o em tal apreciação. Sen- do essa a razão ])orque mais uma vez vamos dar as formulas feitas pelo Prof, Mooers, "A d:staneia de plantar milho dei)ende de dois factores: 1°, a fertilidade do solo; a 2°, os caracteristioos geraes das differentes variedades a serem plantadas. Tomando esses em consideração, logo podemos dividir as principaes variedades do milho em qua- li'o cla.sses, como segue: 1) Little "Willis, Mosl.v's Prolific, XeaUs Paymaster; 2) Al- hemarle Prolific, Hastings Prolific; ?.) Mar- Uioro Prolific, Texas King; 4) Huffman, Shoe Peg. Conhecendo a j.roducção elle tem o di- reito de esperar de cada planta e conhecendo mais ou menos a ]iroduceão elle tem o di- reito do esperar de uma geira de suas ter- ras, a determinação do numero correcto de plantas por geira, torna-se um assimqito de mera calculação. Os quadros que seguem, feitos pelo Prtjf. Mooers, serão mn guia nuús seguro de plan- tação, jiara qualquer lavrador, do que a sim- ples adivinhação. Pôde ainda ser dito que para as terras prováveis de produzir menos de 25 bushels por geira, a distancia para 2") bushels pôde ser a usada, e para as teín ras jiroduzindo de 25 a 30 bu.shels, a distan- cia para -"iO liushels pôde ser usada, e sempre assim : ( 1 acre -= 4.000 metros quadrados) Pislaneia entre as idantas nas carreiras de 1 1]5 Mt. ('(ilciilaríio Bnxr, BiiíiJuIs Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Grupo 4 pés pol. pé5 pol. pés pnl. ]ié.s pol. 25 . , . 3 2 O O 7 4 1 4 4 ;io . , 2 S 3 0 4 3 8 40 . . ■2 0 2 3 2 0 2 fl 50 . , '. í 1 1 10 2 0 2 2 00 . , 1 4 1 (■> í s í 10 Com carreiras de 1 IjS metros de distancia 25. .34304447 30 . 2 0 2 3 0 3 10 40 . . 2 1 2 4 2 s 2 10 50 . '. 1 s 1 11 2 2 2 .-> 00 . . 1 5 1 í í 0 í 11 Com carreiras de 1 metro de distancia 25 . . 3 O 3 11 4 6 4 O 30 . . 2 10 3 4 3 S 4 O 40 ,.2225 2 10 2 11 50 .,19202 3 2 4 00 .. 1 5 1 7 1 10 2 O Anqiliado do Southern Agriculturist . T. E. Dníi Cliefe da Rep. Industrial da L. Rail- way . A LAVOURA 127 O CACTO SEM ESPINHO Do i'1-of. T. R. Day, ulicfe da reparti- <ção induHtrial da Leoi:)oldina Railway C.°. Tecebemos a seguinte eommunicação: Em resposta á sua carta de 16 do cor- irente, tenho o grande prazer de lhe transmit- •tir por meio desta as seguintes breves infor- mações, com respeito ao "'cacto sem espi- ahas". As mudas devem ser pkmtadas em carrei- ras, de três em três metros. Qualquer espécie de terreno secco dará bom cacto, mesmo os legares jtedregosos e imprestáveis i^ara outras ^culturas. O cacto prefere a terra secea, não prosperando bem em solos húmidos e iKUiTa- nosos. O campo pôde ser arado, ou, então, as palmas, podem, também, ser plantadas por imeio de uma enxada ou de outro instrumen- to qualquer, que seja mais conveniente. Depois de plantados devem ser eulíi\a- Jos durante mais ou menos um auno, de- vendo-se plantar feijão ou "t'o\vj)ea" entre as fileiras . As plantas muito depressa pegarão raiz, e em dois annos produzirão grandes colhei- tas de fina forragem. A forragem deve ficar nas plantas até que fôr necessitada, quando pôde ser corta- da e dada ao gado, aos carneiros, porcos, gal- linlias e a outros animaes. Os animaes a])ren- dcrão muito ligeiro a comel-a, si se espalhar um ])ouco de farinha de milho (fubá) ou farello de trigo por cima das palmas. O seu valor como alimento é egual ao da alfafa verde. Uma grande vantagem do cacto é o facto de poder ser usado como reserva para as estações seccas e de não requerer co- lheita como a alfafa e outras plantas. Afinal, a grande importância do "cacto sem espinhos" para este paiz, especialmente, si fôr introduzido nos districtos pedregosos e seccos, não pôde ser ainda encarecida. T. i;. Day. Plantas taniferas do Brasil Os nossos conhecimentos da Flora Bra- zileira escasseiam á medida ([ue nos afasta- mos da região littoral, onde nada mais sobra á curiosidade scientifica, tão grande é já o numero dos Botânicos que a cruzaram em to- dos os sentidos. Dahi decorre, naturalnieule, a carência de subsídios para o estudo das plantas tan- niferas do nosso interior, o que nos põe na dependência exclusiva do "Mangue" das -orlas do Atlântico Sul, cujo teor cm tanino é, aliás, inferior ao de muitas outras plantas indígenas, des]3reziveis somente por não te- rem ainda, merecido os favores da chimica ■experimental. Além disso, a casca do Mangue encerra uma substancia corante, preta, que aos cou- tos curtidos empresta apparencia desagradá- vel. A sua percentagem em tannino regula de 25 a 30 %, que se pôde considei^ar insi- gnificante á vista do"Barljatimão", por ex- emplo — e só para citar uma das nossas pou- cas ])lantas de cortim chimicamente analy- sadas, com 30 a 48 % de tannino. Em peores condições, ainda, se encon- tra o "Quebracho", tão preconizado nas Re- publicas do Prata e até exportado para a Eu- ropa e Estados Unidos da America do Nor- "te como artigo de primeira ordem. Esta jilanta, convém dizel-o de passagem, possuimol-a tanto ao sul de Matto Grosso como de Goyaz e o seu tanino, conteúdo é de, apenas, 8 a 16 %. O nosso vegetal mais rico em lauuino, comquanto a chimica não o tivesse ainda pro- clamado, é incontestavelmente, o "páo terra", assim chamado nos listados de Minas Geraes, Goyaz e ^latto Grosso — com as suas três espécies: — Qualea graivliflora. Q. mnUi- flora e Q. parviflora. Não são as Qualcas, todavia, as plantas de uso geral, por isso nos cortumes do inte- rior do Brazil occupa o primeiro logar o "An- gico" (Aracia angico), que, segundo o Dr. Monteiro da Silva, contém 40 % de excel- lente tanino. Segue-se-lhe, em esualdadc de circunistancias, a Canna-fistula, empregada principalmente, no cortume de pelles finas. Podemos, ainda, accrescentar, á lista aci- ma, entre outras, as seguintes plantas tanni- feras, projirias dos vastos campos do nosso interior: "Caparosa do campo" {Myrcine (/ard neriana) : "Murici", também chamado ••])áo de cortir", {Bi/rxonina ■'eculiar {catinga) que tem o tóde, e a maneira como sempre tem a cauda. Em conclusão, sobre este modo de distinguir, ap- |)ai-eutementc, parece que o eami^onez leva \anlagcm sobre o scientista, caso não se ti- vesse outro aspecto da questão. Distinguem os dois animaes emquanto vivos; logo. po- rém, cpie os animaes estão expostos nos açou- gues, sem as caiíeças c desiirovidos de suas ]iellcs, não sabem dizer qual é o carneiro ou qual seja a calwa. E' counnum ser ]iosia á venda a carne de cabrito ou cal)ra, como se fora de carneiro, ])ois a carne de cabra é de boa qualidade. Nos Estados Unidos, onde se ex[)lora esse género de connnercio, são feitas as mais apu- radas selecções, e encontram-se nos mercados cerca do 300.000 cabras abatidas por anno; é toda e.ssa carne vendida como de carneiro. Este facto serve jiara demonstrar cpie a bôa fama de que goza a carne de carneiro, não é justa; pois a maior parte da carne vendida como tal, não é de carneiro, c sim de cabra, tendo a carne de carneiro conquistado uma fama de su])erioridade, quando a cabra é quem fornece o material. E", sem duvida alguma, a cabra uni bom animal, de grande utilidade. Póde-se affir- mar dentro dos limites do provável, que a ca- bra foi o primeiro animal convertido á do- mesticidade. Reconhecida como um animal útil, pois foi denominada a cabra como a "vacca do homem pobre", podendo-se accreseentar que é taml)era o cavallo, dos menos favorecidos da sorte. A LAVOURA 131 E' considerada induíitriaiiiKirie eoino tendo 03 seguintes predicados: produeiora de carne, de leite, de pelles e de lãs. Ein todos estes predicados ella tem unia importância muito grande, ninior ainda o que 6 co- nhecida. Concorre, ainda, auxiliando ao iiomem, no desbravamento dos terrenos destinados aos fins agrieolas. A carne produzida pela calira é de muita utilidade, sendo de bôa qualida e o fornecen- do quantidade de bom alimento fielo seu sa- bor, que, geralmente, não é distinguida da do carneiro, não sendo inferior a esta e for- necendo alimento nos pontos onde não se pôde obter outra carne para o consumo. Sobre a possível origem da cabra, ainda nada se salje. Todos os exi_)loradores da Ásia e da Africa encontraram, em quantidade, a cabra e foram muito auxiliados nas suas ex- pedições por este animal, e póde-se affirmur que devem o resultado de suas operações a tão útil animal que concorreu para a effi- ciencia dos grandes ti-aballios de Prjevalsky, Sveii-Hcien, Livingslon, .Stanley, Burton e muitos outros. E' a cabra o melhor amigo e tem serviço para o sustento e alimento dos exploradores em todos os paizes novos, onde este animal é encontrado. Na Americíi do Sul. assim como no México, onde a cabra não é nativa, a sua introducção acompanhan- do os primeiros ]io\oadores, homens brancos, concorreu para facilitar a noljre missão dos primeiros colonizadores, o que seria diffici;!- toso '^em a sua existência; naturaliueiiie esses territórios vastos ficariam despovoados. Peia introducção da cabra nos paizes citados, teve solução o problema do alimento, em relação aos Índios selvagens c aos semi- civilisados. A cabra concorre ])ara facilitar a coloni- zação pela simples razão da sua rusticidade, vivendo em logares que não podem jicrma- necer outros animaes domésticos. A vacca se mantém onde o cavallo não 'póãe viver, e o carneiro nos logares em que a vacca não vi- veria; porém, a cabra vive e prospera nos cam]5os em que faltam elementos de vida ao carneiro. E' ainda a caVjra um animal pre- ciosOj pois tem a faculdade de servir aos colo- nizadores, como também vive nos grandes centros. Nos pontos meridionaes da Europa, desde Portugal até a parte occidental da Tur- quia, é o principal jiroductor de carne e de leite E' o único animal na Africa que se en- contra nos pontos mais tropicaes, fornecendo carne e leite, sabendo-se que nesta zona está comprehcndida quasi cjue a metade do conti- nente africano. Na Ásia, nas localidades mais povoadas, se encontra a cabra, assim como a vacca, o cainello, o carneiro, e mesmo ò búfalo que tem a cauda de cavallo {Yack). Tendo-se em \ista. o conjunto desta jjarte do glolio, nota- se que a cabra é o animal domestico mais importante de todos os existentes. Entretan- to, o cainello, a vacca, o carneiro e o "Yack", não habitam todos o mesmo território, mas a cabra, encontra-se em toda parte. Economica- mente fallando, a cabra tem um logar in- ferior ao da vacca e do carneiro, no centro e no norte ila Europa, porém, existem muitas localidades no mesmo contiiienti' onde a ca- bra é mais importante do que o carneiro, chegando mesmo a concorrer com a vacca, como em muitas regiões da Suissa, Allema- nlia e Rússia. No México, na Amei^ica Central e Ame- rica do Sul, nas .Vntilhas, a cabra tem um logar de destaque c occupa uma extensão territorial maior do que aquella oecupada pela vacca. o cuntriro. a Ihama e a alpaca; entretanto, em conjunto, é menor a extensão oecupada pela cabra do que a relativa oecupa- da pela vacca c o carneiro; e mesmo, ainda, á extensão que occuiiam a Ihama e a alpaca. O gado vaccum e lanígero é maior em (pianti- dade que o caprino na. jVmerica do Sul, pela grande quantidade existente nas Rei)uÍ:)licas do Prata; e pelo numero de carneiros exis- tentes na Ilepuljlica do Chile e na ilo Peru. Este animal é encontradn em todo con- tinente sul-americano, não (ilistante existir tamliem na Bolivia. Peru e Equador a Ihama, que tem um logar de destaque. A abundância de cabras na "Wnez.uela e Colômbia é maior do que a quantidade de carneiros ; sendo que na A^enezuela o numero de ovinos é relativamente inferior ao do gado \'accum . O numero de cabras e de carneiros existen- tes no Brazil é de 11.000.000; 1.800.000 em ^'enezuela : 2 .500.000 na Colômbia : 4 . (30t) . 000 na Argentina sendo em menores ((uantidades nos outros paizes da America do Sul. No México e.xistem 4. 500. 000 -. em Cuba 500.000 e egual quantidade na Ame- rica Central. A cabra é criada, principal- mente, na America do Sul para producção de leite e carne c em segundo logar para ex- tracção de pelles. Nos Estados Unidos, a cabra occupa uma posição económica differente da que tem na America Latina, pois a sua funcção na co- lonização foi somente manifestada nas re- giões do sudoeste do mesmo paiz, antiga- mente occupadas pelos hespanhóes. Eptre os colonos inglezes nos Estados Unidos, á cabra não se prestou muita attenção, sendo mais tarde, depois de 200 annos passados da fun- 132 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA dação do Jamcgfown, .■íóiiieutc quando o re- ferido animal se tornou di.iíuo de aj)reeiaeão no paiz e considerado útil. Nos Estados Unidos, a carne da cabra não é perfeitamente ajjreciada e ainda é pouco conhecida \>ov parte dos consumidores. Os dados colhidds na líej>artição/ de Estatis- tica dos E. Unidos a.ssignalam a existência de 2.915.000 cabras criadas em pastos cer- cados, isto é. cm 1010, c 115.000 que pastam livremente. Mesmo que nos Estados Uniilos o numero de rezes imrciim e de ovinoíi não tenha tido auíímento, desde aquella tlata, é provável que o numero dos animaes capri- nos e suinos tenha au,tJ,mentado. Desde 1910, não se puldicou nos Estados Unidos nenhuma estatística relativa ás ca- bras; porém existe a crença de que a quanti- dade de cabras tenha crescido considi'ravcl- menlc nesse paiz. Estimando-sc a quantidadi; destes animaes em :>.000.000, existe entre- tanto uma cai)acidade ])ara o au,t;niento de 10 e até 20 vezes mais do numero de cabras, .sem com isto soffrer o desenvolvimento a.cri- cola do i)aiz. Os naturaes do paiz estão prestando toda attenção ao desenvolvimento da cabra, a des- peito do não terem feito o mesmo os ingle- zes colonizadores da nação americana. Devemos ter em vista, f[uc os desbravailo- res das terras e cidonizadores encontraram as maiores difficuldades. em relação ás re- giões do Oeste e do Sul, em 1c]'ritori(i ameri- cano. O preparo do solo, gerabnenie, v mui- to mais caro nesse terreno do que nas terras virgens. As terras que já foram culti\adas, por um methodo antigo, tôm um factor mais sério, (punido se trata de nova cultura, após longo tem])o de abandono; ])OÍs a )iaríe do destacamenlci, afim do se ])odcr roteal-a, ]ie- los meios machaiiicos actuaes, exige um gran- de trabalho e dispêndio; entretanto, os ]iro- cessos usados com o desbravamento ós á derrubada. Uma vez cortadas as arvores, é preciso que as suas í'aizes sejam arrancadas, e o emprego da dynamite é de resultado satisfatório, ou póde-se também empregar o destocador me- chanico. Os animaes que se nutrem com os brotos, jirestain um grande serviço, pois evitam o crescimento de novas arvores nessas regiões já traballiadas, concorrendo jiara que as rai- zes das arvores cortadas apodreçam. Quasi todos os animaes se nutreiu dos br('itos das arvores derrubadas e dos arbus- tos; porém, em geral, as plantas são sacrifi- cadas. As vaccas, ás vezes, prestam ))ons ser- viços neste mister; os carneiros melhores do que aqucUas iie.ssa funcção ; porém, as duas esiiecies de animaes não fazem o tralialho, como seria de esperar. A cabra é um grande desliravador das ferras, ]>ois .el industrial importante lem a Tabra como productora de leite. O leite, o queijo o a manteiga produzidos lia cabra têm uma gi'ande imiiortancia, como A LAVOTIEA 133 alimento da raça liumana; este factor tendo sempre a augnientar. E' a cabra o animal mais importante, eomo produetora de leite, de mais de meta- de da Europa, Ásia, Africa e da America Latina. Em conclusão, o leite de cabra não attinge á quantidade do leite de vacca offe- recido aos consumidores das grandes cidades, que utilisam somente o segundo na enorme superfície da terra, sem, entretanto, este fa- cto concorrer para coUocar o leite de cabra em plano inferior, em relação á nossa affir- mativa anterior, não como quantidade ne- gociada nas cidades, mas, como condição de valor na sua nutrição . E' bastante empregado o leite de cabra no sul da Europa, sendo grande o seu con- sumo; e esta affirmação tem razão de ser, pois todos quantos tenbam residido na Itália, Hespanha, Grécia e outros paizes poderão dar testemunho de tal commercio. Ainda como produetora de leite, a cabra tem na Suissa grande importância, assim como na França, Allemanha, Áustria, Eus- sia, Bélgica, Hollanda, Scandinavia e nos paizes dos Balkans; encontrando-se somente o leite de vacca nas mesas dos hotéis. Julga- mos provável que a proporção do leite de ca- bra sobre o de vacca, seja de 1 para 3. Serve a cabra para fornecer leite não só ao pobre, eomo ao fazendeiro abastado, jjois esse animal se mantém nos logares em c^ue seria difficil a permanência da vacca. Em quasi toda a Europa Central, como na Africa, é a cabra que fornece o leite, me- nos nos logares em que existem camellos. Entretanto, nos Estados Unidos a indus- tria de leite de cabra não é grande. Ha pre- venções contra este leite, as quaes podem ser devanecidas facilmente. A principal pre- venção contra o uso do leite de cabra pôde ser facilmente coml^atida, pois os motivos que determinam esta jirevenção não se jus- tificam, enearando-os pelo lado industrial. E' a cabra um animal que jaresta vários serviços; isto é, que não produz resultado sa- tisfatório quando é explorado para um de- terminado fim industrial. Observando-se, soij o ponto de vista de seu aproveitamento, des- de a criação, a cabra pôde ser facilmente edu- cada e destinada a outros fins. Tenha-se por objectivo a producção de leite, como as vac- cas leiteiras de insignificante i'endimento, porém, isto se consegue bem observando a sua alimentação, dando-se as forragens des- tinadas ás vaccas, ou aquelles alimentos que não servem para os bovinos, por serem de pe- queno valor nutritivo. O resto das forragens deixadas pelos outros animaes, a cabra o consome, nutrindo-se ad- miravelmente .E' contra-indicado dar-se um alimento mais nutriente e rico. quando se- tenha por objectivo a producção de leite, que só attinge a 6 litros diários; entretanto,, não se deve af firmar que o consumo mundial, do leite de cabra fique reduzido a um pe- Ciueno limite. Devemos ter em vista que a producção- do leite de cabra poderá attingir a uma re- comi)ensa maior, desde que a installação des- sa industria, se ache perto de um centro de regular população, pois o leite encontra con- sumo. Para se obter a maior recompensa com & exploração da cabra, deve-se crial-a sem um determinado objectivo, não se preoccupando- o fazendeiro que ella seja destinada á pro- ducção de leite. A sua principal razão justi- ficativa está no meio de alimentar o animal,, de forma que o custeio não seja caro; fa- lhando este principio, torna-se sem nenhum valor a exploração industrial. O leite da ca- bra é mais rico em elementos solido?, com- parado com o que produz a vacca. guardadas as devidas proporções. Contém o leite de ca- bra uns 50 % mais de matérias gordas, 25 % mais de easeina e de albundna e 10 a 15 % mais de assucar, do que o leite de vacca. O papel importante que possue a cabra é a sua producção de pelles, pois são estas de Ijôa qualidade, tendo vários empregos, em diversas applicações úteis. São usadas para tapetes, luvas, pelles para tambores e outros instrumentos de percussão . As pelles curtidas são apreciadas pela sua finura e impermeabi- lidade, em relação aos outros couros delgados, e pela bôa apparencia que as mesmas aj^re- sentam . São productores das melhores qualidades de pelles de cabra vários pontos da Europa, Rússia, Ásia e America Latina. Referem as estatísticas dos últimos annos sobre a impor- tação feita pelos Estados Unidos com os se- guintes algarismos: 45.147.497 pelles em 1912; 45.719.133 pelles em 1913; 41.168.045 pelles em 1914; 84.726.761 pelles em 1915. As principaes origens, em 1913, o anno de maior importação dos Estados Unidos, foram : índia, 16.619.893; China, 5.907.881; Rússia, 2.689.032; Aden, 2.583.101; Me- .xico, 2.470.793; Inglaterra, 2.470.049; Brazil, 2.307.757; Argentina, 1.749.049; Turquia, 1.660.385;; França, 1.240.830 e Venezuela, 695.498 pelles. A exportação de toda a America do Sul foi de 5.351.992 pelles. Além das pelles foram importados nos 134 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIOETAL DE AGRICUlITTrRA Estailos l'ni(i(),s couros de nihrito no: valor de 5.000.000 a 6.000.000 de los de ii.so. Dos 46.000.000 de pelles importadas, 300.000 fo- ram curtidas e preparadas para os fins assi- gnalados. Os algarismos que vimos de ex- por iiermittirão julgar da importância que nos Estados Unidos podem ter essas pelles, que elles necessitam para as suas industrias ? Provavelmente, a resposla terá de ser nega- tiva. Esta ])ergunta c feita pelos fabricantes de luvas daquelle paiz. Tois saliemos que para um consumo de 5G. 000. 000 de pelles ha necessidade de um enorme ix'l)anIio de ca- bras, calculado 3 vezes maior que o existente na America do Norte. Temos duvida que semelhante fpianlida- de, ou outra que se lhe approxime, jiossa manter-se sobre bases económicas exactas. Quando a cabra deixa do ser um factor económico, não se utilizando das sobras das rações dadas aos outros animaes, alimentos que deixarão de ser aproveitados, p.u-a ser custeado o seu raccionamenlo, como se proce- de cora o gado suino; o resultado na sua ex- ploração se torna negativo. Entretanto, a cal>ra destinada unica- mente á producção de leite ]ióde chegar a ter importância, si bem que limitada, e é certo que o rebanho de caiirinos pode ser augmen- tado nos Estados Unidos de 10 até 20 vezes mais do que actualmente, que dá o total de 3.000.000 de animaes. Ainda não está con- venientemente explorado esse ramo da in- dustria pastoril e agi'icola, exi.stenie no paiz e não é certo a affirmativa i)ara um calculo que mereça fé, a respeito desses animaes, que poderão ser crcados nos campos americanos, em relação ao gado vaccum, suino e lanígero. Ainfla um outro papel im))ortante está destinado á cabra: ó como productora de lã própria para fabricação de tecidos. Depois da tradicional folha de figueira, é a pelle da caljra ou do carneiro que assigna- la o vestígio do homem i)rimitivo. Desde a época em que foi usada a pelle inteira até a lã, o pello até os tecidos, o caminho iiercor- rido foi maior, sendo rirecisamente para fa- bricação de pannos que o pello de cabra se presta e tem um preço remunerador. Fabri- eam-se chalés de cachcmira, os lindos tapetes da Pérsia e de Bokharan e os tapetes felpudos da índia, sendo todos estos producfos obtidos da cabra. Até a fundação das fabricas de tecidos de algodão, todo o material tecido era jirepara- do com o que se obtinha da cabra, sendo mui- tas vezes conseguido por mistura, nem sem- pre com a lã do carneiro. As cabras de maior víilbr,. prfas suas pel- les ou lã, são: do Thibet, ás vezes denomina- das "Caebemiira",, C' a de' "-Angará". O pello exterior da cabra do Thibet é grosso e varia muito quanto; ao compriniento e côr. A lã que cobre o seu couro, cm geral, é de um tinto cinzento esljranqni.çado:, sendo sedosa e fina, o que torna. esta. lãi apreciada no com- mercio. Tem este animal iBiia pelle que o protege na estação invernosu,, e miiida esse pello todos os annos. Temlo começo a muda no outo- mno, quando não se lhe corta; na jirimavera cabe. Por esta occasiãov logo que o ])ollo co^ meça a cahir, os camponezcs ])enteiam o ani- mal, i.íto é, passajTL um pente sobre o pelfe> do bode. com intuito de colher todos os pellos- sedosos que são encontrados no referidoí re»- produclor na camada de pellos grossos que está no exterior. Lydekher affirma que,' a lâ que se obtém de um animal do regular tama- nho chega a attingir a meia libra de peso. E' com este material que so fabricam os afamados e custosos chalés, cujo uso, tanto em voga, deu margem a que duramte algum tempo existissem em "Cachemira" ]ierto de 16.000 teares oeeupados ua sua fabricação. A cabra de "■Angora", cuja variedade foi nos Estados Unidos tomada com interesse, tem este nome devido a um povoado assim denominado na Ásia IMenor. Esta espécie foi confundida por vários pastores, como a do Thibet e de "Cachemira". Effoctivamonte, o Dr. James B. Davis, da Califórnia, que foi o primeiro que importou animaes dessa raça para a nação americana, obteve-a como of- ferta feita pelo sultão da Turquia, em 9 ani- maes escolhidos, os quacs acreditou serem de "Cachemira", chegando a supiiôr qite com os pellos desses animaes é que se fabricavam os celebres chalés- conhecidos pov tal denomi- nação. O mesm» facto se deu na Califórnia, que denomiiiíu*am as caliras que ali chega- vam, com o> nome de "Cachemira". Vários criadores de cabra da raça "An- gora" não eompreh eu deram a verdacfeira si- tuação económica do referido animal, nem tão pouco de outras raças; parece, entretanto, que a variedade em questão tem um logar de destaque especial de nenhum modo restrin- gido na industria pastoril. A cabra Angora, apparentemente, tem a mesma resistência que as outras cabras de raças differentes, é capaz de viver e prosperar num meio hostil, com insignificante raccionamento, e po.ssue uma pelle que se ])resta á fabricação, dando um couro de primeira ordem. E' ainda um animal iitil, como qualquer da sua espécie. Mesmo produzindo pouco leite, a cabra dá em pelles e lã uma comj)ensação, só egua- lada aos productos da raça do Thibet. Entre- A LAVOURA '135 tanto, suas pelles são superiores, soIj o ponto emos que ])óde viver nos meios mais hostis . Sabemos, mais, que a caljra An,ij;orá, mes- mo com uma alimentação ordinária c escas- sa, produz l:iem, dando unia bôa (pialidado iir(jiiemí<, nn- bias c moncusaS; que são destinadas á pro- ducção de leite, e demandam muito cuida- do; com um 1)om tratamento a cabra An- gora recompensa com vantagens dignas de nota. ])odendo ser equi]iarada ao carneiro da raça merino. Quando a cabra Angora produz um Ijom pello, attinge de 7 a 8 poUegadas de compri- mento, sendo muito lustroso, o que constitue uma bôa recommendação. Os tecidos feitos com esse pello são semelhantes aos de lã de alpaca; porém, na realidade, as duas filiras são l)em diff crentes, como as suas origens. O aiiroveitamento dos pellos de cabra para manufactura de tecidos, especialmente 03 de verão, está sujeito aos caprichos da moda, a despeito de não existir uma filjra que se lhe po.^^sa egualar. Não se encontra outra fibra que seja tão forte como o pello de cabra, pois é bastante durável servindo de telas. Na fabricação de tapeçarias para moveis, occupa o ijello de ca- bra um logar de destaque, muito importante, sobretudo quando se trata de moveis de longa duração, servindo para assento de carros de estradas de fci-ro e de outros vehiculos. Occupa a cabra um logar de destaque, como auxiliar do homem, na civilisação, au- gmenlandi.i cada dia mais o seu valor. Sendo sempre um animal colonizador, j.iodendo che- gar a um ponto de grande utilização e de pro- gresso. Nos Estados Unidos, onde a caljra é menos conhecida c aproveitada que nos outros paizes, a utilidade do referido animal 66 resente, principalmente ao sul do paiz e no occidente, onde existe um numero muito limitado destes animaes. Não se conclue deste facto que a caljra poderá suljstituir aos outros animaes domés- ticos ; mas, que poderá ser de maior utilidade. Os gados vaccum. lanígero e suíno não têm a caljra como competidora, sendo, entre- tanto, esse confronto um erro, jH-aticado pe- los admiradores da caljra. Na escolha de um animal productor de carne, escolheremos a vacca e não a cabra, e outro tanto quando se tratar da producção do leite. Acham-se nessa situação os ■■minos e ovinos, em relação á superioridade da cabra. Esta situação de confronto é raras vezes njiresentada, não existindo competência en- tre n cabra <■ (jualipier outro animal ilomes- liro. "\ ive a cabra nos logares em que outros animaes não podem viver, servindo para aproveitar os ahmeulos deixados pelos outros animaes. TerminaiiKjs. deixando nestas linlias as- signala:los o valor e a utilidade da cabra e as funeções exereidas jtor tão digno animal, taes como: produeção de carne, leite, pellos e Couros. A fermentação das folhas tabaco de A fermentaçã(j tem por fim melhorar o a.specto geral do Jaliaco, uniformisar a sua còr, desenvolver o aroma, augmentar a com- buslibilidade, dimimiir a quantidade de ni- cotina e assegurar emfirn mais facilmente a sua conser\-açã(j. (Js iiroccssos de fermenta- ção \ariam de um ]jaiz para outro e em uma mesma região, conforme as variedades e a natureza do laljaco. E' sal lido que, para uina mesma varie- dade, o processo d.a, fermentação differe se- gundo as folhas do tabaco; quando são de tecido esjjesso é jireciso uma fermentação lenta e regular; ao passo que quando são le- ves ó necessário uma fermentação muito aciiva e com temperatura elevada e irregu- lar: portanto, é preciso, antes de tudo, fazer a divisão por cpudidades e separar os tabacos leves dos mais ordinários: as folhas de uma mesma qualidade, reunidas em maços de cerca de ÕO fíjlhas cada um e collocadas no solar de um local sufficientemente arejado, devem formar uma massa com base rectangu- lar e de paretles verticaes, de forma que as pontas das folhas fiquem voltadas para o in- terior da massa, e as bases amarradas, devam formar as paredes. O gráo de humidade das folhas deve não ser superior a 25 e nem in- ferior a 22 %, . A temperatura deve subir gra- dativamente devendo ser collocados, em dif- ferentes logares, thermometros que permit- iam verificar a fermentação. Quando a tem- peratura alcançar o gráo marcado, desfaz-se a massa, deixa-se esfriar o tabaco e faz-se de- pois, de novo, a massa, em outro logar, pro- curando pôr no meio as partes das folhas que 136 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA haviam precedenteiueute foruia(.Ui a- pare- des da massa. Vae-se renovando esta opera- çcão até a temiioratura do tabaci.i íicar egaal á do ambiente. Devem ser evitados os augmentos Itu:-- cos de temperatura em alguns ponto^ da massa, que indicam uma fermentação mudo aetiva ; neste easo convém desfazer-se^ a massa e expor ao ar as partes muito aquecidas;. A'3 vezes, porém, succede o contrario: não se manifesta a fermentação. Neste caso lam- bem é de conveniência desfazer-se a massa e expôl-a ao ar, para evitar a putrefaccão. Dl-. Silrcrio Gaiiiiar' ^-< Traballiiiixlo com giadc iiiaioi- temas de cultura mais vantajosos. avaIianara o [irejiaro da fi- bra, e sua remessa aos mercados do interior, onde é negociada e enviada ás prendas (Press Houses) e fabricas de Calcutá, no mesmo es- tado em que t' vendida ou de])ois de passar pelas operações nece,s-India jirocurei estudar o .solo e o clima, a f cultura e a producção, a industria fabril, a exportação, o commercio c os mercados, em relação á juta, afim de conhecer seu valor, não só sob o ponto de vista agrícola e indus- trial, mas, também sob o aspecto económico, de grande importância c interesse. Por conveniência de inetliodo foram esses estudos divididos nos três ca]iitulos se- guintes: 1." Cultura: abrangendo o estudo da planta, .solo e producção agrícola, clima, ro- teamcnto, adubação, rotação, irrigação, des- can.so, innnersão, curtimento. deeortic;ição e sécca. 2." Itidiisfria; (|ue trata da fibra. ]iren- sas (press houses), fabricas, iiroductos das fabricas e tabeliãs explicativas. 3." Commercio; onde se acliam iuclui- dos dados estatísticos solire jiroducção. e.xpor- A I.AVOTJEA 139 tacão. o]X"iíU!URS ( com mereiaesie cotações rela- paíz não ê ncon^ellmvcl a introdiicção da cul- tivas íi jutii bruta.e niamifacturada. tunii da juta. Demonstraremos separadamente as duas. ANNEMOS .A ;E-STE T^KUAIMO jwoposições. Junto dois albimseoiiJ wiia eolWção de lOG pholioifírajiliiaSjique Tepreseatam tão per- feitameiítc quanto é po^ivel, todos os traba- lhos agrieoiatí e indiKtriae? « da juta :na ÍLndia, sendo que A delias relativas a phages iniciaes — do prejuu-o da aterra c àn& plantações, fo- ram-nií* fedidas por seu proprietário, químdo vi as i'ultm';w, jáieni ponto dccolheita. Nesteti estudos part-iaes estão baseadas as conclusões do lielatorioíque veuilio apresentar ao Governo, confiante de que serão relevadas as imperfeições c deficiências devidas, antes O estudo da introducção da cultura de jutii 110 Brasil envolve problemas correlatos e. apresenta aspectos econí)micos que devem sec postos em destaque. Assim pois, antes de entrarmos propria- mente ua questão, — si para o nosso paiz é ou não jiossivel e conveniente essa cultura — • cnnipre-nos verificar si de facto, neste momento, será essa a melhor solução jtara o acondicionamento mais económico dos nos- sos iiroductos, estudando as causas e eondi- Ijavrando as terra.s de tudo, á improficiencia do seu autor pouco versado no assumpto e em j^rande parte á es- local-as na precedência destas lultimas. Acreditando que o (íoverno interesse, em maior grão, conhecer as conelusões do que as outras partes deste trabalho, natural- mente áridas e mais extensas, entendi acei"- tado, embora contra o uso estat)elecido, col- loeal-a.s na precedência destas ultimas. l)ir-se-á que é pôr o carro adiante dos ibois, mas, si ha nisso uma inn ovação ou ori- ginalidade de mão gosto, que me seja ella perdoada, em vista da iutííução, tanto que niíais fácil será corrigir o erro, transportandí es«ái ])arte jiara o logar hahiíjaaL CONCLUSÕES As duas conelusões prineipacs, resuhan- tes dos estudas constantes desta Kelatorio, são as seguintes: 1.° lyualem-se ou supprirfMini-se grada- tivamente oí< direitos aduaneiros da juta bruta, das aniagens e dos saccos e a crise dos preços cessara promptamente. 2." Nas eoMidições económicas actuaes do (iriídcaiido o solo (loiM>is de nascida a plímta ções em que se manifestou a crise do j)reço dos saccos. A questão da ctuhaJJayem dos nossos pro- ductos exportáveis, particularmente a do café e cereaes, assumiu uma importância, exce- jicional em consequência da guerra. Perturbando todas as relações do com- mercio internacional e difficultando os tran- si)ortes maritimos, alterando profundamente os valores monetários, e consequentemente as taxas de candiio, a guerra determinou uma alta exces.siva nos preços de todos os artigos. Creou, desta forma, uma 1 situação de incertezas e surprezas, tanto nos mercados de dinheiro como nos de todas as utilidades in- dispensáveis á vida, alu-indo campo a espe- culações e aventuras, omitas vezes contrarias ao interesse dos [iroductores e dos consumi- dores. O jireço dos saccos para o acondiciona- mento dos" nossos productos de cxportaçãc para os mercados internos e externos não es- capou a esse mal e suIjíu tão exageradamente que logo sobrevieram justas reclamações dos lavradores sacrificados, de um lado por essa alta e do outro pelas baixas- cotações do café, ~140 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA Gradeamento do solo Destocaimento do solo «m crise de declínio desde o começo da guen-a. A esse tempo o problema do aproveita- mento das fibras textis nacionaes para a ma- nufactura de tecidos apropriados á confecção de saccos, era seriamente discutido no seio da Sociedade Nacional de Agricultura, por seus membros de melhor competência, constitui- dos em Commissão, cujos debates acompa- nhei com o máximo interesse, não podendo, infelizmente conhecer as conclusões por ter partido para o Oriente onde nunca mais cn- ■conlrei jornaes brasileiros. Attendendo á situação premente dos productores e consultando as opiniões cie maior autoridade, o Governo, empenhado em achar uma solução definitiva do problema, dirigiu sua attenção para a fibra universal- mente empregada no fabrico de saccos c re- solveu mandar estudal-a nos paizes de ."^ui producção, tendo em vista principalmente as vantagens e possibilidades da introdueção do ■seu cultivo no nosso paiz, consoante os ter- mos do officio do operoso Sr. Dr. J. G. Pe- Teira Lima, Ministro da Agricultura ao jja triotico e honrado Sr. Dr. WenceshiG Braz Pereira Gomes, Presidente da Republica. Nomeado para essa Commissão, fui á índia, o maior ou, por assim dizer, c paiz tinico de producção de juta no mundo, pro- ceder aos estudos transcriptos neste Relató- rio, cujas condições submetto á apreciação do 'Governo, como desvalioso subsidio a qualcjuer deliberação que entenda tomar, no intm"to de salvaguardar os interesses dos productores e impulsionar o verdadeiro progres,so do paiz, para o qual concorrem mais cjue todos os ou- tros, os homens que trabalham a terra brasi- leira, mesmo quando op]irimidos, cm bene- ficio exclusivo de emprezas prosperando á sombra de um proteccionismo condemnavel, si dispensado a imlustrias sem base natural. (Continua) Dr. Rodrigues Caldas Plantas taniforas do Brasil ESTADO DO PARANÁ' Do Sr. Dr. Affonso Alves Camargo, Presidente do Estado do Paraná, recebeu a Sociedade Nacional de Agricultura o seguin- te officio sobre as plantas taniferas no re- feiido Estado: "Ulmo. Sr. Dr. Miguel Calmon, digno vice-presidente da Sociedade Nacional de Agricultura. — Respondo ao vosso officio datado de 27 do mez próximo passado. As plantas taniferas mais conhecidas no Pa- raná são, entre outras, o Mangue (Escaevola plumaerii) , de onde recentemente está se ex- trahindo o tanino, com resultados maravi- lhosos. Diz o Dr. Félix Guimarães, que a ])orcentagem de tannino, quanto á quantida- IRMÃOS CASTRO — Vendem reproductores das raras Caracú e Hollandeza, a preços i i razoáveis. Para mais informações e pedidos com o Sr. Roberto Dias Ferreira — Rua < — - 1" de Março n. 15 — Rio de Janeiro. ^^^^^^zn^^^I^^ ,..-.. .„ ... .^(.^ ^^fc^^v^^TTi; íeiei^eisi^eeeieieiéfèiéBèfêiaefêi^i^afêiSíeíefè^ A LAVOURA 141 de e qualidade, resultante do extracto obti- do das folhas do mangue, não encontra com- petição em nenluuna outra planta tannifera do paiz. A porcentagem do extracto attinge a 36 % com superioridade em acido tannico ao Quebracho que attinge, apenas, a 26 %. A zona do exsurgimento no Paraná é todo o littoral. O Gramamunho cuja casca é geral- mente empregada nos cortumes de todo o Estado e delia já se faz larga exportação. O preço, em Curitylia, regula de 2$500 a 2$900 por arrolja. A zona de apparição desta arvo- re é generalizada por todo o território do in- terior do Estado. O mercado consumidor de Curityba é abastecido pelos seguintes centros de producção: Bocayuva, S. José dos Pi- nhacs. Araucária, Lapa, etc. A sua exporta- ção para outros Estados está encetada, com successo. Os maiores compradores e vende- dores, no Estado, são Walter & C, rua Ria- chuelo 56, nesta cidade. A Acácia virffinalis, abundante no interior do Estado e cuja casca adstringente, muito empregada para cor- tumc, é usada como tónico e bem assim suas folhas. O Eoriiano (Itálico) com a mes- ma zona de producção exploração e ap- plicação que o Gramamunho e com preços idênticos. Desta planta ha diversa.? varieda- des no Estado. Além dessas encontram-se. ainda, o angico vermelho do campo (Pithe- coloJnum goDi mifcruni, Mart.), a Canna fistula (Acácia fistula), o cajueiro (Anacar- dum occidentalc), a Canella de veado (Acti- nostemon lanceolatus Sald), o Ingazeiro, o Barbatimão (Sfrjiphnodonn), Mangues ama- rello — Avicennia nifida. Jacq., liraneo (Avicennia tmncntom. Jacq.), Goiabeira — Psidium guajara, Sad., Romeira — Pânico Granai um L., Araçá do campo — Psidium med., Araçá pyranga — Eugenia Sp.. Aro- eira — Schinus terebinthifoliiis, Aroeirinba (Schinus Weim.eniaefolius, M.) No Estado do Paraná a casa que mais se dedica ao commercio das plantas tanniferas é Walter & C, rua Riachuelo 56, em Curi- tyba. Aproveito o ensejo para reiterar-vos meus protestos de consideração e estima. — Af- jonso Alves de Camargo. E. DE S. PAULO '•Informarão — As espécies de plantas tanniferas que habitam o território do Esta- do de São Paulo, são bastante numerosas. Na industria de cortume, porérn, nem todas são conhecidas e utilisadas, seja por falta de analyses, seja por não haver necessi- dade do seu emprego. Aproveitadas são uni- camente as conhecidas de longa data. O con- juncto da vegetação paulista é sempre hete- rogenio. Não existe, sinão raro, formação congénere e as plantas tanniferas, iomadas em conjuneto. não fazem excepção desta regra. Entretanto, em dt-terminadas zonas, ]ire- dominam em certa quantidade, favorecendo por isso, as industrias locaes. A zona do lit- toral, por exemplo, possue as suas próprias espécies tanniferas o a do interior fornece outras, adaptadas ao seu solo e clima. Deste modo não é exagerado affirmar que todo o território .paulista produz essências florcstaes lanniferas cm sufficiencia. Apezar disto ha importação do Sul de Minas, talvez por com- modidades de connnunicação, e ultimamente o som duvida iior causa da carestia, occasio- nada pela conflagração nnmlaiila esiiecialinente ciii]ir('- gadii na imlustria do cortume, posso affir- mar, ]hi1('ui. que veoetaes tanniferos nella habitam. O plaiialtd ile S. Paulo, o interior, possvu' duas ])(issantes essências florestaes em uso na industria, ambas com alta i)orpenta- gem de tannino. São estas o ]>arljatimã(i c o angico. arvoi'es pertencentes á família das leguminosas. A primeira — Struphnodcn- dron Bavixifiniãti Mart . — é característica pela formação vegetativa, chamada a vva- do. sendo comnuun em todos. Tenbo-a ol)- servado até nas maltas do sertão do IJio Feio onde alcança grandes proporções. Conslitue um excellente fornecedor de matéria prima ]iara curtume, visto que a Yiorcentagem de tannino da sua casca é de 40 'í mais ou menos. O preço actual regula ])or áif^OO ]ior arroba. O angico — Piptadiitia rif/hla Benth — . também leguminosa, existe nos cerrados mas iiarece preferir os rrrrodõcn c maltas c acba-se concentrado mais na zona limi1rn])lie com o E.stado de Minas Cfcrai^s. donde ha grande exi)ortação para os cortu- mes de São Paulo. ]'jst('nde-se até Pio (Iran- áv do Sul. Possuc excellent(Js qualidades jjara curtir e o seu conteúdo tannino tamlicm é analysado em 40 '}{ . sendo, porém, o seu preço actual mais baixo f|ue o liarbatimão. é.. a -JífOOO a arroba. Seudc cslas Ires essências florestaes tanniferas íis mais im- jiortantcs em S. Paulo e Sul de Minas, de- vem -cr ellas uimadas cm considei'ação em primeiro bjgar. (luercndo estabelecer uma industria de tannino. seguindo-se em segun- do logar as outras pouco experimentadas e cuja enumeração seria longa a- seado nos meus conhecimentos da flora pau- lista, de 27 annos de estudos e oliservações., com e.s])ecial attenção ás plantas industriaes, eon.sidero que o emi)rehendimento mencio- nado na carta de consulta daria resultado ])o- sitivo e seguro, (tustavo Edwall. — Botâ- nico addido á Directoria de Agricultura. — S. Paulo. 14 — II — 4919". ' ESTADO DO ESPIRITO SANTO Informação i)restada ao Sr. Secretario Geral do Estado (lo Espirito Santo. ])ela Di- rectoria de Agricultura, Terras c Obras do referido Ivstado: COPIA ''ExiiU). Sr. Secretario Geral tio Exfado. — Em falta de qualquer trabalho sobre His- toria Natural do Estado, venho offerecer in- formações de meu conhecimento ]>essoal so- bre o assumpto. A jilanta tanifera que pa- rece melhor .se iirestar á industria extractiva é o Mangue, que exi.ste abundantemente em. todo o littoral e nas margens de rios cuja in- fluencia da nuu-é vae a algunui distancia ])elo interior. Sua extracção (folhas) ]iara o fabrico (])i') ou liquido) parece ser facil e compensadora. A quantidade do producto, dado o renovamento constante da folhagem, desde que não sejam sacrificados os arluistos, poderá ser tanta quanta se dieseja.._ aunuai- mente. A montagem de \una ou mais Uzmaa em jiontos que se irradiem ])ara uma peri- ]>heria. para beneficiar as folhas que ]iodem ser obtidas de onde houver facilidade de via- ção, iiareceria de imniediata vantagem e bons resultados. Conviria cjue o Estado, no intui- to de animar a industria, ainda aqui (lls^o- nhecida, não lhe creas.se embaraços de ma- tar os estímulos com impostos ]iesados. Em todas as demais regiões do Estado, servidas l>or estradas de ferro e navegação, ha tam- bém outras es]íecies de taiuiiferos, taes como as cascas de Barbatimão, Canna-fistula, An- gico e ovitras. cuja exploração ]iodei'iia ser feita por meio de inn conuuercio racional, re- gulando a compra das ca.scas ãv conformida- de com as de.spezas da extracção, frete, etc. — Creio ter-vos informado o sufficieute. — Em •30 de Fevereiro de 1919. — (.Vssignado) — Tia miro de Barros". ESTADO DO CEARA' PLANTAS TANIFEPAS Existem varias es|)ecies de plantas tan- niferas nesta parte do Estado, desde as ])raiaa. ás encostas das serras, nas terras altas, ])t^iire- gosas dos sertões onde o .luremal jiredomina e nas nuugens férteis dos rios e ri;u'hos, e (pie, já pela abundância destes vegetaes na no.ssa flora e já i)ela i)orcentagem de taninc (pie elles encerram, bem de certo, merecem estudos especiaes no seiitid(» dr determinar a sua importância económica. As plantas taniferas nesta zona são ru- demente utilisadas jiara o cortume de i)elles e couros, em cuja exploração dão ])referencia ao Angico talvez jior conter maior quantida- de de tannino e dar a colorisação caracterís- tica do couro, e, muitas outras são usadas j)ara fins medicinaes ]>elas propriedades adstringentes desta sulistancia. Neste ultimo mister a Jurema. Catinguei- ra, Goiabeira são as plantas preferidas e, si decocção de suas cascas e Itrolhos novos é muito usada para a lavagem de feridas, ul- ceras e liicheiras. ])ara a diarrhéa, leucorrca, etc. A LAVOURA 143 No cortuiiic de cuuro.s as cascas das plan- tas tanniferas são postas em infusão em tan- ques de cimento, addicionando-se ainda cin- zas vegetaes c sal commum c nessa mistura são os couros infundidos ])or alguns dias, de onde resulta cheiro nuiito desagradável. iSegundo informações colhidas dos me- lhores curtidores são jirecisas 8 cargas de cascas de Angico, de S arrohas cada unia. para curtir ■2.") couros ou 50 meios. cu;>lando cada carga de õifOnO a (;$(I0(). incluiudd o transi>orte. O prdcesso rudimentar de curtimento eni ciuc o tannino não 6 devidamente a]iroveita- do. bem como, o recolhimento a esmo das cascas Cjue não são altrigadas da acção das chuvas, de onde resulta considerável i)erda de tannino justificavam ])or si luna medida no sentido de attenuar os defeitos desta in- dustria Cjue iioderia ser liôa fonte de rendas para o Estado. Os tanques de curtumes e eurtidores estão espalhados em todo o sertão, sendo, entre- tanto, mais uumerdsos na ])ovoação de Es- treito, no nnmicipio de 8ant'Anna, Marcos também no mesmo munici]>io, em Cratheús. Tandioril, Soliral, Massapé, vtv. Segundo a applicação que tem o tannino nesta parte h> Estado as jilantas fornecedora'^ desta substancia mais impui-lautes são: ANGICO (Acácia Angico, Martins), planta pertencente á familia das legumino- sas de porte mais ou menos erecto, copa fron- dosa, folhas ('(impostas, bipinnuladas, com muitas pinnulas, sua floi-escencia é em capí- tulos cujos fi-uctos são vagens achatadas, medindo de Kl a 12 centímetros de compri- mento e contendo de 4 a 6 sementes de côr encarnada escura, chatas e arredondadas, assemelbando-sc a pequenas moedas de cobre. O angico nas encostas das Serras chega a medir de 30 metros a mais de altura, sendo, entretanto, sua média 25 metros de altura c tronco de 30 a 35 centímetros de diâmetro. Além do tannino que a ])lanta encerra em grande quantidade, o Angico é l)ôa ma- deira de construcção e fornece tamljem a rezi- na que dá excellente coUa, já tendo a sua procura connnercial; i)ois a firma Oriano Mendes, desta i)raça, tem exportado nniita rezina de Angico para S. Paulo, tendo con- stantes pedidos ueste producto vegetal. O Angico é arvore do sertão e das encostas das serras, constituindo logares onde é a ]danta predominante, como em algumas ])artes de Crathevis, Tamboril, nas proximidades da Estação de Charito, etc. E' também muito alnindante nos pés das serras da ]\leruóca. Eosario, Ibiapaba. no nnmici])io de Massapé nas proximidades da Estação de Pitondieiras, em Sobral, Ipú, Ipueiras, etc. ■TUKEMA (Acácia Jurema, :\[artius). A Jurema constitue talvez a jdanta mais abun- dante dos sertões d«-ntes germinam nos intestinos do gailo, occasionando-llics a morte . r\V FEPvRO — Planta tannifera exis- tente nas ))raias c C[U;e vem a ser o quebracbo da Argentina cujo aproveitamento muito en- grandeceu a industria do tannmo. O Pau Ferro que tamlx-m é excrllente madeira de constrvicção tem o amagii preto muito duro e resistente, é nuúto abundante nas praias especialmente no munici]iio de Aracahii. aOTABEIPA — (IVidiom guajava. Saddi) i)lanta das Myrthaceas cultivada i>or seus fructos muito procmiidos para doces. A Goiabeira contém tairniun e as suas fo- lhas ou brolhos novos, de gosto amargo ad- stringente cm decocção sfio nmito aconselha- das ])ara diarrhéa. Planta do crescimento médio, chega en- tretanto a tamanhos verdadeiramente admí- ra,vt'is; i)ois em Ibiapina, na Serra Grande, um i)é de Goiabeira medido por mim deu Im.íT) de circunu''ei'i'ncia.. MANGUEIRA — (xMangitVra Indica L.) planta das anacardiaccas cultivada por s(>us fructos apreciados. Arvore muito pi"oductiva, resistente, a Mangueira contém tannino e é cultivada desde o littoral ás serras. BANANEIRA — Planta das Musaceas de (pie existem varias espécies e variedades; é cultivada por seus fructos em terrenos fres- cos, nas serras, nos i)aixios de açudes do Ser- tão e nos córregos das praias. Planta tannifera, de crescimento muito raiiido ,e que se reproduz i)or bolbos ou fi- lhos de bananeira, é muito cultivada c seus fructos são talvez os mais aljundantes nos mercados desta zona. rONGLUS.vO ; Além dos vegeíacs tannanles acima enu- merados, existem muitos outros talvez tão importantes cujo valor relativam,ente a esta substancia só pôde ser elucidado em estudo mais minucioso. Entretanto as plantas tan- niferas mais conhecidas e que têm alguma api)licação nas nossas pequenas industrias foram apontadas, e, assim darão uma idéa da i'i(|ue/,a de nossa flora em plantas desta na- tureza . Sobral. 1" de Março do 1910. — (A.) Lcocddio de Araújo Jiinior. Director da 2-'' Região Agrícola do Estado do Ceará. Sociedade Nacional de Agricuitura| ANNUIDADE 20$000 | I Os sccios Qu^ites receloem gra.tu.i- | ta.men.te JL I^JL^OJJTIJL 1 i Pedi estatutos íj^ 15, Rua r de Marco -:-•- Rio de Janeiro, Brasil | A LAVOURA 145 CULTURA DO LÚPULO NO PARANÁ' A S. A. Cervfjíiria Atlaiilica. com > ineze.s estão abundante- mente cobertas de fhires e caclios (cones) de lúpulo quando os cultivadores de lúpulo da Europa alcançam este resultado somente no 2" anno. A])roveitamos o ensejo para dizer algo a resi)eito das vantagens que ])odem ad- vir para a ECONOMIA NACIONAL, si a cultura de ceva 'a e de lúpulo no PAIZ fos- sem incrementadas jiara poder ser su]>prido c consumo da industria de cerveja no Brasil com cevada MALTAD/v e lúpulo, prepara- dos NACIONAES. E' absolutamente incon- testável, ciue estas duas culturas são realizá- veis no Sul do Brasil, pois provaram-no as eolbeitas e as experiências feitas até hoje. Em L^EZ ANNOS levando por base do (?alculo o actual consumo annual de 21 mil toneladas no valor de 12 mil contos de réis e os juros de 10 % ao anno a ECONOMIA NACIO- NAL ultrapassaria 205 MIL CONTOS DE PÉIS, si os capitães, que hoje sabem )>ara o estrangeiro e lá rendem os juros, GIEAS- SEM NO PAIZ pois passariam por milliares e milhares de mãos, principalmente dos pe- quenos lavradores, do connnercio numeroso estaljelecido nos centros i)roductores agrico- las e dos operários, que achariam novo campo dè actividade nas xMALTAKL\S e ESTA- BELECIMENTOS 1)E PREPARO DE LÚ- PULO. Os Estados do Sul do Brasil — que são realmente os jxienos favorecidos em com- paração com os Estados servidos pelos ijortos maritimos, que dão accesso aoa grandes trans- atlanticofi — leriam nova fonte de rendas e não temeriam a concurrencia, pois o seu cli- ma moderado jiermitte não só a MALTA- (JÃO de cevada sem nece.ssidade de recorrer ao CARLSSIMO RESFRL4MENT0 ARTI- FICL-VL DO AMBIENTE nas salas de Jardim de lúpulo da Cervejaria Atlântica — Curityba 146 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA •ImiiIíiii dl' liijuilo (la Cervc.jaiia .\tl;mti< (iiiityba GEKMIXA(.'Ã(_). c-a.^o (jne não se \cril'ica no Ivio de .laneiro f vm S. Tanlo. nia> taiiiiivni o dito clima ajuda mnilo a (TI/frííA DE •JEVADA ,■ de ELTULO. o capital neces- sário para o estaljelcciniento de uma Cl! AN- DE MAL'J;ARIA nacional de capacida- de productiva correspondente ao cnn^nnivno nacional com suai installações. inacliinismos ^ capital de movimento calculamos em ,S.Õ()0 contos de réis. cujos algarismos faliam por si sobre a importância desta industjúa. () refe- rido capital é realizável com facilidade, for- mando-?e mna sociedadp anonyma por acções ])elas próprias cervejarias estabeleciilas' no Paiz, c|ue actualmente protegidas pelas leis c tarifas aduaneiras como ]NÍ)rSTRlAS NA- riONAES, de MATÉRIAS IMíLMAS N \- ■CIONAES UTILLSAM TÃO SOMENTE A AGUA. As ditas cervejarias ])rincipalmente as do Rio de Janeiro e de S. Pavdo i>or ora não só não mostram a intenção de altandonar a sua altitude egoista e pouco patriótica, ou pelo menos a attitudc de reconhecimouto pela hosjiitalidade lhes jiro]iorcionada. ('omo pelo conírario. fazem ainda Ioda a e.-:pecio de difficuldadcs e obstáculos, demonstrando afficialmente A POUCA IMPORTÂNCIA da nova industria, que i)rocnramos desenvol- ver. PARA ELLAS 205 MIL CONTOS DE RÉIS DE ECONOMIA NACIONAL NÃO ]•]' NADA ! ! I Dirigimo-nos pois, a V.Ex. con- vencidos, (pie a nossa presente exposição me- recerá a allcnção de Y. Ex. e suggerímos as seguintes medidas a a:!optar peTos PODE- RES I'UBJjI(_'OS, (pie pedimos proteger cora vossos bons officios e prestigio, i)rincipai- mente junto á Commissão de Revi.são de Ta- rifas Aduaneira.s. Estas medidas são: V O Poder Legislativo devia adoptar a taxa adua- neira de iiai'eeiam nas aguas dos rios, portanto um jiroducto de GE ANDE ALCANCE para a ECONOMIA NACIO- NAL c a economia dos proprietários de en- genhos de aguardente e assucar. Observando ainda que a nossa MALTA- RIA produz sufficiente quantidade de mahe para o nosso consumo e que durante os 2 úl- timos annos não imiiortámos NENHUM KILO DE CEVADA MALTADA. temos a honra de pedir a V . Ex. tomar conhecimento desta circumstancia e verificar cpie não visa- mos os nossos fins pessoaes. mas sim a ECO- NOMIA NACIONAL, e em vista disso tornar a si o patrocínio desta questão, como tem ])atrocinado outros assumptos referentes á AGRICULTURA, e PECUÁRIA. Juntamos á presente alguns folhetos so- bre a propaganda feita por nós entre as clas- ses interessadas e pedimos acceitar os protes- tos da nossa alta estima e distincta considera- ção. SAÚDE E FRATERNIDADE. — Curi- tyba, 17 de Março de 1920" . SOXOS: Sua conservação e relação com a vida animal e vegelal CARITULO V ConrJiimo O ESTRrilK ATIK.\UU AO RELEXTO, no campo, perde metade do seu valor como ali- mento da ])lauta. devido á fermentação c in- filtração. O esterco bem decomposto e guardado com cuidado, é mais rico em elementos nu- tritivos, tonelada i>or tonelada, do que o es- terco fresco. São precisas 1 1|2 a 3 toneladas deste, jDara i^erfazer uma tonelada daquelle, o que significa que a matéria orgânica está grandemente reduzida e que a quantidade total de elementos nutrientes decresce, tam- bém, com a fermentação e exposição ao ar. A não ser em casos especiaes e para certas culturas, não ha vantagem real na decomposição do esterco; o melhor é ai)pli- cal-o no seu estado fresco, ao sahir do esta- bulo antes que se verifique qualquer perda. A FERMENTAÇÃO E O AQUECIMENTO do esterco em ijilhas frouxas, resulta na decom- 230sição da matéria orgânica c consequente jDcrda do azoto e da ammonia. Deve c;rARi)AR-SE o estrume liquido — As investigações feitas em diversas estações experimentaes, mostram que a urina vertida pelos animaes contém mais da metade do va- lor, como fertilizante do excremento, cerca de 3|4 do azoto total e 4|5 da pota.ssa. Pratica- mente, todo o phosijhoro é encontrado no es- terco solido. Mostrou-se, também, que o azo- to e a pota.ssa da urina são mais efficientes á planta que os do excremento solido. A mis- tura dos dois forma um fertilizador de jíri- meira ordem. O esterco liquido deve ser apanhado sobre uma camada de material absorvente, ou, no caso de gado estabulado, com a con- strucção de cisternas, pi"ovidas de bombas especiaes diaphragmaticas para transi>ortar o esterco liquido ao distribuidor fabricado para este fim. A mistura do estrume liquido com o solido, sobre uma camada de palha e o seu transporte directo ao campo, é, sem duvida, o processo mais pratico c commum que o la- vrador em geral tem a ailoptar. Pôde. tam- bém, construir um fo.-^so de concreto, para o esterco, para onde correrão, de mistura, o li- quido e o solido, preservando-se ambos muito Ijem desde que o licjuido impeça a fermenta- ção e o aquecimento do solido. A menor perda de substancias aduliado- ras do esterco, verifica-se quando se o es- ))alha, directamente retirado do estabulo, por sobre o campo. Quando este methodo se tor- na impraticável, preparam-se, então, logares ai)ropriados, ou estrumeiras, para a armaze- nação do estrume. O esterco espalhado por sobre a terra arada e fermentado no interior do solo, dá os melhores resultados. E' preferí- vel empregar o disco antes de arar, depois de ter espalhado o esterco, para que este se mis- ture mais intimamente ao solo. O inconveni- ente de arar sobre uma camada espessa de estrume, é que este tende a destruir a liga- ção capillar do solo com o sub-sólo, fazendo a superfície seccar, e o resultado é a "quei- ma" da colheita numa estação secca. Uma ligeira applicação de estrume pro- duz maiores lucros por tonelada, do cpie uma ajiplicação abundante. Isto está experimentalmente provado. Fortes applicações de 30 a 40 toneladas, por hectare, dão os maiores lucros: quando, po- rém, a porção de esterco é limitada e a área de terreno vasta, leves applicações de 6 a 10 toneladas, por hectare, dão rendimentos mais animadores. O esterco augmenta a acção ba- cterial e accelera a fermentação e decompo- sição da matéria orgânica. A LAVOURA 149 'O esterco "beixi pulveriza:l() e csualiiien- Se clistriljuido. quando ao espalhar-se-o com ■iim bom espalhado!' niecanic-o. é mais prom- iptamente incorporado ao .s<'>lo e dá melhores ^■esultados do que quando espalhado á mão. Jístudos comparativos indicam que duas to- neladas de esterco, ai)plicadas com um espa- lliador de aduho, são equivalentes, em effi- rciencia. a tre.-; toneladas espalhadas com um .ancinho. A' excepção das raizes das plantas e o jiiais (pie fica das culturas no terreno, após á ceifa, é o esterco o material mais económico com que prejjarar o hunuis. Para. terminar; plante-se sempre mais em menor espaço de terra. A lavoura inten- siva não consi.ste somente na cultura de plantas adequadas, nem em afolhamentos. Ordinariamente, ella significa duplicar a, co- lheita na mesma área de terreno. Quasi sem- pre, julga-se do lavrador i>elo numero de ares do s(')lo agricolamente trabalhados c pela qualidade e quantidade de seus productos. T. K. D.\Y. ^Regulamento da 3^ Exposição Ncicional de Gado (A RE.ILISAR-SE DE 4 A ii DE JULHO DE 1920) Art. 1." Sdb os auspícios do Ministério "lii .Vgricultura. Industria e ('onnnercio, e ;por delegação esjiecial do mesmo, a Socie- dade Nacional de Agrit-ultura realizará, de 4 a 1.1 de Julho de ]!)2(), a ;'.•■' Ivxiiosição Na- ■fiiiual de Gado. Art. -2." .\ .Socieííadi' Nacional de Agri- cultura será representada para todos os effei- los, pela ("onmiissão Executiva da '■>■' Exposi- ■ç-ão Nacional de Gado. Art. 3." A Sociedade Nacional de Agri- cultura i-reará uma graiiíle Commissão ile Propagan la, que iiromoverá em lodo o Paiz •íi ]iarticiiiação ao certamen. Art. 4." Ds trabalhos da Coinmi.-.são Executiva se farão de accôi'do com as instru- rt^ções do Exmo. Sr. Ministro da Agricultura, industria e Gommercio, jiara harmonizal-os ■com os dispositivos da lei em vigor. Art. õ." A Commissão ICxecutiva agirá ■*.'om a autonomia e res])onsal)ilidade ipie lhe ■-coneedem a Sociedade Nacional de .Vgricul- tura, por um lado, e o jM'nisterio da Agri- •cuitura, por outro. Paragrapho único. A Commissão Exe- cutiva designará delegados nos Estados ou jMunicipios encarregados ila propaganda da Ex])osição. Pd^OGT;AM.M.\ Art. fi." O programma geral abrangerá -a,ç seguintes esiiecies de animaes domésticos: bovinos, equinos, asininos, suinos, ovinos, •caprinos e muares. § 1." Esses animaes, -serão de quaesquer raças puras ou mestiças. ])rovenientes da criação nacional ou importados, tendo estes pelo menos dois annos de permanência no -iiaiz. § 2." Os suinos e muares ,só |)oderão con- correr á IOxi>osição quando nascidos no l^aiz. Art. 7." O ])rogramma coinprf^henderá: a) — secções conforme a espécie; b) — grupos conforme as ai)ti:iõcs; c) — classes conforme as raças; d) — categorias conforme as idades; e) — sub-divisões conforme os sexos. § 1." Animaes da mesma raça, mesmo gráo de sangue, mesma idade ou mesma afiti- dão, serão separados em sub-classc A, quando nascidos no paiz; sul>classe B, quando nasci- dos no estrangeiro de accoido com o art. S", de modo cpie, no julgamento não sejam arpielles prejudicados por os! es. Art. 8.° Os animaes imiiorlados e já acli- mados no paiz, tendo pelo menos dois annos de permanência ])rovada, serão considerados nacionalizados para todos os effeitos das clas- sificações e lios prémios, dentro da sub- classe B. Ari. 0." Os animaes importados e.special- mente para a Exposição ou com menos de do's annos de permanência provada no paiz, não entrarão em concurso e serão excluídos do julgamento, podendo concorrer aos lei- lões ou feiras, que fazem parte integrante da Exposição. Art. 10. Para os effeitos do presente re- gulamento, serão considenxdos animaes pu- ros os que vierem acompanhados de seus re- gistros genealógicos, e na falta destes, aquel- les que ajtresentarem todos os caraeteristicos de sua raça, a juizo da Commissão Executiv.i, ou cpiando esta reconhecer que os mesmos lêm mais de TjS de sangue. Art. 11. Os mestiços serão os que apre- sentarem, pelo menos, um primeiro cruza- mento com animaes de raças puras consa- gradas. 150 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA Paragrapho uuico. Só serão adiiiittklos roproductorcs machos mestiços os que tive- rem pelo menos 3|4 de sangue, de alguma das diversas raças, salvo para os equinos que poderão ser admittidos tendo pelo menos meio sangue de cruzamento. Serão admitti- dos os representantes dos typos nacionaes seleccionados bovinos, equinoSj caprinos e suinos. Art. 12. Nos concursos ou demonstra- ções de lotes indiistriacs. etc, serão admit- tidos na E.xposição os mestiço,s do sexo mas- culino em qualquer grão de cruzamento. Art. 13. Serão realizados concursos de animaes gordos e de vaccas o cabras leitei- ras, simultaneamente com a Expasição de re- productores. Art. 14. Serão admittidos á Exposição a expensas dos cx]josilecialmente á feira, pagarão taxa do- brada. Art. 17 . Estão isentos de pagamento da taxa de inscripcão, os animaes cie propriedade das Governos Federal, dos Estados e Muni- cípios, da Sociedade Nacional de Agricultu- ra e os das Sociedades congéneres nacionaes ou estrangeira.»!. iVrt. 18. Os l)oletins de_ inscripcão de- quc trata o art. 15, serão enviados á Coni- ini.ssão Executiva a tempo de serem recebi- dos até o dia 4 de Junho de 1920, prazo im- prorogavel . §1.° Os ditos boletins recebidos após- esta data, só terão effeito para a feita cujo prazo de inscripcão se extinguirá no dia 15. de Junho, prazo inqirorogavel. § 2." Em falta dos boletins impressos se- rão acceitas as inscripções i)or informações verbaes, cartas ou telegrammas, desde que- se verifiquem as especificações constantes dos boletins entregues á Commissão Executi- va, dentro do prazo prefixado. Art. 19. As inscripções por boletins, in- formações verbaes, cartas ou telegrammaSj. imj)ortam na acceitação dos regulamentos e clecisões da Commissão Executiva da Expo- sição. § I ." Esses boletins conterão o nome do t'xi)ositor, sua residência, (numero e rua)^ Estado, Município, l'idade (nome da pro- priedade e sua localisação), es])ecie do ani- mal, nacionalidade, nome, idade, caracterís- ticos e marca do mesmo, raça (pura ou cru- zada), indicação da estação da Estrada de- Ferro ou do Porto onde deve ser embarcado. l)em assim a declaração de se destinar a jul- gamento ou á feira somente. § 2." Todos os animaes inscriptos terãoj direito á venda em leilão, no recinto da Ex- posição ou ijartieularniente durante o certa- men, ol)rigando-,se os exijositores a fazer as necessárias connuunicações á Commissão Executiva, para o effeito do ])agamento da commissão devida á Exposição. § o." A falta de preenchimento dessa formalidade, com intento de fugir ao paga- mento da (.'ommissão Executiva, importará para o infractor na perda, do direito de con- correr ás futuras exjjosições, realizadas pela Sociedade Nacional de Agricultura. Art. 20. E' facultada aos expositores a distribuição de papeis impressos, manuscri- ])tos ou daclylographados, contendo as infor- mações que [ireleuderem accrescentar sobre- seus animaes e propriedade e sobre os pro- cessos de cultura c criação que desejai"em di- vulgai-, com prévio consentimento da Com- missão Executiva. Art. 21 . A Commissão Executiva fará publicar um catalogo dos animaes expostos, que será distribuído durante o certamen, e que conterá a relação dos exiJositores, nomen- clatura dos animaes expostos e seus caracte- rísticos, tabeliãs de prémios pecuniários, re- lação de prémios especiaes, programma dos- leilões, relação dos juizes, etc. A LAVOURA lõl TEANSPOKTE Art. 22. O lL'aiispurte ilo.s animíies, quo concorrerem ;'i Exposição, dos tratadores que os acompanharem e de sua bagagem, das forragens para a viagem e dos objectos «Ja tratamento durante o periodo da Exposição será gratuito, Item como o seu regresso e de- volução aiJÓs a exposição. Paragraplio único. Os animaes impor- tados ou enviados do estrangeiro especial- mente pavA a feira, terão direito ao trans- j)orte de vinda e não mais poderão sahir do paiz, salvo quandi) indcnniisadas as despezas desse transi:iorte e de estada na Exjjosição a juizo da Commissão Executiva. Art. 2.'). A (.'onuuissão Executiva da Exjtosição, em nome do líxmo. Sr. Ministro da Agricultura, Industria e Commercio, accordará com as Emprcza.s de transporte terrestre, marítimo ou fluvial para concessão de favores referentes ao transporte dos ani- maes, tanto na vinda como na volta, cercan- do-os de todas as garantias e conforto. Art. 24. Os animaes deverão ser consi- gnados á 3" Exiiosição Nacional de Gado, e os respectivos documentos de desijacho de- vem vir em poder dos tratadores, os quaes farão entrega dos mesmos á Commissão Ex- ecutiva. Art. 25. Animal algum será recebidis nas estações de procedência, nem retirado na do destino senão vier acompanhado do respe- ctivo tratador, que poderá ser um para um gjupo de animaes, a juizo do expositor, e nem tão pouco será admittido no recinto do cer- taraen, si não vier contido por cabrestos, bu- çaes, etc, em perfeito estado de resistência. § 1." Os tratadores deverão ter para uso de seus animaes, escovas, pentes, raspadei- ras e mais objectos, que julgarem necessários. Art. 26. A Commissão deverá ser avi- sada., com antecedência, do embarque dos animaes e do dia provável da chegada ao destino, de modo que possa providenciar so- bre o desembarque. Art. 27. Esse desembarque se fará, sempre que fôr possível, junto á Exposição, nos terrenos da rua General Canal larro, 338, onde já funccionaram as duas Exposições precedentes. Art. 28. Na occasião do desembarque, os animaas destinados á Exposição soffrerão a inspecção veterinária indispensável e não serão admittidos no recinto da Exposição sem o respectivo attestado de saúde firmado pela autoridade veterinária da Commissão Executiva, designada pelo Sr. Ministro da Agricultura. Art. 29. Os animaes tarados, defeituo- sos, em estado de magreza, que estiverem ata- cados de moléstia contagiosa nu uã(_) revela- rem ter recebido algum preparo para figu- rar na Exposição, serão recusados, dando-se- Ihes o destino, que convier aos seus proprie- tários. § 1." Na ausencut cios i)roprietarios, a Connuissão fará recolher a iogar próprio os animaes que se acharem nas condições aci- ma, dando aviso aos proprietários ou seus representantes por couta dos quaes correrão as despezas de manvitenção. § 2." Serão devolvid;is aos expositores as importâncias correspondentes ás inscri- pções dos animaes recusados. INSTALLAÇÃO DOS ANIMAES Art. 30. A Commissão Executiva da Ex- posição fará preparar convt^nicnteniente o local do certamen para installaçao dos ani- maes. Art. 31. O rccintd do certamen será francpieado para o effeilo da installaçao dos animaes dez dias antes da altertura do cer- tamen e fechado três dias antes da sua inau- guração. Exceptuam-se os animaes proveni- entes de pontos extremos do paiz e os que ficarem sujeitos a transporte marítimo, que poderão dar entrada na E-\;posição quinze dias antes da inauguração. Paragrapho único. O tratamento doe animaes que chegarem antes do jtrazo indi- cado, correrá por conta e responsabilidade dos expositores. Os animaes que chegarem ajiós o pr;i20 determinado i^ara limite do recebimento, não entrarão em julgamento e ijoderão con- correr á feira se chegarem até a véspera da abertura da Exposição. Após esse dia não terão entrada. Art. 32. Não terão entrada no recinto da Exposição os animaes que não estiverem inscriptos, e ficarão por conta, e responsabili- dade de quem tiver feito a remessa. Art. 33. Preenchidas as formalidades de admissão, a Commissão Executiva de ac- côrdo com o programma geral de classifica- ção e, respeitadas as condições estabelecidas jiara cada categoria, distril)uirá pelo recinto do certamen os animaes acceitos, confronian- do cora os dados constantes dos boletins de inscrÍ23ção, afim de evitar trocas, substitui- ções ou erros de inseripção. Art. 34. Os expositores compromettem- se ao fazer a inseripção, a conformar-se com os locaes que forem designados para os seus animaes, sendo expressamente prohibida , qualquer modificação ou troca, sem prévia ' determinação da Commissão Executiva. Art. 35. A Commissão Executiva fará 10-2 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA fixar cartazes cspcciac- junio aos animae^ (■.\hiV)ido.s. § 1." No,< cartazes serão inílica:los: o nome do expositor, o nome do animal ex- jiosto, a sua procedência (Estado e nome da l)roi)riedade) c a classificação do anniial ( classe e categoria). § 2." Haverá cai-lazcs especiaes para inilicacão das cla.^sifi cações do jiiry. §"o." A affixação de quaesqucr outros cartazes só será jicrmittida com autorização especial da Conunissão Executiva. MANUTENÇÃO DOS .\XLM.\ES Art. ofi. A Commi.ssão E.xecutiva da Exposição se encarregará da manutenção dos animaes no recinto do certameu. providen- ciando ])ara a alimentação, limpeza, trata- mento e apresentação dos animaes exhil)'.- dos, utilisando os 'tratadores, que acompa- nliarem os animaes. Art, ;i7. Os exi)ositores en\iarão t'Ui]ire- gados para tratar de .seus animaes. os quaes ficarão subordinados á Commis.são Executi- va da Exj)osição. desde o dia da chegada até o da partida. Art. 38. A ('omnii.ssão Executiva não se responsabilisará pelos damnos superve- nientes, seja por moléstia, aecidente ou mor- te dos animaes, que concorrerem á Exposi- ção, conii)romettendo-se os expositores a de- sistir de quaesqucr reclamações. (OMMissÃO DE .tulga:\iento, con- stituição E EUN(_'UIONAMENTO Art. 39. A Commissão Executiva «la ]-;x]iosição, em nome da Sociedade Nacional de Agricultura, convidará ])e.s.sôas de reco- nliecida ])rol>idade c com])rovada competên- cia para procederem ao julgamento de to- dos os animaes expostas, podendo escolhcl-as no paiz ou no estrangeiro. Paragrapho único. Os juizes deverão es- tar escolhidos até o dia 4 de Junho, exce- ])tuando-se as substituições justificadas, quando se verificarem, sem que possa ser pre- enchida essa comlição. Art. 40. Os julgamentos serão feitos por jurys compostos de três mendjros, dos quaes um será Presidente, outro Relator e o tercei- ro. Representante da Commissão Executiva, sendo as deliberações tomadas por maioria de votos, quando surgirem divergências. Art. 41. Nenhum expositor poderá ser jurado na secção em cjue concorrer. Art. 42. O julgamento dos animaes será Feito de accordo com o critério da i'espectiva < 'ommissão. Da decisão dessa Commissão não liaverá appellação. Art. 43. O julgamento dção. § 1." ^'erif içando erro de classificação, o jury fará a rectificação necessária. i)roee- dendo em seguida a novo julgamento de ac- cordo com o progrannna geral tle cla.ssifi- cação. § 2. "O jury só poderá alterar o ])ro- granuna geral de classificação, introduzindo novas classes e categorias, ou creando ou dis- tribuindo prémios, além dos estabelecidos _e acceitos pela Commissão Exemitiva com pré- vio exame e consentimento desta Conmiissão. § 3." Antes de iniciar o julgamento, os juizes ]ioderão excluir ])or antecipação todos os animaes, que não julgarem nas condições de disputar o julgamento: poderão mesmo eliminar urna clas-e inteira, se assim jul- garem. Art. 44. A Connnis.são Ext'cutiva de- lega aos jurados o encargo de apreciação e julgamento e não intervém de forma alguma em suas i)rerogativas ,rcs])eitan lo sem res- tricções as suas resoluções. Art. 4."). Os animaes deverão ser ajjre- senfados ao jury nos dias e horas previa- mente determinados pela Conunissão Ex- ecutiva, de modo (juc estejam todos os jul- gamentos concluidos jior occasião da inau- guração da Exposição. Art. 4(). O jury poderá iniciar o julga- mento dos animaes quatro dias antes da inauguração da Exposição e terminará de modo a entregar os resultados do julgamento á Connni.ssão Executiva antes da hora mar- cada para essa inauguração. A' proporção que julgar definitivas as suas decisões, estas serão immediatamente annunciadas ])ara co- nhecimento dos interessados. § 1." Os trabalhos dos jurys serão ex- ecutados em local reservado de modo a evi- tar a intervenção de pessoas alheias á Com- missão de julgamento. Poderão, i)orém, pre- sencial-os, á distancia, os expositores e repre- sentantes destes e todas as pessoas que tive- rem interesse ou desejo de acompanhar os julgamentos, sendo vedado aos es])ectadores quaesqucr insinuações, ou manifestações, que i>o.«sam por qualquer forma perturbar a serenidade do julgamento. Art. 47. A fVjnunissão da Expo.sição divulgará immediatamente a lista de classi- ficação c mandará fazer menção junto aos animaes expostos, da classificação que tive- rem obtido. Art. 48. As listas de classificação, fei- tas jielo jury, logo que forem divulgadas, te- rão força de sentença, devendo os expositores se conformarem com as mesmas. Art. 49, O julgamento dos lotes de vac- A LAVOURA lõ:; cas leiteiras c Imviíios gordos, destinados a corte, será feito por uma eoniniiss-io es])eeial. constituida ]Hn- três ou niai.s i)eritos. a juiz(j da Comniissão Executiva, e o seu resultado publicado em rtdatorio. Ari. -lo. A Commis.são Executiva da Ex|>osi^-ão orfj,anizará boletins impressos para o resultado do jul.íiamento com o objectivo de uniformisar. tanto quanto po,s,sivol, o tra- balho das diversas connaisáões. (('Ollti II 11 II \ A cultura da Batata no Canadá [( 'onselliDí! praticoK) Não .se costuma plantar a liatata dois ânuos seguidos no mesmo terreno; ])lanta-se após a colheita duma variedade de {írãos lo- gumiferos. No outomno, o terreno é preparado e ap- plica-se o adul)0 necessário ]ior meio ile aj)- parelho adequado. Chegando a primavera, desde que o ter- reno esteja bem drenado, passa-se a grade de discos em dois sentidos c se executa este trabalho sempre que fôr preciso; em seguida será feito o traltalho com a grade de gram- pos, para que a terra fique bem movei. E' conhecido, por experiência, que o ren- dimento de um campo de l)atata.«. está em re- hjção com a iiermaneucia do vigor das has- tes; a plantação é feita logo que o terreno está preparado, podendo ser feito o traljalho no mez de Aliril ( :) Nas cvdturas canadenses toma-se por liase o espaço de 26 a 28 pollegadas para as lei- vas e nessa distancia .se podem escorar mais ■solidamente as hastes e o rendimento é maior. São plantados os tubérculos de lo em i.'5 pollegadas e numa i>rofundidade de o a 4 pollegadas. Um appurelho ])ara plantar as batat.is é mui útil e dá um resultado rápido. Um só trabalhador com 2 cavallos pôde plantar !(• minots, por hora, isto é, 20 bushels. chegan- do-se a oljter o rendimento de 24 l)ii!i. por hora. Depois de decorridos alguns dias após a plantação, usa-se jja.ssar a grade de gramiios, afim de tritunu- a crosta da terra, arejar o solo e destruir as hervas damninhas. Ijogo que as batatas começam a brotar passa-se a grade pela segunda vez, e, neste ■caso, o trabalho é feito com a grade de gram- pos, sendo isto executado o mais levemente po.s.sivel, tendo o cuidado de se inclinar um pouco os dentes da grade, afim de não fe- (:) E" o começo d.i primavera no Oanadá. rir as hastes, que cijuieçam a lirot;u'. Esta segunda operação tem o mesmo fim ((Ue a, precedente. Quando as carreiras estão bem visiveis. pa.ssa-se o cultivador de tracção animal, afim de ai'ejar o terreno e destruir as hervas da- mninhas, umas duas vezes. Depois deste tra- balho, quasi que o terreno fic^a limpo em torno das i)lantas, as quaes são facilmente cuidadas por um cultivador de mão. Rasj)ageni — Decorridos alguns dias, essa o})eração deve .ser repetida e o cultivador de tracção animal deve ser passado uma vez por sema- na, até, a floi'escencia, afim de arejar a terra e chegal-a ás hastes e destruir as hervas más. Com este tral)alho, muito se facilita a colhei- ta e pouca quantidade de herva danmiuha se encontra. Nos camjios de cultura é em- pregada a calda bordaleza afim de combater a enfermida jactos, logo que as hastes tenham o desenvolvimento de 5 a (3 [lollegadas. em seguida á sua florescência, e, pela terceira, vez se aiiparecerem moscas tik batatal. Usa-se addicionar o verde de 1'aris, (^uan- do existem moscas nas plantações. Com esta maneira de praticar o cultivo, são mantidas as hastes verdes até ás ])rimei- ras geadas, c augmenia bastante a jirodueção da colhei la. Com tal methodo os resultados, foram satisfatórios. Depois que o applicaram desde 1!M)], o rendimento foi de IS a 28 minut^f (corresj)ondente a 1|2 fanga. que é igual a 2 /niíihfh), isto é, St) a 56 basJwls, por um de semente, menos nos 2 últimos annos: 1915 o 1916, que devido ás seecas, obtiveram ren- ilimenlo inferior. Cultura e industria do fumo -::--::--::- em Cuba •::--::--::- A revista Tlie A nicricas publicou recen- temeute um interessante artigo sobre a in- dustria do fumo, desde a plantação da se- mente até o embarque dfis charutos. E' uma descri])ção tão clara e concisa que nos jiarcce de utilidade apreseular ao leitor brasileiro uma ti-aducção do resi)ectivo artigo: "A planta do tabaco é indigena em Cuba c a sua cultura nessa ilha data dos princípios do .século XVI. Gerídmente f aliando, todo o tabaco produzido em Cuba c de bôa qualida- de, mas localmente elle se acha classificada 154 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA ein cinco classes, seguiulu as localidades de proveniência. São ellas "Vuelta abajo" — •'Partidos" — ''Seuiivueltas" — •'Remédios" c "Mayari". "Vnolta aliajii" ó proveniente da Provín- cia de l*inal dcl Pio, situada na extremidade Occidental da illia c é a qualidade universal- mente reconhecida como a melhor de todas. As melhores regiões productoras nestas f)ro- vincias são: Las Ovas, 8ão João e Martinez, São Lnis, Sunúdero e Los Remates. "Partidos" c cultivado na Provinda de Ilaxana, e c a que fornece as melhores fo- llias ])ara capau no fahrico dos charutos. "Semivuehas" c produzido na região fronteiriça da Provinda de Havana e Pinar ilel Rio. entre as cidades de Artemisa e Con- solacidu dcl Snr, e é lun fumo que se queima bem c ai'oniaficii. Não fornece Ijôas capau e o seu eiiiprcgci i- especialmente pavíi enchi- '}iii iilii. " líeniedids" da provinda de Santa Cla- ra, (' um labacii nnúto forte, (jueima l)em e é em))ri'gadii para. misturas com tabaco de ou- tras qualidades. O districto de Manicaraqua produz II uiellior tabaco desta qualidade e luiia cdiisideravel quantidade dellc era anti- gaiiieiile \-endidii em Hambr.rgo. "Mayari" é o fumo menos fino que se ]iroduz na ilha r que xem de Santiago de Cuba. j\s folhas são ]iesadas e ásperas e não sendo ajiroveitadas para o fabrico do.s charu- tos em Culia, são exportadas, depois de eni- maçadas em fardos, para os mercados euro- peus. O solo mais adaptável [lara a cidtura do fumo é o secco c arenoso. E' o (jue i)roaixos são supe- riores aos montanhosos, produzindo estes úl- timos um fumo mais forte, mas inferioi- quanio á côr e ao aroma. ]>e todas as plantas, o tabaco é uma das mais delicadas e sensíveis, necessitando um grande cuidado e attenção e tanto a semea- dura como a plantação requerem habilidade e paciência da ]iartc dos cultivadores. Os vi- veiros devem ser cuídadosan)ente pre|)arados nas encostas de uma montiuiha e fazem-sc ■cm geral três sementeiras diffcrentcs, a ]>ri- meira em 8 de Agosto, a segunda em 2(» do mesmo mez e a terceira em fins de Setembro. As duas primeiras sementeiras correm .iiraude risco de fracassar ou por cansa do ca- lor excessivo ou das chuvas equinoxiaes. A terceira sementeira, comtudo, é raras vezes transformada, não obstante em alguns annos *star .sujeita a soffrer dos cyclones que percorrem a iliia dos meados de Setembro até os fins de Outubro, ou mesmo até os princí- pios de Novendjro. Apenas as sementes co- meçam a gernúnar é preciso tomar grandes cuidados para protegel-as das devastações de um insecto conhecido por cachassú, que se estiver em liberdade pôde devorar e arrui- nar eomjiletamentc os viveiros. De ÕU a GO dias depois da sementeira, as [dantinhas .são transjilautadas jiara terrenos nivelados, protegidos, drenados e bem pre- jiarados, chamados "Vegas", onde iiermanc- ccm até o seu comideto desenvolvimento, o que leva mis três mezes. As plantas de fumo ueee.ssitiuu até esta época de um cuidado diá- rio afim de vèr se os insectos as atacam. Mes- mo á noite é frequente vêr os tralialhadores nas ''Vegas" examinando as plantas á luz da lanterna, voltando cuidadosamente as follia.s para assegurarem que não se encontra ahi nenhuma^ lagarta. Em muitos casos as "\-egas" são cobertas com armações para prn- Icgci' as plantas de tabaco dos raios dircctfs do sol e abrandar o effeito das pesadas cliu- vas iropicaes. O resultado disto é jiroduzirem- se grandes folhas de bôa côr e aspecto sedoso que se empregam jiara rapas de charutos, mas com a qualidade inferior á que se cria sem resguardo no que resiieita ao aroma e combustibilidade. Logo que os botões das plantas mostram indícios de começarem a abrir as flores, são colhidos para que as folhas possam benefi- cuir; somente um certo numero de plantas são deixadas com as suas inflorcscencias de- pois de SC colher as folhas para que se con- sigam semeiífes para fazer a plantação do anuo seguinte. O jirimeiro desbaste ou colheita de follías e fi'ilo, em geral, três mezes depois das plan- téis terem sido transferidas dos viveiros, mas somente se colliem as folhas das inserções mais bai.xas, que .são as mais valiosas para capa-< de cliarutos. Uma segunda apanha o nos casos de uma bôa cultura uma terceira, são feitas com jiequeiios intervallos, depen- dendo essa operação apcuíis do tamanho das folhas. Na proximidade das '-'vegas", constróem- se ca.sas com palmas e cobertas também de palma, onde as folhas de fumo são, logo ap«)s á colheita, armazenadas jiara serem .siibmot- fidas á seccagem e á fermentação. Esta oj>e- ração é a que mais cuidados dá' ao cultivador c ]iara a ipial se necessita de sorte e habili- dade pois um excessivo calor torna as folhas queliiadiças, e por outro lado muita humi- dade proveniente de abundantes chuvas pro- duzem o chamado "green rot" (verde ania- rellado). Para a seccagem juntam-.^c as folhas aos A LAVOURA 155 pares e dependuram-se cm araiin' ou cordas presas em postes. De])ois i>assam as follias para fermcutaeão e dejjois de eurtidas são es- colhidas e emmaçadas em halas (fardos). As folhas grandes, finas e de bôa côr c do pri- meiro corte ou desbaste são apartadas para 4-apas de cliarutos c são as de maior valor. As melliores "vegas", segundo se af firma, pro- duzem C|uasi todo o taljaco para capaft cm 5 classes e as restantes folhas, que se destinam íio encliimeuto são divididas em 14 ou 15 .•gráos diff crentes. Depois de se fazerem as dif- ferentes escolhas o fumo é atado em molhes de 30 a 35 folhas quando são destinadas para capas ou em maços de H onças quando o fumo "é destinado a < tirlil nwiita. listes molhes são teclinicameiílr conhecidos como '■gavillas" •quatro delles fazem um ".^hulajó■■ e !S0 "Ala- najós" uuja liala ou "tercio" que é envohido 'Cm folhas de ])almrira cliamadas "yagua" e ■é com esta cnd)alUigcm ipic são distrihuiíhis pelas fabricas de fumo. tíi se destinarem as Lalas á exportação, então, ensaccam-se em .aniagem, forte e em geral de uma côr creme. Os methodos seguidos pelas principaes íabricas de fumo são muito semelhantes e as varias operações jior (juc a foUia passa de- pois de entrar na fjiljrica vind:i cm balas, dos 'fazendeiros, pôde ser ]'esuuiida nas sc!j,uiii- Jes linhas: O fun]o (jue é destinado ao i iirli i iiirnfo t' deitois de (lesmanchadas as l)ahis. deitado «i'm grandes cestos. A seguir c humedecido pela imme)'são na agua, e sacuíHdo jiara (jue ■seja desjtroxido do e.xccsso d"agua. Dejiois or 7 cents. á liora. o (jue lhes permittc fazer um dollar por (ha. O taliaco cortado é •ontão le\'ado para a "bodega", comi)arti- nientos comi)ridos e semi-escuros, e ahi se *olloca nos depósitos por espaço de 8 dias para seccar. Depois disso o fumo é coUocado «m barris datados e com a marca da cpiali- (lade e armazenados por períodos que vão de '8 dias a 5 mezes ou mais. para que o fumo -fique completamente curti(lo. Durante este ^período especiahslas Ijem remunerados, mai- las vezes incluindo o próprio director da fa- lirica, examinam diariamente o conteúdo dos barris a vêr como se encontra o fumo e se está em condição de ser manipulado. Ao en- trar nestes compartimentos, onde o tabaco «stá armazenado e a fermentar, fica-se suffo- «ado com os vapores de ammonea e as opacas íiberturas das janellas ficam escuras com a nicotina. Não será fora de propósito dizer <|ue as condições sanitárias das fabricas são «m geral excellentes e nos annos anteriores, (]Ujmdo a frcíjuentc epidemia de febre ama- rella dizimava o paiz, os operários das fa- bricas de fumo eram immunes a essa molés- tia. iVs folhas de tabaco destinadas a vapau são tratadas separadamente. Depois de serem molhadas com o enchimento são enviadas para nma secção de corte, onde se tiram as nervuras. Nesta .secção são em geral homens que trabalham e i'ecel)em 10 cents, por mo- lhe ou 5 cents. mais do que recebem as mu- lheres ]ielo iire))aro do enchimento. E esta differença é proveniente de que as folhas de ca:pa são de maior \alor e é preciso mais cui- da-lo nas operações para não estragal-as. "O corte destas folhas jiara separar as ner\-uras divide a follia em duas partes, cada uma cliega ]>ara cai)a de um ciia)'uto. Depois effeetua-se a esctillia. que é uma o])eração de- licada em (pie se hva em conta a côr, o as- ])ecto. a finura, eíc-, operação delicada que reijuer os tralialhos de um especialista, que em geral recebe mu salário de 150 dollars ]ior mcz. Seguidamente são di.stribuidos pe- los fabiicantes 'Xv charutos, que dão um talão ])or cada 25 capas (pie receliem e no fim do dia vêem as que faltam. O fumo para enchi- mento é-llrcs dado em quantidade illimitada e sem conta, mas ('■ calculado com i)equeno prejuízo. "Vejamos agora o fabrico dos charutos. Na-< maiores fabricas costumam estar uns 2rKI jiomens sentados. <'ada manipulador de charutos tem uma mesa sua e faz apenas cliarutíjs de um ta- manlio ou de uma só bitola que deve confor- mai' em tamanho e espessura cora um cha- ruto padrão fornecido para esse fim. Os ma- nipuladores de charutos recelxin um tanto ]>or cento e a ]ioi'centagem varia com o ta- manlio e a qualidade dos cliarutos. Como re- gra geral ]>óde-se dizer que os salários repre- sentam um terço do preço da venda dos cha- rutos na fal)rica. sendo as qualidades superio- res melhor pagas aos manipuladores do que as mais baratas. "A raiiidez e habilidade com que os fa- liricantes de charutos fazem o seu trabalho é notável. A operação mais difficil ô u envol- ver o charuto nas capas, e póde-se dizer que cada cliaruto dí']>ois de terminado c uma pe- (juena ol)ra de arte. Emquanto os manipu- ladores de charutos estão trabalhando é cos- tume estar um hoiriem sentado em um estra- do a lêr i)ara ellés ouvirem. Esse homem é ]iago pelos operários, cpie contribuem com 25 centavos jior semana, cada um. A maioria das grandes fabricas mantêm este habito e em uma occasião o autor ficou muito con- tente de ouvir a um de.sses leitores, ler em um jornal de .Cuba imiá-r^enha completa de um campeonato de haseball nos Estados Unidos. 156 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA De i)íissagem póde-se dizer que lui muito in- teresse no l>asrball norte-aniericano, _ a for- mação das ligas e outras convenieneias ; isso quer dizer, eni Culja eomo nos Estados Uni- dos, e os diários loeaes dedicam bastante cs- I)aço para as noticias de ba.srhal! eom i>hotn- graiihias c informações ])cssoaes acerca dos melhores jogadores. '•Dei.)OÍs dos cliarutos feitos, são agru- pados com o nome ou numero do maniiiula- dor e levados á uma secção especial para classificação, onde se verificam as bitolas e só de]J0Ís se lança na folha do operário, de- pois do que são armazenados cm dei)Ositos de madeira de cedro jiara seccarem. "A seguir procede-se á escolha ou sele- cção dos charutos segundo as qualidades, còr, tamanho, e outras minúcias, de modo que a qualidade e a apparencia geral de todos os charutos em cada caixa sejam uniformes. Os liomens que ])rocedem á escolha são os me- lhor i)agrensa, (pie são as únicas machinas asadas nas fabricas de charutos de Havana. Depois de sahir da prensa, numa outra se- cção, os charutos receljem os anneis e as caixas são rotuhulas. fechadas, selladas e eti- quetiidas vinn os nomes diversos. Depois de enjlirulhadas segueuí para os armazéns e dahi l>ara os negociantes loeaes ou ])ara emljar- que". 0 nouo mepcado pat?a o nosso Algodão A Tclieeo-Slíivaquia. a nova l!e]iublica surgida nos Balkans com a grande guerra, pôde vir a ser ura excellente em]i()rio para importação du algodão Ijra.sileiro. A sua população é de !'■> milhões de ha- bitantes, consumindo 100 milhões de libras da preciosa fibra, ou sejam 210.000 fardos. que é exactamente o que requer a industria de fiação do paiz. A nova líepublica possue 3.540.452 fu- sos, cpie podem, tomando por Ijase o dia de 10 horas, fabricar 204 luilhões de libras de fio de al.godão, rei)resentando 708.933 fardos. Não só é considerável o consumo de te- cidos de algodão dentro do [uiiz, como assas desenvolvida a sua exporlação pai^a as na- ções balkanieas. Trata-se, como se vê, de um excellente mercado novo para o nosso ouro branco. Senador ^?ictorÍDQ Monteiro Para o Brasil o fallecimento do Senador- "\'ictorino iVIonteiro. occorrido no mez pas- sado, nas costas do liio Grande do Sul,_ quan- do s. ex. regressava de uma excursão áquelle- Estado, do qual era illusfre fillxi, deve ser considerado uma grande jierda pelas quali- dades de operosidade e iulelligencia postar- ão serviço das boas causas, a cpie ])restara o melhor dos seus esforços e íledicaçao. As manifestações que llu- foram feitas, nesta capitab á sua memoria tiveram a soli- dariedade da Sociedade Nacional de Agri- cultvu'a, da qual o Senador \'ictorino Mon- teiro ei'a de\'r. ^'ictorino líibeiro Carneirc» Mon1eil'o na cidade de l'()i'l(i Alegre. Esta- do do Tíiíi ( Irande dn Sid, aos 2(1 de Abril de 1851*. I']ni formado em Direito pela fa- culdade de S. Paulo. Entrando desde logQ> nas campanlias da politica, oeciipon cargos; de nomeação e mandato ]iopular. Proclamada a Ivei)ubhca. foi eleito depu- tado á Constituinte Federal. Durante aconte- cimentos revolucionários que agihiram o Es- tado (1(1 Pio (írande do Sul, a]i('>s o golpe de Estado, em L8ill, leve de assumii' u governo do Rio Grande do Sul, eomo seu \ice-presi- dente, if^argo que exerceu durante oito mezes_, renunciaudo-o, então, por enfermo. Para i.sso havia deixado a cadeira do Amapá não é para ser feita a pretexto de retirar da fornalha cearense os infelizes pa- Iricios nossos, que ella esfaima e torra. Para um profissional das cjualidades d<> Sr. Gentil Norberto, será realmente entristecedor ter de consagrar-se a w.wa obra medíocre, de simples localização de emigrantes, que é, afinal, o que .se vae tentar no Amapá. Precisamos dizer lambem que o nosso pe.s.simismo não attingt' os cearenses, que por- ventura sejam encaminhados para aquella região. Seria injurial-os, descrer da ,sua exce- pcional capacidade de adaptação c tral>alho. Foram elles ({ue, desile a grande secca de 77, emigrando conlinuamcnte para o extremo norte, crearam, verdadeiramente, o Amazo- nas. Ao seu sangue, á sua coragem, ao seu espirito de sacrifício, deve-se a conquista do Acre á mainmise estrangeira, obra depois con.solidaila jtela gloriosa diplomacia do Se- gundo Paranhos. Náo. O insuccesso da U-nlatixa de colu- nização não caberá nem ao engenheiro Gen- til ^ortierto, nem ás correntes de sangue cea- rense que forem caudalisadas ]iara o Amapá. Caberá tão só á estreiteza dos meios com que a Tlnião pretende resolver um |)roblema ab- solutamente sério. Em primeiro logar, do que o Amapá precisa é de saneamento. As condições sani- tárias locaes são geralmenie péssimas. O impaludismo e o beribéri dominam sem "controle". Em segundo logar, o Amapá é, ainda, um deserto, e as hos])edarias, que alli se improvisassem, para recolher rimeiramente expellir os contrabandistas. assegiu'ar a fisealisação, sanear, regularizar o abastecimento local, para, então, pensar em colonização, na única que havia de valorizar essa região simultaneamente rica, riquissima em productos naturaes, e jiauiierrima pelo desprezo em que foi deixada ha longos annos. Dispondo de variações clinuitericas assas accenfuadas e de diversa conformação topo- graphica, o Amapá, ao sul, é constituído por tei'ras pantanosas, de temperatura elevada, e de altas terras ao norte, com diversas serras bellissimas, fartas na floresta e na faima e com imi clima .secco que compensa, á larga, a insalubridade da parte baixa. Por ahi se vê quanto seria exigente a 1 r,s BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA obra de colonização que se inteiitatíse no Amapá, oljra a que liollandezes, francezes e inglezes renunciaram, em divei-sas épocas, .sendo que dos primeiros apenas resta a me- moria nominativa do Cabo de Orange, onde fundaram uma feitoria ephemera. Ora. como colonizar é, hoje, como hon- tem, sanear e povoar, liavendo ainda no caso especial do ex-contestado a circumstancia de não ter navegação fácil, abundante e conve- niente, ligando-o a toda a costa septentrio- nal, desde a Guyaiia Hollandeza ao porto de Belém, é perfeitamente razoável o nosso pes- .simismo, cpiando vemos que se quer dar uma apparencia de g]'ande cousa a uma inicia- tiva ([ue não passa, em ultima analyse, de .«imples localização de emigrantes combali- dos, dados de presente á fome, ao beril)eri e .■III impaliidisino. . . Alvks dk Souza. O COMMERCIO BRASI- LEIRO DE FUMO o Sr. líannibal Porto acaba de fazer as seguintes declarações que julgamos de limito interesse j)ara os nassos exportadores de fumo: "Na miidui recente visita á Grã-Bve- lanha, o mais imjiortante mercado de pro- íluclos trojiicaes, eu tive opportunidade de verificar pessoalmente, nas docas de Lon- des, Manchester e Liverpool — que são os mais consideráveis portos commerciaes da- quelle grande paiz — que alguns dos nossos principaes ])roductos não têm alli represen- tação, sendo certo, porém, que os seus simi- lares desfruetam situação relevantíssima, es- tando representados vantajosamente por um volume enorme de toneladas de variadas mer- cadorias. Entre esses, merece especial refe- rencia o fumo, de que, na Grã-Bretanha, se consome annualmente a formidável somma de 180 milhões de libras esterlinas (324.000:000$ da nossa moeda) ! Convindo que o Brasil conquiste per- manentemente tão valioso mercado de con- -sumo, participando delle ao menos em parte, o, como os typos communs que possuímos c exportamos não satisfazem as exigências do consumidor inglez, falta que é muito fácil de remover, eu tenho muito prazer oin fazer conliecida a carta que recebi da "Imperial Tobacco Company" cm 28 do iiiez próximo [lassado, depois de uma longa conversa que sobre o assumpto entretivemos no seu depar- tamento de Londres. Esta comiianhia man- tém combinação com dezoito grandes fabri- cas, espalhadas pela Grã-Bretanha e poderá dar vasto desenvolvimento á importação de tabaco nacional, se os exportadores quizerem attender ás suas condições do mercado bri- tannico. Quaescjuer indicações de que os in- teressados careçam dcverãa dirigir-se dire- ctamente ao seguinte endereço: The Impe- rial Tobacco C." (of Great Britain & Ze- land) Ltd., Lfindres Leaf Departament — Dnigley líoad — St. Leekes — London E. C."' A carta a que se refere o Sr. Hannibal Porto estijinla as seguintes condições nas quaes aquclla Conipanhiii ingleza faz impor- tação de fumo em jirufo: O fumo deve ser da melhor qualidade; deve ser bem fermentado, de côr rica — chocolate iiardo — as jolha» siipir-fermcnta' dax c moUcs são inteiramente imprestáveis; as folhas não devem ser pesadas e ásperas (ou grosseiras), nem finas como o papel, po- rém, de uma espessura média e de uma tex- tura granulada, isto é. a superfície da folha deve ser firme. O fumo esponjoso ou molle e como jlanella <'■ iiutifo desejueel. O fumo deve queimar livremente com cinza branca e ler um bom cheiro aromático de fortidão média. As folha.s devem ser clas,rcial de Hamburgo não permittia o des- abrocluunento de uma coneurrencia séria no IGO BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA Oriente, o que se não dá iietualmcnte, quan- do ha todas as pTObal)ilidades de successo, jiiaximé se os Governos interessados presta- rem, eonio llies eunipre, a necessária assis- tência na(|uiil() cm i[\U' ella fòr ]ef>-itinia e opportuna . Hannibal Porto. (Dos editoriaes da "Ravista Industria o Comnieruio") . Os excellentes resultados de uma plantação de Borracha na Malásia ,V|je/.ar dn conlinuo augnienlo de pro- ducção e do baixo preço da borracha, para (k>^ accionistas inglezes o< litulos ainda são al- (aiiienlr lucrativos. ]sto amplamente se evi- dencia peia leilura d(is relatórios annuaes (las coni]ianliia-: de plantação liem organiza- das. Como exemplo a Vaílanilii^dsa Uulilier C", Liniiled, uma ilas mais celelires compa- nhias de plantaçrics. na ^Ldasia. olite\-e mo jtrcço médio glolial de 44 1|2 ccnta\'os iior libra para Ioda a sua safra de 1018, contra 48 centavos na ])recedcnte. ao passo cjue o cu.sto total de producção foi 21 l^^ ceulavos; por libra, contra 23 no anno anterior. Km outras palavras, os lucros licpiidos ainda se mantêm um i^ouco acima de 100 "j". o que perniittiu aos directores o ])a.gamento de di- videndos no total de (il 1|2 "|". no anuo fi- nanceiro, asse.gurando ainda os Tinidos neces- sários ao movimento, e jiara uma i'eserva suf- ficieiíte. 8em duvida aqiudies dias d<' abun- dância, dos ganhos de mais de 200 "j" au- nuaes, que crearam uma sensação, logo aii- t(^s da guerra, não voltarão mais nunca; e lalvcz algumas das mais no\as companbias jamais alcançarão dividendos de 100 '■]"; mas enKjuanto perdurarem a^ condições actuaes os accionistas de compaidiias ilr [ilan- tação não iii/dem que'xar-se. Em comparação, os lucros dos manu- factureiros de liorracha são uma insignifi- cância. No emtanto daqui poi- diante parece pouco pro\'avel que a procura srja superior á^ producção, e cventuainienle a induslria de plantação offerece uma marL^rin de ln'-io comparável á do assucar ou de qiialqui r ou- tro producto agrícola essencial iis neccssi la- dos da vida. (Tra.l. do Tbr índia línM.rr World). ( aiiacs lie iiiinacão, coiistriiidos gula o commereio aqui nas índias não é a libr.i ibritannica. é a rupia indiana. A mo^^da ua- icional. Li, nos jornaes referidos, que a rupia vale 16 peuí-es, pouco mais ou menos L^OOd nosso ou seja 1$060, ao cambio de 1. Sobre essa base falsa é que ahi se fazem ■os cálculos verdadeiros de preço da juta e ■saccaria aqui na índia ? O VALOR DA "T?Ti:>iA" A rupia indiana uflo vale l(i pences ; di- vide-se em 16 "annas" e cada "anua" se .subdivide em 4 "piees". Ha uma lei caduca, para "inglez ver", fixando em 11 "ruppees" o valor do sterlino. Mas, ha muito tempo a libra papel vale menos de 10 rupias e a libra ouro se \-ende ■ acinui de 18 rupias. Actualmente, a libra papel no mercado, vale 8 1|1 rupias. Esteve, antes da minha chegada a este paiz, a menos de 8 (De Se- tembro do anuo passado a esta parte, tem oscilado entre 8 e 10 1|2 rupias por libra, do (|ue dou o meu testemunho pessoal). Junto a esta V. Ex. encontrará, em ap- peuso,o "The Statesman" de Calcutá, o prin- cipal commereio de juta, por onde se verá a ■tíotacão da rupia, em 20 do corrente — 2 shil- lings 3 3i4 d. Quanto a libra ouro. o seu curso é por assim dizer, prohibido. Os soberanos estão iruardados debaixo de sete chaves nos ban- cos inglezes. Os que appa recém se vendem a 18 e 18 1|2 rupias, 10 rupias, portanto, mais (lue a libra papel. Isso quanto á rupia, em face da moeda ingleza. Comparativamente á moeda brasileira, a i-upia ao em vez de valer 1$000 ou l.$060 nosso, como foi dito, nos jornaes, transcre- vendo a opinião dos interessados lui discus- são, vale precisamente o dobro. Não sei, com exactidão, o valor agora do caud)io, no Brasil. Mas, tome-se por base o cambio de 15 d., já citado. Precisamos nós de 16,1i000 para comprar uma lil)ra, que aqui, nas Iiulias, em todo o Império, despresadas as fracções, vale, ago- ra, 8 rupias. Para os meus cálculos, desde ((ue che- guei a este paiz, a rupia é pouco mais ou me- nos, grosso modo, igual a 2.'ti0l)0 brasileiros. Teidio a honra de juntar a esta os pre- ços correntes da juta, no mercado, em Cal- cutá, de onde, pelo Nagpur Mail, acabo de chegar a e.sta cidade. Confirmando os três telegrammas por mim passados a essa Sociedade, sou com es- tima de V. S. amig. e crd. — Antonino da Silva Neves". JUTA Preços por Bale of 400 Ibs. net. em Rupias f. o. li. : Hatchola — D & E 90/ First Conunerce — D * E 6,5/ Hatkhola ^2 85/ Tossa Hacthola — 2 75/ Daisee Hatkhola — 2 & 3 195/ l)a<'ca Dacca without Roots cut — 2. . — Esta juta commumente não é vendida em balas e sim a granel. Pôde ser nas fa- ctorias preparadas em fardos. Preços P. O. B. por Bale of 400 Ibs. em Rupias. First (qualidades mais apreciadas no commereio) : P,ullab 120/ Chunder 105/ Sikder 85/ Hatkhola ■ 90/ Kundu ■ 90/ First (loiíti 76/ Balchand 76/ Belas ■ 76/ B N P M 76/ 162 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA Preços F. O. B. \»x<=', quantidades ; quasi todo o sitio tem café além do seu consumo. Eu já distribui para os arredores da cidade e para o Macanhã uns dez mil pés. Mudas muito boas, e tenho este nu- mero, mais ou menos, para o jílantio de in- verno. Pela imprensa da terra já fiz annun- ciar que quem quizer boas mudas de café eu distribuo gratuitamente. CASTANHA é o que se está exportando hoje; embora em pequena quantidade os apa- nhadores trazem saccos que vendem ao mer- cado a 300 réis o kilo. JARINA apezar de termos em grande quantidade, e pelo verão haver alguma expor- tação, agora nada, no inverno não se apanha. MILHO, temos grande plantio em p'i- quenos roçados; penso haver uma boa safra. Eu e o Dr. Victoriano Freire, clinico nesta cidade, que agora mesmo acabo de pro- por á Sociedade Nacional de Agricultura para sócio, é o mais aninhado dos nossos agri- cultores, precisamos que V. nos mande por intermédio da Sociedade ou do Ministério du Agricultura, o .seguinte : 2 saccos de milho dente de cavallo, IG hnhas. 2 ditos de semente de alfafa. 5 ditos de capim jaraguá roxo. 5 ditos de capim gordura. Sementes de jacatupé ( o que fõr pos,-i. Eu nao sei qual e o processo do ijedido que fazemos; se fôr preciso pagamento ante- cipado das sementes ou de frete até aqui, peço ao amigo que nos telsgraphe por nossa conta e sacaremos immediatamente; se ti- vermos de pagar depois, nos remetterá a fa- ctura com todas as despezas. Se também não fôr possível attender ao que pedimos, nos dirá para nosso governo, bem sabe que o braço aqui é muito difficíi o não convém prepararmos terreno j^ara o plan- tio com despezas grandes, sem a certeza das sementes. O estado sanitário é óptimo; uns casos de impaludismo, uns que são próprios da re- gião e vão dando para o gasto. Estamos em vésperas de alagação e 05 agricultores ribeirinhos meio assombrados. Queira acceitar um abraço que Irans- mittirá ao Porto e ao Pinto Peixoto. — (A.) /o(7o Virgolino de Allencar. O commercio de madeiras A PEOCUKA DAS NOSSAS MADEIRAS NA ITÁLIA — A ACÇÃO DA DIRE- CTORIA DOS NEGÓCIOS COMMER- CIAES E CONSULARES DO MINISTÉ- RIO DO EXTERIOR. A' Directoria dos Negócios Commerciaes e Consulares do Ministério das Relações Ex- teriores, agora a cargo do Director Geral Sr. Dr. Raul A. de Campos, dirigiu o nosso Addido Commereial em Roma, Sr. Dioelecio de Campos, uma communicação em que diz haver recebido inuumeros pedidos de infor- mações sobre as madeiras do Bra.sil, bem como de preços, condições de venda e em- barque, achando-se firmas italianas, muito importantes, vivamente interessadas no com- mercio de madeiras com o Brasil. Aceres- centa o nosso Addido Commereial em Roma que o momento se lhe afigura particular- mente propicio ao desenvolvimento desse commercio com o nosso paiz, devido á ne- cessidade que se vem fazendo sentir na Ita- I(i4 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA lia, como aliás em toda a Europa, de ma- deiras para as reconstrueções de cidades, villas e aldeias destruídas, para dormentes de estradas de ferro e outras obras (pie es- tão exigindo prompta execução, não tendo, j)orém, podido ministrar aos interessados to- das as informações precisas por não ter á m»n mostruários próprios com indicações completas. J)c posse dessa eommunicaeão, o Sr. Dr. liaul de Campos determinou que fossem pre- jiarados officios, "dirigidos aos Presidentes e Governadores dos nossos Estados mais ri- cos em madeiras, bem como ás Associações ■Commerciaes do paiz, ás quaes mais pudes- sem interes.sar esses negócios. Feito esse expediente, o Director Geral ■dos Negocies Commerciaes e Consulares le- vou-o ao Sr. Dr. Rodrigo Octávio, Sub-Se- ■eretario de Estado, que o assignou, deven- do ter sido hontem dado inicio á sua expe- dição. Damos a seguir o teor dos officios lefc- ridos. O primeiro foi enviado aos Presidentes e 'Governadores dos Estados do Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catliarina. S. Paulo. Rio de Janeiro, Espirito Santo, Paj-á e Ama- zonas, c está assim redigido : ■' Senhor Presidente, — O nosso Addido 'C'ommei'cial na Itália, em officio ((ue me di- rigiu, acha de grande importância, e da maior opportunidade, a intensificação do nosso eommercio de exportação de madeiras, dada a devastação das florestas européas em virtude da guerra . Elle tem recebido innumeros pedidos de informações sem que possa techni.^amente satisfazel-os, pehi deficiência dos elem.Mitos informativos. Diz elle que a collocaeão desse producto depende muito da sua apresentação ao mer- cado e que muito lhe facilitaria se, ouvidas as suas informações no assumpto, pudesse 'documental-as com dados e lemeutos de fon- te official. Sendo esse um dos Estados do Brasil de ■grande riqueza florestal, muito me obsequia- ria V. Ex. enviando a este Ministério al- guns exemplares de publicações sobre o as- sumpto, afim de serem ellas amplamente di- vulgadas, não só em Roma, mas tambcm em outros pontos. Já me dirigi ás Associações Commerciaes desse Estado para que me fa- cilitem quanto possivel. as amostras recebi- das dos exportadores com todos os eselare- eimoitos necessários. O nosso actual Addido Commercial na Itália é também Delegado do Brasil no Ins- tituto Internacional de Agricultura de Ro- ma . Nesta mesma data me dirijo ao Mi)iisterio da Agricultura e aos Governos e Associações de diversos Estados interessados no assum- pto. Tenho a honra de reiterar a V. Ex. os protestos da minha alta estima e mais dis- tincta consideração"". A's associações commerciaes desta Capi- tal, de Bello Horizonte, Santos, Belém, Ma- )iáos, Victoria, Porto Alegre, Curityba e Ni- ctheroy. forain enviados officios do teor se- guinte : " Senhor Presidente. — O nosso Addido Commercial, na Itália participa-nos a con- venieiíeia nesse momento, d" se intensificar o nosso eommercio de madeiras com aqnel- le paiz dada a devastação das florestas eu- ropéas. em virtude da guerra. Diz que innumeros pedidos de informação lhe tem sido dirigidos, sem que elle possa technicamente responder pela deficieficia de elementos informativos. A collocaeão desse producto d''pende sem duvida da sua apresentação no mercado, e elle desejaria confirmar suas affirmações com a exhibição de amostras e outros ele- mentos offieiaes. Esse Ministério se vai entender cora os Governadores dos Estados interessados, mas toma o alvitre de lembrar que essa Associa- ção facilitaria o deseiivolvimeuto da expor- tação dessa riqueza nacional, se influísse junto aos commerciantes de madeiras, no sentido de remetterem a este Ministério com ou sem a intervenção dessa Associação, pe- (juenas amostras de madeiras com a especifi- cação de preço, resistência, fins a que são applicadas e outras informações a serem re- mettidas para os mercados extrangeiros. Agradecendo desde já a V. Ex. qualquer providencia que se servir de tomar nesse sentido, aproveito-me do ensejo para ter a honra de lhe reiterar os protestos da minha consideração". IRMÃOS CASTRO — "Vendem reproduotores das ra- ças Caracú e Hollandeza, a preços razoáveis. Para mais informações e pedidos com o Sr. Roberto Dias Ferreira — Rvia Í° de Marco n. 15 — Rio de Janeiro. .:••:••:••>•:••>«:••:••:••;• CASfl F^flDfl^H EJW 1878 ooocooo IMPORTADORES c EXPORTADORES ooooooo FeiTagens, Tintas, Óleos, Arame farpado. Carbureto, Tubos para agua, Correias legitimas I>ick's Balata, Graxas, Ijubrificantes. Grande variedade de niateriaes para Lavoura, Industria, Fabricas e Estradas de Ferro. Mostruário permanente de seus artigos no SahXo da Sociedade Xacio- nal de Agricultura. I>EPOSITARIOS do poderoso carrapaticida "Dermaphtol", contra o carrapato e o preservativo da "febre aphtosa". Formula do conhecido criador Dr. Eduardo Cotrim. "Vaporite" insecticida, efficaz contra os insectos da terra. Agentes do im.portaiite livro sobre pecuária "A Fazenda Moderna", do I)r. Eduardo Cotrim, Guia indispensável do criador de gado. "Olsina" a única tinta sanitária recommendave-. 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SUMMARIO Intercambio sfientiíieo-asHoola entre o» tís- tailos l'nídos e a Aiiieriea lyiitlnn ^ In- fnrmações eobre o algodão por Oscar Corrêa. 167 — O estudo da .iuta nas ín- dias, pelo Dr. Rodrigues Caldas. 173 — Medidas de combate aos gafanhotos lf9 — Escolas ruraes em Cuba. 181. Impor- tância da casca do ovo na formação do esqueleto do pinto. 181 — O barateamen- to das construccões ruraes. 182 — As plantas para papel, 1S8 — Um rival do Brasil, ISl — Variedade immune de ean- na de assucar. 191 — Classificação da canna de assucar. 192 — A fibra do eu- calyptus — Arvore Malina — Um "jrécord" industrial. 194 — Trigo, aveia, centeio e outros grãos, pelo prof. T. R, Day, 194 — Esterilização do leite. 200 — O' milho, producto alimentar das Americae. 201 — O bagaço de canna como combustivel 203 — Regulamento da 3» Exp. Nac. de (■■ado. 207 — Lepidopteros sevigenos do Hrasil. pelo prof. B. Raymundo, 211. ;■ Sè:- **rf;-, „,/■"-"*■"' "sf* :í^. t^^Ê^\ Itt ^i ! Rua 1? de Março, 15 RIOdeJANORO-BRAZIL ^: HZME <& Cia. ■& MOTOCULTORES - ^^^^~^=^=- SOMUA (Sociélé il^OatLlage Mécaniqns et d^Usínags íl'Artillerie) FILImL DÇ _ SOMIMEIIDEIR & O . APPARELfíOS DE UM TYPO INTEIRAMENTE NOVO DEòlINA- DuS A REVOLUCIONAR A AGRICULTURA ,Tvpo "A" ptra rande cultura: 35 HP. m m □ Typo "CV paca a pequena lavoura: 5 HP f^rf^ APPARELHOS FORAM EXPERIMENTADOS COM O MAIOR .sUCCESSO Nu C ^Mi O DE nXPERlENClAS DA SOCIEDADE NAC/ONlantas importantes e para que a sua distri- linição seja considerada como um sentimen- to de amizade de parte dos paizes que nos enviaram essas espécies e da dos que as cul- ]6fi BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA tiviíram i>ela jiri moira vez. em terras dis- tantes. "Sem uma urgaiiizaeão systematica de qualquer espécie, a introducção de novas plantas, nos diversos paizes, .será considerada uma que.stão perdida. A necessidade de evi- tar a repetição da mesma experiência, obri- ga a adoptar um systema regular de escri- pturação e de catalogação, por meio do qual se torna possível traçar a vida da maioria das plantas introe acham e como estão ve- getando. "Si, por qualquer razão, fôr necessário destruir qualquer jilanta recentemente intni- duzida. este Trabalho facilitará immensa- inente ns ]ia.~.-os a dar ]iara a sua extermi- nação. "Hoje, está reconhecido que as jilaiilas necessitam dos mesmos cuidailos projilivlati- cos que os seres humanos, pois. algumas doenças são tão infecciosas e fataes ás plan- tas, nas grandes j>lantações, como o cholera e as bexigas para o homem das cidades con- gestionadas. Por esta razão, o Governo dos Estados Unidos prohibiu a entrada de novas jjlautas sem uma licença do Governo Vi- deral, ou sem ser por intermédio da Re]iar- tição de Introducção ile Plantas, a qual tem. como annexo, um serviço de inspecção e la- zareto cpie tem estado a funccionar já lia algum teu.po, de modo que toda a jilanta c[ue entra no paiz é examinada por todos os methodas conhecidois, para verificar-f^e a jH-esença de quaesquer doenças. Afim de fa- cilitar os exames microscópicos de todo o ma- terial importado e permittir a hospitalisação e tratamento de plantas doentes ou suspeitas. foi edificada uma estufa especial para obser- vações e quare]itenas, a primeira que se es- tabeleceu no mundo, á prova de insectos, com as {laredes, o chão e o tecto de cimento. Nella se encontram installada.s mezas de ojic- rações, que podem ser desinfectadas com su- blimado corrosivo, e, bem assim, encontram- se frigoríficos onde as plantas e sementes po- dem ser guardadas a uma temperatura con- stante, que as manterá vivas. No mesmo com- partimento existem: um cylindro para fumi- gações, no qual as plantas podem ser fumi- gadas com vapores de acido t^yanhydrico, e um incinerador, onde as plantas que tiverem qualquer moléstia são reduzidas a cinzas. "Como dependência desta sala de inspe- cção, ha uma série de pequenos comparti- mentos, constituiudf) pçípienas estufas impe- netráveis aos insectos, separadas umas das ou- tras com finas redes de cobre, estando estes compartimentos independentes uns dos ou- tros, como as enfermarias de ura hospital. E' para esses comi)artimentos independentei^ que dão entrada as plantas suspeitas, que são forçadas a crescer (incul)adas) para vêr si as moléstias de que se julgam suspeitas são de origem parasitaria e de natureza pe- rigosa. ■■Depois de passarem \>uv este laz;U'eto, as- plantas ou são consideradas livres, para serem enviadas aos experimentadores espalhados pelo paiz, ou são enviadas para jardins espc- ciaes ou outras estufas, onde são periódica mente inspeccionadas i)elos fuuccionarios da •Tuuta Hortícola Federal. ■■ Aeredita-se que esta installação põe o ]iaiz a coberto da introducção de qualquer insecto, epidemia ou i^raga, desde que todas, as plantas tenham de entrar, como succede- ]ior intermédio do Governo, havendo, portan- lii, a certeza de ,só .se introduzirem novas culturas livres de moléstias que possam ter- adipiirido na sua terra de origem. Pode di- zer-se que esta defesa constitue o lado negati- vo do trabalho da introducção. no paiz, de^ no\as esj)ecio\s vegetaes. O lado ])OSÍtivo des- ta Repartição é o que se refere ao abasteci- mento do paiz, com toda a i)ronq)tidão, de- es])ecies vegetaes de origem estrangeira, for- necendo aos agricultores do paiz as quanti- dades de plantas que requisitarem, desde que- sejam ]iarcimoniosos. '■Pur intermédio de inna instituição deste- geuero. p('>de introduzi r-,~e uma grande quan- tidade de novas espécies vegetaes no paiz; centenas de milhares de plantas podem ser- distrihuidas annualmente pelos experimen- taarcella para este gran- de eommercio do futuro. "Com o estabelecimento de lazaretos para plantas em cada uma das nações da America do Sul, instituições que deverão estar associadas para defender o continente de vegetaes doentes e de epidemias e pragas de insectos, mantendo, ao mesmo tempo, o Serviço de Introducção de Plantas Úteis, a ])ermuta de espécies vegetae.*, entre esses governos e os Estados Unidos, poderia attin- gir um desenvolvimento extraordinário, for- necendo aos respectivos paizes a perspectiva de crear novas e compensadoras industria.s. "A permuta de plantas com a America do Sul já está encetada e alguns dos paizes dessa i)arte do continente, já começaram a organizar os seus serviços; mas, ainda, não se encontram em completa e systematica laboração. No anno passado, (1914), ifi- zeram-se mais de 4.000 remessas de plantas e sementes do Ministério da Agricultura n ]:)aizes extrangeiros ; a nuiioria dessas re- messas foram, porém, enviadas a funccio- narios de.sses paizes que, por sua vez, já ti- nham distinguido este paiz com presentes análogos. O caminho para a ]iermtita de plantas e sementes já está aberto e o cjue se lorna necessário, para transformar esse mo- vimento em um dos grandes factores de es- treitamento de relações de amizade, é esta- belecer, em cada paiz, uma repartição ajiro- ])riada para leval-o a ef feito". Informações sobre o algodão o embargo á iniiportação da matéria pri- ma norte-americana, estabelecido em virtude da desvalorisaeão da libra esterlina no mer- cado caml.)ial de Nova York, produziu, como era de esperar, forte abalo nos centros pro- ductores dos Estados Unidos, onde se affir- ma que o mesmo está determinando um de- créscimo de 30 % no volume da respectiva exportação. (Jom ef feito, esclarecem as es- tatísticas officiaes, que cobrem o período dos cinco mezes terminados em Dezembro ulti- mo, ter vindo, nesse lapso de tempo, metade da producção americana para o Reino Unido. Ella cifrou-se em 2.869.570 fardos, no valor de $54o.784.fi60, dos quaes só a Grã-Breta- nha tomou 1 . 475 . 900 ao preço de $228.477.(>(jO. Outros mercados que se abas- tecem em grande escala na America do Nor- te são a França e o Ja|>ão: mas as necessida- des desses dois consumidores ainda não são de molde a aljsorver, in totum, o excesso que, é obvio, decorre do fechamento dos portos in- glezes ao producto da mencionada proce- dência. Este estado de cousas se reflecte, não ha negar, sobre o mercado de Liverpool. Se é certo que este se tem mantido mais ou me- nos calmo nos últimos cinco meze.s, a ten- dência i)ara a alta nos preços também se tem accentuado. Apezar, [lorém, das bruscas os- ci Ilações occasionaes devidas a certas contin- gências ])'oliticas e financeiras nos Estados Unidos, o algodão desta origem, em praça, obteve, acima das cotações cie .Janeiro, uma média de 2 i/o d. (dois e meio dinheiros) em Fevereiro. A escassez do artigo de classe regular explica a persistente firmeza dos re- spectivos preços, o mesmo acontecendo quanto aos melhores typos, cuja carência continua a ser não só de caí-acter bastante sério, mas de natureza a causar inconvenien- tes bem embaraçosos á marcha das activi- dades de Lancashire. EXPORTAÇÃO DO EGYPTO Nos cinco últimos annos, segundo escla- recem os números, a exíportação da matéria prima do Egypto tem soffrido osciHações bem accentuadas com a circumstancia de se ter mantido, sempre, em nivel muito infe- rior ao normal de antes da guerna. E' fácil verificar o exposto através o cinadro que se segue : 168 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA l!)l:!-14 !)70.263) l!)14-l.í 832.721) líil.Vlt; 728.319) )fai-:lo.- lii](;-17 (ioO.rilO) 1017-l.s 7114.182) iniS-1!) 718.309) Esses algarismos, coiifroiitado o movi- mento de 1!)13-14 com o do anilo de 191G- 17, evidenciara que o declinio chegou a ser superior a 30 % i^o volume da exporliação. A' Grã-Bretanha e aos Estados Unidos, que são os nuiiores consumidores da matéria pri- ma egyi)cia. a estatística .supra attribue. re- s])eclivamente. as seguintes compras: 1913-14 1914-1.") l!)l.-,-l(i 191()-17 1917-18 1918-1!) 437. .S2n 3(5 ( . 774 :;r,(i.l44 :i4().19B 5(13 . r)97 I. ■.9.774 89.723) 17IÍ.974) 18.'). 479) )fara( 134.891) 7.5.865) '.t5.2 marcos jior um dia de dez horas de tralialho, ao pas- so (jue na actualidade, jjelo dia de oito ho- ras, percebem até 25 marcos. Desse con- juncto de adversidades resultou logicamente a alta vertiginosa no preço do artigo manii- facturii» ]'0 : só no caso das chitas ^o nu^tro ]iassi)u de 25 pfennigs (i>reço de antes da conflagração) para 20 marcos presentemen- te. Vj o peor .é que, para a movimentação de uma fabrica de dimensões moderadas, são ])rec!sos 150.000.000 de marcos para o fim ex(lusi\() da accjuisicão annual de matéria prima . E', como claramente se nota, liastaiite critica a situação e, para remedial-a ou at- ■ teuual-a. foi ideado em Berlim a creação de um apparelho bancário disjjon.do do capital de 12.500.000 de marcos, com o apoio de todfis os industriaes, para agir como interme- diário nas comjn-as cie algodão crú. Tem olle a designação de Deutsche Industrie Treu- hand Aktiengesellschaft, sendo uma de suas ])rincipaes funcções garantir tudos os paga- mentos sob condições que tanto offerecem segur.Miea ao exportador eonio ao importa- dor. Aipiellc deve a.«sumir. i'iiti'etan1o, a i^espDiisabiliilade do transpoiMe ijo produeto (• aeecitar o reembolso integral depois de ajHi- raili). pdos industri.ies allcmãcs, o resultado lias Ncndas do artigo já manidai-turado. Pro- A LAVOUEA 171 liõf-^e a ineiifiouiula iii.sliUiiyão a coimner- ■fiar com bancos ou syndicatos que dispo- iihain de elevado capital — e em condições •que, como se viu acima, tornam a matéria i:>rima de jiropricdade do vendedor até a fi- nal liquidação do negocio. com (is e.vportadorcs uortt'-americanos, os quaes se comprometlem a embarcar de seis em seis fíemanas 25.000 fardos, recebendo cm iiagamento, dentro de nove mezes, meta- de da producção manufacturada com essa i;knsA(;KM DO AU;ol)ÃO NACIONAL Pai-a todos aquelles ciue nãi.i estão a inir dás questões algodoeiras a Austria-Hungria parecia, antes da guerra, um grande centro industrial. A verdade. i)orcm. ('■ que as en^ir- mes partidas de materi'a prima que o cx-im- perio importava de Alexanílria e dos Esta- dos Unidos crniii (piasi Iodas consumidas iia.^ fal»i'icas da hnjc Ivcpuldica Tchecfi-Slo- ■Ten;K cm cujo UTritorio funccionavanj. como íiinda funccionam. tão constituiam a E.ssas fabricas, uma w/. rcstaljelecida a nor- Jiialidade, começaram desde logo a produ- zir; e o facto é (juc se asse\'cra já terem uti- lisado para mais de ;!0(),l)0() fardos de algo- dão 'americano, num \abir de $t30.00().(iO() itpjiroximadamcute . Mas. como a silua(;ão fimmceira do .no\'o Estado não comporta ac-(|uisiçries avidta las. •o ri-iK'Ctivo governo cuirou cm nciiTiciacõc- !H) % dos teares cpie en- sua afamada iniustria. São ]'aulo, como productor de exoellente maioria prima (si') no anno agrícola 1919-20 sua safra foi sujierior a cincoenta milliões de kilos). está chamado a formar, em futu- ro muito próximo, ao lailo dos maiores cen- tros de cultura. No grande mercado impor- tador que ■:'• Liverpool o algodão paulista, conií) ninguém ignora., já teve a melhor con- .sagração e. .caso raro. essa consa.graeão reali- /.ou-se. ó liom frisar. ci)ui uma ra])idez .sem ]ircccdcntes . Esta ao alcance de todos esta axiomática verdale; qualquer ]>roducto agrícola, para graugear o desejado pnenuo s inglezas, obtêm, na j)rensagem dv seus lalgodões. uma densidade de 897 kilos jxir melro cubico, contra 'i'yl kilos alcançados nos Estados Unidos com os machinismos de fabricação americana, ao passo (que no grande Estado lirasileií-o ainda está em voga um jirocesso que i>roduz. na melhor hypothese, apenas 280 kilos jior me- tro cubico. Salta aos olhos dos menos enten- didos a conveniência que ha, ])ara o paiz in- teiro, em adoptar-se desde já, ainda que á custa de sacrifícios, o primeiro dos mencio- nados systemas. 'Se assim procedermos tere- mos dado um ]iasso muito .-eguro em benefi- eio da producção naci(aial por(pie, entre ou- tras circumstanciiis ponderáveis, teremos re- duzido o custo do. frete de uns 25 % ; e isto. preste-se bem attenção. exactamente quando os salários elevados, o preço do carvão e a-, per.spectiva de novos augmentos para os em- |)regados ;las docas na Grã-Bretanha vão ()rçar. como já se annuncia, mais um au- gmento considerável no custo do tran.^porte maritiuLo. Não é iiossivel que hesitemos em (piestão de tal magnitude. Prevalece na Eu- ropa a tendência para a alta sempre oon- stanle dos artieiís de necessidade mais imme- diata; e. emquaiito o engenho humano não conseguir encontrar o andjicionado remédio para C(iiilei- e depois allenuar o chaios creado pela «guerra. eUa cautiuuará latente a des- organizar.'ciada vez mais a vida de todos os povos. Ocioso .seria repetir, pois .ipie reiluzir agora de 2.") '>; o preço do frete já representa luna base liem ,or iiiolixds coidiecidos. tem bai.va !o desde lillT e a Inglaterra, (pie ('■ o paiz mai.s- iii1(.'ressado ua cultiua ;lo algodão, se alarma ante a seriedade :1o i.issunipto, a ponto d& ap|iellar |iara todo> os eeutro.^Uropicaes afim de (pie. por meio d;' um jilantio intensivo, lireiu de suas terras o maior partido utili- tário em favor, cineomiuitantemente. da afamada iudiisti'ia de Lancashire. Agora niesiiio i'lla \ae mandar ao P>rasil, seiiundo consta, um es|i(>eialista para estudar as van- laneiis d.i enltura 1(1(1 algodão nacional, com o fim i'\clusi\-o de fomentar o augmento dos i'e(MM'sos mundiaes. De resto, está provado- i|Ue o |iroblenia algodoeiro depende, antes de -tudo. da.~ liizt- da sciencia. Não é S(') a mão de obra e. o capital cpie podem dar-lhe a desejaila solução: (' mister um c(ailieci- mento .neral bem solido não si) 'solu'e as pro- priedades da fibra, mas também sobre ;i in- fluencia da her(>dila''i(vlade ou das condi- Ç('ies climatéricas. IC perfeitamente legitima a attitude da: (lrã,-Ri-e1auba. ]ior(pie se trata de uma que- stão de \i(h\ ou morte para a 'sua industria, agora mais do (pie nunca ameaçada por uma recente rlecisão da American Cotton Asso- cialion, fixando o preço .minimo de 60 cents. pela libra do algodão (midilliiK/ (/raile) da safra de l!t20. I ni eonjiineto de circumstancias espe- ciaes abre para o lira.sil, de modo insophis- mavel, perspectivai as mais brilhantes. Os- plantadores nacionaes precisam, pois, de ori- entação não s(') quanto íis condições aetuaes dos centros algodoeiros, mas em relação ás necessidades drxs mercados importadores,. A LAVOURA 173 afim de poderem aproveitar-se, eom segu- rança, da situação tuda favorável que se lhes depara no momento. Outro não é, aliás, o objectivo visado pela insistência destes des- pretenciosos trabalhos de informação, que se repetem segundo a vibração dos negócios em que a valiosa fibra figura como ponto de ir- radiação. Consulado Geral dos E. U. do Brasil. — Londres, 18 de Abril do 1920. Oscar Correia, Cônsul A d i u n t o. 0 estudo da juta nas índias 08 FKEÇOS DOS .SACCOS NO EKASIL A alta actual no jireço dos saccos e ape- nas um incidente lu^ questão, que tem tido phases Irem diversas. Dlu-ante um largo period<_) importámos das fabricas de Dundee, na Inglaterra, toda a aniagem para saceos, que eram apenas cor- tíidos e costurados no paiz, não em fabricas como fazem agora os argentinos, mas nas ^asas de commercio de café. Depois fundou-se em S. Paulo, sobre os destroços do lamentável fracasso da fabrica de aramina nacional (guaxima), a Usina Penteado que comprava na índia o fio da juta para tecer ,a aniagem cuja iniiportação foi gradativamente decrescendo até desap- parecer de todo, ajiós a transformação dessa mesma industria cjue passou a importar fi- bra de juta bruta ]iara o preparo dos saccos. Est^s saccos não podiam .ser fabricados nelos preços dos feitos com aniagem impor- íada, pela siníples razão, de que a mão de obx'a ^nacional 'í mais cara que a estrangeira .5 si a conipai u^mos com a .indiana, então a differença é enorme. Além disso a cpiantiílade é evidentemente a dos antigos saccos de aniagem ingleza, liem conhecidos em nossas praças. Veio a guerra e os preços elevaram-se a cifras insupportaveis porque o anercado só podia ser siq>prido por uma única empreza que, organizando o "trust", monopolisou o commercio de sacco.*. em todo o ,paiz. Esta é' a situação tíe facto e ella persisti- rá si medidas de certa ordem não forem to- madas para impedir suas consequências. Quaes devam ser ellas V E' certo que para resolver definitiva- mente o j.roblema, precisamo.s, antes de tudo. de matéria prima e o ideal será liliertar-no.'^ da fibra estrangeira. Como conseguil-o ? S<') |Mjr dois m(.)los: introduzindo o cultivo da juta (ju desenvol- vendo o de unia filira lo i)aiz, capaz de sub- íítituil-a, i'om resultado egual, c isto em es- cala tal que a proiucção venha supprir as necessidades do consumo. Porém, mesmo admittindo que tudo cor- va favoravelmente com um forte impulso na 1 — Lavando a fibra ('a Juta. - - .juta em rasil jul- gar com experiência ]iro]iria, (|nal o melhor caminho: si os dos nossos visinlins do Prata ou o do eclético Japão c d da America, im- 1 — o cóite (la Juta. '1 — l*ri'|iar<) u» "«Iniiii" (I 1'liase). tes artigos picpara Ins ciim tihras im]K)r- tada-^. Abertas as portas da Alfandega, o Brasil acompanhará essas duas nações e outras mais ■que vão Ijuscar saccos e aniagens na índia, pela boa razão de serem mais l)a.ratos, como fazem a .\ns1ralia. -lava. Egypln. ('bile. Cul)a, eti . Tomarei ])aia cxinipld a Argentina. . - — Quibi ;iiiil(i Cl Tca de ."ío o.sta •em ])ratiea o cultivo de uma fibra nacional .julgada jireferivel ou o ('a juta. A IXTTÍODITCrÃO DA CTl/niíA DA •JUTA XO KUASIL * 'ousiileraiido em juiiueiro logar o lado agrícola da questão para depois eucaral-a sob seus a.spectos ecunoiiiic(.)S. a primeira coisa a indagar-se é : — Si no Brasil temo.s terra.^ apro|»riadas á sua cultura e clima fa- vorável ao sadio desenvolvimento dessa planta. Para julgar este puiito de vista é iiece~- sarii) conliecer as condições em que é culti- vada a juta na índia. Ali as ])lantações esteinlem-se toda.s ]iela imnieusa planície sul-liymalaiana de Ben- gala, creada ]íelos depósitos de alluviões. ar- rastado.s nas enchentes dos dnis grandes rios: ' — O Ganges e o Brahmapulra. (Ailiindo em torrentes das serranias do Hymalaia, e.s.sas phantasticas ma.ssas d'agua chegam á região idana e descem-na num de- clive suave e mininio, sem corredeiras nem quéda.s. de sorte que cobrem e ]>enetran:i a.s terras lenta e tranqnillameiíte. fertilizando- as 6 favorecendo o desenvolvimento das plan- tações de juta e arroz que. nessa região, são realmente colossaes. Quem partindo ile Calcuttá ])ara o inte- TÍor atravessa a planura de Bengala, indo ati'' A inundação que é um dos phenomenos ujais admiráveis na Índia, repete-se todos os aiimjs. (iitre o.s mezes de Junho a Outubro, ipi.indo os gelos do Hymalaia entram em fu- são e ( oincidindo com as grandes chuvas vem tia/.er ^i agua necessária ás culturas d:- juta e de arroz, na ('iioc-i mais propicia ao seu eresi-imento. O solo argilo-silicoso da planície enrique- ci^lo por esse supprimento periódico de hu- niu.- e larg^inieiite banhado, pode assim con- SvM'\ar ]ior longo teni]io um certo grão de ii.uiiidade e sendo todo elle completamente cxiiosto ao sol, em virtude da ausência abso- iiila de montanhas, reúne deste modo as duas condições fundamentaes para a cultura da juta — a hiimiilade e o calor. .V leiíqieratiira da "planície nessa época, qiU' foi a das minhas observações, oscilla en- tre yO" e oara a regularidade das estações e do clima, é extraordinária porque são cilas que pro- duzem a abundância ou a fome. Si acontece falharem ou ficarem retar- dadas as aguas das chuvas ou das enchentes, o Hindu recorre á irrigação tão necessária, para a bumiilade. á vida da planta. 176 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA A lavra c ailuliaçrio sfui do regra para lo- dos os solos, í^olirrtuilo ]>ara ii.< fracos, polires ou canyados. Mesmo os nielliores, tendo recebido mais de 2 ou ;! ])laii(ios. é alisolutamenle iiidisiieii- savel adnl)al-os. pois. que a juta é exhaustiva u só um l)om roteameuto e aduliação. podem garantir uma lioa colheita e um maior ren- dimento jiela mellior (pialidade da fibra. (Vide capitulo "Kotcamento, clima", etc). A influencia do calor e da agua é de tal importiUicia qvie o Sr. F. Smith, a.-^sis- teute do Director da Agricultura ile Bengala e autoridade em Agronomia, sobre a qual tem escripto livros interessantes, synthetisando sua oi)iniã() numa entrevista que me conce- deu em Calcuttá. exprimiu-sc ]ior esta^ pala- vras: "S> III cahir r iiiiiila (u/iki. iiÕh pi ii^i m em, plantar juta no um pah" . Existirão terras nessas condições no Brasil ? Sem duvida ipie ha no Brasil excelleutes terras, eguaes e até mcdhores (pie as da Judia, jmra certas culturas como a do café, algodão. carnia, etc, nuis. em relação á juta difficil- meute ]>oderão ser equii)aradas ás da planí- cie Bengaliana cuja situação topográphica. regimen de aguas e clima são exeepcionaes. Semelhante á estas, .só as da bacia dd Nilo. on:le a tentativa de cidtura da juta não deu resultado satisfactorio. No Egyj)to, os inglezes procederam couki os americanos no Sul dos Estados 1'nidos, desenvolveram as plantações de algodão e abandonaram as de juta. No lírasil [lodiam ser lendirailas as do extremo Norte e particularmente as dos val- les dos rios que Dodge apregoa como melho- res, incluindo nesse numero as dos valles dos rios da faixa littoranea da Bahia e do Es- tado do Rio de Janeiro, já indicadas e onde seriam justificáveis tentativas ex]ierimentaes, aliás, já realizadas ha annos passa los. com resultados animadores na Capit,-d da Jíejiu- blica e em S. Paulo. Mas, não é esse o maior emliaraço jiara resolver o problema da cultura de fibras tcx- tis em nosso paiz. Não é na terra que está a principal e maior difficuldade e .sim no custo de prodn- cção como vamos ver, estudando-a sdb o pnu- to de vi.--ta económico. O cultivo da juta não é barato nem pouco trabalhoso; pelo contrario exige um bom pre- paro de teiTa, que antes da semeadura é la- vrada 4 a (j vezes e gradeada outras tantas, até ficar bem fina e |)ermeavel. assim comn drenada, adubada e irrigada, si faltam as aguas da (duiva e da inundação. (^'Ide o ca- pitulo Cultura) . \'êui em seguida a .semeadm^a e as carpas- e todo esse tralndho, me.smo barateado pelo- auxilio de macbiuas iigricolas. indiscutivel- mente mais vantajosas que os obsoletos c jn-i- mitivos instrumentos aratorios do Hindu, será bem caro no Brasil jMirque o .saiarm é alld (• o traballiador escasso. O eurtimentd r decorticação são ojtera- ções que reclamam pessoal adestrado, disposto a trabalhar mergulhado até á cintura, dentro de agua coi'i-eute ou estagnaila. duríUitc al- gumas horas. Esse serviço precisa ser l)em remunerado porque exige cuidados especiaes cjue elevam a dei])e/,a. seguramente nuiito mais forte no Brasil. O ponto principal de um cidtivo qual- quer é a jiroducção económica e em relação á juta entendem uniitas opiniões acatadas que ella .só ]ióde .ser obtida ([uando se puder substituir o.< jirocessiis manuaes indianos por uma boa macdiina decorticadora á cuja fal- ia foi altribuida a falleucia da cuHura da juta nos Estados rnidos, ]ior(pie .só ella po- deria dispensar o curtimento e decorticação- manual dentro d"agua. processos baratos e- fáceis na Índia, mas difficeis e caros para outros ])aizes aos (piaes parece inadaptaveis. Para l)aratear o custo de produeção seria necessário ter a machin.i para tornar possí- vel e.ssas o]ierações no Brasil, coiddrme bem: pensou o (governo. Mas, a machimi que, apezar di^ grandes- esforços, não ])ôde ser inventada pelos enge- nheiros agrónomos da America c da Ingla,- terra, interessadis.-imo- uo negocio, só agoi';;. foi annuneiado ter sido descoberta peln >r. Girandiei'. de Cuba e a esse resiieito i Co- ve"'i;o ^rn] iufoi-madd jKdo l)r. Navarj-j- de- Andrade, que lá foi examinal-a. (Vide ca- pitulo Curtimento, decorticação, etc.). Ha, ainda a (jueshlo dos transportes, dimi- nutos na Índia. pon[ue são feitos em carros- leves e baratos, de unui junta de pequenos- bois transitando facilmenti' ])or estradas ex- celleutes V planas (pie nós não possuiiuos-, i>u por centenas de barcos (pie nav(>gam li- \"remente os gramles rios de aguas tranq.uil- las, sem o estorvo de corre leiras c cachoei- ras de nossos rios. ou ])elas magnificas linhas férreas inglezas, de fretes rcíhizidos e sensi- velmente menores (jue os das e-^l radas de fer- ro da no.ssa terra. K não é tudo, ]i(irquanl(i ainda não fallei da parte industrial que não pôde ser e.sque- cida )ior(]ue, sem mais de uma fabrica dentro do paiz, continuaríamos na dependent-ia de uma única fabrica ou ficarianms na do es- trangeiro, como acontece com a borraídia e A LAVOURA 177 teriamoá de ex[)orlar a juta para ruceiíer a ■aniagem ou os saccos. Mas não parece cou.sa fácil levantar caj)!- taeí para tal fim, mormente agora com a si- tuação européa crearla pela guerra. Dando, i)orcm, de barato que se eslaliç- lecessem outras fabricas, é preciso reflectir •que nas nossas usinas os salários dos operá- rios são 4 ou 5 vezes mais elevados que os dos collies hindustanicos que se conieutaiii_ com 400 ou õOO réis diários, vencenio' mais do que isso ($^'00 a 1$nOO) sómculc os de me- lhor categoria. Accresce a escassez de braços absoluta- inente insufficientcs para o amanho das cul- turas existentes no paiz e que reclamam as- sistência do braço mercenário, agora muit;i mais difficil de ser obtido e assim também os altos salários do trabalhador nacional que não podem ser rebaixados ao uivei dos salá- rios do Indiano, cuja sobriedade de hábitos lhe permitte passar alegremente com a diária de 4 a 6 annas. (1) Preços mais altos são preços de guerra, ■que encareceu o trabalho e o custo da vida. A enorme i)opulação da índia cuja den- sidade em certos pontos, excede dos paizes mais populosos da Euroi>a, como a Bélgica. AUemanha e Itália, facto aliás freípicnte em toõo o Oriente, explica a abundância e a extrema barateza do tral)alhador. Ora. dá-se exactamente o contrario nu Brasil, 01'de a mão de obra c relativamente •cara por falta de poi)ulaçrio c também por- •que no irterior, como acreditam alguns e eu mesmo, ella está invalidada pelas moléstias. Todas as forças desviadas para uma nova cultura irão enfraquecer as já implantadas e florescentes que, desfalcadas ;Ie braços, cor- reriam o risco de perecerem. Na índia a juta é uma cultura secular, com raizes cada vez mais solidas, como de- monstra o incremento de suas plantações nos iiltimos 50 annos oecupaiido hoje quasi 3 milhões de acres da planície de Bengala que lhe garantem urna producção média superior a 10.000.000 de fardos exportados para o mundo inteiro, a preços que só poderão ser alcançados em paizes dispondo com sobra de trabalhadores e onde o êxito de producção fosse equiparável ao da índia. Certamente, para infelicidade nossa, o Brasil não é ainda um desses afortunados paizes. A industria manufactureira acom]ianhou esse desenvolvimento a ponto de possuir hoje Calcuttá 74 grandes fabricas com um capital de !240 mil contos, dando trabalho a 280 mil op<'rario.s a 'idO Press Ilouses, onde traba- lham cerca de 40 mil. 1'im1i] esse [irogre.^so tem sido possível graças á maravilhosa situação do solo india- no e ao l)aixo preço do trabalho e da mão de obra. reduzido ao ultimo limite o custo da ])roducção agrícola e industrial. (Vide capi- tulo Producção. exijortação e Industria Ma- nufactureira ) . ísunea o Brasil em c(nidições tão op]>ostas em muitos sentidos, poderia produzir juta aos jireços da Iii:da, pelo que julgo uma te- meridade pretender com]>etir com ella nesse ramo de trabalho. K a esse resjieito e sufficientemente in- (1) anna vale $100, ao cambio actual. 1 — Batsiitlo i!aia de-spreudinieuto da fibra. 2 — A íibia enrolada iia mão, antes de ser coniplelamente extrahida. structivo o exemplo da America do Norte para não fallar de outros, como o Egypto, México, etc. De 1870 a 76, largas experiências cultu- raes foram feitas na Geórgia, Florida, Texas, chegando-se a conseguir juta de boa quali- dade egual á da índia, de 3 a 4 metros ãe altura na Carolina do Norte, e boas colheitas na Luiziana onde trabalha o negro ame- ricano. Mas, depois, reconheeeu-se a iinpossibi- dade de concorrer com a fibra indiana, que continuou a ser importada e a cultura foi abandonada definitivamente. 178 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA O frafUAío fui alti-iliui:lo com(.i já disse, ;i (lifficuldade da decorticação manual. Entretanto, mii êxito completo parecia ter sido assegvirado. porque dessa época ha documentos officiacs. americanos e indianos que sobre as possibilidades dessa cultura, no solo americano, rc\'clani a iiuiinr cciufiança 110 seu resultado. Cito o mais insuspeita, jior srr iudiauo, e rpio conclue nos .scfíuintes termos: "Uma séria occurrencia deve .ser consi- derada em relação ú America do Norte, onde o ])lantio da juta em alguns Estados, foi reputado mais reuiunerativo ([Uv o do algo- dão. E' nuiito provável que em curto praz(/ o volume tios pedidos dos E.stados Unidos. pcs (icdiisí I Iniii I a t(iilíilirn da cultura da iiita no hnisd ifi lu-h^td iiujirúeyito c ciu- 1 — .Sccca (la ,juta em vaiiil de batiibú. 2 — (impo de (raljalliadores — Itivcrsas pliases da e\ti-a(<ão. quanto não ixticrv preparado com as forças^ in-.dispenmiicix n imprrhrvjrfimrntos dessa natureza, sem os nseos dr um esifandoso- fracaxso. Antes disso nunca poderá produzir a jire- ços comparáveis aos da índia e produzir mais caro é ir de encontro aos interesses da lavoura e do commercio brasileiros cjue, jus- tamente, o ríoverno jn-ocura e deve amparar. O acondicionamento dos nossos prodn- etos precisa e deve ser barateado conforme pedem esses mesmos interesses, pelo meio que i>roponho. A LAVOURA 179 Poderiamos. eiitão, calmamente ir con- quistando os elementos que noí faltam como sejam: immip;ração, capitae?;, etc. e verifi- car SC a juta ou alt;uiuas das fibras nacionais, pôde ser explorada com vantagem. Para isso é preciso jiôr de lado o es]>irito radical que, i)or demasiado exclusivista, con- demna qualquer opinião contraria, fechando o caminho a iniciativas as mais razoáveis e justificáveis. E' esse nm mal brasileiro que tem retar- dado o nosso progresso e impedido que se- jam utilisados recursos naturaes do paiz como são por exemplo nesse caso das fibras, o do paco-paco, o do guaxima, a aramina, a l)ita e outras, juidendo l)em servir, quando não seja jiara a manufactura de saccos e aniagens, pelo menos para serem aproveita- das em industrias que não ;levcm ser des- ]irezadas. E' isto que se faz na America do Norte o nos paizes do Oriente que j)ercorri e que seria desejável que se fizesse no Brasil, com resultados práticos muito mais provtitosos que os das discussões pessoaes e inúteis. I>r. RodrÍK'llt^'S r;ild:iN MEDIDAS DE COMBATE AOS GAFANHOTOS Os três inctlio:'los prineipaes de combate aos gafanhotos que têm provado, nos Estia- dos Unidos, mais ou menos de valor pratico, são as seguintes: primeiro, a destruição dos ovos; segundo, ajianhando-se os insectos nos (íani{)0s por uielo de armadilhas; terceiro. ])or meio de iscas envenenadas. A DESTPvUírÃO DOS 0^'OS DE GAFA- NHOTO Raramente podem destruii'-se os ovos de- vido ao grande numero de togares escondi- dos que os gafanhotos escolhem para pôl-os, e a impossibilidade de se alcanoal-os com fer- ramentas de cultura. Comtudo, onde se pôde alcançal-os, deve passar-se rigorosamente so- In-e o terreno, em que se acham, o arado, ou o cultivador, e a grade, no outomno, o que inipossihilitará que os ovos vinguem bem na primavera seguinte. As tentiativas para apa- nharem-se os ovos á mão, como cavando-se o solo, têm, apenas, dado resultados em jar- dins, hortas e terrenos em que se cultiva in- tensamente. MEIOS MECHANICOS DE DESTRUIÇÃO DOS GAFANHOTOS O meio mechanico mais commumente empregado para destruirem-se os gaf.anhotos é o uso de um instrumento ou armadilha, que vulgarmente se chanra de "entorpecedor de gafanhotos" {hoppcrdozer) , puxado por um cavallo. As linhas geraes desse instrumento são semelhantes entre si, mas, existem mui- t)as qualidades com pequenas differenças. Esses "entorpecedores de gafanhotos" primi- tivamente consistiam de um taboleiro de fo- lha de ferro galvanizado, ou gamella, com um plano erecto por detraz, formando m.\ aii- j>'ulo recto com o taboleiro. Tinha ci'iea de 16 pés de comprimento e era eoUoeado sobre "corredores" de madeira, ou rodas velhas de carroças. A maior parte dos "entjrpecedo- res de gafanhotos", construídos ultimamen- te, tem o taboleiro feito de folha de ferro galvanizado, mas, as azas de tra;; consistem, geralmente, de uma armação de madeira co- berta com musselina grossa ou panno de al- godão leve, obtendo-se assim lin-eza e elasti- cidade de estructura. Colloer.-fce uma certa quantidade d "agua no tabole'ro do "entorpe- cedor de gafanhotos", mante ido sobre a agua inna camada de kerozene íraeo, ou óleo de carvão. Quando o instruirento tem azas tra- zeiras e laterats de painio, são ellas hume- decidas com kerozene. Arrastando o "entor- pecedor de gafanhotos" sobre a terra, os ga- fanhotcís pulam ou voam de encontro a aza trazeira, a maior parte sendo jogada á agua coberta com a camada de óleo, no taboleiro. Uma insignificante gotta de óleo é fatal aos insectos. De maneira que aquelles cpie vão de encontro á aza humedecida no óleo, ge- ralmente morrem, comquanto não seja im- mediatamente. A qualidade mais barata de kerosene que existe, serve perfeitamente para se empregar nesses instrumentos. Con- struiu-se, recentemente, um de.sses .ajipare- Ihos com a parte trazeira ligeiramente con- cava para a frente. A parte de traz e os la- dos ,desse in.strumento são cobertos de folha de Flandres, pregada em sarrafos supp)orfa- dos pelos braços verticaes da estructura. Tem- se-o empregado com excellentes resultados nos Estados do Oeste da União Americana, e asseguram que a forma concava da aza trazeira e a superfície escorregadiça da folha de Flandres auxiliam a arremessar os gafa- nhotos ao taboleiro. Em uma área de 100 1 80 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA geiras de alfafa t-onseguiu-se apanhar 300 al- queires de gafanhotos, empregando-se esse entorpecedor. Maí, mesmo quando se po- dem enii)regar esses instrumentos com bons resultados, um grande numero de gafanho- tos escapam á niorte e o facto de que se não os podem cmijregar em terrenos deseguaes, pedregosos ou que tenham sido linipos recen- temente, cheios :'c troncos, ou nos campos ou ]irad(>.; de cereaes que já tenham attin- gidii a uma altura considerável, torna impe- rioso que se applique um methodo de com- bate mais efficiiz e verificou-se que as iscas enveneradas íolvem perfeitamente esse pro- l)l{'ma. ISCAS ENVENENADAS COxNJU MEIO DE COMBATE AOS GAFANHOTOS A mistui-.i cDuliecidíi jior ■•farello enve- nenado" pro\-(iu ser um meio simples, segu- ro e barato jiara destruirem-se os gafanhotos, e. tem sido cmiprega.da em mu' tas partes dos Estados Unidos. Como se a prepara geral- mente, compõe-sc esta isca de: farello de rri- go, 25 Hl iras; verde Pariz, 1 libiplicação das iscas envenenadas. Devem empregar-se todos os esforços ])ara applicarem-se esses re- médios quan:!o os gafanhotos ainda estão pequenos, o que importa em economia de trabalho material e, portanto, de dinheiro. Nas regiões semi-aridas devem ai>plicar-se as iscas nas ultimas horas da tarde, addicionan- do-se agua conforme ficou descripto acima. A LAVOURA 181- INos climas húmidos, como o dos Estados do JE'ste e do Sul. podem prcparar-se as iscas sem se lhes ajuntar agua, e deve-se applical- as bem cedo, pela manhã. 2. — Onde a togographia dos campos ata- ■cados por este mal, permittir, o uso dos "en- torpecedores de gafanhotos", e outras arma- dilhas. ol)tem. algumas vezes, resultados par- ■ciaes efficazes ; comtudo, em regra geral, esses methodos deixam a desejar. 3. — A destruição dos ovos pelo arado, cultivador e grade, durante o outomno, é re- ccommendavel onde se podem fazel-o. 4. — Para obterem-.se os melhores resul- tados, é essencial o concurso .simultâneo des- sas differentes praticas. (Do "Farmers' BuUetin n. 747" — •'CTras.shopper Control", por W. R. Walton, do Departamento de Agricultura dos Esta- dos Unidos) . Escolas Ruraes em Cuba A Revista de Agricultura Covicrcio y Trabajo, descreve, e illustra com photogra- phias, o trabalho que se vae fazendo nos col- legios ruraes de Cuba. Parece que estas in- stituições estão dando excellentes resultados. Elias educam meninos e moços para todas as actividades agrícolas, ministrando-llies ins- "trucção pratica sobre a cultura de todas as plantas importantes do paiz. O regimen é o do internato e os collegios possuem óptimas officinas, laboratórios e salas de aulas. São em numero de seis presentemente, um em cada província, cujo objectivo é for- mar "scientistas chefes de culturas". (Do "The Agricultural News") . Htnporlancia da casca do oVo na lormação do esqueleto do pinto, durante a incubncão Os differentes investigadores concordam em reconhecer cjue a cjuantidade de cal (Ca O) contida no ovo fresco de gallinha, é pouco elevada, não j^assando, em geral, de 35 milligrammas num ovo de 60 grammas. E' natural, portanto, que se pergunte : 1", Como pôde o pintainho formar o seu asqueleto com tão pequena quantidade de cal? 2°, Si a quantidade de cal no pinto é maior c^ue no ovo, antes da incubação, qual a sua origem? Um exame succinto dos trabalhos de au- tores que estudaram esta questão (Pi'out, Gobley, ^"oit, Preyer, Vaughan e Vills, Tangi), torna manifesta a divergência das opiniões acerca da participação da casca do ovo na formação do esqueleto do pinto ; uns a negam, outros a consideram como demon- strada. Estas divergências concitaram os autores a estudar novamente a questão. Dosarani a cal do conteúdo de muitos ovos. Estes, postos nvmia incubadora, foram re- tirados no decimo e decimo segundo dia de incubação (momento em c^ue começa a ossifi- cação do esqueleto), e, depois-,- regularmente^ todos os dias desde o decimo quarto até ao vigésimo primeiro ( momento da eclosão) . Para verificarem os resultados, os autores empregaram, também, ovos de outras aves, como o pavão e o i^erú. Os resultados, exi^ostos em quadros indi- cam : 1°, O peso do ovo fresco ; 2°, A cal do conteúdo do ovo ao dia em que foi retirado; 3°, A cal comparada com 10(3 grs. de ovo in- teiro, pesado no momento da postura; 4", Para algumas amostras, o phosphato total por 100 do ovo inteiro. Estes resultados são muito claros e per- mittem evidenciar as comprovações se- guintes : 1° — O augmento de tantos por cento de cal do conteúdo do ovo, durante todo o pe- ríodo, é, approximadamente, de 500 %. Este augmento começa a manifestar-se nas dosagens ao decimo e decimo segundo dia de incubação ; accentua-se muito ilo decimo sex- to ao decimo sétimo dia, continuando, desde então, regularmente até á eclosão. 2° — No ovo de gallinha não fecundado e posto a chocar, o peso da cal por 100, de- pois de vinte e um dias, é o mesmo que no ovo fresco ; nenhum traço de cal j^assa da ca.s- ca ao interior do ovo. 3° — Nos ovos de pavão, o augmento de tantos por cento de cal, durante a incubação, é de 500 %, e nos ovos de peru é fjouco in- ferior a 400 %. 4° — O phosphoro não augmenta durante a incubação. Estas experiências demonstram bem, por- tanto, que a importância physiologica da cas- ca dos ovos das aves, con.siste no fornecimen- to ao embryão duma reserva cálcica, por este utilizada durante a incubação, graças a um mechanismo qualquer, comquanto indeter- minado; pôde, porém, affirmar-se que "as modificações experimentadas pela albumina durante a incubação, fazem-se segundo um rythmo regular, durante o qual uma sub- stancia se liberta em quantidade determi- 182 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA nada, com o poder de diísolver uma quanti- dade, egualmentc determinada, da cal da casca"'. Qual c esta substancia? Um acido, um assucar, ou a alantoina? Pensam os au- tores que a contestação deve ser encontrada numa analyse minuciosa do liquido amnióti- co que, de feito, ao decimo sétimo dia de in- cubação, no momento em cjue a dissolução da cal se accentua, está cjuasi só em contacto com a casca atravez a memlirana da me,snia. (Da "Revista de la Associacion Rural ilel Urufíuay") . Processo adoptado na AUemanba para baratear a construc- ção de habitações ruraes Informação do Consu'ado Geral Argentino, em Hamburgo segundo a Bolsa de Cereaes Devido á alta dos i)reços das madeiras ]jroi irias para a construcção das habitações ruraes e em vista das difficuldades de tran- sporte, attendendo-se ás grandes distancias, a idéa de volver, novamente, ao systema an- tigo de construcções de barro resurgiu na Al- lemanba . O temiio, i|ue tudo destróe, não conseguiu destruir, aind;i. ou mesmo damnificar, as construcções antigas da AUemanba, feita.s^ se- gundo o .systenui novamente em voga. Vêm- se líuiitos" edifícios espalbados por todo e paiz, na.'* cidades ou no.~ campos, atte.^tando a superioridade da ennstrucção de liarro so- bre a de tijolo. Foram introduzidas, ultimamente, varias modificações neste systema de construcção, de modo a attender, mais satisfaetoriamente, ás conveniências da bygiene e da durabilida- de. O systenui referido é o cpie alwixo se segue. SYSTKMA COMMU:\I Toda terra, se jiresta como material para estas obras, desde que não contenha estrume, argilla ou areia pura. sendo que as duas ul- timas servem para taes trabalhos quando convenientemente misturadas . Na mistura, deve ter-se o cuidado de não addicionar pedras grandes, nem raizes, assim como é necessário todo o cuidado para evitar a introducção de matérias estranhas. A cal ])óde ser empregada em pequenas quantida- des, e uma porção de silicatos de argilla con- corre para a maior solidez das paredes, po- dendo empregar-se um pouco de pedra que contenha minério de ferro. A cpialidade de terra, para esse fim, pódc facilmente ser posta cm prova, afim de veri- ficarem-se as condições de relativa resistência, bastando, para isso, uma pequena experi- ência. Quando se obtém, por escavações simples, um material de composição homogénea, ou, mesmo, quando contém uma certa humidade, deve-se uzal-o sem preparação alguma; no caso contrario é preciso fazer a mistura com areia, ou argilla, sendo necessário fazer a ope- ração debaixo de um telheiro de ])ouca altu- ra, afim de evitarem-se as correntes de ar e- rápida seccagem. O mellior jirocesso, nesta operação, consiste em estender a massa por sobro um estrado de 10 a 12 metros cpiadra- dos e que tenha 8 centímetros de espessura, devendo-se molhal-a bem, quando tenha sido tratada pela trolha. Decorridas 12 horas, deve molhar-se novamente a massa, sendo pi- sada pelos tralialhadores, cpie o deverão fazer descalços; junta-se, ne.ssa occasião, uma quan- tidade de palha cortada. O mesmo processo deve ser repetido com as outras camadas, até conseguir-se uma altura de 80 centimetros. A massa, a.ssim obtida, é dejiositada em amontoados, ao ar livre, deixando-se-a sec- car ]:)or espaço de 10 horas, podendo, depois, ser euq)regada neste estado, isto é, ainda um lauto ]:)astosa e pisada dentro dos moldes, não nec^e.ssitando o trabalho de soccar a massa. O addicionamento da palha não é muito necessário e só se junta á nuissa, quando a terra é um pouco argillosa, afim de evitar a gretação das paredes. Quanto á humidade, deve ter-se o maior cuidado possível para o bom êxito da opera- ção quando se emprega o soquete para com- primir a massa. As terras muito consistentes, depois de seccas, fendem-se, formando enor- mes gretas, emquanto as terras arenosas, bem seccas, mais tarde se tornam como que pulve- rizadas e sem poder adhesivo. Em relação á condição de humidade existente na terra, deve ser observada aquella que lhe é con.stan- te ou natural. As paredes devem ser construídas dentro de moldes, com a forma de caixões especiaes. A LAVOURA 183 São feitos os caixões de taboas ai)lainadas (apparelluidas) numa das suas faees, tendo 5 centimetros de grossura, 30 a 40 centime- tros de altura, unidas por meio de frisos que terminem numa ponta por um espigão e na outra jior uma lingueta para encaixar, como si fora uma cunha. Os estrados de madeira, dura, devem ter uma base de 15 centimetros quadrados. O alicerce é construído de pedras resistentes que sirvam para receber as paredes, (mol- des), de barro. Feitos os caixões, são armados nos logares correspondentes; nesta occasião, enche-se-os da massa já preparada, tendo a altura de 10 centimetros, reduzindo-se com o soquete, poi meio de compressão, á metade da sua cspes^ sura . Feito este trabalho, é dado inicio, ao longo do caixão, á massa que alii está deposi- tada; fazendo-se este serviço cuidadosamente, vindo da extremidade para o centro do cai- xão e approximando pouco a pfiuco. O tra- balho será continuado, até que o soípiete não faça mais compressão, o cpie indica que o ma- terial já está acamado. Nas extremidades abertas do caixão for- mam-se pequenas escarpas, que serão fecha- das mais tarde, cuidadosamente, por um ta- boado lateral, servindo para melhor ligar as camadas entre si. Attingindo, o leito, a altura de 20 centi- metros, são desmontados os taboados e retira- dos os frisos, menos o ultimo da extremidade respectiva, que deve ser empregado como o inicial na armação seguinte; os buracos exis- tentes, feitos pelos frisos, permanecem abertos até á conclusão do edifício, facilitando a sec- cagem das paredes e permittindo a livre cir- culação do ar. Este trabalho é feito até attingirem to- das as paredes a mesma altura ; começa-se, novamente, uma segunda camada e si o leito, que serve de base, ficar demasiado secco, deve ser ligeiramente humidecido. Nos logares destinados ás janellas e portas, devem collocar-se, desde logo, as respectivas esquadrias; como isto, porém, difficulta o trabalho de taipa, podem collocar-se nas pa- redes tijolos seccos pela acção do ar; este pro- cesso encarece um pouco a construcção. As paredes podem ser construi das sem a preoceupação das aberturas destinadas ás janellas e portas, sendo, depois de promptas, aljcrtos os espaços destinados ás mesmas, ope- ração esta effectuada com um machado ou serrote ; como, porém, se torna mui penoso o trabalho é [ireferivel fazer-se conforme ficou acima indicado. Fazenda da Taypa — Bagé — António Wl. Martins & Filhos. Praiitel de ovelhas da raça MERINO, senidas poi- carneiros de "pedigree", importados 184 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA Para a edificação dos cantos, ijodem ser usados os caixões commiin.*, já referidos, cujas extremidades são fecliadas por uma ta- lx)a, sendo trocadas as capas da mesma forma que nas construcções de tijolo. i.sto é. substi- tuindo um por outro. Preci.sando os ângulos de maior resistência, é preferirei o emprego de caixotes e.speciaes. A chuva e o sol influem desfavoravel- nqente. neste systema de con.strucção e, por e.^^ta razão, aconsellia-se fazer o trabalho por sob uiu telheiro leve, ou um simples toldo, e que a.ç paredes sejam cobertas, durante o dia, nas horas de descanso, c á noite, com um en- cerado. Deve .aer levado em conta que, em virtude da rápida seccagem. as paredes se deprimem consideravelmente no ]>roce.sso da acamação, numa proporção de 1|15 até 1|20 do total. Uma vez terminada a construcção, as partes que se mostrarem accidentalmente des- eguacs podem ser corrigidas. As saliências são removidas por meio de um pequeno ma- chado, bem afiado e os buracos tapados com barro, depois de humidecidos; este trabalho deve .ser feito em pleno dia de sol, o que tam- bém se acon.*elha (juando se trata do reboueo ulterior . A.s vigas do telhado são a] miadas nas tra- ves, as quae.s devem ser collocad;is nos encai- xes abertos nas jiaredes. Contra a influencia da chuva, as paredes são protegidas por meio de um telheiro pro- visório, emquanto a parte inferior deve ser isolada por um reboueo cpie tenha 50 ou 60 centímetros de altura. As chaminés, na sua parte interna, no edifício, devem ser construídas de tijolos sec- cos pela acção do ar, como é usado na Rús- sia, e na sua parte externa devem ser empre- gados os tijolos queimados, como os que se usam para as construcções em voga. A espessura da parede de barro deve ser, geralmente, 1 1|2 até 2 vezes maior que a dos tijolos e para as paredes internas é bas- tante a espessura de 81 centímetros, em- quanto a gro.ssura da fachada deve ter 42 centímetros. Taes paredes recebem a sua maior resis- tência na applicação de um reboueo comple- to, que poderá ser feito depois de decorrido um anno da construcção. Entretanto, é pre- ciso notar que a parede esteja bem secca, não na apparencia; ha vários methodos pelos quaes podemos saber da ausência de humi- dade, sendo os seguintes os mais práticos: Seccas completamente as paredes, abrem- se pequenas ranhuras de 5 a 8 centimetros e de espessura relativa, com inclinação. Nas paredes a.ssim preparadas, e previamente mo- lhadas, applica-se um relniuco gro.sso, de um composto de 3 partes de ureia e uma de cal, sobre o qual se colloca o reboueo final e me- nos espesso, porém, bem ama.ssado. O outro proce.-^so consiste em jiintar as paredes com alcatrão acjuecido, espalhando- se. depois, areia por cima da parte pintadai;; assim feito, oljteni-se a base j^ara o reboueo^. composto de uma pai'te de cimento Portland, 2 de cal extincta, depois de O semanas, e %■ l)artes de areia. O systema nuiis solido consiste no seguin- te: ao preparar-se a massa das paredes, eollo- cam-se no fundo de cada caixão, ])equenos pedaços de madeira imtados de carb&lmeo, com a face apparelhada, voltada para o ex- terior e com o espaço de 20 centimetros. E' sobre e.licado nas aber- turas destinadas ás portas e janellas. IVIISTURA DE TEPvPA CALCAREA Aconselha-se o emprego da cal, nos le- gares onde haja al>undancia, em substituição ao liarro, applicando-se neste caso, ao envez, o systema de terra calcarea. Taes construcções são feitas de areia misturada com cal, soccada nos caixões, segundo o que já foi descripto em paragraphos anteriores. A despeito de serem essas construcções mais custosas, têm, ellas, a grande vantagem de maior durabilidade, resistindo mais á acção do tempo. As obras feitas com estes materiaes, são executadas da maneira seguinte: A areia, segundo a sua qualidade de ori- gem, secca ou húmida, deve ser misturada, no primeiro caso. com terra sulphatada, e no segundo, com cal hydraulica. O material em- pregado deve ser limpo e não muito fino, addicionando-se, si necessário, uma quantida- de regular de cascalho, cuja mistura se con- segue do modo abaixo. Preparada uma boa quantidade de leite (h cal, ajunta-se-lhe a areia até que tome a consistência necessária, ou se faz uma mis- tura de areia _e cal na proporção de 1:3, cor- res])ondendo á argaiua.ssa commum ; addicio- na-se, depois, a areia restante. A relação en- tre os dois materiaes é de 1 :8 ; ou de 1 :9, po- A LAVOURA 18Õ rém, nunca míerior para conseguir-se a resis- tência final necessária, que ixVle ser augnien- tada, ainda, por uma pequena dose de acido sulfúrico e pedacinhos de tijolos, ou j^edri- nhas. Esta massa deve ter o mesmo grão de liu- midade que a terra recentemente escavada. e que se apresente em estado de jwder ser comprimida. O material, assim ol:>tido, deve ser usado no mesmo dia, e protegido dos raios solares por meio de telas de panno molhadas ; durante as chuvas torrenciaes, cobre-se a mas- sa com papel encerado ; ao contrario, pôde ser exposta quando se trata de chuvas fina.s (pe- neiras), ou neblinas, as quaes são úteis para a massa em e.\])osição e para as obras. Com tal systema, não se podem fazer cor- recções posteriores e, por este motivo, aconse- Iha-se o maior cuidado na construcção e ar- mação dos caixões, que deverão ser feitos com taboados lateraes. cujo tamanho melhor é de 5 metros de comprimento, (iO a Ó5 c|m. de altura e com a espessura de 26 a 30 centí- metros. Para reforçal-os, api)licam-se os sar- rafos transversaes presos na parte externa, isto é, collados e ajustados por frisos em cada uma das juntas, de sorte que cada taboado seja provido de quatro frisos. Os frisos de tí a 9 centímetros de perfil têm, nas suas extremidades, além de uma re- ducção contra a qual se adapta a taljoa, uma abertura de encaixe . Estes frisos, com espigão numa das extremidades e uma espécie de topo na outra, não são, geralmente, empre- gados pelo simples facto de ser necessária todo o desmonte do caixão após ao trabalho, o que produz avarias nas paredes recem-con- struidas. Mais racional e aconselhável é o emprego de frisos de ferro, que podem ser, facilmente, retirados logo depois do trabalho. Para que os frisos superiores não pertur- bem a construcção colloeam-se oi< travessões lateraes para cima . Os frisos inferiores servem, também, para firmar o caixão sobre a ultima camada e. l)or esse motivo, são elles collocados um pouco acima da borda inferior do taboado. Os caixões .são unidos, entre si, por sim- ples ganchos de ferro. Além dos moldes connmuis, usam-se ou- tros na construcção dos ângulos (cantos). Como os cantos não apresentam muita resistência, por esfarelar-se a massa facilmen- te, usam-se sarrafos triangulares, que se col- locam provisoriamente nuos ângulos dos cai- xões; com isto se consegue uma forma cor- tada dos cantos. Os a.ssoalhos são de madeira de lei. cuja Ijase deve medir de 12 a lõ centimetros qua- drados, em cada lado, tendo de altura de Fazenda da Taypa — Bagé. Vaccas DVRH.4M, puras de "peiligi'ée'' 186 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA 21 a 24 cenlimetros, com uma chapa de latão. Estas capas devem ter uma espessura de 6 a 10 centímetros, comprimidas devidamen- te e os seus extremos recebem a forma de es- carpas, tendo um vinco de 45», as cjuaes. ao ser fabricada a capa immediata lateral, de- vem ser incluídas no respectivo caixão. As paredes, internas ou externas, devem ser construídas simultaneamente, e antes de ter inicio o trabalho da nova capa deve ser molhada a sui)erficie inferior, cujo tralialho pôde ser encetado 24 horas depois de feito o pre])aro i)reliminar. Os buracos deixados pelos frisos ficam abertos até á terminação da casa, sendo fe- chados, dej)ois com i)edaços de tijolo e ar- gamassa de cal Os esi)aços reservados para as janellas e ]iortas são feito< ])ela forma já indicada an- teriormente e adoptados nas construcções rle tajiumes, isto é, sobre taboados construídos para o mesmo fim, os quaes, uma vez seccas as obras, são desmontados e, quando se com- primem as camadas respectivas, collocados em seu corijo pequenos pedaços de madeira; de modo que as esquadrias po.ssam ser fixadas por meio de pregos na parte em que estão os pequenos jicdaços de madeira, nas alx-rturas destinadas aos fins indicados. A resistência nece.ssaria para os ali- cerces, consesue-se por uma mistura de: 2 ])artes de cal hydraulica, 1 de cimento Por- flariff e 8 de areia, fiu 1 ])arte de cal commum, 1 de cimento Portland e 7 de areia, ])odendo comprimir-se a referida massa em um rego escavado com sufficiente ])rofundidade e da largura da respectiva muralha, isto é, não são precisos moldes. A esjie.ssura das paredes construídas com a cal hydraulica, pôde ser a mesma cjue para as construcções de tijolo, emquanto que, no caso de ser empregada a cal commum, deve ser feita um tanto mais forte, ou .seja 1|4 mais do que é habito se empregar nas con- strucções , Temos os seguinte- dados, para calcular o custo de.ssas construcções: 1 metro cubico de cal-areia triturada, equivale a 1,35 centí- metros cul)icos de areia e 1,4 hectolitros de cal extincta. O preparo da argama.ssa, re- quer 13 horas de trabalho, O cu.sto de.sta construcção calcula-se, geralmente, em 1|2 ou 1|3 da de tijolo. O trabalho das camadas comprinúdas pode .ser feito por jiedreíros communs. teu lo, porém. ])ara ilirigil-os um encarregado de ]>e- dreiro . Quando a construcção é feita minuciosa- mente, não se necessita o trabalho de rebouco, c uma vez que as paredes estão seccas, basta uma simples mão de cal, material este cjue tem a vantagem de fixar-se nas paredes, suc- ce.ssivamente, até conseguir o grão de resis- tência da cal natural. SYSTEMA TECIDO DE ARAME E ARGILLA O novo methodo de Paetz, patenteado na Allemanha, não passa de uma modificação introduzida no systema de construcções de barrij. O modo de construircm-se taes habitações, não se distingue muito do das construcções communs feitas i^ómente de l^arro, como se conclue das explicações seguintes: Sobre um alicerce de tijolos, lajões ou ar- gama.-ísas, começa-se o tral:)alho com as ca- madas de barro, tendo 30 centímetros de es- pessura, formadas em caixões csjieciaes, cuja construcção ficará explicada no decorrer deste artigo. Quando existe lençol d'agua com certa ])rofnndidade, não ha necessidade de alicerce cs]iecial, podendo ser feita a edificação desde a base inferior, com uma imica differença que esta não pôde ser feita dentro do rego es- cavado, sendo de mister o emprego de caixões, observando-se um espaço maior escavado, ten- do de 50 a 70 c|m., em ambos os lados. As primeiras duas camadas devem ser construídas de betmne, tendo uma mistura de 1:4:5, envolvidas em tecidos de arame (telas) e nas partes subterrâneas faz-se um reb(iuci) de cimento na ])roiiorção de 1:3, em- quanto a parte superior recebe uma mão de alcatrão fervido, fazendo, depois, o alisa- mento do solo, pelo .systema conhecido. Os caixões são feitos de taboas de lm,50 a 4m,00 de comjirimento, 3cm, por ciuzainento, «servidas por eidos no estabelecimento. epiodiutores de "peiligiée", nas- 188 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA da muralha externa e para este effeito, ao construir-se esta, abre-se o tecido da tela de arame no seu logar competente collocando-se, provisoriamente, alguns tijolos. O rebouco pode ser applicado immedia- tamente após á terminação dos trabalhos ex- ternos, como o telhado, etc, começando com as superfícies externas e servindo-se de um material composto de uma j^arte de cimento e 4de areia sobre a qual. logo que esteja sccca, se applica uma camada de cal; addiciona-se, em seguida, uma camada de cal e gesso, fa- zendo-se o rebouco interno pela forma já indicada. Essas paredes têm uma resistência de 13,3 kgs., segundo as experiências officiaes, de onde cxtrahimos estes dados, em média por centímetro cubico . Para as coberturas dessas edificações, isto é, para os telhados, empregam-se os seguintes- materiaes: telhas de barro, longas, papel en- cerado com betume, denominando-se estes de- telhados duros; nos climas frios, usa-se na cobertura dessas habitações, a folha de latão- ondulada, ou podem empregar-se, ainda, os- processos antigos, isto é, a cobertura de palha ou bambu, sendo que este ultimo material facilmente se consegue, não sendo dispen- dioso . Como affirrna o Sr. Cônsul Geral, qual- quer dos processos usados, uma vez adoptado- na Argentina, daria como resultado a extin- cção dos ranchos, construcção tão primitiva; trazendo a mudança completa do aspecto dos seus campos.surgindo os estylos agradaveis- de vivenda rural, o que deixará boa impres- são no immigrante europeu, proporcionando- lhe, ao mesmo tempo, uma habitação hygie- nica, confortável e indispendiosa. AS PLANTAS PARA PAPEL o problema da pwoducção de pai>el é, effectivamente, de ordem dupla: botânica e chimica. A botânica nos fornece indicações sobre a matéria prima e a chimica os meios pelos quaes podemos transformal-a em papel com um minimo de .despeza. Ora, não são, por certo, plantas para pa- pel que faltam. De facto, o papel é um pro- ducto vegetal, constituído por filamentos de fibras que contêm certas plantas, formadas de cellulosc. Principalmente no ca,so destas fibras se- rem de bóa qualiilade. seu emprego é muito variado; assim, ellas são textis e utilisadas na fabricação de tecidos (linho), tapetes, esto- fos diversos (juta, ramie, urtiga, aloés, aga- ve, 6 outras) ; ou melhor, si a sua resistência é apreciável, são utilisadas em cordoalha (juta, cânhamo, agave, e varias outras), ou na esparteria (vimes, palhas, raphia, e mui- tas outras) . Os capulhos do algodoeiro são, egualmente, textis e de algumas turfas j^o- dem também extrahir-se textis. Objectarão de prompto que a papelaria encontra nos tecidos velhos, nos tapetes ou objectos de esparteria usados, das cordas im- prestáveis, matéria,^ primas de preferencia. Mas, a, fabricação da pólvora disputou vi- ctoriosamente todos esses resíduos. As cellu- loses, que se nitrifícam na fabricação dos algodões-polvora, obtêm-se, justamente, em- pregando farrapos e velho.s estofos de algodão. A pajielaria, na Europa, tem utilisado em grande cjuantidade as fibras de madeiras e, mais particularmente, de madeiras bran- cas (betula, pinheiro, e jirincipalmente o- álamo e o abeto) que não dão, fora di,sso, si- não serragens e bons materiaes para marce- naria, carpintaria, tanoaria e fabricação do carvão vegetal . As fibras vegetaes são, porém^ constituídas de cellulosc fortemente impre- gnada de uma matéria dura e quebradiça, a íigniue, da qual é difficil e di.^^pendioso des- embaraçal-as para se poder obter em esta- do jniro. Por i.sso, o papel vegetal é grassei- ro, desprovidio de flexibilidade e pouco resis- tente. E' o papel de jornal ou papelão de embalagem, oiide uma boa i^orção de eolla dá cohesão ás fibras grossas e curtas; é, ain- da, a matéria i>rima com cjue se confeccio- nam as bonecas e os brinquedos de cartão. Accrescentaremos que as pastas vege- taes provinham especialmente do estrangei- ro, da Noruega em particular. Em França, as ,suas florestas são já bem pouco impor- tantes. Com a guerra não receljcu ella, mais as pastas da Noruega em quantidade suffi- ciente e as suas florestas metropolitanas fi- • caram submettidas a forte contribuição ])ara usos mais imperiosos. A Argélia fornece uma planta, a Alfa, ])reciosa e merecedora de attenção. Essa herviíi cobre vastas superfícies estéreis, pouco jjro- prias a fornecer culturas. Ella é vivaz e muito rica em fibras pouco lignificadas, pre- stando-se mesmo para a eáparteria. O papel que delia se obtém é excellente e de primei- A LAVOURA 189 ra qualidade. Os ingiezes, que, de longa data, a exploravam nessa possessão franceza fabri- cam com a Alfa seus magníficos papeis in- giezes. Ora, a França e suas colónias, (a ma- téria para papel podendo constituir um bom frete), podem, si se quizesse exploral-a, pro- duzir mais que o sufficiente para attender ás necessidades do seu donsumo. Uma bôa planta papa papel deve ser rica em fibras, o menos lignificadas possível. As fibras devem ser da melhor qualidade (com- pridas, delgadas, flexíveis, resistentes e in- transparentes) . Todavia, qualidades exce- pcionaes fazem de uma planta antes uma es- pécie têxtil, do que uma espécie para papel. Demais, o vegetal deve desenvolver-se abundantemente, sem cultura e num terreno onde não haja proveito em terem-se pasta- gens ou culturas . A espécie deve ser vivaz e reformar-se espontaneamente cada anno, a despeito do corte. Si, além disso, a vegetação permitte vá- rios cortes por anno, a planta apresentará, por certo, mais vantagem. Sendo evidente c[ue si ella possue valor como herva ou como cultura, cessa de ser uma planta para papel Comtudo, a industria do papel pôde tirar um bom i^artido de muitos resíduos de plantas culturaes. Isso bem determinado, eis uma enume- ração de matérias cpie poderiam interessar á Ijapelaria . A. — Resíduos culturaes — Todas as palhas são susceptíveis de fornecer um papel apreciável. Palhas de trigo, de aveia, de cen- teio, de cevada, de sorgho. de milho miúdo, de milho. Os envolucros fructiferos do milho que servem, ás vezes, para estofar colchões, constituem uma boa matéria prima para o papel. A palha de trigo mourisco, ao contra- rio, não offerece resultado algum . As folhagens de certas plantas como as das leguminosas (feijões, favas, e outras), podem, egualmente, fornecer uma boa maté- ria prima para a papelaria. B. — Plantas selvagens — As producções vegetaes selvagens, dastituidas de interesse cultural, são as únicas que. em geral, podem interessar á papelaria. Dessas existem trez es- pécies principaes: as dos terrenos incultos, as do charco e as das dunas. Todavia, entre os vegetaes abundantes que ahi se encon- tram, alguns nenhum valor possuem por suas fibras. Taes são as Urzes, as Myrtilles e outras . Fazenda da Taypa — Bagé. Cai-a de morada e madiiiiaiia agrícola. Preparativos para uma caçada 190 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA As plantas i)ara paj^el são restrictas a al- gumas faniilias bem distinctas, taes como as Mah'aceas e Tiliaceas, 3Ii/ríaoeag. Legumi- nosas, Urficacea.s. Salicaceas, LUíacens. Ania- riiUiiJaccas, Graminea.s_, Ct/peraceag. Tj/pha- cea.s, Juncaceas e Palmeiras. São, de mais, as mesmas famílias cujos representantes coloniaes franeezes offerece- rem vantagem nas regiões seccas, desertas e cheias de dunas de nuiitas possessões européas ou em seus i)antanos. ou em suas planícies liervosas e seccas. Entre a Malvaceas as jilantas são textis; a casca das Tílias é muito rica em filiras de bôa qualidade. As Myrtaceas são representadas pelos Eu- calyptus. cujos ramos novos são extrema- mente ricos em fibras utilisaveís i)ara a pa- pelaria. As Legumino.^as são muito interessantes: iis espécies metropolitanas, ou coloniaes, com relação aos géneros Giesta {(rcnista) ou Tojo (Ulex) são boas plantas para papel. Ora, essas plantas abundam em vários terrenos incultos da Europa e nas brenhas africanas. As Vrticaceas .são princiíialmente ricas em plantas textis (Cânhamo. Amoreira, Ra- mic). Os resíduos i)odcm fornecer papel de primeira qualidade. i)o mesmo modo as Ur- tigas {Urfira ilioica e U. urens), que cres- cem por toda a parte sem cultura. As Salicaceas ])odem fornecer á ]iapclaria os vimes como os ramos dos diversos Sal- gueiros. As Lílíaccas são bem jirovidas de filiras de fácil extracção. Do mesmo modo, as Iri- daceas e Amaryllidaceas. Todavia, em P"ran- ■ça, a sua ainmdancia é ínsufficiente. Mas, os Aloés, as Agares, as Dracociias, as Yucas. ■das colonia-s africanas, são jilantas preferi- das para a papelaria. São jirincipalmente as ÍTramineas e as hervas análogas, que nos vão fornecer um lote importante de plantas c.xcellentes. A Alfa ]iertence a esta família; conjun- tamente, uma série de gramíneas do deserto do Saliara pertencentes aos géneros Ampe- lodesmos, Agro.sfiiles e Brachi/atherum offe- recem importância egual. As espécies per- tencentes a esses géneros são muito espalha- das. Em França, o P.-tauima arenari-a, que cobre as suas dunas marítimas representa o mesmo jiapel. As savanas da Africa com- l>ortam, também, uma multidão de hervas que convêm, em sua maior ])arte, para a fa- In-icação do papel. Na Euro2)a, os terrenos seccos e vários alqueires dão o abundante Hfjrdeum marinam e a gramma {Agropy- rum). As suas praias fornecem, cm quantidade, o Zostere empregado sob o nome de sargaço, (é um falso sargaço), para encher colchões. Endím, em muitos charcos germinam as cannas (Arundo Phragmites e A. Dona.v). Na Africa são os bambus, como no Brazíl. As Cyperaceas não são menos interessan- tes, abundando em muitos terrenos incultos e em muitos jiantanos, como os géneros Li- naigrette (Eriophorum ) . Ci/perus, Carcx (ou Laiche), Scirpus (Canna de junco). Nos brejos africanos, os re^presentantes são os Pa- p!/rus e outras Cyperaceas. Em vários pântanos, abundam as Thy- phaceas (QuenouUles) bem como as Jun- caceas (Juncos divereos) . Tom referencia ás Quenouilles, trata.-se não dos pennachos esponjosos dos fi'uetos que, tanto como os pellos dos Eriodemlron (ou Kapok), não apresentam nenhuma re- sistência, mas, da parte vegetativa da idanta. Na Tui-fa encontram-se restos fibrosos de Cyperaceas (Carex, Seirpex.-Linaigrettes) . São e.-ises filamentos que se separam e que dão os tecidos (pasta de algodão) de turfa; poder-se-ía, do mesmo modo e com proveito, extrahil-as directamente das i)roprias plan- tas. O ])apel de turfa tem a mesma origem. A turfa, porém, encontra outras applicaçõcs e a extracção de fibras para papel seria mui- to disjiendiosa. (^ulnto ás Palmeiras, suas folhas (pccio- lo, axilla e limbo) são muito ricas em fibras. As líaphia, as Kentia. as Cltamocrops. as i?o- tangs parecem dever ser mais particular- mente a.ssignaladas. Até os Fetos dos terrenos incultos forne- cem, ))or suas folhas, uma liôa matéria jirima. Scientificamente, a crise do papel está resolvida. Praticamente, é ])reciso querer re- solvel-a e exi)lorar os aliundantes recursos vegetaes que nos proporciona a natureza. iiíiTÍr;-:-;- § IRMÃOS CASTRO — Vendem reproductores das raças Caracú e Hollandeza, a preços à2 I razoáveis. Para mais informações e pedidos com o Sr. Roberto Dias Ferreira — Rua % 1 ' de Março n. 15 — Rio de Janeiro. Sfêí^efêKíe^i^fèfêiefèi^íeie^^^^eae^^eííeefêfêfèiefè^eiefêieie^e^^í^^^í^f^eeiefèfâêiefêiefêfêfêk- A LAVOURA 191 Um rival do Brasil o United Empire coiaiiienta. ser simples- mente vergonhoso o facto que, no caso de gé- neros de primeira necessidade como o café, o Império Britannico produza menos de um nono da safra mundial . A procura crescente do café está exigindo uma producção maior e, na opinião de entendidos, ha regiões no Império, como Queensland, que se prestam admiravelmente á cultura desta llubiacea. Talvez a melhor variedade com que iniciar esta nova lavoura, 6 a cultivada nas herda- des das Montanhas Azues, na Jamaica. Que- ensland apresenta esplendidas condições para produzir a melhor qualidade de café, poden- do tornar-se, futuramente, um comipetidor do Brazil nos mercados mundiaes. (Do "The Agricultural News"). ■ Uma variedade immune de canna de assucar Quando devassou os cannaviaes de Porto Rico a moléstia ali conhecida jielo nome de mosaico, quasi todas as variedades foram at- tingidas, especialmente a Bourbon. A mo- léstia não parecia ser causada por um orga- nismo especifico; no emtanto era de grande contagio, causando prejuizos cola^ísaes. ■■ O interessante é que. recentemente, se verificou, na Estação Kx])erimental do Go- verno, em Porto Pico, que de vinte varieda- des em cultura, uma única — a variedade japoneza Kavangire. escajiou a essa moléstia do mosaico. Novas experiências, levadas a termo pelo Sr. H. Bourne. de Barbados, sob a direcção do Professor Earle, mostraram que esta va- riedade foi a única que resistiu á infecção por inoculação. A canna de Kavangire é alta e fina, po- dendo o seu rendimento egualar-se ao de ou- tras variedades. A sua i)i'oducção. i)or geira, num talhão do Canqjo Experimental, foi de 70 toneladas. Não ha analyses feitas da variedade Ka- vangire cultivada em Porto Pico : mas, de accordo com informações de outros paizes onde a cultivam, o seu teor em sucrose va- ria de 14, 30 "1" a 16, 85 "j", sendo o seu co- efficente de pureza de 84,9 a 89,67. Esta variedade parece ter dado resultados salisfactorios nos logares da Argentiiui, onde a estação do calor se prolonga jior um perío- do de tempo sufficientc para o seu amadu- recimento. Por este motivo, não se aconselha a sua cultura em regiões suo-tropicaes. Em conclu- são: esta variedade de canna de assucar pa- rece ser muito resistente á moléstia da raiz, á broca e á podridão do colmo. (Do "The Agricultural News"). s s s s s s s >-w^. (2) m FONSECA, ALMEIDA & C. Importadores e Exportadores Esp3cialidade em : Óleos, lubrificantes, gra?(as, estopas — Ferra- gens, metaês diversos, tintas e vernises — Accessorios para machi- nas — Ma^eriae; de construcçâo — Material para Estrada de Ferro Officina em geral e Construcçâo J^laval Correia Balata marca CAb!)EROX. fabrico exchieivo de Turner Brothers, Rochdale, Enilaiid. ex|i€ri'mentada e adoptada official- niente pela Estrada de Feno Ceutral do Brasil, eom outras marcas. Metal patent CADINHO. MAGXOLIA METAL Co., de New York. ÚNICOS IMPORTADORES Ar,nâzeni e Escriptorio : mil- de Març) 7 o-7 7 , e General Camará, 1 9 DEPOSITO: RUA CAMERINO 64 End Teleg. CALOE^O,^ — Caixa Postal 422 — Telep. Norte 962 RIO DE JAXEIRO em concurrencia fabricado pela ® á m © -4 192 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA Methodo de classificação das varieda- des de canna de assucar, prati- cado em Porto Rico Verifica-se, logo ao principio, que os pontos de differença entre as variedades de canna de assucar se não encontram facilmen- te e isto devido ao seguinte: 1°, que ha um alto gráo de variação entre os diversos typos de canna, de forma que o typo não está re- presentado em um único colmo, nem em uma única planta; 2", que um grande nu- mero de variedades concorre para assignalar a differença, entre si, dos vários typos de can- na, submettidos a estudo e classificação, e que essas differenças são variáveis; com re- lação a elementos quantitativos e qualitati- ^•os communs a todos os typos não se pôde formar um critério seguro para definitivar novas características. Com essas observações, os colmos são as- signalados por uma marca. O typo, em mui- tos casos, torna-se difficil de assignalar-se em sua qualidade determinada. Entretanto, duas variedades vegetando ao lado de uma terceira j iodem trazer confusão e não é fácil a sua distincção. As mais importantes differenças l>ara classificação são favorecidas \>v\-d.< varuis qualidades de colmos. As differença.s das fo- lhagens, na floração, não devem ser usadas como critério na classificação, porquanto muitas variedades não florescem, além da floração durar poucas semanas. O colmo é a parte commercial e impor- tante e, ás vezes, identificam-se as variedades de canna, simplesmente pelo colmo. Os ca- racteres das folhas são, por vezes, distinctos e podem ser usados para classificar a canna de assucar, nos cannaviaes. Differenças maiores ou menores, podem, ainda, ser notadas em duas partes das folhas; como nas embainha- das. Os colmos mudam de aspecto na época da maturação, de forma que nem os novos, nem os completamente amadurecidos são typicos de uma variedade. A apparencia, tamhem, depende do seu vigor, devido a con- dições de solo e clima. Por exemplo, uma secca prolongada causa atrophia na parte comprehendida entre os nós. ou nos entre nós, sendo que a humidade auxilia o seu des- envolvimento e i)roduz melhor formação des- sa parte da canna, formando a planta gomos mais desenvolvidos. As características geraes do colmo são: a côr, o comprimento, o diâ- metro, a forma e a quantidade de glucose. Os gomos variam de comprimento, diâ- metro e forma, apresentando-se, ás vezes, quasi cylindricos; porém, são quasi sempre comprimidos; outras vezes túmidos, contri- ctos ou mais largos de um lado, ou na ex- tremidade, que de outro. Em muitas varie- dades, os gomos têm, mais ou menos distin- ctamente, sulcos de um lado, variando o sulco- em comprimento, profundidade e largura. O nó varia, principalmente na forma e tama- nho. As cicatrizes das folhas variam, mais ou menos, de forma e proeminência, e, ás ve- zes, têm pellos duros e curtos. Dividem-se os nós em duas partes: a parte de cima, da cicatriz da folha, consiste de um annel que varia de largura e forma, com muitas raizes- rudimentares, havendo differenças no arran- jo e na apparencia geral de.ssas raizes. A por- ção abaixa do nó, da cicatriz da folha, é mais- ou menos, em annel, com dejiressão. esten- dendo-se ao redor do colmo. O gomo mostra, de ordinário, maior numero de differenças que outras partes da canna; elle varia de comprimento, largura, proeminência e for- ma. As gradações externas mostram diffe- renças em tamanho, forma e textura, as ou- tras extremidades formando uma margem de- primida e variando de largura e forma. Os gomos são. mais ou menos, afinados e, ás ve- zes, providos de jicllos, razão porque os cha- mam, connnumeute, de harhaflos ou eabel- Itulds. A^ folhagem, em conjunto, varia de mui- tas cores. A bainha das folhas apresenta, ])articularmente, , differenças na forma, côr,. revestimento, etc. No logar da juncção da liainlia com a folha, ha caracteres differenciaes, principal- mente na margem, existindo, nesse ponto, uns appendices — orelhas que variam em tamanho e forma. O hmbo das follias e da baiului varia no seu revestimento . Deve tomar-se em consideração, quando- se__ tratar da descripção das cannas, as varia- ções existentes dentro das diversas variedades- que constituem os lyjios ; como não é sempre possível encontrar variedades, padrões distin- ctos, é necessário fixar esses typos. Umas poucas de cannas devem ser descri- plas e os seus característicos mais apreciáveis annotados; e, cgualmente, as linhas :Ie varia- ções para os fins de identificação. Empre- A LAVOURA 193 gam-se termos especiaes, adequados na des- cripção das diversas partes da canna. O termo espalhanfe, por exemplo, indica uma tendência da planta da canna para in- clinar-se, pelo seu próprio peso, em todas as direcções, ao centro. O termo vaciUante, como applicado aos gomos, significa a sua alter- nância no seu eixo principal, da parte ante- rior para a {losterior, ou vice-versa. O termo túmido, significa desenvolvido, ou inchado. O rego 6, ás vezes, um canal cpie se esten- de de um ponto da ligação do fructo, por todo, ou em parte, do comprimento do gomo. Barbado, significa que a parte da canna tem pellos. ou um topete com pellos ; barbelado, quer dizer, rodeado de pellos hirtos e curtos. O termo margem ó applicado á borda acha- tada do gomo, formada pelas escamas exter- nas. Os gomos são descrií^tos como proemi- nentes quando se projectam do colmo; de- primidos quando applicados ou achatados contra o colmo e comprimidos quando aper- tados dos lados, no sentido longitudinal. O pescoço da bainha da folha, é a região adja- cente ao ponto em que ella se une é bainha. A ligula é uma pequena lamina vegetal na face superior das folhas, estendendo-se do ponto de imião da bainha ao da haste. As orelhas são appendices da bainha, justamente abaixo ilo i)onto de união com a folha. "íS'e- tae" são j^ellos, geralmente rigidos, pontuados e fortes, ás vezes flácidos e que se encontram na face dorsal da bainha. O termo "vesti- TTienta" é applicado ao '\Setae", ou pellos que apparecem na bainha da folha, ou na sua superfície . Pode julgar-se do valor deste methodo pela seguinte descripção da canna "Crystal- lina". tirada de uma cesta com 26 cannas, idênticas entre si. CRYSTALLINA: — Habito, erecta. Diâmetro, médio. Forma do colmo, usual- mente curvado. Cores, variando do vermelho esverdeado á côr de palha. á,s vezes com nu- ances de violeta ou puri)ura, ; distinctamente glauco. Os gomos variam em comprimento, mas, são regulares, médios, variando, também, na forma, ás vezes túmidos na parte opposta áíjuella em que está o gomo, sendo este typi- camente achatado; rego de fundura média; nós, tamanho médio, mais largos na parte superior; a parte inferior tem um anne! dis- tincto, com depressão, que é mais profunda abaixo do gomo; a cicatriz da folha proje- cta-se por baixo do gomo, seguindo junto a este pelo lado opposto; raizes rudimentares, em duas ou três fileiras . Gomos variando em comprimento e largura, quasi sempre bem formados, typicamente largos, ovaes, appro- ximando-se da triangular, com uma margeni média, extensa, ás vezes oval e larga, appri> ximando-se da semi-ellyptica; lóbulos typi- camente distinctos; podem, ou não ajustar-se estendendo sobre a canna quando erecta. Fo- lhagem abundante; algumas folhas seccas adherem, também, colmo, de colorido verde claro. Folhas de comprimento médio, largura média, adelgaçando-se para a extremidade. Bainha da folha, um tanto achatada la- teralmente no pescoço; orelhas de tamanho médio; ligula de comprimento médio, tendo a l)orda alta e arredondada no perfil, ou oc- casionalmente com depressão ao centro. A^es- timenta do pescoço da bainha média, pellos abundantes nas orelhas, coloridos de um lado na face da folha e, ás vezes, pellos delgados sobre a superfície da base da folha, mui dis- tinctos; são estes, caracteristicos quanto á côr e á forma, dos gomos e nós. (Do "The International .Sugar Jornal"). «.«Al ^v 1 .ys I ^v I yN i^»,^ I^i^t A I i Sociedade Nacional de Agricultura^ ANNUIDADE 20$000 | Os sccios Qtiites recelDem gra.tu.i- \ tamente JL l^JL^OTJRJL ] Pedi estatutos is 15, Rua 1' de Março -:-:- Rio de Janeiro, Brasil | 194 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA A fibra do Eucalyptus A casca .lo eiu-alyptvis australiano produz uma fibra, de bua qualidade, que pôde ser iiiaiiufacturada i)or um processo que consiste ciu passar a casca por uma machina de amol- lecer para. sciiarar-lbc as filiras e depois em outros uiacliinismos especialmente adapta- dos para cardar e fiar. O autor deste processo al)riu uma fabrica próximo a Melbourne, onde tem em exposiçíío amostras de cordas e saccos manufacturados com esta fibra. Diz- se que estes productos rivalisam, em cjuali- dade, com os melliores de linho ou juta da índia, e ]iodem ser obtidos por metade bmta. O governo decidiu, ultuiia- mente, montar uma fabrica especial em Na- sik, no ThuU Ghat, para manufacturar esse artigo em larga escala. E" possível, também, fabricar, com estas flores, espirito barato para motores e acido acético, com os produ- ctos derivados na forma de acetatos de cal, aluminium e ferro, muito usados na colora- ção do assucar de uva. O óleo, extrahido das sementes, está sen- do usado na producção de margarina, sabão, velas e glycerina. A arvore não exige o menor cuidado cul- tural e, sem duvida, os seus productos têm enormes possibilidades commereiaes futuras. A photograiihía de uma arvore Mahua, p, peia, o trigo, a veia, o centeio e a cevada des- cnvolvem-se melhor em climas frios. As partes mais .septentrionaes dos Estados da America do Norte, Canadá, Rússia central e meridional. Argentina e parte da Austrália são as regiões mais productoras de cereaes do mundo. A aveia crescerá em tempera- tura mais quente, climas temperados mais jiroximos do Equador, emquanto a cevada é encontrada quasi nos círculos polares árcti- co e antárctico, e mesmo onde muitas ou- tras plantas jjroveitosas para a agricultura faltam por causa do rigor do clima. O trigo é o mais importante de todos os pequenos grãos, excepto o arroz, pois, delle se faz a maior jiarte do pão para alimento do homem. O trigo, ainda que produzido em certa cpiantídade em quasi todos os paizes, requer o frio, ou mesmo um clima fresco, ]>rincípal- mente naquelles em que a neve cobre o ter- reno por algum tempo durante o inverno sendo o larimeiro período do crescimento do trigo novo, semeado durante o Outomno, nos princípios do inverno. Para [iroiluzir cereaes em larga escala e tirar bom lucro, deve conseguír-se o maior desenvolvimento da raiz durante a primeira jiliasc de vegeta- ção da planta, o que é ajudado pelo tempo fresco e pela neve que apparece periodica- mente nos paizes próprios á cultura do tri- go, cobrindo, por semanas inteiras, o trigo A LAVOURA 195 novo e ciandii (i]iii(irtunidade ao descnvolvi- mento d'uMi hoiii sy^tvina radicular qvie mais retardará a vitalidade necessária á jirodueção máxima. p]m paizes muito (juentes, ou troiiieaos, as plantas novas crescem muito depressa e chegam ao período de formação do grão an- tes de desenvolverem lun systema de raizes fortes. Isto resulta commumente numa ])e- Cjuena producção de cereaes de qualidade in- ferior. 8ó nas mais altas regiões e districtc- mais frescos dos paizes quentes, é que este.s pequenos grãos, trigo, aveia, cevada e cen- teio ijodem crescer com succes,-:o. Nas Estações E.xperimentaes da Leojiol- dina Railway, em Nova Friburgo e Conse- lheiro Paulino, no Estado do Rio, effectua- ram-se algumas experiências para o cresci- mento do trigo, e taml)em de aveia, durante os últimos trez annos, resultando, em quasi todos os casos, boa producção de grão de ta- manho médio. Essas experiências foram sufficientes para demonstrar que os lavra- dores que vivem nestas e outras partes do paiz, de condições climatéricas semelhantes, podem, pelo menos produzir uma c^uantida- de destes grãos bastante para o seu consumo pessoal e em caso de emergência prover ás necessidades nacionaes . A aveia "Texas Rust Proof", uma varie- dade, deu mu. lo tjem, produzindo uma to- nelagem bem regular de feno, tanto quanto de grão. O trigo deu, em todos os casos bons lucros; o cereal, porém, era um tanto pequeno e jiodia ser considerado de segunda qualida- de; a analyse revelou que se presta excel- lentemente para o fabrico da farinha. O trigo ]irospera mais em solos ricos e pesa- dos. O liarro vermelho e as Terras Pretas da America do Norte, e da Rússia são ideaes para o trigo e o centeio . A aveia e a cevada crescem em solos mais leves; em todos os casos, porém, o solo deve ser rico si se es- I")eram bons resultados. O solo leve, areno- íóãe, ás ve- zes, servir j»ara diversos lavradores, limi)an- do cada um, por sua vez, o seu cereal. A extremidade do cereal está madura, ■quando a haste toma uma côr escura. Esta extremidade deve ser cortada ou por meio duma foice no caso de pequenas áreas, ou por^ meio duma ceifadc^ira-atadeira, quando as áreas são vastas. A porção cortada deve ser deixada al- gumas horas no terreno para seecar, depois do_ que será collocada em montões e deixa-se até que possa ser limpo, ou batido no cel- leiro . Depois de batido, colloca-se em pilhas, secco, ou, então, em saccos para necessida- des futuras. ETOCA DE SEMEIA Nos Estados centraes do Brazil, especial- mente no Estado do Rio, o autor daste ar- tigo achou melhor semear o trigo e a aveia mais ou menos em Fevereiro." Isto dará tempo ás plantas de obterem um grande im- inilso durante a estação chuvosa e. também. traz o amadurecimento durante a ultima jiarte da estação secca, pois que o tempo secco é absolutamente necessário na colhei- ta. Si as chuvas se prolongarem, as semen- teiras devem ser retardadas; ao contrario, terão logar em Janeiro ou Dezembro. Si se considerar como uma bôa época para a se- menteira o mez de Fevereiro, na latitude do Rio, então a ])lantação deverá ser um pouco antecipada, nas regiões mais afasta- das para o sul e mais tardia para o norte. Cada qual procurará estudar as condições do meio em que vive. e semear de accordo. TRATAMENTO DA SEMENTE Muitas moléstias que atacam as plantas são transmittidas por meio da semente; dahi a importância da perfeita desinfecção da semente antes do plantio . Quasi todos os ccreaes são cultivados mais vantajosamente quando as sementeiras se desinfectam antes da sementeira. Somente umas poucals das 'fornuilas mais efficazes .serão dadas aqui, servindo para todos os fins. Tratamento com agua quente. — Mui- tas moléstias dos cereaes, taes como o carvão, a sarna, etc, podem ser combatidas por meio da immersão da seniente, collocada nos saccos, n'agua quente á temperatura de 58" eent. Deixa-se a semente ])ermanecer n'agua quente de oito a dez minutos, depois do que se secca na somlira e semea.-se. Solução de suhlimailo corrosivo. — So- lução de sublimado corrosivo, na proporção de 2 grammas para cada litro d'agua usada. Deixa-se a semente na solução por es- paço de uma hora. A formula acima é. também, muito útil na destruição da sarna da balata. Collocam-se ;« batatas na solução, du- rante uma hora e meia. Depois, corfam-se e plantam-se. Tratamento pelo Formaldehydo. — De todos os tratamentos até agora empregados, o formaldehydo é o que produz resultados nrnis satisfactorios apezar de dispendioso. Póde-se usal-o contra todas as moléstias das plantas, sendo de grande ef feito contra a sarna das batatas e o carvão do trigo e ou- tros cereaes. Deste emprego resulta um estimulo á pliiuta nova, evitando a ra]>ida acção do mofo. dos fungos e outros parasitas. A' quan- tidade usada, geralmente, é de cerca de 100 grammas de formaldehydo, a 40 %, para cada ;50 litros d'agua. Pode usar-se isto para humedecer só- A LAVOURA 197 -juriitc. OU como banho. .Si a seniente e-sta ÍHiniei\-;a. dcve-se deixal-a i)emianecei' de 10 a lõ minutos, e depoi.? de retirada secca-se para semear. Si as sementes vão ser semeadas á mao, faz-se-o só depois de preparado o terreno e ap])lica-se o disco, ou o arado, para coUo- eal-as nunm profundidade de 2 a 3 polle- o-adas. Depois de se ter semeado e applicado o diseo. ou o arado, faz-se correr uma leve t^rade de limpar, por soljre a superfície, para ai)lainal-a. (;'erca de 50 kilos de sementes bem lim- pas, podem ser semeadas por hectare. Nas localidades em que os mezes de Fevereiro e Março são sufficientemente seccos para a ■colheita, o trigo e outros grãos pequenos po- dem ser semeados em Setembro ou Outu- liro: mas. deve ter-se em mente que o tempo .íecco é absolutamente essencial ]'ara a co- Jheita de.-ítes cereaes. CULTUEA Farfinr.^ principa('!< ihi prniJiirrão Trez factores principaes que o la\-rador -jióde ciiutrolar para o augmento da sua sa- fra, são: 1" — Augmento da pruductividade do :sól(] por meio dos aiubos. 2" — Plantando semente de boa quali- dade e i)roiluzindo melhores varicdailes. o" —- Praticando os processos modt^rnos • de cultura. Desses factores, o ultimn é ii nuns sim- ,;ples c accessivel. Com um solo de fertilidade mé 'ia. a ]ireparação da sementeira por meio de me- thodos convenientes de cultura determina a pi'rfeita producção e qualidade da colheita. Sdb o ponto de vi,sta agronómico, a con- tcsiura lio solo é. geralmente, mais inqior- tante que a sua riqueza chimica. A manu- tenção do perfeito equilifirio jiliy-ico '" si')Io depende mais da lavragem do que qual- quer outra operação de cultura. O sedo l:om e nidlle é mais produetivo do que o s('ilo duro e grumelloso da mesma conq)osição •chimica. Elle offerece maior reserva de ali- mentos e um sitio mais favorável ás raizes da planta, absorve e retém mais humidade, tem mellior ventilação e temperatura me- nos variável. Este solo permitte a maior nitrificação e desdobramento de substancias úteis á i.dan- la, proporcionando condições favoravei.s ao desenvolvimento das bactérias e á desinte- .ui'ação e di.ssolução dos mineraes. Os elementos nutritivos da planta apre- sentam-se sempre no <ó]n fértil: mas, até que o terreno seja trabalhado agricolamente, esses elementos estão presos no solo pela sua insolul:)ilidade. inassimilaveis, portanto, pe- las raizes. O cultivo conveniente do solo. pulveri- zando-o em finas ])articulas. com n suppri- mento conveniente de lumiidade. i)ermitte que os alimentos da planta tomem uma forma solúvel e torne pd.^sivel ás raizes as- similal-os, de modo a garantir um desenvol- \-imento vigoroso. A lavoura é um mein effeetivo de des- truir as hervas más. Deste uimlo destróe-se grande ec^uidade de inscclds prejudiciaes que voam sobre as cultura.- das fazendas. A incorporação de esterco,- c matéria orgânica no .solo pelo arado mclliura a sua contextura e augmenta a sua fertilidarle. A lavra fluida traz nova armazenagem de alimento de planta inerte, augmenta os reservatórios de huundadc aprofunda o lei- to da semente, dá mai> csjiaçu á i-aiz e mais material para a.- liacterias do s('ilo. afim de tralndharem na elalioraçãn do alimento effi- caz á planta. Este modo de lavrar serve, lambem, jiara demolir o rego do solo, ou nni sul)-sf')lo nuiitii dm'o. A hnragem erdo (' preferida para pre- jiarar a terra para semear. Um haigo intcr\alli) entre a lavragem e a semeadura permitte ao solo descansar, accumular húmida j' e ilesenvolver sub- stancia-; nutridoras :!a planta, e a cultura interme;liaria destr('ie a-^ hervas má.s, con- corre para amollecer o -('ilo. enuservando a humidade e tornando o meio favorável á germinação da semente. Um liom meio é ai'ar cpiando o solo está em um tal gráo ile humidade que se que- bra facilmente ao trabalhar. (_) emprego do disco antes do araío evita a secca rápida do s<'>lo e eonserva-o em boas condições de lavoura por muito tempo. A superfície re\'ol\ida favorece a absor- pção c armazenagem das aguas da chuva e a mistura da borra com o síílo produz uma união melhor com o suh-s()lo. quando as covas estão revolvidas. O enuirego do 'isco cedo deslróe as her- vas e os insectos nocivos. A a]Ji)licação do disco, a sós, soh certas condições, pôde, em alguns solos, preparar muito bem os leitos jiaríi a semente do trigo que cáe e o centeio do inverno; este metho- clo não deve, porém, ser praticado mais do que vnn anno pois a maior parte dos solos requer a aração regular e profunda separa- ção para manter sua cultura e fertilidade. A lavragem funda e antecipada é me- 198 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA Ihor; porém, si a lavrugem precisa ser tar- dia deve ser mais liaixa, para que o solo possa ser indverizado e firmado numa boa cova (para a semente antes que a colheita se tenha eoncluido). A cova ideal para semear pequenos grãos deve ser frouxa, mas, liem pulverizada, mais ou menos tão funda (juanto a da [ilantação da semente. Abaixo da camada em que está plantada a semente, o solo deve ser estável e bem re- formado, estabelecendo uma boa ligação com o sub-sólo afim de que a agua armaz(i- nada no solo mais fundo possa ser extra- hida por meio da cajiillaridade de dentro da superfície do solo. O sólo t'stavel. abaixo do rebento da se- mente, fornece a humidade necessária, em- quanto cpie o s<'>lo brando favorece o desen- volvimento para cima dos novos rel>entos no ar e ao brilho du sul. Uma cova funda ."íôlta o secco, por causa da ra]iida sccca da larga su- f>erficie do sólo. Em semelhante cova de semente, a co- lheita é mais apta a se "consumir" no verão do que se desenvolver nunui cova estável bem pulverizada. Não ,-;e vae concluir — Evitar a perda da humidade ca- pillar pela. evaporação; a camada do sólo a. duas ou três pol legadas de profimdidade deve ser conservada bem fofa por mna ope- ração ai-atoria conveniente. Um sólo conve- nientemente trabalhado deve ser fofo e ma- cio e não fino e coberto de poeira. A su])erficie lisa. finamente pulverizada deixada pela leve gradadura continua, an- uulla. frequentemente, a conservação cia hu- midade no sólo, desde que este pôde. em ial condição, receber chuvas torrenciaes,. causando um gasto d'agua (jue nelle leria sido armazenado, evitando a aerificação na- tural do sólo e jiroduzindo cim lições desfa- voráveis de sementeira, A sementeira deve ser j (reparada antes da semeadura. Só uma aradura sufficiente- ]»ara cobrir a senuuite, deve fazer-se depoi.?. da sementeira. A operação de semear os grãos em sul- cos, deve, em regra, ser feita por ultimo. O sulco ajuda a preservar o sólo movediço e dá alguma protecção ás plantas. O bom siú- co ])óde frequentemente, pagar o sen custo numa simples estação pelo augmento da ]iroducção, com])arada a semeadura em sulco com a lanço. Todo o lavrador que se- meia 20 acres, ou mais. de pequenos grãos„ em cada anno, deve ter um sulco de grãos.. Para ])roduzir maiores lucros por meiO' d'uma cultura melhor e mais intensiva, é esse o iiiethodo mais rápido, mais útil, me- nos dispendioso e mais proveitoso, augmen- tando a producção de alimento. A colheita medianamente rendosa, nes- te paiz, é nuiito inferior. E' po.ssivel dupli- car a ]5roducção sobre as áreas que se estão in-esentemente desenvolvendo. Omle a lavoura mixta é praticada, a ]>a- Iha é nuús proveitosamente usada para ali- niento e leito do gado, e volta á terra na forma de adubo. O desenvolvimento continuo do grão di- minue a fertilidade do sólo e resulta, final- mente, em rendimentos inaproveitaveis. Um afolhamento conveniente de cultu- ras, com o uso de esterco ou adubo fresco, phosphato e cal manterá a fertilidade do sólo c conserval-o-á num bom estado de sa- nidade, favorável á j^roducção de grandes, lucros em todas as colhei ta,'*.' A LAVOURA 199 VANTAGENS DA SEMENTEIRA EM SULCOS 1° — A .-;L'ineiite ú depositada em regos contra o solo húmido e firme, e coljerto em uma profundidade uniforme. 2" — Uma porção exacta de semente é egualmente distribuida, empregando-se me- nor quantidade de semente do que para se- mear a lanço. 3° — O canqx) fica disposto em regos, ou diminutos montículos. Isto favorece a absorpção de calor e humidade ao mesmo temido, e protege de algum mod(.) o grão contra o transporte do solo e contra o es- trago provocado jiela chuva, desde que os sulcos evitem a agitação do solo. 4" — A mesma distribuição da semente e das condições favoráveis ao desenvolvi- mento favorece a propagação das raizes e o desenvolvimento livre da plantula, assegu- rando um arbusto novo e vigoroso. 5° — A sulcagem é de vantagem positi- va, c]uando o grão é utilizado para a nutri- ção de unui cultura, como a alfafa ou liervas . Com uma combinação de semeador de herva, a semeadura das hervas e grãos faz- se numa operação simples. O grão semeado em sulco deixa maior espaço para o desen- volvimento da alfafa nova e das plantas forrageiras e permitte a entrada livre dos raios solares. O grão semeado em sulco é, também, menos apto a alojar c aquecer a nova sementeira. 6" — Os resultados de muitas semeadu- ras, postas á prova nas estações experimen- taes e por milhares de lavradores, attestam que a sementeira em sulco produz uma ren- da maior c um producto de melhor quali- dade . MACHINAS ECONOMISADORAS DE TRABALHO Todo II lavrador salierá avaliar, por si mesmo, o alcance do auxilio prestado pelas machinas economisadoras de trabalho, ao encarregar-se de suas operações agrícolas. Onde quer que o trabalho manual possa ser economizado pelo uso da machina, os ho- mens têm justamente a lilierdade de utili- zar-se do resto do tenqio para outro serviço útil. O uso de machinas agrícolas torna a preparação da sementeira e a semeadura mais em tempo e mais económica; augmen- ta a efficiencia do trabalho do lavrador, re- duz o esforço do auxiliar, resultando na sua melhor (jualidade e tornando uma grande Fazenda da Taypa — Bagé. IMaiitel lie vaccas DVKHA.M, puias, seivitlas por lepioiliictoi es ini.ijoitados, cie "iiecligiée" 200 BOLETIM DÁ SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA área dv lavoura ixiSí^ivel e aproveitável e a vida (la fazenda mais salisfactoria e agra- dável. INSTKU-MENTOS Em íieral. os mesmos in.strumentos ])0- dem ser utilizados no desenvolvimento do trigo, arroz e lodos os pequenos grãos. E' vantajoso utilizar-se de um tractor na qué- lira da hcrva e na semeadura. Podem di- rigir-se pequcnias áreas com um equipa- meiítf) menos custoso, utilizando-se de mulas ou bois como força motriz. Deve usar-se, mais ou menos, a mesma ]>orção de sementes para o trigo, aveia e ce- vada; no caso, porém, do centeio de l|o a 1|2, o que será o sufficiente. A iDorção de semente, no mesmo caso, depenrle. de al- gum modo. da fertiliilade do solo, do tempo da sementeira, etc. requerendo a ])rimeira semeU-leira menos semente do que as feitas em Marco ou Ahril: 70 kilos por hectare de trigo e ceva: 'a. 40 kilos de aveia, e 20 de centeio, ao lieetare serão o sufficiente. i;OTAÇÃO Na producção do trigo e outros grãos, nmito p)oucos dos alimentos contidos no solo são tomados para a formação do grão; mas, o liydrogenii). a potaíisa, o aciílo phos- ]iliorico. a cal, etc., são retirados durante o dcsinvohimento da planta. Eis porque si Ioda a [lallia e a matéria utilizada voltasse ao s('(lo. e as colheitas de grão fo,ssem afolha- das uma vez de quando em quando, com fava de vacca. fava Florida, ou outras plan- ias leguminosas, c o esterco, atirado pela fazenda, aproveitado, o solo não só conser- \aria a sua fertilidade, como o lavrador me- lhoraria, lie anno para anno, a sua fertili- dade e as suas condições de cultura, tornan- do a exploração agrícola mais fácil e mais )'endosa. T. K. Day, riiefe da Iieparti(;ã<) IiuUxsIrial dn Leoimldina Raihvay C* Esterilização do leite por meio da compressão \iETiiíii)(i mnm íomo niiihtitito da pâsteiriz ião E' salii 111 ipie o leite, cunio outras suli- slancias alimenticias. tem <(ue ser suhmelti- do a um )iroce.->!o de estei'ilização piara que i)o.ssa conM'rvar. jior algum tenqio. o seu sa- bor natural, c, ciue, de alguns annos a esta ])arte, a esterilização se vem praticando pelo methodo dl' I-'asleur, que consiste em suh- mettel-o a uma elevada tenuperatura com o fim de destruir, pelo calor, as bactérias jiro- ductoras da fermentação. E' opinião de mui- tos que o leite ]ierde em sabor e em c^uali- dades alimenticias quando .submettido a nma temperatura muito elevada, necessária á sua completa esterilização. Por i-sso, o Pro- fessor B. H. Hiie, membro da Sociedade Americana de Chimica, pro])õe agora, como resultado de niunerosos experimentos, C[ue a esterilização desta, e de outras substancias ali- menticias, se faça submettendo-as a uma com])ressão de alguns ndlhares de libras por liollega'a tiuadrada, affirmando que, iyãv,\ malar as bactérias, este proce.sso é tão, ou mais efficnz cjue o calor, além de mais eco- nómico (■ aconselhável por outros motivos. Submetlcndo-o á elevada temperatura ne- cessária ao seu esterilizamento, o leite adcjui- rc um sabor que revela, desde logo, as modi- ficações soffridas na sua composição. () novo processo, fácil re.ssõts até 100.000 libras por pjollegada quadrada. Mui- tas bactérias suecumbem á pressão de 35.000 liljras, durante 15 minutos. Tratando-se de organismos mui resistentes, precisam-se pres- sões mais altas; a de 30.000 libras, por uns 20 minutos, basta, porém, ao cjue ijarece, na grande maioria dos casos. Fizeram-se expjeriencias com o sueco de fructas. fermentos, diastases, leites e cultu- ras iiuras em diversas substancias. O sueco de uvas. por exemplo, cessa de fermentar quando sulimettido a uma pres.são de 100.000 libras, durante 10 minutos. 30.000 libras, por poUegada quadrada, parece ser o menos que se necessita, na pratica, para obter bons resultados . O sueco de maçãs, submettido á pressão de 90.000 libras pelo espaço de duas horas, encontrava-se. depois, tão doce e claro como ao ser extraindo da frueta. A generalização •lo processo dispensaria o uso do benzoato cc sodium como preservativo dos alimentos A LAVOURA 201 liquiilos, especialineiile da cidra doce. ad- mirável sul)ítitutc das bebidas alcoólicas. Os trabalbos do Professor Hite tenderam, ao principio, á conservação dos suecos de fructas. As suas numerosas tentativas pro- mettem nielbores resultados que os obtidos, até ao ,Dresente, com o calor e o emprego de substancias chimicas, de cjue a maior parte produz nos alimentos alterações nocivas, ou ])rejudiciaes no ponto de vista da assimilação. A resistência das bactérias, varia segun- do os casos. Muitas succumbem, immeiliata- mente, á simples exposição á luz, ao pa.sso cjue outras, para se destruil-as, tem-se que submettel-as a uma temperatura muito inais alta que a que se pôde obter fervendo o liqui- do á pressão atmospherica . Ao envez da esterilização jjor meio do ca- lor, usam-se, frequentes vezes, suljstancias chimicas que, provavelmente, coagulam ou oxidam a albumina e outros materiaes das bactérias. Nos estabelecimentos industriaes, empregam-se, commumente, para esse fim, a cola," o chloro em pó ou liciuido, o peróxi- do de hydrogenio, o acido phenico. o bichlo- rureto de mercúrio, os derivados do alcatrão mineral e soluções alcalinas que, indubita- velmente, não convêm por obvias razões tra- tando-se de substancias alimentícias. Oomo agente esterilizante, emprega-se, também, a luz ultra-violela, sobretudo em agua potável quando não é em grande quan- tida';e. O chloro. produzido, economicamente, do sal de cozinha, contribuiu, poderosamente, para a esterilização da agua destinada a usos domésticos, e é tão efficaz .que em certos e grandes povoados, julga-se sufficiente addi- cionar uma libra do chloro liciuido em um milhão de libras d'agua, contidas no depo- sito . Autoridades na matéria são de opinião que o novo processo, proposto pelo Professor Hite, substituirá, com vantagem, a todos os demais emiiregados, até agora, para este fim. (Do "Bolctin de la Sociedad de Fomento Fabril") . Oíd - o mais alíDieiítar lias krnrn E' um facto assente cjue o milho era des- conhecido dos europeus, asiáticos e africanos antes da descoberta da America. A reforçar as affirmações de Humboldt, Darwin e ou- tros, sobre a origem do milho, veio o celeljre l)otanico Affonso de Candolle, com a edição de 1882 da sua notável obra "Origem das plantas cultivadas", esgotar o a.^sumpto. completando assim a sua asserção de 1885, em que dizia "o milho, que é lanta e pela área que ella occupa, penetrando até ás mais remotas regiões". Não só no Peru e no ^Nlexico que o milho era extensivamente cultivado. Constituía, na realidade, a gran'Ie cultura de todas as tribus Índias, pois o milho era a base da sua ali- mentação. O nome parece derivado do Arawak riiarise, c^ue os caribós das Antilhas eorrom- peram em mayise e mahiz. Colombo notou que o princiítal alimento dos naturaes de São Domingos, ou Haiti, era conhecido pelo nome de mahiz, e a noticia cjue elle deu foi. a primeira que a Europa teve conhecimento. Segundo o manual pu- blicado sobre os índios da America (boletim da Repartição de Ethnologia Americana, do Instituto Smithsoniano, cje "Washington), o milho parece ter sido derivado das herbáceas nativas do Continente, e em particular da Etichlena mexicana, do Sul do México, e Euchlena luxurias, de Guatemala, a ultima mais parecida com o trigo cultivado. As in- fluencias linguisticas mostram que o milho 202 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA fôi-a iiiti'ii;luzi(l(j noí Estados Unidns por in- termeilid das trilnií dn Moxioo v dos Caribús das índias Occideiitacs, ruas, o lempo da sua iníroducção só se poderá determinar por con- jecturas. Não ha duvida que foi nniito antes da descoberta, da America pelos euro})eus, pois, o millio euciinlrava-se disseminado por todas as trilius Índias (jue occupavam o terri- tório cpie constitue, hoje. os Estados Unidos; além disso, vários indícios da cultura encon- tram-se nas mounds (muralhas) e nas mi- nas dos antigos pueblos e ciiff dicellings (ha- bitações das penedias), havendo a accrescen- tar a diversidade de variedades de milho que se encontrou nu tcm])(i :'a de.scoljcrta. Men- cionavani-sc. como existentes entre os Índios da ^'iríiinia. quatro qualidades. Segundo Fet' (Sourenlr.s ilr Ia Gurrre d'Exp(u/n(') . foi cm 1.100 (pie o milho fora enviado da America pai'a Sevilha, He.spanha, afim de ser cultivado na Euro]ia. Da Hespa- nha passou jiara a França. Itália. Tvu'quia c outras nações, e bem assim pai'a o norte da Africa, d'onde se esjialhou ]ior todo o conti- nente. A sua inlro:iucção na Ásia foi feita por dois caminhos: um foi o maritimo, de- vido aos conquistadores e missionários da. descoberta da rota da Índia, c o outro, não ha duvida, foi o lerrestre, seguido ])elos tiu'- cos (pie introduzií-am o millio nos seus do- mínios asiáticos, começamlo ])ela Anatólia. Logo que foi rcconhcci:lo o valor do mi- lho como alimento e forragem, a sua cultura espalhou-se de uma maneii'a es])antosa, (or- nando-se a maior cultura cerealifera do mundo, ijuer sol) o ])oiito de \'is1a ila (jiian- tidade. (píer sob o do valor. BolaiiicauHiile. o milho iierlence ao grupo das monocolyledoneas. raiiúlia nas gramíneas. Ati' hoje não st. encontrou esta espécie no estado selvagem, mas. pelo que parece, a planta que mais se lhe aiijiroxima c uma planta originaria do i\Iexico — a Ev- rhlena. Lineu deu-lhe o nome botânico de Zea iiiai/s, sendo a palavra zcd, a que designa, em grego, uma .semente que Homero indica como sendo empregada, para alimentação de cavallos. e a [lalavra ))(a//.s- é o nome ameri- cano ,sob o qual foi introduzido este cereal na Europa. O millni (' tão conhecido na.s Amé- ricas que nós nos c:is]iens;imos de ai^oníar mais detalhes .sohre a planta. Não entraremos, tamhem. em (]uestões de cultivo e condições climatéricas recom- nícndaveis e nem tão pouco descrever?raos as diversas variedades e centenas de espeeis de- vidas aos traljalhos de vários agricultores, nem nos referiremos ás doenças e pragas a que estão sujeitas e muitos outros detalhes de interess. e. o (pie fica al(!'m da esphei'a dc.sM; artigo. <-) leitor, talvez, se contente eni Sabei" cpie o milho C- nuiito sensível ás variações c\i- malericas. e esse facto limita a distribuição da sua cultura. Nestas variações incluem-se, i^' claro, a temperatura, a quantidade de sol. a quantidade de chuva, e a sua distribuição, factores estes que determinam a duração da quadra de crescimento da planta. Os acci- (ícntes da região e a (pialidade do solo são, tamliem. factores iiiqiortantes. E'. ]portanto, indispensável que se combinem todos esses factores para que a cultura, do milho seja eommercialmente remuneradora. Falando de uma maneira geral, as condições mais favo- ráveis são as offerecidas por vcrcões húmidos, dias e noites quentes, abafadas, dias de chuva intermeados com dias de sol. A altitude é um factor muito importante, pois altera a duração das estações, a temperatura, as pre- cipitações aquosas, a humidade, a evapora- ção e a insolação. Humboldt descreve amplos cam]ios de milho no planalto do México a 2.S()4 metros (8,f)80 pc^s) acima do nivel do mar e outros próximos do lago Titieaca no Peru e na Bolívia, onde elle é cultivado com successo numa. altitude de 8.960 metros (12. (!()() pés). Nos Estados Unidos, por outro lado. a zona do milho é comprehendida en- tre (IS parallelos de 35" e 45° e em altitudes de Itíõ m. a 495 metros (1.500 pés). Sendo o milho uma planta de regiões tropicaes e tem|)eradas, é sensível á geada, em qualquer lihase do seu crescimento e, como é uma plan- ta annual, pôde ser cultivada nos climas tem- perado.-; como cultura de verão, quando se pretender a producção cerealifera, c de for- ragem, como cultura de inverno ou cultura de clinms menos temperados como o Sul da Inglaterra. Cerca de 90 % da |>roducção anuu-icana é cultivada entre as isotlicrmicas de 21.1 c. a 20.7 c.) . L>e])ois de analysarmos a assombrosa [iro- ducção de milho e a sua distribuição pelo mundo, acode ao nosso espirito, certamente, l)ergunlar, em que se empregará tanto mi- lho? Os seus usos i>rincipaes são: H) alimentação humana (preparado ou farinado). (2) nuitcria [irima. para a fabricação de bebidas alcoólicas. ('■>) alimentação do gado. eiu grão, fritn- rado ou moido. (4) nuiteria jirima nas artes e manufa- cturas, .sendo tanto a grão como os outros product(w extensamente utilizados. Durante a preparacrão do milho para ali- mentação humana, obtérn-sc vários resíduo» e productos secundários c|ue são Ufílizadc» para engorda do gado. O \-alor alimentar do irniilho é índ!íi?ado A LAVOURA 203 pela analyse a,l>aixo trauserii)la, que repre- senta a composição média do milho de.-^se- ■cado . rrofeinas 1'2.S3 Hydratos de carbono 8U.12 Substancias gordas (solúveis no ether) r).3(i Cinzas l.<>7 Pão dr tfiíio Pão de milho 1(H ).()() Para C[ue os elementos que constituem o milho, sejam entregues á alimentação hu- mana, é elle preparado de diversas maneiras. ^\.s tribus nativas da America moem o ndlho em mós que são conq)ostas de duas pedra'^: uma cavada e fixa e outra redonda que c ma- nejada á mão, sendo o farello separado á mão. Esta farinha c empregada para fazer pão, biilos e outras iguarias da ínesma maneira que se utiliza entre nós a farinha de milhd. Xos Estados Unidos, que é o paiz in^oduci^u' de milho por excellencia, este cereal tem desempenhado um piquei inq)ortante na ali- mentação desde os tempos coloniaes até ao presente. Os primeiros habitantes alirnenta- ^■am-se principalmente de milho, depois que os Índios lhes ensinaram a sua cultura e o seu uso. Methodos aperfeiçoados de cultura e novas invenções em mf>agem têm multi])li- cado o seu emprego, que é tão variado que a sua enumeração não cabe nos limites desta breve noticia. Nem o seu uso se encontra re- .stricto simplesmente a uma região do paiz, pois quer sob uma forma, quer sob outra, o anilho constitue um dos elementos básicos da alimentação do jiovo da grande Republica irorte-americana, aln-angtanlo todas as clas- ses sociaes. O milho, como producto alimentar, não é devidamente considerado em todos os [lai- zes do mundo, e principalmente em alguns piaizes da Europa, onde se emprega como artigo de alimentação do gado. Muitos espe- x;ialistas, que têm estudado o assumpto, che- garam á conclusão que o milho, o mais ba- rato de todos os cereaes, é um dos de maior poder alimentar, e quasi que rivaliza com o trigo, cujo jjreço é bastante mais elevado. Para se fazer uma idéa do valor alimentar dos dois cereaes transcrevemos, a seguir, as íinalyses de pão de trigo e pão de milho, de- vidas aos eminentes chimicos Awater. Wood * Dr. Robert Hutchinson : Agua Proteína Substancias gordas . Hydratos de carbono ('ellulose Cinzas 40,0 38,0 (5,5 8,5 1.0 2,7 51,2 47,3 0.3 1.0 1.0 2,5 10(1.0 100,0 Do que se conclue que o ]ião de milho 1' 2 " " uuus secco e cíjutém 2 "j" a mais de proteina, 1,7 "," mais de matérias gordas, e menos hydratos de carbono que o de trigo. Experiências provam que 90 "|" das substan- cias seccas do pão de milho são absorvidas, ao pa,sso que do pão de trigo 20 "j" é perdido. Tomando em linlia de conta o baixo pre- ço do milho, concluc-se que é. sem duvida, o melhor alimento, tanto para o género hu- mano, como para os animaes — e a Hu- manidade deve esse alimento ao selvicola das Américas. O trabalho soljre "O bagaço como com- bustivel", lido. por E. C. Freeland. na re- união annual da "Tlu' American Society of Mechanical Engineers", foi incluído na "Secção das Machinas" da mesma "Socie- ty'' pela sua connexão com o problema do combustível, também discutido por David Meffat Miers, num memorial intitulado ''O meio de prevenir o desiierdicío do carvão nos Estados Unidos". O Sr. Miers é membro da Corporação de Engenheiros, e seu consultor, como tam- bém o Sr. Administrador do Combustível na America do Norte, que contribuiu com uma memoria bem elaliorada para a dis- cu.ro:luziu;io, assim, nestes uítimos locaes, um lia.uaço ' , . Mudando-se o methodo de queimar a lenha, com certas alterações nas fornalhas, obtem- .se um grande melhoramento, assim na pres- são uniforme do vajior e na reducç.lo, como na quantidade necessária de condjustivel supplementar. Sob o ponto de vista, da economia do jiroprietario do engenho, o custo do conibiis- tivel supplementar, antigamente, era de oOO dollars por dia, assumiito de importância se- cundaria. Mas, a difficuldade em nuniter a uniformidade do Irabalho era de importân- cia ^-it.al, desde (pie a possibilidade de o con- seguir depiendia da não re lucção da capa- cidade normal da moagem que seria equiva- lente a .$5500.000 por anno, na exploração. Estabeleçamos, ligeiramente, os meios de remediar as causas destes ]irc,juizos. de- \i(los á impiossibilidade de manter a nece.?- saria pre.ssão do vapor: 1" — Irregularidadie em alimentar as fornalhas, devido ao trabalho rotineiro de trabalhadores ignorantes e sem previsão. A (lirecção racional foi iniciada e deu immciliato resultado. 2" — Methodo defcituos(j de queimar a. lenha cm fornalhas mal |)reparadas para esta i[uali lade de i'ombustivel. Isto corrigido, e as fornalhas melhoradas, Ihoradas, com mna modificação addicional, com uma modificação aildicional, augmenta a jirodncção de vapor, com reducção do c(iii- siimo d(j combiisli\ cl supplementar. ','>" — Para regular a tiragem, muito mal cíjuípcusada. poz-sc cm execução um sys- tema jiara se conhecer convenientemente as variações de jircssão do vapor e o gráo de humidade, que assim se tornaram bem :le- terminados. 4" — As siípcrficies das grelhas, com tiragem naliirab (picimam :!OII liliras de ba- gaços ]ior ]ii'' (piadrado á hora, quando lim- jias, de]iois de concluido o trabalho ao do- mingo, mas, a fuligem se accunnila tãij ra- pidamente nas jiaredes das fornalhas que, no meio da semana, a areia das grelhas fi- (■a\'a lãi] reduzida (pie a capacidade das cal- il(.'iras csta\'a seriamente prejurlicada e for- iiiaxa 11111 factor ]irinciiial na impossibiliíla- t]f de conservar a pressão do vapor. Este incomcinentc foi removi lo pelas novas for- nalhas desenhadas e installadas pelo arti- culista. Isto deu em rcsiillado. obtcr-se maior capai-idade das caldeiras iior mais teiiqio. 5" — Devido aos escapamentos do va]ior nesta fabrica, á defeituosa installação e a ou- tras causas relati\a~ á má direcção de todo o engenho, os condensaiores não podiam una velocidade uniforme, movendo-se ao longo das forna- lhas e, á medida que as moendas os sup- prem, vão alimentando directamente as tre- monhas ajustadas ás forn;dhas. Qualquer excesso de bagaço segue até o fim do conductor omle descarrega numa pi- lha no chão. Esta iiilha f(5rma o uníco de- l^osíto disponível de combusli\rl. Por consequência, cpiando uma deficiên- cia occorre, ovi vapor aildicíonal é retirado rapidamente das caldeiras, não ha methodo adequado para acudir a e-ta emergência. O resultado é susceptível de uma baixa séria na pressão do vapor, causando uma pertur- Ijação nas moendas e mais ainda, um au- gmento de necessidade de vapur. O tempo excessivo para retirar da pilha o combustí- vel addícíona;lo. ao tempo gasto na condu- cção do bagaço ás fornalhas, torna este sys- tema de deposito de jiequeno ou nenhum auxilio. Por isso, si não se ijueiniar innnediata- mente qualcjuer combustível auxiliar, como sejam o óleo, a lenlia e o carvão, quando a pressão do vapor começa a baixar, o effeito é tão prejudicial que, ás vezes, é preciso fe- char o engenho para levantar o vapor, ob- tendo-se só assim a alta da pressão. Este processo, acredita o autor ser mais importante que o seccamento do bagaço, que nece.ssita uma comjjlicada installação da machina, e não é desejável sob o ponto de vista das condições do trabalho mal orien- tado, como o feito em Cuba . De facto, o problema da queima do bagaço não .se pode, com vantagem, considerar, tão somente, um proljlema de combustão, não obstante ser um dos factores. Outros factores são encarados com mais attenção e importância, num engenho de assucar efficientemente bem administrado. Alguns destes foram lembrados ao principio desta discussão, e elles encerram considera- ções relativas, ])articularmento o ])rojecto tícientifico de todo o engenho comljinado nas suas diversas partes. .Si houver qual- quer difficuldade ou demura nas moendas, o supprimento do bagaço é interrompi:lo e a melhor fornalha não é de proveito, si não fôr provida com intelligencia e previdência na regularização do fornecimento do baga- ço, humidecimento e limpeza das fornalhas e apparelhamentos custosos das fornalhas pouco auxiliam, e si houver qualquer des- arranjo nos evaporadores o engenho é seria- mente attingido. O caso da efficiencia da caldeira está ligado, irremediavelmente, ao funcciona- mento e á productividade de todo o engenho. Consequentemente, numa fabrica, a caldeira torna-se um ])roducto ao lado das outras condições relativas á direcção geral do engenho, harmonizando as suas fun- cções. Grandes lucros podem realizar-se numa bôa fabrica, uma vez que os fazen- deiros se certificassem da efficiencia do sec- cador do bagaço, cuja installação e adminis- tração pudesse ser feita com pequeno dis- pêndio e seu funccionamento não necessi- tasse de pouca ou nenhuma attenção. e tam- bém fosse á prova de fogo. Na direcção da fabrica referida, onde o Sr. Migers fez grande numero de experiên- cias sobre a combustão e evaporação, quando o CO- chegava acima de Iti '/ , encontrava- se, de ordinário, grande quantidade de gaz CO. Numa experiência em que se compu- tou a compensação de calor, o CO ])ro;luziu uma perda de calor egual a 12 %, disponí- vel no bagaço quando queimado. O gaz cor- respondente do tubo da fornalha, foi 14 % C02, 3,5 "l" 02 e 3. 7 "l" C. Tsto representou uma economia de tem- po de 3 1|4 horas. A extensão, á qual o CO^ podia subir sem a formação de CO, dependia do destino da fornalha da caldei- ra; as camarás maiores de combustão tive- ram possíveis mais altos valores de CO-, sem prejuízos causados pelo CO. Com al- guns exames ao acaso podiam manter-se 15 "1° de CO', mas com tracrw occasíonaes de CO. Quando o bagaço é queimado a altos gráos de combustão (200 a 300 Ibs. por pé quadrado de superfície de grelha, por hora), o tempo preciso para a combustão completa é tão augmcntado que se devem empregar as gi'andes camarás de combustão si muito 206 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA CO- .se teiu de (jltler isento de CO. Devido íio grande conteúdo volátil deste combustí- vel, faz-se a completa queima e a combustão occorre a um i)onto mais ulterior do seu cur- so, do que no caso de ser empregado o car- \ão nas mesmas condições favoráveis. Em relação ás caldeiras horizontaes tubulares, a combustão, em muitos casos, em condições artificiaes, era incompleta até que se desse entrada aos gazes nos tubos da extremidade posterior. O resultado disto é uma temperatura re- lativamente alta dos gazes na camará de com- l)ustão. a.ssim constituindo uma grande su- ])erficie de tubo, de muito valor na absor- jição do calor restante. O rápido enchimento (la,- camarás pelos depósitos de cinzas, que se tranformam em fuligem petrificada, 6 razão liastante i)ara providenciar-se, propor- cionando grandes espaços de combustão nas fornalbas das caldeiras de tuljos verticaes de agua; a caldeira deve ser collocada sufficien- temente com taes arranjos' de arcos e bafflcs, de maneira a completar a combustão antes que os gazes entrem no interior dos tubos. Os seguintes dados são rápidas notas re- lativas ao valor disponível do calor do ba- gaço da cana cul)ana, ao jjcso do bagaço, por caldeira ( /( p = k- v s). escolhidos por Mr. !Myers no seu relatório sobre o augmen- 1o referido. A'alr)r do combustível do bagaço e cal- deira ^ II. P. ()l>tido. Assim, um engenho para moer .'^OO.OOO @, de canna por dia, com 75 % de extracção, dando 75.000 ar- robas de bagaço diárias. Portanto, bagaço, por hora = 8. 120 arrobas = 78.000" Ibs. = ;1H toneladas de 2.000 kílos. Calor (lis]ioni\('l. valoi- do ba- gaço calculado para este en- tjenho: B. T. ^ por Ib., queimado 3.800 B.T.l'., jior caldc-ira }i p = hv (=84 l/í' X !»70,4") . . . .84.470 B.T.l'.. yiara produzir 1 caldei- ra a liO 7( . eff iciencia ... 55 . 798 Líljras de Imgaço para produ- zirem 1 caldeira = hp = br = 5õ.798-í-3.80n 14,7 Bagaço disponível, ])or hora, quando moendo 800.00 @ de canna ]ior dia, Ibs. . . . 78.050 Caldeira lip de bagaço, quando moendo 800. OOÔ Ccd de canna. por día=78.000/14,7. 5.810 Caldeira hp de bagaço, quando moendo 250.000 @ de can- na. por dia 4,430 Caldeira hp de bagaço, quando moendo 200.000," @ por dia. 3,533 O valor do bagaço foi computado por dois meios, jirimeíro pela fromula, e segun- do, por presumpção pelo vapor secco do ca- lor (Mr. Myers confirmou, i^or experiência, com a bomba calorimétrica), e calculando a perda do calor em pequena quantidade de agua. O resultado dá, approximadamente, 2 7; . Estas computações são assim expostas: 1" 2lcthu(lo: — Calculo das analyses deste engenho, em 19 de Fevereiro de 1917, com a fornada B. & AV., presumindo, con- forme Xoel Deers, que (i^S/lO^Formula: ,S.-,.-,() F+7119 S-hU750 G— 972 W 1(1(1 R.^r.U. ])or libra Percentagem das analy-cs dn laborato- H-'0 47,05 Fibras 44,55 .V.-N-iucar CSl no ; ( ihieo.-;c ( presiiuiida 1 98,41 0,68 Tn(al 99,09 Outras gommas e substancias não de- monstradas na analyse : 881,0O0+4S,4O(i+45()(l^4."'>.700 100 = 8882 B.T.U. por libra. ■1- M,thi„U, — Presume-se 8.800 B.T.U. pf>r Ib., secca (maehína Balicí)k & Wilscox C") ) e 47 % humidade. Eulãíj, total calor =0,47-f8. 300=4399 B.T.U. ])or Ib., quando queimado. Com a temperatura do canno^512'' F., e temperatura do Ijagaço 82" F., calor l)ara evaporar a humidade =0,47 [(212 — 82) -f 970+0.48 (512—212) |=585 B. T. U. Total :Ie calor obtido pe- la (pieiraa, i)or libra . 4.8í)9 — B.T.U. Calor para conseguir evajiorar a humidade. =585 — B.T.U. Calor disponível, por Ib., com a combustão. 4.984— B.T.U. Isto confere entre 2 ',{ do valor demon- strado pelo 1" Methodo. Valor do calor por Ib. de combustão = 8.814. 100— ( 0.47+0.01=7840 B.T.U. Cinzas presumidas a 2 %. A LAVOUEA 207 'Regulamento da 3^ Exposição Racional de Gado (A REAUSAR-SE DE 4 A ii DE JCLHO DE 1920) PRÉMIOS Art. •")] . A ( '(iiiiinissão Executivu il;i. Exposição cijiiferii';! t>.~ |iremios do presente regulamento, de aeeordo com a cla.^íificação feita pelos jurys. Art. 52. Os prémios serão honoríficos c pecuniários . Art. 53. Os prémios honoríficos ohede- cerão á seguinte (irilem de classificação, na ■escala descendente: medalha de ouro, meda- lha de prata, medalho de bronze, diplomas de !■■'. "2-' e o'-' classes, e .serão conferidos aos animaes. cjuer nacionaes, cjuer extrangeiros nacionalisados. aljrangidos pelo programma geral de classificação, e cjue concorrerem ao certamen. As medalhas serão sempre acom- panhadas do res]ii'clívo diploma. § 1." As medalhas de ouro deverão ser conferidas somente, quando se tratar de ani- maes ou grupos de animaes de excepcional valor; as medalhas de prata, exclusivamente, nos casos indiscutivelmente bem justificados ; as medalhas de bronze sempre cjue qualquer animal ou grupo de animaes tiver disputado o 1" logar com concurrentes também classi- ficados e premiados: os dii)lomas de classe deverão ser distriljuidos mais largamente para estimulo dos expositores. Art. 54. Nenhum jiremio honorifico será adjudicado a animaes ou grupo de ani- maes que não tenham pelo menos um com- petidor embora ])ertenceutes ambos ao mes- mo expositor: os prémios pecuniários só se- rão concedidos, quinido houver pelo menos mais dous competiosição poderá adiar para a 4" Ex])osíção os prémios offerecídos e que pjor- ventura não possam ser distribuídos por falta de jirecnchiniento das condições estabelecidas previamente para os mesmos. Art. 59. Não concorrerão a prémios, quer honoríficos, quer pecuniários, sendo considerados fora de conevu'so, os animaes ex- trangeiros directamente importados para a Ex]iosição. o bem assim os que tivei'em menos de dois annos de estada provada no Bra.sil, os quaes só poderão concorrer á feira. Para cada raça, a juizo das Commissões Julgadoras, ha- verá di.sputa de campeonato para ambos os sexos, grupos nacionaes e grupos extrangei- ros. Aos campeões compeHrá medalha de prata, e mesmo medalha de ouro, quando as- sim entenderem os juizes, inde])endente de prémios e.speciaes que forem instituídos para campeonatos. A disputa de grupo de con- juncto .só terá logar quando fôr estabelecido algum jiremio especial para esse fim, e em tal caso as Commi.ssões Julgadoras jioderão também adjudicar medalha de prata ou de ouro ao grupo pi"emiado. Os animaes i.sento? de taxas de inscripção conforme o artigo 17 serão sujeitos ao exame das Connni.ssõcs Jul- gadoras, que os classificarão conjunctamente com os outros animaes, recebendo prémios honoiificos, mas não lhes serão adjudicados prémios pecuniários. Paragra]:>ho único. .Sempre que os ani- maes de particulares em concorrência com os isentos de taxa de inscripção conforme o ar- tigo 17, forem prejudicados na classificação, as Commissões de Julgamento j)oderão, en- tendendo que elles fariam jús a prémios ho- noríficos e pecuniários, se fossem excluídos •20S BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA os isentos da taxa, ailjudicar-lhfs to.los os prémios que julgarem de justiça. Art. 60. Os juizes poíerão recusar a distribuição de ipiaesquer prémios, quando julgarem que são de valor secundário os ani- maes que concorrerem ao premio. ACENDAS Art. 61. Todos os animaes que concor- rerem á 3" Exposição Nacional de Ga;lo, são presumidos destinados á venda, convindo que os expositores façam constar seus desejos no Boletim de Inscrijjção. Paragrapho único. Os animaes que não forem destinados á venda, serão designados com o titulo de reservado e os outros com a designação venda particular, ou v-nda em leilão, afin\ de orientar ii< pretendentes ás acquisições. Art. i'f2 . Solire Iodas as vendas ()])e- radas, quer particularmente, á vista ou a ]>ra- zo, quer em leilão, será i)aga á Conunis^^ão Executiva pelo vendedor cinco por cento (5 %) sobre o ]ireço total da venda, como contribuição ao custeio d;i Exposição. Art. 63. As venda.s particulares serão tratadas livre e directamente entre os vende- dores e compradores e deverão ser communi- cadas por escripto á Commissão Executiva da Ex])osição, que as annotará, sendo, a dalar do recebimento da connnunicação, consideradas definiti\as. § 1." A communicação de^Trá ser data- da e a.ssignada pelo expositor ou pelo seu re- presentante, o qual deverá indicar com exa- ctidão o animal vendido, mencionando todos os caracteri-^ticos. espécie, raça, sexo, idade e numero de classificação do catalogo, para sua ])erfeita individualisação, o nome do com- prador, e bem assim, por extenso, o preço da venda. 9 o \ connnunicação deverá ser visada pelo coni])rador para discriminação das res- ponsabilidades sulisequentes e ser aconi] la- nhada do pagamento da commissão de venda. Art. 64. As vendas em leilão serão fei- tas por ordem da Commissão Executiva da Exposição. ]iara tod(xs os animaes destinados á venda, (pie não tiverem sido vendidos parti- cularmenTc. § 1.° .V commissão de leiloeiro será a:ldi- cionada ao preço da venda, afim de ser paga pelo comprador por occasião de liquidar o pagamento do animal arrematado. § 2.° O expositor poderá f;.\.ar o preço minimo da venda. Art. 65. Xo acto da adjudicação o com- prador deverá jiagar ao leiloeiro o signal de vinte por cento ("20 % ) e dentru de vinte e quatro Iroras (24 horas) o restante da im- portância da compra, que ficará á disposição dos vendedores, deduzidas as de.