FEB 8 1991
.7
,B6I
*1
Digitized by the Internet Archive in 2014
https://archive.org/details/monumentamission09bras
MONUMENTA MISSIONARIA AFRICANA
Africa ocidental
(1643-1646)
COLIGIDA E ANOTADA PELO
PADRE ANTÓNIO BRÁSIO
c. s. SP.
VOL. IX
AGÊNCIA GERAL DO ULTRAMAR
LISBOA / MCMLX
MONUMENTA MISSIONARIA AFRICANA
^AN 6 1991
MONUMENTA
MISSIONARIA AFRICANA
AFRICA OCIDENTAL
(1643 - 1646)
COLIGIDA E ANOTAD A^/P ELO
PADRE ANTÓNIO BRÁSIO
C. S. Sp.
VOL. IX
AGÊNCIA GERAL DO ULTRAMAR
LISBOA / MCMLX
VOL IX — CORRIGENDA
Página |
Linha |
Lê-se |
Leia-se |
XXVIII |
3 |
Scritture Ricevute |
Scritture Riferite |
9 |
9 |
Lisboa |
Madrid (Trujillo) |
3» |
1 |
D. Henrique |
D. Filipe |
40 |
8 |
DHRDD» |
DFRDD° |
40 |
9 |
(D. Henrique) |
(D. Fihpe) |
99 |
20 |
Dada en Madrid, a 8 de fe- |
|
brero de 1644. |
|||
125 |
4 |
chiamato il P. Giuseppe d'An- |
|
tichera. Vn Predicatore delia |
|||
Prouincia di Valenza, per |
|||
nome il P. Fr. Angelo... |
|||
160 |
10 |
'Filipa Carneiro |
Filippa Carnero |
160 |
lil |
da Città |
la Città |
232 |
3 |
(16^3-1645) |
(16-3-1648) |
233 |
3 |
16 Marzo 1645 |
16 Marzo 1648 |
295 |
9 |
fls. 114-115 |
fls. 1!14-115, 108-108 v. e 121. |
452 |
10 |
por mal |
por mar. |
NO V CENTENÁRIO DA MORTE DO INFANTE D. HENRIQUE
Seu principal intento em descobrir estas terras era atraher as barbaras nações ao jugo de Cristo, e desy a gloria e louuor destes reynos.
JOÃO DE BARROS — Déc. I, Liv. I. Cap. VII
Partir é teu destino...
«Ida» é a divisa, o místico sinal,
Com que, seguro,
— Os olhos levados ao divino —
Descerras os caminhos ao futuro:
Como aspirando, absortamente, o odor
Da clara lusitãnia sempre em flor,
Por teu sonho tornada universal!
MÁRIO BEIRÃO
INTRODUÇÃO
COM intervalo relativamente breve segue-se ao VIU o IX volume de «Monumental. Assim, mercê de circuns- tâncias favoráveis, se redime o tempo perdido e se quei- mam as distâncias.
A preparação e efectivação da missão do Congo, confiada, desde a primeira hora, aos missionários Capuchinhos Italianos e Espanhóis, pela sua manifesta e real importância na evange- lização dos domínios portugueses, temporais e espirituais, da África Ocidental, moveram-nos a não desprezar um só papel caído em nossas mãos, que ao facto tenha referência de aprovei- tar, isto é, com valor realmente histórico. Neste capítulo forne- ecu-nos grande e bom manancial o magnífico Arquivo da Pro- paganda Vide.
Outros papéis, se bem que não especificamente de matéria missiológica, entendemos dever incluir na colectânea, como os que tratam do condomínio político luso-holandês de Angola e sua peripécias mais marcantes, tanto mais que nelas tomaram parte activa alguns missionários da Companhia de Jesus. Aliás, como é sabido, o estabelecimento dos holandeses calvinistas em Luanda foi um obstáculo positivo à efectivação da missão católica, que só havia de desaparecer com a restauração portu- guesa de 1648. Publicamos alguns dos documentos mais signi- ficativos, conservando-se muitos outros, ainda inéditos ou apenas ligeiramente estudados, no Arquivo Histórico Ultramarino, em Lisboa.
A contribuição do Arquivo da Propaganda Fide revela-se particularmente relevante no esclarecimento da política do rei
XI
Garcia- Afonso II para com Portugal, a princípio dúbia e caute- losa, e finalmente hostil sem rebuços, influenciada pelos Holan- deses ocupantes e também pelos Capuchinhos Italianos e Espa- nhóis. É que ainda vinham longe as directrizes formais dos três últimos Papas aos missionários, em matéria de comportamento politico, se bem que a Propaganda já chamasse a atenção para o assunto nesta época, como consta de documento aqui publi- cado ( n.° 8o ).
O epistolário dos missionários, nomeadamente o dos Padres Alessano e Taggia, pelo seu carácter espontâneo, particular e franco, revela ao historiador o verdadeiro fundo dos aconteci- mentos. Nele se manifesta mais de uma vez, mesmo com dema- siada frequência, a política anti-portuguesa, de modo especial na pena do Padre Boaventura de Alessano, Prefeito da Missão, que afinava, afinal, pela directriz então seguida pelo Vaticano para com Portugal, pois não reconhecia a independência política da Nação, realizada em i de Dezembro de 1640. Atitude estra- nha que se manteve inalterável até ao tratado de paz luso-espa- nhol, de /j de Fevereiro de 1668. Nem a supressão da Com- panhia de Jesus pelo Marquês de Pombal, nem a lei radical de Joaquim de Aguiar, de 1834, nem a República anti-católica de i()io, vibraram golpe tão profundo, tão perdurável e de tamanhas consequências na vida religiosa do ultramar português e suas missões, como estes lamentáveis 28 anos de pontes corta- das , de «primado do político» sobre o ((primado do espírito».
Não se pense que exageramos . Com efeito, quando se fez a paz luso-castelhana em 1668, não havia já um único bispo
XII
no reino ou em qualquer das dioceses ultramarinas portuguesas. Para só falarmos da Africa, a diocese de Angola e Congo esteve desprovida de Pastor 29 anos; Cabo Verde 28 anos e S. Tomé 34 anos. E se o santo Cura d'Ars pôde dizer que uma paróquia sem pároco durante 20 anos, adorará finalmente os animais, que dizer de uma diocese vaga não só 20, mas 3 o, 40 e 50 anos!?
A tais extremos, lamentavelmente dolorosos para a Igreja e para Portugal, levou a política de achantage» montada em Roma pela toda poderosa Espanha filipina contra a indepen- dência de Portugal, na qual a Santa Sé, mau grado seu, se viu enredada, não lhe tendo faltado ameaças claras de cisma por parte de Filipe IV, que amedrontaram o Vaticano, impossibi- litando-lhe os movimentos e a liberdade de acção. E se Portugal foi vítima imediata de tais manobras, a vítima maior foi ainda a Igreja, tendo saído da longa refrega luso-espanhola grave- mente esfacelada, quer na Europa quer em terras de missão.
Ao falarem, tão frequentemente, na decadência missionária do padroado português no século XVII e seguintes, não dizem os historiadores, por táctica ou ignorância dos factos, a sua verdadeira razão. Estancaram-se e secaram as fontes normais da vida cristã durante 28 anos e, consequentemente , as fontes na- turais do recrutamento sacerdotal e apostólico. O resto veio por si com lógica inexorável.
Influenciados a princípio pela política anti-nacional, soprada por Castela, o tempo e as lições duras da experiência haviam de provar aos missionários Capuchinhos, mais tarde, quão mal avisados andaram nos entusiasmos dos primeiros anos e de que
XIII
lado estava a razão. De qualquer modo, foram os homens pro- videnciais do momento.
O estudo deste -período catastrófico para a acção missionária africana, como para a brasileira, indiana, chinesa e japonesa — se bem que só a primeira aqui nos interesse — deve preocupar com seriedade intelectual os historiadores das missões. Se há alguém que tenha medo das revelações «escandalosas» dos arqui- vos, esse alguém não somos nós. Nem sequer as revelações do Arquivo da Propaganda Vide — tão numerosas neste volume — ■ estão nesse caso. Muito pelo contrário, mostram-nos, com merediana clareza, que nem sequer os mestres dos Institutos Superiores de Missiologia se têm esfalfado a vasculhá-lo e a aproveitar-lhe os vastos, profundos e sérios ensinamentos.
*
Já uma vez trouxemos á colação a Histoire Universelle des Missions Cathohques, obra que veio certificar-nos de que a França não tem actualmente historiadores, além de que, mais ajustadamente ao conteúdo, se deveria intitular história das missões católicas... Francesas.
O Prefácio do volume II, publicado em 1957, relativo ao século XVII, revela-se-nos supuração hepática, que dá a direc- triz a todo o volume. Aliás parece ser, agora, de fino bom tom em determinados meios do progressismo católico, deturpar os factos, romanceá-los ao sabor do movimento, armar mesmo ao
XIV
trágico, na esteira de certo herói de Molière, como quem perdeu todo o sentido das conveniências e das realidades históricas.
<(L'espnc des grandes découvertes et les habitudes engen- drées par lui ont pese d'un pois trop lourd sur les méthodes de 1'evangélisation». Depois desta singular apreciação do valor dos descobrimentos luso-espanhóis e do seu papel na cristianização do mundo, vem a acusação fácil de que pusemos a Cruz ao serviço da Espada . . . Assim se faz a história das Missões!
Os inimigos inveterados do Padroado e os apóstolos da «autodeterminação» política, das democracias populares e da «negritude», não perdoam a este pequeno-grande País ter sido, durante mais de dois séculos, de parceria com a Espanha, o único que fez cristandade pela cristandade e nunca cristandade pela política, colocando sempre generosamente a sua Espada ao ser- viço da Cruz, ou ao «serviço de Deus», como então entre nós se dizia. Por isso nos querem mal!
E que fazia então, nomeadamente em África, a Itália do autor do Prefácio? Que fazia então a França, que publicou o livro? E a própria Propaganda Vide, sem missionários seus, sem meios materiais para lhes dar embarcação e viático, não recorria ela fequentemente aos bons ofícios de Portugal e Espanha, como não faltam exemplos neste nosso volume?
É fácil atacar a acção missionária portuguesa no tempo e no espaço — é obra humana — mas é sumamente doloroso que o faça quem o faz e que para se fazer haja necessidade de lançar mão da calúnia, da mentira, da destorção dos factos, e
XV
que com semelhantes fontes, espírito e métodos se pretenda fazer . . . a história das missões católicas!
Note-se particularmente, para além do Prefácio, o espírito «pointilleux», «ombrageux», «argneux» que anima os capí- tulos VI, Vil e IX deste volume. Como há ainda, nesta se- gunda metade do século XX, tanto quem baralhe e confunda probidade científica e má fé, história e panfleto, objectividade e fúrias de imaginação romântica! A investigação metódica das fontes, a rectidão e clarividência de juízo, o sentido moral da justiça que se deve a todos, vivos e mortos — ainda que tenham sido missionários portugueses — são bagatelas que só preo- cupam pessoas sérias. Cultivar a calúnia e a mentira como mé- todo de crítica histórica, malsinar factos, métodos e intenções, na consciência de que este salitre corrosivo algo fará, isto sim que é ser historiador! Não era outro, afinal, o método de mestre Voltaire.
E então desde que a tragédia da última guerra reduziu certas nações da Europa ao seu território metropolitano, ou que outras, «numa febre delirante de renúncias e de penitências que constitui quase um exemplo de mazoquismo», se precipi- taram numa fuga covarde a responsabilidades culturais e edu- cativas, lançando povos inteiros, incultos e semi-bárbaros, numa corrida tresloucada de corcéis, na via larga das autodetermina- ções e independências, tão temporãs como imerecidas; desde que se inventou o mirabolante «slogan» do «sim-» ou do anão», como base de uma comunidade fictícia e falaciosa de estados semi-bárbaros, começou de cultivar-se um «anticolonia-
XVI
lismo intransigente, sob -pretexto de que está em jogo, só agora, o «futuro» da Igreja, quando no período precedente se aben- çoava a presença da Europa, por injusta que ela fosse, como condicionalismo necessário da cristianização das gentes e da «liberdade» da mesma Igreja, como sucedera outrora á própria Europa com a benéfica colonização romana.
Não seremos nós a rejubilar com os cataclismos políticos da guerra, de que só o comunismo ateu tirou partido concreto, nem com os «benefícios» coibidos pela França, pela Itália, pelo Ocidente e pela mesma Cristandade, nesta febre demissionária, de abandonos e de covardias.
«Inévitablement les peuples non chrétiens — escreve o Cardeal Costantini — avaient limpression d' une colonisation étrangère sous 1'apparence de la rehgion!» Poder-se-á aplicar a doutrina a todos os casos e em toda a parte? De qualquer modo, o actual anticolonialismo dos progressistas filo-comunistas era simplesmente impensável há uns quinze anos e tem uma data «a quo» gravada no bronze da história: 1945-
As acusações acerbas lançadas contra Portugal, desde o Prefácio, neste livro, nas suas relações de Povo civilizador e missionário, com as gentes de outros continentes, por panfle- tárias que sejam não logram abalar indestrutíveis realidades: todos fogem a responsabilidades, numa fuga covarde de ven- cidos, mas os portugueses ficam! É «escandaloso», é «miste- rioso», é inconcebível, mas ficam! Para defesa das Missões, da Cristandade , do Ocidente e da própria África!
XVII
O oportunismo politico, os malabarismos insensatos, reve- lam-se por essa Europa toda em publicações mesmo católicas, mesmo de carácter missionário, com um espírito doentio, der- rotista, de fuga, de medo abúlico, que fazendo coro com Moscovo, atraiçoa o mundo cristão e o próprio cristianismo. Na Itália, na França, na Bélgica, continua-se na imprensa a cam- panha de subversão da Europa cristã na África e na Ásia. Não estranhem que nós não vamos na onda. Oito séculos de nacio- nalidade e quatro longas centúrias de acção missionária e civili- zadora em quatro continentes, que só nós temos, autorizam-nos a termos uma doutrina, a sabermos o que queremos e que caminhos trilhamos. E temos ainda o que nem todos têm: direito e razão.
Outros documentos revelam como se tratava, tanto em Portugal como no Brasil, da restauração da plena soberania por- tuguesa e católica em Angola. Outros ainda levantam o véu às rivalidades palacianas das províncias de Valência, Andaluzia e Castela, dos religiosos Capuchinhos, quanto ao seu campo de apostolado, problema estudado já pelo Rev. Padre Alelchior de Pobladura em vários dos seus valiosos trabalhos, e aqui revelado em toda a sua luz.
De alguns documentos extrai-se mesmo a lição dos obstáculos burocráticos da própria Propaganda, ou mesmo dos Superiores religiosos, levantados aos Capuchinhos que preten- diam consagrar a vida ao serviço de Deus nas missões entre
XVIII
infiéis. Acusações levantadas, tão frequente e tão levianamente, contra os governos aparecem-nos, ã leitura atenta destes papéis, como cortinas táticas de fumo, para ocultar realidades que é doloroso ou desconcertante deixar ver.
Longas questiúnculas de irmãos entre os Frades das pro- víncias da Andaluzia e de Valência, a propósito, quer da missão entre os Negritas, quer das missões dos rios Amazonas e Mara- nhão, em terras brasileiras, desfavoráveis certamente ao rendi- mento apostólico, saem também da poeira dos arquivos para a ribalta da realidade histórica.
Interessantes os documentos que revelam a paternal recep- ção e acolhimento dispensado pelos Reis de Portugal aos Capu- chinhos italianos, bem como os que tomam a defesa da posição da politica portuguesa quanto ao problema da confirmação dos Bispos apresentados à Santa Sé por D. João IV. Neste ponto é notável o desassombro do Padre Boaventura de Taggia. Em vão pedia o Rei de Portugal reciprocidade de serviços. Roma mostrou-se intransigente até ao fim.
São já deste período os projectos da fundação de um hospí- cio de Capuchinhos em Lisboa, para serviço de procuradoria das suas missões do Congo e até da fundação de convento pró- prio em Luanda.
Embora o Padre Alessano tivesse partido de Sanlucar de Barrameda com a sua missão, reconhecendo o Rei de Espanha como legítimo senhor do Congo, não procedeu assim o Vice- -Prefeito, Padre Boaventura de Taggia. Por isso manda D. João
XIX
IV ao Governador Sotomaior que o proteja e mantenha a missão à custa da fazenda real.
Particularmente interessantes os três relatórios da viagem da missão do Padre Alessano, em que são contados os contra- tempos e peripécias de uma travessia longa e acidentada, sobre- tudo as dificuldades encontradas no Zaire, quando do desem- barque, da parte dos calvinistas holandeses. Mostram ainda que, apesar do abandono a que estava votada aquela cristandade, havia quatro anos, por obra e graça do assalto holandês a Luanda, a fé se mantinha viva entre os congueses e o apostolado ali exer- cido pelos missionários portugueses tinha operado em profun- didade. Ao contrário do que se propalava em Roma e mesmo em Lisboa, os habitantes mostraram-se invulneráveis ao credo calvinista, notabilizando-se , com espanto dos missionários recém- -chegados, na devoção consciente e arreigada ao Santíssimo Sa- cramento e á Santíssima Virgem.
*
Cumpre-nos agradecer ao R. P. Nicola Kowalsky, OMI, actual Arquivista da Propaganda Ride, a colaboração presti- mosa que quis dar a este volume, revendo ou mandando copiar um que outro documento, e confessando-nos o seu propósito de nos auxiliar para o futuro, o que ê para nós penhor da muita estima que vota ao nosso trabalho: «je tiens á vous dire que je serai toujours prêt á vous rendre tous les services possibles pour les «Monumenta». Todos os historiadores ficarão gratos a esta fraternal dedicação.
XX
Os agradecimentos do autor irão sobretudo para Sua Ex." o Sr. Ministro do Ultramar, Almirante Vasco Lopes Alves, que contribuiu fundamentalmente para que esta obra saísse do beco sem saída em que esteve metida e paralisada durante dois anos. Os historiadores das missões africanas serão gratos, com o autor, ã esclarecida visão e actuação de Sua Ex.a. Bem haja!
À Agência-Geral do Ultramar, cujo empenho pela publi- cação de «Monumenta» até hoje nunca se desmentiu, e tudo tem feito para a plena realização do projecto iniciado em 1952, as nossas melhores homenagens.
Sabemos que não temos laborado em vão e esta ê, certa- mente, a maior recompensa moral para quem trabalha. Várias teses universitárias, conferencias brilhantes e estudos mono- gráficos, se têm socorrido abundantemente de nMonumenta Missionaria Africana». Outros que, não querendo acompanhar o progresso da investigação histórica, cristalizaram num passado de obscuridade e de incertezas, têm produzido trabalho de baixo nível científico e mesmo sectário.
Continuaremos com a tenacidade e paciência que estes tra- balhos requerem, até onde Deus e os homens o permitirem, a bem das Missões Católicas Africanas, da Igreja e de Portugal.
Lisboa, ij de Novembro de 1^60.
PADRE ANTÓNIO BRÁSIO C. S. SP.
XXI
ERRATA & CORRIGENDA
Página |
Linha |
Lê-se |
Leia-se |
3 |
9 |
eo |
e 0 |
6 |
7 |
veradediras |
verdadeiras |
16 |
27 |
dos Possessões |
das Possessões |
23 |
6 |
obviar |
■para obviar |
33 |
32 |
sobras |
sobas |
120 |
*9 |
2 de Abril |
27 de Abril |
166 |
»5 |
Olendeses |
Olandeses |
280 |
26 |
inlígenas |
indígenas |
292 |
12 |
Sylpa |
Sylua |
333 |
12 |
Alquivos |
Arquivos |
359 |
32 |
doe. n.° 97 |
doe. n.° 95 |
387 |
324 |
doe. n.° 117 |
doe. n.° 116 |
443 |
7 |
Luibi |
Luigi |
SIGLAS E ABREVIATURAS
SIGLAS E AREVIATURAS
AGS Arquivo Geral de Simancas — Valhadolid
AHU Arquivo Histórico Ultramarino — Lisboa
AOMC Analecta Ordinis Minorum Capucinorum
APF Arquivo da Propaganda Fide — Roma
APRC Arquivo da Província Romana dos Capu- chinhos — Roma
ARSI Arquivo Romano da Companhia de Jesus
— Roma
ATT Arquivo da Torre do Tombo — Lisboa
AV Arquivo do Vaticano — Roma
BADE Biblioteca e Arquivo Distrital — Évora
BAL Biblioteca da Ajuda — Lisboa
BNL Biblioteca Nacional ■ — Lisboa
BNM Biblioteca Nacional — Madrid
Cap Capítulo
Cfr Confere ou Confira
Cód Códice
C. S. Sp [da] Congregação do Espírito Santo
cx caixa
doe, does documento, documentos
F. G Fundo Geral
fl., fls fólio, fólios
Fr Frei
Liv Livro
Mons Monsenhor
Ms., Mass Manuscrito, Manuscritos
Obr. cit Obra citada
pág., págs página, páginas
P.e Padre
XXVII
R. S Real Senhoria e Reverência Sua
s./ d./ sem data
SRCG Scritture Ricevute nelle Congregazioni Ge-
nerali (APF)
S. } fda] Companhia de Jesus
V. Il.ma Vossa Ilustríssima
V. M V. Mercê, Vossa Majestade
VV.. MM Vossas Mercês
V. P Vossa Paternidade
V. R Vossa Reverência
V. S. II. ma Vossa Senhoria Ilustríssima
Vid Vide
/ Indica passagem de fólio ou de linha
// Indica abertura de parágrafo
[ . . . ] Indica falta de texto ou texto presumido
XXVIII
ÍNDICE
N.° Pág. i — AHU - Angola, cx. 3: Carta ao Director Holandês de Luanda e sua resposta aos signatários. Luanda, 10 dc Janeiro de 1643 3
2 — DOUTOR IOÂO SALGADO DE ARAUJO - Svcessos
Àlililares: Capitulações com os Holandeses c ataque
ao arraial do Gango. 30 de Janeiro de 1634 6
3 — ALGEMEEN RIJKSARCHIEF (Haia): Carta de
D. Garcia II, Rei do Congo, ao Governador Holandês
no Brasil. Bunte, 23 de Fevereiro de 1643 13
4 — AHU - Angola, cx. 2: Carta dc D. Garcia II, Rei do
Congo, ao P.° Reitor do Colégio de Luanda. 23 dc Fe- vereiro dc 1643 '7
5 — AHU - Angola, cx. 2: Carta do Governador de Benguela
a el-Rei de Portugal. Benguela, 1 de Março de 1643... 21
6 — AHU - Angola, cx. 2: Carta de Diogo Lopes de Fana
a el-Rei de Portugal. Arraial do Gango, 5 de Março
de 1643 23
7 — Angola, cx. 2: Carta do Governador de Angola a cl-Rei
de Portugal. Bengo, 9 de Março de 1643 28
8 — AHU - Angola, cx. 2: Carta de D. Henrique, Rei do
Dongo, a D. João IV de Portugal. Mauepungo, 10
dc Março de 1643 39
9 — APF -SRCC, 142: Carta do Colector Apostólico ao Se- cretário da Propaganda Fide. Lisboa, 16 de Maio de
l643 • 41
10 — BNL - Ms. 7.162: Sucessos do arraial do Bengo entre
Portugueses c Holandeses. 17 de Maio de 1643 42
1 1 — ARSI - Lus., 55. Assalto ao arraial do Bengo pelas tropas
holandesas. 17 de Maio de 1643 46
XXXI
N.° Pág.
12 — ARSI - Brasília, 3: Carta de Salvador Correia de Sá ao
Geral da Companhia de Jesus. Rio de Janeiro, 2 de Junho de 1643 55
13 — APF - Memoriali, 406: Missão do Reino do Congo. 22
de Junho de 1643 56
14 — AHU - Angola, cx. 2: Artigos e condições das pazes
entre Holandeses e Portugueses. 1 de Julho de 1643... 57
15 — APF - Acta, 15: Padres missionários Capuchinhos da pri-
meira Missão do Congo. Julho-Setembro de 1643 ... 60
16 — APF - Lettere Volgari, 21: Carta da Propaganda Fide ao
Núncio em Madnd. Roma, 30 de Agosto de 1643 ■•• ^2
17 — ATT-Ms. 1341: Carta de Sousa Coutinho a el-Rei.
6 de Setembro de 1643 64
18 — AHU - Cód. 30: Parecer do Conselho Ultramarino sobre
o Reino de Angola. Lisboa, 19 de Setembro de 1643 ... 65
19 — BNL - Ms. 2.666: Carta de Sousa Coutinho ao Conde
da Vidigueira. Haia, 5 de Outubro de 1643 81
20 — 9HU - Rio de Janeiro, cx. 1 : Parecer de Salvador Correia
de Sá sobre a restauração de Angola. Évora, 21 de
Outubro de 1643 82
21 — AGS - Secretarias Provinciales, Maço 2639: Parecer de Francisco Leitão sobre a missão dos Capuchinhos. Ma- drid, 4 de Dezembro de 1643 ^5
22 — AGS - Estado, Maço 2806: Consulta do Conselho de
Estado sobre a Missão do Congo. Saragoça, 6 de De- zembro de 1643 96
23 — APF - SRCG, 123: Cédula de Filipe IV de Espanha a Fr.
Boaventura de Alessano. Madrid, 1 de Janeiro de 1644 98
24 — APF - SRCG, 108: Carta de Fr. Boaventura de Cerdena
e Fr. João de Santiago ao Secretário da Propaganda
Fide. Madrid, 11 de Janeiro de 1644 100
25 — BNL - Ms. 7.162: Carta Régia ao Padre João de Matos.
Lisboa, 25 de Janeiro de 1644 102
26 — ATT-Ms. 1122: Missionários da Ordem de Cristo para
o Ultramar. Lisboa, 25 de Fevereiro de 1644 105
27 — APF -SRCG. 123: Carta do Rei de França, Luís XIV,
a D. João IV de Portugal. Paris, 16 de Abril de 1644 108
28 — BNL - Ms. 7.162: Carta Régia ao Conde da Vidigueira.
Alcântara, 20 de Abril de 1644 1 10
29 — FRAY AMBRÓSIO DE VALENCINA — Resena His-
XXXII
N.° Pág. tórica: Carta do Definitóno da Andaluzia ao Secretário da Propaganda Fidc. Sevilha, 24 de Abril de 1644. . 112
30 — FRAY AMBRÓSIO DE VALENCINA - Resena His- tórica: Carta do Dcfinitório da Andaluzia ao Secretário da Propaganda Fidc. Sevilha, 24 de Abril de 1644... 114
31 — APF -SRCG, 180: Carta do Definitório da Andaluzia ao Secretário da Propaganda Fide. [Sevilha, 24 de Abril de 1644] 116
33 — APF - Acta, 16: Missão do Reino do Congo. 25 de Abril
de 1644 1 18
33 — BNL - Ms. 7.162: Carta Régia ao Conde da Vidigueira.
Alcântara, 27 de Abril de 1644 120
34 — APF - SRCC, 123: Carta de Frei Boaventura de Alessano
ao Secretário da Propaganda Fide. Abril (?) de 1644 121 35 — APF - Lettere Volgari, 22: Carta da Propaganda Fide
ao Núncio em Madrid. Roma, 7 de Maio de 1644 ... 130
36 — APF - SRCG, 123: Carta dos Padres de Teruel à Propa-
ganda Fide. Valência, 9 de Maio de 1644 132
37 — APF - Acta, 16: Missão do Reino do Congo. 21 de- Junho
de 1644 135
38 — CORPO DIPLOMÁTICO PORTUGUEZ, XII: Carta
de el-Rei D. João IV ao Embaixador em França. Alcântara, 23 de Junho de 1644 136
39 — APF -SRCG, 123: Carta do Padre Boaventura de Ales-
sano ao Secretário da Propaganda Fide. Sevilha, 30 de Junho de 1641 138
40 — APF - Lettere Volgari, 22: Carta do Secretário da Propa-
ganda Fide ao Padre Boaventura de Alessano. Roma, 2
de Julho de 1644 144
41 — AHU - Ari gola, cx. 3: Carta de Alessano de Abreu de
Miranda. Lisboa, 23 de Julho de 1644 146
42 — APF -SRCG, 123: Carta do Colector Apostólico ao Se-
cretário da Propaganda. Lisboa, 24 de Julho de 1644 148
43 — APF -SRCG, 123: Carta do Colector Apostólico ao Se-
cretário da Propaganda. Lisboa, 12 de Agosto de 1644 150
44 — AHU - Cód. 13: Consulta do Conselho Ultramarino.
Lisboa, 17 de Agosto de 1644 152
45 — APF -SRCG, 123: Carta de Frei Boaventura de Taggia
à Propaganda Fide. Lisboa, 30 de Agosto de 1644 ... 156
XXXIII
N.» Pág. 46 — APF -SRCG, 123: Carta de Frei Boaventura de Taggia
à Propaganda Fide. Lisboa, 1 de Setembro de 1644. .. 158
47 — APF - SRCG, 123: Carta de Frei Boaventura de Taggia
à Propaganda Fide. Lisboa, 5 de Setembro de 1644... 160
48 — APF - SRCG, 108: Carta do Núncio em Madrid à Pro-
paganda Fide. Madrid, 7 de Setembro de 1644 162
49 — ATT_Ms. 1017: Carta de el-Rei D. João IV ao Embai-
xador em França. Lisboa, 17 de Setembro de 1644... 163
50 — BNM - Ms. 3818: Carta do Secretário do Conselho de
índias aos Superiores Capuchinhos de Castela. Madrid,
26 de Setembro de 1644 164
51 — BNM-Ms. 3818: Carta do Provincial de Castela ao
Conselho Real das índias. 1 de Outubro de 1644 165
52 — APF -SRCG, 108: Carta do Definitório da Andaluzia
à Propaganda Fide. Sevilha, 24 de Outubro de 1644... 172
53 — APF - SRCG, 123: Carta do Definitório da Andaluzia ao
Núncio em Madrid. Sevilha, 25 de Outubro de 1644... 175
54 — APF - SRCG, 108: Carta de Frei Boaventura de Alessano
à Propaganda Fide. Sevilha, 25 de Outubro de 1644 177
55 — APF - SRCG, 108: Carta do Definitório da Andaluzia
à Propaganda Fide. Sevilha, 25 de Outubro de 1644 180
56 — APF - SRCG, 123: Carta de Frei Boaventura de Taggia
a el-Rei dc Portugal. Lisboa, 29 de Outubro de 1644 182
57 — APF - Acta, 16: Missionários Capuchinhos para o Congo.
5 de Novembro de 1644 187
58 — APF -Lettere Volgari, 22: Carta do Secretário da Pro-
paganda ao Núncio em Madrid. Roma, 12 de Novem- bro de 1644 188
59 — APF -SRCG, 108: Carta do Núncio em Madrid ao Secre-
tário da Propaganda. Madrid, 13 de Novembro de
1644 190
60 — APF -SRCG, 108: Carta do Padre António de Terucl
à Propaganda Fide. Tortosa, 13 de Novembro de 1644 192
61 — APF -SRCG, 123: Decreto régio a Frei Boaventura de
Taggia. Lisboa, 22 de Novembro de 1644 '94
62 — APF - SRCG, 123: Carta do Colector Apostólico ao Se-
cretário da Propaganda. Lisboa, 23 de Novembro de
1644 196
63 — APF -SRCG, 123: Carta do Padre Boaventura de Taggia
XXXIV
N." Pág. ao Secretário tia Propaganda Fidc. Lisboa, 23 de No- vembro de 1644 198
64 — BAL-GSd. 51-III-39: Nomeação de Bispo para Angola.
Lisboa, 23 de Novembro de 1644 200
65 — APF -SRCG, 123: Carta do Padre Boaventura de Taggia
ao Secretário da Propaganda Fidc. Lisboa, 27 de No- vembro dc 1644 201
66 — CÂMARA MUNICIPAL (Sanlucar de Barrameda) —
Actas, 16: Esmola ao convento de Sanlucar de Bar- rameda. 14 de Dezembro de 1644 205
67 — LARANJO COELHO - Cartas de El-Rei D. João IV,
I: Carta do Governador de S. Tomé a seu irmão D. Fi- lipe de Moura. 15 de Dezembro de 1644 206
68 — BNL - Ms. 7.162: Carta régia ao Padre João de Matos.
Lisboa, 2 de Janeiro dc 1645 209
69 — APF - SRCG, 108: Carta do Padre António dc Teruel à
Propaganda Fide. Tortosa, 2 de Janeiro de 1645 210
70 — APF - SRCG, 143: Carta do Padre Boaventura de
Taggia ao Secretário da Propaganda Fide. Lisboa, 16
dc Janeiro de 1645 212
71 — ■ APF -SRCG, 108: Carta do Núncio em Madrid à Pro-
paganda Fide. Madrid, 18 de Janeiro de 1645 215
72 — APF - SRCG, 108: Carta do Núncio em Madrid ao Se-
cretário da Propaganda. Madrid, 19 de Janeiro de 1645
73 — APF -SRCG, 108: Carta do Padre Boaventura de Ales-
sano ao Prefeito da Propaganda Fide. S. Lucar, 29 de Janeiro dc 1645 218
74 — APF -SRCG, 108: Carta de Frei Francisco de Jerez ao
Secretário da Propaganda Fidc. Sanlucar de Barra- meda, 30 de Janeiro de 1645 221
74-A — AHU - Angola, cx. 3: Parecer sobre o local do desem- barque do socorro enviado a Angola. Baía, 6 de Feve- reiro de 1645 477
75 — FRAY AMBRÓSIO DE VALENCINA — Rcseha
Histórica: Carta da Propaganda Fide ao Provincial
da Andaluzia. Roma, 14 de Fevereiro de 1645 223
76 — APF - Acta, 16: Missão ao Reino dos Negritas. 14 de
Fevereiro de 1645 225
76-A — AHU - Angola, cx. 3: Carta de António Teles da
XXXV
N.° Pág. Silva a cl-Rci acerca do socorro enviado a Angola. Baía, 16 de Fevereiro de 1645 480
77 — APF -SRCG, 108: Carta do Núncio cm Madrid à Pro-
paganda Fide. Madrid, 18 de Fevereiro de 1645 227
78 — AHU - Angola, cx. 3: Missão dos Capuchinhos para o
Congo. Lisboa, 21 de Fevereiro dc 1645 228
78-A — AHU - Angola, cx. 3: Relação do custo do socorro dc Angola enviado por António Teles da Silva. Baía, 23 de Fevereiro de 1645 483
79 — APF -SRCG, 108: Carta do Núncio em Madrid à Pro-
paganda Fide. Madnd, 25 de Fevereiro de 1645 230
80 — APF - Lettere Volgari, 23: Carta da Propaganda Fide ao
Provincial da Andaluzia. Roma, 25 de Fevereiro
de 1645 231
81 — BNM - Ms. 3818: Carta do Cardeal Virgílio Capponi
aos Capuchinhos de Castela. Roma, 16 de Março
de 1645 232
82 — BNL - Ms. 1-6/5: Carta do Conde da Vidigueira ao
Agente Eclesiástico cm Roma. 21 de Março de 1645 234
83 — APF -SRCG, 143: Carta do Padre Boaventura de
Taggia ao Secretário da Propaganda Fide. Lisboa, 3 de Abril de 1645 235
84 — APF -SRCG, 108: Carta do Provincial da Andaluzia
ao Secretário da Propaganda. Antequera, 4 de Abril
de 1645 v 237
85 — APF - SRCG, 108: Carta do Provincial da Andaluzia
ao Secretário da Propaganda. Antequera, 4 de Abril
de 1645 239
86 — APF -SRCG, 143: Carta do Padre Boaventura dc
Taggia ao Secretário da Propaganda Fide. Lisboa, 29
de Abril de 1645 242
87 — APF -SRCG, 143: Carta régia ao Governador de An-
gola. Alcântara, 9 de Maio de 1645 244
88 — APF -SRCG, 143: Carta do Padre Boaventura de
Taggia ao Secretário da Propaganda Fide. Lisboa, 15
de Maio de 1645 250
90 — APF - SRCG, 143: Carta do Padre Boaventura de Taggia ao Secretário da Propaganda Fide. Lisboa, 16 Maio dc 1645 252
91 — APF -SRCG, 143: Carta do Padre Boaventura de
XXXVI
N.» Pílg. Taggia ao Secretário da Propaganda Fide. Lisboa,
18 de Maio de 1645 254
92 — APF - SRCG, 247: Carta do Padre Boaventura de Alcs-
sano ao Secretário da Propaganda Fide. Pinda, 4 de Junho de 1645 256
93 — BNM - Ms. 3818: Relação de Frei Ângelo de Valência
sobre a Missão do Reino do Congo. 8 de Junho
de 1645 274
94 — APF - SRCG, 247: Carta de Frei João de Santiago aos
Capuchinhos de Castela. Pinda, 11 de Junho de 1645 281
95 — APF - Lettere Volgari, 23: Carta da Propaganda Fide a
Fr. Boaventura de Alessano. Roma, 12 de Junho
de 1645 291
96 — APF - SRCG, 108: Carta do Provincial de Castela à
Propaganda Fide. Madrid, 13 de Junho de 1645 293
97 — AOMC-1887: Carta do Padre Januário de Nola ao
Padre João Baptista Mastrilli. Pinda, 16 de Junho
de 1645 296
98 — APF _ SRCG, 143: Carta do Padre Boaventura de
Taggia ao Secretário da Propaganda Fide. Lisboa,
16 Junho de 1645 314
99 — APF -SRCG, 143: Carta do Colector Apostólico ao Se-
cretário da Propaganda. Lisboa, 19 de Junho de 1645 316
100 — APF - Acta, 16: Faculdades aos Missionários do Congo.
19 de Junho de 1645 318
101 — APF -Acta, 16: Missão dos Padres Capuchinhos na
Velha Guiné Africana. 3 de Julho de 1645 320
102 — FRAY AMBRÓSIO DE VALENCINA — Resena His-
tórica: Carta do Secretário da Propaganda Fide ao Provincial da Andaluzia. Roma, 3 de Julho de 1645 322
103 — APF - Lettere Volgari, 23: Carta da Propaganda Fide ao
Núncio em Madrid. Roma, 15 de Julho de 1645 325
103- A — AHU - Angola, cx. 3: Carta de Francisco de Soto- maior a Pedro César de Meneses. Catumbela, 20 de Julho de 1645 490
104 — LAR ANJO COELHO - Carias de El-Rei D. João IV,
I: Auto de António Malhorquim sobre a ocupação de
S. Tomé. Lisboa, 24 de Julho de 1645 327
105 — • BNM - Ms. 8.187: Relação da viagem de socorro a
XXXVII
N.o Pág. Angola, de Teixeira de Mendonça e Lopes de Se- queira. Abril-Junho de 1645 332
1 — APF - SRCG, 110: Carta dos Missionários Capuchinhos
ao Secretário da Propaganda Fidc. 5 de Agosto de 1645 345
07 — BNL - Ms. 7.162: Carta régia ao Conde da Vidigueira.
Lisboa, 6 de Agosto de 1645 347
07- A — AHU - Angola, cx. 3: Carta de Francisco de Soto-
maior a Pedro César de Meneses. Quicombo, 14 de Agosto de 1645 492
08 — FRAY AMBRÓSIO DE VALENCINA — Reúna His.
tórica: Carta do Núncio Apostólico em Madrid ao Provincial da Andaluzia. Madrid, 22 de Agosto ^ 1645 349
08- A — AHU - Angola, cx. 3: Auto dc Pedro César de Mene-
ses. Massangano, 28 de Agosto de 1645 495
08-B — AHU - Angola, cx. 3: Carta de Pedro César de Mene- ses a Francisco de Sotomaior. Massangano, 29 de Agos- to de 1645 499
09 — AHU - S. Tomé, cx. 1 : Carta do Conselho Ultramarino
a e!-Rei D. João IV. Lisboa, 31 de Agosto de 1645 350
10 — AHU -Angola, cx. 3: Carta de Francisco Sotomaior a
el-Rei D. João IV. Quicombo, 13 de Setembro de 1645 352 10-A — AHU - Angola, cx. 3: Carta de Francisco dc Soto- maior a el-Rci. Quicombo, 14 de Setembro de 1645 ... 401
10- B — - AHU - Angola, cx. 3: Carta dc António Teixeira dc
Mendonça a el-Rei D. João IV. Santa Cruz dc Qui- combo, 14 de Setembro de 1645 503
11 — AHU - Angola, cx. 3: Carta de Francisco de Sotomaior
a el-Rei D. João IV. Quicombo, 17 de Setembro
de 1645 365
11-A — AHU - Angola, cx. 3: Carta dc Francisco de Soto- maior a Pedro César dc Meneses. Quicombo, 18 de Setembro dc 1645 507
11-B — • AHU - Angola, cx. 3: Auto de Francisco de Soto- maior. Santa Cruz de Quicombo, 24 dc Setembro dc 1645 510
12 — APF -SRCG, 108: Carta do Núncio em Madrid à Pro- paganda Fide. Madrid, 27 dc Setembro de 1645 367
13 — BNM - Ms. 8.187: Relação da viagem de Sotomaior em
socorro de Angola. Maio-Setcmbro de 1645 369
XXXVIII
N.° PAK. 113-A — AHU - Angola, cx. 3: Auto de Francisco de Soto-
maior. Suto, 14 de Outubro de 1645 514
113- B — AHU - Angola, cx. 3: Auto de Francisco de Soto-
maior. Suto, 16 de Outubro de 1645 517
114 — APF -Lettere Volgari, 23: Carta da Propaganda Fide ao
Provincial da Andaluzia. Roma, 18 de Outubro de 1645 382 114-A — AHU - Angola, cx. 3: Requerimento da Câmara de Angola a Francisco de Sotomaior. Suto, 20 de Outubro de 1645 522
115 — APF -SRCG, 110: Carta do Padre Boaventura de Taggia
ao Secretário da Propaganda Fide. Brasil, 28 de Outu- bro de 1645 384
1 16 — MICHAEL A TUGIO - BMarium, VII: Breve de Ino-
cêncio X ao Rei do Congo. Roma, 10 de Novembro
de 1645 386
117 — AHU - Angola, cx. 3: Carta do Director dos Holandeses
ao Governador de Angola. Luanda, 15 de Novembro
de 1645 388
1 18 — APF - SRCG, 1 10: Carta do Colector Apostólico ao Se-
cretário da Propaganda. Lisboa, 15 de Novembro
de 1645 390
119 — AHU - Angola, cx. 3: Carta de Francisco de Sotomaior
ao Director dos Holandeses. Cuanza, 18 de Novembro
de 1645 392
120 — APF - SRCG, 110: Carta de Fr. Boaventura de Taggia à
Propaganda Fide. Baía de Todos os Santos, 30 de No- vembro de 1645 394
121 — APF -SRCG, 110: Carta de Frei Salvador de Génova ao
Secretário da Propaganda Fide. Baía de Todos os San- tos, 2 de Dezembro de 1645 396
121-A — AHU - Angola, cx. 3: Carta da Câmara de Angola a
el-Rei. Massangano, 2 de Dezembro de 1645 525
122 — AHU - Angola, cx. 3: Carta de Francisco de Sotomaior
a D. João IV. Arraial do Cuanza, 4 de Dezembro de
l645 •■ 3^
123 — APF - SRCG, 110: Carta do Deíinitório da Andaluzia
aos Cardeais da Propaganda Fide. Jaen, 8 de Janeiro
de 1646 421
124 — A l i' - Ms. 1 148: Carta régia ao Conselho da Fazenda.
Lisboa, 15 de Março de 1646 414
XXXIX
N.° Pág.
125 — A l T - Ms. 1 148: Carta régia ao Conselho da Fazenda.
Lisboa, 4 de Maio de 1646 416
126 — APF — Lettere d'halia, 46: Carta de Frei Francisco de
Pamplona ao Secretário da Propaganda Fide. Livorno,
9 de Junho de 1646 418
128 — BIBLIOTECA COLOMBINA - 63-2-30: Carta de Frei
Miguel de Cessa ao Padre Guardião de Sevilha. Ren- teria, 12 dc Junho de 1646 420
129 — APF - Lettere Volgari, 24: Carta da Propaganda Fide ao
Núncio em Madrid. Roma, 15 de Junho de 1646 422
130 — APF - Lettere Volgari, 24: Carta da Propaganda Fide ao
Núncio em Madnd. Roma, 16 de Junho de 1646 423
131 — AHU - Angola, cx. 3: Carta do Padre Gonçalo João a
el-Rei. 25 de Junho de 1646 424
132 — APF -SRCG, 110: Carta do Núncio em Madrid ao Se-
cretário da Propaganda. Madrid, 4 de Julho dc 1646 426
133 — AHU - Angola, cx. 3: Consulta do Conselho Ultramarino
sobre as Minas e socorro de Angola. Lisboa, 5 de Julho
de 1646 428
134 — APF - Memoriali, 412: Missionação de Ano Bom e Be-
nim. 17 dc Julho de 1646 429
135 — APF - Ade moriali, 412: Carta dc Frei Ângelo de Farnese
à Propaganda Fide. 17 de Julho dc 1646 431
136 — APF - Acta, 17: Problemas da Missão do Congo propos-
tos pelo Padre Prefeito. 17 dc Julho de 1646 433
137 — APF - SRCG, 145: Carta do Padre José de Lisboa ao Se-
cretário da Propaganda. Cadiz, 28 de Julho dc 1646... 437 138 — APF -SRCG, 110: Carta da Província de Castela aos
Cardeais da Propaganda. Madrid, 27 de Agosto de 1646 439
139 — APF - SRCG, 247: Carta do Procurador Geral dos Capu-
chinhos aos Cardeais da Propaganda Fide. Julho de
1646 442
140 — APF - Memoriali, 412: Memorial de Frei Francisco de
Pamplona ao Cardeal Prefeito da Propaganda. Julho
de 1646 444
141 — APRC, Annali, II: Acção de Frei Francisco de Pamplona
no regresso do Congo a Roma. Agosto de 1646 446
142 — APF -SRCG, 247: Carta do Padre Boaventura dc Alcs-
sano aos Cardeais da Propaganda Fide. S. Salvador, 3
dc Outubro de 1646 448
XL
N." Pfifí.
143 — AGS - Secretarias Provinciales, Maço 2639: Carta dc
D. Garcia II rei tio Congo a D. Filipe IV rei de Espa- nha. Congo, 5 de Outubro de 1646 450
144 — AGS - Secretarias Provinciales, Maço 2639: Petições de
D. Garcia II rei do Congo a D. Filipe IV de Espanha.
5 dc Outubro de 1646 152
145 — BADE - Cód. CVI/2-9: Carta ao Papa Inocêncio X sobre
a nomeação dos Bispos. 1646 454
146 — GIOVANNI FRANCESCO ROMANO - Rdazione:
Carta credencial do Rei do Congo aos Embaixadores Capuchinhos. Congo, 5 de Outubro de 1646 456
147 — BADE - Cód. CVI/2-9: Carta do Rei do Congo aos Em-
baixadores Capuchinhos. Congo, 5 de Outubro de 1646 458
148 — GIOVANNI FRANCESCO " ROMANO - Rdazione:
Carta reverenciai do Rei do Congo ao Papa Inocêncio
X. Congo, 5 de Outubro de 1646 459
149 — BADE - Cód. CVI/2-9: Carta reverenciai do Rei do Congo ao Papa Inocêncio X. Congo, 5 dc Outubro de
1646 461
150 — APF -SRCG, 94: Carta do Padre Boaventura dc Taggia ao Secretário da Propaganda Fidc. Amesterdão, 9 de Outubro dc 1646 463
151 — APF - Lettere Volgari, 24: Carta da Propaganda Fidc ao
Provincial da Andaluzia. Roma, 15 de Outubro de 1646 466
152 — APF -SRCG, 97: Carta do Padre Boaventura dc Taggia
ao Secretário da Propaganda Fide. Lisboa, 16 de No- vembro de 1646 467
153 — ■ AHU - Baía, cx. 5: Carta de António Teles da Silva a
el-Rei D. João IV 470
154 — APF -SRCG, 145: Carta de Frei Francisco de Pamplona
ao Secretário da Propaganda Fide. Madrid, 22 de De- zembro de 1646 472
XLI
ÍNDICE DAS GRAVURAS
i — Mapa do Golfo da Guiné
2 — O Rei de Benim 112Í113
3 — Audiência do Rei do Congo D. Garcia-Afonso II aos
Missionários Capuchinhos Italianos (1645) 224/225
4 — ■ Audiência do Rei do Congo D. Garcia-Afonso II aos
Capuchinhos Italianos (3-9-1645) 288/289
5 — Fac-simi!e das assinaturas dos documentos n.° 4, 7 ç. 143 352/353
6 — Mapa dos Reinos de Angola e Benguela (Séc. XVII) 416/417
7 — ■ Demolição do convento dos Capuchinhos em S. Sal-
vador para construção da igreja protestante Baptista
(■¥) 44V449
8 — Brasão de Francisco de Sotomaior no seu túmulo na
igreja de Mesão Frio 464/465
MONUMENTA MISSIONARIA AFRICANA
Africa ocidental
(1643-1646)
1
CARTA AO DIRECTOR HOLANDÊS DE LUANDA E SUA RESPOSTA AOS SIGNATÁRIOS
(10-1-1643)
SUMÁRIO — Protesto português contra a detenção do Governador César de Meneses — O Director holandês concorda parla- mentar com ele, como lhe fora proposto.
Muito ilustre Senhor
Diogo Lopez de Fana, feitor da fazenda de S. Magestade eo licenciado Antonio Guerreiro, deputados inuiados a V. S.a pelo Senhor Gouernador Pero Cezar de Menezes, pedimos a V. S.a como taõ obrigados seruidores seus, se sirua de considerar attentamente que estando o senhor Gouernador com os mora- dores deste Reino no caminho a uersse cõ V. S.a, pareçe delibera- ção asperissima ordenar V. S.a que se detenhaõ por taõ leuecauza, como hauersse deffendido do comettimento que os leuantados lhe fizeraÕ, hauendo V. S.a empenhado sua palavra que os entregaria, ou dana o fauor de suas armas, para os entregar, pois estauaõ amparados do quartel que V. S.a mandou pôr em Namboa-ca- lombe, e que impugna a uerdadeira paz e amizade assentada cõ taõ graues fundamentos, entre elRey nosso Senhor e os Se- nhores Hordens Geraes, querer V. S.a pôr em igual balança vassalos negros rebeldes, cõ a pessoa do Capitão Geral e Go- uernador, que aqui reprezenta a pessoa de S. Magestade, sendo obrigação de V. S.a, pela reçiproca amizade assentada, dar V. S.a seu fauor a cauza taõ justa e clara justiça.
Assy que V. S.a seja seruido, vendo o dezapaixonadamente, naÕ dar lugar a algum escândalo em fazer deter o senhor Go-
3
uernador em seu caminho, antes se venha uer cõ V. S.a sem dillaçaõ, para que cõ V. S.a assente amigauelmente as couzas conuenientes ao seruiço dos Senhores Hordens Geraes e de S. Magestade, e que os enimigos naõ gozem de seus intentos e dezejos, vendo desunidos a V.s S.a\ aliás se entenderá nesta occaziaõ que podem mais as armas victoriozas cõ que V. S.* se acha, que a reciproca e uerdadeira amizade, assentada e esta- belecida em fundamentos justos, a que V. S.a como Gouernador e supprema cabeça delias deue dar beneuolamente inteiro cum- primento; isto pedimos a V. S.a seus mayores seruidorcs, tanto por esta cauza como pela obrigação que temos. / /
Loanda, 10 de Ianeiro de 1643. / /
Diogo Lopez de Fana
O Licençeado Antonio Guerreiro
RESPOSTA DO DIRECTOR HOLANDÊS
Muy Nobres Senhores
Bem que a cauza seja justiça que mi fes pedir ao senhor Go- uernador de ficar no lugar aonde sua senhoria está agora, até uir outra hordem de minha parte: todauia, para mostrar em ef feito taõ á sua como a V.s S.as que voi buscando todos os mevos do mondo, naÕ somente para entratener as amizades e pazes feitas entre a Coroa de Portugal e o nosso Estado; antes mais, para fazer comprender e uer a tudos (*) os Reis destas ter- ras e seus vassalos e sugeitos que hé verdadeira e de mayor pezo que naõ estunaõ, esta amizade nossa, e taõbem para naõ dar
(*) Lcia-sc: todos.
lugar a hum mínimo suspeito entre a gente p.etta nzoluimi de largaar de minho (2) direito até lá, que de conçintir a V.8 S.as isso que mi pedirão oje, dando licença ao senhor Gouernador de baixar a seu gosto, para vermos e conçertar [ mos ] as couzas e difficuldades, se alguás hay, inquanto o seruiço de Nossos Se- nhores reciprocamente requiere a mor breuidade, hade ser a melhor. Deus Nosso Senhor guarde a V.s S-ttS, como pode. / /
Loanda, o;e a 10 de Ianeiro 1643.
C. Nieulant
AHU — Angola, cx. 2.
(2) Singular masculinização de minha. Leia-se: meu.
5
2
CAPITULAÇÕES COM OS HOLANDESES E ATAQUE AO ARRAIAL DO GANGO
(30-1-1643)
SUMÁRIO — Relação das capitulações particulares estipuladas entre o Governador de Angola e o Director dos holandeses — Ataque traiçoeiro dos holandeses ao arraial do Gango — Pretextos e razões veradediras da façanha — Odisseia dos prisioneiros.
SVCCESSO QUE PADECERAM OS PORTVGUESES DE ANGOLA PELAS ARMAS OLANDESAS, QUE ASSISTEM NA LO ANDA
Inuiou o Gouernador de Pernambuco posto pelos estados de Olanda, huã carauela à cidade de S. Paulo de Loanda, Reyno de Angola, que tabem estaua pelos Olandeses, a Cornélio Ni- colant (1), Director dacjuella gente, cõ as capitulaçoens de suspensão de armas, & trato de amizade por tépo de dez annos, celebradas entre El Rey nosso Senhor, & os estados de Olanda, & Companhia destes mares: chegou a Angola, em fim de Se- tembro de 1642, as cjuais o Director mandou logo publicar na Loãda, & despachou seu Secretario Gaspar Crocem (2) com huma tropa, de trinta soldados de paz, a Pedro Cezar de Me- neses, Gouernador de Angola, que rezedia com seu arrayal no sitio chamado Namboaquiçanda (s), onde chegarão em tres de Outubro do mesmo anno.
(') Cornélio Niculant, que sucedeu a James Henderson. A Nieu- lant sucedeu Hans Molt. (2) Gaspar Croacem.
(s) Nâmbua-Quizanzo, na província do Lumbo, entre os rios Dande, Zenza e Luínha.
6
Recebeo o Gouernador cõ gosto os tratos de paz, & os fez o publicar cõ as ordes de S. M. é todos os presídios nossos daquele Reyno, & pola noua deu seis negros ao mesmo secre- tario, com a qual inuiou ao Capitão Diogo Lopes de Faria, feitor da fazêda Real, & Antonio Guerreiro, pera trataré de húa con- ueniencia acerca, de que o Director lhe permitisse pouoar a boca do rio Bengo junto ao mar, como de feito (4) depois de se alha- narem inconuinientes, que se auiaÕ representado, se concedeo com as Capitulaçoens, & asentos que se seguem: dizem:
Primeiramente o senhor Director Cornélio Nicolant ('), cõcedeu, & outorgou ao Senhor Pedro Cesar de Meneses: que lhe largaua as terras do Bégo, & do Gulano (5) da banda do Norte, té õde ocupa Manicõgo, & da báda do Sul, té o outeiro de Manigango, no sitio da Igreja, pera que os moradores deste Reyno as posaõ cultiuar, & beneficiar pera sy. As quais terras lhes daua de empréstimo, té vir ordem dos Senhores Superio- res, & que dentro de noue meses não innouana cousa alguma neste empréstimo desta terra, se a caso viesse antes algum auiso. E depois de passados os dittos noue meses, se dana a excução as ordens, que viessem dos Senhores Superiores, & que o Senhor Gouernador largará as treras, que o ditto Senhor Director de presente lhe presta, saluo o direito, de cada hum, que em ellas tem, assi como estiuerem cultivadas, sem dano algum, nem se chamaria a posse, nem por este préstimo adquiria direito algum, assi na posse, como na propriedade; isto se entende vindo ordem, pera que o Senhor Gouernador as desocupe, como arriba hé dito.
E que o senhor Director fará com que El Rey de Congo largue os Portugueses, que estaõ em suas terras retiudos, com todas suas fazendas, escrauos, & as fazendas dos defuntos, que matarão em suas terras, procurara quanto em sua mão estiuer,
(4) No original: defeito.
(5) Deve ser o Golungo.
7
pera que ás entregue, e o Senhor Gouernador largará as terras de Manimotemo (a), que ocupou, em tempo de guerra, & entre- gará os Macotas (7), parentes do dito Manimotemo, que tem
prezos.
Que fará com Manicasante (8), que desocupe as terras de Ensaca, pois nellas não tem beneficio algum, & sò as ocupa para delias sair arroubar, & não o fazendo o dito Manicasante, o dito senhor Director abrira mão delle, pera o senhor Gouerna- dor o castigar como lhe parecer.
Que o senhor Gouernadro, Pedro Cesar de Meneses, no- meara Comissários, pera assistiré na Loãda, pera por sua mão correr o trato, & comercio, que entre huns vassalos, & outros ouuer. / /
Mádarão os ditos senhores fazer este auto por vias, em que se asinarão, pera que a todo o tempo conste do que dito hé, que hé feito neste sitio da Barra do Bengo, aos 30 de Janeiro de 1643 annos.
Debaixo do qual contrato, & empenho de palaura, assentou o Gouernador junto à Barra do no Bengo, pera onde conuocou os Portugueses retirados pelo sertam da terra, com os quais for- mou huã pouoaçaõ, da qual comesou o contrato com os Olan- deses, que rezidiaõ na cidade de Loanda: & o Gouernador na forma das capitulaçoens lhes inuiou por Commissano a Joaõ de Sousa Chaues, ao qual auiaõ de ir dirigidas as mercadorias, & negros, que os Portugueses leuassem a uender, sobre que o mesmo Gouernador publicou edito, pera que assi se obseruasse.
Deste edito receberão os Olandeses desconfiança, dizendo: que com elle se impidia o contrato, sendo assi que pera isso
(G) Senhor de Motemo (Denibos).
(7) O quimbundo Makota, plural de Dikota, significa os conse- lheiro do Soba.
(8) Manicassanje, senhor da Ensaca do Cassanje, entre os rios Bengo e Cuanza.
8
que se pidira o Commissario, & pera o mesmo tmháo elles no- meado o seu, com tanta obseruancia, que que vendese cousa algua por outra mão, ou por sy próprio, tinha a mercadoria perdida. Deu o Gouernador ao Director satisfação por meyo do Lecensiado Antonio Guerreiro, que elle ouue por justificada, com que o trato, & amizade ficou procedendo na mesma forma.
Tornou o Director com outra nouidade: foi pedir não ouuesse Commissario, por ficar o trato mais hure, & assi se fez: inuiou pedir ao Gouernador quantidade de farinhas pera em- barcar huns negros, & lhe emprestou seiscentos alqueires. Tras do qual, porque por esta comunicação hiaõ muitos escrauos de Portugueses à cidade, que erão là retiudos de Olandeses, & là se ficauão, mandou o Gouernador laçar bando, que nenhum negro fosse a Loanda sem sua licença, pelo qual o Director mandou publicar outro (9), pera que nenhum negro de Portu- gueses podesse pescar. Procurou o Gouernador saber do Direc- tor a causa, & que modo era este de amisade. Foi a isso Guer- reiro, mostrou o Director, sentirse do que fizera, & leuantou o edito. Daua por causa que se lhe não vendiaõ goyauas, & limois, que hé fruta daquella terra.
A tanto como isto tinha chegado Portugal, temido noutros tempos por toda [a] Europa, Asia, Africa. Vião [os] Olan- deses ser a doação nulla, por ser o domínio do Príncipe a quem se fazia.
Sucedeo neste tempo chegar a Loanda hum nauio de Olan- deses da Ilha de S. Thomé: nelle Hans Molt, nouo Director, pera adjunto de Nicolant. Deu por nouas, que os Portugueses andauão na Ilha com elles em guerra. Tumultuaraõse os de Angola lançando uoz, que o mesmo ah se pretédia; para isso, dezião, chamar o Gouernador à noua pouoaçaõ do Bengo todos os Portugueses, que assistiaõ no sertão. Foi a este reparo Guer-
(9) No original: outra.
9
reiro, com cartas de Pedro Cesar de Meneses, com o qual pedio ao Director se visem. Recusou a vista. Respondeo, que primeiro faltaria Ceo, & Terra, que no contratado sua palaura: estiuesse certo o Gouernador, de que não aueria nouidade, porem que por satisfazer ao pouo, espedira Comissário ao mesmo Gouer- nador, pera que lhe desse reféns de segurança, mas que respon- desse o que quizesse porque (como dizia) tudo ficaua composto.
Primeiro chegou Guerreiro ao Bengo, que o Secretario do Director, que trazia a comissão pera reféns: ao qual o Gouer- nador satisfez em forma, que confessou não tinhão os Directo- res razão, no que pediaõ.
Tornou com isto a continuar o comercio, & cahio Nicolant doente; foi pelo Gouernador muito regalado, & visitado per pessoas, que a isso dispidia. As cousas pois postas nesta forma, socedeu, que ê quatorze do mes de Mayo de 643, aportou na Loanda hum nauio de Pernambuco, despedido pelos Holande- ses, que asistem no Brasil, a tempo que Guerreiro se achaua na Loanda, pera com o nouo Director Hõsmolt ( sic ) confirmar o assento da amizade, & trato, que o Gouernador cõ Nicolant celebrara; não quis Hõsmolt resoluerse; daua por escusa estar Nicolant enfermo: nem tam pouco pergunta [n] do nouas de Portugal, as quis dar (unhão jà deliberado o assalto, que exe- cutarão, & pelo nauio de Pernambuco, parece se cõfirmou)./ /
Deu volta Guerreiro, chegou ao Bégo Sabbado pela menhã, desaseis do mesmo Mayo, informou ao Gouernador de todo o que passara; ficarão os nossos postos em cuidado sobre que detriminação tenaõ os Holãdeses, os quais a deraõ breuemente a conhecer, porque no dia seguinte, Domingo desasete de Mayo, a horas de amanhecer, entrarão tresentos homens de mosquetes, & carauinas em seis companhias: e dando de repente no quartel do Gouernador, matarão trinta Portugueses, que tratarão de o defender, saquearão a pouoaçaõ cometendo mortes a sãgue frio; huã foi, que tendo quartel o Capitão mor Antonio Bruto, che- gou a preguntar por elle hum Capitão Holandês, a õde estaua
10
o Gouernador, & mostrando se lhe sua casa, o foi buscar, &í o achou ferido, sentado em huã cadeira, leuou da espada, & o matou a cutiladas. A Ioaõ Peguado da Põte, Capitão dos mora- dores, homem rico, porque naõ descalçou huãs meyas de seda com presteza, matarão. A hum Ajudante, que estaua fendo, & caido no chaõ, lhe apontarão huá carauina no peito, & o mata- rão: o mesmo fizeraó a outros, sem resistécia dos Portugueses, que foraõ acometidos estando dormindo em suas camas, sem receyo de tal successo, & quando acudirão ao rumor era jà tudo rendido.
Eraõ os Portugueses cento & oitenta pessoas com os doentes, que auia: a todos os quais prenderão, & saqueraõ pedindo pra- ta, & ouro sem querer fazendas, auendo muitas. Foi posto o saco em cem mil cruzados de sò ouro & prata, alé dos escrauos que tomaraõ, & fazendas, que queimarão.
Prenderão ao Gouernador com desacato, & o leuaraõ a pé, a mor parte do caminho, à Loanda, o meterão numa casa, com guardas, deixando lhe hum só criado, com ordem, que nin- guém lhe falasse: despojaram no de toda a sua roupa, & vesti- dos. Os mais estiueraõ prezos no corpo de guarda; algús repar- tirão por cazas dos Capitaens, passando todos muitas misérias & fomes por espaço de dez dias, no cabo dos quais lhes deraõ hum pataxo mal apercebido, & os embarcarão para o Brasil, sem Piloto, Astrolábio, nem carta de marear: nem azeite pera a vitacula; foraõ os embarcados cento, & sesenta & oito pessoas, pera as quais deraõ somente oitenta alqueires de farinha de pao, & tam pouca carne, que sò quatro veses se repartio na via- gem, por õça (10), a cada pessoa, dezanoue barris de agoa, tam pouca que foi necessário repartirse a meio quartilho (M) por
(l0) Duodécima parte da libra-peso e décima sexta parte do arrá- tel. Como o arrátel tinha 459 gramas, a onça correspondia a cerca de 29 gramas.
A quarta parte da canada, correspondente a meio litro.
/ 1
cabeça para vinte & quatro horas, sem outra alguã cousa de mantimento, & apercebiméto do nauio; & com esta miséria, ao cabo de trinta dias, que gastarão na viagem, aportarão em Pernambuco. / /
De tudo o qual se deu por nosso embaxador conta ao Estado em Holáda, & os Holandeses também a dariaõ, cuja auerigua- çaõ ate gora não tem o fim, que esperamos, porque forçado hé buscassem elles causa que naõ pode auer pera tam grande rõpi- mento de confederação, & pazes, outra que cu [1] dar nos naõ podíamos sustentar contra Castela, junto cõ a cobiça do saco, que fizeraõ.
DOUTOR IOÃO SALGADO DE ARAUJO (Abbade de Pera) — Svcessos Militares das Armas Portvgvesas, Lisboa, 1644, Liv. V, cap. III, fls. 233-236.
NOTA — Embora se trate de um impresso, permitimo-nos mo- dificar certas ligações de vocábulos e um que outro ponto da acentuação.
1 2
3
CARTA DE D. GARCIA II REI DO CONGO AO GOVERNADOR HOLANDÊS NO BRASIL
(20-2-1643)
SUMÁRIO — Proclama o zelo de Nieulant em executar as ordens do sen chefe — Tranquiliza-se for saber que a faz firmada entre Portugal e a Holanda em nada afectaria os seus interesses — Situação de Pedro César de Meneses, desa- gradável fara D. Garcia — Medo que revela dos fortu- gneses — Relatório que envia ao Rei de Portugal feios holandeses — Afirma não consentir nenhum comerciante fortuguês nos seus fortos e territórios — Pede que os fortugueses sejam embarcados fara o Brasil ou fara Ben- guela (?) — Envia um fresente de escravos — Manda uma carta fara D. João IV de Portugal c fede que lhe dcem notícias da guerra entre Portugal e Esfanha.
Eu, o Rei do Congo, mando com esta muitos cumprimen- tos para V. Ex.a e para os nobres senhores do Alto Conselho Secreto do Estado do Brasil e desejo-lhes muito feliz êxito em todos os sectores da sua Residência. Recebi a carta de V. Ex.a muito bem, fora da minha corte, e junta com a mesma ainda uma do ilustre Senhor General, e porque aconteceram tantas coisas não tive oportunidade de responder, como era meu desejo. No entanto sempre pensei que teria tido resposta de V. Ex.a à carta que eu tinha mandado da minha corte, antes de partir para o campo ('), a qual carta ia acompanhada com as minhas simples homenagens; e assim faz mais ou menos sete meses que estive no campo. E no presente estou perto de Luanda, pois sáo
(:) Isto é, para a guerra.
J3
três dias de viagem deste marquesado onde me encontro até ao porto de Luanda.
Na dita carta prometi escrever em extenso a V. Ex.a e aos nobres senhores, com o navio que no dizer do general Nieulandt se preparava. E por isso contarei em breves palavras o que inte- ressa a este reino, isto em conformidade com a aliança e ami- zade que temos feito com os mui poderosos senhores Estados Geraes (2) e sua Alteza o Senhor Príncipe de Orange (3) , não duvidando de que o senhor Nieulandt já avisou V. Ex.a e aos nobres senhores de tudo o que se passou, de modo que para mim nada resta, se não confessar só o grande zelo que o senhor Nieulandt mostrou em executar as ordens do chefe. Porque se ele não me tivesse animado com as suas tão vivazes cartas, dan- do-me a certeza e assegurando-me a paz, feita entre os portu- gueses e os nobres senhores Estados Geraes (4), não me seria prejudicial, sem dúvida tudo seria, a meu ver, aniquilado. Por- que eu conheço muito bem o mau génio dos Portugueses, os quais, quando não têm poder, se portam como carneiros e quan- do chegam a ter poder se mostram como leões e dragões.
O Governador Pedro César (5) encontra-se no presente ao pé do rio Bengo a duas milhas de Luanda, e fez acordo com os senhores directores de ficar lá nove meses até receber ordens sobre este estado de coisas e entretanto irá cultivar as terras na vizinhança, sobre o que eu escrevi ao senhor Nieulandt, que eu não estou contente disso, porque, se lhe parecesse duro que
(2) O «Staten Gcneraal» era o corpo regente das 7 Províncias Unidas dos Países Baixos.
(3) Nesta época era Príncipe de Orange c estatúder das Provín- cias Unidas dos Países Baixos, Frederico Henrique (23-4-1625 a 14-3-1647), filho de Guilherme o Taciturno e de sua quarta esposa, Luísa de Coligny. Foi grande general e estadista como seu pai.
(4) Firmada em 12 de Junho de 1641 em Haia e ratificada em 18 de Novembro do mesmo ano.
(5) No original: Cezam.
'4
fosse embarcado c mandado para o Brasil, seria melhor que fosse mandado para Bengales (s), afim de que fiquemos em paz com os outros, o que de outra forma não se realizará, porque a natu- reza dos portugueses é inquieta e dá para semear discórdia, e eles procurarão todos os meios para nos meter de pernas ao ar (sic) e em revolução, e fazer com isso o seu próprio proveito, porque pouco a pouco virão a pedir certos haveres que perderam quando da tomada de Luanda; e alguns deles morreram naque- las terras onde cometeram mil peças de sodomia (7), e não fala- rão, nem por pouco, dos grandes prejuízos que causaram a este meu reino e coroa, coisas que escondem do seu Rei, das quais agora se fala a sua Majestade neste relatório, que daquilo se fez. //
Peço que V. Ex.a e nobres senhores tenham a bondade de despachar o mesmo, sem deixar saber aos Portugueses disto, senão eles saberiam outra vez aniquilá-lo como sempre fizeram e desta forma Sua Majestade, conforme as informações deles, tomaria tudo o que vem de mim para bem, e dali advirá, que me enviarão pessoas espirituais para ensinarem o cristianismo. Eu não consentirei que em alguns dos meus lugares ou portos qualquer português tenha a sua casa ou o seu comércio, e se nisto alguns seus navios chegarem, podem eles deixá-los con- tratar e fazer voltar; e se estou a escrever isto a Sua Alteza o Príncipe de Orange e aos nobres senhores governadores da Companhia das índias Ocidentais, então o faço também a V. Ex-a e nobres senhores, pedindo ao mesmo tempo, que queiram mandar ordens explícitas que os senhores directores façam em-
(6) Talvez corrupção por: Benguela.
(7) Em holandês chulo moderno é empregada a palavra sodomi- ter, no sentido de qualificativo moral de malandrim, sem relação inten- cional com o vício nefando. Aqui não podemos ajuizar exactamente, por falta do original português, o sentido verdadeiro que o Rei do Congo pretendia dar à frase.
'5
barcar os portugueses, ou os mandem para o Brasil ou para Ben- gales (5), e isto pelas razões importantes acima expostas.
Juntas a isto envio as cartas aos nobres senhores Estados Geraes e também três jovens nobres da minha casa real, dos quais um voltará do Brasil com a resposta de V. Ex.a e dos no- bres senhores.
Sena-me agradável que os mesmos fossem despachados bre- vemente por V. Ex.a e os nobres senhores, um para voltar para cá e os outros dois para a Holanda; e com estes vai esta pequena homenagem descravos (8), porque a oportunidade não o deixou de outra forma, o que eu farei melhor em outra ocasião. Rogo só que estes impedimentos sejam removidos. V. Ex.a e nobres senhores queiram mandar as minhas cartas pela primeira opor- tunidade para a Europa, e com honra, uma carta que vai aqui junta ao rei de Portugal, Dom João Quarto, e a resposta que à mesma será dada enviar-me sem demora. V. Ex.a tenha também a bondade de me dar notícias da guerra entre Portugal e Espa- nha.
Recomendando V. Ex-a e os nobres senhores à protecção de Deus com todas as felicidades e prosperidades e favores celes- tiais. Escrita no exército, no meu condado de Búnte, aos 23 de Fevereiro de 1643, foi assinado.
Rev Dom Garsia
ALGEMEEN RIJKSARCHIEF (HAIA) — Raportcn en Bne- ven. CONGO 1642- 1645 — L" W. I. C. — Brasilie, n.° 59.
NOTA — Esta carta é dirigida ao Governador e Alto Conselho dos Possessões Nerlandesas no Brasil. Devemos a leitura do texto holan- dês à Arquivista da i.a Secção do Arquivo Nacional de Haia, Senhora Meilink-Roelofsz e a tradução ao R. P. Filipe van Esch, C. S. Sp.
(8) Não deixa de ser curiosamente picante a oferta feita pelo Rei D. Garcia II a seus amigos holandeses do Brasil.
Mapa do Golfo da Guiné
(Prevoat — Histoire Ginérale des Voyages, VI)
4
CARTA DE D. GARCIA II REI DO CONGO AO P.« REITOR DO COLÉGIO DE LUANDA
(23-2-1643)
SUMÁRIO — Pede a ida dos Jesuítas para o Congo — Falecimento do Bispo Soveral — Afirma.se disposto a receber os Padres de braços abertos — Protesta defender seus direitos.
t
R.rt0 P." Rector
O portador desta hé meu criado Dom Bernardo de Mene- zes, muito conhecido do R.d0 P.e Joaõ de Paiua. Vay pera essa Sidade da Loanda a ter cÕ o general olandês sobre sertas matérias. Avizeme V. P. cõ os mais R dos Padres da Companhia de Jhe- sus e os de S. Francisco da sua saúde e a dos mais, que receberei nisso infinito prazer; a minha hé boa Deus louuado pera sempre, cõ animo de seruir, honrrar e abraçar a toda a jente Ecleziastica, principalmente a desse Sancto Colégio, que sempre foi fauorauuel ás couzas deste Reino. E foraõ prezos e embarcados por pregaré a uerdade aos homens e moradores dessa Loanda, de que fizeraÕ pouco cazo, athé que acodio Deus cõ o castigo, que naõ podia mancar, e naÕ foi sem mistério do çeo porlongar o castigo, por- que bem se podeira ( sic ) atalhar no ano passado que se tomou essa Sidade, se as minhas cartas chegara [m] a thempo antes dos Souuas e mais jente agrauada e escandalizada, naÕ fizera [m] o que fizeraõ, de que naceraõ mil males. / /
Naõ há couza que mais danifique os homens que a ambi- ção e soberba. Essa reinou nessa Cidade da Loanda. E como
3
asim íosse naõ podia nuca aucr pazes com este Reino, porque cn lugar de ouro, prata e outras couzas que serué de moeda em outras partes, o trato e moeda saõ pessas, que naõ saõ de ouro nc de panos, senão creaturas ('). Nossa desgracia, e a dos meus antepassados que cõ a nossa simplicidade demos lugar a que crececê tantos males en nossos Reinos, e sobretudo que aia homés que afirme [m] que numea fomos Senhores de Angolla e Matamba. A desigoaldade das armas nos fizeraõ perder tudo, que ahonde há forssa, direito se perde. / /
A desigoaldade das armas nos fizeraõ perder tudo, que ahonde há forssa, direito se perde. / /
En remate deste capitullo ou prologo, naÕ ouuera o que ouue se a anbiçaõ naõ fora por diante. E V. R. creya que se elles e nós naõ pedirmos a Deus mizericordia e refrearmos o odio e uingança, por sem duvida me paresse irá cõ o seu castigo por diante. / /
O P.6 Miguel Afonso o tornei a mandar a Congo porque naõ conuinha tello ahi tanto tempo porque sua idade o escuzaua; a minha detreminaçaõ era mandallo ter com V. PP. pera lhes dar enformaçaõ de tudo, porem soube cõ a uinda de Anrnque Cornélio, que hé o Comissário que mandou o general, que naõ era ainda na Loanda o gouernador, a quê esperauaõ, de que estou agora serti ficado fica lá nesse Bengo. / /
Vejam V. PP. se sam seruidos virem pera Congo cÕ os mais Padres a cultiuar a uinha de Deus. E creyame, pello Se- nhor que cremos e cõfessamos, que o meu animo naõ hé senaõ de que se me despeg[u]em as minhas terras e esse hé o meu intento propozito firme, que ainda que cayam rayos heide mor- rer por libertar o meu. E isso me naõ [h]de tirar a naõ ser taõ católico como ao mesmo Rei Dom Joaõ, D. Filipe, e [rei de] Frãça.
(*) Cfr. no documento precedente a oferta espontânea de escravos aos holandeses, lamentando que fossem poucos!
18
Mandcmc V. P. largas nouas do clero, que dias há que sei hé falecido o R.d0 Bispo D. Francisco Soueral, que a elle tãbé cscreuera; Deus se alembre dellc c lhe queira dar o paraizo; os incôuenientes que sempre pôs por diante, ou fosse nacido delle ou dos inimigos deste Reino, foraõ cauza de tantos males que peruentura naõ socedera o que [h]á [a]contecido. E soposto que nos chamaõ de ipocritas c maos cristãos, en toda a parte ha bons e maos, e ninguém julgue, só Deus hé que sabe julgar, pois conhesse nossos interiores; mais depressa acertariaõ bem cõ nos chamare de paruos e bestas, pois ouue en nós tanta cõfiança, do que outros ape lidos. / /
Concluo cõ tornar a pedir a V. P. atétem pera esta Cristan- dade, que estou cõ os braços abertos pera receber a toda pessoa que for Eclesiástica. Cuja pessoa N. S. guarde e dê saúde que dezeia. Ao R.'j0 Padre Joaõ de Paiua, bejo o abito e as maõs. O mesmo a V. P. E [a] o ministro de Sancto Josephe.
A os 23 de feuereiro dc 1643.
Rei dom Garcia
AHU — Angola, cx. 2. [Autógrafo].
NOTA ■ — O governador fez acompanhar o original da carta do Rei do Congo com a seguinte missiva a el-Rei de Portugal:
t
Senhor
Depois que partio o Capitaõ Antonio da Fonseca de Ornellas com a rellaçaõ do socedido neste Reyno, teue o P." Rector da Companhia de Jesus hua carta de EIRey de Congo que remeto a V. Magestade pelo mesmo Rector, que como me acompanhou todo o tempo desde a sahida da Loanda, informará a V. Magestade mais particularmente, e do mao animo que Congo tem contra nós, que será fácil castigallo, se as oca-
'9
ciocns em que V. Magestade está derem lugar, como espero em Deus, de socorrer este Reino. / f
Nosso Senhor a muito alta e muito poderoza pessoa de V. Ma- gestade guarde muitos annos e seu Real estado prospere, como todos leaes vassalos dezejamos ett.a / /
Do sitio do Bengo, a 20 de Março de 1643.
a ) Pedro Cesar de Meneses
AHU — Angola, cx. 2.
20
5
CARTA DO GOVERNADOR DE BENGUELA A EL-REI DE PORTUGAL
(1-3- 1643)
SUMÁRIO — Relata o facto da tomada de Benguela feios holandeses, perda das fazendas e retirada para Caconda — Fica aguar- dando socorro de gente, armas e munições.
Senhor
Por outra via tenho dado conta a V. Magestade do estado em que está este Reino de Beng[u]ella, e porque não sey se será cheguada, faço esta segunda; em 21 de dezembro de 641 foi tomado este prezidio por forsa de armas pelos olandezes. Su- posto que com perda de muitos, por se lhes defender com todo o valor posiuel. Perdemos todos nossas fazendas por sairemos á barba (*) com o jgnimigo, e nos metemos pelo sertaõ dentro couza de corenta leguoas (2), donde estiuemos noue mezes pa- sando mil nesesidades, tanto que o mesmo gouernador morreo á pura fome (3).
Por seu falesimento fui electo em seu lugar, que aseytei pelo grande seruiço que me pareçia fazia a V. Magestade, que tudo constará por papeis a seu tempo. Com as pazes que se pre- goarão em Setembro de 642 em este Reino, me vim para este
(') Cara a cara, frente a frente.
(2) Retiraram para Caconda, a cinco jornadas de caminho.
(s) Nomeado por carta patente de 22 de Dezembro de 1635, Nicolau de Lemos Landim retirou para Coconda com os Portugueses e aqui faleceu em 1642.
2 1
prezidio com toda a gente que auia; fiquo para húa parte e os olandezes a outra, na comformidade das Capitulasoens das ditas pazes. Elie (4) tem ganhado tres legoas pela terra dentro, c dez (s) ou doze para a parte do sul; tudo o demais, que seráo oitenta pela terra dentro, estão por V. Magestade. / /
Nesta conformidade fiquo esperando noua ordem de socor- ro de gente, armas e monisoens e fazendas, porque tudo o que V. Magestade neste Reino tinha se perdeo. Vay em sete mezes que gasto a minha fazenda e alhea em seruiço de V. Mages- tade. E gastarey, esperando V. Magestade me acuda e mande o que for mais seu seruiço. Cuia Catoliqua Magestade guarde Deos. / /
De Benguella, em o primeiro de Março de 643.
t
Hijino Roiz Calado
[À margem]: Remetida em lista do Secretário André Franco, de 4 de cj.bro de 643.
AHU — Angola, cx. 2.
22
(4) Refere-se ao inimigo holandês.
(5) No original: des.
6
CARTA DE DIOGO LOPES DE FARIA A EL REI DE PORTUGAL
(5"3-l643)
SUMÁRIO — O feitor relata a el rei o estado em que se encontram os portugueses — Necessidade urgente de modificar a situa- ção par obviar ao pior.
Senhor
Antes que os Olandezes ocupasse a sidade de Loanda, dei conta a V. Magestade do estado das cousas tocantes a meu cargo de feitor de sua Real Fazenda, na conformidade que tenho por regimento. Despois de nossa retirada não o torney a fazer porque nos auizos escreueo largamente a V. Magestade o go- uernador Pero Sesar de Meneses.
Des do dia que o gouernador se retirou até o prezente, náo me apartei de sua pessoa, acudindo a tudo quanto se ofereseo do ceruiso de V. Magestade, como deuo.
Da sidade não se saluou cousa algíía da fazenda de V. Ma- gestade, que o que auia só constaua de munisões, artilheria e fazendas que estauaõ na casa de tres chaues, embargadas por prouizão real (antes de meu tepo) pelos herdeiros de Antonio Fernandez dEluas, contratador que foi dos escrauos deste Reyno. O escnuaõ de meu cargo Manoel de Faria e Goes faleseo, e se perderão na retirada a mor parte dos liuros e papeis de seu ofiçio, como tãbê faltão quazi todos os dos outros ofiçios.
Durante o tempo da guerra, o gouernador uendo que não auia fazenda de V. Magestade para remediar as muitas neces-
23
sidades de soldados doentes, e sustentar os que estauáo em estado de poderé tomar armas, acudio cõ sua fazenda, e por outros meyos, o mais suauemente que o tempo deo lugar e os que esca- parão da contagiáo e malignidade da terra os uão sustentando e uestindo.
Tendo o gouernador, por uia dos Olandeses, as nouas da publicasaõ das pazes, me mandou e nintamente ao Licenciado Antonio Guerreiro, profesor de leis, para que na Loanda cõ o director tratasemos todas as cousas tocantes ao ceruiso de V. Magestade, e conueniensias para bem da paz, de que o gouer- nador deue dar conta a V. Magestade, e como asisti ali desde i 7 de nouebro do anno passado, até i 5 de feuereiro deste anno e neste tempo obzeruey muitas couzas que tratamos cõ o Direc- tor delias apontarey algúas para que V. Magestade se sirua cõ mais breuidade mandar acudir cõ o remédio, antes que se uáo deprauando e pondo em peor estado.
Consedeeo o Director que o Gouernador pudese deser cõ os moradores á insta da barra do Bengo, que elle cõ suas armas ama senhoreado, e situase o nosso arrayal como hora o tem, em hú outeiro mea légua pela terra dentro, sobelo mesmo Rio, e que os moradores e mais pesoas pudesê cultiuar as terras e fazendas que nele há, por tempo somente de noue mezes, que comesou nos últimos de Ianeiro deste anno, até uir rezolusaõ de V. Magestade e dos Ordêis gerais, da forma em que este Reyno ade ficar: antes de chegar a isto ouue algúas duuidas, como V. Magestade pode uer do treslado de hú papel e sua re[s] posta que cõ este uai, cuyo original fica em meu poder ('), e tenho por cousa sertã que se no tépo dos noue mezes não man- dar V. Magestade algúa boa rezolusaõ, em fauor destes seus uasalos, e nos obngaré a retirar destas terras (como se prezume
(*) Doe. de 10 de Janeiro de 1643.
faráo) será causa de grandes danos, assi porque o gentio deste reyno vasalo de V. Magestade, sempre andou uano, como por- que os poucos escrauos que até agora nos não fugirão o farão, seguindo os mais. Com esta considerasão V. Magesade se sirua de antesipar o remédio.
Chegou segunda ues o barco em que trouxe as cartas de V. Magestade Antonio da Fonseca dOrnellas (digo segunda ues, que a primeira não foi admitido, né os Olandezes lhe derão lugar para se comunicar cõ o gouernador) a tempo que eu estaua, como digo, na sidade de Loanda; não lhe consedeo o Director liberdade para que chegasse á barra do Bengo cõ barco á insta do nosso a[r]rayal, antes lhe pôs guardas tão exsecutiuos de fora, que tudo quanto a gente do mar dezébarcou sé lisensa sua, se lhe tomou por perdido; mas despois vendose na barra do Bengo cõ o gouernador, consedeo que se pudesé dezébarcar as munisões de V. Magestade, que o gouernador da Bahia mandou, e as cousas que não fosé de mercansia, mas só as que se man- dauão de socorro a particulares. Mas o barco não sahio do porto de Loanda.
Declarou se comigo que se lhe auia de pagar a entrada de todas as fazendas que trouxesé aqui vasalos de V. Magestade a 25 por sento, sem admitir que este porto foi sempre liure e franco nas entradas de tudo o que a elle aportou: antes dis que as fazendas que vierem se ande vender a seus comisanos para que de sua mão as cõpré os vasalos de V. Magestade, pelos pres- sos que eles asentare.
Prohibem também que os uasalos de V. Magestade posão embarcar pessas de escrauos para fora, mas que se uendão a seus comisarios e que neste Reyno nimguem mais que a sua Com- panhia tenha o trato e saca dos ditos escrauos.
Como despois de tantos mezes de calamidades e doensas nos mattos, algús uasalos de V. Magestade que delas escaparão
25
se quizerao prouer secretamente de couzas nesesanas para se guareseré (ainda que o gouernador o tinha prohibido cõ boas considerações) os comisanos olandezes lhas venderão, o que tòca a mantimentos, por altos pre[s]os a dinheiro e prata, e as que o não são a pessas de escrauos, a quem tem posto baixisimos pre[s]os, abatendo também o da prata, tomando a cõ pezos que tem cresimento nas onsas e marcos a que chamão Troya: asi que por todas as uias, como estão de melhor partido em poder e forsas, íntroduze toda a tirania que podem, e ainda que em cada matéria das apontadas, e muitas outras que se oferese- rão, se lhes foi á mão, manifestandolhes cõ claras razões seu mao proseder, que encontra (2) as capitulasões asentadas cõ V. Magestade, quando o Director se acha atalhado (3) se dis- culpa cõ que não pode deixar de guardar as ordés de seus mayo- res, e claramente dis que quem hé senhor dos portos de mar o hé também do Reyno. Isto passa nestes princípios. Deles se pode inferir o que será andando o tempo, não se acudindo com o remédio.
De todas estas couzas me pareseo fazer relasão a V. Mages- tade para constar delas a opre[s]são em que ficamos seus vassal- los e hú reyno tão importante como este hé, e será cousa ímposi- uel gozar dele V. Magestade cousa algúa, emquanto esta gente aqui estiuer, pois não trata aos vasalos de V. Magestade como amigos, mas cõ a tirania que se os ouuerão rendido e tiuerão su- geitos; as cousas ouuerão chegado a muito pior estado se o gouer- nador Pero Sesar de Meneses não as ouuera guiado cõ a prudência e bom modo que para isso tem; porque o Director cõ a ocazião da tardansa de recado de V. Magestade, quer persuadir aos moradores que V. Magesatde tem iá largado aos Estados a pre-
(2) Contraria, vai de encontro ao estipulado. (8) Interrompido, confuso, embaraçado.
26
tensáo e senhorio deste Reyno, para quebrantar e adquirir os ânimos, que lá estão cansados dos males passados, mas a húa voz (4) todos estio cõ firme confiansa em que V. Magestade lhes ade ualer, cuya pessoa nosso Senhor guarde para defensa de seus Reynos e vassallos.
Do arrayal de Gango, 5 de Março de 1643.
Diogo Lopes de Faria.
AHU — Angola, cx. 2. — Outro exemplar, também original, com a data de 10 de Março.
(4) No original: vos.
27
7
CARTA DO GOVERNADOR DE ANGOLA A EL-REI DE PORTUGAL
(9-3- '943)
SUMÁRIO — Relata os acontecimentos políticos ocorridos em Angola.
Senhor
Pello cappitáo Antonio da Fonseca de Ornellas (1), e Hay- cinto de Araujo dei conta a V. Magestade da entrada da Loanda pellos ollandezes, que como seu poder era tão dezigual ao que eu tinha, pareceo conuinha ao seruiço de V. Magestade pera conceruação deste Reino, retirar me aos matos, e tirar o comer- cio do gentio aos inimigos; a occasião prezente em que me achey, e depois o tempo o tem mostrado, que só deste modo se pudia substentar este Reino, porque como sempre escreuy aos tnbu- naes de V. Magestade, a praça da Loanda era indefenciuel, toda aberta, e com menos de trezentos homens, os mais delles sem nenhúa disciplina, e menos obngaçoens, mal se podem deífender de dous mil infantes, quatrocentos índios, e trezentos marinheiros, que tantos forao os que saltarão em terra e meus seruiços merecião crer V. Magestade que se importara a seu real seruiço perder eu a vida, o fizera mil vezes, como em outras occasioens a tenho auenturada, mas por conseruar este Reino, me pus a mayores perigos que são as doenças de que poucos esca-
pão. //
E se a V. Magestade enformarão que no tempo que o ini- migo veo a Loanda estaua guerra em Congo, foi engano; por-
(*) No original: Ornelles.
