/ \" / cy > ■ . * V V I t • 1 1 ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL DO RIO DE JANEIRO l d b > ARCHIVOS MUSEU DO NACIONAL DO RIO DE JANEIRO ' - 67 Nunquam aliud nalura. aliud sapientia dicil. J. 14, 321 In silvis academi quaercre rerum, Quamquam Socraticis madet scmionibus. H. y RIO DE JANEIRO IMPREINSA NACIOINAL 1917 ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL COMMISSÀO DE REDACÇÃO ^-. VHO L MIRAHDA R. uí:tt£-fihto A correspondência relativa aos " ARCHIVOS DO MUSEU NACIONAL " deve ser dirigida ao director do Museu Quinta da Boa Vista — Rio de Janeiro. ^m E. ROQUETTE=PINTO Professor do Museu Nacional do Rio de Janeiro e da Academia de AIlos Estudos, 20 Secretario do Instituto Histórico e Gcographico Hrasilciro e da Sociedade Brasileira de Scicncias, Docente da Faculdade de Medicina e da Escola Normal. OQ ANTHROPOLOC4IA ETHNOGRAPHIA ■ ■ « Possam minha Esposa e meus Filhos, nestas paginas, encontrar motivos para amar ainda mais o Brasil e razões para bem servil-o. E. Tíoqueffe-PJnfo. sciENCiA vai transformando o mundo. o (( paraíso », sonhado pela gente de outras idades, começa a definir-se aos olhos dos modernos, com as possibilidades que o passado apenas imag inava. O homem culto chegou a voar melhor do que as aves; nadar melhor do que os peixes; libertou-se do jugo da distancia e do tempo; realiza na America o que concebeu na Europa, alguns segundos H antes; ouve a voz do? que morreram, conservada em laminas, com o seu timljre, e as inflexões da dor e da alegria ; immortaliza-se, archivando a palavra articulada, com todas as suas características, e as suas formas e seus movimentos com todas as minúcias; e cmquanto, magico inesgotável, vai transformando o mundo c luctando contra o absolutismo da morte, fazendo reviver as vozes que ella extinguiu, as formas que ella decompoz, o homem se esquece de transformar-se a si mesmo, com a mesma vertiginosa rapidez. * * * m Elle, que tem realizado tudo isso; que vive hoje, em outro meio, permanece, afinal, quasi o mesmo primitivo, sentindo, pensando e agindo, muitas vezes, como seus antepassados das idades lithicas. Salvo os typos de escolha, que representam a humanidade do futuro, os homens cultos do Planeta mostram-se índios de pelle branca, cobertos por uma crosta, mais ou menos espessa, de verniz brilhante. Si é que não irrogo uma injustiça, aos pobres índios, que nem palavra creáram para o « altruísmo », e, mais de uma vêz, têm realizado, apezar de XII tudo, aquillo que elles não sabem que se chama — «solidariedade humana » e que nós outros sabemos bem como se escreve e como se nào pratica. Um dia, quando nada mais houver a melhorar, o homem culto acabará, eu o creio, aperfeiçoando-se a si mesmo. * * * Por isso que o homem, no fundo, não varia, o verso de Pope exprime uma verdade : Theproper stuchj of mau is mmiklnd. * * -k Os Índios da Serra do Norte, no Estado de Mato-Grosso, representam talvez, neste momento, a mais interessante população selvagem do mundo. Vivem, ainda hoje, em estado de accentuada inferioridade. Foram surprehendidos em plena idade lithica; e assim uma civilização fóssil foi encontrada no coração da America do Sul. ^ Aqui, mais do que alhures, justiíica-se a observação de Bastian, segundo a qual a pre-historia se confunde com a historia nas terras da America. Os Índios da Cordilheira do Norte viveram, até agora, completamente apartados do resto da população do Brasil; rodeados de outras tribus, durante séculos, fugiram ao contagio de usos e costumes de seus vizinhos. Estes empregam armas de fogo, ha mais de meio século; os Índios da Serra do Norte ouviam as nossas, com todas as demonstmções de quem não está ainda bem acostumado a seu estampido. A pelle do homem negro e a do homem branco, que todos os Índios do Brasil conhecem, desperf conforme testemunhamos em muitos delles, grande surp r * * * 1 No primeiro capitulo deste trabalho, procurei detnonstrar o gráo de gnorancia a que estávamos reduzidos, quanto ao conhecimento dessa região vastíssima do território pátrio. No capitulo seguinte, julguei imprescindivel indicar a maneira por que o coronel Cândido Rondon abriu aquella interessantíssima zona ao passo dos estudiosos. XIII * * • I A obra scicntiíica e social de RoíiJoii nào pode ser assas admirada; este t livro dará pallida demonstração de um tal asserto. 4 Em cinco annos de trabalho, Rondon conquislou, pacificamente, nl- guus milhares de kilometros quadrados, agora cm condições d_e fácil valori- zação. De cada indio, cuja ferocidade não era uma lenda vã, e cuja animosi- dade sacrificou tantos homens, fez um amigo. Abriu á sciencia um campo enorme de verificações e doscoljcrtas ; A industria, todas as riquezas de florestas seculares. Soube coroar sua acli- * vidado, estendendo o fio tclcgraphico, que os Parecís chamam <( língua de Mariano», em homenagem ao seu gi-ande amigo, enlre pontos exíi-oiuos do sua pátria que ligou por uma gigantesca estrada de rodagem. E oíTereceu á Humanidade irmãos primitivos, que mais uma vez llic recordam a modéstia de sua origem * * * Não inc illudo sobre o valor o a extensão da collieita scicntiíica que h realizei na Serra do Norte, nas terras da Rondoma. (1) ■ Emquanío os Índios se não aíTciçoarcm a nós, como Naléke ao tenenfc Pyrineus de Souza (2); emquanto sua boa vontade se não transformar em confiança absoluta; e elles permanecerem pouco dóceis ás nossas pes- quizas; não conhecermos a lingua delles, e elles a nossa, suíTicientemente, será impossível obter mais do que consignam os do<:umentos aqui regis- tados. Seria rematada prova de incapacidade imaginar que se j)ódc collier, de uma vez, todos os segredos ethnograj)hicos de um tal povo. Os Parecís foram descobertos em 1718. Foram visitados, desde então continuamente, por sertanistas intelligeutes, depíjis por naturalistas, e ató por ethnologos de valor. Ha quasi dois séculos, vivem cm communhão estreita com os brasi- leiros de Mato-Grosso. (1) Cf. E. Roqiietto-Pinlo : A Roíiilonia — iu «Revista do Brasil >, S. Panlo — l'Jl*''. (2) Nuléke — é um rapai Aiiunzé, amigo dcdicadissinio do tenente Pjrineus de Souza. XIV No entanto, só agora, por amizade do alguns vcUios chefes inOuciites, pôde Rondon conseguir algumas lendas, tradições c explicações de maior alcance. * * • Portanto, ficou ainda, na Serra do Nor-le, uma si^-ie do ({in-stões que o tempo irá permittindo desvendar. Será isso contriiiuiçào dos que tiverem de zelar pelas construcções da Commissão Rondon. Mt'rand(> lá annos a fio, poderão ir archivando os factos que observarem de visu, á medida que forem apparecendo, ao acaso da vida dos Índios. Hoje, annnfa-se um; passara dias e mczes sem que o mesmo phenomcno se reproduza. Espera-se. Na occasião em que resurge, continua-se a observação. Para decifrar os enigmas de um povo selvagem c preciso o concurso de adores. E ha enigmas que ficarão, eternamente, na somí Q souberem fal gua, e algum d der entender meros phenomenos primitivos ( mes ■ risticas artísticas, religiosas, sociaes, estarão dctur[)ados pela intromissão de elementos extranhos, que os nossos continuamente fornecem. Agora mesmo, os machados de pedra não existem mais na Serra do Norte ; cada indio já possue machado de aço. Riem-se. até os Nambikuáras daquelle venerável instrumento que, ha dois ou três annos, era elemento fundamental de sua vida, derrubando jnel e fazendo roçadas. * * * Em minha excursão á Rondoniâ, em 1912, procurei archivar esses phenomenos que se vão sumindo vertiginosamente. Tentei tirar um inskuUaneo da situação social, anthropologica e ethno- graphica, dos Índios da Serra do Norte, antes que principiasse o trabalho de decomposição que nossa cultura vai nelles processando. Esta /?rowí photo graphica, quero deixal-a sem retoques: ella ahi está. E um cliché crã. As vezes, parece um pouco melhor porque me foi pos- sível emmoldural-o num quadro mais agradável. Mas os traços do contorno, as minúcias, as sombras, aqui estão tal qual os apanhei. Um dia, servirão, talvez, para recompor a historia desse povo, as mo- destas notas que ficam registadas neste livro. XV Nesse tempo, já serão bem conhecidos sua lingua, suas lendas, sua arte e os segredos do seu fetichismo. Quem sabe si mais tarde, um filho da Rondonia, bisneto de alguns desses que deixei com saudade em 1912, educado por um successor do Mestre, si o houver capaz de recolher a herança, não folheará estas notas, para ligal-as ao material conhecido e traçar, assim, a noticia completa do seu povo? * * * Aos Srs. professores Bruno Lobo c Sérgio de Carvalho, do Musi^u ; M. Cícero Peregrino da Silva, director da Blbliotlieca Nacional; e aos r l Srs. Alberto Childe, Santos Lahera, A. Ribeiro, e a todos quantos pres- taram seu concurso á publicação deste trabalho, agradeço sinceramente a boa vontade manifesta durante sua impressão. O interesse e a dedicação do professor Bruno Lobo, director do Museu N;»cional, conseguiram elemeníos ([ue me permíttiram publicar farta do- cumentação das minhas modestas notas; toriitiram-no credor da minha especial gratidão. S. ^oçueffe-ÇJ^info. pi Mato- Grosso é feita de VIVOS e característicos. Numerosos cursos d'agua dominam o massiço de que se dividem naturalmente em Planícies pantanosas se dil pela porção meríd do estado campos relvados, onde se adensam, neste momento, grandes manadas < / / V Fig. 1 «Plancha» do rio Sipotuba (Segundo croquis do autor) O planalto se esgueira e se intromette entre as cabeceiras numerosas dos rios, secco, arído, clieio de plantas enfezadas e tristes ; o planalto é o cíchapadão». Enfim, a região das montanhas do Norte é coberta de florestas colossaes. Todavia, margeando os grandes rios, ou adornando os mananciaes, a com sua sombra e seus mata, por toda parte, cresce e domina ; conforta fructos ; espanta com suas formas. Quem atravessa Mato-Grosso nota que seus arroios orientados para o Norte, contribuintes do Amazonas, e os que se vão perder no Paraguai, 1 2 como nhãs. D o quo ellcs SC opara q liara sou < P razão de uma vontade individual. Quem bebe pela aguas que deveriam ir tei Atl ('(I me- ridional, á tarde pnde matar a sede em outras aguas, destinadas ao Atlant A comitiva almoça á beira de um regato filiado no Rio da Prata, c pôde sestcar á margem de uma cabeceira da bacia do A Cerca de 18 kilometros de chapad d Aldeia Queimada, pe Verde Aq Sipot ue faz parte do outro systema. s aguas do Juruena, que se approximam tanto das aguas d perto da velha cidade do Diamantino, o teri-ono crue sonai- Paraguai do Arinos 6 aind Quem diria, passando pela bocca do A aguas vêm do mesmo gar onde brotam í^onas, que muitas da que o Rio da Prata mil kilometros mais ao S d Um dia, quando a carta de Mato-Grosso for um s ( oje, ha de ser possslvel, talvez, mostrar oue oB completo presu descobridore Chegando a Mato-Grosso pelo caminho usual, não se comprchende porque assim foi baptisada aquella terra, pois para ver mato-grosso, em Mato-Grosso, é preciso attingir latitudes baixas, onde a civilização vai poucos se mfiltrando, pela coragem e pela fi tanej quaes recentemente a sciencia abriu, lá mesmo, novas entradas, caminhos espei de trabalho e de vid ^ » ♦ * Aquelle foi, é bem c( q encontra dent penetrado pelos port tempo antes de do ali os primeiros estabelecimentos de outra origem europé Por attender á J do geographo Cândido Mendes, é mister distinguir, nesse território, a parte conquistada pelos lado S. Pa F{ difficil pa dental, da outra por desbra pelos neo-brasilciros d caminho dos 'a íírandes b pr Para w navegação é um tanto e sobre cujas margens âe ergueram, desde Irala e Nuno Chaves, as feitorias casteliianíi relativamente ílxcíI para m 1575 Domingo Mart Para No entanto, a falta de minas de ouro e a hostilidade das de grandes alagados, por do versa, 3 foram circumstancias que favoreceram o domínio portuguez, desanimando os siiccessores de Irala e Chaves. O caminho PauHstas foi mais ard c, talvez por isso, de e menos precária das terras que foram varando A conquista, deste lado, fez-se aos poucos. Ao que se Ic em certas chronicas, 15 annos mai menos depois do descobrimento, um certo Aleixo Garcia saiu de S. Paulo, conseguiu atra- Mato-Grosso, pela foz do Jaurú, para os An hespanhoes do Pe Si a data precisa da faç de daquella: Pelo todavia, acreditar (pie hem cedo por osso lado, a invasão branca permanece ainda sujeita á controvérsia, os bandos de S. F U se foram incursões ■ 4 tomaram amljito maior depois de 159G quando os padres da Comnanhia de Jcsu: Lxm de 26 governo e a administrai -ào do tcnd Pouco impni'ta discutir aqui a interfe- ia dos padres, para apurar si, comba- polio dós braços dos traljalliad cathecú menos.- Basta registar que- o resultado dessa conducta dos Tgnacianos fui animar a obra do descobrimento das grandes terras do Oeste. Porque, nào podendo obriírar os indios Fig. 2 — índio Pareci assoando-se. da vizinhança, nem querendo pagar á Conq)anhia o tributo que lhes im apoiadti os infie lavras. Rei, os Pa Lxncaram para ir conquistar os bárbaros, obreiros que seriam de suas culturas e de suas cada em Outras causas não leve o augmontu da impoi tacão dos negros, come- q D iai'te Coelho pediu ao Rei D. João III que lhe ((fizesse mercê de lhe dar licença e maneira de haver alguns escravos de Guino )). T.onge de mim querer reeditar a liistoria daquclles bandos do gente ou- ada. Um punhado de homens, perdidos na terra hostil ; ambição, firmeza, coragem, fé no coração de cada qual, douradas por muito heroísmo ; e, as vezes, manchadas de sans^ue. 4 E, disso tudo, saiu tanín brilho quo luistou para deixar á sombra os crimes contra a espccie, que naquellas cmprczas se passaram. * * * Das «bandeiras », que primeiro checaram a Mato-Grusso, foi dliiirida por António Pires de Campos a que mais nos interessa. Vão de 1718 a 1723 as notas deste scrtanista, discipulo do sou pac, Manoel de Campos, a quem acompanliava já na idade de 11- a n nus, ás batidas do valle do Paranatiniía. Também em 1719, Paschoal Moreira Cabral cbei-ava ás regiões do Cuiabá, descobrindo o ouro do rio Coxipó. A fama destas minas, que um novo adiado, em 1720, ainda incre- M nientou, quando Miguel Sutil, antigo companlieiro de Pascboal, recebeu de lavradores seus algumas oitavas de ouro, atrahiu o desejo dos conquis- tadores vicentistas. E, quando o ouro se fez escasso, começaram a subir pelo planalto dos Parecís, onde havia bastas nações de Índios. Foi, só então, que o chapadão principiou a ser conhecido. F Mais tarde, o sertão de Cuiabá foi chamado «Mato-Grosso ». Quando? Porque ? Fez parte da Capitania de S. Paulo, até 1748, o território d<3 Mato- Grosso. Nesse anno, porcaria Regia de 9 de maio cheirou á mesma çjw^w. ...v.^x.x^ ^^^y^^ Mas o próprio documento official não precisou bem os limites da nova província, « pela pouca noticia que ainda havia daquelles sertões » conforme nelle se declara . w ■ Ha, todavia, documentos de que a denominação de «Mato-Grosso» co- meçou a ser empregada, em 1735, ao principiar o povoamento dos affluentes do Alto Paraguai, que têm as margens cobertas de espessas florestas até hoje, apezar da boa vontade com que os sertanejos i)rocuram destruil-as pelo fogo. No Livro 2« da Provedoria da Fazenda Real de S. Paulo, em 1734, a lis. 26 V. ha uma ordem averbada, para se arrecadarem os dizimos que es- moradorcs ou assistentes na Sepetuva, Jaurú e mais am Parecíze Esta informação de Felippe José Nogueira Coelho, pul)licada na Re do Instituto, em 1850 QÍ.11Í, OCi, qual, no mesmo livro, a pag. 33, ha um edital de 20 de janeiro de 1735, em que o « guarda-mór » regente diz « haver mandado o Sargento-Mór, Appoli- nario de Oliveira, fazer umas experiências no Mato-Grosso dos Parecízes ». Que sorte de experiências se fizeram, não nos adianta o chronista, e nem importa ao caso. 5 Fica bem claro que, por aquelle tempo, apparecia, correntemente, o apellatívo em estudo. Outros, porém, contam a historia desse baptismo geographico de maneira mais miúda. Dizem que, em 1736, certo Luiz Rodolpho Villar fez partir de Cuiabá uma comitiva para explorar a « campanha dos Parecízes ». A tropa cortou para o poente, e no fim de o cam eu w pellifland em (( matos virgens de arvoredo muito elevado, e foi aj Grosso )), para usar dos próprios termos da « Noticia » de José Gonçalves d * Fonseca. O ndo documento confirma o primeiro ; e, pois que o nome actual surgiu, de uma vezj p Notemos, porém, de passagem, que, pelo primeiro, o Mato-Grosso pa- Sci em 173."i-173(5, 10 de Cuiabá. das margens dos afPl Paraguai ; e, ao que s( as grandes fiorestas acliad T>ela de Villar, esfavíun ao poente de a alguns d C Poderiam ser as bacia do Jurucna. de marclia. primeiras matas da Seja como fôr, a des<'oljcrtn desse mato se fez em 173G, e António Pires, muitos annos antes, já tinha cruzado o chapadào que chamou: « Reino dos Parecís». * ♦ * Antunio Pires deve ser conside- rado o primeiro descoljridor do No- roeste de Mato-Grosso. Fig. 3 — Colmeia dos Parccis. Abelha jati. I Orifício por onde entram as abelhas — 2 Orifício por onde os Índios extrahem o mel. Com segurança p.Vle-se aíTirmar que cUe cortou ochnpadão iio coi-rf^r do Fala paragens, c do que lú m I ( ( r raguai c seu ma( o S esse rio do Quem annos, se potuba se dá cm chapa e pela trillia de Rond r desdóljra o cspcctac ada nela en<'i'^ia dos cak Lido e fecundo de alguns typos; qii em I lisijtotuba : « remato dn id("< e dii;il<'idas. , . » c sertão onde, lia sete ificação titânica, dcvotiinicnto dis- ás cabeceiras do iqueilc scrt d(! uma íM Sipotuba verifica, três séculos depois, a certeza do que disse António P 6 E' mesmo assim ; o bandeirante de 1718 curtõti o cliapadao i^or unclo se distenile o fio telegraphi('0. Todavia, é qiiasi certo que não chegon ao Jiii ucna. No (( Reino dos Parocís » adiou uma grande popularào. As minúcias, que recheiam a exposição do sertanisla, piucísam de ser postas cm destaque nestas notas. Era grande o reino dos Parccfs. As suas aguas, todas, arredilava o sertanista, corriam para o Norte. Os índios das chapadas, de numerosos, eram incontáveis; num dia de caminhada, atravcssavam-se 10 e 12 aldeias, algumas de 30 casas, de cerca de 40 passos de largura, «redondas de feitio de um forno, mui altas. . . » Viviam de cultivar a terra para oljter mandioca, milho e feijão, sem contar os ananazes, fornecedores de seus vinhos. Também cercavam o campo entre dois rios, e ne seus fojos para apanhar veados, emas e outras caças. A ema, ainda hoje, é a peça nacional das partidas venatorias dos Índios Parecís. Não era gente guerreira aquella ; antes primava em defender o que era seu do que em atacar o alheio. Suas armas, alem do arco, da flecha, e de « folhas largas » de « madeira muito rija », a maneira de espadas, eram lanças pequenas de que usavam F para defender as portinholas de suas casas, aberturas tão reduzidas de tamanho « que para se entrar, diz António Pires, era necessário ser de gatinhas ». - No chapadão, hoje, em vez de arcos, os caçadores parecís manejam carabinas de repetição ; nesse particular, afastam-se um tanto dos Índios de António Pires. . . 4 ídolos encontrou elle também guardados como ainda hoje, em casa especial onde só entravam varões. Nem olhavam as mulheres para taes cabanas ; e este costume se man- teve. Nesses verdadeiros, templos parecís — (lamaká) — não mais residem os Ídolos do século xvni; guardam-se nelles os instrumentos sagrados da tribu, cada qual filiado em uma funcção exhorcistica. Hoje, poj-ém, como outr ora, as mulheres se livram de olhar a iamaká. Minhas canastras onde, muito em segredo, eram conduzidos os instrumentos de musica das coUecções, conseguidas, mercê do prestigio de Rondon, para o Museu Nacional, durante todo o tempo em que estiveram em território pareci mereceram o mesmo respeito. De Utiarití, onde eu as obtive, até Aldeia Queimada, ultimo ponto onde encontrei, na volta, índios dessa tribu, soffrcu minha bagagem vigilância apurada, para impedir que alguma pobre mulher visse as santas avenas. Morre a mulher que põe os olhos em taes buzinas ; e, si não morre, arranjam sempre, os sacerdotes do seu rito, meios e modos para que morra. 7 Esse, e outros costumes, tão radicados se apresentam que, lendo as pa- ginas de 1723, parece que foram escriptas ha alguns dias. O traje actual das mulheres não seria duscripto com mais verdade. Da gracilidade de feições das Parecís tamhem fala António Pires com louvor bem merecido ; que, em verdade, são das índias mais gentis. E desde já se pôde adiantar que os caracteres anthropologicos, obser- vados durante os nossos estudos, separam francamente, um do outro, os typos da Serra do Norte e do Chapadão. * * * O asserto de que as aguas da chapada corriam para o Norte que o sertanista de 1723 chegou ás nascentes dos for: Também 6 quasi certo que os indios da Serra do N Nambikuáras pelos scrtanc J o ados gavam por essa d llieira, pois que António Pires refere a existência de outras nações, mais afastadas do lado do Norte, « gente que não podia declarar porque lá não tinha igado No menciona os Cavihis, morado dos rios que corre Septentrião. Conta que fi 5 o uma aldeia deserta dera encontrar restos humanos apodrecendo dentro de alguns vasos, sobejos da anthropo- phagia daquelles bárbaros. Parece-nos fora de duvida que taes Cavihis sejam 1 Fig. 4 — Kuái — Abano dos Parecís (ColI Museu Nacional — íi^os) Kal que ô rupo de da Serra do Norte, (Nam * podem identificar UáindzQ o m U desce pelo vallc do Guapo .y Bella (Mato-Grosso), de onde jamais se ap[)roxima senão de animo A identificação, sivcl, foi depois coi procedente das duaí Nas informações de A é preciso examinar. que as notas < firmada nola Rondon ui plau- ( •oníparação do material ethnogi-aphico tí lima cousa mais que 8 A descripção das habitações dos Parecís de 1 /'iH: « casas redondas do feitio de um forno, mui alfas» . . . cuias portas « eram tào pequcn ([UO para se entrar era necessário ser d com as nalhocas da Serra do Norte. *-^ q Hoje, não creio q P parecís construídas daq ( f( t los nn<;sos sertanejos. Mas, as cabanas dos Nambikuáras, estas, sim, são redondas como um forno, altas, servidas por pequeninas aberturas que só atravessa quem es- tiver de gatinhas . . . Seria pueril, só por isso, acreditar que os Nambikuílras da Serra do Norte representam um ramo da nação Pareci, que se atrazou de seus parentes, a pdnto de tornar-se irreconhecível, como parte da familia. Creio antes que o processo de edificação representa uma influencia im- portada. E talvez nem isso. Porque haviam de aprender a construir aquellas casas e não haviam de conhecer a rede, que é movei indispensável dos Parecís ? * * % Seja como fòr, em 1720, já se tinha vaga noticia da existência de grand população ind Serra do No Importa, porém, muito, verificar si alguns viajantes que andaram pel abas da Se e pelo do Juruena, obtiveram noções mais prec sobre os indios que os Parecís chamam Uaikoá ferem chamar Nambikuáras, nome, aliás, que est extranho absolutamente a seus d furo). I os sertanejos pre- conhecem, apellido tup Namhi-orelh Kum * * ♦ Vinte annos depois daquella data, em que escrevia António P Breve Not té 1746 Arinos foi percorrido, desd abece ao Pará, pelo sargento-mór João de Souza Azevedo, numa viagem passagens em fe jjo roten^o emociona pela sobriedade das que fala dos obstáculos transpostos. Ahi, nem uma só menção dos nossos indios. Mais tarde, em 1757, correu em Cuiabá a not ides minas de ouro, na região situada entre o J eram as Minas de Urucumacuan, cujo caminho nunca exploração talvez esteja ainda reservada para os nossos dias, uma ferocidade lendária dos selvagens se dduiu e se abrandou descoberta de e o Jamarí; foi definido, e cuja q 9 q Todavia, em 1776, e depois em 1770, o capitão general Luiz de Ali 'que Pereira de Mello e Cáceres, verdadeiro homem de governo, fez, dizem, exnlorar as Darao:cns. onde o boato situava No Archivo do H situava as referidas minas, um documento interessante, que passo Exmo. Sr (1): Vendo eu ( m d í lecndencia actual das de Matto Grosso, experimentam os mi.nciros, emais moradores de Capitania a perda, e damno da Fuga de i tranquillamente existiam aíjuilombados Lu p ex- , .T^f' l(i 1/1*1' li Serra dos P der 1 4 L^l Pioll l lenominado Jo S Sararé. Pindautuba e outros soírundo hum .-^ ^- Par po publn sldeni velho estes damnos e felecitar a utilidade d(! Março deste nnno, ao Juiz Pre- r«t í da Cama aos quaes desta Vi lia B Vereador mais em )rei, que huma das esitcssiacs obri- gações das camarás, era ocorrer ás e a actual falta de terras mineraes ] repetidas pul)li('as lugas de muitos escravos, aue se hiam aquilombar nas vezinhança* G arrayaes, contiguos f\ esta Capital, eram objectos que exigiam o promptissimo remédio d mma ba aq dois' ponderados úteis fins: e que para vocando a Camará o Povo, se peíbss desp con- ; huma contribuição oradores de Villa Bella, e dos seus Arra- eu concorrer por parte da Fazenda Ptcal, yaes, prometendo eu concorrer como efectivamente pratiquei, com a quinta p que se empregasse nesta diligencia armada monicj pela mesma Real Fazenda. « Em consequência desti mara convocou o Povo, e pcd Commandantes dos Arrayaes dcnada insinuação a Ca fim, c todos de Fig. 5 — fíezò-HezÔ - Instrumento sagrado dos Parecis. ontadc concorreram nara esta B r que para o excedente da despeza se pozesse cm cada arroba Nacional - Museu imr) de uma mod contribuição, visto de ser a dita D suficiente forçn para atravessar sertões, cm que habita m in' to gentio, n em que se gastariam muitos mezes. « O que tudo efectuado, c dando eu as ordens (pie j«d,í^uei necessárias ■para o bom êxito desta Bandeira ao Conunaiidante delia, o Alferes de Coilice 246 2 Arch. do Cons4:'lho Ultramarino — Corrf>íipon(lonciri iiIicrido pi-esfiglo e acti- vidade, o escolhi para esse fim, em beneficio pu]>licu, e da mesma Bandeira composta de quarenta e cinco pessoas, entrando neste numero o dito Com- mandante e hum soldado Dragão e seis Pedestres, moniciados e armados pela Real Fazenda, com as quaes mandei auxiliar esta Bandeira, a qual eml)arcando no Porto desta Villa Bella no dia 7 de Maio do corrente aiinu e descendo pelo rio Guapore, se recolheu em 18 de Noveinhro próximo + passado. « Das ■ diligencias e indagações praticadas pela referida Bandeira nos terrenos sobreditos em toda a sua derrota, a ([ual vae debaixo do n. 1 no adjunto mappa que tenho a honra de pôr na Prezença de Vossa Excellciicia resultou quanto Vossa Excellencia também poderá ver na rezumida copia que fiz extrahir do diário da mesma diligencia, que igualmente ponho na Prezença de Vossa Excellencia debaixo do n. 2. « E certificando o Commandante e mais pessoal d'aquella Bandeira, da bondade e grande produção das terras, sitas aonde se achou o quilombo do Piolho e seus contornos, habitado na maior parte pelos índios e Caborés livres, na forma expressada no dito Diário, e que esta gente, e novos vassallos de Sua Magestade, instantemente suspiravam por continuarem a habitar n'aquelle Paiz, aonde também a maior parte tinham nascido, e se tinham criado, e informando-me ao mesmo tempo que naquellas vezinhanças, haviam algumas aldeias de índios mansos, aos quaes se offereceram, reduzir á nossa sociedade os novos habitadores d'aquelle Quilombo (de que a maior parte foram baptizados aqui) e com muita facilidade pelos atractivos que tinham das dadivas que se lhes deram, para convidal-os a este fim. (( E ao mesmo passo por adiantar mais na vezinhança desta fronteira um estabelecimento que fosse aproximando a tão necessária communicação por terra desta' Capital para o Forte do Principc da Beira, descobrindo-se assim novas terras mineraes ; por estas razões me deliberei a mandar todos os ditos Caborés, índios e Pretos, que houve modo de se forrarem (sem os quaes os ditos índios e Caborés não podiam prezentemente passar; assim por serem alguns Caborés seus filhos como para lhes ensinar a cultivar as terras) para o mesmo lugar em que foram aprehendidos que ficará a trinta e tantas léguas á Norte desta Villa Bella dando-lhe ordem e auxilio para foi-marem huma Aldeia, que se ficará chamando Aldeia Carlota, em me- moria da Nossa Sereníssima Princeza e ao Rio antigamente denominado do Piolho, se lhe pôz o novo nome do Rio de São João. «Também ponho na prezença de Vossa Excellencia, que afim de se adquirirem mais exactos conhecimentos geographicos do nascimento e origens principaes dos Rios Galera, Sararé, Guaporé e Juruena, principal braço do Rio Tapajoz, e do terreno que media entre elles e mais terrenos i\ adjacentes, me resolvi a mandar executar esta Diligencia pelo Tenente Coronel Engenheiro Ricardo Franco d'Almeida Serra, acompanhado do Ajudante d'Ordens deste Governo, Victoriano Lopes de Macedo e do Pro- fessor Régio de Gramática latina, Francisco José de Freitas, (por «^r em tempo de férias) e de huma suficiente escolta, tendo sahido d'esta Villa em direitura aos campos dos Parecís no dia 8 d'Agosto do anno próximo passado 8 depois de vencerem algumas moléstias de que foram atacados, e as ordi- nárias e não pequenas dificuldades de semelhantes sertões, voltaram a cila em 20 de Setembro do mesmo anno, tendo feito a derrota que Vossa Excellencia verá no outro adjunto mappa n. 3, cuja derrota vae taml)eiii marcada no mappa n. 2 com a letra B. « Estimarei muito que tudo o referido, mereça a appro- vação de Sua Magestade, rogando á Vossa Excellencia haja de o fazer subir ao seu Real Conhecimento. (( Deus guarde a Vossa Excellencia muitos annos. Villa Bella, 30 de Dezembro de 1795, Illustrissimo e Excellentissimo Senhor Martinlio de Mello digo Luiz Pinto de Souza Coutinho. João cT Albuquerque de Mello Pereira e Caceres.y> * * « Diário da Diligencia que por ordem do Illustrissimo e Excellentissimo Joào d'All)uquerque de Mello Pereira c Cá- ceres, Governador e Capitão General de Capitania du Matto- Grosso, se fez no aniu) de 1795, a fim de se destruírem vários Quilombos, e buscar alguns legares em que houvesse ouro. « Sahio a referida Bandeira embarcando no Porto de Villa f Bell 7 de Maio de 1795 pel Guaporé II No dia 11 entrou nela foz do rio Branco, riue desa Guaporé, pela sua margem oriental ou direita logo abaixo d -C' i e Estirão da Pi de bastante agii tendo ( la sua barra as mar ^ ^ O P logo continua com terras firmes; c assim foi navegando sem novidade até o dia 17. « No dia 17 pelo meio dia chegar-am a huma terra firme na margem de Norte, ou esquerda do R lo, que mo.-í rava proçao i„sirumíriío sagmdo le cascalho á fior d'agiia; onde se fez huma p de qi dos Parcd». se tirou cousa de 40 reis d'ouro não se chegando á pissárra _ Sícu NadoTai provas q dei o ■,e fizeram varias almente pequena quantidade d'ouro, muito fino ; e por estar ainda merguliiada debaixo da enchente do rio; po acima deste lugar faz barra hum pequeno corrigo, onde /• 1 o •f( mostra para o centro do Matlo se fizera ni outras provas que iiàí» de conta faltando locro o cascalho. Varias .'^coitas foram por ambas as margens do Rio soccavando; e snpposto acharem ali- faulhos d'ou] sim ciue aan nem indicava ser de conta, m rnrmidado sc foi m por até o dia 20 3Xaio J30 Em 20 chegaram a huma confluência de dois bi se divide; o braço da esquerda por ser menoi- se mandou exammar e em meio dia que se navegou por elle se vio que não dava navegação para as canoas, tanto por ter muitas madeiras atravessadas e cal i idas i^elo alveo do Rio, como por ser de margens palodozas. (( Em 22 navegaram pelo braço da direita que é o principal alveo do Rio e pelas muitas tapagens que tinha que dificultava a sua navegação só des- carregaram as canoas. Em 23 partiram as canoas de retirada para Villa Bella ; e a B acompanhando a margem do R m querda ; e assim foram cortando vários corriges e soccavando-os, dos quaes uns não mostraram ouro algum, e outros com eííeito o tinham, mas com mínimas í3rovas ; e assim marcharam até o dia 5 de Junho com as mesmas mciag Jixnlxo « Neste dia 5 atravessaram o rio com agua pelos peitos para a opposta margem, e andando mais meia légoa a Lés-Sud'-Oeste subiram a lium alto e destacado morro, do qual viram terem penetrado muito para o centro das Serras dos Parecís, o que já haviam notado nos dois dias antecedentes pelas re- petidas caxoeiras que formava o Rio e pelas muitas colinas que subiram com assaz inclinação do terreno ; e com hum camarada que hia na Bandeira, preto já forro, e que fora aprehendido ha muitos annos no Quilombo do Piolho, pela bandeira que então tora a esse fim; desconheceu este Rio Branco, affirmando em que o do antigo Quilombo estava mais a Sul, deixaram o mencionado rio à Branco que hó de bastante agua e de media extensão : elle desde este lugar até á sua boca no Guaporé, tem, com pouca diferença, 25 legoas de curso; c w delle para cima inda corre, e continua com mais 15 de correnteza ; elle forma grandes Ilhas, recebe muitos ribeirões e as suas margens e terrenos do centro são formadas por densa e alta mattaria, e as suas terras fundaes, as melhores que se podem dezejar para a cultura. 13 « Em 5 seguindo o rumo do Sul, com sete legoas de marcha por ter- reno áspero e de alta e fechada mattaria, em que atravessaram muitos cor- rigos, que foram provando, chegaram no dia 15 á margem do rio Piolho assim antigamente denominado, a onde se fez j>inguela para o atravessar o que se fez no seguinte dia. IO No dia 16 como se tinham visto fouos e rasto de íçcnte. o o que se julgou ser de gentio se marchou com mais vagar e in- dagações tanto em muitos corriges que cortara iii, como no- tando os ditos rastos até o dia 18. ií> Em 19 o Commandante e 3'J ocssoas mais arm aram a m aro 1 l... meia legoa encontraram de repente trcs índios, hum ' 1 r m Caijoró que logo foram seguros escapando liuni indln cpic lio acorrer, e seguindo-o da mesma forma, foram dar com rta carreira no seu Quilombo ; a genlo delle logo se poz om fugida, mas apczar disso foram seguidos e neste dia ficai prezos lem dos três 32 i)essoas mais entre homens, mulheres, rapazes e raparigas, dos quaes huns ( outros Cahor('*s ; faltando ainda segundo as infoi deram mais três negros e IG pessoas. Ind ( lue •t ' *T». [J.l Mi Em 20 foram para em husca das faltavam, e de tarde se reculhoi-ani com A Desde o dia 20 de Junho atr' 5 d I"'i(; 7 — Uulalocc — Instrumento saibrado dos farccís (Coll. Rondou - Mii«cu Nacíonnl — IIJ23) o doira nesfe logar tanto para colherem as pi;ssoas que faltavam do Quilom ( ]ue se aram pel matto sua vivenda com o « pie fundiram os rastos, como p por mos ir o terreno con- ouro, signa<'s de í lue aqucllas terras são auríferas. í( I^-ualmente mandou o Commandante huma cscnita de 12 Ja' que haviam feito pa pessoas ou do Norte peneti á sua o Rio Br legoas do escolta di'pois de chegar ao dito h certão de matto pantajozo por irgem e vendo muitos signacs de gentio e numerozos m deitados fogos 14 nas vezinhanças porque andavam, se retiraram com muitos dias de dili- gencias. a O Commandante fez soccavar todos os corriges na vezinliança do Qiii- ■ lombo ; entre elles o de S. Pedro que lhe fica meia legoa ao Norte deu al- gumas mostras d'ouro; porém outro que chamaram de Sant'Anna que existe a Sul do mesmo Quilombo deu mostras d' ouro, que foram as maiores que se acharam em toda esta diligencia, e que dão esperanças de ali poder haver úteis descobertos. Em fim recolhida a gente toda do quilombo, que montava a cincoenta e quatro pessoas como consta da relação junta, e tendo-se feito farinha de milho que ali acharam, não só para os dias em que se demorou a Bandeira, mas ainda para 20 dias de marcha, deixaram aquelle lugar. « O Quilombo do Piolho que deu este nome ao rio em que está situado, foi atacado e destruido haverá 25 annos, pelo Sargento-Mór João Leme do Prado, onde aprehendeu numerosa escravatura, ficando naquelle lu^ar, ainda muitos escravos escondidos pelos mattos, que pela auzencia daquella Bandeira se tornaram a estabelecer nas vezinhanças do antigo lugar. « Destes escravos novamente aquilombados morreram muitos, huns de velhice e outros ás mãos do gentio Cabixês, com quem tinham continuada guerra, afim de lhe furtarem as mulheres, das quaes houveram os filhos Caborés, que mostra a relação. «Destes escravos só se acharam seis vivos prezentemente, os quaes eram os regentes, padres, médicos, pais e avós do pequeno povo que formava o actual Quilombo, situado em hum bellissimo terreno muito superior, tanto na qualidade das terras, como nas altas e frondosas mattarias, as excel- ;ns dos rios Galera, Sararé e Guaporé: de muito peixe, cujo rio é da mesma grandeza do actualmente cultivadas marií Uio Branco. «A Bandeira acliou favas, mandiocas, mandi muitas bananas, ananazes, abol ziam panos grossos e fortíssimos no Quilombo grandes plantações de milho, feijão, tas, caraz, e outras raizes, assim como ras, fumo, gallinhas e algodão de que fa- ie « Reconhecidas, emfiin, todas as vertentes deste Rio, se poz a Bandeira cm mo.vhano dia (UFAgosto já composta da genic do Quilombo de cem pos.oas ; cortando polo alto do terreno parallelo ás serras e a rumo geral de U. S. K., e cortando as caljeceiras de muitos corrigos, e ribeirões, que foram soccavando com 20 legoas de vagaroza marcha, em razão das mulheres, e criauças chegando no dia 27, depois de terem passado hum braço do Galera, a outro maior, o mais próximo e o que fica ao Norte do Arrayal de « Archivos do Museu Nacional, Vol. XX. « ) Pouso á margem do rio Sipotuba (Porfo do Campo) Restos da "Mata da Poáia" (entre Porto dos Bugres e Taplrapuan) MATO-GROSSO E. RoQUETTE-PlNTO, phot. 1912 ^K o S. Vicente, aonde mandaram pedir soccorro; eo Commandante S Fxcellencia dando-llie parte da diligencia, pedindo-lhe as ordens para nuação delia, e participando-Uie juntamente que nas differentes explor do dito Quilombo ate aquella paragem do Galera se encontraram algui s e ranchos que mostravam serem de pretos fugidos, já abandonad( que elle mandou queimar e que p se tinham reti- Ba SetemTbi'0 IS % « Emfim com alguns dias do descanço e espera atravoss o Rio Galera, e com caminho de seis legoas a rumo d chesou a Bandeira toda, e a gente do Quilombo ao Array de S. Vicente, e neste dia fez o Commandante entrega da gente d lu/i Qnilom1)0 ao paizano Geraldo Urtiz de C )ni 1 \ ií> E 19 sahio do Arra\ de S. Vicente o dito G Urtiz, com a gente de que se encarregou para Villa Bolla pela e: trada chamada do Guillierme, chegando no dia 24 de Setembr a esta Capital com as pessoas Relaç dos pretos índios e Caborés de que se compunha o Quilomb Piolho em que se deu no dia 19 de Junho de 1795 : Negros índios n > S índias • ^'^ Caborés .- ♦ • • 1^ Caborés fêmeas ^l 1 I» I li Total 54 Fig. 8 — Htrà- hira-hnn— Instru mento sagrado dos Parecís. , -j-, (Coll. Rondon — igOU a Vllla Bolla, vendo sua ll^X- ^luseu Nacional cellencia Caborés e índios de maior idade sabiam 11230) alguma doutrina Christã que aprenderam com os negros, e que se suficientemente e com gosto nesta Capital onde se llie acabou de ainda alguns índios adultos, pois todos foliavam Portuguez com a mesma o dos pretos de que aprenderam ; e como todos estavam promptos para receber o baptismo pessoalmente assestir a este sacramento, sendo padrinho d'alguns, assim como doutros cuja funcção se principacs pessoas desta Viha, celebrou no dia G todos os Religião. Outubro, recebendo este sacramento es que estavam mais instruidos na in Outiil>i-«» T « Partindo todas as mencionadas 5'i pessoas para a Nova Aldel.i Carlm.-» nodia7i'<»sppra c puMica utilidade. • * * «Continuação da diligencia que a Bandeira fez para a parte du V\n- daituLia, braço mais Oi'ienta! do Rio Sai^arc. Heteiii"l»i*o Íí3 « Logo que o Alferes de Dragões, Francisco Pedro de Mello despediu do Arrayal de São Vicente ao paizano Geraldo Urtiz para Villa Bella a con- duzir a gente que formava o Quilombo de Piolbo; elle com a Bandeira tcndu- se demorado no dito Arrayal dois dias, sahio d'elle ; e pela estrada do Ar- rayal da Chapada chegou no dia 23 de Setembro á ponte do Sararé ; a onde recebendo novas ordens de Sua Excellencia por mão do Capitão José An- - tonio Giz. Prego com hum soldado Dragão que foi agregado á Bandeira e dois escravos pretos que sabiam aonde existia hum Quilombo nos mattos da Pindaituba, por viverem nelle quando foram prezos por eeus senhores, nesta Villa a onde vinham não só a comprar, o que necessitavam, mais a convidar para fuga, e para o seu Quilombo outros alheios. (( Em 25 sahio a Bandeira deste lugar e marchando duas legoas e meia, encostados á Serra de Tarumã pela estrada que da i)onte do Sararé vai para Lavrinha fiz pouso em um córrego sem aç:ua. I « Do dia 26 para diante a rumo de Les'Nord'Este quarta de leste mar- chou 10 legoas, indo pousar em cada dia a seu córrego dos quaes alguns mostravam seus faulhos douro; e no dia 30 fiz pouso em uns antigos de pretos fugidos Oiutu-TbiTO 1 « No dia 1 d'Outubro com legoa e meia de andamento ao meí fiz pouso perto das margens do Pindaituba, onde acharam uma p trillia que o atravessava para a parte do Sararé. 17 í( Em 2 passando o Piíidaituba parte do Norte, e marchando três quartos de legoa ao mesmo rumo do Norte até hum córrego feio acharam nelle o Qui- lombo que buscavam dividido em dois quartéis hum composto de 11 casas e o outro de 10, a 50 passos de distancia do primeiro. ((Os negros fugidos liabitavam este Quilombo, o abando- naram logo que tiveram noticia desta Bandeira, indo formar outro no córrego da Mutuca, sois legoas a Norte do antigo, também dividido em dois Arravaes três leííoas distante bum r do outro : do primeiro era Capataz o negro António nrnndào com 14 negros, cinco escravos: e do segundo que formai^am no prmcipio d'Agosto deste anno, o outro Capataz era o escravo Joaquim Félix com 13 negros e sete negras. «A Bandeira chegou a este al)andona(io Quilomlio j>eln'; nove horas do dia, e andando os trilliadorcs a buscar os rastos que deixaram, ap|)areceram descuidadamente Ircz negros (pie vinliam buscar mantimento para sua nova morada ; dclles .s('i 1 1 um se poude prender fugindo os dois A carreira por entre o matto, e da iiiesma mniioira os scguio a gente da Bandeira dei- xando ali os mantimentos e fattos com suficiente guarda, cujo seguimento foi por três legoas a Noi'te, mas vindo a noite e com muita chuva aqui pousou a Bandeira sem abrigo algtmi nem sustento. 3 « Em 3 com mais trcs Icíjroas de marclia clioíraram ao bus- cado Quiloml)o da Mutuca, que adiaram ajjaiidonado jiclo aviso dos dois negros fugidos. 