^pezas de lei- lão e a taxa de cinco ])0y cento (5 %) esta- tuída em favor da renda da Ex])osição. Art. ()(). Toda a venda de animaes de- verá fazer-se com a (■(ludição de não serem retirados do recinto dci eertamen antes do seu encerramento. Art. 67. As obrigações c(.inlrabidas pe- los expositores passam, pelo effeito da .venda, aos compradores, desle que, por ajuste pré- vio, que deverá ser conninmicado imniediata- mente á Connni.ssão Executiva da Exposi- ção, não permaneçam os exjiositores obriga- dos a ellas até o encerramento do eertamen. .Vrt. (iiS . A Commi.s.são Executiva da Exposição reserva-se o direito de dar destino aos animaes dos lotes de "animaes gordos", de accordo com o regulaincniu especial de.sse conc\n'sii. No eoncLU'su de \aecas e calaras leiteiras a Commissão Executiva permittirá, após o indispensável exame, que o leite logo extra- indo seja vendidd nu rccintu da Exposição, desde cjue esteja em perfeito esla lo de con- servação . RETIRADA DE AM.MAES Art. 6í). Findo o eertamen, todos os animaes deverão ser retirados dentro do prazo cpie a Commissão Executiva conceder. l*aragTapho único. A Commis.são Exe- cutiva da Ex])osição não se responsabilisará peio tratamento, nem pelas desnezas com os animaes, rpie não forem retirados dentro do pi'azo fixado. .U't . 70. A nenhum animal poderá ser dada saliida sem autorização expressa da Comnnssão Executiva da Exposição. Art. 71. A ( '()nnni.ssão Executiva da Exposição organizará um relatório minucio- so de todos os trabalhos da 3-'> Exposição Na- cional de (xado, devendo o relatório ser aeom- 1 lanhado; 1." ilns rc,<;ulanienlos geral e especiaes, instrucções. progrannna geral de cla.*sifica- ção, tal)ella de distribuição de prennos, etc. ; 2." do catalogo ile todos os expositores, que figurarem no eertamen, meiícionando-se a contribuição de cada classe e os dados for- necidos de accordo com os arts. 19 e 20. cuja di\'ulgação fôr julgada con\'i'niente : • >." dos relatórios de cada secção do jury de líecompensas ; 4." da lista de prémios conferidos, com A LAVOURA 'J()9 as pliolograpliias das animacs. preiuiaclos e (los objectos offcreci 'os como iireinios ; 5° de qnacsnuer docunicntns referentes ao certamen. I)lSP(.)SirõES CEIíAlvS Art . 12. (> vi'eiiilo do eertauieii será franqueado au inililieo. diariamente, de-de o inicio dos julgamentos até ao encerramento da Exposição, das 8 ás 20 horas. Art. TH. O preço da- entradas será de 40t! réis para os maiores de 12 annos e de rluzento.s réis para (js menores de 12 annos. -As creanças até ;> annos não pagarão entraila. Paragra]iho único. Nos dias de julga- mento que precederem a inaunuração (jffi- cial da E.\posição. o preço das entradas .-remios pe- cuniários, sendo de l :."i()().$()()(l ao lote classi- ficado em 1" logar; 1 idOdOifdOO ao lote clas- sificado em 2° logar, e o outro de 5(.)U.$U0O ao lote classificado em terceiro logar; para os lotes de ovinos, um ]iremio de 4()(I$<)0(J para o lote classificado em 1" logar. outro de 2()U$()00 para o lote cpie fôr cla.ísificado em 2" logar, e outro de 100$000 para o lote que ob- tiver o 3" logar; para os lotes de suinos l" se- cção-animaes de gortura inteira: um ])remio de 4UU.$(HX) para o lote de três animaes clas- sificados em 1" logar, outro de 20().$0()(( ])ara o lote cpie obtiver o 2" logar e outro de 100$000 para o lote que obtiver o .>" logar; 2° secção animaes de meia engorda: jiremio de 400!)í000 para o lote de três animaes. clas- .sif içado em 1° logar outro de 2()( ).$(>( H) jiara o lote classificado em 2" logar, e. finalmente, outro de 1()0.$000 para o lote clas.sificado em 3" logar. Esses ])remios só serão cord'erido3 depois que os animaes tiverem siilo abalidns, e concluídos todos os estudos. Art. 11. Além desses preuúos, serão distribuídos outros cpie por ventura sejam of- ferecidos por instituições ou socieda:le.< in- dustriaes inter&ssadas na industria da criação. Paragraplio único. Si a Connnissão Jul- gadora não encontrar lotes dignos de concur- so, poderá negar a distriljuição de alguns ou mesmo de todos os prémios em geral da Ex- posição. Art. 12. A inscripção de animaes será feita de conformidade com as ))rescripções do regulamento geral da Exposição. Art. 13. Nenhum animal ou lote de animaes será adnuttido sem a inscripção ynv- via. conforme deterinina o regulamento geral . Ari . 14 . Todos os animaes terão tran.s- porte gratuito e em condições de conforto necessário . Art. 15. Os animaes inscriptos ficam desde logo sujeitos ás prescripções da Com- missão de Julgamento, que poderá mandar abatel-os para fins convenientes, de aceordo com o disposto no art. 19. Paragrapho único. Nenhum animal será recebido com a noUi de " UE.'~^1'j1a- VADO". Ari. l(). A importância apurada na ^■enda dos animaes abatidos, será entregue aos proprietários dos mesmos, e aquelles, que não forem designados i»ara serem sacrifica- ilos. poderão ser vendidos particularmenie ou em leilão. Ari. 17. A L"oumnssão Julgadora acom- panhará todas as operações de jireparo dos animaes e seus derivados. ]irocedendo aos es- tudos necessários e á ]ierfeita classificação dos mesmos, fazendo ph(.)tographal-os indivi- dualmente e ])or lotes, e fixando grai)hica- mente todos os elementos constitutivos de esludo eom]>leto da matéria. Art. 18. A (.'onnuissão apresentará um, relatório ipie .oderão ser vendidos- no recinto da exposição, i)articularmente ou em leilão, cabendo á Ex|)osição .") % do va- lor das transacções. Essa Exposição de arti- gos não lerá julgamento nem receberá pré- mios. CONCURSO DE VACCAS LEITEIRAS PPvOGRAMMA E PEGfLAMEXTO PAPA O TEPCEIPO CONCURSO DK VACCAS LEPTEIKAS Art. 1.° A Terceira Exposição Nacional de Gado (iomiarehenderá também concurso de vaccas leiteiras, que terá logar no mesmo lo- cal e no mesmo prazo da 3'^ Exposição de Gado. Art. 2° O concurso se estabelece entre vaccas leiteiras em plena lactação, em lotes de três, da mesma raça, ])ura, nacionalisada ou nacional, mestiça ou cruzada por mn lado, e_ entre vaccas de raça. Caracú ou typos na- cionaes, lambem em lotes de trcs i^or outro lado, podendo em ambos os casos serem cilas de qualquer edade. Paragrapho único. Uma vez iniciadas as ju-ovas de concurso, sob nenhum pretexto Itoderão as v-accas dos di\-ersos lotes serem tro- cadas, ainda que entre os lotes de um mesmo exi^ositor. Art. 3." O julgamento se fará por meio A LAVOURA 211 de controle na quantidade e na riqueza de leite, no periodo de 12 ordenha.-; pela manhã e á tarde . Art. 4." A Conunissão Executiva re;;- lizará esse controle, coiu caracter official, sendo públicos a iníjjecção e o exame dos ele- mentos do jul,i;amento. Art. 5.'^ A Commissão Executiva fará publicar e distribuir os Ijoletins com o resul- tado do concurso. Art. 6." Serão conferidos os prémios de 1;000$000, .5()(!.$()(H) e •2õO$000, aos lotes de puros nacionalisados, ou nacionaes, mestiços ou cruzados, respectivamente classificados em 1°, 2" e 3° logares, quanto á quantidade, s os mesmos prémios dos lotes classificados em 1", 2° e 3° logares, quanto á riqueza do leite, de accordo com os dados apurados. Paragraidio único. Serão do mesmo modo adjudicados os prémios de 1 :500$000, 750$000'e õOOifOOn aos lotes de vaccas da raça Caracú ou typos nacionaes, respectiva- mente classificados em 1". 2° e 3° logares. Art. 7." Os prémios de concurso de vac- cas de leite só serão adju.licidos, quando disp)utadas por expositores differentes. Art. 8." ('onjunctamente com o concur- so de vaccas leiteiras, a Commi.ssão Executi\'a l)ermittirá uma demonstração de productos e sub-productcs de lacticinios os quaes não entrarão em julgamento nem disputarão pré- mios, mas poderão ser vendidos p)articular- mcntc ou em leilão, cabendo 5 % da trans- acção á Exjjosição. CONCURSO DE CABRAS LEITEIRAS A Terceira E.xposição Xacional de Gado comprehenderá também um concurso de ca- liras leiteira.s, de raça pura, mestiça ou cruza- da, no periodo de seis ordenhas em três dias consecutivos, sendo uma pela manhã e outra á tarde. Serão conferidos os prémios de 150$000, lOOifOOO e .■)()$()()() resi>ectivamente iis cabras clas.sif içadas em 1", 2" e 3° logares. Lepidapteros serigeiios do Brasil PELO PROFESSOR BEXEDICTO RAIMUDO M SILVA FAM. DEEPANULIDAE GEX : OIKETICrS, GULLD Guild. Trans. Linn. Soe. Lond. XV p. 375, 1837 OIKETICrS PL.VTEUXIS .'' BERG. Imago — d" , (f. 1) 0,040 de enver- gadura. Azas anteriores e posteriores de um bruno claro. As anteriores com mna. mancha escura trianguliforme um pouco para o lim- bo posterior, occupando a cellula, interrom- pida por uma manchinha na nervura recor- rente. Azas posteriores anegradas para o lim- bo posterior. Aljdomen muito alongado e bruno. Face inferior das quatro azas seme- lhante. ? , aptera como todas as do género. Lagarta — de 0,045 a 0,050 de comjiri- mento, pohn:>haga, bastante gi'ossa anterior- mente, afilada posteriormente, tendo nos três primeiros segmentos, uma espécie de escudo griseo com desenhos ne.gi-os. os demais Bnmo- arruivados. Chrysalida — com U.(K'>."i de conqiri- mento, de forma commum. bruno-arruivada. Casulo — (f . 2) , de 0,050 a O.OSO de comprimento, feito de pedacinhos de cau- le, mais ou menos oblongo, revestido exterior- mente de um forte tecido de seda cinzento, algumas vezes ligeiramente brunaceo, com a superfície interna reve^stida de tecido compa- cto de seda branca. A extremidade anterior do casulo está sempre presa ao vegetal que serve de alimentação a lagarta. Habitat — Rio de Janeiro, durante todo o anno; Estado do Rio de Janeiro, S. Paulo. Minas Geraes, E,spirito Santo, Republica Ar- gentina ? Uruguay ? A .sp. typica do Gen. é Olketiciis làrtiii, Guild., da America Central e de O. da índia. FAM. DEEPANULIDAE gen: mim.\llo, iiubn. Hiibn. Verz. bek. Schmett. p. 100. (1S22?) MIM.A.LLO .\.\IILI.^. STOLL. Jmago — c>r, (f. 3) 0.052 de enver- gadura. iv: BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA Azas anteriores e posteriores, plúmbeas emii uiiia faixa commum discoidal, transver- sa, irrefiular, palmada, bruna, que parte da liorda eostal junto ao ápice e termina no angido anal, sendo guarnecida por dentro de uni traço claro. Cellula ciscoidal das primei- 01 Kr. iK US TLATENSIS ? (fi.g. 2) CASULOS ras azas. com uma uraude mancba bruna •quasi orbicular, tendo no meio duas pequeni- nas manchas vítreas. Face inferior das qua- tro azas um pouco mais clara, com a faixa transversal muito estreita, mais ruiva e for- mada de lunulas. J , com 0.037 de envergadura, muito ^semelhante a ? , com as côre.s um pouco mais vi\as e a faixa mais escura e violácea. MIMALLO AMILTA. (fig. 3) Lagarta — com 0,032 de comprimento, de um negro opaco, tendo pelo corj3o escaa- ..*os fios de pello. Xive sobre as follias de varias Myrta- ceas entre outras as Goyabeiras, branca e ver- melha (Píiifliiim f/iriara. EarJrli.. e P. pomi- ferum, Li nu.). ChinjanUiUt — com 0(020 de comi')ri- mento. de fornia conunum. bruna. MlM.VI.l.O A:\iILIA, CASULO (fig. 4) Canal,) — (f. 4). tendo de 0,050 a 0,0.">5 de comprimento no maior eixo e de 0.020 a 0,025 no menor, de seda. bruno-ar- ruivada. um tanto pergaminhoso. tendo em mistura cum u tecido, fragmentos de caule, folhas, excremento da lagarta, etc. Ilubitat — líio de .Janeiro, jitelo verão; Estado do Rio de Janeiro. Espirito Santo, Minas Geraes. Rio Grande do Sul. Nesse ul- timo Estado as lagartas são encontradas de Al)ril a Outubro na Eiiffmia ríurisslnia. cha- mada Batinga branca, não sendu comtudo muito commum. M. A III Ília. Stdll., é a sp. tyi>iea do Gen. GEN. 1'EROPHORA. H.VRR. n.viní. i!Kr. ins. ^iass. p. 290. (1841) Ed. :',' \,. 415. (1S62) PLUOPHoi; A 1'I.AGLVTA. WALK. Lmagn — d" . ( f . 51 0.080 a 0,040 de envergadm^a. Azas anteriores e [losteriores de um gris argênteo, com uma multidão de diminutos pontos negros disseminados e manchas irre- gulares ruivas, tendo a partir do ápice das an- teriores um traço transversal, que começa branco e dciiois ferruginoso, terminando na borda' interna. Azas iiosteriores. tendo quasi no meio da superfície uma estreita faixa transversal um ]iouco curva, ferruginosa, que nasce na borda anterior e termina na abdominal onde se alarga es]»;dhand(» tnii pouco de sua côr para o meio do limbo. Face inferior das quatro azas semelhan- te, paréni, um jiouco mais pallida. A LAVOURA 213 ç , semelhante ao ^-^ . maior, me- dimlo (I.Uõ-l de envergadura. Lagarta — com 0,045 e 0,050 de com- primento, vivendo dentro de um casulo de onde apenas saem os primeiros segmentos^, que são negros bem como a cabeça, sendo os alidominaes muito dilatados. Alimenta-se especialmente das folha.- Hai-r.. que oceorrc na America do Norte, sen- do commnm na Pen.sylvania. Outras sjjs. do mesmo gen. tem o casulo recurvado para as duas extremidades em ló- bulo arredondado em cima da abertura ter- minal; nesse numero acha-se P. dcspccta II o!/:, que oecorre no Brasil e na Argentina. FAM. SATURNIIDAE «aCX. KIIKSCYXTIS hííbn. lliiliu. \'erz. Bck. Schmett. p. 150 (1822?) líIIESCVNTIS ilORTII. PERTY. (nom. [Mip. Meia lua) rAi;()i'ii()i;A plagiata (fig. 5) da Amendoeira ou Chapéu de sol (Termina- lia catappa, Linn.), encontrando-se nos ga- lhos dessas arvores por vezes um grande nu- mero de casulos. Chrysalida — • com 0.025 de compri- ínentii. de fóriua conmuuu. de um bruno ruiv(j. (hitudo — (f. 0) em forma de barrilete, ás vezes ligeiramente querenado, muito dur(j. de um cinzento lirunaceo. com duas alicrturas uma anterior e outra posterior, tendo nas duas extremidades ou numa só um appen- dice e [lor vezes vários fios resistentes que o prendem ás folhas e ao caule do vegetal ; Mede no maior eixo de 0.030 a 0,035 e no menor de 0,010 a 0.015. I'E!;()PHOR.V PP.\(;T.VTA (fig. 6) llnliifat — líio de Janeiro durante todo o anno; Estado do Rio de Janeiro, Esj^irito Santo. .\ sp. typica do Gen. é P. meUheimeri, Imayu — j . (f. 7) de 0,100 a 0.180 de en\-ergadura. Azas anteriores e posteriores de um cin- zento violáceo. As anteriores muito recurva- das, tendo para o ajiice uma manchinha alon- gada de um amarello pallido e outra negra, seguidas de uma linha muito sinuosa quasi negra; disco quasi todo occupado por uma grande mancha senulunar de um bello verde nmsgo, bordada por fora, por uma faixa de um amarello pallido e por dentro por três ou quatro outras de um negro profundo, sendo a mais interna pouco marcada; região basal com duas faixas negras, curvas, que se fun- dem para baixo com a côr geral. Azas i)osteriores, tendo no meio do dis CO uma larga faixa bruna, fundida com a côr geral, quasi direita, terminando no an- gulo anal, fortemente guarnecida por dentro de negro profundo; borda terminal com uma faixa de um amarello pallido, que vem da borda anterior e termina na anal, guarnecida por fora de uma outra negra intercortada Base das quatro azas, brunacea. Face inferior das azas, bruna, amarella- da jiara o limbo posterior, tendo mais ou menos o mesmo desenho, porém, fracamente nidicado, princiíialmente na grande mancha semilunar das primeiras e na faixa das se- gundas, faltando por completo as faixas i'urvas liasilares das immeiras. ? J , semelhante ao Essa sp. deve ter casulo, mas infeliz- mente faltam informações á respeito. Habitat — Rio de Janeiro. A sp. typica do Gen. é R. hippodamia, Cram. mais ou menos semelhante e que oe- corre não só no Brasil, como também na Guvana e no Panamá. ./ 214 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA A? íp*. (lo .tieiícro Atfarníi 8ão enlir noí as mais notáveis protluctoras de si'ara dentro i)or duas outras estrei- tas, uma l)ranca e (tutra negra, esta nuiito sinuosa. Meio da sui)erficie. tendo uma gran- de mancha discoidal, triangular, vitrea guar- necida por fora de negro principalmente na l)ase. vértice tocando a faixa conmium ró- sea. Base com uma faixa liranca, curva, guar- necida de negro ]ior f(')ra. Ápice das i)riiueiras azas com uma lar- ga maiiclia rósea, seguida de uma outra pe- quena, negra. Borda terminal das (piatro azas de um amarello ocre. algumas vezes um p(Mico csvei^dcado. nas primeiras azas com inferior ilas (juatro azas seme- Ç com as azas an- uma linha sinuosa bruna; nas segun(las igualmente com uma linha bruna seguida para dentro de uma faixa formada por 14 ou 1.") manchas ferruginf>sas com cercadora ocracea. Face Ihante. (J . semelhante a teriore,-? mais lan(:'adcis. Esta s]). ('• por vezes um tanto variável na côr, isto C\ <')ra t- mais, óra 6 menas es- cura. Provavelmente essa modificação de eôv resulta da alimentação das lagartas, pois em regra geral os indivíduos procedentes de la- gartas alimentadas com as folluis da Mamona (fíiriniis coinmunis, Linn.) por ex. são mais claros que os das alimentadas com as folhas do Cajázeiro. (Spondias lutea, Linn.) que (pia.'s que examinou i)rocedentes de São Paulo: "O invólucro exterior sendo levantado, o verdadeiro casido mede 55 mill. sobre 13 de largura, o ])eso da seda do envolucro é de cerca de O, gr. 3, emquanto que o do verda- deiro casulo attinge a O, gr. 75. Este é de côr i'uiva clara, ovóide, com tecido pouco ceiTa- do. A sujierficie interna é perfeitamente lisa, brilhante. 0 fio é estriado ao longo e os dois ele- oientos que o conqiricm não são bt^m distin- clos senão depois de um tratamento pela pota.ssa. Sua resistência é de 15 a 20 gr. sua es- pessura, de 40 mill. de mill. sua elasticida- de 14.9. 1 )iff crentes delerininações concordantes ilemonstraram. além disso, que não lia quasi differença entre o fio do envolucro e o casulo ]iro]iriamento dito". Diz 1^. .An In'' (1. c. i»p. 87, 88) sobre a criação do im])ortante insecto: "("ria-se híuí facilmente na <,íuvana ATTAcrs Ari;()T.\. (fig. 9) (HRYS. Francesa onde dá de .i a O gerações pnr anni», o cyclo de metamorjilioses opera-se em 30 ou m ais ade 4(V dias, segundo as estaçoe,- ante: Malgrado sua grande rusticidade, esse Altacus não parece poder ser acclimado em França; porém, a qualidade da seda e o gran- de numero de colheitas que se podem fazer na (íuyana permittem acreditar ciue a cria- ção poderia ser uma fonte de lucros s'TÍris •para a nos.sa colónia". Tal maneira de ver parece estar de ac- C(jrdo com o que se encontra escripto no li- vro intitulado "O Império do Brasil na Ex- nosição Universal de 1870 em Philadelphiii" (p. p. 40, 47) . "Na ordem dos L<, ha dez es- pécies de Bichos da seda, e, entre ellas, a Sa- fiirnia aurota, cjue fornece excellentes casu- los, como demonstraram as amostras apresen- tadas na Exposição Nacional de 1873, e fem, as vantagens, que i5odem]trovir da cul- tura, e a industria da seda do Bomliix l>ra- 216 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA zileiro, como, por vezes, o denomina em sua jnemoria o Mr. Deandreis. Foi muito apre- eiada uma pequena amostra de seda, e como a.-;.--ign alada a grande extrae^'ão, que pode vir a ter, no mercado, pelo seu módico preço, fa- cilidade de augmcnto da criação do insecto, nas provincias do Brasil, e da sua acclimação no meio dia da Europa, e em Alger. "Novos e mais positivos esclarecimentos, por parte do Brasil, no Congresso de Milão annuncian<]o ])ara Outubro de 187(i, e a acurada exjiosição, que tem de ir para Diila- delpliia do xittarnu. Safurnia Aiirota, lialii- litarão, de certo os intcresados, no desen\ol- AÍmento da sericicultura, a dar a devida im- portância a este assumpto. Talvez não esteja nuiito longe o dia, em c^ue esta nova indus- tria constitua mais uma fonte de riqueza para o império" (* ) . Hahitat — liio de Janeiro durante todo o anno, mais ou menos abundante: Esta*.. ^i*. triangulo isoceles, das segund;i|s azas, lias- tante grandes, quasi oblongas tocando a faixa branca. A LAVOURA âl7 Alidíiinfii ornado com diuir; faixai lu-au- c-.i- longitiidinaes e parallelító. Face inferior lias ijuatro a/.a.~, -iMin-lliaii- ((' a superior. (J . iiiuilo semolliante a í . nirdiu- do de O.IÓO a 0,105 de envergadura. Lugarta — segundo Burmei.ster, ( Descr. l'liy<. Kep. Arg. v. p. 47 2. 187S) verde tirante a azulado, tendo em cada .-íegmento uma e.stria branca tran*ver:^al guarnecida ]H).steriormente de mais e.-curu. tubérculos verdes e o ultimo par i'e patas com uma mancha vermelha. com a mancha vitrea das azas [losleriorcs piriformc, cortando a linha de divisão: Hnha negra marginal rni-maiidu tVslõcs igiuies nas azas anicriores. ^' , semelliante ao d , com as azas um pouco mais cheias. Lagarta — segundo K. A mire (Elev. des vers a soie sauv. p. 0:5. 1907) com 0,070 a t>,OS() (1|. (-(imiirimeuto. verde quando adul- ta, tendo 110 ]}riun'iro scgmouto no m('io, um traço negro iuterrompidi). transvei-sal ; os demais segmento.s com alguns pellos curtos em vês de tubérculos vermelhos em massa .VT-jWcrs .i.V(oi!Ai-:.vE. ( lig. 1-i) Alimonta-se entre outros vegetaes do Sarandy {Schastiunia anguí^tljolia. MneU. Arg.) da Maria moUe, (AlcJuivnin irictira- II a :■' ('arg., etc). fliri/íialida — de forma oríhnaria, lirumi. ('ando — oblongo, bruno muito claro, amarellado, medindo 0,050 no maior eixo e • 1.020 no menor, com lun curto pedúnculo de uns 0,015 de comprimento, fixado ao caule do vegetal por uma face, tenuinando em pon- ta no lado da abertura e com a l)ase arre- dondada. A seda é l)rilhante como a de .1//. .1"- rota. Habitat — Rio Grande do 8ul, de fe- vereiro á março e de setembro á novembro, sendo porém as lagartas e os casulos mais abimdantes cjue as l)orl)oletas; Rio de Ja- neiro, Buenos Aires e parte Oriental do Uru- guay. ATTACU.S ARETHUSA, WALK Imago — J , de 0,095 a 0,125; Ç| de l),U)0 a 0,130 Ue envergadura, semelhante á sp. precedente, um pouco mais amarellado arreiloudada ijuc leve niiulra idade; do i. Composta», etc. Chrgsalida — de forma ordinária, bru- na com pulverulencia branca. Casulo — com 0,050 no maior eixo e uns 0,020 no menor, oblongo, brunaceo com reflexos dourados, tendo um pedúnculo bas- lante curto e preso ao caule do vegetal. Habitat — Rio de Janeiro, Pará, Ame- rica Meridional e Central, Venezuela. Ainda mais ou menos semelhantes as sps. precedentes, são dignas de nota: Attacus rhomhifer, Burin., do Paraná e da Republica Argentina; Attacus sperulifer, Walk., do Pará; Attacus bellus, Maass, & Weym, do Rio de Janeiro, Paraná, etc, que faliricam ca- sulos apreciáveis. A Electricidade nas Fazendas ao alcance de todos A l,AI>hKV LlCiri' i i)í;I'i)1;A']'H)X ini- cimi a fabricaçflo fie ptMjiKniaíí iustallai.õcs flc- ctrií^as para serem empregailas nos lugares (iinlc não existenr companhias ile força e luz, ronjii sejam fazenrias, estações de estradas de teriii, otc, associando um motoir a gazolinn! ■A nni gerador eléctrico. Kste apparelho, (|ne rciircscnta o ri.siiltado de grande numei'0 de aniios de experiência e persistente obseirva- ção, é de cnrKtuicção reforçada podí'nd() dn- -lar muitos decennios, se fôr conveiiientemen li' tratailo. O motor é acciona/do por iim:! mistura de óleo de gnx e gazolina, com par- lida automática, bastando apenas toeair um botão para que derrame immediataniente. í^uando a bateria de accumuladores esti- ver carregada por completo, o i.iotor parará tamliem automaticamente, sem intervenção alguniíi, para cujo fim existe um dispositivo c.-pecini no quadro. Finalmente, por um pre- ço que pouco excede a dous contos úc a-éls, poderá qualcjuer fazendeiro manter a sua pro- jiriodade de campo Jlhimijiada a luz electr ra, dis]ioii.do ainda de energia para movimentar desnata^deiras, batedeiras e peipienas maolii- nas, bem como para umitas outias utdidades, com a'-iseio, rajiidez e coniniodidade. IV(;iiii iiitiiiiiiações nos iiiiicos (le|)ositai ios ii SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA Reconhecida de utilidade publica pela Lei n. 3.549 de 16 de Outubro de 1918 Fundada em IC de Janeiro de 1807 S; 'J RUA 1» DE MARÇO N. 15 — RIO DE JANEIRO Caixa do Correio 1.245 End. Tel. AGRICULTURA TELEPHONE 1.416 — NORTE AJKMISSÃO BE SÓCIOS CAPITULO V DOS ESTATUTOS Art. 8» — A Sociedade admitte as seguintes categorias da sócios; Sócios effectivos, correspondentes, honorários, beneméritos e associados. § 1° — Serão' sócios effectivos todas as pessoas residentes no paiz que forem devidamente propostas, e contribuírem com a jóia de 15$ e a annuidade de 20$000. § 2» — Serão sócios correspondentes as pessoas ou associa- ções, com residência ou sede no estrangeiro, que forem escolhidas pela Directoria, em reconhecimento dos seus méritos, e dos serviços que possam ou queiram prestar â Sociedade. § 3" — Serão sócios honorários e beneméritos as pessoas que, por sua dedicação e relevantes serviços á lavoura, se tenham tor- nado dignos desta distincção. § 4° — Serão associados as corporações de caracter official e as associações agrícolas filiadas ou confederadas, que contribuirem com a jóia de 30$ e a annuidade de 50$000. § 5» — Os sócios effectivos e os associados poderão remir-se nas condições que forem preceituadas no regulamento, não devendo, porém, a contribuição fi.xada para esse fim ser inferior a dez (10) arinuidades. Art. 9" — Os associados deverão declarar o seu desejo de participar dos trabalhos da Sociedade. Os demais sócios deverão ser propostos por indicação de qualquer sócio e a apresentação de dpus membros da Directoria e ser acceitos por unanimidade. Art. 10» — Os sócios, qualquer que seja a categoria, poderão assistir a todas as reuniões sociaes. discutindo e propondo o que julgarem conveniente; terão direito a todas as publicações da So- ciedade e a todos os serviços que a mesma estiver habilitada a pres- tar, independentemente de qualquer contribuição especial. § 1° — Os associados, por seu caracter de conectividade, terão preferencia para os referidos serviços e receberão das publicações da Sociedade o maior numero de exemplares d e que esta puder dispor. § 2° — O direito de votar e ser votado é extensivo a todos os sócios; ê limitado porém, para os associados e sócios correspon- dentes, os quaes não poderão receber votos para os cargos de admi- nistração. § 3° — Os sócios perderão somente seus direitos em virtude de espontânea renuncia, ou quando a assembléa geral resolver a sua exclusão por proposta da Directoria. CAPITULO VI DO REGULAMENTO Art. 18. — A Sociedade prestará seus serviços, de preferencia, aos sócios e associados quando estiverem quites com ella. Art. 19. — A jóia deverá ser paga dentro dos primeiros três mezes após a sua acceitaçâo. Art. 20. — As annuidades poderão ser pagas por prestações semestraes. Art. 21. — Os sócios e os associados poderão remir-se me- diante p pagamento das quatias de 200$000 e 500$000, respectiva- mente, feito de uma sõ vez e independente de jóia, que deverão pagar em qualqur caso. Art. 22. — Os sócios e associados não poderão votar, nem re- ceber o diploma, sem terem pago a respectiva jóia. § 1° — O sócio, que tiver pago a jóia e uma annuidade, po- derá remir-se mediante a apresentação de 20 sócios, desde que estes tenham egualmente satisfeito aquellas contribuições. § 2" — Para esse effeito o sócio deverá requerer á Directoria, provando seus direitos nos ferinos do paragrapho anterior. § 3» — Serão considerados beneméritos os sócios que fizeram donativos á Sociedade a partir da quantia de um conto de réia. Art. 23. — Para que os sócios atrazados de duas annuidades possam ser considerados resignatarios. nos termos dos Estatutos, é preciso que suas demissões tenham sido solicitadas por escripto, até três mezes antes, cabendo-lhes o direito de recurso para o con- selho superior e para a assembléa geral. ^i^-^^i^-^— ^— ^ I I » I I i SOCIEDÂD 8EUA DE S. PEDRO N. 14| RIO DE JANHKO ^ cTvr^^^eí^^-vií g i I i 8 FILIAES I^. IT*?© ú $« $"^1:110 exorto Alegre >^ \ — ^ >o Enviamos gratuitamente o ncsso catalogo illustrado. Consultem os nossos preços; attenderemos immediatamente. Offs. Giaphs. do Jurnal do Brasil A pecuária na Amazónia — Alvis de Souza 219 Considerações sobre a cultura, industria e commercio de mandioca — Poschool de Koraes 221 A cultura da Juta nas Índias — Cr. Rodrigues Caldos 229 Informações sobre o algodão — Cscar Correia 234 O cavallo Nacional — ^Hs/ín/ono Simões Lopes 239 A industria têxtil na Colónia de Maurício 241 A lenha como combustível e detentores de fagulhas — Castro Barbosa 245 A cultura do trigo no Kio Grande do Sul 247 Utilisação das folhas e das cascas do café — P. B. de Andrade 251 Minas Geraes e o stu presidente 253 Lepidof teres serigenos do iitusú—Benediclo Raymundo 256 Rua l?t>E Março, 15 Mn nc . lAMnirn-RR A 711 Sociedade Nacional de Agricultura Reconhecida de utilidade publica peia Lei n. 3.549 de 16 de Outubro de 1918 Fundada em 16 de Janeiro de 1897 RUA 1? DK MAHÇO \. 15 — Rio de Jíiiieiro Caixa do Correio 1.245 - Endereço Telegr.: AGRICULTURA - Telephone Norte 1.416 Aflmíssão de ^ioeios Capitulo V dos Estatutos Art. S" A SorieJade admitte as se- guinte; calegorias de sócios: So::o; e'fec ivo>, correspondentes, hono- rário;, benenerios e asso:iado3. § 1" — Serão sorios effecíivo; todas as pessoa; resi lentes no paiz que forem devi- daTiente proposta;, e contribuirem com a jóia de lõ% e a annuidade de 2fl><000. § 2" — Serão so:ios correspondentes as pessoa; ou a;so:ia;ões, co n residência ou séie no esrangeiro, que forem escolhidas pela I3irec'oria, em reconhecimento dos seus meri!os, e dos serviços que pos- sam ou queiram prestar á Sociedade. § 3" — Serão sócios honorários e bene- meri os a; pessoas qu;, por sua dedicação e re'e'.an'es servido; á lavoura, se tenham tornaJo dignos desta distincção. § 4" — Serão assozia lo; a; corporações de caracter official e a; associações agri- colas filiadas ou confederadas, que con- tribuirem com' a ioia dJe 30-S e a annuidade de 50.S000. § 5" — Os sócio; effeclivos e os asso- ciados poderão remir-se nas condições que forem preceituada; no reçulamento, não devendo, porém, a contribuição fixada para esse fim ser inferioir a dez (10 1 annuidades. Art. 9° — Os asso:iados deverão decla- rar o seu desejo de participar dos .traba- lhos da Sociedade. Os demais sócios de- verão ser propôs'©; por indicação de qual- quer sócio e a apresentação de dous membro; da Directoria e ser acceitos por unanimidade. Art. 10° — Os so:io3, qualquer que seja a categoria, poderão assistir a todas as reuniões sociaes, discutindo e propondo o que julgarem conveniente; terão di- reito a todas as publicações da Socie- Idíadje e a lodos os serviços que a mesma estiver ha'3Í:iaJa a prestar, independente- mente de qualquer contribuição especial. § 1°- Os associados, por seu caracter de collec ividade, terão preferencia para os referido; serviço; e receberão das pu- blicações da Sociedade o maior numero de exemplares de que esta puder dispor. § 2" — O direito de votar e ser votado é extensivo a todos os sócio;; é limitado po-éTi, para o; a;sociado; e sócios corres- pondentes, os quaes não poderão receber vo*os para os cargos de administração. § 3" — Os sócios perderão somente seus direitos em virtude de espontânea renun- cia, ou quando a assembléa geral resol- ver a sua exclusão por proposta da Di- rectoria Capitulo VI do Regulamento Art. 18. — A Sociedade prestará seus ser- viços, de preferencia, aos sócios e asso- ciados quando es*iverem quites com ella. Art. 19. — A jóia deverá ser paga den- tro dos primeiros três mezes após a sua acceitação. Art. 20. — As annuidades poderão ser pagas por prestações semestraes. Art. 21. — Os sócios e os associados píoi- derão re.Tiir-se mediante o pagamento das quantias de 200S000 e 500.8001), respe- ctivamente, feito de uma só vez e inde- pendente de jóia, que deverão pagar em qualquer caso. Art. 22. — Os sócios e associados não poderão votar, nem receber o diploma, sem terem pago a respectiva jóia. § 1° — O sócio, que tiver pago a jóia e uma annuidade, poderá remir-se me- diante a apresentação de 20 sócios, desde que estes tenham egualmente satisfeito aquellas contribuições, § 2" — Para esse effeito o sócio de- verá reiuerer á Directoria, provando seus direitos nos termos do faragrapho an- terior. § 3" — Serão considerados beneméritos os sócios que fizeram donativos á So- ciedade a partir da quantia de um conto de réis. Art. 23. — Para que os sócios atraza- dos de duas annuidades possam ser con- siderados resignatarios, nos termos dos Estatutos, é preciso que suas demissões tenham sido solicitadas por escriptOj até três mezes antes, cabendo-lhes o direito de recurso para o conselho superior e para a assembléa geral. A LAVOURA Boletim da Sociedade Nacional de Agricultura ANNO XXIV Rio de Janeiro — Brasil N. 6 A peeiííiria na WEW YOPK Amazónia w>tan,cal JcINGUEM pôde sequer i:naginar a ^^ riqueza incalculável que repre- .| senta a Aniazdnia para a econo- mia nacional. Geralmente, aqui no sul, essa região é apenas conhecida através dos desastres da industria extractiva da borracha. Quando, entre nós, se fala da Ama- zónia, o que vem á tona, em lamúrias ou recriminações, é o seu infortúnio pre- sente, a derrocada do seu único grande recurso de vida económica. Entretanto, já era tempo de se ligar á sorte daquella região uma attenção menos improductlva. Fora da borracha, que não pôde, pelo menos promptamente, voltar ao que d'antes era, recursos de exploração e intensificação immediata existem, que urge serem aproveitados, para um possível equilíbrio na balança económica dos dois grandes Estados do septentrião brasileiro. A recente exposição nacional de gado veiu pôr em relevo a posição da Ama- zónia como elemento effícíente da nossa pecuária. Infelizmente^ esta posição não é das mais brilhantes, se a compararmos com as que occupam os principaes Estados do sul na industria pastoril do paiz. Di\'ersas causas para isso concorrem, mas força é reconhecer que a maioria d'essas razões depreciativas pôde ser attribuida á única cultura seringueira, que, no auge do seu rendimento, afastou das fazendas de criação as melhores acti- vidades. Com a baixa successiva da borracha. de 1Q12 a esta parte, a pecuária amazo- nica lucrou o regresso d'essas energias desviadas e, embora continuem mais ou menos os mesmos os processos de cria- ção e nesta subsistam preconceitos de rotina, que em vão alguns criadores paraenses adiantados e capazes se esfor- çam por afastar, é evidente que a in- dustria toma assignalavel incremento, principalmente no Pará. ; A pecuária no Amazonas quasi que se limita á região, aliás immensa, e prodi- giosa em condições e possibilidades, do rio Branco, onde estão as fazendas nacio- naes, em inexplicável abandono. O resto da producção do Estado /ião constitue, propriamente, industria, e mal chega para as necessidades do consumo local. Não que faltem ca.mpos e pastagens, que, ao contrario, superabundam, mas porque no Amazonas a illusão da íresurreição» da borracha ainda não desarmou a especta- tiva quasi geral. No Pará, as coisas se passam de modo diverso. Em qualquer das regiões do Es- tado a pecuária tem uma assignalada fina- lidade industrial. Basta dizer que recentes estatísticas officiaes verificaram a exis- tência, em todo o território do Estado, de 4.225 fazendas de criação. Sô a ilha de Marajó possue 360.000 cabeças de gado vaccum, distribuídas por 760 fazen- das, localizadas, em maior numero, nos municípios de Soure e Cachoeira, que são as zonas pastoris mais ricas e adiantadas do Pará. A região do Baixo-Amazonas conta seis grandes municípios criadores, entre os quaes o de Óbidos, convizínho da fa- mosa zona dos «campos geraes», de que se contam mara.vilhas de realidade e lenda. Famoso é o gado do antigo Contes- — 220 - BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA tado do Amapá, principalmente nos vaies do Apurema e do Araguary. Pastagens esplendidas, em terras altas, não sujeitas ás inundações ^marajoáras" e do Baixo- Amazonas, o gado que ahi se cria é notável pela sua corpulência, sendo ob- jecto de commercio com a Guyana Fran- ceza — commercio, não raro, de caracter clandestino. Conceição do Araguaya, que marca a região talvez de maior futuro para o Es- tado, quando o maravilhoso rio, que banha o remoto município, vir destruídos os entraves postos pela natureza á sua livre navegação, conta presentemente mais de 200 fazendas, com 24.639 cabeças de gado vaccum e mais de 2.009 de gado cavallar, quasi que emparelhando assim com o município de Soure, o primeiro na pecuária paraense, c que possue 222 fazendas. Deve-se ainda ni-ucionar os municípios situados a nordeste do Pará, com 17 3 fazendas, reunindo cerca ái 30.00J cabe- ças de gado vaccum. Assim, pois, nã ) é temerário calcular em mais de meio milhão de cabeças as disponibilidades, em gado vaccum, da in- dustria pastoril só no Estado do Pará. Vem ainda em apoio do nosso calculo, ampliando-o, uma estatística insuspeitaveí — do serviço de inspecção e defeza agrí- colas do Ministério da Agricultura, a qual consigna a cifra de 690.327 cabeças de gado vaccum e 22.535 de gado cavallar para todo o Estado, sendo de presumir que esses algarismos estejam presente- mente augmentados, porque, como disse- mos, com' a (létresse da borracha, as fazen- das voltaram a merecer cuidados mais in- telligentes e solícitos. Esses números são por si sós elo- quentes. Elles dizem o que vale a terra como lelemento de exploração da industria pastoril brasileira ; elles irevellam ao Brasil uma região para onde poderá ítransferir-se com vantagem o commercio de gado, no dia em que os matadouros frigoríficos, superactivados pela crescente exigência dos mercados europeus, houverem dizi- mado ou mesmo enfraquecido os reba- nhos do sul. Será um pouco tarde, mas tudo indica que só então, sob a incidência d'essa necessidade' mcoercível, é que o ■ '.Mlaiieia . * te- . -M mÊÊã 61^ • -,» 1 1 ■■ '4M./' ^AÉS^Ê H i 1 1 ã ^ .yv" 1 m 1 ^^^ Ifr "*^ ^m 1 w M ' - X '\ H^^i^^l^^^B ( «* Br ^ i**^, *JB 9 V4V 1 ^1 WÊ ^^y '^^^^n ^ 1 m ^ 1 1 1 1 ■ ^ÉÈ 1 ^^^HB^H Rodeio de Herefords,- puros, por cruzamento A LAVOURA 223 A plantação deve ser feita de um modo re- gular em covas altas de 0m,66 e quando bro- tar e fizerem-se as primeiras capinas, arrancar todos os brotos e deixar um só. A mandioca amadurece, geralmente, em 8 até 18 mezes, con- forme a \ariedade precoce ou serôdia; alguns calculam a madureza da raiz pela queda das se- mentes sazonadas. Seria interessante vêr, por uma cultura bem conduzida e uma selecção attenfa dos grãos, se se chegava a crear uma variedade no\a, ri- quíssima de amylo, isso porque acreditamos que nenhum ensaio serio tenha sido feito entre nós n'esse sentido. O modo de reproducção adoptado, dos peda- ços da mani\a, redunda sempre em repetir a mesma variedade com todos os seus caracteres. A mandioca differe, como a maior parte das outras plantas nutritivas, por um immenso nu mero de \ariedades relativas á côr das has- teas ou ramos, dos peciolos, das flores es das raízes. Geralmente, segundo Peckolt, pódc-se dixidir: l.o) as \ariedades de talo e peciolo verde ou esbranquiçado como descendentes da Manihoí aipi (Pohl); 2.") as xarieJades dj pjciolo rô.xo ou \'ermellio como descendentes da Maniluif iiti- lissima (Pohl). Ha, depois, outras variedades que constituem já uma forma bastarda de ambas e difficeis de se collocarem como intermediarias no logar com- petente. * A mandioca, esta portentosa e riquíssima Eu- phorbia tropical poderia constituir no Brazil uma das suas mais pujantes riquezas, se fosse am- plamente cultivada e aproveitada intelligente- mente nas differentes industrias de derivados que d'ella se podem obter. São a mandioca dessecada, a farinha, o amylo, a tapioca, a cariman, o álcool, a aguardente ou tiquira, a dextrina, o tucupy, o arubê, o tacaca, a farinha de carne, os beijús saborosos, a fa- rofa, a ce\'adinha e o sagú artificiaes, a pas- sóca, a farinha dos doentes, a crueira e muitas outras producções variadíssimas, saborosas e nu- trientes. Poucos agrários, n'este momento e n'este so- berbo paiz de onde a mandioca é oriunda, po- dem calcular o valor incomparável d'este vege- tal — emulo precioso do trigo e de grandes applicações industriaes. ■•^««laiifisi lio t'ó« — S. Ualirlcl — IS. Cí. «lo Sul Banhando o gado contri o carrapato 224 BOLETIM DA SOCIEDXDE NACIONAL D?. AGRICULTURA A mandioca levada do Brazil para o Fstatlo da Florida, na America do Norte, não vae a mais de 20 annos (foi levada em 1898), está fazendo tal sitccesso que hoje existem alli usi nas cuja producção de amylo monta, nas maiores, de 600 a lOCU toneladas por safra. E o Departamento da Agricultura ji nos li- songeou, enviando-nos com muita honra o n." 167 do Farmers Biilletin , distribuído alli lar- gamente, onde a cultura da Cassava é exposta por M. Tracy, mostrando o valor d'esse ve- geta! e das suas industrias. A possibilidade d'essa cultura na America do Norte limita-se á Florida e Louisiana e á Re- publica do México. K cultura na Florida, que é um território me- ridional comprehendido entre o 23' 6' e o 3L' de latitude norte, é actualmente importante e é n'esse Estado austral da grande Republica septentrional que a industria da mandioca é mais desenvolvida e a extracção de fécula se exe- cuta segundo os processos mais aperfeiçoados. A esse ponto de vista diz Paul Hubert: -.-X Florida tem dado exemplo ao Brazil e provado que n'essas regiões da .'\nierica do Norte o progresso marcha co:ii uma rapidez \ertiginosa. - Para estudar-se a cultura c industria da man- dioca, é a Florida que se deve procurar; fize- ram como a Califórnia com as deliciosas laran- jas do Cabula na Bahia, e onde hoje consti- tuem uma riqueza solida. As tentativas de cultura na Louisiana não têm dado os resultados desejados. As tentativas de cultura no México, na zona meridional appropriada á yiica, têm demons- trado resultados auspiciosos. Em toda America Central a yiira c hoje cul- tivada em maior ou menor escala. Na America meridional, quem mais se tem empenhado para adaptar essa cultura em zonas convenientes é a .Argentina. O cultivo d'essa planta tem tomado alli um grande desenvolvimento e os últimos dados esta- tisticcs dão uma extensão de mais de Q. 000. 000 de hectares, e as culturas principaes se encon- tram em Corrientes, Formosa, Chaco, Missio- nes, Tucuman ao noríe de Santa Fé e Entre Rios. O Professor Boto, í\uí: escreveu uma These Estancia do Céo — S. fàabrlel — R. ft. ahriel ~ II. (■■ /o e a mais fraca, a variedade «vassoura molle», com 31.35»/o. — 228 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA A cultura da mandioca legitimamente nacional, é o expoente de todas as outras e se pratica geralmente desde o Amazonas, a pátria da mandioca, ao Rio Grande do Sul, encontrando-se as mais poderosas culturas em Santa Catharina. O consumo da farinha é enorme, porque serve de base com o feijão e a carne secca á ali- mentaçíio succulenta e saborosa do povo. Não se pôde calcular a sua producção senão por estimativa em 500.000.000 kilos, á razão de 100 gr. por dia, para cada pessoa, por 11 milhões de consumidores nacionaes. Regulando o termo minimo 100 réis por litro (elle é de 600 reis a varejo) seu valor será de 50 mil contos, quantia muito inferior á exacta. Mas, depois do seu inestimável valor como substancia alimenticia, o maior mérito da man- dioca utilissinw para toda a humanidade está na sua xaliosissima fonte de amylo. N'este particular ultrapassa o milho, a batata e outros vegetaes^ e o valor intrínseco do amylo está se reconhecendo, de anno a anno, e é evi- dente que a mandioca sendo o expoente de todos os vegetaes que podem produzir essa subs- tancia, tende a adquirir uma enorme populari- dade no futuro. E' sabido que o amylo constifue um dos ele- mentos essenciaes da civilisação moderna, pôde ser usado de varias maneiras, cada dia tem maior demanda e tanto para as artes, como para as industrias, como para a culinária se necessita de um abastecimento constante. E', pois, a mandioca um dos vegetaes de futuro mais auspicioso e portentoso do mundo, sendo que a sua cultura precisa ser intensificada p a sua industria mais bem estudada e praticada, afim dè se obterem productos valiosos e de maior proveito. 1'ASCHOAL DE MORAES. ANALYSE DE MANDIOCA Nomes das variedades 2 C — -i 5 5 fc- cu •s, , 1 3 de procedência valenciana. Estado da Bahia < E 5 1 " < ^ t. 'li: ^ u S T3 = ou vkalesaka>, denominações pelas quaes ella era conhecida nc Districto de Cuttak onde a /East índia Com- pany, explorava, em ponto grande o fabrico de cordas. No vernáculo hindustanico, a planta tem o nome de «pat>, em Bengala de «jhuta" ou ;, dá- se-lhe o nome de «marcha». A juta era conhecida desde a mais alta anti- guidade, entre os gregos que bebiam a infusão das folhas. Jamnerias falia de sua existência nas ruas de Babylonia e Plinio allude a elia no Egypto. Os Judeus a plantavam até em vasos (Ran- wolf) e dahi o nome de «malva dos Judeus». (Je\\'s Mallow). Os Árabes chamavam -na «melockieh» donde de- rivou-se «melochia» que designa vegetal usado como alimento, a quem outros chamam «nalita» ou nadika». Para os Chinezes é «Oi-moa» e ipara os Malaios «rami-tsijina». Esta diversidade de nomes trouxe grande con- fusão á historia da sua distribuição geogra- phica, mas parece certo que ella era cultivada desde tempos remotos no Sul da China donde se acredita ter sido levada para a índia. Ahi prosperou nas terras baixas de Bengala, onde encontrando optimun para o seu desen- volvimento, tornou-se uma cultura de grande extensão e valor. /\ historia da juta na índia é interessante. Desde fins do século IS e começos do 19, a «East Indian Company», se esforçava para obter um succedaneo do cânhamo russo que servisse á fabricação de cabos e lonas (canvas). O succedaneo proposto por Hamilton e Rox- bourgh foi a juta e logo em 1793, a Com- panhia, da qual eram directores, en\iou para a Inglaterra 100 toneladas de fibra de juta, com o nome de «pat». No relatório sobre esse carregamento a «Co- mité de Mercadorias» declarou, no seu parecer, não se tratar de cânhamo e sim de uma espé- cie de linho superior, em qualidade, a alguns conhecidos no mercado. (Rep I, Fiber Investi- gation, 1890). Os directores referem-se a isso em uma carta de 1795. A cultura da juta a esse tempo, assim como a manufactura da aniagem para saccos e de pannos para roupas, estavam em mãos dos agri- cultores camponezes de Bengala. No século 17, fabricava -se panno para roupa e para saccos em Rangpur e no Oonaghat, talvez de fibra de alguma crotaiaria, senão do Corchurus. Assim continuava a juta a ser um artigo de cultivo, de fabricação e uso exclusivamente in- diano, quando em 1820, a fibra foi experi- mentada nas fabricas européas, com os melhores resultados e em 1828 eram exportados para a Europa 364 cvvt ou 18 toneladas de raw /u/c, isto é, fibra de juta, classificada separadamente nas tarifas aduaneiras do Governo indiano. Em 1832, um fabricante de Dundee, que se tornou mais tarde o maior centro manufactu- reiro de juta na Europa, experimentou-a, ve rificando ser ella um excellente substituto do cânhamo, desde que se empregasse o óleo da balêa para amaciar a fibra, processo que só alguns annos mais tarde foi adoptado no fa- brico de tecidos finos. A industria foi vencendo aos poucos as outras difficuldades, para o alvejamento e coloração da fibra, cujas applicações foram se multiplicando e a procura nos mercados augmentando, como veremos mais adiante. Correlatamente, as plantações foram se alar- gando rapidamente até chegarem, juntamente com a manufactura, ao extraordinário desenvol- — 230 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA vimento da epocha actuaL em que a índia con- tentativas de introducção dessa cultura nos Es- seguiu ter o monopólio da juta que fornece a tados Unidos, no México, na Africa e em ou- todo o mundo. tros paizes como o Egypto. Ella é o grande producto de exportação in- O quadro estatístico seguinte demonstra a diana, sem competidores, porque falharam as marcha progressi\'a dessa cultura: Colheita e distribuição da Juta (Em toneladas) 1874 1884 ' 1894 1904 1914 Colheita total índia 46 \ 800 82.800 180.000 54.000 675.000 162.000 2IG 000 117. OCO 864.000 340.0.0 216.(00 288.000 1.242.000 522 000 233.000 324.000 1.800.000 900.000 Dundee Outros Paizes 233.000 469.000 Os fardos. Inires. arnim.idos em pequenas carretas As plantas productoras da juta são as diver- sas espécies de «Corchurus». Os -Corchurus» são «Tiliaceas» lenhosas ou sublenhosas, como muitas das «Tiliaceas» de ori- gem «Liberiana», apparecendo nas zonas tropi- caes da Africa, da Ásia e da America. Desenvolvem-se bem entre os parallelos 10' e 25" ao Norte do Equador nas regiões tropicaes sujeitas a temperaturas elevadas e chuvas ex- cessivas em climas idênticos aos de alguns Es- tados do Brasil Septentrional. Do género «Corchurus» ha muitas espécies, como por exemplo o «fasciculares», o «tridens», o «trilobulariuss» e outros de fibra grosseira empregados nas fabricas de cordoalha e uma va- riedade americana, o «Corchurus seliquosos», que se diz indígena das «índias Occidentaes», empre- gado pelos negros no preparo de vassouras e de cujas folhas os nativos do Panamá se utílisam como bebida. A descriminação dessas espécies, basea-se nas differenças de forma, dimensões e numero de capsulas, de suas divisões e septos, no colorido do caule e nos caracteres das folhas e flores, dependendo do clima, da terra e das concHçõcs de cultura. Dispensando-me das descripções dessas espé- cies, tratarei das duas que mais nos interes- sam, por serem as mais exclusivamente cul- tivadas na índia; o »C. Capsularis» e o «C. Olithorius que muitos acreditam nativos de Ben- gala, onde se utilisava da fibra para roupa e da folha do olithorius» como bebida. Ambas são plantas annuaes, com três metros de altura média, attingindo ás vezes a 3m,50 e mais. Os caules são rectos, cylindricos, tão delgados como um dedo, afinando-se para a extremidade terminal, pouco ramificados, sobretudo quando a planta é muito fechada, trazendo folhas alter- nas, de côr verde clara, oblongas com S a 10 cents. de largura na base, terminando cm ponta acuminada e serrilhadas, prolongando-se os dois últimos dentes inferiores em dois fila- mentos recurvados. Ein caminho do mercado A LAVOURA 231 — Chegada de juta aos mercados do interior Flores pequenas de côr amarella clara, so- litárias ou pares, nas axillas das folhas: cálices com 5 sépalas, separadas por 5 fendas fortes. Raizes pouco profundas, abundantes e crespas. As duas espécies, muito semelhantes, distin- guem-se pelo fructo ou capsula que no «Capsu- laris é globulosa, achatada nos poios, de ares- tas rugosas, com 5 cellulas, ao passo que no «Olithorius» é longa, de 5 cents., quasi cylin- drica, terminando em bico como o da capsula dos hibiscus, com 5 cellulas divididas em 10, por septos transversaes e cheias de sementes. As sementes de ambas são muito pequenas, pyramidaes, de côr parda escura. Do «capsularis» são conhecidas mais de 30 variedades, das quaes mais de 20 são estudadas actualmente nas estações experimentaes de Ben- gala e do «olithoriusv pouco mais de cinco. Vi com muita frequência nas planícies de Ben- gala e do Assam boas plantações de juta de caule vermelho «red jute», que Ro.xbourgh diz ter vindo de Cantão e ser de qualidade melhor que a indiana. J. Watt refere -se a uma qualidade de «capsu- laris» que cresce na planície de «Ning-po» na China, em terrenos semelhantes aos da planície Bengalina e o «Board of trade Journal» de 1903, falia de uma exportação de 40.000 cwt (2.000 toneladas) de juta para Tientsin, desti- nada ao fabrico de saccos. O grosso das plantações na Índia é de capsu- larii , sendo o ■ olithorius culti\'ado em escala muito menor. E' também cultivado na China e na Malásia e foi a espécie introduzida nos Estados Unidos, quando os Americanos tentaram a cultura da juta. Os Hindus dão á planta o nome de «ban pat- ou «ghi nalita pat» e á fibra o de «desi pat». «Nalita- é corrupção de «nadika», sanscrito, como também «narich» e «mutia sag». O «C. Olithorius», como seu nome indica, é assim chamado porque suas folhas são utilisa- das como alimento e já os Egypcios os co- miam em antigas eras. «Muierkeei pensa que essa espécie é medi- cinal. (Handbook of Indian Ag-riculturel. Diz-se que em producçào de fibras, ella é inferior ao «capsularis», cujas fibras são de me- lhor qualidade, e pode ser cultivada em terre- nos inferiores arenosos, sendo mais tardio o seu amadurecimento. Fui informado que no Norte da índia se culti- vam principalmente as variedades precoces do «ca- psularis» e algumas do «olithorius» e no Sul as tardias. Certo é que esta planta, sem ser indígena na índia, ahi encontrou as melhores condições de desenvolvimento e a sua cultura incrementada extraordinariamente, nestes últimos annos, occupa hoje uma enorme área da província de Bengala que é o principal centro productor, comparável a S. Paulo para o café. A CULTURA Solo e producçào As terras de juta na índia comprehendidas entre 22» e 29" de Lat. Norte e S» a 95° de Long. Este, acham-se situadas na im- mensa planície sub-hymalaina do Ganges e do Brahmaputra, numa extensão maior de 700 kilo- metros. São formadas por alluxião, acarretado nas tor- rentes desses dois grandes rios em camadas que diz-se atting-irem, em Calcutta á profundidade de 140 kílometros. (M. Fallex e A. Hertgen). No valle do Ganges, na província de Ben- gala, domina a argilla de côr vermelho escura ou amarellada e ahi estão os melhores terre- Amarrando os molhos de juta — 232 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA IVeparn do lirum nos de juta, nos districtos de Nairanoungi, Sai- rangungi, Nymesing, etc. No valle do Brahmaputra, onde se acham as terras da proviacia de Assam, apparece a areia em maior quantidade e dalii a inferioridade em relação aos de Bengala. Foram esses terrenos do Assam que eu obser- vei, conforme a combinação já referida com o Dr. Navarro de Andrade. A não ser essa maior proporção de areia, que os torna mais siliciosos e a sua maior ele- vação em relação ás terras baixas de Bengala, marginaes do Hoogly e do Ganges, mais pró- ximas de Calcutta e mais quentes, o solo do Assam não possue característicos bem distincti- vos que os differenciem do de Bengala, achando- sé ambos situados na mesma planície, de decli- vidade suavíssima, de clima quasi igual e onde o regimen das chuvas e das aguas de innunda- ção é o mesmo. Assim, pois, o estado do solo para a juta, no Assam, nada tem de especial ou particular que não possa ser applicado ao de Bengala, do Behar, e Orissa e do Nepal. Sem duvida, certas partes do terreno de Ben- gala são mais férteis e produzem, como já notei, juta de 1" qualidade, mas, o mesmo se observa em escala muito menor, em alguns lugares do Assam, como por exemplo: em Goalpara, Syl- het, etc. No Assam ha terras altas nas montanhas e terras baixas na planície. Indo até Attjingoan, atravessando em barco o Brahmaputra, e subindo desde Pandú por uma estrada de 62 milhas até Shilong, Capital do Assam, vi as terras altas de montanha, sem encontrar cultura alguma de juta e somente extensas plantações de chá, que nos últimos annos tem tomado um grande impulso. Shillong está a 1.500 metros de altitude, so- bre um systema de montanhas que, em alguns pontos do lado Sul, descem até ás margens do Brahmaputra e são chamados Garo Hills e do lado Norte ascendem até o Hymalaia. Em Shillong entrevistei o Sr. Mac Swiney, do (ílndian Civil Service» e «Director of land Records and Agriculture of Assam», o qual con- firmou as minhas observações, baseadas aliás em informações do Sr. F. Smith, assistente do Director do Departamento de Agricultura de Bengala. Mac Swiney deume uma carta de apresenta- ção para o Sr. A. T. Lanié, encarregado das observações sobre culturas de juta em Goal- para e Sylhet. Vi as terras baixas desses lugares, percor- rendo mais de 600 kilometros da planície, onde encontrei immensas plantações de arroz e innu- meros talhões de juta, alguns promptos para serem colhidos, outros sendo cortados e um certo numero delles cobertos por uma pequena camada de agua de innundação do rio, em plena enchente nessa occasião. Alii o solo alluvial, humoso em muitos pon- tos e em outros rico de argiUa e areia em pro- porções variáveis, consoante á sua situação mais ou menos exposta á correnteza das aguas e ás innundações. Muitas vezes, em ambas as margens do rio, a primeira faixa de terras é formada por ban- cos de areia, sujeitos a constantes mudanças e por isso impróprios a habitações e culturas per- manentes, porém, mais para dentro dessa faixa, o nivel do alluvião é mais elevado e as ter- ras menos silicosas, pelo que são aproveitadas não só para o plantio de juta, como para o de arroz e outros cereaes, canna, fumo, fru- ctos, etc. Estes terrenos têm uma côr mais carregada, devido á humidade proveniente das aguas dos rios ou das chuvas, e ahi o lençol dagua é tão superficial, que basta cavar um palmo ou dois, para encontral-o. Aperto do fardo A LAVOURA 233 - A iiicMiin opcrnçro, veiuln-se ;is iai?es Nesta planície a juta cresce em qualqu.T ter- reno, excepto nos puramente silicosos e noí tle laterite ou imp:*rmeaveis; mas para clescn\ol ver-se de forma a constituir uma cultura renu- ineradora, ella exige calor, humidade e um solo rico de húmus ou bem adubado, si lhe falta rem princípios azotados e alcalinos. Expostas assim as condições das terras do Assam, podemos iniciar o estudo ã:\ cultura da juta na índia, a começar pela solo e pelo clima quj são factores predominantes de toda cultura, para tratar, em seguida, do roteamento da terra, do cultivo da planta e do preparo da fibra. Nos primeiros tempos da cultura, quando a juta era colhida exclusivaminte p.ira o con- sumo m\erno, plantava-se somente nas terras altas e firmes do homestead ou ao lado del- ias, mas a procura crescente da fibra estimu- lou o plantio a tal ponto, que, depois, quasi todas as terras foram servindo e as anterior- mente desprezadas por impróprias, foram sendo aproveitadas, desde que se obtivesse uma co Iheita regular, vendida a preços razoáveis. Assim no Assa n e sobreíu 'd en B.'ríala onde o culti\o da juta é incomparavelmente mais extenso, ella é aríu cimente plantada tanto n:s terras alas chamada; isinia ou < chora, apropriadas igualmente ao plantis do arroz, de cereaes, canna, fumo, e legumes, como nas bai- xas denominadas 50// , nas quiss se cultiva o arroz tardio. Planta -se tanto nas formações alluviaes recen- tes ou chiirs como nos bancos e ilhas de ter- reno lodoso, ao longo das margens dos rios, tanto nas terras humiias como nas seccas. Cumpre, porém, antes de tudo, esclarecer o que se entende, em Bengala e no Assam, por terras altas e baixas. Pode-se dizer que as terras altas são as que, ele\ando-se um a dois metros acima do nivel das aguas das enciíentes dos rios, não se acham expostas a innundação e baixas são as innun- daveis em maior ou menor escala, seja pe- los rios cheios, seja pelo accumulo das aguas de chu\'as muito pesadas e continuas, conser- \ando um maior grau de humidade. Na Índia sempre se consideraram como melho- res para a plantação de juta, as terras altas e argillo silicosas nas quaes a mistura de ar- gilla e areia existe em proporções razoáveis, particularmente quando a areia, procedente dos alluxiões, entra na mistura juntamente com estes, na razão de 40 a 50"... Foi isto que observei no Assam e na parte da planície de Bengala que atra\essei para ir a Siliguri e Maldibari, no Cooch Behar. Ahi vi planíaç.jes de juta muito bem desen- volvidas nas terras altas, mas, talvez por tel- as observado na epo::i da enchente do Brahma- putra e seus affluentes, notei que muitos des- ses terrenos eram bastante húmidos, encharca- dos ou estavam cobertos de uma pequena ca- mada de aguj, a qual, entretanto, parecia pre- judicai-as, porquanto seu aspecto era o melhor possi\'el. A experiência de longos annos demonstrou que uma boa producção pode ser alcançada em terras altas e seccas, quando as chuvas são abundantes e também nas baixas, quando a es- tação correndo regular e favorável, não haja pelo contrario grande peso de chuvas. k'er, diz ter visto a planta crescer luxurio- samente noj íiiiirs de ambos os lados do Brahmaputra, nos terrenos encharcados do Fiir- rfeilporc , nos alagadiços de Bakergunge e até nos Siinder Buiis», onde a terra é mais ou menos impregnada de sal. Nos solos arenosos, seccos ou nos baixos su- jeitos á innundação de aguas altas ou de chu- vas empoçadas, a producção é quasi sempre fraca e a fibra de má qualidade, isto é, curta, Molhos de fibra, de juta curtida e de liastes seccas — 234 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA Saliida de juta cm harc para o mercado áspera, grosseira, de cores menos claras e me- nos resistente. Todavia, em certos districtos, como por ex. : «Barripore», subdi\ isão dos «24 Pergunahs», cuL tiva-se com bom resultado em solo arenoso e o Baboo-Jovkissen Mokerjee, confirma esse facto em relação ás terras silicosas do Hoogly, hoje largamente cultivadas. Portanto a cultura é possível em solos muito differentes, mas a fibra produzida varia de qua- lidade conforme os terrenos em que é plantada. E' fora de duvida, porém, que os solos gor- dos, ou ricos de húmus e alluviões, como pa- recem ser os de Nymesing, Naraygunge, e Sa- raygunge, dão os melhores resultados e fibras de qualidade fina, principalmente si o calor, as chu\as e humidade concorrem para a re- gularidade da estação. Assim a juta dos melhores solos como são os de Nymesing, Naraygunge, Saraygunge, em Bengala, e os de Sylhet e Goalpara, no Assam, cujas fibras são longas, de côr clara e brilhante, macias e resistentes, é sempre vendida a preços superiores. Dr. Rodriguks Cald.as. liiforiiiíiçôes sobre o algodão A crise monetária que, de modo alar- mante, tão rapidamente depreciou o valor do soberano nos Estados Unidos, acaba de forçar a Grã-Bretanha a suspender, até ulteriores deliberações, a compra da ma- téria prima de procedência norte-ameri- cana. Quer isto dizer que, além do algo- dão em viagem e das compras já effectua- das, não entrará no paiz artigo de tal origem emquanto a libra esterlina i.ão subir de cotação no mercado cambial de Nova York. Semelhante situação jamais foi contada nos annaes do commercio bri- tannico; é o estabelecimento do embargo com todo o seu cortejo de consequências. Acredita-se, porém, que não ha motivos para lancicdades immediatas, porque iexiste o «stock)- de 766.533 íardos de algodão americano em deposito e, em viagem, 438.000. É bom ter presente, ao mesmo tempo, que a média do consumo semanai em Lancashire, tem sido, nos últimos seis mezes,de 56.000 íardos, o que denota uma reserva sufficiente para a movimentação da industria, durante os quatro próximos mezes apenas; e ninguém pôde pre/èr até quando continuará o dinheiro ameri- cano mais valorizado que o inglez. O facto é que, se a importação ficar para- lysada por muitos mezes, deixarão, con- sequentemente, de fuccionar as fabricas — perspectiva bastante séria para muitos manufactureiros, cujas producções já estão vendida, até Novembro; e, o que é peior, elles não poderão comprar matéria prima depois do mez de Junho. Pôde afe:ir-se a gravidade da situa^'ão pela simples as- serção de que estas ilhas consomem annu- alm.ente quatro milhões de fardos, que aos preços actuaes representam quantia superior a cento e cincoenta milhões es- terlinos. Trata-se, é obvio, de uma contingência alarmante para a industria britannica e, salvo melhor juizo, para ella deviam os productores nacionaes dedicar especial attenção, dadas as condições adversas de todas as zonas que mais fornecem o producto lem estado natural para as neces- sidades da fiação neste paiz. Matéria prima colonial inglesa O mundo todo tem interesse directo ou indirecto no commercio de algodão do Reino Unido, cujas actividades occupam o trabalho de milhões de pessoas e ves- tem a humanidade nas mais longínquas paragens do globo. Porque Lancashire, em verdade, ainda é o centro manufa- A LAVOURA 235 — ctureiro para onde todos os povos appellam afim de obter, senão o artigo de qualidade inferior, pelo menos o de acabamento mais apurado. Pois bem: esse grande empório, que assenta sua tradição no prestigio da experiência secular, vem de receber um profundo abalo na sua estructura fundamental, em virtude dos resultados inquietadores colhidos em dois annos de ingentes estudos pela Empire Growng Commission, que percorreu os dominios e colónias, onde é cultivado o algodão que abastece parte das fabncas da Inglaterra. Nomeada pelo Governo com a condição de agir em inteira liber- dade nas suas investigações, a men- cionada Commissão, composta de techni- cos, começa por notar, nvo seu relatório final - agora iconhecido — que a seriedade da carência de abastecimento de proce- dência norte americana deve ser de incen- tivo para o aproveitamento das áreas cul- tiváveis que possue o Império, nas quaes ainda ha muito a fazer; e recommenda, preliminarmente, a conveniência do Go- verno central e os das colónias interessa- das, bem como os industriaes, estabelece- rem, em conjuncto, um fundo destinado a custear a expansão da cultura intensiva, podendo ser arbitrada para reíorçal-a con- venientemente, a taxação de 6 d. (seis di- nheiros) sobre cada fsrdo, contribuição que proporcionaria Lib. 100.000 (cem ml libras esterlinas) ao anno e qu? iria incidir na razão de Lib. 1 por Lib. 1.000 no valor dos fardos entrados no Reino Unido. Com esse avultado fundo acredita a Commissão que seria possivel augmentar a producção colonial, porque o Império Britannico ])o- deria assim, através uma orientação de caracter mais scientifico obter accressimo de qualidade do producto que precisa para seu uso industrial; mas a própria Commissão assevera que para chegar a tão desejado resultado será mister um esforço ininterrupto de dois annos pelo menos. Resta saber, todavia, se o contri- buinte acolherá de bom grado mais e:;se gravame para sua bolsa, já em demasia solicitada, aliás, para attender aos protes- tos do erário publico. A situação é esboçada como sendo cada vez mais alarmante. Basta dizer, segundo aífirmam os entendidos, que o mundo todo luta com uma premente falta de ma- téria prima e que esta falta, longe de melhorar, no ponto de vista inglez, tende a expandir-se de maneira ameaçadora. Ella se faz sentir com mais intensidade nas melhores qualidades, que são as que a Orã-Bretanha utiliza em maiores pro- porções. i-I inter ^ssantf notar, de passagem, que em 1Q13-14 as labricas dos Estados Uni- dos consumiam apenas 38 «/o. Além disso as exigências da classe operaria e a falta de géneros alimenticios têm forçado os plantadores da grande Republica a aban- donarem parte das suas culturas, para se entregarem á lavoura commum, que lhes é mais rendosa e da qual dependem as populações européas nesta quadra de ca- rências extremas. Junta-se a isto a cir- cumstancia de precisar a Inglaterra de S5 o/o da producção normai norte-ameri- cana e ter-se-á, bem nitido, o quadro nada animador que conírontam seus manufa- ctureiros, cuja anciedade, de resto, pôde ser aferida pelo facto de muitos delles já terem assumido o compromisso de ac- ceitar, sem retricções, todos os sacrifícios a que o governo queira submettel-os, desde que viesse a expansão da cultura dentro dos limites imperiaes, afim de emancipal-os dos exportadores estrangei- ros. Lograrão o lim coliimado? Só os fa- ctos poderão esclarecer este ponto. Por emquanto o que se sabe é que a situação das plantações coloniaes inspira graves aprehensões ao governo. As con- dições da cultura no Egypto causam legi- tima anciedade e reclamam um formidável esiorço não só para encontrar-se-lhe o remédio salvador, mas sobretudo pvTra oppor-se um dique ao constante declínio das saíras. A Mesopotâmia, por motivos diversos, economicamente, ainda não pro- duz numa base commercial. Entretanto, é possivel que em 1921 seja effectuada nas respectivas áreas cultiváveis uma grande plantação de sementes escolhidas, dependendo o projecto de vultuosa verba para fazer face aos gastos que os profis- sionaes julgam imprescendiveis para o êxito desejável. E com idêntico intevcsse aconselha-se o emprego de medidas ur- gentes, ainda que dispendiosas, no sen- tido de lograr-se melhoria das differentes condições que prevalecem nas Antilhas, Sudão, Uganda, Africa Meridional, Nigé- ria, índia, Australasia, e outros protecto- rados, onde a producção não corresponde aos fins ambicionados. — 236 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGR1CULTI'RA Deprehende-se do exposto, por conse- segiiinte, que as condições devem ser pr^-- carias nos centros coloniaes que forne- cem á metrópole a matéria prima e que ha, ipso fdiio, perspectivas brilhantes para os demais paizes productores porque, a despeito da legitima esperança de uma emancipação integral, por muitos annos continuará ainda a industria britannica a solicitar avultados contingentes das co- lheitas estrangeiras. AI$>-odãu unioricano É de tal magnitude para a iadustria ingleza a producção algodoeira nos Es- tados Unidos que o governo britannico, não obstante envidar os alludidos esfor- ços para emancipal-as de dependências estranhas, acompanha, com vivo interesse, as condições da cultura norte-americana. A prova disso está em que, de tempos ja tempos, manda para lá especialistas com a missão exclusiva de observarem a mar- cha dos trabalhos nos campos e, depois, apresentam aqui o resultado dos seus es- tudos, nos quaes os grandes centros ma- nufactureiros procuram a orientação es- sencial ao rythmo de suas actividades. Agora mesmo acaba de vir á luz uma exhaustiva exposição sobre o que se passa nas zonas comprchendidas no Ame- rican Cotton Belt, em forma de substan- cioso relatório de conhecida auctoridade na matéria. Nesse trabalho estuda o com- missario britannico, com muita minuncia, o estado actual das safras e os perigos a que está sujeita a cultura do algodão na America do Norte chegando a conclusões verdadeiramente alarmantes para os tece- lões de Lancashire. Ninguém ignora que o Reino Unido utilisa, na confecção dos seus mais afama- dos tecidos, o algodão de melhor quali- dade. Ora, c precisamente sobre essa classe de matéria prima que os Estados Unidos, auxiliados pela natureza, tem exercido uma espécie de monopólio em capacidade productora. Entretanto, a pró- pria natureza tem se rebellado nos últi- mos annos contra esse privilegio e o facto é que o seu islaiid, de tempos a esta parte, tem sido rudemente atacado pelo boll weevil — praga cujo apparecimento no Texas data de 1892 e que, só em 1918, reduziu o total da respectiva safra de 50.000 fardos. Este anno as perspectivas são ainda mais calamitosas, a ponto de esperar-se o abandono virtual da cultura do sea island na Florida e na Geórgia. De outro lado, o declínio das safras no Egypto, mais a reducção das áreas onde é cultivado nos Estados Unidos o algodão de fabrica mediana (mediun staple), mos- trem que esse anno as reservas mundiaes do producto (de 1 1/4 de pollegada), que antes da guerra eram mais ou menos de dois milhões de fardos serão diminuí- dos para um milhão e meio; e, se houver necessidades desse desfalque de meio mi- lhão, não será difticil prever as consequên- cias que dahi resultarão para a industria. Os manufactureiros se considerarão fe- lizes, emfim, se os Estados Unidos, que antes da conílagração podiam fazer offer- tas seguras a todos os compradores con- seguirem, uma vez melhoradas as condi- ções actuaes, produzir um total que, com- prehendendo todas as qualidades lá culti- vadas, alcance apenas as cifras redondas da exportação normal para a GrãBre- tanha. É, sem duvida, bastante séria a situação, convindo não esquecer que, com o anno findo, experimentaram successiva- mente as plantações americanas pela quinta vez, a adxerbidade de colheitas, inferiores á média das previsões menos optimistas. Tudo parece indicar, pois, qe se offerecerão (sobretudo para o Brasil) as mais ricas opportunidades para a ex- pansão da matéria prima para os demais concurrentes nesse typo. Consequciiciiis da u-uei-ra O anno de 1919 foi, para o commercio norte-americano, de incertezas e contra- riedades. As confusões herdadas da belli- gerancia, aggravadas pelos phenomenos económico que occasionaram a mais im- previstas de todas as revoluções no valor dos dmheiros mundiaes, seguui-se o pe- ríodo de bruscas oscillações nos preços da matéria prima, ora baixando a uiveis inesperados, ora alcançando alentadoras cotações, ao mesmo tempo que declinava nos campos o necessário concurso do tra- balhador da lavoura, ou, melhor dito, da mão de obra. A taes inconveniências veio juntar-sc, compromettedoramente, a falta de tonela- gem oceânica, para não fallar na mons- truosidade dos fretes elevados nem no seguro marítimo também bastante one. A LAVOURA 237 — roso. Com esse estado de cousas, consta- tava, entretanto, a quasi nudez da huma- nidade, pois esta, em consequência da pro- ducção reduzida e do consumo augmen- tado durante o período das hostilidades (fora mister attender os avultados recla- mos militares dos helligerantes), se viu privada, por largo tempo, do elementar conforto de vestuário. E é bom não es- quecer que esta mesma humanidade, na sua maioria composta de operários, teve o poder de acquisição definitivamente es- tabelecido "em padrão mais elevado, ao passo que as suas prementes necessidades não puderam ser de todo satisfeitas por motivos decorrentes das causas sob revista. O mercado americano, por conseguinte, foi attingido do principio ao fim do anno, ])elos mesmos imprevistos que agitaram o universo, já no terreno económico, já nas espheras da politica internacional e isto tudo combinado com as adversida- des da natureza só serviu para desfazer os prognósticos dos productores, que em 1918 alimentaram tamanhas esperanças com o advento da paz a qual, bem ao contrario, só lhes trouxe sérias difficul- dades. Wòva fonte do producçiio Agora mais do que nunca a preciosa malvacea também preoccupa a França, cujo Governo acaba de permittir a for- mação de uma companhia destinada a dar incremento a rultura do algodão na Africa Occidental Franceza. Dispõe a nova empreza de capital inicial que orça em dois milhões de francos, obrigando-se os respectivos directores augmental-o suc- cessivamente para d;z e vinte milhões. A Concessão comprehende, só em terre- nos que requeiram irrigação, cem mil he- ctares na bacia do Niger. É, como se vê, um plano de monta, que convém ser conhecido, inda que de modo succinto, porque como paiz produ- ctor o Brasil deve acompanhar a evolução da cultura mundial, afim de evitar surpre- zas na orientação de sua actividade. Se, com effeito, o mundo lucta com uma pre- mente carência de matéria prima, é bom não olvidar que essa circumstancia des- perta estímulos que, mais tarde, poderão traduzir-se, quiçá, em apreciáveis desvan- tagens commerciaes. É typico o caso da borracha. Necesí^idades do Japão Cabe aqui uma referencia á situação dos manufactureiros japonezes, ultima- mente tão em evidencia nos negócios do algodão. Sabe-se que estes tem suas pro- ducções vendidas até Março do anno pró- ximo, contingência que os colloca na po- sição de necessitarem vultuosos «stocks» de matéria prima. De sorte que, para a movimentação de sua industria, o Japão, previdente, já effecíuou nos Estados Uni- dos a compra de 70.000 fardos e tem em ordem cerca de 530.000. Da índia rece- berão 400.000, também adquiridos em an- tecipação á respectiva safra. A China já fez descarregar em Yokohama 50.000 fardos. Além dessa reserva superior á um mi- lhão de fardos, vae a industria nipponica precisar de mais 200.000 de procedência norte-americana, 400.000 da índia e 20.000 do Egypto, sem os quaes não ficará suffi- cientemente abastecido para fazer face aos compromissos que tem para o anno vindouro. A industria na Hespaniia Outro paiz que, em consequência da guerra, tem dado forte impulso á sua in- dustria de tecidos, é a Hespanha. Claro está que ella irepresenta taais ;um 'consumi- dor de matéria prima e, portanto, é de bom alvitre conhecer-lhe, egualmente, as necessidades actuaes. Ê sabido que Barcelona, meio século atrás, importava o algodão brasileiro em avultadas proporções, sendo mesmo con- siderada, então, um dos melhores compra- dores. Era naquella época, de natureza ru- dimenta'', a cultura nacional Agora, porém, que introduzimos os mais aperfeiçoados processos e que a scienca é a pêndula da nossa orientação nos campos, nada expor- tamos para lá, emquanto a Argentina, cujo plantio é incipiente, embarca para a mãe-patria o seu algodão em quantidades que augmentam de modo que se não pôde deixar de considerar admirável. Basta dizer, á guiza de exemplo, que em 1917-18 as remessas Argentinas foram apenas de 880 fardos e, no anno seguinte, subiram para 2.423. É bem eloquente o accrescimo. O mercado de Barcelona não deve ser descurado. Em 1918-19 elle importava um — 238 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA total de 319.928 fardos contra 257.731 em 1917-18 o que accusa uma alta de 62.197 fardos na ícomparação de ambos os annos. Mercado argentino É, ao que parece, pensamento do go- verno argentino dar apoio decidido á in- dustria local, em vista do grande successo alcançado no Brasil com a producção dos nossos tecidos, cujo acabamento tem causado admirações geraes. Já ha no paiz, com effeito, um bom numero de fabricas em proveitosa activi- dade. Mas o mercado continua, comtudo, aberto ao artigo estrangeiro. A Hespa- nha, por exemplo, soube tirar esplendido partido das condições oriundas da guerra, a ponto da própria Orã-Bretanha, temer- Ihe hoje a concurrencia em brins e chitas diversas. O curioso, porém, c saber qual a con- dição actual do mercado, quanto aos que mais exportam para elle, e os factos escla- recem que, comparando 1914 com 1918, a Inglaterra conseguiu manter o seu presti- gio de Icadcr. Neste commercio, ao passo que os Estados Unidos, a Hespanha e o Japão conquistaram os 35 'Vo da influencia perdida pela Itália, Allemanha e Bélgica. Custa-se a comprehender, entretanto, que o Brasil, tendo a seu favor o inestimável factor da proximidade, ainda não haja logrado destaque da documentação que evidencia este calculo. E o que não pa- dece duvida é que os fretes daquelles qua- tro paizes para os portos argentinos torneim o artigo de acquisição quasi prohibiíiva. €onclu!4ão Factos, assim tão suggestivos não podem deixar de dar alento aos plantado- res nacionaes. Não será preciso tocar na questão para comprehender-se que só o embargo inglez á importação de matéria prima norte-americana offc-ece ao Brasil desde já, possibilidades excpcionaes. Ha ainda a considerar não só as incertezas quanto ás plantações coloniaes, mas so- bretudo as ameaças que pesam sobre a cultura dos Estados Unidos, cujas condi- ções se aggravam cada vez mais ; e, é me- dida que o producto crú escasseia, alcan- ça-se as alturas sem precedentes as neces- sidades do artigo manufacturado, abrindo caminho á industria em paizes como Ja- pão e a Hespanha, onde já se requer immensas reservas — e tudo indica que este sopro de progresso é de aspecto de- finitivo. E' de bom aviso, egualmente, não esquecer que, breve, retomarão suas acti- vidades as fabricas allemãs, que até 1914 consumia n en es:ala considerivel o algo- dão brasileiro, e não se pôde ri^egar que isso abrirá, de novo, a exportação para o grande entreposto de Bremen. A Bélgica a Áustria e a Itália também 'já estão movimentando teares e fusos. Para enfrentar esse colossal consumo de matéria prima, é mister que os centros de maior producção se apparelhem com a desejada antecedência afim de poderem colher os fartos proveitos que delle neces- sariamente advirão. Oscar Correia Loiliire?, 10 Eev. 1920. Vice-Cansul do Brasil Patronato Monção, o Batamao de Escoteiros em continência ao Pavilhão Nacional- A LAVOURA 239 O cfivallo nacional Entregue vários annos a experiências no mestiçamenfo de algumas raças caval- lares, com o objectivo de melhorar o typo do cavallo destinado aos rudes tra- balhos do campo, aperieiçoando-lhe a es- thetica, permitto-me trazer a publico a synthese de alguns resultados colhidos dessas tentativas. Deixo de parte expe- riências realisadas com as raças de phan- tasia, sem proveito pratico, cultivadas por mera curiosidade, destacando para obje- cto desta rápida palestra as raças per- cheron e morgan, das quaes me occupei com maior attenção e algum aproveita- mento. Iniciei o cruzamento do cavallo de raça em 1893, fazendo os primeiros ensaios com o puro sangue percheron de tracção ligeira, que importei da Republica Ar- gentina, Entabolei manadas com éguas já existentes na fazenda, cuja ascendência provinha de garanhões andaluz e anglo- arabe, adquiridos por meu pae em 1881 e 1883. Devo salientar que na maioria da eguada eram patentes algumas das características do cavallo árabe, conser- vadas a despeito dos poucos cuidados que lhe foram dispensados: rapidez de movimentos ; cascos altos, pequenos e negros ; cabeça pequena e descarnada ; crinas longas e sedosas; muita rustici- dade e notável resistência ao "trabalho. Devido, porém, á inferioridade das pasta- gens da fazenda, no município de Pelotas, E. do Rio Grande do Sul, e ainda mais, á absoluta falta de injecção de sangue novo, visto como de 1883 a 1893 não houve substituição de reproductorcs, esses animaes, em sua quasi totalidade, haviam perdido a estructura normal, apre- sentando sensível definhamento. Em taes condições iniciei o cruzamento do per- cheron, seleccionando, quanto possível, as éguas. Foram apreciáveis os resultados ob- tidos. Com reduzido coefficiente de mortali- dade, os productos, creados exclusiva- mente no campo, destacaram-se pela har- monia das formas, com altura de l,m45 a l,m50, reforçados, muito rústicos, ágeis, quer na montaria, quer na tracção, pres- tando-se satisfatoriamente a todos os trabalhos. O bom estado de conservação desses animaes durante as estações in- vernosas, mais attestava as suas ener- gias e sobriedade, submettidos, como es- tavam, ás más condições das pastagens, aggravadas, ainda, pela carência de abri- gos. Alguns d'elles, os melhores, foram aproveitados como reproductores e a des- peito de seu pouco sangue ainda assim transmittiram a seus descendentes, pro- nunciados traços e outros caracteres da raça. Parece-me, pois, salvo opinião mais competente, que o percheron não deve ser despresado na transformação dos nossos rebanhos indígenas, maximé quando as circumstancias impuzerem zonas pouco favorecidas pela natureza. Seis annos mais tarde, em 1901, pos- suindo regular lote de éguas mestiças, fui induzido a novo cruzamento que me permittisse obter um producto mais leve, sem prejuízo das demais qualidades con- quistadas ao percheron. Para este fim, adquiri o garanhão de raça morgan, na minha humilde opinião — o cavallo de melhor conjuncto da cathegoria dos animaes de tracção ligeira. Mais leve que o percheron, de formas mais delicadas, o morgan, também deno- minado — trotador americano — de tal miodo revelou suas aptidões para o trote que mereceu as honras de um Stud-book especial, que existe em New York, desde 1871. Esta raça, relativamente nova, pois que só em fins do século 18 foram ini- ciadas, na America do Norte, as primeiras tentativas para sua formação, resulta do cruzamento do cavallo inglez de corrida com éguas indígenas d'aquelle paiz, ha- vendo abalisadas opiniões, aliás contro- vertidas, de que não fora indifferente a infusão de sangue árabe na fixação do seu typo. A este reproductor destinei mestiças percheron e outras éguas cuida- dosamente escolhidas entre as do antigo casco da fazenda, em que mais se perce- biam os caracteres do árabe. Deste cruzamento obtive os melhores animaes que possuiu a fazenda. Quasi tão rústicos quanto os percherons, salien- tavam-se, entretanto, os mestiços morgan 240 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA por seus graciosos contornos, soberbia, agilidade e grande fôlego na tracção. O proprietário de uma mestiça morgan, por mim educada e vendida aos 4 i j annos de edade, proclamava, com enthusiasmo, a resistência e velocidade deste animal ao serviço de seu phaeton. Residindo mais de seis léguas distante de Pelotas, vinha consecutivamente a esta cidade, pela ma- nhã, regressando á tarde, em marcha batida, por caminhos máos, accidentados, sem que sua Phryné demonstrasse esmo- recimento. Num reproductor morgan, de puro sangue, fiz, varias vezes, trabalhos de campo, taes como: laçar e apartar em rodeios, notando-o sempre vigoroso, sem indicies de fadiga. Alguns de seus filhos revelaram-se tão ligeiros, que foram aproveitados como xaiigueiros, denomina- nação que dá o nosso gaúcho aos cavailos de pequena corrida, sem escola e rápido preparo. O sangue morgan, pois, forne- ceu-me o melhor typo de cavallo de campo, já pelos motivos acima ennume- rados, já por sua agradável esthetica e apropriada corpulência que devem cara- cterisar o cavallo destinado á sella (*). Todos esses animaes foram creados livremente no campo e domados dos 4 aos 5 annos de edade. Attendendo, porém, á fraqueza do campo e aos ri- gores do inverno adoptei o methodo, que reputo excellente, mesmo em campos de primeira ordem, de fazer as éguas falha- rem na primavera seguinte á do parto, de modo a permittir-lhes amamentarem os filhos até aos 20 e mais mezes. Quanto ao methodo estabelecido para a monta, obtive a maior porcentagem de filhos de cada reproductor, mantendo estes em socego durante o dia, soltando- 08 nas manadas ao anoitecer. Resguardava-os, assim, dos rigores do sol, facilitando-lhes a acção com menor dispêndio de forças. Com este methodo alcancei o máximo de 27 productos em. manada de 30 éguas, o que me levou a adoptal-o, definitivamente, nas épocas de calor. Afim de conhecer a resultante (*) O eminente mestre Snr. de la Motte Rouge, inspector dos harás francezes, não dispensa me- recimentos a esta raça como melhoradora de outras. Cumpro, pois, o dever, de emittir as conside- derações acima com a devida vénia desse dis- tincto profissional. do cruzamento do cavallo inglez de cor- rida com éguas de origem andaluza, fiz enxertar algumas, a titulo de curiosidade, observando o mesmo methodo de criação, isto é, a campo. Pude, então, constatar, que os productos, nascendo de bellissima apparencia, desenvolvendo-se nos primei- ros mezes de modo satisfactorio, entra- ram em rápido declinio após os primeiros frios de Maio. Os que venceram as in- tempéries até Setembro, nesta época esta- vam emmagrecidos, aniquillados e che- garam a adultos com apparencia de ani- maes creoulos. Com os recursos da estre- baria durante os mezes de inverno, con- segui algum producto de melhor aspecto. A meu vêr, o completo insuccesso desta ligeira experiência com o cavallo inglez de corrida teve sua principal origem nas desvantagens do meio a que o submetti, além de outras, em desaccordo com as exigências de seu organismo. Por isso mesmo, o que conquistei com o auxilio do percheron e do morgan, submettidos a idêntico meio, reforça a minha con- clusão, de que estas raças, por seu tem- peramento mais rude, melhor resistem ás inclemências da vida agreste. Não foram desprezadas as tentativas na conquista de prados artificiaes que me permittissem equilibrar os defficientes recursos naturaes; no emtanto, logo após os primeiros mezes de experiência não se fizeram demorar os resultados nega- tivos. Importei de S. Paulo sementes dií capim gordura e de jaraguá, fazendo a cultura na primavera, em área cercada e previamente lavrada. Ambas as variedades nasceram sem dif- ficuldades, tiveram regular desenvolvi- mento, florescendo em fins de Maio de modo a despertar esperanças de bom êxito. O gordura attingiu 40 ctms. de altura e o jaraguá um pouco mais. Após as geadas de Junho a Agosto, : j plantas, sem a minima apparencia de vida, resurgiram, todavia, na primavera, em pequenas e esparsas touceiras, assim se mantendo até que o seguinte inverno completou sua obra de destruição. Eis porque, a despeito de tantos esforços dis- pendidos durante largos annos, especial- mente no decennio de 1896-1906, quando mais intensifiquei a criação nella concen- trando toda minha actividade e enthu- siasmo de moço, nada de apreciável pude A LAVOURA 241 conquistar além dos minguados conheci- mentos práticos que obscuramente re- sumo nestas tiras. Sendo, entretanto, de capital importância para o bom êxito do criador a escolha das raças, de perfeita harmonia com os recursos dos campos a que são destinadas, como indispensável garantia dos mais efficazes resultados, tenho satisfação em constatar que nas zonas frias, servidas por campos húmidos., fracos e desabrigados, como abundam no Estado do Rio Grande do Sul, ainda mais resaltam as energias vitaes das excelientes raças percheron e morgan. lusTiNi.âNc) Simões Lopes. Patronato IVIoneão Oito possantes zebús para retirar os tocos de arvores com 20 a 30 metros de altura por mais de um metro de diâmetro. Serviço dcs educandos. A industria têxtil ua Colónia de Manricio Depois da do assucar, é a têxtil a in- dustria agrícola mais importante da Co- lónia de Maurício. A fibra é extrahida quasi exclusivamente da variedade Fnr- cro\u gigaiitea, que produz muito bem e se propaga com rapidez por meio dos numerosos bulbilhos, formados nos espi- gões após á floração. Encontra-se-a nos solos férteis, em altitudes que variam de 300 a 1.000 pés. Em regiões mais ele- vadas, as plantas não attingem a um desenvolvimento tão vigoroso como em altitudes menores onde a temperatura é mais alta. As plantas fibrosas, em Maurício, rece- bem a denominação local de aaloes», de que ha duas variedades: o «Aloé Creôlor» — Furcroya gigantea War. Willemetiana -- e o nÀloc Malgacliey-: — Furcroya gi- ganíea. O primeiro contem uma porcen- tagem maior de fibra que o segundo; em compensação, a variedade Melgache cresce melhor em altitudes mais elevadas. Este Aloé apresenta um tronco curto e lenhoso, com uma coroa de 40-50 folhas oblanceoladas, subcarnosas e rigidamente coreaceas, que, nas plantas de bom cres- cimento, medem de 4 a 7 pês de com- — 242 BOLETIM DA SOCIEDAnE NACIONAL DE AGRICULTURA primento, em geral sem espinhos e de um colorido verde escuro. O Aloé Creôlo possue maior numero de espinhos nas porções basaes da margem da folha. Citltura A cultura dos aloés data de ha dez annos. Estas plantas requerem muito cui- dado nos primórdios do seu desenvol- vimento e em algumas propriedades plan- tam-nas annualmente, de sorte que a pro- ducçcão obedece a uma certa regularidade. Aproveitam-se, na plantação, os bulbi- Ihos já despegados das plantas genitoras e enraizados. Cada planta dará, por corte, 30 folhas no minimo. Cói-le o corte das folhas é feito, de ordinário, pelo systema de tarefas, vencendo os trabalhadores 1 1 ' '2 pence, em média, para cada 100 amarrados, contendo o amar- rado de 12 a 15 folhas e produzindo um kilo de fibras verdes. Rendi me 11 to por peso: N.d de folhas em cada amarrado, 8 a 18 ^- média, 12,6. Peso do amarrado, 6,10 a 8,4 kilos — média, 7,8 kilos. Fibra verde obtida de cada amarrado, 8,Q a 1,2 kilos — média, 0,Q8 kilo. Fibra secca obtida de cada amarrado, 0,16 a 0,18 kilo - média, 0,175 kilo. Ao tempo do corte, deixam-se o broto central e trez a cinco folhas ainda não distendidas, mas, nem em todos os casos. Cada novo corte de aloés tem logar, ge- ralmente, de dois em dois annos. Producçsío Dos dados fornecidos por varias fabri- cas, conclue-se que 65.000 folhas de Aloé Creòlo produzem, em média, uma tone- lada de fibra secca. Nas grandes altitudes o teor em humidade de folhas é maior que nas pequenas elevações e, portanto, a sua porcentagem em fibra decresce. QUADRO I TO « rt 0 OJ .õ.£-§ Peso das folhas — Kilos Peso da fibra veide obtida— Kilos. Peso da fibra secca obtida — Kilos. Porcentagem de fibra secca na fibra verde 65 4,95 0,93 18,8 7,61 1,43 47 4,9 1,17 23,9 Porcentagem de fibra verde iias folhas 10,42 Porcentagem de fibra secca nas folhas 2,49 QUADRO II ..■58 0 ^ fs. vertendo-lhe a posição na machina. A fibra verde, depois de decorticada, é col- locada sobre travessas, dispostas lateral- mente, e dahi retirada e feita em peque- nos feixes. Os gratteurs percebem dt lO pence a um shilling por 100 kilos de fibra verde. Elles trabalham de 4 a 6 horas por dia, produzindo, cada individuo, em média, de 200 a 250 kilos de fibra. Dois operadores podem revezar-se em cada machina, quando a mão de obra é abundante. Depois de amarrada em pequenos mo- lhos, pesa-se a fibra verde que mulheres transportam aos lavadores, onde passa por uma lavagem completa em agua limpa; em seguida, leva-se-a para uma vasilha contendo uma solução de sabão. Esta solução é preparada da seguinte for- ma: dissolve-se sabão commum nagua, na proporção de 5 a 10 kilos do primeiro para 100 kilos de fibra verde. O material deve permanecer neste banho durante 36 a 48 horas. A solução de sabão auxilia a desintegração da polpa da fibra, dei- xando-a branqueda. Retira-se a fibra jdesta solução e lava-se-a em agua limpa; a seguir, suspende-se-a em travessas de ma- deira, ao ar, para clarificação e seccagem pelo sol. A côr do producto depende grandemente das condições atmospheri- cas, tanto assim que em d'as de sol bri- lhante resulta um material perfeitamente limpo e branco. Dos seccadores, a fibra c conduzida ás escovas, onde se liberta do resto de par- tículas pôlposas e partes masseradas. Assim trabalhada, a fibra é, finalmente, separada e enfardada, por meio de pren- sas á mão, em balas de 200 a 250 kilos A fibra recebe a seguinte classificação, de accordo com a sua côr: <.\ <(bõar> e «regular/- — «pr/me>\ «gooch^ e «fairr!. Os fardos são ensaccados, marcados e enviados ao Porto Louis, de onde uma firma qualquer da praça, que os compra pelos preços correntes, os exporta para Londres. €'u!». Iniciando as nossas observações distin- guimos desde logo no objectivo dos de- tentores dois problemas distinctos: l.o) o da adaptação das locomotivas ao com- bustível empregado, no nosso caso a lenha ; 2.o) o da influencia do detentor sobre a tiragem. Depois de ínnumeras experiências feitas na linha conveniente- mente registradas, estabelecemos um con- juncto de regras simples para a deter- minação da área livre de entrada de ar pelas grelhas e da forma e dimensões mais convenientes da expedição e boccal. Usando lenha em boas condições, man- tendo cheia a fornalha e sendo satisfeitas essas regras, obteremos uma quantidade de calor igual a que é obtida com o carvão. Após diversas tentativas, demos ao detentor a forma de um prisma recto de base trapezoidal, parallela á placa tubu- lar e o collocamos na caixa de fumaça em altura tal que o seu plano inferior ficasse ao nível da 4. a carreira de tubos contando as carreiras de cima para baixo; construímos do mesmo material que o apparelho o prolongamento interno da chaminé que passou a fazer parte inte- grante delle ; internamente empregamos A LAVOURA 247 — duas paredes verticaes separadas de dis- tancia igual ao diâmetro da chaminé. Caracterisamos as telas ou chapas per- furadas pela sua percentagem de área livre e distinguimos a área total do de- tentor de sua área livre; denominamos «coefficiente de área livre do detentor» a relação entre a sua área livre e a som- ma das secções transversaes dos tubos da caldeira. Verificamos que é justamente esse coefficiente o elemento que mais se relaciona com a tiragem e concluímos que elle deve ser no minimo igual a 4 para que o detentor não exerça nunhu- ma influencia sensível sobre a tiragem. Estabelecido isso e dando preferencia ao uso da chapa perfurada, escolhemos o typo desta com o critério de que: a) as fagulhas que atravessassem os seus furos não exercessem nenhum effeito nocivo; b) a sua percentagem de área livre fosse a maior possível compatível com as suas condições de resistência. Para o uso da lenha adoptamos uma chapa de furos alongados de largura pouco maior que 1 miliimetro e acha- mos a sua percentagem de área livre igual a 31 o/o. Verificamos ainda que para ser possível a installação de um detentor como indicamos é sufficiente que a caixa de fumaça tenha um comprimento igual ao diâmetro. A noção que estabelecemos de coeffi- ciente de área livre de um detentor serve para explicarmos porque os detentores conhecidos prejudicam a tiragem : — nesses apparelhos o coefficiente referido é geralmente inferior a 4. Como apph- cação citaremos que na Rede Sul Mineira 24 locomotivas possuem já o detentor completo que estudamos ; nelles as fagu- lhas são eliminadas de modo inteira- mente satisfactorio sem prejuízo da tira- gem. Os trens na conhecida serra entre Cruzeiro e Tunnel só eram feitos a car- vão e o uso da lenha, mesmo sem deten- tor de fagulhas, era considerado impos- sível; hoje, no mesmo trecho, consumimos exclusivamente lenha, as fagulhas foram eliminadas, os horários não se modifi- caram e as lotações foram augmentadas. Esperamos particularmente dos especia- listas a sua critica acerca do modo pelo qual estudamos o problema e convidamos a quem se interessar pelo assumpto a uma visita áquella via-ferrea. Castro Barbosa. Chefe da Locomoção da Rede Sul-Míneira. CousideiíiçÕeg sobre a cultura de trig^o uo Rio Grande do 8ul E' muito opportuno exhumarmos á publici- dade um artigo interessantissimo do saudoso industrial riograndense Commendador Carlos O. Rheingantz, e dado a lume no «Correio do Povo», de Porto Alegre, em 1907, sobre a Cul- tura do Trigo no Rio Grande do Sul. Os conceitos do esclarecido industrial, de ma- neira alguma dei.xam de estar em evidencia, abstraindo-se, entretanto, de duas considerações duvidosas, que sublinhamos e que nos parecem estar em desacerto uma, e outra fora da pra- tica corrente da cultura frumenticia. O facto, porém, é que as elucidações do seu autor, são um subsidio valiosíssimo, relativas á importância que o Estado do Rio Grande do Sul offerece em particular á cultura da pre- ciosa gramínea. E' claro que os conceitos que o Snr. Rhein- gantz expõe com o critério de um pratico e consciente observador, não se extendem a ou- tros Estados do Brazil austral, como partes de Santa Catharina, Paraná e sul de São Paulo, óptimas regiões para a cultura de trigos ada- ptáveis, geralmente de preferencia duros e per- feitamente aclimados ou aclimaveis. Os pontos agronómicos mais importantes e essenciaes a se attenderem na cultura do trigo são: a variedade adaptável que mais convém cultivar, o poder de germinação e volume da semente, de que depende a quantidade a dis- tribuir por hectare, a situação do terreno, sua fertilidade e estado physico, o predomínio me- teorológico da região, a época da sementeira e o modo de armar o terreno em espigão, em margem ou á raza. 248 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICLILTURA São problemas que carecem de respectivas ex- periências, em differentes situações, para se che- gar a uma solução, que está longe de ser fá- cil, attenta a diversidade de elementos a con- siderar. As ponderações offerecidas pelo Snr. Rhein- gantz para o Rio Grande do Sul, esclarecem muito o futuro económico da cultura intensiva do precioso cereal n'aquella importante regUio meridional Brazileira. Eis o artigo: «A Cultura do Trigo no Rio Grande do Sn! Tendo resolvido tentar em nosso Estado a cultura do trigo em grande escala, segundo os princípios racionaes da moderna Agricultura, para o que contractei os serxiços de um agró- nomo, assistente da Escola de Darmstadt, na Allemanha, o Dr. Alberto Wellliauser, e achando- me actualmente de posse de dados positivos obtidos nos dois annos de ensaios práticos cm ponto grande, reforçados ainda com o estudo e exame das terras do nosso Estado, realizados pelo dito agrónomo em successivas viagens que fez nas diversas zonas do Rio Grande do Sul, julgo do meu dever apresentar uma resenha dos trabalhos feitos e das conclusões a que chega- mos no tocante á solução do importante pro- blema da producção do trigo em nosso Estado. O meu encarregado, o Dr. Wellhauser, exa- minou em primeiro logar os campos situados nas margens da linha férrea do Rio Grande a Bagé. Os estudos feitos sobre as terras sitas no Porto Novo e circumvisinhanças demonstram a absoluta imprestabilidade das mesmas para o plantio do trigo, apezar das condições topogra- phicas serem muito favoráveis á grande cultura. Na distancia de 15 kilometros ao Norte da estação de Pedras .íMtas, principiam as terras a ficar melhores; a região percorrida pelos rios Candiota, Jaguarão, Jaguarâo-chico e Rio Ne- gro, presta-se bem, em sua maior parte, á cul- tura do trigo em pequena escala; para a ver- d?deira grande cultura a configuração do solo c accidentada em demasia e cheia de declivi- dades. Nessa região encontraram-se alguns lo- tes de terra que teriam correspondido a todas as exigências, mas não foi possível realisar nenhuma acquisição em condições convenientes. O Dr. Wellhauser estendeu em seguida as suas viagens pelo Sul até Jaguarão, pelo Norte ate Cruz Alta e Passo Fundo e pelo Oeste ate Uruguayana. Como mais apropriadas para a grande cultura, entre as terras examinadas, o Dr. Wellhauser considera as que se acham si- tuadas entre Uruguayana e Quarahy. Como, porém, estes municípios estão em zo- nas muito afastadas do Sul do Estado, onde re- sido, resolvi-me, a conselho do Dr. Wellhau- ser e para inicio da cultura, a comprar nas pro- ximidades de D. Pedrito um pequeno pedaço de campo (183 hectares) de excellente quali- dade e que pareceu ao Dr. Wellhauser bem ada- ptado aos ensaios que tínhamos em vista. In- felizmente, os preços de qualquer campo, desde que se desconfia haver pretendentes que se suppõe amparados pelos capitães de imaginários syndicatos, como aconteceu neste caso, são logo exageradamente elevados, de modo a tornar dif- ficíl a um particular realizar uma compra em condições razoáveis. Entretanto, segundo a con- tinuação dos resultados que íamos colher nas terras de D. Pedrito ainda me propunha adqui- rir outros pedaços de campo para dar maiores proporções a esse ensaio de cultura. Executou no primeiro inverno o Dr. Well- hauser ensaios de cultura com sete \'ariedades de trigo, ficando proxado que as variedades originarias dos paizes do Norte da Europa não se adaptam ás nossas condições agrícolas. Deram bons resultados as variedades italianas Barletta e Rieti acciimadas na Republica Ar- gentina, e principalmente o nosso trigo crioulo commum . tambe.Ti promette muito nnia nova especii' italiana . Fucense». No inxerno seguinte continuaram os ensaios com as classes que já haviam pro\ado bem no anterior; porém, devido á secca que assolou o Sul e Oeste do Estado a vegetação e a fructificação foram prejudicadas. De 6 hectares de terra bem amanhada e sem.^ada de trigo crioulo, colheram sj -!.60.T kilogrammas de trigo. Tomando se em consideração quanto correram seccos a primavera e o verão, esta colheit.i (706 kilogrammas por hectare) parece bastante acceitavel e autorisou a af firmar que, em con- dições meteorológicas normaes e com bom ama- nho, se pode contar, com relativa segurança, com uma colheita de 1200 kilogrammas por he- ctare. E' uso geral no Rio Grande, calcular a rendabilidade d.> uma cultura sobre a base da proporção entre a quantidade semeada e a quantidade colhida. Mas, o único mo:lo racio- nal de calcular é relacionando a colheita a uma superfície determinada, por exemplo, um he- ctare. Porque, semeando-se ralo, o producto é elevado em relação á semente empregada; mas, baixo em relação á superfície occupada. E' muito fácil, effectivamente, plantando em carreiras e capinando, obter um rendimento de 60" I) e mesmo mais; um tal processo, porém, apenas pôde entrar em consideração quando se A LAVOURA 249 — trata de multiplicai' rapidamente uma variedade preciosa, e não como s^-stema usual de cultura. Segundo as observações feitas, parece ser con- veniente que a seqiente seja obtida de trigo crioulo passado no trieur. A terra de\e ser lavrada com cuidado e profundamente (pelo me- nos 2 ferros). E' impossível indicar o melhor tempo para a sementeira; si o inverno entrar frio e rigo- roso, é conveniente semear cedo (Junho) ; cor- rendo o inverno brando, o que parece agora ser a regra, é preferível semear tarde (Julho, principio de Agosto). Este modo de \er é com- batido por muitos pela consideração de que nas sementeiras tardias as plantas não podem perfilhar sufficientemente, vindo a produzir me- nos. Mas, póde-se remediar, empregando mais semente como sempre se faz na Europa com o trigo de verão. A semente necessária nas se- menteiras de cedo sobe a 60-70 kilogrammas por hectare, nas serôdias 90-100 kilogrammas. As sementeiras tardias são em geral mais re- commenda\e!s, porque em Outubro e mesmo em Novembro caem na campanha ás vezes fortes geadas, que damnificam e até aniquilam as searas. Quem plantar em maior escala, deve na- turalmente distribuir as sementeiras pelos dif- ferentes mezes do inverno. Tratamos deste ponto com mais detalhe, porque o bom êxito da cul- tura do trigo neste Estado nos parece depen- der muito mais do clima, do que geralmente se julga; a conveniente distribuição dos acci- dentes atmosphericos tem um papel extrema- mente importante na colheita. Sobre a cober- tura da semente, com arado ou grade, nada é preciso dizer; antes muito raso do que muito fundo (5 a 7 centímetros). Em relação á co- lheita, deve-se observar que em regiões onde a configuração do solo não permitte o emprego de machinas ceifadoras, a cultura do trigo tem de ficar circumscripta em limites acanhados, por- que o trabalhador agrícola assalariado não pro- duz muito, apezar de bastante exigente. A tri- lha deve necessariamente ser feita por machina, si de todo se quizer produzir um grão limpo apto a concorrer no mercado. Si o agricultor isolado não tiver forças para adquirir machinas agrícolas, devia-se tentar re i- lizar o desideratum mediante a cooperação dos agricultores em commum, auxiliada tahez pelos municípios. Convém nesta occasião fazer-se men- ção da pouca animação que encontra o agricul- tor, que emprega seu trabalho e arrisca seus haveres em uma cultura nova, devendo sujeitar- se para o despacho livre de suas machinas, ás formalidades da Tarifa das Alfandegas. O art. 4 das disposições preliminares exige para o despacho livre, ordem do ministro da Fazenda, e seu paragrapho único dispõe que para requerer ao chefe ou para impetrar do ministro da Fa- zenda o despacho livre, devem mencionar-se com exactidão os números c as marcas dos vo- lumes, seu conteúdo, quantidade, peso ou medida. (juer dizer que se precisa com muita ante- cedência fazer o pedido ao ministro da Fazenda, para poder esperar mezes por uma solução que convenha ser dada rapidamente. Para evitar delongas, ti\e de pagar sobre vários apparelhos 13 por cento de imposto, e o nosso requerimento ao ministro da Fazenda par;i importar livre de direitos um pequeno motor, e vários machinismos agrícolas, feito ha cerca de 1 l/o annos, ainda até hoje aguarda uma solução, talvez por qualquer insignificante formalidade! Não c assim que se anima o desenvolvimento agrícola de um piiz. A conclusão geral do l)r. Wellhauser é que o Rio Grande do Sul não poderá ser o «cel- leiro do Brazíl ■, no tocante ao trigo, como o affirmam tantos dilettantis agrícolas, que não cessam de fallar em «nossas ubérrimas terras» sem aliás terem encarado seriamente a nossa verdadeira situação agrícola e económica. Si o Rio Grande do Sul conseguir pro.luzir o bas- tante para seu consumo terá feito muito, e isso somente terá logar quando hou.er excesso de producção de outras culturas mais lucra- tivas. Objectar se-á, sem duvida, que o Rio Grande antigamente exportava trigo, mas isto nada prova quanto á importância das colheitas, porque o consumo no Estado era quasi nenhum, como se vê da falta de moinhos de moer trigo, na- quella época. Depois, a situação económica mu- dou radicalmente: antigamente produzía-se ba- rato, o trabalhador não era pago, o trigo tinha bom preço, os Estados Unidos e a Republica Argentina ainda não inundavam os mercados com uma producção de pouco custo. O clima lambem parece, com os seus invernos rigorosos, ler sido mais favorável a essa cultura, no co- meço lio scculo passado. Actualmente, tudo é differente: o trigo é ba- rato, o trabalho é caro, e para produzir barato é necessário trabalhar o mais possível com ma- chinas, o que presuppõe a existência de gran- des planícies que, por outro lado, sejam bastante ferieis para dar boas colheitas, durante annos a seguir, sem adubos e sem afolhamentos. Ora, ainda o mais enthusiasmado optimista deve con- 250 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTARA cordar que taes planícies são raras no Rio Grande. As que existem, e que não são poucas, 6ão em geral muito húmidas de mais para serem lavradas e cultivadas, devido ao nosso solo im- permeável. O remédio para este inconveniente — o es- coamento (drenagem), seria de um custo tão considerável que viria de antemão impossibilitar a competência com trigos importados. Accresce que taes planícies favorecem a fer- rugem nos cereaes, visto que, como é regra, devido a serem geralmente rodeadas de co.vi- Ihas, não são sufficientemente abertas á acção dos ventos, uma das condições essenciaes para evitar aquelle flagello. No actual estado de coisas, o Dr. Wellhau ser encontra a solução para o problema, na cultura de extensões pequenas, devidamente es- colhidas em logares não sujeitos a aguas stagna- das e bastante arejados, onde quer que o solo se preste vantajosamente para este cereal exi- gente; no emprego de utensílios aratorios mais perfeitos e mais numerosos, e, sendo possível, na applicação de adubos e na introducção de afolhamentos; em resumo, na preferente pra tica da cultura intensiva; tanto mais quanto a terra muitas vezes não é tão fértil como os seus donos em geral se comprazem em suppõr. (Fa- lam-se sempre das terras de campo). O maior custo da producção, num semelhante systema de cultura mais intensa do que exten- siva, é folgadamente compensador pela maior co- lheita; sem falar que o systema extensivo, cuja applicação as condições topographicas e a riqueza do solo facultam com vantagem na Re- publica Argentina e nos Estados Unidos, é im- possível no Rio Grande do Sul, pela ausên- cia destes factores, e portanto, não pode nem entrar em discussão. Com as pequenas cultu- ras, disseminadas por todo o território do Es- tado, onde quer que as manchas da terra as favoreçam, é verdade que o productor se limi- tará a cobrir o consumo local da sua zona, mas também é certo que se evita o frete sobre o trigo das localidades para os centros, e o frete de volta sobre as farinhas destinadas ás locali- dades; desfarte ter-se-á creado para o trigo rio- grandense condições económicas capazes de o protegerem contra a inundação dos trigos e fa- rinhas, produzidos em paizes mais favorecidos pela natureza para a cultura deste cereal. Esta solução presuppõe, por sua vez, a exis- tência, em todos os municípios, de moinhos pro- porcionados á importância respectiva das cultu- ras, como aliás existem já nas colónias. Nesta questão do trigo, o Rio Grande representa. perante os Estados Unidos e a Republica Ar- gentina, o mesmo papel que a Europa: pôde produzir trigo, e tão bom trigo como aquelles paizes, o que ainda recentemente ficou provado pelas amostras exhibidas na Exposição de Pelo- tas, de trigos de D. Pedrito, Rio Negro e Can- gussú, mas não pôde produzíl-o, tão barato como os Estados Unidos e a F^epublíca Ar- gentina. Si, pois, no nosso Estado se quízer fo- mentar a cultura do trigo, não ha outro re- curso sínão seguir o exemplo da Europa, isto é, proteger o agricultor rio-grandense contra a asphvxiante concurrencia do estrangeiro, com um imposto proporcionado sobre os trigos e farinhas importados. Ninguém pôde esperar que um agricultor plante trigo, si deste plantio elle não tirar lucro. Portanto, repetimos, si realmente se julga que o paiz tem interesse em possuir este cereal, em razão da importância económica e mesmo politica da sua cultura, então adopte-se o sys- tema da defeza contra os trigos de concurren- rencia, adoptado pelos paizes europeus, «[ue aliás, já tinham cultura do precioso grão, implan- tada havia séculos, achando-se melhor appare- Ihados quando se deu a invasão das enormes colheitas americanas, do que o estamos nôs, que ainda temos de creal-a. Sobre a conveniência de ser decretado um imposto proteccionista para o trigo, deixo de emittir opinião, porque não é da minha com- petência nesta occasião dar parecer. Continuou o Dr. Wellhauser, ainda algum tempo, a trabalhar no campo de ensaios em D. Pedrito, onde se dedicou, com rara actividade, a vários ramos de cultura; mas retirou-se antes de se ter levado a effeito no mesmo município o primeiro exemplo por elle recommendado, como solução do problema de cultura do trigo entre nós, a producção em cada município da quantidade que pouco mais ou menos precisa para seu consumo e talvez dos municípios limí- trophes, fundando-se um moinho para o moer no próprio logar onde é colhido e onde a farinha produzida será consumida. Depois de apresentar-me as suas idéas acima mencionadas, voltou o Snr. Dr. A. Wellhau- ser para a Europa, ficando em seu logar o agrónomo Sr. Fritz Schneider, que conseguiu ultimamente levar a effeito o plano do Dr. \. Wellhauser, fundando uma pequena empreza, da qual fazem parte os principaes habitantes de D, Pedrito com o fim de montar n'aquelle mu- nicípio um moinho para moagem dos trigos nelle produzidos. A LAVOURA 251 Cumpre agora aos outros municípios seguirem o exemplo dado, caso este fôr coroado de êxito favorável.» Como vemos, são da maior importância, as ponderações do autor e afora a interpretação equivoca em que elle af firma que «o clima tam- bém parece, com os seus invernos rigorosos, ter sido mais favorável a essa cultura no sé- culo passado», o que se pôde muito bem con- tradizer, mostrando a sequencia dos mesmos fa- ctos meteóricos, com algarismos positivos ; aquella outra asserção em que revela «que por outro lado era preciso que as terras fossem bastante férteis, para dar boas colheitas durante annos a seguir, sem adubos e sem afolhamentos , tudo mais é como esclarecimentos a essa cultura n'aquelle Estado, importantíssimo. E' indubitável que em logar nenhum do mundo se encontraria essa terra decantada que, sem adubos e sem afolhamentos, produzisse trigo economicamente. Na Europa, não se faz cultura de trigo abso- lutamente sem alqueíve e, ainda mais, sem uma boa estrumação auxiliada quasi sempre por uma adubação judiciosa, porque é obvio que todo agricultor habituado a essa cultura sabe que ella é muito esgotante. No mais, as considerações do pranteado indus- trial, são concludentes e representam todo cri- tério positivo e pratico de um código sobre a cultura frumenticia no mais meridional Estado Brazileiro. Patronato lloiieão A. '^^Pr^- Os educandos, depois das derrubadas, preparando terreno para os machinismos agrários, "trabaho preparatório da cultura de cereaes. Iltilisacâo das folhas e café para chá Até agora do cafeeiro somente a fava de café foi utilisada, e as outras partes do cafeeiro não foram empregadas. Con- tendo, porém as folhas do cafeeiro e as cascas das favas de café quasi o dobro de cafeina, de que contém as próprias favas de café, salta aos olhos, que a extracção de cafeina ou productos seme- lhantes é mais racional, tanto mais que as cascas das favas de café são restos quasi sem valor aigum da producção do café. Por esta invenção as folhas do cafe- das cascas das favas de e outros fins eiró e as cascas das favas de café até agora sem o minimo valor passam a ser um precioso producto para commerciar, e isto não é só para a extracção de cafeina e productos semelhantes, mas também para a utihsação como chá. As folhas do cafeeiro contêm em quantidade sufficiente as qualidades apreciadas, do chá chinez, que são a cafeina, acidez de tanino, acidez de gallus, acidez de oxal, quercitrin, óleo etherico e albumina (Lo- gumin). Comparada á da arvore do chá — 252 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA chinez, verifica-se que essa contem quasi as mesmas substancias, sendo que a por- centagem de cafeína na folha do chá oscilla entre 0,8 a 2 o/o, ao passo que na do café varia entre 1,15 e 2 o/o. Precisa- mente o principio activo do chá, em se tratando de alimento, é tão somente a cafeina. Querendo aproveitar as folhai do cafeeiro para chá, necessário será que as submettamos a um preparo especial, dependendo então da respectixa manipu- lação conseguirmos as qualidades dese- jadas, por mais diversas que sejam, como por exemplo, chá verde ou chá preto. O chá verde contém mais acidez de tanino cio que o chá preto, em cuja manipulação parte desse acido parece desapparecer. devido, talvez, ao processo de fermenta- ção. Assim possue o chá preto, feito de folhas do cafeeiro de 8 a 10 o/o de acidez de tanino. Na cocção dissolvem-se mais ou menos 25 a 40 o/o de matérias liqui- ficantes. Da mesma dissolve-se o Kali em. sua totalidade, o qual tratando-se das matérias mineraes da folha do cafeeiro, predomina. Ao passo que o acido de ta- nino pouca ou nenhuma importância tem, são os principaes agentes a cafeina e, embora em proporção menor, o óleo ethe- rico. O uso de beber chá espalha-se cada vez mais, resultando dahi um constante augmento do respectivo consumo. E que o chá não esteja já mais popularisado, deve-se tão somente á circumstancia de, importado como este da China, custar- nos preço elevado. A herva matte que também se denomina «Chá do Paraguay», não conseguiu ainda introduzir-se em todas as partes, posto que seu consumo attinja a proporções regulares, pois a respectiva exportação é calculada em 80 milhões de kilogrammas no valor de iperto de 60.000.000 de francos. O obstáculo que se antepõe á sua introducção victo- riosa ro mercado, especialmente no da Europa, é o gosto amargo que deixa, além disso sente-se a exportação preju- dicada pelo volume, grande do matte, por isso que elle contem em grande escala amidon, albumina e substancias azotadas. Desfarte torna-se seu transporte muito mais caro que o do chá chinez ou mes- mo o do chá de folhas do cafeeiro, cujos \olumes occupam logar muito mais re- duzido. Accresce que, analysada a herva matte sob o ponto de vista nutritivo, demonstra possuir menor quantidade de cafeina e óleo etherico que os chás em questão. Assim, e por saber o gosto do chá, feito de folhas do cafeeiro, muito semelhante iao do chá chinez, é de suppôr- se que iacil será sua concurrencia, em condições favoráveis com as qualidades de chás já introduzidos, offerecendo, en- tão, as seguintes vantagens : 1) A colheita e a manipulação desse chá é barata, mais barata do que qual- quer outra bebida congénere, até hoje conhecida. O chá chinez custa por kilo- gramma 15 mil réis, o das folhas do cafeeiro custará apenas por kilogramma poucos vinténs. 2) O fazendeiro do café tirará das folhas do cafeeiro quasi o mesmo lucro que tira dos grãos, por isso que poderá colhel-os durante o anno todo, sem que dahi advenha prejuízo para o pé ou para a colheita do café. Ainda mais, as pró- prias cascas do grão poderão encontrar valorisação lucrativa, quando até hoje eram consideradas como inútil. Sabido é que as próprias cascas do café contêm, como a própria fructa e a folha a ca- feína, apenas em muito maior propor- ção. A cafeina em estado puro é apro- veitada em larga escala para fins the- rapeuticos e também industriaes, e a sua extracção é feita exclusivamente na Eu- ropa e America do Norte, onde, para tal íini, aproveitam apenas o grão. O kilogramma de caié custa na Europa, preço médio, 1 franco, produzindo não mais de 0,8 a 1,2 o/q ou na média 1 o/o de cafeina, em cujo custo entra na matéria prima já com 150 francos. As folhas e as casas, entretanto, ás quaes não se dá o menor valor, contêm cafeina em proporção dobrada. Porque não explorar aqui a extracção da cafeina dessas duas matérias, dando o seu ínfimo preço de acquisição e o custo elevado da cafeína que actualmente é de 200 mil réis por mil grammas, si podermos produzil-a por, talvez, 10 mil réis por mil grammas, e ainda menos si a extracção fôr feita em grande escala. A respectiva manipulação não é difficil e consiste em um processo conhecido do inventor abaixo assignado. Sendo que da valorisação de matérias até agora inúteis, resultará uma nova e prospera industria, puramente nacional e de grande proveito, parece-me que o Go- verno tem o máximo interesse em pro- tegel-a e dar-lhe o auxilio merecido. P. B. DE Andrade. A LAVOURA 253 Escola {^Agrícola "Luiz de <|iieiroz", Piracicaba ■L.- ''-.'rS,- E^E^EÍ^WÍ-W Meda do resto da colheita de feijáo e cow pea (hastes e folhas), seccos depois da batedura e apro- veitadas na época da secca das pastagens. Todos os animaes os acceitam, principalmente os muares- IMinas Geraes e o seu Piesideiite Synthese da brilhante Mensagem apresentada pelo Sr, Dr. Arthur Bernardes ao Congiesso Mineiro Entre os nossos homens públicos de mais re- levância e que por seu patriótico esforço mais se têm imposto á estima nacional, figura inques- tionavelmente o eminente sr. dr. Arthur Ber- nardes, administrador integro e estadista insigne. A Mensagem flue acaba de dirigir ao Congresso Mineiro é um documento de real merecimento e d'elle se evidencia a efficiencia da acção benemérita do administrador que sem violên- cias vae infiltrando no organismo economico- financeiro do Estado novos e poderosos alentos. Comprehendendo, porém, que o grande su- peravit orçamentário não deve offuscar os espi- rites, mas obrigal-os a apoiarem o plano gover- namental da transformação do actual systema tributário, por um outro, já iniciado o go- verno mineiro, sente-se capaz de enfrentar qual- quer situação anormal. Um outro qualquer que não se compenetrasse d'essa verdade e quizesse afoitamente sacar so- bre o futuro, deixar-se-hia levar pelo fulgor de um elevado saldo orçamentário, real e effe- ctivo, de 1 1 mil contos de réis, mas a visão- segura do dr. Arthur Bernardes leva-o a appli- car esse saldo a solver problemas de relevante interesse económico e financeiro do Estado. irmãos Castro — Vendem reproductores das raças Caracii e Hollandeza, a preços razoáveis. Para mais informações e pedidos com o Snr. RoBi RTO Dias Ferreira Rua 1° de Março n. 15 — Rio de Janeiro. 254 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA Os seguintes dados faliam eloquentemente, muito mais do que quaesquer argumentos: «A situação financeira do Estado, no exercício de 1919, foi a mais prospera a que já havemos chegado A receita orçamentaria, calculada em 35.362:400$, ascendeu a 51.639: 969.'S494, apre- sentando, pois, um «superavit» sobre a previsão legislativa de 13.277:569^494. Para este resultado concorreram o progresso económico do Estado, uma severa e continua fis- calização das rendas e a alta dos preços de alguns productos de exportação. O progresso económico de Minas accentua- se de anno para anno. Na verdade, o valor da nossa exportação no ultimo quinquennio aiire- senta estes algarismos: 1915 221.UQ9: 000.' Se a situação financeira é a mais lisongeíra e de extraordinária eloquência a situação eco- nómica c igualmente animadora. Faliam os seguintes algarismos: Industria agrícola 217.345: 107,S263 Industria pastoril 200.052:328.1130 Industria manufactureira . . 32.728: 83S.S66S Industria extractiva .... 42.171 : 031.$300 Somma ..... 492.387:3058361 O café contínua a representar papel prepon- derante na vida económica e financeira de Minas. O seu valor officíal em 1919 foi de réis 198.807: 7598837. Quer a estatística dos valores de exporta- ção, quer a receita tributaria das diversas in- dustrias do Estado bem justificam o especial cuidado com que o Governo encara o novo problema agro-pecuario, sem descurar os de- A LAVOURA 255 — mais, já promovendo, pela reforma do imposto territorial, meios de exonerar os productos do imposto de exportação, já creando o ensino am- bulante e submettendo, como hoje faz, á es- clarecida deliberação do Poder Legislativo um conjuncto de medidas tendentes ao maior desen- volvimento da agricultura e da pecuária. Dos dados expostos quanto á exportação, ve- rificamos que cada uma das nossas industrias concorreu : I) Pura o valor exportado, com as seguintes porcentagens : Industria agrícola 48,53»,o Industria pastoril 40,81'.) Industria extractiva 8,50».. Industria manufactureira 7,16".j II) Puiu a receita do Estado, com as se- guintes porcentagens: Industria agrícola 55,94».. Industria pastoril 24,25'.i Industria extractiva 14,50». Industria manufactureira 5,31 "j O Sr. Dr. Arthur Bernardes constata com sincero jubilo patriótico a continuidade do surto económico do Estado, que na agricultura e na pecuária são as fontes inexgotaveis de sua riqueza. Os seguintes dados são muito eloquentes: «O valor da exportação mineira se elevou em 1919 a 492.387: S05.Ç724, concorrendo a agri- cultura com 217.435: 107.S263 e a pecuária com 200.052: 328.S130. Confrontando este valor com o do exercido de 1918, verifica-se um superativ de 117.526: 325.S724. De anno para anno desenha-se mais anima- dor o movimento agrícola, augmentando-se a área das plantações, melhorando-se as culturas existentes e ensinando-se o plantio de novas variedades. Os mercados da Argentina, da Europa e dos Estados Unidos, que se abriram rasgadamente á producção do nosso paiz durante a guerra, continuam a manter comnosco commercio activo, offerecendo preços remuneradores aos nossos productos. A situação da lavoura é de franca prospe- ridade, apezar da escassez de braços, do custo elevado das machinas, dos fretes caros de algu- mas vias férreas e da falta de um appare- Ihamento bancário conveniente. O Oo\erno estuda com attençâo estes entra- ves ao progresso da lavoura para removel-os na medida do possível, afim de evitar que venham a entorpecer o auspicioso desenvolvimento dos últimos annos. A diffusão do ensino agrícola por meio dos mestres de cultura ultimamente contractados, ha de orientar o lavrador, segundo o espera o Dr. Arthur Bernardes, para a phase avançada da sua industrialização. Com a acquizição de machinas, utensílios, in- secticidas e adubos dispendeu o Estado a im- portância de 237: 832.S450, o que é uma prova real de que alli se cuida seriamente do pro- gresso do Estado e do augmento da riqueza publica e particular. Sobre esse assumpto diz a mensagem: «A. Secretaria da Agricultura, como nos .m- nos anteriores, manteve em deposito, em 1919, grande numero de machinas agrícolas, sendo que parte delias foram importadas dos Esta- dos Unidos, adquirindo-se as demais em praças commerciaes do paiz. Esses apparelhos continuam a ser cedidos aos lavradores, a titulo de auxilio, pelo seu custo real e livres de transporte em estradas de ferro. Os extinctores de formigas têm ainda o abatimento de 10" o sobre aquelle custo. Devido á elevação exaggerada do preço das machinas, a cessão diminuio em relação ao mo- vimento havido em annos anteriores. Além disto, a instabilidade desses preços, sempre com variação para mais, concorreu tam- bém para esse decréscimo, pois que a incer- teza do custo da machina desanimava, de certo modo, o comprador. Apezar dessas causas de esmorecimento, cedeu a Secretaria da Agricultura aos lavradores mi- neiros 530 machinas agrícolas, sem levar em conta a cessão feita aos mesmos de 1.772 en- xadas, dezenas de pontas para arados, discos, joelhos e diversos outros accessorios.» Com esses elementos e dada a creação de uma Escola Superior de Agricultura, como o pretende o Dr. Arthur Bernardes e a remodela- ção do Ensino Agrícola Ambulante, o Estado de Minas Geraes está naturalmente fadado a brilhante futuro. A mensagem termina com a affirmação com- pleta do valor patriótico de seu administrador que tem fé na grandeza de seu Estado e da Pá- tria commum. — 256 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AORICULTURA Noticiíi sobre alguns Lepidopleros serígenos do Brasil Fam. Psycliidae (lieií. 4Mketícus, diiiild. Qjild. Trnns. Linii. Soe. Lond. XV. p. 375. 1837 OiketicHS platensis, ? Berg;. imago — ff, (f. 1) 0,040 de enverga- dura. Azas anteriores e posteriores de um bruno claro. As anteriores com uma man- cha escura trianguliforme um pouco para o limbo posterior, occupando a cellnla, interrompida por uma manchinha na ner- vura recorrente. Azas posteriores ane- gradas para o limbo posterior. Abdomem muito alongado e bruno. Face inferior das quatro azas semelhante. í , aptera como todas as do género. Lagarta - de 0,045 a 0,050 de com- piimcnto, polyphaga, bastante grossa an- teriormente, afilada posteriormente, ten- do nos três primeiros segmentos uma es- pécie de escudo griseo com desenhos ne- gros, os demais bruno-arruivados. .■«k. M» K S. Paulo, Minas Geraes, Espirito Santo, Republica Argentina? Uruguay? W Oiketiciis platensis (fis; I) Chrysalida — com 0,035 de compri- mento, de íórma commum, bruno-arrui- vada. Cosií/o — (f. 2) , de 0,050 a 0,080 de comprimento, feito de pedacinhos de caule, mais ou menos oblongo, revestido exteriormente de um forte tecido de seda, cinzento, algumas vezes ligeiramente bru- naceo, com a superfície interna revestida de tecido compacto de seda branca. A ex- tremidade anterior do casulo está sempre presa ao vegetal que serve de alimenta- ção á lagarta. Habitat — Rio de Janeiro, durante to- do o anno; Estado do Rio de Janeiro, OlUeticus platensis.? Casulos (fig. 2) A sp. tvpica do Gen. é Oikelicux kir- bii, Giiilíl., da America Central e do O. da índia. Faiii. I>repaiiuli4liiv (iioii. ]Vliiiiallo. Hiibii. Hiibii. Verz. bek. Schint-tt. p. 190. (1822?) ]Vliiiiallu aniilía, StoU. //Hí/gc— í ,(f. 3) 0,052 de envergadura. Azas anteriores e posteriores, plúmbeas com uma faixa commum discoidal, trans- versa, irregular, palmada, bruna, que par- te da borda costal junto ao ápice e termi- na no angulo anal, sendo guarnecida por dentro de um traço claro. Cellula discoidal das primeiras azas, com uma grande man- cha bruna quasi orbicular, tendo no meio duas pequeninas manchas vitrcas. Face inferior das quatro azas um pouco mais clara, com a faixa transversal muito es- treita, mais ruiva e formada de lunulas. A LAVOURA 257 — d', com 0,037 de envergadura, muito semelhante a V,com. as cores um pouco mais vivas e a faixa mais escura e violá- cea. Lagarta - com O^OIO de comprimento, de um negro opaco, tendo pelo corpo es- cassos fios de pêllo. Minialln aniilia. (fii;- 3) Vive sobre as folhas de varias Myrla- ceas entre outras as Ooyabeiras. branca e vermelha (Psidium <:^indava, Raddi., e P. pomifcnini, Liiiii.). Chrysalida — com 0,025 de comprimen- to, de forma commum, bruna. Caí,iilo ~ (f. 4), tendo de 0,050 a 0,055 ■de comprimento no maior eixo e de 0,020 a 0,025 no menor, de seda, bruno-arruiva- do, um tanto pergaminhcso, tendo em mistura com o tecido, fragmentos de cau- Je, folhas, excremento da lagarta, etc. Wimallo amilia. Casulo (fi,^. 4) Habitat — Rio de Janeiro, pelo verão; Estado do Rio de Janeiro, Espirito Santo, Minas Qeraes, Rio Grande do Sul. Nesse ultimo Estado as lagartas são encontradas de abril a outubro na Eugenia durissi- nia, chamada Batingí branca, não seuvlo comtudo muito commum. M. amilia, Stofl., é a sp. typica do Gen. Gen. Peropliora, Harr. Harr. Rep. Ins. Mass. p. 290 (1841) ed. 3» p. 415. (1862) PiTophora iilaj>;inta, Walk. Imago — d (f. 5), 0,030 a 0,040 de en- vergadura. Azas anteriores e posteriores de um gris argênteo, com uma multidão de dimi- nutos pontos negros disseminados e man- chas irregulares ruivas, lendo a partir do ápice das anteriores um traço transversal, que começa branco e depois ferruginoso, terminando na borda interna. Azas posteriores, tendo quasi no meio da superfície uma estreita faixa transver- sal um pouco curva, ferruginosa, que nasce na borda anterior e termina na ab- dominal, onde se alarga, espalhando um pouco de sua côr para o meio do limbo. Face inferior das quatro azas seme- lhante, porém um pouco mais pallida. ç, semelhante ao c? , maior, medindo 0,054 de envergadura. Peropliora plagiata (figura 5) Lagarta — com 0,045 a 0,050 de com- primento, vivendo dentro de um casulo de onde apenas saem os primeiros segmen- tos, que são negros, bem como a cabeça, sendo os abdominaes muito dilatados. Alimenta-se especialmente das folhas da Amendoeira ou Chapéo de sol {Te>-niiua- lia catappa, Linn.) encontrando-sc nos ga- lhos dessas arvores por vezes um grande numero de casulos. Clirysalida — com 0,025 de compri- mento, de forma commum, de um bruno ruivo. Casulo — (f. 6) em forma de barrilete, ás vezes ligeiramente querenado, muito duro, de um cinzento brunaceo, com duas aberturas, uma anterior e outra posterior, tendo nas duas extremidades ou numa só um appendice e por vezes vários fios re- — 258 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA sistentes que o prendem ás folhas e ao caule do vegetal. Mede no maior eixo de 0,030 a 0,035 e no menor de 0,010 a 0,015. Perophora plagiata. (fi(;. 6) Habitat — Rio de Janeiro durante todo o anno; Estado do Rio de Janeiro, Espi- rito Santo. A sp'. typicía do Qen. é P. nielsheimeri, Harr., que occorre na America do Norte, sendo commum na Pensylvania. Outras sps. do mesmo gen. têm o ca- sulo recurvado para as duas extremidades em lóbulo arredondado em cima da aber- tura terminal; nesse numero acha-se P. despecta, Wa/k., que occorre no Brasil e na Argentina. Fam. Sntiirniidiíe Gen. Rlie!i«<\yiitis, lliibn. Htibn. Verz. Bek. Schmett. p, 156. (1822?) Rhesoyntis niortii, Perty. (nom. pop. Meia lua ) /mago ^ d', (f. 7) de 0,160 a 0,180 de envergadura. Azas anteriores e posteriores de um cinzento violáceo. As anteriores muito re- curvadas, tendo para o ápice uma man- chinha alongada de um amarello pallido e outra inegra, seguidas de uma linha mui- to sinuosa, quasi negra; disco quasi todo occupado por uma grande mancha semi- lunar de um bello verde musgo, bordada por fora, por uma faixa de um amarello pallido e por dentro por três ou quatro outras de um negro profundo, sendo a mais interna pouco marcada; região basal com duas faixas negras, curvas, que se fundem para baixo com a côr geral. Azas posteriores, tendo no meio do disco uma larga faixa bruna, fundida com a côr geral, quasi direita, terminando no angulo anal, fortemente guarnecida por dentro de negro profundo; borda termi- nal com uma faixa de um amarello palli- do, que vem da borda anterior e termina na anal, guarnecida por fora de uma ou- tra negra intercortada. Base das quatro, azas brunacea. Face inferior das azas, bruna, amarella- da para o limbo posterior, tendo mais ou menos o mesmo desenho, porém fraca- mente indicado, principalmente na grande mancha semilunar das primeiras e na fai- xa das segundas, faltando por completo as faixas curvas basilares das primeiras. Ç , semelhante ao cf ; Essa sp. deve ter casulo, mas infeliz- mente faltam informações á respeito. Habitat — Rio de Janeiro. A sp. typica do Qen. é R. /lippodainia, Crani. mais ou menos semelhante e que Rhescynthis niortii, (fig. 7) A LAVOURA 259 — occorre não só no Brasil, como também na Giiyana e no Panamá. As sps. do género Attacus são entre nós as mais notáveis productoras de seda. Hvn. Attncii!^, Linii. Linn. Syst. Nat. I (2) p. 809. (7166) Attacus aur-ta, Craiii. (nom. pop. Borboleta espelho) Imago — Ç, (f. 8) com 0,130 e 0,170 de envergadura. Azas anteriores e posteriores, ora de um bnmo arruivado, ora anegrado, cor- tadas transversalmente por uma larga fai- xa, commum discoidal, rosada, muito ir- regular exteriormente e atravessada pelo meio por uma outra estreita, negra, com na seguida para dentro de uma faixa for- mada por 14 ou 15 manchas ferruginosas com cercadura ocracea. Face inferior das quatro azas semelhan- te. J^, semelhante a í com as azas ante- riores mais lançadas. Esta sp. é por vezes um tanto variável na côr, isto é, ora é mais, ora é menos escura. Provavelmente essa modificação de côr resulta da alimentação das lagar- tas, pois em regra geral os indivíduos procedentes de lagartas alimentadas com as folhas da Mamona (Riciniis cotniuunis, Liiiii.) por ex. são mais claros que os das alimentadas com as folhas do Cajázeiro (Spondias Lutea, Litiii.)^ que quasi sempre têm carregada côr. Attacus aurota, (fig. 8) muitos átomos brancos qae se espalham. Essa larga faixa é limitada para dentro por duas outras estreitas, uma branca e outra negra, esta muito sinuosa. Meio da superfície, tendo uma grande mancha dis- coidal, triangular, vitrea, guarnecida por fora de negro, principalmente na base, vértice tocando a faixa commum rósea. Base com uma faixa branca, curva, guar- necida de negro por fora. Ápice das primeiras azas com uma lar- ga mancha rósea seguida de uma outra pequena, negra. Borda terminal das qua- tro azas de um amarello ocre, algumas ve- zes um pouco esverdeado, nas primeiras azas com uma linha sinuosa bruna; nas segundas igualmente com uma linha bru- Lagarta — de 0,110 a 0,130 de compri- mento, bastante grossa, verde em toda a face dorsal, tendo pelos segmentos tubér- culos espinhosos de um vermelho cina- brio, sendo o ultimo guarnecido inferior- mente de amarello um pouco esverdeado com fino traço anterior negro; flancos com uma faixa longitudinal clara, ligeira- mente amarellada; estigmas cinabrinos; cabeça e face inferior do corpo de um verde cendrado com pubescencia clara, patas escamosas annelladas de bruno, membranosas, com a planta negra. Alimenta-se de vários vegetaes: Mamo- na (Ricinus cotnmunis, Linn.), Cajázeiro (Spondias lutea, Linn.), Sarandy (Sebas- tiania angustifolia, Muell. Arg.), etc. 260 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRlCt'LTL'RA Attacus aurota. Chrys. ^íííí. HJ Clirysalicla — (f. Q), de forma comnium, de vim bruno arriiivado, bastante grossa, medindo de 0,050 a 0,055 de comprinien- to no maior eixo. Casulo — (f. 10) medindo até 0,070 e 0,080 no maior eixo e 0,025 e 0,030 no menor, feito de seda, de um cinzento pra- teado, mui ligeiramente arruivado, aber- to como todos os do género, tendo um longo pedúnculo. Camada externa prote- gendo o verdadeiro casulo de forma re- gular (f. 11) de uns 0,055 no maior eixo e de 0,013 a 0,014 no menor. -V \ Sobre a seda de Att. aurota, lê-se em E. André (E'levage des vers a soie sauva- ges, p 87, 1907) o que á respeito diz Quajat sobre os casulos que examinou, procedentes de S. Paulo: Attacus aurota. Casulo (fig 10) Attacus aurota. Casulo ni.ii- lU «O invólucro exterior sendo levantado o verdadeiro casulo mede 55 mil!, sobre 13 de largura, o peso da seda do invólu- cro é de cerca de 0,gr.3, emquanto que o do verdadeiro casulo attinge a 0,gr.75. Este é de côr ruiva clara, ovóide, com te- cido pouco cerrado. A superfície interna é perfeitamente lisa, brilhante. O fio é estriado ao longo e os dois ele- mentos que o compõem não são bem dis- tinctos senão depois de um tratamento pela potassa. Sua resistência é de 15 a 20 gr., sua espessura, de 40 mill. de mill., sua elasti- cidade 14,9. Diíferentes dete minações concordantes demonstraram, além disso, que não ha quasi differença entre o fio do invólucro e o do casulo propriamente dito.» Diz E. André (I. c. pp. 87, 88) sobre a criação do importante insecto : «Cria-se mui facilmente na Guyana Francesa, onde dá de 5 a 6 gerações por annoi; o cyclo de metamorphoses opera-se em 30 ou 40 dias, segundo as estações» e mais adiante: «JVlalgrado sua grande rusticidade, esse Attacus não parece poder ser acclimado em França; porém, a qualidade da seda e o grande numero de colheitas que se po- dem fazer na Guyana permittem acreditar que a criação poderia ser uma fonte de lucros sérios para a nossa colónia.» Tal maneira de ver parece estar de ac- côrdo com que se encontra escripto no A LAVOURA 261 livro intitulado «O Império do Brazil na Exposição Universal de 1876, em Phila- delphia» (p. p. 46, 47). «Na ordem dos Lepidopteros, ha dez es- pécies de Bichos da seda, e, entre ellas a Satiirnia aurota, que fornece excellentes casulos, como demonstraram as amostras apresentadas na Exposição Nacional de 1873, e foi reconhecido na Exposição Bac- chologica do Roveredo, em 1872, depois do exame feito sobre os casulos e a seda que alli exhibira o Dr. Linger, commissa- rio do governo do Brazil. «Consta, do relatório do mesmo com- missario, que este objecto merecera espe- cial consideração, tendo sido calculado o valor dos casulos, de 40 a 50 francos, e o da seda de 80 a 100 francos, cada por- ção de 459 grammas. «Não menos satisfactorias, são as in- formações prestadas ao governo por Mr. Elisée Deandreis, delegado do Brazil, na quarta sessão do Congresso Internacional Sericicola, realizada, em Montpellier, em Outubro do anno passado. (. Nesse congresso, reconheceram-se, também, as vantagens, que podem provir da cultura, e a industria da seda do Bom- byx brasileiro, como, por vezes, o denomi- na em sua memoria Mr. Deandreis. Foi muito apreciada uma pequena amostra de seda, e como assignalada a grande extra- cção, que pôde vir a ter, no mercado, pe- lo seu módico preço, facilidade de au- gmento da criação do insecto, nas pro- vincias do Brazil, e da sua acclimação no meio-dia da Europa e em Alger. «Novos e mais positivos esclarecimen- tos ,por parte do Brazil, no congresso de Milão, annunciado para Outubro de 1876, € a acurada exposição, que tem de ir para Philadelphia do Attacus, Satiirnia Auro- ta, habilitarão, de certo, os interessados, no desenvolvimento da sericicultura, a dar a devida importância a este assumpto. Talvez não esteja muito longe o dia em que esta nova industria constitua mais uma fonte de riqueza para o Imperio»(*). (*) Sobre a importância da seda, seu valor, preparo, analyse, etc, leia-se o que á respeito escreve o distincto Dr. Arthur Qetulio das Ne- ves em sua importante these de concurso apre- sentada a Congregação da Escola Polytechnica do Rio de Janeiro em 1880, para uma das vagas da secção de Sciencias Physicas e Naturaes, so- bre Biologia Industrial; onde esse scientista tra- ia cuidadosamente do estudo comparativo dos bichos de seda asiáticos e do Brasil. Habitat — Rio de Janeiro durante todo o anno, mais ou menos abundante; Esta- do do Rio de Janeiro, S. Paulo, Minas Geraes, Rio Grande do Sul, Piauhy, Es- pirito Santo, Parahyba, Pernambuco e Guyana. A sp. typica do Gen. é Att. aiias, Liiiu. da Ásia. Attacus betis, Walk. Imago — semelhante á sp. precedente, porém mais amarellado, tendo a faixa branca commum, ondulosa, bordada de negro, muito arqueada na borda anterior das primeiras azas. Lagarta — segundo Burmeister (1. c. p. 43, t. XVIII, f. 4), mede de 0,080 a 0,090 de comprimento; é bastante grossa, com o corpo liso, tendo apenas pubescencia acinzentada; a côr geral é negra e os se- '. gmentos são annellados de vermelho car- i ne, estendendo-se essa côr até as falsas j patas, estigmas negros fracamente circula- dos de claro. Chrysalida — de forma ordinária, bru- I na, semelhante á da sp. precedente. Casulo — de um amarello claro opaco, ' semelhante ao da outra sp., sem nenhum pedúnculo e adherente ao caule do vege- tal. Habitat — Rio de Janeiro, Estado do Rio de Janeiro. i Attacus jacobaeac, Walk. ! Imago — V, (f. 12) de 0,105 a 0,110 de envergadura, semelhante á Att. aurota. Cr., porém de um vermelho bruno purpu- rado, com a faixa branca, que faz a divi- são nas quatro azas bastante curva e muito sinuosa. Manchas vítreas das primeiras azas em triangulo isoceles, das segundas azas, bas- tante grandes, quasi oblongas, tocando a faixa branca. Abdomem ornado com duas faixas brancas longitudinaes e parallelas. Face inferior das quatro azas semelhan- te á superior. (5', muito semelhante a 9 , medindo de 0,100 a 0,105 de envergadura. Lagarta — segundo Burmeister (Descr. Phys. Arg. v. p. 472, n. 2, 1878) verde ti- rante á azulado, tendo em cada segmento uma estria branca transversal guarnecida 262 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AORlCLILTL'RA Attacns jacobaeae, (fig. 12) posteriormente de mais escuro, tubercuios \erdes e o ultimo par de patas com uma mancha vermelha. Alimenta-se, entre outros vegetaes, do Sarandy (Sebasiiaiiia angustifolia, Miiiil. Árg.j da Maria molle (Alclwrnea iricura- nu? Cars., etc). Clirysalicla —^ de forma ordinária, bruna. Cíisulo — oblongo, bruno muito claro, amarellado, medindo 0,050 no maior eixo e 0,020 no menor, com um curto pedún- culo de uns 0,015 de comprimento, fixado ao caule do vegetal por uma face, termi- nando em ponta no lado da abertura e com a base arredondada. A seda é brilhante como a de Att. aii- rota. Habitat — Rio Grande do Sul, de fe- vereiro a março e de setembro a novem- bro, sendo porém as lagartas e os casu- los mais abundantes que as borboletas ; Rio de Janeiro, Buenos Aires e parte oriental do Uruguay. Attacus arelliuj^a, Wnlk. Imago — d", de 0,095 a 0,125; ^ , de 0,100 a 0,130 de envergadura, semelhan- te ao da sp. precedente, um pouco mais amarellado, com a mancha vitrea das azas posteriores piriforme cortando a linha de divisão; linha negra marginal formando festões iguaes nas azas anteriores. ?, semelhante ao c? , com as azas um pouco mais cheias. Lagarta — segundo E. André (E'lev. des verts; a soie sauv. p. 93, 1907) com I 0,070 a 0,080 de comprimento, verde quando adulta, tendo no primeiro se- gmento no meio, um traço negro inter- ' rompido, transversal; os demais segmen- tos com alguns pêllos curtos em vez de tubercuios vermelhos em massa arredon- dada que teve noutra idade ; do 6. o ao 10." com bordadura branca anterior e purpúrea inferior; cabeça verde, tendo lateral e inferiormente um ponto negro. Falsas patas pontilhadas de negro pa- ra a extremidade; placa anal bordada de amarello claro; patas anaes com uma pla- ca verde triangular com bordadura ne- ! gra. Aiimenta-se de vejetaes de famílias e géneros muito diversos: Aiiruntiaccais, Rosáceas, Urticaccas. Compostas, etc. Chrysalida de forma ordinária, bru- na, com pulverulencia branca. Casulo — com 0,050 no maior eixo e uns 0,020 no menor, oblongo, brunaceo com reflexos dourados, tendo um pedún- culo bastante curto e preso ao caule do vegetal. Habitat - Rio de Janeiro, Pará, Ame- rica Meridional e Central, Venezuela. Ainda mais ou menos semelhantes ás sps. precedentes, são dignas de nota : Attaciis rliombifer, Biirni.. do Paraná e da Republica Argentina ; Attacns speculifer, Walii., do Pará: Attacus bellus, Maass. & Weytn., dt> Rio de Janeiro, do Paraná, etc, (|ue fabricam casulos apreciáveis. ►♦♦ ♦♦♦ ♦♦♦ ♦♦♦ ♦♦♦ ♦♦♦ <♦ ♦♦♦ <♦ ♦♦♦ <♦ ♦♦♦ ♦♦♦ <♦ ♦♦♦ ♦♦♦ ♦♦♦ <♦ ♦♦♦ <♦ ♦$► ♦♦♦ ♦♦♦ ♦♦♦ ♦♦♦ ♦♦♦ ♦♦♦ ♦$► ♦$► ♦♦♦ ♦♦♦ ♦ <♦ TURBINAS ♦ ♦ ♦ ♦ ♦ ♦ HYDRAULICAS para qualquer queda d 'agua ♦ ♦ Machinas para Lavoura e Iddustría M. HIIiPERT & C. Rio de Janeiro — RUA DA ALFANDEGA, 99 — Caixa 2026 São Paulo — Rua do Ouvidor 2, Esq. ♦ ♦ ♦ ♦ ♦ ♦ ♦ ♦ ^ ^^^^♦^^^♦^♦^^^^♦^♦^♦^^♦^♦^♦^♦^♦«^♦^♦♦^♦^^♦^^♦«^^♦^♦^♦^^^^^ r 1 Renry Rogt^rs, $on$ $i Z. of Brãzil, Cimiud RUA DA QUITANDA 17 a — São Paulo Hacliiiiisiiios para f|tial(|iier inilu^tria DFSMATADi:iRA8 AUAUOíS Desoaroçadores de algodão L ^ SOCIEDADE SUISSA RUA DE S. 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A industria do cortume no Brasil — Dr. Hannibal Porto .... 263 Em prol do algodão — José F Brandão Cavalcante 267 A venda de reproductores norte-amer. nos paizes do sul do contin. 271 Palestra agrícola — Dr. Ricardo Pinto de Mello 271 O commercio exterior do Brazil 278 Viagem ás índias, a cultura da juta — Dr. Rodrigues Caldas . ■ 280 Meios preventivos naturaes contra as moléstias do cacaoeiro no Estado da Bahia Dr. /. de Araújo Góes 283 A importação de café na America do Norte 286 Noções geraes de piscicultura 286 A lucta contra o ophidismo e a propaganda dos formicidas no Brazil — Dr. Paschoal de Moraes 293 Lepidopteros serigenos do Brazil — Prof. Benedlcto Raynundo 295 Industria pastoril e culturas recommendadas — Prof T. R. Day- 301 Vinte e dois annos debaixo d'agua 303 Esterco de curral 304 Movimento da Secretaria da Sociedade Nacional de Agricultura 306 Sm Á^ ^m. HIME & eia. M OTOCU LTORES S O M IJ A (Soeíété d'Outíllage Mécaníque et d^Usinage d'Ârtillerie) FILIAL DE SCHrvEIlOEIR & Cie. Apparelhos de um typo inteiramente novo destinados a revolucionar a agricultura Typo "A" para grande cultura: 35 HP. '•gw^J-*- 'v>feoi.'V.'-^-:^í^^'-<»''itoi^' -^y-^itS Typo "C para a pequena lavoura: 5 HP Estes apparelhos foram experimentados com o maior successo no campo de expe- riências da Sociedade Nacional de Agricultura, na presença dos representantes do Exmo. Snr. Ministro de Agricultura. HIME & eia. ' Rio de Janeiro Únicos representantes para todo o Brasil A LAVOURA Boletim da Sociedade Nacional de agricultura ANNO XXIV Rio de Janeiro — Brazil WEi» K* «ry N'.' 7 A industria do cortiune no Bnizil Ao é demais insistir na vaIori-^ sacão da producção biazileira pela modificação dos processos rotineiros, ainda usados na pre- paração de muitos dos nossos produ- ctos exportáveis, cuja qualidade é pro- clamada por toda a parte, mas não al- cança a preferencia e os altos preços das matérias primas similares estrangei- ras, consideradas de primeira classe, por- que não preponderam no seu preparo os elementos que para isso concorrem pode- rosamente. Quando esses agentes não in- fluissem, ha a considerar o modo con- demnado de tratar taes matérias primas', sem razão que justifique a persistência no erro, já agora largamente conhecido pelas muitas advert2ncias feitas aos in- teressados. Estão precisamente neste caso os couros, que não só são exportados em larga escala em estado secco e verde, como curtidos em forma de solas, va- quetas e chromo (processo chimico assim denominado), etc. Para ter-se uma ideia da importância dessa exportação basta saber-se que em 1919 ella attingiu a 53.854 toneladas, tendo sido de 31.343 em 1917, e 42.281 cm 1918, no valor de 58.286:000$, 68.807 :000S e 94.236:000$ respectiva- : mente. p: Mas não é tudo. Grandes quantidades _de couros foram invertidas na industria := excepção, póde-se dizer que os por ISSO a differença favorável que o ^1^^.^^^ ' ^^ ^g^q tiveram augmento movimento commercial apresenta nao c ^ receberam grande impulso, cahiram em sufficiente para attender a todas as neces- ^^^o e os que registraram baixa no sidades da balança económica e deixar '^^^ ^s^ão em alta no corrente. sobras comiDensadoras. ' No primeiro semestre do corrente anno, A baixa de alguns productos como o ^ exportação attingiu em quantidade a café, a borracha, etc, poderá influir para ggg ^^^ toneladas contra, no mesmo pe- a queda do valor da exportação, preju- ^-^^^ 955.915 em 1919, 883.733 em 1918, dicando o saldo que na qualidade de 959402 gm 1917 e 845.985 em 1916. naiz devedor ainda carecemos no con- , , unto do commercio exterior. O valor em moeda nacional accusa. ' entretanto, uma pequena differença para No primeiro semestre do corrente anno, menos como se verifica no seguinte con- diminuiu em relação a igual periodo de fronto- 1919 a exportação da banha, carne em ' 514 874:0005000 conserva, couros, sebo, borracha, cacao, '^'" =9801'^ • 000 SOOO café, cera de carnaúba farinha de man- ^j 5O-V20Í í OOOSOOO dioca, feijao, fumo, milho e augmentou a y« 1085216:0008000 das carnes congeladas, la, pelles, xarque, ^^^ 955823 : 0008000 manganez, algodão em rama, arroz, assu- '^^" • , car, fructas de mesa, fructos para óleo, A conversão em libras esterlinas da, herva-matte, madeiras e óleos. entretanto, maior valor para o anno cor- A LAVOURA 279 — rente, em virtude da differença de cam- biobio no período analvsado: 1916 .......' 25.060000 libras 1917 30.568 000 » 1918 27.608 000 » 1919 61.128 000 » 1920 66.677.000 » As oscillações que vão soffrendo as taxas cambiaes, se não verificarem mo- dificação até ao fim do anno, alterarão por certo a proporção de 1920. A importação vem augmentando. Nos seis primeiros mezes recebemos este anno do extrangeiro 1.501.096 toneladas de mercadorias contra 1.402.002 em 1919, 821.417 em 1918, 1.006.071 em 1Q17 e 1.335.662 em 1916. O valor correspondente accusa o mes- mo movimento ascendente, como se vê no confronto abaixo: Papel Em libras 1916 1917 1918 1919 1920 18.100.000 19.759 000 23.055 000 32 747 000 51 021 000 370 197:000$ 383 806:000$ 418 050:000$ 674 987 : 000$ 719.133:000$ Assim, a differença na balança mer- cantil, embora seja das mais auspiciosas, não é tão favorável como a de 1919, pela mesma época. De facto, nos seis primeiros mezes, o saldo entre a expor- tação e a importação foi em 1916 de 144.677:000$, em 1917 de 214.266:000$. em 1918 de 86.151:000$, em 1919 de 410.229:000$ e em 1920 de 236.690:000$. Convertida em libras esterlinas, essa differença foi de 6.960.000 em 1916, 10.809.000 em 1917, 4.513 000 em 1918, 23.381.000 em 1919 e 15.656.000 em 1920. A importação de espécies metallicas e notas de banco, extrangeiras, foi a maior dos últimos tempos; avaliada em 2.518:000$ em 1920, contra 164:000$ em 1919, 93:000$ em 1918 e 98:000$ «m 1917. A exportação foi de 329.000$, contra zero no anno passado, 10:000$ em 1918, 673:000$, em 1917 e 1:459:000$ em 1916. Devido a baixa de muitos productos, principalmente do café, a média do valor da tonelada de exportação baixou a 956$, tendo sido de 1 :090$ em 1919, mas fican- do muito acima de 1918 (570$), de 1917 (623$) e de 1916 (60955000). O valor mé- dio por tonelada na importação também desceu, pois foi no primeiro semestre do anno de 412$, contra, no mesmo pe- riodo, 480$ em 1919, 508$ em 1918, 881$ em 1917 e 277$ em 1916. Se o café pudesse ter sido sustentado, o movimento do nosso commercio de exportação já apresentaria outros algaris- mos e a situação geral do paiz seria melhor. As remessas de café, porém, cahiram. Tendo sido de 7.425.000 saccas no pri- meiro semestre do anno passado, foi de 5.434.000 em igual período do corrente anno, tendo sido, nos mesmos mezes, de 4.486.000 em 1918, de 5.157 000 em 1917 e de 5.924.000 em 1916. O valor em papel e em libras desse movimento foi o que damos abaixo: 1916 . . . 253 898:000$ 12 344 000 1917 . . . 233.770:000$ 11840000 1918 ... 121 956:000$ 9394000 1919 . . . 650 921:000$ 37 183 000 1920 . . . 462.968:000$ 32.381.000 Durante a guerra, o café perdeu a sua supremacia excepcional no nosso commercio exterior, passando a ter me- nos de 50 o/o do total do valor da ex- portação, baixando mesmo a sua pro- porção a trinta e poucos por cento em 1918. Mas em 1919, o café reoccupou a sua posição e o seu valor foi mais de 60 o/o do total da exportação. No primeiro semestre do corrente anno, a percentagem do café no conjuncto da nossa exportação já não attigiu 48 c/o. Se a crise pudesse ser conjurada a tempo, o café teria readquirido a sua posição, e então o movimento total da exportação ultrapassaria todos os conhe- cidos, batendo novo (récord». Pelos dados da Estatística Commercial, o valor médio por sacca exportada foi de 43$ em 1916, de 45$ em 1917, de 38$ em 1918, de 89$ em 1919 e de 85$ em 1920. A borracha, que foi até pouco tempo o nosso segundo artigo de exportação, ficou, no quadro dos valores do movi- mento do primeiro semestre deste anno. muito abaixo de outros productos. Assim, a exportação do algodão em rama ren- deu 69.224 contos, a do arroz 51.770, a do assucar 49.500, a das carnes conge- ladas 44.711; e assim a borracha vem em quinto logar com 36.958 contos. Logo depois vêm os couros com 36.235 contos e as pelles com 85.088 contos. (Do /Jornal do Commercio», ed. mal). — 280 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA Viagem ás índias A CULTURA DA JUTA Eni resumo: ii sua cultura tem merecido melhor tratamento c dahi maior rendimento. E' assim que Warden avaliava a media de producção de 1 acre de terra em 400 a 700 libras, porém, Watt, mais modernamente em um de seus relatórios ao Departamento de Ayri- cultura da índia, calcula-a em 12-15 libras, acei- tando, para a imedia da colheita, 14 ou 15 ma- unds de 83 libras cada um e citando experiên- cias ina fazenda de Saidopit, em Madrasta, onde a producção, não obstante ser metade da obti- da em Bengala, alcançou a cifra de 3 e 4 mil libras. Pode-se objectar que este resultado pro\em de experiências em terrenos do Governo, gene- rosamente adubados e tratados. Mais tarde, Fremery, calculando 300 a :!50 mjl caules de juta por acre e 1 libra de fibra por cento de caules, achou 3000 libras de pro- ducção media para caules de 2m70 de altura e de 4 a 6000 libras para caules de 3 e 3m50. Não é exaggerado o limite minimo de 700 a 800 libras (Q a 10 maunds) para os bons, po- dendo-se acreditar nas altas estimativas de 4 a 6.000 libras para as melhores terras, quan- do as colheitas forem óptimas. Para a mediu actual c portanto acceiiavel a base de 18 maunds ou I 500 a 1.600 libras, de accordo com a producção dos 4 últimos annos, que tem regulado 10 milhões de fardos de 100 libras cada um. Infelizmente já não é tão fácil calcular-se a media do custo de producção porqulí a esse res- peito, as informações não são de molde a se prestarem a conclusões positivas sobre os pre- ços do trabalho rural, factor este indispensá- vel ao calculo. A despeza de uma colheita depende da som- ma de trabalho empregado e do preço desse trabalho, isto é, dos salários. Ora, esse trabalho é. muito variável segundo as localidades e os processos adoptados pelo agricultor, de conformidade com seus recursos e instrucção, variando também o numero de" lavras e carpas, a quantidade e 'preços dos adubos, a ínecessidade de irrigação, etc. De outro lado os salários não são os mes- mos nas circumvisinhanças das cidades nos di- versos lugares do Interior, Accresce que mais ordinariamente, são os pró- prios donos dos terrenos que se occupam das culturas e nunca sabem informar cousa algu- ma sobre o icusteio, pois, cm geral são hindus quasi analphabetos. A tnão de obra na Índia, não obstante ter en- carecido nos últimos três annos, é ainda muito baixa. O salário de um trabalhador de roça, fazendo os serviços da terra e mais os da colheita, curti- mentos sécca da fibra, é aig^ora dtí 4 a 6 annos ou $360 a .^540 da nossa moeda ao cambio actua] e seria de S250 e >:370 a cambio ao par. Também esse trabalhador, fugindo dos gran- des calores da índia, só trabalha 6 horas, das () ás 12 da manhã. Os salários anteríor^es á alta dtos preços eram de facto de SISO a ■'#3'00 e ás vezes fmenos. Nessa época, o custeio da cultura de 1 acre de terreno era de 25 a 35 rupias e a despeza com os trabalhos necessários ao preparo da fibra de' 5 a 10 rupias, ao todo 30 a 45 rupias para uma producção média de 14 a 15 munds por acre. O custo médio da producção, era então de 2 a 3 rupias por maund. que se vendia a 3 e 4 rupias ou mais, conforme a qualidade. Hoje esse custo pôde ser augmentado no mini- mo duas vezes, pois que não só cresceram os salários como o ágio da rupia. Não ha engano em calcuhir entr(í 5 e õ rupi-is ou sejam 7-'?000 a rs. S>;400, ao cambio actual que »lli á rupia o valor de l.'?400 da .nossa moeda. Df) exposto calcule-se: — l.o Que a juta pôde ser plantada em scJlos d£ diversas naturezas, sendo, parem, mais apro- priados r productivos os ricos de húmus, em cuja composição entrem ari^illa e areia em et r- tns proptirções. — 2.0 Que a producção vari/i em pvso, e 'fpia- lidade conforme a nafitrcia do terreno, o tra- to da cultura e a regularidade da estação; — 3." Que na índia pôde-se acceitar para a media de producção por acre, a cifra de 1.500 a 1 .600 libras de fibra ou 18 maunds c para o custeio médio de cada nínunkt o de 5 a O ru- fias ou 7^000 a 8ft-J0(J. Cada maund tendo 37 ks., e 600 grs. i> custo de 1 kilo de fibra é de S200 a s230 A LAVOURA 281 CLIMA Para qualquer cultura, o clima é um elemen- to d'e importância tal que Laether, como al- guns outros agrónomos, pensa serem as condi- ções gíograpliicas e climatéricas mais \aliosas que a pomposição do solo. J. Watt, estabeleceu esta breve regra: imi clima quente, húmido, não demasiadamente chu- voso, lespecialmente no começo da estação, é o mais vantajoso, á cultura da juta. Como 'elemento de clima, a temperatura e as chuvas tem uma influencia decisiva para o des- envolvimento da juta. A Índia, situada, de um e outro lado, no Trópico de Câncer, entre 8' e 35" de Lat. Norte, apresenta enormes differenças de altitude desde o hivel do mar até os pimos do Hymalaia, — Iqiie significa as mil montanhas — , as mais altas do mundo. Possue portanto todos os climas. Partindo no mez de Outubro de Calcutta, com uma temperatura que mantinha-se, desde Setembro, entre 30" e 35° C, encontrei em Darjecling um frio de 14° ou 15" C. e .ainda o Everest e o Kintchinginga e outros vértices mais elevados da Cordilheira do Hymalaia, es- tavam cobertos de gelo. Mas, fora das Montanhas, o clima da Índia é um dos mais quentes do mundo, principalmente na ^planície ide Bengala e ;do Assam onde se acham as terras de juta, cuja altitude, nas marg-ens do Hoogly é de 2 a 3 metros, alcançando 6 em Calcutta e subindo a 30 e 40 metros nas do Brahmaputra, no .\ssam. Nestas regiões as temperaturas medias da es- tação em que se planta a juta, que é o verão, comprehendido entre os mezes de Março ou Abril a Outubro, regulam entre 30 e 35" (86 a Q5 F.) ascedendo a máximas mais fortes nos mezes de Julho e Agosto, exactamente quaniio a planta está rem pleno crescimento. Cumpre notar, além disso, que as variações nychtymericas são pequenas porquanto uma das características do clima da planície Indiana em que se cultiva a juta, é a constância de uma temperatura elevada durante todo o verão. .^hi a differença entre a mqis baixa temp?- ratura dos mezes frios e a mais alta dos ni>j* zes mais quentes, é apenas de 11". Pelo dia afora o calor é continuo e exces- sivo; nos di;4s mais quentes o .íhermometro, pela manhã marca, 28" C. ou mais, e á medi- da quje o dia cresce, vae subindo até acima de 35", mantendo-se alto até á noite, para voltar então aos 28" e 2Q" de tninima pela madru- gada. Differenças insignificantes entre a temperatura do Idia e da noite, de 3, 4 ou 6", denunciam uma estabilidade thermometrica notável, talvez bastante idêntica, á Uo Extremo Norte do Brasil. São frequentes na Índia as máximas entre 35 e 38", na estação estival e nesses períodos a ten- são do vapor d'agua, sendo muito elevada, o calor torna-se insupportavel e a respiração dif- ficil. O extrangeiro, não habituado ao clima, sen- te-se opresso o abatido. Ao mesmo tempo sendo ess.i a época das chuvas, a humanidade é muito considerável. A evaporação das aguas pluviaes e das gran- des massas d'agua dos seus formidáveis rios, mantém no ambiente, um alto grau de humidade permanente revelada pelos 85 a 95" de média, da columna hygrometrica, que frequentes ve- zes \ae aos 97 e 98>, ■indicadores de uma quasi saturação atmospherica. Com a entrada do verão começam as chuvas, e is ua queda é um phenomeno de importância capital rpirn a vida da planta. Tão granda é lella que, em todos os relatórios dos funccionarios inglezes (Deputy Commissio- ners) do Departamento de Agricultura das ín- dias, que inspeccionam as culturas de juta, le- vantando estatísticas e estimativas previas das colheitas, encontra-se tabeliãs as mais minuciosas, como são as transcriptas no fim deste capi- tulo. No Assam o phniometro attinge a cifra de 12 metros, qut é a mais alta do mundo. Preparando as terras nos últimos mezes do anno, o Hindu espera sempre as primeiras chu- vas estivaes para semear a juta. Si ellas retardam ou escasseiam, as sementes não nascem, ou nascem' mal e a planta soffre cm seu desenvolvimento. Recorrem então a irrigação si é ipossivel, mas, em geral, são bem conhecidas as funes- tas consequências da falta das chuvas nos annos seccos em que só por excepção conseguem co- lheitas soffri\eis. Com pouca chuva o prejuízo é certo; sem chuva o idesastre é fatal. A seccura e o íriío são inimigos da planta. Chuvas excessivas, particularmente no inicio da estação, por occasião da semeadura ou quan- do muito novas as plantas, também prejudicam as culturas. Si, porém, ellas tem attingido uma certa altura (40 a 50 cents.) a muita chu\a não é nociva ao seu sadio crescimento. Mas, quando são demasiadamente abundantes as aguas pluviaes e ficam empoçadas no solo, apparecem brotos e raizas superficiaes que pre- judicam a qualidade da fibra. A jiuta precisa para o seu noruMl e completo desenvolvimento — de calor e humidade — e quando o solo não possue humidade natural sufficiente, são indispensáveis aguas de chuvas ou de irrigação. Ha, porém, um limite em relação á humidade que Va planta pode supportar; a experiência tem demonstrado que muita chuva no começo da estação e inundações prematuras são igual- mente destruidoras da planta. Na Iindia os anno* de secca são annos de fome que Victimam milhões de vidas e por isso a chuva' é para os seus habitantes um don pre- 282 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA cioso do céo, implorando aos Deuses com gran- de solemnidade em procissões publicas. Assim, pois, o clima das índias, na parte eni qíjfe! è cultivada a ^uta é quente e liumido corn alternativas de sol e chuva, como convém ao seu desenvolvimento. Todas essas cxansiderações podem ser applica- das ás terras do Assam cultivadas de juta, que são a continuação das terras da planície de Bengala, e a ellas semelhantes, somente pouco mais elevadas' e de clima não tão quente, con- forme observei nos districtos do Goalpara, Llu- bri, Sylhet e Gologange. Do trabalho datado de IS de Julho do corrente anno, do Sr. Mac. Svviney, Director das terras de Agricultura do Assam, e que intervistei era Shil- long, extraiu os seguintes dados relativos a cifras pluviometricas de um mesmo semestre, no curso de 3 annos. Esse semfcstre é o primei- ro do anno, durantie o qual a juta é semeada, tratatta e começa a amadurecer quando plantada cedo, quer dizer no periodo em que mais ne- cessidade tem das aguas da chuva. Chuvas de Fevereiro a junho nos annos de 1916-1917-1918 Fevereiro 916 917 918 MarcjO 916 917 918 Abril 916 917 918 Cachar 1«65 "51 «66 9025 -66 I3°13 12»4I 16»78 12»52 Svlhet l»43 «45 "38 7"12 074 10«60 14 '27 10-80 I0^41 Goalpara 1»91 "69 »04 1»82 l«01 "72 8081 I»93 7''0I Kamrup 2»I5 »Õ7 •39 2''64 1«11 2«30 7»89 3«73 4«13 Darrang 2»04 1«37 "43 2''77 •81 4''04 7°29 3»42 3o Nowgong 1«99 1014 "41 I°66 1^04 3»82 "79 3o26 3"70 Sibs.igar 2«63 2O50 I"64 6''03 2" 12 6»60 8'95 S-Ol 5»37 lakhimpur 2»30 2'23 1''58 5»68 2«60 6^38 9 44 10»58 5?01 GaroHill 1''52 ^30 «02 «25 1«06 "92 9'89 1«25 6»70 Maio 916 917 918 Junho 916 917 918 Total 5 mezes 916 917 918 Cachar 11022 6»85 15''72 11077 22068 24054 46O30 47^48 66057 Sylhet 11 "Só 9*56 ,7077 13» 25049 2605O 47047 47004 65"66 Goalpara 17059 e-ii 10«38 22038 30091 27072 52061 40065 45087 Kamrup 11 004 6»20 7 '40 9066 19"3n 18085 33038 30091 330 16 Darrang 11 "78 5»54 1!»48 13"22 19»56 20O66 37010 40070 3906I Nowgong 4»45 3»94 6?36 Il»73 17042 I4068 24062 26O80 28097 Sibsagar 7»97 6"86 8='62 11041 18 70 15028 36099 38019 37-51 lakhimpur 15=04 12-92 l()<'98 15079 2Õ063 21 01 4 48025 53096 45009 Garo Hill 6»07 12-88 12»09 23013 15015 32018 33086 30O64 51091 Resumindo-se : — a juta requer clima quente, húmido e chuvoso. (Continua) Dr. Rodrigues Caldas. Irmãos Castro — Vendem reproductores das raças Caracii e Hoilandeza, a preços razoáveis. Para mais informações e pedidos com o Snr. Roberto Dias Ferreira Rua 1? de Março n. 15 — Rio de Janeiro. A LAVOURA 283 Meios preventivos naturaes contra as moléstias do cacaoeiro no Estado da Bahia Resumo da conferencia rea- lizcula em 22 de Julho 'de 1919, TM Sociedade Nacional de Agri- cultura, pelo Dr. ] . de Araújo Góes. Revisto pelo conferen- cista. A resistência orgânica individual é o melhor preventivo natural cjue tenho en- contrado nas minhas experiencais sobre a cultura do cacaoeiro. Não raro vêem-sc plantações desoladas pelo «cjueima» ou atacadas pelo «fungo» apresentando, appa- rentemente, inexplicáveis phenomenos de resistência de uma «ponta» de cacaoeiros que viceja a despeito do mal que a cir- cumda. Porque são boas as suas condi- ções de luz, de ar, de humidade, de calor e de electricidade, e a moléstia foi ven- cida pelo cacaoeiro. Bem é, concomitante- mente, a resistência do meio, que a pra- tica do sombreamento desenvolve, pondo o cacaoeiro ao abrigo dos seus invasores, rodeando-o de uma atmosphera que não lhes é jaropicia ou cercando-o de prote- ctores, como no caso da caçarenia {yi), já estudado por mim em 191 4, como admi- rável instrumento de pollinização das flo- res do cacaoeiro. Não se tratando de ver- tentes, de margens de algum curso d'agua em terrenos de alluvião, ou de alguma situação privilegiada que com menor ou nenhum trabalho do lavrador apresente condições naturaes de defeza da cultura do cacaoeiro, é pelo sombreamento cjue chegamos a regular lO gráo de todos esses agentes essenciaes aos meios de que elle carece para resistir á mór parte dos repe- tidos choques dos seus múltiplos adver- sários, no turbilhão da vida protegida pelo clima especiaiissimo do Estado da Bahia, ajudado pela fertilidade do seu solo. Vi- verá mais o mais forte e o melhor am- parado. E' o que o sombreamento cem demonstrado praticamente na lavoura do cacaoeiro, dando-lhe maior resistência, e preparando, na harmonia da vegetação, os seus interesses, cuidados pelo lavrador, para suppressão das discórdias, se ellas existem. (X) — Formiga semelhante á ciiyabaiia. Sombreamento A sombra deve ser alta e rala, como commumente se pratica na cultura do cacaoeiro. Do que, porém, se não tem cogitado é da sua distribuição uniforme, do maior abaixamento de temperatura que ella possa produzir durante o dia, nas horas de calor, e da conservação deste dilrante a noite. Não se vê, conveniente- mente, que o emprego do sombreamento, permittindo a passagem da luz necessária e regulando a circulação de ar no cacáoal, evita os effeitos das tempestades, resis- tindo aos embates dos ventos impetuosos que em certas épocas do anno clominam a costa, até algumas léguas para o in- terior. E' preciso oomprehender que a humidade benéfica do solo (a humidade benéfica j deve ser preservada de rápida evaporação pelos raios directos do sol, mesmo sobre a copa dos cacaoeiros, que estão relativamente próximos da super- fície. O sombreamento, comio para o calor, a humidade, e o ar, é para as correntes eléctricas do solo o regulador, o equi- librioj, a estabilidade das condições de vida do cacaoeiro. Quantoi á luZj, a sombra ape- nas ■ lhe modifica a intensidade. A som- breira deve ser tal que, possuindo pro- priedades hydrophilas e produzindo^ á noite forte abaixamento' de temperatura nas suas folhas, procure restituir ao solo, pela condensação dos vapores suspensos no ar^ a agua durante o dia consumida. O equilíbrio- )da humidadle Ipelo sombreamento está ligado ao equilíbrio do calor, que a moderada circulação do ar favorece. A' noite o sombreado é mais quente que o descampado, como nos dias de temporal ; ao contrario do que succede, cjuando o sol é ardente : o descampado escalda e a sombra amenisa. Dahi não ser difficil situar e escolher em S. Paulo e em outros Estados até então quasi alheios á cul- tura do cacaoeiro terrenos que a ella se prestem. E' a cultura por excellencia das regiões tropicaes, que não demanda gran- des esforços e que pôde dar um máximo de producção e de lucros acima de todos os outros. As arvores de sombra devem ser plantadas em quinconcio, emquanto — 284 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA que os cacaoeiros, para satisfação das condições da sua vida vegetativa, com;) arvore productora, segundo as minhas ob- servações, devem ser plantadas em linhas ou áleas afastadas umas das outras de 5,ni5o ou 25 palmoSj e separados uns dos outros de 9 palmos ou i,"i98 nas linhas. As sombreiras serão plantadas alternada- mente nas alamedas que se formarem en- tre as áleas e que constituirão nem só a reserva de terreno que as raizes super- ficiaes irão buscar com o andar dos annos e maior desenvolvimentot dos cacaoeiros como, em dadas condições de nitrifica- ção e cuidados, a nitreira natural para os detritos resultantes da queda das folhas, da poda, das cascas dos fructos sãos e outros, mais tarde removidos para as li- nhas da plantação. Afasto-me, portanto, da pratica e do conselho geralmente se- guidos, porque a distribuição uniforme na plantação do cacaoeiro origina vários in- convenientes jia funcção cloi sombreamento, pedindo-se á copa dos cacaoeiros unidos o que unicamente ao solo se deve pedir da sua provisão de matérias assimiláveis accumuladas pela transformação e pela renovação continuadas que elle opera, se não está privado do ar, da luz e do calor sufficientes á sua elaboração. .'V-V ^^:^. íV Cacaoeiro cultivado e podado racionalmente. Esta minha observação, além de tud-), é accorde com a disposição das linhas de plantio dirigidas no sentido norte-sul, favorecendo o banho de luz por egual, e recebendo cada cacaoeiro a luz 8,0 poente. Como a "luz doi nascente, e a do poente uma luz proveitosa. Além da pro- visão de calor que ella procura manter sob as arvores com o declínio do sol, approximando-se a noite, dá uma certa inclinação á arvore e uma tal robustez que a faz dobrar de fructos. E' uma ob- servação que merece ser bem conside- rada. Devo advertir em tempo que o afas- tamento dos cacaoeiros acima reconvmen- ilado soffrerá modificações, segundo os terrenos e as variedades culti\adas. Uma cousa, porém, deve mover o la\rador de cacáo das nossas mattas, ambicioso da quantidade, em favor desta disposição : ella comporta por tarefa (4356, "i-oo) de terreno o mesmo- numero de pés de ca- caoeiros que a disposição alli mais ado- ptada, de 15 em 15 palmos, em cjuadro, se não comportar mais. Certo, a poda racional, de que jne tenho algumas vezes occupado largamente, completará a obra de defeza e de producção ; mas o que deve ficar também entendido é que o s.i>m- breamjnto. regulando as condições de \ida A LAVOURA 285 — do cacaoeiro, regula egualmente a colheita média iannual. Uma roça convenientemente sombreada não dará surprezas aoi lavrador de cacáo, porque em regra mantem-se em média pouco alterável. Os senhores fazen- deiros de cacáo têm que aprender elles mesmos a podar, ao menos para fiscali- sação do serviço. Uma poida mal feita occasiona accidentes ás vezes irremediá- veis, e não raro nullifica todo o esforço dispendido na manutenção do equilíbrio de um cacáoal. Resta-me apontar a caja- zeira, a sombreira por mim preferida, para ter, superficialmente embora, feito com^- prehender como se procuram, "dentre os meios naturaes de que dispomos, os re- cursos necessários a preservar as tazendas de cacáoeiros dos males mais frequentes que as perseguem. Quem conhecer a cajá- zeira cultivada, quem a obser\ar d'agora em deante, se )a não o tem leito, ha de \-er que a mesma corresponde ás exigên- cias por mim salientadas anteriormente com relação á sombreira. Accusa-se a cajaztirci de perder as folhas em certa época do anno, mas não se diz que o cacaoeiro, que tem o mesmo habito, na mesma época reveste-se fortemente. De- mais, a transição é passageira e serve mais de estimulante que de inconveniente. A ca}azcir<> é pouco sujeita a parasitas, é uma arvore limpa. Devido ao compri- mento dos seus galhos e ao seu porte, pode-se com poucas arvores sombrear uma grande superfície, diminuindo assim os seus gastos com a sombreira. Conclusão Eis apontados lOs principaes meios pre- ventivos naturaes que se podem com pro- veito applicar contra as moléstias mais frequentes dos cacáoeiros entre nós. Exis- tem outros meios para revigorar a arvore e fortalecel-a na sua defeza contra os seus inconscientes inimigos. Ha o areja- mento do solo, pela penetração do ar nas camadas inferiores (de que o solo pedre- goso saturado de húmus o,u as valias in- termediarias das linhas de cultura são um bello exemplo); assim como o revesti- mento da superfície plantada com uma camada humifera, que retém a humidade conveniente nos terrenos silicosos e sec- cos ; e também os correctivos do solo, como a cal, que o estimula e o enriquece, e as cinzas, emfim os adubos chimicos, que não especifico, por constituirem um vasto capitulo, de que aqui me satisjaço apenas com o titulo. Todos esses meios, entretanto, dependem do sombreamento regular e das condições como elle estu- dadas. Tudo isso concorrerá para fortalecer a resistência orgânica 'da arvore do cacáo — o me'lhor preventivo natural até hoje encontrado — ou para formação de um meio impróprio a vida de certos ini- migos do cacaoeiro, como a falta de calor do ambiente, que parece impe'dir a germi- nação dos ovos de alguns insectos a me- nos de 240 c. á sombra. Não têm estas observações de minha experiência no as- sumpto senão o fim de despertar, da parte dos interessados, o desejo de melhor co- nhecimento do que mais convém, como defeza, á cultura do cacaoeiro. Eu não aprofundo, dou referencias ; eu não en- sino, lembro, ou o que já se sabe e não se quiz ainda applicar ou que não se sabe ainda e se deve procurar conhecer em lições de pratica, que são as que apro^ veitam ao lavrador. A importação de café na America do Norte Segundo os dados fornecidos n'uma conferencia feita no curso de commercio internacional e. de geographia commerical, creado pelo depar- tamento de ensino pratico do National City Bank de Nova Yorl<, os Estados Unidos con- somem cerca de 10 por cento da producção mundial de café, cuja míídia annual é de 2 bi- lhões e nieio de libras. O Valor da colheita mundial por anno, nos paizes à.i producçãa, é de 300 milhões de dollars e o valor importado noi Estados Unidos ultrapassa 100 niilhões de dollars. \ média do valor da importação tem sido, nos últimos cinco annos, de 113 milhões de dollar.; lí a do anno fiscal de 1Q17-1Q1S foi de 103 mi- Ihõts de dollars, um pouco abaixo do nor- mal. A quantidade importada nos Estados Unidos é de mais de um bilhão de libras. K sua média tem sido de 1.175 milhões de li- bras por anno no ultimo quinL|uennio. As ci- fras do anno fiscal de 1Q17-1Q1S (1.144 mi- lhões de libras) ficaram um pouco abaixo do normal. O consumo annual dos Estados Unidos é de cerca de 10 libras por pessoa. Tem, entretan- to, variado. Em 1Q13, foi um .pouco menos de 9 libras por cabeça e em 1917 um pouco mais de 12 libras. Tem constantemente au- "'mentado nos últimos cincoenta annos. Era de O libras por cabeça em 1870, de 8 libras, 80s. em 18S9, de 9 libras, 8s. em 1900, de 10 libras, — 286 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA 5s. em 1915 e attijigia o máximo em 1917 com 12 libras, 2s. «per capitai. Para 1918 os dados conhecidos indicam uma média de 1 1 libras. O valor declarado das importações de café nos Estados Unidos no anno fiscal de 1917- 1918 foi o sejTuinte : Brazil s . . . . , . . America Central . . . . . índias occidentaes hoP.andezas Dollars 60,889,000 16,433,000 739,000 Os Estados Unidos dependem quasi exclusiva- mente do estrangeiro para o seu supprimento de café. Só as suas colónias fornecem uma pequena quantidade, Porto Rico, Hawaii e as Philipinas. A quantidade de café enviado de Porto Rico aos Estados Unidos no anno fiscal de 1917- 1918 foi de 256.697 libras, representando um valor de 39.064 dollars, isto é, Uma média de 1 5 cent. por libra contra 9 cent. dos cafés de ou- tras procedências. O consumo americano de café de Porto Rico não representa, aliás, senão uma proporção pe- quena da producção da ilha, que em 1917-1918 enviou ao estrangeiro 40 milhões de libras, cuja maior parte foi remettida para a Hespanha li a Fi"ança, onde os cafés de Porto Rico foram sempre muito procurados. Das ilhas Hawaii, os Estados Unidos têm importado cerca de 2 milhões de libras de café, valendo 276.000 dollars, ou cerca de IS cent. a libra. Quanto á importação de café das Philipinas, é insignificante. Em 1916, entraram dessa pro- cedência 1.200 libras, valendo 205 dollars. Cj í.í* A..-^- Porca Duroc Jersey — Cria da Escola Agrícola de Lavras Premiado na 2 Exposição Nacional de Gado. Leitão de raça Duroc Jersey - Cia da Escola Agrícola de Lavras. Noções geraes de piscicultura Sendo a industria da pesca ainda em inicio de exploração no Brazil e relativamente pouco di- vulgadas entre nós as normas scientificas e fun- damentaes que governam a este ramo rendosis- simo da actividade agronómica, fácil é inferir que tudo o que se possa oolligir de generalizado e racional no mundo litterario agrícola, será sempre de alguma sorte subsidiário á amplia- ção dos estudos de piscicultura brazileira. Assim, pois, com esse intuito, resolvemos transladar para estas columnas, em conjuncto, os artigos seriadamenfe publicados no jornal agrí- cola portuguez — <'Oazeta das Aldeias». Abstracção feita de certas particularizações so- mente extensivas e possíveis ás condições meso- logicas de Portugal, tudo o mais que este tra- balho encerra são conhecimentos geraes e bá- sicos da arte piscola, portanto perfeitamente ap- plicaveis ao nosso meio e que só poderão accrescer ao cabedal agrícola dos nossos leitores. I Definição Do mesmo modo que dizemos Avicultura, a arte de criar as aves, Apicultura, a de criar as abelhas, também Piscicultura é o ternw cor- rente para designar a arte de criar e propagar os peixes, tanto em plena liberdade, como en- cerrados em tanques, lagos, reservatórios, pro- priamente piscinas, de onde não podem sair. E o vocábulo poderá ainda convir, com uma accepção mais ampla, á criação de outros ani- maes aquáticos que servem para a alimentação humana e podem ser objecto de lucrativa ex- ploração, taes como certos moluscos ou ma- riscos (ostras, mexilhões, etc. i e alguns crustá- ceos (lagostas, camarões, caranguejos, etc). Propagação natural dos peixes Os peixes, que entre os animaes vertebrados representam o typo de organização menos com- plicada, reproduzem-se pelos ovos, que, salvas algumas excepções, são expellidos pelas fêmeas sem previa fecundação e desprovidos de casca que preserve de evaporação as partes fluidas de que se compõem. Tal envoltório solido é desnecessário, em vir- tude do meio em- que habitualmente são de- postos esses ovos; tendo alem disso essa orga- nização outro fim muito importante, que é o A LAVOURA 287 — tornar o gérmen accessivel ao canta to da aura seminal que ha de pôr em actividade a vida do novo ser. Disto resulta que ordinariamente não ha oom- municação sexual entre as fêmeas e os machos, e que até certo ponto gosam de alguma inde- pendência os indivíduos de sexos differentes, se bem que, estimulados ambos na época de re- producção por sensações análogas, se vêm obri- gados a não se sepatiareraj, e a procurarem jun- tos os sitios mais ade;iuad|os a asseigurar o desen;- volvimento da prole. , Insdnctos que manifestam nesta operação; mu- dança de habitação e emigrações Esta necessidade dá origem, nos peixes, a instinctos notáveis que o piscicultor não deve perder de vista para opportunamefite os apro- veitar. Ha espécies que, vivendo ordinariamente em grandes profundidades, acodem ás margens para desovar quasi á superficie ; outras mudam de aguas, passando algumas do mar para os rios e destes para aquelie; outras procuram fundos pedregosos, arenosos ou lutulentos; algumas uma vegetação aquática frondosa: outras os reman- sos ou as correntes; e quasi todas uma dada temperatura, que só encontram em certas altu- ras e latitudes ou époeas do anno. Para encontrar estas condições precisam os peixes muitas vezes de mudar da sua residência ordinária, e dahi provêem muitas das pnncipaes causas que detenninam as viagens e emigrações pariodicas, que com tanta regularidade esses ani- maes realizam todos os annios a maiores ou me- nores distancias. Desova natural e fecundidade dos peixes Satisfeita a referida necessidade, as fêmeas, em cujos ovários se desenvolvem e amadure- cem os óvulos, dispõem'-se a desovar, favorecendo esta operação com leves fricções sobre os cor- pos sobre que vão depor a ovada. A fecundidade dos peixes varia muito, mas em geral é maior que em nenhum dos outros animaes vertebrados, e só comparável com a de alguns invertebrados. E muito vulgar que uma fêmea ponha cem e duzentos mil ovos, passando de nove milhões nos badejos e bacalhaus. Calculou-se que, se todos os ovos dos aren- ques chegassem a vivificar e a desenvoher-se a criação resultante, em nove annos ficaria re- pleta de peixes a immensidade do Oceano; Feliz — ou infelizmente, conforme o caso seja encarado — muitos são os accidentes que con- correm para impedir o bom êxito de tão pro-- digiosa fecundade, e longe de augmentar a pesca, ao menos pelo que respeita á Europa, é notável a sua diminuição, sobretudo nas aguas doces. Os ovos dos peixes, ou estão livres, soltos e separados uns dos outros, ou se vêm agglome- rados ou reunidos £ adheridos por meio de uma substancia albuminosa que os fixa aos corpos so- bre que foram depositados, oom precauções pre- liminares ou sem algum cuidado, pelo menos apparente. Fecundação natural Concluída a desova, os machos fecundam a ovada passando por cima delles e derramando o humor prolífico de que estão repletos. Esse hu- mor dilue-se na agua, e a auna seminal de que se impregna, banhando a superficie dos ovos, vivifica-os e determina a actividade vital que em outros animaes e até nos próprios peixes ovo- viviparos adquirem antes de sahir do corpo da mãe. Algumas espécies desenvolvem instinctos sur- prehendentes na sua reproducção, chegando a construir ninhos curiosíssimos para proteger a sua prole. E notável que sendo ordinariamente as fêmeas, em outros animaes, as que tomam! esses cuidados, nos peixes cabem estes aos machos. Incubação A incubação dos ovos destes animaes é espon- tânea, e ordinariamente são abandonados ás leis da natureza, que nem sempre os livra da multidão de inimigos que lhes diminuem o nu-i mero de modo assombroso. Além disso, as inundações, as seccas, os desaguamentos accidentaes que os deixam a des- coberto; a alteração das aguas por diversas cau- sas, taes como as macerações e corrupção de matérias orgânicas; as mudanças bruscas de tem- peratura e o desenvolvimento sobre elles de plantas cryptogamas são outras tantas causas que os alteram, destroem e corrompem, inuti- lizando-os. A incubação não dura o mesmo tempo em todas as espécies, e cumpre observar que na- quella em que é mais curta, estão os ovos na- turalmente menos expostos aos perigos indica- dos, succedendo o contrario com aquelles que têm mais prolongada incubação. - c|*r-'»'-— :: '1 í7-0"j V .lí>':fSA-'í 1 Esqueleto do desavadouro (á esquerda) e o mesmo coberto de plantas e munido dos pesos que hão de fixar á altura conveniente. Ha peixes cuja incubação não passa de uma ou duas semanas, outros necessitam vinte dias, e como vários sajmonideos prolonga-se até dois e trez mezes. A temperatura das aguas em que estão os ovos influe de modo directo nos progressos do desenvolvimento do embryão, pois é sabido que o frio apaga a actividade vital, emquanto que um calor moderado favorece o organismo nas suas funcções. Nascimento e primeiros períodos de vida Chegando a época do nascimento do peixe, este rompe as membranas do ovo com reitera^ — 288 BOLETIA\ DA SOCIEDADE NACIONAL DE AQRICLILTURA dos .movimentos, operaçãj que não lhe é diffi- cil executar em virtude da maceração que os referidos envo'torio; so freram desde que a sua vitalidade foi desappave endo. Regularmente a cabeça e a cauda costumam sair primeiro, fi- cando as membranas a envolver ainda a vesii cuia , umbilical qut- noutros casos sae primeiro. Desovadourn em fónna de escfidn. collncado num rconto. Quando os pequenos peixes se desembaraça- ram da bolsa membranosa que os encerrava, apparecem munidos de uma vesicula u:nbilical. cujo peso e volume em alsunas espécies os obriga a permanecer quie os no fundo das aguas, ao passo que em outras divagam desde logo de um para outro sitio; senJo comnum que per- maneçam no lugar do seu nascimento até que. reabsorvida a dita \esicu'a e es'.imulaílos pela fome, começam a attender á sua subsistência, buscando o alimento que mais lhes convém. Esta primeira exigência da vida é outra das coisas que desperta nos peixes o instincto da emigração, e e'la ro; explica a descida dos rio;; para o mar de umas espécies, como os salmões, e a; subida do mar para as aguas doces, cni outras espécies, como a enguia. II Dcsovadoiiro-í aríificiaes Os desovaL'ouros artifi;iaes podem variar em dimensões, forma e estructura. Os mais sim.- ples são os que se preparam com quatro paus, de 1 ou 2 metros de comprimento, atados pe- las extremidades e torneando um quadrado que- brado de espaço a espaço por travessas collo- cadas a distancia.^ iguaes. A este apparelho atam- se feixes de hervas, raminhos de urze ou de raizes fibrosas, etc, ele. formando todos um macisso não espesso oono se \'^ na fig. 1. Também podem construir-se desovadouros for- mando uma escala rústica com duas ripas del- gadas, a que se atam com vimes ou cordéis os degraus, fixando nestes os feixes ou molhinhos de urze, esparto, etc, como indica a fig- 2. Podem formar-se outros collocando em cestas de vime de uns 16 centímetros de fundo, fer- rões bem guarnecidos de hervas compridas ou de plantas aquáticas. Estas mesmas cestas podem enchcr-se de sei- .v:os ou areia grossa, para que nellas desovem os peixes que depõem os ovos sobre pedras do fundo dos ribeiros ou rios. Um anno antes da énoca da desova ou pos- tura, devem dispôr-se os desovadouros artifi- ciaes nos sitios convenientes, como são os mais frequentados pelo peixe, perto das margens; col- locam-se num declive sua\e, ou horizontalmente, mas sempre expostos ao sol, e com um lastro que os faça descer á profundidade necessária. Para os salmonideos 'lue se retêm em aguas desprovidas de leitos de desova, é necessário povoar estes artificialmen e, deitando, onde as correntes o permitiam, uma porção de seixos graúdos ou saibro mistu-aJo com areia grossa, formando espaços ou assentos de 3 ou 4 me- tros quadrados de superfície. -O.Oi' Tina de systeiiia Coste para incubarão de ovos de peixe. Incubação artificia' c a p parelhos precisos Seja qual fôr o meio de que lancemos mão para obter os ovos fecundados. li\ res ou adhe- rentes, é preciso preservai -os das causas que fazem .perder mais de dois terços, quando se deixam abandonados a si mesmos nas aguas. Para conseguir essa vantagem collocar-se-hão em apparclhos especiaes, cuja escolha não é in- diff crente. Devem proscrever-se aquelles em cuja construcçãos entrem maieriaes me.allicos em grande qua;itidade. O bom êxito que na incubação dos ovos de salmonideos se tem obtido no Collegio de França faz adoptar geralmente o que no referido Collegio se usa. Compõe-se este apparelho de uma ou mais ti- nas de barro vidra Jo ou de lousa, cuja forma é parai lelogrammica e de 50 centímetros de com- primento por 1 2 de largura e 6 de altura. Do lado e a 5 centimeíros distante de um dos ângulos deve ter um cano para escoamenfn da agua e nos lados internos e a meia altura uns apoios salientes para assentar sobre elles uma grade feita de varinhas de vidro .seguras num caixilho de chapa de chumbo. Essas varitas de vidro devem ficar separadas entre si por um espaço de 2 a 3 millimetros apenas. Segundo as necessidades, o appaiclho podo fi- car reduzido a uma única tina fig. 3i ■■n\ ser A LAVOURA 289 constifuido por varias tinas, disp>0'Stas em se- ries escalonadas (fig. 4i. Neste ultimo caso o cano lateral de escoa- mento deve ficar, numas á direita e noutras á esquerda, afim de que se estabeleça na agua uma corrente continua que converta o todo num ribeiro artificial. O apparelho simples compõe-se de um depo- sito de agua, de maior ou menor capacidade, com torneira de chave na parte inferior que deita para uma única tina, a qual por sua vez desagua para uma barrica ou para um' su- midouro que recolhe a agua. Maneira de dispni as tinas Coste em escadaria O apparelho .compostio tfig. 4i dispõe -se de vários modos; ou col locando as tinas numa es- cadaria dupla, triplice ou quadrupla, etc, mas parallelas umas ás outras, ou formando uma dupla e opposta escalinata. Em todos estes apparelhos a agua necessária pode fornecer-se de dois modos: ou directamente de uma fonte viva, e is 'o seria o melhor, ou então de uma fonte artificial abastecida por um deposito de maior ou menor capacidiade, o qual se enche do moio que mais convenha. Num estabelecimento de piscicultura deve dispôr-se de agua viva para todos os serviços: mas a sua falta não obsta a que façamos os ensaios que se quizer num laboratório ou na casa de um curioso, porque se supre muito bem com agua depositada e.n cubas ou grandes dor- nas, comtanto que essa agua proceda de ma- nanciaes puros, principalmente para os salmo- nideos. Até em casos de escassez pode aproveitar-se varias vezes a mesma agua, filtrando-a para a expurgar das immundiceis que no serviçD das tinas tenha podido aiuntar. Em qualquer caso, para abastecer o appa- relho, por complicado que elle seja, basta um fio de agua da grossura de um lápis usual. Os apparelhoã de incuba;ão artificial, consoante sejam mais ou menos complicados, poderão ser installados debaixo de mi coberto, ou num in- vernaculo ou estufa, conforme se trate de espé- cies que careçam de mais ou menos calor. Para as espécies indígenas, próprias da re- gião, não ha inconveniente em os pôr ao ar livre, no parque ou jardim, comtanto que fiquem' ao abrigo dos raios do sol. Em todo o casio é preciso ter em vista que a luz," o ar e uma temperatura adequada são indispensáveis para o bom êxito da incubação. Quando na casa não haja lugar a propósito para estabelecer o apparelho de incubação, ou se quer fazer esta em larga escala e com me- nos incommodo, pode escolher-se u.ti ribeiro ou regato natural, um açude ou um tanque que seja continuameníe abastecido de agua corrente, se se trata de criar peixes da familia dos sal- monideoi. Para esses casos servia-se o professor Goste de um apparelho semelhante ao que Jacobi em- pregava para a incubação nos rios. Consiste esse apparelho duma caixa de ma- deira, de 1 metro de comprimento por 50 cen- tímetros de largura c outro tanto de al:ura, cjm dois postigos em caJa extremidade e outros dois em cima, todos elles formados por um caixilho guarnecido no centro de rede metallica gal- vanizada (vêr a fig. 5). , A 15 centimeiros de altura, a contar do fundo, pregam -se umas réguas, sobre as quaes se apoiam depois as grades de vidro em que são espalhados os ovos, em vez de os collocar sobre a areia de que Jacobi cobria o fundo da sua caixa. O caixilho desta grade deverá ser de ma- deira, e como têm de colfocar-se vários, uns por cima dos outros, convém dar-lhes a altura necessária, afim "de que os ovos fiquem livres e a agua circule bem, para o que os caixilhos terão nas extremidades uma chanfradura larga. No fundo da caixa dispõem alguns piscicul- tores uma camada de areia fina e saibro, para servir de leito aos peixinhos que ao nascer cahem das grades. Para se segurar este apparelho cravam-se uns espeques no .fundo do açude, ribeiro, etc, ou fixa-se a um marco fluctuante, tendo o cui- dado de que, se a corrente fôr muito forte, apenas um angulo fique exposto ar encontro dessa corrente, e, se fôr moderada, uma das cabeceiras. <;^^ Caixa de incubação para funccionar em aguas correntes. Este apparelho, qu2 serve para funccionar em aguas correntes ou estancadas e tanto para os ovos livres comio para os adherentes, é, apesar das suas reluzidas dimensões, suftíciente para uma exp'o a.ão ba5'an e considerável. — 290 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA Têm, porém, essas caixas o grave inconve- niente de inchar a madeira, pela imTnersão, e difficultar o serviço. Emfimj á' mingua dessas caixas, podem col- locar-se os ovos dos salmonideos na areia fina dos regatos naturaes pouoo caudalosos e não muito profundos, de corrente suave, e cujas aguas não sejam demasiado quentes nem de- masiado frias. A temperatura mais conveniente para a cul- tura destes peixes em qualquer condição que se realize,, éatíeóalO graus. Pin(;a para separar os ovos mortos dos peixes. III Cuidado que d^eve haver com os ovos durante o seu desenvolvimento Onde quer que se realize a incubação, não devem os ovos ser deixadios ao abandono, sob pena de os perder irremediavelmente. Devem manter-se limpos dos sedimentos que as aguas pouco claras abundantemente depositam sobre clles, e livral-os de todos os animaiculos aquá- ticos que os alteram picando-^os ou roendo-os. Tampouco se devem deixar estar amontoados, e pelo menos uma vez de dois em dois dias é necessário examinai -os, e apartar com uma pinça cca larga, da capa- cidade de 2 lou 3 litros, e tendo o cuidado de lenovar cautelosamente a agua de duas ou de três em três horas, ou pelo menos arejai -a, usando para isso de uma pipeta, igual ou se- melhante ás que indicamos no artigo prece- dente. Estes frascos, cujo transporte se faz commoda- mente collocandoios nos \ãos de um cesto de vime dividido em vários compartimentos, podem conter cerca de 5.000 ou 6 000 peixinhos sal- monideos JMoJeln de abrigo para peixinhos miúdos. Para os peixes cHe 3 e 6 centímetros são esses frascos insufficientes e por isso o transporte deve fazer-se em pequenos barris com abertura larga praticada no costado. Mas antes é necessário submetter os barris a uma larga maceração, para libertar a ma- deira de todas as impurezas que contenha; e ao pol-os em uso, encherse-hão de agua só até dois terços da sua capacidade, tendo-se o cuidado de que a agua se.a limpa, de baixa temperatura, e renovando-a quando seja possível durante a viagem, e are ando-a de quando em quando com uma bomba de corrente contínua. Por este meio podem transportar-se lanbe.ii peixes de grande tamanho. Outro typo de aDri(;o para peixinhos Da enguia, uma das espécies mais apreciadas, ainda não foi possível obter ovos pelos meios naturaes nem artífíciaes, sendo necessário co- lher a criação nas marés de Abril c Maio, quando sobe pelas eaiboccaduras dos rios no estado de alevinOi(li (1) Peixinho miúdo, recemnascido. O vocábulo não está autorizado em diccionarios poriuguezes. Os francezes escrevem com apielle significado, aleviíi. Os hespanhoes acceitaram o termo, e escrevem alevino. (Valdez), que muito prova- velmente \em do velho francez alever, criar (Qrimblot). A falta de um vocábulo portu- guez equivalente, cremos poder usar do alevino. Em tal caso podem transportar-se e:ii cestos de vime com ta-npa, c cujo tecido apertado e espesso não permitia que fujam. Para maor segurança pode forrar-se interna- mente o cesto com panno; dispondo camadas de palha inteira ou hervas aquáticas alternada- mente com outras destes peixinhos, é facílimo Icval-os para grandes distancias com perdas pouco consideráveis. (Continua) A LAVOURA 293 — A lucta contra o ophidismo e a ])ropag'aii(la do& formicidas uo Brazil A lucta contra o ophidismo e a cura especifica da mordedura das serpentes no nosso paiz — a grande obra humanitária do eminente Dr. Vital Brazil — aqui mesmo, a dois passos do Rio de Janeiro, é quasi desconhecida. Ha tempos, um agricultor, pae de nu- merosa prole em Itacurussá, foi victima da mordedura de uma serpente, por pri- vação absoluta do especifico naquella localidade e quando se lembraram de recorrer a uma Pharmacia em Campo Grande solicitando um remédio, á volta deste, já a pobre victima tinha cessado de viver. E isso em Itacurussá, muito perlo da nossa Capital, ainda se registram óbi- tos por mordeduras de cobra, como se o Brazil não possuísse os específicos e não conhecesse a benemérita obra do Dr. Brazil — esse abnegado scientista, que permuta até em troca de uma ser- pente esses específicos que fazem tão grande honra ao nosso paiz no extran- geiro. Os effeitos desgraçados do tributo ter- rível da mordedura de cobras, são aqui pouco conhecidos e não impressionam a opinião publica, porque, de um lado, não possuímos estatísticas e, por outro lado, esses effeitos se exercem quasi ex- clusivamente sobre obscuros e humildes trabalhadores do campo. Mas, se nós considerarmos os únicos dados estatísticos que possuímos e aquel- les de São Paulo e fazendo-se uma base para avaliar approximadamente o que se passa em todo o Brazil, nós chegaremos ao resultado seguinte : Numero provável de mortes, 4.800 Numero provável de accidentes, 19.200 Consideremos que o maior numero de victimas é constituído por indivíduos vi- gorosos em plena actividade. Se dermos o valor minimo de 5 contos pela vida de cada individuo (isso para basearmos o calculo), nós não poderemos avaliar os prejuízos materiaes causados pelo ophidismo em menos de 24 mil con- tos por anno em todo o paiz, e isso para não fallar senão nas vidas humanas, sem contar os prejuízos causados pelos acci- dentes aos animaes que devem ser enor- mes. Do que se acaba de vêr, deduzir-se-á facilmente a necessidade de começarmos, desde já, uma propaganda methodica para repartir, o mais possível, os meios de combate a esses accidentes, dado o caracter indubitavelmente patriótico e hu- manitário dessa obra. Um outro assumpto muito importante e de grande interesse rural é o que se diz sobre venenos contra formigas, em- pregados diariamente nos centros ruraes do Norte do paiz para matar esses hy- menopteros. Os formicidas modernos e as machinas para a introducção de gazes tóxicos nos formigueiros são desconhecidos completa- mente em muitos logares. Custa a crêr-se que em um paiz como o nosso, com formicidas e apparelhos excellentes e de nomeada como a Mara- vilha Paulista, como o Trocisco Concei- ção o Extinctor Werneck, o ingrediente Buffalo, o formicida Quba e outros dí- \'e,rsissimos que aqui deixamos de men- cionar, se use somente em todo Norte e Nordeste, tóxicos em espécie, como o rosalgar (como alli é conhecido o Bisu!- fureto de Arsénico) e o Solimão que é o Chlorureto Mercuríco ou Sublimado Corrosivo e raramente o folie obsoleto. O que nos admira é que se empreguem tão commumente esses venenos de peri- gosa manipulação por pessoas inhabeis e sem cautella alguma, como se tratasse da coisa mais simplejs e natural do imundo, occasionando por isso envenenamentos constantes, e não se usem os formicidas modernos, isentos de tamanhos perigos. São sempre persistentes casos de enve- nenamentos propinados insidiosamente a homens do campo e suas famílias, por esses venenos, que, pela facilidade com que se vendem nas casas de ferragens, se use e abuse todos os dias desses tóxicos por cima de folhas verdes embebidas no veneno junto aos orifícios dos formi- gueiros. — 294 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA Em 1918, succedeu em Itapororocas, no Município da Feira de SanfAnna, no •Estado da Bahia, o envenenamento de 6 senhoras, mãe e pae — toda a famiiia — victimadas pelo Rosaigar, pela facili- dade com que faziam a domestica enve- nenar as formigas saúvas e que o lançou na comida. Uma fatalidade indescriptivel, toda uma família reduzida a uma das maiores an- gustias, por um toxico terribilissimo. O rosaigar e outros componentes arse- nícaes constituem tóxicos violentos e em certa época as palavras veneno e arsénico já eram synonimos, tal o numero de en- venenamentos que se registravam por esse toxico cruel. A acção do sublimado sobre a eco- nomia é também uma das mais temíveis. porque é elle um dos mais violentos tóxi- cos nas mais pequenas doses de 15 a 20 cent. : apenas, produzindo ainda em applicação externa, effeitos mortaes de considerabilíssima gravidade. E é com semelhantes venenos que os agricultores, ignorantes do progresso dos formicidas modernos, trabalham no nosso paiz. O que é preciso, nesse sentido, é que as municipalidades do paiz sintam o pe- rigo desses formicidas venenosos e o abuso da sua venda, devendo fazer-se uma propaganda contra os venenos^ in- troduzindo-sc o uso dos apparelhos ex- tinctores de saúva entre os agricultores do norte do paiz, principalmente. Paschoal de Moraes. Reprodvictor "Duroc Jersey", da Fazenda Itinsa. Irmãos Castro — Vendem reproductores das raças Caracú e Hollandeza, a preços razoáveis. Para mais informações e pedidos com o Snr. Roberto Dias Ferreira Rua r de Março n. 15 — Rio de Janeiro. A LAVOURA 295 — Nolícía sobre alguns Lepidopieros seríoenos do Braztt Pelo Prof. Benedicto Raymundo da Silva Cien. €opaxa Walk. Wjlk. Cat. Lep, Heter B. M. v. p. 1235 (1855) Copaxa decrescens, Walk Imago — d' , (f. 13) 0,100 de enverga- dura. Azas anteriores e posteriores de um bruno claro esverdeado, marcadas por um ponto vitreo discoidal circulado de ama- rello ocre. As anteriores, tendo a partir do ápice um 'traço quasi negro, transversal, que marca na borda externa um espaço trian- gular claro, de um róseo violáceo. Esse traço continua nas azas posterio- res para a base e termina na horda anal. Azas posteriores, tendo no meio do disco duas faixas ondulosas não muito indicadas e para a borda externa que é mais clara que a côr geral, uma outra es- cura, que vem da borda anterior e ter- mina na anal. Face inferior das quatro azas seme- lhante a superior. í , \um pouco parecida com o 3' , tendo 0,115 de envergadura, sendo porém bruna nas quatro azas, com os desenhos mais accentuados e as manchas vitreas bastante maiores, notadamente as das azas anterio- res, que são quasi ovaes. Face inferior das quatro azas com de- senhos claros, tendo as posteriores pouco depois da mancha vitrea, uma faixa muita ondulosa e clara, vendo-se ahi em cada nervura um diminuto ponto negro. Copaxa decrescens. (fis- '3) Casulo — com 0.040 no maior eixo e 0,020 no menor, aberto em uma das extre- midades, delgado e reticulado, encontran- do-se por vezes nos Abacateiros (Launis persca, Litin). Habitat — Rio de Janeiro, Estado do Rio de Janeiro, Panamá, Costa Rica, Co- lômbia. C. decrescens, Walk. é a sp. t3'pica do gen. Uma outra sp. que faz casulo seme- lhante é C. canella, Walk. também do Brasil. Cien. Copioptepyx, Dunc. Dunc. Nat. Libr. Exot. Moths. p. 125. (1841) Copiopteryx jehovab, Streck. Imaso — 3, (f. 14) 0,105 de enver- gadura. Aza^". anteriores forte e irregularmente denteadas, com o ápice chanfrado, de um cinzento brunaceo com uma larga man- cha de um bruno verde no limbo poste- rior; disco cortado quasi no meio, trans- versalmente por duas finas faixas, a mais interna bruna, a externa ocracea, esta mais curta que aquella, meio de superfície 296 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA de Um cinzento bruno ondulado; base com uma mancha mais ou menos triangu- lar, quasi negra, guarnecida por fora por uma linha ocracea ; cellula discoidal, tendo no arco anterior duas pequenas manchis vítreas e uma outra também \'itrea na 3.''i cellula. Azas posteriores, de um cinzento bruno para a borda costal, tendo na superfície para a borda externa, um largo traço bruno, transverso, que vem da borda an- terior lígando-se a uma curta faixa no angulo anal. Cauda muito longa de 0,070 de compri- mento, quasi direita, pediforme para a extremidade, um pouco curva para fora. Face inferior das quatro azas, de um cinzento ocraceo marmorisada de bruno, tendo as primeiras um traço trans\ersal amarello e as segundas dois igualmente transversos. É uma das sps. do gen. relativamente rara não sendo por isso que saibamos conhecidos os primeiros estados, não obs- tante é provável que a lagarta faça casulo. Habitai Rio de Janeiro (Tijuca, Pai- ras, Silvestre, Corcovado, etc). Além dessa sp. o Gen. Copiopteryx tem mais as seguintes : C. scniira/nis, Crani. do Brasil, occor- rendo no Rio de Janeiro nos mesmos lu- gares que a precedente; Surinam, Hon- duras, Colômbia e que é a sp. tvpica do gen. Copiíjpteryx jehovah. (tif; 14) C. dcrciío, Maass & Wey/n. também do Brasil. Gen. Dysdaenionia, Híibn. Hiibii. Verz. bek. Schmetl. p. 151 (1822?) Dysdaemonia boreais, Cram. /maga - d' , (f. 15) de 0,125 a 0,130 de envergadura. Azas anteriores e posteriores de um cinzento levemente brunaceo. As anterio- Dysdaeiíionia boreas. fii;. 15 A LAVOURA 297 res cortadas por três faixas brunas, uma balisar e as duas outras pouco além do meio, transversaes e convergentes para a borda interna formando um angulo. Disco marcado no meio por duas man- chas vitreas um pouco oblongas, circu- ladas de bruno. Azas posteriores terminadas por uma curta e larga cauda pediforme, tendo para o meio da superficie duas faixas brunas, que convergem para o angulo anal ; a primeira quasi recta e trans\'ersal, a se- gunda, isto é, a mais externa em coto- vêllo, seguida inferiormente de uma raja negra, curta, que sae do angulo anal. Face inferior das quatro azas, mais bruna com os desenhos da face superior, pouco indicados. - , tendo a mesma envergadura do d' muito semelhante, com as azas mais cheias, 5endo as anteriores menos cur\adas para o ápice. Infelizmente que saibamos nada ha de positivo sobre os primeiros estados, sendo muito provável que a lagarta faça casulo como outros Saturnideos. Habitai — Rio de Janeiro (Paineiras, Silvestre, Corcovado, Tijuca) abundante cm novembro; America Tropical. /). hortas, C. é a sp. typica do i^cii. Existem mais outras sps., são ellas : D. aris/or, Fcld., de Suriana. D. Tamerlan, Maass., do Brasil, com- mum no Rio de Janeiro em novembro nos mesmos lugares que D. borcus. D. pluto, Wcstw., de Venezuela e do Brasil, occorrendo no Rio de Janeiro nos mesmos lugares que as precedentes, D. glaucesceiís, Walw. do Brasil e D. kadenii, Herr-Scliãff. também do Brasil. Gen. Arsoiura, IMinc. Dunc. Nat. Libr. Exot. Moths p. 125 (1837) Arsenura armidn, €rnni. Imago — â' , (f, Ib) 0.120 de enver- gadura. Azas anteriores e posteriores brunas. As anteriores levemente recurvadas para Arscnura ariiiida O ápice, com o angulo arruivado, corta- das transversalmente por uma larga faixa, de um bruno anegrado, separada por den- tro, da côr fundamental por um largo traço de um bruno quasi negro e por fora por ium traço onduloso claro e negro. Borda apical com um traço muito sinuoso esbranquiçado ou quasi branco. Cellula marcada por uma mancha alongada de um bruno negro. Azas posteriores terminadas em angulo, cortadas no meio do disco por uma larga faixa transversal, um pouco curva, de um bruno escuro seguida inferiormente de um traço muito sinuoso negro, nascendo na borda anterior e terminando na anal onde se estreita. Cellula marcada por uma mancha alongada de um bruno escuro, mais visivel por baixo. Thorax e abdomem da côr das azas. 298 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA Face inferior das quatro azas seme- lhante, um pouco mais clara com os dese- nhos menos indicados. Lagarta — acha-se desenhada por Bur- meister (Descr. Phys. Rep. Arg. Atas, t. XXV. f. 1: 187Q) e encontra-se também feita por Stoll, (t. 19. f. 1, 2) é negra, grossa, com 0,105 de comprimento, com faixas verdes nos segmentos, faixas estas ornadas de linhas negras sinuosas. Crysalida — bruna, de forma ordinária um pouco parecida com a de Att. aiirota. Casulo (f. 17) Oblongo, com um envo- lucro externo papyraceo, cinzento, ligei- ramente brunaceo, arredondado inferior- mente, afilado na porção anterior, ahi aberto deixando ver o verdadeiro casulo, e terminando por um annel que se adapta ao caule do vejetal. Arsenura arinida, Casulo, fig. 17 Verdadeiro casulo de um cinzento ruivo fortemente collado ao envolúcro. O casulo com o envolúcro mede 0,054 no maior eixo e 0,022 no menor. Habitat — Pará (Salinas) Estado do |Rio de Janeiro, Surinam, México. Do Género Arsenura são até agora co- nhecidas sps. Americanas, cabendo ao Brasil quasi todas, infelizmente os primei- ros estados da maior parte delias não são conhecidos. É de crer que outras façam casulos si bem que A. Aspasia, Herr- Schãff, não faça e apenas proteja a chry- salida que se encontra na terra entre fo- lhas seccas, por escasso tecido de seda bruna. (Mabilde). Gen. ]VIicrattaciis, Walk Walk. Cat. Lep. Heter. B M. VI p. (1855) ]VIirrattai*us nanus, Walk Imago gadura. 6- (f. 18) 0,033 de enver- Micrattatus uaniis, (fig 18) Azas anteriores falciformes, Ide um jama- rello ocre arruivado, ora mais, ora menos brunaceo, com a borda externa até ao ápice de côr bruna, separado do resto da superfície por uma linha recta, transversal de um amarello ocre, que parte de junto do ápice e termina na borda interna; meio da superfície marcada por uma mancha discoidal clara. Azas posteriores com a metade anterior bruna e a posterior ferruginosa, tendo ahi uma faixa ondulosa escura pouco dis- tincta ; meio de superfície com uma pe- quenina mancha discoidal orbicular, de um amarello ocre. Face inferior das primeiras azas tam- bém amarello-ocre um pouco mais claro, com a borda costal largamente brunacea, estendo-se essa côr até o ápice e descendo um pouco pela borda terminal. Das se- gundas azas semelhante a face superior, apenas mais ferruginosa para a porção posterior. ? , (f. 19) de 0,033 a 0,046 de ever- gadura, com as azas anteriores não falci- formes e tanto estas como as posteriores, de um cinzento escuro violáceo e ligei- ramente transparentes. As anteriores, ane- grada, tendo ainda uma mancha discoidal dessa côr. Micrattacus maniis. fig. 13 A LAVOURA 299 — As posteriores com uma outra mancha Face inferior das quatro azas seme- discoidal anegrada seguida para a borda melhante a superior. externa de duas ou três faixas dessa côr Lagarta — de 0,045 a 0,05 de compri- muito pouco indicadas. mento, com a côr geral de um verde Micrattacus nanus, ninho, fíg. 20 oliva obscuro, tendo pelos segmentos tu- bérculos espiniformes côr de rosa, que nascem do meio de pequeninos océllos negros circulados de amarello enxofre pallido. A cabeça é bruna com a divisão dos lóbulos clara, a face inferior do corpo é de um esverdeado róseo. Vive em grandes sociedades, e alimen- ta-se das folhas das aroeiras, durante a noite, permanecendo de dia dentro de um — SCO BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA grande ninho (f. 20) mais ou menos flii- ptico, de 0,110 a 0,120 no maior eixo e de 0,070 a 0,080 no menor, fabricado de seda g-risea, com o tecido pouco com- pacto, revestido por fora de grande nu- mero de folhas do vegetal, visiveis por dentro. Chrysaliclu — (f. 21) de forma ordiná- ria, bruna, medindo, 0,020 no maior eixo e de 0,006 á 0,0117 no menor, terminada por um curto espiculo. Casii/o - (f. 21) ora isolado, ora em grande numero, uns ligados aos outros por tecido de seda, de um amarello ruivo, pouco compacto. E' frequente encontrar-se grandes ca- madas de casulos sobre os grossos cau- les. O casulo isolado mede geralmente de 0,020 a 0,025 no maior eixo e de 0,010 a 0,015 no menor. Habitat - Rio de Janeiro, muito abun- dante de setembro á novembro; Estado do Rio de Janeiro. M. rianií^. Wulk. é a sp. typica do j^en São ainda conhecidas provavelmente* com a mesma Dioiogia de M. iiarnrs, as sps.: M. f>iil(ica, Maass & Wrym. e Al. \'iolascci/s, Míujss. & Wryf/i. ambas do Brasil. As sps. do Qen. Automerií todas tem bellas cores, algumas vezes bastante vivas e nas azas posteriores um grande océllo negro. As lagartas são quasi sempre de cores brilhantes ornadas nos segmentos de grande numero de espinhos muito urti- cantes na maior parte das vezes verticil- lados. A\icríitt.n:iis naiiiis, Clirisalidas e casulos, fig. 21 Os casulos são brunos, ovalares e per- gaminhosos, tendo por fora gera"mente pe- daços de folhas adherentes a seda ou somente a impressão. São muitas as sps. conhecidas, a maior parte sul-americanas, cabendo ao Brasil uma bella porção. (Continua) "Ruler", tcuru Shorfhorn. 3 ;innos de edade — Se ;imdn em toda a Grã Bituinlui, piupriuOade de Mr. Harrison (jainíurd, perlo de Darliiigtun (lUiilatL-rm . Touro Highiand, da Escócia — Photo de P. J. Mckellen tirada em pleno campo da Escócia. A LAVOURA 301 Industrias pastoris e cultiiríis recominendadas Limites da s zonas Qualidades Zonas Zona N.o 1 Littoral Maçã 4 „ N.o 2 Te rras da alt de 100"! até 300™ approximadamente. da China ,, „ Pérsia 4 4 N,o 3 ' )i '■■ ., 300m até ÒOO"' approximadamente. „ „ Sibéria 4 „ N,o 4 , ,, ji ,, 600™ para cima Marmello 3 4 ANIMAES. Morango Noz 3 4 4 Espécies Zonas Observações Pecego 4 Pastagens 2 3 4 Qualidades Zonas Gado bovino 2 3 4 Pêra 3 4 ,, equino 2 3 4 Rhuibarbo 3 -1 „ muar 2 3 4 „ ovino 2 3 4 A criação de carneiros Uva 2 3 4 depende de cercados de Coryntho 2 3 1 dispendiosos e de necessidade de pas- FRUCTAS TROPICAES. tores. Abacate 1 2 „ caprino 2 3 4 LJtil para comer as fo- Abacaxi 1 2 lhagens rasteiras nas Abio 2 3 capoeiras ; vive bem nas regiões pedrego- Abricó 2 3 sas e em qiuasi todos .A raça 2 3 os terrenos estéreis. Araticuni 1 2 „ suino 1 Galiinhas 1 2 3 2 3 1 ^1 Banana 1 2 Buffaio Nas zonas sujeitas a inundações e de bre- jo, como as que se Bacuri Baunilha Bilimbi 1 2 1 2 1 2 encontram no litto- ral do Estado do Cabelluda 1 2 3 4 Rio. Animal quasi Cajá miúdo 2 3 que amphibio, que Cajá manga 2 3 se desenvolve onde outros não podem. Sua carne é fibrosa e Caju Cambucá 1 2 2 3 4 0 leite rico, porém Carambola 2 3 com sabor forte. Carossol 2 3 Seguindo as experiên- Cacáo 1 2 cias da Índia, estes animaes devem de- Coração de boi 2 3 senvolver-se bem aqui Cherimolia 2 3 FRUCTAS DA EUROPA. Cidra Coco 2 3 Qiudidudes ZulHIS Figo 1 2 3 Ameixa 4 Fructa de conde 2 3 „ americana 4 Fructa-pão 1 2 Amêndoa 4 Himalaya 3 4 Amora azul 3 4 Limão 2 3 preta 3 4 Mamão 2 3 „ sylvestrt 3 4 Manga 2 3 Azeitona 1 2 Noz pecan 2 3 Castanha 4 Oenipapo 1 2 Cereja 4 Goiaba - 2 3 Damasco 3 4 Grumixama 1 2 3 4 Figo 1 2 3 Guabiroba 2 3 Framboesa ■4- Imbií 2 3 Groselha 3 4 Jaboticaba 1 2 3 4 Himalaya 3 4 Jambo 2 3 — 302 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA Qnalidíidcs Z II II 1^1 s Qualidades Zo Janibolão 2 3 Couve-nabo 3 Jaca 2 3 Ervilha 3 Lixia 2 3 Espinafre 3 Mangaba 2 3 Fava 1 2 3 Maracujá 2 3 4 Feijão 1 2 3 Mangostão 2 3 Melancia 1 2 3 Pitanga 2 Melão 1 2 3 Sapoti 2 3 Nabo 3 Toranja 2 3 4 Pepino 1 2 3 Tâmara 2 Pimentão 1 2 3 Tamarindo 2 3 Quiabo 2 3 Uvaia 2 3 4 Rabanete 3 CULTURAS DE CAMPO Repolho 3 3 Rhuibarbo 1. Cercítes Sersefim 3 Arroz 1 2 3 Tomate 1 2 3 Aveia 3 4 Temperos Vagens 3 Centeio 3 4 1 2 3 Cevada 3 4 IV. Varias Milho 1 2 3 4 Aipim 1 2 Trigo 11. Forra (Tf lis 3 1 Algodão Café 1 2 2 3 3 Ahalfa 1 2 3 4 Camphora Cânhamo dj 2 3 Amendoim 1 2 3 Manilha 1 2 Cacto 1 2 3 Chá 2 3 Capins 1 o 3 4 Fumo 1 2 3 Ervilhaca Fava de Vacca 1 2 3 3 l 4 (jengibre Juta Linhaça Mamona 1 1 2 2 3 Girasol Lentilha 1 1 2 2 3 3 4 1 1 2 2 3 3 Linhaça 1 9 J 4 Mandioca 1 2 3 Milho miúdo 1 2 3 4 Nozes 3 Nabiça i 4 Piteira 1 2 3 Rutahaga Sorgho 1 2 3 3 4 Sorgho de vassouras 1 2 3 IH. H (ir til liças ESTAÇÕES DA 1.' ZONA Abóbora 1 2 3 4 NictliL-roy Taliy Aipo Aipo-nabo Alcachofra 3 4 Barreto Mineiros 3 4 P. da Madami S. Braga 3 , S. Gonçalo Miussurepe t \lcantara Santo Amaro Alface 3 4 Ouaxindiba Martins La IRC Alho 1 2 3 j Itaniby Cambahybr i Alho porro Amendoim 1 2 2 3 3 4 P. das Caixas iainbjiiiba Colomins Barcellos 1 V. das Pedras S. João d a 1 ^arra Aspargos 3 4 Tanguá Atafona Batata 2 3 4 K. dos índios Santa Cruz Batata doce 1 2 3 4 R. Bonito J. Baptista Beringella 2 3 i Indavassii Victoria R. Dourado Mauá Beterraba 3 4 Rocha Leão Raiz da Serra Cabaça 3 4 (Califórnia Estrella Cebola 1 2 3 4 Imboassica C. de Araruama Cebolinha 1 2 o ) 4 .'.\ac;ilié Imbetiba Paciência Dores Cenoura 3 4 Cabiiínas Qurity Chicórea 3 \ (_;arapjbiis Ururahy Chirivia 3 4 Campos Rosário Couve 3 4 Avenida r^ona Anna Actura Sarapuliy Couve-flôr 3 4 (jovtacazes Meritv A LAVOURA 303 ESTAÇÕES DA 2.^ SanfAnna Cachoeiras B. do Matto Cesário Alvim Capivary Jutiirnaliyba Poço d'Ànta Mundéos Giycerio Conceição Triumplio Travessão Guandu C. Josino Villa Nova Murundú Santa Barbara Santo Eduardo Itabapoana São Manoel Ivahy Patrocinio São Paulo Morro Alto Silveira Carvalho Banco Verde Palma Cysneiros Tapirussú Vianna Coutinho Castello Sabino Pessoa Reeve Alegre Celina Cardoso Moreira Vieira Braga Três irmãos Cambucy Pureza Grumarim São Fidelis Ernesto Machado Boa Vista Itereré S. Joaquim Recreio Campo Limpo Vista Alegre Leopoldina Aracaty Cataguazes Sereno Costa Senna J. Pinheiro Glorii ZONA Dona America Mimoso Muquy São Felippe Itapcmirim Monção Paraiso S. Caetano S. Domingos Itaperuna Bananeiras Natividade Porciuncula Tombos Retiro Lage Dona Emilia António Prado Coelho Bastos Santo António Celidonio Paraokena Campello Miracema Pádua Balthazar Apsribé Funil S. Luiz Volta Grande S. Sebastião Dr. Astolpho Pirapitinga António Carlos S. José d' Além Parahyba Mello Barreto Porto Novo Paquequér Bacellar São Francisco Bella Joanna Portella Itaocára Batatal Laranjeiras Bôa Sorte Santa Rita Macuco M. de Moraes Ericeira Piracema Sobral Pinto Santa Izabel São Martinho Providencia Entre Rios M. Brazil B. de Camargos Hermogeneo Sinimbu Matipó Dona Euzebia ESTAÇÕES DA 3. a ZONA Sih S. José do R. Preto Aguas Claras Figueira Arual Alberto Torres Sumidouro Bom Jardim Monnerat Cordeiro Cantagallo Gavião Meio da Serra Visconde de Imbé Trajano de Moraes Dr. Loretti Sta. Maria Magdalena Leitão da Cunha C. Ferreira Silveira Lobo Socego São Pedro Uricana Coronel Pacheco Tupy Ouarany Passa Cinco Pomba Piraúba Tocantins Ligação Diamante Ubá C. Peixoto Filho Rio Branco ESTAÇÕES DA 4.» ZON^ Alto da Serra Petrópolis Cascatinha Nogueira Itaipava Pedro do Rio Theo. Oliveira Friburgo Conselheiro Paulino Rio Grande r>ona Mariana Murinelly Juiz de Fora Grama São (jeraldo Mirahy João Rezende Santa Luzia Faria Lemos Veado Virgini:i Mathikk- M. Floriano Germânia Vau Assú Ponte Nova Estevão Pinto Mar d'Hespanh:i Santa Helena Bicas Rochedo Roça Grande S. j. Nepomucjno Furtado de Campo? Rio Novo Goyaná Ferreira Lage Pontal Chopotó Rio Doce Saúde Anna Florcncii Bandeiras Rio Casca Lindoya Ferros São Sebastião Chefe da dina Filgueiras Auua Líi1|j1 Coimbra Cajury Viçosa Tcixeiras Manhuass í Manhumirini Jequitibá Caparão Espera Feliz Divisa Araguaya Guiomar • T. R. Pcv, Repartição Industrial da Leopo! Railwav Co. Vinte -e- dois annos debaixo d'agua! A Sociedade Nacional de Agricultura tem em ex- posição na sua sede, offerecida p;lo seu consócio Cel. Honório Alves das Neves, uma antiga pela de borracha, cuja historia é bem digna de re- gistro especial. O Cel. Alves das Ne\es, ao offerecel-a, diri- giu á Sociedade a seguinte carta: «Seringai Itú, Rio Acre, 24 de Janeiro, de 1920. — Ulmo. e Exmo. Sr. Presidente da So- ciedade Nacional de Agricultura. — Rio de Ja- neiro. — Novamente tenho a honra de voltar a sua presença — Por intermédio dos Srs. Albuquerque & Cia. — Pará, faço dhegar ás mãos de V. Excia. uma caixa contendo uma péla de borracha, producto este" extraído neste se- ringai, em 1898. — Em esta referida data era aqui, comn o era em todos os outros seringaes, o ser\'iço de transporte de borracha feito do centro para a Imargem, por meios os mais rudi- mentares e spenosos. Aconteceu, pois, que a 304 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA referida péla de borracha fazia parte de iim lote de 120 pélas que vinha destinadoí á margem, por intermédio de pequenas canoas tiue viaja- vam em um pequeno ijrarapé que desagua njste Rio Acre um pouco abaixo deste barracão. No terceiro dia de viagem as canoas foram atra- cadas em um dos portos de dormida; devido algumas chuvas cabidas nos dois dias últimos, o igarapé já dava signal de enchente, mas não se esperava alagação ; durante as horas decorridas enitre as 8 da noite e 4 1/2 da manhã, a alaga- ção augmentou de tal forma que deu como resul- tado, o esfacellamento de todo o carregamento de borracha existente em as canoas. Com muito custo, e depois de três dias de redobrado ser- viço, foram encontradas umas 'SO pélas, des- apparecendo, portanto, umas 40 pélas. Algumas dessas pélas, é bem possível que tenham vindo de igarapé abaixo até o Rio Acre; outras po- rém, a (maior parte, ficaram prezas nas moitas do referido igarapé, e, com a continuação, se foram cobrindo de terra e balseiros, a ponto de desapparecer por completo para o mais sagaz observador. De 1898, para cá já foram en- contradas umas dez pélas, e agora no corren- te mez, depois de vinte c dois annos foi encon- trada, por um dos extractores de gomma elás- tica deste seringai, e que andava á caça, a péla que, f;'or intermédio de V. Exeia. tomo a liber- dade de offertar a essa douta Associação. Com a minha humilde offerta, não desejo mais do que pro\ar a supremacia da borracha brasileira. Se algum proveito pratico e útil fôr conseguida por essa Associação em expondo a referida péla de borracha, dar-me-ei por summamente satis- feito, pois de alguma forma se evidencia, aos olhos dos que, infelizmente desconhecem a bor- racha nacional, e, portanto, o quanto ella tem de superioridade em relação á sua congénere estrangeira. Aproveito o ensejo para reiterar a V. Excia. os meus protestos da mais distincta estima e ekvada consideração. De V. Excia. Amgo. le- Crdo. Atto. (A) Honório Alves das Neves. Reproducti r "Poland China" da Fazend.i Itinga. Esterco de Curral Sua compoKioão e eonseí^ação (On peut, á premiére vue, juger de 1'industrie, ou degré d'intelligencj d'un cultivateur par les soins qu'il donne á ison tas de fumier). BOUSSINOAULT. A "descoberta das grandes jazidas de phos- phatos e iSaes potássicos, a exploração dos ini- mensps depósitos de nitrato de sódio, a pro- ducção de toda espécie de resíduos industriaes, permittem, é Icerto, ao agricultor tirar economi- camente rendimentos das suas terras, mas ne- nhum sob esse ponto de vista, se avantaja ao esterco do curral, pois além de restituir parte dos elementos exhauridos do solo pelas colheitas, fornece-lhe a matéria orgânica, factor precioso para manter a sua fertilidade e que desapparecc muito rapidamente das nossas terras. A LAVOURA 305 — Indicar os meios mais efficazes para conscr- var-lhe todo o seu valor, por bons methodos de preparaçãai e tratamento ainda muito pouco em uso na maioria das nossas fazendas, princi- palmente que o desenxohimcnto das noções chi- micas e chimico-biologicas permittiu desvendar o complexo phenomeno da passag^em do esterco do curral do estado fresco ao maduro, tal é o nosso objectivo. O esterco do curral, ou simplesmente esterco, é um mixto de escrementos animaes, camas e outras substancias orgânicas, que soffre primei- ramente nos estábulos, depois nas esterqueiras, e, emfim, no terreno uma série de decomposições provocadas quasi exclusivamente pela actividade vital das mais variadas espécies de bactérias ahi introduzidas, sobretudo pelas dejecções solidas dos animaes. Existem umas que reclamam o oxvgenio do ar para a sua respiração (aeróbias), atacam á matéria orgânica com desprendimento de anhy- drido carbónico, são os agentes da putrefação. Outras (anaes robius) não tiram o oxygenio do ar, mas sim das combinações orgânicas, empo- breeendo-as em azoto, mas enriquecendo-as em carbono; além do anhydrido carbónico, ha emis- são de outros gazes: methanio, hydrogenio, etc, e a decomposição não é completa. Emfim, ha um terceiro grupo de bactérias (desnHrificadorasj, que destroem os nitratos pondo o azoto em liberdade, ellas respiram igualmente o oxygenio do ar, mas, quando este ultimo não; é .sufficiente, utilizam do azoto des- prendido, como acontece com as bactérias do segundo grupo; ellas formam igualmente anhv- drido carbónico. E' difficil, pois, estabelecer com precisão as decomposições que soffre o esterco do curral, durante a sua maturação por parte desses dif- ferentes microrganismos, a Hienos que se o se- pare nos dious principaes grandes grupos de substancias que o compõem : matérias orgâni- cas azotadas e matérias orgânicas não azota- das. a) — Matérias orgânicas azotadas — São os compostos azotados de urina que, sqb a acção dos fermentos, ( Microccocus ureac tique f ai ions, baciltus nrcne, etc.,), se descompõem primeiro principalmente a uréa. A decomposição que é rápida na uréa, vae se tornando cada vez mais leríta e ochiplexa nos outros compostos da urina,, e extende-se assim ás substancias albuminóides contidas nas dejecções solidas até chegar as substancias azotadas de mais difficil decom- posição, como as que constituem as camas dos animaes. Todas essas substancias, dão, como producto final de decomposição, agua, anhy- drido carbónica c ammoniaco. As quantidades de azoto ammoniacat, produ- zidas nessas differentes circumstancia; não sãO' constantes; se de um lado ellas dependem tam- bém do estado de seccura do esterco no sentido que até certo ponto a quantidade cresce, se o mesmo é pobre em agua, por ou'tro lado o azoto an:nioníucal, oxydando-se, transforma-se em azoto nítrico, isto é, em nitrados, e soffre en- tão o phenomeno da desnitrificação, lá onde os nitratos podiam ser colhidos com o santeiro. Mas nem todo o azoto ammoniacal, é perdido; uma parte permanece combinada com o próprio acido carbónico formado pela combinação da n»ua cxam' o lanhvdrido carbónico (I), desprendido da mesma fermentação urica ou de outras, for- mando o carbonato de ammonio que sempre, em maior ou menor C|uantidade, é encontrado na massa do esterco ou no 'fumeiro, e funcciona como dissolvente alcalino das matéria.; orgâ- nicas. (Continua) (1) C02-f-H20 = C03H2 C03H2+NH3 = C03 (NH4) = Relação dos lavradores inscriptos no Ministério da Agricultura por inter- médio da Sociedade Nacional de Agricultura, de 1" de ]aneiro a 30 de Junho de 1920 NOMES município ESTADO Flaviano Saldanha Luz Manoel Coelho da Silva Bencdicto Teixeira & irmãos Coutinho & Irmão Walter Tulkman António Martins Pinheiro Viuva Pereira Lobato Dr. Angelino R Lima Josie Ferre[ra Teixeiía Francisco José Cardoso Rod(jlnho Baptista de Castro Dr. Hannibal Porto Álvaro Dixon A. Sijva Julião Soares Zeferino Rodrigues John James Lowndes José Virgil.o Leite João Teixeira Marinho Simplício de Assis Joaquim Dias Adauto Nei\'a Aquidauana Estado de Matto Qrosso Ohnda Estado de Pernambuco Mauá Estado do Pará Montenegro Estado do Pará Belém Estado do Pará Maraparimin Estado do Pará Cachoeira Estado do Pará Soure Estado do Pará Soure Estado do Pará Cachoeira Estado do Pará São José dos Campos Estado de São Paulo Raposos Estado de Minas Oeraes Bananal Estado de São Paulo Miranda Estado de Matto Grosso Araucária Estado do Paraná Capiial Federal Capital Federal Nazareth Estado d; Minas Oeraes Patrocínio de Muriahé Estado de Minas Oeraes Miranda Estado de Ma. to Orosso Itajubá Estado de Minas Oeraes Venda das Fl ores Estado do Rio de Janeiro- 306 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA Sociedade Nncional de AgriciUtiini Pedidos de vaccinas attendidos de 1? de Janeiro a 39 de Junho de 1920 INTERESSADOS Vaccina contia a man- queira em dsses Vaccina contra a diarrhea n08 bezer- ros em doses JWiitta & Mouniiz António Madeira José Miotto Francisco M. Almeida Santos Gustavo de Faro RuUemberg Manoel Caldas de Gusmão Basilio Tavares Sobral Garcez & Irmão Mário Agostinho R. Lima Victor Torres Rodolpho Fernandes Castro Justino Rodrigues de Carvalho — João Rodrigues Dias José António Flores António Pereira Cordeiro Dr. Alberto Diniz Junqueira João Gonçahes Sobrinho Rodolho Fernandes da Costa Comp. Agricoli e Creadora Francisco Alves de Souza e Silva Jeronymo António Coimbra Dr. Eduardo da Silva ArauJLJ Carlos da Silva Rocha José António Tannure Joaquim Jacyntho de Paula José Augusto Ouimarãi s Alfredo José Nogueira Dr, Manoel Masillac Motta Ricardo de Souza Barros José Virgílio Leite Manoel Ahsolon de S. Moreira João de Almeida Carreiro Joaquim Frand co d; OLveira Mariano José Ferreira Constantino G. Vivas Pedro Pitti Procopio Gomes de ( iliveiru José B. Pacheco Pereira doses 100 100 250 1000 1500 2(10 100 100 300 50 50 10) 50 500 500 3.0 30 30 100 100 50 200 50 IO 200 100 105 200 500 250 250 200 7593 100 50 200 200 50 mo IO 100 10(1 Vaccina contra o carbún- culo em doses Vaccina contra a batedeira dos porcos em doses 100 — 100 150 — 50 800 500 4) 200 910 2400 890 município ESTADO Guaratmguetá Castello Lbá S. Maria Magdalena São Joaquim Lagoa Grande ( 'liveira Bulhões lltaporajiga Manáos Pelotas Campo Formoso Veado Ouro Fino Macuco Paracatii Pinheiro Rio Branco C:impo Formoso Maria da Fé Paracatú 1'berabinha Districto Fed. Mar de Hespanha Teophilci Ottoni Morro Alto Sereno f )rlandia Bananal Palma Nazareth Fortaleza Pedro do Rio S. At. o do Monte Patrocínio Mimoso Gavião Joinville São Salvador S. Paul(.. E. Santo Minas Geraes E. do Rio Sergipe Parahyba Minas Geraes Sergipie Amazonas R. O. do Sul Goyaz E. Santo Minas Geraes E. do Minas E. do Minas Goyaz Minas Minas Minas Rio Geraes Rio Geraes Geraes Geraes Geraes Dislricío Fed. Minas Geraes Minas Geraes Minas Geraes Minas Geraes São Paulo São Paulo Minas Geraes Minas Geraes Ceará E. do Minas Minas E. Santo Rio Janeiro Sta. Catharina Bahia Rio Geraes Geraes SEC BETARIA Movimento da correspondência de Janeiro a Junho de 1920 RECEBIDA EXPEDIDA Cartas Officios Telegrammas ....... Diversas Total . . 536 . . 159 . . 64 . . 299 . . 1.058 Cartas . . Officios Telegrammas 685 . 251 . 107 '. T043 Total . Sociedade Nacional de Agricultura Reconhecida de utilidade publica pela Lei n. 3.549 de 16 de Outubro de 1918 Pimdada em 16 de Ja^neiro de 1897 RUA 1? DK HARÇO N. 15 — Kio de Janeiro Caixa do Correio 1.245 — Endereço Telegr.: AGRICULTURA — Teleplione Norte 1.416 Admissão de S^oeios Capitulo V dos Estatutos Art. 8° - A Sociedade admitte as se- guintes categorias de sócios: Sócios effectivos, correspondentes, hono- rários, beneméritos e associados. § 1'^ — Serão sócios effectivos todas as pessoas residentes no paiz que forem devi- damente propostas, e contribuírem com a jóia de 15$ e a annuidade de 208000. § 2o — Serão sócios correspondentes as pessoas ou associações, com residência ou sede no estrangeiro, que forem escoliiidas pela Directoria, em reconhecimento dos seus méritos, e dos serviços que pos- sam ou queiram prestar á Sociedade. § 3° — Serão sócios honorários e bene- méritos as pessoas que, por sua dedicação e relevantes serviços á lavoura, se tenham tornado dignos desta distincção. § 4° — Serão associados as corporações de caracter official e as associações agrí- colas filiadas ou confederadas, que con- tribuírem com a jóia de SO-*! e a annuidade de 50S000. § 5° — Os sócios effectivos e os asso- ciados poderão remir-se nas condições que forem preceituadas no regulamento, não devendo, porém, a contribuição fixada para esse fim ser inferiar a dez (lOi annuidades. Art. 9° — Os associados deverão decla- rar o seu desejo de participar dos traba- lhos da Sociedade. Os demais sócios de- verão ser propostos por indicação de qual- quer sócio e a apresentação de dous membros da Directoria e ser acceitos por unanimidade. Art. 10° — Os sócios, qualquer que seja a categoria, poderão assistir a todas as reuniões sociaes, discutindo e propondo o que julgarem conveniente: terão di- reito a todas as publicações da Socie- Jlâde e a todos os serviços que a mesma estiver habilitada a prestar, independente- mente de qualquer contribuição especial. § 1° — Os associados, por seu caracter de conectividade, terão preferencia para os referidos serviços e receberão das pu- blicações da Sociedade o maior numero de exemplares de que esta puder dispor. § 2° — O direito de votar e ser votado é extensivo a todos os sócios ; é limitado porém, para os associados e sócios corres- pondentes, os quaes não poderão receber votos para os cargos de administração. § 3° — Os sócios perderão somente seus direitos em virtude de espontânea renun- cia, ou quando a assembléa geral resol- ver a sua exclusão por proposta da Di- rectoria. Capitulo VI do Regulamento Art. 18. — A Sociedade prestará seus ser- viços, de preferencia, aos sócios e asso- ciados quando estiverem quites com ella. Art. 19. — A jóia deverá ser paga den- tro dos primeiros três mezes após a sua acceitaçâo. Art. 20. — As annuidades poderão ser pagas por prestações semestraes. Art. 21. — Os sócios e os associados po- derão remir-se mediante o pagamento das quantias de 200S000 e 500S000, respe- ctivamente, feito de uma só vez e inde- pendente de jóia, que deverão pagar em qualquer caso. Art. 22. — Os sócios e associados não poderão votar, nem receber o diploma, sem terem pago a respectiva jóia. § 1° — O sócio, que tiver pago a jóia e uma annuidade, poderá remir-se me- diante a apresentação de 20 sócios, desde que estes tenham egualmente satisfeito aquellas contribuições. § 2° — Para esse ef feito o sócio de- verá requerer á Directoria, provando seus direitos nos termos do paragrapho an- terior. § 3° — Serão considerados beneméritos os sócios que fizeram donativos á So- ciedade a partir da quantia de um conto de réjs. Art. 23. — Para que os sócios atraza- dos de duas annuidades possam ser con- siderados resignatarios, nos termos dos Estatutos, é preciso que suas demissões tenham sido solicitadas por escriptOj até três mezes antes, cabendo-lhes o direito de recurso para o conselho superior e para a assembléa geral. Ml^^_^ — . ^^^1 SOCIEDADE SUISSA I RUA DE S. PEDRO N. 14 Rio d© Jsneiro Cai» Postal 1776 Filiaes S. Paulo — Porto Alegre Desnatadeira "SHARPLES" Temos estas afamadas desnatadeiras, novo modelo á sucção, "única" desnatadeira com variação de velocidade e rendimento con- stante, de 100 a 2.000 litros por hori — á mão, polia e a vapor. Fornecemos todos os apparelhos para a industria de iacticinios: Batedeiras, Salgadeiras, Lafas e Baldes para conducção de leite. Ordenhadeiras "Sharples". Pasteurizador e Resfriador "Gaulin-Paris". Enviamos gratuitamente o nosso catologo illustrado. 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Typo "C para a pequena lavoura: 5 HP Estes apparelhos foram experimentados com o maior successo no campo de expe- riências da Sociedade Nacional de Agricultura, na presença dos representantes do Exmo. Snr. Ministro de Agricultura. HIME & eia. o Rio de Janeiro Únicos representantes para todo o Brasil A LAVOURA ■ Boletim da Sociedade Nacional de Agricultura ANNO XXIV Rio de Janeiro — Brazil !,(£'»> v N? 8 Relatório da Socieilaiíe Nacional de Aoricnllura Relatório dos annos de 19\6 e 1917 Srs. Consócios: Consoante prescripções regulamentares, vem a Directoria da Sociedade Nacional de Agri- cultar apresentar o retrospecto de sua acção durante o exercício de 1916. Dentro da própria essência dos propósitos da Sociedade, que devem ser assentes na divisa — res iion verba — não se inscreverá aqui senão a enumeração sincera, sem adornos de estylo, do que já se fez em fa- vor directo ou indirecto dos productores. Nessa noticia redigida para consócios, intei- ramente convictos de que o maior bem da Pá- tria ha de encontrar-se na terra, não cabe o elo- gio da obra meritória que a Sociedade — di- •ga-se sem fingida modéstia — vem realizando com porfiada constância ha vinte annos. São vinte annos de propaganda, não de si, mas da felicidade da Pátria, da prosperidade delia, ■da sua riqueza no interior e do poder da sua soberania no exterior. Preciso é insistir, porém, um ponto: Nada disso se obterá por completo sem que Iodas as attenções de governantes e governaclos se interessem de preferencia pelos que produ- zem, sob o ponto de vista rigorosamente econó- mico. AGRICULTURA E CRIAÇÃO Eis os focos de onde irradiará a grandeza na- cional. E eis a raãoz de existir dessa Sociedade. Claro que, num paiz onde as profissões urbanas — se assim se pode chamar — são attractivos máximos das intelligencias, só com muita perti- nácia se pôde conseguir que todos se voltem para os lavradores e criadores com a sympathia desvanecida de quem acolhe os manipuladores primaciaes do nosso bem estar no Brazil e do nosso predominio na America do Sul. Fundada por iniciativa particular e vivendo da dedicação dos seus sócios, a Sociedade Na- cional de Agricultura, considerando o esforço patriótico que, nessa directriz, tem despendido até aqui, presta, commovida, a homenagem do seu ininterrompido reconhecimento á saudosa e alta memoria de Wenceslau Bello, Campos da Paz, Manoel Victorino e tantos outros, ceifados em pleno vigor dos annos, mas que souberam tra- zer á Sociedade o concurso de seus melhores e mais fecundos esforços, sera os quaes a grande obra de que hoje nos ufanamos não teria passado de vã utopia cedo desvanecida. Como simples registo de factos, cunipre-nos salientar com prazer que a Sociedade vae attin- gindo cada vez mais efficientemente, os fins para que foi creada. A Directoria actual não se gloria disso, sabedora, como é, de quie,, a pouco e pouco, os grandes emprehendimentos se impõem, por si, ao respeito de todos. Oriunda de uma necessidade collectiva, com programma impessoal e brazileiro, a Sociedade não cogita de personalidades para assim cultuar mais altamente os interesses da Pátria. E' de ver, como, em nossas reuniões semanaes, um auditório, ao mesmo tempo selecto e nume- roso, acoorre ao salão da Sociedade para parti- cipar das sessões em que se pratica o bem colle- ctivo, procurando, no concerto geral, dar ás cousas agrícolas o papel que ellas, effectiva- mente, têm. E, nessas sessões, escasso é até o tempo para que todos os agricultores, scien- tistas e estudiosos, que nos honram com o con- vívio, obtenham ensejo de nos communicar os resultados de suas preciosas observações, cujos effeitos práticos são para logo aproveitados j)ela Sociedade, graças ao concurso prestimoso de todos os associados. E, felizmente, vamos encontrando o apoio e collaboração por parte de altas autoridades ad- ministrativas, a começar pelo Exmo. Snr. Dr. Wenceslau Braz, honrado Presidente da Republi- ca, que nos tem sido um amigo estimulador e pelo Exmo. Sr. Dr. José Bezerra, illustre mi- nistro da Agricultura, a quem muito devemos, bem como os demais Srs. Ministros de Estado j egual procedimento vem tendo a quasi unanimi- dade do Congresso e a imprensa, que é de justiça salientar, cuja desinteressada e presti- giosa bôa vontade tudo nos tem generosamente facilitado. Esse apoio, maximé o das classes dirigentes, cumpre, para sua efficacia em be- neficio do paiz, não ser apenas sympathia pla- tónica, mas o fact»), a realização integral e effe- ctlva dos bons desejos que para com a lavoura todos innegavelmente sentem e jelos quaes ella se declara desvanecidamente grata. Que, também, cada um dos nossos consócios, por todo esse território pátrio, certo de que é necessário completar a grande obra que se — 308 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA propõe a nossa agremiação, procure trazer ao nosso seio o maior numero possível de homens de bôa vontade, porque, assim, tudo alcançaremos em favor dos que, na actividade rural, prepa- ram o futuro victorioso do paiz. Precisamos dar realização á Confederação das Associações Ruraes do Brazil, com federações em todos os Estados e ramificações em todos os' municípios. Nesse sentido, muito se conseguiu no anno ultimo, sendo digno de menção a re- organização das associações do Estado de Minas (jeraes. A união e o numero augmentar-nos- ão a forçii e a autoridade. Já os governos es- tadoaes fazem justiça á utilidade da nossa acção: tornaram-se nossos associados, no decurso deste anno os Estados de Santa Catharina, Minas Ge- raes, Sergipe e Paraná. Sabemos que outros pretendem inscre\er-se no nosso quadro social. Aos illustres governado- res desses Estados, os agradecimentos da So- ciedade em nome dos agricultores e criado- res estadoaes. Propõe-se a Directoria ampliar, cada vez mais, o circulo da sua actividade, em beneficio de seus associados. «A LAVOURA», orgam de nossas classes ruraes e antigo repositório, copioso de informações \aliosissimas para os la\radores e criadores, normalizará as suas edições, passando a circular, com exacta regularidade, pois para isso tomou a Directoria as necessárias providen- cias. O Horto Fructicola da F^enlia, entrará numa nova phase, tornando-se mais efficiente pela execução do plano que temos em elaboração e esperamos ver realizado brevemente. Passemos, entretanto, á resenha dos nossos trabalhos do anno passado, em que avultam, como grandes preoccupações nacionaes, o esforço pela reorganização e apparelhagem do credito agrícola, que muito bre\e será auspicioso fa- cto, a Conferencia Nacional Algodoeira — de cuja série será a continuação a Conferencia Na- cional de Pecuária, marcada para Maio pro- ximOj o estudo das pragas que affectam o al- godão — nosso ouro branco — e as investigações sobre o imposto territorial e as plantas textis nacionaes ou não, trabalhos esses ainda em anda mento e meticulosa analyse. Os estudos sobre o arroz, o fumo, a laranja de umbigo, o côcò babassú, a baunilha, as fructas, as formigas, os insecticidas, a economia do combusti\el nas usi- nas de assucar, a natalite ou o novo combustível de álcool e ether, a mandioca, o milho, a pro- duc^ão e o commercio do assucar, café, borracha e cacáo, etc, etc, que constam de varias com- municações e discussões nas reuniões da Socie- dade, tlenotam bem a somma de trabalhos em- prehendidos. As questões relativas á industria de criação eram objecto constante de investigação! e estudo. Quando no anno passado tomamos sobre os hombros os encargos da administração desta Sociedade a sua situação era de apprehensões. Sem auxilio de espécie alguma, pois desde ha muito o Governo Federal havia supprimido a pequena subvenção, destinada ao custeio do Caixa 7 Caixa 7 Caixa 7 Caixa 7 Caixa 7 j Caixa 7 Caixa 7 Caixa 7 Caixa 7 ! Caixa 7 Caixa '' Caixa 7 Ordem 24 Ordem 20 Ordem 33 i Ordem 26 Ordem 40 Ordem 27 Ordem 24 Ordem 29 Ordem 25 Ordem 35 Ordem 36 Ordem li Total 226 Total 238 Total 144 Total 19J Total 225 Total 247 Total 2,=4; Total 181 1 Total 222 Total 210 Total 257 Total. 