28
que em carta que escreuy a V. Magestadc de 30 de Março dc 1640, lhe pedia licença pera o castigar, e que tinha os qui- lombos (' a)dos Iagas obedientes ao que lhes ordenasse do ser- uiço de V. Magestadc e que aguardava ordem de V. Magestade pera a dar a execução; e assy na Loanda não há gente preta mais que a que os moradores hão mister pera seu seruiço, que a outra tem em suas fazendas, e nem esta hé a com que se faz guerra, se não a dos quilambas (2), e quimbares (3) que estão tunto aos prezidios da Embaca, Masangano e Cambambe, negros forros, obrigados a seruir a V. Magestade com sua gente, mas a esta obrigação não acodem elles se não quando a ocasião lhes mostra algum interesse, e hé isto tanto assy neste gentio que o que hoie nos está seruindo, por que nos vê em bom estado, hontem nos fazia todo o mal que podia.
Depois que despachey o segundo e ultimo auizo me tomou o Olandês a barra da Coanza, e a gente de El Rey de Congo o Dande, matando a hum homem branco que estaua em sua terra com sete filhos, e hum pataxo (3 a) que auia de partir com terceiro auizo, queimarão, matando sete homens brancos e algúas molheres filhas da terra, que estauão em seus confins, e o mesmo fizeraõ os souas seus vassallos. / /
Estando na Quilunda tiue noticia se querião rebellar sette souas aos quaes prendi, e parte de suas morindas (4), com que se aquietarão os que tinhão mao animo, que erão todos, rezer- uando só hum que chamaõ Angollaquicaito, a quem V. Ma- gestade deue fazer mercês pera exemplo dos mais, e delle falarey a V. Magestade em outra mais largo. Veo o inimigo a reconhe- cerme ao dito sitio da Quilunda com quinhentos soldados, e
(1 a) Arraiais.
(2) Do quimbundo: kilamba, ilamba, capitães da guerra preta.
(3) Do quimbundo: kimbari, imbari, pretos forros que se dedica- vam à agricultura
(3a)No original: pataxe.
(*) Povoações, banzas ou libatas dos sobas e vassalos.
29
muitos negros maxicongos que lá lhe tinhao vindo, esteue dous dias á minha vista, ao terceiro se retirou, estando eu com tão poucas moniçoens, que não tinha mais que quatro barris de poluara, e quatro peruleiras, menos de sinco mil pelouros, e cem braças de morrão; por este respeito determiney de ir ao prezidio de Masangano, retirando todos os souas, e suas mortn- das, e todo género de gado, por que o inimigo se nao aprouei- tasse de nenhíía couza destas e tendo mandado os doentes pello Rio a [r] riba por falta de carregadores, com o soua Nambua-ca- lombe; elle se rebellou e matou algúa gente que em sua com- panhia hia, roubandolhes o que leuauão.
Chegando a Masangano precurey forteficar o prezidio, e porque adonde está situado o lugar não era possiuel por falta de gente pera a defença, fortefiquei o sitio velho, e posto que estiue desconfiado dos médicos, sangrado trinta e sete vezes, com mui pouca melhoria sahi em campanha, não me deixando nenhum dia [as] febres, e mandando o inimigo lui pataxo com oito peças de artelhana a tratar com gente da Quissama, armei quatro lanchas que o inuestirão em húa madrugada, e o rende- rão, matandolhes dezanoue soldados, e prendendo onze; e com auizo que tiue que em Namboa-calombe se aiuntaua muita guerra de Congo, mandei ao capitão mor Antonio Bruto (5) que peleiou em 20 de íaneiro de 1642 com o dito soua, matan- dolhe oito mil peçoas, prendendo ao dito Nambuacalombe, a quem logo mandei cortar a cabeça, com pareçer e votos dos souas vassalos de V. Magestade, segundo custume do Reino- / /
E marchando na volta do soua Emgobe-a-muquiama, tiue auizo uinhão pello Rio Coanza tres pataxos ollandezes com gente de guerra, a que logo mandei reconhecer com gente de caualo, e húa companhia dc soldados, pera lhe impedirem toda
(5) Conquistador antigo, sargento-mor em 1624, capitão-mor em 1629, com valiosos serviços prestados nas lutas contra os holandeses, morto por estes no assalto traiçoeiro ao Outeiro do Gango, em 17-5- 1643.
a passcgc que intentassem, o que se fez de maneira que tendo os inimigos noticia de que lhe tinhao tomado a dianteira, se retirarão; ordeney logo andassem sempre quatro lanchas com cabo e soldados pera lhes prohibir a entrada de suas embarca- çoens, como fizerao por muitas vezes.
Porque Engombe-a-muquiama se tinha rebellado, e negado a obediência a V. Magestade tratando de se hunir com os mais aleuantados, amotinando os souas vezinhos contra os Portugue- zes, mandei ao capitão mor Antonio Bruto com guerra, que che- gando á banza e terras do dito, o achou fogido pera as de Nam- buangongo; pus outro senhor vassalo de V. Magestade nas terras a quem pertenciáo e fica com muita gente de sua morinda, e seus macotas contentes. / /
E depois da guerra de Engombe, pera reconhecer e saber o que ama, mandei ao capitão da guerra preta athé a Barra do Bengo com gente de guerra, e chegando ao sitio que chamão de Diogo de Siqueira (fi) achou muita quantidade de negros que ali estauão retirados, com decenho de se aiuntarem, dos quaes matou alguns e captivou outros, não auendo em todo o Bengo olandês que lho impedisse; e porque no Dande nao ouuese lugar nunqua de se aiuntar guerra de Congo e de outras partes, como se soaua; ordenei fosse o capitão mor Antonio Bruto ao dito lugar, adonde a algíía gente que achou fez fogir pera huas ilhas que unhão pera o mesmo effeito, sem canoas, marchando perto do Lufune (7) e Bumbe (8) da outra banda, e tornando pello Dande sem achar framengo se recolheo ao arraial, tendo eu sempre espias pello Bengo, Coanza, e mais partes, athé che- garem á cidade da Loanda, adonde com emboscadas se toma- rão alguns framengos por uezes. / /
(6) Ficava a uma légua de Luanda, no Bengo, e só até ali chegou a ocupação holandesa antes da notícia das pazes entre Portugal e a Holanda.
(7) Rio Lifune.
(8) Na província de Bamba, reino do Congo, perto do Loje.
31
E estando eu lá em terras do soua Cazuangongo (9) sube que os souas Motemo e Nambuagongo tiranicamente tinhão uzado de crueldades com os Portuguezes, clérigos, e mais Reli- giozos que em suas terras estauao, matando os, tomando lhes suas fazendas e fazendo outros ritos gentílicos, e que Cahenda, e Engombe-a-muquiama, negando a obediência a V. Magestade, como vezynhos que são das terras de El Rey de Congo o reco- nhecerão por senhor, coniurandose todos, de íuntos com guerra fazemos o mal que pudessem; e vendo eu sua má tenção, e tendo o quilombo dos íagas perto do dito Caenda e Mothemo, mandei ao capitão mor Antonio de Abreu de Miranda (10) com sessenta soldados, pera que com o dito íaga lhe entrasse pellas terras eo castigasse, por que não tiuesse effeito seu damnado pensamento; o qual peleiando com Caenda, o desbaratou ma- tandolhe muita gente, botando o gentio fora de sua terra, fazen- do o mesmo ao soua Mothemo, matando o a elle, e a mais de quatro mil dos seus, catiuandolhe hum irmão, e negros princi- paes, e souas vassalos seus. / /
E como o soua Nambuangongo e os mais rebellados tra- tauão de aiuntar grande poder de guerra pera com o ollandès fazemos damno, como dezeiauão, tudo por mao animo de El Rei de Congo que os induzia, mandando por diuersas partes aos souas vassallos de V. Magestade se leuantassem e obedecessem ao inimigo, e vendo eu este damno, e que pudia rezultar em grande perda do Reino, e rebellião entre os souas, por ser gente variauel, e porque não effeituassem o que determinauão, e je lhes diuidisse o poder que tinhão, mandey marchar com guerra ao capitão mor Antonio Bruto, e ao capitam mor Antonio Abreu
(9) Na província da liamba, entre os rios Dande c Bengo.
(10) Antigo conquistador que se encontrava em Angola desde 1603. Capitão-mor da Muxima (15 de Março de 16 12), capitao-mor de Ambaca ( 1 64 1 ) c capitão-mor com poderes de governador depois da traição do Gango, de 25 de Maio de 1643 a Janeiro de 1644.
3 2
de Miranda contra elle [s] , pera que hum por húa parte e outro por outra, os desbaratassem; os quaes peleiando alguns dias, o dito Namboangongo lhes fugio largando a banza, e terras, em- brenhandosse com os seus nos matos, aos quaes seguindo os nossos em grande espaço, lhes sahio de húa emboscada donde estauáo, quatro framengos, e com a uísta delles, se derão a fugir os nossos tão afrontozamente, não sendo bastantes seus officiaes maiores pera os deter e obrigar a fazer rosto ao inimigo; e com esta infame fugida, deixarão morto ao capitão da guerra preta, não tomando exemplo do vallor com que andou, morrerão mais treze homens não peleiando, mas de temor, couza nunqua vista em Portuguezes e menos sendo vassallos de V. Magestade. Perdoeme V. Magestade esta linguagem que hé de sentido, porque se fizerão o que podião não tiuera o olandês mais que as paredes da Loanda, e EIRey do Congo estiuera castigado como merece.
Marchando eu athé terras de Nambuaquisanzo (") pera que sempre fosse senhor da campanha, e acudir de mais perto, a algúas couzas necessárias, me chegou auizo do ollandês com carta de 25 de septembro de 1642, de que ficauao as pazes apregoadas, e as capitulaçoens feitas entre V. Magestade e os Estados Gerais , e com o manifesto que me fez, por aliuiar do trabalho, que os souas vasalos tinhão padesido, mandei alguns a suas terras pera que as semeassem e cultivassem, e ajuntassem a gente que espalhada tinhão; e estes não lhe saindo de suas entranhas o mao animo que contra nós têm, e enduzidos de Nambuangongo e Engembe, se passarão pera elles con intento de se ajuntarem pera nos dar guerra, como de ef feito a tinhão em quantidade em terras do soua Golungo; e forão os que se rebellarão Golungo, Salaizongo (12), Dalandongo, Canzelle, e
(n) Na província do Lumbo. Abrangia a região dos rios Dande, Zenza e Luínha até o rio Mucozo, e sobras da lotação de Cambambe. (12) Sala-Zongo, na capitania-mor do Golungo.
3
33
Quitalla, aos quaes mandey por muitas vezes recados, a que náo difirirao, nem se quizerão dezenganar; e como se virão empara- dos de quatro framengos, que depois da publicação das pazes mandarão pôr no sitio de Nambua-calombe, em companhia do secretario olandês que me trouxe a carta e as capitulaçoens das pazes, entenderão ficauão liures, e que seguramente nos pode- rião fazer damno iuntos com o framengo. / /
E pera acudir a estas couzas me sahi com toda a breuidade do sitio de Nambuaquisanzo pera as terras do rebellado Golungo, de donde mandey ao cabo dos framengos me entregassem os souas e as morindas que se tinhão passado; e posto que o cabo não tinha ordem de seu mayor pera o fazer, me ouue com elle de modo que me entregou os souas, morindas, e gente, assy a que se tinha passado antes da publicação das pazes, como de- pois delias, fogindo Golungo, e Engombe, que entendendo se emparauão dos olandeses virão claramente erão enganados, ficando assy os rebellados como o mais gentio contra elles, e tão odiados que de nenhúa maneira se fiarão mais delles.
Aos ditos souas mandei cortar as cabeças, conforme as cul- pas e custume do Reino, nas terras pus senhores parentes dos mesmos, e em nome de V. Magestade lhes entreguei as terras, morindas, e gente adonde ficão quietos; e com isto se refrearão os demais, ficando com tal socesso este Reino atemorizado, pois virão claramente conseguir seu intento.
Custou ao cabo dos olandezes o que fez por my a cabeça; porque como seus maiores tratão tudo com engano, fazião a duas caras, induzindo aos negros se rebellassem, porque as pazes que tinhão feito com V. Magestade auião de durar pouco, como porque descubertamente fauorecem a EIRey de Congo, pelo interesse das minas que há em suas terras, e assy que muitas vezes escreuey a V. Magestade que este trato andauão pera fazer há muitos annos. V. Magestade mande que se ueião as cartas que tenho escrito sobre este particular, e do socorro que pedia, e que a Loanda se não podia deffender, se não de poder a poder,
34
e que as que chamauao forteficaçoens o não erão, a nenhua des- tas couzas se me defino nem com obras, nem por escrito, ante- uendo eu o que tem socedido.
Concluído o negoceo dos souas rebellados, me pareceo vir a esta barra do Bengo, por muitos respeitos importantes ao ser- uiço de V. Magestade, assy por que nao ouuese lugar de os negros de El Rei de Congo ocupar, semear, e cultiuar este sitio, cujos frutos sempre gozariao framengos, como porque ficaua mais acomodado pera auizar a V. Magestade e também porque posto eu nelle ficao os vasalos de V. Magestade liures de todo o damno, e as fortalezas do gentio inimigo, e emparado tudo, por ser a fronteira deste Reino.
Siuado nelle detreminey compor logo na milhor forma que pude e parecer de todos, com o ollandez, o que fosse mais con- ueniente ao seruiço de V. Magestade e euitar os grandes incon- uenientes que pudiao rezultar, assy no comercio deste gentio, e de alguns moradores deste Reino, cuia ambição os sega, e de tal modo se deprauarião que (nao auendo precepto) em poucos dias se mesturanão com elles. / /
E por liurar os Portuguezes, clérigos e mais Religiozos, que habitão em Congo, ainda hoie prezos, e auexados de EIRey de Congo, sem nenhú outro remédio mais que o de aqui; o dito Rei fica no Lufune dez legoas deste sitio, adode veo com guerra, e com animo de fazer por dadiuas, com [que] o olandês que- brante as pazes comigo, e de ter nelle emparo, pois vê quanto merece ser castigado, pellas tiranias que uzou com os ditos Por- tuguezes, tomandolhe suas fazendas e escravos, e induzir aos souas [que] os matassem, dandolhes esperanças de que nos fanão mal, e outros aluitres que cada dia dá a o Olandês, tudo em desserviço de V. Magestade. O director vai auerse hum dia destes com EIRey pera me fazer a entrega dos Portuguezes, clérigos, e mais fazendas, como ficou, e me prometeo, langando lhe eu pera isso as terras de Mothemo, seus yrmãos e macotas que em guerra lhe tomey; cuido nao há de conseguir nada, por
35
que este gentio hé vanauel e pode ser que tenhão quebras (13), porque o director está empenhado em que hade comprir o pro- metido. / /
V. Magestade crea que pera conceruação deste Reino, não há de auer Rey de Congo, por que náo temos outro inimigo mayor, que tendo recebido tão boas obras dos vassalos de V. Magestade que em suas terras sempre continuarão, leuando muitas fazendas, com cuja emtrada se fez rico e oppulento, paga com o que tenho dito; e se a V. Magestade informarão que em seu Reino há Chnstandade, hé engano manifesto, porque tanto o são agora, como desde o primeiro dia que nascerão e viuerão em sua gentilidade, e depois do Baptismo uzarão de mais superstiçoens e erronias, matando clérigos, e cometendo outros sacrilégios. Pellos papeis que mando verá V. Magestade o modo em que ficão estas couzas, com declaração de ser athé ordem de V. Magestade; fiz sempre protestos, e requerimentos que me parecesão necessários, que também remeto com esta,
Depois que sahi da Loanda foi necessário acudir com a pouca fazenda que tinha, para comprar poluara, e outras moniçoens, e substento dos soldados, que como os effeitos da de V. Mages- tade faltarão com a saída dos negros e o feitor do contrato não pode acudir ao que antes era obrigado, estamos todos com grande descomodidade, que represento a V. Magestade, pera que seia seruido mandar acodir a ella, e a este Reyno com sol- dados, pois não tenho hoie nelle mais que gente inútil, que os que podem tomar armas não são cento e sincoenta, e esses pera negros, poluara, arcabuzes, mosquetes e corda, que a falta de chumbo se pode suprir quá, com o de Cambambe, que a ne- cessidade me obrigou a mandar abrir húa mina, que os annos passados, em tempo do gouernador Fernão de Souza se
(13) Apertos, embaraços.
(**) Governou de 22 de Junho de 1624 a 4 de Setembro de 1630. Foi, segundo Cadornega, «o governador perfeito».
36
tinha comessado, de que mando a V. Magestade a amostra pera que com certeza se saiba se tem algua prata, que hé o que os antigos deste Reino profiáo, e tem informado a V. Mages- tade, mas pareceme que com pouco fundamento; tenho dado conta a V. Magestade do socedido dês que me desaloiarao da Loanda.
Agora direy o que me parece conforme a esperiencia que deste Reino tenho, do trato do gentio, intento do ollandês, que hé tanta sua cobiça que facilmente se lhe conhece, fundada em pouca correspondência, e menos verdade, como se tem mos- trado, em occupar os postos depois da vinda do capitão Antonio da Fonseca de Ornellas, que lhe manifestou o tratado das pazes, que elles não quizerão admitir, com fribullas desculpas, repa- rando em pontos que puderão alhanar.
A Barra do Dande da parte do sul hé termo de terras de V. Magestade, com húa barra capax de pataxos pequenos, e hum surgidouro perto delia pera nauios de todo o género; e posto que não hé guardada dos ventos, Oeste e Sudoeste, esta costa hé capaz de que em todo tempo possão estar nella segu- ros; esteue devoluta sem que o inimigo fizesse forteficação nem tiuesse soldados nella, mais que hum nauio ao mar, e depois que eu tratey vir me pera ella mandarão os olandezes hum comissário que está aly tratando (sem auer quê) com os maxi- congos, como V. Magestade verá por húa informação que man- dey fazer pello Ouuidor geral deste Reino, e hum protesto ao olandês, a que não defirio em forma, como não teue que allegar de seu direito, mas como está com mayor poder, hé força dici- mular athé que V. Magestade ordene o que for seruido; e tenho entendido desta gente, que não hão de largar o que tem no Reino senão por força e com dous mil homens que V. Mages- tade aqui mande, sendo os quinhentos delles soldados velhos do Brazil, por que ocupando nós a Barra do Dande lhe tiramos toda a comunicação por terra com o Maxicongo; e castigando nós a El Rey de Congo, quando o Olandês queira fauorecelo,
37
não terá elle bastante poder pera isso, com o que lhe ficamos prohibindo todo o comercio do gentio, e nos fica perto pera con- duzir nauios ao Brazil, e recebellos, sendo a sua estada na Loan- da de nenhum effeito, e, muito gasto, que hé o que elles pre- dirão escuzar. Pera isto hé necessário que V. Magestade mande engenheiro pera que se faça húa forteíicaçao no Dande, e as fer- ramentas pera a obra, que cal e tijolo não nos falta, algua arte- lharia grossa pera deffender o surgidouro, e gouernador que tenha mais saúde do que eu, que estes matos me trazem tão falto delia, que me obriga a pedir a V. Magestade por particular mercê me mande sucessor, ficando eu por soldado athé com- pnrse o que aponto a V. Magestade.
O Capitão Antonio da Fonseca de Orneias torna com este auizo; hé merecedor de que V. Magestade lhe faça a mercê que for seruido, asegurando a V. Magestade que [de] tudo o que lhe encomendar de seu real seruiço, há de dar muy boa conta e a vontade com que se mostrou nesta peregrinação que tem feito, foi grande, e as mercês que V. Magestade for seruido fazerlhe, serão de exemplo para que os demais sigão seus passos.
Nosso Senhor a muito alta, e muito poderoza pessoa de V. Magestade guarde muitos annos e seu real estado prospere como todos leaes vassalos dezejamos.
Do Bengo, a 9 dc Março de 1643 annos.
a ) Pedro Cesar de Meneses [Ã margem] : Outo mil escrauos de S. Mg.e tem P.° Cesar. AHU — Angola, cx. 2.
3*
8
CARTA DE D. HENRIQUE REI DO DONGO A D. JOÃO IV DE PORTUGAL
(10-3-1643)
SUMÁRIO — Congratulase com as mercês recebidas for seu filho — Proclama-se vassalo de Portugal — Agradece o concurso do governador Fernão de Sousa para a sua elevação ao trono — Fora baptizado pelos missionários Jesuítas.
t
Senhor
Causoume tanta enueja a mercê que meu filho Dom Fran- cisco, Príncipe de Donguo, recebeo de V. Magestade, que procurey logo solicitar outra carta para aliuio e consolação minha e principio das mercês que espero receber da Real maõ de V. Magestade. E naõ o faser eu na occaziaõ de meu filho, foy por eu estar metido no certaõ, mas nem por isso deixei de fes- tejar nelle a aclamação e restauração de V. Magestade a seus Reinos. Este meu [Reino] offereço todo a V. Magestade, pe- dindolhe me empare como a Vassalo seu que sou e serey ainda que sobreuenhaõ maiores trabalhos que os passados, que se eu nao pude ir ajudar os vassalos de V. Magestade contra os inimi- gos, por ter muitos de que me defender, mandey o Príncipe meu filho com a maior parte da minha guerra para que acom- panhasse o Gouernador Pedro Cesar de Meneses.
NaÕ dou conta a V. Magestade de como o Gouernador Fernaõ de Sousa, com a Camara e pouo deste Reino julgarão ser eu o legitimo Rey de Angola, e das perseguições que me fas a Ginga, porque de tudo dará larga informação a V. Magestade
39
o Padre Felippe Franco, Reitor da Companhia de Jezús, cujos religiozos me deraõ a aguoa do Santo Bautismo, e para fazerem o mesmo a meus vassalos estiueraõ algús annos neste meu Reino, donde se foraõ con grande sentimento meu.
Guarde Deos a catholica e Real pessoa, de V. Magestade para aumento da Chnstandade; escrita em a cidade do Maue- pungo, 10 de Março 1 6^.3 .
a) D H R D D° (D. Henrique Rei do Dongo).
AHC — Angola, cx. 2.
40
9
CARTA DO COLECTOR APOSTÓLICO AO SECRETARIO DA PROPAGANDA FIDE
(16-5- 1643)
SUMÁRIO — Dificuldades comerciais com o Congo.
Ill.mo e Reu.mo Signor mio Padron Osseruandissimo
De 23 di Noucmbre è la lettera che ricevo di V. S. Ill.ma con due pieghi enunciati in essa per il Re dei Congo, e Mon- signor Arcivescovo di Mira, ma essendomi giunti tardi et in tempo ch'erano già partite le solite navi per 1'Jndie Onentali, restano presso di me fino alia prima e sicura occasione che mi si presenterà di recapitarh; essendosi reso difficultoso non poco il comercio dei Congo doppo 1'occupatione fatta da gl'01andesi, delia piazza d Angola. Procurerò con ogni studio occasioni di poter servir a detto Monsignor di Mira, e molto piíi in cose che le apportino qualch'utile per solleuamento delle spese che V. S. Ill.ma scnve esserle necessarie in cjuelle parti, st per esser opera di pietà come per concorrere in questo il commandamento di V. S. Hl.™*, a cui offerendomi prontíssimo in qualsivoglia altra occasione di suo seruizio, bacio per fine riuerentemente le mani.
Lisbona a 16 Maggio 1643.
Di V. S. Ill.ma e Reu.ma
Deuot.mo et Oblig."10 Seruitore
Girolamo Battaglini.
Monsig. Francesco Ingoli, Roma.
APT — SRCG, vol. 142, fl. 322.
41
10
SUCESSOS DO ARRAIAL DO BENGO ENTRE PORTUGUESES E HOLANDESES
(17-5.1643)
SuÁMRIO — Como dois Religiosos da Companhia de Jesus, testemu- nhas oculares, relatam o assalto dos holandeses de Luanda, feito contra o arraial português do Bengo, à traição.
RELLAÇAõ QUE FIZERAõ DO SUÇÇESSO DO ARRAYAL DOS NOSSOS EM LOANDA, DOUS PADRES DA COMPANHIA, QUE DELLE VIERAÕ
Aos quatro de outubro do anno de mil e seiscentos e qua- renta e dous chegarão á Çidade de Loanda, por via de Olanda, as tregoas feitas entre os Estados de Fland[r]es, e os Reynos de Portugal, rateficadas e jurídicas. Logo o Gouernador da dita Çi- dada de Loanda, mandou hum traslado das ditas tregoas a Pedro Cezar de Menezes, Gouernador da nossa gente que então estaua em Namboaquiçando; logo dahy a dous mezes, pouco mais ou menos, por razaõ de certas conueniençias, que se considerauaõ, se veio o dito Gouernador Pedro Cesar de Menezes, com obra de duzentos para trezentos homens de guerra, que comsigo trouxe, e assentou posto na Barra do Rio Bengo, distante tres legoas da Cidade de Loanda, formando ahy hum modo de Arrayal, do qual tinha a nossa gente com os Olandezes algum género necessário de comercio, e elles com nosco, cauza de os ditos Olandezes tomarem perfeita notiçia da força, disposição e numero da gente do nosso Arrayal, e nesta conformidade esti- ueraõ huns e outros, até dezassete de Mayo deste anno prezente de 643.
42
Se não quando no dia sobredito de 1 7 de Mayo, pellas çinco ou seis horas da manhã, ao romper da alua, hum tropel de Olan- dezes, como couza de 150 homens, pouco mais ou menos, tocando trombeta a som de guerra, estando os nossos descuida- dos, fiados em boa paz e amizade, e só com as vigias internas, que pareçiaõ ser bastantes, fez ímpeto ao Arrayal, e entrando o de ímpeto, se fiseraõ senhores da Praça, entrando pellas cazas dos pobres desaucautelados, roubando os de tudo o que tinhaõ, que se aualiou em soma de duzentos mil crusados em prata, ouro, e fazendas. Matarão couza de trinta homens brancos, pouco mais ou menos, entre os quais foi o Capitão mór da guerra Antonio Bruto, em sangue frio; o Sargento mór Manoel de Medella, e o Capitão João Pegado da Ponte, o Capitão Fran- cisco de Chaues; prenderão como duzentas pessoas, os demais se puzeraõ em fugida para Maçangano. Entre os dous (*) pri- zioneiros leuaraõ também ao Gouernador Pedro Cezar de Me- nezes, que tem dentro da Çidade prezo apertadamente, e com indiçios de o quererem consumir a puro mao trato.
A capa (2) que dizem tiueraõ, estes inimigos, para comete- rem hum feito tão infame e fora da razaõ, e lealdade, que deuião guardar, foi dizerem que os nossos no Maranhão se tinhaõ leuan- tado, com a sua gente que lá tinhao, e degolado os, o que soube- raõ por via de hum nauio que hauia tres ou quatro dias que lhe[s] tinha chegado de Pernaõbuco, sobre o qual naõ deixou de hauer sospeitas vehementes que nelle tinha hido ordem dos de Pernaõbuco para fazerem o sobredito desarranjo; e o Irmão Antonio do Porto, que neste se assinará abaixo, o ouuio dizer assy a çertas pessoas, antes acresçenta, que conforme sua lem- brança lhe parece ainda, que com algua duuida, que ouuio dizer, dentro da mesma Çidade de Loanda, a hum mancebo criado do Director da dita Çidade, é que de Pernaõbuco no
(J) BAL — duzentos, como o texto o postula, aliás. (2) Aparência, pretexto.
43
sobredito nauio tinha uindo acompanhando a molher do dito Director, chamado Manoel Perez, que de Pernaõbuco viera or- dem para a sobredita facção, em recompensa da do Maranhão. Dauaõ mais por cauza, que o mesmo fizeraõ os nossos aos seus na Ilha de Saõ Thomé, e agora lhe [s] pretendiaõ fazer o mesmo a elles, mandando vir da Bahia socorro.
Destruído assy o Arrayal, dizem que mandarão logo recado aos nossos de Maçangano, afim de que se sogeitassem, aliás lhe[s] fanaõ guerra, e os matanão a todos; responderão lhe[s] os nossos, prendendo lhe[s] o embaxador, e a alguns outros Olandezes, que poderão apanhar pelo Rio Coanza açima, e lhes mandaraõ certeficar, que naõ queriaÕ sogeitarse, antes preten- diaÕ vingarse a fogo e a sangue, da aleiuosia grande, que contra os seus tinhaõ cometido.
Neste estado ficaõ os pobres vassallos de S. Magestade, se bem [que] com algum animo, impossibilitados comtudo a def- fenderse por longo tempo, se S. Magestade e seus Ministros, se naõ resoluerem a acudirlhe[s] com promptidão, pello menos com seisçentos ou oitoçentos homen se alguãs nãos bem apresta- das, e com alguã moniçaõ e poluora, o qual socorro se entende será bastante, se for logo. E na tardança se consideraõ grandes perigos por respeito da inconstância dos negros, que já começaõ a leuantarse muitos daquelles que já estauaÕ çossegados, e pella desesperação de muitos dos brancos, que reçeão (3) não pode- rem ser socorridos do seu Rey, como o naõ foraõ atégora, mos- trando elles em todas as occazioes passadas, a lealdade portu- gueza que deuião, e temem que esta seja contrastada com a ne- cessidade vrgente.
De tudo o sobredito podem ser testemunhas çento e setenta homens pnzioneiros, que largarão (4), e chegarão a Pernaõbuco aos 27 de Julho passado, entre os quais viemos nós, os dous Reli-
(3) BAL — arrcçeaõ.
(4) Entenda-se: que partiram embarcados.
44
giosos da Companhia abaixo assinados, cjue todo o sobredito aju- damos a padeçcr e chorar, com esperanças de que Sua Real Ma- gestade ponha os olhos em tanto dezemparo. / /
Gonçalo João / / Antonio do Porto
BNL — Ms. 7.162 (Embaxadas do Senhor Marquez de Niza), f!s. 132-132 v.
BAL — • Ms. 49-X-24, f I. 404-404 v.
OCIDENTE, Lisboa, 1940 (IX), págs. 273-275.
ARQUIVOS DE ANGOLA, Luanda, 1943, 2? Série, voL I, págs. 99-101.
45
11
ASSALTO AO ARRAIAL DO BENGO PELAS TROPAS HOLANDESAS
(17-5-1643)
SUMÁRIO — Descrição do assalto traiçoeiro dos holandeses ao arraiial do Bengo, violando as capitulações solenes de faz cele- bradas entre Portugal e a Holanda, bem como as estipu- lações particulares com o Governador português — Odis- seia no sertão e desterro dos missionários Jesuítas.
Tomada a Loanda pollos Olandeses, polia os moradores a naõ defendere muito, se retirou o Gouernador (*) cõ elles pello certao do Reino de Angola, pellos presídios que nelle tinham os Portugueses, donde chegada a noua das pazes, feita [s] entre Portugal e Olanda (3) , se uejo o mesmo Gouernador cÕ a maior parte dos mesmos moradores sitiar a Barra do Bengo, que hé hu rio, e pouoar e cultiuar as terras que elles tinhaõ dantes por hua e outra parte do mesmo rio, de baixo de nouas tregoas e concertos, que sobre as de Portugal com Olanda fiseram, cÕ os mesmos olandeses (3).
(*) Pedro César de Meneses. Foi nomeado por carta régia de 22 de Janeiro de 1639, por três anos e o mais tempo que el-Rei o houvesse por bem e não mandasse o contrário, segundo a fórmula consagrada.— ATT - Chancelaria de D. Filipe III, liv. 36, f 1. 74.
(2) Foi assinado em Haia, em 12 de Junho de 1641. Cfr. Monu- menta, VIII, pág. 509.
(3) Estas capitulações especiais foram feitas no Bengo, entre o Director holandês Cornélio Niculant e o Governador português Pedro César de Meneses, em 30 de Janeiro de 1643. Cfr. documento n.° 2.
46
Neste sitio, de baixo desta paz de amisade, tratauam e comerciauao híís com os outros mercando e uendendo de parte a parte po respaço quasi de mez e meyo. Quando pello fim de Março deste anno de 43 chegou da Loanda hua nao da Mina e hú nouo Gouernador olandez, chamado Ioaõ Mola (4), que nella uinha, o qual dando por nouas que passara por a Ilha de santo Thomé, que achara os Portuguezes leuantados de guerra com os Olandeses, estando dantes todos em paz, desde que toma- ram aquella Ilha, e os olandezes metidos e apertados na fortaleza, fez desconfiar, e amotinar aos da Loanda, temendo que o mesmo lhes fisessem os do nouo Arrajal, que estauaõ só seis legoas afas- tados delles, e nao queriaõ que hay continuassem, sem que lhes dessem reféns, com que se assigurassem. / /
Mas quietos iá com as rezoens, que o gouernador lhes man- dou, para lhos naõ dar, e para naõ dar, e para nao desconfiarem, chegou aos 14 de Mayo outra nao de Pernaõbuco: diziaõ os mesmos Olandezes, que cõ noua que no Maranhão tinham feito os nossos aos seus o mesmo, que os de santo Thomé lhes fiseraõ. estado também cõ elles em paz desde que aly entrarão, dando de noite os Portugueses sobre elles, e matando [os] quasi todos: se bem [que] os da Loanda mostraram depois que a causa da treiçao que logo fiseram, naõ foi esta, mas a cobiça da prata que cada dia e a cada hora viaÕ pellas cazas de palha no nosso exercito; donde nuca sahiaõ cõ o trato e mercancia que nelle fasiaõ. / /
No domingo 17, do mesmo Mayo, e quatro dias depois da chegada do nauio, deraÕ de madrugada no nosso ArrayaI 300 olandeses, repartidos em seis companhias, armados de mosque- tes e crauinas: e entrando por uarias partes em 3 terços, os pri- meiros e os segundos atirauaõ par o ar, disendo bom quartel, bom quartel; que hé o mesmo que damouos as uidas; os 3. 03 achando iá os nossos saídos das cazas, mal uestidos, por que ao
(4) Hans Molt.
47
estrondo dos tiros e das uoses se aleuantauaõ das camas confusos, e atónitos a uer o que seria, empregauaõ nelles os tiros, e os matauam, e assim mataram quasi 330, afora outros que ficaram mal feridos, e morrerão despois prezos em Loanda. / /
Logo saquearam o Arrayal, pedindo prata aos nossos com notauel sede, e cobiça e aualiaraõ o sacco em mais de cem mil cruzados, só de dinheiro, e peças de ouro, e prata, porque nou- tras fasendas naõ boliram, as quais os negros que cõ elles uinhaõ ou tomarão ou queimarão, pondo logo fogo a ellas, e ás cazas que á uísta dos nossos já prezos arderam, e se consomiram. Le- uaraÕ os olandezes a quantos nossos acharão, que senaõ 180 homens, e entre elles o Gouernador, a quem cõ saberem que era Illustre, trataram indecentemente, e hseram graues jniunas, e a pé e mal uestido[s], mortos de fome e de sede, sercados de soldados Olandeses, caminharão aquellas seis legoas, até Loan- da, aonde estiueraõ prezos noue dias com grandessimas encomo- didades, e falta de todo o mais necessário para a uida.
Ao mesmo tempo e junto ao mesmo no, pouco afastado do exercito, estaua o Padre Jcaõ de Payua com os Irmaõs Gançalo e Antonio do Porto, numa fasenda que o Collegio aly tinha: e onde hiaÕ ajuntando e recolhendo a escrauana do mesmo Collegio, que cõ a tomada da Loanda se tinha (5) espalhado e andaua por uanas partes deuidida; comessauaõ a coltiuar as terras e acodiaõ ao Arrayal e a todas aquellas partes por onde lá estaua gente branca, a confessar e a repartir as esmolas, e a diser missa. / /
Na manhã do triste sucesso, tuieram em breue a noua, com a qual os escrauos que consigo tinhaõ logo fogiram e os deixarão sós e fogindo a mais gente, que por aquellas partes estaua para os presídios, ainda que com grandíssimo perigo, por estare longe e mui afastados e os caminhos sercados, e inpestados dos negros
(5) No original: tinham.
48
da terra, aleuantados contra nós, de cujas mãos só por milagre escapariaõ; alguns doentes que nao podiaõ caminhar e temiaõ aos mesmos negros, se uieram á nossa fasenda a confessar e por causa destas confissões e de porem em seguro a prata da nossa samchnstia, que era muita e grossa, alem do perigo manifesto dos caminhos, se deixarão os nossos ficar. / /
E por que lá todas aquellas terras estauaõ desertas e desem- paradas de gente, os negros perto á caza dos nossos e as suas uidas perdidas, pareceo lhe[s] mui necessário ir o IrmaÕ Gonçalo JoaÕ, como em effeito foi, a um reducto dos olandezes, que estaua junto do rio, pedir ao Capitam, que era Todesco, e Cha- tolico, e seu amigo, dous soldados que uiessem defender dos ne- gros aquella caza e as uidas dos que nellas estauaõ: por que sem duuida, sem taes guardas tudo se perderia, como o tempo mos- trou logo. / /
Partiosse o Irmaõ na tarde do mesmo dia e na noite os dous nossos que ficaram meteram a prata em sacos e bem liada a botarão cõ sumo segredo num fundo pego do no, nao longe das nossas cazas: por que em taõ grande aperto de tempo, e de perigo, nem tiueraõ nem foy posiuel terem outra comodidade melhor para se asigurarem: e em effeito mal a tinhaõ assi arre- cadado, quando na mesma noite lhes deram por 30 ueses rebate, que estauaõ sercados dos negros e lhes mostrarão os sinais do serco. Pello que foi forçado o P. Joaõ de Payua, dos rogos e lagrimas e requerimentos de muita gente, principalmente mo- lheres e meninos, que naõ podendo seguir aos que na manham tinhaõ fogido (°) para os presídios, se uieram naquella tarde á nossa fazenda, pedir aos nossos os acompanhassem, e liurassem quanto pudessem, daquelle perigo, a se sair com elles na mesma noite, cõ animo de se irem a Loanda a pedir aos Olandezes bom quartel, que hé o mesmo que liberdade e uida por nam vida ( stc ), por naõ auer ia outro remédio. / /
(6) No original: foguido.
4
49
da (7), foi dar aos gouernadores auiso: os quais mandando reco- lher os outros nas casas que dantes tinham na cidade, ordenaram juntamente que os nossos ficassem na mesma praça das armas, onde despois por uezes os mandarão uísitar pellos officiais da milicia mais graues. / /
Aqui estiueraõ dous dias em companhia dos soldados, os quaes posto que hereges, os tratarão com cortezia e charidade. E por que os gouernadores os naõ podiaõ sostentar, mandarão ao segundo dia, que os passassem para hú nauio que estaua no porto ancorado, para que nelle dessem a cada hú huã raçaõ enquanto aly estiuessem, como a que cada dia dauam aos marinheiros. Naõ sabiaõ os nossos para donde hiaõ e uendosse entre soldados arcabuseiros, que os leuauaõ guiados por outro demasiadamente grande e mal feito, cõ hú pique muy comprido aos hombros, despois de huã grande uolta de caminhos desuiados, chegaram a ho pé de huã forca, aonde por algú tempo pasaram esperando outro olandez que os auia de leuar ao nauio. Mas naõ sabendo os nossos a causa por que se detinhaÕ cõ todo aquelle aparato ao pé da forca, começaõ a sospeitar que os enforcariaõ ou tratea- naõ por que lhe[s] descobrissem a prata do Collegio, por que tendo lhes perguntado por ella alguas uezes, elles lha negarão sempre. E assi disse o Irmão ao Padre: sem duuida nos querem enforcar; ao que o Padre respondeo: pois Irmão, se se quer conf- fessar, conffesesse; que eu me entenderej cõ Deus: pois naõ tenho conffessor; mas uindo pouco depois aquelle por quem esperauaõ, que era homem de respeito, e sabia falar portuguez, os tirou destas sospeitas, e logo os embarcou. / /
Nos marinheiros do nauio acharão a mesma cortezia e humanidade que acharão nos soldados da cidade, e a cabo de
(7) Diz Cadorncga que o Governador das armas holandesas fazia sua morada e habitação no Colégio da Companhia de Jesus. Os holan- deses reduziram as igrejas de Luanda ao desbarato enchendo-as de imundícias, estando em melhor modo a dos Jesuítas por nela fazerem
52
sete dias foram daly leuados a hum pataixo, em que lhe [s] disse- raõ auiaõ de partir para a Bahia, cõ os mais prisioneiros que tinhaõ trazido do Arrayal. E já embarcados uiram uir estes da cidade, mal uestidos, mal tratados, entre companhias de soldados; e com elles o Irmaõ Gonçalo Joaõ, os quais por espaço de noue ou dez dias, tinhaõ estado todos prezos em hú pateo descuberto ao sol, e ao sereno, sem comer e sem beber senaõ mal e poucas uezes, e assim fracos e mal prouidos deraõ logo á uella para a Bahia, aonde os Olandeses os mandauaõ.
Durou a viagem hú mez, na qual os coitados padecerão todos os trabalhos e misérias, que se podem considerar, fome e sede, grandíssima pellos mandarem faltos de mantimentos e agoa, e com grande aperto, sendo quasi duzentos homens em hú pataixo mui pequeno, que lhes era necessário irem sempre assentados ou deitados nas nuas taboas, sem se poderem uirar, nem alimpar o pataixo, que era o que mais sintiaõ, e como era embarcação tam pequena, e mal arumada, com a carga de tanta gente, em dous temporaes que tiueraõ, esteue quasi uirada; e por que lhes deram hú estrolabio desconsertado e jnsp.t0 para se tomar o sol, numca o puderam tomar bem, nem entender aonde estauaÕ, nem alcançar a Bahia; nem conheceram a terra até uer Pernambuco, onde entrarão. / /
E deseperados lá das uidas, naõ sabendo por onde hiaõ, uendosse faltos de mantimentos e agoa, tam famintos, taõ fracos que se naõ podiaõ bolir, nem os marinheiros marear as uellas, detnminaram de uarar em terra, onde duas uezes se uiram per- didos, huã sobre huns arrecifes, nos quais comúmente se per- dem os nauios, que acertaõ de lhes dar uísta, por que a corrente das [ajgoas os leuam e sorué para elles, mas nesta occasiaõ ellas
suas assembleias e ajuntamentos. Nestas circunstâncias de geral profa- nação não nos é possível identificar a igreja que, segundo o texto, foi transformada em praça de armas. Cfr. António de Oliveira Cadornega, História das Guerras Angolanas, Lisboa, MCMXL, Tomo, II p. 1 1 e 24.
53
mesmas contra sua natureza, os desuiauaõ e arremessaram dos arrecifes, onde elles hiaõ uarar, ou para melhor diser, acabar as uidas. / /
Por todos estes trabalhos e misérias morrerão no pataixo algús dez ou doze homens em todo o tempo da viagem; e os que ficarão uiuos, saíram em Pernambuco tam desfeitos, secos e mirrados, como huas imagens da morte. E despois de sua che- gada quasi todos adoecerão: dos quaes algús morreram, e outros estiueraõ para isso: mas já saõs e conualecidos, os mais se foram para a Bahia e os Irmãos Antonio do Porto e Gonçalo Joaõ: outros se uieraõ para este Reino, e o Padre Joaõ de Payua, que se ueho cõ negócios de suma importância, e segredo, que em Pernambuco lhe cometeram.
ARSI — Lhs., Cód. 55, fls. 151-153. (Original).
54
12
CARTA DE SALVADOR CORREA DE SÁ AO GERAL DA COMPANHIA DE JESUS
(2-6-1643)
SUMÁRIO — É recebido for Irmão da Companhia de Jesus.
Suposto que de juro devo servir e amar a Vossa Paternidade, por ser o mais honrado titulo, que gozo, o ser escravo e Irmão da Companhia, agora novamente me sinto mais obrigado com esta de Vossa Paternidade, escrita em Roma a 30 de Maio de 642.
A mercê, que nela me promete fazer V. P. em permitir a fundação do Colégio que intento e receber-me por fundador com a declaração e informação que espero do Reverendo Padre Provincial, estimo por a maior de minhas honras e por ela beijo a mão de V. P., rendendo-lhe particulares graças.
O dito P. Provincial, com quem tenho tratado sobre este particular, avisará a V. P. assim de o que toca a elle, como de tudo o mais que me sucedeu na facção das minas que intentei e não teve efeito, por a obstinação dos moradores da Vila de S. Paulo e nova resolução de Sua Majestade e seu Governador Geral neste Estado. Tudo o que ele assentar com V. P. farei com muito gosto. Nao podendo ser na Vila de S. Paulo, na de Santos, perto do mar, da Capitania de S. Vicente. Porque nunca me faltará ânimo para servir a Deus e a Vossa Paterni- dade, cuja pessoa guarde. Rio de Janeiro, 2 de Junho de 643.
a ) Salvador Correa de Saa j Benevides
ARSI — Brasília 3 (I) fl. 223. — Publicado no Jornal do Comér- cio do Rio de Janeiro, de 10 de Setembro de 1939, pelo Rev. Padre Sera- fim Leite S. I.
55
13
MISSÃO DO REINO DO CONGO (22-6-1643)
SUMÁRIO — Os missionários Capuchinhos italianos fedem licença para retomarem o caminho do reino do Congo.
Beatíssimo Padre
Li PP. Capuccini Missionarij dei Regno dei Congo, essendo andati à Lisbona per eseguire il loro uiaggio, furono per uarij impedimenti constretti à ritornare à Roma, non già per desistere dalla loro impresa, ma per prendere altri partiti per poterst inuiare à quella uolta; et hauendo, per grada dei Signore, trouato un espediente molto opportuno, fanno humilmente instanza à V. Beatitudine che gli uoglia conceder licenza di potersi di nuouo rimettersi in uiaggio per detto Regno, acciò resti eseguito 1'intento di V. Beatitudine. Qua Deus, etc.
[No verso ] : Aila Santità di N. Signore Papa Vrbano VIII / Per li PP. Capuccini Missionarij dei Regno dei Congo.
[Letra do Secretário da Propaganda]: Die 22 Junij 1643. Jn Cõsistorio Secreto.
APF — Memoriali, vol. 406 (1643), ^'S- 3°4 e 3°9 v-
14
ARTIGOS E CONDIÇÕES DAS PAZES ENTRE HOLANDESES E PORTUGUESES
(1.7- 1643)
SUMÁRIO — Os holandeses e portugueses de Angola estipulam entre si determinados artigos e condições de paz, a manter enquanto perdurasse o tratado firmado com Portugal.
Primeiramente, que asseitaremos as pazes licitamente ou sem jnterpretaçoês alguas, asim e da maneira que os nossos Príncipes as tem assentado. E isto se entende se ainda as pazes que entre sy assentarão naõ estiuerem quebradas, as quais estan- do quebradas ou quebrandosse entre os Pnncepes, ou hauendo cauza para se quebrarem, entre nossa parte que quizer romper guerra o denunciará vinte dias antes, como hé costume.
[2.0] — Alguas naos olandesas, digo Portuguezas, que aqui aparecem de marchantes, naõ poderão ser declaradas por prezas, saluo se entretanto soubermos as pazes entre elRey de Portugal e os senhores estados geraes estarem quebradas; e se as pazes aqui á sua uinda nao estiuerem quebradas, comerciarão com uossas merçês ou partirão outra uez (*) liures, comforme sobre isto entonces nos deliberarmos.
[3.0] — Naõ será licito ás partes escreuerem Cartas hua á outra sem as emuiar ao mandador supremo; o qual entonces as mandará entregar.
[4.0] — NaÕ será licito ás partes dar en cara hua á outra com o que passou no Bengo, pois dahy poderá resultar desin- quietaçaÕ.
(*) No original: ues.
57,
[5.0] — Os caminhos serão abertos de parte a parte para o comercio; os souas que forem da nossa jurisdição e da de uosas mercês, procurar se há que estejaõ quietos sem fazere guer- ra hum ao outro e cada hum ficará dentro de seu destrito para cultiuar a terra.
[6.°] — Naõ se mandará gente armada nos lemites hum do outro, porque pode dar suspeita.
[7.0] — • As embarcações de parte a parte se restituirão totalmente com o paso da carregação, comforme valer.
[8.°] — Cada hum poderá hir uiuer e comerciar, saluo se for de uocaçaõ melitar; os Portuguezes que uieraõ com as embarcações, e os que [se] tomarão no Bengo e se detém entre nós, excepto o gouernador Pero Cezar de Menezes, poderão partir liures com a sua fazenda. E se algum morador quicesse aqui morar, será obrigado a fazer juramento de fidelidade.
[9.0] — Em cazo que, como naõ esperamos, uiesse algum socor[r]ro de EIRey de Portugal da Bahia ou de outros lugares para nos fazerem guerras com sua armas, naõ será licito á gente de Masangano [e] a [r] redores a se ajuntar com o dito socor- ro, ou em alguã maneira lhe prouer a maõ auxiliar por negros, ou por outra uia qualquer que seja, antes será obrigado a no lo denunciar vinte dias antes, et in uissa (2) .
[ io-°] — Os barcos que uierem e forem para Masangano, trazendonos a sua fazenda para ueder, poderão como amigos pescar dentro do Rio Coanza e perto da cidade da Loanda e naõ
ao longo dos nossos nauios.
[ 1 — E em cazo que a nação Portugueza deste Reyno quizer mandar alguns auisos a Portugal ou ao Brazil, entregarão as suas cartas ao senhor director (3), o qual entonces as enuiará
(2) Entenda-sc: e vice-versa, reciprocamente.
(3) A censura estabelecida pelo documento — que tem todas as características de um diktat holandês, com os vexames inerentes à ocupação estrangeira, como a Holanda o havia de experimentar na
58
facilmente (4) e para mais certeza de boa entrega delias, se lhe concede mandar hum home de sua naçaõ que as leue. E porque assim, para bem de ambas as partes, na forma sobredita entre sy conuieraõ e concordarão para mantimento das pazes condu- zas entre a Coroa de Portugal e os mui poderozos estados geraes, até nos uir outro recado e ordem de nossos superiores, man- darão Suas Senhorias estes Capítulos sobreditos se puçessem em papel, para que do asentado constasse sempre, ouuesse clareza e para mais firmesa sobescreueraÕ com seus próprios sinais. / / Oje o primeiro de Julho da era de mil e seis centos e qua- renta e tres.
AHU — Angola, cx. 2.
guerra de 1939- 1945 — a censura não surtiu efeito, como os factos o vieram comprovar, e como era bem de ver, dada a imensidade do ter- ritório.
(4) No original: fazilmente.
59
15
PADRES MISSIONÁRIOS CAPUCHINHOS DA PRIMEIRA MISSÃO DO CONGO
(Julho-Setembro 1643)
SUMÁRIO — Nomeação de vários missionários para a Missão do Reino do Congo, confirmados feia Propaganda Vide.
Referente eodem Eminentíssimo D. Cardinali Pamphilio, inter missionários ad Congum adscripsit Patrem Michaelem de Sessa, Capucinum prouincix Aragonis, una cum fratre Francisco de Pamplona, Layco eiusdem Ordinis, sub Prafectura Fratris Bonauenturx de Alessano.
APF — Acta, vol. 15, fl. 384 v., n.° 11 — Sessão cardinalícia de 21 de Julho de 1643.
Referente Eminentíssimo D. Cardinali S. Honuphrij, Sacra Congregatio inter missionários ad Regnum Conghi adscnpsit fratrem Bonauenturam de Sorrento, Capuccinum, sub Prarfe- ctura Fratris Bonauenturat de Alessano eiusdem ordinis.
APF — Acta, vol. 15, 419, n.° 9 — Sessão cardinalícia de 1 de Setembro de 1643.
Referente Eminentíssimo D. Cardinali S. Honuphrij, Sacra Congregatio inter missionários ad Regem Congi constituit et deputauit infrascriptos fratres Capucinos, a Prouinciali Genuensi et Procuratori Generali approbatos, sub Prarfectura tamen fratris Bonauentura: de Alessano, et donec pradicti fratris iungantur, cum dicto fratre Bonauentura Prafecto, fratri Bonauentura de
60
Taggice, Concionatori, quem Viceprefectum declarauit, usum facultatum pro prxdicto fratre Bonauentura expeditarum con- cessit, cum potestate illas communicandi Socijs, usquequo iun- gantur cum prxdicto Pra:fecto, et non ultra; nomina autem fratrum sunt, ut sequitur:
Prafatus Bonauentura de Taggia, Vice Prsefectus, Con- cionator.
Fr. Zaccharias de Finali, Concionator.
Fr. Franciscus Maria de Ventimiglia, Concionator.
Fr. Saluator de Genua, Sacerdos.
APF — Acta, vol. 15, fls. 476-476 v., n.° 2 — Sessão cardinalícia de 7 de Setembro de 1643.
NOTA — Acerca do Vice-Prefeito, Frei Boaventura de Taggia, pronuncia-se ainda o documento seguinte:
Retulit idem Eminentissimus D. Cardinalis Sancti Honuphrij litte- ras fratris Bonauentura; di Taggia, Missionarij et Vice Prarfecti Missio- nis Capuccinorum ad Regnum Congi, in quibus conquerebatur de suis superioribus, qui illi prohibebant questuarionê" ab amicis et pijs uiris pro tam longo itiuere.
APF — Acta, vol. 16, fls. 23 V.-24, n.° 15. — Sessão cardinalícia de 28 de Fevereiro de 1644.
Acerca da obediência dos missionários e retirada para a Europa, determinou a Propaganda Fide:
Sacra Congregado censuit Missionários a suis missionibus receden- tes sine debita obedientia, per Prouinciales et Diffinitores priuatione voeis actiuae et passiuae esse plectendos. / /
Die 30 Junij 1643.
BNM — Ms. 3.818, a 78 v.
6r
16
CARTA DA PROPAGANDA FIDE AO NÚNCIO EM MADRID
(30-8-1643)
SUMÁRIO — Pede-se ao núncio em Madrid que favoreça a missão dos Capuchinhos italianos para o reino do Congo.
Al Siçnore Cardinale Pancirolo. Madrid.
Venendo costa il Padre Buonauentura d'Alessano, Capu- ano, per trasferirsi alia sua missione dei Congo, pregano li Signori Cardinali di questa Sacra Congregatione de Propaganda Fide, V. Eminenza compiacersi d'essergli fauoreuole di quelli aiuti ch'ella è solicita compartire sempre prontamente agl'altri operarij euangelici, che ricorrono a lei. / /
II superare le dtfficoltà che per auentura s'incontreranno nell'essecutione delia santa mente dei medesimo Padre, sarà opera degna delia pia mano di V. Eminenza, alia quale però caldamente lo raccomando in nome dell'eminenze loro, e mio próprio. Le ratifico con questa occasione la mia particolare osser- uanza uerso di lei, e le bacio per fine humilmente le mani.
Roma, 30 Agosto 1643.
APF — Lettere Volgari, vol. 21, fl. 246.
NOTA — O Cardeal Giovanni Giacomo Panzirollo, nasceu cm Roma em 1574, Doutor em direito aos 18 anos, advogado da Cúria, auditor do Núncio G. B. Panfili em Nápoles e em Madrid, auditor da Rota, Patriarca de Constantinopla (13-12-1641), foi nomeado Nún-
62
cio em Espanha cm 18-1-1642, Cardeal em 13-7- 1643 e deixou a Nun- cio cm Espanha em 18-1-1644. — Cfr. Henry Biaudet, Les Nonciatu- res Afostoliques Permanentes, Helsínquia, 1910, p. 278-279.
Como a partida dos missionários por Lisboa se tornara impossível, por justos e ponderados motivos, desviaram a rota por Madrid, desco- nhecendo o que muito bem conheciam, isto é: que Portugal se tornara independente da Espanha em 1- 12- 1640, que Luanda estava ocupada pelos holandeses e que Angola não era ultramar espanhol, mas portu- guês. Vincam-se estas atitudes para tornar compreensíveis acontecimen- tos futuros.
63
17
CARTA DE SOUSA COUTINHO A EL-REI (6-9-1643)
SUMÁRIO — O Embaixador na Holanda comunica o fedido de socorro do Rei do Congo contra a Rainha Ginga — Desconfianças do Embaixador e seus conselhos a el-Rei.
Nestas naos do Brazil ué dous embaxadores de El Rej de Congo a pedir ajuda a estes Estados contra a Rajnha Ginga, que dizem baxa contra elle com 80 000 frexas, mas pode acon- tecer que este socorro se pessa contra nós; auizarey se se lhe manda e quanto, para que conforme a elle mande V. Mages- tade socorrer Angola a titolo também de ajudar a Ginga contra o [Rei] de Congo. Também me dize que nas mesmas naos ue quinze ou vinte cazas mudadas, ou porque receaÕ que lhes naõ poderão durar muito, ou porque o tratamento que lhes fazé naõ hé para se levar, e ou seta huã couza ou outra, sempre hé bom para nós.
ATT — Ms. 1341 (Livraria), fl. 13.
64
18
PARECER DO CONSELHO ULTRAMARINO SOBRE O REINO DE ANGOLA
(19-9- 1643)
SUMÁRIO — Resposta às cartas do Feitor da Fazenda e do Governador de Angola — Proposta da fundação de nova cidade — Como e onde aprestar socorro aos portugueses de Angola.
Diogo Lopes de Fana feitor da fazenda de V. Magestade no Reino de Angola, em carta de 10 de Março, deste anno de 643, que escreue a V. Magestade, diz que antes que os olan- dezes occupassem a Cidade de Loanda, deu conta a V. Mages- tade do estado das cousas tocantes a seu cargo de feitor de sua real fazenda, na cõformidade que tem por regimento. E depois da retirada o não tornou a fazer, porque nos auizos escreueo largamente a V. Magestade o Gouernador Pero Cezar de Me- nezes.
Desde o dia que o Gouernador se retirou, até o prezente naõ se apartou de sua pessoa, acodindo a tudo quanto se offere çeo do seruiço de V. Magestade, como deue.
Da Cidade náo se saluou couza algúa da fazenda de V. Ma- gestade, que o que hauia só constaua de munições, artelharia, e fazendas que estauaÕ na casa de tres chaues, embargadas por prouisao real, antes do tempo dele feitor, pelos herdeiro? de Antonio Fernandez de Eluas, contratador que foi dos eso auos daqueles Reinos, e que o escriuão de de seu cargo Manuel de Faria e Goes falleçeo, e se perderão na retirada a mayor parte dos livros e papeis de seu officio, com tão bem faltao quazi to- dos os dos outros officios.
5
65
Durante o tempo da guerra, o Gouernador vendo que não hauia fazenda de V. Magestade para remediar as muitas neçe- cidades de soldados doentes, e substentar os que estaváo em estado de poderem tomar armas, acodio com sua fazenda. E com outros meyos, o mais suauemente que o tempo deu lugar, e os que escaparão da contagião e malinidade da terra os uai substentando e uistindo.
Que tendo o gouernador por uia dos olandezes a noua da publicação das pazes, mandou a ele Diogo Lopes de Faria, e juntamente ao lecenceado Antonio Guerreiro, profeçor de leis, para que na Loanda, com o director, tratassem todas as cousas tocantes ao seruiço de V. Magestade, e conueniencias para bem da paz, de que o gouvernador deuia dar conta a V. Magestade, e como assistio aly desde dezassette de nouembro do anno pas- sado, até 15 de feuereiro deste anno, e neste tempo obseruou muitas cousas que tratarão com o director, delias appontará algúas, para que V. Magestade se sirua com mais breuidade mandar acodir com o remédio, antes que se uão deprauando, e pondo em peor estado.
Conçedeo o director, que o gouernador pudesse deçer com os moradores á vista da Barra do Rio Bengo, que ele com suas armas hauia senhoreado, e cittuasse o nosso Arrayal, como hora o tem, em hú oiteiro, mea legoa pela terra dentro, sobre o mesmo Rio; e que os moradores e mais pessoas pudessem cultiuar as terras e fazendas que nelle há, por tempo somente de noue mezes, que começou nos vltimos de Janeiro deste anno, até ir resolução de V. Magestade, e dos hordés geraes, da forma em que aquelle Reino hade ficar; e antes de chegar a isto, ouue algúas duuidas, como V. Magestade pode uer do traslado de hú papel e sua re[s] posta que com esta vay, cujo original fica em poder delle feitor. / /
E tem por cousa certa, que se no tempo dos noue mezes nao mandar V. Magestade algua boa resolução em fauor da- queles seus vassallos, e nos obrigarem a retirar daquellas terras,
66
como se prezumc farão, será causa de grandes danos, assy por- que o gentio daquele Reino, vassallo de V. Magestade, sempre andou vario, como porque os poucos escrauos que até gora nos não fugirão, o farão seguindo os maes; e com esta consideração, V. Magestade se sirua antesipar o remédio.
Que chegou 2.a vez o barco em que Ieuou as Cartas de V. Magestade Antonio da Fonseca dOrnellas (diz segunda vez, que a primeira não foi admitido, nem os olandeses lhe derão lugar para se comunicar com o Gouernador) a tempo que elle feitor estaua, como diz, na Cidade de Loanda; não lhe concedeo o director liberdade para que chegasse á Barra do Bengo com o barco á vista do nosso Arrayal, antes lhe pôs guardas tão exceçiuos de fora, que tudo quanto a gente do mar dezembarcou sem licença sua, se lhe tomou por perdido; mas despois vendosse na Barra do Bengo com o Gouernador, con- cedeo que se pudessem dezembarcar as munições de V. Mages- tade que o Gouernador da Bahia mandou, e as cousas que não fossem de mercancia, mas só as que se mandarão de socorro a particulares; mas o barco não sahio do porto de Loanda.
Declarousse com elle feitor, que se lhe hauia de pagar a entrada de todas as fazendas que leuassem aly vassallos de V. Magestade, a uinte e çinco por çento, sem admittir que aquelle porto foi sempre liure e franco nas entradas de tudo quanto a elle aportou: antes diz que as fazendas que forem se hão de uender a seus Comissários, para que de sua mão as com- prem os vassallos de V. Magestade pelos preços que elles assen- tarem; prohibem tão bem que os vassallos de V. Magestade possão embarcar peças de escrauos para fora, mas que se uendão a seus Comissários; e que naquele Reino ninguém mais que a sua Companhia tenhão trato e saca dos dittos escrauos.
Como despois de tantos mezes de calamidades e doenças nos mattos, alguns vassallos de V. Magestade que delias esca- parão, se quizerão prouer secretamente de cousas neçessarias para se guarnecerem, ainda que o Gouernador o tinha prohibido
67
com boas considerações, os Comissários olandeses lhas vende- rão, o que toca a mantimentos, por altos preços, a dinheiro e pratta, e as que o não são, a peças de escrauos, a que se tem posto baixíssimos preços, abbatendo tão bem o da pratta, tomando a com pezos que tem crecimento nas onças e marcos, a que chamão Troya. / /
Assy que partidas as vias, como estão de melhor partido em poder e forsas, introduzem toda a tirania que podem, e ainda que em cada matéria das appontadas, e em muitas outras que se offereçerão se lhes foi á mão, manifestandolhes com claras razões seu mao proçeder, que encontra as CappitulaçÕes assentadas com V. Magestade; e quando o director se acha atalhado se desculpa, com que não pode deixar de guardar as hordens de seus mayores; e claramente diz, que quem hé se- nhor dos portos de mar, o hé tão bem do Reino; e que isto passa nestes pnnçipios, delles se pode inferir o que será, andando o tempo, não se acodindo com o remédio. / /
E de todas estas cousas lhe pareçeo fazer relação a V. Mages- tade para constar delias a oppreção em que ficão seus vassallos, e hú Reino tão importatne como aquele hé, e será couza impos- sivel gozar delle V. Magestade couza alguã emquanto aquela gente ali estiuer, pois não tratta aos vassallos de V. Magestade como amigos, mas com a tirania que se os ouuerão rendido, e teuerão sogeitos. E que as couzas ouuerão chegado a muito peor estado, se o Gouernador Pero Cezar de Menezes não os ouuera guiado com a prudençia e bom modo que para isso tem; porque o director com a ocasião da tardança de recado de V. Mages- tade, quer persuadir aos moradores que V. Magestade tem já largado aos Estados a pertenção e senhorio daquele Reino, pera quebrantar e acquinr os ânimos que já estão cançados dos malles passados; mas a huã voz todos estão com firme confiança, em que V. Magestade lhes hade valer.
68
Da carta rellatada se deu vista ao Procurador da Fazenda de V. Magestade e respondeo que por ella, e pela coppia incluza da carta que escreueo a V. Magestade Pero Cezar, Gouernador daquelle Reino, cuja coppia procurou, e se lhe não deu, dizen- dosselhe que não veio remettida ao Concelho da secretaria, e pellas informações que tomou das pessoas mais praticas que vieráo daquelle próprio Reino hora de próximo, e pela noticia que tem do tempo que nelle esteue, lhe consta do mizeravel estado delle, e de quanto neceçitta para sua conservação, de que V. Magestade se sirua de o mandar socorrer com a mayor breuidade que ser possa, e com o mayor socorro que seja possí- vel, e sua neceçidade pede; por maneira que não só se conserue, mas que delle se lançem os olanoeses que tão injustamente ocupão Loanda, çidade e cabeça do mesmo Reino, ganhando a imperfidos, despois de V. Magestade restittuido a esta sua Coroa, e de hauer com elles tratto de pazes, ao menos de suspenção de armas, por o tempo em que se assentou que a ouuesse.
Hé o ditto Reino própria conquista deste, descuberta e acquirida com o direito que no mundo se sabe, por os Senhores Reis predeçessores de V. Magestade, ganhado com as suas armas e despesas de muitas naos com que o descubrirão e con- quistarão [h]á muitos annos, estabellecendo a sancta fee catho- lica, que se guarda e obserua com a pureza que conuem, não só em a Cidade de Loanda, e nos mais lugares e pouoaçóes do mesmo Reino em que há fortalezas de V. Magestade, e rezi- dem Portugueses, mas ainda em partes daquelle çertão habbi- tado só de negros vassallos de V. Magestade.
Esta Christandade, com cujo fundamento se tratou desta e mais Conquistas hé preçisa obrigação se conserue, deffenden- dosse com todo risco e forsas possiueis de ser corrompida e in- festada da maldita çepta de Lutero e Caluino e dos mais erros, com que hé certo que haõ de deprauar os herejes olandezes,
69
em o que fora do encargo da conciencia se perde (como hé no- tório) a reputação das armas e poder de V. Magestade.
Alem desta resão que elle Procurador da Fazenda consi- dera a principal deste negocio, há outras de grandíssima impor- tância, para V. Magestade mandar se tratte da conseruação deste Reino com a breuidade e cuidado que está pedindo.
Seja a primeira, não conuir que em o tempo filicicimo da restituição de V. Magestade a estes seus Reinos quando nelles, e ainda nos de Castella as armas de V. Magestade estão victo- nosas e gloriosas, ellas não tornem per o direito daquella con- quista de Angola descuberta e ganhada pellos Senhores Reis passados e progenitores de V. Magestade, que não leuem auante a Chnstandade que nella estabellecerão, continuada na pureza de sua criação, que não faça restituir aos Portuguezes, filhos e naturaes do próprio Reino, e mais vassallos de V. Magestade que a elle forão e nelle habbitão suas casas, bens e fazendas que lhes tomarã, e de que os lançarão os olandeses a tempo que entendião estauamos com eles de paz; que estes taes moradores e vassallos do dito Reino o não tornem a ter e lograr seu como antes hera, quando V. Magestade nelle foi aclamado, sahindo da sogeição e modo de catiueiro em que hora estão e que não tornem a continuar os templos sagrados que ocupão e tem con- taminado estes enimigos.
Alem desta resão e da reputação que a tanto obriga aos Reis e Príncipes suppremos, e poderosos, como V. Magestade o hé, concorre mais a da importância daquelle Reino, por o que rende e hé de proueito aos naturaes deste estado do Brasil, e fazenda de V. Magestade, a qual rendia perto de trinta contos de reis só com direitos da saca dos negros, e rendeo já muito maes, fora o que importão os dízimos, e baculamentos (*) que herão grandes quantias de dinheiro, sobre o que com os negros
(*) Tributos, do verbo Kubakula: tributar.
7o
que se tirauão todos os annos se laurauão os açucares e terras do Brasil, creçiáo as drogas daquelle estado, e asy os direitos que nelle se pagão, e os que vem a pagar ás Alfandegas deste, em os quaes hé forsa que haja grande quebra e deminuição fal- tando a saca dos negros de Angola, por ser cousa muito çerta e sabida, que sem negros se não podem laurar os açucares e terras do Brasil, e que se se laurarem, que será com grandíssima que- bra e deminuição.
Os particulares vassallos de V. Magestade destes seus Rei- nos e do estado do Brasil perderão muito, como já perdem, em lhe faltar o tratto e comercio de Angola; porque hé certo e aue- riguado, que aquele Reino homens mais ricos, que a Jndia Oriental, e os do Brasil sem negros com que façao as suas ros- sas, acudão a seu seruiço, não hé possiuel que o continuem, ao menos que não seja com grande quebra nelle, e assy nos ren- dimentos de sua fazenda, como o há na de V. Magestade, por a falta dos direitos que elle Procurador da Fazenda tem con- ciderado; toda esta falta, toda esta perda da Fazenda Real, e da dos particulares, hé muito mayor, por ser toda em augmen- to da fazenda da companhia dos Estados e dos particulares del- les, de modo que não só perde V. Magestade, e perdem seus vassallos na falta de Angola de seu tratto e comerçio, senão que com elle se engrossão os olandeses no publico e no particular, com o que vem a ser o negocio de muito mayor concideração.
Tão bem se hade fazer, de que sem a saca dos negros de Angola, não podem os olandeses substentar e conseruar Per- nãobuco, e os maes lugares que ocupão no Brasil, e ao menos, que se as conseruarem, será com muito mayor trabalho seu, com muito mayor despesa, e com muito menor proueito e rendi- mento; porque não tendo negros, não hé possiuel que acudão ao lauor necessário, e assy será menos, ou virá a faltar e con- seguintemente, o ganho que delle tirão.
Tanto mayor for o trabalho, que tiuerem, tanto menor
7'
será o proueito que tiraram (2) , alem de que em toda boa razão, assy nos conuem, e mais certo será virem a largar as terras do Brasil, ou por lhe serem pouco vttis, ou por conueniençias que comnosco fação; e pelo contrario se lhes forem rendosas ou as não quererão largar nunca, ou se for, virá a ser com muito mayores aproveitamentos seus.
Com a falta deste commercio de Angola e com a que hauerá no Brasil, se nelle não ouuer negros para o lauor dos açucares e das mais drogas daquelle estado, serão muito menos os nauios que a elles costumão ir, e em todo deixarão de ir a Angola. E e em consequência, alem da deminuição do tratto e direitos, a hauerá muito grande em as embarcações que costumão na- uegar deste Reino e na gente do mar, sendo huã e outra cousa de tão grande importância ao bem e augmento do Reino e suas Conquistas e ao seruiço de V. Magestade.
Senhor, as rasões referidas, não só persuadem a que se tratte de Angola, mas obngão a que se acuda ao socorro daquelle Reino, remédio, conseruação e restauração delle muito a tempo, e em que o haja de se lhe acodir, e de não ser a despesa que se fizer, e o socorro, baldado.
Para que asy haja de parecer, dirá elle Procurador da Fazen- da, por mayor, o estado [em] que de prezente está aquelle Reino, começando por o como se achaua em o tempo que V. Magestade nelle foi aclamado, hera com estranho contenta- mento, por a filicissima restituição de V. Magestade a estes seus Reinos, estando o de Angola com homes muito ricos, todos na boa fee das pazes com os Estados de Olanda, que hauião por muito çertas, por as nouas que delias lhe[s] forão, hauia na çidade de Loanda, cabeça do Reino, quatro fortalezas nelle, com pouoações concideraueis, nas tres principais, que são Massan-
(2) No original: tirarem.
72
gano, Cambambc, e Ambaca, e outra hé a de Mochima, alem do Rio Cuanza, em [a] Provinçia de Quizama, de negros fero- zes e não sogeitos, nem conquistados, para o sul de Loanda doze oas; hauerá em Angola 600 para 700 Portugueses brancos entre os moradores naturaes da terra, do mar e trattantes que a ella forao comerciar. Estauão muitos espalhados por o çertão e nas dittas fortalezas, e pouoações.
Chegou a armada olandesa com dous mil homês dos seus, fora muitos jndios que leuaráo do Brasil; ocuparãosse os nossos em pôr em saluo os moveis e fazendas que tinháo. Não se achou o Gouernador com gente necessária e bastante para se defender; acordou, tomando bom conselho, retirarsse a hú posto que teue por conueniente, çinco legoas da çidade, aonde a poucos dias o foi buscar o enimigo com 400 olandeses, á sua vista esteue tres dias, e sem o ouzar cometter, se retirou; entendeo o Gouernador que ia a reforsarsse, e por ter consigo as molheres, e recheyo da çidade, e não achar em os seus animo, ouue que não hera occazião de pelejar, nem de esperar o enimigo; e pelo que antes que tornasse com mayor forsa, se foi a Massangano, 37 legoas do cittio que ocupaua.
Hé Massangano sobremodo doentio; adoeceo o Gouernador, esteue sangrado 35 veses, segundo auiza, da sua gente lhe mor- reo muita; os negros vassallos de V. Magestade naquele Reino, por natureza inconstantes, e que sempre seguem aos que mais podem, se começauão a dezinquietar, negando obbediencia a V. Maagestade; mandou por vezes o Gouernador a os aquietar e castigar Capitães que entrauão por as suas terras, e matarão muitos, degolou as cabeças, e os pôs a todos sogeitos na obbe- diencia de V. Magestade, como de antes estauão.
E logo porque as doenças, por a inclemençia do cittio, continuauao indo creçendo e mornão muitos dos Portugueses, acordou o gouernador, tentando melhorar a sua gente, e porsse me parte aonde pudesse ter auizos, e dallos a V. Magestade, tratar com o enimigo per sopportar as pazes com os Estados,
73
de que já elle dizia ter nottiçia, que lhe desse lugar junto a Loanda, e ao mar, em que estiuesse com a sua gente.
Assentousse que viesse para junto do Rio Bengo e na fralda do monte e morro das Lagostas, cinco legoas da dita çidade de Loanda e que auizasse a V. Magestade de tudo o susçedido, e que asy auizaua aos Estados o olandês, e que dentro em 9 meses com a resolução que ouuesse de V. Ma- gestade e dos Estados, se resoluena o negocio de Angolla, ou para ficar aos olandeses o que nella tinhao ocupado, ou para o largarem; os noue meses se acabao hora por todo Septem- bro, se bem hade uer que se prorrogue mais tempo, conside- randosse que hade ser a uontade do enimigo, mais senhor da terra e mais poderoso nella; como este hé o que dá licença aos nossos para mandarem ao Brasil algú pataxo de auizo, e ho que o despacha, adiudicando a sy os direitos delle a 30 por çento de entrada, que nunca ouue neste Reino, e por sahida, não querendo, nem conçintindo que os nossos tirem, nem mandem negros, dizendo que só os olandeses os hão de tirar, e mandar a Pernãobuco, e que se os nossos os quizerem, os comprem naquella sua praça, fora do qual tratto dos negros, não há outro algú em Angola-
E assy vem [a] estar os nossos como sogeitos rendidos, e quazi catiuos ás hordés e insolências do enimigo poderoso, soberbo, e tirano, que hé o que desfructa o Reino, e vay adquirindo com mayor poder, mayor mando, e mayor autho- ndade nelle. E por esta maneira há negros, se bem o çertão está por nosso, que embarca e manda a Pernãobuco.
Çerto hé que com o tempo seja o poder e a authoridade mayor, e que os senhores negros vassallos de V. Magestade se lhes pasem aos olandeses; e se deue reçear e ter por pro- uauel, que ainda os naturaes Portugueses o fação, todos homés de baixa sorte, que amão e querem sua quietação, e as suas casas que deixará, e o ganho do tratto e mercancia de que todos viuem, para tornarem a o exerçitar, e a seus auanços, e aborreçidos de
74
viuerem no campo a çeo aberto, com elles tão inclemente, se passem aos olandeses, querendo mais o seu jmpeno tirano, que o ligitimo e suave de V. Magestade.
Para se socorrer a este dano, que será grande, com a perda de aquelle Reino, pede o remédio de sua conseruaçao e restaura- ção, tratarsse delle logo com toda a breuidade possiuel.
Este pode ser, seruindosse V. Magestade de mandar, que desfeita, por recolhida a nossa armada neste anno, vão delia quatro ou seis nauios de até 200 ou 300 tonelladas, aos quaes se aggregarao até 4 nauios de particulares, e nelles podem ir 600 ou 800 homés com munições, armas e apprestos necessários, com hordem que demandem na costa de Angola o Rio Dande, oito legoas ao norte da cidade de Loanda, e tres do Rio Bengo, aonde o Gouernador com a sua gente assiste, que deuide o Reino de Dongo, que hé o de Angola, do de Congo, hora confederado com o Olandes, que o leuou e chamou áquel- las partes, e enimigo nosso, e que dando auizo ao Gouernador e aos seus, se uao pouoar na boca do dito Rio Dande, capaz por mar de receber aquelles e muitos mais nauios de V. Magestade, e por terra de se fundar em hú alto que está sobre a boca do próprio Rio, húa cidade e pouoação melhor por çittio, que a de Loanda, e fácil na pouoação; porque junta a nossa gente, com os seus escrauos, que são muitos, tendo a agoa dosse do Rio, e sendo de ordinário as suas casas de taipa e adobes, em breues dias podem fundar esta noua cidade com a fortificação da pró- pria taipa e adobe neçessario, ao menos na mesma boca do Rio, com que fique deffençauel, e fiquem os nossos nauios seguros.
Tem grande comodidade este cittio e a terá esta noua pouoa- ção, porque demais de se enfrear e ainda castigar ao Rey do Congo, por chamar os olandeses, a elles sem acto algú de hos- tilidade, se lhe[s] impede todo o tratto e comerçiodoçertão; por maneira que não só não poderão tirar negros, nem auellos para os embarcarem, mas ainda não terão carnes, nem mantimentos.
75
Hé a resão, porque o ditto Rio Dande traz seu curso por o çertão, muito junto dos Rios Bengo e Quanza, e todos tres ficão com suas correntes, cortando o Reino de Angola muito perto da çidade de Loanda, que os olandeses ocupão, sem lhes deixar espasso largo por o Norte, por o Sul, e Oeste da mesma çicade, para poderem penetrar o certão do Reino, náo passando os Rios. E asy naÕ poderão nsgatar negros nem mantimentos, concide- dandosse que ao Soeste tudo hé mar; com o que hé certo, que os olandeses não sofrão os gastos e despesas do presidio que tem em Loanda, das naos e gente do mar que lhes assistem, e que venhão a largar de neçessidade a que ocupão com tirania.
Os nossos fora da sogeiçao, que hé forsa reconheção aos enimigos em o cittio em que estão juntos, em o da boca do Rio Dande, aonde farão concorrer os que andáo espalhados por o çertão, já senhores e em çidade e pouoaçao própria, conseruarão o senhorio e domínio que V. Magestade tem nos souas seus vas- sallos, e os poderão obrigar a que não tratem, nem comerçeem com os olandeses, que lhes não dem negros de resgatte ou ser- uiço, e que lhes não acudão com mantimentos.
Em V. Magestade mandar estes nauios com a gente, muni- ções e socorro aos seus, não contrauem em nada as pazes e tra- tado delias assentadas com os Estados, nem faz contra elles, aos olandeses de Loanda, acto algú de hostilidade, porque V. Ma- gestade os não manda cometter, nem lançar do que injusta- mente occupão, só manda V. Magestade acodir aos seus, e socorrer ao Reino de Angola, que todo por o certão está e se conserua na obediençia de V. Magestade, e o mandar V. Ma- gestade fundar çidade em o que hé seu, vem a ser uzar do próprio direito, posto que delle se consigão as vtilidades que tem conçiderado, e todas mais em hordem de V. Magestade man- dar se continuem o seu tratto e comercio, de que não foi deza- possado, que a dizenquietar e dezalojar o enimigo.
E quando clle, sentindo de ver que se não pode conseruar em Angola, fizer hostilidades, com o que dá cauza a ellas, ficará
76
o culpado, e o Gouernador dc V. Magestade muito mais supe- rior em poder, não só para a deffenção, mas para o impugnar e lançar em todo e á forsa de armas daquele Reino, restituindo á Coroa de V. Magestade, restittuindo os seus naturaes a suas casas e fazendas, e restitttuindo os templos sagrados á pureza e limpeza de seu Culto Diuino.
Esperarsse conueniençia ou cortezia dos olandeses, para largarem Loanda, tem elle Procurador da Fazenda por deffi- cultoso; emquanto oceuparem Pernaobuco e praças do Brasil, não quererão largar Angola; a mesma defficuldade se lhes offe- reçe em hauerem de largar o que no Brazil ocupão, por melhores partidos que se lhe[s] offereção, sendo que por as guerras, que ouuer naquelle estado e por as que há neste Reino, não hé pro- uavel que venhao nas conueniençias que se lhes poderão offere- çer, se cautelozos e pérfidos, nos ocupão e detém as nossas pra- ças, como mercadores e interesçados em o que ocupão, o lar- garão.
Deixarmos o cittio que temos em o Bengo, quazi sogeito aos olandeses, e irmos fundar ao Dande, tres legoas maes ao norte, oito da çidade de Loanda, não entende que hé renunciar o direito delia, afastar da pertençao de a recobrar, e largalla vol- luntarios ao enimigo, antes acomodando com o tempo, sahindo da sogeição em que estamos, buscar modo de tornar a ganhar a ditta çidade, de nos restittuirmos a ella, e fazer em todo nosso o Reino de Angola, como antes hera. Este com comerçio de mar, e com saca de negros, hé Reino e de grande conçideração. Sem o comercio e sem esta saca, não hé Reino, nem nelle se m conseruar os nossos, porque ou se hão de morrer e extin- guir todos, ou hão de sair do Reino para o Brasil, Portugal ou outras partes, ou se hão de lançar todos com os olandeses.
E fora do porto da cidade de Loanda, e do Rio Dande, não há em toda a costa do Reino de Angola outro, por o qual se possa fazer escalla, por que na boca do Rio Bengo tem os olan- deses hú forte fora, de que hé o Rio espassilado, e não tem
77
boca capaz de entrarem nauios: o mesmo passa no Rio Cuanza. Só o Rio Dande dá melhor lugar a embarcações na boca, e costa do mar, junto a ella, e no çittio da terra, para pouoaçôes e habbi- tação dos nossos, e para a saca que podem fazer de negros.
Temos melhor e maes claro direito para ocuparmos este çit- tio, porque se bem em todo o Reino de Angola, ainda na forma das Cappittulações das pazes com os Estados, hé o direito de V. Magestade muito claro, podem arguir os olandeses, que no termo do tratado das pazes ocuparão Angola e seu terrenho e que asy lhe[s] pertençe, e conseguintemente a boca dos Rios Bengo e Cuanza, em que tem fortes, ou plataformas.
A respeito do Rio Dande, não tem que dizer, porque não fizerao na sua boca fortificação algúa; antes a terra toda, com a do çertão está por de V. Magestade. E posto que os olandeses mandarão á boca do ditto Rio hu feitor, a tratar com os do Congo, que os nossos lhe[s] sofrem, por a dependençia que delles tem, estando no Bengo tão seus vizinhos, e quazi á sua obbediencia e cortezia; este tal feitor está precário, e como por commerçio, com nosso conçentimento, e lhes não dá direito.
Muito melhor, mais açertado, e mais conueniente a toda boa razão, será procurarense os meyos de conueniençias com os olandeses, se os há, e seguiremsse, para que em effeito venhão a nos largar Loanda, com o que ocupão em Angola. E [como] por emquanto se não desconfia destes meyos, nao se fazer a expedição dos nauios e gente que tem por importante.
Neste cazo conuirá hirem logo neste septembro dous, tres, ou quatro nauios aos nossos, algúas munições, algúa gente com que se alente, e algíi socorro que sirua ao estado em que estão, e com que uão entretendo sua fortuna, esperando melhoralla com a restittuição da sua çidade, de vontade e por gosto dos Estados, que hé bem se solicitte e procure com cuidado e a tempo que o tenha V. Magestade de mandar acodir ao que mais conuier a seu seruiço.
7*
Seruindosse V. Magestade de mandar que vão os nauios que elle Procurador da Fazenda diz, a effeito de se fundar çidade no Rio Dande; vendosse e conciderandosse como conuem, em o Conselho de Guerra e de Estado, pode ser de maneira que os nauios da armada que forem, vão e uenhão a tempo que não faltem no anno e armada seguinte e se podem apprestar de man- timentos e monições com o que sobejou da armada deste anno, e ainda com a gente, por maneira que nem faltem os nauios, nem o gasto de se apprestarem seja grande.
Pareçeo ao Doctor Francisco de Carualho que estas cartas se deuião mandar a V. Magestade, porque quazi tudo o que ellas conthem toccão a matéria de Guerra, e do Estado, que V. Magestade deue mandar resoluer pela uia a que tocca. E que em cazo que se haia de mandar socorrer ao Reino de Angola, lhe pareçe, que com menos dispêndio da fazenda de V. Mages- taed se poderá fazer do estado do Brasil, encarregando este socorro ao Gouernador delle, porque julga que não fará falta na- quelle estado, o tirarsse delle a quantidade de gente que pede o Gouernador de Angola.
E que será façil socorrersse Angola do Brasil, pela facilidade com que se nauega aquela trauessia.
Henrique Correa da Silva, e Dom Miguel de Almeida, dizem, que resoluendo V. Magestade se será bem e conue- mente a seu seruiço acodir a Angola no estado prezente como aquele Gouernador pede, lhes pareçe que do Rio de Janeiro se deue mandar parte da gente com que se achar, e munições (que igualmente em todo o Brasil neceçita de escrauos para seu remé- dio) sem que deste Reino se leue mais que húa carta de V. Magestade, com todo o segredo, para que não chegue á Olanda sospeita algúa antes do effeito. E pella mesma resão não pareçe que se deue mandar á Bahia, visto a vizinhança de Per- nãobuco, aonde chegará facilmente o auizo.
79
Por maneira que mandandosse do Rio de Janeiro, e das capitanias mais vizinhas, o mais cjue puder ser para se fundar aquella çidade, e a fortaleza esteja posta em deffenção, quando chegar noua ao enimigo, que segundo o que o mesmo Gouer- nador dis, não tem poder os de Loanda com que o estornar, e despois de feita, tem V. Magestade resao de responder aos Es- tados que a faz em terra sua, e de que está de posse, sem que tenhão tomado algúa os olandezes em aquelle çitio, nem na mais terra do Reino que o Gouernador conserua.
E que emquanto se feser este apresto no Rio de Janeiro e nas Capitanias vizinhas, não saya embarcação algúa para qual- quer parte que seja, nem pessoa que possa ir por terra á Bahia. Escreuendo tão bem áquelle Gouernador do Rio, que tanto que despedir este socorro para Angola, lhe mandará V. Magestade deste Reino artelhana, munições e gente que suppra ao que de aly se tirou, porque o faça com mais confiança e breuidade. //
Lisboa, a 1 9 de Septembro de 643 .
Do Miguel de Almeida J Henrique Correa da Silva Francisco de Carualho
AHU — Cód. 30, fls. 350-354 v.
80
19
CARTA DE SOUSA COUTINHO AO CONDE DA VIDIGUEIRA
(5- io- 1643)
SUMÁRIO — O embaixador português comunica a chegada dos em- baixadores do Congo à Holanda, a fedir auxílio contra os portugueses, para os lançarem de Angola.
Aqui chegarão huns embaxadores de Congo que vé a pedir ao pnnçipe de Orange e ás Companhias fauor para nos deitaré de Angola; fui auizado a que vinhao e começaua a enfeitarme para fazer huá pratica aos Estados, mas soube logo que se lhe naõ admetia sua proposta; não sej se hé tudo vertude, mas sej que a Companhia Ocçidental está em tão mizerauel estado, que nao fará pouco em conseruar os gastos passados, quanto mais a entrar em outros de nouo. E se continua como vaj pareçeme que elles mesmos nolo hão de vir a pedir o que nós agora lhe pediremos, por o que convinha mais freima da que se quer em Portugal, que lhe pareçeo a S. Magestade e a seus ministros que era este negoçio de seis mezes e desejando eu que o fora de muito menos, suposto que vim tratar delle, não conforme a Jnstrucção, senaõ conforme ao que entendo que conué e assy o tenho auizado a S. Magestade. Não uejo outra couza que dizer a V. Ex.0,a, a quem Deos guarde muitos annos.
Haja, em 5 de Outubro 643.
BNL — Ms. 2.666, fl. 39I v.
81
6
20
PARECER DE SALVADOR CORREIA DE SÁ SOBRE A RESTAURAÇÃO DE ANGOLA
(21-10-1643)
SUMÁRIO — Propõe os meios e a maneira como hão-de ser levados a bom efeito, para a restauração do domínio português.
Senhor
Ordename V. Magestade que diga o que entendo acerca do Reino de Angola, e o modo que poderá auer no estado pre- zente para o comercio, e que pessoas me parecem suficientes para a acção.
Em Angola perseuerão ainda oie na amizade dos Portu- guezes os negros que chamão iaguas, temidos dos mais porque comem carne humana, e também muitos dos que os moradores tinháo em seu poder; estão por V. Magestade tres fortalezas (J) que ainda que pella terra adentro são de efeito. As pazes que V. Magestade tem feito com Olanda, e o estado das prezentes guerras não dão luguar a que se obrasse conforme o que o olan- dez tem uzado, e não auendo de seguirsse o estilo que elle prin- cipiou, se podia ao prezente tratar de ir tomar porto, que será mui conveniente que sei a no mesmo donde o gouernador Pero Cezar estaua situado (2), porque delle se fica senhoreando o Rio por onde se vai ás conquistas; para este efecto, por não tirar gente deste Reino pode mandar V. Magestade que do prezidio da Bahia se embarquem seis centos ynfantes, cuio gasto para rezeruar também que deste Reino se faça, pode ser o mesmo que com elles se faz na Bahia, de que muita parte lhe
82
vai das Capitanias de São Visente, e a estas se há de ir de cami- nho a prouer de mantimentos e de alguns moradores de Sao Paulo com yndios frecheiros, de que tem muita cantidade. E mandando V. Magestade sinalar mercês, como sao hábitos de Santiago e Auis e alguns foros de caualeiros fidalgos ás pes- soas que á sua custa levare tantos índios, será estimulo para que se junte cantidade, que a esperança e certeza do premio será competência a quem mais leuará, e esta gente hé de muita con- sideração para fazer guerra a EIRey de Congo, que hé o que nos tem feito todo o dano, e seu sustento hé débil demais de que hé importante para conduzir as munições e bastimentos.