4c «Em 4 seguiram os rastos dos fugidos, c com três legoas t le caminho a rumo de Leste, chegai'am ao segundo Quilombo de Joaquim Telles que taml)em estava despejado. *1t! 1^ K Fig 9 — Zorafealó — Instrumento sagrado dos (( Em 5 mandcju o commandante os dois Dragf^cs que o acom- P-^rtcí». (Coll. Rondon seu Nacional panliavam com 31 pessoas em seguimento dos prelos do Quí-_m„ loml)0, pelo rasto scciílíí passado, noticias nuiito vagas, embora atécerfn ponin vcnlad^-ira^. No entanto, cm 1817, quando já so viajava, havia 15 anu..s, ai pelo eaminlio de Tapajóz, ainda pelo Jurucna u nãn navegavam e ao que diz o padre Ayres, hunestissimo informante. Apezar destas antiíras c ténues noticias, trio nevoentas e tào ii á formador do Tapajóz ficou ainda sendo o rio niysterioso, íilhode nma zon immensa e agreste, habitada por gente hitratavel quo fugia, soculus a fi ao commercio que se llics tentou por muitas vezes ofTertar. ^ * * * As informações de que dispúnhamos até 1900, sob Cordilheira do Norte, não eram ma serranias e as suas correntes eram, nas cartas, traços c rabiscos d nhados por palpite; us nomes dos seus Índios esci-iptos ao Deus dará. A * • * O nome Nambikuára — (Nhambiquara ou Nambicoara ^ (M apparece, é bem verdade, em muitos cscriptos antigos c modernos; representa, porem, denominação q simos; alcunha totalmente extranha á lin-ua dosalcunhad pov Quantas trd)us do Brasil, e mesmo da America do Sul, por terem filhos o costume de perfurar o lóbulo da nambikuára merecem este nome ■ » Pondo de parte as referencias que se não podem ajustará população mdia da Serra do Norte, citações enconli-adas na «Viagem do Bispo do Para», frei João de S. José, em 17(32, e mesmo as que se acham num artigo documentado de R. Schuller, publicado em 1912 -(outubro) -em «PetermannsMitteilungen-Globus», porque dizem respeito a outros povos baptisados por extranhos com aquelle mesmo nome, tudo quanto se sabia até agora da vida daquelles Índios somma muito pouca cousa. Em differentes monographias sobre Mato-Grosso-(Taunay, Caldas, G. 1 mientel. Couto de Mao-n]l,ãac^_pn^r.nf.ar>...o \ x._ i : O nome do aos Índios em q amos apenas o nome Nam Delles, até 1909, é fora de contestação que além d mui pouco mais era suspe As melhores noticias m sum m disso, pouco Qrmes 21 Da, expedição Langsdgrff — 1899 (1825) publicou o Dr. Karl von deu Steiíien, no vol. lxxv do uGloItuáí), desenhos de Hercules Florence, figurando uma cabana encontrada perlo da jun- cção do Ari nos com o Juruena. da construcção lembra a f('»rma domi- jrte; lia, porém, nesse desenho uma O Serra do N prejudica irremediavelmente a identificação. Em te as únicas embarcações (pie encontrei L toda a Serra do Norte as únicas embarcações foram as da Commissão de Linhas Telcgraphicas. No entanto, o desenhista Florence, em carta d (Rev. d 38) cita os Tap ( q i I sitio. . ^:í,^^' ^\\ N. -''. ■^ s V ; '//4 'Mi' líl 1^ ít Milliet de Saint Adolphe, em 18i5, refere sob o nome de Nambicuára noticias de outra gente, Índios A[)ialví'is, amáveis canoeiros do Arinos, conhcci^dorcs dos mais recôn- ditos segredos das cachoeiras do Tapaj<'>z, cruelmente cx- tinctos á bala nestes últimos 10 annos. Mais do ([ue isto alcançou conhecer dos indios (pie estudamos o Dr. Amedée Moure. Em 1802, publicando uma monographia sobre os Índios t de Mato-Grosso, dedica um capilulo ás « tribus selvagens e anthnjpophagas)), que aílirma serem 10. . Entre ellas lá estão os Kabixis, os Nambikuáras u os Tapanhuiias. Aos Kal)ixis chama « implacalJe et bárbaro tribu, (]ui se cantonne au Nonl de Ia ProvIiice;>, o cpie ('; verdade. Mas accrescenta que a sua lingua 6 a quichúa, o que (' re- dondamente falso. Eni seguida, Moure identifica os Namliikuáras aos Ta- panhunas, o que me parece acceitavel. Chandless em 18G2, Barbosa Rodrigues em 1875, Pi- menta Bueno em 1880, K. von dcn Steinen, cm 1888, Cou- dreau cm 1897, Koch Grunbcrg em 1902, Clemcnfs Mar- kham, em 1910 e, já seguindo atf' cei-to ponto a Commissão hk. n - Kinâ-Kocui Hondon, Max Schmidt, em 1910, lodos falam, ainda in<-Í- - "-«'— ^' «^"'^ dcntementc, nos indi«>s famosos. Martins — (Beilrãge, I, 208)— n-^iui diz d.; t.il jidvo: índios Parecia. (Coll. Koiidon — Mu>cii Nacional — 1 1 j'17) (( Nada se sabe dos Índios que iôm nome tujH : Namby-uara. Namby-cuaras, Orcliiudos. Vivem como outnjs muitos antlii-opophagos: TapiíT-muacus c Temanangas, na região do Tapaj(5z, entre 8 e 10 gráos. Nattcrer colloca as Nambv-uaras no rio Jaguai'y (sie) um afflucnte occidental do Tapaj(')Z ». 22 Nem o planaltutl'»^ P mopadreBadanotti,fiuc, em 1898, chegou ás calKv.^iras (1(» Rio Verde, nhiim dos dois colheu qíialíuer Informaçãn sobro clles; aml)us narram P i Tapanlmnas acçi^s ([uc, h > poderiam ter sido praticadas pelos iiidios da Cordilheira do Norte, pcr- tencentes ao grupo do Juruena. Dos manuscriptos do missionário José Maria de Macei'a(ã, (pie pôde ler em Mato-Grosso, transcreve o marquez de Castclnau notas sobre a exis- tência de tribus espalhadas nas margens do Juruena, do Juína e at**" do Camararé. Tudo aquillo, porém, não é bastante claro ; e, além disso, as informações se misturam com historias fabulosas de homens-simios, que desanimam o leitor. Nominalmente, Castelnau se refere aos Naml)ikuáras, dizendo que vivem nas florestas centraes ; e é tudo quanto se aproveita de sua contribuição. Merecem, porém, uma referencia á parte as contriliuições de Pimenta Bueno, K. von den Steinen e Koch Grunberg. r Pimenta Bueno, segundo o Relatório da Directoria Geral ilos índios de Cuiabá, em 1848, coUocava os Nambikuáras na confl,uencia do Arinos com o Rio do Peixe; avaliava o seu numero em cerca de 600. Pelo mesmo documento, seriam 800 os Tapanhunas. Nelle também se fala de certos Índios Jacarés, das mar^irens do Mamoré. Na Serra do Norte foi achado um grupo — Uaindzú — , que alguns pro- nunciam — Uáintaçú; e na lingua dos Kokozú do Juruena, essa palavra significa, exactamgnte: Jacaré. Todavia, pode ser que nada tenliam de commum. E noção corrente que as designações nacionaes derivadas da fauna local 'são communs cm todas as nossas provincias cthnograpliicas, seja que representem alcunhas pejorativas dadas por inimigos, seja que pos- suam valor totémico. Von den Steinen, em 1888, conseguiu sal)er, por informações anonymas, da Serra do Norte viviam ainda na idade da ped mente scgreg....^^. Em 1902, na «Zeitschrift fur Ethnolome » o Dr. Koch-Grunbei-i- men- ciona, tratando dos Índios Apiakás, incidentemente, alguma cousa que vale a pena traduzir : ((Os Nambikuára e os Tapaniuna, hal)itantes da região do Arinos, segundo as informações do indio Aniaká Alfredo, fazem casas lirandes de pallia e têm flechas de kandjayuva com ponta de taquara; são, desde tempos remotos, inimigos declarados dos Apiakás, assim como dos Munduruku.» <(0s Nambikuára foram denominados « Apiakás bravos » por causa da semelhança dos dialectos que pertencem, ambos, ao grupo tupi. 23 Todavia, Coudreau he em admitti um pa pois que os Apiaká pi Namb dizem, não conhecem canoa e só viajam po Nesta nota do Df. Kocli, ao lado de factos exactissimos, como é o ultimo randes erros, qual a inclusão de taes Índios no grupo dos tupis. Os dialectos dos Índios da Serra do N do tupi-guaraní. são radicalmeiílo diífei Fig. 12 — Arcabouço de uma palhoça dos índios da Serra do Norte (Excursão Roqucttc-Pinto 1912) A meu ver, só o dialecto dos Suiás, do Xingu, o do« Karajás do Ara- guaia e a língua d do Mato» 'au->o, um vivendo isoladus na^ mata«: ilo Ariíios; j.liaata^ía das muitas min (pi.- se costuma atravancar a etbiiograpliia do lira-Il paia dc-^-^^pero d.i^ que a estudam com sinceridade. A existência da navegação entre os 'l'apanbunas, tndavia, o<* afasta dos Índios da Serina du Nort(»; iiorijue é certo que são canoeiiu>, ^«'gundo o testcmunlio do tenente Perrot, official I)rasileiro que ?''iíuiu na segunda expedição alleinã ao Xingii, em 188S, grande ('onbeeedor daqucllf sertão, cujas informações foram recolhidas por 1). Maria do Carmo de Mello Rego, e, pela mesma notável brasileira, puljlicadas nus « Archivos do Museu Na- cional », em 1809. De tudo isso que abi fica se concluc que antes das expedições brasi- leiras, de 1007 até boje, não existiam senão vaga'^^ noticias sobro os Índios da Cordilbeira do Norte, a pojiulação }»rimitiva a mais oriení;d do continente Sul Americano; e também íicam apuradas as migalhas dos co- nhecimentos que possuiamos sobre a liacia formidável do Juruena. O que se fez para conhecer esse pedaço do Brasil, de 1907 ató agora, vai ser, em seguida, referido, como o rer^uer a intelligencia do assumpío. E vale a pena recordar de que maneira Rondon e seus companheiros, rasgando matas e semeando pousos, que serão povoações, cumpriram esse destino feliz, desbravando terras e amansando homens. ^w^ ^(7/ II CORONEL Cândido Mariano d nharia Militar, eui 1007. Hil Sil c de ligar á Capital, pelo fio tclcgrapl noiídoii, (lo Corpo de Kni^^o- lo pelo Governo da Republica iiia/oiiiis, do Acre, do Alto Puri'is e do Alto Jurii.'i, por lutermedio da Capital d r), já em conimunicação com o Rio de Janeiro. Os pontos extremos da 1 Cui;il>.'i e Santo A do doira. O fio cruzaria o grande divisor das aguas |)Iatinas e amazonicas. Para começar Rondon exr)lorar do grande sertão do Nor'Oeste: decid o uma maneli-a completa o primeira parte do seu pro- ramma em duas etapas: primeiro attingir o Juruena famoso; em se^niida hegar ao Madeira. O Juruena seria um ponto de referencia exccllcntc para a ploraçao do resto do * * * Em agosto de 1907 começaram os preparativos para a exprdlrn o. ini- » a ]inmí'ira ciada na villa de Brotas. Os trabalhos foram distribuídos por quatro divisões ; incumbia a exploração do terreno, ás outras, succes<]<* fui- cciro^ e machadciros al)ria a picaila de dois mcíiv.- . Viram, alguns dias mais tarde, o primeiro Nambikuára. Adiantando-se um pouco no rumo escolhido, divisou, no meio do ser- rado, um Índio da lendária tribu. Rondon e um companheiro, para o não assustarem, permaneceram immoveis. Defronte do lugar em que estavam havia um ind. O indio che- gou-se, descobriu a colmeia e preparou-se para abril-a. • Depositou no chão seu maço de flechas, seu arco e uma cesta que trazia pendente ás costas. Tirou delia um machado de pedra munido de cabo curto e começou a cortar. Dentro de algum tempo tinha feito um orifício por onde passou a mão, retirando o producto da colheita. Mas o ruído dos foiceiros despertou a attenção do selvagem; e ellc se retirou. * * * Os índios do valle do Juruena não eram indiffcrcntes á invasão de suas terras pela columna Rondon. A expedição era vigiada. Parece que os Índios esperavam que chegasse ao Juruena para atacal-a. A 20 de outubro de 1907, attingiram a margem do suspirado rio, Rondon, tenente Lyra e o photographo Leduc. 21 Tinham feito 484 kilometros a partir de Diamantino ; com 135 outros, das variantes, a exploração abrangia 618 kilometros, percorridos em menos de dois mezes (de 2 de setembro á 20 de outubro). * * * Precisamente quando o cliefe da expedição via seus esforços re- compensados, julgaram os Nambikuáras que era chegado o momento Fig. 13 — Moqiicm dus Tagnaní» e Tauitfcs. de lhe significar, de um mudo explicito, que nSo devia contar com ell^s; e que não havia sido cm vão que se lhes tinha crcado, ao redor do nome, a sua fama de ferocidade. A 22 de outubro a expedição levou até ao rio o acampamento. Nesse dia Rondon foi atacado. 28 Por nimia veiiliira csrapon de mniTCP, na poiifa «Ir uma flecha qii<< figura nu Museu Nacional (N. 2.17S). Diante do estado de animo dos indios, tendo c(Mi?cu:uido rccnnlifcer o Juruena, resolveu proced»^!' á retirada ; ovifacia, a««^ini, outrMí a(ai>n-<Íyà(t infinita. O resultado desta primeira expedição nào poderia ter .vid.j mais com- pleto. A primeira parte do progranmia havia sido realizada. No anno seguinte, em 1908, a segunda expediçào Rondnn atravessou o Juruena, entrou em pleno território dos Nambikuáras e dos Tapaniunas. Atravessou o Juina, o Camararé, seguindo sempre na direcção N. N. O. descobriu mais dois rios, que elle denominou Nambikuára e 12 de outubro. Attingiu o coração da Serra do Norte. Os Índios o atacaram de novo, nas margens do Juruena; mas o seu modo de proceder, em resposta, apro- veitando todas as opportunidades para demonstrar as mais pacificas inten- ções, deixando no lugar da aggressão presentes de macbado e enfeites, acabou vencendo a resistência dos selvagens. ♦ ♦ * Em 1909, a terceira expedição Rondon partiu do Juruena e varou intei- ramente a mesopotâmia que se acha entre elle e o Madeira. Começou a marcha a 2 de junho. A 11 de outubro estava a 18% 17', 7", O. do Rio de Janeiro, debaixo do parallelo de 11% 49', 15", S., a 35i kilo- metros do posto do Juruena. Ahi descobriu mais um rio, que Rondon baptisou com o nome de Pimenta Bueno, a quem a chorographia de Mato-Grosso deve linhas magistraes. u Mas no fim de setembro já havia cruzado uma outra corrente que foi chamada Barão de Melgaço, em homenagem a Augusto Leverger, vulto não menor da nossa geographia. Próximo desses rios, segundo Rondon, devem se achar as celebres minas de « Urucumacuan », que citei noutro capitulo. A 13 de dezembro de 1909, depois de 1.297 kilometros de marcha, á partir de Cuiabá, Rondon chegava ás margens de um rio que pensava ser o Jaci-paraná, onde deveria encontrar uma expedição que havia enviadu para o esperar acolá. Mas um erro existente nas. melhores cartas tinha-o feito chegar ao Jamari, situado na posição em que ellas collocam o Jaci-paraná. A expedição de soccorro, com que elle contava, achava'-se pois, infeliz- mente, em outro rio. Todavia já se encontrava em zona de seringueiros ; havia recursos. A 25 de dezembro sulcava as aguas do rio Madeira. 29 E terminada a mais notável das explorações geograpliicas ^ras da America, nestes últimos 50 annos, e varado o mais dental dos três sectores de território brasileiro air agora apenas os que se balisam : Tapajóz-Xingn e X dos parallelos de 10 a 12 gráos. d 'í? restando * * Em 1910 ainda voltaram os Índios a atacar o pessoal da Commissão Rondon. Não longe do local em que haviam levado a eíTcií«> a .iggicssão de 1007, feriram os Nambikuáras dois oíTlciaes. Por(''m, já cm novembro do mesmo anno, os Índios das aldeias do Jurucna c do Jiiina chegavam á fala em alti- tude mais sympathica. No Juruena e no posto de Campos Novos foram colhidos, pelo pessoal da linha tolegraphica, os pequenos vocabulários que julguei dever enviar ao Congresso de Ame- ricanistas (xviii) reunido em Lon- dres, em 1912, embora fazendo pru- dentemente algumas restricções á sua exactidão. Dahi por diante ficaram, os nossos, senhores da Serra do Norte. Os Índios acham-se hoje em continuo 4 contacto com o pessoal da linha. As relações ainda são instáveis ; é natural que assim seja. Em 1911 mataram gente nossa f'k '^ no rio Buriti ; em 1912, no Uruláo; em 1913, logo depois de nos haver tratado da maneira amável que se verá adiante, os indios desta ultima maloca, unidos a outros da visinliança do Juina, trucidaram a guarnição deste posto, incendiaram os ranchos, des- truíram a balsa. E' provável que ainda se verinquem, no? annos próximos, factos se- melhantes. — Panella de barro dos índios da Serra do Norlc. (Coll. F <]0[> ^ M 1912, o caminho de ferro que liga a margem esquerda do Paraguai ao littoral do Atlântico não estava ainda terminado. ' Atravessadas as terras de S. Paulo, onde a sua construcçao fora estorvada pelas violências dos Caing-gangs bravios, chegava ao território de Mato-Grosso ; mas o transporte do meu material seria mui precário por esse caminho incompleto. À segurança de tudo quanto tinha de levar até a Serra do Norte, sa- crifiquei o desejo de apreciar, pessoalmente, os fructos da campanha paci- Fig. 15 — Bastões ignigenos protegidos contra a chuva — índios da Serra do Norte. (CoII. Rondon — Museu Nacional •937) ficad daquelles selvagens, levad termo pelo « Serviço de Protecç aos índios e Localização de Trabalhadores Nacionaes ». Nos resultados desta hamanitaHa tarefa illudiu-se a espectativa dos melhores conhecedores daquella zona paulista ;e si o serviço não conseguiu, ao que se sabe, preencher a segunda parte do seu destino (Hchótomo, talvez a mais importante do ponto de vista estrictamente nacional, ao menos da primeira se pode dizer que foi brilhante. Extrangeiros em sua própria terra, continuam os tra])alhadores ruraes do interior do Brasil a viver nas condições desgraçadas de uma disfarçada servidão. Falhou a primeira tentativa séria de os amparar ; a idéa, o queé peor, ficou desfarte compromettida. 32 Oprogramma, tão vx<^oll.Mit.'m.Mito dcrondiíl.», di^ípunlir^ qii.- a |.int,vran aos Índios seria o pinmnro passo; u se-undo. a locali/arA.» doQ ^.-i uiu.-joá. A luz dos resultados obtidos púdo-^p ra/AnvrlmontP prfc-mil/.ar a iiivorsàu dos seus termos : localizar os serlwvyos, para />rotrger o$ indlus, ?< •I*' qn'', ao contrario dos vatirinios pe^simista>, liceu prova»!*» «pi»' a !.valizarào dos tral-alhadorcs ó mais diíTicil do que a pacilÍ « * * Quando recebi, no Museu Nacional, o primeiro material proce Índios da Serra do Norte, fiquei surpreso \ Tudo aquillo, attestando uma cultura elementar, apresentava nume- rosos detalhes originaes. As primeiras informações Indicavam índios de costumes e usos dlíTe- rentes de quantos liaviam sido descriptos naquellas paragens. Era gente extranha, envolta em mysterlosas lendas. Trabalhei alguns mezes, em 1910, com Cândido Rondon ; a poesia daquellas terras remotas infiltrou -me o pensamento. Ouvir o mestre, era escutar a voz chamadora do sertão: sentir o rumorejo das florestas distantes. Em 1911, quando Rondon foi, mais uma vez, para o reino encantado de cousas novas e recortado de ásperas veredas, eu segui para a Europa. . . A nossa vida é mesmo assim. Crescemos, uns, qual arvore indivisa, levados pela força de um destino rectilinio, como as palmeiras crescem ; outros, com a vida ramificada pelos empuxos ambientes. Pretendemos. Tentamos. Retrocedemos. Afinal, ca- minhamos na directriz primitivamente escolhida, quando o tempo nos concede alcançar ; crescemos como as lianas. Em 1912 reahzei, portanto, um sonho de estudioso ; não me propuz executar nenhuma exploração. >, * * * António Pyrineus de Souza, natural de Goiaz, companheiro de Rondon desde suas primeiras conquistas das terras brutas de Mato-Grosso, ser- tanlsta como ninguém, seguia para Montevideo a bordo do mesmo vapor que me conduzia. • 33 O prestou camarada, forte me para por mínlia gratidão na altura do de o desde a consaarar-lhe, do modesto livro de notas. O (( tenente Pyrineus » correu aquellas chapadas, aquelles serrados, aquellas grotas de Goiaz e Mato-Grosso ; sen nome, é raro o sertanejo cuiabano que o não saiba. Do Paraguai ao Araguaia o « tenente Pvrineus )) c frúe prestigio raro. Não lia tropeiro daqucllas bandas que o não conheça e o não estime e o não respeite. «(' * * * Manila de julho, fria e nevoenta. Ao longe, emergiam das ondas mansas os tectos das primeiras casas de Moulcvidi^-o, plantadas na collina em que foi construida a porção central dn cidade. Baço, entorpecido pelo inverno platino, o Sol, (h m.-i von- tade, esgueirava seus raios, pelas frestas inlrjinitentcs das nuvens. Rajadas vinham do mar alio, carga de Itaionctas Invisiveis, lanhando a pelle. * * ♦ Filho do Brasil não se sente cxtrangeiro na vizinha pátria gentil. lia, pelo menos, uma grande felicidade de ' que gozam todos os povos deste continente Sul-Amcrlcano: 6 que se en- tendem, mesmo falando cada qual o seu idioma. Infelizmente, não somos almla bem conln-cidos uns dos outros. Apezar da identidade dos destinos das repubhcas amoiM- canas, inexplicavelmente, ellas se isolam umas das outras. Quem conhece, no Brasil, os scicníistas argentinos ou i hilenos? Quem conhece, na Argentina, os scientislas Ijra-^ileiros? í' [\ Que ioriiaes c livros brasileiros se acham íí venda oin Mon- fík m-fraitza Hastào igniRcno dos índios da Serra do Norte. tCvidÓO OU B No entanto, corre em Montevick» ( |ue aquj nruem mais o Do «condor» cliilcno, de um exemplar. Foi moeda ii rrío (Coll. Rnndon .Museu Nacional '911) f. da (11 I inl am um rioiieo de ouro se possuidores successivos, de sorte (|uc, em recebiam a peso erd jior ser demasiadamcnti rica. . . 5 3i O pequeno Museu de Montevi(]<''0, alojado em uma ala iln Thcutro Snljc;, fez-me pensar. De certo que me interessei pelas suas colItMvõ.-s de 7.o<.l( viria, (uid»- o professor Arechavalcta doixou traços impereríveis; a sua <:í^rio de pcix^^^ é valiosa, .Vi com prazer seu material ethnograpluco. Mas, foi o salão em que se acham os itltjfríos liistoriS que fi PI religiosa doiiiliiante na Inglaterra. Não vinham tacs huujens á cata do q Ic Hl jcv dado. moiro núcleo immigratorio que se levantou no Dras 1 poi de 1500. não foi de P Foi gente que tambein velo em procura da liberdade. . . ameaçada peia justiça publica. 36 Tudo issu mu^fra .[lio ú prol.U^ma da nacionalizará. s aqui, c aiii-Ui mais dilTicil Nada se deve csquor.-r, dn qu.' pn^sa roucnncv á -^tia -»1»irào: d.'ra/.cn'< e dnr.-s que uma velha morada sempre exhala, ainontoam-s.- grand.'< achas dc lenho avermelhado escuro, de que se vrm carregador grand.- haivos. É a madeira do «Qucbracho •>. Voejam sobre o i-I.» c suhie o- ns, biguás, biguás-ting-Tí nnmrnrn': E as formas hieráticas das solemncs ccgonbas, e a bi o que parecem aves de algodão, transformam certos estirôos do rio em paragens encantadas, mágicos scenarios, onde Lohengrin poderia surgir. . . si na o fossem os mosquitos. A larííura moderada do Paraguai pcrmitte que a bordo se i>articipe _^.^«, iXiV^V^VViC.V^I.. X..W ^.v»,..-5 um pouco na vida das suas praias; vêm-se cabanas, e a gente se interessa pelos seus tristes habitadores. Desde Montevideo os vapores brasileiros só param em Humaitá, pri- meiro porto da Republica do Paraguai, quando se sobe o rio. Em vez de favorecerem o intercambio do Brasil com sua visinba, funccionarios brasileiros, e argentinos andaram escogitando meios de o prejudicar. Os vapores brasileiros tocavam, ha algum tempo, nos portos argentinos, que se escalam pelo Paraná ; os vapores argentinos subiam até ■ T » Corumbá. " Já em 1912, os magníficos barcos argentinos ficavam em Assumpção ; e os navios brasileiros seguiam, sem parar, nem mesmo para refazer algumas provisões, de Montevideo até Humaitá. * * * Humaitá é um ponto que suscita no coração dos brasileiros uma ondj de piedade pela pequena republica guarani, que deveria hoje ser um do As ^essantes paizes da Terra. ninas da cathedral, tal qual ficaram dcpuis de 18C8, lá se didas pelas arvores piedosas, que parecem desejar cobrir de aquella ferida aberta pelo odío humano, e provocada pelo orgulho. As avesinhas tecem seus ninhos nas paredes do templo dcspíMlaçado, restos de uma lucta talvez inevitável, de que os vencedores deviam ter saído sinceramente mais tristes que envaidecidos. No Museu Nacional do Rio dc Janeiro existem duas columnas da ca- thedral de Humaitá, tropheus de victoria que um povo catholico recebeu das mãos de seus guerreiros. . . As brechas de onde ellas saíram lá estão. O património nacional nada perderia, restituindo a seu lugar esses despojos de uma guerra que o Governo do Brasil declarou fazer pessoalmente ao dictador do Paraguai. 30 Ha, por toda a nossa historia, traços qu ) econforta entristecer. Deixe quilaram um po\ America. dorm os feitos dos nossos maiores q anni- pequeno e valente, filho legitimo da mesma terra da * * * A temperatura suijia a medida que nos dirigíamos para latitudes mais scptentrionaes. Em Asuncion fazia calor tórrido. ■ A cidade santa dos fieis soldados de Solano Lopoz, que se deixavam matar nos mais terriveis encontros de 1865 com incrivel ousadia, porque acreditavam na própria resurreicào cm Asuncion, 6 construida numa cui-va do rio, ampla e bonita. Morna cidade, toda envolta em tristeza e poesia, cheirando a mysterio. A vida corre em Asuncion monótona e pacificia. . . eniíjuanto uma rcvo- lução não a sacode. Ponjue o flagello das amluçOes in- dividuaes, de que soffrem todos os paizos da America do Sul, mais ou nien()s intensamente, encontrou no Paraguai um meio óptimo ao seu desenvolvimento, graças ao ardor combativo de seus filhos, nos quaes o sangue guarani nutre a alma fogosa da lícspanha, retemperada poi* novos attributos. A politica pessoal, quer dizer, a poli- tica que não 6 politica, aliás tal qual a conhecemos no Brasil, empolga todos, no Paraguai. FÍR. 19— Desenhos dos índios da Serrn do Norle. (ColI Museu Nacional 1 202ij) próprias Senoritas» paraguaias que viajavam a bordo s irmãs, as qualidades dos chefes de partidos Em todo caso, ha sinceridade nesse apoio pessoal prestado aos cabeç políticos. . Não e por interesse immediato que as famílias se sacrificam pelos dc- caidos. . . * * * Nas ruas, no mercado mercado de Asuncion, tão p SCO e tão t porque as gu* As para; drangidar. m ado, predominam m P homens, na cidade, são robu fam os rapazes deste paiz bcUo e desgraçado. )rt'nas, de face <|ua- m /. iO ciliados, cabfllos ncgro-carvào, lábios oainutlo^, iiail/ iriM<«or i'.!.iíívaiin'iiti' pequeno. Saúdo c furga. Seuipro sugando gr(i<«:o*s rliarutn-^ rusticoa>, -., .. compa- P 'Z^' ; H ''"' '^''''VT" '"? "• ''"" ''"^"" •^^ """■^' '^-'i"í-'«'^. - ao mais complexo dos qua^ se dà no ZfZlllT^T ^"^^"•■"^"."'•■^ ^' ^'^^^ '•^'"«^'^^. « ««t« ■•a-aes .. - addiciona-se á expressão c^à-iv. o snbstan- \ 41 Casa tua filha com o fiUio de aconselha a experiência po o Brasil, cada vez que manda um vaso de g filho com uma filha do vizinho. . . Parag * * * Paraguai, afinal, é nome que se não sabe com segurança de onde vem. Uns pensam que a designação deriva de nação india, que outrora habitava a margem oriental do rio; era a nação Paiaguá. Paraguai, rio dos Paiaguás. Deve a verdade, todavia, estar com os outros, <>.s que acceitam para o nome Paraguai a significação de : rio das palmeiras; Paraguá-corôa de palmas; I, U ou Y-agua ou rio. Grandes bosques de palmeiras co])rem as margens do rio. Os (( carandasaes » naquella região tem a mesma valia característica dos « pinhoiraos » do Sul do Brasil. * A * Mas a flora paraguaia é muito rica semelhante á do Brasil e mui interessante, quanto á nomenclatura guarani das espécies que o povo distingue. Comparar a nomencl botânica e conheced ling os dedicados padres da Comp é conseguir dados p lom d Fig. 20 — Desenhos Jos índios da Serra do Norte. (Coll. Roíidon — Museu Nacional - u(//>) próciar algumas modificações itos séculos de contacto com o de Jesus, com a dos paraguaios soffridas pelo i( castelhano. Quando duas línguas se encontram, num mesmo ponto, não se fundem inteiramente; nem domina, definitivamente, aquclla qu(; se acha njais identificada com o meio cósmico. * * * O quebracho e a herva-mate, caá dos guaranis, fornecem á republica duas grandes fontes de receita.- Na porção Oriental do Paraguai, calculam-se em l.r>(>0 kilometros quadrados a área occupada pelos hervaes. C 42 * * * Durante a guerra de 18G5 foram precioso ivcur^" '^« írrand.-s palui.uvs; das nozes e dos palmitos nutriu-se, durante muit.. tempo, grande parte d;, população. * * A fauna da pequena repul>lica tem gi'ande sciiiclliança com a tio Brasil. Valeria a pena citar aqui algumas espcoIr>^ s<'> para uu^-trar a sobrevivência das denominações guaram's. Seria repetir cousas sabidas. Urucureá, porém, não escapa á citação, ponp.ie desta c<>i-uja(.Vnf/(/>'/p ou ai ( cta c ;ifelizmeiite egoísmo. be dirigir, e antes expl pro 4i ik * * O Paraguai ó filho ila Companhia <1*^ J''>iis. O prcduininiu uruaraiif foi consoUdado pela propaganda dos padres; a liiigua iruaraní foi p.-rprtuada pelo seu carinho. Não fossem cUes, o idioma nào ,.>taila hnjo ti\o falado como está. * * * A navegação do rio Paraguai, durante a vasante, é precária e porigu^a. Felizmente que, por ser muito tortuoso, a baixa de suas aguíts se proor.^a lentamente. Acima de Asuncion começam a apparccer os « Chamacocos ». Das ribas abruptas, cobertas de gramíneas e palmeiras, avermelhadas de barro, partem pequeninas canoas chamacocas em que navegam, o torso nu è reluzente, músculos retesos, os Índios daquella nação. Deixam as choças, á direita ou a esquerda do rio, e vêm gritar ao lado dos vapores : — « Eh j Eh ! Bolacha ! Bolacha ! » São, quasi todos, vaqueiros das estancias paraguaias e argentina^ * * * Ao entardecer dê 7 de agosto passou o Ladario pela foz do rio Apa, onde existe um posto aduaneiro do Brasil. Entramos, pois, em aguas nossas, porquanto o rio forma a divisa entre Brasil e Paraguai, expressa no tratado de 9 de janeiro de 1882, assignado, por nossa parte, pela Princeza Izabel, a Redemptora. Ladario parou alguns instantes, para receber um guarda que o de- veria acompanhar até Corumljá. Duas cabanas e um mastro 6 o posto aduaneiro. * * * Ao longo do rio escalam-se os «saladeros», que são as nossas « char- queadas» rio-grandenses. Detrictos da ingrata industria, lançados á mancheia para dentro do rio, infeccionam-lhe a agua, apezar das benéficas piranhas, cuja voraci- dade encontra pasto nos remansos, á beira dos quaes se erguem os mata- douros. Promove-se dest arte o peoramento das condições hygienicas de todo aquelle valle, já por si infestado de paludismo. 45 Cada vez que o vaporzito encosta á barranca, para receber um volume ou deixar um passageiro, a partir de Asuncion, vê-se gente magra e abatida, pelle côr de oca amarella, ventre enorme, splenomegalico, sclcroticas icté- ricas organismos trabalhados pela doença. * * * Porto Murtinho » será, d'aqul a pouco, uma d É o escoadouro de uma c:rande reírião meridional de Mato-G acha q fronte Desce d'ali todo o mate d Companhia Larangcira. Mate brasileiro, prepa rado empacotado que pagamc Aires. Mais m * * * N (( F dos Morros do d Í3 ;ns do Paraguai, demora o Forte Coiínltra, que lembra Ricardo Franco, o grande cosmographo portuguez do século xvni. Apoia-se na margem direita, dominando um «estirão» coUina. deptMidnrado na aba da Tem um ar melancliolico de castello antigo, com suas ameias seus baluartes ; o a foi )) de Coimbra, foi um forte. Sae de suas paredes antigas uma voz evoca- dora e possante, falando das luctas de outros sé- culos entre os competidores na conquista destas terras, contra os antigos senhores destas mar- í^ens, contra a gente e contra o meio. Fig. 22 Cahaça com tabaco. índios da Serra do Norte. (Coll. Rondou - Museu Nacional IO»!) Dois ou tres canliões som montados sobre rndas escnnda- losamente impróprias á montanha em que vivem, olbnm o rio como qnicto.s cães de guarda. Em baixo, á direita, como si fosse a ponte Icvadiça do mesmo antigo castcllo, adianta-se pelo rio um cães de madeira; defronte dclle uma casinha coberta de folhas de zinco, aberta para uma varanda pela qual se extorsom o ados e foll IIK los. Depois de uma fila de palhoças capcn )i ) eira resse<'ada, cnvol- endo aquellc quadro num v6o de tristeza e de angu.stia. Todos os cerros parecem polvilhados de K pa)' 1 lO- trificada, immota pela calmaria, sem ida manifesta 46 + Cactiis o bromelias surgem, aqui o ali, (ia ^uporfioie í^alcaroa tlaqtirlles i morrotes. No ceu, muito azAil, muito limpMo, repousa cnf.^o f^ nlhar can-^ado ih tristeza do lugar, tjuu so a< chuva-' vcsd-ui do Fullias, r»;vrr(Jo>.-ondu a.^ plantas. Ha dois oíTiciaes iio «Forte»: o commandantce seu ajudanto. O módico embarcou a bordo do vaporzinho .^ue nos condu/ja ; pa^^uu a enfermaria militar do porto Coimbra ao. . . pharma.-cutirT). * * * Corumbá domina as planícies da margem esquerda do l^arairuai. Cidade velha, de costumes velhos. No mesmo dia em que cheguei a Corumbá partia uma lancha para S. Luiz de Cáceres, para onde me dirigia; era preciso, pois, tian- sbordar sem demora todo o material que levava, do Lnclario para o Elrnria. Perdido o Efruría, seria forçado esperar cerca de 15 dias por outro vapor. Surgiu uma difficuldade. O guarda da alfandega embarcado no Ladario não quiz permittir a retirada dos meus volumes marcados: «Museu Nacional». (( Museu Nacional » ! Marca suspeita ! O guarda não tinha a mínima noção do que fosse um Museu. Quanto mais eu Ih'o explicava, tanto mais eile descria. ^ Era meio-dia. O Etruria deveria partir á boca da noite ; o guarda chamou a opmião de outros, e todos, na mais santa in-cnuidade, rcsol- am a suspeição daquella minha tralhoada Em Corumbá, como no Paraguai, o somno da sesta é um habito geral; para ganhar lo dias de viagem resolvi fazer perder ao inspector da severa aduana alguns minutos de somno. Ruas abrazadas de velh bater numa porta quando vejo vir andando, serena c frágil, uma ia magra, encanecida e morena, protegida por larga umbrclla de Ped que os seus dedos mal que tivesse a bondade de me informar onde morava o da alfandeg dizer. . . » Conheço o inspector, mas não sei onde elle está assistindo. . . não sei E a velhinha foi andando pel Uma tórrida da gente antiga do Brasil Onde elle está assistindo »; a velhinha falava a lingua 47 Falava a lingua dos poetas mineiros do tempo da Inconfidência : a Eu, Marillia, não sou nenhum vaqueiro Que viva de guardar allieio gado. Tenho próprio casal e nelle assisto. . .)> L Naquelle simples verbo estava todo o perfume archaico dos tempos coloniaes. Tinha encontrado numa das mais centraes cidades da America do Sul uma expressão genuinamente portugucza, de rpiea immcnsa maioi-ia dos brasileiros não usa mais. Numa cidade littoranea, íura as que se acham mui próximas do Portugal, seria hoje* quasi escandaloso empregai- ((.ssísllr por JmJnlar ou « A menina nasceu em fracas palhas » — « E' preciso guardar a Ixica » lia mezcs que lhe não vem o custume » — a O (uie lho hei de eu d pressões genuinamente portuguezas que tenho rccolhitlo d;» boca de pessoas ro- ccm-chogadas ; modos de dizer que o Brasil já não co- nhece. lia brasileiros mais ciosos de bem falar o portugucz que os próprios donos da lingua ; como si a lingua brasi- leira não fosse um dialecto porluguez deturpado e ac- crescido. . pig. 23-aú -. ,, . T-« t t 1 Cigarros dos índios da Scrrn «O nosso orgulho máximo, escreveu Euclydcs da do Norte. Cunha, devera consistir em que ao portuguez lhe custasse (Co». nondon - Museu ... , , ,. Nacional — 3361) traduzir-nos, lendo-nos na mesma língua.» Esse trabalho de emancipação, processa-se, todavia; a diíTerenciação da lingua brasileira vai sendo accelerada por múltiplos factores tondeníes a perturbar o puro portuguez. * * * A gente de Corumbá espanta as trevas de suas noites com luz elé- ctrica ; mata sua sôde com agua suja do rio. Goza do supérfluo ; não tem o indispensável. O atrazo de sua hy-jiene envcrniza-se com aquclle luxo. Quão mais adiantado me pareceria Corumbá, si IjcIm^-^c agua cai»tada c canalizada das fontes do Urucú, ainda que se illuminassc modestamente a petróleo I * * Í( Árabes, sírios e turcos mascatêam por toila j)arte. ínirriiam-se ca- o freguezcs por todos os cantos. Dos milheiros de «turcos» que o Brasil rec('l»c annualmonte nHo so talvez uma centena de producíorcs. Aão exisfcm trabalhadores ruraes 48 turcos. Não ha todavia elemento cxtrangeíro mais aitriiuaiJu p.-r toda a superfície do paiz. No coração de Mato-Grosso, na Amazónia, em Minas Gorao>, na da Republica, vivem grandes massas de mercadores « tnrcus )k !':mb(i r ndiçõ sejam obr os brasileiros, vivem, de facto, perfeitamente segregados na sua rara, na^ suas normas, no seu feitio. Ninguém sabe ao certo cunu» se diaiiiani ; de onde são; que religião professam. Vivem lá entre si, ignoiadus na sua vi- femea mo e quiteiro, portanto, é g meio pi 7 50 * * * O mosquiteiro de rede, largamente usado no interior, tom a fnrma geral de um fiizo. Suas extremidades terminam nos punlios da r(\l(*; de sua parte média desce, como a vesícula umbcllical de um peixe recennias- cido, o seu bojo fechado ao nivel do clião por duas abas ([ue se cruzam. Um cordel mantém o plano superior acima de quem dorme; e, algumas varetas, cortadas na - occasiao de o armar, distendem horizontalmente o panno * * * Alem de Corumbá o Paraguai corre, tortuoso e risonho, entre campinas e bosques. Suas margens cobrem-se de florestas, quando nào se apagam pa De longe em longe o tufo de flores violáceas de uma piuva rompe o verdor sombrio da vegetaç * * * Piuva — é nome que os cuiabanos dão ao Ipé — [Bignonia longiflora), que anima os tons da mata durante sua floração.. 1 I * * • A 10 de agosto passámos em Porto S. João, dá fazenda Santa Cr A fazenda conta cerca de 10.000 cabeças de gado, ao que informam vaqueiros. Uma das maiores. No dia seguinte transpúnhamos a povoação de Amolar; ao meio-di< thermometro marcava 38" á sombra. Ao longo da marsrem direita via-se uma cadeia de esf' Não eram simples collinas sem impo Pelas cartas usuaes não foi possivel identifical-a. Ai ! de quem se dei r pelas cartas actuaes ! * * * Antes da lagoa Galiiva, a navegação do Paraguai é difíicultosa,. pela angustia da sua largura. Além disso, durante as clieias, destacam-se das barrancas numerosas ilhotas verdejantes, que perturbam profundamente a topographia do alveo; os melhores pilotos se eml)araçam, muitas vezes, para decidir onde passa o canal navegável por entre esses camalotes, verdadeiros rinirurés do Paraguai, resultantes da erosão processada por suas. aguas. Urticaceas, leguminosas, grammineas dominam nesse trecho. A volla do Caracarasinho foi percorrida em 26 minutos. Mas, durante esse tempo, não fizemos mais de uns 20 metros de caminho utll 51 * * • E o vapor sobe a corrente vão passaii como no de fundo de um scenario de magica, arvores folliudas, onde confi pan 'O iCeb Ateies sp.) da farca, cxhibem temente o seu papel A onça gosta daquelles campos em que a preza é facil * * * U rde, a luz se d nas primeiras sombras, q cigarras cantavam. esga cm íl de O Paraguai era um cadarço azul que a hélice espuma branca. Ruidos da mata, imprecisos, ousados ou timidos; ruiílos certos do motor, compassados e monótonos. Súbito, um fragor de galhos que se partiam, folhas m grande grito de animal ferido. Toda a gente de bordo correu para o mesmo 1; do Eb o a onça, mal divisada, sumiu-se pela ramari racteristica daquelle ambiente que os ru- mores de um motor, filho da mais apurada cultura scientifica, e o rugir das onças do- minavam repartidamente. ( lentro. Rai * * * Os Índios Guatós caçam, com afinco, os grandes gatos, cujo couro vendem por bom preço aos viajantes. Um couro de onça vale mais de 100$ ; e, quando passam as lanchas, os caçadores offerecem os productos de sua industria predilecta. * * • Assim que o dia começa, apparecem Fig. 24 — Imitação de um chapóo de palha, feita por nos banhad por onde a vista se der (Coll rama, entre as florestas, nos grandes campos vead os que sempre alerta, cm um Índio do Jtiniena. don — Museu Nacional — 1,3113). i])eirinhos', manadas de cambalhotas nervosas. As tahans, anhumas (em Mato-Grosso), são sempre os mesmos esposo: amantes, modelo de bem casados. Distendem o voo pesado, elevand ternos amantes, a custo a corpulência, e percurso o seu duetto de E ella responde : Tah vão pousar além, sempn mior, em que elle a cham petind no 7a/i 52 * * * Entrámos, a 12 de agosto, na zona habitada pelos índios Guatós, visi- tados recentemente pelo Dr. Max Schmidt, do IVIuseu de Berlim. A ribanceira, aqui e ali, apresenta-se desnudada, limpa pela frequência do pé humano. Domina, no lugar, a ramaria de uma figueira : é um j-^orlo de guató. Arvores cabidas com o desljarrancamento da ultima enxurrada, pre- param-se para partir, ao arbitrio da corrente, ao Deus dará das aguas, rio abaixo; as folhas soltam-se uma a uma, como si fossem lagrimas da planta, chorando a despedida da terra. * • * As margens, pouco além da ribanceira, pontilliam-se de manchas es- curas: são os ranchos dos Guatós", valentes canoeiros que têm, na historia do Brasil, um lugar bem merecido. * * • Joaquim é um Guató cego, que vive sentado debaixo de uma figueira, ao lado da cabana, rolando na direcção do rio, seus olhos extinctos. Vive ali, naquelle aterrado, ponto firme no meio do pantanal, só com a siia Guató, velha companheira corajosa de sua triste escuridão, que o ali- menta e o proteje. EUa colhe, naquella terra, os fructos que cultiva para manter seu lar. * * * Perdido num recanto agreste, rodeado de feras e perigos, esse drama de amor e de piedade se desenrola ha alguns annos. E' um poema de bondade, que a natureza feminina canta, no âmago belleza primitiva e toda a santa poesia de sem espc * * * A' noitinha a agua do riu toma nuanças violetas e verdoengas. Bugios cinzentos c pelludos, com bugias negras, (Cebiis) aconchegam-se nas ramarias. E como o rio não é largo, quem passa goza dos mínimos detalhes d intima daquelles casaes de macacos, que se preparam para dormii Veadinhos assustados cabritèam pelos pantanaes, procurando moita onde passar 53 -^ * * * A meio caminlio de Corumbá-Caceres acha-se Porto Descalvado existem usinas da Comp Cibilis que prepara extracto de pântanos de M Possue grandes manadas, em campos que vão dos 5S0 á fronteira da Bolívia. O gado da Cibilis é arisco; segundo dizem os vaqu ado, é abatido a tiro de espingarda. Aliás, ó por um processo sen se resolvem as questões, nas regiões fronteiriças: — A lei aqui é o artigo 44, pararjrapho 3^. O artigo 44 é o calibre da clavina Winchester; paragraplio 3 de Porto D cor- responde ao das pistolas de repet * * * Dos bandidos da fronteira soffre muito a companhia; de vizinhos, fazendeiros do Jaurrt, não soíTre menos. Genesio, um dos nossos tropeiros, fora va- queiro no Jaurti. Contava que seu patrão dizia habitualmente, mandando arrebanhar gado alheio para seu campo: « Quem achar boi gordo p('(le tocar p'ra cá, que é meu ; ferro que cu respeito é só a magreza. . . » * * • A pagam um pesado po Da mesma empreza ba os adores de iiarcas. aue devastam mais Um kilo de plumas vale, em Corumbá 5 1 :000$; e cada garça fornece apenas > aTammas. FL 25 Collar feito com as sementes úe uma — índios da Serra úa Norte. * * * sapotacca — (Coll. RonJua - Muòcu Nacional 314-'^) Mulher que quasi chora vendo, presa luim viveiro, uma avo bem tra- tada, adorna, calma c feliz, a sua belleza com o soííríincnto e a viria de uma porção de garças. S Issem voando pelo ar azul aquelles flocos r i d teriam remorso de suas alg) Quantas não presarão ainda mais o adorno, só porque custa a vida feliz das garças b í? 54 * * * A «peste de cadeiras» — trypanosomiase fatal aos equinos, em 101 1, matou 600 cavallos da Cibilis. Em Porto S. Joào luz, ainda mais. * * • A liomem barba Ju. Tam não se atira á gente que dorme no mosquiteiro, porque não sabe do que lado está a cabeça ! . . «Mais de um, dormindo no campo, tem sido visitado alta noite pela onça, cujos fios de bigode áspero chegaram a atravessar o panno do mos- quiteiro. . . )) E, muito sinceramente, repetiam: « A onça não bole com a gente debaixo do mosquiteiro. » * * * A 13 de agosto encalhou o Efruria nos baixios do Passo Presidend Pei'demos ahi o dia. Para safar a lancha, a manobra usual 6 lançar ferr i arrastando Enfileirados 20 metros e fazer g cabo que o ^ de g como grandes gotas de sangue desbotado, assistiam ao rude balho da tripolação / Passo Presidente merece o qualificativo ; é o mais difficil da navegação Ito Paraguai, entre Corumbá e S. Luiz. * • * E boneco, com a cabeça metida num fund de feltro, que foi chapéo, calças arregaçadas ao joelho, numa orla grossa debruada pela cor amarellada das ceroulas, de onde pende darço barrento, um caboclo espadaúdo vai sondando a profundidade do passo Finca grita : olhar nas divisões Seis ! escasso ! Sete ! na marca ! — Oito! folgado! Grita cantando, plangente, como si a vara fosse um um cofcho; o Sol, fosse a Lua das serenalas, e elle estive num descante. 