18S 12 Estantes. 84 caixas, 2.615 volumes latalogacin?. Friictns indígenas do Brtizil, pelo Sr. Major Henrique Silva, em 5 de Dezembro. Fraudes do café torrado, pelo Sr. Deodeciano Pegado, em 19 de Dezembro. BIBLIOTHECA Está passando por uma reforma esta secção da Sociedade Nacional de Agricultura; pois o catalogo será organizado sobre a base seriada e sysíematica : Existem 2.015 \olumes que já estão cataloga- dos, tendo as respectivas fichas classificadas por ordem ãlphabetica. A Bibliotheca attende diariamente a todas as pessoas que procuram informações sobre os vá- rios assumptos referentes á agricultura, zoote- chnia, veterinária, e outros, encarregando-se da distribuição de vários folhetos referentes ás di- versas culturas. Mantém esta secção um variado numero de revistas, jornaes, relatórios nacionaes e estran- geiros, assim como vários trabalhos de estatística. Dos livros catalogados constarr" os seguintes assumptos : Agronomia, zootechnia, \eterinaria, culturas tropiraes, ssíumptos industriaes, mineralogia, chi- mica, mecânica, legislação rural, construcções ru- raes, encyclipcdias, relatórios, cooperativismo, annuarios ingiezes, franceezs, americanos, italianos e de outros paizes. São varias as miscellaneas existentes sobre múltiplos assumptos. Constituem já especializações do catalogo as seguintes culturas — canna de assucar, algodão, arroz, café, cácáo, matte, trigo. Este trabalho, que foi feito durante õ mezes de serviço comprèhendendo a arrumação, asseio dos livros e catalogação, poderá ser em breve concluído, ficando a collecção completamente or- ganizada. Referente ás revistas estrangeiras, a Bibliotheca possue uma vasta collecção de todas as partes do mundo. Os Annuarios e os Relatórios constituem para os visitantes um cabedal de informes, niaximé para os que se dedicam aos estudos de estatística. Pelo mappa annexo, está demonstrado o modo de classificação, isto é, a organizaçãct e a ordem numérica dos volumes nas estantes. A LAVCUIRA 313 A SECRETARIA O movimento da secretaria augmentou consi- deravelmente durante o anno e a sua tendência é para maior desenvolvimento no anno corrente, attendendo a elasticidade que vae tendo a nossa correspondência com o Brazil inteiro. Assim é que foram recebidas 1.064 cartas, 514 offi- cios, 384 telegrammas, 64 cartões, 212 reque- rimentos, 22 memoranda, 293 propostas de só- cios e 138 diversos contra, em 1Q15, 358 car- tas, 121 officios, 10 telegrammas, 43 cartões, 11Q requerimentos, 8 memoranda, O propostas, SO diversos; expedida em 1Q16: 1.037 cartas, 1.J49 officios, 749 telegrammíis e 2 memoranda. Total, 1915 — 939 recebidas e 819 expedidas contra: 1916 - 2.690 recebidas e 2.237 ex- pedidas. SESSCES DE DIRECTORIA Realizaram-se em 1915 — 32. Realizaram-se em 1916 — 53. Kí^cola Agrícola "Luiz dv <|HoiroK", Piracicaba Alumnos sahindo de uiiia aula no "ripado" de horticultura O MAMOEIRO Estudo descriptivo de Carica Papaya Numa das ultiinas sessões da Academia Nacio- nal de Medicina leu o Sr. Dr. Jayme Silvado uma interessante Memoria descriptiva do Mamoeiro - a Carica papaya ~, onde faz seu estudo com minúcia e detalhadamente. S. S. dias antes fez idêntica exposição na sede da Sociedade Nacional de Agricultura. As descripções do inamoeiro até hoje conhe- cidas são incompletas, e muitas se acham' eivadas de erros de observação. Dahi o interes- se que desperta a communicação do Sr. Dr. Jayme Silvado, á qual constitue um fiel estudo dessa útil planta brasileira. Damos, a seguir, na integra, essa memoria scientifica : tamilia das Cancaceas (Papayaceas) — E' uma pequena familia, cujos representantes vege- tam nos paizes tropicaes. São arbustos de cau- le carnudo e ôco, em regra aprumado e não ramificado, qual um espique, podendo entretanto ramificar-se, quer espontaneamente, quer pela acção do cultivador, quando lhe corta o broto terminal, afim de impedir o grande crescimento em altura, no intuito de ter os fructos mais a mão. As folhas emanadas desse caule são lon- gamente pecioladas, sem estipulas, de limbo muito desenvolvido, quer sejam simples, multil- lobsJas e palminervias ( Manweird), quer com- postas — palmadas (Jacaratiá), Vasos, muito abundantes em todas as par- 314 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA tes desses vegetaes, fornecem um latrx merece- tíor de grande apreço, devido ás suas proprie- dades bromatologicas e therapeuticas. O género iprincipal é o Cariai, cuja espécie C Papava, da qual ha varias raças, é o nosso muito conhecido mamoeiro. Estudemol-o, como tvpo da Família, que bem elle merece; tanto maiis iquantc» é certo que devem ser assignalados vários errois e lacunas nas descripções, que dessa preciosa planta tém dado botânicos dos mais cotados. Entretanto, três autores brasileiros fi- zeram estudo bem orientado dessa planta, as.si- gnalando as particularidades que a caracterisam, especialmente um dellcs, que foi de uma pre- cisão admirável, como mostrarei daqui a pouco. Corrêa de Mello fe/ estudos, que, datando de 1867, foram aproveitados pelo autor de Mo- nographia sobre Caricaceas, da Flora Brasilicii- sis, o Conde de Solmes. Em 1 S8f) duas Theses foram publicadas nes- ta cidade — as dos Drs. Duque Estrada (L. C.) e Niobey (D. A.), sobre Papaina, oc- cupando-se ambos com a descripção do Mamoei- ro e imostrando falhas e erros nos livros que tratam do assumpto. Duque Estrada, especial- mente, muito se estendeu em sua dissertação, fazendo critica severa, mas justa, das descri- pções correntes no seu tempo, ás quaes eram alheias as observações de Corrêa de Mello, des- conhecidos também, dos citados collegas, meus companheiros de turma. Seja porém como fôr, tabe-lhes o mérito de haverem chamado a attenção para esse pon- to de Botânica, restabelecendo a verdade e a ordem, onde só havia erro e 'desordem. Duque Estrada escreveu: «Infelizmente po- demos asseverar, sem medo de errar, que to- das as descripções sobre o Mamoeiro são fal- sas, deficientes, ou sophismadas . E ainda: A flor é a parte deste vegetal que menos tem sido estudada, e, pelo trabalho acurado que fizemos, garantimos que não ha um só autor, dentre os mais conhecidos, que delia tenha dado descri- pção exacta». Hoje, 35 annos após haverem sido escriptas essas palavras, podemos repetil-as, ao serem li- das as descripções que do Mamoeiro dão os li- vros de Botânica, quer europeus, quer mesmo brasileiros. E' o que vou demonstrar, transcre- vendo para aqui trechos de vários escriptores, para em seguida pôr sob vossos olhos a bella descripção que do Mamoeiro deu o nosso Duque Estracla. E, baseando-me na observação da Na- tureza, hei de dar uma descripção de minha lavra, utilizando-me da observação dos autores nacionaes citados, particularmente das de Du- que Estrada. Bailloii, na sua bella obra Histoire drs Pkintes, tratando do assumpto em debate, ape- zar de fallar da differença existente entre as flores masculinas e as femininas, não assignala a disparidade existente entre os pés que têm flores masculinas, e os que têm flores femininas. Referindo-se a estas, diz Baillon: «Dans les fleurs femelles, il y a un cálice, analogue à ce- lui des fleurs males, et une corolie de 5 pétalas libres, valvaires ou tordues dans le bouton. L'androcée manque totalment, ou, pUis raro- ment, il est forme d'un nombns \ariable d'êta- mine hypogines, peu dévélopées, mais cependant fertiles, comme celles des fleurs mâle. Le gy- nécée ...» E, para completar a obra, elle dá a estam- pa de Mamoeiro macho, com as flores masculi- nas á iparte, sem reproduzir as femininas e as hermaphroditas, de que tratarei opportunamente. Também em discordância com a sua gravu- ra está a descripção do apparelho vegetativo, quando elle falia em limbo composto — digitado com fitiolos em numero de 5 a 12, quando o lim- bo da folha do Mamoeiro é sempre inteiro, pal- minervio e multilobado, tendo, como mostrarei, sempre numero impar de lobos. Certo Baillon confundio a espécie Carica Papaya, o Mamoeiro, com a Carica dodecaphylla, o Jacarafiá. Van Thiegen, em uma descripção, aliás succinta, é muito mais correcto. Entretanto, apezar de alludir á monecia e a dixe- cia, nada conta sobre a curiosidade da exis- tência do Alajitoeiro macho, — aquelle em que, como regra, ha flores masculinas em cachos de longos pedúnculos de implantação auxiliar, tão differente, sob certos aspectos, do Mamoeiro fê- mea, - aquelle em que as flores são femini- nas; caso em que são solitárias, ou gemmina- das, de implantação axiliar também, mas curta- mente pedunculadas. i-, mas de «Eichler»; o que mostra a existência de mais um Botânico ti ansviado no' estudo dessa' plan- ta, tão vulgar nos paizes quentes, porém de& conhecida dos botânicos de outras terras. Mas o 'melhor é transcrevermos o tópico de «Beille» em que vem os erros que assignalo : «Les fleurs jaunátres, diz elle, sont regulières, unisexuéses, ordinairement dioiques et réunies en grappes à Taiselle des feuilles les plus anciennes. Le réceptacle floral est á peu prés plan. Les fleurs males ont un cálice gamopétale, á 5 dents courts et triangulares; la corolie est gamopéta- le, infundibiliferme; Tandrocée comprend 2 ver- ticilles détamines soudées á la corolie, et inéga- les. les internes plus courtes ; le filet cylindrique, un peu vélu, porte vers sa partie supérieure, une anthère introrse; le centre de la fleur est occup- péer un ovaire généralment stérile. Dans la fleur femelle, le périanthe est identique, l'an- drocée est rarement fertile; le gynecée comprend 5 carpelles soudés par leurs bords en un ovaire uninoculaire, surmonté de 5 styles ramiflés». ^Semelhante descripção está prenhe de erros, bastando para invalidal-a o tópico em que o autor, que critico, diz que na «flor feminina» o periantho é idêntico ao da flor masculina, quando na l>a a conolla é dialypefcala e na 2.'' é gamopetala. O nosso «Caminhoá» também não foi mais feliz, ou melhor, mais correcto na sua descri- pção do «Carica Papaya». Assim é que elle, apezar de assignalar a distincção entre as flores masculinas e as femininas, attribue a estas «estames pouco desenvolvidos, porém de A LAVOURA 315 — ordinário férteis», o que, além de ser invcridico, é incoherente, porque então as flores seriam lier- maphroditas. A «Flora Brasiliensis de Martius», no seu XIII Vol., 3.» parte, tratando da familia das Caricaceas, assignala, ao estudar a espécie «Ca- rica Papayas, 2 formas, a saber — «Eupa- paya», e «Correae», correspondendo a 1.^ áquella que o nosso povo chama de «Mamoeiro fêmea» e a 2^, á que é conhecida por «Ma- moeiro macho», A parte iconographica c su- perior á Ide qualquer dos autores que citei; en- tretanto notei nas figuras respectivas alguns detalhçs que não correspondem ao que a Natu- reza nos apresenta. Assim é que, na parte rela- tiva ao «Mamoeiro fêmea», se a flor feminina está bem representada, no seu aspecto externo, por assim dizer, a mesma estampa exhibe a flor masculina, a qual, como mostrei não c vista no «mamoeiro fêmea»; notando-se ainda que o gyneceu, representado á 'parte, privado da corol- la, apresenta-se acompanhado de um androceu de 5 estames hypoginos, de longos filetes, cousa que jamais observei na flor do ' Mamoiro fê- mea. Melhor é a parte iconographica refe- rente ao «Mamoeiro macho», porque, apezar de não vir um exemplar da planta representado na estampa, esta fielmente reproduz a flor fecunda, a qual, nesta forma da «Carica fapaya», se observa ás vezes, em meio á multidão de flores masculinas, das quaes naturalmente não nasce fructo. (*) Na descripção dessas 2 formas, respectiva- mente correspondentes ao «Mamoeiro macho» e ao «Mamoeiro fêmea», o autor da «Monogra- phia» faz confusão, quando attribue a ambas as formas, fructos pendentes de longos pedúnculos. Assim é que, tratando da «Forma correae», diz a «Flora Brasiliensis ... fructibus ex illis ena- tis post delapsum florum pedúnculo longuíssi- mo gracille pendentibus». E, ao tratar da forma eupapaya, diz: «. . . fructibus longe peduncula- tis pendulis illis C. correae similibus. E' evidente o equivoco do autor da «Mo- nogTaphia», pois todos nós sabemos que os fru- ctos do «Mamoeiro fêmea» não são pendentes de longos pedúnculos, como se observa no «Ma- moeiro macho», pelos motivos que opportuna- mente exporei. Seja porém, como fôr, a «Flora Brasiliensis», bem que não escoimada de equívocos, dá infor- mações que se fossem conhecidas do geral dos autores, não permittiriam o surto de tantos er- ros, de tantas incorrecções e lacunas, conforme já assignalei e ainda vou assignalar. Já citei dentre os autores extrangeiros : Baillon, Beille, Van Thieglen e o Conde de Solms; e, dentre os brasileiros, Caminhoá, o qual er- rou, repetindo Baillon. Resta vêr o que dizem Barbosa Rodrigues e Lofgren. ^_Barbosa Rodrigues, no seu «Hortus Flumi- nensis», assignalando as duas formas que re- veste a icspecie Carica Papaya, considera como F. Corrêa o Mamoeiro Fêmea, quando é o con- trario, a adoptar-se o que diz a Flora Brasi- liensis. Lófgren, na sua obra sobre Plantas pliaiie- rogamicas do Brasil, bem que assignalando a (*) Além destas 2 formas dá a Flora a for- ma Ernesti, sem aliás reproduzil-a iconographi- camente. differença entre as flores femininas e as mas- culinas, descreve melhor as masculinas, attri- buindo ás femininas uma corolla tubulosa, ao mesmo tempo que se limita a dizer serem as flores diclinas, monoicas ou dioicas. Também deixa elle de estudar o lado interessante do assumpto, no que diz respeito aos dous tvpos, que o povo chama respectivamente macho e fêmea, as duas formas eupapaya e correae, da Flora Brasiliensis. As transcripções e citações, ahi feitas, bas- tam para provar á saciedade que tinha razão L. C. Duque Estrada, quando affirmava, em 1886, serem «falsas, deficientes ou sophisma- das», a s descripções dos autores relativamente ao Mamoeiro. Fosse elle ainda \i\ o e poderia re- petir essas palavras. Peita assim a critica, \amos \êr o que a Natureza nos mostra; e, entãOj cotejando o que observamos com o que acabo de apresentar, como sendo de autores de nota, podereis me- lhor julgar do \alor dos erros de observação e das falsidades descriptivas desses mesmos au- tores. Seja, porém, em primeiro lugar vista a des- cripção de L. C. Duque Estrada, a melhor ao meu vêr, que do «Mamoeiro» tem sido dada; o que aliás não impedirá de apontar-lhe alguma incorrecção, ou falha, que appareça, submetten- do á vossa apreciação qualquer critica, quo a tal respeito me seja dado fazer. Dizia L. C. Duque Estrada: (Ha duas es- pécies (sic) distinctas dessa planta, conhecidas pelos nomes de Mamoeiro femca e mamoeiro machn. No mamoeiro fêmea é que existem as flores femininas, grandes, pouco protegidas por cálix muito rudimenter; a corolla é polypetala, regu- lar, com 5 pétalas distinctas, longas e largas, cujo limbo e retorcido nara fóraj de .preflora- ção imbricada. Oynecêo composto de um carpello único, com um estylo muito curto_, terminando por b es- tygmas franjados, dispostos em forma de ro- seta. Ovário livre e globuloso, uni-locular, muni- do de placentas parietaes. O 'mamoeiro macho possue 2 espécies de flores: flores masculinas e flores hermaphro- cfitas. As iprimeiras são as que, a nosso vêr, Vin- son erradamente chamou completas, com aborto do ovário. A flor unisexual masculina possue um cálix mais visivel do que a feminina. A corolla é gamopetala, tubulosa, infundibi- liforme, terminando por 5 divisões, que também se retorcem para fora. Esta corolla representa talvez a quarta par- te da flor feminina, porquanto é pequena, de divisões curtas e estreitas, ao passo que as pé- talas da flor feminina são longas e largas. Androcêo composto de 10 estames, dos quaes 5 são maiores e alternos com os outros; os filetes de curta extensão, acham-se inseri- dos no tubo da corolla. na mesma altura, isto é, ao nivel das divisões do limbo da corolla. As aintheras, fixas pelo dorso e pela base, são introrsas, bi-loculares, de dehiscencia longitu- dinal. As flores hermaphroditas encontram-se no ve- getal conhecido por mamoeiro macho, ou se 316 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA apresentando no meio da inflorescencia masculi- na, ou, let é o mais commum, constituindo um cacho perfeitamente igual aos outros. Estas flores têm os caracteres das masculinas no que diz respeito ao cálix, forma, corolla, numero, disposição e inserção dos estames ; mas a corolla é mais espessa, mais volumosa, de denteações mais fundas, circumscrevendo o o\a- rio, Iquie) é lalongadio, e que se insinua pelo tubo, apresentando na parte superior um carpello ses- sil, com um estyííTia dividido em 5 ramifica- ções. Assim vê-s€ que os estames são pcryjiinos, isto é, inseridos no tubo da corolla, ao nivel do meio da altura do ovário. A inflorescencia de mamoeiro macho é um longos cachos, onde se desenvolvem ordinaria- m':nte lOí a 15 fructos; a inflorescencia do ma- moeiro fêmea é auxiliar, isolada ou em grupos. Isto, pois, é o que nos "parece dever ficar bem liquidado acerca desse ponto litigioso. Ha, portanto, flores femininas que contém exclusivamente órgãos femininos e flores hernia- phroditas, que não são mais do que flore.-; mas- culinas que possuem órgãos femininos. As primeiras são ferieis, provavelmente por fecundação indirecta, perfeitamente explica\el pelo grande numero de insectos, que as três es- pécies attraheimi por seu perfume e nectareas. As segundas são completamente estéreis in loco», só fornecendo o agente fecundante p:ira as primeiras. As terceiras são férteis por fecundação di- recta.» Niobey, tambe?n assignalou, simultaneamente com Duque Estrada, a existência da flor her- maphrodita, do mamoeiro macho, assim di- zendo: «Na flor hermaphrodita, que não acha- mos descripta em autor algum, e de que sú encontrámos alguns exemplares após repetidas herborizações, o calicK é rudimentar. O tubo da corolla é cylindrico, duas vezes mais largo do que na flor macha (sic), com 5 lobos oblongos, obtuso no ápice. Os estames são em numero de 10, todos distribuídos como na flor macha fsic). cercando; o ovário, send3 5 sesseis e 3 com fi- letas alongados. O ovário, como na flor fê- mea.» Duque Estrada e Niobey, observando a na- tureza, verificaram o' que esta realmente apre- senta, ao ímesmo tempo que assignalnram a ausência de qualquer indicação dos autores ia tal respeito. Mas a verdadj é que Corrêa de. Mello já havia assignalado a existência dessa flor hermaphrodita no mamaeiro mach i, flor qu; a vFlora Brasiliensis- reproduz de accôrdo com as indicações do botânico brasileiro. Seja, porém, como fòr, não pjrderam importância as observações desses 2 outros compatriotas, es- pecialmente Duque Estrada, a C|uem devemos a excellente descripção que transcrevi. Pena é que o autor da monographia da .Flora Brasi- lien.íisi desconhecesse a excellente these, pois, do contrario, teria sido mais correcto, graças ao auxilio que recebeu de Corrêa de Mello e ao que receúería do novo cynViéo, o saudoso L. Duque Estrada. Apezar de algumas incorrecções, a descripção de Duque Estrada é certamente a melhor que conheço. Observando a natureza^ elle assigna- lou a unisexualidade .das flores exclusiva- mente femininas, do niami>Jiro, qu- o povo clia- ma femea>-, em contrario aos autores que lhes attribuiram órgãos masculinos. Com effeito, Baillon falia em androceu de estames peu dé- véloppées, mais cependant fertiles», ao mesmo tempo que Caminhoá, repetindo Bailon. diz existirem nas flores femininas .estames pouco desenvolvidos, porém, de ordinário férteis». E Duque Estrada tinha razão. Eu, procurando ve- rificar suas asserções, tenho examinado muitas e muitas flores de mamoeiro fêmea e jamais en- contrarei esses estames .pouco desenvolvidos, mas ferteis' de Baillon e Caminhoá. Como, então, se processa a fecundação des- sas flores ? Esses dous autores, admittindo a existência desses estames, sustentam implicita- mente a fecundação directa; ao passo que Duque Estrada, negando a existência de órgãos mas- culinos, diz que ellas são ferteis • >iprovavel- mente por fecundação indirecta», isto é, pelo pollen das flores do mamoeiro macho, trazido pelos insectos, ou pelo vento. Esse .(provavel- mente), de Duque Estrada, mostra que elle não verificou o facto, apenas o admittio, fazendo a hypothese mais simples, de accôrdo com o con- junto dos dados adquiridos. Ha, entretanto, uma duvida a esclarecer: o mamoeiro fêmea é fecundo, mesmo vivendo em lugar onde não haja nem um só exempler de mamoeiro macho. E' um facto de observação corrente; pois, que ha plantadores que sacrifi- cam os mamoeiros machos, logo que o «sexo» se denuncia, não se queixando apezar dessa pratica, de parada na producção de fructos pelos mamoeiros fêmeas. Como, então, se dá a fe- cundação Ta'í é o problema a resolver e que, muito de industria, vou deixar para o fim desta disser- tação, onde darei, segundo espero, a devida so- lução ao caso. Passo agora a dar- a dascripção, -que elabo- rei, dessa original e interessante planta, Ides vêr que, reproduzindo muitos pontos da bella descripção de L. C. Duque Estrada, cujo es- pirito observador foi posto em evidencia na sua citada these, procurei completal-a, ao mesmot fcmno que insistirei sobre a demonstração do caminho errado ique têm seguido vários autores, quando> íratam desse ponto de botânica des- criptiva. O mamoeiro (.Carica papaya> ), originário das Molucas, segundo uns, brasileiro, segundo outros, c um arbusto que vegeta explendida- mente no nosso paiz, como em todos os de clima análogo ao nosso, attingindo a muitos metros tle altura, com um aspecto elegante, que nada fica a Idever ao das palmeiras. Fixani-n'o ao solo raizas aprumadas e ra- mificadas de Dicotylo, que é, as quaes nada têm de particular, senão que as suas primeiras rami- ficações se desenvolvem com exhuberancia á superfície do terreno, chegando a distancia no- tável de seu ponto de partida. O caule é cylindrico, ou antes, apresenta um cone de grande altura, e pequena base, emr fgra indiviso e vertical, lembrando o es- pique das Palmeiras (Palmaceas), tendo a par- ticularidade de ser ôco; ás vezes, porém, se ramifica, espontaneamente ou não. Assim é que os cultivadores, fazendo, operação que o nosso povo chama .capação». cortam o brota terminal, promovendo a ramificação (.) por meio do desenvolvimento dos gommos ou genunas A LAVOURA 317 existentes no caule. Quando novo, este apre- senta manchas roxas sobre um fundo cinzento argênteo, nas partes inferiores, ao passo que o broto terminal e a porção caulinar que lhe fica abaixo, /^ão verdes lisas^ brilhantes. Ci- catrizes em forma de escudo se observam nos pontos de inserção das folhas, por occasião da queda destas; notando-se que taes cicatrizes cuja conformação 'é devida, como mostrarei daqui a pouco, á forma que têm os peciolos das fo- lhas no seu ponto de implantação, vão perden- do esse aspecto, tornando-se mais ou menos li- neares, dispostas horizontalmente, á proporção que o caule vae engrossando. De sorte que as mais velhas, ou inferiores, são lineares, ao pas- so que as mais recentes, ou superiores, são de forma peitada, tendo as outras as intermedia- rias, formas de transição. Folhas longamente pecioladas emanam des- se caule herbáceo, dispostas em espiral, manten- do a disposição phyiotaxica quiconcial, com largos limbos muito recortados, mantido em po- sição horizontal^ ou quasi, excepto quando, en- velhecendo' vão-se, inclinando para o solo, até cahirem, destacando-se do caule. Os longos pe- ciolos são ocos, e cylindricos em todo o cumpri- mento, menos na base, que é massiça e dila- tada ; o ijue explica a forma da cicatriz a que acima me reportei.' O limbo é simples, palminer- vio e ^profundamente lobado, com 7 lobos recor- tados, nas folhas, observadas, em planta que chegou ao auge do seu desenvolvimenta; sendo digno de nota que as nerxuras são 9, cabendo 2 a 'cada um dos lobos inferiores. Nas primeiras que apparecem, podem os lobos ser em numero menor, mas são sempre numero impar. A face superior do limbo é verde-escuro, ao passo que a inferior é verde-claro. Mantendo-se essas lar- gas folhas, lem geral, na posição horizontal, prestam-se á observação do phenomeno da transpiração, quando pela manhã as vemos cheias de gottas, que as aljofram, as quaes se diriam de orvalho, como as que se vêm na face superior, si a posição das folhas não mostras- se bem a differença. O Broto terminal, herbáceo, tenro, verde e lustroso, tem rápido desenvolvimento, modifican- do-se progressivamente a còr, que vai desmere- cendo, á proporção do crescimento, até tornar- se acinzentado, com aspecto argênteo. Esta dif- ferença no colorido é decisiva entre as partes novas e velhas do caule. A sua riqueza em «látex» é notável, não sen- do, aliás, o caule a única parte do mamoei- ro que nos apresenta esse liquido; pois que to- dos 'órgãos o rointêm, como veremos, inclusive a flor e o fructo. Um cheiro herbáceo s;;/ generis exhala o m/i- moeiro. Estudemos agora o apparelho reproductor. O mamoeiro é planta «dioica», visto como as flores masculinas existem em certos pás, em- quanto outros têm femininas. O povo, por in- tuição chama-os, respectivamente, «mamoeiro macho» e «mamoeiro fêmea». Seja, porém, dito desde já que no «mamoeiro machoi em muitos casos se noti, a par da maioria das flores mas- culinas, uma minoria de femininas, antes her- manhroditas. que lhes permittem a frutificação. Mas não adeantemos. Plantadas as sementes de um mesmo fructo — o mamão, nascem na maioria pés fe.riininos; não sendo possível distinguil-os dos masculi- nos, que constituem a minoria, senão após o inicio da floração. Iniciada esta, sabe-se logo qual será o «sexo do mamoeiro, observando- se a inflorescencia, a qual, sempre axiliar, é solitária, ou então gemminada, quando o ma- moeiro é «fêmea», ao passo que é um cacho, qluando a planta observada é masculina; facto que foi bem assignalado por Duque Estrada, sendo desconhecida do geral os autores. Desabrochadas as flores, nota-se que, no 1° caso, ellas são unisexuadas femininas, ao passo que no 2", são unisexuadas masculinas. E, como os dous typos de mamoeiro apresentam- se muito differentes, sob certo aspecto, sejatrt elles estudados separadamente, nos seus órgãos floraes. O Mamoeiro fêmea. — Conhecido o appare- lho vegetativo, commum aos 2 tvpos, convém es- tudar os órgãos reproduclores. No typo que ora estudo, o «Mamoeiro Fêmea-, as flores são so- litárias, ou quando muito gemminadas, de im- plantação axiliar, curtamente pedunculadas, com pèriantho duplo e formado por um pequeno cálice gamopetalo de 5 divisões e por uma co- rolla dialypetala, igualmente de typo pentame- ro, em prefloração imbricada. São as pétalas longas, brancas, carnudas e, ao desabrochar a flor, afastam-se, retorcedendo-se e tomando for- ma espiralada. Protegido por esse pèriantho hypogino, vê-se o pistillo composto de 5 carpellos, que formam um ovário globuloso, encimado por um estylo curto, apresentando um estygma de 5 divisões, camadas e recortadas, franjadas que concorrem para a bella apparencia da flor. Se seccionar- mos esse gynecêo, ao nivel ovário, veremos 5 carpellos, soldados pelos bordos, formando um ovário unilocular, de placentação parietal. De androceu, por mais que se procure, nem^ vestígio se nota. Dessas flores nascem bagas piriformes, mais ou menos alongadas, conforme as raças, apresentando sempre 5 gommos, correspondentes aos 5 carpellos do pistillo. Ainda em meio de sua evolução conservam os fructos os vestígios do estygma, que, secco e mumificado, permanece adherente á sua extremidade livre. De cór ver- doenga em começo, elles se tornam de còr ver- de-escuro, que passa paulatinamente ao amarello, á proporção que a imaturação vai progredindo, para adquirirem definitivamente esta côr, quan- do completamente maduros. O epicarpo é uma membrana espessa, lisa e resistente; o mesocar- po, de côr amarello-avermelhado, é uma homo- génea massa, sem fibras, docei e saborosa; o en- docarpo é cremoso t doce. Sementes, muito abundantes nas raças agres- tes e pouco numerosas nas cultivadas, inserem- se nas paredes da loja ovariana, em 5 fachas placentares, correspondentes ás 5 folhas carpel- lares. São redondas, pardas, ás vezes quasi ne- gras,c om arillo cremoso e doce ; quando masti- gadas, sente-se um sabor amargo e picante. Esses fructos, nascidos das flores axilares, de curto pedúnculo, implantados, horizontal ou obliquamente em relação ao caule, vertical, vão inclinando-se para baixo, graças ao peso que progressivamente cresce. Apoiados a principio sobre os peciolos das folhas, em cujas axilias nasceram, vão perdendo esse apoio, desde que as folhas vão tombando^ devido ao que se põem 318 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA em contacto com o caule, encobrindo as cicatri- zes deixadas por essas mesmas folhas. O resul- tado é que os fructos se arrumam em torno do caule, formando vários andares. E, como é constante a producção floral e frutífera, o Ma- moeiro apresenta um bello e original aspecto, de- vido ao conjuncto formatlo pelo elegante espique, encimado pela coroa de folhas, á laia de Pal- macea, e a partir de certa altura, coberto de fructos em varias phases de desenvolvimento, tanto mais novos quanto mais se approximam do broto terminal. Acima da região dos fructos no- ta-se a região floral, a qual será amanhã tam- bém fructifera. Todos esses fructos, velhos e novos, são ri- cos de «látex», o precioso «látex» de «Carica Papaya», tão útil, quer sob o ponto de vista bromatologico, quer sob o therapeutico, como adiante se verá. O Mamoeiro macho. — Em certos exempla- res da Carica papava nota-se, ao iniciar-se a floração, que as inflorescencias, nascidas nas axillas das folhas, são em cacho, em vez de se- rem solitárias, ou gemminadas, como no typo, que estudámos acima. São em cacho de longo pedúnculo ôco (fistuloso). Já é uma differen- ça. Além disto, nota-se facilmente, ao mais le- ve exame, mesmo á distancia, que as flores neste 2.» typo são muito menores do que as do lo, que estudámos. Examine-se de perto e ver- se-ha que a ílifferença não é só apparente, mas real e evidente: Um pequeno cálice, rudimentar, g^amosepalo, dt; õ dentes, supporta a corolla jja- mopetala, tubulosa, com 5 divisões que se revi- ram para fora. Na pequena abertura, offocio superior da parte tubulosa dessa corolla, vê-se a massa amarella constituída pelas antheras cheias de pollen. Rache-se a corolla de alto a bai.xo e vêr-se-ha que essas antheras, em nu- mero de 10, pertencem a 2 verticillos de esta- mes, de 5 cada um, sendo que um delles é for- mado por antheras sesseis e o outro por esta- mes de curtos filetes, todos implantados na ^ar- te superior do tubo da corolla. A par disto, observa-se completa ausência de gynecêo. São, pois, flores typicamente masculinas. Em certos casos, pode ser visto um órgão atrophiado, em forma de estylete, substituindo o gynecêo au- sente. Como é então que este 2" typo de mamoei- ro produz fructos, os chamados «mamões ma- chos» ? E' que soem apparecer na extremidade dos cachos flores fecundas, as quaes geram es- ses fructos, ás vezes asymetricos e mal confor- mados, pirifornies, com o pericarpo em certos delles cheio de saliências irregulares, em vez de ser liso, como o dos fructos do «mamoeiro fêmea.» Corrêa de Mello, L. C. Duque Estrada e Domingos Niobey com razão julgam essas flo- res hermaphrodifas, conforme se vê da gravura existente em a these do 2°, assim como dos exemplares que ponho sob vossas vistas, os quaes mostram bem a fidelidade de Corrêa de Mello, cujo desenho a «Flora Brasiliensis» re- produz. E, por haver muito de interessante e origi- nal no assumpto, sobre o qual ora disserto, vou dar a descrip\ào dessas flores, muito differen- tes, quer das masculinas, quer das femininas, já descriptas. Entre as flores masculinas typicas do ma- moeiro macho, acima descriptas, apparecem ás vezes certas flores que, logo á l» vista, da- quellas se distinguem, por serem mais vultuo- sas. Examinadas de perto, accentua-se no espi- rito do observador a differença, conforme vou mostrar, descrevendo-as e comparando-as comi as suas companheiras de inflorescencia. O cálice é muito rudimentar. A corolla é tubulosa, como a das masculinas, porém de maior diâmetro; a meia altura as pctalas se separam rcribrando-st para fora, quaes as mas- culinas, porém apresentando-se mais carnosasi. Não são no cmtanto tão grandes como as das flores femininas, nem retorcidas em espiral. E', portanto, uma corolla que faz a transição da gamopetala para a dialypetala. Ao uivei do ponto em que se pronunciam as divisões da corolla inserem-se os estames em numero de 10. em 2 verticillos de 5 cada um; notando-se que uns oppostos ás pétalas, são mais longos do que os outros, alternantes com estas. Um pistillo 5 carpellar alongado, cylin- droide, enche o tubo da corolla. encimado por um estvlo curto, que se termina por um estygma õ lobado e recortado, o iqual é bem visivelj por ficar acima do ponto em que comleçam ás 5 di- visões da corolla. E', pois, uma flor hermaphrodita, essa que ao «mamoeiro macho» permitte a producção dos fructos. Comparando-a com as masculinas, que a acompanham, na inflorescencia, e com as fe- mininas, de «mamoeiro fêmea», vemos que ella occupa um meio termo, visto como a corolla, ainda gamopetala, como a da flor masculina, é entretanto mais profundamente fendida, não chegando a iser dialypetala, como a da flor fe- minina apezar de poder ser subdialypetala; ao mesmo tempo que, sendo mais volumosa e mais carnuda do que a flor masculina, é menor e menos carnuda do que a da flor feminina. De commum com a masculina tem o androcêo, ao passo que com a feminina tem o gynecêo; este porém é mais alongado e se termina por esty- gma menos volumoso. A forma do pistillo ex- plica a conformação alongada, piriforme, do chamado imamão macho». A' vista do exposto, é evidente que, sob o ponto de vista da inflorescencia e da constitui- ção das flores, são os 2 typos da Mamoeiro ínui- Irmãos Castro — Vendem reproductores das raças Caracú e Hollandeza, a preços razoáveis Para mais informações e pedidos com o Snr. Roberto Dias Ferreira Rua r de Março n. 15 — Rio de janeiro. A LAVOURA 319 to differentes um do outro; formas Eupapaya e Correae da Flora Brasiliensis, concluindo-se da comparação feita entre elles: a) O Mamo firo femca só possua flores fe- mininas, ao passo que o Mamoeiro macho tem em regra flores masculinas, podendo em certos casos apresentar outras, hermaphroditas; b) As flores femininas, as do Mamoeiro fêmea, são dialypetalas, ao passo que as mas- culinas são gamopetalas: não havendo nas pri- meiras vestigio de androcêo, sendo que nas se- gundas pôde ser visto um pistillo, atrophiado em extremo e estéril ; c) As flores fecundas, que ás vezes appa- recem no Mamoeiro macho, dão lugar a que se diga que, si sob certo ponto de vista, é a espé- cie Carica papaya planta dioica, sob um outro ponto de vista não o é, quando tomado o Ma- moeiro macho á parte, para exemplo. Julgo estar assim perfeitamente esclareci- da a questão, feitas as correcções necessárias aos erros e os additamentos indispensáveis ás falhas observadas nas descripções correntes. Isto quanto á faoe anatómica da questão; por- que, sob o ponto de vista physiologico, quanto á reproducção, surge ainda uma duvida. E, se- não, vejamos: Si o Mamoeiro fêmea é portador exclusiva- mente de flores femininas, conforme assignalou Duque Estrada e eu tenho verificado, em con- traposição ao que dizem os autores, só podendo, á vista disto ser fecundado indirectamente, á custa do pollen trazido por insectos, ou pelo' vento, como se explica então o facto de mo- moeiros desse typo produzirem fructos, apezar de viverem isolados ? Que os Mamoeiros fêmeas só produzem flo- res femininas, estou farto de verificar. Que Mamoeiro deste typo fructifero em local onde não haja Mamoeiro macho, também tenho ob- servado; aliás muitos plantadores systhematica- mente sacrificam os Mamoeiros machos, logo que o sexo se denuncia, sem que se note a para- da na producção. Como então destruir a duvida apontada ? Como resolver o problema ? A' vista do exposto, parece evidente a par- thenogenese. A producção de fructos no Ma- moeiro fêmea é independente de fecundação, é parthenogenetica. A observação obriga-me a aceitar o facto, que o raciocínio me fizera ad- mittir em hypothese, quando comecei a meditar sobre o assumpto em estudo. Como, entretanto, pôde surgir a objecção de erro de observação, admittindo-se a exis- tência, em ponto mais ou menos distante, de al- gum Mamoeiro macho, fornecedor de pollen, cumpre recorrer á experimentação. Si isolar- mos uma ou mais flores femininas do Mam.oeiro fêmea da acção do pollen, que possivelmente haja nas circumvisinhanças, e a fructificação verificar-se, a ninguém será licito contestar o facto. E' muito fácil instituir experiência decisi- va, protegendo uma ou mais flores por invólu- cro convenientemente adaptado, antes que ellas estejam desabrochadas, E' obvio que, si em taes condições a fructificação se dér, ficam por ter- ra as objecções e die pé a opinião, que defendo, favorável a Parthenogenese. Pois bem ; foi o que fiz. Revesti, por meio. de saquinhos de panno, flores ainda por des- abrochar, amarrando-lhes aos pedúnculos fios, que, apertadas ás bocas a esses invólucros, im- pediam o accesso do pollen, quer trazido pelo vento, quer transportado por insectos. E as' flores assim tratadas desabrocharam e fructifi- caram. Logo, a Parthenogenese no Alamoeiro fê- mea é um facto, que a ninguém é licito con- testar. E' mais um moti\o para que a Carica pa- paya, tão original sob o aspecto anatómico, e tão útil, sob os pontos de vista bromatologico e therapeutico, mereça todas as attenções do Na- turalista, por comportar-se tão originalmente^ sob o ponto de vista da reproducção. O phenomeno denominado Parthenogenese, co- mum em certas plantas Cryptogaamicas, como nas Algas, por exemplo, é raro nas Phaneroga- micas ; mas nem por isso pôde ser negado; fa- ctos dessa natureza têm sido assignalados nos annae 5 scientificos. Assim é que no livro de Oeddes e Thomson — L'Evolution du sexe, dois casos dessa natureza são citados. Dizem esses autores: «Quelque chose qui ressemble á la Parrhénogénèse,parmi les plantes phanérogames,. a été décrit maintes fois, suríout en ce qui con- cerne une plante indigène de la Nouvelle Hol- lande, la Calebogync. Lorsqu'elle a été cultivée en Europe, les fleurs males ont dégénéré, ét mé- mâê disparu, á ce que disent Braun et Hanstein. Pourtant des graines fertiles ont été produites.» E mais adiante: «Le docteur A, £rnst a dé- crit dernièrement ce qu'il appelle une véritable Parthenogenese dans une Ménispermacée trou- vée par lui à Caracas et nommée Disciplinia Er- nsti. — Des plantes femelles, qui ne portaient pas de fleurs males, et que avant poussué par- faitement isolées á 1'abri de tout contact du pollen d'autres plantes, produisirent en trois années successives un nombre croissant de fruits fertiles.) (*) A' vista do exposto, não admira que se ve- rifique no Mamoeiro . o interessante phenomeno da Parthenogeneses, de cuja observação julgo ter a prioridade. Submetto o meu estudo á vossa apreciação. Observai e certamente dar-me-heis razão. Conclusões I. A espécie Carica papaya, original sob cer- tos aspectos do seu apparelho vegetativo, não é menos interessante soÍ3 o ponto de vista do apparelho reproductor. II. Normalmente a espécie Carica papaya, é dioica; entretanto, os pés portadores de flores masculinas ás vezes exhibem flores hermaphro- ditas, a par, bem que em numero menor, das masculinas, que abundam nos chamados Mamo- eiros machos. III. As flores masculinas são gamopetalas; as femininas dialypetalas e as hermaphroditas têm uma corolla tubulosa, mas tão profunda- mente recortada que parece fazer a transição das primeiras para as segundas. IV. Observam-se dois typos de flor herma- phrodita no Mamoeiro macho, visto como, si em certos casos se encontram 10 estames, dos quaes 5 têm curtos filetes e 5 são sesseis, inseridos' em coroa na parte superior do tubo da corolla, em outros casos os estames são apenas em nu- mero de 5, com filetes longos e implantados na 320 b:-letim da sociedade nacional de agricultlira base da corolla, ao nivel da basj Jo ovário. No 1" caij\ o aspecto da flor e approximado do da flor masculina; ao passo que no 2° caso elia se parece mais com a flor feminina. V. A fecundação das flores lK'rmapliroditas, no Momoeiru macho, é garantida pelo pollen de seu próprio anJrocêo e pelo das flores mascu- linas q«- em grande copia as acompanham sem- pre. VI. As flores femininas, isto é, as do cha- mado Mamoeiro fêmea, desacompanhadas de flores masculinas, podem produzir fructos par- thenogeneticamente; o que a objervação e a ex- periência (experimentação) demonstram positiva- .iientj. NOTA — Além das formas Eupapaya e Cor- rcae trata a Flora Brasiliensis de uma outra que chama F. Ernsti, sem grandes desenvolvi- mentos, dizendo serem os 'ructos por ella pro- duzidos insufficientemente conhecidos (Land satis notis). Existirá ella entre nós? Acredito que sim, sem no emtanto poder affirmal-o. Observação posterior, feita com afinco, permittir-me-á lalvez responder á pergunta. /. S. Kscola Aaricola "Luiz de <|in-iro#/", l*ír:icicuba " Bibo" — Puro sangue hollandez, nascido na Escola — 1° premio na Exposição de Gado de 1917 Esterco de Curral Siiii composição e conservação (Continuação). b) — Matérias orgânicas não azotadas — Es- sas matérias, fermentando, dão logar á forma- ção die gazes differentes segundo o ponto con- sidierado do monte, porquanto na parte superior é o acido carbónico que predomina, e, o inverso se verifica na parte inferior onde o metlianio é encontrado em grande quantidade. Ao mes- mo tempo que se opára a formação desses dois gazes, a matéria orgânica se desaggrega e sc transforma em matéria luimica, que, no ultimo caso, vem constituir o húmus humico, emquanto que no primeiro dará origem ao humws acido, que, devido á essa qualida.fe, tem a proprie- dade de formar saes. Assim se explica, porque no sumeiro, liquido preto formado pela dissolução complexa das substancias humicas, são encontrados diversos saes solúveis, productos ammoniacaes ou de de- molição dos albinoides do esterco do curral e que não chegaram a dar ammoniaco ou ni- tratos. Essa producção de matérias humicas, além de criar atmosplieras tão diversas das normaes, provocam decomposições que differem de uma A LAVOURA 321 — camada á outra, sobretudo quanto á temperatura e humidade, o que explica até certo ponto, as perdas que ahi se verificam. Prevenir as perdas em ammoniaco gazozo e impedir que elle se transforme em azoto nitrico quando amontoado, fazer com que o esterco conserve a imaior somma possível de elementos lUteis, assim como fazer que não ,h;ga gran- de diminuição na massa do mesmo, taes são os cuidados que sempre deve ter em mira um bom lavrador. Como conseguir esse desideratum ? Por que meios ? Dois processos se acham em vista: l." — Por agentes de conservação propriamente di- íos que, oppondo-se á fermentação, manteem p esterco fresco ; 2." — Por agentes de absor- pçiio, pelo qual o esterco do curral é deixado fermentar normalmente, do que resultaria maior valor fertilizante para o esterco curtido do que para o gsterao ifresco, loppondo-se todavia á perda dos productos de decomposição que são fixa- dos na massa do esterco. Dentre os agentes de decomposição propria- tnenfí ditos, geralmente empregados, a turfa constitue o melhor meio de mipedir a perda do azoto que, algumas vezes, se effectúa em metlida notável, durante o tempo que fica na es- terqueira. A terra constituc um excellente meio, mas além da quantidade necessária é preciso que ella seja humosa e calcarea. ou que contenha ao menos alguns por cento de carbonato de ■cálcio. Nunca se deverá recorrer, para sup- f>rir essa falta, á cal virgem, do que derivaria o desenvolvimento e a perda de uma parte do ammoniaco. Mais limpo do que o tratamento pela terra é o do gesso, que age pelo seu acido sulphurico convertendo o ammoniaco em siilphato de am- monio, emquanto que se forma o carbonato de cálcio, na própria terra, o que auxiliará á formação do acido nitrico e, portanto, a sua nitrificação. Têm sido aconselhado o emprego de outros meios, taes como substancias que contêm o aci- do phospliorico e que, além de evitar a per- da do azoto, ahi introduziriam esse elemento de que é pobre o esterco. Mas isso não é fácil: os super ptwspfuitos, assim como o gesso-p/ios- phafado, que não dariam reacção alguma, seriam melhor empregados d'oiitra forma. \ fariniia de ossos, quie já é encontrada em nosso com- mercio, é vendido por um preço alto. As escorias de Thonias contêm muita cal viva livre; produzi- riam, pois, perdas de ammoniaco. Os phos- phaios nuturaes são importados do extrangeiro, portanto demasiado caros para serem empregados vantajosamente. Os saes brutos de potássio (kainita, karnalita e o kieserita), constituiriam um meio efficaz para a conservação do azoto, assim como da matéria orgânica, mas o seu espalhamento nos estábulos, apezar da opinião em contrario de Holdlefleiss, é oornsiderado por muita como nocivo aos animaes, não só por causa de sua acção cáustica, como ponque poderiam ser comidos X>elos animaes ávidos de sal. E' também indicada uma espécie de acido phospho-sidphurico, que contêm conjunctamente o acido sulphuriao e o acido phosphorico. Toda- via, depois da turfa, é o acido sulpliurico, que melhor responde a esse fim, mas o seu empre- go, em vista dos numerosos casos de acciden- tes, exige muito cuidado. Todas essas substancias, «só são encontradas no nosso commercio por alto* preço, tornando impossível o seu emprego entre nós». O processo por agentes de absorpção, geral- mente utilizado na pratica sob três formas dif- ferentes: accumuludas de esterco sob os pés dos animaes ou da cama permanente, prepara- ção de esterco em plataforma e preparação do esterco em fossa, é o único que merece ser aconselhado entre nós. Só nos occuparemos da primeira forma por ser a mais vantajosa sob o ponto de vista pratico e económico. O processo da accumulação do esterco sob os pés dos animaes ou da cama permanente, tão preconisado por Holdefleiss na Allemanha, e Grandeau, na França, é o systema geralmen- te posto em pratica na estabulação do gado ovino e bovino, e consiste em abandonar o esterco sob os pés dos animaes deixados em liberdade, até o momento de ser levado para o terreno. E' o processo mais \antajoso para a pro- ducção de maior e melhor qualidade de es- terco, portanto mais rico em azoto e que pro- duz maior quantidade de 'húmus. Incessantemente pisado pelos animaes postos em' liberdade, o ar é expellido, a temperatura local, permane- cendo bastante uniforme, a fermentação é re- gular e os microorganismos dissipadores de azoto têm menos acção. Nem a chuva, nem o vento, e nem o sol podem damnificar o es- terco e contratar a sua decomposição. Não é necessário nem plantafórma, nem cisterna, nem bomba ou material de uma rápida deterioração. Todas as manipulações de tratamento ficam re- duzidas ao transporte do esterco para o logar do seu emprego. Para que esse systema proporcione o seu má- ximo effeito, é necessário que os estábulos apre- sentem uma cava bem argamassada de 0,50- 0,80 centímetros de profundidade, as mange- douras devem ser moveis no sentido vertical, e as portas em numero sufficiente para permittir a retirada fácil do esterco. Esse systema exige, porém, mais cama (1/3-1/4 a mais), senão a limpeza dos ani- maes, sobretudo no regimen das forragens ver- des, deixa a desejar. Por outro lado, sob o ponto de vista hygienico, e para prevenir as egradações locaes, é necessário fazer uso de corpos absorventes e fixadores de azoto, o que se consegue praticamente, cortando a palha que se destina á cama, ém pedaços de 0,40-0,50 se destina á cama, em pedaços de 0,40-0,50 der absorvente ou empregando turfa que, alem de fixar o ammoniaco, augmentará muito a massa do esterco; as dejecções solidas e liqui- das ficando assim inteiramente misturadas com a cama, o esterco é de uma composição ho- mogénea. O exemplo clássico resultante das observa- ções obtidas na fazenda experimental de Lau- chstadt (Halle) com 24 bois na engorda, de 3 annos, dos quaes 12 foram conservados em estábulos profundos, e 12 em estábulos ordi- nários, em condições idênticas, mostra bem patentemente, a superioridade desse processo. 322 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA Plataforma Estabulo profundo kil. descoberta coberta Peso de esterco (sumeiro com- prehendido) . 52,400 52,700 48,300 O esterco conti- nha: Substancia secca 14,600 11,600 14,500 Agua . . . 37,800 41,000 33,800 Azoto . . . 407 2Q2 97 A plataforma descoberta deu, pois, uma quan- tidade de esterco igual á extrahida do estabulo profundo, mas este ultimo era mais húmido. O abrigo coberto conservou para o esterco, 2,Q00 kilos de matéria secca que foram perdidos para o esterco amontoado ao ar livre. Quanto á qualidade do esterco que se manifesta no seu teor em azoto, a coberta nada augmentou; o esterco conservado sob abrigo, da mesma forma que o preparado sem abrigo, contém 110 ki- los de azoto a menos que o estabulo profun- do. E' á iriqueza em azoto que é preciso attri- huir a efficacia do esterco obtido com esse modo de preparação, facto este que tem sido muitas vezes assignalado por práticos os mais distinctos, e ao qual dão um 'valor que vae de 25-60 "/o mais do esterco preparado ao ar livre. ligual facto tem sido observado entre nós, na fazenda «Cachoeira» (1), com muares assim estabulados, obtendo outros processos, como o demonstram bem claramente as seguin- tes analyses: Esterco n. 1 — Esterco de burro, conservado sob os pés dos animaes cm estábulos profim- dos; Esterco n. 2 — Esterco de burro, conserva- do jpelo processo ordinário e proveniente da fabrica de cerveja do Guanabara ; Esterco In. 3 — Esterco de vacca, em meia es- tabulação profunda ; Esterco n. 4 — Esterco de vacca, conservado ao ar livre. Esterco n. 5 — Esterco de diversos animaes, e ipiroveniente da esterqueira coberta da fazen- da Cocheira; Esierco n. 6 — Esterco de diversos ani- maes, e proveniente dos estábulos de Instituto : Denon.,- Hurni- Matéria Mater. XlX-"""^'" de^^o^ Azote nação dade n.meral organ. P ^-^^ ^3,^.^ ^^^^,„ „ ^, Esterco I 32,32 16,r8 51,60 0.47 CGO 1,88 (1,38 Esterco 2 44.05 3i;,84 10.11 0,41 1,42 0,91 0,32 Estercos 45,47 34,8t) 10,t)7 0,22 o.69 l,(i4 0.33 Esterco 4 53,98 30,40 9.56 o.o3 o.o2 0,15 0,12 Estercos 31,19 5,85 62.66 0,17 0,18 0.45 0,36 Esterco 6 57,21 19,75 23.04 0.23 0,55 0-45 0,16 Por essas analyses, nas quaes seguimos os preceitos de Holdefleiss na maneira de tirar as amostras, assim como o methodo de ana- lyse ipreconizado pelo nosso competente e sem- pre lembrado ex-Director, Dr. Max Passon, ve- mos quão superior em qualidade é o esterco conservado sob os pés dos animaes em esta- bulo profundo, se considerarmos a quantidade de azoto e de matéria or;^anica, attingindo mesmo um resultado superior, cm seu conjuncto, ao do esterco mixto preparado cuidadosamente na es- terqueira. Igual differença nota-se entre o es- terco de vacca preparado em mela estabulação e o deixado ao relento. (1) Fazenda Cachoeira, do Sr. Raul Pom- peu do Amaral, no município de Campinas. E' \erdadeiramente animador se cotejarmos as cifras obtidas com o esterco tratado em estabulo profundo, com as estabelecidas por Holdefleiss como média, para igual svstema de estabulação, assim como para o esterco de cur- ral fresco, e o esterco de curral conservado na esterijueira; Esterco de Compôs do Conip. me- burro da esterco fres- dia do ester- Faz. Cach. co e do con- co do curral em estabulo servado na de cama profundo esterqueira permanente Agua . . . 32,320/0 22,53",'o ?5,70o;o Azoto . . . 0,39»'o 0420,0 0,54o/s Anhydrido phos- phorico . . 0,4700 0,19o;o 0,26o/o Uxydo de potás- sio ... 0,880,0 0,510,0 0,67 0,0 Oxydo de cálcio 0,60o/o 0,43o,o 0,37oo O esterco de burros, proveniente da fazenda «Cachoeiras, seria certamente mais rico, se não fosse, como muito acertadamente foi feito, ad- dicionado continuamente d'agua que se fazia in- filtrar na sua parte inferior, e que, corrigindo a dicionado continuamente d'agua que se fazia in- Ora, um esterco húmido, em consequência da grande quantidade d'agua, é percentualmente mais pobre, emquanto que um esterco jnuito lenxuto é percentualmente muito mais rico do que indicam os dados médios citados. De facto, se um esterco' é Tiumido .0 seu conteúdo em sub- stancia secca se limita a 10"o; se, pelo contrario, é extremamente secco o dito conteiído 'póde subir a 30 oo ; segundo o seguinte relação es- tabelecida por Holdefleiss: Mesmo Mesmo esterco inf- esterco me- diocremente dii)cremente hnmido secco Agua . . . 30,000,0 25,COo;o 20 00 0/0 Azoto . . . 0,4350,0 0,b44«i. 0,6530,'» Anh\drido phos- phorico . . 0,213o'o 0,266o;o 0,319o/o Oxydo de potás- sio . . . 0 3000/0 0 670o,'o 0,8040/» Oxydo de cálcio o',l34o/o 0,370o,Vj 0,450»/» Essas cifras vêm confirmar o valor das nos- sas analyses, e por ellas se vê que o esterco conservado sob os pés dos animaes, contêmt em substancias fertilizantes uma quantidade que só é apresentada pelos melhores systemas de conservação. O azoto é perfeitamente conserva- do; da substancia orgânica, só se perdem 12- 15 0/0. Resumindo por esse systema de conservação, se obtém : 1° — Maior quantidade de adubo; 2o — Um adubo de melhor qualidade; 3" — Um adubo que perde muito pouco dos seus princípios mais preciosos. Infelizmente, em clima quente como o nosso, em que á essa temperatura se ajunta o calor desprendido das differentes fermentações que têm logar durante a decomposição do esterco, torna-se incommodo para os animaes esse sys- tema de estabulação, pois não tardam a de- perecer ahi por falta de uma cama fresca que garanta' c» seiu repouso, sem contar que a lim- peza não é perfeita, ficando elles também ex- postos ao mal do apodrecimento dos cascos, (Do Boletim do Instituto Agronómico de Campinas, E. de São Paulo). Esterco de tani.T perm. llllu. Húmido A LAVOURA 323 O algodão paulista nos mercados europeus De pessoa muito chegada á casa Q. Boehmer 8t Cia., importantes negociantes de algodão na praça de Hamburgo, recebeu o sr. Arthur Die- derichsen, grande lavrador no E. de S Paulo, uma carta com informações minuciosas sobre a qualidade do algodão paulista, que está sendo in- troduzido ultimamente na Allemanha, e ali appli- cado com muito proveito pelos fiadores allemães. Essa carta foi lida numa das ultimas sessões da Sociedade Paulista de Agricultura, e de tal modo despertou o interesse dos directores presentes, que, por indicação do sr. coronel António Carlos da Silva Telles, toi resolvido dar publicidade á mesma, para conhecimento dos lavradores pau- listas e dos demais interessados no assumpto. São estes os termos da referida carta: «Quando em Setembro p. p. chegaram a Ham- burgo as primeiras amostras e consignações de lalgodão paulista, que como filho da guerra, até aquella data ficara desconhecido á Alle- manha fechada, a nossa casa dj Hamburgo, que ha 50 annos é especialista em iodos os algodões, não norte-americanos, reconheceu, desde o pri- meiro momento, que se tratava aqui de um floco de grandes preferencias. Por esse motivo, a firma O. Boehmer 6; Cia., também se occupou da maneira mais in- tensiva possível com esse producto paulista, fa- zendo grande propaganda entre a sua freguezia de fiação. O resultado foi muito feliz. Também a fiação reconheceu que, no algodão paulista, um novo floco entrava no mercado e, pelos ensaios em suas fabricas nos prestou grande assistência em nosso empenho pela introducção paulista. Assim, já em Outubro p. p., um mez só depois da primeira apparição do algodão pau- lista no mercado allemão, conseguimos receber das mais importantes fabricas de fiação, pedi- dos correntes para todos os mezes do inverno. As quantidades embarcadas de Santos, dire- ctamente para a Allemanha, quer as consigna- ções de casas santistas de café, quer os nossos próprios pedidos dirigidos a esse porto, por con- seguinte, não eram sufficientes para satisfazer o interesse da fiação allemã, crescendo assombrosa- mente depressa. Essa industria deu sempre mais pedidos, a ti- tulo de experiência, e então aehamo-nos na neces- sidade de mandar vir algodão paulista de Havre e de Liverpool. Deste modo, conseguimos vender á fiação allemã mais de 160.000 arrobas, quantidade bas- tante notável para o inicio durante o espaço de 10 mezes. Pouco antes da minha viagem ao Brasil fiz Uma extensa viagem nos grandes centros da in- dustria têxtil allemã e nesta occasião só ouvi opiniões satisfactorias, sobre a utilidade do algo- dão paulista, e de outro lado despertei novo interesse para este producto por meio de minha propaganda. O algodão paulista, que já depois de tão pouco tempo conquistou bons amigos na in- dustria allemã, está sendo usado pela nossa freguezia, não só para fabricar fios médios ds ni. 16 a S'* mas algumas fiações adaptaram as suas machinas de modo que os fios ns. 36 a 42, podem ser produzidos com successo, o que equivale a dizer que o algodão paulista corresponde ás condições de «fullj- good» até «good middling», do algodão da America do Norte, pro\eniente dos Estados de Texas, Ala- bama, Geórgia, etc. Desde a minha chegada ao Brazil, porém, sinto muito saber que a presente safra repre- senta uma desillusão e até algumas pessoas me contaram que se suppõe que a cultura do algo- do no Estado de S. Paulo no anno futuro diminuirá ainda mais. Isto, do nosso ponto de vista de Hamburgo, seria muito deplorável, porque, para nós, em primeira linha, significa que o muito trabalho e todo o esforço que fizemos para introduzir o algodão paulista na fiação, foi em vão, e, em segunda linha, seria uma grande desillusão para a industrial têxtil allemã, porque ella decidida- mente começou a familiarizar-se com a idéa de substituir pouco a pouco o algodão norte-ameri- cano pelo algodão paulista. A fiação continental, que ha de ser con- servadora em consequência dos productos espe- ciaes de cada fabrica, não se acha em posição de sempre fazer novos ensaios com novos flo- cos, pelo contrario, ella ha de contar com o recebimento da matéria prima escolhida por ella, com regularidade quantitativa e qualitativa. Si isso não acontecer, ella ficará aborrecida e per- derá o interesse. Por conseguinte, não deve- mos admittir que as remessas e o interesse pelo algodão paulista adormeçam. Si a fiação allemã verificasse que o algodão paulista apparece no mercado somente de vez em quando, esse floco perderia a graduação de egualdade qualitativa e recahiria na classe de algodões exóticos, os quaes, em consequência das offertas irregulares, só acham collocação a preços inferiores. Mas também a ' respeito da qualidade, será necessário ter a mira na egual- dade e regularidade, as quaes podem ser alcan^ çadas pela escolha conveniente das sementes, combate correcto e consequente dos insectos no- civos, colheita conveniente, serviço correcto nas machinas de descaroçar, enfardamento limpo e estabelecimento de pesos uniformes por fardo. Os successos excellentes da cultura de algo- dão no Estado de S. Paulo, durante os últimos poucos annos fornecem a prova de que o algo- dão tem um grande futuro neste Estado, que vale a pena abrir. Abstraliindo da industria nacional, que é ser- vida da melhor forma pela producção de um algo- dão bom e uniforme, o Brazil, como paiz de exportação, deve ter o maior interesse em creaF um novo producto de valor em ouro. Considerando que 1.000 arrobas representam um valor de 12 a 15 mil dollars ouro, quer dizer que uma exportação augmentada de algodão si- gnificaria um factor importante para a estabili- zação do cambio brasileiro. E, visto que o algodão (2 um producto de que todos os paizes do mundo necessitam, elle depende do arbítrio de um paiz qualquer que em consequência da sua — 324 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA for(^a ou de sua fraqueza fii anceira, poderia ex- perimentar de «boycotar» o artigo passageira- mente. Considerando o algodão como matéria prmia, do ponto de vista mundial, este producto e ate mais importante do que o café e, para exemplo, vimos que na Allemanha o café considdrado como artigo de luxo, é sujeito a grandes restri- cções na importação, ao passo que o algodão é o único pr(.)ducfo, cu a importação nesse paiz foi absolutamente livre, a partir do momento em que o bloqueio foi levantado, não sendo sujeito a quaesquer restricções de importação ou de modo de pagamento. Ha pouco li nos jornaes da terra, que o presidente da Republica mandou uma mensagem ao Congresso Nacional, na qual elle indicou a necessidade de organizar um serviço de pro- paganda no exterior para o fim de augmen- tar as possibilidades de exportação de productos brazileiros. Peço não interpretar como immodes- tia, si, em base do facto supra, se me permitte a observação de que a nossa firma na Allemanha ha um anno já está prestando os maiores servi- %oi a tal organização de propaganda a fundar e qu eella até já conseguiu effectivamente naqiielle paiz resultados que só esperam a adhesão do Brazil, para obter maior expansão.) Escola Agrícola ^-Iaiíi. de <|uoiroz", PiracU-aba Um trecho do Parque da Escola Noções geraes de piscicultura (Continuação). V Criação nos peixes gbi idos PELA FKCJVDAÇÃO íRTiFICI.M. Os peixes obtidos p.^la fecundação' artificial, podem ser criados em domesticidad j, ou pode- remos ipovoar com elk-s os rios, lagos, etc , que desejemos aproveitar para a piscicultura. Criação em domesticidade é a que pódc fazer-se em tanques, e outros depósitos de agua I ara a rega das hortas e jardins, ou ex- clusivamente em piscinas, aquários ou vivei- ros, destinado3 apenas a este fim. Nem todos os peixes podem criar-se assim, porque as aguas presas ou estancadas que con- vêm a uns nãO' servem para os quc- carecem de correntes mais ou meno-s rápidas, de sorte que neste caso é precisO' dispor as piscinas em condições que correspondam a esta necessidade, se as [Species com que pretendemos povoal-as assim O' exigem. , Para as carpas, tenças, enguias e outros p>ei- xes que indifferentemente vivem nas agi as doces A LAVOURA 325 — correntes ou estancadas, podem aproveitar-se os referidos deposites, comtanto que de quando em quando se renove total ou parcialmente a agua, ou se evite a sua corrupção plantando no fundo vegetaes aquáticos, que ao mesmo tempo ser- vem de abrigo natural aos peixinhos, para os preservar, sobretudo na primeira idade, dos raios ■directos de uma luz demasiado forte. Com este fim convirá collocar-se no fundo alguns monticulos de pedras toscas, formando ocos ou cavidades, ou então vários abrigos de barro como os que representamos nas figs. 12 e 13. Assim dispostas as coisas podem deitar-se nos viveiros os peixinhos obtidos nas incubações artificiaes pouco tempO' depois de nascidos, não pertencendo esses ás espécies em que a vesi- cula umbilical tarda muito em ser reabsorvida, pois neste caso, como já dissemos, é muito pe- rigoso tiral-os dos incubadores. Se os depósitos de que tratamos forem abastecidos por algum regato ou levada cujas aguas descobertas arras- tem pequenos insectos, sementes é detrictos or- gânicos que possam servir de alimento aos pei- xes, podemos dispensar-nos do ciiidádo de os alimentar; mas se esses depósitos se surtirem de mananciaes que brotem no' seu fundo, ou de alguma fonte viva cuja agua corra encanada desde a sua nascente, será preciso attendér ao sustento da criação, valenda-nos na primeira idaJe das substancias que já indicamos precedente- mente, ou procurando multiplicar nos próprios tanques cipris, ciclOj>es, citérea e outros crustáceos microscópicos, que abundam principalmente na Primavera nas aguas estancadas. Crustáceos microscópicos, de que se alimentam os peixinhos -I, daphna-2. Ciprio -3, Ciclope(muitG ampliado). Ha quem use também do sa igue dos mam- miferos e das suas carnes cosidas e exsecadas € reduzidas a pó; mas comquanto seja bom ali- mento para os peixinhos, è preciso não perder erigosos. A forma e dimensões desses tan- ques ou viveiros são indifferentes, podendo va- riar segundo as necessidades, comtanto que reu- nam as condições seguintes: agua sempre cor- rente e pura, que n?'> passe de 15 gráos no tempo do maior calor, se se trata de criar sal- monideos; extrema limpeza, para obstar a que a agua se corrompa, removendo-se frequente- mente os sedimentos que se ajuntam no fundo. resultantes dos alimentos não- consumidos e das dejecções dos peixes; destruição das vegetações- cryptogamicas que espontaneamente crescem nas paredes e fundo da piscina. A limpeza é fácil, usando-se para isso das pipetas indicadas no artigo^ publicado na parte III deste trabalhe; e a obscuridade impede o desenvolvimento das plantas cryptogamicas que podem incommodar os peixinhos recemnascidos e fazel-os morrer enredando-os nos seus ténues filamentos. Quanto ao movimento da agua, pôde pro- duzir-se pelo processo aconselhado pelo profes- sor Goste, e que consiste em atravessar no fundo da piscina um tubo horizontal de zinco ou chum- bo, perfurado de 50 a 50 centimetros, de modo que a agua que por elle corre e vem abastecer o deposito, descendo por outro tubo vertical soldado ao primeiro, forme jactos qu.; renovem a massa geral em todos os pontos, sobretudo se se estabelecer o desaguadoiro que acima in- dicámos. VII A piscicultura em domesticidade, tal como a descrevemos precedentemente, e em geral dis- pendiosa. Se não temos em vista mais que ensaios de estudo ou para entretenimento em apparelhos reduzidos, as despezas serão na realidade de pouca monta. Mas se se trata de um fim pratico e uti- litário, de uma verdadeira especulação industrial — . e é este o caso que mais nos interessa — a despeza poderá ser considerável, salvo quando se disponha de terrenos naturalmente dotados A LAVOURA 327 — das aguas precisas, tanto para a pisei factura, ou seja para a fecundação e incubação dos ovos de peixes, como para a piscicultura, que é pro- priamente a criação dos peixes até o- estado em que poderemos aproveital-os para a nossa ali- mentação. Assim, p'0'is, podemos concluir que a pisci- cultura só será vantajosa a quem a exerçj va- lendo-se de meios simples e adequados e con- tando, como o lavrador, com o auxilio da na- tureza. Ora, isso é o que pôde conseguir-se com a piscicultura ou criação dos peixes em liberdade, de cuja pratica vamos tratar. Criação dos peixfs em liberdade A' propagação dos peixes nas lagoas, lagos, presas, albufeiras, rios, canaes e outros sitios em que os peixes podem viver e procriar de um modo espontâneo, poderá chamar-se a «cria- ção dos peixes em liberdade», para a distinguir da que já descrevemos e que, como vimos, pode realizar-se até dentro de laboratórios. Essa criajçãlo é a exploração piscícola de maior interesse, e que, como a agricultura, pôde exe- cutar-se em maior ou menor escala, segundo a extensão das aguas de que podemos dispor. Com o fim, pois, de dirigir nos primeiros passos os proprietários que qu..'iram aproveitar assim as aguas que tenham á sua disposição, explicaremos os meios que devem empregar para conseguir um feliz resultado. Classificação das aguas As aguas podem ser correntes ou estancadas, e estas podem constituir lagoas, presas, lagos ou albufeiras de maior ou menor extensão. Os lagos ou albufeiras são sempre depósitos consi- deráveis de agua, sendo estes formados pelos ribeiros e até pelos rios nas desembocaduras. Os lagos comportam geralmente aguas doces e muito puras e podem estar situados no in- terior das terras t até nas altas montanhas; as albufeiras estão situadas á beira-mar e em com- munfcação directa com elTe, razão por que as suas aguas são salgadas ou salobras. As lagoas sãO' depósitos ordinariamente plu- viaes e de grande extensão, cujas aguas min- guam com os calores do Verão e augmentam oom as chuvas doi Outono e do Inverno. Emfim, as presas formam-se artificialmente, cortando algum arroio ou canal com um muro de tapume para formar a represa mais ou me- nos extensa que se queira; estes depósitos são abastecidos por mananciaes perennes e de aguas puras ou por açudes, arroios e até unicamente pelas aguas pluviaes que escorrem das cumieiras das serras próximas, cujas vertentes vêem dar á presa. Nada temos que observar relativamente ás aguas correntes, a nãoi ser que estas, consoante o ponto de que procedem e por onde passam, são mais puras, frias e crystallinas ou ao con- trario turvas, grossas e temperadas, sendo tam- bém as correntes rápidas, moderadas ou lentas. Além disso ao desembocar no mar mudam todas de natureza, mistura ndo-se com a agua salgada, que sobe nas marés mais ou menos contra a corrente, consoante seja a largura dos rios que tomam o nome de ria até o ponto em que alcançam a preamar. Também se devem tomar em conta para a piscicultura marítima as variações que offerecem os lugares, pois não são indifferentes para a criação do peixe, buscando cada espécie os que lhe são mais accommodados para criar e medrar; circumstancías que o piscicultor não deve per- der de vista para exercer acertadamente a' sua industria. Modelo de piscina, posto em pratica pelo Professor Coste. Dadas as diversas condições das aguas em que a piscicultura pôde pratícar-se, trataremos agora do seu aproveitamento. Presas Estes depósitos são artificiaes e de maior ou metior extensão segundo o fim com que se constróem, que é ordinariamente o de ajun- tar aguas para a rega de Verão nas terras onde a estiagem é extraordinária nessa época do anno. Podem ser destinadas á cr.ação de alguns peixes que vivem de preferencia nas aguas do- ces estagnada; ou de po«ca corrente; e este uso será de grande utilidade para 03 danos de tacs propriedades. As presas abastecem-se ordinariamenie, como dissemos, de aguas de chuva ou de m.)nanciaes pouco caudalosos, que escorrem dos terrenos im- mediatos; de modo que o peixe tem de ser levado de fora para lá, e deital-o ahi como em verdadeiros viveiros onde cresce e sé engorda. Só no caso em que as presas sjjam de grande extensão e nunca se <_sgoíem p3r completo po- derão servir para a piscicultura, depositando nelias 03 peixinhos, os «alevinos<> qu^- tenhamos obtido na criação domestica, ou que façamos nas- cer nelias mesmas levando para lá os dosova- doiros artificiaes carregados de semente fecun- dada Em todo o caso deve previamente averiguar- se se 0'S peixes encontrarão na pirêsa sufficiente alimento e se este poderá ser permanente ou se rapidamente se consumirá, pois que nçste ultimo caso arriscamo-nos muito provavelmente a perder o peixe e comprometter o capital em- 328 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA pregado ou deixar de tirar delle o lucro que se deseja. Qeraímente as pré as que fão' abastecidas uni- camente pelas aguas pluviaes ou por mananciaes exíguos que nascem nas immediaçõcs, são pobres de matérias lalimenticias para os p.eixes, a não ser que, despejando-se parcialmente de longe em longe, se tenham povoado de insectos, crustá- ceos, vermes, vegetaes aquáticos e outras ma- térias orgânicas de que os peixes se alimentam. Quando esses depósitos são muito extensos e abastecidos por arrojos perennes que antes percorrem longos tratos de terreno arrastando muitos detrictos animaes e vegetaes, t-ntão' pódé assegurar-se que não é fácil que escasseie a alimentação para os peixes que em taes lugares se criem, sendo já de si boa garantia a exten- são da presa e a sua profundidade, contanto que, como já advertimos, não cheguem a min- guar-se as suas aguas com as regas de Verão até o ponto de reduzir o peixe a viver em pouca agua, aquecida por um calor excessivo e corrompida pela maceração e pelas substancias orgânicas nellas desenvolvidas. Esta ultima circumstancia seria sufficiente para matar em pouco tempo todo o peixe que a presa contivesse, aggravando-sj ainda O' desastre com o fóco' de infecção que resultaria do apo- drecimento de tanto animal, que indubitavelmente tornaria inabitavel a localidade, ou exporia os seus moradores a graves e mortíferos doenças. Mas tudo pódc, felizmente, prevenir-se, reti- rando opportunamente o peixe, ou evitando que o despojo das aguas seja tão a\'ultado que dê lugar a semelliantes damnos. Como as espécies que podem criar-se nas presas são as mesmas que as próprias das aguas das lagoas, delias trataremos quando nos oc- cuparmos destes locaes. VIII Lagoas As lagoas são constituídas por uma massa de agua estagnada numa pressão do terreno, mais ou menos funda, e em geral de medíocre extensão. Frequentemente seccam ou aminguam no Ve- rão, e, em tajs condições, c claro que não podem aproveitar-se para a piscicultura. Mas quando as suas aguas são permanentes, profundas e claras e mais procedem de manan- ciaes do que torrentes ou aguaceiros, podem ser applicadas á criação ou engorda das ten- ças, carpas, lucros, enguias e algumas espécies de barbos, comquanto estes prefiram as aguas correntes. De um modo geral não conxem misturar as espécies, porque se prejudicam, tomando prt-pon- derancia as mais fortes e carnívoras, que des- troem inteiramente as débeis e herbivoas. A maneira de povoar de peixe as lagoas, quando de outros sitios não possa vir para ellas por si mesmío, é deilar alguns exemplares adultos, machos e fêmeas, antes da época da desova, para que espalhem a semente nas novas mo- radas, ou transportar para lá os desovadouros carregados da ova obtida noutros locaes ou ex- trahida como indicámos ao tratar da fecunda- ção artificial A enguia faz excepção a esta regra, porque ainda não foi possível obter a sua ova, ha- vendo até varias concepções dos pescadores, sobre a producção deste peixe, que alguns dizem po- der engendrar-se com disparatadas receitas, de que não vale a pena dar nota, por serem de todo o ponto absurdas. O que importa saber é qu- a enguia cria na desembocadura dos rios, perto do mar, onde desova, e todos os annos pela Primavera (Março e Abril), as novas enguias, quando^ ainda são como fios gelatinosos, das dimensões dos vul- gares ganchos de cabello, sobem pelas desem- bocaduras os rios de agua doce, em grandes, cardumes, aos biliões, e a affiuencia é ás vezes^ de tal ordem que turvam a agua. Para transpor os obstáculos que lhes emba- raçam a marcha, amontoam-se umas sobre as outras, e até, sahindo da agua, passam para as superfícies molhadas adjacentes, por Oinde ras- tejam como vermes. Se a quantidade desses animaes embryonarios que penetram nos nossos grandes rios che- gasse toda ao . completo desenvolvimento, Ijuasi se pode dizer que não haveria leito que conti- vesse tanto peixe; mas sãoi taes e tantas as. causas de destruição desse peixe, que o que mais pode assombrar-nos nãoi é a enormíssima profiferação, é a conservação da espécie. t !f/íi...i Planta de piscina Coste Logo que penetram nas aguas doces esses cardumes de enguículas sãO' accommettidos por miríades de inimigos; todos os outros pefxes as perseguem com avidez, todas as aves aquaficas as comem, e o homem é ainda o maior des- truidor. Ora, precisamente na occasião em que se pro- duz o phenomeno da «subida», que deixamos descrípto, é que facilmente podem apanhar-se em cestos, nas margens dos rios, e transportal- as, como já foi indicado noutros artigos, para as lagoas. Um litro desta minúscula criação, semelhante a ténues lombrigas diaphanas, segundo o seu estado mais ou menos adiantado, pôde conter cinco ou Seis mil pequ.nas enguias; de modo que é fácil calcular a quantidade que será pre- cisa para povoar uma lagoa, consoante seja ã sua extensão. Alguns preferem as novas enguias para cria- ção, em estado mais adiantado; mas as enguias são tão robustas em todas as idades que mes- mo no primeiro periodo de existência podem A LAVOURA 329 ser trasladadas sem inconveniente para grandes distancias. Deitadas nas lagoas, se estas sãO' lodosas e providas de vegetação aquática, em breve eneon- tram com que sustentar-se, primeiramente, de bichitos e larvas de insectos aquáticos e de- pois de moluscos e de outros peixes e até de cobras da agua, que tecm sido encontradas no estômago de enguias adultas. Este peixe, depois de crescidO', esconde-se no lodo, e deixa até as aguas para refugiar nos lameiros, sahindo só de noite á busca de ali- mento. Quando se quizer cevar as enguias, para que cresçam mais rapidamente e engordem, collociim- se num deposito especial, onde se lhes deiura restos da cosinha ou do matadouro, taes como tripas, bofes, etc, tcndo-se o cuidado de di- vidir esses alimentos em pedacitos miúdos. O piscicultor deve ter todo o cuidado em que as lagoas onde se crie enguias nunca cheguem a ter falta de alimento, porque em tal caso cor- reria grande riscO' de que estes peixes emi- grassem para ir a outra parte buscar alimento. Depois de semeadas as aguas conforme já sa- bemos, é necessário attender á comservação das criações obtidas, não só obstando á destruição occasionada pela mistura de espécies differentes e carnívoras, mas expurgando quanto possível as lagoas de outros inimigos não menos temí- veis, como são as cobras, os ratos de agua, as salamandras, os tritões e outros animaes co- nhecidos como damninhos para o peixe. Se as aguas são< extensas, abundantes em ve- getação aquática e de frondosas margens, não escasseará alimento para os peixes, com os in- sectos, crustaceotj e vermes que por alli pululam, e os ovos dos bactrachios ou rãs, caracoes, se- mentes feculentas, etc, que também sãO' excel- lente petisco na p.rimeira idade dos peixes. Quando- os depósitos de agua são reduzidos, entram já nas condições dos destinados á pis- cicultura domestica, e quasi sempre é preciso attender mais assiduamente á alimentação do peixe, como foi explicado quando se tratou dess: assumpto; convindo aqui notar que para en- gordar os peixes adultos e que se destinam á mesa pôde proceder-se de diffemtes modos, con- soante as espécies. Lagos O lago (cntendcndo-se que não nos referi- mos aos lagos artiíiciaes, construídos nos par- ques e jardins) é uma vasta e profunda extensão de agua permanente, cercada de tgrra e que communica com os rios ou mananciaes por meio de canaes visíveis e porventura com O' mar, por outros subterrâneos. Volvendo ao nosso objectivo, exporemos o modo simples de povoar os pequenos fagos Se aguas frias e puras, convertendo-os em semen- tãhos de trutas e salmões, os quaes, sanlndo flepois ae taes viveiros peios arroios que alTi lomam origem, poderiam encner os nos ao in- terior empooreciQOs não so pelo abandono a que em geral estão votados, rnas pela completa inobservância das leis protectoras da pesca. As espécies de umblas, salmões e trutas são os peixes que de preferencia devem déstinar- se ás referidas aguas, e para semear os seus ovos devemos servir-nos do apparelho Coste, que os nossos leitores já conhecem, se evitarmog os inconvenientes que foram apontados. Em tal casO' teremos de recorrer á fecundação artificial, se tivermos meio de arranjar pães em tempo próprio, e no caso contrario adquirir os ovos fecundados n'uma Estação Aquicofa. Se não quizermos arriscar a semente e pre- ferimos avival-a em nossa casa, servir-nos-hemos do apparelho representado na fig. 4 da parte II, e depois de nascidos os peixinhos e reab- sorvida a sua vesícula umbilical, poderemos dei- tal-os em lagos, onde elles por si mesmos at- tenderão melhor á sua subsistência do que se os criássemos nas piscinas domesticas, poupan- do-nos assífn trabalhos e 'despezas. IX AGUAS DOCES CORRENTES Teem as aguas doces correntes diversas pro- cedências e a sua natureza e origem não são indifferentes á piscicultura. De um modo geral, as frias e puras que correm por um leito pedregoso e pí^incipalniente granítico convém aos salmonideos e em 'espe- cial aos do género «salan> ou verdadeiras tru- tas, pois as outras espécies nào parecem tão melindrosas, sobretudo as que costumam emigrar durante certa época para o mar. Ainda assim, a todas lhes coin-êm na sua primeira idade as aguas doces e frescas, e por essa razão as \'emos indistinctamente subir os rios até os mananciaes que lhes dão origem, para desovar e proporcionar á sua prole uma vivenda accommodada ás suas primeiras neces- sidades. Esta observação' conduz-nos na multiplicação desses peixes a aproveitar para ella não só os lagos de que já falamos, mas também os ri- beiros a que dãO' origem e até os próprios rios que por sua affluencia formam. Para isso- servir-nos-hemos dos meios de que já tratamots; e se os rios ou arroios estão em communicação com aquelles por que sobem os salmonideos que vêem dO' mar para crfar, des- obstruiremos as correntes de todos os obstá- culos naturaes, sem consentir que se estorve artificialmente a passagem do-s pieixes tanto na subida como na descida, para que possam se- mentar bem as aguas empobrecidas. Quando as correntes não sejam próprias para a criação da escolhida família dos salmonideos. poderemos aproveitalas para as differentes es- pécies de barbos, bogas, escalos ou bordalos. tainhas, lampreias, enguias e outros peixes, quer destinados ao consumo do homem, quer para servir de alimento ás espécies preferentes que vivam em commum com ellas. Os meios de povoar de taes peixes essai aguas são os mesmos que indicamos para pre- sas e lagoas, istO' é, semeando a o-vâ colhida noutros sítios com deso\'adoiros artificiaes f sobretudo prohibindo rigorosamente a pesca na época da desova, quando as espécies sobem os nos para criar e multiplicar-se. Cada peixe que então se mata equivale a mi- lhares de indivíduos destruídos sem proveito paia o causador da morte e em detrimento da mul- tiplicação tão necessária á coUectividade. Tratando-se de rios caudalosos e susceptíveis de poderem ser percorridos com jangadas, um dos meios mais efficazes para os povoar de — 330 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA peixes, além dos já indicados, seria transpor- tar em barricas apropriadas as criações obtidas e já crescidas nas piscifacturas, largando-as de distancia a distancia, com escolha de bons lo- caes, para que, estabelecendo-se ahí, fossem en- riquecendiQ as aguas. Comprehende-SL- bem que em taes rios essas operações não podem ser obra de um parti- cular, mas sim cabe ao Estado. Mas é de advertir que os rios navegáveis of- ferecem graves inconvenientes para a piscicul- tura, pela agitação que os navios determinam nas aguas, principalmente os vapores, que es- pantam os peixes que, afugentados, procuram sí- tios mais tranquillos para desovar e, mesmo fazendo-o, são deslocados os ovos pilos redo- Tnoinhos da agua, cuja corrente os arrasta e faz perder. Tãopouco podem aproveita r-se com bom re- sultado os rios em cujas margens haja fabricas que infeccionem as aguas com matérias deletérias, a não ser que esses estabelecimentos estejam a distancias taes que não chegue ate aos rios a acção nociva de semelhantes matérias. Oleo da semente de seringueira Nova industria malaya O «Boletim do Instituto Imperial , tratando da utilisaçãii das grandes quantidades de se- mentes produzidas nas culturas de seringueira, traça a génese de uma no\a industria malaya. Nos primórdios da industria da borracha no Este Central, as sementes se destinavam, na sua maior parte, ás replantações; como hoje, porém, ha um niilhãi.* de geiras plantadas de seringueiras, a t|uantidade aproveitável sobra ás necessidades culturaes. Pesquizas remotas, feitas pelo Instituto Im- perial, mostram que as sementes da borracha do Pará produzem uma grande percentagem di- oleo, semelhante nas propriedades ao olco de linhaça, que pode ser empregado na fabricação de tintas e para outros fins; a torta, obtida com a separação do oteo, constitue um ex- cellente alimento para o gado. Nos dois últi- mos annos, o oleo era produzido em pequena escala experimental; mas, por fim, fundou-se uma moagem em A\alaya para macerar as sementes de borracha, tendo-se já vendido pequenas con- signações do oleo neste paiz e em Marselha, por preços animadores. Si compensa, ou não, ao agricultor, forne- cer sementes aos engenhos, é uma questão que depende do custo da apanha, sobre que dií- ferem as opiniões dos entendidos. Em vista da necessidade actual dos serin- gueiros exercerem rigorosa economia e da ex- traordinária procura de óleos e substancias ali- menticias, seria altamente conveniente que se systematizasse a apanha das sementes da bor- racha do Pará onde tal emprehendimento fosse lucrativo, evitando, dcss'arte, o desperdício de uma matéria prima inquestionavelmente de grande valor. (Do «The Times ot índias, de Agos(o) A raça Hereford A selecção das raiças é um assumpto de grande valor na economia rural, quando se trata da escolha do melhor typo, que se tenha de explorar, afim de se obter melhor compensação, que será o premio do trabalho dos que se dedicam á industria pastoril. Geralmente, a causa dos desastres na pecuária, tem sido a desorientação na escolha da raça, em relação ao fim des- tinado. Muitas vezes, isso se dá por falta de conhecimentos zootechnicos, ou pelo pouco cuidado, relativamente empregado na escolha dos animaes, devendo o criador ter em vista o meio, isto é, a zona na qual os animaes tenham de ser criados. Por experiências praticas, sabe-se que o Hereford, criado nos terrenos de pas- tagens naturaes e em climas rigorosos, tendo o solo forte, progride e resiste bem, ao passo que as outras raças puras dege- neram. Em «La Hacienda', revista americana, sahiu a lume um estudo sobre a raça Hereford, que julgamos útil reproduzir. A popularidade da raça Hereford é de sobejo conhecida pelos criadores destes animaes., que vivem á solta nos pastos, mesmo em condições hostis. Nenhuma outra raça a ultrapassa em actividade, e quando os animaes se destinam a for- necer carne, os da raça Hereford são su- periores aos v.Shortlwnisyy. E' certo que estes últimos dão bons resultados nos meios favoráveis; entretanto a raça He- reford prospera, mesmo nos logares em que as outras raças não podem viver. O mérito do Hereford já é bem conhe- cido, porquanto estes animaes vivem em campos de ruim pastagem, tendo agua- das em pontos distantes. Pelo trabalho de selecção tem-se con- seguido nestes últimos 20 annos, que o defeito apresentado pelo Hereford, qual o de ter o quarto trazeiro muito fino. já não seja observado actualmente, es- tando removido. Esta raça não se presta muito á sepa- ração, pois vive sempre reunida; actual- mente é a que produz mais carne. Dizem que a vacca Hereford é má productora de leite, porém a sua producção dá para alimentar um bezerro. 'A sua conforma- ção c mais forte, por isso que apresenta A LAVOURA 331 maior abertura da região do thorax, e tem condições de resistência mais assi- gnaladas do que a raça Shorthorn. E' precoce e a sua engorda fácil e rápida, desde que a criação seja feita racional- mente. O peso do Hereford é praticamente o mesmo do gado da raça Shorthorn. Os touros adultos pesam de SOO a 1.000 kilos, ou mais; entretanto as \'accas de bôa qualidade pesam de 500 a 700 kilos. A's vezes se encontram animaes adultos com maior peso do que o assignalado, sendo esta observação feita, quer para vaccas, quer para touros. O Hereford apresenta menor tamanho que o Shorthorn, tendo o mesmo peso. Apresenta o Hereford a seguinte pel- lagem: vermelho-branca, tendo a frente da cabeça, o pescoço, o peito e as partes inferiores do corpo e pernas, como também a parte superior das cruzes e a ponta da cauda, brancos. Frequente- mente, entretanto, nenhum ponto branco é encontrado na nuca ou parte das espá- duas. Ha algumas manchas brancas em outras partes do corpo ; isto é possível, mas não c um bom característico da qua- lidade do animal. E' preferível um exem- plar que tenha a cara completamente branca, sendo encontrado alguns animaes finos com manchas encarnadas, na cara e especialmente em redor dos olhos. A côr vermelha do corpo do animal varia, desde o encarnado vivo, approximando- se do amarello, até um vermelho escuro, que ás vezes se confunde com a côr negra. 'Estas cores não são as mais cara- cterísticas da bôa qualidade, sendo que um animal de côr vermelha escura é mais preferível. O pello é d'um compri- mento mediano, com tendência ao crespo A conformação do Hereford, em geral, é semelhante á do Shorthorn, excepto^ na forma, que é menos rectangular, não sendo tanto pronunciada, e os ossos proe- minentes estão bem cobertos de carne, apresentando uma superfície lisa. A sua estructura é baixa, compacta, com as costellas bem arqueadas, o lombo largo, as ancas largas, sem os ossos proe- minentes que teem os da raça Shorthorn e com os quartos mais redondos e volu- mosos do que estes últimos animaes. A cabeça é larga e curta, com as fossas nazaes bem abertas e a bocca larga, o que constitue uma demonstração de que o animal consome grandes quantidades de alimento. Os chifres são mais compridos e cheios que os do Shorthorn, brancos e com pontas côr de cera, curvados para fora, para cima. e para traz e algumas vezes para baixo. Nos touros os chifres são mais direitos e pesados, crescendo na direcção da testa para fora, frequente- Inente para frente, para traz ou para baixo, porém raras vezes para cima. O pescoço é curto, grosso e se une bem com as espáduas, o peito largo e pro- fundo, dando ao Hereford sua grande constituição e resistência que os cria- dores teem tido o cuidado de perpetuar. O lombo é profundo e cheio e as ancas e quartos trazeiros são bem desenvol- vidos, tendo grande quantidade de carne. Esta parte do corpo tem sido muito me- lhorada nestes últimos annos e a ten- dência á distribuição desigual de carne, perto do começo da cauda e nos cos- tados, tem sido reduzida e a raça hoje se apresenta como de um bom typo des- tinado ao corte. O Hereford, pelas razões expostas, e mais a sua rusticidade, tornou-se uma raça mui popular, servindo para melhorar, pelo cruzamento, os animaes nacionaes. O Hereford prospera em climas cálidos, pois o calor quasi não o afflige. Adapta- se aos campos menos cuidados, em que as pastagens não são ricas e serve nesse meio como um transformador dos prados, pois elle se torna uma bôa machina de producção de carne. Cruzado com duas ou três variedades de animaes indígenas, dá resultado satis- factorlo como productor de animaes des- tinados aos açougues, isto quando os criadores tenham em vista a producção da carne, e neste particular é superior ao Shortliorn. Irmãos Castro — Vendem reproductores das raças Caracú e Hollandeza, a preços razoáveis. Para mais informações e pedidos com o Snr. Roberto Dias Ferreira Rua 1* de Março n. 15 — Rio de janeiro 332 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA As explorações pastoris na Suissa Conferencia pronunciada na Sociedade Nacional de Agricultura peio Sr. Godofred Liithy, chefe da Delegação da Commissão de Criadores Suissos junto á 3^ Expo- sição Nacional de Gado, realizada no Rio de Janeiro. Sr. Ministro, Sr. Presidente, meus senhores: Primeiramente, Sr. Presidente, permitti que vos exprima meu vivo e profundo agradecimento peia hionra de ter sido nomeado membro do Jury da Terceira Exposição Nacional de Gado, que o Bra- sil— paiz de grande futuro nas questões de criação de gado bovino — acaba de realizar. Em nome dos criadores suissos e das organizações e federações de criação e^ muito particularmente, em nome da Com- missãc das Federações que englobam hoje todas as associações de criação, eu vos trago as saudações mais sinceras e cor- deaes de nosso pequeno paiz, a mais antiga republica do mundo inteiro. Senhores: — Em todos os periodos his- tóricos da nação Suissa, a (criação de gado bovino tem sido um dos principaes ramos da agricultura indígena. Os primeiros occupantes do território suisso, os Helvéticos, eram um povo de pastores ; ainda mais, os restos fosseis achados nas estações lacustres demons- tram que, já nos tempos prehistoricos, houve alternativa entre os periodos de desenvolvimento e de recuo da criação bovina. Na época do afolhamento triennal, é a cultura dos cereaes que predomina em o plateaii suisso, emquanto que a criação de gado tem muito menos importância. Apezar disso, os queijos e o gado suissos, são conliecidos e reputados no extrangeiro desde a antiguidade. No decorrer dos dois últimos séculos, e mais especialmente durante a segunda metade do século passado, a criação bo- vina da Suissa exerceu uma influencia notável em numerosos paizes europeus e mesmo fora da Europa. Qs bellos e férteis prados dos valles, as magnificas alpages com suas forragens saborosas e nutritivas, as numerosas fontes d'agua fresca c pura, a distribuição favorável das cnuvas, o ar puro; em uma palavra, as condições climatéricas, topographicas e geológicas do paiz, tudo concorre para favorecer a criação do gado. Não foi somente o acaso, mas sim as vantagens dessas condições naturaes, que deram aos antigos habitantes da Suissa este grande amor pelo gado. Quem, pois, não desejará auferir o maior proveito no ramo de sua explorií- ção e não procurará retirar delle o resul- tado mais remunerador? Não é, entretanto, possível deter- minar exactamente em que época e de que maneira a iagricultura suissa fixou isua pieferencia sobre essas duas principaes raças bovinas. O problema tem preoccu- pado numerosos sábios, porém, até hoje as opiniões differem muito. E' egualmente difficil esmiuçar a com- plexa questão da descendência das nossas raças bovinas. Isto, porém, não tem uma importância pratica tão grande e eu re- nuncio ao trabalho de fazer aqui uma descripção detalhada sobre o assumpto. A raça do Simmenthãl, a principal re- presentante do Bos Froiidosiis, é certa- mente a mais nova de todas as raças bovinas acciimatadas, desde longo tempo, na região dos Alpes. Durante o periodo lacustre, foi — como o provam os restos fosseis — o boi das baixadas, principal representante do Bos Brachicevos, que predominou. Delle des- cende nossa raça suissa osco nevada. A raçíi Nevada', foi, pois, o primeiro gado de nossos antepassados, emquanto que o gado malhado não appareceu, como raça especial, na Suissa, senão depois do começo da era enrista. 'Não se está ainda completamente escla- recido sobre as relações de descendência entre a variedade malhada de amarello e a variedade malhada de preto (Fribur- gueza). Esta ultima raça não é muito co- nhecida aqui entre vós, no Brasil; no entretanto, existe nas proximidades do Rio uma cidade, que se chama Nova Friburgo, para onde, penso, se tenham expatriado famílias do cantão de Fribourg e para ahi hajam feito vir gado preto e branco da Suissa. A LAVOURA 333 — Emquanto certos autores consideram a variedade friburgueza como a forma pri- mitiva, outros, ao contrario, pretendem que ella provenha da mistura da varie- dade malhada de amarelllo com a raça hollandeza malhada de negro. Actual- mente, a raça negra e branca ou fribur- gueza, não tem mais extenção do que tinha antigamente. Hoje, quasi somente no cantão do Fríbourg se cria essa raça. No cantão de Berne, centro de criação por excellencia da raça malhada de.ama- rello ou da raça do Simmenthal, ha mais de 60 annos que não se lhe concede pre- mio. Como já disse, si eu quizesse entrar em detalhes acerca de sua origem, isso excederia de muito os moldes de minha expisição sobre as raças de gado suisso. Foi graças a um trabalho uniforme e perseverante, favorecido pelo solo e pelo clima, que se formaram as raças suissas de gado, a saber: a mais antiga — a Nevada — divulgada no extrangeiro sob a designação de (Schwitzx, devido ao nome do cantão de onde é originaria; depois a raça malhada de amarello e branco ou raça do Simmenthal, mui co- nhecida da Allemanha, Austria-Hungria e da Rússia; e finalmente a raça ma- Touro de raça de Friburgo: 3 annos de edade — Premiado na Exposição Agrícola Suissa de Lausanne e no Mercado de Touros de Bulle — Peso vivo. aos 4 '/a annos de edade 1217 kilos. Ihada de negro e branco, isto é a raça Friburgueza. Elias se caracteiizam não só pela SU3 : boa conformação, como pelo seu rendimento elevado. Em nosso pequeno paiz, que a ne- nhum respeito se assemelha ao Brasil, e onde predomina a pequena proprie- dade, os syndicatos de criadores, cuja fundação data de 1888, são os mais recen- tes sustentáculos lançados para o desen- volvimento de uma criação racional e bem comprehendida em todos os seus aspectos. Desde es iemws antigos as nossas ra- ças de gado suiSso tem attraido a atten- <;ãn d,o' extrangeiro. A exemplo dos quei- jos suissos no tempo dos romanos, assim também o gado suisso da raça osco ne- vada e da raça Simmenthal se vendia cada vez mais para o exterior. Graças ás exceilentes qualidades e so- bretudo ás suas aptidões — mercê tam- bém da energia e do savoir-faire de alguns criadores e exportadores — as raças de gado suisso tornaram-se artigo de com- mercio desde o XVII século e são bem conhecidas no extrangeiro. Quanto á exportação do gado suisso para os paizes de além-mar, foi, sobre- tudo, a casa exportadora Biirgi, de .^rth, que fez conhecer a raça Schwitz no Brasil. 334 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA Por diversas outras vezes, os paires de além-mar, como o vosso, de que hoje gosamos uma excellente hospitalidade, o Uruguay, o México, o Japão e a Africa do Sul, importaram egualmente raças de gado suisso; nunca, porém, tinha a Suissa tomado ainda parte officialmente em uma exposição de um paiz de além-mar, como teve a viva intenção de o fazer na do Rio de Janeiro, o que infelizmente não foi possível, em vista do grande atrazo que teve na viagem o vapor que condu- zia o gado. Póde-se assegurar que uma nova era começa e que esse pequeno facto trará, como consequência, grandes relações com- merciaes entre as duas nações. A Suissa, pequeno paiz montanhoso, de uma superfície de 41.324 kilometros qua- drados, fica longe em extensão de seus visinhos. A França, é, por exemplo, 13 vezes maior; e o Brasil, mais de 220 ve- zes. Comtudo, apezar de sua extensão muito restricta, em relação a esses paizes, ella tornou-se um factor notável na cria- ção do gado bovino, constituindo-se assim o reservatório natural onde as raças de- generadas das planícies vão procurar o sangue novo para manter as aptidões e as conformações. A cadeia dos Alpes do lado do Sul, attinge á altitude de 4 mil metros e mais ; ao norte, o Jura, longa cadeia de mon- tanhas, de 1.300 a 1.600 metros. Entre iessas duas cadeias se acha o Platcun suisso, cortado de numerosas collinas e vallados; ao norte dos Alpes, essas colli- nas se elevam até 1.200 a 1.400 metros, emquanto que ellas se abaixam gradual- mente para o norte-oeste, para virem mor- rer perto do Jura, em extenso e fértil plaícau de 450 a 500 metros de altitude media. Os numerosos valles são atravessados por torrentes e riachos que descem das geleiras alpestres e alguns dentre elles oc- cultam pequenos lagos encantadores e sí- tios pittorescos. Somente sobre as bor- das do Rheno, antes da embocadura do Aar, e sobre as margens do lago Lugano. é que a altitude desce abaixo de 300 metros. As CONDIÇÕES CLIMATÉRICAS das differentes regiões são egualmente muito variáveis. Encontramos na Suissa todos os gráos intermediários entre a zona temperada e a zona fria. As regiões mais quentes encontram-se em Tessin e sobre as margens do Léman onde a média annual varia de 10 — 13o C. Em- quanto que o resto do plateaii tem uma temperatura média de 7 a 10o C, e uma altitude de 2.000 metros, ella baixa aOoC. O solo agrícola da Suissa apresenta uma grande diversidade, quer em relação á sua natureza geológica, quer em relação á sua composição e á sua configuração. A sua maior parte é terreno de transporte, cuja formação é devida á acção mecânica da agua, dos gelos e dos ventos. Graças ao seu clima húmido e á sua grande variedade de solos provenientes da desaggregação mecânica e chimica das differentes rochas, o paiz é parti- cularmente propicio á CULTURA FORRAGEIRA. A cultura forrageira augmenta de in- tensidade á medida que se approxima da montanha. E' graças, pois, a essa cultara forrageira bem comprehendida, á quali- dade e ao valor nutritivo das plantas lor- rageiras, taes como o trevo, a alfafa, a esparzeta e ás differentes gramíneas, que a nossa criação de gado bovino attingiu o gráo de desenvolvimento que ella hoje possue. Isto posto. Senhores, passemos a estu- dar o fim e os melhodos de criação e as aptidões reaes das raças do' gado da Suissa. O fim collimado em toda a região de criação, é o desenvolvimento tão com- pleto quanto possível das aptidões com- binadas, tendo em vista a producção do leite, da carne e do trabalho. Os meios para tanto conseguir, são: a selecção, a criação racional e os bons cuidados. As grandes propriedades sendo a mi- noria na Suissa ou mesmo não existindo de facto, senão na imaginação, é ali per- mittido a cada criador zelar os seus ani- maes e aprender a conhecer o seu valor, sem dependência de grandes pesqui.'as, nem de controles especiaes. E' lamentável, sem duvida, que, as mais das vezes, no' interesse do comprador, não se possa pôr á sua disposição ama prova evidente das aptidões reaes. A' me- dida, porém, que a organização dos cria- dores avançar, também este ramo será certamente cultivado de ora avante. Os criadores sérios sabem muito bem que aquelle que não avança, reciia. Elles prestarão todo o seu apoio para que a A LAVOURA 335 — Commissão das Federações possa intro- duzir em todo o paiz o controle do leite e que os espécimens mais notáveis e os mais qualificados para reproducção se possa provar não somente a genealogia ou pedigree, como também tornar co- nhecidas as suas aptidões reaes referentes á producção de leite. A pequena propriedade e muitas ve- zes também um pouco do espirito de lai ser ai ler e a falta do savoir faire, têin impedido até agora de se corresponder k^o legitimo desejo do comprador, para que lhe sejam fornecidas provas de aptidão. Entre nós, os touros podem ser utili- zados, com methodo, desde a idade de 13 a 15 mezes ; empregam-se mesmo, com bons cuidados, aos 12 mezes. Um touro robusto pôde prestar serviço de 60 a 90 vaccas; muitas vezes lhe dão ainda maior numero, o que é prejudicial. As vitellas ou vaccas são entregues ao touro na idade de 2 a 2 lo annos e parem o primeiro bezerro entre 2 3;,! — 3 'i de Touro de raçi Simmenthal — Hektor — 2 annos e 9 mezes — Peso vivo: Í50 kilos. Premiado na 8' Exposição Agrícola de Lausanne, annos; a maior parte das parições tem lugar desde o começo de Outubro a fins de Março, principalmente durante os me- zes de Novembro, Dezembro e Janeiro. Os bezerros fêmeas recebem leite in- teiro, durante 20 a 25 semanas ; e os machos durante 30 a 35, e nunca se os dcÍTca mamar na vacca, como é costume aqui. Muitos criadores experimentados consi- deram como ração máxima, que elles nunca excedem, 8 a 9 litros para os be- zerros fêmeas e 10 a 12 para os machos, sendo de notar que muitas vezes elles ficam aquém dessas quantidades. Em geral ellles se submettem ao prin- cipio : Não dar grandes rações de leite, porém dal-as durante mais longo tempo. Com a idade de 4 a 5 semanas, começa- se a dar bom feno e na decima semana forragens verdes concentradas. E', sobre- tudo, a aveia que representa o principal papel no aforrageamento dos indivíduos jovens, especialmente dos touros. No verão, por toda parte onde se-j?pS- tica a estabulação, o que é -regr-a em todo o plaíeaii suisso, a alimentação se compõe quasi exclusivamente de forra- gens verdes. Nas planícies, os animaes são postos nos prados durante um a dois 336 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA mezes no outono e muitas vezes mesmo durante três a quatro semanas na prima- vera. A pastagem é considerada como um meio indispensável para assegurar aos animaes uma constituição robusta, uma boa saúde e sobretudo uma forte muscu- latura, afim de manter uma boa confor- mação até a uma idade avançada. O gado da Suissa, tanto da raça Ne- vada, como da Simmenthal e da malhada de preto, é de uma precocidade média e possue boa propensão á engorda, for- necendo ainda uma carne de boa quali- dade. Infelizmente, possuímos muito poucos dados certos, que permittam constata;-, com o apoio dos algarismos, o desenvol- vimento dessa aptidão. O peso médio de uma vacca da raça Nevada, varia entre 600 a 630 kilos ; e o de um touro, de 700 a 800 kilos. Ha, porém, indivíduos que alcançam um peso de 750 a SCO kilos e os touros de 1000 a 1100 kilos e mais. Na ultima Exposição Suissa de Agri- cultura, que teve lugar em Lausanne em 1910, o peso médio dos touros menores de três annos foi de 982 kilos; e das vaccas em plena lactação de 721, e o das vaccas prenhas, porém em plena lacta- ção, de 701 ; e o das vaccas prenha.; seccas, 769 kilos. As vitellas de três annoL, e menores chegaram ao peso de 714 kilo:, e, as de dois a três annos, a 639. Póde-se admittir que os animaes di raça malhada de preto, Friburgueza, aí- tingem aos mesmos pesos ou os excedem excepcionalmente ainda. No que se refere á producção lei- teira, género de producção que começa a interessar cada vez mais também ás republicas sul-americanas e portanto ao Brasil, convém accentuar que o desenvol- vimento da aptidão leiteira das raças suissa, é certamente o que foi mais levado longe. Nos rebanhos seleccionados, em que as vaccas são nutridas abundantemente e de maneira racional, chega-se a uma producção annual de 3.800 a 4.000 litros de leite por vacca, havendo estábulos que apresentam algarismos mais elevados. ( > que é de uma importância de primeini ordem, é que o leite das vaccas das ra- ças suissas é muito rico de matéria graxa Na occasião dos controles feitos pelas- Federações dos Syndicatos de criadores da raça nevada e da raça malhada de amareílo, chegou-se a uma média de 3,88 «,u. O teor em matéria secca ou re- síduo secco é egualmente muito elevado (12,90). com variações de 11, 26-14,40 'o. Este factor é não somente muito impor- tante para a fabricação do queijo, como também para o emprego do leite em qual- quer outro uso. A qualidade inherente laos productos leiteiro:, suissos, é uma prova da especialidade do leite das vaccas suissas. Até o presente não falamos da apti- dão do gado suisso para o trabalho. Graças á sua boa conformação, á sua constituição vigorosa e ao seu tempera- mento, o gado suisso é dos mais re- commendados para o trabalho. Elte se distingue por uma forte ossatura, mús- culos bem desenvolvidos, sobretudo es do dorso, da bacia e dos membros; pelie resistente, porém, macia; articulações bem conformadas, temperamento vivo, cara- cter doce, boa saúde, mansidão, olhar in- telligente, docilidade — todo um con- junto de qualidades vantajosas para uni animal de trabalho. Mesmo na Suissa, maximé nas peqiíe- nas explorações, a maior parte dos tra- balhos agrícolas é feita por animaes da espécie iDOvina. Por toda parte se aprecia a força mus- cular do boi suisso, a sua notável man- sidão e a resistência dos seus cascos nos caminhos. Os melhores animaes de trabalho são os "bois, mas em nosso paiz é de uso frequente jungir as vaccas, as vitellas e até os touros. Depois de vos ter dado alguns escla- lecimentos sobre as aptidões, o aforra- geamento e a qualidade do leite do gado da Suissa, permitti-me dizer-vos ainda al- gumas palavras a propósito da organi- zação, como da actividade, dos syndica- tos e associações de criadores. Como declarei no começo de minha conferencia, a fundação dos primeiros syndicatos de criadores de gado da es- pécie bovina na Suissa, data de 1SS8. O fim dessas instituições é promover o melhoramento methodico e continuo da criação da espécie bovina, tendo -espe- cialmente em conta a pequena pro- priedade que predomina na Suissa. A LAVOURA 337 Lá, por diversos motivos, não seria possível ao pequeno agricultor tomar to- das as medidas necessárias para desen- volver a criação bovina. Aqui, entre vós, esta questão se apre- senta sob outro ponto de vista, comple- tamente differente, porque dispondes de grandes, senão immensas propriedades, onde cada um pôde fazer criação, se- gundo o seu critério. Os nossos syndicatos de criação na Suissa, procuram realizar o seu pro- gramma de actividade pelos meios se- guintes . I -- Acquisição e emprego judicioso de reproductores machos de pri- meira escolha; I! — Escolha e designação dos ine- Ihores reproductores fêmeas; IH — Cuidados a dar a esses repro- ductores machos e fêmeas e cria- ção racional das crias ; IV — Boa manutenção de livros ge- nealógicos e livros auxiliares; V — Medidas próprias para facilitar o escoamento dos productos, e para salvaguardar, em todos es casos, os interesses dos cria- dores ; VI — Ensino continuo e reciproco en- tre os associados, em todas ;is questões de criação. Criados em regiões propicias, os S3'n- dicatos de criação, que além de serem Pastagem de nionUnha ~ 1 roprit-dade dns snrs. J. Biirgí — Greteiier, criadores e exportadores da raça Schu':tz mantidos por associados intelligentes, são dirigidos por homens activos e experi- mentados, têm correspondido, por toda parte, á espectativa. E' evidente que os resultados, em ma- téria de criação, não são obtidos em um dia, sendo exigido para os conseguir um trabalho racional e perseverante durante annos e gerações. Os pumeiro.-i syndicatos de criação, poucos annos de fundados, reuniram-se em federações. Presentemente contamos na Suissa duas grandes instituições dessa natureza: a Federação de Criação da Raça Malhada de Amarello, cujo gerente se en- contra hoje entre vós, e a Federação dos Syndicatos de Criação da Raça Nevada. Alguns annos após a fundação dessas duas poderosas organizações de criado- res na Suissa, formou-se então a Fede- ração dos Syndicatos da Raça Fribur- gueza ou malhada de negro, variedade de gado ainda pouco divulgada em vosso paiz, até o presente. O ultimo élo da cadeia dos agrupa- -mentos de criadores de gado bovino na — 338 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA Suissa, fechou-se em 1916, quando todas as federações do paiz se congregaram na Commissão das Federações Suissas dos Syndicatos de Criação. Esta modificou os seus estatutos nesta primavera, nelles in- troduzindo disposições relativas á bus.-a de novos mercados para o nosso gado de criação. Por causa da pequena procura em ú\- versos dos paizes que eram os mais im- portantes compradores antes da guerra, €ncontra-se a Suissa em difficuidades para collocar, de forma remuneradora, o seu beilo gado de criação destinado a melho- rar o rebanho medíocre de outros paizes. E', pois, este o momento, Senhores, de ser adquirido o bello e productivo gado da Suissa, recommendado pela sua man- sidão, suas qualidades leiteiras, seu ren- dimento em carne de boa qualidade, e como que criado para ser introduzido nos paizes de além-mar, notadamente na Ame- rica do Sul e em vosso immenso Brasil. A exportação. Senhores, é uma questão que nos preoccupa bastante na Suissa. Em face das difficuidades de diversas naturezas, que até agora tem encontrado a exportação em larga escala, as Fede- rações congregadas declararam que se- ria um dos seus primeiros deveres em- pregar todos os esforços para augmen- tar a exportação. Nas visitas muito interessantes que, na semana passada, fizemos ao Posto Zoo- technico de Pinheiro e ás fazendas dos Srs. Dr. Rodrigues Peixoto, em Volta Redonda, e Dr. Junqueira e Dr. Octávio Carneiro, vosso illustre presidente da Exposição de Gado, perto da estação de Sobragy, pudemos constatar os progres- sos realizados em criação, utilizando o gado das raças suissas. Tivemos também ensejo de observar que, sob muitos res- peitos, melhoramentos profundos são ainda aconselháveis, principalmente no ponto de vista das construcções ruraes e da utilização dos adubos naturaes. Não ha duvida de que as terras dos estabelecimentos, que temos visitado até agora, se acham esgotadas por uma vasta e continua cultura de café. Acreditamos que construindo cocheiras e nellas conservando os animas durante o dia abrigados, o rendimento em leite ■e em carne poderá ser augmentado de uma maneira considerável. Não podemos comprehender qual a ra- zão por que o gado deve ficar exposto ao sol ardente durante os dias de verão. Construindo cocheiras, como encontra- rnos em muitas fazendas, o gado se sen- tirá feliz e esse bem estar contribuirá certamente, em larga escala, para au- gmentar a productividade em todos os sentidos. Independente disso não devemos, por certo, esquecer um outro factor de muita importância, que é a utilização do es- trume dos animaes. Estamos absolutamente convencidos de que o adubo natural deve ser utilizado de uma forma mais económica do que o é actualmente. Pois, Senhores, si mantiverdes os ani- maes abrigados do sol e resguardados das moscas durante o dia, tereis como resul- tado muito adubo natural, que para as terras esgotadas pela cultura do café de\e ser um estimulante precioso. Podereis talvez responder-me: — «Isso não é necessário entre nós, a cultura intensiva não compensa, porque o Brasil possue ainda grande extensão de terras. Temos maior resultado traba- lhando de uma maneira extensiva.) Acredito que isso seja um erro. Afastei-me um pouco do assumpto desta conferencia, porque era minha in- tenção falar-vos sobre a organização e a actividade dos syndicatos de criação e sobretudo do encorajamento que os po- deres públicos lhes dedicam. Devo confessar que a primeira parte, referente á actividade dos syndicatos, não pôde ter para vós os mesmos interesses que para a Suissa, onde a propriedade é tão dividida. Entretanto, eu desejava somente di- zer-vos algumas palavras evidenciando como a organização dos syndicatos e o desenvolvimento destes, tiveram tão be- néfica quanto feliz influencia sobre a cria- ção do gado em geral. E' no meio dos agricultores e dos criadores congregados que se tem começado a discutir todas as questões referentes á organização dos concursos, á manutenção correcta dos re- gistros genealógicos, á creação dos Merd- Books, etc. As medidas tomadas pelos poderes pú- blicos em favor da criação do gado, ba- seam-se estrictamente na Lei federal re- ferente ao melhoramento da agricultura pela Confederação Suissa. A LAVOURA 339 A execução dessas medidas é confe- rida aos cantões; porém, a concessão dos subsídios está subordinada a determina- das condições. Foi por esse meio que se obteve a unificação desejável das diversas legisla- ções cantonaes, sobre matéria de cria- ção. O orçamento federal comporta actual- mente um credito annual de Fr. 380,009, destinado ao melhoramento da criação da espécie bovina. Esse credito deve ser descriminado como se segue: A) — Para secundar os esforços dos cantões, afim de dotar os camponezes com bons touros reproductores ; B) — Para augmentar o effectivo cas vaccas e vitellas e melhorar sua qua- lidade ; C) — Para participar dos gastos de cria- ção dos syndicatos de criadores, bem como dos prémios que forem concedi- dos aos grupos de gado reproductor, cuja ascendência estiver authenticada por um registro genealógico correctamente mantido. Vista de uma pastagem de propriedade dos snrs. J. Iseli - em Spitz - Suissa. Ha vinte annos que na Suissa todos os registros dos syndicatos de criação do gado bovino são submettidos a uma inspecção minuciosa. Esta inspecção não tem somente por objecto a execução de um controle absolutamente necessário ao interesse dos nossos compradores de gado de criação, mas ainda um fim de instrucção em todos os domínios da cria- ção de gado. As conclusões do inspector de regis- tros, cujo trabalho nem sempre é agra- dável, têm por fim realizar melhoramen- tos. Com o controle regular dos regis- tros é feita a distribuição dos prémios, pela boa manutenção dos mesmos; e, de três em três annos, são concedidos pré- mios aos syndicatos pela sua boa gestão. Por esses meios chegou-se a despertar o interesse entre os criadores na Suissa, para producção de certificados de ascen- dência revestidos de toda a authen- ticidade. Mais tarde vos falarei também dos systemas de marcação do gado introdu-. zido entre nós. Deixai-me agora pronun- ciar ainda algumas palavras sobre a dis-, tribuição dos subsídios federaes; A) — O credito federal disponível é re- partido entre os cantões, srvindo de base o numero fornecido pelo ultimo recen- seamento do gado. Antes da guerra os. 340 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA recenseamentos eram realizados de cinco €m cinco annos e depois de 1916 elles -têm tido lugar todos os annos; B) — Os subsidies federaes para pré- mios individuaes de touros, vaccas e vi- ■tellas, são eguaes aos prémios canto- naes; C) — Os prémios especiaes federaes, para touros, só são pagos nove me/es após que o premio tenha sido conce- dido, sob a justificação ,de que durante esse intervallo o animal tem que servir á reproducção no paiz. Além disso, restringem-se os prémios individuaes para vaccas e vitellas, e 11- mita-se a concedel-os aos syndicatos de criação. Desta maneira chegou-se a in- teressar desde o menor criador no me- lhoramento dos animaes, assim como no bom tratamento a lhes ser dado. Os syndicatos de criação fundados an- nualmente, recebem um subsidio de Frs. 300 A Confederação consagra ao desen- volvimento do seguro do gado subsídios eguaes aos concedidos aos cantões. 0 Departamento Federal de Agricul- tura distribue, desde 1891, por intermédio dos governos cantonaes, cadernos de cer- tificados federaes de coberturas para es touros portadores dos primeiros prémios. Esses cadernos devem ser cuidadosa- mente conservados pelo guarda do touro. Quando uma vacca ou vitella premiada é coberta por um desses touros, o fa- zendeiro retira um certificado federal; na occasião da parição um agente federal colloca á orelha do bezerrinho destinado á criação uma chapa metallica federal. Foi graças a essa base solida, talvez a mais authentica no mundo inteiro, que em 1910 se publicou o primeiro volume do «Herd-Book Federal da raça Schwitz. Actualmente, uma Commissão, nomeada pelas Federações de Criadores, tem em vistas estudar as bases sobre as quaes deve egualmente ser estabelecido um «Herd-Book Federal; para a raça do Sim- menthal 1 .'.da a diversidade de certificados de ascendência applicados na zona de cria- ção da raça do Simmenthal, não temos ainda um Herd-Book do Estado para esta raça, como se dava com a Schwitz. No entretanto, possuímos também em cada syndicato d'esta zona de criação um re- gistro genealógico correctamente man- tido, que é annualmente controlado por quem vos fala neste momento ; porém, o certificado federal não foi ainda introdu- zido em todos os cantões. E', como se vê, a 'uniformidade que nos falta, pois no cantão de Frlbourg, ao contrario, foi estabelecido um Herd-Book Federal para a raça Frlburgueza, malhada de preto e branco. Penso que uma palavra sobre a com- pra de gado de criação na Suissa vns deve interessar. A época mais favorável para a acqui- sição de gado das três raças suissas, é certamente o outomno ou seja dos últi- mos dias de Agosto ao fim de Outubro. Em principio de Setembro, quando co- meça a descida dos rebanhos das alpa- gcs, é a época do anno em que se en- contram em nosso paiz as maiores fei- ras de gado, porque não ha bastantes es- tábulos, nem abundância de forragens nos valles para invernar tantos animaes. C) commercio de gado tem muita ani- mação do começo de Março ao fim de Maio, antes que os animaes partam para as montanhas. Durante o trimestre de Ju- nho a Agosto, o mercado de gado de reproducção é quasi absolutamente calmo. No que concerne ao gado destinado a ser e.xportado para o Brasil, tendo ein consideração a temperatura, julgo que o momento mais favorável á sua acclima- tação deverá ser em Maio e Junho. Nessas condições, o gado chegaria ao vosso paiz no mez de Julho, época do anno em qtie faz menos calor entre vós e creio que si isso é agradável ás pes- soas, também o será aos animaes. Os proprietários de fazendas que dese- jarem fazer uma idéa real do gado suisso e do gráo de desenvolvimento de sua criação, muito aproveitarão fazendo uma visita aos grandes mercados-concursos or- ganizados todos os annos, no fim de Agosto e no começo de Setembro, i;e- las Federações. Ainda mais: depois do mez de Agosto, realizam-se os concur- sos cantonaes e regionaes, de sorte que os interessados poderão examinar nosso stock de gado durante uma estadia de seis semanas nos concursos. Os espécimens de primeira ordem, rara- mente são levados aos mercados ordiná- rios de gado; muitas vezes são vendi- dos directamente entre criadores ou en- tão nos concursos e exposições de gado. A LAVOURA 341 — A compra directa aos criadores, deve ser a recommendada. Entre elles ha mui- tos que mantêm um commercio impor- tante, que os torna merecedores de toda a confiança Quem não estiver ao corrente das con- dições do commercio de gado, fará bem dirigir-se ao secretario da Commissão, o qual prestará todas as informações pre- cisas com referencia aos criadores idó- neos a quem possam dirigir-se com toda a confiança. A própria Commissão está eguaimente disposta a receber encommendas e a oí- ferecer todas as garantias concernentes á boa execução. Vosso paiz é tão vasto que quem qui- zer conhecer seriamente os seus clientes, necessita de ser recommendado. Hu, porém, posso recommendar-vos especial- mente as antigas e sérias casas de expor- tação da Suissa, como é o caso, para a raça Nevada, a casa Biirgi-Qretener, em Arth (Schwitz), que ha cincoenta annos se tem devotado com solicitude e honra^ dez ao desenvolvimento do commercio ae bom gado da raça Schwitz. Para o que se refere á raça Simmen- thal, menos commum entre vós, como ti- vemos occasião de constatar, o Sr. Co- ronel 1. Iseli, em Spitz, é pessoa de abso- luta confiança e pôde ser recommendada Vacca de raça Schwitz — Propriedade de J. Burgi — Gretener, de Arth, Suissa. sem restricções. Sua fama, como expor- tador da raça Simmenthal, não é tão an- tiga como! a da casa Búrgi, porque foram já o pae e o avô do Sr. Biirgi que pro- curaram em todos os sentidos satisfazer aos clientes brasileiros. Não posso terminar minha pequena exposição sobre a criação do gado ua Suissa, suas organizações e as medidas referentes ao seu melhoramento, sem agradecer calorosamente, ainda uma vez, á Sociedade Nacional de Agricultura o amável convite que eila nos fez, afim de enviarmos gado para figurar na íix- posição do Rio de Janeiro. Somos todos mui sensíveis á cordialidade com que te- mos sido recebidos por toda parte e pelo benévolo acolhimento dispensado por cada um de vós, meus Senhores, e muito especialmente pelo Sr. Dr. Octávio Car- neiro, digno presidente do aliudido cer- tamen. Durante os últimos cinco annos que a nossa pátria teve que atravessar no meio das grandes potencias que nos cercam, eu, na qualidade de chefe dos abasteci- mentos de gado para os matadouros e carne para os exércitos, tive de pensar - 342 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA commigo mesmo, por diversas vezes, o quanto é importante para um paiz nada negligenciar para melhoramento de sua criação. Jamais o nosso paiz poderia ter sup- portado este medonho choque si as me- didas postas em pratica ha longos annos pelas autoridades federaes e cantonaes c pilas organizações de criadores, assim como pelos próprios criadores em par- ticular, não tivessem produzido tão bons fructos. Cultivar melhor a terra, fazel-a dar o máximo do que ella pôde produzir, utilizando com cuidado os adubos e prodigalizando o trato exigido pelo gado; em uma palavra, augmentando a producção, é o dever sagrado do agricultor. O solo é a Pátria. Cultivar o solo é servir d Pátria. O progresso serg^ipano o Sr. Pereira Lobo, presidente do Estado de Sergipe, fala aos seus concidadãos. Observando detidamente o esplendido documento que é à ultima mensagem apresentada pelo Ex.mo presidente de Ser- gipe, Dr. Pereira Lobo, á Assembléa Le- gislativa do Estado, têm-se uma visão immediata, ampla, do que ali se tem feito em bem do Estado e do Povo. «A Lavoura», acostumada a ver em S. Ex., o administrador moderno, o admi- nistrador que sae do seu gabinete para examinar lá fora, no ambiente instruidor do campo, as verdadeiras necessidades do 6eu povo, «A Lavoura» sentiu-se bem alegre por constatar o grande carinho dispensado aos assumptos que se pren- dem directamente á terra. E «A Lavoura», com um laargo pro- gramma definido, um programma pelo qual se vem batendo incaançavelmente, sentiu-se bem com este encontro. E' tão raro encontrar-se a gente com os admi- nistradores neste terreno tão fecundo, que é uma surpreza confortadora quando de- paramos exemplos taes. E tanto é assim que nós vemos o Dr. Pereira Lobo terminar a sua men- : sagem com estas palavras : «Por todos os recantos de Sergipe se exercita o trabalho sem desíallecimentos, á sombra de uma paz magnifica, porque o desejo do bom sergipano é actualmente fazer grande e invejada a terra de seu nascimento. E este trabalho, o que se alcançou com elle, todos nós vamos assistindo, Sergipe, com a orientação actual, é hoje entre os demais Estados da União, uma das mais legitimas glorias do esforço brazileiro, uma das solidas affirmações da nossa pujança e das nossas immensas possibilidades. O Dr. Pereira Lobo, talhando em es- boço, dá-nos em uma synthese brilhante o que foi a producção do Estado que máo grado a inclemência destruidora da estação, muito se alcançou, muito se pro- duziu. Sinão, vejamos a eloquência destas li- nhas em que o governador de Sergipe nos dá conta da producção do Estado: «Não fossem os rigores do forte estio que atravessaamos, precisamente nos me- zes mais apropriados á producção, e muito de proveitoso para o nosso Estado, teríamos a assignalar, maximé no mo- mento actual, em que a elevação geral do preço dos productos nos impellei a pro- duzir a todo transe. Se é verdade, como diz Le Trosne, que a producção não é senão o movi- mento impresso á matéria, não podemos também negar que é do intimo congra- çamento do homem com a natureza que surgem todas as riquezas. A terra, como já repeti em documento anterior, occupa logar especial entre os agentes da producção. Ella não repre- senta, na verdade, a senão um capital, por isso que apenas vale pelo esforço em- pregado em exploral-a. E' dever dos governos, maximé no mo- mento actual, se associar quanto possível ás forças vivas da industria, proteger as associações voluntárias, o trabalho livre, assegurado pela ordem, determinando em seus serviços a hora de trabalho do pro- A LAVOURA 343 — letariado, protegendo a indigência e a infância, estabelecendo a repartição equi- dosa do imposto. Tem sido esta, Srs. deputados, a nor- ma de acção que tenho procurado seguir no governo, desejoso de com ellas mais me identificar, na certeza, que tenho fir- mada em meu espirito, de que o habito de fazer as coisas dá celebridade ao tra- balho que se multiplica pela uniformi- dade de acção, fazendo crescer a pro- ducção pela somma do esforço útil que exprime trabalho, na sua mais completa significação pratica. A classe proletária, em geral, neste mo- mento atravessa uma situação excepcio- nal, creada por elementos da mesma clas- se que um socialismo mal orientado vae desviando das verdadeiras normas. E' tal a sua situação, que se deixando estabe- lecer livremente a concorrência de bra- ços e a concorrência de capital, na acti- vidade industrial, elevar-se-ão os salários, produzindo-se a baixa do valor dos ob- jectos de consumo, pelo augmento da producção, permittindo amda ao traba- lhador satisfazer, com um labor mais re- duzido em horas, as próprias necessi- dades, o que até então elle só conse- guia numa jornada mais pesada, de doze ou mais horas, e proporcionando, ao mes- mo tempo, um repouso que o trabalha- Escola Agrícola "Luiz de Queiroz", Piracicaba Transporte de alfafa dor applicará na cultura e elevação de seu espirito. O proletariado necessitaa apenas, no momento de liberdade para produzir. «Laissez faire la pensèe, laissez passer les produits, la morale est au but avec le bienêtre». E' compenetrado do valor philosophico desse conceito, que tenho a satisfação de observar que em nosso Estado, pela organização do trabalho, pela concorrên- cia de capitães do governo e de parti- culares, assim, numa esphera de civili- zação, com uma regular retribuição ao operariado e relativo conforto de todas as classes. A doutrina moderna, pregada nas pa- lavras acima, diz bem do valor mental Ido administrador que as espalha e o que resulta dahi é fácil de concluir: 344 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA Sergipe é hoje um dos Estados da Linião em que a lavoura é mais intel- lipentemente olhada. Mas no norte tudo é incerto e o seu maior inimigo — as incertezas athmos- phericas, retardam frequentemente o adeanto das boas eras em que a terra generosa farta os seus povoadores, com as colheitas abundantes e os rebanhos sadios, que passam pelos seus campos ubérrimos. A este respeito informa-nos a mensa- gem : << Valores officiaes» — Apesar das con- sequências da crise provocada pelo pro- longado verão que quasi estiolou os nos- sos campos, dizimando os nossos reba- nhos, o valor official da nossa exportação no exercício passado quasi que attingiu o do exercício de 1Q18, pois que o pri- meiro subiu a 22.027 :020$266, e o ul- timo a 21.334 :763$582, apenas uma Jif- ferença, para menos, em 1919, na im- portância de 692:256$6S4. 1917 . . 15 085:9665203 1918 . . 22 027:0103266 1919 .... 21.334 :763$582 lo semestre de . 1919. . . . 13.069:7925937 lo semestre de . 1920. . . . 13.230:2305097 Comparando os valores acima verifica- se em 1919 um augmento de quasi 42 o/o sobre a exportação de 1917 e que o do semestre findo já excede o de egual periodo do anno anterior, na importância de 160:437$160. Os productos que mais concorreram para a exportação do anno findo foram : Assucar . . 26.706.300 14.018 :743$860 Tecidos de algodão . 1363.433 3.118: 788$261 Sal ... . 23502.607 954:258S401 Algodão em rama . . . 400.665 934:674S805 Couros sec- cos salga dos . . 406.514 495:532$462 Arroz . . . 1.317.670 302: 231 $400 Os productos acima mencionados cons- tituem 93 o/o da nossa exportação, para a qual concorre o assucar com 65 o/o e tecidos de algodão com 14,5 o/o. Como se deprehende dos algarismos alinhados acima, a situação productora do Estado é a mais animadora que con- sente o esforço humano e é bem agra- dável verificar-se que, ao envez de es- tacionar, este esforço se vae accelerando em uma bella progressão crescente de tiabalho e de riqueza. Um outro ponto da Mensagem que demonstra o interesse desenvolvido pelo governo de Sergipe em prol das cou- sas agrícolas é o que trata da repre- sentação de Sergipe nas «Feiras tXnnuaes». Este successo foi confirmado no se- gundo Congresso de Exposição Eco- nómica, ond'e a competência do Dr. Grac- cho Cardoso, delegado de Sergipe, poz em relevo o esplendido gráo de adean- tamento do Estado. E é assim nestes surtos de notáveis emprehendimentos, nesta formosa cru- zada em beneficio da riqueza publica, que Sergipe se vae integralizando no papel relevante que ha muito tempo elle já soube conquistar e que pTOCura sempre manter. Estado de Santa Catharina o Dr. Hercilio Luz, Governador, expõe ao respectivo congresso a excellente situação do Estado. «Senhores Deputados, E' sempre com grande satisfação que ve- nho a esta Casa relatar aos dignos membros 'do corpo legislativo catharinense a marcha dos negócios administrativos do Estado e solicitar das luzes desta escolhida assembléa as medidas e providencias que julgo necessárias ao pro- gresso de nossa terra. O meu prazer e tanto mais justificado, porquanto sinto que os no.s- sos poderes vieram da mesma fonte, que foi a soberania popular, verdadeiramente exercida pelos nossos concidadãos, independentes e li- vres de quaesquer injuncções falseadoras da pureza e moralidade do regimen republicano. Tão nobre identidade entre a origem do vosso e do meu mandato só poderia ser de salutares effeitos para a administração publica, e temos já colhido os fructos que a harmonia nunca perturbada das nossas funcções vem propor- cionando ao Estado de Santa Catharina, cujo desenvolvimento constante e futuro promissor me despertam os mesmos enthusiasmos da mo- cidade. Depositário effectivo da Suprema Magist;*a- tura do Estado, pela renuncia do nosso emi- nente patrício Sr. Dr. Lauro Miiller, não pre- A LAVOURA 345 — ciso dizer-vos do meu programma de governo, pois que delle vos dei as linhas geraes na Men- sa'^eni do anno passado. Não fui "um candi- dat(» com plataforma, nem poderia sel-o; r.ão tracei um programma, nem poderia traçal-o, porque, sahindo a minha indicação das corren- tes populares, a minha plataft)rma, o meu pro- gramma, estavam já delineados pelas aspira- ções do povo. E o que tenho feito é auscultar a opinião publica, saber-Ihe os desejos e os reclamos, satisfazendo-a no que é justo e viá- vel, orienfando-a para o raciocínio e a ver- dade quando as suas ambições se tornam fan- tasias ou ultrapassam os limites das nossas for- ças construcloras. Mercê de Deus, o Po\o dj Santj Catharina me tem prestado a assistência do seu valoroso apoio e o conforto da sua sympathia, que vós, seus legítimos representantes, tão bem refle- ctis na cooperação dedicada que daes ao meu Governo! A essa communhão de vistas do Legislativo e Executivo, secundados pela austera jpplica- ção da justiça por parte do Poder Judiciário e consequente acatamento dos cidadãos aos actos emanados das autorrdades, deve Santa Catharina a paz que vem usufruindo num mo- mento em que o mundo, mal ferido pela gran- de guerra européa, se convulsiona nas rixas civis e nas reivindicações sociaes. Os nossos problemas capitães, mesmo os que mais diffi- ceis se afiguravam, vão tendo sua solução, sem abalos prejudiciaes á vida normal do Estado. Assim, o do ensino, que traz comsigo o da na- Escola Agrícola "Lu'z de Queiroz", Piracicaba Aula de zoologia ■cionalização de uma não pequena populaça) colonial, de origem extrangeira, póde-se consi- ■ derar resolvido, se uma prejud cal solução de ■continuidade não vier perturoar seu apparelha- mento : Em seguida o Sr. D:. Herc.ho trata da sua •excursão a esta capital, exprimindo os seguintes ■ conceitos: «Em fins de Abril dj cjrrentj anno, motivos • de ordem intima fiz;ram-m,» emprehender uma viagem á Capital da Republica. Aproveitei a • opportunidade para expor pessoalmente ao Sr. Presidente da Republica o meu mod^ de vêr sobre os serviços federaes neste Estado e o ■ que a Llnião poderia fB:er paralelamente ao programma que o Governo Estadjal est^í, rea- lizando. O aLo Magistrado da Nação, qu; me sur- prehendeu com o seu perfeito conhecimento aos minmos detalhes, das nossa; mai; urgentes necessidades, assegurou-me o valioso auxilio do ieu Governo. Assim é que S. Ex. mostrou-se decidido a promover, em breve prazo, o prolongamento da E. F. D. Thereza Christina até o Estreito, o arrendamento ao Governo do Estado da E. F. Santa Catharina e seu prolongamento para o interior, e dotar dj meios efficazes a; obras dos nossos portos. E' dever consignar aqui os meus agradeci- mentos pela acolhida cavalhei'esca que me 346 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA dispensaram no Rio de Janeiro os altos pode- res Ha Republica, a nossa representação no Senado e na Camará, os membros da coionia catharinense e a Imprensa, que tão gentilmente tratou das coisas e interesses do nosso Es- tado. Durante a minha ausência occupou o Governo, o nosso venerando conterrâneo Sr. Coronel Raulino Horn, que vós tão justamente collocastes na presidência desta Assembléa por uma consagradora unanimidade.» Alludindo á «Instrucção Publica», diz o admi- nistrador catharinense: «O animador augmento das rendas do Estado permittiu-me continuar a velar pelo desenvoí- vinjento da instrucção popular com o cuidado que esse problema merece. Apezar de sér esse um dos titulos da despeza que mais avultam nó48, o que representa um «superavit» de 3.025: 580S648, •equrvalente a 73,25 "'o sobre a estimativa legal. E, se á receita orçamentaria propriamente dita, fôr addicionado o que se arrecadou em outras fontes de recursos não incluídas nas ru- bricas da receita ordinária, taes como: renda do Matadouro, 11:9168000; juros de deposites feitos no Banco do Brasil, 1:500S000; impor- tância recebida de conformidade com o con- tracto firmado em 17 de Março com os enge- nheiros Edward Simonds e John Williamson, 56:250S000; producto de apólices emittidas. 663:7008000, ~ ter-se-á a quantia de . . . 7.888:9465648, que é a somma total da receita dl) exercido passado, excluído o sado de réis 296:8701854 que veio do exercício anterior. Comparada a receita de 1919 á de 1918, ex- cluída daquella a importância proveniente das apólices emittidas no vaor de 663:700^000, vêr-se-á que a differença entre os dois exercí- cios, em favor daquelle, é de 2.151:1825575. Este rápido crescimento das rendas publicas, cujo coefficiente é superior a 40 «/o, "não foi propriamente uma surpresa. Desde 1914, para não citar exercícios ante- riores, a receita vem augmentando sempre do modo mais animador, como vereis do quadro a seguir: 1914 2.731 :474S186 1915 3.239:2753699 1916 4.360:9485857 1917 5.036:7465709 1918 5.816:8385169 1919 7.888:9465648 Deste modo, o coefficiente de desenvolvi- mento da receita tem tido anno a anno, ainda a partir de 1914, as notáveis porcentagens que seguem : 1915 11,85 0/0 1916 15,99 o/o 1917 18,44 o/o 1918 21,29 o/o 1919 29,13 o/o No primeiro trimestre do exercício vigente, a arrecadação das rendas estaduaes foi de réis 1.439:2915609 contra 1.283 0228S818 em igual período do ultimo exercido, o que corresponde a um accrescimo de 156:2625791. Se os outros trimestres alcançarem excessos equivalentes, o exercício deverá encerrar-sé com um considerável «superavit», como succedeu ao de 1919. Concorreram para o excesso de arrecadação assignalado no primeiro trimestre deste exer- cido sobre igual período de 1919, as seguintes rubricas: imposto de exportação, cujo excesso foi de 216:7745818; a taxa cobrada de con- formidade com a tabeliã n. 2, da Lei numero 12.155, 1:9765000; imposto de patente de be- bidas e fumo, 3:2305431; imposto territorial, 6315000; taxa d'agua, 29:325§000, taxa judi- ciaria, 1 : 2025381 ; imposto de transito, 3:4935900; dívida colonial e venda de terras 8:2035783; emolumentos sobre títulos de ter- ras, 3:1055931; cobrança da divida activa 3:5745781; imposto de viação férrea, 1:9275170; multas diversas, l:2822.f893; ren- das do matadouro, 3:3645000; taxas de cáes 4:9755915; taxB; de esgotos, 14:93ó$620; im- posto de selol e taxa de diversões, 9:0855306 A progressão crescente das rendas dos últi- mos exercícios é deveras impressionante e re- sulta da excellencia das nossas condições eco- nómicas, cujo desenvolvimento, de anno para anno, se vem accentuando de modo animador.» Irmãos Castro — Vendem reproductores das raças Caracú e Hollandeza, a preços razoáveis. Para mais informações e pedidos com o Snr. Roberto Dias Ferreira Rua \' de Março n. 15 — Rio de Janeiro. 348 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA Escola Agrícola "Luiz de Queiroz", Piracicaba Uma cuMura de lyríos Nolicia sobre aigoos Lepidopieros seríoenos do Brazll Pelo Prof. Beiíedicto Raymundo da Silva (Continuação) Gen. Autorr.eris, Hubner Hubn, Vetz, bek Schmett pag, 154 (1822?) Automeris melanops, Waik Imago --d , (f. 22 j de o.oho a 0,063 de envergadura variando do bruno ruivo claro z/o escuro violáceo. Azas anteriores um pouco falciformes, cortadas transversalmente por uma linha bruna, que parte do ápice e termina no meio da borda interna, separando o limbo posterior mais claro do anterior mais es- curo. Meio do disco com uma mancha bruna não muito accentuada ; para a base com uma linha irregular , sinuosa da côr da mancha, e, na base junto ao corpo uma pequena mancha branca. Azas posteriores de um bruno ruivo claro tirante ao violáceo, com' abundantes pellos para a base e borda abdominal . marcadas na meio do disco por uma larga mancha de um amarello vivo, tendo no meiD um océllo negro com a pupiila for- Automeris melanops, fig. 22 mada por um traço branco acompanhado de átomos de sua côr. A mancha amarella é guarnecida inferiormente por uma linha A LAVOURA 349 negra, curva, sinuosa, que não attinge as bordas anterior e abdominal. Borda ex- terna, mais clara que a côr fundamental. Face inferior das quatro azas bem mais clara que a superior. As primeiras azas, marcadas na cellula por uma grande man- cha negra océlliforme, com um ponto cen- tral branco e ainda uma estreita faixa es- cura .transversal não. muito indicada. As segunfdas azas, tendo igualmente na cellula um diminuto ponto branco cor- respondente a pupilla do ocello, que se vê na face superior. ç , de 0,090 a 0,095 de envergadura, muito semelhante ao d, com as azas mais cheias, tendo alguns exemplares a man- cha amarella das azas posteriores menos larga. Lagarta — de 0,080 a 0,090 de compri- mento, polyphaga, alimentando -se de ve- jetaes de Famílias e Géneros muito di- versos :Roseiras, (Rosai Amendoeira o chapéo de sol, (Terntinalia catappa, Linn) Algodoeiro bravo ou da praia, (Hibiscus tiliaceus, Linn). Taniarindeiro, (Tamariíi- dus indica, Linn). Aroeira vermelha, (Sclii nus tlierebenfliifolius, Raddi), etc, viven- do em grandes sociedades. E ' de um verde claro, um pouco amarella do, tendo do 4" ao 8° segmentos uma larga faixa branca transversal, guarnecida anterior e poste- riormente de côr purpura vinosa. Os se- gmentos são ornados de espinhos verdes verticilladas com as extremidades escu- ras : os estigmas são muito pequeninos e alaranjados e a face inferior do coqDO é brunacea tirante ao avermelhado e final- mente pontilhada. te ao vejetal por uma face, tendo na maioria das vezes exteriormente, ou fra- gmentos de folhas do vejetal, ou simples- níente a impressão dtelles . Aiitomeris nicUmops, Chrysalida, fii; 23 Chrysalida — (f. 23,1 de 0,025 '^ 0,030 de comprimento no maior eixo, de forma ordinária, de um bruno avermelhado, com a região pterygial quasi negra e a cepha- lica cheia de pequenas protuberâncias de um vermelho obscuro. Casulo (í. 24; de 0,040 a 0,045 ^le comprimento no maior eixo e de 0,020 a 0,023 no menor, oblongo, de um bruno vermelho claro, ás vezes tirante ao ama- rellado e outras vezes ainda mais escuro, pergaminhoso, compacto, lempre a^h.-ren- Aiitomeris melanops, Casulo, fig. 74 Habitat — Rio de Janeiro, abundan- tíssima em agosto, apparecendo entretanto durante todo o anno; Estado do Rio de Janeiro, Espirito Santo. A sp. typica do gen. é A., janus, Cram. que occorre no México, Guayana, Guatemala, Surinam, Honduras. Outras sps. do miesmo gen. provavel- mente tem idêntica biologia a á& A. me- lanops, nesse numero estão as seguintes, que entre outras occorrem tambam no Rio de Janeiro. A. libéria, StolL, grandemente espa- lhada por toda a America Meridional quente, A. illustris, Walk., que se estende até o Rio Grande do Sul, A. viridescens, Walk., que como a pre- cedente é bastante conhecida no Rio Grande do Sul, A. salmonea, Cram., também de Suri- nam e A. larra, Walk., ainda de Costa Rica, e tantas outras sps. Muito approximados do Gen. .Autoni.ris estão 03 Géneros Gamelia, Hiibu. (Verz. bek. Schmett., p. 155. 1822?) e Hyper- cluria, Hiibn. (1. c. 1822?) que A. Conte reunio em um só. Em Gamelia e Hyper- cliiria as sps. tem como em Aui orne ris um grande océllo nas azas posteriores, ntas no primeiro (f. 25) as azas anteriores terminam em angulo muito agudo, em- quanto no segundo (f. 26) são chanfradas no ápice e tem' a borda terminal óra mais, óra menos sinuosa. A sp. typica do pri- meiro é Gamelia abasia, StolL, que não só occorre no Brasil como também no Panamá, Surinam e Cayenna, do segundo é Hyperchiria nausica, Cram., conhecida no Brasil, México, Cayenna, Caracas e Surinam. 350 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICLU TUR^ Qainelia abasia. fig, 25 Os casulos das sps. desses géneros pro- vavelmente serão como os do Gen. Aiifo- ineris. Fam. Lasiocampidae Gen. Molippa, Walk Walk. Caf. Lep, Hefer. B. M. VI. p. 1345 (1855) A sp. typica do gen. é M. sabina, Walk. A lagarta dessa sp. alimenta-se das fo- lhas d'e diversas Mimosaceas, é bastante parecida com as do Gen. Atitotneris, tem como essas os segmentos ornados de es- pinhos e fabrica um casulo ruivo um pouco pergaminhoso, que se encontra na terra entre folhas seccas. Occorre em S. Paulo, Santa Catharina, Rio Grande do Sul, etc. Gen. Hylesia, Hubn. Hubn. Verz. bek, Schmett. p. 185 (1822?i As sps. desse gen. fabricam pequenos casulos quasi todos de côr ruiva, que se encontram entre as folhas do vejetal que alimenta a lagarta. A sp. typica do gen. é H. caiiitia, StoIL, de S urinam. Gen. Artace, Walk Walk. Cat. Lep. Heter. B. M. VI. p. 1491 (1855^ Nesse gen. as lagartas são cobertas de longos pellos muito urticantes, ruivos, branco -ar r uivados, etc, são polyphagas na maior parte, fazem um' pequeno casulo lanoso exteriormente, collado em toda a sua extensão ao caude do vejetal. A sp. typica do gen. é A. punctistriga, Walk., do Brasil, conhecida no Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, etc. ; na Ame- rica do Norte e na Republica Argentina, sendo bastante rara em Buenos Aires. Gen. Tolype, Hubn. Hubn. Verz. bek Schemett. p. 180 (1822?) Os casulos das lagartas desse gen. ap- proximam-se bastante dos das do gen. pre- cedente, sãO' também revestidas por fora diQ pello e acham-se adaptados aos caules. São poucas as sps. conhecidas, sendo a typica do gen. T. velleda, Sfoll., da Ame- rica do Norte. Hyperchiria incisa, fi<;, 26 A LAVOURA 351 O Gen. Titya, Walk., (Cat. Lep. Heter B. M. VI., p. 1427. 1855 j muito ligado ao Tolype, conta também um reduzido numero de sps., sendo que as lagartas de algumas vivem em' sociedade sobre os troncos das arvores ; nesse numero está : T. undulosa, Walk., que se encontra nas Aroeiras (Schinus) e cujo casulo é bruno claro arruivado. A sp. typica |do gen. é T. ^iioctiliix, Walk., que entre outros Estados occorre no á.y Rio de Janeiro. Gen. Megalopyge, Hubn. Hubn. Vez. bek. Schmett p. 185 (1882?) Megalopyge lanata, Stoll, Imago— ? , (f. 27 j, mede de 0,060 a 0,080 de envergadura. Azas anteriores e posteriores de um gri- seo rosado. Megalopyge lanata, fig 27 As anteriores com a borda externa en- negrecida, as nervuras guarnecidas dessa côr, a cellula discoidal marcada no meio por um traço quasi negro, sendo dessa côr uma mancha da extremidade, uma ba- silar e uma faixa curta, irregular, que parte do ramo inferior da cellula e termina na borda interna. Azas posteriores com' as nervuras enfu madas bem como a borda terminal. Thorax bruno quasi negro, abdómen an- nellado de cinzento muito rosado, bastante pelludo, com os dois últimos segmentos e o anus cinzentos. Face inferior das quatro azas semelhan- te, sendo porém as anteriores brunas ; pa- tas com longos pellos côr de rosa. (f , semelhante a ? , sempre menor, com a côr rosa mais viva. A lagarta mede de 0,060 a 0,065 ^e comprimento, é bastante grossa, cofm os segmentos muito indicados, de côr branca com as inserções anegradas. Todo o corpo é ornado de tufos de longos pellos bruno- avermelhados muito urticantes, produzindo em contacto com a epiderme notável in- tumescência muito dolorosa. A cabeça, o primeiro segmento e a face inferior do corpo são brunos. Alimenta-se de vários vejetaes de Famí- lias e Géneros muito differentes, como: Algodoeiro bravo ou da praia, (Heblscus tiliaceus, Linn.j. Amendoeira ou Chapéu de sol, (Tertniiialia catappa, Linn.). Ca- jueiro, ( Anacardium occidenfale, Linn.}. Abieiro, ( Lucunva caitnifo, D. C), etc. A Chrysalida <é de forma ordinária e mede 0,030 no maior eixo. O Casulo todo é mais ou menos piri- forme de uns 0,065 ^ 0,070 no maior eixo e de 0,035 ^ 0,038 no menor, de um tecido pouco compacto, áspero, cinzento um pou- co brunaceo com' algum' brilho, óra fi- xado em algum fino galho circumdando-o, óra adaptado a algum tronco formando uma espécie de disco. O verdadeiro casulo é oblongo, de um amarello ocre arruivado, medindo de 0,038 a 0,040 no maior eixo e de 0,018 a 0,020 no menor. Habitat — Rio de Janeiro, commum pela primavera, Rio Grande do Sul, Su- rinam. M. fuscescens, Walk., apparece conjun- ctamente, é porém' mais escura nas quatro azas, sendo as posteriores quasi todas de um anegrado intenso. M. lanata, Stoll., é a sp. typica dio gen., que conta um pequeno numero de repre- sentantes quasi todos da America do Sul, cabendo ao Brasil mais da metade. Gen. Claphe, Walk Walk. Cat. Lep. Heter. B. M. v. p. 993 (1855) Nesse gen. a maior parte das lagartas fabrica casulos como C. ogenes, fierr- Sctiõff., que o faz de um tecido pouco compacto, arruivado, com manchas bru- nas dessiminadas. A sp. typica do gen. é C. guttivena, Walk., também do Brasil. A lagarta de C. ogenes alimenta-se das folhas de uma canella do matto e appa- rece em sociedade no tronco dessa arvore, sendo abundante no Rio de Janeiro em maio. 352 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA Noctuae Fani. Ophideridae Gen. Ophideres, Boísd. Boisd. Fauii. Madag. Nesse gen. provavelmente a maior parte das sps .fará casulas como fazem O. prn- cus, Cram., e O. cacica, Gn., isto é, de seda, óra mais, óra menos bruna em mis- tura com fragmentos de folhas seccaL^. A primeira mede de 0,085 ^ 0,090 de envergadura. As azas anteriores são de um cinzento uin pouco violáceo, com estrias brunas, tendo a mancha reniforme muito irregu- lar com cercadura negra. As posteriores são de um amarelJo la- ranja vivo, tendo no meio do disco, duas largas faixas de um negro profundo avel- ludado, denteadas e ainda quatro mancha:; também negras intermediarias ; a mancha basilar é formada de pellos anegrados. A segunda mede de o,oòo a 0,070 d»' envergadura. As azas anteriores sào de um bruno negro violáceo, mais para a borda e.\- terna, avelludadas e chamalotadas no disco. .As posteriores são de um tK'gro forte- mente vi /laceo com uma grande m:mcha discoidal de um amarello vivo laranja. -A face inferior das quatro azas é se- melhante á superior, tendo as anteriores uma larga faixa transversal, de um ama- rello um pouco menos vivo que o da man- cha discoidal das azas anteriores pela face superior. Essas duas sps. são conhecidas no Rio de janeiro, apparecendo mais peto mês de agosto ; no Rio Grande do .Sul, de ja- neiro a março. .\ primeira também occorre em .Surinam. Finalmente a Fam. Ophiusidae no G^n. Opliisma, Gn., (Guen. Spéc. Gén. Lép. Noct. III, pag. 236. 1852) offerece um considerável numero de sps. grandemente distribuídas pela a .-Vmerica, Ásia e Africa, cabendo ao Brasil uma bôa porção que como O. trOjãcaUi, Boisd., que occorre em vários Estados, inclusi\e no do Rio de Janeiro, fazem pequenos casulos de fraco tecido de seda. Essa sp. além do Brasil é ainda conhe- cida na Colômbia e em Cuba. Escola Agrícola "Luiz de Queiroz", Piracicaba *>'• <í:Ã^.*sE»fc^ Ciuíii especial para .iprendizes de Irabalho ai;rico!a A LAVOURA 353 — Viagem ás índias A CULTURA UA JUTA Roteamento, adubação, rotação, irrigação e descanso ROTEAMENTO. — Os indianos começam a preparar a terra para juta, em Novembro ou Dezembro, mas, esse prazo, em certas condições, pôde ser antecipado ou retardado de um ou dois mezes. A lavra começa mais cedo nas terras baixas sujeitas a inundação afim de evitar que esta apanhe as plantações ainda muito novas e de pequeno porte, porque seriam damnificadas, ao contrario do que succede ao arroz. Geralmente são de 4 a d lavras c algumas vezes (cm Pergunahs) 10 e 12, com uma pro- fundidade de 15 a 20 cents., em todos os sen- tidos. Na ultima aradura, todo o matto e cisco é reunido, secco e queimado. O adubo usado pelo hindu, refractário á in- novação, é muito differente dos usados pelos outros povos que têm acompanhado os pro- gressos da mecânica agrícola. Semelhante ao Japonez e Chine/, o aradO' indiano é ainda um instrumento primitivo e simples, do tempo dos Pharaós do Egypto, de que póde-se fazer uma ideia pela segunda plio- tographia, sendo pois inútil descrevel-o, assim como aos outros instrumentos da mesma photo- graphia. No trabalho com esses instrumentos empre- gam 2 bois e ás vezes mais. Não possuindo destorradores, fazem essa ope- ração, armados de macetes de madeira, de cabos compridos, ou por meio de uma grade de bam- bu, com feitio de uma escada, conforme se ob- serva na segurrda e sétima photographia. Mas, apezar do instrumento rude e pouco rendoso, cuja vantagem única é o seu baixo Fig. 40 — Pateo cl'uni.i "PitSõ HtiuAe"-TiQ Interiar. — 354 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA preço, o facto é que vi innumeros treclios de terra, perfeitamente lavrados, gradeados e pui- verisados. Nas localidades em que o camponez é muito pobre, nem mesmo possuindo arado e bois, a terra é revolvida á enxada. Assim, vê-se que para o plantio da juta, é necessário ou me^mo indispensável, um forte trabalho oratório em virtude d.o qual a terra fique pulverisada, solta e Irem permeável. ADUBAÇÃO. — Spon considera a juta uma planta que exgota o solo em maior extensão que outras culturas. O exgotamento é remediado pela adubação, pela rotação e descanso. Para «adubação» no Assam e em Bengala, usa-se ordinariamente estrume de gado e apro- veita-se as varreduras ou resíduos da casa e cinzas de palha de arroz ou restos de juta, sendo esse o melhor adubo, na opinião da maioria dos lavradores. No terreno adubado com estrume de gado, ou esterco de fazenda, quando empregado na razão de 5 a 6 toneladas por acre, a fibra é boa e forte. (O. Watt). Por isso, vê-se, em toda a índia, gente oc- Na sua opinião, mesmo a terra virgem, arada cupada em apanhar o estrume do gado nos para um primeiro plantio, pôde no 2. o anno, perder cerca de 25 ",,, do seu poder productivo € embora, mais tarde, fortem.>nte adubada, seu rendimento não pôde exceder cerca de metade da colheita do primeiro anno. Desta sorte, excepto no caso de terras baixas que annualmente recebem o «húmus» das inundações, é raro que a juta produza em cam- po mais de três \ezes consecutivamente. íCh. R. Dodge — Report). campos e nas estradas. No Assam elle é muito usado, mas tanto lá como no Hoogly, nas terras pobres, em- pregam o farello de algodão (oilcake) a fari- nha de ossos (bonemeal) e os adubos chim+eos ricos em princípios azotados e saes de potássio utilisados principalmente em experiências, nas fazendas do Governo. A superioridade de certos districtos sobre ou- tros, sem emprego de adubos, provem, em gran-. Fig. 45 — Baldeação de juta da estrada de ferro para as chata A LAVOURA 355 — de parte, do deposito alkivial acarretado peias correntes e que renova, cada anno, a fertili- dade do solo. De tudo isto concliic-se a necessidade da adu- bação para a cultura da juta, pelo menos nos terrenos exgotados, çue reclamam uma resti- tuição dos elementos subtrahidos pela planta. ROTEAÇÃO E DESCANSO. — O Hindu, em- bora conserve-se alheio e inaccessi\el ao pro- gresso das idéas modernas, agarrado á rotina dos séculos atrazados, por experiência e obser- vação própria, applica empiricamente a regra agronómica da rotação, alternando a cultura da juta, num mesmo terreno, com a de arroz, mus- tarda, Índigo, etc, e consegue assim o resul- tado desejado. E quando, apezar de tudo, este não é alcan- çado, deixa a terra descançar por alguns mezes, ou mesmo por um anno, até que pelo repouso, ella adquira a força vegetativa e possa ser de novo trabalhada. «F. Smith), que conheci em Calcuttá, no De- partamento de Agricultura, aconselha a rota- ção e adubação após estudos feitos em cam- pos experimentaes de Bardwan e Cuttack, nas fazendas do Governo, (gr. Journal Ind. 1007). IRRIGAÇÃO. — Nos annos de secca e es- tações irregulares, quando as chuvas não cahem em occasiões próprias e as enchentes não ap- parecem, os lavradores indianos recorrem á ir- rigação que usam sempre nas culturas de arroz e para a juta, ordinariamente quando novas. Na irrigação, empregam a agua de depósitos próximos, trazidas em canaes de antemão pre- parados, ou a do sub-solo, jimto ás plantações, retiradas por meio de bombas, ou rodas anti- diluvianas, tangidas a braço e pernas e até por meiode baldes e caçambas. Em conclusão: a cultura da juta é e.vliaus- tiva a nas terras cançadas ou de inferior quali- dade, não dispensa a rotação, adubação e des- canso. Em toda a Índia não se planta a juta sem o trabalho prévio da aradura e como é sa- bido, quanto mais perfeito fôr esse trabalho e mais completa a adubação, maior será o ren- dimento. Fig. 49 — Ancoramento para a descarga de juta. 356 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA Uma boa semente é condição essencial de successo para uma boa cultura e a juta não faz excepção a essa lei. Ella deve ser escolhida por selecção entre as plantas de maior rendimento e mellior quali- dade, porém, esta regra, só é observada em alguns disfrictos mais adiantados. Na Índia, na época do corte da juta, deixa- se em geral, um certo numero de plantas mais viçosas para a completa maturação das ca- psulas. As melhores capsulas são depois seccas e abertas para a extracção das sementes. «Dodge» indica a média de 400 libras de sementes para rendimento de 1 acre de ter- reno. Alguns agricultores coiiipram-n'as nos merca- dos, o que pôde occasionar prejui/os e dece- pções. Sementes de fibra superior, plantadas em solo pobre, não adubado, produz fibra de qualidade jnferior. Na índia a semeadura faz-se segundo a po- sição e natureza do terreno, de Março a Maio, escolhendo-se o momento em que a terra es- teja bem húmida, seja em seguida ás chuvas, seja pela irrigação. Como as sementes são de pequenas dimen- sões e muito le\es, alguns usam mistural-as com areia na occasião da semeadura que é feito a lance em toda a parte. Ha referencias ao systema de canteiros nos quaes são enviveiradas mudas para tl-ansplá'n- tação em época l|Dropri,a e á abertura de sulcos ou regos espaçados de 25 centímetros para re- ceberem as sementes e as mudas. Eram excepções hoje abantlonadas completa- mente. Lima vez lançadas as sementes, é uso cobril- as com uma leve camada de terra, seja espa- lhada á mão, seja por meio de grade em forma de escada (moi) ou da binda. A quantidade de sementes para um acre de terra, varia de 10 a \b libras, podendo-se ac- ceitar 12 em média. Eni Caictilla, porto sobre ii Hí)uí;I\', A LAVOURA — 357 — A germinação é rápida, de 4 a 5 dias, e passados 10 a 15 dias, quando as plantas at- tingem 20 a 30 centímetros de altura, faz-se a primeira carpa á mão, afim de limpar o ter- reno do matto nascido e desafogar a planta- ção, retirando-se as mudas de peior apparencia, pouco sadias. Repete-se esta operação com pequenos inter- \allos de 2 a 3 dias e por duas a três vezes ou tantas quantas forem necessárias para que -O intervallo entre um pé e outro não exceda de 15 centímetros na média. Esse espaço varia entre 12 e 25 cents. de accordo com a as localidades. força productora do terreno e Opína-se que a plantação mais fechada tem a vantagem das hastes serem bem rectas e não se ramificarem senão nas extremidades, o que é importante para facilidade de decorti- çação e qualidade da fibra. Chegada a qerto ponto, a plantação não exige outros cuidados até o amadurecimento que se faz geralmente em 3 ou 4 meze&. Infere-sc desses factos o uso generalisado„ em toda a índia, da semeadura da juta e lanço, da cobertura das sementes com uma leve camada de terra e das carpas para limpar e- desafogar a cultura. (Continua) Dr. Rodrigues Caldas. 51 — Oiitio poiio em Calciitta. — 358 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA Fig. 52 — Descarregamento de juta em Calcutta. ♦^« 4i^ 4^ 4Í^ 4^ 4^ 4^ ii^ «^^ i> "í" iHirti i/ffimlc i-iill ura : .';."> ///*. ///> Estes appirtlhos foram experimentados com o maior successo no campo de expe- rienrias da Sociedai^e Nacional de Agricultura, na presença dos representantes do Exmo. Sr. Ministro da Agricultura. HIME 8l Cia "Rio de Janeiro TR7IC0S REPRESENTANTES PARA TODO O BRAZIL I\ LjI\ m Boletim da Sociedade Racional d^j^gj;^^|jltura f^^''- ■>'■• ANNO XXIV Rio de Janeiro — Braz'\\(j^j^^,,,,..j^ N. 9 e 10 Como defender a Borracha jfis idéas do nosso Director Sr. Hannibal Porto A borracha brazileira tem servido de assumpto pressão do preço não causou tão grandes damnos varias vezes no seio da Sociedade Nacional de Agri- nem o problema se apresentou sob aspecto tão gra- cultura, para onde foi trazida, annos atráz, pelo ve, pelo facto da organização metnodica que me nosso director Hannibal Porto, que nella se consti- imprimiram os inglezes, nâ qual assenta a industria tuiu acérrimo de'fensor, com a cooperação preciosa extractiva da borracha, fundada e mantida em Rdinox friicii feros da IIEYEA fíltASILlEXSlS, inoxiranãn fruclux nonnaex com 3 e anorniaes com 4 semente!< de estudio';os do estofo de Miguel Calmon, Ber- tino de Miranda e outros, do problema que inte- ressa vivamente ao Extremo Norte e tem sido, annos a fio, sua principal fonte de renda. Chegando a questão ao seu periodo agudo pela actual situação de crise mundial que vem attingindo a todos os nossos productos exportáveis, atacou fundamente o nosso ouro negro, desvalorizando-o enormemente até feril-o de morte pela super-pro- ducção do producto gommifero no nosso caso par- ticular, apanhados desapparelhados e sem meio de reacção em contraposição ao Oriente, onde a de- moldes intelligentes e com organização perfeita e segura . Estando o assumpto em foco, reproduzimos, li- nhas abaixo, a importante comimunicação que na sessão conjuncta da Directoria da Associação Com- mercial do Rio de Janeiro e Federação das Associa- ções Commerciaes do Brazil fez o Sr. Hannibal Porto, representante geral da Associação Commer- cial do Pará nesta Capital. No seu trabalho, o Sr. Hannibal Porto abordou com franqueza e sinceridade o assumipto, restabeles- cendo a verdade dos factos e dando uma idéa exacta 360 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICUJ-TURA da posição da nossa borracha em face dos outros mercados e suggerindo o que se torna necessário fazer, agora, que as condições nos são positivamen- te desfavoráveis, como productores de oito por cen- to, apenas, da producção mundial que orça, mais ou menos, em tresentos miliiões de kilos, segundo as mais recentes estatisticas. Bm seguida, coube-me a honra de fallar e o fiz para, em synthese, dizer o que pensava a .respeito e me declarei favorável aos termos em que estava redigida a conclusão referente á borracha, opinando pela "warraníage" como uma das formulas efficientes da intervenção do !^S«*' Asnecto ihi lilhiuil '>i «"i" ilhii lui hatiKino ila Ariunonas. Ao centro a clioiiimna de mu «sm/iijiiciroi'. : /Vrra.v iiiiiiuloreisi "Sr. presidente: — Comparecendo á primei- ra grande reunião do commercio por designa- ção da Sociedade Nacional de Agricultura e á subsequente simplesmente dos delegados das as- sociações de classes, ás quaes mais de perto interessava o assumpto que motivara a sua con- vocação, tive, nessa reunião, a grata opportuni- dade de ouvir o projecto de conclusões a que chegou o illustre Dr. Carlos Jordão, do estudo feito da situação, consultados os interesses ge- raes, conclusões que, depois de discutidas, fo- ram approvadas com ligeiras modificações, que não alteraram a essência, sendo mais tarde re- fundidas para subirem ao conhecimento 'do Sr. presidente da Republica. Por essa occasião, ao discutir-se a parte re- ferente á borracha, o illustre presidente da As- sociação Commercial fez uma digressão sobre a situação da mesma, em a qual accidentalmente se referiu a opiniões que ouvira, sem dar, en- tretanto^ o caracter dogmático, revelando S. Ex. aliás, conhecimento dos debates que se têm le- vantado a propósito da borracha nestes últimos tempos, sendo ouvido com a deferência e acata- mento que merecem sempre as suas palavras ponderadas, baseadas na longa experiência da technica commercial. governo, uma vez que esta não se poderia dar particularmente, pela situação especial do mer- cado mundial. O espirito avisado do Sr. Dias Tavares, lem- brou, para evitar a especulação e facilitar o objectivo, que aquella intervenção só se desse até o máximo de 2$500 por kilo, o que acceitei por julgar essa formula sensata. Não me pronunciei, então, sobre a vinda de chrmicos para transformar o excellente proces- so de defumação, que tantas vezes tenho preco- nizado como o melhor, nem poderia fazel-o, pois sempre me bati contra a transformação des- se processo, maxinié depois que regressei da Eu- ropa, onde ouvi dos próprios industriaes a sua vantagem sobre os demais ensaiados e em uso no Oriente e na Africa. Demais, como poderia eu concordar com es- sa transformação se fui portador de uma amos- tra de lamma de borracha preparada pelo pro- cesso de defumação, no Oriente, a qual colhi na doca Albert, no porto de Londres e a expuz na Sociedade Nacional de Agricultura, após a minha chegada, fazendo sobre ella, que passou de mão em mão na sessão de directoria, refe- rencias altamente elogiosas ao processo de de- fumação, cuja efficacia estava demonstrada na- A LAVOURA 36] — quella prova ali presente, inilludivel e eviden- ciada no facto concreto ? Eu me insurgi, sim, contra o processo de be- nificiamento actual, achando que. pela forma de bolas preparadas sem os cuidados necessários, fazíamos a exportação de 19 a 20 °|° de matéria inútil, pagando sobre o seu peso alto frete e obrigando as fabricas a um trabalho longo de lavagem para tornal-a apta á fabricação, syste- ma que tende a desapparecer, pois as fabricas não mais querem trabalhar com borracha nes- sas condições, que lhes consome, além de tempo, a mão de obra. hoje em dia caríssima, retar- dando, ao demais, a fabricação e augmentando o seu custo. A tendência nos centros industriaes estrangei- ros é, pois, pela eliminação da secção de ma- chinas de lavagem da borracha. Opinei, então, pela lavagem ou outro qualquer processo que, previamente experimentado, satis- fizesse ás exigências do mercado estrangeiro, do qual, quer queira, quer não, dependemos nas nossas relações de commercio como consumido- res, que são. do nosso producto gommifero, o qual compram a dinheiro á vista, deduzidos, no preço, no acto da operação, a percentagem da differença de qualidades, a quebra de peso eventual, os direitos de exportação, o frete prever, a ter a grande industria da borracha, ha- verá, mesmo nessa hypothese, um "superavit", que teremos de exportar e só encontrará preços razoáveis se modificarmos os referidos proces- sos de preparo, que os compradores, no direito que lhes assiste, exijam se transforme, sob pena de reduzir cada vez mais o consumo da nos- sa borracha por ser antieconomica a sua appli- cação industrial. A idéa da transformação é hoje victoriosa no nosso meio, sendo preciso, apenas, que seja feita de maneira a attingir ao propósito que a acon- selha, cabendo aos governos dos Estados do Amazonas e do Pará fiscalizal-a, como meio de evitar que delia decorram prejuízos por mistu- ras comproraettedoras na sua acceitação. E' uma das formas de valorização. Em 1910, M. Harrington. pratico plantador, dizia num relatório da missão Conchinchina : "Admittindo que, a datar de 19 15, o preço da borracha caia a 2 shillings, julgo que se obteria ainda para os capitães empenhados na Con- chindhina um rendimento de 20 a 30 °|° talvez mais, sendo dado que, emquanto procedente de colónia franceza, ella gosará sem duvida, na metrópole, dum tratamento de favor quanto a paizes estrangeiros e teria assim, em França, o monopólio do mercado". \ista ih Rio Araparii freijião das Ilhas dn Amainas). Serinijaes em exploração ha longos annos. f Terra argilosa escura) e o encaixotamento. O liquido producto da venda é entregue, em réis, ao vendedor no acto do recebimento do producto, previamente classi- ficado nas praças de Manáos e Belém do Pará. Ainda mesmo que verthaimós, como tudo faz Commentando esse conceito, Mr. Octave Du- puy, presidente do "Syndicat de Planteurs de Caoutdhouc de Tlndo-iChine", diz que "essas previsões estão a ponto de ser realisadas e mes- mo excedidas e todo o negocio novo que fôr 362 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA constituído sem supercapitalização, mas com re- cursos proporcionados a seu programma, saberá se apropriar dos melliores mefhodos de cultura e exploração e se procurar uma mão d'obra fir- me e permanente, poderá obter os mesmos re- ses productoras, quando o perigo da concurren- cia se apresentava claro e ameaçador. Ha doze annos, em março de 1908 (vide Em Defesa da Amazónia, pag. 16) dizia eu: "A si- milar de Cevlão e de Malásia tem obtido succes- ''«Sá&'*t^v^i.^^^■Sli''iíi;tí;^, licífinii lin liin Xinijií. 1)11 ílrfntitfiiliir sultados. Bastará dobr::'- a superfície actual- mente plantada para qus em alguns annos a Indo-China esteja em condições de alimentar to- talmente a metrópole: extensões supplementares lhe abririam sahidas particularmente vantajo- sas por sua situação geographica : no Japão, cujos progressos industriaes são dignos de nossa attenção e nos Estados Unidos, que são os maiores consumidores de borracha (96.792 tons. em 1915, 130.000 em 1916). Emfim, vastas ex- tensões de terra estão ainda disponíveis, sobre as quaes, notadamente na zona das terras ver- melhas, o successo do coqueiro, do cafeeiro, do cacaueiro, da camphoreira, da canna de assucar. (sem irrigação), etc., etc, não está mais em duvida, depois dos ensaios que têm sido empre- hendidos por alguns dos nossos plantadores''. Ao envez de se proceder como nos paizes con- currentes, cujas condições de vida e de trabalho sobrepujaram as do nosso meio industrial, os governos, a despeito das minhas advertências, que, em tempo, lhes foram feitas, resistiram na cdbrança de impostos elevadíssimos sobre o tra- balho e o commercio da borracha, chegando ao abuso da cobrança de 2^ °|" "ad valorem" para a borracha exportada, apezar da grita das clas- so no preço e na qualidade e as suas cotações eram: Ceylão 3 shillings e 10 pence; Malásia, em Londres ainda em 15 de Janeiro próximo, 3 shillings e 10 d., emquanto a Pará fina se mantinha 3335 l|2 d para descer até 3 s em melados de Fevereiro findo. Não se diga que se trata de um producto dif- ferente, pois é a mesma hevea plantada da nos- sa zona productora, e no Oriente cultivada e explorada intelligente e scientificamente. Seja pelo m,odo de cultura, benaficiamento das plantações, influencia do solo e do clima ou ainda pelo melhor systema empregado na coagu- lação do leite, o que não ha negar é que os re- sultados obtidos são decisivos e merecem a mais solicita attenção, porque o estado da nossa pro- ducção, pelos ónus excessivos que a esmagam, colloca-a numa inferioridade palpável, for- cando-nos a reconhecer a triste realidade que nenhum optimismo pode encobrir, de que a bor- racha amazonica não é insubstituível na indus- tria moderna. Aquellas plantações mencionadas começam a render dos quatro aos cinco annos, e dos oito aos dez attingem ao desenvolvimento e pro- ducção : o trabalho é dirigido por profissíonaes competentes, tendo a apoial-os fartos capitães, A LAVOURA 363 — por um lado. e. do outro, um custeio insignifi- cante pela barateza do braço asiático, incabível na vida americana, que nesse particular não re- siste a um confronto. Convém notar que os governos dessas coló- nias protegem o desenvolvimento de taes cultu- ras e animam pela pequena tributação o capital nellas empregado, ao envez do que se dá entre nós, onde se sobrecarrega o producto com um imposto de sahida enormíssimo, depois de haver encarecido a vida e, portanto, a producção com uma tarifa aduaneira, que, em relação aos géne- ros de primeira necessidade, é simplesmente pas- mosa. Ora, com uma concnrrencia de tal natureza, que já classifiquei de perigosa, a que ficará re- duzida a prosperidade dos Estados do Amazonas c Pará e a do Território Federal do Acre, no curto periodo de dez annos?" A resposta a'hi está, na crise sem precedentes cm a qual, desde o começo do corrente anno, se debate desesperadamente a região amazonica. A previsão — continua o autor — não pode- i-ia ser outra para os estudiosos: entretanto dos mais directamente interessados cm matéria de tão alta relevância para uma parte considerável do território nacional, não mereceu os cuidados rue o bom senso aconselhava, afim de evitar a situação dolorosa actual, aue, tudo indica, se- Apreciando Mr. M. Cayla a situação da bor- racha no recente Congresso de Agricultura Tro- pical, realisado em França, depois de declarar que a colheita da hevea no Brazil comprehende, em media: Fina 65 °|°, entre fina 10 "1" e ser- namby 25 "|°, commenta que a producção mos- itrou uma progressão fra|Ca (ella dobrou em vinte annos, de 1890 a 1910) bastante regular, pois a progressão foi mais ou menos parallela ao crescimento do consumo, sendo que os "stocks" se não esgotaram. Foi assifn até 1912. Foi nessa occasião que as plantações do Oriente transportaram, em quantidade, as suas laminas e seus crepes para o mercado, cujas condições modificaram, de sorte que a producção brazileira, que controlava o mercado, perdeu essa posição desde 191 3. Representando ainda, em i8yo, cerca de 75 °!° da producção mundial, havia cabido quasi 40 °|° em 1912. Ella se afasta cada vez mais, pois que cm 1916 o Brazil não fornecia mais que 21 °|° do total mundial. A essas cifras de exportação total da Amazó- nia, é preciso juntar a exportação de maniçoba e de mangabcira. Quasi nada se pode dizer do que tocou a cada uma das duas qualidades, por- que se certos portos, como o Ceará, não exportam senão maniçoba, é difficil obter dos portos de Phmlanhi ile IIEVEAS na llliu das Onras. e.rjwsta aos ventos fnrles ria o complemento da falta de imprevidência em- parelhada com o desperdício e o desgoverno, em que se acharam mergulhados, annos seguidos, os Estados mais interessados em evitar a hecatom- be, que se approximava". Pernambuco e da Bahia estatísticas um pouco precisas, fazendo a distincção entre a gomma de maniçoba e a da mangabeira. Globalmente, pode-se admicfir uma producção annual de 2.000 toneladas dessas duas gommas. 361 BOLETLM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA Doutro lado, nos últimos annos, as informa- ções commerciaes que as quantidades de man- gabeira, chegando ao mercado, diminuem cada vez maiSj ao passo que para a maniçoba, ellas se mantêm ou progridem fracamente. zou o seu curso numa grande medida, reduzindo a especulação desenfreada sem compensação, quando a producção controlava o mercado. Os preços que amedrontavam os industriaes pela sua elevação e regularidade, tornaram-se mais Campo (li; experiências ito Eslaila iln I'arii : talhão ilf JlliVEAS senienicira ilo anno Referindo-se aos preços, continua Mr. Cayla : "Sem se deter nos primeiros preços que foram pagos pela gomma brazileira (o,fr. 40 o kilo- gramma em 1825), não tendo em conta senão 2 exercícios depois que as suas utilizações desen- volvidas fizeram delia uma matéria prima cor- rente, nota-se -que elles augmentaram, passando pelas máximas relativas até um máximo abso- luto, e.m 1910 (a "hard fine up river" foi cota- da então em Hamburgo a 34 fr. 50 por kilo) . Este ultimo preço, passageiro e quasi nominal, não significa grande coisa, tendo sido sobre- tudo o ef feito da especulação. Comtudo, durante vários mezes, o preço dessa qualidade de gommas manteve-se entre 28 e 32 francos por kilogramma. Portanto, apezar das fluctnações de uma am- plitude variável, a marcha geral dos preços da "Pará rubber" foram ascendentes até 1810. Mas estes preços augmentaram innegavelmente, rapidamente entre 1908 e 1910, á medida que o consumo exigia quantidades maiores de maté- ria prima. E essas elevações successivas de pre- ços permittiam explorar os seringaes mal collo- cados, situados sempre longe das margens dos rios navegáveis, devendo fornecer uma gomma a preço de custo mais elevado. A chegada no mercado da gomma das plan- tações indo-malasias, depois de 1910, regulari- normaes, condição essencial para o desenvolvi- mento de uma industria tão necessária. Porém, nesse caso, coincidindo quasi com a baixa dos preços, tem-se visto a producção ama- zonica não mais progredir e mesmo manter dif- ficilmente sua cifra. A nova modificação era toda differente das pequenas fluctuações annuaes de producção, de- vidas, a maior parte do tempo, seja ás más con- dições athmosphericas no momento da colheita, seja ás más condições de navegação no momento da descida da gomma, que, por centenas de to- neladas, fica então nos seringaes sem poder chegar ao porto de embarque. .\s questões de preço e de quantidade estão, por conseguinte, es- treitamente ligadas no Brazil e é difficil fallar de uma, sem pôr em jogo a outra". O preço da gomma e suas fluctuações, desde a abertura das hostilidades, não têm senão uma significação de conjunctura. Vé-se do facto da guerra, a "Pará rubhcr" augmentar de preço graças aos mais fortes mercados americanos, logo que a Inglaterra prohibiu a venda aos neutros da borracha "Plantation", preço que baixou des- de que a prohibição foi levantada. Em summa, a guerra trouxe ao mercado perturbações que é inútil estudar, porque aqueJles devem desappa- recer com el!a. A LAVOURA 365 — Os preços das qualidades da "Pará" inferio- res á "hard fine", seguem mais ou menos exa- ctamente as fluctuações de preço dessa quali- dade. Dahi se conclue qne a baixa accentuada nos últimos dias não é a resultante de nenhum "trust", como se tem propalado aqui, pois, se desinteressando o mercado europeu da acquisi- ção das qualidades brazileiras e ficando só no mercado de compra os americanos, "ipso facto", a tendência é para a baixa natural, por isso que os preços da nossa borracha, embora de melhor qualidade no que concerne á "hard fine Pará", têm de obedecer ás condições do mercado na parte relativa aos grandes "stocks" da sua si- milar "Plantation", que, pela grande quantidade de producção, está para a "Pará rubber" na re- lação da nossa posição de maiores productores de café para os paizes concurrentes no cultivo desta rubiacea. São phenomenos perfeitamente conhecidos, não havendo, por isso que assim é, maneira al- guma de modificar-lhes o cyclo resultante du leis económicas fataes e immutaveis em todos os tempos. Se ha, de facto, um só comprador para a nos- sa borracha e carecemos de vendel-a para apu- rar dinheiro urgentemente, em consequência da falta de numerário e completo desapparelhamento financeiro de defesa commercial, aggravadas essas circumstancias pela superproducção, o que ninguém poderá negar em face dos núme- ros estatísticos, claro está que os preços tendem a ca'hir. E tanto assim é que, ao tempo da prohibição, como bem accentua Mr. Cayla, elles subiram, apezar de termos como compradores, exclusiva- mente os americanos, como actualmente. Ora, o que temos a fazer não é nos insur- girmos contra os compradores, que estão num. legitimo direito, mas cuidar seriamente de nos prepararmos para contrapor á situação desfavo- rável, creada por vários motivos do dominio dos conhecedores da matéria, os meios de que possamos dispor no momento, afim de attingir- mos o objectivo commum, que outro não é se- não conjurarmos a crise tremenda que assoberba a Amazónia, reflectindo na economia nacional. Ouçamos ainda Mr. Cayla, que, bem conhe- cendo a região amazonica, assim se manifestou ainda no Congresso de Agricultura Tropical, sobre a niateria, que é objecto da minha pre- sença nesta tribuna: — "E' a baixa do preço da "Pará rubber", immediatamente seguida de uma estagnação da producção, que os sul- americanos, ou pelo menos a maioria delles, não queriam julgar senão passageira sem prolonga- mento desacostumado que determinou o que cha- mamos a crise da borracha no Brazil. Numa região, onde as condições económicas de producção eram pouco mais ou menos as que vimos de esboçar, a verdadeira causa da crise, cujos primeiros effeitos se fizeram sentir em 191 1 e 1912^ era então a concurrencia das plan- tações e a impossibilidade de fazer face a e«sa concurrencia, rápida e utilmente, porque não era impossível prever-lhe os effeitos. Com o seu optimismo tenaz, os habitantes da Amazónia haviam primeiramente esperado que os preços de 16$ e 17$ o kilo, em Manáos, (no tempo em que a "Pará hard fine" valia 30 e 32 francos na Europa) fossem excedidos, ou pslo menos mantidos. A baixa do preço sobrevinda não podia ser, dizia-se, senão momentânea. No Pará e em Manáos, tinha-se comprado caro para revender mais caro, espera va-se que 03 preços se elevassem ainda mais. Não se que- ria mesmo encarar a possibilidade de uma con- currencia seria e durável. A's advertências vindas de diversos lados, aos conselhos dados desde ha muito de crear a de- fesa económica, de se organizar para a luta, respondiam habitualmente: "a qualidade da "Pa- rá rubber" é tal, que nada poderá desthronal-i de sua supremacia", ou ainda: "Fez-se outr'ora uma experiência da borracha da Africa: nós ven- cemos; será o mesmo para a da índia", resposta acompanhada de diversas hypotheses sobre um próximo desastre na Indo-Malasia ; a maior par- te não via a differença entre as condiçõss, se- gundo as quaes se apresentavam a antiga e a nova concurrencia. Elles não queriam compre- hender que, nesse caso, se tratava de um pro- ducto (representando então um consumo mundial de 80 mil toneladas) de primeira necessidade, como é hoje a borracfha. A qualidade não pode regular o mercado e impor os preços, senão quan- do o seu paiz fornece a quantidade. Os brazi- leiros, na generalidade, não queriam admittir que, para ganhar importância e diffusão, uma matéria prima, tal como a borracha, deve ser tão barata quanto possível. Um preço elevado, limi- tando o uso, suscita a alta estimulando a con- currencia de succedaneos ou do producto synthe- tico ; o que devia assegurar a prosperidade da Amazónia no futuro, não era que se vendesse a mesma quantidade, ou um pouco mais de kilo- grammas por alguns mil réis mais, mas muito mais toneladas a preços mais baixos, melhoran- do tanto quanto possível a qualidade. Acredita- se na perpetuidade do beneficio pessoal máximo e mais rápido, assegurado pelo menor esforço. {Contiiuva) iiiiiiiiiiiiiiiiiBiiBiieMiiiiniiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiaiiiiiiiiiiiiiiiiiaiiBnn iHliaDOilliiiaeaUiilÉWtola Com a rápida generalização do u '1 das ma- chinas agrarias e outros elementos que promet- tem influir decisivamente na reducção do custo de producção, os methodos de administralção agrícola, que envolvem lucros e perdas, terão de ser mais cuidadosamente examinados na pra- tica. No caso de material dispendioso, como os tractores, cujo valor facilmente se deprecia, a contabilidade agrícola é uma necessidade para que tal perda de capital possa ser revelada. — "Journal of the Board of Agriculture", Ingla- terra. 366 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA O Dr. IMíguel Calmon volta ao seu posto na Sociedade Macional de Agricultura Foi muito expressiva a manifestação de aprego que, mais uma vez, teve ensejo de receber o Dr. Mig-ucl Calmon, de seus amigos da So- ciedade de Agricultura, que a lo de Setembro festejou o regresso ao seu seio do seu presti- moso vice-presidente, delia aíastado, em virtu- de da sua longa viagem á Europa. O Sr. Ministro da Agricultura, Dr. Simões Lopes, ique é também membro daquella Socie- dade, compareceu pessoalmente, associando-se, dest'arte, ás provas de amisade tributadas ao Sr. Miguel Calmon. A' mesa, lindamente ornamentada com flo- res naturaes, sentaram-se S. Ex., na presidên- cia, ladeado pelos Srs. Lauro Muller e o home- nageado, occupando os demais logares os mem- bros da Directoria da Sociedade. O salão esta- va repleto de amigos do Dr. Miguel Calmon. O Sr. Lauro Muller, com a devida vénia do Sr. ministro da Agricultura, dá como aberta a sessão, expondo os fins (para que fora con- vocada. Dirá, pela Directoria, do seu regosijo pela volta áquella casa do seu benemérito Director, o Dr. Lyra Castro que o substituirá na vice- presidencia. Toma, então, a palavra o Dr. Lyra Castro, que lê o seguinte discurso: "'Exmo. Sr. Dr. Miguel Calmon. Quiz a nimia generosidade de amigos nossos da S- N. de Agricultura, que fosse eu o de- signado para vos traduzir, por palavras, os sen- timentos affectivos que lhes povoam a alma, neste momentO' de doces alegrias, pelo prazer do vosso regresso ao seu convívio. Embora a outro, mais no caSo de desem- penhar tão grata tarefa, devesse caber a dis- tincção. não me quiz furtar a ella, antes me senti satisfeito em acceital-a. Sede bem vindo Sr. Dr. Calmon. a esta So- ciedade, que muito já vos deve e mais ainda espera vos dever. Esta utilíssima instituição, fructo do immenso patriotismo de Moura Brazil, Wenceslau Bello, Ennes de Sousa, e tantos outros, nem sempre singrou por mar de rosas; tendo em sua já longa vida, dias de assignalada prosperidade a par de outros de difficuldades serias, ao ponto de ser ameaçada na sua própria existência. Foi num desses momentos, quando mais aguda era a orise. parqcendo querer assoberbal-a de vez, que, como seu primeiro vice-presidente, lhe to- mastes as rédeas da direcção e sem medirdes sacrifícios a conduzistes de novo á sua actual prosperidade. Nunca esteve ella tão forte nem mais prestigiada como agora. Nós que temos acompanhado sua vida, pode- mos attestar quanto esforço foi preciso despen- der, parri conseguir tão brilhante resultado. Sois um benemérito desta bella instituição e eu tenho prazer em proclamal-o, alto e bom som. Vossa auseiT/cia nos era mui sensível, constituindo mais uma prova de quanto nossa associação ainda reclama do vosso acendrado patriotismo. Durante ella, fizemos o possível por conser- var intacta vossa obra, mas, sentíamos que já era tempo que volvêsseis a consagrar-lhe novos esforços. Felizmente, que aqui estaes de novo, para nos guiar. Somente aos ine.xpertos ou aos mal intencio- nados, escaparão os serviços prestados ao paiz por esta Sociedade, e por suas co-irmãs dos Estados. Creio mesmo ser nosso dever estimular a fun- dação de instituições semelhantes em todos os Estados e municípios do paiz, confederando-as depois, para que formem um todo homogéneo e forte, de onde se irradie a propaganda, capaz de despertar nossos patrícios da quasi lethargia, que. por assim dizer, os paralysa. A tarefa que se nos depara nesta hora histó- rica, não é, nem pode ser tarefa para ser resolvida por alguns homens, senão pelo esforço de todos os bons brazileiros. Governos e particulares têm que collaborar lado a lado. Aos governos cabendo, de prefe- rencia, o papel de guias, de orientadores, de coordenadores dos esforços, como de propulsores e instigadores das boas iniciativas privadas. Num pais novo, onde quasi tudo está ainda por fazer, cabem-lhes iniciativas que em outros mais adiantados são do dominio particular ; mas, não devem elles se exceder por esse caminho, deven- do de preferencia animar, por meios directos e in- directos, as iniciativas particulares, sempre mais úteis e mais económicas. Esperamos dos gover- nos, principalmente, a divulgação do ensino pro- fissional ; dos campos de demonstração, das fa- zendas modelos, dos prémios de animação, e a execução efficiente da policia sanitária dos animaes e dos vegetaes, assim como leis que as- segurem e garantam aos productores os meios de resguardar suas propriedades e suas colhei- tas. Aos particulares cumipre ter iniciativas, aper- feiçoar seus meios de trabalho e o beneficia- mento dos seus productos, para que lhes não faltem mercados. Todo o productor que, por descuido ou por fraude, desnatura seus productos, pratica um crime perante a nação e um roubo a si mesmo. Os governos, só por si, não poderãO' realizar quanto nos cumpre fazer no tempo que é pre- ciso que as coisas sejam feitas. Entre eJles, e as associações particulares deve haver per- feita harmonia de vistas, devendo estas se con- stituírem seus melhores auxiliares. A LAVOU'RA 367 A guenra, que apenas vem de findar, mas, cujos effeitos perduram, destruiu por tal forma riquezas accumuladas durante séculos que para restaural-as se faz mister o esforço de todos os homens espalhados pelo universo. Não somente de riquezas foi o prejuízo, sinão também de braços e dos mais aptos. A par desses males^ modificou profundamente a psyohologia do operário e alterou-lhe radical- mente os hábitos de antes da guerra. 'De.st'arte, vários paizes da Europa outr'ora prósperos e felizes, encontram-se a braços com a mais dolorosa miséria. Tudo lhes falta, desde o alimento até os objectos mais comesinhos de uso ordinário. Até que restabeleçam sua vida económica, cumpre aos povos menos prejudica- dos pela catastirophe, soccorrel-os. A' America e de preferencia á America do Sul, cabe boa parte nessa obra humanitária, que, ao mesmo tempo, realisa fins económicos. Para ella se volvem os olhares dos neces- sitados, que de lá nos pedem soccorro. E' nosso dever trabalhar para elles e para nós : para el- les emquanto não puderem se bastar; para nós — preparando nosso futuro pelo accumulo de reservas que nos permittam aperfeiçoar nossos m'eios de trabalho, de molde a assegurarmos os mercados que nos foram abertos pelas ne- cessidades da guerra. Dentre os productores das nossas industrias e de nossa lavoura, uns poderão vencer na luta que, dentro em pouco, se vae travar em torno dos melhores mercados; outros, porém, serão afastados, sinão soubermos organisar desde já sua defesa. Neste momento, já se nota esse facto, quanto a alguns delles. Perdemos tempo e occasião preciosos, por- que os nossos governos não comprehenderam, em tempo, a necessidade que se lhes impunha de applicar uma boa parte das avultadas emis- sões de apólices e de papel moeda, no fomento da nossa producção. Gastou-se muito em coi- sas improductivas, sem se attender seriamente ao magno problema da producção nacional, fonte de riquezas, donde, governos e particulares, ti- ram seus recursos. Esses gastos já estariam re- munerando o capital nelles inve.rtido. E' pro- vável que o Governo não estivesse a braços com o grave problema do deficit, nem o cam- bio houvesse resvalado para a casa de 13, com o café e a borracha por preços miseráveis. O augmento da producção, a sua constante procura, graças ás suas eiscellentes qualidades, teriam criado novas fontes de riqueza e, com ella, viria a abastança para todos. O governo actual se mostra empenhado em trabalhar efficientemente. O Sr. Ministro da Agricultura se esforça para reparar os erros passados, mas, os resultados além de tardios, em muitos casos, serão magros, por falta de recurso e de pessoal hábil, que se não im- provisam. Perdemos cinco annos e muito di- nheiro; pouco partido tirámos da occasião ex- cepcional que nos passou pelas mãos. O passa- do porém, é o passado para o qual devemos voltar as costas, para só encararmos o presente e o futuro. Se perdemos tempo e dinheiro, ca- recemos redobrar de esforços e applicar bem os recursos disponíveis, para recuperar o tempo perdido. Governos, particulares e associações, todos devemos convergir nosso» esforços para o mesmo fim. Quem melhor do que vós poderá contrijjuir para a realisação de tão patrióticos intentos ? Vindes de chegar dos maiores theatros, onde os mais graves problemas económicos e sociaes estão se agitando. Dieveis tel-os estudado com o cuidado que esses assumptos reclamavam e sobre elles meditado longamente; estaes, pois, preparado para orientar os productores, no sen- tido das correntes mais proveitosas. A' S. N. de Agricultura cabe papel preponderante neste momento, quando precisamos intensificar a pro- paganda pelo aperfeiçoamento dos nossos pro- cessos de trabaího ; dando corrtbate á rotina, pela demonstração pratica das vantagens da ap- plicação dos meios modernos de produzir bem e barato. Terras possuímos com fartura e das melho- res; mas, faltam-nos braços e capitães. Com os braços e os capitães disponíveis, se não pode- mos realisar todas as nossas justas aspirações, muito poderemos fazer, assim saibamos aprovei- tar aquelles, ensinando-1'hes os meios de se mul- tiplicarem pelo manejo dos apparelhos meicha- nicos, e dar elasticidade a estes, para que se multipliquem e fecundem a terra. E' preciso ensinar aos agricultores os prodígios da lavoura scientifíca e do uso dos apparelhos mechaní- cos modernos, único meio de supprir a defficien- cia de braços e de capitães. Entre as novas possibilidades económicas sur- gidas com a guerra, figuram as industrias ani- mães ; productos e sub-produ-ctos da pecuária. Industria nova e tíheia de promessas. De annos a esta parte, vem a S. N. de Agricultura se batendo por ella, com' decidido esforço. Eduardo Cotrim, de saudosa memoria, pela palavra e pelo livro, se tornara um dos mais ardorosos pio- neiros da nobre cruzada patriótica, pelo melho- ramento dos nossos reibanhos. E' que elle viu que não nos deveríamos restringir aos mercados internos e que para concorrermos aos estrangei- ros, vantajosamente, teríamos que preparar mer- cadoria de franca acceitação, e á feição dos paladares delicados dos povos que nos dispo- nhamos a abastecer. Sua palavra não deixou de fazer éco mas, si alguma coisa fizemos, muito nos resta por fazer, si não quízermos perder as excepcionaes vantagens económicas que nos proporciona a industria animal. Neste caso particular cabe ao goveirno a principal ta- refa que consiste, a nosso ver, no estudo atten- cioso do nosso paiz, sob o ponto de vista pasto- ril. Podemos e devemos melhorar nossos reba- nhos pelo cruzamento e pela selecção, mas, de- vemos ao mesmo tempo cuidar de estudar nosso vasto tertritorio e seus variados climas, para aconselhar, com segurança, que anímaes devam 368 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA ser utilisados, de preferencia, por serem os que melhor se adaptam nesta ou naquella região. Não, como temos feito até aqui, importando a torto e a direito, animaes de todas as raças, de todos os paizes e para todos os log-ares. Já era tempo de se ter dado solução a tão importante assumpto . De par com o melhoramento pela selecção e pelo cruzamento, é indispensável demonstrar pra- ticamente, a indeclinável necessidade de prepa- rar boas pastagens, sem o que todo o esforço será baldado, no sentido do aperfeiçoamento. Não basta, porém, produzir- De pouco va- lerá accumular productos nos depósitos dos agri- cultores ou nos campos dos criadores, si lhes não derem meios de transportal-os para os cen- tros de commercio ; para o consumo interno e para a exportação. Precisamos, pois, de trans- portes de todo género, mesmo caros ; o que não podemos é passar sem elles, se queremos ca- minhar. Como vedes, é muito quanto precisamos fazer, para chegarmos á altura dos nossos destinos. Essa tarefa hercúlea exige uma parcella do es- forço e da capacidade de cada brazileiro; cada qual na medida de suas possibilidades, mas to- dos compenetrados dos seus deveres ante a pá- tria e a humanidade. Nesta quadra de grandes e graves revoluções sociaes, não ha logar para a pratica do estreito egoismo. As lutas terrí- veis do proletariado por uma ordem de coisas compatível com seus novos ídeaes de vida, che- gam até nós. Certo, não com a mesma violên- cia com que se estão desenrolando nos velhos paizes europeus, mas, de conformidade com a situação dum paiz democrático, possuidor de vastos territórios inoccupados e uma população rarefeita. E' nosso dever não fingir que desconhecemos factos evidentes e encaniinhal-os para soluções pacificas. A' medida que o povo se vae in- struindo vae-se, por esse facto, tornando mais exigente de conforto .e de liberdades, que não é justo recusar-Lhe. O estudo attento destes e ■de outros problemas nacionaes estão a solici- tar-nos as energias, cabendo á nossa benemérita Sociedade magna parte na sua solução. Para guiar-nos, repito, ninguém mais apto que vós. Nutrimos fundadas esperanças na vossa acção em prol desta campanha. O paiz vos tem no rói dos seus melhores filhos : por elle muito tendes feito, mas, no seu egoismo, jamais se dá por satisfeito e exige mais ainda, certo de que nada lhe sabeis re- cusar. Nós, vossos amigos e admiradores, vos con- vidamos -^ assumir o logar que conquistastes nesta casa. onde em cada um de nós tendes um amigo dedicado e prompto a cooperar comvosco na grande tarefa que nos impomos. Dito isto, continuemos a trabalhar"'. Após uma prolongada salva de palmas, ergue- se o Sr. Miguel Calmon, que, commovido, co- meça por dizer que sua presença alli exprime apenas um cumprimento de dever, a que se não podia furtar por mais tempo : agradecer aos da Sociedade a acolhida generosa que lhe dispen- saram por occasião do seu regresso do Velho Mundo . Infelizmente, o seu estado de saúde não lhe permitte, ainda, realisar o desejo que acabava de manifestar o Sr. Lyra Castro, desejo que era seu também : — o de voltar a coUaiborar naquella casa, cuja situação de prestigio actual bem mostrava quão diminuto era o concurso que poderia prestar-lhe (não apoiados). Acabava de contemplar na França, a acção das Sociedades Agrícolas na reconstituição eco- nómica do Paiz. Acabava de ver o Ministro da Agricultura, que do seio delias sahira, conseguir a garantia de uma colheita equivalente á colheita normal antes da guerra a desipeito dos qua- tro milhões de homens que a desfalcavam, tudo com o concurso indispensável daquellas Socie- dades. E que grande differença entre o que lá se verificava e o que aqui se dá. Na França, no momento mais angustioso, quando mais radi- caes eram os cortes das despezas. as verbas destinadas á agricultura nada soffriam e, ago- ra mesmo, no ultimo orçamento daquella pasta, somente para a acquisição de tractores votara a França um milhão de francos, tal a convicção que ella nutre da importância que exerce a agricultura como factor principal da riqueza nacional. A Sociedade Nacional de Agricultura se fun- dara para collaJborar com o Governo na solu- ção de uma grave crise financeira, por que então passou o paiz. Hoje, outra crise o assoberba, proveniente da alta exagerada do preço dos productos que im- portamos. Como resolver esta crise ? Incrementando por todos os meios a producção desses artigos para que o cambio suba, para que a situação melhore. E não ha outro meio que dar ao Ministério da Agricultura dinheiro, que só com elle se poderá ganhar o tempo já perdido. Mas, ha um ponto de maior relevância que ainda depende da acção do Ministério da Agri- cultura. Refere-se o orador á liberdade do tra- balho e do commercio. Pode affirmar que na França só poude ha- ver incremento na producção do trigo, quando o Ministério da Agricultura garantia a liber- dade do commercio. Só no Brazil é que essas medidas não po- derão ser efficientes ? Só ,aqui é que a agri- cultura deverá trabalhar sem saber como ven- der, quando pode vender ? Não ! Nós poderíamos hoje, em relação a cer- tos productos, occupar uma posição privilegiada, se não fora o embaraço creado pelo Governo, ha cerca de dois annos, o que levou o desanimo aos productores que, só então, trabalhavam para A LAVOURA 369 supprir as necessidades internas, tolhidos que estavam de dar expansão ás suas actividades. Refere-se o orador, principalmente, ao algodão e ao assucar. Na Europa, admiravam-se os seus homens, perguntando-lhe muitas vezes, porque o Brazil, dispondo de tão grande extensão territorial, de tão bons climas, não dava maior incremento á producção do assucar e do algodão. Teve dif- ficuldades em' responder, principalmente porque não queria, no estrangeiro, accusar o Governo do seu Paiz; mas, aqui, pode dizer que não lhe faltam os recursos naturaes, não lhe faltam o capital nem a iniciativa dos particulares, mas, apenas, a f-é, porque o Governo a tirou. Hoje, na Europa, a despeito do que reíerem os telegrammas publicados pelos jornaes, pode attestar que é decisiva a tendência para a volta da liberdade do commercio e do trabalho, tal como acontecia antes da guerra. Não tencionava naquella occasião, porém, si- não agradecer, muito de coração, o modo aífe- ctuoso com que a Sociedade o recebera; mas, o calor que alli sentira, as allusões feitas pelo seu collega o Dr. Lyra Castro, o levararn áquellas referencias. Queria apenas, resumir em duas palavras as suas impressões, queria, apenas, dizer que de tudo o que a guerra subverteu, que das mu- danças que ella originou, duas coisas são de summa importância para nós : a confiança na terra e nos traibalhos manuaes. Antes da guerra, todo livro que pregava a volta á terra, era lido, mas, não era praíicado. Hoje, não ! As industrias que outr'ora davam lucros faibulosos, cederam á terra, que maiores recom- pensas offerece. Assim na França, assim na Inglaterra. Tam- bém os trabalhos manuaes cujo valor todos os pedagogos proclamavam — • hoje, na Europa, são, em geral, mais remuneradores. , E S. Ex. cita numerosos exemplos, termi- nando por affirmar que quer uma, quer outra conseiquencia da guerra nos interessam, pois hoje^ aqui como lá — a remuneração dos trabalhos ma- nuaes ha de crescer : — é o meio de acabar com a peoha que temos de paiz de doutores e fun- ccionarios. A guerra, pois, não veio sinão confirmar as predicções dos fundadores da Sociedade, que pre- cisa, para effectuar os seu^ patrióticos intuitos, seguir o pro'gramma da Sociedade de Agricul- tura da França, reunindo as suas co-irmãs, sem desprestigio para ellas — afim de integrar, num esforço commum, todos os factores da nossa riqueza económica. Cobrem^lhe as ultimas palavras prolongadas palmas, seguindo-se-lhe com j. palavra o Sr. Dr. Augusto Ramos, que se associou, em seu nome e no da Associação Commercial do Rio de Janeiro, á homenagem que se prestava ao Dr. Miguel Calmon. Estava com a palavra e aproveitando isso, queria fazer um appello ao Sr. Ministro da Agricultura, baseado nas affirmações que ex- pendera o Dr. Calmon. Referia-se S. Ex. á situação creada para o assucar, que é o único producto que hoje soffre, entre nós, o controle do Governo, em detrimento dos interesses alevantados da industria assuca- reira. Reporta-se o orador aos múltiplos emba- raços que vem soffrendo essa industria, na im- possibilidade de expandir-se e mostrando que convém ao próprio paiz amparal-a. A' S. Ex. seguiu-se o Sr. Augusto Leivas que fez uma longa exposição com relação á cris/» commercial e industrial porque ora atravessamos, finda a qual occupou a attenção da assembléa o Sr. Ministro da Agricultura. Disse S. Ex.. de começo, que se associava de todo o coração â homenagem prestada ao Dr. Miguel Calmon, que por tal forma se iden- tificou com o trabalho, a operosidade e as aspi- rações da Sociedade, que a sua ausência consti- tuiu um motivo de pesar para todos os seus com- panheiros naquella feliz e patriótica jornada. Proseguindo, S. Ex. diz que as idéas alli expendidas se casavam com as idéas do Governo. Pede licença para responder ás palavras de Miguel Calmon, que são o resultado de suas quentes impressões desse mundo de actividades que se agita alem oceano, desse mundo que é o paradigma, o exemplo de que nos servimos para o estudo dos nossos problemas. Além dessas palavras, ouvira as de Augusto Ramos, a quem tece elogios. Fora daquelle recinto, deveria S. Ex., para responder-lhes, usar de uma dialéctica mais apu- rada, deveria servir-se das cifras insophismaveis, de considerações mais aprofundadas sobre os assumptos discutidos. Mas, resumindo, synthetisando a sua resposta, dirá apenas, que ha cerca de um anno quando este Governo tomou posse, encontrara tabellados mais de vinte artigos, productos nacionaes. Pois bem : este Governo, fitando sempre a liberdade do commercio, mas, seguindo o 'exem'plo dos Governos de outros paizes, sobretudo attendendo aos vitaes interesses das classes m^enos abasta- das, por um processo suave, foi, a pouco e pou- co, extinguindo as tabeliãs existentes e ao mesmo tempo que diminuía as restricções de exporta- ção, de tal sorte que hoje não ha producto nacional cuja exportação esteja absolutamente prohibida. Casos excepcionaes, entretanto, obri- garam, como acontece em toda parte, o Gover- no a desviar-se dessa trilha, por momentos, pois que o Governo comprehende bem a liberdade do commercio e procurava destruir os apparelhos e artifícios creados em consequência de uma situação anormal , Falou, por ultimo, o Sr. Lauro Muller, que começou dizendo que todos ^sabiam da acção effi- ciente e prepotente que o Dr. Miguel Calmon exerceu, sempre, na Sociedade e que todos sa- biam que S. Exa. só continuava na vice-presi- dencia porque teimava em conserval-o no cargo que occupa. — 370 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA S. Ex. não se expressava assim por falsa modéstia, mas, com a maior sinceridade. Refere-se, depois, á muita estima reinante en- tre os directores daquella casa, para então de- clarar que foi muito sensível a falta do Dr. Calmon á Sociedade, mas, que cumpria dizer, como presidente, que os demais membros da di- rectoria se esforçaram por continuar a obra en- cetada pelo Dr. Miguel Calmon. Allude, então, aos bons serviços do seu substi- tuto, Dr. Lyra Castro e faz a apologia do tra- balho da terra, affirmando que acredita que o abandono da terra, é, quasi, o abandono da pá- tria; e pois, os paizes cujos filhos a trabalham, a e.x!ploram, são paizes cujo progresso está asse- gurado . Proseguindo, diz que si conduzirmos o nosso povo por esse caminho realisaremos as nossas justas aspirações de grandeza. Diz, em seguida, da sua immensa satisfação intima, ao ver, ha poucos dias, um filho seu abandonar o cargo de secretario de legação para consagrar-se ao commercio. Voltando a tratar da acção da Sociedade, affirma que ella constitue um grande apostolado e que não ha apostolado sem apóstolos, sendo por isso que todos se haviam' reunido para pa- tentear a Miguel Calmon os applausos que de coração lhe prodigalizavam. Uma nova salva de palmas e a sessão foi en- cerrada. BlllllliilnlllliilTlliillililiniiililliiliiliiliiiiiiiiliiliilniiiitiiiiiiiinliil!ilnliiliilnliil]iliii!il!iini[iiíiiiiiiiiiiBMiiiB]iin]'!i!íiiiifiii!iHiiiiKi:i|[iiiiii líiiiiiiiiiiitiiiiiiiiiiinliiit O arroz e o **iproveitameuto industrial da palha para manufactura de saccos baratos Entre os povos do Oriente, alimentando-se quasi exclusivamente de cereaes. legumes e fructas — todos productos da terra, a industria agrícola occu- pa um logar de extraordinária importanicia. Para chinezes e japonezes, os 5 cereaes a cujo cultivo o lavrador deve d'edicar-se são: o arroz, a cevada, o trigo, o feijão e o milho. O arroz em primeiro logar, porque vale pelos outros quatro. Depois dos cereaes, vem o peixe — como alimen- to básico d'essa população. D'ahi também € gran- de valor da industria da pesca. No Japão, ella occupa cerca de 400 mil barcos e de 3 milhões de pescadores — (os chefes e suas numerosas proles) — que constituem uma forte re- serva da marinha nipponica. Ali o peixe é fácil e abundantemente encontrado nos piscosos mares que cercam as ilhas innumera- veis do archipelago japonez. E' tão notável esse serviço, que só em Tokio ha 5 escolas de pesca. O' Governo protege a pisci- cultura, sendo muito desenvolvida a creação do salmião, das carpas, dos molluscos. etc. Os mercados e lojas de comestíveis abundam de peixes seccos ou salgados, porque na verdade o peixe é o prato indispensável das refeições ja- ponezas. Mias, a base principal é o feijão, o arroz e os outros cereaes, donde a necessidade de cultivar a terra. Um povo é tanto mais feliz, quanto mais fértil ê a terra que possue e o seu futuro tanto mais garantido, quanto maiores são as possibilidades do alargamento de sua agricultura. Basta essa circumstancin para tornar o Brazil um dos paizes mais futurosos e ricos do mundo. ■O confronto entre as terras áridas e silicosas do Sahara, do Arizona e Texas e do nosso Nordes- te quando não chove e o feracissimo Oeste de São Paulo — é uma demonstração. No Japão — paiz (montanhoso, a industria agrí- cola só dispõe de 7°]° de terras planas e baixas para cultura de cereaes, legumes, etc. As outras culturas — de chá, de algodão e de fructas, occupam mais de 8 "l" de terras altas, sen- do assim cultivado apenas 15°]" de todo o terri- tório japonez. Segundo uma estatística que exclue o Hokaido e Tai-iram, essa área de 15 °|° está assim distribuída: Arroz 30 mil kil. quadr. Cevada 8 " " Centeio 8 " " Trigo 5 " " Diversas 12 " " " Total 63 " " Donde se vê aue só o arroz r>'-''HTi'' ouasi metade da área cultivada. Sob este ponto de vista, camo sob tantos outros, o Japão approxima-se do outro povn in*;iilnr — a Inglaterra — cuja terra cultivada é 16 ou 17 '1° do seu solo, ao passo que na Allemanha a propor- ção é de 45 ou 50 "l" e na França de 30 mi 'ir<°i^. O certo é que, em relação ás suas populações, o Europeu gulotão precisa, para alimentar-se, da produção de terras cultivadas 4 ou 5 vezes maior que o sóbrio japonez. cuja frugalidade explica o milagre de, em território exiguo, conseguir elle o máximo de produção e bastar-se a si próprio du- rante séculos, emquanto o augmento annual de mais de meio milhão em sua população, rompendo o equilíbrio, não vem exigir a importação de géneros lalimenticios. O arroz e o feijão, para os orientaes que não usam pão e por isso pouco trigo consomem, são de primeira necessidade. Em algumas provindas japonezas do Sul. é gran- de o consumo de batata doce. O arroz é. entretan- to, uma cultura que domina soberanamente em to- do o Oriente. A vista dos arrozaes plantados nas olanicifí im- mensas de Bengala, jnnundadas periodicamente Pe- las cheias do Ganges e do Brahma-Putra, os sagra- dos rios divinos das Índias, ou a das regiões pro- ductivas da China e 'O scenario apresentado pelos A LAVOURA 371 pequenos, mas numerosos arrozaes do Japão, é um desses espectáculos encantadores que, por si só, pagam os sacrifícios de uma viagem ao Oriente. A grandiosa extensão dessas culturas e o vulto das transações commerciaes do arroz nos mercados do Pacifico, o formidável movimento dos transpor- tes desse cereal por mar e por terra, revelam sua importância na vida desses povos que delle tiram alimento e fortuna. Nem tem outro fundamento o culto que prestam ás Divindades que lhe são devotadas e as home- nagens que lhes rendem em suas festas, e solem- nidades, como por exemplo, nas cerimonias fune- rareas. Assistindo as celebradas nas índias e no Japão, vi figurar o larroz c.tre os alimentos, fructos e flores que levam ao defunto para a:ompanharem- no na longa viagem da morte. mais finos de café, que só excepcionalmente são consumidos aqui. As classes pobres do Japão, substituem, muitas vezes, o arroz pelo feijão e milho ou cevada mais baratos, como fazem os nossos trabalhadores fu- raes quando o arroz está caro. O seu consu.ro é maior pana as quslidades cul- turaveis em terrenos altos ou seocos e talvez mais accessivel 'ua província de Tosa, onde se pode, por vezes, obter duas colheitas annuaes, sob a influ- encia do calor da Kuro-shio — a corrente quente, isto é, o Gulf stream dos mares Japonezes. Serve de alimento a 400 milhões de Hindus e a quasi 80 milhões de Japonezes incluindo Shosen — a antiga Coréa e Taiwan, a iFormosa dos conquista- dores Portuguezes. Mas, o seu préstimo não se li- mita só a nutrir ao homem. Serve, igualmente, a industrias diversas. Ajiiin um lapso de l.enipu hoin c seccn, lllllllliliilillliiiiiiiiiiiiiliiiiiiiiiiin Relatório da Sociedade Nacional de Agricultura A.IMIM^XC9S Continuação — Anno de -1 91 6 28 de Janeiro de 1916. Exmo. Sr. Dr. Wencesláo Braz, DD. Pre- sidente da Republica. Em virtude da deliberação adoptada unanime- mente pela Assembléa Geral desta Sociedaije, na sessão de 18 do corrente, venho apresentar a V. Ex., em nome da lavoura, sinceras congra- tulações pelo acto patriótico de V. Ex. vetando a resolução do Congresso Nacional, que autori- sava o Governo a conceder favores aos parti- culares ou ás emprezas que explorassem no Bra- zil a industria dos calcareos. A Sociedade Nacional de Agricultura, como orgam de defeza da lavoura nacional, não podia deixar de manifestar-se a respeito dessa acer- tada decisão, pois, si taes resoluções se tornas- sem Lei, acarretariam, como teve occasião de salientar em representação que enviou ao Senado Federal, a 22 de Dezembro pp-, enormes prejuí- zos ao desenvolvimento da producção agrícola no paiz. Desobrigando-me de tão distincta incumbência, tenho a satisfação de apresentar a V. Ex. os meus protestos de elevada consideração e res- peitosa estima, (a) — Miguel Calmon, Vice- 374 — BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA Presidente da Sociedade Nacional de Agricul- tura. 22 de Março de 1916. Exmo. Sr. Dr. Manoel Luiz Ozorio, DD. Presidente da Federação das Associações Ru- raes do Rio Grande do Sul. Cabe-me o gratíssimo dever de conimunicar a V. Ex. que a Sociedade Nacional de Agricul- tura teve a honra de receber, em sessão espe- cial da directoria, o Exmo. Sr. Dr. Eduardo Berchon dos Essartes, muito digno Vice-Presi- dente da prestigiosa Federação das Associações Ruraes do Rio Grande do Sul. De S. Ex. teve esta Sociedade opportunidade de ouvir uma longa e interessante exposição, não só doi grandes progressos das industrias agro-pecuarias nesse prospero Estado, como das providencias capazes de. contribuir para o seu desenvolvimento. No desejo de collaborar o mais activa e sffi- cazmente possível pelo nosso desenvolvimento económico, tem esta Sociedade procurado ser a interprete assídua de nossas classes ruraes perante o governo, levando-I'he todas as infor- mações que a ella são dirigidas. Assim teve a directoria da Sociedade Nacional de Agricultura occasião de communicar ao próprio Exmo. Sr. Presidente da Republica o resumo da narração feita pelo E-xmo. Sr. Dr. Berchon, pedindo-lhe também as referidas providencias. Agradecendo as felicitações com que nos dis- tinguiu, apresento em nome da Sociedade Na- cional de Agricultura os melhores votos pela prosperidade dessa benemérita .associação, que tanto tem concorrido para o desenvolvimento económico do nosso caro Brazil. Apresento a V. Ex. os protestos de elevada estima e consideração, (a) — Augusto Ramos. 2° Secretario da Sociedade Nacional de Agri- cultura. 7 de .\bril de 1916. Ulmo. Sr. S. Johnson. Aproveitando a viagem de V. S. aos Estados Unidos da America, tomamos a liberdade de pedir nos au.xiliar de modo a estreitar as nos- sas relações com os productores americanos, principalmente da Califórnia. Como V. S. tem visto, começa a desenvolver-se entre nós a fru- cticultura e muito conveniente seria si pudésse- mos importar, em boas condições, mudas de plan- tas fructiferas que se adaptem ás nossas con- dições de clima. O Sr. Dr. Burbank muito nos poderia auxiliar com os seus conhecimentos e os seus trabalhos, que tanto interesse temos em conhecer. Muito grato ficaríamos a V. S. por tudo quanto fizesse nesse sentido e. ainda mais, si nos fizesse em relação com o próprio Sr. Dr. Buribanck. Aproveitamos a opportu- nidade para apresentar a V. S. os nossos pro- testos de estima e consideração, (a) — Han- nibal Porto, 1° Secretario da Sociedade Nacional de .'\gricultura. S de Abril de 1916. Exmo. Sr. Dr. Aguiar Moreira, DD. Pre- sidente da Commissão Central do "Congresso para o Estudo das Tarifas de Transportes". E'-me grato accusar o recebimento do honroso convite com que V. Ex. distingue esta Socie- dade, convidando-a a se fazer representar nas reuniões de tão importante Congresso, que, com muito interesse e acurado estudo, vae se oc- cupar dos assumptos attinentes ás tarifas e ao transporte — problema de alta relevância no des- envolvimento dos factores económicos. Respon- dendo, tenho viva satisfação de scientificar a V. Ex. que esta Sociedade houve por bem no- mear seus illustres directores Exmos. Srs. Drs. João Gonçalves Pereira Lima e .Augusto Ramos, afim de collaborarem nos importantes trabalhos a se iniciarem no próximo dia i . Prevaleço-me da opportunidade para apresen- tar a V. E-x. os protestos da nossa mais elevada estima e consideração, (a) — Hannibal Porto. 1° Secretario da Sociedade Nacional de Agri- cultura. 13 de Abril de 19:6. E.xmo. Sr. Dr. Rivadavia da Cunha Corrêa, DD. Prefeito do Districto Federal. -A Sociedade Nacional de Agricultura vem submetter ao alto critério de V. E.x. a inclusa petição, que, por seu intermédio, dirigem a V. Ex. pequenos lavradores deste Districto, soli- citando-lhe seja concedida até 30 de Junho p. vindouro, prorogação do prazo fi.xado por essa Prefeitura para mudança das hortas «que possuem no perímetro urbano. L^ma commissão desta So- ciedade já significou a V. E.x. as razões que justificam sua interferência no caso, e, posto se torne supérfluo renoval-os, devo reiterar a V. Ex. a segurança de que seu intento visa conciliar os respeitáveis interesses da saúde publica invo- cados no acto dessa Prefeitura com a situação dos modestos cultivadores premidos pela impos- sibilidade de attender á urgência da medida que lhes impõe. Certo não serão desattendidos os princípios sobre que repousa a ordem emanada de V. E.x., se, na vigência da concessão que esta Sociedade solicita, ficarem as ditas hortas sujeitas ao re- gimen de rigorosa inspecção, exercida sobre os processos da adubação e a pratica normal da drenagem nas terras que a exigirem. Os pe- quenos lavradores que subscrevem a petição, sen- tirão, por sua vez, attenuado o gravame de brusca mudança, em periodo que lhes não per- mittirá renovar em outra zona suas culturas perdidas, quando em pleno inverno mais fácil lhes será essa tarefa, attentos os benefícios da próxima estação. .\ Sociedade appella, confiante, jjara V. Ex., e pensa que, assim, consegue conformar tam- A LAVOURA 375 consumidores que adquirirão lanto mais caros os productos que delia se derivam quanto mais gravada fôr a sua producção. Apresento a V. Ex. o testemunho de minha estima e alta consideração, (a) — Miguel Cal- inon. Vice-Presidente da Sociedade Nacional de Agricultura. 15 de Abril de 1916. E-xmo. Sr. Dr. José Bezerra, DD. Ministro da Agricultura, Industria e Commercio. A Sociedade Nacional de .-agricultura vê, com o maior interesse, o resultado que os banhei- ros carrapaticidas têm proporcionado aos cria- dores, que já o estabeleceram em suas proprie- dades. As observações de todos os fazendeiros, que hoje banham o seu gado periodicamente contra os carrapatos, são concludentes em relação ao proveito que taes banheiros trazem ao êxito da criação. Depois da applicação dos banhos, a percenta- gem de crias que vingam annualmente, cresce bem os interesses da pequena lavoura com os dos de forma animadora. A colheita de productos das vaccas leiteiras, segue o mesmo rumo as- cendente. A facilidade da engorda dos novi- lhos para corte, depois da applicação dos ba- nhos, é observada de maneira que estimula a in- dustria de criação de gado para carne. Todos esses auspiciosos resultados se tradu- zem no augmento da riiqueza publica que é, sem duvida, um objectivo muito elevado das classes dirigentes. A divulgação desses resultados, obtidos pelos que banham o seu gado contra os carrapatos, deve. pois, ser a maior possível em todos os Estados do Brazil, e parece que o Congresso, concedendo verba para prémios aos criadores que construissem banheiros em suas proprieda- des, teve em mira, justamente, a mais larga dis- seminação delles em todo o paiz, A Sociedade vem, pois, interpretando o sen- timento da totalidade dos criadores brazileiros. pedir ao Governo, por intermédio de V. Ex., a realisação dessas medidas que serão, sem du- vida, da maior relevância e que trarão para a nossa pátria grandes elementos de prosperidade, reconhecidamente dignos de auxilio e encoraja- mento por parte dos poderes públicos. Aproveito a opportunidade para reiterar a V. Ex. os protestos da minha mais alta consi- dera-ção. (a) — Miguel Calmon, Vice-Presi- dente da Sociedade Nacional de Agricultura. 15 de Abril de 1916. Exmo. Sr. Dr. José Bezerra, DD. Minis- tro da Agricultura, Industria e Commercio. A Sociedade Nacional de Agricultura tem a satisfação de coramunicar a V. Ex. que, em sessão de sua Directoria, foi deliberado pedir ao Governo a sua attenção para a necessidade da creação de escolas praticas de Capatazes, an- nexas a todos os postos zootechnicos e núcleos de criação, sob a direcção do Ministério da Agricultura. A Sociedade Nacional de Agricultura tem o dever de ponderar a V. Ex., o alto alcance pratico que essa medida vem trazer ao desen- volvimento regular da industria pecuária bra- sileira. A experiência de instituição idêntica, annexa á Escola Superior de Agronomia de Montevi- deo, é uma prova da grande utilidade da insti- tuição. Sem o minimo augmento de despezas, o go- verno podia instituir essa nova fonte de pro- gresso no ensino aigricola primário, de cara- cter eminentemente pratico. Bastaria que todos os empregados jornaleiros que se applicam nos diversos misteres e servi- ços daquelles núcleos, fossem abrigados a fre- quentar, á noite, o curso pratico de rudimentos de agricultura e pecuária, desenvolvendo-se, por essa forma, um ensino methodico de pessoal que iria mais tarde prestar relevantes serviços nos centros criadores incipientes. A' imitação do que se fez em Montevideo e que o Governo devia mandar estudar in loco, o Brazil veria logo a organisação de um pes- soal indispensável ás explorações pecuárias e dotado de conhecimentos methodicos e racio- naes dos seus naturaes encargos nas fazendas de criação. .\presentc a V. Ex. os protestos de alta es- tima e distincta consideração, (a) — Miguel Calmou. Vice-Presidente da Sociedade Nacional de .agricultura. 29 de Abri! de 19 16. Exmo. Sr. Dr. Ministro da Viação e Obras Publicas. .\ Sociedade Nacional de Agricultura, tendo sido solicitada a interceder perante V. Ex. no sentido de resolver a difficil situsjção actual para o commercio do Amazonas, que se vê pri- vado de navegação regular na liriha de New York, devido ás restricções e exigências da "Boobh Line Company", vem solicitar a inter- venção de V. Ex. para que seja enviado quin- zenalmente um vapor do Lloyd Brasileiro a Ma- náos, com o fim de carregar directamente para New- York a borracha e demais productos da- quella região. A intervenção no pedido foi solicitada pelo delegado da Associação Commercial do Ama- zonas nesta capital, em virtude do telegramma abaixo transcripto, por elle recebido e refe- rente ao caso. "Navegação transatlântica ingleza. visando prejudicar interesses germânicos, está desorga- nizando commercio geral, mesmo firmas nacio- naes lutam conseguir exportar borracha, sendo incriminadas suspeição Cônsul Inglez — stock avolumando, preço baixando. Situação afflicti- va. Urge estabelecer navegação nacional en- tre Manáos New-York. Rogamos patrocinar nossa causa perante governo". 376 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA V. Ex.. melhor do que ninguém, poderá ava- liar quão necessário se torna ir em soccorro do commercio amazonense que justamente clama contra as difficuldades que se oppõem á sua li- berdade de acção, tolhendo o intercambio de sua producção já de si precária pelo estado de guerra que atravessamos. Certos de que V. Ex. tomará em conside- ração o pedido ora feito, a Sociedade Nacional de Agricultura aguarda anciosamente as pro- videncias que o caso comporta e a sua premên- cia exige. Aproveito a opportunidade para apresentar a V. Ex. os meus protestos de elevada conside- ração, (a) — Miguel Calmon, Vice-Presidente da Sociedade Nacional de Ag'ricultura . 30 de Abril de 1916. Exmo. Sr. Dr. José Rufino Bezerra Caval- canti, DD. Ministro da Agricultura, Industria e Commercio. Reina, actualmente, nos municípios de Blu- menau e Brusque, no Estado de Santa Catha- rina, uma epizootia que tem produzido grande mortandade entre os bovinos e equinos. Esta epizootia, devidamente estudada, é produzida pela raiva ou hydropholbia, que, por muitos annos, tem causado os maiores prejuízos á industria pastoril de Santa Catharina. Ao nosso illustrado consócio Dr. Lebon Re- gis coube a benemérita tarefa de chamar a at- tenção dos poderes públicos para epizootia tão devastadora, apenas assumiu ella um caracter alarmante. Foram, então, feitos os estudos ne- cessários para esclarecimentos da etiologia da moléstia, e firmado o diagnostico de raiva, pe- los Srs. Drs. Paulo Parreiras Horta e Antó- nio Carini, foi levada a effeito uma larga cam- panha de prophylaxia baseada nas instru- cções formuladas pelo Dr. Parreiras Horta, As- sistente do Instituto Oswaldo iCruz. Nessa occasião, a epizootia da raiva se pro- pagava por quasi todo o littoral do Estado e ameaçava estender-se para a zona serrana de Lages e para a riquíssima zona pastoril do Norte do Estado, na qual sobresae o Município de Blu- menau. Graças ao intenso trabalho desenvolvido pela commissão de Prophilaxia anti-rabica enviada ao Estado pelo Ministério da Agricultura e, em grande parte, ao completo apoio que teve essa Commissão dos Governos federal e Estadoal, os resultados obtidos foram notáveis, sendo ex- tinctos quasi todos os numerosíssimos focos en- tão existentes. Infelizmente, por falta de re- cursos, não poude a Commissão terminar sua tarefa, deixando ainda dois pequenos focos no Município de Blumenau. Esses focos produziram a larga disseminação de casos que se observam agora, podendo se affirmar que sua existência IIUILIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIMIIII ■lllllllllllll!IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII)IIII|ll|ll|ll||||||I||||I||||||||||||||<|i||ni|||||||||i||||gn,,,|||,,|,;,,,,, 11,1,,,, ,,|,,,,|,,,,,,,,,g,,,j,,,,, ,,,,,,,,,,,,, ,,,,,,„ Escola Agrícola «Liir^ de Queirúzu — Piracicaba, S. Paulo - Vista do parque A LAVOURA 377 constitue grave perigo não só para a riqueza pastoril do Estado, como ainda para a dos Es- tados visinhos, havendo jâ noticias do appare- cimento de casos no Estado do Paraná. A epizootia da raiva do Estado de Santa Catharina, que já uma vez alarmou os Governos das Republicas Argentina e Oriental do Uru- guay, que enviaram ao nosso paiz commissões de especialistas para verificar o que estávamos fazendo para combatel-a, merece uma attenção muito especial por parte do Governo Federal, neste momento em que as esperanças do paiz se acham dirigidas para o desenvolvimento rá- pido da industria pastoril. A Sociedade Nacional de Agricultura tem plena confiança de que medidas enérgicas e promptas serão tomadas por V. Ex. e que po- derão em pouco tempo eliminar essa epizootia do rói de nossas preoccupações, levando assim a traniquillidade ao lar dos criadores cathari- nenses, que tantos prejuízos têm tido ha longos annos. Na Ilha da Madeira, em 1892, uma epizootia de raiva entre cães fez que o Governo portu- guez tomasse medidas enérgicas, que se poude chegar ao brilhante resultado de se registrar que, tendo apparecido os primeiros animaes doentes em Junho de 1892, já em Novembro de mesmo anno nenhum caso novo era verifi- cado. A pedido do nosso illustre companheiro Dr. Leibon Regis, a Sociedade Nacional de. Agricul- tura, por meu intermédio, dirige a V. Ex., Sr. Ministro, um appello afim de que possamos ver no Brazil, realisados trabalhos ainda mais bri- lhantes que os que foram feitos na Ilha da Ma- deira, bastando para isso que sejam restabele- cidos os trabalhos da antiga Commissão da Prophilaxia anti-rabica, que tão efficazes foram na occasião. Aproveito a opportunidade para apresentar a V. Ex. meus protestos de elevada estima e dis- tincta consideração, (a) — - Miguel CaUnon, Vi- ce-Presidente da Sociedade Nacional de Agri- cultura. I de Maio de 1916 Exmo. Sr. Dr. Wencesláo Braz Pereira Go- mes, DD. Presidente da Republica dos Esta- dos Unidos do Brazil. Seja permittido á Sociedade Nacional de Agricultura, submetter ao espirito ponderado e esclarecido de V. Ex. uma representaçãc que, subscripta por diversos consócios, mereceu apoio unanime de sua Directoria, em sessão realisada a 4 do mez próximo passado. Nella se propõe suggerir ao Governo da Republica o alvitre de nomear uma commissão de delegados dos Po- deres Públicos e representantes da agricultura, industria e commercio, inclusive dos institutos nacionaes de credito, com o objectivo de estu- dar os meios conducentes a prover ás necessi- dades actuaes de nossa situação económica € fi- nanceira e ás que resultarão do final da guerra européa. Os trabalhos da commissão proposta deveriam convergir para um plano de conjuncto, destina- do a servir de base ao estudo e deliberação do Congresso Nacional na próxima sessão legis- lativa. Rogo a V. Ex. se digne acceitar os protes- tos de minha elevada estima e mui respeitosa consideração, (a) — Miguel Calmon, Vice- Presidente da Sociedade Nacional de Agricul- tura. lliiBiiiniiiiiiiii ll]|lll:liiliililllilii|[illiliiiiiliiliilnliiinliili[liiliiliiltillilllllillllillillllllliniiiinii;iiiaiíliliiiiii iiiliiliiBiiBiiBiiiiiliiliiliiliiaitiiiiiiiiiir O Brazil na Exposição Pecuária Argentina A Sociedade Nacional de Agricultura, como cos- tumia todos os annos, fez-se representar na ultima Exposição Pecuária da Argentina, para isso dele- gando poderes ao seu sócio Sr. .juIio César Lut- terbach, adeantado criador patrício, que ipara lá embarcou e assistiu a essa portentosa festa da grandeza da Republica innã. Antes de regressar ao Brazil. o Sr. César Lutter- bach referiu-se encomiastica.Tiente ao grandioso certamen que se realis-ava, em um discurso de agradecimentos pronunciado no seio da Sociedade Rural Argentina, junto á qual foi acreditado dele- gado da Sociedade Nacional de Agricultura du- rante o periodo da Exposição. São estas as palavras dio nosso distincto con- sócio: "Exmo. Sr. Dr. .Joaquim Anchorena , DD Pre- sidente da Sociedade Rural Argentina. O Brazil, amigo e visinho que é da Argentina, iníeressa-se muito pelo seu progresso e em todas as opportunidades ac;eita com particular apreço todas as attenções que a elle são distinguidas, tanto assim que a Sociedade Nacional de Agricul- tura, sensibilizada com o vosso honroso convite para assistir a portentosa exposição de pecuária, delegou-me seu representante junto á Sociedade Rural Argentina, de que sois emérito Presidente, para represental-a e assistir esta grandiosa festa, que significa o trabalho, a perseverança e a intelli- gencia do povo argentino. Jamais pensei ver obra tão meritória e confesso a minha admiração por essa grandeza, que signi- fica a maior das riquezas do vosso grandioso e prospero Paiz. Nós, Brazileiros. temos com os .Artrentino* os mais estreitos laços ae amizade e commerciaes, mas, esses laços precisam ser ainda mais unidos com a cooperação de esforços mútuos e esses es- forços são traduzidos pela approximação das nossas idéas, do nosso convívio, das nossas relações com- merciaes que é a mais fecunda das diplomacias. O Brazil, dotado de uma r'"--»'" iiomiaiavp], precisa para o seu desenvolvimento da cooperação dos Paizes civilisados; para isso, acceita de braços abertos todos que com elle queiram cooperar para o seu maior desenvolvimento. 378 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA Ao lado das suas grandes riquezas (muitas delias ainda não exploradas), está a pecuária, que tem tido nos últimos annos um desenvolvimento admirá- vel, como demonstrou a terceira exposição, ha pouso realisada. Os nossos governos, tanto da União como dos Estados, têm sido incansáveis em prol da pecuária, ora fazendo importações de reproductores de raças finas para melhorar os nossos planteis, ora distri- buindo sementes para formação dos nossos campos, ora outros muitos benefícios. O nosso actual Ministro da Agricultura, Dr. Si- mões Lopes, é de uma dedicação digna de menção, para o desenvolvimento e melhoramento da nossa pecuária, tendo, por isso, dos Brazileiros, votos de reconhecimento e gratidão pela fecunda orien- tação da pasta que occupa. A Sociedade Nacional de Agricultura.^que delego, não menos esforços faz para ampliação da agri- cultura e pecuária nacional. Ella, ao lado do Minis- tério da Agricultura, é pródiga em auxílios para que a nossa pecuária' attinja ao auge do seu desen- volvimento a vir competir com os Paizes mais adi- antados, como é o vosso. A ultima estatística pecuária diz-nos que a popu- lação bovina do Brazil attinge a trmta milhões e, attendendo ao grande desenvolvimento que a pe- cuária tem tido nestes três ullimos annos, é de suppor-se que, muito em breve, essa cifra, já tão considerável, seja duplicada. Senhores, já vou me tornando muito extenso; não quero por mais tempo abusar da vossa benevolên- cia. Ao terminar eu vos af firmo que levo do vosso Paiz, da vossa Exposição, a mais bella recordação; ao dar conta da minha missão á Sociedade Nacional de .Agricultura, eu direi com palavras sinceras a bella impressão que levo, Sr. Presidente, acceitae da Sociedade Nacional de Agricultura parabéns pelo sublime êxito da vossa grandiosa exposição, agradecimentos pelo vosso honroso convite, gentileza da vossa princi- pesca hospitalidade e votos de felicidades pela prosperidade da vossa portentosa associação, do vosso Paiz e de todos vós. e faço também meus os votos da Sociedade." lrl(llnlliliilHlliliiliilllllll)illllill)ilill:llnliiliiliiliillllliliiliilli>liliililltllllllllllliililliiii!iiiiiiiii|i)iiiliiliil|i|iilnliiliilnillli!l>iliillillllMlill|i|lll1finilllllllllllllllllllllI A Thremmatologia e a Agricultura Moderna Definição Rav Lancaster (Eucyclopedia Rrltau- nicu,"E(l. IX, Vol. XXIV, pag. 841) define a Thremmatologia como sendo um ramo da sriencia agronómica, abrangendo os princípios e praticas do melhoramento das plantas nteis e dos animaes domés- ticos. Os inglezes e americanos, quer na theo- ria, quer na pratica, usam do termo hrcrâing (pron. hriúhig), que pode ter duas significações, segundo a nature- za do seu objectivo immediato: 1. Brecfling, no sentido pratico e inte- ressando directamente ao agxicultor, e criador, quer dizer o melhoramento das plantas úteis e dos animaes domésticos. 2. Brrcding, pelo seu lado scientifico, é o estudo da eugenesia atravcz a expe- rimentação, hybridagem e selecciona- mento. A Threminatologia tem uma significa- ção mais ampla, porque compreliende tanto o desenvolvimento, como a repro- ducção. Entretanto, ambos os termos são usados segundo as conveniências, mesmo porque não achamos uma traducção sa- tisfactoria para as palavras hrecding e trceder (aqxielle que pratica o 'brcedlng). Além disso, Thremmatologia dá uma idéa de technica, ao passo que hreeding é mais usado na pratica corrente. Os methodos são semelhantes ; quer o hrecder, quer o estudante de eugenesia, empregam a hy- bridação e a selecção; seus fins são, po- rém, diversos até um certo limite : um, é o melhoramento das plantas ou animaes, e o outro, é a explicação dos phenomenos que se passam na formação e no desen- volvimento dos mesmos, não constituin- do, portanto, um fim pratico, directo. Bases da Thremmatologia E' indispensável um conhecimento de eugenesia, para bem comprehender os phenomenos thremmatologicos. A euge- nesia procura explicar as semelhanças e differenças individuaes, bem como o des- envolvimento dos indivíduos. Vemos, pois, que uma noção das theorias de Men- del, sobre os hybridos, de De Vries, so- bre as mutações, de Weissmann, sobre a hereditariedade pelo plasma germinal, que elle distingue do plasma somático, (corpo), de Darwin, sobre a evolução e hereditariedade, e outros investigadores modernos, constitue um cabedal indispen- sável ao melhorador das plantas e dos animaes, ou o hreeder dos inglezes e ame- ricanos. A LAVOURA 379 — O breeding vegetal e o breeúíng animal Desde que iudicámos as bases scicnti- ficas, forçoso é distinguir eutre a sua ap- plicação á agricultura, propriamente dita, e á pecuária. Em geral, quando traV)a- Ihamos com as plantas, dispomos sempre de um grande uuuiero de indivíduos, o que não acontece no hrccdiíif/ dos ani- maes, cujo numero é mais reduzido, tor- nando-se, portanto, a tarefa mais longa. Resumindo as differenças entre o hrce- ding das plantas e o dos animaes, pode- mos dizer, [pag. 447, "Genetics in rela- tion to agriculture", by Babcock and Clausen (1819)] : 1. O breeder das plantas prende-se mais a uma questão de adaptação local, ao meio ambiente e seus pi^oblemas imme- diatos; o bomem ])ode modificar mais fa- cilmente essas condições com relação aos seus animaes. 2. Como já o referimos, (as plantas offerecem maior numero de indivíduos e facilidade de reproducção ; é uma questão pecuniária de que o hrecder não precisa cogitar. O criador, porém, não pode fazer o me.smo, devido ás despezas provenientes da manutenção de animaes puro sangue ou muito melhorados. 3. Finalmente, o progresso attingido no melhoramento das raças de animaes domésticos é maior, eleva-se a um nivel mais superior e, para bem dizer, por meios e processos differentes dos usados para as plantas. Quando apparecem indivíduos dotados de qualidades extraordinárias, capazes de se transmittirem por hereditariedade, são elles aproveitados no cruzamento com os machos, ou as fêmeas, de qualidades superiores, já bem fixas. Como dissemos, no caso das plantas dispomos de numerosos indivíduos e é só escolher, tornando-se uma tarefa rela- tivamente mais fácil. Além disso, a hy- bridação das plantas tem sido melhor es- tudada e praticada com resultados mais satisfactorios, do que a dos animaes. Por todas essas circumstancias, os princípios de eugenesia encontram um campo mais fértil para desenvolver-se . O resultado é que o Jjirrdiíig das plantas tem sido i'ealisado quasi que somente sobre bases scientificas, o que não succede com o hrcríJiiif/ dos animaes; (>ste se tem con- duzido por methodos empíricos, de ex- perimentação e erro. Dahí uma arte ba- seada em ensinamentos creados puramen- te pela ])ratica, sem obsei'vancia de qual- quer principio eugenesíco. Ultimamente é que se tem manifestado uma certa ten- dência no sentido de coordenar os conhe- cimentos empíricos, de que falámos, e tratar de explical-os pela eugenesia, ve- rificando os resultados da sua applícação. E' indicação dis.so a importância que se está dando ao registo da producção de leite e gordura das raças leiteiras, como base de uma selecção e 'breeding mais cer- tos e efficazes. O breeding das plantas, ou a Thremmatologia na Agricultura— Agplicação dos methodos usados A .selecção e a hybridação são os meios de que lança mão o agricultor para me- lhorar as suas plantas. O segundo não se pode prescindir do primeiro, mas, este pode ser empregado independentemente daquelle. Em ambos os ca.sos, é indispen- sável um estudo preliminar das partes floraes das plantas que vamos submetter ao processo. O brcedcr. ou thremmatolo- gista. tem que determinar, a priori, si a planta é allogama ou aufogaina. (aUoga- mo. quando são precisos dois indivíduos para a sua reproducção; r/Híof/am/í, quan- do um só individuo é sufficiente á repro- ducção) . Este estudo preliminar tem ap- plicação tanto na hybridação, como na selecção. I — Selecção, trez grupos a que se applica Passando a tratar da selecção ijara ca- da caso em separado, ha a considerar mais um grupo, além das plantas alloga- mas e autogamas : é o das plantas que .se propagam, commercialmente, por meio de brotos, ou rebentos, e cortes, taes como as arvores fructiferas, as batatas diver- sas, etc, ou melhor, as plantas de pro- pagação vegetativa. (Continua) WICAR Cl. TEIXEIRA Agrónomo BOLETIM DA SOCIEiDADE NACIONAL DE AGRICULTURA Apontamentos sobre as nossas principaes for- ragens nativas e cultivadas São extremamente abundantes em nosso paiz as plantas forrageiras das duas principaes familias botânicas, que fornecem alimentação ao gado — as gramíneas e as leguminosas. Si as primeiras são necessárias á alimentação dos animaes, não poderá o gado só com eilas formar as carnes destinadas á alimentação humana sem. o concurso da alimen- tação pelas leguminosas. iDesde muitos annos agrónomos previdentes ex- planaram em inosso meio o problema das forragens sob todas as faces, inclusive a do systema de criação do gado em pastagens livres, sem o empre- go dos meios necessari-os a tornal-as uma fonte completa de alimentação sufficiente, tendendo sem- pre a melhoral-o, em vez ide contribuírem Para a sua decadência e degeneração. A ultima palavra neste sentido, indicando em primeiro logar a neces- sidade das Estações experimentaes de culturas for- rageiras, foi a adopção, no .plenário da Primeira Conferencia Nacional de Pecuária, dos arts. 1 a 5 do Cap. 24 das ccnclusões votadas na respectiva commissão — Forragens e pastos. E agora que a industria pastoril adquirio em nosso paiz o valor económico e commercial das grandes preoccupações nacionaes, é tempo do criador saber com initeresse os processos mais rá- pidos de enriquecer seus campos e alimentar seus animaes sob bases mais firmes, com abandono da rotina Acontecia o mesmo com a nossa agricultura, que só melhorou quando alguns governos estaduaes procuraram aperfeiçoar os processos de cultura e em geral da pratica agrkola. lEis o que já dizia, com relação ao assumpto, o Sr. Dr, Eduardo Cotrim, em suas primeiras confe- rencias feitas ha já alguns annos sobre a bovino- pecuaria na Argentina, após uma viagem de estudo por este prospero paiz visinho (1). "Temos falado sobre a introducçãio de reproductores de raças aperfeiçoadas e criação de gadw melhorado. A ali- mentação dio gado é a base da exploração pecuária, não somente no que concerne á economia como ao aperfeiçoamento do mesmo gado. Não é possível a criação de gado melhorado sem; um.i bôa e ra- cional alimentação, uma vez ^que as raças aper- feiçoadas são o -producto 'não só de uma selecção intelligente como de cuidados especiaes. no numero dos quaes figura a alimentação. Dotada de grande extensão de território coberto de campos, a Repu- blica Argenti-na não poderia iconseguir o aperfei- çoamento que hoje possue sem que houvesse cui- dado também de seus campos, transformando-os em pastagens, mas de aocôndo com as necessidades do gado melhorado. "Dos pastos duros primitivos, que constituíam a generalidade dos campos argentinos, elles se foram transformando em ipastos mais macios, isto é, po- voados de gramíneas e leguminosas mais tenras e apropriadas, transformação que se deu quasi com o piso dos próprios animaes e com a intervenção occasional de sementes de novas espécies e gramí- neas e trevos de origem europea". Mais tarde esta transformação se fez mais radicalmente com o arroteamento dos terrenos e a sementeira das al- fafas, que hoje representam para a Republica Ar- gentina uma riqueza fabulosa, (intermináveis cam- pinas das 'Províncias de Buenos Aires, Santa-fé, Córdoba, Entre Rios e Pampa Centrai, para não f aliar senão nos grandes prados artificiaes da Re- publica, que já no anno de 1908 occupavam a ex- tensão de 4.656.707 hectares de alfafa, dos quaes 4.252.112 hectares destinados a pastagens) .