As embarcações que hão de levar esta gente me parece que seria acertado fossem pello menos tres grandes e tres menores, porque pode suceder ter o olandez alli alguns nauios, em cuio empenho será forsa que os nossos vão dispostos a se defen- der.
As pessoas que poderão ir a esta facção deste Reino sao tantas quanto eu com a noticia pouquo prezente para poder nomear. E assi seria fazer agrauo a cada particular tratar deste; só me parece que conuem que seia pessoa que tenha cursado conquistas e nauegações porquanto a terra hé doentia e a jor- nada não pede descanso.
Esta armada pode ir ao sitio referido com ordem que se manifeste sendo necessário, em que V. Magestade mande se tome porto para o comercio de seus vassalos, sem moléstia do olandez ;e em outra ordem secreta pode V. Magestade ordenar o que mais conuenha ao seu seruiço, que a guerra consiste em estratagemas, e elles tem uzado muitos. E com os negros e yndios se pode fazer facção de consideração e que aos nossos lhe fique a disculpa mui clara.
O que conuem muito ao Real Seruiço de V. Magestade hé que logo logo mande acudir a aquelle Reino de Angola, por- que a gente das conquistas não hé de muitas obrigações e a tar- dança pode ser de muito prejuízo ainda para o credito dos
83
negros amigos, sendo da mesma maneira de muito a falta do comercio de Angola, porque sem ella se prejudica muito as fazendas do Brazil e se aniquila o augmento da Real Fazenda, assi no Brazil como neste Reino. V. Magestade mandará o de que mais for seruido, cuia catholica pessoa Nosso Senhor guarde como seus vassallos auemos mister. Euora 2 1 de outubro 1 643 .
Saluador Correa de Sáa j Benauides
AHU — Rio de Janeiro, cx. 1 , doe. 246.
84
(J) As fortalezas da Muxima, Massangano e Cambambe. (2) A Barra do Bengo.
21
PARECER DE FRANCISCO LEITÃO SOBRE A MISSÃO DOS CAPUCHINHOS
(4-12-1643)
SUMÁRIO — Informações histórico-geográficas — Primeira evangeliza- ção — Estado actual da cristandade — Necessidade de missionários — Aprova a missão proposta para o Congo.
Senor
Fue V. Magestade seruido de mandarme remitir con decreto de 24 de Nouembre próximo passado, el memorial incluso de Fray Buenaventura de Alesano, capuchino, natural dei Reino de Nápoles, Prefecto y comissário Apostólico, deputado por la Congregacion de Propaganda Fide para la mission dei Reino de Congo (*) ; y mandame V. Magestade que reseruadamente y con todo secreto y breuedad diga a V. Magestade lo que tengo sabido dei estado de aquel Reino y que otros missionanos hay en el y de que religiones, y si al presente está debaxo dei Rebelde de Portugal (2), o de Holandeses; y que tambien diga a V. Magestade lo que se me ofreçiere desta mission, attendiendo a lo que en el memorial se representa, ya que siendo cosa de tanta piedad y que podrá ser muy prouechosa a la conuersion
(*) Os documentos publicados em Monumenta, vol. VIII e os que serão estampados neste, esclarecerão a personalidade do primeiro Prefeito do Congo.
(2) Assim apelidavam os documentos espanhóis o legítimo Rei de Portugal, D. João IV de Bragança. Vendido a Espanha, Francisco Leitão procede de igual forma.
85
de aquella gente y a la exaltacion de la te en aquel Reino, hol- gará V. Magestade de poderia faboreçer sin embarazo. / /
Por hauer yo seruido a V. Magestade muchos anos, de Juez de la índia Oriental, Mina, Brasil, Angola y de las mas con- quitas de Portugal, y en el consejo de hazienda, por donde corrian las cossas de aquellas partes, he tenido noticias delias hasta quando se rebelo aquel Reino, y por las comissiones y ocu- paciones que de ordenes de V. Magestade he tenido despues de la rebelion, he entendido lo que toca a la matéria contenida en el decreto referido. / /
La cabeça dei Reino de Dongo, que vulgarmente se llama Angola, es la ciudad de San Pablo de Loanda, que passada la linea equinocial, está situada en quase ocho grados dela parte dei sul (que es la misma altura en que se halla en el Brasil el cabo de San Agustin) serca de una grande bahia que alh haçe el oceano, muy abrigada de los vientos para toda suerte de embarcaciones, y mui abundante de vários pescados de que se proué toda la gente de la tierra; en aquella Ciudad residian siem- pre los gouernadores que V. Magestade imbiaua a Angola y por alli se hacia el maior rescate y cargacion de esclauos negros para las índias ocidentales; de suerte que en los últimos anos antes dei rebelion que alli estuuo por Gouernador Francisco de Vasconzelos de Acuna, (3), solian cargarse dies mil esclauos un ano por otro, y antigamente se cargauan mas, los quales se rescatauan de la tierra adentro, adonde los negros (que todos son gentiles y adoran varias cosas y criaturas, sin conocimiento dei verdadero Dios) pnncipalmente los Jagas, los cautiuan en las
(3) Recebeu carta patente de governador, por três anos e o mais tempo que el-rei o houvesse por bem c não mandasse o contrário, com data de 23 de Março de 1634. — Ali- Chancelaria de D. Filipe III, liv. 32, fl. 149 v. Foi o primeiro que teve patente por três anos e ainda o primeiro que usou o rímlo de Governador e Capitão-mor do reino de Angola.
86
guerras que hacen con muchos millares de flecheros, siendo su crueldad igual, porque ay capitan que domina y sugeta quinien- tos mil hombres (4), y parte de los cautiuos comen, porque (aunque ay otras carnes y cosas de que sustentarse) tienen car- nicenas publicas de carne humana, y los otros venden a nosotros, que se los rescatamos por ropas y otros géneros, por médio de Negros pumberos de confiança, que de San Pablo de Loanda se imbian a los pumbos (5) que es lo mismo que ferias, las quales se haçen muy lexos la tierra adentro y los rescatados se baptisan despues. Por la misma tierra adentro, aunque no tan lexos, ay algunas poblaciones que los nuestros hicieron antigua- mente, com presídios de Portugueses, de que los principales se llaman la Assumpcion (6), Cambambe (7), Ango (8) y Mas- sangano (°) todo sugeto al dicho gouernador de Angola, a quien aquella gentilidad respetaua y temia mucho como lugar temente de V. Magestade, a quien llaman el Gran Senor hijo dei Sol; y por la misma costa de la mar hazia el Cabo de Espe-
(4) Exagero evidente.
(5) Pumbo significa feira ou mercado e pumbeiro o comerciante sertanejo que se internava no mato em busca dos escravos e outras mer- cadorias.
(6) Referência ao presídio de Ambaca, fundado pelo governador Luís Mendes de Vasconcelos, em substituição do presídio de Ango. Cfr. Monumenta, VI, p. 369.
(7) Fundado por D. Manuel Cerveira Pereira (1603- 1604). As ruínas da fortaleza e a capela de Nossa Senhora do Rosário são monu- mento nacional. Cfr. Monumenta, IV, p. 144-145, onde por lapso saiu uma fotogravura com a legenda errada de Ruínas da Sé de S. Salvador do Congo — Vista geral, devendo ler-se: Ruínas da Fortaleza e Capela de N. Senhora do Rosário de Cambambe — Vista geral.
(8) O presídio de S. Bento de Ango fora fundado por Bento Banha Cardoso (1611-1615).
(9) Fundado pelo primeiro conquistador de Angola, Paulo Dias de Novais, em 1583.
rança ay una villa llamada Beng[u]ela (10), con gouernador de por sj, poueido por V. Magestade. / /
El Reino de Congo, de que trata el decreto referido de V. Magestade, aunque viene a confinar con el de Dongo, está mas serca de la Equinocial y la ciudad adonde reside El Rey dista de la Ciudad de San Pablo de dicha Loanda cosa de ochenta léguas al Norte; en tiempo dei senor Rey Don Juan el 2° de Portugal se intento la conuersion de quel Reino por médio de las armas y se edificaron templos y El Rey que entonces era de Congo se conuertio a Nuestra fe, cerca de los anos de 1490 ("), la qual por la bondad diuina nunca ya mas se acabo alli, si bien tuuo augmentos y diminuiciones, por lo qual los Senores Reyes antecessores de V. Magestade hiçieron en diuersos tiempos y ocasiones muchas honras y fauores a los Reyes Christianos de aquel Reino, que siempre se jactaron de hermanos en armas de los Senores Reyes de Portugal.
Su Reino es mui grande, no tanto por la onlla de la mar, quanto por la tierra adentro, y la gente mucha, y suele poner en campo ochenta y cien mil negros flecheros desnudos y otros tambien usan de escudos o rodelas grandes con otras armas y algunos visten cueros por delante, en tiempo de guerras; en los últimos 20 anos, antes dei rebelion de Portugal, huuo alh tres o quatro Reies successiuamente (12), y el ultimo dellos fue
(10) Fundada por D. Manuel Cerveira Pereira.
(n) Nzinga Nkuvu tomou o nome cristão de D. João I, em honra dc D. João II de Portugal, quando recebeu a água do baptismo, em 3 de Maio de 1491.
(12) Os reis do Congo dc 1620 a 1640 foram os seguintes:
D. Álvaro III (fi622); D. Pedro Afonso II (26-5-1622 a 13 de Abril de 1624); D. Garcia I (27-4-1624 a 1626); D. Ambrósio I (1626-1631); D. Álvaro IV (1631-1636); D. Álvaro V (1636);
88
muerto con veneno, que los negros de aquellas partes no son mui fieles y entonces se leuantó un panente dei muerto a tirani- sar el Reino con mucha gente cjue le seguió, y porque la succes- sion pertencia legitimamente ad Duque de Bamba, panente mas sercano, se resoluio en oponerse al leuantado, para lo qual imbió a consultar sobre la matéria al gouernador de Angola y a los Religiosos de la Compania de Jesus residentes en la ciudad de San Paulo, que reconocido su derecho le aprouaron el intento (y tambien este era buen chnstiano) y temendo mas gente el leuandado, le dio batalha en la qual fue Dios seruido que pre- ualeciese la justicia de la causa, quedando victorioso el de Bamba, que mato treinta mil hombres en la refriega e cogiendo en ella al leuantado le mando açotar por el exercito y despues hacer quartos y quemarlos, con lo qual se quedo Rey pacifico de Congo y en buena correspondência con nosotros (13). Este viuia poco antes de la rebelion y no sé si aun viue (14) .
De muy longos tiempos a esta parte tienen los Reyes de Congo demas de otros templos, Igresia mayor Catredal en aquella Ciudad, adonde residen, y en ella canonigos (1S) que solian ser Sacerdotes Portugueses y por escuela y doctnna de los nuestros y constância de los mismos Reyes, se fueron ensenando alguns muchachos negros de maior ingenio y porque llegaron a saber bien la lengua latina y casos de conciencia y aun mas, fueron ordenados, por lo qual hauia tambien Sacerdotes negros y algunos seruian en Ia misma Cathredal adonde se dizian las
D. Álvaro VI (1636-1641). Cfr. Francisco Leite de Faria, O. F. Cap., A Situação de Angola e Congo apreciada em Madrid em 1634, em Portugal em Africa, 1952 (IX), p. 241 n. (17).
(13) Assim foi eleito D. Álvaro VI.
(14) Em 3 de Julho de 1641 era já falecido, envenenado. Os auto- res estão de acordo que morrera em 22 de Fevereiro do mesmo ano.
(15) Sobre a erecção da diocese do Congo cfr. Monumenta, III, f as sim.
89
missas, celebrauan las fiestas y cantauan los ofícios diurnos con decência, porque a no poços de los mtsmos se ensino la musica, con que el culto diuino llegó a estar de suerte que recibian todos mucha edificacion y consuelo. Al senor Rey don Phe- lippe, padre de V. Magestade que está en gloria, imbió El Rey que entonces era de Congo un embaxador de la pnmera noblesa de su Reino, a que llamauan Pedro y otro por nombre Antonio, al Summo Pontífice Paulo 5. Eran muy bien entendidos y sa- bian la lengua latina y portuguesa y vinieron a procurar entre otras cosas, predicadores y médios para la conuersion de las almas y aumento de Nuestra Sagrada religion y fe catholica, con grande afecto: Muno el Pedro en Lisboa no bien proueido, y el Antonio em Roma en el mismo Palacio de Su Santidad, que por su propia mano le hacia grandes chandades en la enferme- dad (16).
No dexaua de auer en Congo echicenas a que la gentilidad es acostumbrada y otros pecados procedidos de luxuria y algunos casados tenian dos mugeres, por ventura mas por vicio que por sentir mal dei sacramento dei matrimonio y hauia clérigos que les dauan con su vida mal exemplo; tenia aquella cathredal obispo Português presentado por V. Magestade, pagauanse las Bulias Appostohcas de la Real hacienda, como las de los demas obispa- dos ultramarinos, y en sagrandose iua de Lisboa a su obispado; pero deuiendo residir en aquella Igresia de Congo, se dexauan quedar en dicha Ciudad de San Pablo de Loanda en Angola (17), o por miedo dei veneno que podian temer de los que huuiesen
(l0) Cfr. Monumenta, V, passim.
(17) A afirmação é errónea, embora vulgarizadíssima. Todos os Bispos do Congo até D. Francisco do Soveral residiram, ao menos por algum tempo, em S. Salvador, sede da diocese, e alguns até ali morreram e deixaram os ossos.
90
de reformar y castigar (18), o dei clima y incomodidades de la tierra, o por tener en San Pablo mas regalo y médios de hazer hacienda por rescates y negociaciones, como lo hiço el obispo ímmediato antecessor dei que viuia alli quando se rebelo Por- tugal, que siendo religioso de San Francisco, hermano dei Se- cretario Christoual Suares, no dexó poca hacienda y por se hauer muerte alia (19), nombró V. Magestade para obispo a Don Francisco de Soueral, Canonigo regular de san Agustin de la congregacion de Santa Crus de Coimbra, y despues de confir- mado y sagrado fue àquellas partes [h]a muchos anos (20) y se dexó quedar en San Pablo de Loanda como los demas sin ir a sua Iglesia de Congo, aunque El Rey con multiplicadas ins- tancias procuraua que fuese (21), pero no tengo verdadera noti- cia que tratase de acquirir haçienda por comércios (22), ni si es viuo, o muerto (23).
Quando Portugal se rebelo era gouernador de Angola por V. Magestade Pedro Cesar de Meneses (24), y hauiendo fal-
(18) D. Frei Simão Mascarenhas faleceu envenenado, em S. Sal- vador, crime de que foram acusados dois cónegos da sua Sé, pelo que foram presos e enviados para Lisboa. Cfr. Monttmenta, VII, passim. Os cónegos incriminados chamavam-se André Cordeiro e Brás Correia.
(19) O Bispo do Congo, irmão do secretário Cristóvão Soares, foi D. Frei Manuel Baptista Soares. Faleceu em Lisboa, em Abril de 1620.
(20) O Bispo Soveral foi transferido de S. Tomé para o Congo, chegando a Luanda em 7 de Agosto de 1628.
(21) Não parece que D. Francisco do Soveral tenha visitado o Congo, onde tinha um Vigário Geral. É o que se depreende dos dois documentos de visita ad sacra limina, de 1631 e de 1640, publicados em Monumenta, VIII.
(22) Não consta documentalmente que o Bispo se desse a activi- dades comerciais. Morreu mesmo com fama de santo.
(23) Faleceu em 4 de Janeiro de 1642. Cfr. Monumenta, VII, p. 88.
(24) Teve carta patente de 21 de Janeiro de 1639, por três anos. — ATT - Chancelaria de D. Filipe III, liv. 36, f 1. 74. Chegou a Luanda em 18 de Outubro e foi preso pelos holandeses, em 17 de Maio de 1634, na traição do Gango.
9l
tado al homenage y juramento de fidelidad que hiço a V. Ma- gestad, porque dio la obediência al Rebelde de Portugal (25), fueron allá los olandeses y se hiçieron duenos de la misma ciu- dad de San Pablo adonde residia y la saquearon y el gouernador y Portugueses huieron la tierra adentro, y si las ultimas nueuas que dan de Portugal y de sus conquistas los que ha poco tiempo vinieron de allá son verdaderas (como es mas creible que lo son) aun estas cossas estauan de próximo en el mismo estado; y en aquella ciudad de San Pablo de Loanda auian solamente dos casas de religiosos, la una era de la tercera orden de San Fran- cisco llamada de la Penitencia, que no attendia a mission nin- guna, si no a predicar, decir missas y oir confessiones en la ciudad (26) : y la otra de Religiosos de la Compania de Jesus, que con algunas herencias y tierras que se les auian dado para cul- tiuar, estauan bien acomodados, y de alli íuan algunos a Congo adonde tenian una casa de su residência y eran bien vistos dei Rey que no tenia otros missionários (2T) .
Por ser muy grande el Reino de Congo y la gente muchis- sima, bien se dexa ver que la miez es mucha y los obreros poços, y que por causa dei rebelion de Portugal, no iran alia de nueuo ministros dei evangelio (28), por lo qual, no solamente cessará
(2S) A novidade da aclamação de D. João IV e restauração polí- tica e soberana de Portugal foi levada a Angola por Manuel Carvalho Lopes, com carta de D. João IV, datada em 19 de Dezembro de 1640. Em 26 de Abril de 1641 foi D. João IV solenemente aclamado em Luanda. Vid. o nosso artigo de Letras e Artes do diário «Novidades» de Lisboa, de 24 de Novembro de 1940 e Monumenta, VIII, p. 501.
(28) Este convento foi fundado em 21 de Abril de 1606. Cfr. Monumenta, V, p. 176.
(27) A casa dos Jesuítas no Congo foi fundada em 1623.
(28) Antes da revolta de Portugal, de que fala Leitão, as preo- cupações apostólicas dos reis de Espanha eram mínimas, como se quei- xam os Bispos nos seus relatórios à Santa Sé.
92
la predicacion evangélica y conuersion He las almas, sino se per- derá la christiandad que hauia, por no hauer quien la cultiue y arranque los abrojos de los vícios, está expuesta a las doctrinas heréticas que el Appostol San Pablo dixo que suelen e[s] cindir como câncer: y esto se puede temer mas en la mucha ignorân- cia, facilidad de aquellas gentes, estando destituídas de padres y maestros que los ensenen y adiestren; y assi tengo por cosa muy digna dei santo zelo y Cathohca piedad de V. Magestad admitir la propuesta desta mission, en que a mi parecer se va a ganar mucho a poca costa y que demas de ser agradable a la diuina Magestad; verá el mundo que agora como siempre (29) muestra V. Magestad ser verdadero Rey de Portugal, pues que en el mismo tiempo que los Rebeldes le hechan a perder y a sus conquistas, no se oluida V. Magestad, entre tantos cui- dados y aprietos de la Monarquia, de lo que mas importa como buen Rey, Padre y Senor, que es la honra de Dios, Ia propa- gacion de la santa fe, y el bien y saluacion de tantas almas de aquel tan dilatado Reino, que es lo mismo que los Senores Reyes predecessores de V. Magestad tuuieron en sus coraçones: y se puede esperar de la bondad y misericórdia diuina que por esto mismo dará a V. Magestad las victonas, reduciones de sus Rei- nos, y las felicidades que sus heles vassallos deseamos. / /
Por esto me parece que V. Magestad se deue seruir de mandar dar a estos Religiosos (30) licencia y embarcacion y lo demas necessário par el viaje y animar les mucho para tan santa
(29) Sim, nesta altura, como siempre, mostrou o Rei de Espanha quem era a respeito de Portugal. Somente o seu zelo missionário soava falso. Leitão bem o sabia.
(30) O zelo tardio do Rei de Espanha pela propagação da fé cató- lica no Congo, na conjuntura em que ele se revelava, era mais político que autenticamente religioso. O que desejava e tentou por todos os modos, foi colocar os missionários ao serviço da sua política anri-portu- guesa.
93
empresa, y siendo (como dicen) (31) vassallos de V. Magestad, no se puede temer dano considerable; y para el caso fortuito que arriben a índias, será V. Magestad seruido de mandarles dar la recomendacion que piden, encargandose que se procure con todo esfuerço y valor effectuar la mission, y no arribar, o ir a otra parte con qualquier pretexto; y con ellos se podrá dar a entender al Rey de Congo que aunque el de Bragança tenga tiranisado a Portugal, espera V. Magestad reduçir aquel Reino breuemente a su obediência y hacer continuar la nauegacion y comercio de aquellas partes y assistirle mejor que de antes, y que mientras esto tiene efeto, mantenga la amistad y buena correspondência, y que se imbian estos ministros dei evangelio, para que no se sienta falta en lo que toca a la religion, cuio augmento se espera por médio de su attencion y cuidado, y que a estos religiosos mandará haçer el acogimiento y dar todo el fauor que merecen por siervos de Dios y vassallos de V. Magestad imbiados para este efeto. / /
Y porque no pueden estos missionários ir aportar a la Baia de San Pablo de Loanda como de antes se solia hacer, por estar ocupada de Holandeses y la tierra adentro de Angola con rebel- des Portugueses, que tambien se auian rebelado; soi de parecer que la embarcacion en que fueren haçer este viaje sea pequena, porque la gente es poca y huirá mejor a los enemigos y assi se podran hacer mas breuemente y porque demandará menos agua podrá entrar y desembarcar en alguna de las ensenadas de la costa de Congo, aunque suelen hallarse Holandeses en algunas, segun los tiempos, en raçon dei rescate dei marfil, de que ay mucho en aquella tierra, por la grande abundância de Elefantes
(31) Trata-se dos membros da primeira missão de Padres Capu- chinhos. Não eram todos súbditos do Rei de Espanha, embora fossem todos italianos, com excepção de Frei Ângelo de Nancy. A descon- fiança dc Leitão tinha, pois, fundamento.
94
y algun âmbar, y no por plata ni oro, porque los negros de aquellas no le tienen como en la Mina (*2), que queda antes de la equinocial y lo mas tractauel de su dinero a que llaman zumbo consiste en unos caramechos (34) muy menudos que sacan de la mar y tienen una mui grande mina de cobre de que no usan (sobre que se ha escrito mucho) cerca dei grande Rio Zaire, que por sus tierras sale tan furioso a la mar, que no dando lugar a la nauegacion entra tan furioso por la mar que en ella se toma agua dulçe muchas léguas fuera de la costa: y con ser la embarcacion pequena quedará menos ocasion al maestre, piloto y manneros de hacer algun considerable rescate, con que se quieran haçer derrotados a índias por sus enteresses, hechando por ventura a perder la mission y seruicio de Dios por esta causa. V. Magestad mandará lo que mas conuenga. / / Madrid, 4 de deziembre de 1 643. / /
Francisco Leiton
AGS — Secretarias Provinciales, Maço 2639. — Publicado tam- bém pelo R. P. Leite de Faria em Portugal em Africa, 1952, p. 240 e sgs.
(32) A fortaleza da Mina foi conquistada pelos holandeses em fins de Agosto de 1637.
(33) Geralmente escreve-se «zimbo» ou «jimbo».
(34) Não encontramos este vocábulo nos melhores dicionários.
95
22
CONSULTA DO CONSELHO DE ESTADO SOBRE A MISSÃO DO CONGO
(6- 12- 1643)
SUMÁRIO — Dá o seu parecer sobre um memorial de Frei Boaventura de Alessano, pedindo embarcação ao Rei de Espanha para se dirigir à nova missão do reino do Congo.
Senor
Fray Buenaventura de Alesano, Prefecto de la mision de Congo y sus Companeros, Capuchinos, han representado a V. Magestad en vn memorial que se ha visto en el Consejo de Estado, que ellos con ceio de caridad y de la conversion de Ias almas, desean pasar a Ia mision de Congo a este fin, con la licencia que tienen de su Santidad, hauiendo precedido aproba- cion de la Congregacion de Propaganda Fide y obediência de su General, y para poder executar este deseo suphcan a V. Ma- gestad se sirua de socorrerles con alguna embarcacion de las que hagan menos falta al seruicio de V. Magestad.
Al Consejo pareçe que el intento destos religiosos merece ser muj favorecido de la piedad y real clemência de V. Mages- tad, por el fin a que se encamina. Y para esto podna V. Ma- gestad seruirse de mandar dar a estos religiosos ochocientos o mil ducados de limosna por vna vez, y carta para el Duque de Nájera, Capitan General de la armada dei mar oceano, dicien- dole a lo que van y encargandole que sin empenar el nombre de V. Magestad en esta mision, les asista con su favor y pro- teccion, para que puedan executar el santo intento que lleuan,
96
alentando los médios que Ie propusiercn, de manera que hacer su viage sin detencion. / /
Çaragoza, 6 de Diziembre 1 643 .
(Duas rubricas)
AGS — Estado, Maço 2806.
23
CÉDULA DE FILIPE IV DE ESPANHA A FR. BOAVENTURA DE ALESSANO
(1-1-1644)
SUMÁRIO — Manda dar assistência a Fr. Boaventura de Alessano e seus Confrades, para chegarem ao destino a que tinham sido enviados feia Congregação da Propaganda Vide.
EL REY
Duque de Nájara, Primo, de mi Consejo de Estado, Capi- tán General de mi armada dei mar Oceano, de parte de Fr. Buenaventura de Alesano, Prefecto de la mision de Congo, y sus companeros Capuchinos, se me ha representado que lleuados dei ceio i chandad de la conuersion de las almas, desean pasar a la mision de Congo, para que tienen licencia de Su Santidad, auiendo precedido aprobacion de la Congregacion de Propa- ganda Fide, i obediência de su General. Y para poner en eje- cucion su intento, me han suplicado fuese seruido de mandarles dar alguna embarcacion en que hacer su viage. / /
Y siendo tan digno de la piedad christiana fauorecer intento que se encamina a conuersion de las almas i mayor dilatacion de nuestra sagrada Religion Católica, os encargo, que sin empe- nar mi nombre en esta mision (1), asistais a estos Religiosos con vuestra proteccion, fauoreciendolos mucho y dandoles
(x) Certamente por motivos políticos. Filipe IV não duvidava de que o Congo, desde 1 de Dezembro de 1640, não fazia parte da soberania espanhola.
98
alguna embarcacion, para que puedan ejecutar cl santo intento que lleuan, allentando los médios que os propusieren, de ma- nera que puedan hacer su viage sin detencion, que io holgaré de todo lo que en esto hiciéredes. / /
De Madrid, a pnmero de henero de 1644.
Yo El Rey
APF. — SRCG, vol. 123, fls. 148-148 v.
NOTA — Em 8 de Fevereiro o mesmo Monarca reforçava com outra a Cédula precedente, nestes termos:
EL REY
Por quanto Fr. Buenaventura de Alesano y otros Religiosos Capu- chinos sus Companeros, mouidos dei ceio de la exaltacion de la Reli- gion Católica, van por orden de Su Santidad y de la Congregacion de Propaganda Fide a predicar y ensenar el Santo Euangelio en el Reyno de Congo, ordeno y mando a qualesquier mis Gouernadores y Ministros de qualesquier partes y puertos de mi dominio, que por accidentes dei tiempo o outros llegaren, los reciban benignamente y los aiuden a su buena y breue expedicion, de suerte que se asista y acuda a tan santa obra, que assi es mi uoluntad, y seré en ello seruido. / /
Yo El Rey Andres de Rosas
APF — SRCG, vol. 123, a 158. AGS — Estado, Maço 2809.
99
24
CARTA DE FR. BOAVENTURA DE CERDE5JA E FR. JOÃO DE SANTIAGO AO SECRETÁRIO DA PROPAGANDA FIDE
(11-1-1644)
SUMÁRIO — Tendo sido examinados for confrades doutos e zelosos, fedem a graça de serem agregados à missão chefiada for Frei Boaventura de Alessano, fara o Reino do Congo.
Ill.mo y R.ffi0 Sr.
Fr. Buenaventura de Cerdena, Predicador y lector de theo- logía, y Fr. Juan de Santiago, Sacerdote, Religiosos Capuchinos de esta Prouincia de la Encarnacion de Castilla, mouidos de la honrra y gloria de Dios nuestro Senor y zelo de la conuersion y saluacion de las almas, desseamos con viuas ânsias correspon- der a los diuinos impulsos, que su diurna Magestad nos da de ponerlo en execucion, acompanando en esta empressa al R. P. fr. Buenauentura de Alessano, Predicador de la mesma Orden, de la Prouincia de Roma, y Prefecto destinado por la sacra Congregacion de Propaganda Fide para la mission de el Congo, que al presente se halla en esta Corte. / /
Y despues de hauerlo considerado atentamente, encomen- dadolo a Dios y consultadolo con muchos Religiosos doctos, prudentes, zelosos y virtuosos, y ellos examinado nuestros im- pulsos y motiuos, y las demas circunstancias que para empressa tan árdua se requieren, a todos ha parecido ser la vocacion de Dios, y que su execucion seria muy dei seruicio de su diuina Majestad y fruto de tantas almas, que por falta de obreros euangelicos perezen y se condenan. / /
100
Y hauiendoselo representado al dicho P. Prefecto y él infor- mandose de muchos Religiosos graues, doctos y santos, en orden a nuestra vida y costumbres y de todo lo demas que para dicho ministério se requiere, desea con efhcacia tenga effecto nuestra pretension, ofreciendonos informaria de todo a V. S. Ill.m* y le suplicaria nos faboreciese con la licencia de la sacra Congrega- cion. / /
Por todo lo qual, desconfiando de nuestra fragilidad y con- fiados en Dios nuestro Senor, que pues nos da los desseos, no nos negará el caudal y sufficiencia, la fortaleza y auxílios, pros- trados a los pies de V. S. Ill.ma humildemente le suplicamos por las entranas de Dios sea seruido faborecernos en tan santo inten- to, alcançandonos la dicha licencia de la sacra Congregacion, para que acompanemos en la dicha mission el sobredicho Padre Prefecto, supuesto él lo juzga por conueniente, a cuyo informe nos remitimos, que en ello recuaremos singular fabor y merced de V. S. IU.ma, cuya vida prospere nuestro Senor, como se lo suplicamos.
De Madrid y henero 1 1 de 1644.
A los pies de V. S. II.ma
sus humildíssimos y aff.mos sieruos en el Senor.
Fr. Buenauentura de Cerdena Fr. Juan de Santiago
sacerdote Capuchino
APF — SRCG, vol. 108, fls. 146-146 v. — Vol. 123, fls. 192-193.
101
25
CARTA RÉGIA AO PADRE JOÃO DE MATOS (25-1-1644)
SUMÁRIO — Diligências feitas em Roma para a provisão canónica dos Bispados do Reino após a restauração — Forma a adoptar na redacção das Bulas — Nomeação de Cardeal protector.
Para o Padre João de Matos
Por cartas, que ontem se receberão de Ferdinando Brandão Romano, entendi que em muitos breues dias se resolueria na Junta que Sua Santidade mandou criar para a expedição das letras dos Bispados do Reyno, a forma em que se deuiaõ con- ceder; e segundo auiza ao Bispo Eleito do Porto, parece que querem se expidaõ a fauor dos nomeados por mym, sem se fazer menção da prezentaçaõ, que delles fiz, e pareceome dizer- uos que por este modo se altera o estilo, e ainda parece se prejudica ao direito desta Coroa a que Eu deuia atender sobre todas as couzas temporais, principalmente sendo passado o triénio de minha posse, e coroação, e por esta razaõ uos enco- mendo o mais apertadamente que posso, procureis se passem na forma em que tegora se costumarão expedir, sem clauzulla nem alteração em contrario, no que, quando o possais alcançar, rece- berei de uós muito particular seruiço. / /
Porem como o meu primeiro e mais principal intento hé acudir á cura das almas dos fieis, que na falta dos prelados pade- sem o dano que uos hé prezente, quando as não possais alcançar na forma referida, vos ordeno as expidais na que aponta Fer- dinando Brandão na carta do dito Bispo Eleito, com aduertencia que na secretaria e officio por onde se expedirem, fique guar-
102
dada minha nomeação e cobreis sertidaõ de que ali fica, que uirá junta com as Bulias, para que neça Curia, nesta Corte, e em toda a parte, conste sempre que ainda que nas Bulias se naõ fas menção de nomeação minha, se concederam e expedirão em uirtude delia; e aduertireis mais que nas Bulias naõ uenha clausula alguá de que declaradamente se sigua prejuízo a meu direito; e a expedição se fazer assim nesta forma, quando naõ possais alcançar se faça na primeira, que vos hei por muito encomendada, me auerei por muito bem seruido de uós, e mos- trarei a uossas couzas por este seruiço, o agradecimento que exprimentareis, e ainda que mando escreuer a Ferdinando Bran- dão, lhe agradesereis da minha parte o cuidado, e bom effeito, com que seruio neste particular; em suas cartas auizo dos créditos para a expedição e respondo ao mais sobre que me escreueo; por uia de França volo tenho mandado fazer a todas as cartas que tegora recebi uossas. / /
Também me auiza Ferdinando Brandão, que será necessário nomear Cardeal protector, assy para a expedição das Letras dos Bispados, como para os mais negócios deste Reyno, que se offe- recerem nessa Curia; por ser falecido o Bispo de Lamego, me informei sobre este particular, com o Doutor Pantaliaõ Rodri- gues Pacheco, e me naõ soube apontar couza de que possa lan- çar maõ. Pareceme fiar de uós este negosio, com certeza de que com uossa prudência, e zelo, o sabereis encaminhar, como mais conuenha a meu seruiço; e para poder ser assy uos uereis, logo que receberdes esta carta, com o Embaixador de El Rey Chris- tianissimo e lhe communicareis da minha parte esta matéria, dizendolhe que leuais ordem minha para lhe dar delia conta, e para uos acomodardes á pessoa que elle apontar, e nesta forma parecendouos conueniente o que elle disser o seguireis; e em- quanto naõ mando escreuer ao Cardeal lhe pedereis da minha parte, sendo precizamente necessária esta breuidade, queira aseitar a proteção destes meus Reynos, uzando para esta serimo- nia e uizita dos termos e cortezias que uos parecerem necessa-
io3
rias, segundo o uzo dos outros Pnncepes em occasioés semelhan- tes; e quando para a expedição das letras dos Bispados, naõ seya necessária proteção do Cardeal, escuzareis esta deligencia e me auizareis da pessoa que vos parecer deuo escolher, para que mandando aqui conciderar este negocio mais seriamente, vos mande auizar do que deueis seguir. / /
Escrita em Lisboa a 25 de Janeiro de 1644.
BNL — Ms. 7.162, fl. 238. — (Cartas de El-Rei D. João IV ao Conde da Vidigueira (Marquês de Niza) Embaixador em França).
04
26
MISSIONÁRIOS DA ORDEM DE CRISTO PARA O ULTRAMAR PORTUGUÊS
(25-2-1644)
SUMÁRIO — Pede instantemente que sejam enviados para as fartes ultramarinas os religiosos de Tomar — Seria maneira de a Religião lançar de si os sujeitos mais irrequietos, em virtude de ter poucas casas no Reino.
Diz o Dom Prior do conuento de Thomar e Geral da ordem de nosso senhor Jesus Christo os senhores Reys deste Reino, como grão Mestres que saõ da dita ordem e Milícia, estiueraõ sempre em posse de mandar para as partes vltramarinas Religiosos da mesma ordé, a seruir as Igrejas e benefficios e Cappelanias do habito e a pregar a fé, e Euangelho sagrado aos infieys, como o dispõem, o motu próprio do santo Padre Gregorio deçimo terçio, como se vê do treslado autentico que aprezenta fl. 2 v.°, e em vertude do qual mandarão os Senhores Reys, predeçessores de V. Magestade, no ano de 619 ao p.6 frey Bartolomeu e frey Duarte, Religiosos professos da dita ordem e theologos approua- dos, para a Mina, e ao p.e frey Marcos no mesmo tempo para o Brasil. E no ano de 632, ao padre frey Juliao dos Santos para a mesma Mina, e em outros tempos por diuersas uezes foraõ mandados muitos Religiosos para são Thomé, Cabo Verde, An- gola, e Conguo, e pera as partes da índia, todos a pregar a Ley Euangelica, e a seruir as Igrejas do habito, e assistir nas forta- lezas, e exerçitos de todas as conquistas, para administrar? os sacramentos e fazerem as mais obrigações tocantes ao seruiço de Deus, por ser instetuyda a dita Religião para esse effeito, como largamente se vê do dito motu próprio, o que o Santo Pa-
io5
dre ordenou também em ordem a poder a dita Religião lançar de sy os sugeitos mais inquietos; e por ser muito lemitada e ter poucas casas do Reyno (como hé notório) não tem onde os mandar, e de terem esta sahida para as Conquistas resultaõ grandes proueitos, como hé a quietação da Religião, que com este freo se ajustaõ os súbditos a fazer suas obrigações e viuerem com obseruancia, e juntamente serue de fazerem grandes ser- uiços a Deus, na administração dos sacramentos e pregação Euangelica, que hé a sua profissão, de que hoje tem grande ne- cessidade as ditas Conquistas, pela communicaçaõ da pérfida he- regia Olandesa, que está taõ espalhada por aquellas partes, a que V. Magestade deue accodir com Seu Catholico Zello, assy por alimpar a Religião de sugeitos rebeldes, como por desterrar da Chnstandade taõ péssima heregia com o mesmo zello com que os Senhores Reys antepassados comprarão com tanto sangue as ditas Conquistas, para traserem ao conhecimento da fé os ditos genthios. E não hé justo que depois de metidos no grémio da Igreja tornem a appostatar por falta de menistros e pregadores, quando a dita Religião foi instetuida para este fim. / /
E porque muitos sugeitos idóneos para o serviço de Deus que se podem mandar ás ditas conquistas onde seraõ de muita vtilidade, e dendro na Religião só serue de a inquietar com perpetuas demandas que traze contra ella na Legaçia, encon- trando nisto os decrettos e ordens de V. Magestade passados em contrario, que por acharem aly o fauor çerto despresaõ seus Perlados, com o que se vay causando grande roina na obseruançia da Religião com hú dano, que em breue será irreparauel se V. Magestade com Seu Catholico Zello lhe naõ acodir, o que de prezente se pode fazer com grande façilidade, pois se aprestaõ embarcações para a índia, Brasil, e Angolla, e de prezente tem V. Magestade nomeado huã junta, para a con- seruaçaõ das Religiões, a quem V. Magestade pode remeter este requerimento, pelo que
106
Pede a V. Magestade seja seruido remeter â dita junta esta petição, para que vendo o dito motu próprio consulte a V. Ma- gestade a matéria. E para este effeito nomea elle Suplicante os sugeitos particulares que V. Magestade pode mandar para as ditas Conquistas, que saó o padre frey Domingos Ribeiro, frey Sebastião Gorjaõ, frey Baltazar da Silua, frey Mauro Caldeira. E outros que nomeara sendo V. Magestade seruido, para V. Ma- gestade lhes mandar passar as ordés necessárias para poderem hir seruir a ordem e a Deus nas ditas Conquistas, visto estarem taõ appressadas as ditas embarcações. E. R. M.
[Despacho à margem]: Vejasse e consultesse na junta das Religiões. Lisboa, 25 de feuereiro de 1644.
[Rubrica de D. João IV]
ATT — Ms. 1122, fl. 225.
lOJ
27
CARTA DO REI DE FRANÇA LUIS XIV A D. JOÃO IV DE PORTUGAL
(16.4- 1644)
SUMÁRIO — Recomenda a missão dos Capuchinhos italianos da pro- víncia de Génova — Que o Rei de Portugal os favorecesse quanto pudesse no seu embarque para o Reine do Congo.
Tres haut, Tres excellent, e Tres Puissant Prince Nostre Tres cher Aymé bon frere et Cousin.
Nostre Saint Pere le Pape, enuoiant en Affrique dans le Royaume de Congo, quatre Capucins Italiens de la Prouince de Gennes, pour s'emploier a la conuersion des infidelles, desi- rant les fauonser et Nostre recommandation, en consideration de celle qui nous a este faite en leur faveur par Nostre tres cher et bien aymé Cousin le Prince de Mónaco, nous escriuons cette letre a V. Majesté pour la prier auec affection de les fauonser, et assister en tout ce qui dependra d'elle et de donner ordre quils soien bien traitez en leur embarquement, de quoy nous aurons tout le ressentiment possible, ainsi que nous le tesmoignerons en toutes les occasions a V. Majesté. Laquelle nous prions Dieu, Tres haut, tres excellent et tres puissant Prince, nostre tres cher et tres aymé bon frere et Cousin, auoir en sa Pieté et digne grace.
Escrit a Paris le XVI Auril 1 644.
Vostre Bon frere et Cousin
LOUIS. De Lomenie.
108
Copia delia Lettera scritta dal Rc chrisaanissimo al Re di Portu- gallo à fauore dei P. Bonauentura de Taggia et PP. Compagni mis- sionarij dei Regno dei Congo, anno 1644. — fl. 48 v.
APF — SRCG, vol. 123, fl. 39.
709
28
CARTA RÉGIA AO CONDE DA VIDIGUEIRA (20-4-1644)
SUMÁRIO — Prontas provisões régias no modus faciendi da nomeação e confirmação dos Bispos do reino de Portugal.
Conde Almirante Embaixador Amigo. Eu El Rey Vos enuio muito saudar como áquelle que amo. Parecerão me tam bem as rasoés da uossa carta de 20 do passado, sobre se nao hauerem de açeitar as letras dos Bispados vagos, sem se faser nellas mençaõ, de que são passadas, e confirmados os Prelados, em virtude de nomeações minhas, que logo no mesmo dia em que se me leo, mandei reuogar aquella ordem, em primeira via por húa setia (x) que daqui partio para Itália, e a segunda em companhia desta vossa carta, para que assy possa chegar a Roma com mayor certeza de se não perder; pelo que procurareis, logo que reçeberdes esta carta, enuiar, com toda a breuidade e se- gurança, a que com ella uai para o Padre João de Matos. / /
Bem se vio nesta aduertençia que me fizestes, o juizo e açerto com que as sabeis fazer nos particulares de meu seruiço; o que me fizestes por esta, Vos agradeço muito particularmente, affirmando que entre todas vossas couzas, foi esta húa das que melhor me pareçeraõ, e das que mais me obrigarão. / /
Também mandei parar na nomeação do Cardeal Protector; tudo o que sobre elle se uos offereçer, de mais do que agora me
(') A seda era uma pequena embarcação asiática.
auisais, me referireis, para poder com vossa informação acertar melhor em elleição tão importante, como esta hé. / / Escrita em Alcantara a 20 de Abril de 1644. / /
Rey
Para o Conde da Vidigueira, Embaixador em França.
BNL — Ms. 7.162, fl. 256 — Corpo Diplomático Portuguez, XII. Pág- 385-
29
CARTA DO DEFINITÓRIO DA ANDALUZIA AO SECRETÁRIO DA PROPAGANDA FIDE
(24-4-1644)
SUMARIO — O Provincial e Definidores fedem que se confiem Missões ao zelo apostólico dos seus Padres, no Congo, no Oriente, ou entre outros quaisquer povos infiéis.
Eminentissimi Domini
Minorum hujus Bcthicae in Hispaniae Regnis Provinciae Fratrum Capuccinorum Porvincialis, Definittoresque ad ipsius Congregationis Sacrae de Propaganda Fide Eminentissimorum DD. Cardinalium, atque (*) uniuscujusque singulariter (ipsius Provinciae nomine, ac in fideli aliarum Hispaniae sororum nos- trarum Provinciarum recordatione) humiliter pedes provoluti, verba proferimos, ac Domini nostn obsequii, et Catholicae Fidei incrementi zelo supplicamus quod: Cum dieta Província haec tam Orientalibus, quam Occidentalibus longe aliis sit Indis proximior, ex cujus quotannis ad eas naves portubus solvuntur. Cumque res ad superandas difficiles ac in Província etiam optimi ac strenuissimi sint fratres, ut expenentia in pestium, aliarum- que communium necessitatum occasionibus multoties, praeser- tim in generali animorum motione a Sancta Congi Missione, qua hic, non sine invidia sorum Patrum super quos sors tam jucunda cecidit, ad praesens fruimur, causata, docuit. Ut W. Eminentiae suam in granam recipere dignentur, sanctam nobis
(*) No texto: adque. i'2
benedictionem suam elargientes, ac voluntatem nostram, fer- vidaque acceptantes desideria, ut ad opera, quae Catholicae nostrae Fidei dilatationi pertineant, nos adscribere in mentem habeant; Provinciae huic aliquam in Indiis, vel ad infideles alios, prout Eminentiis Vestris bene visum fueric, Missionem assi- gnances, quo gratum beneficium magnumque favorem recipie- mus; entque, si votis nostris respondens honor, propnssimus etiam magnanimitatis, ac pietatis Eminentiarum Vestrarum; quas ad suae Sanctae bonum, incrementumque Ecclesiae muitos per annos Dominus Noster servet, et prosperet. / / Hispalis 24 Aprilis anni 1 644. / /
Eminentiarum humiles ac obedientes servi.
Fr. Gaspar Hispalensis, Provincialis.
Fr. Sylvestre ab Alone (id est Alicante ).
Definitor. Fr. Joseph Antiquariensis, Definitor. Fr. Leander ab Antiquaria, Definitor.
FRAY AMBRÓSIO DE VALENCINA — Resena Histórica de la Provinda Capuchina de Andalucia, Sevilla, 1908, V, p. 10-11.
"3
8
30
CARTA DO DEFINITÓRIO DA ANDALUZIA AO SECRETÁRIO DA PROPAGANDA FIDE
(24-4-1644)
SUMÁRIO — Pedem à Propaganda Vide que lhes confie campo de apostolado entre quaisquer povos infiéis.
Illustnssime Domine
Congi Missionis Rev. Pater Praefectus, qui hac ad prae- sens apud nos in civitate moratur, nobis Provinciae huius Fra- trum Minorum Capuccinorum Baethicae Provinciali, ac Defi- nttoribus, ut Ill.mae Dominationis Vescrae protectioni ac arbítrio nostra desideria, omnesque nos subjiciamus, quod hbentissime exequimur fiduciam dedit. Ideoque Ipsum humiliter oramus, quod zelo sancto suo, suaque utens pietate, nos suam in gratiam ac memoriam, ut servos et (*) obedientes filios Ill.m& Dominatio Vestra recipiat. Cui affectu omni, possibilique efficacia suppli- citer petimus Provinciam hanc accipere in suam tutelam, ut non recuset nostrum votum, ac humilem hbellum quem Sacrae Congregatiom omnium nomine Religiosorum, huic junctum mittimus, favendo et patrocinando, ac quos habuerit defectus etiam supplendo eventuque omni Ill.ma Vestra Dominatio, ut tantus, tamque magnificus Dominus de nobis, intentum nos- trum praesens habens, ad nutum et voluntatem suam faciat, ordinet, atque disponat. / /
Cum ergo omnium Dominus nobis intra Provinciae nostrae limites, ex quibus naves ad índias tam onentales quam occiden-
(') No texto lê-se: ad.
tales solvuntur, portus dederit; nostrisque Coenobiis (2) Operá- rios, quos Sacra Congregado nunc, ac in posterum ad eas, alios- que ad infideles mittit, ac mittet, hospitamur, volumus etiam occasionem hanc nobis proficuam esse; quod utique per Ill.ma9 Dominationis Vestrae protectionem mereri, magnamque per suam pietatem in aliqua ex ipsis, sicuti Vestrae Ill.mae Domina- dora placuerit, habere locum, speramus. Quod fidentes pro ves- tra salute, ac longeva vita, Dominum nostrum ad sanctum suum obsequium incessanter oramus. / / Hispalis 24 Aprilis anni 1644. / /
jjj mae rj)ominationis Vestrae humilissimi servi
Fr. Gaspar Hispalensis, Provincialis. Fr. Sylvester de Alicante, Definitor. Fr. Joseph Antiquariensis, Definitor. Fr. Leander de Antequera, Definitor.
FRAY AMBRÓSIO DE VALENCINA — Obr. tit., p. 11-13.
(2) No texto lê-se: Coenobus.
"5
31
CARTA DO DEFINITÓRIO DA ANDALUZIA AO SECRETARIO DA PROPAGANDA FIDE
(24-4-1644)
SUMÁRIO — Pedem que sejam confiadas terras de missão aos Padres da sua Província da Andaluzia-
Illustrissimo Senor
El R. P.e Prefecto de la Mission dei Congo que de presente se halla en esta Ciudad, nos a dado confiança al Prouinçial y Diffinidores desta Prouinçia de Andaluçia de Frailes Menores Capuchinos, a poner nos en manos de V. S. Illustnssima y supplicarle humilmente vse de su gran piedad y sancto çelo y nos tenga en su memoria y graçia como a obedientes hijos y sieruos de V. S.* 111.°, a quien supplicamos con todo el affecto y encareçimiento possible reçiua en su protecçion y amparo esta Prouinçia, apadrinando y fauoreçiendo nuestro deseo, y la peti- çion cjue en nombre de todos los Religiosos remittimos junto con esta para la Sacra Congregaçion, y supliendo las faltas que tuuiere y haçiendo en todo V. S. 111." como tan gran Senor dis- ponga y ordene de nosotros como fuere seruido, atendiendo a que el intento nuestro es lograr la buena occassion que nuestro Senor nos a dado de tener dentro de la Prouinçia las embarca- ciones, y possar en nuestros conuentos los obreros que essa Sacra Congregaçion enuia a las misiones y en adelante enuiare a las índias Orientales y Occidentales, y a otros infieles, y mere- çer por mano de V. S.a Ill.a y por su mucha piedad tener lugar e insinuaçion en alguna delias, de la manera que V. S. 111.* fuere
116
seruido de disponerlo, de que estamos muy confiados, rogando a nuestro Senor por la salud y larga vida de V. S.a 111." para su sacto seruiçio, &a. / /
[Seuilla 24 de Abril 1644].
De V. S.a Illustrissima
Fr. Gaspar de Seuilla, Min.0 Proal. Fr. Leandro de Antequera, diff.or Fr. Siluestre de Alicante, diff.or Fr. Joseph de Antequera, diff.or Fr. Francisco de Cordoua, Setreta- rio delia diffiniçion y Prou.a
APF — SRCG, vol. 123, £1. 180. — Cfr. doe. n.° 32.
32
MISSÃO DO REINO DO CONGO (25-4-1644)
SUMÁRIO — Aprovação de missionários para a Missão do Congo.
Referente eodem Eminentíssimo D. Cardinali Albornotio litteras fratris Bonauenturae de Alessano, Capuccini, Praefecti Missionis Congi, de fauoribus et gratijs obtentis a Rege Catho- lico pro sua Missione exequenda et de quatuor socijs Capu- cinis, cum participatione et licentia Cardinalis Nuntij assump- tis, sub spe ratihabitionis a Sacra Congregatione obtinendae, uidelicet.
Fr. Josepho de Antiguerra (1), Sacerdote, de Málaga. Fr. Angelo de Valentia, Sacerdote. Fr. Bonauentura de Sardinia, Sacerdote et Fr. Joanne a Sancto Jacobo, Sacerdote, cum Fratre Hiero- nymo delia Puebla, Layco, ínfirmario.
Sacra Congregatio praedictos quatuor Fratres cum dicto Layco inter Congi Missionários adscripsit, sub Praefectura praedicti Patris Bonauenturae de Alessano, íussitque ad Nun- tium Hispaniarum huiusmodi decretum mitti (2), cum man- dato, ut praedictis patribus, aut alio ab eis, uel a Praefecto depu-
(') Leia-se: Antcquera.
(2) Cfr. o doe. de 7 de Maio de 1644, p. 130.
118
tato, decretum tradat, si post assumptas informationes, eos ad praedictam Missionem idóneos repererit, sin minus illud paenes se retineat.
APF — Acta, vol. 16, fls. 87 V.-79, n.° 20. — Sessão cardinalícia de 25 de Abril de 1644.
//o
33
CARTA RÉGIA AO CONDE DA VIDIGUEIRA (27-4-1644)
SUMÁRIO — Conforma-se el-Rei com a sugestão do Embaixador sobre a provisão dos Bispados — Difere a nomeação do Cardeal Protector — Só se deveriam aceitar confirmações segundo o antigo e tradicional formulário protocolar.
Conde Almirante Embaixador Amigo. Eu El Rey Vos enuio muito saudar como áquelle que amo. Tendosse sobre as razões de uossa carta de 20 de Março, que trata dos negoçeos de Roma, a deuida consideração; fui seruido conformarme com o uosso pareçer no tocante á expedição dos Bispados; é de def- fenr para melhor tempo a nomeação de Cardeal Protector; e posto que já se fez auizo desta resolução ao Padre João de Ma- tos para proceder em conformidade delia, pareçeo se uos deuia dar também conta, para que fiqueis entendendo, quanto se def- ferio ao que propuzestes açerca destes particulares, e que dos Bispados se não deue açeitar se não na mesma forma, em que té gora se passou aos Reys meus predeçessores. / /
Escrita em Alcantara a 2 de Abril de 1 644. //
Rey
Para o Conde da Vidigueira Embaixador em França.
BNL — Ms. 7. 1 62, fl. 260. — Corpo Diplomático Portuguez, XII, pág. 386.
7 20
34
CARTA DE FREI BOAVENTURA DE ALESSANO AO SECRETARIO DA PROPAGANDA FIDE
(Abril (?) — 1644)
SUMÁRIO — Esperanças de partir em Agosto para o Congo — Ocupa- ção de Luanda pelos holandeses hereges — Morte do Bispo e do Rei do Congo — Eleição de D. Garcia — Diligências de Frei Francisco de Pamplona — Poderes para fundar a Missão do Congo — Mudança do pes- soal— Cédula concedida por Filipe IV de Espanha.
Ill.mo e Rev.™° Signor e Padrone
La moltitudine e uanetà degli auuenimenti fin hora soc- cessi intorno alia nostra missione mi confondono Ia mente, donde mi conuenga cominciare per darne qualche contezza à V. S. Ill.ms ed à cotesta Sagra et Eminentíssima Congregatione, acciò esposta la uerità dei fatto, si prouegga con quei rimedij, quali piíi efficaci, et opportuni per íl fine saranno stimati. Dico dun- que colla breuità possibile, che dopo la Relatione data à V. S. Ill.ma e da Saragoza et da Madrid dello stato dei negotio, dopo ottenute de S. M. Cattohca tutte le speditioni bramate, e tanto felicemente quanto dalla pietà de si Religioso Monarca poteua sperarsi, condotto finalmente in Siuiglia, radunati tutti li cõpa- gni, e trattando con i mezzi possibili 1'essecutione dei uiagio al nostro Congo, quantúque da un canto s'è rauuiuata la speranza di poter col diuin fauore cola penetrare con un vascello spagnolo, quale per il mese d'Agosto uiagierà à quella uolta, per negotiare mercantie in quei paesi, et trattare col medesimo Rè dei Congo, conforme dal padrone s'è hauuta informatione, quale con moita
12 1
prontezza s'è offerto condurci mediante però quella limosina che dal Rè per questo effetto n'è stata assegnata. / /
Nulladimeno s'è radoppiato il timore per le difficultà immi- nenti, poco meno che impossibilicati 1'opera dei Signore. Men- tre cosa certíssima è, che 1'Eretico Olandese di già impossessato d'Angola, tiene occupato e posti e porti conuicini, onde ueruno può colà traghettare, senza dargli nelle mani, le scorrerie de cor- sari ch'il medesimo fà per il mare, sono continue, il traffico e commercio contratto con quei infehci negri Conghesi, è senza impedimento, anzi stretissimo e finalmente quello che deue piangersi con lagrime di sangue da zelanti deIl'honor de Dio e delia nostra santa fede siè, che secondo qui habbiamo inteso da persone che di uísta si trouorno à si horrendo spettacolo, in una delle Prouincie di quel Regno, con publica nbelhone alia Chiesa, et à Sua Santità, dispreggiando 1 nostn Santi Riti, e detestando la uerace professione delia nostra puríssima fede, si diedero in preda a Sette Ereticali, beuédo di quel Cálice infame, et auuelenato, che dal sudetto olandese le fu communicato. / /
II Vescouo di quella Chiesa, che dimoraua in Loanda, è già morto. II Rè D. Aluaro, qual con tanta pietà e premura mani- festo il suo religioso desio à cotesta santa Sede, hà terminato panmente la uita, essendole soccesso un tale D. Garzia, di cui è fama tenga solaméte il nome di cattolico; dei rimanente solo Dio benedetto; i Religiosi ch'in Angola e nei confini habitauano sono stati maltratti, e cacciati uia; alcuni pochi Preti ui sono nmasti; come si portino nelle cose concernenti alia difesa delia Cattolica Religione è noto à colui ch'il tutto uede. Sia cosi bre- uemente rappresentato lo stato miserabile di quella pouera gente, che pnui affatto d'aiuti d'operarij Apostolici, e dall'aItro canto infestata da predicanti eretici, et eretici Olandesi, li pm crudeh e capittal nemici di santa Chiesa, faccisi pur chiara la conse- quenza d'una infinita di mali da forze creata ínnmediabili, se lo braccio diuino retira il suo celeste aiuto, nel quale totalmente
1 22
conhdando, non ci spauentiamo altamente daH'aspetto de pati- menti, benche atrocissimi, e dell'istessa morte, che quasi al sicuro dail'auuersario ne soprastà, anzi da ciaschun di noi per 1'honor di S. D. Maestà e zello dell'anime, è sòméte bramata, quello ne deue crucciar in estremo, siè la moltitudine delle malageuo- lezze, che per 1'astutia dei commun nemico, e per ministério de suoi seguaci di nuouo insorgendo, rendono impenetrabile 1'ingresso, alia sospirata corona; sicut fuerit uoluntas Dei in coelo, sic fiat, dal cui rettissimo et giustissimo beneplácito, cõ uerace annegatione, e sincera rassegnatione di noi stessi, ci sfor- ziamo dependere; non escludendo pêro 1'ocultata inuestigatione di tutti quei repieghi che prudentemente si giudicano conue- neuoli, nelche principalmente riluce la diligenza e ualore di frà Francesco da Pamplona, nostro compagno, da cui edifica- tione può tanto nei petti di questi Signon di Spagna, e dei medesimo Rè, ch'è uno stupore, et à sua cõtemplatione con- ceduto il primo luogo alia Religiosa pietà, non è cosa da sudetti, e Rè e Signori se nieghi, egli s'affatica fedelissimamente : tut- tauia dar cõpimento aH'impresa dei Signore à lui solamente stà nserbato, e dalla sua misericordiosa clemenza deue sperarsi.
Hor discendendo à rimedij, che senza dilatione deuero apli- carsi, aff inche le cominciate piaghe inchancherischino e diuen- gano incurabili: Primeramente si douerebbe hauer occhio à prouedere di Pastore quelle smarnte et orfane pecorelle, e di Pastore talle che animam suam det fro ouibus suis, auido non di rendite abondanti d'oro et argento, mà di saluar anime per mezzo de patimeti e dell'istessa morte, ch'abbia spirito di Mis- sionário, non talento di star à bel agio; sia fautore e defensore de Religiosi e massime de noi altri pouerelli, nel ministério, ch'abbiamo hora per le mani, e non emulatore; la giurisdittione poi, com'ella sà è amplíssima, racchiudendo Regni interi, nõ solamente dei Congo e d'Angola, mà e di S. Tomaso e Brasile,
I23
e di tuti quei confim; rappresentisi uiuamento cjuesto bisogno, acciò quanto prima se gli prouegga (*) .
Con rephcate preghiere per carta hò supphcato V. S. Ill.m* che delia secuntà à noi conceduta in foro conscientiae, di poter altroue fondar la missione, in euento non si potesse al Congo, s'adoprasse impetrarne Decreto autentico, acciò parimente nel foro esterno potessimo auualercene, mi persuado n'habbia di vantaggio fauonto, ladoue, se forse cotesti Eminentissimi in dimanda cotanto giusta si fussero mostrati ntrosi, dignisi rin- forzar il suo patrocínio, et in tutti i modi far che siamo consolati per amor de quel Signore per la cui gloria desideriamo dar il sangue e la uita. Già S. M. Católica si contenta, che sicuramente possiamo andare per tutto il Domínio à lui sogetto, e n'hà spe- dito cõpetissimo passaporto, conforme ne l'inuiò la congionta copia, non uorrei che per mancaméto d'autentica ecclesiastica, essendo costretti diuertir ad altri paesi, fossimo tenuti gironi et apostati; sincome ad altri Missionarij s'intende essere auuenuto, con poca nputatione delia Chiesa e delia nostra Religione.
Perche dalle speditioni hauute dal Rè sperauamo in questo tempo hauer fatto uela, et essere uicini à porti dei Congo, per auualerci di si buona e sicura comodità, fondare maggiormente la missione, et nõ applicare limosina cotato abondante à si poco numero de sogetti, poiche per un vascello à posta, secondo 1'ordine data da S. Maestà, almeno si richiedonno sei ò 8 mila scudi, si procuro coH'Eminentissimo Signor Nuntio (2) aggiun-
(*) Com o falecimento do santo Bispo D. Francisco do Soveral, em 4 de Janeiro de 1642, estava vaga a sé, mas não por culpa e res- ponsabilidade do Rei padroeiro. A Santa Sé negava-se a confirmar os Prelados apresentados pelo legítimo Rei de Portugal, D. João IV, política que seguiu até à paz entre Portugal e a Espanha.
(2) Giovanni Giacomo Panzirolo, núncio dc 18-1-1642 a 14-7-1644. Criado cardeal em 13-7- 1643.
124
gere alcuni pochi de nostri Religiosi Spagnoli, e frà la moltitu- dine numerosa che s'offeriua, furno solamente determinati 3. Vn sacerdote secondo Diffinitore in atto di questa Prouincia d'An- dalucia, chiamato il P. F. Angelo de Valenza, et un Laico delia Prouincia d'Aragona, detto F. Geronimo delia Puebla, li nomi de quali furno da me significati à V. S. Ill.m* acciò alli due sacerdoti facesse spedire Decreto de Missionarij e dal Laico vbedienza di copagno, frà questo mentre caminando coll'ordine dei sudeto Signor Nuntio. / /
Mà douendosi adesso, per diuina dispositione differire la nostra partenza fin ad Agosto, e per li uenti contrarij e per altri insuperabili impedimenti, et hauendo inteso 1'aggiunta de 4 Padri Genuesi alia nostra Missione, à me ed à cõpagni di straordinaria consolatione, e delche ringratiamo con uiuo affetto à V. S. Ill.ma, 1'assicuro che si tal cosa hauesse saputo, nã haue- rei tentata 1'accenata prouissione de Spagnoli, non perche li sugetti nõ siano rari ea dotati di sante virtudi, ma per non mis- chiare diuersità di nationi, le cui inclinationi saltem in acciden- talibus, sono sempre diuerse, ed à lungo andare potrebbe peri- colare il ministério apostólico, quale rechiede somma vniformi- tá.//
Deuo però notificarle schietamente che restiamo grande- mente edificati, e per la religiosa accoglienza colla quale ci trat- tano indiferentemente, e per la straordinaria ardenza che di- mostrano d'accõpagnarsi con noi, ò almeno seguitarci, ed espor- si à qualsisia atroce martírio per dilatatione delia nostra santa Fede. Dal bel principio dei nostro arriuo in queste parti, tal- mente si commossero et infiammorno gli animi de nostri Capuc- cini di tutte le 4 Prouincie delia Spagna, ed in particolar di questa d'Andalucia, doue adesso ci ritrouiamo, che bisogna attri- buirlo à particolar inspiratione dello Spirito Santo; alia giornata riceuo lettere in quantità, mi s'offenscono talentati sogetti, vor- rebbono essere da me consolati, ammessi alia nostra compagnia,
I25
trauagliare e monre con noi; rispondo à tutti con buone parole, che Nostro Signore nÕ mancará consolarli, e ch'hauendole dato il seme dei buon desideno, à tempo suo ne racorranno íl frutto maturo, etc; e perche à cjuesta Prouincia d'Andalucia si deue correspondere con partial affeto di gratitudine per la moita cantà che da essa riceuiamo, e per 1'ordinarij pesi che porterà douendo li missionarij da mandarsi dTtalia di quà incaminarsi al Congo, m'è parso cõueniente in una santa pretensione che tiene il Padre Prouinciale con tutti i Padri Difhnitori, aiutarla con ogni sforzo appresso V. S. Ill.ma, acciò sia honorata, e con- solati coloro, che da special impulso dei Signore saranno eccitati à procurar la sua gloria cõ patimenti e colla morte stessa. / / Mi ncordo, che tante uolte confidentemente si dignò V. S. Ill.ma communicarme il desio tenea, ch'i nostri Capuccini s'im- piegassero nelle Missioni, che senza fallo si sarebbe per essi nportato grandíssimo frutto, et in uero nõ senza fondamento ella concepiua quanta speranza etc. Adesso è il tempo, Ill.mo Signore di sodisfare, et à quanto ella bramaua, et all'ardente feruore di tanto serui di Dio, fratelli nostri, figli dei Seráfico Patriarca, quali sponteneaméte s'essibiscono à qualsisia penoso martírio per la gloria di Dio e salute dei prossimo. II mezzo di condurre à fine cioèche si spera è facilissimo, poiche partendo infalibilmente per ciaschedun'anno la flotta de galeoni, naui e altri vascelli dal porto di Santa Maria in Cadix, que nostri Religiosi tengono cõuento, per la uolta delia Nuoua Spagna al Períi, Messico, uerso le terre dei Giappone e delia China, essendoli concessa faculta da chi può, senza punto di difficultà, sincome noi sperimentiamo per lo Congo, potrebbe imbarcarsi buon numero di quelli fussero stimati piíi sufficienti, e 1'assicuro per quanto probabilmente può congetturarse, che penetrando 1 nostri frati colà, il frutto nell'anime sarebbe infalibile ed abon- dante; cosi è publica opinione de chiunque senza passione uà ponderando le qualità dell'euangelici disseminatori. / /
Ò quanto può osseruantissimo Signore, il dissenteressameto e 1'amor delia pouertà nei petti humani, non posso piú oltre, silentio. Supphcano dunque il Padre Prouinciale e PP. Diffini- tori di questa Prouincia gli Eminentissimi de cotesta Sagra Con- gregatione, si côpiacciano condescendere à loro pietosi prieghi, concededoli de poter destinar ogn'anno coll'occasione delia flotta che parte, un cõueniente numero de nostn Religiosi piíi feruo- rosi, ed atti, i quah mandati ín quei paesi delia Nuova Spagna, possano penetrare pariméte alia China, al Giappone, etc, et esercitare iui le faculta de Missionanj tra fedeli et infedeli, trà heretici e cattolici oue piu conosceranno il bisogno; 1'autorità di mandare si potrebbe compromettere al P. Prouinciale et à tutta la Diffinitione de Supplicanti, cosi da questa come dall'altre Prouincie delia Spagna, con approbatione però de loro Supenon gli sia lecito in nome dei Santo Padre inuiare operarij alia bion- degiante messe, ch'aspetta 1'euangelica falce. Efficacissimo sarà il ualor di V. S. 111."™ per 1'effetto bramato, quando se degnarà cõ occhio fauoreuole mirare chi tanto in lei confida, ed io con tutti li Padn Compagni coll'humiltà et affetto posibile, pros- trato à suoi piedi colle uiscere dei cuore, no potendo di presenza, la priego pigli à petto questo particolare, perche oltre 1' honor diuino, qual deue preferirse ad ogni altro fine, certaméte se ne spera, uerrà insieme à liberare la nostra Missione dei Congo da qualque satã emulatione di questi buoni Padri, e starà asso- lutamente per l'Italiani.
II Padre Gioseppe d'Antechera sopra nominato, sogetto attepato, sperimentato, e di particolari talenti dotato, è stimato attissimo dal P. Prouinciale per Capo delia nuoua Missione, per la quale si supplica; per tanto hauendo effetto, come dei certo si spera, quantúque dei Sgnore Nuntio à mia instanza sia stato ammesso alia nostra cõpagnia, e pregato V. S. Ill.ma le sia ito Decreto, ad ogni modo douendo preferirse il ben com- mune al particolare, non me curerò priuarmene, acciò sia appli-
cato al maggior bisogno, et in suo luogo uerrà meco il Padre Luigi Antonio da Málaga, lettor in atto in questa Prouincia, uersatissimo nelle controuersie, giouane, forte alie fatiche, et humillissimo, sopramodo bramoso accopagnarsi con noi, e per lo nostro uiaggio assai piu a propósito dall'altro. / /
Non posso far dimeno espormi à questo cambio, resti semita spedirle Decreto conditionale, cioè che non uenendo il predetto Padre Gioseppe, uenghi lui, et io riceuédo à tempo di colà auiso et ordine me diporterò secondo mi sarà imposto, caso di nõ, in omnem euentum mi adoprarò col Signor Nuntio di far riuocare e sostituire, come sarà piu necessário, in ordine però à questi due sogeti solamente; degli altri Spagnoli penitus 1'escludo, e se bene in mio nome scriuessero à V. S. Ill.ma et io colle loro suppliche accõpagnasse mia carta, mi dicluaro far ciò per sodis- fare alie loro pietose importunità, non perche habbia uolontà d'hauerli in mia cõpagnia, e questo per quei santi fini à Sua Diuina Maestà manifesti; dei medesimo parere sono anche 1'altri Padri Missionarij.
Quelli che doueuanno seguitarci dalle Prouincie delia nostra Itália, sarà bene mortificarsi per un'altro poco di tempo, finche si uegga 1'esito di noi altri, tanto pm quanto ch'il vascello nel quale speriamo d'andare, douendo poscia far rittorno, per il medesimo si dará minuta relatione di qualche soccederà, e si mandará nota à V. S. Ill.m* di quanti, e quali saranno neces- sarij. //
Con intimo et replicato inculcamento, in nome di tutta 1'humil nostra cõpagnia, la supplico di quanto di sopra gli sia à cuore 1'honor dei Sourano Signore, à cui ella cotanto ansiosa- mente anhela, il zelo delia salute d'innumerabili anime sfortu- nate, e la consolatione de suoi humilissimi serui e figliuoli, 1 quali duotamente facendo nuerenza à V. S. Ill.ma, com'à Supe- riore, Padre e Protettore, gli bramamo dal Cielo migliaia d'anni
1 28
di prospera uita, colma d'ogni uera essaltatione, e poi la sú 1'eterna et immarcessibile felicita.
Di V. S. Ill.ma e R.m* Humiliss.0 Seruo nel Signore
Fra Buonauentura d'Alessano / / Capuccino, e Prefetto delia Missione dei Congo
APF — SRCG, vol. 123, fls. 163-165. — Idem, fls. 156-157 v. e 160-160 v.
[P. 5.]:Mando à V. S. Ill.ma la copia dei Passaporto dei Re per vedere quanto ch 'ha favoriti. II P. Gio. Francesco Ro- mano mio Compagno mi fà istanza che scrivi à V. S. Ill.m* di far venire il P. F. Francesco Maria da Velletri, Predicatore, et íl P. F. Marcelo da Paliano, Sacerdote, Capuccini di cotesta Província di Roma; se ella li manda 10 1'havrei di sommo gusto, e sarebbono molto à propósito mandarli quanto prima per poter venir con noi al Congo, perche credo non partiremo sino à Settembre.
Mandando V. S. Ill.ma questi due delia Província di Roma, mi mandi anco con loro il P. F. Giacinto da Foligno, Predica- tore Capuccino delia Província di S. Francesco, che fu missio- nário nella missione delia Província di Milano.
NOTA — Não está datada a carta do Prefeito da Missão do Con- go. Foi escrita de Sevilha. Em fins de Abril de 1641 estava Frei Boa- ventura em Lisboa, partindo daqui para a Itália. Luanda estava já em poder dos holandeses (25-26 de Agosto de 1641) . Tinha falecido o Bispo D. Frei Francisco do Soveral (4-1- 1642). Deve ter sido escrita ao regressar de Itália, em Abril de 1644.
9
/2Q
35
CARTA DA PROPAGANDA FIDE AO NÚNCIO EM MADRID
(7-5'l644)
SUMÁRIO — Decreto da fundação da Missão do Congo — É enviado ao Núncio em Espanha para sua instrução pessoal.
Dal decreto che si manda qui incluso uedrà V. S. quanto è piacciutto alh Signon Cardinali di questa Sacra Congregatione de Propaganda Fide, ordinare intorno alia Missione delli Capu- cini, che il Padre Bonauentura d'Alessano, dell'istesso ordine, hà hauuto per bene aggiungere al numero di quelli che di quà si sono assegnati alia sua Prefectura nel Congo. Si raccomanda alia prudenza di lei 1'esecutione delia mente di questa Sacra Congregatione, con che per fine me 1'offero e raccomando. / /
Roma, 7 Maggio 1644.
APF — Lettere Volgari, vol. 22, fls. 78-78 v.
NOTA — Tratando do mesmo assunto, a Propaganda escreve ainda ao representante da Santa Sé na capital espanhola, meses depois:
Jl decreto di questa Sacra Congregatione de Propaganda Fide, che se le manda qui incluso, sarà per istruttione di V. S., e non solo acciò- che essendo lei ricercata dal Padre Prouincialc de Capuzini d' Andaluzia, e d'altri per parte di lui, delia Missione alli Negriti per li Padri di quella Prouintia, ella sia informata di quello ch è piacciuto alia suddeta Sacra Congregatione ordinare in tale propósito, ma ancora affinche communicando ella medessima il decreto istesso al Padre Prouinciale suddeto, o al Padre Bonauentura d Alessano in Siuiglia, prenda occa- sione d istabilire Ia sopraccenata missione nelli Negriti, e porti quanto
'3°
prima à noritia delia Sacra Congregarione il sucesso che si spcra di par- ricolare seruirio dei Signor Jddio, e dell anime, mediante la diligenza di V. S., alia quale per fine moffero e raccomando. / / Roma, 2 Luglio 1644.
APF — Lettere Volgari, vol. 22, fls. 135 V.-136.
z3'
36
CARTA DOS PADRES DE TERUEL A PROPAGANDA FIDE
(9-5-1644)
SUMÁRIO — Os Padres António e Luis de Teruel, irmãos de sangue e de religião, teólogos e pregadores, solicitam a graça de serem incorporados na missão do Congo — Caso seja impossível, que partam para ali na primeira missão.
Eminentíssimos Senores Jhs
El P.e Buenaventura Alessano, Prefeto de las missiones dei reino dei Congo, traxo comission para lleuar algunos religiosos que fuessen en su compania a conuertir los infieles, y instruir- les en nuestra santa fe. / /
Entendido esto nos dio el Senor grandes deseos de acompa- ííarlos en tan santo ministério, y escribimos al sobredicho Padre, el qual nos respondio que con mucho gusto nos admitiera, si huuieramos escrito antes, porque ya no tenia mas poder para lleuar otros de los seííalados; pero que escriuiessemos a VV. Eminências para otra mission, porque en esta, por auerse de partir luego con los galeones de las índias, no auia lugar. //
Agora nos ha escrito un companero suyo que no se partirán hasta el Agosto, y sera possible que sea el Setiembrc, con que hemos cobrado algunas esperanças de que se logren nucstios deseos para gloria de Dios, y saluacion de aquellas almas enga- nadas y assi suplicamos a VV. Eminências, en quien sabemos ai tanto zelo de la honrra dei Senor, y de la dilatacion de nues-
r3-
tra santa fe, nos conceda esta licencia, y embte la obediência por amor de nuestro Seííor Jesu Christo y de su bendita Madre. / /
Los intentos que nos mueuen a esto, Senores Eminentís- simos, es solo la gloria de Dios y reduccion de aquellas almas, con viuos deseos de emplearnos en esto, sin reparar en peligros, trabajos ni muertes, antes con el fauor de Dios deseamos pade- cerlos hasta derramar la sangre por amor suyo: y para nosotros sera la cosa mas agradable deste mundo. Bien pudieramos, Senores Eminentíssimos, dilatarlo para otra mission, pero segun nos escnben, los herejes Olandeses han peruertido aquella miserable gente en todo el reino, como lo han contado merca- deres que han venido de alia, e assi ai mucha necessidad de obreros. Y por tanto rogamos humilmente a W. Eminên- cias, se siruan de embiarnos luego la obediência, antes que se embarquen, si ai ocasion. Y si bien de nosotros no confiamos nada, todas nuestras esperanças las ponemos en Dios, que pues nos hizo hermanos segun la carne, hijos de vnos mismos Padres, y hermanos en el espiritu hijos de vna misma Religion, donde estudiamos la Sagrada Theologia con bastante inteligência para predicar su diuina palabra, en que nos exercitamos, y aun confundir con la gracia de Dios a los herejes, y nos dio deseos de dar la vida por el en este ministério, tambien nos dara su fauor para seruirle en el para gloria suya. / /
Al P.* Prouincial y Padres de esta Prouincia de Valencia no osamos dezirles nada, porque sabemos lo han de impedir, por el affecto que nos tienen. Pero porque W. Eminências no nos conocen, si gustan pueden embiar la obediência con condi- cion que no la impidan, sino es que ayan visto en nosotros cosa que desdiga de religion. Nuestra edad es dei vno 40 anos, y de religion 23, y dei otro 34, y de religion 15, con fuerças para passar por los trabajos, y quando las perdamos en seruicio de Dios, lo tendremos por grande ganância. Confiados, supli-
'33
camos a nuestro Senor guarde a VV. Eminências, como desea- mos, muchos anos. / /
De Valencia y Mayo 9, de 1644.
De VV. Eminências humildes hijos
Fr. Antonio de Teruel, letor antes de Teologia, y agora Guardian dei conuento de Tortosa, de Capuchinos.
Fr. Luis de Teruel, Predicador Capuchino.
[P. S.] Si VV. Eminências tienen por bien de embiarnos la obediência, les suplicamos se siruan de mandar se remita a la Ciudad de Valencia a Lazaro Delmor, Rector dei Santo Officio de la Inquisicion.
APF — SRCG, vol. 123, fls, 189-189 v.
l34
37
MISSÃO DO REINO DO CONGO (2 1-6- 1644)
SUMÁRIO — Dá licença ao Padre Alessano para fundar missão nou- tra farte, na África ou nas índias, se não pudesse entrar no Congo, com as mesmas faculdades já concedidas — Concede ã Província da Andaluzia fundar missão pró- pria entre os Negritas, tratado o caso com o Núncio.
Referente Eminentissimo D. Cardinali Pamphylio litteras Patns Bonauentura: de Alessano, Prafecti Missionis in Congi Regnum, Sacra Congregatio primo praedicto fratri Bonauenturae ac Socijs eius concessit Missionem ad alia loca Affrica:, uel Indiarum, casu quo non possint habere ingressum in Congum, cun eisdem facultatibus dicto fratri Bonauenturae [in] praedicto Regno Congi concessis.
2.0 Eidem fratri Bonauenturae concessit facultatem acci- piendi in Socium Fratrem Antonium de Málaga, Capuccinum, si Pater Josephus de Antichera, ob eius aetatem, non possit cum eo proficisci.
3.0 Censuit Prouinciae Capuccinorum Andalusiae concedi posse Missionem ad Regna Nigritarum, et commoueri íllius Prouincialem, ut si uult cum deffinitorio suscipere dieta Regna excolenda, agat cum Nuntio Hispaniarum, et cum eo de Pra> fecto et Socijs pro dieta Missione ad dieta Regna destinandis conferat, et quod decreuerit cum dicti Nuntij, participatione Sacra: Congregationi significet, ut littera: Patentes et facultates necessária: expediri possint ad eum transmittendae.
APF — Acta, vol. 16, fls. 127-127 v. n.° 27 — Sessão cardinalícia de 21 de Junho de 1644.
'35
38
CARTA DE EL-REI D. JOÃO IV AO EMBAIXADOR EM FRANÇA
(23-6-1644)
SUMÁRIO — A questão da confirmação dos Bispos — Dezassete Dio- ceses sem Prelado — O Estado Eclesiástico manda a Roma Nicolau Monteiro, prior da Cedofeita.
Conde da Vidigueira, Embaixador Amigo. Eu El Rey vos enuio muito saudar como aquele que amo. A Junta que mandey formar sobre os negócios de Roma, se compõem de tantos, e taes Ministros, como vireis pello decreto delia, cuja copia uos mandei remeter; e comfessouos quepor mais que dezejo seguir nosso pareçer, assy pela authoridade de vosso, como por me pareçerem muito poderosas as razoes em que se funda, não está em minha mão em matérias de direito, apartarme daquillo que me dizem hé conforme á justiça. Estay çerto que neste par- ticullar se tem feito o que pareçeo que mais conuinha ao ser- uiço de Deos e meu, e utilidade do Reino; ainda a Junta dura, mas não sey se poderá ser por muito tempo, por algúas razões, que por hora se offereçem para se acabar; o Estado Ecclesiastico me tem pedido licença para mandar á Corte de Roma, húa pessoa que possa reprezentar a Sua Sanctidade, os graues danos que no espiritual padeçem os christãos desta Monarchia, com a resolução que segue tégora, de não querer admitir meus Em- baixadores, confirmando as nomeações que fiz dos Bispados vagos, que chegão já [a] dezassete e tratandome em tudo, como aos Reys da chnstandade; e tem nomeado para esta Missão hum Ecclesiastico de grandes partes, letras e vertude, Prior ou
r36
Prelado da Collegiada de Sadofeita, Bispado do Porto, que chamao Nicolao Monteiro. / /
Prazerá a Deos que seja sua hida de algúa utilidade; nao leua carta, nem algúa ordem minha, nem Eu sofri que para esta diligencia se nomeasse Ministro meu, como a principio se tentou.
Folguey muito de o Cardeal Masarini se pagar do offereçi- mento de frey Fernando de Menezes e frey Gonçalo da Gama (') e pode[is] isto certificar nas occasiôes que se uos offereçerem, que estimarey que haja muitas, em que se lhe possa dar gosto. / /
Escrita em Alcantara a 23 de Junho de 1644. / /
Rey
Para o Conde da Vidigueira Embaxador em França. CORPO DIPLOMÁTICO PORTUGUEZ, XII, pág. 392.
(*) Religiosos Dominicanos enviados a Roma ao Capítulo Geral da Ordem.
'37
39
CARTA DO PADRE BOAVENTURA DE ALESSANO AO SECRETÁRIO DA PROPAGANDA FIDE
(30-6-1644)
SUMÁIRO — Dificuldades de embarque em Sevilha — Espera largar em Setembro — Projectos para o futuro — Notícias do estado religioso do Congo — Fervor missionário da Pro- víncia dos Padres Capuchinhos da Andaluzia.
Ill.mo e Rev.mo Signor in Chnsto Osseruandissimo
Partendo di Cadix per la uolta di Genua un Capittano con ben fornita naue, e nostro amoreuolissimo, hauendo e fratello e zio Capuccini, et essendo appunto quello che di Portugallo due anni già passati, ne ncondusse in Itália, haueuo in pensiero, dal quale non dissentiuano i nostri cÕpagni, destinar due di loro con si buon'occasione costa da V. S. Ill.ma ed à cotesti Eminen- tissimi acciò uiuamente rappresentando le necessita delia nostra Missione, e lo stato miserabile dei Reçno dei Congo, in ordine al concernimento delia Cattolica Fede e Christiana Reli- gione si nportasse quella prouisione, che dal feruente zelo dell'honor di Sua Diuina Maestà e salute deH'anime, fusse statta giudicata pm spediente. / /
Tutta uia per nõ porre in contingenza la sicuntà dell'esser qui radunati, ed auuenturare alia discretione dei mare il ntorno à tempo opportuno per il nostro uiaggio dei Congo, son cos- tretto mortificarmi e mutar parere, non mancando però cõ questa carta di ricorrere da V. S. Ill.,na e con la breue relatione de quanto qui passa in nguardo aH'imbarcarci, e de quei paesi, quasi dei certo s'intende in ordine alia speranza ò timore, dc poter traghetarui ò no, d'esser ammessi ò no ammessi, d'im-
I38
piergarue con frutto le nostre fatiche, ò rimaner defraudati di questo fine, colpir al segno de suoi ardenti desij, notificandole oue possa col suo ualore fauonre l impresa dei Signore.
L'ukim'auisi diedi à V. S. Ill.ma di qui di Siuigha, e per assicurare maggiormente il recapito le replicai per doppia Strada, acciò sbagliandosi per Tuna, 1'acertasse per 1'altra; molte e uarie nuoue in quei le daua, diuersi fauori e gratie chiedeuo, ordinati non à próprio commodo, ma bensi à gloria di Dio e ben uni- uersale; de quali mi persuado infallibilmente 1'impetratione. Adesso le soggiongo che auuicinandosi il tempo di douer partir alia nostra nauigatione, Nostro Signore dispone ci siamo abat- tutti con un Capitan di naue prattichissimo in quelle parti, il quale, se bene le sue mercantie non porta propriamente ai Congo, ma al Regno di Benin, assai di quello disiosto, nondi- meno s'offerisce condurce, mediante però quella merecede che si lungo e trauaglioso uiaggio richiede, e la nostra pouertà souue- nuta da S. M. Cattolica e da altri deuoti Signori può offerire; la partenza si spera sarà per Settembre, si altro impedimento frà questo mentre non auuerrà, per declinare 1'inuasione d'01andesi nemici, bisogna andar destreggiando in modo che senza parti- colar aiuto dei Signore sarà impossibile non incontrar con essi, giouarà non poco 1'esperienza dei piloto. / /
Supposto 1'arnuo colà conuerrà entrar colla naue per la bocca dei fiume Pinda (1), presso al quale se ritroua la prima pro- uincia dei Congo, oue resiede un Duca tale quale è fama che sia intrínseco d'01andesi, e che sia stato corrotto et infetto dalla peste delle loro eresie. La città regia stà lontano dal suddetto porto cento uenti miglia, mi dimorando il Rè adesso regnante, qual (secondo afferma il medesimo nostro Capitano, ritrouan- dosi collà gl'anni passati) per alcune sue pretensiom uccise il suo predecessore, s'impossessò, non sò si legitima ò tirannica-
(*) Referência ao rio Zaire ou Congo. Pinda era porto na foz do mesmo rio.
I39
mente dei Regno; íl Rè morto probabilmente se tiene fusse Don Aluaro. //
II che essendo cosi, argomentesi la beneuolenza colla quale costui, ch'al presente regna, riceuerà i poueri di Dio, tato piu, quanto che si teme stia inuiluppato in errori hereticali; li Cano- nici poi delia Chiesa Conghese, s'intende uiuano tanto hcen- tiosamente per nó dire uitiosamente, ch'il Vescouo passato (2) non confidandosi dimorare nella sua Catedrale, temendo d'es- sere ammazzato, s'elesse alontanarsi da quella, et habitare in Loanda, uicino ad Angola; cosi uiene referito da chi può saper- lo, lasciando alia uerità il suo luogo; onde stante la lor uita dis- soluta, eghno saranno i pnmi nostri contrarij, ne permetteranno ch'habbiamo da opporci alia lor liberta, massime douendo dipen- dere nell'administratione d'alcuni Sagramêti dalla lor licenza, conforme nelle nostre faculta hà disposto la Sagra Congrega- zione, cioè, quantum ad Sacrameta Parochialia.
Confesso il uero, Ill.mo Signore, che ponderando da una parte l'estrema necessita di queH'anime, uorria per auitarle espormi colli nostri côpagni à qualsiouglia tormento, perloche, non si tralasciarà mezzo che non si ponga in effetto, quato coportano le nostre deboli forze; dall'altro canto poi guardando le difficultà, quali di nuouo discoprendosi, ci si faranno auanti, mi fà temere d'una total impossibilita, qual supposta la partial assistenza di S. R. M., el fauore de cotesto Sagro Concistoro, no toglie affatto Ia speranza ch'habbia à diuenir possibile.
In primis se desiderarebbe, ch'essendo morto il Rè D. Aluaro, ai quale uà diretta la carta di S. Santità (3), ne man- dasse un'altra in bianco, acciò secondo il nome di colui ch'al pre- sete regna, potesse parimente aggiustarse il tittolo dei nominato.
(2) D. Frei Francisco do Soveral.
(3) Referência ao Breve Praeclarae pietatis de Urbano VIII, de 16 de Julho de 1640.
Secondanamente acciò il progresso nell'aiuto desanime non sia impedito dal Clero, essentarne affatto da ogni lor depen- denza e subordinazione, anzi dar autorità sopra di essi ín ogni abuso e disordine si uedesse contro la Christiana Rehgione.
3.0 Si replicano calidissime preghiere à V. S. 111.™* e à tutti cotesti Eminentissimi Padri e Signori ci fauoriscano d'esplicita et autentica licenza di poterci affaticar altroue nella uigna dei Signore quando no si potesse al Congo, per amor di quel sourano Padre, ch'è 1'istessa carita et amore, si côpiacciano consolarei ín questa giusta dimanda, già in foro conscientice si cõpiacque V. S. assicurarci delia uolontà delia Congregazione, bramiano ancora in foro fori autentico manifesto di quella, acciò con mag- gior quiete interna, riputatione, e delia Chiesa, delia Sagra Congregazione e nostra Rehgione ci sia lecito di quella auua- lerci; alia giornata si discuopreno popoli nuoui et innumerabili, bisognosi d'esser ílluminati; le commodità d'andarui sono oppor- tunissime, le perdiamo tutte per vbedire esattamente à gl'ordini prescrittici ne' paesi dei Congo, e quanto piú si uà attendendo il termine de nostri desidenj, tanto piu si uà dilongado et im- possibilitando il principio de ueri mezzi. / /
Parti li mesi passati Ia flotta per Ia Nuoua Spagna, adesso parteno galeoni per il Períi, ambe le parti sospirano operarij euãgehci; le commodità per passarui sono ottime, mentre li ufficiah pnncipah, com'il Generale, Almirante, Capitani, etc, sí terrebbeno felicissimi codurci con essi, e pure si tralascia il tutto per indnzzarci al Congo. Compatisca dunque V. S. Ill.ma l'hu- mih e confidenti querele de suoi deuoti serui, e si degni impe- trara in tutti i modi, e quanto prima, questa espressa faculta, che perseuerando le difficultà dei Congo, possiamo andar ò nel Giappone e nella China, ò all'Isole Fihppine , ò al Peru, ò à Benin, ò finalmente ouúque per maggior gloria sua conspi- rará il Signore; non me restringo à natione parti colare per non artare la gratia dello Spirito Santo, qual tal'hora dispone assai
differentemente dal pensiero deH'huomini, mentre Spiritus ubi uul sprat. / /
Confido nella pietà diuina ch'à questo punto sara stata feli- cemente spacciata la nostra giusta dimanda, e no tardará à capi- tarme apostólico testimonio di quella, cÕ lettere consolatorie di V. S. Illu.ma in risposta à tante mie, che nel porne íl piede nella Spagna soccessiuamente li hò inuiate.