1 mesmo suspirar No ar parado do meio-dia, quando o rio faísca e as cigarras estridulam nas ribanceiras, esvoaça, de vez em quando, a voz do caboclo da proa, avi- sando ao piloto as oscillações do canal praticável, cuja profundidade se exprime aos palmos : Nove! escasso! Oito ! folgado ! Seis ! na marca ! O combustivel, a bordo, é lenha. Porém, em vez de ser lenha de páo a toa, é lenha de angico e de aroeira ; é de « madeira de lei ». O milheiro de achas na barranca, no mato, 6 vendido a 40$ ; em Amolar vale 100$; em Corumbá, ainda mais, A combustão dessa lenha produz tanto calor que, ás vezes, funde as relhas das fornalhas, segundo informam entendidos. * * * 4 Pela foz do Jaurú passámos a boca da noite. O Paraguai, nesse trecho, é matoso mais estreito, e mais fundo. Fig. 26 — Collar de conchas. índios da Serra do Norte. (Coll. Rondon Museu Nacional — 12785) Copas de arvores folliudas e ramosas se debruçam sobi eíTeito do heliotropismo, pois que o rio 6 um largo feixe de da tolda da ando a escuridão da floresta. A' noite, de vez em quando, entrava por dei o braços phantasticos, grandes galhos da margem próxima. Era fragor apavorante de cousas mil-partidas, como a descarga de mctrall doras imprev O vapor osci liava, d sensivelmente a marclia desviava-se do rumo, detido por aquelles obstáculos que aescurid dera aos olhos pequeninos e argutos do piloto Salvador. Gritos de g dormia, dependurada nas redes fusticrada (\u matn ; gritos D ando de A lancha para\ 36 Alguns arranhões nos passageiros, fracturas em salicncias do barco ; o convez inundado de folhas e páos, mensageiros da Horesta dando boas vindas aos intrusos. * * * S. Luiz de Cáceres, como Corumbá, é construída subre uma das margens do Paraguai ; a outra margem estende-so deserta, baixa e alagadiça. Corumbá trepa pela margem direita acima ; S. Luiz espraia-se pelo planalto modesto da margem esquerda. A mata, a mata viçosa do Pa- raguai, interrompe-se nas cercanias de Cáceres. Quando muito, capoeiras e serradões. A cidade e seus arredores foram erguidos em uma mancha cal- careo-silicosa no lençol argiloso, húmido, alluvial de toda a região. Nua, sem a protecção das arvores, soffre no verão os rigores do Sol ; a poeira fina, subtil, levanta-sc cm nuvens, ao menor transito, e invade as vias respiratórias. ; . * * * Quando chove surge o tijuco, pastoso, exhuberante, tomando as ruas, aliás bem traçadas, alinhadas em taboleiro. * * Houve ha tempos, em S. Luiz, uma rua das cabeças. w ■ - -■ ■ Porque 7'ua das cabeças^? Não ha, perto, nenhum massiço de rocha eruptiva de onde se possa retirar pedra para construcção ou calçamento . Ensaiaram a pavimentação com pedra canga, a tnpanltocanga dos mineiros. • Mas esse minério de ferro é frágil demais para tal applicação, embora sirva para construcção; existe em S. Luiz o esqueleto de uma igreja onde largas manchas chocolate denunciam placas de pedra canga. Pois, á mingua de melhor material, lembrou -se alguém de recamar a rua, na frente de sua casa, para poder transitar durante a estação das chuvas, com o craneo dos bovinos, que a cidade ia devorando. Outros seguiram seu exemplo. ■ Surgiu a rua das cabeças, calçada de craneos. * * * Agua de Cáceres é a do Paraguai, ou a dos algibes abertos na vizi nhança das fossas, condição de insalul)ridade garantida. • • • S. Luiz vive exportando poáia c borracha, criando al cervo. Parámos todos, para gozar daquella sccna primitiva. Au lado, uma poça dagua lodacenta, resto da grande lagoa que as chuvas do verão ha- viam de encher de novo. Pé ante pé, lento, arrastando-se vagarosamente, saía dagua um hydrosaurio esfaimado e traiçoeiro, procurando attingir o cervo. Fazia um passo curto e, quasi no mesmo lugar, ficava immovel, como si fosse um jacaré de bronze, illuminado pelo Sol; depois de alguns instantes continuava a marcha imperceptivel. E' assim que atacam as presas distrahidas. Dentro de algum tempo teria agarrado o veadinho pelas pernas, ar- rastando-o para sua poça d'agua suja. Interrompemos, sem remorsos, a triste operação. * * * Já pel fortissimo daq primeiro dia de marcha. O rio, ao luar, marulhava, suggerindo o somno. Do outro lado da corrente, os sons confusos da floresta levanta vam-se em surdina, para compor a serenata. Frio, pela madrugada ; mas, na manhã seguinte, o Sol rompia aggres- sivo, despejando ondas de luz e de calor por cima das matas, dos campos e dos serrados. As oscillações diárias da temperatura athmospherica, naquella estação, seguiam essa norma. * * * Quem toma banho no Sipotuba compreliende a razão pela qual as chás levam 12 dias para subir, até Tapirapuan, e descem em 48 horas; A parte infe fundo pedregoso e fortiss é cavada em terrenos de baixo nivel. Durante seu trajecto, ahi, não recebe um só affluente de importância. O volume de suas aguas cresce, ainda assim, pelas torrentes ano- nymas que o ahmcntam dos dois lados. Na primeira porção do seu percurso, juntam-se-lhe seus verdadeiros affluentes. * * * A lepra não é frequente naquellas bandas, ao contrario do que sup- punha. Em Cáceres vi dois leprosos; em Porto do Campo existe uma familiade morphelicos. Coíivem notar, todavia, que a população regional é 03 escassa; não acredito que S. Luiz de Cáceres tenli que llie dão. Aliás, as notas censitárias de que dispoi í, para servirem a qualquer estimativa desta ordem 15.000 liahi- ião precárias * * * % S Em «Porto dos Bugres )) passámos para a margem esquerda do rio De Bugres a Tapirapuan vão 15 legoas. Tenente Pyrineus j prudente d a fica illOí que o caminho 6 do Partiríamos de madrugada para mais suavemenfí', o lírnnde Sa| * * * Reconheço que são, apparcntemente, ociosos alguns detalhes desta nar- ração, que, afinal, nada appresenta de maravilhoso. Tddavia, escrevo para documentar archivar e servir. Ha minúcias aborrecidas para quem toma de um livro afim de se recrear, ou 6 divulgar. Escrevo para para quem procura apenas uma nota. O mesmo leitor, em outras circum- stancias, daria uma fortuna para co- nhecer essas pequenas cousas. A mais corriqueira- informação pode servir a outrem de um modo indizível. Vale pela experiência que encerra, trabalho que poupa, tranquillidade que proporciona j Fig. 30 — Sthema de um « lalaçú,» inantu dt palha dos índios da Serra do Norte. habilitando outro transeunte a prever uma série de condições. Tive a felicidade de achar um guia experimentado, já o disse; outros não a terão. Que aproveitem as informações aqui registadas. * * * J Cav é de nejo F í respondeu com O saber dessa gente matuta tem sabor especial. Quand cousas e factos ;e prendem a theorias e liames dt baraçados os letrados. Na sua voz, e ainda a própria N ganhamos escutando-a. ( j cm- fala: Disse-mé que a «. mata da poá )) [Jesde sua casa até Tai 15 legoas a fio, estendendo-se entre o Paraguai e o Sipotuba. ( pa é oie o triste Sapesal, campo i peraccas, onde t ^* i * 04 espetados, negros como varões de ferro, os caules carbonizados das grandes arvores, que as queimadas não puderam derrubar. * * * Não ba muitos annos que os indios Parecís das cabeceiras do Juba, dn Cabaçal e do Jaurú, frequentavam Porto doR fítujrrs para negociar ri com a sccnte de Cáceres. * * * Nessa noite que passámos no Porto dos Bugres, produzi u-se um lescjo narrar porque dá amostra do meio aquellcs sertanejos. Armáramos nossas redes del)aixo de algumas larangeiras, ao lado do rancbo de nosso hospedeiro. Piespirando o ar que descia das arvores em ílòr, conversávamos baixinho. Noite de luar incerto. De repente ouviu-se, no outro lado do rio, a. voz mordente de um suino crguer-se na escuridão, num grito de desespero. ^A onça! A onça! gritou Cavalcante apparecendo, mal distincto, na porta de sua casa de folhagem. Está parecendo sucurí, disse um camarada, erguendo-se na rede [)reíruiçoso. Esse rio tem muita sucurí. Onça, ou sucurí, atacava o chiqueiro a menos de cem melros da habitação. Cavalcante, seus homens e os nossos, correram para o lugar onde a voz da victima se perdia, deslizando numa escala chromatica descen- dente. . . * * * As crianças da casa, pobres filhos da floresta, levantaram-se das suas pequeninas redes, despertadas pela gritaria dos bichos e dos liomens : — E' a onça ? E' a onça? Fecha a porta! choramigavam, nervosas e tremulas. A porta ! Sua u casa » era um rancho de páos a pique, coberto de palmas de acurí ; as paredes, em pallissada, permittiriam a passagem de um casal de onças. ... • Todavia, a casa tinha uma porta ; e era bom abrigo para formar o caracter desses pequenos brasileiros. Tive piedade daquellas crianças, acordadas no meio da noite pela onça pensei nos petizes das cidades, que tremem de medo e arregalam de pavor quando ouvem falar das onças fabulosas. c Invejei aqiiellas crianças pelos meus filhos; porque serão verdadeiros homens os que vão crescendo assim, endurecidos pelo contacto intimo com as asperezas da criação. * * * De Porto dos Bugres, atravóz do Sapesal, corre a estrada Commissão Rondon para ahastecer seu de[ O sapesal se interromi para dar lugar íi vegetação qu kil da costuma coroar as nascentes; na linda f( Jacarrihili no o o Bugres, vicejavam cedros, perolias, garapas, faveiras, algod riroijas, buritis, uauassús, amostras do cpie o fogo andou, por largo tempo, devorando 1): * * Plena região da poáia, Mato-Grosso é, ainda hoje, o maior fornecedor dessa rubiacea, cuja extracção é trabalho ingrato, exigindo muita attençào dos que desejam encontrar a herva e fugir das cobras. Dizem os matutos : Opoaiêiro carece de ler boa visla. . . vai andando ífo mato de cabeça abanando, só rnrxendo com os olhos. . , sinão, arranca, mas é nada! A poáia arrvina a visla. Nas costas, levam os poaieiros um matirí de cmbira para o qual vao jogando as raízes arrancadas ;i *ioii 1' • (Segundo um sabia, plumagem cor de folhas seccas, que assobia como si fosse O o chamam de ((poaiêiro» e croquis do Sr. O. Kuhlmann). D q » / no tem|)0 da grande floresta, rpiando cantava num lugar, os « arrancadores )) iam para fai O « poa era auxiliar de mão cheia. O fo o ujala, diminuiu a poaia, c q * * «■ T ivia, foram os arraii dali. Acreditavam a maiores culpados 1 ( <) incendi o ( las meio delle. mmimdicies» q o fogo, livrando se, pnr os maffiros: ahellias, 9 66 mosquitos, maribondos, formigas, poderiam colher mais facilmente a raiz cubicada. Mas a poaia não medra fora da protecção da Destruiram a morada esperando conservar o morí o homem, por ignorância e por ambição, matou uma dor : mais uma de ouro. . . * * * Partindo de S. Luiz de Cáceres contam -se as seguintes etapas, de accòrdo com a marcha que fizemos: S. Luiz ao Barranco Barranco — Porto do Campo . Porto do Campo — Porto dos Bugres . Porto dos Bugres — Manuel Benedicto Manoel Benedicto — Tapirapuan . De Cáceres a Tapirapuan . . . . 3 léguas 5 3 )) 11 )) 5 » 2 a 3 dias * * * Partem de Tapirapuan as tropas de abastecimento, conduzindo géneros e material para o acampamento, de Rondon, situado a cerca de 100 léguas. O nome daquclle lugar ó ainda lembrança das «bandeiras», cravada no sertão longinquo. O serviço de transporte foi admiravelmente bem organizado sendo o ti caminho de Tapirapuan ao acampamento dividido em secções : Tapirapuan- Juruena, Juruena-Campos Novos, Campos Novos-Jose Bonifácio, onde estava a eonstrucçao. ^ * * * Desd«.i o começo da o fazer prophylaxla anti-ma- larica pcIõ mosquiteiro e pela quinina; nunca usámos mais de 30 ceiíti- grammas de chlorhydrato de quinina por dia. O tenente Pyrineus, antigo impaludado, tomava uma gramma. De nossa comitiva, composta de seis homens : Amaro Fonseca, José Opilio, Joaquim Trindade, João Mineiro, Genesio, António, indio Pareci, dois, apenas, foram atacados : um no Juruena e outro em Campos Novos. Accessos benignos em ambos. O posto de Juruena é foco dos mais sérios, tanto de paludismo quanto de beribéri. * * * ^ Eui Tapirapuan examinei muitos enfermos da Commissão: myocardite beriberica, cachexia paludica, ulceras leishmaniosicas, ankylostomiase. 67 J^ * * Fui lambem consultado por um indio chiquitiano, José Bugrinho, va- queiro da Commissão. Formára-se-llie um grande abcesso na axilla esquerda. Punccionara a collecção com um páo ponteagudo; soíTria consequências infecciosas da intervenção. Indaguei porque não tinha usado, de preferencia, sua faca para executar a operação; e respondeu-me que o « ferro arruina as postliemas » . . . * * * O beribéri, embora endémico em certos lu- gares, não apparece com a mesma intensidade todos os annos. lia « annos de beribéri » e outros quasi livres delle. Os antigos cuiabanos ainda o chamam de «perneira)). * * * Rondon deixou-nos em Tapirapuan aos 2 de setembro. Sempre animado pela mesma fé, e disposto aos mesmos sacrifícios, seguiu para a capital da Republica a serviço de sua obra. * * * Ha hom q m que nos nos Iham como pproximamos; outros, de longe, bri- nos chegamos, ando vemos que são mundos, ainda maiores, de timento e de caracter. * * * Mini ia bagagem constava de 10 volumes, tendo sido arrumada de maneira que nenhum costado tivesse mais de 35 kilos. Fig 32 Piíao dos índios da Serrn do Norte. * * * (Coll. Rondou — Museu Nacional I i<)3J i; 1333:) O boi ó O cargueiro da região. m da invernada fortes garrotes, ainda chucros. Com um Genesio perf ( cada qual, passando p''l<> orifício um de couro, preso a uma sôga que descia das guampas. Bufando, e lambendo a ferida fresca, passaram a r estaca, mugindo, de vez em quando, furiosos e impaciente arrados á r.8 No dia sei^uiiito Foram « encani^al liados ». (T Encangalhar » um boi cliucro c operação accidcníada. Revestidos das alljardas primitivas, de páo, couro cru c palha ajustada em pequenos feixes pelo lado de dentro, saltam os garrotes, pulam, esper- neiam, atiram-se ás arvores, rojam-se ao chão, até cpie os arreios se desfaçam aos pedaços. Vão os vaqueiros, então, caçar pelo campo as peças disseminadas durante a formidável reacção. « Encangalham » de novo o animal. Tudo recomeça. No fim de muitas horas submettcm-sc ; acalmam-se. Então re- i. Assim se inicia a viaiicm, para pousar pouco além ; porque, o prime k fazer os garrotes caminharem alguns o I Quando disparam pelo campo á fora, pisam na corrida, sobre a corda que lhos ponde das narinas e moderam a fuga; a corda é um/ lico, invenção de vaqueiros. * * * Uma tropa de muares conduzia o material; 15 bois levavam géneros e brindes para os índios: facas, m pérolas de vid e algumas centenas de caixas de phosphoros, que ó talvez, bem como o machado de fcrro^ o mais valioso donativo que alguém pôde fazer a um nam- InluiAra. Em Tapirapuan enrolámos certa quantidade de cigarros, cm papel do jornal; o tenente Pyrincus sabia, por experiência proi»ria, ser o envoltório preferido. . . * * * He Tapirapuan ao Salto da Felicidade, onde cruzámos o Sipotuba para ganhar o ^danalto pareci, dcsdobra-se uma das melliores estradas carros- savcis d') sertão l)rasiíciro. Sã.) 24 kilometros iniciaes da larga via de cummunicação, aberta cnh'e as duas bacias extremas, atravez dobrando ivisor. * * * o n-uctn du jequitibá, (pie o^ Índios Parecís denominam Fátenóchini, é procisam.Miíe o mesmo usado pelos indi.^s du Araguaia-(Karajás)-como fornilho. J'yUe-iuiiCLico;nt}vhini-iVúiio. l^afennrhhii-púão de macaco. * ♦ * awihirâ~úu^ Parecís, wfcuan ~ dos Cuiabanos, a mais amável das len-mhas do campo, é a mesma yuariroba do sertão goiano. Sou fructo, noz píriforine, tem a mucilagcm da baba de boi. Embalsama o ar com cheiro hybrido de manga e ananaz. ■ - ■' _-tf Archivos do MiLseu Nacional. Vol. XX "ZAIAKÚTI" íMP ^aq/o^au Escudo venatdrio dos índios Parecis. fCoJ/. Mus. Nac. Ji" f/26'Oj 69 E (lo canino Quem passa, attrahido pela modcslla tlc sua cstipe, preso ao seu per como SI desejasse fazer as honras do os filhos sitante, anpieada ao peso dos cachos, cila offerta Em geral as palmeiras, como as outras mães lon cubicados, lia lucta ]uira conseguil-os. A guahirô, pequena, delgada, elástica, tal si fora um feixe de molas de aço, pcrmitte que o homem se aproveite de uma das ainda mais, erguem para o ccu, bem longe dos home producções daquella terra, sem mais esforço o braço. * * * Cajueiros, sem conta, abertos cm flor, fazem digna compa- nhia ás uacuans. légua aquém do Salto da Felicidade ouve-sc o ronco de suas aguas. Todavia, parece uma corredeira de forte declive; é antes uma cachoeira, onde a rocha forma terraços. * * * N do S o as mar£í*ens do Sipotulja são altas, de terras silico argilosas. Borbolíítas \irí\nr.n > erd pedacinhos de papel de côr, juntavam-se em multidão para bebcj matizando tapete ondeante, a sombra de grandes Napeodes Jucunda^ Ilub., é muito abundante passeia cm longas filas pelas clareiras das matas n I * * * Conheci, no Salto, um dos melhores companheiros de Rondon Fig. 33 — Anieeçú — Flecha de ponta lisa e cylindrica — índios da Serra do Norte. (Coll. RonJ Deixo aqui estas linhas para prestar homenagem a um typo aca- _ Museu bado de sertanistí levantando postes que levou a vida inteira rompendo e Nacional— 3iii) ph cah Serra do Norte L. O capitão Can a na primeira trincheira daquella grande quando a linha telegraphica chegava ás ultimas etapas. A « terra da promissão amente recebe o piso de quem a viu prnneiro . . . * * * das linhas telegra- Contava Cardoso que, durante a construcção phicas nas terras dos Bôrôros, e mesmo dos Parecís, era commum, no 70 postes, siippondu que havia colmeia no top porque encostavam o ouvido nos moirões e pci-c^biam o zumbido caracie- ristico da passagem do vento c da corrente, semelhante ao tias abelhas. * * * E' jntercssante notar a distribuição geograpi [do^)) {SimalidfK^, dipteros que formam colónia Em Tapirapuan quasi nào existem ; são abu ilidades da maru^em do Sinotuba. Salto. A Parece-me, todavia, que sua presença se relaciona com a existência de algumas espécies vegetaes que lhes dão abrigo, ou que lhes auxiliam, de algum modo, a existência; talvez certas bromelias, nas quaes, em 1878, Fritz Miiller descreveu fauna característica. * * * Do Salto a estrada caminha para N. O. atravez de uma grande mata, 4 para chegar ao sopé do planalto dos Parecís. Vi, pela primeira vez, o mamão fructificando em plena floresta, ao lado de plantas bravas; como um príncipe modesto que estivesse, incógnito, a gozar o espectáculo de uma hicta, alistado nas fileiras dos combatentes, emparelhado com gente de toda casta. . . * * * As .sapopeinbas (ou sapopc naturaes j cavernas de madeira que as arvores constroem, enchem-se as vezes de terra das enxurradas; e ás sementes, cahindo nesses canteiros do Kurupira, brotam em liervas, arbustos e cipós, como filhos adoptivos dos gigantes. * * * A foz do rio Formoso, no Sipotuba, pcjde ser attingida, entrando-se pela mata do Salto, a Sud'Oeste da estrada. * * * 8 De bananeiras, nada. Pacóvas, de porte m A (( mulateira », de cerne duríssimo, qr abeira do mato», myrtacea gigantesca, sí justa de ramos e de de machados, e a lo jatobá, naquella * * * .As lagoas da costa do Atlântico, no Rio Grande do Sul, ensinaram-me, em 1906, a admirar as aves do Brasil ; as florestas de Mato-Grosso abriram-me o 71 mundo dos insectos. Si quizesse um titulo sensacional para estas notas, tomaria este, perfeitamente verdadeiro : « Visita aos índios do Paiz dos Insectos » . . . * * * Antes de começar a subir o planalto dos Pareci do kilometro 50 da estrada do J cann'nlio aberto pela commissao Rondon entre as duas grandes bacias, do Prata e do Amaz destinado a ser uma « veia mestra » da circulação dos toes, por onde lião de passar boiadas para o Norte e tro}>aí borracha para o Sul. Inicia-se no ((50» uma das a madrugada». Sobe o caminlio abruptan ser- peores F i lep s de algun; k i I o- o etros, dá no Chapadào dos Parecís, mar de areia desolador, ^ande mancha de deserto. Quatro léguas vão do «50» até Aldeia Queimada, poslo commandado, naquella occasião, pelo tenente Emanuel do Ama- rante. São léguas de areia fofa, em subidas e descidas, em rampas de alta porcentagem, sem nascentes d 'agua, e sem sombras. ;■ f^ ^. ■ - > I '1; \ • * * t~^ Luiz d'Alincourt, aliás, escrevia outr ora : (( A famosa cordilheira dos Parecís tira o nome da mesma nação de índios Parecís, que a povoão, e que existe hoje mui diminuta. , . » « A sumidade destas serras é formada por largos campos, de cuja superfície se levantão altos, e compridos combros de arêa, á maneira das ondas do Oceano quando está cavado ; arêa balofa, e mui solta, que muito fatiga os viajantes, e animaes que por alli transitam : estes campos não offerecem pastagens, e só nelies apparece certa qualidade de arbusto curto e de fí^ihas muito ásperas. » • * * * s Pau santo (aláua dos Parecís), miirli^í, vegetação mos- quinlia, de casca grossa, galhos em contorsões, como si esti- vessem soffrendo. * * * Fig. 34 — Uaeliçú Flecha de ponta de taqihirn — índio*! da Serra do Norte. (ColL Kondon — Mu6cu Nacional Karêke brota da areia como um tufo de esperanças; é o indaiazínlio do campo, palma acaule, recurso dos tropeiros sedentos. 72 EUa esconde na areia sua penca de coquinhos; quem sabe achal-a, quebra a noz e encontra uma Karêke é nome pareci. gotta d'agua fresca. * * * Ao longo do caminho, caveiras c caveiras de cargueiros, 'mortos d e fadiga e fome, ao volver do Norte. Quando um animal afrouxa dividem os tropeiros a carga pelos outros, si possível, ou a al)andonam ; depois, por piedade, tiram do infeliz a albarda, que põem ao lado da estrada. O boi, exhausto, com fome e com sede, resi- gnado, vendo partir a tropa dos companheiros trôpegos, sem forras para seguil-a, ali fica, junto do unico ol^jecto t[ue conhece naquelle areial ; e morre de inanicào, entregue á fatalidade do seu destino, deitado a fio com- prido, ao lado do instrumento fiel do seu martyrio... DlD DO BQBQ DlD Dia A V ciiAVAM-SE OS Parecís que examiiiainos em Aldeia Quel/nada, em Uliariíí e no Timolaliá; naquelle lugar, estavam localizo dos os dos grupos Kozárini e Kaxinití^ do rio Verde e das cabcceii'as fio Juba, do Cabaçal, do Jaurú e do Guaporó. Em Utiarití e no Salto do Timalatiá viviam os do gruj)0 Uaimare. Todavia, em Aldeia Queimada pudemos trabalhar com Índios deste grupo ; aquelle posto, em 1912, era, pelos esforços do tenente Emanuel do Amarante, incendiada ia renascendo. um grande centro pareci. A antiga povoação • * * Pelle de ( nos Uai marés prica Lisa ou po escura nos Kozárini? irugada. Systema gl cutâneo, izad desenvolvido. O colorido epidérmico é bem exp de collaboracão com o Sr. A. Cbilde, no M Nacional. Le\ d iffe rentes esboços, resultou essa escala. para parar com a cor da pelle dos indios ; delles A tabeliã junto, actualmente usada em nosso laboratório, corresponde, segundo ensaios realizados em muitos individuos de diíTercntes tribus, ás tonalidades geraes dominantes nos aborigenes do Brasil. Já tivemos opportunidade de ensaial-a em individuos das tribus : Pareci, Nambikuára da Serra do Norte, Tcrcna, Cliiquiíiana, BÔrAro, Cherente, Guarani, Chamacôcô, Kaxinauá e Bakairí, examinados no Museu, ou alhures. Em nossa tabeliã dermochromica a pelle dos Parecís, termo médio corresponde aos gráos mais claros: n\ 1 — 5, nas dições mesolomcas não influiram profundamente. regiões em que as con- 10 7i * * * Pellos rectos e duros. Para caracterizar o typo anfropologico mais geral, recorri ao y^etralo falado, metliodo Bertillon. As notações do retraio falado, e as mensurações, foram effectuadas de accôrdo com as fichas indlviduaes usadas no Museu. O typo pareci, que apparece nestas notas, é apenas recomposição, feita a custa do material que o maravilhoso methodo analysou e archivou em Mato-Grosso. A grande vantagem dessa maneira de proceder, é permittir a caracterização dos typos anthropologicos encontrados, ao abrigo de qualquer incerta apreciação individual. Para facilitar a leitura e o entendimento das notas que se vão seguir, tanto as relativas aos Parccís quanto ás que dizem respeito aos Índios da Sci-i-M do Norte, julgo de bom aviso resumir os dados fundamentaes do processo, inicialmente ai)plicado ii identificação iudiciaria e. hoie. acolhido com merecK os da depois dos resultados que forneceu a Chervin, encarregado do material anthropologico da iMissão de Crequí Monfort-Sénéchal de la Grange, na BoHvia, em 1003. • * * . rf' No retrato falado, os traços principaes da cabeça humana são regis- tados por notação convencional. Cada figura, é decomposta em seus elementos fiuidamentacs c da comparação entre os dados obtidos surge, espontanea- mente, um certo typo; ó o que se deseja em aníhropologia. ^ Diíixando de lado traços que aproveitam á identificação pessoal, mas quo [.ouço servem á anthropologia ethnica, por isso que nelles se mani- festam formas pcssoaes muito nitidas, basta considerar os caracteres da fronte, do nariz, e da orelha, regiões da cabeça por onde mais se differcnciam os typos, orgàos que soffrem accentuadas influencias nncftsfrno^ * A * As bases do methodo remontam ao século xv; o retraio falado funda-se^ em processo de notação morphologica proposto por Leonardo Da Viuci, em 145-2, conforme verificámos. O próprio Bertillon, autor do pro- cesso, talvez não do que escreveu Da Vinci, q séculos antes, em um dos capitules da sua obra fundamental onde manas ensina um: sobre a analvse das formas Modo di tener a mente la forma dum volto. Apchívos do Museu Nacional, Vol. XX. rcr I / .' ' ■■í- .^■i^ ■^^ f í s<^ k Iw Vt m * í Panecís de " Aldeia Queimada " E. RoQUETTE-PlNTO, phot. 1912 75 Acliam-SG ali, bom definidos, os fundamentos da technica interessante, bases que até agora ninguém se lembrou de attribuir ao soberano artista, conforme o exige a justa aprecia ção histórica do caso. A regra essencial do processo moderno, tal qual a formulou Bertillon, é separar forma c diinensãOy na analyse do órgão. As dimensões são caracterizadas, convencionalmente, pelos qualifica- tivos : perpfeno, médio, (jraiíde, que representam valores relativos, baseados na lei de Ouetclet. Esse prmcipio rege o conjuncto biológico, quanto á morphologia: affirma que os seres vivos oscillam entre um máximo e um minimo, encon- trando-se, nessa distancia, as formas intermediarias, tanto mms nu- merosas quanto mais próximas da média, tanto mais raras quanto mais afastadas. Todavia, pequeno e grande ainda comportam vários grãos que, na pratica, devem ser levados em conta. Sua notação, rápida e suíTicientc, ó feita correntemente no « retrato falado )) por meio de sete signaes, que correspondem a outras tantas dimensões : Pequeno — p p (p). Médio m. Grande O" ff (g)- o traço augmenta, e o pareií- thesis diminiie o valor do signal (Bertillon). Ur * * Fig. 35 — Scliema dos diversos qualificativos de inclinação observados no perfil humano — (Bertillon). A i do um órgão , pela equivalência d dado é caracterizada segundo a fuj normal. )i )stas do rosto : região frontal, v. nasal A primeira, que [)refi segmento cerebral do le da linlíci de implantação dos cabellos, na fronte, ató a raiz do nariz ; ^ o. ^ , ,/^. .,^..«;i.^,/^í-;^ vni' o mas de divid de idade ; ai' índios parecís (retrato falado) Inclinação Fronte . ! Altura . Largura. Nariz Prt da Uaiz Dorso Base. Altura Saliência Largura. llelix . . Origem . Superior, Posterior Contorno Orelha . Lóbulo. • * . ] Adherencia Tamanho f Inclinação l Tamanho Anti-tragus Namon- SôcAce Zoiui i Suraliâ V p p Ycx Vb G G G jP G JP Q S G P Pavilhão Ov V P P^ P II a i' _G P P JP D S G B Ov macô V p p Vcx Ab G P G P Q S G II G Ov Siildú- Azaré I _P P P Vex Ab » I I G P G G D S _P B P Ov Kamái zaioçn V _p p I i V Ab G P G G _P Q F B G Ov Fronte Typo antHropologico dos indios Parecis (determinado pelo METHODO do llETnATO FAI.I.ADO) [íicliuaÇíão : Vertical 80 %. Intermediaria 20 %• Altura ; Muito pequena 80%. Pequena 20%' Largura :. Muito pequena 80"/.- Pequena 20 "/o» Profundidade da raiz : Pequena fiO**/^. Muitn pfíquena 40 %• Dorso : Convexo 80"/^. Rectilíneo 20%. Nariz llelix . Orelha ( Lóbulo. Anti-lrajjus . Forma oval . Rase : Abaixada 80%. Horizontal 20 "/o- Altura : Grande 80 7„. I'equena 20%. Saliência : Pequena 80 7o- Grande 20 7o- Largura : Grande 80 7o. !'equena 20 7o- Origem : Pequena 40 %. Muitu |)equena 40 %.. Grande 20 "/•• Superior: Grande 40 7«- Muito grande 20%. Pequena 20 7„. Muito jMíquena 20 7o- ■/ •/ Adherencia : Sf>''tfi grande 40 7o. Miiit*» i>equono 20 "/„. ( IncUnação : Horizontal 40 7o. Obliquo 00 % \ Tamanho : I»equcno 40 7». Grande 40 V^. Muito pequeno 20 7o 100 7o. 78 índios Parecís-Ro A.MHROrOMETRIA NOMKR Namon- Sôcòce Zolui- Sukiú- Kamai- Médias suratiá macô Azare zaioçu Altura total *-5^ í'*^ ^'•^'^ *'«^ ^'^^ 1"^'^^ Graudc abcrtm-a 1,64 1,51 1,54 1,64 0,57 lm,58 . Circumfcrencia tlun-a.ica 0,82 0,81 0,86 0,85 0,81 Om.83 r CABEÇA Oc-cipito frontal 0,182 0,167 0,182 0,i84 1,160 0,176 TransvCL-so 0,147 0,143 0,143 0.145 0,145 0,144 Frontal minimo 0,095 0,092 0,104 0.101 0,092 0,096 Bi-zygomatico 0,138 0,132 0,133 0,134 0,133 0,134 jji-gonion 0,009 0,101 0,103 0,102 0,099 0,100 Nazfvmentonciro 0,110 0,119 0,126 0,li6 0,114 0,118 Nazo-biical. 0,076 0,073 0,078 0,075 0,078 0.076 Naz.>alveolar 0,072 0,070 0,076 0,073 0,075 0,073 - NARIZ Altura 0,056 0,051 0,054 0,053 0,054 0,053 Largura 0,041 0,031 0,037 0,034 0,041 0,038 Saliência 0,018 0,016 0,017 0,015 0,019 0,017 OLHOS IVi-palpcbral externo 0,080 0,091 0,092 0,005 0,085 0.090 Ui-palpebral interno 0;031 0,033 0,031. 0,035 0,032 0,033 ORF.LHA lur.riT.v Coinprinionlo 0,058 0,057 0,056 0,056 0,063 0,058 Largura 0,041 0,034 0,03 0,030 0,034 0,034 Tòvaào esquerdo 0,44 0,42 0,42 0,43 0,48 0,43 MHio esquerdo 0,10 0,08 0,10 0,10 0,09 0,09 Indico ce|)lialico °''° índice nasal ''' Dynam..iiK'tro (infio direita) 28K. 23K. 26lv. 23K. 24K. 24 Apeznr de haver pequena discordância entre esta? meiisurações c as da segunda expedição von don Steinen (1888), diíTercnça mínima, que attril>ii() á influencia de Índios de um dos gru[>os, que o antliropologo íiUcmão não mediu, todavia, nos caracteres descriptivos, minhas notas confirinam as delle. Na descripção de Karl von den Steinen, a pelle dos Parecís tem colo- rido semelhante ao gráo 38 da escala de Raddc, sendo suas pesquizas rea- lizadas sobre nove homens e três mullieres da região de Diamantino. Um dos homens, e as três mulheres, tinham cabellos ondulados. Face alta, fronte íb. Archivos do Mu?;èu Nacional, Vol. XX ak ^ t ^ f . ■ia Namon Suratiá (João Pinto) t Makoirocê - (Generosa) *pf Wl / - y .-'«^^ #\ --■' t' > í / Tiò -Zaluçú \ Sukiú- Azare Typos Parecis de Aldeia Queimada. Mato -Grosso ^ E. Roquette Pinto, phot 1012 79 l)aixa, iris escura, fenda palpebral horizontal, nariz de raiz delgada e dorso convexo; altura pequena, lembrando a dos Bakairís, septo nasal e lóbulos das orelhas perfurados, são os traços geraes dos Parecís, segundo von den Steinen. * * ♦ As fichas anthropometricas do M tadas pel pressões digitaes dos indivíduos examinados. As formulas dos cinco dimensões se acham no quadro da pag. 78 G HOMENS Ficlia 11. { Fiel ia a. 2 Ficlia n, 3 Ficha II. 4 Ficha n. 5 / V— Í3t3 [ V — 4442 I E — 3333 \ I — 2244 / V — 4444 \ Y — 4444 / E - 3343 ( I - 2242 J V - 3333 l Y — 2222 SIULflERES f- Ficlia n. i Ficha n. 2 Ficha II. 3 ( V— 1343 \ A — 4442 A — 3113 I — 1112 I E — 2333 i V — 4442 As fórmulas estão expressas pela notação de Vucetich. Nota-sc um predom formas complexas, nas impressões mascul (verticilo) ; enquanto que, nas impressões femininas, os typos simples appa- recém com maior frequência (arco). Essa desproporção não teria valor & m si fosse verificada, apenas, nas oito fichas aq r material de que dispomos é bem maior, quanto á dactyl desmente a proporcionalidade. * * * Conhecendo as pesquisas de Forgeot, sobre a determinação da idade provável do individuo pelo exame das impressões digitaes, procurei verificar si suas médias combinavam com a idade provável dos meus Índios. Effe- ctivàmente assim aconteceu; de accôrdo com a sua observação uma linha de 0,005, perpendicular ás cristas papillares, no adulto, secciona cerca de 10 linhas. Nos primeiros annos da vida, o numero de cristas papil- lares, existentes na mesma extensão (cinco millimetros), é muito maior, r A perpendicular corta, então, 18 a 20 linhas. 80 * * * Em Aldeia Queimada, localizadas pelo tenente Emanuel do Amarante, viviam muitas familias parecís, dos rios Cabaçal, Jiiba, Jaurú, Verde, Sacre, Papagaio, representantes dos grupos maiores da grande tribu. O que de mais exacto se conhece actualmente em relação a esse povo, acha-se no «Relatório» de Rondon. Todavia, mesmo para completar algumas daquellas notas, julguei acertado não desprezar dados que se me otT( Teceram no meio pareci. Além das notas anthropologicas, indicadas acima, obtive informações ethnographicas, themas niusicaes, lendas, cantigas, que registei no phonograplio Edison, films documentando scenas industriaes: preparo da mandioca, tecelagem, fiação, etc. Tendo entre os nossos tropeiros um indio[>arecf, António Pareci, muito estimado entre os seus, e conhecedor perfeito de sua gente, também o sub- metti a indagações prudentes e methodicas, obtendo algo. Em Aldeia Queimada, depois em Utiarití e no Timalatiá, conferi, palavra por palavra, o vocabulário de Rondon, ao qual apenas juntei uma dezena de termos. E' um léxico fiel e rico. O material ethnographico descripto, ou figurado aqui, faz parte das collecções pertencentes ao ISluseu Nacional, onde se acha inscripfô sob os números mencionados iieste íraballio junto a cada objecto. * * * Pareci não é nome nacional ; a si mesmo, elles se denominam Ariii e só usam daquelle appellativo quando estão comnosco. A tribu acha-se dividida em grupos, que falam a mesma língua e têm os mesmos hábitos. As informações que hoje possuimos acerca desta nação, precisam bem a existência de parecís: Uaimarés, Kax • r f Kozárinis. Os Kozárinis são também denominados, nelos outros, Kabixí Mas esse nome é apenas alcunha pejorativa ; os verdadeiros Kabixís são Índios da Serra do Norte, que descem para o valle do Guaporé, chegando a cidade de Mato-Grosso, onde commettem depredações. Toda a tribu vive espalhada pelas cabeceiras dos tributários do Pa- raguai, do Juruena, do Guaporé, e no planalto do seu nome; o «cha- padão » triste, arenoso e inhospito, é a pátria pareci. Ha cerca de 200 annos vive a vellia nação em contacto com os brancos ; quasi todos os seus filhos falam, ou entendem, nossa língua. Cada aldeia é sujeita á jurisdicção de um chefe temporal (Amúri), e outro espiritual (Utiarití). Em alguns casos o mesmo individuo desem- penha ambas as funcções ; ó chefe c sacerdote. Um chefe gerai dos parecís não existe. Ha, porém, alguns amúris influentes cm larga zona ; Mathias Tôlôirí, guia e amigo do coronel Rondon, tinha prestigio m PHONOGRílMM/qS 14.594 E 14.595 L (ÍNDIOS PARECÍS) No PjtTT: âl a n.au e no ai a nau e no dl a_ nau is §^ e no_ai ã nau e ah ah ah ah > ah, . . . ... ah ah ... . ah ah ah no ai a nau_ e no ai a nau e no di a nau e no ai a nau e ah ah ah ah ah ah ah no ai a_nau e no a d nau e no ai â nau fl e no ai d nau e ah ah ah a h ah T ^ ah ah ah ah ah ah A kui tia F.l han ti_ a han No hin ô _ ko_rê u -ku.man u I ZQ na ne teu a_kui_a _ lau.à k d ma_la-lo ah ah ah ah ah ah _ ah _ ah ah_ ah ah Ni a ha-Ká no hi n e Ka ma_ Ia lÔ Mo ti a ca I a A n ti . . . O ka na tiÔ ah ah ah ah Ko za kí ta ko lo_hon u m ta Excursão Roquette-Pinto, 1912. 81 dilatado entre os da tribu. O amúri é sempre obedecido respeitado. utiaritf, sempre Sacerdote e med o • perdendo m do seu tabelecend stigio, a medida que mais intimamente se vao ei relações dos índios com os civilizados. A elle, no entanto, cabe guardar na memoria as lendas da tribu, algumas das quaes, coUiidas pelo coronel Rondon, vao tran- antigo pre t (( Ija- scriptas mais além; elle é quem pratica uma espécie de ptismo», cerimonia de apresontação social, que celebram os Pa- recís; realiza uma sorte de casamento, com ritual Ijcm deter- minado ; corta o páo lóhôhô, interessante fetiche ató agora nào descripto ; dá inicio aos cânticos, religiosos ou flautas sagradas (Jararacas). Actualmente nao existe ritual para a consagivaçào sacer- dotal; o futuro utiarití instrue-se nas canções c nas lendas, assim iiãn ; guarda as como nos processos therap medida que vac crescendo, mercê principalmente de sua intclligencia. A idad não parece influir para sua escolha; Luiz Cintra Verde, não tinha mais de 30 annos. t cand no ,l! * * * A família entre elles é polygamica, embora muitos Iiomons já se contentem com uma esposa. Sukiú-Azarê, indio do Jauril, tinha três mulheres. Casam-se jovens; alguns para desposal-as quando attin^ Tratam as mulheres com mada. anezar desde tenra idade á d 1 desprezo; em A Ide O dos consellios que recebiam em que ellas comessem, quando já am bsolu lamente saciados. Segregam-nas das cerimonias de seu culto; escond dos seus olhares rados da aíDrmando Fig. 37 A iê-mnçá Flecha dos q morre a mulher . «. •,, 1 índios da Serra que os ve; nao permittcm que dansem e do Norte. cantem em sua companhia . (Coii. Rondon Ellas se occupam em trabalhos de toda sorte : seccam o milho, ^Tcfonaf- plantam, fiam dos fdhos llfXj) Em g eral, são garridas. Pentes e cosméticos são nos mais api riue se nossam fazer á india pareci. * * * Homens e mulheres andam vestid(>s ; mas, nas lioras de calor, i') frequente despirem a roupa e envergarem o imiti de algodão, espécie de cinta que será descripta mais além. 11 82 Não disponsíim, pulseiras de algodão c perneiras Jo I^orraclia de man- gabeira; mas seus enfeites de pennas jA pertencem ao passado. Gostam do vidrilho. Em signal de contentamento, as inilias so pintam com urucíi, pontilhando- a face e o corpo. Certo vestuário, que as mulheres conf<^fcionam com panno obtido dos civilizados, 6 caracteristico : uma espécie de saiote passado aeima dos seios. * * * As armas de que ysam são as nossas. Atiram bem Ha, porém, um caso especial, hybrido, que consi taneo de velho escudo venatório, tradicional, feito de folhagens, e dos fuzis modernos de repetição. Caçam, a tiro, ema, veado, sarlema, escondidos por esse anteparo de verdura. Por meio do fogo costumam também matar algumas espécies : ateam labaredas no cerrado, de maneira a rodear certa área; quando a caça fogo ás chammas, atacam-na. * * * Constróem casas grandes, com tecto ' diedro, cobertas de palmas, munidas de portas pequenas. Trinta, quarenta o mais pessoas, dormem numa pallioça. Ao centro, um esteio alto e forte. A' noite armam redes, em raio, desse esteio para os caibros lateraes; entre uma rode c outra, pequena fogueira, cujo clarão enrubcce o interior da cabana. * * * Kêíêrôkô é nome pareci de Aldeia Queimada. Ao lado das casas d Commissão Rondon ir rande palhoça; lá Iham as mulheres e vão dormir os homens que prestam algum serviço a linha telegraphica.' Nosso tropeiro António Pareci, Tamalure — para seus patricios, não pôde resistir á tentação e dormiu com sua gente. Fomos, alta noite, visitar a cabana; entramos suprebticiamente e ficamos á um canto. A luz das fogueiras, subindo por entre as redes, trançadas de linhas vermelhas ou amarellas, illuminava os corpos nús, estendidos transversal- mente. Numa rede, uma familia inteira resonava : pai, mãi e dois filhos, todos muito abraçados. Mais alóm, uma criança choramigava, ao lado de uma Índia moça que a ])alouçava nos braços, cantando : 'Ená-môkôcê cê-maká Ená-môkôcê cê-maká. . . (Menino dorme na rCde. . .) PH0N0GRílMMí9 14.596 (índios parecÍs) Excursão Roquette Pinto, 1912 \. 83 E si a criança 6 de sexo feminino cantam : Uírô-mâkôcé cê-maká. . . (Menina dorme na rede. . .) * * * O lôhôfiô 6 fetiche que os Parecís ainda conservam muito escondido. Nada mais que uma vara nodosa, que guardam religiosa- mente á titulo de amuleto protector, durante annos e annos. Quando muito vellia, e carcomida pelos insectos, queimam-na e cortam outra; mas a procura de um novo lôhôhó é acompanhada de certas cerimonias. Enquanto o buscam na mata e durante o trajecto até a aldeia, o utiarití, e mais um companheiro, vão cantando sempre, em voz muito alta, monotonamente, duas notas L em son/?/^í/o (Plionogramma 14.598). A esse c/uo^ chamam grito do Nokaidxitá',diíin\\i\\\QTQ?> não devem ouvil-o. * * * Para satisfazer meu pedido, Luiz Cintra promoveu, um grande kaulonená, onde se celebrou á morte de um veado, be- I Bainha bendo olonili. A' noite recolheram as mulheres á choupana e vieram, diante do nosso rancho, armados de jararacas, cantar e dançar pig. 38 festejando a caçada, ao redor de uma grande cal>aça onde jazia, ^ZLáZ^fech^t em postas, um cervo moqueado. E, assim, consegui apanliar no phonógraplio a musica Scrra do Norte. das principaes cantigas parecís ; Ualalôcê, Teirú, Ce-iritá, ctc. '^^^^^l]'^^^'^'' (Phonogrammas ns. 14.594 e 14.595). Nadonai- 11487) ponta aas tiecnas arakirikatçà dos índios da (1) Oloniti — ó aguai-Jciiíc feita de milho, A analybo desta bebida realizada ao Laboratório de Cliiinica Analytica do Museu, pelo Sr. professor Alfredo Andrade, deu o seguinte resultado: Ajialyse n. IS Densidade a 15» • 1.0lJ7,5 Acidez por litro em Na Ho . 118 cc. Acidez por litro em acido acético 7,080 gr. Álcool "/o em volume. . . . - i . • * -^"í*^ Álcool V<» €iin peso IJoO gr. Extracto a 100" . • • 3,064 cm gram. Substancias redactoras calculadas cm glycosc 0,325 em gram. Saes fixos — (Cincas) * 0,120 em gram. Caracteres geraos— Liquido opalino, com reflexos araarellados, muito espumoso, de cheiro especial. Este liquido sobrenada em abundante deposito de detrictos de milho e enorme profusão de fermentos diversos. 8i ■ UaLALOCL ,1'houogranun» H.5!H) Akutiá-lian, noliin Akòrr Ukuman uizoná ní'tou Ukiiiahuá Kamalalò Niáhaká noliin-ê Kamak\ln Motiá salá Arití okanatiu Kozákitá kulnhôn uiiítá neteu Nialiaká akaterc K<^rar^ ESTRIBILHO Ha! Ha! NoáianauC ! Uh O uafnhcê narra episodio da vida da índia Kaniakilò. Iiulo passear á floresta viu um Iiomem trepado num pé ilv tarumã; siippondu que fosse um Índio, disse-llie : Arití, dá-nie unia frucla de tarumã 1 E o homem respondeu : — Kamalalô pensa que eu sou Arití. Eu sou « juií dn mato » . . . * * * TEIRU' Uaiê autiá harenezô Zaiòkarê uêrôrètô Amôkutiá tanôhaná Nii-itá tíáliazaku Tahãrc-kalôrô maucô Uaíuazarê-uaitekô O leira celebra a morte do cacique (!<■ í';iiua/ar<' uaiteku, as.-assínado accidentalmente por Zalokarô. Tahàrê-KaLjrô, que presenciou o facto, compoz o teirú para commemoral-o. * * * * A lATOKE IPhonograinina 14.605) Natiu atiô Kamáizokolá Natiô atiô ualokoná atio Na tio Kamáizokokl Ncô ená ema makoé etá Nêê-êná Kamáizokolá ■ Oné nauC kotá zanezá Nôêatiô Kamáizokolá PHÔNOGRíIMM/q 14.597 (índios parecís) No za ni na o re ku a Ku d . ' . « 9 na o re ku a ku a **'»•■ No za Ke e e Excursão Roquelte Pinto, !912 85 O infokc celebra o «salto» do rio Juruena, que os Parecís, numa antiga lucta, conquistaram aos Uaikoakore. Kamáizokolá é o nome do referido salto : Mou tiôme ó Kamáizokolá Eu sou o mesmo ualukoná Mou nome é Kamáizokolá. Nenhum liomcm poderá banliar-se aqui Eu sou Kamáizokolá. Este rio bom é o maior de todos. Meu nome é Kamáizokolá. Três lendas, que o coronel Rondon colhera alguns annos ante foram igualmente registadas em cylindros phonographicos; infelizmente, esse material damnificou-se Vale a pena transcrever, todavia, o durante a viagem. argumento destas novelas, que apresentam alto valor cthnographico. LENDA DA ORIGEM DOS HOMENS Enôrc, o Ente Supremo, appareceu em A'tiu (S Ponte de Pedra). Cortou um p Ipiu nelle uma figura humana e o fincou no solo. Depois cortou uma varinha e ( pa nelle ; páo homem. Pro- cedeu do mesmo modo fraírmento de giu a mulher. Este casal primitivo teve um filho que foi Zalíiu dois filhe Enôr filha. Hòhòlaialô. Mais tarde teve outros Kamáih e Uhá amou Zalàiê e Kamálkôrê e per Fig. 39 — Aiéraçà Flecha para aves índios da Serra do Norte. (Coll. Rondou O que desejavam, na parti que dos bens d 14010) Zatú iê quiz espingarda," nem boi, nem c mos porque sujam o terreiro das primeira por flecha e as outras cousas parecís. Kamáikôrê ficou possuidor dos outro; )nsde Enôrê, e foi mais fehz; dominou a terra e seus filhos prosperaram LENDA DO MILHO Um sentindo grande chefe pareci, dos primeiros temp tribu, A q a morte se approxima\ chamou seu filho Kaleitôê e lhe ordenou que o enterrasse no meio da roça, assim q seus dias ter mi nassem. 86 I Avisou que, três dias depois da inhumação, brotaria de planta que algum tempo dep mente Disse que as nao comessem , i,^ tribu ganharia um recurso precioso. Assim se fez : e o milho appareceu comessem ; cruardassem-nas para a replanta, e a LENDA DA MANDIOCA ZaUamáre e sua mulher, Kóknlerâ, tiveram um casal de filhos : um enino, Zôkôôiê, e uma menina, ALiôlò. O pai amava o fillio e dcsprosava filha. Si cila o chamava, elle lhe respondia por meio de assobios; nunca le dirigia a palavra. Desgostosa, Atiôlô pediu á sua mãi que como til aos seus. Depois de lon o assim seria u Kôkòtêrô acabou cedendo aos rogos da filha, e a enterrou no meio do cerrado. Porém, ali ella não pôde resistir, por causa do calor ; rogou que a levasse para o campo, onde também não se sentiu bem. Mais uma vez supplicou a Kôkòtêrô que a mudasse para outra cova, esta ultima aberta na mata ; e ahí sentiu-se á vontade . Então, pediu a sua mãi que se retirasse, recommendando-lhe não lhe volvesse os olhos quando ella gritasse. Depois de muito tempo gritou; Kôkòtêrô voltou-se, rapidamente. Viu, no lugar em que enterrara a filha, um arbusto mui alto, que logo se tornou rasteiro assim que se approximou. Tratou da sepultura. Limpou o solo. A nlantinha Fui-se mostrando cada vez mais viçosa. Mais tarde, Kôkòtêrô arrancou do solo a mandioca . O casal chamou-a : Ojakôrê; os Parocís, depois, deram-lhe o nome de K * * * A lingua destes Índios acha-se hoje documentada em léxico abun- dante, que Rondon enriqueceu prodigiosamente nos últimos oito annos, durante os quaes tem sido a pessoa mais influente do meio pareci. Somma considerável de pequenos textos, conseguidos no convívio de muitos mezes com alguns Índios intelligentes, permittiu-lhe reunir material linguistico de primeira ordem, publicado ha pouco, em annexo, no grande Relatório í?eral dos seus trabalhos realizados em Mato-Grosso de 1907 até agora. * * * Existe uma grande difficuldade para boa traducção dos textos. Os índios dão o significado dos vocábulos com bastante precisão; mas o valor Lento, PHONOGRílMM/q 14.598 (índios parecís) / TEIRU (índios parecís) Ua_í e au liá ha_rê_nê_zê za Id Y.a han . . o ^^ Nii I tá t) a ha za kÔ F#5 ^ fc T a hã re ka lo re mau ah . . . . Excursão Roquette-Pinto, 1912. 