■ Nem somente a alfafa constitue, porém, a alimentação capaz de manter em estado de florescimento as raças melhoradas, que devem povoar os campos de um estabelecimento moderno da industria pe- cuária. As variedades de gramíneas e leguminosas que possuímos 'não são de pouca importância para o desenvolvimento e engorda do gado. "Nos cam- (1) — Industria Pecuária — Cnferencias do 0r. Eduardo Cotrim — 1911. Fifl. I pos do Brasil se encontram elemtentos que podem transformal-o em pouco tempo em um grande pro- ductor de gado da melhor espécie". Todos os nossos Estados são dotados de pastagens mais ou menos extensas e em geral de miagnífica qualidade e em variedade tão grande que isso só constitue uma grande riqueza". -O .problema em nosso paiz (variedade de alimentação que -auxilia a precoci- dade e a tendência á engorda dos animaes melho- rados), como aliás em toda a parte, se resume em adaptar o meio ao gado, de aocordo com as A LAVOURA 381 suas exigências, de modo a aproveitar as aptidões que formam o seu característico industrial". O nosso principal inimigo é a nossa própria inércia. Temos oondições altamente vantajosas para ver desenvolver mos camipos que .possuímos o melhor gado com o mínimo trabalho, mas não queremos ter esse mínimo de trabalho. "A questão do -clima propriamente dito é secun- daria em relação á necessidade de sanear-se o mieio. "O boi é, por execellencia, um animal cos- mopolita e se adapta com muita facilidade ás tem- peraturas elevadas como ás mais baixas; basta que a transição se faça sem precipitação". "Todas 'as raças de gado aperfeiçoado se podem criar com vantagem no nosso território, uma vez que tenhamos o cuidado de corrigir o meio. "Outro ponto importante do problema pastoril é o que diz respeito á subdivisão das pastagens. Neste parti- cular os criadores argentinos se tem esmerado em l'W- -' Hg. :i trazer perfeitamente fechadas suas invernadas e campos de criar, empregando até agora um avul- tado capital em pastos e arame, que constituem as suas intermináveis divisões de campos". Com a construcção de cercas, dividindo os campos em potreiros, facilita-se o trabalho de rodeio e inspec- ção do gado. evita-se a promiscuidade, que é um grande inconveniente na criação bovina, e faz-se o arroteamento das pastagens, dando logar á reno- vação da forragem nos potreiros de onde se retira temporariamente a manada". Em outro trabalho do mesmo especialista, Sr. Dr. Eduardo Cotrim — iVíem.oria sobre a indus- tria pecuária ao Ministro da Agricultura, Sr. Dr. Pedro de Toledo, após a viagem de estudos que lhe foi confiada em 1912. na .Republica .argentina, diz ainda, referente ao assumpto que nos occupa: "Como causas naturaes do desenvolvimento pe- cuário e do melhoramento do gado, devemos con- siderar as condições do clima e da fertilidade da ferra, bem como a excellencia da forragem. "A fertilidade da terra e a natureza da forragem são factores da mais elevada im.portancia no melhora- mento do gado. E' facto observado e indiscutível que a terra fértil que produz forragem rica em .pro- ductos alimeniticàos alimenta e desenvolve oom grande vantagem os animaes que delia se utilizam. Nem por ser fértil, entretanto, se deve concluir que a terra crie as boas forragens, necessárias e procuradas pelo gado de toda a espécie. E' preciso uma acção demorada de compressão (piso) pelos cascos dos animaes, para que a pastagem se transforme e a forragem se amacie, convidando o gado á farta mesa que se lhe offerece com o pasto batido e sovado". Ainda na introducção (pag. 7) da sua excellente obra — A Fazenda iVloderna, editada em 1913, diz o mesmo competente criador: "Diz-se que a nossa criação se faz de modo extensivo; mas não é pre- cisamente isso que se observa no Brasil: o regimen mais commum é verdadeiramente selvagem. Eu comprehendo que o criador procure melhorar suas pastagens, dividil-as, limital-as por cercas, conhecer pelo menos seus animaes, revistal-os amiudadas vezes, fazer uma selecção mesmo lieeira entre enes. expurgando o peior e melhorando o resto com a in- troducção de bons reproductores. "A isso eu cha- maria criação extensiva, porque a intensiva exigi- ria applicação directa dos processos scentificos, collocando os animaes em condições especiaes de abrigo e de alimentação; mas, ao que se pratica no nosso paiz e sobretudo no sertão, onde o criador não sabe quantos animaes possue, nem onde pas- tam e nem quando possa encontral-os, só se su- bordinando á pratica de verdadeira selvageria". A formação dos campos ou melhoramento das pastagens existentes, de modo a satisfazer ás necessidades do regimen alimentar intensivo, eis, pois, o principal cuidado. Nos campos de boas terras, de riqueza de plan- tas nutritivas, como gramíneas conhecidas e legu- minosas reputadas, boas aguadas, limpeza de her- vas damninhas s suspeitas, feita todos os annos, com distribuição methodica, nas diversas épocas das estações, do gado para as invernadas mais pró- prias, o trabalho do criador deve consistir em au- gmentar sempre estas reservas alimentícias para o seu rebanho, semeando boas forragens e fazendo em larga escala pastos mixtos de alimentação va- riada, como acontece na Argentina com o plantio da alfafa. iVTas, nos campos de terras secundarias, fracas e pobres de plantas nutritivas, expostas facilmente aos effeitos das estações seccas ou do frio intenso, em aguadas firmes, então o criador terá de realizar incessantemente o trabalho .de regeneração campes- tre, arando as terras, empregando os tractores me- cânicos, adubando-as e semeando boas espécies de gramíneas e leguminosas, para se associarem ás mais pobres porventura existentes, irrigando emfim. Deste modo, alternando os rebanhos pelos potrei- ros e invernadas niais convenientes, cuidando ao mesmo tempo do gado e do pasto, a criação recom- pensará taes esforços, cobrindo os gastos de pro- ducção. 382 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA Teremos em nosso paiz, já eiw ponto de se apro- veitarem na pratica, elementos para esta obra de regeneração dos nossos campos de criar ? Cer- tamente, sendo preciso apenas colligir o disperso e continuar o trabalho de refinamento e adaptação do gado e das forragens já estudadas. As estações experimentaes existentes e a ser creadas farão o resto sob a acção do tempo. ■ O que não pode continuar é este estado de atra- zo em que ainda se acha pelo menos grande parte do interior de alguns Estados criadores, onde a roíina é soltar o gado pelas terras a dentro, cam- .pos, cerrados, catingas, etc. oara. no fim de certo tempo, retiral-o gordo e envial-o para as feiras. A industria pastoril moderna, para corresponder actu- almente ás necessidades económicas e tornar-se uma fonte inesgotável de riqueza publica e parti- cular, num paiz como o nosso, de grande extensão territorial apropriada á criação e dotado de todos os climas e de condições naturaes as mais vanta- josas possíveis, tem de basear-se em princípios zootechnicos já applicados nos paizes cultos. To- das as questões e f.ictores lisad:)'; n ».=;tes prin- cípios foram estudados 'cuidadosamente e estão compendiados nas conclusões geraes da ultima Con- ferencia Nacional de Pecuária, realizada sob a direcção da Sociedade Nacional de Agricultura. Estudaremos, sob o aspecto pratico, as nossas principaes forragens nativas e cultivadas, pelo me- nos as que já estão botanicamente determinadas, analysadas e experimentadas nos postos zootechni- cos. Diremos alguma cousa sobre aleuns caoins campestres, depois passaremos a estudar aigurnas forragens exóticas acceitas como boas. 1. CAPIM GORDURA OU CATINGUEIRO — {Melines minutiflom Pai. de Beauv.) (Fig. 1) — E' um dos pastos mais comm'uns em quasi todos os Estados, chegando nos tempos coloniaes, segundo St. Hilaire, a constituir praga, -pela invasão a to- dos os terrenos. Actualmente tem augmentado mui- to por sementes. Em climas moderados (sem ex- tremos do frio nem seccas) resiste e ;n;in.eni-se formando pastagens extensas, como em muitas fa- zendas do Estado do Rio de Janeiro, do Estado de S. Paulo, Goyaz e outras. Associa-se .muito bem ás leguminosas, tornando-se uma forragem bastante nutritiva e de fácil disseminação. Conitcm. segun- do as tabeliãs do Posto Zootechnico Federal, 12,8 °|° do total dos princípios nutritivos digestiveis antes da floração, com a relação nutritiva de 5°|°; depois da floração, os mesmos dados sobem a 21,9°!'' e 8,8 °|" respectivamente. O feno desta graminea attinge, no toíal dos princípios nutriti- vos digestiveis, a 49,0 °i". Em oastaaens mixtas. gramíneas e leguminosas, formadas com o capim gordura, estas proporções augmentam considera- velmente, como é racional. A força nutritiva, por- tanto, deste pasto, como de outros análogos, fa- vorece directamente, sob o ponto de vista da pre- cocidade e do peso, a engorda do gado, sendo mui- to proveitoso ao gado de leite. Ha três variedades deste capim, o gordura branco, o gordura roxo, de hastes finas e longas, e o gordura roxo, de hastes curtas, também chamado — cabello de negro. Nas terras profundas e fortes medra melhor a primeira variedade; mas nas terras argillosas o roxo miúdo desenvolve-se muito bem, cobrindo inteiramente o pasto, e por isso mesmo os animaes o aproveitam melhor. Não se dá bem com a humidade excessiva, porém nada soffre nos terrenos seocos. 2. GR.\M!NHA, CAPIM DE BURRO — (Cyno. don dactylon Pers.) ( Figura 2) — E' um capim commum em todo o Brazil, de colmo fino e folhas estreitas, invade todas as terras, enraiza-se por seus rhizomas em grande extensão, resistindo por isso a todas as intempéries, podendo attingir até 50 a 60 centímetros, mais ou menos, de altura ou crescer mesmo rasteiro. Supplanta outros vege- taes, tornando um pouco difficil a associação com leguminosas, a não ser talvez o Carrapicho bei- ço de boi, que é insinuante e de grande expansão vegetativa. Presta-se á fenação e a pastos. E' tão bôa forragem para os animaes que em boas terras, devidamente moveis, semeando-se em larga escala boas leguminosas, como os Carrapichos, a Alfafa, a Vassourinha e outros igualmente resis- tentes, o criador caprichoso poderá com esta gra- minea formar pastagens mixtas de primeira or- Fig. 4 Fig. 5 dem. Exige o piso incessante dos animaes para tornar-se macia. E' um capim commum a quasi todos os paizes quentes, segundo Hiiber, bastante estimado como forragem nos terrenos áridos da índia oriental e occidental e no Sul dos Estados Unidos. Prospera muito na época mais secea do anno. Multiplica-se por estolhos e por sementes. Contém, no total das substancias nutritivas diges- tiveis, 21.8, 26.7 e 31.8 °1", antes, durante e depois da floração, com as relações nutritivas de 10,0, 10,7 e 13,0 respectivamente. 3. CLORIS ORTHONOTON DOELL (Fig. 3) — E' uma forragem perenne nos camjios alto=; p h->\- xos do território fluminense, mesmo entre os ca- pins de força vegetativa máxima, como a Grami- nha, a Grama, o Pé de gallinha e oiitro«. E' mui- to macia e delicada, propagando-se facilmente por A LAVOURA 383 sementes, pois floresce sempre e resiste ao frio e á secca. Tem muita affinidade com um outro capim comm.um no Estado da Bahia, o CHLORIS. VIRGATA SW., também resistente e invasor, prin- cipalmente nos solos silico-argillosos. Os dois se parecem um pouco, por suas paniculas floraes, com outro capim do Sul. CHLORIS RADL4TA SW, (Graminha de Campinas), de que nos occupart- mos adiante. Todos estes capins do género Chloris, excepção do CHLORIS GAYANA KUiNTH (Capim de Rhodes), espécie exótica qi'e está se generali- sando muito entre nós, taes as suas qualidades como forragem superior, não são de grande valor nutritivo; mas, como são pastos delicados e pe- rennes, no conjuncto das forragens campestres têm o seu logar, tanto mais que a mesma forragem / ^■•^'!.,K í *- *■ \ \ '. \ ^^ ''' \ * ti \\H j/l W Wlil f ^? -. ' t k) t -..^%Si / / - i' y ^ Fi(/. IJ Fui. varia de composição de uma zona a outra, con- forme o clima, a natureza das terras s ta.Tbem c adubamento porventura empregado. Do Chloris radiata já é conhecida a composição chimica. O Chloris orthonoton Doell, analysado no Museu Naconal pelo Sr. Dr. Alfredo de Andrade, deu, na subs. secca, mat. azotada — 6,8°]". 4. CAPIM MIMOSO (Paspalum marginatum Trin.) (Fig. 4.) — Com esse suggestivo nome são conhecidos em todo o nosso paiz diversos capins, mais ou menos generalisados, porém pouco estu- dados. São gramíneas -de prados naturaes, em ge- ral de climas moderados, até agora deixados á lei da natureza, como a criação extensiva. Algu- mas espécies mais reputadas, por mais aproveita- rem á engorda do gado, talvez sujeitas a cuidados culturaes se tornassem forragens de valor, para a formação de invernadas especiaes. Seria preciso, porém, que esta especialidade — o estudo com- pleto das forragens, occuRasse, no departamento da industria pastoril do Ministério da Agricultura, o mesmo logar saliente que esta secção de estu- dos tem no respectivo Ministério dos Estados Unidos. Ha entre outros, o raoim mimoso dp M Grosso, que se suppóe ser o ERAGROSTIS PILOSA P. B., de forte comiposição azotada ( 12.66 "1") aproveitan- do muito á engorda do gado, commum nos campos do Rio. Minas, Piauhy, Maranhão, etc. E' uma gra- mínea de haste curta, folhas pequenas e ponteagu- das, panicula floral ampla. Merece ser dissemi- nada. Entretanto, o capim mimoso da Flora de Mar- tins é o Panicum capillaceum Lam, commum a di- versos Estados e pouco conhecido. Este mimoso de M. Grosso é conhecido no Ceará e Estados li- mitrophes com o nome de Panasco, muito reputado como forragem. O de que nos occuparemos sob o numero sete é dos melhores capins mimosos das ricas pasta- gens dos campos do Paraná e já foi analysado. O Paspalum marginatum P. B., também dos campos do Paraná, onde o vimos, em larga exten- são, de permeio com outras gramíneas, todas mui- to estimadas pelo gado, inclusive o considerado melhor, é um capim de boas qualidades, de talo e folhas macias, sempre de um verde escuro, que não cres:e muito, mas é resistente ao frio e á sec- ca e não soffre muito com as queimadas. Só a analyse chimica poderá revelar o seu valor nu- tritivo. E' uma espécie de grama, cobrindo com outros capins todo o terreno, mesmo muito pisado. Distingue-se bem no campo pelas semicntes ro- xas em paniculas curtas. E' commum também em Minas, nas Serras da Lapa e Urubu'. 5. GRAMINHA DE CAMPINAS (Chloris ra- diata, Sw.) (Fig. 5) — E' uma gramínea delica- da, de folhas estreitas, dando Por isso pouco pasto. Semeada com outras semelhantes em potreiros de terras frescas, reunidas a leguminosas, pode servir para invernadas de reservas, não obtante sua pou- ca resistência no meio de outras gramíneas rústi- cas e luxuriantes. .Apresenta, pela analyse, 5,4 °|° de matéria azotada e a relação nutritiva de 1.8.0. Apezar de sua delicadeza natural, todos estes ca- pins do género Chloris, á vista do que é sabido e do que apresenta como forragem o Chloris Gaya- na (Capim de Rhodes), originário da Africa do Sul, cultivados -poderão reforçar a sua composi- ção nutritiva e tornar-se, em pastagens cuidadas, poderosos auxiliares do criador. Elles florescem sempre e se dissem.inam facilmente, fornecendo muita semente. E' sempre lucrativo nas fazendas conhecer e cultivar um grande numero de gra- míneas de bõa natureza como forragem. O que a selecção e a cultura têm conseguido com muitos vegetaes, hoje de valor alimentício augmentado, de applicações industriaes, verbi graiia, a beterraba para assucar, a cenoura, o trigo, etc, não é dif- ficil conseguir ^om as eramineas forrageiras, de fácil multiplicação. Daqui ha pouco veremos o que se tem dado com o Capim Jaraguá, depois de culti- vado e melhorado. A gramínea de Oamipinas é muito commum nos campos não muito batidos de S. Paulo, Matto Gros- so e Goyaz. 6. CAPIM FLOR, FLECHA OU LANCETA {Panicum Echinolaena Nees ab Esen.) (Fig. 6) — E' uma forragem dos campos altos de Uberaba até Goyaz, Minas, etc, onde era muito conhecida e estimada pelos criadores desde os tempos de St. 381» BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA Hilaire. Ha outros capins também conhecidos com estes nomes dos géneros Leptochloa e Tristachya, porém o que colhemos e que tivemos occasião re- petida de identificar como o verdadeiro CAPIM FLECHA, disseminado pelo alto sertão de Minas até Goyaz, é este de que nos occupamos sob a estampa seis. Nos tem.pos de St. Hilaire (Voyages •aux sources du Rio de S. Francisco et dans la province de Goyaz — 1874 a 184S — 2 tomos) o CAPIíM FLECHA ainda hoje conhecido no interior do Estado de Minas, era reputado a melhor for- ragem, crescendo e apparecendo sempre nas boas terras, quer nos campos, quer nos mattos fechados. Foi exactamente pelo contraste que este capim, muito apreciado >pelo gado, offerecia com o Capim gordura, considerado praga invasora e oriundo das colónias hespanholas, que aquelle illustre natura- lista poude, na obra citada, consignar em tantas passagens a existência dos dois capins. Quando novo, antes da floração, é um capim macio, tornan- do-se um pouco áspero florescendo. Pela analyse feita no Instituto Agronómico de Campinas, pu- blicada no Boi. de Agr. de S. Paulo, Março de 1914, a sua relação nutritiva é de 1 :6,5 "i", o que demonstra excellente comiposição. E' uma grama rasteira, com as hastes levantadas e espigas so litarias. Prefere os terrenos frescos, mas resiste ás queimadas; portanto, é um capim nativo muito próprio para ser cultivado em invernadas, junta- mente com outras forragens escolhidas. 7, CAPIM MIMOSO (outro) (Andropogon te- ner var . Neesii, Kunth) (Fig. 7) — Foi colhido nos campos geraes do Paraná, onde o vimos em larga extensão e considerado uma das boas pas- tagens pelos criadores. Só o anno passado rece- bemol-o com flores, por esforço do Sr. Osman Leite, com quem visitamos aquelles campos em 1916. E' um capim de trima a quarenta centí- metros de altura, folhas longas e finas, folhagem farta, de paniculas alongadas e estreitas, macio, re- sistente ao frio e á secca, associado sempre a ou- tras espécies inferiores e supportando muito bem o piso dos animaes. Não foi ainda analysado em to- das as suas phases, por isso é pouco conhecido, apezar de existir também nos campos de criação de Minas e S. Paulo. Apenas, no fiol. de Agricultura de S. Pauio, n. õ, Maio de 1917, vem publicada uma analyse deste capim, feita no Instituto Agro- nómico, em cuja conclusão o Sr. Dr. D'Utra diz que "quando novo e crescendo nos campos gra- minosos com outras espécies, elle fornece uma alimentação muito melhor e abundante". 8. CAPIM BRANCO (Paspcúum brasiliense Hack Spr.) (Fig. 8) — De Uberaba, Paraná, Goy- az, etc. Muito commum nos campos geraes e de bôa apparencia, um pouco piloso. corem macio ac- ceito facilmente pelo gado, como tivemos innume- ras vezes occasião de observar em Curralmho. Uberaba, Pirahy (Paraná) e perto de Araguary e S. Paulo (Itararé) . E' um capim de folhas não pequenas, um pouco largas, e baixo, resistente ás intempéries. Vimol- 0 em terras seccas e em terras apuradas, pare- cendo bastante rústico e pouco exigente. ' Entre- tanto, não é con.hecido e nem foi ainda analysado. Nada se pode dizer do seu valor nutritivo. Os ca- pins muito pilosos são em geral fracos e recusa- dos, mas podem não ser irritantes. 9. CAPIM DO CAMPO (branco) (Panicum cayencnse Lam.) (Fig. 9) — Também do Paraná, S. Paulo, Minas, Goyaz, Pernambuco, etc. Reco- nhecido n'0 Pará com o nome de penruicho, por causa da pennugem áspera que abunda nas folhas e que o torna um pouco picante e quasi recusado pelos animaes. Fornece, entretanto, bastante fo- lhagem e é bem resistente ás seccas e ao frio. E' um capim quasi igual ao Paspalum brasiliense . Vimol-o também em terras boas e em terrenos de campos áridos, sovados pelo gado zebu'. Mas os criadores dizem mesmo que o gado so o acceita na falta de melhor pasto. Não seria de admirar que, cultivado em terrenos bons e com experiên- cias de adubação, se transformasse em forragem bõa, porque, na verdade, fornece muito pasto. Para estas e outras semelhantes experiências sobre as forragens do nosso paiz é que são indispensáveis as estações experimentaes em vários pontos. Ha hoje plantas da Europa, de grande valor alimen- F,(j. 9 ticio como forragem quando eram exportadas para a America, e que, aqui cultivadas sem cautelas ou á lei da natureza, perderam, por melhor se adapta- rem aos rigores do clima, suas qualidades forra- geiras, por se formar na epiderme um systema pilo- so muito espesso, o que modificou suas condições biológicas. O exemjplo mais frisante desta occor- rencia é o conhecido TREVO DOS PRADOS, hoje importado na Europa da America do Norte, quan- do ha vinte annos era de lá enviado. O contrario também pode acontecer com as plantas, dependen- do de culturas experimentaes, selecção e adubos, até obtenção de typos firmados e sementes selec- cionadas. Oom uma gramínea excellente como forragem, o LOiLIUM TEMULENTUM, também existente no Rio Grande do Sul e S. Paulo, aconte- ceu o mesmo que com o Sorgo. Era uma planta venenosa, por hosrcdar, em symbiose, a Stroma. A LAVOURA 385 — tinia temulenta, estudada por Delacroix, cujo my- celio, aliás, como diz Eri.ksson, (2) accumula nitrogénio em benéfico da planta. Desde 1912, por communicação do professor Blaringhem na se- cção de Patbologia vegetal do Congresso de Pa- thol'Ogia comparada, reunido em 'Roma. referindo-se aos meios de obter raças resistentes ás diversas moléstias, sabemos que o Lolium temulentum já havia sido obtido inócuo, sem hospedar o cogumelo venenoso. (Vie agricole et rurale, n. 50. 9 de No- vembro de 1912) . Com o sorgo tem acontecido es- pontaneamente facto semelhante, pois, em 1916, em mais de uma região no interior do Brazil. notadamente no Espirito Santo e em Minas (lados de Uberaba e de Curralinho), obser- vamos ser usado verde pelos animaes sem o menor symptoma suspeito. A cultura, pois, de forragens e a selecção das sementes, com es- tudos experimentaes, emfim, em campos de demon- stração e estabelecimentos apropriados, podem con- duzir á obtenção de muitas espécies boas, que, em estado rústico, são fracas ou recusadas e suspeitas para o gado. O anno passado, Rosenbuch e Zaba- la determinaram no Laboratório Biológico do Mi- nistério da Agricultura da Argentina, entre outras plantas, a Grama commum (Paspalum natatum Fliigge) e a Grama comprida {Paspalum dilatatum Poir). oomo causadoras -da moléstia "Tembleque, ou Chucho", que acommete o gado, por conterem infestando os seus tecidos um fungo suspeito, o Ustilagopsis deíiquescens Speg) (3). Entretanto, entre nós estas gramíneas são inócuas pelo menos, até agora, a GRAMA COMMUM iPasp . nata- tum Flugge) fornece extensos prados de boa for- ragem para o gado, vegetando o anno inteiro. Apresenta em sua composição chimica 6.11 °|° de matéria azotada e a relação nutritiva de 1.5,7. A outra, GRAMA DAS ROÇAS OU COMPRI- DA (Pasp. dilatatum Poir), muito commum no Sul do Brazil, onde é nativa, constitue uma forra- gem de valor, apreciada pelo gado e resistente, pois as suas raizes aprofundam-se muito e é rica em sua composição chimica. A analyse revelou, de mat. azotada digestivel, 7,94 °|" com a relação nutritiva de 1,4,5. Este capim era tido como exó- tico, por ser muito conhecido e estimado como forragem na Nova Galles do Sul, no Uruguay, na Republica Argentina e nos Estados Unidos. Mas, pelos estudos feitos pelo Sr. Dr. Gustavo D'Utra, director da Agricultura em S. Paulo (4), é elle espontâneo também no Brazil, nas terras frescas de Pernambuco, Minas, S. Paulo, Santa Catharina e outros Estados, apresentando algumas varieda- des. E' cultivado ha muito tempo no Lnstituto Agronómico de Campinas. 10. CAPIM GUINE' LEGITIMO {Panicum maximum Jacq) (Fig 10) — Apesar da sua pro- vável origem africana, segundo Alph. de Can- dolle (D. C), (5) este magnifico pasto cresce espontaneamente no Amazonas, Bahia, Ceará, Rio de Janeiro e S. Paulo e em todos os outros Es- tados do Brazil. E' um capim que se dissemina por toda a parte em grande extensão nas terras (2) J. Eriksson — Fungoid diseases of agricul- lural phuita — 1912, pagina 154. (3) Buli. nien.s. des renseignements agricoles et des maladies des plantes — Dezcmíbro de 1917. (N. do texto — 1179). (4) Vid. Boi. de Agricultura de S. Paulo, nu- mero 5 — 'Maio de 1917. (5l .Alph. de Candolle — L'origine des plantes cultivées — 5» ed. — 1912, pag. 92. seccas em geral, havendo algumas variedades que preferem terrenos frescos. E' perenne, de valor nutritivo relativamente grande, de fácil cultura, porque floresce sempre e muito resistente ás sec- cas, muito acceito pelos animaes, e se fôr para corte, a que se presta admiravelmente e para fe- no, dá, por área determinada, avultado rendimento em diversos cortes do anno. Tem um grande nu- mero de variedades, todas de qualidades forragei- ras preciosas. E' uma gramínea de folhas longas e largas, de côr verde g.lauca ou azulada, de pani- cuia ampla, hastes erectas, crescendo» até três metros e meio, mais ou menos. As variedades até agora classificadas pelo professor Schumann, di- rector do Jardim Botânico de Berlim, segundo a forma da panicula e das folhas e os caracteres das glumas, são em numero de oito, cosmopolitas. Foi, mais de uma vez, importado de .\ngola para o Brazil, donde a razão de ser também impropria- mente chamado Capim de Angola. Para o norte Fig. S Fiíi. 10 do Brazil, nos logares acossados pelas seccas. o Guiné ê um capim providencial, tal a sua re- sistência. Quando muito desenvolvido e depois da floração, engrossando muito o talo, é natural que o gado não o aprecie. E' a seguinte a sua composição chimica, antes da floraç^ão, pela ana- lyse do Instituto Agronómico de Campinas, publi- cada no Boletim de Agricultura de S. Paulo- n. 3 de 1914: — Elementos digestiveis na sub- stancia secca — Mat azotada — 9.25 °[°, mat. graxa — 1.96, mat. orgânica — 65.67, mat. não azotada — 32.26, mat. fibrosa — 22.20, relação nutritiva — 1:3,8. Nas Antilhas é o capim prefe- rido, com o qual criam muito gado em áreas rela- tivamente pequenas. Planta-se mais facilmente por mudas, preferindo os terrenos meio arenosos e humosos. Dizem alguns criadores que um kilo- metro quadrado desta graminacea sustenta 80D rezes. Dr. Ezequiel de Souza Brito. (Da Escola Superior de Agricultura e Medicina Veterinária.) (Continua.) — 386 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA VIAGEM AS índias OULTURA DA JVJ PREPARO DA FIBRA Colheita, immersão, curtimento, dccorttção e sécca COLHEITA. Amadurecida a juta, attingm- do em geral a altura media de 3 metros, proce- de-se ao corte das hastes, desde que appareçam as flores, antes da fructificação, afim de ex- trahir as fibras contidas na casca da planta. O Hindu enfeixa na mão esquerda um certo numero de hastes, as que ella pode conter, e com a direita armada com uma pequena foice ou segadeira, corta-as a 5 ou 10 centímetros acima do solo. (Da 12" á 17" photographias) . A epocha apropriada ao corte tem real impor- tância, porque influe na qualidade da fibra. Assim, acredita-se que a fibra da planta cor- tada depois do apparecimento das flores, nias, antes da formação das capsulas, é de qualidade superior, e que a fibra extrahida de plantas não florescidas é menos resistente. As fibras provenientes de plantas cortadas com fructos são duras, grosseiras, mais pesadas e mais fortes; a colheita é, então, mais vantajo- sa á custa da fibra que perde em qualidade, par- ticularmente em brilho, o que ganhou em peso. As plantas cultivadas em terrenos soltos, mui- to húmidos ou encharcados, não são cortadas, mas, arrancadas com as raizes, como vi fazer varias vezes. (Photographias 18 e 19). IMMERSÃO E CURTIMENTO . A immer- são e curtimento são operações preparatórias para a extracção da fibra, análogas ás usadas para o cânhamo e o linho. Cortadas as liastes e amarradas em pequenos feixes de 50 ou mais, ou são logo mergulhadas n'agua ou deixadas no solo, expostas ao tompo por poucos dias (4 a 8) até cahirem as folhas,' que se diz prejudicarem o colorido da fibra, quan- do immersas junto com os caules. Alguns julgam que o empilhamento, expondo as hastes á acção do tempo, favorece o curtimen- to, que se torna, então, mais rápido, e que a re- moção das folhas previne o descoramento das fi- bras. Entendem outros que convém mais mergulhar as hastes com as folhas porque estas, pelo peso, facilitam a immersão. O uso geral é immergir os feixes de hastes, logo depois de cortadas na agua doce e estagna- da dos innumeraveis tanques que se vem em toda a parte abertos no solo, junto ás plantações e ha- bitações indianas, agua algumas vezes renovada por occasião das enchentes que coincidem com o tempo das colheitas. Para o curtimento, considera-se preferível a agua estagnada á corrente por conter aquella os Fíij. 4(V — l^inio fh/ridl ro)ii híoros ctirrftjailnK A LAVOURA 387 — germens necessários á decomposição dos tecidos connectivos da casca e dissolução das mucilla- gens . O gérmen dessa fermentação, ainda não bem conhecido, corresponde aos da fermentação do cânhamo e do linho. Os feixes de juta amarrados, são coilocados horizontalmente debaixo d'agua. Para mantel-os immersos, usa-se cobril-os com qualquer objecto pesado e, como a pedra é rara nas planícies da índia, empregam para esse fim, pedaços de madeira, leivas de terra, e muito es- pecialmente o estrume de gado, que alguns pen- sam ser conveniente á fermentação c ao curti- mento, mas, que outros julgam prejudicial por communicar uma cor escura á fibra. No intuito de uniformisar o curtimento, acon- selha-se que, durante os primeiros dias, se deixe a parte do feixe correspondente ás raizes mer- gulhada mais tempo e mais profundamente que o vértice, o qual sendo mais tenro e fino, curte mais rapidamente, pelo que é immerso alguns dias depois. Este processo, em geral, não é observado. Para tal resultado não é preciso maior esforço, pois, bem se comprehende que a parte mais gros- sa e mais pesada do feixe, que é a das raizes, mer- gulha mais facilmente que a outra. O tempo de immersão varia, em geral, de lo a 25 dias e depende do estado das hastes e das condições atmosphericas. Passados 5 ou 8 dias, depois de feita a immer- são, o trabalhador entra nos tanques e, mergu- lhado até á cintura, examina, com a unha, o es- tado das hastes, acompanhando cuidadosamente a marcha do curtimento e só quando o julga con- cluído, é que começa a extracção da fibra. Nesse ponto a casca amollecida facilmente se destaca do caule. Esse momento não pôde ser excedido, sob pena da fibra apodrecer e tornar-se imprestável. (Photographias 20 e 21) . A immersão tem por fim amoUecer ou macerar a casca da juta, de modo a tornar fácil e rápido o trabalho de decorticação. O amollecimento opera-se pela acção da agua e fermentação das substancias glutinosas, trans- formando-se a pectose existente nas cascas, que então, ao menor esforço, se separa facilmente da haste. DECORTICAÇÃO. Reconhecendo estar a juta em estado de ser desfibrada, o trabalhador puxa o feixe de hastes para a superfície da agua, toma um certo numero delias entre as mãos e, depois de sacudil-as varias vezes dentro d'agua, afim de liòertal-as dos detrictos adherentes, que- bra-as nos joelhos approximadamente a 50 cen- tímetros da raiz. Extrahe, immediatamente, os pedaços dos cau- les correspondentes a esta parte e lança-os fora já descascados. (Photographias 22, 23 e 24). Em seguida, enrola a porção da casca, assim destacada, na mão esquerda e com o auxilio da direita agita fortemente o pequeno feixe n'agTJa até que a parte restante abandone a casca e fique fluctuando. (Photographias 24 e 25) . Agora, tendo na mão todas as fibras do feixe, procura ainda limpal-as, lavando-as bem n'agua e torcendo-as fortemente para libertal-as d'agua ; joga-as ao solo em pontos de onde são levadas a seccar. (Photographias 25, 26, 27 e 28). .-\s varas destacadas, de cor amarellada, são também removidas para logares próximos e apro- veitadas em usos diversos. (Photographias 27 e 28). Uma variante do processo é o uso, mais fre- quente em Bengala do que no Assam, de bater as hastes com uma pequena plancbeta, o que facili- ta o rápido desprendimento das fibras, quando as hastes são sacudidas na agua . ( Photographias 23 e 24). Todo esse trabalho é feito dentro d'agua, con- forme se pôde ver pelas jihotographias acima ci- tadas. Um trabalhador pôde extrahir, n'um dia, até 300 kilos de fibras e como ganha ordinariamente 3 a 4 annas (250 a 350 réis) por dia, o custo da extracção da fibra é, em media, 10 réis por kilo. A questão da decorticação, é de grande impor- tância na cultura da juta. Até hoje não se poude substituir o processo in- diano, todo manual, por qualquer outro menos penoso e mais económico. Das machinas inventadas para o desfibramento e decorticação de plantas textis e experimenta- das para a juta, nenhuma até hoje deu resultado satisfactorio, ao contrario do que succedeu com a ramie em cuja industria ellas têm prestado bons serviços. Quando os Americanos introduziram a cultu- ra da juta nos Estados Unidos, tentaram substi- tuir pela decorticação mechanica o processo in- diano, bom para índia, onde o liraço é baratíssi- mo e a agua muito abundante. O Sr. Fremery, com grande pratica do assum- pto, experimentou um decorticador que, de 100 libras de hastes húmidas de juta, extrahiu 37 e 3/4 de fibra, em 13 minutos, o ique daria, ao fim de um dia de traibalho com 4615 libras de caule, 1680 libras de fibra húmida, podendo render de- pois de secca um terço ou metade desse peso. O Sr. Dodge, que se refere a este facto, acres- centa que essa machina foi melhorada, sendo de- pois experimentada em Calcutta com a mesma sorte das outras. SÉOCA. Extrahidas dos caules, as fibras são dependuradas em bambu, ou em cordas, ao ar li- vre e expostas ao sol, por 3 ou mais dias, con- forme as condições atmosphericas, até que, per- dendo a maior parte da humidade, possam ser remettidas aos mercados no estado de seccura necessário á sua conservação. (Photographia n. 29). A fibra da juta é bastante hygroscopica, e quando secca, contém ordinariamente 10 % de humidade, podendo absorver 30 % ou mais; dá, então, mais resultado em peso, mas, fica desva- lorisada, porque torna-se fraca e apodrece facil- mente. 388 BOLETI.M DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA Fiíj. 4?. Chegada da juta a uma 'Prexs llouse', no Inlencr I XDUSTRI A MANUFACTUREIRA A FIBRA. A casca da juta é constituída por feixes fibro-vasculares, firmemente unidos ao longo de suas paredes. Um fio de juta compõe-se de um feixe de fi- bras elementares, de 1,5 a 3 millimetros de ex- tensão, de typo normal fusiforme, de secção po- lygonal. de comprimento e espessura differentes. Dahi resulta fragilidade nos pontos em que esses elementos estão ligados entre si por um connectivo susceptível de desagregação e, assim, a estructura microscópica explica porque ella re- siste menos á humidade que a ramie. Na sua composição chimica entra a cellulose, como na do algodão, mas, neste ha somente cel- lulose pura, ao passo que a juta é o typo das fi- bras constituídas pela cellulose lenhi ficada ou '•bastose". Sobre ella pouca acção têm os agentes chi- micos, ordinariamente empregados no tratamento das "fibras textis", mas, soffre em alto grão a acção da agua e de certos reactivos chimícos fra- cos. Os principaes attributos da fibra superior são: cor, brilho, comprimento, uniformidade, maciez, resistência, limpeza e espessura - São esses caracteres que dão a supremacia ás excellentes jutas de "Naraigunge", "Saraígun- ge", "Nymesing" e "Goalpara". .\ fibra da juta, comparada á de outras plantas textis, é bem inferior. Não fora seu fácil cultivo e o baixo preço, sua delgacidade, sedosidade, adaptabilidade á liacção, ella não teria tomado a posição que assumiu na industria dos tecidos. Ainda que bastante fone para servir á manu- factura de tecidos grosseiros., sua resistência é menor que a do linho, do cânhamo, da ramie e de outras fibras. Exposta á acção do vapor, sob pressão de duas atmospheras, perde mais peso que estas ultimas. Em razão de sua barateza, devido ao baixo pre- ço de sua producção na índia, venceu todas a? outras fibras, chegando a ser empregada não so- mente em telas grosseiras, como em tecidos finos de mistura com outras fibras melhores. Em principio, a difficuldade de ser fiada em números altos era, de facto, um defeito que restringiu seu emprego á manufactura de ania- gens e artigos grosseiros. Mas, graças á descoberta de Dundee, da appli- cação do óleo da baléa para amaciar a fibra, e aos progressos da industria fabril, seu emprego augmentou extraordinariamente na índia, para a fabricação desses tecidos grosseiros, e na Europa para a manufactura de tecidos finos, de mistura com o cânhamo, algodão ou linho, usa- dos no preparo de velludos, belbutinas, pannos para tapeçarias, etc. Tomando muito bem os corantes, a finura e brilho da fibra permittem sua introducção na con- fecção de tecidos finos para camisas, lenços, etc, e até imitação de seda. As aparas, ou pontas (cuttings), e resíduos (rejections) das fabricas, estão sendo largamen- te aproveitados na Europa e especialmente na A LAVOURA -389 — America do Norte, no preparo de papel e lino- leum . A manufactura de tecidos grosseiros ficou em Calcutta, onde as fabricas de aniagem, de saccos, de cabos, cordas e capachos se têm multiplicado de anno para anno. A de tecidos finos desenvolveu-se principal- mente na Europa e nos Estados Unidos. Cumpre notar que a durabilidade da juta não é forte e a tendência para fácil deterioração tem levado algumas opiniões a considerarem a mis- tura da juta, em certos tecidos, como uma fraude a reprimir. Provavelmente, porém, seu baixo preço deter- minará uma procura crescente e o industrial, ávido de lucro, continuará a mystificação, gra- ças á qual pôde vender barato e supportar a lucta da concorrência. Já que eu falei em fácil deterioração, devo re- ferir que essa propriedade ser-lhe-ia muito con- traria, se além das outras qualidades que lhe são favoráveis não se houvesse reconhecido ser a humidade a principal causa dessa alteração. As investigações do Inspector Geral de Agri- cultura e do Superintendente do "Roya! Bota- nic Garden", as pesquizas do Director de Agricul- tura de Bengala e do "Repórter on Economic Products", em cooperação com a "Comité do Bengal Jute Association", confirmam os estudos anteriormente feitos. Verificou-se que, ás vezes, a juta produzida pelo lavrador era superior á mesma fibra entre- gue á fabrica, quando passava pelas mãos dos intermediários, que propositalmente a molhavam, afim de augmentar-lhe o peso. Então, por um proccesso de fermentação, ella se oxyda. perde a cor e resistência e o seu valor decahe consideravelmente. E' o que succede quando embarcada, sem estar completamente secca, nos porões dos navios onde soffre a acção do calor húmido. Essa fraude deu logar ao "Bengal Jute Frauds Act"', que se não conseguiu extinguil-a, pelo me- nos reduziu-a a casos mais raros. Em conclusão, a fibra da juta tem qualidades distinctas, que lhe conferem uma evidente pri- mazia na manufactura de certos tecidos e nesse terreno difficilmente será vencida, porque esse predomínio se basea principalmente no custo Ín- fimo de producção na índia. PRENSAS. A juta negociada nos mercados internos, vem pelas linhas férreas, ou por via fluvial, para as fabricas e para os "Press Hou- ses" ou "Prensas de Calcutta". As "Press Houses" do interior, via de regra, menores que os grandes estabelecimentos de Cal- cutta, recebem a juta em molhos mal atados, que tem o nome de "bares", transportados em carros de bois on em barcos e só differem delias por possuírem apenas "prensas" para a transforma- ção desses 'bares em fardos denominados "Kut- chabales". As de Calcutta, igualmente destinadas ao en- fardamento, dispõem de vastos armazéns. Assim é que, além dos apropriados ao recebi- mento e depósitos dos fardos grosseiramente amarrados, chamados "drums", contendo em ge- ral 24 molhos de juta, dos "Kutchabales", ou mesmo "bares", ha os que servem á escolha e selecção dos differentes typos de fibra. Ahi corta-se cerca de 15 a 25 cents., da ex- tremidade mais dura e grossa correspondente á raiz e essas pontas, ou aparas, são chamadas "cuttings". Depois de cortada, a juta é batida por essa mesma extremidade sobre um pente, formado de uma pequena prancha de madeira de 60 X 4° cents., armada de 48 pontas de ferro de 30 cents. de altura e um cent. de diâmetro, no in- tuito de separar os fios das fibras e limpal-os dos destrictos que geralmente contêm. Depois de escolhida, cortada, batida e limpa, a juta passa a outros armazéns, nos quaes se acham installadas as "prensas" hydraulicas, sim- ples, (no interior) ou rotativa 5, com os respe- ctivos supportes e compressores. Então, previamente pesada, antes de receber a primeira compressão, e a corda de amarração do fardo, fabricada no próprio estabelecimento, usada em logar do fio ou chapa de aço, que. oxydando-se, a estragaria, a juta passa pelo se- gundo compressor, que reduz o seu volume á metade. Os fardos, assim preparados, não são capeados e trazem o rotulo com a marca da juta em um pedaço de aniagem que, no começo da operação, é posto no fundo movei da prensa antes de en- trar a juta no compressor. Os fardos acondicionados por essa forma, co- nhecidos pelo nomt. d;. "Pucca bales", pesam 4C0 libras de juta. escolhida de accordo com as marcas registradas, e são exportados para o ex- trangeiro. .As "Press Houses" têm acompanhado o des- envolvimento da industria, pois seu numero é mais elevado que o das fabricas. Em 1905. existiam .em Calcutta 163 prensas, occnpando 24 mil operários. Actualmente são mais de 200, dando trabalho a m.ais de 40 mil operários cujos salários são em media de 4 a 8 annas, correspondendo a 360 a 700 réis, pelo actual cambio. (Photograph'-; 30 a 75)- FABRICAS. Em 1854, a "Isher larn Mill Company", fundou em Segampore, a primeira fabrica de juta na índia. E loaro depois, vieram a "Bernagore jute Mill" e "Goripore jute Factory" e, em 1892, já exis- tiam 26 fabricas. Em 1909, seu numero se elevou a 39. dispondo de 22.000 teares. 453.000 fusos, 145.000 operá- rios, e um capital de dez milhões de libras. Actualmente, ha na índia, quasi que exclusiva- mente em Calcutta. cerca de 74 "Jute Mills", com o capital de 140 mil contos, ,39.000 teares 824. coo fusos e empregando 280.000 operários. Consomem cerca de 60 "* da producção total de juta. que manufacturada foi vendida, em 1917. por ig. 000. 000 de libras. A juta entra nas fabricas de Calcutta nos far- 390 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA /■', ~>1 . KsfiiltHí itít Jiili! nii nina "/'rc.s.v llimsc», itii Interior dos "bares", "drums", " Cutchabales" e exce- pcionalmenti; em "Pucca bales"'- Ahi são desmanchados para a preparação da fibra, de qualidades differentes segundo a ne- cessidade da manufactura. Depois de escolhida, a juta é levada á pri- meira machina, destinada a aniacial-a por meio de rolos com aresta sem corte, trabalhando so- bre uma esteira sem fim. Na passagem por essa machina, recebe o ba- nho de agua quente e o óleo de baléa, na razão de 20 toneladas para 21/2 de óleo e 100 de juta, que cahe em jactos muito finos, de modo a hu- midecel-a levemente, no intuito de tornar a fi- bra macia e dúctil. Foi esta notável descolierta feita em Dundee, que conferiu á fibra de juta a flexibilidade de que não é naturalmente dotada, permittindo o seu emprego na confecção de tecidos finos. Data dahi o grande impulso desta industria, pois, o processo foi universalmente adoptado, tanto para esses tecidos como para os mais gros- seiros. Essa machina foi especialmente construída para as fabricas de juta, sendo todos os demais machi- iiismos, destinados á tecellagem desta fibra, in- teiramente idênticos aos applicados para tecer o algodão, o cânhamo, o linho e outras fibras. E' assim ique, sahindo dessa primeira operação, molle e macia, a fibra vae para as machinas de cardar, de fiar e de tecer. Dos teares, já tecida a aniagem passa a uma machina, não adoptada em todas as fabricas e que apara rente o "duvet" do tecido e depois os cylindros das passadeiras, de onde sahe perfei- tamente lisa. Em seguida, é mechanicamcnte dolirada e cor- tada em peças, com um numero variável de jar- das, ou nas dimenções apropriadas á confecção de saccos de tamanhos differentes, os quaes são cosidos em machinas aperfeiçoadas, ficando as costuras tão fortes e 'bem acabadas como as dos costurados á mão. Todos esses machinismos são inglezes. Tanto a aniagem como os saccos, depois de promptos, são levados às prensas de onde sahem cm fardos cepados e cintados de chapas de aço, para a exportação. (Photographias 86 a 106). DR. RODRIGUES CALDAS lllBiiI[:liit'lBí.li:llllfillllllllll:;lllliili{E;iBllliiliililBliBllliililliilNliil;Iillllllll'llllll>lllllllllllllllllllllllll:ililIi|>illlllllllllllllll>lIIIIlllii>III!!l!ll"»»^^>—, M^f^i- i «MMn vvni ,-. .K>rLiTr^.,-s NOVEMBRO E , ANNO XXIV SUrrirrlARiO DEZEMBR0DE1920 ; í Ns. 11 e 12 - Como ch'ftiulLT a borracha, pelo I)r. Hannibal Porto. 1193 Ensino agronómico, pag ■ • 4(12 A' margejii de um parecer, pag 407 :f E"cos (ia nossa representação no Inst. Int. de .Agr. de líoma, pag 408 ; Relatório da Soe. Nac. de .Agricultura, pag 408 ;, E.í''enciai para arborizaçãi, pag.................. 413 ,' O comnierciobrazileiro de carnes congeladas, pag. 411 '■.i Óleo da semente de seringueira, pag 41(i V'iagem 'ás índias, cultura da .juta. pelo Dr. Rodri- ; '■ sues (.aldas, pag. ............................. 41fi i/ ., .A Thremmatologia e a .Agricultura .Moderna, pelo agrónomo Wicar Tci.xeira, pag 422 ''í frigorifico "S. Paul:)", pag. ...... .... 42.'i .Apontamentos sobre as nossas principaes forra- / i'tns. pelo Dr. Ezequiel de S)uza Brito. pag..... -'2.5 ^ f.ommercio exterior do li:':izil. pag............... 4.S2 ^^! . =^. ^ i \ _í^ -Ifâ'- 'i^'- *t I ., 1 ISs^ I --i 'ÍKE^ i I 'fj5 r^ M iu ff^- «•MWy|^i«*MW^/V>'« Hl ME & CIA. IVIOTOOUfL-nrORES (Société d'Outillage Mécaniiiiie etíFOsiiiage d'Artillerie) FIIJ II. I>K somim£ioe:f? & oie:. Apparelhos de um typo inteirameBte novo destinados a revolucionar a agricultura Tiipii " i" piiiii tjiimilc riillinii: .7.5 11 P. Typo "(' l>inii II jxipiriiii litvoxiii : ,'> 11 P. Estes appirtlhos foram experimentados com o maior suceesso no campo de expe- riências da Sociedaí^e Nacional de Agricultura, na presença dos representantes do Exmo. Sr. Ministro da Agricultura. HIME & Cia -Rio de Janeiro ÚNICOS REPRESENTANTES PARA TODO O BRAZIL f i ^1^^* Oi^l^a » »X» I Turbinas Hydraulicas para qualquer queda d'agua l ilISTRI M. HILPERT & G. Hio de Jíinciro — Rua d.i AlfanUega, 99 — Caixa 202(> São Paulo — Kiia tio Ouvidor 2, Esq. Henry Rogers, Sons& C. of Brazil, Ltd. RUA DA QUITANDA, 17 a - São Paulo IVIachinismos para qualquer industria DESNATADEIRAS ARADOS Descaroçadores de algodão SSS:^?S5v^5SíSmi^5í5.SSl5m^m^^? aiiiniiiiiiiiiMiE] iiiiiniiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiEiiiiiiiiiiiiitiiiiiiiiiMiiuiiiiiiiiiiiiniiniiiiiiiini iiiiiiciii ic]iiiiiiiiiiii[)iiiiiii!iiii[]iiMiiiiiiii[!imiiiiiiiiiiiiiit]iiiiiiiiiiii[:iiiiiiiiiiii[;v Telephotie Norte 1429 MOURÃO & C. Telegr. Rioave-Rio |l RUA DO KOSAKIO, Xs. 1.33 o i:í5 - Kio de Jaiíeiío | ij Grandes hiipurtadorea e comminsuiios com fdhricd tic ticiKfitUtr mintldijii = =1 c iiriiiuzem de tiivllitidon 5 1 SECÇÃO DE LACTICÍNIOS: Manteiga do seu fabrico, género superior, preparado | 1 no rigor da Lei. Renascença em latas de meio kilo e quarto de kilo. Faceira, em latas | 5 de meio kilo e quarto de kilo 1 1 SECÇÃO DE MOLHADOS: Únicos recebedores aos acreditados vinhos Rioave. | i ■ verde, em barris. Romana verde, espumante. Olho, virgem do Douro. Douro Particular, g M virgem. Noémia, fino do Porto. = I Os únicos que recebem os melhores vinhos do Rio Grande | \]iiiiiiiiiiii[]iiiiiiiiiiii[]iiiiiiiiiiiiiiiiii[]iimiiiiiiiuiiiiiiiiiiii[]iiiiiiiiuii[]iMiiiiiiiii[]iiiiiiiiiiiic]iiiiiiiiiiii[]iiiiiiiiiiii[]iiiiiiiiii ÍIIIIIIIIIII!lll!lllllllllllllll!l!l!lllillllllílilllllilllllllllllllllllllli;illllllllllJIIII!l!l^^ I J. J. DAMORIM SILVA I m , iai:y( i.is e <(>mmissõks m I ___„ ALGODÃO, ASSUÍ AK, ( EKEAES, KT(\ — | Endereço teleg.: "Marv" — Códigos: "Ribeiro". A B C, .^ 1 Bentley's Lieber's - telep. 203 Norte — Caixa Postal, 1505 AVENIDA RIO BRANCO N. 101 - 1 andar RIO DE JANEIRO Succursal em São Paulo: LARGO DO THESOURO, 5 — Caixa Postal n. 1659 |||||||l|llill|||l|||l|l|l|{|l|l|l|1|[|llllllllllll>|l|l|i|!lll!l!l!l'l1lll|!ni|>|l|'lll!|iH'l!i:|l|IM A LAVOURA Boletim da Sociedade Racional de Agricultura ANNO XXIV Rio de Janeiro — Brazil «Oí a NSC N. II e 12 ,S^i>v>ir,' Como defender a Borracha fls idéas do nosso Director Sr. Hannibal Porto (CONCLUSÃO ) No Brazil, entretanto, a prosperidade de não podem abster-se d:i "hard fine", para cer- 5 i;2 milhões de kilometros quadrados é única- tos usos, "hard fine'' que elles comprarão, não mente liaseada sobre a industria extractiva da importa qual o preço, o que se passará? A produ- «IIei os passos, não só nisso, como também na orga- nisação methodica e scientifica dos serviços que constituem a .sua maior força, como deixei de- monstrado no lexto; porque temos, no Extremo Norte, populações numerosas, cujas qualidades de resistência e trabalho nos permittirão, median- te criteriosa direcção, luctar vantajosamente com as raças civilizadas do Oriente". Dentro desse clarividente ponto de vista, o en tão deputado federal Miguel Calmon, apresentou um projecto de lei, que executado, teria dado excellentes fructos e resolvido o ])roblema da bun.icha americana. .AVOURA 397 — Comnieiitando o fracasso dessa provideiuúa, continua elle no citado traJbalho : "Os adeptos do plano de valorisação oppuzeram-se á passau^oni do projecto que apresentei em 1906, conseguindo do Governo palliativos. que sobre agigravarcm a crise, redundariam em consideráveis prejuizos para o Banco do Brazil, só por não quererem conformar-se com a verdade dos factos por mim revelados". O substitutivo da Commissão de Agricultura l' índuítria ao projecto n. 88, de 1906, da Camará iniciar os trabalhos de cultura dentro do prazo de um anno, da data da concessão, sob pena de commisso. Paragrapho único. — O Governo, no acto da concessão, determinará o numero minimo de ar- vores que tenham de plantar aimualmente, de accordo com as arcas concedidas e estabelecerá penalidades para o caso de não manutenção das culturas. Art. 2°. Ficam isentos de impostos de expor- tação os productos das plantações de seringaes, hiíisuPK cm aiiKiti i^innhu di' jiri.n'", iiinnu "llrivd" tie lo aiiiiox : /.V i/rx. ilr hiiffaclni c 5* r/es. í/c si-rinuiiliij dos Deputados que seria adoptado para o Territó- rio Federal do Acre e, provavelmente, uma vez em execução, teria a imital-o os Estados do Ama- zonas e Pará, os quaes, certamente, não quere- riam ficar em posição de inferioridade, era o se- guinte : "Art. I. E' o Governo autorizado a conceder as terras devolutas existentes no Território do Acre aos particulares e empresas que se propu- zerem realisar o plantio systematico de hcvcas. sem outros ónus além da obrigação de discrimi- nar e demarcar as terras que lhe tocarem, e de feitos com autorização do Governo, durante 30 annos, a partir do quinto anno da data do esta- belecimento dos mesmos. Paragrapho único. Para gosarem dos favores outorgados neste artigo, obrigam-se os planta- dores á rigorosa fiscalização por parte do Go- verno . Art. 3. As machinas destinadas ao preparo e beneficiamento da borracha, pagarão, da data da publicação desta lei em deante, 5 °!° ad valo- rem livres de qualquer taxa de expediente. Art. 4'. O Governo fundará no ponto que — 398 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA julgar mais convciiÍL-iiU-, uma estação experi- mental, que se dedique. cs])ecialmente, a pesqiii- zas e estudos relativos á borracha. § 1°. O Governo instituirá, desde logo, um ser- viço de distribuição á: sementes de cauchus, e de instrucções concernentes ao seu plantio e ex- ploração S 2". A' estação experimental incumbirá fa- zer propaganda no estrangeiro, por todos os meios ao seu alcance, das facilidades concedidas aos plantadores de cauchus e das vantagens -que, para tal fim. offereceni as condições naturaes do paiz. Art. 5°. Fica, desde já, o Governo autorizado a entrar em accordo com os Estados interessados, jíara adopção de medidas capazes de corrigir os vicios que, actualmente, occorreni na exploração dos seringaes e commercio da borracha. Art. 6". E' o Governo autorizado a expedir os regulamentos que se fizerem precisos, e a a'brir os créditos necessários á execução desta lei". Apezar dos factos haverem demonstrado, con- cVidentemente, a preoccupação Je alguns es- niritos de valorizar a nossa borracha, ao enve.í de procurar diminuir-lhe o custo de producção ]iara concorrer com o similar estrangeiro, politica essa que se deverá estender a todos os nossos )noductos exportáveis, ainda ha quem se preoc- cupe em valorizal-a por meios artificiaes. E agora mesmo, pretende-se que o governo federal entre no mercado interno a comprar toda a tjorracha, como meio de salvação. Para fazer o que? Em outra occasião, quando não havia su- perproducção, admittia-se o aconselhamento de uma medida desse vulto, que implica no emprego de avultados capitães, de que o Governo não dis- ])õe. sendo por isso mesmo inviável a operação. Dahi resultaria que na safra futura a nossa situa- ção seria peior, porque teríamos a perder, no mercado, parte do stock de torracha brazileira retido em New York e que orça, actualmente, por 2.000 tonelladas e mais a da actual safra, o que tudo nos levaria a um prejuízo formidável em pura perda. Esta é a verdade e deve ser dita sem rebuços, embora contrarie a muitos e es- pecialmente á certa casta de gente sempre á es- preita da melhor occasião para satisfazer appe- tites, embora com o sacrifício da communidade. Não é essa a forma de resolver o problema, nem de minorar-lhe efficientemente as difficuldades : lucrarão alguns em detrimento da quasi totali- dade. Vivemos, no Brazil, no regimen das condes- cendências e contemporizações e, por isso, quan- do alguém se abalança a falar claro, é apedre- jado pelos exploradores, que lançam mão de to- dos os meios para attingir o seu objectivo — o ga- nho fácil. O tempo, o grande mestre, porém, acaba realçando a verdade, que brilha, tarde em- bora, para confundil-os. J. Huber. ex-director do afamado Muzeu Goel- di, uma (las maiores autoridades sobre borracha, lãn cedo roubado á vida, quando mais necessá- rios se tornavam os seus ensinamentos, depois de visitar detidamente as plantações de seringueiras do Oriente, assim se expressou sobre o custo da producção, ali : "Muitos pensam que os salários com o tem])o Iião de forçosamente subir, como já de facto têm ^ubido nos últimos annos. Não ha duvida que este perigo existe para as plantações; elle. po- res, não é tão grande como se pensa igeralmente. Emquanto outras occupações não offerecem maior lucro, tentando os trabalhadores para dei- xar as plantações, como acontece na Península Malaia com as minas de estanho, motivo princi- pal da carestia da mão d'obra chineza, os salá- rios não subirão muito. Não creio, por conse- guinte, que deste lado haja para as plantações asiáticas motivo de inquietação." r)s factos vieram provar que o illustre scien- tistá tinha razão: apezar da carestia do braço, disse elle, a borracha vendida a preços baixos proporcionou meios de serem distribuidos, pelas companhias exploradoras de seringaes no Orien- te, magin'ficos dividendos. Os direitos elevadís- simos sobre a nossa borracha exportada, muito favoreceram o estado actual da industria extra- ctiva. Além de serem grandes os ónus, nenhum beneficio correspondia ao sacrifício. De maneira que não íhavia estimulo da parte dos governos, na Amazónia, preoccupados mais com cvbras sum- ptuárias nas capitães com notório despreso pelas necessidades da população do interior, sem in- strucção, ne.m hygiene. Ainda a propósito, diz Huber; "Os direitos clc7'ndissiinos sobre a l)orracha exportada, que por si só deviam cobrir gjio das despezas do governo, não eram feitos para ani- mar a plantação. Não duvi:lo que a sua abolição completa para a borracha ])roduzida em planta- ções, pelo menos durante certo numero de annos, teria sido o meio mais efficaz para «stimular a plantação, principalmente ])elas emprezas forte- mente capitalizadas." E' um conjuncto de qualidades tanto menos commodo de manter quanto as difficuldades eco- nómicas a sobrepujar são consideráveis, e que os concurrentes bem armados têm tomado enorme avanço; também não se deve apenas prever a possibilidade, senão muito longínqua, de um ac- crescimo de producção gommifera do Brazil, e mesmo poder-se-ia vêr, algum tempo depois do fim da guerra, consequência de um periodo me- nos forte de consumo, os preços bai.xarem, a ex- portação c a exploração amazonica se restringir, apezar da importância das fontes naturaes dessa enorme região. " A' "Société Commerciale du Caoutchouc", da França, escreveu a Mr. .-\ndré Dubosc, memhro do Congresso de Agricultura Tropical, uma car- ta, cujos tópicos principaes leio, para mostrar ainda como se impõe a transformação dn processo de boneficiamento da nossa borracha indígena: A LAVOURA 399 ''Por nossa parte chegamos, pouco a pouco, a não empregar mais senão borracha de planta- ções: Ceylão e Malásia. Como especialmente os primeiros a pensar e dizer que estas borrachas tomariam, cada vez mais, o logar das borrachas selvagens. Para que estas ultimas não desappareçam qua- si completamente do mercado, é preciso, na nossa opinião, que seus explorailores mudem ou, então, modifiquem muito sensivelmente seus methodos de colheita e formas de apresentação aos com- pradore-: . Em razão do vastíssimo campo tomado, até occasião de declarar que a sua acção directa em casos como este, da borracha, «ra perturbadora. Os factos se encarregaram de proval-o, mais de uma vez. Penso hoje, como hontem, que a sua assistência é necessária e mesmo indispensável em casos excepcionaes, come esse, da crise aa amazónia que se manitesta era cores tão aber- rantes. E, por isso me.imo. opino ainda pela ívarran- tage i)Or intermédio de estabelecimentos bancá- rios nacionaes, com a garantia do Governo, na hypothese de algum prejuízo nas operações de penhor mercantil, no caso das garantias não bas- lliili-riíis lie iiiiiiliiniis jiin-(i liirur, ilfjiiimir e crejicur u iiiiiidiliiuir aqui, pelas borrachas de plantação nas manufa- cturas, a distribuição ''dechiquitage" (material mecânico, seccadores e pessoal) tem sido redu- zido á mais simples expressão ou destinado a ou- tras necessidades. Resulta, á parte alguns casos muito especiaes, que os industriaes demonstram muito claramente suas preferencias em favor das borrachas que lhes são apresentadas sob a forma de crepes. .E', acreditamos, numa solução, que teria por escopo ajiresentar as borrachas selvagens sob essa forma de crepes, que estes últimos consegui- rão melhor defender-se contra as borrachas de plantação. " Sempre fui partidário decidido da protecção official pelo? meios indirectos. Muitas vezes, tive tarem para cobrir os empréstimos que se vierem a effectuar. Essa medida, de natureza commer- cial. é urgentíssima como remédio heróico que, já lá vão cerca de dois mezes, pedi ao Governo Federal, em nome da Associação Commercial do Pará. Como medidas complementares, penso que se deve : a) au.xiliar efficientemente a fundação da grande industria da borracha, mantendo o dis- positivo de lei orçamentaria, em vigor, que a protege, com a única modificação de delimitação do capital ao minimo de seis mil contos; b) promover e auxiliar a montagem de usinas de beneficiamento da borracha, para' evitar que fis sobras da industrialização, no paiz, sejam ex- !iOO BOLETIM DA SOCIEDADE NACIO.NAL LE AGRICLLI jiortadas sem que estejam de accordo com as actuaes exigências dos mercados consumidores, isto é. isentas de agua e impuresas, que as depre- ciam e desacreditam, como já tive opportunidade de demonstrar na Sociedade Nacional de Agri- cultura : .f) continuação de convénios com paizes es- trangeiros para que. entre as matérias primas que venham a comprar para supprir as necessidades da sua industria de. artefactos, incluam a borra- cha, a exemplo do que já se fez com a Itália e a Bélgica : rf) estimular a plantação systematizada da Hc- Tca hríisilirnsis pela forma mais' conveniente, ao critério dos governos directamente interessados. A pequena industria da borracha já está esta- belecida, independentemente de favores. Mas. essa não resolve o problema no seu aspecto mais interessante, pois, o maior consumo depende, pre- cisamente, da fabricação de pneumáticos para au- tomóveis e de aros massiços para caminhões. Portanto, desde que é preciso fundar a grande industria, ha necessidade de estimular o capital e nenhuma maneira mais intelligente do que a primeira emenda do illustre Sr. Cincinato Bra- ga, ao orçamento da Agricultura, fazendo ado- ptar, depois de angumentos convincentes, a de- limitação do minimo de 6.000 contos para as fa- bricas que se fundassem, no Brazil. para fabri- cação de artefactos de borracha. Só assim o capital afflue confiante, pela cer- tesa do êxito. Com a elevação dos preços das machinas. actualmente, uma fabrica nas condições de sa- tisfazer os intuitos do legislador, não poderá ser fundada com menos de 7.000 contos. Senão ve- jamos: Pneumáticos (250 diários) ou c-erca de 76.000 annuaes: camarás de ar (500 diários) ou cerca de 150.000 annuaes: massiços (50 diários) ou cerca de 15.000 annuaes; tubos de borracha (5.000 metros diários) ou cerca de 1.500.000 annuaes: pares de sollas (5.000 diários) ou cer- ca de 1.500.000 annuaes; pares de saltos (5.000 diários) ou cerca de 1.500.000 annuaes; saltos redondos (i-ooo dúzias diárias) ou cerca de 3.000 milhões annuaes; especialidades entre l.ooo: a 1.500:000$ annuaes: custando tmia installação completa: edifício, compra de borra- cha, movimento, etc. aquella importante som- ma que. num paiz onde o capital é tão escasso e desconfiado, não se juntará facilmente, ma- ximé em se tratando de uma industria nova, no paiz. com poderosos concurrentes estrangei- ros, já senhores do mercado nacional. Desde que se tem de fazer a coisa, que se faça logo completa. Este systema de meias medidas, muito do nosso feitio, é inconveniente e tem con- corrido, muitas veze~. para o fracasso de excel- lentes iniciativas. Emendemos a mão. pois. já é tempo de enve- redar pelo bom caminho, a exemplo do que fazem todos os povos bem organizados, cujas boas pra- ticas devemos seguir, adaptando-as ás nossas con- íliçõcs de meio. E já, Sr. Presidente, que aqui estou, permitta V. Ex. que eu faça ligeiros reparos a uma cam- panha, que vae tomando vulto sem motivo plau- sível. Quero referir-me á propalada intromissão dos americanos na Amazónia, com intuitos de con- quista, accusando-se-os de ]iromotores do descré- dito da borracha para consecução da compra de seringaes a preços baixos. Pen>o que os pre- goeiros desses boatos não reflectiram bem. Na sua Iiôa fé. estão dando curso a uma ballela. Naiuralmente. trata-se de opções para prováveis \'endas e, talvez, sejam americanos os seus pro- motores. Mas. isto não tem. na hypothese de ser real. os intuitos e a importância que se quer em- prestar ao caso, aliás muito vulgar. Ha. possi- velmente, interessados na comi)ra de proprieda- des, os qnaeí-, por mera coincidência, são ameri- canos. Creio que não seja verdade que isso se esteja dando, e digo infelizmente, porque tudo teríamos a lucrar se. na realidade, os americanos se in- teressassem i)elo assumpto. No meu caso especifico, tenho em mãos, ha oito mezes, uma opção de vastos seringaes no rio Tapajóz, poucas horas distantes de Belém do Pará, para vendel-os por conta de terceiros, e, entretanto, nem na .'\merica, nem na Europa, até agora (essa opção terminará em 30 de Dezembro corrente) encontrei quem as quizesse comprar. Todavia, e.ssas propriedades são de primeira ordem, tendo até vastas florestas de essências preciosas. Em verdade, a inversão de capitães americanos ria Amazónia traria a vantagem de transformar, ali. rapidamente, a rotina: as condições de vida se moditicariam por completo, tornando-a, de in- fernal que é na realidade, supportavel e mediana- mente agradável. Haja vista o que elles fizeram no Alto iladeira, írajisformando- logares pestí- feros em regiões habitáveis, desde S. António até o termino da Estrada de Ferro Madeira. Ma- moré. Não vejo nisso perigo de ordem. alguma para a nossa soberania, e digo-o com a convicção de um brazileiro que não precisa pedir, a quem quer que seja. lições de patriotismo. Querer comparar o caso do Panamá ao da Amazónia, como ouvi algures, é absurdo, pois. as condições geographicas daquelles e as razões politicas que dictaram a sua transfonnação. são inteiramente inversas. O capital, no caso dos seringaes, seria estran- geiro, mas. o braço era aquelle me.smo que ,lá está. nacional, cuja cooperação se faria sentir harmoniosa, no interesse comnium. E já ha tantos exemplos no nosso paiz; Matto Grosso ahi está, senão quizessemos citar essas formidáveis organizações de frigoríficos, que se levantam em toda a vastidão do sul do Brazil A LAVOURA kO\ 4 -^ SL... ji'" ':SíiiÍr-y^:^^m!^'^<í£k-::4íi J» / hjnhn>'Cilrili> finprfijinlif tin ffliiisju\rli' iln iitmilrliniir )in Vfijíilo tins ijiiriltls ilíln Xiiiffin para transformar os nossos rebanhos pela sele- riqueza exportável e fundando, desfarte, os ali- cção das raças e pelo commercio das carnes, que cerces da sua independência económica, tanto têm valorizado a producçâo e cujo resul- Emfim, senhores, eu não me deterei nessa ma- tado todo o P.razil aproveita, au-gmentando a sua teria, que daria sobejamente para occupar vossa Viiliirid, Miiijit — (jtrrciidiiiriihi iln nuiiililiiiKc 102 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA attenção por dilatado tempo. Falo no meio de homens práticos, onde. sou sobejamente conheci- do, e. portanto, capazes de comprehender o meu pensamento, na sna pnreza, e delle tirar deduções sensatas. Não deixemos que ganhem foros conceitos que, muitas vezes, não exprimem o verdadeiro sentir dos que os emittem. Sejamos nacionalistas; nunca, porém, jacobi- nos. Não afugentemos o capital que legitimamente nos procura, quando delle tanto carecemos. Se- jamos, comtudo, prudentes na sua acceitação. A sua cooperação é sempre útil e, se lhe der- mos as garantias reciprocas, certo que, desse con- sorcio, não resultará somente beneficio para nós: com a nossa prosperidade e grandeza lucrará a Humanidade, neste momento tão castigada pelas consequências da guerra que vimos de assistir estarrecidos, e com as quaes também soffremos tanto, no presente, como parte integrante, qne delia somos." Ensino Agronómico Os novos Engenheiros Agrónomos e ITÍedicos Ueterinarios pela Escola Superior de Agricultura, do Governo Federal — fl solemnidade da sua diplomação Para a felicidade da lavoura nacional, para a salvação mesmo do Brazil, a profissão agronómica vae despertando maior inter;sse_ maior enthusias- mo na nossa mocidade estudiosa. Já se não sente pela agricultura aquelle des- prezo, aquella quasi repugnância de outr'ora. qu; desviou espirites lúcidos, intelligencias brilhantes e robustas para outros misteres talvez menos no- bres, menos engrand;cedores, menos patrióticos até. Consola-nos, entretanto, no .fundo d'alma, a nós os que formamos a escolta voluntária da lavoura brazileira. vér esteríorante a tradição nefasta que mandava aos nossos ancestraes bacharelar, dou- torar ou sacerdotar os herdeiros ditosos em que o talento promettia surtos deslumbrantes_ desti- nando ás lides bruias do campo todo o rebotalho intellectual da família. Foi precisamente essa tradição execranda, invo- cada religiosamente pela avalandhe assusradora desses esconjurados do lar, cujo cérebro oxydado a obtusidade paterna mais fundo corroía, que ali- mentou por séculos a rotina dos nossos hábitos agrícolas e índa hoje nos salta á frenre, em dan- ças sarcásticas de sac>', na istrada risonha do nosso progresso e civilização. Emquanto os povos cultos sagram, nos seus fastos agrícolas, os nomes celebrízados de Ber- thíer, Sprengel, Liebig, Berthelot, Boussingault, Wíllfarth. Hsllríegel, Schloesing e Muntz, Wino- giadsky, Risler, Hall. Burbank, no orgulho justo da .sloria que o seu desvelo e carinho pela scien- cia do solo alcançou nós inda não temos, infe- lizmente.- nem paginas de oiro nem grandes no- m;s a citar, mas, um registo obscuro de rotinices e cancroides charlatães, que fermentaram e dete- rioraram a arte 'honrosa dos romanos antigos. E' necessário e urgente, pois, que os altos po- deres da Republica desçam a despertar o ardor pela cultura scientifica do solo pátrio, estimulando e prestigiando a classe até ha bem pouco relegada no desconceito do publico em geral. .•\inparada pelos elementos officia;s, ella terá, por força, de desenvolver-se, de assomar no ho- rizonte das utilidades insophismaveis como a mais rutilante, a mais útil, sol que é da riqueza na- cional. E rutilará e vsncerá finalmente, como vence toda causa justa, si não bastasse para esperançar-nos a manifesta nitidez da sua alta comprehensão por r.m estadista operoso e engenheiro competente, o actual titular da pasta da Agricultura. Sr. Dr. Ildífonso Simões Lopes. Conhecedor perfeito dos defeitos e insufficien- cias do nosso apparelhamento agronómico, por isso que o tem penetrado nas suas minudencias. auer como relator do orçamento da Agricultura no Con- gresso Federal por muitos annos, quer como es- tudioso das questões relevantes aue incidem na ?randeza e prosperidade do Brazil, S. Ex. pro- cura agora, com a autoridade que lhe confere o seu alto posto, corrigir esses defeitos e completar essas insufficiencias. E disto vem de nos dar uma prova ;xhuherante na collação de gráo dos novos engenheiros agrónomos e med:cos veterinários, aue concluíram os cursos, este anno, da Escola Su- perior de Agricultura e Medicina Veterinária. O extraordinário ; inexcedido brilho de que se revestiu a ceremonia da formatura, já amplamente divulgada pelos diários desta Capital, demon- stra, de um modo eloquentíssimo, o carinho e a disposição franca com que S. Ex. estuda e va; solucionando, com acerto e clarividência de esta- dista, o magno problema do ensino agrícola bra- zileiro. Imprimindo á solemnidade um como cunho re- ligioso, o Sr. ministro não teve outro intuito, sem duvida, qu; o de iniciar no seu novo afan, sob os auspícios da alta administração da Republica, es- ses jovens arautos da moderna civilização agrí- cola, para assim concital-os a assumir o seu posto de honra e grandes responsabilidades com a co- ragem que elle exige, s infundir no espírito pu- blico o respeito por esta profissão tão nobre e tão cheia de encantos, reerguendo-a no s;u bom con- ceito. Será, além do mais, um incentivo moral ás adolescências provindoiras para que se appliquem A LAVOURA 103 e esmerím na techni-ca do solo, augmentando s legião destes verdadeiros baluartes da Pátria, por- que são elles que formam consolidam e desen- volvem a riqusza económica nacional. ;E'. portanto, louvabilissimo o intuito do Sr. mi- nistro da Agricultura, que assim patenteia as suas acrisoladas qualidades civicas de amor ás nossas instituições utilitárias. Passa S. Ex., dest'arte, a corresponder satisfactoriamente á expectativa do publico agrícola, que nelle deposita as maiores es- peranças pelo seu amplo descortino politico e administrativo, conforme se verifica nas suas at- titudes enérgicas e nas suas medidas promptas e efficazes de combate aos males da nossa lavoura ê para o seu progredimento, creadas e executadas no silencio e com a modéstia próprios das capa- cidades operosas e -sfficientes. E' preciso, no emtanto, que todos em cujas mãos pesem os destinos da nossa agricultura hajam por bem comprehen-der o sentimento que inspira os actos d; S. Ex. e imital-o não desamparando nem desprestigiando nunca a classe dos profissio- naes agrícolas; mas, ao contrario, protegel-os ■? es- timulal-os sempre para melhor, desenvolvendo o ensino agronómico com a creação de escolas me- dias e superiores, estações experimentaes, postos 20otechnicos, e.Tifim, por todos os meios possíveis, para que possamos ouvir todos os annos, em fu- turo muito próximo, hymnos ao trabalho, ao saber, e á Pátria gloriosa, forte, rica e bem unida, que os novéis sacerdotes da sciencia entoarão, com o coração palpitante de alegria, de redor de Ceres no adro dos nossos templos agronómicos. No salão nobre do Ministério da Agricultura, que se achava lindamente preparado, para esse fim, teve logar, na tarde de 2õ de Dezembro de 1920. a ceremonia do conferimento do grão aos novos engenheiros agrónomos e médicos veteri- nários que concluíram os cursos da Escola Su- perior de Agricultura. Deaníe de uma numerosa e selecta assistên- cia, que se compunha de altos funccionarios des- sa Secretaria de Estado, das distincras famílias dos graduandos e convidados, dos demais alumnos dos outros annos da Escola, o Sr. ministro da .agricultura, ladeado á meza, que uma delicada profusão de flores naturaes adornava, peles Srs. ministro da Justiça, ministro da Marinha, ministro do Exterior, minisíro da Viação, Prefeito do Dis- trioto Federal. Marechal Hermes da Fonseca, depu- tado federal Cíncinato Braga e o director da Escola Superior de Agricultura e Medicina Veterinária, tendo na presidência o representante do Sr. pre- sidente da Republica, usou da palavra para ex- plicar o fim daquella soiiemnidade. A seguir, os jovens profissionaes, chamados um a um pelo secretario da Escola, prestaram o ju- ramento da praxe. Isto feito, o director desse es- tabelecimento superior de ensino agronómico, em nome do Governo da RepuTjlica, conferiu-lhes o grão de engenheiro agrónomo e medico veteri- nário. Fizeram-se ouvir depois, succedidos pelos seus ■ respectivos paranymphos — Srs. Ildefonso Si- mões, Lopes, ministro da .agricultura e Cincinato Braga, deputado federal por S . Paulo — os orado- res officiaes da turma de engenheiros agrónomos e da de médicos veterinários, que saudaram os seus collegas em ligeira oração própria ao acto que se realisava. Prolongadas salvas de palmas cobriam as ulti- mas palavras de cada orador, que deixa\'a a tri- buna. Pela importância de que se revestem, damos, a seguir, os brilhantes discursos dos Srs. ministro da Agricultura, paranympho dos engenheiros agró- nomos e deputado Cincinato Braga, paranympho dos médicos veterinários. O DISCURSO DO SR. SIMÕES LOPES, MINIS- TRO DA AGRICULTURA: "Multo grato ao vosso carinhoso convite, aqui estou, para acompanhar-ivos nesta hora festiva, alvorada de uma nova vida, em que se trocam os encantos da tão doce etapa escolar pelas impo- sições concretas do dever profissional, no scena- rio amplo do trabalho, para o qual acabaes de forjar as primeiras armas de combate. A vida moderna nao comporta mais a pesada ferramenta com que os heróicos obreiros do passa- do rompiam a estrada da vida, em busca da ri- queza e da felicidade privada ou collectiva; e o homem, cada vez mais subordinado' ás contingên- cias do meio social e económico, tem outra orien- tação e outros desígnios a cumprir 1 Ò trabalho nobilita-se pela abolição de privi- légios- condemnaveis e uma onda de novos ideaes sacode as gerações contemporâneas, em busca da moderna civilização, bem ou mal idealizada pelas correntes dominamljes. E a terra foi e será sempre o núcleo gerador das maiores energias, o centro de gravidade de todas as combinações e de todos os systemas eco- nómicos. Em torno delia architectaram-se as mais fortes muralhas do privilegio e da ganância, desde as odiosas praticas do feudalismo decahido até ás menos irritantes restricções vigoraníes nos códi- gos de alguns povos livres, ainda que sob o che- que de constantes e vivazes campanhas revindi- cadoras. Em toda a parte, e sempre, consubstanciou a terra as maiores reservas de capitães accumula- dos pelas gerações que passam, a matéria prima, a essência, a força, que é mister transformar em producção barata, para a satisfação de todas as necessidades humanas. Cuidar da terra é pois, zelar o património com- mum.é alimentar a fonte da abastança e da riqueza, ê assegurar a ordem e o equilibrio sociaes fixan- do elementos disponíveis pelos poderosos elos do trabalho que robustece o homem, dando-lhe a consciência da independência própria e a confian- ça nos ef feitos maravihosos da producção e da ri- queza. Em torno desse precioso thesouro, a terra, gi- ram, pode-se dizer, os máximos problem.as sociaes e económicos, assignalando o progresso cultural e scientifico dos povos, reflectindo o seu adeanta- mento moral, aocentuando as gradaeões sociaes do meio e a sorte do homem na accidentada vida Individual ou colleotiva. E ainda aquelles que, batidos pela fatalidade da sorte, são forçados a abandonar o berço em que nasceram, em busca de outras plagas mais hospi- taleiras e de um outro destino mais auspicioso, esses mesmos, concentrando resistências e ener- gias, trabalho e economia, têm sempre deante dos olhos ccmo fulgurante ideal a posse de uma nes- HOk BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRSCULTURí ga de terra qu: os identifique com a nova pátria e que mais solidamente constitua o almejado patri- mónio dos filhos. A terra, pois acima de tudo. a terra — a mãe commum — a eterna companheira do homem, fonte matriz de suas alegrias, de sua força, de sua au- dácia, de suas glorias, cujo contacto bemfazejo retempera as energias do corpo e cujas irradiações de belleza inundam o espirito pela contemplação da soberba e augusta potencia creadora. E quem a possue mais rica e encantadora, mais variada e attrahente, na forma ou na estructura. na superfície ou nas entranhas; menos horrenda nas suas reacçõss cósmicas, menos áspera nos seus ventos, nos seus frios; mais harmónica na sua flora, mais palpitante na sua fauna, mais humids- cida e fecunda nos seus valles, mais scintillante nos seus céos ? E quem a possue mais bem formada na escala das construcçõss humanas, menos corroída pelo egoísmo, menos minada pelo privilegio, menos conspurcada pelo monopólio, manos tangida de misérias, mais accessíve! ao capital e ao braço, mais hospitaleira e magnânima, mais briosa, mais altiva ? _ Meus senhorss, essa a terra, essa a Pátria que é mister engrandecer e honrar. E" para ella que vindes de apparelhar os in- strumentos da scíencia, que esclarece, que orienta, que systematísa, que remodela, que evolue á luz dos conhecimentos postos ao alcance do homem moderno para o triumpho definitivo da intelligen- cía e da vontade. Já não ha segredos que se occultem ao espirito do operador arguto e adestrado, que não os desven- dem o laboratório, o campo experimental, arro- teado pela machina e cultivado sob os olhos pe- netrantes do agrónomo, senhor do poder da terra, das suas defficiencias, das suas precisões da sua capacidade productiva. .A' medida que augmenlam as populações, que crescem os salários, que sobe o valor venal da terra e dos seus fructos como expoiente da pros- peridade agrícola dos povos, á proporção que re- dobram os reclamos de qualidade e quantidade dos príncipaes géneros de consumo do homem, vae a scíencia agronómica desbravando novas regiões incultas, multiplicando a sua força productiva. con- tra arestando a lei de Malthus. para garantir ao mundo, mais populoso e exigente, novos elemen- tos de vida, de bem estar e de riqueza. Esse é o largo traço com que todas as nações celebram orgulhosamente o centenário das suas fundações politicas, que geralmente coincidem com o advento das formulas creadoras de liberdade e de progresso. E' esse o dia da conferencia e da vistoria meticulosa do caminho percorrido, do que se realizou em beneficio da civilização e da indus- tria, dos coefficientes alcançados, que são coteja- dos com os de outros povos para o definitivo jul- gamento do valor económico do homem, supremo expoente das pátrias e das raças. Para 4anto, é mister preparar o meio em que deve ■elle operar, guiado neste departamento pela vossa classe, a dos modestos obreiros da transformação dos thesouros naturaes em searas abundantes des- tas em valiosos productos da industria sob 'todos os pontos de vista. A vós compete, mais que a ninguém, dar bri- lhante relevo ao solo que é o corpo vivo da Pá- tria, ao qual emprestareis a alma do vosso ardor, a luz do vosso saber, o briho dos vossos olhos pro- fissionaes e patriotas. Não confiemos só na exhuberancia da nossa na- tureza, tão decantada outr'ora na lyra dos vates brazileiros e hoje mais do que isso. devassada pelo génio descriptivo de sábios nacionaes e es- trangeiros. Não é bastante a doçura do clima, o variegad.o da flora, a riqueza das minas, a magnitude das ba- cias hydrographicas. a possança das cachoeiras. o privilegio de algumas producções preciosas, que hão deslumbrado o espirito de nativismo do povo brazileiro. E' preciso conhecer de perto, o valor da terra que pisamos, o seu clima, a adaptação das culturas ás differentes zonas, da criação ás differentes regiões pastoris, da industria aos abun- dantes repositórios de matéria prima, as relações transporte e de commercio interno e externo da nosa producção, para enfrentar, soberanamente, o grande problema da intensificação e do inter- cambio. Dentro do programma assegurado pela p.ilavra do preclaro Sr. presidente da Republica, que tãc patrioticamente vive consagrado ao bem publico, teremos em breve os cursos práticos ampliados e robustecidos pelos elementos de observação e pes- quiza que ainda lhes faltam. O governo empenha-se por engrandecer o In- stituto Superior de Ensino em cujo seio acabaes de formar a vossa educação profissional, ao lado de devotados mestres, que tão nobremente se en- tregaram aos labores do magistério. E" mister crear. acima de tudo, e de uma for- ma inapagavel a escola fixa e ambulante, as es- tações experimientaes de agricultura e pecuária, os laboratórios e officinas, os serviços meteorológi- cos, fomentar o surto das associações ruraes. dos syndicatos e cooperativas, do credito rural e ou- tros instrumentos que formam o conjuncto techni- co em que se apoia o trabalho moderno. Vindes, pois, no melhor dos momentos. A nossa pátria precisa de sangue novo e activo, neste instante excepcional em que as mais soli- das organizações estrangeiras sentem ainda o abalo da guerra que lhes desequilibrou as forças económicas, gerando deficiências que poderemos em parte preencher. Todas ellas, lutam mais do que nós contra as idéas novas que invadem o campo do trabalho, alterando a taxa do salário, e as relações íntre este e a producção. Felizmente, a formação do nosso meio ethnico sob o influxo dos generosos princípios de demo- cracia e egualdade, a nossa organização politica architectada nas liberaes formulas do direito con- stitucional moderno, a nossa legislação de ferras isenta de e.xcepções odiosas no tocante á concen- tração exclusivista da propriedíide da terra, vão permittindo o alargamento do numero das pro- priedades ruraes e a adaptação gradual das aspira- ções das classes do -trabalho, sem as relutancias e os choques que subvertem no momento a vida industrial de alguns povos. Ao Brazil cabe a tarefa de collaborar com vi- gor nessa emergência em que elles se encontram, firmando também a sua intervenção definitiva nos mercados mundiaes, e a vós a de serdes os con- ductores technicps da campanha que temos de travar com enérgico esforço e intelligencia pela industria, cujas raizes vão ter sempre á terra, ao seu tratamento, ao seu cultivo, á sua transforma- ção ê esplendor. ' A LAVOURA !f05 E' essa, meus jovens collegas e amigos, a obra gigantesca que vos está destinada. Elevae para ella os olhos, os braços e o cora- ção. E' o appello que vos faço, é o conselho que vos dou". O DISCURSO DO SR. CINCIíNATO BRAGA, DEPUTADO FEDERAL "Exmo. Sr. Representante 4o iPresidente da Republica — Exmos. Ministros de Estado, e Pre- feito, Exmas. Sras. — Srs. Diplomados. — iVleus senhores: — No meio dos desassocegos da situa- ção financeira e económica que o Brazil está atra- vessando, poucos factos poderão ser tão reconfor- tantes, para os brazileiros preoccupados com o nos- so futuro de Nação, quanto o é a cerimonia a que esitamos assistindo. A entrega de diplomas a uma turma de techni- cos da agricultura e da veterinária vale por no- meações de bravos generaes para o grande combate em que o Brazil está empenhado, contra a igno- rância e contra a pobreza. Generaes de nova es- pécie, elles são tão preciosos á pátria, quanto os que trazem os bordados militares. Não pareça a ninguém que este simile é mera flor de rhetorica, com que a amabilidade do ora- dor pretenda enfeitar a lapella dos diplomados de hoje. Não. Já se sumiram na voragem da Historia os tempos em que a solução das guerras dependia exclusi- vamente da agilidade e da disciplina militar, al- liados ao alcance e á certeza dos tiros contra o inimigo. Antigamerkíe os exércitos que se defrontavam, pequenos como eram, podiam contar com abaste- cimentos de suas munições de bocca, requisitados ou confiscados á força, nos arredores dos logares dos combates. Hoje isso mudou. Ide ouvir os grandes mare- ohaes da actualidade: ante a hypothese de uma guerra, muito mais tremem elles deante da falta de munições de bocca e de armamentos, do que de- ante da falta de disciplina dos soldados. Esta pôde ser improvisada pela capacidade e pela bra- vura dos officiaes, pela boa vontade dos comman- dados, pelo heroísmo patriótico de todos, .^o pas- so que os abastecimentos ás forças em operações, alimentação e armamentos — não têm succedaneos, que se improvisem : — hão de ser suppridos em espécie e em abundância, sob pena de sossobrar a mais rigorosa, a mais adeantada, a mais cora- josa das disciplinas. Ainda _antes de providenciar sobre fornecimen- tos de munições ae tiro, os chefes militares têm de cogitar dos abastecimentos de nutricção da tro- pa. Soldado não alimentado, não pode carregar sua mochila e sua carabina; não pode parar de pé. Assim: — de que nos serviriam uma Marinha e um Exercito, sem cereaes e sem carne ? E os colossaes everoitos de hoje em dia obri- gam a consumos . alimentares formidáveis, ao mesmo passo em que os gigantescos bloqueios terrestres e marítimos podem reduzir á fome na- ções inteiras, -tornando-as escravas nas mãos do vencedor. E' nessas dolorosas contingências que mais se realça o concurso dos lavradores dos campos e dos. criadores dos gados^ quero dizer, a salvação da Pátria pela obra intelligente e profícua dos agrónomos e dos veterinários. Isso, na guerra. Na paz, — não é menor o concurso desses obreiros da producção na felicidade permanente das nações, cujo conforto, cuja saúde, cuja riqueza da sua agricultura e da sua veterinária directamente de- pendem. E' claro que não posso me referir, com essas palavras, á lavoura das terras feita pela boça- lidade do braço analphabeto, nem á medicina zoo- lógica feita pela superstição e pela cegueira do alveitar. O conforto, a saúde e a riqueza do paiz dependem modernamente da agricultura e da ve- terinária, em tanto quanto são estas dirigidas pela Sciencia. Partamos sempre do principio, com tanta singeleza e con tanta verdade enunciado ha pou- co na Inglaterra por Fischer, seu eminente Minis- tro da Instrucção Publica, — a maior, a verdadeira riqueza de um paiz não são o seu capital, os seus estaleiros, as suas vias-ferreas, as suas usinas, as suas industrias — é o cérebro de seus habitantes. Na verdade, todas as riquezas e todas as facili- dades irradiam dahi. A Sciencia, no mundo actual, vae cada dia alargando mais seu domínio sobre os destinos dos povos, em todos os recantos da actividade humana. E pode-se af firmar, sem re- ceio de prova em contrario, os povos vencedores sobre o planeta são sempre os melhor guiados pela Sciencia. Na parte relativa aos estudos de agricultura e de veterinária, o Brazil tem se mantido até agora em uma posição de grande atrazo, muito desfavo- rável aos seus destinos: essas duas sciencias quasi não têm tido cultores entre nós. Devemos isso a duas circumstancias capitães: — primeira) ao nosso dadivoso meio cósmico, onde fruimos vasta largueza territorial e magnificas benegnidade e variedade de climas para população relativamente escassa; a necessidade, aqui, não tem posto a lebre a caminho; segunda) ás difficuldades com que os vocacionados a estes estudos lutam para seguil-os, na quasi absoluta falta de insti- tutos de ensino, que diplomem nessas preciosas especialidades. As circumstancias que aos Brazileiros permit- tiam indiflferenca por esses estudos, vão. porém, mudando de tal sorte sobre toda a superfície do planeta, que ou sahimos do nosso musulmanismo, ou seremos sacrificados. E seremos sacrificados, não somente na concorrência commercial dos mer- cados estrangeiros, como íambem nas próprias competições de producção dentro de nossas fron- teiras.. Vão entrando para o interior do nosso paiz estrangeires, que trazem em seus cérebros abun- dantes conhecimentos scientificos de cultura dos campos e de tratamento dos animaes. Nossos com- patriotas não sabem tirar dessas duas actividades, os pingues proveitos que ellas podem proporcio- nar. O resultado será que, pouco a pouco, nós se- remos os vencidos, em nosso próprio paiz. Ama- nhã, os brazileiros, se não mudassem de rumo, se- riam quando muito no interior de paiz, os operá- rios mal remunerados dos fazendeiros ou senho- res de engenho estrangeiros, enriquecidos em nos- sos preciosos campos. Contra tão sombrio futuro, a ceremonia desta hora é uma real aurora de luz : — Salve os novos agrónomos e veterinários ! Do atrazo em que nestes assumptos temos vi- vido, só em minima parte devemos corar. Elle é quasi geral entre as nações de edade da nossa. E, em tempos idos, esse atrazo foi, nos povos que — 106 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA hoje brilham por sua cultura, muito maior do qu; jamais o tivemos entre nós. Nesie momento, quero a este propósito lembrar apenas o que nesses povos já outr'ora occorreu- em matéria de conhecimentos de veterinária, des- ses difficeis estudos em boa hora abraçados pelos meus paranymphados na ceremonia de hoje. Ninguém contestaria que .Aristóteles, es.s; por- tentoso génio da antiguidade, resumia toda a sci- encia do seu tempo. Pois bem: a Aristóteles se attribus o conceito de que a fumaça de uma lam- parina apagada podia fazer uma jumenta abortar! .lá na ciiviHzsda Roma, o grande Plinio, o Natu- ralista, dizia que um Cavallo sen-te-se sempre for- çado a seguir os rastros de um lobo morto, e que se o cavalleiro o obriga a marchar na pista de um 'lobo vivo. suas patas cahem tm paraíysia ! Esse mesmo escriptor affirmava que, para prevenir a raiva do cão, bastava fazel-o engulir um verme que o cão tem sob a lingua, depois de o haver feito dar três voltas á roda do fogo ! Vsgecio pre- •lendia que. para fazer um cavallo urinar, se lhe devia introduzir nas ventas uiria mistura de vinho com urina ! "E' o que ha de mais extraordinário — exclama Foulon. agrónomo e veterinário fran- cez do século 19 — o que prova ao mesmo tempo quão diffici! é extirparem-se os preconceitos, é que estas absurdas crendices atravessaram mais de vinte séculos para chegarem até nossos dias. gozando ainda de grande prestigio entre os habi- tantes dos campos !" Na Suécia antiga, o medico dos animaes era considerado pelo povo como in- fame. Foi na Hespanha de outr'ora que começou a reacção contra esse absurdo: — o hespanhol fer- rador de cavallos passou a fazer parte da classe dos artistas, ao mesmo passo em que o medico de animaes. passou a ser classificado en-tre os no- bres. E. hoje em dia. o génio immortal do grande Pasteur arrancou as pesquizas veterinárias dos re- cantos dos estábulos para as glorias dos laborató- rios scientificcs, onde se dão "rendez-vous" todas as m.ais beneméritas celebridades da sciencia mo- derna. Hoje. toda a gente já comprshende que da sa- bedoria dos veternarios depende o florescimento de um dos mais ricos e futurosos departamentos da economia rural do Brazil, Os proble.Tias dominantes nas locubracões da vida pratica que agora ides iniciar, meus caros am.igos. são os da acclimação, selecção e cruza- mento das raças nobres dos animaes domésticos, especialmente bovinos e equinos, nos variados tre- chos de nos«o extenso território; parallelamente. tendes sobre os hombros o problema gravissimo dos tratamentos preventivo e curativo das doenças dos animaes úteis ao homem. As virtualidades econornxas do Brazil nesse ter- reno, são de tal sorte formidáveis, que hão de le- var de ven;ida a qualquer oijtra nação da terra. Para sermos uma ias primeiras potencias do mun- do, em riqueza material, bastaria o que pode ser ex- tensiva e intensivamente conseguido em matéria de productos e suh-productos de uma pecuária sc'entificamente conduzida. Temos elementos que. quando intelligentemente apro^veitados, podem nos permittir preços de carne mais módicos do que os 4e qualquer outro paiz do mundo. E quanto á exportação, a industria pastoril que, agora, ain- da em sua infância, já nos perinitte com seus pro- ductos e sub-productos, exportação superior a lõO.OOil contos annuaes, dentro de prazo breve poderá decuplicar esse algaKsmo, sem termos nem ae Iciíge nos approximado do que no futuro po- derá ainda vir a ser nossa exportação dessa es- pécie. X parte as funcções de especialistas da medicina zoológica, tendes também a missão social de acon- selhar os habitantes de nossos campos em duas matérias muito ao alcance de vossa inteligência e de vosso preparo scientifico, e a respeito das quaes tão atrazado está todo o interior do nosso paiz. Quero referir-me. como primeira delias, á pro- paganda da hygi.ene humana em geral. Illuminae sem descanço. com vossa palavra avisada e culta, o caminho dos nossos myopes camponios, em tudo Quanto respeita á hygiene de sua habitação, de sua alimentação e de seu vestuário. Velae assi- duamente pelo combate ás suas verminoses, ao •rachoma. ao impaludismo, á syphilis e ao alcoo- lismo, inales que elles tanto desconhecem e que tanto os dizimam. A segunda matéria em que a elles deveis ser- viço, consiste na propaganda, através dos meios em que elles exercitam suas actividades, do es- pirito de associação, sob a forma coc^perativa. Re- pizae sempre aos ouvidos delles as vantagens que lhes advirão das cooperativas de producçào, de consumo e de credito. Sobre essas pedras angu- lares, convém que vá sendo assentado pouco a pouco todo o edifício da nossa economia rural. Baseados no incontroverso principio de que "a união faz a força", a= cooperativas hão de trazer a boa solução ás vaiias industrias agrícolas, no- ineadaminte á do^ lacticínios, cuja relevância como fonte de fartos red'itos não está abaixo de sua be- nemerência para o fortalecimento orgânico da ra- ça humana. .A mutualídade na organização do cre- dito ha de ser um empurrão para deante na vida financeira dos agricultores e dos criadores dos gados. E quanto ás despezas diárias e forçadas, agora feitas ao balcão de ambiciosos e prescin-Ji- veís intermediários, as cooperaitivas de consum'o representam a ultima palavra como defeza com- mercial dos seus associados. De passagem, no nobre exercício de vossa pro- fissão, frequentes opportunidades tereis para tran- sformar, a respeito desses dois magnos assum- ptos, a retrograda mentalidade dos nossos campo- nezes. A pairia tem o direito de esperar de vós esse relevantíssimo serviço. .Antes de terminar, deixae-me dízer-vos quanto louvo em vós, meus caros amigos, vossa coragem de estudiosos. A meus olhos, a medicina nunca deixou de pa- recer a mais difficil dentrt todas as profissões que ao homem é dado exercer. Não sei de lida mais escabrosa, sempre assoberbada de novos e complicados problemas scientifícos, sempre eriçada de inextricáveis e torturantes mysterios. O verdadeiro medico da espécie humana, nunca chega a dizer que sabe medicina. .As verdades de hoje são erros de amanhã. .As sciencías a que o medico deve submissão são tão numerosas, tao complexas, ião profundas que quando a humani- dade aponta um medico como sahio na labuta de curar, eu sinto todo meu ser envolver-se numa athmosphera de especial admiração pela machína cerebral desse bemfeitor da humanidade. Mais difficil, porém., do que essa sciencia de curar os homens é sem duvida a sciencia de A LAVOURA í»07 — curar os animaes irracionaes. Lembrem-se todos os que me ouvem que, 9 medico dos homens tem deànte de si uma especij; única de seres semelhan- tes, espécie dotada da faculdade de exprimir-se por palavras, de explicar os symptomas da sua moléstia, de descrever-lhes as causas prováveis, de indicar a sede da dór, de relatar os effeitos sen- tidos em seguida á medieação applicada. O me- dico dos animaes irracionaes tem de advinhar tudo isso, deant; de enorme variedade de seres des- semelhantes ! Isso mostra bem a somma colossal de estudos, em que l:reis de viver envolvidos. Mostra ao mes- mo tempo quanta tolerância devem merecer vos- sos inevitáveis erros, no exercício de vossa uti- líssima profissão. Esta ultima observação eu a faço, d-isejoso que ella se espalhe por todo o in- terior do nosso paiz, desafeito por completo á utilização dos serviços profissionaes dos médicos veterinários, dos quaes a ignorância commum pô- de pretender reclamar uma quasi infallibilidade, impossivsl de ser encontrada neste mundo. Com os meus mais sinceros e profundos agra- decimentos pela generosidade com que me alças- tes á honra de ser vosso paranympho, acceitae o affectuoso abraço de despedida deste desvalioso amigo, que ha de sempre cobrir de applausos as victorias de vossa carreira. Ide para o trabalho fecundo 1 Carregae com ufania vossa pedra para a grandiosa edificação do Brazil bem nosso, bem unido. b:m culto, bem poderoso e bem forte ! — Sede felizes ! Tenho dito". Á MARGEM DE UM RA REGER ( > Sr. senador Justo Chermout, nosso prestimoso consócio, a quem coube, mais uma vez, a difficil tarefa de relatar* o or- çamento do Ministério da Agricultura, revelou-se, como sempre, conhecedor se- guro do mechanismo daquella importante pasta, cujas necessidades vem estudando lia muito temj)o, ouvindo os competentes e olíservaudo de visu, o que, a par do co- iiliecimento pessoal que tem de algumas modalidades da pasta, como, por exem- plo, a pecuária (S. Ex. é grande criador na illia de^Marajól, dá-lhe certa autori- dade, felizmente muito acatada no seio do Senado, onde repi-esenta o grande Es- tado do Pará, do (pml é illustre filho. Por essa circumstancia mesmo, S. Ex. conse- guiu que fossem approvadas pov aquelía coriioraçãí» medidas importantes e da nmior actualidade, que interessavam prin- cipalmente o seu Estado natal, mais do (]Ue (pialquer outro carecedor de elemen- tos que o colloquem em condições de po- der vencer a grave crise economico-finan- ceira que o assoberba. Assim sendo, não só se bateu no seio da coiiimissão no sentido de serem victorio- sas as medidas aventadas jjehjs operosos representantes paraenses na Camará dos Deputados, cojiio apresentou emendas compU^mentares que muito irão beneficiar o Pará. Já na sessão passada da ultima legis- latura, o senador Justo Chermout havia se ])reoccupado seriamente com o, proble- ma da colonização do Oyapock cuja ver- h-ã votada não ponde ser applicada total- mente no decurso do anuo e, ]ior isso, mesmo, conseguiu S. Ex. a transferencia do saldo de cerca de quatrocentos contos para o orçamento vigente. Obteve, ainda, que fossem ajqirovadas as emendas crean- do no X^ará duas estações experimentaes para o cacáo e o tabaco, de maneira a se- rem diffuudi-overno, conduzir-uos-á, se não liouver soln(;ão de continuidade, a dias fe- lizes de abundância, que st') a explora(;ão da t(n"ra poderá dar, maxinu^ se para ella appellarmos com ardorosa fé. Ecos da nossa representação no Instituto Inter- nacional de Agricultura, em Roma Na sessão de encerramento da Assem- bK^a Gera] dos delegados dos paizes adlie- rent(^s ao Instituto Internacional de Agri- cultura, em Roma, no dia 10 de novem- bro, o l>r. Deoclecio de Campos, delegado do Brazil, ax>resentou uma niO(;ão que foi approvada por unanijuidade. A ]iroposta do delegado brazileiro cou- si.stiu n-'um voto da Asseiul)l(''a para que, em liomeniigem á memoria do grande idea- lista norte-americano David Lnbin, crea- dor do Institut(i Internacional de Agri- cultura, não fo.sse mais occupada a sua ca- deira de delegado dos Estados Unidos da America do Norte, e ((ue o seu nome fosse sculpido no espaldar da curul liistorica. Perpetuar-se-ia, assim, por um symbolo matei-ial, a ]>resen(;a benéfica do seu es- pirito e da sua vontade n;is deliberações em i)r(')l da cultura da terra. Relatório da Sociedade Nacional de AjOTicultura ^XIMIMEZXOS Continuação — Anno de 1 9^ 6 8 de julho de 1916. Exm. Sr. Dl". Cândido Rodrigues. A Sociedade Nacional de Agricultura, tendo sido convidada a comparecer á reunião da com- missão organisadora do "Herd Book Caracú''. toma a liibendade de solicitar de V. Ex. que lhe dê a honra e a satisfação de represental-a na al- ludida reunião, que terá logar no dia 15 do cor- rente, á I hora ds. tarde, na sede da Sociedade Paulista de Agricultura, á rua Libero Badaró n. 125, nessa cidade. Esperando rque- V. Ex. não recusará prestar á Sociedade Nacional de Agricultura tão valioso auxilio, antecipamos os nossos agradecimentos e apresentamos a V. Ex. os nossos protestos de elevada estima e consideração. — (A.) Hanni- bal Porto. 1° secretario. 8 de julho de 1916. Exmo. Sr. Francisco Corrêa. Temos o prazer de communicar a V. Ex. que, nesta data, officiamos ao Exm. Sr. Dr. Cândido Rodrigues, membro do Conselho Superior, soli- citando de S. Ex. a gentileza de representar esta Sociedade nas reuniões do "Herd Book Caracíi'". Prevalecemo-nos do ensejo para apresentar a V. Ex. os protestos da nossa consideração e apreço. — ÍA.) Hannibní Porto. 1° secretario. 8 de julho de IQIÓ. Exmo. Sr. Dr. Manuel Luiz Osório E>D. Presidente da Federação das Associações Ruraes do Rio Grande do Sul. Temos presente a estimada carta de V. Ex. que communica ter feito a gentileza de represen- tar esta Sociedade na Exposição-feira realizada em Bagé e, ^bem assim, ter dado desempenho á incumbência recebida para obter das fabricas ít tecidos dessa localidade resposta ao questionário formulado pelo Centro Indu.strial do Brazil. Em resposta, vimos penhorados agradecer a V. Ex. os serviços que nos prestou e mais uma vez manifestarmos os protestos de elevada es- tima e consideração que dispensamos a A'. Ex — (A. ) Hannihaí Porto, i° secretario. 8 de julho de K)l6. Exmo. Sr. Carlos .■\ugusto da Silva Telles DD. Presidente da Sociedade Paulista de .Vgricultura. Temos o prazer de communicar a V. Ex. que esta Sociedade se fará representar no Congresso de Pecuária que por iniciativa dessa benemérita Sociedade deverá se realizar em 18 de setembro iiroximo, nessa cidade, pelos Srs. Drs. Eduardo Cotrim, Parreiras Horta. Toatuiim Luiz Osório. A LAVOURA -W9 Manoel Paulino Cavalcanti, Victor Leivas e Car- los Raulino. Communicamos. também, a V. Ex. que temos feito distribuir os programmas que nos enviou do referido Congresso. Frevalece.mo-nos do ensejo para mais uma vez apresentarmos a V. Ex. os nossos protestos de elevada estima e consideração. — (A.) Hanni- bal Porto. l° secretario. 10 de julho de 1916. Exm. Sr. Dr. João Pandiá Calog-eras, D'D. Ministro da Fazenda. A Sociedade Nacional de Agricultura, tendo sido solicitada a interceder perante V. Ex. no sentido de resolver a diffici! situação actual para o commercio do Amazonas que se vê privado de navegação regular na linha de New York. devido ás restricções da "Booth Line Company', vem solicitar a intervenção de V. Ex. para que seja enviado iquinzenalmente um vapor do Lloyd Bra- zileiro a Manáos. com o fim de carregar dire- ctamente para New- York a borracha e demais productos daquella região. A intervenção no pedido foi solicitada pelo De- legado da Associação Commercial do Amazonas, nesta Capital, em virtude do telegramma abaixo transcripto, por elle recebido e referente ao caso. "Navegação transatlântica ingleza. visando prejudicar interesses germânicos, está desorgani- zando commercio geral, mesmo firmas nacionaes lutam conseguir e.xportar borracha. Stock avo- lumando preço baixando. Urge estabelecer na- vegação nacional entre Manáos e New- York. Ro- gamos patrocinar nossa causa perante governo-" V. Ex., melhor do que ninguém, poderá av^a- liar quão necessárias se tornam as providencias que solicitamos, no interesse do commercio ama- zonense que justamente clama contra as diffi- culdades que se oppõem á sua liberdade de acção, tolhendo o intercambio de sua producção já de si precária pelo estado de guerra ^que atravessa- mos. Certo de que V. Ex. tomará em consideração o pedido ora feito, a Sociedade Nacional de Agricultura aguarda anciosamente as providen- cias que o caso comporta e sua premência exige. Aproveito a opportunidade para apresentar a V. Ex. os meus protestos de elevada estima e consideração. — (A.) Miguel Calmou, vice- presidente. 10 de julho de 1916. Exmo. Sr. Dr. Tavares de Lyra DD. Ministro da Viação e Obras Publicas. A Sociedade Nacional de Agricultura, patro- cinando as idéas de todos aquelles que trabalham pelo desenvolvimento da lavoura e pelo adeant i- mento das industrias extractivas do Brazil, pede vénia, para submetter ao espirito esclarecido de V. Ex. a acção esforçada do seu consócio Sr. José Belmonte Madero em piol da interessante cultura do fructo amazonico da palmeira syl- vestre "Jara" {Pliytelcphas Macrocarpa) . conhe- cido vulgarmente peiu nome de "Jarina", marfim vegetal, Tratando-se de unia fonte de riqueza, pois, innumeras são as applicações do producto bra- zileiro nas industrias modernas de todos os pai- zes da Europa, como da America do Norte, justo será protegermos tão promettedor fructo da cx- huberante flora brazileira. Assim, rornando-se preciso dar o maior in- cremento á exportação do "marfim vegetal'' na- cional pelo muito crescente consumo e utilida- de que vae tendo, a Sociedade Nacional de Agri- cultura empenha-se com vivo interesse junto a V. Ex. afim de conseguir, entre outros favores imprescindíveis para o desenvolvimento de tão futurosa industria, redacção nos fretes dentro do paiz e especialmente no Amazonas e no Territó- rio Federal do Acre, afim de que seja facilitado o seu transporte desde a sua procedência á praça commercial de Manáos, onde mais facil- mente será feito o beneficiamento para sua ex- portação é consumo. Cônscia de que merecerão a honra de acurado estudo e attenção por parte de V. Ex. os inter- esses de tão valiosa industria, a Sociedade Nacio- nal de Agricultura pede e espera o apoio de V. Ex. em favor de tão rico factor do desen- vol\'imento agrícola nacional. Aproveito o ensejo para reiterar a V. Ex. os meus protestos de elevada estima e mui distincta consideração. — (A.) ]\[. Calmou, vice-presi- dente. 24 de julho de 1916. Exmo. Sr. Dr. José Rufino Bezerra Caval- canti DD. Ministro da Agricultura, Industria e Commercio. A Sociedade Nacional de Agricultura,' cum- prindo a resolução tomada na ultima reunião de sua Directoria, vem trazer ao conhecimento de V. Ex. os motivos que a levam a solicitar a intervenção de V. Ex. para que seja restabe- lecida pelo Congresso Nacional a verba da Junta dos Corretores, de modo que os seus serviços não continuem paralysados no pro.ximo anno de 1917. Ha muito que no nosso commercio eram rece- bidos os informes da Junta dos Corretores, como orientadores dos nossos mercados, tal a precisão, clareza e imparcialidade com que eram elles prestados, e a Sociedade Nacional de Agricultu- ra teve occasião de se utilizar delles para respon- der a muitas consultas que lhe eram dirigidas, havendo a Conferencia Algodoeira, que se rea- lizou sob o patrocínio de V. Ex., emittido um voto no sentido de ser restabelecida a" antiga do- tação e mantidos os serviços da Junta dos Corre- tores desta Capital. A Sociedade Nacional de Agricultura, subscre- ve em todos os seus termos a representação que sobre o mesmo assumpto dirigiu a V. Ex. a As^ 410 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA sociação Commercial do Rio de Janeiro, por te- rem elleí sido expressos com precisão, pela cor- poração que representa o. nosso commercio, nas suas varias actividades, e que mais a miúdo se aproveitava dos informes da Junta dos Corre- tores. Cônscia da boa vontade de V. Ex. no tocante a todos os assumptos de interesse da classe que representa, a Sociedade Nacional de Agricultura espera que V. Ex- acolherá, com sympathia, e tomará sob seu valioso patrocínio, o pedido, que por meio deste, dirige respeitosamente a V. Ex. Aproveito o ensejo para reiterar a V. Ex. os protestos de minha elevada estima e distincta consideração. — (A.) M. Calmon, vice-presi- dente. 26 de julho de 1916. Exm. Sr. Dr. José Rufino Bezerra Caval- canti DD. Ministro da .agricultura. Industria e Commercio. A Socieda.le Nacional de .\gricultura. atten- dendo á importância das contribuições da Confe- rencia .'\lgodoeira para a lavoura, industria e commercio do algodão, no paiz, e bem assim para innumeros interessados no extrangeiro, vem res- Xjeitosamente pedir a V. E.x. que se digne autho- rizar esse Ministério a adquirir dois mil (2.000) exemplares (in 8°. com cerca de l.ooo pags.. cada um, e com grande numero de clichés e gra- vuras) pelo preço global de quatorze contos de réis (i4:ooo$ooo) . — (A.) Hannibal Porto, i* secretario. 28 de julho de 1916. Illm. .Sr. .A. Benna DD. Presidente da Commissão Organizadora do 1° Congresso .\gricola do Ceará. Accusando, com a maior satisfação, o recebi- mento do prezado of ficio dessa Escola, pedindo 1 nossa collaboração para a sua patriótica inicia- tiva, cumpre-nos informar a V. S. que a So- ciedade Nacional de Agricultura, apoiando com todo o prazer a organização do 1° Congresso .\gricola do Ceará, cuja installação terá logar no dia 15 de .agosto fuluro e acquiescendo ao con- vite de sua organizadora, delegará poderei piira represental-a aos Srs. l")rs. 'l'homaz l''omi)eu Brazil e José Pirts do Rio. Augurando, em nome desta Socieilade. a tão útil quão patriótico commettimento o ma.xirao bri- lhantismo, subscrevemo-nos com a mais alta es- tima e consideração. — (A) Hannibal Porto. 1° secretario. 28 de Julho de 1918. Exmo. Sr. Dr. Tavares de Lyra, DD. Mi- nistro da Viação e Obras Publicas. A Sociedade Nacional de Agricultura vem desobrigar-se da missão que lhe foi confiada pelo Sr. José de Souza Negreiro, Presidente do Conselho Municipal de Chique-Chique, de fazer chegar ás mãos de V. Ex. o requeri- mento que pede vénia para juntar, no qual so- licita de V. Ex., em nome dos habitantes da- quella villa, a installação de uma estação tele- graphica. Tratando-se de uma localidade cuja popula- ção já é numerosa e a exportação bastante des- envolvida, a Sociedade Nacional de Agricultu- ra espera que V. Ex. tomará em consideração o justo pedido dos habitantes da villa de Chique- Chique. Aproveitamos a opportunidade para mais uma vez apresentar a V. Ex. os nossos protestos de elevado apreço e distincta consideração. (A.) Hannibal Porto. 1° Secretario. I de .\gosto de 1916. Exmo. Sr. Dr. José Rufino Bezerra Caval- canti, DD Ministro da Agricultura, Industria e Commercio. Na ultima sessão da Directoria da Sociedade Nacional de Agricultura foi resolvido, por una- nimidade de votos, que esta Sociedade repre- sentasse, com urgência, a V. Ex. sobre a ne- cessidade inadiável de se dotar o Posto de Observação de Bello Horizonte, sob a direcção do Dr. Marques Li.sboa, do material preciso para o preparo da vaccina contra a Hog-Cho- tcra, ou peste do porco. A Commissão da Sociedade Nacional de Agricultura, que ali foi represental-a na Exposi- ção de Milho, teve a opportunidade de visitar aquelle estabelecimento e voltou pezarosa com o que testemunhou. O Governo Federal despendeu, com um edifí- cio inteiramente apropriado a seus fins. a quan- ti.-i approximada de cem contos de réis ( 100 :ooo$ooo) ; dotou o estabelecimento dos me- lhores apparelhos e dispositivos para os traba- lhos e estudos de diversos zoonoses, collocou-o sob a competente direcção de profissional habi- lissimo, cujo nome já é illustre pelas muitas conquistas scientificas, com applicações indus- triaes as mais cathegoricas, e, no emtanto, é obrigado a deixar esse pessoal e installações completamente desaproveitados por falta de ver- ba, para a acquisição de suinos e da alimentação para os mesmos, devendo, entretanto, esses ani- niaes produzir a necessária vaccina para a im- munização do rebanho suino do Estado e de todo o resto do Paiz. .\ Sociedade Nacional de .agricultura, no in- tuito único de prestar o seu concurso aos cria- dores brazileiros de suinos, vem representar a V. Ex.. pedindo providencias para que o uíilis- simo estabelecimento possa trabalhar, produzin- do a vaccina necessária áquella immunização. ,-\ peste do porco, ou Hog-Cholcra, esrá hoje jierfeitamente jugulada, graças á technica do nosso distincto patrício Dr. Marques Lisboa, p é, sem duvida, uma das mais mortíferas epizoo- A LAVOURA k\\ — ticas, sendo os criadores brazileiros muito pre- judicados com as, suas constantes invasões. Criações inteiras de suinos nacionaes ou me- lhorados, e sobretudo destes, têm sido e conti- nuam a ser ceifadas pelo Hog-Cholera e ao Governo cabe a obra meritória de providenciar, para levar ao criador de suinos o importante au- xilio da vaccina prophylatica. Esse objectivo se consegue com as despezas de aoquisiçãò de 150 a 200 porcos e da alimentação precisa para man- tel-os. Com a quantia de 5o:ooo$ooo (cincoenta contos de réis), o Posto de Observação de Bello Horizonte fica apparelhado para fornecer vac- cina para muitos milhares de porcos, com a cir- cumstancia que o Governo de Minas se prom- ptifica a comprar, para distribuir aos criadores, pelo menos, 20 ou 30 contos de vaccina annual- mente . Na certeza de que V'-. Ex. tomará as provi- dencias necessárias, aproveitamos o ensejo para apresentar a V. Ex. os nossos protestos de ele- vada estima e mui distincta consideração. (A.) Miguel Calmou, vice-presidente. 2 de Agosto de 1916. Exmo. Sr. Dr. João Gonçalves Pereira Li- ma, DD. Presidente da Associação Commercial do Rio de Janeiro. Devendo reunir-se nesta Capital, a 13 de Maio do anno próximo, sob os auspícios do Ministé- rio da Agricultura, Industria e Commercio e desta Sociedade, a Primeira Conferencia Na- cional de Pecuária, com o intuito de estudar, sob o ponto de vista scientifico e pratico, as neces- sidades mais urgentes da industria pecuária e os meios de desenvolvel-a e aperfeiçoal-a en- tre nós, pedimos a V. Ex. que se digne indi- car os nomes dos representantes dessa utilíssi- ma instituição que deverão figurar na Commis- são Executiva da Conferencia, agradecendo, de antemão, o valioso e inestimável concurso que nos virão prestar e do qual não poderemos pre- scindir. Aproveitamos o ensejo para reiterar a V. Ex. os nossos protestos de elevada e mui dis- tincta consideração. (A.) Eduardo Cotrim. 2° vice-presidente. 2 de Agosto de 1916. Exmo. Sr. Dr. .\ndré Gustavo Paulo de Frontin, DD. Presidente do Club de Engenha- ria. Devendo reunir-se nesta Capital, a 13 de Maio do anno pro.ximo. sob os auspícios do Ministé- rio da Agricultura, Industria e Comercio e desta Sociedade, a Primeira Conferencia Na- cional de Pecuária, com o intuito de estudar, sob o ponto de vista scientifico e pratico, as neces- sidades mais urgentes da industria pecuária e os meios de desenvolvel-a e aperfeiçoal-a en- tre nós, vimos pedir a V. Ex. que se digne indicar os nomes dos representantes dessa uti- líssima instituição, que deverão figurar na Com- missâo E.xecutiva da Conferencia, agradecen- do, de ante-mão, o valioso e inestimável concur- so que nos virão prestar e do qual não nos po- deremos prescindir. Aproveitamos o ensejo para reiterar a V- Ex. os nossos protestos de elevada estima e mui distincta consideração. (A.) Eduardo Cotrim. 2" vice-pre.sidente. 4 de Agosto de 1916. Exmo. Sr. Dr. José Rufino Bezerra Ca- valcanti. DD. Ministro da Agricultura, Indus- tria e Commercio. A Sociedade Nacional de Agricultura, em vir- tude de deliberação unanime de sua Directoria e Conselho Superior, resolveu enviar a V. Ex.. que também se tem interessado pela .sorte da lavoura nacional, a presente representação pedindo sejam creados na Escola Superior de Agricultura os cursos de Economia e Legisla- ção Rural, entre as sciencias agrícolas, pelo lo- gar que ellas occnpam na historia do ensino su- perior agronómico. Pode-se affirmar que não ha paiz no mundo, actualmente, ainda que de condições financei- ras muito inferiores ás nossas, onde exista uma escola superior de agricultura, que não procura incluir no seu respectivo programm-a o estudo dessas sciencias e de suas applicações praticas. Não é preciso dizer que ellas são professadas nas escolas da America e da Europa, especial- mente nas da Allemanha e Inglaterra, onde o alto ensino agrícola tem tomado um tão explen- dido desenvolvimento, nas escolas francezas de Grignon, Rennes e MontpelHer. no Instituto Nacional Agronómico de Louvain e em vários estabelecimentos da Bélgica, nas instituições de ensino agrícola de Áustria, Hollanda. Portu- gal, Rumania, Hespanha, Japão e de outras na- ções e até de colónias. Com relação á irnporíancia da Economia Ru- ral, parece que não se pode accrescentar mais do que disse V. Ex.,, mesmo, com tanta ver- dade, affirmando na sua exposição de motivos do dec. 12.012, de 29 de Março, que regulamenta o ensino superior agronómico, que a Economia Rural, não pode estar associada a nenhuma outra matéria no ensino, que deve ser matéria "pro- fessada á parte, visto constituir, por assim di- zer, o enfeixamento e a synthesc de toda a .sciencia agronorriica". Na verdade, não é possível deixar de notar-se como uma escola superior agrícola, depois de ter ministrado o conhecimento das varias sci- encias que constituem os elementos vitaes do desenvolvimento da agricultura. expondo as leis biológicas, chimicas e physicas que estabe- lecem as condições de producção, não procure, tamliem. ensinar essa outra sciencia tão ft:nda- niental. que estuda a mesma i)roducção sob os aspectos económico, commercial e financeiro. 112 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA mostrando a natureza, o fim e a importância dos vários factores e a sua connexão. A Legislação Rural, também, é outra que não pode deixar de merecer de V. Ex. todo o apoio, mormente porque V. Ex. é um cultor do direito, um jurista, conhecendo perfeitamente a culmi- nância desses assumptos. Ensinam-se ao cultiva- dor as sciencias propriamente ditas, as scien- cias que interessam aos seus bens e á sua pes- soa; por que razão, pois, ha de convir V. Ex., não se ensinarem também as leis com as quaes elle se deve conformar, as leis que regem a pessoa e os bens e á cuja ignorância se devem tantas decepções e contratempos. Queira V. Ex. acceitar os protestos da mi- nha mais alta estima e distincta consideração. (A.) Miguel Calmou, vice-presidente. 7 de Agosto de 1916. Exmo. Sr. Dr. José Rufino Bezerra Caval- canti, DD. Ministro da Agricultura, Industria e Commercio. Tendo os Srs. Coelho de Souza & Conip.. la- vradores de algodão no Município de Guimarães, no Estado do Maranhão, requerido a 14 de Abril do corrente anno, (D. A. 59 C), isenção de direitos para diversas machinas de beneficia- mento de algodão, algumas introduzidas pela primeira vez no Brazil, e essa lista acompanhou o referido requerimento, tiveram como despacho que se dirigissem ao Inspector da Alfandega da- quelle Estado. Os mencionados lavradores dirigiram-se ao Inspector da Alfandega, e eSte achou que o caso era da competência do Sr. Ministro da Fa- zenda . A Directoria desta Sociedade foi ter com o Sr. Ministro da Fazenda e S. Ex., por sua vez, declarou que, para tomar conhecimento do pe- dido, se fazia necessário que o pedido da isen- ção viesse por intermédio do Ministério da Agri- cultura . Nestas condições, com o intuito de servir áquelles adeantados lavradores, esta Sociedade vem pedir a V. Ex. que se digne encaminhar ao Sr. Ministro da Fazenda o alludido reque- rimento de Coelho de Souza & Comp., fazen- do-o acompanhar da lista dos apparelhos im- portados pelos mesmos lavradores. Aproveito o ensejo para apresentar a V. Ex. os protestos da minha alta estima e distincta consideração. (A.) M. Calmou, vice-presidente. 12 de Agosto de 1916. Exmo. Sr. Dr. José Rufino Bezerra Caval- canti, DD. Ministro da. Agrictdtura, Industria e Commercio. Tendo recebido da Directoria do Serviço de Agricultura Pratica, cm resposta aos nossos ol- ficios ns. 36.274-36.275 e 36.277, de 25 de Ju- nho p. p., a communicação de que deixava de attender ao pedido de requisição para os 'tran- sportes de material agrícola, de que tratam áquelles officios, por lhe não assistir competên- cia para tal, vimos á presença de V. Ex., em vista de serem os requerentes agricultores e criadores inscriptos no Registro desse Ministé- rio, ou sócios nossos, cujos papeis de inscripção estamos processando, como já temos feito com muitos outros, para solicitar que se digne au- thorisar áquella Directoria a satisfazer não só ás alludidas requisições, como as que, de futuro, lhe dirijamos no mesmo sentido. Escusado é encarecer os benefícios que de- ■ correm da gratuidade dos fretes — que são, in- felizmente, prohibitivos no paiz, maximé no mo- mento actual — para o material destinado ás industriaes ruraes. Taes as razões. Exmo. Sr. Ministro, que nos animam a appellar pa-5"a o espirito de justiça de V. Ex.. em nome das classes, tão dignas de amparo, que representamos. E. de ante-mão, agradecidos, apresentamos a V. Ex. os nossos protestos de elevada estima e mui distincta consideração. (A.) .1/. Calmou, vice-presidente. 12 de Agosto de 1916. Exmo. Sr. Dr. Sérgio de Carvalho. Temos a honra de apresentar a V. Ex. os nossos protestos de nimia gratidão pelo inte- resse por V. Ex. revelado com o apresentar a esta Sociedade o professor Municipal João Rodrigues Vieira, autor de um interessante pia-- no pedagógico concernente ao ensino profissio- nal agrícola. Acolhendo com a maior satisfação o illustre professor, a Directoria desta Sociedade, em vista da importância do assumpto, resolveu nomear uma conimissão, da qual V. Ex. faz parte, para estudar o referido plano e sobre elle emittir pa- recer. Certos de que V. Ex., com o devotamente habitual, nos dará mais uma vez o ensejo de proporcionar a esta Sociedade esse serviço, agradecemos de antemão. Prevalecendo-nos da opportunidade, apresenta- mos a V. Ex. os nossos protestos de elevada estima e mui distincta consideração. Pelo presidente da Sociedade Nacional de Agricultura. (A.) Haiiiiibal Porto, 1° Secreta- rio. 14 de Ag^osto de 1916. Ulmo. Sr. José Manoel Pinheiro. Rua L — Estação da Penha — E. F. Leopoldina — Nesta. Temos o prazer de communicar que. ao Mi- nistério da Agricultura, já fizemos remessa do pedido feito por V. S. e que estamos acompa- nhando o processo, afim de que seja elle satis- feito. Mas. para que a nossa solicitação tenha o effeito desejado, torna-se necessário ^que V. S. esteja registrado no alludido Ministério. Para A LAVOURA 413 isso, é bastante que V. S. nos devolva o re- querimento que a esta juntamos, depois de res- pondido o questionário .e assignado sobre 600 réis de estampilhas federaes, juntamente com um documento qualquer que prove sua propriedade sobre o immovél, que deverá ser, também, sellado com 600 réis de estampilhas fe- deraes. Não constando do reafistro dos nossos sócios o nome de V. S., pelo correio, em volume separado, fizemos remessa de um exemplar dos nossos estatutos e pedimos que nos authorise a inscrevel-o como tal . Sem mais, aguardamos as novas ordens de V. S. e subscrevemo-nos Attos. e Obros. (A.) Hannibal Porto, 1° secretario. {Continua.) 1l!llllliiliilliliiliiliiliiliili!lnlnEiiBiilnliil[llMllili!lilli:tiiluliiliil!linllahe dos portos brazileiros com egual destino. Deixemos, entretanto, que fale o Sr. Hanni- bal Porto com a sua franqueza e sensatez ha- bituaes, levantando o seu protesto enérgico con- tra esse acto de injustiça, sinão mesmo de ini- quidade do Governo Francez. Assim se pronunciou elle na Associação Com- mercial, onde as suas palavras mereceram sem- pre o melhor acatamento e respeito, aliás em toda parte que surge com o seu verbo moderado e synthetico abordando assumptos económicos : O Sr. Hannibal Porto começa dizendo que será synthetico como, aliás, é do seu feitio, pois pen^.i que um dos nossos grandes males é a exhuberancia de palavras nem sempre necessá- rias e. na maioria dos casos, inopportunas. "Res- non verba" tem sido o lemma da sua vida e muito bem se tem dado com elle. Poupa, dessa forma, prejuízo e chega a realizações cora relativa facilidade. Dado este cavaco que vae á guiza de justificação, traz ao conhecimento da Casa, então, por não lhe ter sido possível fazel-o na véspera, que um dos productos bra- zileiros de exportação está sendo victima de grave injustiça, na França, paiz amigo, que, pensa, deveria ter mais benevolência para com- nosco, maximé, no caso presente, embora por mero sentimento de justiça. Desde que aqui chegou, de volta da Missão Commercial Brazileira á Inglaterra, onde, satis- fazendo o objectivo do convite gentilissimo da Federação das Industrias Britannicas. que era o conhecimento das condições industriaes das ilhas britannicas, procurou observar tudo quan- to nos pudesse interessar nos centros commer- ciaes e industriaes percorridos, desde então, dir zia, tomou a iniciativa de combater os processos de i>rt'paro e emballagem dos nossos productos especialmente da borracha, cacáo. do algodão e outros, alguns dos quaes chegam, como este ul- timo, especialmente, em condições taes que. dentro de pouco tempo, a continuarmos nessa ro- tina, serão completamente relegados dos merca- A LAVOURA !»15 dos e substituidos pelos seu? similares que, am- parados pelos governos, cuidados pelo productor com outra visão das cousas e orientados pelos intermediários que querem ganhar sempre e não uma só vez, vão conquistando terreno e firman- do definitivamente a sua posição nos mercados consumidores. Dessa campanha, entretanto, pela continuida- de, já vão surgindo vantagens, que si não são completas, têm, comtudo, o poder de iniciar uma nova éra para a producção nacional, que precisa se acautelar com tempo, afim de não nos vermos na contingência dolorosa que a im- previdência, o descaso e o laiscr fairc nos creou no caso da borracha, hoje. do conhecimento ge- ral. As minhas suggestões acharam echo na Su- perintendência Federal de Defeza do Algodão no que concerne a esse producto, e já foram vo- tados projectos em vários Estados do Norte, den- tre elles no Maranhão, Parahyba e Bahia, be- neficiando com uma tarifa«modica a todo pro- ducto bem tratado e convenientemente prensado que se destine á exportação. Para que os resultados sejam completos, é in- dispensável que haja continuidade da parte do Governo e dos particulares, lembrando-se sem- pre, uns e outros, que as nações compradoras empenham-se em fomentar a exploração cult-'.i- ral dos productos tropicaes nas suas colónias, com o fito de se libertarem do tributo a .que se têm de subordinar, pela razão muito simples e louvável de que quanto menos comprarem tanto menos ouro exportarão e. consequentemen- te, mais depressa equilibrarão as suas finan- ças, sahindo das sérias aperturas actuaes, que geram o mâo estar e aggravam o problema so- cial, distanciando-se, cada vez mais, de sua so- lução . E' precisamente o caso das carnes, que jus- tifica a sua presença na tribuna, para pedir a cooperação valiosa da Associação, no senti- do de trabalhar com a Sociedade Nacional de Agricultura, afim de que se consiga a interven- ção do Governo Federal, por intermédio do Mi- nistério da Agricultura, e afim de que não se realize a iniquidade de equiparar as nossas car- nes ás de Madagáscar, consideradas de tercei- ra classe. Trata-se de uma fonte de riqueza exportá- vel de primeira ordem, que teve um largo surto. A pecuária, com o café e o algodão, serão os grandes productos exportáveis do futuro ; nel- les assentará a independência económica do Brazil. Nenhum outro paiz. hoje, reúne as condi- ções tão vantajosas ao crescimento da pecuária, em moldes a tornar-se economicamente explo- rável. As terras na Argentina. nos Estados Unidos da America e no Uruguay attingiram taes . preços e estão sendo por tal modo inva- didas pela agricultura, que a tendência alli é para a estagnação da producção. A vastidão do nosso território, a barateza das terras, offe- recem vasto campo á exploração da criação de toda a sorte de animaes necessários ao con- sumo alimentar do mundo. E', comtudo, pre- ciso que saibamos -aproveitar a prodigalidade da natureza, agindo de modo a tirar as vantagens máximas de tão providencial favor divino. Repete: De França chegam noticias de que o Governo francez resolveu egualar as nossas carnes ás de Madagáscar, que são de péssima qualidade. Com 03 cuidados frigoríficos, chegámos a fa- zer uma exportação que nos collocou a par do Uruguay. cujas carnes de superior qualidade esr tavam classificadas, alli, logo após ás da Ar- gentina. Para essa posição muito concorreram as carnes exportadas pelos frigoríficos do Rio Grande do Sul. cuja matança foi de gado pro- vindo dos campos limitrophes com o Uruguay, que. como todos sabem, são de primeira or- dem, havendo a ciixurastancia de que o gado alli. na generalidade, já é seleccionado. Contra a injustiça iiiiiiiiiliilitlilliilllllllllll ÓLEO DA SEMENTE DE SE- RINGUEIRA Os leitores cievem_ provavelmente, lembrar-se de uma noticia que, sob este titulo, inserimos no nosso numero de Agosto deste anno. Em continua- ção daremos na próxima vez os resultados das pri- meiras pesquizas sojire o assumpto, conforme as divulga The Times of índia. iiiiiiuiiiiiiiiiiiiiiiinii)fiii'iniiiitiitiiiiiiiiiiini:iiiiinini!iii;ii:i)iiiiti!iiiiiii(iitiii!iiiitii!tiiii!iiiiiMi!iiiiiitini!iii(iiii!iii!iiiiJtiitiiii!iiniitiniitittiiiitiiMiii|[ifiiBiiiiiiiiiiii VIAGEM AS índias OLJ UFRA DA JKJ PRODUCTOS DAS FABRICAS Não falando de tecidos finos, que actualmente começam a ser manufacturados em algumas fa- bricas de Calcuttá, a producção principal dessa Cidade é de iniagens, ou "gunnies", e saccos. Os tecidos são divididos em duas classes: 1" — "Heavy goods , ou "bags". isto é. sac- cos. 2" — "Hessian clothes" ou "'tecidos em peça"'. "Heavy goods abrangem diversos typos, ds ac- cordo com as differentes qualidades de tecidos; os principaes são: a) "Twiiled bags". b) "Twiiled bags". c) "D. \V. Bags", (fio duplo) . d) "S. W. Bags", (fio simplesl. " "Hessian clothes" são subvididos em: a) "LigJit weights", tecidos leves de 9 fios e 40 pollegadas de largura, variando o peso entre 7 5/4 e 9 onças por jarda. b) "Heavy weights". tecidos pesados de 11 fios, 40 pollegadas de largura e 9 "ia 16 onças de peso por jarda. Estes números têm importância, porque nel- les se baseam os preços para negócios de ania- gem. •As fabricas de Calcuttá, confeccionam tecidos diversos, de espessura e peso differentes, conforme o numero de fios, de trama e da urdidura, sua grossura e largura dversas. As aniagens variam de largura desde 32, 40, Õ4, 60. 72, e até 80 pollegadas; o padrão básico. porém, oara operações commerciaes é o de 40 pollegadas. Quanto aos saccos, a manufactura abrange ty- pos diversos, consoante os fins a que se desti- nam n'os muitos paizes que os compram em Cal- cuttá; adeante transcreverei uma lista desses ty- pos. Por serem de interesse- transcrevo os quadros seguintes, relativos á industria fabril de juta. DESENVOLVIMENTO DA INDUSTRIA FABRIL NA ÍNDIA O y. s 3 Capital em contos N. em ir ilhares Annos vUtiia rupia valendo isoon, Teares Fusos 1879-1 884 21 27.000:000$03D 1 5,õ 1 SS 1 £84-1 889 24 34. 100:000.^000 7 133,4 I 889- 1894 26 4O.200:00O.-í53O 8.3 1 172;6 1895-1899 31 52.200:000íí000 11,7 244.8 1899-1904 36 6S.OOO;033POOO 16,2 334,6 1904-1909 46 96. 500:0 DOS 300 24.S 510,6 1910-1914 60 ' 123.000:0008033 33,4 691,8 1914-1915 70 139.40O:033."S00O 38.9 795,5 1915-1916 70 . 132.200:0003000 39,9 1 812,4 I916-19I7 74 138.500:003*300 39,7 i 1 824,3 A LAVOURA nn LISTA DA "CALCUrrA STANDARD TWILL E. D. GOODS. I Todos os typos de saccos fabricados em Calcuttá ) NOMES DOS SACCOS Dimensões em pollegadas V9 Peso em 03 i:^ Ibs. O O. x: CO Em poli Largur tec Woolpacks . . . . Caoe Chãff E. Cornsacks. N. Z. Twill Aust A. Twills Liverpool . . . . . N." 2 Twills . B. Twills )? »; Coffees »» >• Grains )) Sugars 5) (Cuba) Dairas ....--. Cements Ores ») Hy. Cses " !í St. Cees •4 i-> K. Baga E. ■' Broad loom. . . . St. Es Flours Salt 54x27x27 53x27 48x26xVS 44x26xí< 41x23 44x26x;-2 44x26 45x30 40x28 63x30 48x28 48x29 42x29 33x22 36x22 30x20 30x2) 27x19 23x15 40x28 40x29 36x26xi/j 43x28 40x29 40x23 43x29 40x28 56x28 45x26 45x26 11 1/2 8 1 11 1/4 8 1 10 3/4 8 1 10 8 1 8 8 1 5 5 1 3 8 1 2 7 '8 ã 2 3 4 8 2 1/4 8 I 2 5/8 8 1 2 1/2 8 1 2 1/2 5 2 1/4 6 2 6 2 1/4 9 1 3 1/4 6 ) 3 8 I 2 1/2 8 1 5 3 1 4 8 1 3 1/2 8 1 3 1/4 1 6 3 1/2 8 3 8 1 2 3/4 ! 8 1 2 1/2 1 7-8 i 2 1/2 7-8 1 2 1/2 6 1 28 oz 8 1 30 — 8 1 28 — 8 24 — 8 29 — 8 ( 20 — 8 1 16 — 8 1 2 1/2 8 1 2 1/4 8 i 2 1/4 8 1 2 1/4 8 1 2 7-8 1 2 7-8 1 I 7/8 6 1 1 3/4 5 1 — 5 I — 5 1 1 as 5 i 2 12 8 1 2 6 1 1 3/4 ! à I I - 9 9 9 9 9 6 8 9 9 9 9 7 7 8 9 9 9 8 8 9 9 9 9-8 9-8 8 8 8 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9-8 9-8 8 8 8 8 7 7 8 8 I 27 I 27 [ 27 27 27 • 27 I 27 I 26 /s I 26 y^ 1 23 i 26 '/á I 26 y^ I 26 y2 1 26 '/á 1 26 /. I 26 I 30 I 28 I 28 I 30 I 30 I 30 I 33 I 28 ! 28 1 28 I 28 ! 29 I 29 I 22 I 22 1 30 I 30 1 30 i 27 I 33 I 28 I 28 1 29 I 26 y, I 28 i.29. I 28- I 28 i 29 i 40 I 28 I 28 I 26 I 2S I 23 123 122 |20 116 I !0 i 15 16 17 15 16 15 15 14 12 12 20 20 17 23 18 10 15 20 17 16 14 14 16 14 14 23 20 16 17 22 17 15 16 14 13 14 13 12 12 16 n 12 11 !0 72 12 20 70 50 30 80 70 ÍO 24 òl Ç2 S2 30 66 %2 13 82 35 41 73 W 22 36 45 54 54 55 61 43 44 39 74 56 20 35 60 17 97 88 33 15 14 SO 40 50 38 83 CUSTO DE PRODUCÇÃO e LUCRO PARA UMA TONELADA DE ALGUNS TYPOS DE SACCOS OE ANIAGEM B. Twill Fios: 6x8; dimensões 44":<26 1 2; peso 2 14 libras: 27 1 2 mds. de juta a 11S030 o md. 302*500 Custo da produccão na índia 147S000 Custo total 449S500 996 saccos a 53$200 o cento 589$720 Lucro 835372 k\8 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA Heavy C. CUSTO POR TONELADA DE MANUFACTURA A 100 RUPIAS Fios: 8X9; dimensões 43"x28"; peso 2 1/4 libras: Preço da juta por maund: 27 1/2 mds. de juta a 11 $200 o md... Custo da producçào Custo total 996 saccos a 53S200 o cento. (Lucro . 308$0(X) I i • I 1 i I I 147$000 Rupias, j 5 | 5-8 j 6 | 6-8 j 7 | 7-8 | 8 455S00O 529S872 Custo total: I ! 1 t I I 888816 Rupias. | 245 ] 259 | 274 \ 288 | 303 \ 317 | 332 ' I I I I ! 1 /•'/(/. -íí — Traiisi>(irte du Jiilii nus ruas d'innn riilaile ^ Liglit weights. CUSTO POR TONELADA DE MANUFACTURA A 150 RUPIAS Fios: 9X10; largura 40"; peso 8 onças a jarda: 27 1/2 mds. de juta a 1 3-^300 o md. . . 365$75fl ^''''^° '^^ J«'« P°^ "'^""'^ = Custo da produccão 1965000 =^ . Rupias. b I 6-8 i 7 7-8 1 8 | 8-8 | 9 Custo total 561$750 4.480 jardas a 213000 o cento de jardas 940*800 ■ Lucro 379$050 Custo total: Os dados acima forani-me fornecidos pelo Sr. L. o„„- , ,,. ' ,,„ ,' ,., ,' ,„ \ ,„_ \ -,„„ ) ... A. Clarke, perito em todas as questões referentes ^''^■^=-- , 324 i 338 ! 353 i 367 382 39o 411 á juta e sua industria. : ' I ! ' A LAVOURA 419 NUMERO DE JARDAS Numero de Peso de j. jardas Peso de j. Numero Peso de j. Numero 7 oz. 5.120 1 14 oz. 2.560 ( 1 Ib. 6 oz. 1.629 7 1/2 oz. 4.778 14 1/2 oz. 2.471 1 1 ' 7 " 1.558 8 oz. 4.843 15 oz. 2.389 i 1 ' 8 " 1.493 8 1/2 oz. 4.216 15 1/2 oz. 2.312 1 1 ' 9 " 1.433 9 oz. 3.982 16 oz. 2.240 1 1 ' IJ " 1.378 9 1/2 oz. 3.772 16 1/2 oz. 2.172 i 1 '11 " 1.327 10 oz. 3.584 17 oz. 2.108 ; 1 ' 12 " 1.280 10 1/2 oz. 3.413 17 1/2 oz. 2.048 i 1 ' 13 " 1.235 11 oz. 3.258 18 oz. 1.991 i 1 ' 14 " 1.194 11 12 oz. 3.116 18 1/2 oz. 1.937 1 1 ' 15 " 1.156 12 oz. 2.926 19 oz. 1.886 , 2 » 1.120 12 12 oz. 2.867 19 1/2 oz. 1.837 1 2 ' 1 " 1.086 13 oz. ! 2.756 1 Ib. 4.0Z. 1.792 2 ' 2 " 1.054 13 1/2 oz. : 2.654 1 1 " 5 " 1 . 706 ! 2 ' 3 " 1.024 Fi;/. .VI (jllriillii. Coolles Ifdnspoftilnilo jllla SACCOS, CONSIDERANDO O PREÇO RUPIAS ANIAGENS CONSIDERANDO O PREÇO RUPIAS POR TOWiELADA P0« TOiNELADA 8-8| 346| 1 91 361 1 1 9-81 3751 lOi 390 1 10-8Í 404! ■ 1 lli 4141 11-8 434] 12 448 9-8! 10! 10-81 i 11 Il-8[ I 12| 131 14 4251 1 440 1 454 i 469 1 1 483 1 498 527 1 1 556 !(20 - BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA EM UMA TONELADA DE ANIAGEM Peso de jardas Numero de J, Peso de jardas Numero de j. Peso de jardas Numero de j 2 Ibs. 4 oz . 995 3 Ibs. 4 oz. 6S9 5 Ibs. 448 2 " 5 " 968 3 " 6 •■ 633 6 " 358 2 '• 6 " 943 1 3 •' 8 " 640 7 " 320 2 " 7 " 919 3 " IO •■ 617 8 " ■ 330 2 '• 8 '■ 896 3 " 12 " 597 9 " 248 2 " 9 " 874 3 " 14 " 578 10 •• 224 2 '• 10 " 853 4 •• 560 10 I 4 Ibs. 218 2 " li " 833 4 " 2 •• 543 10 1 2 " 213 2 " 12 " 814 4 " 4 '• 527 ! 11 Ibs. 203 2 '■ 13 " 796 ^ 4 " 6 " 512 11 1/4 Ibs. 199 2 " 14 " 779 1 4 " 8 " 497 j 111-2 " 194 2 ■■ 15 •' 762 4 " 10 " 484 113 4 " 190 3 '• 746 4 " 12 '• 471 12 Ibs. 186 3 " 2 " 716 4 " 14 " 459 PRODUCÇÃO E EXPORTAÇÃO . Juta bruta. — O maior volume de producção de juta vem de Bengala cuja área actual de planta- ção é de 2.250.863 acres, tendo augmentado de 161.591 acres nn período de junho de 1917 a ju- nho de 1918. Bihar e Orissa, incluindo Nepal, tinham, em 1917, apenas 223.272 acres cultivados de iuta, área essa diminuída para 150.567 acres em 1918 e o Assam somente 100.300 acres. Por ahi póde-se avaliar a supremacia de Ben- gala e a pequena iproducção com que concorrem estas ultimas províncias, aos mercados da índia. Em 1906. a ,produ€çáo foi (de 8.250.000 ifardos de 400 libras, tendo os seguintes destinos: Inglaterra 42 "1", Allemanha 19 "j", .America do Norte 14 "|°, França 10 "|" e outros paízes 15 "1°. O quadro abaixo mostra a marcha crescente da producção em milhões de fardos, nas cinco ulti- mas décadas: 1874 1884 1894 1904 1914 Colheita total. . índia Dundee Outros paízes. 2.560.000 460.000 l.OOO.OOD 300. COO 3.750.000 900.000 1.200.000 650.000 4.800.000 2. 000. 003 1.200.000 i.6oo.o:o 6. 900. coo 2.900.000 1.295.000 1.8:0.000 10.000.000 5.000.000 1.295.000 2.610.000 Deste quadro infere-se o quanto mudaram as coisas depois do grande impulso adquirido pela industria manufactureira, em consequência da enor- me procura, determinando o augmento proporcio- nal da producção e da exportação da juta bruta. ANIAGENS Quanto á manufactura, os quadros abaixo mos- tram o progresso da sua exportação. EXPORTAÇÃO PARA A EUROPA DE .IUTA MANUFACTUiRADA Annos Exportação C. W. T 50 Kgs. Valor em Ibs esterlinas 1834 337. 41.^ i 83.246 1844 1 1.170.279 ' 256.125 1854 i 3.140.250 1.298.339 1864 1 13.140.000 i 6.129.590 1874 1 1 6. 126. 0:10 i t 3.435.500 EXPORTAÇÃO TOTAL DE JUTA MANU- FACTURADA Annos Exportação de juta manufacturada Saccos Aniagens em centenas de J. Valor em lacks (I lack: 100.000 rupias) 1884-1885 1894-1895 1904-19D5 1914-1915 1916-1917 77.000.000 171.200.000 257.800.000 397.600.000 805. 000. 00:) 154.000 162,9 1.820.000 518, 6.980.000 1.442,7 10.573.000 2.582, 12.301.000 4.165,5 A exportação abrangendo juta bruta, tecidos, saccos e outros productos. incrementou-se de for- ma a elevar-se o seu valor de 3,035.000 rupias, em 1876, a 42.055.000, em 1906. Os paízes consumidores compram, em Calcuttá, juta bruta em fardos de 403 libras, aniagens em fardos de 2.000 jardas e saccos em fardos de peso variável . A LAVOURA 121 A Argentina compra, annualmente 110.000 far- dos de aniagem, cuja largura é de 40 pollegadas e .peso de 10 1 2 onças por jarda, para as fabri- cas de saccos de Buenos Ayres. Ahi. é cortada á machina, no comprimento de 47 pollegadas para sacco, -que fica com as dimen- sões de 44"x22", sendo a costura feita pela partt interna, sobre bordos dobrados no tecido, cuja orla fica. idessa sorte, na bocca do sacco. A" aniagem, os argentinos dão o velho nome castelhano e portuguez de "serapilheira". El!a é importada em fardos d; 2. OTO jardas, ao preço actual de 37 rupias por cem jardas. Importa, também, pequena quantidade de juta bruta para o fabrico de alpercatas e outros arti- gos de pouco valor. Os Estados Unidos importam fibras textis de diversos paizes, na proporçáo de 30 íc de juta, CO usado para cereaes e outros productos dentro do paiz é de palha de arroz, industria esta muito notável e d|gna de ser introduzida em nosso paiz, quando fôr mais barata a mão de obra. Os preços dos saccos ness; paiz, em melados de 191S, eram de ISIOO para os saccos de cereaes, .S800 os de algodão para farinha de trigo e S30O os de palha de arroz. A Inglaterra, .Mlemanha, França, .\ustria e Bél- gica são mercados importantes de juta bruta, onde é manufacturada e exportada sob forma de pro- ductos variados. Dundee. na Inglaterra, é o centro mais antigo e mais importante da industria ds juta. De lá recebeu o Brazil, durante muitos annos, toda a aniagem para saccos, antes de ser ella fabricada no paiz. De Dundee sahem. actualmente, 43 ^'^ da juta /''/(/. .V/ — \'l\lii ilr mil ■•Jlili' Mill" Ciih iillii. iniislriiiiilii liiihiis l/c lh'(iiiirillf 50 ^'c de sizal do .México ou henequem e 20 Tf de fibras de outras procedências. Em 1916, receberam 116.442 toneladas de juta. no valor de 9.534.161 dollars e 221.128 de sizal. valendo 27.119.534 dollars. Além dessa importação de matéria prima, que entra absolutamente livre de direitos, compraram. em 1915. tecidos já manufacturados de juta com o peso de 240.000 toneladas e 442.000 em 1916, para occorrer ás necessidades da formidável co- lheita de cereaes, cultivados numa área de 600. 0?0 milhas quadradas, ou seja a quinta parte do ter- ritório do paiz . Em 1917, a producção de ce-eaes foi de 123 milhões de litros de milho. 25 milhões de trigo e 54 milhões de aveia. O Japão importa juta bruta para a fabrica de Kobe. assim como aniagem e saccos em pequena quantidade, porquanto ahi, como na China, o sac- manufacturada na Europa, equivalente ;a 12 % da producção manufactureira mundial. S-ACCOS. o que acima foi dito para aniagens, "mutatis mutandis", pôde ser applicado ao mer- cado de saccos. Os maiores consumidores de saccos são: a Aus- trália. Java. Cuba, Chile, .America Central, Egypto e .AfrJca do Sul. Só o Chile e Cuba precisam, annualmente, de 40 miihões de saccos, cada um, para exportação de salitre chileno e 3 1,2 milihões de assucar Cubano. Cada um desses paizes encommenda um typo especial de saccos e, para facilidade de sua con- fecção, as fabricas adoptaram os padrões constan- tes da "Calcuttá Standard", já iranscripto e onde se encontram todos es dados relativos aos diver- sos typos. !»22 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA Fifl. SS — Haleria de nilo ralilnins pinv jiniiliKfihi ./>• l de trigo, arroz, ou (|u:ilquer ()utra planta autogama, encon- traremos, jiortanto, diiversas liiilias pu- ni.s. Agora, si desejarmos sel(H-cionar esse arroz para augmentar a pr(>duc(;ão ou melhorar ;i (pialidade do producto, escolheremos, para o ]ilantio. s(')mente as (^spigas (|ue SC approximarem mais do nosso ideal, l^roseguindo nesta operação, actibai-emos jior oliter, em pouco tempo, o typo visado, xisto que se isolou uma //- nlia piiru. superior sob o nosso ]5(>nto de vista, isto é. ]tossuiiid(» os caracteres aci- A LAVOURA 423 ma referidos. Daqui em deante, a sele- a sua iimle imra. é ile alta rclmaucia c<;ão jterderá o seu A'alor, ()uer dizer, nãu ua aurieultura. Em liiM-al, é esta seleeeão ])i)di'rem(>s ()))ter mellidramento alf;uiii, (em massa) (jiie o aiiriculíor' prarica (■III i|iialidade, a mais do (Hie se obteve (piamlo i|iier mellioi-ar seus ])rodii(((is, até attin,!iirmos á separa(;ão da liiilnt sendo uma oiierarào (pie não toma muito jinrn . Tara eonsejiiiil-o, terenms que de- temi»", nem re(iuer conliecimentos de eii- Itender da liybridaijão, isto é, de uma re- licnesia, indis])ensaveis ]iara um traballio (•ondiina(;ão de caracteres, ou do appare- mais accurado e de resultados mais ef- cimento de iirnfarõcs, que não são mais ficazes. Al(''m disso, a se](>c(;ão em nrassa do (jup typos novos que surtiem brusca- O o ])rimeiro passo a dar, ]ielo hrccdvr ou mente (tlie(U'ia de De Vri(^s | ; são varia- tliremmat()lo!iista, (luamlo empreliende a (;(~)es sem continuidade, differiudo das va- tarefa de melhorar (lualipuM- variedade riaç(Vs continuas, cuja accumulayão re- commerçial. sulta no apparecimento de espécies novas A selecção em massa tende a isolar ty- (tlieoria de Darwin). Quando falarmos pos superiores; não deixa de ser, entre- da S(d(H-(;ã(> de plantas allosiamas, iusis- tanto, um ])rocess() mui leido. abandona- tiremos neste ponto mais demorada- do, boje, pelas esta(;ões experimentaes, a uiente. não ser como medida inicial, conforme Formados os typos sui)eri(uvs deseja- acima dissemos. A s(dec(^-ão em massa era dos, V s('> ter o cuidado de niantel-os pu- a aconselhada pela anti.ua escdla alb^mã, ros, não os misturando com sementes es- em conti-aste com a escola iuij;leza, que tranlias, cuj(» valor e pedijíree não são (b>nrrinava a sel(H-(;ão individmil . conhecidos. Ainda a este respeito, é con- veniente notar o seguinte: a tschcrão nn WIC.VTJ (i. TIOÍXIsíKA niit.-^.-^d. o\i a selec(;ão de um grande nu- A<>ronom(i ni('i'(> de indivíduos, sem procurar sepa- !-ai-os I selec(;ão individual | e conservar (Continíid ). iliiliiliiBliliiiuiiiiiiiiiiiiiiiliiliiiiiiiiiiiin9iiliiiiiiiiii:iiiiiiiiiiiiiiiii[|iiiniiii:iiiiiiiiiii!iiiiiiiii!iiiiiiiniiiiiiatiiniiii!iiiiliiiiifiiliiiiiliilíiliilniiiinliiiiiiiiliiliil(iliililllillll O FRIGORIFICO "S- PAULO" O maior e o mais moderno da America do Sul o director deste líoietim visitou, reccn- de augmentar e melhorar os nossos reba- temente, esse importante estabelecimento nhos, não poderá ter duvidas sobre o_ suc- p(n'teuceute á "Companhia Armour do .cesso (jue aguarda, em futuro não rerao- lirazil", prestes a inaugurar-se nas imu\e- to, a nascente industria, fadada a cousti- diações da capital paulista. tnir, ao lado do algodão e do café, as prin- Trasladamos para as nos.sa.s columnas cipaes fontes estáveis da riípmza nacio- as suas inipressí^ies sobre a pecuária e os nal. frigoríficos no lírazil, publicadas no "15ra- E' preciso conhecer o <|ue se está fu- zil Industrial" e subordinadas ao titulo : zeudo actmilmente, estimulado i»(do gover- , . .,. „ ., no federal, em rebu-ão á ac(inisi(;ào e tran- ' '^ I ■' 1 sporte de animaes, cujos s]iccimens das ly um facto (pie nmgueni hoje pôde, de ra(;as mais finas e variadas ri"'m sido in biKi fé, i)(')r em (huida (pie a industi'ia ]ie- troduzidos a pre(;os elevados no nosso \)A\í naria caminha a largos passos pai"a uma com o objectivo de refinar o nosso gado sitna(;ão' de prosperidade duradoira. creoulo. para ter uma idéa exacta do me- Quem acompanha o desenvolvimeato Ihoraiuvnto paulatino e seguro dos nossos da cria(;ão no Ilrazil e coniiece o (pU' se rebaidios, (Mpial jielo cruzamento vae sen- ha feito nestes ultinuis tempiis no sentido do o mais anima.dor. HZt BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGKXULT. Para eíois as estatísticas alii estão como demonstração inso])liismavpl. deu ao Brazil, o logar que de direito lhe com- jiete entre os poucos, paizes exportado- res de carnes, no numero dos (juaes, até ao começo da guerra européa, não figu- rávamos e, enti-etanto, liojp. formamos ao lado dos maiores ex])ortadores. Os ca]iitaes nacionaes têm-se inte- i"essado muito no negocio de frigorifica- ção das carnes, havendo em Barretos e Santos, no ]<]stado de São Paulo, e em Pelotas, no Kio Grande do Sul, estabe- lecimentos fuuíbidos exídusivamente pela iniciativa brazileira, os quaes A'ão pros- perando á sombra da sviii]iathia dos mer- cados esfi-angeiros, em (|ue os .seus ])ro- ductos se hão recommendado até aqui pela excellencia da qualidade. Aí testa dos frigoríficos de S. Paulo está o génio emprehendedor de Roberto Simonsen, engenheiro da nova geração que A-em de visitar as mais importantes installações frigorificas do Reino Unido, onde bebeu inspirações para novos sur- tos das emprezas que, em bôa hora, fo- ram confiadas á sua competência e ho- nestidade profissionaes. Sob o influxo da Companhia :Mecha- nica e Importadora de S. Paulo, pionei- ra no movimento de exportação de car- nes, que mais do que o interesse mercan- til preza, nessa questão de exportação dos nossos jiroductos de p(?cuaria. o lado nacional dn proldema, os frigoríficos de S. Paulo, em franco funcciímamento, \ão conti-ibuindo effccientemeute ]tara os Ixjus créditos do Brazil nos mercados da Europa, onde a propaganda, ]ior cila mantida, tem trazido reaes vantagens ao futuro de uma das nossas reaes e mais importantes fontes de ]>rodncção exjíor- tavel . Ao lado desse movimcMito, a acção dos Irigoriticos ameiicauos <1(^ Swift, nas cidades do Bio (írande e SanfAnna do í-i via mento. "Continental l*roducts", em S. T'aulo, yho se formando os elemen- tos de consumo para a lirande massa de ]u-oductos (|ue as exigências mundiaes dos mercados im]>õeni e o progresso do Brazil exige. Venho de visitar, na miulia recente viagem á capital paulista, um dos maio- res frigoríficos que tenho visto em excur- sões ás republicas ])latinas e á Europa. Pouco menor do que o .seu liomony- mo, de Chicago, pertencente á mesma companhia americana "Armour", de fama mundial, ergue-se nuijestosamente ha 11 kilometros da metrópole paulista o frigorifico S. Paulo — com a capaci- dade par.a matar diariamente 2.000 bo- vinos. (5.000 suinos e l..")00 caprinos. Corte: R.efre.scador 3.fi00 bovinos; 2.1(10.000 Ibs. de carne — :\fa(ança de 3 dias. Congelador: l.í)80 bovinos — .... l.ir)0.00() Ibs. de carne — :\ratanca de 10 dias. Deposito: Refrigerador: !1.2.")0 bovi- nos — ã..">0.000 Ib.s. de carne — Ma- tança de 12, 3 dia.s. Total do deposito de carnes : 12.000 suinos, 3.200 ovinos (450.000 Ibs. de car- ne — Matança de meio di.a). Camará preparadora: — 3.4(>0.000 Ibs. de carne S. F. ou S.77r>.000 carne D. S. Salchicha fresca: .^.000 Ib.s. por dia; salchicha secca: 10.000 Ibs. por dia. Fabricação de gelo : 1.50 toneladas por dia — Deposito de gelo 700 tonela- das por dia. A LAVOURA -2!25 Vagues nu plataforma Tle oarrega- luento de carue: 1!» vagrics (jiie podem sei* reservados no armazém di- gelo; 80 va- gões, inclusive, na plataforma de cndiar- qne. Para ter-se idéa da grandiosidade desse estal)elecim<'nto industrial, hasta considerar (jne a sna construcção exigiu 11.000.000 de tijolos communs; '. . . 1.7Õ0.000 ladrilhos; fiO.OOO barricas de cimento com 2r>. 820.000 llis. de peso; 2(!.000 jardas cubicas de i)edregullio ; 23.000 jardas cubicas de areia; l.õOO toneladas de aço reforçado; 2.000 tonela- das de aço para construcção; 000.000 Ibs. de cortiça granulada, com 1.28.1.T0O pés cúbicos; 4.000.000 de pés qnadradf>s de madeira; 500.000 ll)s. de pregos; 3.800 vidraças; 30.000 pedaços de vi- dros quadrados; 13.450 metros quadra- dos de metal em folha; 4.000 metros ((uadrados de canos m sacrifícios, afim de corres- jionder ás es])eranças bem fundadas da Nação, se revelou de modo tão surpre- hendente e animador. HANNIBAL PORTO. Illilllllllllllllllllllllliillil iliiliiliilitliiliiliililliil)iliiiiiliiiiiiiiiiiiniiiliii:iiiiliiiiiiiiliiliiliiliili!liiiiiliiiiiiiillilliliililiiiiMiiiiiiiiiiii(iiiiiiniMlllllllMliiliiliiilliiiiiiiiiin Apontamentos sobre as nossas príncípaes for- ragens nativas e cultivadas (COiNTINUAÇÃO) II. CAPIM JARAGUA' OU PROVISÓRIO (An- dropogon rufus Kunth) (Fig II) (Sapé gigante em Matto Grosso, Capim vermelho em Goyaz) — E' um ■capim espontâneo dos campos agrestes de Goyaz, Matto Grosso e Piauhy, vivaz, de porte elevado e erecto, produzindo, quando" novo, toiças de abun- dante folhagem, que o gado comiS com voracidade. Multiplica-se por sementes e por mudas, ou filhos. Dá-se muito bem nos terrenos argillosos frescos. Serve também para feno, principalmente antes da floração. lE' um pasto que exige a queimada iodos os annos, depois do que brota robusto e viçoso, fornecendo ao gado bôa forragem. Em terras fér- teis, o Jaraguá supporta e exige mesmo muito gado nas pastagens, afim de evitar o crescimento rápido e a floração precoce. Resiste mais ás seccas. O feno do Jaraguá fa- vorece a producção da carne, pela riqueza em po- tassa (0,499) e em cal (0,139 °|"). Segundo as analyses feitas no Instituto Agronómico de Campinas e experiências e cálculos do dr. Afhanassof, quando director do Posto Zootechnico Federal, é esta a com- posição chimica deste caipim, antes, durante e depois da floração, bem assim do feno, antes e depois da floração: Forragem verde — Total dos princí- pios nutritivos digestiveis (antes) — 15.6, rela- ção nutritiva 6.8; (em flor) 12.9, rei. nutritiva — 20.2; (depois) — 20.33, relação nutritiva — 25.0. Feno (antes) — total dos principies nutritivos di- gestiveis — 47.8, relação nutritiva — 10.4; de- pois — 55.03, relação nutritiva 15.4. Pela sua rusticidade e relativo valor nutritivo, depois das queimadas, antes de florescer, é uma gramínea própria para as grandes invernadas, uma vez asso- ciada ao capim gordura e outros e a boas legumi- nosas. Si os criadores pudessem evitar as quei- madas dos pastos do Jaraguá, roçando-os quando muito desenvolvido e depois da floração, seria um benisficio para as terras; isto, porém, talvez não consulte o lado economicj do problema. 12. CAPIM COLO'NIÃO OU MILH.4 ROXO (Paspalum virgatiim. var. conspersum Linn.) (Fi- gura 12) — Este capim, como outros muitos do miesmo nome vulgar e com alguns caracteres com- muns, differindo apenas no colorido das flores e sementes ou na vestimenta pillosa do talo e das folhas, é próprio, em geral, das terras frescas, bai- xadas e beira de córregos, fornecendo bastante matéria verde para alimentação dos animaes. Flo- resce muito e se propaga facilment;, podendo ser- kZb BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA vir ipara corte e fenação antes da flor. Apresenta a seguinte composição: — Matéria azotada — (ns substancia seccal 0.07, subst. graxa — 1.45, mat não azotada — 35.14, mat fibrosa — 5.4i, mat. orgânica 68.07, com a_ relação nutritiva de 1:6.4. As outras espécies de milhas, já analysadas e tidas como boas forragens, são: MILHA BRANCO, (grande) — Paspalum griseiim Hack. (Do Paraná e S. Paulo», MILHA — Paspalum intermedium Muncro, de Batataes (S. Paulo), MILHA ROXO (outro) — Pasp. malacophyllum Trin, MILHA DOIR.ADO, Pasp. aiireum Trin, de S. Paulo, Minas, etc, MlLHà BRANCO OU DA COLÓNIA (outro) Pasp. dcnsum Poir, COLONIÃO (outro), Panicuni altissimum Brous. MILHA DO C.AMPO — Panicum Cruz Ardcae Wild, MILHA DO CAMPO CULTI- VADO — Pan. Laeve Lam, MILHA DO BREJO — Pasp conspersum Schrad. De todas estas espécies de milhas o Instituto Agronomi:o de Campinas tem feito analyses e culturas experimentaes, para orientar os criadores na escolha desta ou daquella variedade, que melhor se adapte ás differentes zo- ! "^W I \ J i-".i II /■'///. rj nas do norte e do sul do paiz. Em geral, estes capins não resistem ao frio intensa, de modo que são forragens para logares de climas moderados, não são capins rústicos, a não ser talvez que, em culturas especiaes. modifiquem as suas qualidades nativas e as condições .vegetativas. 13. PASTO IMPERIAL — Paspalum scoparium Fliigge (Fig, 13) — Esta graminacea alta, que se suppunha originaria da Columbia ou da Venezuela, mas, verificada como existente em quasi todos os Estados do nosso paiz, depois que iicou determinada botanicamente, é, entreranto, pouco conhecida, ape- nas, citada, com o nome As Capim de ieso, no es- tudo da flora campestre da Ilha de Marajó, pelos Drs. Chermont de Miranda e Huber. E' uma gra- mínea alli de pouco crescimento nas terras areno- sas; ao passo que, em geral, é exigente e prefere terrenos frescos e férteis para attingir todo o seu vigor vegetativo. Cultivamol-a para obter flores e ser determinada no Aíuseu Nacional pelo especia- lista Sr. Dr. Geraldo Kuhlmann, que já a possuía no herbario da Commissão Rondon. Vulgarizado pelo Sr. Dr. António d'01iveira Castro, verificou-se que o Capim imperial, é nativo desde o Amazonas até Montevideo, aipresentando quatro variedades, a saber: a) — sem pellos,^) — pillosa, c) de flores pequenas, d) — de folhas estreitas, disseminadas, .?omo a espécie 'typica, pelo Brazil quasi todo. Cresce em toiças até mais de um metro de altura e floresce sem modificação sensível de sua phy- sionomia, conservando sempre o colorido verde- glauco em sua farta folhagem, inclusive a ma- cieza dos tecidos. Tem folhas largas e longas, bai- nha espessa, perfilhando abundantemente de bai- xo a cima. Em pleno vigor, os colmos semelKam-se aos do sorgo novo. Floresce em paniculs relati- vamente curta, porém ampla, com as egpigâs ás vezes encaracoladas. Propaga-se faicilmente por filhos e por sementes, resiste aos rigores do calor sem alteração, e provavelmente supporta o frio. Parece-nos uma gramínea excellente para corte, sendo preciso fazer experiências e analyses quanto á fenação. Em todo o caso, as plantas que conser- va!nos em herbario rescendem agradável aroma. .Analvsada depois da floração, apresentou os se- guintes dados — Elementos digestiveis na sub- stancia secca: — Mat. azotada 6.64 °|°, mat. gra- xa 2. 10. mat. não azotada 37.33, ma;t. fibrosa 21.82. mãt. org. 67.89, relação nutritiva — 1:6.4. Da analyse comparativa feita pelo Instituto Agro- nómico de Campinas (Boi. de Agricultura do Es- tado de S, Paulo. n. 7 — Julho de 1910) do Capim imperial com o Gordura roxo. o Favorito, o Mimoso, o Jaraguá. o Sorgo, o Milha e outros, só o excedem em proteína digestivel o Capim Mimoso (7.07) e o Sorgo (6.83). O capim imperial, por nós fornecido ao Laboratório de Analyses do Museu Nacional, analysado pelo Sr. Dr. Alfredo de Anarade, deu em mat. azotada — 7.70 °]° com relação nutritiva de 1:6,75 (em flor). 14. CAPIM FINO DE FOLHAS LONGAS ican- narana fina no Pará) — Panicum appressum Lam- (Fig. 14) — Este capim, encontrado nas baixadas no Rio de Janeiro e nos Estados do norte, prefere os solos argillosos e tem caracteres de forragem bóa, como o CAPIM FINO OU DE PLANTA (Pa- nicum numidianum Lam. — "Pará Grass", que não é o verdadeiro CAPIM DE ANGOLA, mais raro entre nós [Panicum spectabile N. ab Es.), bem dif- ferente um do outro e com os quaes se tem feito muita confusão. E' uma forragem muito procurada pelos animaes, sempre vigorosa, de hastes lisas e folhas longas e estreitas, muito delicada e macia, quer antes, quer depois da floração, de paniculas alongadas, espigas espaçadas e unidas ao pedún- culo. E" considerada no Pará forragem muito bôa. Entretanto, por ora nada mais se pôde dizer, em- quanto não fór analvsada e submettida a outras provas e ensaios. Parece prestar-se, como o Capim fino. a corte; e como tem as hastes molles e rriais finas, dará talvez bom feno. Vamos cultival-o em maior escala para ulteriores estudos. Distingue-se facilmente do Capim de planta, por ser :"ompleta- mente liso no talo e nas folhas, ter estas mais es- treitas e longas e a panieula floral com as espigas A LAVOURA 427 espaçadas e unidas ao pedúnculo. Esperamos ohter sementes, para maiores culturas no Posto Zoote- chnico Federal e no Instituto Agronómico de Cam- pinas. Quem está acostumado a estes estudos é que pôde reconhecer os caracteres específicos dos diffe- rentes capins que se approximam. .Assim, por exem- plo, tem havido confusão entie o Capim fino vul- gar, capim chamado de planta, de corte, o mais es- palhado por todo o Brazil em extensos capinzaes para animaes de cocheira ou estabulados, com o verdadeiro CAPIM DE .ANGOLA (Panicum specta- bile N. ab. Es.), raramente encontrado no sul e mais con^mum nos Estados do Norte. Desde 1908, o Instituto Agronómico de Campinas analysou as duas espécies, determinando-lbes as differenças. O Ca- pim de Angola verdadeiro, introduzido da .Africa desde os tempos coloniaes, é cultivado nas bai- xadas e cresce subespontaneo em vários pontos do paiz, ás margens do Amazonas e do Guaporé, as- sim como em Pernambuco, na Bahia, no Ceará e nas Guyanas e índias Occidentaes. E' um capim de hastss mais erectas, grossas, pillosas nos nos, folhas mais largas e mais compridas que as do Capim fino (P. numidianum N. ab Es.). O Capim fino. ,além de tudo, tem as espigas e semtníes arro- xeadas. Si bem que de fraco valor nutritivo, plan- tado em solo fresco, este capim dá com rapidez muitos cortes annuaes e grande quantidade de for- ragem verde. Sua composição inferior se deduz das analyses feitas, que aacusam a relação nutritiva de 1:10, 1 :I3,2. Ao passo que o Calpim de ANGOLA LEGITIMO (P. spectabile) apresenta, pelas analy- ses, uma forte proporção de matéria azoSada e a relação nutritiva de 1:3.1. Além destas gramíneas forrageiras, que acima es- tudamos, algumas de campos nativos, outras culti- vadas, abundam em nosso paiz capins de outras espécies, uns conhecidos e analysados, outros ape- nas mencionados nas floras. .Mgrns são, entretanto, dignos de valor e já empregados com vantagem na alimentação dos animaes. Dos existentes nos cam- pos nativos, de fraco valor forrageiro, considerados mesmo como pragas, os mais communs são, quasi sempre de terras arenosas: 15. BARBA DE BODE {Aristida pallens Cav.) — de S. Píulo, Rio Grande, etc, que o gado aprecia quando brotado de novo, porque, neste estado, antes da floração, apresenta a relação nutritiva de 1 :4.2, ao passo que, depois da. floração, esta relação é de -- 1:10.0, quer dizer, o capim neste estado pouco alimenta. Nesta classe está um outro B.\RBA DE BODE da Mantiqueira {Sporobolus argutus Kunth), cuia relação nutritiva, pela analyse, deu apenas — 1:10.2. Da mesma ordem é um outro BARBA DE BODE {Andropogon condensatus H. B. K), de terras seccas, que o gado só come quando novo, e muito commum nos campos do Rio Grande e Minas (Diamantina). E' pasto inferior também, com a re- lação nutritiva de 1 :9.36. A esia mesma categoria se juntam — um outro BARBA DE BODE, dos campos estéreis de Minas Geraes e outros Estados — Ctenium cirrhosum Kunth de fraco valor nutri^tivo, o Capim limão, do Rio Grande do Sul — Elionurus cândidas Hack., frequente nos terrenos de dunas, pasto magro re- cusado pelo gado; o Capim membeca — Andropogon virginicus L., commum a vários Estados C6) ; o Ca- pim branco ou Pasto branco ou Morotó. — Andro- pogon glaucenses H. B. K-. muito commum em Mi- nas, Goyaz, S. Paulo, etc, de fraco valor nutritivo e que nem resiste ao piso do gado; um outro Barba de bode ou Rabo de burro, de diversos Estados, — Andropogon Paniculatus Kunth., só acceito pelo gado quando brotado de novo, e o Capim chatinho, que nos parece ser o mesmo Baiba de bode — A. condensatus H. B. K., formando a forragem quas. exclusiva dos cerrados do interior de diversos Es- tados, onde constitue tapetes de verdura, muito apreciada ipelo gado, depois das queimadas dos campos. Entretanto, com o nome de Barba de bode — Era- grostis reptans Nees, ha na Ilha de Marajó uma gramínea relvosa, propr'a dos campos baixos, nos solos argillosos, resistente ás seccas e que é, prin- cipalmente para os cavallos, excellente forragem. ' TW Hf- «MB '' vl í^0'i I luj. l:{ Fi(l. I'i (fi) Estu capim existe nos Estados Unidos, onde. ti[|iiliiliiiij|iiiiiiiiiirii:iii|iiiii|iiiiiiiilijiiiiilMllllllllllliliilMlHlliliillil Commercio exterior do Brazil Os dez primeiros mezes do anno de 1920 Os dados referentes ao commercio exterior, nos dez primeiros mezes do corrente anno. demons- tram que a exportação augmentou em quantidade e que, quanto ao valor, só é inferior ao movimen- to correspondente em 1919. O "deficit" não foi, portanto, -occasionado pela baixa -da exportação e sim pela alta da importação. O valor da importa- ção vem -augmentando de mez a mez, com pe- quena alternativa no correr do anno, e si o da ex- portação decresceu em consequência da baixa dos nossos productos, nunca ficou abaixo da do mesmo mez nos annos anteriores a 1919. A quantidade da importação tem sido a seguinte, de mez a mez, no correr do anno, até Outubro, em comparação com 1919: mos abaixo e que accentua, ainda mais, a tendên- cia que registámos: Toneladas .laneiro. . Fevereiro. Março. . Abril. . , Maio. . . Junho. . Julho. . . Agosto. . Setembro. Outubro. 1919 218.520 194.802 223.011 248.084 241.726 310.284 254.871 234.588 218.533 261.976 1920 163.735 246.811 259.569 248.084 354.115 228.722 313.459 258.866 289.294 326.063 Total 2.374.970 2.688.719 O valor correspondente em libras foi o que da- 1919 Libras 1920 Libras Jana-iro 6.000.300 6.520. "0-) Fevereiro 6.775.000 8.641.000 Março 6.559. ]00 7.645.00(1 Abril G. 204. 000 8.278.000 Maio 4.288.000 13.981.000 Junho 7.939.0:0 9.578.000 Julho 5.183 13.762.000 Agosto 7.43.'>.000 12.857.330 Setembro 7. 050. COO 12.620.1100 Outubro 6.733.000 12.944.000 Total 64.148.000 100.826.000 Entretanto, o m-ovimento da exportação tem sido feito num sentido contrario, e, embora pequenas alternativas, com tendência para baixa quanto ao valor. O confronto do valor da exportação é neste sen- tido muito significativo: Janeiro. . Fevereiro. Março. . Abril. . . Maio. . . 1919 Libras 8.814.000 10.859.000 10.923.030 10.296.000 8.888.000 1923 Libras 12.272.033 10.930.000 13.854.000 10.621.000 9.932.000 A LAVOURA k3S — [unho 4.348.000 9.368.000 julho 12.256.000 7.098.000 Agosto 13.613.000 7.536.000 Setembro 10.053.000 7.219.000 Outubro 12.753.000 7.472.000 O primeiro 'trimestre rendeu, no anno passado, mais do que o anterior em libras, por cauça da alta do cambio, mas depois este factor desappareceu. Entretanto, as remessas não diminuíram. E" o que demonstra o seguinte confronto quanto á quantidade; 1919 1920 Janeiro. . Fevereiro. Março. . Abril. . . Maio. . . yunho. . Julho. . Agosto. . Setembro. Outubro. Tonelada^ 193.705 147.483 177.273 117.800 179.256 178.336 157.649 162.653 13S.624 199.737 149.408 193.356 144.327 178.930 136.660 187.038 141.882 159.610 168.362 215.793 Assim, foi a alta da importação a causa do des- equilíbrio da balança mercantil, cujos effeitos vão se fazendo sentir em todo o paiz. A persuasão de que os ar-tigos principaes da nos&a ■ exportação continuariam em alta, fez com que se sacass; demasiado sobre o futuro, fazendo novas .requisições no ex.rangeiro e acceitando no'- vos oifferesimentos. Em Outubro, ultimo mez que a Estatística Com- mercial alcança, ainda não tinha attingido no Bra- zil toda a influencia da deflação, mas. como já nr .;mos, a baixa de preços já era notável e factor da desvalorização de uma expo/tação, de facto ni-rior em volume. .4. té essa data, verifica-se a baixa em relação ao mesma período de 1919 do valor médio da tonelada exportada das carnes congeladas, do xarque, do ■niangani'z, da borracha, do caoáo, do café, da cera de carnaiiba. da farinha de mandioca, das frutas de mesa, dos fructos para óleo, do fumo. Accusam alta a banha, a carne em conserva, :os couros, a lã, as pelles. o algodão, o .arroz e o assucar. Vê-se que o que dá a media alta a estes -trez últimos productos são os primeiros niezes, porque agora estão crihindo. De modo que, com excepção do algodão do arroz e do assucar, cuja média de preço até Outubro ain- da ena de alta, todos os artigos cujas remessas para o exteri^or augmentaram, regislam deprecia- ção de cotação. Isso contribuiu para que, apezar de uma exportação em peso maior do que a de 1919, o seu valor em 1920 ficasse muito abaixo. No anno corrente, consignam augmento de vo- lume na exportação, em relação a um anno "re- coid", como o de 1919, as carnes congeladas o xa'..Tue, o manganez, o algodão em ramia, o arrk)z, o assucar, as frutas de mesa, herva matte, madeiras e olíos vegetaes Todos os outros quinze, dos vinte e cinco princi- paes artigos da nossa exportação banha, carne em conserva, couros, lã, pelles, sebo', borracha, cação, café, cera de carnaúba, farinha de mandioca, fei- jão, fructos para óleo, fumo e milho, entre os quaes estãiO dos mais importan:es, estão em baixa, mesmo quanto á quantidade das remessas. De café, até Outubro, tínhamos enviado maior quantidade do que em 1918 e 1917; periodo da defesa e de resistência dos "stocks", menor, po- rem, do que nos outros :ann.os. Comparando as sabidas de café nos dez primei- ros mezes do corrente anno, com as do mesmo pe- riodo de todo o quinquennio, chega-se ao seguinte resultado: Saccas 1916 10.296.030 1917 8.930.000 1918 6.640.000 1919 11.273.000 1923 9.566.000 O valor do movimento deste anno é, ainda, muito alto e mostra como os preços estão ainda muito e muito acima da média. Allegam, porém, os pro- ductores que o custo da producção subiu tantio, que essa alta não corresponde, em remuneração, a pe- ríodos de cotações mais baixas. Assim, em r:laçâo ao quinquennio, só em 1919, a média de preços foi superior a 1920. Tanto que o valor médio da sacca exportada foi, d; 1916 a 1920. o seguinte: lOifi'. 45$000 1917 42S000 1918 4.2S000 1919 95S000 1920 77-"í3:0 O valor do total da exportação do café attingiu a 740.490:OOOS nos dez primeiros mezes, assim muito acima da niossa média geral, mas ficou abaixo do anno passado, como se verifica do seguinte con- fronto: Em libras 1916 461 . 130:GOOí00O 22.943.003 1917 378.189:300.^000 19.609. :'00 1918 272.032:000>Ono 14.49^.003 1919 - 1 .075. 379 :00"«00) . 62.392.030 1920 740.379:000.-^033 47.713.000 Por ahi se yè eon:o foi violenta a valorizaçãio de 1918 para 1919 e como se deu em 1920 uma queda, que não foi, aliás, proporcional á subida anterior. Os dados estatísticos demonstram ser, ainda, muito pvecaria a situação da borr-acha. A hcvea famosa, que já foi o nosso segundo artigo no va- lor da exporliação, passou es;e anno para o sétimo logar. Por isso. a baixa da borracha é mais accen- tuada do que em outra qualquer região do Brazil. O movimento bancário dos dois Estados, no ex- trcii^jo Norte, apezar da inflação em todo o paiz. accusa diminuição de valor em todas as suas ver- bas. De Janeiro a Outubro a exportação de borracha foi de 20. 182 toneladas, quando, no mesmo periodo, attingiu a 28.700 em 1919 17.1)2 em 1918, 28.700 em 1917 c 25.799 em 19 Í6. Os preços cahiram muito. Uma tonelada de bor- racha que, posta a bordo, valia, na média, em 1916, 4:778.S passou a representar 4:349'í em 1917, 3:165S em 1918, 3:187.S em 1919 e 2:574$ em 1920. .^ssim, o valor total da exportação da borracha desceu da seguinte forma: Em libras 1916 !23.270:330,SOOO 22.943.000 1917 1.24. 817 :000S00O 19.609.000 1918 54.129:O0OS033 14.498.000 1919 91.942:0i)O,S00O 62.092.000 1920 51 .955:030-'!i000 47.318.000 ^3H BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA Revelam augmento notável o manganez, a carne congelada, o algodão em rama, o arroz e lo assucar. Exportámos, este anno, de Janeiro a Outubro, (i2. 1(33 toneladas de carne congelada, contra 48.7(3(3 nos mesmos mezes do anno passado e 377.468 to- neladas de manganez contra 165.938. O augmento do algodão é devido á exportação, p:lo porto de Santos, do producto paulista. O au- gmento é proporcionalmente muito grande. Nos dez primeiros mezes do corrente anno, foram remetti- das para fora 23.520 toneladas de algodão em rama contra, no mesmo período, 4.405 em 1919, 2.109 em 1918, 5.378 em 1917 e 463 em 1916. Os preços subiram tantio que nos primeiros me- zes 10 algodão passou a figurar, quanto ao valor, em quarto logar na nossa exportação geral. Assim, o valor da exportação no periodo estudado tem sido o seguinte nos últimos cinco annos: Em libras 11116 889:000$000 45.000 1917 13.305:0)3><00ii 695.000 |i)I8 7.942:000SO0O 425. (Mv) 1919 I3.687:0(t0S0J,T 797. OOJ 1920 77.874:0005000 5.376.000 Os preços subiram até Outubro e. assim, o valor mcdio da 'tonelada passou de 1 :919S em 1916, de 2:474S em 1917, de 3:765¥ em I91S, de 3:107S em 1919 a 3:3315 em IP2D. Dissemos que o algodão em rama fora, nos dez primeiros mezes dio anno, o quarto producto no quadro dos valores da exportação. O segundo foi o arroz e o terceiro o assucar, cujo valor é quasi egual ao do algiodão, sendo mais verdadeiro dizer que algodão e 'assucar estão na mesma posição. O interessante a consignar é que o arroz, que ainda em 1931 importávamos, passou a ser este anno. quanto ao valior e á quantidade, o segundo producto dos nossos quadros de exportação. De facto, de Janeiro a Outubro, exportámos I2.1.2I2 toneladas de arroz, quando, nos mesmos mezes, a exportação foi, em 1919, de 21.589, em 1918. de 25.342, em 1917, de 33.884 e. em 1916, de 74. "00. O valor correspondente foi o que damos abaixo: Em libras 191(i 889:0005000 45.000 1^17 17.955:03)5000 (395.000 lt)18 ' .... 16.653:000'<000 425.000 1919 14.318:(3005030 797.000 1920 87.292:000503 3 0.376.000 O valor médio, por tonelada, subiu nesse periodo de 419,5. em 1916, de 5305, em 1917 de 6575, cm 1918, de (363><, em 1919 e de 7055 em 1920. 4ssim, temias, como estes exemplos mostram, sirandes possibiLdades que cuinpre aproveitar. A nossa crise será passageira, porque a cxpor.'açào tende, apezar de tudo, a subir, e vamos creando novas fontes de ouro. (Do "Jornal do Commercio", ed. matutina.) ■ Illllllillllilllililllll1lllllllfll|{llllllllllllllllinil1lllllll:illlllllltlilllll1llltllllillHli;l'llligii|i[|;i(ii|i;Bii|:iflii|iil, l'!|i!llll1!BIIBIll'ieHlnlll BI B!il'iBIIBIiaiiBliBIIBtlBH SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA ANNUIDADE. 20$000 - Os sócios quites recebem — giatiiitaiueiite A LAVOURA Pedir estatutos 15, Ilu.*i 1° de Março - Rio de Janeiro JII|[^IIIIIMIIIU]||IIIIIIIIIIC]lllllllllllinilllllllllllt]UJIIIIIMIIC]IIIIIIIIIIIIC]llllllinillC]IMIIIIIIIIII)MiniMIUIC]|lllllllllll[]IIMIIIIIMinillMIIII»inH I INTITUTO EVANGÉLICO j j Escola Agrícola de Lavras j I FUNDADA EM 1908 , | I A Escola Agrícola de Lavras, situada na cidade deste nome no Estado de | I Minas, pffereee um curso completo de agronomia, conferindo o titulo de "Agro- • | 1 nomo", sendo os diplomas acceitos para registro na Secretaria de Agricultura | I do Estado de Minas, em virtude da Lei n. 690, de 10 de Setembro de 1917. | I A Escola possúe prédios, fazenda modelo, criações e lavouras adequadas | I ao ensino dispondo de uma congregação idónea. | i O curso é feito em quatro annos, sendo necessário para a matricula, o | I exame do quarto anno do Gymnasio de Lavras, ou que sejam prestados exames | I de admissão das matérias equivalentes. , 1 I Exigem-se 6 mezes de pratica nos serviços da fazenda para o alumno | I ser diplomado. i 1 I Curso pratico de um anno. | I Para informações e prospectos da Escola, dirijan'.-se ao Director da Escola i 1 Agrícola de Lavras, Minas. 1 l-eitões DiU'oe-.Tersey — Export.nlos pela Es- cola para o Para.ijiiay, em Julho >'*i!!>"''>"iiiiiiii>iiiiniiiiiiiiiiiiuiiiiiiiiiiii[]iiiiiiiiiiiiE] iiiiiiiniiiii iiciiiiimiiiiiciiiii iiiuiiiii KiiiiiiiiMiiiniitiiiiiiiiitiiiiiii iciiiiiiiiiiiiitiiiiiiiiiiiiiniiii? 21lllllllllllllllllillllllllliUllllllllllli:iilllllll!l!lll!lllllllll>lllllllllilll'!'lll!l^lll1!lll!l^^ NOf uuUu illíllluUljnO ÀU UM MAONJFICO TRACTOR Experieíicias do Tiacloi* xAíoiiiifcli o f raíor fvlonarch Os Srs. Brandão Prado & I., represen- tantes dos Srs. Dolabella & Guimarães, rea- lizaram ultimamente, na cidade de Cam- pos, uma série de experiências com o TKA- CTOR MONARCH, que resolveu efficien- temente o problema da lavoura mechani- ca e do transporte por esses magníficos tractores, cujos característicos são os se- guintes : Força — 20 X 30 H. P. Velocidade — 3 avante e uma marcha a ré. . . _ ^ ^K Motor — 4 cylindros Typo — Esteira (systema tank). Peso — 3.357 kilos. Combustível — 8 ks. por hora. Qualidades do combustível — Gazoli- na ou kerozene. Os trabalhos foram realizados com um arado de 4 aivecas, typo Olíver, com um de 3 aivecas, typo Emerson, com um de 5 discos, typo Emerson. , A terra foi tombada com uma profun- didade media de 25 centímetros, sendo a marcha do tractor, puxando o arado de 4 aivecas, de 2.500 metros por hora, e com III em acção o de 3 aivecas, de 3.620 metros. O tractor revelou ainda sua firmeza e força recor tando a terra tombada com o arado de 3 aivecas, deixando um trabalho completo e perfeito. Para tracção o Monarch provou ser o melhor typo de tractores conhecidos, principalmente pela sua facilidade de lo comoção. Entre o grande numero de pessoas que assistiram ás experiências nos lembramos de ter visto os Srs. usineiros: João Soares, Palaride Mortari, Carlos Belle, Manoel Ferreira Machado, Domingos Vianna e Coronel Germano de Castro. Este ultimo usineiro teve para com o Sr. Dolabella a seguinte phrase: O seu tractor, além de ser o melhor que tenho visto, o seu trabalho de tombar a terra é o mais perfeito que já vi. O Sr. Brandão, chefe da firma Bran- dão, Prado & C, foi incansável para com os seus convidados, concorrendo para o bello êxito da experiência. Nossos effusivos parabéns aos Srs. Do- labella & Guimarães. ^imiinmiiiiiiiiic}iiiiiiiiiiiiiiiiii[]i iiiii[}iiiiiMiiiii[]iiiiiiiiiiii[]iiiiiiiiiiii::iiiiiiii)iii[]iiiiiiiiiinc]iiiiiiiiii!U}iiiMiiiiiiit]iiMniiimniiiiiiiiiiiic]iiiMiiiiiii[]Miiiiiiiiii[]iiiiiiiin^ BORLIDO MATA AC. Casa fundada em 1878 IMPORTADORES e EXPORTADORES Ferragens, Tintas. Óleos, Arame farpado. Carbureto,. Tubos para agua. Correias legitimas Diclc's Balata, Gradas, Lubrificantes. — Grande variedade de .Materiaes para Lavoura, Industria, Fabricas e Estradas de Perro. Mostruário ^permanente de seus artigos no Salão da Sociedade Nacional de Agricultura íDEPOSITARIOS do poderoso carrapaticida "Dermaphtol'", contra o carrapato e o preservativo da "febre aphtosa". Formula do conhecido criador Dr. Eduardo Cotrim. "Vaporite" insecticida, efficaz contra os insectos da terra. Ageníes do importante livro sobre pecuária "A Fazenda Moderna", do Dr. Eduardo Cotrim, Guia indispensável do Criador de gado. "Olsina" a única tinta sanitária reconiniendavel. 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STOL TZ & C. ! I Secção Technica — AVENIDA RIO BRANCO, 66=74 — Rio de Janeiro | s Casas Fitidcs cm S. Vaulu, Siiiilos c l'r.. 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Art. 9" — Os associados deverão declarar o seu dese.ji) de jjartieipar dos trabalhos da Sociedade. Os demais sócios deverão ser pro- Ijostos por indicação de qualquer soeio <;• a apresentação de dous membros da Directoria e ser a-ceitos por unanimidade. .\rt. 10" — Os sócios, qualquer que se.ja a cate.goria, poderão assistir a todas as reuniões sociaes, discutindo e propondo o qu-? .julga- rem conveniente; terão direito a todas as iniblicações da Sociedade e a todos os servi- ços que a mesma estiver habilitada a prestar, independentemente de qualquer contribuição csiiecial. s 1" — Os associados, por seu caracter de conectividade, terão preferencia para os re- feridos serviços e receberão das publicações da Sociedade o maior numero de e.\cm])lares de que esta i)uder dispor. ,í 2° — O direito de votar e ser votado oii- deutis, os quaes não poderão receber votos |iara os cargos de administração. .5 3" — Os sócios perderão somente seus di- reitos e,:i virtude de espontânea renuncia, ou quando a asscmbléa geral resohei- a sua ex- clusão por pi-oposta da Directoria. Capitulo VI do Regulamento .\rt. 18 — A Sociedade prestará seus ser- \ iços, de preferencia, aos sócios e associados ciuando estiverem quites com ella. .^rt. 19 — A jóia deverá ser paga dentro dos prini.:'in>s três mezes após a sua accei- tação. .\rt. 2fl — -As annuidades poderão ser pa- .ías por prestações semestraes. .Art. 21 — Os sócios e os associados pode- rão remir-se mediante o pagamento das quantias de 2(in.$00n e ÕIHWOOO. respectivamen- te, feito de uma só vez e independente de ioia, que deverão pagar em qualquer caso. .\rt. 22 — Os sócios e associados não po- derão votar, nem receber o diploma, sem te- rem pago a respectiva .jóia. .í 1° — O sócio, que tiver pago a jóia e uma annuidade. poderá remir-se mediante a apresentação de 20 sócios, desde que estes lenham e.gualnionte satisfeito aquellas contri- buições. § 2" -- Para esse effeito o sócio deverá requerer ã Directoria, provando seus direitos nos tirmos do paragrapho anterior. .í 3" — Serão considerados beneméritos, os sócios que fizerem donativos á Sociedade a partir da quantia de um conto de réis. Art. 23 — Para que os sócios atrazados de duas annuidades possam ser considerados re- signatarios, nos termos dos Estatutos, é pre- ciso que suas demissões tenham si«%««^"^*'»'^g'^^'^'==^ W^j^=°*'**^^*>*'«»'^V^ " "** '^V**"***>/V^ Oniiiiiiis i;r:ipliir.K .1.1 A NOITK— Rua dn Ciniio. 35 ^^ 57^ BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA a? i v7 %' âNNfl XXV e I I N/l isíí A PM /-^ JANEIRO E FEVE- ANNO XXV SUmmARlO REIR0DE1921 Ns. 1 e 2 Um I L*lros|)ecto qiii; mis conforta I \ questão do algodão coiitiiuia em foco. pelo T)r. Haiiiiibal Porto '1 O Pará económico, pelo Dr. Alves de Souza M Impressões da minha viaijjem a Montevideo e Bue- nos Ayres, pelo Ol. Osar Lutterbaeh .') \ cultura da mandioc:a Ki Tma fabrica de artefactos de 'borracha no Pará.. I.í Uma Internacional A.!;rie|)la I.í \ Thremmatologia e a .\gricultnra Moderna, pelo -■\grononio Wicar Teixeira 'ill \ cultura algodoeira na Mesopotâmia 21 O Credito Popular Agrícola e as Cai.xas Kaiffeiseu. pelo Dr. Plácido íMello 22 Relatório da Soctedade Nacional de Agricultura.... Ifi \'iagem ás índias. Cultura da Juta, pelo Dr. Hodri- .^ues Caldas 23 \ w% I »» <*>«<^^o aiWj^^r, Hl ME & CIA. IVIOTOOULTORES (Société d'Oiitillage Mécanique etdTsinage dlrtillerie) FILIAL PK SOMNEIIDEIF? & OIEI. Apparelhos de um typo inteiramente novo destinados a revolucionar a agricultura li/lio " i" iiiirti fiiiiinJc iiilliirii: ■lii III'. Typo "C piiiti II pcqiiciiii In iiiiirii : .5 // /*. Estes appnrtlhos foram experimentados com o maior suceesso no campo de expe- riências da Socieda('e Nacional de Agricultura, na presença dos representantes do Exmo. Sr. Ministro da Ag-ricultura. HIME & Cia--io de Janeiro TJNTCOS REPRESENTANTES PARA TODO O BRAZIL A LAVOURA Boletim da Sociedade Racional de Agricultura ANNO XXV Rio de Janeiro Brazil 8U-.'A^;. N. I 6 2 Um retrospecto que nos conforta Não é sem grande e justamente, desvanecida emoção, que a Sociedade Nacional de Agricul- tura entra no seu 24" anno de existência. Órgão official, na imprensa, desse núcleo for- te de todas as energias i)roductoras da Nação, seja-nos permittido traduzir o sentimento de directores, no momento em que elle se affirma uma vez ainda, ao cabo de longa caminhada, no conceito do Brazil que trabalha, que produz e que progride. Nestes 24 annos decorridos, a Sociedade Na- cional de Agricultura, correspondeu em toda li- nha ás promessas, responsabilidades c deveres do seu progranima , Neste extenso periodo da evolução económica do Brazil, em que passamos de cliente da riqueza alheia, pela dependência da importação .systematica, a reservatório de utili- dade exportáveis, invertendo em nosso favor o papel que desempejibavamos no mundo económi- co, a attitude da Sociedade Nacional de Agri- cultura assignalou-se sempre pela solicitude e pela espontaneidade de uma intervenção opjjor- tuna e esclarecida, não só jiropugnando pelo suc- cesso de iniciativas e emjjrehendimentos úteis á MStematização pratica da nossa riqueza, como defendendo junto dos poderes públicos as cau- sas vitaes da producção nacional, todas as ve- zes que ella se dignou de appellar para a assis- tência da Sociedade. Km todas as crises por que tem passado a la- voura e a criação, em todo,s os momentos de de- pressão mais ou menos longa que tem atravessa- do a vida económica do paiz, a Sociedade Na- cional de Agricultura reclamou sempre o direito .solidarizar-se com as classes affectadas, para o fim de encorajal-as á reacção e garantil-as contra o desanimo e o eventual desamparo dos órgãos depositários da responsibilidade de re- erguel-as e salval-as. 'Muito particularmente, a lavoura e a pecuá- ria têm merecido da Sociedade a attenção mais diligente. Podemos avocar para nós como um trium- pho o successo da nova orientação imprimida ás industrias agrarias, e de que é demonstração pra- tica irrecusável o emprego, que se extende dia a dia, dos uteiisilios «mechamcos, indispensáveis à lavoura moderna. Nesse sentido, a nossa pro- paganda , foi especialrnente enérgica, e hoje ve- mos que os nossos conselhos aos lavradores não cahirani em terreno sáfaro. Também aos cria- dores não recusamos jamais a solicitude dos nossos estímulos, atraws de artigos e informa- ções technicas, no sentido da selecção e augmento dos rebanhos e do máximo aproveitamento in- dustrial das carnes. Não reavivamos essa nossa interferência na solução pratica e immediata dos problemas eco- nómicos, com o secundário propósito de crear- mos de moto próprio á Sociedade de Agricul- tura uma situação de benemerência, interpreta- da, por ventura, de um simples desígnio de vai- dade . Mas não poderíamos celebrar, a pasagem de mais um anniversario da fundação da Sociedade sem fazer o restrospecto da sua obra e é, ao fazel-o, embora perfunctoriamente, que consta- tamos, como todo mundo facilmente constatará, o que na realidade essa obra representa na coor- denação, consolidação e expansão das nossas for- ças productoras em 24 annos de actividade inin- terrupta, de resistência a todos os desfallecimen- cos, de energia, de coragem, de fé. não tendo outro ideal senão o Brazil forte pela sua riqueza a]noveitada com intelligencia e com amor. Não é vaidade provar que ."^le fez o bem. Quando se tem consciência de ter trabalhado com um fim nobre e útil, e quando esse traba- balho nos paga em fructos bemfazejos o esforço despendido, não é vaidade, mas estimulo, enca- rar de frente os resultados felizes. Assim, o nosso retrospecto é, na realidade, um incitamento a novas dedicações indefesas á eco- nomia da Nação. E como esse g«lpe de vista no passado nos demonstra que a actuação da Sociedade Nacional de Agricultura é cada vez mais sensível no m'eio económico brazileiro; e como esse inquérito ao que fizemos nos prova que de 1897 até hoje, inclusive o periodo exce- pcional da grande guerra, a nosso esforço teve efficiencía e repercussão no surto admirável de progresso que alentou a producção dos campos, — lícito é ficar-nos a convicção de que palmilha- mos o caminho certo, propagamos a causa justa, contribuímos, de algum modo, com o nosso con- selho, com a nossa experiência, com a nossa propaganda, com o nosso amor pelo Brazil, para a conquista nacional por excellencia, que é a — BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA independência económica, programma grandioso e bello. mandamento de patriotismo pratico, que tem sido e é a finalidade da nossa fimcção. Nesta data memorável, recapitulando os qua- si cinco lustros vencidos, queremos associar ao^ nossos mais Íntimos sentimentos de effusiva cor- dialidade todos aquelles que, produotores e go- vernos, tem concorrido para a realização do ideal qive nos anima. E não é com efíusão menoi que saudamos os nossos consócios, nossos ami- gos de todos os pontos da Republica, sem cuja confiança, sem cuja solidariedade e sem cujo es- timulo não teríamos, por certo, attingido a si- tuação de prestigio e de influencia que a So- ciedade Nacional de Agricultura se desvanece de gozar dentro e mesmo fora do paiz. Nosso passado e nosso presente respondem pe- los dias que vêm. Não teremos necessidade de alterar a directriz da nossa trajectória, porque ella demonstrou sobejamente, em 24 annos de successivas pro- vas, que as classes conservadoras e productoras de todo o Brazil a approvam e a querejn cada vez mais -fecunda no rumo adoptado. A quesíâo do algodão continua em foco Em se.'^.sri() (lii Sociedade Naciímal de A,i;i-i(iillnra >> Sr. Maniiilial INuto fez a .se,miiurc importante (■oiiiiiiiuiicaeão : "De toda a jtarle clieiiain iiolicias da iiisuffieieiícia da ])i-oilm-(;ão ])ara atreií- der ás yi-andes necessidades jiresentes e fntiiras da industria de tecídaiicm, espe- cialmente na Injilaterra. I>alii, como consei|nencia, nni mo\i- mento no sentido de auiinientar a ]irodn- (çào, á frente do (piai se collocon a "Fe- deração Indnstrial do Al^odrio". <'om sede em ^lancliester. Prom()\'en(lo uma rennião em Paris, para estndar o assumpto, foi sen objecto principal verificar as po.íísibilidades da- (pielle aniiinenti>, sendo ai] re]iresentado o oovcrno do lírazil ])elo Dr. l{o})erto Simonsen, então mendiro da Missão ("0111- mercial á Injilaterra . Deante da exposição (pie fez o nosso illnstre repres(mtante ptn-ante a(piella assemhlíM, composta das maiores compe- tí^ncias i\i[ mat(''ria, c()n(dniu o ('(níSíres- so Aljuodoeiro rpie o líT^azil tinlia condi- ç(~>es exce])ci(>iíaes para resolver o pi-o- Idema e ])ara o nosso jiaiz voltai'am-se, então, todas as \islas aniorisada do Sr. Herlx-ra Dixon, o "leader" das indus- trias do alííodão no Lencliire, ajionlando a (•on\('niencia de ser tomado em alia consi(leraçã(< o IJrazil conio ])roductor (lo algodão. O Dr. líolierto Simonsen, (pie havia levado de S. Panio para a Enr<)])a co- jiiosas amostras de .-iljiddão paulista, como meio de pro]ia!.ian(la e jiara o fim de couseunir a sna classificação na bolsa de Livei-fKiol, coiisejiiiiu com ardor e te- nacidade i-ealisar os sens propo.sitos. Assim I' (pie o Congresso Internacio- nal das Industrias de Algodão, (le]»ois de on\'ir o sen r.idatorio, sobre o qual já live a satisfacção de ooenpar-me nesta ("asa, noutra occasião, resolveu, ante as (leclaraç('">es do no.sso delegado, (pie visi- tasse as zonas algodoeiras do l.razil os Sr. Arnaso Pe;ir.se, mendiro do referido congresso e secretario da 1^'deração In- trnacional das Industrias do Algodão, acom])aniiado de seis a oilo uiendiros d essa iuii)ortantissimfi corporação, grandes industriaes, entre os (pnies fi- gurai-á o \'ice-Presidente da "Associa- ção líritannica de Planiio de Algodão". Ueferindo-ise ao assumpto, de capital int(^r(^s.se para n('>s, o Sr. Arnaso 1'ear.se dizem i-ecente carta ao Dr. IJoberto Si- monsen : "\'. K\. deve ficai- salisfeilo em saber (pie seus esf(Uços em iiíMsnadir a l-^ede- ração industrial de Algodão de mandar uma delegação ao lírazil teve successo e vae ser um facto". Termina o Sr. Arna- so Porto a sna interessante missiva com as .seguintes palavras: "Indubitavelmen- te, essa visita (' r(»alin(-nte o resnllado da visita da -Mis.são ("ominerci;il lírazileira, (pie esteve na Inglaterra 110 anno pa.s.sa- do a convite da Federação das Industrias 1'ritannicas e principalmente devido aos \( )ssos esforços" . A LAVOURA A Soricdiíilc Nai-iítiiiii (li- Aíii-iciillnni, que tem sido luitalliadoi-a incansável ]k'1o (leseiivolviíiii^iiTii da cnUiii-a d<> alaolão no I!i-azil. )ii-tMni)vendo para esse ivsiil- tadi), al(''iii de nina pnqiajianil;; inlcnsiva. ])ela ]»alavra c jiela ini]n-ensii, nni <'on- i;ressti Alj;(t-di)eii-(i c nnin expíisieão an- nexa, ])i-inieii-as (rni^ se realisaram no nosso ](aiz, deví^ se sentir jn))il(isa roni o trahalliõ do i>r. Sinninsen, seu iir;'sti- nioso consócio. ]ieln (|ue conseiiilin fazer no i'xtran.ucirn cni i>ról do nosso a1'.'o- Sci (|ne o Sr. Ministro da Ai;ricultura está vivamente intere.ssado em jiropor- eionar á oommis.são in^leza. (pie aqui a]>ortará brevemente, devendo embarcar, na luiibiterra, em Março do anno próxi- mo. to(his as facilidades para que o exame ao (piai ella vae proceder snrta os mais coniiiletos resultados. Fj' fácil alcan<;ar as winta^ens (pie no.s advirão no dia em (|ue avnilados capitães insilezes para aípii affluiiM^n com o obje- ctivo de explorar por meio de emprezas poderosas a cultura inten.siva do nosso ouro branco, eni])re|i>an(lo nesse mister sementes seleccionadas c os inetliodos de cultura por ellas usados no E<;.vpto, que tornam poíssivel a cultura do algodão eco- nomicamente explora\-cl . A Sociedade Nacional de Auricultura, 1'stou certo, (pie acompanhará com vivo interesse a visita (pie venlw) de me refe- i-ir. auxiliando uaquillo (pie estiver ao seu alcance os nossos \isitantes. forne- cendo-lhes dados e promovendo facilida- des que eonti-ibuam efficieutemeute para o completo êxito da mis.sào tão sympathi- ca e altamente conveniente á lavoura al- godoeira do Brazil". Durante a .uuerra, eniíjuanto os Esta- dos do Xorte e do Noroeste, de más fina il- ibas clironicas, se levantavain da indigên- cia, vendendo no interior e para o exteri(u- jiroductos nossos, ou os da sua antiga ]n-odnc(;ão, intensamente desenv(jlvida. o Pará permanecia atormentado pela crise de lOlí, que lia 10 annos o derram-a . A razão é simples: a(pielles Estados são, (piasi todos, productores de algodão, ipie alcanf;ou altíssimos pre(;os durante a guerra ; ao pa.sso que o Pará, velho e «piasi exídusivo productor de borracha, conti- nuou a ver o seu maior artigo de exporta- (jão sem colloca(;ão no exterior e — o que não succedeu ão algodão — sem consumo no ]>aiz. Tèm-se acciísado os paraenses de se conservarem inert(\s diante da crise, adian- do sempre a sohnjão das suas crescentes difficuldades para o dia em que a borra- Clia voltar aos pre<;os antigos. Advertem os censores (pie, dado o jjrolongameiíto da crise, (I (pie aos paraenses cabia fazer era cultivar a terra, e não continuar de l)ra- (;os cruzados, á esjiera de novos c hy])()tlie- ticos Ix-neficios da industria cxtraciisa. I'3sta ceusni-i não ('■ jirocedenle. Os ]»a- i-áenses, esjiecialmente seus goicnios, são passi^■eis da increpa(;ão de iinpre\id(".ites, ou, melhor, de uma confian(;a exaggerada e C(^ga no futuro da sua ])rinci]ta] indus- tria. De certo modo, elles poderiam ter conjurado a crise de hoje com o lento, mas tenaz desenvolvimento da lavoura cerea- lífera. Entretanto, (^ preciso ter em vista que os seringueiros, ou donos de serin- gaes, não podiam disp(u- de recursos utili- záveis em planta(^("ies, ]ior(pii' (piasi toda a sua receita era habitualmente absorvi- da pelo custeio da industria, comprehen- dendo não somente a acquisi(;ão de géne- ros alimentícios, e o s(^u onerosissimo transporte, mas ainda a ac(piisi(^'ão de ou- tros artigos de imperativa necessidade, (pie tinham de vir dfi estrangeiro ou ir do sul da fiepublica . Accresce que, apenas iki período de 1S04 - 1898, os ])r(^(;os remuneradores da borracha se inantivei-ani estáveis. .\ ])ar- tir de 1SÍ)9 até 1909 — nnin periodo con- tinuo de 10 annos — as co(a(;("K's declina- ram gradualmente, tín-iia.ndo jiraticamen- te impossi\-el distrahir i-ecnrsos ila ie lus- BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA tria extractiva para tentar a lavoura de cereaes, que, aliás, a esse tempo — e, mesmo, até 1014 — não des^iertava gran- des eutliusiasmos entre as jiopulaeões qne a ella tradicionalmente se dedicavam. Além disto, as condições topo.i;i-a])lii(as do l*ará exigem, geralmente, grandes dis- pêndios a toda tentativa de ]»lantio .sys- tematizado. Trata-se de regiões de mattas e (ii]iocii-õi's grossos, cnjas derruhadas consomem iiuiilo diidieiro. l'or todas estas razões, ;\s (piaes dcAC- uéos juntar a ahsohifa escassez da mão de ohni, é perfeitamente explicável o atrazo eeonomi<-o do Estado, no i|Me concerne á Ia\-ouia ccrealifera e a ont]'as cnlturas. Entretanto, não (]uer isto dizer (|ue esse atrazo seja considerável e impossível de ser eliminado em ]>ouco temjio. Longe disso, o I';irá jiossiie lioje uma excellente la\-oiira de algodão, cuja fiiira é reputada, no exterior, ezar de ttulo), madeiras, castanha e cacau . No Tocantins, baixo, nu''dio e alto. no tiaixo-Amazouas e no (lurupy, supera- bundam os caucauaes, alguns delles oriun- dos das antigas missões religiosas e hoje em estado sylvestre. A anu'ndoa paraense é reputadissima ; entretanto, a sua cota- ção tem dejiendido sem])re do seu ]»rei)aro para a exportação; e este preparo é (pie, infelizmente, nunca reciuumendou o in- teresse dos la^7'a(loi'es ]>eIo maior jtreço do seu género. 8egue-se, portanto, (|Ue o cacau jióde vir a ser um grande elemento de reciuis- trucção económica i>;ira o Esta(ht, .se go- verno e cultÍA-adores se empeiduirem em melliorar o preparo da amêndoa i)ara a exportação e se adoptan-m pT'ocessos de ])óda e conservação dos caucauaes em harmonia com as exigenciaes da pratica racional de tal cultura. Nenhum Estado brazileiro poderia com- ])etir com o Pará na exportação urante um século, ns suas inexgot- taveis e ri(|uissinuts florestas j)oderiam fornecer ao mundo inteiro as mais ]»re- ciosas e ])rocuradas essências, sem insa- nável prejuízo para o património arboral do Instado. Devia-se accre.scentar a isto (|u<'. marginando os rios navegáveis, em maioria, as frondejantes mattas, faciliiua seria a conducção da madeira extrahida. Ha, actuahneiite, no mundo, um for- midável (/rficif uimenU> parece relegavel ás calendas jirefias; sem falarmos na produi(;ão subsidiaria do feijão, do milho, dos óleos, da farinha de mandioca (cuja jiraudc exportação duran- te a guerra voUou a ser eseassa depois da paz), e dos couros verdes de veado e de boi, — a ri(|U('za (pianto j»ossivel estável do Pará podia rccoustituir-se com o al- godão, as mad(>iras, o cacau e o arroz. Tudo, no fim de contas, depende de um <ío\'ei'no (|U(' conlicí-a os ])robl('nias eco- nómicos inadiáveis, tenha energia para os enfrentar e disponlia de prestigio, no centro, para os resolver. Neste paiz, os governos são o — abre-te, Sésamo ! Sem o esforço tallações, a ordem na uniformidade de todos os volumes onde são registados os animaes, reve- lando que os livros elaborados ha trinta annos passados, devido á sua perfeição, jamais foram susceptíveis de alteração ou modificações, facto e^te que se não deu nas sociedades congéneres, onde os livros foram succesivamente modifica- dos. Nenhum animal poderá ser registado, por tran- scripção, do Paiz de origem, sem que o seu pe- digree seja anterior ao anno de 1850 e, para provar esta asserção, o Sr. Magalhães tomou um dos animaes e ser inscripto naquelle momen- to, e, pelos nmneros, levantou a genealogia dos antecedentes na Republica Argentina e remon- tou depois, pelo Herd Book Inglez. ha cento e tantos annos, quer pela linha masculina quer péla feminina, mas, tudo isto feito em alguns minutos, tendo sido compulsados algumas dúzias de volumes, quer do Herd Book Argentino, quer do Herd Book Inglez. O Herd Book Inglez, toma os seus animaes pela coloração do pello, pelo nascimento e pelo nome do proprietário, facto este muito natural num Paiz de criação synthetica como a Inglater- A LAVOURA O ra ; mas, na Republica Argentina o facto se re- veste de formalidades intrincadas e exigidas pelo registo genealógico deste Paiz : a tatuagem do numero do animal, na orelha, partindo de um ao infinito, levando as fêmeas o algarismo O que se antepõe ao numero. Em cada sexo, attinge ao numero de setenta e tantos mil, ou a cento e cincoenta mil o nu-, mero de animaes registados, de ambos os sexos. Os reproductore.s assim registados, podem sof- frer uma investigação por antecedência, remon- tando os seus pedigrees até ao inicio do Herd Book Inglez. que é o ponto de partida dessa orga- f.a, com os aumiaes maiores, para prooucçao do soro do ca'vano, e.m grande escala. No anno passado, foram autojísiados cerca de quatrocentos animaes, que depois de soffrerem no gabinete de anatomia a investigação, íoram estas relatadas em boletins, que em profusão se distribuíram aos Srs. criadores. De modo qu6 podemos dividir a Sociedade Rural Argentnia em cinco departamentos : i") A Sede propriamente dita. 2") A secção dos registos genealógicos. 3") O instituto biológico, com a sua sede ■ e respectiva cabana. E.iimxiçun Aiyfiiliiiii de l'ciii((ria Desfile fins animaes j remiaiin.i nização universal ; o mesmo se realiza no Stud Book, no Swine Book e Ass Book. Ao lado desta notável instituição, fazendo parte integrante da sua sede, funcciona um insti- tuto biológico, dirigido por médicos e veteriná- rios, com preparadores chimicos, que elaboram as culturas microbianas das differentes molés- tias que atacam os animaes e fabricam os res- dectivos soros, que são fornecidos aos associa- dos, para o combate de todas as epizootias. Existe, também, um grande recinto com cente- nas de cobaias inoculadas, soffrendo as inves- tigações. Fora da cidade de Buenos Aires, a uma hora ■de trem. existe um posto em uma pequena caba- 4") O recinto da exposição, com o seu museu agrícola. 5") A Escola Agrícola e Veterinária. O numero de empregados e chefes das diffe- rentes secções sobe a centenas e tudo isto presi- dido pela capacidade multiforme de Joaquim Anchorena. Dos pavilhões destaca-se o "Buenos Aires'', destinado á exhibição dos gallinaceos, palm.ipe- des, coelhos, etc, senão nesse vasto pavilhão que se faz o leilão dos grandes campeõos bovinos, como o que assisti, que foi o do grande Campeão Shorthorn, vendido por lio. oco pesos ou sejam 220 :coc$ooo da nossa moeda ! Ha um outro pavilhão, occupado, na ocasião. 10 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA pelos animaes da raça iShorthorn, tendo no cen- . tro um apartamento destinado aos campeões, on- de estes ficam alojados, sendo ahi exibidos os seus prémios. Digno de nota são os dois vastos edifícios que fazem o conjuncto desse recinto, sendo um des- tinado ao grande restaurante e o outro ao Museu Agrícola. Muitos outros pavilhões existem, onde são ac- commodados os innumeros animaes expostos. O Museu Agrícola, que visitei em companhia do Dr. Anchorena e dos delegados brazilelros. é de propriedade da Sociedade Rural Argentina, que o mantém com grande capricho, para demon- strar, com os Innumeros e bellos productos do Paiz, a riqueza do mesmo. Lá, vi e observei os productos de todas as cul- turas, madeiras, pelles, etc, etc. frigoríficos. — Buenos Aires possue os seguintes frigoríficos: Compa. Sansinena de carnes congeladas: Compa. Swlft de La Plata, Armour de La Plata. - Wilson de la Argentina. Las Palmas Produce Company Ltd. Sociedade Anonyma "La Blanca". Anglo South American Meat Co. Ltd. The Smithfleld and Argentme Meat Co. Ltd. Tive occasião de visitar o frigorifico "Ar- mour de La Plata'' em companhia do Sr. Frank \V. Lyman. seu vice-presidente e gerente, Dr. Pedro de Toledo, ministro do Brazil na Argen- tina, sua Exma. filha, delegados paulistas, Dr. Joaquim Luiz Ozorio, Exma. senhora e filha. Esse frigorifico está situado á margem do rio Santiago, rio este em que navegam vapores de grande calado, facilitando, assim, o carregamento dos productos do frigorifico. A capacidade annual do alludido frigorifico é de 300.000 novilhos, 400.000 porcos, 700.000 carneiros O capital desse frigorifico é de 40.000.000 pe- sos e os lucros proporcionados por elle são ap- plicados na Argentina. O frigorifico possue cor- po de bombeiros, laboratório, pharmacla, hos- pital para os primeiros curativos, restaurante para os operários e capatazes das boladas, a preço de setenta centavos por cada refeição; fun- dição, carpintaria, fabrica de latas e de muitos outros artefactos necessários para conservação dos productos fabricados. A Companhia Armour está installando em São Paulo, o maior dos frigoríficos do mundo. EXPOSIÇÃO DÊ PALERMO. — A exposi- ção Internacional de Palermo, foi realizada de 4 a 12 de Setembro de 1920, a ella concorrendo vários paizes. Sua inauguração se fez no dia 4, ás 2 horas da tarde, comparecendo o Sr. Presidente da Re- pulilica. com as suas casas civil e militar, delega- Miisfii Aiincolii lia Sciii-iliiilr Hin-iil Ariiciiliitíi A LAVOURA 11 K.' liiistriín AnjfHtiuii lir l't'tiitir'if . lUiii'l.ítii llifi'ntis-.\iiri's p fjtitlct ilíi 1'tiuiiiiis.siííi dos extranjeiros, jurados, a mais selecia socie- dade de (Buenos Aires e grande massa ]30]3uiar. A apresentação dos anjmaes ])reiTiiados na pista central, fronteira á tribuna official. foi um portento, devido â correcção com que foram apre- sentados os animaes, sua belleza, quantidade, e variedade, etc. Acompanhei com muito interesse, o julgamen- to dos animaes expostos e tive occasião de ob- servar e aprender o modo como se faz esse jul ■ gamento, no qual tomaram parte jurados vin los de vários paizes. especialmente convidados para esse fim. Após a inauguração, em dias consecutivas, fo- ram realizados leilões dos animaes, muitíssimo concorriflos e animados. .\ltm de o.itros, assisti, no dia da minha i)ar- tida, no recinto do grande pavilhão "Buenos Ai- res" o leilão do grande campeão Shorthorn, que alcançou, como disse acima, o preço de cento e dez mil pezos ou sejam, mais ou menos duzentos e vinte e dois contos da nossa moeda. CRIAÇÃO XA REPUBLICA ARGF.XTIXA — Pelo que. vi e tive conhecimento, a criação bovina representa a maior riqueza do Paiz. São muitas as variedades de raças que se criam no Paiz. dsstacando-se, a Shorthorn como a principal para talho, seguindo-se-lhe a Here- ford e a Abe''d'íen Ang.is. Para leite, criam-se as raças Jersey, Xorman- da. Hollando-Frisia. Em segundo logar. está a criação de ovinos. que também faz parte integrantes da riqueza publica, conduzida com muita intelligencia, me- lhora :1a sempre com óptimos reproductores im- ].iortados, para evitar a consanguinidade. A população ovina do Paiz está computada, pelo ultimo censo, em 43.225.452 cabeças de varias raças, como sejam: Merino Argentino, Lincoln, Romney Marsh. Oxford Shire Down. etc. ■ Ha, actualmente, na Argentina um grande stock de lãs, sendo as melhores cotadas as dos Merinos, por serem finas e sedosas. Xo anno de 1917 o pezo médio da carne dos ovinos, abatidos para consumo e exportação, foi de 47.260 toneladas, regulando o pezo médio por cabeça em 27 i|2 kilos. Dignos de nota foram os animaes apresenta- dos na exposição, sobresahindo um, vendido em leilão, por cerca de vinte e dois contos da nossa moeda. CRLAÇÃO CAVALLAR. — E' muito impor- tante essa criação na Republica Argentina. Criam-se cavallos para todos os fins, como se- jam: carreira, sella, tracção, etc. São de grande nomeada e com justa razão, os cavallos de puro sangue de carreira criados ali e diversos criadores teem pago aos criadores In- glezes. por cavallo reproductor, quantia superior a quinhentos contos da nossa moeda, cifra essa que justifica o quanto é importante e lucrativa a criação dessa raça de cavallos naquella Re- publica. As raças para tracção' pezada são. também, muito cuidadas para os labr:'es da agricultura e essas raças fão rejiresentadas pelas qualidades : 12 BOLETIM D.\ SOCIED,\DE NACIONAL DE .AGRICULTURA Clyde.sdale. Boulonne.za, Percheron, Shire, An- glo Xormando. etc. Merecem, também, menção as raças Árabe. Anglo Aralie. Hackney e os cavallos nacionaes do Paiz. RAÇAS suínas. — Comqiianto haja no Paiz óptimas raças de suinos, essa criação não tem sido cuidada com muito interesse conimer- cial. lOs animaes ajiresentados á exposição, eram de grande belleza e pertenciam ás raças Ber- kshire, Duroc Jersey, Polland China. Yorkshi- re, etc. Entre as muitas estancias de criação de por- cinos, destaca-se a "El Trio", pertencente ao Sr. Juan Campion, que possue 60.000 porcos PoUand-China. Duroc Jersey, criados a campo e galpão. Essa estancia vende, annualmente. 25.000 ce- vados. APRECIAÇÃO. — O Uruguay e a Argenti- na são dois paizes privilegiados pela natureza, principalmente para a pecuária, devido á uber- dade do seii solo, topographia, clima, etc. Nenhum paiz do mundo produz, como esses dois. principalmente a .'\rgentina. gramínea que se compare á alfafa. A ella, princijjalmente a ella, é que a Repu- blica Argentina deve o grande progresso da sua criação, tanto em qualidade, como em quanti- dade . Alem dessa gramínea ser o factor primordial da exhuberancia da criação argentina, é um producto de exportação que concorre para os cofres do Paiz com elevadas sommas. Além da alfafa, contribuem, também, para -o desenvolvimento da pecuária, o milho, a aveia, o trigo, productos de grande producção e expor- tação no paiz. Para dar uma idéa da exportação da Repu- blica Argentina, reproduzo abaixo um demons- trativo dos principaes productos agro-pecuarios, durante os annos 1913 a 1917. Xão tive opportunidade de visitar, como era do meu desejo, as estancias, cabanas, etc. do Uruguay e Argentina, devido á exiguidade do tempo, mas farei o possível, para, em breve, realizar uma nova visita a tão adeantados Pai- zes. O Brazil que começa a desenvolver a iua pe- cuária e que será, talvez, o maior fornecedor de carne do mundo, precisa entrar em franca negociação com as Republicas do Prata, impor- tando reproductores para melhorar os seus re- banhos. EUe encontra nessas Republicas princii)almen- te na do Uruguay, que é a mais visinha. portanto de clima e forragens mais semelhantes aos nos- sos, um grande mercado para abastecel-o, com a grande vantagem de poder importar animaes das zonas carraiiatosas. isentoí do mal da triste- za, que tantos prejuízos e dezanimo tem trazido aos seus criadores brazileiros. Além dessas grandes vantagens, ha ainda uma que merece attenção : a do preço do custo e o do transporte. l oc oc c: r: — r; c i- -r r^ J-- V- if: j*i — ^ =; c^ic;r:— j^i-foirtQC^^Xc*!"!^?^ — *í 1 ocr^ctr-rc — ococi h-_r:r-:^ccoo^ m ■— ?^ — c^i ri c. -f — 1-- X ^ ct: ^ r; i-^ ^ Cl — X ri ?: = - — y. 003ÍC-. -f-^t'— rtc^L-í^CCtc^iCoOíT-^oaO -fC. c^-fi-^cc^i- fr-rcçCf-r^»ftO0ci Ci Oi c: — C-ir-ti-^-fOCXcci"^ '-f-+^r- — — ^. cc in ri ' "^ r-i ' ■" ClCM — ^.T^l--OCCr: -+0 -CCSin-fOl-^ -r í^ ií5 -p -r íT- n r>» 1-- ac ^^^ — i?: oc oo :c t— 1 i^ os [-- t^ i^ r: n if: — •— > c^ i^ i-- o r^ i 2 c^i ^ :r c: — — í-*: n c^ 0 1 =; — uc rt r: ri ^ — — oc-*- -ccc-— cedigree e. até que as nossas vaccas estejam bem mestiças, quero dizer, com sete oitavos ou 15J16 de sangue da raça que se adoptou. Para essas vaccQs. então, importar- se-ào os animaes finos que se vão apurando mais e mais. No Brazil, somente em certos Estados, é que convém criarera-se as raças preferidas no Uru- guay e Argentina, como sejam a Shorthorn, He- reford, Polled Angus. etc. mas. em outros Es- tados, como os do Rio de Janeiro. Minas, São Paulo, Pará. Alagoas, Bahia, Pernambuco, etc. esses animaes não se adaptam ao clima e topo- graphia. como demonstram as experiências. A LAVOURA 13 Elles servirão, nestes Estados, apenas para cruzamento com o nosso g^ado creoulo, que ge- ralmente é mestiço indiano, obtendo-se desse cruzamento (como temos obtido) animaes for- tes, resistentes aos pastos accidentados, e, mui- tos delles. pobres de gramineas succulentas. Alem dos bovinos, o Brazil poderá importar, com boas vantagens, das Republicas visinhas, to- das as espécies de animaes úteis, que lá exis- tem como nos melhores paizes europeus. Finalizando, faço votos para que os laços de amizado do Brazil com as duas Republicas vi- sinhas do Rio da Prata, se estreitem mais e mais e o inter-cambio entre ellas seja um facto, para o interesse reciproco, (A. ) Jiilio Ccsar Lntterbach A CULTURA DA MANDIOCA A Sdciedadc' Paulista de Agricultura do corrente auno, eucoutra-.'«e uuia coui- ref-elteu do 8r. Dr. João Lindemberg Ju- launicação da lavra do Sr. P. Ainiuauu uior. a seguinte carta, datada de 28 de e apresentada á Acadeuiia de Scieucias dezembro de 1!>2(I: •'Tem eSta por fim de Paris, em sua ses.são de :>1 de maio 7Vc;- raripilaríes lie inanilwras: fii/. l ••Mamliocu Vassoura Hroiica, "/'.'/• - "Miiii- ilinca llnpiiiini", /i;/. :i "]iiin(lima I.a iln li.nwiilin luihiriil levar ao conhecimento da sociedade de que V, S. é dd. presidente, ' uma nota cujo a.ssumpto reputo de grande interes- se para os brazileiros e que talvez te- nha passado despercebida . Em "Le Clénie Civil '", de 12 de junho de 1920, pelo Sr. Gastou líonnier, com- municação cujo teor deVe merecer, pen- so, grande attenção de todas as adminis- trações publicas do Brazil, bem como da.s sociedades que, cuidando das industrias agrícolas e pastoril, patrioticamente se 11 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA iiílcressiiiii ]it'liis cdi:-;; s c jii-djircsso dcslo iiii'i!iis ti-;ilial!i(isn i' de liraiulc di^siMiiiiia- "raiKlc \r,ú'/.. <;ãn, tciidosc cm \ista suas cxim-ncia.s Tvata-sc, nessa cniinunuirarãii. da (pianto á iiatnr(v,a do sólu, i-riu-cscnta descoberta iio reino de ('anil)odi;e de iniia ]iara o llrazil na éixica jiresenlt-, nina ri- variedade de mandioca (|n<', sobre as co- ([neza de inestiniave! valor. Estr ^i'^e- nlíPcidas até hoje, tem a !4ran(b' vanta- tal será a nova mandioca. tlní^ i'.ifiiijihin's de " Muinlimii ilrinlinlttl" . IfUi dii Itltiidnlui iitilnri:! ,!iém de possnir nola\'el Ivor em matéria azotada . A im])oi1ancia (|ne ama tal jdanta terá ]para o lírazil é excnsado encarecer e sa- lientar; ella oecorre ]>restes a idéa de (|nem iKir iim instante considerai- o as- snniplo. As j)]antas forrageiras enti"e nós vul- jiarmente cnlti\adas, todos o sabem, são ])obres em matérias azotadas, si não in- teiramente (lesj)ro\idas <»tal cinn as (pialida- ara estndos e ana- I\ ses cliimicas. Esta a nnica referencia da nota do Sr. Ammann sobre o local de i-nltiira desta promissora planta. o sinijíles facto da ori.iiem- tro]>ical da mandioca, aiioi"! descoberta, é nuttivo liastante jtara o ensaio de seu cnltivo en- ti-e nós. Si, porém, a esta possibilidade de sncces.^ío se alliar a experiência do cnltivo fácil e extraordinaidamentc ren- doso das di\'ersas varíedafbss de mandio- ca já Ião vnlíiarizadas, a viabilidade do da iiiiva \ariedade parece estar de ante- mão asseíinrada. E o trab.alho da tians- plantaçào. o es]nintallio mente, eon- di(;ã() (k'veras auspiciosa jtara os brazi- leiros e qnc muito df-v(^ encorajar os gn- A'eruos (' as socií^dadcs de Ai;ricu!tnra, na tarefa de dar ao agricultor, licnuinanicii- te nacional e ao pe(|ueuo criaibu' unia no\a espécie cultural adeipiada ao uráo de iiisli-uc(;ão e á Índole ipie llies sfio próprias. O exeni]tlo da trausp]anta(;ão da lior- raclia do Itrazil para a índia Iuí2,leza não jióde e não de\'e ser esi|U('cido e ;i lic(;ao de mestre deve ser proveitosa e cara a n(')s. hrazileiros, pois que nos está sendo cara ! (ri-ato ]»ela attencjão (|ue disjxMisiir a estas linlias e certo de (|ue o assumpto, ]!e1a sua imi)ortaiu-ia, merecerá de V. S. a maior consideração, si já não esriver HK^recendo, subscre\"o-me ci)m estima e elevado apre(;o". (Do ('dítiÍo /'(iiiH-slínii). de lil' neiro de 1021 ) . de ja- Uma fabrica de artefactos de borracha no Pará (Tra(;as aos iufieutes esforcjos do Sr. -Mi- guel da (Junha Botelho, estabeleceu-se na cajiital do Estado do Pará uma fa)>rica de manufacturar borraclia, qiuí promette jírandes progressos. iromcm de jioncos liaveres, fácil é de imaginar as imnú^nsas difficuldades com que teve de luctar o Sr. Miguel da Cunlia l*>otel!io para conseguir montar um estabe- lecimento de tal género, (|ue e.Kige sem- pre nm capital considerável. Já liouve quem incluísse a intelligen- oia entre os elementos comijonentes, isto é, ]iroductores da riqueza. O vtdlm prin- ci])ii' de (pie a riqueza é produzida ])(do ca])ital e pelo traliallio aclui-se, rc^almen- te, subvertido, ou alterado, portpie a in- telligeucia, também, é um factor prepon- derante da riqueza. Caso typico é este da falirica de artefa- ctos de ))orraclia do Pará. Tão escassos eraju os recursos da sua fundaí^ão, (pie o Sr. ^liguei da Cunlia P.otellio, haven- do montado uma modesta officina mecha- nica, alii fabricou pacientemente todas as macliinas de (pie necessitava e para cuja importação do estrangeiro não tinha meios. Hasta isto para demonstrar o valor da intelligencia que, siniprimlo o capital, se allia ao traballio para incrementar a ri- queza. A fabrica ji.iráense utiliza borracha bnil,-i tia Amazónia e já está iiroduzindo. eiu assignalaveis (juantidades, saltos e so- líis para sapatos, válvulas para todas as espécies de machinas de quabpun' tama- nho ou espessura, borrachas especiaes para calçado, lençííes de borraidia para saccos, cai)as, cobertas, etc., boi-rachas e seringas para empregos ])liarmaceuticos, e muitos outros artigos (pie nos vêm de f('tra . A fabrica estava produzimln l.")!) kilos diários, com 40 operários, podendo, po- r(''m, a snn producção subir a 000 kilos e mais. Tomo se vè, trata-se de uma iniciativa grandemente meritória, do mellior iiatrio- tismo económico, que bera deve merecer o apoio dos poderes públicos, jtorquanto a f.abrica do Sr. iliguel da Cunlia Botelho, avaliada já em 450 contos, não teve ainda um S(') auxilio (h)s governos federal e es- tadual . Umfl irlTERNACIONALl AGRICOLiA Fma conferencia internacional de syn- dicatos agrícolas realizou-se ultimamente em Paris, na sede do Syndicato de Agri- cultores de França, rua Athenas, 8, para o fim de ser fundada uma Internacional S.vndical Agrícola . "Esta organização se torna necessária em razão da constituição de outras Inter- 16 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA naciouaes — iudustriaes, commerciaes, operarias — e é realmente indispensável que nm organismo de ordem profissional, represente os interesses ajiricolas junto de Institutos internacionaes, onde se de- batem (juestões interessando a organiza- ção do traballio. Demais, a situação económica actual exige a defeza, em todos os terrenos, dos interesses dos agi-icultiires, em vista de supprimir o mercantilismo intermediário e intensificar a producção das terras. Durante a reunião, foi adoptada a se- guinte ordem do dia : "Os delegados das Uniões profissionaes syndicaes dos paizes seguintes — Bélgica, Hespanha, França, Hollanda, Luxembur- go, Polónia, Portugal, Suissa e Tclieco- Slovatiuia, decidem, poi- iniaiiimidade, a creação de uma Confederação Interna- cional de íjlyndicatos Agrícolas." Após a approvação dos princijiios es- tatutários, ficou assim constituída a mesa provisória : presidente, Dejalande, presi- dente da União Central dos t^yndicatos Agrícolas (França) ; ílauri (Itália i ; Lu- bienski ( INiloiiia l ; Ilei-rei-o ( Hesii.inlia) ; Dvornic (Tclieco-Slovaquia | . <) secretariado geral ficou ]iro\ isoria- juente estabelecido em Paris e confiado ao Sr. Adieu Toussaint, delegado geral da União Central dos Syndicatos Agrí- colas de França. Relatório (la Sociedade Nacional de Ai?rii*iiltiira .aimime::xc3S Continuação — Anno de -1 91 6 4 de Setemijro de 1916. Kxnio. Sr. Dt. Manoel Luiz Ozorio. A Sociedade Nacional de Agricultura, acqui- escendo ao gentil convite que lhe foi dirigido pela commissão organizadora da Exposição- Feira Agro-Pecuaria, a realizar-se em 20 de Se- tembro próximo, na cidade de Porto Alegre, tem a honra de delegar a V. Ex. para, em com- panhia dos nossos dignos consócios, Dr. An- tónio Gomes do Carmo e Srs. Ivo Arruda e Roberto Rochefort. represental-a no patriótico commettimento. Antecipando os sinceros agradecimentos des- ta Sociedade, aproveito o ensejo para apresen- tar a V. Ex. meus protestos de elevada estima e consideração. — (A.) Hannibal Porto, 1° Se- cretario. 5 de Setembro de 1916. Exnio. Sr. Presidente da Camará dos Depu- tados. — Manáos. Tenho a honra de comniimicar a V. Ex. que. em sessão da Directoria desta Sociedade, foi proposta pelo Dr. Hannibal Porto, seu 1° Secre- tario, e apoiada unanimemente, uma indicação no sentido de applaudir o projecto apresentado t'o.- um dos seus conspícuos membros mandan- tlo que o Estado do Amazonas custeie as despe- ras com a educação de três alúmnos, dos que mais distinguirem no curso lectivo da Universidade de Manáos, na Escola .\gricoIa "í^uiz de Quei- roz", de Piracicaba, e institutos agronómicos da Califórnia. E' com grande satisfação que. a Sociedade Nacional de Agricultura applaude sempre ini- ciativas tão proveitosas, que asseguram á agri- cultura nacional elementos capazes de condu- zil-a com segurança aos seus altos destinos. E' digno, por certo, de imitação dos demais Esta- dos da Federação o projecto de lei que procu- ra beneficiar de modo tão intelligente a agri- cultura nacional . Aproveito a opportunidade para apresentar a V. Ex. a segurança da minha elevada consi- deração. — (A-) Hannibal Porto, 1° Secreta- rio. 8 de Setembro de 1916. Exmo. Sr. Presidente da l'nião dos Criado- res do Rio Grande do Sul. Temos muito prazer em accusar o recebimento do officio n. 156-IV de i de Agosto p. p., des- sa benemérita co-irmã, que patrioticamente V. Ex. dirige, por intermédio do qual nos offe- rece o seu valioso concurso, afim de trabalhar- mos para a obra commum de tornar uma reali- dade a libertação económica do nosso paiz, mer- cê do desenvolvimento da producção agro-pe- cuaria. E' com viva satisfação que vimos agradecer tão honrosa communicação. congratulando-nos, em nome da Sociedade Nacional de Agricul- A LAVOURA tura, pela notável acção da "'União dos Criado- res"', que sobejas provas tem dado do sincero empenho com que encara as questões suscitadas no esperançoso campo da industria, empregando, dest'arte,, ingentes esforços em prol da rege- neração económica do Rio Grande do Sul. Correspondendo ao significativo appello, de V. Ex., é-nos muito grato informar que, na sessão realizada em 29 de Agosto p. p., foi es- sa importante instituição acceita. unanimemente, como nossa associada. Regosijando-se com a brilhante orientação da "União dos Criadores", cheia de relevantes ser- viços á lavoura do paiz, a Sociedade Nacional de Agricultura pede vénia para offerecer -250 mudas de cactus Burbank. concorrendo, assim, modestamente, para o seu já muito crescente progredir. Aproveitamos a opportunidade para apre- sentar a V. Ex. os nossos protestos de ele- vada estima e mui distincta consideração. — (A.) Miguel Calmou. Vice-presidente. 9 de Setembro de 1916. Exmo. Sr. João Severino da Silva. A Sociedade Nacional de Agricultura, toman- do na devida consideração os justos motivos al- legados por V. Ex. no tocante ao restabeleci- mento da verba da Junta dos Correctores, of- ficiou immediatamente nesse sentido ao Exmo. Sr. Ministro da Agricultura que, pelo officio n. II, em resposta ao que lhe foi dirigido pela Sociedade, do qual, data vénia, juntamos copia, informa não poder tomar perante o Poder Le- gislativo a iniciativa do restabelecimento da mencionada verba. Apezar do insuccesso da tentativa, a Socie- dade Nacional de Agricultura não desanima ain- da, promettendo ao illustre consócio continuar a trabalhar junto ao Congresso Nacional e em- pregando seus melhores esforços, afim de que os relevantes serviços da muito útil "Junta dos Correctores" não continuem paralysados no próximo anno. Sirvo-me do ensejo para apresentar a V. Ex. os protestos de ekivada estima e distincta consi- deração. (A.) Miguel Calmou, Vice-presidente. 12 de Setmbro de 1916. Ulmo. Sr. Commandante A. Muller dos Reis, DD. Director do Lloyd Brazildro. Desejando incrementar e facilitar o transpor- te da nossa producção. a Sociedade Nacional de Agricultura, dentro do seu programma, tem envidado o melhor de seus esforços no sentido de acolher pedidos que lhe são dirigidos pelos productores sempre que ha qualquer difficuWade a remover. Ella sente-se bem em declarar que, felizmente, de toda a parte, e especialmente dessa Empreza, tem encontrado o melhor acolhimento, facilitan- do, dest'arte, os seus propósitos. E porque assim seja. vem novamente pedir a sua valiosa intervenção no sentido de serem dadas providentíias para o t^ransporte de um carregamento de sal, que de Mossoró se destina á firma Adolpho Silva & Comp., de Porto Ale- gre . Certo de' que V. Ex. satisfará esse justo pe- dido, apro've.ito o ensejo para assegurar-Ihe a mi- nha elevada consideração e para subscrever-me, Att". e Obr°. — Ha'nnibal Porto, 1" Secretario. 14 de Setembro de 1916. Ulmo. Sr. Dr. Domingos de Sampaio Fer- raz. . Temos presente a carta de V. S. de 18 do corrente, em que, como delegaccesso das popidaçôes urbanas que se encontram sem trabalho", pelo Sr. Dr. João de Carvalho Borges Júnior, um dos seus muitos abnegados directores. Atteiidendo ao elevado interesse do assumpto. e á utilidade que adviria da sua divulgação, a Sociedade Nacional óe Agricultura, confiante na patriótica e valiosa boa vontade com que V. Ex. vem ha muito amparando a lavoura brazileira. roga a necessária autorização que. desde já. agredece como mais um relevante ser- viço á causa agrícola. Sirvo-me do ensejo para lapresentar a V. Ex. os meus protestos de elevada estima e mu; distincta consideração. (A. ) Migue! Calmou. Vice-Presidente. 25 de Setembro de 1916. Exmo. Sr. Dr. Domicio da Gama, DD. Em- bai.xador do Brazil — Washington — U. S. A. Temos presente a carta de V. S.. de 23 de Agosto p. p. pela qual nos particida o falleci- niento do Professor Cliton D. Smith. antigo di- rector da Escola Agrícola de Piracicaba e que com grande brilho representou esta Sociedade no Segundo Congresso Scíentífieo Pan-Ameri- cano e nos commurííca ter. em nome desta So- ciedade, apresenta :!o á família do íllustre morto, condolências. Em resposta, vimos, penhorados, agradecer a V. Ex. a gentileza da communicação e. bem assim, o favor que nos prestou apresentando pezames á familia do Professor Smith em nome desta Sociedade'. Aproveitamos a opportunidade para apresen- tar a V. Ex. 03 nossos protestos de elevada consideração e apreço. (A.) Haniúbal Porto, 1" Secretario. 26 de Setembro de 1916. Exmo. Sr. Cel. .António Mattos Ncttn. — Salto — Via ^Montevideo. — ■ Uruguav. Em nome da Directoria desta Sociedade, sen- timo-nos felizes em desobrigar-nos da honrosa missão de agradecer a V. Ex. pelo relevante serviço dignamente prestado, como nosso repre- sentante, na solemne inauguração do monumento erguido em homenagem a Eduardo Oliveira, ex- celso fundador da §ocitdade Rural .\rgentina, nossa prezada co-irmã. Querendo patentear a sua mui jirofunda gra- tidão, a Sociedade Nacional de Agricultura, hou\e por bem. mediante proposta do Exmo. Sr. Dr. Miguel Calmon du Pin e .\lmeida. Ví- ce-Presídente em exercício, conferir a V. Ex. o titulo de sócio honorário, fazendo inscrever o nome de V. Ex. no numero dos que lhe são par- ticularmente caros. Servnno-nos, também, do ensejo para apre- sentar a V. E.x. 05 protestos da mais alta es- tima e distincta consideração. (A.) Haunihal Porto. I" Secretario 2S de Setembro de igi6. Exmo. Sr. .Vzarías Vaz Ferreira. DD. Pre- sidente do Centro Republicano In:ie])en;!ente de Irajá. Temos o prazer de accusar o recebimento do officio de V. Ex., em que communica a instal- lação do Centro Republicano Independente de Irajá, com sede na Estação do Rio das Pedras, cujos fins serão, entre outros: a fomentação da agricultura e industrias correlatas, creação de mercados locaes e feiras livres, cooperativas de credito e consumo, etc. Agradecendo a gentil communicação. vimos apresentar a \. Ex. as nossas congratulações pela feliz iniciativa e apresentar os protestos da nossa mais elevada estima e consideração. [A.) Hannibal Porto, i" Secretario. 3 de Outuliro de 1916. Exms. Sra. D. Júlia Lojjes de -\lmeida e Sr. Affonso Lopes de Almeida. A Directoria da Sociedade Nacional de .Agri- cultura. inte,ressando-se vivamente por tudo quanto diz respeito a vida vegetal do nosso paiz. não podia calar sua grande satisfação pela lei- tura da excellente producção de VV. Exas., entitulada "A .Arvore", na qual com muito sen- timento e felicidade estão traçadas bellas pagi- nas inspiradas em verdadeiro espirito de obser- vação, traduzindo o carinho com que VV. E.xas. prescrutam as excellencias da natureza brazi- leira. •Assim, congratulando-nos com .V\'. Exas.. temos a honra de çommunicar que a Sociedade Nacional de .Agricuicura. por proposta do E.xmo. Sr. Dr. Miguel Calmon. Vice-Presidente em e.xercicio, approvou. unanimemente, uma moção, de applausos a VV. Exas. por esst relevante serviço prestado á agricultura nacional, que es- pera os mais felizes resultados da educação da infância em tão elevados princípios. Aproveito o ensejo para apresentar a VV. Exas. os protestos da minha elevada estima e distincta consideração. (A.) Hannibal Porto. 1° Secreario. 11 de Outubro de 1916. Exmo. Sr. ^.Agostinho Campos. — V^ílla Hol- treman — Praia Estoril . — Lisboa — Por- tu.gal . .\ directoria da Sociedade Nacional de lAgri- cultura, interessando-se vivamente por todos os assumptos que dizem respeite ao desenvolvi- A LAVOURA 19 mento da educação publica, não poderia calar seu grande jubilo pela leitura da magistral obra de V. Ex.. "Casa de Paes Escola de Filhos", que Vem despertar na infância sentimentos de verdadeiro amor á natureza e de confiança no trabalho productivo. A Sociedade Nacional de Agricultura resol- veu: por indicação do Exmo. Sr. Dr. Miguel Calmou, Vice-Presidente em exercício, appro- var, unanimemente, em sua ultima seunião da Directoria, uma moção de applausos a V. Ex. pelo relevante serviço prestado a tão nobre causa. Cabendo-me a honra de fazer a V. Ex. esta communicação, apresento os meus protestos de elevada estima e subido apreço. (A.) Hannibal Porto, i" Secretario. II de Outubro de 191 6. Ulmo. Sr. Dr. Euphrasio Cunha. E' do nosos especial agrado manifestar a V. S. a satisfação da Directoria desta Sociedade, pela preciosa offerta com que V. S. brindou e enriqueceu a nossa Bibliotheca. Comquanto já houvéssemos verbalmente ex- presso os nossos sinceros applausos, em sessão da Directoria, que V. S. hourou com a sua presença, permitta que reiteremos aqui as nos- sas congratulações pela patriótica e benemérita iniciativa de V. S., procurando, com os mais ingentes esforços, desenvolver, entre nós, a textura da palha Lucatk-a, de cuja industria re- sultariam consideráveis beneficios, não só para o paiz. porque aquella fibra é a que mais caro se paga e a que constitue matéria prima para os mais variados fins. como porque é a indus- tria que convirá ás nossas populações pobres do interior, principalmente do norte. que. desse modo. e:icontrariam uma occupação condigna e remuneradora. A Sociedade Nacional de Agricultura felicita por nosso intermédio, aquelle que, com muitos sacrifícios _e notável dedicação, estabeleceu a primeira officina de textura da palha Lucativa no paiz e, procurou disseminar, por meios re- cionaes, a sua cultura e preparo. E, julgando cumprir um dever, exhortamos o illustre amigo a continuar nos seus esforços, a não desanimar em meio da obra. por tantos titulos benemérita, pondo à sua inteira disposição os nossos desva- liosos préstimos. Aproveitamos o ensejo para apresentar a V. Ex. os protestos da nossa, elevada estima e con- sideração. (A.) Miguel Calmou. Vice-Presi- dente . i3 de Outubro de 1916. Exmo, Sr. Dr. José Rufino Bezerra Ca- valcanti, DD. Ministro da Agricultiira, Indus- tria e Commercio. Tendo o nosso associado Sr. Joaquim Martins da Costa Cruz. agricultor e criador na fazenda ''Santa Cruz", cidade de Itabira do ^^aíto Den- tro, Estado de Minas Geraes, nos escripto uma carta, na qual faz considerações sobre o quasi abandono em que jaz a lavoura da localidade, em que reside, pedindo os bons officios desta Sociedade junto aos poderes públicos, no sen- tido de obter meios de melhoral-a, como sejam: fornecimento gratuito de arados e mais utensí- lios de applicação agrícola, de que carece para levar a effeito o seu maior ideal ■ — trabalhar com todas as suas forças, em prol da dif fusão das lioas praticas da agricultura racional. A Sociedade Nacional de Agricultura, desejosa de ser uti! aos que se dedicam á vida rural, toma o alvitre de fazer chegar ás mãos de V. Ex-, que de ha muito vem se interessando com vivo empenho e dedicando solicita attenção aos pro- blemas económicos da nossa pátria, copia da men- cionada carta, confiando na boa vontade de V. Ex. para attender, quanto possível, ás solicita- ções daquelle nosso consócio. Aproveitamos o ensejo para. mais uma- vez, apresentar a V. Ex. os nossos protestos de ele- vada consideração e apreço. (.A.) Miguel Cal' mon, Vice-Presidente. 16 de Outubro de 1916. Exmo. Sr. Dr. Alfredo Gonçalves Moreira. — Porto Alegre. Tenho a subida honra de accusar o recebimento do telegramma de 26 de Setembro p. p., pelo qual V. Ex. teve a nimia gentileza de communi- car a esta Sociedade o encerramento da t," Ex- posição Municipal Agro-Pecuaria e agredecer o ter-se ella feito representar nesse imp(prtante certamen. Respondendo, é-nos grato patentear que foi com vivo interesse que a Sociedade Nacional de Agricultura acompanhou todas as phases da uti- líssima iniciativa da mui prezada co-íirmã ■'União dos Criadores", que, mais uma vez, le- vando a effeito tão alevantado certamen, pro- porcionou á classe agro-pecuaria do nosso paiz, ensinamentos, dif fundindo resultados pratjcos, que trazem á lavoura nacional precioso alento. Aproveitamos o ensejo para apresentar a V. Ex. os protestos da nossa maior estima e consideração. (A.) Miguel Calmou, Vice-Pre- sidente . , 16 de Outubro de 1916. Exmo. Sr. Dr. Delfim Moreira da Costa Ribeiro. DD. Presidente do Estado de Minas Geraes — Bello Horizonte. Temos a honra de communicar a V. Ex.. e o fazemos com grande satisfação, que. em ses- são da Directoria desta Sociedade, foi accla- mado nosso associado benemérito o Estado de Minas Geraes, que V. Ex. superiormente diri- - 20 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA ge, imprimindo á sua administração nnui orien- tação elevada, que sobremodo o destaca nesta phase dc serias apprehensões para a vida v.a.- cional. A Sociedade Nacional de A,t;riciiltiira. 'jue acompanha com « máximo interesse o que --t faz no paiz. presentemente, em torno da so'u- ção dos principae= problemas económicos, de onde resultará c único meio efficaz de sahirmos das aperturas financeiras do momento, não po- dia jiassar des])ercebido o que o governo de V. Ex. tem feito a tal respeito com applausos ge- raes. de que o acto da Sociedade não é sinão apagado éco. Aproveitamos o ensejo, que ora no sofierece, jiara apresentar a V. Rx-, com a segurança da nossa admiração, votos sinceros pela prosperi- dade desse grande Estado e pela felicidade pes- soal de V. Ex. (.\.) Hiijiibal Porta, i" Secre- tario. lnlllllllllllllIllllll>inillinlinill|ii|llllilliIllllllnlltl!:li:l|i|nliiIl:lhlllllllllllllllll>llllrilllllllllllllllBllllllllllillllllllllllljlllilllIlllllllllllli:l:llllli'lllllllii|i:i;!i;i exemplo, por ser a planta niellioi- estudada, além de re]»i-eseutaiite typico do iirupo a que pertence. Sempre (pie se fala da selecção do mi- lliii. na maioria dos rom]»endios de eiige- nesia, on de hrerdiíij/ das ])lantas, vêm á citação as celebres exp-eriencias leva- das a effeito pela Estação Experimental de A.iiricnJtura do Estado de Illinois, E. I' . .\ . y . Esta selecção teve começo (MH ]S!)(!, e ainda coutinna nos nossos dias. Trata-se do processo da s-plecrão inãiviílunl . Seleccionon-se um certo nu- mero'de espigas; estas, foram analysa- das cliimicameute e separadas em quatro grupos, segundo continham maior ou me- nor porcentagem de proteína e óleo. Em seguida, plantara m-se umas quatro es- pigas de cada grupo, sendo uma espiga para cada carreira, afim de conserval- as .sej)aradas e manter o seu prdifiree. Na época da collieita, escollieram-se as espigas, em c-ada carreira, que mostra- ram, pela analyse chimica, maior ou me- nor })orcentagem de pi-oteina ou óleo, se- gundo o caso. E' preciso não esquecer que cada grupo tinha as suas sementei- ras isoladas. Pois bem, este processo se repete todos os aunos, com o resultado que foram produzidos quatro typos de milho : nm, com grande ])orcentagem de proteína e o amido redtizido; outro, o in- verso do primeiro; nm terceiro, com a porcentagem de olco accrescida, e nm ul- timo, ao contrario deste. Em todos os quatro typos, as porcentagens sãit maio- res ou menores do (pie im ]iriiuni to ori- ginal. Essa notável experiência, dil-o-emos de passagem, veiu corroborar as idéas de DarAvin, que sustentava desempenliar a selecção um papel importante na evolução dás espécies, ou, em outras palavras, que as variações continuas eram hereditá- rias. Além disso, a referida experiência de selecção continua e s\-st(Mnatica. sur- giu a contradizer as idéas de De-Vries, cri^ador da Theoria das Mutações ; o mes- mo sustentava qtie variedades novas eram, aptmas, simples descobertas, pois que appareciam subitamente. A experiência de Illinois ]irovou que se podem crear va- riedades novas, i)or meio do ]iroc(^s.so da selecção continua e systeinatizada . E" uma que.stão ainda controvertida entre os scientistas, não logrando, até lioje. uma solução satisfactoria. E" de crer, comtudo, que, si abandonarmos a sele- cção das noras cspcrics clcmcittarrs. ou variedades originadas pela experiência de Illinois, ellas reverterão ao seu estado primitivo. O mesmo não acontece ás mu- tações, que, sem os cuidados do homem, continuam a manter-se estáveis. -Vlém da selrci-ãd iiidiridiinl. mais sys- tematizada, pôde ])raticar-se, também, a strlrecjio rm mo-ssii. (|uando as espigas estão ainda na planta. Neste caso. se- leccionam-se, guardando para as semen- teiras do anno a seguir, as es])igas de me- A LAVOURA 21 — lliov ('(mloriiiiirão, maiores, mais unifor- mes, com grãos grandes e bem alinlia- flos. etc. Tal selecção está ao alcance de (jiialfiner agricultor, que talvez só neces- site de uma breve licção pratica para le- val-a a effeito. Sobre obter o agricultor, por esse meio, um producto melhorado e mais uniforme, terá, também, unm va- riedade adaptada á sua localidade, ou, mellior, ao seu solo em particular. Assim, em consequência dessa adaptação, produzirá mais e melhor. 3' Selecção das plantas de propaoacão vege- tativa. — A) Arvores fructiferas Para exemplo deste grupo, tomare- mos a larangeira, que é a mais bem es- tudada das arvores americanas. A ex- tensão e o progresso da cultura da laran- geira na Califórnia, são o attestado elo- queute dessa asserção. A priori, temos de referir novamente á theoria de De-Vries, sobre a-s muta- çõcf:. isto é, o apparecimento brusco de característicos novos, espécies elementa- res, que são transmittidos, como é o caso, por exemplo, do apparecimento de um animal mocho no seio de uma raça chi- fruda. Esta ausência de chifres, é trans- mittida á prole com preponderância sobre os outros. Pois bem; devido á frequência notável com que surgem as mutações nos indivi- duos do género Citrus, a que pertencem a larangeira, o limoeiro, etc, é possível, com a selecção desses rebentos, obter os melhoramentos desejados, taes como, bôa producção ao ladn da uniformidade do producto. Para conseguir esse dcside- rafuiii, os pro]irietarios de lar.Tujaes na Califórnia, mantêm um registo da pro- ducção. de suas arvores. As que produ- zem pouco, são enxertadas com rebentos das que produziram muito. Desse modo, têm elles aperfeiçoado o sen prodiu:'to e salvaguardado os seus interesses, por- quanto as arvores que produzem pouco, não compensando a sua manutenção, dão prejuízo ao pomicultor. Quanto ás demais arvores fructiferas, é tudo uma questão de estudo e observação pertinaz das mutaçõs, que constituem a causa fundamental do successo obtido na sele- (•(•ão das plantas. B) O grupo das batatas Este gTupo comprehenderá, a batata iugleza ( Solaiiuiji tiihrrofuiiii h. I e a nossa batata doce (fixxuKt hnhitas L.), a primeira pertencente á faiiiilia botâni- ca das Kolaiiar-eafi e a segunda á das Con- njlrulacrii.^. Como estas plantas podem ser, na pratica, propagadas vegetativa- meute, cabem, ])ortant() no grupo prece- dente, A), que poderá incluir, também, a mandioca {Manihot utilissimn L.). da família das Euphorhiarais . Experiências de selecção coui a batata doce, deram resultados semelliantes aos obtidos com a batata iugleza. Os rrhen- foA-iiuitnçõe-'^ na batata iugleza são bem raros, sendo a opinião de muitos estu- diosos que o estado de aperfeiçoamento desta solanacea é devido, menos á fre- quência das mutações, que á eliminação de indivíduos ou typos inferiores doen- tios, ou susceptíveis do ataque de molés- tias. Seleccionando as plantas mais vi- çosas e, dentre estas, retirando as que produzem mais e melhor, têm-se obtido resultados adju iráveis. Quanto á batata doce, nada sabemos de estudos feitos sobre a frequência das mutações; temos conhecimento, apenas, de experiências de selecção effectuadas pelo mesmo processo usado iiarn a batata ingleza e com resultados identico.s. WICAIÍ C TEIXEIRA Agrónomo (Continilfi) . II [oiis Mim M isipolila Segundo refere "The Times of índia", desde 1917 que um technico do Serviço de Agricultura da índia vem realizan- do experiências com o fim de inda- gar quaes as variedades de algodão mais próprias á cultura na Mesopotâmia. Os resultados dos tr.aballios feitos nesse sentido e a perspectiva do estabelecimen- to de uma industria algodoeira, encou- tram-se pormenorizados no numero de 22 BOLETIM DA SOCIEOADE NACIONAL DE AGRICULTURA Xovcitiliru, (Ic 1I»1'0. (1(1 '• IJiillcriíi (if tlie de (»!)r;Mlis]K)iiiv(^'l c da jiraiulcza da siiixT- Iiii]iciial IiistiTiitc". Tclo (|ii(' as fonclu- fici(^ ciii (|ue se possa íiumter, i)in-eune- 7A'n^s jicnnittcm prcsentciiR^utc, o.s typos nicntc, d aliastí^ciíiiciito (Taiiiia . Pan»e(^ a7iu'i-ican(is di» algodão parece .serem os jxissivel a cnltnva aiiinial de lõO.OOO a riiais ada])t>a\'eis. Os membros de nma mis- 2(MI.