II P. Prouinciale, e Padri Diffinitori di questa Prouincia d'Andalucia supplicorno V. S. Ill.ma e gli Eminentissimi se gli cõcedesse autontà Apostólica d'inuiar Missionarij de nostri Re- ligiosi Capuccini al Giappone, al Peru, Mesico, China, Bra- sile, etc, per il frutto abondante cola si spera; à lungo gli ne scnssi per doppia Strada, ratifico adesso 1'istessa petitione, e da parte di tutti li suddetti Padri cÕ nuoua efficacia 1'inculco la concessione delia suddetta gratia, qual uenendo ad effetto, si cõpiaccia far nominar per Prefetto de missionarij da destinarsi nella prima Missione, il P. Gioseppe d'Antichera, Religioso di moita uirtu, esperimentato nella perfettione, 2.0 Diffinitore in atto di questa Prouincia, riconosciuto da tutti per Padre e Supe- nore. Onde sotto il suo indrizzo e gouerno in quei paesi remoti, mi dò à credere le cose andarebbono assai bene; il che ancora è sommamente desiderato dal P. Prouinciale. / /
Già questo Padre cõ vbedienza dei Signor Nuntio à mia nchiesta, presumendo la voluntà delia Sagra Congregazione, fíi ammesso alia nostra cõpagnia, e da me se diede auiso dei tutto à V. S. Ill.ma pregando per il Degreto, etc. Mà stimandosi maggior gloria de Dio sia destinato per capo di questa nuoua Missione de Padri Spagnoli, in suo luogo mi contentauo dei Padre Luigi Antonio da Málaga, lettore in atto, giouane spin- toso, uersato nelle cotrouersie, et bramatissimo di dar il sangue per la nostra santa fede. Proposi questo cambio nella passata diretta à V. S. 111."1*, la supplicauo facesse cõfermarlo con De- creto, et in cuanto nõ fusse capitata à tempo la risolutione di
742
costa, mi sarei auuoluto in constituire e reuocare deH'autorità dei medesimo Signor Nuntio, ò soccessor di lui; mentre s'intende tuttauia s'acanga per lo ritorno. Replico adesso la medesima capacita, quantúque piu grato à me sarebbe in quanto soccede alia nostra Missione, hauer la mente espressa delia Sagra Con- gregazione, la doue mancando questa, bisogna accommodarsi al meglio si può. / /
II Capitano Genuese nel principio accennato per setébre, fará quà ritorno affrettando ella collo spaccio fauorebole grata risposta; disporrà Nostro Signor che prima di partire siamo consolati colla riceuutta, e potrà raccommandar íl recapito al nostro Padre Procuratore.
In quanto à missionanj da mandarsi da Itália, mi remetto alia sua prudenza; io per me stimerei ch'eccetto i 4 Padn Genuesi, quah hanno hauuto íl Decreto, nõ si destinassero altri acciò nó perdino il tempo in girar e regirar senza frutto, fin tato che nõ si uedrà 1'esito delle nostre diligenze, nelle quah sopratutti oue santissimamente s'impiega frà Frãcesco da Pamplona, huomo ueramente eletto da Dio per le molte qualità ch'in lui cõcorrono à soleuar le quasi estinte speranze de missionarij pouerelli, quah indifferentemente Italiani, Spagnoli, ed io frà essi come piíi obligato à V. S. Ill.ma le facciamo humilissima reuerenza, e le preghiamo quella abondãza de bem et eterni e têporali ch'i suoi giustissimi desij magiormente sospirano.
Siuiglia li 30 di Giugno 1644.
Di V. S. 111.™
Humilissimo Seruo nel Signore
Fra Buonauentura d'Alessano, Capuccino e Prefetto dela Missione dei Congo
APF — SRCG, vol. 123, fls. 169-170 v.
H3
40
CARTA DO SECRETÁRIO DA PROPAGANDA FIDE AO PADRE BOAVENTURA DE ALESSANO
(2-7-1644)
SUMÁRIO — Faculdade de missionar em qualquer lugar da África ou nas índias, no caso de não poder penetrar no Congo — Concede à Província da Andaluzia missão própria entre os Negritas — O Provincial deveria tratar de arranjar Prefeito e missionários a ela destinados.
Alie instanze di V. R. è piacciuto alh Signori Cardinali di questa Sacra Congregatione de Propaganda Fide, non solo con- cedere à lei et alli suoi Compagni con le facoltà per íl Congo la Missione agl'altri luoghi deirAfrica, o dell'Jndie, in euento però, che non possono hauere ingresso nel Congo, ma hanno I'EE. loro uoluto oltre di cio, compiacerla delia licenza di pigliarsi per Compagno íl Padre Antonio di Málaga, caso che íl Padre Gioseffe di Antichera non si senta per qualche impedi- mento di proseguire il suo uiaggio, et hanno di piíi ordinato à Monsignore Nuntio di Nostro Signore in Jspagna, che di canco al Padre Prouinciale e Diffinitono de Capucini di Anda- luzia, la Missione per li suoi Padri alli Regni delli Negriti, ò intenda con essi loro dei Prefecto e Missionarij, che haue- ranno per bene inuiarsi colà per aiuto deH'anime, e faceia che sia auuisata de i nomi loro dal Padre Prouinciale medessimo la detta Sacra Congregatione. / /
Resta che V. R. raccomandi il negotio al Signore Jddio per 1'essito che si desidera di sua gloria, e cooperi nella parte che
'44
può all'essecutione dal canto suo, e íl Signore Jddio la pros- peri. //
Roma, 2 luglio 1644.
APF — Lettere Volgari, vol. 22, fls. 136-136 v.
NOTA — O Padre Boaventura de Alessano encontrava-se no convento dos Capucinhos, em Sevilha. Cfr. doe. n.° 39, p. 138.
H5
10
41
CARTA DE ANTÔNIO DE ABREU DE MIRANDA (23-7-1644)
SUMÁRIO — ■ Ordenações realizadas feio Bispo Soveral — Desordens do clero nativo do Congo e seus escandalosos costumes.
21. Que o Bispo daquelle Reyno, que Deus tem, com seu bom zello ordenou muitos clérigos moços e filhos pardos da terra, de maneira que estes, por falecimento do Bispo, e Vigário geral, e impedimento da Sé de Congo, se fizera tao desabsolutos, e cõ tantas parcialidades hús entre outros de elegerem Vigário, que lhe deraõ a elle Antonio dAbreu muito trabalho em os aquietar, e depois de elegerem Juiz e Vigário, quiz tomar tanta jurisdição como se tiuera poderes de Bispo, querendo prouer os officios de defuntos, contra o Regimento de V. Magestade, e ainda em clérigos, e daly em outras couzas; que como mancebos e sem pastor saõ desabsolutos, escandalozos e como saõ clérigos, naõ há quem lhe[s] uá á maõ; que V. Magestade mandaria prouer nisto o que se deuia fazer.
E discorrendo o conselho por cada híi dos capitolos da carta referida, e sobbre o capitolo vinte hú, que trata dos procedi- mentos do Vigário geral e do clero. Pareçe que deue V. Mages-
146
tade mandar uer este capitolo pello tribunal da meza da coms- ciençia, para tomar a rezoluçaõ que ouuer por seu seruiço.
Lisboa, 23 de Iulho de 1644.
aa ) Jorge de Castylho / / Jorge de Albuquerque / / João Delgado Figueira.
AHU — Angola, cx. 3.
H7\
42
CARTA DO COLECTOR APOSTÓLICO AO SECRETÁRIO DA PROPAGANDA
(24-7-1644)
SUMÁRIO — Anuncia a chegada do Padre Taggia a Lisboa — Dificul- dades da partida para o Congo — Acolhimento caritativo na Colectoria — Obstáculo à partida para o Congo.
Ill.mo e R.mo Signor mio Padrone Osseruandissimo
I giorni passati mi fíi inuiata da questo Segretano di Stato la gratíssima di V. S. Ill.ma aperta, col piego per monsignor Arciuescouo di Mira (J) panmente aperto, mandandomi dire che dette lettere gl'erano state consegnate di quella maniera; auiso di ciò V. S. Hl.ma perche sapi quanto poco sicura sia la uia perche son uenute; con la prima occasione di naui per Goa, non mancarò inuiar detto piego con ogni sicurezza.
Ar[r]iuò qui, due settimane sono, ti P. fr. Bonauentura di Taggia, genouese, Viceprefetto delia missione dei Congo, con tre altn suoi Compagni, e se bene non mi hanno portata lettera di V. S. 111."1*, ne di cotesta S- Congregatione, con tutto ciò in riguardo d'esser mandati dalla medesima, glhò raccolti qui in Casa, come feci gl'altri, facendoli quel poco di canta che
(l) Parece tratar-se de D. Francisco António Fasella de S. Felice, da Ordem dos Menores Conventuais, nomeado por breve apostólico de 14- 11- 1637, tendo sido consagrado em 30 do referido mês, em Roma, na igreja de Santa Maria degli Angeli, e deputado administrador apos- tólico no Japão, por breve de 26-2-1638. Cfr. P. Gauchat, Hierarchia Catholica Medii et Recentioris Aevi, Monasterii, MCMXXXV. IV, p. 521.
'48
li possono soministrare Ie mie deboli forze, e non mancarò cTaiu- tarli in tutto quello che potro in ordine dei suo dispaccio, se bene con 1'impedimento degl'olandesi, che tuttauia occupano quella piazza (2), si rendará molto difficile íl potersi transferir cola; perche íl detto Padre fr. Bonauentura scnuerà a V. S. lU.™" piu difusamente, finisco con baciar a V. S. Ill.ma le mani. Lisbona, a 24 luglio 1644.
Aff.mo e oblig.mo Seruitore
Girolamo Battaglini
APF — SRCG, vol. 123, fl. 49.
(2) O Colector dá como razão única do impedimento da partida dos missionários de Lisboa par o Congo, a ocupação hodandesa de Luanda. Era, efectivamente, a boa e única razão.
'49
43
CARTA DO COLECTOR APOSTÓLICO AO SECRETÁRIO DA PROPAGANDA
(12-8- 1644)
SUMÁRIO — Os missionários esperam largar para o Congo — Excelente disposição da Rainha e do Rei para com eles — Benefícios de um hospício em Lisboa para os Capuchinhos.
Ill.m0 e R.mo Signor mio Padrone Osseruandissimo
Dopo hauer scritta un' altra mia i giorni indietro a V. S. IU.ma, mi è parso bcnc per quest'altre due nghc sopra i religiosi Capuccini missionarij dei Congo, con dirle che discorrendo col P. Bonauentura, Viceprefetto, dei suo negotio, ch'essendo ínca- minato ín modo che ci dà speranza, sia per hauer felice successo col fauore particularmente delia maestà delia Regina, che con molto zelo li protege, oltre 1'elemosine che li fà, et anco parlan- done 10 al Rè sia a su egh molto inchinato à concederli íl pas- saporto, paremi che saria stato acertato mandar al P. Prefetto ò Vice Prefetto autontà di poter, quando fossero nel Congo, riceuer qualche nouitio al meno in questo principio, fin tanto che la missione stasse corrente, perche alhora stimarei anco bene che qui hauessero un poco d'hospitio per la commodità delia corrispondentia de Religiosi missionarij, che si trouassero nel Congo con questa S. Congregatione, alia quale, parendo à V. S. Ill.ma potra comunicarli questi punti, per risoluere quello fosse
/50
piíi conueniente al seruitio di Dio, conche a V. S. Jll. bacio affettuosamente le mani. Lisbona, a 12 di Agosto 1644.
Di V. S. 111."»
Deuotisimo et Obligatissimo Seruitore
Girolamo Battaglini
APF — SRCG, vol. 123, fl. 50.
44
CONSULTA DO CONSELHO ULTRAMARINO (17-8-1644)
SUMÁRIO — ■ Recompensas ao Rei de Angola e ao Soba Cabaço pela sua cooperação na guerra e ao Soba Angola o mais confidente de todos — Cargo de capitao-mor da guerra preta a Hen- rique Dias — Recompensa a António de Miranda.
Sobre hú papel que deu Antonio Teixeira de Mendonça acerca de algús particulares do Rey no de Angola
Viose neste Conselho hú papel que nelle deu o capitão Antonio Teixeira de Mendonça, no qual diz que deve V. Ma- gestade mandar que na Bahia se lhes dê algú fato de resgate, para com elle franquearem o caminho e comprar algú bastimento se lhes for necessário, que importará setenta ou oitenta mil reis.
{Resolução régia, à margem]: Como parece. Com decla- ração que se parta Antonio Teixeira e á Bahia se lhe enuiraõ as cartas. / /
Lisboa, 2 1 de Outubro de 644.
Rey
Que deve V. Magestade ordenar que das fazendas que naquelle Reyno saõ confiscadas per ordem de V. Magestade aos castelhanos, e da mais que se achar pertencente a V. Mages- tade se socorra a jnfantana.
>52
[Ã margem]: A fl. 129 deste huro uay registada a con- sulta de recordo em que S. Magestade tomou a resolução assima.
Que a El Rey de Angola, pello bem que seruio nesta ocaziao, trazendo o Pnncepe seu filho no nosso arrayal com sua guerra, por cuio respeito e fedelidade se lhe leuantarao algús vassalos poderozos fogindo para a Ginga e fazendose de sua parçealidade, lhe pareçe lhe deue V. Magestade mandar o abito de Christo em híía capa que pareça ser de V. Magestade, escreuendolhe V. Magestade em que lhe agardeça o bem que se ouue.
[Â margem]: Assentou o Conselho que nao cabia a reso- lução asima nesta consulta e assy que se naõ auia de usar delia mais que só no escreuer as cartas e hir Annque Dias por capitão mor da guerra preta.
Que também lhe pareçe deue V. Magestade escreuer ao jaga Cabuco, que foi o que nos asestio, mandando lhe húa roupeta e uabuzeira com hú dos abitos.
[Ã margem]: Resolução que S- Magestade tomou nesta consulta, que baixou em 7 de Novembro de 644.
Que ao soua Emgola Quiato, que hé o mais poderoso que há entre os vassalos de V. Magestade e foi o mais confidente de todos, deue V. Magestade mandar outra roupeta com outro abito, e escreuerlhe, confirmando o no mesmo cargo em que os governadores o tem prouido.
[Resolução régia, à margem]: Não tem já lugar. Lisboa, a 2 de dezembro de 644.
Rey
'53
A Henrique Diaz, para que uá cÕ mais uontade neste socorro, deue V. Magestade fazer lhe merçê do cargo de capi- tão mor de toda a guerra preta daquelle Reyno.
Que deue V. Magestade lembrarse de Antonio dAbreu de Miranda, a cuio cargo, por eleição do pouo, está o gouerno das Armas daquelle Reyno» pondo os olhos em seus seruiços e na vontade com que despende sua fazenda no Real Serviço de V. Magestade, escrevendose à Camara e pouo daquelle Reyno.
E uisto o dito papel, pareceo dizer a V. Magestade, quanto ao primeiro ponto, que o Marquês Prezidente refeno neste Conselho que buscaria os setenta até oitenta mil reis para com- pra das roupas de resgate de que se trata.
E quanto ao segundo, pareçe o mesmo que nelle se aponta e já Antonio dAbreu Miranda auisou que hia tratando destas arecadações, posto que com dificuldade, para sustento da gente-
E sobre o terceiro, parece que V. Magestade deue ser- uirse de mandar a El Rey de Angola, pellas rezoês que Antonio Teixeira refere, o abito de Chnsto com húa capa que ualha até 20$ reis.
E sobre o quarto ponto, que deue V. Magestade mandar escreuer ao Jaga Cabuco e mandarlhe hua saltimbarca (1), com o abito de Santiago.
E sobre o quinto, que deue V. Magestade fazer merçê a Henrnque Dias, a quem V. Magestade tem também man- dado passar a Angola neste socorro, do cargo de capitão mor de toda a guerra preta daquelle Reyno, que hé o mesmo cargo que tinha no Brazil, e que pello bem que tem seruido na guerra daquelle Estado, lhe deue V. Magestade mandar o abito de Santiago.
(*) Espécie de balandrau, usado pelos antigos guardas de segu- rança.
'54
E sobre o sétimo, acerca dos mouimentos e seruiços de Antonio dAbreu de Miranda, pareceo dizer a V. Magestade que pella imformaçaõ que há neste Conselho de que tem seruido a V. Magestade muitos anos naquella Conquista com grande satisfação e despeza de fazenda, principalmente nesta rota (2) que ouue em Angola, em que aiuntou a gente espa- lhada para rezestir ao enemigo, cazo que o cometese, susten- tando aquelles pnzidios com grande cuidado, acodindo a tudo com sua fazenda por ser muito rico, porque hé merecedor de grandes mercês de V. Magestade, aprezentando seus papeis, que por ora, emquanto os não aprezenta, tendose consideração á necessidade que há de sua pessoa para a conseruaçao daquelle Reino e prezidios, lha deue V. Magestade fazer do abito de Christo, e que recuperandose o Reyno de Angola com sua assistência, lha faça V. Magestade também do foro de fidalgo, e huã Comenda da mesma Ordem de dusentos mil reis, para que com isto se anime os mais que o acompanhaõ a seruir a V. Magestade com ualor e despesa de suas fazahdas. / /
Lisboa, 17 de Agosto de 644.
O Marquês / Jorge dAlbuquerque / João Delgado Figueira
AHU — Conselho Ultramarino. Cód. 13, fls. 108-108 v.
(2) Peleja
'55
45
CARTA DE FREI BOAVENTURA DE TAGGIA A PROPAGANDA FIDE
(30-8-1644)
SUMÁRIO — Comunica ao Cardeal Prefeito ter alcançado de D. João IV para passar ao Congo — Refere-se à doação da condessa D. Filipa Carneiro para construção do hospício de Lisboa.
Eminentíssimo et Reu.mo Signor
Facio sapere à V. E. come doppo molte difficoltà hauute, intendiamo, tanto dal Signor Secretario Maggior di Stato, quanto da Signon dei Consegho, hauer recanzata la gratia di poter passare al Regno dei Congo per compire alia nostra mis- sione, tanto piíi da stimarsi, quanto che da periti mercadanti si stima, che non è possibile possa íl P. Bonauenturra d'Ales- sano passare di Cádis al Congo ín questi tempi; pertanto non sana se non bene mandarmi alli Patn nominati al M. R. P. Procuratore Generale religiosi ottimi, essendo noi molto pocchi per una missione di tanta conseguenza et recanzata cÕ tanta difficoltà, et lettere di fauore di Regi, nmetendomi à quanto parerà giusto à V. Em.\
Panmente da una Signora Contessa di Lisbona mi uienc offerto sito et ogni altro per la fabrica d'un Conuento nostro, cõ quale occasione si potria prender hospitio, per tenere ín Lis- bona la porta aperta alia missione et per íl rinfresco de frati quando acadesse 1'occasione s'en'hauesse di bisogno, non bi- sognando farli uenire d'Jtalia.
II Vescouo d Eluas, Capellano Maggior di Sua Maestà, al quale fu nmessa la causa, giouò molto piamente alTimpiego
,56
nostro; 1'istesso feccero assai caldamente íl Signor Vicecolletore, homo ueramente honorato et stimato da bom; listesso fece íl Signor Auditore delia Colletona. Ne scriuo à V. E. per non esser ingrato- Le bacio le sacri vestimenti et pnego dal Cielo à V. E. íl colmo d ogni bene. Lisbona, li 30 Agosto 1644.
Di V. E.
Seruo humilissimo
F. Bonauentura di Taggia, Cappuccino / / et Vice Prefetto dei Congo
APF — SRCG, vol. 123, fl. 52-53 v.
Eminentíssimo et Reuerendissimo Signor
POSCRI I TO. Ci uiene offerto il vascelo fra pocco tempo per il Congo, da sua maestà, per il Signor Segretario maggiore suo, il che sara fra due o 3 mesi et non sò quando ui sara altra occasione, mercê che occupano Angola TOlandesi; pertanto sono instato etiamdio da gesuiti religiosi, procurare altri Padri quanto prima, dicendo loro che per 1'ordinario si moiono alcuni per il lungo uiaggio di mare et arie cattiue uerso la linea equinotiale; però sia pregata V. Eminenza cõ prima occasione spedirme alcuni altri Padri, saltem al numero di 10, et uen- gano quanto prima à Liuorno, douc saranno presto due naui di partenza per Lisbona: et si mandi specialmente un bono infermiero.
Di V. Eminenza Seruo Vmilissimo
1'istesso f. Bonauentura Viceprefetto.
Dico à V. Eminenza al numero di dieci cõ noi altri 4 salte; si mandino tre altri fra Predicatori et Sacerdoti cõ un laico infermiero.
APF — SRCG, vol. 123, fl. 33.
'57
46
CARTA DE FREI BOAVENTURA DE TAGGIA À PROPAGANDA FIDE
(1-9-1644)
SUMÁRIO — Dentro de três ou quatro meses contava partir para o Congo — Boa recepção das autoridades portuguesas — Que não mandasse frades espanhóis, por dignos respeitos.
lllmo Signore Padrone mio Colendissimo
Hoggi sono auisato dal Segretano Maggior di Stato di Sua Maestà, et dali Signori di Conseglio, che è passata la gratia di passare al Congo, et S. Maestà questa mattina ci fece chiamare per trattenerci cõ noi, et darei di sua mano li spacci, godendo molto siamo consolati; fu rimessa la causa al Vescouo d'Eluas, Capellano Maggior di Sua Maestà, et fauori ottimamente la nos- tra causa. Giouò il signore Vicecolletore, et signor Auditore, quali ambedue si gustano (?) ottimamente nel carriço loro, et certo che il signor Vicecolletore ci fece sempre gran carità, ci accolse súbito ín sua casa et gouernò per molti giorni dei suo; finalmente si prese di noi cura la Regina. È però uero che saria bene in altre occasioni dare ordine al signor Vicecolletore, si prendese la cancã de missionarij che uerrano in Lisbona, quando non habbino conuenti in questa Città.
Ricordo à V. S. che sana bene mandarmi altn Padn Mis- sionanj, ma però non sijno sogetti à Spagna, per degni rispetti; ne nomino ali al Signor Veruzio et M. R. P. Procuratore Ge- nerale nostro, facio però instanza grande d'un laico jnfermiero.
La nostra partenza sarà frà tre ò quatro mesi, ut aiunt, po- tranno arrmare à tempo. Non altro per hora. Le bacio le mani
I58
prego à V. S. Ill.ma il complimento de sua esaltatione- / / Lisbona, il primo ybre [settembre] 1644.
Di V. S. m.m
Seruo deuotissimo
F. Bonauentura di Taggia, Cappuccino Vice Prefetto dei Congo
APF — SRCG, vol. 123, fl. 34.
'59
47
CARTA DE FREI BOAVENTURA DE TAGGIA À PROPAGANDA FIDE
(5-9-1644)
SUMÁRIO — Oferta de casa para convento de Capuchinhos na cidade de Lisboa, pela condessa D. Filipa Carneiro.
111.'"0 et Reu.mo Signore Padrone mio Colendissimo
Per altra hò scntto à V. S. Ill.ma di quanto si recanzò dal Rè di Portugalo per passare alia nostra Missione dei Congo; resta hora dire à V. S. che hauendomi una Signora Contessa, detta per nome la signora Filipa Carneiro, offerto et sito et ogni altro per fabricare un Conuento à nostri Padn, dentro da Città di Lisbona, non facio instanza à nostri Padri per íl Conuento, per hora lasciando che matunno questo negotio cõ la loro prudenza; dico bene à V. S. IIl.m* che sarà bene seruirsi di questa occasione per prendere hospitio per il recetto et prouisione delia missione, il che aportena grandíssimo aiuto à quanto si desidera; quando V. S. IIl.ma stimi cio conueniente, anzi necessário, operi efhca- cemente col'Eminentissimo Sig-nor Protettore nostro S. Hono- frio (1), si dij tal'ordine, quale potranno portare li Padn [chi] si manderanno, et quando questi Padn non potessero súbito
(*) Cardeal António Barberini, Sénior, O. F. M. Cap., feito Car- deal por Urbano VIII, em 13 de Novembro de 1624, com o tínilo de Santo Onofrio. Passou para o título de S. Pedro ad Vincula em 7 de Setembro de 1637, para o de Santa Mana in Trastcvere em 26 de Maio de 1642, falecendo em Roma em 11 de Setembro de 1646. Guar- dou o nome de Cardeal de Sto. Onofrio. Jaz na igreja de Nossa Se-
J 60
imbarcarsi per il Congo, si tratteranno all'hospitio; sarà pêro bene mandarne due di piu, Padn qualificati per tenere l'hospi- tio alie mani. / /
Pnego V. S. Ill.ma instantemente per la consecutione delia gratia d'un altare Priuilegiato per la Città di Massangan [o] , di che mi fà instanza un Canónico di quella Chiesa instan- tesse quà presente; item un Jndulgenza Plenária per la festa delia Beata Vergine di febraro, cioè Punficatione. Le bacio nuerente le mani et pnego à V. S. 111."* il colmo delli suoi desidenj. / /
Lisbona, li 5 Settembre 1644.
Di V. S. Ill.ma
Seruo humilissimo
Bonauentura di Taggia, Capuccino et Vice Prefetto dei Congo
APF — SRCC, vol. 123, fl. 35.
nhora da Conceição, dos Capuchinhos, que ele mesmo fundara, com a inscrição sepulcral: Hic jacet pulvis et cinis et nihil. Cfr. P. Patrício Gauchat, Hierarchia Catholica Medii et Recentioris Aevi, Monasterii, MCMXXXV, tom. IV, p. 19.
161
u
48
CARTA DO NÚNCIO EM MADRID À PROPAGANDA FIDE
(7-9-1644)
Sumário — Composição da Missão do Congo — Escreve-se ao Pro- vincial de Aragão sobre o mesmo assunto.
Em.™ e Reu."10 Signor Padrone Colendissimo
Mt giunsero con una lettera di V. Eminenza i Decreti di cotesta S- Congregatione per h quattro PP. Capuccini, che uni- tamente con un laico jnfermiero hanno a trasfenrsi nella Mis- sione di Congo; et hauendone parlato con questo Padre Prouin- ciale di Castiglia, mi uengono da lui approuati li Padn frà Bona- uentura di Sardegna, et frà Giouanni di S. Giacomo, i quali sono stati chiamati quà, conforme all'instanze che se ne faceuano, per- che possano unirsi con gl'altn Missionanj, essendosi anche data la licenza al frate laico, come dalla medesima S. Congregatione mi ueniua imposto. / /
Per gl'altri due si è scntto al Padre Prouinciale d'Aragona, e giunta che sia l'informatione d'essi si rimetterà panmente loro íl Decreto, et intanto fò all'Eminenza Vostra humillissima nuerenza. / /
Di Madrid, li 7 Settembre 1 644.
Di V. Eminenza [Autógrafo]: Humil."10 et Obl.mo Seruittore
Giulio, Arciu.0 di Tarso
Em.rao S. Card.1 S.t0 Honofrio APF — SRCG, vol. 108, fl. 65.
162
49
CARTA DE EL-REI D. JOÃO IV AO EMBAIXADOR EM FRANÇA
(17-9-1644)
SUMÁRIO — Tendo recebido recomendação do Rei de França para os missionários Capuchinhos que passavam ao Reino do Congo, el-Rei avisará o seu Embaixador logo que as con- veniências do reino permitam deixá-los embarcar.
Conde Almirante, Embaixador, Amigo. Eu EIRei vos en- vio muito saudar como aquele que amo. / /
Aqui ficaõ os Religiosos Capuchinhos barbados, de cuja vinda me avizaes em carta vossa de 12 de Abril passado: e posto que desejo muito favorecelos, asy pelo negocio a que vaÕ, como pela recomendação que delles me fes EIRei Christianis- simo. Temse offereçido alguns inconvenientes, que até agora impedirão tomarse rezoluçaõ no seu negocio. Folgarei muito que as conveniências do Reino permitaõ deixálos passar ao de Congo, e do que nisto se rezolver vos mandarei fazer avizo. //
Escrita em Lisboa, a 1 7 de Setembro de 1 6^4.
ATT — Ms. 1017, págs. 145-146. — Cofr, doe. n.° 27, p. 108.
163
50
CARTA DO SECRETÁRIO DO CONSELHO DE ÍNDIAS AOS SUPERIORES CAPUCHINHOS DE CASTELA
(26-9-1644)
SUMÁRIO — Pede informação sobre a pretensão de Frei Francisco de Pamplona e outros missionários Capuchinhos, de passa- rem ao Japão, caso não pudessem entrar no Congo.
Fray Francisco de Pamplona en nombre He los missionários de Congo, ha dado vn memorial en el consejo de Camara de índias en que rehere hauia llegado a su notiçia que algunos olandeses y ingleses hauian introduçido y sembrado la eregia en aquel Reyno de Congo, y porque seria posible que sabiendo que los dichos Religiosos yban a instruirlos y dilatar el Santo Euangelio, no los dejasen desenvarcar, supplican a Su Ma- jestad que para en este caso se sirua de darles liçençia para que puedan desde alli pasar al Japon, o alas Filipinas, en cum- plimiento dei mandato de Su Santidad. / /
Y por que el consejo quiere saber quantos Religiosos son estos, y si el intento que lleuan es el referido, y que conue- niençias o inconuenientes podran resultar de darles la dicha liçençia, y de que naçion son, ha acordado que de su parte diga a V. P. R.a (como lo hago) se sirua de informar lo que sobre esto se le ofreçe, juntamente con su parecer, para que visto se prouea lo que conuenga. Guarde Dios a V- P. R.a como deseo.
Madrid, a 26 de Septembre 1645.
a) D. Gabriel de Ocaíía y Alarcon BNM — Ms. 38x8, fls. 57-57 v. — Cfr. doe. n.° 51, p. 165.
164
51
CARTA DO PROVINCIAL DE CASTELA AO CONSELHO REAL DAS ÍNDIAS
(1-10-1644)
SUMÁRIO — Dá o seu parecer sobre a conveniência ou inconveniência da missão dos Capuchinhos às Filipinas e Japão — Difi- culdades insuperáveis quanto à missão do Congo.
Muy Poderoso Senor
El Secretario Don Gabriel de Alarcon me ha dado auiso de como V. A. me manda le informe dei numero de los Reli- giosos que por orden de su Santidad y sacra Congregacion de Propaganda Fide van a la mission dei Reyno de Congo» dei intento que lleban, de que naçion son y que conueniençias o inconueniençias podran resultar de darles liçençia para yr ai Japon o Philipinas, dando juntamente mi parecer. Y así en cumplimiento de la orden de V. A. responderé a cada punto, por orden, como se me ordena.
El numero de los que van es de doze Religiosos, de los quales vno es Castellano, otro Andaluz, otro Nauarro, otro Sardo, otros tres hay de la Corona de Aragon, y todos los de- más son Ytalianos. Y el Prefecto desta mission lo es y se llama Fray Buenauentura de Alessano.
El intento destos Religiosos es sanctissimo y de mucha edihcaçion y prouecho de las almas, porque es de predicar el Sancto Euangeho a los infieles y de instruirlos en nuestra Sancta Fee y de propagaria, si pudiesen, en todas aquellas re- giones. Y los Religiosos dellos que por acá conoçemos son hom- bres de aprobada vida y sanctas costumbres. y estos y todos los
,6$
demás Missionários están aprobados de sus Prelados para este intento, y como tales propuestos a la Sacra Congregacion de Propaganda Fide-
En quanto a las conueniençias o desconueniençias que en la yda de los Religiosos puede auer, se puede hazer consideraçion de dos viajes diferentes: o dei que lleban por orden de su Santidad para el Reyno de Congo, o dei que pretenden llebar con hçencia de V. A. para las Philipinas o Japon. En quanto al pnmero, aun- que el fin como he dicho, y el intento es sanctissimo, los mé- dios son dificultosissimos y casi imposibles, así por parte de la nauegaçion como dei termino. Por parte de la nauegaçion porque segun la relaçion que hasta aora tenemos, es con vn mal nabichuelo de çiento y çinquenta toneladas, para vn viaje tan largo y yendo expuestos a ser cautibos, presos o muertos de moros y hereges, particularmente Olendeses y de Françeses, o de outros qualesquier enemigos desta Corona, y lo que más es las funas dei mar Oçeano con vna tan flaca defensa como es la dei nabio que lleban. Cosas todas que pareçieran empren- didas con desesperaçion y aborreçimiento de la vida, si no su- piéramos el sancto zelo que les muebe. / /
Por parte dei termino, porque van a vn Reyno de infieles ya instruídos enl a heregía por los Olandeses y ensenados por los ministros hereges a aborreçer a los catholicos y a la doctrina Catholica, como sumamente perniciosa para las republicas y para las almas, y con esta consideraçion y horror han quemado las vestiduras saçerdotales que tenian y los misales y lanzado de si los saçerdotes catholicos que les auian empezado a enseííar nuestra Sancta Fee, y por el mismo caso no pareçe que daran lugar a que entren los dichos Religiosos en sus tierras, porque si han echado los saçerdotes catholicos que tenian. como admi- tiran los que bienen de nuebo, y más estando oy (como se dize) poseyda de los Olandeses Angola, que era el puerto adonde podian desenbarcar en el Congo [ ? ] .
166
En quanto al segundo viaje que pretenden hazer con liçen- çia de V. A., que es yr a las Phihpinas o Japon, suponiendo tambien que quieren hazer [lo] en cumplimiento dei orden y comission de su Santidad, como sin duda, con el gran zelo y feruor que les muebe lo piensan, no solo no es con orden suya m de la Sacra Congregaçion de Propaganda Fide, pero es total- mente contrario a la intençion de su Santidad, y de la misma Sacra Congregaçion, que precisamente les da authondad para yr al Reyno dei Congo y no para yr a otra parte, en caso que alli no sean admitidos, ni nuestro Padre General les da obe- diência más que para que yr ( sic ) al dicho Congo, y otras facultades y graçias que les conçede su Santidad en orden a la misma mission, tambien estan coartadas y reduzidas solamente al dicho Reyno dei Congo, como lo podrá ver V. A. por ese traslado autentico que le remito dei Buleto (*) en que se le da la Comission al P. Fr. Buenaventura de Alessano, Prefeto de la dicha mission, como dei de la obediência que le dió N. P. General. Y por el Buleto podrá veer V. A. que solo se les dió comission y liçençia a tres Companeros y despues con nuebas y repetidas diligencias y instançias han sacado liçençia para que se estiendan a doze.
De todo lo qual se colige que si los dichos Padres desta mission miraran bien en ello, conoçieran no pueden en manera alguna pasar a las Philipinas ni al Japon, porque no tienen authondad ni de su Santidad ni de los Prelados de la Orden para yr allá, y si tienen alguna facultad, la tienen muy guar- dada, porque asta aora no la han manifestado, y no siendo cosa guiada por la obediência y authondad de los Superiores, en el Religioso no pareçe que puede ser azertada, por muy buena que parezca.
Del ser tan dificultoso y casi imposible el conseguir el ín-
(*) Cfr. doe. de 25 de Junho de 1640, em Monumenta, VIII.
167,
tento de la mission dei Congo, se puede temer con gran funda- mento que lleban estos Padres intençion, a lo menos secundaria, no solo de tomar puerto, como dizen en la liçençia que piden a su Magestad, sino de fundar en las Philipinas, en donde les pareçe que han de conseguir su intento, ensenando la doctrina catholica a los índias q exerçitandose en administrar los Sacra- mentos a aquella gente, y si se les offreciere ocassion pasar al Japon a conuertir aquellos infieles; pero este intento y resolu- çion jamás la ha aprobado ni aprobará la Religion, que aunque ha fundado conuentos en todas las partes de Europa, siempre ha resuelto de apartarse de fundar en las índias, porque en ellas es muy difficultoso y casi imposible el guardar nuestra Regia Seraphica y nuestro Instituto, porque los lugares estan distan- tíssimos, y así es fuerça yr a caballo y lebar gran prouision para el camino y dineros para compraria en faltandoles, que lo vno y lo otro es contra nuestra Regia y profession, y de la misma manera es forzoso el relaxar muchas de las obseruançias y obri- gaçiones de la dicha Regia en otras diferentes matérias. / / Y aunque es verdad que los que se hallan allá o [h]an ydo con orden de sus Prelados, pueden con buena conçiençia pasar por estas cosas, por la forzosa necessidad que ay de ellas y liçençia que les da el mismo derecho natural; pero nuestra Religion ha tenido y tine siempre por más seguro, pudiendolo euitar, el no ponerse en ocasiones de la misma necessidad ni obhgaçion de hauerse de valer de la dispensaçion y liçençia que da el dere- cho natural. Y así la Religion no halla conueniençia ninguna en la yda destos Padres a las Philipinas y Japon por parte suya; y por parte de su Magestad reconoçe que quando conuiniera el fundar en ellas, fuera tambien fuerza el orden que su Magestad tiene dado de que no pasen a aquellas Prouinçias Religiosos estrangeros, sino Espanoles; y siendo el P. Prefectto de aquella mision y los prinçipales delia Ytalianos, conoçe que no fueran a propósito para fundar en las dichas Prouinçias. Las quales por hauer tantas tantas Religiones en ellas, antes se sienten agraua-
168
das con la muchedumbre de Religiosos, que neçessitados de que vayan otros nuebos a ellas. / /
Y si estos Religiosos quedasen frustrados dei intento que lleban y de executar las ordenes de su Santidad, mexor será que se buelban a sus Prouinçias, adonde los más de ellos se aprouecharan a si y a los fieles con vida y doctnna, o con sanctas ocupaçiones seruiran a nuestro Senor. que no que anden en otras Prouinçias estranas, en donde no pueden aprouechar a nadie o solo a poços. //
Jten porque los tales Religiosos non son a propósito para ensenar a los índios en Philipinas ni a los dei Japon, porque no saben la lengua destas naçiones, y quando la supieran, mexor conoçen los índios los Religiosos de otras Religiones que estan alia y el modo que hande tener en doctnnarlos, porque saben sus costumbres y estan exerçitados en ello. Y los Capuchinos que llegaren de nuebo ignoran todas estas cosas, porque les falta la expenençia. / /
Ansi mismo la yda de los dichos Padres a las Philipinas hade ocasionar muchos pleytos con las demás Religiones que estan hallá, que tienen expenençia, que los Religiosos que ay en aquellas Prouinçias no solo son vastantes, sino que la mu- chedumbre dellos antes dana que aprouecha, es fuerza que resis- tan fuertemente a la entrada destos Religiosos y que de ay se sigan los dichos pleytos, oposiçiones y contradicçiones, de que de ordinário resultan muchos inconuenientes, y más entre Religiosos-
Por todo lo qual me pareçe que, siguiendo los dichos Reli- giosos missionários el orden de su Santidad y tratando de yr ai Reyno dei Congo a predicar y ensenar nuestra Sancta Fee. sin tomar otros médios fuera deste intento, como es de yr a las Philipinas o Japon, que será bien que V. A. les haga merçed de darles todo fauor y ayuda para cumplir la obediência de su Santidad. fomentando tan sancta obra y intentos con todos los médios y fauores posibles, para que aquellos infieles vengan
169
a la luz d nuestra Sancta Fee y obediência dei Santo Evangelio, y no se pierdan tantas almas redimidas con la sangre de Chnsto. Y aunque es verdad que es dificultosissima la empresa por la dificultad grande de los médios, pero se debe confiar de nuestro Senor, que pues el la mando emprender por médio de su Vicario y con fin tan alto y tan de su seruiçio y gloria, ayudará y fomentará tan sanctos intentos, facilitando los médios que aora pareçen tan difiçiles, y aun haziendo milagros, si fuere menes- ter para ello, como ha acostumbrado su Magestad hazerlo siem- pre que de nuebo se ha plantado la fee en algunas Prouinçias y Rey nos.
Pero en orden al yr a las Phihpinas o Japon, aunque sea con titulo de tomarlo por médio de yr al Congo, me pareçe que no conuiene que V. A. les dé liçençia, porque será ponerles en ocasion de afloxar en la empresa que con orden de su San- tidad han acometido y que es tan dei seruiçio y gloria de Dios y prouecho de las almas. Porque si van antes a las Phihpinas que al Congo, pareçiendoles que alli podran hazer algun por- uecho (2). viendo las grandes dificultades de la jornada dei Congo y auiendolas ya empezado a experimentar en tan larga nauegaçion como ay desde aqui a las Phihpinas, no se hande poder conortar (3) en pasar adelante; y si van despues de yr al Congo, o tienen liçençia de V. A. para yr a las Phihpinas si no tienen entrada en el Congo, con esta esperança a las primeras dificultades que se hallaren en la entrada o en la prosecuçion de tan árdua empresa, la hande dexar y venir a las Phihpinas. //
(2) O autor da carta parece-nos ter saído do âmbito da consulta, pois os Frades da sua Ordem só pretendiam encaminhar.se para as Fili- pinas ou para o Japão, no caso de falhar a missão do Congo. O tomar o rumo das Filipinas ou do Japão como rota para o Congo, denota um conhecimento menos que primário da Geografia.
(3) Assim se lê no original. Talvez seja lapsus calami por concertar (acordar, ajustar).
IJO
Y así para que se consiga tan gran intento, es neçessano que vayan desesperados de boluer atrás, pues se han offreçido al sumo Pontífice y a la Rehgion de proseguirlo asta derramar la sangre y perder la vida, como se lo manda el mismo Papa en la Bula que remitió a V. A. (4). Y asi por esto como porque no se puede esperar ningun buen efecto de jornada hecha por los Religiosos sin el orden y mento de la Sancta Obediência, y por los demás inconuenientes que arriba he representado a V- A., me pareçe que no conuiene darles la liçençia que piden para yr al Japon o Phihpinas, remitiendome en todo al mexor juizio de V. A., que con el gran zelo que tiene dei seruiçio de nuestro Senor y dei de su Magestad, resoluerá en todo lo que más conuenga. / /
Deste Convento de S. Antonio, a pnmero de octubre de 1644.
[Em outra letra]: Zertificamos los infra escritos, Prouinçial V Diffinidores, que este es vn traslado fiel sacado de la respuesta que el P. Prouinçial dio al Consejo Real de las índias en el caso que por el mismo papel consta que preguntó, con acuerdo y parezer de los P.es Diffinidores. Y para que dello conste, lo firmamos de nuestros nombres, oy a diez y siete de octubre de mil y seiscientos y quarenta y quatro.
aa) Fr. Xpoal de Morentin, M.° Pr.al Fr. Joan de Ocana, Diff.or Fr. Leandro de Murcia, Diff.r Fr. Buen.ra de T.do [Toledo], Diff.or Fr. Alesandro de V.a [Valencia], D.or
BNM — Ms. 3.818, £ls. 56-59 v.
(4) Desconhecemos este importante documento. No Breve enviado ao Rei do Congo, de 19 de Março de 1621, Gregório XV explicitava já a mesma ideia. Cfr. Monumenta, VI, pág. 574.
'7*
52
CARTA DO DEFINITÓRIO DA ANDALUZIA À PROPAGANDA FIDE
(24-10-1644)
SUMÁRIO — São nomeados os capuchinhos que constituíram a missão do Congo — Faculdades especiais para o Provincial da Andaluzia — Poderia receber padres de outras Províncias.
Eminentíssimos Senores
Esta Prouinçia de Capuchinos de Andaluçia se halla muy reconoçida ala honrra grande que V.8 Eminençias le an hecho de admitir sus buenos deseos, y senaladole Mission in Regnum N e gritar um; y haçiendo la estimaçion que deue nos auemos juntado en diffinitono el Prouinçial y diffinidores y admitimos la dicha Mission rindiendo a V s Eminençias infinitas graçias por tan gran beneficio y fauor; y en cumplimiento dei decreto de essa Sacra Congregaçion auemos nombrado doçe Religiosos de vida aprobada, que presentamos aios pies de V.s Eminençias, con otros muchos que lo desean desta Prouinçia: y damos cuenta al Senor Nunçio de Espana ('), para que con su partiçipaçion
(') Mons. Giulio Rospigliosi, natural de Pistoia, doutorado cm direito e filosofia na universidade de Pisa, secretário do Cardeal Barbc- rini, cónego da Basílica Liberiana, secretário dos Breves aos Príncipes, arcebispo timlar de Tarso em 1644, foi nomeado Núncio em Espanha em 17 de Julho de 1644, cargo que ocupou até 1653. Foi depois Go- vernador de Roma, criado cardeal em 9 de Abril de 1657, Secretário de Estado de Alexandre VII, eleito Papa com o nome de Clemente IX em 20 de Junho de 1667 c coroado em 27. Faleceu em 9 de Dezembro de 1669. — Cfr. H. Biaudet, Obr. cit., p. 282.
IJ2
y amparo merezcamos que V.8 Eminençias sean seruidos de admitidos, y enuiar los despachos y facultades, como lo manda el decreto de V.s Eminências. / /
Los Religiosos nombrados son los siguientes: El P. Fr. Ma- nuel de Granada, Predicador y Guardian de Cabra, que a sido dos veçes difnidor, y es Religioso de mucha virtud, y buena edad. por Prefecto. Missionários: El P. Fr. Antonio de Gimena, Predicador. El P. Fr. Françisco de Araualle, Predicador, que a sido Guardian. El P. Fr- Francisco de Iznajar, Predicador y Guardian de Cordoua. El P. Fr. Sebastian de Sancta Fe, Predi- cador. El P. Fr. Diego de Guadalcanal, Predicador. El P. Fr. Juan de Seuilla. El P. Fr. Luis de Priego- El P. Fr. Joseph de Lisboa. El P. Fr. Juan de Vergara, todos Saçerdotes. El Her- mano Fr. Miguel de Granada, lego. El Hermano Fr. Blas de Hardales, lego, todos muy buenos y verdaderos hijos de nuestro P. S. Francisco.
Y por si alguno muriere, o se hallare impedido dela embar- caçion, supplicamos humildemente a V.s Eminençias se siruan de darmnos facultad para poder subrrogar otro, porque vaya el numero de doçe cumplido; y assi mesmo que si no se pudiere penetrar el dicho Reyno, haçiendo todalas diligencias posibles, por el impedimento de Olandeses, e Portugueses, que tienen los puertos ocupados, se puedan conduçir los dichos Religiosos Missionários a otra parte delas índias onentales, y ocidentales; y que pues el Prouinçial desta Prouinçia ade acudir con todo lo neçessano a esta dicha Mission y ade ayudar y seruir, tenga en ella supenntendençia; tambien que si algunos Religiosos destas Prouinçias de Espana desearen ir a esta Mission, los pueda admi- tir el Prouinçial de Andaluçia y presentarlos ala Sacra Congre- gaçion para alcançar los despachos, lo qual se ade entender siem- pre que ayan de ir Religiosos-
Esto a pareçido conueniente representar a V.8 Eminençias para la buena expediçion desta Sancta Mission con que nos ha honrrado y fauoreçido essa Sacra Congregaçion, que nuestro
*73
Senor prospere muy largos anos para bien y augmento de su Sancta Fe Cahtolica. / /
Seuilla y octubre 24 (2) de 1644.
De V. Eminências
Humildes Capellanes y Sieruos
aa ) Fr. Gaspar de Seuilla, Min.0 Proal. de Andaluzia
Fr. Jgnacio de Granada, diff.or
Fr. Joseph de Antequera, deff.or
Fr. Leandro de Antequera, diffinidor
Fr. Siluestre de Alicante, dif.or
APF — SRCG, vol. 108, fls. 76-76 v.
(-) O P.B Melchior de Pobladura cita este documento no seu estudo Algunos aspectos dei movimiento misionero de las provindas capuchinas espanolas en su fase inicial ( 1618-1650 ), separata de «Collec- tanea Franciscana», tom. XX (1950), fase. 1-2, p. (71) 23, com a data errada de 4 de Outubro, nota (2), embora na página precedente dê a data de 24 de Outubro, que deve considerar-se a verdadeira.
1 74
53
CARTA DO DEFINITÓRIO DA ANDALUZIA AO NÚNCIO EM MADRID
(25-10-1644)
SUMÁRIO — Comunica a criação e aceitação da missão in Regnum Negntarum — Indica os Religiosos nomeados — Pede o patrocínio de Sua Ilustríssima para os Missionários.
Illustrissimo Seííor
En cumphmiento dei decreto de Ia Sacra Congregaaon de Propaganda Fide y ordenes de V- S. Illustrissima, nos jun- tamos en diffinitorio el Prouinçial y diffinidores desta prouinçia de frades menores Capuchinos de Andaluçia, en este convento de Sivilla, a 20 deste mes de octubre y con gran estimazion admitimos la santa mision in Regnum Negritarum, que la Sacra Congregacion a hecho merced y honrra de dar a esta Prouinçia y nos hallamos enrnquezidos y fauoreçidos con tan singular venehçio y damos a nuestro Seííor infinitas grazias y para la deuida execuzion hiçimos eleçion de doçe sugetos entre muchos que lo an pedido, que son los seguientes: / /
El P. Fr. Manuel de Granada, predicador y guardian dei convento de Cabra, que a sido dos veçes difinidor y es religioso de mucha birtud y buena edad, por Prefecto. Missionários: El P. Fr. Antonio de Guimena, Predicador y Guardian de Mo- tril: El P. Fr. Francisco de Araualle, Predicador y a sido Guar- dian. El P. Fr. Francisco de Iznajar, Predicador y Guardian de Cordoua. El P. Fr- Seuastian de Santa Fee, Predicador. El P. Fr. Diego de Guadal Canal, Predicador. El P. Fr. Juan de Snu-
'75
11a. El P. Fr. Luis de Priego. El P. [Fr.] Joseph de Lisboa. El P. Fr- Juan de Bergara, todos sacerdotes. El Hermano Fr. Mi- guel de Granada, lego. El Hermano Frai Blas de Ardales, lego, todos muy buenos religiosos y mui hijos de nuestro P. S. Fran- cisco, de mucho feruor y espintu, como se requiere para el de- senpeno desta gran obligazion.
Suplicamos a V. S. Illustrisima sea seruido de presentarlos a la sacra Congregaçion, amparandolos con su proteccion, para que sean admitidos y fauoreçidos con los fauores y facultades y licencias nezesarias.
Tambien supplicamos a V. S. Illustnssima nos dé facultad para imbiar dos Religiosos a tratar los negozios de esta mission a esa corte, en el tribunal de V. S. Illustnssima y Consejos de Su Magestad, quando sea nezesario y que en todo fauoresca y am- pare esta caussa, por ser tan dei seruiçio de nuestro Seííor y de su santa Yglesia. / /
Su Magestad guarde a V. S. Illustnssima largos anos, como sus Capellanes deseamos. / /
Deste Convento de Capuchinos de Seuilla, 25 de octubre de 1644 anos.
De V. S. Illustrisima Capellanes y Seruidores
aa) Fr. Gaspar de Seuilla, Min.0 Proal Fr. Jgnacio de Granada, diffinidor Fr. Joseph de Antequera, diffinidor Fr. Leandro de Antequera, diffinidor Fr. Siluestre de Alicante, diffinidor
APF — SRCG, vol. 123, fls. 130-130 v. — Cfr. doe. n.° 52.
iy6
54
CARTA DE FREI BOAVENTURA DE ALESSANO A PROPAGANDA FIDE
(25-10-1644)
SUMÁRIO — Recomenda a missão do Congo ao Secretário da Propa- ganda — Largada para a missão — Dificuldades no hori- zonte — Faculdades a dar aos Capuchinhos espanhóis.
IU.mo e R.mo Signor
Li giorni passati scrissi à V. S. Ill.ma delia riceuuta delli Decreti per li Compagni Missionanj, e di poter andare ín altra parte, dato che al Congo no si potrebbe andare, ò esser nceuuti, come tutti dicono, dei che noi no lasciaremo di usar tutte le diligenze per poterci andare, e già per gratia dei Signore stà qui ín Seuiglia íl naudio e capitano che ci deue condurre al Congo, cõ hauer fatto 1'accordo per condurcici; no resta altro per far il uiagio per detto Congo il dar carena al naudio, et alcune mercantie dei capitano, che se fanno qui, quanto piu presto, per menarle in quei paesi; siche giudichiamo che la nos- tra partenza sara circa la metà dei mese che etra. / /
Ringratio poi tanto V. S. Ill.ma dei dispaccio fatto à questa Prouintia circa la Missione dei Regno dei Negriti, e già si è determinato da Padri di questa Prouintia, e 1'hanno accettata cõ grandíssimo feruore, e mandono carta à V. S. Ill.ma et alia Sacra Congregatione delia denominatione, e dei Prefetto e Mis- sionari) compagni; il medesimo hanno scntto aH'Ill.mo Signor Nuntio à Madrid, e restano molto obligati al fauore fatto à questa Prouintia delia Missione concessali, e credami V. S. Ill.ma
12
77
che sara, piacendo al Signore, di molto profitto, et utile alia Chiesa dl Dio. / /
Scrissi li giorni passati ancora à V. S. Ill.ma per relatione di huomim che nõ sapeuano onde staua questo Regno Nigritta- rum, che stando detto Regno all'Indie onentali, e fuora delia communicacione dei Dominio di Spagna, che l'era impossibile à detta Prouintia poterui andare, che però li facesse assegnare la Missione nella Nuoua Spagna alFAmazone. Regno molto uasto, e da farui grandíssimo frutto; ma dopo meglio informato, e che stà uicino, e di nauigatione di 15 giorni, n'hò hauuto un conteto grandíssimo, come anco 1'istessi Padn, e à tutta questa Prouintia, e restano obligatissimi à V. S. Ill.ma di tanto fauore; nõ resta altro che dicono tutti che sarà piu difficultoso il pene- trarui à detto Regno, per li Olandesi e Portughesi, che per niun modo li lasciarano entrare, essendo occupati tutti quei Porti dalli sopradetti; nõ per questo i Padn lasciaranno d'usar tutti quei mezzi possibili per poterui entrare, e fundare detta Mis- sione, stando molto inferuorizzati all acquisto di quelle pouere anime: ma stante le grandissime difficoltà di poterui penetrare, e dato per impossibile, che nõ ui possino entrare, nõ per questo eglino desistiranno di nõ usar tutte le diligêze possibili per poter effectuar tal Missione; pregano V. S. Ill-ma e la Sacra Congre- gatione, che li dilati la facoltà, che caso nõ possino entrare nel Regno de Negritti, possino andare all'Indie, e fondare la Mis- sione, che li tornará commodo. V- S. Ill.ma faceia questa dila- tatione, perche sarà di grandíssima utilità alia Chiesa, com'hò detto, per esser 1 sogetti che uanno, et per 1'auuenire, che anda- ranno, molto idonei per tal'effetto. / /
Prego V. S. Ill.ma che il Dispaccio sia il piu presto che si può, et conceder tutte quelle petitioni che domandano questi Padri nella lettera che le scriuono, giudicando esser honeste, e concedibili, che le ne restatò obligatissimo, oltre il seruitio che si fará à Dio. Non m'ocorre altro, che farle humilissima riuerenza,
iy8
con pregarle dal Signore esaltatione ín questo mondo, e nell'altro. / /
Seuiglia, 25 Ottobre 1644.
Di V. S. ffl."" e R.mi
Humilissimo Senão nel Signore
Fra Buonauentura de Alessano, Capuchino, e Prefetto delia Missione dei Congo
APF — SRCG, vol. 108, fls. 143-143 v.
1 79
55
CARTA DO DEFINITÓRIO DA ANDALUZIA À PROPAGANDA FIDE
(25-10-1644)
SUMÁRIO — Agradece ter-lhe confiado a Missão dos Negritas — Pede quatro privilégios — Que os Capuchinhos das outras Pro- víncias sejam aceites pelo Provincial da Andaluzia.
Illustnssimo Senor
Con toda estimaçion al fauor grande que la Sacra Congre- gaçion a echo a esta Prouinçia de Andaluçia, de expedir decreto tan en fauor de nuesta humilde petiçion, auemos juntado el dif- finitorio en este conuento de Seuilla y admitimos la Mission ín num Nigritarum con singular Consuelo espiritual, dando a nuestro Senor infinitas graçias, y a V. S.a Illustrissima, por cuia mano auemos alcançado tan singular beneficio, fiando de Su diuina Magestad que ade resultar gran seruiçio suyo y de Su Sancta Iglesia y por partiçipaçion ade tener V. S.a Illustrissima muchos y muy gloriosos grados de gloria. / /
A la Sacra Congregaçion escnuimos la carta que va con esta y presentamos los Religiosos nombrados; a parecido no alar- gar el numero por imitar en todo la Santa Mission dei Congo, que otros muchos Io desean, y supplicamos quatro cosas que Sus Eminençias se siruan concedemos: / /
La pnmera que se pueda subrrogar en otro o en otros, en casso que sobreuenga algun accidente de achaque, o muerte, de quai ala embarcaçion, porque vaia el numero de doçe cum- plido. La segunda, que no pudiendo penetrar los puertos de
180
dicho Reyno, por estar ocupados con Olandeses y Portugueses, pueda conduçirse la Mission a otro lugar, o Reyno delas índias onentales y ocçidentales. La terçera, que tenga superintendência el Prouincial desta Prouinçia en la dicha Mission, pues la ade ayudar y socorrer, y seruir, dela manera que esto se suele con- ceder. La quarta, que se algunos Religiosos destas Prouinçias de Espana desearen ir a esta Mission los pueda admitir el Pro- uincial desta Prouinçia, y presentarlos ala Sacra Congregaçion para alcançar los despachos. Lo qual se ade entender siempre que aya de ir Religiosos. / /
Y a V. S.& I Ilustríssima supplicamos nos enuie los demas despachos y facultades ordinários, que comendo por mano de V- S.a Illustrissima, a quien siempre reconoçemos por Seííor nuestro, confiamos que todo tendrá buen sucesso, por la mucha piedad y çelo sancto de V. S.a Illustrissima, que Nuestro Senor guarde muchos anos para augmento de Su Sancta Iglesia- / /
Desta Prouinçia de Capuchinos de Andaluçia, y Seuilla, 25 de octubre de 1 644.
De V. S.a Illustrissima
Sieruos y Capellanes
aa ) Fr. Gaspar de Seuilla, Min.0 Proãl. Fr. Jgnacio de Granada, diffí.or Fr- Joseph de Antiquera, diff.or Fr. Leandro de Antequera, diffinidor Fr. Siluestre de Alicante, dif£.or
APF — SRCG, vol. 108, fls. 142.
181
56
CARTA DE FREI BOAVENTURA DE TAGGIA A EL-REI DE PORTUGAL
(29-10-1644)
SUMÁRIO — Apresenta a D. João IV motivos de ordem política e mo- ral para que el-Rei dê passaporte aos Capuchinhos para irem missionar nas conquistas de Portugal — Estado religioso do Congo e necessidade extrema de missionários.
Sinhor
Prostrados aos pees de Vosa Real Magestade, os quatro Capuchinhos mandados por Sua Santidade á missam dei Reyno dei Congo, e incomendados dal Rey Christianissimo, lhe pedem pello zello que tem da Santa Fee Cahtohca, e Reuerencia que há mostrado á Igreja Romana, se sirua (*) mandarlhe[s] dar passo liure pera poderem ir por suas Conquistas á missam Apos- tólica daquelle pobre Regno, já atropelado dos pees de monstros Caluenistas, com manifesto perigo de corrupsam e perda; tra- tandose da tottal condenaçam de infinitas almas, tanto preciosas á uísta de Deos e jactura de um Reyno inteiro, que quando tiuesse effeito (o que Deos naõ permitta) seria couza digna de lagrimas e de sentimento de toda a Republica Christam, e culpa irreparauel de quem naõ procurasse impedir tam grande mal spintual das almas, e pera mais claresa deste negoseo se apontaõ as seguintes rezões politicas e de consicnsia.
(*) No original: scrua.
182
RESÕIS POLITICAS
i .° — Nam hé resam ter sospeita em modo algum de falta ou outro incuberto engano destes Religiosos, mandados por Sua Santidade, com Suas Patentes e Decretos Apostólicos, tanto encomédados dal Rey Christianissimo a Vosa Magestade, para as missões Apostólicas, sem graue iniuria de Sua Santidade, e de Sua Magestade Christianissima, nos quais também se não deue considerar falta ou sospeita (cousa muito longe da santa mente de V. Magestade).
2.0 — Estes Padres Capuchinhos seram (2) indubitauel- mente de grandíssimo proueito a este Reyno de Portugal (a quem Deos guarde e asista sempre) attento que pedidos com grande instansia daquelle Rey de Congo, os receberam com grande gosto, e confiansa. E quem poderá com mais audasia persuadir a el Rey de Congo que se aparte dos olandezes (de quem poderiam nascer a este Reyno grandes danos) senaõ estes Padres, aos quaes per intrínseca obrigasaõ de sua Missam, e Comissam Apostólica, incumbe trabalhar atee suar, e suar atee de[r]ramar sangue, do que com seguransa se pode collegir o certo e seguro proueito que pode uir a este Estado.
RESÕIS DE CONSIENSIA
Naõ se deue comportar, nem se aiusta com a consiensia, que se impida o passo aos Missionários Apostólicos que sam inuiados per Sua Santidade (em primeiro lugar áquelles do no de Congo) para apagar o incêndio nouamente leuan- tado da heresia Caluenista (3) ; a resaõ hé que resultaria grandís- sima perda da Fee Católica e tnbullasaõ grandíssima da Repu-
(2) No original: saram.
(3) No original: heregia Caluenista.
83
blica Christam, tratandose do perigo e perda de hum Reyno inteiro, e parese msto que aduirta Vossa Magestade que aquelle Reyno, alumiado por Deos, e com a obra e zello dos Sereníssi- mos Senhores Reis de Portugal, e conuertido á Santa Fee Catho- lica, com tantos sinais e prodígios çelestes (cousa para chorar) e por falta de obreiros, nelle se alse o estandarte (4) e bandeira enimiga contra a Igreja Apostólica, Catholica, Romana.
Do que pode nascer grande perigo e hé cousa mui proua- uel (5) que tal incêndio de heresia, o qual ( sicut ignis et câncer ser p et ) naõ uenha em qualquer tempo a infestar as consiensias dos Pouos de Suas Conquistas, maiormente uendose os dous cazos que sahiraõ a publico no auto da fee que ultimamente se fez (G) dos dous hereies Caluenistas, cá mais uístos nem ouuidos, sendo certos que os erros de herezia trazem comsigo certa força (7) diabólica pera peruerter ainda aos mais deuotos da (8) Igreja (quando nos naõ asistise (9) o Diurno poder, quia qui tangit picem inquinabitur ab ea)- //
Que aflisam de consiensia e bicho ímmortal roeria sempre aquelle Príncipe (10) e aquelle pnuado que impedise nos maio- res perigos da fee a medicina deuida, e remédio necessário com que a fee apostólica prouê com tanto zello, e uendose des- pois (") pello discurso de tempo (o que Deos naõ permitta) que leuanta Caluino com seus ministros falsos bandeira de erro- res nos muros da Jgreja Romana e rouba hum Reyno de Chnsto, com a condenasaÕ detantas almas que oie há nelle, e ao diante
(4) No original: estcndartc. (s) No original: prouauil. (°) No original: fes.
(7) No original: forza.
(8) No original: de.
(9) No original: asistese.
(10) No original: Prencipc. (") No original: dospois.
ouuer; que exemplos (12) das almas, e inquietasoés perpetuas da consiensia (alem dos diurnos castigos que justamente se poderão temer) .
He Faz (13) V. Sacra Magestade trazer ao rebanho da Igreja Catholica Romana o pouo idolatra antes ( quasi pisces capiuntur in rete ), mas infestado da heresia há mister annos e annos a reduzir hum soo, que seria (14) de tantos milhares de almas, que dano acarretaria (I5), o[u] que queixas (lC), que lamentasoés poderia sempre fazer toda a Republica Chnstam contra aquelles que naõ quisesem dar ajuda ás obras de Deos.
Hé certo, Sacra Magestade, que os Reynos uem de (17) Deos e do mesmo Senhor depende sua existência e conseruasam e que naõ podem durar as creaturas nem conseruarse os Poten- tados e Dominaçõis Diuinos sem reflexo de Deos bendito (18) e quando lhe falte necessariamente lhe faltará a conseruasam e ser. Portanto, Sacra Magestade, o uosso Regno entaõ será mais seguro e firme quando será dirigido a Deos e a suas cousas, entre as quais a fee hé a pnncipale.
Per cuia cauza V. Magestade reconhesa estasua feliz (19) aclamasaõ ser ímmediatamente de Deos a effeito de continuar na defensa da Santa Fee Catholica e conuersam das almas, como fizeram seus antepasados; proua clara seia que logo que V. Ma- gestade foi assumpto ao Gouerno deste Reyno mandou Sua San- tidade os nossos Padres Capuchinhos, Missionários Apostólicos, como recebedores do fruto da Sancta Fee, e portanto segundo a
(12) No original: esempolos.
(13) No original: fas.
(14) No original: saria.
(15) No original: queretariã.
(16) No original: quexias.
(17) No original: do.
(18) No original: benedito.
(19) No original: felice.
,*5
profecia (20) euangehca, mandados os primeiros, eis que manda logo outros, que somos nós, por cuiarezaõ com toda a sobmissam e instansia pedimos se abra a porta de se alcansar este fruto, para que naõ faltando a cultiuasaõ daquellas almas desempa- radas, naõ largue Deus sua mão da cultiuasaõ deste [s] seus pouos e se naõ siguam (21) piores successos que os primeiros.
Pello que pedimos a V. Magestade com todo o affecto de corasam, e pellas entranhas de Jesu Chnsto se lembre deste [s] pobres Missionários Apostólicos e que como Pimpolho Real (conseruado por Deos e descendente daquelles antigos Reis de Portugal tam zelladores e defensores da Santa Fee Catholica) fasa conheser em nossos tempos a toda a Christandade e a todo o mundo, ser uosa Magestade gérmen antiquce propaginis Re- gum, que como tal com toda [a] justisa humana e diuina foi restituído por Deos a seus Reynos para defensa da Igreia e pro- pagasaõ da fee, e extirpasam das heresias.
[Lisboa, 29 de Outubro de 1644].
[F. Bonauentura di Taggia, Capuccino et Vice Prefetto dei Congo]
APF — SRCG, vol. 123, fls. 42-44.
186
(20) No original: profcscia.
(21) No original: seguam.
57
MISSIONÁRIOS CAPUCHINHOS PARA O CONGO (5-1 1- 1644)
SUMÁRIO — São aceites vários missionários espanhóis para a missão do Congo — Deveriam entretanto esperar notícias da chegada a destino da missão já enviada e cartas do Padre Prefeito, nas quais pedisse reforço de pessoal.
Referente eodem Eminentíssimo D. Cardinali Albornotio litteras quinque Capuccinorum Hispanorum, instantiam ut adscriberentur inter Missionários ad Congum destinatos, uide- licet:
Fratris Francisci delia Salzadella,
Fr- Nicolai de S. Matheo, ín Valentia Hispaniae existen- tium.
Fratris Francisci de Cauen, in Pamplona.
Fratris Bonauenturae de Cardena, et
Fratris Joannis de Sancto Jago, Prouinciae Castellae.
Sacra Congregado dixit, monendos esse praedictos patres, ut expectarent ingressum et receptionem Praefecti praedictae Missionis, ac eius Sociorum, et litteras eiusdem Praefecti de necessitate augendi eamdem Missionem.
APF — Acta, vol. 16, fls. 165-165 v., n.° 15. — Sessão cardina- lícia de 5 de Novembro de 1644.
i8y
58
CARTA DO SECRETÁRIO DA PROPAGANDA AO NÚNCIO APOSTÓLICO EM MADRID
(12-11-1644)
SUMÁRIO — A Propaganda manda agradecer ao Rei de Espanha os prometidos auxílios e protecção da sua armada aos mis- sionários de partida para o Reino do Congo.
Riputando questa Sacra Congregatione de Propaganda Fide fatti à se stessa i fauon che la pietà singolare dei Re Cattolico s'è degnata prestare al Padre Bonauentura d'AIessano, Prefecto delia Missione de PP. Capucini nel Congo (1), con dare ordine al Duca di Najara (2), generale delia sua Armata nel Mare Oceano, di prouederlo esso e tutti li Compagni d'imbarco, mi hanno li Signon Cardinali delia medessima Sacra Congrega- tione ordinato d'ingiongere à V. S. che in nome dell'Eminenze loro, ne renda le piu affectuose gratie alia Maestà Sua. / /
Doura essa per tanto passare costi 1'ufficio di nngratia- mento, che si desidera, e dare qui auuiso dell'essecutione dell'ordine che se le dà, per mezzo delia presente, quando sarà da lei stato adempito, e per fine me le offero, e raccomando. / /
Roma, 1 2 Nouembre 1 644.
APF — Lettere Volgari, vol. 22, fls. 166 V.-167.
(J) A política levou o Rei de Espanha a mostrar-se zeloso nesta oportunidade, quando no tempo em que era soberano de Portugal tão pouca importância efectiva deu sempre ao provimento missionário. Certo é que, como os factos o provaram, os auxílios marítimos pro- metidos de nada aproveitaram à Missão.
(2) No original: Nazara.
188
NOTA — Na mesma data escrevia também Mons. Ingoli ao Padre Boaventura de Alessano, então em Sevilha, sobre o mesmo assunto, nos termos que seguem:
Si sono riferite in questa Sacra Congregatione di Propaganda Fide, le lettere di V. R. delli 18 febraro, dalle quali, e dalla copia aggiunta dellaltre scritte dal Re Cattolico al Signore Duca di Najara (2), essendosi intesi gl'ordini dati da S. Maestà al suo Generale d'Armata dei Mare Oceano à fauore delia Missione dei Congo, si è incarito à Monsignore Nuntio di Nostro Signor in Ispagna, di passare uffici di ringratiamenti particolari à nome de Signori Cardinali delia suddetta Sacra Congregatione con quella Corona. / /
Si rallegrano 1'Eminencie loro degl'aiuti che il Signore Jddio som- ministra à V. R. per facilitarli 1'essecutione dellopera chella hà intra- presa di pietà singolare, e confidano che faácando lei per la gloria di Sua Diuina Maestà, 1'hauerà altresi fauoreuole in ogni occorenza. Alie sue orationi per fine mi raccomando. / /
Roma, 12 Nouembre 1644.
APF — Lettere Volgari, vol. 22, fls. 167-167 v.
Antes de escrever ao Núncio e ao Padre Boaventura de Alessano a Propaganda Fide tratara do assunto, na sua sessão de 5 de Novem. bro do mesmo ano, nos termos seguintes:
Referente eodem Eminentíssimo D. Cardinali Albornotio litteras fratris Bonauenturae de Alessano, Capuccini, Praefecti Missionis Conghi, et simul litteras Régis Catholici ad Ducem Nazarae ( sic ), ut íllum et Sócios de necessanjs pro itinere ad Congum prouident. Sacra Congregatio iussit scribi Nuntio Hispaniarum, ut gratias agat eius Maiestati de mandatis datis dicto Duci Nazarae pro Missione Capucci- norum ad Congum.
APF — Acta, vol. 16, fls. 165V.-166, n.° 16.
189
59
CARTA DO NÚNCIO EM MADRID AO SECRETÁRIO DA PROPAGANDA
(13-11-1644)
SUMARIO — Sobre o pedido dos Capuchinhos respeitante à missão do do Congo, que lhes não podia despachar.
111.™ e Rev.mo Signor mio Osservandissimo
Da due PP. Cappuccini uengo richiesto à deputare uno di loro alia Missione dei Congo, inuece di uno, ch'essendo stato destinato à trasferinusi, suppongono, che non sia per andarui, come anche fanno istanza d'elegger 1'altro tra quelli che s'im- piegheranno nella Missione al Regno de Negriti, ond'io per non defraudare degl'Officij miej d pio desiderio loro, inuio à V. S- Ill.ma le lettere scnttemi sopra di ciò, non hauendo io fa- coltà, come essi stimano, d'ingenrmi ín tali dechiarationi. Attenderò ch'ella mi fauorisca di significarmi ciò che da cotesta Sacra Congregatione uerrà reputato espediente circa 1'istanze loro, e ricordando à V. S. Ill.ma la mia solita osseruanza, le bacio affetuosamente le mani. / /
Di Madrid, li 13 Nouembre 1644.
Di V. S. Ill.ma e Rev.ma alia quale soggiungo che li due sopradetti Padri che fanno 1'istanza con grandíssima caldezza, sono íl Padre F. Antonio de Teruel, Guardiano di Tortosa, e íl P. F. Luis de Teruel sua Fratello che stà in Valenza, desi- dcrando essi grandemente d'esser impiegati nella missione al
/90
Regno de Nigriti, quando non si possa in quella dei Congo- Le loro lettere sono state inuiate a V. S. Ill.ma con altre mie.
Devot."10 et Obl.mo Servitore
Giulio, Arciuescouo di Tarso
Monsig. Ingoli.
APF — SRCG, vol. io8, fl. 77. — Ibid, vol. 108, fl. 16.
i9i
60
CARTA DO PADRE ANTÓNIO DE TERUEL A PROPAGANDA FIDE
(13-11-1644)
SUMÁRIO — Pede instantemente ao Secretário da Propaganda licença e obediência para partir com um irmão seu para a missão do Congo — Que o Provincial lhe não dilate a partida.
Ill.mo y Reur.mo Senor
Ya veo que es cansar a V. 111."1" el escribirle tantas cartas, pero los hijos no podemos dexar de ínportunar aios Padres vna y muchas vezes hasta alcançar, si quiera por ruegos inportunos, lo que no se puede por falta de merecimientos- / /
Los dias passados escribí a V. S. Ill.raa suplicandole por las entrarias de Jesu Chnsto y por el amor de su bendita Madre, fuesse seruido de agregarme aios Missionários dei Congo, y también a vn hermano mio, sobre lo qual han escrito nuestro Prouincial dela Prouincia de Valencia v mi hermano a V. S. Ill.ma, y quando no fuesse possible en essa Mission, en la que ha concedido la Sacra Congregación aios Padres de Andaluzia. Lo mismo bueluo a suplicar agora, porque no se passe el tiempo. / /
Ya mi hermano me auisa ha escrito a V. S. Ill.ma tenga por bién, que alo menos vamos el vno en la vna Missión y el otro en la otra; no tenemos en tiempo tan apretado otro recurso, ni en quien poder confiar, sino en la piedad de V. Hl."**. Y sé, por auisos de los Padres de Andaluzia, que V- Ill.ma es quien lo ha de resoluer todo. Y assí por amor de nuestro Senor Jesu Christo nos conceda V. Ill.ma este fauor, pues nuestros intentos son enplearnos en la conuersion de aquellos infieles hasta der-
192
ramar la sangre y perder la vida si es menester. Con la qual quedaré con obligacion perpetua de tan grande beneficio. / /
Nuestro Senor guarde a V. Ill.ma muchos anos, como de- seo y se lo suplico. / /
De Tortosa y Nouiembre 1 3 , de 1 644.
De V. Ill.ma humilde hijo que sus pies veja.
Fr. Antonio de Teruel Guardian de los Capuchinos desta Ciudad
[Ã margem J: Ill.mo Senor- Suplico a V. Ill.ma, si nos haze tan grande fauor en embiarnos la obediência, que mande a nuestro Padre Prouincial no la detenga, sino que luego nos la dé, porque lleguemos a tiempo. Alfín todo lo dexo en manos de V. Ill.ma, de quien confio hemos de lograr esta dicha para gloria de nuestro Senor.
APF — SRCC, vol. 108, a 80.
13
*93
61
DECRETO RÉGIO A FREI BOAVENTURA DE TAGGIA (22-11-1644)
SUMÁRIO — El-Rei manda que a partida dos missionários Capuchi- nhos para o Congo se protele até que de Roma venha a confirmação de Bispo para a diocese — Entretanto manda dar assistência aos missionários.
Joam de Moraes, Presbytero, Notário e Secretario da Re- uerenda Camera Apostólica. Certefico, e faço fee que o Padre Frei Boa Ventura, Perfeito dos Padres Capuchinhos que pella Sagrada Congregação de Propaganda Fide saÕ mandados ao o de Congo, me aprezentou um Decreto de Sua Mages- tade (que Deos guarde) feito e assinado de mao própria do Doutor Pero Vieira da Silua, seu Secretario de Estado, que eu reconheço em forma, para effeito de o tresladar em forma au- thentica, do qual a copia de verbo ad verbum é a seguinte. / /
Sua Magestade que Deus guarde, tendo respeito a que a jornada de Vossa Paternidade ao Reyno de Congo, naõ será de effeito em quanto naquelle Reyno naõ ouuer Bispo, pellas razões que de sua parte se referirão a Vossa Paternidade. Ha Sua Magestade por bem, pello grande dezejo que tem da sal- uaçaõ das almas e de que se continuem as Chnstandades que à custa da fazenda desta Coroa, e do sangue dos vassallos delia se plantarão (') em partes taõ remotas, que Vossa Paternidade
(*) Vcrifica-se que a fórmula encontrada tão laboriosamente pela Missiologia moderna para exprimir com propriedade a finalidade específica da acção missionária da Igreja, era já corrente em Portugal, ate na linguagem oficial da Secretaria de Estado.
1 94
escolha neste Reyno habitação em que espere venha de Roma confirmação de Perlado, para com elle poderem Vossas Pa- ternidades passar áquellas partes, e para a jornada, quando haja de ser, e para a assistência em quanto aqui durar, mandará Sua Magestade prouer a Vossas Paternidades de todo o neces- sário, com a boa vontade que sempre acharão nelle quaesquer Missionários da Sancta See Apostólica. / /
Deos guarde a Vossa Paternidade muitos annos. // Do Paço, a vinte dous de Nouembro de mil seis centos quarenta e quatro. Secretario Pedro Vieira da Silva. Senhor Frei Boa Ventura. / /
E naõ diz mais o ditto Decreto, a que em todo e por todo me reporto. E por me ser pedida a prezente a passey, que vay por mim sobescritta, collacionada com o Notário infra scnpto, e corroborada de meus sinaes publico e razo, e o próprio original torney a entregar ao ditto Reuerendo Padre- E assinou aqui de como o tornou a leuar. / /
Em Lisboa, a vinte e quatro dias do mez de Nouembro de mil seis centos quarenta e quatro annos. Joam de Moraes o so- bescreui e assinei.
a) Joam de Moraes Collacionado comigo Notário Apostólico a ) Alexandre Lopez
( Lugar -f" do Selo )
APF — SRCG, vol. 123, fls. 60-60 v.
'95
62
CARTA DO COLECTOR APOSTÓLICO AO SECRETÁRIO DA PROPAGANDA
(23-11-1644)
SUMÁRIO — Os missionários estão com o negócio da partida em bom andamento — Que se resolva o negócio da provisão dos bispados, que está na base do problema missionário.
Signor e Padrone mio Osseruandissimo
Se bene il negotio delia missione dei Congo de Padri Ca- puccini che si trattengono tuttauia qui in mia Casa, hà patito molti incontri e difficoltà, doppochè ne scrisse a V. S. Ill.ma, particolarmente da alcuni di quelle Religioni, hora mi pare che stia in buona altura, come V. S. 111.™* largamente intenderá da medesimi Padri, e perche la total spedizione di questo ne- gotio depende dalla ressolutione che costi si pigliarà nella pro- uisione de* Vescouati vacanti di questo Regno, che ne stà in grandíssima necessita, come panmente Angola (*), son[o] però a pregar V. S. Ill.m* instantemente, per seruitio di Dio, che sarà molto grande quello V- S. Ill.ma le fará se si compia- cerà cooperare al possibile con persuadere a Signori Padroni, che condescendano a tal prouisione con ogni breuità, perche
(*) Sobre este problema, o mais trágico e nefasto da história eclesiástica de Portugal de todos os tempos, cfr. o nosso estudo Tri- centenário da «Missão)) do Congo, em Portugal em Africa, Maio-Ju- nho de 1945, p. 166-175 e Antunes Borges, Provisão dos Bispados e Concilio Nacional no reinado de D. João IV, em Lusitânia Sacra, Lisboa, 1957, tomo II e 1958, tomo III.
196
dalla dilatatione ne possono succedere mille inconuenienti, e sara opera degna delia pietà di V. S. Ill.ma 1'adoprarsi in questo negotio (2).
Lisbona, a 23 nouembre 1644.
Di V. S. Ill.ma e R.ma Deuotissimo Servitore Vero Girolamo Battaglini APF — SRCG, vol. 123, fl.51.
NOTA — No £1. 54 v. está escrito que esta carta foi recebida em Roma no dia 21 de Janeiro de 1645.
(2) A parte que não transcrevemos diz respeito ao Arcebispo de Mira, não interessando à África.
!97i
63
CARTA DO PADRE BOAVENTURA DE TAGGIA AO SECRETÁRIO DA PROPAGANDA FIDE
(23-11-1644)
SUMARIO — Excelente andamento do problema da partida para o Congo — Decreto régio a favor dos missionários — Pede lhe mandem reforços de pessoal — A questão da provi- são dos Bispados e a acção missionária.
Ill.mo Signor mio Osseruandissimo
Mando à V. S. Ill.ma Ia copia dei decreto fatto da sua maescà à fauor nostro ('), per li quale intenderá íl bisogno di che fà instanza à sua Santità per sue lettere et íl stato delia missione nostra, quale à parere di tutti è molto bono, hauendo sua maestà risoluto dover noi hauer 1'abitatione particolare sino al negotio finito, che potrà facilmente seguire in ogni tempo opportuno, nmetendomi à quanto scriuo nell'altra mia à S. Signona Illustnssima qui annexa-
Replico con pregare mi sijno mandati altn Padn, se cosi giudicaranno bene, maxime íl Laico infermiero col P. Lorenzo da Surio, delia prouincia nostra, per degni et necessanj rispetti, et quando non pensino mandarne altn, saltem per cantà questi due nominati, hauendomi à lungo discorso il secretario di S. Maestà, da parte dei medesimo Rè, che desidera uengano altri, essendo noi molto pocchi per 1'intento preteso. Supplico
(') Â margem: autenticato dal publico notaro delia colletoria apostólica. — Cfr. doe. n.° 61, p. 194.
198
V. S. quanto posso, far nflexione nel negotio che stimo debba per il suo tempo riuscire molto prospero.
Et quando la S. Sede non potesse prouedere cosi presto di Vescouo Angola, se la risposta pêro di S. Santità sara di bona speranza, intendo à tanto à tanto delia s.maestà inuiarci per la prima imbarcatione se di ciò sarà pregato delia Congre- gatione de propaganda fide (2) .
Altro non me resta che baciare le mani et pregare a S. S. Ill.ma ogni sua uera exaltatione.
Lisbona, li 23 Nouembre 1644.
Di V. S. 111.™ et Reu.ma Seruo Vmilissimo et deuotissimo
f. Bonauentura di Taggia, Capuccino V. Prefeto dei Congo
APF — SRCG, vol. 123, fls. 57-57 v. e 64.
(2) É manifesto quanto a política da Santa Sé na questão da no- meação dos Bispos prejudicou a acção missionária e quanto a atitude contrária, no pensamento expresso dos próprios missionários da Pro- paganda Fide, a teria facilitado...
I99
64
NOMEAÇÃO DE BISPO PARA ANGOLA
(23-11-1644)
SUMÁRIO — D. João IV procura seriamente prover de Prelado o Bis- pado do Congo e Angola, pedindo que lhe apresentem pessoas idóneas, que por sua vez apresentaria ao Papa para a devida confirmação canónica.
S. Magestade que Deus guarde hé seruido que V. S. lhe apponte as pessoas que lhe parecem mais a preposito para delias escolher Bispo para Angola. Deus guarde a V. S. muitos annos.
Do Paço, a 23 de Nouembro de 1644.
a) }■ Pereira da Sylua.
Sr. Visconde
BAL — Cód. 51-IH-39, fl. 2.
200
65
CARTA DO PADRE BOAVENTURA DE TAGGIA AO SECRETÁRIO DA PROPAGANDA FIDE
(27- n- 1644)
SUMÁRIO — Excelentes sentimentos do Rei de Portugal para com os Capuchinhos — Desastrada situação das dioceses portu- guesas por falta de Bispos — A nomeação e confirmação do Bispo de Angola condição indispensável para a acei- tação dos missionários da Propaganda Fide.
Ill.mo et Reu.mo Signor mio Osseruandissimo
(*) Seruirà la presente per far parte à V. S. Ill.ma d'un morto nsuocato; fú digià íl nostro negotio spedito et gratiato da sua maestà, quando apena inteso da cjualche Riligiosi susci- torono tal turbatione in Palazzo, che non so[lo] resto íl negotio intorbidato et inchiodato, ma quasi disperato, et reso ímpossi- bile. Et cio s'intesi da piu parti, maxime delia Signora Regina et dal Signor Secretario di stato, ambedue ben affeti al ne- gotio. Anzi che un certo Religioso di quelli che piu possono et piu s'interessano in questo nostro negotio, che ardi trouare la Signora Regina, protestandoli che nuscendo il nostro negotio non 1'hauerebbero d'ascnuerlo che alia sua reale protettione; risposeli sua Maestà: Padre mi leuo la maschera, poiche andaua pure copertamente il negotiato; a me tocca piíi il regno et a mio marito e figlioli, che à Voi, però temo Dio non ci debba
(l) À margem: Lega V. S. Ill.ma la presente posatamente, im- portando molto il contenuto.
201
castigare secretamente, se detto negotio non sortisce il suo santo fine. / /
Però per disgratia, armatisi noi ín tal periculoso confhtto jejunijs, flagellis et oratione, tanto miraculosamente mutosi la ruota, che non lo poteuamo credere, tratandosi digià di tornare in Itália, non sapendo piu che viaggio intraprendere, per li rigorost ordini delia Congregatione de propaganda fide, fu in- timaria dal M. R. P. Procurator di corte nostro, che non ci potesimo preualere di denan ne di pecunia in tal uiaggio, et che doueuamo pensarei prima, ma incaminarci come ueri poueri di S. Francesco, &a-
Si mutorono 1'animi contrarij repentinamente à nostro fa- uore, sebene il negotio non nportò quel sucesso cosi libero come prima, pure pò essere che sarà piu fructuoso.
Decreto dunque hieri Sua Maestà che hauesimo a fermarci nel suo Regno, et che douesimo esser contentati di qualúque casa, oratório, conuento, fosse piu à gusto nostro, sino aH'em- barcatione, che non doueua essere prima dell'approuatione delia nomina dei Vescouo di Angola, che in questo mentre si fà à sua Santità, non parendo bene à sua Maestà uadino Padn Italiani in parti tanto remote et barbare (maxime in tempo che da olandesi s'inferma la santa fede ne Cattolici stessi) senza Capo et Vescouo, oltre il pregiuditio di tant'anime di quelle conquiste senza pastore (2) . //
(2) Devido à questão política entre a Santa Sé e Portugal sobre a nomeação dos Bispos, resultou o seguinte quadro: Diocese de Angola e Congo vaga 29 anos, Cabo Verde 28 anos, S. Tomé e Príncipe 34 anos, Cochim 42 anos, Goa 19 anos, Macau 48 anos, Malaca 34 anos, Mcliapor 54 anos, Baía 20 anos. Na metrópole, idêntica política: Coim- bra vaga 22 anos, Porto 32 anos, Braga 30 anos, Évora 28 anos, Lisboa 27 anos, Elvas 13 anos. Cfr. o nosso estudo Tricentenário da «Missão» do Congo, em Portugal em Africa, 1945 (II), p. 169.
«Quando, em 3 de Junho de 1669, foram preconizados os cinco primeiros Bispos, não havia um único Prelado, quer no Reino, quer
202
La ragione è boníssima, ma forsa non totale, pure V. S. fará reflexione in questo, perche in uentà per moltissime ragioni pare conueniente su concesso tal Vescouo. Grandissimi sono 1'inconuenienti tanto di Portugal, quanto delle conquiste, per il diffeto de Vescoui, che mancano, et tanto Secolari, quanto Religiosi d'ogni professione exclamano usqtte ad uerba incon- grua, parendo loro que non deuono li rispetti diuini et eccle- siastici cedere alli temporali, maxime quando è foro differente, et si possino concedere li Vescoui cã hac condictione sine prae- iudicio tertii, o uero a richiesta delia corona di Portugalo, senza nominare D. Giovanni ne altro.
Non deuo 10 por (3) bocca in negotij tanto eccedente la mia sfera, solo come religioso et figlio di S. Chiesa, auiso V. S. IU.ma et pregola per quanto posso coopen alia confirmatione de Vescoui nominati, salte d'Angola, poiche altremente possono seguire graui preiudicij nell'anime, et nascere germogli di pocco nspetto alia S. Sede Apostólica. Non si possono cosi facilmente credere le cose tanto di lontano, ma faci V- S. conto vij auiso dei Cielo et da Dio, oltre che mai passaranno missionanj apos- tohci al Congo per Portugalo senza Vescouo. Ne è possibile passare per altre uie, cosi intendo da tutti, salte in questi tempi, et approuandosi il Vescouo d'Angola, ci dichiara sua Maestà, che mandi Sua Santità et la Sacra Congregatione de propaganda fide, quanti capuccini voglino, che a tutti dará ricetto et l'im- barcatione, conoscendo benissimo in che grande periculo stà il Regno dei Congo per 1'olandesi vicini, dubitandosi fortemente di grandi mali.
em qualquer das dioceses das conquistas espalhadas pelas quatro partes do mundo». A. Antunes Borges, in Lusitânia Sacra, Lisboa, 1957, tomo II, p. 113.
(3) Sic. O auttor da carta, já influenciado pela língua portuguesa, emprega pôr em vez dc f onere.
203
Mando à V. S. Ill.ma la copia autentica dei decreto di sua Maestà per maggior sodisfattione; fra tanto fermaremo in uno qualche oratório religioso per riposare, sino al destinato tempo d'entrare in nauate (?) per Dio.
(4) Supplico poi V. S. far nnfrescare le facoltà che de 10 anni sono uenute in 6 et quando entraremo nel Regno [di Congo] Dio sà che tempo ui restare. Scnuendomi V. S. mi faci sapere come il Rè dei Congo dimanda questi Padri Ca- puccini, per degni rispetti. Mi faci hauere per carita mille be- neditioni dei P. Giacinto da Casale, Capuccino nostro, da questo nuouo Pontífice (5).