87 plii ffre, consideravelmente na versão que effoctuam, á pedido do pareci para o portuguez. Apparecem, continuamente, termos, pala\ radicaes, que elles mesmos que se man seu idioma. um pareci traduzir uma plirase brasileira para * * * Para conseguir destacar pronomes pessoaes, escolhi pe- quenas locuções brasileiras que fiz traduzir por diversos Índios, comparando. O resultado Toi o seguinte, que transcrevo do meu caderno, tal qual : Eu estou com fome — NônatUá. Você está com fome — IllnalUá. Nós estamos com fome — Uinatitá. Elles estão com fome — Nátíá-Jiitá, r\ * * * Podemos, desfarte, apanhar não só os pronomes pessoaes : Eu, .Ven«/i; Você (Tu, Vós), ITinatí] Nós, Uinati] Elles, Natiá; como também isolar perfeitamente uma forma verhdX: HaiUá, ter fome. * * * Parece-me, todavia, que esses pronomes nem sempre se apre- sentam de modo tão claro na organização da phrase; acham-se: Eu : Nô, Naiú, Nozáni Tu, Você, Vós: Tçâ. Elle : Içoká Nós: Uaiá, Você é bom : Jçô uaie Eu vou perto : Nozáni narilá. (Eu perto). Nós vamos tomar banho : Uaiá akuahan m (Nós banlin). n 1! * • * Fíg. 40 - Flecha tridente para pesca. índios da Serra do Norte. (Coll. RonJúii — Museu Nacional— 11Ó77) Os musicaes incluídos neste livro foram transcriptos de pi nogrammas existentes no Museu Nacional, colhidos durante a viagem aquelle trabalho realizado pelo Sr. professor Astolpho Tavares ; á sua as- sistência, dedicada e prob instrumentos parecís. maior parte das notas refe > ^ í 88 * * * Deixando de lado a flauta nasal {Tsín-halí), instrumento pouco exai encontramos entre os Parecís algumas flautas e uma buzina, com cm cadura de piston, que dá son cav( As flautas estão em si ; meio trcs grupos naturaes: grave, médio e agudo abaixo do diapason normal. Forma q positores chamam r corda: contra-bai A embocadu] ma fi como por exemplo, nos mstrum os com- ntos de > ' "^ — . — de todas é semelhante a do flageolel. Tem quatro fie O Com os orific accnrde de mi menor, ton relativo de sol maior \ »/i% cada sor, s ( dá um * * * Com o pr fie bturado, todas as flautas o accórde de re maior : ré\ for 5, lá' I * * * O tom de sol maior e muito favorecido pelas notas fornecidas pelos três crrupos : Grupo grave : si\ ré' Grupo médio: si\ ré\ fáH, soP Grupo agudo : ?'í/^ sol\ si"" * * * O ton de si menor (relativo de ml maioi^) é muito praticável no 1° e no 2" grupos, pois que esses dão facilmente as notas do accordc desse ton i Grupo grave : si^ r^.fc? ?, si Grupo médio :'sP, ré'y f(fl * * * O grupo grave favorece o accorde de lá maior, cujas notas facilmente nelle se obtêm : la\ do"" f , mi^ * * * « * Os tons mais empregados na sua musica são : sol maior, mi menor, ré maior, si menor, lá mmor. Os tons maiores, como se vê, seguem-se em quintas justas. A escala completa fornecida pelas flautas parecís é, pois : Lá\ S?, Dó' t, Re^, Mi', Fá' l, SoP, Lá\ Sr. Não foi encontrado o do natural, nem o si\ Esta ultima nota pode ser obtida, em certo casos, com os instrumentos agudos. Mo dera to PHOMOGRílMMiíl 14.602 (líNDIOS PARECÍS) ^m Excursão Roquette-Pinto, 1912. \ 89 * * * Cada grupo fornece um segmento da escala total : Grupo grave : lá\ si\ dd^l, ré\ mi^ Grupo médio : si\ ré", rni\ fá'% sol^ Grupo agudo: 7^é\ fá], sol^, lú\ si^ Km rc" ficam os três grupos luiisonos; o 2" grupo salta do sV para o ré' (3'' menor) deixando de dar o do\ O 3° grupo salta igualmente uma 3* menor : entre re'^ e ftr. Além destes grandes iutervallos, verdadeiros hiatos na es- cala, acliam-se ainda intervallos anómalos ; taes são, no grupo médio, o intervallo de 2"* maior entre ??n^ e fá''^, que na escala natural é intervallo deS^'' menor {mi^ sl fcf). No 1" grupo da-se o mesmo entre sV e dcr^l. ■k -k * O rythmo da musica pareci, em regra, segue os compassos binário c ternário. lia também, nos phonogrammas colhidos, cow- passos aller nados, cuja regularidade não é conservada em todo o trecho. O plionogramma 14.605 çfferece um bom exemplo dessa al- ternância ; é um trecho em sm maior, que se inicia por três com- passos binários e logo passa ao compasso ternário, cahindo de novo no p par petir a mesma ao O phonogramma 14.602 é de m f i m . mui- melodia, e surprehendente q ythmo. E' incerto. Approxima-se do V no compasso b mpassos: ahi, quebra-se, cahindo MO. ora no ternário. A transcr pção fácil deste :ar a plionogramma foi feita em compasso de V^» para leitura. Notam-se, cm alguns phonogrammas, movimentos sinco- pados hem claros. Taes são os de números 14.594 c 14.595, onde se encontra, pronunciadamcnte, o tempo de bolero, em A. * * * Os instrumentos typos são: Grupo grave Zoratealô (11.218) Grupo médio: Jeirú (11.220) Grupo agudo Zahôlôcê (1 1 . 224) • * * Fig. 4] — Ánikirikatçú Flecha de ponta embainhada índios da Serra do Norte. (CoIJ, Rondou Museu Nacional — 11487) Entre as peças ethnographicas da coUccção pareci (collecção Rondou) do Museu, algumas merecem especial citação. 1 9 90 Zalcútídl escudo de caçada (11.260 e 11.261) ; é formado por um ar- cabouço de flexi\ de ou mesmo de arame. Tem a vcg nantidas por meio de tiras , de um metro de altura e 0,40 de largura. Si disfarce, seria um fraco protector, dispondo de ái*ea tão escassa. Uariá-matalô dos nrourlos Parecís. A for é vaso de barro mal cosido, estvlo archaico no dizer vaso de Ma Em relevo, ha uma figura em cujo interior quatro esti^eilas pa representar cesso dos ( (11.2(;3). Mahtki figuras de aves boca, de uma face humana est\ primit Circumfe máxima do vaso pro- 0.71 l .247) 6 cabaça com d arcas), entalhados en Um caçando uma cuia, um lindo tamanduá bande õ pacús, são admiráveis m ornamoiiíaes de outra (11.252). Y./>'if;á — (11.245) cuia pintada de preto pela face interna. Sem desenho. O laço 6 fixado, no rostruin da cuia, por meio do breu da almécega. cosia ornamental usada, outrV)ra, para carregar, a tiracollo. Ih fumo, carne, etc, durante certas dansas (11.272) KnJinn-kixl Vi : c ire um fere de carga trançada de taq Alt maxnna ?>. E pertence á CoUecção G Museu pela Sr. D. Maria do Carmo de Mello Reg lU A rc de de dorm Em ii-eral. feita de algodão (11.296) — tinto om vermelho, amarello ou alaranj tucum (2.225), empi-egando technlca C5 O lambem tecem-nas de fibras de pies : um fio m o lo d Es[ para a esquer\la, cerca de 1700 vezes, forma a urdidura da pr ( ados, a distan Ião resistência variáveis, alguns fios, perpendicul a ostamp pparell formam a trama, conforme se é tambc Faixa pai'a a cintura ou para a cabeça — (11.281) bem executado, com fios coloridos, em que desenhos ge xm. Para obter, nesses desenhos, os traços de côr, o pro ► simples. E' tecido Passam, com agulha, um fio para o colhida. Tendo para por pi 3 gundo plano, ora mcliios, si deseja o tecelão um ponto vermelho , por baixo de um fio vermelho, recalcando um fio am rdidur passa fios fio. SI quer um ponto amarello, recalca para da trama e torna saliente um amarello. Assim também são tecidos o ímit^ do plano os fios vermelhos por home (11.275), cinta ou saiote curto 283) liga humeral; a Ta-hiti ainda hoje, nos dias de calor ; a Kcdti liga tibio ò Archivos do Milspu Nacional. Vol. XX o o « I O I I :í D C 1 1 1 1 1 B A 2 A. B. C D. E. /M0 /^AC^O^fAL Índios Parecis Trartcado de. uma r Tra nx€u ( Schema ) de tvnv^ tecido. (Schema) êde 91 Para tecer estas peças empregam a'í?ulhas, Kaínin-h (0,41) de madeira vermelha ou de finas c long agulhas (11.2GG). As redes são tecidas com maiores, largas e longas, Umat m 1 ; (13.5C) de taq (11.270). Turà com peso feito ' de — fus harro / ou de um frncto de palme de pall de crrande K ô abano (11.274). Mat s — (2.649). sao .-s foliollos de 6 trançado de maneira originah Tomam los do peciolo da folha. F po delles na metade de uma de made am uma medindo V cerca do 0,40 centimeti fazendo uma alça que de V- respectiva extremidade, que, depois de trançada se fi na outra metade da mesm trançado de taq por meio de m A forma geral do abano pareci é semelhante á de de lepidoptero (11.805) sao Paneiros — (1 1 .185) — To-heri, e peneiras igualmente trançadas em palha e em taq í.l9\)~Aloá De fibras de as (11.277) de Makáno baixo da mão espalmada palmeiras fiam ) os fios sobre Hoj usam mais enfeites de pennas semelhantes que fabricaram especialmente, em Utiarití, para o Museu Na cional. Kiliá-Jiociti — do septo nasal — (11 penna que outr ora passavam 306). Kamái-hUi-hoh é diadema de pen s de tucano (11.310), antigamente usado em homenagem Sol : tem fórm do as pennas da circumfe como si fossem os raios do astro symbol Também não usam mais o Zaôlo 309) — pennaçho que se & occipi fr piqiú f; Ziizá Fig. 42 zellos, como guizos, para dansar — (11.264) Da borracha da mangabeira fabricam ..-, que atam aos torno- Emplumaçâo das flechas dos Índios da Serra do Norte. liíi'as tibiaes Tah'ifí (11.313), e boi - , (Coll. Rondon que jogam o iValana-Anti, llaed- MuseuNAdor bali, na justa expressão de Rondo 311). Nesse jo di- 1 40 1 <)) Uai rapazes em dois campos e cada qual procura mandar a boll impellindo-a por uma cabeçada. . . ., hoje esquecida (11.246). são o 7:sm-/i«^i — ocarina feita com Instrumentos de m * discos de cabaça, que to( pirado por uma da dois ob- turada a para mentar a pressão (11.234); //eíd-/ie grande luirtua et UULJ.CI pai» ciu^x^iv^ji^^^^i v« 1^- — ■- — \ - / ' ^ trombeta, com embocadura de piston, possuindo uma formidável caixa de feita de uma cabaça — (11 ou mesmo desprovi de 92 pavilhão -(11.216); TÍJ feito de lun nieritliallo de taquarussú, adrede rachado, dciitrd do qual os índios gargalham d algumas dansas. Certos instrumentos que, musical men m dos J pccificados, recebem nomes especiaes pela applicaçao que se lhes d ;rimonias do culto. São ornamentados de diversa maneira. Ualalocê — (11.223) — entre o primeiro orifício e o segundo poss serie de sete losangos e, ao redor do quarto orifício, tem um circulo feito pontos isolados. Este ultimo typo de ornamentação sagrada, a propósito qual os Parecís não gostam de falar, é de regra no Herá-herahãn — (11 .22 Um dos instrumentos sagrados tem figura anthropomorpha gravada na superfície: é um Zaholocê — (11.227). Para se pintarem quando estão contentes alguns parecís empregam a Ahit ê — {\\ .'Òlò) — pasta de cera e pó de sementes de urucú. Oarco— /Co re-o/cd — (11.184); flechas— /íore — (11.178); flechas para apanhar aves — Korêkakoá-nihaká — (11.177), são armas só usadas pelos Parecís do extremo Oeste- • * • m r Os Aritís acham-se em adiantado gráo de differenciação cultural ; mor- mente os do districto de Diamantino, por onde passa a linha telcgraphica, exactamente aquelles que foram examinados em 1888, por von den Steinen. Naquelle tempo, segundo diz o notável ethnologo, faziam commercio de fumo torcido e aromatisado com urubamba, peneiras, redes, pennas, mandioca, algodão, cará, batatas, ipeca, com as populações de S. Luiz de Cáceres e Diamantino. A rede dos Parecís era de algodão e as dos chamados Kabixis (Parccís-Kozárinis) eram de tucum. As ligas de borracha de man- gabcira eram reservadas para as mulheres; usavam os homens ligas de algodão. Tatuavam-se nos braços e nas coxas, desenhando arcos, com tinta de genipapo, por meio de um espinho de gravata. Usavam um protector genital: daUta-sõ-. Seus trança-los eram semelhantes aos dos Aruaks, das Guianas. Hoje a influencia dos tecidos civihzadós é manifesta nas obras parecís. Redes, tecidos e vasos, eram fabricados pelas mulheres; os homens trabalhavam em peneiras e trançados. As m.ulheres plantavam nas derru- badas á maneira do que se faz entre os nossos sertanejos, quando toda a família toma parte no serviço. ■ - Já naquelle anno eram monóoramos. Por occasião do nascimento de uma criança, ambos os progenitores jejuavam, até á queda do cordão umbillical. Aos três annos era o pequeno baptisado, recebendo o nome de um dos avós. Os mortos inhumavam-se dentro de casa, posta a cabeça para o lado de Leste. Durante os seis primeiros dias depois do fallecimento, os parentes . PHONOGRílMM/q 14.605 (índios parecÍs) Na ti o a tio K a mai 20 ko la Na tíô a a í (o ko -na a tíô Na tíô « íK tio U ã tíô Ka ^B mai zo ko a Ne e c na c + ma ma_koê e ta Ne e e na Ko mai 20 ko Ia O ^m ne na ne Ko ta za ne Ne e a tio K a ma: zo ko la Excursão RoqneftP-Pintft. lí>12. 93 mos jejuavam também. Acreditavam, então que, si o morto No meio de desse período, é que tinha conseguido entrar no ( no dia bebiam o summo do kaiterà, misturado com grandes e festas. Então, como agora, o idiariti era o padre-medico ; soprava fumaça sobre os enfermos para affastar a doença, ensinava aos jovens quelle m q deviam Da sua theogonia pouco resta. Em 1888, acredi tavam que o Sol era uma coroa de pennas vermelhas pertencente a Moíihuturé, espécie de Apollo pareci. . , O astro só apparecia pelo consentimento do seu pro prietario. A Lua era uma coroa de pennas de mutum pinima, de q S phases dono Kaimaré. plica vam-se por um processo de que ha certas reminiscências ainda hoje; animaes diversos planeta. 4- Itam ora parte, ora toda perficie do Fig. 43 Kondzà Fio de algodão — envolto em folhas. índios da Serra do Norte. (Coll. Muitos parecís são, actualmente, trabalhadores da Museu Nacional 13047) Commissão de Linhas Telegraphicas ; procedem como verdadeiros sertã- nejos. Outros, se demoralisaram em contacto com os seringueiros, e levam existência precária. .■' VI EMPHE cruzando chapadões arenosos, onde a sariema grita e o echo não responde, onde as tucúras toldam o ar, diíricultando o caminhar dos cargueiros, e as mamamgabas ferram, a torto e a direito, atra- 'de, do Iliocê, do Sacre ou Timalatiá, vessamos as cabece ras do rio Verde, do Iliocê, m direita do Juruena. No cerrado, algumas jaboticabas do campo, fructo los, sorte de bagas drupaceas, e mangabas polpuda ado- * * * O mosquito pólvora, peor, mil vezes, que o piúm-borrachudo, inte- r merato, voraz e aggressivo, que se não espanta facilmente, cuja picada fal-o merecedor dê seu nome, é praga daquellas cabeceiras. A face de uma pessoa, atacada por nuvem de mosquitos 'pólvora, tor- na-se vultuosa e edemaciada, como a de um varioloso nos prodromos da erupção. * * • Timalatiá, em pareci, é rio do sangue dios dizem Sao de Sang Dos afíluentes da margem direita do Juruena, cujas cabece rtad cam de abastecimento da linha tclegrapl o mais caudaloso, nos passos da estrada, é o Sauêru Papagaio. E guas claras. Mata bonita o acompanha. * * * for Todo o planalto dos Parecís tem mesma constituição geolo é do de camadas de areião interrompidas, em alguns pontos, por 96 pequenos çóes de terra argilosa. Nenhum aííloramcnto de rocha pi i mesmo a diabase, existente em Taplrapuan e na Sevra d(^ Norte, nã( irece no « chapadáo )). Nas proximidades das nódoas argilosas abundam casas de térmitas > Nos pontos em q se torna m m vegetação, am-se t\ P ~9 Í5 da Ho Cliegan.lo ao Sauêruina encontram-se jazidas de jiecJra canga, assim mesmo Fauna relativamente pobre de formas superiores bando de seis emas correndo no chapadão, alguns casaes de araras, nas matas do Pa pagaio. Corujas recolhidas no oco dos páos, onde fazem ninhos, liaras vezeí um lobinho medroso. Alguns lagartos e muitos calandros. Poucos ophidios. * * * O páo pa O fogo das queimadas que o raio accende, ou o indio, ou o sertanejo, lambe o karêke e o sape, requeima o muricí e a mangabeira ; e elles custam a brotar. Mas o páo-santo, mal cessa o fogo, ainda todo negro, com o tronco ra- diado pelo calor, cobre-se de pontos alvos, abre em flor, qual um retalho de noite que se matiza de estreitas. * * Todos os rios apon acmia focos deanophelinas. Ma de uma pudemos verificar que as fêmeas picam também * * * Para doe ida sertaneja, nada melhor que surprehender as palestras dos tropeiros, á noite, no pouso, ao redor do fogo, pita soce- gadamente, para queimar Genesio é falador vive em Mato-Grosso N em Minas; andou por S. Paulo e G ^osso ha muitos annos. Tem retalhado a pé, todo ío destes estados, que elle conhece como « gente grande ». E' o typo do sertanejo branco. Viveu, mezes a daquellas para fio, numa aldeia de Parecís : é o melhor quean fa Cuiabano, quando dá festa, é sô pinga da cigar ■ • » e Genesio s tad sumidor de pinga no sertão de C fosse o maior Archivos do Museu Nacional, Vol. XX r - y - Balsa atravessando o rio Juruena (Estrada Rondon) Pouso no " KílometPO 50". Estrada do Sipotuba ao Juruena E. RoQUETTE-PiMTO, phot. 1912 97 * * * Da boca dos tropeiros apanhei algumas locuções da lingua pop de Mato-Grosso. na nrosa dos N as transcrevo aqui julgando publ expressões cognitas. Se q j na sua maioria, são perfc inéditas, o conhecidas q»- fo têm andado pelo interior. No m recolhidas. Poucas do apr Q nunca todas porém, são apresentadas com deformações tendenciosas, propo P sabor Co archivar essas locuções, no interesse estudos futuros : e também nara verificai regionaes de umas tantas. * * * Hum ! Hum ! é de assentimento, mui generalizado : Esse pequeno é seu filho? Iliun ! II um! Representa acquisição indiana. E' o processo geral dos para exprimir affirmacão. JEm tados, ond africano teve grande influencia, esta expressão é ai Tchá! é interjeição de pura procedência bôrôro No seringai então não ha remédios? Remédio ? Tchá ! lá não vai, nem nada! * * * 4 Djente por gente é característico do sertão cuiabano • * * Eu sou wiiito andado ; gosto de tudo violento * * * No sertão, viajar é viajear. A * * po y\ Fig. 44 — Arco dos índios da Serra do Norle. (Coll. Rondon — Museu Nacional — 1^020) Quantos filhos tem V. ? Só tenlio esse um. * * * 13 Qual dessas facas Duvidar, esse fac Ô8 Ha tendência accentuada para reduzir os demonstrativos a um só género * * * Sua espingarda é boa ? Venmu ! Disparate ! * * * Occupar, em vez de gastar ou utilisar: V. occupou a agua que calava aqui? * • * mm Pouso no Sauêruiná, d tardinha. Os tropeiros tampavam o lute para o preservar da chuva o acampamento tinha a animação commum ás horas de recolher. JSa linha do chapadão infinito, desenhou-se, ao longe, um vulto im- preciso ; seguindo o trilho do Juruena, em nossa direcção, vinha se arras- tando um homem andrajoso. Sua camisa tinha uma só manga; cobria metade do tronco. Suas calças, reduzidas á tanga esfarrapada. As nádegas, expostas. Um chapéo de palha sem abas, um cinto de couro remendado a embira. Um sacco amarrado cahia sobre o dorso daquelle homem miserando, de faces encovadas. Parou a certa distancia. Interrompemos nossos aprestos e fizemos signal para que se chegasse. Approximou-se e foi logo atirando, ao chão, o sacco e o corpo fatigado. Pedio comida; e depois contou sua historia, que transcrevi á medida que elle falava . Chamava-se Benedicto ; era seringueiro. Vinha das matas do Juruena exploradas por um certo João Kolb, residente em Tapirapuan, conhecido por D. João. Passara no seringai dois mezessem viveres, que o patrão não mandara, faltando ao ajuste prévio. No seringai, 20 pessoas. O encarregado do barracão, um tal Soares, no fim de todo esse tempo, durante o qual vi- veram de palmito e de mel, morreu de fome e de feljres. Ninguém tinha w mais forças para arrancar da floresta o indispensável ã subsistência. Dos 20, nem um só podia mais empunhar um machado; o terçado, nas mãos daquelles homens doentes, oscilava como a espada de um dragão entre os dedos de uma criança. E a tropa de Kolb não chegava. Desanimado então, para não morrer também á mingua, resolvera abandonar a mata. Atraz delle deveriam vir os outros. Tinha uma arthrite traumática no joelho direito; mesmo assim fizera, naquelle dia, pelo areião á fora, sete léguas bem contadas . 99 * * * Aq mem encarnava uma raça nda por ahi a soffi um pplicios na sua terra, onde os estranhos engordam. Era preciso documentar sua vida e registar aqui essa observação, como caso clinico de patliologia social. Foi o que eu fiz. * * * Havia 1 P traballiar na borracha. Salte ler muito mal. Nasceu na povoação de (( Barra dos B próximo a Diamantino. Tem cerca de 35 annos. complexa mestiçagem. E' caboclo d Paraguai Alto, de pelle cúprica quos ; malar accentuadas, membros o obl projectados. Cabello No fim da safra do anno passado ficara devcn ,00?^ D. João No começo da estação, quando foi para o seringai, reccljeii, além de um terno de roupa de riscado, o seguinte, que é o for- necimento habitualmente feito pelos patrões a cada tral^alhador : 25 litros de arroz. 25 50 » )) )) feijão. )) farinha 10 kilos » banha. 7 3 V: » » )) )) xarque. )) assucar » café. V2 libra de guaraná. 2 metros de fumo em corda. 2 barras de sabão. 4 litros de saL A * * Fig. 45 — Sccçíío transversal dos arcos dos índios da Serra do Norte. que Kis ahi o preço de um homem. lia uma diíTercnça tão grande entre o sertã iifjíiç;, brasileiros das cidades, c o q que até parecem hab »=; p * * o preço daíjuelles géneros, elle não o sahe ; o pali-ào não diz. Depois da safra entram em contas; e o seringueiro sae devendo. Subrc essa divida systema de da borrach V .1- ^,;. SC. 100 Quantlo o caboclo fira pouca seringa, o valor desta não atfinge o preço da alimentação que recebeu ; fica devendo. E si tira muita, o valor dos géneros é tal, que ó preço da seringa não basta para cobrir o debito; depois da primeira safra cm que toma parte, o caboclo nunca mais acaba de dever. . . Lá, naquelle paiz de sonbo, em que a natureza recompõe nm paraizo em cada canto da mata, o homem decai outra vez ; perde a coragem de luctar com o homem . Martins já havia notado, em 1818, {Reise in Brasiíien) a grande in- fluencia suggestiva que o branco exerce sobre certos sertanejos mestiços. Por esse prestigio, os ricos organizam e mantêm aquclle processo de trabalho rural ; porque si algum infeliz, num assomo de brio, foge ao r captivelro, o patrão manda-o procurar por outros, submissos e fieis. Então regula o artigo 44, paragrapho 3i * * * Benedicto tirou 25 arrobas de borracha neste anno ; a 40$ (em 1912), deviam dar-lhe 1;000$000. Não espera um vintém; o supprimento que recebeu deve ter custado muito mais. . . * * * As tropas de abastecimento dos seringueiros transportam a borracha do Juruena para Tapirapuan ; cada uma consta de 10 bois dirigidos por dois homens. Gastam na viagem 16 a 20 dias. • * * Cada vez que se chega ao pouso, mais que depressa, procuram os tro- peiros um bom encosto; e, si encontram no caminho alguma tropa de torna viagem, vão logo perguntando: — Que tal está o encosto ahi adiante ? 4 E' o pedaço de campo conveniente á pastagem dos animaes durante um ou dois dias. * * * Setembro 13 — Sahimos do Sauêruiná ou Papagaio e chegamos ao Buritísinlio. Attingimos uma grande boiada que vai para o acampamento. Pela Estrada Rondon dentro de pouco tempo, grandes manadas de gado poderão chegar a Santo. António do Madeira ; e a Amazónia será escoadouro da criação dos campos de Goiaz e Mato-Grosso. Conforme já tive opportunidade de dizer, a hnha telegraphica do co- ronel Rondun, praticamente, hoje, vale muito menos aue a admirável estrada 101 de penetração por onde passa. Apertaram-se, por meio delia, os laços da nacionalidade; saibam os governantes tirar partido da sua valia. * * * Setembro li — Pouso da Agua Quente. Nesgas de campo verdejante Perdizes, narcejas, inhambús. ¥ * ¥ ■ Setembro 15 — Pouso do Mutum. Pantanal. Para chegar ao rio Peri- quito, aílluente do Papagaio, é preciso atravessar um igapó. Canta a cigarra; estridula um som redondo e clieio, como si Fosse nota aguda de um mezzo-soprano. Deve ser a clcada manni/era, que tem fama de cantora. * * * Setembro IG — Pouso do Uáikoákorê; zona de grandes seringaes. IJálkoákorê ó nome com que os Parecís designam certo grupo de Índios da Serra do Norte e Ju- ruena. Quer dizer « irmão do chão », porque todos, os Nambikuáras, dormem sobre o õ limpo. Ali já começam 3ns dessa tribu. E' o ultimo nousc pparecer sel- chapadão dos Pa- recís. Pouco além, cerca de um kilometro, o planalto detem-se, bruscamente, á beira de um paredão. Um immenso panorama, de matas sem fim, sureriu diante de nós. A estrada precip pel aba quasi a pr ao lon o biam da Fig. 46 Pingcnic de pcnrias de tucano. índios da Serra do Norte. grar mac floresta mnas ténues de fu (CoU. Kondon — Museu Nacional I30!W • do fogo dos Na mb Era o vallc do famoso .Turucna. * * * José André chamava-se um seringueiro que achamos um pouco adiante. Fora ao pouso da Barrinha, a ver si havia tropa que lhe pudesse dar fumo. 102 no ConvidoLi-nos para um guaraná na sua feitoria. Entramos pelo mato dentro, nor estreita vereda, andando cerca de dois kilometros. Numa ido de um riaclio de agua limpa e correntosa, erguia-se o rancho capenga, cuja col^ertura era um couro. Cuiabano, dos bons, offercceu-nos um guaraná mexido com colher de prata, num copinho de vidro grosso; depois, submetteu-se ao meu indispen- sável interrogatório, com doçura e modos de quem já estivera morando na Cidade. A Cidade, para o sertanejo, ô Cuiabá. Tinha cerca de 50 annos, que carregava com desenipeno. Apezar de haver j)enlido alguns dedos da mão direita, labutava na mata havia w três deccnnios; muito antes do desenvolvimento da industriada borracha em Diamant cm Mato-Grosso, já elle era seringueiro. Seis mozcs do nnno passa naquelie rancho; o resto, a Não tem parentes. Vive na floresta com um gallo, velho também, que cllc estima como filho e que o acompanha sempre. Preferirá morrer de fome a comer o companheiro. Aliás sabe tirar partido das riquezas da mata. Nunca teve scz^^es. Quando lhe falta o que comer, procura fructas de lobo, que sáo doces o j)errumadas. A borracha não é defumada como na Amazónia, mas coagulada pelo alum(Mi, denli'n de moldes de madeira, em forma de prisma recto de base parai lelogramica. Esses moldes sào os cochos; ali a comprimem com um ppqufno toro de madeira pesada. * * * Na Várzea Comprida pousamos no dia 27. Amaro, cozinheiro c 1, deixou-se ferrar num pé, por uma tocanguíra. Verdadeira intoxicação : dores fortes, edema do membro, febre o Pulso a 10 njccção hipodcrmica de cl. de heroina e óleo camphorado. Em poucas cedeu. Foi caso benig * * * Anciosn por cliegar ao Juruena, onde contava encontrar, com certeza, t»*^ primeiros Nambikuáras, submetti-me ás justas determinações do tenente Pyrineus sobre as marchas diárias. Eu desejava braler les efápes; e ellc, pensando no rogresso da expedição, poupava a tropa. As oito léguas que ainda nos separavam daquclle rio foram feitas em dois dias. A partir de 18 de setembro pousamos no meio da Mala das Aldeias, cortada pohi estrada. (1) Cf. E. Roíitictttí-Pinto — Dinojíonera grandis ~ Rio, 1015, Archivos do Museu Nacional, Vol. XX. Seringueiro comprimindo a borracha no CÔcho (Mattas do Juruena) E. RoÇUETTE-PlNTO, phot. 1812 103 Junto dessa floresta erguiam-se aldeias nambikuáras encontradas por occasião das primeiras explorações de Rondon. Perto acliam-se campos de cultura, cujo amanho tinha sido iniciado pelos selvagens, quando se fez a entrada da Commissão. " Ainda lá existem alguns troncos, cortados a machado de pedra. Dominam, nessa mata das aldeias, junto I I ao pouso, arvores collossaes do jatobá, cujo fructo, de polpa mucilaginosa, ó, no entanto, insipido. * * • Chcga-se a um pouso, ainda dia claro; apparece logo depois a primeira praga : abeUias, entrando pelos ouvidos, pelas na- rinas, pela boca, pelos olhos, emaranhando-se w nos cabellos. Mal o Sol se vae deitando, com as pri- meiras sombras, fogem as abelhinhas ; chegam pólvoras e borrachudos. Trabaliiam, como bombas microscópicas de sugar sangue, até a entrada da noite. Noite fechada; nem abelhas, nem mos- quitos pólvora, nem borrachudos. . . A gente acredita, um momento, que vae afinal descançar; mas, no escuro, tendo pe- netrado, á socapa, debaixo do mosquiteiro, anophelinas e culicinas começam a ensaiar ri a cantiga, como guitarristas que procuram afinar a p?Hma. Esta é a ordem chronologica do appare- cmiento das pragas. * * * Setembro 19 Finalmente. Passámos por Fig. 47 — Bolsa para proteger enfeites de outra fírande roça de Índios Nambikuáras pennas. índios da serra do Norte. & Museu Nacional 12942) encontrada, ainda florescente, na expedição ^^'"'- '^°"''''" " Rondon de 1908. Alguns kilometros além, numa coUina, uma larga praça de cerca de 25 metros de diâmetro, J^em limpa, dominando o horizonte, era o resto de uma aldeia que os Índios abandonaram, medrosos, pela chegada dos nossos naquella data. No chão, cocos partidos; ossos, restos de alimentação. Depois, um grande mangabal. E, muito além, como tira de aço polido, chispando, espelho do ceu e do Sol, o Juruena corria, deixando á sua 104 da uma de distancia em distancia de barro, plantada no meio de uma larga avenida cada na vegetação do serrado; na picada, a mão do homem havia fincado velhos troncos da floresta, assassinados pela sua industria para sustentar um fio delgado, que vinha de longe e seguia para muito longe, tocando, apenas, muito de leve, naquelles esteios. Era a linha telegraphica, correndo cm triumpho pelo sertão remoto, tomando effecti pos * * * Ao contrario do que imaginava, os Índios não appareciam no Juruena havia muitos dias. Q posto achava-se desprovido de maierial para presentes. Mesmo o indispensável, para a alimentação, escasseava; a diificuldáde de transporte fazia rarear tudo. E elles, os que mais arredios até hoje ainda se mostram, dentre todos os indios da Serra do Norte, deixaram durante muito tempo de visitar a estação. No Juruena .tomei conta, para o Museu Nacional, de uma das pri- meiras collecções realizadas pelo pessoal da linha telegraphica.. Remetti tudo para Tapirapuan, onde deveria mais tarde recolher o que trouxesse da excursão. Tendo escolhido para estação de estudos e trabalhos a invernada de Campos Novos, não só pelas facilidades de alojamento ali existentes, como também porque nesse posto apparecem representantes de todos os grupos nambikuáras, resolvemos continuar a marcha. Confesso a minha surpreza de então, não tendo encontrado um só Nam- bikuára, depois de tanto tempo de via^-em. * * • 1 De Tapirapuan ao Juruen com a nossa marcha : guintes d h 2 léguas 9 )) 4 )) Tapirapuan — Barreiro. Barreiro — Salto •. Salto — Kilometro 50 . ^^F ^^V ^^L ^^L ^^^ ^^^ Kilometro 50 — Aldeia Queimada. ... 4 » Aldeia Queimada — Rio Verde .... 4 , » Rio Verde — Iliocê Ihocê ~ Timalatiá ....'"'' Timalatiá — Sauêruiná Sauêruiná — Buriti ..... Buriti — Buritísinho. . Buritísinlio — Agua Quente '4 Agua Quente — Mutum. . 4 » 1 » 4 » 4 » 2 » )) 4 » 10o Mutum Barracãosinho Uáikoákorê Barrinha Barracãosinlio Uáikoákorê - r Barrinha — Várzea Comprida. Várzea Comprida — Gralhão . Gralhão Mata das Aldeias Mata das Aldeias Juruena 3 2 2 2 9 3 4 léguas » )) ' )) » )) Todos esses nomes acham-se, já agora, consagrados pelo uso dos tro- peiros. Quantos serão mais tarde povoações, villas. • . cidades? * • * A P' nosso caminho ica. suhindo e ira a picada da descendo, gal- gando as montanlias nuo se estendem Norte, colleand sima serpente. como enormis- A marcha ató o rio Formiga foi realizad ite. O lM3rmiga ó aíHiionte da margem d J q poi vez, desagua na arerem escruerda do J Todo dido pelas florestas este rio da linh no ponto existe o posto telegraphico do seu nome, tem cerca d 80 metros de CD Ped o Ô claríssimas, profundas, onde, da harranca, vcm-se nad as Pi as m c os pacus que nm^uem consegue pescar, a bomba : o pies gesto de ifernal afugenta os peixes a tempo. Dir-se-ia m aquário, tão claro é o Juruena. Pouco antes da estação, o rio escorre por ma cachoeira de rochas quartziferas. * * * *' ' Corre o Formiga no meio de um alagado mas junta-se ao J em impo bel la Fig. 48 — Modo de conservar os fios de pciinas. índios da Serra do Norte. (CoU. Rondon — Museu Nacional 1 2<}.i I ) edeira, situada alguns kilometros alem do passo N dista picad dos V 40 metros de larirura : c cad 1 poslo em média. Pelo calculo dus pralicos, um poste de boa madeira p('idc servir cerca de 12 annos. 14 40G * * • O Juina è o mais bello curso d'agua daquclle grande systema. Na sua mai^gem esquerda existe um destacamento, incumbido da balsa ali construída. Nada se parece com a verdadeira balsa, que 6 eml)arcação dos índios do Peru. E' um estrado de talioas, preso a duas canoas, rodeado por um para-peito; transporta liomens, animaes c cargas. Costumavam os indioscom frequência apparecer também nesse posto; porém, a mesma causa, que òs afastou temporariamente do Juruena, exerceu ali os seus effeitos. Além de não contarem com as dadivas do pessoal da linha, comple- tamente desprovido de recursos, tinham os indios ainda que luctar com a fome, causada pela secca prolongada daquelle anno, que havia destruido suas rocas de mandioca. Obrigados a caçar e a melar, não vinham ao Juina, havia muito tempo; a caça não é lá tão abundante que alguém possa viver delia sem trabalho. Nos postos da Commissao Rondon, nessa occasião da secca, com a crise de transportes, em vez de receberem géneros, os indios forneciam, ao pessoal, massa de mandioca e milho. Não vi um só trabalhador, ou soldado, que se não referisse, com elogios, a essas dadivas providenciaes. * * * Havia já um mcz que viajava pelo sertão, atraz dos indios. Nos pontos em que contava encontral-os, Uáikoákorê, Juruena, Juina, nenhum me apparecia. Mas, ao sair do posto do Juina, começaram a surgir, pelo ser- rado, e mesmo pela picada, signaes evidentes de Nambikuára próximo. Eram pequenos toldos de pouso, malocas de caça, abrigos ligeiros que haviam deixado por ali. Encontrámos estes indicios á tardinha, logo depois de partir do Juina par marcha até ao Primavera. Sempre de ouvido alerta, parando cada vez que se nos deparava um dos taes toldos de folhagem, arregalando para o serrado, que os raios da lua pareciam cobrir de espumas, iamos andando na frente, anciosos por encontrar os primeiros indios. durante Alta beira da linha, próximo do Ribeirão 20 Setembro, avistámos, longe, uma fou-ueira. Eram elles. -5^, ^xi.c^ iw_ Apressámos o passo dos nossos animaes, e, á grande distancia, come- çámos a gritar, para os prevenir de nossa presença : 01 O! Nen-nen! Nen-nen! (Amigo ! Amigo ! ) Vieram logo, correndo e gritando; uns gesticulando de mãos livres, rjs de cacete em punho, mas não aggressivos, outros ainda de arco e Apchivos do Museu Nacional, Vo XX M^ Pouso do rio Primavera (Estrada Rondon) Distribuição de brindes (Aldeia do rio Juina) .^t ' ^i \ Toldos de caça (índios do rio Juína) Acampamento dos Taultês (em Três BuHt(s) SERRA DO NORTE MATO-GROSSO E. RoçuETTE-PiNTO, phot. 1912 107 flechas enFeixados na mâ<3 esquerda, enquanto com a direita coçavam a cabeça, sorrindo, desconfiados. Ao. luar. muito leitoso, er ■ phantastico o aspecto daquelles homens, altos, lépidos, irrequietos, animados, falando sempre, desengonçados inteiramente niis. Rodeados por grande grupo loquaz, que parecia discutir questão im portante, fomos chegando mais perto da fogueira ; crianças puzeram-se í chorar enquanto as mães, sem saber que barulho era aquelle, trepavam ágeis, pelas jaboticabeiras do campo existentes no lugar. distribuímos, largamente, cigarros e caixas de phosphoros, qu( Logo sempre num bornal, ao lado dos arreios, por seg E, animados por esse gesto, começaram a pedir tudo quanto levá- vamos, e a perguntar o nome de tudo : — Dera ? e seguravam no objecto até que lhes disséssemos o nome. Repetiam -no então convencidamente, desatando uma grande gargalhada, como si achassem os nossos termos muito cómicos. Fig. 49 — Bracelete de algodão — índios da Serra do Norte f (Coll. Rondon — Museu Nacional — 12124) Um delles batia no peito, de vez em quando, c dizia orgulhoso : — Damasceno ! Era o nome de antigo trabalhador da linha, ao qual muito se afie ílle Índio, conforme apurámos depois. Foi Damasceno, pela sua intelligencia e boa vontade, desenví. pelos agrados que lhe m m dos bons ele- tos de informação de que pude disp Certo dia, elle, que me via sempre fermos & ), mostrando os braços ulcerados pela pulseira de embira que trazia muito ai)ertada. Não consentiu que lha cortasse; mas insistiu para que lhe puzesse algum remédio ali, apontando os meus frascos e depois o lugar ferido, juntando ao gesto expressivo uma careta de dôr. Para impressional-o fortemente, appliquei uma compressa de algodão com so- lução de cocaína que fez cessar, como por encanto, o que elle sofFria. Damasceno ficou surprezo ; tornou-se ainda mais útil. 108 "^ * • • Fizemos comprehciidcr aos Índios que atraz de ikjs vinham tropas carregadas de presentes. Uma explosão de alegria. Cerca de duas horas depois chegavam, eíTectivamente, nossos cargueiros, cuja passagem foi da entre falatoi C5 Na sua maior parte, náo queriam ed mesmo, áquella liora, o que viam. Alguns, mais atrevidos, iam tirando os chapéos dos tropeiros. Um grande terçado, pendente dos meus arreios soffreu a mesma operação. Com promettendo brindes para o d que elles exprimem pondo a palma da mão sobre a face direita e fazendo como quem resona uma vez, conseguimos a passagem das tropas sem mais incommodo. Ficaram lá, no meio da noite, ao redor da sua fogueira, fazendo acenos, aos berros de prazer . . . * * * De madrugada chegámos ao pouso do rio Primavera, que c dos mais lindos sitios de toda a Estrada. ■ j ■ Rodeado de grandes arvores , erguidas no chão muito limpo, um rancho, á beira do rio, parecia casa de colono em terra civilizada ; quem « ■■ ■ ■ ' chega ali, depois de tantas matas e serrados e tristezas, descança o corpo e a alma. Deixámos o abrigo para armazém das nossas cargas, que precisavam ser protegidas contra a soffreguidão dos Índios. Armámos, ao relento, nossas redes. . . para não dormir. Dormir, excitado por aquollc quadro de magica, desenrolado á mcia-noite ? Dormir, naquclla noite inesquecível em que a sorte me tinha feito sur- prehender, vivo e activo, o « homem da idade da pedra » recluso no coração do Brasil, a mim, que acabava de chegar da Europa, e estava ainda com o cérebro cheio do que a terra possue de requintado, na differenciação evo- lutiva da humanidade ! Que gente é essa, que fala idioma tão differente das línguas conhe- cidas, tão differente da língua dos seus mais próximos visinhos; que tem objectos da vida dos seus companheiros de sertão? De onde ? Por onde passou, que não deixou rastros? Quando chegou áquella matas, onde vive ha tanto tempo ? Que ligações tem com os outros filhos do Brasil? 109 * * * Âs 8 horas da manhã foram vindo os Índios ao Primavera; de longe, iam gritando: O! Nen-ncn. Nen-nen? O primeiro grupo era composto de seis liomens, cinco muliicres e quatro crianças. Vieram aos poucos; juntos, chegaram um homem, uma mulher e dois filhos. Elle veiu andando atraz, de cabeça erguida, orgulhoso, sem uma tira de palha sobre si, inteiramente nu. Chegou-se á mim, na occasião em que armava um apparelho, apoiou-sc numa varinha fina que trazia, olhou-me com soberano desprezo durante alguns minutos, e foz um Fig. 50 — Halatzú — (Coll. Rondou Pente dos índios da Serra do Norte .Museu Nacional 1 3046) gesto r para pedir cigarro e fogo. Entrada theatral. «Guaranv» nafin-e. Durante o dia foram chegando outros. A tarde, havia cerca de 50; foi um dia de trabalho inteiramente cheio. - 1- Films, chapas, notas, vocabulário; iniciava-se a realização da parte essencial do meu programma. * * A e: 3nde a Vmazon nd endo p valle: s : Mata da Ca a. Antes deli grande systema do Jur o po collossal de ilortísta virgem da corre o Cam que m 6 unidade do Pela cada fora. atra vez da Mata da Can 6 ixjstes da h m-se, em grande numero feridos had d e ferro (lue os 4iO Índios receberam de presente; não acharam madeira mcllior para ensaiar o gume da nova ferramenta. . . Logo depois de passar o Camararé soffrcmos um aguaceiro, que foi o segundo a partir de Tapirapuan ; o primeiro desabou cm Aldeia Quei- mada e foi acomp.anliado de forte granizo, proporcionando-me opportuni- dade de oljtcr dos Parecís notas interessantes sobre o plicnomeno, cujo apparecimento saudaram com alegria. * * * ■ Antes de chegar a Campos Novos pousámos, ainda uma vez, na Várzea do Mutum, onde corre um ribeirão que vac ter ao Camararé, deslisando sobre leito de rochas silicosas. * * A Si o inhambú já não fosse baptisado, duas vezes como é, pelos sábios o pelo povo, cu diria agora : gallo da tarde, porque é o arauto fiel da noite. A|)enas o Sol modera suas torrentes de luz, e a cinza da tarde começa palh principia, na orla dos bosq seu canto chromatico. A principio é uma voz modesta, quasi medrosa, incerta, sosinha ; é uma ave que accordou mais cedo para o hymno. Essa desperta, aos poucos, a voz dos companheiros e, ao cabo de al- guns instantes, sobe da ramaria um coro, em trilos fortes, ousados, dos inhambus que annunciam a noite, como de madrugada os gallos avisam a creaçao que o dia vae começar . . . * * * A estação telegraphica de « Nambiquáras », onde mal cabe o apparclho, o telegraphista e sua rede, é um perrucnino rancho, collocado ao lado do no a que Rondon deu o mesmo nome. O rio passa sobre um leito de rocha eruptiva (Diabase). Seixos rolados, em grande quantidade, compõem a physionomia da corrente que, pouco além, atravessa curtos sumidouros. Na «estação» vivia o encarregado e mais um homem. Dahi a uma Icgua acha-se a invernada de Campos Novos, posto fundamental da linha telegraphica, na Serra do Norte, base inestimável para o proseguimento dos trabalhos no extremo Nor'Ocste de Mato-Grosso. Campos Novos é perfeita « fazenda ». Tem boa casa de telhas, fa- bricadas lá mesmo, tem curraes, pastos cercados de óptimas forn boas aguadas, gado para refazer as tropas que transitam do Juruena lá, até ao acampamento. E' também a «cruz vermelha» daquella 2 o 111 selvas : ali tabelecem os doentes que vêm do Norte, pelos benefícios do clima saudável d attra- o E' também nosso quartel general, na Serra do Norte. Os Índios assim ilmente o entenderam ; Campos Novos tornou-se, c ío para os Nambikuáras. Representantes de todoí Lipos, em que se subdivide a grande tribu, procui todos os brindes e presentes á que já se habitua Grupos fratern interesse de possuir as innu meras utilidades q nosso commercio conheceram. Apreciam immensamente os phosphoros; ■ ainda mais que as contas c outros adornos. M absolutamente vorazes para machados de ferro ; pelo por talvez P porfiam por ganhar taes instrumentos. :m machado trocam tudo. Nem lia, })ara ([ual- delles. nada. no mundo, de maior O fei ferro 6 o ouro (. S Norte. Com elle, o via- jante obtém a boa vontado do indio mais retrahido c secco ; com.clle, alcança a massa de mandioca o o milíio inolle para não morrer de fome ; o machado do ferro 6 a libra esterlina da terra naml)ikuára. E ha de ser dos grandes ; porque as modestas machadinhas que levei furam recusadas, mais de uma vez, pelos homens. Man- davam que se as entregassem ás mulheres. . . * * * Quem não provou o mel das abelhas do Brasil, e só conhece o da apis melifica, ignora uma riqueza dessa terra abençoada. O mel da mandurí, da manda- g larí, da uruss quintados, tod da tatá, da bojuf, q perfumes da brasile poema de r sabe derrul)ar um palm e de sabur. Aquelle abrir uru mel não pa que flo senão o resai))0 do um ágape em maldita fome * * * Fig. 51 — Gdaretatá — Fuso dos índios da Serra du O ho saboroso do buriti é recolhido de um Norte. .Museu modo bem simples. Derruba-se a pai vai-se i untando na fei (Coll. RoíiJon — Nacional — 12471) nclla um cocho longitudinal; a selva Depois de bem fervida, a seiva engrossa e dá o ius cio Miisn^i Nacional Vol. XX MUaíU NACIONAL 3657 Escala Dermochromíca para os índios do Brasil. (K Ro(fuelle-Phàio) /Affl WAC/O/V^^i. ÍAIòerijo Childe pin^. f9í9) 117 da cabeça contém-se pouco mais de do corpo (6 O segmento cerebt-al do rosli o digestivo c maior rpie os precede total segmejito respiratório, são igu A distancia entre os olhos (diâmetro b q fenda palpebral; assim os olhos acham-se muito afastados um do outro, pela espessura da raiz nasal. vislumbre de O tronco é q sem dep nem steatopygia. Os seios, nas moças púberes, são pequi nos, cm forma de taça, pela classificação Ploss-Barteb Nas mulheres mães, são grandes, de aureola dirigid P fora, mam levantad nem semp muito affastados uni do outro. O espaço inte r mamar io, em algumas da metade do diâmetro de uma das mamas. O do corpo h acima da symphi/c pu- Mede a distancia jugo-xyphoidi fu ' appendice xyphoide) — metade da distancia ana; sendo, assim, a altura do abdómen gual ao dobro da altura do thorax. Por sua vez a dis- ypho-pub ypho-umbilical é d)iana. Do que si d ( » da linha um- nam bilico-pi bikuára tem o umbigo mais próximo do p Pinard já tinha notado a importância pratica do guardam sementes de r . , , T • 1 cucurbitaceas (Lageiiaria ?) connecimento dessas relações, no diaí^rnostico da pre- . , ^ ' ^ í (Coli. — iMuseu Nacional - Fig. 54 — Bolsa de palha onde os índios da Serra do Norte pi ode fostrou quanto andaria -errado quem fosse ap- i todas as raças, elementos de pesquizas que só para servir. n. 2260) umas Vi algumas nambikuáras gravidas. A prenhez evoluia já adiantada, mas não consentiram num exame sério ; nada posso, assim, dizer a res- peito. Vem todavia a propósito referir que nenhuma era lanhada pelos sulcos intra-dermicos, devidos á distenção forçada do abdómen, que são fre- quentes na mulher branca (vergões da gravidez). Aliás, a pclle não