(MMl (írre^ pela ]H)]Mila(;ão (existente, são da "I!i'ilisli Cottoii (írowiníí Asso- cas'! se promovam as necessárias facilida- ciatioii". i|i!'' visitou essa região ao fim des no (pie respeita ao traiis]M>rte. niaclii- do ainio de T.tl!», levaram as nudliores nas ai;ricolas, etc. impr(\ss(^es com respeito ás snas ])ossil)i- N"nm ealcnlo minimo, essa ái-ea produ- lidades algodoeiras. ziria. annnalnn-nte, de 1.") a 20 inilh(K's de A área a ]ilantMr-se dc](endci-á da niãn liliras de algodão. llllliiliil!iliiliili!lilliilNinBnininiiiinaiíliilnini!iiriiiiiiiiMiiiiiiitiiiiBiiliil(ilnli;liiliiliiliilnliililliiiiifi]|iilMiiifiiiiiiiiliifiilniiili!lilliilMiniiuliiit:itiiiiiiiiiii|iiiiiiiii /•'«■(l/n Aíjriívlii i'Liii< iiií:ii:iiiiiiiiiiiii il:iliil:iliili)iiiiii|::i:iiiiii;liil;iliil:ili:lLl)ili)l:iininiiiiiiiiili:liili:ii:itiliiliifiiliiiniMinii:l';ll:liii::inliriiiiiiiMininini:iliiinililMliilliliifir O Credito Popular Agrícola e as Caixas Raiffeisen MrDiorUi )-. 1'hichlu i/r Mello. embora reduzido o miniero dos lieroes dessa cruzada patriótica, seus nomes Ilreve é a historia úo cooperativismo constituem motivo justo de orgulho para no lírazil, mas, da acyão pratica e effici- a cla.'s lii-igadeiros dessa iiiiPiT;! salvadora, nm lia i\\io o mérito (•()ll(K-a na yrinicir;! plana: é Plácido de Mello. Pioneiro do ruiffcinçnismo no Brazil, foi elle que jjessoahnente enipreliendeu, ^' lia longos annos mantém, abnegado, per- severante e ardoroso, iima campanha te- naz em prol da creação, entre nós, desse instituto admirável de credito agrícola. Elle demonstrou, cabal e inequivoca- mente, aos olli(»s incrédulos e duvidosos do nosso agricult(»r, com os resultados das primeiras tentativas, o poderoso au- xilio (|ue pi-estnm á lavoura as Caixas líaiffeisen, diffundidas por toda a Alle- manlia, .seu paiz de origem, e pela Bél- gica inteira, onde se constituíram o bra- ço fm-te das i)0])ula(;õ('s agrarias, salvan- do-as, mesmo, da misei-ia extrema nos dias angusti((sos da ultima guerra. E aíjui vemos, na grandeza e na opu- lência, como testemunho eloquente da ol)i-a im])erecivel de Plácido de IMello, a ' "aixa líural de Xova Fri burgo, no Esta- do do Kio, que realisa outros fins patri- óticos além dos seus jjriiiiarios : já eui- jirestou dinheiro á municipalidade para empregar em melhoramentos locaes. Es.sas considera(;ões e esses factos vém a propósito da iíemoria que este nosso ilíustre compatrício acaba de pu- blicai-, ]iai'ii candidatar-se ao concurso da cadeira de Econcmiia e Estatística Rur;il — fontaliilidiíde .Agrícola, da Es- cola Superior de Agricultura e Medicina Veterinária, do (loverno Federal. Em linguagem sim])les, concisa e muito claríi. Plácido de .Mello synthetisa, na sua palestra amena, a historia do raif- fcisciiis-mo. seus jirincijiios e applicações e faz referentias á ])r(qjaganda por elle alimentada nos nossos Estado.s, cujo bri- lho a modéstia innatii do autor é impo- tente para empanar. E' muito justa c nobre a aspiração de Plácido de Mello, de levar para a cathe- dra, no nosso mais alto expoente do en- sino technico agronómico official. o seu vasto cabedal scientifico consolidado na pratica, legílndo-o a gerações inteiras de intelligencias novas e robustas, cada (|ual um éc(» vi\-o, nas mais recônditas jiaragens brazileiras, dos sãos princípios e doutrinas da Ecouítmia Hural tangidos pela voz cautelosa do mestre. Fora nos Estados Fnidos, onde o pro- fessorado das Universidades é todo esco- lliido entre os indivíduos de títulos (|>ie conijirovam a sua c;i|)acidiide scicntifica no longo tirocínio jtiatico, e Plácido de ilello já teria sido instado a pi-liiiiiiiiiiiiiiiiii VIAGEM A'S índias OL-I l»JF?A DÃk JU COMMERCIO Todas as operações commerciaes sobre a juta, versam sobre a fibra em estado bruto ou ma- nufacturado, pelo que trataremos separadamente de cada um. JUTA BRUTA. — A juta produzida na ín- dia, excepto a das Companhias que exploram a sua cultura ou que a compram directamente do productor, é negociada nos pequenos mercados do Interior, antes de ser remettida ao grande mercado de Calcuttá. Anteriormente á grande giicna. a juta desti- nada á exportação sabia de Bombaim, cujo porto aberto para o mar de Ornam é evidentemente superior ao de Calcuttá, situado ás margens do rio "Hoogly", a 90 milhas do Oceano. Mas, por exigência da defeza, o Governo In- glez fechou aquelle porto considerado militar, e toda a juta bruta ou manufacturada é agora directamente exportada em Calcuttá, que se tor- nou assim, o grande e único centro commercial e industrial de juta na índia. 21 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA Para melhor comprehensão do assumpto. acompanharemos a marcha das o|)erações com- merciaes nos mercados do interior e nesse gran- de centro. MERCADOS INTERNOS. — Comprada pe- los Beparis on Paikars. na casa do agricultor, a juta chega a estes mtTcados. verdadeira? fei- ras bi-semanaes. em fardos denominados "ba- res", grosseiramente amarrados e do peso variá- vel, acondicionados em carro? de bois ou em bar- cos de. transporte fluvial. '■ ■ yi ;i;amento é feito á vista c em prata, por- que o lavrador, não tendo meio f:ici! d:- reconhe- ••drums". de forma cylindrica e pesando 30 aeers. ou 2- kilos e Soo í;rammas. antes de ex- portados. ( Photographias 30. 31. 32, 2,?,, 34). A juta dos "bares" que não segue directamen- te para as fabricas e "Press Houses" de Cal- cuttá. é levada ás prensas do Interior e toma, en- tão, o mesmo destino, já, então, acondicionadas em fardos de 3 12 maunds (290 libras), cha- mados • "Kutcha Bales". (Photographias 70 e 71 ). Nos "'Kutcha bales" a juta é simplesmente en- fardada, ou. antes, é previamente cortada na raiz e passada no pente para ser remettida ás "Press Hoirses" e fabricas de Calcuttá. Si. po! ventura, chega ás fabricas sem ser cor- l'i'siiiii'iii iltl jiilii I- pn-iisii jiid jiiirii «hiililiii liiili' hil,'nn cer o papel falso, como reconhece a prata, re- cusa-se a recebel-o. Os "Paikars", que são os primeiros uite.rme- diarios do negocio, vendem esses "bares" a agen- tes de fabricas, para as quaes são remettidos nes- se estado, ou a representantes das "Press Hou- ses" que também os enviam para Calcuttá nes- sas condições; mas, geralmente, levam-nos ás prensas das proximidades do mercado para no- vo enfardamento. antes de mandal-os para aquella praça, pelas estradas de ferro, ou pelos barcos e barcaças especiaes que navegam os rios indianos. Na falta de prensas, os fardos "bares" são. muitas vezes, transformados nos denominados tada e separada, ahi é submettida a essas ope- rações, aproveitadas as aparas e rejeites na ma- nufaccura de productos mais grosseiros. Nas "Press Houses" de Calcuttá, os "bares", "drums"' ou Kutcha bales, são abertos, as fi- bras escolhidas, aparadas e separadas por quali- dades que. depois, são misturadas para forma- rem typos commerciaes. antes de frem aos com- pressores. ' mi ilesíiimu Si ha differença no peso ou na qualidade, é deduzida dos 10 "|° e o saldo entregue ao ven- dedor. Quando os 10 "l" não bastam para cobril-a, o vendedor é responsável pelo restante. Si o accordo sobre a differença não é pos- sivel, a questão é levada á "Camará do Com- mercio de Bengala, que dá decisão final obri- gatória e respeitada por ambas as partes contra- ctantes. A juta é vendida nos mercados internos por ■■ maund" de 83 libras e o seu preço tem regula- do, ultimamente, entre 6 e 10 rupias para qua- lidades excepcionalmente superiores. Excusado é dizer que taes algarismos são pre- ços de guerra, pois, antes delia eram muito in- feriores. Green (.D) Ded (T) Red (P--\), que podem ser substituídas. Ha "Puca bales" de aparas e rejeites que são exportados, principalmente, para a America do Norte e empregados no fabrico de papel, bar- bante, cadarços, etc. Estas marcas não trazem garantias, de sorte que, si ha um jjedido de abatimento ou redu- cção no preço em qualquer delias, por differença de peso e de typo, os enfardadores ( Press Houses) não são responsáveis pela reclamação que é paga pelo vendedor. Essas marcas podem ser subsíituidas por ou- tras, trazendo garantias, e quando o negociante compra algumas dessas marcas o enfardador di- Ihe uma carta de garantia. Todo-- esses negócios são realizados por con- A LAVOURA 27 Finràít fie jiifn tractos, com intervenção dos correctores que co- bram, de percentagem, de 12 annas a uma rupia. Semelhantemente aos "Kutcha bales", quan- do a qualidade do artigo não corresponde á marca, o vendedor paga a differença ao compra- dor, si ha accordo. No caso contrario, cada um nomeia um arbi- tro. Não estando os árbitros concordes, escolheni um desempatador, de cuja decisão ha recurso para a "Camará de Commercio de Bengala" e esta nomeia um perito que resolve em ultima instancia, por laudo final e incorrigível. As fabricas, por excepção, compram "Pucca bales" si acham os preços vantajosos. Os exportadores para Dundee, Londres e ou- FUirdn de jiilii 28 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA trás praças da Europa, compram a juta por far- dos F. A. V. e pagam em moeda corrente da índia (rupia) e vehdem-n'a por libras esterli- nas e por tonelada de 2,240 libras C. L. F. Os "Pucca bales", antes de serem exportados, são pesados e medidos por um aferidor offi- cial {Licciíccd Measurcr) nas "'Press Houses" e, ás vezes, nos trapiches e docas de Kiderpore, onde a juta é inspeccionada e paga mediante a apresentação do recibo dessas casas, desconta- das as differenças. JUTA MANUFACTURADA. — A grande massa de negocio de juta manufacturada, em Calcuttá, é de aniagens e saccos preparados. ções dos mercados, porque as transações, dessas matérias primas eão realizadas a dinheiro de contado, ao passo que as relativas aos tecidos ■são feitas por contracto e a prazo longo, sujeitas, por conseguinte, á influencia das especulações e das causas artificiaes. Nos últimos tempos, e especialnienre desde o inicio da guerra, com o augmento da procura e enorme desenvolvimento da industria fabril na índia, as cotações da juta bruta tèm-se elevado de modo notável, embora nem sempre acompa- nhem os altos preços dos productos manufactura- dos que têm enriquecido os industriaes sempre mais favorecidos que os agricultores. Furdfis fie iiiíuiíjctis e saccos jinrii ccjuniaçâo Outros productos, como certos tecidos, cor- das, barbantes, etc, são de somenos importância, e o fio de juta de que, até certa época, o Brazil era o maior comprador, antes de importar juta bruta, também não é actualmente objecto de com- mercio mencionavel. O mercado de aniagem, tão importante como o de saccos. abrange tecidos de typos differen- tes e marcas de accordo com os pedidos dos com- pradores, conforme as tabeliãs já especificadas na parte relativa ás fabricas. GOT.\ÇÕES. — Os preços de juta dependem do volume das colheitas e, embora obedeçam á lei da offerta e procura, como os de aniagem, e saccos, soffrem em menor escala, as fluctua- .\> cotações do boletim '"^Market Ríjr,.t-"', Srs Morgan & Cia., do mez do outubro p. São as seguintes : los JUTA BRUTA ^a rupia: .1$400 QualiÓEde Preço da .rupia Preço em mil rtis Jat 4'S .Tat H'S . . Rs. l.S 8 anuas " K) " 13 i) 8 14s(IIIO Hard Dist. 4'S . . . ■• R'.S.. 1(5^9(1(1 12S4(J() A LAVOURA 2g líiinílíiiiwiilíi liti fni fni li/hos jiftí-a os fusos JUTA MANUFACTURADA 1 rupia 1$400 Destino Qulidade .de saccos Peso Pollegadas Dimensões Preço em rupias A' vista P. Dezembro Preço em mil réis A' vista P.Dezsmbro Cape e Maiiritius Aust. e N. Zei; Burma e Straits Índia e Rombiiy Eií.vpiíi B. Twills N. 2 Twills Wool packs Com Sacks Wool packs Heavv CS ]■:. Bai;:; A. Twills B . Twills Grain sacks •2 n 1 ÍKS. y -4 " 10 " 2 '4 " 11 -4 *' 2 'í " 1 % '* 2 % 2 ^'4 5 44x26 % 63 R 1 s. 44X26 % 63 ' I 54X27X27 3 ' 1 41X23 66 ' 54x27x27 3 ' 40x28 65 ' 40x28 48 ' 44x26 % 75 ' 44X26 Va 63 ' 60X30 135 ' 60 Rs 63 " 3 " 66 " 3 " 65 " 48 " 75 " 60 " 135 " 88?200 88!f200 4.H200 92$400 4«200 91$000 83*200 105-SOOO 88-?200 189!?000 84S000 88$200 4$200 92S;400 4$200 88A200 83$200 1058000 84S00O 189*000 (('oncliiKão I . .iiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii)iiiiiiii!iiiin>niii i:EiiiiiiiiBiiBniniiil' Dr. Rodrigues Caltlas. MIMIIIIIIIIII!IIIIIIIIMIIIIIIII!llllilllIII!llllllllllllinillllllllIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIMinlllIIIIIIIIIIIIIIU Apontamerstos sobre as nossas principaes for- ragens nativas e cultivadas (CONTINUAÇÃO) Entraremos, agora, no estuda das principaes plantas forrageiras da familia das LEGUMINOSAS, abrangendo algumas dos campos naturaes e outras cultivadas, ou que devem ser largamente semeadas nos pastos de criar, para maior enriquecimento da ração dos animaes. 69. ZORNIA DIPHYLA Pers. — (Fig. 16) E' uma leguminosa que apresenta treze variedades, vegetando tsdas em baixadas e terrenos frescos, no meio de gramíneas e outras plantas. São hervas diffusas, de dois fólios na folha, ovaes-lanceola- dos, de flores amarellas em espigas, vagem de 3 a 6 artículos. São communs a todos os Estados brazileiros. muito acceitas pelos animaes, isoladas ou de mistura com os capins. Prestam-se a bom feno. Analysado no laboratoro de Chimica do Museu Nacional, pelo Sr. Dr. Alfredo de Andrade, o feno da Zornia apresentou 9,019 °|° de proteína digestivel. com excellente cheiro e macio. 70. GALACTEA TENUIFLGRA. VILLOSA \Vi- ght et Arn. (Fig. 17) — Leguminosa de folhas pubescentes ovaes, coip trez foliolos, flores purpu- — 30 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA reas pequenas, legume ou vagem de 1 a 2 polle- gadas, herva perenne e quasi erecta, de dous a trez palmos de altura, muito apreciada pelo gado por entre as gramíneas onde se insinua. Commum nos pastos do Estado do Rio. onde a colhemos para estudo. Glaziou também a encontrou em Goyaz, na Serra dos Pyrineus. Em cam.pos próximos a Pira- pora e no interior do Estado de S. Paulo, também a encontrámos mais de uma vez. Analysada pelo Sr. Dr. Alfredo de .Andrade, no laboratório de Chimica do Museu Nacional, apresentou, na ma- téria secca, I9,0°|''de substancia azotada. Das 3 variedades desta leguminosa, encontrámos a glabrescente^ que nos parece se a Jequirana de Govaz, trepadeira, de 3 foliolos oblongos, macios, sericeo-villosos. de 1 a 2 pollegadas de compridos, vagem de I '-'-' a 2 pollegadas, de ápice recurvado. E' commum nos cerrados de Goyaz. onde tem grande renome, por fornecer, durante a secca. sub- stanciosa alimentação ao gado, segundo o testemu- nho insuspeito do Sr. Cap. Henrique Silva, conhe- cedor dessas especialidades. Com o nome de Jequirana já foi analysada em 1910 (Boi. de Agricultura de S. Paulo. n. 7 — Julho de 1910) uma planta considerada suspeita, que era. porém, o Teramnus uncinatus Sw.. planta, na verdade, ve- nenosa. Mais tarde, o Sr. Cap. Henrique Silva, em carta publicada nas "Chácaras e Quintaes", n. 2, de 15 de Agosto de 1915, rectificou o engano, di- zendo que a planta analysada fora por elle mesmo remettida e tem o mesmo nome em Goyaz. mas. que a verdadeira Jequirana é outra planta, classifi- cada peio Sr. Dr. Peckolt como — Centrosema pliimierii Benth. 71. CARRAPICHO BEIÇO DE BOI AMOR DO CAAIPO — Desmodium adsccndens D. C. (fig. 18 — "(10) E' leguminosa de caule diffuso. foliolos oblongos, de varias dimensões, racimos longos, flores róseas quasi purpúreas, vagem de 2 a 3 ar- tículos, viscosos. Existe em toda a America do Sul e nas índias Occidentaes. Mvito procurada pelos animaes, vivendo em verdadeira symbiose ou união com as gramíneas nos campos, resistindo ao frio e á secca. vegeta em todos os terreros, attineindo maior desenvolvimento nas terras fortes. Disse- mina-se facilmente por sementes Analysadia, deu a relação nutritiva de 1:5.50. E' forragem para toda espécie de gado. 72. BARBADINHO, CARRAPICHINHO — Des- modium barbatum. Benth. (Fíg. 19) — Legumi- nosa muito semelhante á precedente, distingue-se por ser menos rasteira ou erecta, mais villosa, com os foliolos menores, os pedúnculos floraes curtos e as flores aglomeradas e muito cheias de pellos setaceos. A vagem é de 2 a 4 artículos, as flores violáceas ou azuladas. E" uma forragem estimada, eg''almente, por todos os animaes e commum a to-^os os campos brazileiros. Pela analyse. antes da floração, deu a relação nutritiva de 1:3.2. Habita em toda a Am.erica do Sul e dissemina-se por sementes. Só deste género de leguminosas forrageiras abundam no Brazil muitas espécies, nada menos de 54 variedades, entre as quaes citaremos — Desmodium albiflorum Salz., D. asperum Desv.. D. axillare DC-, D. cuneatum Hk. e Arn., D. packyrhizum Vog.. D. uncinatum DC, D. inca- num DC, D. hradeatum (Mich) n. sp. Warming, D. molle DC. Desmodium leiocarpum G. Don. (Marmellada de cavalto), de relação nutritiva, antes da floração, egual a 1:2.5 e como feno egual a 1:2.8, Desmodium cajanifolium DC., com a re- lação nutritiva, antes da floração, egual a 1:2.7. e Desmodium tortuosum Welb (D. spirale DC. — Erva de mendigo, trevo da Florida), com a relação nutritiva, antes da floração, egual a 1:2.3 e como feno egual a 1:2.8. Muitas destas foram colhi- das nos campos do Ceará e Rio Grande do Norte pelo Sr. Dr. Alberto Lõfgren, quando na Com- missão de Seccas, algumas colhidas por Glaziou em diversos Estados e as trez ultimas :ultivadas e analysadas no Instituto Agronómico de Campi- nas. O. D. incanum DC. temos colhido em muitos (10) .\ prevalecer a prioridade ta.xonomica. o gé- nero Desmodium (Dcsv. 18m) deverá passar a Mcibomia (Moehr.) — 173f>. campos do Estado de S. Paulo, onde é muito com- mum entre as gramíneas. 73. CAPIM BAMBU' — Cássia Langsdorfu Kunth. (Fig. 20) — Encontrámos nos campos mais frescos de Uberaba esta forragem, de mis- tura com os capins que o gado devorava. E' planta quasi rasteira ou inclinada, de pequenos foliolos oblongos, lineares, macios, legume liso ou pouco pilloso, de crescimento até 1 'í palmos. mais ou menos, haste de ramos curtos. Mais ade- ante de Araguary, já nos campos próximos a Ca- talão, tornámos a encontral-a porém, em menor quantidade. Pela descripção de Bentham, é com- mum a todo o Sul do Brazil. Ha duas variedades. 74. CARRAPICHO — Aeschynomene faícaía, pleurijuga DC. (Fig. 21) — Com 3 variedades nesta espécie, é uma planta resteira. muito cheia de pellos viscosos, conforme a variedade, de 4 a 9 e mais foiiolos nas folhas compostas, flores- A LAVOURA 31 cendo muito e dando pequenas flores amarelladas. Existe também em quasi toda a Ameri:a do Sul, no México, etc. Apezar de sua viscosidade, não irrita a bocca dos animaes e é procurada pelo gado. Deste género, com 26 espécies brazileiras, ha conhecidas as seguintes, das quaes só uma foi analysada: AESCHYNOMENE BRAZILIANA DC (Lentilha do campo no Pará), AESCHYNO- MENE SENSITIVA Vog. (Sensitiva mansa), ana- lysada, antes da floração, no Instituto Agronómico de S. Paulo, com relação nutritiva de 1:2.8., AESCHYNOMENE AMERICANA Lin. (Glaziou), (Aestyacursis n. sp. Tomb. (Glaziou), A-ES. MARGINATA Benth. e AES. HISTRIX Poir (Ceará, Pará (Lõfgren). São tidas como boas forragens. A Sensitiva mansa, commum em Goyaz, Bahia, Rio Grande, Minas e S. Paulo, encontrá- mos nas baixadas e campos seccos do Districto Fi(i. '2S e Fiij. ti Federal de mistura com outras hervas, sempre florida e acceita pelos animaes. Não tem pellos viscosos; mas, o caule é um pouco duro, de modo que o gado quasi só aproveita as pontas. 75, CÁSSIA ROTUNDIFOLIA Pers. (Fig.22) — E' planta rasteira, muito macia, bem acceita pelo gado e fácil de multiplicar-se, pois floresce e fructifica muito. Herva perenne. de foliolos ovaes-arredondados. peciolo pilloso, legume peque- no, estreito e achatado, flores amarello-pallidas; existe em todo o paiz nos campos graminosos, na .America Central e nas índias Occidentaes. 76. FEIJÃOSINHO — Rhymcliosia mínima DC. (Fig. 23) — Esta leguminosa, tidj por suspeita em alguns logares de S- Paulo, é, pelo contrario, in- gerida pelo gado. sem perigo nem accidente algum. A confusão veiu de uma outra espécie — OLHO r>H PO. MBA — Rhynchosia phaseoloides DC, aliás bem differente pelas sementes, que se pa- recem com as áo Jequiriti (sementes vermelhas com hilo preto) e, de facto, tendo as folhas suspeitas de envenenamento. Olho de Pomba além de ter as sementes pretas com hilo vermelho,, tem aos fo- liolos maiores, o caule achatado e a vagem curta e larga com duas lojas, parecendo um pequeno amendoim, .^o passo que o Feijãosinho é quasi rasteiro, não trepa tanto, os foliolos são rhombi- cos e as vagens estreitas e pequenas, com semen- tes escuras. Esta espécie suspeita, á vista da se- melhança das sementes com as do Jequiriti [Abrus precatorius i e alguns outros caracteres communs. foi classificada por Fr. Velloso como — Abrus la- sorias. depois passou ao gsnero Rhynchosia. O Feijãosinho vegMa nos Estados do Norte e nos do Sul de clima moderado (Minas, S. Paulo e Espirito Santo», o Olho de pomba, além do Bra- zil, também vegeta nas Índias Occidentaes. Ha 10 espécies no Brazil. 77. VIGNA VEXILLATA Benth. (Fig 24) — E' uma leguminosa que encontramos nas baixa- das e logares frescos do Rio de Janeiro, volúvel, pillosa, foliolos ovaes — alongados, de 3 pollega- das, mais ou menos, de comprido e I de largura, flores esverdeadas ou violáceas, vagem de 3 a 4 poUegadas de longo, roliça. Sua área de vegetação é desde a .^frira Tropical, Índias, Austrália, etc. até á America Central e do Sul e, aqui no Brazil, encontrada nos Estados do iNorte e Rio de Janeiro- Os animaes a preferem a qualquer pasto, signal de que é bôa forragem. Juntamente com outras, terá de ser analysada no Museu Nafinnpii onrip iq entregamos a porção precisa. Ha uma outra espé- cie, FEIJÃO DA PRAIA, BATATARÁN (Pará) — Vigna Iiiteola Benth, consider.ida bôa forra- gem para os cavallos e, também, conhecida no .\rrjzonas e S. Paulo. Em. Marajó, diz Huber. ser planta sarmentosa dos campos argillosos húmidos. Glaziou a encontrou ncs campos de Sepetiba. Rio de Janeiro. 78. VASSOURINHA — Stylosanthes viscosa Sw. (Fig. 2,5) — Herva diffusa. quasi erecta, de pequenos foliolos viscosos, oblongos e mucronados. í'agem um pouco larga e curva, haste sublenhosa, flores pequenas amarelladas. Vegeta em terras frescas e é muto appetecida pelo gado. Insinua-se como os carrapichos entre as gramíneas. E' com- mum em todos os campos de terras boas,, argil- losas. Uma outra espécie. Stylosanthes viscosa, acutifolia Sw. (Fig. 26). que enco-ntrámos junta- mente com a primeira, nos camipos férteis ."^o i'n- terior de S- Paulo e Rio de Janeiro, é também muito procurada pelos animaes. E' uma legumino- sa mais desenvolvida, de foliolos maiores, menos viscosos e fornecendo mais pasto que a primeira. Analysada pelo Dr. Alfredo de Andrade, no labo- ratoro de Chimica do .Museu Nacional, revelou 4°!° de matéria azotada na substancia secca. E', pois, muito pobre. Estas leguminosas são resistentes ao frio e á secca, pois são quasi perennes e dissemi- nam-se muito rapidamente por sementes. Das IO espécies existentes no Brazil. algumas são com- muns em São Paulo, já em estudo no Instituto Agronómico de Campinas; outras como — Styl, augnstifolia Vog., Styl. guyanensis Sw (Mange- ricão do campo no Pará) e Styl. Capitata Vog.. observadas e colhidas pelo Sr. Dr. Alfredo Lõf- gren. no Ceará. .iK cultura pôde augmentar o valor nutritivo das mais fracas. 32 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA 79. CLITORIA CAjAlNIFOLIA Benth. (Lothus fluminensis WelL » (Fig.27) — Esta leguminosa, coT.muni a todo o Brazil e até á America Central, como as 15 espécies brazileiras. é iirr i phinta Her- bácea, erecta, com folhas ternárias, elliptico-oblon- gas,, de face dorsal encanecida macias pedúnculos de ! a 2 flores, legume grosso, de 1 poUegada de comprimento. O gado a procura onde existe. Mul- tiplica-se por sementes e pelas raizes. Juntamente com outra espécie - CLITORIA GUYANENSIS Benth, conhecida vulgarmente pelo nome de Espe- Una falsa, também commum na flora campestre do interior do Brazil, encontramol^a nas terras mais frescas de Uberaba, Itararé, Curralinho (Minas) e Paraná, sempre acceita pelos animaes. A Espelina falsa tem as folhas estreitas e longas. e quasi lineares, o fructo mais longo, de I a3 pol- legadas. as flores amarelladas. DR. EZEQUIEL DE SOUZA BRITO. Da Escola Superior de Agricultura e Medicina Veterinária. í Contínua) Oleo da semente de Heriíisjueira Conforme promettênio.s no nosso numero ii e 12, de 1920. damos a sesruir o que sol)re este assumpto nos aieanta "The Times of Injia". "Após dexoradas investigações em Sumatra e nos Estados Mal lios Federados, chegou-se á con- clus>ão, segundo communica o Cônsul dos Estados Unidos em Sumatra, qne flâo ha a menor van- tagem. par.T os plantadores de Heveas, na collecta de sementes para a e.víracção do oleo e. mais, que a nova industria só se tornaria lucrativa si explo- rasse simultaneamente o oleo de outros productos. Não ha. presentemente, machinismos apropriados á extracção deste oleo nos heveaes. sendo o Di- rector da Est.ição Experimental de opinão que não compensaria a installação de taes machinas, a menos que outras sementes oleaginosas pudessem ser produzidas na mesma localidade. A exportação das sementes de hevea, também, não é rendosa, porquanto o volume da massa fi- brosa é grande em proporção ao seu pequeno theor em oleo."" O Brasil na próxima exposição de liorraclia o G<)Vi;nio Brazileiro promettcu prestar o seu c-ciiu'Uisu, dii forma mais cfficaz |)i>ssívl'I. à pro- (xiiiKi Exip(isi(;ão lie rínrraL-h;i ;i' realisar-se em .iiiiilio de 1921. E" (ii^no de unta que, iiíáo grado a biinjcha iniflcza competir ameaçadoramente cnm a brazileirii. a aiiiizaile á Jii.ílaterra c sincera e jícral 110 lirasil. Km relribiiivãn a essa .sympathia, (IS representantes da nossa industria extractiva (tia 1) )Tra..h 1 e*peram poder prop.ircionar umiu recepção coiidi.ijna aos delegados da industria da borracha brazileira — á nossa ainda formidá- vel e valorosa rival, lixcusado é aii.gurar ao Bra- zil o maior exilo 110 próximo certamen e enca- recer a importância do seu comparecimento: a sua experiência de exposições internacionaes pas- sadas, a que nuiica negou o seu concurso, e a natureza dos methodos competitivos da industria da borracha, c.oustituem uma garantia desse suc- cesso L' falam por si dessa importância. O Bra- zil despertou na concorrência mundial da bor- racha, nella vendo a sua própria salvação nacio- nal. O credito de (|ue ahi posam os nossos pro- cessos de con\niercio não podia ser melhor pa- tenteado nesta forma do Juramento mais sole- mne no Brasil — "sob palavra de inglez"". .\ssini. façámo-nos bons amigos e sempre bom amigos Jios conser\emos. Miiiiiiiiiiiiuiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiniiiiiiiuii!i::aiiiiiiJiiiii>iiiiiiJiiiii:iiiiiiiMiiiiiJiiiiiiaiiiiiiiiiiriiiiiiininiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiniu^ Movimento da Secretaria da Sociedade Nacional de Agricultura durante o anno de 1920 Correspondência de Janeiro a Junho de 1920 RECEBIDA EXPEDIDA Cartas .'S.Sli Officios \:,í) , Telegrammas (>+ Diversas 299 Total l.O.Vi Cartas 685 Officios 251 Telegianirnas 107 Total I.n43 Correspondência de Julho a Dezembro de 1920 BECEBIDA EXPEDIDA Cartas r>.">9 Officios IfiS Telegrammas 71! Diversas HKi Total 1.11(1 Cartas 7;!9 Officios 427 Telegrammas 27 Total 1.191 A LAVOURA — 33 — Relação dos lavradores inscriptos no Ministério da Agricultura, por intermédio da Sociedade Nacional de Agricultura De 1° de Janeiro a 30 de Junho NOMES município I-:STADO António Martins Pinheiro. . . Arseliiio K. Uma Álvaro Dixou A. Silva Adaiito Neiva. . . : 'Benedicto Tei.veira & Irmãos Cotitinlio & Irmão Flaviano Saldanha I^uz FraiicisLC .losé (Cardoso.... Hannibal Porto (Dr.) .loNL- Ferreira Teixeira José \'iryiiio Leite Joaquim Dias João Tei.xeira Mai'inlio John James Lowiides Julião Soares Manoel Coelho da Silva.... Rodolpho Baptista de Castro Simplício de Assis Viuva Pereira Lobato Walter 1 ulFenian Zeferino llodrií^ues Matfaparimim Soure Raposos Venda das Flores.... Maná Montenegro .^quidauana Caichoieira Raposos Soure Nazareth '. Ita.jutw Patrocínio de Murialié Ca|)ital Federal Miranda Olinda São José dos (lampos Miranda Cachoei r;'. Belém A raça u ria Kstado do Pará. listado do Pará. Kstado de Minas (ieratts. Estado do Rio de Janeiro. Estado do Pará. Estado ao Pará . Estado de Mattn Grosso. Estado do Pará. Estado ae Minas Geracs. Estado do Pará . Estado de Minas Geraes. Estado rte Minas Geraes. Estado de Minas Geracs. Capital Federal . Estado de Matto Grosso. Estado de Pernambuco. Estado de São P aulo. Estado de Matlo Grosso. Estado do Pará. Estado do Pará. Estado do Paraní . Cil 1 uscnpyoes ) De 1 de Julho a 31 de Dezembro NOMES MUNICÍPIO ESTADO .António Carneiro Pinto. -António Fernandes da Costa. . . . .António de Oliveira Rezende.... -António José de .Araújo António Luiz Paes Rabello.... António P. de Menezes Costa.. -Alexandre Bernardes de Castro. -Américo Teixeira Guimarães.... .An.iíelo H\'pp(tlito .Aureliann Prado Filho Associação Rural de Piratiny... -Adauto (joelho de Lemos Armando dos Santos Lopes Affonso Henri(|ue Cachapuz... Alfredo Kenkin.n -Abílio Barbosa de Castro e Silva. Angílo de -Almeida Magalhães-.. -Augu-^to César de -Albuquerque-. Companhia (icral de Industrias.. César Pereira de Souza Companhia Industrial Santa Fié Edgard Augusto Nascimento. . . . Fernando de Souza A\'erneck... Fazenda Pirabeíraba F. Guimarães & Companhia.... Granja Carola Gaspar de Paiva Gonçalves João Teixeira Marinho João de Souza Werneck Netto. . João Gonçalves de -Araújo....'.. José -Monteiro Míirtins Joaípiim Ferníindes Viliela Ludo\'ico Egalon Luiz Kego Cavalcanti. .Albuquerque Manoel Gonçalves de M. Carvalho Man l'beraba Sete Lagoas Silveiras Três Corações Piratiny Conceição de .Apparecida. São Bfírja Ouro Preto Itabauna ltai)eruna Rio Bonito , Miranda Porto .Alegre Join\ille Sanf.Anna de Japuiba... Itancara. . • - Vassouras Joinville São João d'El Rey Porto .Alegre Patrocínio de Muriahé. Sacra Fainilia Muzambinho Barbacena . Rezende Barreiros . . Ries|)lendor Penedo . . Districto Federal. Estado Estado Estado Distriet Estado Estado Estado Estado Estado Estado Estado Estado Estado Estado Estado Estado Estado Estado Estado Estado Estado Estado Estado Estado Estado Estado do Rio Grande do do Rio de Janeiro, de Minas Geraes. o Federal. de do de de de de do de do de da do do de do de do do do de de Minas Geraes. Rio Grande do Minas Geraes. Minas Geraes. São Paulo. Minas Geraes. Rio Grande do Minas Geraes. Rio Grande do Minas Geraes. Bahia. Rio de Rio de Matto Sul. Sul. Sul. Sul. Janeiro. Janeiro. Grosso. Rio Grande do Sul. Santa Catharina. Rio de Janeiro. Rio de Janeiro. Rio de Janeiro. Santa Catharina. Minas Geraes. do Rio Grande do Sul. Estado de Minas Geraes. Estado do Rio de Janeiro. Estado de Minas Geraes. Estado de Minas Geraes. Estado do Rio de Janeiro. Estado de Minas Geraes. Estado de Alagoas. Districto Federal. (38 lnscrii>ções). 31 BOiLETIM DA SOCIEiDADE NACIONAL DE AGRICULTURA Pedidos de vaccinas attendidos de I' de Janeiro a 30 de Junho o ^ to m CA . cr (U a> Í3 S CA INTERESSADOS u a o o* t3 u o ■ -c "1 5 município ESTADOS " 1 i- 1 S2 S ^ S " &.-a " >■ 2 " >• ra « António Pereira Cordeiro. , . . 800 1 1 Paracatú Minas Geraes Alberto Diniz Junqueira (Dr.) 100 — — — Pinheiro Rio de Janeiro António iMadeira 100 ' Castello Espirito Santo Alfredo José Nogueira 200 — — — 1 Orlandia São Paulo Basilio Tavares., 200 — Oliveira Bulhões Minas Geraes Cia. .\gricola Criadora -:- — — 500 Maria da Fé Minas Geraes Carlos da Silva Hocha 50 — — — Mar de Hespanha Minas Geraes Constantino (í . \'ivas 250 30 — — — Mimoso Districto Federal Espirito Santo Districto Federal Eduardo da Silva ,Arau.io (Dr.) Francisco .\. de Souza e Silva 500 — — — Paracatú Minas Geraes Francisco M. .Almeida Santos 250 50 ' — Sta. Maria Magd. Estado do Rio Gustavo de Faro Holcniber.i;. . 1 .000 — — — S. Joaquim Estado de Sergipe José Miotto - — 111(1 l'bá Minas Ger.ies Justino Rodrigues de (;arvalho — _-- ,'i(l Veado Espirito Santo João Hodri.ijucs Dias 50 — Ouro Fino Minas Geraes José .\ntonio Flores 50 50 50 - Maciico Rio Branco Rio de Janeiro João Goni,-alves Sobrinho. . . . Minas Geraes Jeronyino .\ntonio Coimbra.. 300 100 — — rberabinha Minas Geraes José .António Tannure 100 — — — T. Ottoni Minas Gej-aes Joaquim Jacintho de Pai\a.. 11)0 — — — Morro .Alto Minas Geraes José .Au^'usto Guimarães.... 50 — — Sereno .Minas Geraes José \'ir.2!ilio Leite 200 100 — — Nazareth Minas (ieraes João de .Almeida Carreiro. . . . 105 — — — Pedro do Rio Rio de Janeiro Joaquim Francisco de Oliveira 200 — S. .António do Monte Minas Geraes José F. Pacheco Pereira. . . . 200 — S. Salvador Bahia Motta & Moumiz 1 100 .500 100 200 KW — ) Garatinguetá 1 Lagoa Grande São Paulo Manoel Caldas de Gusmão.. Parah.vba Mário Afíostinho R. Lima. . . . 100 200 — — 1 Manaus .Amazonas Manoel .Absolon de S. Moreira lOtl 101) — 40 F"ortaleza Ceará Manoel Masilac Motta (Dr.). . 50 — — Bananal São Paulo Mariano José P. Ferreira. . . . 500 , Patrocínio Minas Geraes Pedro Pitta 250 — — 200 Gavião 1 Joinville Rio de Janeiro Procopio Gomes de Oliveira. . Santa Catharina Hodolpho Fernandes Castro. . 300 — — — Campo Formoso Goyaz Rodolpho Fernandes da (^ista. 500 — — — Campo Formoso Goyaz Ricardo de Souza Barros.... 10 10 Palma Minas Geraes Sobral Garcez & Irmão 100 — Itaporanga Estado de Sergipe \'ictor Torres - — 1.500. — . Pelotas 1 1 R. G. do Sul Doses 7 .595 910 2.400 890 ierto Landesberg' . ! 2 OOO 1 Entre Ri I «■ ^/^w^y» lllliclll.l. (,l.l|.||i A MlITl: l;,,,. .1.. i;. ^-^^'/^M, ^Ê^ BOLETIM DA SOCIEDADE MACIONALDE AGRICULTURA Primeiro Congresso Americano de Agronomia, peg. A poda e a pollinização do CacaoeLro. pelo Dr. Araújo Góes, pag A Thremniatologia e a Agricultura Moderna, pelo Agrónomo Wicar Teixeira, pag O Estado de Minas e a Inimigração Japoneza, pelo Dr. Rodrigues Caldas, pag A Escola .\gricola "Luiz de Queiroz", pag Relatório da Sociedade Nacional de Agricultura, pag Xo S . A . do Cacáo. pag Apontamentos sobre as nossas principaes forragens nativas e cultivadas, pelo Dr. Ezequiel de Sou- za Brito, pag Commercio Exterior do Brazil. pag Impressões da minha viagem a Montevideo e Bue- nos Ayres, pelo Cel. Júlio C. Lutterbach. pag. \. 93 94 103 107 110 111 114 '^ -g^'Jl í m «*»««M^^»M mf/fflfít^^ Hl ME & CIA. IVIOTOOULTORES (Société d'0utillage Mécanique et(l'Usinage dlrtillerie) FILIAL PE SOIHIMEIIDEIF^ & 0§£. Apparelhos de um typo inteiramente novo destinados a revolucionar a agricultura 2'ypo ",4" ptirn grande cultura: 35 HP. Typo "C" para a pequena laioura : 5 IIP. '-:>,> Estes apparelhos foram experimentados com o maior successo no campo de expe- riências da Sociedade Nacional de Agricultura, na presença dos representantes do Exmo. Sr. Ministro da Agricultura. HIME & Cia-- Rio de Janeiro ÚNICOS REPRESENTANTES PARA TODO O BRAZIL '%r^f/»» M^^ ' mu I u I A URA Boletim da Sociedade Racional de Agricultura ANNO XXV Rio de Janeiro — Brazil N. 3 Primeiro Congresso Americano de Agronomia A Sociedade Nacional de Agricultura recebeu da Sociedade Agronómica do Chile o officio in- fra, que com muito prazer publicamos por tra- tar-se de um assumpto de muito interesse para o Brazil, cujo progresso agrícola já constitue, realmente, objecto de sérias preocoupações de go- vernos e particulares e em que é auspicioso con- humana e a todos affecta, seja collectiva ou in- dividualmente. Nesta hora solemne de renovação de valores, em que se encontram em jogo os interesses mais diametralmente oppostos e se trata de estabele- cer novas bases á constituição social, ninguém pôde nem deve permanecer como simples expe- 1° anniiíersario da Administração do Ministro Simões Lopes Pastoril Grupo tinido na Industria statar o numero considerável de profissionaes agrónomos. O officio alludido é do seguinte teor: "Sr. Presidente da Sociedade Nacional de Agricultura : O grande processo evolutivo por que passa actualmente o mundo, na sua phase de reorgani- zação, abrange a todos os ramos da actividade ctador ; todos devemos tomar parte activa neste grande torneio universal, trazendo o concurso do saber e da experiência. Si este dever é imperioso para o simples ci- dadão, para as collectividades tem o caracter de urgente; € entre as collectividades, poucas, tal- vez, sejam mais obrigadas e instadas a trazer o contingente de suas luzes do que a profissão agronómica. 88 BOLETIM DA SOCIEiDADE NACIONAL DE AGRICULTURA Este momento, porém, tão profundamente in- teressante que acode â família humana, nem só se caracteriza pelo irresistível impulso de sua violenta evolução, sinão também pelo tríumpho e o império do principio associativo. Por conse- guinte, todo o labor individualista, todo o labor de esphera que não conte com a cooperação do maior numero e não redunde em beneficio ge- ral estará predestinado ao fracasso mais ou me- nos immediato. Dos argumentos precedentes, deduzimos, pois, que não só á Agronomia deve caber uma parte importante na solução do processo evolutivo da humanidade, como que para desempenhal-a com êxito e de forma efficaz, deve preoccupar-se, também, com o factor — associação. E' um defeito commum a todos os profissio- naes agrónomos da .\merica e demais continen- tes, o caracter excessivamente regionalista com que desenvolvem a sua actividade. Impõe-se-nos, portanto, si não queremos ser ^•encidos na marcha accelerada do progresso, mudar de attitudes e de programmas. E' em defesa destes altos ideaes, que a So- ciedade Agronómica do Chile resolveu convidar a todos os profissionaes agrónomos da America para organizarem o CO-NGRESSO AMERICA- NO DE AGR0iNOMI.\, o primeiro dos quaes celebrar-se-ia nesta Capital, na primeira quin- zena de Dezembro próximo. Esta nova organização internacional teria por objecto: contribuir para o progresso da Agrono- mia, estimulando o aperfeiçoamento do ensino ; pro|)orcionar um melhor conhecimento de todos os problemas relacionados com a Agronomia, cuja solução interessa a todas as nações ameri- canas; crear e manter vínculos de solidarie- dade entre as instituições, associações e profis- naes agrónomos da America, fomentando o in- tercambio intellíctual e propondo* a adopção de medidas incrementantes da profissão. Não duvidando que os collegas dessa Nação progressista responderão favoravelmente ao nos- so appello, o Comité Organizador e Executivo do Primeiro Congresso Americano de Agrono- mia ha por designar a Instituição sob a vossa digna presidência, para constituir o Comité or- ganizador nesse paiz, de conformidade com as dispozições dos artigos 6° e 22° do Regulamen- to, que temos o prazer de enviar-vos em sepa- rado . Esperando poder contar com o vosso assenti- mento e valiosa adhesão, e permanecendo ás vos- sas ordens, saudamo-vos muito attenciosamente. " — (Assig.) Jué Pedro Alcssandri, Presidente; C. Charpin, Secretario Geral." iiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiitiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiitiiiiiijiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii A poda e a pollinização do Cacáoeiro (^S KS. POR ARVORE!) Por muitas vezes tenho insistido em attribuir ao cacáoeiro um poder de producção que vae mui- to além das medias ordinárias, mesmo das me- lhores plantações entre nós. Quando, em certa occasião, affirmei numa das semanaes da So- ciedade Nacional de Agricultura que se pode- ria chegar ao resultado de 15 kilos de cacáo por arvore, se se empregasse o methodo de cul- tura racional que aconselho, algumas pessoas se entreolharam incrédulas. Achei, entretanto, mui- to natural o espanto e a falta de confiança em minhas palavras: todo mundo vinha af firman- do o contrario; não seria um testemunho desau- torizado que haveria de negar assim a opinião geral. Esperei, pois, melhor opportunidade.. Dirigi a alguns fazendeiros de cacáo do Mu- nicipio de Belmonte, Estado da Bahia, e resi- dentes nesta Capital, a seguinte carta circular: "Rio, 15 de Fevereiro de 1921. Exmo. Sr. Com o fim de levar, o mais breve po!?- sivel, ao eouhecimeuto da Sociedade Na- cional de A,L;ri(ultnra, oude o anuo pas- .sado fiz alííUma.s considerações acerca da cultura e da ])rodncção do cacáoeiro na Bahia, tenho o maior empenho em que me deis as seguintes respostas, muito ne- cessárias para o comi)leto esclarecimento daquelle assumpto : — roidi('ceis algum cacáoeiro (basta um, se a producção não é egual para os do mesmo grupo) que produza, em media, 13 kilos de cacáo annnalmeute ? — Oude se acha situado este cacáoeiro e em que condições, isto é, quanto ao agrupamento de outras arvores ou ca- cáoeiros a que elle pertença e á elevação ou á proximidade de" curso d'agua ou ver- tente em que esteja i)1autado, e, finalmen- te, (|uanto á dispusirãi» de seus gallios na formação da copa ? Esta ultima pergunta, ci)m(|uanto de muito valor, poderá ficar sem resposta, -AVOURA 85 imui vez que o testemiiulio invocado não possa precisar os dados (pie peyo. Deste modo muito penhorareis, etc . . " A primeira resposta que 'recebi foi a do Exmo. Sr. Carlos G. J. Mueller, o maior fazendeiro do Rio Jequitinhonha e uma das pessoas mais conceituadas da zona sul da Bahia. '•Ri(i de Janeiro, li) de Fevereiro de 1021. E.iino. Sr. Dr. /. de Araújo Góes Accu.so recebido o favor de V. S. de 15 do corrente e passo a responder ás per- guntas contidas no mesmo : Primeira — Para poder fazer o calculo da média da producção de uma plantação de cacáoeiros fructiferos — , ou de uma arvore isolada, — é mister que se tenha por base, pelo menos, a producção de 5 a G annos seguidos, pois, pelas estatisti- cas que tenho de algumas das minhas plantações, provo que a oscillação na quantidade da producção é enorme, ten- do eu observado differença para menos, de uni anno para outro, de 50 "j" até 70 °|°, como também teulio tido occasião de no- tar, depois de uma safra muito rpe perseguem, do menor ao maior, não poupando também as aves e os pequenos animaes. Entre os que fa- zem mal ás flores e aos fructos, e, por isso, procuram amiudadamente o cacáoeiro, ellas afu- gentam as abelhas arapuás, os picapáos. os ra- tos, etc. Toda a bicharia foge da caçarema, mesmo a saúva. Não é que as suas dentadas in- commodem ao homem, por exemplo : são ape- nas uma ligeira e passageira comichão, fácil de habituar. Desprendem um odor acre, que provavelmente influe para a fuga ou a posse das suas presas, quando fazem contra ellas as suas formidáveis investidas. Se por mais nada, vencem pelo numero. Percorrem toda a arvore que visitam, não lhes escapando os seus meno- res detalhes, até no interior das flores. O seu tamanho lhes facilita essa tarefa. De sorte que, introduzidas nas pequenas cavidades em que se tem accumulado o pollen amadurecido e cabido das antheras. ellas o precipitam sobre o estigma com o simples movimento de sua passagem. E' preciso agora considerar a capacidade da florencencia do cacáoeiro para julgar da ca- pacidade da sua producçâo, quando todas as condições a ella necessárias forem satisfeitas. Nas épocas da florescência, ha cacáoeiros cujos galhos se cobrem de alvo. As flores vêm por milhares. Pois bem: para que um cacáoeiro pro- duza 15 kilos de cacáo dentro, de um anno, são precisos 360 a 400 fructas (conforme a va- riedade), divididas entre tonporã-o e safra e, ainda mais, pelas varias colheitas que estas duas épocas obrigam de um em um ou de dois em dois mezes, Aquella quantidade de fructas para 15 kilos de cacáo secco é que leva quasi sem- pre o trabalhador ou o patrão a affirmar que tal ou qual cacáoeiro dá uma caixa (30 kilos, cacáo molle), porque não raro ha cacáoeiros que dão cortes de 80 a 100 fructas no correr do anno, chegando mesmo a algarismos mais ele- vados. Quem nos dirá, pois, se afastada a idéa da media com que procuro demonstrar o poder de producçâo dos cacáoeiros excepcionalmente cultivados, não chegaremos a resultados surpre- hendentes, procurando com rigor o limite má- ximo de producçâo de um cacáoeiro cultivado racionalmente ? Não quero, porém, falar sem o testemunho dos factos. Mas, nem tanto ao mar nem tanto á terra. Desçamos a uma media de 10 ou mesmo de 5 kilos por arvore, que vem a ser um terço do resultado que acabámos de ob- ter, e ainda estaremos cinco vezes distantes da nossa media de producçâo ordinária, pelos pro- cessos actuaes de cultura do cacáoeiro. Qual não seria, por exemplo, a producçâo da Bahia, se ali não se enfraquecesse o cacáoeiro. reduzin- do-lhe a duração, e se cuidasse da multiplicação das gemmas productoras, da fecundação das flo- res e da regularidade das colheitas pelo equilí- brio das condições de vida da arvore ? I Ao contrario disso, appareceu ali na zona cacáoei- ra do sul do Estado o qiiciíiui, que provem de um erro cultural capaz de determinar um gran- de desastre. Como se vê, a cultura do cacáoeiro no Brazil. é digna da maior attenção dos Governo;. J . de. Araújo Gocí A LAVOURA 93 A Thremmaíologia e a Agricultura Moderna (OONTINUAÇÃO) 4. CONSIDERAÇÕES GEEAES SO- BRE A SELECÇÃO A selecção tem sido, e continuará a ser, o metliodo mais usado pelo agricul- tor para melhorar suas colheitas. Como se a entende commumente, de parte o seu aspecto scientifico, a selecção dispensa uraudes conhecimentos dos que a prati- cam, como não requer despezas extraor- dinárias nem grande somma de tempo para effectuar-se, o que não succede á liyhridação e outras operações da Threm- inatologia, em que se empenham mais pa- ciência e saber. A selecção risa outros fins, além do au- 2,iiiento da producção, que se podem con- siderar secundariamente convergentes pa- ra esse principal, e como sejam : a elimi- nação de typos e indivíduos organicamen- te inferiores, infestados de moléstias, e, com elles, este outro factor de prejuízo. A selecção das sementes é, em alguns ca- sos de enfermidades das nossas plantas económicas, um dos meios efficazes de controlar e combater as mesmas. Ainda outro aspecto da .selecção é a questão de juanter puras as variedades, qualidades nu typos superiores, melhorados no senso vulgar. O agricultor, progressista e pre- vidente, deve tratar de manter puras as suas variedades, isto é, intactas quanto aos seus caracteres superiores, pela sele- cção continua e evitando que se mistu- rem com semente alheia e desconhecida. II. HYBRIDAÇÃO 1. Definição Entendese por lujhridaeõo a união en- tre dois individuos, plantas ou animaes de sexos oppostos, pertencentes a duas e.species ou variedades dif^tinctas. O producto des.sa união, recebe o nome de hyhrido. Como vemos, na definição acima, ad- inittimos a hybridação como sendo, tam- liem, a união de duas variedades diffe- rentes . Embora os naturalistas limitem a ac- cepção do termo somente ás espécies, nós, l)aseados noutras theorias, estendemol-a ás variedades Assim fazemos apoiados na coinprova- (la doutrina de Darwin, que é diffiril es- tabelecer uma linha divisória precisa e exacta entre espécies e variedades, por- (pianto, estas podem bem ser esi^ecies in- cipientes. E" obvii), pois, (jue, desde seja impos- sivel distinguir claramente entre espé- cies e variedades, ipso faeto não deve- mos, egualmente, distinguir entre os pro- ductos de cruzamento das mesmas (Cas- flc: Gciietirs and Eugenics, 1916, pagina 8o l . Em conclusão : são h/jbridos quer os productos oriundos da união de duas espécies, quer de duas variedades distin- ctas, e, ambas se applicam as leis funda- mentaes da separação (sef/ref/ação) dos lii/hiidos (Splitting of Jujbrids) . 2. Fundamentos: a lei de Mendel. Falando, no começo deste traballio, dos requisitos indispensáveis a um hreeder, ou tliremmatologo, nelles incluimos as leis de ^Mendel, sobre a hereditariedade dos hybridos. Pois bem; não é ocioso repetirmos que ellas têm sua applicação particular, con- stituindo base imprescindivel a quem (|ueira empreliender traballios de liybri- dação. • Para não exceder aos limites desta nos- sa palestra, excusamo-nos de entrar em miuudencias sobre a lei de ^Mendel, mes- mo que pouco interesssaria no caso ver- tente . Desejamos, apenas, mostrar a applica- ção pratica da hybridagem na agricul- tura hodierna, dando uma idéa generali- zada do assumpto, sem, comtudo, pene- Ç)!l BOiLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA trar uo verdadeiro campo da teohuica, sómeute interessante aos profissiouaes e especialistas. Mencionaremos os trez princípios fun- damentaes da lei de Mendel, que são : í/o,s firrorfff.s jior nwiti da priínitiiiui rudíi d'a(jiuí Japão das compras de seda em Yokohama, para cuio mercado convergiam enormes quantidades produ- zidas no paiz ou importadas da China e das ín- dias por firmas japonezas ou estrangeiras, apoia- das no credito facilitado por centenas de bancos para os quaes são bem rendosas taes transacções, Yokohama é para a seda o que S, Paulo é para o café — o mercado príncipe. Confiando o futuro da sericultura, no Estado, ao Japonez, procedeu acertadamente o Governo de Minas, porque esse povo sempre revelou uma notável capacidade de organização de írabalho. demonstrada pelo assombroso progresso realizado em todos os ramos de sua vida cultural, industrial e comiT.ircial, E também porque, com as outras nações do Oriente, não seria possível um contra- cto dessa natureza, nem encontraria, na Europa quem o executasse nas mesmas condições de se- gurança ; economJa. Mas. si essa resolução do Governo Mineiro, dan- do preferencia ao trabalhador do grande Império do Sol Nascente fcr o ponto de partida para maiores emprehendimentos, como será de toda con- cia, um gosto particular, muito bysantino. para et;rnizar as discussões, transformando-as em con- tendas pessoaes, em vez de resolver estas coisas praticamente. E assim, a controvérsia volta d; quando em em vez á baila, com os m-ssmos argumentos esta- fados que nao impressionam, não demonstram nem convencem, porque lhes falia algo de ver- dade pratica. Por que não tentar a experiência, como fiz-a. ram os Americanos, para delia tirar conclusões certas e definitivas? Comprehende-se que assim fosse, que se nu- trissem duvidas e receios noutros tempos ;m que o .lapão e seu povo eram quasi desconhecidos, particularmente do Brazil. Justificável era. então, a .primasia (do immi- grante branco, porque toda gente teme o desco- nhecido. Mas. actualmente, os homens e as coisas do Japão deviam ser melhor conhecidos dos discuti- dores Brazileiros. quando repetem falsas noções — 96 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA sobre os Japonezes e suas aptidões para o tra- balho. Segurament; mudariam de opinião, si pudessem ir estudal-os naquelle maravilhoso paiz ou si. em vez de lerem tão somente os Samurais, do illustr; litterato e diplomata. Luiz Guimarães, único li- vro nacional sobre o assuiDpto. consulrassem as grandes e excellentes obras inglezas, allemãs e francizas, e até mesmo o notável livro portuguez do Sr. Batalha e a obra hespanhola de Francisco Re noso. Viajando o Japão, recebi impressões indileveis que transmitti a amigos e pessoas de minhas re- lações e que tive a satisfacção de ver confirma- das por autores da m;lhor nota. quando depois de dei.xar esse extraordinário paiz. pouco con- fiante na minha argúcia de observador, comecei a ler e estudar o que delle diziam escriplor;s ex- trangeiros que. como Cham.berlain Sanders, Lu- cian. Kitland, iMurray, Masson, Rien. Aston, Sa- vio. Guerville, Dumolard e os já citados, conhe ceram perfiitamentee essa terra maravilhosa e a sua' gente, por nella haverem residido longos an- nos. crenças, idéas e costumes de sua soci;dade. á sua instrucçào scientifica e cultura geral, ás ar- tes, industria e commercio, á arte de navegação e da guerra no mar ; em terra e, finalmente, á politica. O estudo da admirável transformação do Im- pério Nipponico e da nossa situação económica, profundamente modificada nos últimos tempos, aeonselha-nos o máximo cuidado no attender ás principais necessidades da industria agriccla e fa- bril - instrucçào. capital e braços. Braços, reclama-os a lavoura, da immigraçào exírangeira deante da absoluta insufficiencia dos nacionaes. Desfalcada a fundo pelo êxodo das populações ruraes para os grandes centros cheios d; sedu- cções. ou attrahidas para as emprezas de minera- ção ou de construcção de vias férreas, privada na mais de seis annos do recurso da immigraçào européa, suspensa desde o começo da guerra^ não pôde ella, sem os agentes do trabalho, manter o alto nivel da producção exportavil attingido em 1918 e 19 que lhe tem sido pedido pelos Gover- nos quando aconselharam-n"a a intensificar as Mdrliijuí dexcaloriidord iiiira iirr": — Jiipãii Não me animaria trazer a publico opiniões so- bre tal assumpto si não estivessem escudadas por nomes de boa autoridad; e antes de conhecer al- guns trabalhos japonezes, taes como o celebre Bushido do erudito professor Nitobe, da Univer- sidade de Tokyo. traduzda em inglez, e o nctavei livro do prof;S30r Tzumatziu e o do Dr. J. Hitomi. em traducções francezas. Referem-se os primeiros ás primordiaes quali- dades do caracter e educação do povo Japonez. ás cu.Uuras sem, entretanto, fornecer-lhe elementos indisp;nsave;s ao augmento da producção e á sua valorização, solução única da carestia da vida e do equilíbrio da nossa balança de intercambio. Nos paizes novos vastos e de população escas- sa como o nosso, só pela importação do braço e\tran'geiro, seja mercenário ou fixo como colono, o que é muito' preferível, consegue-se incremen- tar a producção. Para alcançar este dtsideratum. na premente I A LAVOURA «57 necessidade em que nos achamos, devemos acc;i- tar immigrantes, venham elles do Occidente ou do Oriente, desde que sejam trabalhadores, colo- nizáveis ou não. Isto tanto podem ser europeus como japonezes, que têm organizado colónias em diversos paizes, e até mesmo no nosso, pois que a de Iguape, em S. Paulo,' é uma prova concludente. Analysemos, entretanto, a situação de uns e de outros, depois da Grand'2 Guerra e da revolução resolvidos, lenta mais suave e pacificamente, os graves problemas da nova organização das classes trabalhistas. As paredes e reivindicações operarias, nesta Capital, e em outras localidades do nosso territó- rio, ijustificam taes receios, não obstante reconhe- cermos que as coisas, aqui, não tomam o caracter e o máo caminho seguido na Europa ou nos Es- tados Unidos, r. Dr. Souza iíei.s, director da E.'ola "Luiz de Queiroz", saudando o Sr. Simões Lojics, Ministro da Asricul- tura : "Si-. .Miiiislro. ]iitcr]ii-etaudo os seu- liiiicMlos do cor]») doeeute (lesta escola f o alto ajireço em ([ue tem os serviços ](rcstados ])oi' V. Ex. á agricultura na- cional, liouro-me, Sr. ?tIinistro, em apre- .seutar a V. E.\. as .saudações da Escola Ai;ricol:i "Luiz de (Queiroz". A LAVOURA 105 Não posso occultítr a niiuliíi alegria por me c-aber saudar, nesta E^scola, não só o alto fnnccionario, como, também o an- tiiío companheiro que, ao lado do saudoso e inesquecível Wencesláo Bello, foi par- te activa na p]ias(» da prop;ií>anda de idéas e princípios, donde surgiu a semente que os carinhos de Ignacio Tosta e Christi- no Cruz transformaram na realidade que é o ilinisterio. Acompanhamos, Sr. Ministro, a acr-ão deste alto departamento da administra- ção publica e vemol-o, presentemente, em- penhado em collocar a agricultura nacio- nal no logar que lhe compete na eco- nomia brazileira, aureolada pela scien- cia, afim de que não sejam perdidos os esforços para conserval-a como fonte pe- jMMinc de grandeza, cojiio força conscien- te da ])ri>s])eridad(' do r.razil . Escohi Aiiricula " I.uiz de Queiroz' Engenheiro e lavrador, propagandista ardoroso, defensor entliusiasta da tribu- na do Congresso, V. Ex. quiz demons- trar os resultados ponderáveis das idéas preconizadas, e no campo da vida pra- tica i)ara logo fez surgir, nas terras de l*elotas, os taboleiros irrigados, as bom- bas elevatórias, os macliinismos aperfei- çoados á cultura racional do arroz, con- tribuição de immeusa valia na transfor- mação da economia rural da terra clás- sica das xarqueadas. O regresso ao parlamento nacional e o abo titulo de. Ministro da AgTÍcultura rcA igoraram o ardor de V. Ex. na mesma cam]ianlia, na defesa dos mesmos pontos capitães do programma organizado pelos que, naquelles tempos, pleitearam a fun- (l;i<-ã<) do ^[jnisterio. ■ Aula jirtilira nu pinhedo A comprehensão uitida desta verdade uiostra-nos os múltiplos serviços do de- partamento sob a gestão de V. Ex. a gravitarem era torno deste núcleo de ca- lor e luz que é o ensino agrícola ^ cu.ios raios, conduzidos aos vários pontos da nossa pátria, aquecem a terra e delia fa- zem brotar a riqueza no seu máximo es- plendor . Esse é, taudíciíi, o ideMl acariciado nes- ta Escola, onde mourejamos todos, como sacerdotes da fé, a prégal-o na cathedra, no campo e na tribuna. Esse uão é, jiorém, o uiiico traço unin- do a obra meritória de ^'. Ex. á Escola de Piracicaba. Mais forte que o ideal commum é o vinculo estabelecido pelos nossos agrónomos, pelos que receberam aqui a lição dos nossos mestres e aqui se 10(3 - BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA foi-mni';nii ciii ,aí>roiioiiiia e a quem V. Ex. elegeu auxiliares prestimosos, confiando- llies a execução imuiediata tios plauos e projectos de reforma . A Escola de Piracicaba, Sr. Ministro, é muito sensiivel á luuirosa visita de Vos- sa Excellencia.'' tos á matricula, seleccionando-se os concorrentes por meio de exames de admissão mais rigoror SOS. IMatriculado na Escola, segue o estudante o Curso Fundamental, onde estuda, sob o ponto de vista agrícola, as sciencias naturaes indis- pensáveis á boa comprehensão dos problemas de Agricultura e Zootechnia, ensinados no curso geral. O candidato á matricula nào precis^a Escola Aíjriíiilií "Luiz de Qiieiriiz" — Aula iiralicti no Ciiibiiifli- de Entomohicjia fl Escola no seu estado actual A Escola Agrícola "Luiz de (Juciroz" está cm condições de preencher dignamente os seus fins. Desde o seu inicio, a Escola vinha-se resen- tindo d"uma falta de continuidade na sua dire- cção, e dahi irregularidades no curso, mão em- prego de methodos, deficiente aproveitamento dos alumnos. A obra do reerguimento de tão importante in- stituto deve-se ao illustre Secretario da Agri- cultura, Dr. Cândido Motta, que, tendo a fe- licidade de encontrar um director, como o actual, conseguiu que as coisas mudassem inteiramente de feição e é com justo desvanecimento que a Escola de Piracicaba recebe dos seus jovens agrónomos, em visita no extrangeiro, a noticia de que, por lá. nada encontraram que aprender e nada viram' de superior, no género. O ensino profissional é. hoje. efficiente c real- mente ministrado na Escola, 'pelo aperfeiçoamen- to e desenvolvimento que lhe foram impressos. Passou-se a e.xigir melhor preparo dos candida- upresentar prova de haver frequentado uma es- cola pratica, como o exigem importantes esta- belecimentos de ensino agrícola do extrangeiro, porque, no Curso Fundamental, se faz a pra- tica prévia e indispensável ao de Agronomia, não permittindo o actual Regulamento que o alumno seja promovido a este sem approvação em exame pratico de Agricultura e Horticultu- ra, isto é, sem que revele habilitação no traba- lho e manejo das machinas agrícolas e nos tra- balhos práticos de poda, enxertia, identificação das plantas, tratos culturaes das grandes cultu- ra^, dos jardins, parques e pomares. O provimento dos cargos do corpo docente por meio de concurso contribuiu, na medida dos ef- feítos em toda parte verificados, 'para estabe- lecer a competência profissional no corpo do- cente e para deter as aspirações dos que nem sempre estão aptos para o exercício das fun- cções do magistério. Desappareccu a accentuada queda que se vi- nha observando nas matriculas, e, si, no ulti- mo anuo, não foi maior o numero dos alumnos matriculados, é isto devido á recusa de dispen- A LAVOURA 107 — sa de exames de admissão aos portadores de cer- tificados expedidos em virtude do decreto fe- deral n. 3.603. A Escola não acceita taes cer- tificados, defendendo, dest'arte, mui legitima- mente, o renome dos seus diplomas. Contribuiu, também, para não ser maior o nu- mero de matriculas, maior rigor nos exames de admissão, o que permitte uma salutar selecção entre os que pretendem entregar-se á profissão asrricola. Relatório da Sociedade Nacional de Agricultura ^VIMIMEXC^S Continuação — Anno cJe -1 9-1 6 20 de Outulíro de 1916. Exmo. Sr. Dr. Affonso Camargo. DD. Presidente do Estado do Paraná. Temos a honra de communicar a V. Ex., e o fazemos com grande satisfacção, que em ses- são da Directoria desta Sociedade foi o Estado do Paraná, do qual é V. Ex. muito digno Pre- sidente, por proposta do Sr. Cel. David. P. Alves de Araújo, acceito, unanimemente, asso- ciado remido desta Sociedade, O gesto de V. Ex. commettendo áquelle nos- so illustre consócio a incumbência de transmit- tir-nos a manifestação valiosa e sobremodo con- fortadora do apoio e solidariedade desse bene- mérito Governo, trouxe a todos nós, da Socie- dade Nacional de Agricultura, a certeza de que a nossa attitude em face dos principaes proble- mas nacionaes está corresiJondendo ás aspirações legitimas do paiz. Aproveitamos o ensejo, que ora se nos offe- rece, para apresentar a V. Ex,, com a segu- rança do nosso elevado apreço, votos sinceros pela prosperidade desse grande Estado e pela felicidade pessoal de V. Ex. — (A.) Hannibal Porto, 1° Secretario. 23 de Outubro de 1916. Exmo. Sr. Dr. Wencesláo Braz Pereira Go- mes. DD. Presidente da Republica dos Estados Unidos do Brazil. Em nome da Directoria da Sociedade Nacio- nal de Agricultura, tenho a subida honra de vir á presença de V, Ex. agradecer, com vivo contentamento, os valiosos e bons officios junto á Companhia Lloyd Brazileiro para que fosse concedida passagem gratuita, até aos Estados Unidos da America do Norte, ao joven patrí- cio Sebastião !Mossoroense da Gloria que. em obediência á sua natural inclinação, vae dedi- car-se aos estudos de agronomia, podendo, desta arte, futuramente prestar úteis serviços á nos- sa pátria. Assim, desobrigando-me de tão honrosa mis- são de hypothecar os sinceros agradecimentos da Directoria ao nosso illustre Presidente Bene- mérito, prevaleço-me da opportunidade para apresentar a V. Ex, a expressão dos meus sen- timentos de elevada consideração e, profundo respeito. — (A, ) M . Culmon, Vice-Presidente. 24 de Outubro de 1916. E-Kmo. Sr. Dr. Alberto d'OIiveira. DD. Cônsul de Portugal no Rio de Janeiro. Tenho a honra de communicar que, em ses- são da Directoria realizada no dia 10 do cor- rente, foi V. Ex., por proposta do Exmo. Sr. Dr. íiliguel Calmon e em attenção aos relevan- tes serviços prestados por V. Ex. á melhor collocação dos nossos productos no extrangeiro, acclamado, por unanimidade, sócio honorário desta Sociedade, Sirvo-me do ensejo para apresentar a X . Ex. os protestos da minha elevada estima e mui dis- tincta consideração. — (A.) Hannibal Porto, T° Secretario. II de Novembro de 1916. José Rufino Bezerra Caval- Agricultura. Industria e Exmo. Sr. Dr canti. DD. Ministro da Commercio. Temos a honra de passar ás mãos de V. Ex. copia do officio n. 3.389 da Associação Com- mercial do Amazonas, dirigido a esta Sociedade, no qual, justificando os progressos que ali tem feito a agricultura sob o influxo da iniciativa particular, pede para que entercedamos junto a V. Ex. no sentido de conseguir a concessão de apparelhos existentes em Manáos sem ne- nhuma utilidade e que, entretanto, podem ser vantajosamente empregados coUimando os fins que visaram sua acquisição. Estamos convencidos de que V. Ex., bem pen- sando os intuitos que tem em vista aquella cor- poração dentro do programma eminentemente pratico adoptado por V. Ex. nesse Ministério, attenderá á justa pretenção da Associação Com- mercial do Amazonas, que, correspondendo aos intuitos patrióticos do Governo Federal, vem de ha muito estimulando a producção pelos meios do seu alcance. Prevalecemo-nos do «nsejo para apresentar a V. E-x. os protestos de nossa elevada estima 108 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA e mui distincta consideração. — ( A. ) Haiini- bal Porto, i" Secretario. i8 de, Novembro de 1916. Exnio. Sr. Dr. Delphim Moreira da Costa Ribeiro. DD. Presidente do Estado de Minas Geraes. Bello Horizonte. E' com a maior satisfacção que. em nome da Sociedade Nacional de Agricidtura. transmitti- mos a V. Ex. os votos de sincero applaiiso, approvados imanimemente em sessão da Dire- ctoria e do Conselbo Superior, á acção efficaz e patriótica despendida por V. Ex. para a re- or.ganização da nossa prestigiosa co-irmã, a So- ciedade Mineira de Agricultura. Não podíamos ficar indifferentes á benemerên- cia dos esforços de V. Ex.. que. com tal exem- plo, indicou aos agricultores desse prospero e fiituroso Estado o verdadeiro caminho para a solução definitiva das dif ficuldades que os af- fligem, a qual só poderá vir da cooperação in- cessante dos seus próprios esforços. Aproveito o ensejo para apresentar a V. Ex. os protestos de minha maior estima e conside- ração. — (A.) M. Cíibnoií. Yice-Presidente. 18 de Novembro de 1916. Ilhno. Sr. Theodoro de Barros. Avenida 16 de Novembro. 57-A. Belém — Pará. Temos presente o estimado favor de V. S. de 28 de Setembro p. p., pelo qual nos commu- nica continuar a esforçar-se pela cultura do algodão e, bem assim, a próxima inauguração da usina de assucar de sua propriedade, a pri- meira que se estabelece nesse Estado. E' com verdadeira satisfacção que a Sociedade Nacional de Agricultura acompanha o movimen- to das culturas do Norte e. por isso mesmo, ella se rejubila com as noticias que V. S. lhe traz. bem animadoras e sobremodo satisfacto- rias. Iniciativas como essas só merecem applausos e é assim que o Brazil poderá vencer as grandes difficuldades que presentemente lhe pesam, per- turbando-lhe a vida e retardando o progresso. Agradecendo a gentileza dia ícommunicação, congratulamo-nos com V. S. pela importante iniciativa e subscrevemo-nos. — Attos. Obros. — {A.) Hannibal Porto. 1° Secretario. 19 de Noveml)ro de 1916. Exmo. Sr. Dr. Fidelis Reis. DD. Presidente da Sociedade Mineira de Agricultura. Bello Horizonte Com a maior satisfacção. tenho a honra de, pelo presente, levar ao conhecimento de V. Ex. que. por deliberação unanime da Directoria da Sociedade Nacional de .\gricultura e por pro- posta do Exnio. Sr. Dr. Miguel Calmon, Vice- Presidente em exercício, foi consignado em acta um voto de sinceros applausos pela nova e pro- •nissora phase que se abre à prestigiosa co- irmã, condignamente dirigida_ por V. Ex., ap- plausos esses que se estendem á pessoa de V. Ex. que, nesta difficil e patriótica tarefa, se re\ ela animado de extrema coragem e ardente fé. Taes sentimentos levam a Sociedade a crer que não será infructifero, mas, brilhante o fu- turo de sua prezada co-irmã que. pondo em ef- feito o programma delineado, certo se fará cre- dora de inestimáveis serviços, que se irão 'jun- tar a muitos outros de elevado merecimento, já prestados. .\proveito o ensejo para apresentar a V. Ex. os seus protestos de elevada consideração e apreço. — (A.) Hannihal Porto, \° Secretario. 29 de Novembro de 1916. Exmo. Sr. Dr. José Rufino Bezerra Caval- canti. DD. ministro da Agricultura, Industria e Conimercio. Tendo chegado ao conhecimento desta Socie- dade que. não só o Município de Trez Irmãos como todo o nordeste do Estado do Rio de Ja- neiro têm sido frequentemente prejudicados por grandes nuvens de gafanhotos, praga damni- nha que tudo destróe, victimando profundamen- te as plantações, especialmente as de cereaes da- quella zona. as quaes. grandemente sacrificadas, serão destruídas totalmente si urgentes provi- dencias não forem quanto antes tomadas, con- forme são unanimes em affirmar as noticias da imprensa local, que, data vénia, passamos ás mãos de V. Ex.. a Sociedade Nacional de Agri- cultura como representante da classe agrícola, que é, pede, em nome dos infelizes lavradores daquella região, a preciosa attenção de V. Ex., amigo da agricultura nacional, para tão consi- derável mal, certo de que V. Ex. fará tudo .quanto possa para a destruição completa da- quella praga, mandando que se ataque tão noci- vos insectos, fornecendo .para tanto beneficio as machinas apropriadas para destruil-os por meio de a.gua, kerozene e sabão, visto o êxito obtido quando ha tempos tal processo foi ap- plicado. Aproveito o ensejo para, mais uma vez, apre- sentar a V. Ex. os protestos da minha maior estima e consideração. — (A.) Hannibal Por- to, l" Secretario. 12 de Dezembro de 1916. Exmo. Sr. Dr. Lauro Miiller. DO. Ministro das Relações Exteriores. A])pellando para a bôa vontade e o interesse com que V. Ex. estuda todps os assumptos re- A LAVOURA 109 fereníes ao importante iMinisterio que prove- ctamente dirige, a Sociedade Nacional de Agri- cultura, desejosa de contribuir para a expansão das nossas relações commerciaes com os Esta- dos Unidos, pede permissão ao illustre Sr. Mi- nistro para fazer chegar ás suas mãos copia do memorial com que o associado Sr. Germano Courrege se dirigiu ao nosso Vice-Presidente, solicitando os bons officios junto a V. Ex. em favor do objectivo que tem em vista. Dtrsobrigando-se desta missão, a Sociedade Na- cional de Agricultura pede e espera que V. Ex. dará cabal solução ao pedido exarado naquelle memorial . • Aproveitando o ensejo, apresento a V. Ex. os meus protestos de elevada consideração e res- p-eiíoso apreço. — (A.) M. Calmon, Vice-Pre- sidente . 12 de Dezembro de 1916. Exmo. Sr. Dr. Augusto Tavares de Lyra. DD. Ministro da Viação e Obras Publicas. A Sociedade Nacional de Agricultura, appel- iando para o interesse com que V. Ex. vem •L- occupan;Io de todos os asumptos que dizem respeito ao importante Ministério que provecta- mente dirige, maximé nos que se relacionam com o grande problema das seccas no Nordeste Bra- zileiro. pede permissão para submetter á com- petente apreciação de V. Ex. o officio que re- cebeu da Intendência Municipal de !Mossoró. Es- tado do Rio Grande do Norte, cujos dizeres merecem acurado estudo. Crente de que. assim procedendo, presta um patriótico serviço ao futuroso Estado do Norte, a Sociedade Nacional de Agricultura pede com muito empenho e espera que V .Ex. emprega- rá toda a sua bôa vontade em prol daquella zona tão merecedora de amparo, pois é o refu- gio das populações do interior nas épocas de secc.i. Aproveito o ensejo para apresentar a V. Ex. 1. os protestos da minha maior estima e considera- ção. — (A.) .1/. Calmou. Vice-Presidente. 12 de Dezembro de 1916. Exrjo. Sr. Commandante ^Miiller dos Reis. DD. Director Commercial do Llovd Brazi- leiro. Tendo esta Sociedade recebido do illustre Go- vernador do Estado de Pernambuco um tele- gramma pedindo os seus bons officios junto a V. Ex.. afim de secundar o pedido já feito no sentido do vapor "íris" levar do porto de Re- cife para o de Manáos cerca de vinte mil vo- lumes, vimos com muito interesse nos empe- nhar com V. Ex. para que seja attendido tão justa solicitação, que virá prestar mais um gran- de serviço ás relações commerciaes entre os nos- sos Estados. Certa da bòa vontade com que V. Ex. tem agasalhado todas as suas pretenções, a Socie- dade Nacional de Agricultura agradece profun- damente e aproveita a opportunidade para -apre- sentar a V. Ex. os protestos de elevada con- sideração. — (.\.) .1/. Calmou, Vice-Presi- dente. 14 de Dezembro de 1916. Exmo. Sr. Dr. Francisco Bernardino Rodri- gues da Silva. DD. Director Geral da Agricultura. Ministério da Agricultura Pelo presente, tenho immensa satisfacção de, em nome da Sociedade Nacional de Agricultu- ra, vir accusar recebido o estimado officio de V . Ex . . sob o n . 2. 434, pelo qual nos conten- tou remettendo a autorização para o transporte gratuito de dez saccos de milho cattete, seis saccos de feijão preto e cinco saccos de semen- tes de capim gordura roxo, desta Capital a Ma- náos. destinados ao Sr. Governador do Estado do Amazonas. Agradecendo vivamente mais esta prova de bòa vontade com que V. Ex. tem agasalhado os pedidos desta Sociedade, aproveito o ensejo para apresentair os protestos da nossa maior estima e consideração. — (A.) Hanuihal Por- to. 1° Secretario. 14 de Dezembro de 1916. Exmo. Sr. Dr. Director do Laboratório Mu- nicipal de Analyses. A Commissão que a Sociedade Nacional de Agricultura entendeu nomear para estudar á' consulta que lhe fez a Camará dos Srs. Depu- tados, a propósito do modo de interpretar a Lei sobre o Café Artificial, desejando correspon- der a esta confiança, pede-vos a fineza de in- formar o que no tocante do assumpto ha obser- vado o instituto scientifico sob vossa direcção, esperando lhe communiqueis, também, os dados, observações e suggestões que porventura jul- gardes aventar. Porque se trata de responder á Camará antes de seu encerramento próximo, a Commissão insta pela urgência de vossas informações e opiniões que muito lhe servirão de auxilio e conselho. Saúde e Fraternidade. — (A.) Alfredo A, de Andrade. 14 de Dezembro de 1916. Ulmo. Sr. José Mentor. Parahyba — • Via Tutoya — Piauhy Tendo esta Sociedade sciencia de que o coco "Babassú" está sendo atacado por um insecto que ameaça de extermínio essa nova fonte de producção, vimos pedir a V. Ex. a gentileza de enviar-nos alguns desses cocos recentemen- no B0LETIA1 DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICfl-TURA te atacados, desde o inicio, afim de conseguir- mos mandar fazer o estudo completo nas dif- ferentes phases de seu desenvolvimento. Ceftos de que V. S. attenJerá á nossa soli- citação, antecipamos os nossos agradecimentos. — (A.) Haniiibal Porto, i° Secretario. 29 de Dezemljro de 1916. Exmo. Sr. r>r. Tavares de Lyra. DD. Ministro da Viação e Obras Publicas. Por occasião das feiras-livres. inauguradas a II do corrente, em cuja solemnidade se fez re- presentar a Sociedade Nacional de .\gricultura pelo seu primeiro Vice-Presidente e Director Technico abai.xo assignados. foram ouvidas amargas queixas formuladas pelos producíores, que ás mesmas concorreram, contra o modo por- que é effectuado o transporte de seus produ- thictos motivado pela defeituosa armação dos volumes, dando logar a qu.e os respectivos arti- gos de seu commercio cheguem ás e,-tações da Estrada de F. C. do Brazil em condições de não poderem ser totalmente aproveitados com grave prejuízos desses pequenos agricultores dos subúrbios desta capital, os quaes vem assim di- minuídos os lucros que justamente deviam ca- ber-lhes pelo seu quotidiano labor, de sorte que a vantagem assegurada pelas feiras, com a ap- proximação do productor. do consumidor, cm grande parte desapparece devido aos prejaizos cau.sados pela falta de cuidado da parte do pes- soal da referida Estrada, do defeituoso trans- porte de seus productos aos mercados. Nestas condições, a Sociedade Nacional de .\gricultura. que tem como um de seus elemen- tares deveres favorecer os justos interesses da numerosa classe dos pequenos productores do Districto Federal e, também, dos consumidores, contribuindo deste modo para que o resultado das feiras-livres, nos diversos pontos de nossa urbs, corre.sponda não só aos elevados intuitos da digna autoridade que as promove, mas, ain- da, as esperanças dos respectivos interessados, vem. cofiante. representada pelos abaixo assi- gnados. solicitar de V. Ex. providencias quc melhorem o transporte pela Central do Brazil dos volumes entregues ás estações para serem despachados pelos productores. ordenando simul- taneamente o estabelecimento de tarifas espe- ciaes. nos dias de feira, para os productos da ])equena lavoura e respectiva industria rural que ás mesmas se destinem, com o que prestará \'. Ex. assignalado serviço á ])opulação desta Capital, na penosa situação em que se encon- tram as classes menos abastadas, devido á crise muntlial. que trouxe, como consequência, o en- carecimento da vida. .Aproveitamos o ensejo par reiterar a \". Ex. os protestos de nossa elevada estima e mui dis- tincta consideração. — (\.) Miguel Calmou. Vice-Presidente; 1'ictor Lcítús. Director-Te- chnico. JMo S. A. do Caeáo Nn ultima rcuiiiãu do 8,yndieato dos A.íiricultores de Cacáo foram ]ida.s a.s res- po.sta.s iiiíVa ao sen (niestioiíario: 1.° — Foi natural ou arrificial a baixa do cacáo durante a safra <|ue findou ? — (,'ontinúa a ser artificial a baixa do cacáo, género alinuMiricjo de 1^ ordem, de extraorilinaria procura, .seiu snperprodn- cção e sem stocks, no mundo. 2." — Si artificia], como foi provocada? — Sendo, como é, o cacáo lavoura de povos colouiaes e outros (jue taes, visto desconhecerem im se desinteressarem pe- las multijilas iniluslrias a i|ue o artigo .se ])r?sta. sobretudo a confeiteira e cho- colateira, está, realmente, sujeita ao.s pre- ços quc liie (|ii"iraiii fazer seu.s doncs in- falliveis e certos — os indu.striaes extran- geiros — por intermédio do commercio, tanibciii cxtraniieiro. Fns e outros, ago- ra Sc comprazem com a baixa, que explo- ram a seu modo: os ]irimeiros, com n ](reço do chocolate e doces de cacáo in- accessivei.s ao .grande publico; e os se- gundos, praticando, (pmndo podem, o a ça mbarcamento . 3." — Houve, ou parece ter havido, no correr delia algumas .offertas a preços (■(i(/(i vex mais baixos para o exterior ? — Sempre se falou nas taes offertas, da praça EHArÃO, agindo energicamente c( Ultra os governos e personalidades que a esnuigani e infelicitam, conscientemen- te, ou não. . A industria chocolateira, decretada mais ou menos, como acaba de ser. para a borracha, — ella só — beneficiaria, in- coutinenti,' o cacáo com 50 °|°; e esses 50 "l" sobre o misérrimo preço actual, nos fariam "retomar o caminho do trabalho e da producção", aconselhado pelos 5 grandes professores, da Conferencia de Rruxellas. E a Nação teria ganho uma das suas industrias naturaes, das a que provavelmente alludiu em certa occasião Pedro II. Estava assii;uado: Dr. F. X. Paiva. liiliil)il!:li!iniillliliiliililliiiliiiiiiiiiiiiiíi!iiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii!iiniiilMOiilliliiliiiiiliiiiiiitiniiiiiiiiiii;iiiiiiiiiliiiiiii;iiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii:iiiinliiiiiiiii:iii:iiiiiiiiti Apontamentos sobre as nossas principaes for- ragens nativas e cultivadas (CONCLUSÃO) 80. ORÓ — Phaseolus panduratus Mart. Legu- minoss rasteira, de haste delgada, folhas s:riceo- villosas, macias, avelludadas quando ssccas, de três lobos ovaes, de bordos franjados, vagem linear, felpuda, rhizoma perenne. Vegeta em terrenos vá- rios, nas encostas como nas planícies, sempre pro- curada pjlo gado como forragem predilecta. Ana- lyzado em Paris, o Oró fenado !"iresentou 18,80 <:'^ de proteína digestivel. Existe nos Estados do Nor- te, principalmente no Rio Grande do Norte. Ceará. Parahyba e Pernambuco. Nest; género, de 28 es- pécies de plantas forrageiras por excellencia, al- gumas, porém, suspeitas, ha conhecidas diversas e algumas outras estudadas e analysadas. As prin- cipaes são: Phaseolus Mariii Bsnth, (Ceará), Pha- seolus longipedunculatus Mart, (Ceará, Pará, Piau- hy, etc.l, Phaseolus prostratus Benth, (dos campos e mattos do Rio de Janeiro, S. Paulo, Rio Gran- de do Sul e Minas), Phaseolus longifolius Benth., mais commum no Rio de Janeiro, conforme Gla- ziou. Phaseolus truxilensis H. B. K., idem, idem, Phaseolus lasiocarpus Mart., {Panapaná-tauá do Pará I .Amazonas. Rio Grande do Sul, etc, bôa forragem, FEIJÃO DE ROLA, FEIJÃO DE POM- BINH.A (Ceará) — Phaseolus semierectus Lin,, comm.um a todos os Estados, cosmopolita, emfim, porém., de pouco valor forrageiro s, segundo al- guns observadores, até recusado pelo gado. Ana- lyzado no Museu Nacional, pelo Dr. Alfredo de Andrade, apresentou, de proíeina, digestivel, na substancia secca, ID.SO %. E' aqui occasião d- consignarmos em poucas linhas, outras espécies do género Phaseolus. inquinadas com razão de sus- peitas para o gado. Neste numero está o ultimo de que tratamos — O feijão de rola do Ceará. sendo, segundo alguns, recusado pelo gado por ser amargo, naturalmente devido á existência do co- nhecido toxico, o acido cyjrnhydrico. E' verdade que a cultura consegue modificar as condições de formação desta substancia nas leguminosas e ou- tras plantas, além de que podem as folhas ou se- mentes deixar de conter o acido venenoso em na- tureza, e, sob a influencia de um fermento solú- vel, a emulsina, em contacto com algum glucoside nellas existsnte, formar-se posterior.Tiente, mesmo no estômago dos animaes ou no sangue, como opi- nava o professor Guiignard. Este phenomeno tem- se verificado em leguminosas de outros géneros, como Canavalia, Dioclaea ;tc. . Assim, até com- pleta verificação directa ou experimental desies fa- ctos, devem ser consideradas suspeitas todas es- tas plantas e, ainda que boas forragens, usadas com muita cautela quando cultivadas, ou costas de lado quando silvestres. Estão neste nurnero: 1.° O feijão rola — Phaseolus semierectus Lin., 2°. A fava Belém — Phaseolus lunatus Lin. e suas variedades — Ph. amazonicus Benth, Ph. cara- calla L., Ph. appendiculatus Benth.. Ph. obliqui- folius Mart., todas communs nas mattas e cerra- dos de Matto Grosso, Paraná, S. Paulo, Minas. iRio de Janeiro, Amazonas, Rio Grande do Sul. etc. A propósito da Fava Belém, como toxica, o illustre chimico do Laboratório Nacional de Ana- lyses. Sr. Herculano Calmon de Siqueira, em com- municação feita ao 4° Congresso Msdico-Latino- Americano, em 1909, revelou accidentes mortaes. que se deram em bovideos alimentados com estes feijões aqui no Rio e ern Nictheroy, em Setembro de 1905 e Maio de 1906, tendo examinado as se- mentes incriminadas e verificado que continham notável proporção de acido cyanhydrico, depois de sujeitas á fermentação em presença da agua bem assim algumas sementes retiradas do estômago de um dos animaes, as quaes revelaram esta substan- cia toxica já em estado livre. As plantas ou fei- jões que fornecem estas sementes, segundo o exa- me por elle feito, são trepadeiras, podendo, em certas variedades, attingir até 4 metros de altura. — 112 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA As folhas são compostas d; três foliolos lisos ou levemente pubescentes, ovaes, alongados, acumi- nados. As flores, em cacho, são- muito pequenas, brancas esverdeadas ou alaranjadas. As vagens, que terminam quasi sempre em ponta aguda, ca- racterizam-s; pela forma de alfange, o que deu á planta o seu nome especifico e são achatadas e ordinariamente mais largas do que na maior par- te das variedades do feijão commum, tendo de 6 a 10 centímetros de comprimento e 2 ou menos de largura. Nesses fijctos encontram-se de 2 a 4 se- mentes com uma de suas extremidades mais larga e não regularmente convexa, truncada, com gran- de diversidade nas cores e matizes. Pelos estudos feitos, especialmente pelo professor Guignard, di- rector da Escola Superior de Pharmacia de Pariz. ficou verificado que todas as variedades do Pha- seoliis lunatus contém uma glucoside, a Phaseo- lunatina de Dunstan e Henry, a qual, em presença da agua e de uma enzyma, que se acha a seu lado nas sementes, se desdobra em glucose acido cya- I -. _ - III M ^ Vr^^ f if. 0k. Fkj. Sri Fiij. 'Jd nhydrico e acetona. Dammann e Behrens, em 1909. confirmaram a mesma descoberta em feijões ou favas de Java. com que s; haviam alimentado ca- vallos, porcos e vaccas em localidades da pro- víncia de Hanover. Denaiffe, diz o Dr. Calmon publicou factos mostrando que esse grupo de le- guminosas cultivadas na Ilha de Reunião e vul- garmente conhecidas por Ervilhas do Cabo. d'Ache- ry, da Nova Caledónia, torna-se notável pela sin- gular propriedade de. com intermittencia se mos- trar ora completamente inoffensivo, ora cruelmen- te venenoso, aevido ao acido cyanhydrico que fornece. O Dr. Calmon de Siqueira ainda examinou se- mentes de uma variedade do mesmo feijão, culti- vada nos Estados do Rio e Minas, com o nome de Fava Belém, colhidas em duas fazendas dos municípios de Valença. Estado do Rio. Estas se- mentes deixaram de ser aproveitadas para alimen- tação, porque se tornaram amargosas. Eram ver- melho-vinosas e apresentavam sulcos pouco visí- veis que partiam do hilo para a linha dorsal. Examínando-as chimicamente, verificou que as mais achatadas forneciam gr. 0,062 % de acido cya- nhydrico e as de outro grupo gr. 0,018 (,-. quan- tidades que variam conforme a coloração mais ou menos accentuada das sementes, segundo já ha- via sido observado por Davidson e Stevenson. O Dr. Calmon tira destes factos a conclusão de que a Fava Belém, cultivada naquellas duas fazendas, retrocedeu ao estado selvagem, devendo ser ba- nida da alimentação. (Revista de Chimíca e Phy- sica — Rio de Janeiro, n. 1 — Julho de 19151. Como suspeito de envenenamento, temos ainda ou- tro feijão, o conhecido Jacatupé (Pachyrhizus bul- bosus Lin. (Britton). produzindo tubérculos ou rhizomas tuberosos de grandes dimensões, conten- do amido e 10 % de glúten, dando folhagem abun- dante para adubação verde e forragem, para o gado. As sementes deste feijão contêm uma glu- coside. segundo Lewin, a derride, venenosa para os animaes, conforme já experimentámos em pei- xes, não só com os feijões em natureza diluídos na agua. como com o resíduo obtido no Lâborat,o- rio Nacional de Analyses pelo Dr. Calmon de Si- queira. Do género Canavalia ha entre as 7 espé- cies que contém, o FEIJÃO MANG.ALÔ. Fava de quebranto — Canavalia gladiata DC, de grande exuberância vegetativa, sementes vermelhas, pro- duzindo muita forragem verde para alimentação do gado ou adubação, entretanto, os feijões são sus- peitos (II), o FEIJÃO FAVA BRAVA — Cana- valia versicolor, var . obtusifolia. B. Rod., tam- bém dando folhas inócuas, porém as sementes suspeitas, a Canavalia Picta Mart., com folhas exoellentes para forragem, nada se sabendo sobre as sementes. Ainda das leguminosas temes, sus- peitas para o gado — Teramnus volubilis. Sw., de folhas bem macias, porém as vagens, finas e de extremidade curvada, muito pillosas. com a cõr de ferrugem. Não é procurada pelo gado. talvez por conter algum principio que lhe communique gosto amargo. Deste género uma outra espécie — Teramnus uncinatus Sw.. de caracteres mais ou menos semelhantes, tendo, porém as vagens mais largas, achatadas e um pouco pillosas, foi veri- ficada como venenosa para o gado. por experiên- cias feitas em S. Paulo, na fazenda Martinho Pra- do, (Boi. de Agricultura de S. Paulo. n. 7. de 1910) . Ainda das leguminosas suspeitas, ha algu- mas espécies do género Dioclaea. entre as quaes as seguintes: CO'RÓO'NHA — Dioclaea violácea Mart.. — commum aos Estados do Norte e do Sul. Trepadeira de folhas trifolioladas, com os foliolos grandes ovaes-oblongos, com a face dorsa! pu- bescente, flores roxas e favas cobertas, quando novas, de pellos ferrugineos, largas e chatas. As sementes são tidas por venenosas. 81. FEIJÃO BRAVO (S. Paulo» — Dioélaea latifolia Benth. (Figura 28) — Esta espécie en- contramos á beira dos cerrados do município de Campinas, S. Paulo, e é considerada por f.ízen- deiros criadores e campeiros, como' tendo as fo- lhas venenosas para o gado, que as não come. a não ser de mistura com outras plantas forrageiras, (II) O FEIJÃO DE PORiCX) OS. Paulo) — Canavalia ensifonuis iD C. grãos brancos, -omes- tivcis, não é trepadeira, dando muita forragem verde. Analysada, dey a rei. nut. de 1:3 ^' . E' exótico, cultivado no Inst. .Agronómico ác S.io ÍPaulo. A LAVOURA 113 por entre as quaes se insinua, por ser muito vi- gorosa. Tem as folhas trifolioladas, grandes de dorso pubescente e de còr ligeiramente ferruginea, peciolo e caule pillosos, flores em cacho amarello- violaoeas. Ha deste género 13 espécies, dissemi- nadas pelos diversos Esiados brazileiros. Glaziou encontrou Dioclaea lasiophylla Mart. em Minas. .\lém destas, encontram-se ainda muitas legumi- nosas^ algumas conhecidas, forrageiras para o gado e dignas de estudo e ensaios exp:rimentaes. a sa- ber: PCSTOMEIRA OU TRIPOiLIO HIRSUTO — Eriosema crinitum E. Mey. (Do Pará. JVlinas, Goyaz, S. Paulo, etc. ) . Entre as 19 espécies des- te género só Glaziou encontrou — E. longifolius Benth., E. stipulare Benth. e E. strictum Benth., em Goyaz, e Eriosema inolaceum E. Mey, no Rio de Janeiro, todas ainda não estudadas. TREVO — TrifoUum polymorphum Poir, TREVO BRANCO — Trifolium repens L. espontâneos no Rio Grande do Sul, nos pastos, e muito appetecidos pelo gado como boas forragens, perennes e resistentes. Cul- tivados como os trevos exóticos, encarnado e ver- melho, são forragens superiores para feno, e, se- meados nos campos, fortalecem extraordinariamen- te a criação. 82. MANDUVIíRA GRANDE — Crotolaria pau- lina Schr. MANDUVIRA PEQUENA — Crotola- ria vitellina Ker., communs ás regiões do norte, do centro e do sul do Brazil_ e já estudadas e cultivadas no Instituto Agronómico de Campinas, em S. Paulo, como óptimas forragens. 83. PEIJÃO DE BOI (Ceará) — Crotolaria in- çaria L. Esta espécie, muito estimada pelo gado no Ceará, onde é conhecida com o nome acima, foi analyzada pelo Dr. Alfredo de Andrade, do M/Useu Nacional, revelando, na substancia sec- ca, 19,5 f^ de matéria azotada digestivel. Deste género, com 32 espécies são ainda conhecidas mais estas: — Crotolaria stipularia Desv. e Crotolaria verpertilio Benth., encontradas por Glaziou em Minas e Rio de Janeiro, sendo as outras, já descri- ptas, encontradas pelo Dr. Lòfgren no Ceará. São forragens fortes. 84. CÁSSIA CALYCIOIDES DC. — Esta es- pécie, muito acoeita pelo gado" onde existe, como tivemos occasião d'e observar, encontrámos nas ter- ras seccas dos campos de Deodoro. E' uma le- guminosa de. pouco mais de trinta centímetros, crescendo com vigor em terras estercadas, como experimentámos, e vestindo-se mesmo de folha- gem mais abundante e espessa. Tem o caule uin pouco duro. as folhas quasi lisas e macias, com 8 a 12 foliolos, é perenne ou annual quasi erecta, floresce muito nas axillas das folhas, tem as flo- res amarellas e solitárias, legume de 1 pollegada mais ou menos, achatado e pilloso. E' commum em Goyaz Piauhy, R:o e Pará. 85. GENTROSBIVIA VIRGIiNIANUAI Benth. — Leguminosa de folhas trifolioladas, lisas ou pu- bescentes, conforme a variedade, volúvel, de fo- liolos ovaes. de 3 a 5 pollegadas de longos, acumi- nados, ás vezes rhombicos, vagem direita com- prida e chata ou cylindrica, lisa ou pillosa, de pel- los ferrugineos, ponteaguda, flores de còr lilaz clara ou amarellas e azuladas. Desenvolve-se em terrenos de baixadas e cam- pos em todo o território brazileiro, nas Guyanas, Peru', etc, e America Central. E' muito estimada pelo gado, como observámos em S. Paulo e aqui no Rio de Janeiro, onde a encontramos facilmente. Dentre as 20 espécies que contém, o Dr. Lôf- 'gren encontrou esta e mais: — Centrosema pas- cuorum Mart., C. brasilianum (L.) Benth.. C. t^otundífolium Mart. e C. arenarium Benth., e Glaziou, além destas, C. grandiflorum Benth., C. uubescens Benth. e C. hastatum Bent'/., no Rio, S. Paulo e Minas. Ha no m'eio das pastagens do interior do Bra- zil, nos cerrados, nas bai.xadas, beiras dos rios e lagoas das fazendas de criação, muitas hervas ou plantas venenosas, outras, que têm occssiona- do a morte do gado. Estas plantas devem ser, portanto, objecto de cuidados especiass. para sa- rem extirpadas ou destruídas, pelo menos as que são já conhecidas, restando ainda muitas espé- cies não estudadas que são perigosas no meio das forragens. As principaes são, além das legu- minosas suspeitas já mencionadas, as seguintes: /•'((/. s'/ /•",;/. Í-.S 86. 'Da família das compostas — MIO-MIO — Baccharis coridifolia DC, herva mais commum no sul do Brazil (Paraná, etc), de folhas linea- res, quasi rasteira, misturando-se com o pasto bom; CARRASCO DO CAMPO — Baccharis tarckonan- thoides DC. de folhas maiores e mais largas, serreadas; LOMATOZOWA ARTIMISIAEFOLIA Baker, herva com folhas estreitas em forma de rosetas, espaçadas, e as flores em cachos de ca- pítulos terminaes. 87. Da família das Apocynaceas — ROS.\ DOS CAMPOS (Minas, S, Paulo. Goyaz, etc). Di- pLadenia illustris, var . tormentosa M. .\rg.. D. illustris, var. spigelaeflora, M. Arg., D. illustris, var. vclutina M. Arg., D. gentianoides. var. lon- gilobíi M. Arg., entre outras da mesma família, crescendo nos campos e baixadas por entre as boas hervas e gramíneas, que o gado come de mis- tura. São plantas leitosas, de folhas mais ou me- 11!l BOLETIiM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA nos macias, oblongas, maiores ou menores, e flo- res róseas ou vermelhas. 88. Da familia das Acanthaceas — (.Mém de algumas outras do género Ruellia) HERVA DO GADO — Chaetothylax lythroides Lindau — iHe- inzelia lythroides Nees). muito commum em Mi- nas, herva erecta, ds folhas alongadas actrmina- das, oppostas, flores alvas. Referida pelo Dr. Álvaro da Silveira. 89. Da familia das Dioscoreaceas — DIOSCO- REA sp., de flores pequenas, esverdeadas em cacho, trepadeira. HERVA DE FOLH.AS MIÚDAS, venenosa para o gado. segundo o Dr. Álvaro da Silveira iMinas l . 90. :Da familia das Passifloraceas (entr; ou- tras) — .MARACUJÁ' DE RAPOSA OU DE RATO — Passiflora toxicania B. Rodr. (Fructos tóxi- cos ) . 91. Da familia das Rubiaceas (entre muitas ou- tras) — HERVA DE RATO OU TANGARACA — Psychoiria Marcgravii ^Spr., P. xantophylla M. Arg. < douradinha) . Só deste género ha 72 íspe- cies, Quasi todas venenosas. São arbustos que o gado, encontrando entre plantas boas da beira do matto. p-ga e com elles se envenena, como attes- tam muitos criadores e campeiros, conhecedores destas hcrvas 92. Da familia das Loganiaceas (entre outras) — ARAP.ABACA — Spigelia anthelmia L., erecta, de folhas pequenas e estreitas, reunidas em 2 a 4. 93. Da familia das THYMELAEACEAS — EM- BIRA BR.ANCA — Daphnopsis brasiliensis Mart. e Funifera iitilis Fr. Leandro plantas cujas fo- lhas o gado come junto ás cercas ou cerrados, pro- duzindo a morte, como tivemos occasião de ob- servar em Pirahy (Paraná). Arbustos communs em S. Paulo, Minas. Paraná, etc. 94. Da familia das Umbelliferas — HERVA CAPITÃO OU ACARIÇOBA — Hydrocotyle quin- qiieloba, var. angulaia R. B. (Urban) e outras variedades da mesma espécie, herva perenne. de folhas pequenas, triartgulares e hastes finas, "que se misturam facilmente entre os capins. CICUTA (entre outras) — Hydrocotyle leucocephala, var. 2" (Urban) Cham. De folhas redondas, quasi sem- pre á margem dos córregos e lagoas. Encontrá- mol-a em vários pontos do 'Rio e Minas. .\Iém das forragens de que nos occupamos, pro- priamente nativas ou cultivadas, ha ainda, espe- cialmente para o gado de leite, os cavallos e ani- ma;s de trabalho, etc. ou então como recursos de alimentação intensiva e variada ou ainda nas épocas e logares de escassez de pasto, as forra- gens tuberosas, como a mandioca, a batata doce. a beterraba e outras deste género, os cereaes, a canna de assucar, as tortas e subproductos diver- sos, tudo emfim quanto possa auxiliar a forra- gem verde ou secca e cuja descripção excederia os limi^es deste trabalho. Dr . Ezequiel de Souza Brito Da Escola Superior de .Agri- cultura e Medicina Veterinária. ■ I I :liill!lllltll ilnliillilitlMliilifliiltilnlnlMlnl:il!Tlnl)llnll:l!!inilil!ilKininl!tl:ili!lTilnliiliiliiliTiMli:ii;iiill!liil::iniiiliiitllilli[|||ltllllininf:tllllilllllilliI GOMMERGIO EXTERIOR DO BRAZIL fl crise de alguns producíos em 1920 Porcentagens e médias Os dados da nossa estatística commercial de- monstram a queda relativa do valor da nossa ex- portação em 1920. Certo, muitos dos artigos, cujas remessas e preços cahiram, ficaram apenas abai- xo de 1919 e estão muito acima da media dos últimos cinco annos. Mas. outros, accusam dimi- nuição, que merece estudo e ponderação. Mostrámos, em nota anterior, que as carnes con- geladas, o xarque, o algodão em rama, o arroz, o assucar, as frutas de mesa, a herva-mate, as madei- ras e o milho estavam em movimento ascendente e que os outros artigos, que têm avultado ou sempre avultaram na nossa exportação, banha, carne em conserva, couros, lã, pelles. sebo^, borracha, cacáo; café. cera de carnaúba, farinha de mandioca, fei- jão, fructos, fumo e óleos accusavam declínio de remessas. O que faz a troca não é, de facto, a quantidade e sim o valor. Mas. a quantidade exprime a pro- cura, a intensificação provável da producção e o futuro. Por isso, devemos estudar com attenção todos os aspectos da exportação e verificar os fundamen- tos da crise de alguns productos. Se ha assumpto que deve merecer a attenção dos nossos productores é o aperfeiçoamento te- chnico e a uniformização da nossa producção. A situação dos mercados é, no mundo inteiro, instável e, dados os prodromosv da grande depres- são de preços, da deflação, tudo indica que as co- tações ainda tenderão a baixar e que quem não acompanhar ou não procurar dirigir o curso geral, pôde ter prejuízo irreparável. A primeira preoccupação d; um negociante ou de um productor é a boa collocação de suas mer- cadorias. O principio geral, incontestável é que os preços hiaixos facilitam o consumo, embora se- jam muitas vezes consequências do retrahimento das compras. Augmentar a clientela é garantir o escoamento remunerador. Quando ha uma venda determinada e a um preço, se não ha meio de elevar esse pre- ço, o cuidado primordial deve ser o de reduzir o preço da producção. Essa reducção deve ser o ideal. Colloca o producto em excelíentes condições de concorrência e se houver alta haverá lucros formi- dáveis, se houver baixa não haverá prejuízo. Além disso, productos bem beneficiados, de as- pecto agradável, apurado para o seu fim, bem acon- dicionados e de boa forma, temerão sempre me- nos a concorrência do que os preparados com pressa e sem os requisitos indispensáveis. Deante de uma crise, a preoccupação do aper- feiçoamento technico poderia salvar a situação. Ha questões de technica, nas quaes só os inte- ressados podem opinar. Mas, a necessidade de uma boa technica está no alcance de todos. A LAVOURA 115 Nas grandes organizações industriaes da Ingla- terra, Estados Unidos s Allemanha, todos os che- fes têm uma gratificação correspondente á redu- cção das despezas. Ao demais, ha secções especiaes para estudar os planos, os processos, as innovações technicas ou económicas que possam redundar em diminui- ção de despeza. Si são assim continuas a preoccupação e os es- tudos, o custo da producção tende sempre a bai- xar, quando não soffre a influencia de pheno- menos geraes, de dJslocamento de ordem techni- ca, repercussões económicas e medidas financei- ras. Assim, os nossos productores deveriam cui- dar dos aspectos technicos de sua producção e da organização commsrcial. Certo, alguns artigos, como o café, estão em excellentes condições te- chnicas e estatísticas e só a falta de nossa orga- nização commercial explica a crise actual. Outros, porém, foram deslocados dos mercados que ti- nham conquistado, logo qua se abriram outros por- tos de exportação. A queda da banha é notável. Em 1920 expor- támos apenas 11.166 toneladas, contra 1 :992S em 1919, 1:972.^ em 1918. 1 :734-'? em 1917 e 4 em 1916. Assim, apezar de tudo, a situação é ex- cellente e a corrente commercial não desappare- ceu. O valor correspondente foi o que damos abaixo; 1916 1917 1918 1919 1920 Em libras 6:300$ 17.745:0005 969. OX) 26.161:0005 1.410.000 39.889:0035 2.375.030 22.459:0005 1.100.000 O valor médio por tonelada subiu sempre, mer- cê da alta dos preços: 2:0115 em 1920, 1:9925 em 1919. 1:9725 em 1918, /n :7345 em 1917 e 1:653$ em 1916. A carne em conserva também cahiu muito, por- que era adquirida para os exércitos inglezes e americanos no Oriente. .4s remessas que tinham sido de 25.325 toneladas em 1919 e de 17.223 em 1918, baixaram a 1.649 em 1920. Assim o valor total passou de 26.332:000$ ou 1.403.000 libras em 1918, de 42.138:000$ ou 2.470.003 li- bras em 1919, a 3.179:000$ ou 212.000 libras em 1920. Os couros também baixaram, em consequência da depressão geral dos mercados desses produ- ctos. Assim, em 1920. a exportação foi de 37.265 toneladas contra 56.793 em 1919, 45.534 em 1918, 39.912 em 1917 e 583.511 em 1916. O valor cor- respondente passou de 87.779:300$ ou 4.354.000 libras em 1916, de 78.796:0005 ou 4.225.030 li- bras em 1917, de 75.019:0005 ou 3.991.3B0 li- bras em 1918, de 100.997:030$ ou 6.027.000 li- bras em 1919 a 64.792:0035 ou 4.021.000 libras em 1920. Os principaes portos de expedição fo- ram, no anno passado, iRio de Janeiro, Bahia, San- tos e Fortaleza; e os maiores compradores são os Norte-Americanos, Inglezes e Francezes. A lã cahiu muito no anno passado, cujas ven- das para o exterior foram de 1.621 toneladas con- tra 2.261 em 1919, 1.329 em 1918, 914 em 1917 e 1.318 em 1916. O valor correspondente foi o seguinte: 1916 1917 1918 1919 1920 5.558:0005 4.69J:O0OS 6.124:0005 11.192:0005 8.111:000$ Em libras 274.000 264.000 336.003 684.000 575.000 O valor médio por tonelada se elevou de 4:915$ em 1919 a 5:005$ em 1923. A lã vae do sul para os visinhos do Prata. As pelles accusam diminuição em quantidade e mesmo em valor, apezar da alta dos preços. De facto,, em 1923, vendemos para o exterior 3.968 toneladas de pelles, contra 5.166 em 1919, 2.215 em 1918, 3.046 em 1917 e 3.840 em 1916. O valor dessa movimento foi o que damos a seguir: 1916 1917 1918 1919 1920 Em libras 16.623:0005 826.000 20.816:000'< 1.092.033 12.398:0035 639.000 51.077:0005 3.672.000 45.306:0005 2.993. :00 O valor médio por tonelada subiu de 4:3305000 em 1916, de 6:8355 em 1917, de 5.^5975 em 19IS, de 9:8875 em 1919 a 11:4245 em 1920. Os prin- cipaes portes expeditores foram Fortaleza, Bahia, Recif;. Maceió e Cabedello e os Estados Unidos foram os que receberam maior quantidade. O sebo também baixou muito em relação ao anno anterior. Remettemos, no anno passado, 3.632 to- neladas contra 9.183 em 1919, 558 em 1918, 2.960 em 1917 -e 273 em 1916. O valor correspondente foi em 1916 de ré:'s.... 191:000$ por 12.330 libras, em 1917 de 3.023:0005 por 164.000 libras, em 1918 de 696:000$ por 36.000 libras, em 1919 de 9.121:0035 por 553.000 libras e 1920 de 3.405:0005 por 195.000 libras. O valor médio baixou de 1 :2485 a tonelada em 1918, a 9935 em 1919e de 9375 em 1920. Quasi toda a exportação é do Rio Grande do Sul. O cacáo accusa também diminuição, apezar do augmento do curso universal e das suas possibili- dades. A exportação de 1919. ainda mantém o Brazil em segundo logar, dos grandes paizes pro- ductores, logo depois da colónia ingleza da Costa de Ouro e acima do Equador. Exportámos para o exterior, no anno passado, 54.419 toneladas con- tra 62.584 em 1919, 41.865 em 1918, 55.622 em 1917 e 43.723 em 1916. Os preços baixaram em relação ao anno ante- rior. Assim o valor da exportação total foi de 50.371:0005 ou 2.500.000 libras em 1916, de 48.048:0005 ou 2.536.030 libras em 1917, de 39.752:000$ ou 2.158.000 libras sm 1918, de 93.265:0005 ou 5.632.000 libras em 1919 e de 64.650:000$ ou 3.821.000 libras em 1920. O valor médio por tonelada passou de 1 :152$ em 1916, de 864$ em 917, de 950$ em 1918, de 1:450$ em 1919 a 1:188$ em 1920, A borracha atravessa uma grande crise, mercê da supar-producção mundial e da falta de organi- zação do nosso commercio. A nossa hevea é ainda a melhor do mundo e sua cotação não se depreciou tanto como a de plantação. Mas, nova parte da producção mundial só pôde conquistar boa po- sição pelo aperfeiçoamento, tempera, beneficia- mento e mesmo fabricação no interior. lie BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA Em 1923, as remessas de borracha foram de 23.531 toneladas, contra 33.252 em 1919, 22,662 em 1918, 33.998 em 1917 e 31.495 em 1916. O valor correspondente traduz-se nos' algaris- mos abaixo : Em libras 1916 152.239:000S 7.496.000 1917 144.080:000$ 7.484.000 1918 73.728:300$ 3.998.000 1919 105.537:000$ 6.240.000 1920 58.261:000$ 3.712.000 Assim, o valor em 1923 foi menos da metade do que o de cinco annos antes. O valor médio por tonelada denuncia a baixa dos preços: .4:834$ em 1916, 4:238$ em 1917, 3:253$ em 19IS, 3:174$ ■em 1919, 2:476$ em 1920, A cera de carnaúba também baixou nos qua- dros de exportação. Em 1920, remettemos para o exterior 3.516 toneladas, contra 6.224 em 1919, 4.215 em 1918, 3.669 em 1917 e 4.167 em 1916. 0/s iprincipaes iportos expídidores foram Forta- leza e Ilha de Cajueiro e metade das remessas se destinou aos Estados Unidos e outra parte se distribuiu pela HoUanda, Grã-Bretanha, França, ■etc . . A farinha de mandioca poderia conservar a poj- sição que conquistara durante a guerra, quando os Inglezes compravam grande quantidade para os próprios hospitaes de sangue. Mas, não con- servou, embora não desapparecessem as excellen- tes opportunidades, que cumpre saber aproveitar. Em 1920, exportámos 8.660 toneladas, contra 21,834 em 1919, 65.322 em 1918, 18,745 em 1917 e 5.370 em 1916. O valor correspondente foi o ssguinte: 1916 1917 1918 1919 1920 Em libras 1.352:000* 67. WO 5.264:000$ 282.030 28.424:000$ 1.516.000 7.135:300$ 400.300 2.462:000$ 140.000 O valor médio por tonelada foi de 252S em 1916, 281$ em 1917, 435S em 1918. 327$ em 1919 e 284* em 1920. O feijão despertou durante a guerra tantas es- peranças como o arroz ç a farinha de mandioca. Entretanto, cahiu muito no anno passado, embo- ra as remessas se mantivessem em bom nivel, mui- to acima de antes da guerra e em quantidade apreciável. O feijão tem ainda largas possibili- dades que não podem ser abandonadas. Os paizes da Europa Central que compraram quasi todo o feijão que exportámos em 1920, têm ainda muito maior capacidade de consumo. Durante a guer- ra eram os Inglszes, os Francezes e os Italianos que nos con|pravam feijão. Agora, são princi- palmente os Allemães e os Hollandezes, estes para revenderem em grande parte aos paizes da Eu- ropa Central. As remessas de feijão attingiram no anno pas- sado a 23.131 toneladas, contra 58.607 em 1919, 70.914 em 1918, 93.546 em 1917 e 45.817 em 1916. O valor dess? movimento se elevou a réis 8.357:003.S000 ou 569.000 libras em 1920, réis... 20.845:000$ ou 1.303.000 em 1919, 31.299:300$ ou 1.689.003 libras em 1918. 40.626:000$ ou 2.152.300 libras em 1917 e 13.813:000$ ou 689.000 libras em 1916. O valor médio por to- nelada passou, portanto, de 301$ em 1918, de 434$ em 1917, de 441$ em 1918, de 356S em 1919 a 362$ em 1920, Os fructos para ol;o accusam, também, menor quantidade de remessas, em conjunto. De facto, houve augmento de caroço de algodão, de baga de mamona, e declínio de castanhas. No conjun- to do agrupamento, o total das partidas para o exterior em 1920 foi de 62.697 toneladas contra 84.295 em 1919. 19.310 em 1918, 48.356 em 1917 e 25.471 em 1916. Assim, a exportação, apezar da baixa em relação a 1919, se mantém numa pro- porção muito acima da média, O valor correspondente foi assim reigislado: 1916 1917 1918 1919 1920 Em libras 9.862:300$ 433.000 14.148:003? 752.000 11.902:000$ 633.000 44.324:003!? 2.026.003 31.573:000$ 2.080.000 O valor médio por tonelada passou de 388$ em 1916, de 292$ em 1917, de 616$ em 1918 de 526$ em 1919 a 533$ em 1920. A baga da mamona é expedida principalmente de Santos e Recife e vae, em maior parte, para os Estados Unidos e depois para a Inglaterra. As castanhas são exportadas do Amazonas e são compradas pelos Inglezes e Norte-Americanos. O maior porto de exportação de caroço de algodão foi, no anno passado, o Rio de Janeiro e a Grã- Bretanha ficou com a quasi totalidade das nossas remessas. Augmentou muito a exportação de piassava e babassu'. O fumo cahiu, também, na nossa exportação no anno passado. .-Xs suas remessas attingiram a 31.469 tonela- das contra 43.280 em 1919. 29.755 em 1918, 25.995 em 1917 e 21.608 em 1916. O valor cor- respondente foi o que damos a seguir: Em libras 1916 30.773:000$ 1.551.003 1917 24.067:000$ 1.296.000 1918 42.922:003$ 2.263.000 1919 72.141:000$ 4.357.000 1920 42.006:000$ 2.406.300 Os preços baixaram em relação a 1919, e as- sim o valor m'édio por tonelada foi de 1 :335S000 contra 1:666$, tendo sido -:409$ em 1918, 9265000 em 1917 e 1:424$ em 1916. Bahia é o maior por- to de exportação e os nossos principaes freguezes são a Argentina, a Grã-Bretanha, a Bélgica, a Al- lemanha e a Itália. Os óleos vegetaes e o milho accusam pequeno augmento. Os óleos vegetaes registam 4.433 to- neladas contra 4.140 em 1919, 6.593 em 1918, 2.329 em 1917 e 532 em 1916. O valor foi de 6.960:003$ ou 445.030 libras em 1920 contra 7.768:000$ ou 478. 0 :o libras em 1919. O milho p.issou de 24.354 toneladas em 1917, a 14,275 em 1918, 3.475 em 1919 a 4.426 -m 1920. O Brazil é o seigundo productor de milho e se deixou de im- portar não mantém a exportação que conquistou - A LAVOURA 117 durante a guerra. O valor foi de 987:000$ em 192 D, contra 870:0008 em 1919. No conjunto da nossa exportação, o café e ou- tros productos voltam a occupar posição prepon- derante. Si o café perfaz em 1920 apenas 49,1 % do total do valor em libras, em 1919 íssa propor- ção fora de 55,8 °1° e embora menor do que a de 1918 (31,1 °|°) era de molde a fazer suppôr que era possível retroceder ao regimen que o nos- so principal producto enchia 60 °|° do conjunto das remessas para o exterior. Em 1918 e 1919 havia mais dispersão na exportação e em 1920 — oitenta e oito por cant'o pertencem aos dois principaes productos. Em 1919, apezar da alta do café, a proporção foi de oitenta e quatro e, em 1918, de setenta e cinco. Em 1920, o café, como fá vimos, 49,1 °1° con- tra 55,8 °!° em 1919; a borracha 3,5 "l" contra 4,7 T em 1919 e 6,5 "l" em 1918; o cacáo 3,6 "i" contra 4,4 •";' em 1919 í 3,6 »|° em 1918; o algo- dão em rama 5,1 "1° contra 1,9 "l" em 1919 e 0,9 °|° em 1918; o arroz 5,4 °[° contra 0,9 °[° em 1919 e 1,6 °i° em 1918; o assucar 5,7 °]° contra 2,9 "j" em 1919 e 8,9 "l" em 1918; os couros e as pel- les 6,5 "1° contra 7,0 'j" em 1919; as carnes con- geladas 4.2 "l" contra 4,7 °|°; a bsrva-matte 2,8 °í° contra 2,4 "1°, e o manganez 2,1 "l" contra 0,8 "1". Assim, houve relativo deslocamento. Em valor, em libras, o café figura em primeiro logar; em segundo, o assucar; em terceiro, o arroz; em quarto, o algodão; em quinto, as carnes conge- ladas; em sexto, os couros; em sétimo, o cacáo; em oitavo, a borracha; em nono, as pelles; em decimo, o fumo. O valor médio da tonelada na importação, que tinha sido de 307S em 1916, de 422$ em 1917, e subido a 569$ em 1918, e a 480$ em 1919, se elevou ainda a 639$ em 1920. O valor médio da tonelada na exportação, tendo sido de 608$ em 1916, de 591$ em 1917, attingiu a 642$ «m 1918 e a 1:142$ em 1919 e em 1920 foi de 834$. As- sim, em relação ao anno anterior, o valor médio da tonelada baixou em 1920 na exportação e su- biu na importação, mas, em relação ao decennio ficou tanto para um como para outro movimento muito acima da média geral. (Do Jornal do Commercio, ed. mat.) Impressões da minha viagem a riíontevldéo e Buenos flvjres Pí Redacção pede a attenção do leitor para um tópico do trabalho do nosso prezado consócio, Sr. Cel. .Júlio César Lutterbach, sob o titulo acima,, e publicado no numero da "A Lavoura" corres- pondente a Janeiro e Fevereiro do corrente anno. Onde .se lê, na secção — AlPRBClAÇÃO — ••Além dessa gramínea ser o factor primordial, etc.", com referencia lá alfafa, o autor disse, original- mente, "Além dessa forragem, etc". Trata-se de um lapso de revisão, porquanto, 'é coisa elementarmente sabida que a alfafa, botani- icamente, não é uma Gramínea e, sim Leguminosa. ;.lllN.n.n.n,,,.,,,n.,,.M.,,.H.,,,n.n.u.,,,,,,M.,,.,,.n.n.,i,n.,,,,,,n,„,,,,n..,n,„,v,,,,,,.,,..,n,n,„,:,,,:,,,.;,.,,,H,.,n^ SOCIEDADE f^4CI0NAL DE AGRICULTURA ANNUIDADE 20$000 - Os sócios quites recebem - gratiiitaiiieiite A LAVOURA I iii"3 ///* Estes appartlhos foram experimentados com o maior successo no campo de expe- rienoias da Sociedade Nacional de Agricultura, na presença dos representantes do Exmo. Sr. Ministro da Agricultura. HIME & Cia "Rio de Janeiro ÚNICOS REPRESENTANTES PARA TODO O BRAZIL Wé\^i/t>í'J%w*>Ji/»»^ia A LAVOURA Boletim da Sociedade Racional de agricultura ANNO XXV Rio de Janeiro — Brazil Ns. 4 e 5 DHUBRI A Esmeralda da índia Ha mais de 700 kilometros de Calcut- tá, para dentro das terras Indianas do valle Indo-Gangetito de Bengala, oc- culta-se ■ — Dhubri, entre bosques de verdura, ás margens do formidável Brahmaputra, o filho do Deus Brahma, o rio em cujas aguas se banham a i)c- quena cidade e seus dez mil habitan- tes. K' unia cidade-aldeia, jóia singela e motltsta puramente Industanica, sem os attractivos e atavios do elemento eu- ropeu . Tão dynamizado anda elle neste tre- cho da terra de Goalpara, que a im- pressão do visitante é que ali ainda não está installada a maior e quiçá a mais illusoria complicação da vida — a ci- vilização Occidental. Dhubri é toda verdura e agua, toda silencio, calma e repouso, na doçura da vida bucólica dos campos e das selvas. As casas melhores — excellentes chá- caras, no centro de terras ajardinadas, tanto como as pequenas casas de pobres Hindus, escondem-se entre o basto ar- voredo de altíssimas palmeiras, coc[uei- ros, bambus e todos os frondosos e co- pados exemplares da flora tropical. Sob a acção do calor e da humidade, as arvores adquirem ahi um porte gi- gantesco, uma copa enorme, troncos co- lossaes e uma folhagem variadíssima. Junto convivem as grandes manguei- ras, os coqueiros esguios e altos, as nos- sas conhecidas palmeiras imperiaes, as tamareiras elegantes, os formidolosos ficus e sequoias, tamarindeiras, jamc- longos e os celebres buiiyaiis, numa ve- getação luxuriante de seiva e brilho. As tecas preciosas para a construcção naval, attingem um desenvolvimento ex- traordinário, assim como os eucalj^ptus. Ao lado desses gigantes, crescem a murta, o jasmim branco sem aroma, as rozeiras, as dhalias e uma infinidade de flores lindas, mas, sem o perfume nem o viço que têm no Brazil. — Dhubri é deveras encantadora, mas, a moldura verde que a cerca de todos os lados, é demasiada. As ruas, os caminhos, as estradas, as barrancas dos arroios e as ribanceiras dos innumeraveis tanques d'agua cava- dos no chão, por toda parte, tudo é co- berto de uma grama verde, miúda e bai- xa, que os bois e cabritos não deixam crescer, corlando-a a dente como se fos- se á niachina. Verde é, também, a relva dos grama- dos das praças publicas e dos terrenos particulares e, sendo todos cercados de arvoredo, pôde, sem exagero, dizer-se ([ue — Dhubri vive dentro dum bosque eternamente verde. E" na índia que um pintor pôde bem apprehender todas as tonalidades do verde, pois, mesmo na vegetação dos campos e das plantas aquáticas, as nuances do verde são cambiantes e va- riadíssimas. E", tambein, na índia que se pôde ob- servar, numa escala de gradações quasi imperceptíveis, todos os matizes do co- lorido da pcllc humana, desde os mais raros, que são o branco puro e o negro 120 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA de ébano ou de naiikin, alé ao amarello passando por todas as coml)inações de sangues niesliçados, donde resultam o moreno pallido e suave e o moreno bronze, fortemente carregado ou acabo- clado, que é a côr geral dos nativos e das raças cruzadas ahi. Outra originalidade, (jue impressiona fortemente, é a das aguas. O Brahmaputra, em frente á cidade, altingc (i milhas ou f[uasi 1(1 kilometros de largura, o que já é uma colossal mas- sa d'agua. dores para usos domésticos, mas, nem sempre bebendo-a, porque em certos lo- gares c suja ou fica coberta de plantas aquáticas. Espectáculo extranlio e surprehen- dente é o verem-se os celebres bois pre- tos, conhecidos aípii sob o nome de huf- falos, barrigudos, disconformes e feissi- mos, mas, excellentes jjela mansidão, resistência e aptidões para o. trabalho, mergulhados, alé ao pescoço, nas aguas dos tanques c lagoas ou no lodo dos ala- gadiços e pântanos, deixando, apenas, Escila Atiriciild "I.ui: de Qinirii:", Piraciraba — Rcsidcnciíi do director do Pnrqiie dkas — Calculando por um certo numero de annos a data media das phases relativas ao aipparecimento das es- pigas, flores, etc, e a sua coincidência com os períodos criticos, .teremos fixada, com essas da- tas, também, a época do periodo critico, 3) — Porcentagem das probabilidades dos phenomcnos meteorológicos adzvrsos — Uma vez estabelecido, com critério ecológico, qual o phenomeno e o complexo climatérico mais pre- judicial á planta, pode, com facilidade, fixir-se Candelária "Carlos IJietzsrli' Ciiriliihii, Ain/nii sólo, no momento critico, acima de um certo limite ; a colheita será escassa, mesmo si du- rante todo o resto do periodo vegetativo houver chuvas abundantes e bem distribuídas. Segundo as condições climatéricas locaes, ora ■mi, ora outro factor meteorológico adquire im- Í>ortancia dom(inante e ter-se-ão, desse modo, períodos criticos com relação á humidade ex- cessiva, ou ás neblinas, ás geadas, ás tempera- turas muito elevadas, etc. Mediante observações parallelas attinentes ao desenvolvimento d.n planta e ao? phenomcnos meteorológicos, torna-se bastante fácil descobrir os períodos críticos, constatando a relação entre os rendimentos e o grupo de valores thermicos, pluviometricos, etc, registados no? d-vrsos mo- mentos e phases do periodo vegetativo. a frequência por décadas, .\ssim, si a segunda década de Maio. durante um período de dez annos. em uma certa localidade, teve dois an- nos de secca. pôde affirmar-se que a probabili- dade de secca. na segunda década de Maio, é egual. naquella localidade, a 20 ^c- 4) — Diminuição no rendimento devido á acção de cada um phenomeno adz-erso — E' possível estabe.lecel-a, com esta facilidade, mes- mo pelo simples confronto entre as colheitas nos annos bons e nos máos, com relação a um certo phenomeno. Querendo determinar com exacti- dão, applica-se o coefficiente de regressão. O conhecimento dos períodos criticos, das me- dias phenoscopicas, da porcentagem das pr-oòa- bilídades dos phenomcnos adversos e das dini;- nuições no rendimento, dá-nos todos os elemen- A LAVOURA 125 tos necessários ipara uma segura orientação na lucta contra as adversidades atmosphericas, in- dicando-lhes a frequência e a medida do damno produzido. Quaes os meios de lucta ? Esses podem dividir-se em quatro cathegoria- : I )i Evitar o phenomeno -adverso : 2) ^Modificar o phenomeno adverso; 3) Aug:mentar a resistência da planta ao phe- nomeno adverso. 4) Transferir a phase df vegetação, em re- lação á qual se individua o periodo critico, afim de fazel-a coincidir com este ultimo em um mo- mento mais favorável, sob o ponto de vista me- teorológico. Exemplo — A qualidade de frumento F na estação A, dá a espiga, na media, a 18 de Maio e. por outro lado, a probabilidade de secca na terceira década de Abril e na primeira de Maio (periodo critico) é egual a 70 e 75 %, respe- ctivamente. .Dahi a razão de um rendimento escasso. Na primeira e na segunda décadas de Abril, ao contrario, a probabilidade de secca des- ce a 10 e 15 % respectivamente : antecipando a semeadura e escolhendo um typo de frumento / mais precoce, de modo que a formação das es- pigas se; verifique no lapso de tempo de 20 a 25 de Abril, seria possivel remediar, em parte, ao menos, os damnos provenientes das seccas. 2) ^lodi ficar artificialmente, durante o pe- riodo critico, as condições meteorológicas. Exem- plo: irrigação nas regiões sujeitas á secca; neSj tes casos o conhecimento do periodo critico per- raitte uma notável economia de agua e de tra- balho, limitando a's operações ao momento de maior necessidade. 3) Seleccionar typos mais resistentes ao phe- nomeno meteorológico mais prejudicial. Este trabalho pôde fazer-se p>or dois sys- temas : A) Selecção por linhas puras: isolando, nos campos, as .plantas que mostraram ter melhor resistido a uma dada "adversidade". Estas plan- tas se tornam o ponto de partida de novas es- pécies mais resistentes. B) Hybridação seguida de selecção: com o escopo de reunir em mm mesmo typo, e nas me- lhores proporções, o caracter de productividade especifica e de resistência ao phenomeno mais prejudicial. — Deste modo, na índia, Austrá- lia e na .\frica Equatorial foram obtidos typos bons productores e resistentes á ferrugem. E' preciso dizer que nos climas quentes e húmidos, constitue essa moléstia um dos principaes ob- sta«ak)s ao cultivo proveitoso do trigo. A applicação do methodo proposto e illustra- do, conduz-nos, assim, aos seguintes resultados : I . Indica qual, entre as tantas variedades de uma espécie, cultivadas, de frumento, por exem- plo, a mais própria para ser aproveitada em uma determinada localidade. A tendência de querer impor e introduzir, em áreas muito extensas e em um meio ambiente diverso do de origem, ty- pos novos, produzidos por selecção, tem condu- zido, já, em m.iitos casos, a serias desillusões. 2. Indica qual a melhor época para semea- dura, afim de fazerem coincidir-se os periodos criticos com momentos meteorologicamente fa- voráveis, sem descurar, ao mesmo tempo, da duração do dia solar, que tanta acção exerce sobre a vida das plantas cultivadas. 3. Indica quaes os trabalhos mais apropria- dos, e qual a época mais opportuna para exe- cutal-os, tendo em vista combater a acção ne- gativa dos factores ou dos phenomenos meteo- rológicos contrários. 4. Orienta o seleccionador nos seus traba- lhos realizados com o fim de reunir, em um só individuo e na melhor proporção, visando o má- ximo rendimento, o caracter "'resistência ao phe- nomeno meteorológico mais prejudicial", com o caracter "'productividade especifica elevada". Nos resultados que podemos colher em traba- lhos de analyses sobre o meio ambiente e de synthese ecológica, extensivos a todos os pontos da área de distribuição actual, e, possivelmente, de cada espécie cultivada, teremos os elementos necessários para construir o fundo commum, o plano fundamental de coHaboração, sobre o qual deverá desenvolver-se o trabalho dos geneticis- tas de cada paiz, indicando-se-Ihes as diversas zonas climatalogicas do trigo, (e das outras es- pécies), as exigências dos vários ambientes, co- ordenando esses esforços em um todo orgânico para a obtenção dos resultados definitivos. 5. A importância do risco por adversidade meteorológica pôde verificar-se na funcção da intensidade e frequência dos phenomenos con- trários e das possibilidades da adaptação ao cli- ma, seguindo o methodo proposto. O ambiente atmoipherico de uma região perde, assim, o ca- racter de instabilidade, adqiiire uma forma de- finida quasi como o solo e as condições topo- graphicas. Desde que o factor clima pôde, por assim dizer, ser medido como funcção de pro- ducção, deve na avaliação das terras, ou fa- zendas, ter-se em conta o mesmo clima, em con- corrência com os outros característicos desses valores : a natureza do solo, condições topogra- phicas, etc. . A' semelhança do que se verifica nos paizes de organização agraria moderna, no Brazil. a rede já e.xistente das instituições agrarias po- derá servir perfeitamente, para o estudo do cli- ma em relação ao cultivo do trigo, sem grande ónus para o Estado. Em um certo numero de estações e pontos es- colhidos, opportunamente, deverão iniciar-se os seguintes trabalhos : I ) Estabelecer qual a quantidade de frumen- to apropriada a uma dada localidade, tendo em vista as condições meteorológicas locaes. Para esse fim, devem fazer-se, de accordo com o me- thodo que vimos de propor, observações paral- lelas sobre o desenvolvimento do trigo e mar- cha dos factores meteorológicos, utilizando tan- 126 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA to as qualidades locaes, como as provenientes de regiões de clima análogo ao dos Estados do Sul. 2) Fazer uma série de semeaduras em da- tas diversas, com o fim de estabelecer qual a época melhor de semear, de modo a fazer coin- cidir os periodos criticos com momentos mete.o- rologicamente mais favoráveis. 3) Iniciar trabalhos de hybridação, seguida de selecção, no intuito de crear typos bons pro- ductores, e, ao mesmo tempo, resistentes ág re- acções do ambiente (especialmente á ferrugem, que se desenvolve nos climas quentes e húmi- dos) . O trabalho de pesquiza, segundo o nosso me- thodo, já foi iniciado nos seguintes paizes; Ita- para o estudo do clima em relação ao café e á borracha, com ramificações nas índias Hollan- dezas e nas Philippinas. O Brazil se presta maravilhosamente para col- laljorar em tal ordem de trabalhos, de tamanha utilidade jjara a economia mundial. Seria, para nós. uma grande salisfacção ver surgir no Es- tado de São Paulo uma rede de estações agro- nieteorologicas para o café e uma rede análoga ]iara a Hci'ca brasiliensis, no Estado do Pará. Para a.s plantas tropicaes, o problema não está ainda em condições de receber, nesse domínio technico, a sua definitiva solução. Com relação, porém, aos cereaes, e a outras culturas de zo- nas temperadas, os resultados já se contam como outros tantos successos. Em todo caso, é bem Interior das cocheiras .da Candelária "Carlos Dietzsch" — Ciiritiiba, Ioda de madeira — pinho) Paraná [Consirncção lia, Fran^ça, Beilgica, Suécia Noruega, Dina- marca, Austrália, Ghina e outros. Além do frumento, temo-nos, também, occupa- do com outras culturas não somente para as re- giões temperadas, como ainda para os paizes tropicaes. A esse respeito, é-nos muito grato lembrar aqui, a V. Ex., a enthusiastica collaboração dos collegas francezes Capus, Chevalier, Proudhom- me, Miége, Carton, Miéville, com cujo concur- so foi-nos possivel estender a rede das observa- ções na Africa Franceza, no Madagáscar e na Indo-China. Nesta ultima colónia, gra<;as á acti- vidade de lum valioso cooperador e amigo, o En- genheiro Agrónomo Colonial Sr. Paul Carton, do "Institut Scientifique de Tlndo-Chine", está em vias de organização um importante centro certo que, mesmo sobre culturas tropicaes, as vicissitudes atmosphericas influem em larga es- cala sobre o rendimento, e que a opportuna es- colha da variedade, mais conforme com as exi- gências do clima pode. por si só, contribuir far- tamente para augmentar o producto. Teremos, pois, no Brazil, potencia agrícola primacial entre as nações da America do Sul, uma forte organização agro-meteorologica para ;í> culturas da zona temperada e da zona tro- pical. Esse systema poderá, nos primeiros tempos, ser assim dirigido: I ) Rede de estações para o frumento, no Rio Grande do Sul e nos outros Estados meri- Jionaes da Federação, onde se cultiva o trigo. A LAVOURA 127- 2) Rede para o café, em São Paulo, e nos outros Estados do Centro . 3) Rede para a Hevca, no Pará e nas ou- tras regiões equatoriaes. Merece, pois, no nosso entender, um especial exame a idéa de constituir, no Rio de Janeiro, o grande centro cultural e de org-anização da meteorologia agraria para as plantas tropicaes, com jurisdicção technico-scientifica, nas esta- ções da zona equatorial da America, da Africa, da Indo-'China e da Austrália. Para a írealização de tal desideratum não po- demos deixar de fazer os votos mais sinceros para que os collegas brazileiros, reunindo-se em torno de V. Ex., que se dignou dar apreço a todas as nossas idéas e acceitar o encargo de divulgal-as no território do Brazil, convertam, pelo seu valioso trabalho e competência, em uma bella realidade, o plano grandioso que ahi fica para ser meditado e estudado. Com a maior estima e consideração, — Prof. G. Azzi. — Roma, 6 de Março de 1921." A Exposição de Borracha, em Londres o brilhantismo que promette o importante certamen A Quinta Exposirãd Internacional ile Borraclja. Prodnetow Tropicaes e Indus- trias Conupxas, terá losar, em Lomtres. no Roí/dJ Af/ririiJfiinil Jhill . de :> a 17 de junho do anuo corrente. O próximo certamen tem despertado çrande interesse da parte dos iiovernos de muitos paize.s, de import^tntes asso- ciações industriaes e firmas commer- ciaes, que manifestaram já o desejo de a elle comparecerem . Como nos outros aunos, a iu.stituição de tim Couíiresso será uma das partes de maior realce do proiiramma. KEí^ENHA HISTÓRICA DAS EXPO- SIÇÕES líE BOKIÍACHA E' d.e todos sabido (pie a liistoria das exposiçrtes de liori-aclia S(> jirende, inti- mamente, ao extraordinário desenvolvi- mento da industria extractiva. E.stes certamens foram instituídos com o fim de ])romover o incremento da in- dustria da borraclia pela appi'oximação dos prodnctores e fabricantes do mundo inteiro, estudan(bi-se. por esse intercam- bio directo, os meios de melhorar as con- dições ueees.sarias ao aperfeiçoamento da cultura, ))reparo e niercado da planta es- timulando, ao mesmo fenijto. a descoberta de noA'os usos para o producto. Los;raram um êxito tão brilhante essas exposições que, para attender a insisten- tes pedidos, se lhes estendei^ o objectivo para abran,íier, iior meios idênticos, aos productos tro]iicaes e industrias conne- xas. As (|uatro exposições anteriores da serie, tiveram lo^ar na cidade de Lon- dres, em lOOS, 1!>Í1 e 1014, e na de Nova Voríc. em 1912. A EXPOSIÇÃO DE lí)l-t O ultimo certamen foi de expressão tão eloquente e teve tão grande repercussão internacional que, mesmo, o cataclvsma univer.sal da ultima guerra, com os seus effeitos desastrosos, não foi bastante para varrer da memoria dos que as acompa- nham ainda coni interesse, o seu esplen- doroso successo. A' Exposição de 1014, realizada no fín/fdl Ai/riruJtiirdl ííall. Londres, de 24 de Junlio a 9 de Julho de 1914, com- ]5areceram cincoenta e quatro paizes, re- ])res(>ntados ])(dos seus delegados offi- ciaes. Enti'e esses paizes, os mais importan- tes eram : Argentina. l>elgic;i, lirazil, Africa Oriental Ingle7;i, Cevlão, Colôm- bia, Egypto e Sudão, Federação dos Es- tados Jíala.yos, l'iji. França e colónias, Ciuatemala, Holhinda e c )irazileira, nomeada pelu (í(i\'erno da iíeimblica, (h' (pie (' cliefe o nosso ])i-e/,ado director, Sr. ])r. Hanni- bal Porto, ;r A'ice-Presidi'nte da Socieda- de [Nacional de A_uriciiltnra, já deixovi o 1'razil. cinii (b'siino á ínulalerrn, aconi- Coiiilí-iiiiid (iluTlti "íUiilits Diehmli'. i.iiriliilxi. I'iiriiiin aK'ni de dnzentos, sem inidnir os ]ie(|ne- nos concorrentes (|ne se contaram por centenas. A EXPOSIÇ.ÃO DE 1921 Para o cei-tamen desic anno. são re- servados os espaços i)reviameute solici- tados. Da sua orfianização interna está encar- niçado o Sr. H. (ireville Montgomery. estando toda a actividade externa sob a direcção de .Miss Editli A. lirowne, V. E. G. S., a (|neni deverão ser dirigidas jKinliando os moslriiarios dos nossos Es- tados. (Jiiasi loilas as unidades -da Federação fazem represenlar-se coiuiignamente no impoitante certanien londrino, demons- trando, (less'arte, o sen lonvabilissimo empenho pai"i (pie o IJrazil indle figure coia acceiítnado destaipie, dei.\ando nos seus rnmeiro.s, (pU' ])ara lá convergem de todas as partes do globo, a mellnu- im- l>ressão ])ossivel do nosso estado de pro- gi-es.so e civilização, do ^\^\^• nos poderãí^ ad\'ir inestiiiuncis benefícios, jirincipa!- nieiile (lo ponto de \ista económico. A LAVOURA 129 O Zebú na America do Norte Entre os assumptos que mais têm pre- ofcnpado os nossos zootechnistas e ama- dores ])atricios, o do eniprego do Zebú, coDio recurso offerecido á resolução de luiia das faces do nosso problema pe- cuário, é, sem duvida, aquelle que mais tem ajjaixonado a opinião, cindindo-a em correntes diversas, já nos círculos creadorcs, já entre os diletantes de ci- dade. Ante o interesse tjue o assumpto desjiíería, pareceu-me dever dizer acjui algo sobre as informações que logrei co- lher com relação á situação do Zebú na Anjerica do Norte. Durante a minha estadia no Norte, em Kan'^as, i)ouco ou quasi nada ouvi sobre a raça do Ganges, do ponto de vista da sua acceitaçãô como productora de car- ne . .\liás era isso, natural, desde que a rei;ião era exclusivamente creadora de animaes de sangue nobre e de engorda de mestiços destes com o gado nativo. As informações que pude obter, então, foram as colhidas no curso de "Gene- tics" e referentes ao emprego do Zebú e (io Kisão como meio de a])roveitar a re- sistência ([uc estas esjjecies apresentam contra certas moléstias. Mas, nada me fazia suppòr que a creação do gado in- diano tivesse no sul do paiz uma rela- tivrt ini])ortancia commercial. S.hindo de Kansas, dentre outras par- tes, estive em Madison, Wisconsin, onde, no Jardim Zoológico, vi, pela primeira vez nos Estados Unidos, espécimens do bfvi sagrado da índia. Ali, jcomo em Kansas, e talvez, sem exagero, na maior ])arte do paiz, o Zebú, ou "Brahmin Cat- Ur" , como tal gado é chamado pelos amf^ricanos, é mais conhecido como ani- mal de circo e de Jardins Zoológicos Esta. ]ielo menos, foi a minha impres- são, ([ue é corroborada pelo facto de (fiie a preoccupação geral é pelas raças in- glezas e as revistas agrícolas só esnora- (h'camente se referem ao gado indiano. Ad 'mais, o numero de Zebús ainda é reduzido, e nas estatísticas officiaes de l>opiilação bovina, referencia alguma se vê a seu respeito. No Sul. no Texas, foi que se me offereceu opportunidade pa- ra melhor conhecer a situação do gado Zebú na pecuária noj-te-americana. Eoi em Marco deste anuo, na minha visita á "Soiithwestern Exposition and Fdt Stock Shoiv", de Fort Worth, Te- xas, que deparei com uma secção onde seis Zebús eram expostos, formando uma classe tlistincta, mencionada no catalo- go do certamen. Era, se não estou en- ganado, a primeira vez que animaes in- dianos faziam parte officialmente de lun certamen pecuário na America do Norte. Este facto, como era natural, despertou todo o meu interesse, e co- mecei, de logo, a inc[uirir dos professo- i-es e fazendeiros, com os quaes tive ali occasião de conversar, o que os mesinos pensavam sobre o Zebú e seu futuro nos Pastados Unidos. Dos fazendeiros, numa grande maioria exjjositores de animaes das raças inglezas e "cegos", portanto, ])elas suas raças preferidas, as informa- ções, como era de esperar, não me po- diam adeantar muito. Entre os ])rofes- sores, notei uma certa reserva sobre o assumpto encarado do ponto de vista exjierimental e do futuro do gado Zebú, devido ao facto de (fue os "Colleqes" e "Experiment Stations" do Sul pouca at- tenção tèm ligado ás raças indianas e pouco ou quasi nenhum trabalho expe- rimental têm realizado no sentido de observar, ein gerações successivas, os effeitos do cruzamento deste gado com o gado na!'vo do sudoeste. No "Agri- ciiltiiral and Mechanical Colleqe of Te- . xas", por exemplo, só em Abril deste anno o Departamento de Industria Ani- mal, do College, ijensou em estudar este assum[)to e ad([uiriu trez Zebús (Nel- lore) para serem utilizados em ex])eri- encias de cruzamento. Acho, mesmo, ([ue este é o primeiro College que se de- cide a fazer experiências de tal nature- za, com animaes indianos. Commer- cialmcnte, porém, é facto c|ue os bezer- ros de mercado, "shippinf/ calves", mes- tiços de Zebú. logram franca acceitaçãô e bons ])rcços e os Zebús sobem progres- sivamente em |)opularidade ao longo da Costa do Golnho do México, desde a Flo- rida até ao Texas, principalmente jjelas suas (fualidades de bons pastadores e de animaes que pouco soffrem com os car- rapatos e moscas que infectam aunellas ))lagas e tanto fazem soffrer e definhar os animaes das outras raças bovinas. — 130 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICL'LTURA Mesmo devido a estas qualidades, em particular á de que os carrapatos pouco atacam o Zebú, muitos aconselham a creação desta espécie de gado e o seu cruzamento com o gado nativo, isto com o fim de auxiliar a extirpação dos car- rapatos das zonas infestadas. Quanto ao futuro desta espécie de gado, ali, no- tei, em alguns, scepticismo, uma vez que o (loverno conta dentro de 5 annos de- clarar o i)aiz limpo de carrapatos e a maioria dos creadores é pelas raças in- glczas. A immuuidade attribuida ao Zebú contra a febre do Texas é, também, um carra])alos infectados, contrahirani a febre e morreram. No pensar do Dr. J. R. Mohler. externado numa sua publi- cação, no "26//I Animal Report", 1919, trcz são as principaes causas devido às cpuies o Zebú não é atacado pelos carra- ))atos e. portanto, não contrahe a febre: a) a secreção sebacea, de cheiro repel- lente aos insectos, emittida pelas glân- dulas da pelle dos animaes de tal espé- cie; h) i\ resistência da pelle dos referi- dos animaes que, embora de grossura egual á dos animaes das outras raças, é mais difficil de perfurar; c) finalmen- te, o seu pello curto, que não offerece t*iziá3MeMWf -^«1 ToiLfn }iifSliro. .'i fiiintis — " Pierce .S7-//C Wurt.in, Tc.víis. E. V. A. .V. ponto que tem levantado controvérsias entre os entendidos, nos Estados Uni- dos. Alguns crem, como nós no Brazil, que o gado indiano é immune e tran- smitte esta immunidade aos seus des- cendentes mestiços. Outros, porém, e entre elles Mr. .1. R. Mohler, Chefe do Bureau de Industria Animal de Was- hington, D. C, e o Dr. B. H. Ransom, Chefe da Divisão de Zoologia do mes- mo Bureau, não subscrevem in totiiin esta crença. O Dr. B. H. Ransom decla- rou-me, em Washington, não acreditar na immunidade do Zebú contra a febre do Texas, c, para corroborar esta sua de- claração, citou o facto de que, Zebús le- vados para a Florida e lá postos em ob- servação, depois de serem picados pelos aos carrapatos a protecção necessária á sua vida. Sobre a historia do gado Zebú. ou "Bvahmin Cattle" nos Estados Unidos, sabe-se, mais ou menos, o seguinte: — .\ primeira imi)ortação de Zebús foi fei- ta, ao que parece, cm 1850. ([uandn al- gumas cabeças deste gado foram intro- duzidas nos Estados da Carolina do Sul e de Louisiana, sendo que quem trouxe animaes Zebús para a Louisiana foi um fidalgo inglcz, que veiu áquelle Estado com intenção de montar uma usina de assucar e. observando as condições lo- caes de clima, pensou na iniijorlação de gado indiano, com o fito de usal-o no melhoramento dos typos nativos empre- gados no serviço "de tracção. De Loui- A LAVOURA 131 siana. algumas cabeças de gado indiano foram trazidas para o Texas. O numero de animaes era, então, muito reduzido, e somente depois de 191 1, (juando Mr. A. P. Borden foi á índia e de lá trouxe cer- ca de 65 caljcças de gado puro sangue, ([ue a creação do Zebú, para fins com- nierciaes, tomou maior incremento. Os animaes trazidos da índia por Mr. Bor- den, devido á desconfiança de que trou- xessem "surra" e outras moléstias, esti- veram por muitos niezes em observação no posto de quarentena do porto de New York. Conforme me declarou o próprio Mr. Borden, quasi a metade dos animaes morreu na ([uarentena, de causas diver- sas. Com animaes desta importação, não s(') o "Pierce Estate", mas, também, a fazenda de Mr. 0'Conder, têm desen- volvido bellas manadas de animaes, na maioria cruzas de gráos differentes. Os Zebús que vi na " Soiithwestern Ex- position and Fat Stock Show", de Fort Wortb, Texas, i)ertenciam a Mr. Borden, gerente da "Pierce Estate", Worton County, Texas. Pierce Estate é, talvez, uma das maiores fazendas do sul dos Estados Unidos e a mais imjjortante no que concerne ao gado indiano. Visitei-a em começo do mez fluente. A área to- tal da fazenda é de cerca de 9.000 acres, divididos em largos potreiros e campos cultivados com arroz e sorgho. Os cain- pos de arroz são irrigados com agua do rio, agua (|ue é jiuxada com o auxilio de duas iiombas centrífugas, as quaes, tra- Ijalbando ao mesmo tempo, lançam no canal mestre cerca de 30.000 gallões de agua i)or minuto As plantações de sor- gho, ])ara ensilagem, cobrem uma área de mais de 300 acres. O rebanho do Pi- erce Estate, formado, na sua maioria, por mestiços de Zebú com o gado nati- vo, já i)ossuindo uma certa porcentagem de sangue Hereford e Shorthorn, é de cerca de 10.000 cabeças de gado. Este gado é distribuído pelos potreiros, de accôrdo com as necessidades do traba- lho de fixação de côr e melhoramento de conformação, que está sendo feito por Mr. Borden. Para alimentação des- te gado, a fazenda possue 10 silos gran- des e 8 abrigos para o temjjo do inverno. No que diz respeito á creação, o ne- gocio principal da fazenda é o da ven- da de garrotes mestiços (31|32), para servirem de padreadores. Na occasião da minha visita, em começo do mez flu- ente, Mr. Borden possuía separados num |)()treiro cerca de 000 garrotes de um a dois annos, destinados á venda. O pre- ço niedio, pedido para cada garrote, era de $;UI0.00. As vitellas são, na maior l)arte, conservadas na fazenda. O numero de louros tlistríbuidos nos diversos jjotreiros, era, segundo me in- formou Mr. Borden, de luii ])ara cada gru])o de .")0 vaccas. A ajjanha de be- zerros variava, ali, entre 90 e 95 "i " ao anuo. O gado de Pierce Estate, é manso e fácil de approximar. Para obter esta mansidão, que ali se verifica, Mr. Bor- den tem um empregado somente íncum- l)ído de amansar os garrotes e novilhas mais ariscas e bravias. O instrumento l)rinci))al, usado em Pierce, na amansa- dura do Zebú é a escova. O animal bra- vio é pegado, amarrado curto num ])e- queno curral, e o em|)regado começa, então, servindo-se de uma escova, a ali- zar e coçar o pello do animal, que no primeiro dia resiste e escoiceia, mas, depois, vac-se tornando tratavel e, |)or fim, docíl. Os animaes que vi, cau- saram-me muito boa inqiressão e hon- ram o traballio que Mr. Borden está fa- zendo ))ara melhorar a conformação dos animaes de seu rebanho indiano. Como é sabido, o gado de corte nos Es- tados Unidos é classificado nos merca- dos, segundo a sua procedência, edade, conformação e estado de carnes. Ora, o gado Zebú, e menos pronunciadamen- te os seus mestiços, é de conformação sinuosa e esguia, e, apezar de dar boa arrobagem, não pode competir com o gado das raças ingleza.s, quando consi- derando a qualidade da carne e o des- envolvimento dos cortes mais apreciá- veis e caros; dahi a necessidade de tra- balhar no sentido de melhorar a con- fonxiação dos mestiços de gado indiano. Este trabalho de melhoramento está sendo feito, bem íntellígentemente, por Mr. Borden e outros creadores da costa do Golpho do México, que estão cruzan- . do Zebú com vaccas "nativas" que apre- sentam boa conformação e têm uma certa porcentagem de sangue Hereford ou de Shorthorn. E' de lastimar, porém, que as observações feitas não estejam sendo registadas para servirem de ma- terial ao estudo genético do assumpto. 132 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA feito depois por professores lios "Col- Icf/e.s" e profissionaes das "E.vperiment Stations" . Sobre a (|iialidade da carne, procurei colher informações precisas, mas, nada pude conseguir. As " packing houses" ainda não fizeram, parece, analj^se al- guma do valor nutriente e qualidades outras da carne do Zebú, á semelhança das (jue se têm feito das carnes dos di- versos cortes das raças inglezas. O que é certo, entretanto, c que a carne dos be- zerros mestiços tem obtido franca accei- lação. Mr. Hordcn mostrou-me uma re- lação de prémios de um concurso de bezerros para açougue, em Fort Worth, ma, vê-se que os bezerros mestiços de Brahmin, nem só apresentaram um ren- dimento de açougue maior do que os demais, mas, ainda, alcançaram preço mais aito por 100 libras de p. v. Além deste concurso, Mr. Borden mostrou-me uma carta de um dos membros da Stock Ydid C.ommi.ssion, de Chicago, dizendo que. no dia ."íl de Maio, o preço mais alto alcançado, no mez, no mercado, ha- via sido obtido por um novilho mestiço de Brahmin, que foi vendido a fll.OO l)()r 100 libras de p. v. O referido novi- lho pesava 1.710 libras e deu 65 "j" de rendimento de açougue. Os factos supramencionados, com- I\'oi>ilho mestiço, 2 annos 'Pierce Stale Worlon. Te.ws, E. lU, A. N. Texas, concurso em que os bezerros Brahmin fizeram um figurão. Os pri- meiros prémios do concurso forani ob- tidos pelos bezerros das seguintes raças, que accusaram o rendimento de açou- gue e alcançaram os preços por 100 li- bras de peso vivo, abaixo descriptos: Kaça Packing-house Hereford Hereford Swift & C. . Armour & C. 721 Preço por 100 ££ S9.85 Rend 58.12 56.88 Brahmin Armour & C. 620 S9.95 58.90 % As "packing-hoiises", acima mencio- nadas, foram as que fizeram acquisição dos animaes premiados. Pela lista aci- mercialmente, têm um grande alcance e i)odem, mesmo, parecer aos julgado- res á ligeira, demonstrações cabaes e decisivas em favor do emprego do Zebú no melhoramento do gado crioulo. A'c|uelles, porém, (jue quizerem estudar o assumpto com cuidado e sobre outras bases que não sejam as da preoccupa- ção do lucro immediato, os referidos fa- ctos necessitam, primeiro, de serem im- parcialmente analysados do ponto de vista das vantagens actuaes, sem perder de vista a questão do futuro. No caso presente, por exemplo, os mestiços de Zebú que tão altas honras alcançaram no concurso de Fort Worth, não eram animaes de sangue zebú-crioulo única- A LAVOURA 133 nunte. Como tive occasião de dizer li- nhas atraz, as vaccas usadas neste tra- balho de cruzamento são, em grande parte, animaes que possuem boa confor- mação e ajjreciavel porcentagem de san- gue das raças inglczas, Hereford ou Shortliorn . E' preciso, portanto, que este i)ont() seja levado na devida conta, apreciado á luz do critério pratico, é verdade, nias, sem descurar do lado scieníifico. propriamente zootechnico da questão. P^studados os assumptos e os factos á luz das leis que regem os phc- nomenos de hereditariedade, as conclu- sões possíveis, nas mais das vezes, dif- to, procurar salientar é o ponto de que o problema do Zebú no Sul dos Estados Unidos, embora semelhante ao nosso em certos pontos, do nosso differe na pratica, em muitos. Nos Estados Uni- dos, como no Brazil. aconselha-se a creação do gado indiano, ])orque resiste inelhor ás adversidades do meio e dá bons resultados commerciaes. Ali, en- tretanto, diversamente do que se passa no Brazil, o meio agrícola e commercial c educado. O creador age orientado pe- las exigências da classificação do mer- cado e sob a influencia da forte propa- ganda de divulgação dos methodos sci- Vma insta do rehinibii da "Piene Stale", Woríon, Texas, E. V. A. N. ferem muito das apparentes conclusões obtidas por processos superficiaes de analyses influenciadas quasi sempre pelo folk-lore. Não sejam as minhas palavras, aqui, comprehendidas como sendo escriptas por um inimigo do Zebú. Não. Sou dos que acham que o Zebú é um animal que deve ser empregado nas zonas onde o gado das outras raças definha e morre, batido pela adversidade das condições climáticas, deficiência de forragem ou pelas zoonozes tão abundantes no nosso meio tropical. Em condições taes de meio, o gado que resiste e pôde dar re- sultados commerciaes é o que deve ser creado. Outro critério ])ratico, não po- deria ser seguido O que cabe, entretan- entificos de creação, propaganda que vem sendo feita, de muito, em intelli- gente cooperação pelo Departamento de Agricultura de Washington, com os "Colleges", Estações Experimentaes, As- sociações Agrícolas e Associações Orga- nizadoras de Exposições Pecuárias. Isto não é, diga-se a verdade, o que se vê en- tre nós, no Brazil, onde creadores e mar- chantes só vizam um alvo : o do lucro immediato. Conformação de animal e qualidade de carne, são coisas a que não se liga. O gado é comprado "por alto e máo", e o marchante vende os pesos á sua discreção, sem preoccupação de qualidade, collocando o consumidor numa posição deprimente, humilhante para nossa condição de povo que se diz -- 131 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA civilizado e se preza de possuir paladar mais apurado do que os carnivoros communs . Tudo istíj, sei, não representa novi- dade alguma para os entendidos no as- sumpto; e si esboço essas considera- ções de resalte á face comparativa da ultima parte deste meu desajeitado re- lato, é tão somente para não ser mal comprehendido ])f)r algum amador, dos cegos de entliusiasmo, (|ue porventura leia os resultados do concurso de Fort Worth. Aqui não cabe a discussão do assum- pto que, aliás, é dos mais tentadores; procuro. a])énas, como profissional dos mais obscin'os, summular o (|ue vi. Não me inflam o esi)irit(). tão i)ouco, idéas jacobinas contra o zebú. Ademais, deante da i)oi)ularidade do zebú. en- tre nós, e da justificaljilidade da sua utilização em algumas partes do paiz, o imi)ortante não seria combater radi- calmente tal gado, mas. i)rocurar, den- ti*o do possível orientar aos creadores patrícios na pratica desta utilização. O interesse \)ov esta orientação, deve ser um i)onto de honra para os agróno- mos e profissionaes brazileiros. A igno- rância de uma grande ])arte dos nossos creadores, em matéria de methodos de creaçâo racional e phenomenos de he- reditariedade — assim o i)ede; o nosso futuro de nação cxjjortadora de carnes — assim o exige. Washington, D. C. Julho de í)20. ÁLVARO N. RAMOS Aíír.iniimo-Zootíchni^ta. cm ciniiiiiissãrj dn Governo Fedcnil linizilfiro nos Estados Unidos. (Trecho de uni rehitorio sol)rc "Combata' ao Carrapato, na America do Norte", pelo iiK-smo Dr. Álvaro Hamos. ) A Thremmatologia e a Agricultura Moderna (CONTIXLWÇÃO) Citaremos, conit» exemplo, o cniziMiicn- to entre dua.s varií^hides de ervillias, sen- do uma carai-terizada por suas sementes amarellas, e a outra pelas sement.es ver- des. Neste caso, a.eôr amarella é doini- iifiutf. isto é, i^redominu soltre a verde (que se chama rere-sxivd l (piando se .jun- tam Do mesmo individuo. .V primeira .u ■- ração apresentará, portanto, todos os in- divíduos com sementes amarelhis. Se, agora, cruzarmos, entre si, os indiviroduzirão s<'mentes da mesma eór. Das 3 sementes amarellas, uma é amarídla pura e só produzirá sementes desta côr. .\s outras duas são heterosieueas, (píer di- zer, ])roduzirão verdes e anuu"ellas na mesma proi>orção de 1 :3, que os seus pães da primeira .seração liybrida. Essas duas amarellas lieterogeneas não são, portan- to, puras e mostram a côr amarella sim- plesmente porque esta é a dominante, co- mo dissemos acima. A rei)res(Miia(;ri(i gra|iliica. á dircir;!. ex])rime claramente o meelianismo <\:\ lei dos liyl)ri(los, (piando temos, apenas, .i considerar um par de caracteres {iiiaiio- hi/bridos). As sementes amarellas, jmras, ciintr-ui o factor dessa côr em duidieata (A.Ki. .\s outras duas amarellas, por dominância, são lieterogcncas, ])(ir(|ue encerram o factor da côr verde, in\isivel ])()r ser recessivo ÍAV). .^s verdes pu- ras contêm, como as amarellas puras, o factor da sua côr verde também em dn- l.licata (VV). \'imos claramente, pois, i» i-anii-icr inii- (lailc (a côr, neste caso), a i/oiiiiiidiiriu (o amareJIo sotire o verde l, e a scDrcf/n- çõii. isto é, a xrjKinK-ih) doK fiiraHrrrf: (a côr amarella da A-erde). A' medida, po- rém, que o numero de cai-acteres augmen- ta, mais complexo é o ]U'olilema, sendo, egualmente, differente a ]»i-o]M>rção. 3. Fins e applieaeão ]ira- tica da liybridação — Elybri- dagem cer^-sus Selecção. A LAVOURA 135 Pelo qne ficou exposto so))re a lei de .Mendel, vèmo.s (Hie se dá miia juueeão de caracteres no producto liyhrido, seguida, nas .uerações futuras, de unia segregação dos mesmos. l'ois l)eni; o tlirenimatologo apr(>\'eita- se desse facto para obter novas combina- ções anais directamente utilizáveis ao ho- mem. Xo sentiilo estrieto e verdadeiro, o lirccdfr não cria uma (jinilidade. ou ca- servavel no accrescimo ile producção; maior resistência á secca ou a mole.stias, maior precocidade e desenvolvimento. A liybridação é mais empregada para os vegetaes do que para os animaes, pelo fact<» de que é indispensável fazel-a acompaidiada de uma selecrão rigorosa, o (|ue requer um grande numero de in- dividuos. romjiarada com a .selecção, vê- se que esta é, tão somente, um processo A KyDrida ( Lei dos Hybridos Paes \ racter novo; o (jue elle faz, realmente, é combinar a recombinar, pela liyliridagem, caracteres já existentes em orgauismus differeutes, isto é, em espécies ou varie- dades differentes. Es.sas rccoinhin(irõr>< formam um grupo, emquanto o augmeu- to de vigor fonua o segundo grupo, de benéficos effeitos f|ue se podem obter pelo processo de liybridação das plantas. A liybridação traz, como consequência, um augmeuto de A-igor (hcterosis), ob- eliminatorio de qualidades inferiores ou desnecessárias em dadas condições, ao passo que a liybi-idação <■, como exidicá- nios, lima combuiiição e recombinação de caracteres ou qualidades. A selecção, comtudo, é iudispcmsavel á liybridação, sendo o seu complemento; a reciproca não é, iiorém, verdadeira. WICAK G. TEIXEIIJA. Agrónomo . IIIIIIIIII:illllMIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIMIIIIMIIIIIIIIIIMIMIIIIUIIIIIIIIIIIIIIIIMIIIIIIIIIIIIIIIIMIMIIIIIIIIIIMIIIIIIIIIIIIIi:IMinillllllllininilllllinllllllllllllll!IMIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII Relatório da Sociedade Nacional de Agricultura .AIMIMEXOS Continuação — Anno de 1 S'! V 9 de A1)ril de 19 17 Exmo. Sr. Commandante António MuUer dos Reii. DD. Director do Lloyd Brazileiro. Reportando-se aos seus officios ns. 36.626. 21.279, de 30 de Março próximo passado, a So- ciedade Nacional de Agricultura vem novamen- te solicitar a ida de um vapor do Lloyd Brazilei- ro até Manáos, afim de conduzir o enorme stock da castanha que, destinando-se á New- York, se acha ali e em Itacoara sem transporte, correndo o "risco 'd'e deterioração. 136 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA A Sociedade Nacional de Agricultura ainda agora recebeu telegramnias de vários producto- res e de sua associada Associa<;ão Commeroial do Amazonas .naquelle sentido, accrescentando que ha. actualmente, em Manáos. borracha que, se destinando á America do Norte, também aguarda transporte. (A.) Haniiibal Porto, i" secretario. II de Abril de 1917. Exnio. Sr. Dr. José Rufino Bezerra Caval- canti. DD. Jlinistro da Agricultura, Industria e Commercio. A Sociedade Nacional de Agricultura, appel- lando mais uma vez para a bôa vontade com que V. Ex. vem agasalhando suas .solicitações. pede com muito interesse que V. 'Ex. se digne autorizar á Imprensa Nacional a imprimir o re- latório da i" Conferencia Algodoeira, á propor- ção que os orignaes forem sendo a ella forneci- dos pela Sociedade, que, attendendo a tão va- lioso auxilio, desiste de vender ao Ministério, que provectamente V. Ex. dirige, os dois mil exemplares do referido relatório já tratados por I4:ooo$ooo, conforme o officio n. 3.463. de 5 de Outubro próximo passado. Esperando que V. Ex. deferirá sua preten- ção. apresentamos a V. Ex. 03 protestos da nossa maior estima e profunda consideração. {\.) Hannibãl Porto. 1" secretario 17 de Abril de 1917. Exrao. Sr. Dr. Dulphe Pinheiro Machado. DD. Director do Serviço de Povoamento do Solo. Ministério da Agricultura. Pelo presente, vimos solicitar de V. Ex. a gentileza de conceder passagem gratuita d'e 2° classe, desta Capital á cidade de 'S. Paulo, na Estrada de Ferro Central do Brazil. ao Sr. Au- gusto Magalhães, com direito á bagagem em separado, o qual vae dedicar-se á lavoura na- quelle Estado. Antecipando os nossos agradecimentos, apro- veitamos a opportunidade para apresentar a V. Ex. os protestos da nossa elevada estima e distincta consideração. (A.) Haunibiil Porto, 1° secretario 19 de Abril de 1917. Exmo. Sr. Dr. Lauro Miiller. DD. Ministro das Relações Exteriores. Pelo presente, vimos com muito empenho pe- dir que V. Ex. se digne providenciar no sen- tido de ser determinada a partida urgente do nosso illustre consócio Sr. Dr. Nicoláo José Debané para o Oriente, reorganizando a nos- sa representação diplomática de modo a ficar apta a prestar o papel que lhe cabe no nosso desenvolvimento económico e commercial, dando, como missão especial ao Dr. Debané de cuidar de todas as questões económicas e commerciaes que se prendam á nossa situação actual como, egualmente, de prestar todo o concurso necessá- rio não só no Eg>-pto sinão. também, em qual- quer outro ponto onde sua acção possa ser ne- cessária, assim como fornecer á nossa lavoura informações precisas das condições da agricul- tura daquella região. O Dr. Debané, visto o seu conhecimento do Paiz. deverá, também, concorrer com o Sr. Dr. Bruno Lobo na importante commissão que o leva ao Egyi)to. Agradeceremos a V. Ex. de tomar para isso as medidas necessárias o mais depressa possí- vel, para que o Dr. Debané possa acompanhar o Dr. Bruno Lobo, ou, pelo menos, seguir logo para o Oriente no próximo vapor, isto é, antes ilo fim do mez. Seirvimo-nos da opportunidade para apresentar a V. Ex. os nossos protestos de elevada consi- deração e profimdo apreço. (A.) Hannibãl Porto, 1° secretario 21 de Agosto de 1917. Exmo. Sr. Dr. Nilo Peçanha. DD. ^Ministro das Relações Exteriores. E'-»os muito grato accusar. em nome da So- ciedade Nacional de Agricultura, o receliimen- to do attencioso telegramma. com qiic V. Ex. em extremo a penhorou, t'ransmittindo-nii> no- ticias do Sr. Sebastião !Mossorcence da Gloria, que se acha aos cuidados do nosso Consu! Ge- ral em Ne\v-"N'or*k e que precisa de duzentos e cincoenta dollars para poder regressar ao Bra- zil. Agradecemlo a igentileza da conimundcaçâo. temos, em resposta, a hortra de communicar a V. Ex. que o Sr. Cel. Miguel Faustino do Monte, tutor do Sr. Mossorcence já remetteu, mediante ordem telegraphica. a imi)ortancia de 250 dollars ao nosso Cônsul Geral em New- York. Pedimos a V. Ex.. com grande empe- nho, se di.gne mandar telegraphar a S. S.. de- clarando que o dinheiro remettido se destina ao repatriamento d& Sr. Mossorcence, que. sob pre- texto algum, poderá permanecer Já por mais tempo, estando o agente do Lloyd Brazileiro, em New- York, autorizado a conceder, por or- dem do Governo, uma passagem de primeira classe para sua volta. Certos de merecer de V. Ex. a honra de fa- vorável acolhimento, protestamos a V. Ex. a mais elevada estima e respeitosa consideração. (A.) Miguel Calmon. 1° Vice-Presidente 24 de .\gosto de 1917. Exmo. Sr. Dr. José Rufino Bezerra Caval- canti. DD. Ministro da Agricultura, Industria e Commercio. Pelo presente, vimos solicitar de V. E.x.. com o máximo interesse, se digne ordenar a nubli- A LAVOURA 137 cação da valiosa monographia sobre "O Coquei- ro", trabal'ho do Sr. Dr. Paschoal de Moraes, offerecido a esta Sociedade e apresentado em uma de suas ultimas sessões da Directoria, cujo voto traduz o presente officio. Não precisamos commentar sobre o trabalho em questão, elaborado por um dos nossos mais distinotos profissionaes, limitando-nos a sub- mettel-o, em original, ao esclarecido critério e competência de V. Ex.. Antecipando os nossos agradecimentos pelo acolhimento que V. Ex. dará ao presente pe- dido, apresentamos os protestos da mais elevada estima e consideração. (A.) Miguel Calmou. i° Vice-Presidente 26 de Agosto de 1917. Exmo. Sr. Dr. Amaro Cavalcanti, DD. Pre- feito do Districto Federal. A Sociedade Nacional de Agricultura, no pro- pósito ide collaborar com V. Ex. na obra que se propoz executar — o desenvolvimento da ag'ricultura no Districto Federal, vem á presen- ça de V. Ex., em nome da lavoura nacional, pedir seja extincto o imposto cobrado por essa Prefeitura para qualquer quantidade de enxofre. A Sociedade Nacional de Agricultura faz o máximo empenho e.m ver isento de ónus esse producto, indevidamente classificado como in- flammavel. .Justifica essa preoccupação o facto de ser o enxofre a principal matéria usaida na destruição das formigas saúvas, que constituem, como Vossa Excellencia o sabe, o maior ílagello da lavoura nacional . Esperando que V. Ex., com a solicitude e conipetencia que todos reconhecemos, dar.á o melhor acolhimento ao presente pedido, em nome da classe que representamos, de ante-mão mani- festamos profundo reconhecimento. E, prevalecendo-nos do ensejo, apresentamos a V. Ex. os protestos de mui elevada estima e distincta consideração. (A.) Miguel Calmou. 1° Vice-Presidente 2y de Agosto de 1917. Exmo. Sr. iDr. José Rufino Bezerra Caval- canti, DD. Ministro da Agricultura, Industria e Commercio. Pelo presente, vimos solicitar de V. Ex. que se digne conceder frete gratuito do porto de S. Francisco, Estado de Santa Catharina, ao de Maceió, Estado de Alagoas, para uma vacca de raça, destinada ao Sr. Américo Mello. Antecipando os nossos ag^radecimentos, servi- mo-nos do ensejo para reiterar a V. Ex. os nossos i)rotestos de elevada estima e conside- ração. (A.) Miguel Calmou, 1° Vice-Presidente 30 ide Agosto de 1917. Ulmos. Srs. José Vasconcellos & Cia. Recife — Estado de Pernambuco. Em resposta ao telegramma de Vs. Ss,, te- mos a informar que. consoante nos assegurou a Directoria do Lloyd Brazileiro, as praças do vapor "Ruy Barbosa" já estão tomadas em sua totalidade, por pedidos feitos anteriormente por esta Sociedade, motivo pelo qual não po\ide dar praça á mercadoria de Vs. Ss.. Entretanto, a pedido desta Sociedade, a refe- rida Directoria telegraphou ao agente do Lloyd em Cabedello, pedindo que solicitasse aos com- mandantes dos vapores da Companhia de Nave- gação Costeira, que recebam as cargas que Vos- sas Senhorias desejam embarcar. Sendo o que. por emquanto, podemos adenutar a Vs. Ss. subscrevemo-nos, com a maior estima e apreço. (A.) Miguel Calmou, 1° Vice-Presidente 31 de Agosto de 1917. Exmo. Sr. Dr. Píindiá Calogeras, DD. Ali- nistro ida Fazenda . No propósito de incrementar a producção do nosso paiz, a Sociedade Nacional de Agricultura tem, com o maior empenho, envidado os seus maiores esforços, valendo-se, não raro, da boa vontade dos poderes constituídos da Nação. Confiante, pois, nesse apoio, que nos penhora sobremodo, vimos á presença de V. Ex. rogar bom acolhimento para o pedido que dá objecto ao presente officio. Trata-se, Exmo. Sr., de um caso que nos vem preoccupando, de ha muito tempo, e que constitue um dos mais sérios problemas para a agricultura nacional — a questão da saúva, que carece de solução cabal e urgente, maiormente agora, quando o augmento da nossa pfoducção agrícola se impõe, por circumstancias sobeja- mente conhecidas de V. Ex. . Assim sendo, urge remover os empecilhos que se antepõem a esse desenvolvimento c é. com tal intuito, que solicitamos de V. Ex. seja dada, nas alfandegas e mesas de Rendas do Paiz e no Lloyd Brazileiro, uma nova classificação ao en- xofre — a matéria prima, por excellencia, na constituição dos formicidas, indevidamente clas- sificado de inflammavel, e, por esse nwtivo, exaggeradamente onerado pelas emprezas de transportes e até pelas Municipalidades, que o taxam com um elevado e fixo imposto de transito. A lavoura nacional, de que muito nos honra- mos de ser legítimos representantes, clama con- tra essa iniquidade e appella para V. Ex. por nosso intermédio, no intuito de vel-a cessada, na parte que couber á competência desse ]\'Iinis- terio . 138 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA Ainda na ultima sessão da Directoria desta Sociedade, o Sr. Zozimo Wemeck, agricultor no Estado do Rio, nosso prezado consócio e inven- tor de um apparelho destinado á extincção da terrivel praga, leu á assembléa uma série de re- clamos contra o elevado custo do en^cofre, e i)òz em evidencia a necessidade de serem adoptadas as mais enérgicas e urgentes providencias em favor deste artigo tão necessário á lavoura na- cional. Dess'arte,, para que o seu preço o tome inac- cessivel aos interessados, parece-nos necessário dar-lhe uma nova classificação, o que trará, cer- tamente, a facilidade no transporte e a reducção do custo no interior. Aproveitámos o ensejo para apresentar a V. Ex. os protestos da nossa maior estima e mui distincta consideração. NOTA — ■ Foi dirigido officio de teor idên- tico, na mesma data, ao Exmo. Sr. ilinistro da Viação e Obras Publicas. — R. iiiiirii:iMiiiiiiiiiiiiiiiiiiiNiii{iiiiniíiinini i:iiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii'iii>iiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiMiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiaiiiiiiiiiiiiiiiMiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii A TAMAREIRA E A SUA CULTURA o coiilicciíiiciito (la lainarrira rcinoií- ta á mais alia antiguidade o desta i)al- meira o livro "Mosaico do Êxodo", no ea|)ilul() 1."), verso vinte e sete, escripto a 1 11)1 annos antes de Nosso Senhor Je- sus Christo, já nos faz referencias da sua cultura no Egy])lo. Foram com ramos de tanuireira e dos (|iuu's nos fala S. .loão no cai)itid() XII, verso VA. ([ue os juileus saliiram ao en- contro de Jesus na sua entrada triuni- ])hal cm .kriisalcm, v isso affirmamos l)or(juc em toda a Palestina não parece crescer outra palnK'ira. A tanuu'eira |)assa por ser a nuiis an- tiga de todas as jjahneiras conhecidas depois da civilização do homem, o (|ue é confirmado ])or seu nome "Pliaenix" — c[ue lhe foi dado i)elos gregos, visto ])rovir da Phenicia, de (|iie a (irecia íòra, ])rimi[i\ ameiíle, unui ccdonia. A tanuireira nos paizes da Africa é (juasi (|ue unui arvore sagrada, como bem diz um historiatlor — "t[ual(|uer que penetre um pouco nessas harmonias íle deserto. C()m|)ri'hende o enthusiasmo ])oetico do arahe pela pahueira e as re- cordações melancólicas do Rei Aheder- ra I, (jiie cantou as hellas tanuireiras, tcstenuudias de sua infância, e que cul- tivara com dedicação unui dessas hel- las arvores de Córdova, como um fraco reflexo de sua ])atria ausente. i)erto do seu i)alacio em Hisafat. l^oi da((Ui'lla lannireira (pie se origi- naram (piasi todas as cidtivadas hoje na Europa austral . Desde os tempos mais remotos até ao presente, o fructo da tamareira tem si- do um impoi-tante artigo de commercio V uni i)recioso alimento. Esta palmeira j)ari'ce (jue floresce uni- camente nas regiões calitlas ([ue se es- tendem desde as Ilhas das Canárias, pelo norte da Africa e o sudoeste da Ásia, até á índia, mas, ha alguns annos que se têm feito esforços para introduzir o cultivo da tauuireira nas regiões áridas do Mé- xico e dos Estados Unidos, o que se tem conseguido com bastante êxito nos Es- tados de CJiihuahuá e Sonora, no Me- xic(j i' no suck'ste do Estado da Califór- nia e ])<)r todas as regiões irrigáveis da bacia do Saltou, nos Estados Unidos. As condições de clima e solo nos ter- renos onde as tamai'eiras tèm produzi- do com êxito notável, nos dois i)aizes acinui mencionados, i)odem ser encon- tradas em nuiilas outras regiões áridas nas nações americanas, i)rincii)almente nas semi-aridas tio nordeste do Hrazil. Quando os antigos assyrios cidtivaram a tamareira, i'sperando pacientemente (|ue o fructo madurasse na arvore, não tinham a mais remota idéa de (jue qua- tro mil annos mais tarde, um ])ovo im- ])aiiente de um novo numdo viesse acti\ar o processo da maturação i)or uu'ios arlificiaes. Na .\rabia, onde se tem cultivado a tamareira por milhares de annos, o fru- cto não s() constitue um alimento im- portante, como é a fonte |)rincipal da ri(iueza do |)aiz. Os assyrios. logo no jjrincipio. reco- nheceram o valor extraordinário da ta- mareira e a historia de sua i)ro(lucção acha-se in.scripta, ou. melhor, gravada nos tunnilos e monumentos. De facto, estes registos dê pedras des- cri'vem até a f(')rnui ])or ([ue se servia a fructa nas casas ile morada dos ricos. A LAVOURA 139 Mais tarde, os egypcios cultivaram a tamareira, embora não viessem apreciar o seu valor sinão dois mil annos antes de Nosso Seniior Jesus Christo. No século MI. ([luuuio as tribus ára- bes invadiram o oeste do Sahara e os Estados da Barbaria, também se preoc- cuparam com a industria de tal forma, que ainda hoje é o negocio mais im])()r- tante de todo o deserto do Sahara . ,A razão é (jbvia, i)or(]ue a tamareira floresce nas condições ([ue reinam no deserto e é esjjontaneamente a única planta que ali medra . Os beduínos têm um. ai^horismo que bem demonstra a ])redilecção dessa pal- do século ])resente é que houve um ver- dadeiro esforço para se cultivar esse l)n)ducto nos desertos dos Estados Uni- dos . Sob os auspícios da Secção de Plan- tas do Departamento de Agricultu- ra, emprehenderam-se estudos na Afri- ca, dos característicos ^ dessas arvores, fazendo-se investigações sobre as con- dições de solo e clima da i)arte sudoeste dt'ste |)aiz. l)ei)ois, trouxeram-se tamareiras para os Estados Unidos, as quaes foram plan- tadas no sudoeste da Califórnia e Ari- zona . Nos últimos vinie annos, o cultivo da 4^' Exrola Aiiricola "Luiz de Queiroz", Pinicicaba — Aula pruiicu de Ayricultnra(jiiim Luiz Osório. P"raneisco Dias Martius. José Mattos Sampaio Corrêa. João Teixeira Soares- Affonso Vizeu. . João Augusto Rodrigues Caldas- Carlos Maria da Moita Rezende. Leojjoldo Teixeira Leite. Oetavio Barboza Carneiro. Sebastião Brandão. .Iiivenal Lamartine de Faria. Svlvio Ferreira Rangel. Exposição Regional de Gado EM CORDEIRO, E. DO RIO Iniciativa Aspecto Geral e Serviços Internos Expositores Outras notas Paiz que põe de parte nm problema tão im- portante, tão vultuoso como esse. é paiz obtuso, é pais pé de boi, que regride ou remanesce, cre- tinamente. Já na America temos presente o exemplo ty- pico da Argentina, .onde a pecuária constitue a mais honesta e mais importante preoccupação dos governos legitimei ; isso demonstra que aque.lle paiz comprehendeu o valor dessa cultura, e a necessidade que cila impõe aos paizes adean- tados ou que se gabam de sel-o. No Brazil — terra privilegiada para toda sor- te de emprehendimentos e de tentativas — já se escancaram, felizmente, as portas por onde se vão lançando as nossas actividades principaes, graças á intelligencia e á visão económica dos governos illustres. Em Minas, Rio Grande do Sul, Rio de Ja- neiro, São Paulo, e outros Estados menores, a pecuária akança. dia a dia, incremento pode- roso, contribuindo aos poucos ])ara a prosperi- dade crescente da Nação. No Rio Grande culmina, entre os creadores mais eminentes, a individualidade máxima de Assiz Brazil, que é um exemplo viril da activi- dade, dedicação e amor ás causas nacionaes. E' um homem que devia .ser imitado, e cujos conselhos deviam ser atteudidos por quantos se acreditem brazileiros de facto. O Estado do Rio, agora, illustra uma nova pagina da sua historia económica, inaugurando sua primeira exjwsição regional de gado. O Dr. Raul Vei.ga. que dirige com uma tamanha capacidade e um tão brilhante crité- rio 05 destinos do território fluminense, foi o governo a quem coube a iniciativa desta obra insigne, que perdurará como um novo marco á beira da estrada do progresso e da prosperi- dade. Com o recente acontecimento de Cordeiro, tão auspicioso e tão brilhante, teve o Dr. Raul Veiga, actual director dos destinos fluminen- ses, mais uma occasião de apresentar ao paiz um novo exemplo de actividade publica e de- dicação á sua terra, a serviço da qual, para que progrida e se aper-feiçôe, os .governantes crite- riosos não negam nunca o máximo das suas energias é dos seus esforços. .\ tentativa de Cordeiro, que tão forte êxito logrou nos centros pecuários, congregando as forças vivas do Estado para um trabalho una- nime em prói do adeantamento estadoal, pelo seu alcance e pela sua significação, perdurará den- tro da historia fluminense, porque foi, em ver- dade, digna de um estadista e de um adminis- trador como o Dr. Raul Veiga, que tem, nesse enqirehendimento de elite, um dos vestígios má- ximo.? da sua orientação administrativa. O Estado do Rio, em realidade, é uma das unidades da União que mais apropriadas têm as suas terras para a lavoíwa, em geral, e para a |iecuaria em qaialquer dos seus ramos. Certamens, como esse de Cordeiro, que tanta gente attrahiu para aquelle districto. são re- flexos legítimos da -prosperidade de um povo. As grandes tentativas impõem .grandes ho- mens, para que resultem completas e coroadas de êxito. -A Exposição Regional de Gado, encerrada ha poucos dias em Cordeiro, impoz uma capacidade vultuosa, que, pela intelligencia e pelo espirito de organização, excellesse nas mais apagatias minúcias, de maneira que o precioso tentamen lo.grasse o l>rilhantismo e o fim colHmados pe- los que mais se interessaram e dedicaram. A acurada analyse que fizemos com vagar, no recinto da Exposição, adeantou-iios desde logo a confirma-ção de um esforço persistente A LAVOURA \kc que vae. alcançando, dia a dia, novos loiros e novas victorias. Cada visitante, em seguida ao exame local, deixava radiante o recinto da Exposição, le- vando a certeza de que este paiz, máo grado as catastrophes do momento, ainda não "'está per- dido", como se I)oqueja por ahi. Resta-nos a exploração systematica destas duas fontes de riqueza: a lavoura c a jíscuaria. O Brazil é pródigo, é rico de terras por ama- nhar, abrir em leiras ubérrimas, semeiar, fe- cu3idar. De norte a sul, na inteira extensão do terri- tório nacional, as terras são maravilhosas, o ciai perenne de riquezas phantasticas, que sup- plicam a mão aotiva que as explore e dupli- que ? Não se aproveita a queda estrondeante de uma cachoeira e delia não se extrahe, com pe- ricia, a hulha branca ? Pois^ aproveitem-se tam- bém as terras, não se perca um pedaço, que cada um dos I)razileiros atire, no gesto creador, sua semente e sua fé. A par da lavoura — atalho por onde se enca- minha parte das esperanças nacionaes, ahi te- mos, recente e prospera, a pecuária : outro ma- nancial inexplorado, outra fonte a que poucos SiKis ExceUencitis Srs. Drs. EpUacio Pessoa, Presidente dii Republica, e Raul Veií/a. Presidente lio Estado do Rio, transpondo os humhraes da Expel- lissimos -exemplares em perfeitas características, dando assim,, aos demais, um raro exemplo de boa \'ontade, dedicação ç interesse por todos p$ theoremas affectos á isolução governamental. Com a Exposição Regional de Gado, reali- zada em Cordeiro, o Dr. Raul Veiga,, preside.nte ]nh BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA do Estado, collimoii um fito exclusivo: incen- tivar os creadores fluminenses, approximando- os em um mesmo local, de maneira que fosse possivel, entre elles. um intercambio immediato de idéas que dissessem respeito á peOLvaria. e, por outro lado, aniniando-os, abrir entre todos elles. em uma espécie de concurrencia amigável, de fóniia que cada um. em cada novo certamen, apresentasse typos aperfeiçoados, espécimens perfeitos, na idéa tentadora dos prémios. O fito governamental não poderia ser mais nobre nem mais condigno e. por isso mesmo, á altura das tradicçôes pessoaes do' Dr. Raul Veiga. Os resultados obtidos com o tentamen di- Cordeiro, ahi 'estão á evidencia, consolidando A construcção total abrange cinco pavilhões para animaes, vm pavilhão para lacticínios, um pequeno edifício para a Secretaria e Departa- mento de Veterinária, trez pequenos annexos para mostruários de instrumentos agrícolas, e, ao centro, na linha recta do portão 'principal á Secretaria, lum coreto .para mu>ica e o elegan- te pavilhão presidencial . Todas as construcções obedeceram a imi cri- tério technico proficiente, sendo acabadas cora material escolhido, madeiras, cantarias, etc. Os pavilhões destinados aos animaes offere- ciam todas as connnodidades, seguindo á risca todas as necessidades de hvgiene. arejamento, limpeza. A pista, no centro do recinto, tinha as di- \vi'ilh(i da rin-ii "Hereford". propriediide do guncmu dn F.sliid i do Riu, que figurou mi Expo tição os créditos do governo fluminense e demon- strando as opulentas probabilidades do Estado do Rio, fadado para vultuosos futuros. Foi. ipois. notável e d^igno de apiplausos o gesto do Dr. Raul Veiga, creando a Exposição Regional de Gado, que se realizará. . todos os annos, em Cordeiro, no Municipio de Canta- g-allo . ASPECTO -GERAL — A construcção dos pa- vilhões da iExi]>osição Regional de Gado, em Cor- deiro, a cargo ida proficiência technica do Sr. Bento Arruda. tev« a garantir-lhe as condições um -espirito d« selecção geraJ, que não só abran- geu a escolha dos materiaes necessários, como a do terreno. mensões necessárias para o exercício folgado dos animaes, principalmente -dos cavallos, que nella encontravam espaço para evoluções salu- tares. Todo o terreno destinado ao passo dos visi- tantes apresentava á vista uma correcção ex- trema, alinhado e coberto de areia fina. Aqui e ali gramados elegantes, demonstrando bom trato. Nas demais dependências, caixa d'agua, de- pósitos, etc, observava-se a mesma ordem e estricta observância das presoripções hy^g^ienicas, de maneira que nada pudesse contribuir para incidentes de qualquer natureza, dentro do re- cinto da Exposição. A LAVOURA 145 O aspecto geral da Exposição era, como se deprehe.nde, magnifico, elegante e bem digno da iniciativa governamental . OS SERVIÇOS INTERNOS — Estiveram a cargo dos Drs. Waldemar Pinna, um dos mem- bros da commissâo executiva da 'Exposição, que desenvolvia siia acção na Secretaria, e Epami- nondas de Souza, encarregado do Departamento de \'eterinarÍM. Auxiliados ]ior um grupo de rapazes esforça- dos e competentes, a acção dos dois ilLuistres profissionaes, no âmbito de cada um, foi mere- cedora dos mais calorosos encómios, por isso que, por effeito delia, não se registou, durante o certamen, nenhum accidente de gravidade. O governo do Estado do Rio, o Ministério da Agricultura, e E. de iF. Leopoldina Railway íipresentaram, .tanubeinl, lalgnns 'exemplares de bo vídeos hollandezes e flamengos, cuja belle- za, correcção de linhas, saúde « robustez va- liam por honroso attestado de ■proficiência te- chnica. confirmando o interesse que as nossas instituições iiublicas vão tejido pela pecuária. OUTRAS NOTAS — Durante a Exposição, que durou de 3 a 13 do corrente, não se registou nenhum incidente de maior. — A Cordeiro, em execursão scientifica á Exposição de Gado. foram ias turmas de Enge- nheirandos e Do-.itorandos da Escola Superior ,||'l— WrwilllMyMKIiiiMiwiiii^Myi^M^^ iii]wi>iiiiMitnmiiiiiiiiiiiM|i(( Tioviihos -0 I. E" ella uo seu total, de lialiitan- tes 10d.(>83.108, dos qnaes 54.81(;.20S» (ou 51%) viv«m-em cidades de mai.s de- 2. .■")()(» liabitautes, e 50.806.899 íou 48 %) em territórios riiraes. Os territórios ruraes dividem-se em 2 das.ses: cidades 011 ])()voados de menos de 2.500 liabitautes, ((uii um total de 9.861.19(5 (ou U%) e districtos pura- meute ruraes, uos (|uaes vivem 41.002.708 almas (ou 38% da população total). So- ln"e o ceuso de 1910, o de 1920 apre.seuta lima perda liilliões. Na viiieiícia iiiilliõcs de dollars. Em 191S, ultimo r(^ceiis.ea- niento ]mbIicado, foram nada menos que (►8 milhões. Em 1914, a im)iortancia des- pendida com escolas de ensino foi qiiatro vezes maior que a de 190-1. Em 30 de Ju- nlio de 1!)18, mais de 6(10. (MMI rai»azes e raparigas alistaram-se nas organizações ruraes de plantio e colheita. Em ]9]9, esse alistamento está calculado além di' um millião. Desapparece o antigo anta- gonismo entre a cidade e o campo, pouco a iionco, ])ara dar logar a uma cojupre- hensão conimum dos destinos da iiarãfi. Patriota é o ipie lavra a terra, cimn) d (pie serve nas fileiras. Ha um orgullio no liomem da metrópole quando acolhe seu compatriota do campo, e nenlium S(^ des- merece aos olhos do outro pelo officio (|ne leva. "Ejn tempo nenhum anterior, — escre^-eu-se a este respeito — esteve o agricultor tão consciente AS DE A.AfPAKO SUGOEIÍIDAS A extraordinária abundância das <-o- llKíitas, vê-se por alguns dos dados aci- ma, está no sentido inverso dos precjos. Inf'^rior cm rolunie, a collieitn de 1910 foi avaliada em 14.087.090.000, ou, al- íiarisnios i-edondos, 14 bilhões de dollars cojiíra 0.148.410.000 ,mi 1020. A (jnéda dos prci-os, iniciada desde iíaio, tem sido liilmiuaiite em alguns ar- tigo.s de producção agraria, e gradativa em outros. () boletim eriodo. em eonseíjuencia, de transição. O momento univer.sal, a agitação obreira, as greves, tudo concoiTe yiara tornar ^prematuros quacsipier ]>rognosticos. Entretanto, ca- da classe jiroductora procura remediar os males sobrevindos, e, aqui, como em tcxla parte, é para a autoridade official que se appella na circumstancia. Esse appello te\e, primeiro, a forma, ]»ara n classe agrai-ia, de um iwdido de auxilio ao Tlie.vouro Nacional, pedido (|ue o respectivo secretario declinou, entre ou- tras razões, porque o movimento geral de ajustamento, fatal depois do armistício. Se deve concluir naturalmente, sem in- tervenção artificial de nenliuma espécie. "T/ada ]iroductor, respondeu o secretario Houston á delegação que o procurou em (1nful»ro, deseja a baixa no ]>roducto do visinho, j>rotestando (jmimio cila recaiu^ no seu . Tsto pôde ser muito Inimano, mas, nada tem de razoável.'' Ap])cliaram, então, os agricultoi'es ame- ricanos para as camarás legislativas, logo depois iuaugurad;is. Esse appello revestiu de duas formas: a ])rim,('ii'a, revivendo a " U íír FiíKincc Cfirpondion" ; a segunda, cre.-indo uma tarifa proteccionista, "«« eiuhiinjo tnriff rclicf for furiurr-s". segun- do a tcclinica parlamentar. A primeira foi approvada i)el:i ("amara e ó Senado, vetada pelo Presidente da líe- publica. e sustentada no segundo ]ior ."?. votos. c()ntra .">, e na primeira por 2<ít> con- tra (i(i. .V ^] labor, a dedicação, o carinho, o L-nni"oi-lo e a trancfuillidade. Honi"ni liosnitaleiro por excellencia, o Si . .lulio César LuUerbach c, dessa ma- neira, uni amidiitrião de trato notável, ciualidade essa que talvez constitua pa- drão de muito poucos fazendeiros. Xão orocura somente, como muitos, accommodar seus hospedes em de])en- dencias confortáveis, mas,, procura, além do mais e sobretudo, cercal-os de toda sorte de delicadezas, guiando-os a todos os logares. ex|)lícando-lhes com lirntundas minúcias as qualidades des- te rui dauuelle animal, agindo |)or fór- ni;i. afinal, (jue o hos])ede fica, por sem- pre, sinceramente captivo c agradavel- mente imi)ressíonado. Percorrendo as varias dependências destinadas á creação dos vários typos de animaes de c[ue ali se cuidam, o visitan- te comprehende logo a enorme activida- de e o grande amor do Sr. Júlio César Luttcrbach pela pecuária, pela agricul- tura e por outros ramos de actividade. Os sados vaccum, cavallar, lanigero, etc, são creados em grande escala e com o mesmo carinho. .\s enormes collecçõcs de coelhos, cães e outros animaes delicados, são di- gnas de achniração, por isso ([ue anre- sentam admiráveis es]3ecimens de bel- leza e elegância. Notámos, entre os coelhos, exempla- res delicadíssimos, como Argente de Cham|)agne. Argente Angora, Hyma- laias. Gigantes de Lorena e Gigantes das Flandres: gordos, vivos como azògue. demonstrando no conjuncto imi trato cuidadoso e continuo. Ha exemnlares esi)lendidos de cães de raça, Fox Tcrrier e Policiaes Belgas; es- tes últimos, especialmente, são lindos e nervosos, de um nreto luzidio e elegante. As collecções de pombos diversos são raríssimas, havendo innumeros exem- plares de elite, que encantam á vista e dão um deseio incontido de comiiral-os a tí)dos, tão bellos são. Além desses animaes (jue imiiõcm um cuidado mais delicado e mais trabalho- so, ha cr(onder á confiança nelle deposi- tada. Já de outra feita, tivera a honra de ser o succassor do Sr. Lauro Miiller, e foi com grande satisfacção que poude concorrer para a continuação de sua obra. Mas, si, naquélla occa- sião, acceitára o cargo de Ministro por in- juncçôes politicas, hoje assumiria a presidência da Sociedade, acquiescendo á generosa insistên- cia do Sr. Lauro Múlle.r. Habituára-se a sub- stituil-o ali, sempre que S. Ex. temporariamen- te não podia dirigir os trabalhos da Sociedade; e agora assume a presidência, prompto a ceder- ihe novamente o logar, que S. Ex. occupou com grandes vantagens para aquella casa, onde todos constituem, como já o assignalára S. E.x., uma familia sem chefe, eguaes em tudo, pro- curando, apenas, o beneficio da Pátria extreme- cida. Pois bem ; é com este propósito, é para seguir a mesma orientação, que se abalançou a acceitar tão pesado encargo, certo do concurso inestimável de devotados companheiros e da de- dicação de antigos e fieis funccionarios. A Sociedade, no curso de sua profícua actividade, tem-se tetido com grande solicitude em favor dos agricultores do norte e do sul a braços com crises parciaes, ora na defesa do assucar, ora na defesa da borracha, ora na defesa do café. Agora, porém, a situação é muito grave, porque não se trata de um só pro- ducto, porque a crise é da lavoura nacional, transida de 'Susto, sem 'saber como dirimir as sérias difficuldades de amanhã. A Sociedade vem-se empenhando, ha longos annos, pela adopção de medidas imprescindí- veis para esta phase que atravessamos. Ella de ha muito vem pedindo o credito a longo prazo, o trans.porte barato, os recursos suffi- cientes para as organizações scienti ficas, e todas as providencias capazes de dar alento á la- voura nacional, de assegurar^lhe a prosperida- de e a força de resistência. Mas, só em dimi- nuta parte têm sido attendidos os seus appellos. Comtudo, era prevista a crise que nos assober- ba ; prognosticava-se já essa inevitável conse- quência da transição da guerra para a paz. Chegados á orise, como a que supportamos, a lavoura está desapparelhada de tudo. Entre- tanto, urge amparar com medidas efficazes e de resultados immediatos, essa classe laboriosa. Neste momento critico, só as medidas de al- cance immediato podem surtir ef feito; só o credito a longo prazo e o transporte barato podem minorar a grave situação. E' incr.v^J que, por nos faltarem esses elementos, í-ejam entregues âo extrangeiro os nossos prod-u-tos por preços miseráveis ! Quanto é de lamentar que, além disso, se ve- jam a lavoura e a criação a braços com prig-as da peor espécie, importadas no paiz por desld-.a da nossa administração, .\ssim é que a Lagar- ta Rosada poude invadir os nossos algodoa;; e a peste bovina paira, como uma terrível amsa- ça.. sobre o rebanho nacional. Quanto a essa invasão, chega-nos a garantia de que ella í.stà limitada a alguns pontos de S. Paulo. Feliz- mente que os poderes públicos já tomara:Ti a? (irovidencias paira impedir a propagação dcs-a peste. Mas, é preciso que fique consignado, que fique bem patente, que a Sociedade Nacioaal de Agricultura não tem responsabilidade ntsscs males que tanto têm combalido a lavoura tva- cional. Não ! Ella sempre indicou, soliciti e insistentemente, as medidas necessárias. Mas, a procrastinação official permittiu succedessc o que ora succede. Claro que se não refer; ao actual titular da Agricultura, que, com grande zello. vem. na reforma por que tem feito passar o Ministério, pondo em pratica medidas pro- veitosas, algumas das quaes coincidem com as suggestões desta Sociedade. Vem a propósito reaffirmar que a Sociedade não se propõe outra funcção que & de transmittir ao Governo os liensamentòs da classe agrícola, que ella se ufana de representar. Não pretende, de modo nenhum, sobrepòr-se ao Governo; e, louvand-j-o ou censurando-o, a Sociedade N. de Agricultu- ra tem-se sabido manter na altura do seu papel, na altura da sua funcção precípua, que é a de cooperar com elle, de modo efficaz, para qi-e o Brazil ^eja, na realidade, um paiz essencialmen- te agrícola. Não pôde deixar, antes de concluir, de iuiís- tir na necessidade de medidas essenciaes para a consecução desse dcsidcratum, e que ainda -nio foram postas em pratica. Citará um exempJ.o. que teve ensejo de presenciar, para assignaiar o abandono em que se acha a olasse aigricola na crise actual. Na Bahia, a lavoura do fuitio viveu sempre, antes da guerra, mercê do cre- dito que lhe facultavam importantes finnas allemãs, interessadas no commercio desse pTo- diicto. Com a guerra, porém, esse credito cessou, mas, os altos preços que o producto então caa- seguia, mantiveram essa lavoura em equilíbrio ;- cessou, porém, o grande conflicto: os preços baixaram e o fumo não tinha sabida. Pois betn ; a despeito da situação de miséria que a .\lte- manha atravessa, não recua ella deante de sa- crifícios, principalmente para salvaguardar o seu futuro. E foi dali, da .\llemanha, daqueíle paiz hoje a braços com uma tremenda crise, q^e- partiu o primeiro soccorro para essa lavoura- A LAVOURA 153 — combalida ; foi dali, de um certo numero de casas allemãs, que o credito de que tanto carecíamos, nos veiu, permittindo, desde logo, que o fumo, que não achava compradores a 7|oíx> á arroba, subisse a 14S000 e já exceda a i5$ooo ! Isso que refere, fez uma nação extrangeira. assoberbada por enormes difficuldades. Por- que, jpojs, não poderão fazel-o os nossos gover- nos ? E' preciso, sem duvida, que a lavoura na- ciona'i, num grande movimento, desperte do tor- por em que se encontra. E" preciso que ella se confedere, a exemplo das outras classes traba- lhadoras, e venha assim, congregada, represen- tando uma força, exigir a satis facção dos com- promissos mais sagrados. O Dr. Miiguel Calmou faz então o elogio da lavoura, exaltando a sua importância desde os tempos de Roma. E fal-o para demonstrar que a Nação que lavra a terra não morre. A Socie- dade tomara a si a defesa dos que trabalham a nossa terra, a defesa, portanto, da nossa na- cionalidade, porque 'os problemas que interes- sajn áquella classe estão ligados intimamente aos interesses nacionaes; e. si assim é, esta So- ciedade não deve e nem pôde desapparecer. A administração que hoje se inicia, diz ter- minando o Sr. .Miguel Calmon, não pôde traçar um iprogramma, porque na crise actual o seu dever é, sem duvida, acudir, opportunamente, ás necessidades prementes, ás providencias im- mediatas. Mas, mesmo sem traçar um program- ma, ella hypotheca todo o seu esforço e todo q zelo, não somente para manter bem alto o nome da Sociedade.^ como ainda, para não condescen- der ante as fraquezas ou incongruências dos governos, e procurar, sem vacillações, corres- ponder á confiança e aos appellos da lavoura nacional. Terminado o brilhante discurso do Sr. Ui- guel Calmon, depois de prolongada salva de pal- mas, falou o Sr. Oscar Foníe.nelle. que, com o Sr. _ Zozimo Wwneck, representava a União Agrícola de Parahyba do Sul. Apresentou á Sociedade as suas congratulações pelo acto que então se verificava. O Sr. Fontenelle te.ce en- cómios aos Srs. .Lauro AluUer e -Miguel Cal- mon, que, em seguida, em ligeiros discursos, manifestaram a sua gratidão ás expressões cor- tezes do representante da Sociedade da Parahy- ba do Sul, retribuindo essa gentileza de modo não menos cortez. O Sr. Miguel Calmon falou, mais luma vez, para propor, em attenção aos relevantes serviços prestados á casa pelos Srs. João Teixeira Soares e Gabriel Ozorio de Al- meida, fossem ambos acdlamados sócios benemé- ritos da Sociedade, proposta que logrou unanime approvação tão bem justificada fora pelo Sr. Calmon. Ao encerrar a sessão, o Sr. Lauro Muller agradece o comparecimejUo dos seus con- sócios áqueJla sessão, particularizando esse agra- decimento ao Sr. Ministro da Agricultura," ao Sr. Fidelis Reis, Oscar Fontenelle, Zozimo Wer- neck e outros representantes de associações ami- gas, dizendo que o acto qtie tivera a honra ie presidir era um acto de grande significação; formulando, por fim, um ardente voto pela fe- licidade da nova 'Directoria. Acta da sessão da Directoria rfalizada em 26 de Abril de 1921 — Presideri- cia 10 Sr. J\íiguei Galmon. .\os vinte e seis dias do mez de A:i-:; de mil novecentos e vinte e um, presentes, ás quatro horas da tarde, na sede da Sociedíde Xacional de Agricultura, á rua Primeiro de -ALarço numero quinze, sobrado, os Senhores Di- rectores Miguel Calmon, Hannibal Porto, Au- gusto Ramos, Luiz Guaraná, Júlio Eduardo da Silva Araújo, Júlio César LÚtterbach, Angelo Moreira da Costa Lima, Ohrysantho de Britto, Victor Leivas, Carlos Raulino, os membros do Conselho Superior Senhores João Teixeira Soa- res, Gabriel Ozorio de Almeida. Eloy de Sou- za. J. Rodrigues Caldas, e os Senhores sodos Thiago da Fonseca, F. Simões Corrêa, Sebis- tiào Sampaio, Alberto :Moreira, Zozimo Wenieck e João -ie Araújo Góes. foi pelo presidente de- clarada aberta a sessão. Antes de proceder á leitura do expediente, manifesta a sua satisfac- ção pela presença no recinto dos Senhores Eloy de Souza, Luiz Guaraná, Angelo floreira da Cona Lima, J. Rodrigues Caldas, membros da Directoria e do Conselho Superior que, por mo- tivo de força maior, não puderam tomar posse de seus cargos na sessão anterior e faz um coro- mentario muito elogioso de referencia a ca,-ia um dos novos eleitos, depois do que deu posse aos mesmos, de quem esperava um brilhaiite concurso. Em seguida, o Senhor presidente sug- gere a conveniência da Sociedade, à semelhan- ça de outras associações, fixar previamente a ordem do dia para as sessões da Directoria ; mostrando a necessidade dessa providencia, dis- se que a resolução proposta não prohibia, en- tretanto, aos seus collegas e consócios de apre- sentar quaesquer indicações que seriam recebi- das de boamente, ficando, porém, a sua discussão adiada para constituir ordem do dia da sessão seguinte. Passa, depois, o Senhor Presidente a lêr o seguinte expediente: officio do Ministério das Relações Exteriores, remettendo um artigo publicado no "L'Intransigent" de Paris, SQhre o novo processo de plantação de batatas ingle- zas. Ao Senhor Director do Horto da Penha para proceder a experiências do processo acon- selhado e á 'Secretaria para agradecer a preciosa informação; carta do Presidente da "S. d'Bn- rouragement pour Tlndustrie Nationale", r -met- tendo um exemplar de uma sua conferencia so- bre as devastações e destruições dos allemães operadas nas uzinas metallurgicas do norte e do este da França; officio da Confederação Syn- dicalista Cooperativista Brazileira, commum- cando a installação definitiva de sua sede; car- ta de Jacyntho de Magalhães, informando da \5'-i BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE ACRICLLTl RA incursão da febre aphtosa em São Sebastião dos Ferreiros ■ — ■ á Secretaria para officiar á Dire- ctoria do Se>rviço de Industria Pastoril pedindo para que seja combatido o mal; carta de Proco- pio Gomes de Oliveira, rpedindo adubos para a lavoura e informes sobre o custo de machinaria para a fabricação de gomma de mandioca — á Secretaria para prestar as informações solici- tadas; carta de João Rocha, remettendo um pa- cote de fubá "Rochedo", de sua fabricação, ex- trahido da mandioca, o qual deseja fosse ana- lysado. O Senhor Presidente declara que man- dará fazer a analyse solicitada. Lamenta, po- réon. dada a opportunidade, que ainda não nos tenhamos convencido da necessidade e conve- niência de misturar essa farinha e outras apro- priadas com o trigo, ipara a panificação. Salien- ta que, actualmente, o BTazil exporta grandes quantidades de mandioca que o extran-geiro uti- liza no fabrico de pão mixto. Entretanto, em- quanto isso se verifica na Europa, nós, no Bra- zil, continuamos a importar sommas avultadas de trigo, persistindo em não querer misturar A farinha desse cereal com féculas de producção nacional, o que poderia realizar iima grande economia para o paiz. Ha trez annos, já o Co- mité da Producção Nacional, ipor uma das suas conclusões, aconselhava essa medida. A Socie- dade não deixará de insistir a esse respeito e empregará esforços para que o uso da farinha mesclada seja adoptado entre nós, como medida de patriotismo. Proseguindo na leitura do ex- pediente, o Senhor Presidente passa a lêr: Carta da Camará de Commercio Franceza re- mettendo photographias de gado "Charolais" e uma proposta da Societé Départamentale d'Agri- culture de la Nievre, of ferecendo-se a entrar em negociações com os criadores brazileiros que desejem adquirir reproductores daquella raça. O Senhor Presidente declara que, quando esti- \-éra em França, em conversa com algims cria- dores, ouvira que estavam disipostos a mandar para o Brazil alguns exemplares da afamada raça. O Syndicato dos Criadores de Gado "Cha- rolais"' fizera um ófferecimento idêntico á So- ciedade, que dará conhecimento desse facto aos seus sócios. Em seguida, são lidos: telegramma de sócios residentes na zona de Resplendor, em que pedem providencias sobre a crise do café. de cujo theor a Sociedade dará sciencia ao Se- cretario da Fazenda do Estado de Minas, pe- dindo para o caso a sua attenção; foi lida, de- pois, uma conimunicação do Syndicato dos Agri- cultores de Cacáo, relativa á crise por que atra- vessa e pedindo amparo da Sociedade junto ao Presidente da Republica, a quem aquella aggre- miação já se dirigira nesse sentido. Commentando a situação da lavoura do ca- cáo, o Sr. Miguel Calmon disse que a carteira de redesconto, recentemente creada, não íeva aos productores bahianos o necessário concurso, que, a'!iás, não poderia, per si só, salvar a la- voura cacáoeira da situação critica em que se encontra. Em todo o caso, a Sociedade, com grande in- teresse, officiaria ao Sr. Presidente da Repu- blica e ao Sr. Ministro da Agricultura e Pre- sidente do Banco do Brazil, afim de que a car- teira possa prestar melhor serviço úquella la- voura. Constou, ainda, do expediente uma carta do Dr. Octávio Carneiro em que solicita dispensa do encargo que lhe commetteram os sócios da Sociedade, elegendo-o membro do Conselho Su- perior, por julgar que não tem direito a essa distincção. O Sr. Presidente tece encómios ao Dr. Octá- vio Carneiro, salientando os excellentes servi- ços prestados por S. S. áqiuella Sociedade, que não poderia concordar com as razões apresen- tadas, mantendo dess'arte o z'ercdictnm da as- aembléa que o elegeu. Proseguindo, o Senhor Presidente diz achar- se sobre a mesa um appeMo dirigido á Socie- dade pelo Amazonas, em que pede a sua inter- cessão junto aos Poderes Públicos para que não sejam esquecidos os brazileiros que ali estão soffrendo as consequências terríveis de uma cri- se excepcional, matéria que vae ser immedia- tamente estudada pelos Srs. Augusto Ramos, Ozorio de Almeida e Hannibal Porto e que con- stituirá objecto de ordem do dia da próxima ses- são. Ficou, tamliem. para essa occasião o exame do relatório do Sr. Nicolau Debané. relativo á crise do algodão no Egypto e que constitue as- sumpto de maior relevância para o Brazil. Findo o volumoso e interessantíssimo expe- diente, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Sr. Zozimo Werneck que, estudando a si- tuação das Sociedades Agrícolas no nosso meio, que agem isoladamente, com acção limitada ape- nas a certas zonas, lembra a idéa de fundar- se a Federação Rural do Brazil, que será o conjuncto dessas associações .tíispersas \t for- mará um todo poderoso e capaz de melhor de- fender os interesses das classes productoras do nosso paiz, conseguindo, dess'arte, a realização das suas maiores aspirações condensadas em medidas €ffi'cazes, que são indispensáveis ao incremento da nossa producção agrícola. Foi longa e bem argumentada a proposta do Sr. Zozimo Werneck, que constituirá, também, objecto de discussão na próxima sessão. O Sr. Miguel Calmon acolheu esta suggestão,' declarando que a Sociedade não poderia deixar de olhal-a com sympathia. visto que a execução dessa jdiéa iaz parte do programma daquella Instituição. Em seguida, falou o Sr. Araújo Góes. que, incumbido pelo Syndicato tíe ^Agricultores de Cacáo, da Bahia, de amparar junto ao Sr. Mi- nistro da Agricultura o appello que este lhe di- rigiu para que na próxima exiKjsição de Londres o Governo estabeleça um premio ao seccador A LAVOURA 155 modelo que possa ser útil aos lavradores de ca- cáo da Baihia, solicita o prestigioso concurso da Sociedade, o que lhe é assegurado pelo Sr. Mi- guel Calmon, que além disso confiou ao Sr. Hannibal Porto, que nos representará naquelle certamen, o patrocinio dessa causa. Aproveitando o ensejo, o Sr. Calmon diz que os seus collegas Augusto Ramos e Luiz Guaraná eram, também, portadores de um, justo pedido dos Agricultores de Campos, qual o de que fos- sem concedidos áquella praça favores que a de Recife já lograra obter. A .Sociedade apoiairá, tamberrv, este apptHo que será dirigido ao Sr. Presidente da Repu- blica . O Sr. Sebastião Sampaio pediu, depois, a pa- lavra para apresentar suas despedidas á Socie- dade, por ter de partir para \\'ashington, onde vae reassumir suas fimcções, como Addido Com- mercial á Embaixada Birazileira. S. Ex. fez as mais lisonjeiras referencias á Sociedade Nacional de Agriciiltura num dis- curio brilhante a que respondeu o Dr. Calmon, para agradecer a S. S. o concurso que vem prestando áquella casa e salientar os esforços dof funccionarios que beneficiam a Nação com a .si-.a profícua e múltipla actividade. A: firma que o exemplo de S. S. deve ser trazido á .baila, para que seja imitado, levando os lue não sabem cumprir o seu dever, a mo- dificar esse procedimento. Alludindo á acção do Sr. Sebastião Sampaio, aqui. dá testemunho do interesse que a sua con- ferencia sobre o cacáo despertou na Bahia. Refere-se. então, mais uma vez, á situação da lavovira cacáoeiíra, para condemnar os impostos exaggerados que incidem sobre esse producto, afíimiando que os impostos moderados augmen- tam a producção, contribuindo ipara o maior vo- lume das rendas, ao passo que os exaggerados, como 03 que oneram o cacáo. o fumo, etc. já mataram a borracha, e mataTão provavelmen- te D cacáo. Estende-se S. Ex. a propósito dos gravames que incidem sobre taes productos e, terminando, exhorta o Sr. Sebastião Sampaio a proseguir na patriótica campanha que encetara resolven- do, por fim, que o Sr. Hannibal Porto repre- sente a Sociedade no embarque de S. S.. A seguir, falou o Sr. Victor Leivas, trans- mitiindo á mesa o pedido da União dos Agri- cultores do Districto Federal, no sentido de que a Sociedade obtenha da Directoria da Central do Lrazil, certa modificação no horário do trem que transporta os productos das pequenas la- vouras ou obter que sejam ligados ao trem que conduz a carne para o nosso mercado, dois car- ros para aquelle fim. O pedido, perfeitamente justificado, foi ap- provado pela Directoria, que solicitará as pro- videncias requeridas. Voltou a falar o Sr. Miguel Calmon para de- clar'ír que o Sr. Júlio César Lutterbach, The- soureiro da Sociedade, acquiescêra em represen- tal-a na próxima Exposição Regional de Cor- deiro. Por ultimo, o Sr. Miguel Calmon recebe das mãos do Sr. Victor Leivas um interessante pro- jecto /para a organização dos productores do Rio Grande do Sul, da autoria do Sr. Jacyntho Gomes, visando a fundação de uma sociedade commercial, para proteger os interesses tam- bém commerciaes da agricultura rio-grandense nos seus dois ramos — Lavoura e Criação. Esta Sociedade teria um programma que o au- tor divide em trez períodos, sendo o primeiro o da installação de um btircau de propaganda e informações e de compras em commum, pro- tegendo-se, «gualmente, los reproductores com a immunização, o seguro, etc. Na segunda etapa, crear-se-á um estabeleci- mento para o preparo das lãs e dos couros para exportação e beneficiamento. para o consumo no paiz, fazendo-se a centralização desses e ou- tros productos em armazéns geraes, com a crea- ção de WARRANTS. O. terceiro e ultimo periodo, seria a creação do Banco Rural . O assumpto desipertou grande interesse na So- ciedade, tendo o Sr. Calmon feito a propósito ligeiras considerações, pois que a sua discussão ficou transferida para a sessão vindoura, cuja ordem do dia será : A peste bovina; A crise do algodão no Egypfo c as medidas adoptadas para a sua solução: A organisação da Federação Rural do Brazil; O firoiecto d:' orqauização dos productores do Rio Grande do Sul. OBEDECENDO AO INSTiNCTO Um accidente interessante na índia ÍJma tropa de cavallos novos, com cerca de 574 cabeças destinadas ás cavallariças Baldock, na Estrada Bellasis. Bombaim, índia, procedia de Prince's Dock quando, ás i2 \2 horas da ma- drugada de sexta-feira, " de janeiro de 1921, 150 desses animaes desencalirestaram perto da Ponte Elphinstone. produzindo um formidável es- tampido. Apezar da ausência absdiuta de trafego nas ruas áquella hora da manhã, o ruido alarmou a população da cidade, visto que os cavallos se de- ram a galo])ar furiosamente em todas as dire- cções, penetrando, em breve tempo, os cantos mais distantes e escusos da cidade. Muitos delles. até. collidiram com vehiculos em rejjouso na Estrada Sandhurst, damnificando- as, e onde um foi encontrado morto, emquanto outros só foram capturaidos a muitas -milhas dali. Pelo que se poude saber, apenas duas pessoas foram attingic'as, apresentando 'ferimentos le- ves. (Do ''Tbe Times of índia", de Janeiro.) illlllllllllllllll!l:lilllllllll!|{|||||llllilllllll!lll!l'll|i|1l|llllllllll!lllllllili|i|l|||||l|!|l^^ HERM. STOLTZ & C. Secção Technica — AVENIDA RIO BRANCO, 66=74 — Rio de Janeiro <-'o.sí;s Piíiacs cm S. Paulo, Sfintns <• Pcrnanihitro O escriptorio technico, encarrega-se de for- necer quaesquer orçamentos sobre a installa- gão de fabricas para Iodas as industrias e acceita encomniendas para niachinismos de fabricantp>: europeus e americanos. Exposição de machinas, na ma S. Pedro II. 50, tendo sempre variado stock de machi- nas para industria o lavoura. Deposito, de ferro, aço, tubos para agua, e gaz, chapas de ferro pretas e galvanizadas. cobre em fios c chapas, trillios para bitolas largas e estreitas, vigas de ferro e materiaes para construeção. Representantes para o Brazil de muitas fa- bricas estrangeiras, entre as quacs: A. Borsig. 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A 1 Postal, 1505 AVENIDA RIO BRANCO N. 101 RIO DE JANEIRO - 1 andar Snccursal em São Paulo LARGO DO THESOURO, 5 - - Caixa Postal n. 1659 iiniiu n 1 1 1 1 iii;i!i!iii!i:iJii i.Li:iii,M:iiiuii:iiiiri'i!iii!i:iii'i;Mii!iii!iiiiiii;i!iíi:iiiii:i:iinj!iii!iiiiiii'M 11 i'i:i III iiiiii Li;iiiii!i:i:n;riii:i.ii:i 1 1 iiíiím iiiiii i ii i i m í i ii u Telephone Norte 1429 MOURÃO & C. Telegr.. Rioave-R'o RUA DO ROSÁRIO, Ns. J;33 e 135 - Rio tle JaiuMio | fíiaiKlcs inii>oil)i(li>ii'!i c rommissfirias com fabrica de hcixl iiiar iii — A Sociedade admitte as seguiai- tes categorias de sócios: Sócios eifectivos, correspondentes, honorá- rios, l)cnemeritos e associados. SI" — Serão sócios effectivos todas as pessoas residentes no paiz que forem devida- mente propostas, e contribuírem com a jóia de 1.5 e aniiuidade de aOÇOOO. .S 2" — Serão sócios correspondentes as pessoas ou associações, com residência ou se- de no estrangeiro, que forem escolhidas pela Directoria, cm reconhecimento dos seus mé- ritos, c dos serviços que possam ou queiram prestar á Sociedade. S 3° — Serão sócios honorários e benemé- ritos as pessoas que, por sua dedicação ou re- levantes serviços á lavoura, se tciihaiii tor- nado dignos desta distincção. .S 4" — Serão associados as corporações de caracter of flcial e as associações agrícolas fi- liadas ou confederadas, que contribuircni com a .ioia de '.V\^ c a annuidade de .'SOÍOOO. § .5" — Os sócios effectivos e os associados poderão remir-se nas condições que forem picceituadas no regulamento, não devendo, porem, a contribuição fixada para esse fim, ser inferior a dez (10) annuidades. .Art. í)n — Os associados deverão declarar o seu dese.jo de participar dos trabalhos da Sociedade. Os demais sócios deverão ser pro- postos por indicação de qualquer sócio c a apresentação de dous membros da Directoria e ser acceitos por unanimidade. .\rt. IO» — Os sócios, qualquer que se.ja a categoria, poderão assistir a todas as reuniões sociaes, discutindo c propondo o que .julga- rem conveniente; terão direito a todas as publicações da Sociedade e a todos os servi- ços que a mesma estiver habilitada a prestar, indepeindcntemcnfe de qualquer contribuição especial. .í 1° — Os associados, por seu caracter de conectividade, terão preferencia para os re- feridos serviços c receberão das publicações da Sociedade o maior numero de exemplares de que esta puder dispor. ^ 2° — O direito de votar e ser votado c extensivo a todos os sócios; é limitado po- rém, para os associados c sócios corres]jon- dentes, os quaes não jjoderão receber votos para os cargos de administração. S .3" — Os sócios perderão somente seus di- reitos em virtude de espontânea renuncia, ou quando a assembléa geral resolvei- a sua ex- clusão por ))roposta da Directoria. Capitulo VI do Regulamento .Art. IS — A Sociedade jirestará seus ser- viços, de i)rcfei'encia, aos sócios e associados cpiando estiverem quites com ella, .Art. 19 — .\ .joIa devera ser paga dentro dos primeiros três mezes após a sua accei- lação. .Art. 2i) — .As annuidades ijoderão ser pa- gas pcn' prestações semestraes. .Art. 21 — Os sócios e os associados pode- rão remir-se mediante o pagamento das (juantias de 200SOOO c 500$0n(). respectivamen- te, feito de uma só vez e independente de jóia, que deverão pagar em qualquer caso. .Art. 22 — Os sócios e associados não po- derão votar, nem receber o dijíloma, sem te- rem pago a respectiva jóia. ,í 1" — O sócio, que tiver pago a jóia e uma annuidade. poderá remir-se mediante a apresentação de 20 sócios, desde que estes tenham egualmante satisfeito aquellas contri- buições. § 2° — Para esse effeito o sócio devei'á requerer á Directoria, provando seus direitos nos termos do paragrapho anterior. .5 3^^«»»m»<^^« » BttK<í«K!^^ew««oe»^^J^!««>*««'^í^fí»'==»lWl^=*^ Ullinii;i.- (.liipliicas cl^i A MllTK — T;ii:i ,U C.inuu, 3i i (;rfclitii Agrieiíla. Redacção. — Confcilei i(,ai) Hiir il Brasileira — As carnes brasileiras na França l a propa^an (la platina. — .V peste bovina c suas consequcncias Uma indicação. — O cambio e a prodncção pelo Dr Augusto liamos. — Ensino agrícola e profission U em S Paulo ini 19'il. por W. de V. — A pecuária nos Estados l ni dos. pelo zootecbnista Landulpho .Ah es — Escola il< .Agronomia e de Veterinária do Pará. — Oioanisaçio dos producti.rcs no Rio Grande do Sul. — \ boiíacbi c a \niazonia. pelo Dr. Bento de Miranda — \ tiisc chio- nica pelo Dr. Tliomaz Coelho Filho. A Directoria de MelL irologia c as opiniões do Dr. Sampaio Feiíaz — .Abastecimento de leite ás povoações, ptlo Si F Sccco Ellauri — O Brasil na Exposição de londies pelo Di Haiinibal Porto. — A futura exposição — Noticiuio — Tma triste verdade. - Redacção. — \s stmina s d i S X de .Agrlcultuii i . Hl ME & CIA. IVIOTOOLJ (Société il'Outillage Mécaiiique ettrUsinage d'Artillerie) FILIAL DE Apparelhos de um typo inteiramente novo destinados a revolucionar a agricultura Typi) ■".-l" pai II ijiinitlc iiiltiirn: ■ii> IIP. r'''!".- i m ,mf Tl/pri '"C" piliil II pliiillllil liiroiirii : r, III' Estes appnrtlhos foram experimentados com o maior successo no campo de expe- riências da Sociedade Nacional de Agricultura, na presença dos representantes do Exmo. Sr. Ministro da Agricultura. HIME & Cia --Rio de Janeiro ÚNICOS REPRESENTANTES PARA TODO O BRASIL A LAVOURA Boletim da Sociedade nacional de Agricultura ANNO XXV ''■' » li..'** Rio de Janeiro — Brasil -"h^jcIJí. Ns. 6 e 7 CREDITO agrícola Ninguém avançaria de boa fé que a lavoura nacional e as industrias corre- latas não vivem, no Brasil, entregues aos seus próprios elementos de vitalida- de, os quaes, apezar de serem, como de facto são, inagnificos e opulentos, nem por isso bastam, em contraste com os óbices, difficuldades e empeços que se lhes oppõem, para lhes assegurar uma actividade integral e comjjensadora . Quem lançar a vista indagadora e per- spicua pelos Estados, verificará o acer- to dessas affirmativas que ahi ficaiu. Nem será tarefa demasiado pezada a alludida observação. Ahi está, na amplitude descommunal de seu trato de terras, a Amazónia. Ella vivia da borracha. A borracha não era apenas uma das fontes da riqueza na- cional; era a condição mesmo de vida da Amazónia. Entrando em crise, pelo barateamento do jjroducto e pela espe- culação dos compradores, foi a própria Amazónia que se fez em crise. Tudo, alli, como que paralysou de rcnenle. Uma situação negregada desenhou-se para ella. Até a fome entrou, num ver- dadeiro paradoxo, a assolar as suas po- pulações de heróicos desbravadores da- quella região ainda não formada. Mas a borracha não teve qualquer auxilio ef- ficiente. O algodão, tendo em sua maior ])or- ção o consumo assegurado na industria do paiz, não dispensaria o auxilio de que tanto carece e de que vive á miii- goa. como os demais productos. O assu- car e o cacau, o fumo e os cereaes téni chegado a posições inacreditáveis no mercado. Xinguem foi em auxilio dessa producção. A lavoura, pois, em todo o paiz, e com ella a pecuária, definham e desman- tclam-se á falta de credito, que é. para todos os ramos da actividade material dos ])ovos, o elemento primordial de vi- da, de resistência e de i)rogresso. Votou o Congresso a lei dos redescontos, e o governo, comprehendendo a gravidade da .situação creada pelo abandono da agricultura, logo a i)oz em execução. Mas, o que se verifica das «pieixas )iro- manadas de todos os Estados é que, ape- zar do dispositivo especial que, em tal lei, mandava favorecer jíarticularmente a lavoura, esta quasi não sabe da influ- encia desse remédio ([ue se dizia heróico e salvador. O exemplo característico dessa ineffi- ciencia dos redesconto.s, como o estão applicando, evidencia-sc do appello da industria assucareira de Campos e da solução que, em resjjosta, houve por bem o governo dar aos seus recla- mos. O Brasil carece de credito rural como os seres animados carecem do ar ([ue respiram . Sem credito não ha or- iíanização agrícola caDoz de resistir ás fluctuações dos mercados, ora determi- nadas por factores naturaes, ora por fa- ctores artificiaes. O credito acoberta o productor contra a necessidade imme- diata de se desfazer do producto. e res- guarda, com este, da exploração dos compradores e dos intermediários, os altos interesses económicos do paiz. Sem credito, o lavrador é um autf)mato sob o influxo desses elementos ])erniciosos, c o paiz acaba por sentir, na repercussão inevitável dessa crise, ([ue os interesses dos agricultores não são diversos dos da sua própria economia e da sua finança. A Sociedade Nacional de Agricultura não se tem descurado dessa questão do credito agricola. A propósito das c[uei- xas e das reclamações que lhe têm sido feitas pelos plantadores do Amazonas, da Bahia, de Campos, como pelos cria- dores do Bio Grande do Sul, ella não se tem poujiado esforços para chamar a 158 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA ai tenção dos poderes públicos fcderaes no sentido de estimular o inevitável e o imprescindível amparo . O que se está fazendo, á sombra da lei de redescontos, não auxilia, não dá meios de acção á lavoura nacional. Po- de-se dizer mesmo que ella, assignalada nessa lei com um titulo preferencial, na- da tem particiíiado de seus benefícios e favores, a não ser o café, aliás ainda não satisfactoriamente. De tudo isto que ahi fica exposto, .sine ini ac stiidio, de tudo isto cjue traduz a realidade dos factos, concluímos nós ([ue se impõe ao governo a ampliação da carteira de redescontos, a execução da clausula de preferencia assignada pelo Congresso par;) com a nossa lavoura, e. mais ainda, a creação em bases solidas do credito para custeio rural e hypo- tliecario . Aos múltiplos appellos dirigidos neste scntitlo ao Executivo Federal pela S. N. de Agricultura, junta A Lavuiira o seu, muito sincero e convencido, em benefi- cio dessa classe tão nobre, persistente e soffredora quanto desamparada e expo- liada no melhor (juinhão de seu esforço heróico e desenganado. Confederação Rural Brasileira â S. N. de Agricuítura vae pôr em execução um dos seus mais betios e antigos Ideaes Teve grande importância a reunião do dia 10 de maio, da S. N. de .Agricultura, honrada com a presidência do Sr. Or. Ildefonso Simões Lopes, ministro da Agricultura, E' que o Sr. deputado Joaquim Luiz Osório levou para o plenário um as- sumpto de palpitante actualidade, e a Sociedade chegou a soluções dignas da maior publicidade em torno delle: a creação da Confederação Rural Bra- sileira. Foi assim que o Sr. Joaquim Luiz Osório co- meçou declarando haver sido surprehendido pe- los jornaes do dia com a noticia da fundação, nes- ta Capital, de uma Federação Rural Brasileira, fi- gurando entre os membros da Directoria o seu nome, o do Dr, Miguel Calmon. presidente da So- ciedade Nacional de Agricultura, e outros, quando não pôde dar apoio a esse commettimento, funda- do em falsas bases, em moldes que se oppõem aos já approvados pela Sociedade Nacional de .agri- cultura. Refere ser antiga a idéa da Confederação Ru- ral Brasileira, idíal do inesquecível Dr. Oliveira Bello, quando presidente da Sociedade Nacional, e lê as conclusões adoptadas pela Sociedade em 2) de .Abril de 1915, data em que approvou modelos de estatutos para as associações ruraes locaes, para as federações ruraes nos Estados, e as bases dos Estatutos da futura Confederação Rural Brasileira, o que tudo está publicado na revista da Sociedade. Pensa que a Sociedade não pôde dar o seu apoio á Federação Rural Brasileira, que se diz fundada, porque se afasta do plano acceito pela Sociedade Nacional. E' a instituição gerada nesta Capital, sem raizes nos Estados, uma Federação no papel, que não representa os interesses locaes da lavoura e pecuária. O referido commettimento, como é lançado, virá mesmo sacrificar o velho ideal da Sociedade Na- cional de Agricultura. O caminho é fundar, pri- míiramente, associações ruraes no paiz. as quaes se devem federar nos Estados. Sõ depois de fun- dadas federações ruraes estadoaes é que se poderá insíallar a confederação rural brasileira. Tem sido esse o trabalho antigo e paciente da Sociedade Na- cional de Agricultura, cuja orientação, ha longo tempo lançada, mereceu apoio geral. Esses movi- mentos, para terem caracter duradouro e solido, exigem tempo, não se improvizam. Que se diria se hoje lêssemos a fundação nes- ta Capital de um Banco Central de Credito A^gri- cola, sem caixas ruraes, sem filiaes? k acção de uma semelhante Federação Rural, fundada á reve- lia da Sociedade Nacional, que se manifestara em desaccórdo com o plano engendrado, em reunião que se tinha realizado na Bibliotheca Nacionai, dias antes, só pôde ser perturbadora e dissol- vente. Não foi a Sociedade Nacional convocada para a reunião sm que ella se installou, e, foi, por- tanto, creada sem a sua presença e acquiescen- cia. Para propagar a 'fundação de associações ru- raes no paiz. e consequentes ligas dessas associa- ções nos Estados, ahi está a Sociedade Nacional, como é de seu programma. .Actualmente ella vem exercendo esse papel de orgam dos interesses geraes da lavoura, agindo sem- pre de accórdo com os interesses de seus innu- meros associados espalhados por todo o Brasil, e das associações ruraes dos Estados existentes. A LAVOURA 159 — Não vê necessidade da creação de um orgam que já existe. A Sociedade Nacional de Agricultura é que terá dg ser a sede e a directora da futura Conifederaçào RuTal Brasileira. Pensa que a So- ciedade Nacional tem o dever de defender o seu programma, e que nfio pôde dar apoio a um com- mettimento que surge em desaccôrdo com esse programma, e que, de fracasso certo, pelas falsas bases em que se funda, só servirá para compro- metter a nobre causa do movimento de associação no Brasil. Eis porque sujeitava á assembléa a seguinte moção: "A Sociedade Nacional de Agricultura, sciente hoje, pelos jornaes, da noticia da fundação de uma Federação Rural Brasileira, de que é incorporador o Sr. Major Zozimo Werneck, declara que ne- nhuma responsabilidade nem cooparticipação tem na fundação « deixa de apoiar o referido commet- timento por se afastar do plano approvado pela So- ciedade em 20 de Abril de 1915, unico que consi- dera viável. Reaffirma o referido plano que é o seguinte: r — A Sociedade Nacional de Agricultura, deve, com a urgência possível, promover nos Estados a fundação de Associações Ruraes e consequente liga dessas Associações, sob a forma federativa nos moldes das associações e federação existentes no Rio Grande do Sul, desde 1939; 2" — Essas federações estadoaes, guardada a necessária autonomia, deverão filiar-se á Socieda- de Nacional de Agricultura, que constituirá a sede e direcção, da futura Confederação Rural Brasi- leira, cujos fins estão expressos no parecer ap- provado pela Sociedade Nacional de Agricultura em 1915; 3" — A Sociedade Nacional de Agricultura deve convocar na Capital Federal, logo que estiverem constituidas federações ruraes nos Estados, uma Assembléa Gera! de delegados para approvação dos Estatutos da Confederação Rural Brasileira, cuja discussão terá por base o projecto de esta- tutos organizados pela Sociedade Nacional de Agri- cultura em 1915. Nos termos do plano approvado, e não podendo deixar de reivindicar a honra que lhe pertence, de haver primeiro concretizado o ideal do s;u ines- quecível presidente o Dr. Wenceslau de Oliveira Bello, resolve dirigir-se ás associações agrícolas existentes e aos sócios que possue em todo o paiz. para que envidem todos os esforços na propa- ganda e na realização dessas idéas, de modo que se possa convocar, com brevidade, a assembléa em que se tratará da installação da Confederação Ru- ral Brasileira, antiga aspiração da Sociedade Na- cional de .\gricultura", Pediu, então a palavra, o Sr. Zozimo Werneck. que começou por dar-se parabéns por achat--se pre- sente a essa reunião e de poder ouvir, de viva voz, as palavras proferidas pelo Dr. Joaquim Osó- rio, relativas á Federação Rural Brasileira. Ou- vindo-o, concluiu o orador, que S. Ex. talvez les- se mal as noticias a que alludira, por isso que não fora fundada a Federação Rural Brasileira mas apenas nomeada uma Directoria com caracter de commissão. Felicito-me, prosegue o Sr. Zozimo Werneck. por ter vindo ao encontro de uma aspiração desta Casa, mas quero assignalar que quando se con- stituiu a commissão directora não tive em vista collocar a nova instituição em antagonismo com esta Sociedade, mas pensara que talvez fosse pos- sível fundir, num só, os dois projectos. Discutido o assumpto por vários oradores, falou por fim o Sr. Gabriel Osório de Almeida, que, ex- aminando a questão, disse que da discussão alli travada resultara, a seu vêr, o seguinte: que o Sr. Z. Werneck lançou mão da liberdade, que ninguém poderia negar-lhe, de fundar uma associação, ao mesmo tempo que a Sociedade Nacional de Agri- cultura julga assistir-lhe, o direito de declarar que não participa daquella associação, por não ter sido ouvida a respeito, e quer deixar bem patente que não tem a menor responsabilidade em relação a esse assumpto. O que está provado, prosegue o orador, é que o Sr. Zozimo Werneck resolveu fundar a Fede- ção Rural do Brasil, independentemente da Socieda- de, que, a respeito, nutre um antigo propósito, e apez.ir da communicação que se lhe fez em uma das ult mas ssssões, informando-o com precsião absoluta do que fizera a propósito. Se assim é, devem os seus coUégas dar por encerrada a dis- cussão do assumpto, approvando a moção proposta pelo Dr. Joaquim Luiz Osório, que consulta os interesses da Sociedade, visto que ella não póds permanecer muda ante esse facto, o que seria comprometter a sua opinião a respíito. O Sr. Presidente põe então em votação a pro- posta do Sr. Joaquim Luiz Osório, a qual é ap- provada pela assembléa, com excepção apenas do Sr. Zozimo Werneck. OSr. IVliguel Calmon disse então que, diante da manifestação da quasi unanimidade da assembléa. que correspondia, inteiramente, ao pensamento da Directoria, diante dos esforços dispendidos por esta casa em prol da união da classe agrícola do paiz, e do desejo que a Sociedade timbrou em demons- trar de que de boamente acceitaria a coUabora- ção do Sr. Werneck e dos seus amigos, adiando a discussão para uma opportunidade, que elles se furtaram de determinar em commum accôrdo com esta Sociedade, a SQoiedadç sentia-se fortalecida 160 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIOMAL DE AGRICULTURA para realizar o programma já approvado. E a So- ciedade.'que nunca teve duvida em apciar quaes- quer aggremiações que se orRanizem com propósi- tos definidos de trabalhar pela agricultura nacio- nal, vê-se na coniingencia de negar os seus ap- plausos a uma iniciativa, que não pôde senão tra- zer confusão no cspirtr» da classe agricola, pois era já publico que, nesla casa, ha longos annos, vem sendo propagada essa politica da união da la- voura, com o ecopo idêntico áquella que preten- iiiKiiiijitiiniiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiigiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiitiiiiiiiiiiiiiiJiitiui,! dem os fundadores da mencionada Federação Ru- ral do Brasil. Cumpria-lhe pedir desculpas ao Sr. Mipistro da .agricultura pela demora havida na discussão desse caso, mas quizera a fortuna, que S. Ex. que foi um dos mais esforçados propagadores des- sa idéa da Sociedade Nacional de Agricultura, alli .stivesse presente e houvesse a opportunidade de observar que a Sooiedade não abre mão de uma das suas maiores aspirações — a Confederação Rural Brasileira. ■ :iliilillllliilii|i:iiili:inliiliiltiliili:lttiiiiiii[rlMll:liiliiliiiiiiiiiiii|iiiii|ii|ii|ii|ii|iil As carnes brasileiras na Franca e a propaganda platina L'ma intereíísante comniunicacão do nosso cônsul no Havre o nosso cônsul no Havre acaba de fa- zer uma interessante eoninuinicação á Sociedade Nacional de Agricultura. Tra- ta-se da posição das nossas carnes con- geladas na França, diante da propagan- da intelligente dos nossos visinhos do Rio da Praia em favor do respectivo producto. • A procura das carnes congeladas na França é agora notável. "Deve-se, tal- vez, attribuir a crescente procura das carnes congeladas á grande penúria dos rebanhos francezes e aos ])reços, quasi prohibitivos, a que tem ultimamente che.gado a carne verde." A França dá a preferencia ao producto sid-americano pelo seu valor nutritivo, excellente gos- to e preço vantajoso. O cônsul brasileiro procura, entretan- to, chamar a attenção dos exportadores brasileiros para a propaganda intelli- gente e pertinaz dos argentinos e dos uruguayos em beneficio das suas car- nes, emquanto nós nada fazemos neste sentido pelas nossas carnes. E:ntende. por isso. justamente, o citado represen- tante consular do Brasil. — "que os ex- portadores brasileiros não devem intei- ramente descuidar-se do reclamo desse producto, pois pôde acontecer-lhes o mesmo que ao café; ha de sempre ])as- sar a ser vendido sol) um nf)me falso, e a servir, alem disso, desse modo, como reclamo e iiropag.-iuda ]);ira outros pai- zes , " A mesma communicação põe-nos ao corrente da inslallação, no Havre, de um grande entreposto frigorifico, construí- do pela Sociélé dcs Docks Frigorifiques (hl Havre, afim de dar ao consumidor "Iodas as garantias de hygienc, lim])eza e ])erfeita conservação da carne." A informação termina com a transcri- ])çà() de um extracto da Revue Générale du Froid et des Industries Frigorifiques, lielo ([ual se evidencia que o mercado franccz absorveu, em cerca de três me- zes, vinte e três mil toneladas de carne inferior ou medi()cre . Dalii a campanha da imprensa franceza pela acqui.sição de género l)om. dalii a instailação do gran- de frigorifico do Havre, dahi o appello dollars a sac- ca, ou, 38 milhões de dollars, em toda a colhei- ta. Em seguida (mantendo sempre o camtoio) iriamo; elevando, aqui, a 22 e mesmo 25$ooo a arroba de café — o que forçaria o preço ouro a elevar-se a 14 ou 15 centavos que, podería- mos tomar como normal da intervenção. Mais tarde, por si mesmo, esses preços se elevariam em virtude da situação estatistica natural do producto. conjugada com o ef feito da retenção do café, comprado pelo Governo. .\ própria alta do café, o qual, então, estaria sendo francamente comprado pelo estrangeiro, delle desprovido, concorreria para manter o cambio, dispensando a applicação de quaesquer outras medidas, com excepção, já se vê, das que se destinassem a amparar a lavoura, tanto nos .seus actuaes embaraços, motivados pelo esmore- cimento dos mercados consumidores, como em relação aos meios de que ella carece para nos assegurar, ao Brasil, boas colheitas nos próxi- mos annos. Eis ahi o programma. Examinemos a exe- cução : I" — Elevar o cambio a S '^ ou q ( ta.xa do mercado sobre Londres). E' uma medida ur- gente: o meio do conscguil-a consiste em utili- zar o Governo os 7 ou 8 milhões esterlinos d-o fundo de garantia c os 2 ou 3 milhões de tí- tulos italianos, caucionando-os (ou i)ela fornia que entender), e fornecer cambiaes aos merca- dos. O ef feito seria fulminante c fulminante a alta do café no estrangeiro, sem niolificação. aqui. das actuaes cotações. Levantadas estas, em seguida, chegaríamos, como disse, aos 15 centavos a libra. (Diante de taes resultados, como combater a utilização do fundo de garantia?; Muito respeitáveis são os sentimentos dos que a essa medida se oppõe e estou certo de qu€ nin- guém, sem contragosto, a approvará. Mas não estamos em situação de hesitar, porque o caso é urgente e não temos como escolher, \wv nos fal- tar qualquer outro recurso, capaz dos mesmos ef feitos. Poderíamos contar com uma exportação de café, diária, de 40.000 saccas no minimo. até o fim do anno. .\os i)reços actuaes ;le ~ cenfivo.^. .apuraremos, diariamente. 370 mil dollars; ele- vando o café a 15 centavos, apuraremos mil dol- lars. A differença será de 430 mil dollars por dia ou 80 milhões até o fim do anno. Mas 80 milhões de dollars valem hoje (a 4 dollars a li- bra) 20 milhões de libras ou mai^ de duas ve- zes os 7 milhões esterlinos. Diante de tal situação, será infantil hesitar. Não basta somente com^bater a utilização do fundo de garantia : é necessário tomar a res- ponsabilidade dos 20 milhões de libras — diga- mos 16 milhões esterlinos, que sem tal utiliza- ção se perderão. No fim do anuo, restituír-se- iam ao fundo de garantia — se assim se quizes- se — os 7 milhões esterlinos retirados dos lu- cros da operação, Icvando-se a credito do The- zouro, isto é, do paiz, os 9 restantes, conquista- dos ao estrangeiro. Aliás, esse fundo de garantia está nos sahui- do caro. Se elle tivesse sido posto a jurns já A LAVOURA 165 estaria elevado a talvez lo milhões, ao passo que aqui, como um bandido perigos-o, o esta- mos atirando a uma masmorra. Despendemos quasi o valor delle, no trabalho de o extrahir- mos de nossas minas para de novo o enterrar- mos em minas para isso construídas, sem delle tirarmos o devido partido. Muito outro foi o pensamento de Joaquim Murtinho, ao crear o FUXDO DE GAR.\NTIA, pois a lei. então vo- tada, reza textualmente o seguinte : ''Art. 4" — O fundo de garantia será consti- tuído em metal, ou seu equivalente, e deposita- do em um estabelecimento bancário de Londres, devendo o juro de deposito assim constituído, ser incorporado ao mesmo fundo." Foi mais longe Murtinho. Em vez de consi- derar intangível esse deposito elle prévio a ne- cessidade de utilizal-o para acudir á praça. E' o que reza o artigo 6": — E' autorizado o Governo a retirar do fundo de garantia até a quantia de 15 mil contos, pajjel. para. por inter- médio do Banco da Republica, acudir ás neces- sidades do commercio, por motivo de crise ex- ■ccpcional . Os empréstimos serão feitos sob garantia de títulos da divida iniblica federal fundada por prazo não excedente de um anno. Paragrapho único — O Capital e Juros des- ses empréstimos reverterão para o fundo de ga- rantia. (NOTA) O fundo de garantia nimca pode- rá ser reduzido a menos de metade do seu va- lor, segundo a lei. Impondo que o fundo de garantia fosse cons- tituído em metal ou seu equivalente e deposita- do em Londres e ao mesmo tempo permittindo. que delle se retirasse cu} papel até [5 mil con- tos, claro é que se autorizava a vendel-o, em parte, na praça, em ouro. para transformal-o no mesmo papel." Ensino agrícola e profissional em S. Paulo enn 1921 Acção governamental Pede-me a redacção d'".\ Lavoura" um artigo sobre a agricultura em S. Paulo, escolhendo eu a questão que, a meu critério, julgue mais digna 4e divulgação fora das fronteiras paulistas. Tra- tarei hoje de mostrar o que fazem os governos ■desta prospera Entidade politica naci.onal em pró! da agricultu-a e outras profissões industriaes. iNoutras chronicas, particularizando, direi o que seja a industria caféeira paulista, direi da pecuá- ria, direi disto e daquillo, conforme a opportuni- dade do momento. Para começar, mostrarei que. decretando o Go- verno do Estado de S. Paulo, para 1021, uma re- ceita de: Réis 1,37. 484:0035000 e Francos 50.003.000 destinada a custear uma despeza. de: Réis 137.484:O0O.SOOO e Francos 50.000.0:0 deste total consagra apenas a quantia de: Réis 4.992:469-5500 para o impulsionamento da agricultura e outras industrias, conforme passo a detalhar nas linhas subsequentes. Gasta o Estado com o Ensiao Agronómico a somma total de réis 2. 1 13:20D-'?000, assim dis- tribuída por varias instituições technico-adminis- trativas. Para o custeio do Instituto .agronómico do Es- tado de S. Paulo, situado na Cidade de Campinas, dedicor.-se a somma global de Rs, 250:000-'?003 sendo com o pessoal Rs. S9:S80SO0O e com laboratórios, custeio da fazenda de Santa Eliza e Caftza] do '.Monjolinho e outras despezas Rs. 163:1205000 E' o Instituto Agronómico uma estação de pes- quizas e demonstração em nadr. inferior aos que melhores o sejam em todo o globo. Vem ainda do ultimo anno do Império. Teve a rara sorte de ter como fundador um homem de solida cultura scien- tifica e indefessa operosidade — o Sr. Dr. Da- fert. Conheceu, entretanto- dias bem incertos, apoz a retirada do seu benemérito criador para a Europa. Ha mais de um decennio, porém, con- fiada a sua direcção a profissionaes de real me- recimento sabidos de boas escolas, vae o Instituto Agronómico em marcha ascendente no desempe- nho da sua alta missão de instituição de pesqui- zas e demonstração. E' grato constatar que, mes- mo quando não chefiado proficientemente, ainda as- sim os trabalhos de laboratórios continuaram a ser realizados com o maior escrúpulo scientifico. Constitue o Instituto a cúpula da vasta e já no- tável organização agronomico-administrativa do 166 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA ' /•>(•('/(( Ayricolit í.íiT dr QiiriroT — Aula jirnlicii no ['osto Zoolccbitico 000 A LAVOURA 169 Escola Profissional Feminina de Rio- Claro 107:860í?003 Escola de Artes e Officio de Jaca- rehy I :5J0$000 instituto de Veterinária 205:4033300 Monta, pois, a réis 4.992:469'*500 o que dispen- derá neste exercício o Estado de S. Paulo com o ensino profissional e instituições destinadas ao im- pulsionamento da agricultura e outras industrias. Confrontando essa somma com a despeza total de réis 137.484:0)38000 e mais 50.000.000 de fran- cos, forçoso será concluir que a parte da sua renda que S. Paulo destina ao bafejo da agricultura e in- dustria é em verdade minima, insignificante, e tanto mais insignificante resultará, quanto, é certo, para a sua receita de réis 137.484:0OOSOOO e 50.003.300 de francos, forma somente o café nada menos de 37.800:003S300 e mais 50.000.000 de francos. Pôde e deve, portanto, o Estado de S. Paulo des- tinar quantia muito mais considerável ao fomento da agricultura e industria em geral. Todavia, con- siderando o que para idêntico fim dispendem os demais Estados da União, vè-se que relativamente nenhum outro Estado gasta tanto quanto S. Paulo. .Apraz-me testemunhar que, si S. Paulo não dis- pende tanto quanto pôde e deve em beneficio da sua agricultura e industrias varias, é certo, po- rém, que gasta bem, presidindo sempre na escolha dos dirigentes technicos o maior zelo e escrúpulo. Eis em rapidíssima synthese geral, neste mo- mento, o machinísmo agronomíco-admínistratívo de qu: se utiliza o Estado de S. Paulo para orientar e impulsionar a sua agricultura e industrias va- rias. W. de V,. #^r«^#^#^#<#<#^^#^^#'«^#^tfr^^s#s#^#s^«^^^^#s#stf^«s#^#^s#s#s# »inos para carne e de suinos; a diffusão dos principaes preceitos zootechnicos entre os criadores, que não devem continuar ignorando as regras mais comesinhas da criação moderna, o que se iconseguiria por meio de boletins de poucas ijagiiias, em linguagem simples e convin- cente, devidamente illusbrados ; a propaganda systcmatica junto aos prodivctores e capitalistas. no sentido de attrahir-lhes, mais e mais, a at- tenção para a importância sempre crescente da industria de animaes de açougue : o amparo á industria de frigoríficos, bem como a outros svstemas de industrialização da carne e sub- productos exportáveis; o apparelhamento das xarqiveadas, no sentido do aproveitamento dos subproductos animaes. particularmente das vís- ceras e dos ossos: a abertura de novos merca- dos de productos animaes. como o amparo aos já existentes; a melhor utilização das nossas le- guminosas forrageiras, cujo proveito e manei- ra de usar já estão 'Sobejamente demonstrados ])eIos norte-americanos. figurando, entre outras, a mucuna, o amendoim, o feijão de vacca, a soja; o incremento e protecção á nossa indus- tria de óleos vegetaes, afim de evitar que saiam do paiz immensas quantidades de sementes olea- ginosas, cujas tortas seriam aima das maiores fontes de matéria azotada para o nosso gado ; são, todas estas, medidas que. executadas com critério pelos nossos interessados, viriam pro- duzir seus effeitos consideráveis na producção actual . Mas. niio nos devemos esquecer de ir prepa- rando, desde já, a solução de outros problemas do porvir que se apresentarão, então, mais nu- merosos e complexos. O ensino agronómico, diffundido, efficiente. deve ser o nosso primeiro passo nesse sentido, preparando os technicos que chamarão a si o grande encargo futuro. E' preciso que cada Es- tado íerúia a sua instituição de ensino agronómi- co e que cada qual aicare o problema zootechni- co com a gravidade com que se impõe. Não menos importante será a criação pro- fusa de fazendas experimentaes que não de- vem ficar a cargo só do governo central. E' certo que em muitos Estados ainda se lhes des- conhece a utilidade, saião mesmo a sua signi- ficação. Urge. pois, iniciar. Estas fazendas não devem esquecer os problemas propriamente pas- toris, encarando-os technicamente, tendo sem- ]n-e em vista o interesse económico. Sim, por- que não nos basta produzir reproductores de pe- digree. . . E' preciso que os productos tenham forma, tenham precocidade ; ao contrario, serão meros representantes de raças em declínio, i>or terem cabido em nossas mãos. Tenhamos, an- tes, poucos e bons. do que muitos e màos, sem- pre que se tratar de reproductores destinados ao aperfeiçoamento dos nossos rebanhos. Preliminarmeniie, não cremos venhamos a ob- ter um typo de frigorifico tal qual prepararam os argentinos, os norte-americanos, os uruguayos ou os australianos. As nossas condições de cli- ma são bem íliversas das daqiielles paizes. in- dicando-nos um outro rumo á nossa orientação economico-pastoril . Não só o elemento raça, mas os recursos forrageiros, vão forçar-nos a formar, de futuro, um typo industrial novo, è nem por isso menos económico. O zebú, que vai prestar-nos relevantes auxilios, se criterio- samente utilizado, obrigar-nos-á a conceber um novilho de açougue, cujas formas e proporções têm que divergir das do typo actual de frigo- rifico, sem por isso desmerecerem a nossa pro- ducção. Preparcmo-nos. pois. para o grande empre- hendimento. A nós compete alimentar o mun- do. Nenhum povo dispõe das possibilidades que os nossos Tecurs'Os naturaes nos proporcionam. (_)uando a falta de carne, na Europa, nos sur- prehendeu. já tínhamos, felizmente, o grande lastro que os nossos denodados patrícios, lá pe- los sertões, a braços com as difficuldades pe- culiares ao meio. nos haviam preparado, incon- scientes dõ magnitude da sua obra. Trinta milhões de bovinos e l8 milhões de suinos representam uma base inestimável, ,sobre que se pôde assentar a grandeza da nossa vida económica, mais uma justificativa do nosso or- gulho . Agora, que saibamos continuar a sua obra, e, por :nethodo5 mais technicos, amiiliar as suas proporções . lO successo da nossa acção depende do crité- rio que lhe imprimirmos. Vamos aos poucos, comecemos pelo que é mais urgente. LANiDULPHO ALVES. Rucleos agrícolas e pastoris o Director d<3 'Povoarneuti) do Solo recebeu o seguinte telesjramiiia do inspector agrícola em Co- rumbá : "Pessoas idóneas do municipio Corumbá, tendo elementos offioiaes, capitalistas, etc, congrega- ram-se com o fim de intensificar a iproducção agrícola e pastoril local e resolveram a fundação immediata de núcleos colamae* nos arredores des- ta cidade, recebendo cada família um lote demar- cado, casa para ^morada, etc. Peço informar com urgência, para responder à consulta, quaes os auxílios directos que pôde prestar essa Dire- ctoria. Os fazendeiros C()nii)romettem-se a receber, des- de já, diversas famílias, dando-lhes accominodií- ções precisas para permanecerem, terras e ani- maes, ate terminarem as construcções dos lotes definitivos. " A LAVOURA 173 Escola de Agronomia e Veterinária do Pará A "línciilu de A.^rDiKimia i.' \'i'U'i-;iiaii;i du l'ar:i'" foi 'fiiiidiída em Belém a 1" ile Maryi) de 1918, pelo extinelo "iCeutro Propagador das Sciencias", do qiiaj] é siiecessora . Em 5 de X:ivemlii'.) do mesmo aniío foi recoiiliecid-i ile utilidade ])iil)lica pela lei do Estado n. 1.079. lustallada, a ]ii iiiciíJio, em jiredio iiiadeíiuado hosseus fins. e;ili 1 . )ieln Governo do Estado, ad da Mia fimdai,-ão. fesle.jou a inaugui-aeào d.} prc- dii- nc>v~j e por cs.sa occasiàu conferiu diploma.s de sociíis bicnemcritos a vários dos seus i>emfei- tores. Xo mesmo dia inaiigurava uma exposição agrícola e pecuária, a pj-imeira da série que le- \ará a effeito todos os annos. O pTogramina de ensino é idêntico ao da Escola .Su'perior de Agri- cultura. (Ic AtjToninr.in i}(, !*iii'á Beliíiii quirin em 1920 iini vasto e confortável edifício, num dos subnrliios de ijelém. O immovel disiKie de amplas accommodações para administração, para salas dos cursos c laboratórios, bem assim de uma grande área de tem-eno destinado ao cam- po de cultura experimental. No dia I" de Março do corrente aniii, qnarto O corpo docente da Escola é comi)etente e ser- ve gratuitamente, com louvav(>l esforço e abne- gação. Em 192! achavam-se matriculados na escola, nas differeules séries do curso, «15 alumuos. -\ Socíedadie Nacional de Agricultura, pelo seu orgam ".\ Lavoura", uão pôde deixar de manifes- — \n BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA F. dl Aíironimiid ão Pará lar seus calorosos apphuisos a tão louvavfl inicia- tiva, assim como de a recommendar ao Governo da Republica . - .Iiirdini d(i Escola A deficiência de protissionaes patrícios para os cargos teclmicos do Miuisfcrio da Agricultura i' a causa primordial da pinica efficiencia dos seus Encold de Afironomia do Paru — Directoria e corpo docente — Na 1" fila. au rcntro o director.' Dr. Ferreira Teixeira; tendo à esquerda os l)rs. Pinheiro Sozinho c C.arralho Brasil. .\í/ 2' fila. da esiiuerda para a direita professores Theodoro Hratja. H Satitu Hosa. .■l. Mazietelli, F'. de Souza. H. Fi minislr:i dessa pasta, o Congres.so Nacional viitou .-luxilios á benemérita instituição. límii; elKiuii menliis (iesta order acolhiuientf tear os meio m carecem de bom cuni]))'e ao governo não lhes rega- de viverem e prosperarem. O Bra- sil precisa formar todos cos a.^ronomos officiaes deve os annos milhares de mo veterinários. .\lém dos cursos _- animar o er- maiientes em que vive; libertar-seJá do re.íimen verijonhoso dos "dcficits" crescentes cada anno.