Di piíi c inuij qualche lettere comendatitie al Rè dei Congo, cõ alcune reliquie che pur no sara tempo: cõ altre instruttioni che parere a V- S., et mandi pure altn Padri che saranno in gusto di sua Maestà certissimamente, che cosi hanno rysoluto in Conseglio, come mi dice il Secretario.
Ne altro che baciare le mani et pregare a V. S. Ill.m* ogni uera exaltatione.
Lisbona, 27 Nouembre 1644.
Di V. S. Ill.ma Seruo deuotissimo
F. Bonauentura di Taggia, Capuccino et Vice Prefetto
APF — SRCG, vol. 123, fls. 58-58 v. c 63-63 v.
(4) Â margem: Notcsi per carita.
(s) Inocêncio X, eleito em 15 de Setembro e coroado cm 4 de Outubro de 1644.
66
ESMOLA AO CONVENTO DE SANLÚCAR DE BARRAMEDA
(14-12-1644)
SUMÁRIO — Acordo da Câmara de Sanltícar de Barrameda concedendo ao convento dos Capuchinhos da mesma cidade a esmola de cinquenta reais para sustento dos padres do Congo.
En este Cabildo se acordo, que porquanto por parte de los Relijiosos dei Combento Capuchino dei sr. San Francisco desta Ciudad se [h]a hecho sauer vienen a ella cantidad de Reh- giossos delia dicha horden para passar en mission a combertir los bárbaros de Congo, se le acorde (*) al Combento con al- guna hmosna para el sustento de los Relijiossos. Se acordo que se le socorra con sento y cinquenta reales de limosna y se dé hbranza en quallquier convento (?) de la Çiudad y se pongan en poder dei sr. Don Jose P... (?) Mossilla, Regedor, que por su mano se distrebuya.
CÂMARA MUNICIPAL (Ayuntamiento) de Sanlucar de Barrameda (Secretaria) — Actas, Liv. Capitular n-° 16 (1643- 1645), fls. 193 v-194. — Acta de 14 de Dezembro de 1644.
(*) O sentido parece exigir acuda, se bem que a leitura não ofe- reça dúvida.
67
CARTA DO GOVERNADOR DE S. TOMÉ A SEU IRMÃO D. FILIPE DE MOURA
(15-12-1644)
SUMÁRIO — Descreve o ultimato do General holandês, a indigna reac- ção da população e o estado de alarme em que ficava.
Estando fazendo esta chegou ao porto desta Ilha hum pataxo em 9 de Dezembro com jnfantaria e hum Sargento mór, que ueo da Costa da Mina, e tanto que dezembarcou a gente e offiçial, logo o General da fortaleza me mandou húa carta, na qual me fazia a saber, em como aquelle pataxo uinha da Mina, e com auiso em como erao chegadas á ditta Costa, de Olanda, sette náos com jnfantaria, e petrechos de guerra, e juntamente, que me auisaua, de como seus mayores hauiao por boas [as] pazes que entre os moradores tinhao feito, com condição que derrubássemos o forte que tínhamos feito, e que quando não qui [sejssemos nos denunciaua a guerra, e que logo mandanão chamar a sua armada que estaua na Mina, e que esperaua logo pella re[s] posta, e querendo nós desfazer o ditto forte, que senão nossos amigos, e mandaria recado á Mina, pello próprio pataxo, que fosse a prouer as fortalezas e praças da Costa, e que a de mais fosse para Angola. / /
Tanto que reçeby a ditta carta conuoquey os moradores, e lilhe[s] a ditta carta de uerbo ad uerbum, e pedilhefs] que me quisessem dar seu pareçer, e que juntamente lhes lembraua que esta era ocazião em que hauiao de mostrar o serem elles leaes vassallos de EIRey; me responderão a letera descatola, que elles se não querião fechar neste arrayal e deixarem seus filhos e molhercs nos mattos, e que também me desenganauão, que
206
elles nao tinhão couza com que poder sustentar esta fortaleza, no que tocaua a mantimentos, nem menos nenhum dinheiro para hauerem de se pagarem soldados, que se eu o tinha de EIRey que o gastasse, e que já que o olandês daua as monições de EIRey, que bom fora lançarlhe mão da palaura, e segurallas em algúa parte onde se enterrasse a artilharia, e o de mais se puzesse pella terra dentro, e que depois se arrasasse este forte, e que me dezenganasse, que com o olandês nao querião guerra nenhúa. / /
Quando uy e ouuy esta rezolução, lhes respondi, que lhes lembraua, que este olandês nao podia inouar couza [algua] contra o capitulado, pois em hum dos capitullos se continha, que de parte a parte se hauia de esperar por resolução dos mayo- res, e que [se] já elles a tinhão do[s] seu [s] , que inda da nossa parte nos não tinha chegado, que antes de outro acordo e reso- lução, que me pareçia acertado que lhe fizéssemos esta aduer- tençia; vierão nisso, e escreuy então hua carta ao General, que lhe mandey por dous moradores, e lida que a teue, lhes disse: dizey de palaura ao uosso Gouernador que eu bem lhe entendo seu desígnio, mas que eu não tenho outra ordem, se não fazer o que lhe tenho auisado, e dailhe esta carta, e que me responda amanhã por todo o dia, e quando não queira, que lhe alembro, que já tenho satisfeito ao que tenho de obrigação. / /
Tornarão com esta re[s] posta e carta, que se leo em pu- blico; e como forão inteirados da rezolução do olandês, entrou nelles tamanho pauor e espanto, que todos estiuerão rezolutos a deixarem me só, e hirem auizar ao olandês, que eu á força os queria compelir a que fossem seus inimigos. Quando lhes alcançey este animo, lhes disse que fizessem o que quizessem; assentarão o que melhor lhes conuinha, mas que pello habito de Chnsto, que se eu tiuera fazenda bastante de EIRey para me poder sustentar nesta fortaleza, que antes que sahissem suas merçês delia, hauia de enforcar pnmeiro húa dúzia delles, mas que Sua Magestade a não tinha, pelo que me conuinha armas
207
de passiençia até que Deos fosse seruido de me tirar desta Illha. //
Assentou-se que a fortaleza se desmantelasse; não quiz consentir nisso, e que não hauia de [o] fazer sem primeiro se contratar com o olandez a segurança da artilharia e monições de EIRey; fizerão huns appontamentos, e mandarão quatro mora- dores ao general olandês, hum dos quais hia sobre as monições, e todos os conçedeo o ditto general a bel prazer. Com esta rezo- lução se tomou assento a que se desmanchasse a fortaleza, e que cada hum se fosse a sua roça, e assy o fizerão e me deixarão com a artelhana, poluora, bailas e arcabuzaria, que com os escrauos das minhas fazendas estou enterrando, e o demais escondido até que os olandezes tenhão uontade de os pedir, e prasa a Deos que me não leuantem que me quero fortificar algures, e que me não coste [a] uida e fazenda a mym e a toda minha caza. / /
Esta são, meu Irmão, as nouas e estado em que este uosso Irmão fica e quando não sirua de mais esta carta e auizo, pre- miando Deos que uos uá á mao, e será para saberdes o fim que tiuerão minhas desgraças e cançada uida neste gouerno.
LARANJO COELHO — Cartas de El-Rei D. João IV ao Conde da Vidigueira (Marquês de Niza) Embaixador em França, Lisboa, 1940, vol. I, págs. 260-262
208
68
CARTA RÉGIA AO PADRE JOÃO DE MATOS (2-1- 1645)
SUMÁRIO — Trata das relações diplomáticas com a Santa Sé, espe- rando que Inocêncio X se adapte com realismo às cir- cunstâncias políticas do momento presente.
Por alguas cartas vossas, e pella copia de outras que escre- uestes ao Conde Almirante e elle me remeteo, entendy que se não comformauão os procedimentos que aqui se tem sobre os particulares da Santa See appostohca com os descursos, que ahy fazeis e auizais fazem os outros, sobre os meyos, que nelles deuião mandar seguir, e obrigao me as multiplicadas e apertadas aduertençias que sobre isto fazeis, a dizeruos, que a minha pie- dade nao se gouerna pellas leys da pulitica de Itália, se não pellas da Chnstandade de Portugal, com que se gouernarão e reçeberão de Deos Nosso Senhor grandes merçês, os Senhores Reis meus predecessores, que eu experimento iguaes, e auen- tejadas, e por esta razão esperey tégora, sem passar a mayores demonstrasões; verey o termo que comigo tem a santidade de Inocêncio deçimo que hoye gouerna, e conforme a elle, porque yá os tempos uão sendo outros, mandarei se proçeda na forma que aqui pareçer mais conueniente a meu seruiço; agradeçouos muito o zello com que me reprezentais estas matérias, e uos encomendo me façaes sobre ellas todas as aduertencias que uos pareçerem conuenientes- / /
Escrita em Lisboa a 2 de Janeiro de 1645.
Rey
BNL — Ms. 7.162, fl. 465 — Corpo Diplomático Portuguez, XIII, págs. 6.
20 Cf
14
69
CARTA DO PADRE ANTÓNIO DE TERUEL À PROPAGANDA FIDE
(2-1-1645)
SUMÁRIO — Pede a interferência do Secretário da Propaganda, para ser alistado com seu irmão na segunda missão de Capu- chinhos a enviar para o reino do Congo.
Ill.mo Senor
Quando vino a Espana el P.e F. Buenauentura de Alessano, hecho Prefeto dela Mission dei Congo por la Sacra Congrega- cion de propaganda fide, fué el Senor seruído de auiuar en mi los deseos de seruirle en aquel ministério, hasta derramar la sangre y dar la vida siendo menester. Los mismos deseos tuuo el P.e Fr. Luis de Teruel, hermano mio, que me escnbio para que tratasse por los dos nos admitiessen en la dicha mission. No fué Dios seruido, y porque ya estaua el numero complido, pero alento nuestas esperanças el auernos escrito algunas vezes el P.e Prefeto que para la otra mission, que se hará el ano que viene, auria lugar, y escribiria por nosotros. Nuestro P.e Pro- uincial, que lo es dela Prouincia de Valencia, nos ha dado apro- uacion para los Eminentíssimos Sefíores Cardenales de la Sacra Congregacion, la qual creo recebirá V. Ill.ma con esta- / /
Suplico humilmente nos fauorezca V. Illma al complimiento destos deseos para gloria dei Senor, pues nuestro intento es solo de seruirle en la conuersion de aquellos infieles, y padecer por su amor en el empleo, si es menester, la muerte. / /
Tambien nos hará fauor V. Ill.ma de que vengan los des- pachos duplicados, el vno por lo menos a Valencia; aunque yo
2/0
estoi de presente Guardian en la Ciudad de Tortosa, mi hermano en Valencia predicador, confiado de la merced que nos hará V. Ill.ma ruego al Senor Ie dé muchos anos de vida para gloria suya. / /
De Tortosa y Enero 2, de 1645.
De V. Ill.ma que S. M V. Humilde hijo y Sieruo
Fr. Antonio de Teruel
APF — SRCG, vol. 108, fl. 95-95 v.
70
CARTA DO PADRE BOAVENTURA DE TAGGIA AO SECRETARIO DA PROPAGANDA FIDE
(16-1-1645)
SUMÁRIO — O Rei de Portugal faz defender a licença a conceder aos missionários da Propaganda Vide para embarcarem para o Congo, da confirmação do Bispo apresentado por ele — O missionário compreende a justa posição do Rei de Portugal e insta pela satisfação pronta de seus desejos.
Ill.mo &t R.mo S.T et Padrone mio Osseruandissimo
Cun gusto non ordinário nceuei, sono due giorni, una di V. S. IlI.TOa dello 18 ottobre, per contenere qualche verso per sodisfatione di S- Maestà, attesa la conditione et dúbio de tempi, ogni cosa che si scriue di sua persona ín bene pare assai; che sebene come dalle suseguenti lettere scntte á V. S. Ill.ma sara saputa la tempesta seguita ai pouero vascello delia missione nos- tra, pure rednzar íl negotio á segno di hauer decreto delia forma haurà ueduto, fu stimato assai. Dalla risolutione di S. Santità circa li vescoui o vescouo d'Angola, dipende il tutto, et noi stiamo ben acasati in un deuotissimo romitono religiosamente á spese di S. Maestà, sin che habbiamo nsposta fauoreuole et di quanto deueremo nsoluere.
Non manco di seriamente replicare á V. S. Ill.ma che per quanto uediamo dalla sua, tengono ferma speranza debba passare il P. Bonauentura d'Alessano per il Congo; temo cõ tutti 1'altrt mercadanti Italiani che sono in Lisbona, che tal speranza possa esser d'oggetto difficilissimo et di molto pregiuditio al nostro uiaggio quando segua, atteso che aprendosi la porta delia mis-
212
sione in Lisbona, il numero de frati è impare ai bisogno, et quando altro non ui fusse, non hauer un laico che possa curare un pouero religioso quando fusse amalato è molto, et pare molto strano á tutti, possiamo imaginarsi la causa; pure V. S. Ill.ma sie pregata, quando il negotio segua prosperamente in Roma per Portugalo, farmi mandare il P. Lorenzo Suno, delia prouincia di Genoua, cõ un infermiero che non mancaranno, maxime uenendo il P. Giannuano, non mancaranno infermieri, hauen- done molti per le muni (?). Non hò altro che scriuere che rime- termi à quanto hò scntto per il nauiglio passato che parti li 2 Genaro dt quest'anno.
Stiamo ancor cõ summo desiderio ueder adempiuto quanto significa V. S. Ill.ma douer considerare circa le cose spetanti alia missione. Certo Ill.m0 Signor, testor cora Deo et Christo Jesu che quando fusse di tal mérito, sapendo li bisogni grandi di quell'anime, che ogni di piu pericolano di moltiplicare (?), m'imbarcarei sopra il mio manto.
La sua moita prudenza et zelo delia saluatione dell'anime et propagatione delia santa fede m'obhga á supplicarla di nuouo, che quando le cose di Portugalo in Roma non sortissero quell'effeti prosperosi et pretesi, assicurato, che S. Santità in tal caso ogni cosa nsoluerà cõ prudenza apostólica, procuri qualche lettera per S. Maestà delia Congregatione, scritta ai Signor Col- letore che eorum nomine faci 1'istanza, perche le cose paiono benissime disposte ex parte Régis: questa missione è di maggior consideratione di quello la considerano in Jtalia, eh' s'iui sarà da patire, ne sarà anco da mettere, che Dio ci conceda Masan- gano, poi è delia diocese d' Angola; messe sono molte, ma non posso sapere il numero certo, in tali nuoui mondi non si deue stare in tali rigori per aiuto di tali populi. Non hò che di nuouo dare á V. S. Ill.ma saluo che il Rè di Maldiua doppo alquanti mesi habbe audienza da S. Maestà, cõ sua moita consolatione et sodisfatione et si stà in pace mque modo. Facio fine cõ
2/3
baciare le mani et pregare á V. S. Ill.ma dal Cielo, ogni sua uera exaltatione-
Lisbona, li 1 6 Genaro 1645.
Di V. S. Ill.ffia et Reu.™
Seruo deuotissimo et obhgatissimo
F. Bonauentura di Taggia, Capuccino V. Pref. dei Congo
Si stà aspetando 1'ambasciatore di Francia giorno per giorno; non è uenuto prima per li cattiui tempi, essendo una volta dal cauo di finibus terrae tornato in dietro sino á S.1 Maio (?).
APF — SRCG, vol. 143, 220-220 v.
2 14
71
CARTA DO NÚNCIO EM MADRID A PROPAGANDA FIDE
(18-1-1645)
SUMRÁIO — Comunica ter agradecido ao Rei de Espanha o auxílio dado para o embarque dos Missionários para o Congo — Inexcedível zelo manifestado pelo mesmo Rei.
Emin.mi e Reu.mi SS.ri e Padroni Colendissimi
Hò rappresentato alia Maestà dei Rè 1'ordine ch'io teneua da cotesta Sacra Congregatione, di rendere in nome di lei affettuose gracie alia Maestà Sua delia commissione data per 1'imbarco de Padri Missionarj che deuono trasferirsi al Congo, e mi sono steso in mostrare quanto uenisse riconosciuta in tutte 1'occasioni con applauso vniuersale la sua Real pietà. / /
Mostro S- M. particolarissimo compiacimento di quanto ost.° (?) e mi disse, che non solo si era mossa uolontieri à com- metter 1'imbarco sudetto, ma che haueua anco ordinato, che quei Padri fussero trattati bene, soggiungendo, che in ogni altra cosa spetante al seruitio delia Religion Cattolica, et alia sodisfattione dell'Eminenze Vostre, à cui mi impose di signi- ficado, non hauerebbe consentito, che si desiderassero la pron- tezza, e 1'opera sua; et io qui faceio ali' EE.VV. humilissima riuerenza.
Madrid, li 18 Genaro 1645.
Dell'EE. W.
[Autógrafo]: Humil.mo Deut.mo et Obl.mo Ser/9
Giulio, Arciu0 di Tarso.
APF — SRCG, vol. 108, fl. 48.
2/5
72
CARTA DO NÚNCIO EM MADRID AO SECRETARIO DA PROPAGANDA
(19-1-1645)
SUMÁRIO — Informa ter dado os agradecimentos ao Rei de Espanha pelas facilidades concedidas aos missionários do Congo.
Ill.mo e Rev.mo Signor mio Osseruandissimo
Rittornandosene a Roma il Padre F. Gioseffo Olà, non deuo lasciare di testificare a V. S. Ill.ma il zelo e diligenza singolare, con che egli si è adoperato in questa Corte circa i negotij com- messi gli dalla Sacra Congregatione; e mi hà anche suggento, come il Consigliero D. Giovanni di Solorsano promesse già al Padre Bernardo dei Castighno, che il giunger delia prima flotta hauerebbe procurato, che si pagasse la metà delle 12/m. e cin- quecento pezze da otto che st deuono alia medesima Congre- gazione. Io però non son per tralasciare 1'interporre col decto Consigliero ogno possibile offitio per tale effetto, già che ci è auuiso, che siano arnuati a San Lucar 1 galeoni con 1'argento; e di cio che seguirá darò auuiso. / /
A cotesti Eminentissimi Signon hò nsposto con due lettere per via di Valenza, e ne ho anche mandati 1 duplicati per Francia. In una rappresentauo d'hauer reso gratie al Rè in nome dell'Eminenze Loro per la commodità dell'imbarco, che be- nignamente hà fatto dare alli Missionanj dei Congo; il quale offitio fu gradito molto dalla Maestà Sua- / /
Ho significato con 1'altra, che per 1'informationi, che hò potuto hauere circa 1'Isola di Guadalupe, sento che sia posse- duta al presente da gl'01andesi.
216
Per ogni rispetto hò stimato a propósito darne a V. S. Ill.ma questo cenno; e pregandola a persuadersi, che il desiderio che tenao di seruirla non può esser maggiore, le bacio affettuosa- mente le mani.
Madrid 19 Gennaro 1645
Di V. S. 111.™* e Rev.ma Devot.™ Servittore Obl.rao
Giulio, Arciuescouo di Tarso
APF — SRCG, vol. 108, fls. 62-62 v.
73
CARTA DO PADRE BOAVENTURA DE ALESSANO AO PREFEITO DA PROPAGANDA FIDE
(29-1-1645)
SUMÁRIO — Anuncia a partida de Sanlucar de Barrameda para o Congo e pede a protecção do Cardeal para a missão.
Eminentissimo Signor e Padrone Osseruandissimo
Sicome sua Maestà Cattohca con magn'anima e perseue- rante pietà, non s'è stancata ín fauonre 1'opera intrapresa à gloria dei Signor e salute di quei poueretti popoli dei Congo, cosi con uantagioso compenso uiene riconosciuta da V. Emi- nenza per mezzo di Monsignor Nuntio, conforme con una sua cõpetissima s'è degnata certificarmi, al companr delia quale scraordinanamente con tutti cõpagni, auuolorato aH'aposto- lic'impresa, mercê all'ardente zelo e religiosa prontezza, con cui la sua protettione in ogni euento n'offensce, delche humil- mente ringratiandola le bramo dal Supremo Padre delle miseri- cordie abondante guiderdone. Mi rincoro à supplicar 1'Emi- nenza Sua con ogni possibile efficacia, che si cÕpiaccia à Mon- signor Nuntio, qual pro tempore in questi Regni essercitarà 1'ufficio, instare con partial (sic) premura gli siano per l'aue- nire à cuore i Pouerelh Missionanj da cotesta Sagra Congre- gatione destinati à ouúque se sia, ma specialmente in nostro amto colà nel Congo- Posciaque (uedasi all'espenenza) alia giornata insorgere contradittioni tali, e tanto pertinaci, che senza fallo, non concorrendoui specialissimo aiuto dei Cielo, e di cotesto Eminentíssimo Senato, si renderebbono insupera- bili. //
218
Già gratie al Signore son passati 8 giorni, che me ntrouo con gl'altri Padri Missionarij ín naue per uiaggiare al nostro camino, ancora non s'è uscito da questo Porto di S. Lucar, altro non s'aspetta, che uento opportuno, qual dalla Superna Pietà in breue s'ispera, con cui fauore giogendo à paesi dei Congo, ò pur ouúque dalla Superna Pietà sara ordinato, non mancherò distintamente raguagliare dei tutto 1'Eminenza Vos- tra come nostro Supremo Prelato e Signore, à cui piedi cõ gl'altri nostri cõpagni humilmente prostrato, bacio la sagra ueste. / /
Dal porto di S. Lucar di Spagna, li 29 di Gennaro 1645.
Del'Eminenza Sua
Vbedientissimo seruo e figliuol in Christo
Fra Buonauentura de Alessano / / Capuccino, e Prefeito delia Missione dei Congo
L'Eminentissimo Card.1 Antonio. APF — SRCG, vol. 108, fl. 160.
NOTA — Já embarcado no porto de Sanlucar de Barrameda, escreve ainda o cartão seguinte:
Solo dico à V. S. Ill.ma in questa carta, perche quattro giorni fà le scrissi di questo medesimo nauiglio à lungo, che hoggi alie 20 hore, nel primo giorno di febraro, hauemo fatto vela per la nostra nauiga- rione dei Congo, cõ vento felicíssimo, fauorendoci nostra Signora, essendo il primo Vespero delia Sua Purifatione. Questo le dico solo per sua consolatione, e che speri di sétir à presso buonissime nuoue cõ 1'agiuto di Dio e delia medesima nostra Signora, Vergine Sacrata.
219
Le fò humilissima riuerenza, pregandole dal Signore il colmo dogni felicita. / /
Dal Nauilio, nel porto di San Lucar, hoggi primo di febraro 1645.
Di V. S. Ill.m» e R."0*
Humillissimo seruo nel Signore
Fra Buonauentura de Alessano // Capuccino, e Prefetto delia Missione dei Congo
APF — Ibid., fl. 168.
220
74
CARTA DE FREI FRANCISCO DE JEREZ AO SECRETÁRIO DA PROPAGANDA FIDE
(30-1- 1645)
SUMÁRIO — Oferecese com doze alunos teólogos para ir à missão do Congo — Encontra oposição da parte dos Superiores.
\\\r Sr.
El P- Fr. Buenauentura de Alexano, Prefecto de la mission dei Congo, me a pedido supliqu a V. S.a Ill.ma me inuie lisen- cia para ir a la misma mission ín viniendo auiso que en el o o en otra parte estan reseuidos. Y assi como hijo obe- diente me pongo a los pies de V. S. Ill.ma, para que manifes- tandome nuestro Senor su voluntad, la cumpla en lo que de essa Sacra Congregacion me fuere ordenado. / /
Yo estoi en esta ciudad de San Lucar de Barrameda leiendo la Theologia a doze religiosos que estan con el mismo deseo todos y mui a propósito para fomentar Ias missiones que esta Prouincia tiene y lo vno por cnarles encaminandoles a este fin, lo otro porque con la predicacion a querido nuestro Senor que haga algun fruto en las almas. Hasta aora no [h]e pretendido esta mission por no sauer qual seria mas dei gusto de Dios, que es desnudamente lo que pretendo y no hallo médio sino que Ia vos de mis Superiores me Io manifiesten. A los de mi religion lo [h]e propuesto y me lo [h]an estornado, por no merecerlo yo sera; a todo estoi dispuesto y Ion (sic) aliento grande de emplear mi vida y estúdios en lo que fuere gusto de nuestro Senor. / /
22/
Y si V. S- Ill.ma determina mi viaje, el Companero por quien escnue el P. Prefeto dei Congo es un discípulo mio, Fr. Augustin de Granada, religioso de consumada virtud y el mas aprouechado en la Theologia y muy a propósito para el efecto. Y si V. Ill.ma le parese que aora o despues de algun tiempo mis doze estudiantes y io vamos todos juntos a esta misma mission, por ser gente que con el feruor de la mosedad lleuará mas bien los trabaxos de aquellas partes y aiudaran mas bien a los religiosos ancianos que van aora. Todos por mi lo piden con notables deseos. Disponga nuestro Senor su vo- luntad y guarde a V. Ill.nia como deseo, etc. / /
San Lucar de Barrameda, de henero 30 de 16^5.
De V. 111.™*
Obediente Hijo
Fr. Francisco de Xerez Predicador Capuchino y letor de Sacra Theologia
APF — SRCG, vol. 108, fls. 129-129 v.
222
75
CARTA DA PROPAGANDA FIDE AO PROVINCIAL DA ANDALUZIA
(14-2- 1645)
SUMÁRIO — Dá a faculdade de passarem para as missões das índias Orientais ou Ocidentais aos missionários que não pude- rem ou não quiserem ir para as missões africanas — As índias Ocidentais seriam o Rio Amazonas — Os Capu- chinhos da Província de Valência poderiam comparti- lhar as mesmas missões com os confrades da Andaluzia.
Referente Eminentíssimo Domino Cardinali Albornotio Litteras Provincialis et Deffinitoni Capucinorum Andaluciae continentes quatuor petitiones; et quia pro Ia, 3a et 4a per De- creta praecedentia (in quibus datur facultas Nuntio subrogandi alios Missionários, loco nolentium, vel non valentium ad Mis- sionem Nigritarum proficisci, ac etiam facultas accipiendi Fratres ex alns Provinciis pro dieta Missione) et data fuit Praefectura Missionis Provinciali tantum sub nomine próprio, satis superque fuit provisum. / /
Ad 2.am petitionem, quod iidem Missionarii ad Nigritas, si post factas omnes necessárias diligentias aditum habere non poterunt, ad alias regiones Indiarum Orientalium, vel Occi- dentalium se transferre valeant cum eisdem facultatibus, Sacra Congregatio censuit: in casu propósito, praedictis Missionariis assignandos esse Gentiles circa flumen Maranon seu Rio de las Amazonas ab eis excolendos; et si Província Capuccinorum Valentiae eosdem Gentiles excolendos suscepit, Andalucii Mis- sionam partem praedictorum Gentilium assument instruendos, et Valentini aliam partem; nam cum sint innumeri praedicti
223
Gentiles, non solum Andalucii et Valentini Missionarii, sed alii etiam Rehgiosi ín ea vinea Domini excolenda occupari poterunt. / /
[ Romae 1 4 Februarii 1 645 ] .
Franciscus Ingolus, Secretarius. FRAY AMBRÓSIO DE VALENCINA — Ob. cit., p. 15-16.
224
Audiência do Rei do Congo D. Garcia- Afonso II Aos Missionários Capuchinhos Italianos (1645)
(Cavazzi — Istorica Descrizione)
76
MISSÃO AO REINO DOS NEGRITAS (14-2-1645)
SUMÁRIO — Nomeação dos Padres e Prefeito que constituía a missão debutada ao Reino dos Negritas, conferindo faculdade ao Padre Prefeito para nomear um Sub-prefeito.
Referente eodem Eminentíssimo D. Cardinali S. Honu- phrij litteras Nuntij Hispaniarum et prouincialis ac Diffinitonj Prouinciae Andaluziae, Sacra Congregatio Missionem decreuit Fratri Gasparo de Seuiglia, Andaluziae Prouinciali, cum in- frascnptis Socijs, uidelicet:
P. Fr. Emanuele de Granada, Concionatore-
P. Fr. Antonio de Gimena, Concionatore.
P. Fr. Francisco de Arauale, Concionatore.
P. Fr. Francisco de Jznajar, Concionatore.
P. Fr. Sebastiano de Santa Fe, Concionatore.
P. Fr. Didaco de Guadalcanal, Concionatore.
P. Fr. Joanne de Seuilla, Sacerdote.
P. Fr. Ludouico de Priego, Sacerdote.
P. Fr. Josepho de Lisbona, Sacerdote-
P. Fr. Joanne de Vergara, Sacerdote.
P. Fr. Michaele de Granada, Layco, ct
Fr. Blasio de Hardales, Layco, ad Regna Nigritarum, eius- demcjue Missionis Praefectum constituit et deputauit dictum Fratrem Gasparum, cum potestate Vice-praefectum consti- tuendi, qut cum ahjs Socijs in dictis Regnis resideat, et pro facultatibus iussit adiri Sanctum Officium.
APF — Acta, vol. 16, fls. 240-240 v., n.° 12. — Sessão cardinalícia de 14 de Fevereiro de 1645. — Cfr. Bullarium Capucinomm, VII, p. 336
NOTA — Na mesma data a Propaganda Fide dava licença para se nomearem outros Religiosos, estando os por ela nomeados entre- tanto impedidos, pelo documentos seguinte:
Referente eodem Eminentíssimo D. Cardinali S. Honuphrij litte- ras Nuntij Hispaniarum instantis pro facultate subrogandi in missio- nibus ad Congum et Nigritas alios fratres Capuccinos loco nominato- rum, et ad Missiones praedictas approbatos, qui nollent aut non possent ad Missiones praedictas proficisci, Sacra Congregatio eidem Nuntio facultatem petitam concessit praeuia subrogandorum appro- batione Prouincialium et Diffinitorum Prouinciarum, ex quibus erunt subrogandi.
APF — Acta, vol. 16, fls. 240 v., n.° 13. — Mesma sessão cardi- nalícia.
226
77
CARTA DO NÚNCIO EM MADRID A PROPAGANDA FIDE
(18-2-1645)
SUMÁRIO — Partida da missão chefiada pelo Padre Boaventura de Alessano para o reino do Congo.
IU.m° e Reu.mo Signor mio Osseruandissimo
È gtunta molto oportunamente la Iettera delia Sagra Con- gregatione al Padre Frà Bonauentura d'Alessano, hauendolo ritrouato insieme co' suoi Compagni sopra il vascello, quando già stauano per far vela; onde è stato loro di somma cónso- latione il uedere la premura che mostrano cotesti Eminentissimi Signori ín fauorire la Missione. / /
Mi uiene inuiata dal medesimo Padre 1'inclusa per il Pa- dre suo Generale; et io hò preso nsolutione d'indrizzarla à V. S- Ill.ma, perche si compiaccia ordinarne il recapito. Le ricordo con tale opportunità la mia uera osseruanza, e pregandola à fauorirmi de' suoi commandamenti, bacio à V. S. Ill.m* con tutto 1'animo le mani. //
Madrid, li 18 febraro 1645.
Di V. S. IIl.mft e Reu.ma Obl.reo e Deut.mo Seruitore
Giulio, Arciu0 di Tarso.
Mons.r Ingoli
Em.mo S.r Card.1 Ant.° Barb.0
APF — SRCG, vol. io8, fl. 62.
78
MISSÃO DOS CAPUCHINHOS PARA O CONGO (21-2-1645)
SUMÁRIO — El-Rei tem notícia da largada de uma missão de Capu- chinhos espanhóis, despachada pelo Rei de Espanha, em que ia D. Tiburcio de Redin — Manda avisar as auto- ridades do Brasil para que se oponham à viagem.
t
Senhor
V. Magestade em decreto seu de 17 de feuereiro prezente deste ano, diz que tem auizo, que de San Lucar será oie par- tida hua vrca grande com catorse capuchos barbados (*) cas- telhanos, e entre elles hú dom Tiburçio de Redim (2), soldado de muitos anos, e que teue postos, e se achou em ocazioés de importância, e se meteo Relegiozo depois de differentes suces- sos, e que estes frades usaõ, pedidos a EIRey de Castella por EIRey de Congo, tomar o porto de Pinda; c porque a pasagem desta gente pode ser de grande dano ao seruiço de V. Mages- tade naquella parte, este Conselho diga a V. Magestade o que lhe pareçe deue V. Magestade e pode prouer na matéria.
(*) Barbadinhos ou Capuchinhos.
(2) Cfr. Lázaro de Aspurz, Redin Soldado y Misionero, Madrid, 1951. — José Maria Huartc, El «Capuchino Espanoh Fr. Francisco de Pamplona ( i^yy-ió^i ). Nuevos documentos de su vida, no Boletin de la Comisión de Monumentos de Navarra, 1926 (XVI), p. 377. A intervenção deste religioso na missão dos Capuchinhos foi inteira- mente falha de oportunidade política. Vê-se claramente que a oposição
228
E sendo uisto o decreto referido, pareçeo dizer a V. Ma- gestade que muito conueniente fora ao seruiço de V. Mages- tade armaremse desta çidade dois nauios de forsa, com alguã gente para deuertir este dezenho de Castella e se socorrer a nossa gente que está em Angola. Porem considerandose o pouco dinheiro que há, se deue auizar ao gouernador geral do estado do Brasil, ao gouernador do Rio de Janeiro, e a Saluador Correa de Sá, que façaõ daly todo o posiuel para que se diuirta este desenho que leua esta vrca de Castella, com os socorros que V. Magestade tem ordenado que uaõ a Angola. / /
Em Lisboa, 21 de fiuereiro 1645.
aaj O Marquez de Montalvão / Jorge de Castyllo Jorge de Albuquerque / João Delgado Figueira
[Despacho à margem]: Asi o mando dispor. Lisboa, 22 de feuereiro de 645.
(Rubrica de el-Rei)
AHU — Angola, cx. 3.
do Governo português não foi contra os Capuchinhos ou outros Mis- sionários qua tales, nem por serem da Propaganda, mas por serem Castelhanos e enviados pelo Rei de Castela, como Padroeiro, para pos- sessões que pretendia serem da sua Coroa, mas que o não eram, nem de direito nem de facto. O zelo apostólico (?) de D. Filipe III, tantos anos completamente embotado, só havia de despertar depois da inde- pendência de Portugal em 1- 12- 1640. Era demasiado tardio e oportu- nista para poder ser considerado puro.
229
79
CARTA DO NÚNCIO EM MADRID A PROPAGANDA FIDE
(25-2-1645)
SUMÁRIO — Refere-se ao decreto da Propaganda sobre a missão dos Capuchinhos enviada ao Reino do Congo.
Emi™ e Reu.mi SS.ri Padroni Colendissimi Ill.mo e Reu.mo S.r mio Osseruandissimo
Alie humanissime di V. S. Ill.ma delli 17 e 21 dicembre, essendo responsiue alie mie, non mi occorre che rephcare, se- non la riceuufa dei decreto nuouamente inuiatomi circa la Missione dei Congo; mà perche haueuo di già consegnato gl'al- tri, che mi uennero per tale effetto, non mi occorre hora preua- lermi di cjuesto. Jo no tralascio diligenza alcuna per la recupe- ratione dei denaro dell'Arciuescouo di Myra, nel che ritrouo qui ottima dispositione; e se non ostasse la strettezza de tempi, crederei d'ottenerlo fra nõ molti mesi. Pure non sono senza Spe- ranza, et interpongo ogni possibile ost.° (?) per 1'obhgo che hò di seruir la Sacra Congregatione, como facio ín cjualsiuoglia occorrenza che nceuerò 1'honore de comandamenti di essa; e con ratificare a V. S- Ill.ma la mia antica osseruanza, le bacio con tutto 1'animo le mani.
Madrid, li 25 febraio ^4 5.
Di V. S. Ill.ma e Reu.ffia [Autógrafo] : Deuot.mo Seru." obl.mo
Giulio, Arciu.0 di Tarso
Mons/ Ingoli. Roma
Em ml SS.rl Card." delia S.4 Cong.ne de Prop.4 Fidc. APF — SRCG, vol. 108, fl. 17.
80
CARTA DA PROPAGANDA FIDE AO PROVINCIAL DA ANDALUZIA
(25-2-1645)
SUMÁRIO — Louva o zelo manifestado pelo Definitório da Província em mandar missionários para o reino dos Negritas — Que estes se abstivessem de toda a acção política.
Lodando gli Signori Cardinali di questa Sacra Congrega- tione de Propaganda Fide il desiderio di V. R. e delh Diffiniton di cotesta Prouincia, dt giouare con 1'opera loro, e con quella di altri buoni operanj delia medessima Prouincia, alie anime che fra le tenebre dell'ignoranza de 1 misterij di nostra santa fede, si uanno perdendo nei Regni delli Negriti, hanno risso- luto di compiacerle, come essa uedrà, dalla patente e decreto, che se le manda per mezzo di Monsignore Nuntio di Nostro Signore ín Madrid; se le raccorda di dare ogn'anno ragguaglio alia medessima Sacra Congregatione di quel che si sara oprato di bene nelle dette missioni, e di fare siche nessuno di suoi mis- sionanj s'ingensca ín affari politici. E il Signore Jddio la pros- peri. //
Roma, 25 febraio 1645.
APF — Lettere Volgari, vol. 23 (1645), fls. 24 V.-25.
NOTA — Era Provincial da Andaluzia o Padre Gaspar de Sevilha.
81
CARTA DO CARDEAL VIRGILIO CAPPONI AOS CAPUCHINHOS DE CASTELA
(16-3- 1645)
SUMÁRIO — Ê concedida a renúncia da missão de Benim e aprovada a missão de Darien, ficando Prefeito o Provincial de Castela.
Molto Reuerendissimi Padri
Essendosi rifcrita in questa Sacra Congregatione de Pro- paganda Fide la lettera delle RR. W. in data di 9 Nouembrc delTanno passato; questi miei Eminentissimi Signori hanno uolontien ammessa la loro scusa circa la ricusata Missione dei Regno di Benin (1), contentandosi che attendino solamente à quella dei Darien, la Prefettura delia quale, conforme il loro desiderio, s'è data à cotesto Prouinciale, sub nomine próprio, à cui la detta Sacra Congregatione, oltre cio concede authonti di constituire uno de Missionarij già approuati per suo Vice Prefetto, che risieda nella Missione sudetta. / /
Quanto al prouedere detta Missione d'altri Missionarij per il Darien, 1'Emineze loro hanno ordinato che le RR. VV. pro- ponghino à cotesto Monsignor Nuntio quei Religiosi che le parcianno idonei, che quando da questo siano approuati, la Sacra Congregatione li diesinarà Missionarij, e dará facoltà al medessimo Nuntio di spedirle secondo il bisogno. Tanto m'oc-
(*) No texto: Bonim.
corre soggiungere alie RR. VV. ín risposta; et il Signore Iddio le fehcici. / /
Di Roma li 16 Marzo 1645.
Al piacer delle RR. VV.
a ) V. Card. Capponi a ) Francisco Ingoli Sec.°
Prouinciale e Deffinitono et Capitulari delia Prouincia di Castiglia. Madrid.
BNM — Ms. 3.818, fl. 5.
233
82
CARTA DO CONDE DA VIDIGUEIRA AO AGENTE ECLESIÁSTICO EM ROMA
(21-3.1645)
SUMÁRIO — Atribui o mau estado do ultramar à usurpação de Cas- tela, que nos criou os inimigos que tínhamos — Nomea- ção de um religioso como bispo para Angola.
No que toca às terras, que os olandezes nos ocupão, e á guerra que nos fazem, notório hé, que todo o prejuízo delia e da relligião catholica se originou, e teve todo seu principio e crecimento da uzurpação de Portugal durante a união de Castella, fazendose desde então poderosos na índia e no Brazil, e mais partes, e o que ouve ao depois foi consequência, mas inda assi pode Vossa mercê responder, que o que só occuparáo depois da acclamação de Sua Magestade forão as praças de Angolla, Sao Thomé e Maranhão, e que destas duas ultimas está já Sua Magestade restituído, avendoas recobrado os portu- gueses, e que em Angolla estão inda senhores os portuguezes da mayor parte, e tanto que agora vai Bispo para Angolla em que está nomeado hum religioso irmão de Gaspar de Fana Sevenm, Secretario das mercês de Sua Magestade.
BNL — Ms. 1-6/5, ^- 36- — Cópia autêntica.
NOTA — Em 13 de Junho de 1647 ainda o bispado dc Angola não estava provido de facto, mas tinha já o prelado nomeado. — Carta do Marquês de Niza ao Padre Nuno da Cunha S. I., de 13-6- 1647. — BNL — Ms. 1-6/4, A- 89-
234
83
CARTA DO PADRE BOAVENTURA DE TAGGIA AO SECRETARIO DA PROPAGANDA FIDE
(3-4-1645)
SUMÁRIO — A esfera da confirmação do Bispo do Congo e Angola prejudica a missão dos Capuchinhos — A desejada con- firmação episcopal aplanaria todas as dificuldades.
Ill.mo et Reu.d0 Signor mio Osseruandissimo
Riceuo lettere da nostri Padri di costi come stando íl nego- tio delia confirmatione dei Vescouo di Congo per diferirsi molto à lungo, che s'è determinato da Superiori inuiarsi à noi obe- dienza per la piíi vicina prouincia; questo inteso paruemi nso- lutione molto prudente et conueniente à religiosi, maxime de nostra professione, et cosi súbito andai à discorrere col signor Cônsul di Francia, quale molto fatigo nel nostro negotio, dal quale intesi una nprension e che auertisse e bene à non partire di Lisbona, perche farei il giocco à religiosi portughesi emuli et che non è ragione ín conto alcuno lassare il posto, perche detto chi chitta il giocco lo perde, et tanti trauagli et diligenze per ndur[re] il negotio all'altura che si troua, et poi abbandonarlo, è male, dice abbandonarlo, atteso che alie prouincie piu uicine non est transitas per niun caso per le guerre, siche saria neces- sário passare ad Jtalia et volendo ritornare bisognaria ricomin- chiare da capo, et mi incarricò molto esso, anzi di piu scriue esso alia corte dei Rè Christianissimo acciò dijno ordine all'ambascia- tore sij compito alia lettera d'essa Maestà scritta al Rè di Por- tugalo à fauore nostro, sperandone bene.
235
Parlai poi col Signor Secrettarrio dei Rè di Portugalo, mio molto amico, (quale ci fauon sempre gaghardamente) et con- sultando secco in confidenza, quello si pò sperare, mi rispose scieta et sinceramente, che teme delia confirmatione dei Vescouo d'Angola, ma che hauuto Sua Maestà tal vescouo confirmato, índubitatissimamente, cõ molto amore et gusto da Sua Maestà saremo consolati, có ogn'altro che si mandid'Italiaetmel'accertò col suo giuramento, et lo credo, essendo delli piu timorati di Dio che sijno nella Città.
Questo faceio parte à V. S. Ill.ma acciò colla sua moita pru- denza gioui alia Missione; perche può essere che in Roma si stij in una altura et in Lisbona in altra; starò sempre però ad ogni cenno de Supenori, mas timerei che S. Maestà non sen- tisse male; senuo quanto m'occorre cosi consigliato anzi da persone prudenti. / /
Non hò altro che dire, solo che instano li Signon Portughesi et S. Maestà (notificatomi hoggi dal Secretario) che si dijno li vescoui sine pregiudizio tertj che 1'hanno d'accetare ínfalibil- mente. Che etc: li bacio le mani et prego à V. S. 111."1* la consecutione d'ogni sua uera exaltatione. / /
Lisbona, li 3 Aprile 1645.
Di V. S. Ill.ma
Seruo deuotissimo
f. Bonaventura di Taggia, Cappuccino V. Prefeto dei Congo
APF — SRCG, vol. 143, fls. 221-221 v.
236
84
CARTA DO PROVINCIAL DA ANDALUZIA AO SECRETÁRIO DA PROPAGANDA
(4-4-1645)
SUMÁRIO — Nomeação do Prefeito da Missão ad Negritas — Modifi- cações no pessoal missionário da mesma Missão.
t
m.mo Senor
La carta, que V. S. 111."1* me há hecho merced de 2 1 dei passado, reçiui á dos de este mes de Abril por las ocupaçiones de la uisita; ia tenia grandes instancias de los Padres Missioná- rios, pareçiendoles tardaban los decretos, y yo los esperaua por mano de V. S. 111.™*, y les sera de mortificaçion esta tardança causada de no hauernos declarado mejor, aunque me acuerdo, que en las cartas que esenuimos al prinçipio, de los doçe nom- brados, diximos, para prafecto, al Padre fr. Manuel de Gra- nada, predicador, y guardian dei comuento de Cabra, que há sido dos veçes difinidor, aora me procuro declarar mas; suplico á V. S. 111."1* sea seruido de remitir, y fauoreçer estas cartas, y honrrar nuestra suplica aora de nuebo, que es muy conforme a la piedad de V. S. 111."1*, y presentar al dicho Padre fray Manuel de Granada, a los Eminentíssimos Padres de la Sacra Congregaçion, para el dicho efecto de Praefecto, que así fue determinado dei difinitorio, que por mandado de V. S. Ill.m* juntamos en Seuilla el mes de octubre dei ano pasado. / /
Y porque há muerto el Padre fr. Francisco de Arauallc, predicador, uno de los doçe missionários nombrados, en su lugar sera muy á propósito el Padre fr. Juan Francisco de Antequera,
237
theologo, á quien V. S. 111.1"9 se ha dc seruir de fauoreçer con los Eminentisimos Senores. / /
Nuestro Senor guarde á V. S. Ill.ma muy largos anos. / /
Antequera, y Abril 4 de 1645.
Humilde sieruo y Capellan
Fr. Gaspar de Seuilla Ministro Prouincial de los Capuchinos de Andaluçia
APF — SRCG, vol. 108, fl. 41.
238
85
CARTA DO PROVINCIAL DE ANDALUZIA AO SECRETARIO DA PROPAGANDA
(4-4-1645)
SUMÁRIO — Sobre a missão dos Capuchinhos ad Negritas — Eleição do Prefeito da Missão — O Prefeito seria o Provincial — Propostas do Dcfinitório da Província ã Propaganda.
Jhs Ill.m° Senor
Despues de auer escrito a V. S. Ill.ma suphcandole fuesse seruido de remtir los despachos i decretos de la mission in Reg- num Negritarum, por cumplir con la estimacion grande que esta Prouincia tiene al fabor y honrra que a receuido de la Sacra Congregacion por mano y patrocinio de V. S. Ill.raa, y por las instancias que me hazen los Padres Missionários, [h]e receuido la carta dei Senor Núncio de Espana en que me dize que V. S. Ill.ma le a escrito que a receuido las cartas dei difinitorio y los nombres de los doze Padres 1 que non declaramos quien era ele- gido para Pra:fecto, y fue no sauernos declarar mejor, que serutrá de mortificacion quando por [h]ras esperabamos los decretos.
El primero de los doze Padres, que es el Padre fr. Manuel de Granada, predicador y Guardian de Cabra, i a sido dos vezes difinidor, fue nombrado dei difinitorio para Prxfecto y assi de nueuo le prepongo a V. S. Ill.ma i supplico humilmente pre- sente a essos Eminentíssimos Senores al dicho Padre fr. Manuel de Granada, Predicador, para que sean seruidos Sus Eminências de honrrarle con el titulo de Praefecto.
239
Y pues no ai duda en los demais y sauemos que llegaron las cartas a manos de V. S. Ill.ma, no sera necessário boluer a hazer memoria de ellos, solo se me offrece suplicar a V. S. 111."1* que en lugar dei Padre fr. Francisco de Araualle, Predicador, que a muerto y fue vno de los nombrados, se sirua V. S. Illma venga decreto al Padre fr. Joan Francisco de Antequera, Theologo, aprobado tambien por el difinitono y Religioso de mui buen espiritto para Missionário y a sido Maestro de Nouicios. / /
Quatro cosas suplicamos a essos Eminentíssimos Senores y a V. S. Ill.ma y mui importantes para el buen acierto y efecto de la dicha Mission 1 de nuestros buenos deseos de hazer este seruicio a nuestro Senor y a la Santa Iglesia.
La primera que fue que el Proutncial desta Prouincia que es o fuere pro tem p ore, tenga super intendência en la dicha Mis- sion y Missionários j le esten sugetos, para proueerlcs de lo necessário, i nuestro Padre General me a escrito que esto es mui importante, 1 que dicho Padre Prouincial pro tempore sea Prae- fectto, y el que fuere por Cabeça de la Mission sea Vice Prae- fecto, 1 que de otra manera se an seguido inconuenientes en la horden. Supplico a V. S. Ill.ma esté aduertido desto 1 lo disponga con los Eminentíssimos Senores, porque sea el fabor y honrra cumplida, 1 todo lo devamos a V. S. 111."1* y a su mucha piedad.
Otra cosa que suplicamos fue que si la Mission no pudiere penetrar el Reyno Ne gritar um por impedimento de Olandeses o Portugueses, se pueda transferir a otra parte de las índias Orientales y Ocidentales, como se concedio a la santa Mission dei Congo-
Otra cosa fue que pudiesscmos subrrogar faltando algun missionário por muerte o otro impedimento y dar quenta a la Sacra Congregacion.
Otra fue que pudiessc esta Prouincia nombrar Religiosos de otras Prouincias quando se an menester mas obreros, que ay muchos que lo dessean, i sempre se a de entender que auemos de dar quenta a la Sacra Congregacion y suplicarle embie los
240
decretos; todo esto se trato y confino en nuestro difinitono, con acuerdo y consejo dei R. P.e Praefecto de la Mission dei Congo. //
Nuestro Senor guarde a V. S. Ill.ma para aumento de su Santa Iglesia y amparo nuestro. / / Antequera y Abril 4 de 1645.
Muy aff.d0 sieruo y Cappellan
Fr. Gaspar de Seuilla Ministro Prouincial de los Capuchinos de Andalucia
Con esta ira vn memorial para la Sacra Congregacion, para que se fuere menester V. S. Ill.ma lo presente y en todo nos faboresca.
APF — SRCG, vol. 108, fls. 42-42 v.
is
241
86
CARTA DO PADRE BOAVENTURA DE TAGGIA AO SECRETÁRIO DA PROPAGANDA FIDE
(29-4-1645)
SUMÁRIO — Comunica ter obtido licença régia para embarcar para o Congo — Recepção dada pelo Rei de Portugal — Socorro enviado a Angola — Excelente tratamento recebido.
Ill.mo Signor et Padrone mio Osseruandissimo
Sia lodato Gesíi Christo in aeternt*, in aeternú. In questo ponto sua maestà mi fà auisare che siamo spacciati, et quanto prima et fra pocchi giorni ci partiremo per Angola et che domam per ogni modo si fará la prouisione per 1'imbarcatione, quando di già le cose erano tanto disperate, che le sole lagrime et ora- tioni poterono auanzare un tanto fauore da Dio et dell'homini; uolsi finalmente hien 1'altro, che furono 27 dei presente, parlare liberamente a sua Maestà et uolse sua Maestà darmi audienza in piedi, col capello alia mano, et sentendomi discorrere dell'im- portanza dei nostro negotio, sempre sentiua colle lagrime ali' occhi; finalmente mi promisse condescendere al nostro pio zelo et in questo ponto siamo spacciati et concessoci poter passare al destinato Regno dei Congo, tanto piíi quanto hoggi mesmo intende sua Maestà esser stata socorsa Angola dai Portoghesi impensatamente, et stimato a miracolo, ne piu u'è pencolo d'in- toppo de Religiosi contrarij, cõ tanta edificatione di S. Maestà et de Signon dei Regno, che mi confondo esser uno di questi pouen scalci, indegno di tanti fauon che nceuiamo da Dio benedetto. / /
242
Non posso piu distendermi per esser vna naue in ponto per partire per Francia. Si goda V. S. Ill ma di tanto fauore ne concesse sua diurna Maestà, da me stimato al ponto et piu delia vocatione alia Religione; si ncordi dunque V. S. Ill.ma di noi et ne nceua come suoi figlioli in quanto sara concernente ali' occasioni si rapresentaranno di là. Non altro che humilissi- mamente nuenrla et baciare le [mani] ./ /
Lisbona, li 29 Aprile 1645.
Di V. S. Ill.ma
Seruo deuotissimo
F. Bonauentura di Taggia, Cappuccino / / Indegno M. V. Pref. dei Congo
APF — SRCG, vol. 143, £1. 222
243
87
CARTA RÉGIA AO GOVERNADOR DE ANGOLA (9-5-1645)
SUMÁRIO — Pede el-Rei ao Governador Sotomaior que favoreça os Capuchinhos, provendo-os à custa da fazenda real.
Gouernador do Reyno de Angola. Ev EIRey vos enuio muito saudar. Os quatro Religiosos capuchos (*) Jtalianos que uos entregarão esta carta vaõ mandados pella Santa Sé Apostó- lica pregar e ensinar nossa sancta fee aos vassallos do Reyno de Congo, e porque por sua uirtude, e mais principalmente pello seruiço de Deos nosso Senhor conuem ayudalos, e fauoreçelos muito. Vos encomendo os façais pôr pella via mais breue, e mais segura naquelle Reyno, e lhes deis guias, que os acompanhem na jornada, e todo o necessário para ella por conta de minha fazenda; e delia mesma os fareis prouer em Congo de tudo o de que tiuerem neçessidade, pellas vias que ouuer mais acomodadas, procurando quanto vos for possiuel ayudar seus sanctos jntentos. Tendo por çerto, que em todo o fauor que lhe[s] fizerdes me
(x) Aparece por vezes grande confusão entre os Religiosos Capu- chos, ramo da reforma franciscana da Província da Piedade, fundado em 1500 por Frei João de Guadalupe a meia légua de Vila Viçosa, e os Religiosos da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos, totalmente diferentes daquela, cujos professos são conhecidos por Capuchinhos, ou Barbadinhos. Os dois ramos que missionaram no ultramar portu- guês foram os franceses, para os quais Frei Cirilo de Mayenne obteve licença de D. João IV de se estabelecerem em Lisboa, em 1 1 de Agosto de 1647, tendo efectivamente fundado o seu convento de Nossa Se- nhora dos Anjos da Porciúncula, cm 1648, na freguesia de Santos-o- Ve- lho, em local doado pela Duquesa de Aveiro, ainda hoje assinalado por
244
dareis grande contentamento, e volo terey a grande seruiço. / / Escrita em Alcantara, a 9 de Mayo de 1645. / /
Rey
APF — SRCG, vol. 143, fl. 226.
NOTA — Em carta da mesma data, escreve el-Rei ao Gover- nador do Estado da Baía, António Teles da Silva:
Antonio Telles, Gouernador amigo. Ev EIRey Vos enuio muito saudar. Entregaruos haõ esta carta quatro Religiosos Capuchos Jtalia- nos, que como Missionários da Santa See Appostolica passão ao Reyno de Congo á conuerçaõ das almas; encommendouos muiro lhe[s] man- deis fazer ahy todo bom tratamento, e lhe[s] deis embarcação em que passem a Angola, para daly o fazerem ao Reyno de Congo, e a mata- lotagem que se lhe[s] ouuer de dar, e o mais que lhe[s] for neçessano para a uiagem, lhe[s] fareis prouer por conta da minha fazenda.//
Escrita em Alcantara a 9 de Mayo de 1645. / /
Rey.
APF — SRCG, vol. 143, fl. 227.
uma pequena rua. Os italianos obtiveram também licença de D. Pedro II, em 1686, tendo-se instalado em 1689 na ermida de Nossa Senhora do Paraíso, até que D. João V lhes deu local para casa conventual, na parte oriental da cidade, em 1739, à qual deram a invocação de Nossa Senhora da Porciúncula. D. João V contribuiu para ela com mais de 50.000 cruzados. — Cofr. Fortunato de Almeida, História da Igreja em Portugal, Coimbra, 1912, Tom. III, Parte I, p. 428, 482 e 485; P. Hil- debrand [de Hooglede], Les Capucins au Portugal, em Études Fran- ciscaines, 1938 (L); P. Francisco Leite de Faria, Os Barbadinhos Franceses e a Restauração Pernambucana, em Brasília, vol. IX, 1954. — A igreja dos Barbadinhos Italianos é hoje a paroquial de Santa Engrácia.
245
88
CARTA DO PADRE BOAVENTURA DE TAGGIA AO SECRETÁRIO DA PROPAGANDA FIDE
(15-5-1645)
•SUMÁRIO — Recapitula as dificuldades do despacho e o miracoloso desfecho do problema — Sentimentos do Rei de Portugal — Hospício em Lisboa e Convento em Angola — Cartas de recomendação — Vinda do Rei das Maldivas a Lisboa.
Ill.mo Signore et Padrone mio Osseruandissimo
Non posso scriue[re] questa lettera à S. Signoria senza lagrime di tenerezza, per saper quanto douerà stimare V. S. Ill.ma tal nuoua, et piu íl modo comme s'alcanzò íl negotio. / /
Fatto íl caso disperato assai quando il demónio fece il suo ultimo sforzo per impedire il nostro uiaggio, et mi nsoluei voler per ogni modo possibile parlare col Rei et discorrere soda et libe- ramente di quanto pretendeua, et delia mia clara giustitia parlai finalmente, dandomi S. Maestà audienza col capello alia mano et ín piedi, cõ grandíssimo nspetto; quando apena potrei entrare nel discorso, li uennero le lagnme alli occhi, et nspondendo ín apresso à qualche lamenti (fatti però cõ ogni rispetto) di S. Santità, resto si fattamente sodisfatto et componto, che 10 me- desimo restai edificatissimo et molto animoso di quanto pensauo secco negotiare; et discorrendo da solo à solo per tre quarti d'hora, mi promesse spaciarmi, assicurandolo da parte di Dio, nesciens quid dicerem, che f acendo in cio quãto era di seruitio di Dio 1'hauea Dio ín breue à consolare.
La sera dei giorno seguente mi spaciò cõ belissime carte, come uedrà V- S.a Ill.m\ stimando 10 molto la pietà grande di
246
tal Rè, conoscendo che se ui fu difetto non fu suo totalmente. Mando dunque à V. S. Ill.ma la copia delle lettere scntte à due suoi Gouernaton d' Angola et Brazille (1), quali non possono piú espnmere la sua pietà et gusto coche fece tal spaccio à Padri delia nostra missione. Fumo dopoi di tre giorni in publica audienza à renderle gratia, di tal fauore, et apena cominciai acciò fare, h uennero un'altra volta le lagrime ali' occhi, et rispose che godeua molto ne hauesse spacciati, et disse la causa aggiongendo che si prendeua a particolar deuotione questa nostra missione, al che prostrato à terra colli Padri Compagni, nsposi: et noi, Sacra Maestà, lo preghiamo à consentire d'esser Padre di questa missione, come 1'egiamo per tale, et annuens et lagri- mans discessimus. //
Monsignor Ill.mo, questo caso fu miracoloso, et da tutta la Città stimato per tale, et le lassò di dire íl Rè nel Conseglio di Stato et ad altri che non potea piegarlo in questo negotio, ma che di súbito che mi senti parlare se li leuorono le nuuole dell'occhi et uide chiaramente la giustitia di tal missione; di pui che prouò che, súbito nsoluto lasciarci partire per Angola, entrorno 112 naui nelli suoi porti fra Lisbona et altri porti, da quali receuete carte et lettere d'Angola, di Olanda et di Pangi di sua grande satisfatione, cõ altre cosa dette che mostrauano esser nuoltato dei tutto à nostro fauore, come si pò argomentare dalle carte et lettere che inuio congionte, cõforme le copie scntte da medesimi Secretarij. / /
Mi fece poi dire S. Maestà per il suo Secretario di Stato, Petro Uie[i]ra de Sylua, che si hauessimo da seruire di S. Ama- ro (luogo doue di presente habitamo) per riceto de Missionarij nostri, et di piú si voleuamo far al suo tempo un Conuento in Angola, ben potessimo farlo.
(*) Cfr. doe. n.° 89 e Nota.
H7
Angola stà ancor ín mano d'olandesi, pure hanno benissimo speranze di breue ricuperarla, ò auanzarsi molto; amuando noi al Congo potremo giouare molto, quando d Rè di Congo fusse in agiutto d'olandesi, íl che non è certo.
L'imbarcatione nostra sarà frà 1 5 giorni, hauendo S- Maestà di già ordinato ogni cosa per d nostro uiaggio. Nos- tro Signore c'acompagni col suo aiuto et calore diuino; ncordo à V. S. Ill.ma à quanto scnuei per il suo tempo. Non essendo per altro prego aiutarci in occorrenza. / /
Jl Rè di Maldiua che uenne sono 8 mesi per abbocarsi col Rè di Portugalo, per suoi interessi particolan, et hauer da Roma aiuto, resta meco molto intrínseco, et volendo che fusse suo confessore non mi parue bene per degni rispetti, approuati da Sua Altezza, pure fà di presente alcune dimande à S. Santità, come intenderá da sue lettere. Pnego V. S. Ill.ma aiutarlo, che ueramente ne è molto degno, et grande christiano; li bacio le mani et pnego per fine à V. S. Ill ma íl compimento d'ogni sua uera exaltatione. / /
Lisbona, li 15 Maggio 1645.
Di V. S. 111.™
Seruo Vmilissimo
F. Bonauentura di Taggia, Cappuccino V. Prefeto
Se potrà auisare il P. Alessano di quanto si fece, íl che non facio 10 per degni nspetti.
Post Scnptum à carta de 1 5 de Maio de 1 645:
Intendo dalla Signora Regina hoggi che quel P. Guardiano di S. Antonio, francescano, nominato per Vescouo di Angola, saputo il nostro spaccio, ardi trouarla et nnpprouerarh tal fauore
248
concesso á sua instanza et per sue diligenze, tratando impedire ò far nuocare, come già fece ín Ottobre, la concessa gratia; à cui rispose sauiamente la Signora Regina: Padre, Dio hà da cas- tigare chi incontrò si gran negotio di Dio, et il Rè mio Signore non vole di qui auanti che si j ch'incontn tal Missione Apos- tólica. / /
Hor ueda V. S. Ill.ma che Vescouo (caso fusse confermato, quod non creditar ), tenerissimo à nostro fauore, et quanto sara necessário (datto il caso) che fussimo proueduti di quel decreto che si desidera da noi per riparo de soi impedimenti; remittome in cio alia sua moita prudenza, che se non rispetta una Regina à funa à funa, che fana cÕ noi, dato il caso.
Lisbona 18 Maggio 1645.
APF — SRCG, vol. 143, fls. 225-225 v. e 228. APF — SRCG, vol. 143, fls. 230-230 v.
249
89
CARTA DO PADRE BOAVENTURA DE TAGGIA AO PREFEITO DA PROPAGANDA FIDE
(16-5- 1645)
S)UMÁRIO — O Rei de Portugal despacha favoravelmente os missio- nários para o Congo — Anuncia a partida para fins de Maio — Predilecção do Rei pelos Capuchinhos — Seu descontentamento com o curso dos negócios de Roma.
Eminentíssimo et Reuerendissimo Signore et Padrone mio Colendissimo
Per debito douuto à V. E. per mia parte facio intendere, come finalmente íl Rè di Portugalo, intesa da me in audienza pnuata 1'importanza dei nostro negotio, ci spaciò risolutissima- mente cÕ ordinare al secretario douesse sperare che muno piu ardisse d'incontrare il nostro negotio, ne piu u' è pencolo, per mio credere, d'incontro alcuno et digià habbiamo alie mani le carte (le copie de quali per piu vie hò inuiate à Mons. Ingoli) et[è] fata la prouisione nostra d'ogni cosa necessária, et la nostra partenza sara indubitatamente alia fine di questo mese di mag- gio et confesso à V. E. che la Religione nostra tiene molt' obli- gatione à tal Rè, hauendosi presa tal nostra missione à sua par- ticolar deuotione, cosi ci declaro in publica audiéza, mentre li dauamo le gratie; aciò risposi, che noi 1'accetauamo per Padre et Padruero di quest'opera et missione de Padri nostri dei Congo. //
Stà però il pouero Rè molto scontento per uedere che li negoti) suoi in Roma non tengono quel bon successo [che] desi- dera tutto il Regno; e meco confidentemente discorrendo, pian-
geua di cio di che urtaua molto à tal spetacolo. Io però l'es- sortai a sostenere quel pocco di sauorra ordinato da Dio per sos- tegno et segurezza dei vascello dei suo Regno, et mostro in quel discorso ogni obedienza et soggettione alia S. Sede Apos- tólica, di che non minor fú íl stupore in me che 1'edihcatione, degno ueramente d'esser compatito, et pare ci chiami molto sodisfato delli fauori di sua Casa. / /
Non altro per hora, che neurentemente baciar la sacra ves- timenta et pregarli da Dio il colmo de suoi pij desiderij.
Lisbona, li 16 maggio 1645.
Di V. S. Eminentíssima
Seruo Umillissimo et obed.° figho
fr. Bonauentura di Taggia, Cappuccino V. Prefeto de Congo
APF — SRCG, vol. 143, a 218.
NOTA — Em carta de Mons. Jerónimo Battaglini, de Lisboa, com. a data de 12 de Outubro de 1645, dizia a propósito dos Capuchi- nhos do Congo:
«Due giorni sono gionsero anco due carauele dal Brasil cariche di zuccaro, con auiso che in breue doueua partire Ia flota di quelle parti; erano gionto alia Bahia li quattro Padri Capucini Iragliani, che di qui partirno nella fine di Giugno passato per andare alia loro Mis- sione nel Regno di Congo, et auisano che iui era auiso che Pernambuco si speraua digià fosse reso alli Portughesi, particolarmente per manca- mento di uiueri, et essendo li gentili delia terra solleuati contra gl'olan- desi, per il che quel gouernatore dei Brasil haueua mandato 22 vas[c]elli con 2.000 fanti di soccorso à quella parte, et il medemo si credeua dAngola».
AV Nunziatura di Portogallo, vol. 24-A, fl. 137.
90
CARTA DO PADRE BOAVENTURA DE TAGGIA AO SECRETÁRIO DA PROPAGANDA FIDE
(16-5- 1645)
SUMÁRIO — Comunica o despacho obtido de D. João IV — Justos ressentimentos do Rei a propósito do despacho dos seus negócios religiosos na Corte pontifícia.
Ill.mo Signor et Padrone mio Colendissimo
Per altre mie hò scntto à V. S. Ill.m* di quanto s'era conse- guito dal Rè di Portugalo et come finalmente cõ ogni zelo spedi la nostra giornata per íl Congo, ordinando íl nostro uiaggio di Lisbona per la Baia et Brasile et di quiui ordina al suo Gouer- natore ci dij nauiglio per Angola co tutte le prouisioni necessa- ne, diche tutta la Città riceuete à sommo gusto. Solo alcuni religiosi et altn interessati poterono sentiria cõ sentimento, ma non darne alcuno segno, atteso che ordinãdo S. Maestà che fussimo spaciati, ordinò nel tempo medesimo al suo Secretario che piu ne hauesse ad incontrare, ne di questo si contento íl Rè, ma ordina per sue Carte (le copie de quali per piíi uie mandai à V. S. IU.ma), al suo Gouernatore d' Angola, ne faci acom- pagnare al Congo cõ guide sicure et per la uia piu acertata; desiderò sommamente íl Signor Secretario mandasse le copie di tali lettere à Roma cõ mie lettere particolan, per dar segno delia pieta di S. Maestà uerso le cose di Dio, et douuta nuerenza alia S- Sede Apostólica, come cõ fatti s'è prouato ín questo nostro negotio; ma doleo latere, come diceua S. Bernardo, stà veramente il pouero Rè molto scontento per la dilatione de suoi negotij ín Roma, et meco discorrendo un giorno piangeua ín
252
modo che io mi atterni in uerità, essortandolo io alia douuta sogetione delia S. Sede, et a soportare tali risolutioni: quali sono come tante proue che fà Dio di S. Maestà per prouare la sua uera fede et riuerenza delia S. Sede. //
Non posso negare à V. S. Ill.ma che non restasi io compon- tissimo à tal spetacolo; eramo da solo à solo et contido mecco in ciò molto, prontíssimo però a sostenere quanto da Dio li uiene permesso. Non passo piu auanti in ciò, asicurato che in Roma nsiede la somma delia prudenza de negotij, li bacio le mani et pnego al Signor il compimento de sua exaltatione. / /
Lisbona, li 16 Maggio 1645.
Di V. S. Ill.ma
Seruo vmihssimo
f. Bonauentura di Taggia/ / V- Pref. de Congo
APF — SRCG, vol. 143, fl. 219.
253
91
CARTA DO PADRE BOAVENTURA DE TAGGIA AO SECRETÁRIO DA PROPAGANDA FIDE
(18-5-1645
SUMÁRIO — Satisfação dos Missionários, dos Senhores e do Rei de Portugal pelo despacho da missão do Congo — Pedem ao Rei que seja seu Pai e Padroeiro da missão — Reco- menda os padres Sebastião César de Meneses, Bispo eleito do Porto, e Francisco de Santo Agostinho de Macedo.
Ill.mo et Reu.mo Signore
Per piíi uie hò scntto à V. S. Ill.ma delia nostra speditione per il Congo fatta altamente il giorno di S. Pietro, mante- nuti (?) da S. Maestà cõ ogni possibile larghezza et ampieza di cortesia, come vedrà dalle lettere scntte da S. Maestà à suoi Gouernatori delle Conquiste di Portugalo, et basti affirmare à V. S. Ill.ma cõ ogni sincentà che ne conosse, tal spaccio et spe- ditione di nostra giornata cõ le lagrime all'occhi et di piedi andandole a dar le gratie ín giorno di publica audienza, di nouo ueduti stare alia sua presenza, si componse ín modo che fece amirare quelli Signon presenti, et disse apertamente che staua contentíssimo di quanto hauea deliberato à nostro fauore, et disse (ponendoci la mano al petto, 10 mi prendo a mia parti- colar deuotione questa vostra missione) alche io colli padn Compagni, prostrato à terra, lo supplichiamo à consentire d'esser nostro Padre et Padruero di tal missione, et mostro a consentire cõ ogni affetto, et quello che molto importa, da ogni parte s'intende che sij il Rè contentíssimo di quanto fece, et delibero à nostro fauore, anzi che tratandosi seco ín esso, súbito
254
h uengono Ie lagrime all'occhi, íl che pare ín effetto un grande gradimento di Dio; altretanto fú la consolatione nostra nel fine, quanto fú maggiore d trauagho per conseguido.
Ricordo à V. S. Ill ma (come hò fatto in altre mie) che ín questo negotio hebbe gran parte il Signor Sebastiano Cesare Meneses, Vescouo nominato da sua maestà per il Porto, città di Portugalo, et il P. Francesco di S. Agostino, franciscano delia ri forma di S. Antonio di Portugalo, detto per sopra nome il P. Macedo, quale fíi prima delia Congregatione ò delia Compagnia de padri Gesuiti; à questi sarà bene in ogni euento, maxime à questo Padre, aiutarlo per bona corrispondenza di si grande opera, essendo religioso molto dotto et qualificato. / /
Anzi che supplico V. S. Ill.ma di sua parte roghi impie- garlo à questa cura di nostra missione apresso il Rè di Portu- galo, ò in altro modo che all'occorrenze potessero offerire; altre- tanto desidera far quel Vescouo di Porto, offerendosi loro alia cura et diligenze di tal negotio col Rè et cõ altri, il che stimo molto à propósito si 1'inuino di costi le lettere, ò altro si spe- disse di Roma. Non altro. Per fine li bacio le mani et priego à V. S. il colmo di suoi desidenj et consecutione d'ogni sua uera exaltatione- / /
Lisbona, li 18 Maggio 1645.
Di V. S. Ill.ma
Seruo deuotissimo
F. Bonauentura di Taggia, Cappuccino V. Prefeto di Congo.
APF — SRCG, vol. 143, fls. 223-223 v.
z55
92
CARTA DO PADRE BOAVENTURA DE ALESSANO AO SECRETÁRIO DA PROPAGANDA FIDE
(4-6-1645)
SUMÁRIO — Relato da viagem -para o Congo — Tropelias dos holan- deses heréticos — Recepção amistosa do Conde de Sonho — Esperanças de missão frutuosa — Pede reforço de mis- sionários e novo Bispo.
Ogni benedittione al Celeste Padre delle Misencordie
111.™0 Signore Padrone in Chnsto Osseruantissimo
Jl miracoloso amuo ordinato dali' Altíssimo de noi altn pouen Missionanj, et Euangelici Operanj destinati da cotesta Santa Sede e Sagro Concistoro in questo Regno dei Congo nõ m'accingo a narrarlo minutamente à V. S. Ill.n,a, come potei e per la naui- gatione prolissa di quasi 4 mesi, e per li patimenti inesplicabili nel decorso dei uiagio, che e per cõtrarietà de uenti e calme, et altre uanetà maritime s'isperimentano, e con tutto cio sani e salui, à 25 di magio, à punto nel giorno delia Sacratíssima Ascentione dei nostro Saluatore, hauer dato fondo nel fiume Zaire, alie sponde dei Contado di Pinda ('), Prouincia spatiosa di questo Regno, potei da queste circostanze persuadergli mi- racoloso 1'ingresso; pure passando íl suddetto in silentio, argo- menti cõ demonstratiuamente V. S. Ill.ma dalla inaspettata infestatione d'una naue Olandese, cli il giorno seguente, 26 dei
(*) No texto: Pinna.
2 56
citato, spontando nella bocca dei fiume, reco à tutti confusione, et afflittione cotanta, quanta sà colui ch'è uerace scrutator de cuori, ne ueniua il nemico à uele gonfie alia nostra uolta, supe- riore di forza, di grandezza e di sito; d fugire à terra si rendea impossibile, allargarse uerso il mare, si era andarsi in preda dell'auuersario; solamente fondando quell'ancora fermissima di speranzosa e filial confidenza nel Celeste Patre, à lui s'hebbe ricorso, impugnandosi contro remulo da Religiosi 1'armi spiri- tuali, e dalla gente delia naue le militari, finse el nemico diuerse dimostranze, hor fugendo, hor accostandosi, hor buttando l'an- cora, hor di nuouo tirandola, hor salutando con artiglieria senza palia, hor minaciando, hor chiedendo minuto conto con fraude, hor con pertinace ostinatione di uedere il passaporto, donde si ueniua, oue s'andaua, che si negotiaua, al che tutto con pru- denti, e coragiose risposte fu sodifatto dal nostro Capitano, huomo ueramente eletto da Dio, com'ottimo strumento per guidare in si intrigati labennti fedelmente 1'apostolica im- presa- / /
Si perseuerò fin'al giorno seguente, 27 dei mese, e sabbato, giornata dedicata alia nostra pietosissima Madre, delia cui ma- terna clemenza si speraua ogni buon successo, osseruaua l'un 1'altro vascello a motiui si faceano, quando impaziente il ne- mico, inuiò una carta al nostro Capitano cÕ autontà diabólica, essattrice dei passaporto, e prouocatoria in euento di negatiua, di rouinare il tutto à forza d'armi; nportò da nostn cõ altra essi- genza, che di magior confusione: che cola si staua in parte sogetta al Conte di Pinda (x), per altro nome, di Manisogno, ch'hauea à negotiarsi cõ lui, e col Rè dei Congo di cose ímpor- tantissime, e che s'altro desideraua, prontissime 1'hauuerebbe hauuto in pace et in guerra; da somighante resolutione, inuece d'attacar'il nemico il temuto duello di Marte e di morte, dis- portossi, altrimente, auuiandosi col suo battello per il fiume ali' in síi cinque de suoi, fra quah si congetturaua fusse il Capi- tano, gli fíi seguitato da nostn, ch'andasse pure in buon'hora,
17
257
e nó sospettasse di nulla, atteso ch' eghno erano per fare íl me- desimo, traccie tutte necessarijssime per íl buon' essito, et ín particolare per 1'entrata di noi altn, i quah occulti per ordine dei Capitano, stauano nella poppa nascosti, sospirando alia superna pietà per souuenimento opportuno.
La residenza dei Conte staua ben diece miglta distante, la corrente contraria dei fiume rapidíssima, gli angoli e diuerti- coli diuersi et incogniti, la fede cattolica cosi nel Prencipe, come ne uassalli incerta, il nemico alie corte, quo nos uerteremus, metuebamus, pure auualsati da interna fiducia, piu uolte si replicaua: si Deus pro nobis, quis contra nos. Tento piíi uolte lauuersano passar la corrente, ma ò si fusse malitioso strata- gemma, ò che ín fatto no potesse traghettare, si riuolse à bordo; all'hora i nostri coragiosamente preparando la lor lancia con 6 giouani robusti con due de Missionarij, el Capitano e Religiosi mezzi, trauestiti e sconosciuti, e quelh ben'in assetto di forze e d'armi per li sinistri incontri poteano offenrsi, trauagliossi gaghardamente, spuntossi 1'impenetrabil varco, ch'in una giunta se ci opponea, si diedero gratie al Signore, seguitossi il uiagio, clie quasi labennto, hor quà hor là gli ragiraua, et ecco il nemico spinto nó sò se dal demónio ò da uergogna e confu- sione, radoppiando le forze de nauigatori s'aciense à seguitargh col suo battello, e gli fíi tato prospera la fortuna, cosi ordi- nandolo il Signore, che nó solo gli giunse, ma parimente gli auanzò, c baldanzosamente s incorrea per essere il primo ad informare il Conte. Sentirno mortificatione non mediocre i nostri, ponderando che la pnmera informatione potea nó poco nuocere, ò giouare, pur rimessi nel diurno beneplácito, nó si raffreddauano punto nella conceputa speranza; s'arnuò final- mente ad un seno dei fiume molto angusto, oue stimando il Capitano d'hauere sbagliato il tutto, e però inconsolabilmente lagnandosi delia sua suenturata sorte, nõ ammetea conforto da nostri, et all hora discuoprendosi, poiche mai amorosa la paternal Prouidenza dei Comunal Signor, saltandosi à terra da un mari-
258
naro, et un de nostri compagni, à pena dati 4 passi sabbatterno in una Croce di legno ben grande et alta, à dinmpetto staua una chiesetta intessuta di cannc, di rami d'alberi, imbiancata alia parte dell altare cõ un poco di calcina; iui stauano collocate due statue, delia puríssima et jmmacolata Concettione delia Sagratissima Vergine Tuna, e dei glorioso Santo Antonio di Padoua 1'altra, et un quadro dei nostro Seráfico Padre S. Fran- cesco col capucino; nel difuori à lato di quella in due trauerse pendea una campanella, e circondata da diuersi alben, altn frutiferi come cittangola et alcuni infrutiferi, etc, segm tutti euidentissimi di Cristiana Religione, e di Cattolica Fede; íl giubilo sentito fu estremo, qual magiormente avanzossi, men- tre passando auanti, si discuopnrno gente delia terra, ch'ingi- nocchioni, adorando il Santíssimo Crocifisso, ch'il nostro com- pagno portaua nel petto, al saluto: sia lodato il Santíssimo Sa- gramento, risposero: amen Alene y amene, che uuol dire: [per] sempre; si comincia ad interrogare in língua Portughese, qui alquanto nota, e con sicuntà fú nsposto, che gratie al Signore la fede si conseruaua íllibata, quantumque per íspasio di 4 anni nõ auessero ueduto faceia di sacerdote, eccetto che pochissime uolte alcun prete di passagio sbarcò. / /
Dopo si felice nouella il Capitano, e 1'altro nostro com- pagno si replicorno e moltiplicarno 1 sentimenti di giubilo, si inoltrò il camino per il Conte, e per ouííque si passaua, uscendo da pouere capane di paglia (tali sono le case di questa pouera gente) e grandi e piccioli, et huomini e donne, alta uoce gri- daua: Enganga augussú Zambi allassi, che uuol dire, in lor linguagio, Sacerdoti santi di Dio etc, si peruenne finalmente in Banza, oue sogiorna il Conte, e di già il Capitan nemico hauea precorso à dipingere le sue informationi conforme gli piacea, ladoue il buon Signore, come perfetto cattolico, e uerace figlio di Santa Chiesa, súbito ch'udi 1'arriuo de nostri, ordinò al herético che nõ ardisse in modo alcuno molestare il vascello uenuto cõ i Padri Santi. / /
250
Furno introdotti i nostn ali' udienza, accolti e riccuuti dal buon Conte gratiosamente, e cõ segni di tatá religiosità, c diuotione, che difhcilmente in Europa si ntroua somigliante, d modo di nceuergh et ascoltargli fú alia grande, al modo dei paese, egli fíi sentato in una sedia di damasco, ò broccato fino, circondato da numerosa moltitudine de nobili e caualieri, ch'in- ginocchiati gh face [ua] no cortegio, dal lato destro un pagio cõ una spada ben guernita, et al sinistro un' altro con lo scettro, cÕ altre cerimonie, che per nÕ trecar à V. S. Ill.ma indi le taccio; al incontro stauano 3 seggie di corame conforme le nostre, due per 1 Religiosi, e la terza per íl Capitano, et pendendo tutti cõ alegra curiosità, e diuota attentione dalla proposta douea farsi; cominciossi in Portughese da nostri ad esporre íl fine delia uenuta, la stima che la Santa Sede facea di questa natione, íl ministério apostólico, 1 patimenti sofferti per la lor saluatione, íl desio ardente d'aiutargli, 1'ultima uesi- tatione nceuuta dall heretico, e finalmente la grata cornspon- denza che doueano à Sua Santità, alia Sagra Congregatione, e la cooperatione ch'in nostra difesa douea in ogni euéto sinistro impiegare. / /
Ci rispose per interprete, che giubilaua straordinanamente dei nostro amuo, gradiua cordialmente íl fauorc fatogli da Sua Sátità, riconoscea humilmente la memoria che di questa na- tione si tenea, e che haurebbe messo ogni impiego per la dila- tatione delia santa fede cattohca e lege diurna; 1'abbracciamenti di lui c de nostri furno ricendeuoli, e quatúque uolentieri questi cõ riuerenze humiharsi, nõ fú da lui permesso, anzi cõ uera religione veneratigli, si prese da lui combiato e si diede ordine ch'io cõ gh altn miei compagni sbarcassimo, che perciò inuiò un caualiero suo parente alia nauc in nostra difesa, il quale col Capitano, et altri delia natione giúse à bordo uerso le 3 horc di notte, gridando nell'auuicinanse cõ canti et giubili, sia lodato il Santíssimo Sagramento; sahmo in naue, si riferi il fehce successo dal Capitano, essendo i due nostri compagni rimasti
260
cola dal Conte, per celebrare il giorno seguente di Domenica. Ah mio caro Signore e quante lagrime cordiah si uersorno per tenerezza, e quato di uatagio fu compensata 1'afflitione passata, si passo tutta la notte nel conceputo cótento, non si finiuano 1'interrogationi cõcerneti et il passato et il futuro ín ordine al nostro ministério, 1'affetto alia fede, il bisogno di Sagramenti, e 1'abusi introdotti nó altrimente contra fidem, ma contra diui- nam legem, etc, i quah per isturbargli no si stenterà poco. / / La felicita dell'ingresso e delle communi essultationi si sarebbe inoltrata e nella Domenica e nei 4 giorni seguenti, quando 1'auuersano herético nó 1'hauesse per sugestione dei diauolo disturbata, il quale auuedutosi delTingresso de Missio- nanj Apostolici ín questo Regno, infellonito dei successo, con arroganza infernale si risentiua, minacciaua, si strugea, prohi- biba que ueruno fusse à terra, sotto pena di mandare à fondo il vascello; opponea che nei patti dei Conte fra lui e la Signona Olandese íntraueniua questa circostanza, che fusse amico degh amici, e nemico de nemici, e che tenendo lei per nemici capitali il Rè Cattolico et il Papa, che parimente il Conte douea tal dichiararsi, e nó ammettere amici ne delFuno, ne dell'altro; si conuenne di comparire ambe le parti un'altra uolta auanti al Signore, et iui udir le ragioni et aspettar la sentenza; uenne il gorno à ciò prefisso, che fú il lunedi, e 29 dei passato, mi portai con gli altn nostri compagni e altri 3 (che per consola- tione delia gente rimase al vascello) alia presenza dei Conte, il quale cÕ nõ minor riuerenza e cortesia, ch'hauea fatto à due pnmi, m'accolse; dimostrai il Breue pontifício, da lui con moita riuerenza uenerato, e cõ nuoue offerte si dedico al nostro aiuto per quato le sue forze si stendeano; comparue dell'altra parte il nemico, proponendo le sue ragioni, quali tutte furno ribattute nõ cõ minor religiosità che prudenza; e passando auanti nelTin- solenze 1'heretico, cosi il Signore comme gli altn caualien, cortegiani e circostanti colle grida, con i sembianti e con i gesti ferno mostra di ndurlo ín pezzi, se nõ tacea, et in somma
261
pro bono pacis fíi cõchiuso che li Capitani dell'uno e dell'altro vascelo si trattenessero, finche sbarchasse quanto si era porcaco da Europa, come ornamenti di sagristia, alcari, etc, per il culto diuino. / /
Non si marauigh V. S. Ill.ma che 1'Olandese uadi tãto superbo per queste confrade, poiche possedendo quase tutto il Brasile, et hauendo 4 anni sono, occupato il porto d'Angola qui d'appresso, hà tolto il commercio à principi cattolici, e questa pouera gente priua, per dir cosi, d'ogni bene terreno, per hauere qualche cosellina, come di vesti, di vino, farina, etc, è costretta tenere cÕ esso buona cornspondenza, et à nchiesta dei medesimo Conte, per Ambasciadore spedito ín Olanda, tiene qui fattore e fattoria, e per ogni tanto tempo uiene una naue à far mer- cantie, portar merci, e riportar di qui avono e bombace, e quel ch'è pegio, quatità di poueri fighuolini battezzati, per uendergh pó» per ischiaui ouúque gli agrada, uso di già introdotto, e piaccia al Cielo si possa facilmente suellere, onde, s'il Conte nõ fece fin' à quel punto altre dimostrationi, era degno di scusa, cet. / /
Da quello che nel decorso de gli altn giorni fin' hogi 2 di Giugno, è auuenuto, con euidenza pure troppo efficace s'è manifestata la finezza et esquisitezza delia fede e religione dei buon Conte, nõ solamente nel regalarei giornalmente con i frutti delia terra, che sono alcuni pochi legumi, radiei d'alben e vino di palma, con assegnarci luogo per fabneare una pouera casetta, ch'in quatro hore fu spedita à modo di capanna, secondo il cuore dei nostro Seráfico P. S. Francesco, ín or- dine allaltissima pouertà; nell'assistere alie messe e nel gusto di conuersar cõ noi, ma quel che piíi importa, in esporre la uita ín difesa delia fede, come dal seguente fatto argomenterà.
Si uidde burlato 1'heretico dalle sue pretétioni, e cercando in tutti i modi uolerla uincere, sensse una carta al suo pilota, que staua in gouerno dei vascelo, che souente riceuutola tratte-
262
nesse il latore à bordo cõ protestare che nó 1'haurebbero finche nó fusse restituito il Capitano- Fra tato, minacciando furiosa- mente la nostra naue, che nó s'ardisse in modo alcuno porre à terra ne gente ne altro che si fusse, che souente 1'haurebbe affrondata, et intanto dauano nulle dimostranze di beffe, di superbia e di supenorità; anzi uolendo un de nostri compagni uenire à darmi auiso, si birò una palia d'artighena al battello per afondarlo; il lator delia carta, che fu ntenuto da contranj, si era un parente dei Conte, caualiero stimatissimo, e come si dice anche Marchese, il qual spedito da S. Eccellenza, acciò i nemici no si mouessero, portò la lettera d'Una; tracciò frà questo mentre il Capitano herético licensiarsi dal Conte, ingannandolo, sotto pretesto ch'era necessário andasse in naue per essecutione dell'ordine di S. Eccellenza; il buon Signore con semplicità di colomba nó contradisse; arnuò miracolosamente il nostro compagno dalla naue, diede nuoua dei seguito, e ne riempi d'estremo cordoglio, penetrando 1'angustie, nelle quali si ritro- uaua il nostro fedelissimo Capitano, 1'intngo dei Conte e rimminéte perdita d'altn nostri compagni nmasti nella naue; s'accorse ímmantinéte al Cattolico Difensore (siami lecito dargli questo titolo posciache di uátagio lo menta) se gli espose la frode dei nemico, et il buon Signore ammuato dei fatto da lui nõ sospetto, et insieme npieno d'ardentissimo zelo, leuossi da sedere, et à piedi seguitò il nemico per íspatio di 3 miglia, et aiutato dalla Maiestà Diuina, arnuollo, nnfacciollo, e toc- candosi colle mani la bocca, ch'è segno di guerra, minacciaualo come capitalissimo nemico, protestando ch'egli in persona sarebbe andato alia nostra naue, espostosi à colpi d'artigliene, et osseruato il rispetto gli haurebbero portato, à somigliante spettacolo, spauentato e confuso l heretico, butossi à piedi dei Católico Signore, chiese perdono, et allegò per iscusa, che la gente delia sua naue, senza sua saputa s'era mossa à porre mano al sua fuonto, e dar'in altn eccessi da lui nõ ordinati; ch'era prontíssimo a quanto egli comandasse senza pretenrne
263
una parola. Racchetossi íl prudente Príncipe, e radoppiando le diligenze per íl fido compiuto delle promesse, di già fatte halla M. D., la suppellettile sagra dedicata al culto Diuino stà in nostro potere, tutti 1 PP. Compagni stanno in salvo, et il buon capitano spenamo senza disturbo e danno partira da queste contrade, e ncapitarà costa in Roma fedelissimamente le presenti aspettatissime novelle dei miracoloso ingresso in questa pouera et abbandonata greggia, di Pastori Euangelici, acciò la difenda in aestu et geln, usque ad effnsionem sanguinis da voracissimi lupi, e visibili et invisibili.