tem sempre o mesmo coeíTiciente de extensibilidade. A dos Índios é favorecida por condições especiaes, mal conhecidas. IMartiu.s figurou no seu « Atlas » um indio Miranha cujas narinas, perfuradas, attin- giam insólita extensão; o individuo conseguia passal-as ao redor do pavilhão da orelha do lado respectivo. O lábio dos botocudos é outro exemplo disso. H8 * * * No typo masculino os três segmentos principaes da cabeça, seguem a mesma norma. O segmento digestivo é maior que os outros dois. Também a altura do thorax é igual a metade da altura abdominal. As mesmas relações encontradas entre thorax e abdómen, e entre as partes deste ultimo, no typo feminino, acham-se nos homens. • * * Por essas relações thoraco-abdominaes, e pela altura do umbigo sobre o púbis, póde-se dizer que o homem nambikuára tem tronco de mulher; e, levando mais longe a consideração dessas interessantes disposições reci- procas, ainda não seria errado affirmar que, no adulto, nessa gente, perma- necem caracteres morphologicos próprios a infância : altura do umbigo, por exemplo. • * * Um caracter differencial dos sexos é a situação do meio do corpo : nos lii»mens clle se encontra na borda inferior da symphise pubiana. E' que as mulheres tôm membros inferiores mais longos; e os homens, o tronco mais comprido ; ellas são, antes, macroskéles, e ellcs brachisMcs. Notemos que observações de Alex Hrdlicka, na America do Norte, encon- traram phenomeno inverso nas populações brancas, entre adolescentes. * * * No typo masculino a cabeç na altura; ol)cdece + que é realmente interessante. A 6 maior que o comprimento da fenda ocular; a altura total da face é pouco maior que o comprimento da mão. A mão tem cerca de 1/10 da altura total do corpo; o pé corresponde a 1/8 daquella altura. Braço e antebraço têm comprimentos equivalentes; são sensivelmente iguaes. O olho mongol, de Metchnikoff, é raro. * * ie N()> Índios da Serra do Norte não se ve a queda precoce dos incisivos, tal qual é encontrada nos Parecís. A norma da erupção dos dentes, pelo que andei observando cm alguns rapazes e meninos, não é a mesma que se costuma deparar na raça branca ; porque as idades em que a segunda dentadura se completa, me pareceram outras. Archivos do Museu Nacional, Vol. XX. **^ í' • / #■ t: Y ^ \ / ! fs> Nambikuára Tauitê Nambikuára KÔk ozu índios da serra do norte MATO-GROSSO E. RoQUETTE-PlNTO, phot. 1912 H9 Nos typos brancos, pela norma commum, as arcadas se guarnecem forme o scliema : A o o o O O 8 í> li 10 U 7 ia tH Aos sete annos rompe o primeiro molar ; aos oito os incisivos medianos e aos nove os lateraes. Aos 10 o primeiro premolar; aos 11 o segundo. Os caninos, aos 12. O segundo molar aos 13. O dente do sízo, que é o terceiro molar, apparece aos 18, mofino e sem préstimo, quando não se deixa ficar mettido no alvéolo durante toda a vida. Os factoí^ mais interessantes relativos á dentição daipielles Índios são precisamente os que se relacionam com os dentes do sizo ; porque, mais de uma vez, verifiquei a presença delles em rapazes que não tinliam, seguramente attingido os 18 annos. A dentição completa-se naquella gente, ao que me pa- receu, muito mais cedo. Os molares, que o povo chama dentes do sizo, e tendem a desapparecer na raça branca, nos Índios, não são dentes de enfeite. Tem funcção e tamanlio de considerar. pig. 55 - Fmcto de um Acredito que o excesso de trabalho, imposto ao appa- ,Í"o?rse?rfdo Crte. relho da digestão, tenha seu rebate nestas características (Gou. - Museu Nacional dentarias. Os grandes molares apparecem mais cedo porque são solicitados por mastigação frequente e forte. n. 1923) * * * Comem sempre, de tudo, sem regra nem medida. Não sei de animal que não devorem. Regeitam, apenas, o tubo intestinal da caça abatida. Os do Juruena comem mais carne que os outros; os de José Bonifácio alimentam-se mais de mandiocas e milho. Sua pneumatóse intestinal fal-os companheiros desagradáveis. Todos têm lingua saburrosa; muitos têm as gengivas arregaçadas pela pyorrhéa alveolar. Os dentes, ao contrario do que se verifica frequentemente nos craneos dos sambaquis, não soffrem o processo de usura que Lund, em 1842, descreveu no homem de Lagoa Santa ; mas padecem da carie que lhes não poupa as coroas. * * * Uma dermatose especial grassa entre os indios da Serra do Norte (1). (O Cf. E. Roquette-Pinto- Conferencias na Bibliotlieca Naciunnl — 45 de março de 1913 e na Sociedade Brasileira de Dermatologia (Folyclinica Geral do Rio do Janeiro — 11 do junho de Í915. \2Ú Em verdade, alguns officiaes da Commissao Uondon, haviam notado pi doença. Mas, talvez porque nào tivessem sido encontrados casos ty picos, como esses que me cahiram sob as vistas, as manchas passavam por simples descamações epidérmicas traumáticas, oriundas do attricto do corpo na terra, pois que os Índios da Serra do Norte dormem sobre o solo. Examinando os indivíduos cujas pliotographias aqui se encontram ve- rifiquei, poróm, a existência de verdadeira dermatose, imitando diversas das que se acham indicadas entre os nossos aborígenes. * * * A doença apparece em toda idade; foi encontrada em crianças de peito e em velhos. Ataca igualmente ambos os sexos. Parece ser mais frequente nos índios dos rios Juruena e Juina. Os Parecís, próximos visínhos delles, não conhecem o mal ; e não me consta que já se tenha verificado qualquer caso no pessoal da linha telegra- phica. Nenhuma região do corpo é poupada, a não ser o couro cabelludo. As unhas são respeitadas, e a face não é sede predilecta das lesões. A doença não é rara ; em muitos índios é fácil reconhecer traços de sua existência. No entanto, creio que evolue com intensidade mui variável, porque só em oito indivíduos, dentre cerca de 400, pude verificar suas ma- * • nifestações bem definidas. A dermatose manifesta-se sob três aspectos clínicos successivos, e um mesmo individuo pôde apresentar lesões cutâneas em differentes estádios. Em algumas placas notam-se formas de transição. No seu primeiro período esta doença forma vesículas mui pequenas, cheias de liquido seroso, dispostas linearmente, em figuras circulares, con- cêntricas. A pelle, nos intervallos, é apparentemente sã ; as vesículas não se rodeiam de zona ínflammatoría visível. Não ha calor, nem rubor. Depois, as vesículas crescem ligeiramente e seccam, dando lugar á formação de crostas escamosas que seguem os contornos dos desenhos primitivos. Todavia, a forma das figuras circulares já se não mantém re- gular; as primeiras lesões foram confluindo em muitos pontos atravez os espaços de pelle sã. Formam-se então verdadeiras placas de descamaçao, manifestações características da segunda phase da doença. Pelo mesmo processo surge o terceiro aspecto. As placas se desen- volvem lado a lado; ao pé de uma, outra cresce. Acabam juntando-se; a descamaçao epidérmica é, então, continua. Porém, as escamas crescem bastante, quando a phase final da doença attinge seu apogeu. O doente torna-se repulsivo. 121 U a índia fossem finidade de escamas arrepiadas pelo corpo inteiro, de pel de seda ao tegumento por uma das extremidades. Estas escamas papiraceas não se deixavam arrancar com facilidade; o attricto da mão não as destacava, conforme verifiquei quando a mulher se coçava. O prurido, nesse periodo, creio, é muito menor; pareceu-me mais accentuado nos primeiros. Não posso precisar o tempo em que a doença completa sua evolução. A dermatose passa em alguns dias do primeiro ao segundo periodo; este poróm, me pareceu demorado. Em algumas placas nota-se a formação incipiente das escamas papira- \ ceas. No entanto, como apenas tive opportunídade de ver unia mulhei e uma rapariga, sua filha, com todo o cor|X) tomado pelas lesões da ultima phase, acredito que a doença neiu sempre chega a esse termo; fica estacIonai'ia no segundo periodo, ou evolue. Distingo, assim, provisoriamente, três aspectos nessa dermatose : a) forma vesiculosa; b) f('»rma placoide; c) fíjrma escamosa. Acredito que ellas correspondam a periodos evolutivos da mesma doença, e não a doenças diffe- rcntes, porque achei, em alguns enfermos, formas intermediarias. Aliás, os doentes indicavam, por signaes, mas de maneira mui clara, que a derradeira manifes- tação principiava pela forma vesiculosa, única en- contrada em crianças de peito. * * * Fig. 56 — Baanêcídutú — primeira ptiase da dermatose dos índios da Serra do Norte. (Scheina) Os Índios passam saliva sobre as placas; não sabemos ainda si empregam contra a moléstia al- guma herva, E' provável que o façam, visto que em suas aldeias tem-se encontrado verdadeiros hervarios. ter sobre a doença o cos- Quanto á infl a que, porvcnlin^a, possa tume, pe de se p com certa pasta .irordurosa feita com o sueco das sementes do urucú, é também questão a resolver. O aspecto e a evolução da doença nos indu7.em de uma derniatomycose; é provável IG que o cogumoUo pnlhogcniro tenha 122 habitat no solo. E assim se explica porque os funccionarios d que ha aiinos convivem com os Nambikuáras, ainda não contrahiram o mal; o que também se observa com os Parecís, actualmente relacionados com aquelles doentes. Uns e outros, ao contrario dos Nambikuáras, fazem uso da rede; nunca dormem no cbào. O exame microscópico das escamas, até agora, não foi feito; é falta de que não tenho responsaiíilidade. Em 1912 os Índios não permittiram Viviam ainda desconfiados O nome indigena que os enfermos da Serra do Norte dão a sua doença é : Báanêcêdídú. Acredito que o vocábulo exprima, precisamente, a forma curvilínea das lesões, visto como Báanêcêdídú é a designação genérica das condias dos gastrópodes, que são enroUadas em espiral. * * * í," Tudo isso basta para demonstrar que se trata de manifestação mórbida ainda não descripta nos selvagens do Brasil. * Das dermatoses peculiares aos nossos Índios, algumas, não se parecem absolutamente com o fjáanêcêdàtú da Serra do Norte. Podem ser, desde já, afastados: opian, a curul), a pinha, a miinga, as pnreb^ as xerodermias (ichtyoses), as teishmanioses , etc. Pereb e nome tupi das ulceras cutâneas banaes, staphyllococcicas, etc. A pinha foi encontrada entre alguns Índios do Amazonas por. von Martius. Deve ser uma forma de furunculose; Martins a considerava uma w espécie de a anthraz )). O pian é hoje bem conhecido; já em 1558 fora admiravelmente caracterizado por Thevet e, em 1578, por Jean de Lery. Em 1613 o sábio padre Yves d'Evreux apontara, magistralmente, suas semelhanças com o (( mal de Nápoles ». Os indios da Serra do Norte nada apresentam de parecido. Devo tandjcm dizer que aquella gente não conhece a lepra. E as ulceras leishmauiosicas, que não poupam o pessoal da linha telegraphica, são desconhecidas. Não vi um só atacado das « feridas bravas », enquanto que a enfermaria de S. Luiz de Cáceres regorgitava de enfermos, vindos do acampamento. * * * Também com a dermatose dos indios antisianos (Mocetenes, Tacanas, Yurucarés), habitantes das vertentes orientaes dos Andes (Peru e Bolivia), a doença dos Nambikuáras não tem semellianca. Apchivos do Museu Nacional, Vol. XX í Denmatose dos índios da Serra do Norte (Cliché não retocado) E. RoQUETTE-PlNTO, phot. 1912 i23 Os liomb) õ lespanhóes deram áq dius, têm largas manchas irregidares, esbranquiçadas, de contornos po dos prmc nas saliências articulares. D'Orbigny affirma que taes manclias nunca se apresentam com aspec farináceo ; que poupam as crianças, e que a epiderme dos doentes se mante ■ inteiramente lisa. A moléstia dos a overos» nada mais é, afinal, que a vaurána dosnossi índios do grupo tupi, que vem a ser a mesma cousa que o mal dos Carate da Colômbia, mal das pintas (ou dos pintos), Lola, da America Central, c Purà-purú, da Amazónia. * * * Spix e Martins, no começo do século passado, e, depois delles, outros naturalistas, encontraram o mal espalhado pelo grande valle. Muitos chro- nistas delle se occuparam, e entre elles, Baena foi minucioso. « Purú-purús, escreveram aquellcs, é o nome dado pelos brasileiros aos Índios que se chamam propriamente Pamor oiiirís, habitantes do rio Punis. » Descreveram a moléstia dos Pamaoulrls, ou, como hoje se diz, PaàmaríSy dando -llie para característica essencial a presença de manchas cutâneas irregulares, isoladas ou con- fluentes, ennegrecidas, um tanto ásperas ao tacto. Martins acreditava que algumas manchas brancas, ás vezes encontradas entre as escuras, representavam o primeiro estádio da doença. Parecia-lhe hereditário o mirií-j) festaçõe Os indir ip partir da puberdade q Martins tratou attríbuiam esse íl K r mau estado do a « \ ida ampliibia » daq dos seus costumes, influ pur-H-purú. ÍD naturalista acreditava que o apparccimento do Fig. 57 — Tubo de taquara com pó escuro — Paricá ? (Coll. Hondon — Museu Nacional — I3Ò3) * * * da doe seu nome fi Depois, naturalmente pela disseminação indo para designar todas as tribus da região Purús-Juruá: / etc. Jiiberi, Arauá, Ehrenreich, ha cerca de 20 annos, pode verificar certos detalii( curiosos na evolução do purú-purÍL Confirmou que só a partir da pube dade a doenç inteiramente brancos, c uma espécie de vitiligo. encontrou alguns índios com pés de um albinismo parcial de 12i Segundo E côr azLil-aciíizentada. A' medida que se vão descorando nas bordas, es- curecem no centro. Pessoalmente < epiderme doente. Todavia, transcreve informação vulgar segundo a qual os P marís misturam, subrepticiamente, as escamas de sua pellc aos alimcr o afim de Nas manchas brancas, accrescenta o mesmo ethnologo, não existem pellos. O prurido é sempre intenso. * * * Em 1909, Koch-Gríinbcrg tratou do piirú-pwà encontrado na bacia do Rio Negro. Apontou, de accôrdo com a opinião dos Índios, trcs va- riedades da doença: purL(-jju)'ú òj-anco, p. nrgro, p. vemielho, segundo a côr predominante nas manchas. Koch-Griinberg diz que as manchas negras são duras e ásperas; as brancas, lisas, apresentam o aspecto de quei- maduras. * * * No entanto, Oswaldo Cruz, em 1913, mostrou que nada justifica a se- [)aração das três variedades. As manchas brancas, para elle, figuram um estádio mais adiantado da doença; apparecem pela eliminação do pigmento cutâneo, promovida por agente infeccioso. Oswaldo Cruz verificou também a descamação da epiderme ao nivel das r manchas negras. llirscli, já em Í88G, aífirmava que o purO-piWÚ não poderia ser sinão uma dermatomvcose; os estudos de Montova e Flores e Oswaldo Cruz, embora ainda não concludentes, parecem justificar essa hypothese. Os Índios da Serra do Norte vivem cm aguas amazonicas; habitam, portanto, na visinhança da zona enorme onde se tem achado o pw'if-p^(ra. Todavia, não soíTrem, indiscutivelmente, desse mal. O seu isolamento os preservou * * Já com o tuKjt 00)111 ou /terjtes circinfido, e lambem com o /oA línea ímhricata, o báancccdàlã tem alg Ehronreich, em 1897, confundiu aq que são frequentes entre os iiidios da affi O }'lnrjivorm, porém, não é o tokeláu ; nem essas dermatoses são muito ndios. O seu tegumen pi pelo meio, acha-se muitas vezes tomado pelas ((.erupções artificiaes de cau de se confundirem, em certos casos, com moléstias parasitarias. pass 425 No entanto, c fora de duvida crue as primeiras for c ( Norte seriam j)arecidas com as do Jierj la derma tose IS — círculos concêntricos m por pequenas vesículas SI llics nào f; a 1 íiammatoria que acompanha o Iierpí Tal seja pel reacção passe despercebida, seja pela espessu c pell con iições de vascularização discreta, ausência de pellus, o dulas sebaceas nouco abundantes .\ evoluç da Serra do N f u n d % ngwo } No estado final, a doe dos N m u í to mais á tinea imbricala. O aspecto do individ escamas longas, como tiras de |)a|)cl a seda, que verifiquei perfeitamente nos meus índios, é também attPÍl»uÍdo (okeláii. No tokeláii, além disso, não existe inflammaçào ao redor das le- com o báanccédà/íf. !S vesiculares; mas Icrmatosc dos Nam- piloso é atacado, tal qual acontece A tinea ansform br também começa por form das vesículas em yste na bikuáras é muito mais irregular. Não existem mesmo verdadeiros su Fig. 58 Ilikanti Faca de madeira, dos índios Trauilís da Serra do Norte. (Cõll. Rondon - .Museu NaLÍoiial '3^iv) (k d como no tokcláu; são antes placas, limitadas por escamas ainda tão pequenas que tomam aspecto furfu De que a verdadeira semell das duas dermatoses só é bem papi)'accas, crescidas, cobrem corpo Por outro bido. a evolução da doença dos índios da Serra do Noi se entre os com a do tokeláu que o Dr. C. Paes Leme descreveu, em líX) idios do Araguaia, e Friz Krause não menciona. Faltam absuL Kíue l o symptomas geraes apontados n X Serra do Norte tem todas as características de uma doen matoso dos V postas, acredito que o bánnêcêdíilú c uma dermatomy Pelas razões e^ •ose exfoliativa, talvez mesmo nm^i tinea vísinba do tokc Era impossível obter naquella data material para ex Vctualmente, as condições são mais fíivoraveis; a confia Permitte investíi?ações m o Tenho ado pes mdios, material que passou sobre ligas e outros c ;o tempo em contacto d de uso dos 1 as lesões 126 cutâneas. Estas observações são extremamente precárias, é claro. Nem conto com o seu êxito. Si fôr possivel isolar um fungo, dessas peças, cul- tival-o, inoculal-o, voltarei a tratar do interessante assumpto. Aos especialistas cabe completar c corrigir estas notas, que não pretendem sinão documentar o aspecto clinico de uma manifestação orb da de índios primitivos. Amanhã ou depois, contaminados pelas in- fecções extranhas, a que infelizmente não se poderão furtar, hão de apres- pelos males da civilização. odificados pelos benefícios * * * Com os dados antropológicos, aqui ti-anscriptos já se pode um ço (le comparação somática. A anthropologia não é mais inútil pesquisadora de soluções impossiveis, para problemas ociosos, embora não tenha ainda attingido o gráo supremo que lhe foi posit A raça não é uma expressão verbal, sem valia nem funcção ; marca sempre relações, entre um grupo de organismos c o meio em ouc elles K', por isso, indispensável ir levando em conta os phenomenos, á mesmo modo como -si Pei-ante a mode •na orientação da anthropologia a observação d) mica das lYfças, dos Ij/pos, c dos próprios indivídi/os, vai-se, aos poui ( caminho do progresso. A dcscripç que estudam com desci nao satisfaz ao espirito scientiíico da época ; recentes verificações e desco- bertas que a physiologia conseguiu, mormente no âmbito das funcções das glanduías^ de secreção interna, mostram que a morphologia, por si só, é fraco contingente para o conhecimento dos organismos. Ella é condicionada de modo iterativo pela maneira de funccionar própria á cada qual. Numa palavra : a an/hropolorjía anatómica, cada vez mais, perde em favor da anlh ropohgía physiohgica. A amiomia das raças; sinão feita de todo, fo o debuxo indicasse que sáfaro terreno é n «p colheita l: ncapaz de permi biologia das variedades iMas, ^ psychophysiolocjia das raças, é uma promissora região, cujos praticamente exploráveis apenas começam a apparecer. Infelizmen o material e os meios de indagação são escassos e pouco rendosos. E' uma falha de methodo que se ha de completar aos poucos. As diíTiculd . ^^^^ s^^^J muitas, e serias. Por isso mesmo convém con- sideral-as, desde já, como a parte essencial das pesquizas. Fiel áquelle critério o autor tentou ajuntar aqui elementos que permittam esboçar, Archivos do Museu Nacional, Vol. XX. , /- Piolho dos Indioe da Serra do Norte ( Xso) Microphotographia de E. Roquette-Pinto 127 sinão resolver os proljlemas fundamentaes da antbropologia, referidos aos typos humanos que oljservou em sua excursão pelas terras da RoKDONiA. * * * a) Quaes os typos anthropologicos fundamentaes de indio I brasileiro :? Quaes os traços característicos dos Índios da Serra do Norte ? c) Como se processou sua diffcrcnciação antbropologica? ¥ ¥ ¥ Pondo á margem as noticias encontradas nos cscriptos leigos, acba-se principalmente nos traballios de Piso e de Marcgrave as melhores informações, colhidas no século xvir, sobre a nossa antbropologia indígena. Das questões propriamente antbropologicas — (anatomia, pbysiologia, etc.) — cuidou melhor Marcgrave; Piso dedicou mais attenção á pathologia indígena. Da Naturallis Ilisíoríse Brasilise, é o 8" livro consagrado aos índios. O capitulo iv, desse livro, traz a epigrapbe: De In- colis Brasilia?; e outro capitulo: De Síaíara e habiln corporls Jíra-síliensiimiy e de eorum oelale c moribus. * * * « Os índios que vivem entre nós outros, diz Macgrave no seu ameno latim, tem medíocre estatura, são robustos, de largas espáduas, bem feitos ; nem é fácil achar entre elles alei- jados, zarolhos ou coxos. E' admirável como preservam seus fdhos das moléstias, nunca os envolvendo em ligas ou faixas. Para robustecel-os, ligam-lhes as pernas com certas tiras que cliamain : Tapacura. Os brasilienscs têm olhos negros, nariz estreito, boca ampla, cabellos negros, rectos. Barba rara ou nulla. Muitos tem barba negra. As mulheres são de estatura pequena, bem dis- postas e de formas não inelegantes, como as negras, bastante robustas c parem facilmente. Ordinariamente vivem muito, e entre elles vêm-se muitos velhos, alguns de 100 e até 120 annos. ?íf . a ' 1 I* í !■ l i it I , I i V k y\y \ I M 'A Difficilmente encanecem, mesmo quando já decrépitos.» • • * Os «brasilienses» de Marcgrave estavam longe de Fíg. 59 - Clava encontrada entre os índios da Serra do Norte . (Coll. Runduii — re- Museu Nacinnhl presentar um typo definido de indio brasileiro; tinliam os I VjZq) 128 traços fundamentaes da raça, mas viviam em meio muito occideiitalizado. Basta notara idade avançada de muitos; o iiidio raramente vive tanto, entregue ás condições primitivas. o Aanalyse resultou ainda mais perfunctoria quando feita pelos outros )s observadores. Mesmo Alexandre Rodrigues Ferreira, no fim do século deixando paginas admiráveis sobre a sociedade indigena, dispondo como nenhum outro de elementos scientificos para bem apreciar os typos anthropologicos que encontrou, omittiu qualquer observação a respeito. A. de Saint-Hilaire, no começo do século xix, achou os Bolocudos mui semelhantes aos Chins, embora os mongues, segundo lhe parecian > face õ Saint-Hilaire presumia reaUzar comparação bem apurai em Cabo-Frio, lado a lado, três chinezes e alguns indio * * * Sino assumpto, a contribuição, do Príncipe Maximilliano de Wicd Neuwied o igualmente medíocre, já a de Alcides D'Orbigny avulta. D'Orbigny teria sido o fundador da anthropologia indig cana si houvesse podido estudar mais typos naturaes. Quasi um século de[: da publicação do seu homem americano, os scientistas no mundo amei V para aquellas questões de physiolog la anlhropologica, daramente expostas por elle em 1839. Longe de querer isolar os typos, como fizeram alguns modernos, pela isiva consideração das formas craneanas, D'Orbigiiy comprehendeu que as reacções do meio não se limitam todos detalhes da organização, verificando até que ponto elles poderiam ser õ condiç( Sejam quaes forem as falhas de systematíca ethnologica que se lhe possa n am e o modo porque i. dão-lhe direito í derado daquella honrosa maneira. ínfel por D'Orbigny, foi peq Sua raça brasileo-guaranl soffreu dessa escassez. Nesta divisão elie não reconheceu as dlfferentes nuanças, nem conseguiu marcar o caminho de sua anthropogeiíia, conforme fez para outras; não distinguiu suh-typos. • * * Unicamente para fornecer elementos de comparação com as outras classificações, puramente anthropologicas, menos conhecidas e cita as, valle a pena transcrever a chave integral da raça brasileira de DOrhign}. 429 RAÇA BRASILEO-GUARANI (A. D'ORBIGNY) Caracteres geraes : Cor amarellada Estatura mediana — Fronte pouco saliente — Ollios obliquos, levantados no anirulo externo. Ramo único: Cor amarellada, misturada com um pouco do vermellio- pallido. Estatura — 1.620. F cheia, circular — N massiças. Fronte nao fugitiva Face Lábios fi fados no curto, estreito — Boca de tamanho med olhos vezes sewpí guio exlerno. Malares pouco salientes. Traços afem Physionomia mansa * * * Basta tomai D m BArôro e tentar enqua(h^al-o na i^aca I)i'asilcira de fi feita, noi" dcíi Os Índios do Brasil estão longe da f. muito altos e outros multo baixos. estatura me(h'aiia; há typos A cor da pelle varia também, dentro de lindes afastadas. A obJiqui- Fig. GO Clava encontrada entre os índios da Serra do Norte. (Coll. Rondou ASuscu Nacional ' '930) dade da fenda occular e o levantamento do canto externo do oUio não t*'m a constância que o grande naturalista suppiíulia. Em resumo, pôde dizer-se que D'Orbigny caracterizou bem um dos typos l^rasileiros ; nada mais. Do ponto de vista morpliologico, no que nos diz respeito, foi essa a sua contribuição. ♦ * • Martins, nas « Beitrãgo», de valor tão designa), mas sempre Inte- ressantes, deixou -nos observações njais felizes. Na sua raça amerlcaua dlsti ngulu dois typos, que se podem pôr em chave do modo seguinte : RAÇA AMERICANA — (VON MARTIUS) 1" typo : Formas grosseiras, talhe pequeno, face larga, fronte deprimida o higi- tiva, olhos obliquos, malares salientes, nariz deprimido, maxiJIat" infcrinr fortemente desenvolvido. Lembra o typo mongol. • 17 130 { 2° typo : Talhe alto, esbelto, fronte alta, arqueada, olhos horizoníaos e rase^ado SIAVUUS, nariz saliente, muitas vezes aquilino ; « formas nohres )> das regiões inferiores da face. Lembra o typo caucasoo. * • * A curda pelleea qualidade dos cabellos, INIai-tius não as discriminou cada typo. E andou bem. . Lembra o naturalista que o colorido claro, e o escuro, acliam-se tanto representantes do primeiro typo quanto nos do secundo. * * * Martius pultlicou ainda sol» o titulo suggestivo : « Das Naturell, dic Krankheiten, das Arzthum und die Hcilmittel der Urbcwohner Brasiliens», algumas notas valiosas que formam um livrinho raro, existente na excel- lentc bibhodieca do Instituto Histórico. Acham-se nesse trabalho, mais uma vez, provas evidentes de que Martius não conseguiu ver sinão alguns typos dos offerecidos pela gente pri- mitiva do Brasil. Em discrepância com os caracteres differcnciaes, resu- midos acima, diz que os índios suppostos mais altos, não o são de facto; parecem mais altos do que são porque andam nus. E entre algumas ojjser- vaçõcs physiologicas a propósito, nota que as pulsações cardíacas, no bomem, variavam de 55 a 68 por minuto; na mullier, 76 a 80. Os homens morrem cedo, segundo as mesmas notas; as mulheres attingem frequentemente 70 ou 90 annos. Falando da syphilis, diz que « em geral attribuem os Índios aos eu- ropeus a introduccão da doença ». * * * A differenciação (pie Martius accentuaya em 1867, Couto de Magalhães, quasi um decennio mais tarde, retomou, quando trouxe á anthropologia do Brasil o seu apreciável contingente. Apezar de pouco preciso em relação ás minúcias, todavia, o autor do « Selvagem » apanhou com felicidade certas modalidades morphologicas dos mdios do Brasil. Ao contrario do que me parecera até 1909, tenlio podido observar notáveis especializações nos typos brasileiros; essas variantes, devo dizcl-o, ajusta m-se bem ás que foram separadas pelas observações de Magalhães, máo grado o empyrismo com que os realizou. certo, porém, que elle só deixou bem caracterizado o primeiro dos pos. Os dois outros foram apenas indicados no seu livro. E 431 * * * Datam de 1882 muitos docamejitos ( b os devemos esquecer. Os q por Barijosa Rodrigues e J o N dados á luz a respeito Rodrigues descreveu e meclm alguns typos comparação suas nota Tratou dos seguintes Tembé, Mund merecem destaque particular. ub-typos:~Pi//-í, Tícuna, Mira n/m, O Pariquí e Aruaqid, Arara, Mara, Mauhé. Obtev mensurações, de 1872 á 187 q 188 \ r ado ANTHROPOMETRIA DOS ÍNDIOS DO BRASIL líARCOSA RODRIGUES Tribu Coilibo mr ricíina Miranha Canixáiia Arara Mundurucii liio Tapajós*. . Mauhé Rio Mauhó-assú. ^'àvm^y latapú, . . . Aruaquí Mura - . . . Tembé- Oma^ua Vv\Y\ . liOcalidade Bi-z>go- Ri-acro- Esta- matico mial tura líio Ucaíalii . • . . 0,12 0,38 1 , 47 \V\o TutianUiis . , . 0,13 0,38 1 , -Vi liio Yapiirá - . . . 0,12 0,38 1 ,()0 Rio SoliiuOcs 0,11 0,30 1,00 Hío Madeira. . , . (\ \{ n 30 1 ru Uio Uatuinã Rio Urubu Olivença . Mio Alucurí 0,10 0,12 0,13 0,12 0,13 Iiio Ca|)im 0,12 0,11 0,13 0,38 0,30 0,38 0,38 0,3'J 0,3'.) 0,37 , 44 1,00 i,:)S l,4f5 1,.H4 1 , !>o 1 , 00 1,34 O ( d Rodrigues, seriam o A o rio Madeira, e o pcsq pajos; os mais baixos seriam os Conibos do rio Ucaiale. As em conta são as que se referem aos ind A contribuição do naturalista patri( ( lo sexo masculino. Toda via, as pt ( [ue Jhe ficam «levando, têm maior valor. Barbosa Rodrigues começa pondo em destaq íTeren as proporções o tronco e os int'n]bi'os, nos o amer Em geral o nosso Índio, diz é e largo, pescoço e membros curtos.» As diíTcrcnças scxuaes liic pa o mediocres, quanto á morp do As mulheres, em geral todas têm um aspecto varonil, isto é, na structura do tronco c dos m sao m approx ao sexo ; 132 m a ponto (Ic, pelas costas, coufundireiíi-sc os sexos; comtiulu em algumas tribus variam na estatura. » A descripçao dos typos que observou pode ser resumida em poucas palavras. Puri ~-Tem musculatura saliente, a distancia bi-acromial três vezes »r que a bi-zygomatica ; nas mulbercs, ir que a metade do diâmetro do seio. Ticuiia — Baixo, musculoso: bi-acromi ( listancia intermamaria não é matico; nas mulheres, a largura do quadril é menor que o bi-acromial. Miranha — l^^txs mulheres, o monte de Vénus tem extraordinário desen- volvimento, não observado em outras tribus; os seios acham-se distantes cerca de dois terços do seu diâmetro. Cauixána — Tem o bi-acromial igual a 2 y. vezes o bi-zygomatico. Na mulher, a aureola e o mamilo acham-se dirigidos para a frente, e não para fora. r Membros finos em amljos os sexos. Te» /6íí> — Estatura mascuhna, cm geral, menor que a feminina. Mulheres altas e magras; homens baixos e gordos. Minidii7-ucús — SD.o musculosos; homens mais baixos que as mulheres, relativamente. Mulheres de bi-acromial relativamente mais largo. Parifjuís Q Aruaqiás — Estatura feminina e masculina mais ou mcjios iguaes. Grande semelhança nos traços physionomicos das mulheres. Araras — As dimensões do typo masculino são menores, em relação ás das mulheres. Mulheres de quadril estreito e bi-acromial largo. Mara — Baixo, corpulento, hombros largos. Mulheres gordas. Maiihé — Grande dimorphismo sexual. As mulheres são as "mais hellas Índias vistas por Barbosa Uodi-igues: rosto oval, faces não proemijientes, traços cu ropeos. Espáduas relativamente muito laricas. * * * Na 6ynthese(pie venho fazendo do que se tem produzido em relação á auLhropologia do Brasil, abre-se aqui um largo espaço para summariar as * * -^ acquisições mais seguras e mais detalhadas que possuímos, obtidas pelos naturalistas allemães que modernamente estudaram os nossos Índios. Essa messe de fartos elementos começou, sem duvida, pelas cxplo- i-ações dirigidas por K. von íXqw Steinen, em 1884 e 1888. Ate então haviam merecido cuidado, conforme acabamos de verHi<:ar, os aborígenes amazonicos; a gente indígena do interior era, desse ponto de vista, absolutamente indocumentada. Um trabalho de synthese, condensando as acquisições existentes sobre a anthropologia do Brasil, foi tentado, em 1897, pelo Dr. Paul Elirenreich. s Archivos do Museu Nacional, Vol. XX. *^ . I ■J I ■i"" r *** * . >«■ ft j n J P* s\ índios da Serra do Norte (no PoBto de Campos Novos) E. RcÇUETTE-PlNTO, phot. 1912 133 ■ O iiilei-e.ssaiitc voliimo, ao contrario ilo que succccicra aos seus tra- Pl d estudiosos. ITa, no entanto, ali, somma respeitável de observações, anatómicas, physiologicas, patliologicas, numa palavra, antliropologicas, sobre os Índios do Brasil. INIuitas vistas origínaes, e mesmo alguma compilação neces- sária, torna os «Estudos Anthropologicos sobre os Primitivos Habitantes do Bi-asil)) verdadeiro tratado clássico, que julgo útil resumir em aliíumas destas paginas, como elemento de comparação. * * * Principiando pelos caracteres descriptivos, exteriores, Ebrem-eich nota que foi discutida, durante algum tempo, a falta de um typo de pelle negra no continente sul-americano,. terra sujeita a condições semelhantes ás que vigoram na Africa. E observa que os pretensos indios-my/ro.s {Chariui\9) nunca o foram exactamente. Sem esquecer que os primeiros portuguezes cbamavam negros os indí- genas, poi' se pintarem com sueco do gen ipapo: <( O ílMlCtO do i''enin('1 1 )() P'B- 6I — Instruiiicntu cirui)L;Ícu dos índios da Serra do Norle. quanj'otcgida, ali, é frequentemente amarello-bruno (Pardo). A differença é, pois, frisante. f 131 OBSERVAÇÕES ANTHROPOLOGICAS (i:ii!u:>Bi:i(:ii^ Indiciíhfos vivos Bakairi . NahuqiKi. Âuctô. . Altihinakti ;, Vaiirá . . Trumai . Pat-ecí . • Ijòiòro . * Karaja TRIBLS DO XI>"GU Karaibas • • ■] / lupis Kaniaiurà . J Aruaks AHophyla (1) TUIBUS DE AIATU- GROSSO Aruak AUophyla XlUBUS DO ARAGUAIA . AHophyla . Kaiapó . . J Gô Clieroiito (Akuá)J TIU15LS DO GIIACO Tol>a Ma taco TRIBUS DO PUKÚS Pauiiiari . lamamadi . . Aruak Ipnrina . . . Soíiinia (1) E. Roquette-Pinto cano — Rio, 1909. IK 10 1 14 14 6 1 8 9 20 12 1 1 i 3 i 8 i32 M. ti 12 o 4 6 1 3 6 9 o 1 no Ofmk SOM MA 10 27 IG 18 12 2 8 12 2(3 21 7 1 1 1 3 4 9 184- .MMERU l)K onSKR- \AÇÕE.S C0M1'LETAS II. 10 5 í k 6 1 1 ( 'J 20 12 5 1 1 i 4 2 M 6 1 2 1 3 6 8 2 Etnografia Indijena do Brasil.— 4» Congresso Medico Latino Araen 13ÍÍ I O tom (lo resto da pelle 6 puramente condicionado pela IS do rio Araguaia, ardentes e desprotegidas. «Não ha motivo para falar em raça vermelha. Vermcll residência nas os Índios pintados de urucu. A cor fundamental dos então amarello-cinzenfo-claro (23 da escala de Broc liavel-a encontrado nos Índios lamamadí ios brasileiros seria Ehrcnreich confessa e nos Ipurinas do Purús, sem em dentro de espessas Horestas. Essa tonalidade epidérmica, ás vezes, ultrapassa em clareza o chamado grupo Tupf, falar dos Botocudos. Tod nd que europc como verifi Anambés, Índios do haj^itantes do baixo Tocant Os Entre os outros essa é, todavia, a cor da pelle durante a infancí ulultos, já influenciados pelos raios solares e outras causas fica N vermelbados e bru nos (pardos). (Escala de Broca 2(>, 31 do rio Xingu encontram O" — --V...V. u^.x, ^v^, ,^411 ^í J rados : 33 m-n, 33-0, da escala de Radde: 33, 34, 45 gorai, os matizes nu me- da escala de Broca. São as lama». q den St c h a m a « a m a r( 'lio tom de Consideravelme 7 B na, ainda mais tirante ao vermelho, ô, mnaravcl á cerâmica cozida fescala de Broca: 30, 32, 44). Os mais escuros são os Karajás, nas regiões desço- (1) da pelle do iiid dade e A' pelle dos americanos dos trópicos falta absolutamente a elasticí- aspecto vellutineo, a riqueza glandular que se encontra na do negro». * * * zil-as notas. As observações contidas nos Esfi dos nossos índios, são igualmente Ehrcnre Vale a pen e m para comparaç eventual com as m os ca- tradu- ^oprías Fritsc mente da rar Por occasião do VII Congresso de Americanist 1 mostrou que a qualidade do cabello dos amei (Berlin, 1888) intrM'ra- forme como em creral se acredita : ò cabello dos americanos e o d presentam não poucas differe Nossa experiência confi grosso, recto, negro, não é rajás o possuem. Nos outr nteiramentc observação: o cabello bsolutamente Í3 Sn os B Kíi deram os individues de cabello es- pesso. lado, antes fi O SI 11 n frequente, de índivid com cabellos fi anncladtjs. 1) Para a escala de Uadcie-Cf. Zcitsclirift fiir E(!inoloí;ie-1H98. 13C Esse foi especialmente acliaJo entre B do Kuliscu e Paranatinga; por esse cabello se distinguiam os individ Nas outras tribus 6 apresentam. E' muito A cor dos cabellos tem reflexo francamc accentiia. Só na ( P de cabello esporad sntre os Karajás. que raros duos P de sua a|)parencia negra á luz incidente, ). Nas crianças esse ton pardacento se id X trema velbicc aitparecem cabellos encanecidos. » grisalbos; uuuca * * * Nas amostras levadas do Brasil, por Ehrenreicli, Fritsch verificou o seguinte : (( \ — Cabello de inclio Ipurinã — E'o typo do cabello negro americano. ' -■ - r E' liso, recto, de grossura considerável (0, 11 a 0,05 m. m.) e aspecto secco. ■ O corte é circular; a pigmentação, extraordinariamente forte, torna o ca- bello, examinado a secco, muito pouco translúcido. A medulla só é visivel nos cabellos mais grossos ; é estreita, e nuiitas ve/os interrompida no seu percurso. II Cabello de indio lamamadi E' igualmente liso, emliora não tanto Fig. C2 — Cortes histológicos de cabellos dos liulins da Serra do Norte. Inclusão em parafina. Oc. II Obj. D-Zeiss. um tanto ri assim como o o primeiro. Esp or (O, 10 a 0,5 n pigmentação. O microscópico, a secco, mostra o cabello de cor parda carregada, translúcido. Nos fios grossos a medulla é também estreita e intermittente. S V III Cabello de indla I Cabello de aspec fem (wci- blichen hahififs). (O, 07 m. m.). C pard fe \sp \o microscópio app os fios ])runos averme- lhados, por causa do pigmento diíTuso. Mostram-se grandemente qu ebra- diços, o que denuncia estado pathologico (T Sec franca- menle circular. \ r Cabello de mulher Cafi Filha de um indio B negra creoula. Neta de africana. Esta amostra, diz Fritsch, afasta Sul America, sem a inf las 'ial acom Parece cabello de múmia. Cal fortem de C for M- A espessura varia de 11;7,10;C),0;5,7;4 m. m. 1 la Jeconiposiçru) j ou por causa ( com as quaes f' 137 ado, a superfic cabel] xfol accentuado achatamento do fio Surprehende o regular e apassa o da maioria dos afri da mais escura pigmentação; lembra o cabello papua, pela diameti typo. )) * ♦ * Conforme a (observação de Pescbol, sao as libas do Mar du Sul (O Sul America as duas regiões da Terra em que o homem attii Kl „,, riodade de estaturas. As tribus do Xiimú são uniforme ^ r O rande ultrapassam ás da região do Purús, embora fiquem pouco acima da altura mediana A d & Os Índios Bakairís, Kamaiurás, Meh Naluiq Trumais \ estaturas. intrusos em uma população completamente dilTc pertencentes ao grupo das tribus do Cbaco, anresí mui prova- Os Parecís, os mais meridionaes, ([uo vivem em condições scmi-civili- zadas, collocam-se inteiramente ao lado dos seus parentes do Xingu (Índios Fig. 63 — Machado feito com uma talhadeira de aço. Índios da Serra do Norte (Coll. Rondou — Museu Nacional 22[-l) Mehinakú, laulapiti, Vaurá, Kustenaú). Nas tribus do Araguaia, Kaiapó c Karajá, os homens têm alta estatura, enquanto que as mulberes apresentam pequeno crescimento. Ao lado desses índios peq Bõi'õros. o menor d quaes seria um ind no Xingu. A B ror o tem o ta ma libo do iomem Bakairí. Os Bororós são os maiores índios ató agora conhecidos na op A causa directa, que cond tão singular estatura, não p ser mencíonad com Appell pa a El seria vão. E, todavia, essa explicação o-anharia extraordinário valor si o 18 138 pudéssemos demonstrar algun^i parentesco desses Índios com os pelle- vernielhas da Norte America, ou niesmo com os Patagões. Disso por enquanto na o se fala. Os Bororós vivem, no entanto, em moio de condições mui parecidas com as que rodeiam aquelles povos; são caçadores nómades, espalhados numa região que tem, em alto grão, o caracter geral dos planaltos, (I/ochebenr) durante alguns "mezes do anuo influenciada por clima secco e frio. A observação dessa tribu brasileira confirma a nota de DalJ \': « O li decubUas horizontal concorre para augmentar a estatura». * * * Acceitando a classificação de Topinard para a estatura humana, Ehren- reich encontra as seguintes porcentagens para os Índios que estudou : Até lm,7o 1111,69 1111,65 lni,65-lni,óti lm,óo para n.ilaiiM Naliiiqiiá Anofõ . Kamaiiirá Mcliinaki'i Tr.iuiiai [ 'a rec í . Pôròro K a raia K a ia pó lama in adi 6,6 7,0 ■ 7,0 7o, O 33,3 20,0 0,0 --d4,3 50,0 33,3 11,1 25,0 50,0 GO, O 70,0 00,0 21,4; 2 ,5 50,0 50,0 8,3 20,0 75,0 baixo 30,0 26,0 57,0 21,5 '10,6 50,0 33,3 8,3 25,0 * * * Os Índios do* planai to (Bororós) e os do A pois, os mais altos indi^ id da nossa gentilidade os e Kaiapó: do Xing í\uet(). T Um irruDo interessante, homoíreneo. crue comorclicnde a í>:ente de é formado nelas tribus do rio P Ehi mostr as duas trib tatura, — Bòròros e T que se d js, extremas em es- todas as outras por orporal, são também, do ponto d t olad de alq dos grupos ad Por outro lado, é interessante notar que Tupis e C cujas íí i n i d ethnicas são m e particular da apreciáveis do ponto ;ura, formam também de vista anthropo- m mesmo grupo natural. As tril)us Nu-Aruaks, por sua vez, concorrem para o estabelecimento de uma série harmónica. Archivos do Museu Nacional, Vol. XX. ,?-v ( r. ( Ê í ^ Ti^ M-#iu^' .H ^ ^^ ■t^mli iMmj»-v-^" .:"^^_ r Nambikuára Anunzâ (Pae de Nuléke) SERRA DO NORTE MATO-GROSSO E. RoQUETTE-PlNTO, phot. 1912 139 Entre os homens a differeiíça das alturas, máxima e mínima, pelas médias de Elirenreich, orça por 39 centimetros; entre as mulheres, 28. A estatura menor anda perto da que se encontra nos pygmêos africa- nos (Akkas, ctc). * * * As maiores oscillacões individuaes tura) da envergadura — (grande aber- moslram-se entre os Bororós. Differenciação sexual mais accusada apparece entre elics e entre os Parecís, Feita excepção dos Naliuquás, as mulheres, em geral, têm envergadura menor que os liomens. Entre os Nahuquás os sexos se equivalem, no que diz respeito a envergadura; entre os Me- hinakús as mulheres tem envergadura maior que os Iiomens. Em geral as tribus do Xingu mantem-se nesses termos ; só os Trumais se approximam das tribus do Cliaco por suas medias baixas. Média maior que seus parentes do Xingu tem os Parecís, que se acliegam aos índios do Purús. Nos homens, a maior enver- gadura é encontrada nas estaturas médias, de V\()9 a r",7G, enquanto que as alturas mais elevadas correspondem a enverga- duras relativamente menores. Só entre os Mehinakús, Parecís, Trumais, diz Ehrenreich, cncontra-se um augmento de envergadura directamejite propor- cional á altura. • * * No typo masculino, o braço é mais longo entre os Parecís, Auetõs, Bôrôros, Mehinakús e Cherentes. No typo feminino, o braço é curto, feita excepção dos Kaiapós, em que o mínimo )btido, na mulher, corresponde ao máximo verificado no homem. ( Entre os Auetós acham-se as maiores variações individuaes desse segmento do meml»ro superior. Os indivíduos de estatura mediana entre os Bakaírís, Ka- maiurás e Mehinakús, são os que tom ]>raço mais longo, tal qual acontece nos chinezes, segundo as observações de Wcisbach. Apresentam bem marcado augmento do comprimento do braço, e diminuição da estatura, Kaiapós e Auetus. NV Á ■r -i t \\ * * * Nas tribus do Xiiigil o comprimento do ante-b ) vaj'in de homem para mullier. Purém, nas outras tribus, em geral no typo feminino, este segmento é maior. -— Utensílio fabricado pelos índios da Serra do Norte com um fragmento de ferro. (Co II. Rondon -- Museu Nacional — 2353) iíO * • * o comprimento da mão é pequeno, como em geral entre todos oti americanos. As médias mais elevadas são encontradas entre os homens tobas e mulheres bakairís; as mais baixas, entre os homens bakairís, nahuquas, e mulheres parecís. Nas tribus do Xingu o comprimento e a largura da mão são quasi iguaès ; nas outras tribus, a mão é mais estreita e elegante. São notavel- mente estreitas as mãos dos Índios do grupo Gê, dos Kaiapós e dos Cherentes. Os Trumais se approximam dos Matacos, pelo tamanho da mão. t Em todo caso a a pequenez da mão é um importante caracter differen- cial da raça americana, comparada com a mongolica. » (Weisbach, Bâlz, Mugnier, Deniker.) r. * * • De um modo geral, o membro superior tem médias muito próximas cm ■ todas as tribus ; e o valor do comprimento total do membro thoracico approxima os americanos dos mongóes. Membros pelvianos relativamente curtos têm os Auetos, os Mehinakús e os Ipurinãs. Relativamente á sua estatura os Bôrôros têm pernas curtas. Entre estes, porém, as mulliores têm membros inferiores relativamente longos. O contrario acontece entre as tribus do Araguaia, cujas mulheres são notáveis nela extraordinária curteza de seus niembros pelvianos. * * * Os pés são mais longos nas triluis Aruaks; em geral, as Índias têm pés mais curtos do que os Índios. E' interessante notar, como faz Elirenreich, que, mesmo entre populações civilizadas, isso nem sempre e regra. Assim, as observações de Weisl)ac]i, referentes ás AUemãs, e Bãlz, ás Japonezas, mostraram que umas e outras, em média, possuem pé mais longo que os homens. Entre os Bôrôros os indivíduos mais altos são, justamente, os de pé rela- tivamente menor. O mais largo pé foi encontrado entre os Tupis do centro do Brasil (Auetô e Kamaiurá do Xingu) ; o mais estreito foi achado entre os Gês,(Kaíapó e Akuen). As menores médias de Ehrenreich combii com as medidas do pé japonez . am * * ♦ Pela circumferencia thoracica Auetos e JNÍehinakús apiiroximam-se dos Fueginos. Os índios do Brasil têm circumferencia thoracica ampla, mormente os ribeirinhos dos grandes rios Xingu, Araguaia, etc, pelo habito do remo. Ui As mulheres Karajás tem circumferencia maior que os homens. Entre os Auetus, iMehinakús, Bororós, lamamadís, os indivíduos mais baixos sào os que têm maior circuniferencia thoracica, relativamente; entre os Bakairís c Karajás a maior circumferencia é encontrada nos individ uos de altura mediana. Entre os Parecís ella varia em funcção directa da estatura. A cicatriz umbilical, nos homens, é situada mais acima do nivel que se encontra nas mulheres. em * * * A das phalomet pa pi Carajás e Kai e os Karajás pod ser feita Kaiapôs, caracterisados por forte bracl dol O da pop ffe nao menos tantas vai pos ppl açõcs individuaes o processo pai'a isolar q CEPHALOMETRIA (EIHJE.VREICn) \ut. Post. Max Ti'aiiSVoi'su Max. Iiiilioo ('('[ilialico I5akaii'í Naliuqiiá . . . . ; AuBtò Kaiiiaiurá Aícliiiiaká Trumai Pareci Bòròro Karaiá Kaiap() I Vi lima ri .... lainamadi Ipuriíiã. ... ri. 116 117 113 113 112 117 109 113 103 110 111 113 M. 113 117 126 11 / 117 121 11 i 117 113 II. 91 ( 93 f !)3 87 91 91 89 84 87 92 91 M.. 91 9') < 99 91 91 91 88 93 9i 95 n. 79,0 80, () 79, li 79,3 77,8 81,6 77,5 81/2 73,0 r 8i,7 83,8 81,8 84,2 .M. 80,1 81,3 78 , 9 78,7 77,7 76,0 77,4 79,8 82,9 * * * As notas nosologicas de Ehreiíreich trazem algumas informações que também resolvi traduzir e transcrever aqui. Nenlium individuo de má conformação foi [)r»i' olle eiK^ontradf». Cita nm caso de cretinismo entre os Bòròros e um caso de doença ment.d entro os ivarajas. Attribue este caso á lues; mas devemos olisnrvar 0 acham-se 25 % de indivíduos. De 1,60 á 1,65, 56°, o- De 1,65 á 1,70 encontram-se 19%. IMais de metade tem 1,60-1,65. Pelo quadro de Ehrenreich, os índios da Serra do Norte tomam po- sição, quanto á estatura, entre os Parecis e os Naliaqaás. Próximos delleb estão os Uakalrís, Mehínakús, Trumais, lamamadis. 