- O capital e a renda são a matéria tributável; quanto maiores forem elles tant > mais leves se- rão os tributos. listas verdades precisani de ser repetidas para ficarem bem gravadas no espirito dos nossos agri- culloTes e dos homens públicos deste grande ^paiz. Louvando sem reservas a iniciativa paraense, en- viamos aos fundadores da Escola de .-X.iíronomia e Veterinária do Par.i nossos melhores votos pelo seu progresso. LYli \ (-..ASTRO. PARECER sobre o projecto do Dr. Jacy.-itho Go- mes, de organização profissional e commercial ■das classes productoras do Rio Grande do Sul. A idéa da organizaçào profissional das classss rurae.s conforma-se com o programma da Socieda- de Nacional de .agricultura. Desde a sua fundação, em 1897, tem ella, como fim principal, desenvolver nos agricultores e criadores o espirito da associa- ção- a conveniência coUectiva dos esforços indivi- duaes. a cooperaçã:o mutua, promovendo a crea- ção de syndicatos agrícolas, de caixas de (credito rural, cooperativas e demais formas de mutuali- dade. (.^rt. 4" dos Estatutos). Possue hoje o Brasil legislação sobre o assum- pto. São os decretos ns. 979. de 6 de Janeiro de 1903, 1.637 de 5 de Janeiro de 1907 e 6.532 de 20 de Junho d: 1907, referendados pelos então Mi- nistros de Estado Drs. Lauro Mijller e Miguel Cal- mon, ex-presidenie e presidente actual da Socieda- de Nacional de Agricultura. Em 1911, o Dr. Sylvio Rangel, então na presi- dência da Sociedade Nacional de .Agricultlira. foi ao Rio Grarde do Sul, onde despertou- efficaz- mente. o movimento cooperativista na região norte colonial do Estado, fundando-se diversas socieda- des cooperativistas. Como se vê, a Sociedade Nacional de Agricul- tura, consoante o seu programma, sempre consi- derou e propagou como necessária a reunião das classes ruraes, não só pelos fins moraes, sinão também para a defesa de seus interesses económi- cos e commerciaes- e_ .nesse sentido, os congressos por ella promovidos, ism 1901 e 1908. votaram con- clusões decisivas. Isto posto, somente pode acolher com a mais viva sympathia o projecto do Dr. Jacynitho Go- mes, distincto criador rio-grandense, para a orga- nização dos productores do Rio Grande do Sul. O Rio Grande do Sul é dos Estados brasileiros onde mais desenvolvido se encontra o espiri- to de associação nas classes ruraes. Data de 1896 a funiaçáo, em Pelotas, da priímeira associação agrícola pastoril. — Hoje, no Estado, associações congéneres existem nos diversos municípios. Taes associações têm os mais alevantados fins moraes e económicos: a educação e ins»tTucção de seus as- sociados, a defesa dos direitos destes, a organiza- ção de feiras e exposições, de congressos, a dire- cção do serviço -do registro genealógico das diver- sas raças, a propaganda de uma legislação rural conveniente, da construcção de estradas e da fun- dação de instituições profissionaes e de credito. São, além disso, excellente ponto de reunião e informes das classes ruraes. Desde 1909, taes associações acham-se congre- gadas, sob a forma federativa, pela necessidade reconhecida de desenvolverem uma acção .metho- dica e systeiTiatica. Essa liga é a "'Federação das .\ssociaçõe5 Ruraes do Estado". .^o lado dessa instituição, existe ainda no Rio Grande do Sul, fundada em 1913, a sociedade "União dos Criadores", com a organização de syn- dícato agrícola, pois é regid.i pelo decreto nume- ro 979 de 6 de Janeiro de 1903. São fins dessa ínstkuição: "Creação de uma ou mais agencias, para facili- tar, pela importação e compra em grosso para os sócios, a acquisição de tudo quanto possa ser útil ao aperfeiçoamento das suas industrias, como se- jam: arame, sal, madeiras, moinhos de vento, ma- ohinas agrarias, para lacticínios, motores, bombas e apparelhos para captação e fornecimento d'agua aos estabelecimentos e campos, sementes, insecti- cidas e carrapatecídas, instrumentos veteriínaríos, maehinas e aipparelhos diversos, necessários ás ín- stallações de trabalhos nas estancias, etc; para in- formação e venda de todos os productos ruraes (gados, couro. lã. cabello. productos agrícolas, etc); para requerer aos poderes públicos o regis- tro de marcas, registro de criadores e registro de anímaes de raça; Organizar entre os sócios, quando fõr conhecida a sua .necessidade, cooperativas para beneficiamen- te de seus gados, por meio do xarqueados regio- naes, matadouros e frigoríficos, devendo a venda de seus productos ser confiada á .agencia do Syn- dicato; • Promover a creação de um banco e caixa de cre- dito rural (Art. 2", § § 2", 5" e 10". ) ." Dispõe o Rio Grande do Sul, pelo histórico fei- to, de duas organizações ruraes: uma, de fins moraes e económicos "A Federação das .'Associa- ções Ruraes do Estado"; outra de fins profíssio- naes e commerciaes: a "União dos Criadores". Em projecTo, que subm'ette á apreciação da So- ciedade Nacioral de Agricultura, o Dr. Jacyntho Gomes propõe a união comimercial das desses agrícola e pastoril do Estado com o objectivo 178 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA de praticar as operações commerciacs que se rela- cionem com a agricultura e pecuária, de modo a realizar o idsal de defesa da produc:ão: "Ao com- prador único, anteponha-se o vendrdor único". Vasto é o plano, que comprehenderá três p;.rio- dos: No prime!':o periodo terá por objectivo manter um escriptorio comnisrcial com pessoal idóneo e technico que se encarregará: a) — de organizar a eslatisitica completa de todas as propriedades ruraes do Estado, de modo a prestar os in.formus necessários para qualquer transacção ou emprehen- dimento, bem assim a estatística perfeita do gado exis"2nte, de cria a invernado, e de todos os produ- ctos de origem animal e vegetal, com o fim de orientar o productor quanto ao preço e calculo de transacção e valorização dos rebanhos; b) — co- lher informações dos mercados consumidores e divulgar em boletirs os dados que devam interes- sar os productores com apreciações e conselhos práticos; ci — facilitar ao criador as installaçõss que desejar, por intermédio de outros technicos; d) — organizar compras em commum; el — fazer- se intermediaria entre os fazendeiros e os grandes bancos; \) — estudar a organização de emprezas de seguros de animaes — de emprezas de benefi- ciamento de couros e lãs. dos depósitos de warran- tagem dos productos e da organização das caixas ruraes. cujo funccionamento facilitará em momen- to opportuno a fuiidação do Banco Rural; g) — praticar todos os actos commerciacs tendentes a facilitar ao criador sua vida de trabalho, produ- zindo o máximo resultado com o menor esforço. No segurado periodo a Sociedade tratará da crea- ção de um estabelecimento especial para o prepa- ro das lãs e do couro, para a exportação e o bene- ficiamento — para o consumo no paiz. cortume e fiação e da centralização desses productos e ou- tros em armazéns gerass com a creação de war- rants. A terceira phase será a da creação de um banco rural — objectivo final pela necessidade de preparar as suas bases. Esse banco fechará em si, ampliando-os, todos os serviços existentes e creará noves. Será o comprador único e o único vendedor. A organização proposta pelo Dr. Jaeyntho Gomes é de uma sociedade commereial. anonyma. por acções, com o capital inicial de 2.000 contos de réis, em chamadas semestraes ide 10 "í", resolvidas sempre pela Directoria, Conselho Fiscal e um Con- selho Económico especial. Xa primeira phase par- ticipa a organização projectada dos fins dos syn- dicatos agrícolas. Estes, nos quaes se comprehen- dem o que tem por objecto a criação de gado ou a industria pecuária, continuam a ser regidos pelo decreto n. 979 de 6 de Janeiro de 1903. substitu- indo-se apenas, no artigo 1", as palavras — Asso- ciação CoT.rr.ercial — pelas palavras — Junta Commercial — (decreto n. 1.637, de 5 de Janeiro ^de 1907, art. 9"l, O referido decreto n. 979 é o que autoriza os profissionaes de agricultura e in- dustrias ruraes de qualquer género, a organizarem entre si os syndicatos para o estudo, custeio e defesa de seus interesses (Art. 1°) e faculta aos mesmos syndicatos adquirir para os sócios tudo que fôr mister aos fins profissionaes, bem como vender por conta deli es os productos de sua exploração e exercer a funcção de intermediário do credito a favor dos sócios (Art. 9"). Na segunda phase a organização projectada pelo Dr. Jacyntho Gomes assume o aspecto coopera- tivista. E' ainda funcção do syndicato: a organi- zação de caixas ruraes de credito agrícola e de cooperativas de producção ou de consumo, de so- ciedades de seguros, assistência, etc. (.\rt. 10° do decreto n. 979). E é permittido ás cooperativas de que trata o decreto n. 1 .637 de 5 de Janeiro de 1907: 1" emprestar sobre hypotheca de immoveis. penhor agrícola e "warrants", estabelecendo para este fim armazéns geraes, na forma das leis em vigor. O penhor agrícola poderá ser feito por escripta particul.ir, sendo necessária inscripção no regis- tro lo termo ou coT.arca para valer contra ter- ceiros. 2' — Emitiir bilhetes de mercadorias, "os ter- mos da legislação em vigor; 3' — Receber, em depozito, dinheiro a juros, não só dos sócios como de pessoas estranhas á So- ciedade (decreto n. 1.637 de 5 de Janeiro de 1907, art. 25 1. k defesa commercial da producção. pode-se. con- seguintemente. fazer á sombra da legislação vi- 'gente, que permitte a organização, sem ónus ou restricção, do apparelho económico necessário. Em 1905. por occasião da discussão do proje^ cto do Dr. Ignacio Tosta, deputado Federal pela Ba- hia, o qual motivou o decreto n. 1.637 de 5 de Janeiro de 1907, foi debatida largamente a questão de saber se se deveria dar aos syndicatos profissio- naes essa delicada tarifa, se lhes dê a faculdade de formar a seu lado sociedades para fins commer- ciaes para aquelles de seus membros que o deseja- rem, mas sem impor obrigação áquelles que pre- ferirem o fim principal da defesa de seus interes- ses profissionaes; 2" — que taes syndicatos em- bora compostos de miembros do syndicato e del- le saaido>. sejam considerados por lei organismos dislincíos, com sua administração e sobretudo com .caixa sepanda; 3" — exigir certas condições mais rigorosas dos syndicatos qus quizerem exercer taes funcções. Tal com ef feito o critério legal. No Rio Grande do Sul não funaciona uma or. ganização nos moldes da Sociedade proposta pelo Dr. Jacyntho Gomes, encontrando-se, entretanto, esboçada no programma da União dos Criadores, (.5 5" art. 5" dos seus estatutos), a organização entre associados, de cooperativas para b-eneficia- mento de seus gados, devendo a venda dos produ- ctos ser confiada á Agencia do Syndicato. Em 1909, criadores reunidos em Porto Alegre, levantaram a idéa de uma união da classe para a constituição de uma associação de defesa dos interesses ma'teriaes dos sócios. Foi dirigida pela commissào central leleita esta consulta aos criado- res: se a sociedade devia ser uma sociedade ape- nas profissional para promover a defesa e conve- niência dos interesses da classe, ou uma socie- dade cooperativa, que além dos estrictos supra- referidos proxova e realize os interesses materiaes da união por meio de installações de xarqueadas nos differentes pontos do Estado, para beneficia- mento dos gados dos sócios; installações e agen- cias ds depósitos nos principaes mercados con- sumidores para a venda dos productos beneficia- dos e creação de um Banco Central de Credito Ru'al para os associados .encaixarem filiaes nas lo- calidades em que convier. Foi fundada a Sociedade União Pastoril ■; Agrícola no mesmo anno de 1909, mas não realizou o programma. A LAVOURA 179 Manifesta é a conveniência do funccionamento de um apparelho no Estado do Rio Grande do Sul que promova a defesa commercial da producção. Com effeito. velha e vardadeira é a máxima "pro- duzir não é tão difficil como vender". E tal verdade se accen.tua nas épocas anonnaes de crise dos productores quando se observa a bai- xa dos producíos, a falta ds credito e as especula- ções dos trusts. A Soci';dj)de planejada, que se en- quadra no decreto n. b.532 de 20 de Junho de 1907, pode bem ser uma sociedade cooperativa que é. nos termos da lei, uma sociedade de caracter commercial. Tal apparelho pode 'realizar o ideal da unificação do vendedor, prinicipalmante, nos mo- mentos anormaes, antepondo ao comprador único o vendedor UíHíco. Tal cooperativa não poderá triumphar sem o concurso do credito agrícola. Parallelamente, com a projectada instituição dev; ser piromovida a creação de um Banco de Credito .^gricola, e. tal deve ser o esforço máximo das classes productoras do Rio Grande do Sul. Conforme escreve o Dr. Jacyntho Gomes, o seu objectivo é golpear as uniões ruraes existentes no Estado. Diz mesmo o criador sul-rio-grandense, textualmente: "Ss as associações ruraes quize- rem incorporar as minhas idéas aos seus estatu- to.s, estou prompto a concordar." Move. por conseguinte, ao Dr. Jacyntho Gomes nobre propósito, o qual não 'poderá ser effectua- do s;m a mais larga cooperação. "Em face de todo o exposto, a Sociedade Nacio- nal de .agricultura é de parecer, que o projecto do Sr. Jacyntho Gomes revela um pensamento supe- rior qual o da organização profissional e commer- cial das :lasses productoras do Rio Grande do Sul, e que, estas devem congregar-se d; modo a pos- suírem um appare?ho econamlco central, capaz de realizar a defesa commercial da producção, como pleteía o projecto. E. havendo conveniência de systematizar os es- forços, em vista de pontos de contacto do proje- cto com os das uniões ruraes existentes no Rio Grande do Sul. a Sociedade Nacional de Agricul- tura lembra que a momentosa questão seja deba- tida e resolvida na Assembléa que vae ser convo- cada, opportunamente, com assistência dos d'elega- dos da Federação das Associações Ruraes e União dos Criadores, sobretudo nesse instante, em que, no Estado se agita, a fusão das duas importantes aggrsmiações. Tal o parecer da Sociedade Nacional de .Agri- cultura. Gabriel Ozorio de Almeida. Miguel Calmou. Bento de Miranda. Joaquim Luiz Ozorio (relator), Augusto Ramos e Victor Leivas. r^-^^^s»^^-^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^»»^^^^^^^^^^^^^^»^^^»»^^^^^^^^^^^^^^ 0^^*^^^^^^ A Borracha e a Amazónia Torna-se cada vez mais alarmante a situação da .Amazónia. .As mais recentes noticias annunciam a retirada, em grandes levas, dos trabalhadores de seringaes dos altos rios. e a nudez e a miséria dos ha- bitantes das regiões exclusivamente borracheiras do delta do grande rio. .A consequência será fatalmente a desorganiza- ção completa do trabalho nos immensos latifún- dios que constituem a maioria da propriedade gommifera nas regiões dos affluentes do alto Amazonas, do Acre, Tapajós, Xingu e Jary. Os seus proprietários, levados ao extremo Hmite da resistência, através do credito que lhes era forne- cido pelas grandes casas aviadoras, vão, um a um. fraquejando e abandonando a peleja, impotentes para fazer face ao custeio dos seus seringaes, mes- mo reduzidos a um mínimo intranponivel. .A seu turno, as casas commerciaes aviadoras, realizados os seus recebimentos aos irrisórios pre- ços actuaes, vão, uma a uma. entrando em concor- datas ou fallencias que ameaçam de completo an- niquilamento o commercio das duas praças do extremo norte — Belém e Manáos. Não nos parece nem útil, nem opportuno, en- trar na apreciação das caus_as próximas ou re- motas desse tão grande descalabro; considerare- mos o facto como uma fatalidade económica, e procuraremos verificar se a situação comporta medidas salvadoras de emergência que impeçam a ruina total de uma vasta organização económi- ca, rudimentar embora, mas "sul generis'"; que, quando outros não tenha, possua entretanto o mérito incontestável de ter sido toda ella archi- tecíada com a energia e trabalho genuinamente nacionaes, e mantida com o auxilio do capital crea- do, "in loco", por essa mesma energia e esse mesmo irabalho. Na exploração dos seringaes da Amazónia, nem um ceitil de capital internacio- nal ou interestadoal foi empregado. O amazonen- se, paraense, cearense ou nordestino que pene- trava na floresta virgem, levava comsigo, além da sua energia, sobriedade e destreza, um peque- no fornecimento de rudimentares utensílios e ali- mentos fornecidos por casas commerciaes. na maioria portuguezas, das praças de Belém e muito mais tarde de Manáos. Uma única excepção talvez poderá ser apresen- tada, e essa consiste na parte de capitães ingle- zes que subscreveram as acções da primitiva Com- panhia de Navegação do Amazonas, subvenciona- da pelos Estados interessados e pelo Governo Ge- ral. Desses pioneiros, passou-se lentamente ás grandes propriedades, verdadeiros "estafes", com numeroso pessoal, vastos depósitos de mercado- rias, rebanhos de muares, lanchas, vapores, em- barcações miúdas, etc. Para manter em efficíencia .esita organização "sui-generis", Taz-se mister um capital mais ou menos avultado, representado num valioso "stock" de mercadorias. Este capital, apezar de muito reduzido actual- mente, é entretanto imprescindível; a falta delle e a impossibilidade de renoval-o pelos proprietá- rios em completa ruina e sem possibilidade de no- vos recursos, é que vae determinando o êxodo dos seus habitantes e as scenas de desespero e misé- ria de que nos dão noticia os telegrammas. Examinemos, pois. rapidamente, se haverá ou não vantagem e conveniência em impedir que essa desorganização se ultime, o que representará a — 180 — BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA compl-to aniquillamento da indusíria, da produ- ccão de borracha na Amazónia; ou se ainda me- rece amparo, por pequeno que seja, essa indus- tria, outr'ora tão prospera; uma vez verificada a possibilidade, já não dizemos do enganoso ex- plendor de outros tempos, mas ao menos, da ob- tenção de preços assaz remuneradores que per- mittam a producção do nosso typo clássico — a "fine hard Pará". Não ha mais duvida que a extrema depressão de preços desta preciosa matéria prima é devi- da a avultada producção do extremo Oriente e á uma grande retracção do consumo. Este phenomeno económico que se estende actu- almente a todas as matérias primas, culminou com a borracha, talvez o único producto que. nem mesmo durante a grande guerra, conseguiu me- lhoria apreciável nas suas cotações. Fechados ainda, a bem dizer, os grandes mer- cados consumidores da Europa Central e da Rús- sia, extraordinariamente retrahido o consuinidor por excellencia, que é a Norte-.\merica. a offerta sobrepujou de ta! modo a procura, que os preços attingiram a niveis desconhecidos, até alcançar as cotas negativas, abaixo do custo de producção. Mesmo nas modelares plantações do Oriente, esse nível já vae sendo atlingido e a situação da maior parte das Companhias e Plantação não é muito mais brilhante que a dos seringais do -Ma- deira, do Juruá ou do Acre. Quando a miséria já vae batendo ás portas des- sas poderosas explorações agrícolas, creadas pela riqueza e tenacidade de inglezes, hoUandezes e americanos, amparadas por uma maravilhosa or- ganização commercial e bancaria; não será para causar surpreza que a pobre .\mazonia. abandona- da aos seus próprios recursos, depereça, agonise e morra. Desde 1013 que, por saltos bruscos, a producção de borracha de plantação vem sobrepujando a da borracha sylvestre. a ponto de representar, hoje. a producção brasileira, 8 a 10 ";° da producção mun- dial. Em 1918, sobre uma producção total de 290.000 toneladas, nós produzimos 22.682, ou um pouco menos de 8 "•". Quando, por consequência, os reis do mercado dão o brado de alarme e affirmam que a industria de producção da borracha passa por duros tran- ses, e que é mister vir em seu auxilio com remé- dios heróicos, a nõs, pequenos productores, tendo entretanto nas mãos alguns trunfos de valia, com- pete acompanhar com attenção os movinienlos tácticos de defesa dos maiores interessados e aproveitar, o mais que fôr possivel, dos resulta- dos colhidos. X principio cogitaram de uma diminuição da producção, mediante um accòrdo entre 75 "1° das companhias de plantação; plano que está sendo executado, sem comtudo ter conseguido resultados apreciáveis. Cogitam agora da organização de um castello monstro, de modo a controllar a offerta atravéz de um vendedor único, e ao mesmo tempo conse- guir recursos financeiros para os "Estates" mais fracos, ameaçados de abandonar as suas planta- ções á pujança da vegetação tropical. Citemos algumas autoridades no assumpto par.i corroborar as nossas affirmativas. No numero de '2 de Abril, do "Ecoinomist", en- contra-se, no relatório apresentado na reunião an- nual da "United Serdang (Sumattra; Rubber Plantations, Limited", o seguinte tópico: Prospecto — • "Tomando em consideração o pouco vulto dos "stocks" invisíveis, e que a pro- ducção deve, por força dos baixos preços actuaes, diminuir todos os mezes cada vez mais, até que o preço corrente cubra de novo o custo de produ- cção, seria provavelmente de grande vantagem para o conjuncto da industria se durante seis mezes fosse conseguida a diminuição de 50 " " na producção. o que seria sem duvida suf- ficiente para habilitar o bloco da producção, ma- nufactura e distribuição a reconstituir-se dasí^pre- sentss difficuldades financeiras, e retoiíiar o seu surto no anno próximo em condições de firmeza commercial " . Como se vê da exposição acima, esta pros- pera companhia já se occupa da restriccão de .50 "," na producção. como remédio para os baixos preços, de modo a que elles possam de novo co- brir o custo da producção. Para que se tenha uma idéa clara da actuai si- tuação da industria da borracha no Extremo Oriente, estudemos alguns lados decisivos no as- sumpto. Nesse mesmo relatório, a que. nos estamos re- portando, encontram-se os seguintes dados: "O custo da producção f. o. b, no porto de embarque, incluindo commissões da Directoria, de- preciação etc, porém, excluindo o prejuízo no cambio de lsd.2, 22 por Ib. contra Is O.d. 8ií por Ib., no anno anterior". .^0 cambio de 8 1'2 que tem, mais ou menos vigorado entre nós nos últimos tempos, este custo de producção por Ib. ingleza. eleva-se a 1S742. .Attendendo a que a libra ingleza contém ape- nas 453. 6gr. o custo da producção do kilogram- ma de borracha fina, nessa grande fazenda de Sumatra, elevou-se a 3S.40 rs. de nossa moeda. Verifica-se immediatamente que, ao contrario do que é correntemente propalado entre nós. o Ori- ente não produz borracha tão barata como se di- ria; a tal custo de producção a Amazónia está habilitada a produzir toda a sua safra normal. Cotejemos agora estes dados com as seguintes notas que tomamos ao mesmo jornal "The Eco- nomist" de 7 de Maio p. p- no titulo — "Stock Exchange News" — ".A borracha attingio esta semana ao "record" dos baixos preços de Pd., por libra. o que determinou no seu mercado de titulos um estados de completa inacção. Seguio-se depois uma certa retomada de ne- gócios, mas emquanto não se manifestar de publico não inanifestará desejo de adquirir acções. Por outro lado. os actuaes possuidores estão de- cididos a acompanhar de perto os movimentos, porque não é grande o volume á venda, do mer- cado". Ora. o preço de 9d. a- libra corresponde ao mes- mo cambio de 8 112 d. a I.'^102; como já vimos que o custo de producção elevou-se no Estado em questão a l-'^742. segue-se um prejuízo inevi- tável de S640 por libra ingleza ou lS4n por ki- logramma. Esta situação critica do mercado de borracha é salientada pelo seguinte artigo do mesmo jor- nal de 30 de .Abril, sob o titulo : — "The La- test Scheme" — O preço da borracha de algum tempo a esta parte, tem se contido um pouco abaixo de 13 por libra, e a despeito da redu- cção do custo que alguns dos estabelecimentos productores puderam levar a cabo. é evidente que vender borracha a l-'^. a libra pouca remuneração poderá fornecer ás emprezas de plantação. Já do A LAVOURA 181 Médio Oriente nos chegam noticias de que a reducção das despezas, realizadas em algumas fa- zendas, está cliegando a um ponto que se torna perigoso, pois as plantações da borracha exigem uma certa somma de despezas de conservação que, se não fôr mantida, pôde determinar uma rápida deterioração nas arvores, e a invasão da vege- tação tropical de tal modo a ameaçar as fazendas- se não fôr efficazmente combatida. O mercado americano está sendo prescutado com anciedade para vislumbrar-se qualquer reani- mação nos negócios nos Estados Unidos que possa reflectir favoravelmente sobre o preço da borracha bruta. Alguns pequenos movimentos de melhoria iá foram notados, mas entrementes vão se amontoan- do os "stocks" em Londres em proporção descon- certante, e actualmente existem aqui em primei- ras mãos algumas 67.000 toneladas que devem ser vendidas antes que haja qualquer probabilidade de melhoria de preço da matéria prima. Peritos no assumpto declaram "que a borracha não se con- servará por muito tempo" (Experts declare that rubber wiU no Keen for long...) e ainda mais que a menos que os "stocks" sejam negociados dentro de um prazo razoável, a borracha torna- se-á imprópria para a maioria dos artefactos com ■excepção dos mais grosseiros, (and that, unless the stocks are marketed within a reasonable time, the rubber wiU be come useless for any except lower-grade class of work). O plano de restricção da producção, que foi pos- to em pratica no fim do anno passado, não de- monstrou ser a panacéa com que contavam os ac- cionistas de emprezas de borracha. Não será entretanto para admirar que resurja o protesto da creação de uma agencia ou compa- nhia; única intermediaria vendedora de toda a producção aos compradores mundiaes e que fi- caria dest'arte em condições de controlar a pro- ducção. com a correspondente valorização do pre- ço da borracha bruta . Já foram encetadas negociações que estão em progresso ultimaniente entre alguns dos grupos in- teressados, inglezes e hollandezes, nesse sentido, e um plano, discutido no "índia Rubber .Journal" de .Abril 23, opina pela organização de uma nova companhia com um capital avultado, cujas acções seriam tomadas pelas companhias de borracha. A vantagem de ter uma única agencia vendedora é obvia bastante se o plano fosse posto em fun- ccionamento. Onze annos são passados desde o rubber boom de 1910. e tal plano, tantas vezes esboçado, ainda não pôde attingir maturidade. Os compradores americanos estão todos ligados, segundo o habito americano, e a combinação por meio de suspensão de ordens de compra ou de ex- ecução delias, tem tido mais poder de regular o preço do producto do que os vendedores poderiam possivelmente realizar. Isso porque os vendedores são compostos de centenas de "estates" differentes. trabalhando, ou varias condições de climas, facilidades de trans- portes e de trabalho, e de credito. Neste momento, porém, em que a industria at- tingiu ao seu presente estagio 'e qu; os lucros têm sido reduzidos quasi ao ponto de total desappa- recimento, os differentes grupos interessados es- tão se encontrando no terreno da sua afflicção commum. e é possível que, fora do actual irrisório (parlous) estado do mercado de borracha, algum plano possa evoluir. Não ha como encobrir o facto de que uma fal- ta de confiança mutua entre os differentes gru- pos de interesados. inglezes e hollandezes, chine- zes, indianos e malayos, coustitue um serio ob- stáculo aos esforços empregados no sentido da centralização da venda. Tem-se dito e repetido, que onde quer que seja estabelecida esta agencia, a certeza de falhar ao compromisso em qualquer dos membros do grupo faria mallograr todo o plano. A outra difficuldade que surge é a de obter mais capital, pois "estates" premidos pela neces- sidade de dinheiro e que conseguirem emprésti- mos sobre garantia da sua safra, poderiam encon- trar-se em difficuldade se a agencia vendedora de- cidisse sustar a sua apresentação no mercada. .Auxilio valioso deve ser lev.ado aos irmãos mais fracos entre os plantadores, e perguntas; quem é que estará em condições de embarcar mais capi- tal em borracha em tempos como este? .A respos- ta será certamente, que. se não fôr fornecido ca- pital fresco, um 'grande numero de "estates" terá que ser constrangido ou a submetter-se a recon- strucção ou a liquidação final. O plano para o estabelecimento de uma com- panhia vendedora tem as suas evidentes \anta- gens, e os possuidores de acções acompanharão com anciedade o desenvolvimento de um projecto que. para o seu êxito, fica dependendo do apoio da grande maioria dos productores inglezes ou es- trangeiros. Não deixemos de concluir incidentemente que os compradores americanos de borracha observa- rão com aguda attenção o curso dos acontecimen- tos". O facto de que um certo numero de fazendeiros está sendo obrigado a abandonar as suas planta- ções, tem a sua confirmação em trechos como este. que encontramos no relatório annual de — "Edinburgh rubber states limited": O facto de que certo nuinero de propriedades tiveram de ser abandonadas, ( . . . have had to clise down...) e que a grande maioria das outras concordaram em reduzir de 25 °"' a producção. ainda não surtio effeito apreciável no mercado... E mais adiante: A industria da borracha está passando por uma phase que. infelizmente, é commum a muitas outras indlustrias neste paiz e algures no actual momento, e este periodo de depressão só passará com a retomada dos negócios em geral". Do que acima fica exposto, verifica-se clara- mente que a crise da borracha não é privativa da .Amazónia: que ella se estende hoje aos gran- des dominadores do mercado. Tendo os preços attingido a um nivel que. na maioria dos casos, não cobre o custo de produ- acção. um certo numero de proprietários tem sido obrigado a abandonar as plantações; uma grande maioria continua a produzir com prejuízos, cober- tos pelos seus mais ou menos avultados fundos de reserva, e só um reduzido numero de an- tigas e poderosas companhias é que conseguem produzir com lucros que são levados a fundos de reserva, sem animo para distribuição de dividen- dos. Nesta emergência depressiva, surgem os planos de valorização do producto. algunr dos quaes vão entretanto esbarrar com uma grave difficuldade, que é a deterioração dos "stocks". Mas não 182 - BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA pôde offerecer duvida que a reducção a 50 "j" da producção, a criação do vendedor único, e, a nor- malização do commercio mundial determinarão fa- talmente uma -elevação nos preços, de que nós, pe- quenos productores. nos poderemos aproveitar. Além disso, com o nosso rudimentar processo de defumação, poderemos sem perigo guardar "sto- cks", pois a experiência d;monstra que o nos- so typo de borracha defumada pôde durar inal- terável, dezenas de annos. Nestas condições, é claro, ser dever nosso impe- dir que se desorganize totalmente o trabalho na .'\mazonia. acudindo directamente em auxilio do productor. Eu lembraria um empréstimo ao productor até o montante de 25.000 contos, sob garanti.i do producto armazenado em Belém, Manáos ou Co- rumbá, adoptando-se o preço máximo de 2S500 por kilo da borracha, fina e secca, calculando-se o valor do empréstimo em 70 " " do preço do gé- nero depositado, prazo de 6 mezes a um anno e juro de S "i". Tolerância de reforma total ou parcial do em- préstimo por mais 6 mezes. á proporção que se fossem vendendo os "stocks". Empréstimo sobre hypotheca das propriedades, (de accõrdo com os seus tilulos e demarcações) nas m.esmas condições de prazo e juro. mas so- mente até o montante de 50 "," da avaliação das terras e bemfeitorias. Para prover a esses empréstimos o Governo se- ria autorizado a fazer uma emissão especial, com poder liberatório somente no Pará. Amazonas, Acre e Matio Grosso, compromettendo-se os Es- tados respectivos e a União a aceitar as suas no- tas, em pagamento de impostos, nas repartições arrecadadoras — Alfandegas. Recebedorias e Me- sas Qe Rendas. .As notas seriam incineradas á proporção que se fossem vendendo os "s;ocks" e liquidando os em- préstimos hypothecarios. As informações que colhemos de diversos pro- prietários dos altos rios é que. actualinente. em todos os logares em que a agricultura é possível, tem-se plantado lodos os cereaes indispensáveis á vida nessas regiões, como a mandioca, o arroz, o milho, mesmo a canna de assucar, etc. Hoje. as populações da Amazónia precisam urgentemente de roupa e medicamentos. O recurso medico que propomos aos altos po-. deres do paiz tèm por fim fornecer aos proprietá- rios esses elementos, para que elles possam man- ter o pessoal indispensável á conservação das suas propriedades; por outro lado. dando empres- tado sobr; hypotheca desses immensos latifúndios. o Governo Federal habilitar-se-á, em caso de fra- casso completo do plano, a tornar-se proprietário de vastos trechos do território da .Amazónia, que de outro modo. talvez fossem parar ás mãos dos estrangeiros. Para que o auxilio proposto se tornasse mais efficaz. o projecto deveria prsvêr a preferencia de ser elle feito por intennedio de um grande cartel de productores de borracha, pára ver se assim con- seguiria a convergência de esforços pela standar- tização do nosso typo de borracha fina. Filho e represenianve daquella região, attingida actualmente por uma calamidade económica, vão estas suggestões. soh o patrocínio da Sociedade Nacional de .•\grioultura, como contribuição ao es- tudo e solução do problema do seu soerguimento. BENTO DE .MIRANDA QUANTIDADE E OUAUDADE Quando, na sessão de 7 de Junho, se debateu, na S. N. de Agricultura, a questão do "deficit" alarmante da nossa balança commerclal. o Sr. Rodrigues Caldas, com a palavra, sustentou que não basta cuidar do augmento e da valorização do producto, sim da sua qualidade e da sua embal- lagem. Na deficiência observada no paiz relativa- mente a essas duas condições essenciaes para uma boa acceitação do producto no estrangeiro reside, conforme sustentou o Sr. Caldas, a causa primor- dial da diminuição das nossas exportações. Esta op'nião provocou animado debate, no qual tomaram parte diversos oradores. Mas. ainda dei- xando á margem as opiniões por ella despertadas, forçoso é convir que sobejas razões tinha o autor da proposta que puzera a questão nos seus devi- dos termos, pois os nossos lavradores carecem de cuidar melhor de seu producto para que. inspi- rando maior confiança aos importadores europeus, consigam preços mais compensadores. Um exemplo typico pôde ser dado com o cacau da Bahia, .^dquirido por terceiros, que o expor- tam, aprasenta-se ao compradores da Europa e dos Estados Unidos em typos baixos, que apenas consultam o intsresse do revendedor. Mas bastou que um adiantado agricultor de Ilhéus, o Sr. Muller, exportasse directamente o seu pro- ducto. devidamente cuidado e classificado, para que os preços alcançados causassem pasmo pela differença observada entre elles e os obtidos pela generaldade do producto. Outro exemplo pôde ser dado ainda com o algodão do mesmo Estado. Havia alli, até a fundação do Centro Industrial do .Algodão, um lamentável abandono da producção algodoeira. O Centro dirigindo neste particular a acção das fabricas de tecidos, determinou a inspe- cção oiírigatoria do produclo, dentro de quatro ty- pos preestabelecidos; primeira, m.ediana. segunda e terceira. Os agricultores receberam com certa animosidade essa imposição. Mas depressa se convenceram da sua necessidade. Algodão de zo- nas consideradas inferiores passou a obter esplen- didas cotações. Foi isto que. conforme o autoriza- do depoimento do Sr. Juvenal Lamartine. conse- guiram governo e lavradores no Rio Grande do Norte. Por toda parte onde o estimulo arrasta os agri- cultores e os productores em geral a cuidados no- táveis e perfeito beneficiamento, a producção pôde lutar melhor com a exploração de terceiros. Como, porém, ponderou lo Sr. Ribeiro Junqueira, é pre- ciso reclamar do governo cenas medidas prote- ctoras. Este deve auxiliar e estimular essa me- lhoria da qualidade e um melnor trato para todos os productos brasileiros. Não basta, porém. isto. Os próprios productores. directam.ente interessados no caso. devem entregar-se com desvelo á tarefa que se lhes exige em beneficio próprio e do cre- dito, da riqueza do Brasil. A LAVOURA - 183 Nada ha de, extraordinário no transe critico por que passa o paiz. neste momento. A crise sempre existiu entre nós, temos vi- vido perennemente em crise. Nós é que. não a sentimos, por ve^es, com o rigor, a premên- cia de a.gora, porque os palliativos que lhe são administrados, então, suavizam-lhe a apparen- cia de gravidade. Na sua essência, porém, não mudou jamais, tem persistido nestes trinta e dois annos de regimen republicano. Nem podia desapparecer do scenario da nos- sa actividade politica de povo livre e nação autó- noma, por isso que é a resultante inevitavej, in- fallivcl das forças nacionaes mal dirigidas. São os erros administrativos dos poderes públicos que a einanam, e a repetição dos mesmos em go- vernos seguidos que a mantém. Toda vez que a quebra do nosso siiffjosto equilíbrio financeiro se dá bruscamente e bem fundo, é para o theorismo da Sciencia das Fi- nanças que se erguem os braços em supplica. Polwe delia I nada mais lhe sobra que atirar ás mãos dos imprecantes, tanto já lhes tem da- do. . . E, assim, o mal progride para o seu periodo chronico, apenas atteiuiado com esta ou aquella applicação therapeutica de recurso. No emtanto, si ao envez de continuarmos a sopitar no philosophismo da Economia Politica, procurando evitar effeitos sem debellação de causas, quizessemos reconhecer o grande arro em que temos laborado, veriamos immediatamen- te quão artíficiaes e inefficazes são todos esses meios abstractos que se têm alvitrado, aconse- lhado e lançado mão. Com ef feito. Como podemos gastar e liberal- mente, dentro das normas de; acção honesta, si não produzimos e muito nienos economizamos?! Não ha doutrina económica que contemple, ou SLipporte processo tão paradoxal, despauterio tão forte . Precisamos produzir e só ha um meio de o conseguirmos : é minerando o outo do nosso sub- solo, é trabalhando a nossa maior fonte de ri- queza estável — a agricultura. Mas, com a orientação e o critério que vimos seguindo ? Não. O Brasil, paiz agricola por excellencia, deve relegar, para um plano de cogitações mui remo- tamente futuro, a installação e o incremento da industria derivada. Não ha sobre que fundai-a, porque não ha com que alimental-a. Seria distrahir da lavoura a nossa mão de obra já tão escassa, e do paiz o ouro na im])ortação da matéria prima . Ainda não nos achamos preparados pa.ra a pha- se da actividade industrial. O que nos compe- te, urgentemente, é rectificarmos a direcção im- pressa nos nossos destinos económicos ; é retro- cedermos do caminho errado em que avançámos e muito. O que se nos impõe é fazermos agricultura, de verdade; é explorarmos, racional e efficien- temente, a lavoura e a criação. Este deve ser o programma exclusivo de governos successivos, por três ou quatro décadas a virem. Só depois poderemos contar com elementos certos e inillu- diveis para o estabelecimento da industria, a que todos os povos, são. por fim, levados que bem conduzem a sua evolução agricola. Não desvirtuemos, pois, a nossa indole, de paiz productor e exportador ; attentemos, seria- mente, no que nos dizem factos palpáveis, cate- góricos, concludentes. Iniciemos o grande surto da nossa agricultura, sensatamente, com perfeito .juizo e noção exa- cta das coisas, sobretudo com amor ás nossas in- stituições magnas, que só nos farão realçar no seio da humanidade civilizada. Retomemos, todavia, o principio do fim, cuja mohservancia se vae integrando nas nossas qua- lidades de caracter e se tem constituído a causa dos nossos males geraes. Não levemos o pão a quem tem sede, querendo inculcar no espirito obtuso do nosso meio rural, supinamente ignorante, os principies modernos da sciencia agronómica. Antes de mais 'nada, eduquemos o agricultor nacional, soliretudo profissionalmente, para de- pois assentarmos as bases permanentes do nos- so desenvolvimento agricola. O nosso futuro de nação independente, rica e poderosa, reside completamente na exploração dos campos. Antes de exploral-os, porém, ha- bilitemos o braço que o deva fazer, dif fundindo intensamente, sob moldes profícuos e. defníiti- vos, o ensino agronómico em todas as suas mo- dalidades e por todo o território da Republica. THO.AIAZ COELHO FILHO. 181 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA A Dipeetopia de nieteopologia e as opiniões de seu ehefe, Dp. Sampaio perfaz Anudindo ao desdobrara o paiz, as suas sementes oleagino- sas. Em lí>19. exportamos 84.395. 1(>5 kilos de sementes oleaginosas e, apenas, 4.140.311 kilos de óleos vegetaes, quantidade esta muito pouco inferior á de importação destes productos, Conimunicou ainda que experiências feitas na Bclgica com o óleo de palma como combustível p.ira o« motores semi-Diesel tinham demonstrado que poderia ser usado sem nenhuma modificação nos motores. Em caracter .particular, o chimico Berlim de Carvalho procurou, na Sociedade Industrial Siiissa, o agente desses motores, ique se promptificou a mandar amostras do nosso óleo de palma para wer experimentado mas próprias fabricas. Outros agentes também ficaram, assim como ou- tras agencias, de remetter ás suas (."abricas de mo- tores o óleo bruto aqui preparado. Aquelle chimico demonstrou também ao Minis- tro a importância que teria o estudo chimico-in- dustrial das nossas sementes oleaginosas e da realização de uni congresso, durante as festas do Centenário, de industriaes, chimicos c agriculto- res nacionaes e estrangeiros que se dedicam á in- dustria de matérias graxas e animaes. O Sr. Simões Lopes achou o assumpto muito palpitante c reconhecendo as vantagens que po- preheiisões. em con- traste eoini a vida alegre paquete, civniiuandad > peio s.vni- pathieo capitão Dick, que a tol is eai)tivoii cUiriii- te a trav-'ssia, .Dc&embaread js. depo.is de .•xaniinadas as ma- las, aberta uma a uma para verificada. > do sen coiiteudii. seguimos a tiiniar o e imb iii> que, eii- ifileirad:) ao longo dos armazéns do cács, nos de- veria conduzir até Londres. Toda igénte se ad- mirava de que a ".Mala Real lu^leza" conseguisse iini trem especial naquelle miimento. (|uando o serviço ferro-vi.ario estava prestes a paralysar. sob a aiiuaça do operariado coheso c decirlidi) a for- çar o gDverno á satisfaç.ão das suas imposiçõies. O facto é (juc a despeito d; tudo, tendo partido de Sonthampton ao uieio-dia, chegávamos à e.sr tacão de Walerloo á meia-noite. sem ter o que comer, .gastando tão dilatado tempo numa via- gem, n;irm alimente feita em duas liiras! .\ nossa entrada iia grande metrópole ingleza era iinsitivaniente de intranquillidade. tanto mais quanto oOr. Siciliano, que aqui dirige a podero- sa Companhia Mecânica -' Imporladora de S. Pau- lo interpretando o sentir geral, nos dizia, basea- do na leitura de jornaes locaes e nos factos eon- erelus. que nunca a crise operaria se manifesta- ra tão violentamente como dessa feita, deixando entrever nas suas palavras, emhira veladas, que estávamos ás portas da revolução civil, K. realmente, assini p.areeia. p lis nessa me-iiia noite haviam ccrl.ado os fios telegraphic :s e t:-k- phoiieos nos arredores da cidade com o pr,i- |:i)sito, que depois se verifieou. de isilar inteiva- nienle Londres do resto do paiz. pian;) frustra- do desde logo pela energia do governo, que. mo- ■A LAVOURA — - 187 bilizando grandes contingentes de forças, fez sen- tir aos perturljadores que se achava armado de ■c'iementos siifficientemente capazes de siiffocar qualquer inoviínenlo revolucionário, estaudo mes- ni" disposto a empregar a violência, se a tanto o forç4»sseni os perturbadoras da ordem. ;. Dalli para cá nenhuma outra manifestação de 'importância tem sido realizada pelos grevistas, ós iquaies se tem limitado á conversações com o governo para resolver a situação, bastante per- turbadora da vida industrial do paiz. ■Desse anormal estad > de coisas, que se vèni pro- longando, resulta que a Grã-iBretanha já teve um prejuizo avaliado em liljras flõ. 000.0011, o que equi- ■ 'vale 'dizer um milhão e novecentos e cLnooenta mil contos de réis da nossa moeda ao cambio acUial! Bem se poder.í avaliar, ahi, do estado actual do espirito publico neste grande paiz. con- .s;.-r\ador por excellencia. ela variedade dos productos expostos, fazendo, aliás, referencias altamente elogiosas, que muito que tudo fosse attendido com a solicitude e presteza que o caso exigia. :De maneira que foi possível fazer uma jiropa- ganda methodica durante os quinze dias de fun- ecionamento da exposição, da qual certamente re- sultarão vantagens para o Brasil c;immercial e agrícola. Fiícram-se representar condignamente os Es- tados de Minas Geraes. Pará, .Amazonas e Bahia, cujos productos muito interessavam aDs visitantes. O jury ])remiou-os com taças de prata, que se- i'ão exp')stas nesta capital, opportunaniente. Ao .governo do Brasil iconbe uma taça de ouro, a maior recompensa da exposição e ao Ministério da Agricultura uma medalha -de ouro. Vários ex- positores tiveram menções honrosas pelos pi-odu- ctos expostos. Aproveitaram os delegados para fazer grande propaganda do malte, dislrbuindo-o nos últimos dias. e. bem assim, os charutos da Bahia, que muito agradaram, e as castanhas do Pará. já co- nhecidas e muitíssimo apreciadas em toda a In- glaterra. Ha muitas possibilidades para essas productos e para as madeiras, e. "bem assim, para outros, cuja apresentação causou admiração, por isso que absolutamente não se sabia aqui da existência del- les no Brasil. Estão nesse numero a manteiga, os queijos, as conservas de doces, as laranjas,, os calçados, etc. Os productos do Brasil são p.iuc.o coiLhecidos na Inglaterra, por falta de propaganda. Ha muita coisa a fazer nesse terreno, .mas. quando se pre- tender agir em tal sentido, é necessário que o seja com inlclligencia e visão iiatriotica, E" um caso a estudar. Xão me canso de proclamar que aípii existe um vasto campo qjara a collocação de productos tro- picae.s, alKuns dos quaes encontram possibilidades de primeira ordem.. H.VXXIBAL PORTO" Motas sobre avicultura fl criação de gallinhas de raça pura A criação de aves de pura raça. quer com o fito de ganhar dinheiro, quer como "sport". é recompensadora c nella se encontram nmitos e grandes attractívos. Mesmo um campo vasto de observações e es- tudos interessantes se nos depara ser esta criação. De facto, tão jjouco se necessita para encetar a criação de aves ])uras (embora i)areça a muitos que assim não seja) que quantos possuíssem um palmo de terra as deviam criar Num rústico gallinheiro. podcndo-sc aproveitar um i"aixão bem engradado de um mo\el qualquer, collocado de maneira que apanhe bastante sol de ma"l'."i I' (lue esteja abrigado dos ventos do sul, poder-se-á muito bem iniciar uma criação de gal- linhas de raça. Basta que consigamos de um avicultor conscien- cioso uma dúzia de ovos e que a colloquemos sob uma gallinha bastante aferrada no choco, em to- gar em que não baia barulho e luz intensa, para estarmos apparelhados para iniciar uma pequena criação de gallinhas de pura raça. .Antes, porém, de adquirirmos os ovos. temos que resolver o pridjlenia da raça e variedade de gallinha a escolher. Nessa escolha tèm i)ronun- eiadíi influencia: 1". o fito do avicultor, isto é. o fim da criação, se é ter frangos e gallinhas gor- das para a mesa. ou se prefere ovos cu) abundân- cia, ou ainda ter gallinhas de luxo para mostrar ás visitas, etc. ; 2°, o gosto do avicultor; 3", a lo- calidade e o clima cm que desejamos começar a criação. ^ Porém, não estou em erro se apontar aves como a Dorking. Orpington. variedades branca, amarei- A futura oxposicií» e o Mi- nistério (la Asricultura 188 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA la c preta, Hniutaii, Favurollcs, Susscx, etc-., rc- "Comprimiissos Já tomados por esta Iiispectoiia, commiMidavcis pe'i> sabor e quantidade de carne; para auxilio dos flagellados, iiionlain a 141) c )ii- aves como as Mediterrâneas, das quaes se salien- |(is. provenientes de despezas, transportes, sala- tam as Leghornes. variedades: branca, amarella, rios a pagar c outras com admissão Já f.-ita de parda e preta ; as Minorcas, as Anconas, as Bresscs, trabalhadores nis postos dos rios .Maicy, Scruhiny etc. reconhecidas como aves para exploração de u .lanapery. em nunuM-o de ;i6 chefes dottes. prateada, branca, amarella e columbia; as trabalhadores sem familia. Cada um desses p,)stos Rhodes Island Rcds. etc, aves denominadas pode comportar com vaiita.iicm nunier.) superior "para fins geraes"', isío é. que, além de boa carne a duzentas familias. Para Inanhiry seguiram 14 dão ovos em abundância c são gallinhas d.- des- familias (|Ue se encontravam no ria Puriis cm es- lumbrante belleza quando se approximam do tado de complria miséria e ha maior numero á standiird de perfeição. São aves de luxo. di.gnas de espera de transporte pai'a o mesmo destijio. Para qualquer parque, as pequenas Batans, as topetu- i> posti do rio .\rlpunanã estão a seguir 9 fami- das Paduas, etc. lias das innumeras que em Xlanáos estão pro- Escolhida a ra<,a e adquiridos os ovos. não é de curando a Inspectoria para serem soccorridas. admirar que se consigam de uma dúzia, oito pintos. I>ara a eiloiiiu agrícola que o Serviço de P. aos e que tenhamos para inioi:) uni terno de aves Índios está fundando no alto rio liranco, na re- sa neees- .4Íão comjirchendiíla entre o (lotingo e o Suruniii rio, entretanto, que não haja nenhum i)arentescn (confins com a Goyana In.i;leza). a Inspectoria. entre o gallo e as gallinhas. Este terno no galli- enviou, em princípios d.) corrente mez. 14 fumi- nhtiro Já mencionado terá uma alimentação sadia lias necessitadas de Manáos. Na fazenda de São composti de cereaes e sobraiS de cnzinha com lias- Mar.vis, nn alt;i rio Branco, podem ser rcalisados tanies verduras, não se dispensando o cascalho, o trabalhos de muito interesse para o património ca.Tvão vegetal e outras "miudezas" que quando nacional, taes como a conchisão das obras do faltam nãn .oriucas vezes causam o insuccesso. . . edifício destinado á s^éde da fazenda. ennstru;çã i Se nós o tivéssemos num .grammado. melhor se- de cercados par-i selecção de gados d" estábulos ria; em lodo caso. com bastante bygiene e cuida- |)ara dose reprodnctorcs de raça. de banheiros car- do alimentar poderemos crial-o com vantagens. rapalicidas, de porto d.- einbar(|n.\ melhoria das Teindo. pois. este terno vigoroso, não se lhe per- forra.gcns. ele." mittindí) que beba agua estagnada; «que os parasi- tas habitem o gallinheiro, finalmente. tendo-se cuidailo com elle, nada mais se t.'m a fazer no primeiro nn.no do qut se incubar todos o; ovos da época propicia que é a que vae de maio a :intu- bro. Estará, portanto, iniciada a nossa criação de aves de pura raça e poderemos, então, fazer delia o que melhor nos convier: vender, expor, etc. .Vgumas rccommendações de imiioriancia tiese- O Ministro da .\gricultura dirigiu aos Go\erna- jo fazer aos que iniciam nma criação ;le gallinhas d, ires e Presidentes dos Estados o sjguinte te- de pura r;iça : — 1". sejam honestos. Se qiiize- legr:unnia: reni ter algum lucro, algum conceito em avicul- •'Entre as solemnidades i;lanejad.,s jiara a c ini- Uira é preeis:) serem honestos. leacs em suas uienioração de nossa indep;ndeiu-ia pilitica. in- vondas. O homem que começa uma criação de c'u'" o ('> i-.crno. c<;m o já é d i e iiiheeimenlo de gallinhas de pura raça sem honestidade, que vcn- V. Kx., uma grande exposição onde figurem pro- de gatos pir lebre, ov is qn; não dão pintos e duelos iiaturaes e iiuluslriaes de todos os Esta- que, qnniido dão, de raça só têm o nome. não ilos do liiasil, .-ifim de ((ue bem possamos a\ali:ir poderá ter lucra algum em avicultura. Engana- a nossa evolução, e o nosso adiantamento no rá. é verdade, um ou mais clientes, mas. dJi>ois, século transcirrido. Este Ministério incumbiu-se ninguém l-hr. adquÍTÍrá ovos on aves e elli rece- ila pari:- referente a agricultura, á indu>tria e a.i bera o castigo merecido, emquanto. se fosse ho- ei:mniercio, e Já nomeou uma "coniniissão eiicar- nesto. encontraria em cada freguez um amigo, um regada de promover sua representação na Exjv)- pr<>pagandist:i efficaz de '^iia criação; 2". nãsi sição do Centenário. Essa parte da -'xpiísicã i se criem além di qn ; permittir ,i terreno, cakulan- aeha dividida em seis secções correspondend . aos do Ifl metros quadrados por cada .galliiiha. e evi- seguintes ramos: ai agricultura; hl iidustria tem a agglomeração; ít". a principio só criem nma pastoril; c! \arias i:idustiias; d) conimer.-io; e) variedade; não façam museus de seus quintaes. economia; f) estatisticu. O programma delalha- depois. <|uaiid> Já tiv?rem pratica, então, an- do está sendo elaborado pela emimissão organi- gmentarã > as variedades; 4". só iniciem suas ven- zadora e será o|)portunaiiieijle envi;ido a V. Ex.. das (lepois de iniciados e práticos na crirção e enni as bases regulamentares Já adoptadas para avaliaçã.) de .suas aves. esse serviço. Venho rogar a V. Ex., se digii-.' no- Eram estas as notas e recommen:ÇA ILLEGAL A taxa de registo que incidia sobre os lavva- dares de fumo foi, diante do clamor dos interes- sados, abolida por força do dis:positivo do art. 11 da lei n. 4.2»n, de 31 de dezembro de 1920. Ape- zar disso, diversas collectorias federaes continua- ram cobrando a taxa eomiemiiada, de onde vá- rios associados terem recorrido á Sociedad,' Na- cional de Agricultura, ni, sentido de promover esta os meios de cessar a cobrança arbitraria. Neste isentido o Sr. presidente officiou, em data de 27 de maio. ao Sr. Dr. Homero Baptista, ministro da Fazenda, rogando-Ihe a "nimia bondade de reconimendar ás collectorias federaes de todos os Estados o cumprimento desse dispositivo, salva- guardando. dess'aite, os interesses de uma clas- se .já de si demasiado onerada de impostos". O ministro tomou as providencias reclamadas. J UST A S GON GR A T l' L AÇõE S Manda a justiça proelamar e louvar a activida- de, o zelo, a i>ericia e a dedicação com quc os po- deres públicos e (IS funceionarios dos respectivos serviços, atacaram, nos seus focos, a peste bovina, que tantos pre.juizos vultosos acarretou para o paiz. .■\ Sociedade Nacional de .A.gricultura, que não poupa os erros e dcsinleresses. quando estes affe- clam a lavoura, nãii |)odia permanecer silenciosa diante desse esforç.i nia.gnifico e dos resultados verdadeiramente surprehendentes que desse esfor- ço resultaram. Assim, foram diri.gidos officios con- Sratulatorios ao Sr. Dr. ."Mcidcs de -Miranda, di- rector do Serxiço de Industria l^astoril, ao Sr. ministro Simões Lopes, e ao Sr. secretario da Agricultura de São Paulo, pela maneira efficien- te e rápida com que primeiro se circumscreveu a terrível epizootia, e, depois, se lhe deu o necessário e vigoroso combate. ".\ I„avrtira" também se congratula com n .ijo- verno federal e com o de S. Paulo, pel > êxito da cami;>a'nha c associa nessas congratulações os competentes executores do plano, a que devamos a priimpta extinccão da peste bovina. rSL\.\S DE ALGODÃO Oi Srs. Grassi & C. do Estado da Bahia, são uns esforçados ])eneficiadores do algodão. Pos- suindo ,ji,á quatro desearoçadores de algadão, elles acabam de montar um quinto, n:t niunicipio do .Morro do Chapéo. Desse auspicioso acontecimen- f.) deram elles conta á S,)ciedade, que os felic.i- trni. PliOPHYLAXL\ liL-RAL .Acaba de ser inaugurado o Hospital de Proph.v- laxia Rural, do Maraulião. (Conforme declaração dl Sr. Dr, Heraclides de .\zevedo, ch.'fe do mes- mo serviço, no Pará, esse hospital é o melhor dos até ho.jc estabelecidos no Brasil. Seu director actual é o Dr. CarLis f.osta Ríidrigues. A EXPOSIÇÃO DO GA\'ALLO HOLLANDEZ O Sr. Simões Lopes, por indicação do director da Industria Pastoril, resolveu designar para re- presentar o Brasil na exposição nacional de ca- vallo hollandez, o funccionario Dr. César d'.\l- brieux, que .já se acha na Europa, a serviço do Ministerin da .agricultura. OFFERTAS DE SB>FBNTES O ministro da .Agricultura recebeu do ministro do Brasil em Montevideo, o seguinte telegramma: "Tenho prazer coniinuiiicar V. Kx, que o ;,•- verno do 1'ruguay faz presente ao Ministério da Agricultura de d.-z toneladas de sementes de tri- go de especial qualidade, que encommendci o anno passado, a pedido de \'. Éx," FALTA DE TRANSPORTE .A falta de traii.s])orte para os pr;)ductos da agricultura nacional continua a ser uma das prín- cipaes causas da m;i situação desta, N) Fstadíi do Rio. \arias estações, comn Pá- dua, Jliracema, Campos e outras, estavam abar- rotadas de produetos, .A .Associação Commercial dirigiu ao governo um inenKirial a resijcito. NAVKC.ACÃO FUXIAL O deputatlo Heitor de Souza apresentou ã Ca- inai'a Federal o seguinte projecto de lei, conceden- do fa\ores a quem se proponha a desobstruir e rf"ri;aniz-ir o curso ilos rioi int-r-csradoaes : ".Art. 1". — Fica o severn j autorizado a con- ceder favores a quem quer que. tendo a ncccssa- ri.i idoneidade, por ci cu por empreza que orga- nizar, se proponha a desobstruir c reorganiz.u- o curso de rios inter-cstadoaes, para fins de transpor- te por flu et nação ou navegação. .Art. 2°. — - Os favorc.> a conceder poderão, a jnizo do Governo, limitar-se aos seguintes: ai di- rcit.i df desapropriação dos terrenos marginaes, estrictamrnte necessários á regularização do curso do rio, a construcção de docas, portos, armazen.s ou quaesquer outras installações; b) exclusividade do direito de explorar mediante condições c tari- fas previamente estabelecidas iielo Governo o traiisniu'tc ou navegação nos rios desobstruídos, regularizados ou bent.icia'.!os. .Art. I!". — .As concessões a que se refere esta lei (le\erão ser por tempo não excedendo a 30 annos. Paragrn|)h() único — Todas as obras c constru- cções feitas de accôrilo com esta lei reverterão gra- tuitamente á União, no fim do prazo da conces- são." O ALGODÃO CEARENSE E O LLOYD Da "Revista Oininiercial ". de Fortaleza, extrahi- mos o se.i,'uíntc: "Como é do conhecimento de todos, pelos tele- grainmas publicados na imprensa diária desta ca- pital, causou profunda impressão no commercio ex- portador e nos centros productores de algodão, o ah surdo augmento para o frete deste producto, de 200"", amninciado jjela a.i^encia do Lloyd, desta ca- pital. O excessivo augmento, desarrazoavel a mais não poder ser, fez surgir em campo a -Associação Com- mercial do H^stado que, immcdiatamente, em defe- sa dos agricultores e exportadores, interveiu ,iun- to á bancada cearense e á administração do uovo Lloyd, pleiteando a manutenção da antiga tabel- 190 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA la de fretes, ou. pelo menos, um aiigniciito razoá- vel, de cerca de 30°!°. Se.íundo o aviso dp agente do Lloyd. um fardo de algodão prensado de 440 decimetros cúbicos e 14(1 kilos, cujo frete .era de llStiOO, passaria a pa- gar 34S0OO, Ou seja 71S400 por metro cubico. Esse estupendo au.i^mento de 200 "1°, sobre impor- tar 110 aniquilamento da cultura algodoeira do Es- tartr), e ser incompatível com a depreciação do pro- ducfo, causou tanto mais surpreza quanto, con- forme fez sentir a Associação Conimereial, todas as emprezas de navegação estrangeiras, apezar das grandes difficnldadcs existentes, já offerecem fre- tes iguaes aos d'antes da guerra. Pelo vigor, energia e assiduidade com que a As- sociação defendeu os interesses da classe, foi con- se.i;;iida. afinal, a tabeliã de fretes fixando 45S000 para o metio cubico de ^ilgodão comprimido, e io^íOOO para o menos comprimido de mais de 4 me- tros culiicos por tonelada"'. A PESTE BOVINA E O FORNECIMENTO DE LEI- TE A' CAPITAL PAULISTA No intuito de acautelar tanto quanto possivel os interesses da população diante da peste bovina, {['«■e .grassou no Bsiado, e foi felizmente debellada, o Sr. Prefeito Municipal de S. Paulo, resolveu adoptar uma serie de medidas pára garantir o for- necimento de leite. l^ma ■dessas medidas foi a de |)er)nittir em maior escala a intrudUt^ção d,i leite, mediante cer- tas condições.. (MMcedi-nte de outro., municipios, conforme se depreheiíde do seguinte acto, liaixado em 19 do mez p. ]). autorizando a referida intro- ducção: Art. 1°. — Fica permittida, até ulterior deli- ber.ição, a introducção nseqnencia estação invcrnosa. Estrada refeiida ligando Acarahu' linha de fer- ro Itapi|)oca será elevado alcance esta zona cujo liro.gresso conimercial. industrial e agrícola, gran- demente compensará sacrifício do paiz. Esperamos confiantes. Saudações. M. Gonçal- ves & Filho, Salles & Cia., R. F. Gonçalves, Gon- çalves Oliveira. Capistrano S: Cia.. Macário San- tos, lia.vmundo Thomaz. Joaquim Lourenço, .Aris- tides Rochi. .\ntonio Lopes. Severo .Araújo. Bento Moura. Belizario Lopes, Francisco Silveira, Vicen- te (iiftony. Sabino Lopes, Francisco Silveira. J. Martins & Filho. — O Dr. André Veríssimo Rebouças. Inspector das Obras contra as Sèccas nesse Estado, a quem a Associação Conimercial transmittiu. por copia, o telegramnia supra, respondendo áquella corpora- ção, manifestou a melhor boa vontade cm atten- der aos reclamos do eomuiercio acarahuense, ten- do, neste sentido, conforme- conimunicou. telegrá- phado á firma M, Gonçalves & Filho, daquella localidade, O CAÇÃO .\ producção munilial de cacáo. cui 1920. segun- do os dados da "Guardian", de 10 de março ulti- mo, foi esta. nos seguintes paizes: Ton. de 1 .000 kilos Costa do Ouro 12(>.(illO Brasil . , . 52.610 Equador 41 .807 Lagos 30.000 Tnndade 28.441) Dominica ■ ■ 20.000 S. Thomé. . 19.2411 AVuezuela l.í.OOO Diversos .• BO.OOO Somma 393.709 A safra ile Costa do Ouro. cuja eslimaliva para 1920 era de 200.000 toneladas, apenas produziu 12(i.t)(lO tiDieladas. muito inferior á de 1919. que attingiu a 178.988 toneladas. \ colheita de S. Thomé, riquíssima colónia po-r- tugueza. baixou a 19.246 toneladas cm 1920, con- tra 4fi.5õ0 toneladas em 1919. Lagos, possessão in,gleza ua .Africa, cujas colhei- tas (ie cacáo até 1913 não alcançariím 4.1100 tone- ladas proiluziu 2,-). 806 em 1919 e 30.(111(1 toneladas cm 1920. O consumo mun.tial em 1920, i)elos paizes im- portadores de cacáo, conforme a estatística da re- ferida revista allemã "Gordian". foi o seguinte: A LAVOURA 191 1.000 A-í/os K. Unidos .~-~:.i. .?;•.•. .';: . . 145.000 Inglaterra ....,.,.;..,..,......■... 51.464 França ■..;'.■. .". . . . . . . . 50.000 .\llemanha. . ....: C. .■]}. i. ...... . 43.;W7 Hollanda 43.,!(i/ Hollanda -iS.SOO Siiissa ..... 12.000 Hespanha 10.00(1 Itália B.qoo Bélgica 3.633 Diversos .'.'.<".. :.í'- ■ ■ ■ 64.264 Somnia '. 414.528 Esta terminada a oolht^ita de cacáo da Bahia, relativa ao anno de 1920-1921 (.Maio de 1920 a Abril de 1",T1 ) a maior até a.gora registrada, at- tingindo a 1.004.534 saccos de 60 kilos, proceden- tes, conforme estatística cuidadosamente organi- zada, dos municípios productores, que se seguem: Saccos Illiéos 401.049 Itabuna 215.950 Rio de Contas. , 100.236 Cannavioiras 83.749 Belmonte . . 82 . 345 Jequié 60.264 Santarém 28.557 Camamu' 9.010 Una 7.938 Prado 2.989 Porto Seguro. . 2.802 Taperoiá 2.756 Mucury 2.226 Marahu' , , 1.826 Içrapiuna 836 Valença ..'•..;.. 712 Santa Cruz 359 .Mcobaça 289 .\bbadia .; 200 Ponta de Areia : .li;:;;-; 190 Caravellas 175 Viçosa 126 Total 1. 004.534 O MOMENTO agrícola, FABRIL E PASTORIL DE MINAS O Serviço de Fomento Agrícola, empenhado em divulgar as occurrencias de natureza agrícola que se verificam, mensalmente, em todo o paiz, comprehendcndo os phcnomenos climáticos em relação com a agricultura, as operações culturaes em curso, a producção dos géneros de primeira necessidade, a sua cotação no local da producção, etc, recebeu do Estado de Minas as seguintes in- formações agrícolas referentes aos mezes de abril e maio. No sul de Minas, devido á falta de chuva na zo- na servida pela Rede Sul-Mineira, as colheitas serão em geral pequenas. O estado das culturas, principalmente do milho e do feijão, é pouco pro- missor. O carro de milho está custando 100.$, preço bastante alto em occasião de safra. -\ maioria dos batataes não recebeu chuva alguma; por isso, a colheita será menor do que a do anno passado. Na zona do Triangulo, a safra de café, milho e canna começou a ser feita; a colheita do arroz está quasi terminada, sendo muito inferior á es- perada, devido ao "veranico" de março. .\s peque- nas plantações de algodão foram muito prejudi- cadas pela lagarta "curuquerê". Os mercados dessa zona estão abarrotados de cereaes, o preço delles, muito bai.xo, produzindo geral desanimo aos agricultores, que não podem exportar os seus productos. devido ao augmcnto progressivo do custo de producção e ao transpor- te onerosíssimo. Os fretes foram triplicados ul- timamente, angmentando, consequentemente, as angustias dos criadores, hoje tendendo todos para a criação, devido ás difficuldadcs que os assober- bam. .\inda assim, presentemente, a producção de arroz da zona ascende a proporções vultosissimas. Na zona do centro, o tempo tem corrido melhor para a lavoura, do que nas demais. Esta região é essencialmente pastoril, industria que predomi- na na maioria dos municípios que a compõem. Nos municípios agrícolas desta zona, os feijoaes plantados cedo estão florescendo; o fumo está com seis a oito folhas; a canna vae attingindo o seu desenvolvimento máximo; a mandioca encontra-se em periodo de arrancamento; o arroz está sendo batido e os algodoaes tem já as maçãs formadas. Na zona do norte, a deficiência de chuvas ia- utilizou completamente as plantações de feijão em muitos municípios. .\ colheita do milho está ter- minrid.i. tendo sido inferior á expectativa, devido ao "veranico" de março, que alcançou a cultura na phase fie granação das espigas. Ha colheitas reduzidas de batata e cebolas. .\s pastagens :icham-se em muito boas condições. Em Sete Lagoas, a cultura de hortaliças toma grande incremento. Em Diamantina, a exploração de madeiras t'..' lei, i)ara expo.rtação, vae assumindo vultosas pro- porções. Os engenhos de canna acham-se em acti- vidade, bem como os de farinha de mandioca, em plena safra. .\ cultura do algodão tem se desenvolvido nos municípios de Montes Claros, Pirapora, S. Fran- cisco e Januaria. Em Palmyra foi inaugurada uma fabrica de lei- te condensado, marca 'Ancora", que vae encon- trando grande acceitação. Devido á baixa do pre- ço de queijos communs nos mercados, o recebi- mento de leite nas fabricas de queijos modernos e de manteiga tem augmentado consideravelmente. No Triangulo, ha muita procura de reproducto- res suínos. A "batedeira" e a "aphtosa" têm cau- sado sérios prejuízos aos criadores. E elles quei- .xam-se também do custo dos transportes do gado em pé, nas estradas de ferro, o qual foi augmenta- do de 4S!300 para 8.$400, por cabeça. Os productos da lavoura estão sendo vendidos pelos seguintes preços: arroz, kilo ?G00; assucar, •S700; batatas, $400; feijão, $350; fa.rinha de man- dioca, S250; leite, litro, .•í400; milho, kilo, $180; um queijo commum, l.$500. .\s safras de milho e feijão, em todo o Esta- do, foram muito inferiores ás passadas, esperan- do-se uma alta no preço desses dous productos: essa alta, porém, só repercutirá pelos mercados locaes, porque já de ha muito que a exportação é quasi nuUa, devido ao alto preço dos transpor- tes. O RIO GRANDE DO SUL AGRÍCOLA E PASTORIL Segundo informações colhidas, no Rio Grande do Sul, pelos funccionarios do Serviço de Fomen- It52 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA to Asricola, a a!{ricultiir!i daqucllf Kstado atia- \esKa iinia phasc tk" intensa actividade, hiivendo liiiidadas espera mas de safras abundantes para todos os produclos asírieolas. Neste momento, as operações eulturaes em curso eonstam de iiieiiam de tei-ras para a |)lanta(,'Si) de inverno: da semeadura de tiMgo. eevada, aveia, eentcio. linho, lavas e hortaliças; da contiiiuaçiM) res locaes, realizou-se no Instituto de .-Kgronomia e Veterinária a exposição de apicultura que causou grande successo. Vm sacco de farinha de mandioca, com -l.i kilos. está valendo de J><2(MI a (i^iidd, conforme o typo ; o sacco de feijão preto novo custa 13$000; feijão branco especial. 7íu concurso, dá posse a S. Ex. Passa, então, á ordem do dia, figurando em pri- meiro logar, a questão da peste bovina. A LAVOURA 195 — A rJMTK IIOVINA O Sr. Migticl Calmou, clundo inicio á discussão ilcssa iniitfi'i:i, diz ter sob suas vistas unia impor- tante inforina(,'ão do Director do Serviço de In- dustria Pastffril, o Dr. Alcides de Miranda, em que se encontram os dados relativos a todas as occorrencias. desde a primeira nianifestaçiio do tcrrivcl "morbus" até ás ultimas providencias to- n)adas pelos Poderes Públicos no sentido de di- minuir os seus cffcitos, circumscrcvendo a zona em que o mal se manifestou c debcUal-o definiti- vamente. O Sr. Calmon leu essa clara cxi)osição depois do que disse só merecerem louvores os Governos Federal e do Kstado de S. Paulo, pela energia, firmeza e acerto com que agiram nesse gravís- simo caso, pois nada mais lionroso para o Brasil que a efficiencia provada pelos nossos serviços de defesa animal. O Sr. Calmon particulariza os seus louvores em relação ao serviço da Industria Pastoril c aos funccionarios do mesmo, que foram incumbidos de dar combale á peste, graças aos quaes muito brevemente o commercio de protiuctos animaes poderá restabelecer-se. cessando os consideráveis prejuízos ao Estado, c põe á disposição dos i)re- sentes photographias. niappas e outros dados re- fei-cntes ao flagello. fornecidos pelo l>r. .\lcides de Miranda. Examinados esses dados, o Sr. Calmon passou a rcferir-.sc a deliberação tomad?, numa reu:iião de invernistas e marchantes realizada em S. Paulo na qual resolveram solicitar a modificação das me- didas prohibitivas do transporte ilc gado pelas es- tradas de ferro, de modo a não paralysar o com- mercio de gado. formulando para isso certos al- vitres, que o Sr. Calmon acha que merecem, em liarte. consideração pela relevância da matéria. ■Aliás, segundo a resolução assentada na alludi- da reunião, os marchantes c invernistas de São Paulo deverão dirigir-sc ao Governo pleiteando a realização do.s seus dese.jos. Em sendo assim, dada a gravidade do assumpto c a responsabilidade da Spciedade. .julga que ella não pôde eximir-sc de examinal-os. detidamente, para o que nomeará uma conunissão composta pelos Srs. Victor Lei- vas, Joaquim Luiz Ozorio e Bento de Miranda, a quem incuml)e estudar as propostas daquelles interessados e bem assim de indicar as medidas que lhes jjareçam convenientes adoptar. SESSÃO DE DIRECTORIA — 17 de Maio de 1921 Presidência do Sr. Miguel Calmon. que, decla- rando abertos os trabalhos, leu e submetteu á ap- provação dos presentes a acta anijiaro official. AMPARO A PRODUCÇÃO Lamenta S. Ex. que tal não se verifique, como aliás era e é preciso, pois que cumpre ao Go- verno amparar a producçâo nacional, que se acha combalida: e. a propósito, lè um tópico do rela- tório do Director do Banco da França, pelo qual se tem noticia das operações realizadas por aquelle instituto, no sentido de amparar a prodneção na- cional, operações que lograram os mais auspicio- sos resultados, não obstante a situação precária em que se encontra aquelle paiz oneradissimo. em con- sequência da grande guerra cm que se envolvera, .\ sna allusão serve aj)enas para mostrar que o nosso jiaiz. (|uc não soffrcra taes horrores, tinha o dever de amparar efficazmcnte toda a produeção nacional, ram projXfStos e acccitos numerosos sócios. . SESSÃO DE DIKECTORIA — 2t de Maio de 1921 Presidência do Sr. M.inistro Ildefonso Simões I.opes. — Aberta a sessão o Sr. Miguel Calnion, I)residente ida Sociedade Naicional de .\gricultura. submettcu á approvação a acta da sessão anterior e concedeu em seguida, a palavra ao senhor Au- gusto Carlos da Si'^a Telles, que dis.sertou sobre a valorização do café . , VALORIZAÇÃO DO CAFÉ' Disse S. Ex de come- ço, que não se prepa- rara para fazer um discurso, mas diria, attenden- do ao convite que lhe fora feito, o que pensa a respeito desse culminante problema que interessa extraordinariameiíte ao nosso paiz. dado o rele- vante papel que o café rqpresenta como factor da nossa riqueza . O orador tem sobre o assumpto idéas já concebi- das e não ha muito, em monographia que publi- cara, propuzera a creacâo de um banco da lavoui-a, cuja organização, seguido o processo que aconse- lhava, seria' a melhor medida em.' tareori xlas lavra- dore.s de calV'. • .í .: Queria S. E.n. (|ue a. sobre-laxa enal I.amartine. que começou sua expo- sição affirmando que nenhum producto agrícola terá para o Brasil maior importância que o algo- dão, isso cm futuro não muito remoto, salientan- do, para corroborar sua affirmativa que o con- sumo dessa matéria prima é sempre crescente, acontecendo, a par disso, que a producção actual representa apenas 50 % das necessidades da popu- lação do glojjo. í. I Continuando. S. Ex. refere-se ás novas applica- ções que a industria moderna vae dando já não. só ás fibras, como aos seus sub-productos, e dizendo que talvez, não haverá outro paiz no numdo de área tão vasta para o plantio de algodão como o nosso, declara que. por não ser feita essa la- \our:i pelos granara o respectivo expurgo, para o que. aliás, não ha muito solicitou um grande supprimento de sulphureto de carbono. Esse acto do seu Governo tem por escopo não so- mente garantir ao pequeno productor preços mais compensadores, como tornar menos graves os pre- .juizos decorrentes da grave falta de transporte que alli se nota em consequência do estado precário em que se acha a estrada de ferro de Bragança. Trocaram-se. então, alguns apartes entre os Srs. Lyru Castro. Bento de Miranda c .Alberto Moreira, que terminaram por concordar com o Sr. Gabriel Ozorio de .Almeida, que. examinando a questão, de- clarou parecer-lhe que a questão primordial era a do transporte, visto que se o houvesse, o producto jião demoraria ã beira da estrada, apodrecendo. .A questão do expurgo é, a seu ver, importante, mas secundaria, pelo que S. Ex. propõe que a Sociedade diga ao Governo que a ca:usa primordial dos pre.juizos reside ria deficiência da E. F. de Bragança, cujo material está. segundo dissera o Sr. liento de Miranda, em estado deplorável, pelo que convém tomar uma medida urgente e efficaz, con- vindo, todavia, não descurar do expurgo dos j)ro- ductos. <|uaiulo desliiiailo á expoitação. A LAVOURA 199 O Sr. Prcsidenle. liarnionizandn as opiniões, de- clara que a Sociedade bfficiará ao Sr. Ministro da Agricultura rogando-lhc secunde a acção do Gover- no do Pará e da .Associação Coninicrcial daquellc Estado, para que alli se estabeleça uni serviço coni- iiieto destinado ao çxpur.ijo dos cercaes; e ao Sr. Ministro da Viação também solicitando que. diante dos iire.juizos causados á lavoura daquelle Ksta- do pela deficiência dos transportes na E. F. de Bragança, apresse aquelle Ministério, c execute a encampação da referida estrada, de accordo com a autnrizaçiio legislativa. USINAS DE BENEFICIAR Leu se a .seguir um ALGODÃO telegranima dos Srs. Grassi & Companhia, agricultores <■ beneficiadores do algodão na Bahia, informando do precário estado em nne se enc relação á matéria Por ellas poderá a Sociedade aquilatar melhor da situação dessa lavoura e pedir, então, ao Governo as providencias aconselhadas. Por agora, porém, a Sociedade enviará ao Sr. Mi- nistio da Agricultura e ao Serviço do .Algmlão có- pia do officio em questão, pedindo que intervenham alli. auxiliando, pelo svstema de cooperação. já Cijfiíi \antagens adoptadi* pelo M::::sterio. a lavoura algodoeira da Bahia S. DOS AGRICUI-TOKES Em seguida foram li- DE CACAO dos: telegranima do Syndicato dos .Agricul- tores de (lacáo da Bahia, applaudindo a brilhante estréa })arlanieiitar do l)r. .Miguel Calinon e bem assim a iniciativa da Sociedade em relação á insti- tuição do credito agrícola a longo prazo; parecer do Sr. Major Henrique Silva em relação á consulta do Consulaíio Portuguez sobre a planta "Maxixão"; officio do Director de E. F. C. do Brasil, acolhendo o appello da Sociedade em relação ao transporte dos iiroductos de pequena lavoura para o nosso mer- cado; carta do Sr. .lulio César Lutterbaeh offcre- cendo á Sociedade uma serie de folhetos puhlicados pelíi .Asociacion Kural dei L'ruguay e Sociedad Hu- ral .Argentina, referente á evolução dessas prestigio- sas associações; carta do Dr. Leboii Regis. pedindo dispensa do •encargo de representar a Sociedade jun- tQ á Confederação Svudicalista Cooperativista Bra- sileira Subre esse pedido o Sr .Miguel Calmou declarou que a Sociedade não podia prescindir do concurso \alic)so do Sr. Lcboii Hegis para essa representação, atleudeudo-se á sua grande competência nessa ma- téria. FEIRAS LIVRES Passando a outro assumpto, o Sr. Calmou refcre-se ao apjiello nue dirigira á Sociedade de .Agricultura o Superin- tendente do .Ab.istecimento. para que coUabore com o Poder Publico na cruzada em cpic se em- penha relativamente ás Feiras Livres, afim de "U" ella facilite aos pequenos agricultores do Districto Federal e Rio de .Taneiro os meios de enviar seus productos. estabelecendo representantes seus. para. por elles, venderem nas feiras os nrodu- ctos enviados, pois que muitas vezes o valor de taes liroductos não permitte mantenha ncllcs, por sua conta, representantes seus. No mesmo sentido ".A Noite" iiublicou idêntico íippello. ao qual a Sociedade não poderia deixar de acolher com a mais viva sympatbia. tanto mais que ella Já manteve uma cooperativa nara os pequenos liroductores. pôde bem aquilatar das vantagens que dessa iniciativa poderão advir. Nessas condições applaude a feliz idéa do Governo creando as feiras livres, cuia implantação tem dado os mais auspiciosos resultados. E como á Sociedade cabe uma crta responsabili- dade em relação á instituição das feiras livres, tan- tas vezes Dor ella preconizada, não pôde deixar de corresponder ao honroso appello e por isso nomeou os Srs. Sylvio Rangel. Victor Leivas e Lebon Regis nara que. com a niaxinia urgência, indiquem medi- das conducentes aos fins visados, seja com o resta- belecimento da antiga cooperativa, quer com a desi- gnação dos funccionarios da Sociedade .junto ás feiras. SEDE D.A SOCIEDADE Findo o expediente, o Sr. .Alberto Moreira pro- poz que a Directoria envide os esforços necessá- rios para mudar a sede da Sociedade, ampliando-a como e.xige o desenvolvimento sempre crescente dos seus serviços, procurando a arca necessária nos terrenos que ficarem disponíveis em virtude do ar- razamento do Morro do Castello. HORTO DA PENHA Em referencia ainda á So- ciedade, o Dr. (palmou decla- rou haver sobre a mesa uma indicação que tem toda a opportunidade. pois se refere a unia das suas mais importantes secções: o Horto Fructicola da Penha, que não pôde deixar de ser dotado de in- stallações que lhe permitteiu plena efficiencia. Ha pouco referira-se ás sociedades agrícolas do Prata, que dispõem de excellentes laboratórios pa- ra experiências, emfini, uma organização mode- lar. .A Sociedade por deficiência de recursos não tem podido dar a conveniente organização ao Horto, mas a despeito disso, elle tem prestado os melhores serviços, distribuindo mais de (iOO.OOO plantas no prazo de dez annos. Hoje. porénií a Sociedade está em melhores condições e poderá fazer do Horto um estabeleci- mento modelo, onde os interessados possam co- lher informações e obter plantas e conhecimentos úteis. Continuando, o Sr. (Calmou diz que o Horto dis- põe .já de iustallações que lhe perinittem acolher certo numero de alumnos para aprendizagem dos trabalhos agrícolas, mas é preciso dar-Ihc maior desenvolvimento de sorte que possam alli griuide numero de rapazes preparar-se para o serviço de capatazes de fazenda com perfeito conhecimento quer das lavouras, como da criação. Isso dito, o Sr. Calmou submette á indicação e approvação dos seus collegas a reforma daquel- le estabelecimento, o que foi ajiprovado. fendo sido, porém, feita uma suggcstão pelo Sr. Alber- to Moreira que. alludindo á difficuldade em que se encontra a Prefeitura em installar um apren- dizado agrícola em Guaratiba, .julgava que seria, talvez, possível estabelecer um accordo eutre 200 B0LETIA1 DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA aqucUa e a Sociedade, para que no Horto seja mantida a projectada escola municipal. O Sr. Presidente, depois de discutida a propos- ta, resolveu nomear os Srs, Victor Leivas, Lyra Castro c Alberto Moreira para procurarem o Sr. Carlos Sampaio e declarar-lhe que a Sociedade está prompta a coUaborar com a Prefeitura em relação ao projectado aprendizado que não pôde ser installado em Guaratiba. Passa-se. então, á ordem do dia. Em prmieiro logar deveria ser lido o parecer da Commissão in cumbida de estudar o projecto de organização dos productores rio-grandenscs, o que não foi leito por não ter concluido o trabalho essa commissão, que. entretanto, o apresentará na próxima sessão. CREDITO RURAL Em referencia ao assumpto usou da palavra o Sr. Augus- to Ramos, que fez uma brilhante exposição acerca (ta or.íjanização das caixas de credito rural pos- ta em pratica, em S. Paulo, pela Sociedade in- cor|x>radora, systema cujas virtudes S. Ex. sali- enta, exposição que. i)or iiroixista do Sr. Victor leivas, vae ser submettida aos estudos da supra- citada commissão. Refcrindo-se ao assumpto, o Sr. Calmon consi- dera dignas de todo o apreço essas ponderações, declarando que ellas servirão, de certo, como um valioso subsidio aos estudos da referida commis- são. Isso dito, S. Ex. diz que constava ainda da or- dem do dia o appello que fora dirigido á Socieda- de pela .amazónia para que intercedesse junto aos poderes públicos no sentido de ser urgentemente soccorrida aquella região, a braços com tremenda crise. Acontece, porem, que agora mesmo o governo, para esse fim, decretou a abertura de um credito de 5 mil contos de reis, o que leva S. Ex. a con- sultar a casa sobre se se deve estudar a questão de um modo geral, ou apenas particularizando o caso transitório da crise que assoberba aquella região. A opinião vencedora pendia para o estudo cari- nhoso do problema da ,\mazonia de um modo mais amplo, ficando, por isso, transferida a dis- cussão do assumpto para a próxima sessão. Ficou, egualmentc, adiada a discussão da ma- téria — ".\ crise do algodão no Egypto", que estava em ordem do dia, devido á importância do assumpto e ao adiantado da hora. Foi. então, encerrada a sessão, tendo antes o Sr. Calmon se referido, com termos muito lison- geiros aos livros que haviam offerecido á Socie- dade o Dr. William W. Coelho de Souza sobre a "Cultura dO' algodão no Brasil", e Waldemar Potsh "Historia Natural". DOIS OFFICIOS — A Sociedade dirigiu em datas diversas, os seguintes offieios que julgamos dever publicar nesta columna: Ex. Sr. Commte. Carlos Midosi, DD. Siiperin- tendentc do Trafego da Companhia de Navega- ção Lloyd Brasileiro — .animados pela bôa von- tade com que \'. Ex . tem agasalhado as solici- tações desta Sociedade é que, em seu nome, vi- mos, relativamente á reducção de frete cobrado por essa Coflipanhia pcla-s plantas destinadas aos seus consócios, objecto da conversa havida entre V. Ex. e o representante desta instituição, ap- jiellar para \. Ex. pedindo seus valiosos bons offieios no sentido de ser diminuído para 25*000 o frete por metro cubico, pois, a reducção assen- tada por V. Ex. na base tle "iSSCOO, posto re- presente importante concessão, ainda não satisfaz plenamente as solicitações dos agricultores. Certo de que V. Ex. attcnderá o appello da So- ciedade Nacional de Agricultura, aproveitamos o ensejo de aixrcsentar a V. Ex. os protestos de elevada estima e consideração. (>J M. Calmon. Presidente. . . Exmo. Sr. Dr. Homero Baptista. DD. Ministro da Fazenda — Tenho vários consócios nosso re- petidas vezes consultado esta Sociedade acerca da lei;alidade da taxa e registro de Rs. 300^000, que incidia sobre o lavrador de fnnv.i, e comi nos tenha sido assegurado que em S. Paulo, Goyaz c em outros Estados ainda se procede á cobrança dessa taxa, irregularmente, por isso que de tal imposto ficou completamente iscnt . o P™;]";^*'''" de fumo, por effeito do art. 11 da lei n. _4.2dtl, de 31 de Dezembro de 1920, vimos, data venia, so- licitar de V. Ex. para que a pratica dessa irregu- laridade não mais se verifique, a nimia Ixindade de recoinmendar ás collcctorias fedcraes de todos os Estados o cumprimento desse dispositivo, sal- vaguardando. dess'arte. os interesses de uma clas- se já de si demasiado onerada de impostos. Certos de que V. Ex. nos perdoará a importu- nação c que acolherá o nosso appello com a cos- tumada solicitude, anleeipamos os nossos agra- decimentos. Valemo-nos da opportunidade para apresentar a V. Ex. os protestos de elevada estima e apreço, (a) Migual Calmon. Presidente. jiiiMii(]iiiiiiiiiiii[]iiiiii iiiiiiiiimicii iciiiiiiiiiimniiiiiiiiiiiiniiiniiiiiiic}! iitimniiiiiiicii iiiitimi iHiiiiHiiiiiiuiiiiimiiiiHiniiiiiniitiiin ihiiiiiiii.hiihiii^ = '■ i :; SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA ANNUIDADE. 20$000 - Os sócios quites recebem - uratuitaiueiite A LAVOURA Pedir estatutos 15, Rua V de Mar(^o - Rio de Janeiro ORAZIL- X i ú X i V»^^»#-^*sr^^^v»v»sr# ^ffl[jmiii!iiiii[3tHiniiiiiitiiiiiiiiiiiii[]iiiiiiiiiiiit3iMiiiiiiiii[3iiiiiMiiiiic)iiiiiiiiMn[3iiiiiiiiiiii[iiiiiiMiiiiit] Hiimiiiiiii[JiiiiMiiilii[iiiiiiiiHmHmiiirai:,iiiiiiiiiiiicjiiiiiimi ifliHiiiir ^ = Reconhecida de utilidpde publica pela Lei n. 3.549 de 16 de Oiitubio de 191f = Fundada em 16 cie Janeiro de 1897 M RUA 1 DE MARÇO N. 15 — Rio de Janeiro s Admissão úv 8uder dispor. .í U" — O direito de volar e sei' votado (• extensivo a todos os sócios; é limitado po- rém, para os associados e sócios correspon- dentes, os (piaes não |)oderão receber votos para os cargos de administração. .5 .'!" — Os sócios pei'dei'ão somente seus di- reitos em virtude de esptmtanea renuncia, ou quando a assembléa geral resolvei- a siia cx- ciiisãn por proposta da Directoria. Capitulo VI do Regulamento .\rl. l.S .\ Sociedade prestará seus ser- viços, lie pretLieiicia, aos sócios e associados (piaiido esliseiem quites com ella. .\rl. Ill -- .\ Jóia deverá ser paga dentro (los pi-imL'iros três mezes após a sua accei- tação. .Art. 20 — .\s annnidades iMnierão ser pa- gas por prestações semestraes. .Art, 21 — Os sfjcios e os ass(jcia(los jiode- rão remir-se mediante o iiagamento das quantias de 200-'sOI)0 e .'jOd.sdUO. respectivamen- te, feito de unia só ve/. e i iideljeiuleiíte de .jóia. (pie (le\erão jjagar em (luakpier c:iso. .\rt. 22 (Js sócios e associados não jio- derão \otar. nem receber o diiiloma. sem te- rem pago a i-espectiva .jóia. .í 1" — O sócio, que tiver pago a jóia e uma annuidade, poderá remir-se mediante a apresentação de 20 sócios, desde que cs'tes tenham egualiiKinte satisfeito aquellas eontri- Imições. § 2" — Para esse effeito o sncio deverá requerer ú Directoria, provando seus direitos nos termos do paragrapho anterior. .ii 3o — Serão considerados beneméritos, os sócios fiue fizerem donativos á Sociedade a partir da quantia de um conto de réis. .Ai-t. 23 — Para que os sócios atrazados do duas annuidades possam ser considerados re- signatarios. nos termos dos Estatutos, é pre- ciso (]ue suas demissões tenham sido solicita- das por escri])to, até três mezes antes, eahen- do-lbes o direito de recurso para o conselho superior e para a assembléa geral. li!i^ SOCIEDADE SUISSA RUA DE S. PEDRO N. 14 F3IO oe: _f a. i>j ê: I f? c:> Caixa Postal 1775 riLIAES S. Paulo - Porto Alegre Desnatadeira "SHARPLES" 1 Temos estas afai;'a(ías desnatadeiras, novo modelo á sucção, •• única" des- natadeira com variação de velocidade e rendimento constante, de 100 a 2.000 litros por hora — á mão. polia e a vapor. Fornecemos todos os apparelhos para a industria de lacticínios: Bate- .leiras, Bailadeiras. Latas e Baldes para conducção de leite. Ordenhadeiras '•Shsrples', Pasteurizador e Resfriador "Gaulin-Paris". Enviamos gratuitamente o nosso catalogo illustrado. Corsultem os nossos preços; attenderemos immediatamsnte. Llllií l,.;.|.l,i Ns. 8 e 9 OUl.M.iMWiW SETEMBRO DE 1921 A (lilcz:! pfriiiancntf do cale. — (Redacção) A Exposição de liorracha de Londi-es. — O zehu' v a jicste ibovina (Jl'areccres do Sr. lL^Ta Castro e indicação do Sr. .Augusto Haiiio.s). — A protecção -*Á ^ (* ■■ Typo ''C" para a pciiiwtia laroara: r> IIP. m Estes appnrtlhos foram experimentados com o maior successo no campo de expe- riências da Sociedade Nacional de Agricultura, na presença dos representantes do Exmo. Sr. Ministro da Agricultura. HIME & Cia --Rio de Janeiro ÚNICOS REPRESENTANTES PARA TODO O BRASIL A LAVOURA Boletim da Sociedade nacional de Agricultura ANNO XXV Rio de Janeiro — Brasil Ns. 8 e 9 A defeza permanente do Café As (iet-larações catetíoricas {\uv tez em S. Paulo o Sr. Presidenk' da Rc|)ul)lita i'elativa monte á defeza |)eniiaiiente do ca- fé siiageriram ao Sr. Dr. Sampaio Vi- dal unia série de interessantes estudos na inil)rensa paulista, objectivando estabele- cer o "modus facientli" dessa defeza. Sentlo o café a verdadeira estructura da economia nacional, não se concebe, sem (lispi'imor ])ara nós. continuasse na inteira dependência da es])eculação, su- jeito, como até liontem. ao e.\clusi\'o in- teresse dos com[)rad()res. Das três \ alorizações cresse producto, ajjenas a primeira corres])ondeu á noccs- sidanente do ca- fé dcM' fundamentar-se num conjuncto de providencias de grande cohesão mo- ral, económica e financeira, assim es- pecificadas : 1", regularização tia (jfferta p(n' meio de limitação das estradas úv café nos portos de sabida; 2", fundo ou capital ])ermanente para sustentai- os stocks de café retirados dos mercados; ;5". banco central de emissão c rotlesconto. para amparar as actividades geraes da eco- nomia nacional; í". banco de credito hypothecario e banco de credito agrict)- la; 5". ])ro])aganda do café no exterior. Um dos factos que mais facilitam a especidação é. em determinados perío- dos, o enorme acumulo de café nos ])or- tos de sabida da mercadoiia. dando aos com|)ratlores ensejo a forçarem as cota- ções na baixa, ou, (pumdo menos, traze- rem os preços em constantes e ruinosas fluctuacões. Dever-se-á instituir uma or- — 202 ' BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA .líaiiização suificicnleincntc ;)ic'sliui<)sa c zaiulo os iiuTiados t' cxliiiuíiiiiHln a i'S])t'- fortc ])ara iiiípcnlir esse acumulo, ou culação. precisará ile ser letorçada i)ela seja, ])ara regularizar a ofierta . Como ' oriíanização i■ • Emissão e Kedsscontos que se constituirá o gran- producto em taes mercados. Disporti. j^ regulador da circulação monetária e ao mesmo aiiuhl. de deleitados especiaes, i)i'rcor- tempo o orgam alimentador de toda a economia rendo os centros produclores. os ([uaes "^!^"°"^''' ^-^^P^^^ P^ompto a fornecer recursos a ' . ' todas as actividades productoras e ao commercio o iiifornuirào sohre as condições das em geral. O Banco Central seria assim o banco culturas e farão tanihem previsões so- dos bancos, imprimindo o largo e indispensável . _ ..(■-■ i'» 1 .1 . ■ elasterio á circulação de modo a assegurar a as- lll e as sal ias. IJe posst- destas i)iecio- sisten:ia pecuniária para todos os negócios e ini- s;is informacõt'S, o ("onsellio ;ii .. n " ' • i c- i i , ' , .. , ', de crt'dlto tií-ricolti . Stio p;il;ivras de nos itnnos de lirtiudes satrtis. podem ele- ., ,, \iir-se de .> ;i I imllioes Ov saccas, neces- siltirá o Coiisellio Siipi'iior do Café de .„ , ... ... 1, ■ 1- ., •,. , , I- 1 ■ "ara o lavrador que tem dividas, a vida so avultadas disponibilidades em dinheiro. se^á tranquilla de modo a poder cuidar bem da Propõe, enttio. o l)r. S;im]);iio \'id;il ;i conservação e melhoramentos da propriedade, ten- creacão (k' um c;ipit;d ou fiiiulo i)t'rma- Jo s;u debito consolidado a longo prazo, com ju- ueiile. constiluido. de nreferencia, por ros módicos. Essa situação assim fiririada o ha- . , , ,,,,,, ,,,.,. bilitara para cuidar dos meios de melhorar a la- uma emissão esi)ecial de i(H).(M>() con- ,enda, recorrendo aos processos mais adiantados tos de réis de Jjapel-Ilioeda, lastreathl para augmentar a producção — mecânica agrícola, pelo [jfoprio café, ([Ue .se converte em adubação orgânica e chimica, tratamento especial ouro, desde (Uie é exportado. Afasta a e esmerado das arvores, melhoramento dos orodu- . ,, , ' . ' ,-, • '^'os. etc. Um lavrador que vive suffoeado por uma idea de emijrestimo, pani constituir esse situação afflictiva de dividas perde o gosto e vae fundo, jjonpK' uma operacãíj de credito arrastando a vida como quem carrega uma cruz de representando 2()0.()0() contos, para a de- sacrifícios. ,.,,..,• . Para resolver ;sse magno problema do credito teza do cate, custaria por anuo a eco- nypothecario duas soh:;ões análogas se apresen- iiomiii naciontd de 18 a 20.00(1 contos, tam: com juros, commissões, ([uei)ríis de tvpo, A organisação antiga do Banco de Credito Real, I ' /> ■• 1 , . 1. ..:",..• com emissão de letras hvpothecarias mas com ju- etc. O tnndo i)ermanente regularizara. ^„^ garamidos pelo Estado, tendo um capital, di- portanto, a ()tferta. com i, retiraiitl nor- gamos, de 10.0OO:O00í;o;0. em dinheiro, com auto- llial de .'5 milhões de saccas do mercado, risação para emittir em letras hypothecarias até o paqando os preços em curso ou fazendo decuplo desse capital ou o Banco Hypothecario. ' ^ II I ■ moldes da organisação argentina, sem capital, a warrantajíem da mercadoria a prazo autorisando o governo emissões de íetras por sé- loilfío ou proro,i>avel, e a juros muito ri;s, tratando o próprio banco de collocal-as nas motiicos. praças, sendo os juros das letras garantidos pelo ... Estado, Esse Banco Hypothecario argentino func- A re.iiularizaçao da olterta. norinali- ciona ha mais de 35 annos. tendo sido uma das A LAVOURA 203 bases da prosperidade notável desse povo !abo- rioío, onde as grandes fortunas p;:rticulares se contam por dízenas e o expoente da riqueza pro- duzida annualmente é um florão de gloria para unia população relativamente pequena. O outro problema a resolver seria, o v.redito agricola para o custeio. E' essencial que .'rate- mos d: organisar um grande banco para fornecer recursos para o custeio das propriedades agrícolas. Se computarmos em 400 réis por pé de café a me- dia do custeio das fazendas, teremos em 80.1 mi- lhões de cafeeiros uma despesa global de custeio na importância de 320 mil contos de réis por anno. Admittind-.D que a metade dos lavradores teuha recursos próprios para custear as suas proprieda- des, ainda restam lavradores precisando de cer- ca de 150 mil contos de réis para o custeio. Onde encontram tal assistência financeira ? Essa assis- tência é geralmente feita com difficuldades consi- deráveis; parte da lavoura obt:m dos commissa- rios esses recursos; outros, por forneciínenio de gé- neros pelos negociantes de estrada ou da cidade ou povoação mais próxima, outros finalinenie ob- têm recursos por descontos. Em summa, a vida do lavrador para custear a propriedade é deplora- velmente precária. Os recursos por via de regra não são sufficientes para todo o anno agricola e isso quasi sempre dá logar no fim do anno a uma situação de aperturas que é, em ultima analyse, a causadora do sacrifício do café no mercado." Finalmente, .siigííerc o Dr. Sampaio \'i(lal um ])lan() viiíoroso de iiropatíaiula (lo eafé em todo o mundo, nCo s(') para fobusteei'!' os meieados ;K-tu;u's. eomo |);ua introduzir o artii^o noutros, (pie ain- da estão á espera da nossa eoii(|uista eco- nómica, devendo ser essti propaganda ]);ir;dl('la a uma cam|);inlui leuaz con- tra os falsificadores do producto. (".omo se vc, as idéas do nosso illustre ])atricio respondem magistralmente ás con\enii'ncias da Nerdadeira defi'za tpie nos cumj)r(^' fazer, num sentido definiti- \() e st'rio, tio nosso grande artigo de ex- l)orta(,'ão (pie alimentti em pro]iorç'ões maiores, a despeito das siuis crises, \n'o- vocadas ])elo nosso descaso, as necessi- (hules de oiu-o da economia nacional. A Exposição de Borracha de Londres e a representação do Brasil Regressou ha pouco da líuropa o Dr. Hannibal Porto. (|uc, com o Dr. flyppoli- to de \'asconcellos. Cônsul do liiasil em Soulliampton, chefiou a delegaç-ão bra- sileira á Quinta Ex|)osiçã() de Horrticiui e outros productos tropicaes, realisiuhi em Londres. ('onío é de toiios sabido, o exilo al- cançado ))el() nosso i)aiz na grandiosa feira do Agricultural Hall foi altamen- te promissor. e\idenciando o já notável jipreço em (pie ('■ tido o Brasil no mun- do económico eiiro|)eu. .\lém dii maior recompensa, (pie ;i E\posi(;ão conferiu — a ta(.'a de ouro - (pie coube iU) nosso ])aiz, ()i)te\c' meda- lha de ouro o Ministério da .Vgricultura (■ (:l)tiveram medidhas de |)rata diver- sos dos nossos expositores, entre os (piaes quatro Flstados. A Sociedade Nacional de Agricultura, l)or uma eommunicação especial do Dr. Htiuuibal Porto, está informada do suc- cesso (pii' alcan(.';imos n;i impoiiante feira londrina. l'il;is manifestações inequívocas dos priiici|)iies órgãos da inqirensa brasi- leiía e jxdos honrosos testemuidios tra- tiuzidos em felicitações das mais repre- senlali\as personalidades e iiisliluic'ões da adminislrac-ão publica e da eco- nomia luicional. m;inifesl;i(,H')es tributa- das ao Dr. Hannibal Porto á sua chega- da a esta Capital, já sabíamos do victo- rioso resultado dos seus e dos esforços (hl nossa delegação á líxposição de Lon- dres. Esses resultados ])()dem ser authenti- cados não s(') pelos prémios, um dos (piaes |)rimordial, que nos foram confe- i-i(l((s, como, ainda, ))elo alargamento seusi\tl das nossas rehições comnier- ciaes com a Inglaterra — do ([ue o de- legado brasileiro tem em seu ))()der. jia- ra os communicar ao governo, os mais confortadores testemunhos. .\ Inglaterra p()(ie vir ;i ser um gran- de mercado consumidor dos productos Ijrasileiros. Mesmo manufíicturas nos- sas podem ler alli a melhor collocação. o (pie se verificou com o êxito admirável obtido |)elos s|)ecimens industriaes ([ue mandamos á Exposição, como calçados, manteiga, ijueijos, conservas de fructas e carnes, costumes, tecidos e charutos. Xo ((ue concerne ás matérias primas, o campo V illimitado. Sem falar no al- godão, pi^do (piai a i)oderosa industria - 20Í BOLETIM DA SOCIEDADF NACIONAL DE AGRICULTURA (If fiação i' tccrlagcin da (irã-Bnlanlia nianifosla interesse e i)redilecção iiolo- rios. temos enorme i^artido a tomar eoni a exportação de assuear. fibras, óleos ve- ivo de consumidores (jue é um eneia da nossa posição inlernaeional c It Ih- Ihniiiriti ,1o (iiiiiiii, ,'iiiliiii.i;Hlnr ,/.. Ilni^il, ri rii,l„li.n„lnf „„ rniln,. l,Hl,;„ln IH-Ins llrs lhl,n,,h„l /'. ,Srs .tiíijiiii' cliente de inestimável valia i)ara um paiz novo, como o nosso, (jue (|uer e sabe aproveitai- a inexiíolaltilidade v variedatle de seus recursos na eonipiista definitiva do seu lo,a;ar ao sol. entre os paizes i-om exuberante efficieneia ei-o- nomica . A grande, a bemfazeja e fecinida se- mente está lançada. Fomos a Londres dizer — e ijrovar — o que realnienie somos e o (pu^ ))oi/ rilllilil ml E.ljlisuiln ,lf l.niuln'\ - 11 iliir IhlpiNihln ,!,■ \,l^,'ii>„rllus. ilflcijililns I nlsilfun. . 1*111 II I' .Sníf/í-.v tiiiiirrii, ih' Miiiils do di'Vcr de corres])onder aos ónus. ' |.ie. no fundo, são lucros), implícitos no des- laf|iu' d'essa situação lionrosa. Saberemos vencer. .\ pro\ a briliian- li'. (pu' acabamos de dai- em Londres, da nossa ca|)acidad(' produclora. scvix bun- ratla |)ela continuidade do nosso tralia- Ibo boneslo e pelo em|)eubo collectivo de collocar o Brasil entre as nações com tpie o mundo conta para a sua sol)revi- \('ncia e i)ara o seu progresso. Seja-nos permittido. ao rematar e-^tas linbas. 1'elicitar calorosamenlv os exio- A LAVOURA 205 206 BOLETIM DA SOCIEDADE Ni.ClONAL DE AGR1CULTlR\ sitorcs brasileiros da líraiuic leira do puijlic-açài) i' á Soricdadc Nacional de Aeriíullurai Mali. pelo exilo da sua ."e- A^riciilliira . ])resenlaçãrasil na Ouinta Kxnosicão de Hor- Porto. ruja acção nos é particidarniente lacha e Dcnnirs Productos Tropicaes da i«rala. pelos vínculos ([ue o lij4ani a esta nielroi)ole britannica. O zebú e a peste bovina A questão debatida na Sociedade ^acional de Agricultura e na Camará dos Daputados o proiecto do deputado N..buco de Gouvéa pro- hihindo a importação do gado indiano no Brasil, sob funjamento de ser elle transmissor de epizo- otias como a que s; manifestou no gado de alauns municipios de S. Paulo, provocou larga celeuma em todo o paiz. agitando de novo os círculos inte- ressados .10 progresso da pecuária nacionaL Os documentos que passamos a inserir demon- stram o vivo interesse que o assumpto desper- tou iá no seio da Sociedade Nacional de .Agri- cultura, já na Gamara dos Deputados. NA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRI- CULTURA Por indicação do Sr. Lyra Castro, foi nomeada, na sessão de 17 de Junho ultimo, uma commissão para manifestar-se sob a accusação feita ao gado indiano de ser o introductor da peste bovina no paiz. Essa commissão lavrou um importante parecer, firmado pelos Srs. Lyra Castro, presidente, Joa- quim Luiz Osório, relator, G. G. Courrège. Lan- dulpho .Mves e Victor Leivas, e cuja integra é a seguinte: -PARECER - Na sessão da Saciedade Nacional de Agricultura de 17 de Junho p. cassado, approvou esta Sociedade uma indicação do Sr. Lyra Castro, no síníido de ser nomeada uma Commissão para dizer sobre o gado zebú. accusado de ser o vehi- cubíor da peste bovina no Brasil, e, neste caso, da possibilidade da sua importação, sem constituir ameaça aos rebanhos nacionaes. A Commissão estudou devidamente o assumpto, em reuniões consecutivas que r;alizou, tendo ou- vido o deputado Sr. Nabuco de Gouvca autor do proiecto de prohibição da iinportação do gado zebú no Brasil. Não tem duvida a Commissão em affirmar, fun- dada na autoridade unanime dos comoetentes. que o gado zebu' pôde ser depositário do virus da peste bovina e julga que a importação desse gado só deverá ser autorisada observadas rigorosas medidas prophylaticas. Desde que á depositário de virus. o zebu" constitue um perTO e. na ausên- cia de completas medidas de defeza. seria um fla- gello para os rebanhos nacionaes. .Até agcra as fronteiras e portos brasileiros. p6de- se dizir, estão abertos a todas as epizootias pela talta do necessário apparelhatíento de defesa. Fe- lizmente, o actual Ministro da Agricultura, Sr. £'mões Lopes, levou as suas atienções. desde 'ogo, para o im.portante problema, e. hoje, a rcçàc pra- tica governamental s exerce de modo a trotar o Brasil de um apparelhamento perfeito de defesa sanitária animal. O Regulamento do Serviço de Industria Pasto- ril, qie baixou com o De;teto n. 14.711, de 5 de .V.arço de 1921, subordina a importação de bovi- nos, equinos, asininos, suinos. ovinos, caprinos e aves de terreiro, a co"di''ões prefixadas e extende ta;s providencias de policia sanitária á importa- ção de plantas e quaesquer outros productos. São sabias medidas, que não pidem ser dispen- sadas e hoje adop.-^.das por todos os paizes que zelam pela sua riqueza economiica. .Actualmente, a entrada de zebús no Brasil está vedada por acto do Poder Executivo Federal. Ha- vendo o Cônsul eni Calcuttá (índia Ingleza) solici- tado, per tclegramm.i. permissão de embarque para o Brasil de 15(1 daquelles animaes. já comprados no citado paiz. o Sr. Ministro da Agricultura, de accordo com o parecer da Directoria G. do Sirviço de Industria Pas oril, communicou ao Mi- nistro do Exterior não ser possível attender os desejos manifestados no citado telegramma. visto estar prohibida a entrada de zebús até ulterior deliberação e não contar ainda o poder publico c:,m 03 lazaretos veterinários, em via de con- itrucção ncs portos do Rio c Santos. .A Commissào abaixo assignada, de accordo com o critério scientifico adoptado no Regulamento do Serviço de Industria Pastoril, e. tendo em vista os interesses de defesa dos rebanhos de gado racio- nal e a situação internacional do Brasil, de isola- mento, em que ficará, e de extre.mecimentas. que provocará, se não adoptar medidas severas, que resguardem os seus superiores interesses ;conomi- A LAVOURA 207 cos, emitte o sea parecer. qu5 r;sume nas seguin- tes conclusõ;s: 1'. — Applauie (1 acro do Poder Execiuivo Fe- deral que suspíndeii, temporariainente, a importa- ção e a entrada, no lirasii, do gado zebú, por qualquer dos portos e fronteiras da Ripublica. 2.- — Julga quí tal importação deve ser auto- rizada pelo Ministério da Agricultura, Industria e Commercin, subordinada ás condições es:abelec;- das no Regulamenta do Serviço d; Industria Pas- toril. app':vado por Decrero n" 14.711. de 5 de iVlarço de 1921. e, depois da construcção de um único lazareto veterinário espscial, que dev;rá ser em uma das ilhas do porto do Rio de Janeiro, onde serão ííiías as devidas provas scientificas. du-aní; o t5mpo julgado necissario pelo Serviço de Industria Pas.oril, de modo • que assegurem a deíeii c!:is nesses rebanhos. 3". — Lem.bra a co-venisncia do Poder Exe- cutivo Federal exte."der a obser\''an;ia de rigj- losaj rr.e.iiras de defesa sanitária a quaesquer substancias capazds de transmittir ou vehicular a peste bovina, de procedência da .^sia. .Africa s de outras regiões suspeitas. Tal o parecer, qre a Commissão submeíte ao exame e decisão da Sociedade Xacional de Agri- ci'!ii:ra. Ric de Jsrieiíc. 12 d; Juilio de 192!. Lyra Castro, presidente. Joaquim Luiz Osorto.^ relator G. Ccurrcge. Landulphc Aivei> Vicicr Leivas." NA ca.í".;ara dos deputados CoT.o rr.err.bfo da Commissão de Agricultura. Inditstria e Commercio da Camará, coube ao Sr. Lyra Castro relatar o projecto do Sr. Nabuco í;'o Gouvêa. refere'.Tte á probibição da importação cio zebu' no Brasil. O par:cer lavrado pslo Sr. Lyra Castro é uma piça p::' todos os títulos notável e que meíece ter. por isso, ampla divulgação. Eil-o: "Com a data de 13 de junho findo, o illustre representante do Rio Grande do Sul, Sr. Nabuco de Gouvêa, aprese.ntou á consideração dos seus pares um projecto de lei que tomou o n. 37. concebido nestes termos: "Fica prohibida e.n todo o território da Republica a importação de gado tndiano. conhecido com o nome de zebu', seja qual íor stia proceden;ia. " A iWesa da Camará envioa o projecto á Commis- são de -Agricultura, Industria e Commercio, para dar seu parecer sobre elle, e dessa tarefa se vem tila desobrigar. O autor do referido projecto, aproveitando a cpportunidade que se lhe offereceu, com o appa- recimento de casos de oeste bovina em S. Paulo, formulou o mcs.mo, tendo em vista, a um tempo: vesguardar nossos rebanhos da terrível eoizooíia e barrar a entrada desses animaes no paiz, de modo definitivo. S. Ex. não esconde suas pre- venções contra o zebu" sendo grande o numero dos noss:3 patrícios que o condemnam. EUss conside- ram o cruzamento das vaccas nacionaes, com louros indianos, uma calamidade, capaz, por si só, de re- tardar, sinão de aniquillar, nosso futuro pecuário. Não pequeno é o numero de brasileiros que susten- tam these contraria, si julgando amparados por bons fundamentos. ,A matéria, e. pois, sujeiía. de longa data, a controvérsias acaloradas, cada grupo se conservando no seu ponto de vista, sem que nenhum ceda uma polegada de terreno. .A Co.T.missão não tem pirti-pris, e vae exanii- :iar o assumpto com perfeita isenção, visando ape- nas o interesse da Pátria. Para tanto, se julga no dever de abordal-o sob vários aspectos, a sa- ber: 1', se aos zebús ultimamente impcrtados peios portos desta capital e o de Santos se pód; at.ri- buir o apparecimento da peste bovina em S. P.iu- lo, e, no caso affirmativo, si o Brasil deve fechar defi:;iiivameníe seus portos á i.r.portajão dísíês animaes, venham de onde vierem; 2"^ se a sriencia não dispõe de meios que a::.u- telem os rebanhos nacionaes, sem o recurso de m.edida extrema; 3", se devemos .proscrever o cruzamento do zebu' com o gado nacional, em todo o território da Re- publica; 4'. se as raças finas da Europa, da America do i\'oTte, do Uruguay e da Argentina, se adaptam econoir.icamenie em todas as zonas pastoris do nosso vasto paiz, podendo-se prescindir do zebu': 5', se não será preferível praticar a selecção dos nossos gados creoulos naquellas regiões onde as raca.s finas não pcssam prosperar. E" b;m de ver-se a vastidão e a importância jos a.'^.sumpíos e o enleio da Commissão e.n face dí''.es, desejosa, como está, de lhes dar um.a so- lução conveniente. O gado que possuímos nos veio com os primeiros occjp.tntes e exploradores do nosso íerr't:."io, ao3s sua descoberta pelos heróicos navegadores por- tug::ezes, que trouxeram em sua companhia ani- mais do seu paiz. como se; acontscer em caso; Idênticos. Depois foram introduzidos animaes de outras :acas e procedências, por occasião das invasões effectuadas pelos francezes e hollandezes. Espalhados pelo littoral, esses ^pequenos núcleos de criação se foram desenvolvendo, e as facas se entrecfz: ido, constituindo o b;rço da nossa indc^stria pastoril. A criação não obedeceu a nenhum.a regra zoote- chnica, e se foi fazendo empiricamente. Do cru- zamento desordenado de mestiços de diversas ra- ças, vivendo em promiscuidade, resultou a de- gradação dos typos, sob a influencia do nosso cli- ma tiopical e subtropical, e devido ao esquecimen- to dos preceitos que regem a adaptação de raças anim.a'3 sabidas do seu habitat na.u.^al. Séculos passados, a despeito desse regimen de- scuidado, chegamos a attingii um numero consi- derável de bovinos, embora de pequeno rendi- mento. .\ primeira conclusão da iprimeira Conferencia Nacional de Pecuária, resume a situação como se segue: ".'v criação do gado bovino esteve por mui- to temipo estagnada no paiz, por falta de lucros; co.meçou a desenvolver-se com a protecção adua- neira que foi dispensada á industria de lacticí- nios e a de carnes acaba de ter o seu surto deci- sivo com a creação dos matadouros frigoríficos, que lhe abriram o largo caminho da exportação". \ oitava conclusão continu'a: "para que os fri- goríficos possam se estabelecer industrialmente e prosperar, é indispensável que disponham de ma- téria Drima abundante de boa qualidade e de fácil acquisição". 208 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA Gra, Se como dizem, o nosso rebanho de bovi- roí não corresponde ás exigências das industrias frigorilicas, e suas carnes não satisfazem o pa- ladar dos consumidores europeus, cujos mercados precisamos manter e dilatar, em con;u,-r;ncia com a Austrália, o Uruguay e a Argentina, cujos pro- ductos são catalogados entre os de primeira classe, quando os nossos só alcançam as de 3" e 4"", é obvio, que se nos im:póe o urgente dever de n:eIho- rar, de refinar o nosso immenso rebanho de bovinos. .As tentativas oriunndas da tenaz propaganda, que ha longos annos vem fazendo a Sociedade Na- cio.ial de .agricultura, sob a inspiração do seu inolvidável Vice-Presidente, o fallecido Dr. Eduar- do Cotrim, e outros esclarecidos pioneiros da pa- triótica cruzada, vão produzindo seus resultados práticos. .Antes mesmo que a guerra nos abrisse os mercados europeus e que se construíssem fri- gorificos no paiz, já havia quem cogitasse da con- veniência dê refinar a nossa criação, vendo nella uma fonte inexgotavel de riquezas, taes as pro- porções em que poderemos produzir animaes do- mésticos. Esses patrícios, tiveram a intuição clara do que se passava pelo mundo, mesmo sem a guer- la. que precipitou os acontecimentos. E" que as populações de todos os paízes exportadores e im- portadores dos productos da pecuária cresciam a olhos vistos, e tomavam hábitos novos. .A um tem- po augmentava o consumo e diminuía a producção animal, porque os terrenos eram occupados por villas e cidades; pelas culturas de cereaes e ou- tras mais lucrativas e quiçá mais necessárias, como se está dando na .Argentina e nos Estados Unidos da .America. .A vastidão do nosso território, oc- cupada ainda por escassa população, offerece mar- gem para estendermos indefinidamente a producção anírral. Viram, também, que não bastava criar, sendo necessário também, melhorar o peso e a qualidade das carnes e outros productos. Nessa ordem de idéas, particulares e governos importaram reproductores das melhores raças, para leite e carne. Importavam a torto e a direito sem attenderem a nenhum preceito scientifico. O resultado, foi, para muitos, um completo fracasso. Os insuccessos, ás mais das vezes, provenientes da inexperiência, levaram muitos criadores a lan- çarem mão do zebu"; animal rústico, de um paiz cujo clima e outras condições de meio muito se •issemelham ao nosso. .As tentativos deram os me- lhores resultados. .A despeito de vozes até certo ponto autorizadas; ainda que, obedecendo a pre- ceitos theoricos, se levantassem contra o zebu', a maioria via nelle a sua prosperidade. Criação fá- cil e rendosa, não exigindo cuidados, nem conhe cimentos esp;ci,aes. vinha ao encontro do desejo dos nossos criadores. Veiu depois a ( pportunidade dei exportarmos carnes em larga escala, com êxito crescente duran- te a guerra, e algum tempo ainda depois delia. Os consumidores mais exigentes já vão rejeitando nos- sas carnes de mestiços de zebús, só as acceitando a baixos preços. E' o que se diz. Não haverá nisso iilgo de especulação mercantil ? A campanha contra o zebu' volta á baila mais accesa; assim é que se quer impedir a todo o custo a sua importação e, si possível, até o cru- zamento dos nascidos no Brasil. E' necessário c sacrifício do zebu' em holocausto aos mercados estrangeiros, para mantel-os e abrir novos. Para isso, accrescentam, devemos criar somente animaes íínos, cujas carnes são reputadas aos melhores preços. Será isso inexequível em todo o paiz, a despeito da diversidade dos seus climas e de condições in- dispensáveis ao êxito da acciimataçào do animal exótico ? E' o que precisamos demonstrar prati- camente; é o que ainda ninguém fe^ . O humilde relator desta parecer gostaria que lhe provassem ser possível desenvolver economíca- m.ente, em todo o território nacional, a criação de a:'.imaes fines, para talho e para leite, não somente (.ara exportação como para o consumo interno. E' vulgar inquirir-se qual a melhor raça para curte, para leito cu para tr;baIho. Mas quem po- derá, com accerto, affirmar, entre nós. qual a que melhor convém para tal logar ou determinado tim ? Tem, CS perdido tem.po precioso em tentativas i.icompletas e mal orientadas. Nossa iniciativa pri- vada é fraca, e no caso em debate, aos Governos Federal e Estadoaes, comipetia e compete a impor- tante missão. Uma vez que a não teiitaram com c devido desenvolvim.enío. cumpre que o façam com a devida presteza. Ao nosso ver lhes cumpre crear fízendas-neodelo nos differentes cestros pastoris existentes no sul. no centro e no norte do paiz, para ahi cruzar nossas vaccas nativs com touros de varias raças estrangeiras. Os mestiços, todos da mesma idade, e sujeitos ao mesmo meio e a egual regimen alimentar, devem ser sacrifica- dos; suas carnes examinadas por peritos hábeis, classificadas, tendo-se em vista a raça cruzante, o peso total, a porcentagem da carne seu aspecto e sabor. Dest"arte, se ficará sabendo qual a raça mais própria para determin.;da região, por ser a que se cria allí mais economicamente, a que dá maior ren- dimento em car.ca, leite e iiabalho; a mais pre- coce e a que produz carnes de m.elhor qualidade. Nesta experiência deve h.-ver também logar para o zebu". Só por este meio se poderia proclamar a preferencia ou á ccndemnação desta ou daquella raça. Fora disto, tudo qua.ito se affirmar não obedece preceitos scientificos: é impirismo puro. Vejamos agora se nos é dado criar vantajosamen- le tcd.^s as raças em todos os logares. Contra essa prete.ição se insurge a diversidade do clima e as condições do solo brasileiro. O nosso vasto território se estende de õ" ao N. até 38" ao sul do Equador, variando a temperatura entre 36" e 4" centígrados. "O clima deve ser o melhor auxiliar de toda em- preza zootechníca. Lutar contra sua influencia é sempre juntar pratuitamente, e desastradamente, uma nova difficuldade á todas áquellas, jj de si grandes, que apresenta a criação de animaes. iSauson l , "Xão ha vantagens em se querer forçar as leis naturaes mais fortes que nós, no propósito de im- plantar uma raça exótica proveniente ds clima muito diverso daquelle em que vivem os animaes do legar, E' preferível aperfeíçoal-as pelo empre- go cuidadoso dos processos zootechnicos, rcpre- sen:ados pela selecção, boa alimentação e gymnas- ríca funccional, diz o mesmo sabío." Poderá o criador não obter o melhor, mas, con- seguirá por certo, o bom, compatível com o possí- vel. Cada região, segundo seu clima, só poderá criar economicamente animaes, que supportem nor- malmente as influencias do meio ambiente. .Ap- pliquemos estes dados ao nosso paiz. "Situado no hemispherio austral (salvo o extremo norte.) estende-se da zona equatorial pela zona tropical e sub-trcpical. O clima varia de N. a S.. A LAVOURA - 200 conforme a configuração do terreno, tendo-se em vista sua orographia. a sua bacia hydrographica e outras :ondições peculiares ao meio ambiente. As altitudes, as condições pfiysicas do solo, a di- recção dos ventos reinantes e das correntes oceâ- nicas, a proximidade ou o afastamento das gran- des massas de agua, doce ou salgada, e outras circumslancias, modificam sensivelmente, como é sabido, o clima de uma região, se.r. embargo da su.T posição as:ronomica. A conformação e a altura do selo do Brasil, são Ião variadas, que não se podo, por assim dizer, dar um ipasso sem mudar de clima." Assim, ao lado de regiões quentes, temos outras temperadas, em quasi todos os Estados da Repu- blica. A criação tem, fatalmente, que obedecer a essas influenciís. Em um nobre esforço, o Estado de S. Paulo está fazendo a selecção do caracu" nos seus pos:os zo- otechnicos. O resultado tem co.xpensado o sacri- fieio. .Mas; selecção é um methodo zootechnico de- morado nos seus effeitos e exige conhecimentos teciínicos profundos, para dar resultados pratiros, conhecimentos que não tém os nossos criadores em geral. Ao demais, na maioria dos Estados cria- dores, o gado não .em typo definido, não constituin- do raça. Onde fòr possível criar raças finas não se deve tentar outro género de criação, a este respeito não nos parece que possa haver duvidas. ■Mas, o problema não fica resolvido apenas ipelo estudo do clima e da adaptação das raças; é pre- ciso encaral-o ainda sob outros aspectos, entre os quaes figura o dos transportes. Os pontos mais centraes e de climas temp;radcs dos Estados do Ceará, Pernambuco, Bahia, Rio, Goyaz e outros, não dispõe de transportes ferro- viários. Situados a centenas de kilometros dos cen- tros beneficiadores de ani.xaes para exportação, os novilhos de raças delicadas não supportarão as viagens a ipé por péssimos caminhos, tendo que atravessar regiões quentes, por vezes sem pasto e sem agua. Mortos in loco. as carnes não acha- riam igualmente transportes convenientes Semente o Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catharin?,, S. Paulo e parte de Minas, dispõe d; climas amenos e de regulares meies de condu- cção; mas ahi mesmo temos que luctar com outras contrariedades. Como se vé, quando o clima não se oppõe em absoluto á adaptação de animaes, faltam os transportes. Para criar gado de raças nobres; para tirar partido do seu cruzamento com o gado creoulo, são precisos conhecimentos technicos, que faltam por completo ao nosso criador sertanejo. Quando mesmo o clima seja propicio, os transportes ade- quados e abundantes e os conhecimentos technicos suf ficientes, ahi estariam ainda a entravar a mar- cha do problema, as epizootias de todo o género, para dizimarem os rebanhos de mestiços finos, pouco resistentes aos seus ataques. Com os nossos pro:essos administrativos teremos que ver passar longo tempo ainda, antes que ess;s obstáculos, sujeitos ao dominio humano, sejam removidos, para que se possam aproveitar todas as zonas propricias á criação aperfeiçoada. Que fazer, então, desses animaes nativos, que oc^upam vastas regiões do nosso paiz ? Julgamos que ahi, devemos promover o melhora- mento dos gados existentes pelo cruzamento com o gado indiano, preparando um typo mais pesado, mais resistente ao meio e aos males delle decor- rentes, bem como pelo melhoramento dos pasto;-. Quando, um dia, tivermos e.xtinctos o herne, o carrapato, a febre aphtosa, a pneumo-interite, e tivermos bons transportes, cuidemos de aprovei- tar a m.agnifica base construída pelo cruzamento do gado creoulo com o zebú, e sobre ella lan- cemos os finos productores de raças nobres ada- ptáveis ao logar. Não criamos somente para exportar, e sim tam- ben; para ccnsfmo iníer.no. Este se contenta e se ha de contentar, per longo tempo ainda, com as carnes dos nossos mestiços de zebu's. .^o demais, remes que pensar na iproducção do xarque, o precio- so alimento do pobre, maximé da população do interior do Brasil. Esta industria já se acha ex- tincía na .Argentina, Urugray. e pouco se exerce no Rio Grande -do Sul. Dentro d; poucos annos também será posta á margem em Minas G;raes e no Estado do Rio. O seu futuro está no norte cio paf:, onde a criação vae sendo melhorada. Os frigoríficos vão desmontando os saladeiros. O clima do norte defficilmente permittirã a cria- ção de raças nobres, e ahi, o zebu' será sempre um importante factor económico, que não deve ser desprezado. Cada homem e cada pcvo faz o que pôde e não o que quer. Nem sempre querer é poder. Pôde o hoinem surprehender certas for- ças naturaes e applical-as em seu proveito, mas não lhes annulla ou modifica a essência. E' nosso dever aproveitar os climas mais ame- nos para ahi desenvolver criação mais apurada, criando nas zonas tórridas animaes que a ellas melhor se adaptam, como é o caso do zebu". O problema não comporta exclusivismo. Os inglezes não pensaram jamais introduzir na índia suas raças nobres e ahi só criam o zebu'. Na .'Xustralia ha cerca de oito milhões de animaes de boas raças, ao norte, cujo clima é mais doce, ao passo que no resto do território australiana criam 80 milhões de merinos, que bem se adaptam aos climas quentes e seccos, dada sua origem africana. Não desdenham também cruzar os Durhans do nort; com o zebú, como também estão fazendo os americanos do norte, em certas regiões do seu paiz . Os adversários do zebu' lhe attribuem, arbitra- riamente, uma qualidade como peculiar á sua ra- ça, que absolutamente não corresponde a dados scientificos. Dize.-r; que seu cruzamento com ani- maes de outras raças ou espécies são hybridos e por isso degeneram, e na terceira geração se asse- melham a cabritos. Vejamos os fundamentos dessa esserção: Hybrido é o producto infecundo do cruzamento de duas espécies differentes. diz o grande zoote- chnista Sanson. Hybridação consiste ein juntar reproductores pertencentes a duas espécies differentes, para obter productos infecundos. (P. Diffloth.l A qualidade de fecundos addicionada ao termo hybrido é contradictoria. (Sanson.) O cruzamento de zebu's com outros bovinos tem sido praticado, notadamente nas fazendas de 'JCurtemberg. Esses cruzamentos produziram, em ambos os sentidos, indivíduos infini'íamente fecun- dos, isto é. mestiços e não absolutamente hybri- dos. ( Sanson. ) Xão sendo absolutamente hybridos os produ- ctos desses cruzamentos, e sim mestiços infinita- mente fecundos, não colhem os argumentos da fal- lada degenerescen-cia á terceira ou quarta gerações. O que determina tal decadência é a inobservân- cia dos preceitos zootechnicos no cruzamento e o 210 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA respectivo traiamento dos mestiços. O que occorre :oi7i o zebu" também se observa com qualqurr cu- tia espécie ou raça animaes. Os Durhams, na sua origem, eram animaes pequenas, mal feitos, pe- sar.do em média treseiicos kilos de peso vivo. Par- tindo de iaes elementos us irmãos Collins;'s e seus sf.ccessores cheíaram ao typo q'je hoje represen- ta o máximo gráa ie aperí;içca;'.:e;iio. .Jonas Webb tomou carneiros South-downs. de typos mesquinhos, e es aperfeiçoou ao que hoje sâo, tanto em relação ao S;ii peso como á sua lã, .i.ssim fizer.".m todas os q:e ten:arar!; e conse- guiram aperieiçoar raças anim.ies. Os zebu's não podem escapar a estas regras. Cruzeni-no scientificamente, empreguem na sua criação methodos zcoíechnicos, que tão bons re- sulí-^dos derjm .juan.-io usados para o aperie'çoa- mento das Oiiras raças, s seus mestiços conserva- rão as qualidades dcs seus progenitorss e perpe- tuarão, pela herança, as boas variedades seleccio- nadas no sentido do objectivo dos criadores. Peste bovina — Não consta da historia da nossa pecuária a invasão do paiz pjla terrivel ep'z:o:ia, que tantos esí.-agos tem causado, por v.;rias vezes, em. outros logares. E' possivel que t;nha pas- sado despercebida até agora. Desgraçadamente ella nos fez sua primeira vi- si. a em março findo, emb;ra circumscripta a sete municípios dí S. Paulo. Nem por isso nos tem causado menores males; não somente p:la mortan- dade que fez, que não foi maior, graças ás prom- píaí, providsncias, em boa hora dadas pelos Gover- nos de S. Paulo e Federal; mas, prmcipalmctiit. pelos óbices que trouxe á nossa exiportação de car- nes e outros productos e sub-producíos da pecuá- ria, como ainda irrpe:in;o avul.idcs negócios den- tro do paiz. Como dissemos foi S. Paulo o iheatro do seu primeiro surto, tendo por ponto de partida o mata- douro de Osasro. Depois, a moléstia se propagou ao município da Capital do Estado, aos de Itu', Cotias, Santo .\miro e outros. A principio se julgou traíar-se da febre aphtosa de forma gr;,ve, sendo mais tarde identificada a peste bovina pelos profissionaes dos serviços de Industria Pastoril de S, Paulo e do .Ministério da .agricultura, com o poderoso coacurso de illustres professores da Faculdade de Medicina de São Paulo e da missão Roksfelhr. Conhecido o mal. foi organisado rigoroso ser- viço de defeza, graças ao que se o poude vér, em pouco tempo circumscripto, tratando-se agora de o erradicar de modo completo. Ao esoirilo de tcdos surgiu a interrogação: de onde nos veio o m.al ? Constatou-se que em julho do anno passado -!ie- ?ou so porto do Rio de Janeiro o vapor "Graco- gnier", tiazíndc uma grand; partida de gado india- no; que este gado jstivera em Antuérpia a espera de vapor para vir para o Brasil, sendo depois em- barcado naquelle navio. Dias depois chegou a .Antuérpia um carregamen- to de gado americano, e foi abrigado nos mesmos logares onde estiveram os z5bús. e dois dias passados esses animaes começaram a morrer de pesie bovina. Tan-.be.m lá íoi a principio confun- dida co.m a febre aphtosa grave. Mais ainda se disse qu2 a .Ailemanha entregou á Belg'ca, a titulo de repaiações animaes cotvtpracios na Rússia, paiz onde rein.i, em certas regiões do sal, a peste soo - lórma enzooíica, sendo a elles que se deveria im- putar a invasão da Bélgica e não aos zebu's. Veiamos se é possivel se lhes atíribuir o crime de nos trazerem o feio mal. Como já dissemos, o 'Gíacogni;r" chegou ao R.o em Julho do anno passado e seu carreeamento de zeb:rs seguiu diversos de.-lin:s Depois delle outros vieram ter ao Brasil trazendo novos carrega- mentos desses animaes e de outros vindos da ín- .lia e todos aportaram em Santos, onde es ani- naes desembarcaram seguindo para o interior de S. Paulo, .Minas, Rio de Janeiro e Espirito Santo. O primeiro chegou a 15 de outubro passado tra- zendo 65 zebu"s, que ficaram em S. Paulo; a 24 de novembro outro vapor cnegou a Santos co.t. 7õ(; aniraae.s dessa espécie, sendo 253 para o Espirito íanto, e 405 para o Sr. Caldeira Júnior, criador em Uberaba. Nesse mesmo vapor tamaem vteram para o mesmo senhor 10 caprinas indianos e dous cavallos árabes. No mez de dezembro findo e ncs de janeiro e março do anno corrente, entraram mais, .pelo parto de S."ntos, 570 zebu"s e 20 caprinos de origem in- dtana. .-".'.c'.:: de ani.r.aes, veio juta e ferragens. Logo que se declarou a pes^e esses animaes ío- ram postos na mais rigorosa vigilância veteriná- ria, se.Ti que até hoje se tenna verificado um só caso da moléstia porque são incriminados. Tão pouco não ha conhecimento de caso algum de peste entie o gado nacional o.ntie vivem, ha me- zef., os zebu's emi perfeita camaradagem com o gado crioulo e com mestiços de pães estrangeiros. Como. pois, culpar o gado indiano pelo appare- cimento da peste no paiz. maximé em Osasco, onde nunca estiveram e nem os bois de servi- ços de^se mata '-'curo, primeiros atacados, vivem ctr. t3nt?,cto. sequer, com o gado destin.-.do á ma- tança e vmdc de pontos, porventura possíveis de contaminação ? "Os technicos do Serviço de Industria Pastoril affirmam que, á vista dos dados colhidos in loco, naa podem absolutamente responsabilisar os zebu"s paio apparecimento da peste em S. Paulo. Não veio r.cnhu.T. animal doente de peste e se viesse algjivi que tivesse tido :■; doetiça, este serra for- çosamente, eliminador de virus. Esta possibilida- de é e.\cluida pelo facto de terem os zebu's pertr.a- neciao em contac.o com animaes nacionaes. sem que estes conirahissem o mal. Si fossem es zebu"s os introductores da peste, ella teria inrrompido nos centros criadores para onde foram e não em Osasco". De quanto vimos de espender se conclue: ai 2i'e nao está provado terem sido os zebu's irnpjrí.TJos os vehicirladores da peste bovina; bl que o cruzam.ento do gado nacional com tou- ros indianos é util, maximé em cirtas regiões pastoris, do centro e ^norte do paiz; c) que é possivel prevenir a im.poríacão do mal, app!iead.ts as ntedidas e defeza sanitária animal; consubstanciadas no novo regulamento do Serviço de Industria Pastoril. i\'es;es texos, a Comniissão é de parecer qv.e a medida constante do projecto é demasiado radical, embora reconheça que es zebu's ;possam constituir seria ameaça, senão forem tomadas as devidas cau- telas, visto pr3virem de paiz onde a moléstia reina com caracter enzootico e por isso offerece ao dito projecto o seguinte substitutivo: O Congresso X^acional decreta: A LAVOURA 211 Ari. I" Fica suspensa, em todo o território da Republica a importação de gado injiano, conhacido pelo nome de zebu', proveniente de qualquer paiz estrangeiro, até que o Governo Nacional disponlia de um lazareto especial, dentro da bahia do Rio de Janeiro, destinado esclusivamente ás quarente- nas a que ficarão sugeitos esses animaes, antes de serem incorporados ao rebanho do paiz. § 1" — Restabelecida a importação, todo o gado des:a espécie como o de outras, importados da Ín- dia, como de qualquer logar ondr; exista a peste bovina, será recolhido ao lazareto pelo prazo mí- nimo de 90 dias, e ahi sugeito a quarentena de rigor e a todas as provas aconí^elhadas pela scien- cia, em casos taes, somente sendo entregues aos seus proprietários, quando julgados absolutamente indennes, correndo todas as despezas por conta dos importadores. Ta.T.bem serão recolhidos ao lazareto e desinfectados os objectos suspeitos. !< 2" - - Verificada a necessidade de sacrifício dos animaes quarenten.Tdos, não caberá ao proprietário direito a indemnisação alguma. An. 2" — Quando a directoria do Serviço de Industria Pastoril tiver conhecimento de que á bor- do de um vapor demandando os nossos portos, existam animaes infectados de inolestia infecto-con- tagiosa. empregará os meios ao seu alcance para impedir que toque em portos brasileiros. Arr. 3 - Revogam-se as disposições em con- trario. Sala das Commissões, IS de julho de 1921 - V. Camboin, presidente interino — Lyra Castro, relator — Rocha Cavalcanti — Fidelis Reis — Graccho Cardoso. UM\ COMMiLTÍNlCAÇÃO DO SR. AUGUSTO RAMOS Sobre o mesmo assi^mpto, o Sr. .\ugusto Ramos dirigiu ao Sr. Presidente da Sociedade Nacional de .Agricultura a seguinte importante carta, cujas conclusões foram approvadas, excepto a 3". que soffreu obje:jõ:s do S.-. Lyra Castro: "Salvo pequena modificação, adiante lembrada, estou inteiramente de accôrdo com o magistral pa- recer do Dr. Lyra Castro sobre o projecto do Dr. Nabuco d? Gouvèa. na Gamara. Como quasl sempre acontece, é o m.eio termj que deve prevalecer na solução dos grandes prrblemas nacionaes, quando múltiplos são os aspectos com que elles se apresentam. O gado zebO é inferior ao gado de outras raças. Muito bem; mas o que dahi se conclue, fazendo-se ainda as maiores conces- sões, é qu;, quando for iconomicamente vantajoso explorar essas outras raças, o zebu' merece ser excluído. Mas quando não fõr ? Deveremos dei- xar desertas todas as pastagens naturaes ou arti- ficiaes do Norte do Brasil e mesmo do planalto montanhoso do Estado do Rio e das zonas equi- valentes, ou ainda mais difficilinente accessiveis e me.Tos servidas de transportes do Estado de Mi- nas ? Nessas ásperas regiões, desguarnecidas de installações para abrigo do gado que, as mais das vezes, na estação das aguas, amanhece no la- maçal dos curraes. não s; torna evidente a impossi- bilidade de. com lucros, criar gado fino ? Não é natural, portanto, que se permitta que ahi se crie o zebu", ipara, com os lucros da sua criação, prepa- rar os recursos em dinheiro cabazes de permittir o adiantamento da industria e o melhoramento ou substituição da raça ? Não queiramos applicar a esse caso o que em relação ao assucar se passa. Sapateando em verdadeiros accessos de hysterismo. toda a gente leva a gritar aos industriaes que tra- tem de melhorar suas usinas emquanto, por outro lado, Ihj arrebatam todos os meios de ganhar di- nheiro com as usinas actuaes. Mas com que re- cursos, então, comprarão a nova apparelhagem ? Não é isto infantil e doloroso ? Não á ridi:ulo e revoltante ? Façam.os, pois, ganhar dinheiro com o zebv.' a esses criadores, que não podem substituil- 0 por outros e tratemos de, parallelamente, educal- os para melhorarem o seu ineio de vida. Allegar ser de inferior qualidade a carne do ze- bu', não é resolver o problema, como o é ainda me- nos proclamar a excellen:ia da carne do Hereford ou do Durhan e não apontar no trisle deserto dos nossos campos nenhum exemplar dessas raças. Quando me refiro ao facto de ser lucrativa a criação do zebu', é claro que já admitto para a sua carne preço de carne de segunda ou terceira qualidade. Os lucros certame^nte se reduzem, mas ainda assim são lucros que auxiliam o crescimento económico d3 paiz, o que não succede com os campos des- povoados. XTo Estado do Espirito Santo o c?Jé não é Ião bom como o do Rio e principalmente como o de S. Paulo: no entanto, é com esse café que o Estado se tem desenvolvido, contribuindo egual- mente para o desenvolvimento do Brasil. Imagine-se o que teria succedido, se ha 20 ou 30 annos, se tivesse exigido do Estado que pro- duzisse logo tão bom café como o de S. Paulo, ou que não o cultivasse. Replicar-se que, nesse caso. o Estado teria produzido outra cousa, é não conhe:er os nossos problemas. Produzir o que ? As- sucar? Mas .;ssa industria ainda é menos accessi- vel aos pobres. O Estado, aliás, a explorou, mas leve de abandonal-a até ha pouco tempo. Cultivar o algodão ? Mas o Estado o tentou e desistiu . Cereaes ? Mas nenhum Estado brasileiro se en- grandeceu com essa cultura, muito embora a ex- plore como accessoria, como Minas, onde, entre- tanto, é o café que mais produz r;nda, e como o Rio Grande, onde a pjcuaria prevalece. Com o zebu', devemos proceder da mesma forma. Exploremol-o como producto de terceira classe e. com os lucros, busquemos, como disse, melhorar a sua carne e preparar o advento de um gado me- lhor. Demais, ninguém pensa em preparar gado de :órte com o rebanho de puro zebu'. Desta raça se deve utilisar somente para enxertar no outro ga- do nosso a necessária dose de rusticidade capaz de tornal-o apto para resistir ás difficeis condições topographicas e outras, que tornam ruinosa a ex- ploração de raças finas. Gomo a carne de segunda ou terceira classe, a carne do gado enxertado de zebu' é perfeitamente acceita e procurada pelas classes menos favore- cidas — e são as mais numerosas — da Europa. O que cumpre é organisar uma defeza systematica dessa carne, nos mercados estrangeiros, onde ella é muito prejudicada pelos manejos de productores de outros paizes, que não toleram ver-se supplan- tados por um artigo barato. Quem é que. mesmo de leve, pode contestar á carne de gado mesclado de zebu', tal qual o exportamos, predicados precio- sos para o consumo da população menos remedia- da do velho mundo ? Os estrangeiros de qualquer categoria qu: aqui aportam outra carne não co- mem senão essa, e com ella se satisfazem regala- damente. Gomo é, então, que somos os primeiros ? desmoralisar um producto que tanto nos pode en- riquecer ? Não esqueçamos que hoje no Brasil, com excepção (?) do Rio Grande, não ha gado 212 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA de açougue que não tenha, em maior ou menor por- centagem, sangue zebu'. Não augmentemos, pois. essa porcentagem, seja; mas não queiramos suppri- mil-a das regiões não em estado, ainda, de criar gado fino, gado de gente rica, que é a que no in- terior raramente se encontra. Louvo as medidas adoptadas por S. Paulo, para afastar do seu terri- tório o gado zebu' e louvo, ainda mais, a que está appli:ando ou venha a applicar ipara seleccionar o caracu' e cruzar os seus rebanhos com o gado europeu. Façam o mesmo o Rio Grande e os poucos Estados mais ( ?) que se julgarem em situação de assim proceder. Anime a União todos esses esfor- ços, mas não queiram eliminar a criação dos Estados onde só o zebu' pode medrar; não supprimam do Br,eração surte bom effeilo, quando ha Ikis- lantc \eMto para espalhar o fumo. O material, jicste caso. consiste na palha humidecida, no al- catrão, ]ia resina, etc., ou numa mistura de tudo isso que se conduz por toda a área cultivada nuuia prancheta movei, conforme illustra a gra- vura que estampamos, ou se distribue em v.arios |)oiitos permanentes . 3. — Pelo aquecimento directo do ar por meio de fogueiras, conforme se procede em divers«is par- tes da Florida, ondie ha senipre lenha empilhada IH-ompta a atear-se-lhe fogo á primeira ameaça de geada , 4. -- >Pi>la rotéa do solo, expondo-se as cama- das húmidas, que prote.gcm gj-audemeute, pela evaporação da humidade do solo recentemente re- volvido. 5. — Pela rega das plantas; o ar é levado qua-si ai> ponto de condensação em orvalho, ficando, tamhem. aquecido. Para que ha.ia lefficiencia, deve i'epetir-se a rega durante a noite, quando se es- peram geadas. (i. — Pela irrigagem do solo, succedendo o mes- mo que no caso precedeaite, isto é, quasi orvalha- gem e aquecimento do ar. Este recurso é fre- quentemente usado para as fructeiras de porte re- duzido, ou arbustivas. A LAVOURA 213 7. — Pelo eiiv:>lvinic;ito das i)l;iiilas cm capo- tas lUi tendas, eonio se pratica na Florida e ou- tros Ioi;ar-'S, e, até mesmo, fazendo-sc uso de es- tufas no interior dessas tendas. S. — l'elo acoljertamejito das flores c:)m pallii- (;ii durante a noite, o que produz b;ins resultados, no caso de morangueiros. Nas culturas em que se estendi a palha pelo terreno, entre as carrei- ras, i)ai-a j)roteger .0'S fructos na sua queda e conserval-os limpos ide sugidades, podem coljrir- se as jjlantas com este material quando a «'cada ameai,'ar as flores. Si a temperatura coulinuar bai.\a, não ha inconveniente eni que a palha piT- niaueça sobre as ijlantas; em caso contrario, j))- rém, deve-se retiral-a em imnipdiato. C> (|ue ahi fica, ccmisignani todos os bons coni- pejulios de agricultura, notadameiítc o "Popular Fruit Growiiig", — "Fructicultura Pratica", — considerado, pelo magistério agronómico norte- amcricauo, uma das obras didácticas nvais per- feitas; seu autor é o Dr. i.Samuel B. Green, lente cathedratico de Horticultura e Sylvicultura na Universidade de Minnesota. ngtv^m^M\^TmuTr,:^.^-\i.-H''n,^l^:jA FjijiniKidor iisadu na protecção das planlas ciintrii an t/cadas. Assenta sobre nina pran- cheta movei á tracção. (Hepriiducção do "Popular Fruit Growing", de Samuel B. Green i . Todos esses recursos tendem a provocar a cir- culação do ar no vergel, misturando as camadas de tetnperatuiras differentes, ou a producção de unia nuvem de fumaça, (durante a manhã, que impeça a irradiação solar directa, evitando, assim, o rápido d e.ge lamento dos fructos congelados na noite i)rocedente. E', e.\actamente, o processo mo- mentâneo do degelo, imuito mais que o congela- mento, dos tecidos, que occasiona os maiores es- tragos ás plantas e.xpostas ás temperaturas com- jiuins de gealda. Para completar estas ligeiras notas, oiçamos o í[ue diz a Physica na explanação elementar dos lihenomcnos meteóricos do orvalho e da geada. Por aípii. rolacionando-se os effeitos ás causas, comprchcuderemos a razão de ser dos vários pro- cessos enumerados. As partes verdes das plantas são bons irradiado- res e. nas noites claras, desenvolvem intensa ir- radiação para o céo, recebendo, em troca, muito l)ouca irradiação. O que vem c, na maior parle, do ar que, como todos os gazes, c um irradiaQ,)r muito fraco, muito pobre. Os vegetaes, em conse- quência, se resfriam e, si o gráo de humidade no ar é bastante elevaldo, ha condensação na forma de "orvalho". .As noites nublosas são desfavorá- veis á formação do orvalho, visto qu:' as aiuvens irradiam para a terra. Quando a temperatura do ar está mnito próxi- ma do ])onto de congelação, a perda de calor pe- la irradiação dá logar á formação de crystaes de .gel:) e a "gealda" se deposita, ao envez do or- valho. Xas noites de muito vento, não ha orvalho nem geada, porque o movimento rápido do ar sobre as lilantas actua por "conducção", mantendo a vege- tação á mesma temperatura da massa geral do ar; deste modo, o calor perdido na irradiação é com- |)ensaido pela conducção. Nas noites calmas, po- rém, a camada de ar, que fica em contacto eom a folha resfriada, baixa log(j de temperatura a menos da nrddia do a.r. \'êni, pois, os leitores, que não é possível des- cobrir-se o que descoberto já está. O que se pro- cui-a. isto sim, é aperfeiçoar e adaptar, com maior proveito para a nossa lavoura, t;iruando-o mais pratico e eficiente, um processo, ha muitos annos em voga, entre os poimicultores da Catiforni,-,. liando a César o que de César fòr, só podemos é fazer votos sinceros |>elo feliz êxito de quem se i)ro]iuzer á empreza tão humana quão IJatrio- tica. .\o mais, estamos ás ordens para quaesquer ou- tros informes com maiore.s detalhes. THOMAZ COELHO FILHO. Engenheiro agn'onomo r^^*^**^^^^^*^^^^ Riquezas de Manacapurii, municipío do Umazona Jluuicipio vastíssimo, SIanacapuru' dispõe de abundantes terras firmes margiiiando os seus nu- merosos lagos, todos de fácil communicação com o rio Solimões, pondo, assim, o agricultor ao abri- go das enchentes periódicas do rio, época essa em que os habitantes das margens, na sua maioria compostas de varzea«, vêem o fmicto ide seu tra- balho arrastado pelas aguas impetuosos do gran- dioso rio. Nos lagos de Manaquiry^ Castanha, .^yapuá, <:aapiranga, .Vrára, Caviana, Beniry, Preto, Sant' .Anna, Calado, .Mirity, que ficam aos fundos da villa de Manacapnru', e em outros de somenos importância, aS terras firmes prestam-se admira- velmente para a cultura de canna de assucar algo- dão, arroz, milho, feijão e toda a sorte de plan- tações úteis, sendo muito remunerador o resultado, tacões úteis, sendo muito remunerado o resultado, pois que. a maior 'parte das colheitas é vendida no mercado de Manáos, em virtude da facilidade do transporte em canoas e nas lanchas que fazem quatro viagens isemanaes entre IManáos e Manaca- puru'. No iMunicipio existem três engenhos que podem consumir toda a canna plantada, sendo que um deli es, o dos. Srs. Ventura & Irmão, na villa, além tle aguardente, fabrica também assucar branco e turbinado. O município exporta além da gomma elástica, farinha de maiidioca e extraordinária quantidade lie castanha, muito abundante em quasi todo o seu território . K' também riquíssimo em peixes, exportando, annualmente, dezenas de milhares de arrobas de pirarucu" para as praças de Manáos e Pará. Nas suas niattas vive enorjue Aariedade de caça de pcUo e de pennas. .\ criação de gado bovino, suino e lanigero vem sendo ensaiada com resultado, principalmen- te nas cercanias da villa, pelos Srs. Ventura & Irmão, David Essucy, família Coelho e outros, for- necendo não só o necessário para a alimenta- ção publica, como lambem para a venda aos na- vios que por ali trafegam. -- 21!( BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA A lavoura do algodão no Brasil fl coníerencia do Sr. flrno Pearse na Sociedade Racional de Agricultura De regresso da sua íKCursão aos Estados pro- ductores de algodão, o Sr. Amo Pearse, chefe da missão ingleza que veiu officialmente ao Brasil estudar a nossa lavoura algodoeira, realizou no dia 8 de Julho ultimo, na Soci5dade Nacional de Agricultura, uma conferencia da mais alta rilevan- cia, que a seguir offerecemos, na integra, aos nos- sos leitores: "Sr. Ministro da Agricultura. — Sr. Presidente da Sociedade Nacional d; .\gricultura. — Meus Senhores. — Devo appellar, em preliminar, para a vassa indulgência, nao só pelo tacto ds ser um estrangeiro que ainda não está familiarizado com o idioma do vosso paiz, como também por vir aqui trazer-vos alguns consrlhos depois de uma curta viagem pelo interior dos Estados de S. Paulo. Mi- nas, Bahia. Alagcas, Sergipe, Pernambuco, Para- hyba e Rio Grande do Norte. E' incontestável, porém, que podem as minhas palavras ter alguma opportunidade, porquanio não é raro qu.» os extranhos a uma região observem sob um novo prisma aquillo que não pode ser visto com precisão pelos habitantes do lugar, de- vido ao habito que estes têm d; contemplar con- stantemente as cousas que os rodeiam. Também d;vo pedir-vos desculpa de vir prender a vossa attencão, neste recinto. Faço-o correspondendo ao convite muito gentil do Sr. Presidente desta So ciedade. Não era. infelizmente, possivjl inspeccionar de- tidamente todas as zonas algodoeiras de cada Es- tado visitado; para isso seria necessário muito tempo, mas examinamos as zonas principais dos Es;ados de S. Paulo, Rio Grande do Norte, Para- hyba e Pernambuco, que produzem a maior quan- tidade de algodão dj Brasil e da melhor qua- lidade. Talviz possa affirmar-vos que nenhuma pessoa visitou ainda tantas culturas de algodão nos di- versos Estados deste paiz, como acabamos de fa- zer. O nosso objectivo, depois da visita aos cam- pos de cultura, era a de reunir os lavradores, ex- plicando-lhes os inconvenientes do systema ainda erron:o que empregam, de modo que a nossa via- gem, se tornasse instructiva aos productores e as- sim o fizemos. A área cultivada com algodão em vosso paiz é bem maiior que a dos Estados Unidos e as suas condições de clima e solo são provavelmente as melhores mas elle não produz actualmente mais do que 70D.300 fardos de algodão de 220 kilos contra os 12 até 15 milhões dos Estados Unidos. Em preliminar, ha falta de braços, porém, com a immigração da Europa que promette ser grande nos próximos annos, essa desvantagem tende a ficar reduzida. Em S. Paulo e no Nordeste do Brasil, o ren- dimento por hectare é maior do que em qualquer outro paiz do mundo, e a fibra do Seridó é, sem duvida, igual á melhor do Egypto. Peço vossa attencão para essas grandes e extraordinárias possibilidades que o vosso assombroso paiz pos- su;, emquanto que da minha parte exercerei toda a minha influencia junto dos fiandeiros da Eu- ropa, para que também reconheçam que no Bra- sil a industria algodoeira possue uma importante fonte de matéria prima que, durante os tempos normaes, tem f;ito falta ao mundo. Tereis occasião de ver que, depois de ter pu- blicado o meu relatório sobre a nossa viagem ao Brasil, haverá muitos fiandeiros que comprarão, pela primeira vez, algodão brasileiro. A nossa visita tem attrahido a attencão geral do paiz sobre o algodão; todos os jornaes se têm occupad'o com a nossa missão e aproveito esta opportunidade para agradecer cordialmente á im- prensa brasileira por este serviço inestimável. Este meu agradecimento é extensivo aos com- merciantes, negociantes, lavradores e emfim a toda a população das zonas algodoeiras por nós vi- sitadas, os quaes mostram grande interesse pela nossa missão e. esperamos, delia virá melhor en- tendimento geral entre as classes que se occupam do algodão. Além da falta de braços que existe, especial- mente no norte, ha em toda a parte diversos fa- ctores, que tém impedido o Brasil de occupar o lu- gar qite a natureza lhe destinou na ordem dos abast;cedor;s do mundo. Não vos deveis queixar da natureza do vosso paiz, mas deveis reconhecer a culpa imperdoave. dos homens e essa uma vez sanada, não ha ne- nhuma razão para qu; o Brasil não venha a ser um dos maiores fornecedores de algodão do mundo. Com excepção do café, póde-se dizer que ne- nhum producto do Brasil recebe a mesma remu- neração que os de outra proveniência, e isso sitn- plesmente devido á falta de classificação. Fijzendas de sementes. — Nos algodões do Brasil observa-se, sem excepção, a ausência coni- phta de uniformidade da fibra. Depois de íev visitado mais de 1 .000 campos, posso verificar que não encontrei dez plantações onde se tenha empregado algum esforço afim dt separar a se- mente; tr;s até cinco variedades se encontram misturadas no mesmo campo, dando lugar a fi- bras compridas, curtas, ásperas e sedosas. O comprador deve fazer o seu preço segundo a fibra mais curta, e por isso o lavrador não recebe um preço remunerador pelo algodão. Vi- mos fibras de 20 millimetros juntas com outras dê 40 millimetros, nos mesmos campos e, certa- mente, o preço que obtiver esse producto será na- turalmente baseado sobre a fibra de 20 millime- tros. emquanto que, se tivesse sido plantada só a semente ae fibra comprida, o preço de venda seria de mais do dobro. E' muito fácil separar as sementes neste paiz. pois cada variedade tem um característico peculiar, e uma criança, a quem se cnsin;. poderá fazer a separação das sementes. Os fiandeii'i]s da Europa queixam-se sempre que nunca poderão receber do Brasil qualidades idênticas; compram uma partida de algodão e, quando encommendam outra, acham uma diff;- rença grande entre a primeira e a segunda. .A falta desta uniformidade somente pôde ser sa- nada pela distribuição de semsntes boas e de uma só espécie, por isso que não ha nenhum outro meio senão estabelecer em cada zona im- portante uma fazenda de sementes para produzir em toda a zona de condições differentes o typo de sementes que melhor lhe convier. A LAVOURA 215 Taes ístabelecimentos, segundo o que penso. devem ser de propriedade do Governo Federal ou de particulares, sob severa fiscalisaçào. O trabalho de produzir estas sementes puras pertence ao domínio s:ientifico da agricultura e, por isso, é uma tarefa que o agricultor não pôde geralmente preíncher com bom ixilo. Embora ssja uma obra simples, necessita, entretanto, pa- ciência e continuidade de acção. Primeirament; planta-se a semente de uma variedade, segundo os sius caracteres externos; quando as novas ar- vores apresentam os primeiros capuiiios, observa- se os pés que têm a maior quanúdade de galhos bem carregados, de baixo para cima da planta. Quando os capulhos abram, será necessário in- speccionar cada uma das arvores escolhidas e ve- rificar se o comprimento, a resistência e a còr satisfazem. Só os capulhos assim seleccionados devem ser usados para o plantio do anno futuro e. com segurança, a maior parte delles dará as mesmas qualidades nas novas plantas que produ- zirem. Assim se pode au,e.mer>tar, dentro de al- guns annos, o comprimento de dous até quatro millimetros, segunde foi demonstrado na fazenda Salto Grande, de Villa .americana, no Estado d; São Ps'„'Io. .^s fazendas de sementes devem ser de gran- des áreas, pois devem produzir as sementes ne- cessárias a todos os lavradores de cada zona, e sendo assim de f.randes proporções, seai fácil administral-as com lucro, empregando a cul- tura mícanica. Visto que este trabalho de sele- cção deve ser f.^ito com muito cuidado, será con- veniente que o Delegado do Serviço do Algodão do Governo Federal se oocupe com elh pessoal- mente, pois dahi depende o successo ou o mão êxito da cultura no Estado inteiro; este funccio- nario deve morar na fazenda e não na cidade, e a elle caberá também a fiscalização dos encarre- gados de percorrer a zona, explicando aos fazen- deiros, pequenos lavradores, prefsitos, chefes po- liticos, etc. a cultura intensiva. Cada zona cul- tivará só uma variedade; de outra maneira, haverá de novo mistura de sementes e hybridação. As fazendas de sementes devem servir igual- mente de modelo, de modo que se possa verificar não só o methodo de cultura, como também o custo exacto da colheita. Oeverão ellas servir de campos de demonstração, onde se pratica a lavoura racional com machinas, a rotação das cul- turas demonstrando o lucro que se pôde obter com cada .ariedade. sendo este um factor mui- tíssimo importante para poder aconselhar a cul- tura de uma ou de outra. Eu não aconselharia ao Governo empre^hen- •der a montagem destas fazendas, com a certeza de contribuírem os cofres públicos todos os an- nos com novas verbas. Nada disso: — as fa- zendas que proponho devem dar um lucro regular em dinheiro e o administrador que não puder mos- trar no fim de dous annos lasse lucro, não mere- ce o titulo de agrónomo e deve ser substituído. Taes fazendas de sementes deveriam ser esta- belecidas em cada Estado; talvez Alagoas e Ser- gipe possam ser attendidos por uma só. Permitti vos declare, com a máxima franque- za, que as fazendas de sementes constituem a chave do problema algodoeiro no Brasil. Se dei- xardes de estabelecel-as ou demorardes em fa- zel-o, será melhor abandonardes todo o traba- lho, pois o algodão brasileiro nunca poderá com- petir nos mercados do mundo com os de outras procedências, e dentro de pouco tempo a qualidade do algodão se depreciará, tanto mais que as fa- bricas do Brasil serão obrigadas a importar dos Estados Unidos da America do Norte uma gran- de quantidade desta matéria prima. O algodão é uma planta que se presta muito facilmente á hybridação, exaciamente como o que se dá com o gado. Na criação dos animaes todo fazendeiro reconhece a importância do sangue puro; dá-se a mesma cousa com as plantas e es- pecialmente com o algodão. A mistura de sementes nas usinas e descaro- çadores e a hybridação nos campos pelos inse- ctos e pelo vento, têm reduzido a qualidade e pro- vavelmente influído na quantidade das colheitas, e esta retrogr.adação continuará, se não forem es- rabelecidas as referidas fazendas de sementes. Posso citar o caso das índias. Faz três séculos que os indígenas ali fabricaram nos seus teares de mão tecidos tão delicados, que é impossível fabrical-os hoje com as melhores machinas moder- nas: estes tecidos foram feitos com o algodão muito fino e comprido que era cultivado ali na- quclles tempos. Hoje em dia, não se encontra na índia nenhuma fibra com o comprimento maior de vinte e cinco millimetros, e grande parte da sua colheita c de doze millimetros. A explicação desta reducção reside simplesmente no facto se- guinte: as sementes foram misturadas durante suecessivas culturas através dos annos e as flo- res de varias qualidades se hybridaram, de ma- neira que a índia, que já forneceu uma das fibras mais compridas do mundo, é hoje conhecido como fornecedora da fibra mais curta. Durante os últimos vinte annos, o Governo da da índia fez separar pelos botânicos mais com- petentes os typos differe'ntes que existiam no paiz. e já se pôde notar o melhoramento na qua- lidade do seu producto. O caso do Brasil é idên- tico ao da índia conforme se observa no Seridó. onde CS melhores cultivadores nos disseram que o verdadeiro Mocó não existe mais; e um classi- ficador de algodão, especialista de Liverpool, que se acha no Brasil ha oito annos, assegurou-me que durante este período a qualidade de Mocó tem peiorado muito. Todos os seus algodões têm signaes visíveis de hybridação e é mister deter sem perda de tempo esta depreciação. Caso não sjjam tomadas as medidas necessárias e simples que lembro e que nada custarão ao Governo, as fabricas de tecidos do Brasil, como yà salientei, serão' forçadas a importar algodão de outros paizes, emquanto que será fácil melhorar a qualidatie, augmentar a quan- tidade produzida e augmentar muito a exporta- ção de algodão, tornando assim o Brasil um paiz de finanças consolidadas. Colheita. — Um prejuízo enorme resulta da apanhação da colheita. No curso da minha viagem, tive opportunidade de apreciar uma transacção, actualmente realizada entre Parahyba e Liverpool e as differenças de preço que se fizeram para o algodão de uma mesma qualidade apanhado, par- te limpo, parte meio liinpo e o resto sujo. Os preços obtidos foram de 5.42 d. peso sujo. 7.92 d. pelo mediano e 10.42 d. pelo limpo. Além disso, na casa Broxwell disseram-me que de uma partida de algodão de mais de oitocentos fardos, havia só vinte e oito fardos dignos de ser classi- ficados como bem limpos O preço destes últimos será 20 °j° mais alto que o do resto. 21(3 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA E' muito fácil apanhar o algodão limpo_ e com um pouco mais de cuidado no campo se obtém grande differeiíça. Cada apanhador deverá ter ■duas bolsas, ou saccos, uma para o algodão limpo € outra para o sujo, para as crueiras. as fibras mortas, etc. . Muitos levradores pensam que a crucira e outros corpos extranhos fazem augmen- tar o peso total do algodão e lhes darão mais a ganhar. Isto é um dos maiores erros, conform? demonstrei com a transacção citada. Faz pena ver como o homem reduz o valor da fibra pelo descuido na apanhação. Na Bahia e geralmente no norte, o commercio estabeleceu differença de 50 "," no preço entre o algodão sujo e o limpo, e na Parahyba é quasi impossível achar um comprador para o algodão sujo. Assim, os lavradores aprenderão a apanhar algodão limpo, soffrendo as consequências da des- valorização do seu producto. e deverá haver dif- ferença semelhante entre primeira s mediana nos algodões de S. Paulo e Minas. Nestes Estados, a differença de preço entr; algodão limpo e sujo não é bastante grande. O algodão do norte deve compeiir com o algo- dão do Egypto nos mercados mundiaes. No Egy- pto se presta maior attenção á colheita. Vi naquel- le paiz como os meninos e as mulheres nos campos tiram as folhas, ciscos, etc, misturados ao algo- dão, eliminando a impureza. Na minha viagem pelo norte, observei que as mulheres apanham me- lhor o algodão do que os homens. As mulheres também sabem melhor do que os homens a dif- ferença enire a boa a a má qualidade do algodão, devido, sem duvida, á sua occupação de fiar a mão, conforme temos observado em muitos luga- res do interior. .\ apanhação não deve ser começada quando o algodão está ainda orvalhado ; sim quando se íncontra completamente secco. A humidade pre- judica muito o descaroçamento. E" também pre- judicial não colher os capulhos á proporção que vão abrindo, pois dous ou três dias de sol forte bastam para nutilizar grande parte das fibras. Quando chove durante a colheita, os capulhos de- vem ser apanhados logo depois de seccos, pois, de outra maneira, a fibra perde toda a resistên- cia e fica queimada, como s; diz vulgarmente. Mercaaos — Os edificics dos mercados exis- tentes em quasi todos os municípios podiam ser usados para venda e compra do algodão. Este, assim vendido livremente, constituiria a base fun- damental da segurança dos lavradores, que seriam estimulados pela classificação, para colher o pro- ducto com toda a limpeza. Nestes mercados de- veriam ser usados para pesagem do algodão, num districto respectivo, balanças de precisão conve- nientemente aferidas e não, como agora se faz, empregando pedras para contrapeso. Todos os dias cada um destes mercados receberia por telegram- ma os preços correntes dos mercados visinhos. Cada Municipalidade precisa formular um regula- mento, segundo o qual cada fardo deve trazer bem claro a sua procedência, o seu peso, e, em caso, de fraude, quando uma partida se encontrar pro- positalment; molhada, deve ser multado o seu pro- prietário. Os lavradores trarão o seu producto ao mer- cado, realizando as suas vendas quer directamen- te, quer mediante leilão, obtendo, assim, os pro- ductos, preços mais proporcionais ás condições de limpeza. Aqui devo analysar a acção dos compra- dores, muitos dos quaes no interior, segundo veri- fiquei, não pagam o valor justo pelo algodão, tirando o proveito da ignorância do pequeno la- vrador. Verifiquei um caso em Pernambuco, onde um lavrador vendeu seu algodão em arrobas de vinte kilos por dous mil réis e o comprador era um ho- mem rico da cidade próxima. Entretanto, o preço em outras partes era de cinco mil réis. Taes ca- sos não se podem dar quando o algodão é vendido no mercado publico. Torna-se necessário estabe- lecer sociedades cooperativas dos lavradores, que se prestarão a muitos fins, taes como a facilidade de transacções bancarias, evitando o pagamento de juros altos; nas índias usam estas sociedades também para distribuição de sementes, para com- pra de machinas agrícolas etc. Parece-me que os Prefeitos das zonas algodoeiras poderiam encar- regar-se desta obra de educação muito útil e van- tajosa. Quando regressar á Europa, mandarei ao Superintendente do Serviço do Algodão os dados necessários das sociedades cooperativas que exis- tem em grande numero na índia. Beneficiamonío. — Um dos males maiores a que está sujeito o algodão brasileiro é o des- caroçamento, que se faz geralmente de urn modo imperfeito. Como sabeis, neste paiz se usam ex- clusivamente os descaroçadores de serras. Estas machinas são próprias para o algodão de fibra curta, querc dizer, de um comprimento aíé vinte e oito millimetros, e quando a natureza vos deu uma fibra de bom comprimento, é erro crasso o emprego das machinas de serras que cortam, ar- rebentam e reduzem a fibra de cinco a se's mil- limetros como tenho provado. Estes cinco mil- limetros a mais fazem uma differença grande no preço do producto, constituindo um bom lucro quando se pôde obter esse accrescimo e um pre- juízo quando a fibra perde esse compvií-nento. Nos mercados mundiaes falta a fibra comcrida, e por isso o seu preço é relativamente mais aito. As fibras longas devem ser descaroçadas numa niachina de rolo, tal como se usa no Egypto. na índia e mesmo na zona dos Estados Unidos, onde é produzido o Sea Island. Fiz muita propaganda em favor do desfibrador de ròlo, no nordeste do Brasil; em S. Paulo também ha zonas onde se poderia usal-o com bom êxito. Estas machinas se chamam "Roflei Gin", e são construídas por vários fabricantes na Inglaterra e .Mlemanha. k marca mais usada no Egypto é "Mc Carthy" da casa Platt Bros, de Oldham. Não estou aqui fa- zendo reclame dessa ou daquella machina. Um jorna! desta Capital disse que estou aqui para vender essas machinas; é puro engano. Trouxe commigo catálogos de vários fabricantes da In- glaterra e da .Allemanha, que entreguei após a minha chegada ao Superintendente do Serviço do .Algodão e não tenho nenhum interesse pecuniá- rio com a venda dessas machinas. Falando em S. Paulo numa conferencia, usei da palavra "maleficiamento" do algodão, apenas para dar Idéa do prejuízo que as usinas de des- caroçar que empregam machinas de serra cau- sam á fibra. No Norte encontrei algumas instal- lações modernas e que fazem o descaroçamento de uma maneira em que se pode usar da palavra beneficiamento. e tenho o prazer de luencionar aqui especialmente as Usinas de Trajano de Me- deiros & C da Sociedade Algodoeira do Nor- desie Brasileiro e da Companhia de Beneficia- mento e Prensagem do Algodão em Caiupina Grande, mas a grande parle das machinas de ser- A LAVOURA 217 — ras que existem, especialmente as pequenas do in- teror de Minas e outros Estados, se encontram completamente inutilizadas e devem ser renovadas. As serras nunca são afiadas; encontramos ser- ras que traballiam ha dezeseis annos sem terem siido amolladas. Natui-almente, as machinas as- sim cegas devem cortar a libra. Esse trabalho de afiar as serras é tão importante, que um em- pregado do Serviço do .Mgodão deverá trazer com- sigo, ;;m suas viagens, um apparelho para amol- lal-as. Quando s; afiam as serras, limam-se estas geralmente até o extremo inferior dos dentes, ao passo que só três quartos dos dentes devem ser afiados, ficando o fundo, ou parte inferior, cego. Outra causa do máo descaroçamento é a machina virar com grande velocidade; semipre quando se virem nódulos na fibra, é nrcessario fazer andar mais de vagar o descaroçador, o que se pôde ob- ter pela cobertura da polia do mesmo com duas ou três camadas de couro ou com um calço de ma- deira . Temos visto umas usinas modernas, que usam o abridor "Crigton". uma machina que só deveria usar-se nas fabricas de fiação. O algodão tra- tado por essa machina não é mais matéria pri- ma, não tem a apparencia lustrosa da fibra na- tural, e os fiandeiros não querem receber tal fibra. Um apparelho que não damnifica a fibra é uma peneira simples, de forma exagonal. de malhas de seis a dez inillimetros. Essa peneira, em posição inclinada e rotação lenta, faz o algodão entrar na parte mais alia e bate com pouca força contra as malhas; automaticamente, pouco a pouco, sáe elle da peneira na parte inais baixa prompto para ser descaroçado. Tal peneira extrahe inuita impureza e não rouba o brilho natural da fibra, como fazem as machinas chamadas "abridores". .Mém disso, a peneira é uma machina bara;a e poder-se-ia construir na própria usina. Em .Magoas e Sergipe usam-se essas peneiras com o melhor êxito. A maior parte dos descaroçadores, em uso actual- mente no Brasil, reduz enormemente o valor da fi- bra. O Governo Federal reconhece a necessidade, que existe, de empregar no beneficiamento do algo- dão as machinas de rolo, que são construídas sob o mesmo principio dos pequenos engenhos de ma- deira, e. por isso, concede a reducção do imposto de importação. Mistura de sementes. — Um prejuízo ainda maior resulta da venda de sementes m.isturadas que fazem os donos dos descaroçadores. E' cos- tume geral, quando o lavrador necessita de se- mentes para o plantio, comprar na mais próxima usina uma mistura de cinco e mais variedades de sementes. O lavrador planta-as e depois o seu campo se apresenta com a diversidade de varie- dades que actualm:nte se nota. Segundo a minha opinião, os descaroçadores deveriam ser obrigados a vender só sementes escolhidas de uma varie- dade, e cada usina deveria ter uma licença na qual se estipularia claramenre que a mesma se- ria annuUada. se vendesse sementes misturadas aos lavradores. O mal que actualmente produzem es- sas usinas é tão grande, que desfaz todas as boas medidas postas em pratica pelo Serviço do Algo- dão. E' lastimável verificar que, se, por um lado, o Governo dispende esforços para melhorar as condições da cultura, por outro, permitte o tra- balho negativo dos descaroçadores, distribuindo se- mentes misturadas. Assim como é dever dos Go- vernos combater as endemias que ameaçam a vida humana e, nesse sentido, o Brasil occupa um dos primeiros logares no mundo, pela iniciativa do seu afamado hygienista Dr. Oswaldo Cruz. — assim também cabe ao Governo proteger a vida económica e, certo, o algodão constitue para o Biasil uma parte essencial da sua vida económica. Diversos Estados, como os do Maranhão, Para- hyba e Sergipe, organisaram em bases especiaes, o Serviço do Algodão, calcado no decreto federal da mesma natureza, o que representa uma inicia- tiva útil, que deve ser seguida pelos demais Esta- dos productores. Também o Governo do Rio Gran- de do Nor;e baixou um decreto sobre a exporta- ção do algodão, que é de grande alcance para evitar a fraude. No Estado de Pernambuco encontrámos um es- tabelecimento de beneficiar algodão, cujo proprie- tário expoz francamente, e provavelmente por igno- rância, que misturava em cada fardo de algodão em pluma mais ou menos um kilo de linters, e que, durante o anno, essa pratica lhe trouxe um iucro de trinia contos. Evidentemente, esse homem não sabe que commette uma fraude, mas é neces- sário termos bases seguras para impedir a conti- nuação desses actos. Víiricdades de algodão brasileiro. — Encontra- mos na nossa viagem variedades indígenas de al- godão que, estou certo, têm um grande futuro, se forem adoptadas as medidas recommendadas aci- ma, em relação ás fazendas de sementes e a fis- calização das mesmas, quando sejam fornecidas pe- los descaroçadores. Entre as variedades, devo mencionar primeira- mente a Riqueza, que também é conhecida sob os nomes de Verdão. Verde, Azul, Rompe Letras, etc. Este algodão tem uma semente grande, bem ver- de. Encontramol-o em muitos campos da Bahia até Rio Grande do Norte, e na maior parte das vezes, quando a semente era pura. a legitima Ri- queza, a fibra se distinguia pela sua resistência e pela sedosidade. além de ser baslante comprida. Não conheço algodão mais sedoso que o Rique- za, e segundo tcdos os dados obtidos dos plantado- res, parece que dá uma colheita muito grande por pé e que resiste brm ás pragas, ainda que sobre este ponto haja diversidade de opinião. Falando de mo- do geral, parece-me que o Riqueza poderia ser cul- tivado na maior parte do vasto terreno de Chique- Chique. no S. Francisco, a;é a costa do norte. Na- turalmente, haverá zonas onde a terra não conve- nha e outras variedades produzirão melhor re- sultado. Tma destas zonas é o Seridó, que se pôde definir como o terreno comprehendido pelos seis municípios de Caicó. Jardim do Seridó, .\cary. Flores. Curraes Novos, e Serra Negra, todos no Rio Grande do Norte. Mde a única variedade que se deveria cultivar é o Mocó puro. O Governo Federal faltaria ao seu dever, se não estabelecesse ahi uma fazenda de sementes do .V.ocó. Os cultivadores do Seridó. cuja região per- corremos detidamente, a cavallo e de automóvel, se queixam da falta de seinentes puras. O Governo Federal já tem terras excellentes no valle de São .Icsé. perto do ,^çude de Cruzeta. Peço ao Sr. Ministro da Agricultura não deixar passar a op- portunidade excellente para estabelecer ali uma fazenda de sementes do Mocó puro. O Seridó é uma zona algodoeira, na qual se acham reunidas todas as possibilidades na:uraes favoráveis á cultura da fibra muito comprida. Segundo os dados que abtivemos, parece que o rendimento por hectare no Seridó é quasi 25 °!° maior que no Egypto. o paiz afamado pela pro- duccão de algodão de fibra longa, sendo digno de 218 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA nota que no Egypto se obtém tal resultado em- pregando a cultura intensiva e cusiosa irrigação, emquanto no S;rido chegam áquelle rendimento com pouco trabalho, pois, as arvores dão bem durante 10 a 15 annos, com um só anno no Egy- pto. No Seridó, alguns lavradores reconhecem já o valor da =eleccâo das sementes e nessas fazen- das a tiDra poae facilmente rivalizar com o "Sa- kellarides", o melhor algodão do Egypto. Ach;i algumas arvores de Mocó medindo eincoenta e poucos e mais millimetros de comprimento, o que mostra que a terra e o clima são capaz ;s de pro- duzir no Seridó um comprimento de 45 millime- tros em geral. Outra variedade que não se deve perder de vista é o Rim d; Boi, denominado ás vezes Intei- ro, Maranhão e Creoulo. As sementes de um ca- pulho são juntas sob a forma de rim de boi ou como a cauda da cascavel. .A fibra desta variedade é muito boa. resistente e as fiandeiras no interior a preferem, pois tem a vantagem de ser facilmen- te descaroçada com a mão. Esta variedade se poderá cultivar com êxito ao longo do São Francisco. A espécie Herbáceo é excellente para S. Paulo, mas nos outros Estados só posso recommendal-o quando a espécie Riqueza não deu bem. O Her- báceo tem a vantagem de produzir os capulhos em pouco tempo; por exemplo: em Alagoas e Ser- gipe, esta variedade necessita só três m^zes, des- de o plantio até a apanha, e disseram-me que no Maranhão é necessário apenas 1 I 2 mez. Como porém, a fibra do Herbáceo é proveniente de s;mente branca e curta, o plantio desta varie- dade não deve ser feito nas zonas de fibras com- pridas. Seria um verdadeiro desastre plantar o Herbáceo no Seridó e nas zonas visinhas, como se tím feito em Pombal e Lagoa do Monteiro, onde os lavradores plantam uma carreira de Mocó e outra carreira do Herbáceo, obtendo como re- sultado a ruina de ambas as variedades, que assim são pagas pelos mais baixos preços. Felizmente, foi possive! ter ahi uma palestra com muitos la- vradores e explicar-lhes o assumpto. A qualidade da terra e o clima tém uma grande influencia so- bre as variedades differentes; como. por exemplo, no Mocó, que resiste a toda a secca, e também á enchente dagua. emquanto que outras variedades podem só viver com bastant: humildade da solo. O Serviço do .Algodão, que está em muito boas mãos. sob a direcção do meu distincto amigo Sr. William Wilson Coelho de Souza, deve decidir quaes sãr as variedades do paiz. por isso que ':sse profissional conhece, de perto, as variedatíes de algodão brasileiro. Entretanto, c principio geral a ser obedecido é limitar uma única variedade, que deve ser pura. a cada zona do paiz. No curso da nossa viagem pudemos observar que a lagarta rosada não tem feito este anno damno muito grande, e que alguns fazendeiros tém redu- zido os estragos deste insecto, expondo as semen- tes ao sol durante algumas horas antes d; plantar. Para melhor guardar o calor, é recom.mendavel misturar areia e carvão com a semente em um terreiro. No Norte se tem apresentado um novo insecto que se chama vulgarmente persevejo ou em latim Nysius ericce. Schill da familia Lygce- doe, sub-ordem Heteropteros-ordem Hemipteros. Muitos dizem que este persevejo se alimenta da lagarta rosada, mas tal não pôde acontecer, por- oue o persevejo é um insecto sugador. Até agora não se sabe qual seja o damno produzido pelo persevejo que. aliás, parece não ter importância. O melhor modo de retirar este insects do algodão apanhado é cobrir uma porção de algodão com uma tela. Em pouco tempo todos os persevejos pas- sam para a tela. Os Estados que offerecem as possibilidades de um desenvolvimento immediato cm escala bastan- te grande são: Rio Grande do Norte, Parahyba e S. Paulo. Tenho falado do Seridó e suas visi- nbanças. S. Paulo, devido ã sua rica terra com rendimentos phenomenaes. estou certo que pro- duziíá quantidades maiores e, depois de um estudo da zona do café, parece-me que em tempo não muito remoto, os velhos cafésaes transformar-se- ão em algodoaes, que serão mais remunerativos. No Norte são de opinião que o Estado de São Paulo só pôde produzir fibra muito curta; não é tanto assim. Vimos em Tatuhy, na fazenda do Sr. Martinho Guedes, algodão de fibra de 35 mil- limetros, e um hectare de terra, ali, dá facilmente o dobro do que pôde produzir nos Estados Uni- dos da America do Norte. S. Paulo deve e pôde facilmente satisfazer to- das as necessidades das fabricas do Rio e do Sul em geral; parece-m; uma perda inútil gastar di- nheiro em frete do norte do Brasil a Santos, pa- gando lambem os impostos de exportação de Per- nambuco e Parahyba, quando em S. Paulo ha to- das as possibilidades para produzir boas fibras e de comprimento sufficiente para fiar qualquer -fio que as fabricas do Sul necessitem em geral. Mi- nas e Bahia também poderiam facilmente produ- zir todo o algodão necessário ás fabricas destes Estados. Um exportador disse-me que mandou uma partida de algodão de S. Paulo para a Alle- manha e com esse algodão se fez lá fios de nu- mero 32's. emquanto que este mesmo algodão nu- ma fabrica de S. Paulo foi utilisado para fios de 18"s. Parece-me que as qualidades geralmente empregadas nas fabricas do Brasil são demasiado boas e que as companhias poderiam economizar muito, usando algodões inferiores sem prejudicar a fiação. A exportação de algodão do Estado de S. Paulo pôde emprehrnder-se só quando se produzir bas- tante, que dê para alimentar as fabricas nacionaes. e só se poderá fazer a exportação quando se in- troduzir em S. Paulo o mesmo modo de classi- ficar algodão, fazendo a distincção entre limpo e sujo, fibra comprida e curta, con-o se faz com tão bom êxito em Recife, Parahyba e Natal. O com- prador na Europa não quer algodão misturado; a uniformidade da fibra e a limpeza são factores especiaes. Ouanto a Minas Geraes. observei uma certa predilecção pela industria extractiva. Permitto-me, entretanto, chamar a vossa attenção para o facto indiscutível da existência, não só em Minas, mas especialmente im S. Paulo. Parahybf. f Rio Gran- de do Norte, de verdadeiras minas de ouro para cuja exploração não carece descer a maior pro- fundidade do que attinge de ordinário a enxada; trabalhando a terra com quaesquer ferramentas, se encontram thesouros, sem duvida, mais ricos que a mina de ouro mais afamada do paiz. Cal- cula-se que. em Morro Velho, por exemplo, estão occupados 3.00' operários. Pois bem, ainda que as condições de subsistência destes operários s'- jam nessa mina as melhores possíveis, deve-se re- conhecer que o trabalho no campo, ao ar livre, sob a luz bemfazeja do sol. é muito mais sau- dável. Estou certo de que, empregando estes 3.000 homens robustos na cultura do algodão no Seridó, A LAVOURA 219 ou em S. Paulo. ou. emfim, em qualquer zona al- godoeira, ipóde-se obt;r da terra maior lucro em 10 annos, do que a mina do Morro Velho tem obtido desde a sua fundação. Meios de commiinicação. — 'Minas Geraes tem terras riquíssimas, especialmente ao longo do rio São Francisco, mas es:as não podem satisfazer ainda bem ao mundo, emquanto a questão dos transportes não fcr resolvida. Toda agricultura, todo progresso dependem por completo das com- municações e do transporte. Em Minas, ha terras ferrilissimas e principalmente a população das margens do São Francisco é ip.uito operosa. O viajor de um dos poucos vapores que percorrem o rio é constaniemsnt; impressionado pelo trabalho que vê nas numerosas roças por onde passa. Fa- lando dos meios de communi;ação, devo exprimir a minha admiração pelas estradas de autoinoveis que se têm construído durante es últimos annos, nos Estados da Parahyba s Rio Grande do Norte. Observei que estas estradas têm quasi revolucio- nado a vida no sertão e não só a vida social, mas também a commercial, pois as casas exportadoras poucD a pouco panetram no interior e fazem des- caroçar lá o seu algodão. E' isto uma consequên- cia importante do desenvolvimento das estradas boas, que asseguram, por este meio, todas as fa- cil;i.id:s e vantagens ao productor do algodão, pondo-o em relação mais directa com o compra- dor da capital, e assim, sem duvida, chegará o tempo em que o productor receberá um preço pro- porcional ao valor da sua qualidade de algodão. Situação mundial de algodão. — Antes de ter- minar, desejo dizer algo sobre á situação mundial do algodão no momento e no futuro. Como aqui se sabe muito bem, os preços de todas as maté- rias primas estão baixos, devido á guerra e ás suas consequências. A metade dos fusos das prin- cipaes fabricas de tecidos do mundo, estão parados ha um s:mestre, devido á ausência de encommen- das. causada pela desconfiança politica e financeira mundial. Dahi. a grande baixa nos preços do algodão. Este estado de cousas não poderá conti- nuar por muito tempo. O algodão é a melhor e a mas barata fibra para vestir o pobre e o rico. Os novos processos fazem com que o ouro bran- co limite a seda. Muitas industrias novas com grande desenvolviínento. como a de pneumáticos, capas para automsveis. telas para aeroplanos, etc. necessitam do algodão como a matéria prima mais importante para a sua constituição, e não pequena se tornará também a sua acceitação como su-ce- danes' do couro para fabrico de malas, calçado, etc. . Antes da guerra, já a industria queixava- se da falta do algodão, especialmente do de fibra comprida, e o seu maior fornecedor, os Estados Unidos da America do Norte, com os altíssimos salários na lavoura, não pcderá continuar a plan- tar a mesina área de algodão que nos annos pas- sados. Além disso, o caruncho das maçãs (BoU weevill alasíra-se assustadoramente e no seu ter- ritório a lagarta rosada tem também feito a pri- meira invasão. O Presidente da Saciedade dos Plantadores, nos Estados Unidos da America do Norte, declarou na conferencia de Nova Orleans que os lavradores recusavam plantar o algodão, a menos que se pagassem salários mais altos, e que não havia necessidade das mulheres e meninos serem empregados na apanha. Com idéas tão fan- tásticas, da parte dos lavradores, não será possível augmentar a colheita algodoeira nos Estados Uni- dos da .America do Norte. Os paizes europeus que têm colónias na Ásia e na .Africa, prevendo a enorme procura de algo- dão mundial, fazem tudo quanto é possível para fomentar a cultura desta malvacea nos seus do- mínios, onde muitas vezes as obras de irrigação caríssím.as e indispensáveis, e a diversidade das populações, constituem obstáculos que só a custo de muito trabalho e energia se podem vencer. O Brasil tem todas as possibilidades naturaes, no Estado de S. Paulo e no norte, onde ha terras cujo rendiínento por hectare é inuito maior do que no melhor paiz algodoeiro. O cliina também é apro- priado, possuindo o Brasil zona algodoeira maior do que qualquer outro paiz do mundo. E' exacto que das reformas que lembrei nesta conferencia não virão os fructos immediatamente, mas appare- cerão quando se desenvolver a grande procura. Entretanto, como tenho dito, se os poderes públi- cos não se occuparem agora do melhoramento da sem.enle e das usinas de dsscaroçamento, é certo que o regresso se accentuará de anno para anno. Não nos tendo sido possível visitar os demais Estados productores de algodão do extremo norte do Ceará ao Pará, devido á escassez de tempo, que não n:s permittiria percorrel-os minuciosam.ente, como fizemos aos que estudamos — terei im- menso prazer em voltar ao Brasil no próximo anno para completar o estudo que emprehendemns, s? o Governo julgar isto de utilidade ao paiz. .Aproveito esta opportunidade para manifestar publicamente a gratidão da Missão .Algodoeira In- ternacional pelo acolhimento e hospedagem cor- diaes que lhe forain dispensados por toda parte. Tenho viajado em muitos paizes, mas nunca en- contrei gente de tão bom coração, de tamanha ge- nerosidade, como no Brasil. No Seridó. em parti- cular, os pequenos lavradores mostraram uma cor- dialidade tocante, que nunca esquecerei. Torno igualmente extensivos os agradecimentos meus e dos companheiros de missão, pela hospi- talidade que nos foi dispensada pelos Governos dos diversos Estados que percorremos, onde nada nos faltou; especíalm.ente nossos agradecimentos se dirijem ao Governo Federal, na pessoa de S. Ex. o Sr. Ministro da Agricultura, pelas at- lenções que o Governo nos dispensou, quer por intermédio do Serviço do Algodão, quer da Su- perintendência e quer das dependências nos Es- tados, seja no conforto que nos proporcionou e seja pela deferência de nos acompanhar em todo o 'trajecto que fizemos através dos Estados visi- tados. De todas essas amabilidades levamos a mais pro- funda gratidão. " Arroz nativo Nana (i .lorniil de (ioiinz <\\\e nesse |irn,spero Estaili), nas terras bai.xas furmadas c iiuuidadas ]>elas aguas do Aragua.va. existe em euoi-iiie quan- liihiile unia planta que i estupendamente pareci- da ciiin 11 arroz eommuni. O pavo de tal zona cha- ma a essa ])iaiita "arroz bralxi", que, na nossa lin- .guageni sertane.ja, equivale a dizer "arroz na- tivo"". Trata-se de uni curioso cereal apresentando pe- quenas (iifferenças do arroz eoninniiii, porfiue tem as espigas menos cheias e o grão é mais quebradi- ço. Xas vizinhanças do rio Javahé ha também grande quantidade desse arroz nativo e que tem sido applicado com bons resultados para a' engor- da de gados de varias espécies. 220 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA Barretos e a sua riqueza pastoril Através de uma representação ao Congresso do Estado, o impor= taníe município paulista revela a sua grande prosperidade económica, digna de todo amparo o Centro Commercial Pastoril de Barretos diri- giu ao Congresso Legislativo do Estado de São Pau'o a seguinte importante representação, á qual a Sociedade Nacional de Agricultura deu todo o apoio quer junto aos gover.ios estaduaes, quer jun- to ao Governo Federal: Exmos. Srs . Dr. Presidente e demais Mem- bros do Congresso Estadual: Os abaixo assignados. fazendeiros, invernistas, commerciantes e representantes de outras clas- ses sociaes, vem representar a VV. EEx. no sen- tido do que passam a expor, solicitando de VV. EEx. a máxima attenção por tratar-se de as- sumpto que interessa a economia do Estado de S. Paulo. Como é do conhecimento de VV. EEx.. o Mti- nicipio de Barretos. um dos mais pujanics do Estado, não só psla uberdade de seu solo, como pela sua própria força económica, tem, como prin- cipal fonte de suas rendas, o commercio de gado. que é explorado em grande escala. As suas in- vernadas e pastos são reconhecidos pelos enten- didos como os mslhores existentes do Estado, to- dos elles próprios para a engorda do gado vac- cum. D"ahi a razão pela qual as companhias estran- geiras escolheram esíe Município para o estabe- lecimento de seus escriptorios. negociando coin grandes capitães e trazendo para elle desenvolvi- mento económico notável, ao lado das companhias nacionaes e das iniciativas particulares, sobre- sahindo, entre aquellas, o Matadouro Frigorifico, cujos reaes serviços são por todos reconhecidos, salientando-se os prestados por occasiâo da pes- te do gado verificada na Capital do Estado, abas- tecendo S. Paulo com as suas carnes congeladas. O desenvolvimento económico trazido ao Mu- nicípio pelas Companhias é impressionante e de effeitos surprehendentes. Basta que se diga que para mais de 5D propriedades pastoris estão ar- rendadas a ellas por preços vantajosíssimos para seus proprietários e por um prazo nunca inferior a um anno, prazo esse que vae sendo prorogado á medida do vencimento dos contractos. Dessa maneira, a propriedade torna-se beneficiada, con- tinuando sempre o domínio delias em mãos de nossos patrícios, da qual firam o provento má- ximo, applicando a sua actividade em outros mis- teres congéneres á criação de gado. Ha proprie- dades arrendadas por cem a duzentos contos an- nuaes, estando todas occupadas e em franca flo- rescência. Para occorrer a mantença dessas p-^opriedades. o movimento financeiro é superior a mil contos de réis por semana, sendo quasi todo feito po; intermédio da Banca Francesa e Italiana per TAmerica dei Sud, o que dá um resultado de ca- pital mensal de 4 mil contos, todo elle appli''ado na compra de bois, aluguel de pastos, de inver- nadas e pagamento de empregados, dinheiro que circula e é gasto no Município, tendo as varias companhias existentes aqui para mais de 50 mi' bois invernando, não se falando os que se encon- tram em poder dos particulares. Tal producto está, pelo Governo, prohibido de ser transportado o que tem causado prejuízos inau- ditos e incalculáveis para a praça de Barretos e para as demais que negociam com a compra e ven- da de gado, vendo-se completamente paralysado todo esse commercio, não só pela importação como pela exportação. Muito embora a causa dessa pro- hibição já tenha cessado, eis que, 0'ffíciaImente. se diz está extincta a peste bovina. Entretanto- não se cura de remediar o mal, o que se impõe se faça. tornando em realidade medidas promptas e iminedíatas para ser restabelecido o commercio de gado, permiitindo-se o seu transporte mediante exame prévio e cuidado dos animaes das zonas não atlingidas pela peste. Cabe a VV. EEx. e ao Governo do Estado lan- rarem as suas vistas para essa situação afflictiva da praça, tornada peior ainda com a creação do imposto de dez mil réis por cibeça de gaao ex- portado para outro Estado, olvidando-se, porém, que todo gado estacionado em Barretos, é todo elle em transito, por isso que vem de .Minas Ge- raes, .Matto Grosso e Goyaz, nãu sendo nascido e creado no próprio Estado. As boiadas conduzi- das daquelles Estados para este pagam impostos estaduaes não pequenos, o que faz encarecer so- bremaneira o custo da carne, tornando excessiva- mente caro o gado em pé, cujo preço de corte não pôde de modo algum compensar o capital empre- gado, a não ser vendido em grande escala, só con- cebível com avultados capitães, não possuídos pe- los invernista'- individualmente considerados. O imposto cobrado traz em resultado o afastarr:4nto deste Estado dos capitães estrangeiros, pois as Companhias deixarão ímmedíatamente este Muni- cípio uma vez estar para ellas fechado os demais mercados, ante a exigência do fisco, indo em de- manda de outros Estados onde se não cobre tal imposto. E' o que está succedendo com a "Brasilían Meat", poderosa companhia americana, que está em via de mudar-se para Santa Rita de Cássia. Estado de JVinas. por não lhe convir somente ne- gociar com a praça da Capital, que não consotne o seu producto a não ser em muitos annos, estan- do-lhe Vedado exportar o seu gado para a praça do Rio de Janeiro ante o imposto cobrado. Tal Companhia tem, actualmente, 36 fazendas arren- dadas e nellas perto de 36.030 bois. que o mer- cado da Capital, sosinho, não poderá consumir a não ser em alguns annos. A sua retirada de Barretos causa um profundo abalo financeiro, pois, entregará todas as proprie- dades arrendadas a seus donos, os quaes não es- tão de modo algum apparelhados para fazer face ás despezas com a mantença das mesmas, prin- cipalmente nos tempos actuaes em que a faltn de numerário é notória, acompanhada do re— li':ií- A LAVOURA 221 mento completo das nossas instituições bancarias. Somente esse facto é o bastante para determinar um grande desequilibrio social. Ainda a creação de feiras por parte dos Estados limitrophís ao nosso, vem augmentar a situação precária da praça que merece a especial attenção do nosso Governo. .As feiras existentes em Minas e Matto-Grosso farão grande mal á praça, atten- dendo a qu; o gado delias exportado não estará sujeito ao imposto creado, por ser gado em tran- sito, o que traz como consequência o afastamento completo dos capitães estrangeiros do nosso meio. A pecuária, cujo desenvolvimento é ainda nas- cente no nosso Estado, não pode ter um golpe tão profundo nas suas aspirações, e ver, de memento, por terra tudo quanto levou annos a construir. Cerceando o commercio de gado com o imposto creado. a consequência é extinguir por completo a iniciativa particular e a das companhias. Haja visra que na Capital do Estado são consumidos ap;nas 200 bois diários e tendo o nosso Município 100 mil bois annuaes, é claro que somente em 500 dias poderá dar vasão an seu producto, assim mesmo si s_e admittir que todas as acquisições se- iam feitas nests praça, importando o imposto o abandono completo da pecuária, como é fácil de se compr-'hender. VV. EEx. não poderão, por certo, consentir que uma das grandes iniciativas paulistas periclite e caia no maior ostracismo a cidade sertaneja, cui3 vigor e pujança são conhecidos em todo o paiz, unicamente por se não cons5ntir no transporte do gado para outro Estado senão mediante o paga- mento de lOS por cabeça, razão pela qual vêm os abaixo assignados á presença de VV. EEx. solicitando: I.°) o restabelecimento do transito do gado; 2.°) a suppressão do imposto crsado de 10-^ por cabeça; 3.") um credito para auxiliar a pecuária. E' de vantagem que fique bem esclarecido não ser o gado existente em Barretos de sua própria producção, sendo todo elle importado de outros Estados, aqui estacionando por pouco tempo para engorda, devendo ser considerado, portanto, gado em transito, não cabendo ao Estado a tributação de taes impostos, sendo mesmo de notar que todo elle já paga convenientemente um imposto de ex- portação quando sahe do seu centro de producção. .Attendendo ao exposto aguardam os signatários desta que os Srs. Congressistas toinem as provi- dencias necessárias, evitando d;sta maneira o de- sastre fatal que soffrerá a praça de Barretos, não consentindo se torne em realidade a cobrança de impostos de exportação, por ser inconstitucional, e lembrando a idéa de ser concedido um credito para auxiliar a classe dos boiadeiros, a quai é a única que não" mereceu, até hoje, o minimo be- neficio por parte do Governo do Estado. f,s ou- tras classes sociaes. mormente a dos fazendeiros, de café, têm tido franco acolhimento e grande pro- tecção as quaes. forçosamente, serão d'ora em diante também dadas aos boiadeiros. egualmente dignos da protecção solicitada. Dos honrados representantes do Estado esperam os abaixo assignados as providencias reclamadas. BARRETOS, 19 de Junho de 1921. — José Ve- nâncio Dinzi, Fazendeiro; João Villela de Andra- de, Fazendeiro; Olivier Osório Franco, Fazende'- ro; Virgílio Gomes de .Araiijo, Fazendeiro; Ves- pasiano Castanheira, Commerciante; Urias Fer- reira Lopes. Fazendei-ro; .António Sancho de ou- za Lima. Fazendeiro; Francisco Ferraro, Negocian- te de gado; António de Pádua Diniz, Fazendeiro; Pedro Ortali, Negociante de gado; Fernando Theo- doro dos Reis, Fazendeiro; José Pereira Soares, Negociante; Dr. Fernando Pinheiro da Silva Mo- raes, .Medico; Luiz Fabrini, Industrial; Virgílio Pereira de Souza .Almeida. Boiadeiro; S, de .Mar- condes, Lavrador; João Maximiano Pimentel, Ne- gociante; Augusto Pereira Soares, Negociante; Francisco .Martins Borges, Fazendeiro; Manoel Al- ves .Martins. Fazendeiro; Porfírio Martins Borges, Fazendeiro; Maneei Francisco Loureiro, Fazendei- ro; Leraldo Ladeia Primo, Fazendeiro; Firmino ãBarcellos de Oliveira. Fazendeiro; Francisco Gar- cia Lemos. Fazendeiro; JoãoBarone, Cotnmercian- tãe; José .Appolinarlo Baptista, Commerciante: Fe- llppe Lacerda Ramos, Boladeiro; Francisco Amen- dula. Fazendeiro; Sebastião Garcia Lemos. F.^zen- deiro; J. Hendg Rendele, por Brazllial Meat í. C. ; Paulo .Moretz, Commerciante; .António Ferreira Leal. Boiadeiro; André Felizzola, Alfaiate; Rober- to Ferreira .Voronha, Lavrador; .Adelino .Manoel de Carvalho, Industrial; José Agrelli. Negociante; .Abrão Xeme. .Negociante, Pio de Novaes, Boiadei- ro; Jorge Luiz Safe, Negociante; David Neme, Commerciante: David Neme. Commerciante: Jor- ge M. Bardauil, Negociante, Pereira & Corr.p., Ne- gociantes: Nagib Matni, Industrial; José Castilho, Negociante; Evaristo Pinto da Cruz. Negociante; Pinto, Prado & Com., Negociantes; Jeronymo Ma- m,ede da Silva, Boiadeiro; .Attillo Marques. Fazen- deiro: Benjamin S:humen, Commerciante: José Margulis, Coinmerciante; Alberto .Amin & Irmão, Commerciantes Cury & Trad, Commerciantes; Reo- salblno Gaglardi. Boiadeiro: Francisco Conde, Xe- gociante; Gastão de Castro Leite, Negociante: Gre- gório Paes de .Almeida, Negociante. Salustiano Custodio da Silveira, Fazendeiro; Simpliclano Ma- chado da Silveira, Fazendeiro; Procopio Ribeiro Filho. Fazendeiro; Amador Francisco de Macedo, Fazendeiro; Mussi & Irmão, CoTmercIantes; Brau- lino Quintiliano de Oliveira. Guarda-livros; Joa- quim de .Almeida Queiroz, Fazendeiro; João Car- los de Almeida Pinto, .Advogado; Rómulo Cardlllo, Medico; Lazaro Fernandes & Com.. Commercian- tes; José Luciano Vieira, Commerciante; Evaristo Claudino Pedroso, Fazendeiro; Joaquim Claudino Pedroso. Fazendeiro; Francisco José de Oliveira, Fazendeiro; João António Alarques, Fazendeiro; .Alfredo Gasi, Industrial; Mário Moreira, pela "Ci- dade de Barretos"; Pedro Gasi, Industrial; João Dista Machado, Boiadeiro; Henrique Ferreira dos Santos, Negociante; .António Prudente, Xegociante; Jeronymo de Souza Gomide, Negociante: José .Au- gusto Coelho, Boiadeiro; Joaquim Bernardo dos Reis. Boiadeiro; .António José dos Santos. Boia- deiro; José Galatti, Negociante; Guilherme Destro. Boiadeiro; Phllogonio Theodoro de Carvalho, Boia- deiro: Donato Lopes de .Andrade, Cmm,erciante; José .Mendes, Negociante; Marcolino Corrêa de Oliveira. Co.Tmerciante; Abrahâo Garcia de Frei- tas. Fazendeiro; .Antcnio Floro da Silva, Commer- ciante; Francisco José de Carvalho, Fazendeiro; José Valério. Commerciante: DIrcêo de Moraes, -Advogado; .António Gonçalves Castanheira, Nego- ciante: José Benevides de .Andrade Figueira, .Ad- vogado; Tareiso Philadelpho Carneiro, Agrimen- sor; Henrique Malnberg, Fazendeiro; João Cardll- lo, Negociante; PaganI Fioravantl, Industrial; Eu- génio Lurardl. .Negociante; Silvino Fonseca, Com- merciante; e José Pereira Novo. Commercianite. " 222 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA A NOSSA INDUSTRIA ASSUCAREIRA A Usina Pedrosa, em Pernambuco o r.asso distincto consócio, Sr. João Leopoldo Moreira da Rccha. digno Engenheirando pela Es- cola Superio- de Agri;'jltiira e Mciicina Veíerin.iria. ■do Governo Federal. empr;hendeu, aos princípios do anno fluent;, uma viagem de estuidos ás usinas de 'sssuicar .do Estado de Perreambuco. por ser ahi onde esta industri.i se en:ontra mais adeantada no Brasil. A impressão que lhe ficou das suas observações direoras, o Engenheir.Tndo Moreira da Rccha tran- sminiu, ex i;m mui bem feito relatório, á jire;;ão da Escola. Por elle, tem-se uma idéa nitida do alto gráo de progresso attingiio nas diversas phases da industria assucareir.i nacional. Irteressando-se "A Lavoura" em divulgar as bo.as iniciativas e os esforços pairioticos dos que militam nos variados ramos da actividade agríco- la., que só assim concorrem para a grandeza desta de pequeno voluxe embora, mede 110 metros de altura e pôde. facilmente, fornecer 600 H. ?., sendo que a iâdapt.içã.o eléctrica produz, no local da Usina, a força de 430 H. P.; o outro engenho £ o "Ilha das Flores", onde está situada a Usina. Corta-o em toda a extensão o rio Serinhrnhen, que corre encachoeirado. nelle havenido uma barra- gem cuja agua acciona uma turbina com a força de 100 H. P., destinada á illuminação da Usina e su.is deperadenciías e ao consumo d-as officinas c turbinas para assu":ar. Com a força lotai de 530 H. P., a Usina dispõe de energia bas;.ínte pap.i mover uma fabrica de assr.car, com capacidade bem elevada. Pôde presentemente, esmagar 430 toneladas diá- rias, sendo ii safra a;tual estimada em 80.000 e a futura (1921-1922) e-n 100.000 toneladas. Com a sua breve electrificação, entretanto, essa capaci- 1 1^1,1 iirnil ,ln inr.ln. ,l„ I : pRtria extrenr.iSicida, solicitou e obteve a permissão do illustre consócio Engenheirando João Moreira da Rocha, para resumir, nas linhas abaixo, as suas referencias á Usina Pedrosa, que foi a qt:e melhor ç. imtpressionou. Distante 101 kilometros da cldiade de Recife. n;o município de Bonito, Estação de Ilha das Flores, fioa a "Usina Pedrosa", de propriedade da firma Siqueira Cavalcanti Sr Irmãos, gerid.i pelo Dr. .Abe- lardo de Lima Cavalcanti. E\ .tctualmente, movida a vapor, devendo, porém, muito em breve, substitail-o pela energiia eléctrica, para o que já se a:ham bem adeantadas as com- petentes installações. Dentre os muitos engerihos que a Usina possue, dois Se salien.liam pela força hydraulica de seus mananciaes — o "Humaytá", icuja quída d'agua. dade augmentará para I.OOO toneladas diárias. A "Usina Pedrosa" p3ssue uma vastíssima ex- tensão de terras, comprehendendo 12 engenhos que se communicam com a parte central por meio de estradas de rodagem ou vias-ferreas, próprias. As linhas de ferro assim se distribuem: Bitola de 0,75: Linha do "Engenho Tigre" 5,600 ms. ' Engenho Ilha das Flores". 5.800 ms. " "Ensenho Recurso" .... 2.500 ms. Total das linhas de 0.75 13.900 ms. Bitola de 1.00: Ramal do "Engenho Limão" .... 4.600 ms. " "Engenho L:irangeiras" . . 2.700 ms. " "Engenho Barra de Jangada" .13.800 ms. Engenho Pinheiral" . . . 11.000 ms. (7.000 por conclu:ir|. Total das linhas de 1,00 32.100 ms. A LAVOURA 223 Como vemos, a Usina possue 13. 91)0 metros de estrada de bitola de 0.7,5 e 32.100 metros de bito- la de 1.00. além dos 8.000 metros de vias-ferreas pertencentes á "Great Western Brazilian Railway" que cortam as suas terras. Estas estradas reunidas, perfazem um tctal de 54.000 metros. A Usina possua o seguinte material rodante. que percorre as suas vias-ferreas: 1 locomotiva allemã Orenstein & Kopple, de bi- tola de um metro e com a capacidade de 200 H. P. 1 locomotica americana Bialdwin, de bitola de iiin metro e com a capacidade de 70 H . P. 1 locomotiva ingleza Karr Stuart. de bitola de um metro e com a capacidade de 70H.P. 2 locomotivas inglezas Karr Stuart. de bitola de 0.75 e capacidade de 50 H. P. cada uma. 85 carros de 5 toneladas caia um. para bitola de 0,75. .Mém desse m^iterial, ha, como complemento, 30 carroças de 10 toneladas, fornecidas pela Great ntaterial rodante da Great Western. Si qr-izessemos descrever, exactamente, o esta- do em que se encontra esta companhia, teríamos de encher muitas tiras de papel. Isto não im.pede, entretanto, que daqui lancemos um appello, ou. antes, um grita de soccorro aos poderes públicos para que solucionem a situação infeliz em que se ciep^ram milhões de brasileiros, premidos pela Great Western. A ultima safra da Usina Pedrosa, bastante sa- crificada pela secca que affligiu a toido o Nordeste brasileiro, foi colhida, apezar de pequena (3S.0OO ■ aneladas), cem alguma, difficuldade devido ao mão serviço d'a Great Western, situação que ainda perdura na safra de 1920-1921. O miovimenío desta, desde 1" de Setembro de 1920 até 27 de Fevereiro do anno corrente, foi o seguinte; Cannas recebidas e moidas... 50.690.655 kilos Horas de trabalho 2.970 m |,U,iU{,|f!ljl2iJ_l|F|l|l.j 1 /s/íí flii csrnht , nljii'llil, fifsiís lir itj)f'riírnis i> i*\hfrtltt thl I suitt l'i'ilni\ii Western, para o serviço de transporte de oannas. Este serviço é feito de medo irreprehensivel. gra- ças aos esforços de sua administração, em prova do que basta citar o facto de, aoezar da completa anarchia em que se emcontra a Great Western, ser o mesmo referido em relatórios da empreza ferro- viária, como modelar. A propósito, não é ocioso insistir na formidável crise de transporte em que se debatem quatro Es- tados brasileiros — Rio Grande do Xorte. Parahyba, Pernambuco e Alagoas,, atrophiados nas suas rique- zas e em todas as suas energias vitaes pela desor- ganização radical e permanente da Great Wes:ern. Esta eom(panhia mantém na sua administração meia dúzia de inglezes que representam, antes de tudo, a fallencia da engenharia britannica. Emfim. a Great Western é um mixto de inépcia, deshonesti- dade e má fé, segundo o pensamento geral das populações flagelladas pela coinpanhia estrangeira. A Usi.nia Pedrosa, como muitas outras, dispende, annualmente, avultadas sommas com concertos do Cannas moidas por hora 17.063 kilos Expressão da moenda 73 Numero de defecadores 9.724 kilos Canna por defecador 5.213 kilos Gráo de caldo 8 Cal empregada 25 litros Grão de cal 15 Enxofre empregado 13.026 .Assucar produzido no primeiro jacto 1.823.772 kilos .Assucar produzido no segundo ,^0.396 Ou saccos de 60 kilos jacto 825.835 kilos Ou saccos de 60 kilos 13.763 ''í obtida no primeiro jacto. • . 3.59S ""•r obtida no segundo jacto... 1.628 '"■ obtida nos dois jactos 5.226 A relação dia entrada de canna é feita diaria- inente, pelo "balanceiro" da Usina. A pesagem das cannas é executada com muita 2Eíi BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA facili.iacie e rapidez, dada a disposição da balan- ça (capacidade de 20.000 kilos). com a plata- fórni.i soh os trillnos do desvio que vae ter á mo. enda e o fiel para o lado interno do prédio da balança. A locomotiva passa pela plataforma e faz parar, successivamente. :ada carro, ao mesmo lempo que o "balanceiro", pelo lado interno, ef- fectua a pesagem, que é annotada num livro, com especificação do nome do lavrador, engenho e quan- tidaie de canna. O laboratório chimico da fabrica é dotado de excellente material e está perfeitamente orga- niz.',do. e contra a sypliilis pelo tratamento mais moderno (injecções de mercúrio e 914), e, bem, assim, ou- tras moléstias contagiosas. Recebem este auxilio medico os 1.414 habitantes da "Fazenda Ilha das Flores", onde se situa a Usina, bem assim todos os trabalhadores em geral. .Ao lado dessas obras de benemerência, oonta-se uma outra não menos relevante: a escola mantida pela Usina Pedrosa para a instrucção gratuita dos filhos dos operários, icujos registos ■accusam, já, ?. frequência de oitenta alumnos. .Além dessas regalias fodas, os empregados da Usina tèm casa (de tijolo e telha), luz. lenha e lei- /'/■n/7í ihi rsliiihi ih'[ilnnirfl nu iflir se fiinuilrit o iiifiliTidl itií l',tivi'rnii i'iil rfíjiic ii lirrifl Wc.v/íT// Uma instituição, que merece referencia especial, é a da assistência medica e hospitalar da Usinia Pedrosa, extensiva aos seus operários e trabalha- dores de campo mediante a contribuição de 200 réis semanaes. sob a forma de m.ontepio. A phar- mac^a da Usina, a cargo de um pharmaceutico di- plomado, dispõe de comipleto sortimento de drogas as mais variadas. O serviço de clinica está en- tregue ao Dr. Arthur de Siqueira Cavalcanti, foi^- mado pela Faculdade de Medicina do Rio de Janei- ro. Este mesmo profissional está organizando um perfeito serviço de prophylaxia contra a vermino- se, que attinge á população local em quasi 100 r^' te, gratuitamente. Para o consumo de leite, carne e para o trabalho, a Usina dispõe de trezentas e setenta e quatro cabeças de bovinos e duzentas e quarenta e sete cabeças de equinos. O gado bovino está localizado em óptimos pastos de gengibre, ou grammia de Pernambuco, e separado de aocòrdo com as funcções que desempenham, sendo as vac- cas de m.elhor conformação servidas por um re- productor Schwitz, puro sangue, adquirido na ul- tima Exposição Nacional de Pecuária, e as demais entregues a reproductores Zebús, com o fim de pro- duzirem-se animaes de trabalho. A LAVOURA 225 CULTURA DA CAX.NA A cjltura da canna na Usina Pedrosa é feita, em grande parte, por lavradores, que plantam em terras da Usina, pagando 25 'r das cannas que irioem. A Usina, poréxi, também iplanta uma bóa parre das cannas que móe, assim como cultiva íis de qualidade para fornecer sementes aos lavra- dores. C gerente da Usina Peirosa está traitando, actu- almente, de mudar, de completo, a semente da canna e, para isto. só fornece aos lavradores se- mentes de cannas cujos rendimentos cultural e in- dustrial sejam bons. elimina.".do assim, de todo, a canna "Manteiga", ou "sem pello". São três as variedades de cannas de bom rendi- mento, plantadas pela Usina Pedrosa: ".Manoel Cavalcanti", "Amarellona" e uma varie- dade de Porto Rico. Para o plantio da canna, faz-se mister preparar convenientemente o terreno. Quer na coveta, quer no sulco, a semente da canna consiste em dois nós. ligados por um in- terno. Desta semente, forma-se a touceira de cannas, 'jue pode durar muitos annos, conforme a fertili- c'ade do terreno. No primeiro anno, em que se co- lhe a canna plantada, chamam-na localmente de "planta" ou "-canna de primeira folha"; no segun- do anno, "soca" ou "canna de segunda folha"; no terceiro anno "resóca" ou "canna de terceira fo- lha", e assim por deante. Quanto ao rendimento, as cannas variam muito com a qualidade, influindo também em grande par- te, a natuieza do terreno, sendo o melhor o argil- loso, ou "massapé". Quanto ao seu tamanho, as cannas também va- liam muito. i.". fluindo nisso, não só a natureza do terreno como o estado de limpeza do mesmo, pois que, para se terem boas cannas, é necessário oon- servar-se o terreno sempre bein limpo. As cannas em terrenos limpos e férteis, como por exemplo os MiTi-ii iln liiiliii fcrrni miislrniiln jii-ln Isniií Depois do terreno bem limpo, excepto nos altos de morro, onde é prohibido tirar um pão de lenha siquer, effectua-se uma aração, mais ou menos superficial, e, em seguida, submette-se o terreno a uma gradeação bem feita. Çiuer se trate de várzea, quer de ladeira, o pro- cesso de preparar o terreno é o mesmo. E" sabido que na várzea a producção de cannas é muito maior que na ladeira; porém, sempre que é possível, a Usina irriga as suas ladeiras com val- letas dagua desviadas de córregos existentes nas proxirnidades da plantação. Depois do terreno preparado, tem logar o plantio. que pode ser feito de dois modos: em coveta ou em sulco. O plantio em coveta tem logar, geralmente, nas ladeiras; consiste em cavar um bur.Tco, cuja parte superior é horizontal, tornando-se. assim, de fácil retenção d"agua. Estas covetas são sempre adu- badas 'com cinzas. engenhos Laranjeiras e Humaytá. attingem a qua- tro e mais metros, ou quatro "ordens", como di- zem localmente, o que significa 4 pedaços, equi- valend'0 cada um a um metro ou uma "ordem". Depois das cannas desenvolvidas e maduras, faz- se a colheita, que leonsiste em cortal-as ao nivel do solo e ao nivel da "bandeira", que é espalhada no terreno, onde sécca e ajuda a fertilizar o solo. Depois da canna colhida, é cortada em ordens, que, em numero de dez, formam um "feixe". FABRICAÇÃO DE ASSUCAR A primeira operação a ser feita com a canna, é a extracção do seu caldo. Esta operação se con- segue pelo esmagamento da canna na moenda. O esmagamento é simples, duplo, ou triplo, con- forme a secção de moendas contém três, seis, ou nove tambores. Quando a installação tem mais de seis tambores, sempre é provida de um sys- 226 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA tem.i de do.s ian.'jores, denominado — c.smcíícidor. Neste caso, fres ternos de moenda devem traba- lhar com vm esmagador, perfaze-áo ur- :::3l de onze tambores, inslallações deste tamanho e de tamanho superior, devem ser acompar.íiadas de xotrí desempenha, é o riugmento da acidez do caldo, para permittir que o mesmo leve uma de- terminada quantidade de cal. que torne a defeca- cão satisfac.oria. A defecação é o processo chi- nixo, que tem lopar com a addicção da cal. Gra- /;«< ■niilfii ,l„ processos de embebição ou maceração, que de- terminam um augnisnto na exiracvão. O caldo obtido das moendas é sulfitado. Esta sulfitacão é feita com dois fins: primeiro, desin- fectar o caldo, que. sendo um excellente meio de Scnrliniilli II ças a ella, o caldo perde a sua feição C0'llo'dal, clariticando-se t permittindo a filtração e a crys- tallizaçâo no vácuo com a máxima facilidade. A' defecação, deve seguir-se a decantação, pas- sando o caldo hmpido para o tanque de alinicn- IVs/ií (/» .iislillhliihi liiiilniiilini ilii I xiiiii cultura de bactérias, está sempre prompto a en- trar em fermentação, com grande perda do con- iteúdo em assucar. O enxofre, actuando sobre esses microorganisiuos, retarda, de uma certa ma- neira, csta fermentação. O outro papel que o en- tação dos effeitos (tríplices ou quádruplos') e o deposito, para ser filtrado nos filtros-prensas, pro- duzindo a torta. O caldo que passou pelos filtros- prensas vae. também, ter ao tanque de alimenta- ção dos effeitos. .AVOURA 227 — Do tanque de alimentação, o caldo se dirige para os apparelhos de evaporação a triplic; ou quádruplo effeito, onde, por evaporação, se trans- forma em xarope. Este xarope vae, então, para os clarificadores onde sí retiram, nas ;spuma- deiras, as impurezas que elle ainda contém. Dos clarificadorec, o xarope passa para os ap- parelhos de cozimento a vácuo, onde tem logar a crystallização. A massa que aahi resulta passada pUo pro- cesso de turbinagem, dá o assucir chamado de "primeiro jacto" e o "mel de primeiro jacto", que, depois de cozido, passa a formar a massa de se- gunda. Esta. por sua vez, sendo turbinada, dá o "assucar d; segundo jacto" e o "mel de ssgundo jacto", que, novamente cozido, fornece o assucar de terceira e o mel fina!, usado na distillaria. Ha quatr-o typos principaes de assucar, em Per- nambuco: O "Crystal", próprio para as refinarias e for- mado de crystaes d: assucar ds maior dimensão; O "Americano", que é crystal meudo para con- sumo directo; O "Gran-fina". formado de crystaes bem pe quenos, reunidos entre si formando blocos, e, fi- nalmente. O "Bruto", ou "Assucar de tsrceira", que abas- tece as refinarias para produzir um assucar infe- rior em qualidade. DISTILLARIA DL ÁLCOOL A Usina Pedrosa é, dentre as de) Pernambueo, segundo informações coibidas, a que possua melho'- distillaria , E' o "mel fmal" que, sendo distillado. fornece o álcool. A distillaria é abastecida com o vapor produ- zido pelos geradores da fabrica, que são em nu mero de 5, de 100 metros quadrados de superficie de aquecim.nto, cada um.* OFFICINAS E FrNUICÂO A Usina Pedrosa possue duas officinas de pri- meira ordem, movidas á electricidade, onde sáo preparadas quasi todas as peças de ferro, bronze ou madeira, necsssarias á fabrica. ,Mém das officinas, ha uma fundição de terro e bronze, para a confecção de accessorios. inclu- sive caixas de turbinas. Honrosos CQnc^estos Finastcier' "O dia de sabbado — escreve "The Financisr", — no recinto da Quinta Exposição Internacional de Borracha e Outros Productns Tropicais, pôde bem ser chamado o "Dia do Brasil", por isso que n;ssa tarde se realisou uma recepção, dada pelos dele- gados do Governo Brasileiro, no "Royal Agricul- tural Hall". Não Se pode, numa ligeira noticia, referir a esse acontecimento senão muito in!Com.pIet3men'e, pois, cm verdade, foi uma das reuniões mais aprazíveis e interessantes registadas na decurso do presente certamen. Compareceu toda a oolonia brasileira de LonJr;s, sem falar nos outros muitos convidados da cidade, que se fizeram acompanhar d:e suas famílias, di- recta ou indirectamente interessadcs nas riquezas do Brasil. Foram distrlbuidios cerca de v300 convites dos qitaes muito poucos não lograra-.r, amuencia, o que prova a cooperação sincera, em negociou d; natu- reza material lou social, dos que se ligan á colónia brasileira e aos interesses desse paiz, aqui. Os hospedes eram recebidos e tratados pelo De- legado Especial do Brasil, Sr. Hannibal Porto, coadjuvado pela sua Exma. sra., e. egualreTte, pelo Cônsul Hippolyto de Vasconcellos, sub-dire- cíor das conferencias idurante a Exposiçâ-o, sendo director o Dr. Torrey. O Dr. e a Sra. Hannibul Porto mantiveram ani- mada palestra com um grande n-.i:r.c:o d.ts pessoas presentes, e o prazer e a satisfação que experi- mentaram, esse distincto cavalheiro e sua gentilis- sima esposa, ao approximarem-se de um circulo tão grande de coinpatricios e Je outras perso"iaIi- dades oom que o seu paiz tem interess'ss couTrer- ciaes, ficou paterríe na nota humoristica do Cônsul, a alguns dos hospedes, ao declarar que "aquillo era umia honra concedidia ao Brasil, o mais feroz competidor no mundo da borracha". A' recepção seguiram-se um serviço de buffet e outros numeres agradabilissiinos. A SECÇÃO BRASILEIRA Os hospedes eram subsequentemente, levados em visita á secção brasileira da Exposição, a qual occupa um considerável espaço no interior do hall. proxiiro á entrad.a principal, onde o Dele3a':'o Es- pecial e os dem^ais representantes do seu gover- no prestavam, coi? muita solicitude, todos os in- formes possíveis, inclusive que. a propósito da grande variediade de pncJi-ictos expostos, o povo brasileiro podia, por assim dizer, viver na depen- denca e:vclusiva das producçôes do seu próprio solo, o que revela o progresso do paiz, tanto mais quanto se sabe que, até 1914. o Brasil importava quasi todos seus artigos de consumo. Foram os impeços .:reados pela guerra á im- portação de n:a-ufacturas. que levaram os brasi- leiros a explora.- numerosas industrias, com o re- sultado que o paiz começou logo a produzir mititos artigos de primeira necessidade. O Estado d'e S. Paulo e a Capi:al da Republica, foram os grandes centros de producção industrial, que se estabeleceu em consequência da guerra, ao mesmo terr>po que as actividades dpara 1.000 bovinos diários. .'^.s fibras, de que o paiz é farto e .naturalmente dotadio. podendo abastecer os mercados do mamdo. com. um grande numero de variedades proptias para tecelagem e fiação, cordoaria e cellulose. Além desses e de muitos outros, desnecessário tra dize!-i3, os visitantes não podiam deixar de nolar o mostruário de uma coisa que faPou du- rante a guerra -- as castanhas do Pará. Emfim, tanto a recepção, como a secção brasi- leira pelo seu lado educativo, tornaram as horas ;"fa tarde e da noite de indizível prazer e de effei- to instructivo para todos os presentes." A VALORIZAÇÃO DO CAFÉ Uma interessante exposiçõo do Dr. Ferreira Ramos sobre a pro- ducção e saíra actual e a íutura do café brasileiro A Sociedade Nacional de .-agricultura teve com- niunicação da notável exposição feita pelo Dr. Fran- cisco Ferreira Ramos na Sociedade Paulista de Agricultura sobre a valorização e a situação do café. O Dr. Ferreira Ramos começou pedindo descul- pas aos seus distinctos companheiros de trabalho, pela sua prolongada permanência no interior do Estado, devido a causas independentes de sua von- tade. Entrelanto, essa demora permittio-lhe acompa- nhar com mais vagar a marcha da colheita do café e cereaes. e percorrer importantes zonas cifeeiras, afim de ajuizar da safra em andamento e das per- spectivas para a safra futura. Nista inspecção, soube que em diversas fazendas dos valles dos rios Mogy, Rio Pardo, Rio Grande, (zona da Mogyana e Paulista), muitos productores já terminaram as colheitas, e outros estão muito adeantados. Tal circum.stancia é devida, não só á secca ex- cepcional que reina em toda a região cafeeira pau- lista, desde a Mogyana até á Noroeste, como também ao facto dos cafezaes geados em 1918 se presta- rem melhor á colheita, por serem de pequeno ta- lho (parecendo-se com cafeeiros de 4 annos) e não estarem produzindo o que se esperava, em litros. E' verdade que o iproducto é dos melhores que Se têm produzido e o rendimento no beneficio bem melhor do que geralmente se observa. Ha relati- vamente pouco "mcudo" e "moka". Não ha duvida que a safra actual é menor do que se esperava. Quanto á safra futura, as perspectivas anima- doras que se notaram e.ti fins do verão acham-se inteiramente modificadas, pelas seguintes causas: 1" — Secca excepcional, qua começou no verão, atravessou o outono, e continua agora no inverno, sem esperança de próximas chuvas. Parece que o nosso Globo Terrestre atravessa um período de seccas, em toda a sua atmosohera, porque as novas que nos chegam da Europa e Ásia referem factos análogos. 2" - - Ventos frios frequentes desde Maio até agora, e que transformaram a còr verdejante dos cafeeiros enfolhados na cor esbranquiçada dos galhos despidos da sua folhagem protectora . Quem visitou a lavoura cafeeira em Maio, e a vê agora, tem uma verdadeira decepção, relativamente aos prognósticos de boa safra futura. E" que taes cafeeiros, muitos dos quaes deram pequenas floradas em começo de Junho (flor que é perdida), vão florescer em condiçêes precárias para boa fructificação, visto não terem o amparo e protecção das folhas, de que tanto necessitam os novos fructinhos, para os defenderem contra as intempéries que se seguirem ás floradas. Assim, se, logo após a flor, surgirem ventos frios ou sol muito intenso, é certo que uma grande parte dos fructos não vingarão, ou, se vingarem, vão cair antes do fim do verão. 3° — Grande quantidade de cereaes e algum 230 HOLliTIM DA SOCIKDADl-; NACIONAL DE AGKICIJLTLIU' \ algodão, plantados ncs cafezaes já muito depaupe- rados pela geada de 1918. E" bem cerlo o rifão: "Joiís proveitos não cabem num sacco só". Não devemos culpar os nossos com- panheiros da lavoura por isso, pois doutro mcido os colonos não querein ficar nas propriedades. Essas culturas no meio dos cafeeiros preiudicain grandemente a producç.TO, que se reduz logo em quantidade e qualidade. 4" - .Mão trato do cafeeiro pela falta de braços. O problema da falta de braços dia a dia toma um caracter inas serio, qua é preciso attender. Em resumo; é opinião corrente que a presente safra não excederá de 7 milhõís de saccas, e que a futura será (na melhor d.is hypotheses) ainda menor que a safra de lf)2;i-1921, isto é, a que se acabou de exportar. Ora, a producção dos outros Estados do Brasil tem estado estacionaria, e a dos outros paizes ten- de a decrescer, parecendo m:smo que não e;■ ii iihir iln rdcm eiiiiíe-xr ile eiiipudldx - .',' fi/i/jíirirci» rjutiidx i-nlre dx pdliix (hl ddiítidl 'r dlierdiii-xi' d liiirni e d lidijua Exposição de gado no Uruguaví No di,T 27 de .Agosto realizou-se em .Montevi- d-éo. ciuu a |)i-jseiiça dio Dr. Balthazar Bruni, presi- dantc cia BepubUic-a, a inausuravãu ihi Kxposição Nacional de Gado. .\ Sociedade Nacional de .Vffrieultura esteve re- presentada pelo Dr. Isaac Klhas, que proferiu no acto da inaivguracão um expressivo discurso do (Iiual o telci^raplii) nos eoinmunieou os seguintes trechos : "Se nie atrevo a levantar a voz íK'sta festa de trabafho, é tão somente para fazer chegar ao vos- so conhceiniento «s votos de amizade e de s>ini- palhia de que sou portiUdor e para felicitar-vos ejn nome dios vossos irmãos do uorte pelos progres- sos, que tem realizado esta nobre paiz quanto ao jnelhiuaniento di) seu gadu. como o comprova o notável conjunto de reproductores aqui expostos e cujo desfile acabamos de presenciair; e estas sauda(;õcs e applausos traduzem tod-.i o nosso en- thusiasmo e toda a nossa admira^'ão. .Vssim, em UDine i cxcursãd rcalisada iio inlnini- iln Estado, o Dl'. Wiiiiani W . C.ocdlio de Smi/a. Sii- periíitendoiitf do ScT\ii,-o do Alfíodào do Ministério da Aííricidtiira. iM-ojiiiiicinu iiilL-i-essaiitL- discurso, no ijiial sf condensam exccilcntcs aprcciavõ-s so- l)i-c a lavoura alKdil se estabeleça um jilalio capaz de liem anipaiar a ellllura do algo- dão em S, P;iiilo. Kis. portpie. senbores, \os tiuiiamos a altcn(;ao para fazer aliíiimas coiisi(leia(:('ics em torno do as- sumido. Inneiíawlmenle a maior liípieza da hnouia bia- silleií-a (!■ o cate, e S. Paulo, (pie é o maior produ- ctoi- deste ijeneco, tem nelle a b.isc da sua .i;raii- deza ecoiKMiiica. .Mas. (.'■ preciso convir (|ue o al.ííodão é. dos nos- sos pnuluclos. sem duvida, um dos mais iinpai"i(las, c em outros paizes. como a lnglateri"a, a Itália, a Suissa, o Brasil, e em todo o mundo, as fabiicas trabalham apen.as alguns dias na se- mana, em razão da retracção dos negócios em to- dos os mercados; mesmo assim ba\erã em futuro próximo, grande consumo para o algodão, poi-(pie essa didin-osa siluaeão tende paulal iiia mente a nor- malizar-sc. K" dessa crise (pie resulta a actual baixa du |ire- VO do algodão. Quando, iiorí^-m, \dllarem a fuii- ceionar regularmenie todas as fabricas de tecidos do mundo, actualmente paradas ou meio parali- zadas, noiailaniente na Kuroi)a Central, o consunio do al.^odão ciescerá consideravelmente, porque atí! lã estarão esgotados os "stocks" existentes cm cada paiz. utilizados, leiílamenle. nesle periodo agudo de crise. Será então (piando se sentira, em Ioda parte, a \ei(ladeira falta do algodão, Pi-esentemciite (!• ella impeieceptivel, devido á siUiavão (pi ■ enibo(;aiiios ; a produe^ão do algodão nos |)aizes onde é cllc cul- ti\ado não acompanhou as necessidades do consu- mo mundial. .\ \meiica do Noile. ipie ile\e em grande parie a sua liipieza á glande pioihiceão de algodão, que ale ha pouco nuinleve, não poilerá altendcr aos reclamos de iiuiieria prima, nos (jaizes europeus, dos (piaes foi um dos niai(n'es fornecedores, por \aiias cansas — augmento do consumo do .algo- dão, em face do desciiMilvimenlo de sua industria de tecelagem; cediiceão das áreas de plantarão, como medida propliylal ica no combate ao "Boll- xveevir' e á "l.agarla losea"; a elevaçã.) extraoi'- dinaria dos salários nas zonas riiraes, a exigência do luxo nas fazendas, ele. O Ivg.x pio. nm (los grandes abasteeeilores da te- celagem do \elho mundo, lambem não poderá at- teiider as nceessidaiU' crescenles do seu consumo, devido 11 IS excessos dos trabalhos de ii'riga(;ão ; i'e- lirada de traUalhadi res agricolas para os campos de batalha, a redne(;ão das arcas de planfavão do algodão, (pie foi siibslitiiido pelos géneros alim-'ii- ticios. ele .\ prodnceão do algodão na índia, no Siidau. na China e outros paizes. por \ai'ios mídixos. não po- derá crescer suf ficieiíteineiile. de modo a allender as necessidades da lecelageni eiiropéa De lai soile. a falta de matéria prima v in-\ila\"i O lirasil. (pie reúne todas as c(nulic('ies naturaes, realmeiíte excepcionaes. jiiira a pro(iiiC(,-ão do al- godão, tem presentemente a melhor o|iporluni(lade de se apparelliai" por meio de uma organizarão me- Ihodica e .systematiea, paiM. dentro de ti'es a cinco aunos, sei* uin dos maiores l'onieccd(n'es desta m.T- teria prima ao velho mundo. I''' preciso (pie n(')s. brasileiros, nos con\ ineamos. com todo o ardor, desla \ erdade e faeamos obra de são patiiíd isino, criando, para o futnco do lira- sil. uma base |iara alicei-(,-ai' a nossa grandeza eco- nómica, com a produc(,-âo avanta.iada do algodão. exp(n"lando para os mercados europeus as sobras do nosso ciíiisumo, cobrindo cinn vantagem a falta de matéria prima dos gi-andes mercados da Hiiropa e canalizando para o i!i;isil (» ou.',) de (pie piecisa- miis para a estabilidade do nosso camliin. O Kstado de S. Paulo possue um dos solos mais ferieis do mundo, capaz de produzir um reiídimen- lo de algodão. p(n- unidade de leireno, simplesmen- te fantástico, a ponto de suscitar dmídas no es- jiirito de Mr. ,\rno S, Pearse, (piaiido te\e ocea- siãn de Mv as memorias do Dr. lioberto Simonseii c a nossa, apresentadas á sua Fe(lera(,ão; essa juo- A LAVOURA 233 Jiicvãci iiiiii;ix illins:i, Mc, Anui l'f;usf ac-:iha (Ic vc- Dniliv ns al\ilics :i|ioiil:iiliis pc-lo Sr. Anui I\-mi-- rificar i)C'ssi>íi|]ik'iiIc'. ii:i viaHi''ii (lUf oiiipi-i'lK'ii(U'ii sr. um dillts iTRTfcr csin'ci:il ilcslaqiii' : — ij (j j)el(i territor-iii ilfsle Ki-aiul.' c rntiirosii Ustadi.. (|ir- sc ii-Iiil' á "Fay.iiila ili' Si.'inente"; S. S. \.-m. O al.iíddiHi i' (1 |)iMi(liictn (|ur \n'n\v c-iiiii sci;iiram,-a i-i>iii |iala\ras Iclizcs. ciiiTiilidrar o qiic tiwmcis oc- c-oii'lituii-. aii lado dii <-.-'lr iini dos idciufiitos da casião dr diZ'.T, no fitado li'al)aMin, ao ;4oM-nio de riqueza piililica de S. Paulo. S . Paulo, e loliíainos eui reiiistar (|ue o Sr. I'earse Sem pieteiuki- substitui]- unia cultura |ii'la ou eorisidera, como nós, a pi-odueção de seiíieules se- tra. luesMui (|ue os tazetuleiros de ealé iiâo eou- leeeioj-.adas. a hase de um iirojíramma s\ st.uuatieo tinueni a plantai- o al.nodão entre as linhas do ca- j)ai-a o descnx -^.. ^ ^ comprimento, resistência e espessura da fibra; deste modo não só melliin-aremos os tvnos aetiiaes Da.s observavóes (|ue fizemos na zona da Soro- cabana que pereonemos. liccui-nus a convic-ao de j- |„^,.|„^i,|„^ „„ K^tado, ccuno se poderá estar *i- prieda:le, que cada fardo ,dc p.,„ |,,i„„.|,„ ,„„-.,,, „-„ ^,, -^^^ ^ ., ,,^ r,„ alKo-.lao que S. Paulo possa produzir a mais (k-i- ,|^, ,,,,„^,„|,,^ „., ,.„itura do aK'odão limila-se ape^ xará livre p.-ira o consumo muiulial mais um tardo .^.^^ ., apanba de capiilbos bonitos e de boa fibra, de al.iíodão do norte do Brasil; este conceito e uma p.,,.,^ clieuar a este resultado são nrccisos c.inlie- li(,-ão pratica, de ecouom-a. que devera estimular ,.i„K-ntos especiaes de botânica e de biologia, priíi- os productores jiaulistas: nao se trata de estalie- ,-ipul.ii-. nie coubecer I . in a lei de Mr,;,.;.. - ■ u:v^ leeer a coiiC(n-reiicia entre S. l'aulo c o mu-te do ■,ppli,-M-ó ■ lirasil. mas, de facilitar, para os iiuliistriaes de ' ,. ,'i,.,.„„„ ....i..,,;;,,, ,|c- ol,-,ervar. nos n, ss,,s Iri- S. Paulo, a obtenc-ão de um proilucto mais barato, i,,,,,,,,^ ^1^. ,^,|^.^,^..-,„ ,„„., .,,.^,„.^. ,|,, ,,|:;,h| >eii-o. t, yi.yx-s. um:i arvm-e iir.idiiitiva dá oriííem a o custo dos tecidos pela baixa da matéria prima; i,,,,., iiiiciramenlc improdnct iva ; caso perf.itauieii- e aquelle. eni |)ort,i Inmteiro a huropa, se (fJstma-- ^^. j, . ,| i,v,,ciac,-ác> debvbridos. em que o filho r.ssa aos caracteres pi-iiniti\-os da arvore mãe. Outras vezes, de produetos eiilori;los, appareccm ria aos líraiules mercados europeus, nos perniittin do a estabilidade do cambio . |.,1 I I t' l> 1 (* .-,.v...,. ,,...,..,. t.,. I^IWIIItl",, v<>iwii.i,p,3, ll|J),r. Quanto ao mais. as suiíKesIões de Mr .\rni> l'ear- se são interessantes e seriam at l ril)uieòes de uni ser\ii,'o itinerante, rpie só se oeeupasse do ali^odão e lio (piai os inspeelores ensinariam ao la\ railcn- .' fazer "in loco" a seleeeão das s.'mentes: :' .apanlia:- eoiii mais euidado o al.uddãi'. de maneira que o pro- dueto não apresentasse impurezas: a ailoptar me- didas |iiM|)liylaetieas e de ilefesa (pie llie permil- tisse li\i'ar as planlaeõ^'s da de\astaeão das pra- .4as depredadoras t\u al.Uodão líniliora o territc lio do listado ile S, l'aulo se eiieontre inteii'amente infestado pL'Ia "lai;arta ró- sea", e to'dos (Ks annos o " mm unuerè" eai.se sérios estra.mis ás plantaeòes. alastrando assim o desani- mo eiiti'-' os a.iírieiiltor-es. não reeiíamos altir- mar ([ue. sendo posttt 'in pratiea o i.Iano que e-. liovainos ao governo d,' S l'anlo, ns eslra,i;os da "latíarta rósea" serão reduzidos a miuimas pro- purt;é>es e. sendo estai): leeidos pelo Ser\ ieo ilo \l- .líodão. em \arios iiontfs do . l''.síado. di.uamos. nas sedes das zonas algodoeiras, dennsilos de inseeti- eidas. eomo o " \erde-l'aris" e outras misturas, de modo tpie o lavrador- tixesse proinptamente o re- mcdio eontra o mal. tpiando o insieto appareeesse, eertameiite os estra.iíos d.i "rm iiqneré " seriam in- si.miificantes. Nes.ses dejfositos manteria o governo inaeliinas a.iírlcolas simples, para serem eedidas pelo pre(;o do custo aos fazendeiros e pe(pienos plantadores; a demonstrarão da lavoura raeional fjita systenia- tieamente nas fazendas partieulaivs. por meio de "campos d'.' cooperarão", facilitaria a apren.liza- .síem do tralialho das maehinas e a propaganda do sen eiiiprei{e. evitando o emiiohreeimeiíto da terra pela cultura rotineira e ensinando a rotação das culturas como meio ile eipiililuar a riqueza desta terra .i;eiieros;tmeiile fértil. (;omo complemento a estas iiléas. u i^overno do I^stiulo adoptaraa. nor meio de lei especial, a clas- sificação cniiiiiiereial dar que taes boletins ^r^fluem no com- mercio, interessando agricultores e homens de negócios. Nos Estados Unidos e outros .paizes. nos edifícios das Bolsas, agglomeram-se sobre os quadros de meteorologia agrícola do Wcarthcr Bureau, ávidos de conhecer que vantag-.^ns ha ou não a esperar de certo negocio sobre vma deter- minada cultura. ■ — Dentro ás poucos dias o mesmo succederá entre nós. Bolsa, Correio, estradas de ferro e outros porííos em que possam interessar ter.ío affixados os nossos boletins. Aqui m-esmo, ha muito qu.e alguns negociantes pedem diariaimen-:.: o estado do temipo nas regiões cafeeiras, se hou- ve geadas, poucas chuvas, .;tc.. Estando o go- verno e o -povo informados rpor -nós do verdadeiro es^tado, no momento, das culturas, pastos, tioda- gens, rios, etc, poderão desmascarar diff lealda- des inventadas pelos especuladores para altear os preços das frirtas. assucar. fuma. carne. leit.í, •manteiga, etc, etc." BOLETIM DE METEOROLOGIA AGRÍCOLA REL.^TIVO AO PERÍODO DE 21 a 31 DE AGOSTO ALGODÃO — A temperatuT.a nas zonas ndo e com estes a ■criação; em S. Bento das Lages, Piracicaba e Ponta Grossa é boa, como sm Pinheiro, a condição das forragens irrigadas. ESTRADAS DE RODAGEM — Exiceptuiadas as de Garanhuns, Brusque e Blumenau, todas mais, de norte a sul, permittem itransito regular. RIOS — Ainda nesta década os rios. em geral, especialmente nos Estados do sul, se mantive- ram em nivel bastante baixo. — 236 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA A Sociedade Nacional de Agricultura e a producção nacional -Pelo Dr. Miguel Calmoii, Presidente da Socie- dade Nacional de Agricultura, foram .feitas, entre outras, as seguintes representações: AS OBRAS DO MO JEQUITINHONHA. — "lExmo. Sr. Dr. Epitacio Pessoa, D. D. Presi- deate da Republica. A 'Sociadade Nacional de lAgrioultura, acolhendo com a merecida attenção o appello que lhe diri- giu o íSr. Hermelino de Assis, iliitendente Muni- cipal de 'Belmonte, em nome da população daquelle florescente Municipio ;Bahian<>_ ameaçado de des- truição pelas aguas impetuosas do rio Jequitinho- nha, tama a liberdade de solicitar de V. Ex., com o máximo empeniho, se digne dar sancçâo á lei que autoriza o Governo Federal a dispender a importância de mil contos de réis, para as obras do alludido rio, cuja necessidade e umgencia já fo- ram sobejamente demonstradas por esta Socieda- de ao Congresso Federal, que tão bem as soube comiprehender . Esperamos. Exmo. Sr., qu'e V. Ex. aquilatará também da magnitude do assumpto e acquiesce- rô, bondosamente, ao nosso appello, permittindo, pela promoção urgente dos necessários meios, a execução das obras no cauldaloso rio, que repre- sentam a segurança da existência daqiuella cida- de, ique lé um nncleo da impirtante lavoura ca- caoeira e um dos grandes centros eommerciaes da Bahia. Nestas condições, hypothecamos a V. lExa., de antemão, os protestos de nossa mui sincera gra- tidão pelo acolhimento que nos dispensar. Queira, outrosim, acceitar a segurança de nossa mui subiida consideração." ,SEMENTES DE ALGODÃO PAJÍA A EXPORTA- ÇÃO. — "Exmo. Sr. Dr. Ildefonso Simões Lo- pes, D. D. ministro da Agricultura, Indiustria e CoimTTiercio: A Sociedade Nacional de .\griciulitura, .acolhendo o appello que lhe dirigiu o Dr. Juvenal Lamarti- iie, toma a liberdade de vir iá presença de V. Ex. solicitar, com emipePho, a reivogação parcial da disposição que impõe o expurgo das sementes de aljfodão destinadas a exportação, por isso que ella inclue até atruellas que são cxipedidas para o es- trangeiro, onde, na maioria das vezes, servem .Tpe- nas para fins industriaes. A' Sociedade Nacional de Agricultura parece que seria curial que só cm relação á exportaç.ío inter-estadual houvesse rigor nesse sentido, pois é o meio de evitar-se a disseminação, por vastas regiões do paiz, de pragas damninhas. No caso, porém, da exportação para paizes es- trangeiros, onde não ihaja cultura algodoeira, jul- gamos que a exigência é demasiada e prejudicial aos interesses dos nossos lavradore.s, que encon- tram nessa disposição um forte obstáculo ao com- pleto aproveitamento das sementes que lhe? so- bram das colheitas, e oujo consumo para ifins in- dustriaes é muito limitado nos respectivos Estados. .\demais, é patente a injustiça de semelhante medida, visto que o Nordeste, que é a região pro- ductora por excellencia de algodão, não dispõe da necessária apparclhagem para o serviço de expur- go, o que inhitoe por completo a exportação paia os Estados, como para o estrangeiro, que, muitas vezes, como ainda agora acontece com a Inglater- ra — • conforme referiu o illustre Dr. .Juvenal Laniaitine, — prescinde dessa medida de defesa. Nessas condições, esperamos que V. Ex. aco- lherá de boamente o appello, que ora submetteimos à sua esclarecilda attenção, e que envolve não pe- quenas interesses. Valcmo-nos da opportiunidadc para apresentar a V. lEx. os 'protestos de elevada estima e cou- EsÍxÍl.À de S. bento de OLINDA. — "Exmo. Sr. Dr. Ildefonso Simões Lopes. ID. T). mrnistro da Agricultura. Industria e Conimcrcio. Tendo o Exmo. Sr, ministro da Fazenda re- solvido não attende-r ao appello ique lhe dirigimos em officio n. 25|iG40 de 16 de Maio, para que con- icedesse á Escola de São iBeiito de 'Olinda isen- ção de direitos para vários niachinismos que im- portara, pela razão de não ser a mesma agricultor, vimos solicitar de V. Ex. a nimia bondade de interpor seus bons offieios junto aquelle titiular para que se digne reconsiderar o alludido despa- cho, visto que, se não é aquella Escola agrieailtor. mantém um campo de experienlcias e um apren- dizado agrícola de incontestaivel importância e oujo desenvolvimento deve. a nosso 'vér, ser acoro- çoado por todas as formas. lE porque assim pensamos, ousamos formular o presente pedido a V. Ex. de quem esperamos o costumado aicolhimento. .Agra'decendo de antemão a attenção que nos dispensar, reiteramos os protestos de nossa mui subida consideração. " HORTO DA PENHA. — "Exmo. Sr. Dr. Ilde- fonso Simões Lopes, D. 'D. Ministro da .Agricul- tura, Industria e Oimmercio. A Sociedade Nacional de .agricultura vem á pre- sença de V, Ex. solicitar, com vivo empenho, a bondade de ordenar as necessárias providencias para que sejam recebidas, com frete gratuito, nas Estra'das de 'Ferro Central do Brasil, Oeste de .Mi- nas, 'Noroeste do Brasil e, bem assim, nas com- lianhias de Naivegação Costeira e Lloyd Brasileiro, as plantas e .sementes distribuídas gratuitamente pelo Horto Fructicola da Penha, mantido por esta Sociedade. Convencidos de que V. Ex. de boamente annui- rá ao nosso appello, c|iue visa apenas beneficiar numerosos consócios que repetidamente nos vêm solicitando esse concurso, antecipamos os nossos agradecimentos. Valemo-nos da opportunidade para apresentar a V. Ex. os protestos de elevada estima e conside- ração. " XM^VDEDORiES E COMiP.R.ADORES . — "Exmo. Sr, Dr, Jacinfho Gomes — iKaouldade de ;Mediciua — Porio Alegre — Estado do Rio Grande do Sul. Temos o prazer de transmitlir a V. S., com as nossas vivas eongriítulaçòes, a cópia do pare- cer da commissão nomeada por esta Societdade para estudar o projecto que V. S. se dignou sub- metter á nossa apreciação. .Ao eommiunieaTmos a V, S, que o referido pa necer foi unanimemente approviado por esta dire- ctoria, cumpre^nos declar.ar-lihe ique a Sociedade Nacional de .\gricultura está ecrta de que o 'pro- blema que -se põe para o Rio Grande do Sail é semelh.ante ao ique se verifica nos demais Estados em relação aixs principaes géneros de sua pro- dulcção, sendo_ na maioria das vexes, como V. S. ))em assignala, a desvalorização dos productos na- ciouiaes causada pela existência de múltiplos ven- dedores, sem accordo entre si, em faoe de poucos compradores, qnasi sempre conluiados. Estamos, entretanto, convencidos de que, para certos casos, teremos que estabelecer aiccordos en- tre os productores de vários Estados, e a Socie- dade Nacional de Agricultura sentir-se-á ufana de promover a realização dos mesmos como jn teve. A LAVOURA 237 — aliás, oppdi-timidade de' fazer pir oi-casiãci íia ultima coiifereneia assucareira . FnriTiulaiKifi os unais ardentes votos pai'a que, em eada listado, as classes prodirotoias estudem, com sincero espirito de união, o importante pro- blema, apresentamos a \'. S. os nossos iprotes- tos de coi'dial estima e ele\ada consideração." cendo-nos, portanto, que a sua esperada eleição de deputado á Jun-ta Commercial do Rio de Ja- neiro será apenas um acto de elementar justiça e recoinhecimento a quem tanto 1em feito, com ab- negação, competência e piatriotismo, pelas classes productoras do nosso paiz. As próximas eleições á Junta Commercial A caiulidatiira iraniiihnl Porto No dia 19 de Outubro próximo vindouro reali- zam-se as ekições para deputados á Junta Com- mercial do Rio de Janeiro. E' candidato o Dr. Hannibal Porto, que tem des- empenhado essas honrosas funcções com a diligen- cia e o escrúpulo que o caracterizam, o que jus- tifica a espectativa de seu triumoho no proxi-mo pleito. O Dr. Hannibal Porto pode desvane;er-se de um passado de grandes e profícuos esforços em prol do engrandecimento económico do paiz. Pelo seu único mérito e pela fecunda repercussão de se;:s serviços, tem elle ascendido aos differentes postos de responsabilidade em que as suas notá- veis qualidades de trabalhador intelligente e in- fatigável e de esclarecido patriota, se hão reve- lado com o maior proveito para as forças vivas da Nação. Nenhum dos departamenlos da actividade eco- •nomica contempo.'aneo no paiz tem escapado ao seu estudo, ao seu exame, á interferência da sua capacidade, de modo a poder-se dizer que á solu- ção de um grande numero de problemas essenciaes á vida comrr:srcial e industrial do Brazil não dei- xou ainda de 'trazer o illustre brasileiro a valiosa contribuição de sua experiência profissional e do seu preparo technico. Vice-Presidente da Sociedade Nacional de Agri- cultura, qc'e tão assignalados serviços lhe deve, mem^bro dos mais conspícuos da Associação Com- mercial do Rio de Janeiro e da Federação das As- sociações Commerciaes do Brazil, representante, no Rio. das Assoiciações Commerciaes do Pará e do .Amazonas, deputado á Junta Commercial, alto fun- ccionario do A'linisterio da Agricultura, todos estes títulos são por demais eloquentes para comprovar o seu valor e legitimar o seu direito a continuar no desempenho de um mandato que tem sabido honrar com ínexcedivel destaque. Mas a esses mesmos títulos, sobremodo dígni- ficadores, convém accrescentar as duas imporiian- tes commíssões officiaes que exerceu no estran- geiro, uma, como membro da Delegação Commer- cial Brasileira que esteve na Inglaterra em 1919. a convite da Federação das Industrias Britannicas, e outra, como um dos chefes da missão brazileira que recentemente representou o nosso paiz na Quinta Exposição Internacional de Borracha e de- mais productos troipicaes. Como se vê, o Dr. HLinnibal Porto é uma per- sonalidade por todos os títulos illustre, com um activo de notáveis serviços á economia nacional, particularmente ao commercío e á lavoura, pare- O problema da immigração Vale a pena transcrever o que sobre o problema brasíleí^ro da immigração escreveu o deputado Cel- so Bayma, ao relatar recentemente, na Camará, o orçamento do Exterior. Disse S . Ex. : "O outro problema que tem de ser examinado e solucionado quanto antes é o da immigração. E será com o concurso dos idiplomatas, dos côn- sules e dos agentes oommeticiaes que se têm de canalizar as grandes correntes úteis e sãs que se estão formando no seio de nacionalidades ator- mentadas pela pobreza, pela miséria e pela fome. Desde 1853 a 1910 a Republica .Argentina re- cebeu 3.700.000 immigrantes. Em egual periodíO o Brasil recebeu 2.600.000 somente. De 1901 a 1910 o Brasil teve apenas 535.000 immigrantes, emquanto na .Argentina entraram 1.200.000 es- trangeiros. A colonização e o povoamento de nosso solo são problemas urgentes a encarar de uma luaneira decisiva, por todos os processos e formas empre- gadas pela experiência e pela sciencia, por todos os meios, com todos os recursos possíveis e dis- p-o^niveis. afim de que possamos attíngír o mais ra- pidamente possível os nossos grandes destinos do Continente. Mais de 25 milhões de estrangeiros, num perío- do de 90 annos (1820 a 1907) aportaram aos Es- tados Unidos para se misturarem e se infiltrarem na vida e na historia americana. E emquanto num periodo de 90 annos os Es- tados Unidos viairi incorporar-se á sua raça mais de 25.000.000 de estrangeiros, o Brasil, em 60 annos (1850 a 1910). não recebia em seu solo nem sequer 3.000.000 de indivíduos. Temos necessidade de uma immigração espon- tânea, útil e constante. Num mundo devastado pela guerra e pela fome, onde ricos e pobres, assoberbados com impostos e encargos allucinantes. passam por ,privações de toda ordem, hão de se formar e se avolumar fa- talmente grandes correntes emigratorias, que te- nham de procurar outros trechos do globo onde se libertem da atmosphera asphyxiante em que se encontram. Canalizando essas correntes de homens de tra- balho e levando para o nosso interior braços no- vos e vigorosos, teremos prestado ao nosso paiz os mais relevantes serviços." O MILHO Informa o Boletim .Agrícola do Institui,) Inter- nacional de -Vgricultura, do mcz de .Julho, que a p]-odaici;ão do milho na Uulsaria, iia Grécia, uas Philip.i)inas será mais ou menos a mesma de 1920, .Vos listados Unid;is, a avalia(;ão é de 7!):i milhões de (|uintaes, isto c, somente inferior de :! °]° à forte prodaici;ão do anuo passado, que attiiigiu a 821 milhões.' — 238 BOLETIM DA SOCIEDADE lNACIONAL DE AGRICULTURA - As semanaes da Sociedade DISCiJSSÕÈS E DELIBERAÇÕES SESSÃO DE DIRECTORIA — NHO DE 1921 EM DE lU- Presidencia do Sr. Miguel Calmion, achando-se presentes numerosos assocLidos, e tendo tido posse os Drs. Ribeiro Junqueira e Barros Franco, am- bos eleitos para os cargos de membro do Con- selho Superior e 3" Secretario. LAVOURA CACAUEIRA — Dando-se inicio ao expediente, foi lido, além de outros, vim offlcio do Syndicato dos Agricultores de Cacau da Bahia, dirigido ao Dr. Filogenio de Souza Peixoto, para que solicitasse da Sociedade o seu apoio á re- presentação endereçada ao Sr. Presidente da Re- publica, solicitando as providencias mais urgen- tes em favor da lavoura cacaueira. O Sr. Presi- dente, lida essa carCa. declarou que a Sociedade apoiava inteiramente os reclamos da sua co-irmâ e ia encaminhar ao Sr. Dr. Epitacio Pessoa a al- ludida representação. "DEFICIT" NO COMMERCIO EXTERIOR — Antes de passar á ordem do dia, o Sr. Miguel Cal- mon chamou a attenção dos seus coUegas para os dados, recentemente divulgados, relativos ao nos- so commercio exterior, os quaes demonstram um íal "deficit", que não ipode.m, deixar de impressio- nar áquelles que se dedicam ao estudo das ques- tões económicas do paiz, pois denotam uma crise muito séria, que precisa ser dirimida com urgên- cia. Não nos illudamos: diz o orador, "Ou o au- gmento da producção nacional e a sua immediata valorização, para obviar os numerosos entraves que se lhe oppõem, ou a reducção da importação, para que se não torne cada vez mais precária a taxa cambial, e, oonseguintemente a vida finan- ceira da Nação." Parecia-Ihe que a Sociedade, de laccôrdo, aliás, com as considerações já alli expostas, em. sessão anterior, sobre a matéria, deveria insistir e fazer intensa propaganda para que o consumo da pro- ducção estrangeira que encontra similares nacio- naes fosse restringido ao minimo. Naquella occasião, prosegue, referira-se ao caso do trigo, producto que importamos no anno transacto no valor de 141 mil contos, cujo consumo poderia s;r consideravelmente reduzido, se se misturasse aquella farinha á fécula da mandioca, ou mesmo de certos cereaes, conforme aliás fizeram e estão fazendo ainda alguns ipaizes mais avisados, no intuito de dimiinuir o tusto do pão e, ao mesmo tempo, restringir o valor da importação estran- geira. Como o trigo, muitos outros productos de im- portação estrangeira poderiam ser, com vantagem, substituídos pelos macionaes. Seria, pois, interessante que a Sociedade, cui- dando do importante assumpto, nomeasse uma commissão para indicar e propagar as medidas e os conselhos mais úteis para a realização desse "desideratum". Deve ainda assignalar — prosegue o orador — que é profundamente preiudicial ao paiz a affir- mação feita pelo Director da Estatística Commer- cial de qae a iinportação exaggerada não é um mal , Xão devemos confundir a nossa situação de paiz devedor com a de outros paizes que têm grandes capitães coUocados no estrangeiro ou que recebem as economias dos seus emigrantes que labutam fora da Pátria. O Brazil não pôde dis- pensar um grande saldo commercial para acudir aos compromissos que tem no estrangeiro. E para isso é forçoso restringir a importação e augmen- tar em qualidade e em valor a producção exportá- vel. .Aliás, todos os velhos paizes da Europa, quando não ha muito se sentiram — em consequência da guerra -- em posição inversa, isto é, passaram de credores a devedores, enfrentaram a situação com decisão e souberam agir com esse mesmo critério, que aconselha . E os resultados obtidos pela França e AUema- nha 3hi estão patentes para demonstrar que essa é a única politica sensata e efficiente. Feitas essas considerações, o Sr. Miguel Cal- mou nomeou os Srs. Ribeiro Junqueira, Joaquim Luiz Osório, Luiz Guaraná, Augusto Ramos, Car- los Raulino e Rodrigues Caldas, incluindo na mes- ma o seu próprio nome. para estudaremi o as- sumpto, com a maior brevidade. O Sr. .