E per dare a V. S. 111."14 sommana contezza delia qualità di questo contado, sappia, ch'è una Prouincia delle principah di questo Regno, i cui Signon secundum (a) morem Patriae sempre si sono mantenuti con molto splendore, ma quello maggiormente gh fà lampegiare si è, ch'il primo nceuesse la fede in queste parti, et intrepidamente poscia la difendesse, fu un lor'Antepassato, chiamato il Conte N. di Manisogno, o Pmda (*) ; il Domínio è molto ampio e spatioso, contiene numerossissima gente e di valor grande, per modo che piu volte hauendo conbattuto col Rè, ba sempre riportato uittona, e di fresco pochi giorni prima dei nostro amuo, per alcune liti, e contese, hauendo guerrcgiato coll'essercito régio, lo sconfisse, gli tolse il Príncipe, il quale attualmente stà in mia casa nte- nuto, trattandolo alia grande, e questo è un'altro punto, dal quale il demónio pretende, ch'il Rè forse entrando in gelosia, che siamo entrati in terra d'un suo nemico, senza prima con- durci da lui, dimostrauassi o vitioso, o scarso neH'ammetterci, se pure non ci fanno positiva violenza, intendendosi di lui nuoue men buone in matéria, spero non sarà delia fede, ma di bontà, e religiosità Cristiana, per 1'aperte crudeltà, commercij de maleficij e negromanti, et altre peruersità, che la fama
(*) No texto, i dum.
diuampa In queste parti, quantunque per esser nemici non man- cheranno alterationi, coll'aiuto dei Signore, e colla prudenza li porta sicura speranza d'incaminar in modo le cose, ch'il Rè non possa pregiudicarsi, quale non altn mente è íl buono D. Al- uaro, che scnsse à cotesta Santa Sede, ma un D. Garzia, suo fratello; hor ri tornando al nostro Conte dico, che lui non dege- nerando da suoi progenitton, si conserva ílhbatissimo nella fede, fortíssimo difensor di quella, et ubidientissimo alia Sedia Apos- tólica, in segno dei che scnve una carta à S. Santità, in língua Portughese, nngratiandola dei singolar beneficio, d'hauer destinati, et in tempo di si estrema necessita, Ministri Euangelici per lor salute; et 10 confidato nella benignità dei supremo Pastore, dico íl Sommo Pontefice, e nel valore di V. S. Ill.ma e di cotesto Sagro Concistoro, gli hò con moral certezza offerto, che finezza di fede tanto singolare, et obedienza si pronta, sarà gradita e nconosciuta dal Beatíssimo Padre, e dagli Eminentissimi Signori, e come à difensor delia Fede le sarà inuiato lo Stocco (3), benedetto dà S. Santità.
111."10 Signore, sò ben'io, che questo fauore si fà à Principi, quali con singolanssimo zelo, et heroiche imprese han difesa la fede, e che perciò 1'ottenerlo, si renderá malagevole; tuttavia, se consideriamo, le circostanze concorrono in questo buon Sig- nore; piu è da stimarsi una minima dimostranza di lui, che cento, e mille di grandíssimo nlievo de Signori d'Europa, e se lei acutamente fira ponderando 1'attioni di sopra narrate, e con me, e con 1'heretico, chiaramente si scorge, che pose alia ventura la vita, e questo hauea per gloria delia Chiesa, adoprirsi dunque con istraordinaria efficacia in questa richiesta, che contutti i nos- tn compagni humilissimamente le propongo e 1'assicuro, che sarà un ravvivarlo, et eccitarlo a magior fervore, e piu ardente zelo, et in euento, ch'il Rè ci ributtasse, lo stato di questo
(â) bengala, cetro.
265
Príncipe è tanto copioso, che non mancherà in che essercitarci di notte, e di giorno; confido non indegnerà con ogni premura haver a cuore 1'impetratione di questa gratia, e prerrogativa singolare, e per li nuovi Missionarij destinandi, centuplicata- mente consolerà 1'anime nostre.
Mi conviene raguagliar V. S. Ill.ma dei miserabilissimo stato di questa povera gente si in spiritualibus, come in tempo- ralibus; in quanto al primo, e piíi degno, bastarebbe il dire, ch'una Prouincia numerosíssima di popolo sia stata 4 anni senza un sacerdote assistente, solamente e di rado alcun di passo, quindi 1'inosseruanza delia lege Diuina, et Ecclesiastica: il colmo de vitij, massime delia carne notabilmente e nobili e plebei co- noscer piu donne [è]stimata cosa da scherzo, quantunque gratie al Signore stiano saldi, ch'è contro la Divina lege, e 1'avisino che fan male; pur fin hora non s'ha voluto imprudentemente finire investigando, e con essattezza esplorando 1'abusi circa questa matéria, quale dubito saranno tanti, e tah, che par- tial'aiuto dei cielo sarà necessário; 1 fanciulli da battezzarsi sono quasi infiniti; dimattina, vigília delia Sagratissima Pasqua de Pentecoste, si benedirà 1'acqua battismale, e si fará un battesimo generale; se n'ha dato parte al Conte, e con molto suo gusto; e poscia, pian piano, si dará di manoa gli altn Sagramenti, avvalendosi nel principio d'interpreti Portughesi, essendovi alcuni dt questi, e stando in uso cosi confessarsi à sacerdoti di diverso idioma; piacesse al Cielo, ch'in questa sollennità dello Spinto Santo, con gli Apostoli ncevessimo il dono delle lingue, acciò incessabilmente fatighassimo in questa inculta, e silvestre vigna. //
L'altro abuso principale sopra toccato, si è, che si costuma, per quanto abbiamo inteso in questo Ragno da Signori de Vas- salli vendersi 1 pouen fanciulli, e fanciulle da 8 o 10 anni in su, à mercandanti stranieri, o heretici, o cattolici, che siano,
266
i quali poscia secondo (4) piu gli gusta, et íl guadagno se gli offerisce indiferentemente à chi si sia gli vendono; infondano nella consuetudine stima irrevocabile, e si presume gmsto titolo
0 di guerra, o di compra etc-; il punto è di consideratione per adesso non può toccarsi, per non impedire il magior bene, il vender cattolici ad heretici con ingiuna dei Battesimo, e pen- colo de poveri fanciulli, stimiamo intrinsecamente maio, e di- rettamente contratto íllecito contra charitatem, et legem Divi- nam; il vendergli à cattolici, perche sembra, stante la consuetu- dine irrevocabile fondata in giusto titolo, alquanto piu tolera- bile, e da non condennarlo à fatto, pur si priega delia nsolutione da cotesto Sagro Consistoro. / /
II secondo capo delia miserie temporali, sono panmente estreme, il sostento è di radiei d'alberi, e d'alcuni pochi legumi, che dal coltivar la terra si producono; e la bevanda regalata per
1 nobili, una specie di vino di palma; tutta via si viue, e si sostenta la natura, e noi in questi pnncipij ci ntroviamo assai bene, siane nngratiato il Sommo Proveditore. / /
Le vestimenta sono per ordinário di fila di palme intessute, ma fanno buona vista, essendo ben lauorate, e si cuoprono dalle gambe fin alia cintura, e dal collo all'ingiu una rete come ricca collana panmente di stami di palma, che si congiunge coll'altra parte couerta dei corpo; in somma v'è qualche decenza, et honesta; 1 nobili poi, e caualien, agiungono un man- tello lungo di panno, o fino, o mezzano, secondo la qualità delle persone, e le merci, che di fuora particolarmente da Olanda vongono; narro questo, acciò V. S. si confermi maggiormente, che se non seguitarà à mandar missionarij poveri, e totalmente disenteressati, e solamente delia nostra Seráfica Religione Capuc- cina, si fará nula, poiche è moralmente impossibile voler fruttifi- care in queste pouere anime, e dimostrar un minimo che d'in- teresse. / /
(*) No texto:
267
Le Prouincie dei Regno parmi che siano 6, e tutte estrema- mente bisognose, confinano altri Regni, de quali è probabilis- sima speranza debbano col divino aiuto ndursi, fa di mestien non essere avaro nell'inviare nuovi operanj forti, e robusti di corpo, e di spinto, bramosissimi di parcire, ardenti di zelo delia salute de fratelli, et ornati di non mediocre scienza; il numero de nouelli Missionanj giungendo al trentesimo, non sarà ecce- dence; mando la colligata nota di quei mi paiono sufhcienti; ne priego parimente i nostn Molto RR. PP. Generale, e Procura- tore, faccino secondo S. D. M. gl' inspirara; la natione spa- gnuola qui è poco amata (5), e per cause de' Castigliani, sola- mente sospettati nella nostra nave dal nemico Olandese, ci siamo ueduti in euidentissimi pencoli, e s'il nostro Capitano con pru- denza, et equiuocatione dello stendardo Portughese non s'aiu- tava, eravamo spediti- A Fra Francesco da Pamplona, nostro compagno, qual tanto fedelmente s'è affatighato nella missione, e per il cui valore in Spagna s'ottenne il tutto, non posso venir meno, che perciò à sua nchiesta propongo alcuni delia Provin- da d'Aragona, et alcuni altri pochi delia Província d'Andalu- sia, alia quale habbiamo grandíssima obbhgatione per haverei un' anno intiero mantenuti, et aiutata con ogni possibile sforzo la Missione, il rimanente sia tutto d'Italiani.
II nostro Capitano, huomo prudentíssimo, e religiosíssimo, e per il cui indrizzo siamo pervenuti a questo termine, et ogni altro che fusse stato 1'hauerebbe sbagliato, confessa, che dal principio gli fu proposto il nostro viagio, sentissi un interno eccitamento ad esporsi al 1'impresa, e quantunque fosse dissuaso efficacemente, tutta via seguitando vie sempre il medesimo im- pulso, avventurò la robba, la vita, e quanto haveva, per sodisfare alTinterna motione, et alia religiosa dimanda; ha dimostrato il
(5) Portugal recuperara a sua independêndia política no dia i de Dezembro de 1640, mas os motivos aduzidos pelo missionário são exactos. Salvou-os a bandeira portuguesa.
268
suo zelo in diucrsc occasioni, ma particolarmente nell'ultimo conflitto, mentre piu uolte con lagrime à gli occhi s'udiua repli- care: Padri miei, Dio m'hà inspirato a far questa seruitu alia sua chiesa per dilatatione delia nostra Santa Fede, non 1'aban- doncrò giamai, si perda quanto possiedo, c 1'istessa vita; atti veramente di heróica perfetione in petto d'un secolare. / /
N. S. 1'havrà da rimunerare abondantissimamente; cgh da il modo di poter sicuramente venire, et è che parta il vascello con 1 Religiosi dal porto di Livorno, con licenza e passaporto dei Gran Duca di Toscana, delia Republica di Génova, come porti famosi, ne quali negotiano Inglesi, Olandesi, Fiamenghi, et altre nationi, e perciò confederati con essi. Onde nelI'ocor- rcnze de loro incontri, se ne potna avvalere, e schivare i loro assalti, ma quel che piíi importa, riportare dal Rè Cattolico di Spagna, licenza amplíssima di poter negotiare nell'Indie, et altre Prouincie à lui sogctte, poichè malageuolmente s'esporrà un Capitano con vascello forte, e ben'armato, che nchiede un mondo di spese, non potendo francamente negotiare, particolar- mente in paesi dei Rè Cattolico, oue, quando sindouina il viagio, il guadagno è assai nlevante; 1'autorità di cotesta Santa Sede e Sagro Concistoro è soprema, potrebbe degnarsi per mezzo dei Nuntio di Spagna, e d'altri sugetti idonei o Religiosi o Secolan, con 1 sudetti Prencipi conseguire quanto di sopra, con la qual sicurità, il medesimo Capitano, ch'adesso n'hà con- dotti, promette che s'esporrebbe à far un altro viagio per con- durre degli altri; per iscarico delia mia conscienza, e zelo di queste pouerette anime abandonate, notifico à V. S. 111."™ il proposto modo, affinche agevolandosi le difficoltà, piú gloriosa- mente risplenda la dila [ta] tione delia cattolica Religione, e frut- tuosamente s'impieghino le zelose diligenze di cotesti Eminen- tissimi Signori, e di V. S. Ill.ma. //
Fu volontà dei Signore non conchiudessi questa Carta hier 1'altro, e perche il empo somministra secondo l occasioni occor- renti nuoue inuentioni e risolutioni, concorrendo specialmente la
269
suprema assistenza, m e parso convenientíssimo, anzi necessa- njssimo, e con applauso e consenso uniuersale di tutti i nostn compagni, nmandare ín Spagna, e stimandosi opportuno, che giunga fm costà in Roma, Fra Francesco da Pamplona, nostro dilettissimo Compagno, con un' altro Padre Sacerdote íl piíi vecchio, per negotiare piíi efficacemente colla Maestà Cattohca la felice speditione di quanto sara valevole al prospero viagio de Missionarij destinandi, e stendendosi ftn à piedi di sua Bea- titudine, et al conspetto di cotesti Eminentissimi, rappresentanti, come testimonio di vista, le calamitose miserie, et estreme ne- cessita di queste smarnte pecorelle. / /
Ill mo Signore, altre volte ho accennato a V. S. le qualità rarissime di questo Santo Religioso, la nobilita, valore, et eroiche prodezze dei Secolo, 1'auttontà quasi assoluta, che tiene col Rè, e con tutto íl fiore di Spagna, e quello ch'è piu da stimarsi, la santità di vita, e soda perfettione, ch' in breve nella Religione ha acquistato; aspiro fin dal principio delia sua professione con ansietà al martírio, sollicitò 1 mezzi retti e leciti per sodisfare al suo ardente desio, fu per íspecial Providenza Divina ammesso alia nostra Missione, e s'affatigò si fedelmente per essa, che non dubito punto affcrmare per lui ntrouarsi nello stato in cui la vediamo; dubitavo riproporgli íl ntorno per 1'Europa, molto ben conoscendo íl suo feruore, íl cui giubilo è íl partire, e le cui delitie sono 1'asprezza et austentà di vita, et hauendo qui ntro- vato à punto, quanto bramava con prolongato martírio d'ines- plicabili patimenti, non per mano di tiranno singolare contro la fede, ma di quanti ogetti e sugetti in questa miserabilissima gente e terra si rappresentano. / /
Se gli accennò con bel modo quanto si bramava per il ben commune, et egli come vero servo di Dio, spropnatosi à fatto di se stesso, e d'ogni propnetà di volontà, con total rassegnatione sepellissi nella sicura tomba delTubidienza santa, ripugnaua da un canto la naturalezza vedersi pnuo in un tratto di cosa per si lungo tempo bramata, procurata, et ottenuta, purc facendo à se
stesso violenza, con versar copia di lagrime, si sottopose allinas- pettata ponderosissima Croce, con volontà ardentíssima, e pron- tíssima di sopportarla fin aH'ultimo spirito. / /
Mi scuserà la benignità di V. S. s'in questo particolare mi dimostro prontot, atteso 1'importanza delia matéria, e singolarità delia persona lo nchiede. Io in nome delia Sagra Congregatione, per la facoltà concessami gli assegno 1'Ubidienza, espnmo íl mo- tivo, gli ordino, ch'essendo spediente possa ventre fin costa à Roma, e ch'in ordine alia nostra Missione s'adopn con ogni sforzo possibile, e con Prelati, e con Prencipi, e con qualunque si sia, pêro servatis servandis; il suo compagno è il P. Fra Mi- chele de Sessa, sacerdote delia Prouincia d'Aragona, huomo consumato in tutte le virtu; ambedue faranno con essattezza puntualissima la volontà Diuina, ma Fra Francesco, quantunque Laico, per sua humiltà non hauendo volutto attendere ad altro grado, dei che nel prender 1'habito tu instantemente pregato, come piu conosciuto da Prelati, e Prencipi, terrà peso delia cancã, consultando sempre coll'altro Padre Missionário. / /
Mi persuado fermissimamente succederà il tutto felicissima- mente, per la singolanssima stima [che] si fa in tutta la Spa- gna dei sugetto che s'inuia, e giungendo in Roma, suppli- cato V. S. Ill.ma con figlial confidenza si compiaccia fargli tutti quei favori, che 1'importanza dei negotio, la sua innata clemen- za, et ardente zelo glie somministreranno, s'introduca da Sua Santità, e dagh Eminentissimi de Propaganda Fide, ascolti le sue relationi, favilo ancora ascoltar da altri, e sia potentíssima intercedetrice per impetrare da chi può e deue quanto giusta- mente, e respettosamente si rapresenta. / /
II Vescovo di questo Regno, e d'altri Regni ancora, che colla sua Diocesi eranno annessi, sono molti anni ch'è mor- to (6), e qual piu rara commodità dt questa si può offerire per
(6) D. Francisco do Soveral falecera em 1642. Porque a Cúria Romana se negou a confirmar outro Bispo português, esteve vaga a diocese até 1671.
27 1
mandare íl nuovo? Muovansi le viscere paterne di Sua Santitá à compassione per amor di Dio, di questa sfortunata gente, ahi miséria, ahi infelicita, in tutto íl Regno dei Congo à pena diece sacerdoti, o ahi zelo dell'anime redente con prezzo tanto caro da Dio humanato, ciascuna anima di questi negri costa à Dio un Dio; faciasi conto di esse per amor dei medesimo Dio. //
II vescovo havrà da inviarsi, sia huomo Apostólico, le grosse entrate di questa Chiesa non sono argento et oro, ma anime, ma patimenti, martinj prolungati, e continua morte; prelato dunque Apostólico, e santo e necessário, cosi lo spero- / /
S'alcuni giouanetti di questi infelici morenetti potesscro alleuarsi in qualque Seminário costi in Roma, che magior sacri- fício si potrebbe fare à S. D. M., acciò poi instrutti potessero giovare alia pátria. Solamente 1'accenno, diportisi V. S. nel proporlo come N. S. 1'inspiterà; colla naue che verrà, facilmente si potrebbono mandare.
Hieri, Vigília delia Sagratissima Pentecoste, si benedisse 1'acqua battismale sollennemente in Banza, metropoli di questo Contado di Pinda, e Manisogno, residenza dei Signor Conte, e si battezzorno da 200. fanciulli, da einque anni in basso; hogi parimente si seguirá, e giornalmente si va coltiuando 1'inculta e silvestre vigna. I nostri PP. Compagni stanno fervorosissimi, et aspettano nuovo riflesso et aiuto; tutti insieme con vivo affetto, et efficaci pregluere, l'ncharichiamo à V. S. Ill.m\ et à Signori Eminentissimi, si danno, e propongonsi 1 mezzn paino opportuni; piaccia al benigníssimo Padre di Misericordie ínca- minarli efficacemente al fine; glie replico le raccomandationi di questo buon Conte, e Cattolico Signore, le primitie delia nos- tra Missione, cosi nell'essere ammessi, come nel fruttificare, sono state nel suo Domínio, stà perseuerante in fauonrci con magior fervore; qui è un porto, ove si può sperare il termine delia navi- gatione, ogni altro varco è serrato, bisogna mantenerlo; con- tido nella paterna pietà di S. Beatitudine, e degli Eminentissimi,
272
non si dimostrerà scarsa in favorirlo, e privilegiado, et a noi poverelli recherassi non ordinário contento.
Intorno à Missionanj douranno venire, mi nmetto à quanto ho detto di sopra, e se nel numero giungerassi à cinquanta, l'as- sicuro, che non sarà supérfluo; procun V. S., che per d camino le sia deputato supenore tale, che sia secondo (4) il cuor di Dio, e dei nostro Seráfico P. S. Francesco; 1'impetri espressa licenza dalla Sagra Congregatione di ricorrere a pecunia di quanto sarà necessário per la Missione, non potendo in altro modo buscarsi, essendo questo un punto sostantiale, per ovviare à molti íncon- venienti, e con favonrci d'abondantissima quantità di Medaglie, Reliquie, et altre cose divote, essendo qui straordinanamente stimate, assicunme, e tutti i nostri Compagni, con 1 quali tutti faceio à V. S. Ill.ma humilissima nverenza, ch'ella non si dimen- tica de suoi cari figliuoli assenti, anzi che vantagiosamente gli protege, e socorre nell'Apostolica Impresa. / /
Di Pinda (a), nel Contado di Manisogno, il giorno delia Sagratissima Pasqua di Pentecoste (7) dei 1645.
Di V. S. 111.™
Servi e figliuoli nel Signor e Humilissimi
Fra Bonauentura da Alessano, Capuccino Prefetto e Compagni
APF — SRCG, vol. 247, fls. 122-125 v-
NOTA — Este documento, de muito difícil leitura em microfilme, foi mandado copiar e conferir pelo Director do Arquivo da Propaganda Fide, R. P. Nicola Kowalsky, O. M. I., o que muito lhe agradecemos.
(') Dia 4 de Junho.
18
273
93
RELAÇÃO DE FREI ANGELO DE VALÊNCIA SOBRE A MISSÃO DO REINO DO CONGO
(8-6-1645)
SUMÁRIO — Descreve a viagem até ao Congo — Os mantimentos e produtos da terra — Ministério fecundo — Censura os missionários que o precederam — Fervor extraordinário dos cristãos, penhor de fecunda cristandade futura.
srr NOMEN DOMCNI BENEDICTUM. Infinitas alabanças, y gracias sean dadas a Dios nuestro Senor, por las grandes mise- ricórdias, y singulares fauores, que de su Diuina mano emos recebido en el discurso de nuestra nauegacion tan trabajosa, y prolixa, librandonos de tantos pehgros, y consolandonos en tanta diuersidad de trabajos, y asistiendonos sempre en los mayo- res apnetos con su ayuda y defensa, asegurandonos con esto, era nuestra empresa agradable a sus diurnos ojos y el [fruto] copiosíssimo que se auia de hazer en tanta multitud de almas, que estauan pereciendo de hambre spintual, sin tener quien les repartiese el pan de la dotrina Euangelica. Mucho tiempo era menester para hazer deuidamente copiosa relacion de todo lo sucedido en el discurso de nuestro viage, y nauegacion; pero será fuerza abreuiar, por partirse nuestro capitan antes de lo que pensauamos, a causa de que corre riesgo el nauio en su deten- cion, por lo que adelante dirè.
Aunque de las Canárias di auiso a vuesa candad de lo su- cedido hasta aquel punto, por si no llegò la carta, empeçarè dei dia en que partimos de Salucar, que fue Sábado a quatro de Febrero dei corriête ano de 1645. a 'as ^'ez ^e 'a mar*ana con viento fauorable, y con tan excesiuo gozo y jubilo de nuestras
274
almas, que £ue menester le templase nuestro Senor con el tra- bajo que nos embiò su Diurna Magestad, dandonos esse mismo dia a las quatro de la tarde vn viêto contrario, y tan fuerte, que se leuantò vna rigurosissima tormenta de todas maneras peh- grosa, assi por la grande alteracion dei mar, como por cojernos cerca de tierra, (que fue passada la boca dei estrecho de Gibral- tar en la costa de Berbéria) metido en vn médio circulo de tierra, por cuya estrecha abertura, era fuerza correr nuestra fortuna, o perecer sin remédio: duro lo riguroso de la tormenta veinte e quatro horas, y eran tan grandes [las] olas que subian hasta el castillo de popa, y tan fuertes los golpes de mar, que vno solo lleuò la lancha que iba sobre el nauio, y gran parte de la plaça de armas, y eran tales los balances dei nauio, que nos lleuaua de vna banda a otra, sin dexarnos afirmar en ninguna. Mucho nos descompuso esta tormêta por cojernos tan a los princípios, y algunos sin auer nauegado, y venir tan derepente, el mayor estremo sin que precediera médio alguno, y assi en todos durarõ muchos dias los relieues deste regalo que nos embiò el Senor; no faltando en el que ofrecer a su Diuina Magestad. Trabajo grande fue este, pero no menor fauor de la prouidencia Diuina, que por este médio nos hbrò de otro mayor que a todos tema cuidadosos (no tanto por nosotros, como por el Capitan, y gente dei nauio) por auernos dado auiso, vn dia antes de sahr dei puerto, que andaua vnos nauios de Turcos corsários a la vista de Cadiz y auian cogido vna tartana, y augunos barcos, y con esta tormenta los desbarato su Diuina Magestad, acercandonos a las Islas de las Canárias, que estan trecientas léguas de Sanlucar, donde llegamos a catorze dias dei dicho mes de Febrero: Aga- çagonos mucho el Gouernador o General, y visitandonos con sus Oyderes nos lleuò a su casa, donde nos regalo, y embiò doze camellos carregados de panos, galhnas, y otros regalos. Pero nosotros acetamos muy poco, por tener ya lo necessário para el viaje, toda la gente nos agaçajò mucho, y nos pedian que para su espiritual consuelo nos quedasemos algunos en su compania,
275
prometiendose de la nuestra serian santos; pero no fue posible consolarlos, por ser fuerza acudir a nuestra obligacion, y mayor necessidad. / /
De la gran Canária partimos luego, continuando en el dis- curso dei viaje los mismos exercícios que en el conuento, como pequeno consuelo de nuestras almas, dizindo casi todos los dias Missa, y algunos a cinco, y a seis, e los demas comulgaban haziendo a toda la gente dei nauio practicas espintuales tres dias en la semana (lo que fue en la quaresma) con mucho fruto de sus almas, y frequência de Sacramentos, lo qual continuaron hasta que desembarcarõ, que para gente de mar fue mucha fineza. / /
Luego que partimos de la gran Canária, nos dio vn viêto por popa que nos hazia caminar a sinquenta y tres léguas por dia; y passando el Trópico de Cancro, o Tórrida zona, nos fuimos acercando a la línea Equinozial, y faltandonos cosa de hocho grados para llegar a ella, tuvimos tatás calmas, y algunas turbonadas, que no pudimos llegar hasta diez y nueue de Março. //
Passada la línea se fueron continuando las calmas y tur- bonadas, y si corria algun viento, lo mas ordinário era por proa, con que nos acercauamos a la costa dei Brasil, y con estar el Congo a siete grados de altura dei Polo Antartico, nos alexarõ los vientos hasta veinte y quatro, médio grado mas alia dei Trópico de Capricórnio, con harto cuidado dei capitan y piloto, por verse tan vezino a el Brasil, pero nuestro Senor nos socorno con viento tan fauorable que nos durò mas de vn mes, con que nos acercamos a la costa de Angola, q dista dei Brasil mil léguas; y el dia dei glorioso san Felix (*) tuuimos el pn- mer alegron, pareciendoles a algunos que se descubria tierra, la qual [ ] . A los veinte y cinco de Mayo, dia de la
(') S. Félix de Sigmaringa celebra-se em 24 de Abril.
276
Ascension de nuestro Seííor Iesu Christo, y Traslacion de nuestro padre san Francisco, dia en que su diuina Magestad dio fin dichoso a su peregnnacion, subiendose a los Cielos, y embiando a predicar a sus Discípulos por diuersas partes dei mundo, fue seruido, dieramos dichoso fin a nuestra nauegacion, dando fondo a las doze de el dia en este puerto dei Congo, que es vn remanso que haze el rio Zayre, cuya boca dizen tiene siete léguas de ancho; y es el mayor, y mas rápido que ay en toda la Africa. //
Bien se dexa entender el Consuelo y gozo que ocuparia nuestras almas, viendonos ya en el puerto tan desseado, con sa- lud, seguridad, y paz despues de quatro meses de nauegacion, sin auer visto tierra firme, ni isla alguna en todo este tiempo, poco despues de auer salido de la gran Canária, distando delia este puerto mas de tres mil léguas, libres ya de tãtos sobresaltos, trabaxos, y ' peligros, experimêtados en tan larga, y prolixa nauegacion; si bien, ni esta, ni aquellos tan grandes como nos presumíamos; porque se a portado Dios, como muy piadoso Padre- //
Estando pues todos ocupados en rendir a Dios nuestro Senor las deuidas gracias, y alabanças, por tan singulares be- nefícios como nos a hecho, quiso su Diuina Magestade templar este gozo y jubilo, (tal que en mi vida hasta este punto no le auia tenido mayor) con otro trabajo no pequeno, porque el dia siguiente, poco despues de auer amanecido, descubnmos vn nauio Olandes, que a toda prisa se acercaua a el nuestro. Y dando fondo en distancia proporcionada, dio muestras de que queria pelear, fiado el capitan de que su nauio era mayor que el nuestro, y mas auentajado por su mucha, y gruesa artilleria. / /
Preuinose nuestra gente cõfessandose todos con alientos grandes de vender bien sus vidas; y firme confiança en que Dios nos auia de dar uitoria, coximos los Missionários vn
277
Chnsto cada vno, y nos apercebimos para todo suceso, tomando los puestos, en que auiamos de ser de algú prouecho. / /
O
Los mãtenimientos de la tierra son pan de maiz, de casaue, y otras raízes, el vino de palma, que es harto bueno, y se parece a la loxa; ay otros de otras yeruas que no lo es tanto, azeite tambien de palma, algunas legumbres diferentes de las de Europa, cocos, plátanos, y otras frutas que por alia no ay; la tierra es frondosa, ay tales arboles, que el hueco dellos, ay bas- tante lugar para vna celda de las nuestras. La tierra general- mente es fértil, ay naranjas, y limones, baças, gallinas, puercos y cabras, aunque desto poco. Hasta aora emos passado con le- gumbres, por ayunar quando llegamos la quaresma dei Espiritu Santo; el agua es tan buena como la mejor de Espana, y con auernos asegurado que enfermaríamos en llegando, gozamos todos salud, siendo mucho el trabajo que tenemos en bautizar, y venir con el rigor dei Sol desde Bança a Pinda, casi todos los dias. Admiranse mucho de nuestro modo de viuir, y que no tenemos interesse por los que bautizamos, porque solian dar a el Sacerdote (quando aqui los auia) vna gallina por cada nino que bautizaua, o lo que equiualente en abalorio, q es la sola moneda que aqui corre; mas se admiraran quando vean, que ni de entierros, Missas, ni otra accion les lleuamos interes alguno, y que no pidamos limosna para nuestro sustêto, sino lo presiso para passar la vida (3) ; con que con razon embió a pedir elRey
(2) Infelizmente falta pelo menos um fólio ao documento, sem dúvida parte interessante.
(3) Embora o autor julgue que o seu desinteresse material é modelar, a metodologia missiológica moderna não o pode admitir. O missionário ou o sacerdote nas terras de missão, como cm toda a parte, deve viver do altar, da generosidade dos fiéis, e a generosidade é também uma alta virtude cristã. Aliás os chamados direitos de estola, ordenados pela Igreja, que consistiam numa galinha, em terras em
2j8
de Congo a su Santidad, ministros Euangehcos desintcreçados, porque es muy pobre la gente, y el que aqui viniere no a de mirar a otro interes que a el puro amor de Dios, y su mayor gusto y gloria, que es el mayor para quien saue estimarle. Admirales la solemnidad con que bautizamos, aunque sean ochenta de vna vez en vn circulo, porque es con todas las ceri- monias de la Iglesia, oleo de los catecumenos, crisma (de que venimos bien proueidos) y todo quanto ordena el Ritual Ro- mano. Dizen que nuestro bautismo es muy principal, porque hasta aora auian visto bautizar los infantes, poniendoles vna poca de sal en la boca, y luego echandoles el agua, sin mas ceremonias. (4)
El mesmo capitan que nos truxo se ofrece a venir con los Missionários que de nueuo vinieren, que será el nauio mayor, y bien artillado; es hombre de mucho valor, y excelente mari- nero, llamase Iuan Bernardo Halcon, deuemosle cada vno el amor, y obras que pudieramos a vn hermano nuestro que mos- tro en ofrecerse a el viage [ ] quien lo hiziese, obligado
segun dize de impulso tan vehemente que le obligò dexar su casa, cabado de llegar de otro viage de muchos anos-
De esotra parte deste no Zayre es ya otro Reyno, y dizen que todos son gentiles, algunos an estado aqui, parece gente dócil, y dispuestos para recibir nuestra santa Fè, y aun algunos dizen, que su Rey es Christiano: en auiendo estabelecido aqui la Fè, passaremos los que pudieremos alia, pues los tenemos tan cerca. Grade es el respeto que aqui tienen a los Sacerdotes
que esta ave doméstica é tão vulgar, não é razão bastante para se incriminar de interesseiro a quem a aceitava ou exigia, e decerto que não indiscriminadamente.
(4) Não é de crer que os missionários portugueses, que no Congo precederam os Capuchinhos italianos e espanhóis, de século e meio, baptizassem da maneira que o autor da carta afirma, fiado no que os pretos lhe diziam, ou por ele exagerado.
279
quando nos enquentran, o viniendo donde estamos, ay muchos tan piadosos que no se contentan con besar a vno de nosotros el habito, y que le haga la Cruz en la frente, estando arrodilla- dos, o muy inclinados, sino que passan por todos, aunque sea- mos muchos; cosa que no solo nos edifica, pero nos asegura con el fauor Diurno, que en estando establecida en ellos nuestra religion, permanecerá para siempre (5) • //
Sea todo para honra, y gloria de Dios, y nueuo blason de nuestra Religion Seráfica. / /
Fray Angel de Valencia / / indigno Capuchino, Misionario Apostólico.
Impreso en Cadiz, por Fernando Rey. Ano de 1646.
BNM — Ms. 3818, fk 130-131.
NOTA — O documento, impresso em Cadiz em 1646, é assim enunciado na publicação referida:
COPIA FIELMENTE SACADA DE VNA RELACION, QVE EL PADRE FRAY ANGEL / de Valencia Capuchino, Predi- cador Apostólico, y Misionario por su Santi- / dad, Asistente nel Reyno dei Congo; embiò a esta Prouincia de Andalu- / zia, a este conuento de santa Iusta y Rufina, extra muros de los Padres Ca- / puchinos de Seuilla, para que conste de su llegada, y progreso aquel / Reyno de Congo, su fecha en la Ciudad de Pinda / en el dicho Reyno, a ocho de Iunio / de 1645 anos.
(5) Não é possível harmonizar a praxe ministerial atribuída pelo autor aos missionários que o precederam, toda materialista e deslei- xada, com estes sentimentos cristãos que os inlígenas manifestavam para com os novos missionários. O próprio facto de ajoelharem diante deles e de lhes beijarem o hábito, é indício seguro de que havia ainda memória dos missionários franciscanos que ali tinham trabalhado no século precedente. Ou pensaria Frei Ângelo de Valência, simplisuca- mente, que aqueles admiráveis sentimentos para com missionários que acabavam de desembarcar, eram de geração espontânea? \
280
94
CARTA DE FREI JOÃO DE SANTIAGO AOS CAPUCHINHOS DE CASTELA
(11-6-1645)
SUMÁRIO — -Descrição sumária da viagem -para o Congo — Perigo dos Calvinistas holandeses — Boa recepção dos indígenas — Observações sobre os congueses — Que se lhes man- dem mais Religiosos para missão tão dilatada.
Carta de el P.e Fr. Juan de S. Tiago Religioso Capuchino, inbiada de el Rey no de Congo a todos los Conuentos de esta Prouincia de Castilla. Como hijo que es dela. / /
Mi P.e General. Te Deum Laudamus, te Deum laudamus, te Deum laudamus. V. R.ma aiude a rendir a Su Diuina Ma- gestad infinitas gracias, y alabanzas por las grandes miseri- córdias, y singulares fauores, que de su diuina mano hemos reciuido en el discurso de nuestra nauegacion, librandonos de tantos peligros, consolandonos en tanta diuersidade de tra- bajos, y obrando tantos prodígios en nuestra aiuda y defensa, con que nos aseguraba Su Diuina Magestad quan agradable hera nuestra empresa a sus diurnos ojos, y el copiosíssimo fruto que hauiamos de hazer en tanta multitud de almas, que estaban pereciendo de hambre espiritual, sin tener quien les repartiese el pan de la doctnna euangelica. Quisiera tener tiempo para haçer una copiosa relacion de todo lo sucedido en nuestra nauegacion, pero por estar ia de partida el Capitan de la naue, y hauer tanto que hazer, no es posible, i asi digo por mayor que la tubimos, con mucho consuelo espiritual de nuestras almas, porque continuabamos por la mar los exercícios de el Conuento, diciendo casi todos los dias misa, y algunos a
281
cinco y a seis, y haçiendo platicas espirituales cada tercer dia a la gente de el nauio, con mucho fruto de sus almas, que a poços dias se hallaron tan trocados, que frequentaban mui a menudo los Santos Sacramentos y haiunos y hacian algunas disciplinas, que para gente de mar no ha sido pequena fineza, a Dios sean las gracias. / /
El mismo dia, que salimos (*) de el puerto de S. Lucar, que fue a los quatro de febrero, saliendo con buen tiernpo, y viento mui faborable, nos le troco nuestro Senor, dentro de quatro horas, en otro tan contrario, y violento, que lebantó una rigu- rosa (2) tormenta, de todas maneras peligrosa, asi por la altera- cion grande de el mar, como por cogernos tan cerca de tierra, que fue a uoca de el estrecho de Gibraltar metidos en una C. de tierra, por cuja estrecha auertura era fuerza correr mucha (â) fortuna, o perecer sin remédio: duro lo nguroso de la tormenta veinte y quatro horas continuas, y heran tan grandes las olas que subian sobre el castillo de popa, que es lo mas eminente dei nauio, y tan fuertes los golpes de mar, que uno solo lleuó la lancha, que estaua dentro dei nauio, y gran parte de la plaza de armas: los valances de el nauio heran de suerte, que andabamos rodando como bolas por la camará de popa: mucho nos des- compuso a los Religiosos esta tormenta por cojernos tan a los princípios, y a los mas sin hauer nunca nauegado, exprimen- tando luego el maior estremo, sin que precediera médio alguno, y asi nos duraron muchos dias sus efectos sin poder atrauesar uocado, ni tenernos en pie. / /
Trauajo fue este general, pero no menos el fauor de Dios, que por este médio fue seruido de libramos de un gran peligro que a todos nos tenia cuidadosos, por hauer tenido hauiso el dia antecedente que andaban a la uista de Cadiz unos turcos
(*) APF — partimos. (2) APF — rigorosíssima. (») APF — nuestra.
282
corsários, que auian cogido una tartana, y algunos vassos de pescadores y cautibado sus duenos, y con esta tormenta los desbarato Su Diuina Magestad, acercandonos nosotros a las Islas de la Gran Canária, que estan 100 léguas de S. Lucar: tubimos luego dos o tres dias de calmas, y a los catorze dei dicho mes de febrero llegamos a ellas; agasajonos mucho el Gouernador, y nos uino ha uísitar con sus oídores a la plaia, lleuandonos a sua casa donde nos regalo mucho, y nos inuió dos camellos, cargados de regalos, toda la gente nos agasajó muchissimo, y deseauan desde el pnmer asta el último nos quedasemos alli algunos para su Consuelo, pero no fue pusible consolarlos por ser fuerza el acudir a la maior necesidad y auer halh Conuentos de nuestro P.e y S.t0 Domingo. / /
Salimos de la Gran Canária (4) con un uiento fresco, que nos daba por popa, ã nos hacia caminar 53 léguas cada dia, y dentro de mui poços nos hallamos deuajo dei trópico de Can- cro, nos hibamos acercando a la línea equinocial, que es la que diuide los dos Poios dei mundo, y asi tardamos a la línea hasta los 19 de marzo, dia de el gloriosíssimo Patriarcha S. Joseph, que nos hallamos de esotra parte dei Sur, perdiendo el Polo Ar- tico, y gouernandonos por el Antartico, adonde teniamos el Sol perpendicular sobre la cabeza, y los cuerpos no hacian ninguna sombra. Aqui nos abrassauamos de calor y a no templário nues- tro Senor con algunos nublados, que nos duraron algunos dias, fueran insufribles. Pasada la equinocial tubimos vientos contrá- rios, que nos fueran apartando de nuestro rumbo, y acercando- nos al Brasil, y con estar Congo a siete grados de altura de el Polo Artico, nos hapartaron los uientos hasta uiente y quatro grados dei mismo Polo, médio grado mas alia dei trópico de Ca- pricórnio, prolongando nuestro viage mas de mil léguas: luego nos fauorecio nuestro Senor con un biento fresco, que nos duro mas de vn mes, y nos hacercó a la costa de Angola, y a los 25
(*) Não se encontra em APF.
2 S3
de maio, dia de la Ascension de Chnsto nuestro Senor, y tres- lacion de nuestro P.e S. Francisco, a las dos de la tarde llega- mos a este deseado puerto de Congo, que es un remanso que haze el Rio Pinda (5), cuja boca tiene diez léguas de ancho y es el maior y el mas rápido que se conoce en toda la Assia (6) ./ / Grande fue el gozo y consuelo que reciuimos de uernos ia en el puerto con salud, seguridad, y paz, despues de quatro meses de nauegacion, y hauiendo caminado mas de mil léguas desde la Gran Canária, sin hauer uisto tierra ni isla, libres ia de tantos sobresaltos, y tantas maneras de trabajos, y peligros como hauiamos esprimentado en el discurso de tan larga y peligrosa nauegacion; y estando todos ocupados en rendir a nuestro Senor infinitas gracias por tantos benefícios, quiso la Diuina Magestad templar un tan gran gozo con otro no me- nor trauajo: porque el dia seguiente al amanecer descubrimos un nauio olandes, que a toda priesa se uenia acercando al nues- tro, y dando fondo en distancia proporcionada para pelear, dio muestras de quererlo hacer, fiado su Capitan en que su nauio hera un tercio maior que el nuestro y artilleria mui abentajada, en cantidad y calidad. Preuinose nuestra gente, y ia nuestro Capitan hauia ordenado se diese fuego a las piezas. Pero fue Dios seruido que no lo oiessen los artilleros, por estar [en] a la sazon porfiando acerca de la disposicion de la guerra, y lo tubimos por gran misericórdia suia, porque con esta dilacion, que fue de dos o tres credos, pudieron aduertir los Religiosos al Capitan, que seria mejor esperar a que disparase el ene- migo, porque parecia se hiba entreteniendo; todos estabamos arto cuidadosos a la uista de tan fieros enemigos da la Religion Christiana, sin poder saltar en tierra, ni pasar adelante, o uolver atras, sin euidente peligro de la uida, pero mui abroquelados nuestros corazones, sintiendo en si cada uno el efecto de
(5) Entcnda-se: o Rio Zaire. (a) Lege: Africa.
284
aquellas palabras de S. Pablo: Si Deus pro nobis, quis contra nos: con firme y uiua fe y segura confianza en Dios, la Virgen Santíssima nuestra Protectora y Patrona, que no hauian de permitir que pereciessemos en el puerto, hauiendonos librado de tantos peligros en el Golfo, como lo hicieron con tanta gloria nuestra, y confusion de los herejes, que entendiendo uencer, quedaron confusos y uencidos. / /
Tubimos noticia que estaban esperando un patache, con cuia aiuda se aseguraban la presa de nuestro nauio, sin menoscabo de el suyo, y que por esta causa diferian la pelea: y nuestro Capitan con dos Religiosos se fue en la lancha Rio arriba para tomar lengua de lo que pasaba en este Reyno, y sauer si hera Catholico el Conde Manisono, que es un grande de el, y panente muy cercano dei Rey; caminaron tres léguas Rio arriba hasta llegar a este lugar de Pinda, que es el pnmer donde se entra a este Reyno de Congo, y sabiendo que todos heran Cahtolicos pasaron a otro lugar, que está media légua de Pinda, que se llama Banza, donde reside el Conde de ordinário; hablaronle, y el los reciuio con singulares muestras de alegria, y quedandose con los Religiosos ínbió con nuestro Capitan a un sobrino suio para que en su nombre diese la uienuenida al P.e Prefecto y a los demas Religiosos y a su Capitan General con algunos Caualleros (que por acá llaman fidalgos) para que intimase al Olandes no pelease con nosotros, y juntamente algunas canoas (que son unos arboles huecos, yue por cá siruen de barcos) para que fue- sen traiendo los ornamentos y libros con todo demas que em- barcamos para nuestro ministério. / /
Pero el Olandes no queria permitir se sacase nada de el nauio, pretendiendo que aquel sitio no hera junsdiccion de el Conde, sino lugar comun, y por hauer pasado nuestro nauio por la Costa de Angola, que hera suia, debia nuestro Capitan mani- festar los pasaportes, pidiendolos con apretadas instancias, y que si por uien no se los ensenaba, que los sacarian por armas, sin guardar ningun respeto al Sobrino de el Conde, ni a los
2C?5
demas Caualleros que nos acompanaban en el nauio; y viendo el P.e Prefecto el pehgro que cornan los Religiosos, determino se quedasen tres en el nauio, para confesar y animar a la gente y que a los demas nos hechasen en tierra. / /
Vinose nuestro Capitan con nosotros, para pedir socorro al Conde, y el Capitan olandes nos uino siguiendo por el Rio, para informarle tanuien dei derecho que tenia, para obligarnos a que manifestasemos los pasaportes; llegamos a un mismo tiempo, y hablandole nosotros pnmer, nos reciuio con singulares muestras de alegria, dando a Dios mil alabanzas, por hauerle trahido Religiosos a su tierra en tiempos de tan estrema nece- sidad. Leimosle el breue de su Santidad, y le uesó y ueneró con mucha debocion, poniendole sobre su caueza; llegando a la sazon el Capitan olandes con un fator que aqui tienen los Olandeses de Angola para el rescate de el marfil, y otras cosas, y proponiendo el hereje al Conde su pretension, el do dispuso de suerte que a pesar suio se desembarco quanto trahiamos, y hizose subiese el nauio a otro puerto mas seguro, donde el Olandeses no le pudiese ofender. / /
Reciuionos toda esta pobre gente con singulares demostra- ciones de alegria, venian por estes campos ynumerables hom- bres, mugeres, y ninos desolados a rojarse a nuestros pies con sin- gular deuocion, hincandose de rodilhas y poniendo las manos nos pedian les hiciesemos la senal de la cruz en la frente, y besando con mucho afecto el Santo Crucifijo, que cada uno de nosotros llebabamos en el pecho, y luego se boluian brincando y cantando de plazer, abrazandose los unos con los otros de alegria, asta los ninos de quatro anos. / /
No anda la gente desnuda de el todo, sino solo de médio cuerpo arriba, y los mas trahen cubierto el pecho y las espaldas con unas redes tejidas de íerua, y los fidalgos con una capa y aun los ninos de dos o tres anos andan con unas mantilhcas cortas, tejidas de íerua, por la honestidad v decência; toda la gente de este Reyno es Catholica, que son seis Prouincias, mui
286
dócil, y mui pia, lindos, naturales y mui dispuestos para hacer dellos quanto quisiermos y por falta de ministros Euangelicos estan introducidos muchos abusos, y enfin toda sua Cristandad por la maior parte se uiene a reducir a solo el culto estenor de la Cruz, y las imagenes, sin sauer los mistérios de nuestra fe, ni lo que se deve obrar para saluarse, y esto no por culpa suia, sino solo por falta de quien se lo ensene, que con ser tan dilatado este Reyno, solo ai en el nueue Sacerdotes, siete de la tierra y dos Religiosos de la Compaííia de Jesus que esta en la Corte de el Rey, que se llama da Ciudad de S. Saluador; y en todo este Condado, con ser tan grande y poderoso, ha quatro anos que ninguno se bautiza, ni oie misa, ni confiesa, por no hauer Sacerdote que les administre los Sacramentos, y asi se estubieran siempre si Dios no nos hubiera traido aqui para remédio de tanta multitud de almas, que cierto es la maior lastima dei mundo, que haian perecido tantas, y nos tenemos por los hom- bres mas felices, y dichosos que ai en el, por auernos hecho su Diuina Magestade merced, pue seamos obreros de tan copiosa mies, acudiendo al remédio de tantas almas à costa de tantos trabajos, como hemos padecido, y los muchos que actualmente exprimentamos, y esperamos padecer. / /
Lo mas que ai que ponderar en esta gente es que siendo todos tan senzillos, y ignorantes, y tan superficial su chis- tandad, hauiendo intentado los herejes de Angola introducir aqui sus heregias, ninguno ha querido oirlos, y a ninguno se le ha pegado nada de su maldita pestilência, y quando uiene alguno al rescate de el marhl, escupen quando le ben, como se uieran al Demónio, y asi no me admiro aia intentado estoruar tantas uezes, y con tanto esfuerzo esta mision, porque hechaua mui bien de ver el traidor copiosíssimo fruto, que se hauia de hazer en tantas almas, que se le entrauan por las puertas de el Infierno, sin ninguna resistência, y por no tener quien les enca- minase y defendiese de sus infernales lazos; pero io espero en Dios que con su diuina auida, le desterraremos presto, a pesar de
287
sus infernales astúcias, como ia lo bamos esprimentando, pues en cosa de ocho dias hemos bautizado en este lugar, y en otro que está media légua de el, mas de mil y quinientos muchachos, y cada dia ban traiendo muchissimos de los lugares vecinos. / / La tierra es miserabilissima, las casas principales, y las Iglesias, son de paja y palma entretejidas a moda de esteras y canizos, sin barro ni otra cosa, y la que aora hauitamos doze reli- giosos mientras nos diuidimos, se fabrico en menos de quatro horas de donde se poderá colegir qual será. Hizola haçer el Conde junto a la Iglesia de el lugar, que tanuien es de la misma calidad, cuia invocacion es de la puríssima Concepcion, y tiene una Imagen de nuestra Senora de bulto, muito debota, y otra de S. Antonio de Pádua, y un quadro de nuestro P."S. Francisco, de pintura mui escojida, mui deuoto y con hauito de Capuchino, con sus Cálices y vinajeras de plata, y ornamentos de rás. En- tienden la lengua Portuguesa, y hablan, que es grande auida de costa, para instruir por interpretes, asta que sepamos uien la lengua, que no (7) dejará de costar trabajo. A Dios llaman Zanbianpungo, a los muchachos muleque, al agua maza, al vino de palma malafu, y lo demas a este tono. / /
o nos diuidiremos por diuersas partes de este Reyno, para ir cultibando esta copiosa viíía de el Senor, tan llena de abrojos, y espinas, que sin duda nos habrá de costar mucho trabajo, pues será fuerza hacer cada uno el oficio de cura, y decir dos missas en diferentes lugares, que segun es la fuerza de el sol, si Dios no nos hasiste con singular prouidencia, presto rendiremos la uida a mano de las inclemências de el tiempo, y en esta tierra no se puede caminar de noche, porque ai en ella muchas onzas y tigres ( sic ) y culebras de escesiua grandeza, elefantes, y otros géneros de fieras, y asi quien tubiere voluntad de padecer martírio, no tiene que ir a buscarle a otra parte, que
(7) Falta cm APF.
288
Audiência do Rei do Congo D. Garcia-Afonso II Aos Capuchinhos Italianos (yç)-i6/f.$)
(i_.abat — Relation Historique, III)
aqui lc hallará tan prolongado que equibalga a mil martírios, y con tan copiso fruto quanto pucda desearse. / /
Pero es tan esccssivo el consuelo que nuestro Seiíor comunica en médio de estos trabajos, que no merecen este nombre, sino de comphdos deleites, que alfin lo haze su diuina magestade como quien es, dando el ciento por uno en esta uida, que quando no se esperara la eterna, quedaran mui bien premiados los trabajos de muchos anos, con los gustos de una hora, 1 asi por su diuino amor ruego humilmente a vucstra caridad que quanto fuere de su parte fomente, aliente, y aiude a todos los Religiosos, que mouidos de el uien de las almas, quisieran uenir ajudamos a cultiuar esta gran vina dei Senor, tan desierta e inculta, que por muchos que uengan sicmpre seran poços, respeto de lo mucho que ai que hazer. Llegamos a mui bucna sazon para hazer paccs entre el Rey y el Conde, y escusar una gran batalla que ia estaua publicada y poços dias antes que llegasemos se le hauian dado otra, en que muno mucha gente, venziendo el Conde al Rey y cautibandole su hijo heredero, que tiene aqui en su casa; son mui diestros en arco y flecha, y pelean tan uien los mu- chachos de seis y ocho anos, como los hombres de treinta; luego se partirá el P." Prefecto a la Corte de el Rey, que está 50 léguas de aqui, a disponer las Paces, con que se escusaran muchos muertes. / /
Para esta gente no son menester muchas letras, sino mucho feruor, y ânsia de la saluacion de sus almas, palabras sencillas, y amor de la cruz de Chnsto, y perder el miedo a los trauajos y muerte (8), que con esto se hará copiosíssimo fruto; y cierto que es gran lastima, que hauiendo por estas partes tanta ínfini- dad de almas, que perecen por falta de obreros Euangehcos, y tanta dispostcion para cojer copioso fruto, se esten tantos sacerdo- tes y predicadores por alia, quemando las cejas, y trasnochando en reboluer sumas y discurso predicables, con mucho desuelo, y
(8) Outro tanto dizia S. Francisco Xavier.
19
poco fruto, v donde todos sauen sus obngaciones. Ai cerca de aqui, de la otro parte de el Rio, un sin numero de gente que no conoce a Dios, y por no hauer uísto nunca Catholicos uiuen gentilmente como brutos, como lo espnmenté, en quatro negros que encontre en el Rio, que preguntadoles por interprete a que Dios adoraban, me respondieron, que no sauian que hera Dios, y asi que no adorauan a ninguno; y preguntandoles 10 como uiuian una uida tan brutal, me respondieron que porque no sauian otra cosa, ni tenian quien se lo ensenase; y diciendoles io si quenan ser Chnstianos y bautizar-se, me dijeron que si, por uer que no los podia remediar tan derrepente; y en toda esta tierra a dentro ai infinita gente alarbe, donde se podran uer logrados los deseos de el martírio, despues de hauer ganado muchas almas para Dios. V. Caridad nos encomiende a Dios mui apretadamente, pues saue quanto necessitamos dello y a todos nosotros le uer en el Cielo (9) .
De Pinda, [oy] dia de la Santíssima Trinidad, a i i de Junio de 1645.
Fr. Juan de S. Tiago, Indigno Capuchino
Dos Padres Missionários se parten con el nauio para nego- ciar en Roma otra mission, y podrá ser pasen por Madrid, y assi nos prometemos vendran presto muchos Religiosos de las Pro- uinçias de Espana (10).
BIBLIOTECA DE PALACIO (Madrid)— Ms. 2557, fls. 1-2 v. APF — SRCG, vol. 247, fls. 120-120 v. c 127-127 v. Publicado também pelo R. P. F. Leite de Faria em Portugal cm Africa, Lisboa, 1953 (X), p. 327-331.
(°) APF — Y a todos nos deje ver cn Çiclo, donde lc alabare- mos eternamente.
(10) Parágrafo acrescentado cm APF.
290
95
CARTA DA PROPAGANDA FIDE A FR. BOAVENTURA DE ALESSANO
(12-6- 1645)
SUMÁRIO — Confirmação de faculdades — Renovação do Breve de Urbano VIU para o Rei do Congo, por Inocêncio X.
Essendosi rappresentate à questa Sacra Congregatione de Propaganda Fide, tenuta in questi giorni d'inanzi à Nostro Signore, le instanze di V. R. con le sue lettere delli 1 3 Genaro, è piaciuto à S. Beatitudme non solamente confermare le facoltà altre uolte concessele da Papa Vrbano VIII, di felice memoria, ma concedere ancora à lei, et à tutti li suoi compagni, la bene- ditione apostólica; et d'ordinare la speditione d'un altro breue diretto al nuouo Rè dei Congo, dei tenore dei già scritto al Rè D. Alvaro, in raccomandatione de suoi missionarij; spedito che sara il detto breue si manderà à V. R., che Dio contenti. / /
Roma, 12 Giugno 1645.
APF — Lettere Volgari, vol. 23, fls. 90 V.-91.
NOTA — Sobre o mesmo problema produziram-se ainda os documentos seguintes, respectivamente endereçados ao Colector Apos- tólico em Lisboa e ao P." Boaventura de Alessano:
Se bene il Padre Bonauentura d'Alessano, Prefetto delia Missione de Capuccini nel Congo, hà un breue delia santa memoria di Vrbano Ottauo, diretto al Rè di Congo, tuttauia è paruto bene à questa Sacra Congregatione de Propaganda Fide, da farlo rinouare dalla Santità di Notsro Signore; pêro si manda à V. S. coll'agionto piego, acciò l'inuij al medessimo Padre, ouero al Padre Bonauentura di Tagia, Vice Pre-
29/
fetto delia sudetta Missione. Che per fine, non moccorrendo altro à V. S. prego dal Signor Jddio vera prosperità. / / Roma, li 15 Nouembre 1645.
APF — Lettcre Volgari, vol. 23, fls. 183 V.-184. — Cfr. doe. n.° 117.
Esendo passato à miglior vita la felicc memoria d Urbano Ottauo, che scrisse il Breue per cotesto Rè, consignato qui à V. R., è paruto bene à questa Sacra Congregatione de Propaganda Fide dinuiargli 1 aggionto delia Santità di Nostro Signore Jnnocentio X, sperando che sara di piíi profitto à cotesta sua Missione. Si compiacerà V. R. di aceusarmene la riceuutta et il Signor Iddio la prosperi.
Roma, li 15 Nouembre 1645.
APF — Lettcre Volgari, vol. 23, fl. 184. — Cfr. doe. n." 117.
2J2
96
CARTA DO PROVINCIAL DE CASTELA A PROPAGANDA FIDE
(13-Ó-1645)
SUMÁRIO — Solicita a interferência da Propaganda Fide contra a pre- tensão dos Confrades da Andaluzia, que desejavam con- seguir de el-Rei facilidades para se embarcarem para o Congo — Razoado de Frei Cristóvão de Alorentin sobre a situação económica do governo espanhol.
Los Padres Capuchinos dela Prouincia dei Andaluzia han obtenido de esa Sacra Congregacion de propaganda fide, liçen- çia para ir Misionarios in Regnum Nigritorum. Pretenden venir a esta Corte de Madrid a solicitar tres diligencias: la primera pedir liçençia al Consejo para entrar alas índias; la segunda pedir al Rey nuestro Senor embarcaçion; la terzera ayudas de costo para ella. / /
Con toda modéstia Religiosa propomdré las imposibilidades desta pretension, para que la Sacra Congregacion pueda con mayor dehberaçion juzgar si es combeniente que estes Padres Misionarios dei Andaluzia vengan a esta Corte para la preten- sion de arriba./ /
La pirmera diligencia se les denego a vnos Misionarios dei Congo de nuestra Orden, no juzgando combeniente el Consejo delas índias que en aquellos Reynos entrasen Religiosos mas que delas Ordines que alli ay, con que esta pretension delos Padres Misionarios dei Andaluzia ya es imposible. / /
La segunda diligencia dela embarcaçion tambien se les fué denegada aios Misionanos dei Congo, por juzgar inevitable y çierto el pehgro de perderse la naue y gente que la auía de
203
gouernar, por la larga nauegaçion, por ser solo el vaso y por estar la mar llena de cosanos y enemigos, Con que tambien por esta parte queda tambien imposibilitada la segunda diligençia que en esta Corte quieren hazer los Padres Misionanos dela Prouinçia dei Andaluzíia. / /
La terzera diligencia, porque quieren venir a esta Corte, es, para solicitar todo el subsidio neçesario para esta embar- caçion. El Rey nuestro Senor con la ocasion tan grande de sus guerras tiene sus vasallos desangrados sin poderio escusar y tan oprimidos como la experiência lo muestra. Querer los Padres Misionarios dei Andaluzia con esta su pretension que los Ministros de su Magestad desangren mas a sus vasallos, el juí- zio y sentimiento desta proposiçion en qualquiera entendimiento bien se conoçe quam intempestibo es y sin razon. / /
Y es tanta verdad esta, que teniendo esta Prouinçia dos combentos de Su Magestad en fabrica, el vno en esta Corte, fundaçion dela Reyna nuestra Senora, que este en el Çielo, y la otra en el Pardo, fundaçion de Su Magestad, que Dios guarde, estan suspensas y sin que en ellas se trabaxe, no nos atrebiendo ni a Su Magestad ni a Sus Ministros a significarles la suspension delias y suplicarles su prosecuçion, por los apne- tos e gastos grandes que Su Magestad tiene en estas guerras. / /
Los Padres Misionanos dei Andaluzia nenen en aquella su Prouinçia muy buenas Çiudades y puertos en que pueden preuenir todo lo neçesario para su Mision, y pues contanto aliento la solicitaron en la Sacra Congregaçion, seria con la segundad de que dentro de su misma Prouinçia, sin sahr alas estranas, ajustarian lo neçessario para su embarcaçion. Esta suplica, sujeta ala disposiçion desa Sacra Congregaçion, repre- sento humilmente, pidiendo con toda submission no permita, por los incombenientes de arriba, que los Padres Misionanos dei Andaluzia vengan a esta Corte a la soliçitud desta preten- sion, porque con su exemplo hande querer venir tambien los Padres Cappuchinos dela Prouinçia de Valençia, a quienes
294
tengo entendido les a dado lizençia la misma Sacra Congrega- çion para otra Mision. / /
No se me offreçe otra cosa que suplicar ni pedir, rogando quedo a Dios Nuestro Senor nos dé su graçia. / /
Madrid, 13 de Junio 1645.
De V. Eminências hijo
Fr. Xpobál de Morentin / / Min.0 Pro.al de los Capuch.08 de Castilla
APF — SRCG, vol. 108, fls. 114-115.
295
97
CARTA DO PADRE JANUÁRIO DE NOLA AO PADRE JOÃO BAPTISTA MASTRILLI
(16-6- 1645)
SUMARIO — Peripécias da viagem desde Sanlucar de Barrameda até Vinda — Conflitos com os holandeses — Recepção do Conde de Sonho aos missionários — Primeiras impressões.
Sia lodato íl Santíssimo Sagramento
Molto Reverendo Padre nel Signore Osservandissimo
Transivimus per ignem et aquam, et eduxit nos Dominus in rejrigerium ('). Stimo convenientíssimo, Molto Reverendo Padre, dar principio alia breve relatione, ch'in questa carta descrivo dei nostro viagio, et arrivo alie contrade dei nostro sospirato Congo, colle segnalate parole dei primo affannato e poscia consolato Profeta: Transivimus, dice, per ignem et aquam. Posciache fin dal primo ingresso nella nave in S. Lucar fu necessário per vanj accidenti detenerci per quindeci giorni a bordo. Finalmente, a 4 di febraio facendo vela in giorno di sabato con prospero vento in apparenza, verso la tardi si levo una borrasca tanto pertinace e contraria, che fece sbigottire e capitano e piloto e mannan, e noi altri di piú, dei penglio ímminente, a primo ad ultimum, ecceto íl Padre Prefetto (2),
(•) Salmo LXV, 12.
(z) Padre Boaventura de Alessano, antes guardião na sua Pro- víncia de Roma.
296
maregiati, e quasi non dissi spiranti; duro la tempesta per 24 hore, terminossi con alcuna speranza di futura prosperità, com' ín effetto avvenne sin' alie Canarie; nè deve lasciarsi di ammi- rare nella passata tempesta la divina Providenza, posciache oltre ali' essersi sedata nel sudetto termine, si guadagnò ín questa notte molto campo, e si passo una contrade pericolosa de Mori, dove per ordinário 1 naviganti a quella volta sono infestati; mà di piu eduxit nos in refrigerium. / /
Giunti alie Canarie, mentre cola ntrovammo íl Capitan Generale, honoratissimo cavalier di Luglia (Seuiglia?), divotis- simo deH'habito, et amicíssimo di Frà Francesco (3), nostro compagno, dalla cui liberalità e divotione si riceverno quellê cortesie e limosine, eh' à servi dei Signore furono di non medío- cre sollevamento. / /
Passo in silentio la pietà di quei devoti isolam Cananensi; tutti indifferentemente dimostrarono (*) verso di noi, essendo la prima volta che colà companva la forma seráfica (a) dei nostro habito. L'ardente desio di fondarvi la nostra religione, e la dilt- genza, massime dei Preside nominato con darne parte fin à Roma per condurlo ad effetto; íl tutto acciò si sperimentasse in rialtà íl refrigério dei Celeste Padre, et eduxit nos in refri- gerium.
À 2 1 di febrajo prendendosi licenza dalle Canarie, dnzzossi la prora verso íl mezzogiorno a dirittura, con intento di non voltaria altrove per mesi interi; íl vento ne favonva di vantagio,
(3) Referência a Frei Francisco de Pamplona. O capitão chama- va-se João Bernardo Falconi, traficante genovês, casado em Espanha. O piloto chamava-se Baltasar Lopes, português, perito nas navegações do Atlântico. Cfr. P. Mateo de Anguiano, Misiones Capiichinas em Africa I La Mision dei Congo, Madrid, 1950, pág. 31 e P. Lázaro de Aspurz, Redin Soldado y Misionero, Madrid, 195 1 , pág. 151.
(4) No original: indif feramente dimostrono.
(5) No original: seráfico. ■
*97
s' ando costegiando per 304 giorni, pescando; fu questo men- tre una sorte di pesei assai à propósito per íl viaggio, e conser- vandogli con sale per le necessita; et il giorno dei glorioso S. Mattia Apostolo (°), detta la messa (come quasi ogni giorno, gratie al Sommo Padre delle Misericordie si è praticato, e tal volta con celebrare 2 et anche 4 sagnficij, eh' è stata una delle magiori consolationi, ch'habbiamo potuto avere ín mare) . / /
Verso le 19 hore, ò 20, si perde di vista la terra, s'ingolfò ín alto mare, e non si revidde fino à 2 1 di magio verso le 17 hore, discuoprendosi alcune colline dei paese dei Congo, e poscia il giorno seguente approcciandoci alia costa, qual facea sembianza delle piu amene che possono rapire la vista, à lodarne il Sovrano Artefice; mà dove trascorro, poveretto me, e di si lungo traghetto verbum nullum? Li patnnenti e le varie contingenze lascio considerarle a chi tene sano giuditio; quello mi occorre qui notare si è, che quantunque si facesse passagio da un' estremo ad un' altro, a vanj e diversi chmi totalmente opposti, di freddo ín caldo, da un trópico all'altro, s'è compia- ciuto il celeste medico provederci di preservativi tali di vera confidenza nella sua paterna pietà, che veruno delia Missione, ne meno delia nave, è stato oppresso da infermità di considera- tione; maregiamenti, nausee, scioghamenti, angustie naturali, et altre oppressioni non hanno potuto mancare: ín quanto à nemici vescelli, ne pur'uno; i venti hora contranj, hora favore- voh, e sopra tutto grandissime calme, ín particolare presso la línea equatonale, cosi prima, come doppo d haverla passata; ch'à dir il vero il capitano e piloto affermavano esser cosa non ordinária; tutta via N. Signore eduxit nos in refrigerium con 1'abondanza dei pesce freco e pretioso, eh' io per me con li proprii occhi non 1'havessi visto, difficilmente lo crederei;
(9) Dia 24 de Fevereiro.
29$
la nostra nave era circondata da quella greggia marítima, cosi la chiamerò, facendo questa mostra per la copia ínnumerabile ravvisare íl mare tutto bogliente di somiglianti animali, ch' eccitavano la mente a benedire íl lor fattore, e quando si trattava delia gente delia nave di far collatione, non bisognava altro, che prendere 4 ò 4 hami, bassarli alFacua, et anche senza 1'esca, e sovente trasse abondantemente per tutti, oh benedictus Deus in donis suis.
Costegiossi come di sopra hò accennato, per 3 giorni alia nva, sempre lontano da quella una legha, et il giorno delia gloriosíssima Ascensione dei nostro Salvatore (7), dopo haver celebrato 4 messe, a mezzodi s'entrò nel fiume Zaire, il piú celebre che sia nella Guinea (8), per la rapidezza, et 1'impe- tuosità, e quel ch' è di magior maraviglia, per la smisurata ampiezza di 20 miglia, che par che [...] esi con[...] mare, si prosegui 1'ingresso sin ad un certo termine, dove si potea dar fundo; ívi si butarno 1'ancore, e rassettato il vascello con la gente, si farno le dimostranze di magiore allegrezza, che mai abbracciandosi con tenerezza grande 1 religiosi, dandosi il Cava- liere à capitano e piloto, el al resto delia gente, vedendosi in prossima dispositione al termine si lungamente desiato: diedi opra il capitano con gente armata gire col battello in terra; caminò un pezzo contro la corrente, non s'incontrò con per- sona che fosse, ma solamente scoverse alia riva dei fiume una cappelleta tessuta di canne a modo s'è costume nel paese, con due croci di legno, grande, et alta 1'una, picciola 1'altra, dalla cui relatione si concepí una speranza, che quei poveretti non erano altnmenti pervertiti dagli eretici Olandesi, come quasi dei certo si temea; si risolvè, che la matina ben per tempo
(7) Dia 25 de Maio. j
(8) O termo é aqui empregado, como é óbvio, no seu sentido geográfico lato.
299
assieme col capitano fossero destinati due de compagni al Conte di Pinda (9), chiamato per altro nome il conte di Manisogno, se gh esponese essere il dei Papa, el ministério al quale veni- vamo, e poscia si proseguisse al Re nella città di S. Salvatore, cento cinquanta migha lontana da questo contado, affinchè il siiccesso andasse pm maturamente disposto, et ín evento di volenza positiva ò negativa, potessero gli altn compagni divertire altrove à fruttificare la vigna dei Signore, secondo le facoltà con- cesseci dalla Sede Apostólica; uno à quali toccò si felice sorte d'essere il primo a calpestare questa terra Conghese, et annun- tiare a questa povera gente lintentione delia Sede Apostólica, si fíi questo indegnissimo presente, il magior peccator dei mundo, e 1'altro il P. Bonaventura da Sardegna, sugetto eminente ín lettere, spinto, e prudenza. / /
Passata la notte, mentre la mattina dei venerdi si stava disponendo il viagio, guardandosi verso il mare alia parte ove sbocca il fiume, si scoverse un vascello, che legiermente vo- lando, sen[e] veniva alia nostra volta, con segni evidentissimi di nemicitia, tenendoci per certo, che per notitia havuta dagh emoli fosse partito da Angola, piazza occupata e posseduta da gli Olandesi, per rovinare, preddare, e farei tutto il tutto il inale possibile; il vascello era magiore, e tenea grandíssimo vantagio per le circostanze correvano ín suo favore, altra speranza non rimaneva, che solamente ricorrere all'aiuto superno; hai mio Dio, qui non basta ne língua, ne penna, fa di mestien lasciar questa carica al cuore, che per 1 canali degli occhi manifesti 1 sentimenti (che tolta quella essencialissima (10) rassegnatione, che tutti collocammo nella divina volontà, e suo santo bene- plácito) che per la diversità degli oggetti inteini et esterni, c
(9) O autor da carta escreve invariavelmente Pinna em vez de Pmda.
(10) No original: essencialissa.
JOO
tutti minacciost l'ultimo stcrminio, 11 delia missione, ch'era quello ne penetrava acutissimamcntc, c dolorosissimamente lc viscere, come delia vita, delia robba dei capitano, piloto c de mannan, c d'ogno altro humano sussidio, procedeano, si suge- rivano diverse inventioni, c tutte infruttuose, poiche angustie erant undique, à terra non si potea moralmente, e forse nemeno fisicamente andare, sugerissi al capitano alcun ripiego, et egli con animo altrettanto generoso, come pietoso, con potentíssima confidenza nella M. D. c nell'orationi de nostn compagni, nsolutamente determino d'apparecchiarsi à combattere et avventurarc la robba, la vita, e quanto havea, purche compisse 1'essecutione delia nostra missione con quella pontualità c fedeltà, che tanto negotio richiedea; scorgendo questo valore e religione nel capitano, cominciò ad essortar tutta la gente con sante ammonitioni, si ministro íl sagramento delia penitenza umilmcnte, si concederno tutte quelle grazie, ch'in somigliante conflitto specialmente si poterno, e distinguendo ciascuno al suo officio cosi mannan come religiosi, questi coH'armi spin- tuali, e quei collc militan, quantunque Frà Francesco da Pam- plona, a nchiesta dei capitano, e costretto dalla benedittione et obedienza dei P. Prefetto, non poco valse con 1'ingegno e colla forza nella dispositione de posti; stava la gente vigorosíssima et anunatissima à dar la vita per íl commun Signore e nostra difesa, e tutti, seguitando 1 rchgiosi, che non 1'imagine dei Santo Crocefisso in mano prevenivano, gndono ad alta voce, Viva la fede dl Giesú Cristo; s'avvicinava già íl nemico, e con- dotto à debito intervalo di tiro, íl primo a parlare fu íl nostro capitano, dimandando delia natione donde si veniva, e per dove si navigava; fíi risposto, ch'era vascello flamengo (sempre ris- pondono in questa maniera gli Olandesi, tacendo íl nome spe- fico d'01anda) che veniva da Angola, che giva a negotiare in Pinda; replico il nostro, entra in buon'hora; sogiunse il nemico de dimande, che gente eravamo, et si rispose da nostri:
3o'
gente dei mare, venuta à negotiare con il conte di Manisogno e Re dei Congo; et in questo mentre l'avversario tolse alcune vele, e diede chiart segni di combattimento; ali 'hora il nostro Capitano battendo dei pie nella poppa, gridò all'artigliero, da foco, alia cui voce dispose 1'Altissimo si ritrovasse presso i'ar- tiglierie il piloto, vecchio venerando, et un Padre spagnolo de nostn, che trattenero 1'essecutione dell'ordine dato, si giva osser- vando quanto 1'emolo tracciava, et havendo buttato 1'ancora a fondo, dopo d'haversi detenuto per ispatio di mezz'hora, senza verun' altro segno ne di nemicitia, ne d'amicitia, largando in fretta il fesso voltando la prora verso la bocca dei fiume, discos- tossi da noi da dieci miglia piíi ò meno, f acendo mostra d avviarsi altrove; la consolatione si da religiosi, come dal Capi- tano e marinan sentita fu singolare, pur si stava sospeto, non penetrando la causa clVhavea indotto il nemico à somigliante attione, quando ecco di nuovo solcando à dinttura alia nostra volta, ne cagionò nuova e non aspettata confusione; le dihgenze di guerra non si dismetteano, per 1'indubitata batteria, che so- vrastava, prima d'arrivare a debita distanza finse diverse muta- tioni, hor di buttar l'ancora, hor di caminare, et in somma con- dottosi di già di rimpetto à noi scaricò un tiro, stimato da tutti principio di guerra; mà non fu altrimente cosi poiche disponendo senza palia, al medesimo tempo comparvero piu persone síi la poppa, ò altra parte dei vascello con capelli in mano, con saluti e segni di frate; il nostro capitano, che non dormiva, con dupli- cata cortesia, rendendogli la benvenuta, rese il salute con un'al- tro pezzo e trè di palia, divertendo altrove la mira per non nuocere à salutanti e salutati; si givano osservando 1 motivi dell una c dell'altra nave, si parlavano, si convitavano, e vin- cendo in creanza e cortesia 1 nostn, farno tanto, ch'il battello contrario con pochi marinan, gente miserabilisstma, s assicu- rasse di venire al nostro bordo, ove arnvati furno amorevolmente accolti, datogli da far collatione e da bere, e minutamente inter-
302
rogati, nsposero senza tema alcuna, ch'erano Olandcsi, veni- vano d'Angola lor piazza à negotiare qui in Pinda, e chc all'incontro bramavano sapere de fatti dei nostro.
Gh fu amfibologicamente nsposto, e fu spiegato stendardo Portughcse, correndo frà loro buona corri spondenza; tornos- sene il battello al suo navilio, et indi à poco un'altra volta com- parve con gente di qualità e nspetto, con buoni termini nel principio, poscia, ma con moita audácia et autorità nchiedendo di vedere il passaporto, mentre con quel modo di nspondere dava chiaro sospetto di nemico, e sopra tutto manifestossi capi- tahssimo nemico di Spagna e di Castigliani, onde per ogni meso volea sodisfatione; s'andò ignorando al possibile; frà tanto stando noi tutti, dico i missionanj, nascosti nella poppa, cosi ncercando la prudenza e la congiuntura, havendo alie coste il piu diabólico herético, sicomme è commun fama, non per disputar di fede con lettere, ma per rovinar con armi. e porre sotto terra il nome cattolico: fú licentiato al miglior modo si potè; venne la notte, qual tutta si passo Dio sà come, e quantun que si fosse risoluto à buon'hora inviarsi al Conte per il fiume al alto, pur sospettando di cio potea avvenire, si differi la partenza da regolarsi secondo le dimostranze e mutationi si ravvisassero neH'avversano, il quale impatiente scrisse una carta minacciatoria e provocatória, che [se] non si mostrava la licenza e passaporto, 1'havvrebbe ottenuto a forza d'armi; intre- pidamente fu ribatto dal nostro Capitano, nspondendogli, che stava nella signoria dei Conte di Pinda, dovea negotiar con lui, e che non era obligato ubidire a quanto insolentemente se gli dimandava; dei resto, che stava preparato à dargli con armi ogni sodisfatione; et ecco la disfida messa in campo, e venuta alie strette, quando in vece d'attacarsi, il capitan contrario per nspetto dei Conte, col piu picciol battello tenea, et osser- vato s' alia persona sua si portarebbe nspetto, nmase attonito e spaventato il nemico, e buttatosi a' piedi dei Signore gli
3°3
chicse perdono, c lassicurò di non moversi a nulla, facesse pure íl nostro vascello quanto gli gradiva (n); //
Non si maravigli la P. V. [ . . . ] si corroscente questo maledetto Olandese, commun nemico delia fede, posciache signoregiando quasi tutti questi porti dei Brasile e Guinea, ticne dalla sua tutti questi poven Principi, i quali essendo pnvi quasi di tutti 1 bem delia terra, nè potendo con altro Signore Cattolico havere commercio, sono costretti sottoporsi ad Olan- desi, accioche gli proueggano di qualche mercê de lor paesi, come di farina, vino, vesti, etc, e questo povero conte mando [ . . . ] ín Olanda un suo parente per ambasciadore, per íl concerto, ín quanto però al contratto mercantille, non delia fede, e qui dimora un fattore con fattona in nome d Olandese, et ogni tanto tempo viene un vascello a vcndcre e comprare; e disposc íl Signore per magior gloria sua e essercitio nostro, s abbattesse à punto al nostro arrivo. Gratias Domino Dco nostro, qtii nos de tantis perictdis eripuit et eripit, affinche vera- çcmentc possa cantarsi che sia lui per ignem et Aquam et eduxit nos in re f ri geriu m.
Hor Padre amantíssimo, avviciniamoci con hete novclle al período di questa per una parte tediosa, ma per altra gravíssima carta. Supposta la necessita estrema di questa abandonata gregia per mancamento delia língua e dell idioma, nsolvemmo essercitar qucl sagramento, che senza stimolo potca ammmis- trarsi, onde nclla vigília delia Sagratissima Pentecoste ('"), bene- dicendo solennemente, secondo i sagri riti, 1'acqua battismalc nclla Cbiesa magior di Santo Antonio in Banza, metropoli di questo contado, si fece publicarc, che vcnissero à battezzarst
(n) Os acontecimentos não nos parecem expostos na ordem cronológica da sua realização. O original ou a cópia estarão possivel- mente alterados. Cfr. as cartas do P." Boaventura de Alessano de 4 de Junho de 1645 c do P.e João de Santiago de 1 1 de Junho do mesmo ano
(12) O dia de Pentecostes ocorreu em 4 de Junho.
3°4
t fanciulh non battczzaci; cominciossi íl ministério sagro nel mcdesimo sabato, e fira hogi martcdi, ultima festa dello Spinto santo ira Pcntecoste, si sono battezzatt poco meno di mille fan- ciulh, essendo ín tutto íl contado nmastene un'altra infinita; argomenti la P. V. che sara in tutto íl regno; ahi mio Dio, e che si fà costi toto die otiosi, perdonemi se cosi favello.
Gh abusi introdotti sono gravissimi, e particolarmente in matéria delia castità, tutti ò quasi tutti senza vergogna con- cubinarij, assegnando per scusa che per mancamento di sacer- dote non hanno contratto matrimonio; ci sarà non poco che sudare e stentare, nondimeno si conosce 1'errore, ma in quei pnncipij con poca emenda, soavemente bisogna manegiare il negotio; in breve ci dividcremo ove piíi sarà opportuno; teniamo grandíssimo bisogno dei divino aiuto, lo spenamo vivamente, da nostri carissimi Padri e Fratelli nelle lor ferventi orationi et 10 specialmente dalla P. V. non manchi aiutarmi; si rimanda in Europa Frà Francesco da Pamplona nostro dilettis- simo compagno, per agevolare piíi felicemente il nuovo tra- gheto de missionanj destinandi, e trattare col Papa, Cardinali et altri Prelatti, come testimonio distinto delle miserie calami- tose di tante anime sfortunate; si spera ottimo successo; capi- tando in Napoli col suo P. Compagno, degnisi dimostrarsegli tale quale dalla sua cantà e gentilezza la mia servitíi li
promete [ ] per le sue rarissime qualità, ne la pnego
quanto posso col P. Bonaventura nostro.
Per dargli qualche breve notitia dei paese, sogiungo che la gente è semplicissima e docihssima, ma ignorantíssima in matéria delia divina legge, per mancamento de ministn evan- gelici, e negra di colore, però non difforme ne horribile; si cuopre dalle gambe alia cintura decentemente, e dal collo fin' alia parte coverta una rete di stami di palma, diversa secondo la qualità delle persone; 1 nobili e cavalien v'agiun- gono un mantello, ò fino ò mezzano, come possono megho trovarlo; gratie al Signore gh ogetti non li rendono concupisci-
2fl
3°5
bili, ín modo che la castità non si vede ín pencolo come se dubitava; la povertà estrema, íl sostento tenuissimo d'alcune vettovaglie e legumi, miglio, pânico e radiche d'albcri, la beuanda delicata de nobili un poco di vino di palma, e molto di rado, pure si vive, stanno sani e robusti, e noi in quet pnn- cipn ci ritroviamo assai bene, 1 caldi intolerabili, et adesso, ch' è íl magior inverno, si gangia (sic) quasi col nostro leone; le case et habitationi di canne, paglia e legni, come le nostre pagliaia, et havendo ordinato íl Conte si facesse una nostra casetta per habitarvi, fú spedita in 4 hore; benedetto íl sommo Padre delle misencordie, siam[o] fatti degni osservar 1'altissima povertà, íl letto, la nuda terra, agiungervi una stuoia (13) è stimato morbidezza; le fatighe continue, et inesplicabili, et in somma tutti gli ogetti e sugetti ne somministrano matéria di prolongato martírio; ahi felice ventura, ahi sorte ben'avventu- rosa de servi di Dio. / /
Confido nella M. D. si svegliranno fervorosamente gli adormentati cuon di ministri evangelici d'accingersi a seguttare 1'interna motione ad aiutare i poveri fratelli, che penscono tante migliaia d'anime, che stanno per precipitare à sempiterni danni, e colla lor amatissima e bramatissima presenza in queste parti educent nos in refrigerium; e quando prudentemente giu- dicandosi, non salperanno à somigliante conflitto, non manche- ranno da lungi combattere coragiosamente contro il nemico colle loro accettatissime orationi, n'impetrino dalla superna cle- menza patrocínio efficacissimo, affinchè dilatandosi 1'Apostohca fede, à dispetto dei diavolo sia glorificata da M. D., honorata la nostra religione, et aiutati i poveri fratelli, che tanto scarsi et abandonati si ntrovano di spintuali studij. //
II Padre Bonaventura nostro scriverà piíi diffusamente al Padre Provinciale; hò [ ] quanto ò possuto (sic) questa
(13) No original: stuora.
306
brcviatissima rclatione; scusi íl à me toccò à parlarc, e mi giouò molto sapcrc un poco di língua portoghese; passo auanti la prattica e con noi e con il capitano, et a tutte le proposte fatte s'esibi prontíssimo, ringratiando sua Santità, e non altri, di quanto s'era fatto e sofferto, che venisse il P. Prefetto con gli altri compagni, ch'egli con moltissimo gusto ammetteva gli evangelici operanj, e ne nmanea obligatissimo à S. D. M. ; licenciosi intanto il Capitano, e con lui andò un Cavaliere pa- rente dei Conte, chiamato D. Michele di Castro, acciò ín suo nome ordinasse al vascello nemico à nulla si movesse, nma- nendo il compagno et 10 per dir messa il giorno seguente, domenica, e consolare quei poverelli abandonati e pnvi à fatto per si lungo spatio dei beneficio de sacerdoti; avviossi il Capi- tano con allegro a dar nuova à nostri che sospesi erano rimasti nella nave; parte verso le 3 (?) hore di notte con quel Cavaliere parente dei Conte, e 7 altri negri, i quah avvicinandosi à bordo cominciano à cantare à linguagio delia terra, sia lodato il Santís- simo Sacramento, e la puríssima Concettione delia Vergine santíssima con altre lodi dei Signore. //
S'udirno le voei, si sospetttava che lo fusse, finchè salendo al vascello il capitano, e dando distinta relatione dei tutto, si passo quasi tutta la notte ín lodi e ringraziamenti deH'Altissimo e la mattina per tempo spiegando la bandiera dei Papa, dipinta da un Padre de nostri et al meglio si potea, e si celebrarno 4 messe nella nave, essendo 1'altro compagno et 10 rimasti per
(14) A devoção ao Santíssimo Sacramento e à Imaculada Con- ceição, padroeira do Reino, são as duas eminentes devoções do Povo português. Quando os primeiros missionários Capuchinhos estrangeiros entraram no Congo já ali as encontraram radicadas, como o prova, entre outros, o presente documento. Este facto demonstra ainda, con- trariamente ao que pensam e escrevem alguns missiólogos, menos bem informados do ponto de vista histórico, que a missionação portuguesa não foi tão superficial como se tem interessadamente propalado.
3°7
consolatione dei Conte e dt queste povere genti à dir messa cadendo il giorno di domenica, dalla quale venne il buon Signore con grandíssima pompa, con molti stendardi, suoni delle trombe dei paese, e giubilo [...] me lo fece incontrare col compagno fin alia porta delia chiesa per nceverlo; dimos- trosi religiosíssimo e riverentissimo, dicendo que Ia chiesa era cosa nostra, e ch'egli come figliuolo dovea seguitare il Padre, e no precedere; et udi con moita devotione la messa, e finita venne a' piedi dell'altare, chiedendo humilmente che fusse letto 1'evangelio di S. Giovanni In principio erat Verbum, etc, stando fràtanto inginocchioni, si diede compimento al tutto in chiesa, e giamai volle partirsi finche da noi non si licenciasse, offerendosi pronto ad ogni occorrenza. / /
Sarebbono continuate 1'allegrezze ne giorni seguenti, quando l'avversario herético, stimolato, mi persuado, dal dia- volo, non l havesse interrotte, mentre accertosi dell'introdut- tione d'operanj evangelici in questo Regno, e delia parte dei Papa, dei quale è nemico capitalissimo il crudo herético, infelli- nitosi di sdegno, rabbiosamente ncorsi à minaccie, ad inganni, a stratagemmi, e tanti e tali, che piíi volte fíi per rovinare il tutto; il nostro cattolico difensore, dico il Conte, diportosi con moita religione e prudenza, et all'oppositioni dell heretico abastanza sodisfece, dimostrandosi sempre zelantissimo delia puntà cattolica; allegava fra 1'altre ragioni il nemico ch'essendo concerto fra la Signoria Olandese e questo Príncipe che dovesse essere amico de gli armei, e nemico de nemici, et essendo quella nemicitia dei Re Cattolico e dei Papa, tal dovea lui panmente dimostrarsi; riportò spaccio tale, che il Conte e gli altri Cava- lieri e cortegiani sembravano di volerlo con le voei, e con t gesti ridurlo in pezzi; fra tanto havendo ncevuto il nostro Padre Prefetto come superiore delia Missione, e fattegli accoglienze non minori ch' à me, et all'altro Padre compagno, che ser- vimmo come precursori, s'offen e dedicò con nuove dimos- tranze liberalissimo in quanto le sue forze si stendeano, come
3o8
ín fatti si pratticò, mentre íl nemico, havendo con nuova in- dustria ridottici talmente alie strette, eh' il nostro povero Capi- tano si vedea totalmente perduto, e la missione non mediocre- mente disturbata; avisato dei seguito il Conte, alzosi immedia- tamente da sedere, e per ispatio piíi che di 3 miglia, seguitò a piedi 1'emolo; dispose il Signore che lo giungesse ín fanciullo, minacciandolo, e toccandosi con le dita la bocca, segno di guerra ín queste contrade, giurò che di persona sarebbe andato alia nostra nave, s'inviò verso Pinda, al quale fíi manifestato dal nostro [Capitano], ch'egli ancora dovea far 1'istesso viagio et che perciò non sospettasse di nulla, ne per la mutazione di partenza chi rimanea al governo dei vascello, volgesse 1'animo à nuove nsolutioni; tentarno remare con ogni sforzo coloro, e di passare una corrente rapidíssima e contrarijssima in certo passo, il piu difficultoso dei fiume, ma ò non potendo, ò non volendo per arte, e stratagemma di guerra, st rivolsero indietro à bordo; all'hora determinossi il nostro Capitano, venisse pure quel si volesse viagiare dal Conte, e dopo detta la messa deirimmacolatissima Concettione, protettnce delia nave e delia missione, havendo e questa e quella sotto questo puríssimo titolo elettala per avvocata e madre (essendo giorno di sabbato) communicati 1 religiosi, e col magior fervore implorato il su- perno aiuto et favore delia nostra pietosisstma Signora, colla sicura speranza d'infallibile soccorso, il Capitano con 6 goivani valorosi, il P. Buonaventura et 10 indegnissimo, mezzi travestiti, c'incaminammo verso Pinda; si giunse al passo delia corrente, ove invocato confidentemente il patrocínio dei cielo, delfanime dei Purgatório, s'imprese da nostn la voga con tanta violenza e coraggio, che passando 1'impeto insuperabile, n'eccitò à render gratie di cuore al commun Signore; navigamo allegramente all'insu, quando guardando indietro scuoprimmo il batello dell'emolo, qual confuso delia sua codardia, vedendosi passato da nostn, arrabiato di stizza, traghettò lui panmente, e con tanta fúria, prendendo altra rema, s'inoltrò à noi, e bal-
3°9
danzoso precorrea à dar conto dei sucesso al Conte; non può negarsi, ch'il fatto non ci recasse straordinana mortificatione, perche importava molto essere il primo ad informare; tutta via datoci animo, avvertimo che fu veramente traccia dei Signore acciò non [ . . . ] ísbagliassimo il camino, mentre il fmme per la sua smisurata grandezza tiene tante braccia, angoli e diver- ticoli, che senza esquisita prattica si rende quasi impossibile poterla indovinare, onde il nemico ne serviva per guida, c poteasi cantare: Saltitem ex inimicis nostris. / /
Caminossi coragiosamente per íspatio di dieci miglia quasi, et al fine ci abbatemmo in un passo angusto, che ne diede non poco travaglio, poichè da una parte il batello contrario s'era perduto di vista, dalFaltra il passaggio se ci offenva ímpene- trabile, in guisa ch'il povero Capitano, quantunque generosís- simo e religiosíssimo, tutta via dato in preda al cordoglio, cominciò a lamentarsi tanto dolorosamente delia sua infelicita e sventura, che ne movea a lagrimare di compassione; lo con- solavamo al possibile che I. D. M. sà cavare da quel que sembra sbagliamento, ottimo avertamento, e che senza forsc quello parea total' impedimento, ne havrebbe agevolata la strada et abreviato il sentiero per giungere quanto prima dal Conte; e cosi à pronto avvenne, acciò fosse fermo, ch' eduxit nos Domintts in refrigerium, poichè costegiammo ad una ripetta dei fiume in un certo ridotto, ove anticamente sbarcavano 1 Portughesi; ívi fíi a terra un mannaro col nostro compagno, et a pena dati alquanti passi, s'abbaterno in una chiesetta íntes- suta di canne, vimini et altn matenah d'herbe e di terra, con una statua delia Concettione puríssima, un' altra di Santo Antonio di Padova, et un quadro dei nostro P. S. Francesco col capuccio; stava di fuon una croce di legno ben grande, e due traversi con una campanella, segni tutta di vera Cnstianità cattolica; si avanzarno un poco piíi avanti, e sovente s'incon- trarno in gente dei paese, piccioli, e grandi in medíocre quan- tità; furono salutati col salute dei Santíssimo Sagramento e
3'°
delia Vergine Sagratissima, se gli mostro íl Crocefisso, e tutti con voei d'allegrezza nspondeano Amore; et essendovi alcuni ch'intendeano Portughese, assicurarno che la fede (gratie al Signore) stava íllibata, ch'il Conte era vero cattolico, e che tutto íl Regno, quantunque con diversi assalti d'heretici era stato combattuto, nondimeno s'era conservato intatto. / /
Padre mio amantíssimo, qui m'appiglio ad un loquace silentio; consideri la P. V. gli affetti interni et esterni si cau- savano, e di ringratiamento, e di consolatione, e di giubilo; ímmantinente ntornarno 1 sbarcati al batello, gridando per con- tento: allegrezza, allegrezza, buona nuova, buona nuova, al cui annuntio, al buon Capitano revixit spes eius; fummo súbito tutti a terra, et assicurati che íl Conte risiedeva non piu che [ . . . ] miglia scarse lontano dal suddetto posto, súbito si spedi una persona, che gli dasse raguaglio, che 12 religiosi mandati da Roma, di S. Santità, venivano ín questo Regno, e che per aò non si credesse al capitano Olandese in quanto havesse inferito contro il nostro Capitano; e veramente fu il negotio guidato dal sovrano Proveditore, mentre arrivò à tempo il messo ch il Conte ncevea lnformatione dal nemico, al quale come verace figlio di santa Chiesa, diede ordine, che non si partisse, ò che partendosi in contralcuno ardisse for nocumento al nostro vascello; proseguimmo il viaggio, et amessendosi ( sic ) il numero delia gente, correvano con moita divotione a bacciar le mani, ad inginocchiarsi, e dar voei al Cielo di giubilo, e gridando ad alta voce, pronuntiavano Engonga anchissi ham- bian pung/4, Roma à santo Padre, che vol dire in lor linguagio, sacerdoti santi di Dio mandati dal santo Padre di Roma.