143 * * ♦ •A porcentagem de estaturas elevadas (19 Vo) colloca os Nanibilvuáras perto dos Kaiapós (20 Vo) e os afasta dos Balvaiiis (O, y^), dos Nahuquás (G,GVo), dos Ti'umais {0"/^)q dos Parecís (11 Vo). A que Vi.ffere)tça sp.raal da esl muitas vezes o homem afasía-os dos indios T dos Aruaks, em que a fem (Barbosa Rod * * * Pela circitmferencia Ihoraciea, igual a 1/2 da altura, approximam-se dos typos normaes na raça branca (De Gio- vanni). Relação centésima! entre a altura fotat e ã circumferencia Ihoraciea 50,0. * * * Fig. 65 ~ «Hait-tcataçií" — Flauta nasal dos liidios da Serra do Norte. (CoU. — Museu Nac;ioiial — n. 11235) Nos indios do Brasil essa hão é a regra; em geral, a circumferencia thoracica é maior que 1/2 da altura. Nas tabeliãs de Ehrenreich o typo mais próximo dos Nambikuáras é o dos Karajás, do Araguaia, com o índice 53,3. ri • O índice de Manouvrier indica a relação existente entre o compri- 4 mento do busto o o do membro inferior, segmentos que íbrmani a estatura. Morpbologica e physiologicamente o busto (cabeça c tronco) ó muito mais importante que o membro inferior. De sorte que, avaliara sua relação com a altura total ou estatura, é determinar, até certo ponto, o valor biológico do individuo (Montessori). Manouvrier denominou macrnskéte^mesathkélec brachyskéle os typos fundamentaes estabelecidos sobre essa relação. No typo médio (mesatiskéle) o busto deve comprehender pouco mais da metade da estatura (indice 52), no typo macroskéle o índice baixa de 50 a 52 ; acima de 53, até 55, o indice corresponde d brachyskôlia. Chamando B — o busto, ou altura essencial, de CoUií^-non ; A — altura, e procurando a relação ccnte- simal entre ambos, para facilitar o calculo, chega-se á equação : B A 100 de onde X (ladice de Manouvrier) too B A Os typos macroskéles têm, pois, busto reL as ; os brachyskéles, ao contrario, têm busto pe ò pe7 114 Essas observações se referem aos adultos, porque durante o cresci- mento verificam-se modificações fundamentaes nas proporções do corpo. Porém, a determinação do carwn aníhropologico real, segundo o ín- dice de Manouvrier, pode ser obtida approximadamente, conforme ellc mesmo o mostrou, pela simples inspecção. Assim, as espáduas, no typo bracliyskéle, ficam em nivel inferior ao da fúrcula esternal ; acbam-se acima, no macroskéle. Neste, a cicatriz umbilical não corresponde ao cotovello. Quando o dedo médio do individuo, em extensão completa, chega á ar- ticulação do joelho, ou muito perto delia, trata-se, regra geral, de um typo macroskéle. Em macroskéles, b y e mesatiskôles; porém, as observações que se têm realizado vão ndicando que existe, sempre, certa predominância de brach^ mare/lbs, macroskéles entre os neyix Os Índios do Brasil encontram-se ei: Os Nambikuáras não se exceptuam. mesatiskéles entre os brancos. )S brachyskéles. * * * Pelo índice cephalico os índios da Serra do Norte devem ser collo- cados ao lado dos Parecis, da tabeliã de Ehrenreicli — (7(),0), * * * O uifMce nasal— (Sò) — na visinhança da platyrrhinia, afasta-os dos Kaiapós c mesmo dos Índios do grupo Gô, que, segundo Ehrcnreicli, são os que tem nariz mais estreito. * * * O mí/ic« /r/drt/— (74, r>) — approxima os Índios da Serra do Norte dos Bôrôros (75,9) o os afasta muito dos Parecis, que tem 81,5, e dos outros índios Ai'uaks. * * * O exame somático desse povo interessante da Serra do Norte ue- monstra, até certo ponto, que o seu substractum aníhropologico, bem caracterisadamente americano, filiado pois no typo mongol, soffreu mu - tiplas influencias que deram em resultado a falta de homogeneidade qiie apresenta . Cruzamentos diversos devem ter modificado o primitivo typo <- Nambikuáras. Do ponto de vista anthropologico, creio que se trata de um typo muito semelhante ao povos que falam idion nu-aruaks, modificado por sangue allophylo e talvez por sangue ethiopc Archivos do Musâu Nacional, Vol. XX I i. / V V ■^ m^- 1 »»p í % m T r / í i ; índias Nambíl<:uaras - Tagnani índio Tagnani # A **^ f I f > í*.'^' _' ^■ Meninas Tagnanis Mãe e filho Tagnanis (Mato -Grosso -Serra do Norte) E. Roquette Pinto* Phot 10i2 145 C/3 Pi pq f^ I ;=» KJ I r- *! & 110 s ri I ÍXJ o ■a CO CO ifí CO ^1 os r* CO •^ CO *> m o O Cl) C4 CO eo 00 ^ 05 CO o iN, o r» IO O) CO CO o o CO CO 00 iTrf CO ■*? W co p c o CO -f CO os TO O CO — -- w C3 iíí -^ -r- ro — CO CO S5 lO o 5 H Vi S O o •«fí «fli Oi CO «^ <7Í CO 00 t- ■*»« o ?2 o CO -* o* CO H O) IO 00 }2 ^ 04 CO Oi fO o eo C-H O «o CO 00 ■o CO íO f^ -íí «^ 8 CO oo CO eo CO 9 < I :0 CO s iO CS o 5 QO "O Oi CO CQ CO « « o o o s § CO O vf ^^ •«r *lí> o W «^ (^ *^ O CO O 00 ^•4 v> CO tÍ p< Vi^ VI ^ * «s »' ^F o o o O O o r «* õí CO 3 ►> C5 CO Oi -^ o #^ C5 C5 1-- CO as Oi CO CO CO tí -th' d) o o o a ío o o f» ^í «O 00 iTi '> «4 O o r- •«f to ■jO CO CO CO çO ■•f CO ■^ to 00 ^> t^ o 00 "^ CO Vi o ►> 00 -^ o^ i GO ?> 1.0 CO CO o o CO CO CO CO 00 ^ o t^ CO tí s C5 ^i- 00 -^ t^ cC »o r? 00 s o o c> o o CD 0> CO ce ia IN eo CO s n s M CO lA eo s CO o o o c o CO 8 00 rt eo O O o s * *% w »- o o o tfO o CO CO o o o o> 8 »o CO CO t^ S 8 CO IO o> o #> o o I o o- o «s s s «4 a o cí O í3 I- -1, d) < Q í o o O > o B s o o o a o ã s o ÍS4 I 0Q a o a S «9 o 00 o o c o c s s á ; 5 O a d •M S- o M »« «. "3 :í 0//IO r s O. 1 ?" 05 a a ^ te o "5 ta %j: 5 O I I I I I I I I I I I I I I I I I ( I I I I I I 19 MG 00 O \f> r**- Cd fíi s o o W O 13 vfl CO 00 l> «D in ta'rf (M «M bo tfi >- U> tú > 04 Ck. G" tfl tá) > to í^ > Pj Oi > o. o« > a- &. >- Ph &l c- o. P^ ^1 ^1 > a* > o- o- > S o. p- P- I > C3 P- P G O. P« ^ o tas a p- / - P* P^ &£ P^ P- P- I I I ^ p, ^ Oi « « ^ ^ CíD P* ti) P4 O. / «M ^ ^ Pi Ol -a P- ^ tfi 6o tio P- -o 0-] J3 a. S a> •^ a e^ p. bo csc ^ a. S -jp U; P< bíj I bo P4 a> ^í 60 P4 3 P4 c3 bo a. tdo o* p4 cu P. .P p4 Q P4 »« -a P< p4 bO CU P< P4 1 bo «â Ph CA o ^ p< p. S í« «íl P4 çr 'í CA ^ b£ iál > c3 C^ P4 £io P4 cu P4 o* P* ^ P4 bo S -4 &0 bo bo P. te P-í T3 1 cu Xi ÇU tc\ u cu iX ^\ te tCj P-I CT- ;w p- jí a. o bC t, -£S U P- ^ Pi;:i,P-/-Us»-, P..P P bo H b£ bc U o* Sm. p- -P o. o " rP CS P* i=U/ hC 1 hc tc P-! -^ %- cu p. o bC > j3 bo tc bc tu P- p- -o P- ^ ^ o bc u bo P' &0 P4 P- 1 <^ í.-. o. P- o «8 %i « •13 u 03 P 3 o pi m o a a (D o - P P P P q f g b g o 148 TYPO ANTHROPOLOGIGO DOS ÍNDIOS DA SERRA DO NORTE (NAMBIKUÁRASJ DETEPxMINAOO PKLO METHODO 00 KETRATO (fALAOO) Fr O ate : Inclinação Vertical 80 •! Fugidia 20 %. Altura — Pequena 72 % Largura Pequena 80 % Módia 12 % Grande 16 % Grande 16 %. Media 4 % Nariz : Profundidade da raiz — Grande 56 % — Pequena ;i3 % — Média 11 % Dorso Base Altura Saliência Rectilíneo 44 % Abaixada 45 % Grande 50 % Grande 22 % Largura — Grande 99 % Convexo 56 % . Horizontal 50 % Levantada 3 % . Média íl % — Pequena 39 % Pequena 78 %. Média 1 % . Orellia : llelix (Origem) Grande 44 % — Pequena 36 % . llelix superior — Grande 44 *} llelix posterior — Grande 5 % Pequena 56 %. Pequena 95 %. Lóbulo — Contorno — Quadrado 78 % Descendente. 22 % Adherencia Tamanho — Fundido 100 % . Grande 33,5 % Pequeno 66, 5 Anti-tragus — Inclinação : Horizontal 44,5 % o/« Obliquo 55,5 % Pavilhão Quadrangular 11 % Oval 89 % . FORMULAS DACTYL03C0PICAS DOS INDI03 NAMBIKUARAS HOJIE^S Ficha n. 1 Ficha n. 3 Ficha n. 5 Ficha n. 7 Ficha n. 9 Ficha n. 11 Ficha n. 13 Ficha n. 15 V, V. V. V. IV. |v. ) V. IV. 1 V. |V. IV. J Ficha n. 17 . . . í ^' "IV. 4333 4222 4343 4222 4444 4442 4444 4444 4333 4242 4444 4444 4444 4444 3333 2242 3344 4244 . V. 4333 r icna n. -j . • • * » " ^ v ^99-> í V. 4333 ^^icl^^"-'* |V. 4222 ( V. 4344 ^^^«•^^"•<^ (v. 4244 í V. 4344 ^^i<^l»*"-8 }v. 4244 1 . 2242 Ficha n. 10 ^ ^^ ^333 V. 4343 Ficha n. 12 { y ^342 f V. 3333 Ficha 11. 14 ^y 2222 J V. 3344 Ficlia tu 16 I y 2244 I V. 4444 Ficha 11. IS I y^ 4444 149 MULHERES Ficha n, 1 Ficha n. 3 . Ficha n. 5 . Ficha n. 7 l V, 1 1. IV. Iv. 4443 4442 4443 4242 4343 4344 3343 0009 Ficha n. 2 . i ^'- *^^^ ■ l V. 4242 Ficha n. 4 . . . . ' ^'' ^^''^ ■ I V. 4242 Ficha n. 6 . . . | ^'- '^^^'^ ■ 1 V. 4444 VIII s Índios que se acham espalhados pelos valles do Juruena, e pela Serra do Norte, vivem em territórios banhados por aguas ama_ zomcas. S chamados Nambikuáras (Nhambiq Namhiqu Namb Mambv Mambryáras, Membyuares, ctc.) pelos pelos Índios civilizados, seus vlsinhos. Sommam alguns milheiros. Quantos ? nâo sabemos. Qualquer estima seria in valiosa. Sendo cerca de uma dúzia as aldeias de que tivemos noticia segura, por visita ou por informação, e dando, los ao total de 1.200. nhikuara: existe em para cada qual, em média, 100 habitantes E m Mato-Grosso mportante a diffu 10 Pará, para os i do lado do Norte e do lado são do nome Nambikuara; ndios de que nos occupamos. Quer d o Sul, os habitantes daquella Serra a mesma designa A concorda effectivamente. n faz pensar primeira que o nome deve mea não conhecem, palavra No entanto, é appellativo que os no- olutamcnte extranlia ao dialecto de qualquer dos grupos. Convém conserval-a, todavia, para evitar confusões O limite dional da região dos Nambikuáras é o rio Papagaio Ao Norte, parece que sua zona de distribuição attinge o Gi-Paran Leste, o Tapajóz ; a Oeste, o Guaporé. O grupo que habita próximo ás margens do Juruena e do Julna, d Papagaio até ao Camararé, que chamarei grupo de SiidEste, denomn Kôkôzú ou Kôkôç O que habita no baixo rio 12 de O fí do Ar Juruena, onde provavelmente devem cheprai alíí do nrimeiro, denomina-se Anunzê de NordEste Vj2 O que vive á Sud'Oeste da invernada de Campos Novos descç até ao Guaporé ; é denominado Uaintaçãe constitue o grupo do Sudoeste. O grande grupo A^or Oeste mora já na visinhança das aguas do Ma- deira, nas margens de tributários do Gi-Paraná. Parccc-me formado por differentes núcleos secundários, cujas relações ainda nào foram bem ca- racterizadas ; pertencem-llie os índios que encontrei na invernada de Três Buritis, nos Campos de 14 de Abril, em José Bonifácio, Campos de Maria de Molina. Seu núcleo principal habita entre os rios — 12 de Outul)ro e Roosevelt. Do grupo septentrional só encontrei os Tagnanis, Tauifês, Salumás, Tarutês, Taschuítês; mesmo assim, apenas sobre Tagnanis e Tauifês con- segui diversas notas. Os Animzés, de Campos Novos, falam nos Taiópas e nos Xaodi-Kókas, até agora não achados ; no extremo Norte da região, Rondou tem des- coberto, recentemente, grupos {Kip-kiriíiat, etc.) pertencentes a outras nações indígenas. (Cf. Mappa.) Tagnanis e Tauitês referem-se a uma tribu inimiga, que denominam Mahilundú. ou melhor : Ualutndú ou Ualút-ndú. * * • F/ provável que sejam Mundurucús, do Alto Tapajóz, os Índios ba- ptisados pelos Nambikuáras com essa denominação : Ualút-ndá, que é nome do tatú-gallinha (7>?Aí novemcinctus) . Convém notar que os Aninizês chãmíxm aos Kôkôzús: Kôkôzê; estes denominam os primeiros: Annnzú. Os Kõkzôús chamam aos do grupo SiidOesle: Uáin-taçú ; os Anunzés os denominam Ualnd-zê. São estes Uainiaçá ou Uáindzê os mesmos que, nas visinlianças de Mato-Grosso, no Guaporé, recebem o "nome de ou /wò/xi5; denominaçãc que, por outro lado, tem sido applicada pelos Parecis, como titulo pejo ^o_ a po Ko * * • Também os Parecis dão aos Nambikuáras o nome genérico de Uaikoa kôré {irmão do chão), porque dormem sobre o solo directamente. • * * Os antigos Tananiunas, ou Tapanhu am no Alto Tapajóz, devem ser Nambikuáras do grupo Kôkôzú; de facto os mais escuros de todo o valle do Jurucna. Justificam aquelle appellativí iu^^i: hojnem negro. Archivos do Museu Nacional, Vol. XX. índios da Serra do Norte no posto de " Três Buritis " E. RoQUETTE-PlNTO, phot. 1912 153 * * ♦ A localização das aldeias conhecidas, espalhadas pela Serra do Norte e pelo valle do Juruena, acha-se expressa na carta ethnographica da região, que acompanha estas notas. * * * A exacta significação das deno xd com Estiid adas ainda não pôde ser dos elementos existentes Kôh 5 pri que não deve estar lon^^e da verd m de toda ibu A que qi -y n E' franca defo do termo Amoigzú oii Animoç leite de mulher)), appellativo dep como tantos outros, talvez, — Os Infantes Uáinlaç ados por toda a A ^^ianças de peilo). serão, Parece corrupção de do caré na língua dos Nambikuáras do Uáinlaçú seria nada mais que a antiga tribi carés, de que falámos no primeiro caj)itulo Tagnanis — Juina. O grupo do dos índios Ja leste trabalho anis — são, claramente, os Tamararis das graphicas; devem ser identificados aos Ta o ou Gamar ar és, que deram o nome ao rio, cionados em ala^uns documentos antigos. e se acham mcn Tauitê Tauhitê, significa ciHança, filho, tal q encontra em outras tribus. Para evitar futuras confusões, julgo prudente conservar o nome nambikuára ligado aos appellativos peculiares a cada grupo. * * * ^ d As aldeias dos ind construídas no alto de da.ijua, Al2:umas distam mais de Serra* do Norte b pequenas collinas, longe dos cursos Pig.ee kilometro do be P -— «Kaigitétazú» — Flauta dupla dos índios da Serra do Norte. Y dois objectivos ao que suppom do palhoças em tal situação : soffrem menos dos mosq (Coll. - Roíidon Museu Nacional n. 2266) e do m o território visinho, o que é vantajoso, vivendo, como ató agora viviam, em luctas constantes. A aldeia é construída numa gi'ande praça de cincocnta metros de diâmetro; o chão, limpo de mato, arrancado à mão, ó entretido sempre a.ssim pelo piso dos moradores, 20 151 Uma noite de dansa, interminável caminhar nos mesmos pontos, basta para alisar o terreiro das villas. A mancha circular, que faz o cl ião da aldeia no meio do serrado, toma a feição de uma estrella, mercê dos trilhos que partem de sua circum- ferencia. O accesso á praça das villas é livre: não ha cerca, nem tapume, que impeça a chegada ao terreiro. Ao redor, não ha « fortilicações », nem defesas. 4 Constam sempre de duas casas as aldeias nambikuáras; uma defronte da outra, nas extremidades de um dos diâmetros da praça. Aquella região comprehende grandes matas, cerrados e charravascaes, poucos tapetes de campo. Os Índios escolhem de preferencia o «cerrado», para localizar sua aldeia. A mata é perigosa, pelas serpentes, pelas feras e, até pelos madeiros que se despencam muitas vezes e esmigalham os caçadores; o campo também oé porque ofíerece a aldeia ao ataque do inimigo, não protege, de nenhum modo, a casa contra o invasor, o (( cerrado » cumpre muito bem esse mister ; poucos são os males que favorece, e muitos os benefícios que proporciona. Bem o entenderam os Nambikuáras ; suas palhoças se confundem com o matiz acinzentado da vegetação ambiente. São moitas do «cerrado»; quem olha, a ; distancia, quasi não as vê. Dilueni-se as suas formas, aliás bem definidas, nas formas imprecisas do cerrado. Naturalmente, alguém que tenha o habito de ver as cousas naquellc véo poeirento da flora xerophita dos chapadões, dá depressa com as pa- lhoças; a confusão não illude uma vista experiente. Mas o facto desse mimetismo é real. Mas ■> • * * 4 Nas aldeias encontra-se a morada fixa, definitiva; mas, além dessa habilação- domicilio, usam ainda os Nambikuáras um typo de habikiçao- provisoria que levantam, rapidamente, onde quer que se encontrem, a hora de anoitecer: 4 hV * • * As casas definitivas, dos indios do valle do Juruena, são pouco dine- rentes das habitações dos que vivem no extremo da Cordilheira do Norte. A aldeia — (Kukuzu) — do rio Juina, onde estivemos, constava de duas casas. A primeira era pequena, hemispherica, mal feita, provida clc uma porta mais ou menos ampla ; cabiam nella, á vontade, cerca de - indivíduos. A outra tinha forma de prisma recto, triangular, de que o su o formava uma das faces. Era mais bem acabada. Media 9 metros de com- primento, 3 V2 de largura, por 2 1/2 de altura. Uma das suas extremidades Archivos do Miiseu Nacional. Vol.XX i Índio da Sema do Norte tocando haií-tcataçú (flauta nasal) 1 2-3 Orificio de entrada do ar. Orifícios obturados com os dedos médios 15o era fecliada; ao lado, escondida pelas folhas que caíam do tecto, uma pe- quena porta. A outra extremidade era aberta livremente. A cabana estava orientada no sentido Este-Oeste; a extremidade fecliada, do lado do nascente. Desfarte, á tarde, o sol entrava pela casa a dentro, durante algumas horas. Duas forquilhas, plantadas nos extremos, sustentavam a travessa longitudinal, á qual vinham ter alguns caibros fixados, do outro lado, no chão, e destinados a supportar as grandes palmas protectoras do (( uauassii » . As palmas que se achavam de um lado, em cima, eram doijradas sol.)i'e o outro lado do tecto, por cima da travessa longitudinal ; para mantel-as assim corriam, ao longo da casa, duas varas, amarradas aos caibros interiores por meio de laços de embira. * * * Também se encontram duas pallioças nas aldeias dos T(i(j)Knns e dus Taiúfrs. Ambas, com aberturas orientadas na direcção Kstc-Ocste, sào re- gularmente circulares, no seu perímetro ao nivel do solo c tem forma có- nica. No vértice do cone sobe uma vara, alguns palmos acima do tecto, e termina sempre em forquilha, como se vc na pliotographia. As portas acliam-se nas extremidades de um mesmo diâmetro, face a face. Não sat)emos ainda como traçam os Nambikuáras a circumferencia que limita o chão da cabana; deve ser a mão livre, porque é assim que de- senham tal figura nas suas < quilhas e um esteio central. No centro da casa erguem quatro for As quatro forquillias formam, em cima, um rectaniíulo de m í partem varas flexíveis que se vão enterrar no sol( , ao longo (la circum- ferencia que limita a habitação. Ligando-as, firmes, correm pletam A cobertura é feita de palmas de bacába dispostas em camadas. Pelo interior da choupana verifica-se que a prim( camada é constituída por uma trança de foliolos, amarrados ao made mento. As externas cobrem, como lençóes de palha, mui certos e bem a rados, toda a superfície da choupana. Não ha paredes lateraes differcncia do tecto; são prolongamentos directos da superficie da cobertura. A vemos, da aldeia p Karumí, ou Festa da Bandeira, tem 30 metros de perímetro; e a outra, 2S. Suas portas medem 0,37 de largura por 0,52 de altura. Para atra- vessal-as é preciso esgueirar o corpo. A praça, onde se levantam as duas casas, a que se referem estas notas, mede cerca de 20 metros iliario propriamente dito. Tudo mais são utensílios, artefactos, armas e adornos, que levam comsigo, á menor viagem que emprehcndcm. Alguns pilões e ralos mais pesados, que não podem ser commodamônte carregados, ficam guarnecendo a morada. Otnnia mea niecum porto, poderiam dizer os bárbaros. . . * * * Esteiras de palha, couros preparados, redes, jiráos de dormir, catres c camas, são modalidades de leito que predominam neste ou naquelle estado de cultura social. A presença das primeiras já indica certo adiantamento; os Nam- bikuáras não têm outro leito si não a terra. Dormem sobre o chão limpo. E não conheciam a rede, inseparável companheira dos Parecís, seus visinhos; hoje, que a conhecem, estimam-na infinitamente. No meio delles, o ( para repousar um pouco, á noite, era uma difficuldade; mal armávamos a am logo três ou quatro canditatos. . . E, uma vez donos delia, íficilmente nol-a deixavam. Mais de uma vez fomos, todos, despertados por alguns Índios, que a fina força desejavam dormir nas mesmas redes em que repousávamos. No pouso de Três Buritis, onde estiveram acampados alguns dias com- nosco, á noite disputavam tosca mesa de pau, onde os encarregados da estação faziam suas refeições; já se apraziam em dormir alto do chão, imitando o nosso procedimento. Porque, pois, não se utilisavam da rede? Porque não a conheciam. Trançar fios de algodão e de tucum, trançam elles, de maneira mais que sulTiciente para confeccionar uma rede ; apreciar esse leito dos seus visi- nhos, também haveriam de apreciar, como agora accontece. Os Índios da Serra do Norte attesttim, por esse traço ethnographico, a situação de inferioridade em que se encontram. Tal ignorância é, aliás, caracteristica social de ' um grande grupo ethnico do Brasil, que comprehende os mais atrazados aborígenes da Ame- rica, no consenso de todos os que o tem estudado: —o grupo Gc-BolocLido. Archivos do Museu Nacional. VoI.XX -5 k r^ tó^. -^ _- - y ^ ?. > - ^ z: / ^ ^y /À \/y r y^ / ■i. f^ ^i |-*iw ••■ r£l^ \r' ^ ?/>.- ■X- r^^4ii;^^ 7*í***-<*«- ."' .**' HMi' .il^^^^-tt*' ■fií ■I' itti' ,;** V >' UfkL M.' ,J1/' ÍT*- ''ttíi^'^ 'JílIJJíiiiflLi /A/ i'»i!r r nÍ^J^ Tl íi»;":;;;" 1^' ^ .11 L ^ ..t\ ,--^' ^^5^'" -*^1■^^T s^lVf'' . j r ■ ...* »■ ,' I ' Ih í,*^-^'.;: w '^ .;"\'^ ..*! '^/■"t.. ^ iu-{'.>* 'teu) ' . "i ■» j ' d . iiÍMÍi£» JÍtóW*^"-'-.T;l:li'"L^K 13569 jiLU ■MilUi'' !h ""íMi' 124-17 / /■y-j 952 D A B ''M'á '/^Àc/ói^Ad, / r íre^-êoauntello fPoli i porihs s p,) de qAie se alimenicufi os índios d liquid () fer- mentado. Todavia os indios fazem beljidas alcoólicas pclu i)i-utN'>^so usunl mastigaçào de mandioca ou milho, fermentação da massa, em grandes pa- nellas. Um licor, assim ti- rado do ananaz silvestre, gozava de honroso conceito entre a gente da linha te- legraphica. * * * Gost am especial- mente, da carne dos ma- cacos, resquício, quiçá, do antigo paladar anthropo- phago. • Fig. G8 — Motivo ornamental dos índios da Serra do Norte. (Goll. Rondon - Museu Nacional - iíooj) Não acredito que exista entre elles o canibalismo. Mas, segundo penso, não ha muito que perderam esse triste habito. E' verdade, no entanto, ({ue costumam increpar uns aos outros df tão feia pratica; exprimem tal accusaçào de um modo absolutamente claro, pni- meio de signaes mcíjuivocos * * ♦ Obtêm fogo pelo attríto de doi: que se acham pelo l^iasil a fora. • ada dõs A operaç O Índio c muito m 21 pxo^ q rrando o chão, coin nantem com o ué foliia secca : sobre ella d 102 Com as mãos espalmadas, imprime ao ignigeno inovei a rotação neces- sária, apertando-o, ao mesmo tempo, de encontro ao primeiro. O movimento faz descer as mãos ao longo do bastão; o indio recomeça, repondo-as na parte superior. De vez em quando pára, rapidamente, e passa a lingua sobre as palmas que o attrito requeima. No fim de algum tempo, quando o suor já poreja a fronte do operador, surge a ccntelba, na moinba que se depositou na follia. O processo só differe da operação clássica pela presença da folba pro- tectora. r Por trabalhoso, os Índios o executam a contra-gosto. Desejando obter um film, que documentasse todos os seus tempos, diífícilmente obtive que um indio fizesse fogo. Eis a razão porque, dos presentes que se lhes faz, um dos que mais prezam são os phosphoros ; fazer fogo pelo seu systema, em w dia de chuva, ou durante tempo húmido, é penosa tarefa. * * * Comem também Tagnanís e Tauilés certo cogumello que os outros não aproveitam. ( Polyporus sp.) .* " 4 ■k ík -k E' facto curioso a falta de utilização dos « palmitos », por parte dos índios da Serra do Norte. Gabriel Soares (1587) deixou bem expresso que o gentio do littoral não desprezava o gomo folhear das palmeiras : « Do olho destas palmeiras se tiram palmitos façanhosos de cinco a seis palmos de com- prido e tão grossos como a perna de um homem)). Quanto ao vinho do ananaz, era bebida corrente ; é ainda Soares quem diz : « A natureza deste fructo é quente c húmido, e muito damnoso para quem tem ferida ou chaga aberta : os quaes ananazes sendo verdes são proveitosos para curar chagas com elles, cujo sumo come todo o cancere, e carne podre, do que se aproveita o gentio : e em tanta maneira come esta fructa, que alimpam com as suas cascas a ferrugem das espadas e facas, e tiram com ellas as nódoas da roupa ao lavar; de cujo sumo, quando são maduros, os indios fazem vínlio, com que se embebedam; para o que coUiem mal maduros, por ser mais azedo...». * • * A comida salgada, de nosso uso, não agradava aos indios da Serra no Norte. Mais de um rejeitou o prato que liie destinávamos, dando a entender que o salino sabor o levava a proceder dessa maneira. Archivos do Museu Nacional. Vol. XX /«* NACfO^AL ORNATO DE PENNAS - índios da Serra dd Norte fCoI/. Mm. Nãc. n° ^2^f9) 163 i. * A * O leite (leite condensado) foi também, a principio, recusado; d fazendo uma visagem, que era leito de mulher, e portanto repugnan Anungçá! E' preciso conhecer a gula dos Índios, sua fome insaciável, seu « a devorandi » continuo, persistente, infallivcl, sincero, para bem comprei a repugnância que os conduzia a tal renuncia. • • * A's crianças dão tudo para comer; do que levam á boca vào sempre migalhas ao pequenino que lhes anda perto ou entre os braços. Mesmo os excitantes de que usam, fumo, por exemplo, são repartidos com os petizes. Mais de uma vez, tive gccaslão de observar Índios que davam o cigarro a pequenos menores de dois annos. As crianças tomam logo parte na comida; as mullieres comem depois. . . o que sobra, quando sobra. Aliás, esta é a regra, mesmo entre os indios já civilizados. . . Mas, em geral, si ha abundância, cuda um come do que ha, quando quer, como quer; a comida é de todos. * * * ' Do fígado dos animaes que devoram retir-am, habilmente, a vesícula biliar; no entanto, não reservam para o órgão nome algum especial. * * * Aarú — é um bolo que os Kôkôzús preparam, socando num píl tatu moqueado, inteiro, até tritui rando-o á massa de mandioca fe dos ossos, e dep * * * Um rato do chapadão, que os Parecís denominam CóloH, é iguaria que os Nambikuáras não desprezam. Q\\d.mixm-no — Ar cu d açú. {Scaple- romys gnambiquar ae , Miranda Ribeiro.) * * * «v 1 Dos productos de sua industria agrícola vão-se utilizando diariamente, por colheita succcssiva; não colhem a tempo certo, nem tem reservas, ou celeiros, sínão para o fumo, que conservam entre duas varinhas, dependu- radas na palha do tecto da cabana. Em casa ha sempre massa de mandioca, que é o pão nambiJmára, com o qual acompanham qualquer outro producto alimenticio. Guardam a massa dentro de urandes cestas, forradas de folhas de pacóvas. , 164 O mel que sobra é deixado nas cabaças, onde iiao cbega a fcjrmentar porque, em breve, o desejo de algum indio renasce. . . * * * 1 Nenbum rito observámos relativo a praticas alimenticias; mas o sol- dado Gouveia, que em 1911 esteve prisioneiro numa aldeia nambikuára, viu uma cerimonia de tal natureza, em seis mezes de captiveiro. Mataram os Índios daquella aldeia (do Urutáo) uma grande anta. Foi uma festa. Trouxeram arrastado o animal até a praça da maloca. Depois, foram os homens ao cerrado e voltaram trazendo muitos ramos .com que SC cobriram, dispondo-se em circulo, acocorados debaixo das folhagens, cantan(j de nosso uso, ivemos veliio e surrado. No entanto, estes capacetes de couro são altamente pre sados. líab ) ou de pe Cobrem-se com as coroas, que serão descriptas a.jui, ou coni os cai>acetcs de couro de onça, quando estão alegres. Provavelmente usai'ão tand.em taes ornatos em certas festas; todavia, nada apurámos a respeito. * * Nos lóbulos das orelhas trazem, pendentes, triângulos de madrepérola que tiram de conchas fluvíaes; e, quando o furo da orelha se ddacera, rompendo o lóbulo em duas tiras, não hesitam em praticar novo orifício. 166 São dusos que as mulliercs; enq se adornam com diademas de peimas, brincos, pingentes c collares, ellas H SÓ com alguns destes se contentam. Também só os varões usam o lablo superior e o septo nasal perfurados. ■ As mulheres, nunca. As crianças de peito nào tinham ainda perfurados lal)ios e septo; as que já possuíam os primeiros pequenos molares haviam, poróm, sof- frido ambas as operações: perfuração do septo nasal e do lóbulo das orelhas. E, por isso, acredito que só as realizam quando chegam os meninos aos dois annos. Mas, só depois dos cinco ou sete começam a fixar, no beiço e no nariz, mettidas por taes buracos, umas cavilhas finas e características, feitas quasi sempre de colmo de capim. O seu uso c geral na Serra du Norte. Raros índios vi sem taes cavilhas. A do labío superior apoía-se entre os incisivos medianos do maxillar correspondente e sai, aggressívamente, para cima; a do septo é mais grossa e mais curta. Ambas são cortadas na justa medida por meio do logo . , Mal caem, e logo seu portador as apanha e as colloca de novo nos rificios; e algumas vezes que as tirai'am, para nos mostrar como se chavam ali seguras, mais que depressa as repuzcram de novo, como que o onhados de estar assim desp Em regra, usa cada índio as duas simultaneamente. Alguns á modesta cavilha do septo nasal, preferem outra, enfeitada com uma penna de arara ou de mutum. Ao contrario do que se suppunha, taes adornos não parecem representar nenhuma distíncção honorifica; não marcam híerarchia. Vimos rapazolas de 18 annos paramentados com taes pennachos, aos quaes nenhum índio dava a mínima importância. Quando usam estas pennas desprezam a cavilha labial. * * * E' facto notável a predilecção que têm pelas contas de cor negra; fazem-nas de coquinhos para collares de muitas voltas, e quando dei- xámos á sua escolha um sortimento de vidrilho, começam preferindo as pretas. Acal)am, porém, escolhendo todas. . . Insaciáveis. A cor negra, todavia, domina nos seus enfeites. Pulseiras negras e anneís também de cocos negros, que usavam pen- dentes das orelhas, e agora já mettem pelos dedos, por imitar as nossas 467 allianças, collares, de alguns metros, de contas negras, pcnnas de aves negras, r ostros de coleopteros, negros também, tudo attesta aquella pre- ferencia. Dos anneis da cauda do tatu canastra fazem as mullieres, ralando-os em pedras liumidas, lindas pulseiras inteiriças. * * • Os Índios Nambikuáras Uaintaçús, que apparecem cm Campos Novos pelo rumo do Guaporé, muito mais grosseiros insolentes, ariscos, dcscon fiados, não se esforçam por trazer no lábio superior a delicada cavillia usada pelos seus parentes. Andam alguns, com um espinho de ouriço preso ao beiço ; outros, com uma lasca de madeira, ou aculeo de un:ía arvore qualquer. * * • E' também caracteristico de toda a população da Serra do Norte c de valledo Juruena o uso de um manto de fibras de pahneira (lalaçú), postf ao longo da columna vertebral, pendente do pescoço. » 8 As mulheres não o carregam : ainda uma idice masculina. * * * Faz parte do seu adorno, e tanto delia se servem os homens quanto as mulheres, a pintura com o uruGÚ. Pintam-se nas occasiões festivas; não tra- çam linhas sobre a pelle, mas ex tendem a tinta sobre toda a superfície do rosto. As mulheres, Fig. G9- Motivo ornamentai dos índios da ^ • 1 StiTTí do Norte. depois do banho, avermelham assim o corpo todo. Os índios do Juruena dissolvem o pó do urucú n'agua pura ; os Tag- nanís preparam uma pasta, ou creme, com a mesma porada á enxúndia de alguns animaes, c perfumada, bem agradaveln por processo desconhecido. Sempre que recebiam bons presentes, machados ou contas, iam a^ rego, e voltavam com o rosto inteiramente afogueado pelo ton sang da pintura. Para os Tagnanis esta pratica é signal de especial sympathia qi executada num estrangeiro. Merecemos todos, em Três Buritis, essa homenagem. bstan 168 Os homens não arrancam os pellospubianos, nem os axillares; algumas + vezes, mesmo os biqodes ralos, e a barl>a, ainda mais rala, deixam crescer. As mulheres, porém, depillam-se inteiramente. * * A Os caminhos por onde transitam, são do gado, em região pastoril. Em certos por tado ; nas matas, abrem também veredas, q parecidos com trilhos Pa Tavessar modestos rios arranjam uma pinguella, derrubando da margem e ageitando a quóda do madeiro de modo conve- niente. Si o rio é largo, fazem um molho de palmas de buriti, á maneira de lluctuante, e deixam-se levar pela corrente, cruzando o curso dagua em diaconal. Não conhecem canoa, nem praticam a navegação. Sabem nadar bem. Caminliam velozmente. Devoram, num dia, muitas léguas, sempre cm passo enérgico, « marclia em extensão )> dos physiologistas, músculos re- tezos, corpo desempenado. * * A caçada de grandes animaes: anta, capivara, cavallo ou burro (da Commissão Rondou) 6 feita em grupos. Usam, para certas espécies, flechas especiaes que serão descriptas adiante. Para a pese flechas propi Os Tagnanís usam também uma espécie de covo de apanhar peixe. Um typo de flecha de ponta romba, raro aliás, é destinado á captura de aves com que bricam os pequenos nambikuáras. Os animaes caem em commoção, pelo choque, e são apanhados com facilidade. Alguns se acostumam ao captiveh^o feroz; vimos um picapáo que era, de vez em quando, tampado, dentro de uma cabaça emborcada, por um menino. Mal o pequeno revirava a cuia, a avesinha, em vez de fugir, saltava para cima delle. Verdade 6 que passam bem de boca os animaes domésticos dos indios; porque lhes estão, a toda hora, dando comida nos lábios, « gavando-os » com meiguice. * * * Uma Índia anunzé, na occasião em que eram tomados seus diâmetros cephalicos, deixou cair da nuca, com immensa surpreza nossa, um filhote de Mi/oj)o(anius fíp. ratão, que ah parecia viver commodamente, occulto entre as mechas do cabello, como no capinzal onde nascera. \ r 169 * * * Pombas, filliotes de urubu, pequenas corujas, macacos, sao igual- mente domesticados na Serra do Norte. Antes da Commissão Rondon nao conheciam nem o boi, nem o gado muar, nem o cão. Do boi, ainda hoje têm medo, por causa dos chifres; dos burros gostam, porque acham sua carne parecida com a da anta. Dos cães, que a principio tem ijvji Cl i^iaiiuco aiiJij^ assim que podem, vão logo furtando alguns ; e os roubados affeiçoam-sc-llieí depressa, porque são tratados á tripa forra. Na cuia em que o dono come ha sempre lugar para o focinho do seu cão. * * * Transportam seus fdhos á tiracollo, numa faixa, que os Kó/cjzús fa adcs ndes incursões para outros pontos, em busca de alimento; já estariam, de pallia e os outros confeccionam de algodão. Ao menor passeio conduzem tudo quanto possuem; habito do no que sobrevive em gente quasi sedentária. A caça e a pesca, exclusivamente, não poderiam manter uma pop tão grande qual a da Serra do Norte. Seriam os Índios obrigados a n portanto, aniquilados ha muito tempo, ou teriam perdido suas caracte- risticas, que só o isolamento pôde conservar. Foi o gérmen da agricultura, que não sabemos donde houveram, si 6 que ali mesmo não surgiu espontaneamente, o factor que permittiu sua conservação na « idade da pedra » até hoje. Cultivando terras ubérrimas dó valle do Juruena e da Serra do Norte, confiando seu sustento ao solo das matas virgens da Amazónia, puderam os Nam])ikuáras ir vivendo até agora naquelle meio relativamente rcstricto. Essa influencia paradoxal da agricultura talvez não tenha sido encon- trada ainda alhures, de um modo tão característico; e, por isso mesmo que eram obrigados a viver da cultura da terra, foram-se aperfeiçoando nessa industria, embora permanecendo num estádio de civilização muito ele- mentar. Segregados inteiramente, sem mesmo conlieccr os homens brancos e seus animaes domésticos, o cão, por exemplo, os Índios da Serra do Norte tornaram-se agricultores eméritos. Suas roças são sempre regularmente circulares. Dentro da« mafas acham-se, frequentemente, grandes espaços abertos; são campos arti- ficiaes, antigas roças nambikuáras. Usam do fogo para limpal-as depois da derrubada que, até agora, cffectuavam com machado de pedra. Para derribar uma arvore de certo porte, com tal instrumento, ajun- tam-se-lhe ao redor diversos machadeiros; o lenho, mastigado pela 99 170 pedra, cede mais depressa do que se pensa. Admirável, porém, é a resistência do encabamento do machado. Um páo ponteagLido abre as covas para as sementes. Milho e mandioca são os principaes productos da agricultura nambi- kuára. Tanto um, como o outro, não pertence a espécie alguma diversa das que entre nós são cultivadas. O milho 6 da variedade conhecida por míllío branco, ou saboró; a mandioca se distingue pelas suas qualidades nutritivas e alimenticias. A da Serra do Norte, cultivada pelos Tagnanís, 6 a melhor que hei visto. Pouco fibrosa e mui rica em amilo. Naturalmente, não é á cultura imperfeita dos Índios que a raiz deve taes excellencias, e sim aos terrenos fertilissimos em que é plantada. * • • A grande questão etnographica que a agricultura dos aborígenes suscita, e foi posta em foco muito bem por von Martins, permanece ainda de pé. Não se encontrou o milho, nem a mandioca, vivendo nas m Ou esses vegetaes vieram de fora, com os Índios; ou representam espécies derivadas de outras que existem em estado nativo, com aspectos mui diffe- rentes, mascaradas por outros caracteres. Entretanto encontramos uma tribu segregada, na « idade da pedra », vivendo da agricultura; e cultiva milho e' mandioca iguaes aos nossos. ' . Ainda a mandioca tem sido encontrada em estado natural [Manihot idi- lis.suna, Po/d); sinão a espécie mesma de que nos servimos, espécie do mesmo género. E o milho? Onde, na superfície da Terra, existe milho em estado nativo, a não ser a Zra mais tunicata, de que alguns suppõem vir a f<)rma hodierna? Que desvendar de mistérios, não traria o elucidar da questão! * • * Vendo os Tagminís que o vaqueiro João Lucas capinava uma rocinha, em Três Buritis, começaram a rir-se delle, mostrando que melhor valia ir desenterrando a planta má; a enxada cortava os caules, mas deixava as raizes, e as hervas brotariam. A capina dos Nambikuáras 6 o arrancar do que não serve. Suas roças andam sempre limpas. * * * Seu fumo 6 a nicotiana que vive espontaneamente ali na Ser urucú e algodão, não se pode dizer que sejam cultivados; são plantados c aproveitados. Algumas favas grandes, de diversas variedades, merecem citação. Elias se encontram nas cestas dos indios, assim como muitas Apchivos do Museu Nacional, Vol. XX. Uaídnirfda — índio do rio Juína MATO-GROSSO E. RoQUETTE-PiNTO, phot. 1912 171 plaQt m comendo, ou mesmo utilizando esses vegetaes. Até ulteriores verificações, acredito sejam desti medicina que só em segredo velhos e velhas praticam. D da mamona {Hicínus), planta positivamente adventícia. a * * * Em bolsas de palha, ou de folha de pacóva, resii-uardam do temno d poeira e da chuva as pelotas de ai que terão destino ainda imorado dão que servirão para fiar * * * A medicina não nos pareceu fosse exercida por órgãos especlaes da sociedade india. Todos tomam parte no tratamento de certos enfermos; nos casos graves, entra em funcção algum velho experiente. Sobre as feridas applicam fibras de palha com certas resinas (Jatobá). As queimaduras, tratam pela agua fria. Fracturas e luxações reduzcm-so ao azar. Sobre as placas do baanêcêdiUà passam saliva com a palma da mão. Apertam entre dois dedos, longamente, o ponto ferrado pelos insectos. Os que têm febre recolhem-se a um canto, quietos, quando não se atiram nagua corrente. Durante o acesso nada comem. Havia na aldeia do Juina um velho indio, de cerca de GO annos. Estava triste, acabrunhado; pouco se animou com os nossos presentes. Punha as mãos na cabeça, para indicar que lhe doia. Um rapaz, que parecia seu filho, pelo extremo de ternura com que o tratava, á revelia dos outros índios, otTerecia-lhe mel com agua, repetidas vezes. Elle virava a cara. A' tarde, como o seu estado não melhorasse, chamou o moço, o dissc-lhe qualquer cousa, O rapaz agarrou-lhc a cabeça entre as mãos c collou a bocca nas fossas nasaes do velho, aspirando com força. Parece que esta sucção, repetida mais tarde, alliviou o enfermo, que se tornou mais expansivo. O parto deve ser fácil, visto que os fetos são excessivamente mal nu- tridos. As Índias, quando não lia leite bastante, tomam na boca um gt')!o dagua e applicam os lábios aos dos filhos, passando-lhes o liquido num beijo nutridor. Desejando saber como cortam o cordão umbilical, mostrei a diversos índios, mais accessiveis e mais inteliigentes, Damasceno, NtfféLe, Krikri- ceknerá, a figura de um livro onde havia um foto com seus annexos. E das res[)ostas que Damasceno ministrou, pude entender que a mãe corta o cordão com os dentes e esconde a placenta debaixo de folhagens. Esta informação, como se vê, deve ficar sujeita á revisão, 172 * * * O desenho dos indios da Serra do Norte, embora elementar, já apresenta alííúns motivos Interessantes, tirados da imitação das formas animaes. o circulo, o triangulo, o quadrado, apparccem desenhados em negro na superfície de algumas cuias. ^ Cobras e saurios acham-se, as vezes, representados nos seus traços essenciaes. * * * A plumaria reduz-sc a poucas manifestações; é mesmo insignifican(( Uma das planchas coloridas deste volume, figura um interessante, diadem ( peiínas, que é contrafacç L: porém adm m trabalhado, que os indios conquistaram á visinhos de Oeste se acha no Museu. * * ( Das suas dansas pudemos observar dois typos; uma dansa guerreira, pio apanhámos num fdm cinematographico exhibido na Bibliotheca Na- cional, em 15 de março de 1013, onde figuram indios dos grupos Kôkôzú, Anuuzô, e Uaintaçú ; e uma dansa festiva, em que tomámos parte, em Três Buritis, executada ])elos Tagnanis e Tauitês em nossa honra. A dansa guerreira cinematographada em Campos Novos, foi, depois, repetida também pelos Tagnanfs, em Três Buritis! Armados de arcos e flechas dispõem-se os guerreiros em linha, collo- cados a uns 15 metros de um pedaço de páo que figura o inimigo, cantando em compasso binário, marcando o tempo com o bater dos pés no chão. Dois indios, com as flechas promptas, e arcos semi-tezos, partem da fila, como quem anda cautelosamente occulto entre as moitas do cerrado, fazem uma grande volta e, chegando perto do inimigo, desferem as armas contra elle. E' o signal do ataque ; cessa o canto e uma chuva de flechas cái sobre o « infeliz » tronco de arvore. . . Logo depois avançam sobre elle, á pauladas, com os arcos, ou com outi^os cacetes; e o sovam á valer. Ahás, é sempre essa a funcção da flecha: immo- bdisar o inimigo ou a caça. Permittir que o aggressor se chegue e acabe sua obra á cacetadas. Caçada, ou combate, qualquer ataque é sempre feito de emboscada. Mesmo porque, á certa distancia, o erro de pontaria dos é m maior do que geralmente se acredita. Os N sao dos mehiores atiradores. Estão muito longe de atirar com os como os Bôrôros. Por elevação, alguns atiram bem. Nenhum escudo, absohitamente, empregam, nem na caça, nem na guerra. Depois do ataque Archivos do Museu Nacional, Vol. XX. ( t \ é $ '• .i * í m^ % i. à ê ri índio da Serra do Norte flechando por elevação E. RoQuETTE-PiNTO, phat, 1912 173 procuram rehaver os projectis; uma flecha dá trabalho para ser feita e não deve ser malbaratada. . . Seguram na mão esquerda um molho delias; c atiram com incrível rapidez, uma atraz da outra. * * • *, o Na d-insa festiva tomaram parte homens, mulheres e meninas. Ao son de uma cantiga intérmina formou-se grande roda. As mu- lheres á esquerda dos homens, constituiam-se pares successivos, fechando o circulo; cada homem collocava a mão no hombro da respectiva «dama». Dentro da roda, três meninas da mesma idade, pouco mais ou menos, acompanhavam-nos em fila, muito juntas, com os olhos baixos, as mãos cru- zadas sobre o peito. A do centro servia de eixo para todo aquelle systema cho- rcographico. . . . Começou-se a rodar ás 7 horas da ^ I tarde, cantando sempre. As meninas, I sem discrepar deixavam no chão pulvc- ^ ^ rulento marcas regulares, que a luz da lua allu miava perfeitamente. Dir-se-ia que punham os pés nos mesmos rastros feitos na primeira volta. Meia noite. A beira das fogueiras, que cada famiha accende, dormia a gente velha; res- mungavam alguns avivando morrões '^'«^ ™ " ^'"'" ^''''•^'"*''^^'*"' "^'^"""'^ ^'''"="''^- que pareciam pequenos rubis esparsos. E na roda, suando, cheios de poeira, mais mortos do que vivos, todos nós entravamos no coro: — Tagnani-i Tagnani-i! — Tangrê! E assim foi, durante o resto da noite. Quando um de nós fugia, e procurava a rede, vinham logo dois ou três latagões reforçados, falando muito ; e empurravam para o seu posto o desertor. . . * * A lettra desses cantos, infelizmente, não foi apanhada. Apenas conhe- cemos as "duas palavras que ali estão: Tagnaní,, nome da tribu ; Tangt-r, estrella. Astrolatria ? As três figuras centraes daquella dansa, em que se falava de estrellas, trouxeram-mc ao pensamento a formosa constellação do Orion, onde existem as Tres-Marias. 