^ugusto Ramos fez considerações sobre o assumpto, para frisar, em relação á mistura da farinha de mandioca com a de trigo, para o fabrico do pão, que, apezar de serem excellen.tes os resultados obtidos nos ensaios levados a ef- feito, a sua adopção não foi conseguida. .A" vista disso, lembra a conveniência de se in- stituírem prémios aos padeiros que adoptarem essa medida e. bem assim, que o Governo facilite — livrundo-a de todos os ónus — a acquisíção da mandioca por part; daquellss. o que requer sem duvida uma serie de providencias. Tal suggestão foi muito bem aceita, tendo ainda falado sobre o assumpto os Srs. Luiz Guaraná e Miguel Calmon. O Sr. Rodrigues Caldas pediu depois a palavra e, reportando-se ao que alludira o Sr. Calmon. em referencia á depressão da exportação brasileira, disse que, a seu ver, não é bastante augmentar o seu volume e o seu valor, mas que é preciso cuidar da qualidade e da emballagem dos nossos productos. Nessa defficiencia julga o orador re- sidir a causa primordial da diminuição das nossas exportações. Justificando taes affirmativas, cita vários exemplos, que instruem a proposta que dei- xa sobre a mesa. afim de que a Sociedade inter- ceda junto aos poderes competentes, no sentido de serem fiscalizados os productos que mandamos ao estrangeiro. O Sr. Augusto Ramos diz que já existe legisla- ção em relação á matéria, a qual parece não ter sido observada. O Sr. Guaraná examina a questão levantada pelo Sr. Rodrigues Caldas; a seu ver, a razão prin- cipal da má qualidade dos nossos prodiuctos está no ridículo lucro que o portador aufere, o que A LAVOURA 239 não permi:te aperfeiçoal-os. A' vista do exposto, ■termina propondo que a Sociedade interceda jiunto aos poderes públicos, no sentido de que sejam facilitados todos os recursos e todos os estimules áçuelles que imais escrupulosamente preparem os seus productos, tarnando-os dignos de melhor con- ceito nos mercados estrangeiros, e que a uma com- missão de íechnicos se confie a fiscalização da nossa exportação, O Sr. Ribeiro Junqueira falou também sobre o .assumpto, declarando-se de pleno accôrdo com os seus collegas, tanto assim que nesse sentido, ha poucos dias lançara, da tribuna da Camará, um appello aos productores. Acha que é preciso reclamar do Governo certas medid.is protectoras, mas devemos fazer propagan- da do desejado aperfeiçoamento junto aos produ- ccores. ,A propósito, o Sr. Calmon, corroborando essa asserção, refere-se aos resultados obtidos no Rio Grande do Norte, em relação ao algodão. O Sr. Joaquim Osório piropoz, então, que taes observações fossem presentes á Commissão no- meada, o que foi apiprovado. CONVITES. OFFICIOS. PEDIDOS — Foi lido ainda no expediente um officio do Sr. Joaquim O. de Azevedo, delegado da Federação das Associações Commerciaes do Brazil, convidando a Sociedade a lomar parte no banquete em homenagem ao Conde Siciliano, como demonstração de grande apreço em que são tidos os seus serviços ás classes conserva- doras. A Sociedade annuiu de boamente ao con- vite. Leu-se depois um officio do Sr. Theophilo G. Street, Director do Collegio São Bento, situado em Lagoa Vermelha, no Rio Grande do Sul, o qual, pretendendo installar uma estação agrícola mode- lar :para educação de moços pobres, solicita o apoio da Sociedade, facilitando-lhe a obtenção de semen- tes, utensílios, gados e outros subsídios. Foi ig>ualmente acolhido esse appello, tendo sido incumbido de promover a satisfação desse pedido o Sr. Victor Leivas, Constou ainda do expediente um officio do Dr. Carlos Sam,paio, Prefeito do Districto Federal, res- pondendo ao da Sociedade, em relação ao imposito de carga e descarga de mercadorias nos cães e docas do littoral. Esse officio será divulgado na integra e em ou- tra secção da "Lavoura" para conhecimento dos interessados. ORGANIZAÇÃO DOS PRODUCTORES RIO- GR.ANDENSES — Passando-se á ordem do dia, foi lido pelo Sr. Joaquim Osório o parecer da commissão incumbida de estudar o projecto da or- ganização dos productores sul-riograndenses, pa- recer este precedido por um extenso estudo rela- tivo á maíeria. cujas conclusões foram as seguin- tes: "Em face de todo o exposto, a Sociedade Na- cional de Agricultura é de parecer que o projecto do Dr. Jacyntho Gomes revela um .pensamento su- perior, qual o da -organização profissional e com- mercial das classes productoras do Rio Grande do Sul, e que estas devem congregar-se de modo a possuírem um apparelho económico central capaz de realizar a defeza commerclal da producção. como pletela o projecto. E, havendo conveniência de systematizar lOS es- forços em vista de pontos de cointacto d'o proje- cto com os das uniões ruraes existentes no Rio Grande do Sul. lembra que a momentosa questão seja debatida na assembléa a ser convocada op- portunamente, com a presença dos delegados da Federação das Associações Ruraes do Rio Grande do S-ul e União dos Criadores, sobretudo neste instante, em que no Estado se agita a fusão das duas importantes aggremiações , Tal o parecer da Sociedade 'Nacional de .agricul- tura. — Osório de Almeida. Miguel Calmon, Ben- to Miranda, Augusto Ramos e Joaquim Osório, re- lator. " Approvado o parecer, disse o Sr. Miguel Calmon que o problema que se depara no Rio Grande do Sul é semelhante ao que se verifica nos demais Es- tados, em relação a cada um dos seus principaes productos. O que acontece alli em relação ao gado vê-se noutras regiões do paiz com o assucar, o cacáo, a borracha, etc, que, devido á falta de de- feza, se encontram á mercê de explorações de toda ordem. A reacção que se produziu nos mercados de café logo que se organizou a sua defeza é uma prova evidente de que os múltiplos vendedores, sem ac- côrdo entre si, em face de compradores, quasl sem- pre combinados, trazem a desvalorização dos pro- ductos. Emj sessão anterior, tivera ensejo de ler á casa o que se passava em Cuba relativamente aos tra- balhos da commissão financeira do assucar, mercê de cuja intervenção conseguira alli em pouco tem- po, sem artificio algum, fazer subir o assucar de 2 cents e 75 a mais de 5 cents. As conclusões, portanto, do parecer, não podiam deixar de merecer o apoio de todos os da Socie- dade, que faz votos para que em cada Estado as classes prodiuotoras estudem com o mesmo espi- rito de união o problema, de modo que tenhamos em todo o paiz, perfeitamente organizada, a defeza da nossa producção. Está claro, prosegue — que haverá productos — como o cacáo, o assucar, a borracha, etc. — que exigirão accõrdos entre os varies Estados que os produzem - A Sociedade Nacional de .Agricultura sentir-se-ha ufana, entretanto — diz o orador, terminando — de promover e auxiliar, quanto nella caiba, a reali- zação desses accõrdos, conforme, aliás, já teve op- portunidade de fazer quando foi da ultima Confe- rencia Assucareira de Campos, O CREDITO — O Sr. Victor Leivas exortou seus collegas da Sociedade que têm assento no Congresso Nacional a agitarem alli a discussão do problema que representa uma velha aspiração da lavoura. Dfc facto, ha muito, em todos os congressos e conferencias, em todas as reuniões dessa laboriosa classe, o seu primeiro voto é o pedido de credito. Urge, pois, levar á lavoura esse beneficio. O Sr. Luiz Guaraná, aproveitando o ensejo, exa- minou o problema, discutindo-o pelo lado ipratico, e nesse sentido condemncu o systema de redescon- tos adoptado pelo Governo, o qual preciso é corri- gir qiuanto antes. Estabeleceu-se, então, uma cerrada discussão em toirno do assumpto, que o Sr. Augusto Ramos encerrou declarando que as leis em relação á la- voura são elaboradas na convicção de que se a está llludindo. — zw BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA A CRISE DO ALGODÃO XO EGYPTO O Sr. Miguel Calmon annunciou então a segunda matéria da ordem do dia: — A Crise do Algodão no Egypto e as medidas lá adoptadas para a sua solução. Lida em resumo essa matéria, constante de uma longa exposição feita pelo Sr. Nicoláo Debbané, o Sr. Calmon, commentando-a, disse que delia se deveria tirar tima dupla illação de nosso interesse: iprimeiro, que o custo de producção do algodão aUi está acima do preço de venda; segundo, qut; o Governo resolveu restringir a área de cultivo dessa malvacsa. Ora, a despeito da baixa considerável, o algodão ■brasileiro obtém preço superior ao do custo, o que nos collocia em boas condições, attenta a si- tuação do Egypto. Além disso, a diminuição da área de cultivo alli nos facilitará maior expansão. E", sobretudo, para o Norie que o assumpto é interessant;, pois que alli é que podemos produzir typos de algodão iguacs ou superiores aos do Egypto, que era um concor- rente do Brasil na producção do algodão de fibra longa. Diante da crise, que o assoberba, devemos con- citar os agricultores do Norte a não desanimarem e a adoptarem os mesmos methodos que aquelle ipaiz poz em pratica, e que a tão alto gráo eleva- ram a sua producção. Essas medidas foram: o expurgo e selecção sys- tematica das sedentes, a irrigação artificial, o be- neficiamento e a classificação cuidadosa da fibra. A Sociedade, para melhor orientar os producto- res, publicará integralmente a exiposição do Sr. Deb- bané, que encerra preciosos ensinamentos. Attendendo ao pedido do Sr. Brnto Miranda, que não pôde comparecer á reunião, foi adiada para terça-feira próxima a discussão da matéria constante ainda da ordem do dia da re r.iião, re- ferente á crise da Amazónia. O Sr. Bento Mi- randa apresentará, então, um estudo a respeito. Depois de despachado o longo expediente, foi encerrada a sessão. SESSÃO DE DIRECTORIA — EM 14 DE JUNHO DE Ii:l21 A PESTE BOVINA — Abriu a discussão do assumpto a seguinte indicação do Sr. Júlio da Sil- va .Araújo: "O a.pparecimento de um foco de peste bovina em alguns municípios do Estado de S. Paulo, do- ença indiscutivelmente exótica em nosso paiz, veiu ainda mais perturbar o problexa financeiro do mo- mento. A braçcs com uma situação cambial difficil, toda ella motivada pela diminuição do valor de nossa exportação; paiz de producção não organizada, como é o Brasil, o isstancamento de uma fonte de ouno, que indiscutivelmente o é a exportação de animaes e seus productos, complicou o mal estar geral. Demais, não são poucos os centros de vida bra- zHeira, ou melhor, as praças na'cionaes cuja vida é mantida exclusivamente pela exploração da pe- cuária. Riqi'eza nacional, verdadeiro lastro para a orga- nização definitiva de nossa economia, a paralyza- ção da indusltria, do comimercio e do transporte de taes espécies de mercadorias profundamente attin- giu a nossa vida económica. Simples golpe de vista sobre os valoris de nos- sas trocas internacionaes em annos anteriores de- monstra-nos á saciedade quão urgente faz-se a re- moção de todas as causas, que actuam no sentido de impedir um afluxo diário para o Brazil de cerca de .300 contos ouro. Só este argumento bastará para avaliarmos a extensão dos males que nos affligem decorrentes do apparecimento da peste bovina. Urge. portanto, que esta Sociedade, applaudindo a acção patriótica do Dr. Ildefonso Simões Lopes, Ministro da Agricultura, que tão fortemente tem prestigiado o trabalho notável do Serviço de In- dustria Pastoril na can^panha que emprehende 'con- tra o flagello, procure despertar a attenção do paiz para a necessidade, em que elle se encontra, de definitivamente eliminar esse inimigo insidoso. al- tamente prejudcal. contra o qual todas as forças deverão ser empregadas. A Sociedade Nacional de .Agricultura, centro onde só ecoam os reclamos dos productores. industriaes, commerciantes e transportadores de animaes e seus productos. conta que o Governo Federal levará avante o programma que traçou de coinbate á peste bovina, de modo a integralmente realizar-se a sua prompta extirpação do território n.TCional. Sobreleva notar que a persistência de tal estado de cousas não permttirá, apezar de quaesquer es- forços do Governo, realizar a politica cumíbial de que tanto necessita o paiz". Em torno dessa indicação falaram vários di- rectores. O Sr. Victor Leivas, applaudindo a suggestão, adeantou algumas informações a respeito, mostran- do que estão fechados aos nossos animaes e aos seus productos todos os mercados. .Ainda agora a França declarou que uma vez extincta a peste que aqui ociorreu, promettia abrir o seu mer.;ado aos productos nacionaes. .Acha, como o seu collega Silva .\raujo, que de- veríamos proceder com a maior energia e urgência, afim de evitar os graves prejuízos que vimos sof- frendo e nessas condições parece aconselhável seja abatido todo o gado enoomtrado na zona pesteada. O Sr. Germano Courrège, tomando a palavra. affir.Tiou os seus applausos á proposta Silva Araú- jo, mas aproveita a opportunidade para informar á Sociedade que na Itália permaneceu, sem ter sido entregue ao consumo, por deliberação do respectivo Governo, uma grande partida de carnes daqui re- mettida com a garantia do Governo e antes de ter surgido em S. Paulo a inalfadada peste. O Sr. Miguel Calmou disse acolher a indicação de boamente, visto que todos sabem que innume- ros prejuízos nos tém advindo da peste bovina. Na situação, em que nos encontrávamos, de for- necedores de carne a vários paizes, sem termos ainda firmado o renome do nosso producto nos centros de consumo, um falgcllo, como sste. é, real- mente, de consequências desastrosas. Por isso. é preciso adoptar medidas heróicas para que de uma vez consigamos, não somente a extirpação da pes- te, como dar ao estrangeiro a impressão de que não 'ha mais medo delia reapparecer entre nós. Ao lado dessas medidas urge uma prooaganda intensa, fazendo sentir ao estrangeiro a diversidade e ex- tensão das zonas criadoras do nosso oaiz, e, por- tanto, a inocuidade das carnes que tenhamos ex- portado com a garantia do Governo e antes do ap- p^i-ecimento da epizootia. -- A LAVOURA Zk\ A mesma propaganda deveremos fazer para que recomecemos a exportação de carnes, devendo o Go- verno — se tanto fór preciso — distribuir até gra- tuitamente, nos principaes paizes consumidores, o producto nacional nas quantidades que forem ne- cessárias. O Sr. Silva Araújo lembrou que, tomadas essas providencias radicaes, o Governo convide especia- listas dos paizes interessados na acquisição de nossas carnes, afim de que verifiquem de visu o resultado final da campmha que elle vem pondo em pratica, com felicidade. O Sr. Álvaro Osório de Ahneida fez varias con- siderações a respeito, lembrando que se deveria so- licitar a i'ntervencão do Ministério das Relações Ex- teriores no caso. Paliaram ainda sobre o assumipto. a-poiando to- das as suggestões feitas pelos oradores precedentes, os Srs. Lyra Castro, Bento de Miranda, Victor Lei- vas, Landulpho .Alves e .Mvaro Osório de Almeida, este ultimo, porém, para fazer uma restricção em relação á idéa da convocação de esoecialistas para um:; conferencia no nosso paiz. Acha que a sug- gestào não dará talvez o resultado desejado. Seria mais pratico e dess"arte mostrartamos que estamos de boa fé — que se solicitasse a vinda de emissá- rios tecbnicos dos paizes com que commerciamos em carnes e productos animaes, para coUaborarem comnosco, isto é, que designassem addidos technicos junto aos Consulados nos Estados ;riadores, e remunerados peio Brazil, para certificarem a proce- dência e inocuidade dos productos nacionaes. C Sr. .Migiiel Calmon recebeu todas as susges- tòes. nomeando em seguida os Srs. Silva Araújo, Germano Courrège e .Mvaro Osório de Almeida, para redigirem as representações que a Sociedade enviará ao Ministério da .Agricultura e ao das Rela- ções Exteriores. O ZBBU' — O Sr. Lyra Castro toma então a palavra para tratar do projecto de lei, prohibindo a importação em todo o território nacional do gado conhecido .pelo nom.í de zebú, de autoria do Dr. Nabjco de Gouvéa, apresentado ha dias á Camará dos Deputados. .Acha o orador que aquelle deputado assim pro- cedeu, tendo em vista a opir.úão corrvnte de que a peste bovina fora trazida da Índia por alguns ze- bús importados. Ha muitos annos, entretanto, ha um século, que essa espécie de gado vem intrando no Brasil sem que tivéssemos sido attingidos por essa terrível epizootia. Pergunta, por isso, se de facto se pôde assegu- rar que o zebtj é o vehiculo. o transmissor dessa moléstia, e se o Brasil terá vantagem em prohibir definitivamente a importação desses animares. O orador acha que o problema é sério, por isso .que no Norte, pelo menos, as condições actuaes não permittem a adopção de raças finas européas, o que leva o orador a pensar que a prohibição pro- jectada poderá acarretar não pequenos damnos áquella região. O orador faz essas considerações porque jul- ga que se deve primeiro verificar se, de facto, é o zebú uma ameaça. Xesse caso. é francamente pela adopção da lei projectada. .Mas acantece que até aqui se não teve a prova patente de que foi o zebú que nos trouxe o mal, e por isso, pensa que a Sociedade d;ve nomear uma commissão para examinar detidamente a questão. O Sr. Germano Courrège, aparteando. diz que do ponto de vista commercial, esse gado não nos con- vém, ao que rebate o Sr. Júlio César Lutterbach. O Sr. Landulpho Alves, commentando o as- sumpto, declarou que, a seu ver, não deveríamos adoptar a medida prohibittva mesmo que o zebú tivesse sido o propagador da peste, por isso que havia o recurso da quarentena. Diz. então, o que fizeram os Estados Unidos a essa respeito, o que poderíamos imitar. Paliam ainda a respeito o Sr. .Alberto Moreira e o Sr. Victor Leivas. O Sr. Presidente, finda a discussão, nomeou então os Srs. Lyra Castro, Parreiras Horta, Júlio César Luttetiba-eli, Armando Rocha, Sylvio Rangel, Landulpho .Alves, .António Salvo, Victor Leivas e Germano Courrège, para constituírem a commis- são proposta, á qual deverá acompanhar os traba- lhos technicos officiaes. para, com melhor base. le- var á Sociedade as suggestões de que carece para sua acção junto do Congresso nacional. A QUESTÃO DA BORRACHA Em seguida, é dada a palavra ao Sr. Bento dsMiranda, que Ic o seu notável trabalho sobre a situação da .Ama- zónia. O Sr. Calmon. commentando o trabalho do Sr. Bento de Miranda, declarou que elle provava bem a solicitude com que acompanha S. Ex. os inte- resses da .Amazon'a e era merecedor de todcs os applausos, tanto mais que já tivera ensejo de ma- nifestar as mesmas esperanças, em relação an caso. ■Acha que a situação não pode oermanecer por miuito tempo, mas o que não é possível é deixar desnrganizar-se a producção, de modo que, quando se der a reacção nos preços, delia não possamos nos aproveitar. Está de pleno accórdo com o Sr. Bento de Mi- randa, salvo, porém, em relação á emissão com po- der liberatório restricto a certa zona do paiz, visto que o Governo já está autorizado a emittir para soccorrer a producção nacional. .A Sociedade proseguirá na sua altitude, e, cota já tem nomeado uma commissão incumbida do es- tudo dessa matéria, a ella encaminhará a referida exposição. Segue-se com a palavra o Sr. Simão da Costa, que. em referencia ao problema da borracha, con- substanciando tudo quanto Doderia dizer, limita-se a ler o seguinte tópico inserto em "The Financier", de Londres, que confirma as conclusões do estudo do Sr. Bento de Miranda: "I confess lay the present moment. I cannot see any way out of the position without grave disaster to these who have to realise existtng stocks; and new production still goes on aí a rate in excces of consumpticn. The anty hope id that the condi- tion of affairs wiU become so bad that those in control of estates producing a loss will be una- ble to finance the constant strain upon them, and their tapping will have to be abandoned and the estates sold if anyone is sanguine enough of the future to porchase them. In the course of getting to that point diastrous loss w'le be snffered. by ali, and one can only pray and hope that the pe- riod will come soon when enougt trees vill be ell- minated from the tapping área to place the aggre- gate yield in its proper raf'o to the aggregate con- sumption. " O Sr. .Alberto Moreira, em breves palavras, tri- tou igualmente do assumpto, lamentando que o Acre boliviano esteja usufruindo fartos provetttos 212 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA da industria da borracha, o que deu lugar a troca de apartes contrários a esta affirmação. Voltou a fallar o Sr. Simão da Costa, que o S-. Presidente designou para fazer parte da com- missão que estuda os problemas económicos da .Amazónia, e que apresentou ao Sr, Miguel Cal- mon um appello no seatido de se fazer o paladino, no Congresso Federal, da idéa submettida ao mes- mo, pelo Sr. Presidente da Republica, no sentido de ser organizado no estrangeiro um serviço de propaganda das possibilidades economi:as do Bra- zil. O Sr. Simão da Costa fundamenta o appello, re- ferindo-se a essas possibilidades, ao desenvolvi- mento das nossas industrias, e affirma que pela sua extensão, pela abundância e variedad; de pro- ducção de matérias primas, pelas inexgotaveis ri- quezas naturaes que possue, o Brasil não pode resignar-se á posição secundaria, quando tudo lhe garante a primeira. O Sr. Calmon recebeu o appello dirigido, di- zendo que não bastava uma organização commer- cial, mas também uma serie de medidas que es- timulem dentro do paiz a iniciativa particular. A pedido do Sr. Simão da Costa, nomeou uma commissão. composta do mesmo e dos Srs. Álvaro Osório de Almeida. J. A. Costa Pinto e Carlos Miranda Joráão, para estudar essa questão. O LEITE NA FAZENDA MILAGRE — O ul- timo orador foi o Sr. Ribeiro .funqueira que levou á Sociedade alguns dados relativos á producção do lejte na Fazenda Milagre, de sua propriedade, pondo em evidencia os resultados surprehenden- tes obtidos, graças ã orientação que vem imprimin- do naqrella propriedade. Cumprimentado pelos presentes e pelo Sr. Pre- s:,''snte, o Sr. Ribeiro Junqueira, atíendendo á solicitação que este ultimo lhe fez, prometteu re- duzir a escripto a sua exposição que será publicada na "A Lavoura", para conhe:'mento dos interes- sados. Despachado o expediente, é en:errada a sessão. SESS.\0 DE DIRECTORIA - EA1 21 DE JUNHO DE li:)21 Presidência do Sr. Miguel Calmon. que, depois de submetter á approvacão a acta da sessão an- terior, deu inicio ao expediente. O .ASSUCAR - - Foi lido, em primeiro logar. um telegramma da Sociedade Agrícola Industrial Ser- gipana, pedindo á Sociedade, em attenção á verti- ginosa desvalorização do assucar. cujo mercado está em pânico devido á baixa que diariamente vem causando enormis prajuizos á lavoura, pela exces- siva carestia com que foram custeadas as safras actual e futura, a sua intervenção no sentido de conseguir do Governo da União que a.rpare o mer- cado assucareiro. á semelhança do que fez com o café, determinando preços mínimos e procurando o melhor meio de collocação nos mercados estran- geiros. O Sr. Miguel Calmon aisse interoretando o sen- timento da Directoria, que a Sociedade, de accòrdo com o pedido que já diriveiu ao Sr. Presideníe da Republica, solicitará providencias. Mas acha qu2 a Sociedade não pôde ir além do que já fora feito em relação á praça de Recife, pelo menos, até que sejam adoptadas conclusões relativas á defeza do assucar para todo o paiz. A Directoria transmittírá, integralmente, o tele- gramma ao Sr. Epitacio Pessoa, solicitando medi- das immediatas em favor de Sergipe, e ao mesmo tempo fará estudar, pela commissão especial, já nomeada, o appello em questão, de modo que a So- ciedade possa propor um plano definitivo de de- feza da producção do .assucar. CENTRO PASTORIL DE BARRETOS - Leu- se, em seguida, um telegramma do Centro Com- íT.ercial e Pastoril de Barretos que, em nome dos boiadeiros. invernistas e fazendeiros da localida- de, solicita da So:iedade sua in:ervenção no sen- ■:ido de cessar a prohibição do transito de gado e do imposto de exportação, o que acarreta aos mss- nias grandes prejuízos. Ainda sobre esse assumpto fallou o Sr. Calmon para relenibrar que a Sociedade já se tem occupa- do da matéria, e que effectivamente é clamorosa a situação dos criadores da zona referida. .Apezar disso, pensa que a Sociedade deve aguardar a che- gada ao Rio da commissão especial que estuda a importante questão, que será ouvida pela commis- sà3 official da Sociedade incumibída lambem de es- fudal-a. Em todo o caso, as declarações oificiaes que acabam de ser divulgadas, de que se acha ex- tincta a peste bovina e a decisão de pôr em pratica as medidas que foram suggeridas alli, na ultima reunião, pelo Sr. Silva Araújo, para a erradicação da peste, são bast-inte animadoras e lhe dão a se- gurança de que. dentro de curto prazo, taes recla- mos serão attendidos, pelo que a Sociedade tele- graphará ao Centro de Barretos informando de que aguarda a chegada da Commissão para coin ella coUaborar no sentido de ser dada cabal satisfação ao seu appello. OFFICIOS E COMMUXICAÇÕES — Em se- guida foi presente um officio do Dr. W. W. Coe- lho de Souza, Superintendente do Serviço de Al- godão, que, em resposta ao appello que lhe diri- gira a Sociedade no sentido de amparar a lavoura algodoeira do Estado da Bahia, de:Iara não ser possível, no momento, além do que já fez. prestar novo auxilio áqueila lavoura, o que será deter^ii- nado no próximo exercício. Dos Srs. E. Veras & Filho foi lida uma carta em que solicitam informações a respeito dos pro- cessos de branqueamento do assucar bruto e da ga- rapa, bem como em relação á refinação desse producto, do que foi incumbido o 1 Secretario, Sr. Luiz Guaraná. O Sr. Commendador Simão da Costa dirigiu á Sociedade uma carta em que presta informes re- lativamente á industria da gomima elástica na Bo- lívia, que, segundo telegramma procedido de La Paz, está definitivamente anníquillada, devido a concurreneia de Málaga e Ceylão. A seguir, foram presentes: officio da .Associa- ção Commercial de Maceió, pedindo informações sobre as .providencias adoptadas no Districto Fe- deral e no Estado do Rio de Janeiro para o combate \ formiga saúva; carta de Manoel Gonçalves de Círvalho, pedindo informações sobre o melhor m.e^o de mandar vir algutnas famílias poríuguezas; officio da Bolsa de Cereaes da .'\rgentina. commu- nicando a eleição da sua directoria; officio do Sr. Ministro da Agricultura, nomeando o Dr. Mi- gue! Calmon membro da Commissão Organizadora da Exposição do Centenário; carta do Centro Com- mercial e Pastoril de Barretos e da União .i^gri- A LAVOURA 2!i3 — cola de Maborahy, Estado do Rio, communicando a eleição e posse de suas directorias. Por ultimo, o Sr. Calmon leu dous officios dos Srs. Dias Martins e Eugénio Lefevre, directores, respectivamente, de agricultura geral do Ministé- rio da Agricultura e da Secretaria da AgricuUura de S. Paulo, agradecendo á Sociedade as congra- tulações apresentadas aos mesmos, pelos esfor- ços empregados pelos respectivos governos no combate á peste bovina. Passando-se á ordenu do dia, foi lido, em pri- meiro logar. o parecer da commissão designada para indicar á Sociedade o meio de coUaborar na acção da Superintendência do Abastecimento junto ás Feiras Livres. O ZEBU' — Em seguida foi concedida a pala- vra ao Sr. Joaquim Luiz Osório que, como rela- tor da commissâo incumbida de dizer se ha con- veniência na prohibição da importação do gado zebú, conforme o proiec:o apresentado á Camará pelo Deputado Nibuco de Gouvéa, sob fundamen- to de ser elle vehicul.idor da peste bovina, adean- toj algumas informações sobre o andamento dos trabalhes da referida comimissão e das resoluções que já tombaram, que são: 1" — verificar se o go- verno brasileiro tomou parte na Conferencia de Paris, noticiada pela "A Noite" ou se de lá teve noticia, e se a conclusão foi effectivamente a pu- blicada; 2" — averiguar qual a marcha e destino que tiveram os zebiis accusados de introductores da peste bovina, e. se nesses logares onde fizeram parada irroTipeu o flagelfo; 3" — se neste ínterim não importou o Brasil gado da Bélgica; 4" — re- unir-se ás quartas-feiras e sabbados, ás 16 horas, na sede da Sociedade N. de Agricultura, onde con- vida a corr.parecerem todos aquelles que tiverem esclarecimentos a prestar sobre o magno problema, no firme propósito em que se encontra, de acertar. SUGGESTÕES — Foi posta depois em discussão a exposição apresentada na sessão anterior, pelo Sr. Bento de Miranda, na qual indicou um«i serie de suggestões que a Socied-íde deveria submetter aos poderes públicos em prol da .Amazónia. Não havendo quem se oppuzesse ás mesmas, o Sr. Calmon declarou que a Sociedade, apoiando taes suggesrões, as enviará á Camará dos Depu- tados, em forma de appello. fazendo apenas uma restricção em relação á emissão com poder libe- ratório limitado, visto que o governo já está auto- rizado a emittir para soccorrer á producção nacio- nal e por entender que ha outros meios de evitar os inconvenientes que o autor apontara em seu trabalho, como a realização de empréstimos por parcellas. que serão entregues successivamente, verificando-se. porém, antes de o fazer para cada uma. a legitima applicação das anteriores. DIVERSOS ASSUMPTOS — Referindo-se. de- pois, ao appello que o Syndicato dos Agricultores de Cacáo da Bahia resolvera dirigir ao Presidente da Republica, por intermédio da Sociedade, o Sr. Calmon informa que a casa. acolhendo o pedido feito pelo Sr. Lyra Castro, apoiará a representa- ção do Syndicato, pedindo, porém, sejam extensi- vas ao Pará. também productor de cacáo. as medi- das requeridas para a Bahia, pois a Sociedade não pode deixar de prestar todo o seu apoio á região amazonica. tão carecente de auxiTo por parte dos poderes públicos. Falou, em seguida, o Sr. Silva .Araújo, que pe- diu a approvação de um voto de congratulações com os nossos representantes na Exposição de Borracha, que se realizou em Londres, pelo premio que o Brasil acaba de conquistar naquelle certa- men. proposta que, a pedido do Sr. Bento de Mi- randa, foi ampliada, ficando resolvido também que a Socedade manifestaria egual sentimento aos go- vernos do Pará e Minas, cujos productos merece- ram a honrosa classificação. O Sr. Henrique Silva submetteu ao conhecimen- to da Sociedade a planta da estrada de automó- veis da Emoreza .Auto Viação Roncador a .Anna- polis. em Goyaz, solicitando, em nome desta, o arpiparo da Sociedade pari que lhe seja paga a subvenção garantida por lei. O Sr. .Americano do Brasil reforçou esse pedido, adduzindo algumas informações em relação ao as- sumpto, tendo a Sociedade resolvido transmittir o appello ao Sr. Ministro da Agricultura. O Sr. .Juvenal Lamartine solicitou, também, o ap3Ío da Sociedade, para que seja revogada a lei que impõe o expurgo das seinentes de algo- dão destinadas á exportação para fins industriaes. S. Ex. affirmou que no Nordeste é inexequível ess.i lei, visto qu'S elle não dispõe de apparelha- gem necessária ao serviço do expurgo, o que inhi- be a exportação dos caroços de algodão. Para frizar es inconvenientes que decorrem des- sa resolução official. informa o orador que no Rio Grande do Norte ainda agora não foi possível ex- portar certa quantidade desse producto para a In- glaterra — que o destina a fins industriaes — por s^r impossível, expurgar as sementes, não otstnnte a própria Inglaterra prescindir desse be- neficio O assumpto despertou interesse, tendo se troca- do vários apartes, falando por ultimo o Sr. Cal- mon, que, em nome da Sociedade, resolveu, depois de consultar a casa. que ella officiará ao .Minis- tério da Agricultura, pedindo seja revogada a pro- hibição. desde que se tenha em vista mandar para o estrangeiro as nossas semenies. pois lhe parece curial que só em relação á exportação entre os Estados s;jamos rigorasos. O Sr. Ezequiel Ubatuba levou á mesa uma mo- ção de congratulações com o Sr. Ministro da .Agri- cuUura. çoT ter resolvido organizar ex^fisiçcics regionaes de gado preparatórias da que se reali- zará nesta Capital, por occasião do Centenário, o que foi approvado. Aproveitando o ensejo, o Sr. Ubatuba, que acaba de chegar do Nordeste, adean- tou algumas informações acerca daquella região, tendo-lhe sido pedido que, a respeito, fizesse alli uma exposição completa, ao que S. S. annuiu. Tratou-se depois da peste bovina, tendo sobre o assumpto falado os Srs. Silva Araújo, Germano Courrège, Álvaro Ozorio de Almeida e Miguel Cal- m.on. que os nomeara, attendendo á discussão tra- vada alli na sessão anterior, para elaborarem as bases das representações a serem enviadas aos Srs. Ministros da .Agricultura e Relações Exterio- res. A commissâo por todos os seus inembros deu desempenho á incumbência, declarando parecer- Ihe prescindível, por emquanto, quaesquer inani- festações da Sociedade ao Governo, porque re- conhecia que as medidas ultimamente postas em pratica ou em vias de realização, por parte do mesmo, coincidem perfe-ramente com os intuitos da Sociedade e que foram claramente divulgados na reunião anterior. Zkk BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA A PECUÁRIA NOS ESTADOS UNIDOS — En- cerradia a ordem do dia, foi por fim concedida a palavra ao Dr. Landulpho Alves, que ha pouco regressou dos Estados Unidos, e que estava in- scripto para realizar uma conferencia sobre a pe- cuária naquelle pajz. O trabalho de S. S.. que despertou grande in- teresse no numeroso auditório, foi muito louvado pelo Presidente da Sociedade. O Dr. Landulpho Alves dividiu em duas longas partes a sua palestra, dedicando a primeira ao estudo da evolução dos rebanhos norte-americanos e ás :ondições forrageiras daquelle paiz, fazendo resaltar, ahi, que nesse santido estam3s perfei- tamente bem provicías. pois são excellentss as nossas pastagens. Na próxima terça-feira, n orador ier.l a parte complementar de sua conferencia, lalvitrando en- tão, nessa opportunidade, as medidas que devemos adoptar para o desenvolvimento, principalmente de dous ramos que julga da máxima importância na actualidade a produccâo de bovinos e suinos para corte. Foi então encerrada a sessão. SÓCIOS PROPOSTOS E ACCEITOS NESTA SESS.ÃO - Foram propostos e acceitos os seguin- tes sócios: .Arthur Tasso de Faria, criador e agri- cultor em Conrado Xiemeyer, Linha Auxiliar, Es- tado do Rio de .Faneiro; Major António Francisco Franca, cidade do Carmo, Estado do Rio de Janei- ro; Cláudio Gomes Pereira. Taboleiro do Ponibá, Estado de Minas Geraes; Coronel Francisco Ba- ptista do Nascimento, Miracema, Estado do Rio de Janeiro; João Paulino Scarpa, Itanhandú, Estado de -Minas Geraes; João Amâncio da Silveira, agri- cultor, S. Paulo de Muriahé. Estado de Minas Ge- raes; Coronel José Fernandes Soares. Córrego da Prata, Estado do Rio de Janeiro; José Rezende, agricultor. Entre Rios, £stado de Minas Geraes; José Maria Villa Lobo, Belém, Estado do Pará; Dr. Joaquim Gonçalves Ram.os, Avenida Pedro II, l(i4. nesta; Joaquim da Silveira Cardoso, agricul- tor, Paqueq;ier, município do Carmo, Estado do Rio de Janeiro; Joaquim Simões de .Araújo, Ba- cellar, município do Carmo, Estado do Rio de Ja- neiro; James Frederico Clark & C, Parnahyba, Piauhy; Manoel Alves Barros Júnior, rua da Es- trella, 81. nesta; Manoel Joaquim de Albuquerque, Vai de Palmas, município de Can'agaIIo, Estado do Rio de Janeiro; Xorberto Custodio Ferreira, Banco do Brasil, nesta, e Moysés Augusto de Santa Anna. SESSÃO DE DIRECTORIA EM 2S DE JUNHO DE 1921 Presiden:ia do Sr. .Miguel Calmon. tendo sido lida e approvada a acta da sessão anterior e des- pachados os papeis constantes do expediente. .A T.AX.A CAMBI.^L Foi concedida a palavra ao Dr. .Augusto Carlos da Silva Telles, que foi o primeiro a fallar sobre o assumpto em ordem do dia. Disse S. S., examinando a matéria, que o caso da depressão da taxa cam^bial tem sido muito de- batido, resultando dahi uma serie de alvitres, cujos resultados são duvidosos. Assim, por exemplo não acredita na efficacia do emprego do deposito em ouro existente na Caixa de Conversão, julgando até que não deveríamos lançar mão desse ultimo recurso porque os resul- tados seriam pouco duradouros. Quanto á moratória, julga que essa medida tal- vez fosse aconselhável, se adoptada com certo cri- tério. Entretanto, o que conviria para a solução da grav; situação era a adopção de uma economia absoluta. Paliou a seguir o Sr. Osório de Alnieida. .Acha S. S. que as receitas propinadas pe'o Sr Silva Telles demandavim pharmaceuticos periítos, que, talvez, não se encontrem de prompto. Referiu-se. por exemplo, ao adiainento das gran^ des obras, como uma das medidas salvadoras. Ora, nesse capitulo divergem as opiniões, pois rns querem o seu adiamento, outros acham que a medida é contraproducente. Nessas condições, mesmo acceitando o alvitre em questão, que obras deverão cessar?... Todas? Impossível — responde S. S. — porque ahi estão as obras do Nordeste, cujo 'contrato torna prohibitiva a sua paralysaçào, que acarretaria grandes despezas ao Thesouro, pelo pagamento de indemnizações pesadíssimas. Deveremos, por acaso, suspender as obras refe- rentes á viação férrea? Não, positivamente, por- qL'e esse é um poderoso instrumento de trabalho, no desenvolvimento económico do paiz. Essas sãi3, sem duvida, as mais dispendiosas obris realizadas e que lhe parecem inadiáveis. Nesse ponto está. pois, em desaccõrdo com o orador, applaudindo, pcrém, a sua opinião quanto á t!"ilização do ouro em "stock" na Caixa de Con- versão, medida que ao próprio Congresso repu- gnará O orador estuda, então, a funcção do ouro em "stock", piara concluir que não deveir-os abrir mão desse lastro. Feitas essas considerações de ordem particular, o Sr. Osório de .Almeida examinou a questão des- de a sua origem, 'sto é, alludiu ás causas da crise que nos assoberba e que é uma consequência do desequilíbrio verificado na nossa balança commer- cial, a qual felizmente está diminuindo, justamente pela reducção das nossas importações. .\ causa des- se desequilíbrio esiá, porém, mais no valor das nossas importações, que na sua quantidade. Examinada, desse modo, a questão, o orador termina dizendo que. em taes condições, seria me- lhor enterrar os m.ortos e cuidar dos vivos, pedindo que lhe descu'pem o seu scepticisnio em relação á medida social. O discurso do Sr. Osório foi interrompido, no final, varias vezes, pelo Sr. Augusto Ramos, que acabara de chegar, o que deu logar a um vivo de- bate entre S. S. e os Srs. Bento de Miranda. Luiz Guaraná e Miguel Calmon. O Sr. .Augus'o RaiTios defendeu as suggestões a.pprovadas na Associação Commercial por occa- sião da sua ultima reunião, agitando a questão do emprego, neste momento, do "stock" em' ouro, S. S. foi, então, interrompido por vários apartes; uns francamente contrários, outros apoiando o seu alvitre, o que o levou a alongar-se sm considera- ções a esse repeito. O Sr. .Augusto Ramos eon- demnou, com calor, a accumulação dessa riqueza nas arcas do Thesouro. Continuando, diz aue. nosto em circulação esse ouro. em breve, triplicará: que, derramado na pra- ça, influirá, certainente, no mercado O Sr. Miguel Calmon, em meio dos debates, ex- plicou as razões da Sociedade e-:-n relação ao as- A LAVOURA 2ít5 sumpto. S. Ex. quizera, apenas, discutir a mo- mentosa questão no que diz respeito á producção. isto é. desejava apenas estudar as suggestões quarta e quinta, approwadas nas reuniões prepa- ratórias promovidas pela Associação Commercial do Rio de Janeiro, e que são: "4" — franca e de- cisiva protecção do governo á producção nacional, por prazo nunca inferior a dezoito mezes, até que se reduza, entre nós, o custo da producção, insti- tuindo prémios de exportação para aquelles pro- duc:os que hoje só podem ser vendidos no estran- geiro por preços inferiores ao do custo de produ- cção. como acontece 'Com o assuoar, com os cou- ros, com a borracha, com os cereaes, etc; 5' — auxilio directo á mesmií producção, para que se reduza o custo dentro do mais curto prazo possível, facilitando o transporte e movi.Tientando o credito." Isso é o que lhe interessa primordialmente, visto que as demais suggestões referentes ao commer- cio, o próprio commercio as sab;rá defender, de- monstrando a sua necessidade. Explicado o ponto de vista da Sociedade, o Sr. Calmon faz algumas considerações a respeito da nossa situação, que é da maior gravidade, e affirma o seu apoio á opinião dos seus collegas Silva Telles e Osório de Almei- da, no que concerne á utilização do "stsck" em ouro. trazendo em abono dessa asserção a conclu- são a que chegou a Conferencia Financeira de Bru- xelas em relação ás tentativas que se fizeram no sentido de liTiitar as fluctuações do cambio pelo esrabelecimento de medidas artificiaes. tentati- vas que a Conferencia reputou absolutamente vãs e nocivas. S. Ex. lê. então a conclusão a que alUidira, publicada pela "Revue Economique In- tern.ítionale". Em seguida, o Sr. Calmon mostrou a deprecia- ção dos nossos productos, compulsando as mais re- centes estatísticas, que a comprovam caba'-ne"»e. -Assim é que, tomados apenas os mezes de Ja- neiro a Abril, verifica-se que o valor médio da to- nelada exportada, que em 1919 fora de 1 :093^. ou sejam t 78,(5, passou a ser, no corrente anno, ape- nas de 764$, ou £29.4; ao passo que, em relação á importação, o seu valor médio está assim calculado; em' 1920, 461;^ contra 798.? em 1921, ou sejam emi í 33,8 em 1920 e 31,1 no anno fluente. Esses números revelam bem a vert'ginosa de- preciação dos nossos productos, pois a queda, como se vé do calculo em libras, foi de 78,6 para 29.4. emquanto para os géneros importados a differença é insensível . Isto quer dizer que a obra de patriotismo seria consumir a producção nacional, proscrevendo os artigos estrangeiros de que tenhamos similares. Nessa altura chegou á Sociedade o Sr. Ministro da Agricultura, que fora assistir á conferencia que o Sr. Landulpho ,Mves devia lèr, O Sr. Miguel Calmon, em lattenção a S. Ex. adiou então a discussão da matéria, convocando uma reunião especial para sexta-feira próxima, quando se discutirão as suggestões a que alludira. O C.^C.^U — .\ntes de dar a palavra ao orador inscripto, o Sr. Lyra Castro communica que a :om- missão nomeada na ultima sessão, com^posita de S. Ex. e dos Srs. Filogonio Peixoto e Rozendo Silva, para apresentar ao Presidente da Republica o appello do Syndicato de Agricultores de Cacau na Bahia, enviado a S. Ex. por intermédio da So- cieíade N. de Agricultura, cumpriu essa missão. sen;o-lhe grato dizer que o Sr. Presidente rece- beu favoravelmente as medidas solicitadas pelo Syndicato, maximé quanto á creação de uma agen- cia do Banco do Brasil em Cannavieiras. tendo ainda S. Ex. promettido examinar, com empenho, o memorial e resolver naquiUo que seja possível. A PECUÁRIA NOS ESTADOS UNIDOS — Su- bindo á tribuna, o Sr. Landulpho Alves, que ná sessão transacta léra a primeira parte do seu tra- balho sobre a pecuária nos Estados Unidos, tendo apreciado a evolução dos rebanhos, no seu valor absoluto, bem como o valor relativo á população hurrana, abordou a questão da capaeidade produ- ctiva dos mesmos, em cuja occasião mostrou que, á medida que os norte-americanos vão contando com maior producção de suínos e de gado leiteiro, vem reduzir-se, de anno para anno, o valor numérico re- lativo aos seus rebanhos de ovinos e de gado de açougue. O orador apreciou, ainda, naquella occasião, as condições forrageiras dos Estados Unidos, salien- tando, por ultimo, que a industria de quasi todas as espécies animaes, alli. se baseia, principalmen- te, nas gramíneas forrageiras, a prcposlto do aue chamou a attenção ipara o 'facto que outros recur- sos forr.igeiros não são utilizados, na considerável producção de lã. Na reunião, em que S, S. proseguiu na leitura de sua conferencia, o Sr. Landulpho Alves, de come- ço, tratou do critério industrial adoptado alli, no que se refere á escolha de raças. A propósito, o orador chama attenção oara o fa- cto do :riad'Or norte-ainericano que se occupa da criação, propriamente comiuercial. orientar sua actividade apenas nesse sentido, deixando a outrem a criação de reproductores de raga que constitue alli objecto de uma exploração distincta. Essa orientação deve ser por nós imitada, .pelas vantagens que ella nos proporcionaria, pois dessa arte chegaremos hirtais facilmente a uma situação de progresso . Enumerando os factores da prosperidade do re- banho norte-americano. o orador referiu-se á evi- dencia benéfica da iniciativa particular, quer agin- do isoladamente, quer collectivamente. oelas suas numerosas associações, ás quaes cabe, além de muitas tarefas, a manutenção do registro genealó- gico para cada raça. S. S. tratou dos meios de commun':ação, da facilidade de coUocação dos pro- ductos animaes, resultante do considerável consumo interno e bem assim do supprimento dos mercados europeus. O Governo presta relevantes serviços ao desen- volvixento da pecuária norte-americana. faeilitan- do a essa Industria o credito de que ella carece, oromovendo a difusão do ensino zootechnico, por intermédio de escolas modelo superiores, installa- das e mantidas por sua conta, em cada Estado, A par disso, a defeza sanitária constitue uma das suas primordiaes preoccupações, tendo dahi advin- do os mais sorprehendentes resultados, dentre os qi aes ennumera a exterminação da pleuro-pneu- monia contagiosa dos bovinos, e da febre aptitosa, devendo-se ainda a essa orientação o combate sys- tematico ao carrapato, iá limitado a uma zona mui- to restricta, inferior a 30°!" das regiões inlcialinen- le infestadas, e ao cholera do porco, muito diminuí- do presentemente, do que resulta uma economia an- nual que se pôde computar em alguns milhões de dollares. O orador frisa que não é só o governo federa! que se precccupa com esse importante serviço, mas 2í|fc BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA também os estaduaes. a cujo cargo está principal- ment: o ensino agronómico, e que é indispensável, por isso que sem elle difficilniente os serviços of- fici.aes lograriam o êxito alcançado. Feito este estudo, o Sr. Landulpho Alves passa a apreciar as nossas condições de produ;ção pias- toril, affirmando que as nossas possibilidades a esse respeito são illimitadas, referindo-se depois aos nossos rscursis forrageiros, que, a seu vér, não constituem um embaraço de importância no que diz respeito á producção dos grandes rebanhos commer- ciaes, inas apenas no que concerne á criação d; re- productores destinados ao aperfeiçoamento daquel- ies rebanhos. Parece-lhe. pois, económica a adopção ds medi- das, ainda que dispendiosas, para a acquisição dos elementos forrageiros essenciaes a criação dos re- prcductores finos. Terminando, o orador affirma que os nossos es- fo: ços devem ser orientados para a criação de ani- maes, cuja principal funcção económica seja a pro- ducção de carne, visto que estamos em plena phase da industria de frigoríficos. IncUie S. S. nesse capitulo bovinos e suínos, sa- lientando que do incremento da producção desses últimos rasultará ainda o desenvolvimento da la- voura do milho, que dess'arte tomará proporções consideráveis, por contar com collocação cena para os seus productos, dirigidos em grande parte á criação e engorda de suínos. Synthetis.indo o seu pensamento acerca dessa preferencia, o Sr. Lan- dulpho Alves diz, por ultimo, que 70 '~' dos nossos esforços em prol do desenvolvimento da nossa pe- cuária devem ser dirigidos á producção de carne. MOVIMENTO DA SECRETARIA DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA, DURANTE O PRI.MEIRO SE.iVlESTRE DE 1921 Expedidos Cartas 42? Officios 515 Tílegrammas 76 Circulares 1.250 Total 2.293 Rio de Janeiro, I" de Julho di 1921. VISTO R . Dias Ferreira Chefe da Secretaria. MOVIA-IENTO DO FROTOCOLLO DA SOCIEDA- DE NACIONAL DE AGRICULTURA, DE 1" DE JANEIRO A 30 DE JUNHO DE 1921 Rece tidos Cartas 689 Officios 77 Telegrammas 39 Propostas de sócias 141 Pedidos ma. sem te- i'em pago a i-espectiva joia. S 1" — O sócio, que li\ei' i>ago a joia e unia annuidade. poderá reniir-se mediante a apresentação de 20 socins. desde que estes tenliaiii egualiiuaite satisleilo aquellas contri- buições . S 2" — Para esse efreil.i o suein deNerii requerer á Directoria, provando seus direitos nos termos do paragrapbo anterior. 5 3u — Sei'ão considerados benenierilos, os sócios que fizerem donativos á Sociedade a partir da tiuanlia de um conto de réis. .\rt. 23 — Para que os sócios atrazados de duas annuidades possam ser considerados re- signatarios. nos termos dos Kstatutos. é pre- ciso que suas demissões tenham sido solicita- das por escripto, até três mezes antes, caben- do-lhes o direito de recurso para o conselho superioi- e para a assembléa geral. ^nililllllllllllllllllllllilllllllillllllllllllllllllllllllllllllllillllllllillllllllllllllllH Í«*#^^i«««-Wi/Í^**«— xi^^»**". «»i(i*» «■»^^»»>^ SOCIEDADE SUISSA RUA DE S. PEDRO N. 14 F^io c3e: j a i>4 e: t ii=7 o Caixa Postal 1775 FlIA.iES S. Paulo - Porto Alegre ^ Desnatadeira "SHAKPLES" Teiiuõ cbiab aiai;duas desnatadeiras, novo modelo á sucção, •única" des- natadeira com variação de velocidade e rendimento constante, de 100 a 2.000 litros por hora — á mão. polia e a vapor. Fornecemos todos os apparelhos para a industria de lacticinios: Bate- ieií-as. Sal;íad eiras. Latas e Baldes para conducção de leite. Ordenhadeiras "Shprples"". P^steurizador e Resfriador •Gaulin-Paris". Enviamos gratuitamente o nosso catalogo illustrado. Cor.sultem os nossos preços; attenderemos immediatamente. I|««R^>1|^^ »WU" " *»'^^/*^—<» i:.in: il A união das classes mraes — Editorial, pag. 247 — .1 Missão Poarse e o futuro da producção algodoeira no Brasil, pelo Dr. Miguel Calni-on. pag. 249 — O Brasil e a ininiigração italiana, pag. 250 — Federação das Asso- ciações Kuraes do R. G. do Sul, pag. 2.Í0 — A industria dos frigoríficos e o exaggero dos impostos, pag. 251 — A defesa permanente do café. pag. 254 — Uma festa da riqueza nacional, pag. 257 — A lavoura do cacau na Bailia, pag. 261 — Arroz nativo, pag. 262 — O problema Jirasileiro do pão. por W. de V.. pag. 262 — Questões de Hortologia, pelo Engenheiro Thomaz Coelho Filho, pag. 263 — A pecuária nacional, por D. M. Riet, pag. 249 — Conhecendo o Brasil de perto, i>elo Dr. Octávio Car- neiro, pag. 270 — Riquissinia coUecção de ovos de aves brasileiras, pag. 275 — A exposição de gado de Monte- video, pag. 276 — O segundo concurso de tractores agrí- colas promovido pelo M. da .\gricultura, pag. 277. X l '4 rr HÍME & CIA. OTOOU (SoGiété [1'Oiitillaoe Mécanique etd'Usinage d'Ârtillerie) FILIAL DE soi-ibmb:ide;f? & oie. Apparellios rte um typo inteiramente novo destinados a revolucionar a agricultura Tijno ".l" ptirii gríDide rultufd : 35 HF. ■■-'í . .-4íé;í'$?^»?,í^s.«á5lil Typo "C" poro o pcrjucna latotira: 5 IIP. Estes appardhos foram experimentados com o maior successo no campo de expe- riências da Sociedade Nacional de Agricultura, na presença dos representantes do Exmo. Sr. Ministro da Agricultura. HIME & Cia "Rio de Janeiro UNICOS REPRESENTANTES PARA TODO O BRASIL Ís9'í'^fí/n'ttt>^j^/tíis^^»s!^itc:*^^^^í>xits'í\^^ I» <«i ^f/mmi^mit^fftmtmr^fffi»^. A LAVOURA Boletim da Sociedade Racionai de Agricultura ANNO XXV Rio de Janeiro — Brasil Ns. 10 e II A união das classes ruraes Um (los objectixos ((uc mais áv pi rio intorossam ao ijrograinina de acção da Sociedadt' Nacional do Agricultura tem sido sein|)r(> a união das classes ruraes em cada listado, para o fim de ser pos- sivel o|.)portunamente constituir-st- uma grande confederação com sede na Ca- pital da Re|)idjlica. Alguns dos Estados brasileiros i)os- suem ligas agrícolas nos municii)ios e aggremiações de maior vidto nas resjje- ctivas capitães. A experiência tem de- monstrado i|ue os esforços isolados de taes entidades associativas são em geral de muito limitada efficiencia pratica. A razão tlisso está em (jue ainda não foram de todos comprebendidas, como é mister, as vantagens da união ilas classes |)roductoras ruraes em um nú- cleo regional, api)arelliado i)ara o mo- mento em c[uc se ])ossa e se deva crys- lalizar em realidade a grande e bene- niiiita idéa, felizmente em marcba, da confederação geral ck' todas as socieda- des e ligas locaes numa organização prestigiosa na sede dos poderes pul)li- cos da Nação. E' o |)roblema agudo e im|)()rtanlis- simo da liga nacional das federações ruraes ijue se estabeleçam no território l)rasileiro, como residtante da fusão das sociedades ou ligas agrícolas municipaes num organismo de connexão nas capi- tães dos Estados. A este respeito, o Rio Grande do Sul já offerece inapreciável contribuição ã solução definitiva d'esse magno i)roble- nia económico, um dos mais im|)erativos e exigentes do nosso tempo neste i)aiz. A Sociedade Nacional de Agricultu- ra registou com a mais viva satisfação a noticia de ter sido recentemente fun- dada a Federação Rural na cajjital do grande e })rospero Estado, com o con- curso da antiga P^ederação das Associa- ções Ruraes e da União dos Criadores Riograndenses, |)ela fusão áv totias as associações e ligas agro-pecuarias (|ue o listado possuia em grande numero, co- como nenluim outro dei)artamenlo da Federação Brasileira . Viu. ]>ois. a Sociedade Nacional úv AgricultuTa em começo de execução a idéa por i|ue se tiin balido com infali- gaN-el solicitude, e particularmente apre- ciou ([ue esse movimento, destinado a robustecer a resistência da economia do l)aiz. i)artisse do Estado ([ue tem incon- testavelmente situação i)ri\ilegiada no conjuncto da producção nacional pela grande variedade das suas explorações agrícolas e, jnuilo es])ecialmente, pelo valor estável e progresso crescente com ([ue a siu> industria pastoril contribue |)ara a expansão da ri((ueza i)rasileira. Retenbam-se estes simples algarismos, coibidos na ultima mensagem do Dr. Borges de Medeiros : "A producção agrícola geral do Rio Grande do Sul subiu em 1920 a 4.117.330 toneladas, com o valor de 674.708:300S000. contra 3.808.703 to- neladas, avaliadas em 674. 718:0 ;0SOOO, em 1919. .\ugmento: no val'nr, I3.990:300S300; no peso. 308.630 toneladas. E a área cultivada, que era de 2.561.450 hectares em 1919. passou a ser de 2.581.300 em 1920. O accrescimo foi. pois, de 19.850 hectares, dos qua:s 2.000 correspondem ás lavouras de milho. "A producção industrial, agrícola e pastoril dos setenta e dois municípios foi calculada em réis... 1.209. 23 1:600SOOO. "O valor dos rebanhos do Estado, em 192J, era de 1 .362965 :500SO00, relativos a 22.084.8:0 ca- beças. "A' população bovina correspondiam, nesse to- tal 95 3.1 78 :000S000. ou 9.171.700 cabeças; á equina, 91.295:003-000. ou 1.548.000 cabeças; á muar, 43. 198:000S000, ou 394.003 cabeças; á ovina, 97 . 663 :500'^000, ou 5.059.7:0 cabeças; á suína, 179. 114:50 3S000, lou 5.575.100 cabeças; á caprina, 1 . 146:000S03O, ou 135.100 cabeças. "Esses algarismos accusam sobre os de 1919 as seguintes dífferenças para mais: população bo- 2il8 - ' BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA vina, 5.918:0005000. ou 242.200 cabeças; ;quina. mais |)rt'valt'ct'r diante »las divci-sissi- 1.545:0OOSO03, ou 24.800 cabeças: muar „,.,j; modalidades creafias jxda renova- '^"^-':,T.nT^h,r ''o^r u-^/^^^t' °"'"^- ■ cão dos valores eeonomieos no mundo 3.720:300S:CO ou 23b. ICO rabecas; suma / 31.659:5005000, ou 850.100 cabeças; caprina.... inteiro, i.oniíe vae ja o tempo em ([ue 70:600S0:0, ou 7.000 cabeças." o produetor se bastava a si mesmo, pre- seiíuliiuio do apoio do es])ii'ito assoeia- Um Estado ((iie já se afiirma eom li\(). (pie deve ser o apanágio de todas essa |)iijanle poteneialidade aelia-se na- as elasses (pie jjrodiizem. turalmenle iiuiieado para nortear os em- ^^ economia rural entrou definitiva- prelieiulimeiílos lundamenlaes da nossa ,„^,|,i,, ,„, o,emio dos factores deeisivo.s vida eeoiiomiea. (pie precisam do eoii- ,|^, sobrevivência das nações. Mas, para tajsio de taes exemplos. ,j^,^, ^,jj., ,„antenlia essa qualidade, mis- Compreheiíde-se. dess arte, lacilmen- ^^,j. j,^ j^,,.,^., ,„,ssiia efficieneia, e hoje cm le. a sii-nilicaçao do acto memorável ^jj.^ ^.^.j.^ ^.ttJi.j,,,H.i;, depende de multi- jiralicado pelos lavradores e criadores ^^j,,^ circumslancias (pie, á feição de um i>aucli()s. acto de i\uv decorre, com o bel- imperativo categórico, não ixxlem ser lo effeilo moral de tão patriótica imcia- desdenbadas, oií es(|uecidas, sem evi- tiva. a incontestável autoridade de um ^,^,,^(^. annullacão, ou, (piando menos, estimulo salutar a lodo o i)ai/.. neutralização das energias consaí^radas S. Paulo e outro 1'stado (pie toma a ;', prodiR-ç;u) da ri(pieza ajíricola. dianteira nesse movimento, ponpianto. Urt-e. p(utanto. (pie, entendendo a eco- sob os auspícios das suas prestii.iosas „,^,„i., ,.(,,.., ] „„ sentido moderno das associações de ciasse da Capital, Socie- ,.e,alidades praticas, e tendo muito em dado Paulista de Aij;riciiltura. Socieda- ^.j^j,, ,|,|^, ^.^j,^, s^Mitido affecla particular- de Rural Hrasileira e Lii('nl(' t' palriolic-o dos |)rodnc-toi'L's rioi- t.-ido. A LAVOURA 2S1 A industria dos frigorificos c o exaggero dos impostos N;í sessão (ie 1- ck* jiilhn pciíxiiim tiiidu, o Sr. I)r. (Carlos Moiittiro de Barros fez uma detalliaila eoniiiuiiiiea(;ão á Siieiedade Naeiíinal de Agrieiíltura a respeito do regimen \'er'(ia(ieÍT'ameiite exeessi\'<> de impostos de toda ordem, munieiííaes. estadiiaes e federaes. a ([lie está sii.jeila a matéria |>rima iiti- lisada nOs fri.uorifieos naeionaes. lendo. |)ara isso, o importante memorial c|iie em se.iíiiida iniblicamos. subscripto também pelo l)r. Orlando Siheira. Não se l)recisa de melhor attestado ])ara ter-se a triste eerteza de que, em matéria tributaria, o nosso hal)ito de ir ás ultimas eonsequeiieias aeaba- rá tornando impossível, no Brasil, a sobreviveneia de emjjrehendimentos indiistriaes que representem lírandes fontes de ric|ueza e.\|)loravel e |)ossani cim- cotrer para a ma.xima expansão ccojiomiea do paiz. .\ tal respeito, licito é dizer que reina um verda- deiro resimen de insensatez, pois que outra eousa não são os differentes e exorbitantes tributos co- brados sinmltaneamentc pelo fisco munici|)al, pelo fisco estadual e i)clo fisco federal, (scnii esquecer o odioso imposto interestadual), que oneram im- placavelmento a industi-ia em seral Kste caso dos fri,i;orificos é t^•|)ico d'-ss,i insânia. Industria nova. o magnifico surto quj lomou em poucos annos não pode evidentemente continuar, se os governos não se detém no caminho pcrii!oso do exatígero com ífue a tributam. Eis o memoi-ial : "Nesta hora em que a situação angustlo.sa do paiz reclama medidas de emer,gencia e soceorro á producção nacional, é mistéi- <|ue se ])ronio\a, com uiiícncia e em ac(,-ão cimjnncta e harmcmica, se pos- sível, a decretação das medidas necessárias por parte dos poderes pul)licos. Federal. Estadual i' >Uini:'H)al para salvar a nossa pecuária, na situação de agonia em que se encontra. Ha iim anuo já que um dos si.gnatarios deste me- morial, representando os fazendeiros de Barretos. \e.u em commissão jicdir recursos pecuniários ao Governo Federal, para (|ue aquella iirincipal praça e centro conimcrcial de gado iião \'iesse a perecer, de chofre, por falta, exclusivamente, de numerário. E como sabeis, a despeito da boa vontade do Exmo-. ,Sr. Presidente de S. Paulo, nada foi obtido do ("in- verno Federal, e o resultado desastroso foi, infe- lizmente, além do que poderíamos prever naquella época, pois as medidas tomadas para jugulação da peste vieram dar o ultimo retoqui' ao (|uadro des- olador. Por falta de numerário falliram as fir- mas nacionaes, muitas delias millionarias, e os nc- go'."ios ficaram entre,gucs e reduzidos ás coni|>anIiias estrangeiras, iinicas que tiveram ainda dinheiro para comprar as boiadas gordas existentes então, c as magras tpie. em quantidade muito diminuida. en- traram do sertão, nesta safra. Vieram por fim as medidas ccmtra a peste, a probibição dos embarques e matança, a pa- raiysação de todos Os negócios e extincção conse- quente da única fonte que ainda alimentava. i)arca c avaramente, o commercio de gado — o dinheiro das companhias. .\ praça de Barretos, que num crescendo, cheio de real futuro e esperanças illimitadas. num curto f)ei-iodo iirogressivo, che.gou a jiroduzir um \-alor de cc-ca de .ilt.OOO rOOfl-^íflOO por anuo em boi gordo, vé- se de um anuo para outro reduzida a uma situação de real penúria, de verdadeira miséria. F^irmas fe são muitas) que .jogavam com centenas de milhares de contos de réis em transacções bovinas, não po- dem ho.je levantar 1 lODO-ídOO siquer. O Triangulo Mineiro, que tinha as suas maiores transacções com Barretos. luta naturalmente eom as mesmas difficuldades : as f^illencias se succedem. de- s.is'r isamente. .\latto-Grosso, ainda ha pouco, mandou, como sa- beis, uma representação á Sociedade Rural de São l':uilo, dizendo que lá o único producto de que fa- zem dinheiro é o boi; estando este sem preço e sem sabida, a calamidade é .gerai GoN az está em situação senulbaote á d,' \l,itto- Gr()SSO. E ainda não é tudo, >enh(uvs reijreseiitaiites ; esta riqueza illimitc a e incomparável, que os vossos Estados poderiam criar em ímiuco tempo Ciim as |>os- sibilidades de que dispõem pira a pecuária, — aoha- se ameaçada de um golpe mortal no na.scedouro, que é jireciso ^er evitado, a bem dos nossos créditos de gente equilibrada. Percebeiubt o \asto canijjo de possiliijidades de que a iJecuaria disi)õe no Brasil, \ierani esí:'l)eleccr- s* :!fpii algumas coni|ianliias dj frigorifico>. ho.je base indispenía\el em todo o mundo para a indus- trialisação do boi. Sommas consideráveis foram por ellas iii\ertid:is na construcção e mrmtagcm de es- tabelecimentos dignos do nosso acolbinuiilu e con- curso, pois ri\alisain com os melhores do niundo. li lae.i estabelecimentos, ora fechados pelas razões que conheceis, é ir.nlfo i)rovavel (jue assim se conservem, •e.gundo dizem seus directores, em consequência. l)or um lado, das causas exposta.s, que vêem lhes diminuir a matéria prima i restringir, portanto, o camiKi íle acção, e por onlii' lado. em consequên- cia dos imiiosíos com (|uc se acham gravados pelos Governos federal, estaduaes c niunicipaes. sem (iroduzir o sufficiente para fazer face a esses pa- .gaiiielitos volumosos . E de fact'- \ íamos, pelos algarismos, se elles tem ou não i-;!zã o. tomando, para exemplo, os impostos que p ;a o frigorifico "".Vriiiour", que é de todos o maior, o estabelecimeiílo que. se ,já o ]iudessc- nios snpprii- de matéria prima para preenclur sua capacidade de producção. i-epresentaria, por si só, uma das grandes cifras iv tabeliãs annuaes da ex- [lortação brasileira. Ini|iostos Municip. ..: iludiislrias e Profissões). Mídadouro de V classe.,, .Ml idOll.^^tJOd Outras industrias, conser- vas, ctc 4(1:1)00^000 Mais 20 ' ", sobre o valiu- locatário 12:000$0n0 Inspecção veterinária l.-SrOOOSOOO 117 :n(ifi.«00n imposto estadual : Imposto de capital 104 :.-iO0.'ií000 Imposto Federal: Inspecção veterinária — 2 réis por kilo de carne, e sobre couros, con- servas, etc. taxas variantes, calcula- equenos, sem falarmos, por emquanto. nos impostos que incidem directamente sobre o boi. Mas poderá, perguntamos, um estabelecimento que disjiõe em rigor de nuiteria jirinia para \Ki jiarte de sua cajiacidade de producção pa.gar esta somma de impostos e obter ainda lucros que correspondam ao avultado capital que eni|)regou em nosso paiz ? Vejamos, agora, quaes os (Uins que recaem sidire o boi, desde quE sae do criadin'. até ao frigoniico : 252 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA A LAVOURA 253 ■ Imposto de expor- iim;i>, de njitureza a ser iinmediatamerite ap|)lica- \::í;:\n imiiiiei|)al . lí^dllO d;\s. e outras depeiuiein de tempo Imposto de ex|>or- As primeiras eonsistem na rediieeâo dos impos- ta(;ão estadual. 7>;(HI0 I .M. (liosso ) 8-~^U)ll (Minas) to^ de exportação e feiras. (|ue o l)oi |>a.Ha a priínei- l'eira ( no iniiiimo ) :i-'<()ll(l ra vez ao Kstado onde foi eriado I Matto (irosso e Oondueção de M. Giiyaz) e a segunda \ez áqnelle onde \ em engordar Grosso e (TO>'az ( í^ão ]*aido ou Minas}. |)ara S. I>aulo.. 25s00(l Hsta |)areella monta em eerea de 2llx|l(l(l por eabe- Tiavessia de rios lisDIKl :i!l-'em na i.dueeão dos impostos lan- para en.gordar i^ll.sllllD <;í'dos sobre os frigorifieos (pie. naturalmente, os Perdas na \ia.gem pa.gam tirando di> produetor e na engoi-da lll-^llHO ^ Lnaioi- de todas essas medidas, a questão .já por Ju-^os ( 12 " ■ s me- dfmais deliatida. é. |)oréin. a questão do eredito. do dia lãd-S em cS capital obtcnivcl em eondieões " supportaveis e ade- niezes) Pi^-^IKIII .')2í<1I(I(I quadas" ao negoeio. .\s outras medidas não podem ter a anplicaeão 91.$000 pronq)ta que o caso exige, ecuiio recursos de salva- V. todos esses im|)ostos e fretes tem vindo num eàr). |)ois ellas consistem no barateamento do tran- coutiimo crescendo de anno a anno. ci>mo se \é sjiorte do gado do sertão i)ara as iuxernadas. no dos seguintes dados; melboi-amento das vias de transporte que ainda são Frites de estrada de ferro dos diversos pontos de l"'""tivas. e pelo consequente barateamento ,1o sal. embarque a Mendes (E. F. C. B.) ''" '";"7 '\ 'i^' »";!" 'l/N-nto e mdispeiisayel a vnla e ;ío ti-ahallio do liabitant:' e do negociante do ser- Tres Cora- liemfica Sitio Palmar i por tão p-T':! produzir e transportar o boi . ÇÕe^i cabeia) .-\ animação que a industria do frio. e as nece.ssi- 11)17 13.827 Kl S4(i 12.441 11 480 dades d.i giurra vieram despertar no Brasil, acha-sc. ]!)19 18..')8II l.').29ll 17.1(111 21.48n ci/rno \édes desta exposição, g ."JOO possibilidade de expansão em época de conunercio lp'2i 2II.1.')(I 11). 7.1(1 18.71(1 2li.!l.'ill no.-mal. jiela contingência em que os poderes pu- , . . ^ - , ^^ ,1 . *,. blicos collocaram o producto. com tributos (lue Impostos de exportação de S. Pau o e Minas n ,, - ,,„., .., ,, . , • . ' ^ ' ^ etle nao supporta e sem arnpai"o de espécie alguma ^''"•'^ S.'^!!)!! no sentido de baratear-llie o custo de prodiicção. Sa:) 1'aulo lO.^OOO i; jifio se jiense fiue, com taes ,gra\'ain-'s, pesando so- Por estes dados, (pie são iK-rfeitaniente .justos, bre o boi e os fri.gin-if icos no Urasil, a exportação dispende um boi criado em ,\1 . Grosso e abatido ile carne congelada para o estrangeiro baste para no frigorifico de Mendes, embarcando em: fazer a nossa ri(pieza |)astoril. Se os impostos e de^- Tres Corações.... íllslldi; ^ 2(|.'eeiiie-?te ii isio luuui niejHts tie .)-?ouo (lue j- - j i - , i . fri.gorificos abatem no preço de compra para '>H'^ protvucios. uep.ns <1 .■ transt fri.gorificos. custa, em despezas e impostos: abatidas todas as (lespezas e luc-i-os que Ibes compe- . \i 1 tem. Se essa ditterença nao tor sutticiente para .\batido em .Mendes: animar aos productores. (pie outros proventos po- 1 ' /y"^. {■'"""^''"■'^ 124.'<;íld ,1, rão dar-Ihes os frigoríficos? Se a i)roducção não I)e lieinfica 12d.'^!Md f,-,,- incrementada e desanimar, não será com os re- n ij i" V."'"í'''/" manescentes. que temos, com a miséria do nosso JJe I ainiar 1.Í2«!I.)(I ".léca" sertanejo, que as grandes coin|)anbias. re- .Abatido em Sao Paulo 122.si),-,ll cem-estabelecidas aqui, bão de se manter. Se os .\ media de peso de nosso ,gado é de 15 arrobas (íiri.gentes do Braí>il cercearem as iiossibilidades de e o preço tem oscillado entre 12.'< e 16?ddd por ar- |'rodiicção da matéria prim.T aípii, ellas irão traba- roba. dando ao boi o valor de ISd-Sddd a 24d-'-d!»d Kinda a leitura desse iiemorial, (pie foi acolhido Dí.' Sitio I8dxddd 122.'<87d = .'>7.--i:S9.')d = 47.-l.'.ll pc-los directores oresentes, o Sr. Miguel Calmou, Estes algarisipos traduzem-se pelo "Requieseat in |..r..-sidente da Sociedade, assegurou o inteiro a|)oio pace" da iiecuaria nos Estados centraes, se não hou- da Directoria, ás justas reclamaçiK-s iielle contidas ver uma acção con.juncta e (keisiva dos quatro Es- (. declarou que a Sociedede as transmittiria aos pu- lados interessados, no siMitido de modifical-os com deres públicos, envidando todos os esforços para a presteza que a situação, nu-.icricamonti' exposta. obter que se reduzissem os consideráveis oinis. que ^-'^i.*?^'- pesam sobre uma industria creada por iniciati\'a .As medidas 'qilc os al.garismos estão apontando. )).irticular e que cinistitue uma das mais bellas para salvação da nossa pecuária incipiente, são cíuicuistas da nossa vila económica. — 25'-) BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA A defesa permanente do café Mensagem presidencial ao Congresso. — Parecer do Sr. Sampaio Vidal — Debates na Commissão é2 Finanças da Gamara — Como ficou organizado o projecto Kni (iat;; de 17 dt- (nitiibr(.i, ,(_( Sr. ijr-jsideiitu dj licniibliiTi dirisiii :i(i Poder Legislativo a seguinlt nieiisajíeni : "Srs. membros do (!on,i;i'esso Xaeional. — C) café representa a priíieipal parcella no valor global da nossa e.\i)ortai;ão é. portanto, o i)i-oducto que mais ouro forneee á solução dos nossos comi)ro- rnissos no estrangeiro Para verifieal-o, basta lan- ea.r os ollios sobre os (|uadros estatísticos. Longa experiência pos tem "í" do café que se consome no unindo, c tem. assim, nas próprias mãos. elementos decisi\'os liava fiscalizar c regular os merrados desse artigo. O estudo eiuiscieiíte dos mais competentes uo as:-,um|)to tem cbegado ;'i conclusâít de que a osição do café nas differeiítes praças do mun- do. .As suas reuni('>es seriam presididas pelo rainis- Iro da Fazenda, que teria direito de "veto" con- tr;i ;is resoluções por\"entura ctmtrarias aos fins do novo instituto. Este possuiria snecursaes nos prin- ciiiaes mercados prodiict(n'es do Brasil, e represen- tantes nos grandes centros compradores. .A sua vice-presideiicia caberia ao ministro da .Agricultura. O capital seria de trezentos contos e se desti- naria exclusivamente a estas operações: I. Em- l'reslimos aos interessados, com base e .juro módi- co, determinados pelo Conselho, mediante garan- lii de café depositado em armazéns geraes ou nos armazéns officiaes da 1'nião ou dos Estados. II. Compra de café para retirada provisória do mer- t.ido, (piando o (Conselho julgasse opportuno e ne- cessária á regularização da offerta. III. Propaganda do café para augmento de e(uisiimo e repressão d.-is falsificações. O capital poderia ser constituído com os recur- sos seguintes: a) lucros apurados nas 0|)erações de valorização cpie estão sendo realizadas pelo governo federal; b) lucros apurados na liquidação do convénio commercial com a Italiii; c) lucros apurados nas operações effectuadas jielo Conselho; e sendo necessário: d) emissão de papel-nioeda so- bre lastro ouro, constituido pelas sobras do fundo de garantia, e, por ultimo, sobre lastro café, na razão de 80 "!". taiilo quanto bastasse para comple- tar o capitiil. Nesse ultimo caso, uma vez liquidadas as opera- ções, seriam incineradas semanalmente as notas correspondentes á importância cmittida. Certo, essa emissão especial e limitadissima, com l.isfro (uiro. ou mesmo com lastro café — produçto depositado e transformavel em ouro — e incine- rada á medida da li(|uidação das operações, não produziria os males geralmente e com razão apon- tados como consequências do abuso do papel-moe- da. e veria os inconvenientes, que acaso ainda pu- desse ter, largamente comiiensados com as vanta- gens decorrentes da valorização de uni género que é ho.ie fundamental na economia lirasileira. Mas a verdade é que, no plano figurado, tudo leva a crer que a autorização para emittir seria pura- mente nominal, visto que os demais recursos indi- cados muito provavelmente bastari.ini para assegu- rar o êxito da defesa. Com esses elementos terianios um or.gão sim- ples e dotado da necessária elasticidade, a actuar de um lado, pela unidade da acção e especial com- petência dos dirigentes e, do outro, nela resis- tência poderosa do seu capital — cnr.io :n irumento A LAVOURA 255 de defcsii cio nossn café, iiistriinu nto que, natural mente, .jamais (ieveiMa ser iitilizatlo na creat;ão ar- tificial (lo preços abusivos. Vantagem importante (lesse orsãn seria também a de estabelecer rela- ções de cordialidade e confiança entre os mercados vcjidedores e compradoi-es, por meio de um servi- ço de informaçíies baseado na verdade dos factos e ((ue pudesse deter o jiasso ás niystificaçõcs actual- mente emijre.gadas pelos especuladores. Convencido de que esse importante problema da nossa economia reclama solução inadiável, ve- nlio solicitai- para elle a esclarecida attenção do Poder Le,ííislati\(). listou cei'to (|ue, com adoptar os alvitres acima su.iíKeridcjs ou outros melhores, (]ue lhe aconselhe a sua sabedoria, o Congresso prestara á nação o relevante serviço de realizar a estabilidade relativa das cotaçcies do nosso prin- cipal producto de e.xpoi-tação. com real pro\'eito para a estabilidade cambial, e abrirá assim cami- nho a reformas mais profundas, entre as quaes avulta a organização bancaria, imprescindível para a plena expansão das forças pridnctoras e defesa geral dos interesses ec()nomicos do paiz'\ Xa reunião de 19. da commissão de finançiis, (ia (Jamara, o Sr. Sampaio \'idal leu extenso parecer sobre a mensagem sujira e do (piai inserimos este resumo: ".-\ queda formidável dos jireços do cafc' em 19',;'(1, arrastando comsigo a queda do cambio, cau- sou pre.jnizos de tal monta ao Brasil — cjue hoje ninguém mais põe em duvida o papel preponde- rante (li> cafc' na economia nacional. Se essa eon\icção era .geral, passcui ella. depois dessa demonstração dolorosa, a ser inabalável e a reclamar dos poderes públicos as mais urgentes pro\idencias. Para a(iULlles (|ue estudam taes as- sumptos sob o elevado ponto de vista da collecti- vidade — a defesa do cafí' apresentou-SL' agora m.ais do que nunca como problcTua nacional i>or cxcellencia u reclamar a mais prompta solução, para que não se reproduza o cataclysma de 1920 que já ia penetrando pelos primeiros niezcs de 1921. Seria um crime os poderes públicos cruza- rem os braços |)eiante a imminencia desse perigo. Qual seria boje a situação do Brasil com café a IHm ou 8S(MI0 p(M- 10 kilos ? Eis a razão pela (|ual o governo federal iniciou a sua interxenção nos mercados em março do cor- rente anno. Eis a razão da mensagem do presidente da Re- publica pedindo ao Congresso medidas tutelares que assegurem |)ara os interesses geraes do Brasil — a defesa permanente do principal artigo de sua exportação, base da estabilidade cambial, e, por- tanto, de toda a economia nacional. Qual o melhcM" j)rocesso a adoi)tar ? Fis a questão a resolver. O monopólio é um processo violento e compli- cado, perturbando o commereio e a vida dos pro- ductores, impin-t:indo para o governo na organi- zação de um vasto serviço commcrcial cu,ja gestão poderia acarretar os mais graves inconvLiiient ','. Mas, o maior nuil seria mesmo anniíiuilar o ini- porlantissimo commereio de café, (lue representa um grande bem para os productores quando se acha perfeitamente regularizado sem os abusos da especulação desenfreaíla . Outros processos tém sido lenibradoii mas todos elles jierdem de vista este facto fundamental: o mercado de café não passa de uma arma de lutas formidáveis. Os factos .já demonstraram que nessas lutas os compradores ou antes os especuladores são archi- poderosos e os vendedores são fracos. Os compra- dores são as mais ricas casas commerciaes que, além do grande capital próprio, contam com a po- dero.sa assistência bancaria de seus paizes, e os vendedores representam uma enorme massa dif- fusa de fazendeiros, commissarios, sem cohesão alguma, sem unidade de orientação nos seus ne- gócios, e sobrj íuilo são desappar.dhados de re- cursos para defesa da mcicadoria deante da ga- nanei;i da forte especulação. Tma vez demonstrada de modo irrefragavel a necessidade de or.ganizar uma defesa permanente do café — restava estudar a fundo a forma |)raiica dessa defesa, línlre os mais comi)etentcs - é matéria pitssada em .julgado (|ul' a base dessa defesa está na rjgula- lização da offerta. .\liãs. isso é verdade c ensi- namento elementar da economia politica. Sc a of- ferta é abundante e precipitada, é natural que a procura diminua e o comprador tire o melhor I>aitido dessa situação, tratando de comprar pelo menor preço e assim irá forçando a baixa ao .sa- bor de seus interesses. Assim sendo, o primeiro jjroblcnia a resoher é esse: :i regularização da offerta. Ora, essa regularização terá de ser feita mediante a retenção ou retirada do mercado de uma parte da producção. l^ssa retirad;! ]jara r-e.gidarização da offerta po- derá ser feita pebjs próprios donos do café pela wai'ranta.gem ou pelo go\erno. como .já tem sido praticado diversas vezes. .V(pielles (píc estuda!'am agrganisar a defesa permanente do café chj.ga- ram a esta conclusão (le sabedoria pratica, (lue o melhor meio seria aproveitar a experiência já feita, isto é. organizar a defesa nos moldes dos processos (jue já foram adoptados e (pie ainda agora estão dando os melhores i"esultados com a intervenção federal nos mercados. Kssa interven- ção, começada em março do corrente anno, já sal- vou para o |)aiz mais de líOll. 0110 :OOOS(I(II). O processo é o mesmo desde a primeira valo- rização levada a effeito pelo Estado de S. Paulo em 190G. Recebida a |)rincij)io com surpi'eza nos meios fiiuinceiros do estraiigeiro. a "Valorização (Io café", diz o eminente economista Brouillet, fez afinal, a sua prova ccuno pi-ocesso notável de de- íe/a da i)r"oducção", Dtanle da realidade desses fados foi (pie o pre- sidente da Republica, rejjutando a solução desse problema como verdadeira necessidade nacional — pediu pro\-idencias ao ílon.gresso, lembrando (jue a (n"ganização poderá ser a mais sinijiles possível Toda a organização deve respeitar estes princípios cardcaes: a unidade da acção e um grande capi- tal para resistência, isto é, para assegurar a re- tira(la do café dos mercados. Para isso bastaria a creação de um órgão es- pecial ou conselho com])osto de cinco pessoas de notória competência no assumpto, presidido pelo ministro da fazenda. l'sse conselho terá sua sede no Rio de .laneiro a uma com|)leta organização commcrcial para infor- mação a res])eito de todos os mercados de café (k modo a estar perfeitamente apparelhado para deliberar e a.gir no momento o|)|>ortiino, com plena efficacia . 0 Conselho disporá de um capital de réis ."0fl.OOO:nn0!Ç, que será applieado exclusivamente cm: 1 — Empréstimos aos particulares para a war- rantagein do café, a juros módicos. II — Retirada provisória de café do mercado quando o Conselho julgar opportuna, para regu- larizar a offerta. do café e repressão das fal- 'onstituido ])oi" estes 'II — Propaganda sificações. Esse capital será sos: I — Lucros da liciuidação do stock de café com- lirado pelo governo federal. II — Lucros da liquidação do Convénio Com- cercial com a Itália e, sendo necessário: III — Emissão de papel-moeda |)ara completar o capital de .S00.00O:On0«OOn. .\ emissão terá por lastro as sobras do fundo- ouro de liarantia e resgate do papel-moeda e, na base de 80 "|°. o café que for adquirido pelo Con- stlbo, para retirada do mercado. 256 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA Tina vez litiiiidadas as ii|)(.Tai,-õi's, as jintas se- :t ', pr'ii|)a,naiuia lll^s |ii-ih1ikÍ(is ])ai'a aufíMiêiitd do •ão inciiKTa<. que lieam autorizadas p.da presente po:' fechnicos num eseriptorio commercial, len- '' ' do esses directores, sol) a presidência do ministro -^it- '" Os lucros rcsnllantes ,las operações se- da Fazenda, um capital e.insideravel para defesa do '■>" lc'vados a conta de capital ou liiudo perma- oa razeiKia. um caiotai eoiisuiera \ ei [)ara oeiesa oo , i t- mercado - /, ■#»I9»*w«»"""'" .t liirii iti t aro iiu'i ilii Agriciilluni paiz que apresentava variados elementos de sua producção, mas que não poderia efficientemente attender aos pedidos dos mercados de consumo. Desta vez. comparecemos como paiz de exporta- ção, prestigiados por cinco annos de fornecimen- tos ininterruptos á Europa exhausta, tendo, pois. demonstrada nossa capacidade commercial e po- dendo aceitar encommendas em relação a todas as amostras exhibidas. Essa. senhores, a lição admirável do certamen de Londres. Os nossos antecedentes como paiz productor de cereaes. carnes, fibras textis, miné- rios, etc, haviam preparado á nossa representa- ção um ambiente de confiante espectativa, a que, felizmente, correspondemos em toda linha. Mas, os excellentes resultados do nosso mos- truário e da nossa propaganda na Exposição de Londres não teriam sido o que, na realidade, fo- ram, sem a orientação superior que á sua organi- zação imprimiu o Governo da Republica. Desva- neço-me de poder dar o meu test;munho aos es- forços patrióticos despendidos infatigavelmente pelo eminente Sr. Ministro da .agricultura para que o pensamento do grande brasileiro que pre- side aos destinos da Nação tivesse execução pra- tica immediata e profícua. Sem esta resoluta vontade coniugada, que trium- phou de embaraços occasiona:s por ter apprehen- dido a altíssima conveniência de não perdermos o incomparável ensejo que se nos offerecia. tería- mos, certamente, desdenhado de uma acoasião única para patentearmos ao extrangeiro a prova tangível da nossa evolução económica, a certeza concreta de que o mundo podia contar com o con- curso das nossas possibilidades no campo com mercial. Penso traduzir o reconhecimento dos Estados representados em Londres ao Sr. Presidente da Republica e ao Sr. Ministro da Agricultura, no momento em que quatro dentre elles recebem os prémios glorífícadores do seu espírito de inicia- tiva e do seu trabalho. O incitamento, que esses prémios significam, é duplicado agora pela honra-: da assistência do Exmo. Sr. Dr. Epitacio Pessoa; á sua distribuição, demonstrando, d'ess'arte. o seu patriótico in>:eresse por tudo quanto entende com a prosperidade do Brasil. Não occultarei, senhores, o pezar que experi- mentamos, meu collega de delegação e eu, com a ausência de alguns Estados de grande adianta- mento agrícola e pastoril, que teriam possivel- mente dado á representação do paiz a impressão de uma amplitude maior dos nossos recursos dis- poníveis, uma prova mais completa do nosso adian- tamento no terreno industrial. Revivo hoje esse pezar não os vendo nesta cerimonia, que é, le- gitimamente, acima de tudo, uma festa da eco- nomia nacional. Mas essa magua é mitigada pelo succisso que nos foi dado alcançar em Londres e pelo jubilo de estarmos todos reunidos aqui para celebrar essa victoria pacifica e honesta do tra- balho e do prcgresso. Conseguida a suprema recompensa da Exposi- ção, essa soberba taça de ouro que se destaca á vossa vista, o Brasil mareou a etapa do triumpho A lura í/ia- cculic iiii Kaltnlit c Sobrinhos e J. V. M. Sobrinho. Estado do Pará — Governo do Estado (3i. e .Associação Commercial. Estado do Piauhy — Governo do Estado. Estado do Rio Grande do Norte — Governo do Estado. p.ift Estado da Parahyba — Governo do Estado, mu- nicípio de S. .António. Itabayana. município de Souza. Estado de Sergipe — Governo do Estado, fa- zenda Bello Horizonte, Peixoto Gonçalves. Empre- za Industrial S. Christovão, Cortumes Sergipano. Serraria Macedo, Brittos Menezes e Cruz Fer- raz iV: C. Estado de Pernambuco — Governo do Estaao e delegacia regional de Pernambuco. Estado da Bahia - - Governo do Estado, Danne- mann .>i C. Stender & Hannibal Pedreira. José Brito. Costa Ferreira íi Penna, Ribeiro ^: C Hannibal Pedreira, José Britti, Companhia Com- mercial e Industrial do Brasil, Bernardo Castro •<■ C, Syndicato dos .Agricultores de Cacáo. Muni- cipalidade de Jequié, Secretaria da Agricultura do Estado da Bahia. Syndicato .Assucareiro, Snochero ^'^- Soummers e Municipalidade de Itabuna. Estado de Goyaz — Franklin Domingues de Carvalho e .António .Alves de .4raujo. A LAVOURA 261 Estado do Maranhão — Governo do Estado. Estado de Minas Geraes — Governo do Esta- do. Horto Florestal ds Bello Horizonte. Villela .^ /((.(( 'Ill l.sliiili, iiii .huiizontuí >.V C, Colónia Rodrigo Silva, de Barbacena; Com- panhia de Aguas S. Lourenço, l'sina Queiroz, de Itahira do Campo; Municipalidade de S. ,Iosé de Além Parahyba, Prates ^- C, Dolabella .^ Por- tella, Instituto João Pinheiro, Sérgio iNeves & Ir- mão. Bomfioli & C, Fabrica Vita, João Vslloso, .Andrade <.*i Andrade, João Vieira da Silveira, Al- berto Boeke, Jorge i'^- C, Camará Municipal de Ferros. I. Guimarães c<: C., José Rienda Mora- leida. Barbosa & Marques, J. F. Castro * C. Camáradel ..^i Caabrial, Renato Dias, Companhia Brr.sieira da Palmyra, viuva Weiss, Dr. João Tei- xeira Soares, Claudionor Martins Fontes. Aprendi- zado Agricola de Barbacena e Lino ,'\ntonio da Cruz e Silva. Estado do Rio de Janeiro — Governo do Esta- do, Municipalidade de Campos, Luiz Limonge i^- C e Companhia Fiação e Tecidos Industrial Campista. Districto Federal — Companhia Manufactora de Conservas. Ferreira Souto ■■^ C. Companhia de Fumos Veado, Companhia Cordoalha e Lopes Sá .V- C. . Estado do Paraná ~ Governo do Estado, David Carneiro iV C.. Xavier Miranda i>t C. Nicoláo Mader ^: C, Guimarães & C ; Azambuja >v- C. Estado de S. Paulo — Luiz de Queiroz ^: C, e Zanotta Lorenzi iV: C. Estado do Rio Grande do Sul — Fabrica Al- liança, de Leite Nunes & C, e Company Swift of Brasil. Estado de Alagoas — Governo do Estado, Car- los Lyra & C. e .^pre^dizado .agricola d; Satauba. Durante a solemnidade esteve exposto um ma- gnifico pneumático de borracha, producto da Com- panhia Brasileira de Artefactos de Borracha, e que foi apreciadíssimo, principalmente por ser todo feito de matéria jjrima naci'onal: borracha amazo- nica para o revestimento e camarás de ar de lona paulista, fabricada com algodão paulista. A lavoura do cacau na Bahia o Serviço de Inspecção e Fomento .agrícola do .Ministério da Agricultura tomou, de ha muito, a inapreciável iniciativa de fazer, por intermédio de seus funccionarios technicos. inquéritos especiaes ás principais fontes de nossa producção rural. Diversas tém sido as lavouras que já foram ob- jecto desses inquéritos, achanda-se concluído o mais recente, sobre o cacau bahiano. Segundo as informações colligtdas, a cultura do cacaueiro começou a desenvolver-se na Bahia na segunda metade do século passado, tendo sido recebidas do Estado do Pará as primeiras semen- tes para plantio. Suppòe-se que essa cultura foi iniciada no município de Cannavieiras, cujos anti- gos moradores affirmam terem sido plantados na fazenda " Cubículo", no baixo rio Pardo, as pri- meiras sementes de cacau entradas no Estado. O certo é que Cannavieiras possue, hoje, plantações que datam de 80 annos, existindo, ainda, na fa- zenda acima citada, 2 ou 3 pés de cacaueiro tidos como oriundos das arvores do Pará. Dessa zona a cultura do cacau se estendeu pelos outros mu- nicípios bahianos, sendo que em alguns delles só ultimamente tem ella tomado maior incremento. .As principaes variedades de cacau cultivadas no Estado são a "commum", a do "Pará" e a do ".Maranhão", medrando todas ellas muito bem em terras Daixas. E' certo que, em egualdade de con- dições de clima e solo, o cacaueiro commum pro- duz mais do que os outros e mantém maior regu- laridade na producção. .As variedades do Pará e do Maranhão, entretã^nto, por sua rustícidade, re- sistem melhor ás pragas, são mais precoces e exi- gem menor cuidadOv produzindo embora menos 30 a 40 ff do que a outra espécie citada. A região cacaueira da Bahia reúne, admiravel- m.nte, condições climatéricas necessárias a essa cultura. O clima quente, húmido e regularmente ennevoado dessa zona offerece um ambiente pro- pício ao desenvolvimento e á producção do ca- caueiro. .As terras baixas, dos valles e das vár- zeas, são as que mais se prestam á cultura, não só pela sua natureza, como também em virtude do ambienie húmido de taes legares. Essas terras se encontram mais frequentemente nas vizinhanças dos rios Pardo, das Contas. Jequitinhonha, etc. Têm ellas o inconveniente de se tornarem alaga- diças, mas o uso das valias e de drenagem com- mummente corrige taes defeitos. As terras altas são as menos recommendavei.s para a cultura em questão, mas, ainda assim, nos últimos tempos, essas mesmas tém sido valoriza- das na Bahia, nas vizinhanças dos rios Pardo e 262 BO-LETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA Jequitinhonha, devido á sua procura para plan- tio do cacau do Pará e do Maranhão. Quanto aos cuidados dispensados á lavoura ca- caueiro no Estado, consistem elles, apenas, em lim- pas, replantas, podas, desbrotamento .e tiragem de parasitas, não sendc empregado nenhum proces- so de -adubação. Em Cannavieiras obtém-se até 100 arrobas por mil pés de cacaueiros communs e 60 a 70 para as variedades do "Pará" e "Maranhão"'; nos outros muinicipiosj porém, lesses algarismosi decrescem, ihavendo alguns, como os de Valença, em que elles ficam em 18 a 22 arrobas por mil arvores. Quasi sempre, a uma safra boa succede outra pequena e desanimadora. A colheita é feita de preferencia nos dias quentes. Os frutos colhidos são grupados em "bandeiras", para a operação da "quebra", afim de que, retirados dos mesmos as amêndoas, seijam eátas '.^vadas aios côohos ou tinas de fermentação. A operação de fermentação é considerada como a mais importante no pre- paro do cacau, pois delia depende a boa ou ni.n qualidade do producto. .\s casas compradoras e exportadoras de cacau costumam fazer a selecção do artigo, para esta- belecerem typos diversos, obedecendo, porém, com isso. exclusivamente a interesses commerciaes. A área total comprehendida pela cultura do ca- cau na Bahia está avaliada em 254.51(5 hectares, abrangendo 24 municípios. Em 1920, a exporta- ção do cacau do Estado montou a 827.234 sacccs e, no correnie annn, já ultrapassou de um milhão de saccos. AF9F90Z IMA.-riVO Hm referencia á ]iot:i <|iK' a respeitei iksta planta inserimos no ultimei numem. temos a esclarecer cjuc ha 14 annos a trouxe para a Sociedade Nacio- nal de .\griciiltura o illu.stre goyano Sr. Henrifiuc Silva, que a incluiu na lista das forra.geiras noi- elle orííanizada cm 1907 com estas palavras: "C.\- IMM .AlíHOZ — Espécie de arroz sylvestre (oriza tabulada NEES). Este arroz, nativo do interior do paiz. vegeta na orla das lagoas e mesmo dentro dos alagadiços razos e lambem nas margens dos rios. I)istingue-se por um esporão áspero, comprido. E' comestível — e também excellcnte forra.iíinosa". O problema brasileiro do pão Graças á solicitude com que aos que lhe leclamam os préstimos valiosos sóe attender a Directoria de Estatística Commercial, posso offereeer aos lei- tores d'".\ Lavoura" o interessante quadro infra estampado, por onde se vê quanto tem crescido a nossa importação de trigo c farinha, de vinte an- nos a esta parte. Cresceu de tal modo a nossa im- portação de trigo e lariulia, que nos três ultin)os annos nenhum outro artigo estrangeiro pesa tanto na nossa balança commercial quanto a precioso grão. Assim é que, subindo em 1920 o nosso dis- l>cndio em carvão á scnuina de 1.14 mil contos, a dos tecidos a 98 mil, a do bacallini a 44 mil. só eom trigo e farinha dispendemos. no alliulido exer- cício de' 1920, a fantástica somma de 221.792:000;?!! Todavia, ha apenas que se estima superior a 25 milhões. Daiii se con- clue. pois. que. querendo deveras o Governo Federal libertar o paiz do pesado tributo iv-pend£ndo detíes ta-cíores preponderantes: humidade e temperatura do solo, condições de cli- Sítcholfis lie luãii pela lavagem das aguas de chuva. A addição de folhas decompostas, torna o solo mais adaptável ao fim. Misturam-s; todos os ingredientes, con- junctamente. num monte, mexendo bem com a pá, depois do que peneira-se a terra e coUoca-se-a. depois disso, em caixotes ou no viveiro, prompta para a semeadura. ma e, em certos casos de exploração para_ com- mercio, a situação dos mercados. ,As condições ái humidade e temperatura podem ser quasi que sa- tisfeitas no sólo recentemente rflvolvido. muito melhor que nos não revolvidos. O hortelão deve procurar precisar o período de tempo que decorre entre a semeadura e a colheita de cada planta, de A LAVOURA 2(37 modo 2 poder produzir desd; cedo e prolongar a producção durante toda a estação Quantidade de sementes a semear. — Não de- ve ser excessiva, afim de evitar-Sí o accumulo de .plantas e trabalho demasiado. Ha que fazer as seguintes considerações, a respeito da quantidade de sementes a semear: 1) A época da semeia: para outubro, deve-se tel-as promptas para u-so a esse tempo. A semeadura pôde ser feita de dois modos: a ianço e em regos, ou linha, s;ndo o primeiro mais rápido que o segundo. As vantagens leste sobre aquelle, porém, tornam o primeiro muito pouco usado. Esciirifiulnrrs de mãn quanto mais cedo, maior é a quantidade de se- mentes precisa; 2) A natureza physica do solo: os argilosos requerem maior numero de sementes do que os arenosos; 3) O tamanho e o vigor das plantinhas; 4) A vitalidade da semente: a porcen- tagem da semente, num dado volume, que germi- Miireiídor de carreiras, feito á niãii nará, pôde ser estimada pelo ensaio gsrmnnativo; 5) Despeza com o desbaste: mais espaçada, a se- meadura, menos dispendioso é o desbaste. Molés- tias e pragas de insectos: no caso da existência de moléstias e insectos, será preciso uma maior quan- tidade de sementes; 7) Modo de semear: quando l)il'lercnte.'í fóniia.f de ;>'(.< e e.vcaiuídores uma cultura tem de ser colhida no logar onde é semeada, devem usar-se menos sementes e as plan- tinhas desbastadas ao numero necessário, depois da germinação; si as plantas têm de ser muda- das, a semeação será mais densa; 8) Necessidades domesticas: por exemplo, si se deseja couve-flòr A semeadura á mão devia ser abandonada, por- quanto o processo mechanico moderno economiza muito mais tempo e, consequentemente, mais di- nheiro. Uma semeaJeira mechitnica á mão executa o seguinte trabalho, n qu; justifica perfeitamente o seu emprego: 1) .^bre o rego; 2) Deixa cahir a semente ao solo; 3) Cobre a semente; 4) Com- prime o solo; 5) Marca a carreira seguinte, e o trabalho prosegue tão mais ligeiro quanto maior é a agilidade do operador. Prufundidade — A questão da profundidade a que se deve enterrar a semínte. é de muita im- portância. Não ha regra para isso; tudo depende, pelo menos, do tamanho da semente, da natureza C.iimn .SC semeia eoiu iis deilns jiidleijar e iiiilicailor, na ranii"' "U un nineini ou contextura do solo. da humidad'; do mesmo, e da estação do anno. Maior a semente, mais fun- do deve ser plantada; nas terras arenosas, a se- mente ficará mais enterrada do que nas argilosas; num solo secco, a semeadura deve ser mais pro- funda que nos húmidos ou bem irrigados; por cau- sa da porcentagem de humidade, no solo, maior no começo da primavera e durante a ultima parte do outomno do que no verão, as sementes planta- das nestas épocas devem estar mais próximo da superfície que as semeadas no estio, devido ao facto que a humidade é quasi nenhuma na; ca- madas superiores. 268 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA A pratica de com^primir o sólo que cobre as sementes apres:nta muitas vantagens, uma vez que o contacto estabelecido entre a semente e as par- tículas de terra é maior, dahi resultando a absor- pção dagua pela semente, a estimulação da vida no protoplasma e o desenvolvimento rápido Sciiwniilii ilílcfltinii n If tín citll lirhn, citiii nnn'l- nicnlos ííTlits lit' ríhriirâíi tia iledo iinlicíulor do embryâo. O calcamenio com os pés auxilia o crescimento das raizes. bem como habilita a planti- nha .1 tirar a humidade e os alimentos do sólo com mais facilidade.. IRRIGAÇÃO -y- Devem fazer-s; regas abun- dantes, de modo á conseguir-se uma larga pro- ducção de hortaliças. A importância da rega é clara e, portanto, desnecessário encarecer. To- mando em ccnsideração o valor da horta. n.Vj ha garantia melhor e m;nos custosa, onde ha agua sob pressão, do que a installação duma mangiiei- ra commum, adaptável a um puxado do enc.ina- mento geral até a um ponto central accessivcl. DESBASTE — O processo do desbaste consis- te em remover as plantas mais fracas ou defei- tuosas, deixando todo o espaço necessário ao des- envolvimento normal dos indivíduos mais ••igoro- sos. TRANSPLANTAÇÃO — Muitas das aorecia- das hortaliças são mais efficientemente cultivadas. semeando-sc>-as em viveiros e transferindo, de- pois, as plantinhas, na occasião opportuna, para os seus logares definitivos. Estas são as razões que justificam o processo da transplanta: 1) Al- gumas plantas amadurecem mais cedo si semea- das em viveiro e transplantadas, dS'pois, par.i a horta; 2) Ha uma centralização de operações quando as sementes são deitadas em pequeninos talhões; 3) Dispende-s; menos dinheiro em com- bater as hervas damninhas. os insectos e inoles- tias, num pequeno viveiro do que numa larga área de terra; 4) Em peqiuenos canteiros, é possível prover as condições idéas ás plan:as que reque- rem cuidadas especiaes; 5) A transplantação per- 1'liiiiliis (If iii/Ki. Diiislniiiílo I' cfffilii L.^;j#V:«H»V'M^'y nosso governo, que favorece a importação e que dentro do paiz facilita o transporte de produ- ctos estran,geiros, julgamos que, sendo solicitado, com jnais razão facilitara o transporte de productos nacionaes. j\a referencia acima sobre a venda de productos em Buenos .Aires, nos falhou o resultado das ven- das effectuadas no local Uulrich, exclusivamente de .Aberdeen-.\ngus, pois (lue, como se sabe, desde o aíjiio de 1917 se tem effectuado exj)osiçòes unica- mente desta raça, o que minca se deu cmn outra tlualqner. Este facto prova o apreço que ultimamente vem conquistando esta raça e que, em nossa modesta opinião, é a cpie nuiis convém para o centro e norte l'orque. alem da superioridade da sua carne sobre as suas rivaes, a cor preta Ibe serve de defesa con- tra os rigores do calor, "J. Travassos — Monogra- graphias .Agricolas, pag, 2fi7"". D. .\[. UIET c: <3 iM i-f e: C5 e: iM 13 O o ^F3iOkSii_ oe: f^ef^to De Pirapóra a Joazeiro pelo rio S. Francisco j\(( scs.Síío (/(■ '2',i ih .-li/o.s/d /iiiixiJiiii luiiiii. na S. .V. de Aariciilluni. o illutític Sr. Ocíihuíj Car- neiro realizou uma conferencia extremamente em- políiante, e intellineniemente doeunientaila. rela- tando recente vittijem que fez pelo nosso mayesto- so S. Francisco, num dos trechos m3 resoluções dos seus grandes dias de magico pri'stigio, qual a que se conser\"ou de pé? Uma. somente. A que teve o n, 25 e cuidou da navegação do S. F^rancisco "para attenuar a crise angustiosa e pobre pela deficiência de trans- porte", como foi dito então. Km fevereiro de 1919 publicávamos no ".loií-nal do Commercio" um longo artigo sob o titulo "O Rio São F'raucisco — Condições de Navegação — .Desenvolvimento .\gricola — Aproveitamento In- dustria!", artigo que foi largamente trau scripto não só no paiz como no estrangeiro, por que os Consulados de alguns paizes e as Camarás de Commercio julgaiam útil dar-lhe divulgação. Em memorial dirigido ao Presidente de Minas expuzemos a situação da região mineira banhada pelo rio. e esboçamos o plano de seu desenvolvi- mento futuro. Manifestou o Presidente .\rthur Bernardes o desejo de visiiar i>essoalmente o Sáo Francisco. Obrigado pelos acontecimentos políticos e pre- occupações administrativas a adiar esse projecto, em \ovend)ro do anno passado, incumbiu ao Dr. Clodomiro Oliveira, secretario da Agricultura, de l)recedel-o na excursão de Pirapóra a Carinhanba. O Dr. Raul Soares, que acabava de resignar a l)ast:i da Marinha, era um dos convidados do se- cretário da .Agricultura, avisados á ultima hora, para uma excursão que a muita gente sc afigurava temerosa, porque a campanha de descrédito resu- mida na phrase académica de que "o Brasil e um vasto hospital" pintava as margens do S, Fran- cisco como pau'1 pestilento onde não se poderia iienetrar impuneniente. A LAVOURA 271 (!ri:io n;u> fi'r;ir asseguriiiuli. que fui |)(ir occasiã" tiessa L-xfursão íjiiu su esboi;ou a candidatura. hdJL' resnlvida, do futuro Presidenta de Minas. O S. Fi'ancisco não transportava em suas aguas o Pre- sidente do Kstado; mas. advertido i)ela sagacida- íle lios iKilitieos sertanejos. alvoi-oi;ava-se com a visita de quem deveria succeder-lho. Sellava por essa fornia uni ijacto jielo ipial a a(lniinistra(;ão futura cuidaria, com carinho, da iiave.ijação, do de> envolvimento agrícola, da diffusão ila instru- cção, dos melhoramentos niateriaes dessa região ubérrima que tem vivido como a gata borralheira da fabula, esipieeida e relegada, mas (|ue um dia calçará o sapatinho que lhe ix-rteiice. .Mas. já não estamos nos dias ".Aspectos de um Problema Keonmiiico", o Dr. Klpidio de Mesfiuita publicou uni livro interi'ssante no qual fez transeripções escolhidas dos autores que es- creveram sobre o grande rio. Em e.vcursão com o saudoso engenheiro Souza Bandeira, o deputado Alberto Maranhão escreveu inipressõrlti de São Francisco assitiam impotentes ao apodi\.«cinu'ulo dos ce- reaes accumulados de um anno para outro nos barrancos do rio, se dirigiam á autoridade nova que surgia, e que justificou aS esperanças dos que lhe batiam á porta. Por se divulgarem noticias e se repisarem infor- mações, essa região já foi incorjiorada aos conlie- cinientos geogra|)hicos e económicos de toda gen- te. -Vão ha ni'cessidade tie recorrer aos trabalhos de Henrique Halfeld. ainda hoje os mais comple- tos, publicação rara, em formato immenso. cujos bellos majipas são o melhor roteiro do rio, cujo texto é o re|)ositorio mais detalhado de tudo que diz respeito ao S. Francisco, Nem tão pouco aos que lhe succedcram. cm commissões offieiaes de estudos — Milnor Rol>erts. Orvillc Derby, Theo- doro Sampaio. I.iais, Plácido .\marantc, Uranner. Eduardo de Moraes, Carlos Kraus; — ou ao que, em viaçen.s scientificas escreveram sobre o .São rio sobre o S. Francisco, publicado em 192f1. de- pois de sua morte prematura. E' o trabalho te- chiiico mais recente sobre o grande rio e o autor justificando a viagem diz: "O facto da minha pas- sagem cm .Aracaju' me desjiertou a idéa de fazer uma excursão jjelo S. Francisco desde Pirapora ,ité o oceano, afim de ter uma visão rápida das condições desse rio e dos serviços que ali podem ser executados, os quaes entram no (piadro das attiihuições da Inspectoria Federal de Portos. Kios e Canaes". E mais adeante: — "Seni|ne consi- derei o rio S. F^rancisco de grande importância na solução de diversos problemas que interessa de perto o desenvolvimento económico do nosso paiz". "No melhoramento do riu S. I'"rancisco estão en- feixados diversos problemas que dizem resjieito ao desenvolvimento não só dos cinco Pastados por elle banhados, como de outros vizinhos". O Sr. .Mfredo dos Anjos, viajante (pie mais de- 272 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA iulh:ii!;is infoiíiKioõi^s pótk- ilar ilu bacia (l^i .urande rio, 1'l-z na Scicic-ijailu Xacioiíal di- Aiíriciiltiiia uma conferencia, que inililicou em folheto, c cu.jos se- nões ilcvem ser (lescul|>a(ios pelo eonjuncto de informações iiteis (|ue contém. No jornal "Kstado de Minas"", de Bello Horizon- te, publicamos uma serie de artigos sol-, o titulo "l'ni i)robleu)a da \'iai;ão e (',olonizai;ão"". clia- niando a alteii(;ão do líoverno r do publico para os pi-oblenuis daípielle fuluroso sertão. Para realizal- ipostolt); uiiít . é iJreeiso nm cle\otamento tle •á com discursos declamatórios oem com arti.Lfos retuml)antes que se dará sidui;riO ai. iíra\(' problema. I'ara cousei;uil-o, seria preciso fazer ciouo em Lassance. onde, ha .iá alguns annos. um .jovem nu'- dico. recen)-cbe.<;ado. podendo desfrutar a vida \entui-osa cia cidade, ali so internou Miluntaria- nieute. seijaracio d;, faniilia que adorava, ali vi- i eu annos seguidos. segri'gado do resto dci mundo. ■ II ÍHíéíííéíb Vishf i/iTííl íltís lisiiitís ih' filiimlíui c lnhrint Wc ntm tl,r ( .' iii piiii liia I iitlllstria \ iiHiiii (/(■ finiiii' X Conimissâo do Sei'\'it;o Geológico do Ministé- rio da .\gricullura, chefiada pelo Sr. Horácio Wil- liams, tem effectuado naquella região estudos e excursões de re:il inti-resse. Muitas outras i)ublica(,'ões esparsas tem conc(U"- rido. nestes idtimos tem|)os, para libertar o São Kranscisco do esquecimento e da ignorância em que jazia . Finalmenle. desde ([ue n \apor '* Wenceslao Braz"' começou a navegar, oi"ferecendo aos passa- geiros o conforto (|ue faltava na viagem fUniaL numerosos são os excursionistas que tem visitado o rio. Kstes vão transniittindo a outros o desi'jci de realizar essa interessante excursão onde os menos obser\-aíIo,res ficarão empolgados pelos pa- noramas magi'stosos, e poderão constatar uma po- pnlai,-ão de seitaiíejos intelli.gentes. sadios e robus- tos, trabalhando sem esmorecer, de sol a s(d, mas não depararão nem com o "'jeca-tatu"" dos pseudo- psychologos das cidades, nem com o "vasto hos- pital", seu irmão gemep, e também como elle em voga literária. K' certo (pie ha muitos di>entes e faltam mediens. nessa vasta região, e m- pressão e sem ex|)lora(;ão mercantil: tal projeclo seria recebido de hraçtis abertos de um a out.vo ex- tremo do sertão. Installadii iiii um wa.non de mercadorias, (jue era seu consultoiiu !■ seu lal)oratorio, acompanhado por alguns amigos dedicados, fazia clinica iÇi'atuita l>ai"a todo mundo, impondo-se ao respeito e á esti- ma dos sertanejos, attrahindo doentes das ri'giões mais longiiupias, rompendo emfini, jielo seu labor ■ ■ devotami'nto, o silencio das siininiidades medi- cas das capitães, que de lá voltai-am sur|ireheiuli- das com i>s estudos realizados em |)Ieno sertão. l'roclamaram-iro tão alto que a nova atra\essou ns mares e interessou aos scientistas do \elho e nos o mundo. Iiiilo se jioderã contestar — o mérito scientifico inclusive, mas a dedicação, o desprendimento, o valor moral daquellc jovem medico de 1!H(), nin- guém ousará pôr em duvida. E" de dedicações (lis, a orileni qui' o sertão precisa. II \ Cfl.IlTí \ 1)1) ALGOD.ÃO — O DKSKNVOl.- NI.MKNro IXDfSTHI \L DK 1'1H \l>()li A O algodão é natixo no \alle de S. l-'i'aiicisco. ni.is luiiica recebeu ali istudo especial dos conipeteii- I e s . Quando se annunciou a vinda ao i;;^;sil da .Mis- são Algodoeira de Manchester, einpenhamo-n'os para que fizesse parte do programnia de estudos sobre o nosso algodão, u;;ia tx.-ursão |!.Io rio São A LAVOURA 273 Francisco, a nual foi incorporada ao plano de via- gens promovidas o custeadas pelo Ministério da Agricultura. As observações feitas in locu pela Missão Al- godoeira, ou com mais ])recisão, pelo Sr. Arno Pearse, Secretario Geral da Federação Internacio- nal dos Fiadores de Manchester, redundarão com certeza cm beneficio da immensa região algodo- eira servida por mais de 2.000 kilometros de na- vegação fluvial. Faço essa restricção i)orque de facto só o Sr. Arno Pearse conhecia o assumpto qne vinha estu- dar entre nós. só elle se preoccupava seriamente e activamente com os estudos fpie se propoz rea- lizar. Acompaiiiui-(i nessa excursão e aproveitei para aprender sobre o algodão tudo quanto me foi pos- sível, collaborando nos inquéritos, visitando as plantações, pedindo esclarecimentos, coiiiando no- tas, ouvindo os conselhos do perito cuja competên- cia, nessa especialidade, ninguém porá em duvida. O Sr. .Arno Pearse. ao contrario do que costumam fazer alguns charlatães rotuJados de sumidades, não fazia mysterio de cinisa algiii"''. <-' manifesta va prazer em ensinar, quer aos companheiros de ria!, seja principalmente o de fibra longa, com o qual i)ossa contar a industria estrangeira, quer para os tecidos finos, quer princi|)almente para a^ . apijlicações especializadas, notadamente para a fabricação de pneumáticos para automóveis e telas para aeroplanos. K' possível que esse inquérito sirva também para esclarecer os indnstriaes inglezes no pro- jecto de empregar fortes capitães nas colónias afri- canas para intensificai- a cultura do algodão. Não creio qne o ohjeetixo da viagem tenha sido para um jogo de bolsa tendo em vista a matéria prima e os artigos fabricados, de modo a descongestio- nar com vantagens os stocks inglezes com prejuí- zo da nosa industria têxtil, como já foi aventado. Também não acredito ■• ... ISudc ilii '•criãii íPednis tie .Maria da Cru:^ ftM.-a;'*S,í\ '- excursão, quer principalmente aos sertanejos. Perraittia que se copiassem suas próprias notas, transmittia com boa vontade o que sal)ia. e ac- ccitava com prazer as observações para corrigir o i!ue não interpretara bem . Creio poder resumir o obji'cti\c> da \ iagem do Sr. Pearse ao Brasil dizendo qne elle aqui veio para verificar qual a ])ossibilidade da nossa pro- ducção em algodão, seja o de fibra curta, desti- nado ao iibastecimento da industria fabril nacio- Pearse suas observações sobre a cultura do al- godão nas margens do S. Francisco, e deu os con- selhos dictados pela sua experiência para melhorar a valorizar essa cultura. Si esses conselhos forem attendidos, irão ao encontro das justas aspirações da pojjulação sertaneja e concori'erão para encami- nhar a solução de outros problemas dependentes da intervenção ou pelo menos do bafejo dos po- deres públicos. Afim de não alongar esta exposição deixaremos 27ÍÍ BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA para outra opportunidade ;is olisL-rvayões pessoacs que fizemos u as notas qiit' tomamos sobre a ciil- lura e industria do aliíodão ao Imi^o do São Fran- L'Í SCO . Pela priiiR'ii'a VfZ rcalizoií-sc cjilrc nós uni i's- tiido systi-matk-o da ciiltiiia do aIi(odão. (.'ome- çando pelo Estado de São l^aulo, onde adquiriu rcfcntemiMiU' surprcIíendiMitc importância, passan- do aos -Kst;idos de Minas c liahia, onde tem longa tradicçãii mas tem se coiiserxadii estacionaria, se- cirncurso útil, de que beneficiarão os mais ricos como, principalmente, os mais pobres, sem precisar de \'a!oriza(,'ão artificial. poi-(|ue o seu consumo interessa á Humanidade inteira, e por toda parte assignala (|ue vae faltar, ou já está faUandi>, ape- zar dos i)re^;os minimos que neste momento d<'- solam os agricultores, e cjue se explicam pida pa- ral.vsavão das fabricas c desoriíanizavão mundial das industrias. Para realizar a c\ciM'são pelo r'io S. Francisco, -' .»Ka>ia'Jte&!> \'íslti íín jinsli, í/e I'H(iiiurit .guindo dei)OÍs para os F^stados do Nordeste, onde as fjl)ras longas, sedosas e resistentes, cultivadas cmbors por processos rotineiros, rivalizam com as melhores do muntli), e nos darão, no futuro, a hegemonia do mercado de algodão, si não se re- petir o erro de quecei- substituil-as por typos in- feriores im|)ortados do estrangeiro, como já se fez. .■\té hoje ninguém fizeia entre nós esse estudo. e. no seu conjuncto, só o Sr. .\rno Pearse o reali- zou, |>ois ninguém o acompanhou de ]n'ineipio a fim nessa e.xcurssão. Para mim, essa ins|)ec(;ão methodica e conscienciosamente realizada, já re- íislrada com natural e comprehensivel resci'va em confei-encias i)ai'ciaes. e (pie naturalmente foi'ma- rá um relatório niinuncioso. como se fez na índia, constitui' servi(,'o real prestado JJelo' Sr. Pearse ao paiz e justifica as desjjezas feitas pelo (loxei-no l'"ederal e iielos Gcnernos lístadoaes para custear as viagens. Gra(;as a esse relatório, xamos eonliecer o cpic pensam os especialistas inglezes do que temos feito, do que estamos fazendo, e o que convém que façamos para intensificar e melh(H'ar a pi'oduci,.io da preciosa malvacea. ilestiuada a proporcicniar ao paiz uma receita maior do que a do Café sominada a dos outros jiroduetíts íiue expoi-tamos. Xind.i !iiais. riestinada a prestar ao mundo inleiío um encontramo-n'os em Pirapm-a nu dia 2.") de Maio. Fazian; partC' da Comitiva do Sr. .\rno Pearse dids jovens suissos, Srs. Max Syz e F^ritz .lenny. o Sr. .Uberto .lacobina, delegado do algodão em Minas, o Sr. Oscar Piquet. representando o Centro Industrial do Brasil, os Srs. Freitas ílachado e \zi'vedo S ;dré, recentementi' foriiiados em agrono- mia e em \iagejn de instruc(,'ão . Xo dia '-'i pela manhã inauguramos os descaro- cadoi'es (!<■ algodão da Companhia Industrial e \'ia(;ão de Pirapiu"!, moderna installat;ão accii>na- da a electi'icidade, ijodendo iiroduzir por dia l(i. (1(1(1 kgrs. de algodão em phnna. provida de to- dos os accessorios, inclusive tubos de aspiraç.To de algodão em caroi;o e ventiladore,, de expedi(;ão de earrtc(»s e detrietos, e de uma prensa fiizendo far- dos de l.m. 2(1 X ll.m S(l X(l. m (i(l com o pezo de 150 ligrs. seja a densidade de lilid ligrs. |)or metro euliieo , \ i)islailai;ão funccioliuu na preseni^^a de nume- rosa assistência, tendo sido as macbinas postas em nn)\'imento pelo [jioneiro da industria algodo- eira em Minas, o Si". Coronel Caetano Mascare- nhas (|ue. com seus irmãos .\ntonio e Bernardo fundou a primeira fabrica de tecidos em Minas, que foi também a segunda do Brasil. h-slão esses descaro(^'adoi*es montatlos em i-di li- ei.) jiroprio, de dois pavimentos, tenilo de um A L.WuUkA --- 275 lado um giMiuli' armazrm pai'a clepositii riu al- .Hddão i'!!! caroi,'(>, do outro o deposito do algodão enfardado dcstiuado á t'xpiH-t»<,'ão . .\lii o Sr. [-■carsc fNaniiMou attcntaiiniitc o algodão i'in depo- sito. iiKpieriíiiIo soln-f sua procedência. ex|H'rinion- lando as liliras. classificando as variedades, i^egis- traudo todas as informações que conseguiu co- lher \'isitanios ainda a Fabrica de Óleo. montada com apparelhagem moderna. |iara a produccão (lia- ]ia de 2.4(1(1 kgrs. de s o Almoxarifado da ('.om|)anhia, o escriptorio c a residência do Director Gerente. Assistimos ao funccionamento dos possantes car- iieiros liydraulicos que fazem o abastecimento d'agua á cidade; atravessamos o Hio S. Francisco para a margem esquerda, imde e.';amiiiamos os tra- balhos de captação da cachoeira de Pií-apora, para distribuição de foi-ça <■ luz á cidade, e tivemos oc- casião de ver os importantes trabalhos da con- strucção da ponte metallica que a Estrada do Ferro Central do Èrasil está construindo atravez do rio S. Francisco. \'oltando á margem direita, visita- mos as officinas e .\rmazens da Secção da .Navega- ção da Companhia Industria o Viação rincipaes negociantes, informan- do-se de tudo quanto se relaciona com a vida e o progresso de Pirapora, e ás õ 1|'2 horas da tarde dei.xamos or iodos os modtts os animaes infe- riores, fixando os typos adeantados, augmentando as suas qualidades e começar quanto antes a obra liatriotica de escolha e selecção, che.gando a for- niar de um extrenu) a outro da Republica o t.vpo ideal que os mercados consumidores exigem. Não quero deixar despeicebida também a pre- sença de uiM grande criador da raça Hereford, Mr. AVilliam Smlth que. sendo membro da .Associação dos Criadores Hereford, da Inglaterra, disse que en- controu nos t.vpos novos dos productos uruguayos o que se considera o "ideal" na Inglaterra, quer di- zer o animal de perfeito aplomb, que possa resistir ao peso de um grande volume de carne, que é o l.vpo de maior rendimento com o menor custo de alimentação, como também acha que para dar um flanco impulso ao melhoramento desta raça seria necessário sacrificar todo o ordinário e continuar a evolução com elementos novos e que o momento actual é o mais favorável para a compra de aui- iriaes de bom sangue, por preços relativamente baixos. Ora, Sr. Presidente, depois destas palavras deixo aos Srs. criadores brasileiros o direito de me res- ponderam. Não devemos, porém, deixar de cui- dar do refinamento das nossas raças, dos pro- blemas complementares das pastagens e o dos tran- sportes, pois sabemos que sem campos, e desprovi- dos dos meios necessários ao perfeito escoamento da producção das fazendas, seria inútil possuirmos reproductores caros das raças de eleição. Antes de concluir estas breves impressões, co- nhecedor que sou da grande sympathia dos uru- gu.iyos por tudo que é brasileiro e havendo recebido as maiores demonstrações dessa amizade da parte das pessoas com quem tive a felicidade de tratar, e sendo portador de votos de franca cordialidade hy- poihecada pela .Associaclon Rural do Urugua.v á So- ciedade Nacional de .Agricultura, venho solicitar-vos relevação para a maneira simples pela qual me des- obriguei do honroso encargo que me confiastes e agradccer-vos, penhorado, o agradável ensejo que me permittistes de poder, ainda mais uma vez, con- statar a pureza dos sentimentos que nos unem aos oiierosos e progressistas irmãos do Prata. Rio de .Janeiro. 13 de Setembro de 1921 — Isaac Elbas". ■ A LAVOURA 277- O secundo roíicurso dc^ ti^actores aiiriroliis \)Y{) movido pelo Ministério da A;y;TÍ(*Hltura Na grande cultura, a questão do tempo, princi- palmente no amanho d'o solo. constituiu-se em objecto permanente de estudot., que se têm tornado mais e mais intensos com os progressos cffíJtua- dos pela mcchanica applicada. Nos Estados Unidos da America do Norte, com especialidade, onde ha áreas e-normes de terri entregues á cultura racional, reduzir o emprego da mão de obra c da tracção animal era prdijlema que se impunha, nem só pelo que consentia coui a Índole do povo, apressurado sempre nos seus labo- res, — e a maenina aniir.al é lenta nas seus pro- cessos de realização de trabalho útil, incompatível portanto, com as necessidades da vida niodeni.i, sinão também pelo que implicava uma considerável economia de tempo, cujo valor monstario está em o lavrador, tanto mais quanto cm períodos de re- pouso, embora curtos, logo após á semeia ou pou- co antes da colheita, as alimárias tinham, do mes- mo modo, que ser abrigadas e diariamente alimen- tadas e tratadas, sem compensação immediata. Fazia-se mister, pois, substituir a força mus- cular, a machina animada, — lenta, de duração in- certa, de resistência inferior, de conservação de- licada sobre dispendiosa, e pouco efficiente, pela força motriz, a machina inanimada, mais rap;da, de duração ceria em circumstancias normaes, de resistência maior, de conservação mais fácil e módica, e de maior efficiencia, vantagens que com- pínsariam bem uma acquisição mais onerosa. Do aippello feito á engenharia agraria, surgiu a lavoura mechanica. O Dr . Simões Lojjes, Ministro da Agricultura, explanei ao Sr. Presidente da Republica nobre o trabalho dos tractores, por occasião da visita de S. Ex. ao local das pronas íIo concurso. .4' ,U- reila do Ministro, vè-se o Dr Franciscu Iglezias, Superinlendenie do Semico de Senien leiras do M. da Ayriculíura relação com determinados factores de solo, cl'ma, cultura e mercado, variáveis de seu turno As operações culturaes nos grandes tractos de terra exigiam a manutenção em actividade de muitos animaes de tracção, afim de que se não perdessem as épocas próprias de plantio e co- iheitu. portanto as melhores opportiunidades para uma boa producção, bem assim as condições fa- voráveis de m;rcado, oscillante com o volume des- sa producção, além do maior aproveitamento da área cultivável para o maior rendimento do capi- tal fundiário permanente — o solo. O custeio desses animaes com o seu tratamento racional. — abrigos, forragens, tratadores, etc, — de forma que estivessem aptos a fornecer a somma de energia requerida pelos trabalhos quoti- dianos do campo, era sempre um gravame para Não é a suppressão do braço, na propriedade agrícola, que se visa com ella. E o temor que in- funde nas populações ruraes, notadamente nos paizes de agricultura pouco civilizada, a falsa supposição de que a machina lhes venha tirar o pão, é perfeitamente injustificável, porquanto, além de baratear-lhes a vida com a abundância das messes, crea-lhes novas s mais remuneradoras possibilidades para o emprego dos seus talentos. .\ intervenção do operari'o é necessária e delia a machina não pôde prescindir. Só setenta annos depois da descoberta de Ja- mes Watt (178D-1850), é que a agricultura se aproveitou do concurso da machina a vapor. Foi John Fowler quem primeiro a adoptou, de forma pratica, aos serviços da lavoura, seguindo- se-lhe Mac-Laren. .^very e outros. 27R BOLETIM n\ í;OCIED.\1)1£ nacional de AGRICULTURA- A lavoura a vapor consistia, então, no emprego d: duas locomotoras. coUocadas uma ao lado d.í outra, movendo entre si um cabo de tracção al- ternada, que levava e trazia a charrua ao sulco. Havia uma grande economia de energia, por isso que os dois motores, sendo deslocáveis, permane- ciam estacionados durante o trabalho das lavras, e toda a forca se utilizava na charrua, movendo-sc. apenas, para transportal-a ás outras áreas a re- volver. Era a lavoura mechanica fixa. dupla, de tracção indirecta, alternada. Mais tarde, uma das locomotoras era substitui- da p.jla ancora automática, isto é. regularizavei pelo próprio operador ao motor, apparelho desti- nado a inverter a direcção do cabo de tracção. Es- te dispositi\'o appareceu. cnmo uin nT;io de TSdu- zir o dispêndio com a acquisição de duas locomo toras ao mesmo tempo. Nesses systemas de lavoura a vapor, a profundi- dade da lavra variava de 0.m25 a O.m.V.S. e o sea Innovaram-se, depois, as charruas poly folias de balanço, — dois systemas de seis ferros, de face um ipara o outro, como dois braços fixos ao eixo de um jogo simples de rodas. Cavando de Om. 15 a 0,m 30 de fundo, revolvem, de cada passeio, uma superfície de 2m,15 de largura. Com uma disposição semelhante, confecciona- ram-se as charruas monofolias de balanço, com aivecas do typo combinado, próprias a rasgarem uma faixa de terra de 0m,60 de largura e Jm.SO a Om,75 de fundura. As charruas de disco, excusado dizel-o. acom- panharam o evoluir da lavoura mechanica. O estádio seguinte da tractocultura é represen- tado pela creação do motor á gazolina. Producto de distillaçâo do peítroleo, esse com- bustível torna menos dispendiosa a alimentação do tractor. De custo mais accessivei que o carvão ou mesmo a lenha, dispensa o uso da agua para a producção de vapor, cnm n trabalho e dinheirc ?-?-S' ¥a^V'-'»- JE '^*^ <} intrlnr ''Titiin" írnlyiithniulii anu att-nol rendimento, ein funcção dessa profundidade, ia de 1 i;2 e 8 hectares de terra diariamente, em 1",' horas de trabalho. O uso das locomotoras a vapor não se restrin- gia somente ao amanho do solo: serviam ellas, egualminte, para a tracção de outros vehículos, para a transmissão de inovimento a apparelhos de beneficiamento das colheitas, etc. Na terceira phase de evolução da mechanocul- tura, veiu c tractor propriamente. Era a 1'ocomotora. ou caminheira, sob forma de motor caminhante, puxando peças aratorias dire- ctamente atreladas. Na tracção directa já se tornou preciso, afim de compensar a energia dístrahida na locomoção do tractor, obter o máximo de aproveitainento de serviço da charrua. Atrelaram-se, então, succes- sivamente, peças com 6, 10 e 14 ferros, arando faixas de terreno de, respectivamente, 2,ml5, 3,m60 e 5,m05 de largura, com 0,m25 a 0,m30 de fundo, de cada vez. tos na conduicção desta, bem assim dos outros ma- teriass para o abastecimento constante da nJdeira e da fornalha. O iractor á gazolina presta-se, tão bem ou me- lhor, a todos os fins indicados para a locomotora a vapor. E" claro que os tractores, por menor o seu com- primento, ligados ás peças de tracção, tornam-se mais ou menos íncommodos no transito sobre áreas oocupadas por arvores próximas, nas adja- cências de cercas e outros vedamentos em terre- nos de lavoura, deixando-os incompletamente tra- balhos; mais difficeis de conservação e de mane- jo. Sendo muito pesados. Esses inconvenientes, os norte-americanos pro- curaram obviar grandemente ideando a auto-char- rua. cujos elementos são: comprimento, 4m,27, lar- gura, 2m,0; peso sem a peça aratoria, 3. 109 kilos; percurso 3,500 a 6. DOO metros por hora, segundo condições do apparelho e de lavoura. Pode atre- lar-se-lhe uma charrua de 3 ferros, com aprofun- A LAVOURA 279 damento de 0in,25 a 0m,30. rendendo de 4 a 8 hectares diários. O motor consome de 15 a 20 litros por hectare e é de 22 cavallos de força. Não ferido, — o alio gráo de adeantamento das in- dustrias e sub-industrias siderúrgicas e metallur- gicas, a homogeneidade physica e astructuraj me- <) Irarliir " liilcrniiciíinal" iiilfKinln uni IciriiUi di inr. iitl iiiobnu trmlu (/(• tlisco requer mais que um operador, qu^- pode o motor e a charrua ao mesmo tempo. Em summa: na evolução dos motores, assigna- lam-se as phases de vapor, gaz, petróleo, álcool e electricidade. chanica do solo, permittindo maior extensão na uniformidade dos apparelhos aratorios, sem falar no factor principal — a instrucção agrícola mo- derna das populações ruraes. Mas, no Brasil o meio agrário, social e material, il Iraclur " \V . I) nnslcinii l;iiik Nos Estados Unidos, foi rt-lativament; fácil a é bem differente e de alguma soríe desfavorável, adopção e generalização da tractocultura. dado o presentemente pelo menos, á percussão das con- cu.sto barato do combustível, — a gaznlina c o pre- quistas da civilização. Paiz de industria agrícola 280 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AORICULTURA iniciante, de supino analphabetismo profissional, que não comprehende ainda a nseessidade e os benefícios do emprego das machinas mais elemen- podem influir os productos de exportação em gran- de volume; riqueza particular e collectiva nacional, maior amor e attracção pelo campo, alegria, pros- 5>*i!:^"^»'aeM-^^"' Inirliir " Fóidxiin" itu tudii ttn Icnrmt pm illc jiii luuiuhi tares de exploração dos domínios ruraes, não está na altura de apreciar devidamsnte o concurso ad- niir.Tvel do tractor na producção do solo. peridade, proqresso. supremacia internacional do dinlieiro e da força. E' o tractor que, na Franca, esta restaurando (} Irtíclitr "Tn'ín C.ílii" t'in plain I iinccionaníenfo Com o advento da tractocultura nos Estados as regiões devastadas pela guerra, calcando a m;- Unidos, veiu-lh,es a maior fartura das colheitas, e seria sob suas rodas e trazendo a bonança na todo o sôii corteio de boas consequências: baratea- charrua que elle tira. mento da vida no paiz. e no extrangeiro pelo que A introducção dos tractores agrícolas entre nós, BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA 281 é um assumpto que precisa ser versado com a maior attenção. delicadeza e carinho. Primeiro, por- que não os construimos; si o fizéssemos ssria, natu- ralmente, em accordo com a topographia e a na- tureza pliysica e míchanica do nosso solo, toma- dos em caracter regional, ou médio, .-^s machinas que por aqui surgem são confeccionadas no extran- geiro. quasi sempre attendendo ás necessidades agrícolas do paiz de procedência; a sua adaptação ás nossas condições existentes já constitue, por- tanto, um problema a resolver-se por meio de re- petid;os experiências e estudos. Ess; problema se complica, ainda, com a ques- tão do material combustível, mais fácil, pecunaria- mente. de obter-se no nosso paiz, sendo, entretanto, um dever de patriotismo fazermos uso do produ- cto nacional, embora um pouco mais oneroso que o extrangeiro. E' o caso da gazc-lina. Só a pode- remos ter, quando explorarmos .as nossas jazidas petrolíferas. Devemos, por isso. ensaiar, por em- quanto, com o alcG'ol. de font; brasileira. Quando captarmos as nossas numerosas e im- ctores, individualmente, quer das peças roteato- lias, deveriam ser aproveitadas nas modificações especiaes, para o Brasil, a introduzirem-se nos in- strumentos pelos seus fabricantes. Por ultimo, devido ao nosso meio rural um tanto refractário aos modernismos da agronomia scien- tifica, as demonstrações de trabalho dos tractores deveriam ser repetidas, frequenteinente, nas zo- nas agrícolas mais populosas do paiz, e procu- rando obter-se, nas mesmas, a presança do maior numero possível d; agricultores. E' esse um dos meios de convertel-os, deante da verdade, de tornar crentes os incrédulos, fa- zendo-os mais úteis á sua Pátria. E' esse programma, justamente, que se traçou e se propõe executar fielmente, — e quanto é grato annuncial-o, — a Superintendência do Ser- viço de Sementeiras, do Ministério da Agricultura, uma das recentes e falízes creações do operoso ministro Sr. Simões Lopes. Unindo incontinente o acto á palavra, a Supe- rintendência realizou, o anno passado, nesta ca- O Iniclor "IV. D," a o « C ^ ffi — - ^ Cí C 5Í-5 „ — — GC cc S* ^- — :::; c: ÇL, ^ ry^ [/: a_ r. j-. .— .= õ ^ ^ c c c 5 Pi 1- s = ^ '^ o < > o Si o H > n o o o z CC =0 _ ^T ^ IO _, o o c = -^ ~ ^ B 3 I 5 S °^ ::^ ^ -; 2 'í - 5-n = = ^ .. '•y- n ^ "^ — rí ^ Kl ^ í; C o Os o ss (/) M Kl 2^.» " ""= t= = 2 g g.i 2.3-^ :« S 5. si » «, <; =■ 3 S ~ ~ c 5r °' í í = - = ^ ^^ --= = S 2 r^ X ^ y^ -• .^ E-^j; = _ -i = < — -^ 3- 3 --C- r' 3 _:.— —■-/■. c c í^ o '^ o - X - •>; I c '■- - 1 . I • I - I — O O O M ai OBSERVAÇÕES i Cruzamento da lavra 1 ■ ^ " 1 2 "^ S o ■5 - = - T\ ir; «i- ! 1 _ ^ V c: -c c c: cc cõ Cl ■u cr; u 1 w 1 A 1 U ?■* - •^ N '" i5 —i' > "^ :: i"^ ^1 í " yz ■-V oc 1, — 1- Õ r-l -+ '" _ •^ - 'O u < i ^ , : 1 5 í t; .— < H "H c: c 'zT- '-^ 11 c3 c — Zj ;£ ^ w tp 1 t; cr O '0 /- r* "t: — ^ ■" ^ T ■/ y y. _^ V !/ "C ir,*^ r ~ C - C c- - ~ 1 N - " ^ '" "c c- ^ z s s ; 1 : ç j r r- r- '- c < c- 1 1 1 es;:: ic i £ £ ! s t. -j >-r e -v 5 C' " .se '^ ., o --J : « o t: "^ -c f O ca ■^ . "H . "C ~. (T. 'ij '. c *'"..':? = ■;'■'? K§|-=^:--|rS : j j ^ "3 o s C "w o .= ; C ij — 1 1 ^ D ■ — N r" [^ > '-^ 1 ' vn -~ — _ "= ^ Cl - gi " _ : „ £ if: 3 !; o !! ,— ; - — 2C !i.i y; c3 ij 1^ — tr.-- cz r; L. :; — O 1 I-: ~' > ^ " Cí «j -í H- 9 - l •J c' '■ ■sj E: 'à í "^ ~* = - õ D i i c - :^ y. ~' Z' y y. -^ — a c - ~ w :!, 1 'J-. — 1 , __ c — :z ,^_ ' _^_ 5! ^ Z- ~. > :' rr 2. i- "- -■ i > ^1 CL. „_ -O r- X ; -. O w" ~ r ^ s. _ — ' 5 — _ y 'T ^ — X > -1 o. a. í T =L •r n 0 ' w 1 1 ■f" ^I 3 -li ^ '^ - 2 4- 3 1 ri 1 CO ~ = 1 O a. j ST ■i I rr^ - : : - = =- Z í= 0 S K :.S.J í O 3 ■< B w L 5 2. ^ O • ^'^ yí ^ -^ O CO 11 -1 ^^""bI 2 o I - "^ ~ ^' -. n íí c -! ^ i C 3 li '1 > 1 • O " 3 'Q Oi 1 g| = r~ ^ ! w c ! 3 = s.ii? S EJ 2. IT ■/■•■" c: 1 :>; r: - ^ 1 i -5 ■^ ^ o o O o ^ r: '■s ;^ ii. B ;í 5 c i^ 1 n ts 2H|5-2 ! ri t/l ^ ^ CL o ' g ^ S 2. Cl ~-," 2 fí 2 tK o < > cn c 3 '^ r 00 C . .- C K S H 1 CD OC 1— o oc C-. Cl í= y: í o '— c: T'! C^l -+ iTl irt tC ^ '— ■^ « « 00 00 c^ !>■ •* CM '-' C c: C^ CC CL- C s o oco oc oo ifí r- o 0^ .= s ^ f 5 o oc 00 o o ií; o i^ O o h^ CO o z o c 5 5 C c y. CS z 3 > 58 > O o SS > O H O w C s ?2? 1 - ^ j 2 •D Kerozcne Gazolina Óleo — N Í2! - 0 3 B 3 -8 1 a. 0 1 tt 0 s y. X y. Ill y y- ^ -^ /- '/. y. :;i ^ ^o yi í o = 50 -5 5c — íc y. y> /. :3! --1 p -y:> A- ■4- y. 5c y. çc -y^ te 4- -y- — -- — 4- 4- i)» 4- iJ IC OC i^ 4- :r^ r; iJT n -■ 3 c 0 ■n ! ° H N 5s -.1 SC o 3C I ^ CC -" IC c/: -. r IC te ^fe ^ -IK C5 1 •4— 1 _ — 3 H w S s O- 1 &- w ra P. n i;^s = 2^5'^ ^ r^ ^ K -^- r-ã* 0 " 2 f-r ;::--: 03 xn — — ' ^ -• ^ ■"" ^ M ^ '^ ^' ^ ^ -: c' r "í i- c ■ ■_; N u 1 > ' ?- i' 5 ^ "^Ê. ÇÕES 'j; - c n ■y='^ ' 1 2 5? -"^ ~ — O l/l o c Ti 5 PI rs o 03 CO o O 3 > > o d Sn A LAVOURA 289 À orí»aiiização coiniiiereial dos productores ri()i»raii(loiise8 A estas horas, está já sendo subscripto o ca- pital com que funccionará no Rio Grande do Sul a Sociedade Mercantil Agro-Pastoril Rio Granden- se Limitada, incorporada por iniciativa do Dr. Jacintho Luiz Gom;s. Trata-se de uma iniciativa felicissima, que con- sta (U) .se,^'uintc' i|)rii.iectn. oriíanizado por esse in- l';iti;íav(.'l batalhaidor da priisiieridade gaúfha, e quí elle submettru a grande numero de agricul- tores e criadores, reprísentantes de quasi todos os municipios e associações ruraes riograndenses, por occasião das exposições de Porta Alegrs e Bagé, em Setembro e Outubro do anno passado: "Xão é meu intuito — diz o autor — tratar dos im])Oi'taintes assunijptos que constituem os pro- líraninias das diferentes Associações Ruiraes (io Estado; não pretciivdo me occmpar do ensino agri- eola, da defcza sanitária, do codi.ío rural, do re- gistro gciu'aliigii.-o e outras uiomeutosas ([uestõfs intimamente ligadas ao desenvolvinieutu da n!)s^a pecuária c da nossa agrit-ultura. O meu intuito é outro. E' despertar entre (>ó.s- (/ discussão (III necessidade da união coniniercial lias classes aijricola e past.jril e dos meios de bem nrijanizal-a . TckIos nós, criadores e agricultores, tral)alhamos r despendemos isoladamente jirocurando attingir sozinlhos os mossos pontos de vista. Xãn repara- mos que ao nosso lado outros ipTtvcuram o mesmo ponto de vista, fazendo os mesmo gastos de intel- ligen'cia e de idinheiro; chegados ao fim da mossa tarefa annual, cada um de nós ])rocu:ra collocar o seu jirodutito sem dependência do vizinho e na ignorância deste, e entregamos este p.roduclo ao ctmiprador sem nenhum coinhecimcnto da sua si- tuação nois mercados. (Jner dizer que, ipara eom- l>rarmos o que ;precisamos e para vendermos o que produzimos, estamos fora da veirdadcira e moderna orientação das clases, eíipecialmente as prodiirtoras de cada ipaiz. \ receivte guerra 'tornou mais viva a lucla jjela existência, e mais intensa a pressão dos paizes mais velhos, e pir assim dizer capitalistas, so- hre os 'paizes' mais Uiivos, ond? a riqueza ainda não está accnniula'da, mas onde os jiroductos da terra, especialmente de alimentação, são abundan- tes, .-ti/uelles prt;curam vidorizar a sua moeda, ilespalarizando a produri^ão destes. A nossa obri- gação é. 'portanto, defender o nosso iproducto con- tra os ataques 'á sua valorização ,feito-s pelo es- traingeiro que delle precisa. Devemos crear um .justo entendimento entre productores e comprado- res ((ue garantam os .justos lucros para cada par- te, e evitar ma 'me'di'da do ipossivel a tyrannia o conhecimento e as relações entre lodos — ' descrd'rindo as aptidões onde ellas estivessem e criando a confiança r/iie seria o cimento dos fu- turos emprehendimentos e du t.irandeza dos pro- ductores e, portanto, do Rio Grande. Para isso, o bureau se encnrre.garia: a) — de coUecciouar, rcgistrai.i:lo-as e catalo- gando-as. as deseriqjções de todas as propriedades do Rio Grande, fornecidas pelos seus proprietários, com a indicação de todas as suas aptidões, exten- são, utilização presente, etc, de modo a ficar o 200 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA eMTÍI)t(iri.) hal)ilit;uln a [íroUn- em qualíliicr nxi- iiicnto e a qualiliH'1' inlercssadii as iiif(iniia(;oe.s iu'1'essarias para uma transacc;ãii ou imi (.'jniirc- liundimeiíto. /)) — refeber ik" loilas as paites (li> iiuiiidn, di- roctameiíte ou por via official. iiiforuiaçdcs dos niercados dos .prnduri >s qiic' nus iiiteressain c toi-- ncfiT nuMisainu-nk' um l)oleiÍTii com todos is da- dos que devem interessai- aos productorcs, com a^preciaçõcis e conselhos [iraticos. (■) — íazcT 'Unia estatística cada \ez mais |)er- feita do gado de cria e d > gado in\ei-na;io. de m i- do q>uc se possa ler sempre uma base segura não só para o ^prcço kIo gado de desfrncte, como para o calculo de transfoirmaçã i e \alorização d >s re- banhos. Mesma fo'Usa em relação a todos os ipro- ductOis, luão só de (;rigcm animal, comi \egctal. citor. (/) — estudar, por intermédio dos seus tecliiii- seniipre com o (:i1ijclIí\ o de liem orientar o produ- cos, a organização da eni|)reza de seguros i)ara auimaes - da emi>reza de beíuefieia-mento de cou- ros e lãs, dos dt'|)ositos c warralageni dos produ- ctos — e da organização das caixas ruraes, cu.jo funccionamcnto lacililará em mouu'nt:i opuortu- mi a fundação d i Barco liural. c) — facilitar ao estaiicieini todas as inslalla- çõcs que desejar em sua estancia, sempre iior in- termédio dos seus teflmicos, q-ue irão as estancias estudar condições locaes, fazer orçamentos, ctc. f] — organizar compras em commum, c:imo as de arame, etc, ÍD — fazer-se iulermcdiari i entre os estaucieiros c os grandes Bancos, as grandes casas comnierciaes e importadoras. yi I — emfim. praticar todos os actos coinmer- eiacs que facilitem ao estancieiro a sua vida de trabalho, iproduzindo o maxinio resultado com o menor esforço. " Enviado este projecto á Sociedade Nacional de .^.sricultura, foi nomeada um.i comniissãa para dar |)arecer. concluindo cila iior applaudir e encarecer a idéa propugnada pelo Dr. Jacintho Luiz Gomss. Como dissemos, o parecer foi, a seu turno, una- nimemente approvado pela Directoria da Socieda- de, cujo presidente. Dr. .Miguel Calmon, dirigiu ao auctor o seguinte officio: "Bio de .laneiro. :M\ de .iuubo de i;)21. — Exmo. Sr. Dr. dacintibo ("mmes. — Porto Alegre. — Temos o prazer de transmittir a V. Ex., com as nossas vivas congratulações, a cópia do parecer da commissão jionieada ])or esta Sociedade para estu- dar o pTO.jecio que \'. Ex. se dignou submettcr á nossa aipreciação. .\o commiii li.-armos a \' , l^x . <|(ie o referido pa- i-ece.' foi unaninuineiitc approvado por esta Di- lecloria. cunpre-n is declara r-lhe que a Socieda- de Xaeinnal de .\gricullura está certa de que o pi-oblema que ie õe jiara o Kio G'raiidc do Sul é semelbaute ao que se verifica nos demais Estados em relação aos prií-.cipaes géneros de sua ,prod'U- cção. sen. lo, na maioria das vezes, como \'. Ex . bem assignala. a liesvalorização dos iprodiuotos na- cici.iaes causada ,i)ela existência de múltiplos ven- dedores, ■-cm avCÒrdo euti'c si. em iface de poucos comiradores, qiiasi seni|)re combinados. Estamos, eaitretaaito, convencidos de que. para ceilos ca.s(vs, teremos que estabelece-r aceôrílos en- tre ;proid'Uclores de vários Estados, e a Sociedade .Nacional de .\gricultura scMitir-se-á ufana de jj-ro- mover a realização dos mesmos, como .iã teve. aliás, op|)ortuuiilade de fazer por occasião da ul- tima conferencia assucareira. Forniulando os mais ardemtes votos jjara que, em ca'resentamos a V. Ex. os nossos protes- tos de coitlial estima e elevada consideração. — fassignado) .1/. Ciilnmn. Presidente da Sociedade Xacional de L\gricultuTa . " Os couros brasileiros nos Estados -Unidos Uma salutar advertência ao governo e aos productores O Dr. Hélio Lobo. qu-, como c.insul geral do Brasil em Nova York, tem, innegavelmente, o alto senso das nossas conveniências económicas, re- metteu ultimamente ao Ministério das Relações Ex- teriores um importante memoramdum. que, a seu pedido, lhe apresentou a Pan .American Hide Co. daquHla cidade, e que achamos do maior interesse transplantar para as nossas columnas. na tradu- cção portugueza : "O Brasil, paiz onde a industria pastoril tem sempre progredido, é hoje um dos campos mais importantes para a creação e matança de gado. O praducto aproveitav;! mais importante que fica da matança do gado, é o couro. Os couros dividem-se em tr:s classes: Salgados verdes — Salgados seccos — Seccos ■espichados. Os couros salgados verdes são preparados nos frigorificas, matadouros, xarquaadas e campos. Quanto ao manejo, tiragem, preparo e salga- dura dos couros, o trabalho dos frigoriíicos é dentre todos o melhor; de facto, esta classe de couros é quasi igual aos couros de frigorificos da Argentina, os quaes são considerados como os mais bem cuidados do mundo. Os couros de matadouros não são geralmen- t'.' bem tirados, nem cuidados como devem. A razão principal é que íoaos os ifiatadouros no Brasil estão sob a direcção municipal e, por essa razão, os marchantes não se impor:am de cortar o couro como convém; o que não fariam, se se tratasse de firmas particulares. Por exemplo: os couros vindos do matadouro do Rio de Janeiro são conhecidos como tendo mais cortes e marcas de faca, do que quaesquer ou- tros couros vindos de cidades importantes de ou- tros paizes. Esses cortes no couro o desvalorizam muito, como bem se pôde imaginar, e essa falta pode- ria ser eliminada em grande parte pelo treinamento dos operários que fazem esse trabalho, e por um systema de multas sobre obra imperfeita e pré- mios á perfeita. E" um facto bem conhecido que os couros ti- rados em outr:s matadouros no Brasil, taes como S. Paulo. Bahia, Pernambuco, Curityba, Porto Ale- gre, etc, são mais bem cuidados do que os cou- ros do Rio de Janeiro, embora melhoramentos con- sideráveis se pudessem fazer nessas localidades, não somente quanto a remoção, mas também quan- to ao preparo. Os couros de xarqueada variaiu muito. Em a!- A LAVOURA 29 ; guns dos estabelecimentos, principalmente no Es- tado do Rio Grande do Sul, os couros são per- feitamente tirados, bem curados e salgad'3s com sal limpo e essas xarqusadas obtêm bons preços para seus produ:tos. Entretano, algumas das xar- queadas, particularmente nos Estados de Minas Geraes e R'3 de Janeiro, produzem couros muito mal tirados, os quaes. sm alguns casas, nem igua- lam os couros de matadouro. Os couros de campos não offerecem grande im- portância: as quantidades são pequenas e elles são geralm.mle comprados pelos curtidores locaes. Os couros salgados brasihiros são tão abun- dantes, que a industria brasileira de cortume, a qual se vae desenvolvendo gradativamente, pôde usar uma pequena porcentagem apenas da produ- cção. Portanto, o Brasil deve exportar o excesso de seus couros e, assim fazendo, deve enfrentar a concorrência de outros paizes exportadores, taes corno .Argentina, Uruguay, Paraguay, etc. Neste ponto, o Brasil soffre grandes desvanta- gens, não somente devido ao factj de que seus matadouros e algumas de suas xarqueadas são mal montados, como ainda mais, por causa de de- feitos muito sérios na parte externa e interna do couro. No Brasil, mais do que em outro qual- quer paiz, o gado soffre dos ataques de insectos que causam damno mais ou m;nos grave ao cou- ro. Os prodU'C,:os do Brasil geralmente trazem marcas de carrapatos. Essas marcas deixam seus signaes na parte lisa dos couros e reduzem o seu valor. Nos Estados do Rio de Janeiro, Minas Geraes, S. Paulo, Goyaz, Matto Grosso, também em parte dos Estados da Bahia. Espirito Santo e Paraná, o gado soffre grandemente com o berne, que dam- nifica muito os couros. Esse insecto põe seus ovos geralmente nas costas do animal, desenvol- vendo-se ahi em vermes. Esses vermes atravessam os couros, deixando buracos, algumas vezes ás dúzias, e em outros casos infeccionam o couro, de modo que grandes protuberâncias se formam nas costas do animal. Essas protuberâncias são duras e aquella parte do couro por ellas attin- gida não pôde ser devidamente curtida, >occasianan- do assim grande defeito. Devido a isto os couros biehados perdem consi- deravelmente o valor. Não é de mais recommen- dar ao governo brasileiro que tome serias provi- dencias, afim de procurar combater esses insectos, certo de que a valorização dos couros e tambt-m da carne pagaria com lucro, em curto tempo, as despezas e esforços empregados na eliminação de taes inconvenientes. Os couros salgados verdes e seccos espicfiados não são tão abundantes no Brasil, como os sal- gados verdes. A maior produccão dsUes vem dos Estados do Rio Grande do Sul, Matto Grosso, Goyaz, Minas Geraes. Bahia; também, uma quantidade limitada procede dos Estados de Norte: Ceará, Rio Grande do Norte e Pará. O; couros brasileiros seccas espichados e salgados seccos têm boa proeura nos Estados estrangeiros, porque são geralmente bem cuidados e seccos; os principaes defeitos são as marcas; e a não ser que os couros sejam bem envenenados, tornam-se verdadeiros ninhos de ver- mes. Os que extrahem esses couros no interior do Brasil têm observado que é de vantagem o en- venenamento s, devido a isso. couros estragados não são tão abundantes hoje, como nos annos an- teriores. O Brasil, com seus vastos e férteis pastos, está em condições de ser o paiz mais importan- te do mundo na industria pastoril, mas, antes de o ser, ha muita cousa a fazer, não somente na melhoria da raça do gado, mas também no sen- tido íe acabar por completo com a praga dos in- seetos. tão com.mum hcje e que tanto estrago fa- zem. Antes da guerra, os couros salgados brasilei- ros eram exportados principalmente para a Euro- ,pa. mas, durante a guerra, uma grande quanti- dade de couros foi com.prada pelos Estados Uni- dos, por causa da escassez de matéria prima nes- le paiz. .Agora, que melhores qualidades de couros po- dem ser obtidas de outros logares. os couros do Brasi' não tem procura aqui. excepto a preço mui- to reduzido, comparado com de outros paizes. E' também um facto que a maioria das casas de cortume não podem usar o couro brasileiro de- vido a sua qualidade inferior, e, a não ser que se melhore muito essa qualidade, será difficil encon- trar-s; bomi preço para esse produoio." rinlustriíi Xiií-idiial «lo Nitintos Os I)rs. Mário Beriiartliiin de C.impíis c Lourenço Cri-aiKito apresentaram ha imucci ao Con.iíresso Le- .^islativo de S. Paulo um pedido di' concessão para a installação de grandes fornos eléctricos, destina- dos ao aproveitamento do azoto atniospherico na fal)ricação de nitratos utilíssimos á a.tíricultura e indispensáveis á defesa nacional. (líuuo é sabido, são os nitratos os adubos de maior valor na agricultura, tanto (|ne da sua appli- cac.io racional dependerá não só o aiigniento dn Ijrodncção dos nossos cafezaes. mas bem assim a '■eL'(i]istituição das velhas fazendas que se acham (|uasi abandonadas cm vista de sua escassa produ- ccão. Pensam os Drs. r.ani])os e dranato api'ovuitar a força hydrauliea c a energia eléctrica de uma par- te da faixa do paupérrimo littoral norte de São Pnnlo para a fabricação desses nitratos c de al- guns de seus derivados, mtilizando-se parte da energia disponí\'el pai-a a itistallação de salinas, em qiio serão emjiregados noxits píitcessos tlc fabri- cação. .\ yrande guerra fomentou a iinnort.-i"*- impisti-ia da fabricação dos nitratos extrahidos do ar atmo- spherico. industria que está tomaiulo vulto nos prin- ei])aes raizes do mundo, l" assim <|ue vemos a .\l- leman^a favorecer ^' ninlti"Iicar de ^--do mo^'* as usinas destinadas A i-roducção d" nitratos, em parle liii pouco destruídas, c os Estados l'niilos votareu) para isso a verba de cem milhões de dol- lares. ou se.ia cerca de 750 mil contos, cmquanto que a pequena Noruega, que já tem mais de seis- centos mil cavallos-vapor de força hydrauliea anro- veitados para esse fim. vae-se tornando, de paiz p<]l)rc, num grande centro industrial, com o empre- go desse processo. Nosso Café ii.i ,\lleiiianlia Por interme-lii do ^finisterio das Relações Exte- riores, o nosso governo foi informado de que a .\llcmanha vae fixar em KiU marcos os direitos por Kin kilos de café importado. Era pensamento do governo allemão elevar esses direitos de 130 para 200 marcos p(H- 100 kilos. De- virio. norcm. á intervenção da nossa chancellaria e tamijem. certamente, aos esforços dos próprios importadores, o augmento foi apenas de ."iO marcos, em vez dos 70 iji-oiertados. O governo brasileiro trabalha, entretanto, para que a reducção se.ja ainda maior. 292 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA A lavoura do algodão no Brasil fl conferencia do Sr. flrno Pearse em S. Paulo TiviMiios eiisu.jci ilc inserir "in extenso" em nosso mniiei-o passado a conlei-eiieia proferida i)elo Sr. An}!> A. I'earse na Soeiedade Naeional de Afírifultu- ra; ho.je estampamos n'" .\ Lavoura" a importante coiiferciiL-la que realisou o illustre chefe da missão algodoeira na capital de S. I*aulo, em 17 de Maio. a convite da Soicedade lUiral Brasileira. Eií-a. na inte!,M'a: Convidado |)ela Sociedade Hural I5rasiL'ira para f.i/er esta conferencia sobre as impressões colhi- das na excursão que acabamos de realizar i)elas cnl- luras de alsçodão de vosso Estado, hesitei um pon- co, |)rimeiro, porque não estou ainda familiarizado toj.i a lin.Líua portu.^ueza. depois, pcn-cpie não tive tempo para escrever nni relatório em re.iíra a res- peito da excursão interessantíssima que acabamos de fazer. Em todo caso. preciso começar affirniando que estamos mara\ illiados, eu e os meus compa- nheiros, com a fertilidade das terras deste Estadi>. com a Índole labcniosa e emprchendedora do seu p.;vo. Estamos impressionados não só com a cnl- iura, como tamheiu com a industria do alsíodão. !■"' jjeiía que os .:,'randes centros indnstriaes dos paizes estranseiros ainda não c(mhecam bem a ca- pacidade ])roductora deste .líraiule Estado, assim como a ma.unifica maleria pi-inia que pode fmaie- ecr ás suas fabricas. Embora este.ja assim maravilhado com a pn- iança da cultura, acho que cumprirei um dever de bom amigo fazendo alsíumas observações a respeito da organização dessa cultura e do tratamentodem dar fios até o numero 3(5. Estas observações são da maior importância ji.ira o futuro de São Paulo mi cultura algodoeira. Vni povo <|ne possue essa riqueza não pode des- prezal-a, não pode e não deve desanimar diante de algumas difficnldades removíveis que se apre- sentem para embaraçar tcmpin'ariamente a acção dos plantador"es. Pelo ([ue (d)ser\ei lut minha ex- cursã deseio sincero de ser útil a este i)ovo tão em- ^"-'^^ destinadas a demonstrar as vanta.gens de uma piehendedor e hospitaleiro me obri.ga a usar de cuH.ura feita debaixo de todas as regras, mediante í-anqueza e a dizer qu» são muito brilhantes as processos que assegurassem o maior lucro com a me- sua- esperanças nesta cultura, mas ha aqui muitas ""- despíza. Comprehende-se bjm que uma or.ga- falhas na exploração que devem ser sanadas sem de- nizaçao destas seria uma excellent- propaganda inora Ha uma serie de medidas que se impõem l"'ira a culturc. do algodão. Os lavradores de cada para a perfeita organisação da cultura e tratamento /"na que fossem veriticar os proeessos r os lucros d.i fibra. Se S.Paiilo quer tirar o partido que por di- seriam outros tantos plantadores^ de algodão a leifo lhe compete como grande productor de ai- enriquecer a ec.momia do Estado Por sua vez, os di- godão na próxima c auspiciosa opportuniílade que rectores officiaes encarre.gados de cada uma dessas o mundo breve vae offerecer — é essencial -""^ ministrar gratuitamente todas as lustrucçoes turi e'n bases solidas necessárias sobre in-ocessos culturaes, combate as 'i'--'a importante' queEtão da semente — Fazen- p.'a.gas. beneficio, etc, residir no cstabele:'imenío. dr.r, de femrntrs — Esta é a base de tudo. Sem uma (:izcr elles próprios os trabalhos de sei -eçao e so ri,;orosa or.gaiiisação que garanta a pureza da se- seriam mantidos emquanto bem servissem, mente, é iin])ossi\el uma exploração de grandes Xão falei aqui dos campos do experimentação e duradouros resultados. O algodão é uma malva- pinpriamcnte ditos. Estes institutos devem ser of- cea muito su.jeita a variar e degenerar. E' essen- fieiaes. como os de Piracicaba e CamiJinas. ,\ estes ciai um esforço constante e systematico para ass.'- compete ex|jerimentar as variedades novas, aeclima- guvar as boas sementes para as plantações. Isto tal-as, estudar bem as suas vantagens para depois depende de uma organização muito disciplinada. entregar ás fazendas as sementes para f|iie estas Se abandonarmos a questão da semente, a cultura desenvolvam a cultura, selerciímcin e forneçam as cnliará numa phase desordenada, a miscellanea das ves|)ectivas sementes ao publico. Infelizmente. .-,0- variedades desvalorisará completamente a fibra pro- l,]-t. todos estes assumptos notei ijoueos trabalhos duzida 110 Estado. Xão conseguiremos fibra longa, nos estabelecimentos officiaes de Campinas e Pira- sedosa. resistente. Tudo se transformará num la- cicaba. Nesta escola ha só 1 1|2 alqueire destinado inentavel mistiforio de producção de todas as va- ao algodão, e além disso o processo de selecção nãii liantes de fibras. Para assegurar a pureza da se- existe. Na bibliotheea da escola apenas^ encontr.'i loeiíte, devemos |)eiisar na fundação de "fazendas ,', obras sobre algouão e todas antigas._ E assijn os de senien';es", destinadas a esse fim superior e es- estudantes da escola não têm á sua disposição os ix-cial. Quem organisará essas fazendas — o Es- trabalhos mais recentes sobre o algodão, quer na- tado ou os iiarticulares ? E' uma questão a resolver. cionaes, quer estrangeiros. En não não posso dar minha o|)inião pessoal a esse \'imos um bom trabalho do Sr. professor Carlos respeito. Mas ouvi opiniões de brasileiros comiie- 'li-ixeira Mendes sobre a estcrilisação do caroço de tentes no assumpto. Essas opiniões, porém. di\er- algodão exposto ao sol com arèa e carvão. Em seu gem. .\Iguns nensam que essas fazendas deviam coniuncto e organização, a Escola de Piracicaba é njn ser orgaiiisadas e mantidas pelo próprio Estado. estabelecimento que honra muito ao Estado de São I^so evitaria a ganância de grandes lucros e as Paulo e poderá prestar grande serviço á cultura al- mais lamentáveis fraudes, vendendo-se conni selec- gorioeira. uma \ez que se.jam in-ganizados Ixms cam- cioradas sementes ordinárias e provenientes de pos de exiierimentação. pontos diversos desconhecidos, como consta que .já II Defez-i contra as pragas — Esta or.ganização e tem acontecido essencial. Mas. em grande parte, ella devo competir Outros entendem que a acção do governo é falha. ao Est.^do. que tsm os meios coereiti\(is necessários, lem o grande mal da falta de ccmtinuidade e esta .\|ém disso o governo deve facilitar por preços" muito é essencial rara se manter uma rigorosa disciplina módicos o fornecimento de insecticidas, e propa.gar na selecção e no fornecimento de sementes puras. o^ machinismos e processos mais aperfeiçoa- hizem- "hoje ha um governo cpie cuida, amanhã dos para a anplicação nas plantações. Cla- ctiiro que se desinteressa". ro é (|ue o governo deverá ter uma orga- Scja como fôr, isto é. a fazenda de sementes or- niração muito completa iiara o estudo das pra.gas. organizada e mantida pelo governo ou por em- de modo a fornecer aos interessados instrucções lireza iwrticular fiscalizada, o que parece fora de e providencias immediatas. .\ este propósito não LOU- BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA jKisso dci\;ir cif incncioiKir ;iiiiii uni (.'iitdiiKiloHista (Ic nuiitd -laldi- que possiK- n Jístadci, d Sr. MaiiDcl Lopes de Olixeira Fillio. ineii coiiipanlieird de ex- cursão, cuja ccmipetencia e \erdacleii-ii anioi' ao as- sumpto muito me impressionaram. Uma das pra.ijas anchadas. misturadas com folhas, detrictos diver- sos, fibras mortas. A falta de cuidado nas colheitas. es!i;,,ga assim um producto de iirimeira ordem. Na- turalmente m"io \i isto em Iodas as fazendas, mas observei em diversas. E' fácil calcular a differenva entre fibras puras e fibras manchadas e misturadas cem impurezas de toda a sorte. Os industriaes não têm feito vider bem ainda esta differenc,;!. Mas seria de toda a vantagem que estabelecessem ver- dadeiro ijremio para os productos bem limpos, li- vres de impurezas. A este propósito lembro uma iiléa (|ue piiderá dar os melhores resultados: a criação de mercados officiaes em cada município algodoeiro, com uma boa e simples or.ganisação. regulamento. cotac;õcs diárias de todas 'is praças, para esclarecer os inte- ressados. Esses mercados poderiam funccionar uma ou duas vezes por semana. Para ali levariam os plantadores os seus productos que seriam classi- ticados e expostos á venda, obtendo naturalmente bons jirccos. Mas, o fim superior seria ]u-aticaniente a vantagem de melhorar o preparo do algodão para assegurar assim os melhores preços no mercado. Isso renresentarfa um passo importante para a clas- sificação do algodão do Estado na Bolsa de Merca- do! ias. Nestes mercareniios para eslinnilar os agricultores, não só em dinheiro, como em pequenos desearoçadores i)ara os que tem poucos recursos para compral-os. Outro ponto importante está em mão apanhar o algodão emquanto está humedecido pelo orvalho ou pelas chuvas. A humidade estraga muito as fibras Mas, a exposição demasiada ao s(d também é pre.ju- diciaL .Abertas as maçãs, não se deverá deixal-as mais de três dias expostas ao sol que estraga a fi- bra. Todos sabem como é afamado o algodão do E.gypto. Um dos segredos está no esmero com que são feitas as colheitas. O apanhador tira até com n bocca as .'mpurezas da fibra de modo roposito basta lembrar a des|)esa que faz um fardo do Noi'te até S. Paulo, para ver a van- tagem de não mais importar al.godão para as suas fabricas. Tudo de|)ende sómiMite de melhoror os lirocessiis. A resjjeito de tr'anspoi-te. eu i)ediria permissão para [londerar que parecem muito elevados os fretes |)ara o algodão, tratando-se de uma cultura que deve sei" animaíla por tftdos os iueit)s para facilitar a sua expansão. Principalmente as zonas extremas são nuiito \ictimacias [lelos fretes, .Asim é que de Biriguy a S. Paulo o algodão paga 70$79() por tonelada em caroço e r21í;23n por tonelada em felpa. Sobretudo seria conveniente organisar uma tarifa muito fa- vorável para o algodão limpo enfardado, em fibra, e assim estimular a apanhação limpa. Diante de tudo ipianto tenho observado, diante do progresso extraordinário da capital e do inte- rior, onde por toda a ijarte se encontram as ma- nifestações de uma civilização superior, diante de um apparelhamento geral tão grande c com- pleto para i)roduzir e enriquecer, diante dos ele- mentos económicos notáveis que possue este Es- tado assombrosamente rico, permittani-me dizer que os paulistas não terão cumprido o seu alto ilever perante o mundo, se não introduzirem refor- mas iiraticas cpie venham leiumidr ii posivão econó- mica dr lodo o piiiz até agora baseada quasi ex- clusivamente na sua grande producção de café. Não me cabe demonstrar as vantagens da poly- cultura a um povo tão emprehendedor. Mas, lem- iiro que o algodão, com rotação de culturas, é um dus mais ricos elementos da polycultura. Hegularmente. ])erante os bons princijjios agro- nómicos, o algodão deve fazer a rotação com as luincipaes plantas de alimentação: fei.jão, milho, canna, alfafa e outros. Desta forma, sendo um bom elemento na rotação de culturas úteis — o algodão seria uma car()ça- ineiito; (■ |)()SSo .tíai'aiiti] -lhes (|ue da apiilicaeão destas me- didas resultará o enrequecimento da lavoura, pelo au.i;nn-"nto da producção, e os melhores preços se- rão obtidos |)el<) nl.iíodão; de outro lado. o gover- no será recompensado "a juros d.- usurário", da^ pequenas importâncias despendidas com a cxecu- eão desse plano. i)or(pie todas ellas darão i-i'ndas directas e grandes; a nnica (jue iioderia onerar os cofres públicos seria a defeza contra as pragas, assim mesmo, perfeitamente indeninisada i)elos benefícios que produzirá. .\proveito a occasião l)ara agradecer ;(o Kxuui. Sr. presidente do Estado e ao seu digno seei'etario da Agricultura. t> acolhimento gene -(imi (pie l(>m (li;s])ensado á missão algodoeira. Cumiiro tambjni o dever de agradecer muito ;io jjovo iiaulista as ])rovas de fidalga hospitalidade (Uie nos dispensou |)or toda jjarte da nossa excursão, nos differen- tes estabelecimentos, nas ijrefeituras e mais re|iar- tiç(')es officiaes. Devo salientar também o vccoiihe- cimenlo aos dignos representantes do .Ministério da .\griciiltura. especialmente ao Sr. Ií(d)ertn l!o- drigues. que tem sido infatigável, como excellente companheiro, na sua (pialidade de ius|)eetor fede- ral, em toda a nossa excursão. Finalmente agra- deço sinceramente a todos os senhores (pie me hou- raram com a sua presença nesta conferencia." A Sociedade Nacional de Agricultura e a Producção Nacional Pelo Sr. Presidente da Sociedade Nacional de .\gricultura foram feitas, entre outras, as seguin- tes communicações e representações: "DEFEZA PERMANENTE DO CAFÉ. — Exmo. Sr. Dr. Epitacio Pessoa, M. D. Presidente da Republica: Temos a honra de apresentar a V. Ex. as eí- fusivas congratulações da Sociedade Nacional de Agricultura pela brilhante mensagem que V. Ex. acaba de enviar ao Congresso Nacional reclaman- do do mesmo a votação de medidas de amparo e defeza permanente do café, das quaes advirão, certamente, os maiores proventos para a economia nacional. Permitta-nos, entretanto, Exmo. Sr., que, ao ma- nifestarmos os' nossos ardentes applausos a V. Ex. por tão patriótica iniciativa, declaremos seria do maior alcance para o paiz, a adopção de idênticas medidas de protecçãc a outros importantes produ- ctos nacionaes ora desvalorizados. Bem sabemos nós que a extensão dessas pro- videncias aos demais factores ponderáveis da nos- sa riqueza económica, não é possivel realizar de prompto, dadas as condições financeiras da Nação. Sem embargo, permitimo-nos a liberdade de. es- posando as idéas sabias do Sr. Affonso Vizeu, lançadas em brilhante e recente discurso pronun- ciado no seio da Associação Commercial do Rio de Janeiro, affirmar a V. Ex. a nossa convicção de que seria de summa conveniência a creação, no Banco do BrasU. de uma carteira de credito agrí- cola, á semelhança da de redescontos, regulamenta- da de sorte que a lavoura nacional podesse haurir Submettendo ao esclarecido espirito de V. Ex. esse alvitre, que tão de perto interessa á classe que esta Sociedade se ufana de representar, esoe- ramos que V. Ex. nos honrará com favorável acolhimento, pelo que, antecipadamente, hypothe- camos a nossa profunda gratidão. Queira V. Ex. acc;itar os protestos de nossa mui subida consideração." ESTUDO DE FIBRAS NACIONAES. — Exmo. Sr. Dr. Ildefonso Simões Lopes. DD. Ministro da Agricultura, Industria e Commercio: Em obediência ao voto unanimemente approvado na ultima reunião desta Directoria, por proposta do nosso prezado consócio, Dr. Luiz Felipp; Sam- paio Vianna, temos a honra de apresentar a V. Ex. as nossas congratulações pelo excellente serviço que prestou á Nação, mandando estudar na Eu- ropa o aproveitamento industrial das fibras nacio- naes de cuja patriótica iniciativa resultados fla- grantes nos foram transmittidos, nessa occasião, p:!o Sr. José Raynal, em bòa hora encarregado por V. Ex. de tão importante missão. Manifestando a V. Ex. esse voto, esperamos que tão felizes esforços terão a conveniente pro- secucão. de modo que, a breve trecho, esteja insti- tuída, sobre alicerces firmes, essa nova e rendosa industria, e, assim, se aproveite uma importante riqueza nacional, cuja exploração esta Socie- dade de ha muito tempo vem aconselhando. Queira V. Ex. acceitar os protestos de nossa mui subida estima e elevada consideração." IMPORTAÇÃO DE ANIMAES REPRODUCTO- RES. — Exmo. Sr. Dr. Homero Baptista, DD. Ministro da Fazenda: A 1'nião dos Criadores do Rio Grande do Sul. fundada em 1913 com a organização de sy-ndicaro agrícola, na conformidade do decreto n. 979, de (5 de Janeiro de 1903, com sede em Porto Alegre, tem entre os mais importantes dos seus intuitos facilitar aos profissionaes da industria pastoril, naquelle Estado, a acquisição de reproductores es- trangeiros e de tudo quanto possa ser útil ao aper- feiçoamento das suas industrias. Em execução de seu programma, a referida insti- tuição tem attendido aos pedidos de associados e importado, varias vezes, animaes reproductores es- colhidos para o me'.'horamento das raças indígenas e a constituição de rebanhos seleccionados. Assim é que. no anno passado, adquiriu na In- glaterra os seguintes animais reproductores que, embarcados em Liverpool, no vapor inglez "Miiril- lo", chegaram ao porto do Rio Grande em 19 de Setembro: 7 touros Devon, Holstein e Shorthern, 2 porcos de raça Berkshire e Yorkeshire e um.a ovelha Suffok. 296 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA Em 21 d- Setembro de 1920 foram os duos animaes despachados na Alfandega do Rio Granne peb Intsndinta Municipal Dr. Alfredo S. do Nas- cimento, a psdido da União d3s Criadores. Sabenda, porim,, que o Inspe;tor daquella Alfan- dega, por excesso de zelo e sem duvida por má interpretação das disposições lagaas em vigor, exi- giu o pagamento ou deposito de direitos pela in- troducçào dos ditos animars, como consta do do- cumento junto, a União dos Criadores, svirpre- hendida com semelhante exigência, tanto mais que em encjmmendas anteriores não teve da fazer tal deposito, acaha de dirigir-se a esta Sociedade, pe- dindo providencias a respeito. A Sociedade Nacional de Agricultura, acudindo ao appello que recebeu, vem solicitar ds V. Ex. a expedição de ordem á Alfandega do Rio Grande do Sul, não só para que seja restituída á União das Criadores, em Por:o .Alegre, ou ao seu re- presentante, Dr. .Alfredo S. do Nascimento, in- tendente Municipal do Rio Grande, a importância indevidamente recolhida, camo também no sen- tido de Cessar de futuro a cobrança de direitos de introducção de animaes reproductores "ex-vi" do artigo 4" § 31 da lei orçamentaria em vigor. Va'ho-me do ensejo para reiterar a V. Ex., Sr. Ministro, os meus protest;s de alta estima e dis- tincta consideração." "Sr. Presidente da União dos Criadores do R C. do Sul — Porto .Alegre — Rio Grande do Sul. — Temos a honra de levar ao conhecimento dessa illustre Direc.oria que, attendendo ao ap- pello que nos dirigiu o nosso mui presado amigo C;l. De!phim Riet, digno vice-Presidente dessa prestigiosa co-irmã, transmittimos ao Exmo. Sr Ministro da Fazenda a representação, cuja copia annexamas á presente, reclamando providencias no sentido de cessarem as descabidas exigências da .Alfandega do Ria Grande do Sul em relação á in- troducção de animais reproductores. Convencidos de que as nossas ponderações me- recerão do illustre titular daquella pasta o melhor acolhimento, c:mpromettemo-nos a dar a essa Di- rectoria immediato conhecimtnto de sua resolução. Vale.Tio-nos da opportunidade para apresentar a V. Ex. CS protestos de nossa subida considera- ção. " "SALÁRIOS AGRÍCOLAS. — Exmo. Sr. Dr. Chrisant.3 de Britto: Aten.iendo a que aca;ba de ser aipresentado ao Congresso Federal um projecto autorizando a creação de um Conselho dos Salários .Agrícolas, em que se estabelecem medidas que profunda- mente interessam á lavoura nacional, resolveu esta Directaria nomear V. Ex. e os Srs. Drs. João Cabral e Leopoldo Teixeira Leite, para examina- rem, em cammissâo, o alludido projecto e habilita- rem, assim, esta Sociedade a se manifestar so- bre tão palpitante assumpto. .Iun:o encontrará V. Ex. copia da projecto em questão para seu i.mmediato conhecimento. Esperando mais uma vez o efficiente cancurso de suas luz;s, agradecemos de antemão esse bom serviço, renovando os protestes de nossa mui cor- dial estima e subida consideração." O MAL DOS CAFEZAES PARAHYBANOS. -- Exmo. Sr. Dr. Ildefo.nso Simões Lopes, DD. Mi- nistra da Agricultura, Industria e Commercio: A Sociedade Nacional de Agricultura attenden- do ao appello que lhe dirigiram agricultores seus associados, residentes no Estado do Ceará, vem, com vivo empenho, solicitar de V. Ex. a bon- dade de mandar tornar extensivo aos demais Es- tados productores de café, e principalmente ao Ceará, a prohibição da exportação de mudas e sementes daquella planta, provenientes do Estado da Parahyba, onde um terrível mal ataca, actual- mente, os cafeeiros. Esta medida é necessária e urgente, relativa- mente ao Estado do Ceará e aos do Norte, pois, .sendo Estados ligados por uma estrada de roda- gem e limitrophes, o commercio, entre elles, se faz livremente, sem nenhuma restricção, o que po- derá acarreiar grande prejuízo para a lavaura de café daquelle Estado, se se propagar o mal que se receia seja trazido. Na certeza de que V. Ex., com a costumada solicitude, acautelará os interesses daquelles nos- sos consócios, apresentamos, d; antemão, os nos- sos agradecimentos, de envolta com os protestos de elevada estima e mui disiíncta consideração." "O PÃO MIXTO BRASILEIRO. — Exmo. Sr. Dr. Luiz de Souza Dentas, DD. Embaixador do Brasil em Roma. — Itália: \ Sociedade Nacional de Agricultura, qU'e vie-m acompanhando com o maior interesse e os melho- res applausos a patriótica campanha em que V. Ex. se tem empenhada no intuito de demonstrar a alta canveniincia económica, e até social, de se adoptar o uso da farinha de mandioca para, de mistura com o trigo, produzir-se um pão sadio, saboroso e eccnomico; e está sinceramente impressionada com o facto de vivermos na effectiva dependência do :strangeiro, no que respeita ao trigo e á fa- rinha, suja iirpartação, de 4S.0C0 contos de réis, em 1901, ultrapassa, actualmente, de réis 221 .00:):OOC.-Onj, com tendência accentuada a su- bir; resoheu promover activa propaganda, visando solucionar, praticamente, esse magno problema. Nestas condiçõ:s, esta Sociedade vae promover o incremento da cultura do trigo nos Estados que lhe são ca.nvinhaveis e procurará demonstrar, pe- las meios efficazes, a conveniência e a facilidade de produzir um ou mais typos de pães mixtos, composto;. Je trigo e citra par e de não pequena, da farinha dessa preciosa raiz brasileira. Para que a sua prapaganda impressione o maior numero de pessoas, entretanto, prepara a Socie- dade Naeional de Agricultura uma exhibição espe- cial, que se realizará no recinto da Exposição In- ternacional de 1922, e que coinstituirá a "Secção do Pão Mixto Brasileiro" figurando ali tudo quan- to possa concorrer para a consecução do nosso der,ideratvjn: apparelhos, machinismos próprios para a panificação e outros fins. monographias, quadros graphicos, productos panificaveis. plantas moitas e vivas, etc... realizando-se ainda demon- strações praticas da fabricação de taes pães, para cujo êxito contamos, além de outros, com o con- curso technica do provecto scientista Dr. .Arthur Neiva . Dando a V. E\. conhecimento d;s:a iniciativa, temos por objectivo solicitar-Ihe os seus altos e bons officios para que nos sejam fornecidos todas os dados, formulas e quanto mais V, Ex. poder conseguir de proveitoso para a solução desse iin- partante problema nacional. A Soci';dade Nacional de Agricultura só tem motivos ,para crer. dado o accendrado patrio:ismo de V. Ex., que o presente appello será acolhido com a sympathia merecida, e, por isso, antecipa A LAVOURA 297 os seus agradecimentos pela valiosa collaboração que se dignar dispensar-Ih;. Queira V. Ex. acceitar os protestos de nossa mui subida consideração." "AS HORAS DE TRABALHO AGRÍCOLA. — Exnio. Sr. Dr. José Manoel do Azevedo Mar- ques. DD. Ministro das Relações Exteriores: Temos presrnte o aviso que V. Ex. nos diri- giu, sab o n. 143, em 9 de Setembro ultimo, acom- panhando uma copia do officio n. 60.152. de 28 de .Maio deste anno, do Presidente do Instituto In- ternacional de Agricultura, relativo á regulariza- ção de vários problemas agrícolas d: interesse internacional, e solicitando nosso parecer a res- peito. .^ttendendo, com especial agrado, ao pedido de V. Ex., a Sociedade Nacional de Agricultura s;n- te-Si; satisfeita pela opportunidade que V. Ex. lhe proporcionou de manifesrar-se a respeito de um assumpto de inter.jsse vital para as classes ruraes dit Brasil: a regulamentação das horas de trabalho na agricultura. O parecer d;sta Sociedade sobre este assumpto consta da exposição que com o presente officio temos a honra de passar as mãos de V. Ex. e estamos certos de que nesse parecer s; refleore a opinião de toda a classe agricíla do Brasil. Como V. Ex. verá, procuramos demonstrar quão prejudicial será a limitação das horas de trabalho na agri;u!tura e criação, assignalando não só os effeitos desastrosos qu,; de tal medida provirão, comu a disparidade entre o trabalho agrícola e o trabalho industrial. O operário agrícola merece, sem duvida, ;oda a protecção por parte dos legisladores, mas o 'es- tudo desta questão dj grande complexidade cabe- ria mais em seus numerosos detalhes ao Poder Legislativo Nacional. Uma vez, porém, qu.; tenha de ser encarado em suas generalidades, o exame do assumpto merece ser cammettido a uma insti- tuição especial para isso organizada e appart-lha- ■da para deliberar sem pr;juizos para os paizes interessados. Seria medida anarchizadora a uniformização de regras para o trabalho rural em todas as nações, por isso mesmo que condições naturaes e eco- nómicas differem muJ:o de uma para outra, e até de uma outra região, como succede em paizes de grande extensão territorial, como o Brasil. O Instituto Internacional dç Agricultura, junto ao qual todos os grandes paizes agrícolas mantém representantes officiaes, reivindica, entre as suas attribuições fundamentaes, o estudo do que con- cerne á 'protçcção de trabalhadores ruraes e me- lhoramento das condições de vida dos habitantes do campo em g;ral. O art. 24 do pacto da Liga das Nações reco- nhece, implicitamente, as organizações internacio- naes funccionando desde época anterior a el!e, como succede com o Instituto Internacional de Agricultura. E' a esse Instituto que cabe examinar o pro- blema do trabalho rural e propor medidas a res- peito; e não ao Bureau Internacional de Trabalho, cujas attribuições, segundo o Tralado de Versail- les, na sua parte XIII, interessam ao trabalho in- dustrial, nada tendo a haver com a agricultura. .í^ssim opinando, a Sociedade Nacional de Agri- cultura muito estimará e considerará de relevância para os interesses da agricultura nacional que V. Ex. se digne transmi^itir o parecer junto ao Instituto Internacional de Agricultura e copia ao representante do Brasil perante o Bureau da 3" Conferencia Internacional do Trabalho. Temos a honra de reiterar a V. Ex., senhor distincto Ministro, nossos votos de subida estima e mui consideração." CONSULTAS E: INFORMAÇÕES A palha do milhe para cellulose O Sr. Dr. João C. de Paiva, .\dminis;rador dos Correios de Minas Geraes, pede respondermos aos seguintes quesitos: a) Presta-se a palha do milho á producção de pasta para o fabrico de papel ? b) E é de grande acceitação essa pasta ? (•) Qual o preço que alcança no mercado essa pasta ? d) Que machinas são indispensáveis e qual o seu preço ? Por indicação do Sr. Dr. Sampaio Vianna, in- dustrial nesta praça, procurámos ouvir a palavra autorizada do Engenheiro J. F. de .Menear Lima, que já foi fabricante de papel e grande estudioso e pesquizador do assumpto. Damos aqui a sua resposta aos quesitos for- mulados acima: ai .\ palha presta-se mais do que o bagaço ou sabugo do milho, servindo ambos para a fa- bricação de papeis fortes de embrulho, sem bran- queamento; prestando-se, também, para fabrico de papelão de primeira qualidade. b} Não ha nesta, nem noutras praças do paiz, compradores para pasta para papel ou papelão. Os fabricantes de papel compram cellulose im- portada, de sorte que o fabricante, que dispuzer de palha de milho em quantidade, deverá fazer papel ou papelão prra venda direcía. cl As machinas necessárias a esse fim são. além das precisas para o fabrico do papel ou pa- pelão, as de desintegração da palha ou sabugo e seu corte preliminar, consistindo, ellas, em des- integradores rotativos, cJoriadores de palha, di»- gestores ou autoclaves e refinadores hollandezes. d) Preços de taes machinas: depois da guer- ra, só com pedido directo aos seus fabricantes, que existem de primeira ordem na Inglaterra, AI- lemanha e Es;ados Unidos. Ainda como informação, accrescentamos a sum- mula abaixo do que, sobre o bagaço do milho no fabrico de pasta para papel, diz o Dr. Pio Corrêa no seu livro "Fibras textis e Cellulose". O colmo, ou 3 bagaço do milho é considerado excellente matéria prima no fabrico de papel para impressão e cartas e de uma infinidade de outros artigos mais finos que requerem cellulose pura e granulada, com applicação no preparo de BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA tecidos absorventes, revestimento de tubos ds des- carga, materiaes á prova de fogo e de agua, etc, bem assim para altos usos nas artes e para mui- tas outras applicaçõess d^esde o collodio até á pólvora sem fuma,;a. Os paizes que mais se tèm preoccupado com a utilização industrial do bagaço do milho, são os Estados Unidos e Hungria. Ao primsiro, deve-se o processo Stewart, que foi a causa principal de todo esse movimento; mas, além da " Maize Su- gar & Cellulose Company. fundada em Pittsburgh para explorar as patentes de F. L. Stewart. ou- tros trabalharam com afinco no aproveitamento do mesmo material e o próprio governo ameri- cano, pelos seus vários institutos technieos (Bu- rcau of Plant Industry, Hiircau of Chemistry. Bu- reaii of Standards, Forest Ser^ncc ) , não negligen- ciou as investigações, que chegaram já a um re- sultado definitivo. Este bagaço, após á extracção de assucar e álcool, ou apenas dos sólidos soUweis, dá polpa refinada ou cellulose própria para papel das me- lhores qualidades e para muitas outras applicações. .As fibras são longas; sua porcentagem vae de 12 a 18 ''i-, variando com a variedade do milho, suas condições de crescimento e seu tratamento chimico. CalcuIand'0-se a producção por hectare em 160.000 kilogramnias de colmo de milho, obter- se-á: Assucar i-. 26.000 ks. Cellulose ,. 32.030 "' Pastas (tortas) 1.400 AIoool 3.000 litros Si desprezarm.os todos esses sub-productos e to- marmos, apenas, em consideração a cellulose, ve^ mos que esta, nos Estados Unidos, representa me- nos de 25 f, da matéria tratada, o que é pouco; mas. ha tudo a esperar da selecção das variedades do milho, visto que já se obteve em França, na Escola de Papelaria annexa á Universidade de Grénoble. 50 f^, de cellulose, embora no tratamen- to industrial não deva contar-se com mais de 40 %. Os colmos experimentados foram da variedade co- nhecida pelo no-me de "Milho gigante da Servia". Ha outras variedades que os grandes estabeleci- mentos horticolos obtiveram com o fim principal de fornecer cellulose. Segundo o Dr. Charles J. Brand. physiologista incumbido das investigações sobre plantas fibro- sas na repartição das Plantas Industriaes, dos Es- tados Unidos, o colmo do milho fornece, princi- palmen:e, os três productos seguintes: 1 — Fibras longas, que, devido á sua resistên- cia e outras qualidades desejáveis, servem para papel de obras, cartas e outros papeis superiores; 2 — Polpa para especialidades em papel (isola- dores, caixas, papeis impermeáveis e numerosas outras applicações) ; 3 — Extracto dos sólidos solúveis que, entre outras applicações, tem a de servir para o prepa- ro da boa pasta forrageira. (Em condições nor- maes. uma tonelada de colmo dá uns 100 kilos de extracto solido e este contem de 8 a 12 f^ de proteína e. mais ou menos, 25 'í, de assucar de canna e invertido e outros 25 % de assucares da classe pentose e pentosana), Emfim. a utilização immediata e remuneradora do colmo ou do bagaço de milho na fabricação de pastas chimicas, pertence já ao dominio industrial e não admitie controvérsia scientifica. O bom êxito d'-pende, simplesmente, da capacidade dos te- chnieos , IM /\ C3A.~rÀX. DO CDEIIMTEIIM A F9 IO O 8° ( oiiiiTesso ^íK ioiial de A4iri(*ultiira e Coiifeiviicia luteniacioiíal Al4i(Mloeii'a a A Sociedade iNacional de .Agricultura, que foi a organizadora dos dois memoráveis congressos de agricultura realizados, em nosso paiz, no re- gimen republicano, além de muitos outros certa- mens e comícios da maior relevância, taes como, por exemplo, as conferencias assucareiras, algo- "doeira, de cereaes e de pecuária, e as exposições nacionaes de gado, de milho, de algodão, de appa- relhos a álcool, etc, desejando concorrer .effi- cazmente para maior brilho da commemoração do centenário da Independência do Brasil, que se ve rificará no anno vindouro, resolveu reunir, nesta Capital, o 3" Congresso Nacional de Agricultura e Pecuária, sob os auspícios do Ministério da Agri- cultura, Industria e Commercio e da Commissão Executiva da Exposição Nacional, e um Confe- rencia Internacional .Algodoeira, sob o patrocínio do Serviço do .Mgodão e da alltidida Commissãfj Executiva. O futuro congresso, que é um commettimento de relevância incontestável, servirá de inquérito .completo ao que temos feito num século de in- dependência em relação á agricultura e á pecuá- ria, além do que dictará a orientação que devere- mos seguir para a conquista de nossa emancipa- ção económica. Lançando essa patriótica iniciativa, a Sociedade Nacional de Agricultura está convencida de que ella será acolhida pelo paiz com os melhores ap- plausos e que do futuro comício promanarão os mais fecundos proventos para a economia nacio- nal. .Aliás, o prognostico não encerra nenhum exa- gero, visto que, apenas annunciado esse pensa- men:o da Sociedade, a ella hypothecaram, desde logo, sua franca adhesão os governos federal cs- tadoaes e municipais, nossas associações agríco- las e commerciaes, além de um já crescido nu- mero de lavradores e criadores, naturalmente in- teressados na solução dos vários problemas eco- nómicos que o Congresso estudará. A commissão organisadõra. cuja presidência re- cahiu sobre o nome acatadiss-mo do Dr. Augusto Ramos, Vice-Presidente da Sociedade Nacional de Agricultura e da .Associação Commercial do Rio de Janeiro, e uma das mais brilhantes intelligen- cias do nosso paiz, que lhe deve incalculáveis ser- viços, já vem tomando as providencias prelimina- A LAVOURA 299 res indispensáveis para a realização do grande Congresso, que tem como presidente de honra o Sr. Dr. Ildefonso Simões Lopes. Ministro da Agri- cultura. Serão membros do futuro Congresso, segundo ficou estabelecido, os delegados dos governos Fe- deral. Estadoass e Municipaes; os membros da Sociedade N. de Agricultura; os representantes das sociedades, instituições e associações de agrcul- tura e pecuária; os membros das commissões de agricultura e finanças do Senado Federal e da Camará dos Deputados; os membros da Commis- são Executiva da Exposição Nacional de 1922; os directores e chefes de serviço do Ministério da u\gricultura e das repartições de agricultura dos Estados; os representantes das associações com- ■merciaes e de estabelecimentos bancários nacio- naes, cooperativas e caixas ruraes; os agriculto- res, criadores e interessados na lavoura, pecuária e industrias connexas, e os representantes das em- prezas de transporte, que se inscreverem, desde iá, até a véspera da installação do Congresso. O Congresso íNacional de Agricultura s Pecuá- ria realizar-se-á no correr do mez de Setembro do anno vindouro. Em Outubro, verificar-se-á a reunião da Con- ferencia Internacional Algodoeira, 'qiu';, conío o Congresso, tem merecido o apoio espontâneo da- quelles a quem interessa. Como se deprehende do tiíulo emprestado a esse comicio, elle terá um caracter internacional. Preside a commissão organizadora da Confe- rencia, o Sr. Dr. Miguel Calmon, Presidente da Sociedade Nacional de ."agricultura. Inspira-se a iniciativa da Sociedade, que nun- ca, aliás, descurou do problema do algodão brasi- leiro, na convicção segura, em que es;á, de que o Brasil pôde bem ser, em época muito próxima,, o maior productor dessa valiosa fibra, cujo consumo tende a augmentar no mundo, ao mesmo tempo que se ampliam as applicações industriaes dos sub-productos obtidos da preciosa malvacea. De facto, o nosso paiz nã:o pode descurar desse magno problema, pois que o algodão interessa vis- ceralmente á nossa riqueza; dç que é, já, factor im'portantissimo, sendo até o único producto agrí- cola brasileiro capaz de emparelhar com o café, que é o principal. Accresce que a situação em que nos encontra- mos é a mais animadora, podendo-se prever para o nosso paiz uma posição excepcional como gran- de productor dessa matéria prima, que escasseia presentemente, ante as múltiplas necessidades do consumo. .Acontece ainda que a producção do al- godão no Egypto e nos Estados Unidos, que nos tomam a dianteira, com grande vantagem, vae sof- frendo uma sensível diminuição, que, nesse ul- timo paiz, foi computada, no anno passado para o fluente, na razão de 24, 75 <"; . As causas dessa diminuição são varias e essa situação perdurará, certamente, o que justifica o interesse com que os grandes centros manufactu- reiros acompanham o desenvolvimento e aperfei- çoamento da cultura do algodoeiro no Brasil. Uma prova evidente está na recente visita que nos fez o Sr. Arno S. Pearse. Secretario Geral da Federação Internacional de Algodão, de Man- chester, Para nós, entretanto, não vale só produzir: é indispensável que adoptemos as novas e profícuas praxes culturaes; que cuidemos seriamente da se- lecção da semente, do beneficiamento da fibra, da standartização dos typos de algodão brasileiro, etc. E' o que, de certo, estabelecerá a Conferencia Internacional Algodoeira. Ocfcsjí lios !i()ss()s cjnmíivijíes X Sul; António O. Majedo, Porto -Alegr.!, R. (;. do Sul; Tupy Silveira, Porlo .Alegre, R. G. do Sul; \'icente Lucas da Lemos, Porto Ale.gre, R. G. do Sul; .Martins Pons it Filhos, Porto -A!e.g.ve, R. G. do Sul; Dr. M;irtins Soares, Porto .Vlegre, li. G. do Sul; .Manoel Alves Sarmento. Poi't:> .ale- gre. R. G. do Sul; Manoel Canilido Xavier, D. Pe- drito. H. Cl. do Sul; Leonidas de .\ssls Brasil, São Galirii'1. li. G. do Sul; José Osório Marques, Por- to .Alegri-, li. G. do Sul; José Gahão Paivii, Porto .Mi^gre, li. (i. do Sul; José Pimentel de Magalliães, Porto -\legre. R. G. do Sul; .losé .Vives \'icira. Poito Alegre, li. G. do Sul; José Maglie, Porto \legre. li. G. do Sul; liodolpho Magli.', Porto ■ Uejire. li. G. do Sul; Viuva Dr. Lauro Dornelles & Cia. Porlo .Alegre, R. G. do Snl; Joaquim Pi- mentel .Magalhães. Porto .Alegre. R. G. do Sul; SchíJstião Brandão. Capital Federal, Erich Luniin, Capital l-ederal; Martiniano Monliclez Ribeiro, (lodo, .Maranhão; Coronel Adolpho Sá, Theophiio Oltoni, .Minas Goraes; l)i-. Godofredi} Maciel, Ca- |)ilai Feder;il, Dr. Segisfredo .Alves Ribeiro, Ja- bolão. Pernambuco; , Jesus Gonçahes. Capital F^e- deral; Dr. .1. Slockler (Coimbra. Rio Casca, Minas (kraes; l)el|diim liarbosa, Porl., .\legre, R. G. do Snl. As semanaes da Sociedade DISCUSSÕES E DELIBERAÇÕES SKSSÃO DE DIRECTORL\ — 1 DE Jl LHO DE l!l2t Presidência do Sr. Miguel Calnion. Convocação especial para tratar da bai.xa do cambio e da sua repercussão n;i agricultura. O Sr, i)i'esidente, ap- l)ro\ada a acta da sessão anterior, transfere jiara a próxima reunião ordinária o volumoso expediente, destacando apenas três cartas, por tratarem de as- sumptos connexos ao que era ob.iecto dos traba- lhos do dia. .A primeira dessas carias, fii'mada oeio Dr. Ja- cyntho Gomes, autor de um pro.iecto para a orga- nisação commcrcial dos prodnctores riograndeiises, — ■ sobre o c|ual a Sociedade ,iá emillira parecer. approvando-o, por meio de commissão especial — informa a Sociedade acerca dos felizes resulta- dos da sua propaganda naquelle sentido, alludindo á fundação da Coopei'ali\a Cachoeirense dos plan- tadores de arroz e á 1'nião Cooperativa dos criado- res da zona pastoril de Cachoeira, no R. G. do Sul. .A segunda carta, do Dr. S.vlvio Penteado, faz á Sociedade uma longa exposição relativa á organi- sação da exportação nacional, considcrando-a como I)reliniinar á solução da nossa crise economico-fi- nanceira. lendo se residvido que a alludida expo- sição se.ia examinada sem demora pela connnissão já nomeada, (lue orientará a Sociedade sobre o mo- do como deverá manifjstar-se a respeito da maté- ria. .A terceira carta, do Centro Comniercial e Pasto- ril de Bai-relos, reitci-a o pedido feito á Socieda- de para inlerxir .junto aos poderes ])ublicos no sen- tido de serem tomadas diversas providencias urgen- tes em ra\i>r do connnercio de gado no referido mn- nicipio paulista. lista carta dá enseio a animados debates, em que tomaram parle, entre outros oradores, o Sr. Presidente, declarando .já se haver desempenhado lie graiule parte da incumbência recebida do (\'ntro de Barrelos. e tratando tand)em da iniquidade do imposto de exportação de gado. e, ainda, do cre- dito necessário á pecuária, e o Sr. Henrique Silva, (|ue advoga os interesses dos criailores goianos e niattogrossenses . A BAIXA DO CAMBIO E ,4 DEFE- S.A DA PRODUCC.ÃO Seguidamen- te a esses tlebates. o Sr. Presidente retoma a discus^ão do assumpto da ordem do dia da sessão anterior, que fora interrom- pida para se realisar a conferencia sobre a pecuá- ria nos Estados tinidos, presidida pelo Si-. Minis- tro da .Agricultura. fieporla-se ás suas ultimas palavras naquella sessão, cm que conclniu dizendo que, em vista da depreciação exaggerada dos nossos productos, que fez iJassai' o ])reço médio en ouro da tonelada ex- portada este anno a menos de nietaile do que era o anno passado, ficando pela primeira \ez abaixo do \alor médio da tonelada importada, impunha-se uma pidilica severa de reslricção das importações, sobretudo das mercadorias que pudessem encontrar sueceilaiieos no |)aiz. Passa, depois, a ti-atar da baixa do cambio e da sua reiíercussão jia lavoura, assignalando, desde logo, que. sem ella, a (inasi to- A LAVOURA - 301 talitlaíie dos nossos productos não se poderia actual- mente exportar. Hoje — continua — os economistas são accordes cm reconhecer que a baixa do cambio é o maior incentivo a exportação, como se verificou cm vários paizes da Europa depois da guerra. Ainda ai;ora, a Alleniaulia é um espantalho na concurrciicia com as outras nações, devido a depreciação do marco. Não ha muito, na Sociedade de Economia Politica da França, se observava que a grande vantagem da- qucllc paiz em relação aos outros productores de- corria de circumstancia de ter sido a depreciação da moeda, alli, na razão de 1 para 17, ao passo que o custo da vida variava na razão de 1 para 12. Isso não f|uei' dizer que advogue uma taxa de cambio nuiito baixa, pois é o ijrimeiro a rcconlicccr quL' a \ ida financeira e a vida commercial do paiz Jião ])odcm supportar impunemente uma excessiva de- preciação (ia moeda, principalmente tão rápida e accentuada. como a que tivemos de um anuo a esta parte. Mas os paizes que mantém os seus câmbios á taxa alta cuidaram seriamente de amparar a produ- cção. de que são exemplo typico os Estados Unidos. Sem fsse amparo efficaz, nos casos de crise de pre- ços, é o camijio liaixo a única protecção dos produ- ctores e o correcti\o ao descquilibrio da l)alança conmiercial. Eml)ora - - prosegue — considere de effeito eplie- mero qualquei- intervenção do CTOverno no mercado de cambio, acha nue não pode dt-ixar d.- ser acom- r Tue- Ibor apreço, por isso que as idéas do Sr. Hunnicutt estavam em pleno accordo com as que, a resi)eito. adoptara a Sociedade, que .já têm promovido taes certamens c nunca lhes negou seus applausos. (I Si-. Presidente tem. então, occasião de refe- rir-sc aos excellenles resultados oriundos das expo- sições regionaes que se têm realizado nos Estados, salientando os seus benéficos effeitos. H,'fere- se especialmente ás exposições i'egiona.'s do Hio (irande do Sul e á recente, levada a effeii:) em Cor- deiro, Estado do Hio. O Sr. Victor Leivas, alhulindo ás exposições rio.grandenses, exalta as virtudes tlessa inicia- tiva, nondo em realce o papel que desempenhara, em tal assumpto, como propagandista, a Sociedade .Agrícola e Pastoril Pi'i)seguin;lo iio seu comnientario, pede o Sr. P-esideiite ao S|- lluiinicutt que rej rescnte a So- ciedade na Exposição Regional de Lavras, sobre ;i qual dese.java obter as mais cinupletas notas, que procuraria. ilcvul,;;;:r, para exemplo dos ou!r.)s mu- nicípios - A CRISE I>A AMAZÓNIA Propõe, em seguida, o Sr. Presidente um \'oto de C(Uigratulações com o Sr. Bento .Miranda, pelo pro.iecto <|ue acabara de apresentar á (^onunis- são de Einaneas da (".amara dos Depiii.idos. em relação á grave crise da .Amazónia, recordaiulo. a propósito, que S. Ex aiiresentára á Sociedade, pou- cos dias atraz, uma brilhante exposição a esse res- !)eito, tendo sido intuito da casa mandal-a á Ca- mará, para seu detido estudo. .Aconece. porém, <]ue a Sociedade, tenqjos atraz, enviara ao Congres- so uma representação sobre o assumpto, tendo sido a mesma distribuída áquclle dcinitado para dar parecer. S. Ex., fazendo-o, fornuilou o pro- ,Íecto em questão, a que a Sociedade deve dar todo o apoio, visto consultar os grandes interesses da região amazonica. Nessas condições, o Sr. Presi- dente propõe ainda que a Sociedade leve á Camará uma moção de applausos a esse pro.iecto, insistindo ,Íunto ao Congresso por que o mesmo se transforme em lei. O assumpto desperta grande inter.síc e dá !o- .gar a demorada discusão. Fala, em primeiro lo.gar, o Sr. .Alberto Mcn^eira. que pede o prestigio da Sociedade em favor do l)ro.Íecto do deputado Figueiredo Rodrigues, con- tendo medidas de defeza á região em crise. O ora- azes de generalizar o consumo desse artigo nos motores de explosão, no aquecimento e na illumi- nação. No monu-nto, essas medidas se impõem, pois estamos numa situação — já o tem dito nuiitas vezes — em que é preciso restringir as importa- ções e, uci caso, bem iioderiamos substituir, em parte, por esse produeto nacional, o petróleo e a gazolina que nos vém do estrangeiro. O momento é azado, repete ainda, por (pie os preços baixos cm ftue se encontra o álcool facilitam a propaganda em fa\'or de sua utilização. .\ Sociedade, ba alguns annos, fez essa propagan- da, mas não se chegou a um resultado definitivo jielas flucluações de preço do álcool . Xão havia, então, o imposto actual pezando sobre o produeto destinado a bebidas, e do qual bem se poderia applicar uma bôa parte no estimular por todos os meios aquellas variadas api)licações. Foi o que se fez na .\llemanha e na França cm relação ao alco(d carburetado. lístaheleee-se, nesse ponto, ligeiro debate, tendo o Sr. (Carlos lj(\ra evidenciado as diff iciildades com que luctani os uzineiros de Pernambuco em face dos li ecos baixos do álcool nos uu*rcados loeaes, além de ser um pi'iKÍnctlausos ás pala\ras do Sr. Miguel (".almon . A INDUSTRIA .VSSITAREIKA Depois de agra- EM SERGIPE decer a offerta, feita pelo Sr. Tybiriçá, de um e.xemplar da Brazilian Business, publicação da Camará Americana de Commercio, e í;|)Ós ter transmittido as suas impressões so- bre a rceem-en.'errada Exposição .\vicohi, em que a Sociedade se fez re|jresentar. o Sr Presidente passa ao expediente, e lè um telegramma do Sr. Presidente do Estado de Sergipe, dirigido ao de- putado Gracelio Cardoso, pedindo o amparo da Sociedade Nacional de Agricultura ás pretenções <:e- dindo á Sociedade intercedesse junto ao Sr. ])resi- dente da Re|)ublica afim de ser dada saneção á lei que autoriza o Executivo a despender mil contos de ré'is para occ(U'rer ás obras do rio .Ie(piitiiihonha. Dando o inelbiu- acolhimento a esse "vilipiello, diz o Sr. presidente que a Sociedade assim o fa- zia, ijorque conhecia sobejamente a necessidade e urgência de íaes obras, que representam a segu- rança da existência da cidade de Belmonte que, ainda i!o anuo passado, em consequência das cheias de rio ,le(|uitinhonha, (piasi foi devastada, e con- tinua ameaçada de destruição. .Aliás, a Sociedade já na(piella oecasião amparara pedido idêntico, não ijodeiido, pois, deixar de ac- (piiescer ao presente appello, que levará ao Sr. jiresidente da Republica, convencida de (pie S. Ex. não vetará projecto de tão grande utilidade. OS JAPONEZES E O ARROZ — Depois de lida uma commnnicação da So- ciedade Avicida do Rio Grande do .Sul sobre a ji.Nixima i'eaiisação da 5' lixposição .Aniuial jjro- niovida pela mesma, o Sr. presidente K' uma carta da Kaigai Kogya Kabushiki Kaisha, companhia ja- poncza de eolonisação e agricultura, recentemente estabelecida cm S. Paulo, pedindo, para experiên- cias em sua colónia de lgua|)e, o fornecimento do ;iiroz cultivado no U(U'te do paiz, ou a indicação de ((uem, no commercio. o possa fornecer. Salien- tando o cuidado e o cmiieiibo (jue os jaijonezes |)õem na cultura e selecção do arroz, o Sr, presi- dente declara (pie a Sociedade iirocnrará attcnder, com a maior bre\'i(lade, ao jiedido em (picstão. Por fim, lèni-se numerosos ].iapeis. eonstituidos lior telegranimas. cartas, officios de comiminicações; pedidos, agradecimentos, etc. SÓCIOS NOVOS — São |)ro|iostos e acceitos: coro- nel Jlanoel .Augusto Brasilei- ro, .Amelio .Alegria e Silva.Nemesio Gomes da Cunha e .Ios(; Travassos Vieira, de Nictheroy; .Tosi;' F. Fa- ria P Dr. R. de Freitas Lima. desta capital: Mu- lillo Ferreira Samiiaio. de Pinheiro. O ZEBU" E A PESTE BOVINA Passando-se á or- dem do dia, tem a palavra o Sr. .loaípiim Luiz Ozorio, que lè o parecer da commissão incumbida de estudar o zebú em fa- ce da iieste bovina, e cujas conclusões são as se- guintes: 1» — Applaude o acto do Poder E.xecutivo Fe- deral que sus]iendeu temporariamente a importa- ção e a entrada, no Brasil, do gado zebú, por qual- (pier dos portos e fronteiras da Republica; 2" — .Tul.ga (pie tal importação deve ser auto- rizada pelo Ministério da .Agricultura. Industria e Commercio. subordinada ás condições estabelecidas ni Regulamento do Serviço de Industria Pastoril. :i| provado iielo decreto n, 14,711, de ."i de Março de 1921, e deiiois da coiistrucção de um unieo laza- 30'4 - BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA leto veterinário especial, ciic deverá ser em iiiiia (las ilhas do porto do Rio de Janeiro, onde serão feitas as devidas provas scientifieas. durante o tem- po julgado necessário pelo Serviço de Industria Pas- toril, de niixio i|Ue ampare a defeza dos nossos rebanhos: ."1* — Lembra a cojiveuiencia do Poder Execu- tivo Federal estender a observância de rigoi*!)- sas medidas de defeza sanitária a quaesquer (ni- tros artigos, capazes de transmittir ou vehienlar a peste liovina, de procedência da Ásia, Africa e ergunton se eu era estabílecido no paiz. Respondendo-lhe affii niativameiíle. pediu-nie que arran.iasse uma eart;* de aiiresentação de jiessoa conhecitla d'> Banco. E se assim me aconselhava, assim tratei de obtel-a. .\s condições do empivstimo do "Banco de La Nacion" eram: iiraz') de um an- uo, juros de 7 "j" e amortizações trimestraes de 2."> I". Uma vez satisfeitas com pontualidade as duas i)rimeiras prestações, isto é. quando já se saldou a metade da divida, renova-se o emprés- timo. Dessa forma, a di\'iíla se torna ]).*rmanente e o Banco vae ampliando o creililo á medida do desen\olviineiito dos negócios díi cliente. K' suf- ficiente um balanço de suas transacções, que o es- tabelecimento examina. Foi desse modo. senhiu'es, que um simjjles bra- sileiro como eu. começando por obter dous mil ])esos, foi subindo a cinco mil. a dez mil. etc. E' j)reciso frizar que eu levantava sempre o di- nheiro somente com a minha única firma, como é de praxe no "Banco de La Nacion .Argentina". Eis ahi o que se chama um estabelecimento de credito, de onde usufruem i)roveiitos seguros e ine!-tiniaveis as elass'.*s que produzem". Despachado o expediente, é encerr;ida a sessão. SESS.\0 DE DIRECTORIA Presidência do Sr. L.vra 19 DE JULHO DE 1921 Castro, jku' doente o Sr. Miguel Calmou. .\|)priuada a acta anterior, lé-se o expediente, (|Ue é ctipioso e encerra mater*ia de iinpi>rtaiicia. SÓCIOS NOVOS São propostos e acceitos: Mu- nicipalidade de .\niiapolis. Mu- nitipalidade de Bomfim, Municipalidade de Campo I-or)iioso. Sr. José Gomes Siuiza. l)r. Joel de Oli- iies .Monteiro, D. Luiza Francisca de Souza. Fran- cisco Xavier, .\rlindo (losta. Lafayette Teixeira I-'ianea. .Abelardo Ignacio Rodrigues. Cláudio Ber- llioldo de Souza. .Antiniio Félix do Sacramento Jú- nior. .Major José Cândido de Souza. Manoel Pereira de Souza. l)r. Barthazar de Souza. .Arlindo da Silv:i Bailão. I), .Antenoriíui Sanf.Anna. Dr. p'austino Plácido .Xasciínento. Egerinen Teixeira, Lauro de Souza Castro. (Coronel João Pereira de Souza Du- tra. José Gomes de Souza Júnior, Coronel Joaquim losé da Silva. Euclydes Tidentino Brotas. Eustorgio Borges. A'irgilio Be.gis. Major Terêncio Pereira Car- doso. Dr. .A.vrosa .Alves de Castro, (Coronel Felisnii- iio de Souza Vianna. Coronel Francisco de .Assis .Moraes. Coronel Pio José da Silva, todos do Estado de Goyaz e propostos pelo Sr. Moysés .A . de Santa .Anua: Sr. Jacques Muller. de Passaquatro; Sr. J. Mello Filho, desta capital; deputado Jadyr .Andra- de, de Recife. Entr:i-se. a seguij\ na ordem do dia, tpie. como ficara deliberado, deveria constar da leitura de pareceres elaborados pelas diversas commissões r da discussão do parecer da commissão incumbida de opinar sobre o zebú em face da peste bovina. A DEFESA DO .ASSUCAR — O Sr. presidente faz Un- as conclusões da com- missão nomeada para formular um plano de defe- za permanente do assucar. e que estão assim redi- gidas: "O governo entrará immediataniente em accordo 1(111! o Banco do Brasil para emprestar aos pro- diictores de assucar a importância de quinze mil réií por sacco de assucar de usina e oito mil réis por sacco de .'issucar de bangué. pelo jirazo de um amio e sob peiilí((r da safra, de acc(^rdo com a mé- dia tle produeção de cada estabelecimento nos úl- timos três annos. A taxa de juro do empréstimo será de 7 "j" ao aono. Os titulos do empréstimo acima autorizado se- rão rcdescontados com o simples endosso do Bau- C) do Brasil". A DEFESA DO CAFÉ' — Em seguida, o Sr. pre- sidente procede á leitura do |'arecer do Sr. Silva Telles, em relação ao ])ro- .jccto de defesa permanente do café. submettido á apreciação da Sociedade pelo Sr. Silvio Penteado. O parecer é do teor seguinf': "Vencerá quem tiver melliores munições e tam- bém supcrioi-idade na táctica". - A LAVOURA 305 E' verdade que perfeitamente se applica no eni- l).-ite em que se empenha a sorte da nossa prodn- cção eafeeira; tè-m-nos faltado sempre as munições c nunca desenvolvemos taetiea alguma nesse cam- po de acção. O mais ])alpitante dos nossos interesses económi- cos tem andado senii)re conduzido á simples lei do acaso; dahi, em grande parte, as constantes crises que tanto entorpecem a vitalidade do jiaiz. De to- do ])onto louvável e digno de atíenção é o esfor- ço do Sr. Silvio Penteado, suggerindo um plano tendente á possi\el estahilisação das boas condi- ções em que se desenvolva o commercio do grande producto brasileiro, commercio este que se mantém na incomprehensivel pratica de ter a producção seu \a'or. seu preço soberanamente feito e imposto pelo com|)rador ! E dizer que somos os quasi ex- clusivos productores do artigo, entrando |)or todos os mercados do mundo.., O Sr. Silvio Penteado colloca seu plano de de- feza permanente de café sobre três termos: — Regularização do supprimento de cafc' aos dous grandes entrejxistos de exportação. Santos e Hio de Janeiro; — determinação de um preço remunerador; — ])roviniento dos meios aileí|uados a estahilisa- ção das exportações do café na proximidade d_'sse ])rcço . A regulamentação dos supprimentos é evidente- n:cntc necessária e conveniente; o consumo do café se distfibue regularmente jiclos doze mczes do an- uo e. pois, é semiire perturbador o abarrotamento nos mercados com. a expedição do grosso das co- lheitas numa só quadra do anno. .\ determinação do preço remunerador é ponto ti.-itado engenhosamente pelo Sr. Silvio Penteado, liealmente, não se comiirehende que só o compra- doi' faca e imi)onha preço á mercadoria. E' isso anomalia aue constitue attestado deprimente da nossa capacidade de oppòr qualquer elemento de re- sistência ás manobras baixistas. Com razão, acha o Sr. Silvio Penteado funesta heresia económica pretender organisor a defcza do café com emissões de jjapel moeda. Preconiza o illustre economista a vantagem de ela Sociedade, sob os ausjjicios do governo. .A pro])osito da conferencia do Sr. Simão da Costa, na qual. são feitas apreciações sobre a Mis- são Pearse. que nos visita, e sobre o modo de ser cjrientada pelo governo a questão do algodão, pede a palavra o Sr. Alberto Jacobina, com a devida vé- nia dos representantes do Ministério da Agricultu- ra liiesentcs á reunião e entr.- os (piaes destaca o resjieitado mestre Dr. Dias Mai-tins, director geral d.' agricultura, rara dizer íiue. tendo acompanhado a Missão Internaci.inal .Algodoeira em grande parte de sua excursão, cumpre-lhe o dever, como anti- go director da casa. de esclarecer a Sociedade quan- to á verdadeira orientação delia. Diz que, longe de estar preoecupado '.m fazer resurgir a cultura algodoeira nas regiões administradas nela politica ingleza á custa de informações aqui obtidas, acha- se, i)eln contrario, o Sr. Pearse. espirito liberal e Ivnn britannico. endíora nascido no centro da Eu- ropa, convencido de que a industria curopéa não pode mais esperar muito da producção algodoeira do Oriente. Proseguindo, adianta fiue a matéria prima bra- sileira parece aos membros da Missão destinada, ella só, a solver as necessidades da Europa. A Missão tem jjrocurado tão somente obter essa ma- téria prima nas ciindicões de classificação e pre- liaro adequadas ás fabricas européas, insistindo. Sempre que pode. na questão da separação das qua- lidades no ))lantio e selecção das sementes. O Sr. F. Iglesias. em aparte, diz que para isto existe um serviço organisadn c bem dirigido, entre nós. O Sr. Jacobina agradece o aparte, que versa .ius- tamcnte sobre o ponto onde ia chegar, isto é. a confiança que a todos merece a acção do nosso De- ):artamento d,o .Algodão, acção apenas iniciada, -"hrangendo todas as medidas su.g.íXcridas pelo con- feri.-ncista . Diz ;iinda que a Missão Internacional, que, entre i'arcnthesis, podia, para nós, brasilei- ros, ser chefiada tanto por um inglez. como por um allemão ou por um russo, não se tem interes- sado. dui'ante a excursão, senão nela questão da cultura. .A todos que a tém acompanhado não pare- 306 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA i-fu dcdicíir rWii :i mumir iittenção ás (llu•^tõos re- fcrfiitcs á ri;n,-;Hi cm á ti-cfkigem. Muitci ijl-Iu con- trario, os itiiK-raiitcs, que tantos e bons conselhos tem dado a um por um dos sertanejos com quem falam, recusam sistematicamente perder um mo- mento que sc.ia no exame de machinas ou quaes- qner installações fabris, lemma delks é: "de ma- chinas estamos fartos". P^az também o orador va- lias considerac.-ões sobre a exi)ressã(> do Sr. Simão da Costa "fraqueza innata do nosso sertanejo" c conchic pelo hcroisnio da nossa .!;ente do interior que se impoz durante a excursão ao resiieito dos nossos visitajites. Heferindo-se ao pri.'<;o baixo dos nossos al.i;odões. diz que é em parte inoti\ado pelo mau preparo e pela mistura das qualidades. O fa- bricante sabe de antemão que tem 50 "'" de pi'rda no peso da fibra que compra, offerecendo por isso a metade do preito que teria a fibra separada. Continuando, diz S, S, que o Servi(,'o de .\l,iío- dão terá de futui-o .i,'rande alcance e. ci>mo mininm auxiliar desse Departamento, affirma ao Sr, Simão da Costa, em seu nome e no dos seus coUegas, re- presentados por um dos mais distinctos. que está |)ii sente, o Sr, .\Icides Franco, que a dedicação de todos elles não faltou até hoje e não faltará m futuro, O ZEBU' E .\ TESTE BOVIN.V Em scnuiila. i- Sr, presidente lé a piu-taria do Sr, ministro da .A.nricultura decla- rando extincta a peste bovina, e revogando a ipie ]]rohibin a exportarão internacional e interesta- (iiial de auimaes e jiroductos de origem animal, e cimgratula-se c(un seus collegas da Sociedade pelo resultado mais lii-ilhante que a adr.iinii.lração liia- silcira poderia obter, felicitando, por isso, o go- verno , Pede depois a palavra o Sr. Carlos I,,\ia, que submctte á casa a seguinte lu-oposta: "Proponho que a Sociedade Nacional de .Agricul- tura represente aos poderes competentes pedindo a elimina(;ão innnediata da ordem c|ue jirobibe o en>barque do gado indiano existente nos iiortos iii'''l"^ Poi' alguns patrícios nossos; Oue seja susoensa desde jã a quarentena im- posta a tpialquer espécie de auimaes de raça de qualquer procedência . Oue sejam ereadas connnissòes de coniijeteníes l>ara percorrer as regiões di> i>aiz onde existem re- banhos de cruzamento de zebii. compntando-se as condições de vitalidade, proliferação e desenvolvi- mento, com sua porcentagem minima de natalidade c máxima de mortalidade, em confronto com outras raca.s e com os antigos rebanhos; yue, finalmente, se dé amola liberdade aos fa- zendeiros e criad(U'es na escolha da raça (ju raças preferidas, mantendo-se os auxílios e facilidades ]iara o trans])orte de reproductores de todas as es- pécies", \ resp"ito da pro|)osta apresentada, o Sr, pre- sidente declara haver a Sociedade nomeado uma conimissão para dizer sobre o ^ssumpto, tendo sido redigido um parecer a respeito, o qual faz parte da ordem do dia para ser submettido á discussão c votação. .Antes, porém, d;- fazel-o, vae lèr uma carta em que seu prezado collega Sr. .Augusto Tia- t.ios, não podendo comparecer á reunião. manifes'.a se.i modo de \ér sobre o assumoto. ; Esta connnunicação do Sr, .Augusto líamos, já está publicada "iu extenso" no numero da ".\ l.a- \oui-a" immcdiatemente anterior a este). Sobre a proposta Carlos Lyra estabelece-se lon- .ío debate, fazendo-se ouvir cm primeiro logar o Sr, I.)ins Martins, ipie diz não ser contrario ao .-cbú pelas razões que exponde, im tocante ás providen- cias tomadas, acha serem ellas medidas de proph.v- laxia úteis para os próprios criadores. Em se.ííuida f,-ilaui «obre o inino^t^inte orohl"ma os Srs, Carlos Lyra, João Cabral, .lulio César Lut- terbach e I.andulpho .Alves, dizendo este ser assum- ido já disen*'do n'i Sociedad" a utilidado do 7 -'lú mas opinando contrariamente á nronosta Carlos I.yra, .V i)roposito. o Sr. Bento Miranda expõe a fiues- lão em seus mínimos deialhes. fazendo referen- cias ao que fora decidido no Congresso de Paris sobre o zebú, considerado como o portador da l>este. Também sobre a OKiteria vcdta a falar o Sr. l)rcsidente. fiue faz interessantes píuulerações, en- carecendo o cuidado que deve haver na adopção de medidas que possam jirejudicar a sus|)ensão. por larte dos governos estrangeiros, da prcdiibição da importação de carnes brasileiras c productos aui- maes. Air.da sobre a questão em debate fala o Sr, .loa- quim Osório, que não tem duvida em affirmar ser o gado zebú depositário do virus da peste bovina, nilgando, por isso. que a importação des.se gado s.i deverá ser antorisada, observadas rigorosas me- didas prophylaticas. .Até então, diz S. Ex., as fron- li-Iras e os ]5ortos brasileiros têm e^íadn abertos a todas as epizootias. [lela falta de defeza sanitária; mas hoje ja estão oost;*s em jiratica medidas de defesa, graças á acção governamental. Passa, então, o Sr. Joíiquim ()sori<) a lèr o pa- recer dl commissão d' sicãir de Bori-acha e Outros Pi-oducti's Tr-opicaes realisada em Lon- il.cs. Faz elogiosas referencias á obi-a do Sr. Han- iiibal Poi-to, dizendo ter sido de muita valia para o brilhantismo da representação do nosso paiz. l^er^ois de congi-atulai--se com a .Sociedade pela MiUa do seu operoso director, propõe sejam lan- çados em acta um voto de boas vindas e outr-o de lorrvor jícIos seus r-elcvantes serviços c brilhante cooperação nacpielle certamen. .\iribos os votos são approvados. havendo o Sr. picsidente secundado as palavi'as do Sr. L>ra Cas- tre, dizcrulo que convidar-ia o Sr. Hannibal Por-to oar-a expor- as suas im^ir-essõcs a respeito do cer- ttamen e da incumbência que desempenhara. .Approvadas varias jn-opostas de novos sócios, ê enctr-r-ada a sessão. BOLETIAl DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA 307 Cooiínercio mundial de yado e seus derivados As alterações que a guerra produziu no conimcr- ciocio iiiteniacinnal de gado e seus derivados re- saltani di.' uma diiL-unu-utação do mais alto interesse recentemente puldieadu pelo Departamento de Es- tatística do Instituto Internacional de Agricultura, de Roma, sob a denominação de "Commercio n- ternacional de gado e seus derivados". Todos os paizes para isso coníribuiram com inlormes relativos á importação c á exportação, no periodo cpiincpienal de 1915-1910, mencionando as diversas espécies de aninuies vivos, carnes, giu-- (lurns, leite, mantei.ua e quci.io. pelles, couros e Jàs li' assim (pie a exportação de cavallos dos Esta- dos Unidos attingin a tóO.dOO cabeças em 191,5, con- tra menos de 39.000 durante os aunos anteriores á .guerra. O trafico de animaes para matadouro di- minuiu sensivelmente, ao passo que tomou giande )nnuilso o commercio de carnes congeladas. .\ .\rgLntina. o Brasil, o Canad.í, a União Sul- .\ tricana e a Xova Zelândia registraram fortes au- gmentos nas suas exportações de carnes bovinas: o Uruguay e a Nova Zelândia nas de carnes mi- nas; o Canadá e os Estados Unido^ nas ile carnes ]iorcinas. Nota-se igualmente uni forte accrescimo nas ex- ])o;'tações de gorduras animaes, toucinho e cebo. nas quaes tonuun i^arte a Argentina, o Brasil, os I.slados Unidos, a ("liina e a Xova Zelândia. .\s exportações de manteiga das Américas sciiten- ti-ioual e meridioiuil accusarani um angniento con- tinuo, sem todavia, compensar a en(U'me diminui- ção verificada na exportação da Dinamarca, Hollan- da, Rússia e Suécia. Em relação aos queijos, a di- minuição foi sensivel em todos os paizes prodncto- res da Europa, especialmente na HoIIand;i, na Suis- sa. lui Itália e na França. O commercio internacional de couros desenvol- \ei'-se activamente. Quanto ã lã, nota-se durante os ariuos de 191(i, 1917 e 1918 uma occentuada cpieda nas expcn-taçòes, seguida de considerável surto em 1919, sobretudo em relaçã'o"áos producíos da .Aus- trália e da União Sul-.Africana. Movimento da secretaria da S. N. de Agricultura em Setembro de 1921 C.OHKESPOXDEXCIA Kccebitla Officios T.', Cartas 89 Pedidos Ifi Telcgrammas 11 Tropostas 9 Diversos '-2 Total 170 E.\ pedida Cartas 48 Officios i:í7 Telegrammas 184 Total 3(;9 PEDIDOS ATTEXDIDOS Vaccinas Destinatários Doses .\lfredo ,Josc" Nogueira 3110 Edward Carneiro .Tunqueira ÕO Francisco Morgante 200 Leodovico Salles 100 Tarcilio I-^ibião 24 João Gonçalves Sobrinho .'lO \'ii-gilio .\ntunes lól) \'ieíra & Irmão 400 Total 1.274 MACHIXAS E OUTROS OB.IECTOS (212 unidades) '> rolos de arame farpado, ã kilos de grampos, 8i liilos de drogas diversas, lli latas de formicida. 2 n.;'chinas agrícolas e 100 litros de sarnol, destina- das aos Srs. .António Silvestre da Cruz. Codó. Ma- r.mbão; Domingos .losé Freire, Campo liello. Minas ficraes; Henrique A. Leite Guimarães, Harra Man- sa, Estado do Rio e .Alfredo .losé Nogueira, São Joaquim, Estado de São Paulo. .Attendidos verbalmente — 96 sócios. Nomes dos lavradores registrados por intermédio da Sociedade no Ministério da .Agricultura (8): António Geraldo da Costa — Barbacena, Minas Geraes. António Silvestre da Cruz — Codó, Maranhão. .Ufredo Garcia Bastos — Itaperuna, Rio de Ja- nei]'o. Domingos da Silveira Leal — Victoria, E. Santo. Lmdidpbo Dutra Escoljar — Barra do Pirahy, Rio de .Janeiro. Lcocadio Mai-tins — Xo\a I.L;uassii. Rio ú.- .Ta- ticiro. Martinho Corrêa da \'eiga Filho - . Inhaúma. Dis- Iricto Federal, Oity Lage — Rezende, listado do Bio. RFiLAÇÃO DOS SÓCIOS PROPOSTOS ( 12) C.arlos de Campos Panto.ia. Eugénio Bartholomeu dos Reis, Lindolpho Dutra líscobar, Manoel Coelho, ielix .loaquim de .Arau.jo. Chás. W. Gilbert, Marcello 1'i.ino. Dr. Plácido de Mello, Dr. liurico Gonçalves Guerra, Dr, .Joaquim Sampaio F^erraz, Dr. Isaac El- bas e Dr. Hugcdino de .Albuquerque Mello Mattos. COXFEREXCIAS REALIZADAS (5) Léo Esteve, sobre: "O sei'viço d'.Agrostrologia, suas razões de ser, seu fim e seus meios de acção". Delphim líiet, sobre: "O' futuro da nossa pecuá- ria em face da crise actual". .Alberto Moreira, sobre: ".A situação económica, da Am;izonia". Ka.vmnndo Pereira Brasil S(d)i-e: "O Pará eco- tumiico" . 30 de Setembro de 1921 — R, Dias Ferreira. Chefe da Secretaria, MOVIMENTO DA SECRETARIA EM OUTUBRO DE 1921 Papeis recebidos Cartas 87 Officios 44 Tel';grammas 38 Propostas 20 Diversos 30 219 No mez de setembro HO Differença para mais no mez de outubro... 49 Papeis expedidos: Cartas 150 Officios 200 Telegrammas 280 630 No m;z de Setembro 369 Differença para mais no mez de outubro... 261 Conferencias realizadas — 3: .í\deIino Costa — "A castanha e a sua importân- cia no Norte do Brasil". .António da Silva Neves — "Im.ipressões da ín- dia". Joàio Raynal — "O aproveitamento das fibras nacionaes". Rio de Janeiro, 31 de outubro de 1921. — R. Dias Ferreira, chefe da Secretaria. ^ Carneiro, Maciel & C. RUA 13 DE MAiO N. 57 End. Tel. Solange Código Ribeiro CAMPOS (Estado do Kio de Janeiro) Automóveis e Accessorios Material para usinas, Lavoura, construcção e ele- ctricidade STOCK de cimento, zinco, chapas de ferro, mancaes, eixos, correias, peilo = de camello e Balata Dicks, zarcão e tintas, arame farpado, pixe, = óleos e graxas, turbinas, borracha em lençol, baldes, balanças, = carrinhos de mão, etc, etc. = REPRESENTANTES DOS ARADOS E MACHINAS AQRXOLAS DA AFA= M MADA MARCA "JOHN DEER" = = Agentes e depositários do choccílate e "hoiíbons" mar- = M í*a BIIERING ^ Íillilllllllll!lllllllli!l!llllllllllllll!!!!!!!ll!ll!l!il!ll!!!!l!lilllllll!!!lllll!lli!!lH^ ll!!!ll!!l!!!lllllllllllllii!ll!!!!lllll!llll!!ll!llll!l!lllllllllllllllllllllllllllllllllll^ íe AgricÉra Reconhecida de utilidade publica pela Lei n. 3.549 de 16 de Outubro de 1918 Fundada em 16 de Janeiro de 1897 RUA 1 DE MARÇO N. 15 — Rio de Janeiro Admissão cie Sócios Capitulo V dos Estatutos Ai-t. 8o — A Sociedade admitte as seguin- tes categorias de sócios; Sooios effcctivos, correspondentes, honorá- rios, beneméritos e associados. § 1° — Serão sócios effectivos todas as pessoas residentes no paiz que forem devida- mente propostas, e contribuirem com a jóia de IS* e annuidade de 20.5000. § 2° — Serão sócios correspondentes as pessoas ou associações, com residência ou se- de no estrangeiro, que forem escolhidas pela Directoria, em reconhecimento dos seus mé- ritos, e dos serviços que possam ou queiram prestar á Sociedade. § 3° — Serão sócios honorários e benemé- ritos as pessoas que, por sua dedicação ou re- levantes serviços á lavoura, se tenham tor- nado dignos desta distincção. § 4° — Serão associados as corporações de caracter official e as associações agrícolas fi- liadas ou confederadas, que contribuirem com a jóia de 30$ e a annuidade de 50$000. § 5° — Os sócios effectivos e os associados poderão remir-se nas condições que forem preceituadas no regulamento, não devendo, porem, a contribuição fi.xada para esse fim, ser inferior a dez (IO) annuidades. Art. 9u — Os associados deverão declarar o seu desejo de participar dos trabalhos da Sociedade. Os demais sócios deverão ser pro- postos por indicação de qualquer sócio e a apresentação de dous membros da Directoria e 6er acceitos por ,iU,panimidade. Art. lOo — Os sociõs, qualquer que seja a categoria, poderão assistir a todas as reuniões sociaes, discutindo e propondo o que julga- rem conveniente ;_ terão direito a todas as publicações da Sociedade e a todos os servi- ços que a mesma estiver habilitada a prestar, independentemente de qualquer contribuição especial. § 1» — Os associados, por seu caracter de conectividade, terão preferencia para os re- feridos serviços e receberão das publicações da Sociedade o maior numero de exemplares de que esta puder dispor. ,5 2° — O direito de votar c ser votado é extensivo a todos os sócios; é limitado po- rém, para os associados e sócios correspon- dentes, os quaes não poderão receber votos para os cargos de administração. 5 3° — Os sócios perderão somente seus di- reitos em virtude de espontânea renuncia, ou quando a assembléa geral resolver a sua ex- clusão por proposta da Directoria. Capitulo VI do Regulamento Art. 18 — A Sociedade prestará seus ser- viços, de preferencia, aos sócios e associados quando estiverem quites com ella. .Art. 19 — A jóia deverá ser paga dentro dos primeiros três mezes após a sua accei- tação. .\rt. 20 — As annuidades podei ão ser pa- gas por prestações semestraes. .Art. 21 — Os sócios e os associados pode- rão remir-se mediante o pagamento das quantias de 200$000 e 500$000. respectivamen- te, feito de uma só vez e independente de jóia, que deverão pagar em qualquer caso. .Art. 22 — Os sócios e associados n.no po- derão votar, nem receber o diploma, sem te- rem pago a respectiva jóia. § 1° — O sócio, que tiver pago a jóia c uma annuidade, poderá remir-se mediante a apresentação de 20 sócios, desde que estes tenham egualmante satisfeito aquellas contri- buições. § 2° — Para esse effeito o sócio deverá requerer á Directoria, provando seus direitos nos termos do paragraplio anterior. §30 — Serão considerados beneméritos, os sócios que fizerem donativos á Sociedade a partir da quantia de um conto de réis. .Art. 23 — Para que os sócios atrazados de duas aii-nuidades possam ser considerados re- signatarios, nos termos dos Estatutos, é pre- ciso que suas demissões tenham sido solicita- das por escripto, até três mezes antes, cabcn- do-lhes o direito de recurso para o conselho superior e para a assembléa geral . U! !!!lll!!l!!!ll!!!!H!!!!!ll!llll!!!l!l!llilillilllllll!llll!lll!lllllllllllllllhillil!llllllll!!íllllll! SOCIEDADE SUISSA RUA DE S. PEDRO N. 14 f^lCD JiB^IMEIR^ 1 I i' ; I j. i. 1. Caixa Postal 1775 FILIAES S. Paulo- Porto Alegre * Desnatadeira "SHARPLES" Temos estas afaniadas desnatadeiras, novo modelo á sucção, "única" des- natadeira com variação de velocidade e rendimento constante, de 100 a 2.000 litros por hora — á mão, polia e a vapor. Fornecemos todos os apparelhos para a industria de lacticinios: Bate- deiras, Sal^adeiras, Latas e Baldes para conducção de leite, Ordenhadeiras "Sherples", Pasteurizador e Resfriador "Gaulin- Paris". Enviamos gratuitamente o nosso catalogo illustrado. Corsultera os nossos preços; attenderemos immediatamente. OfScinat GriphiSH da A NOITE — Rua do Garras, » ff BOLETIM DA SOCIEDADE MACIONALDE AGRICULTURA industria do assucar. Editorial, pag . em inglez sobre o algodão brasileiro, A lavoura da canna 309 — O primeiro livro pag. 311 — J. C. F. — A industria animal no Estado de Minas Geraes, Redacção, pag, 314 — O assucar, (Projecto Miguel Cal- mon e noticia), pag. 319 — Coqueiros castrados, Dr. Gregório Bondar, pag. 321 — Instituto de Defeza Permanente da Produ- cção Nacional, (Projecto legislativo e commentario), pag. 323 — ■ Exposição-Feira de Bagé, Redacção, pag. 324 — O Pão Mixto Bra=;iIeiro. Redacção, pag. 326 — O cacau bahiano, (Communicaçao do Dr. Hannibal Porto á S. N. de Agricultura), pag. 327 — Álcool industrial. Redacção, pag, 329 — Cuidemos do rebanho ca- prino nacional, (Appello ao Sr, Ministro da Agricultura), pag. 332 A regulamentação das horas de trabalho na Agricultura, (Parecer), pag. 334 — Uma grande industria a incrementar no paiz. Reda- cção, pag. 338 — O consumo do café brasileiro na Itália, (Com- municaçao do Dr. Deoclecio de Campos), pag. 339 — As grandes iniciativas da S. N. de Agricultura (Programmas), pag. 342 — Mechano-Cultura, W. de V., pag. 355 4 '"-^é. ■i II H ÍMX m Mií. m' 0m 1822-1922 l Em commemoração do CENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA DO BRAf^lU Jogam apenas 30.000 bilhetes com 3.175 prémios no valor de 9.550:000$000 MAIS DE 70 POR CENTO EM PRÉMIOS PRÉMIOS MAIORES : S de â.OOO:QOO$000 1 de L000:000$000 f de 500:?!0®$000 i de 2l!0:0O5l$000 2 de I00:900$000 e mais de 3189 premíeis de diversos valorss Os prémios eerão pagos pela Thesouraria do BANCO NACIONAL ULTRAMARINO, no Rio de Janeiro, conforme declaração impressa nos bilhetes, que se encontrarão á venda em todas as agencias lotericas da Capital e dos Estados. CUSTO DO BllJEIE ÍIWIO M^UM Extracção no dia 7 de Setembro de 1922, pelo systema de urnas e espheras iiifeira- inente numeradas. Quaesiutr informações serão enviadas, (lunrido pedidas, pelo BANCO NACIONAL ULTRAMARINO I, 120 — _ RIO DE JANEIRO Endereço TelegrapMco — "COLONIAL" fíaxiliae esta Cruzada BÓNUS DA INDEPENDÊNCIA Ningiicm deve deixar escapar a oijportiiiiidade de ad(|iiirir aliíiuiN lUJNTS DA INDE- PENDÊNCIA Cada liDiuis custa apenas 20.'?0(l(l e além de dai' lugar a 211 entradas na Exposição concorre a 1(1.(100 prémios no valor de 3.00(1 MIOO-^OOO. distribuídos como se segue: 1 premio de ÕOO :()00.'?00(l 500 : OOO.^OOO í (i prémios de 100:00((.'<(IO(I 000 MlOO.^íOdO 7 prémios de r)ll:0(lO.<00(l :i'iO:(lO0.-;oO(l !( prémios de '20:0(MlsOOO 1,SO:(I(IO.'50(IO 1() prémios de 10:()OO.sO()(l 1(;0:(IOO>;000 Hl iH-emios de 5 :(I0(1.'<(I00 l.')') :0()0'?000 70 )>remios de 2 :(IO().sO(l(l 14(1 :(l(l(ls()ii(i 150 prémios de 1 :000.-;00(l IfiO :()(l(l.-:Ol)(l 2()0 jH-cmios de ãOO.sOOd i:!0:(l(IOs()ii(l (i7r) prémios de 20().'?(10(l i:!r):(IO(ls(l()() 1 .225 prémios de lOOíOOO 122 rãOO.íOOO 7.550 prémios de 50$000 377:õ00-')!0OO 10.000 prémios no valor de 3.000:000$ODO Esses premies serão distribuídos do seguinte modo: (Juatro sorteios iguaes (Março, Maio, .lulho e Setembro de 1922) compondo-se cada um desses sorteios dos se.íuintes prémios: 1 de 10(I:(I00.-<(I(>0 l(lll:(ili(l.-;(l(l(l 1 de .-,0:(I()(1.^(I(I(I .',0:On(l,'^0(l(l 1 de 2(1:110(1.^000 20 :(KIO.<(MIO ' 2 de I(l:(l()(l.<(!(IO 2(1 :(100-^(I00 4 de ,'i:00().-:000 2(1 :00O::;O(l(l Kl de 2:000.^0(1(1 20 :000.'^(10(1 2(1 de 1:000*000 20 :noO.-<(MI(l 40 de .500.ÍÍ000 20:0(H).-:000 100 de 2O0S00O 20:(l(IO.sOOO 200 de 100.^000 20:()(I0S()(1(| 1.300 de ÕOÃOOO (i."):0(IO.';00() 1.679 prémios no valor de 375:000$000 O quinto sorteio realisar-se-á durante a Exposição e constará dos prémios seguintes: 1 de .'lOO :000.*(IOO .500 :(l00s000 a de IOO:(IOO.'<0()0 20O:O0O.*0O0 3 de 50:000.<000 150:000>iOO() 5 de 20:(IOO.<00(I 100 :(l(IO.^OOO 8 de KliOOO.^^Odd 80:(I0(I.-;(I00 15 de 5:00(l.-;0(l(l 75:(I(IO.-<0(IO 30 de 2:000^0(10 00 :(l(IOs(|(|(| 70 de 1 :(1(I(I.'^0(I(I 70:(I0(I.>:0(I0 100 de 5OO.S0O0 50 :(l(l().-<0(l(l 275 de 2(.)0$000 55 :(IO(I.-<(I(IO 425 de lOO.fOOO 42:500.^000 2.350 de .lO.^^OOO 117 :.50(.ISOOO 3.284 prémios no valor de 1.500:000$000 Os BÓNUS darão também direito ao sorteio da TÔMBOLA DA EXPOSIÇÃO, a rcalizar- se no encci-ramento desta e constante de donativos diveisos, cu.ja especificação será pubi- cada opportuiKimente, offerecidos jjclo Governo Federal, Prefeitura do Districto Federal, pe- los (iovcTiios dos F^stados, municipalidades e expositoi'cs. Os HONTS ])remiados não concorrerão aos demais sorteios, inclusive á TÔMBOLA, sendo validos, porém, os respectivos coupons de entradas na Exposição. No caso de repetição do numero .já premiado, proceder-se-á immediatamcnte a novo sorteio. Não serão pagos os BÓNUS dilacerados ou defeituosos cuja legitimidade não se possa verificar. Os prémios prescreverão no prazo de 120 dias contados do ultimo sorteio. Os possuidores de BÓNUS poderão dispor como bem entenderem dos respectivos cou- pons; estes não representam vigésimos de BÓNUS e apenas correspondem ao valor de 1$000 para entradas nos recintos da Exposição, de accordo com o regulamento especial que será oi)portunainente expedido; não concorrem aos prémios em dinheiro nem á TÔMBOLA DA EXPOSIÇÃO Só os possuidores de BÓNUS, COM OU SEM COUPONS, é que terão direito aos prémios ou ob.jectos sorteados. AGENTES GERAES NO DISTRICTO FEDERAL: BANCO COMMERCIAL DO RIO DE JANEIRO RUA 1" DE MARÇO. 81 RIO DE JANEIRO I I I I I I I 1 I I I I I I I É:mQimiiiiiiiic]HimMiiiit]imiiiiiiiic]uiiniiiiiiniiiiiiiiini[]iinmiuiiniiniiiiiiiic]iiiiiiiiiiiininiiinMiiniiMiniiiiinuiiiiiiiiiit]iiiiiiiiiiiiniii» INSTITUTO EVANGÉLICO Escola Agrícola de Lavras FUNDADA EM 1908 A Escola Agrícola de Lavras, situada na cidade deste nome no Estado de Minas, cfferece um curso completo de agronomia, conferindo o titulo de "Agró- nomo", sendo os diplomas acceitos para registro na Secretaria de Agricultura do Estado de Minas, em virtude da Lei n. 690. de 10 de Setembro de 1917. A Escola possúe prédios, fazenda modelo, criações e lavouras adequadas ao ensino dispondo de uma congregação idónea. O curso é feito em quatro annos. sendo necessário para a matricula, o exame do quarto anno do Gymnasio de Lavras, ou que sejam prestados exames de admissão das matérias equivalentes. Exigem-se 6 mezes de pratica nos serviços da fazenda para o alumno ser diplomado. Curso pratico de um anno. Para informações e prospectos da Escola, dirijam-se ao Director da Escola Agrícola de Lavras. Minas. Grande criação de porcos da raça Duroc-Jersey. 4 prémios na 1° Exposição Nacional de Gado, 2 taças de prata e 7 prémios na 2^ Exposição Nacional de Gado, 3 prémios e uma estatueta de bronze na; 3" Exposição Nacional de Gado. Vendas effectuadas em onze Estados e no Districto Federal. Despachos para qualquer localidade. Vendem-se leitões, em casaes, ou de qualquer dos sexos. Para preços e mais informações, dirijam-se ao Director da Escola Agrí- cola de Lavras, E. de Minas. iii ai ii Hi I mm iMi Cmi imã ímil m£i mm j -f]iuiuiiuiiuiiiiiiHtinuiHUiiiiiiiiiui[]iiiBHuiiiaiiiiiiiiiiii[]HiiiiiuHiuiiiuiuiui[]iiiuiiiiiiiuiuiiiiiiin[]iiii iiuiiiiiiiHWCiiiuiiuiiiiniuiiimiiiniiiMiMiiiiuiuiiiiiiiiiciiiiiuwHiuiiÍK A LAVOURA Boletim da Sociedade nacional de Agricultura ANNO XXV Rio de Janeiro — Brasil N. 12 Â lavoura da canna e a industria do assucar Esta Revista tom hoje motivo de ])ar- ticular contentamento, ao constatar (\i\c se acha em caminlio de realização iima das asi)irações mais \'elhas e mais justas da economia brasileira, e pela (|ual nos temos batido sempre com o maior fer- vor, secundando e interpretando o sen- timento e os pro])ositos da Sociedade Na- cional de Agricultura. Effectivamente. o projecto do Depu- tado Mií>uel (-almon. convertido feliz- mente em lei. resolve em definitivo o problema, tão caracteristicamente na- cional, da la\()ura da canna e da indus- tria assucai-eira. (|ue nunca tiveram dos ])oderes da Nação o amjjaro e fomento devidos ao valor da sua contribuição ã ri(iueza do paiz. A projxisito do projecto Miguel Cal- mou. O Paiz inseriu na edição de 19 de Dezendjro ultimo um editorial notável, (pie impressionou profundamente os cír- culos da lavoura e da industria interessa- dos na ((uestão . Pedimos vénia ao grande matutino pa- ra reproduzir em nossas columnas esse artigo, ponpie não poderianKjs fazer me- lhor, com mais acuidade e maior vigor, a defesa de uma causa benemérita. <|ual a cpu' nos occupa neste instante. Escreveu O Pui:, sob o titulo "A defesa do assucar" : "(".osliima-se dizer ([ue o assucar tem. no Brasil, a existência da nacionalidadi'. j)elo fado de ser c()nlem])orane() dos con- quistadores da nossa terra, (fue introduzi- ram a cultura da canna com os ])rimeiros siu'tos de colonização. Effectivamente. o assucar é a mais ve- lha affirmação de feracidade do solo pá- trio, a mais venerável tradição ec(Mionii- ca do paiz, e isto bastaria para justificar de nossa parte o desvelo de uma prote- cção propulsiva e ininterrupta á lavoura e á industria desse elenuMito fundamen- tal das nossas possibilidades no cam])o da |)rotlucção agro-induslrial . Infelizmente, essa protecção, por assim dizer intuitiva, nimca existiu. Precisa- mente a lavoura da canna e a industria do assucar tèm sido, dos nossos factores de ri([ueza, os mais syslemalicaniente abandonados pelas liberalidades tia as- sistência official, que delles se ha lembra- do ajjcnas como ))ingues fontes de con- tribuição tributaria, sem nenhuni bene- ficio apreciável, correspondente ao ónus com ([ue o fisco lhes entrava a prosperi- dade. Nos últimos tempos, (piando tiulo acon- stdhava a suppressão das peias es algodoeiras do paiz. esliulando. nessa xisita. o estado jiresente e as possibilidades futuras do nosso (((//•() branco. Pela escassez do lempo de i\uv dispoz. o Sr. Arno S. Pearse, Secretario (ieral da Fe(leraç'ão e chefe missionário, não se i)ermittiu ir alcMii do Estado do Rio (irande do Norte, esperando, todavia, podei- muito em breve tornar ao Hrasil e concluir a sua viagem ao restante dos Estados algodoeiros do norte. Essa interrui)(:ã() forçada não impe- diu, entretanto, (pie o Sr. Pearse, de re- gresso á Inglaterra, \azasse as suas pri- meiras impress(')es num relatório offi- cial á Federação, nelle consignando as suas observaç(')es e as illaçiies (pie dabi tirou . O livro, entilulado "Bnizilidii Ciitloii" — "Algodão líiasileiro" — é mais uma l)ublicação da I-\Hleração Internacional (lo Algodão, do g(Miero do ''Indian ('ot- lon" "(lotlon (írowing in Eíjiipl", "Coi- tou (iroiviíuj in llic An(/lo-lili(ui Sii- dan", e dos dez relatórios officiaes dos Congressos Internacionacs Algodoeiros. Constituirá uma ol)ra de consulta, lin- damente encadernada, contendo cerca de 'iOO paginas, muitos mapi)as e vinte photogravuras. Será distribuido, gratuitamente, a lo- dos os membros da Federação Interna- cional do Algodão, repr(>sentando perto de í)0 ' f dos tecelões da Inglaterra, do ('onlinente, ele. c lerá um logar per- man 'iile na estante de lodos os grandes indusliiaes de algodão do inundo, e nos estaljclecimeutos brasileiros de descaro- çamenlo e prensagem. Elle i)assará pe- los olhos do universo inteiro, interessa- do na producção algodoeira. E' o primeiro livro a ai)parecer edi- tado em inglez. tratando do algodão bra- sileiro, o ((ue faz prever o seu grande successo por occasião do Congresso In- ternacional .\lgo(loeii'o a reunir-se na Suécia, de 12 a 1 I de .limbo do corrente anno . O trabalho eslã sendo impresso nas officinas dos Srs. Taylor (iarnett & C. (Hudson c^: Kearns, Ltd.), (luardian Prinling Works. Manchester, (|ue farão tirar uma i)rimeira edição de ;?..")()() exemplares, jjara distribuição, cindis, aos directores de fabricas na Europa, Ásia e Sul America, e repartições de go- vernos na maioria dos jiaizes. Será re- servado um limilado numero de exem- ])lares jjara a \enda aNiilso, ã razão de £ 1,1 s. cada uni. Pode ter-se, desde já, uma idéa do (pie conterá este livro pelo ipie se resume no seu Índice : Prefacio por eminente personagem — Introducção. (ieographia. Clima, Cursos dagua e lastradas de Ferro. Historia, Constituição c Cioverno. Industria brasileira de fiação e tece- lagem de algodão. 312 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA Casas exportadoras de aliíoilão Ks- C.ullura do café viu S. Paulo, follia. classitic-ação v cntardaiiicnlo . Coiitrrrncia do Sr. Amo S. i^carsc na Observações gcraos sobro o algodão Soc-icdadc Nacional de Agricultura do brasileiro. Brasil, Rio de .laiieiro. Cultura, descaroçaniento e i)rt'nsagoni Notas sobri' os priíicipaes artigos de do algodão nos Kstados de; S. Paulo. exi)orlação . BRAZILIAN COTTON MASTE» CfyriÉMf SPI N H E K-g MAIXCHtSTEJl 'M eWOLAl^O l'i'inii(liir, ()ii fliiiliHii iijilÍH'!! ilii liriii >• llt nziliiiii Ciiltmi" — « Miim/ilii Hiii- -s/7í','/ n -• íftft' 1'slii "ifiuiii fíltlinhi itif I iii/tfilm 'I Sergipe. Paraliyba. Minas (ierae.-i. Ala- goas, Rio (Irande do Norte, Bahia e Per- nambuco. AppriKlicc Lista das fabricas di' algoilão no Bra- sil, iriHuindo fusos, teares, capital, etc. As considerações adduzidas i)elo Sr. Arno Pearse, no seu relatório, em torno da (|ueslão do algodão brasileiro, embo- ra, provavelmente, não constituirão no- vidade para os <|ue se familiarizaram com o assumpto no Brasil, \irão, i)or certo, despertai- vIno interesse pela sua opporiunidade . A LWOURA 313 — K' o ([Lie í'iK'iliiU'iili' sf (IcpreliiMulc das iiiciilr iio domiiiio da região da fibra linhas al)aix(), transerii)tas e tradiizi\'i)cia lahcz \enlia a soffrer. mais ainda, com as perturba- ções |)oliticas (pie se \èm repelindo nes- se paiz . "As outras fontes de algodão de fibia longa, são: — as índias Occidentaes c o Peru, ondi' se cultiva o algodão egypcio nos valles tios i)e(pienos rios; e o Nor- deste do Hrasil. com as suas variedades arbóreas (l(>sta mahacea. "As coUieitas no Hrasil são su|)eiiores ás de ([uahpier outro i)aiz jiroductor de algodão, no mundo; iio emianio. ellas se de|)reciam |)ela inconvenienie escolha e classificação do |)ro(liicl<). st'ndo coni- mum a differença no c()m|)i-inienl(i das fibias de fardo para fardo, sobre nem stiiipic po(U-ri'm conseguir-se re|)etitlas consignações exactamenle da nu'sma (pialidade. São. comludo. defeitos reme- (lia\eis. A differença de prt'ço tio algo- dão brasileiro, nestas condições, i)ai'a o de oulras procedências, é bem notável para compensar o trabalho (huna clas- sificação es|)ecial e maior lim|)eza no tratamento . " T. C. V A ioJusIria animal no EstaJo k iinas Geraes A Directoria da industria e Comniercio tem pro- i:urado orientar os seus serviços de modo a facili- tar o desenvolvimento da pecuária no Estado, pro- curando fornecer os elementos necessários á solu- ção dos três probleinas principaes, relativos á mesma: a) — Melhoria das pastagens: bl — Immunizacão do gado contra as epizootias Capim Colonião reinantes nas differentes zonas: Favella c) — Introducção dos reproductores mais con- Chique-chique venientes. MELHORIA DAS PASTAGENS Total Augmentou-se consideravelmente a dissemi- nação pelo Estado das sementes das plan- Convém notar que mesmo para os pontos muito tas forrageiras mais bem acceitas pelos fa- zendeiros mineiros. A distribuição das sementes foi a seguinte: Capim gordura rò.xo . . . Capim gordura ro.xinho Capim .laragu:i (1 000 kilo 4 894 '* 10 110 21 300 110 •• 21.4.35 A LAVOURA 315 afastados, sem estrada de ferro, remetteram-se pelo correio sementes de capim. A Directoria tem também procurado estudar as principaes plantas forrageiras do Estado, algumas desconhecidas e outras já conhecidas empirica- mente pelos criadores, como boas plantas forra- geiras. Foram organizados dois quadros de analyses, ordenados em relação á qualidade de proteínas. O quadro n" 1 contem as analyses de 15 forragens superiores ao feno bom, e uma, a "Favella", que, íilem de rica em proteína, tem uma quantidade enorme de substancias outras azotadas. O quadro n. 2 contem as analyses de outras plantas forra- geiras communs no Estado e de bom valor nutri- tivo. No quadro n" 1 existe uma leguminosa forragei- ra, a vicia gramminca, mais rica que a alfafa e poderá substituil-a com vantagens. Outras plantas estão em estudos. Algumas são curiosíssimas, pela .iqueza em proteína e gordura, e uma destas, da zona de Salinas, forneceu 19,333 por cem, de proteína e 9.10 de gordura. Esta ultima não pon- de ainda ser classificada botanicamente pela falta dos elementos principaes da planta, que ainda não íoram fornecidos. Temos esperanças que a alfafa, dentro de al- guns annos, não precisará ser importada, sendo substituída pelo feno da vicia gramminea e de ou- tras plantas forrageiras da nossa flora. A vicia gramminea, leguminosa abundante na zona da Mat- ta da Corda, tem sido praticamente observada pelos criadores daquella zona, com os resultados os mais favoráveis. Até agora se sabe que os bovinos, os cavallares e os suinos a devoram com voracidade, engordando e desenvolvendo com rapidez. O feno da 1'íríí; gramminea, inteiramente semelhante ao da alfafa, offerece um bom aspecto e exnla um cheiro agradável. No posto zootechnico do Prado, vão ser feitos canteiros de 10 X 1 ."t^ CO i^ I— _i C5 C (/> t^ CO c c: :B S ^ O) ^ ■D O O ^ •O 0^ CO o w ii ■D .1,* o c« »; 1 CO ^ f 1 — o o — ~ )- . — • 3.