Entrammo finalmente in Banza, luogo principale di questo contado di Pinda, ò Manisogno, ove per la residenza dei Conte dimorano tutti i principali Cavalieri e fidalghi (cosi chiamano secondo il [modo] portoghese 1 piu nobili) et è copioso di gente di nave [...] et ivi gli aplausi, 1'acclamationi, le voce di tene- rezza, le dimostranze di giubilo, gli abbraciamenti, 1'inginoc-
3n
chiamenti, le riverenze, le cortesie, à maniera però [dei] paese, Deus scit, e con moita ragione, poichè 4 anni si erano che non haveano veduto sacerdote; ahi miséria estrema. //
Visitossi nel primo ingresso la chiesa, grande sã, ma fabri- cara secondo íl modello prescritto nelle Croniche dal nostro Seráfico P. S. Francesco nella primitiva età delia nostra Reli- gione; fu dato ordine gire all'udienza dei Conte, et esporgli íl fine delia nostra venuta colle facoltà Apostoliche in nome dei Papa, e delia Chiesa. / /
Si preparo il buon Signore, e ne ricevè in publico consesso, alia grande secundum morem patriae. II suo palazzo è panmenti fabricato di canne, herbe secche, forti vimini et alben, le porte sono di tavole, e serrate, e per darglie una notitia equivalente à somiglianza dele pagliaia di coteste nostre parti, ma però ben ordinato con diverse stanze, atnj, cortili, etc. / /
Stava egli [ . . . ] sopra una seggia di damasco rosso finís- simo, vestito panmente con un pano di damasco dalle gambe sin'alla cintura, con camiscia bianca, e con un mantello di color nero ( sic ), un capello ancora negro ( sic ) con pianelle ordinane à piedi, et un fazzoletto nelle mani, alia destra un pagio con íspada ben guernita, colla punta all'in sú, et alia sinistra un' altro pagio con lo scettro, piíi discosto in debita proportione, da medesimi lati sinistro e destro, teneano due altn giovani in mano ciascuno una coda di cavallo ben composta, e cacciavano via le mosche al Signore; all'intorno era circondato da numerosa moltitudine di cavalien tutti inginocchioni, et 1 piú favonti gli stavano piu d'appresso, particolarmente il suo segretano, che intendendo Portughese, serviva de interprete; à di rimpetto di lui seggie due per li religiosi, et una per il Capitano, in terra poi un buono tapeto de natta et in questa foggia si cominciò ad esporre 1'ordine Ponteficio, il desideno delia Sede Apostó- lica, il zelo si tenea di quelle anime, il lungo discorso di tanti anni per venirgli a servire, i patimenti sofferti per terra e per mare, e finalmente 1'ultimo laberinto in cui n'havea posti
1'heretico Olandese, 1'insolenze e minaccie fatte al Capitano, e che se fosse lenità S. Eccellenza rimediare al vascello, acciò non patisse danno alcuno dal nemico; carattere, la prolissità e la vanetà de periodi, e men corretta compositione, atteso le circostanze non altrimenti permettono; fò alia P. V. M. R. divota riverenza, e raccomandandogli Frà Giuseppe nostro, Frà Felice, con rephcati affetti imploro le sue fervorosissime preghiere, e di tutti 1 Padn e Fratelli delia Provincia, à cjuali baccio humilmente fin'i piedi. / /
Di Pinda, contado di Manisogno dei Regno dei Congo, 16 giugno 1645.
II nostro Padre Prefetto amantíssimo di cotesta Provincia, saluta a V. P., e tutti cordialissimente.
[Frà Gennaro da Nola]
ENDEREÇO: Al Reverendo Padre nel Signore Osseruan- dissimo
II Padre Frà Gio. Batt. da Napoli predicatore capuccino (a' Capuccini)
Napoli
AOMC — Romae, 1887 (III), pág. 218-220; 252-254; 343-347; 377-378.
NOTA — O documento é autógrafo e foi encontrado pelo Padre Apolinário de Valência «in quodam archivo», que não especifica.
3'3
98
CARTA DO PADRE BOAVENTURA DE TAGGIA AO SECRETÁRIO DA PROPAGANDA FIDE
(16-6- 1645)
SUMÁRIO — Partida dos missionários fara o Congo — Desfedem-se do Rei de Portugal — Sua bondade, cristandade e ma- gnanimidade nas adversidades — Insulto ao Agente de D. João IV em Roma feios senhores castelhanos.
Ill.mo et Reu.mo Signor mio Osseruandissimo
In questo ponto noi siamo auisati deH'embarcatione, et di douer partire per la nostra giornata, di che pieno di ogni con- solatione ne fò parte à V. S. Ill.m\ molto bene proueduti da Sua Maestà di bonissimi nccapiti et lettere di raccomandatione à suoi Gouernatori (et ultimamente ne fece altra lettera per il Rè di Congo mesmo) et proueduti d'ogni cosa honoratissi- mamente per il viaggio: et hien fui dal Rè per spedirmi, quale mi licentiò cõ ogni benignità et cortesia, non ostante che il quel mentre hauesse lette le lettere di Roma (portate da naui- io che arriuò il medesimo giorno di Liuorno) nelle quali teneua nuoua delTinsulto fatto da Signon Castigliani allagente suo in Roma, diche 10 restai molto edificato, non ostante che alcuni caualien et fidalghi dicono liberamente delia nostra gior- nata, che il Rè in spedirci fece attentione (?) se bene sia pure temerária, hauendo tante cose in contrario et da temere. Vera- mente 111."10 Signor, à questo pouero Rè non mancano grandi trauagli, et certo che è boníssimo christiano; seio quid dico, et Dio l'ha d'agiutare, poiche in tanti infortunij mai si scompone nella douuta nuerenza alia S. Sede, et dissemi taThora parole di grandíssima edifficatione.
3'4
In questo medesimo ponto il Signor V. Collettore mi manda una prouisione molto grande per il uiaggio, cõ molti rinfreschi non da Cappuccini, al quale deuemo infinitamente, et per quanto posso lo raccomando à V. S. Ill.ma aiutandolo in questa mia partenza, esser persona di grande integrità et bontà, come il suo pacifico gouerno lo mostra. / /
Non hò altro che dirle, che baciare le mani et farmi rac- comandare al Signor Giouanni Domênico Verusio et prego al Cielo il colmo d'ogni sua uera exaltatione. / /
Lisbona, li 16 Giugno 1645.
Di V. S. 111.™
Seruo deuotissimo
f. Bonauentura di Taggia, Cappuccino V. Pref. di Congo
Non saria senon bene si desse ordine al Signor V. Collettore di prouederci di qualche aiuto quando intendesse il uero biso- gno in quelle parti, poichè può esser che accada il caso, come mi dicono li Padri delia Compagnia, che scriuo à V. S. Ill.ma.
APF — SRCG, vol. 143, fls. 224-224 v.
99
CARTA DO COLECTOR APOSTÓLICO AO SECRETÁRIO DA PROPAGANDA
(19-6- 1645)
SUMÁRIO — Anuncia a partida dos Capuchinhos para o Congo — Li- beralidade do Rei de Portugal para com os missionários.
Ill.mo e R.mo Signor mio Padrone Collendissimo
Li Padn Capucini sono stati finalmente dispaciati da Sua Maestà per la missione dei Congo, non ostanti le molte contra- ditioni c'hanno hauuete da uarie parti e hier matina prouisti assai commodamente dalla Maestà Sua delle cose per il uitto e lettere di raccomandatione a Gouernaton de luoghi per doue hauranno a passare; s'imbarcano in vna nauetta che deue partir súbito per la Baya nel Brasile, per di la transferirsi poi ad alcun porto dei Congo piú commodo, nó essendoui hora occasione d'andar a dintura ad Angola, per nspetto degl'olandesi, 1 quali, con 1'aiuto di Dio si spera habino a lasciar presto quella piazza per nspetto delFarmata portughesa, che 1'anno passato parti di qui a questo effetto. //
A detti Religiosi hò dato quel poco d'auito c'hò potutto, no già quant'io desiderauo, et essi per le sue rare uirtú men- tauano; glhò raccomandato molto, che súbito giunti scnuino per la prima occasione, particularmente a V. S. I., alia quale frà tanto dò infinite gratie dei confidente auiso che V. S. 111.1" mi'hà fatto gratia darmi con la sua lettera de 2 1 Gennaro, che perciò nó restarò anco di valermene per la sicurezza delle lettere che V. S. Ill.mi mi scriue, intendo che quella d'alcuno di cotesti mercanti portughesi sia la megliore, in particular dei Signor
3/6
Francesco Nunez Sanchez, oucro anco quella de Signor Bona- corzi di Liuorno; con che a V. S. Ill.ma con ogni affetto riue- rente m'inchino. / /
Lisbona, 19 Giugno '645.
Di V. S. Ill.ma e R.ma
Dev.mo e oblig.mo Seruitore
Girolamo Battaglini
APF — SRCG, vol. 143, fl. 237.
3 '7
100
FACULDADES AOS MISSIONÁRIOS DO CONGO (19-6- 1645)
SUMÁRIO — Os missionários Capuchinhos do Congo pedem à Pro- paganda Vide a confirmação das faculdades dadas por Urbano VIII c novo Breve para o actual Rei do Congo.
Referente eodem Eminentíssimo D. Cardinali Albornotio htteras Praefecti Missionis Congi, in quibus primo significabat suum discessum ab Hispânia cum Socijs ucrsus Congum (*).
2.0 petebat bcnedictionem a Sanctissimo pro se et Socijs et confirmationem facultatum, quas ab Vrbano 8.° sanctae memoriae obtinuit.
3.0 instabat pro nouo Breui ad Regem Congi, cum tam Vrbanus 8.us, qui ei Breue conccssit, quam Rex Aluanis, ad quem illud Vrbanus erat scriptum, mortui sint.
Sacra Congregatio, annuente Domino Nostro, confirmauit facultates a fehcis recordationis Vrbano 8.° concessas, et idem Sanctissimus Suam bencdictioncm pracdicto Praefeto ac Socijs
(*) O Padre Boaventura de Alessano, recorre assim ao expediente da parada para o Congo, pelos bons ofícios da Espanha, depois de ter estado em Lisboa e de aqui ter sido tratado pelos nossos Reis muito para além da sua qualidade de missionário ou de simples Prefeito da Missão. Estes actos inamistosos c incorrectos do Padre Alessano, iriam criar, naturalmente, dificuldades futuras ao exercício da sua missão, iniciada sob tais auspícios.
Poderá argumentar-sc que eram excelentes as suas intenções c que por outra via não conseguiria tão cedo o seu intento. Porem as melhores intenções nem sempre são apropositadas.
3'8
bcnignc concessit, íussitquc cxpcdin nouum Brcuc ad moder- num Regem Congi, tenoris ilhus cjuod dictus Papa Vrbano scnpsit ad Regem Aluarum.
APF — Acta, vol. 16, fls. 328 V.-329, n.° 17 — Congregação cardi- nalícia de 19 de Junho de 1645.
3l9
101
MISSÃO DOS PADRES CAPUCHINHOS NA VELHA GUINÉ AFRICANA
(3-7-1645)
SUMÁRIO — O Provincial da Andaluzia é nomeado Prefeito da Missão — Poderia dirigir seus missionários para os gentios do Rio Amazonas, com as mesmas faculdades dadas para a Negrtcia — Poderia dividir o imenso campo apostólico com os confrades da Província de Valência.
Referente eodem Eminentíssimo D. Cardinli Alborno- tio (*) litteras Prouincialis et Diffinitorij Capuccinorum Anda- lusiae, continentes quatuor petitiones, et quia pro prima, tertia et quarta per decreta praecedentia, in quibus datur facultas Nun- tio subrogandi alios Missionários loco nolentium, uel non ualen- tium ad Missionem Nigritarum proficisci, ac etiam facultas accipiendi Fratres ex alijs Capuccinorum Hispaniorum Prouin- cijs pro dieta Missione, et dacta fuit Praefectura Missionis Prouinciali supplicanti, sub nomine próprio, satis superque fuit prouisum.
Ad secundam petitionem quod supplicanti Missionanj ad Nigritas, si post factas omnes necessárias diligentias, aditum ad Nigritas habere non poterunt, ad alias Rcgiones Jndiarum
(*) Gil Carrillo Albornoz, espanhol, arcediago dc Burgos, arce- bispo de Taranto em 23-9-1630, dignidade que resignou c Camerário do Sacro Colégio em 14-3- 1644. Foi criado Cardeal do título dc Santa Maria in Via Lata, em 12-8- 1630, passando para o de S. Pedro in Montório em 2-8-1643. Fa'cceu em Roma no dia 19- 12- 1649. Foi na Cúria o Cardeal Protector de Espanha.
320
Orientalium, uel Occidentalium se transferre ualeant, cum eisdem facultatibus, Sacra Congregatio censuit in casu propó- sito praedictis Missionarijs assignandos esse Gentiles circa flu- men Marognon (2), seu Rio de las Amazonas (3), ab eis esco- lendos, et si Prouincia Capuccinorum Valentiae eosdem Gentiles excolendos susceperit, Andalusij Missionarij partem praedictorum Gentilium assument instruendos, et Valentini aliam partem, nam cum sint innumen praedicti Gentiles, non solum Andalusij et Valentini Missionarij, sed ali j etiam Religiosi in ea uinea Domini excolenda occupan poterunt.
APF — Acta, vol. 16, fls. 346-347, n.° 31 — Sessão cardinalícia de 3 de Julho de 1645.
BULLARIUM CAPUCINORTJM, Romae, 1752, VII, pág. 336.
NOTA — Ainda no mesmo dia foi novamente tratado o assunto, nos seguintes termos:
Referente eodem Eminentíssimo D. Cardinali Albornorio litteras Nútij Hispaniarum et Prouincialis Capuccinorum Valenriae, de qua- tuor Patribus Capuccinis suae Prouinciae, qui petunr Missionem ad Nigritas cum Fratribus Andalusiae, uidelicet: Fratre Ludouico et Fratre Antonio de Teruel, Fratre Augustino de Cubanes, et Fratre Antonio de Paniscola, quos omnes ut idóneos ad dictam Missionem praeditus Prouincialis proponebat Nuntio praedicto. / /
Sacra Congregatio eos inter Missionários Nigritarum adscripsit, dummodo Missionis praedictae Praefectus eos admittat; et si Prouin- cia Capuccinorum Valenriae Gentiles circa flumen Maragnon, uel delas Amazonas degentes, excolendos susceperit, poterunt praedicti quatuor Fratres ad dictos Gentiles mitri, cum alijs quos Prouincia cum parriciparione Nunrij praedicti probabit, et Nunrius Sacrae Congrega- tioni proponet.
APF — Acta, vol. 16, fl. 349 v., n,° 39. — Sessão cardinalícia de 3 de Julho de 1645.
(2) Rio Maranhão.
(3) Rio das Amazonas, ou simplesmente Amazonas.
102
CARTA DO SECRETÁRIO DA PROPAGANDA FIDE AO PROVINCIAL DA ANDALUZIA
(3-7-1645)
SUMÁRIO — Responde a várias cartas do Provincial da Andaluzia e comunica-lhe o conteúdo de alguns decretos da Pro- paganda acerca das missões confiadas aos Capuchinhos da mesma Província — Razões pelas quais não se despa- cha a pretençáo de irem para outras missões além das africanas — Estratégia proposta aos missionários.
Recibo la de V. P. de 4 de Abril, y en su respuesta digo: 1 .° Que se ha enviado el Decreto de la Mission de los Negros a Monsenor Núncio, en el qual V. P. ha sido nombrado Pre- fecto, por ser Provincial y arrimar la Missión á la Província de Andalucia, de la manera que V. P. deseaba. Y porque la Sacra Congregación, por no confundir su jurisdicción con la de los Superiores de las Religiones, ordena que las Prefecturas de las Missiones se despachen sub nomine próprio, et non sub nomine Officii; quando se elige el nuevo Provincial, temendo aviso la Sacra Congregación, elige Prefecto el nuevo; llegando el Despacho, cesa la autondad dei viejo, y assi no se confunden las jurisdicciones, y se cargan las Missiones á las Províncias, y sus Definitorios.
2.0 Que V. P. elegido por el dicho Decreto Prefecto, puede en virtud de la facultad que en el se concede, nombrar por Vice-Prefecto, al P. Fr. Manuel, y communicarle la facultad, la qual también se invió a Monsenor Núncio; y assi no es necessá- rio acudir á la Sacra Congregación para elegir el Vice-Prefecto.
3 ,° Con otro Decreto se ha dado facultad á Monsenor Nún- cio, que pueda subrogar también de outras Províncias de Reli-
322
giosos Capuchinos, en lugar de los que han sido nombrados, caso que non puedan ó no quieran ir á la Missión de los Nigri- tas, y juntamente para la de el Congo. Y en el dicho Decreto se entiende también, que se comprehende en caso de la muerte, porque por la muerte de alguno, no se puede suplir de el número determinado á la Missión; y assi Monsenor Núncio, con apro- bación de el Provincial y Diffinitono, puede substituir otro Religioso en lugar dei P. Fr. Francisco de Arevalle. Y con dicho Decreto se da satisfacción á la 2.a y 3.* petición, que se con- tiene en la de V. P.
4.0 Acerca de darle licencia y facultad para ir otras partes, dan tan gran cuidado á la Sacra Congregación los Reinos de los Nigntas, que son muchos, y en aquellos ay alguna luz de Chnstiandad, que para no dar ocasión a los Padres Missionários, que á la primera ó segunda dificultad que hallaren, no se haian de retirar y velverse, no dará tal facultad. Segun mi parecer, juzgo por acertado, embiar pnmero solo tres Missionários con un lego, para tentar la entrada por el Cairo, 6 por otra parte: y si se pudiera por la Costa Occidental de el África, passar por hagora, seria el negocio mas seguro. Por otra parte parece mejor el camino de el Cairo: porque en aquella Ciudad podran los Missionários tener intérprete, y aun aprender la lengua Ará- biga, que allá la entienden. Sena a propósito una carta de el Embajador de Venecia, [che] reside en la Corte dei Rey Catho- lico, para el Cônsul Veneciano de Alepo; y procurar de tomar una cassa en la Calle que en el Cairo llaman de Venecianos, para hacer de ella un Hospício para la Missión, que servirá para hacer amistad con los Negros, y otros, que son espécie de Negros, que llegan al Cairo, para aprender la lengua Arábiga, y teniendo paciência de entretenerse en aquella habitación los anos enteros, hasta que se sepa la lengua, y se alcanze la entrada. / /
Esto es todo lo que puedo decir a V. P. en respuesta dc sus cartas, y para sua instrucción. Tambien por el camino de
323
Marruecos y Fez se podria tener alguna noticia, con un passa- porte, ó salvo conduto de aquel Rey, que por médio de los Mi- nistros de el Rey Cathóhco se podria alcanzar, y procurar de passar á aquellos Reynos, que no pueden estar mui lexos de Marruecos y Fez. / /
Acabo con ofrecerme á V. P. prompto para todo lo que se ofreciere para la Missión. / /
Roma a 3 de Julio de 1645. / /
De V. P. M. R. affettuosissimo Servitor
Francisco Ingoli. / /
R. P. Fr. Gaspar de Sevilla Provincial de Capuchinos de Andalucia.
FRAY AMBRÓSIO DE VALENCINA — Ob. cit., p. 16-18.
3*4
103
CARTA DA PROPAGANDA FIDE AO NÚNCIO EM MADRID
(15-7-1645)
SUMÁRIO — Acerca da evangelização dos negritas feios Capuchinhos ou dos gentios do Brasil, caso não fossam cultivar aqueles — Que se determine o campo de apostolado da pro- víncia da Andaluzia e da província de Valência.
Houendo questa Sacra Congregatione de Propaganda Fide sodisfatto à diuerse inscanze delh Capuccini delia Prouincia di Andaluzia, con dare facoltà à V. R. di surrogare altri missio- narij in luogo di quelli dell'ordine loro, che ò non uogliono ò non possono trasferirsi alia missione assegnatali nelli Negriti, e di pigliare anche operanj dall'akre Prouincie di Spagna dell'istesso ordine, per la detta missione, ò con decretare la Pre- fectura di essa al Padre Prouinciale di quella Prouincia, si è contenta ultimamente ancora di compiacerli con occasione delia lettera loro delh 25 ottobre, che non potendo essi superare le difficoltà che per auuentura se gl'attrauerzaranno per impedirgli 1'ingresso nella detta missione, sia loro lecito di transferirei e di essercitare le medessime facoltà fra li gentili dei fiume Mara- gnone e dei Rio delle Amazoni, in quelle parti solamente che non piglierà nella Prouincia de Valenza, in euento che questa rissoluesse di cultiuare quelle anime, sarà ufficio di V. S. íl participare la presente lettera al Padre Prouinciale suddetto d'Andaluzia et à quello di Valenza, acciò restino plenamente
325
informati delia mente di questa Sacra Congregatione e s'accor- dino nel pigliare le parti di quei gentili da coltiuare e per fine à V. S. m'offero e raccomando. / / Roma, 15 luglio 1645.
[Francesco Ingoli] APF — Lettere Volgari, vol. 23, fls. 145 V.-146 v.
326
104
AUTO DE ANTÓNIO MALHORQUIM SOBRE A OCUPAÇÃO DE S. TOMÉ
(24-7-1645)
SUMÁRIO — Relata em -pormenores a ocupação da Ilha de S. Tomé pelos holandeses, que atraiçoaram a paz e capitulações feitas com Portugal e com os próprios habitantes.
Anno do naci mento de Nosso Senhor Jessus Chnsto de mil e seis sentos e quarenta e sinco annos, aos vinte e quatro dias do mes de Julho do dito anno, nesta Cidade de Lisboa, em as pouzadas de Mathias de Albuquerque, Conde de Alegrete, dos conselhos destado e guerra de Sua Magestade, elle mandou chamar a mim escriuão ao diante nomeado e ao escriuão da uara do Meirinho da Corte, Pero da Cunha e mandou que eu escriuão continuaçe este autto de preguntas feito a Antonio Malhorquim, que prezente estaua, a quem elle Conde deu jura- mento dos Santos Euangelhos, sob cargo do qual lhe encarre- gou, que bem e uerdadeiramente declaraçe, o que lhe fosse perguntado, comforme húa ordem que para isso tinha de Sua Magestade que Deos guarde, e elle sob cargo do ditto jura- mento que recebeo prometeo dizer uerdade; e ás perguntas que o dito Conde lhe fes respondeo pella maneira seguinte: / /
Que elle se chamaua Antonio Malhorquim, e que era natural de Tolom de França, vizinho e cazado nesta Cidade, no bairro de Alfama, com sua molher Barbora Antunes, enteada de Chnstouão Luis, e que elle declarante Antonio Malhorquim, fora desta Cidade, há uinte e noue mezes, embarcado no nauio S. Pedro, de que eráo armadores Pero Jorge e André Ferreira,
327
moradores que erao nesta Cidade, na Rua da Figueira, e que deste porto forao em direitura á Ilha do Príncipe, aonde esteue quarenta dias, a qual gente mantinha a ditta Ilha por EIRey Nosso Senhor Dom João o quarto, de quem legitimamente erao uassallos, e que passados os ditos quarenta dias, partirão para o Cadauar (*), aonde acharão hum nauio ingrês Pristor, resgatando negros pellas, digo pera as Ilhas das Barbadas, nas índias de Castella, e que o dito nauio ingrês tinha doze pessas de artelharia e o em que elle declarante hia tinha quatorze (2), e que estiuerão ambos em boa comrespondencia resgatando negros, quatro mezes e meyo, e neste tempo chegou também aly outro nauio deste porto de Lisboa, de Manoel de Moraes, e também fizerão resgate de negros e partiram em companhia delle declarante, leuando o dito Manoel Fernandes, mais de quatrocentos negros em derrota do cabo de Lopo Gonçalues para dahy ir ao Brazil, ficando ainda o nauio ingrês referido no Cadauar, fazendo negros, sem em todos os quatro mezes e meyo entrar aly mais nauio algum, e que elle declarante com o baixel, em que hia São Pedro com quatro sentos e oitenta negros, uiera outra [uez] nesta Ilha do Príncipe a fazer augua- da, mantimentos e lenha, onde esteue quatro meses, e neste tempo chegou ahy outro nauio ingrês de uinte e quatro pessas, que já trazia seissentos negros, feito no mesmo porto de Cada- dar e que o capitão se chamaua Ruberto Adam, e que trazia hum pataxo de seis pessas consigo, com duzentos e sinquoenta negros, e que ambos fizerão viagem para a Uirginia, nas índias de Castella, e que na dita Ilha do Príncipe, por ordem do go- uernador de São Thomé, fora elle declarante prezo para condestable (3) e ser leuado para o exercitar na dita Ilha de São Thomé, para onde em efeito partio; e no primeiro de De-
(x) O actual Calabar.
(2) No texto: quatrozc.
(3) Chefe de artelheiros.
328
zembro do anno passado de seissentos e quarenta e quatro, em hum barco, porque a sua não [hjauia feito viagem para a Bahia, com os quatro centos e oitenta negros, e chegando elle declarante a Sam Thomé, a onze de Dezembro, como dito tem, e dezem- barcando quatro legoas do porto principal donde estuão os olan- dezes, donde chamão Santa Anna, e marchando por terra para o nosso arrayal onde estaua o governador Lourenço Pires de Tauora, a treze do dito mez, hauendo a onze mandado os olan- dezes, que estauáo na fortaleza de Sam Thomé, hua embaxada ao dito gouernador, e aos mais soldados e moradores que rezi- dião no dito nouo arrayal, que dentro em tres dias precizamente se enttregassem, e que se o não fizessem, a fogo e a sangue os acabariao a todos logo; e uendo os nossos a forsa e uiolencia que se lhe [s] fazia de supetto contra as pazes geraes, que tinham os olandezes com Portugal e as Capitulasões particulares, que na mesma ilha tinham feito e selebrado, e que da parte dos nossos se tinham pontualmente guardado, e obseruado, debaixo de cuja seguridade, fee e palaura, vieram com toda a confiança, posto que o gouernador, e soldados e moradores dezejauao rezis- tir, a hua violência tão tirana, como a que os holandezes lhe[s] fazião, uendosse faltos de socorro e do necessário, sem preuen- sõis, por estarem debaixo da paz contraída, firmes na seguridade que possuião, uendosse com hua embaixada tão desuzada e con- traria ao que cuidauao, ouuerão, compelidos desta vioolencia e necessitados da força e rigor dos olandezes, a çeder de seu direito, sem lhe[s] ualer[em] protestos e justas preposiçôis que pri- meiro fizerao e reprezentarao aos ditos olandezes, que obstina- do [s] em seu preteixto, sem aduertir rezão, justiça, paz, Capitu- lasõis, ou couza algúa, rezolutamente jnstarao com os nossos que logo largasem o arrayal, e do contrario os passariao a ferro e fogo, com que a quinze do dito mez de Dezembro, ás quatro da tarde do anno passado, de seissentos e quarenta e quatro, forsados e constrangidos desta violência dos olandezes, entrega- rão os nossos, com partido de que pudessem tirar artelharia,
329
armas, monissõis e gente para onde quizessem na dita Ilha, e que se dentro em quarto mezes não o[u]uesse ahy nauio de Por- tugal, que os conduzi [rijão para este Reino, ou para outra parte nossa, elles ditos olandezes lhe[s] danão embarcasõis, pagando os nossos o frete, para que os puzesem fora aos que asim se qui- zessem embarcar, e em efeito asim se concluio, e fizerão os olandezes fazer acento, asinado pello gouernador Lourenço Piris de Tauora, e pello seu João de Mo ler, e todos os mais oficiaes de húa e outra parte, tudo em forsa e uiolençia dos olan- dezes; e logo os olandezes comesarão a desmantelar o dito nouo arrayal, o que tudo fizerão e obrarão com esta exorbitância, e em uertude [da] ordem que tiuerão de Olanda, que lhe[s] chegou em hum pataxo, de que procedeo toda esta execução, falta de palaura, e quebra de pazes e capitulasõis, o que asim era publico e praticado entre todos os olandezes, e que elle declarante, no mesmo dia quinze de Dezembro á noite se embarcara em húa nao ingreza, que [h]auia oito dias tinha chegado áquelle porto, da costa da Mina, com uinte e duas pessas de artelharia, e dous mil marcos de ouro, que tinha feito em cete mezes e resgatado na costa da Mina, e grande quantidade de marfim, com que elle declarante ueyo e chegou no dito nauio a Inglaterra, em dezacete de Março deste anno de seissentos e quarenta e sinco, e se embarcou em dez (4) deste mes de Julho, nas duas naos de Inglaterra, e chegou a este porto de Lisboa, anteontem, vinte e dous, em outro nauio, e que o gouernador Lourenço Piris de Tauora dezia em Santhomé, que se retiraua a huns engenhos, e os moradores repartidos por uanas partes, e lhe dera húa carta para seu Irmão, dizendolhe que se uiesse logo no dito nauio ingrês; e mais não declarou o dito declarante, e do sobredito elle Conde de Alegrete mandou a mim escriuão, fazer este autto, que asinou com o dito declarante e comigo escriuão, c
(*) No texto: des.
33°
com o escriuão Pedro da Cunha, que ambos damos nossas fees passar o contheudo na uerdade. / /
Eu Alvaro de Lima, escriuão da Correição do Crime desta Cidade de Lisboa, o escrevy e asiney. / /
Antonio Malarquim / o Conde de Alegrete / Aluaro de Lima / Pedro da Cunha.
LARANJO COELHO — Ob. cit., I, págs. 262-264. — BNL - Ms- 7162 (F. G.), fls. 654.
33 1
105
RELAÇÃO DA VIAGEM DE SOCORRO A ANGOLA DE TEIXEIRA DE MENDONÇA E LOPES SEQUEIRA
(Abril-Julho 1645)
SUMÁRIO — Desembarque, viagem pelo sertão, desastre e chachina dos Portugueses — Chegada do Governador Sotomaior.
RELAÇAõ DA VIAGEM QUE FIZERAÕ O CAPITAÕ MOR ANTONIO TEIXEIRA DE MENDO [N]ÇA, E O SARGENTO MOR DOMINGOS LOPEZ DE SIQUEIRA INDO DA BAHIA EM SOCORRO A ANGOLA
Antonio Teixeira de Mendonça (l) fora tomado em Angola com o nosso arrayal á falsa fee dos Olandezes na barra do rio Bengo, e embarcado com os mais portuguezes pera o Brasil, donde passara a Portugal a seus negócios. Domingos Lopez de Siqueira (2) despois daquella treição e desbarato do nosso cam- po, fora mandado da mesma Angola ao mesmo Reyno a dar conta a Sua Magestade do estado em que ficaua aquella Con- quista e a pedirlhe remédio. Ambos se offerecerao a elRey em Lisboa pera meterem socorro em Massangano se lhes fizesse taes e taes mercês. Despachados e contentes se embarcarão pera o Brasil, remetidos de elRey ao gouernador pera que os pro- uesse de gente, munições e embarcações. Sairão da Bahia aos
(*) Capitão-mor de cavalos e cabo de companhias, capitão-mor da Fortaleza de Massangano, governador eleito, capitão-mor do Reino de Angola por patente de Salvador Correia de 18-4- 1649.
(2) Capitão da guarda, acompanhou a Luanda as duas irmãs da Ginga, tomadas em 25-5-1629.
332
8 de Feuereiro do ano passado de 1645 (3) com 260 infantes e os officiaes de guerra seguintes: Antonio Diaz Maguinhos, Antonio Bello do Leão, Antonio Soarez de Azeuedo, Antonio da Fonseca Homem, Custodio Antunez da Sylua, Baltazar Rebello de Aragão Antonio Lopez, Antonio de Madureira, Bras de Espinosa Antonio Gonçaluez, Manoel da Costa, João Roíz (5), Manoel Correa: e os officiaes reformados, o Capi- tão mor que foi de Benguella ChnstouaÕ Rodriguez, o Sargento mor André Antunez, o Sargento mor Mathias Telles Bar- reto (6), o Capitão Manoel Gomez Leyria, o Capitão Antonio Teixeira da Fonseca, o Capitão Antonio Luiz Pereda, o Capitão Francisco Roís da Cunha, o Ajudante Joaõ da Sylpa, o Alferes Afonso Pegado, o Alferes Ignacio Gonçaluez, o Alferes Joseph da Sylua, Nicolao de Siqueira, Vicente de Andrade, Joaõ Rodriguez Panasques e outros muitos, mais e menos conhecidos.
Hiaõ todos em duas naos, e em hum barco de elRey: e em pouco menos de dous meses com prospera uiagem tiueraõ uísta da costa de Angola aos 4 de Abril: a qual foraõ correndo sem tomarem falia, sendo que foraõ uistos dos Olandezes do nosso presidio de Benguella: e o Capitão mor dos Portuguezes, Manoel Pereira (7), tendo pera si que seria gente nossa polo barco latino, despedio logo hum soldado filho da terra a saber onde desembarcauão: o qual os alcançou mais de 30 léguas de
(3) Se bem que referente a acontecimentos ocorridos em 1645, foi redigido em 1646, como o prova esta afirmação.
(*) Brás de Espinosa Navarrete, capitão, foi em socorro da Mu- xima, quando cercada pelos holandeses.
(5) Capitão, cabo de lancha no Cuanza, capitão da gente do mar e morador em Loanda.
(6) Capitão da Fortaleza de Santa Cruz de Luanda em 1624, sar- gento-mor, capitão mor de Ambaca em 1643, foi um dos 4 portugueses salvos do desastre de Indecuta.
(7) Sucedeu em 1642 a Higino Roiz Calado por eleição dos sol- dados sujeitos aos holandeses, que estavam em Benguela. Em Julho de 1645 ainda exercia o cargo de capitao-mor.
333
Benguella, indo elles iá marchando por terra: que ouuindo o recado, e offerecimento dos nossos naÕ fizeraÕ nenhum caso, mas tomarão o soldado e o leuarao consigo, como adiante se dirá
Chegarão estes nauios ao Rio Quicombo, onde a gente desembarcou, em quarta feira de treuas (8) : e logo foraõ uisi- tados de Mani Quicombo, senhor da terra: na qual estiueraõ cinco dias, que se gastarão em desembarcar as munições, as quaes caregaraõ os vassallos de Mani Quicombo com os de outro soua seu chamado Gunza a Cabollo, até ás terras do soua senhor do cobre, por nome Angolalondo, que dista de Quicombo dez léguas. / /
E aqui os ueio alcançar Antonio Manoel, que era o soldado de Benguella, que dissemos lhes uiera com o recado dos Portu- guezes, a que elles naõ quiseraÕ responder, antes leuarao con- sigo o mesmo soldado, com medo de que fosse meixincar aos Olandezes, que iá delles tinhaõ noticia quando os uiraõ passar por diante de Benguella.
Nestas terras do soua do cobre tiveraõ os nossos embaixada do soua Zamba, que hé senhor de toda aquella Poruincia, cha- mada Sumbi: que os estaua aguardando nos confins da sua ter- ra, pera os acompanhar, como uassallo que era de elRey de Portugal. Até este Zamba os acompanharão e carregarão as munições os uassallos dos dous souas passados.
Era o tempo de chuuas e de calmas grandíssimas, que na- quelles meses foraõ muitas naquellas terras: nas quaes come- çarão logo a picar as doenças, de maneira que dentro de 24 horas cairão duzentos doentes, que até estas terras de Zamba tinhaÕ uindo saÕs, e foi milagre aturarem tanto, e adoecendo naõ morre- rem todos, sendo os tempos taes e caminhando por lamas e ato- leiros, e hauendo dous annos que andauaõ per fora daquelles climas, e uinhaõ agora como gente noua: acodiaõlhes com
(8) Dia 12 de Abril.
334
confissão o P." Francisco da Cunha, vigairo de Massangano e o P.e Frey Elias, Carmelita, que com elles [uiera] do Brasil, pera que lhes não faltasse o remédio das almas, pois lhes faltaua o dos corpos.
Pera comboyar a estes foi necessário marchar o Sargento mor Domingos Lopez de Siqueira húa jornada adiante atté ás terras de hum soueta vassalo de Zamba: o qual mandou poios seus car- regar aos doentes e trazellos ao seu sitio: por resaõ do que e de se comboyarem as munições, foi forçado aguardarse alli 20 dias: no cabo dos quaes se ajuntou naquella parajem toda a nossa gente com o mesmo soua Zamba: donde o Sargento mor Do- mingos Lopez de Siqueira se auançou mais duas jornadas até perto do Rio Cubo, com dous Capitães e uinte soldados, que somente hauia saõs: e pera este nouo [sitio], mais perto do Rio Cubo, em cuia demanda hiaÕ, se leuaraõ pouco e pouco os doen- tes, no que se gastou um mês e alguns dias mais. / /
Neste sitio estaua alojado um iaga, por nome Muniquian- gombe, a quem outros íagas, que estauaõ da outra banda do Rio Cubo, tinhaõ lançado daquellas partes, o qual com a chegada dos nossos se lhe[s] ueio, offerecer, pera tudo o que lhes fosse necessário, até pôr a uida em seu seruiço, com [o] em ef feito fez, morrendo com elles na guerra dos outros iagas.
Tratouse logo de fazer ponte, porque se naõ podia de outra maneira passar o Cubo, que demais de ser caudeloso e furioso, era antaõ tempo de muitíssimas chuuas, que o faziaõ mais crecido.
Fezse a obra com ajuda dos Souas, á custa da uida de seis negros que morrerão sem remédio, arrebatados do Rio: os Souas que trabalhauaõ eraõ o mesmo Zamba, Mu [nijquiangombe, Cacumba, Quibuba, Buga, Rianzamba, Cangoma, Quibu- lungo: quasi todos vassallos do Zamba. Entre os quaes se assen- tou logo, que feita a ponte se desse guerra aos iagas e Souas que estauaõ da outra banda, porque nos queriaõ impedir o caminho: e em ef feito com muita frecharia e armas de fogo, de
335
que atirauaõ pelouros de cobre, pertenderaõ impedir a ponte, que pera se leuar ao cabo foi necessário assistirlhe o mesmo Sar- gento mor Domingos Lopez de Siqueira, com cento e sete Portuguezes dos que hiaõ conualecendo, que á força dos seus mosquetes e com mortes de muitos íagas se fizeraõ retirar, e deraõ lugar á fabrica.
Feita ella se passou da outra parte e alli se ajuntarão todos os que hauiaõ de marchar. Estes eram os cento e sete Portugue- zes que assistirão ao fazer da ponte: sete pera oito mil negros da terra, parte do iaga Muniquiangombe, que disse se oferecera aos nossos pera os acompanhar e acompanhou fide- lissimamente até morrer com elles: parte do Soua Zamba e dos Souas seus uassallos.
Atrás nas terras do souetta de Zamba ficauaõ cento e cin- coenta e tres Portuguezes, com o Capitão mor Antonio Teixeira de Mendo [n]ça, que era o restante dos que tinhao uindo da Bahia, por estarem doentes: determinados de fazerem a mesma uiagem despois de conualecidos: não sabendo o mal de que Deos os liuraua e a mercê que lhes fazia em lhes mandar as doenças.
Partirão pois os que estauaõ dallem do Rio a cabo de cinco dias que alli se detiueraõ juntos e aparelhados pera o caminho, por esperarem a hum Soua que se queria uir auassallar, graõ fei- ticeiro e que se intitulaua o senhor das chuuas. Seguião todos ao mesmo Sargento mor Domingos Lopez de Siqueira, que os capi- taneaua: homem nacido em Angola, criado naquellas conquis- tas, de muita experiência da terra, grande língua, mui destro e intelligente nas guerras dos negros: qualidades necessanssimas pera aquelas partes: mas nesta occasiaõ naÕ bastarão.
A duas jornadas derão com os inimigos: eraõ huns íagas que no anno atrás de 44 tinhão os nossos Portuguezes da Con- quista lançado das terras dos Souas nossos amigos: a quem faziaõ grande dano e os inquietauaõ: e tendo agora noticia [de] que esta gente queria fazer a mesma conquista, não lhes podendo
336
impedir a ponte, se afastarão pera este lugar, forçados da sua mosquetaria, entre huãs serras e mattos, cuidando que aqui melhor os ímpedinaõ, ao passar do outro Rio que ah estaua, e daua aos nossos polia sinta. Tinhaõ feito hua rochoada (e) forte com suas guaritas e capaz (10) de muita gente: donde pelejarão com arcos e armas de fogo, que lhe[s] deraó negros que com os nossos tratauão e lhas mercauao por pessas, que saó escrauos.
Erao estes inimigos uinte mil: e com estarem em sitio e em numero de uentagem uindo á briga os nossos os lançarão da trin- cheira; e elles pondo fogo à pouoaçao, se foraõ retirando como puderaõ pera as terras do Soua Sudecuta, onde com outros Souas seus amigos fizerão noua resistência. Acometerão os nossos com tanto ualor e esforço, que dentro cm meia hora romperão cami- nho e se fizerão senhores das suas trincheiras, que elles braua- mente defenderão: porém como erão tantos em numero e em- pregauão nos nossos negros suas frechas, muitos delles cahiraõ e os mais enfraquecerão e finalmente fogiraõ. / /
Os nossos vendose desemparados da gente preta e aperta- dos dos iagas, que uendo fogir os negros derão a uitoria por alcançada, e uieraõ sobre os Portuguezes com muita fúria, se recolherão todos sobre hua lagem, donde lhes pareceo que se poderiaõ melhor defender: porem ficarão mais descubertos e puderaõ os iagas uer quam poucos craõ, com o que lhes creceo o animo e com mor aperto os acometerão. Com tudo, os nossos, dandose lá por perdidos, como gente desesperada se defenderão taõ fortemente que muitas ueses faziaõ desuiar os negros e os leuauão muito espaço diante de si. Elles tendo por milhor to- mallos sem briga, porque uiaõ cair muitos dos seus, bradauaõ aos nossos que se dessem a bom quartel e particularmente no-
(9) Conjunto de rochas, pequena fortaleza.
(10) No original: capas.
as
337
meauaõ por seu nome ao Capitão mor que fora de Benguella, Chnstouaõ Roíz, cometendo-lhe o concerto. / /
Tiuerão por bem os Portuguezes entregarense, por estarem todos frechados e muitos com muitas frechas e as naÕ poderem tirar, alguns mortos e todos famintos, por não terem comido em todo o dia, e tam cançados de pelejarem, e fracos e esuaidos de sangue, que se nao podia ter nem bolir. ForaÕ forçados a se fiarem de bárbaros, sem Deos, sem Rey, sem Ley, sem palaura, sem compaixão, sem policia: entregaraõse a inimigos tam cruéis que comem carne humana. Os quaes tanto que se uiraõ senho- res delles, a primeira cousa que fizeraõ foi despojaremnos das armas: logo os despirão e sem se poderem ter, nús, e batendo as palmas (que entre elles hé sinal de reconhecimento e sojeiçaõ e próprio de catiuos) os fizerao ir correndo diante de si, atiran- dolhes detrás muitas frechas, de que eraõ certas barreiras, e tanto que cahia algum, dauaõ sobre elle com machadinhas, principal arma dos iagas e em pedaços o fazião, e era ditoso aquelle que lhe alcançaua algum pedaço.
Sucedeo esta desgraça aos 19 de Junho de 645, nas terras de Indecuta, entre o Rio Cubo e o Rio Longa, seis jornadas do nosso presidio de Cambambe e 30 léguas do porto onde tinhaõ desembarcado, quasi uesinhos dos Souas do Lubollo nosos amigos e uassallos, ficandolhes a Quissama á maõ esquerda, da outra parte do Longa.
Nesta desestrada guerra morrerão cento e tres Portuguezes, de cento e sete que eraõ; porque quatro escaparão milagrosa- mente, escondidos entre huns mattos e com elles morreo o íaga Muniquiangombe, que nas terras do Soua Zamba se lhes fora offerecer pera os acompanhar até à morte: da qual pudera esca- par, como os mais negros fizerao quando fogiraõ, uendo tudo perdido, quis antes perder a uida que faltar com a promessa: que até entre bárbaros e iagas se podem achar corações nobres e fieis. Morreo entre os mais, o mesmo Sargento mor Domin- gos Lopez de Siqueira: e outros muitos, ou naturaes ou mora-
338
dores de Angola, pessoas de grandes casas e de muitos mil cruzados, criados com todo regallo e mortos em tanta miséria, que pera quem os conheceo hé cousa de grandíssima lastima: / /
Hé grande o juiso de Deos que, escapando das doenças da Conquista quando perderão a Loanda, dos pelouros dos Olan- dezes quando deraÕ no nosso arrayal, dos naufrágios do mar quando os lançarão pera o Brasil, aonde chegarão mirrados á pura fome e sede: agora uierao acabar nas portas de sua pátria, catiuos dos que eles catiuauão, às mãos de bárbaros mais cruéis que feras, feitos manjares de íagas, sepultados em seus uentres! Perderão aquellas Conquistas nestes cem homés mil soldados: porque por estarem lá feitos àqueles climas, calejados com os trabalhos da terra, bem disciplinados e intelligentes nas guerras dos negros: ualia cada hum por dez dos que naõ tem estas partes, porque por bons soldados que sejaÕ, quando uaÕ pera alli de nouo, ainda que escapem da primeira doença, tarde se fazem quaes pera alli saÕ necessários.
Da gente que deste destroço (n) desappareçeo uiua naõ appareceraÕ mais que cinco homens: o Soua Zamba, e os quatro Portuguezes (12) que se metteraõ nos matos. O Soua acompa- nhaua aos nossos, e desemparado de todos os seus, se tornou pera as suas terras a dar a triste noua ao Capitão Mor Antonio Teixeira de Mendo [n]ça e aos mais Portuguezes que nellas ficarão com elles doentes, dàquem do Rio Cubo pera o mar: os quatro Portuguezes chegarão pouco despois. Dos quaes era hum Antonio Manoel, o mesmo soldado que uiera de Benguella com o auiso do Capitão mor daquelle Reyno e dos mais Portuguezes a esta gente, pera fazerem o que deuerao fazer e não quiseraõ; leuando consigo à força o pobre soldado, e metendoo em taõ
(u) No original: destorso.
(12) O alferes André Soares, que depois se incorporou com Fran- cisco de Sotomaior, Matias Teles Barreto, António Manuel, soldado da guarnição de Benguela e o Toar.
339
grande perigo, por temerem que por elle soubessem os Olan- dezes de sua uinda: no que se enganarão, e errarão, e por isso tiueraõ tam miresauel fim. / /
A este soldado mandou logo Antonio Teixeira à mesma Benguella com a noua do sucesso dos Portuguezes mortos e do estado dos uiuos: pera que o Capitão mor e os mais Portuguezes daquelle Reino lhes acodissem com o socorro que pudessem, de sustento e segurança, porque de ambos estauaõ faltos; e pola falta de ambos em grande perigo. Mandou também recado aos do barco delRey, que estauaõ no porto de Quirombo, pouco menos de 30 léguas dalli, que se naõ fosse e esperassem até clle com os mais Portuguezes se tornarem pera aquelle porto: auisando os da resaõ porque o fanaõ: que era a perda dos mor- tos, e a miséria dos uiuos, e a difficuldade que hauia no caminho pera a nossa Conquista. / /
Entretanto tratou com o Soua de fazerc mudança pera lugares mais uesinhos do mar, por se não darem alli por segu- ros tam perto das terras inimigas. E deste segundo sitio pera onde o Soua os leuou, pertenderaõ de nouo iremse pera o porto onde estaua o barco delRey: mas o Soua os procurou impedir dizendo que estauaõ doentes, e temendo que os inimigos lhe dessem guerra, poios conduzir por suas terras: e houue quem cuidou que o fazia o Soua por se ficar com o fato daquellcs homens nas maõs, uendo os tam doentes e desmaiados, e per- suadindose que morrenaõ. Porem fello Deos melhor com elles: porque com a chegada da noua a Benguella do estado em que ficauaõ, se partio logo de lá o Capitão Antonio Gomez de Gou- uea (13) com muito gado vacum, carneiros c fazendas pera
(13) Prático sertanejo «dos mais instruídos, c experientes destes payses», servia em Angola desde 1617. Nomeado capitáo-mor por Sotomaior na ocasião cm que o Governador quis conduzir a artilharia c munições do porto do Suto para Massangano, «tendo-se encarre- gado das cousas que de maior consideração se offereceram na dieta conducção». Em Junho de 45 era capitão c estava em Benguela. Por
34°
mercar mantimentos, Souas e gente preta pera assegurar e ani- mar os doentes, que com a sua chegada cobrarão aluno e alento: sem de nada de tudo isto saberem os Olandezes.
Desta maneira corriao as cousas, quando aos 25 de Junho chegou àquellas Costas o nouo Gouernador de Angola Francisco de Sotto Mayor com a sua armada: em que leuaua munições e armas e trezentos homens de infanteria, afora os officiaes de guerra: e quando aos 17 de Julho foi reconhecer a Bahia Farta, o Irmão Antonio Pirez (14), da Companhia de Jesu, que hia com o Gouernador.
A este Irmaõ ueio fallar nesta Bahia o Capitão mor de Benguella Manoel Pereira, que lá sabia da uinda do Gouer- nador por hum soldado daquelle presidio, que de huá praya afastada tiuera insta da armada, e ido a bordo da Capitania e tornado a terra com a noua. Pedio pois o Capitão ao Irmaõ o leuasse ao Gouernador; porque tinha negócios que tratar com elle de muita importância e do seruiço delRey. E leuando o
provisão de Salvador Correia (Agosto de 1648) foi governar Benguela. Em 9 de Dezembro de 1649 tinha recolhido a Luanda por ser idoso. No princípio de 1665 tornou para Benguela por provisão do governa- dor Chichorro, com ordem de fazer a mudança de Benguela para sítio menos doentio. Nomeado pelo Rei em 13-7-1665, teve patente em 23 do mesmo mês por 3 anos. (Arquivos de Angola, cit., p. 142).
(14) Natural de Benavente, onde nasceu em 1604. Ahstou-se na Companhia de Jesus aos 33 anos. Piloto da nau do Governador Soto- maior. Autor da narrativa do socorro de Sotomaior e talvez se lhe possa atribuir, ((pelas referências que encerra, e até pelo estilo», a auto- ria da i.a Relação, diz o P. Artur Viegas. Conhecido cm Angola pela alcunha de «Ganga Anjaire», «por ser muito antigo nela». Teve papel importante no socorro de Sotomaior. «Tomou á sua conta o Combóy de duas peças de mayor calibre, as quaes veyo combóyando do Suto, atraveçando a Quisama por onde veyo todo o mais com os Escravos e Forros do Collegio, fazendo aquelle serviço com gosto e alegria, mostrando-se zeloso no serviço da Sua Magestade». (Arquivos de An- gola cit., p. 143).
34'
Irmaõ a nao, representou o Capitão ao gouernador o sucesso que tiueraõ os [que] uieraõ da Bahia em socorro: as mortes de huns, o estado dos outros, e quanto importaua tomar Sua Se- nhoria o porto de Quicombo, pera os assegurar e recolher, a si e às armas que tinhaõ consigo: porque tudo estaua em gran- díssimo risco.
Fello assi o gouernador, entrando naquelle porto aos 25 de Julho: com o eco da artelharia e noua da chegada da armada entrou tal bramo polia terra que os negros se intimidarão e os Souas com diligencia e boa graça condusirão os nossos à praya, que estauaõ pola terra dentro, e tudo o que consigo tinhaõ. Chegarão aos 26 de Julho: e com ficarem como reçucitados e alentados quando tiuerão a noua da chegada do gouernador e sua armada e que os hia buscar ao porto de Quicombo: e com tudo elles chegarão taes que nao hauia quem com lastima os pudesse uer: mirrados, amarellos, fracos, despidos, e sem se poderem ter. Desejou summamente o gouernador ter muito pera os curar e regalar. E agradeceo ao Capitão mor de Ben- guella, e ao Capitão Antonio Gomez de Gouuea o cuidado com que os socorrerão ás suas custas, com gados, fazendas, gente e mantimentos, com tanta liberalidade e largueza, como se não estiuerão alcançados e catiuos dos olandezes: e o que mais hé, com tam boa ordem e segredo que nunca elles o puderão saber.
Foy a tam bom tempo esta ida do Gouernador àquellas partes, não só pera remédio daquelles miseraueis, mas pera o de toda a Conquista de Angola, que bem parece o leuou alli Deos. Porque se elle não chegaua, estauaõ todos aquelles homens, que erão cento e cincoenta e tres, tam auorrecidos com as misérias e trabalhos em que se uiaõ, que quando esca- passem das doenças e dos negros, se tinhaõ todos resoluto a se irem, huns pera a Bahia no barco, outros pera os Olandezes de Benguella a lhe pedirem passajem, sem mais tratarem de An- gola nem se lembrarem delia: o que seria de gram dano e perigo para ella, porque estaua actualmente em grandíssimo
342
risco, mui falta de armas e gente e mui oprimida de negros inimigos.
Com a chegada do Gouernador elles sairaõ do poder dos negros e das misérias em que estauaõ: o Gouernador os recolheo, e animou, elles foraõ conualescendo e dispondose com alegria pera acompanhar? o mesmo Gouernador à Conquista. E An- gola com ambas as nouas também respirou e reuiueo.
Quando em Lysboa se tratou de mandar a Angola este desestrado socorro, que foi no ano de 44, mandou o Conselho Ultramarino hua carta ao P.e Reitor de S. Antaõ (15) em que lhe pedia mandasse àquelle Conselho dous Religiosos que tinhão estado em Angola, pera se communicar com elles este negocio. Foy hum o Irmaõ Gonçallo João, que tinha estado na- quelle Rey no 36 annos: outro o Irmaõ Antonio Pirez, que tinha estado nelle 24. A estes se entregou no Conselho hum papel, em o qual os dous nomeados Antonio Teixeira de Men- do [n]ça e Domingos Lopez de Siqueira se offereciáo a elRey pera ambos meterem este socoro na Conquista daquelle Rey no: pera que estes Religiosos respondessem o que sobre isto lhes parecia, por sua experiência. / /
De ambos foi refutado este desenho, mostrando por seis resoens ser impossiuel, as quaes apresentarão no mesmo Conse- lho por escrito, por assi lhes ser pedido: mas quando as lerão os Conselheiros, o que mais zeloso se mostraua do seruiço de sua Magestade respondeo que aquellas resoes mais erao de quem queria encontrar (18) o seruiço delRey, que de zelo de o seruir: o que sabendo o Padre Antonio Mascarenhas, (17) Pro- uincial, ordenou aos dous Irmãos lhe dessem as mesmas resoes por escrito: o que elles fizeraõ assinandose ambos ao pé.//
(15) Era então o P.e Diogo Machado. (Nota de A. Viegas).
(16) Contrariar.
(1T) Natural de Montemor-o-Novo; filho de D. Vasco Masca- renhas e de D. Maria de Mendonça; Reitor do Colégio de Coimbra
343
Mas como delles se naõ fez outro caso, que o que está dito, os dous que se ofíerecerão pera leuar socorro foraõ despa- chados pera o leuarem, como o pedirão, com muitas mercês del- Rey e officios pera casamentos de filhas. Mas o sucesso mos- trou quaes foraõ os que se enganarão.
BNM — Ms. 8.187 — Relações manuscritas de Portugal desde o anno de 1641 até 1646, fls. 61-65 V- — Publicado por Artur Viegas na Revista de História, 1923 (XII), n.° 45, págs. 13-18 e cm Arquivos de Angola, Luanda 1943- 1944, (I), n.° 3-6, com numerosos erros de cópia.
em 1601; nomeado pela primeira vez Provincial em 20-2-1604; assis- tente da Congregação Geral de 1608 a 16 15; novamente Reitor do Colégio de Coimbra e Provincial Visitador; morreu em 1-9- 1648. ( Arquivos de Angola cit., p. 144)-
344
106
CARTA DOS MISSIONÁRIOS CAPUCHINHOS AO SECRETÁRIO DA PROPAGANDA FIDE
(5-8-1645)
SUMÁRIO — Chegada dos missionários à Baía, no Brasil — Embarque para Angola, que se julgava estar na fosse dos portu- gueses, bem como o estado de Pernambuco.
Ill.mo e Reuer.mo Signor et Padrone mio Osseruandissimo
Facio sapere a V. S. 111."14 come per la disgratia siamo arnuati hien 2 dei presente alia Baya de Todos os Santos, dis- costa lega 1300 et non ostante che per esser vascello solo per tema d olandesi si scortasimo ín altura dal dntto uiaggio lega 400.
Siamo gionti in 42 giorni, quando ín tal tempo si consum- mano 60 et 70 giorni per íl uiaggio dntto, et tanto íl maestro quanto pilotti diceuano piíi uolte: questo è miracolo et deue esser per questi Padn che uanno a propagare la santa fede; seguirono altn casi prodigiosi, come hauendo 8 giorni continui íl uento sur molto contrario et altre uolte facendo moita aqua íl nauiglio cõ spauento euidente di tutti, ne mai 10 mi uidi in maggior pericolo, et altre uolte errando il pilotto 1'altura doppo scoperta terra, l errore fu tale che se fusse uenuto il uento sur erauamo in manifesto pericolo.
A tutti questi casi attesto a V. S. IH.*" meam conscientiam fu giudicato il remédio uenuto da Dio solo, quale scnuo volon- tien à V. S., asicurato che ne sentirá quel gusto che ncerca il caso.
345
II Signor Gouernatore delia Baya poi ne riceuete cõ ogni possibile cortesia et carità, et chiamasi Antonio Telles, quale condusse seco all'Indie íl P. Marcello Gesuita, degno cauaghere di tanta protetione de li promesa íl grande di Dio prima di monre: e súbito questa mattina ín visitado li hà promesso dar- ei imbarcatione per Angola, quale stimasi in questo tempo stare per portoghesi, come si tiene di già per molto probabile di Pernambucho, essendo sono 8 giorni partiti dal Rio Género et Baya 22 vascelli rotondi cõ 22 milla soldati, per agiontarsi alli paesani per liverarsi da olandesi (*).
APF — SRCG, vol. 1 10, fls. 199-199 v. e 200 v.
(1) No fim do fólio ajunta:
Per essersi soleuati li populi contro lolãdesi et stando in campagna per aspetar le forze de portoghesi, ne uenendo alcuno socorro al nemico, ne potendosi nel mentre profitare dei negotio ne 1'una parte ne 1'altra si spera bene.
346
107
CARTA RÉGIA AO CONDE DA VIDIGUEIRA
(6-8-1645)
SUMÁRIO — Situação política inquietante na Africa Ocidental — Polí- tica de contemporização para com a Holanda — Estado deplorável em que D. João IV encontrou o País.
Conde Almirante Embaixador Amigo. Eu Rey vos enuio muito saudar como aquele que amo. Concluirão os Olandeses com São Tomé, com tão grande perfídia e desaforo, como enten- dereis do papel que será com esta; feito tiue eu hum socorro, e dadas as ordens ao general das frotas do Brazil, para o leuar áquella Ilha, e estaua a despeza feita e o socorro ordenado com tão boa disposição, que fora impossiuel a recuperação e expul- ção do olandês mas por esperar que a Francisco de Souza se fizesse razão nestas partes, e por não dar occasião aos olande- zes quebrarem de todo comigo, mandey parar no socorro, estando já para partir.
A Angola forão em Janeiro passado tresentos inffantes de socorro em dous nauios de forsa, que se não hé assy, não no deixão passar os olandeses, e em duas carauellas, huã delias carregada de munições. / /.
Em Mayo passado partio para aquelle Reyno Francisco de Soutto Mayor, que gouernaua o Rio de Janeiro, e hora nomeey por Gouernador daquelle Reyno (z), com perto de quatrocentos
(*) O texto, que não prima pela clareza, parece querer dizer: estava tão bem preparado o socorro, que era impossível não se efectuar a recuperação da Ilha e a expulsão do holandês.
(2) Saiu do Rio de Janeiro em 8 de Maio de 1645 e tomou conta do governo em 25 de Outubro do mesmo ano.
347
inffantes, e outra quantidade de monições, em quatro nauios de torsa, e dous barcos longos para auisos. //
Cabo Verde quiserão também ententar estes homens, como uereis da carta do Gouernador que será com esta, e hé forçado socorrer logo aquelle gouerno, porque se não a [r] risque em outra occaziaõ semelhante. / /
A Ilha do Príncipe, que era do Gouerno de Sáo Tomé, pede lhe acudao com toda a prontidão e breuidade, e hé ínes- cusauel fazello logo, pelo risco a que está exposta, e de tudo o refferido vos mando íazer auiso, para que possais dizer aos ministros de França, quão impossiuel hé (pelo estado em que achey este Reyno) fazer guerra offensiua a dous inimigos tão poderosos, como hé EIRey de Castella, declarado, e o olandês, incuberto com a mão e capa das companhias, mais prejudiçial e perigoso. / /
Escrita em Lisboa a 6 de Agosto de 1645. //
Rey
Para o Conde Almirante.
BNL - Ms. 7.162, fl. 650. — ATT-Ms. 1.017, p. 231-232.
348
108
CARTA DO NÚNCIO APOSTÓLICO EM MADRID AO PROVINCIAL DA ANDALUZIA
(22-8-1645)
Sumário — Avisa que a Congregação da Propaganda recebera as cartas do Provincial da Andaluzia — A Sagrada Congre- gação não dava obediência a Irmãos leigos.
El pliego de V. P. ha recebido la Sacra Congregación de Propaganda Fide, y el Senor Secretario tuvo particular gusto con el, como significa por su carta, en que tambien me dice, que á su tiempo, se referirá. Y en quanto á lo que se desea de llevar por compaííero á la Mission un Hermano Lego, el Pro- vincial la podrá dar; porque la Sacra Congregación no concede á los Legos, el ser Missionários, siendo necesario el Sacerdócio, para el exercício de las facultades espintuales que se conceden á los Missionários, que assi se pratica con todas las Missiones: y assi los Missionários, que quisieren legos, para servicio de las Missiones, han de acudir á su Superior de ellos, ó á los Gene- rales, ó Provinciales generales, los quales les hazen la Obediên- cia, dandoselos por companeros á los mismos Missionários. De todo lo referido tengo aviso de Roma, y lo doi á V. P., a quien me ofrezco en Io que puedo, encomendandome á sus Oracio- nes; y Dios le guarde, como deseo. / /
Madrid 22 de Agosto 16^5. / /
Affettuosissimo de V. P.
Julio, Arzobispo de Tarso. // P.e Fr. Gaspar de Sevilla, Provincial de Capuchinos.
FRAY AMBRÓSIO DE VALENCINA — Ob. cit., p. 19.
349
109
CARTA DO CONSELHO ULTRAMARINO A EL-REI D. JOÃO IV
(31-8-1645)
SUMÁRIO — Sobre a petição dos habitantes da ilha do Príncipe, que prestam vassalagem a D. João IV — Situação angustiosa das ilhas do Príncipe e de S. Tomé e remédio para lhes acudir — Passagem de uma caravela para Angola.
t
Senhor
Por decreto de 26 do prezente, manda V. Magestade que este Conselho procure responder a hua carta dos officiaes da Camera da Jlha do Prinçipe, de 19 de octubro do anno pas- sado de 644, por o meyo que se lhe offereçer, animando estes vassallos com esperanças de remédio, e offereçendosse ao Con- selho alguã couza que appontar, sobre elle, o reprezente a V. M agestade logo.
Na carta refferida dizem os officiaes da Camera daquella Jlha, que permittio Nosso Senhor ir a ella hua nao ingleza, de passagem, para significarem a V. Magestade o contenta- mento e aluoroço que teue todo aquelle pouo, da noua restittui- çaõ, e acclamaçaÕ de V. Magestade, a qual por ser Jlha taõ remotta de nauios, naõ tiueraõ feito atègora.
Que aquella Jlha hé de Luis Carneiro, vassallo de V. Ma- gestade, jnfenor, e destricto da Jlha de Santhomé, donde lhes vay o prouimento de toda justiça, e elles a tudo a sua obedien- çia, a qual Ilha de Santhomé, há tres annos está tomada dos olandezes, por onde ficaõ sem comerçio nenhú.
35°
Pedem a V. Magestade se mande informar do estado e limitação em que oie está aquella Jlha, e os moradores delia, por naõ terem comerçio de nauios [h]á muitos annos, e ser duas vezes queimada pelos olandezes antiguamente. Por onde, em nome de todo aquelle Pouo, pedem a V. Magestade ponha os olhos nelles, no que ficaõ muy confiados naõ faltará V. Ma- gestade nisto, a quem conheçem por legitimo Rey e Senhor, e offereçem vassallagem, como fieis, e verdadeiros vassallos.
Pareçeo ao Conselho que os nauios a que V. Magestade der licença para hirem a Angola, de que está feita consulta a V. Magestade por este Conselho, leuem a carta que com esta se inuia a V. Magestade, para V. Magestade assinar, sendo seruido, na forma que V. Magestade ordena e que passem por aquella Jlha, para a gente delia ter comunicação com este Reino, pois saõ vassallos de V. Magestade.
Alenbra o Conselho que está no rio desta cidade hua carauela que quer jr [a] Angola, sobre que se fes consulta a V. Magestade para lhe conseder lisensa, a coal poderá pasar por esta ylha, na forma que se relata a V. Magestade nesta Consulta, e leuar mantimentos dela para Angola, donde há muitos. / /
Lisboa, a 3 i de agosto 1645.
aa ) O Marquez de Montaluaõ / Jorge de Castylho Jorge de Albuquerque / Joaõ Delgado Figueira
[Despacho, à margem J: Está bem, e as cartas foraõ assi- nadas. Lisboa, 6 de feuereiro de 1646. {Rubrica de el-Rei).
AHU — S. Tomé, cx. 1, doe. 277. — Consultas Mistas, cód. 13, fl. 240.
35'
110
CARTA DE FRANCISCO SOTOMAIOR A EL-REI D. JOÃO IV
(13-9-1645)
SUMÁRIO — Relação da viagem cie socorro a Angola — Situação polí- tica da Província — Fundação de Qtticombo e sua impor- tância — Pede o envio de médicos e de medicinas.
Siruasse V. Magestade de me permitir que eu me escuzè de repetir a V. Magestade a conformidade em que parti do Rio de Janeiro com o socorro de Angola, porque deuendo aceu- zar os muitos deffeitos dclle a V. Magestade, não faça suspei- toza a inteireza com que costumo zelar as matérias do seruiço de V. Magestade, auendo eu iá faltado de propozito com estas noticias [cm] por menor a V. Magestade, na occazião de mi- nha partida, porque não auendo lugar de me remedear cõ cilas, náo seruissem de arguir a meu animo algú contentamento da empreza, pois hc certo que ella cm comprimento da ordem de V. Magestade foi para mí o aluitre da mayor couza que podia dezeiar e ficando eu assim mais liure para dar conta a V. Magestade dos discursos da viagem até oie, que sao 13 de Setebro.
Digo, senhor, que partindo daquclla prassa do Rio de Janeiro a 8 dc mayo, em conscrua de quatro nauios e hú barco, este se apartou de mí aos 1 o do dito com hú temporal nio, e continuando a nauegação com os demais ate trinta e tres grãos, da banda do sul da linha, tornei dclles a voltar para o norte, deminuindo esta altura cm demanda da terra, e sempre com tempos mui tormentozos, que forão cauza de amanhecer em 22 de Junho cõ menos tres nauios dc minha conscrua, e a 25
352
L7
Cia
rac-simile das assinaturas dos documentos n." q, y e ijj
do mesmo, auistando costa de desaseis grãos e hú quarto, a fui correndo de longo, escoadnnhando as emçeadas com o cui- dado da falta dos nauios, mas auendo a eu preuenido na ins- trução e regimento que lhes auia dado a elles, asinalando para espera de hús por outros, a paragê de quinze grãos por prazo de certos dias, e no remate delles a de Cabo Ledo (1), onde eu tinha determinado que fosse a nossa desembarcação para Mas- sangano, em conçideração do parecer de algús homens que indignamente se aualiauao por práticos, e de outras relações escritas e firmadas, e com tanto abono de pessoas tão autoriza- das, que por ellas se pudera errar com desculpa; mas não o per- mitio Deus, que por todos os caminhos se serue de guiar ao melhor fim os intentos de V. Magestade, como em discurso desta jornada se uai experimentando cada ora, até em mínimas couzas, e como a respeito da incerteza do mar auia eu mandado embarcar na Cappitaina comigo as moniçôes e petrechos de guerra, que para effeito da condução do socorro e mais segu- rança delle, me podenao ser nessesarios em cazo que me ficasse sem os demais nauios. / /
Desconfiando eu iá com sua tardança, me rezolui a partir sem elles para o dito Cabo Ledo, a desembarcar e fortificar me nelle antes que os negros da costa dessem noticia de mí aos olandezes, pois elles não auião de uzar com as tregoas mais cortezia que aquella a que os pudesse obrigar a preuenção com que me achasse; e tendo eu iá mandado leuar ferro com esta detreminação a manhã do primeiro de Julho, me remaneceu a bordo hú batel com auizo de dous dos tres nauios desapareçidos ;
(J) Descrito num roteiro da costa de Angola do ano de 1617 como «hum morro talhado a pique com hum pouco de arvoredo em sima, o que não tem nenhua das pontas atrás», de Benguela para o Norte. Vem já referido na carta de Pedro Reinei, de c. 1520, como se pode verificar na obra do Dr. Armando Cortesão — Cartografia e cartógrafos portugueses dos Séculos XV e XVI, I, 269.
23
353
e chegados que forão fui com elles proseguindo a costa afim do dito intento; e aos 6 do mesmo mes já quazi noite, deuizamos sobre a praya hua Crus, e encorando defronte mandei a ella hú batel, entendendo que não podia carecer de mistério a insígnia dos Catholicos plantada entre bárbaros, e acharão escritas no pé delia húas letras que deziao auer passado auante a fragata, que era o terceiro nauio que nos faltaua (2), e com este bom sinal seguindo a derrota com o terral que sobreueo de madru- gada, o encontramos na Angra que chamão do Negro (3), o que porventura não fora se passáramos de noite. / /
Ali mandei fazer agoada e lenha, de que nessesitauamos, e aos 16 de Julho tornando a dar fundo nas primeiras salinas, balrrauento da Bahia Farta, se uio de noite fogo na praya, e se ouuirao dous tiros de arcabus, a que mandei acudir os bateis, com as aduertençias nessesarias, por se acazo topassem framen- gos; e quis Deu que fossem Portuguezes que andando a pescar na dita Bahia, e tendo notiçias de nauios na costa se uierão a reconheçer nos, e delles soube como erao soldados que auendo se retirado de Benguella com o seu Cappitao mor Niculao de Lemos para o certao, quando o olandês ganhou e occupou aquelle prezidio, os reduzira a todos a nessesidade e perigo entre os negros a tornarem se á obediençia dos framengos, e com elles uiuiao de prezente, pagando lhes dízimos de tudo o que cultiuauao; e para me inteirar melhor destas matérias e do estado de Massangano e Loanda, auizei que se auistasse comigo a Manoel Pereira, que por morte de hú clérigo subçessor do dito Cappitao mor Nicolao de Lemos, e [que] por eleição dos
(2) É a Cruz de que fala na sua Relação o Irmão António Pires da Companhia de Jesus. Maio-Setcmbro de 1645, doe. n.° 113, de Maio-Setembro de 1645.
(3) Onde fica Moçâmedes.
(4) Higino Roiz Calado. Cfr. documento de 1 de Março de 1643, p. 21.
354
soldados lhe auia suçedido no cargo cõ a dita subordinação aos flamengos. / /
Delle soube que elles conseruauão as tregoas com o Gouer- nador Pero Cezar de Menezes, menos obrigados da fé que do intereçe, porque á conta delias se vallem melhor da nessesidade dos nossos para lhes resgatarem as pessas da conquista, a troco de algúas drogas do norte por preços mui desiguaes, com que a tirar de nós mesmos tiranamente o desconto da despeza dos seus tres prezidios, que são oie em ser Benguella, Coanza e Loanda, com guarnição (segundo se afirma ao todo) de sete para oito centos infantes, e afim de nessesitarem totalmente a nossa gente da occazião deste seu proueito delles, lhe prohibem a comunicação e socorros de V. Magestade e lhe impedem os meos de toda outra respiração. / /
Mas não hé esta ainda a peor correspondençia da fé olan- deza, senão que com falsa simulação tratão de inçitar aos negros contra nós, porque asim nos achem elles mais diuertidos e debilitados para seus intentos, de que rezultou não há muitos dias a perda de sessenta soldados portuguezes de Massangano, com o sargento mor Francisco da Fonçequa beiçorra (5), des- baratado da Ginga por maldade de algús negros nossos.
E asy mais se offereçe de prezente digno de mayor senti- mento, o mao sucçesso do socorro que V. Magestade mandou da Bahia a estas partes, com o Capitão mor Antonio Teixeira de Mendo [n]ça, e o sargento mor Domingos Lopes de Siqueira, os quaes não obstante que partirão com rezolução de fazer sua dezembarcasão, e marchada por Cabo Ledo a Massangano, pareçe que melhor desenganados da incapaçidade daquella paragem para o tal intento, a procurarão mais a balrrauento na ençeada e rio que chamão Quicombo, por altura de onze grãos e hú terço, e indo marchando iá quazi a meo caminho, lhes sobre-
(5) Francisco da Fonseca Saraiva, por alcunha «o Beiçorra».
355
uierão taes dificuldades com grauissimas doenças, encontros de guerra preta, e traições de algus souas que até ali os auião comboyado com titulo de filhos de Benguela, que de duzentos e sesenta soldados, apenas ficarão nouenta, e estes quazi inúteis e á merçe dos mesmos negros, suspeitozos no trato de sua ruína.
Informado que fui deste mizerauel estado das couzas de Angola, e tratando de seguir minha derrotta a Cabo Ledo com toda a breuidade possiuel, se me reprezentou a obrigação de não passar pella dita enseada de Quicombo sem obrar algúa deli- gençia por restaurar o restante da nossa infanteria perdida na- quella paragem, e se aumentou este cuidado em mí com os requerimentos que me fes, em nome de V. Magestade, o dito Cappitão mor de Benguella, sobre que me detiuesse a liurá lo a elle e os demais Portuguezes, da tirana sugeição em que esta- uão naquelle prezidio; e segundariamente que eu hia enganado em intentar minha desenbarcação por Cabo Ledo, por coanto nessesitava a dita paragem de agoa, lenha, guias e carruagens, sem as quaes comodidades se não podia marchar com as moni- ções, nem conseruar se a ínfanteria, demais que aly todos os negros estauão á deuação dos olandezes, e sem duuida tenão elles que era romper se lhe[s] as tregoas, em cazo que eu não topasse a opocisão de suas armas, posto que tão vezinhas, e elles se vigiassem de nouo com grão cuidado por rezão de auizo que tiuerão de Pernanbuco, aserca do socorro que por Abril auia partido da Bahia com os sobreditos Antonio Teixeira de Men- do [n]ça e Domingos Lopes de Siqueira, de cuio desastre atègora sabia que não tinhão noticia na Loanda.
Respondi lhe que em fé de diferentes informações uinha eu a demandar Cabo Ledo para minha desenbarcação e condu- ção a Massangano, e que o mayor inconueniente dos muitos que elle naquella parte me reprezentaua, o deuia eu conciderar do rompimento das tregoas, e que a obseruação delias me obn- gaua a não as prejudicar, interuindo por ora com forsa de armas na pretenção de sua liberdade, mas que sem duuida húa ues
356
clle saido do prezidio olandês com os demais Portuguezes, em conjunção que mais cómoda e seguramente o pudessem con- siguir, e sendo tão liçito o desforçarsse, concorreria eu logo em sua deffenssa, como de vassallos de V. Magestade, e que para o fazer sem nota algúa da fé das tregoas, me passaria sem ser uísto de Benguella á dita ençeada de Quicombo, a reduzir a min as relíquias do primeyro socorro, e que em tanto se rezoluesse com todo segredo, e união entre todos elles, o melhor modo desta sua facção, anteçipando me os auizos nessesarios para eu ter preuenido o socorro conueniente a ella.
Nesta conformidade ficamos acordados, e deixando lhe cartas para encaminhar ao Gouernador Pero Cesar, por via da Loanda, em huã nao flamenga que de lá se esperaua com resgate, me party a noite de vinte, passando por Benguella se ser uisto nem sentido dos olandezes, em tantos dias que com calmas lhe[s] fuy ancorando e correndo a costa, que elles cha- mão sua, que tão sem preuenção e cuidado os tinha a confiança das tregoas, e o certo hé que a fé delias lhe[s] nao valeu pouco por esta ues, e a nós fes perder a ocazião de cobrarmos melhores portos e conquista do que elles logrão na Loanda, não tendo entre todos este de Quicombo o menor lugar, por a capaçidade da enseada, barra, abrigo, desembarcadouro, rio, bosque e ne- gros amigos. / /
A esta paragem cheguey a ancorar aos 23 c nella reconheçy estas commodidades, e as de seu sitio para obrar nelle como vou fazendo, algúas deffenças, afim de milhor segurança das naos e da pouca infanteria com que me acho, por entanto que se me offereçe e forçoso empenho de esperar, e encorporar comigo o resto do dito socorro perdido, e ao Cappitão mor e Portugue- zes de Benguela, e tratando com suma deligençia e cautela do effeito de todas estas sobreditas matérias, se forão reduzindo a elle, mediante o fauor do çeo, com tanta suauidade, que sendo aos quatro de setembro nos achamos iuntos neste sitio e a[r]rayal de Santa Crus de Quicombo, e de nouo preuenidos
357
e dispostos para intentar por esta parte a jornada a Massangano; e se esta se consegue, como espero da mizencordia diuina, não há de fazer falta a perdida [da] Loanda, porque alhanado este caminho e conseruado este porto, como pretendo, tudo se ficará recuperando; e se algúas dificuldades neste particular se offere- çerem, não consistem por ora em mais que na oposição e guerra preuenida de algus souas poderozos, que interuierão na perdida do socorro do ditto Cappitao mor Antonio Teixeira de Men- do [n]ça; entre a gente que com elle escapou, e que se retirou de Benguella, e os duzentos e sesenta bisonhos e despidos com que parti do Rio de Janeiro, me acho aqui ao todo com numero de quatro çentos soldados para a ressão, que para as armas me contentaria eu com trezentos; e se estes puder leuar comigo aiudado de algús negros amigos para a carga das monições, detremino deixar o restante e a gente dos nauios em conseruação e deffensa da posse deste porto, porque sem elle ou outro algum tão cómodo, pareçe que fica de todo o ponto impossibilitada a comunicação de Massangano com V. Magestade, e sem ella e conseruação delle, e pois Deus me trouxe aqui a experimentar a nessesidade desta conueniençia, e a poder lançar mão delia sem preiuizo das tregoas, siruasse V. Magestade de o auer asy por bem, e de mandar anteçipar à preuençaõ dos flamengos algú socorro de tal conçideraçao, que se elles vierem a rompimento, nos achemos capazes de restaurar o perdido
Atègora me não rezoluy a despedir os quatro nauios de minha conserua, por me ficar aiudando da gente do mar para o trabalho da fortificação deste sitio, para a pescana com que uou ajudando o sustento da infanteria, e por esperar em Deus e na boa fortuna de V. Magestade, de os poder mandar muy çedo carregados de escrauaria, e da volta nelles ao Gouernador Pedro Cesar de Menezes, com mais commodidade e reputação que por uia da Loanda, com o que se animarão melhor os mercadores do Brazil e desse Reino a renouar o comerçio antigo; e os mesmos
358
senhorios dos nauios, atendendo a seus intereçes, me requererão que os deixasse ficar até o effeito da empreza. / /
Mas por não dilatar a V. Magestade a notiçia de matérias tão importantes e tão nessesitadas de socorros de V. Magestade, despacho para a Bahia o nauio de Antonio Rodrigues Potagem, hú dos quatro de minha conserua com o pilloto Manoel Soares, fiando do zello do Gouernador geral daquelle estado, Antonio Telles da Silua (°), que por auer eu partido de sua obediençia, e com tantos fauores e adiutonos seus para esta jornada, quererá ter mayor parte no mereçimento delia, socorrendo me para conseruação deste porto com algúa prouizão de gente, bastimen- tos e monições, emquanto V. Magestade o não manda dispor como mais for seu seruiço.
Mando a solicitar estes effeitos ao Padre Matheus Diaz, da Companhia de Jesus, o qual como ia auizey a V. Magestade na de oito de mayo, trouxe do Rio de Janeiro comigo, por hú sugeito de grande vertude, e particular zello do seruiço de V. Magestade, e obrigado delle quis nesta ocazião tomar á sua conta este trabalho, com seu companheiro o Irmão Antonio Pires, que iá em beneficio destes reinos cometeu por duas uezes a mesma jornada e a conseguio com toda a satisfação que sabem dar de tudo os reuerendos padres da Companhia; elles como testemunhas de uísta uão bem instruídos nas matérias que trato a Vossa Magestade, as saberão relatar com mais particulari- dade, que a inçessauel continuação com que por hora hé forssado que eu asista a uarias couzas de que nessesita a conseruação deste
(e) Filho do ministro Luís da Silva e de D. Mariana de Alen- castre; exerceu o comando das armas no Alentejo, onde foi substituído por João Mendes de Vasconcelos; Governador do Estado do Brasil de 1642-1647 (patente de 16-5-1642); partiu de Lisboa em 3 de Julho e tomou posse em 30 de Agosto; acabou no memorável naufrágio do galeão «Santa Margarida», na costa de Buarcos, em 1650. (Alquivos de Angola cit., p. 160).
359
socorro, mc não dão o lugar que eu quizera ter para não deixar de escreuer a V. Magestade as menores circunstancias do estado e nessesidade das couzas destes reinos.
Funda se a afirmação que faço a V. Magestade de se poder conseruar este porto sem penuizo das tregoas, porque não obstante que jaz (7) entre os prezidios que o framengo oceupa nesta costa, de que uãmente se intitula senhor, dista por mais de 20 legoas a sotauentto do de Benguella, e de 30 a balrra- uento dos de Coanza e Loanda, e nunca nelle aportarão atè- gora seus nauios, nem tiuerão trato nem comerçio algú com seus naturaes, e estes sempre reconhecerão por pais aos Capitães de V. Magestade de tenpos mui atrás, continuados até oie e em obseruação de vassalagem me uierão render seus tributos de murrão e azeite.
Entre a gente retirada de Benguella se me passou Corné- lio Neles (s), Comissário dos flamengos, home Chatolico e casado com portugueza; o qual me ínstruhio de notiçias mui neçesarias para o tempo em que me acho; elle af firma que a maldade que o director da Loanda cometeu no nosso arrayal do Bengo, foi por ordem escrita do Gouernador das armas de Pernambuco, Henrique de Nazao, por satisfação da perda que receberão dos Portuguezes no Maranhão, como se não fora licito a todos o desforçarsse com boa guerra, ou o fora a acção de ostilidade executada na mayor segurança da fé das tre- goas (9).
Por bom exemplo do real aguardeçi mento de V. Magestade reçebi este Comissário com todas as demõstraçôes de estimação,
(7) No original: jas.
(8) Cornédio Noelbs.
(") Ou como se fora moralmente lícito exercer represálias sobre inocentes de Angola, por cnmes praticados no Brasil, por outros. Está patente que os crimes hediondos deste género, praticados na última guerra, que tanto encheram de justo horror a consciência dos homens honestos, nada têm de novo, nem na ética, nem nos métodos.
360
e a rogos do mesmo cappitão mor e soldados de Benguela lho comfirmei por seu Capitão delles, que são poucos mais de trinta, se V. Magestade for seruido de o auer asi por bem, emquanto esta demostração serue de obrigar ao comprimento de alguas promessas, de que com effeito se hirá dando conta a V. Magestade, porque hé pessoa de reputação entre os seus e os poderá mouer facilmente.
Em deffenssa da dezembarcasão e barra deste porto, fui plantando até uinte pessas de ferro em tres sítios, que todos entre si se aiudão, e cobrindo os com muralha de faxina e terra; e a respeito da sequidão delia nos ualemos de agoa do mar, com que fica de milhor condição; para as esplanadas vim eu preue- nido de algúas couçoeyras, que mandey pagar por minha conta, mas a artelharia hé de pouco calibre e alcance, e tomada a demais delia de empréstimo aos nauios, como também os artilheiros para seu maneio, pella falta delles com que uim. V. Magestade se sirua de nos mandar prouer deste género de gente, e de arte- lharia mais grossa; e de algús offiçiaes de ferraria, aluenaria, e carpintaria para os reparos e fabricas de que se neçesita; e algú engenheiro com que se remedeem os deffeitos da minha corio- zidade.
A tranquilidade em todo o tempo dos mares desta costa, e a importançia da segurança deste porto, e da vtilidade delle com ella, me obriga a pedir a V. Magestade que auendo se por escuza na Bahia a gallé que se fes no Cairú, por ordem do Marquês V. Rey que foi daquelle estado, seia V. Magestade seruido de a mandar passar na melhor monção do anno a este porto, porque a falta que se offereçe de chusma no Brazil, aqui hé façil de suprir, porque todo este certão está por conquistar, e hé infinita a multidão de sua gentilidade.
Distão daqui duas jornadas (segundo todos afirmão) as minas de cobre, que em tempo dos reis de Castella forão man- dadas descobrir pello Gouernador Manoel de Serueira, e se
361
não hé por algúa falta de lenha na paragem delias, não se lhe conçidera por ora outra dificuldade.
Ao Gouernador Pedro Cesar de Meneses tenho escrito por duas vias, para ter lugar de se preuenir de apresto para sua par- tida, e de guerra preta para condução da mayor parte das mo- nições com que me acho, asim porque se não deuem fiar de negros que não seião mui seguros, como pella muita neçesidade que se offereçe delias em Maçangano, pois se me affirma que sahio a infanteria daquelle prezidio á opocição da Gingua, cõ poluora e bailas que o Olandês emprestou para este ef feito; e enquanto me tarda re[s] posta do dito Gouernador, que por hora aguardo, me parto a alhanar algúas dificuldades do cami- nho, como iá tenho dito a V. Magestade, e conseguir íunta- mente mediante o fauor do Ceo, o castigo de algús maos vezi- nhos, e o sustento para a infantena, pella mais que me acreçeu e o muito engano que se achou na entrega dos bastimentos que se reçeberão no Rio de Janeiro, e por falta delles não con- senti que esta fragata que mãdo de auizo á Bahia, fosse carre- gada de negros por conta de partes.
Permitio Deus que nos fosse atègora este sitio mui saudá- vel, com o que se fazem outros descomodos mais toleraueis, e porque a monção das agoas que se espera, sempre soe trazer emfermidades, Vossa Magestade se sirua de nos mandar prouer de medico e algúas medicinas para febres e umores bouba- ticos (10) e de roupa para os nús, afirmando a V. Magestade que iá o vinhão muitos, e que muy çedo o virão a estar todos.
(10) De bouba, que também tem os nomes de framboesia, poly- papillum tropicum, yaws, pian e miá ou mia, doença devida ao trepo- nema pertenue, descoberto por Castellani em 1905. Gabriel Soares de Sousa {Tratado descritivo do Brasil. Lisboa, 1587), assinala já a doença, três séculos antes de Castellani. Um manuscrito português de autor desconhecido, da mesma época — Descrição geográfica da América Portuguesa — fala do mal de boubas, doença frequente entre os Tupi- nambas, sobretudo nas crianças, e, segundo opinião do Dr. Carlos França
3 62
Também pede a V. Magestade socorro de madeira, cor- doalha, alcatrão, e pregadura, a nessesidade de que se nos offe- reçe de algúas embarcações pequenas, com que se ande pella costa á pescaria, e ao resgate de milho e pessas; e entretanto para este effeito me valho de hú barco de cuberta que aqui achei uindo em conserua do socorro de Antonio Teixeira de Men- do [n]ça, por estar por ora imeapaz (") de voltar à Bahia sem fundo nouo; e asi mais me vali de outro batelão que noua- mente se fabricou, com capaçidade de puder jugar em proa duas pessas de sinco e seis liuras de baila, e embarcações deste género crea V. Magestade que serão de muita vtilidade nesta paragé.