174 * * * No phonograplio apanhei dois tliomas kòkôzús, transcriptos aqui. Foram passados para a notação musical pelo professor Astolplio Ta- vares. O diapason em que os Nambikuaras exprimem sua musica d nosso diapason normal cerca de meio ton, para baixo. As notas usadas nos themas colhidos são : do\ nn^\fá\fá% soC Não se encontram re' esi. Os trechos reííistados estão cm la bemol maior (Phonogramma n ffere do 14.599) passando para mi '^^S menor ; e em mi bemol menor (PI gramma n. 14.C00). Os motivos musicaes desenvolvem-se em tempos binários. * * * Os Índios da Serra do Norte apresentam duas modalidades de orga- nização social bem caracterizadas. Ainda deste ponto de vista Tagnanis e Tauités são mais adiantados que Kòkôzús e Anunz-ôs. Estes vivem em regimen patriarchal ; o pai governa a famdia, que e, em muitos casos, monogâmica. Os filhos, depois da puberdade, constituem familia a vontade, continuando a venerar seus progenitores. Tratam com immenso carinho seus filhos, aos quaes nada recusam. F Raras vezes os castigam. Mais de um indio, já de certa idade, caminhava léguas e léguas, com um pequeno ás, costas, para chegar onde estávamos e dar-lhe presentes dus que distribuiamos. Não têm chefes definidos. Alguns, que os tropeiros costumi de chefes, são apenas individuos mais influentes, aos quaes os outros attendem muitas vezes. m * * * Em Campos Novos recebemos, certo dia, a visita dos Kòkôzús e dos .imunes. Dormiram ali muitos rapazes destes dois grupos: Nuléke, Kri- kriceknerá, ou Manduca, Paixão, Preguiça, Damasceno e o celebre indio Cavagnac, supposto chefe da maloca do Urutáo, typo malvado, que costu- mava cercar os tropeiros na linha para tomar-lhes as cargas. No dia immediato vieram muitos Uainlaçús, atrevidos e ariscos; gente bastante desagradável. Os outros, quando viram que elles se approximavam, começaram a dar signaes de impaciência. Finalmente chegaram, muito excitados pela presença dos nossos hospedes daquella noite. Começou uma interminável discussão entre os três grupos. Todos falavam, gesticulavam, irados, olhos brilhantes, a pique de se aggredirem. Temendo esse conflicto, que seria PHÔNOGRílMMíq 14.599 (INDÍGS DA SERRA DO NDRTE) ^m ^^^M ^ Excursão Roquette-Pinto, 1912. iin w desastroso, por todos os títulos, começámos a intervir distribuindo cigarros, phosphoros, machados, etc, distrahindo-os. Acalmaram-se. Mas alguns rapazes kôkòzús e uaintaçús continuaram a discutir e, aos poucos, foram cercados pelos outros que ouviam tudo muito attentos. Falavam dois de um lado. Respondiam dois do outro. Os que falavam, eram dois indios mais expertos, intelligentes, ousados, Damasceno e o tal Cavagnac, que nada indicava fossem chefes verdadeiros, rcconliecidos como tal em toda occasião. Eram chefes transitórios. Já entre Tagnanis e Tauitês existem chefes temporaes, perfeitamente bem definidos. Um se distinguia porque andava sem um enfeite. Effectiva- * mente, elle mandava, e todos obedeciam. Tinha três mulheres. * * * A condição da mulher nambikuára nao 6 tão desgraçada como a de outras, Índias do Brasil. Trabalha muito, é cerfo. Colhe fructos, rala mandioca, soca ao pilão, arma os toldos, fia algodão, carrega a tralha da r OS, toma parte na cultura da roça ; mas 6 tratada, cm família, cuida dos filhos, toma parte na cultura da regra, com muita ternura. Elles são ciosos de suas es])osas; e ellas timbram em ser fieis. Deixam longe, neste particular, suas vizinhas Pa- recis ... Continuamente, os casaes se amimam. E nenhuma caricia parece mais suave e mais doce, ao terno amante, que o passear dos dedos de sua amada pelos seus cabellos. Comprehende-se; porque a cabeça de um nambikuára 6 um viveiro a enxamear. O casamento, segundo as informações do soldado Gouveia, obedece a ce- rimonias simples. O noivo pede, ao pai da eleita, consentimento para a união. O progenitor, si accede, dá-lhe um arco c um mollio de flechas, dizendo-Ihe que deverá, com aquellas armas, manter a família que vae fundar. Só. Para mostrar que um certo menino é filho dé um indio, usam de um gesto expressivo que, na sua innocencia, repetem: curvam o pol- legar e o indicador esquerdos, em forma de annel, ao redor do outro o. Batem, depois, no liombro do filho e no do pai, dizendo mtúl (filho). * * * Respeitam muito os velhos. Poupam-lhes as fadigas que podem. Quando voltávamos da aldeia do Urutáo, para o posto do Juina, fizeram-nos con- duzir,- no arção da sella, as cestas de dois velhos do grupo que nos 176 acompanhava em busca de presentes. Os moços e as mullicres lá se foram, cada qual carregando o seu atiçú, sem appellar para auxilio extranlio * * * De sua religião, apenas sabemos que ô fetichista. Nào conhecemos nada do seu culto, nem do seu regimen ; muito menos do seu dogma. Os grupos septentrionaes parecem evoluir para a astrolatria. Tendo ameaçado a lua e as estrellas, com uma flecha, preparada no arco, prestes a deferir a aggressão, levantaram-se bruscamente muitos Tagnanís e sustaram o meu gesto, falando muito exaltados, reprohendendo-me, toman- do-me a arma, como si aquillo fosse um sacrilégio. Os Kôkôzús e os Anunzês ameaçam a tempestade com suas armas, bra- 4 cejando no espaço para um lado e para outro, invectivando a chuva em altos brados. Outras vezes são as mulheres que sobem a uma casa de cupim e, sol- tando baforadas de fumo, atiram cinzas no ar, para amedrontar a tormenta. * * * Seus ritos funerários ainda não nos são conhecidos. Ficou todavia apurado que não incineram seus defuntos, nem os devoram. Enterram-nos directamente no solo. Os Kâkôziis, em covas redondas; os Tagnanís, em sepulturas alongadas. * • • Os nhenomenos d brçados na popu Índia da Serra do Norte. Na sua mimica, muito expressiva, contam pelos dedos dizendo, para cada unidade : Dê7^a . E quando terminam a passagem dos dedos das mãos, si o numero vai alem, levantam um pé, repetindo a mesma palavra, e depois o outro. Um chefe tagnanf, querendo dizer que sua gente vinha já perto de nós, trazendo-nos mandioca, milho, massa, etc, em nni lias cestas, após haver contado pelos seus próprios dedos e artelhos, bateu nas mãos e nos pes de outros cLrcumstantes, repetindo sempre : Dera, Dera, Dera (Isto, isto I, isto). Para contar os dias, passados ou futuros, que os separam de um certo lugar, levam a mão direita á face, inclinam sobre a palma a cabeça, fecham os olhos e resomnam fortemente, tantas vezes quantas são as noites cujo numero desejam indicar. * • * As noções de forma e extensão, acham-se também definidas Os KôL y frengçà — á circumferencia ; Nench Apchivos do Museu Nacional, Vol. XX. Índio da Serra do Norte flechando (modo mediterrâneo) índia do Juína preparando nr\andÍoca E. RoÇUETTE-PíNTO, phoL 1912 177 i Talvez estas palavras nada mais sejam que appellidos de animaes ou objectos dados, por extensão, as figuras, que traçam perfeitamente. * * * recém disting Distinguem o « nascente w e o «poente ». Marcam, approximadamoníe, os momentos do dia, indicando, com o gesto, o lugar em que o Sol deverá estar sobre o horizonte na hora que desejam determinar. Não pa- lir as constellações ; sempre deram os mesmos nomes para qualquer estreita que se lhes indicasse. Tangrê chamavam os Tagnanís, indiíferentemente, â cintura do Orion, que schematisavam no solo, e as estrellas maiores deste grupo excepcionalmente bello: Riegel ou Belatrix. O eclipse total do Sol, muito bem observável na Serra do Norte, em 1012, á 10 de outubro, não impressionou absolutamente os Nambikuáras. * * • Das noções biológicas que por acaso jA tenham apanliado, não u possível falar ainda. O que obtivemos não nos satisfez. * * * Os Índios da Serra do Norte falam dialectos diffcrentes, apparentados entre si. Cada um falando no seu idioma, entendem-se muito bem. Quatro vocabulários conseguimos ; Kòkúzú, Anunzr, Tagnan'} c T«nàh\ Os mais abundantes, Ánunzê q Kôkôzú, hvíím obtidos com o prráo de app D possível, e me parece que suíTiciente, graças aos índios Naléke, e Krikricêknerá, amigos dedicados do tenente Pyrineus de Souza, desde o tempo em que esse oíTicial estivera dirigindo o posto de Campos Novos. Nuléke é de tal maneira affeiçoado ao tenente Pyrineus que, quando voltamos, em 1912, elle, afflicto, não exitou em transpor os limites de suas terras, e sahindo de um território que nenhum delles, desde muitos séculos abandonara, veíu com uma tropa, á Tapírapuan em busca do seu amigo. Foi o primeiro a se entregar, em confiança, á gente brasileira. Estes dois índios viviam, em Campos Novos, como si fossem « crias » da casa. A noite dormiam, ambos, debaixo da rede de Pyrineus. Falavam já algumas palavras de nossa língua. Para o idioma dos Kòkôzús foi auxiliar precioso o índio Damasceno (Urinenoá), a quem já consagrei outra nota. Este foi o mais intclligente que pudemos encontrar. Repartia com elle essa situação, um Tagnaní de quem nos separamos com pezar. Entendia 23 il8 dos nossos gestos. Executava, com perfeição, qualquer pe nosso. Foi elle quem se prestou á simular um ataque á flecliadas, que, por signaes, lhe pedi, operação que hoje se acha arcluvada em um dos íihns pertencentes ao jNIuscu, projectado na Bi])hi)tlieca Nacional, 101 * * * Cada palavra dos vocabulários colhidos foi verificada, mais de uma vez, em presença do objecto, ou do phcnomeno que exprini(\ Muito mais que a quantidade de vocábulos, interessou-nos a qualidade de cada um. Isto não quer dizer que julguemos impossivcl qualquer rectificação; basta confrontar dois léxicos, tomados por pessoas capazes, entre os mesmos Índios, em occasiões differentes, para ver como certos termos altera m-se depressa. • * * O alphaboto da língua nambikuára compreliende as seguintes vogaes : a, e, i, o, o, u, , ú + com o mesmo valor que tem no alphabeto portuguez; ii — com o son inter- mediário a ú — allemão e eu francez. Consoantes : h, c, d. g, Jí, k, l, m, n, r, s, t, z h — sempre fortemente aspirado, como eh allemão Faltam : /, j, V, X São grupos consoantes característicos : nd, kr, teh, dn, gn, tg, tn, kd, kz, kt, nt, nz, tz, id, nç, tç, tzi'i, gç, gd, ndz, nk * * * Em todos os dialectos nambíkuáras, os vocábulos que designam as partes do corpo humano tem o mesmo radical, ligeiramente modificado, num ou noutro caso : Uá ou Toa. Kôkõzi'1 Tagnaní Tau'tê Annnzè ^'"^ío ' . Oá-miki(:ú Uá-noki'í Toá-rabcatndft Uá-nnkizè •^*^ca Toá-iiiçú Uá-iiii-í Tá-iiiirí Uá-iiiarè ^^'"5Ç"a Toáio-herú Uái-Uòiidê Táiu-lieiidii Uáile-hcrú A partícula Tbá — (Uá, Oá) — tem aqui o mesmo valor possessivo do po Nu, nas linguas Aruaks ; só se encontra nos vocábulos consagrados ^egiões do corpo humano. PHONOGRílMMíí 14.600 I r (ÍNDIOS DA SERRA DO NORTE) Hai ue ta za gue ta za gue ta za gue Hai gue ta za ue ta la ue ta za ue ta Excursão Roquettc Pinto, 1912. 17ii Qiiasi todos os vocábulos kôkòzm terminam em zu ou çú, empregados, iiidifferentemcnte. As palavras anunzés terminam muitas vezes em zê. Mas, este ultimo son deve ser a])proximado do— r/ri— para ser pronunciado convenientemente. Ko dialecto dos Tauiíês, e no dos Tagnanís, 6 commum a tci-minação cm 7-6, ri, di, té. * * * Merece menção especial um grupo que nestas linguas se encontra com relativa frequência, muito importante para apreciar as relações de taes idiomas com outros americanos. E o grupo : gui ou gue: KixxgiieiOiZÚ — flauta (Kukôzii) — Hau^ií/'dô. — fleclia lisa (Tagnanf). Toé\gueàokrò — mao (Tauitê) — l^-ànaguèiu — cabeça (Anunzc). * * * Embora existam diversos systemas phoncticos para a represenlação das linguas primitivas — (Alpliabeto Kosmos, de Schmidt, etc.) — ji^lg^ci preferível usar as letras do alphabeto latino, accrescidas de alguns sons especiaes (ii) ao alcance de qualquer leitor. * * * Si ainda estivesse em favor a chave linguistica de Martins, a lingiia dos Nambikuáras seria incluída entre os idiomas do grupo Guck ou Koko. Porém tal familia, por muito heterogénea, não se manteve e hoje, seus antigos membros acham-se filiados nas tribus Gê-bolocudo e Na-aruak. Nesses dois grupos encontram-se os Guck, de Martius. Ora, os idiomas ligados á familia Nu-aruak têm características frisantes ■ que não encontramos nos da Serra do Norte. Assim a partícula possessiva pessoal — Mí, um dos caracteres mais tamc Nambil O vocábulo proposto á designarão da agua, um dos melhores elementos de comparação linguística, pela constância com que se mantém aíravez de todas as differenciações dialectaes, na família Nu-aruak, (Oné, Uni), não 6 representado na Serra do Norte por nenhum equivalente. Bastariam taes elementos para distanciar a língua dos Namljikuáras dos idiomas Nu-aruaks. oSfas, além disso, é fácil verificar a perfeita discordância dos léxicos. Seja comparado o vocabulário pareci, excellente representante da flimilia Nu-aruak com o dos indios da Serra do Norte. São completamente diílc- rentes. 180 * * *r Porém, si procurarmos, na Sul-Amcrica, idioma que oíTcrcça seme- lhanças profundas com os dos Nambikuáras, cm vão o faremos. E' todavia certo que a lingua dos Salas, do Xlngú, tem certo ar de pa- rentesco com os dialectos da Serra do Norte. Essa approximação tem o seu melhor argumento na 'partícula possessiva ]]'oa, dos Suíás, que é claramente encontrada entre os Nambikuáras, seja Ua ou Toa. Por esse caracter, pois, e elle ó valioso visto que tem sei'vido de base ao moderno grupamento das nossas tribus, oi ser collocados os Nambikuáras. ■ Aqui o problema attinge, talvez, sua maior difficuldade; porque si os botocudos do Xingu são collocados ao lado dos Gês, pela autoridade de de estiverem os Suíás deverão Ehre guisiica s J com muita razão, que elles devem formar ao lado dos Karajás, constituindo o grupo KaraJanOy de Chamberlain. * * * Todavia, não 6 possível deixar de reconhecer, na lingua dos Nambi- kuáras, certos caracteres especiaes encontrados em um idioma francamente filiado na familia Nu-aruak : a lin.uua Kirírí. Taes caracteres são exclu- sivamente phonicos € muito menos valiosos do que si fossem léxicos ou morphologicos. Resumem-se na presença dos grupos Iç, fz, kr admittidos como especiaes ao Kirírí — (Baptista Caetano). * * * Sem possuir textos bem traduzidos não é possível aprofundar mais o exame daquclles idiomas novos. Mesmo as approximações acima esboçadas serão sujeitas a revisão, quando houver material linguistico maior. t 181 H a > I I I ca o o I -O "o ri tf O! Pi ■< I I I N 'O GQ a: 0^ O < ( I <3 a I cá O I I 91 r'3 H ti SC CO CO •r-4 1=1 h^ 03 CD ^ I 3 ^ I I c3 O) Q I I I GA 5 to Q I I I I ca P o s I í3 I I O U Pi os 3 to «a a O «s I I «o 'O a I 'O d «3 ';3 I T. . < tf* •*i4 <í ' 1 I 1 ■3 © tá adur aiur K4 2 r- r V • ;=> D 5 e3 t3 ti fia I I I I N 3 Í3 «9 3 I I c3 ti :3 3 «O m I n 3 O <3 I ■3 ■:í O o V D .3 B O» «9 «4 « O o o H H H ■- 1 o .5 d O V a, tt o ci t4 J3 a ,c i« o *** V o í««5 CU <2 a Li O > u -4 0i a a 182 * * A respeito da coliecção do Museu cabem a(|ui as seguintes nulas. Os arcos dos Índios da Serra do Norte {IhikíçO) são de ipé, muito longos, de 1,70 a 2 metros, de secção semi-circular. De todas as triljus do Brasil, só a dos Katukínas, do rio Puras, usa amarrar de modo semelhante w a corda ao redor da arma. (3.686). A forma da secção transversal é, porem, diversa; o arco dos Katukínas é quadrangular. Fizemos experiência afim de avaliar, approximadamente, a força ne- cessária para dar a um arco a indispensável efficiencia. Para obter, em um delles, medindo 2,38 de comprimento, por O corda de tucum com 0,002, uma flecha de 50 centímetros foram necessários 66 kilogrammas de tracção dynamometrica. yVo atirar, o índio emprega o modo medilerraneo (4° modo de Morsc) arco vertical, flecha encostada ao seu bordo esquerdo, presa, pela base, entn o indicador e o médio da mão direita. Na America este methodo é peculiar aos Eskimós; os « PeJIc Vermelhas» empregavam outros. No Brasil, nenhuma tribu dellc se utiliza ao que pude verificar; nossos índios atiram a flecha, em geral, pelo tercein dos methodos systcmatízados por Morsc. * * * ícrmann Mey interessante estudo de arcos e flechas do Brasil, classifica os arcos em cinco grupos 1". Arco Peruano — Secção quadrilateral ou elliptica. Quasl sempre feito de madeira negra da palmeira Chonta. 2^ Arco nrasílciro-S3ptentrío)ial^ Secção semi-circular. Madeira vermellia escura, alizada, de uma arvore leguminosa. 3«. Arco da Guiana — Secçào parabólica. Gotteira na face anterior. Madeira parda escura. Pequeno. 4". Arco do Chaco — Secção circular. Madeira vermelha. Pequeno. ^\ Arco Brasileiro 0>'Í6^;i/aí^~ Madeiras diversas. Divíde-se este em dois sub-grupos, ligados aos arcos do Xingu, ao Norte, e aos dos Kamé, ao Sul. Para o Occidente, comprehcnde desde o arco liso, forte, cylindrico, até ao rodea.ío de cipó, dos Bôrôros. Para o Oriente, abrange os arcos dos Gês. Os Tupis, do Paraguai, acham-se no ramo oriental deste griqoo. Além dos cinco typos, Meyer distingue os que correspondem aos Matacos, Fucprinos e Centramericanos * * * A secção transversal colloca o arco dos Nambikuáras entre os do se- gundo grupo de Meyer. K' mesmo bem scmelliante á dos arcos Mundurukils - Archivos do Miiseu Nacional VòLXX • 7 ^4ti&»mí Índios da Serra do Norte Z^- Tj^ançado dcui cestas feitas coin o conJe volúvel de um Dej^moricus B.- DetaJÁes do p^JUiÃicho nasnL, C e \Ii.'- Trojiexido de um^ ahano^ feiix> com/ lunxv palmeia. i83 (14.026). O enrollamento da corda obedece á p encontra o Pendi/pus, do mesmo ethnologo. em q se * * * Meyer classifica as flechas do Brasil em sete grupos, hoje insuíficientes porque outros typos foram encontrados depois da sua publicação. Comtudo ali se encontbam as principaes caracteristicas das nossas fleclias. A base desta divisão é a emplumarão das armas: 1 Typo mação Brasileíra-Orlcnlal ou Tapl-Gê Pen nas inteiras, presas com íi])ras. Basç revestida de fios enrolados. Pcíiuena pennugem na l)ase. longiludinalmente, fornece duas 2\ TYpo — Emplumação da Guiana — Umíx penna, fendida ao ujeio, porções que são presas á haste por anneis de fibras passados em differentes pontos. Na base da flcclia ha uni fragmento de madeira onde existe um entalhe para receljer a corda. 3°. Typo — Emplu m ação do Xing ú Duas meias pennas, como * no typo anterior, presas por fios que atravessam a espessura da haste da flecha. 4.0 Typo Emplumação dos A Yiras — Duas meias pennas gas presas, de espaço a espaço de fibi b gp- Fig 71 — Motivo ornamental dos índios da Serra do Norte. gmento da haste revestido de fios (Coll. Rondou — Mnscn Nacional 1200^) 5°. Typ Empl Maidié — Semelh 1. Duas pen pice e na base. Na base da flecha, um fragmento d adeira dura, com entalhe para a corda 6°. T Emplumação Peruana {com fil E'm semelhante ao 1 o Tl Só se encontra no Ucai Emplumação Per {com resina) — Este d VI- dido em dois grupos : Septentrional, pertencente á Amazónia e Merid ado no Chaco. Caracte pelo p d pen fcndid gitudinalmente e depois raspadas até ficarem reduzidas ás camada super fie S em espiral, soljre a d por fios e rezina preta. * * A emplumação das flechas dos Índios da Serra do Norte j)ertcnce claramente ao 7° typo. i84 Nossa collecção possue flechas de guerra, flechas rle caça, e flechas de pesca. E' certo, porém, que essa divisão iiào ó sempre mantida; e do se faz preciso, os indios empregam, indilíerentemento, qualq typ Aniêçú ó a flecha de ponta de madeira vermelha, cylindrica, lisa, com que caçam macacos (2.111) o ponta aguçada, feita de taquarussú {Meroslachys sp). Serve na guerra e na caçada aos grandes animaes: capivara, anta, onça. Sangra largamente a victima, c por isso é usada para abater as grandes peças. Entre a haste e a ponta ha uma porção intermediaria, de madeira vermelha, destinada a enrigecer a faca de taquara, tornando-a mais efficiente. Ainda assim, muitas vezes quehra-se (1324). Aíêuinçà é flecha de ponta lisa, munida de uma farpa na extremidade. Arukirikatçú 6 typo perfeitamente original. Tem uma serie de farpas presas com fios e breu. E' revestida de um enducto negro que os indios suppoem toxico; por isso protegem-llie a ponta com bainha, feita de cohno de taquara (11.187). E' arma de O veneno das flechas nambikuáras é inócuo. . . Aieraçúy é flecha de ponta embollada, destinada a contundir as aves que desejam apanhar vivas, ou livres de sangue, que mancha as pennas (14.010). Muitas vezes empregam para o mesmo fim uma flecha de ponta lisa, que na occasião envolvem numa pelota de palha (11.G25). Especialmente destinadas á pesca, e perfeitamente originaes, são al- gumas flechas de ponta dupla, triphce ou quadrupla, munidas de uma farpa de osso (11.614 a 11.621). Algumas têm pennas na base, outras não. Lembram certas armas figuradas em «Voyage a Surinam», de Benoit, pertencentes aos Karaíbas. E, por outro lado, têm muitos pontos de semelhança com arpões eskimós, destinados a caça de aves marinhas, atirados com estólica. A haste de todas as flechas da Serra do Norte é feita de taquara fina, (ArUirostilidiumsp). O cipó imbó {Philodendronimbé, Mart.) f(3rn'ece tiras resistentes com que fixam as diversas partes da arma. \ * * * Um typo de flecha com a ponta achatada c provida de alguns pares de farpas, que o Museu Nacional recebeu com as primeiras collecções da Commissão Rondon, não é próprio dos Nambikuáras. Representa tropheo guerreiro (1955). * * * Armas de ataque e defesa, toscas em extremo, são os cacetes (11 pies fragmentos de ramos fortes, cortados nn, occasiao. Archivos do Museu Nacional. Vol. XX ORNATO NASAL dos índios da Serra do Norte fMm fiACfCèfAL fCo/J. Rondon - Museu Nacional- 226^^) 18-' K ) Uma clava trabalhada e policia, revestida dé tecido de palha do typ< aja (11.933), é manifeístamente exótica; foi pararás mãos dos Nam (12.046) fortuitamente, tal como deve ter acontecido a um pente de made * * * Os machados de pedra lascada têm typo uniforme. Todos de cliabase, cuneiformes, pesam dois kilos, em média. São encabados num pedaço de caule volúvel, talvez de uma Bauhmla. O breu e os laços de fios, postos para fixar a pedra, dão ao instrumento solidez surpreliendente (11.958). Conseguimos trazer, da Serra do Norte, um fragmento de arvore abatida pelos Índios com o seu machado de pedra; figura na collccção do Museu sob o n. 13.333. * • * O breu é feito de resina de almêcega — (ProHum .sy?.), jatahy — [ITijmc- nea courbaril) ccêra, levando ainda outras substancias desconhecidas. SolTrc acção do fogo em panellas pequenas (2.259). E' conservado cm bollas, presas atiras de embira (13.235), ou em pães envoltos cm follias (13.21 3). Tanto o veneno das fleclias,' quanto o mesmo breu dos machados, são denominados DuJiulaarú, que quer dizer : cera. * * ♦ Tephrosia toxicaria — é leguminea vejienosa, espécie de Tingin, com que os Índios pescam. Foi reconhecida pelo Sr. F. C. Hoehne, que, com o Sr. G. Kuhlmann, determinou a maior parte do material botânico da nossa collecção. * * * Não conhecem anzol, mas empregam, na pesca, uma espécie de covo, r feito de taquara ou do caule do cipó Titara {Deswo)icifs sp.), (13.211). * * * Productos alimenticios, existem na collecção : Gakdá — Milho branco — (2.272). Urinodzú — Massa de mandioca — (MaráJiol sp). (2.202) — O oscopico mostra ser muito rica cm grãos de amilo, A raiz, depois, de ralada, é expremida numa fita de palha — f^^/r/í (13.225). O ralo (13.215) pertence ao typo usado pelos Índios do Xingu — (Suíás, etc). K' formado por uma plancha em que se fixam cerca de 20 filas de palitos. As lagartas de uma borboleta (Z?/Ymt//y>i«t^) — (5.774) —(pie comem vivas; . . 24 ■ 186 Katimuzú — terra dos formigueiros, argila que também comem (13.230). Amostra de restos de sua alimentação figura no Museu, sob o n. 13.231 A * * Um cogumello orel/ia de pão {Polyporus sp.) utilisado na alimentação, e feijões de aspecto exótico (f^haseolus sp.) (2.2^1) foram igualmente achados numa aldeia. . • Merece especial menção a cabeça moqueada de um tamanduá bandeira {Myy^mecopliaga) (1934), encontrada numa cesta, por Miranda Ribeiro, na expedição de 1909. * A * Por meio do fogo escavam pilões (A7^/^V) — (11.931) — em que socam a carne e outros alimentos. Fazem fogo com bastões de almôcega (Protium sp.) — (2.232) e res- guardam as pontas dos ignigenos envolvendo-as na palha, para que se não molhem com as chuvas. * * * ■ A cultura da terra 6 realizada por meio de um bastão aguçado (11.923). Sementes de ui-ucú {Bíxa orelhma), de cabaça (Lagcnaria sp.), de algodão (Gosslphmi arboreuin), são guardadas em bolsas de folhas (2.200, 1.927). Conservados, tamljem fructos medicinaes — (.S'o/r/n?^»i mammosum)-- (1923), raizes, folhas (1943), etc. A * * Ha, na collecção, duas amostras de corantes; uma pasta de urucú e gordura, suavemente perfumada, com que as Índias se pintam, depois do banho. Hudulivkaidi (13.229), e uma variedade de ocre vermelho (13.241). * * • O tabaco (2201) acha-se em cigarros, ou em folhas, mcttido entre dua^ varas (13.250) para seccar. * * * O algodão, no Museu, encontra-se bem representado : caroços de algodão, variedade rim de boi, conservados em l^olsa de folhas (13.227); "fio de algodão {Kondzã) oljtido no fuzo (Gdarefatú) (13.210); meada de algodão fiado (13.058); novello de algodão (12.047); tecido de algodão {Saregn faixa para carregar crianças). O fuzo é uma lasca de palmeira embutida num disco de cerâmica,/ de panella velha. . . -* ^ 187 Kaleçú — são os fructos da Lagenaria sp. de que fazem reservatórios e vasilhas (12.002). Algumas contem fumo picado grosseiramente (1.910) e são arrolhadas com sabugo de milho, processo que os sertanejos usam muito. * * * Atavios rudimentares, merecem analyse, pela originalidade do material de que são feitos alguns collares: formado por pequeninos fiapos de subs- 4 tancia córnea dos tubos das pennas o de n". 12.417; cordas enfeitadas com pellos de Pilhccia satanaz (952); collar de dentes de macacos (12.851); ■ feitos com sementes de uma cyperacea (Tanieíkêrê) {lXò¥^), também usada pelos Suíás do Xingu (3.656 — Collecçào Paula Castro-von dcn Stcincn 1884); collar de contas negras, feitas de coco (4.218); collar de taípiarinlia (12.265); collar de nácar de conchas fluviacs (12.071); collar feito com as sementes de uma sapotacea [Lacwna sp.). (Irunytiu)hide). * * * Oradaikruzê — (13.083) ó linda pulseira feita com os anncis da cauda do tatií canastra (Dasj/pus aldeia onde estivera prisioneiro du- soldado Gouveia. V sem[)re para os Índios, escravisado. Um bello dia fugiu, F ado, traljalhando vagens no ferira soldado, também ■ com uma flechada na região lombar. Assim mesi m pouso onde havia tropeiros descansando. Um ou ido, procurou seguil-o e caiu varado. Gouveia fi considerado desertor, em de do seu desapparecimento. Apezar d dade do fei salvou-se. Em seis mezes de ■ cncia íiuasi ada tinlia lingua conseííuido apanhar a respeito da vida dos indios; d só conhecia meia dúzia de vocab E com o, ensmara alguns termos port a m dessa aldeia do Uru filo, á o do J rapaz que se chamava a si mesmo P d O nome de um sargento do o o Batalhão de Engenharia, que f( 'O do do posto 192 1 O tenente Pyrineus havia estado nessa mesma aldeia, quando passou de Campos Novos para o Rio de Janeiro, em 1911 ; os indios o .conheciam do tempo em que estivera dirigindo a invernada. A exemplo de seus amigos do grupo Anunzê, do rio 12 de Outubro, no «Pirinô» e o attendiam . . . ás vezes. NaUke e KrikHcêk- nerá são dois amigos certos que o meu companheiro tem na Serra do amavam Norte, entre gente nambil * * * De todos, os grupos mais ariscos, e mais traiçoeiros, são exactamente os que moram para os lados do Guaporé, e os das margens do Juruena e do Juina. Foram destes últimos os atacantes de Rondon, em 1007, os aggres- sores do tenente Nicolau Horta Barbosa, dos soldados Rozendo e Gouveia, os incendiários e assassinos do posto do rio Buriti, ao Sul do Juruena, e ■ do posto do rio Juina. ' '' Na opinião unanime dos tropeiros, eram os indios do Uridáo os mais insolentes e os mais atrevidos e malvados. Mais de uma vez um influente dessa aldeia, a quem chamavam a Cavagnac )>, por ter alguns fios de barba sobre o queixo, havia tomado, á alguns tropeiros, toda a roupa e mantimentos, deixando-os, depois^ irem-se embora, ' inteiramente nus. Naturalmente, verificando que os sertanejos, por cumprir ordens, não reagiam, os indios maus aproveitavam. Tudo isso era de molde a moderar nosso enthusiasmo pela visita á aldeia do Urutáo; mas. . . a coragem, muitas vezes, é apenas curiosidade. * * * Pyrineu:^ apontou o trilho por onde passara, no anno anterior. . Fomos andando cerca de duas léguas. Era demais, pelas contas que fazia. Voltámos. Ou a maloca tinha sido transferida para outro sitio, ou nós nos tinhamos enganado. Carregámos nossas montarias com o maior numero de brindes que nos foi possivel arranjar, vasculhando as canastras. Seguimos de novo. , Partindo du poste telegraphico numero 4930, rumo Sud' Este, á distancia de três léguas, atravessámos o rio Urutáo e, depois uma grande mata, percorremos uma picada mal aberta pelo passo dos indios e cahimos num cerradão. Um pouco além começaram a apparecer, na areia, rastros de ma duas cabanas erguidas numa praça redonda e limpa giu a triste aJdeia: .V certa distancia difllcihnente se descobria a maloca, no fundo impre da vegetação. Assim como as casinhas de certos insecto; Anchivos do Museu Nacional, Vol. XX. ■-?^^ <\ ' Na porta de casa. (Aldeia do rio Jníaa) "> ». Casal de KdkÔztit i índios Uaintaçús (do posto de Campos Novos) r ^ Mulheres Anunzle I MATO-GROSSO E. RoçucTTf-PiwTO, phot. 1912 d 93 adquirem a cor e o aspecto do meio, mercê do que se protegem, pro- move-se taml)em a homochromia da habitação humana. * * * rde Pouca gente. Estavam quasi todos caçando e cuidando das roças. Um homem, robustissimo, um rapaz, o tal Paixão, c dois velhos. Algumas mulheres e poucas crianças. Muitos outros foram cheu-ando mais t; no correr do dia. Ficaram alegres com a visita. Ajudaram'-nos á desar- rciar os animacs. Offeroceram-nos os seus cigarros de folhas. Foram jjuscav uma grande cabaça com hydromel, onde boiavam pedaços de cera e fraíímentos de fdhotes de abelhas. Beberam e . . . bebemos. As mulheres, mais que depressa, puzeram-so a ralar maníHoca e, dentro de pouco tempo, traziam-nos alvíssimos bolos de ])olvilho SDJ^re folhas de pacóva, que pareciam flores de alva corolla em cálice vei'dc claro. Passámos nessa aldeia dois dias e uma noite. E quando voltilmo*?, para continuar a descida, um grande grupo seguiu comnosco a Hm de rcrohoi presentes, que deviam estar á nossa espera no posto do Juinu. * * * Para atravessar o rio Formiga, na voha, já custámos um pouco mais ; as primeiras chuvas do verão haviam incrementado seu volume, a })lanicic das suas margens, especialmente a da esquerda, fora invadida. Para as tropas, o Formiga, normalmente, não é dos nado!< pcorcs. No Juruena fomos hospedes, mais uma vez, do tenente Xavier Sauqtaio, que hoje dorme debaixo daquellas terras por cujo progredir sacrificou, como tantos outros, sua vida moça. Felizmente no mesmo dia da nossa chegada vieram os indios da margom direita do rio e em vez de gritar, como os outros : — Nemncn !, «'Iiegavam cantando, alto, em melopeia: Náu-êê! NáUrêê! Náii-êê! No entanto muitas vezes escutei esta palavi'a dita pelos de Campos Novos. Creio que se trata do vocábulo pareci araujo, de que os nam- bikuáras se servem para demonstrar sentimentos de paz. Para conhecer melhor o grupo da margem direita do Juruena, resolvi descer pela picada da linha ate Utiarití e passar de lá a Tai)irapuan, Utiarití é a primeira estação aquém de Juruena. Desta ultima fomos pousar no rio Sapesal, Saué-iná dos indios Pa rccís. Pouco antes de chegar ao rio, a picada, acompanhando a serra, baixa brii<- camente para atravessar um valle colossal ; o mesmo^ que, na ida, avi>ta- ramos, do outro lado, logo após o pouso do Uáikr)ákoic. Pelo caminho que seguiamos agora Íamos cortar, muito ma.s cm ba.xo, todos os cursos dagua cujas caljeceiras ali-avessaramos na ida, de AJdcia 25 194 Queimada ao Juruciia. Riachos modestíssimos, que viramos ondular á medo nos seus primeiros kilometros atravez dochapadão, fomos encc na Estrada Rondon, rios feitos, ousados, insolentes, vultuosos, desp quas dose de Ihosas. saltos pliantasticos, cachoeiras maravi- Rios que conhecêramos na Indigência do seu principio, oram, agora, senhores daquelias terras, cheios de brilho, de poder e de fausto. No Sauôuiná, muito capim membéca e cipó lUãra. A ponte da Estrada Rondon sobre esse rio aluira-se, ao embate da clicia ; não resistiu ao peso dos nossos cargueiros. Cedeu. Quasi perdemos três bois afogados. Algum material, infelizmente, foi pela agua abaixo. Os outros bois então, passaram a nado; e a carga, ás costas dos tropeiros, foi conduzida para a outra margem sobre uma longarina que ficou da ponte. E' um espectáculo emocionante o « nado » de uma grande boiada, que cruza um rio de forte correnteza. Nos (( passos )) em que ha « nado » forçado levanta-sc, sobre a barranca, um curral communicando com o rio, onde se ajunta o gado. Os vaqueiros, atrás das rezes, erguem berreiro infernal para atarantar os bois e amedron- tal-os, cspantal-os, no que são bem ajudados pelo latir furioso dos cães. E a pobre boiada, aperreada, segue ' aos trancos, em massa, deixando apenas, na suporficie, os focinhos luzidios e negros, e as pontas das guampas, qnc mais parecem ramos desfolhados de uma arvore que desce ao 16o das aguas. Entra em certo ponto de uma das margens e, levada pela corren- teza, attinge a ouii*a margem cm lugar muito mais baixo; quando o rio 6 largo e caudaloso, a diffcrenca clieíía a ak-umas dezenas de &"' ^ "^D melros. A's vezes o barranco onde devem sair dagua os animaes é talhado pi(pio, não apresenta praia, c os bois ficam luctando com o rio. até conseíçu ponto de apoio r Então os sertanej pela vida das rezes, porque, seguiído dizem : O boi se afoga pelo rabo D Si 6 into o banho involuntário, vai-se-lhes o recto enchendo d'a ando o próprio peso, provocando a submersão do corpo todo. . uma tropa de muares, ou de cavallos, quasi não 6 preciso o app e a gritaria 6 dispensável; um tropeiro cai n'agua, puxando a amadr pela ponta do cabresto, que segura entre dentes, enquanto nada. Os < animaes seguem-na, como sempre. * * * Nossas provisões já se tinham tornado escassas. O assucar começou a faltar e appellámos, mais uma vez, para o mel delicioso da bojuí preta, da borá regi na, da jatí. 195 Os mola< lures (íornibam made m < Ic ipó, (Ic j que, ás ó velho tronco escondem seu , sem folhas e sem ! Abrem, depois, a ca erdor, onde as abelhinhas dade onde se aiuntou o mel grantc. E retirad(js mol ô mingáo, que 6 o própolis, os meladore para appro madeira um as ultimas gottas, passam pelas anfractuosidade da O chupão » dos mekidores é uma de pincel fc de um gmento de caule herbáceo, que recortam e repicam numa das pontas, cando-o de barbulas. * * * Um dos nossos homens, no Sapesal, teve accessos de paludismo em condições que não posso deixar de referir. Era antigo impaludado. Havia annos, porem, que não fora afacado. Fazia, como os outros, a prophylaxia quinica e mecânica. Tomava, dia- riamente, 0,25 de chlorhydrato de qq. ; dormia debaixo do mosquiteiro, próximo de outros velhos paludicos. Ora, desde alguns dias não encontrávamos ano- phelinas, enquanto que achávamos em abundância mosquUos-polvora e borrachudos. Não serão elles também transmissores do hcmato- pi ffe rentes ano- phehnas, que são mais do que isso, visto como rcpre am TYi vital, em que se passam pi de desenvolvimento physiologico do parasita? Não ha verá simples transmissão de merozoitos vivos? * * * No passo do rio Buriti existe um posto pjuardado por do mbidos da canoa. H Fig. 72 — Chupão dos sertanejos nicladores. annos que ali es versas Cellias ali funccionarios da 1 Certo não desejo Nunca tiveram febre o smo. D sempre ma. Colhi, toda^ lie passo, trop qual mais impaludado com sim annotações do meu caderno, tra- çadas com a preoccupação ab pára bater a theoria corrente Grassi estabeleceram de mod( da p verdad Cl Ronald R Mas prestaria um s alando, por amor das formulas, um f que me assaltou em meio da minha convicção Não também borrachudos transmissores do paludismo? 196 * * * Para o arcliivo de exí^ressuos sertanejas: Elle vai daqui ao Juruena num dia? A'dio ! Não vai ! Elle pôde com esta canastra ? Adio! Não pôde! * * * A eliminação do artigo, no inicio da oração, 6 fi-cíjuento Boi rodou pio rÍo abaixo. Boi pidou o dia inteiro. * * * Os Nambikuáras, desde a primeira vez que viram hoi, tiveram medo de tão extranho .animal, possantemente armado de grandes cornos. Do burro, ao contrario. Acharam-no parecido com a anta ; e devoi am os muares da Commissão Rondon. . . De vez cm quando, das invernadas, somc-se uma besta gorda. Os campeiros vão aclial-a alguns líilometros além da linha, no moquem dos índios, diante de um toldo de folhagem, cm via de ser devorada. Essa predilecção é mais um elemento para difficultar a coníhicção do material na Serra do Norte; porque, com os bois de carga, frequentemente, por necessidade, faz a nossa gente outro tanto. . . Algumas léguas depois do Pouso do Catingueiro, antes de chegarmos á estação de Utiarití, no meio da picada aberta no charravascal, avistámos, ao longe, um grupo de nambikuáras correndo ao redor de um cavallo. Comprchendemos logo que se tratava de um animal da estação, que ( .im furtado para pudemos, fazendo acenos e gritando": Náii-éê! Náa-âê! amos no Como si fossem duendes, os Índios fugiram, embrenhando-se charravascal, sem deixar rastro. Procurámos, todos nós, com afine trdho por onde haviam passado. Nem um s^ de caules^ entrelaçados e espinhos parecida haver engulido aquelles seis ^...... A Em pé, pernas r arquej por^alguns fios de sangue a jorrar do pescoço, da anca e da barriga, um magro e pisado, tremia num arrepio immenso, como si fosse um grande cavallo de gelatina. Das feridas sur-iam. osnll.nf.. — ....ç^^^adas também, longas fioclias rotidas no corpo do animal pelas farpas agudas. ( Extrahimol-as do misero cavallo. E fomos que nos acompanh dando lenta Sempre a tremer, ,a arrastando o corpo. Parava um pouco. Dep ndo PHONOGRílMMíq 14.607 (índios PARECÍS) ^is ^m ^ s ^ # PHONOGRílMM/í 14.608 . (SERTANEJOS CUIABANOS) Oh! ÒQn\ áan\ Oh! dan! ^m dan! Eu hei de mor_re can tan_do a ar ra -do Excursão Roquette Pinto, 1912. ^ -, I PHÔNOGRílMMfl 14.609 (SERTANEJOS CUIABANOS) Aw A. A Dão! óão\ àãol O ue . o ro nao ar ru_ma, nao ^n jn >] j I J i ^^^ mais ar ru_ma CâO A e_ crim a beí_ra d a _gua, Man_ge_ . ^C PHONOGRílMM/q 14.610 (sertanejos CUIABANOS) r^^tttn Excursão Roquette-Pinto, 1912- 197 com esforço, como dctsejando livrar-se, em ultimo arranco, daqiielle meio fanei Um kilomctro mais alem, parou, dobrou o ;o, c noz-sc a tremer ainda mais, e lá ficou deito * * * I Utiarití, onde se ergue uma estação, será, em breve, um povoado daífuclle sertão bruto. Hoje c colónia de Parecís do grupo Uaimaró, clic- íialar na Terra. E quem julgar que traço, nestas linlias, uma liy[)crbulc, tão do gosto de latinos, procure, no meio destas paginas, a evocação daquclla ba, em pallido esboço que o Sol gravou numa placa photogra- maravi pbica, alegria o prazer dos meus olhos. Escondida na magica l^elleza da queda, que não i, raramente encontradas entre índios de outros grupí da rôdc, da navegação, cerâmica rudimentar, toldos de folha Ignorância S(;ndo assim, os índios .da Serra do Norte — (Nambikuáras) — conti- n para Oostc a cadeia dos povos Gês, cujos representantes mais occi- aes, até agora conhecidos, eram os Suíás. IK. Visinlius dos Parecís durante séculos, os Nambikuáras quasi não soíTreram As duas culturas evoluíam até o ladu á lado, em gráos diversos de adiantamento, com poucas reacções m X. A agricultura surgiu têmpora, na população da Serra do Norte; e o fnrto parece derivar das solicitações do meio geograpblco. E' quasi certo, todavia, que o surto dessa industria foi condicionado por influencias extranhas, ainda não conhecidas, por meio das quaes obtiveram os índios o material necessário, visto como não se encontram entre cll é -^ es SHião as mesmas espécies cultivadas pelos seus companheiros de ■ XI. Do ponto de vísta anthropologico, os índios da Serrado Norte são absolutamente inconfundíveis com os seus vizinhos. Dos Índios ameri- canos os que. mais se approximam delles, pelos caracteres anatómicos, são os iVu-Anin^ts. m ^^}' Pi iíi^ios da Serra do Norte são atacados por uma dermatose rente do purú-purú, que seus vizinhos não conhecem. Essa moléstia, IJuanécêdiUà, cuja existência ficou bem documentada no lugar petente deste trabalho, ainda não pôde ser etiologicamente classificada. ff E*, prov tinea imbricata « 207 XIII. Seus parasitas principaes são siphonapteros, SarcopsyUa pene trans (bicho do pé), supposto originário da Africa, mas . , positivamente, espécie da Anienca intertropical, e liemipteros do género pedlcuUls: P. capitis, encontrados em todas as populações da Terra. Talvez mereça! este insecto, pelo seu tamanho, ser considerado variedade da espécie universal. XIV. Os Índios da Serra do Norte parecem ter chegado ao coraçào da America do Sul em época mui remota. XV. Sua arte plumaria é pobre. Apenas se inicia; sua musica demonstra uma elaboração bem adiantada. Seus desenlios — (lineares, polygonaes circulares) — são regularmente executados ; formas viva??, só desenham alguns animaes: saurios, ophidios (estylisados). XVI. Da anthropophagia parece existir, entre elles, vivas reniiniscon- cias, si é que a não praticam mais. XVII. Sua religião é um fetichismo pantheista, nos grupos mais atra- sados; nos mais adiantados, ha signaes de nascente astrolafria. XVIÍI. Qualquer que seja a situação em que estudos uUei-iores possam collocar os índios da Serra do Norte, seu encontro naquclla i-oiriâd, ( > naquelle estado de cultura, veiu alterar profundamente o que se admiltia como certo na etlmographia indígena do Brasil. XIX. Si forem definitivamente incluídos . entre os Gês, tornar-sc-á difficil admittir por mais tempo a origem oriental ou littnranoa dc^se grupo. XX. Si forem collocados no erruno Ariiak, mais importantes ainda de sua dcscobei ihcorla' de vcn den Steínen a região de origem de um povo é aquclla cm que se en- itram seus representantes em cultura mais atrazada. XXI. A migração dos Nu-Aruaks, neste caso, deve ter s de Sul a Norte, ao inverso do que pretende a edmologia clássica da Sid- do America /. XXII. Possuindo caracteristicas anthropologicas próximas dos Anu falando idioma isolado, tendo traços ethnograpliicos aprcsenlados poios ^V' os índios da Serra do Norte documentam a realidade de um facto anlhn pogeographico importante, já suspeitado desde a exploração do Xin.urj Foi no grande planalto do Brasil que se processou o traballm d differenciação ethnica sul-americana. 