^ ' =í 5 ^ ^ cí ti .2 ÍH j: —.h i =5 OJ - 3 'S C Q. s r. C<5 CO a o o 5 S t = S .^2 2 Íã2 5. O d) 5 o cã '-■ 2-= i i y; o u C cí" õ ICO o- CO 3; > rr 3 ^ — '- CO cS i í--^ M = CO •a ." Cl. £— 1- o cá Eh O r. ■o o B-C cô O •" o. z: —. "S- "^ 9 " 00 (5 '/: «Ce ^ ?; X ^ '-^ -O X (J _c ■H a> > ». CO O s_ CJ 3 o 't_ — O) ^ ^ CO 'W ^ _ X u -c 1 s S2 = c P. c cc >— «U n g « «-2 cí « ^ c ^ u C I ■f s c: — ' :^ ^ _ r^ -, _ ri oo -+ c. O -n ,_ ,_ rO O C^l -f o ^ — r^ r" iít O ^ 1^ Oí I - •A <0 a: I- X — 2 § c7 i (= O, -Z O '- A LAVOURA 317 — CB -O CO X 'CÍJ r. c :3 :: ■^ -í c: — ca Z3 O O) CS ca ■D CS ca > ca C8 2? C8 0 ^ 0 ^ C/3 0 « J^ CS c OC iC t - 00 00 -t C-. tr C-. 3-. -f r ~ c. CC vf5 0 lít »- ot t-^ « C^ iC ■- H- 0 (B|[0.\1!^) rc - 5; <= -, aÇ u.iiii\) snjBU 3j e 1 i â3 ! p jd "■ •" lO -iDun snuiuBjaj^ uinq 0 I nj am ij i (loq op CC ift ^ íM 0 0 0 "^ -f f^ -f c^ I^ -f ^ D -f n C-. 0 05|.1([ (llJOHlKJ C:' t-^" "^ c^' r^' to 0 — •" CN Pt 0 ejqeas -+ 1 - = t t_ I ro 2 -JB-J) Uin)BUI3 1 ^ saq } UBS (1 1 .\is — • -un uinipousjQ — Co: -. — X 0. : ^' f, í — 1 i (ohokIk.i -JG'J) lunuED oc 0 r 1^ s!i!Ui l : 5 : , - - ■:' CM ri -ui UInIpolU.so^ l- r* ! _ -nq samuBso|.\)S - (anbii[,i-,inb sisuauE.ipaj\i r- ir X -)■ ;? 0 ((I.1.1.1S ijqllis -joiu\' ) uindjBD -oiai lunipouisaíl X uO - ( ) E8U - IN ^i ir 0 (cã 00 CO -r C-. X 30 c: -f Cl 0 X ic 5 - c: -- r 0 0 0 -4EI Eqioj op uiidB^) uin) c; 0 ra 0 >íí § -eSjia uin|BdsEj r- -^ ir cc 0 C^l I-* TO t^ 3- (o venha obstar as desagradáveis Incursões annuaes da febre aphto- sa em differentes zonas do Estado. Tismos esperanças, depois de experiências já feitas e de bons resultados, que o Sr. Dr. Lis- boa tenha achado a solução para o caso. 6.") — Tristeza ou piroplasmoze bovina. — Moléstia gravíssima, que difficultava muito a ac- climação em nosso Estado de reproductores bovi- nos estrangeiros, pois, a mortandade destes era superior a 50 '> dos animaes Importados; deixou, felizmente, de ser o espantalho dos que procura- vam melhorar o gado por cruzamento. X vaccinação pelo Tripanhlau dá bons resultados, ,e a modifi- cação da technlca feita pelo Sr. Dr. Lisboa, do Posto de Observaçáio de Bello Horizonte, veiu tirar o risco que ainda corriam os bovinos no pe- ríodo da vaccinação. Depois das "injecções pre- coces', aconselhadas pelo Sr. Dr. Lisboa, a ele- vação thermica não se repete e dois ou três dias depois da injecção o animal se apresenta perfei- tamente Immunizado e s:m febre. Consideramos importantíssimo o problema da prophylaxia dos rebanhos contra as epizootias mais graves, que apparecem nas differentes zonas do Estado. E só vemos um caminho a seguir, para uma acção rápida e proveitosa: O Governo encampou as balanças de pezagem do gado, e essas balanças produzem annualmente um liquido de 125 contos; poderíamos com esse dinheiro confiar ao Instituto de Manguinhos a criação do nosso serviço de veterinária. Mangui- nhos já tem o apparelhamento necessário para es- tudar e resolver qualquer problema que appareça, além de possuir um corpo de profissionaes com- petentes e dedicados que está acostumado a tra- balhar com dedicação e disciplina. A nota da secção de Industria .Animal dá deta- lhes sobre o estado do serviço de veterinária. BANHEIROS CARRAPATICIDAS A Directoria de Industria e Commercio estudou um typo de banheiro, pequeno, calcado no typo americano, com as modificações necessárias a fa- cilitar o banho no gado bravio. Todos os escla- recimentos são dados aos fazendeiros para a con- strucção e o carregamento do banhi.-Iro. Tem ha- vido grande procura de plantas que são forneci- das grátis aos interessados, havendo sido con- feccionados dois projectos, um em alvenaria or- dinária e outro em cimento armado. O — Introducçáo de leprcductores — Fm 1915 não foi importado do estrangeiro gado rcprodu- ctor de raça, destinado a melhorar por cruzairiento os rebanhos do Estado, pelas dif i.cuiiades crea- das pela guerra européa. Interr mpeu-se, assim, um s20-21 ; Considerando que toda medida que venha favo- recer o fim almejado, isto é, que os assucares de Cuba possam ser vendidos, conforme solicitam os mercados dos Estados Llnidos, da Inglaterra e de outros paizes, a preços iguaes ou ligeiramente in- feriores aos das outras regiões para o mesmo as- sucar, de modo a evitar o açambarcamento ou uma alta exaggerada dos preços, devendo essa commis- sào, sem hesitar, permittir assim aos nossos produ- ctores de assucar e colonos, como aos nossos nego- ciantes, cumprir suas obrigações para com os mercados estrangeiros; Considerando que, si durante as estações do 1017- 18 e 1918- 19, a exportação de nossos as- sucares foi regulamentada de maneira a auxiliar as nações alliadas a Cuba na guerra i;uropéa, sob o regimen das leis que então existiam e que, hoje, ainda vigoram, não é lógico admittir que, nas condições actuaes, medidas semelhantes sejam ado- ptadas ,sempre sob o regimen das ditas leis, afim oe salvar nossos fabricantes de assucar da fal- lencia e poupar ao nosso commercio em geral um descrédito que o aniquilaria, se não estivess'^ elle em condições de cumprir suas obrigações, fal- lencia que o collocaria na impossibilidade de obter, especialmente dos Estados Unidos da Ame- rica, a grande quaniidade de mercadorias que ellc habitualmente importa daquella nação; Usando dos poderes que a Constituição e as leis de guerra sempre em vigor nos conferem, re- solvemos: 1" — Constituir commissão denominada "com- missào financeira assucareira", composta de sete membros, dois representando os grandes fabrican- tes, dois os pequenos fabricantes de assucar, dois os bancos que com seus empréstimos auxiliaram a colheita de 1920-21 e um representando os inte- resses públicos na pessoa do secretario da agricul- tura, commercio e trabalho. 2° — Esta commissào será encarregada de to- das as operações relativas ás vendas e ao embar- qtíe íia producnão de 1920-21, de repartir as rendas 'M. pro rata enire os detentores, de fixar o preço conforme a quahdade do producto vendido, de eifectuar todas estas operações com os merca- dos estrangeiros. 3" - A cjmmissão decidirá e porá em pratica quaesquer medidas úteis e necessárias para o me- lhor desempenho de sua missão, bem assim as que venliam em auxilio dos productos na medida do possível, afim de que possam obter os créditos n- cesarios para effectuar a colheita. A commissão terá também, entre seus fins essencíaes, o de exercer os poderes que lhe são conferidos por este decreto visando a venda da producçào de assucar nas condições regulares e em harmonia com as leis naturaes, de tal sorte que nenhum preço artificial possa ser creado. 4" -- A commissão pode nomear delegados lunto dos differentes portos de embarque; e desde que o presente decreto comece a vigorar, nenhum arma- dor, transportando productos saccharinos, poderá partir a menos que sua carga não tenha sido au- torizada por certificado ou qualquer outro documen- to sem^ilhante, passado pela commissão. O secre- tario do Thesouro e o administrador das Alfande- gas serão responsáveis pela exacta observância deste artigo. 5" — Todas as autoridades remetterão, dentro de oito dias, á commissão, a partir da data em que este decreto entrar em vigor, uma declaração in- dic;-ndo todas as vendas feitas a paizes estran- geiros até a data daquella declaração. Esta de- claração será assignada e reconhecida verdadeira por notário comm;r:ial, pelo vendedor, pelo com- prador ou por seus representantes, devendo os contractos de compra e venda, a quis se referem, ser annexados á declaração, assim como todos os accòrdos para a venda de assucar bruto a refina- dores ou a compradores que empregam estes as- sucares nos Estados Unidos, devendo ser indicados os preços do assucar na data dos embarques, do mesmo modo que nos casos em que os preços fu- turos forem estabelecidos sobre bases outras que o preço do m';rcado; deverá ficar entendido que, nestes casos, as partes contraciantes estarão de accõrdo com a commissão no ponto em que os di- los assucares deverão ser refinados ou emprega- dos pelo comprador mi;ncionado no contracto e que não serão nem vendidos nem offerecidos á venda como assf.car bruto. No caso de qualquer infracção a esta legra, a commissào terá a facul- dade de recusar ás partis contractantes a autori- zação de embarcar os assucares. H" — A commissão enviará ao presidente da junta dos corretores d-; Havana, representando to- das as outras juntas, uma declaração hebdomadaria das vendas effecutadas e de seus preços, declara- i.ão que será publicada na "Gazeta Official", visan- do o estabelecimento da média quinzenal e da mé- dia mtnsal dos preços de vendas do assucar effe- ctuadas por ella e pelas juntas de corretores, e es notários commerciaes levarão isso em conta nas suas cot.ições, de modo a fixar, por seu turno, as médias correspondentes, de tal sorte que os con- tractos entre os productores de assucar e os colo- nos possam ser liquidados, sem prejuízo para ou- tra qualquer forma de liquidação adoptada de com- mum accôrdo entre os productores e os colonos. 7" — Os membros desta commissão não recebe- rão nenhum salário por seu trabalho; terão, po- rém, o direito de fazer supportar ao pro rata, por todos os interessados, todas as despezas relati- vas a este trabalho. 8' - Os actos da commissào não obrigarão, de modo algum, a responsabilidade do Estado ou dos membros da dita commissão, a menos que estes hajam commetiido acto criminoso. 9" — São designados para formar parte da com- missào financeira assucariira: Manoel Rionda e M. R. B. Havoleo, representantes dos grandes productores, M. José M. Tarafa e Manoel Asquern representando os outros productores; M. Porfírio Franca e M. Frank Beatty, repre- septi^jndo os banqueiros, e o general Eugénio San- chez Agramonte, secretario da agricultura, commer- cio e trabalho, representante do interesse publi- co. 10" — O secretario da agricultura, commercio e - A LAVOURA 321 trabalho ssrá responsável pelo cumprimento di.- todas as disposições deste decreto, que entrará em vit'or desde que aquelle secretario annuncie na "Gazeta Official" que está de posse da acei- tação de todas as estipulações previstas neste de- creto pelos proprietários das fabricas de assucar representando ao menos 759^ da produjção assu- careira da ultima colheita. Palácio da presidência, II de Fevereiro de !92l — M. G. Menocal, presidente. E. Sanchcz Agra- monte, secretario da Agricultura, Commercio e Trabalho." r.^^^^s^^^^ 4 COQUEIROS CASTRADOS Doença produzida pelo fungo "pestalozzia palmarum" Esta doença cryptogamica é uma das mais curio- sas na pathologia vegetal pelo effeito fulminante do cogumelo parasita sobre a fertilidade e mesmo a vida da planta. Nos coqueiraes situados nas condições medias do solo nas ladeiras da terra vermelha e ainda mais nas baixadas do solo argiloso e compacto, en- /■'/(/. / — (^iKjiiciíd sli'1 il, jxr SCI' iiiniilidii de « l'<'síiilnzzii> jKilnunmii •• conrra-sc uma certa porcentagem dos coqueiros que nfio produzem, tendo todos seus cachos despro- vidos de fructas. Não ha, entretanto, nelles o especialista em abor- tar os cocos, o besouro Komalinotus coriaceus. A razão desta sterilidade é a infecção permanente destes pés por um cogumelo parasita Pestalozzia palmarum Cook. Fig. 1. O cogumelo microscópico vegeta nas folhas e no broto do coqueiro e logo que surge a inflorescen- cia invade a espatha-canoa e quando a inflorescen- cia abre, logo é também invadida pelo fungo e todas as flores, ou com poucas excepções, ficam castradas. Estes coqueiros se notam pelas palmas um tanto mais curtas, menos frondosas do que nos pés normaes. Frequentemente acontece que o cogum.jlo, tomando pé no coqii';iro, produz effeitos muitci mais profundos: as inflorescencias ficam supprimidas pelo cogumelo, quando ainda em em- bryão e as folhas novas que sahem do broto apre- sentam um aspecto curioso: o peciolo nasce leproso com. feridas profundas de rachaduras transversaes cicatrizadas, com tecidos enegrecidos, parecendo cauterisados pelo fogo. Os foliolos, quando existem, ficam serrados uns a ou'ros por falta do crescimento do rachis princi- Fifj. 1' — (jniiicini ciisIdiiIii jiclii iiiiiiiiiirli) «Ves- liitdzziíi iiiiliiKii iiiii. Ii(/tiii rsi-{ii((i(is ilrsli Ilidas iliiiiiidd em eiiihii/dii. Fnilns í-riihiirs diiotadas pai e são sempre mais ou menos encrespados. Cada nova folha, nascendo, apnrsenta um aspecto mais alterado e finalmente sahem só tocos do pe- ciolo, com foliolos queimados antes de nascer e o crescimento da plan';i pára, pela suppressão da eellula vegetativa do côno do broto. Fig 2. 322 BO'LETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA Derrubado o coqueiro neste estado e examinado tido. O roqueiro poderá ficar alguns mezes, pode o broto ou o olho delle entre as folhas velhas nor- ser um anno neste estado, porém, pm suguida mor- maes, ainda verdes, nota-se a ausenca do palmito. re por exgotamento, pela asphixia. E' a sor e ge- Cnqiiciiti iiiiii hnilii niniilulii jirla i-oi/iniirli' : fiilhiis iciil nii's (Icfoniniiliis da parte molle e succulenta que termina o tronco. O tronco todo é igualmente lignificado e termina em uma cabeça, cicatriz arredondada que se forma Fii/. ■> — Fnihiís rciili urs iht rtHfiirtríi iltwiitr (1(> «/'. /iiiliininiiii < /nhiil"S /////■iiiiiiilii.^i. [iriúiilo ile- /(ininiild r Ifiiiosa 4 ^B Bfiifi^Bk^li^L ^^ w ^ ♦ p^^ ^Jl í Jà^ ^^^ A MT "^ ^R\ià l^p^ 'M^^ 1 \êL Q yi 2 HHh ^n |K ^^i ^^^kH ^w*w^% |H| ^H 91 1^ ^43ÍH iJ^>\" ■» ^TO iji^^^^^l 1 iklSÊ^i': ......A. HG^^^ .... w "™^-_.., .«-.^ ffllIHI HHHI Cnriiiriíri ilrjuih iln nininãii iln ''lalii jirlii « l'cxliilii-zi(i jiiiIdkii/iiii »: rrlniiiiiinlii rn:\iimr)i/(i./iireí'ord), dos Srs. António M^ria Mar- que illustra estas notas. 326 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA (3 PÃO MIXTO BRASILEIRO Empenhada a Sociedade Nacional de Agricul- tura em demonstrar praticamente a possibilidade de nos emanciparmos da tutela estrangeira no tocEnte ao trigo e farinha, dirigiu ella appello ao Governo do Estado de S. Paulo e ao Sr. di- rector do Instituto Agronómico daquelle Estado, e estes, proniptamente, attenderam as suas soli- citações. Feliz do concurso valioso do Estado de São Paulo, nem por isso descança a Sociedade, que, querendo mesmo attingir ao fim coUimado, esíá organisando aqui na Capital um centro de pes- quizas scientificas sobre os fermentos que me- lhor possam actuar no caso da fermentação da farinha de trigo de mistura com a de mandioca. Essas pesquizas scientificas serão dirigidas pelo sábio professor do Instituto Oswaldo Cruz, Dr. Arthur Neivas, realizando-se os trabalhos práti- cos de panificação no importante estabelecimen- to diista capital "Panificação Primor", cujo pro- prietário, o nosso consócio e concidadão Sr. Ál- varo Dixon, solicitamente se promptificou em nos auxiliar em tão patriótica campanha. Estamos, pois, de parabéns na campanha de alta relevância em boa hora emprehendida pela Socedade Nacional de Agricultura. A's pessoas a quem esta questão possa inte- ressar e que tenham communicações valiosas a nos revelar, rogamos fazel-o sem perda de tem- po, que as receberemos com especial agrado. Em tempo. Com o Sr. Dr. Arthur Neivas fa- zem parte da commissão do "Pão Mixto" os Drs. Alfredo de Andrade, Gomes de Faria, Álvaro Di- xon, Kronenberg e A. Gomís Carmo, secretario da commissão. A commissão tem tido já varias reuniões na sede da Sociedade Nacional de Agricultura — Rua 1° de Março n. 15 — para onde deverão ser endereçadas as informações e suggestões re- ferentes ao patriótico assumpto de que a mesma se occupa, as quaes, é ocioso dizer, serão sem- pre recebidas com especialíssimo agrado. Eis o officiio dirigido ao ISr. Presidente do Estado de São Paulo. Exmo. Sr. Dr. Washington Luis Pcríira de Sou- za, DD. Presidente do Estado de S. Paulo. — A Sociedade Nacional de Agricultura, sincera- mente preoccupada com a situação contingente e até perigosa em que se encontra o Brasil, su- jeito, de facto, ao estrangeiro, em relação a um género, reputado de primeira necessidade e dado como essencial á independência effectiva de um povo, como acontece com o trigo, cuja importa- ção global pelo nosso paiz, partindo de réis.... 48.000:000$, com tendência a subir mais e mais, apezar de já notável desenvolvimento dos trigaes sul-riograndenses e convencida de que podere- mos, com relativa facilidade, nos libertar de tão pesado ónus, desde que intensifiquemos, nos Es- tados do Sul da Republica, a cultura desse pre- cioso grão, e, concomitantemente, estabeleçamos e vulgarizemos, por todo o paiz, um ou mais ty- pos de pães mixtos, nos quaes a farinha de man- dioca entre em proporção avultada, resolveu dar inicio a uma campanha perseverante e activa em favor desse dcsideratum . Ao fazel-o, Exmo. Sr., esta Sociedade está persuadida de que V. Ex., certamente bem o aquilatará com o seu mui valioso apoio, per- mittindo ainda que os institutos technicos desse prospero Estado a auxiliem na tarefa que vae encetar. Nestas condições, desde logo, solicitamos a V. Ex. se digne autorizar o Instituto Agronómico de Campinas a proseguir nos interessantes tra- balhos alli realizados nesse sentido, durante a phase aguda da conflagração europé<", em que o nosso paiz se viu na imminencia de ficar sem pão de trigo, em virtude de rigorosa prohibição da exportação desse cereal pela Republica Ar- gentina, que nos abastecia. Desejando ardentemente que ccõe por todo o paiz a propaganda que emprehendemos, projecta esta Sociedade crear e manter no recinto da fu- tura Exposição Internacional de 1922 a "Secção do Pão Mixto Brasileiro" promovendo alli de- monstrações praticas de panificação e patentean- do, com dados insophismaveis, as vantagens de alta monta que nos advirão, quando, melhor orien- tados, soubermos aproveitar os productos pani- ficaveis que a Natureza prodigamente nos offe- rece e que jazem infelizmente pouco explorados. Esperando, pois, de V. Ex. uma palavra de animação, renovamos os protestos de nossa mui subida clonsideração — (Ass.) Miguel Calmou. " Eis a resposta do Sr. Director do Instituto Agronómico: "N. 339. — Campinas, 8-Outubro-192I . — Exmo. Sr. Presidente da Sociedade Nacional de Agricultura. — Rio de Janeiro. — Tenho pre- sente mui presado officio de V. Ex., n. 25|1.739, de 5 do andante, sobre o interessantíssimo pro- jecto de estabelecer no recinto da futura Exposi- ção Internacional uma "Secção do Pão Mixto Bra- sileiro". Em resposta, agradecendo, penhorado, a V. Ex. as bondosas referencias a mim feitas, e conven- cido da grande importância do intelligente e pa- triótico objectivo almejado, terei o máximo pra- zer de corresponder, do melhor modo possível, com. o meu modesto concurso, ao honroso convite, na forma suggerida, que reputo excellentemente orientada. Assim, pois, apressei-me em transmittir uma cópia do citado officio de V. Ex., á Secretaria da Agricultura, solicitando a necessária autori- sação, afim de, com tempo sufficiente, poder pre- parar um conjuncto bem demonstrativo e verda- deiramente pratico e efficiente. Desejando sinceramente ter mais uma vez a grata opportunidade de collaborar com V. Ex. para a solução de um problema de tão grande al- cance, que é o "Pão Nacional" e que virá pro- porcionar grande interesse geral, principalmente á classe proletária, — prevaleço-me do ensejo para reiterar a V. Ex. as seguranças da minha distincta e subida consideração. Saúde e frater- nidade. - (Ass.) ,/. Arlhand Bcrthet." A LAVOURA 327 O CACAU BAHIANO UIVIA COIVIIVIUNICACÀO DO DR. HANNIBÂL PORTO A' S. N. A. o Dr. Hannibal Porto fez recentemente á So- ciedade Nacional de Agricultura a seguinte im- portante communi:ação sobre o cacau bahiano e o Seu commircio: "A r-acção vae se fazendo sentir de maneira efficaz nos centros productores victimas da ga- nância e da falta de probidade de certos inter- mediários, que se não importam de sacrificar os créditos do paiz e os de sua producção, desde que dahi resultam lucros, embora transiiiorios e appa- rentes. E" precisamente o que se dá com o cacau e a esse propósito o Syndicato dos Agricultores de Cacáo, da Bahia, dirigiu-se ao Ministério da Agri- cultura pedindio as providencias que estiverem em sua alçada, para cohibir o abuso de que estão sendo victimas os productores. Diz o Syndicato que a referida lavoura 'em necessidade de superintender e fiscalizar a ex- portação do cacáo no porto de S. Salvador, no intuito de pôr óbices a que o mesmo producto complete a ruina do producíor, pela cresc<..iie e cada vez maior desvalorização. Refere-se, como causa principal desta decadên- cia do cacau, ao systema de "baldeação", alli ado- ptado pelo commercia. que consise na mistura de varias partidas compradas a differentes pro- ductores, ás vezes a differentes consignatários e que são, por igual, de zonas diversas, formando um "typo" de exportação. Affirma lo Sypd'cato que não tem o propósito de attribuir a responsabilidade inteira da desva- lia do cacau a este ou aquelle commerciante, ou á lavoura mesma, senão á natureza do negocio, cau- sas geraes que inflectindo decisivamente sobre o productor, abandionado. repercutem no mercado de S. Salvador e afinal nos do exterior conspur- cando o nome do Brasil. E accrescenta: E" o caso que classificação determinada por occasiãio da guerra, e que se vem fazendo até o presente, do cacau c^í^íinada á exportação em seus três typos de "Superior", "Goodfair" e "Re- gular", com intervenção de um corretor e de um representante da Associação C^mmercial. admit- te-se uma porcentagem de mofo, como podendo, por si só, principalmente determinar o maior ou menor desvalor do cacau. ".A)unte-se a isso a má fermentação e uma certa apparencia. porventura, e nem sempre ver- dadeiro Índice do máo producto. o cacáo vae de- cahindo de "Superior" a "Regular", camo se pos- sível fora chamar de "Regular" a um producto que é simplismente ordinário, e aeé ordi^naris'- simo". Entretanto, continua o Syndicato nas suas pon- derações., a lavoura prepara cacau superior, como prepara género ordinário, sciente e consciente- mente, convencida e decididamente, ou porque lhe acenem com preços que urge aproveitar, e que ella, na sua ingenuiidade. julga magníficos, ou porque lhe faltem armazéns nas fazendas, ou nos portos de embarque, ou porque lhe falleçam os recursos para montar devidamente os seccadores. etc, etc. .^Iludindo ás classificações ditadas ou impos- tas para esse producto, como afinal o foram para o café, pelos mercados estrangeiros, o Syndicato diz que nada justifica a intromissão de vocábulos estrangeiros para caracterizar-se a qualidade. Em ultima analyss, o Syndicato dos Agriculto- res de Cacau da Bahia solicita, no seu officio, ao Sr. Ministro da Agricultura, a revisão do pro- cesso de classificação do cacau, expurgado do typo superior qualquer defeito que se procure implan- tar ou introduzir com o misturado, typo manifes- tamente inferior, e de custo mais baixo; deno- minados os typos existentes, ou que venham a ser creados, em puro vernáculo; e condemnada, a exportação do artigo que se não presta ao con- sumo humano, desconhecida que outra é a appli- cação do cacau. " A Sociedade Nacional de Agricultura vê com bons olhos o gesto da sympathica associação, que • na Bahia procura defender os interesses dos pro- ductores de cacau, já havendo nesse sentido pres- tado reaes serviços. Ha notar, porém, quanto á ultima parre que o cacau pódie ser destinado, sobretudo, o da Bahia, ao fabrico de manteiga que tem usos variados e não se justifica a condemnação total a que se allude no final da representação. Ainda ha pouco, de passagem pela capital ba- hiana tive delia a honrosa incumbência de exami- nar a situação do nosso cacau nos mercados euro- peus, não podé-ndo desempenhar-me á altura da investidura em consí-riencia da prenrencia de tempo. Entretanto, foi com o desejo de mostrar quanto esses assumptos merecem a minha attenção que indaguei das aGfàições e praticas do principal mercado da Inglaterra, em relação ao cacau. Este producto é distribuído em Londres pelos corretores em vendas particulares ou por leilões pubTcos. mediante a cjmmissão de 1 Ce sobre o valor, devendo os pagamentos serem feitos pelos oomipradores no prazo de um mez depois das vendas. A tarifa na Inglaterra cobra 42Is. por cwt. (50,8 kilos) para todas as qualidades provenien- tes di; paizes estrangeiros, fazendo, porém, o aba- timento de 7|s. por cwt.. para cacau de proce- dência das colicnias inglezas. As qualidades acceitas n-aquelle mercado são de grande diversidade, e quando se trata de uma off-erta é costume fornecer amostras do typo para a orientação da freguezia. Acceitam-se em Londres qualidades "fermented" ou "unfermented", e, quando se trata de qualidades inferiores, não es- colhidas ("garblings") ; a venda des:e typo é mais fácil na HoUanda. Com referencia ao systema de producção e cul- tivo do cacau na Costa de Ouro (Acera), o sys- tema ahi é muito primitivo, sendo o trabalho feito principalmente á mão. O custo da mão de obra é mais ou menos Is. 3d. por dia e mais 3d. á 6d. para a alimentação do operário. Não existem estufas ou seccadeiras, sendo o systema de la- vagem no rio e seccagem ao sol quasi geralmente empregado, sem machinismos especiaes. O frete 32S BOLETIM DA SOCIEDADE NACIOf^AL DE AGRICULTURA - cobrado de Açora a Londres é de 6U|s. por to- nelada, «m saccos. A exportação do cacau é su- jieita a uma taxa de exportação de li2d. por li- bra ingleza de peso. Ao contrario do que se pratica actualmente na Costa de Ouro, procura-se melhorar os processos de beneficiamento na Bahia, estando empenhado nisso o Syndicato dos Plantadores de Cacau, para quem eu trouxe vários catálogos com typos de estufas de seccarem daquelle producto de fabri- cação britannica. Vé-se que ha na Bahia o pro- pósito de melhorar as suas condições, o que tu espero seja imitado pelos demais Estados, que se dedicam á cultura do cacaueiro em larga i;scala. ÁLCOOL INDUSTRIAL o ÁLCOOL ( OMO COMBUSTÍVEL NO AUTOMO- BILISMO De uma c:iit;i (In Sr Tillery. datadii de Hnvaiia, tomaniiis iiitfrfssanlissini;i noticia, que merece am- pla ilivulííavão em lui.sso paiz. Diz o missivista: Uaramcnte vão de mãos dadas piitriotisnio e economia, patriotismo e lógica, pa- triotismo c progresso scientifico; todavia, no caso. vertente, "ha pouco, dadn em Cuba, em que se de- liberou eniprcííar n álcool desnaturado, em logar da gazoliiia excessivamente cara. devido á hai.xa do eanibio cubano, ahi o patriotismo andou de ac- eordo com a sciencia. com a lógica e com a econo- mia. Quando em .lunho ultimo o assucar eahiu em Cuba ao ultimo grão de desvalorização e, ainda por eunuilo. o goNcrno americano começou a lhe criar embaraço, levantou-se cm Havana e depois em toda a republica, forte reacção, deliberando-se então como represália substituir a gazolina ameri- cana pelo álcool do paiz, o que serin tanto mais fá- cil, quanto estavam as usinas deitando fora os seus melassos. por falta absoluta de emiirego. depois «pie os tributaram nos listados Unidos. Provavelmente, alguns dos .grandes dislilladores de Havana não estiveram innocentes em todo esse movimento. Ha cm Havana e em toda a ilha auto- móveis aos milheiros Deliberado o "Rotary Olub", cimieçaraiu a estu- dar a r|ui'stão. Alem do i)atriotismo, uma forte razão havia que levava todos a empregar o álcool e abandonar a ga- zolina — a economia - pois, emquanto o galão de gazolina. de medíocre qualidade, estava custando .')fl centavos, a mesma quantidade de álcool desna- turado custava .')."> e ainda com possibilidade de baixar. Xão é só isto: com um g,aIão de gazolina conse- gue o 'motorista mm ira.iecto de 20 Uilomelros e com o álcool 19, ou sejam apenas uma differença de r)'í. d<' kilonietragem em favor do olco niineral. o oue ■'■ pouco. Esperava-se que o commercio de gazolina bai- xasse o preço afim de iliniinar a concurrencia do álcool, mas tal não aconteceu, pois as coni|)anhias fornecedoras de óleo ameaçaram retirar seus pro- ductos de todos os seus freguezes que vendessem álcool desnaturado. Nada. porém, conseguiram com suas ameaças. j)or(iuanto os distribuidores conti- nuaram a vender ambos os combusliveis sem se im- portarem com as poderosas cnnqianhias. Desde que o alcoíd começou ;i ser empregado eor'rcntemente. uão faltaram distribuidores desbumanns para da- mnifical-o j)ela addição de agua, o que levou o go- verno a baixar um decreto estabelecendo a gradua- ção 9.')% cm volume. .\ 1.000 partes de álcool de tal graduação .ajuntíim-sc 0.5 partes de form daldehy- de. 3 partes de pyridina, 10 de ether sulpburico ou gazolina e .')0 centigranniias de mell\.vlen.i viola. eeoeco como pri^iicipio eolorante. Para queiiniar es.* liquido, nãii foi preciso grande modificação no motor, pois bastou mudar a válvula de cor- tiça do carburador subsitiluindo-a por outra de cobre e a machina funccionou perfeitamente bem. A mistura supra tem. todavia, um certo inconve- niente, é que. sendo bastante acida, em pouco tem- po ataca os cylindros, mas isto se evita ajuntando- se-lhe amónia até neutralizal-a. Dizem em laiba que o álcool tem a vantagem de sujar a tubolagem. muito menos do que a gazolina. que em i)ouco tem po deixa forte tleposito de carvão. Possue Cuba elemento si'guro para abastccer-se a si nH'smo de todo o álcool ijreciso e ainda para ex- portal-o, porquanto produzem os seus engenhos ca- da anno cerca de 150.000.00(1 de galões de melado, que. con\'enientemente ferTuentado e distillado, da- rá íiO. 000. 0(10 de .galões de álcool. Ora. gastando Cvba 21.000.000. sobrar-lhe-ão 29.0(10.0(10 para _ a exportação, que. vendidos a 35 centavos o galão renderão 10.150.000, que é quanto gasta a ilha presentemente de gazolina. E' certo que Cuba tem elemento para augmentar ainda muito mais a sua producção de álcool, quer pelo augmeiílu da producção das suas usinas, quer pela utilisação dos assueares mais baixos transfor- mando-os cm álcool, desde que, bem entendido, os lireços compensem. Demais, cada dia, em toda a ilha. aperfeiçoa-se a machinaria agrícola, ate e.sta data accionada pelo carvãdos os machiuiismos em geral serão movidos a alcooL e nesse dia o consumo deste combustível uão ttrá comiparação com o que é ho.je. Para utilisar toda a matéria prima consistente em 150.000.000 de galões de mídado. só unui cousa é ])reciso — augmentar a capacidade das distil- larias existentes c criar novas junto ás grandes usi- nas. Desde que tal aconteça, o álcool será produzi- do muito mais economicamente e. barateando, o \seu consumo crescer(á. Nessa oiccasião. quando a industria do álcool tomar a importância que deve ter, o melado lUdduzirá tand)em outros pro- ductos não menos valiosos; porquanto, segundo um novo pnícesso, já empregado em varias usi- nas nos Estados Unidos e alhures, as garapas c <|uaesquer outros líquidos depois de dislillados, produzem ainda, economicamente, wm adubo riijo em potassa. ;!L'ido phosiphorico. azoto e matéria orgânica . Segundo os cálculos do auctor do systema em íiuestão o engenheiro K. W. Denning, de Nova York, 1.000.000 de galões produzirão 350.000 li- bras de potasso e 1.050.000 de outros fertilissan- Ics ou sejam 1.4(10.000 libras corres]iondentes a 700 toneladas de adubos. Calculando o valor dessas 700 toneladas em «140.00(1. lem-se para os 150.000.000 de galões de melado 105.000 toneladas de adubos, representando a somma de Dollars - .s21 .000.000 ! Ajuntem-se agora os 50.000.00(1 de galões de ál- cool. caVculadi>s a 35 centavos c o resultado em di- A LAVOURA 329 nheiro será: 50.000.000 X 0.35 = -517.500.000 ! Assim, pois, temos 50.000.000 de galões r ^i^ O 1 ^- § : -4it "^ ^ -^ ^ ? S li SI) 1 ^ i i 3 O CD i ^ i 3" &) N ? r ^ oq 0 -. ~ ^^ S- - ? ^Bl ■ ^ .!. 1 O a) = 1 ^ c_ cn 5- ^ ;- 1' '■' = c o ^ ií ^ 5 D) ■^ ^ 5- S 5. S' cn "1 i 2 Q. = .3 i a 2 J 0 ^^ ^ -- í -% '■^. z ^~ D) ■> ~< p- O" ír " ^ &) ú I- A LAVOURA 337 — agronómicos racionaes e usar o material aper- feiçoado moderno, numa palavra aproveitar todas as vantagens inherentes ás grandes emprezas e que nós deixamos de lembrar aqui. Da mesma forma, a criação do gado para corte, preciosa fonte de necursos para a na^ção, não pôde ser praticada economicamente, dadas as con- dições naturaes e sociaes do paiz, a não ser pelo systema extensivo, abrangendo grandes extensões de pastos e comprehendendo quantidade avultada de cabeças de animaes. Ora, taes explorações necessitam, para se man- ter, de um pessoal assalariado numeroso, haven- do sempre sensível falta de braços. O phenomeno explica-se pelo -facto de ser o Brasil um paiz novo, uma terra de immigração e colonização, cuja actividade isstá em constante progressão, e cuias necessidades de toda a sorte augmentam sem cessar. Seria, ao nosso ver, uma falta grave e um motivo serio d: receio para o futuro, pôr qualquer impecillio na organização do trabalho nas suas grandes explorações ruraes. E o perigo é tanto mais certo que o Brasil é também um paiz de clima tropical e subtropical, em que o rendimento do esforço humano é menor do que nas regiões mais frias do globo. Demais, as praxes mandam que se guardem numerosos dias feriados, tanto officiaes como religiosos — o que, aliás, não consideramos como um mal, visto que essas ferias proporcionam o descanso indispensável aos trabalhadores, tornando de fa- cto inútil qualquer regulamentação do trabalho. A essas interrupções no serviço, consagradas pelos costumes, accrescentem-se as provocadas por causas naturaes ou outras — independentes da vontade do chefe da exploração. Seria, outrosim, coisa bem delicada e melin- drosa, vir alterar a organização interna do tra- balho nas nossas grandes explorações agrícolas, sob pretexto de proteger os interesses dos ope- rários nellas empregados. Muitas vezes, nas fa- zendas, os serviços não são pagos por dia, mas sim por tarefa. Famílias de colonos tomam de empreitada as operações, que executam com o concurso da mulher e dos filhos. Dispondo ge- ralmente de um pedacinho de terra que exploram por conta própria, combinam os serviços de for- ma a satisfazier ao mesmo tempo as suas obri- gações para com o patrão e cuidar de seus inte- resses particulares. Esse systema dá óptimos resultados, sendo o colono interessado no bom êxito da exploração visto ser pago proporcionalmente á importância da colheita. Nessas condições, como se impor um systema de trabalho com regras fixas de antemão? Ao emittir as precedentes objecções, não en- tendemos que o operário agrícola deva ficar aban- donado e sem protecção legal. E' um cidadão como qualquer outro, e até pertence á categoria a mais útil á communidade, portanto, a mais di- gna de solicitude por parte dos legisladores. Mas somos de opinião que o estudo dessa questão tão complexa e árdua devia ser commettido a uma in- stituição .especialmente organizada para essa ta- refa, dispondo de todos os meios e competências necessárias no intuito de achar soluções acerta- das, não susceptíveis de trazer prejuízo a algum dos Estados interessados no assumpto. Não pen- samos que o trabalho rural possa se amoldar a uma regulamentação uniforme para todas as na- ções colligadas, porque as condições naturaes e económicas differem muito umas das outras e. até, num paiz de vasta extensão como o Brasil, a diversidade é grande de uma parte á outra do território, não sendo racional impor as mesmas regras para todas as regiões... Taes obstáculos porém, nao se offerecem na industria. O seu funccionamento é mais ou menos igual sob todas as latitudes e em todos os pontos da terra: as matérias primas, as intallações technicas, os ma- ohinismos são os mesmos; basta pôr a machina em movimento e os resultados não hão de diffe- rir muito de um logar para outro. Pelas razões acima expostas, propomos deixar essa questão ao cuidado do Instituto Internacional de (Agricultura, junto do qual todos os grandes paizes agrícolas possuem representantes officiaes. Esse organismo tem, nas suas attribuições o es- tudo das medidas relativas á protecção dos tra- balhadores ruraes, bem como dos meios próprios a levantar as condições da vida dos habitantes do campo um geral. Entre essas medidas, coUo- ca-se no primeiro plano o melhoramento dos sa- lários. Esse augmento tem se realizado natural- mente, pelo simples jogo das leis da economia po- litica. Seria vão, illusorio e até pouco equita- tivo querer se oppôr ã manifestação desse phe- nomeno sociológico. Aliás, é do interesse bem en- tendido dos proprietários ruraes e chefes de ex- ploração, tratar do bem estar dos seus trabalhado- res, pagando-1'hes um salário adequado aos ser- viços prestados, se não quizerem vel-os abando- nar o campo, alliciados pelos altos salários que possam obter nos misteres industriaes. Não igno- ramos que ha ainda muito que fazer nesse sen- tido não só sob o ponto de vista material coina educativo, auxiliando ao trabalhador a tornar a sua habitação mais agradável e confortável, fa- zendo-lhes ver os inconvenientes reaes da vida nas cidades e nos centros industriaes, em relação á hygiene e custo da existência. São estes, m«ios valiosos para fazer amar a natureza e luctar con- tra o êxodo rural. Mas, tornamos a dizel-o; todos estes assum- ptos parecem-nos ser da alçada do Instituto In- ternacional de Agricultura, que tem o dever e o direito de tratar dessas questões. A este pro- pósito, cumpre observar que no pacto da Liga das Nações, (art. 24) fica declarado implicitamente que as organizações internacionaies já .funccionan- do deviam ser respeitadas. Resulta d"ahi, com toda a evidencia, que a supracitada Instituição está devidamente autorizada para examinar o pro- blema do trabalho rural, considerado sob os di- versos aspectos, como, também propor medidas convi-nientes a respeito. Por outro lado, se não nos enganamos a respeito das attribuições do Officio Internacional do Tra- balho, taes quaies se acham formulados no Tra- tado de Versailles na sua parte XIII, ao refe- rido organismo compete tão somente os assumptos attinentes á organização do Trabalho industrial, nada tendo que ver com a agricultura. Em parte alguma do texto se faz mensão desta ultima, ao passo que muitos trechos frisam de modo ex- plicito a industria. Queiram a esse respeito, con- sultar: — o artigo 393, que indica a composição do Conselho de Administração do Officio Inter- nacional do Trabalho; — o artigo 396, que trata da publicação de um boletim periódico; — o ar- tigo 405, nelativo ás recommendações e projectos de convenção internacional que forem propostos nela assembléa; — o artigo 412, que determina a constituição de uma commissão de inquérito; — 338 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA o artigo 427, que enuncia os principies quie de- vem Servir de fundamento á legislação internacio- nal do trabalho. Uma coisa parece certa: é que, em circumstan- cia alguma, quer no momento da elaboração das clausulas do Tratado d; Versailles, quer por oc- casião das discussões a que estas deram logar mais tarde, os delegados officiaes das nações que firmaram o pacto não manifestaram o intento de commetter ao Officio Internacional do Trabalho a missão de tratar da regulamentação do Trabalho Agrícola. Com relação ao terceiro ponto (C) do questio- nário remettido a todos os paizes pertencendo á Sociedade das Nações, e relativo á regulamentação do trabalho agrícola, confessamos não comprehen- d;r bem o alcance da pergunta. Alludimos par- ticularmente ã observação final: deve se incluir na duração do trabalho o tempo empregado com os cuidados ministrados ao gado e aos cavallos ? Para nós, a resposta não pode ser duvidosa, deve ser affirmativa, desdi; que o trato dos ani- maes numa exploração rural merece remuneração da mesma forma que qualquer outro serviço, sendo qiy; certos trabalhadores são occupados, até, o dia inteiro com esses mesteres." Uma grande industria a incrementar no paiz Acha-se installada a Sociedade Brasileira de Apicultura Sob a presidência do Dr. Miguel Calmon, rea- lizou-se recentemente uma reunião na Sociedade Nacional de Agricultura para a installação da So- ciedade Brasileira de Apicultura, fundada sob os auspícios daquella. A reunião fora convocada para a discussão fi- nal dos Estatutos, o que foi feito demoradamente, tendo sido apresentadas varias emendas, que eram logo submisttidas á approvação ou rejeição dos presentes. A Sociedade Nacional de Agricultura, pelo ór- gão do seu presidente, o Dr. Miguel Calmon, of- fereceu á nova instituição todas as facilidades, de- vendo a mesma funccionar na sua sede, á rua 1° de Março, 15. S. Ex. deixou ainda á disposição da Sociedade de .apicultura as installações completas para os trabalhos que a Sociedade N. de Agricultura possue no Horto Fructicola da Penha, mantido por ella, e bsm assim, as columnas da "A Lavou- ra", seu órgão de propaganda, na qual creará uma secção especialmente consagrada â apicul- tura. Feitos esses offerecimenios e terminada a dis- cussão dos Estatutos, foram os mesmos approva- dos unanimemente e considerada installada a nova aggremiação. Isso feito, e em attenção ao que estabelecem os seus Estatutos, o Dr. Miguel Calmon annun- ciou que ia proceder á eleição da primeira Di- rectoria. O Sr. Martins Malheiros apresentou então á assembléa uma proposta no sentido de se reali- zar tal eleição por acclamação. Approvada essa proposta. S. S. levou á mesa uma outra, indicando os nomes para comporem a Directoria, proposta essa também approvada una- nimemente, ficando a mesma assim constituída: Presidente, Dr. Waldemar de Almeida; Vice- Presidente. Dr. Gustavo Halsselmann; Secretario Geral Domingos Lousada; Sub-Secretario, Bruno L. Sternberg; Thesoureiro, Hermann Lond.on; Di- rector Tschnico, Professor Emilio Schenk; Con- selho-Fiscal, Dr. Francisco Ferreira de Almeida, Srs. Rodolpho Bahiana e Abel Henrique Pereira. Após proliongada salva de palmas, o Dr. Miguel Oalmon declaiou empossados os iDirectores da Sociedade Brasileira de Apicultura, passando a presidência ao Dr. Waldemar de Almeida, depois de ter proposto um voto de louvor e reconheci- «mento á commissão incumbida de elaborar os Estatutos e que ficou com o encargo de dar-lhes a redacção definitiva. O Dr. João Baptista de Castro propoz le obteve, por entre applausos unanimes, que o voto do Dr. Miguel Calmon fosse extensivo ao Professor Emi- lio Schenk. o paladino da apicultura nacional, e o iniciador da novel aggremiação. Agradecido, o Sr. Emilio Schenk propoz, por sua vez. que fossem acclamados presidentes de honra da Sociedade o Sr. Dr. Ildefonso Simões Lopes. Ministro da Agricultura e Dr. Miguel Cal- mon, Presidente da Sociedade Nacional de Agri- cultura, proposta essa acolhida com uma prolon- gada salva de palmas. O Dr. Ferreira de Almeida propoz, em seguida, fosse lançado em acta um voto de profundo agra- decimento á Sociedade Nacional de Agricultura e especialmente ao Dr. Miguel Calmon. pelo mui- to que faziam em favor da apicultura, o que me- receu approvação geral. Tomando assento na presidência, o Dr. Walde- mar de .Mmeida agradeceu, sensibilizado, a prova de confiança com que o cumularam os seus ami- gos, attribuindo a escolha apenas á sua dedicação á industria apicola. como discípulo do provecto Professor Emílio Schenk. Acceítava, desvanecido, a honra de presidir a futurosa instituição, mas o fazia confiante no va- lioso e imprescindível concurso de seus collegas e consócios, esperando, desse modo, levar avante a benemérita obra iniciada sob tão valiosos aus- pícios. Terminando. S. S. formulou um voto de profundo reconhecimento á Sociedade Nacional de Agricultura. Pediu, então, a palavra o Dr. Miguel Calmon que, em nome da Sociedade Nacional de .agricul- tura, agradeceu a honra que lhe conferiram, ele- gendo-o para seu Presidente de Honra. Era com grande desvanecimento — disse — que recebia essa homenagem, porquanto sentia que é, assim, contribuindo para a união da classe agrícola, que podia levar avante o patriótico programma que traçaram os fundadores da Sociedade Nacional de Agricultura, sem o qual não é possivel vencer. A funcção da Sociedade Brasileira de Apicultura era também uma funcção moral porque, propa- gando essa industria, ella levará aos homens o exemplo desse insecto — a abelha, que ha tanto tempo nos vem mostrando que só o trabalho nos assegura a felicidade. A LAVOURA 33«) Cobertas por prolongada salva de palmas as marem. porque não deveriam pensar, sequer, em ultimas palavras da brilhante oração do Dr. Mi- guel Calmon, ergueu-se, commovido, o Sr. Emilio Sohenk, que manifestou o seu enorme contenta- mento por ver realizado um sonho que acarinha ha 26 annos. S. S. formulou, então, um appello a todos os presentes, exortando-os a não desani- difficuldades, que, quando apparecem, apparecem para serem vencidas. Foram então encerrados os trabalhos da sessão, que foi muito concorrida, e honrada com assistên- cia do Sr. Ministro da Agricultura, que se fez representar. ■*s»s#s#s»^s»»»^^^»» »^s*s»^^^,»»^^^^»^*^^^^^»^^^^^»^»»#v»^^^^»^^^#^^^s»^^^^^^^»#s»»^»^^^»»#^^#^#^^# o consumo do café brasileiro na Itália Contribuição para o estudo do intercambio italo-brasileiro E' com a mais desvanecida satisfação que abri- mos espaço a este trabalho, devido á notável com- petência do Dr. Deoclecio de Campos, addido com- mercial á embaixada do Brasil em Roma: — O consumo do café, durante os últimos annos que precederam a guerra, como se poderá veri- ficar pelos dados que aqui venho coUigir, marcava uma linha uniformemente ascendente, e podia ser interpretado como um dos s>mptomas mais ca- racterísticos da melhoria progressiva das condi- ções de vida do povo italiano. Não é o facto de ser esse producto preferido como alimento que influe para esse accrescimo, mas, certamente, a sua procura como um succedaneo de outras bebi- das, como o chá, e, principalmente, as alcoólicas. A' proporção qi'.e se facilitavam as condiçõe-i do commercio desse artigo, os succedaneos mani- pulados com a chicorea e tantas outras matérias co- mestíveis iam perdendo os favores do consumidor, e o café tornava-se uma exigência de primeira ne- cessidade para o regimen alimentar nacional. Foi nessas condições de prosperidade que os mo- nopólios commerciaes do Estado, instituídos após ■u guerra como fonte de rendimento para cobrir os compromissos financeiros, vieram encontrar os stocks, accumulados atravez mil difficuldades de transporte oceânico, nos portos importadores ita- lianos. A suppressão dessa medida de caracter fiscal restitue agora ás praças brasileiras exportadoras e ás praças italianas importadoras, o impulso da corrente que se ia formando, e que o regimen re- strictivo da liberdade de commercio quasi se pôde dizer ameaçava damnificar gravemente. Os números do quadro abaixo transcripto con- firmam uma parte das affirmações que acabo de fazer. Annos Quintaes 1&04 177.278 1905 187.252 1906 204.295 19D7 214.756 1908 227.608 1939 240.897 1910 252.874 1911 264.790 1912 276.268 1913 280.693 Ao passo que a importação de café natural era apenas de 106.732 quintaes em 1880, quantidade çue, lentamente, e soffrendo diminuições, poude ainda elevar-se a 139.813 quintaes em 1890 e a 140.895 quintaes em 1900, marcou sua linha ascendente no ultimo decennio anterior á guerra européa, por forma tal que não se assignala, nes- se período, um só recuo das importações. Augmen- ta em proporções limitadas; mas augmenta sem- pre, e os algarismos acima mostram que esse ac- crescimo se faz numa média de 10.000 quintaes. Póde-se considerar que na Itália, importação e consumo se equivalem, e, assim, essa média de augmento no consumo, annual, é superior á que se deve attribuir ao accrescimo natural da po- pulação, de modo que o consumo médio por ha- bitante ultrapassou o dobro, em 20 annos, ele- vando-se de 0,39 kilos em 1893 a 0,82 kilos em 1913. Isso se explica pela tendência natural que mo- stram os povos cultos, por toda parte, para abster- se, cada vez mais, do uso das bebidas nocivas á saúde, principalmente das alcoólicas. Dia virá, i;ão muito longe, em que uma campanha séria, enérgica e pertinaz, em prol do "abstencionismo", abrirá novos claros nas cifras do consumo, dei- xando ao café esses logares. A procura desse gé- nero na Itália, uma vez liberta dos monopólios, e depois dessa campanha, que é de esperar, terá bem maiores exigências de quantidade e qualida- de, como aconteceu nos mercados consumidores dos Estados Unidos da America do Norte. Se o augmento do consumo continuasse nessas proporções, que se registra no correr do ultimo quinquennio prebellico, seriam precisos, hoje 365.000 quintaes para supprir ás exigências do consumidor italiano. Taes são as condições geraes desse importaiite ramo do commercio, estudadas num determinado periodo, em que a relação entre as importações e o consumo não soffria a influencia de factor ex- tranho, ou qualquer embaraço de ordem económica taes como a guerra, com a consequente irregulari- dade e deficiência technica de transportes, a ca- lestia anormal dos fretes, as oscillações violen- tas do cambio, etc. O que é preciso conhecer, nesse computo global de cifras estatísticas, é o papel que compete ao Brasil, como maior productor mundial desse artigo, e o que lhe pôde ser dado na concurrencia com os outros mercados exportadores. Cingindo-me ás estatísticas aduaneiras, a pro- porção do café importado do Brasil, com relação á totalidade das entradas nas praças italianas, a con- tar de 1909 a 1920 tem uma predominância quanti- tativa que, promettedora até 1919 — sem consi- derarmos os elementos perturbadores do rythmo normal dos negócios, no periodo bellico, — tornou- se quasi absorvente em 1920, com 300.187 quin- taes sobre um total de 301.646, isto é, com uma porcentagem suffocante para os outros concurren- tes, de 99,57o . 3ií0 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA O que se vae verificar, pelo quadro que me for- neceu o serviço estatistico do Instituto Internacio- nal de Agricultura, de Roma, é que, até 1914 (an- no da guerra européa) a porcentagem desse com- mercio, nas importações, foi apenas de 74,4 'c a 72,7%. De 1915 até 1920 o contingente brasileiro vae ganhando terreno, sempre, até attingir esses alga- rismos já apreciados. E' preciso estudar o regimen das importações na vigência do monopólio de Estado, isto é, nos exer- cícios de 1919 e 1920. O total das importações decresceu de 516.379 quintaes (372.827 quintaes do Brasil) a 364.668 quintaes e 301.549 em 1919 e 1920, respectivamente. Como se vé, o total sof- freu um retrahimento de pedidos; mas os que se encaminharam para os mercados vendedores de café brasileiro, mantiveram o beneficio das pre- ferencias do consumidor italiano. Eis o quadro estatistico que explica, com a elo- quência documental dos algarismos, o que acabo de affirmar: Tc das impor- tações do Bra sil com rela- Importação Importação ção ao to- Anno total do Brasil tal 1909 24". 897 179.162 74,4 1910 252.874 187.371 74,1 1911 264.796 186.574 70,5 1912 276.268 193.275 70,0 1913 286 . 593 220.985 77,1 1914 281.972 205.084 72,7 1915 399.662 280.102 70,1 1916 489.615 423.908 86,6 1917 448.270 366.331 81,7 1918 516.379 372.827 72,2 1919 364 . 668 322.059 88,3 1920 301.549 300.187 99,5 ha interesse em conhecer as condições reaes das trocas entre os dois paizes. Diante de taes factos, pode-se bem affirmar que as quantidades de café do Brasil importadas na Itália são superiores ás que registram, as estatísticas aduaneiras. O movimento commercial durante os annos da guerra, estudado nos elementos estatísticos de que se dispunha então, talvez não represente a situa- ção real. Não se pôde, portanto, bem precisar as oscil- iações do consumo, nesse periodo, porque as dif- ficuldades e as incertezas dos transportes, dada a guerra submarina, e as necessidades technicas da guerra no mar, aconselhavam uma politica pru- dente, de previsões. Assim se justificam os stocks accumulados, su- periores, sempre que era possivel, ás exigências normaes, e previstas, do consumo. Além disso, é preciso considerar que esses stocks tiveram que ser reforçados, ainda mais, para supprir largos for- necimentos 30 exercito mobilizado. O quadro que se segue mostra o augmento sem- pre crescente das importações: Os demais paizes que concorrem com os nossos exportadores são os da America Central e as An- tilhas. O quadro que se acaba de examinar for- nece por si só elemento sufficiente para serem estudadas as tendências desses mercados concor- lentes, o que me exime de alinhar aqui outros al- garismos em detalhe. Nesse ramo de commercio não pode haver so- bresaltos e surprezas; a corrente está estabelecida, e a sua tendência se manifesta sempre favorável ao nosso artigo. Entretanto, não deve passar despercebido um facto interessante que pode influir sobre a pre- cisão das cifras que se vêm estudando, e é que uma determinada quantidade desse producto chega aos mercados italianos passando atravez de depó- sitos intermediários onde muita vez o café brasi- leiro e especialmente o de Santos, que representa o maior contingente, é sujeito ao que se poderá bem chamar camouflage, processo esse muito no- civo ao nome commercial do nosso artigo, e se apresenta ao consumo publico com as denomina- ções de "Porto Rico", "São Domingos", "Guatema- la" "Moca". E não será extranho crer que ate etiquetas suscitam confusões nas alfandegas dei- vando incertezas sobre as procedências verdadei- ras. Isto, além do mal que nos faz, porque somos feridos com as nossas próprias armas, ^^ forne- cendo o café escolhido que se baptisa com o nome dos typos rivaes, — tira aos quadros estatísticos aduaneiros a precisão que é para desejar quando Annos Quintaes Annos Quintaes 1914 281.972 1915 399.662 , 1916 489.615 1917 448.270 1918 516.379 1919 364.668 1920 301.549 Os exercícios de 1916, 1917 e 1918 foram os que mais aquinhoaram os paizes exportadores de café, os que mais desfalcaram os stocks dos mer- cados internacionaes. O retrahimento que se con- stata em 1914, devido ao inicio das hostilidades, é compensado pelos algarismos do anno de 1918 que quasi representam o dobro das importações. As successivas diminuições em 1919 e 1920 podem explicar-se com o facto da desmobilização do exer- cito italiano e das requisições sobre os stocks dos depósitos militares. Com o advento da paz surgiu a crise que vae assoberbando todos os paizes, vencedores, venci- dos e neutros, e a Itália viu, então, como era de esperar, após um longo periodo de lucta, exgotta- dos os seus meios financeiros, ordinários, e en- fraquecido o poder acquisitivo do paiz pela depre- ciação da sua valuta internacional. Quando disse que na Itália "importação e con- sumo se equivalem", quanto ao café, exclui natu- ralmente os succedaneos — os surrogati — a que já alludi, sem entrar em mais indagações, por de- ver de methodo. Mas o que se verifica é que esse artigo, de manipulação variada, vem ao mercado, e se apresenta á concurrencia do consumidor. E' um producto industrial que não satisfaz e nem. r.hastece, sem comtudo deixar de ser um elemen- to perturbador nas vendas do café. A lei do monopólio de Estado, entretanto, por motivos de ordem mercantil, não se quiz libertar desse elemento, e, ao contrario, deu-lhe legiti- midade regulando o funccionamento das usinas. Os algarismos que vamos esquadrar adiante mostram que numa média de 60.000 quintaes, os cafés falsificados entram no mercado e são con- sumidos. O seu preço, é preciso dizer, é quasi sempre in- ferior ao do café verdadeiro, e o producto artifi- A LAVOURA 341 ciai ameaça não desalojar-se emquanto for encon- trando paladares menos exigentes. Em uma recente communicação feita ao Ministé- rio das Relações Exteriores assignalei o facto de que entre os artigos de importação da Allemanha, contemplados no ultimo accordo commercial cele- brado entre aquella republica e a Itália, figuravam os surrogati di caffé. Uma propaganda bem orientada, uma melhor disposição nas condições das vendas a retalho po- deria ir vencendo e reduzindo a clientella recal- citrante que desfalca o numero dos consumidores. Não basta, pois, que se limitem os meios práticos de afastar esse elemento intruso á selecção feita espontaneamente pelo próprio consumidor. Essa, só, é lenta e em taes proporções que não dão para desanimar as pretenções modestas das usinas. Dados da producção, do commercio e do consu- mo dos cafés (surrogati) na Itália: Producção Annos Quintaes 1911 56.754 1912 62.598 1913 63.743 1914 58.559 1915 59.96.''- 1916 85.590 1917 63.834 1918 52.938 1919 55.145 As importações e as exportações desse artigo industrial no período de 1911 a 1920 foram as se- guintes: Annos Impor- Expor-. tacões tacões 1911 9.618 359 1912 9.775 662 1913 13.836 43 1914 21.909 119 1915 2.562 55.842 1916 4.479 116 1917 170 900 1918 1 831 1919 4.178 1.509 192D 3.096 199 Tendo em conta, além da producção e do mo- vimento commercial, do remanescente no princi- pio e no fim de cada anno, o consumo da chicorea e dos outros succedaneos do café pode ser com- putado assim: Consumo 1911 66.053 1912 71.0SI 1913 77.449 1914 79.538 1915 57.950 1916 77.583 1917 61.557 1918 53.051 1919 61.377 Estudando o commercio do café na Itália, não devo limitar-me a conhecer os algarismos relati- vos á importação para o consumo no paiz, mais ainda, ás entradas das quantidades que segaem ou- tros destinos, passando pelos portos italianos: as quantidades reexportadas. E' ahi que convém lembrar a importância do porto de Trieste, que, por si só, recebia em 1911, isto é, três annos antes da guerra européa, 386.021 quintaes, de procedência brasileira sobre um total de 533.227 quintaes. Seriam deficientes os dados aqui coUigidos se não pudesse completar os algarismos expostos com os que constam das exportações brasileiras por conta dos mercados italianos, para o seu consumo interno e para as necessidades do commercio exte- rior com os paizes onde pode exercer sua influ- encia económica, por motivos dia ordem geogra- phica, ou politica. Esses algarismos, porém, preferi colher nos qua- dros da estatística publicada pela Directoria de Estatística Commercial do Ministério da Fazenda, e aqui os enquadrarei, como um complemento á (.arte documental do presente relatório, a qual se círcumscreve, como convém, aos elementos esta- tísticos. Estatística brasileira das exportações do café para a Itália: Annos Quintaes. 1916 635.248 1917 429.690 1918 665.659 1919 120.852 1923 601.242 Os dados que acabo de colligir e as considera- ções que me suggeriram os mesmos, permittem- me concluir da forma seguinte: a) — O consumo do café na Itália aug- menta de anno para anno numa proporção muito superior ao accrescimo natural da população. b) — O café brasileiro é o que fornece maior contingente nesse augmento. Assi- gnalei com os dados estatísticos officiaes italianos, uma porcentagem de 99,5 sobre as entradas de outras procedências. Na Itália, apezar das mystificações dos typos de selecção "Porto Rico" e ".Moca" e outros, e do tradicional preconceito, que, aliás, já vae desapparecendo, nocivo ao no- me commercial do "Café do Brasil", o nos- so artigo vae merecendo, dia a dia, a m.ais larga acceitação do consumidor: toda gen- te sabe, agora, que a quasi totalidade do café que aqui se bebe provém de S. Paulo e de outras praças brasileiras. c) — Um dos factos que mais influem para esse incremento é que o café se intro- duz nos hábitos da população, em parte como um substitutivo de outras bebidas, entre as quaes as alcoólicas. d) — Essa affirmação é documentada pe- los numerosos percentuaes do consumo per capita que passou, como se viu pelos qua- dros acima expostos, de 0,39 kilo em 1893 a 0,82 em 1913. e) — Os "surrogati" manipulados com a chicorea, e outros, figuram no mercado numa proporção pouco relevante, quantidade essa que irá diminuindo á medida que se forem facilitando as condições económicas das im- portações do café, do estrangeiro. 312 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA A liberdade de commercio é condição pri- mordial. f) — Sem querer falar dos portos de Messina e Fiume, ao de Trieste, agora inte- grado no Reino, que é o empório dos mer- cados compradores do oriente da Europa, incumbe regularizar uma intensa corrente commercial, anormalizada e paralysada pela guerra, e suas consequências. g) — Dada a nova politica de expansão commercial que lhe suggere, ao Reino, a sua actual situação geographica, os merca- dos italianos, principalmente o de Trieste, promettem multiplicar os negócios com os exportadores brasileiros, de café, e de ou- tros productos. A abolição dos monopólios commerciaes do Es- lado, que começa a produzir, já, as mais benéficas consequências na systematização do commercio italiano com o estrangeiro poz-me de novo cm con- tacto com os documentos do meu archivo, no tocan- te ao estudo do intercambio italo-brasileiro, no qual representa o café um dos principaes elemen- tos. Colligi, pois, esses dados na presente contribui- ção para o estudo do intercambio italo-brasileiro, a divulgar no nosso paiz as possibilidades dos mer- cados italianos consumidores desse producto. Roma. Outubro, 921. DEOCLECIO DE CAMPOS O PARA O CENTENÁRIO As gpcxnáes iniciativas da Sociedade Hacional de flgrficultuffa o.° Coniírosso Nacioiínl de As!;i'iculturíi e Pecuária e a (JoiífercHcia Inteniacioiíal Algodoeira, promovidos pela Sociedade Nacional de Agricultura, sob o alto patrociuio dos Kxrnos. Srs. Drs. Epitacio l*essoa, Presideute da Republica, e Simões Lopes, 3Iinis- tro da .Vgricultura, a realizarem-se, respectivamente, nos mezes de Setembro e Outubro de lí)22, na cidade do líio de Janeiro, em commemoracào do Centenário da Independência Politica do lirasil. Com missões organizadoras. Estatutos e Programmas. 3. CONGRESSO NACIONAL DE AGRICULTURA E PECUÁRIA COMMISSÃO ORGANIZADORA Presidente: Augusto Ferreira Ramos. Vive-presidentes: João Teixeira Soares, Au- gusto Carlos da Silva Telles, Hannibal Porto e Octávio Barbosa Carneiro. Secretários: Júlio César Lutterback, Justiniano Simões Lopes, José Rozendo da Silva e Alberto Viriato de Medeiros. MEMBROS Affonso Alves de Camargo. Alberto Maranhão. Alcides de Miranda. Aleixo de Vasconcellos. André Gustavo Paulo de Frontin. Annibal Benicio de Toledo. António Americano do Brasil. António Massa. António Pacheco Leão. António Pádua de Rezende. António V. de Andrade Bezerra. Armando Rocha. Arthur Collares Moreira. Aristides Rocha. Bento José de Miranda. Carlos Maria da Motta Rezende. Celso Bayma. Creso Braga. Domingos Sérgio de Carvalho. Dulphe Pinheiro Machado. Eloy de Souza. Bstacio Coimbra. Fidelis Reis. Francisco de Paula Rodrigues Alves. Francisco Dias Martins. Francisco Rocha. Franklin de Almeida. Geraldo Rocha. Godofredo Maciel. Gustavo Lebon Regis. Heitor de Souza. João Cabral. João Baptista de Castro. João Fulgencio de Lima. Joaquim Luiz Osório. José S. de Bulhões Carvalho. José Monteiro Ribeiro Junqueira. Juvenal Lamartine de Faria. Leopoldo Teixeira Leite. Léo de Affonseca. A LAVOURA 31(3 Linneu de Paula Machado. ,•.■•■ •". ■ Luiz Corrêa de Brito. Luiz R. Vieira Souto. ..•-....•;;. Luiz Silveira. ,■■•■. ■; •■.^> Mauricio Graccho Cardoso. ■ :; , ■- Manoel Tavares Cavalcanti. :. ■ -.--•. ;.. Mauricio de Medeiros. ...... ■ ■ ' i- Orlando Alves da Silveira. Paulo Parreiras Horta. Paschoal de Moraes. ,' _, Phelippe Aristides Caire. . . Plácido de Mello. ... .. -^ .. Rapliael de Abreu Sampaio Vidal. Raymundo de Magalhães. ' Sylvio Ferreira Rangel. Victor Leivas. SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA Fundada em 16 de Janeiro de 1897 e reconhecida de utilidade publica pela Lei n. 3.549, de 16 de Outubro de 1918 ESTATUTOS DA COMMISSÃO ORGANIZADORA DO 3" CONGRESSO NACIONAL DE AGRI- CULTURA E PECUÁRIA Art. 1." O 3" Congresso Nacional de Agricul- tura e Pecuária, promovido pela Sociedade Na- cional de Agricultura, sob os auspícios do Minis- tério da Agricultura e da Commissão Executiva da Exposição Nacional, reunir-se-á na cidade do Rio de Janeiro, em dias previamente marcados, no mez de Setembro de 1922, em commemoração do primeiro Centenário da Independência do Brasil. Art. 2." A Commissão Organizadora, eleita pela Sociedade Nacional de Agricultura, tomará desde já e com frequência as providencias preliminares indispensáveis para a realização do Congresso de modo praticamente útil ao paiz. Art. 3." Constitue objectivo principal do Con- gresso Nacional de Agricultura e Pecuária o es- tudo dos assumptos de maior relevância para a agricultura, pecuária e industrias connexas, de accõrdo com o programma que fôr estabelecido pela Commissão Organizadora, e a indicação de providencias e soluções que a respeito lhe pare- cerem mais opportunas. Art. 4." A Commissão Organizadora terá como presidente de honra o Ministro da Agricultura, e, além do presidente indicado pela Sociedade Na- cional de Agricultura, terá quatro vice-presiden- tes e quatro secretários, por ella eleitos dentre os seus membros. Art. 5.° Ao presidente da Commissão Organi- zadora compete a presidência das reuniões, a di- recção geral dos trabalhos e sua divisão por to- dos os membros da Commissão, e a organização dos serviços de expediente e outros preparatórios do Congresso. Art. 6.° O presidente será substituído em seus impedimentos por um dos vice-presidentes. Art. 1." Aos secretários cabe auxiliar directa- mente o presidente, cooperar para a regularidade de todos os trabalhos e fazer parte da mesa das reuniões, tomando as notas precisas para a re- spectiva acta, que será lavrada pelo que fôr de- signado pelo presidente. Em seus impedimentos, serão substituídos por outros membros da Com- missão Organizadora, convidados pelo presidente. Art. 8." A todos os membros da Commissão Organizadora compete, além dos encargos espe- ciaes que lhes forem commettidos, tomar parte activa nos trabalhos e collaborar de modo a ga- rantir o maior êxito do Congresso. Art. 9.° A Commissão Organizadora, que se reunirá pelo menos uma vez por semana, terá como principaes funcções: a) organizar o programma dos trabalhos do Congresso; b) realizar estudos especiaes sobre as- • sumptos do programma, para serem sub- mettidos á apreciação do Congresso; c) empregar os esforços necessários para obter a adhesão, a collaboração e o comparecimento do maior numero possível de agricultores, criadores e representantes das classes interessadas, residentes em to- dos os Estados da União; - ' d) promover a apresentação de mono- graphias e memorias, que deverão termi- nar por conclusões precisas e serão recebi- das pela Commissão com a conveniente an- tecedência, até a ultima sessão preparató- ria, se entregues impressas, ou até um mez antes da installação do Congresso, no caso contrario, para serem sujeitas ao estudo do Congresso; e) preparar o Regimento Interno do Congresso, que será divulgado com ante- cedência e submettido á discussão nas ses- sões preparatórias, para ser approvado, com ou sem alterações, pela maioria de votos dos congressistas presentes á sessão que preceder á de installação solemne; /) adoptar as providencias precisas para a maior ordem e utilidade dos trabalhos do Congresso. ... Art. 10. Serão membros do Congresso: a) os delegados dos governos federal, es- tadoaes e municipaes; b) os membros da Sociedade Nacional de Agricultura e da Commissão Executiva da Exposição Nacional; c) os representantes das sociedades, in- stituições e associações de agricultura e pecuária; d) os membros das Commissões de Agri- cultura, Obras Publicas, Impostos e de Fi- nanças do Senado e da Camará dos Depu- tados; e) os directores e chefes de serviço do Ministério da Agricultura e das repartições de Agricultura dos Estados: /) os representantes de associações com- merciaes, industriaes e de estabelecimentos bancários nacionaes, syndicatos, cooperati- vas e caixas ruraes; g) os agricultores, criadores e interessa- dos na lavoura, pecuária e industrias con- nexas, e os representantes das emprezas de transporte, que se inscreverem desde já e até a véspera da installação do Congresso. Art. 11. Logo que forem definitivamente fixa- dos os dias do mez de Setembro de 1922 e esco- lhido o edifício em que o Congresso tiver de fun- ccionar, a Commissão Organizadora dará a maior 311 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA publicidade a essa resolução, communicando-a também aos interessados. Art. 12. Haverá quatro sessões preparatórias nas vésperas da installação do Congresso, presi- didas pela Commissão Organizadora, para o re- conhecimento de poderes dos congressistas, tra- balhos de expediente e discussão do Regimento Interno. Art. 13. Concluído o reconhecimento de po- deres, na ultima sessão preparatória, será votado, por todos os congressistas presentes, o Regimento Interno e eleita a Mesa ou Commissão Directora dos trabalhos do Congresso e, bem assim, as pri- ineiras commissões especiaes. Art. 14. Antes de aberta a sessão inaugural do Congresso, a Commissão Organizadora entre- gará seus poderes a Commissão Directora, que preencherá dahi em diante suas funcções, passan- do a deliberar na conformidade das disposições do Regimento Interno que tiver sido approvado. PROGRAMMA GERAL O 3° Congresso Nacional de Agricultura e Pe- cuária, promovido pela Sociedade Nacional de Agricultura, sob os auspicios do Ministério da Agricultura e da Commissão do Centenário da In- dependência, reunir-se-á nesta cidade do Rio de Janeiro, no decurso do mez de Setembro de 1922. e tomará conhecimento de todos os trabalhos que forem, em tempo opportuno, apresentados á Com- missão Organizadora, a respeito das questões abaixo enumeradas e de outras de relevância para a agricultura, pecuária e industrias, annexas no paiz, assim para o estudo do desenvolvimento desses ramos da economia nacional durante o pri- meiro século de Emancipação Politica do Brasil, como para a apreciação do seu estado actual e das necessidades a prover; occupando-se, especial- mente, em relatar, de modo resumido, e de dis- cutir, em forma de conclusões praticas, as theses propriamente ditas, constantes do seguinte pro- gramma geral: -riTUL.^ I AGRICULTURA, INDUSTRIA EXTRACTIVA E INDUSTRIAS CONNEXAS 1 Evolução da agricultura e sua importância na vida económica do Brasil, nas três phases de co- lónia, império e republica. c) Custo da producção em cada um dos Estados do Brasil e nos principaes paizes concorrentes; d) Condições da mão de obra nos paizes e colónias que concorrem comnosco na pro- ducção dos referidos géneros; e) Impostos que oneram a producção aqui e no estrangeiro; /) Confronto entre as despezas de trans- porte dos centros productores aos mercados de consumo; g) Mercados actuaes. Praxes commer- ciaes existentes; h) Influencia das fluctuações do cambio entre nós sobre o custo de producção e sobre o preço de venda. Effeitos da valo- rização da prata sobre o custo de produ- cção no Oriente; í) Causas que influem nas cotações bai- xas dos nossos typos daquelles productos, em relação aos de outras procedências, nos mercados consumidores; /') Valorizações officiaes, seus effeitos e resultados obtidos. k) Necessidades diversas a prover. A cultura do café e do cacau: a) Épocas do plantio, trato cultural e épo- cas da colheita em cada Estado productor. Natureza das terras, e padrões ou vegetação caracteristica das terras mais apropriadas a cada uma dessas culturas. Processos de cultura; b) Variedades cultivadas, condições de productividade e rendimento cultural de cada variedade, observações sobre a sua re- sistência ás pragas, ás doenças e aos acci- dentes climatéricos. Selecção e introducção de variedades novas e condições a que de- vem obedecer. Moléstias e inimigos, como são ou devem ser combatidos. A poda. Suas vantagens e inconvenientes. Regras que devem ser observadas. A enxertia. Caso em que convém applical-a. Resultados de ensaios feitos entre nós. c) Processos de colheita d» beneficia- mento e de conservação, acondicionamento ou embalagem, e classificação dos orodu- ctos. Medidas recommendaveis. Aperfeiçoa- mentos necessários. Estudos relativos a cada um dos principaes pro- ductos de exportação e, especialmente, sobre o café, o fumo, o cacau, o assucar, a borracha e a herva-matfe: a) Evolução da producção e do consumo no mundo durante os últimos cem annos, em synthese e discriminadamente, de cada um desses géneros, por paizes productores e consumidores. Cotações no mesmo pe- ríodo; b) Situação actual da producção e do consumo no paiz e no estrangeiro. Perspe- ctivas futuras. Producção em cada um dos Estados do Brasil; A cultura da canna e a industria assucareira: 1.) Histórico: introducção da canna de assucar e installação dos primeiros enge- nhos de assucar em cada Estado do Brasil. 2.) Cultura, actualmente, em cada Es- tado e Municipio: a) Área cultivada, variedades de canna predominantes, quaes as melhores condições de productividade para cada uma das va- riedades, observações sobre a sua resistên- cia ás pragas e ás doenças, rendimento cul- tural, natureza das terras e condições topo- graphicas; b) Selecção, producção de variedades no- vas e condições a que devem obedecer; A LAVOURA Sk5 e) Épocas de plantio e de colheita, pro- cessos de cultura, melhoramentos recommen- daveis para se obter maior rendimento cul- tural e maior riqueza saccharina; aduba- ção; mechanocultura e especialmente no- tocultura; irrigação artificial; d) Transporte de canna; relações entre o agricultor e o fabricante de assucar e álcool; methodo racional para o pagamento das cannas pelas usinas. 3. ) Situação actual da industria assuca- reira nos diversos Estados productores: a) Numero e capacidade das usinas e dos engenhos de assucar, e das distillarias; b) Producção; qualidade e quantidade de assucar e de álcool; typos commerciaes para o consumo interno e para os mercados es- trangeiros ;- c) Sub-productos e o seu melhor aprovei- tamento; d) Apparelhagem moderna e aperfeiçoa- da para o fabrico do assucar e melhoramen- tos a serem introduzidos nos processos de fabricação; e) Controle chimico nas fabricas ou usi- nas de assucar; /) O problema do combustível nas usinas de assucar, aproveitamento efficiente do ba- gaço para esse fim, typos de fornalhas pró- prias e económicas, indicações sobre a eco- nomia do combustível; g) Centralização do fabrico; h) Electrificação das usinas; í) Preparação de technicos na parte me- chanica e chimica da industria assucareira; /) Fabricação do álcool e cooperativas para a sua producção. A cultura da seringueira no paiz e no estran- geiro. Causas que têm impedido a sua expansão entre nós. Meios de removel-as. Confronto da cultura com a exploração dos seringaes nativos. Exploração dos seringaes nativos e meios de im- pedir o seu abandono. Resultados das plantações existentes. Custo da producção actual; meios de reduzil-o nas plantações. A cultura da herva-matte no paiz e no estran- geiro. Resultados obtidos. Methodos de explora- ção da herva-matte nativa. Estudos da vantagem da cultura. 7 Industria extractiva da borracha e da herva- matte: a) Épocas da safra em cada Estado e re- gião; b) Processos de colheita, de beneficia- mento, de preparo e de conservação, acon- dicionamento ou embalagem e classificação dos productos. Aperfeiçoamentos aconse- lháveis. Necessidades mais urgentes a pro- ver. 8 Milho, arroz, centeio, cevada, sorgho, aveia e outros cereaes. Feijão, ervilha, guandu, soja e ou- tros grãos legumiferos. Mandioca. Raizes tube- rosas. Batatas. Outros tubérculos. Plantas de bul- bos e rhizomas. Estudo de cada producção e especialmente: a) Safra por espécie em cada Estado; b) Épocas de plantio, trato cultural e épo- cas da colheita em cada Estado e região. Natureza das terras, e padrões ou vegetaes indígenas que caracterizam as melhores ter- ras para cada uma dessas culturas. Proces- sos de cultura; c) Variedades cultivadas, melhores con- dições de productividade e rendimento cul- tural de cada uma; quaes as mais recom- mendaveis para cada Estado e região; resis- tência ás pragas, ás doenças e aos acciden- tes climatéricos. Selecção e introducção de novas variedades. Moléstias e inimigos, co- mo são ou devem ser combatidos; d) Processos de colheita, beneficiamento e de conservação acondicionamento e clas- sificação dos productos. Melhoria dos mes- mos; e) Estatísticas de producção e de con- sumo no paiz. Exportação para o estran- geiro. 9 Estudo minucioso sobre o trigo no Brasil. His- toria da sua producção desde os tempos coloniaes e causas do seu abandono. Sua cultura nos diver- sos Estados, variedades mais adaptáveis a cada zona e indicação de medidas a adoptar para o au- gmento progressivo e methodico da producção no paiz. Defesa contra as doenças e pragas. Esta- tísticas de producção e de consumo no paiz. Me- didas de influencia immediata sobre o desenvol- vimento da producção. Preços minimos; protecção aduaneira. 10 A cultura do fumo no Brasil desde o período colonial. A sua importância económica. Processos de cultura. Variedades cultivadas. Methodos de selecção e hybridação para obter novas varieda- des. Adubação. Doenças e pragas. Colheita. Ty- pos de fumo. Seccagem e fermentação conforme a variedade e a qualidade do producto que se quer fornecer aos mercados consumidores. Escolha, be- neficiamento e enfardamento. Systema de explo- ração das plantações do fumo no Brasil, na Ame- rica do Norte, em Cuba e no Oriente. Processos de fornecimento de mudas para o plantio e de com- pra do producto verde ou fermentado. Medidas aconselháveis para o aperfeiçoamento da cultura e melhor beneficiamento do fumo entre nós. 11 Plantas productoras de sementes e fructos oleaginosos. Exploração e cultura das principaes, dentre as diversas variedades indígenas e exóticas existentes no Brasil. 12 A cultura do coqueiro (Cocos nucifera) no Brasil. Causas da sua relativa estagnação. Con- — sie BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA veniencia de promover a sua expansão. Inimigos do coqueiro e meios de combatel-os. O preparo do eoprah para exportação. Fabricas de óleo e man- teiga de coco nos centros productores. O aprovei- tamento industrial do cairo. O commercio do coco no paiz e no estrangeiro. 13 A castanheira do Pará {Bertholetia excelsa). Vantagens da sua cultura. Producção actual da castanha. Desenvolvimento do seu commercio no paiz e no estrangeiro. Meio de intensifical-o. O babassú. Seu grande valor económico. Melhores condições para a sua exploração. 14 Producção e commercio de fructas em cada um dos Estados do Brasil. Causas que tém impedido o seu desenvolvimento e meios de promovel-o. Fructas silvestres e fructas cultivadas, nativas e exóticas acclimadas. Preparo e acondicionamento de fructas para a exportação. Industrias de con- servas, de doces e de suecos de fructas. 15 A cultura de hortaliças nas proximidades dos centros urbanos. Medidas capazes de desenvol- vel-a e de assegurar a collocação vantajosa dos productos em beneficio dos productores. A indus- tria de conservas de productos horticolas. 16 A floricultura e a organização do commercio de flores. O aproveitamento industrial das flores. 17 A viticultura no Brasil. Zonas ma;s apropria- das. Variedades de videiras mais reconimendaveis para a producção de uvas para mesa e para vi- nho. Resultados obtidos. Medidas necessárias para aperfeiçoar e intensificar a producção e commer- cio de uvas e o fabrico de vinho. 18 Plantas tanniferas. Sua exploração e cultura entre nós. Causas do seu estado rudimentar. 19 Plantas medicinaes. Sua cultura e exploração no Brasil. Conselhos úteis para exploração e cul- tura das nativas, e introducção das exóticas, sus- ceptíveis de fácil acclimação. Estudos e observa- ções sobre: a) A quina e a poaia ou ipecacuanha, sua exploração e motivos do abandono da sua cultura no Brasil. A industria do quinino; b) O guaraná, sua exploração, desenvol- vimento da sua cultura e applicações; c) A herva de Santa Maria. O seu apro- veitamento industrial. A producção do óleo de chenopodium; d) Outras plantas medicinaes e conve- niência da sua exploração e cultura. 20 A cultura do chá. Sua introducção no Brasil. Plantações existentes. Razões da falta de expan- são dessa cultura no nosso paiz. 21 A castanheira do Pará (Berlholetia excelsa). e ceras. Sua importância nas regiões áridas. Or- ganização racional de sua exploração. 22 Culturas de plantas perennes nos paizes tropi- caes. A importância dessa pratica no Oriente e no Brasil. As arvores de sombra. A cultura de plantas perennes e a criação. 23 Classificação e nomenclatura das madeiras na- cionaes. A exploração racional das florestas. Com- mercio de madeiras no Brasil, suas necessidades nas diversas zonas do paiz. A systematização e o desenvolvimento de tão importante ramo da acti- vidade nacional. Aproveitamento das nossas ma- deiras na industria de pasta de papel. 24 Cultura de essências florestaes. Resultados da cultura do eucalyptus no Brasil e as suas vanta- gens. Melhores variedades de accòrdo com as di- versas zonas. Plantas nacionaes e estrangeiras, sobretudo leguminosas, mais aconselháveis para a silvicultura, pelo seu crescimento rápido e mais prompta exploração industrial. 25 As plantas fibrosas no Brasil: 17) Plantas nativas, susceptíveis de ex- ploração industrial; h) Causas da desvalorização do caroá e do paco-paco depois da terminação da guerra; c) A cultura do henequem ou sizal; van- tagens dessa cultura nas regiões das sec- cas; d) A piteira e a sua exploração no Bra- sil; fl A paineira e suas variedades. Vanta- gem da sua cultura; /) As possibilidades do plantio da juta no nosso paiz. Experiências e resultados obtidos; g) A descortiçação e a maceração das plantas fibrosas. Condições mais favorá- veis á obtenção de productos superiores. Processos chimicos de tratamento das fi- bras; h) Estudo das nossas fibras no fabrico do papel e sua utilização económica. 26 A cultura do linho no Brasil. Resultados obtidos e meios de incremental-a. A LAVOURA 3W- 27 A mechanocultura. Causas do retardamento de suas applicações no paiz. Resultados dos ensaios de motocultura no Brasil. A cooperação e a me- chanocultura. Concursos de tractores. 28 A lavoura secca. Seus resultados e vantagens. Conveniência de sua adopção e generalização no Brasil. 29 A irrigação agrícola no Brasil. Seu custo e vantagens. Installações existentes. Estações de hydraulica agrícola. Causas do pouco desenvolvi- mento da irrigação artificial no nosso paiz. 30 Estudo das seguintes questões especiaes sobre a irrigação: a) Estabelecimento da irrigação, tendo em vista a permeabilidade dos terrenos a irrigar; b) Efficiencia da irrigação no Nordeste, no ponto de vista económico; c) Distribuição económica da agua na irrigação das culturas no Nordeste; d) Se as taxas de irrigação para o Nor- deste devem corresponder ao capital des- pendido em cada uma das obras construí- das ou a uma taxa média proporcional ao capital no conjuncto de todas as obras em cada Estado; e) Regimen administrativo a ser adopta- do na amortização do capital empregado nas obras do Nordeste; taxas de irrigação ou imposto territorial sobre as terras irrigá- veis ; /) Prémios aos particulares, syndicatos agrícolas e municipalidades que construí- rem açudes peauenos e médios. Determi- nação da capacidade de uns e outros; suas vantagens; proporção do premio a ser con- ferido para o total do orçamento de cada açude; g) Constriicção de grandes açudes por syndicatos de agricultores interessados na irrigação de uma determinada zona; au- xilio financeiro pela União, pelo Estado ou pelos dous conjunctamente, e garantias exi- gíveis para a amortização do capital por essa forma obtido; h) Credito agrícola para o Nordeste; re- gimen a ser adoptado de accôrdo com as condições peculiares ao meio; i) Se a administração das obras do Nor- deste pela União deve terminar com o re- embolso total das importâncias despendidas, e neste caso, quem deve passar a admi- nistral-as, se o Estado ou se os respectivos interessados; /) Regímen administrativo a ser adopta- do na colonização dos terrenos irrigados que estiverem sob a iurisdicção do Governo Fe- deral ou do Estado; qual a repartição que terá de dirigir esse serviço de colonização. 31 O saneamento e aproveitamento agrícola da Bai- xada Fluminense e de outras zonas do paíz em idênticas condições. 32 Importância da adubação em geral, e a sua im- portância para a nossa agricultura. Resultados das experiências da adubação entre nós. Estudos es- peciaes sobre: a) Substancias existentes no paiz e que possam ser' utilizadas como adubos. Provi- dencias que convenha adoptar para animar a sua exploração e desenvolver o seu con- sumo dentro do paiz; b) Producção de adubos azotados, phos- phatados, cálcicos e potássicos, e seu com- mercio no Brasil; c) Jazidas mineraes de que dispomos no paiz, cujos productos possam ser explora- dos e applicados para a adubação das terras de cultura; d\ Barateamento de fretes para os adu- bos nas estradas de ferro e vias de navega- ção; c) Conveniência ou não de se prohibir a exportação de resíduos vegetaes ou ani- maes, utilizáveis como adubos; /) As estrumeiras. Regras e observações sobre a sua construcção de accôrdo com o clima de cada região. Condições para o seu melhor rendimento. 33 Estações experimentaes. Como devem ser or- ganizadas para a sua maior efficiencia e utilidade. A coordenação dos seus trabalhos e pesquizas. A introducção de novas culturas e de plantas úteis. A utilização das ilhas próximas dos principaes por- tos para nellas se installarem jardins económicos afim de experimentar as plantas e sementes de procedência estrangeira que convenha introduzir no paiz. Os programmas de estudos e pesquizas. Meios mais convenientes de assegurar os recursos necessários á sua execução. 34 A selecção das sementes. Obtenção de novas variedades por cruzamento e hybridação. Fazen- das de sementes, sua organização e exploração. 35 Serviço meteorológico. Systematização das ob- servações em proveito da agricultura. 36 Serviços de defesa contra as doenças e pragas que atacam as plantas. Meios de augmentar a sua efficiencia. Organização de um plano systematico de combate ás saúvas, á quemquem, aos gafanho- tos, ás lagartas e á lagarta rosada em especial. Regulamentação da defesa agrícola do paiz. For- necimento de insecticidas e fungicidas garantidos pelo Governo. — 318 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA 37 Luta contra as geadas, inundações e outros ac- cidentes climatéricos. -rn-»«ii_o II PECUÁRIA, CRIAÇÃO EM GERAL E INDUS- TRIAS CONNEXAS 38 Esboço histórico da pecuária no Brasil, desde o descobrimento até os presentes dias. Introdu- cção das raças e sua distribuição geographica. Estado actual. 39 A pecuária e o seu incremento. Melhoramento dos rebanhos e regeneração das raças creoulas, nos diversos Estados. A selecção, o cruzamento, o refinamento e a mestiçagem. Registros genealó- gicos. Marcas e signaes, e sua legislação. 40 Forragens indígenas e e.xoticas de maior valor nutritivo e económico, nas diversas situações geo- graphicas do Brasil. Ensilagem e seus processos. Fenação. 41 ■ Introducção e cultura de forragens exóticas de alto valor nutritivo e facilmente acclimaveis em determinadas regiões do paiz. 43 42 Bovinos: a) Raças creoulas em cada Estado do Brasil. Resultados conseguidos com os pro- cessos de melhoramento e methodos a ado- ptar para sua selecção e fixação. Dissemi- nação dos reproductores seleccionados; b) O gado caracú. Resultados obtidos da sua selecção; c) Raças nacionaes ou estrangeiras para carne, para leite e para trabalho, mais ada- ptáveis ás varias regiões do Brasil. Esco- lha das raças mais convenientes para cada Estado e região; d) Introducção de reproductores de ra- ças finas no Brasil. Resultados obtidos com a sua importação nos últimos annos. Cui- dados de que carecem. Immunização. A criação industrial de reproductores; e) Influencia do cruzamento sobre os nossos rebanhos; /) O gado zebú no Brasil. Observações e opiniões a respeito. g) A producção do gado para corte, typo frigorifico. Necessidade de formar typos que satisfaçam as exigências do consumo europeu; h) Meios de systematizar a criação do gado a campo. Cercas, curraes ou manguei- ras, potreiros, tapumes, aguadas, banheiros, abrigos e outras installações indispensáveis. Equinos: a) A criação do cavallo no Brasil, raças existentes e processos aconselháveis para o melhoramento das mesmas; b) O cavallo puro sangue e resultados obtidos da sua criação entre nós; c) Importação de reproductores. Raças mais convenientes ao cruzamento das nos- sas cavalhadas. Cavallos de tiro ligeiro, mé- dio e pesado. Cavallos de sella; d) Obtenção de um typo de cavallo que satisfaça ás necessidades do Exercito. Dif- ficuldades existentes e meios de removel-as. 44 Muares e asininos: a) Importância dos muares na vida rural do Brasil, e como tractores no serviço do Exercito. A criação industrial dos muares; b) Importação e criação dos jumentos, raças preferíveis. 45 Ovinos: a) A criação do carneiro, como productor de lã, pelle e carne, nos Estados do sul, do centro e do norte; b) Medidas a adoptar para desenvolver e melhorar a criação do carneiro; f) Raças aconselháveis, tendo em atten- ção a zona e o destino industrial. 46 Caprinos: a) A criação de caprinos, como producto- res de pelle, leite, lã e carne, nos Estados do norte, do centro e do sul; b) A importância da criação de caprinos nas zonas áridas; c) Necessidade de desenvolver e melho- rar a criação de caprinos. Providencias con- venientes a respeito; d) Escolha das raças, segundo a zona e o fim da criação; e) Importação de reproductores das me- lhores raças. 47 Suinos: a) A criação do porco no Brasil e o seu grande valor económico; b) Raças nacionaes e raças importadas jã acciimadas no paiz. Observações a res- peito. Confronto com as raças mais apre- ciadas no estrangeiro; c) Raças preferíveis, tendo em vista a sua utilização industrial e a zona em que se desenvolver a criação; d) Meios de promover a larga expansão e o melhoramento da criação de suinos no Brasil. A LAVOURA 349 48 A criação de aves domesticas sob o ponto de vista industrial. Raças nacionaes e exóticas já ac- climadas, e melhoramento dos typos existentes. Introducção de novas raças. Meios de desenvolver essa criação no paiz e o seu commercio com o es- trangeiro. Preparo de aves para o consumo interno e para exportação. 49 A criação do avestruz e de outras aves para a producção de plumas e pennas. 50 Apicultura, sob o ponto de vista económico. Abelhas nacionaes e abelhas estrangeiras. Estudo e observações a respeito. Moléstias, parasitas e inimigos. Flora apicola brasileira; chronologia ve- getal. , . 51 Sericicultura. A criação do bicho da seda (bom- bix mori\ no Brasil. Resultados adquiridos. Es- colha da raça do bicho da seda, tendo em attenção o clima local e a espécie de amoreira imorus alba ou morus nigra) cultivada. Processos sericicolas a adoptar e cuidados a recommendar. Causas da inefficacia dos esforços até agora empregados no Brasil em favor dessa industria e meios de remo- vel-as. 52 A producção do leite e organização do seu com- mercio: a) Estudo especial das raças de gado lei- teiro nos diversos Estados do Brasil; b) Importância das forragens na produ- cção do leite. Apreciação das existentes e predominantes em cada Estado; c) Hygienização do leite. Suas vanta- gens; d) Vantagens da estabulação. Hygiene dos estábulos; e) Composição normal do leite dos ani- maes estabulados nos centros urbanos, com- parada com a do leite importado dos cen- tros ruraes. Bases para a fixação de um padrão nacional; /) Importância da tuberculinisação das vaccas leiteiras; g) Como intensificar a producção do leite e derivados; h) Machinismos e utensílios empregados na industria de lacticínios. Variedades e systemas preferidos; í) Expansão do commercio de leite e de- rivados. Necessidade de vagões frigoríficos nas estradas de ferro e viaturas especiaes para os transportes urbanos. Sociedades co- operativas e de ensino profissional; /) Causas que difficultam o desenvolvi- mento da industria de lacticínios no Brasil; k) Conveniência de organizar-se a Fe- deração Nacional de Leitaria. 53 Commercio de carnes, banha, couros, pelles e sub-productos da industria pastoril. Causas da má classificação dos nossos productos animaes nos mercados estrangeiros. Melhoramentos e providen- cias a recommendar. 54 Impostos e despezas que oneram os productos da industria pastoril. Meios de reduzir o custo de producção. Necessidade de melhor systema tri- butário, para estimular o augmento e aperfeiçoa- mento da producção. Influencia do cambio sobre os preços dos productos animaes e sobre o custo de producção. Investigações sobre a peste bovina, febre aph- tosa, e outras doenças devidas a virus filtráveis; o mal de cadeiras, o mal de chifre, peste das gal- linhas, piroplasmose ou batesiose, tinhas, sarnas e outras doenças dos animaes no Brasil e no es- trangeiro. Prophylaxia e tratamento. 56 Policia sanitária animal. Providencias necessá- rias para a organização de um plano systematico de combate ao carrapto, o berne e a outras pra- gas. -,,. . 57 , Immunização do gado importado. Alvitres prá- ticos. TIT*-PI_0 III ENSINO AGRÍCOLA, ZOOTECHNICO E VETE- RINÁRIO Associações — Credito ..- 58 O ensino agrícola, zootechnico e veterinário, e a sua diffusão no Brasil: . _ a) Ensino agronómico e veterinário su- perior. Orientação conveniente á economia brasileira; b) Ensino agrícola e zootechnico médio ou theorico-pratico. Sua direcção accórde com as conveniências regionaes. Systema- tização de seus typos. Cursos de veteriná- ria; c) Ensino agrícola e zootechnico pratico elementar. Meios de disseminação pelo paiz. Escolas domesticas de agricultura; d) Ensino agrícola e zootechnico ambu- lante. Cursos abreviados. Meios de 'iicen- tival-os; e) As escolas primarias das zonas ruraes e o incitamento ao amor das praticas agrí- colas e pecuárias. O ensino de noções de agricultura e zootechnia nas escolas nor- maes; /) Estações agronómicas e campos de de- monstrações scientificas. Typos de umas e 350 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA outras mais convenientes ao Brasil, conso- ante ás modalidades agrícolas do seu terri- tório ; g) Postos zootechnicos, sua directiva de accòrdo com as circumstancias da zona a que servem; h) Institutos e laboratórios de pesquizas scientificas attinentes á agricultura e pe- cuária. Orientação que se lhes deve dar para a sua maior efficiencia. Coordenação dos programmas de cada um dos problemas a estudar e resultados obtidos em todo o paiz. 59 Meios de despertar e fortalecer o espirito de as- sociação das classes ruraes em todo o paiz: a) Syndicatos agrícolas, profissionaes e mixtos. Associações, ligas, federações, ou uniões de lavradores e criadores. Confe- deração Rural Brasileira; b) Cooperativas, suas modalidades para a lavoura e criação: de producção, de com- pra e venda e de credito; (■) Mutualidades: seguros contra a mor- talidade do gado, contra o incêndio, contra a geada, contra as pragas, contra os acci- dentes do trabalho; d) Clubs agrícolas, 60 ■■-■-■ Mobilização do capital em proveito da lavoura e criação: a) A previdência e o credito hypotheca- rio e agrícola. O decreto do Governo Pro- visório e as causas da sua inefficacia. A lei de Ignacío Tosta da 1907 e as razões da sua inexecução; b) O decreto n. 1.637, de 5 de Janeiro de 1907, e as conclusões do 2° Congresso Nacional de Agricultura; c) Bancos populares como caixas eco- nómicas aperfeiçoadas; d) O systema Raiffeisen; sua funcção no credito pessoal, no penhor agrícola e na lettra hypothecaria; c) Caixas ruraes e centraes de credito. Tentativas já realizadas no Brasil. TITUI-O l\^ DIVERSOS ASSUMPTOS DE INTERESSE DA AGRICULTURA, DA PECUÁRIA E DAS IN- DUSTRIAS CONNEXAS 61 A producção do álcool para fins industriaes: a) Disseminação do fabrico do álcool des- naturado por todo o paiz. Melhor aprovei- tamento do mel e dos baixos prodactos da fabricação do assucar para a producção do álcool. O emprego da batata, da mandioca, dos cereaes e dos fructos como matéria pri- ma para o fabrico do álcool e importância dos seus resíduos para a criação; b) Applicações industriaes do álcool á luz, ao aquecimento e aos transportes. Ou- tras applicações. Apparelhos e motores pró- prios para o consumo do álcool; c) Processos de desnaturação e desnatu- rantes de producção nacional. Carburetan- tes nacionaes e estrangeiros; d) Meios de desenvolver o emprego do álcool desnaturado. Favores necessários. Regimen fiscal e tributário; e) Cooperativa nacional e cooperativas estaduaes de álcool. Estabilização dos pre- ços de venda em grosso e a retalho. Pro- paganda e organização da venda a retalho em todo o paiz. 62 A industria do frio no Brasil. Necessidade de incremental-a em beneficio da agricultura, pe- cuária e industrias connexas. Installações existen- tes e necessidades a attender. Estudo das appli- cações do frio e especialmente: a) Organizações frigorificas e a influen- cia que podem exercer no desenvolvimento dos vários ramos dessas industrias; b) Vantagens das camarás frigorificas á margem das linhas férreas, quanto á pro- ducção e ao barateamento dos productos respectivos nos mercados consumidores. Influencia económica de taes frigoríficos; (•) Vantagens da exploração de certos transportes ferroviários pelas emprezas in- dustriaes de frigorífico; d) Viaturas frigorificas apropriadas aos transportes urbanos e de pequeno percurso; e) Entrepostos frigoríficos de consumo. Sua distribuição e meios de fiscalização; /) Vantagens reciprocas para o commer- cio e para o consumidor, resultantes da dis- tribuiçã ofrigorifíca dos productos a domi- cílio; g) Influencia económica e social exercida no paiz pelos matadouros e mais installa- ções frigorificas; h) Conveniência de uma commíssão per- manente para tratar dos interesses da in- dustria do frio em tudo que se relacione com o desenvolvimento das suas applicações actuaes e no futuro; i) Modo de regular as concessões; /) Regímen tributário e fiscal da União, dos Estados e dos Municípios; k) Tarifas ferroviárias; l) Representação do Brasil no Congresso Internacional do Frio. 63 A importarrcía do desenvolvimento da industria da fectifa no Brasil. Aproveitamento das féculas para fins industriaes. A panificação da farinha de trigo de mistura com a de cereaes ou de raízes feculentas de abundante producção em todo o paiz. 64 As tarifas aduaneiras e a producção agrícola, pecuária e das industrias connexas. Convénios commerciaes. A LAVOURA 351 — 65 Protecção ás aves úteis á criação e agricultura, e combate ás nocivas. Organização do serviço de previsões de colhei- tas ou estimativa da producção agricola e pecuária, e de informações úteis aos productores, sobre as safras, os stocks e os preços, ou sobre o appare- cimento de pragas ou pestes, no paiz ou no es- trangeiro. 67 Organização de exposições e feiras, grandes e pequenas. Sua utilidade e influencia nas praticas ruraes. Papel das associações de aggricultura e criação. 68 Pequenas propriedades agro-pecuarias e a sua exploração pelo systema intensivo. Conveniência do estudo do typo mais adaptável ás diversas re- giões do Brasil. Parcellamento das grandes propriedades territo- riaes. Casos em que é recommendavel essa provi- dencia. 70 Estudos subsidiários para a organização do Go- verno Rural e do Código de Policia Sanitária. Ani- mal. ... 71 ' Condições capazes de attrahir para o nosso paiz agricultores estrangeiros e de fixal-os como traba- lhadores ruraes, pelo regimen de salário, parceria, arrendamento de terras, sub-divisão da propriedade ou outra convenção, ou como pequenos proprietários a titulo inicial precário e final definitivo. 72 Estímulos para a fixação dos trabalhadores ru- raes brasileiros nas fazendas de lavoura e criação ou como pequenos proprietários de terras. 73 Importância para certas culturas e industrias no- vas no paiz, da introducção de colonos nellas espe- cializados. 74 Pontes e estradas de rodagem. Meios de favore- cer e generalizar a iniciativa das construcções. Actuação dos poderes públicos, das emprezas e dos particulares. 75 A legislação social a ser adoptada em face das condições actuaes da vida rural no Brasil, em con- fronto com as dos paizes concurrentes da nossa producção. Observações — ■ As questões que interessam ao algodão não foram incluídas neste programma por- que serão especialmente tratadas na Conferencia Internacional Algodoeira, que se realizará na mes- ma época, no Rio de Janeiro. Conferencia Internacional Algodoeira COMMISSÃO ORGANIZADORA Amo S. Pearse. Ascendino Cunha. ... ■ Alfredo de Andrade. Alcides Franco. ' ] Carlos Júlio Galliez. Carlos de Miranda Jordão. , Domingos onçalves. Fidelis Reis. Gabriel Osório de Almeida. ' ' Geminiano de Lyra Castro. Hannibal Porto. Joaquim de Aguiar Costa Pinto. Juvenal Lamartine de Faria. Lourival Souto. Miguel Calmon du Pin e Almeida. Mário Spinola Teixeira. Miguel Faustino do Monte. Raphae! de Abreu SampaiSo Vidal. Trajano Viriato de Medeiros. William Wilson Coelho de Souza. Art. 1° — A Conferencia Internacional Algo- doeira, convocada pila Sociedade Nacional de Agricultura, sob os auspícios da Commissãa Exe- cutiva da Exposição iNacional e do Serviço do Algodão do Ministério da Agricultura, reunir-se-á no decurso do mez de Outubro de 1922, na cidade do Rio de Janeiro . Art. 2° — A Conferencia será organizada pela commissão para esse fim nomeada pela Sociedade Nacional de Agricultura. Art. 3° — A Commissão Organizadora da Con- ferencia elegerá seu presidsnte, cinco vice-presi- dentes, um secretario geral e um sub-secretario. Art. 4° — As reuniões da Commissão Organiza- dora se effectuarão, pelo menos, uma vez por se- mana. Art. 5° — Os intuitos principaes da Conferen- cia são: o estudo de questões de interesse para o desenvolvimento da producção algodoeira no Bra- sil e no Estrangeiro; doenças e pragas do algo- dão; a selecção, o beneficiamento, a classificação, o enfardamento, o transporte, os direitos fiscaeJ. e o commercio interestadual e internacional dessfc producto e dos seus derivados; a industria de fia- ção e tecelagem; cooperativas, caixas de credito e bolsas d,; algodão; finalmente, o exame de quaes- quer assumptos que aproveitarem á producção e ao commercio do algodão, e indicação de conclu- sões a respeito. 352 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA Art. 6° — Serão membros da Conferencia: a) — os delegados dos governos federal, esta- duaes e municipaes; bl — os representantes de associações e espe- cialistas, nacionaes ou estrangeiros, que s; oc- cupem da cultura, do commercia ou da industria do algodão; c) — os membros da Commissão Executiva da Exposição Nacional; d) — os directores e chefes de serviço do Mi- nistério da Agricultura, das Escolas Agrícolas, e das repartições de agricultura dos Estados. e) — os membros da Sociedade Nacional de Agri- cultura e os representantes das demais associa- ções agrícolas e industriaes; f) — os membros das Commissões de Agri- cultura, Obras Publicas, Impostos e de Finanças do Senado e da Camará dos Deputados; g) — os representantes do Centro Industrial do Brasil, do Centro de Fiação e Tecelagem de Algodão, das Associações Commerciaes, estabele- cimentos bancários, syndicatos, cooperativas e cai- xas ruraes; ■h) — os lavradores, industriaes e commercian- tes de algodão e os representantes das emprezas de transporte. Art. 7" — A Commissão organizará o program- ma dos trabalhos da Conferencia, effectuará es- tudos especiaes sobre assumptos do programma para serem submettidos á apreciação da Confe- rencia e esforçar-se-á por conseguir a adhesão, a collaboração e o comparecimento á Conferencia do maior numero possível de interessados. Art. 8" — Ssrão recebidos pela Commissão Or- ganizadora, com a conveniente antecedência e até um mez antes da installação da Conferencia, as monographias, memorias e trabalhos originaes a serem sujeitos ao estudo da Conferencia. Art. 9" — Os estrangeiros, membros da Confe- rencia, que, não sabendo o portuguez, quizerem apresentar estudos ou memorias sobre matéria do programma, poderão fazel-o nas linguas hespanho- la, italiana, franceza, ingleza ou allemã. Art. 10" — Com a necessária antecedência, a Commissão Organizadora fixará os dias do mez de Outubro de 1922, em que a Conferencia tiver de se realizar, dando a maior publicidade a essa resolução e avisando os interessados. Art. 11° — A Commissão Organizadora prepa- lará o Regimento Interno para os trabalhos da Conferencia. Art. 12" — Nas vésperas da installação da Con- ferencia realizar-se-ão quatro sessões preparató- rias, presididas pela Commissão Organizadora, pa- ra o reconhecimento de poderes dos conferencistas, trabalhos de expediente e discussão do Regimento Interno. Art. 13° — Na ultima sessão preparatória, e após o reconhecimento de poderes, será votado o Regimento Interno pelos conferencistas presen- tes, elegendo-se, em seguida, a Mesa ou Commis- são Directora dos trabalhos da Conferencia. Art. 14" — Antes de encerrar-se a ultima ses- são preparatória, a Commissão Organizadora tran- sferirá os seus poderes á Commissão Directora da Conferencia, que passará a agir de accòrdo com as disposições do Regimento Interno, que ti- ver sido approvado. A Conferencia Internacional Algodoeira, convo- cada pela Sociedade Nacional de Agricultura, sob os auspicies da Commissão Executiva da Expo- sição Nacional e do Serviço do Algodão do Ministé- rio da Agricultura, reunir-se-ã no decurso do mez de Outubro de 1923 na cidade do Rio de Janeiro e occupar-se-á de qualquer assumpto de relevân- cia, que diga respento ao algodão e aos seus sub- productos, e, especialmente, das theses constantes .leste programma: I — O ALGODÃO no BRASIL. INQUÉRITO GE- RAL SOBRE A SUA CULTURA NOS DI- VERSOS ESTADOS E NO ESTRANGEIRO 1 ) — Variedades de algodão existentes nos di- versos Estados da União. Caracteres próprios des- sas variedades, estudo das sementes e qualidades da fibra. 2) — Vantagens e inconvenientes da cultura dos algodoeiros annuaes e perennes, segundo as con- dições topographicas, agrologicas e climatéricas da região. Inconvenientes da mistura de variedades numa mesma plantação. Importância da systemati- zação da cultura de uma só variedade para cada zona. 3) — Rendim.ento comprovado de cada varie- dade. 4) — Resistência das diversas variedades ás in- tempéries e pragas, nas varias regiões. 5) — Precocidade e productividade das diversas variedades, em cada região. 6) ~ Terras mais adaptáveis a cada uma dessas variedades; situação topographica, exposição, for- mação geológica, composição chimica e extensão de cada região. Padrões das melhores terras. Con- dições climatéricas locaes. 7) — Meios de producção em cada região; con- dições da mão de obra; regimen do trabalho a jor- nal, parceria e empreitada; preços das terras; fa- cilidades de transporte. 8) -- Estudo retrospectivo do desenvolvimento da cultura mechanica (com animaes e tractores) em todo o paiz. 9) — Estudo retrospectivo da acção officlal e particular para o desenvolvimento da cultura do algodão no paiz. 10° — Estatística da producção algodoeira em cada um dos Estados, sendo possível por municí- pios; consumo local; exportação para os Estados e para o estrangeiro. 11) — Estudo retrospectivo do desenvolvimento da cultura do algodão nos príncipaes paízes pro- ductores. II APERFEIÇOAMENTO DA CULTURA DO AL- GOD.ÃO NO BRASIL 1 ) — Preparo do terreno, deslocamento, traba- lho do arado e da grade, emprego dos tractores e condições económicas dessas operações. 2) — Systemas de plantação mais económicos, machinas a empregar. Épocas e processos de plan- tio, segundo as variedades e a região. Replantio. Desbaste. Capinas. Arrazamento. 3) — Adubação das terras pobres: applicação do farello do caroço de algodão, do estrume de curral, do=; adubos chimicos e verdes. 4) _ Rotação das culturas e necessidade de sua systematizaçào como meio de equilibrar a fer- tilidade da terra e de defesa contra as pragas. 5) — Colheita, cuidados na apanha para ter um producto limpo. Armazenamento conveniente para evitar as impurezas e as pragas. A LAVOURA 353 6) — Selecção das sementes, tendo em vista a variedade do algodão e as qualidades da fibra; praticas adoptadas nesta operação. 7) — Aclimação das variedades exóticas; vanta- gens e inconvenientes. 8( — Estudo comparativo entre a selecção das variedades nacionaes e a acclimação das exóticas; superioridade da primeira pratica sobre a segun- da. 91 — Poda; estudo dos diversos methodos; suas vantagens e resultados económicos. 111 DOENÇAS E PRAGAS DO ALGODÃO. SERVIÇO DE DEFESA I ) — Estudo das doenças e pragas que atacam o algodoeiro, nomeadamente da broca, lagarta ro- sada e o curuqusré. Importância dos prejuízos materiaes causados por cada uma delias, na quali- dade do producto e no rendimento das coltieitas. Benefícios auferidos pela acção exercida contra tssas pragas pelos Estados que mantém os servi- ços da defesa do algodão. 2l - Influencia das intempéries, da época do plantio e da colheita, da vegetação circumvizinha, da variedade e das praticas prophylacticas sobre a occurrencia das pragas e moléstias. 3) — Meios de combate ás pragas. Insecticidas, fungicidas, sua applicação. Poda dos algodoeiros perennes como meio prophy láctico. 4) — Expurgo das sementes e methodos para esse fim adoptados, seja pelo ar quente ou pela exposição ao sol, seja pelo sulfureto de carbono ou pelo gaz cyanhydrico. Estudo dos apparelhos applicaveis ás grandes e pequenas installações e ao serviço de exportação; necessidade da dissemi- nação dos mesmos. Medidas a tomar sobre a im- portação de sementes de algodão do estrangeiro e installação de apparelhos de expurgo. 5) — Plano de coordenação da legislação fede- ral, da dos Estados e dos municípios para que se tornem praticas e effectivas as medidas de pro- phylaxia e defesa do algodão; regras mais impor- tantes a adoptar. Meios conducentes á acceitaçâo e vulgarização dessas medidas, inclusive pelo en- sino ambulante e pela propaganda entre os agri- cultores, proprietários e machinas de descaroçar e compradores de algodão. 6) — Medidas que devem ser adoptadas, em acção conjuncta, pelos paizes productores, para evitar a disseminação das doenças e pragas que atacam o algodão. IV O ALGODÃO NO NORDESTE II - Elementos de trabalho no Nordeste para augmento e melhoria da cultura do algodão, e indicações para o seu aproveitamento mais effi- ciente. 2) — Terras cultivadas e estudo sobre a am- pliação das áreas de plantação, mediante a constru- cçào de grande açudes. Estudo dos meios de me- lhorar e utilizar as terras de irrigação, as de va- santes e as terras altas dos açudes. 3) — Distribuição de agua para irrigação; re- gras a adoptar, methodos preferíveis. Consumo de agua nas differentes culturas e taxas a cobrar pelo seu uso. Como se deverá proceder para o rá- pido aproveitamento das terras irrigáveis. 4) — Conveniência da cooperação de capitães estrangeiros na utilização das terras de irrigação; como obtel-a e melhor systema de trabalho a ser então adoptado ? 5) - Alcance económico das grandes obras de açudagem do Nordeste e do melhoramento plane- jado de seus portos e meios de transporte. 6) -- Cultura nos terrenos servidos por peque- nos, médios e grandes açudes. Estudo das bacias de irrigação dos grandes açudes. Possibilidades económicas do aproveitamento da agua para irriga- ção nos grandes açudes do Nordeste. 7) — l.'tilidade das estradas de rodagem em toda a região algodoeira; necessidade da sua dis- seminação . V — BENEFICIAMENTO DO ALGODÃO E DOS SEUS SUB-PRODUCTOS 1 ) — Tratamento do algodão, desde a colheita até ao enfardamento da pluma. Separação preli- minar, por qualidade, e typos de fibra; manipu- lação; descaroçamento; prensagem, enfardamento c armazenagem. Melhoramentos a introduzir. 2) — Machinas de descaroçar; typo de serras e typo de rolos e facão, com indicação de suas mo- dalidades e aperfeiçoamentos. Estudo da applica- ção desses typos de machinas ás nossas diversas variedades de algodão; vantagens e inconvenientes. 3) — Uziíias centraes de beneficiamento, segun- do o typo de algodão, o comprimento da fibra e a importância da região; condições que devem re- p.ular a escolha das sedes das uzinas. '4) — Typos de prensas de algodão e sua appli- cação em cada caso. Prensas para alta densidade nos portos de embarque e apparelhos de limpeza da pluma. Entrepostos de algodão nos portos de embarque. Typos de fardos para a exportação e para o consumo interno. 5) — EntardaiTiento do algodão e acondiciona- mento dos seus sub-productos. Fraudes que occa- sjonam esses serviços e meios de cohibil-as. 6) -- Sementes de algodão e sua manipulação. Condições a que devem satisfazer os depósitos de sementes, quanto á recepção, conservação e con- sumo, para uso local ou para a exportação. 7) Fabricas de óleo; estudo das machinas de beneficiamento das sementes com o aproveitamen- to completo dos seus elementos: óleo, torta, f arei- lo, linter e cascas. Condições para a boa locali- zação das fabricas de óleo, tendo em vista a ma- téria prima, as condições de transporte e o me- lhor meio de utilizar os sub-productos. Seu valor industrial e económico. 8) — Refinação do óleo sob o ponto de vista chimico. Refinarias de óleo, tendo em vista a fa- bricação de productos alimentares, como a banha, o óleo de salada e o de cosinha. A importância commercia! desses sub-productos para a economia CO paiz. 9) — Utilização das hastes do algodoeiro e do liníer na industria da cellulose para a fabricação do papel. Favores ás fabricas que se montarem no paiz . VI — INTENSIFICAÇÃO DA CULTURA DO AL- GODÃO. SERVIÇO FEDERAL DO ALGODÃO 1) — Propaganda da cultura do algodão pelo en- sino primário, pelos campos de cooperação, pelo ensino ambulante, pelas estações experimentaes, pelas fazendas de sementes e pelo concurso dos 35k BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA poderes públicos em tudo quanto possa interessar á expansão e á defesa dessa lavoura 2l — nisseminação das machinas agrícolas e 'iieios de facilitar a sua acquisição, pela importa- ção livre de direitos e pela venda ao preço do cus- to. Extensão desses favores ás machinas de be- neficiamento dos productos do algodoeiro, ás bom- bas, moinhos de vento, canalizações, machinas mo- trizes, adubos e insecticidas empregados na la- voura. 3) — Concessão de auxílios para o beneficía- mento do algodão e seus sub-productos. 4) — Fazendas experimentaes annexas ás in- stallações de beneficiamento, seu apparelhamento e fins; selecção e expurgo das sementes, destina- das ao plantio, pelos processos mais efficazes. 5i — Serviço Federal do Algodão, seu appare- lhamento mais conveniente para a propaganda da cultura racional, defesa das plantações, distribui- ção de sementes seleccionadas e expurgadas, ap- plicação de machinas agrícolas, e para a organi- zação da estatística de producção do algodão. fil — Auxilio dos poderes públicos e particula- res na propaganda da lavoura racional e combate as pragas do algodoeiro. Necessidade da regula- mentação, por parte dos Gov:;rnos estaduaes e municipaes, de medidas prophylacticas e de defesa do algodão. Fraudes no beneficiamento do algo- dão, no fabrico e emballagem do ol:o; decretação de multas para os infractores. 7) — Necessidade da disseminação de pequenas fabricas de óleo pelo interior dos Estados produ- ctores de algodão. Favores para a montagem das mesmas. 8) — Estudo da exportação da toria do caroço do algodão. Conveniência de ser prohibida a sua exportação. A torta na alimentação do gado. Pre- mio aos lavradores que applicarem a torta como adubo das terras. VII — CLASSIFICAÇÃO DO ALGODÃO E FOR- MAÇÃO DOS TYPOS COMMERCIAES DA FIBRA E DOS SEUS SUB-PRODUCTOS. COMMERCIO DO ALGODÃO organização para bem regularem as transacções de compra e venda do algodão e dos seus sub-pro- ductos. Acção official junto ás mesmas para evitar a classificação prejudicial ao productor. Commer- cio do algodão e inquérito sobre seus agentes e in- termediários. Warrantagem do algodão e dos seus sub-productos. 6) — Formação de typos para os sub-productos do algodão e sua regulamentação, tendo em vista os seus usos alimentícios e industriaes. 7 ) — Cooperação internacional para o melhore- niento e augmento da producção algodoeira; re- eras uniformes para regular os dissídios commer- ciaes. VIII - AS FABRICAS DE FIAÇÃO E TECELA- GEM E O CONSUMO INTERNO DE AL- GODÃO EXPORTAÇÃO DE TECIDOS 1 1 — Estudo sobre as fabricas de fiação e te- celagem nacionaes. Seu consumo de matéria pri- ma e sua importância na economia nacional. Medi- das praticas para promover, por meio de propa- ganda intensa no estrangeiro, a venda de tecidos nacionaes. Queixas relativas á qualidade e ao acon- dicionamento do algodão. Alvitres para sanar as lalhas observadas. Estatística das fabricas de fia- ção e tecelagem. Llniformização com as estatísti- cas internacionaes. 21 — Histórico do desenvolvimento da industria de fiação e tecelagem no Brasil e das fluctuações dos stocks e do preço da matéria prima. Estudo dos meios de estabilizar as condições da vida industrial; influencia das tarifas de importação i do cambio. Necessidade da exportação de te- cidos para a estabilidade commercial. 3) — Collaboração dos industriaes de algodão com o Governo Federal e dos Estados para o de- senvolvimento da producção, combate ás pragas e melhor beneficiamento do algodão. Retrospecto ca acção dos industriaes inglezes, especialmente nos protectorados e nas colónias britannicas. IX — DEFESA ECONÓMICA DO ALGODÃO 1) — Necessidade da classificação da fibra do slgodão para facilitar as transacções de compra e venda, e da creação de typos para regular essas operações. Critérios para a classificação: ti) o grau de limpesa e as melhores condições da fibra, segundo a classificação americana; b} pro- cedência do algodão e distincção das variedades, tendo em vista o comprimento, a resistência e a finura da fibra. 2) — Creação de typos padrões do algodão bra- sileiro, subordinado ás variedades bem caracte- rizadas, ao apuro do beneficiamento e ao estado da fibra. Necessidade da cooperação dos peritos nacionaes com especialistas estrangeiros, para a formação desses padrões e importância commercial dessa organização. 3) — Feiras e mercados regionaes; como devem ser creados, dirigidos e regulados em beneficio da producção, tendo em vista a informação do pre- ço do algodão aos interessados pela publicação dos boletins de cotação nas principaes praças do paiz. A venda do algodão em pluma e em caroço pelo peso; aferição dos pesos e balanças. 4) — Cooperativas para a producção e venda do algodão. Caixas de credito. 5) — Bolsas de algodão, sua necessidade nas principaes praças exportadoras e condições de 1) - Intervenção da União e dos Estados algo- doeiros na defesa económica do algodão, impedin- do as variações rápidas de preço. 2) — As fluctuações do cambio e sua influen- cia sobre os preços do algodão e dos sub-produ- ctos. Meios de assegurar a regularidade dos pre- ços internos. 3) — Creação do preço minimo por meio de lei especial. Suas vantagens e necessidade no Brasil. Retrospecto das colónias inglezas em que o mesmo foi adoptado. 4) — Reserva internacional do algodão. Estabi- lidade das cotações nos mercados estrangeiros. X — EXPORTAÇÃO DO ALGODÃO E DOS SEUS SUB-PRODUCTOS. IMPOSTOS E FRETES 1 ) — Conveniência de uniformizar e reduzir os impostos de exportação do algodão e seus sub- productos para melhorar o intercambio e estimu- lar a producção. Impostos differenciaes de ae- cordo com o beneficiamento e gráo de limpeza do producto. Estudo sobre a substituição dos impos- tos de exportação por outros mais equitativos e que favoreçam a applicação de capitães na cultu- A LAVOURA 355 ra e beneficiamento do algodão. Extincção dos impostos de barreira ou similares. 2) - Reducção do imposto de exportação para os algodões limpos, prensados e classificados em tvpos commerciaes. Estabelecimento de multas para os algodões carregados de impurezas e com fraudes. 3) — Impostos municipaes sobre o algodão; como substituil-os sem gravar a producção dire- ctamente, com efficiencia e cobrança económica? 4) — Estudo das vantagens directas e indire- ctas da intervenção da União para o augmento da exportação do algodão. Alcance económico da ex- portação do algodão e dos seus sub-productos para a balança internacional. 5) — A exportação do algodão e de seus sub- productos para o consumo mundial e os meios de assegurar-lhe o crescimento progressivo. Espe- cialização na exportação de algodões de fibra lon- ga, como menor meio de obter preços elevados e estáveis. fí) — Creação de novos mercados de algodão no estrangeiro, pela propaganda das nossas varieda- des de algodão de fibra longa e com o concurso das camarás de commercio e bolsas de algodão. Necessidade de basear a propaganda no melhora- mento e augmento da producção feita economica- mente e na organização da exportação em larga escala, de conformidade com as regras adoptadas no commercio internacional. 7) - Transporte do algodão e seus sub-produ- ctos nas estradas de rodagem, nas estradas de ferro e por vias fluviaes e marítimas. Estudo dos meios de reduzir e uniformizar os fretes respe- ctivos, e trabalho de cooperação necessário para se alcançarem esses resultados. Tarifas differen- ciaes segundo a prensagem do algodão e as dis- tancias do centro de exportação. 8) — Seguro terrestre e marítimo do algodão e dos sub-productos desde a usina de descaroça- mento até a entrega aos consumidores. Novas usinas para álcool Foram installadas este anno, em Campos, mais tris novas distillarias para álcool, sendo uma na Usina de Barcellos, do Sr. Pallaride Mortari, com a capacidade de 5.000 litros por dia, e as outras duas, nas usinas de São José c Limão, ambas do Sr. Francisco Ribeiro de Vasconcellos, com ca- pacidade diária de 8.030 litros, cada uma. Duas das installações mencionadas apresentam os apparelhos mais modernos para a fabricação de levedos puros e para fermentação, com dornas de aço de refrigeração externa, esterilizadores, etc. Numa das nossas paginas de annuncios publi- camos duas photographias dsstas installações. Desinfecção dos estábulos or. si possível, e deixaiido-os seccar ao ar lí\'re. T. C. K. MECH AN O -CULTURA MOTOCUUTURA Km dias do mez de outubro ultimo, na antiga e histórica fazenda imperial de Santa Cruz, rea- lisaram-se experiências officiaes de motocultura, tendo funccionado nada menos de sete apparelhos queimando kerozene, gazolina e álcool. E' o se- gundo concurso official de motocultura que faz o Governo Federal, porquanto o primeiro se deu no mesmo local em 1920. E' curioso relembrar que o primeiro concurso de lavra mechanica levado a effeito por delibe- ração official occorreu em 1906 na capital pau- lista, governando então o Estado de S. Paulo o Sr. Dr. Jorge" Tibiriçá e gerindo a pasta da Agricultura o Sr. Dr. Carlos Botelho. O "Concurso de aradores" realisado na Várzea do Carmo, onde hoje se admira o bello parque D. Pedro II, constituiu verdadeiro acontecimento social, porquanto todas as manhãs, em dias de Maio esplendido, de temperatura fria e sol ra- diante, á Várzea compareciam as pessoas mais gra- duadas do Estado, muitas senhoras c o povo em massa. Verdadeira festa do trabalho. O Dr. Car- los Botelho, radiante, preleccionava a cada instan- te; o Dr. Jorge Tibiriçá sorria contente do ar- dor agrícola do seu secretario. Dirigiam os tra- balhos aratorios, os Srs. Henrique Pereira Ri- beiro, E. Pyles e o modesto rabiscador destas linhas, a quem, além dos trabalhos de campo, coube o encargo de dirigir os de imprensa, que sem esta o Sr. Dr. Carlos Botelho não sabia operar. Infelizmente, porém, quando maior era o nosso enthusiasmo, um muar, indigno do pa- pel que desempenhava no histórico certamen, com cerieiro coice partiu uma perna ao Sr. Henrique Ribeiro. Tornou-se celebra o "Concurso de aradores"; as casas de machinas aratorias qu; então eram três ou quatro no máximo, esvasiaram os seus depósitos; por toda parte intenso fervor opera- tivo, rememoranido-se ainda hoje em S. Paulo aquelle periodo de vivo labor agrícola em que Carlos Botelho actuou como Secretario de Estado. Naquella epocha, não se conheciam ainda, en- tre nós, os tractores agrícolas; porquanto os pri- meiros ensaios de motocultura se estavam preci- samente realisando na Escócia. Das experiências realisadas na Escócia e em seguida na Bélgica, deu noticia a "Lavoura" em trabalho illustrado. Leu-o o Dr. Theophilo Ri- beiro, então director de uma companhia america- na com grandes culturas de piteira em Sete La- goas The Impire Fiber Co. — 356 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA Impressionado com o que se dizia em favov da motocultura, fez o Sr. Dr. Theophilo Ribeiro imcortar o primeiro tractor que girou sobre chão brasileiro - um Ivel Motor. Levado esse appa- relho para Marechal Jardim, alli o vi em plena faina. Queimava kerozene; prestava vários ser- viços: lavrava, movia uma cerra, elevava agua. Creio que ainda a esta hora existe o histórico Ivcl, provavelmente já gasto, remendado e atirado para um lado, como bom pioneiro que foi do auto- mobilismo no Brasil. Facto digno de nota: si o primeiro tractor que veio ao Brasil foi para .Mi- nas, também para alli foi o primeiro caminhão, o celebre auto-caminhão adquirido pelo saudoso Dr. João Pinheiro para transportar os productos de sua fabrica de Caeté a Sabará, e que te-re Tiíichir «Tiliiii" nu si'i'(ii;(i ilc mdrãii de ser abandonado por falta de estrada transita- vel. Assim, pois, não é a motocultura uma novi- dade para a lavoura brasileira: esta a conheceu e ensaiou desde o seu apparecimento. Em seguida, durante e depois da guerra, vá- rios, sinào mesmo muitos tractores, têm sido uti- Varias são as causas: i" a rotina, que, na or- dem social, tem a mesma infallibilidade que a força da inércia em mechanica; 2." o custo do apparelho ou despeza inicial, o que faz com que só os ricos possam applicar o tractor; 3" as des- pezas df reparação e concertos devidos aos acci- dentes; 4" falta de pessoal habilitado; 5" a na- tureza dos terrenos, porquanto os montuosos ou cheios de tocos, raizes e pedras, difficilraente se prestam ao bom funccionamento de taes machi- nas; (3' o preço do combijstivel. Bem consideradas, das seis causas aqui nume- radas, só duas são realmente serias e embara- çantes, porquanto as demais, com o tempo, com a pratica mesma da motocultura, se desfazem por si mesmas. Só o custo do apparelho e o preço do combustível é que constituem embaraço á po- piilarisação dos tractores. ,\ rotina ante os factos, de encontro á propa- ganda, acaba por se render, convertendo-se mui- tas vezes em força opposta á que antes represen- tava ; as despezas de reparação, desde que as terras se amansem e que os focos e raizes se extingnm, reduzem-se, quasi desapparecem, com o desapparecimento das causas dos accidentes, que são em synthese os próprios tocos e raizes; o pessoa! destinado a lidar com os tractores for- m.a-se rapidamente, á medida que os automóveis penetram pelo interior, pois, onde quer que es- tes se implantem, logo surgem garagens, offici- nas de reparo, mechanicos, e motoristas como por encanto se improvisam. No nosso longínquo Goyaz, no Matto Grosso, Tidcliir «Tiliiii» icliiiciiiiihi Cíirras lisados pelos nossos agricultores em quasi todos os Estados da União; todavia esses apparelhos não se popularisam e continuam a figurar como objecto de curiosidade, o que, aliás, não é de admirar, porquanto na própria Europa a moto- cultura ainda não conseguiu passar da phase de ensaios e propaganda. O próprio professor Malpeaux, sabidamente en- thusiasta da motocultura, constata este facto nos seguintes termos: "Nombre de cuitivateurs qui ont acheté des tracteurs ne s"en servent pas, les laissent sous les hargars, oú ils sí détériorent". Qual a razão de tal facto ? Si é certo que os tractores prestam óptimos serviços, porque se nân popularisam ? até nos mais ermos sertões, jamais faltam me- chanicos e motoristas ! Quanto ao custo, ás despezas iniciaes, como os tractores se destinam ás grandes culturas e não ás pequenas, as despezas iniciaes jamais po- derão constituir motivo de embaraço serio, que a importância de uma dezena de contos nada pode significar para um lavrador abastado ou para em- preza rural. Fica somente de pé a questão do preço do com- bustível, e esta sim é para nós a mais seria das causas que difficultam a popularisaçào da moto- cultura; pois não será com gazolina e kerozene pagos a peso de ouro, em phase de crise cam- bial e com o doUar guindado a alturas inacces- A LAVOURA 357 siveis, que se poderá praticar a motocultura em condições económicas, o que é em synthese o supremo escopo de quem agriculta. Todavia os tractores, quando em terrenos adequados ao seu funccionamento, fazem prodigios, produzindo tra- balhio completo, barato, rápido e opportuno, no momento preciso, como as estações o requerem. São instrumentos para (quando preciso) acção continua durante o dia e a noite, o que jamais se consegue com os motores animados. e com tendência a sel-o sempre e cada vez mais, por isso que a procura é crescente e os poços de óleos mineraes se esgotam com rapidez ines- perada, não estando mesmo longe o dia em que os poços de petróleo se estanquem, como as mi- nas de metaes, como todo producto extractil. Felizmente, porém, para aparar o golpe, para a solução do problema, já se começa a pensar seriamente na utilisação do álcool industrial, com- bur.;ivel liquido que se vae tornando de uso cor- '1'iiiiiiir -'riliiii" nii scrrifd ile iinicihi Com um bom tractor, não se dando accidenlcs, lavra um homem em dez horas 2,5 a 3 hectares, emquanto que, para área igual, seriam necessá- rios 6,5 a 7,5 dias de trabalho de um arador e tres muares ou ires juntas de bois adestrados e o competente guia. Para as grandes culturas constituem, pois, os rente em vários paizes tropicaes, em cujo nu- mero: Cuba. Havahi, il-ha Maurício. E neste particular ruão estamos desattentos, aqui no Brasil, porquanto, retomando antiga pro- paganda, está a Sociedade Nacional de Agricul- tura ensaiando o álcool em um auto-caminhâo para tal fim por ella adquirido; organisou uma Triichir "'rihiii " jiii.nniilii iiiii fiiniuimlin ili' /rua tractores a machina ideal, a machina de quanti- dade e opportunidade. O tractor é a machina ideal destinada a trans- formar os nossos chapadões e cerrados inúteis em pastagens ubertosas de positivo valor, tal qual já se faz em Guatapará, em S. Martinho e alhu- res, no progressista Estado de S. Paulo. Ninguém mais põe em duvida a efficiencia do tractor, as suas vantagens operativas; mas todos os seus predicados, todos os seus méritos se annuUam. quando encarados pelo prisma económico do custo de producção com o combustível estrangeiro caro commissão de homens versados sobre o assum- commissão de homens versados no assumpto e trabalha confiante na solução colUmada. Visando idêntico fim, qual o de demonstrar a praticabilidade do emprego do álcool como oom- bustivel liquido, vamos reproduzir aqui os resul- tados das experiências de motocultura realisadas ha pouco na fazenda de Santa Cruz, destacando dentre todos os tractores alli ensaiados o trium- phador "Titan" da Internacional Harvesler Co. por isso, que construído para queimar álcool. Illustrando este artigo com gravuras que nos 358 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA foram graciosamente fornecidas pelos Srs. Ha- senclever & Cia., enfeixamol-o, transcrevendo os dados que abaixo se lém, por onde se vé que o álcool industrial não é mais longínqua promessa, porém sim actual c positiva realidade. Queimem, pois, todos os nosso autos, álcool e só álcool ! "Gastemos o nosso álcool, emquanto espcrainos a nossa gazolina". Epitacio Pessoa. W. DE V. 2" 3" 4" 5" 6" TRABALHO COM ARADO SYSTEMA AIVECA Tractores 1" Titan a kerozene a álcool Fordson Internacional W D de Rodas W D Tank . , . Tempo f. ',asto para araçao de um ht Ttare ( 1 0000 m . q. ] 2 horas liS min ■) " 51 •■ 4 " 12 " 3 " 36 " 3 " 54 " 9 " 12 •' 7" Twin Citv não trabalhou TRABALHO CO.M ARADO SYSTEMA DISCO 1" Titan 2" Internacional 3" Fordson ... 4" Twin City . , 5" W D Tank . 6" W D Rodas 2 horas 54 min. 4 " 36 " 6 " 27 " 7 8 " 18 " não trabalhou Despesas para o preparo de um hectare 1 8,S222 17$ 196 22$580 26S0I4 42S771 51 $244 21 $837 30$250 32$643 45*270 57S585 LAVOURA DO ALGODÃO A Gonfepeneia do Sp. Apno Peapse na Bahia Tendo já publicado as conferencias realizadas pelo Sr. ,^rno Pearse na Sociedade Nacional de Agricultura e na capital de S. Paulo, ins;rimos na presente edição d'A LAVOURA, a seguir, a importante conferencia que fez no Centro Indus- trial do Algodão da Bahia, em 10 de Junho d'cstc anno, o chefe da Missão Algodoeira Britannica. Eis o que diss; o Sr. Pearse: ■'.Sr. Presidente, meus Senhores: — Tenhii u .Hi';inile prazer r \ezes repetida mos Con- .gressos iulernaeioiuies de algodão. Por isso, o abasteeiniento de matéria piima for- ma u:n jtrohlema )ir'incipal, do qual se oecupa a Mussii l"\-drraçào; e sem tlistincçào de naciona- lidade, est imuhiiuns n seu desen\id\imeiitii onde elle possa se dar economicamente. Por este mo- tivo, aqui nos achamos para estudar a situação algodoeira do vosso paiz, tão rico. c talvez fazei' recommendações para o bem da cultura ilo algo- dão, usando das experiências colhidas nas índias, no Egyiito e nos Estados l'uitlos. Caso nos sc.ja peiuuittido concorrei" para o de.s- envolviíuento da cultura do algodão no ISra-sil, com isto ganharão directamente os agricultores, em segundo logar os indnstriaes brasileiros c, fi- nalmente, as industrias textis do miinilo inteiro, por assim ter-se nm ahastecinienlo mais ani|)lo de matéria prima. .\lém (lo pi'oblema da niatei"ia i>rinui. occupa- mo-nos de sen melhor acondieiíuiamento. dos con- tractos, da regulamentação das fabi'ieas, das es- tatísticas c das questões o|)crarias, limitaudo-nos neste |)ont(i a intercambiar as lições obtidas nos jjaízes di\'ei'sos. Com excepção dos Estados Unidos, todos os m.iis paizes onde se encontra desenvolvida a in- dustria de Fiação e Tecelagem, acham-se filia- dos a nós c se pôde affirmar que a iu)ssa organi- zação é U'ma Camará de Commercio especialisada na irulustria al.godoeira, sob nina base internacio- nal. \ sede se acha em ^lanehcster e este escri- ptoi-io eomnuinica a todas as .\ss{)ciações filiadas os aeoiileeimentos importantes oceiH'ridos no mun- do algodoeiro. .V direcção se encontra nas mãos de uni Comité, que se constituc de um representaiile on ilclega- ilo de cada iiaiz qne tenha pelo menos 7.")0 . 0(1(1 fu- zos. eonur membro tia organisação . l^sle Comité se rennc geralmeiílc duas \ i.'/es ao anno, num |)onto central da líuropa, e além disso celebramos <;ongressos luternacionaes algodoei- ros, cada dous annos. congressos esses íiuc offe- A LAVOURA 359 rccL-iii lima (ipixirtuiiidaik' cxcclk-ntL' jjara n iiilfi-- iles ao ataque lias praiías. segundo as iuforma- cainbio de informações geraes. ções dos laxradores. Publita-mos relatórios detalliailos destes C.on- O IXTEilRO dessa zona é geralmeiUe ile fil)ra j;ressos, que são distril)UÍdos gi-atuitamente a eaila fraca; o HRliACEO. enilxji-a dando eollieita mais unia das fabricas associadas. al)u)i(lante que as outras \ariedades, soffre mais A nossa organisação. sendo mundial, está na do que qualquer outra da |)ersctíuii,-ão das formi- niellior situação possivel. para collier com pi-eci- íías. e apresenta filira jiienos sedosa e muitas são dados eslatislicos algodoeiros e neste sen- \ezes mais curta. lido já lemos systematisado as estatísticas se- () INTEIRO tem a desvantagem de apresenlar luestracs sohrc o consumo e stocU existente de 211 'í menos de lã do que as outras \aricdades, matéria prima nas fabricas, reconliecidas em todo sendo, porém, compensado esse pre.juizo |)ela eco- II mundo ecniio as mais fieis. noniia que resulta do aproveitamento das socas .\ coiitriliuição aiinual para os mcmbi-os é iii- e resócas, que os herbáceos não permittem. si.guificante. I'a.ga-sc sÓTiiente um centésimo l'arcce-nos que as irrc.gulai-idades e confusões lIMOO; de peiíny i)or cada fuzo e um quarto pre.judiciaes da nomenclatura dos al.godões |)o- (114) de penuy por cada tear, acereseidos de õl) %. «liam ser corrigidas i)ela installação de diversos Tomando-se ixir base o tamanho de uma fabrica eamijos de demonstrações, estuiiaiido as \arieda- hrasileira cimi 10.00(1 fuzos e trezentos teares, a des nos diversos trechos dessas zonas e unifnrmi- contribuição seria apenas de I libra sterlina. zando en^tre ellas a nomenclatura, pois c e\i- Conio a .ioia, a contribuição no iirimeiro anno dente que cada um desses trechos possue terreno é calculada jJelo dobro. c clima differentes. .\ nossa Federação é uma organisação de as- \ mistura dessas \ariedadcs cm cada plantação sociações e não de indivíduos. (Confio que o (ien- |cni dado logar a uma serie de hil)ridações quasi Iro Industrial do .\lgodão da Bahia tomará ho.ie sempre iiifelizes pois, dão conio resultado fibras a delibe)'ação de filiar-sc a nós, reconhecenílo inferiores aos typos ori.ginaes. Devemos consta- ipie os fins de nossa organisação são idenlicos tar, entretanto, que alguns híbridos tem adqui- aos \-ossos, e é para mim uma honra jiodcr In- lido boas qualidades, mesmo superim-es aos seus foi-mai-vos que o CEXIKO l)K F1A(,'..\() li TECK- .iriginaes. I.ACrK.M do Rio e o Centro dos Industriacs de Fia- £. j^ absoluta necessidade separar os tvpos çao e Tccela.gcm de São Paulo já se acham li- ,,riginaes e seleccionar os bons híbridos, liados e o (.entro Industrial do lirasil toma em j^.i.jj p^fa para o futuro a tarefa de um bota- consideraçao o nvesmo appeilo. nico e para isso torna-se indispensável estabele- cer em cada zona fazendas de sementes seleecio- .\gora passo a tratar do assumpto, de que aea- padas ho de me occupar na excursão rcalisada na parte Estas fazendas deverã;> cflectuai- a sciKPação (los alta do Nalle do rio de S. Francisco c trecho tei-ro- differentes tvpos, fornecer sementes por occasião viário enire o .loazeiro e esta Capital. _ ,,„ pi;,„tio aos lavradores da zona respectiva, e Como ,iá fiz notar, os nossos interesses nao se ,j^,j,, ,,^^i,^, servirem para demonstração a esses chocam de modo algum com os interesses dos lavi-adores, da conveniência e .ipiiintiinidade dos industriacs bj-asileii'os ; ao contrario, o nuu C.o- niodernos processos de cultura. mite attirma que aiigmeiítaiido o abastecimento ,,,.|^,^ estall>el;eeinicntos Mevem ser organisados de matéria prima do Estado da Bahia, augmentara ^^,,, i^.^^^^ seguras, quer quanto ao pcmto' de vista o lucro dos mdnstnaes desta região pela eco- agronómico, quer económico, devendo manter-se nomia de despesas inúteis de transporte, c-yitaiulo ^.;^,^^ ^ rendimento da venda de seus productos. O os impostos de exportação dos outros Estados, |..,.,,,(,„ |,,-,^ ^eve. não pôde ter nelles pre.iuizo além de terem maior quantidade de algodão a seu .,lguni, e a conimum direcção poderia caber a dispor. Os industriaes da hur,,pa por sua vez ^^^'^^ „K-smo agrónomo encarregad») -de adminis- reconheccm que cada tardo addicionado a pro- ,|..,|_,.s ^.,,,,1,, si fosse o caso de uma empresa in- ducçao bahiana libertaria um tardo em qualquer dnstrial outra parte do mundo e neste caso provavelmente o algodão do nordeste do Brasil. () nosso itinerário no pastado da Bahia C(One- lí' liem de ver que, |)ara servir ile m ideio aos lavradores da região, deveria todo o trabalho agri- (I nosso jijoeraiio ini r^siatiii oa Daiiiii luiui.- . i i ■ i i i . .^. çou em Malhada, Carinhanha, Barreiro Crandc, ^-''l" '""^'^'^ estabelecimentos ser ""'i ado com l,apa. Rio Barra, <:hique-Chique, Pilão Arcado. appaielhos modernos, bem como a extiacça,; da Remanso, Casa ,\ova e .loazeiro, (estes porto,.; semente ser eita com descaroçadores. nao so de so^bre o rio S. Francisco, como sabeis) li:,mfim, cerras, como também de rolos. Oueimadas, .'Santa Luzia e Serrinha. ^'anlos dizer porque: — \ isitamos em nossa ' Xão nos contentamos apenas em examinar o viagem quasi todas as usinas de descaroçamento algodão produzido nestes togares; levamos o nos- da região percorrida; e é vendadcirameiítc triste so exame aos productos que afflucm ácpielles veiificar como são sacrificadas e cortadas as fi- porlos e o que \amos citar se refere á ]íiMdiicção bras compridas que o eanipo fornece ao beiíefi- dc Iodas aqucllas zonas. eiador, que é muitas vezes, como .já tivemos oe- Eni todos os portos visitados cultivam-se prin- casião de dizer em São Paulo, com niotivo,_ aliás, ci|)almentc. quatro variedades de algodão, c te- menos giave. um verdadeiro "maleficiador". As mos o pczar de coinstatar que não eiijonlramos serras do descaroçoamento iire.juilicam a fibra; |)lantação alguma em que estei.ja isolada uma des- e não é caso para surpreza, porc|uanto enconlra- sas variedades. Ellas estão por toda a parte la- mos descaroçadores cujas serras não se afiam de mcntavelniente misturadas: O HERBÁCEO ique dezeseis annos para oá, ao passo que é sabido que é de origem Xorte Americana e que se encontra depois de seis ou no máximo dez semanas de com diversas denominações); O IXTEMVO (ora trabalho constante, uma serra se acha cm tal es- denominado MARAXH.ÃO, o CREOTEO. chamado lado, <|ue iiào pôde continuar a servir, sem ar- em certos |)ontos Ol''EBRA.I>lXHO e em outros rebentar a fibra e produzir embolamcntos. MlílIX). ctc.) c, finalmente, o \'F:RiD.Ã() (|ue foi Tomamos no Estado da Bahia uma amostra de introduzido neste Estado ha quatro aniKis. algodão com caroço que mandamos passar em Parece-nos que, sobretudo, esta variedade pos- uma machina de serra com dons annos de uso, sue uma semente coberta de pennugcm verde, remettendo outra amostra egiial a um descaro- quc facilmente se distingue das mais. Sua fibra çadcu- primitivo a rolos, accionado a mão. e veri- é muito sedosa, comprida. resistente e alva. na ficamos que a amostra descaroçada neste ultimo maioria dos casos medindo mais de 30 millime- apparelho mediu sete millimetros mais de com- Iros, resistindo melhor do que as outras varieda- primento do que a outra, representando assim 360 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA para (iiialqiRT mercado (la í^uropa iiniii cliflereií- fa íle ])re(,'ii lie '2ã % pelo menos. Apresento-vos o original dos comprimento da fibra tem importância para o valor do producto. Os mercados que existem construídos nas locali- dades de certa importância podem ser, entretan- to, a base fuiulamental da educarão dos lavrado- res deste Estado estimulando, pela classificarão, colheitas linqjas, que assegurem para a qualidade superior do producto que prepararem uni pre- ço mais alto. Estes mercados deveriam usar para a pesagem do algodão enfardado ni districto res- pectivo balanças convenientemente aferidas e não como agora. ípie se usam i)or couti'a peso pedras e ferraduras Todos os dias cada um destes mercados rece- beria por telegramma os preços correntes dos mer- cados vizinlins, devendo a municipalidade respe- ctiva estabelecer multas para os que apresentas- sem o algodão niolbado, como vei-ificamos cm Oueimadas c Serrinha, com mistura de areia, e de oulras substancias estranhas ou com o peso falsificado; exigindo além disso que cada far- legitimo ipois se tornara por hibridação em arhoria . Do mesmo modo qiue o sclecrionaniento das sementes não se realiza, o selcecionamento das idantas não se faz tão pouco. Os lavradores de- scriam escoliher oii eapulllios qiue alireim mais cedo, de preferencia os que se acham nos galho.s infei-iores, pois é natural que as sementes He taes capulhos formem por sua vez arvores que <'onieceni a dar capulhos jverto do solo e além disso precoces. E' força reeo,nhecer que uma ar- vore que comece a dar capulhos rente ao chão, produz mais que outra cujos galhos productivos adquirem grandie desenvolvimC.ito antes de pro- duzir qualquer capulho. O melhor modo de aproveitar esses caipulhos c fazendo-.se descaroçar por descaroçuidor a mão, pinis este pequeno ai*i>arelho muito barato, aliás, não prejudica a germinação da semente. O resultado do aproveitamento dessa semente será a iirecocidade das plantas que ella produ- zir; e, com esta precocidade serão evitadas as pragas que costumam apparecer .primeiro, taes cimo a .\L.\B.\iMA ARG11.-M',E.\ ou "CUREOliE- liK". Uiianto ã LAGARTA ROSAI). \, .1 meio mais jira- l.ico e simples para destruil-a. segund 1 a expc- rr.-ncla recente feita com bom exilo, consiste na exposição da semente durante ;! horas, mais ou menos, ao calor do sol, (attingindo temperatura de cerca die 65°) isendo pempre convenieinte a mistura com areia para melhor conservar o ca- lor. Estamos informados de vários casos onde esse iirocesso deu os melhore-s resultados. Outro erro lamentável por nós observado em todas as plantações visitadas, é a coMocação de quantidade demasiada de sementes cm cada cova. Temos encontrado até doze plantas sahindo de uma mesma cov;i. resultando dahi rachitismo de lo):las ellas. Xão se devem deixar mais de trcs sementes nu- ma cova para obter mais tarde jicla retirada da oneTios desenvolvida das^ Ires. o fortwly^a-ámeiíto das restantes e o |)reparo c.inse(|uentc de uma boa colheita. A selecção das sementes para e\itar a mistura, nenhu.ma difficuldadc pôde apresentar, pois o as- .pecto differente das quatro variedades cultiva- das na Bahia é patente, miesmo para as pessoas estranhas á cultura do algodão. O HERB.\CE<), por exemplo, tem luma semente coberta de pen- nugeni, ora verde, ora branca, conforme a sua provenicn,cia. O QriEBR.XIDrXMO, por sua vez, tem a semente nua e prela; ao passo que o IMA- RANHÃO ou liNTEFRiO, tem a semente 'em ca- cho, fazendo lembrar um guizo de cascavel. Unia creança, portanto, batsa .para executar a separa- ção que deve iproeelder o plantio, pois é absoluta- mente necessário que uma semenite uniiforme «cia somente plantada em cada campo, sob pena de ficarmos trabalhando para a ruina progressiva das sementeiras. Plantar milho 110 meio do algodão é 'taimbem grandemeute prejudicial, porque o seu rápido crescimento vam sombrear o campo não deixando desenvolver os pés de algoidão que ficam sem a luz e o ar necessários. Outra questão, Sr. Presidente, a que devo re- ferir-me antes de terminar é a questão dos tran- Mportes a que têm direito os habitantes operosos e productivos da bella zona que percorremos. Toda a agricultura, todo o progresso, depende por completo das eomimunicações e do transporte a taxas razoáveis. Maiores e mais frequentes relações com o lil- loral trariam para essas zonas ide tajnanha fer- tilidade e habitadas por poipulações tão oqiero- sas, um afluxo de novos moradores produzindo- se desse modo a valorização geral das terras uber- irimas dessa eneantadora região. A LAVOURA 361 Quakiuer estiimiln (|iH' assim |)arlissc dos |>o- deres puiblicos, viria, não só inclhnrar a siUia- ção comniercial de imiiitcis prolductos especialmen- te do Hio de São Franoisco inex|>l<)raveis hoje e sem eotavão compensadora nos mercados da iiahia e de Minas, como altrahir para a fiitn- rosa Joazeiro e para a ()a|>ital da lialiia nma grande riqueza. As diffienldades cie transporle poderão ser me- lhoradas niontando-se prensas de alta densidade nas zonas princi.paes. Sem duvida as laxas de transporte ferro-viario aqui achani-se excessivas; convém meincioiiar, que antes da guerra era pos- sível . assucar, etc; a cultura do algodão poderá tomar um grande desenvolviínvento, desdie que é uma cultura pouco exigente e de i>redilecção dos pequenos lavradores. lím conclusão, líosso affirniar que as refornias suggeridas são i)raticas e de fácil execução, exi- ginldo diminuto capital, o qual em curto prazo será reembolsado ao (ioverno, proporcionando .ju- ros de uzurario. " ■■ r^^,^^^£-^^ T-S^^f^Jf^-f^*^**-^'^*^^-^^^-^^*^ A Sociedade Nacional de Agricultura e a producção nacional "TARIFAS AMFiUICANAS. Exmo. Sr. I)i. Fípitacio Pessoa, DD. Presidente da Hciniblica: Temos a honra de levar ao conhecimento de \'. Ex. que em a ultima sessão desta Directoria foi unanimemente approvado um \oto de congra- tulações ao Governo da União pela sua intclli- gente acção diplomática conseguindo, com rcaes \'antagens para o |)aiz. (pie nas no\as tarif;is ame- ricanas, (|ue taxam os productos agrícolas estran- geiros, três dos nossos mais imintrtantes jirodii- ctos — o café, o cacau e a bor^racha não houves- sem soffrido taxação alguma. Apresentando a \'. Ex. esse'\oto da Sociedad. Nacional de .Agricultura, confiamos em que \'. Ex. proseguirá nessa patriótica politica, procurando obter, noutros mercados estrangeiros, favores idênticos aos que conseguiu junto á grande nação americana. Queira V. Ex. acceitar (js protesti>s de nossa mui subida consideração." "Exmo. Sr. Edwin MoL-gan, 1)1). Eml)aixador (los Estados Unidos da .America do Norte: Temos a honra de levar ao cimhccimento de V. F;x. que em a ultima sessão desta Directoria, foi unanimemente approvado um voto de congra- tulações a V. Ex. pela prova de amizade mani- festada ao nosso paiz, por parte do Governo dos Estados Unidos da .America do Norte, que V. Ex . representa com raro brilho entre nós, não inclu- indo, mercê da ijrestimosa intervenção de \ . líx.. o café. o cacau e a borracna, nas novas tarifas americanas, (pie taxam os productos agrícolas pro- cedentes do estrangeiro. Transmittindo a V. Ex . esse \'oto. confiamos em (Uie proseguirá nessa execllente politica, promo- vendo cada vez mais o estreitamento das rela- ções entre as duas nações e fomentando efficien- temente o intercanthiií eommei'cial enlre as mes- mas. Queira \' . Ex . acceitar os |)]-olestos de nossa mui subida consideração". líxnii Sr I).- ".ALCOOI, DESNATUB.XDl). putado listado Goimbra: .\ Sociedade Nacional de Agricultura (lue, com grande empenho, está trabalhandc: com o intuito de promover a maior expansão do consumo do alco(d desnatn]'ado para fins industriaes, vem, pelo presente e em obediência ao voto unanime de sua Directoria, apresentar a V. Ex. as suas (■ffiisÍNas con.gralnlaçõcs |iela excellente collaboi'a- ção (|ue \' . líx. lhe prestou, e que tanto bene- ficiará á economia nacional, submettendo á Ga- mara, que felizmente a a|)provou, a sabia emen- da reduzindo de 209; os fretes nas em|irezas fer- ro-\iarias e de navegação para o transporte des- se pi-o(lucto. \'alcmo-nos da oppoiiu nidade para apresentar a \' . Ex . os ]n-olcslos de elevada estima e con- sideração. " "ESTR.AD.A DE KODAGEM NA HAHIA. -- Exmo. Sr. Dr. .losé Pires do Hio, Dl). Ministríj da Viação e Obras Publicas: O appello diiigido a \ . Ex. pelo Conselho Mu- nicipal de Guanamby antigo niunici])io de Bella F^lôr, no Estado da Bahia, |)ara a construcção de uma estrada de rodíi.gem, ligando a cidade de flaetcté ao p(n'to da Malhada, á margem direita do rio S. Francisco, merece todo o apoio da So- ciedade Nacional de .Agricultura. Essa estrada já foi estudada pela Inspectoria de Obras Contra as Seccas e trará incalculáveis be- nefícios á nuinerosa população (pie ali se dedica á agricultura, á pecuária, ás pequenas industrias e ao commercio. V.\n occasião de prolongadas seccas, (jue perio- dicamente assolam aquella região, as communi- cações, (|ue normalmente se fazem em iirocura da Estrada de Ferro Central da Bahia, cuja nltlma estação dista, pouco mais ou menos. iíO léguas de Gaeteté, tcn-nam-se difficeis. custosas e raras, iíssa difficuldade provém da falta da agua nas estradas para matai- a sede dos muares carrega- dos de mercadorias e da ausência, quasi comple- ta, de pastagens, muito pouco attenuada pela re- serva de milho a muito custo guardado e condu- zido. Pelo transporte de um volume de 50 kilos, na- (|uella distancia de 50 léguas, os productores e negociantes chegam a pagar, durante as épocas de demorada estiagem, ."SOÍOOO e mais de frete, até (pip o transito cessa á falta de meios. Todos os trans])orti's são feitos, então, pelo Bio S. F"rancisco distantes cerca de 25 e 30 léguas, com grande pre.juizo para os inte.ressados. O gi'ande rio, com a sua navegação mais ou me- nos regular, torna-se o principal e, não raro. o único recurso em taes occasiões, para a sabida de iiroductos e entrada de mercadorias, transpor- tando-se, por elli', ([uantidades consideráveis de 3è>2 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICUI-TURrt :iI.i;(kI:"ío, .^atlu. couros. ijcUe.s e cctcíu-s, priíu-ipn I- d., interior d,, ,,;,iz; será. sem ,hiviil;i o lacto de- iiiente, aiem de .géneros de exporta^Ao. prove- vido a unia iiiterpretavAo da.la por eiiiprvKados aos mentes dos centros indiistnaes até, quando a secca (lis])ositi\(is em \igor é prolon.ía-la. mantimentos para a alimrntac,-ão lícleva assi.miahir. todavia, que as próprias ta- '''\'"'^'?- , , , ''if''s ''íi listrada distin.i4uem aqnellí's qne devem ■ Al u I \ ''^- ,!'".''-'«^''" !"-o.iecta • í^ L- ■. .. ,,• . "^^ •' ''■' 'li'i-l;ii'ação "scuue e,n ticn de ca,-!ía"; Uueira \ hx. acceitar, Sr. Ministro, os meus se a iiarlr assim não o fizer esta sujeita a ter a pijotestos lie alta esl, ma e dislmcta considrra- sua m.'rcad.,ria taxada como se fosse transportada çao. lass.i .MK.thl, CAl.MOX. ^.,1, trens .'Xpressos e. portanto, accrescida de ■2h'rc ^ „ , a mais sobre o total de frete. ■ h. I- . (;i-:\lRACI)() BRASIL. — Kxmo. Sr Coino o transporte de mercadorias é leito so- l)r. .Inaquim de .\ssis Ribeiro. Dl). Dirrcli na ineiifi' por i'Xcepção em expressos. paii'Ce que ape- nas neste caso v (pie seria ,'azoa\el e\i,:;i,- a lie- Kstrada de Ferro Central do Brasil: ^, A Sociedade .Nacional de A.i;riciiltura. reconlie- claraçãn condo <|uanto V . Kx . se tem esforçado pela reiíu- laridade e pidu melhoramento dos serviços sol) PKASí) l)f: 1-:S!\1)1.\ LI\-|il-;. Pelo arl. 1U8 sua competente direcção e certa de que as re- iId decrehi 11. lll.'J,Sli. de 2ii de .liinlio de 1'.I13, clamações .justas dos freguezes da Estrada são "i'a ''in viy '■- o praso de estadia li\ri' paia as niei-- pov V. Ex. attcidídas. solicita a sua |),-eciosa at- cadorias desça rregadas nos arniazcis e de ^.S ho- teiição para o qui' passa a exi)or: ras. e como esse mesmo art . concede a faculdadí! Lavradores do Estado do liin de .laneiío de restrín.:{ír esse prazo para 24 horas, a Estrada pedem a inlv-i-\enção desta Sociedade .iunio a iiltimamenti' pri>valeceii-se dessa restricção. o que V . E.\.. |)ara que cessem al,i,umas anomalias qne acarreta |)re.juizos aos seus frei;uez:s do interior, sobremodo os vèiu prejudicando, e entre as ipiaes l^e accordo com o art. lOtt do citado re.iíulainen- tres |)rineíi)aliiicnte carecem de detido exame por to. os agi^ntes das estações são obri.ijados a avisar parte de \'. Ex,. tal o pi-ejuizo que acarretam ás os coiis,.uiialai-ios da che.nada das mercadiiirias. partes, sem beni'ficio real para a Estrada: :i exi- por jiessoal da i'stação. até 2 kilometros de distan- gencia das declarações, em notas de expedição, eia (^ 1") nu em eii\elopi)e fechado, entre.iíue ao ".género nacíonar' (■ "se.guc cm trem de carga"; eorrein. quando se l,ate de pessoas desconhecidas, o exíguo praso de 24 horas para a retirada das ou que residam ;i mais de 2 kilometros da estação mercadorias das estações do interior; e o praso l§ 2"). cor,-endii o p,'azo da estadia li\i'e da data também defficiíMite |)a,'a o carregamento dos va- e ho,-a da re, nessa do av,sii (§ .')" 1 . gões qna,ido feito |ielas |i;irtes nos palcos das Esta Socieilade está informada que este dispo- cstações. sitivo não é devida, ucite applicado, sendo q,,r. 110 .A exigência dessas declarações tem Ciiusado sé- interior, os agentes, em sua maioria, deixam de rios pre.juizos ás partes, ul)ser\al-o, não fazendt) os a\'isos por carta como .lunto encontrará \'. Ex . uma "Nota de ex- preceitua o 5 2". ou porque ignoram essa deter- |)ediçãi) de mercadiu-ias de freti' pago", n. 12.(l.")!t. minação reyiilamentar. ou l)or f:ilta de Irmp,. ou. de 12 de .hilho do corrente anno, relativa a .")ll finalmente, poripie a julgam inútil. caix:is vasias. despachadas de "|.\ltVedo Maia" Seria, loitanlo. de grande vantagem para as para "Werneclí". em f|iie. pelo facto de ti'r (|uem partes ipii- \'. K\ . se ilignasse providiMieiar, clia- fez o des|)acho declarado "caixas de madeira va- mandn a attenção dos Srs. :igentes para ,1 ne- zias usadas cxlrdíuicinis" , foi o frete cobrado no cessidade ilesses axisos. total de 15-'^2lin, quando sem a declaração "estran- Solicitam com em|)eiiho os Lnradorcs a dila- geiras". teria sido |jaga ai)ciias a importaiici;i ile tacão do praso de estadia livre. Realmenti' |iare- '-•■pSjlO. ee-nos que o praso actual de 24 hor:is pode ser Xeste caso trata-se de caixas de kerozene vazias. concedido ás estações de grande niovimentn i' si- em retorno, ijara o transporte de géneros da peque- tuadas em ci'ntros urbanos. de fáceis meios de na lavoura. O encarregado do despacho, ignorai,- tr:ins])orte. ondi' se iiodini casar os interesses da do tal exi.geneia da Estrada, não teve (Unida em Estrada e das partes, visto como impede por um declarar "estrangeiras" caixas velhas, já usadas lado o congesliniamento dos armazéns e por 011- algumas em diversas viagens, porque de facto o Iro não s;icrifiea ;is partes que dispõem de ide- erani, visto que primitivamente serviram para ke- iiuntos paia a imiiiediata retirada das mercado- rozeiíe, que, como \'. Ex . sabe, é todo importado rias. em nosso paiz. líxaelainenie o inverso succede luis estacões do Ha ainda a notar: não é preciso que a palie de- interior: nem ha affliíeiieia de c;irgas (|iie aliirro- clarc "estrangeira" em a nota do des|)acho, para tem os arniazens. ,ie,ii são fáceis ns n,eios de lr:in- que ns em])rega(liis da Estrada assim classifiquem sporfes. os géneros aiiresentados |)ara o transporte; é bas- Os destinatários das mercadorias são, nesle c:i- tantç (|uc se omitta a (ieclaração "género nacio- so, lavradores e negociantes que residem :i uma, nal", |)ara ter este a (jualidade de "estrangeiro" dii:is e mais léguas da estação e dispõem. (p,asi c ser assim classificado, embora se.ja despiicbado se,ii|i,-e. pa,'a o t,-a,ispoiie de suas cargas, d. :iin. A LAVOURA 363 dois iiii iMraniciitf fr^s \ uhii-iilus (l;i lotiii;»!) (Ic 1 .5(10 kiliis c;i(l:i iiin . P;ira ('sti's, |)oi'taiit(i. a rrtiiaila de lírandc iiii- nicvo de voluines iio cinto iiraso de ^4 lin-as, ims- mo na hj-pctlie-^e de reccbc-r o aviso de eli>'.tía(la em devido tempo, o que aliás nunca acontece, j de todo iinpossivel ; duhi a constante coiitrit)UÍ- i;âo de arniazenai,eni. que ao envez de constituir uma pena para os desiciiosos, peza como u:nu ta- xa f'orí;ada, indiffei-eiitenuMite applicaila. Kssa exiijeiícia tamlicni impede os negociantes de fazerem ac(|uisi<;ões em maior escala, pela im- possiliilidade da retirada de todos os volumes no curto pi'uzo de 24 horas. Para fiue cessem esses inetim enientes, esla So- ciedade toma a lilierdade de leml)rar a \' . Kx. o seguinte alvitre: manter o praso actual par:, as estações de sipande movimento — .Maritima. São Dio.^o, All']-e(io Maia. Juiz de Fora, Norte, ete., e nas esta(,-ões do interior em que, como vimos, ]ia- tla Justifica essa medida, ser concedido o pvaso minimc) de três dias para que os consisiiat.irios retirem suas m:'rcadorias, sendo os a.síentes ol)i'i- gados a executar eom precisão o disposiíi\ii do àrt. lOtí. CARHEGA MENTO DOS XAÍiO-NS PELAS PAlí- TES. O lefíulamento da Estrada, em seu art. S.i, concede ás partes a faculdade de carregar e des- carregar \agões, dentro do praso que lhes lòr fixado; acontece, porém. hoi'as; deve a parte entvegal-o proiniito jjara seguir no ili;t iin- mrdiato á passa.^em do M.A 2 antes das \2 horas. .Assim, o |)raso eoncedido é apenas de 2\ hoias, mais ou menos, a maior parte do cpial decorre á noite, o que sobremodo diffieulta o s<'rviço. Ora, o próprio regulamento, em seu art. illi. estabelece o praso de 24 horas para o earie.eamen- to de \'agôes postos em íles\'ios, ondi* esse sei\iço é feito sem as perturbações constanleiíiente obser- \'a(his nas estações. ])ela passagem de trens de car- ga e de passageiros, pela execução ile manoliras, etc. Parece, |)ortaiito, justo ipie esse praso sej» dilatado. O que deixamos exposto, a peilido de muitos la- ^■radores, nossos consócios. Iiasta eei'tamente pa.i'a qui' \', Ex, possa providenciar no sentido di' se- dem elles attcndidos eoni a merecida ,iustiça, On''i''a acceitar nossos protestos de subida es- tima e muita eonsidei'ação , (a) MKiLEL (', \1.- MON. Pn.i, lente". r. l)r. ai itos eorreST IS seus ■iirt e TELKGKAPHO NACIONAL, — Exmo. S \ntonio Nogueira Penido, 1)1), Director (iei Telegraphds: .\ Sociedade Nacional di' .\grieiiIliMa. i jiomiendo ao api)ello. rpie lhe foi feito pelo |)rezadt)s consócios Srs . Drs. Pedro Hittene 1'edro Mariani, no sentido de solicitar os bons id' ficios de \', E.\ . liara (|ue se,ja autorizada a eon strucção da linha telegraphica de Barra a Cari- nhanha que se destina a feehar o eircuito di' ,loa- zeiro a Pirapóra. faxorecembi o serviço de nave- gação do rio São Francisco e siTvindo a inipor- iante zona produetora. \em. patrocinando a ri'- ferida solicitação, pedii- a \' . Ex . ípie se digne atteiider a tão justa as|)iração. Ortos da melhor acolhida di' \'. Ex.. agi'aileee- mos antecipadamente e i-eitrramos :i \' . Ex . os lirotestos (ie nossa imii distíneta -onsideiaeào . I \ss. I MIGEEL C.Al.MON". Consultas e informações Piilvcrizaçào das batatas Os Srs. Telles, Irmão & C, desta praça, con- sultam-nos, para attender a um cliente seu, so- bre a melhor pulverização para as batatas. Esse cliente, entretanto, não especifica o caso particular de moléstia que deseja impedir ou com- bater. Ha a considerar as moléstias produzidas por insectos e as de natureza cryptogamica, isto é, causadas por bactérias ou fungos. Para umas e outras, ha tratamentos especiaes. por meio de insecticidas e fungicidas. Todavia, é de presumir que o consulente se refira ás doenças fúngicas da batata, como a ferrugem, e deseje evital-as pelo emprego duma pulverização conveniente. Neste caso, o fungicida ideal é a "calda-borda- leza", que responde á seguinte formula: Sulphato de cobre (vitríolo azul). 1 kilo Cal recentemente extincta 335 grammas Agua 100 litros MODO DE PREPARAR. — 1": a solução de sulphato de cobre. Deitam-se 50 litros dagua, perteitamente limpa, num vaso de madeira ou co- bre (não empregar nunca vasilhame de ferro). Faz-se uma boneca de aniagem com o sulphato de cobre e prende-se-a á tona dagua, no vaso, afim de que os crystaes se dissolvam melhor e mais depressa, Agita-se, de quando em quando, o liquido, que aos poucos se tinge dum azul mui- to claro. 2.": o leite d..- cal. Num outro vaso. também de madeira, (cortando-se um barril servido, bem limpo e rebatido, ao meio, obtém-se dois bons recipientes), contendo os restantes 50 litros da- gua da formula acima, dissolve-se a cal, que deve ter sido extincta o mais recentemente possivel. da mesma maneira indicada para o sulphato de co- bre, isto é, numa boneca de panno. Assim, evi- ta-se, na solução, uma grande parte das impu- rezas da cal. Depois do sulphato de cobre completamente dissolvido, deita-se-lhe o leite de cal de pouco em pouco, agitando-se sempre o liquido, até neu- tralizal-o de todo, por isso que o sulphato de cobre é de natureza acida. Para obter-se uma solução perfeitamente neu- tra, mergulha-se o papel azul de tournesol. — que se encontra em qualquer pharmacia, — na solução de sulphato de cobre, á medida que se lhe vae derramando o leite de cal, Emquanto o papel corar-se de vermelho, é signal que a so- lução está ainda acida, e continua-se a addiccio- nar mais leite, agitando-se sempre. Logo, porém, que o papel azul, quando molhado no liquido, não 361 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA se altere absolutamente, isto é, e se conserve azul, cessa-se de deitar o leite de cal. Agita-se, en- tão, muito hem, todo o liquido e nelle se mer- gulha o papel vermelho de tournesol, que se compra juntamente com o azul. Si o papel ver- melho apresentar-se azulado, a solução está al- calina por um excesso de cal. Neste caso, prepa- ra-se. á parte, mais um pouco de solução de sul- phato de cobre e addicciona-se aos poucos, cuida- dosamente, ao liquido até que o papel vermelho não fique mais azulado. A solução está completamente neutra — e esta é a única forma em que deve ser empregada para não causar damno ás plantas — quando, ao mer- gulharem-se os papeis azul e vermelho, estes não mudarem em absoluto de cor. Preparada a calda pela maneira indicada, cóa- se toda ella muito bem, antes de applical-a. Isto tem por fim evitar que as impurezas que sempre existem suspensas ou em deposito na calda, pas- sem ao apparelho pulverizador e obstruam as válvulas e orificios deste. E' preciso não esquecer que se não deve nun- ca derramar a solução de sulphato de cobre no leite de cal, mas, sempre o inverso, conforme as nossas instrucções acima. A razão é que, nesse caso, pôde formar-se um precipitado de cor pre- ta, absolutamente inactivo. Deve empregar-se a calda logo depois de pre- parada e em dia secco. E" preferível preparar-se só a quantidade de calda sufficiente para as applicações do dia, ao fim das quaes limpam-se, cuidadosamente, as válvulas e orificios do pulverizador, afim d; o ter sempre em bom estado de funccionamento. Pnicos (Ic iwliilios cliimicos A Sociedade Maranhense de Agricultura soli- cita os preços correntes de adubos ehimicos, e, em particular, os calcareos sob fornia de carbo- nato de cálcio. Eis os preços que nos foram gentilmente for- necidos pelo representante, nesta praça, de Fer- nando Hackrat & Cia., de S. Paulo, especialis- tas em adubos chimicos e orgânicos: Chlorureto de potássio, 80 — 85 ' , 50 % — 4505000 Sulphato de potássio, 90 r^^ 48 % — 500S000 Kainito, 12— 14 ç^, . . . 12,5 f> — 2005000 Phosphato de 21 % . . . . — 21 "r 220S000 (8 a 10 % são solúveis no acido cítrico a 2 % ) Phosphato de 30 % . . . — 30 % 275S000 (12 a 15 '"f solúveis no acido citrico a 2 %) Mistura Potassa-Phos- phatada 15 fj 15 '^^ . . 3005000 Salitre do Chile, Sulphato de Ammonio, Baga- ço de Mamona, Farello de Algodão (adubos azo- tados), aos preços do mercado. Quanto aos adubos calcareos, sob forma de carbonato de cálcio, segundo o referido represen- tante, o custo do frete torna mais vantajoso ad- quiril-os em qualquer caieira naquelle Estado, ou em outro mais próximo. Farinha de niaiidioca Um cliente do Estado de Minas Geraes deseja saber: a) Quantos kilos de mandioca, em media, pJde dar um hectare de terra bem cultivada ; b) Quantos kilos de farinha pôde produzir uma tonelada de raizes de mandioca. Pelas experiências do Sr. Zehnter, na Bahia, podemos concluir, em resposta aos quesitos su- pra: li) Um hectare de boas terras e bem cultiva- das pôde produzir, em media, 25.(X)0 (vinte e cinco mil) kilos de raizes de mandioca, ou 5.500 (cinco mil e quinhentos) kilos, ou, ainda, 10. .500 (dez mil e quinhentos) litros de farinha. Estes números não são absolutos, dependendo, é claro, da variedade das plantas cultivadas, da natureza e estado de amanho do solo, e do clima, sendo que os aipins produzem, em geral, mais do que as mandiocas. b) Uma tonelada de raizes de mandioca pôde produzir, em media, 230 (duzentos e trinta) ki- los, ou 420 (quatrocentos e vinte) litros de fa- rinha. O beiíeficiainonto 's {!<• dolhrrs, ou sej;í em nossa moeda, mesmo a 4¥ll(l(J o dollar (sauilosos tempos) a fabulosa inipoi'tancia de nitrnta mil contos de réis ! No anuo passado (192t)) a e.\portação montou a 2H milhões de dúzias de ovos e 3 milhões de aves, imijoitando tudo em 11.800.000 doUars ou 63.200 contos ! !" A paginas 175 da mesma revista, estuda o Sr. Charles Vicemt, director do Posto Zootechnico de Lages, a "(Conservação das Forragens verdes por Ensila.gem Sublerranea", relatando as suas ex- periências a tal respeito. "Lavoura e Criação" — Rio, Outubro de 19111. anno fi°, n. 10. Numero muito interessante, illustrado com bons artigos, dentre os quaes — "O valor da caniia de Milho como fori-agem", trabalho este da lavra do professor Lindsey, vei'tido para o vernáculo por A. Goimes Carmo; "Gonstrucções Ruraes" — Aprisco rústico, artigo illustrado, firmado pelo professor Armando Ledent. Estatutos da "Sociedade Brasileira de Medicina e Veterinária"; "Estatística do .Algodão"; "Hor- ticultura", "Cacau"; "Economia Domestica". "A Estrada de Rodagem" — Outubro 121 — São Paulo — Anno I, n" 6. Bastante attrahente. Tra- ta das estradas de rodagens do Estado, n° de auto- móveis re.gistrados; "O Líttii.ral do Nirte", etc. etc. acominuihando o texto nítidas gravuras. "O Economista" — Uío, anuo I, ns. 14, 1.") e Ui. correspondentes aos mezes th' Outubro e No\cm- hro de 921. Matéria abundante e bem escolhida, em cujo numero: ".A BoR'acha Sylvestre"; "O Carvão Nacional e a nossa Siderurgia"; "Pragas do algodoeiro"; "Quinzena Commercial" e gran- de copia de dados estatísticos. "Revista (Coloniale" S. Paulo, Outubro 021 — .\nno XII, fascieulo 25. Transcreve o contracto datado de Ouch.v e fir- mado entre o Conselheiro António Prado e repre sentantes de colonos e governo italiano e bem as- sim o traindo aecordadn entre o^ iBrasil e a Itália para facilitar a emigração de colonos italianos para o Brasil. — Uio, Novembro 921, nu' da a\'iação nitidamenti' Bio, n. 247 no Brasil, illustrado. anno XII. revista da de Santos. Boletim da ".Associação Conunercial da — Outubro 1921 — Anno XII, n. 10. Traz pauta e cotações commerciaes. Bahia "Revista da .•\ssocíação Commercial de S Pau- lo" - Outubro dl' 1921. n. o. Muito interessante, trazendo entre vários ou- tros: "O Ferro em São Paulo", por Paulo R. Pestana. "Auto Pi-oi)ulsão' mero 87, anno Vil . Trata do automobilismo, estradas de rodagens, tudo "Brasil Ferro-tCarril " Novembro 921 . Matei-ia abundante e variada, utilíssimos an- nuncios. Traz ponderosos artigos sobre ".A Con- ferencia .Algodoeira" pi-omo\ida pela Sociedade Nacional de -agricultura, applaudindo-lhe a acção c lemhrando-lhe a conveniência de convidar indu- stríaes inglezes e americanos a tomarem partro 921 — l.ondies. Passa em revista tudo (lue se tem publicado ul- tiuKunente sobre entomologia. "Boletim da União Pan-.Americana" — .Novem- bro 921, Washington, numero especial, tratando exclusivamente de lacticinios. "Monthl.v Crop Reportei'" — \'ol. 7, n. 10, tubro 921,' Washington. "O Exjjortadoí' .Americano" — Nova York, venibro 921. Como sempre, muito interessante "Beport of the Agricultural F^xijenr.iciíl tions", Allahabad — (índia), 921. "The Louisiuna Planter and Sugar Manufa- eturer" — - Vol. LXVII, n. 19, N. Oriéans, Novem- bro 921. Publicação indis|jensavel a quem trata da canna de assucar. "A America" — Bevista industrial N. 4, Outubro 921, Nova York. ".Journal of the College of Agriculture" poro, .lapão, 921 . "Bulletin Mensal des Benseignements les et des Maladies des Plantes" — I. I. culture, Roma, n. 10, anno XII, Outubro "B. M. des Institutions FA-onomiques ciales", idem, idem, idem. "B. de Statistique Agricole et Commereiale", idem, idem. idem. ".AgTicoltura Coloniale" — .Anno X\', n. Outubro 921, Florença. "Vie .Agricole et Ruralc" — .Anno 10, ii Outubro 921^aris. ".Anales ue la Sociedad Bural Argentina" Anno LVI, vol. LV, n. 21, Novembro 921. .Aires. "Revista Ganadera" — .Anno II, n. 30. Outubro 931, B. Aires. "iRfvista de la Bolsa de Ccreales" — .Anno 10, n. .''1O2. B. Aires. "Bevista Agrícola" — Tomo VI, n. \T. Outu- bro 921, San Jacinto, México. Boletim da "Directoria de Estatística Commer- cial" (Ministério da I''az<'nda ) . Ou- No- ^ta- — Sap- Vgrico- dVVgri- 1921 . So- lo, 43, B. — 366 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA ^ |pihliiillu'i:i (Li Scicíl-iLuIc XíLcioiíal ilc- Asri- "Hrvista Tiinu-iisal du Insliluln dn C.uará" — ciillur:! ruiitiiura a rfti-l)i'r rrgiilariiifiitc as iiti- l'.ii'tak'za. 921. lisshiuis 1 ulilifatôfs da Estatística ('.DiniiioiciaL Hidal(iJ'iii apresentado ao I)]-. .1. .1. Scahra. pelo Ijossiiiiido todos os minieros desde 1008 a 1Í121 . iín.^'. .losé liarboza de Souza, Hahia. 1121. "(lliaearas e Qiiiiilacs" — S. Paulo. Dezembro ' lielatoi-io do (ientro do (■.oníinereio de (!afé" — >»21. \ol XXI\', 11. (L Hio. Setembro 1 volume "Criação de t lhos""; " .-\vicultura "" . ponderosos estudos sobre: "Os .\nophclineos do "Holetim .Mensal da Camará Portugueza de Com- Brasil"", por A. G. Pcr.vassu'; "Espécies novu> nieicio e Induslria"" — Hio. anuo IX. n. \'ll . l-ji- Ci\itatis Minas Geraes"", por .Mvaro .\ . da Sil- tre ..iilrf>s aiiigos traz um s(d)ie "Os tratanicn- veira; ".Actividade Scientifiea dos professores los coiili-.-i o .Mildio"', Goi-ceix e Costa Seiíiia"", por .\ . ISeliin Pais Leme. "iioletiiii da .Xssociação Commercial da liahia" "liolelim da Enião Pan-Americana "' — Traz - .\nno XIII. n. XI. Novembro 1021. bellissinio artigo, assiguado por P. K. Re.vnolds. "iiexisla Cinnmei-eial do Brasil"" — Bio, n. 111. au.\ili:ir da Iiiileil Friiil Compaii\v. sobre :i bana- aiino XIX. .Noveniliro 021. Traz artigos sobre: neira e o commircio da lianana. Digno de dÍMil- "\ S.\ntbese \gricola"'; " .\ industria assucareira gaçao. na Ar.genlina"". "Os ciui!'os do Brasil nos Eslados "Bolelin de la C.mnision Naciímal de l-'oincnt<' Unidos"". Hiiral"" — .Montex idéo. ;)21. n. 27. Traz artigos " Brasil-liidic:idoi" — Bio. anuo 1. n. ;i. No- ini, lessantissimos. vcMiibro 1021, Irala. além de (Uilros assiim|)tos. de: •'Circular n. S - .Votas sobre Ia grama de Bho- ".\ l-"ormiga Saú\a"". des"' — Tiiciiman, 021. E.xcelleiíle trabalho :issi- "S.vndicalos Agrícolas e Coo|)erativas de pro- gnado pido prof. E. E. Schnltz. (Iiicção"" l)(u- E. Bartbolomeu Beis. "Projecto de ley sobre Escnelas Praticas de "() Criador Paulista" — S. Paulo, anuo X\'II. .Vgricuítn ra "". pelo deputado V . Beiro, Buenos -\i- n. II, Novembro de 1021. Traz bons estudos de .-i.^. !>21 . |):ilpitante interesse, ini cii.jo numero: "A Pecua- "lievista dei .Ministério de Industrias"" — Mon- ria no Br:isil em 1020"; " .\ mataiH-a de suínos- lc\ idéo. anuo IX. n. lil. !I21. Matérias variadas c fêmeas"; "Ecbos da peste boxina"". interessantes. "O Economista"" - Bio, Dezembro 021. anno I. ".Vnales de Li Sociedad Cientifica .\rgentiiia '" 11. 19. estuda: "A deleza permanente do café""; _ ij. Aires. 021, tomo X<;i . Traz matéria abun- *'.\s |)ragas das arvores de ornamentação do dante, destacando-se: "Nuevos (".urculionideos de Rio""; "A exiiortação do assucar" um projecto do j,, ArgentiiKi "", pelo prof. Heller; "Proctotr.vpides deputado Miguel C;ilnion. Iiôtes des fourmis cn .Argentine"". ]ior .1. ,1. Kiíf- ".Memorias do Instituto Oswaldo Cruz"" - Bio. f^,,. anno 021. tomo Xlll, fascículo 1. Alli se lém : -\x.y;y,Ux Zo.decbiiica" - 11. ,\ires, Anno VTII, "C..nlribuH-ao para o conhecimento (la tauna heL _^ ,,j^_ Novembro 021. Muito interessante, tra- mintologica brazileira . pelo Dr. Lauro l.'-' as- j.^^^^,^^ _|,..|^,| tratamiento de Ia esterilidad en las s,.s: "Ol.servavoes s;l>re o género Irogonimus , ^.,,^..|^,.. ..situacíon de la ganaderia européa", pelo Ur. Adolpho l.utz. , _ , , ^, ,. „„ "Exportacion de productos de la Ganaderia". '.Memoria dei Ministério de Industrias ai (.on- 'Relatorio do Centro Industrial do Algodí Bahia" — A.gosto lO'-^!- _ t , , ,.,. greso Nacional em 1021"" — Santiago de] Chile, "Relatório do Centro di' I-iaçao e lecelageni de '^^^,^^ -Mcoilão" — Rio. Março 1021. '.., i ■ i i i c • i i u i ^ i- "Relitorío da Associação Commercial do Bio .Museo Agrícola de la Sociedad Bural Argeiíti- dc Janeiro" -- Maio 10'>1 nas'". E' uma succinta noticia sobre aquellc rico "Brasil Ferro-Carril""' - Rio. anno XII. volu- museu assi.i;nada pcdo Dr. Carlos Girola. seu di- me XXI. Trata da ".\ situação do café"; "A l.^e- '■^■t"i;''"- , ,^ , , .- , , >;■ ,, i> ' fe/.a da Producção"; "Notas económicas" . ^ Herd Book Argeii lUo de la raza Shorthorn Pei- "Chambre de Commerce Bel.ge au Brcsil" — Rio. feccioiíada Publicação de la Sociedad Rural n. .-i2, anno 021. Dentre vários arti.gos: "Les Argentina. B. Aires. 021. possibilites de la prtuiuetíon .\gricole au Brésil"'; ".Anales dei -Museo Nacional de Histifl-ia Natn- "Exposition rniverselle de Rio de .Janeiro 1022"". lal"" — B. -Aires, tomo XXX . Este ponderoso volu- " Cultura da Alfafa"; "Plantação do Fumo"; ">'." de KM) pa.ginas trata especialmente das for- publicação do Kalisyndicai, li?'. Avenida Rio mi.gas da Republica Argentina, assi.gnando as m.- R •• 'o Rio monas os professores IvHíhn, <,allardo, Maio'11'i, '"As tarifas da Viação Férrea"" - Port.. .\legre, Dabbenc, ctc . , etc. 921 Off. graph. da F"ederação. "(xiniptcs Rendus des Séances de P.Académie "O Sueco Celhilar'" por .José Maria H. Coiidu- d" Agriculture de France" — Tomo "Vil, anno 1921. ru", Belém, 021 . P:iris. A LAVOURA 3fa7 - "Biilletiii de la Sofiété dos AjíriuiiltLnirs ik' l''i-:iricL'" - Paris. Xoveinbro 1921. Traz: "I.c rap- iixirt de Mr. Sari-aiit sur Talcool industriar': Ar- reie (111 Ministre de Ia Guerre sur les primes prupriétaires d'auti)niobiles"' ; "Lc travail agrico- le an l?nrean Internacional du Travail". "'La Vil' .Agricole" — X année, tome l!l. Paris, n. 47 siiêeial pour en.i^rais: n. 48 niotoeulture . tiire . "".lournal de la Societó Nationalc iLHurtieiílluie. Paris, série 4, Tome XXII. 1921. "liulletin .\gricole dei Instituit Scientifiqiie de Saigiin" — 3° année. Xovembre 1921. Interessan- lissiinn sol) o ponto de vista de aiírienltura tro- pical . "liulletin de Statistique .Vnricole, XII année. 1921. "L"Ingéniur Industriei" — Toanl' \'. 1921. Lon- di'es. Muito útil e interessante. ".lournal of the Department of .\.;íricullure " — Pi-etoria. .\(Heml)ro 19'J1. Nolunie 111. Matéria \í\- riada c interessante. "Ueport of the (iii\ erninenit Horticultura (lar- deiis — Luck now. Keport on the Deparlnient of .\.gricul'ture" — Barbados 1920-921. Interessante. "The Chemical Age" — Vol. V. 1921. iiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii Os doze mandamentos da agri- cultura racional A Agricultura é a mais antiga das occupações do homem. Muito antes de apparecerem os commerciantes, os industriaes, os advogados e os professores, já este tirava do solo os meios de subsistência. E muito antes de se comporem os livros, a hu- manidade amanhava o solo e colhia os seus pro- ductos. Além da mais remota, é, ainda, a mais impor- tante de todas as profissões. E' na terra — ma- gnânima mãe commum de todos nós — que va- mos buscar os nossos alimentos. Não é só o la- vrador que depende do campo para viver; a gente das villas e cidades, muito mais ainda, delle tudo pede e precisa. Sem agricultura, não poderiam existir os cen- tros de grande população, como todas as suas bellezas architectonicas. Sem o alimento que nos vem da terra, não se- riam possiveis nem a industria nem o commer- cio. O homem de maior valor no mundo inteiro é o lavrador que roteia os campos e delles recolhe as safras. E' elle o rei, entre os reis. As grandes celebridades sempre reconheceram que o bem estar da humanidade depende da cul- tura intelligente do solo, e os poetas de todos os tempos têm cantado a natureza e os frutos da terra. OS PRINCÍPIOS DA AGRICULTURA LU- CRATIVA — As necessidades das plantas são as mesmas em todo logar, e os mesmos são, tam- bém, em qualquer paiz, os princípios que gover- nam a exploração rendosa do solo. O agricultor deve, portanto, observar os doze mandamentos se- guintes se quer que o seu trabalho seja bem re- inunerado. 1 — O agricultor deve controlar a quantidade de agua no solo, por meio de drenagem, de ir- rigação e do uso dos "palhiços" e "colchões de terra fofa". Isto é necessário porque as plantas devem ter um supprimento de agua adequado para o seu perfeito desenvolvimento. 2 — O agricultor deve preparar uma semen- teira de solo profunda e completamente pulveri- sado. de maneira que as raizes das plantas pos- sam penetrar bem fundo, na sua procura de agua e alimento. 3 — Deve plantar só as sementes que tenham sido cuidadosamente seleccionadas das melhores varedades, visto que as plantas são como os in- divíduos humanos: uns melhores do que outros. 4 — Deve espaçar, devidamente, as suas plan- tas no terreno, isto é, deve proporcionar a cada planta, monte ou carreira a área necessária. Este é um ponto muito importante, porquanto, se as plantas estão apinhadas ellas não podem medrar por falta de luz solar e se demasiado afastadas umas das outras, ha desperdício de terreno. 5 — Deve conservar o solo constantemente re- volvido durante o período de crescimento das plantas, o que concorre não só para destruir as hervas damnínhas como para afofar a superfície da terra, evitando, assim, perda dagua. 6 — Deve juntar ao solo uma quantidade suf- ficíente de matéria vegetal. 7 — Deve trocar as suas culturas de logav. de quando em vez, porque uma planta não proauz bem quando plantada repetidamente no mesmo terreno. 8 — Deve preferir as culturas perfeitamente adaptáveis ás suas terras. O — Deve produzir na sua propriedade todos ou quasi todos os alimentos para as pessoas e os animaes que nella habitam. Se elle comprar esses alimentos, está dando a ganhar a quem os produziu, a quem os transportou e a quem lh'os vendeu. Além de pagal-os, perde, ainda, um tem- po precioso em retiral-os dos armazéns e merca- dos; ao passo que se elle produz o seu próprio alimento, é dinheiro e tempo que economísa. 10 — Deve crear o numero sufficiente de ani- maes para aproveitar as sobras na sua proprieda- de e as terras em abandono. Tudo que se despre- sa numa fazenda é prejuízo que se torna em lu- cro quando é destinado ao sustento de um ani- mal. 1 1 — Deve empregar animaes fortes e os me- lhores instrumentos agrícolas, com que realisa maior somma de trabalho num dia. Os labores pesados exigem resistência e o agricultor intel- ligente se utílísa, tanto quanto possível da boa energia dos animaes. 12 — Finalmente, os agricultores acabam qua- si sempre concordando que, para obter os melho- res preços para os seus productos é necessário contratar os serviços de um agente para vendel-os por meio da cooperação entre elles, no seu dis- tricto. A sociedade cooperativa pôde estabelecer um deposito no ponto de embarque. E' pelo estreito cooperativismo na venda de seus productos que os agricultores de certas partes dos Estados Unidos tiram hoje lucros muito maiores que seriam pos- siveis df outra forma. T. C. F. 3C-8 BOLHTl.M UA S0C:U-:DAI)E nacional UE AGRICULTURA Segunda Exposição de Jvliího na Bahia Dl tliiiliilitid Mrllti. Ill) tiiilii (hl tiirii í-(ii:irilii(lr Xiiriaiiiil ilr Aiiiiiiilliini. ciinffiiild ini S''iiiniihi E.iliii.siçào lie Milliu reiíliznãii nu linlíin nii lU^J I A LAVOURA 369- Secção commercial RIO. SO— 11— 921 <;akk' ' "" ^ ' Ao fiiuliir o niez df Ncivuiiibro era fsta a sitiuivan do café na praça do iíin: j Saccas Entradas do nicz 324. 82G Embarques desde 1 de .liillio l.'2Kl.l.')n Embarque do nicz 279. 118 Embarque desde 1 de .hilbo. 1.281.15(1 "Stock" a 30 de Novembro 1.703.558 A 30 de Novcmbi-o o mercado esteve levemente vacillante. cotando-se o typo 4 a 20!?500 e o 7 a 19*100 a arroba. SANTOS, 30—11—921 O mercado de Santos fechou o mez em alta. ac- cMsando o seguinte movimento: Saccas Entradas desde 1 do mez 703.447 Entradas desde 1 de .lulho 3.784.075 Embarques desde 1 do mez 698.348 Embarques desde 1 de .lulbo 3.807.857 "Stock" a 30 de Novembro 2.803.043 Cotava-se o t.vpo 4 a 15'?700 e o 7 a 14S000. os dez kilos. Os últimos dias do mez foram assignalados por boatos desencontrados de que o Sr. Conde .Ale- xandre Siciliano iria deixar a direcção da valoriza- ção do café, o que concorreu para levar certa va- cillação ao mercado. Por outro lado insistia-se cm affirmar que as lavouras de café estavam sendo prejudicadas pela seeca, o que parecia justificado di.->nte da excepcional escassez de chuyas durante a orimavera. Quanto aos mercados estranseiros. fecharam a .30 de Novembro com pequena baixa, cotando Nova York a libra a 8,55 cents., Havre a 168 1/4 e Lon- dres a 48/fl. .Ai,<;oi)Ão o mercado do líio esteve firme, cotando o alijo- dão nestes preços: Por 10 kilos Sertões 25*000 a 26*000 Primeiras sortes 24*000 a 25--<(IOn Fardos Entradas do mez 18.048 Sabidas desde 1 do mez 17 455 "Stock" a 30 do mez 18.942 Em S. Paulo fechou-se o mercado em alta. cotan- do-se a arroba em rama a 33.*500 e 33*800; algodão em caroço a 10*500; caroço de algodão. 3*300. com sarro . Em Pernambuco cotava-sc a 32*000 a arroba. En- tradas desde 1 de Setembro, 61.800 saccos (de 4 ar- robas); "stock". 22.700 saccos. Os mercados estrangeiros cotaram: Liverpool, a 11,30 d, por libra; Nova York, a 17,46 cents. por libra. A tendência era para a baixa. .A s SI r. A li Rio — .\o findar o mez. o mercado estava^ em baixa, cotando-se o ervstal branco a S520 e a S5fiO; 2° jacto, a «420 e *4fiO; mascavinho, a *360 e .*420. Saccos Entradas do mez 152.034 Sabidas do m.z 117.001 "Stock" a 30 de Novembro 1911. /.'VJ Em S. Paulo cotava-se: o crystal, a 32S c 32*500; somenos lioni, a 30-*(IOO e 31.-;II0(I; mascavo, a 23*000 e 23*5(1(1 o saeco de 60 kilos ICm Pernambuco cotava-se a arroba: somenos, a 4*200 e 4«800; usina de 1', a 7-*200 e 7*700; Deme- lara. a 3*900. Saccos 1.164.200 225 . 000 Entradas desde 1 de Selembn "Stock" a 30 de Novembro. O <;oxso»iK Damos a seguir os intcressantissimos quadros que ilhistram esta secção, os quaes foram organisados expressamente para figurarem em " .\ La\'Oura" por ordem pressurosa do oiieroso e zeloso director da Superinteiulencia do .Abastecimento, a quem hypo- tbeeamos desde aqui os nossos agradecimentos. São deveras utilíssimos quanto interessantes os quadros que abaixo se seguem: Superintendência do Abastecimento — Preços mé- dios, nas feiras livres do Districto Federal, durante os mezes de Setembrii a No\ end)ro de 1921 : .Alface de .dois a quatro pés .*100 Arroz, kilo -*500 a 970O Assucar branco, kilo *650 a S700 Assuear de 3', kilo S600 a .S650 .Abóboras, segundo o tamanho •*300 a l.*600 .Agrião, dois a três molhos .slOO Azeite doce. lata 5*600 a 5*800 Batata ingleza, kilo .*400 a $600 Batata doce. porção, desd. SlOft Bananas. (|uatro a oito $100 Bananas da terra, três $200 Coco da Bahia, um $300 a $600 C:imarão fresco, kilo l.$600 a 8*000 Canna de assucar, uma *100 a $300 Carne secca ou xarque. kilo 2.$000 a 2.*200 Cebolas, kilo *4(10 a .*600 Café nioido, kilo 1$300 a 1*500 Carne de porco salgada, kilo l.*900 a 2*300 Ervilhas, porção, desde $100 Fei.ião preto, kilo $600 F"eijão niuTiteiga. kilo $800 F'eiÍão amendoim, kilo •S700 Feiião branco, kibi *500 a *600 Feijão mulatinho, kilo ^SOO a $600 F'arinba de mandioca, kilo S350 Farinha de trigo, kilo $750 Fubá de milho, kilo *350 a $400 Callinhas regulares, uma 'ÍAilDO a 3-íOno Gallinhas grandes, uma 3«.5I10 a .3*800 Goiabada, "lata I$fi0(1 a 1*800 Limas, dúzia SSOO a S500 Linguiças, kilo 1*800 a 3*500 l.ondio de porco salgado, kilo 2*20" a 2S.300 Laranja lima. dúzia *fiO0 a 1*200 Laranja selecta, dúzia *400 a *800 Manteiga fresca, kilo 4*400 a 8*010 Milho, kilo S-''50 a S.3nO Macarrão, kilo 1-^'00 a 1«.3nO Ovos frescos, du.Tia 1*200 a 1*400 Pão, kilo l*ó 370 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIOMA.L DE AGRICULTURA - Estimativa ilo consumo diário e mensal de divtisos gciit-ros alimcnticios de primeira necessida- de, no Districto Federal, de accòrdo com as respiect ivas entradas e sabidas: GÉNEROS Por unidade commercial j Por kilogramma \ \ I (>onsumo 1 (>onsumo Unidade I I I Diário I Mensal | Diário | Mensal i \ I Arroz .issucar .\zeite de oli\''eir;! Bacaltiáci Banha Batata (^arne lixsca de vacca . ('arne fresca de i)orco. . (^arne de porco sal.i;ada Carne secca ou xarque Cebolas Farinba de mandioca. Farinha de trigo Fci.jão Cjaz de 1!)21: Algodão cm iiluma — Fai-dos Ki (ilil Arroz — Saccos 67.422 Assucar -- Saccos 175.798 Azeite de oliveira — Caixas 586 Bacalháo - Kilos 481!. ;U2 Banha — Kilos 1.738.918 Batatas - Kilos 1.46;i.(»4I Carnes conijeladas — Kilos 952.fMIO Carne de porco salgada — Kilos 364. 78f) Carne secca ou xarque — Fardos.... 3.39lt.314 Carvão vegetal - Kilos 3.39(1.314 Cebolas — Kilos 721 .791 Farinha de mandioca — Saccos 56.(109 Farinha de milho — Kilos 49(1.307 Farinha de trigo — Saccos 6.9(J0 Fei.jão — Saccos 38.472 (lazolina — (baixas 65.629 Kerozene — Caixas 40(100 Leite condensado — Caixas 392 L.nha - Kilos 2 155.906 Manteiga — Kilos 133. 130 Milho — Saccos 8(5. 592 Peixes consei'\'ados — Kilos 93.542 Polvilho — Kilos 141 499 Sabão — Kilos 13. 100 Sal — Kilos 13.501 .573 Sebo — Kilos 339.717 Tapioca — Saccos 527 Toucinho — Kilos 273.962 Trigo cm grão - Kilos 17.461 .226 Entradas no Districto Federal no mez de No- \-enihro de 1921 : .Algodão cm pluma — Fardos 12.583 Arroz — Saccos 52.035 Assucar ~ Saccos 132.779 Azeite de oliveira — Caixas 412 Bacalháo — Kilos 455. (iOS Banha — Kilos 1.574.0,8-1 Batatas - Kilos 1 .938.985 Carnes congi.'ladas — Kilos 714.000 Carne de porco salgada — Kilos 233.()fi9 Carne secca ou xarípic — Fardos 2.748.579 Carne secca e xarque — Fardos 30 S5U Carvão vegetal — Kilos 2.748.579 Cehcdas — Kilos (W9.69S Farinha de mandioca — Saccos 80.588 Farinha de milho — Kilos 48,003 Farinha de trigo — Saccos 16.000 Feijão — Saccos 42.617 Gazolina — Caixas 1 .001 Kcrozcne -- Caixas 46.200 Leite condensado — Caixas 827 Lenha - Kilos 1.178,000 Manteiga — Kilos 247.651 Milhe — Saccos 51 .820 Peixes conservados — Kilos 141.849 Polvilho -- Kilos 62,560 Sabão — Kilos 77.632 Sal — Kilos 1.141.822 Sebo — Kilos 280. 21Í Tapioca — Saccos _ _45 Toicinho — Kilos 178.776 Trigo em grão — Kilos 12.610 543 Superintendência do abastecimento "Stocks" existcnt?s nos trapiches do Rio de Janeiro nas manhãs de 3 de Dezembro e 26 de No- vembro de 1921 e 3 de Dezembro de 1920: 1 i Quantidade 1 Mercadorias 1 1 I Em 1 Em 1 Em 3-12-21 ] 26-11-21 1 1 3-12-20 .\rroz — Sacco. . . 47.9031 ! 34.8291 38.353 Feijão — Sacco. . . 21,7891 14.464 20. MO ^"arinha de man-] dioca — Sacco. 52.212 39.126] 39 . 031 .\ssucar — Sacco. i 190.850; 183.291! 305 . 333 Banha — Caixa..) 12.596! 12.3851 11.042 .Algodão — Fardoj 19.5491 17.039 32.401 Xarque — Fardo . . ! 18.5001 17.000 1 5.500 RIO. 31—12—921 í:akk' Saecas Entradas do mez 350.485 Entradas desde 1 de .lulho 2.262.356 Embarques do mez 330.654 Embarques desde 1 de Julho 1.616.849 "Stock" a 31 de I)ezend)ro de 1921..., 1.711.021 Os negócios de café faziam-sc calmamente, cotan- do-sc o typo 4 a 22!S200 e o t.vpo 7 a 20S10() por ar- roba. Os negócios a termo para Janeiro faziam-se a 19*000 e'l9-S100; jiara entregar em Maio a 19*500 a 19-'$650. SANTOS, 31—12—921 Saecas ICntradas do mez 795,617 Entradas desde 1 de .lulho 4,540.717 Embarques do mez 683,619 Embarques desde 1 de Julho 4,491.476 "Stock" a 31 de Dezembrc; de 1921 2.884.493 O mercado de Santos fechou calmo, iiagando- se o typo 4 a 17-'í300, os dez kilos. Falava-se em grandes daninos causados aos cafesaes pela secca, o que certamente influiu para a alta. Os negócios a terni regulavam: entregas em Ja- neiro, 17^450; entregas em Maio. 17^^120 por dez kilos. HAVRE. 31—12—921 Saec:ts Café d., lirasil 299.000 Café de (Ultras procedências 241.000 540.000 . ■ » Cídava-se café em Santos — 172 francos por 50 ks. RIO. 31—12—921 AL(;?n00 Crvstal 32S00O Mascav.i 22!f500 PERNAMBUCO Kntradas desde 1 de SetemI)ro 1 .788. .500 "Stock" 298.000 Cotava-.se, por 15 kilos: Usina, 1" 5$800 a 6.$300 Usina. 2 ■ 4í9fl0 a 5.$300 Deinerara 3.?6flO Os mercados nacionacs regularam frouxos nos úl- timos dias do anno. 31—12—921 .>ii:i{(:.\i><» DO Kio Preitos cor-rcntes de géneros diversos: Arroz brilliado de 1" — 60 kilos 44.'?000 a 46.^000 Arroz especial — 60 kilos .38'<0OO a 4O!p0U0 Banba de Porto .\K'gre de 1' — 60 kilos lllsOOO a 112.S0O0 Idem idem de .3' — 60 kilos... lUMIOO a lllí^OOIl Idem mineira e paulista — 60 kilos lOS-ÍOOO a 1U9.Ç000 Batatas de .Minas e S. Paulo — Kilo «500 a •fõóO Batatas do Hio Grande— Kilo. . •'^4(10 a .'^4411 Farinha de mandioca de Porto Alegre — Sacco de 45 kilos.. . 12.'<.500 a 13>?l)l)0 Idem idem de Laguna — Sacco de 45 kilos S.-rOOO a "I.SIKIO Tapioca — Kilo ^200 a ■'^500 Feijão de Minas especial - 60 kilos :U¥0I10 a 35.fOOO Feijão de Porto .\legre - 60 ki- |„s 32*000 a 33.'«(100 Feijão mulatinho superiín- — 60 kilos .32.-?n0() a 33.sn00 Milho amarcllo — 62 kilos IS-sOOO a 19'íOOO Milho branco — 62 kilos 17.S0OO a 18.'?000 .Aguardente sem s.llo, paratv — 480 litros 170SÍOOO a ISO-^íOOO .Agtiarileiíte sem sello de (lampos _ 48(1 litros 120.SOOO a 140*000 Álcool de 40" — 481) litros 210*001) a 220.';000 Álcool de 38" — 480 litros 180.*()00 a 190.^000 Alfafa nacional — Kilo -*45(l a .*470 CafO moido — Kilo 1*600 a 2.*()00 Cimento — Barrica SS-ÍOOO a 37.'íiOOO Prtsunt^í)Oil Piassava — Kilo «360 A carne fresca vendia em varias cidades do Rio (irande de $800 a 1*200 o kilo. A Casa de C()rreci,-ão de Porto Alegre recebeu jii-oposta para carne fresca a $550 o kilO'. O Si-. Kleiítherio Brum vendeu sua estancia si- tuada em Dom Pedrito por 1 . 100 :IHI!ISO(IO ao Sr. Augusto Silveira, do mesmo municipio. MANÁOS. 30—11—921 Em 30 de Novembro viiíoravam os se.sçuintes pre- tos, segundo a pauta publicada no "Diário Offi- cial" do .Amazonas. Gomma elástica fina — Kilo 2*880 Gomma Sernamby — Kilo 1$400 Gomma Caucho — Kilo $700 Balata em laminas — Kilo . . 7.*5llil Manteiga de tartaruga — Kilo 2$000 Castanha — Hectolitro 52.^5110 Idem de Sajracaia — Htetiditro 70*000 Cumaru — Kilo $700 (j)uros seccos, vaccuns -- Kilo 1$000 <;rude de peixe — Kilo 1$000 I^irarucii — Kilo $500 l'ia«sava em corda — Kilo 1$400 Tucum em fio — Kilo 3$000 Guaraná — Kilo 9$000 Ipeca — KíIm LÍ-^OOO .M:ideira cm bruto - nutro, 3 5$(I00 PORTO ALKGIÍE, 31 — 12--921 Kei.ião preto especial - Sacco de fiO kilos 25*(lOO Ukm idem velho — Sacco de fiO kilos 12.*()(I0 Idem branco espícial — Sacco de 60 kilos 14$0UII Idem amarello especial — Sacco de fiO kilos 25>fO0() „ dollar. acima referido, vem retardando a solução do |)i'o- „ , i' i , ■ i.-i- iecto, autorizo a sua retirada, podendo o assumpto , P^'™ t'^'-."'"" ^lea da crescente nnmobihzaçao er resolvido na sessão de hoji." de numerário nas c-ai.xas^ bancarias, exhibo as esta- ( Quanto ã carta do Sr. Augusto .Ramos, .iá O "^"^''^^ seguintes, dos Bancos da Capital Fed.ral, elb do conhecimento dos leitoi^s). ""^ ''"""■" "'"™°^ """"-■ Lidos o parecer e as cartas em questão, o Sr. ' r • - presidente alíre a discussão da matéria, sustentai!- taixas em dl. o oarecer da comniissão de que fora relator. . '^.'í" "*. Falia, então, o Sr. Augusto Ramos, que justifi- , ^^, ,, muices do , j , 1 ■. ■ ■ 1 -\nnos .Mezes augmento ca demoradamente os seus alvitres, iinncipalmcnte * o relativo á fundação de um lazareto nas |)roxinii- 11117 — .Junho 110.359 100 dades de Recif.'. Trava-se interessante discussão 11117 — Dezembro 134.22,'> 121 em que tomam parle os Srs. Lyra Castro. .Augusto ]\\]S — .lunlio 170.999 l.S."! Ramos, Osório de .Almeida, Sylvio Penteado, Victor I Leivas e .^rrucia (Gamara, sahindo vencedor o alvi- 1919 _ .Junho 208.779 182 lie da comniissão referente ã construcção do la- I9lp — Dezembro 233.357 211 zareto no porto do Rio de .Janeiro. 1920 — Junho 268.490 243 Terminada a discussão da matéria, o Sr. presideii- 1920 — Dezembro 375.946 340 te suhniette a votação o parecer, que é approvado ]92! — Março 411.654 375 unanimemente. Quanto ás suggestões do Sr. Au.gusto Ramos, fica Tomei os mezes de Junho e Dezembro de cada resolvido que a comniissão estudj as de caracter .-inno. por serem os mais significativos para o ca- permanente e sobre ellas se orcnuncie, resolução so — e o niez de Março deste anuo, por ser o ulti- que satisfez ao Sr. Augusto Ramos. ,un cujas estatísticas foram juiblicadas jiela repar- Eiiccrrada essa parte da ordem do dia, o Sr. pre- tição competente. Sinto não poder argumentar sidcnte concede a palavra ao Sr. Sylvio Penteado, ^om as estatísticas de ..Abril, Maio c Junho últimos, que se inscreveu para tratar, iierante a Sociedade porquanto tenho idéa de que estas registrarão dos meios de reacção contra a baixa cambial. ainda mais avultadas immohilizações de numera- . „..,,. „„ ,■ .„ . . rio nas caixas bancarias. A BAIXA DO CAMBIO — Após interessantes con- siderações preliminares, ^^^ pode deuxar de iiiiiiiressionar mesmo os diz o Sr. Svlvio Penteado o seguinte: " pmico familiarizados com o aíieuimpto, o oon- "Para melhor iníelligencia da presente exposi- ÍMiínto dos algari,smo.s deste quadro, confironto ção. vou apresental-a sob três tópicos: 1") o cam- «H"-- ^i-' t"i'na fácil, graç.us á coJumna dos Índice» bio e os bancos; 2") insufficiencia do actual nietho- de augmento. I^artindo ide .Junho de lftl7, notu- do de r,.'acção contra a baixa cambial; 3") reacção se que em 3 annos e 9 mezes, o total dos cncai- integral. xes quasi "quadruplicou !". Nos 9 mezes, entre 1 — O cambio e os bancos — Eliminadas as pos- .luii.ho de 1920 e .Março deste amnj, observa-se sibilidades de avultados empréstimos externos e um accrescimo de 143.164 contos! Ora. em qual- dado o diiiiiiiiito vulto dos realizados; mui sabia- (píer dos períodos semestravs anteriores, os c 111- nunte afastado o inconcebível alvitre de se ex- trastes medeiem entre 30.000 e 40.000 contos. |)i'rtareni os fundos ouro garantidores do papel- .Muito iiistructiva também pareee-me ser a se- nioeda circulante — resta-nos tão somente o nosso guinte estatisti:.-a comparativa dos encaixes ban- 376 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA carios 110 primciru trimestre dii aivini ciirrcntc e do passaiii>: 192(1 1921 Diff crença Janeiro 242.I1B0 3S9.91Í; 147.8.KÍ .Fevereiro 24.9.IÍ59 411.5()2 llil.9li;i Marvo 2lilt.75H 411.(i45 ir)l>.,S9« Fiiialmeiíte, eonstatamos que as laxas eaiiibiaes \i,iícntes no primeiro trimestre ide 1920, variaram entre 17 d. e 18 d., e que no corrente anno oscillaram entre 9 — ^lj2 d. e 10 d. — para con- eliulirmo.s que existem^ mais de 150.000 contos de nunVerario litteralmeiíte estagnado nas caixas bancarias, somente na Capital Federal ! E para concluirmos tamliem que tainauiha dmiiiobiliza- vão de nunurario só é imputável á baixa cam- bial, isto é, á exigência que véni fazendo os ■bancos, de avultados "depósitos cm dinheiro, como condição para o adiamento da cobrança de mui- tos milhões de dollars devidos no exterior pelo nosso commercio importador". Ilcsta agora examinar se a forma mais racio- nal de "mobilizar" estes formida\cis encaixes anormaes, que tanto deprimem o cambio, consis- te em a politica emis.siionista, embora habilmente fantasiada em Carteira de iRedcsconto — ou se em outro imeth(ído, rigorosamente financeiro. n — Inxnffirienciti do acttinl methodo de rr- (iccão contra a haixa cambial. Nosso clarividente Ooveriio Federal mui avi- sadamente iniciou essa magistral campanha de defesa economico-financeira da >nação, adoptando o café como arma de combate. E' que nenhnm outro producto nacional encerra os incompará- veis attributos económicos que fazem de nosso "ouro verde" um monoipolio quasi completo do Brasil. .\ caiin|>aiilia começou ina.!Ínificamente. Embora originalmente especnlativ), o methodo de defesa se vem methamorphoseaiido em systcma positivo. .\pós o alteaniento paulatino das cotações, se es- tabilisaram estas nas immediações dos dous "pre- ços basiicos". de 12s ou 10 kilos para o t.vpo Rio. e de l.í*- para os typos finos de Santos. Dcu-se, portanto, um facto imprevisto: a pro- liorção que se foram elevando as cotações do café cm nossos mercatíos, as taxas cambiaes tomaram direcção opposta... Resu'Hado: o preço do café "em ouro", permanece ina casa dos "B ccnts.", no qual se achava no começo de Março, em Nova York — muito embora tenha desde então ascen- dido de S■''^ para 12X, c|nando expresso em nosso aviltado papel-moeda . E" absolutamente certo que o actual methodo, «lefensivo da economia nacional c das fi'iiaiiças federacs. já produziu um resultado magnifico; tenho, porém, a mais mitida impressão de que jiá despendeu o melhor da própria cfficiencia. .M agora se impõe outro methodo mais enérgico de reacção principalmente contra a haixa cam- bial . Mas, como e por que iicrdeu o vige'iite methodo o melhor de sua efficicncia ? E' natural que se pergunte, e é o que passo a responder. .Xá se escreveu, e começa a dar na vista, que a (Carteira de Redcsconto parece ser de facto pinot lia tnilorisação . Nem é fácil conceber-se outra interpretação dos factos. Avultados empréstimos, cxteriiíis ou internos, não se effectnaram; war- rantagem de café iio estrangeiro — tão pouco. E o Governo não cessa de comprar, nem de rece- ber e armazenar café... .já possuindo para mais de três milhões de saceas. Outrosim. é notório que as vendas destes café.s no estrangeiro não começaram, nem podem ra- cionalmente cíimcçar neste niomento, em plena cnlrada de safra. Finalincnte, a Carteira de Re- ilcsconto acaba de ser habilitada com o decreto para emissão de mais 100.000 contos de papcl- moeda . Pelas estatísticas acima exhibidas, constatamos a crescente imniobilização de numerário nas cai- xas bancarias — o congestionameinto, portanto, da circulação monetária. Disto resulta que ape- zar de enormemente accrescido nosso meio cir- culante, não ha dinheiro que chegue [jara a de- fesa do café, que assim tem que recorrer a no- vas emissões através da (Carteira de Redcsconto. .\os commerciantes cstraMigeiros, principalmente a(js banqueiros que finançam a importação do café nos Estados Unidos, não podem escapar in- dclinidaimente taes factos, que começam a surgir á tona. .\ iiersuasão dessa excellente gente é que a "bolha ha de arrebe^nitar", como obser'.:i um articulista do conceituado semanário "The Thea and Coffec Trad Journal", de Nova York. (Nu- mero de Junho, pag. 73õ). Esse mesmo conceito nos é communicado pelo nosso distincto Addido Commercial Dr. Sebastião Sam|)aio, que de Was- hington trscreve jiJara o Jornal do (Jommerciu, :'.uiiicn> de 12 de Julho: "Encontrei o mercado de Nova York com a anomalia, em parte explicável, de vendas a pre- ços inferiores aos de Santos. (Este facto era até certo ponto natural, porque a repercussão das cotações de Santos e Rio nos mercados consumi- dores se tem verificado muitas vezes com algu- ma lentidão. .Mas o qne não era natural, o fa- cto gra\e que encontrei, foi uma f;ilta absoluta do conhecimento da extensão real da presente valorização. Essa falta chegava a determinar nos mais conipetentes homens de negócios a coaivà- cção de que a alta de Santos e do Rio não se manteria, nem os mercados consumidores respon- se coueelx' por meio de uma "sul)stitui<;âo"'. e por títulos de tal natureza, que tanto os depositantes como os ban- cos, se satisfaçam com a dita substituição. Vou apresentar meu promcttido novo methodo de applicação dos "bónus" da defeza d.i café. Segundii os tcniio definido, constituem uma s\ n- thcse feliz do producto, da moeda e da cambial — sendo que da cambial possuem a forma "em- bryonaria". H vae ver-se quão fiel é esta cara- cterização. C.íinsoante o ■■Sy.stcma de defeza permanente do café" .sulimettido á consideração (ia .Associa- ção (^ommercial do Rio de .laneiro, c mais re- centemente, á .Sociedade Nacional de .X.ijrieultura — a emissão dos "'bónus" .só teria togar simul- t.T ueamejvte com os suipprimentos de café «os diHis grandes entrepostos de exportação do Hio e Santos. 1'orquanto, seriam os "bónus" essen- cialmente destinados á retirada das offertas. nes- tes mercados, daquella parte dos cafés suppridos cm excesso — desses que <(ualifi<|uei de "exces- sos nocivos", pors meios. ()ecorre-me que na situação presente, poderia o governo lançar uma série de emissões mensaes de "bonu.s" da defeza do café, dando como ga- rantia parte dos "cafés finos" já comprados e em "stock". Kstas emissões mensaes seriam rigorosa.niente proporcionaes ás necessidades de numerário para l.agamento "principalmente" dos cafés .iá com- prados a termo, e que vèm íiendo entregues ao Go\'ei'no. Digo " prineipalmefnte", pelo motivo adeaivtc exposto, de se tornarem de agora em de- ante iliminutas as novas compras de cafés da .safra ]>resente. Sobre a qualidade dos cafés que serviriam de .garantia ou lastro aos "bónus", cumpre obser- var que, como questão de prudência e de segu- rança, deveria o Governo eiingir-se aos "cafés fi- nos" já adíjuiriído-s — porquanto, como passo a demonslrar, o risco eventual de uma operação deffnsi\'a do café é iproporcional a quantidade deste, isto é, o risco; quanto peor, maior é o risco . Vejamos porque. Qualquer operação defensiva dos cafés brasileiros tem que naturalmente fun- p.jssiíH'1 chi concorrência entre os produ- ctores nacionaes, ao suipprircm os mercados de ex- portação. Ora, sendo tal concorrência ta'nto mais intensa ([uauto maiores as massas de cafés expor- tável, e constituindo a producção de cafés finos, pouco mais de um terço das safras brasileiras, scgue-se que a defeza da.s qualidades finas e muito mais se.gura e efficaz, que a das inferio- res. Concretizemos estas idéas' com al.guns algaris- mos. .\ safra pre-senle para todo o Brasil está computada em 10.500.000 saccas, o que perfaz lii.ãOd.UOU com o "stock" do Cioveruo. A pro- porção de cafés finos (typos h, 4 e 'A em propor- ções eguaes para a formação do lote) que se poderá extrahir desta massa total, .será de .i.dOO.UOU de saccas, quando muito. Ora, sendo estes cafés precizanvente os mais disputados lie- los exj)ortadores em geral, e muito prineiíialmen- te para o coinsumo de nossos abastados clientes dos Estados Unidos — é intuitivo que o con- trole das cotações dos cafés finos, bem como os riscos eventuaes da operação, serão consideravel- mente mais reduzidos, do que no caso dos res- tantes cS..^OO.O0O saccas de café.s inferiores, cuja venda é quasi lotailnientc feita para a Europa empobrecida . Com base nestas reflexões, imcidenteniente di- rei que o destaque actual entre os preços básicos de 12^000 e l.")WO(IO, adoptados pelo Governo, não me parece o mais prudente. Com o Ínfimo cam- bio de 7 d. a 8 d., isto pouco importa; porém, logo que suba a 10 d., os typos mais baixos de café que a empobrecida Europa absorve, ficarão relativamente caros demais. Voltemos ao assumpto do "qnantuiui" das emis- sões de "bónus" da defeza do café, com .garantia dos cafés finos do "stock" do Governo. Primei- ramente, porém, exhibirci mais uma vez o mo- delo do "bo^nus", com valor e.xjiresso em dollars — como imprescindivel ao plano de enérgica re- acção contra a extrema baixa cambial. Eil-o: Thesouro Nacional — Bónus da Defeza do Café — A portador a seis mezes 12 dollars. — Re- embolsável a •?«12,30, no vencimento, juro'S com- prehendidos. liste "bónus" é especialmente garantido pelo deposito de uma sacca, cointendo liO kilos de café, t.vpo 4 ou suiperior, effectuado por conta do Go- vern.i Federal. Série Emissão de .lulbo de 1921 N 'Decreto..., .Art.... "O Thesouro se reserva a faculdade de resgatar este "líonus" antes ceiits., mez vencido ou fracção, mão contado i> mez da emis- são" . .\rt.... "O vencimento do prazo de seis me- zes deste "bónus" se entende em .SI de Janeiro de 1922. (Carimbo e assignatura ) . Dizia acima: as eniis.sões mensaes dos "bónus" seriam rigorosamente proporcionaes ás necessi- dade» de mumerarios para pagamento principal- nicnlc dos cafés já comprados a termo, e que vém sendo entregues ao (ioveruo. (lom cffeito, não vejo probabilidades de se tor- narem necessárias novas compras de cafés da sa- fra presente, a não ser em pnjporções diminutas e esporadicamente. Dada a sal)ia providencia de se limitarem ao total de 40.000 saccas diárias os snpprimemtos aos dons entrepostos de Santos e liiii, e sendo o consumo cffccliiio de nossos ca- fés no mundo superior a 40.000 saccas diárias, segue-se que a totalidade das entradas de café iios ditos mercados de exportação se equilibrara com os embarques para o estrangeiro. O problema, portanto, em ultima analyse se resume nisto: em pagar o Governo as centenas lie mil saccas que, por conta dos :i. 1100. 1100 de saccas compradas, lhe são entrc.gues diariamente — sem recorrer a novas emissões desse papel )noeda que se gera na Carteira de Redesconto, i'ois bem — o que cu proiporia como sendo po- litica apparentemente mais audaciosa, mas in- finitamente 77inís efficienle. seria que o Governo emittisse "bónus em dollars", á medida de suas necessidades, e os vendesse, por intermédio dos Ranços, ao commercio importador nece-ssitado de cambiaes, a cambi:) convencionalmente mais fa- vora\''el que o vigente. Penso não deveria ser objecto S|)hc'ra que pesa sobre (í iiiereado eambiarin. j>eIo íacli) tie existir a for- mi,(la\'el procuiM de iid milhões de diillars ipara pai;ainent(j de sarjiies veiicitios e iiãtt paiíos aos eredores esl lan.^eiros. Pareee^iie |)erfeitameiitc intuitivo <|ue im niouvento em que esta iiitejisa procura de eamliiaes se reduzisse a metade, a 15 milti(>es de didlars. difíanios — o mercado cam- biário sentiria immeiíso desafogo. Ura, creio que o Governo le)ii em suas mãos o meio inlallivel de provocar esse iiiimediato desafogo, a sat)er; emittiiido "boiuis" da defeza do café. pelo valor de 15 milhões de doliars, por .séries mensaes e seguMilo suas necessidades nal, .já que em poder destes se acham os satpies de\'idos pelo n-osso convmcr- cio in>))o'i'ta*tlor. Como medida de -etiuitladv, a col- íoeacão ou \"enda dos "bonus-d.i^llars" seria dis- tribuida por (piolas partes aos Bancos, pro|)or- cionatmente á importância dos saques em suas respertixas carteiras. Sabe-se (fue crit*erio ana- lo.go tem ultimanvente presidido 'á vemda de cambio pelo Banco do Brasil, ás taxas especiaes i>or este facultadas. Penso ([ue ,iá de\eni existir fieis estatisticas das inecessitiades cambiaes tios Banc(>s da (iapital Feideral e de S. Paulo, pelo menos. Feito o ra- teio proporcional de cada emissão de "bonus- dollars" ])elos Bancos das duas (Capitães, estes por sua vez se compromctleriam a vendel-os aos .seus clientes devedores, ])or ordem de anti.sjui- dade dos saípies. (^onío semelhante ordem chro- ivologica das \eiulas naturalmente coincidiria com o interesse dos propícios Bancos, não seriam de prever in*e.i;ularidades nes,se sentido. yual o cambio .convenci^unal/menfe favorável, para a collocacão do.s "bonus-dollar.s" pelo Go- verno — eis a (luestão al^o delicada. lEu su.t;- .íeria a se.iíuinte formula: o Governo collocaria ser^analmcntl' quantidade que lhe conviesse de "bonus-dollars", a cambio sempre "TneMior de l-ÍOOO" que o prei,-o nrédio do doMar na semana anterior. Exemplo: quaiuio o preço médio do dol- lar na semauia anterior se cifra.sse por 9*000, o GoVerno venderia os "bonus-i)es, ministro da .A.iíricultm':i, Pandiá Ca- lofíeras, ministro da (iuerra. L.vra Castro, \ice- prcsidente da Jociedadc Nacional de .V.nricultura, e os dii-ectores FZloy de .Souza, Bento .Miranda, Hannibal Porto, .Au.síusto Ramos e \'ictor Leivas. Comparecem airula ã reunião, além de outros, os Srs. Parreiras Horta, .lulio flesar- l.utterbach. Ger- m:ino (lourrcue, ,1. A da ("osta Pinto, coronel l'rancisco Schmidt, Caldwell (Jueen Oclavio tlar- nciro, William W. (;oelho de Souza, .\lcides Fraii- co, lui.nenio Kangel, Gomes Cai"mo. .\. Sil\'a Couto, Nabuco de Gouvèa, .1. (Uitramby, ,1. Bajjtista de (astro, .1. .Arau.io Ferraz, .\ristides Caire. Fniillo Schenk, Sampaio Ferraz, Fidelis líeis, cônsules Os- cai- t^orreia e .Aniynthas de Lima, .\rnaldo Muri- iully. .\lfredo de .\Tu(rade, .\lberto /.lacobina e Carlos liaulino. O Sr, ministro Simões Lopes assume a presi- dência e. iniciando os trabalhos, diz (|ue a ccmvoca- çíio fora feita para a reeej)ção da Missão Interna- cional .Al.nodoeira, cu.io chefe, o Sr. .Arno I'earse. ia dizer à Sociedatle ;is suas impressões colhidas "lie \isu" n:is zonas algodoeiras do Brasil. .Ailu- de. enião, S, lix , á |)resença. entre nós, da Missão 1 'ea rse Imo lOlll - - [)i'Ose.nne — (juaiulo se achava lui In- glaterra a .Missão Commercial Brasileira, tendo re- cebido o ccmvite da F"cderação Internacivnal de Fiadores e Tecelões de Manchester, para se repre- sentar na conferencia a realisar-se em Paris, acqui- c.cera ao mesmo, cn\'iando á gr:tnde reunião o Sr, llobertfí .Simonsen. Kste, como conclusão á sua in- teressante mcjnoria, propuzera que a F'ederação nos en\'iasse uma dele.gação (lue viesse estudar as pos- sibilidades que o nosso paiz offerece para incremen- to da cultura do algodão; e a proposta foi aceeita. \o Congressor falta, sobretudo, de uiii conveniente apparelhamento económico. F"eita a apresentação e exposta a razão de ser da remiião, o Sr. ministro cojicede a pahn ra ao Sr. Pearse. fiue pi'ossibili(iades da cultura al.iíodoeira no nosso paiz. .\lludiiulo á conferencia, o Sr. Lyra Castro de- clara (|ue a Sociedade (jue. de lon.iía data vem tratando, com especial interesse, do aperfeivoa- uieiito e desenvolvimento das nossas lavouras de a!.v'odão. tendo ainda em líMfi promovido e le\ado a effeito a memora\'el (;onfeí"cncia .\!iíodoeii'a, ti- xera ense.io de apresentar ao .t(overuo uma serie de conclusões que enfeixavam muitas das medidas •liaila a.^ora preconizadas pelo Sr. .\rno Pearse. Pois bem. — prose.ijue — é com .fraude prazer que ouve de tão autorisado especialista esses conse- lhos, rpie tão de perto se combinam cimi as alludi- das conclusões, muitas das (piaes têm sido postas cm iiratica pelos jjoderes i)ublicos. insistindo ain- da a Sociedade pelíi execução das cpie não |>uder-am sei" executadas. .A i)ro|)osito. o Sr. I,yra Castro refere-se ao <|Ue tem feito o actual giiverno por intermédio do .Mi- nistério lia .Aiíricultura. que está Tias niãca Tatu" dos pseudos- psychologos. nem com o "wtsto b()spilal". seu ir-mão gémeo, e t.imbem com elle em voga litteraria Não nega, port/m, o orador, que ali haja doen- tes e ausência de médicos, i*. por* isso mesmo, merecc-lhe louvores o jirogranima de uma assis- tência sanitária sem compressão e sem exploração mercantil. .Nessa altura, o orador faz observaçiies acerca da campanha de saneamento do sertão, di- zendo que. para realisal-o, é preciso ter devotamen- to de apostolo, pois não ser"ã com disciisS('>cs. nem com arligos relujnhantes. (|ue se dará solução ao problema . Passit depois a tratar da excursão reveniram o consumidor europeu contra os nossos produetos que. tidos embora, geralmente, como excellentes, como qnalidadi -'nrcsentam o grave defeito da falta de uniformidade. Prose.guindo. mostra que não o move o intuito de exaggerar, pois (pie reproduz tão s(imente. em beneficio dos próprios interessados e do Brasil cm geral, as observações feitas por diversos commer- eiantes e industriaes inglezes. que, attrahidos pelo noticiário dos ,joriiaes londrinos, accorreram ao nosso vasto mostruário na Exposição Internacional rV^ Londres. E dci>ois de largamente dissertar sobre as pos- sibilidades do Brasil e das medidas que no seu entender devem ser. sem demora. ado|)tadas, ga- rante (pie .já temos capacidade productora organi- zada, embora susce|)tivel de aperfeiçoamento, po- (lendo, portanto, concorrer em certos casos, van- la.josameiíte. com os que habitualmente fornecem ás machinas e aos estômagos inglezes o "C^ombus- tivel" industrial e alimentício (jue estão exigindo cada vez em maiores proporções; e conclue (lizen- do que, apczar de tudo. demos aos visitantes, in- ternacionaes e nacionaes, do nosso mi>struario. que terão de depor a nosso respeito, a certeza do nosso jU'o,grL'Sso, gerando a confiança em nossa capaci- dade, a admiração pelo nosso esforço e a esperan- ça não illusoria de que, tendo elles apreciado no iiKístrnario do Brasil os fructos do nosso trabalho e os elementos das nossas possibilidades, veremos augmeutado o vulto da nossa contribuição mer- cantil, como factor, ([ue passamos a ser, da eco- nomia mundial. Como vedes, termina o Sr. Hannibal Porto, não é infundado o nosso optimismo. Continuemos a tra- balhar, organizando a nossa propa.ganda cm bases s(!'rias, e tudo (pie acabastes de ouvir, como pro- babilid.ades de bons negócios, será certamente ex- cedido para além das nossas con,iecturas e dedu- cções. 382 BOLETIM DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA Terminada a Ijrilhantf cmifiToncia. lala ii Sr. Cnnimiividci. ii Sr. Sirnõos Lopes agradece ao Sr. Miguel Calmou, que se associa aos aii|)laiisos da Hento Miranda c ao Sr. Miguel Calmou, e á illiís- assistencia e diz (jue, habituados os da Soeietiade tre assenddéa. r|ue a ellas se ass(K'iái'a com íipplau- a usar e abusar da dedicação do Sr. Hunuibal Por- sos. as pala\ras de lou\"or com rpie o distiniíui- lo. não poderiam esperar delle senão o brilho que ram. soube dar à sua honrosa, mas difficil incund)en- pui scnuida, S. Kx . passa a examinar a confe- cia. pois foi mercê dos seus esforços, da sua gran- ,.,.„^.j,, ,|,, sr Hannibal 1'orl., e diz p,.r sna vez. de capacidade de trabalho. »^^*» m»/^fi0m^ SOCIEDADE SUISSA RUA DE S. PEDRO N. 14 F9IO C3S JAIMEIIF^O Caixa Postal 1775 FIIjIAES S. Paulo - Porto Alegre ^Y' "'i/s c> ' I 'ara L *; Desnatadeira "SHARPLES" Temos estas afaniadas desnatadeiras, novo modelo â sucção, "única" des- natadeira com variação de velocidade e rendimento constante, de 100 a 2.000 litros por hora — á mão, polia e a vapor. Fornecemos todos os apparelhos para a industria de lacticinios: Bate- deiras, Salgad eiras, Latas e Baldes para conducção de leite, Ordenhadeiras "Shsrples"', Pasteurizador e Resfriador "Gaulin-Paris". Enviamos gratuitamente o nosso catalogo illustrado. Cor.sultem os nossos preços; attenderemos immediatamente. hv^Sif^^^^fíf*'^* ' »' r/^''»'»«)^l^*»»V|^**'^W OiRrinas (;r;i|>hica» ila A NOITE — Rua lin Carmo. 35 BOLETIM DA MACIONALDE AGRICULTURA JANEIRO A DEZEMBRO 1921 Ml í / ÍNDICE GERAL E ALPHABETICO índice geral Pagijias Um retrospecto que nos conforta ' 1 A questão do algodão continua em foco, pelo Dr. Hannibal Porto. 2 O Pará económico, pelo Dr. Alves de Souza 3 Impressões da minha viagem a Montevideo e Buenos Ayres, pelo Cel. J. César Lutterbach 5 A cultura da mandioca 13 Uma fabrica de artefactos de borracha no Pará 15 Uma Internacional Agrícola IS Relatório da Sociedade Nacional de Agricultura 16 A Thremmatologa e a Agricultura Moderna, pelo Agrónomo Wicar Teixeira 20 A cultura algodoeira na Mesopotâmia 21 O Credito Popu ar Agrícola e as Caixas Raiffeisen, pelo Dr. Plácido de Mello 22 Viagem ás índias — Cultura da Juta, pe'o Dr. Rodrigues Caldas. . 23 Apontamentos sobre as nossas prinqipaes forragens nativas e culti- vadas, pelo Dr. Ezequiel de Souza Britto 29 Óleo da semente de seringueira 32 O Brasil na p.ox'ma Exposição de Borracha 32 Movimento da Secretaria da S. N. de Agricultura 3Z Primeiro Congresso Americano de Agronomia 87 A poda e a polinização do Cacaueiro, pelo Dr. Araújo Góes. . . 88 A Thremmatologia e a Agricultura Moderna, pelo Agrónomo Wicar Teixeira 93 O Es'ado de Minas e a Immigração Japoneza, pelo Dr. Rodrigues Caldas . 94 A Escola Agrícola " Luiz Queiroz " 103 Relatório da Sociedade Nacional de Agricultura 107 No S. A. do Cacau ■ 110 Apontamentos sobre as nossas principaes forragens nativas e culti- vadas pelo Dr. Ezequiel de Souza Britto 111 Commercio Exterior do Brasil 114 ~^ Impressões da minha viagem a Montevideo c Buenos Ayres, pelo Cel. Júlio César Lutterbacji 117 Dhubri — A esmeralda da índia, pelo Dr. Rodrigues Caldas ... 119 i:^ A LAVOURA Paginas A meteorologia agricoia no Brasil, pelo Prof. G. Azzi 123 A Exposição da Borracha, em Londres 127 O zelai na America do Norte, pe'o Zootechnista Álvaro Ramos. . 129 A Thremmatologia e a Agriculiira Moderna, pelo Agrónomo Wicar Teixeira 134 Relato";o da Sociedade Nacional de Agricultura 135 .\ tamareira e a sua cultura, pelo Dr. Paschoal de Moraes. . . . 138 A nova Directoria da Sociedade Nacional de Agricultura .... 141 Exposição Regional de Gado. em Cordeiro , . 142 .\ agricultura e a colhe'ta de 1920 nos Estados Unidos. pe'o Cônsul Dr. Hélio Lobo 146 Pela pecuária nacional 149 .\ctas das sessões semanaes da Directoria da S. N. de .AgricuLura. 151 Obedecendo ao instincto — Um accidcnte interessante na índia . . 155 Credito Agrícola • . 157 Confederação Rural B^asleira 158 .\s carnes brasileiras na França e a propaganda patina 160 -Ji. pese bovina e suas consequências. — Uma indicação 161 O cambio e a producção, pelo Dr. .'\ugusto Ramos 162 Ensino agrícola e profissional em S. Paulo, em 1921. por \V. de \'. 165 O agodão no Egypto, pelo Dr. Nicolau Debanné 169 .\ pecuária nos Estados Unidos, pelo zootechnista Landulpho Alves. 170 Escola de -\gronom;a e de Veterinária do Pará. pelo Dr. Lyra Castro 173 Organização dos productores no Rio Grande do Sul 177 -A borracha e a Amazónia, pelo Dr. Benio de Miranda 179 Quantidade e qualidade 182 .\ crise, pelo Dr. Thomaz Coelho Filho 183 .■\ Directoria de Meteorologia e as opiniões do Dr. Sampaio Ferraz. 184 .\s nossas sementes oleaginosas 184 -Abastecimento de leite ás povoações, pelo Sr. F. Secco Elauri. . 185 O Brasil na Exposição de Londres, pelo Dr. Hannibal Po-to. . . 186 Xotas sobre avicultura 187 -A futura exposição do Ceníenario 188 Protecção aos ílageKados da .Amazónia 188 Noticiário 189 Uma triste verdade 192 Os pequenos lavradores do Dis'.ricto Federal 192 -As semanaes da S. N. de -Agricultura 193 -A defesa permanente do café 201 -A Exposição de Borracha de Londres 203 O zebú e a peste bovina (Pareceres da Sociedade e do Sr, Lyra Castro e indicação do Sr. -Augusto Ramos) 206 .A pro'ecção das plantas contra as geadas, pelo Dr. Thomaz Coelho Filho 212 Riquezas do Manacapurú (Municipio do -Amazonas) 213 A lavoura do algodão no Brasil (Conferencia do Sr. Arno Pearse). 214 índice geral PoginHS Barretos e a sua riqueza pastoril 220 Arroz nativo 219 A Usina Pedrosa, em Pe"nambuco, pelo Dr. J. L. Moreira da Rocha 222 O dia do Brasil na Exposição de Borracha de Londres 2217 A valorização do café, pelo Sr. Ferreira Ramos 229 A febre aphtosa e os sevis signaes característicos 231 Exposição de gado no Uruguay 231 O algodão paulista (Suggestões do Sr. W. W. Coelho de Souza). . 2?>2 Os serviços de meteorologia agricola no Brasil 234 A Sociedade Nacional de Agricultura e a Producção Nacional . . . 236 As próximas eleições á Junta Commercial (A candidatura Hannibal Porto) 237 O problema da immigração 237 O Milho 237 As semanaes da Sociedade Nacional de Agricultura 238 A colonização do Oyapock 246 A producção mundial do trigo 246 A união das classes ruraes 247 A Missão Pearse e o futuro da producção algodoeira no Brasil,, pelo Dr. Miguel Ca'mon 249 O Brasil e a immigração italiana 250 Federação das Associações Ruraes do R. G. do Sul 250 A industria dos frigorificcs e o exaggero dos impostos 251 A defesa permanente do café 254 Uma festa da riqueza nacional 257 A lavoura do cacau na Bahia 261 Arroz nativo 262 O problema brasileiro do pão, por W. de V 262 Questões de Hortologia, pelo Eng. agr. Thomaz Coelho Filho. . 263 A pecuária nacional, por D. M. Riet 269 Conhecendo o Brasil de perto, pelo Dr. Octávio Carneiro .... 270 Riquíssima collecção de ovos de aves brasileiras 275 A exposição de gado em Montevideo, pelo Sr. Isaac Elbas. . . . 276 O segundo concurso de tractores agrícolas promovido pelo M. de Agricultura 277 A organização dos productores sulriograndenses 289 Os couros brasileiros nos Estados Unidos, pelo Dr. Hélio Lobo. . 290 Industria Nacional de Nitratos 291 Nosso Café na Allemanha 291 A lavoura de algodão (Conferencia do Sr. Arno Pearse em São Paulo) 292 A Sociedade Nacional de Agricultura e a producção nacional . . . 295 A palha do millho para cellulose 297 Na data do Centenário (O 3.° Congresso Nacional de Agricultura e Pecuária e a Conferencia Internacional Algodoeira). . . . 298 Defesa dos nossos cannaviaes 299 -A LAVOURA Paginas Os novos sócios da Sociedade Nacional de Agricultura 299 As sessões semanaes da Sociedade Nacional de Agricultura. . . . 300 Commercio Mundial de Gado e seus derivados 307 Movimento da Secretaria da Sociedade Nacional de Agricultura . . 307 A lavoura da canna e a industria do assucar 309 O primeiro livro em inglez sobre o algodão brasileiro, por T. C. F. 311 A industria animal no Estado de Minas, pelo Dr. Álvaro da Silveira 3|14 O assucar — Projecto de lei creando a Caixa Nacional de Exportação do Assucar para o Estrangeiro — Commentarios 318 Coqueiros castrados, pelo Dr. Gregório Bondar 321 Instituto de Defesa Permanente da Producçào Nacional (.Projecto e commentarios) 323 Ejcposição feira de Bagé 324 O pão mixto brasileiro 326 O cacau bahiano, pelo Dr. Hannibal Porto iZ] O álcool na Industria 328 Cuidemos do rebanho caprino nacional, pelo Dr. João Baptista de Castro 330 Influencia da alimentação granosa na postura das gallinhas, por T. C. F 332 A. safra do trigo no Brasil i}i?í Contra o limo dos cacaueiros. por T. C. F. . . 'íiii Um problema económico resolvido por si mesmo — A regulamen- tação das horas de fabalho na agricultura — Parecer dos Drs. Bandeira de MeKo, Armando Ledent e Gonçalves Júnior . . iTii O espirito francez e a regulamentação das horas na agricultura. . . iif) Uma grande industria a incrementar no paiz (A installação da Socie- dade Brasileira de Apicultura) 336 O consumo do café brasileiro na Itália, pelo Dr. Deoclecio de Campos Hl ,3.° Congresso Nacional de Agricultura e Pecuária (Programma e estatutos) 340 Conferencia Internacional Algodoeira (Programma e estatutos). . 349 Mecano-cultura por W. de V 355 Lavoura do Algodão (Conferencia do Sr. A-no Pearse, na Bahia). 358 A S. N. de Agricultura e a producção nacional 361 Consultas e informações 263 Revista das Revistas 365 ,N,ovas usinas para álcool 365 Desinfecção dos estábulos, por T. C. F 365 Os doze mandamentos da agricultura, por T. C. F 367 Secção Commercial- 369 As semanaes da S. N. de Agricultura 375 Movimento da Secretaria da S. N. de agricultura i'èl índice alphabetico paginas Abastecimento de leite ás povoações (Trad.) por F. Secco Elauri. . 185 Acção (A) da S. N. de Agricultura em favor dos empregos indus- triaes do álcool 330 Actas das sessões da Sociedade N, de Agricultura — 151, 193, 238, 300 e 373 Adubos chimicos (Preços de) 364 Agricola (Uma Internacional) 15 Agricola (O credito popular) e as Caixas Reiffeisen, pelo Dr. Plá- cido de Mello 22 Agricola no Brasil (A meteorologia) pelo prof. G. Azzi 123 Agricola (O Credito) 157 Agricola e profissional (O ensino), por W. de V 165 Agricola e pastoril (O Rio Grande) 374 Agricola e pastoris (Núcleos) 172 Agricultura e Pecuária (3° Congresso Nacional de) 298 e. . . 340 Agricultura moderna (A Thremraatologia e a), pelo Sr. Wicar Tei- xeira, 20, 93 e V., ....!.■. . 134 Agricultura raciona! (Os doze mandamentos da) por T. 'C-. F. . . 367 Agricultura (A) e a Colheita de 1920 nos Estados Unidos, pelo; Dr. Hélio Lobo 146 Agricultura (A Regulamentação das horas de trabalho na) Parecer da Sociedade Nacional de Agricultura 333 Agricultura (O espirito francez e as horas de trabalho na) .... 336 Agronomia e Veterinária do Pará (Escola de) pelo Dr. Lyra Castro. 173 Agronomia (1.» Congresso Americano de) 87 Álcool desnaturado 361 Álcool industrial 328 Álcool (A acção da S. N. de Agricultura em favor das emprezas industriaes do) 330 Álcool (O) como combustível no automobilismo 328 Álcool (O) motor na Guyana Ingleza 329 Alimentação (Influencia da) granosa na postura das gallinhas, 332 por T. C. F 332 A LAVOURA Papinas Algodão (O beneficiamento do) 364 Algodão (Preços) 369 e 371 Algodão brasileiro (O I" livro em inglez sobre o) por T. C. F. . . 311 Algodão (A questão do) continua em foco, pelo Dr. Hannibal Porto 2 Algodão (O) no Egypto, pelo Dr. Nicolau Debanné 169 Algodão no Brasil (A iavoura do) — Conferencia do Sr. .\rno Pearse na Sociedade Nacional de Agricultura 214 Conferencia do mesmo em S. Paulo 292 Conferencia do mesmo na Bahia 358 Algodão paulista (Suggestões do Serviço Federal do Algodão). . . 2i2 Algodoeira (Conferencia Interncional ) 298 e 349 Algodoeira (A Missão Pearse e o futuro da producção) pelo Dr. Miguel Calmou 248 Algodoeira (A cultura) na Mesopotâmia 21 Amazónia (A borracha e a) pelo Dr. Bento de Miranda 179 America do Norte (O Zebú na) pelo Dr. Álvaro Ramos 129 Analyse qualitativa de diversas plantas forrageiras 316 Animal (A industria) no Estado de Minas 314 Angora (Cabra) HZ Aphtosa (A febre) e os seus signaes característicos 231 Apicultura (Sociedade Brasileira de) — Installação 336 Apontamentos sobre as nossas principaes forragens nativas e culti- vadas, pelo Dr. Ezequiel de Souza Britto, 29 e 111 Arroz nativo, 219 e 262 Artefactos de borracha no Pará (Uma fabrica de) IS Associações ruraes do Rio Grande do Sul (Federação das). . . . 250 Assucar (Preços) 369 e 372 Assucar (A lavoura de çanna e a industria do) 309 Assucar (O) — Projecto de lei creando a Caixa Nal. de Exportação do Assucar, apresentado á Camará pelo Dr. Miguel Calmon (Commentarios) 318 Assucareira (A nossa industria) A usina Pedrosa em Pernambuco, pelo eng. agr. J. L. Moreira da Rocha 222 Assumptos Diversos 381 Automobilismo (O álcool como combustível no) 328 Aves brasileiras (Riquíssimas coUecções de ovos de) 275 Avicultura (Notas sobre), Gil M. A. Amora 187 Baixa (A) de Cambio 375 Banheiros Carrapaticidas (A industria animal no E. de Minas Geraes). 318 Barretos e a sua riqueza pastoril. . . . , 220 Batatas (Pulverização das) 363 Beneficiamento (O) do algodão 364 índice ALPHABETICO 7 J'ai;ínas Borracha (A exposição de) em Londres. 127. 186, 203, 227/. e . . . 257 Borracha (O Brasil na próxima exposição de) 32 Borracha (Uma fabrica de artefactos de) no Pará 15 Borracha (A) e a Amazónia, pelo Dr. Bento de Miranda. . . . 179 Brasil (O) e a immigração itaKana -50 Cabra Xabiana Zaraiba ^3^ Cabra Mambrina • 333 Cabra Angora ■ o^^J Cabras famengas .•■....' 332 Cacau (O) ■ ■ 3Í.'} Cacau (O) bah-ano, pelo Dr. Hannibal Porto 327 Cacau (A lavoura do) na Bahia 261 Cacau (O S. A. do) 110 Cacaueiro (A poda e a polKnizção do) pelo Dr. J. de Araújo Góes. 88 Cacaueiros (Contra o limo dos) 333 Caf« (O) • . • 380 C-^íé (Preços), 369 e 371 Café (Nosso) na Alemanha 291 Café brasileiro (O Consumo do) na Itália, pelo Dr. Deoclecio de Campos 337 Café (A defesa permanente do). 201 e 254 Café (A valorização do) — Exposição do Dr. Ferreira de Ramos sobre a producção e a safra actual de Café brasileiro S9 Caixa Nacional de Exportação do Assucar (Projecto e Commentarios) 318 Caixas Raiffeisen (O credito popular agrícola e as) pelo Dr. Plá- cido de Mello 22 Cambio (O) e a producção, pelo Dr. Augusto Ramos 162 Cambio (A baixa do) 375 Candidatura (A) Hannibal Porto á Junta Commercial 237 Canna (A lavoura da) e a indusLria do assucar 303 Cannaviaes (A defesa dos nossos) 299 Caprino (Cuidemos do rebanho) nacional 33U Carnes (As) brasileiras na França e a propaganda platina .... 160 Carrapaticidas (Banheiros) A industria animal no E. de Minas Geraes. 318 Cellulose (A palha de milho para) 297 Classes ruraes (A união das) 247 Colonização (A) do Oyapock 246 Commercial (Secção) 368 Commercio mundial de gado e seus derivados 307 Commerc^o exterior do Brasil (A crise de alguns productos em 1920) 114 Concurso (2°) de tractores agrícolas (Relatório) 277 Conferencia Internacional Algodoeira, 298 e 349 — 8 ■ A LAVOURA Paginas Conferencia do Sr. Arno Pearse em S. Paulo, na Bahia e na Socie- dade X. de Agricultura (A cultura do Algodão no Brasill, 214, 292. 358 e 278 Conferencia do Dr. Octávio Carneiro (De Pirapora a Joazeiro pelo S. Francisco) 270 e 379 Confederação Rural Brasileira 1^8 Congresso (3°) Nacional de Ag^icultu-a e Pecuária, 298 e. . . . 340 Congresso (1°) Americano de Agronomia 87 Consultas e Informações (varias) 365 Consumo (O) do café brasileiro na Itália, pelo Dr. Deoclecio de Campos i-^"^ Consumo (O) de mercadorias no Rio 369 Contra o limo dos cacaueiros 333 Coqueiros castrados, pelo Dr. Gregório Bondar 321 Couros (Os) brasileiros nos Estados Unidos, pelo Dr. Hélio Lobo . 290 Credito Agricoia 157 Credito (O) Popular Agrícola, pelo Dr. Plácido de Mello. ... 22 Crise (A) pelo eng. agr. Thomaz Coelho Filho 183 Cuidemos do rebanho caprino nacional 330 Cultura (A") algodoeira na Mesopotania 21 Cultura (A) da mandioca 13 Cultura da Juta (Viagem ás índias) pelo Dr. Rodrigues Caldas. . 23 Cultura (A tamareira e a sua) pelo Dr. Paschoal de Moraes . . . 138 Cultura (Mecano) Motocultura, por W. de V 35o O Defesa (Instituto de) permanente da producção nacional (Projectb de lei e commentarios) 323 Defesa dos nossos cannaviaes 299 Defesa (A) permanente do café, 201 e 254 Dhubri — A esmeralda da índia, pelo Dr. Rodrigues Caldas. 119 Directoria (A nova) da Sociedade Nacional de Agricultura. ... 141 Distribuição de prémios aos expositores brasileiros que concorreram á Exposição de Borracha de Londres 257 Diversos assumptos 381 Doze (Os) mandamentos da agricultura racional, por T. C. F. . . 367 Económicas (Possibilidades) do Brasil 381 Empregos industriaes do álcool (A acção da S. N. de Agricultura em favor dos) . . '.''.'''. . . ■ . 330 Ensino agrícola e profissional em S. Paulo, por W. de V. . . . 165 Escola (A) Agrícola L. de Queiroz e a recente Viisita do M. de Agri- cultura '/'"'.''■''. 103 índice ALPHABETICO Paginas Escola de Agronomia e ^'eterinaria do Pará, pelo Dr. Lyra Castro. . 173 Esmeralda da índia (A) — Dhubri — pelo Dr. Rodrigues Caldas. 119 Espirito (O) francez e as horas de trabalho na Agricultura. . . 336 Estrada de rodagem na Bahia 361 Exaggero dos impostos (A industria dos frigoríficos e o), pelo Dr. Carlos Monteiro de Barros 251 Exportação do assucar (Caixa Nacional de) Projecto e commentarios 318 Exposição (A) de borracha em Londres. 32, 186, 203, 227 e. . . . 2S7 Exposição (A futura) e o Ministério da Agricultura 18S Exposi<;ão feira de Bagé 324 Exposição Regional de Gado em Cordeiro — E. do Rio 142 Fabrica (Uma) de artefactos de borracha no Pará 15 Farinha de mandioca 364 Febre (A) .\phtosa e os seus signaes característicos 231 Federação das Associações Ruraes do R. G. do Sul 250 Festa (Uma) da riqueza nacional (Distribuição de prémios aos expositores brasileiros que concorreram á Exposição de Londres 257 Flagellados na Amazónia (Protecção aos). ... 188 Flamengas (Cabras) 332 Forragens nativas e cultivadas (.\pontamentos sobre as nossas prin- cipaes) pelo Dr. Ezequiel de Souza Britto 29 e 111 Frigoríficos (A industria dos) e o exaggero dos impostos, pelo Dr; Carlos Monteiro de Barros 251 C Gado (Commercio Mundial de) e seus derivados 307 Gado c Exposição Regional de) em Cordeiro 142 Gado (Exposição de) no Uruguayi. 231 e 276 Gailínhas (Influencia da alimentação granulosa na posturaj das), por T. C. F 332' Geadas (.A. protecção das plantas contra as), pelo eng. agr. Thomaz Coelho Filho 212 H Hannibal Porto (.\ candidatura) á Junta Commercíal 237 Horas de trabalho na agricultura (Regulamentação das) Parecer da S. X. de Agricultura 333 Horas de trabalho na agricultura (O espirito francez e as) .... 336 Hortologia (Questões de) pelo eng. agr. Thomaz Coelho Filho. . 263 — 10 A LAVOURA I Kagin.TS Immigração (O pro1)leiTia da) 237 Immig-ação italiana (O Brasil e a) 250 ■Immigração japoiieza (O Estado de Minas e a) pelo Dr. Rodrigues Caldas 94 Immunização dos rebanhos (A industria animal no E. de Minas Geraes) 31S Impressões de minha viagem a Montevideo e a Buenos Aires, pelo Cel. I. César Lutterbach. 5 e 117 Industria Assucareira (A nossa) A Usina Pedrosa em Pernambuco, pelo eng. agr. J. L. Moreira da Rocha 222 Industria (A) dos frigoríficos e o exaggero dos impostos pelo Dr. Carlos Monteiro de Barros 251 Indus.ria nacional de nitratos 291 Industria (A) animal no Estado de M-nas 314 Industrial (Álcool) 328 Influencia da alimentação granosa na poslura das galHníias, por por T. C. F • . 332 Internacional Agrícola (Uma) 15 Instituto de defesa permanente da producção nacional (Projecto de lei e commtntario) 323 Joazeiro — (De Pirapóra a) pelo rio S. Francisco; conferencia do Dr. Octávio Carneiro 270 Junta Commercial (A candidatura Hannibal Porto á) 237 juta { .\ cultura da) pe.o Dr. Rodrigues Caldas 23 Lavoura (A) do algodão no B!-asiI — Conferencias do Sr. Arno Pearse em S. Paulo, na S. N. de Agricultura e na Balnia, 214, 292 e 358 Lavoura (A) do cacau na Bahia . . 261 Lavoura (A) da canna e a industria do assucar 309 Leite (Abastecimento de) ás povoações (Trad.) por F. Secco Elauri. 185 Limo dos cacaueiros (Contra o) m Linhas telegraphicas (Construcção de) 363 Livro (O primeiro) em inglez sobre o a'godão brasileiro, por T. C, F. 311 índice alphabetico M Paíjina I^Iambrina (Cabra) 333 Mandamentos (Os doze) da agricultura racional, por T. CF. . . 367 Mandioca (A cultura da) 13 Mandioca (Farinha de) 364 Mecano-Cultura, por W. de V 355 Melhoria das pastagens 314 Mercado do Rio • 372 ileteorologia (A) ag-icola no Brasil, pelo prof. G. Azzi .... 123 Metereologia agrícola no Brasil (Os serviços de) 234 Mc.eorolog!a (A Directoria de) e as opiniões de seu chefe . . . 184 Miho (O) 237 Milho (A palha de) para a ce.lulose . 297 Missão Pearse (A) e o fu'uro da producção algodoeira, pelo Dr. Mi- guel Ca.mon 249 Motocultura (Mecano-cultura) por W. de V 3o5 Movlmenlo da Secrearia da Sociedade N. de Agricultura, 32. 246. 307 e 382 N Xitratos (A industria nacional de) 291 No Syndicato dos Agricultores de Cacau 110 •Xotas sobre avicultura, por Gil Amora 187 Noticiário 189 Nosso Café na Aliemanha 291 Nubiana Zaraiba (Cabra) 333 Núcleos agricoas e pastoris 172 O que o Rio consome 369 Óleo da semente de seringueira 32 Organização (A) commercial dos productores sul-riograndenses, 177 e 289 Ovos de aves brasileiras (Riquíssima coUecção de) 275 Oyapock (A colonização do) 246 Palha (A) de milho para cellulose 297 Pão misto brasileiro (O problema do), por W. de V 262 Pão Misto Brasileiro (O) 326 Pará (O) económico, pelo Dr. Alves de Souza 3 12 A LAVOURA Paginas Parecer da. S. N. de Agricultura sobre o projecto de organização dos productores sul-riograndenses 177 Pastagens ( Melhoria das) A industria animal no E. de Minas Geraes 314 Pastoril (Barretos e a sua riqueza) 22(1 Pastoril (O Rio Grande Agrícola e) 374 Pastoris (Núcleos, agricolas e) 172 Pearse (A missão) e o futuro da producção algodoeira no Brasil, pelo Dr. Miguel Calmon 249 Pecuária (Pela) nacional 149 Pecuária (A) nos Estados Unidos (Trecho da conferencia do eng. agr. Landulpho Alves) 170 Pecuária (3° Congresso Nacional de Agricu'tura e) 208 e. . . . 340 Pecuária nacional (Evoluir é progredir), pelo Cconel Delphim M. Riet . . ■ . 269 Pequenos (Os) lavradores do D. Federal 192 Pestalozzia palmarum (Coqueiros castrados), pelo Dr. Gregório Bondar. 321 Peste bovina (A) e as suas consequências (Uma indicação do ■ Sr. Silva Araújo e resoluções tomadas pela S. N. Agricultura) 161 Peste bovina (O Zebú e a) — A questão debatida na S, N. de Agri- cultura 206 e 375 Pirapóra (De) a Joazeiro, conferencia do Dr. Octávio Carneiro. . 270 Plantas forrageiras (Analyse qualitativa de diversas) 316 Poda (A) e a pollinização do cacaueiro, pelo Dr. J. de Araújo Góes 88 Possibilidades económicas do Brasil 381 Postura das gallinhas (^Influencia da alimentação granosa na) por T. C. F 332 Preços de adubos chimicos 364 Preços do algodão 369 e 371 Preços do assucar, 369 e 372 Preços do café, 369 e 371 Preços na Bahia 373 Preços em Manaus 373 Preços em Porto Alegre 373 Prémios (Distribuição de) aos expositores que concorreram á Expo- sição de Londres 257 Problema da immigração (O) 237 Producção nacional (Instituto de defesa permanente da) Projecto de lei e commentario 323 Producção (O cambio e a), pelo Dr. Augusto Ramos 162 Producção Nacional (A S. N. de Agricultura e a) 236, 295 e. . . 363 Producção (A) mundial do trigo 246 Producção algodoeira no Brasil (A missão Pearse e o futuro da), pelo Dr. Miguel Calmon 249 Productores riograndenses (A organização dos) 289 índice ALPHABETICO 13 — Paginas Projecto de lei creando a Caixa Nacional de Exportação do Assucar — Commentarios 318 Protecção (A) dos flagellados na Amazónia 188 Protecção (A) das pantas contra as geadas, pelo eng. agr. Thomaz Coelho Filho 212 Pulverização das ba'atas 363 Quantidade e Qualidade (Para a ampliação de nosso commercio exterior 182 Questão (A) do algodão continua em íóco, pelo Dr. Hannibal Porto 2 Questões de Hortologia, pelo eng. agr. Thomaz Coelho Filho. . . 263 Rebanhos (A Immunização dos) A industria animal em Minas Geraes. 315 Recepção e conferencia do Sr. Arno Pearse na S. N. de Agricultura 378 Re.5u'amentação (A) das horas de trabalho na agricultura (Parecer da S. N. de Agricultura) 333 Relatório da S. N. de Agricultura (Anno 1916) — 16, 107 e. . . . 135 Relatório do 2° Concurso de Tractores agrícolas 277 Resoluções tomadas pela S. N. de Agricultura (A peste bovina e as suas consequências — Uma indicação do Sr. Silva Araújo) . . 161 Retrospecto (Um) que nos conforta 1 Revista das Revistas 361 Rio Grande (O) agricola e pastoril 374 Riquezas de Manacapurú 213 Riqueza pastaril ( Barretos e sua) 220 Riquíssima collecção de ovos de aves brasileiras 27o Rodagem (Estrada de) na Bahia 361 Ruraes (A união das classes) 247 Safra (A) do trigo no Brasil 333 Secção Commercial 368 Sementes oleaginosas (As nossas) 184 Seringueira (O óleo da semente de) 32 Serviços (Os) de Meteoro'ogia agricola no Brasil 234 Sociedade Brasileira de Apicultura. (Sua installação) 336 A LAVOURA Sociedade Nacional de Agricultura: — Actas das sessões semanaes — 151. 193, 238. 300 e. . . . 373 — Movimento da Secre'aria. 32, 246. 307 e 382 — Actas das sessões semanaes — 151. 193. 238. 300 e. . . . 373 — Xòva D.recloria 141 — Novos Sócios 299 — Pela producção nacional, 236, 295 e 363 — Relatório ( Anno 1916) 16. 107 e 135 Syndicato (No) dos Agricultores de Cacau 110 Tamarei"a (A) e a sua cultura, pelo Dr. Pasclioal de Moraes. . . 138 Terceiro Congresso Nacional de Agricultura e Pecuária, 298 e. . 340 Thremmatologia (A) e agricultura moderna, pelo eng. agr. Wicar Teixeira, 20, 93 e 134 Tractores Agrícolas (O segundo concurso de). Relatório .... 277 Transportes na E. F. Central do Brasil 362 Trigo (A producção mundial do) 246 Trigo (A safra do) no Brasil 333 Triste verdade (Uma) 192 u Um retrospecto que nos conforta 1 Uma fabrica de artefactos de borracha no Pará 15 Uma Internacional Agricola 15 Uma grande industria a incremeníar no paiz (A installação da S. Brasileira de Apicultura 336 União (A) das classes ruraes 247 Usina Pedrosa em Pernambuco (A nossa industria assucareira) pelo eng. agr. J. L. Moreira da Rocha 222 Valorização (A) do café — Exposição do Dr. Ferreira Ramos so')re a producção e safra actual e futura do café brasileiro. . . . 229 Veterinária no Pará (Esco'a de Agricultura e). pelo Dr. Lyra Castro 173 ÍNDICE ALPHABETICO 15 — Paginas Viagem a Montevideo e a B. Aires (Impressões da m!nha), pelo Coronel J. César Lutterbach. 5 e 117 Viagem ás Índias (Cultura da Juta) pelo Dr, Rodrigues Caldas. . . 23 Visita do Ministro da Agricultura á Escola Agrícola L. de Queiroz. . 103 Zebú (O) na America da Norte pelo Sr. Álvaro Ramos. ..... 129 Zeljú (O) e a peste bovina (A questão debatida na Sociedade Na- cional de Agricultura) 206 e 375 ^ :-^ N(.'w York Botanical Garden LJbrary 3 5185 00292 7539