27 Vocabulário Ari ti (Pareci) Adeus Ari-iaánatcu (eu francez). Amarello — Uxikêre. Angelin do campo — Mahára. Algodão do campo — Oluiri. Algodão Agua Areia Arco Arroz Aldeia Konôhô. Oné. Uaikoheií. Korc-ôk(3. - Alôsso. Nauônakari. Kolô. iilio-e Arara vermelha Arara amarella Arara una — Kakiriíiarê Andar — — Ikatiimani. Amanhã — INIakáni. Anzol — Mairátuati. Assim Nikarê. Ananaz bravo — Kon-haló. Apagar — Heuaká. Aurora — Zotiákití. Arco-Iris — Zazorí. Araticum de arvore — Alohen. Almccega — Zaritaçii. Aracuan — Malátezôterc. Amendoin Araruta — Uaiacô. Zalaui. Azul^ Tiorêrê. Avô Avó Arvore A n ta Alto Amigo Alegre Abelha Atiutú. Abobe. Kôlôhõn. Arame de pescar — Alame-toerê. Abano Kotuí. Uabázêzê. Nohinauê. Numázalotá Uaidc-hokô. Kuái. Agulha de pau para tecer o imiti — Umatitocê. Agulha de pau para arrematar o imiti Kamin-hín. 212 Braço Boca Bom Nukanô. Nòkánaçii Uaiô. Bonito — Uaiê-hare. Bonito (muito) Borrachudo Uaiê-halôcê \iual A u. Alomô. Tomêrê. Bom-dia (Kozárini) — Kamataú. Bravo (zangado)— Alíxini. Bracelete feito com a cauda do tatu - Uatiçá. Beber Notrá Borá (abelha) Alatáguiri Bastante Bugio — Branco - Bracelete feito com a carapaça do Narináutirá. Kahanzê. Batida (caminho feito pelo andar) ta t ú Baixo luctonikôn Tiuka-hazczc. grande assado no Bebida fermentada de mandioca — Olonití. Bebida dl' milho — Uikaza. F líom-dia (Uaimarô) — Ucrauaká. Bastante — Nikaretá (Uakatú) Beijú (Kozárini) — Zômo Beijú Suçukorê. Banhar-se — Nakuãn. Bater — Namôkutiá. borralho B(»m-(IIa (Kaxinití) — Uzalauáká, Bexiga Nozotcnideakúa. O Cal Cabclio )Cra K no Níjçucri Nuçui. ktiii. nc. O Maceu — (cu francez). Chegar Ccu~ Clinva Campo Curicáca — Kotála. Cheio tom[ioral — Arití-amúri. ■ Cli('f(^ cíípiriiual — Uti-arití. Crianra— Zuimã. Cr-iança de peito — Ená-môkncô. (a) Criança de peito — Uiru-mAkncc. (Z^) Cajii Chumbo — Kuruçii. Caçador do matto — Zaníkonikarc. Caçador do campo — Aiká-akaitarô Kauke-cná. Cocho para xíxa — Kutiúnaçu. Cabaça — Matukú. Comer — Naniçá. Cotia — Ilekcrè. Caetetú — Auaruçii. — N(3kauki. Chegar CoiTcr — Natê-cnA ou TTatc-èna. Cometa — Zoracfi-Xahion. (Uaimarê)-Zuitiá. (Kozárini) — Zu\ itiá. Casa A ti. Conta (missanga)— Netatí. Carrapato — Koôrc. Caj ú — Cinta de contas lavití. Cinta de algodão (Kozárini) — Kava- Kônôkoá. CulU'(> Míri. Coatá — Uakánurc. Clava de guerra — Tiavô. Chocalho feito de piquí, para o torno- zcllo Cupim Calças Camisa Zôzá . iVIunurí. Okíititiní, A ri ti ti tini Capella— lamaká. Caçar no matto (Koz) — Kakôniçá. Caçar no campo (Koz) — Kuatiá. 2\3 Cipó imbc — Matckô Chover — Oneliená. Cobra Oi. Cansado Kakaiharô. Cortar pau — Irikutiá-átia Cosinheiro — Tiômitarc. Chuva grande Xevorezá. Carnniho Autí. Cabocla — (arvore) — Alatéu. Cunhado (Koz) — Nohãn. Cunhada (Koz) — Nonãn. Cunhado (Uimaré) — Notiáunerô Coração de negro Idrf. (arvore) — Fa- Cesta de carga — Kôhôn. Cantar — Kaiuiná. Capitão do campo — (arvore) — Ta- Calor — Uáitiá. korê. Cheiroso — Airázôrô. Carvão vermcllio — (arvore) — Za- Collar de contas (Koz) — Ená-tatí. hin-olarê. Coração (meu)— Nômáihací. Cabello de negro (arvore) — Mitôcê. Coração (delle) — Maihácití. Cambará amarello — Zotonoteu (eu francez). Cacete (Uimaré antigo) — Tihalô. Cacete (Uimaró moderno) — Tiohun. Charravascal — Uatiá-cezalô. Cará Haká. Carretel — Konohí-inaçá. Chapéo — Xapepá. Conserva de mandioca — ^Kêtôhê Cérebro — Nokaihi. Corda Makáno. Cesta para dança — Hoôzi. Cesta de carga — Kohõn-Kichí. Cabaça pequena — Matokocê. Cabaça grande — Matokô. Cabaça (Chocalho) — brinquedo do criança Ualaçíi. Cuia Ichicá. V' Dente — Naikurí. — Nòkahfn-hin. Dedo — Dourado (peixe) Ualá-korê Dorso da mão Nôcitari. Doença — Aicitonô. Doença — (trauma) — Kauêakití. Dar Içônê. Deitar — Neukutuá. Dormir — Içámaká. Deixar — Içaunitá. Aritíuiôrê, Ximuzuatí. Doce — Defluxo Dor de dentes — Aikulití-kahen Ema Eu Ao. Natu (Nô) Espingarda Korenaçii Esperar — Auxíra. Entrar — Içuaná. Eis ahi Akó. Italá. - Içôká. Elle — EUes - Escudo de folhas para caçar kúti. Estômago — Axití. Zaia- 214 Fronte — Notíaurí. Fogo — Irikatf. Foice — Katáikorê. Falar Niaurí. Feiticeiro Itihánarê. Faca Kiiçú. Flecha em geral Korê Flecha de ponta larga, de taquara Uaihalá. r Flor (Kozárini) Ivití. Flecha para aves (Koz) — Kôrêka- Flor (Uaimaré) — Hihivê koánihakiní. Fructa de veado (arvore) — Kumá Flecha para ave (Uaimaró) — Korc- Feijão pampa — Kumatá. kakoanihaká. Feijão de vara — Kumatá-irú. Flecha para anta (Uaimaró) — Ko- Feijão preto — líumatá-kierô. rokakoanihalíákotuí. Folha — Tiand. Farinha (Kaxinití) — Tiolohcn Farinha (Kozárini) — Tuloivô. Feijão vermelho^ Kumatá-zoterô Facão — Kúçú Kalorê. Filho — Nitianí. Fazer rumo Irikutiahán Festa gr*audc Fome — Kairí. Fumo — Adjfe. Kaulônena. Frio Tilialôhuihiê. Flauta nazal — Tsín-halí. Faixa de carregar criança Zamáta. Forte (valente) — Ikinátcreu (eu Fronte — Notiáuli. fi'anc<íz). Fumaça— Cimôrê. Fuso Fuhá Tiiru . Kozcto-hôn Gullinh; Oallo Grande i Takuirá. Takuirâ-cnarê Kal ore. Guoi Tciro — Ualiaaríl Gente Tui tá. G os> (( j. - Ruim — Maiçá-uaiázu. Retrato — Tihun-iukakalá. Ser supremo — Enorê. Sariema — Koláta. Sol Kamái. Serine:ueira o Sogro Sogra Som no Sair — Uariçá A vo. Kôk Nakerô. Nemaki. — Aikuatá. Suspensórios de algodão S Saiote de algodão — Imiti. Saracura do cb a pada o — Maxâla- lagá. Sábio — Uitámalvêrê. Subir (ás arvores) — Kakuában. Sucupira preta — Azutu. Sucupira branca, Faveira — Uazána- kabin. para os Scputá do cerrado — Zamôriná. órgãos genitacs — Sáiue-saratí. Sim (assentimento) — Halian. T Terra Trovão Uaikôen. Onotálôlôtá. Tocanguira Também — Triste Nânâ. Taraliãn Uáiiní. Tapera — Itiá-menocê. Tanajura — Kotabôn-on. Taquarinba — Korétá, Tatu cascudo (pelludo) — Makuriçá. Tarumarana — Ariuá Tatu canastra Mal u lá Tia Ekokê. Tripa Tio Aití-hin. Kôkô. Tamanduá-mirim — Norítli (th inglez) Tosse — Tonokoatí. Tamanduá-bandeira Tigorê. 28 218 Urubu Olohôn Urucú Aliitê Veado do campo Zotiárc. Veado catingueiro fraiicez). Veado mateiro — Zotiáre-kuakêre. Vamos — Uailá ou Uaiá. Vou cu — Nozánita. Vão elles Uaiiená VocC Veneno Iço. Ihôzarô. Vermellio Zotôre. Uaiadeu (eu Verde Tianá. Vir Vei Teuoná (?) Zamarí. Vomitar — Xiriakariceu (eu francez). Verdade — Alágini. Velho Vinhatico Oiô. Dabiolarê. 219 Vocabulário Nambikuára-Tauitê Ante-hraço — Tanokrô Barba Braço Bracelete Taiuitê. Toarabatndc. — lái-ndô. Boca Cabello Taiúirí. Tanaguitc. Ceu Uútcinclô, Cotovello Tanokiirukrí Criança (filho) — Tauhitê Cuia — ■ Ualotê ou Kautê. Dedo — Dorso Tahitê. Taragutnarí. Joelho — Tacinguedukrê. Lábio — Taiunindê. Lingua — Taiú-hendii Mão Toaiguedokrô. Nariz — Taiúiran-hdí. Olho Taiendê. Orelha — Tanakalatndê Pé Taiutê. Perna — Talahendê. Peito Tanokaindc Penis — Taguirí. Panella Uat-ndí. Queixo (mento) — Taiu-kautô Tanohurc. Tataharí. Seio — Ventre 220 Vocabulário Nambikuára-Tagnani SERRA DO NORTE RIO FESTA DA BANDEIRA (Rio Karumi) Axilla — Uenakalauehdí. Ante-braço — Uánokrí. Arco — Agua — Algodão Bastões ignigonos Hutê. Narutundú. Giindô. Haitandii Boca Braço Uai uri. Uanokrí. N ■ Bracelete — Talate. Carne — Lutú ou Lute. ' Cabeça — Danakitú. ■ Caljello — Uonekitê. Cavillia para o lábio — Tauirirí. ( Cesta — Tchirê. Cigarro Etii. Cinta de palha — Tahunduru Cotovello — Uonokurokri. Coxa Cuia Dedo Uacednorí Eruendí. Uahitê. Dente — Diiiiirú. Dorso — Estrella Ueragodnê. Tan grê. Faca de pau — Hikautí. Flecha de taquara — Uaindê Flecha romba — Duhíindê. Flecha lisa Ilauguid e Fogo- Fronte Ekatè. Uignakri. Fumaça Tchindê. Gritar, grito (larynge) ? — Uilakiirokrf. Gafanhoto Joelho Lábio — Uikohuin-ndí. — Kiguitô. Uaneguerú-kurande. Uaihendê. Machado de pedra Lingua Iliaugnindí. Macaco {Cebiis sp.) — Hotè. ' M ã o Uahitê. Moquem — Hirirí. Massa de urucfí — Huduhúkaidí. Mandioca — Hiritê ou Chiritê. Milho ^Guiatê ou Kuetê (ou Nariz — Oiranindê. Cavilha para o septo nasal — Ko-ndii. Olho Uignindí, Orelha — Unaçolandê -Irikatê. — Uaenakaedè. Pau — Peito — Pescoço Pellos pubianos — Uoguirí, Perna — Uanadurí. Uaelatgotê. P U liutê. Rede de dormir (nossa) — Teendê Tchoiidí. - Uano-hurí. Sol 'Seio Terra — Alôre. Tatu — Ualutndii. Urucíi — Uduhúkaidí. Unha — Uegatndô. Para chamar — Heron ! Heron ! Para perguntar — Irírí? Irírí? ou Endutrá? 221 Vocabulário Nambikuára-Kôkòzú mo JUINA AJKIIIO — KlirkÍri'i. Acender — IIancçi'i. Aiitr-hiaço — Uanukizú (ou çíi.) Apagar— Un ri (irá. Correr Cobra Ikedutii. Diçú (ou Tiçú) Tlukiçú. Arco Artelho Andar — Aikcdíitfl. Aspas das flcolia? — Toaiiigualizú Coelho — lakeçú. Colhereiro — Dializú. Coruja Cuia — — Kalendzií. Kateçú. Cabeça — Toanekiçú. A icuinçú. Agua Unrazii. Cabello Caju — Uaekikiçú. Erekiçú. Uentzii. Campo Caminho — Dihinuçú. Caveira — Mamaklizú Abelha bojuí — Detoçú (P), Abelha jatí — OiaçLi (P). Abelha borá cavallo — Arukitaçii Caracol — Baáhcndutu Anta — lunzú (P). Arara — Aranzú (P). Borboleta — Uodedeçil. Bolo de tapioca — Urikanzú. Bocejar — Toaiá-eadnuzil. Chuva Ueçú. Chorar — Nandiitu. Criança Calor Braço Oanukiçú ou (zú). Bracelete de fibras — Kolá-antçú. Brinco — Arokiçii. Bacaba — Ucdndii. Buriti — llèènl. Beija-ílor — Duníriguizú. Bigode Boca — Casa Cantar Cipó Uetú. Uanindiitu. Siçíi. — Haiguedazii. Ilukinuzú. Como se chama? Qual o nome? Iriritoá? Cupim Cahú. — Toaioetaçú. ■ Toaiuçú. Bonito — Uarú. Bosta — Taiguenoçú. Cesta Ceu Dente — Toaiuiçú. Defecar — Tonsignuçú. Doente — Itonendiitti. Doer Itonendiitu. Atiçú. Ocendj ú . Cinta de filtras — lalaçú. Cinta de contas pretas — undzú. Circumfcrcncia — Trengçú. Concha, dos brincos — Nenzú Corda — Alonuçú. • Comer — lariirindutii. Dormir — Akguriguidutii. In Dorso — Toadaçuçú. Estrella — Ikitaçú. Espirrar — Uaikacc-inguikêçú Kain- Faixa de carregar criança — Çáarú. Feio lukiú-kinikidutú. Ko- Fio de algodão, das flechas — ndzú. Fio de fibras, das flechas — Kaceçu 222 Figura, desenho — Korcnaiiá Filho UetLi. Flecha do ponta de taq. — Uaeliçú. Flecha de ponta chata— Aieraçú Flecha de ponta lisa cylindrica — Anieeçú. Aneiúherú. Fogo — Folha para cigarro Folha — Adenandzú. Fronte — Toaiêkuzuzú. Fumaça — Aiokeçú. Fumo- Fuso — Enanzú Etú. Gdaretatú. Flauta — Kaiguetazú. Flauta nasal — Hait-teataçú Flor Talatçú. Gritar — Kaiguctauçú. Gravata — Koalonentçú. G rillo — ■ Baguedaçú (P). Grão de gallo Aluinikiçú. Gnariroha do campo — Konin-tô Herva — Ikazú. Homem Isso, esse Noçil. Dera Jatol)á — Oianl. Jacaré — Nuntacú. Joelho — Toakiritan/n. Lagarto Leite í^narú. Anumícú, Lcvantar-se Ihái-cenogodotu. Lagartixa Lingua Longe - Lua — — Lanoçú. Toáioherú. — Uctçú. Trikiçú Mamma Anunguctizú. Massa de mandiuca Urinodzú. Mastigar Macaco - laigucdutú. ITotú. ISIangaba— Katckiçú. Mata Mão Mel Daikiniotçil Toái-ikiçú. Duhiazú? (P). Morrer Mulher Aunindutii Doçú. Nariz — Toiaionendzú. Nó de taquara — Karitandçú Orelha Toancnendzu. Orifício no lábio superior — lonkon- nandetii. Orifício do septo nasal — Ononkon- nandetii. Onça Olho Páu lenarú. Toaí-ikikiçú. Arvore Içii. Pálpebra — Toaiecindjú. Palha de uauassú Uenandzú Páu santo — Hinekiçú. Pellos pubianos -r- Toaliketaçú Peixe Aiutchú. Pennas das flechas (sariema latoedçú. Penis — Toakiçú. Perna — Toaçuçú. ^ Ko- Pé Toaiukizú. Peito — Toanunkizú. Pescoço — Toaietolozú. Perdiz — Uiteá-guiçii. Pilão Notú. Pingente de fibras para o dorso Taiaçu. Piquj- Pioliio Ralo Raio Aarii. Kaní-iniçú. Tomaríi. Uaduguezú. Resina das flechas Toaticú. Sangue NiaendçLÍ Sariema — Kolatzú. Sepultura — Iluríndíitu. (1) (l) Esse vocal)..!,, paroccformatlo do um termo tagiiani: uluie-terru, e outro kôkôzú ; nandetii - orifício buraco: Alâre-nandelu — buraco na terra. 223 Sc 11 tn,r-so (acoc( )rnr-S( ■) (loíii. Sim Sol Suui TTan-linn! Uterikirú. Ualfiniçú. 'i"a([)inra d.is flechas katgú. Taijuara — Ikiilrlkazú. Terra Inoçú. TeiTa tle roniiigiiciro Aclkáucko- Tocanguira Triangulo - Tietátáglizú (ou çú) Nendzú, Trovão — Taridzú. Tucura — Taketazú. Umbigo Takodadlizú. Arukiri- Unha do pé — Toaiutçuakezú. Urinai Kcrcguetauçú. Urucú — Dukiçú. Ventre Kalunuzú. Vulva - Toaendzú. Akiocú. Tcsticulos Toalikirú As palavras marcadas (P) pertencem a um vocabulário colhido pelo tenente Pyrineus em 1911. 224 Vocabulário Nambikuára-Anunzé SERRA DO NORTE RIO 12 DE OUTUBRO Aiite-braço — Uanozuzê Jacaré — Nuntacú Arco Ukizô. -Uanukiztí. Joelho B raço — Bracolete — Nokonigiiíguizô. Lingua Uaguididanze Uailelierú. Linha — Kuituiçú. Boca Uaiuarc. Mão -Uaikizê. Brinco — Nan-ninzc. Breu (resina) — Duhutaarú. Bom IdakiiikdacLi. Bastões i^nií?cnos Ilaitzu, Machado de pedra — ^Eun-etú Manto de palha — lelaçú. Mulher — Duçô. Nariz — Uaonenze. Cabeça Uancgiioh"!. Olho Uaickedalvzú Cavilha para o nariz — Uonedczê Orelha — Uonaninzê Coxa Uanikizô. Cotovcllo — Uanokundunzô. Ceu UacInzA. ColUir de contas — Kairizc Comer Cora r n o Ik (luze I a 1 V zê Cera Caju Dedo Duhutaarú. Echrú. Uaikuenrczê. Dente — Uauizr. Dorso — Uatíii/.ê. Espádua — Uanotoarizè. Escrotos Faca — Uaiariguinizô. I u rê Flauta — Kiazê. Flecha cm geral — Hauktlçú. Foiio o Fígado Anizè. AierC'. Fronte — Uaenakezô. Homem — Idnizê. Pd — Uaiukizê. Perna — Uaçuzê. Penis — Uakize. Penna para o nariz— Unetizú. Pente — Halatzú. Pingente de pennas — leiakizê. Pau- — Içuzê. h Queixo (Mento) — Uaiukluenze. Raspador (de dente de capivara) laki • « izu. Remédio — Inekiaçú. Tatu — Nunzê. Tatu gallinha Terra — Inozê. Tripa (Intestinos em Hatdenandzú cr eral) Aiokzê. Unha Uaitnakeze. Uaikedanzê. Umbigo Urucú — Duhiazê. Ventre Uatiçú Veado — latarú. CORES Azul Amare líiihiearú. Ho Katetiçú Branco — Kuidiçú. Preto — Ilaikiduçú. 22r; Preto — TadneaziJ (] )reu). VcrJ e Ccdecccicdcnopú. Vermellio — Duliiaçú. Que é isso ? — lanakerê ? ou Uaza- nakerê ? Que nome tem? — Uaiziguidí? Vocábulos colhidos pelo tenente A. Pyrineus de Souza Abelha achopé — Arazi. Ahellia borá rei^ina — Kaiudêzê Abellia mandurí — Kloarizô. Abelha mandaguarí-vermelho — I uze. Abelha tatá Arizô. Abelha tibúna — Tararê Arara Aranzê. Araticum — Ararê. Abóbora (nossa) — Ariatecê Carne — Uanozê. Garça — Mokarê. Grillo — Dakizê. Gordura lonezêzc. Lambari — Kaiarê. lanuzê. Lagartixa Lacrau — Aiam-dacê. Maribondo — Urutecê. Mel Dezazô. M ulateira — Kuruaiudezê. Piau Pacú Akurizô. ■ Mambíre. Pintado — Uanuncê. Pomba — Tuizô. Porco — lakizê. Palmeira castiçal — Kaicô Periquito — Kakaitezê. Quatá — Kadoze. Quan-quan Peantezê Dodecê. Aiti e. Rato Roça Rio 12 de Outubro — Ori-kandozê. Rio Nambikuáras — Oarcioá-kandczô. • Sol Ikidazê. Urubu — Uruciú. 29 !■ • \ NOTAS RONDONIA Inaugurando as conferencias do Museu, em 19 15, o autor propoz esse nome para desig zona prehendida entre os rios Juruen Rondon » . Os elementos geolog e iMadeira, cortada pela «Estrada Rondon». geographicos, botânicos, zoológicos, anthropologicos e ethnographicos que E tal região tem fornecido, originaes e numerosos, justificam a crcação desta província anthropogeographica. (Cf. Mappa.) COLMEIA DOS PARECÍS . Os Parecís coUocam dentro de uma grande cabaça um enxame da Jatí. Obturam a abertura da colmeia, deixando, apenas, um pertuito onde os insectos fazem porta. Depois perfuram a cabaça num ponto escolhido e tapam com cera a abertura. Logo que as abelhas têm fabricado mel bas- tante, rompem tapume de cera e sem mais incommodo furtam, por ahi, o liquido delicioso, enquanto na colmeia o melificio continua. Só conhecendo bem os hábitos das nossas abelhas poderiam ter chegado a essa apicultura apurada. Em geral as abelhas do Brasil fazem favos irregulares, incertos, anarchicos, . . Paginas Xlll 5 22S Só a Jatí, [Jã-li = a branca) entre tantas,( Trigona Jali), reúne os seus favos em disposição regular, em dados pontos, e assim permitte o bom êxito do estratagema pareci. SIPOTUBA Sipó-túba = Cipoal — Rio dos Sipôs. ESCRAVOS AQUILOMBADOS Era frequente a fuga de negros escravos para formar núcleos sil- vestres (quilombos). Martins sustentava mesmo que raras tribus de indios não haviam entrado em contacto com africanos. CABORÉS Mestiços : indio x negro. AGRICULTURA NAMBIKUÁRA «A Bandeira achou no Quilombo grandes plantaç(5cs de milho, feijão, favas, mandiocas, manduim, batatas, caraz e outras raizes, abóboras, fumo, galinhas, algodão. . . ». Talvez tenham partido d'ahi os germens da agricultura nambikuára. TAPANHUNAS De Tapuiuna = o barbara negro (Theodoro Sampaio) — A existência de uma tribu de negros nunca passou de facto lendário, embora repe- tido por autores de nota. O nome deve ter sido applicado, a titulo de alcunha pejorativa, a indios escuros de algum tributário da bacia do Ju- ruena. PANELLA DE BARRO DOS INDIOS DA SERRA DO NORTE ■ O Museu possue hoje grandes vasos desta natureza trazidos da Serra do Norte. A peça figurada nesta pagina merece destaque especial porque f «i a primeira obtida, em 1909. LADARIO, ETC. . O autor está convencido de que a nacionalisação do Brasil é hoje o niaxnuo problema desta pátria. E como o patriotismo é antes sentido do que pensado, os symbolos, que despertam na alma popular limentos que pensamentos, devem ser cuidados com carinho. mais sen- Paginas 5 9 10 14 23 29 36 229 UBÁS Paginas I São graniineas : Ariindo donax. QUEBRACHO E' o qiicbracho vermelho {Loxoptcrigium Lorcntzii, Griseb). Esta anacardiacea prcsta-se admiravelmente á construcção e fornece excdlcnte material tannico para o preparo dos couros. MOSQUITOS Nesse trecho do Paraguai os vapores são invadidos de Culicinas Biguá = Carbo vigiia. Biguá-tinga = Plotiis anhinga. Caracará = Milvago sp. Cegonhas = Herodias egretta. A, Garças = Leucophoyx candissima. 1 a H NHANDUTÍ A teia de aranlu. Do tupi : Nliandà ^ a corredora (aranha), //:- renda, teia (Theodoro Sampaio) ■ PARAGUAI De Paraguá-í. Em tupi = Rio dos Papagaios. (Theodoro Sampaio.) HERVA-MATTE Caá, no tupi =- a planta, a herva. (Theodoro Sampaio.) BEM-TE-VI Megarhynchus pitagua VEADOS Os veados do pantanal que interrompe as grandes matas do alto Paraguai devem pertencer ao gen. Mazama. 38 38 38 BIGUÁ, BIGUATINGA, CARACARÁ, CEGONHAS, GARÇAS 38 40 40 41 42 52 230 BUGIOS CINZENTOS Trata-se ahi de Cebideos do gen. Allouala, mais conhecidos sob o de nome Guaribas ou Macacos roncadores. A diíferença do pellagio nos dois sexos é muito accentuada ; dir-se iam duas espécies. GUARÁS Phenicoplerus chilensis. 4 COTCHO ■ Voz cuiabana do vocábulo côclio. E' uma viola sertaneja feita á facão, com duas ou quatro cordas de tripa ou de fibras de palmeira, arranjadas com o material da região. Em certos desafios, o colcho é acompanhado pelo gúiw^á, espécie de matraca ou réco-rèco. Na sua collecção de ethnographia sertaneja o Museu Nacional possue ambos. PEDRA CANGA * Ou Tapanhoacaw^a. Do tupi : cabeça de negro. E' um conglomerato ai-giio-fcrruginoso formado por fragmentos de ilabirito. FERID A BRAVA F Alguns aci-cdilam que o parasita desta doença seja transmitlido por acarUios dos gcns. Ambiyomma e Ornithodorus. (Carrapatos do chão.) JACARÉ Caiman scicrops. SUCURÍ. , Euncclcs murinns. E' o maior dos ophidios. Vive a hám dagua. POÁIA Ura^oga ipecacuanha, Baiil. E' a poáia verdadeira. O nome vulgar c allribuido a plantas diversas. POAIEIRO Lipaugus cine rascais lÃPIRAPU AN Do tupi: Ita-pirapuan = pedra da arraia (peixe redondo). Segundo Murlius sci-á : boi redondo = tapira-apuan. Paginas 52 54 54 56 57 61 61 61 61 67 231 JEQUITIBÁ ''^""" ■ 68 Ca riniaua brasiliensis. GUAHIRÔ .... . . • f)8 Cocos oleracea. MAMÃO 60 Carica papaya. Marcgrave encontrou a espécie nas matas brasileiras. Martins, ao contrario do que affirma A. de Candolle, menciona o seu nome e dá-lhe etymologia tupi (Beitrâge II, 399). SAPOPEMBAS ; ^^3 r Do tupi : Sepó-apeba, raiz chata (Martius). BANANEIRAS .^ Musa sp. líumboldt procurou sustentar a origem americana desta planta. Hoje, botânicos e ethnologos estão deaccôrdo, admittindo que a pátria da espécie tenha sido o velho Mundo. E, dessa consideração, deriva a importância que tem a bananeira para caracterisar o gráo de segregação das tribus do Brasil. PACÓVAS 70 * Scytamimeas dos géneros Calathea ou Hehconia. MULATEIRA 70 E* uma Leguminosa. GOIABEIRA DO MATTO 70 Fam. Myrtaceas. PÁU SAN TO • • 70 Fam. Bignoneaceas. MURICÍ 71 Dirsonima sp. Fam. Malpiguiaceas. KARÊKE 7^ .— . — ■ ■ • , Általea exígua. 232 AIRÍ p^f^-t^fn^ 9» Ástrocjrvum sp. PIQUI Ca ryocj r brjsilitvisis. * SARIEMA MicroJjciyliis crisljlus TUCURAS Schizocerca sp MAMANGÁBAS Vespidios do gen. Bom bus JABOTICABA DO CAMPO Fam, Myrtaceas. MANGÁBA Hanconiia speciosj, de Gomez (1812) ou Riberu sorHlis, de Arruda Camará, em homenagem ao padre João Ribeiro, um dos marl} res da revolução nacionalista de 181 7. MOSQUITO PÓLVORA Dipteros do gen. Cidicoides [Cerjlopogon) TÉRMITAS Cupins = Leucotermes sp. EMAS Rhea americana. ARARAS melha.) Anodorhyncus sp. (Arara azul ou arara-úna). Ara sp. (Arara ver- CORUJAS Speotyto sp LOBINHO Cannis brasiliensis 93 95 95 95 95 95 95 96 96 96 96 96 233 LAGARTOS Paginas 1 Jufitumtí^ icguixin (Teiú) CALANDRO OU CALANGO Tr^ftJurus t iquilm SERINGA ILvea sf>' PERDIZES Rhiiuhotits luftscens NARCEJAS GiHinaí^i >;/•. INHAMBUS Cr) pi urus sp. JURUENA /?io dos Pjpj^jios. Vocábulo liybrído tupí-aruak. (Martius) = Ajurú [i) -- paf\ijraio. Oné (ar) = agua ou rio. TUCANO f\lijmf>íijsj'>< 5/». • GUAEANÁ Pãulinu cufunj, Kuntli. CL: E. Roquettc-Pinto — O G«jrj//J, m **A f^itoura" — Rio, 1912. FEUCTAS DE LOBO Soi.i n u m Ivcocã 1 p u m JATOBÁ 96 96 100 lOI lOI 101 lOI lOI 102 102 103 /hmencj courl.iril MANDURÍ III ^ k 7 ipona m j rgiii .il,u MANDAGUAEÍ III 'Iri^ona sp. Fornece mel ag^oaJo 30 234 URUSSU Melipona sp. TATÁ rrigotia cjojfógo. Em tupi : Litá-ira = abelha de togo BOJXJÍ Trigonã sp. BURITÍ Maurilia vhiifem. INAJÁ M:ixim ilu na rcgLi . SOVEIRA OU SORVEIRA Drosim u m galadodcndru m . PALMEIRA CASTIÇAL fl íriartea cxhorhiza. • BACÁBA ! Oenocctrpu^ dislichus ASSAHÍ Enlcrpc sp. UAUASSU Allalcã spcciosJ 4 PACA Choclogcnis pacn . CAPIVARA IÍ)\íroch.) 113, 155. 156, 188. Balsa loó Bandeira ■ . 4, 10, 11. Bandeirante 6 Bandeira (Festa da) rio 113 Barreiro (córrego) 18 Barreros 43 Bem-te-vi 42 Beri-beri 67 — (polinevrite) , . , 49 BoijÚ ifK) Bicho do pé [Sarcopsylla peneírans) ... 207 Bicheira 198 Bígfuás . 38 Biguás-tingas :>8 Bois J69 Bojuí (abelha) ur^ 194. Borá-regina (abelha) 194 Borboleta (Brassulinge) 189 Borracha ^7 Borrachudo {Símulidse) 70, »03, Í95- Borrachudo (piúm) 95 Botocudos. , . . 128 158, 203, 204, 206, 207. Braceletes deltoideanos 161 Brachyskéle m^ Brasilio-guaraní (raça) 128 Breu ■_ iS:. Brincos , 1 55 187, Brotas (Villade) 25 Bugios , ._ 52 Buriti (rio) 29 Buritísínho 100 Buriti (vinho, mel) m Buritis (Três) 113 Paginas O ■ Caá 4" C:\ba^a {Lagenaria sp.) i'^^^> Cabeças (rua das) 56 Cabello dos Nanibikuáras 42, 136. Cabixôs Ml 18. Caberes 10 Caça 168, 172. Caing-gangs * 31 Calango 159 Campanha dos Parecizes 5 Camararé (rio) 22, 109. Campos de Commemoração de Floriano. 112 — Novos 110 Cannibalismo 161 Cão. 169 Capacete de couro de onça ....... 204 Cará 92 Caráz (plantação de) 14 Caracarás 38 Carandá (carnaúba) 37, 41. Carne de vento 59 Castiçal (palmeira) 1 1 2 Catingas 83 Cauixána (anthropometrla dos) 132 Cavilha nasal 166, 187. Cavihis (Índios) 7 Caximbo 204 Cazalvasco 10 ■ Cedros 65 Cellias ■ 195 Cephalometria dos Nambikuáras. . . . . 141, Cerâmica 205 Cerrados 61, 62. Chanjá [Chauna sp,) 42 Chaniacôcos 44 Chapadão (índios do) i, 7, 96. Charqueada 44 Chicê. .' 157 Cigarra [Cicada manniferá). loi Cipó-titára 194 2H0 Paui; M3- NAS M'S CutCMo (i li '^Jpiifunni n:imHkujfu.} . • T03 163 *^'»llaic-. ii^ N\*inhikiiAra.^ 18- ( iiii4)diniit.i do Jouil ^4• 53 2 1 Coador • 33 9 • 4 Ciiu^ui^taJores Viccnilsui .... TAr Dactyloscopia dos Nanibikuáras r48 Parecís 79 Dansa? dos Nambikuáras 172 Dentição entre os Nambikuáras 119 Dermochromica (tabeliã) ..,.-... 73 Derruba*li^ ncrinatíise especial Jo. Nambikuáras Descalvado (porto) Diamantino 92 119 53 r I 26. Diadema de pcnnas DiíTerenciaçno doe ser*^ dos Xambikiiiras Domicilio 166 118, «57 FAorNAS n^.tla de Raddc '35- Escala de Hrcca 78. Escravos de Guiní Estatura dos Naiiihikuáras nó, '35 3 •37. '38. 142, 143- EsHr3o (do Pirará; Estudo dos índios Aritis 93- Estudo dos índios Nambikuáras . .... 115 45 11 92, F 65, Faveiras 170. i Fazenda no Fecho dos Morros 45 2 186 68, Feitorias castelhanas Feijões [Phaseolns sp.). « ■ * « Felicidade (Salto da) 69. Ferida brava 57 Festa da Bandeira (rio) 113 Fetichismo 83, 176, 207. Filhos dos Nambikuáras (transporte dos) Flauta dupla nasal - 169 204 88 Flechas '^3» 184. Fogo Foguinhos. . Folhas largas de madeira (armas) Formiga {rio} • • 161 158 6 105, 193- Formoso (rio) . Fructas de lobo Fumo 70 102 14 > 163, 170 Funerários (ritos) Fuzo 176 186 Ema . Embir E (matiri de) Encangalhar (costumes sertanejos) Encosto Enfeites de palha Envergadura (dos Nambikuáras) 6 160 65 68 100 204 139 Galera (rio) 10, 12. Garapas Gavião {Falco sparvenus) Gc-Botocudo ...••• k8, 203, 204, 206. 207 Gcnipapo 9 > 65 197 128, 133 210 Goiabeira do mato. Grito de Nokauixitá Gruta do Inferno. . Guarirobas .... Paginas 70 83 48 65, 102 68. Guaraná Guarani (raça Brasileo) 128 Guaiakis 204 Guahirô 65, 68. Guatós (Índios) Guató (porto de) Guaporé (rio) . n, 12. Guaniú-jar.ian , 5í 10, 40 Guiati'1 185 Habitat dos Nambilaiáras Habitaylo dos Parecís . 22 ........ 8 ri dos Nambikuáras 154, •56, '57. llait-teataçú 188 TTerá-herahíím Hespanhúcs . Ilifiipotuba (Sipoiuba) Ilôõzi llugucnotcs lluniaitâ. . 92 2 5 90 35 3a I Taiaçu IÓ7, 187. lamaká latokC 6 84 Idade da pedra 203 205 ídolos Igapó, Ig-nacianos 6 lOI 3 índice cephalico índice facial. . índice nasal. . Inliambú - . . lôtiôhô .... 83. Ipé. Ipeca J Juruena 5, 6, 7, 8, 19, 20, 103 Juruena (trácia do) 29, Juruena (rio) . . 21, 22, 25. Juruena (!■ expedição) (2' (3' ) ) Jaurú. 55. Jamari 28. Juina. . . 28, 29 Juina (rio) 106. Jaguary, . Jacarés (índios) Jaci-paraná . . Paginas 144 144 144 no 81, 50 92 Ireng-çú • . . . . 176 Ixiçá - 90 2 24 > 10, 28 28 28 4 8, 19, 22, 21 22 28 Jacarezinho (flora de) ... 65 Jaboticabas 95 Jatobá Jatahi 103 18^ Kabixis 7, 21. Ignigeno (bastão) i6í, Kaiterú. . . . : , 93 Kaiabis 204 162. Ikê (rio) Ikatnerâ, ÍÍ3 «59 Kalauati 90 Kambayuva 22 lliocô (rio) . 95 Kamái-liin-hokô 91 Inibé [PhilodcfLlnm hnbé-cipò) 184 Kaniairô 93 Imiti 90 Kamáizokolá 8 Inajá (palmito do) 112 índios negros 133 índios (situação social dos) 200 .■) Kamin-hin 91 Karajâs do Araj^uaia 23 Karêke 71 241 Paginas Kateçrt 187 Katimuzú 186 KauIoncn;\ 83 Kaxiniti (Índios) 73, 80. Kilia-kocití 91 Kirirís (lingun) 23 Knhrtn kixi 9» Kõivôzú (inJio:>; estudo anthropologico e cthnographico dos) 115 KôkOzM (Índios; etymoloo ia) 153, 165. Kôkôzú (organização social dos Nanibi- kuáras) i74 Konolvoá 90 KoiiJzii i^ Korô 92 Korê-okô 92 Korêkak(iá-nihaka 92 Kozárinis (Índios) 73» 80. Kuái 91 Kurupira 7° Lambe-olho (abelha) '99 Lavrinha '^ Línguas -°4> 205, 206. Macacos "^9 Makáno 9' Mal das pintas '. • • 1 23 — dos Carales ^^3 Macroskele ^'^3 Malária '^ Malutundú 'S^ Maloqui?ihas de caça ^J>^ Machado de pedra \\\, 26, 169, 185, 203, 205. Mandioca. . . . • ^^^' 170, Mandioca, (lenda) Mamona ^^^ Mamão ^° Maká • 90 Mangaba 9:>' 161. Maria de Molina (Campos de) ''3 — (Villa) ^'^ 31 ^ Paginas Mata da cang*a 109- Mato-Grosso (locuções populares) .... 97 Matirí 65 91. Mata da poáia 63 — das aldeias 102 Mamangabas 95 Matrinchã 105 iMataná-Ariti gi Matokocô 90 Mauhés (Índios) 132, 204. Manduri (abelha) ni Mandagfuari 1 1 1 Membros superiores (proporções dos) . . 140 Mesatiskele MS Meladores ^95 Mel i4t 2Ó, 195. MethoJo de Bertillon 74 — — Manouvrier 7^ Melar ^^^ Milho (lenda do) 85 — branco ^7^ _ lóo Miranhas (indios) 132 Moléstia dos overos ^^3 _ — Paumaris ^-3 Moquem ^^^' r 204. Mosquiteiro de rede 5» Mosquito pólvora 95. 103, 195- Molihutuarc ^2 Mundurucús • ' 132, 204. Muras (indios) '32 Mururés Muricí ^'' 96- QQ Musica dos Parccís _ _ Namblkuáras '74 Mulheres Parecís (usos e costumes) ... 81 .... XÍV, Namblkuáras. . 7, 8, 19, 26, 27. 28, 30, 'O'» '03. 104, 204, 205. Namblkuáras (usos e costumes) / -■ (rio) '^^ _ (anthropologia) ^ 242 Paginas Nambilaiáras(anthropometria). ..... 145, 147. Nambikiiáras (retrato falado) 146, Nambikuáras (typo) 148 — (população) 51 — (agricultura) 169, Nambikuáras (medicina) 171 — (arte) 172 — (industria) 172 — (dansa) 172 — (organização social) . . . , 173 — (reliyião) 176 — (linííua) 177 — (vocabuLnrios) 219, 220, 221, 224. Nu-aruaks -. . . . t8o, 205 . o 1 Orclhiulos 21 Ori^^em dos homens (lenda) 8^^ Orelha de pau {Pol/poros >/».) 186 Onça vermelha {Felis concolor) 18" — pintada [Fdis onça) . [87 Oncinha (forniiya) lyt^ Ocariua nasal 204 Onça. . ^^ Oluniti 83 X r^opc : XII P'^'"ecis XIII, 8, u, 26, 197, 206. Pa recis (usos c costumes) y Portuí>*uezes 1 Para^fuai j 5- Parag-uai (etymoIo^Ma) ^i Parcckes . 4 Pindantuba (rio) , . q Piolho (quilombo do) ,^ Pindaituba ,^ 1'erfuração do lóbulo da orelha 20 Parecis (planalto dos) oj 96. ••■-., Parects (antropologia dos) 75 Puritanos (inimlgraçao). ...'.,... Paginas Pinguella 26, 168. Pitag-aá 42 Porto iMurtinho 45 Polinevrite beriberica ......... 49 Piuva-ipê 50 Porto de Guató 52 Porto Descalvado 53 ** Peste de cadeiras" 54 *' Passo Presidente" 54 *' Pedra canga" : tapanhoacang-a 56 Poáia g5 — (producção da) .....,,.. . 65 ''Plaucha" ^g Porto dos Bugres 53 Perobas 5^ ''Poáieiro" (ave) 5- *' Perneira" (doença). . (^j Parecis (Cordilheira dos) 71 — (retrato fallado) 77 ''Pau Santo" ^j 1'arecís (typo anthropologico). ..... 77 — (polyg-amia entre os) 81 — (armas, casas, usos e costumes). . 82 — (cantig-as) 3^ — (lendas) 3^ — (lingua dos) 87 — (musica dos) 88 '*Pai do Mato" g Peneiras „_ Pi um (borracliudo) g^ Pedra cang-a gó Pau sauto „^ Perdizes ^^^ 'Periquito ,Qj Primavera (rio) j^g Palmeira castiçal jj^ Pau cahido Proporção do corpo entre os Nambilcuáras 1 17 Prenhez das Nambikuáras , ,« Pcreb (patholog-ia) ' ^^2 Pinha — " '•"•■••... I 22 Piau — J22 Paumaris (moléstia dos) ,3. Purú-purú ' ' j^:J 124. Puri (anthropoiog-ia dos) ,^- Pariquis (anthropoloííia dos) ... ,oò Pilões ' ' .0 Pulseiras ... ^^ io=í, 187. "" 243 ^ Paginas Perneiras ^^^ Ping:entes j^ Perfuração do lábio j55 — do septo nasal j^g p^^^^'^-^- • ! 171, 193- Plamaria j^2 207. P^s^^-^ 185 Productos alimentícios 185 Pindoba [Altalca speciosa) iQ'^ Pennacho 187 — nasal 204 Paludismo lOf Papagaio (rio) 197 Pisado (boi) joS Paleolithico , 203 Paleamericana (raça) 205 Piolho [Pedicullís capitis) 207 Paranating-a a Pellos dos Índios 116 Pclvimetria (índias) nó Pelle ^extensibilidade da) 117 Pés (dos Índios) 140 Q Quilombo 10, — do Piolho (população) ii, 12. 15. Quilombo da Mutuca 17 ''Quebracho" 38, 41- Quetelet (lei de) . 75 Quartziferas (rochas) 105 Rondonia XIIÍ, XIV, XV, 127, 207. Roçadas XIII Rondon • XIII, + XIV, 5, 7, 19, 24, 26, 27, 28, 29, 30, 31,5^1 67, 69,80, 85, 86, 9',iio, 113. Reino dos parecís 5 Rede 205 Raça Brasileo-Guarani 128 Ritos funerários 176 Rio Papag-aio 95? 98, 197. Paginas Rio Verde . . . 2, 22, 95. Rio Arinos . . , , o — Piolho .... 9 — Píndautuba a — S. João (antigo Piolho) 10 — Sararé ^^ — Tapajóz jQ — Branco j^ - J"'*«ena ; jo^ 21, 22, 25. ^^ojmna ^2, 106. Rio Camararé ........ oi 109. Rio do Peixe 22 — da Prata 36 — Paraná , 05 — Apa 44 — Sipotuba 61 — Primavera 108 — Formoso 70 — [2 de Outubro. 113 — Festa da Bandeira (Karumí) 113 Serra do Norte (índios da) XII, 7- Sipotnha 2, 61. Sertanejos 2 . — (costumes) 64, 96. Sertanejos (situação social) . 200 Sertanista. . 4 Sepetuva - 4 Serra dos Parecís 9» 12. Sararé (rio) 'o S. Pedro (córrego) M SanfAnna (córrego) M Sararé . '4 i6, i8. S. Vicente (Arrayal de) '5 Serra Tarumã '^ Sarumás '9 Salumás ^^ Serra do Norte ^o Suíás ^3. i8o, 204. "Saladeros" 44 , 2ii- Paginas Sirios 46 Santa Cruz (Fazenda) 5^ S. Luiz de Cáceres 5^^ — — — — (população) 63 ^'Sapesar' • 63, 65. '*Sucuri" 64 Salto da Felicidade 68, 69. S^p^ypQníbas {sapopemas) . 70 Sariema 95 Sacrc (Timalatiá) 95 Sapé 96 Seringueiro (vida do) . 98, 100. Seringueiro cuíabano (vida dol 102 Sovcira (leite da) 112 Situação e construcção de aldeias .... 153, 154- Siçu (aldeia KÔkuzú) 157 Sal (uso do) 162 Sarcguezô 186 Salto Bello (Timalatiá) iq8 Sambaquis ". . 204 Sarcopsylla pcndrcins (bicho do pó) ... 207 T Tapaniunas 152 Turcos 46 Talú-gallinha 152 Tahans 51 Taiópas 152 Tascluiitôs 152 Tijuco 5Ò TarutCvS 152 Tapirapuan 66 Tenobcs (antropolo{jia dos) 132 Tropeiros (costumes) 72 Ticunas (anthrop)mctria dos; 132 'J'inialatiá 73 — (Saito-BcUo) 198 Tapacura 127 Tabeliã dermochromica 73 Typos antropolojjicos dos índios .... 127 Tarumã 84 Tauitè (índios). 115, 152, 161, 165. Teirú 84 Tagnanis (indios) 115^ 15^, 165, Paginas Tsin-hali (flauta nasal) 88 Três Buritis 113 Ta-hiti 90 Tatá (mel da) m Tiirú 9í T(òC2iV{^Ví\rd. [Dinoponera grandis\ ... 102 To-heri 91 Tucuras . * 95 Taquarussú 92 Tatu 159 Taquarussú [Merostachys sp.) 184 Taquara { Ar thostilidium sp.) 184 Tinguí 185 Tamanduá 186 Tabaco 186 Tatú-canastrá 187 Trançados (classificação) 188 Totem 197 Tapanhunas 205 Tintas * 186 XJ Usos e costumes dos Parccís. ....... 7 Uaindzu (Uaintaçú) 7 — (Uaintaçú) (etymologia) .... 22 UailvOá-koré 8 Urucumacuan (jazidas de) 19 Uazákuriri-g-açfi (chefe pareci) 26 Urutáo 92 — (indios do.) 192 Ubás 38 UrncuTQÁ {Nocturna cunicidaria) 42 Utiariti 73, 80, 197. Uai ma rés 80 Ualalocô R4, 92. Unctizú 187 Umatitoce , gi Urinodzú 185 Urubamba. . 92 Uaeliçú 184 Uaintaçús 165, 1Ó7, 174. Unhas dos indios 116 Uid-niarc 161 Ur^^cú 135, 167, 170, í86. Urubu (filhotes de) 169 Pagina s V Verde (rio) 2, 22, 95- Villa líclla 9, 10, II, 12. Villa de lirotas 26 — Maria (S. Luiz de Cáceres). ... 57 Vaqueiros (costumes dos) ^ 53 Verde 95 Várzea Comprida 103 Vinho de buriti 11 1 Vilhena (cstaçJo de) 112 245 r Paginas Vãuranj (mal das pintas) 122 Veado 160 Xingu 23, 204. Zaiakúti 90 Zaôlo gr Zuzá 71 Zaolocê < . 92 Nota — Este Índice foi organizado pelo dr. Irincu Malagueta de Pontes, da Secção de Anthro- pologia do Museu Nacional. índice das figuras ) ESTAMPAS PHONOGRAMMAS Ns I 4 5 6 7 8 9 IO — 1 1 12 13 H I ò 2 D i6 17 i8 19 20 21 22 22 A 24 FIGURAS I Paginas Planclia do rio Sipotuba (segundo croquis do autor) i índio Pareci assoando- se. 3 Colmeia dos Parecís 5 íútdi — Abano dos Parecís 7 Hezô-Hczô — Instrumento sagrado dos Parecís 9 Tiriaman — Instrumento sagrado dos Parecís . 11 Ualalocê — Instrumento sagrado dos Parecís 13 Hera- hera hun — Instrumento sagrado dos Parecís 15 Zoratealô — Instrumento sagrado dos Parecís 17 ' Hamài — Diadema de pennas — índios Parecís '9 Kilià-Kocíli — Ornato nasal dos índios Parecís 21 Arcabouço de uma palhoça dos índios da Serra do Norte .... 23 Moquem dos Tagnanís e Tauitês. 27 Panella de barro dos índios da Serra do Norte 29 Bastões ignigenos protegidos contra a chuva— índios da Serra do Norte 31 Ihit7ji — Bastão ignigeno dos índios da Serra do Norte 2:^ 7í?;;l7^zí — Ralo dos índios da Serra do Norte ZS Cabaça pintada — índios da Serra do Norte 37 Desenho dos índios da Serra do Norte 39 Desenhos dos índios da Serra do Norte '1' Desenhos dos índios da Serra do Norte 4.^> Cabaça com tabaco — índios da Serra do Norte 4.S Etil — cigarros dos índios da Serra do Norte 47 índio da Serra do Norte com o Enadjú, capacete de couro de onça. . 49 Imitaçcão de um chapéo de palha, feito por um indio do Juruena. . . 5» Collar feito com as sementes de uma sapotacea - índios da Serra do Norte ^^ 248 N á Paginas 26 27 28 29 31 32 33 34 35 37 39 40 42 43 44 45 46 47 4" 49 51 52 53 54 55 56 57 59 60 61 62 Collar de conchas — índios da Serra do Norte . Dodezê — Collar com rostros de coleopteros . . Collares de discos de nácar e de dentes de macaco do Norte Orcidaikritzc — índios da Serra Bracelete dos índios da Serra do Norte. Scheina de um lalaçú — índios da Serra do Norte Fluctuante de talos de buriti índios da Serra do Norte Pilão dos índios da Serra do Norte Anieeçú Uaeliçú Flecha dos índios da Serra do Norte Flecha dos índios da Serra do Norte Scliema do perfil humano — (Bertillon). Nomenclatura do pavilhão da orelha. . Aic-iiinçú - Flecha dos índios da Serra do Norte Bainha para proteger a ponta das flechas — índios da Serra do Norte Áieraçú Flecha dos índios da Serra do Norte Flecha tridente para pesca — índios da Serra do Norte 41 — ÁnikiriLitçíi — Flecha de ponta embainhada — índios da Serra do Norte Fio de algodão Knndrji — envolto em folhas — índios da Serra do Norte Arco dos índios da Serra do Norte Secção transversal dos arcos dos índios da Serra do Norte . . Pingente de pcnnas de tucano — índios da Serra do Norte . . . BoIs;i pai-a proteger enfeites de pennas — índios da Serra do Norte. Modo de conservar fios de pennas — índios da Serra do Noi-te. Bracelete de algodão — índios da Serra do Norte . . ILiLitzii — Frente dos índios da Serra do Norte CntircLiíà — Fuso dos índios da Serra do Norte Machado de pedra dos índios da Serra do Norte. Panellrt com breu — índios da Serra do Norte Bolsa de palha com sementes — índios da Serra do Norte Fructo de um Solanum usado pelos índios da Serra do Norte. DãáiiOccdiilú primeira phase da dermatose dos índios dá Serra do Norte (schema) Tubo de taquara com pó escuro — índios da Serra do Norte IIiLiuti Faca de madeira dos índios Tauitês da Serra do Norte Clava encontrada entre os índios da Serra do Norte Clava encontrada entre os Índios da Serra do Norte Instrumento cirúrgico dos índios da Serra do Norte Cortes histológicos de cabellos dos índios da Serra do Norte . Machado feito com uma talhadeira de aço — índios da Serra do Norte Utensílio fabricado pelos índios da Serra do Norte com um fragmento de ferro 57 59 61 71 75 81 85 Empíumação das Ilechas dos índios da Serra do Norte 91 93 97 99 01 03 05 07 09 1 1 13 15 17 «9 21 2 :) 27 29 33 36 37 139 Ns. 68 Ns. 19 00 23 249 65 — I Li n-lcjlaç II— Flauta nasal dos índios dg Serra do Norte . 66 "- Ka i^ II cl jzú~F\au[a dupla dos índios da Serra do Norte. Paginas ■ • • M3 • • '53 Motivo ornamental dos índios da Serra do Norte ir^ Motivo ornamental dos índios da Serra do Norte ....... 161 69 — Motivo ornamental dos índios da Serra do Norte 167 70 ^ Dansa dos Tagnanís (scliema) ^ 1^3 71 — Motivo ornamental dos índios da Serra do Norte 183 72 — Chupão dos sertanejos meladores iç- ESTAMPAS 1 — Pouso á margem do rio Sipotuba (Porto do Campo).— Restos da .Paginas da Mata da Poáia (entre Porto dos Bugres e Tapirapuan) ... 14 2 — Zãiãkúti — escudo venatorio dos indios Parecís 68 3 — Parecís de Aldeia Queimada. 74 4 — Typos Parecís de Aldeia Queimada . ' . . 78 5 — índios Parecís.^ Trançado de uma rede.— Trama de um tecido . . 90 6 — Balsa atravessando o rio Juruena (Estrada Rondon). — Pouso no "Ki- lometro 50". — Estrada do Sipotuba ao Juruena 7 — Seringueiro nas Matas do Juruena ........... 102 8 — Pouso do rio Primavera (Estrada Rondon). — Distribuição de brindes (Aldeia do Juina).— Toldos de caça (índios do rio Juina). Acampamento dos Tauitês em Três Buritis . 106 9 — Escala Dermochromica (Roquette e Childe). 116 10 — Nambikuára-Tauitê.— Nambikuára-Kôkôzú 118 1 1 — Dermatose dos índios da Serra do Norte 12 — Piolho dos Índios da Serra do Norte . 13 — índio da Serra do Norte 14 — Nambikuára-Anunzê (Pai de Nulèké) 122 . . . t 126 132 '. 138 15 — Typos de índios Nambikuáras-Tagnanís 144 16 — índios da Serra do Norte no Posto de "Três Buritis" 152 17 — índio da Serra do Norte tocando /£TiY-/6'j/jp'í^ ........ 154 18 — Aldeia dos índios da Serra do Norte '5^ Artcfoctos dos índios da Serra do Norte '5^ 20 — Ornato de pennas — índios da Serra 2 1 — Ornato nasal dos índios da Serra de 162 164 170 Uaidnirida.— índio do rio Juina. índio da Serra do Norte flechando por elevação 172 24 - Índio da Serra do Norte flechando. - índia do Juina preparando mandioca 25 — Trançados dos índios da Serra do Norte 2Ó — Ornato nasal dos Índios da Serra do Norte 27 — Diadema dos índios da Serra do Norte. 176 182 184 188 32 2S0 Ns. 28 29 30 Paginas Na porta de casa. . . — Casal de Kôkôzús. — índios Uaintaçús. Mu- lheres Anunzês 192' índias Parecís pintadas com urucú. — Pareci e Nambikucára na estação telegraphica de Utíarití 19^ Salto de Utíarití 204 Ns. 4 PHONOaRAMMAS 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 594 e 14-595 Musica dos Parecís 59 < j Grito do Nokauixitá.— Teirú (Musica dos Parecís) . 6u2 — Musica dos Parecís 605 599 600 607 Musica dos índios da Serra do Norte (Nambikuáras) Paginas 80 82 84 86 88 Musica dos Parecís ... 92 Musica dos índios da Serra do Norte (Nambikuáras) . . . . 174 178 r.< 9 Musica dos Parecís 196 Canção dos Sertanejos Cuiabanos . 196 '....'. 197 Canção dos Sertanejos Cuiabanos C)\o — Diitilo á09> Sertanejos Cuiabanos * ' * * * Carla Elhnogjaphica da Rondonia 30 1 i f ■ ^ índice alphabetico dos autores Aleixo Garcia pag- 3- Chandless pag. 21 António Pires de Campos - pag. 4. Clements Markham pag. 21 Alfredo Andrade pap- 83- COUDHEAU pags. 2í, 23 Appolinario DE Oliveira pag:. 4 ClIAMBERLAlN — pag. l80. António Pjres — pags. 5, 6, 7, 8. Chervin pa?. 74 António BrandXo pag. 17 Collignon — pags. 76, 143. Ayres (Padre) — pags. 19, 20. Amadée Moure Acuna (Padre) - pag. 21. pag. 24. Augusto Leverger (Barão de Melgaço) gina 28. António Pyrineus de Souza (Tenente), ginas XIII, 32, 33, 63, 6Ó, 68, 102, 177 Caldas Deníker pac*. 20. o • pag:. 140. pa- Dally — pag-. 138. EUCLYDES DA CUNIIA pat' 47 pa- Arechavaleta pag- 34 A. Childe — pags. 73, 115. AsTOLPiio Tavares — pags. 87, 115, 174- Alex Hrdliçka — pag. 118. - Alexandre Rodrigues Ferreira - pags. 48, Forgeot — pag. 79 Eiirenreich (Paul) — pags. 76, 123, 124, 132, 133. 134. 135, i3^> «37. '38, t39, MO. Í4W 142, 143, 144, 180. Femppe Nogueira Coelíio — pag. 4. Francisco Pedro de Mello — pags. 10, 16, 19. Francisco José de Freitas — pag. 11. Fritz Muller pag. 70 128. Bastian Fritscii — pags. 135, 136- ♦ pag XII. Flores pag. 124 Barbosa Rodrigues — pags. 21, 131, 132 Benoit —pag. 184. Bossi — pag. 22. Badariotti (Padre) — pag. 22, Basílio de Magalhães — Fritz Krause — pag. 125 G. Pimentel pag. 20. pag 40. Bertillon — pags. 74, 75. Broca m ■ Balz pag:. 135 pag. 140. Baptista Caetano pag 180 Castelnau pagr 22. pag Cândido Mendes ■ Chaves (Nuno) — pag Couto de Magalhães I. o pags. 20, 130 Grunberg (Koch) - pags. 21, 22, 23, 124 Giov.\NNi (De) —pag. 14» • HoEiíNE —pag. 185. i IIiRSCii — pag. 124- Hercules Florence — pag. 21. Isabel (Princeza) - pag. 44- João ih (D.) - pag. 3- José Gonçalves da Fonseca João de Souza Azevedo - pag -João de Albuquerque de Mell ceres — pags. 9, i J ■ pag- 5 eCa- 252 JoXo Lkme do Prado — pag-. 14. José Maria nn AIacerata Jean i»k Lery — pajj. 122. pa cr ^1 KocH Gruxberg pags. 21, 22, 23. - pags. 2!, 22, Karl vqn bfcN Stkine.v — 13^^ Í35» ÍÍÍ7- KUHLMANN — pag. 185. Lmi RobOLPHO ViLLAK - pag. 5. Luiz Pinto de Souza Coutinho — pag. ii. Laxgsdokff — pag. 21. Lui/ i/Alíncourt Leonardo da Vinc:i LuND — pag. iig. Lacerda (J. 15. de) Manofl de Campos MuiUEL SUTIL pag. 71. \m<^ r>' Í3Í pag- 4 P^ig. 4. M\rtiniio de Mem.o pag. ir. Max S<;iíMrDT — pags. 21, 52, 179, r88 t Martmjs 'y). íj^» i7^> "79- 78, 79, pags. :r, 100, 117, 122. 123, Martin - pag. 76. MA\oi/vRn:R — pags, 76, Í43, i4_|. Mever (llcrmann) — pags. i32, 183. Mpxro Heí-o (Maria do Carmo) — pag. 90. METCiiMKori- — pag. iiH. Miranda RinEfim — pag. rfW. MauDiUave — pag. 127. Maximtt iwo DE WiED Neuwild (Principc) AlONTOYA MuiiMER MONTESSORI 128. pag. 134. pag. 140. - pag. Í43- Natterer P^g 21. OswALDO Cruz pag. 124 Oriugny (A. d') — pags. 123, 128, 129 Paula Castro — pag. 187. Pope pag. xn. Paschoal Morejra Cabral par 4 Pimenta Bueno — pags. 21, 22, 28 Pedro Teixeira pag. 24 Per ROT pag. 24 Paes LeiME (C.) — pag. 125 PlNARD pag. 117. Piso — pag pEsriiEL 12 -»^ pag. 137. QUETKLET — pag^. 75. RoNDOíí (Cândido Mariano da Silva) — paginas XII, XIII, XIV, 5. 24, 25, 27, 28, 2% 30. 1, 5fí, 71, 80, 85, 91, 103, 106, no, 113, 120. Radde — pags. 78, 135. pags. II, 45. pags. 102, II 5, 119. Rn ARDO Franco RoQUETTE- Pinto F Sciiuí.LER (R.) — pag. 20. Saint Adolimie (Millkl) — pag. 21. Spix — ^ ^ pag. 127. Saint-IÍilaire Taunay Tm KV ET pag. 20. pag. 122. ToPiNARD — pa?. 138. . Vicente do Salvador (Frei) Píiff- Í33 Vuceticií Weisbacii pag. 79. pag. 140 Ynes d'Evreux (Padre) — pag. 122, \ Pag Linha Onde tem : Leia-se : 24 26 37 44 46 47 55 61 62 74 95 121 122 125 125 130 152 156 17 21 30 23 8 20 18 1 35 8 16 12 58 (fig.) 58 (fig.) 33 27 10 oriental divisou sobe mastro é o posto porto Coimbra Fig. 22 entrava serrados serradão d'um intemerato ■ evolue Báanêcêdútú Hikanti Trauitê os realizou o nome de esparso sam central a expedição divisou sobem mastro ; é o posto forte Coimbra Fig, 22 A entravam cerrados cerradão d'un ■ intimorato involue Báanendútu Hikautí Tauítê as realizou o nome de Kabixes esparsos ou