Já auizey a V. Magestade na de oito de Mayo que entre os duzentos e sesenta homes de diuersas castas que se me entrega- rão para esta facção, apenas achara soldados de que poder lançar mão para officiaes de miliçia, e agora metido na occazião que os está pedindo mui práticos e mui Portuguezes e fieis, se me acre- çenta o cuidado desta falta para a representar a V. Magestade.
Não tenho notiçia até oie de que os olandezes a tenhão de minha vinda e asistençia nesta paragé, hé o mais çerto. Posto que auendo desapareçido de entre nós hú soldado, sem se saber como ou por onde, podesse prezumir que com algú mao intento fugisse para Benguella, se hé uerdade ser como se diz, homem da nação (") e por me preuenir contra esta prezunção, tenho mandado saber dentre os negros vezinhos daquelle prezidio, se
(Revista Médica de Angola, vol. V), pela leitura do manuscrito con- clui-se que já nesta época se distinguiam as duas treponemíases devidas, respectivamente, ao tre fonema fertunue e ao tre fonema fallidum.
Era uma dos doenças levadas para o Brasil pelos «negros bichados» e acompanhava o bicho-da-costa; o maculo, a frialdade, o ainhum, o bicho-do-pé e a filaria. — Cfr. o nosso estudo O inimigo dos antigos Colonos e Missionários de África, em Portugal em Africa, 1944, (I). págs. 215-229.
(n) No original: imcapas.
(12) De raça judaica, cristão novo.
363
este home seguio o tal caminho; e como a ruim preuençao e vigia do olandês foi muitta parte atègora de se melhorar a boa com que nos achamos; e como tudo vay por hora prome- tendo mais seguro efeito aos intentos desta jornada, bem pareçe que hé obra do Çeo adormeçer o sentido a este gente, porque sem duuida tinha muito lugar de nos preuenir grandes opo- sisões, como se acha com mayor cabedal de forssas que as nossas, e com o Rey de Congo e a Ginga a sua deuação; e nesta con- formidade confio em Deus que este auizo chegue a V. Mages- tade mui anteçipadamente que os seus ao norte, para V. Ma- gestade ter melhor lugar de dispor o que mais for seruiço de Deus e de V. Magestade, a quem elle nos guarde muitos e feli- çes anos como a Cristandade há mister.
Deste porto e arrayal de Santa Cruz do Quicõbo, em treze de Septembro de 1645.
a ) Framcisco de Sotto Mayor
AHU — Angola, cx. 3.
364
111
CARTA DE FRANCISCO SOTOMAIOR A EL-REI D. JOÃO IV
(17-9-1645)
SUMÁRIO — Manda a el-Rei a correspondência trocada com o Director Holandês de Luanda — Tenciona desembarcar no Cabo Ledo oh no Rio Cuanza, ocupado pelos holandeses.
Senhor
Estando a 14 de septembro para dar á vella a fragata que eu despachaua de auizo a V. Magestade pella Bahia, remanece- rao nesta enceada de Quicombo dous barcos da Cuanza com a re[s] posta da carta que por via de Benguela auia remetido no pataxo da Loanda ao Gouernador Pedro Cesar de Menezes, na conformidade de que dou conta a V. Magestade na de treze do dito mez; e porque o seu pareçer e dos mais que com elle se achão em Maçangano, encontrão a resolução que eu tinha to- mado sobre [a] minha condução por esta parte áquella praça, e aprouão a dezembarcação em Cabo Ledo, ou na mesma Coanza que o olandez ocupa. Remeto a V. Magestade a copia da ditta re[s] posta, e asy do Auto que se fez sobre a minha carta, por- que constem a V. Magestade as rezoes que me obrigão a dezis- tir do primeiro intento, pois ainda en cazo que este não tiuera os inconuenientes jue no ditto Auto se reprezentão, bastaua para não poder ter effeito o faltarsse me com a gente preta da Con- quista para carga e segurança das moniçôes, de que tanto se neçesita em Maçangano, posto que como nelle ao olandez lhe não faltão inteligençias secretas, se me affirma que as teue desta
365
ultima detreminaçâo nossa, com o que terá mais lugar de pre- uenir suas opoçisões.
Mas de qualquer modo fie V. Magestade que con todo resguardo da nosa parte á conseruação das tregoas, auemos, mediante o fauor diuino, de procurar cuydadozamente como athé gora fazemos, o milhor effeito do seruiço de V. Magestade em de que nos não pode faltar desse Reyno o socorro que hu- mildemente pedimos a V. Magestade, cuja real pessoa Deos goarde por largos e feliçes annos, como a Chnstandade há mister.
Quicombo, em 17 de septébro de 1645.
Framcisco de Sotto Mayor
AHU — Angola, cx. 3.
366
112
CARTA DO NÚNCIO EM MADRID À PROPAGANDA FIDE
(27-9-1645)
SUMÁRIO — Acerca do decreto enviado aos Provinciais dos Capuchi- nhos da Andaluzia e Valência — Mudança de missão, em caso de necessidade, dos missionários da Negrícia.
E.m° e Reu.mo Signor Padrone Colendissimo
Hò dato piena esecutione à gl'ordini di estessa S. Congraga- tione de Propaganda Fide nel participare à i Padri Prouinciah di Cappuccini dell'Andaluzia, e di Valenza, la lettera scrittami dalFEminenza Vostra, in cui si dice essersi conceduto à i Padri delia Missione de' Negnti, che quando non succedesse loro di superare gl'impedimenti che forse potebbero incontrare nell'in- gresso delia detta Missione, possino trasferirsi, et esercitare le medesime facoltà fra 1 Gentili dei fiume Maragnone, ò Rio dell'Amazzone, in quelle parti solamente, che non pigharà la Prouincia di Valenza (1), in euento, che anche questa nsoluesse d'attenderui; e per maggiormente conformarmi con le commis- sioni hauute da Vostra Eminenza, hò inuiato a' medessimi
(*) Tratado em vários documentos o problema do campo de apos- tolado dos Padres das duas Províncias, da Andaluzia e de Valência, quer nas terras dos Negritas (Guiné), quer nas regiões dos rios Ama- zonas e do Maranhão, no Brasil, portanto em domínio português, por este documento se dá por encerrado o assunto.
Sobre este problema cfr. Francisco Leite de Faria em Os Barbadi- nhos Franceses e a Restauração Pernambucana, em Brasília, Coimbra, vol. IX, 1954.
367
Padn Prouinciali la copia dell'istessa lettera, scnttami da lei, a quale reiterando 1'espressione dei mio deuotissimo ossequio, humilissimo inchino. / /
Madrid, li 27 setembre 1645.
Di V. Emin.M
[Autógrafo]: Humil.mo et obl.mo ser.re
Giulio, Arciu.° di Tarso
Emin.mo S.r Card.1 Antonio Barberino nella Sac.a Cong.ne di Prop.a Fide
APF — SRCG, vol. 108, fls. 30 e 50.
368
113
RELAÇÃO DA VIAGEM DE SOTOMAIOR EM SOCORRO DE ANGOLA
(Maio-Setembro 1645)
SUMÁRIO — Roteiro da viagem até Quicombo — Fundação de nova povoação e fortaleza — Marcha de Quicombo para o Cuanza — Primeira igreja e primeira missa em Quicombo.
Partimos do Rio de Janeiro em 8 de Mayo de 1645 em quatro naos e hum barco. A capitana se chamava Nossa Senhora da Ch aridade: nella hiaõ o Gouernador Francisco de Soto Maior, o Capitão de mar e guerra Joaõ Sarmenho, o Capitão de jnfanteria Francisco Coelho, cem infantes, os criados do Gouer- nador, o P.e Matheus Diaz, da Companhia de Jesu, da Pro- uincia do Brasil, polo P.e Phelippe Franco (1), que ficou doente na Bahia e o Irmaõ Antonio Perez (sic) da mesma Compa- nhia. / /
A Almiranta se chamava Nossa Senhora de Nazareth; nella hia por Almirante Bertolameu de Vasconcellos (2), dous capi- tães de jnfanteria, Francisco de Lima Falcaõ e Felix de Moura
(x) Era natural de Peniche, onde nasceu em 1606. Entrara na Companhia de Jesus aos 17 anos, e depois da conquista definitiva de Angola foi cinco anos vice-reitor do colégio que ali tinha a sua Ordem. Regressando depois ao Brasil, aí faleceu em 1673, sendo superior da Residência do Engenho de Assúcar, pertencente ao colégio de Santo Antão de Lisboa. (Nota de A. Viegas).
(2) Sobrinho do Governador Francisco de Vasconcelos da Cunha. Preso no Gango, veio depois para Lisboa. Voltou para Angola em 1645 com Sotomaior. Foi um dos governadores de 1646 a 1648. Foi nomeado capitão-mor por Salvador Correia em 1648, por morte de Francisco Ribeiro de Aguiar. Foi governador de 14-2- 1653 a 5-10-1654.
24
com oitenta infantes. A terceira nao se chamaua Santa Catharina. Seu Capitão era Nuno Uaz Guedez (3) , leuaua setenta infantes. A quarta era hua fragata chamada Nossa Senhora da Estrela; Capitão Bertolameu Paez Bulhão (4), com cincoenta infantes. O barco era de elRey e de muita importância pera o seruiço na costa: mas em poucos dias, ao sair do porto, se afastou de nós com hum tempo de fortes sudoestes que o fizeraõ ficar, e nele o capitão da armada chamado Marcos de Lugo, caste- lhano, e alguns infantes, que o Gouernador muito sentio.
Até á costa de Angola puzemos 47 dias, nos quaes tiuemos uarias tormentas, e taõ fortes que todos os nauios abrirão aguas: ás quaes se acodio com diligencia pola importância do negocio.
Chegamos a tomar altura de 33 grãos: começamos a demi- nuir e demandar a costa. / /
Em 19 grãos, iá perto da terra, se afastou de nós em hua noite a fragata com hum tempo rijo Sueste: e aos 20 se apartarão oc outra tormenta a Almiranta e Santa Catha- rina: e na mesma noite nos derão tam feros mares que deziaõ os marinheiros nunca tal uiraõ.
Em 16 grãos e dous terços e em 25 de Junho vimos terra polas duas horas da tarde: e conhecida a costa ser a balrauento de Cabo Negro, fomos ao bolauento: e aos 27 uimos hua grande enseada com muito aruoredo, que o gouernador mandou reconhecer pello piloto mor Manoel Soarez e o Irmão Antonio Perez (sic) que nao acharão mais que bom porto, e sinais de hauer grande multidão de gado e gente.
(8) Capitão de infantaria c sargento-mor. Faleceu na Cavala, à beira do rio Lucala.
(*) Capitão-mor da fortaleza e capitania de Cambambe (patente de 27 de Outubro de 1644). Nomeado por Salvador Correia capitão do castelo de S. Miguel (patente de 8 de Outubro de 1648). Provedor da fazenda de Angola por patente de 17 de Janeiro de 1662. (Arquivos de Angola cit., pág. 146).
370
Aos 28 chegamos a outra enseada onde foi mandado o dito Jrmaõ também pera a reconhecer: e nella naõ achou outra cousa que os sinais da primeira. Aos 29, por naÕ partirmos, á falta de vento, se pescou muito peixe, que foi grande bem pera a infantena.
Aos 30 vimos vir um batel pela costa abaixo: era da Almi- ranta que nos uinha buscando: e deu por nouas que ella e a nao Santa Catharina, que de nós se tinha apartado, estauaõ na enseada atrás: e da fragata naõ sabiaõ.
Aos 3 de Julho chegarão a nós as mesmas, e com ellas nos partimos aos seis, ainda com ventos contrários nortes, pou- cas uezes uistos aqui.
Aos 7 tornamos ao outro sítio, por serem os ventos con- trários e as aguas rijas contra nós: e por naõ gastar o tempo debalde, se pescou.
Aos 9 nos partimos: e uimos á tarde numa ponta hua Cruz: a qual o Gouernador mandou reconhecer já noite pello Jrmaõ Antonio Perez ( sic) , que chegando ao alto e accendendo hua lanterna, leo na trauessa da Cruz huãs letras que diziaõ: o Capitão Bertolameu Paez Bulhão pôs aqui esta Cruz em dia de S. Pedro, nao há agua. / /
Este era o Capitão da fragata que de nós se tinha apartado, e aos 29 de Junho, dia de S. Pedro e S. Paulo, tinha estado nesta paragem. //
E ao outro dia, que foraõ 1 o de Julho, demos com a mesma fragata em a Enseada do Negro (5) e aqui tomamos agua e lenha e algum resgate de novilhos e carneiros.
Em os 16 do mesmo mez, por causa dos nortes, e aguas contrarias, demos fundo em terra de 13 grãos iunto das salinas: e á noite uimos fogos na praya e dous tiros de arcabus: foraõ bateis reconhecer o que seria, e trouxeraõ dous soldados de
(5) Onde fica Mossâmedes.
37*
Benguella, portuguezes, que por alli andauaõ pescando, auzentes do presidio Olandez, cuia sojeiçaõ os molestaua.
Aos 17 foi hum destes soldados (6) de noite ao presidio de Benguella: deu a noua de nossa uinda aos Portuguezes com tanto segredo que o nao souberaÕ os Olandezes que ali estaõ, senaõ despois que todos sairão daquelle presidio pera nós, como adiante se uerá. / /
No mesmo dia foi o Irmão Antonio Pires (sic) á Bahia Farta: nella o ueyo uer o Capitão mor de Benguella Manoel Pereira, e lhe pedio o leuasse a bordo ao Gouernador, que tinha cousas do seruiço de elRey que tratar cõ elle. Aos 18 foi á capi- tana, onde em segredo f aliou com o Gouernador: ao qual leuou refresco de galinhas, laranjas, uvas, bananas, etc.
Em 19 mandou o dito Capitão mor de Buenguella ao Go- uernador hum pratico da costa, e hum official de guerra preta pera língua.
Em 20 de Julho chegamos a Catumbella passando de noite por Benguella sem sermos sentidos dos Olandezes: e ahi tornou o Capitão mor de Benguella a uerse com o Gouernador: o qual deixou ao mesmo Capitão mor cartas pera Pero Cesar, pera lhas encaminhar per terra a Massangano, ou por mar, por via dos Olandezes, com o recato necessário que elles o nao sou- bessem, como se fez.
Aos 23 chegamos á enseada de Quicombo, onde achamos hum barco de elRey, que tinha uindo da Bahia com o primeiro socorro: e pola terra dentro estaua o resto da nossa gente, que hauia escapado da guerra e misérias que tiuerão, as quaes os do barco contarão por miúdo ao Irmão Antonio Pirez (sic) que por mandado do Gouernador os foi reconhecer.
(e) Manuel Coutinho. Servia guarnição de Benguela; provedor patente de 8-12-1649, ^e Salvador Pág- H7) •
em Angola desde 1627; soldado da da Fazenda Real de Benguela por Correia ( Arquivos de Angola cit.,
372
Em 24 foi o Gouernador á terra: e leuou os pilotos que ern outros batéis foraõ sondando a entrada do porto: onde uio des- pois [de] desembarcar as comodidades delle. No mesmo dia partio o Capitão Nuno Vaz Guedez pera Benguella a Velha, a uer o sitio: o qual acharão de roim porto e falto de agua.
Em 25 entramos pera dentro de Quicombo: e antes de ancorar chegarão a bordo Mathias Telles Barreto e Antonio Gomez de Gouuea: este, que de Benguella hauia ido a soccor- rer aos do socorro da Bahia; aquele que no mesmo soccorro tinha ido e escapando da morte: e se uieraõ diante uer com o Gouernador, porque a gente uma ficaua iá fora de perigo: de que Antonio Gomez de Gouuea os liurou, e também da fome, acodindolhes com mantimentos e fazendas pera os comprarem: com que também o Capitão mor de Benguella Manoel Pereira lhes acodio.
Em 26 tornou a desembarcar o Gouernador: que tornando a uer a capacidade do sitio, designou o lugar da fortaleza: no qual disse logo Missa e o benseu o P.e Matheus Dias (7) da Companhia de Jesu: e no mesmo dia se uieraõ auassallar o senhor da terra e outro e outro sova.
Aos 27 se leuantou Igreja ao bemauinturado S. Francisco Xauier nosso patrão nesta jornada, e padroeiro desta pouoação, que tomou o seu nome: e foi a primeira casa que se leuantou no sítio.
Aos 28 chegou o resto da nossa gente da Bahia, vinda da terra dentro: lastimoso spectaculo de uer. Neste mesmo dia se nos auassalarao outros dois souas: hum dos quaes era Embai- xador de húa Raynha por nome Bumbanhace, que foi molher
(7) Nasceu em Viana do Castelo em 1595. Contava ao tempo da expedição para Angola 50 anos de idade. Desempenhara no Colégio do Rio de Janeiro o cargo de Tesoureiro. (Arquivos de Angola cit., pág. 148).
373
daquelle grande iaga Lubembe, que conquistou isto por aqui até Mossambique.
Aos 30 partio o Capitão Nuno Vaz Guedez com a nao Santa Catherina e barco dei Rey pera Catumbella, a chamada do Capitão mor de Benguella, que pedio socorro pera se poder retirar com os mais Portuguezes daquelle presidio e jurisdição dos Olandezes e se incorporar com o Gouernador: que estes foraÕ os segredos que no mar teue com elle.
Em 3 1 de Julho desembarcou toda a infantaria e por ser dia de nosso P. S. Inácio, houue Jubileo, Missa, e prega- ção, que fez o P.e Matheus Diaz: e asistio o Gouernador com toda a infantaria.
Aos 3 de Agosto se uieraõ auassallar dous souas, da terra dentro. O mesmo dia chegou auiso dos nossos de Benguella, em como estaua alli hum pataxo olandez, uindo da Loanda, pera onde tornaua a partir aos cinco, e nelle hia hum soldado nosso com as cartas do Gouernador pera Pedro Cesar, sem os Olan- dezes o saberem nem saberem de nós.
Aos 14 se tornou a benzer a força despois de estar feita a espalda, e se lhe deu a inuocaçâo de Santa Cruz. No mesmo dia chegou o Embaixador de iaga Cachana, que se mandou offe- recer oa Gouernador pera o ajudar nas guerras.
Aos 16 partio Antonio, escrauo de Antonio Gomez de Gouuea, por terra, com outra uia de cartas pera Pero Cesar, a Massangano.
Chegou ao 19 de Agosto noua como os nossos de Ben- guella se tinhaõ já saindo (í/c) da sojeição em que os tinhaõ os olandezes.
Aos 20 chegou Embaixador do Quilembe ou Zamba, que hé hum soua muito poderoso, que foi de grande refugio aos nossos desbaratados do socorro da Bahia: ainda que não falta- rão indícios de que os seus queriaõ dar na cabeça aos nossos.
Em 28 cchegou noua que os nossos de Benguella lá uinhaõ marchando por terra; que seraõ 30 léguas por caminho direito.
374
O Gouernador pedio mantimentos aos souas pera poupar os seus, e lhos deraõ com ensandas: que foi muito de estimar, por serem ricas pera murráo.
Aos 30 veio Mani Quicombo e Gunza à Cabollo trazer mantimentos. Ao outro dia veio gente de Lubembe com mais mantimentos que estes dois souas. / /
Tratouse com os souas que fizessem as casas: fizeraÕnas e hum grande almazem, húa boa casa pera hospital, casa pera o Gouernador e pera outras muitas pessoas. Os jndios do Brasil fiseraó casa pera caualos, ajudarão em tudo muito bem os soldados, fiseraÕ a força de faxina e terra, e ficou perfeita: aiudou a gente do mar: os carpinteiros fizeraõ húa barcaça pera trazer a artelharia, e pelejar se for necessário: os pedreiros fizeraõ huá casa de pedra e barro pera a poluora: e os mais officiais, cada hum tratou de seu officio pera o que importaua ao seruiço dei Rey.
Fez o Gouernador hum reducto na praya pera guarda delia, e traçou outro na boca do no: com o que ficaria descançado se tiuesse boa artelharia de alcance que uarejasse ao largo.
O sitio tinha muitissima pedra pera grandiosas obras, hum rio de excellente agua & alguás legoas pera o gado com spaciosos pastos: só restaua acodir Sua Magestade com o socorro neces- sário de gente e munições bastantes; porque está isto disposto a ser hum império muito mayor e melhor que o de Angola: tem as minas de cobre (8) daqui dez léguas, do (9) qual baten- do-se cá moedas se pode fazer pagamentos aos soldados; e pode o tal dinheiro seruir entre nós por estas partes muito melhor
(8) Em 1546, os portugueses iam já ao Longa, no Reino de Ben- guela, resgatar cobre. O objectivo de Novais ao enviar Lopes Peixoto em 1586- 1587 à ocupação de Benguela-a-Velha, foi certamente com o fim de aí desenvolver o resgate com os indígenas, mas os expedicio- nários, em número de 70, foram massacrados tempos depois de aca- bada a construção da fortaleza de pau a pique.
(9) Original: da.
375
que os iiborgos (sic) de palha (10) do Loango, que corriao em Angola.
Neste feliz estado tendo o Gouernador posto as cousas de ir uingar as mortes dos Portuguezes que os negros íagas tinhaõ feito, em mais de cem, que da Bahia tinhaõ uindo com socorro, e abrir por alli caminho pera nos communicarmos por terra com os nossos que estauaõ pella conquista em Angola. E pera maior segurança das cousas, mandaua a Portugal o mesmo Irmão Antonio Perez (j/c) a dar conta a elRey do estado em que ficaua da gente e muniçoens que eraÕ necessárias. Já estaua pera dar á vela em 14 de Setembro, mas chegando duas lançhas de Mas-
(10) Panos quadrados de tecido de palha que serviam de moeda. Vindos do Loango, desde antigos tempos corriam como dinheiro e os indígenas designavam-nos pela palavra mukuta. Esta designação passou a ser usada pelos colonos portugueses sob a forma macuta, cujo uso permaneceu através dos tempos até hoje.
Salvador Coreia pretendeu acabar com os libongos. A Câmara de Luanda apresentou-lhe um requerimento propondo que se batesse moe- da para o sustento da infantaria. A nova moeda devia ser de cobre, com o peso de duas oitavas e dois terços — o meio fano — com o valor de 25 réis e o libongo, com o peso de uma oitava e um terço, valendo 12 réis e meio. O auto, datado de 26-1 -1649, exprimia a opinião da Câmara, oficiais de justiça, clero, militares e principais do povo, mas a carta régia de 18-2- 1650 indeferiu o pedido.
Em carta de 11-2-1662 o Governador Vidal de Negreiros mostra que os libongos haviam baixado de valor e que o único remédio era a rainha autorizar que se batesse moeda de cobre em Angola, dada a grande quantidade dele no sertão. Por decreto de 29-11-1679 foram mandados acabar os libongos, mas o decreto não teve execução.
O contratador pagava no Loango a 20 réis cada libongo. Em Luanda corriam com o valor de 50 réis e assim o recebiam os soldados que ganhavam 200 réis (4 libongos) e 1 alqueire de farinha por mês. Com o Governador Luís Lobo da Silva foram obrigados os contratadores ao pagamento dos libongos aos soldados pelo valor de 20 réis.
A primeira moeda de cobre chegou a Luanda com o Governador Henrique Jaques de Magalhães, que trazia ordem de pagar aos soldados 200 réis mensais da nova moeda. Poucos dias após a posse, em 7-1 !■
376
sangano com cartas de Pero Cesar e hum assento da Camara, porque se requeria ao governador se fosse sair à Barra da Coanza e se fortificasse no morro dos Nambios, onde acharia guerra branca e preta pera sua guarda, porque assi conuinha ao seruiço delRey e conseruaçao de toda aquella conquista: impediose a ida do Irmaõ a Portugal, a uingança dos negros iagas e as mais traças do gouernador, que logo se pôs em ordem de uir surgir à Coanza e no morro dos Nambios.
Estas lanchas se despacharão de Massangano com a che- gada das cartas do Gouernador, que este deixou em Benguella pera dalli se mandarem a Pero Cesar, por uia dos Olandezes:
-1649, os soldados não quiseram receber a moeda e juntaram-se nessa noite no sítio da Nazaré. Exigiam 700 réis mensais e o pagamento da diferença do mês antecedente. Em 9, o Governador perdoava aos suble- vados e pagava os 700 réis. Segunda rebelião da tropa se realizou em 28 do dito mês. Reuniu-se na Praia do Bispo, mas a repressão do Gover- nador foi enérgica — os cabeças de motim foram fusilados no dia se- guinte, pela manha.
No anverso da 1" moeda lia-se: Petrus. II. D. G. Portug. R. D. Aethiop. com o escudo de Portugal, e no reverso: Moderato splendeat mu. 1694. Ao centro o valor XX, X, ou V réis entre 4 P (Porto, a cidade onde foram cunhadas).
A carta régia de 10-2. 1704 determinou que a moeda de cobre cor- resse também no Brasil.
Na primeira metade do século XVIII o gentio fundia uns pedaços de cobre em forma de X, com peso superior a 1 quilo, que corriam como moeda. Cfr. Arquivos de Angola, i.a Série, vol. II, págs. 183-186.
Outras espécies de moeda eram o sal, o jimbo ( zimbo ) e o marfim.
As pedras de sal da Quissama constituíam moeda corrente em Angola. Cada pedra valia nos meados do século XIX (Lopes de Lima, Ensaios, pág. 26) um macuta, ou 50 réis, valor equivalente, com pequena diferença, ao de dois tostões, que Baltasar Rebelo de Aragão atribuia a cada pedra de sal nos princípios do século XVII.
Os jimbos ( cyproea caurica, ou cyproea moneta, também conhe- cidos pelos nomes de cauris, caurins e corins) eram pequenas conchas ou búzios — «nom som maiores que pinhões» — no dizer de Duarte Pacheco Pereira. Nas ilhas das Maldivas, onde têm o nome de bolys
377
que sem elles saberem nada, em breuissimo tempo chegarão a Massangano e ueio logo esta re[s] posta, passando as lanchas pela barra de Coanza, onde estão 25 Olandezes de presidio (ia) e com passaporte seu sairão com titulo de ir hua pera Loanda e outra pera Benguella a buscar gado, sem os Olandezes ade- uinharem o segredo, antes meterão numa delias hum soldado, que quando menos o cuidou se mo metido em Quicombo, á
e existem em grande quantidade, diz Pyrard de Lavai que se pescam duas vezes por mês — 3 dias antes e 3 dias depois da lua nova e da lua cheia — acrescentando: «e não se achará um só fora desta ocasião». Os jimbos apanhavam-se nas praias da ilha de Luanda e em Benguela, por meio de cestinhos compridos, tarefa que incumbia às mulheres.
A pesca do jimbo fazia-se por ordem do Rei do Congo para os Governadores da ilha de Luanda, somente em 4 léguas da banda do Norte, em altura de 6 ou 7 braças, porque chegava para «fabrica do seu Reyno» e para não ser conhecida do Rei de Portugal a notícia de tanta riqueza. Domingos de Abreu de Brito, em 1592, dizia que se podia pescar nas 7 léguas da banda do Norte, «que é o comprimento da Ilha» e nas 7 do Sul, «porquanto em toda a Ilha em torno nace a tal pescaria como se vê pello tempo das tempestades». A Ilha rendia, afirmava-se no século XVI, 60 contos de réis nas 4 léguas de pescaria do jimbo, mas Abreu de Brito sustentava que com a posse da Ilha por S. M. podia render mais de 400 mil cruzados, o que traria como vantagens, além de outras, a de «ser elle necessário pera se abrir o cami- nho das serras do ouro de Manapota e facehtarse o caminho de Moçambique». (Arquivos de Angola, i.a série, vol. III, págs. 278-286).
Havia 4 qualidades de jimbo, segundo Elias Alexandre:
Puro, cascalho, cascalho escolhido e búzios. Com estes últimos, nota E. Alexandre, «custumam no Brasil, enfeitar os arreios dos Cavai- los, e Bestas, que transitão pelas estradas das Minas geraes».
O marfim de Benguela corria como moeda provincial. Elias Ale- xandre da Silva Correia refere-se a quatro classes, conforme o peso e a utilidade que podem produzir em obra: marfim miúdo (50 réis a libra), marfim meão, marfim de conta e marfim de lei (250 réis a libra). (Arquivos de Angola, págs. 149-150).
(u) Referência ao forte da ponta norte da barra do Cuanza, cha- mado do Norte ou de Mols.
378
uista de huã noua pouoaçaõ, fortaleza, e socorro de Portuguezes não esperados.
Nestas lanchas uinha hum clérigo da conquista (12) com as cartas e recados e pera representar a necesidade em que estaua a conquista, e a que hauia pera o Gouernador seguir a traça que lhe mandauaõ. / /
A este clérigo despachou com re [ s ] posta o Gouernador, e com elle o Irmão Antonio Pirez (sic), que nas mesmas lanchas hauiaõ de ir desembarcar ao Cabo Ledo, onde outro clérigo com gente os estaua esperando, pera dalli fazerem caminho por terra a Massangano.
Ficou o gouernador aprestandose pera se embarcar, e ir demandar a Coanza, com lastima de deixar o porto, a povoação e fortaleza tam bem principiadas ou acabadas; e as boas commo- didades que alli hauia pera grandes intentos. Corria a gente de Benguella, que pera nós se tinha uindo, grandes riscos: porque com esta mudança padecenaõ seus gados e lhes fogina a sua escravaria, que naquellas partes hé cousa de muita estima e importância.
Chegou o Gouernador Francisco de Sotto Mayor com a sua armada a aquellas costas em tempo que a nossa conquista estaua em grandíssimo risco, e miserauelissimo estado: porque demais de ser morta muita gente da que ficou naquellas partes, de doença e trabalhos: proximamente tinhaÕ os iagas morto mais de cem homens do socorro que tinha ido da Bahia, todos gente de Angola, a quem os olandezes tinhaõ tomado e embarcado pera o Brasil com o P.e Joaõ de Paiua e com os Irmãos Gon-
(12) Jerónimo da Fonseca Saraiva, irmão do capitão Francisco da Fonseca Saraiva, «o Beiçorra». Referido em Cadornega como «Clérigo de grande coração» e «esforçado Padre». Foi ao Suto com Sotomaior com 3 lanchas carregadas de farinha de guerra. Morreu na Cavala, onde exercitava o ofício de capitão, «trazendo gineta e traçado na cinta». (Arquivos de Angola cit., pág. 152).
379
çallo Joaõ e Antonio do Porto, ia calejados com as doenças, e trabalhos daquellas terras e feitos naturaes delias, mui práticos nas suas guerras, que uaha cada hú naquella conquista por dez soldados, ainda que valentes e experimentados em outras partes. / /
A outros cem que tinhaõ escapado doentes, famintos e despidos, tinhaõ os negros como catiuos, e se naó fora ficarem atemonzados com a chegada da nossa armada, corriaõ todos muito risco, e tarde chegariam á Conquista. A setenta tinha morto a Ginga, Rainha de Angola (da melhor gente que antaõ lá havia) e vinha sobre o nosso presidio da Embaca (13). Pera defensa deste era necessário dividir o poder que tínhamos: e assim mandou o governador Pero Cesar 200 soldados de socorro, de maneira que se entretanto tivéssemos necessidade de defensa em Massangano, nem alli nem na Embaca nos pudé- ramos bem defender. / /
Neste aperto trouxe Deos o nouo socorro: com cuia noua aqueles afligidos Portuguezes ficarão ahuiados, os negros inti- midados e refreados, e todas as cousas em melhor estado. E hé sinal de que não quer Deos acabar aquella conquista: mas cas-
(13) Trata-se da campanha dos Empures contra o soba Ango- lome-a-Caíta, chefiada pelo sargento-mor Francisco da Fonseca Saraiva, «o Beiçorra»; ia como sargento-mor da empresa Francisco de Azevedo, «o Genges», e os capitães eram Diogo Fernandes Santos, Ambrósio Fernandes e Manuel Álvares Cassanji, estes dois últimos capitães dos cangoandas ou crioulos de S. Tomé e de Angola; Angolome-a-Caíta, auxiliado pela Ginga, conseguiu destroçar os portugueses; morreram Saraiva, Santos e Azevedo, e ficaram muito feridos os capitães dos can- goandas; durou o combate, na versão do historiador Oliveira de Cador- nega, desde «pella manhã até horas de vésperas», a ponto de os por- tugueses não poderem ter as armas nas mãos, «de esquentadas, assim do muito disparar, como do grande rigor do sol». (Arquivos de Angola cit., pág. 153).
3Ó0
tigalla e conservalla entre os açoites que lhe dá e livralla de seus inimigos, tanto que sua divina íustiça se satisfizer fazendo húa nova conquista, outra Loanda, outra Angola.
BNM — Ms. 8.187, ^'s- 57"^° v- — Artur Viegas, na Revista de História, 1923 (XII), n.° 45, págs. 18-23 e em Arquivos de Angola, Luanda, 1943- 1944. n.° 3-6, com numerosos e graves erros de cópia.
38r
114
CARTA DA PROPAGANDA FIDE AO PROVINCIAL DA ANDALUZIA
(18- io- 1645)
SUMÁRIO — Proíbe que os Padres Capuchinhos da província da Anda- luzia vão a Madrid e à província de Castela, pedir para as suas missões — Só o poderiam fazer na sua.
Essendosi inteso ín questa Sacra Congregatione de Pro- paganda Fide, che dei Missionarij destinati di Corte alli Negriti, disegneno alcuni di trasfenrsi à Madrid per questuare ín quella parte e Prouincia, hanno h Signori Cardinali delia medessima Sacra Congregatione ordinato che si scriua à V. R., come le fà per mezzo delia presente, acciòche non permetta à nessuno de suddetti Missionarij ne ad altro de suoi religiosi, di andare ques- tuando per la missioni fuori delia própria Prouincia dAnda- luzia. / /
Doura però V. R. in essecutione dei present ordine prohi- bere cio seriamente alli suoi, per degni rispetti noti alia medes- sima Sacra Congregatione. E Dio la prospen. //
Di Roma, li 18 Ottobre 1645.
APF — Lettere Volgari, vol. 23, ih. 178 V.-179.
NOTA — Na mesma data escrevia a Propaganda Fide, no mesmo sentido, ao Provincial de Castela, nos seguintes termos:
La lettera di V. R. delli 13 Giugno si è riferita in questa Sacra Congregatione de Propaganda Fide, la quale approuando le ragioni che in quella si apportano, dará opera che li Missionarij Cappuccini dAndalutia destinati alli Negriti, non uengano costà à questuare
382
nè agrauare S. Maestà in questi tempi di guerra. Sara anche la medes- sima resoluõone argomento à V. R. delia stima che la sudetta Sacra Congregatione fà delia sua persona e parere. Nostro Signor Iddio la prosperi. / /
Di Roma, li 18 Ottobre 1645.
APF — Lettere Volgari, vol. 23, fls. 178 V.-179.
A decisão da Propaganda Fide é de 2 de Outubro do referido ano, como consta do documento seguinte:
Referente eodem Eminentíssimo D. Cardinali Albornotio litteras Prouincialis Capuccinorum Castellae, Sacra Congregado probauit racio- nes, ob quas dictus Prouincialis existimat non conuenire, ut nonnulli ex Missionarijs Capuccinis [nominatos] ad Nigritas, ad Matritum se conferant ad quaerendas elemosynas pro dieta Missione, et praesertim a Rege Catholico, in tot bellis inuoluto, iussitque rescribi Fratri Gas- paro Praefecto, ne pro quaestuatione mittat Missionários Matritum, sed solum eos per Andalusiam Prouinciam opulentam, pro dieta Mis- sione quaestuari faciat.
APF — Acta, vol. 16, fl. 443 v., n.° 17. — Sessão cardinalícia de 2 de Outubro de 1645.
383
115
CARTA DO PADRE BOAVENTURA DE TAGGIA AO SECRETÁRIO DA PROPAGANDA FIDE
(28-10-1645)
SUMÁRIO — Novas de Angola — Partida dentro de quinze dias — Chegada do Padre Boaventura de Alessano ao Congo — Esperança da próxima recuperação de Angola e Brasil.
In questo ponto arriua d'Angola naue inuiata sono cinque mesi per socorso di quell'armata de portoghesi, che uà conquis- tando et recuperando quelle parti, occupate da olandesi, cõ prosperità et speranza di conseguir Vittoria, come pure si tiene dal Brasile, proseguendo li portoghesi la conquista delle fortezze, et hora solo falta íl Reciffe, fortezza principale, quale quando non uenga d'01anda socorso, prestamente si hà da rendere.
Hora cõ questa naue frà íl spacio di 1 5 giorni partiremo et doueremo prender il porto di Cauello longi da Beng[u]ella cinquanta miglia, et non essendo ancor Angola de portoghesi, et di li s'anderemo inuiando doue siamo incaminati, portando noi lettere dal Rè di Portugallo per il Gouernatore suo d'Angola, che ci inuij á Congo cõ ogni possibile aiuto et quidado.
Intendesi poi da Padri delia Compagnia, che in questo nauiglio nceuetero lettere d'Angola, che già amuo il P. Ales- sano, Prefeto, á Congo, cõ 1'altri Padri Compagni, di che noi riceuemo consolatione grandíssima, perche cõ piíi operarij risul- tarà alia santa chiesa maggior raccolta.
Prima che arriui questa mia alie mani di V. S. 111."1* sarà Angola dei tutto libera et speramo anco dei Brasil a benche ognuno delle rotture di mortalità d'ambe le parti; altro non
384
mi resta che auisare per hora che nuenrla et baciar Ie mani et pregarli da Dio ogni compita alegrezza et ogni sua futura exaltatione.
Brasile, li 28 ottobre '645.
Di V. S. Ill.ma
Seruo deuotissimo
F. Bonauentura di Taggia, Cappuccino V. Prefetto
APF — SRCG, vol. 1 10, fls. 197 e 202 v.
25
385
116
BREVE DE INOCÊNCIO X AO REI DO CONGO (io-i 1-1645)
SUMÁRIO — Recomenda o chefe da missão, frei Boaventura de Ales- sano, bem como seus confrades, à protecção régia, espe- rando que se lhes não oponham obstáculos, para que pos- sam produzir frutos de salvação entre os povos do reino.
Innocentius Papa X.
Chanssimo in Chnsto filio Alvaro, regi Congi illustri, salu- tem et apostolicam benedictionem.
Christianae religionis studio incensus Majestatis Tuae animus, ejusque servandae ac provehendae inditus illi eximius in coelo ardor, omnino faciunt, ut subjectis Tuae ditioni populis impensa cura prospicias, eorumque aeternae saluti opportuna parari praesidia pus aeque ac regus votis exoptes. Et pari Nos erga Majestatem Tuam charitate succendi aequum est, qui pro eo, in quo Nos Spintus Sanctus posuit, Ecclesiae universae regimine, hanc in Te mentem amantissime complectimur, eique enixe juvandae pontifícias cogitationes atque operam vehementer adhibemus.
Mittimus propterea in Regnum istud dilectum filium Reli- giosum virum Bonaventuram de Alessano, ex Ordine Capuci- norum, qui suis cum sociis plane intento ad divinum cultum animo, curandae sese animarum saluti penitus devovit, doctri- naque ac virtutibus fultus, longissimi itineris incerta discrimina, quae certos tamen labores atque aerumnas habent, magno sibi in lucro ponit, ut homines Christo lucrifaciat. Hunc benigne Majestas Tua, ut excipiat, eique in suo munere, tum divini Verbi praedicandi, tum sacramentorum ministeria exercendi,
386
regia auctoritate ac benevolentia praesidio sit, omni studio pos- tulamus.
Proinde vero fore confidimus, ut Tuo ílle cum iisdem sociis patrocínio tectus, nulla a quoquam impedimenta subeat; imo et reliqui, régio exemplo edocti, spem illi suam opportune conferant, ad spintualia ejusmodi opera praestanda, quae ut idem alacnus et ubenore cum fructu peragat, multíplices nos illi sacras facultates concessimus, non mediocri futurus anima- rum adjumento et solatio. Haec tam efficaciter, ut a nobis expetuntur, Tua, charissime fili, pietas atque humanitas con- ficiet, ut qui probe novis, certam Regnorum securitatem in Reli- gione esse positam, eorumque felicitatem augeri cum ipso divini cultus incremento.
Deferimus porro Majestati Tuae paratissiman paternam nostram voluntatem, Tibique fausta omnia a Domino precati, apostolicam benedictionem largissime impertimur.
Datum Romae, apud Sanctam Mariam Majorem, sub annulo piscatoris, die X novembris MDCXXXXV, Pontificatus Nostri anno secundo.
Gaspar de Simeonibus
MICHAEL A TUGIO — Ob. cit., VII, pág. 194. — hV-Efis- tolae ad Príncipes, vol. 55, fls. 193-194. — APF - SRCG, vol. 247, fls. 1 16-1 16 v. — G. A. Cavazzi da Montecucollo, Ob. cit., pág. 338 (com a data errada).
NOTA — O documento é dirigido a D. Álvaro VI, que falecera em 22 de Fevereiro de 1641. Reinava já D. Garcia- Afonso II.
O R. P. Hildebrand de Hooglede, O. F. M. Cap. sustenta, no seu livro Le Martyr Georges de Geel et les Débuts de la Mission du Congo ( 1645-1652), Anvers, 1940, pág. 77, n. (4), que a data do breve é 10 de Novembro de 1644 e não 1645. Além de que só Cavazzi dá a data preferida pelo ilustre Autor, certo é que tendo Inocêncio X sido eleito em 15 de Setembro e coroado em 4 de Outubro de 1644, o mês de Novembro do ano segundo deste Pontífice só pode ser do ano de 1645. Cfr. doe. n.° 97.
387
117
CARTA DO DIRECTOR DOS HOLANDESES AO GOVERNADOR DE ANGOLA
(15- ii- 1645)
SUMÁRIO — Comunica que estava com escrúpulos for não saber as intenções do Governador, de cuja vinda soubera por par- ticulares — Protesta-lhe e deseja a continuação da ami- zade firmada pelas tréguas entre Portugal e a Holanda.
Muy I Ilustre e nobre Senhor / /
Suposto que por deligençias que fiz e informações particula- res que tiue, e húa re[s] posta de V. S.a, soube da sua chegada a essas parte; té oie se me absconde o essencial, se bem me aseguro que sendo, como deue ser, com ordens de S. Mages- tade de Portugal, aueremos de continuar toda amistade e boa correspondençia que té aqui ouue, pois eu senpre trabalhei de dar mostras com quanto extremo meus mayores ma mandem guardar. / /
Ao prezente uiuo com rezao híí tanto escrupulozo, por não poder alcansar certeza algúa, e ainda que de V. S.* espero toda boa correspondençia e amizade, em uer tratar as couzas com extremo silencio me trás duuidozo, mormente não sabendo porque cauza; e como uiuo alheo das ordens que V. S.a trás, trato sempre de conseguir da minha parte as de meus mayores com todas as ueras, té saber as particularidades das que V. S.* trás, e pois ignoro effectiuamente sua calidade e ditas ordens, suspendo a congratulação de entre amigos para melhor tempo, pois com re[s] posta de V. S.a me ficará campo lhano para acudir a faze la com toda [a] cortezia e comprimentos acostu-
388
mados, porque dezeio não faltar a tal, como também não fal- tarei com liçita promessa de meu cargo no seruiço de V. S.a, cuia pessoa o Ceo guarde. / /
Loanda, oie quinze de nouembro de mil e seis çentos e quarenta e sinco.
Seruidor de V. S.a
Henrique de Redinchouen
E dezia o sobre escrito: Ao muy Illustre e nobre senhor Francisco de Sotto Mayor guarde Deos.
AHU — Angola, cx. 3.
389
118
CARTA DO COLECTOR APOSTÓLICO AO SECRETÁRIO DA PROPAGANDA
(15-11-1645)
SUMÁRIO — Esperanças na restauração de Pernambuco e de Angola — Chegada do Padre Alessano ao Congo — O Padre Taggia determina partir e arribar a qualquer porto vizinho do Congo — Favores do governador da Bata.
Ill.mo e Reu.mo Signor mio Padrone Collendissimo
Doppo hauer scritto á V. S. Ill.ma pochi giorni sono, mi giunse la cortesissima sua de 1 2 Agosto, et ín risposta, è supér- fluo íl cortese rendimento di gratie ch'ella se. compiaciuta passar meco, per quello hò fatto ín seruitio de Padri Capucini, si per- ch'in ciò son[o] statto limitadissimo, meritando la lor singular bontà e uitta essemplare assaissimo, come anco perch'essendomi stati raccomandati da V. S. Ill.ma, à cui professo infiniti oblighi, doueuo far molto piú, mà ella et essi accetarono il buon animo, doue le forze non hanno potuto arnuare.
Al Padre V. Prefetto inuiai la lettera di V. S. 111.™*, alia quale rimetto 1'alligata dei medemo, ch'ultimamente mi fu resa con 1'occasione d'una imbarcatione uenuta di là; mi scriue si speraua che la recuperatione di Pernambuco seguisse breue- mente e qui si tiene per cosa senza dúbio; di Angola anco u'è qualche speranza, e quando si dilati, i Padri determinano, non potendo tocare quel porto, di pigliarne qualched'un altro, il piu uicino al Congo che fosse possibile; dice anco che il Signor Gouernatore dei Brasile, che risiede nella Baya, in cio li fauoriua
39°
assai, per essere Signore di moita pietà, e perciò si può credere ogni buon successo dei loro passaggio.
Lisbona, á 15 nouembre 1645.
Di V. S. Ill.ma e Reu.ma Deuotissimo et Obligatissimo Seruitore
Girolamo Battaglini
Monsignor Ingoli.
APF — SRCG, vol. no, fl. 181.
39 1
119
CARTA DE FRANCISCO DE SOTOMAIOR AO DIRECTOR DOS HOLANDESES
(18-1 1-1645)
SUMRÁIO — Responde cortesmente ao Director de Luanda, iludindo as informações que este recebera e as intenções do Gover- nador Pedro César de Meneses a respeito dele.
Muy Illustre e nobre senhor
Bem se deixou imhnr da preuençao de V. S.a com o pataxo que nos vizitou na costa a oito de Outubro, que não fal- tarão inteligençias a V. S.a de minha chegada a ella, e conse- guintemente, aos desaseis do dito a protestação com que V. S.a foi seruido de o tornar a mandar á mesma paragem, em lugar das boas uindas de que me era deuedor V. S.a, por correspon- dência das tregoas e amizade de nossas nações, e esconder se lhe a V. S.a o meu intento, não argue deffeito na segurança delle, pois hé notório que o dos portuguezes em tudo tem por essençial a fidelidade e S. Magestade, quazi que mais aguarde- cera hú desastre aconteçido em boa fee, que hú bom suçesso em preiuizo delia; e o escrúpulo que V. S.a fás de meu silençio, se deuera conuerter em satisfação, pois antes com elle se mostra melhor o cuidado com que me emprego em soliçitar com V. S.a a reputação da modéstia e cortezia de bom vezinho, e crea V. S.a que asim por testemunho do senhor Pedro Cezar de Menezes, e outras muitas notiçias, tenho formado tão digna e constante opinião dos primores e mereçimentos de V. S.a, que em tudo o que se me offereçer do gosto e seruiço de V. S.a na comprehen- são dos poderes de meu cargo, me hei de saber sempre asinalar
392
com particular aguardeçimento; e entre tanto seruirá de mayor firmeza desta verdade entre nós, a obseruaçao por parte de V. S.a das ordens de seus mayores, sendo como as que eu trago de S. Magestade em boa comformidade da condição de nossas tre- goas, e a pessoa de V. S.a guarde Deus muitos annos. / / Coamza, oie desoito de nouembro de 1645.
Seruidor de V. S.a
Framcisco de Sotto Mayor.
E dezia o sobre escrito. / /
Ao muito Illustre e nobre senhor Henrique de Redinchouen, guarde Deos.
As quaes cartas, hua do Director dos olandeses e outra em re[s] posta delia, do Gouernador e Cappitáo geral destes Reinos, Francisco de Sotto Mayor, eu Felipe de Carualho, escriuáo da armada e socorro, tresladey por seu mandado das próprias a que me reporto e as concertei com o escriuáo da fazenda comigo asinado, neste Arrayal da Coanza, em desoito de nouembro de 1 645, e o escreuy.
Phillippe de Carualho
Conçertado por mí escriuáo / Phillippe de Carualho. E comiguo escriuáo da fazenda de sua magestade.
Manuel Carneiro de Mendonça
AHU — Angola, cx. 3.
393
120
CARTA DE FR. BOAVENTURA DE TAGGIA A PROPAGANDA FIDE
(30-1 1- 1645)
SUMÁRIO — Partida da Baía fara Angola — Pareceres vários sobre o Rei do Congo — Pede a sua protecção — Parecer con- trário à ida dos Missionários fara o Congo.
Ill.mo e Reu.mo Signor et Padrone mio Osseruandissimo
Col fauore di Dio benedetto, finalmente, doppo fermati 4 mesi nel Brazil, nella Città de Todos os Santos de Baia, che ne paruero quatro anni, partimo per la costa d'Angola, non sapendo certo se Angola sij per noi alargata da olandesi, pure tenendo di già ín quelle parti li Signon Portoghesi porto doue stanno fortificati, uicino à Angola 25 lega, là s'inuiarà il nauiglio, et pò essere che quando arriuiamo colà stij per li Rè Angola et Loanda. / /
Del Rè de Congo uariamente s'intende da persone moranti nella Baja, come sij alia fede pocco affesionato, et come chia- mase à Angola 1'olandesi, ò che in Olanda inuiase ambascia- dori, sono 4 anni; altn agiungono, chi inuiò in Olanda un suo figliolo per educatione; uero è che non sono noue certe, tremendo giustamente sijno noue d'interessati, et io legei sono pocchi giorni una lettera dei medesimo Rè de Congo, che scri- uea ad un Capittano Portughese, quale lo serui in Congo qual- che tempo, come pretendeua esser tanto cattohco quanto il Rè di Spagna et di Francia, ma che quanto fece in Angola non fu se non per le pretensioni [che] tiene in quel Regno; in arriuando à Angola ò Masangano, potremo auisare il certo, il
394
che credemo seguira aH'fine di Género, ò metà di febrero, tanto piú che hora traghetano nauigli di Portogalo di là al Brazil, et si preparono in Lisbona imbarcationi per quella volta. / /
Altro non tengo che scnuere, che ricurire [à] V. S. Ill.ma et baciare le sue mani cÕ tutti li Padri Compagni et pregarle per- fine nel progetto ogni paterna protettione, poiche íl clima doue si uà pare molto trauaglioso et aggiungendosi 1'arte d'alcuni Religiosi molto ben già parati contro la nostra missione, et reputatione delia Religione, il che senza quelli aiuti di fauori apostolici, erit in casso laborare, doppo si longho, proliso et trauaglioso viaggio ( tamen digna lacrjmis prefero ) pare che in questa etade Dio inuij li nostri Religiosi à quelle Conquiste di Portugalo per aiuto di quelle anime et per mostrare la pouertà apostólica et euangelica, et quando Dio vogli entnamo in Congo cõ frutto, spero in Dio debba succedere copiosissime reccolte.
Jn questo ponto sono auisato che cõ bel'arte, pare che sotto manto di zelo, si tratti da principali, et lo dicono li Signori delle Compagnie claramente (sic) à molti, et à noi medesimi, che arriuando in Angola non è raggione ci lascino passare à Congo questi populi et gouernatore, per consolatione di questi populi portughesi; ò quanto saria bene tener breue pontifício per ouiare à tutto quelo; uero è che come tengo lettere dei Rè di Portugalo per il Rè di Congo, chi mi potra impedire, quando quel Rè mi voglia nceuere? Auiso totto questo per quelo [che] seguirá in apresso. / /
Baja de Todos os Santos, li 30 Nouembre 645.
Di V. S. Ill.ma Seruo deuotissimo
F. Bonauentura di Taggia, Cappuchino et V. Prefetto de Congo
APF — SRCG, vol. 110, fls. 194-194 v.
395
121
CARTA DE FREI SALVADOR DE GÉNOVA AO SECRETÁRIO DA PROPAGANDA FIDE
(2- 12- 1645)
SUMÁRIO — Depois de ter empregado seus préstimos para o despacho da missão, pede para ser dispensado dela, por motivos de saúde, e para poder regressar do Brasil à Itália.
Ill.mo Signor
Da Dio benedetto solo e principalmente, non hauendo 10 diligentato in modo alcuno, solo prestato íl mero consenso, fui agregato a questa Missione dei Congo; hò procurato sempre nelle ocorrenze d'adoperarmi à prò e benefitio delia cõ il poco talento che Iddio me hà dato, et particularmente in Lisbona, con quelle Corone, et à me toccaua somente per essere piú pra- tico di quella lengua portoghesa. / /
Siamo gionti alfine per la Dio gratia, d'imbarcarsi per Angola, piaccia al Signor la condurne sani e salui. E perche per alcune mie indispositioni non posso continuare le fatiche che nè restano piu trauagliose, priego e suplico V. S. 111.1"" a farme la carita di mádarme licenza di pottermene ritornare in Itália, á finire li miei giorni in pace.
Nè starò attendendo, delia giusta domanda, 1'intento, hauendone anche scritto al M. R. P. Prouinciale nostro et adduttogli altre (fuor che le narrate) raggioni equiualêti per
396
essere compiaciuto. Riuensco humilmente V. S. IIl.ma e dal Cielo augurole il colmo d'ogni vero bene.
Dalla Baya de tutti li Santi, 2 decembre 1645.
Di V. S. Ill.ffia
Obedientíssimo e mínimo ín Chnsto Signor
f . Saluatore da Genoua / / Sacerdote Capuccino
ENDEREÇO: All*Ill.mo Signor Francesco Ingoli Secretario delia Congregatione de [ Propaga ]nda Fide che Dio Guardi Roma
APF — SRCG, vol. 1 io, fls. 68-68 v. e 75 v.
NOTA — Die XI junij 1646, congregado 31.
Referente eminentíssimo Cardinale Pallotto litteras patris Saluattore de Genua, Capucini, datas Brasiliae instatis pro licétia [reuertendi a] missione Cõghi, sacra congregatio iussit agi cú procuratori generali pro habeda eius sententia. — fl. 75 v.
397
122
CARTA DE FRANCISCO DE SOTOMAIOR A EL-REI D. JOÃO IV
(4-12-1645)
SUMÁRIO — Conta a el-Rei o desembarque efectuado em Angola do socorro militar for ele chefiado — Dá larga conta da situação da Província — Elogio dos Padres Jesuítas.
Auendo dado comta a V. Magestade em cartas de 13c 17 de Septembro, dos discursos de minha viagem até o Quicombo, de como me auia fortificado nelle, feito por duas vias auizo a Massangano, recolhido as relíquias da infanteria que restou da perdição de Antonio Teixeira de Mendo [nça], e os Portu- guezes que uiuiáo indignamente á obediençia dos flamengos no prezidio de Benguella, e reduzido á vassallagem antiga os souas do dito Quicombo, e como ultimamente me rezolui com a re[s] posta e pareçer do Gouernador Pero Cezar a tornar a enbarcar me nas mesmas naos do socorro e intentar a condução delle entre a Coamza e Cabo Ledo, porque não obstante a capaçidade da paragem do Quicombo, e a conueniençia da conseruação delia para a comunicação da comquista, me ficaua totalmente o effeito deste intento impossibilitado sem o adiuto- no da guerra preta, de que nessesitaua para poder conduzir as moniçÕes ás fortalezas da dita Comquista, em conçideração do qual tratei com toda a deligencia de me aprestar para esta segun- da jornada, e tendo notiçia delia os ditos souas amigos, os pôs em tanta descomfiança esta nouidade que se temerão e auzen- tarão de nosso trato, persuadidos de outros negros enueiozos de que elles o tiuessem comnosco. / /
398
Mas quis Deus que nos não faltasse meos de os tornar a reduzir á nossa amizade, deixando lhe como em prendas delia a João Cardozo, mullato, soldado da Companhia de Benguella, e Antonio Roiz, tendalla da guerra preta, ambos mui práticos na lingoa e costumes da terra, e até sessenta cabeças de gado de todo o género que se auiao adquirido para criação, com o que se derão por contentes e seguros de nossa tomada, e com esta ra de posse se fica pello menos conseruando em algúa ma- neira a auçao que temos ao porto de Quicombo, tornando a afirmar a V. Magestade que em toda a costa não há outro de sua capaçidade e que fortificado como comuem se puderão im- ír aos framengos seus intereçes e melhorar se os nossos, por- que hé Prouinçia mui farta de gados e abundante de gentio, e próxima ao mar, com que se offereçe de menos trabalho sua conquista. / /
E auendo finalmente, senhor, tornado a fazer auizo em 25 de Setembro ao Gouernador Pero Cezar da rezolução que tomei, com seu parecer, na conformidade da carta de que mandei â V. Magestade a copia incluza na de 17 de setembro, me parti do dito porto a 4 de Outubro, e chegando à noite dos 6 a anco- rar com calmaria ao mar do Cabo Ledo, que era a paragem onde em comformidade do Auto e cartas dos moradores de Massangano, eu auia de achar as comodidades, adiutorios e auizos nessesarios para resoluer a desembarcação e como estes me faltassem mandei escoadrinhar com toda a deligencia quanto uay do Cabo Ledo até a Coamza e fortaleza do olandês, e a examinar pellos pillotos a parte mais capaz (*) de abrigo e ancoradouro para as naos, e se experimentou tudo ao contrario do que se nos tinha mandaddo propor, e dando me nesta ocazião mayor cuidado a falta de agoa na costa, pella que eu trazia delia a respeito da podridão da piparia do Rio de Janeiro, e da muita
(*) No original: capas.
399
gente que se me auia acreçido cÕ o resto do socorro de Antonio Teixeira, e retirada das famílias de Benguella, afirmo a V. Ma- gestade que muitos chegarão a temer menos bom fim a esta viagem; e nestes termos foi Deus seruido de alegrar a todos com húa fonte de agoa nunca sabida nem imaginada dos nossos que se achou a pouca distancia, pella terra dentro da ençeada que chamão Suto (2), e aproveitando me de comodidade tão nessesaria, botey ferro na dita parte aos 8 do mes e desembar- quei com algúa infantena a tomar posto e asegurar a agoa de que tanto se nessesitaua, e como o olandês auia tido inteligência de todo o discurso de minha viagé por uia de Massangano de- pois do meu primeiro auizo, no mesmo dia á tarde chegou hú pataxo seu a reconhecer nos; mandei lhe sair ao encontro hú batel e dizer lhe que botasse ferro e disesse a quê e donde uinha, atrauessou logo e respondeu que da Loanda, e que passaua a Benguela, e tambe queria saber quem éramos e a que uinhamos; disse se lhe que Portuguezes, e que o General só sabia o demais, ao que pedio que soubessem delle se queria algúa couza para a Loanda e que esperaria o seu recado; com o que o nosso batel se uoltou e o pataxo apareseu ao outro dia muito emmarado a nosso balrrauento, e passou como depois se disse até o Qui- combo e querendo desembarcar em terra, a reconheçer o citio que eu ali auia occupado e fortificado, os negros do nosso Soua lho impedirão ás frechadas.
E não se achando até este ponto noua ou sinal algum de Portuguezes ou negros amigos, antes os daquella paragem mos- trando se pello framengo, se andauão pondo em magotes a
(2) Para O. Cadornega, a designação está ligada com o nome do Governador Sotomaior, que desembarcou «na enseada a quem deu o nome de Suto por elle se chamar Souto Mayor». Parece mais acei- tável a razão apresentada por Cadornega no tomo III da sua obra: «o porto de Suto, onde dezembarcou o socorro Francisco de Sotto Mayor [...] e de então para cá ficou áquelle porto o appellido de Suto». (Arquivos de Angola cit., p. 170).
400
oppossição dos nosos que se alongauão a buscar agoa e lenha; voltou aos 1 1 do dito o Capitão Antonio Gomes de Gouuea, que o auia mandado com sincoenta infantes a descobrir até o Rio Coamza, e trouxe comsigo o mesmo P.e Hieronimo da Fon- çequa (3), que se nos auia remetido ao Quicombo para infor- mador das comodidades que com tanto risco deste socorro se experimentarão mentirozas, e delle soubemos como ainda em Massangano se esperaua a certeza de nossa chegada para se rezoluerem os adiutonos de nossa condução, que milhor pudera afirmar a V. Magestade que forão estoruo delia.
Aos 16, se nos asercou dez (4) legoas desta paragem, na que chamão do Ensandeira (5), o Gouernador Pedro Cezar de Menezes com algús poucos soldados e moradores, e dali me mandarão requerer os offiçiaes da Camara, em nome do Reino, entre outras couzas que a V. Magestade constarão dos Autos, que sobre a matéria se fizerão. / /
Em primeiro lugar, que eu fizesse sabedores de minha che- gada aos olandezes, porque de o não fazer tomanão elles motiuo para mayores estoruos e dificuldades de minha condução, pois se achauão com dobrado poder que o nosso em o mar e a terra, e como eu antes tinha por mais seguro não lho dar a entender, asim me rezolui a metellos em cuidado com a falta deste com- primento, até que aos 16 do mes segundou a auistar se com nosco o seu pataxo, com hú protesto de que remeto a copia e da re[s] posta delle, a V. Magestade.
E logo preuenindo eu as embarcações e algúa artelhana em terra para deffença d elias, tratei de correr e asegurar o campo até a Coanza para condução das monições, a qual se
(3) Padre Jerónimo da Fonseca Saraiva. (*) No original: des.
(*) Ilha do Ensandeira, da alcunha do capitão Gaspar Gonçalves, porque nela residia.
2$
comessou aos 18 do dito mes com pouco mais de cem negros carregadores, pella liberdade e mao seruiço a que estauao cos- tumados, ou pello pouco zello de seus donnos, e não deixando de dar penna esta frouxidão e desemparo em matéria tão impor- tante, ao Gouernador Pero Cezar, me auizou que tudo se melho- raria com todos se eu chegasse a tomar posse do Gouerno; e fazendo me a Camara o mesmo requerimento parti a este effeito aos 2 1 com as segundas monições, duzentos infantes e duas pessas de campanha, com que abri passo para condução de mais quatro, com immenso trabalho, por falta de caminhos abertos, agoa, e carruagems.
Aos 25 cheguei ao Rio Cuanza em paz (6), e com ella e o aplauzo a que aiudarao as cargas de mosquetaria e artelharia com que nos achamos, se me deu a posse do Gouerno na comfor- mídade que V. Magestade ordenaua em sua real patente (7), nao seriando de menos celebração neste dia o pezar com que o olandês as ouuio e me conçiderou iá tão metido dentro.
Para tomar inteligência de seu estado e dessenhos, se me ofereçeu muita dificuldade e confuzão, por achar os mais dos moradores tão inclinados á comunicasão da Loanda e intereçes delia, que lhes era muy duro de admittir a pnuação de deuassi- dão deste trato, e como quem arreçeaua de mí, tratauão antes de me persuadir cõ dissimulações assaz (8) cuidadozas e muy preiudiçiaes ao seruiço de V. Magestade, que o olandês não nessitaua de nosso comerçio, porque abundaua de bastimentos do Bengo e Dande, e de pessas da Ginga e Congo, a menos ualor do que pudera resgatar da nossa mão estes e outros géneros semelhantes.
(6) No original: pas.
(7) Nao se encontra no ATT a patente para Governador de Angola.
(8) No original: assas.
^02
Não deixando eu porem de escoadrinhar o segredo destas matérias por meo de algús poucos cristãos velhos, que opri- midos e atemorizados de muitos, que poruentura o não são, se hião exteriormente atrás do mesmo mao exemplo, foi nosso Senhor seruido que pude valer me da verdade de algúas noticias para comessar por ellas a entender que o olandês não pudera conseruar seus prezidios senão com os proueitos que tira das nossas mesmas conquistas em bastimentos, escrauaria e mar- fim, a troco de vinho e outras delicias, por excessiuos pressos, não guardando as tregoas em mais que no que lhes era vtil a elles.
Logo eu em conçideração de tão desigoal proçedi mento, aproueitando me da mesma dissimulação dos intereçados nelle, comessei a pôr cobro e vigilância nos caminhos e meos da comu- nicação e comerçio, e a publicar por outra parte que não uinha a mais que a guardar as tregoas com a reçiproca amizade, e não intentei estas deligençias de balde, porque descubn com ellas muito ânimos de que me hé nessesario guardar, e iuntamente fazer por ora delles fieis ./ /
E sendo o total intento do olandês fazer proua de minha rezolução e forsas, com a dissimulação e outras acções dignas de sua agudeza, me armaua com ellas a que me declarase e e escreuedo elle a Pero Cezar de Menezes por algúas uezes, des- pois de me auer largado o Gouerno, daua em dar queixas de mí aserca do silencio e cautella com que íulgaua que eu procedia, asim na condução das monições para Massangano, como na carga e despacho dos nauios de minha conserua, e asim de lhe auer eu faltado com o comprimento da noticia de minha che- gada, e das ordens de V. Magestade, a que algús dos suspeito- zos moradores aiudauão, persuadindo me que o fizesse, até que por effeitos não por palauras, entenderão de mim que estaua muy izento de o uir a fazer; e com este desengano, sendo aos 17 de nouembro, tiue húa carta do director ou Gouernador da
4°3
Loanda, de que remeto a copia (9) a V. Magestade, e da re[s] posta delia (10).
Entendeu se em comu que esta carta por seus termos bas- tasse a seu hú grande empenho e segurança da boa fé das tre- goas; com tudo tomando eu delia mayor motiuo para a preuen- são, persuadi aos moradores a intentar a condução de outras seis pessas de artelhana, que ainda estauão por desembarcar, as quais erao de ferro e de oito até desoito liuras de baila, o que quis nosso Senhor que se conseguisse com até seis çentos escrauos, que seruirao de carruagem por discurso de noue legoas de mon- tanha até este Rio Coanza, auendo se primeiro asegurado os passos com as duas partes da infanteria postas a opossisao de qualquer mao intento do olandês, e á uista da sua fortaleza da Barra, e em outros caminhos da Loanda occupados també de suas guardas e sentinellas, o que até gora se obserua em boa comformidade d'ambas as partes, mas da nossa com particular auxilio do Ceo, porque tendo se por infaliuel que o olandês se achaua na coniunçao de minha chegada, com sete nauios e mais de oitoçentas prassas effectiuas, capaz (n) quando menos de campear com quinhêttas delias, bem pareçe que foi obra de Deus amedrentalo e comfundillo de maneira que se não soubesse rezoluer até gora a estoruar a comduçao de tantas monições e petrechos, que com o mínimo contraste da sua parte nos fora bem dificultoza de conseguir, não se lhe offere- çendo mayor inconueniente para o intentar que a passagem da Coanza á sombra da sua mesma artelharia, e a dita opossisao de até oitenta soldados, que era o vitimo esforso com que eu lha podia fazer, achando me com pouco mais de outros tantos diui- didos em continuas guardas e centinelas, porque dos soldados que escaparão com Antonio de Mendonça, não auia trinta
(B) Cfr. doe. de 15-11-1645. (10) Cfr. doe. de 18- 11- 1645. (n) No original: capas.
capazes de tomar armas, os de Benguela outros tantos, e os com que dessem à Ilha do Emsandeira o Gouernador Pero Cezar de Menezes, entre gente paga e da ordenança, não auia oitenta, e estes tão mal obseruantes da millicia que dauão mayor cuidado com suas faltas e abuzos: e não chegando os soldados com que parti do Rio de Janeiro para esta empreza, a duzentos e setenta, posso afirmar a V. Magestade que entre hús e outros se não redus numero dos sãos e effectiuos a duzentos, e com este hé Deos seruido que seia capaz (n) a boa fortuna desta empreza de V. Magestade a ter até oie, que sao [4] de Dezenbro, em- freado a infidelidade e cobiça deste mao vezinho, soportando os dannos que recebe (asim de intereçes como de reputação) com o socorro que uamos metendo na conquista, com a muita escra- varia que se uay embarcando nos quatro nauios de minha con- serua, que sempre deue de passar de duas mil pessas, para o despacho das quaes fis hir asistir os offissiaes da fazenda de V. Magestade, que carregarão os direitos delias em Lopo da Fon- çequa Henriques (12), que os toma sobre sim, e da importançia delles não auizo a V. Magestade porque me não pode constar senão depois da partida dos ditos nauios, por eu estar na Coamza á oppossisão do olandês, a qual paragem (como iá referi) dista noue legoas da enceada de Suto, onde se faz (13) a dita carga./ / E em comformidade das ordens que trouxe de V. Mages- tade, que para sustento da infantaria me aproueitase de quaes- quer effeitos que ouuesse neste Reino, da fazenda de V. Mages- tade, me ficarei ualendo destes para fardas dos soldados, que asim os que trouxe como os maes que achei neçessitão de ves- tido, posto que todo o género de roupa aqui hé tão custozo que
(12) Homem de largo negócio, contratador dos escravos, nego. ciador com os holandeses em Luanda, trouxe para Massangano muitos géneros que ((dava geralmente a todos quasi pello mesmo que lhe haviao custado». (Arquivos de Angola cit., p. 174).
(13) No original: fas.
4°5
por menos da seista parte do qual se pudera suprir do Reino outro tanto, mas a nessesidade prezente não dá por ora este lugar.
Poucos dias antes de minha chegada a esta costa, tinha o Gouernador Pero Cezar preuenido hú Pataxete seu para man- dar de auizo ao Brazil, e auendo este de sair pela barra da Coamza, e tendo o olandês artelharia em deffensa delia, era for- sozo auer de passar com licença do Director da Loanda; e sendo em vesporas de partida, nao faltarão algús indícios de que elle intentaua fazer repreza na prata e marfim, que era fama que leuaua, com reçeo do qual se tornou a retirar o dito pataxo, e agora em comfiança de melhor estado a que as correspondên- cias das tregoas se reduzirão com a vinda deste socorro, tornou Pero Cezar a ualer se da primeira liçensa do Director, e a con- seguio seguramente, e posto que primeiro a procurou de mí, eu não quis interuir nella de publico, por não dar vaidade ao olan- dês de que eu uiesse em nenhú cazo nessesitando de permis- sões suas; mas accuzo me a V. Magestade que me conuençi a dessimular esta negoceação com lastima e respeito aos traba- lhos deste fidalgo, tão mereçedor por elles dos fauores e gran- dezas de V. Magestade, como por o particular mereçimento de sua pessoa, por seu sangue e por sua lealdade, como o mostra a conseruação das relíquias deste Reino, tão desmantelado de forsas e tão contrastado do maes poderozo aduersano que elle nunca teue nesta Ethiopia, como hé a Rainha Ginga, tão fomen- tada e doutrinada em nosso danno da dissimulada infidelidade do olandês.
Do ser em que ficão neste Reino as matérias da guerra, jus- tiça e fazenda, não dou nesta occazião particular conta a V. Magestade, porque sendo entrado nelle há dous mezes, ainda fico nos matos, sincoenta legoas e mais de Massangano, onde V. Magestade se serue de me mandar asistir, e até gora mal assistido dos adiutorios nessesanos para minha condução, que hé forsa esperar a partida dos nauios, asim para os estar asegurando,
406
como para me aproueitar das mesmas embarcações e gente que se occupa na carga delias, que como esta redunda em intereçe particular de cada hú, acodem os mais de melhor vontade aos ef feitos delle que ás obrigações de vassallos de V. Magestade; e o peor hé que na dissimulação de procedimentos tão preiudi- çiaes, consiste por ora a conueniencia do seruiço de V. Mages- tade e hé nessesario grande acordo neste ponto, pellas muitas nouidades que se offerecê" nelle cada ora, sendo todos em comú mercadores, e cada hu em particular Capitão mor do Reino ou sargento mor, e quando menos, cabo de companhias, que não ueio porque até gora não tem dessido a esta paragem em que fico maes de até 8o pessoas, entre moradores e soldados, com o Gouernador Pero Cezar de Menezes, e logo se me fes reque- rimento para se tornarem os mais delles, com achaque de que ficaua Mochima e Massangano sem goarnisão e deffensa por sua falta.
Cambambe e Ambaca se dis que ficão no mesmo estado, e todas com igoal nessesidade de serem reparadas e socorridas; á opossisão da Rainha Ginga se achão de prezente 130 solda- dos e a guerra pretta constará de oito mil arcos.
Esta negra Rainha se há reputado muito com os nossos dannos, e delles tirou a ouzadia com que ameassa outros mayo- res; e se a saúde dos que chegamos de nouo, não fora aqui tão imfaliuel de emfermar, também me atreuera a afirmar a V. Magestade marchara logo a atalhar por mim as insolençias desta inimiga, mas estamos em tempo de agoas, que hé a mais preiudiçial monsao do ano, e todos me admoestao que a deixe passar, tendo se por milagre que a malignidade do clima nos aia perdoado até gora, posto que lá me uão caindo doentes a sinco e a seis soldados cada dia, sem mais esperança de remé- dio que o que tiuer Massangano, que tem fama da mais noçiua região do mundo, como pellos ef feitos se experimenta; mas Deus sobretudo e a obseruação da obediençia em comprimento das ordens de V. Magestade.
407
Em conçiderasão de todo o referido, senhor, e da certeza e zello com que o faço, pesso humildemente prostado aos reaes pees de V. Magestade, queira ser seruido de mandar rezoluer e despachar com toda a breuidade possiuel os socorros que estão pedindo as perigozas nessesidades deste Reino e a summa im- portância delle, crendo V. Magestade sem duvida algúa que o olandês não há de goardar mais fé que a que nossas forsas o obrigarem, e que por momentos fica esperando sobrepuialas com adiutorios de Pernambuco, achando se tanto mais empe- nhados para o rompimento das tregoas, quanto se hão de dar por offendidos e perdidozos ( sic ) com a nossa chegada e con- dução, náo obstante que os termos delia para com elle tem sido da minha parte em tudo tão izentos de obieição, como V. Magestade se seruirá de o iulgar da verdade dos discursos desta carta; e auendo transferido nella para este lugar a matéria seguinte, digo senhor, que não faltão muitos indiçios contra algúa da gente mais poderoza deste Reino, parte delia suspeitoza na comunicasão do framengo, e parte na afeisão de Castella, da qual se afirma que intentando o estoruo de minha entrada pello Quicombo, e da conseruasão daquelle porto, na comfor- midade que eu dispunha húa e outra couza, trassou dissimula- damente pellos meos referidos a V. Magestade, que eu pro- curase minha condusão por Cabo Ledo, afim que asim as in- comodidades delle, as doenças, o largo caminho e a vezinhança do framengo, impossibilitassem os effeitos deste socorro, e algús que não interuierão neste mao intento, posto que simples- mente fossem em fauor delle, dezeiarão pello menos que a risco das tregoas, e de toda a conueniençia do seruiço de V. Magestade, eu lhes uiesse franquear esta paragem, como em effeito o fis, para mais façil e liure embarcasão de sua escra- varia, marfim, prata e ouro; e creo que não interuindo os ditos respeitos se aualiará geralmente por grande feliçidade deste Reino,, a conseruasão do porto de Quicombo, e a comunicação delle com as nossas Conquistas; e pareçendo a V. Magestade
408
não deixar perder tão grande conueniençia, se pode conseguir, a despeito do framengo, com tres ou quatro bons nauios de forsa, fiados dalgum leal Português, e mandados antes que se anteçipe a cobiça e preuensao dos framengos; e eu porque elles o não fassão sem manifesto rompimento das tregoas, mando agora alentarem nossa amizade os souas daquella paragem com algús prezentes, e asistençia da gente dos dous barcos que me auião ido de auizo ao mesmo Quicombo, e asim afim de que se conseruem ali para me poder valer delles em algúa nessesi- dade que se nos offereça de auizar por o Brazil a V. Magestade ou ao Gouernador geral Antonio Telles da Silua, que por o auer sido meu, e tão asinaladamente zeloso do seruiço de V. Magestade, deuo estar mui comfiado em seus adiutorios.
E uendo se frustrados estes peruersos ânimos, de que me queixo a V. Magestade, com o bom suçesso de nossa condusão, apezar dos uagares e estoruos delia, tornarão a dar em me persuadir, por mui dissimulados e diuersos caminhos, com algúa aparência de zello, que não deixasse a paragem de Suto sem algu modo de fortificasão, para emparo de nauios que uie- rem do Brazil a carregar negros, como que os olandezes ouues- sem de perdoar senão a forsas mui rezolutas e superiores, e como se eu não cometera hú graue crime em me rezoluer a semelhante empenho de fortificasão, distante sesenta legoas donde V. Ma- gestade me manda asistir, e só donde eu a posso socorrer, com o olandês e outros muitos inconuenientes de por meo, não sendo menores que auendo de fazer a tal fortificação na dita praya, nessesitaua de outra o padrasto e de outra a agoa distante pouco menos de hú quarto de legoa, porque os inimigos a não cortassem ou a não empessonhentassem, porque são estes (de- mais dos framengos) os negros nambios (14) e quissames, cuio
(14) Moradores no Morro dos Nâmbios, à entrada da Barra do Cuanza. Cadornega diz deles «que brancos se podem chamar nestas occaziões, pois obrão como se o forâo».
4°9
hé aquelle destrito e tão fora de estarem auassalados como se afirma que songa (15), o senhor e soua prinçipal nunca quis uir a uer se comigo, nem dar passo por suas terras a gente nossa, e a sua não seruio até gora mais que de espia, e de me toma- rem hú soldado italiano e o leuarem aos framengos, posto que se entende que este foi uoluntano e mandado dos mais de sua nação, com intento de se lhe passarem, o que por uentura elles conseguirão se eu iá não desembarcara com este cuidado; V. Magestade crea que Deus nos conserua cõ patentes milagres, porque só a mizeria e descontentamento dos soldados, a remis- são de hús moradores e os resabios de outros, bastauão a dar mao fim a este socorro.
De tudo poderá dar mais larga conta a Vossa Magestade Pero Cezar de Menezes, que eu faço esta a V. Magestade entre tantas occupações de seu real seruiço, que descomfio de me auer declarado como deuo.
O Padre Mateus Dias da Companhia de Jhesus, que pas- sou do Rio de Janeiro comigo a este Reino com o Irmão Antonio Pires, na comformidade que iá fis auizo a V. Magestade, tem mostrado em todo o discurso desta jornada tanto zello do ser- uiço de V. Magestade, que o posso e deuo emcareçer pello mayor que na ocazião experimento, acudindo com suas pessoas e com muitos escrauos do Collegio á condução da artilharia e moniçôes; siruase V. Magestade que este seu adiutono e bom exemplo delles não fique sem o real aguardecimento de V. Magestade, como eu lho aseguro, e asim ao Almeirante Berto-
(ls) Há referências a este soba no tempo do governo de Paulo Dias de Novais. Foram baptizados um filho morgado e um irmão deste fidalgo, cujas terras começavam na Barra do Cuanza e iam até 30 léguas para o interior, a limitar com as do soba Muxima. O filho rece- beu o nome de D. Constantino e o irmão o nome de D. Tomé, por ter sido baptizado em dia de S. Tomé. Songa foi baptizado pelo padre Baltasar Barreira, em dia de Reis de 1582 e recebeu o nome de D. Paulo de Novais, em honra do padrinho, Paulo Dias de Novais.
AIO
lameu de Vasconçelos e demais Capitães de minha conserua, como sao Nuno Uás Guedes, Françisco Coelho, Cristouao de Lima, Felix de Moura e Bettolameu Paes Bulhão, e com estes aos que se retirarão de Benguela, que forão o Cappitão mor Manoel Pereira, Antonio Gomes de Gouuea, Duarte de Lemos, Manoel de Caçeres, Dionizio da Motta, e o framengo Comis- sário Cornélio Noels, tão particularmente mereçedor dos fauores de V. Magestade, como o torno a afirmar o mesmo a V. Ma- gestade, por o Capitão mor Antonio Teixeira de Mendo [n]ça, e o Capitão eleito de Ambaca, Matias Telles Barreto, obrigado dos bons proçedimentos com que se ouuerão no discurso desta condusão, depois do desastre do seu socorro, de que tenho dado parte a V. Magestade em carta de 13 de Setembro.
Esta remeto a V. Magestade por duas uias, aos seus tres Conçelhos de Estado, Ultramar e de Guerra, em re[s]posta da qual espero de V. Magestade os auizos, rezoluções e socorros que pede a neçessidade e perigo deste Reino, e a importançia delle ao seruiço de Deos e de V. Magestade, a quê a diuina [Magestade] guarde por largos e felississimos annos, como a Cristandade há mister.
Deste arrayal da Coamza, terras de Songa, oie quatro de Dezembro de 1645.
a ) Framcisco de Sotto Mayor [Ã margem] : Chegarão ao Conselho a 10 de Abril 1646. AHU — Angola, cx. 3.
Arquivos de Angola, Luanda, 1943-44, n.° 3-6.
123
CARTA DO DEFINITÓRIO DA ANDALUZIA AOS CARDEAIS DA PROPAGANDA FIDE
(8-1-1646)
SUMÁRIO — Nomeação de missionários para a Missão do Congo — Poder ao Definitório para nomear outros, com aprova- ção do Núncio — Queixas contra a Província de Castela.
Eminentíssimos Senores
El Prouincial y Prefecto desta Prouincia de Andaluzia y Missión in Regnum Negritarum, e el pnmer diffinidor, en nombre dei deffinitono de dicha Prouincia, suplicamos humil- mente a V. Eminências se dignen, para la buena expedición de la Missión, dar decreto para que el P. Fr. Joseph de Per- nambuco, Predicador y el Hermano Fr. Bartolome dei Prado, Religioso lego de la Prouincia de Castilla, vaian en la dicha Missión, que está ia aprobada y preuenida de todas las cosas necessárias, con esperança de que abra nauio en que embar- carse con breuedad, por ser ambos Religiosos mui importantes; el pnmero es mui practico en la lengua Portuguesa para intro- duzir la Missión en aquellos Reinos donde habitan muchos Portugueses y el segundo es enfermero, de que necessita la Missión, i [h]an sido admitidos dei deffinitorio y Monsenor Núncio pidio el consentimiento al P.e Vicario Prouincial de Castilla para hazer la subrrogación, 1 por esta razón no tuuo efecto, como no lo tendrá el fabor que V. Eminências nos [h]an hecho de poder subrrogar de las Prouincias de Espana, auiendo ellas de dar su consentimiento, pues con facilidad lo pueden impedir, no atendiendo al maior serujcio de nuestro
412
Senor Dios, y assi suplicamos a V. Eminências se nos quite este gravamen, tan opuesto al principal fin de la Missión, en que se defraudan y fruxtran muchas diuinas inspiraciones y la paternal prouidencia de Dios.
Tambien [h]a parecido al diffinitono mui conueniente acrecentar al numero de los doze que presentamos a V. Emi- nências y aora suplicamos a V. Eminências se dignen dar facul- tad al dicho diffinitorio para poderle aumentar, con aprobación de Monsenor Núncio.
Y porque esta Prouincia tiene en su distrito a Seuilla, que por su riqueza i piedad se halla en ella todo lo que las missio- nes dei Congo y esta [h]an necessitado, sin que cosa alguna se [h]aia buscado fuera, i solo es precisso el recurso de nuestro Rey 1 sus consejos para lo que se offreciere y sin razón lo [h]an pretendido impedir muchos dias a los Padres de Castilla, i a este fin informaron subrecticiamente a V. Eminên- cias, i assi suplicamos humilmente a V. Eminências se siruan dar nos facultad para este recurso i amparar nuestras causas, pues se encaminan al serujcio de nuestro Senor Dios y de V. Eminências, que su Magestad diuina guarde y prospere largos anos. / /
Jaen, y Henero 8 de 1646.
De V. Eminências
Humildes Sieruos y Cappellanes
Fr. Gaspar de Seuilla, Ministro Prouincial de los Ca- pucinos de Andaluzia y Prefecto da la Missiõ in Regnum Negritarum.
Fr. Fulgêncio de Granada, Primer diffinidor.
Fr. Joseph Francisco de Velez, Secretario dei diffini- torio.
APF — SRCG, vol. 110, fl. 35.
4'3
124
CARTA RÉGIA AO CONSELHO DA FAZENDA (15-3- 1646)
SUMÁRIO — ■ Socorro a enviar ao governador de Angola, para fortalecer o porto de Quicombo contra os ocupantes olandeses.
Tenho resoluto [a] respeito dos auizos que ultimamente se receberão de Francisco de Sotto Maior, gouernador de An- golla, que logo, e com toda a breuidade se lhe acuda com socorro. E que este conste de 300 inffantes em tres nauios, e que da Bahya se lhe mande da artelharia que aly há de sobejo algua, seis barcos para seruiço do que se ouuer de fazer, madeiras que lá se acharão a menos custo para guarneçer e for- tificar o porto de Quicombo, que hé o que tem por mais a pre- posito para sua asistençia naquelle Rejno, poluora, armas, e moniçoes ao respeito. E que isto com o mais que se lhe ouuer de enuiar, parta com toda a breuidade. O conselho da fazenda tendo o assim entendido disponha este socorro com todo o cal- lor, para que na forma sobredita possa partir a tempo que seia de effeito naquelle Rejno, pois como lhe hé prezente, qualquer delação que nisto haya pode cauzar damno irreparauel a meu seruiço e aos moradores, e mais vassalos que naquelle Rejno me seruem. / /
Em Lisboa, a 1 5 de março de 1 646 / /
Rey
ATT — Ms. 1.148, p. 23. (Miscelânea).
NOTA — Em carta de 6 de Setembro el-Rei insiste nos seguin- tes termos:
Pello muito que conuem partir com grande breuidade o socorro que tenho mandado remeter ao Reino de Angolla, a occupar certa paragem, antes que seia occupada por outrem e infructuoso o socorro por esta cauza, encomendo muito ao conselho da fazenda que logo que seia partido o socorro que agora uay para o Brazil, se trate com todo o calor do de Angolla, procurando parta quanto possa ser, enuiando as couzas e géneros de que ?e tem auizado, porque em ellas irem e a inffantaria que está distinada, consiste oie a maior parte da conseruaçaõ daquelle Reino. //
Lisboa, 6 de setembro de 646 / /
Rey
ATT — Ms. 1.148, p. 43. (Miscelânea).
4Z5
125
CARTA RÉGIA AO CONSELHO DA FAZENDA (4-5-1646)
SUMÁRIO — OpÕe-se a que de Angola se carreguem negros para os holandeses do Brasil, mandando tomar fiança aos arma. dores que faziam a viagem de Angola para o Brasil.
Fui informado que alguas embarcações dos particulares que estão para partir a Angolla, hiaÕ com animo de carregar de negros em Loanda para uoltarem com elles ás praças que os olandezes occupaõ no Brazil; para euitar este damno que hé taõ periudicial ao meu seruiço, como se deixa conçiderar. Hey por bem, e mando que o conselho da fazenda faça tomar fiança aos donos delles, e particularmente a Luis de Jardim, de naõ irem a Loanda nem tomarem nem trazerem carga de negros para os Olandezes, apertando esta diligençia na forma que pareçer ao conselho ./ /
Lisboa, 4 de mayo de 646. / /
Rej
ATT — Ms. 1.148, p. 28, (Miscelânea da Livraria).
ITINERÁRIOS - v ••' '
— ~ das fc ragtdos de (Benguela. ^
do eicravo rtniónio * 1* j\
*** • do socorro efe Mendonca - Sequeira — dia armada de Sotomauov. ao longo da 'Costa --- do socorro de Sotomator, do Juio ao Cuomo. /2i caravelas marcam locais de estaàename/do ou pauagesn « Os números incàccun Os dias • meses do estacionamento ou passagem.
Mapa dos Reinos de Angola e Benguela (Séc. XVII)
(Arquivos de Angola)
126
CARTA DE FREI FRANCISCO DE PAMPLONA AO SECRETARIO DA PROPAGANDA FIDE
(26-5-1646)
SUMÁRIO — Anuncia a sua chegada a Liorne, vindo do Congo — Pede que avise o sen Procurador Geral da sua arribada.
La paz dei Senor sea con vucstra Ilustrisima. Nuestro Senor ha sido servido que haya llegado a esta ciudad de Liorna hoy, vispera de la Santisima Trinidad, dei reino de Congo, donde fui mos bien recebidos y se hace tanto fruto, que los dias que estuve en el lugar de Pina (*) se bautizaron todos los dias a razon de 250 y 300 personas (2). El Padre Perfecto me envia con cartas para la sacra Congregación. Pienso me partiré de esta ciudad lunes. / /
Vuestra Ilustrisima envie un recado al Padre Procurador General para que este avisado, porque hay orden y excomunión para los que entraren sin licencia; yo la pediré de cerca de Roma. He querido dar a vuestra Ilustrisima estas nuevas, porque seran de su gusto. Nuestro Senor conserve a vuestra Ilustrisima con su gracia.
Liorna y mayo 26 de 1646.
Menor siervo de vuestra Ilustrisima,
fray Francisco de Pamplona / / indigno Capuchino.
APF — Lettere d'ltalia, vol. 46, fl. 205. (x) Leia-se: Pinda.
(2) É de se perguntar com que preparação catequética se faziam tão numerosos baptismos, a menos de um ano da chegada dos missio- nários Capuchinhos ao Congo. .:
27
4Z7
127
CARTA DE FREI FRANCISCO DE PAMPLONA AO SECRETÁRIO DA PROPAGANDA FIDE
(9-6-1646)
SUMÁRIO — Dá conta de que o não deixam p assar a Roma sem que venha licença do Procurador e fede lhe remeta ordem para que alguém o acompanhe até Roma.
La paz dei Senor asista a vuestra Ilustnsima Reverenda. Despues de haberme detenido 1 5 dias esperando al Provincial, ha determinado el Provincial no dejarme salir de Liorna hasta que venga orden dei Padre Procurador de Corte; suplico a vuestra Ilustnsima con toda brevedad me remita orden para que me acompanen, porque el companero quedo enfermo en Cales de Francia; a esta causa vengo padeciendo muchos tra- bajos. / /
Si vuestra Ilustnsima no vuelve por los misionanos que venimos forzados de la obediência, será insufrible la carga cuanto a lo temporal. No han querido que pase ni a la Província de Roma, asegurando no entrar en Roma sin orden. Suplico a vuestra Ilustnsima Reverenda me responda qué quiere que haga, con toda brevedad, porque deseo gozar dei pasaje dei Sr. Almirante de Castilla, que es gran senor mio. / /
Nuestro Senor conserve a vuestra Ilustnsima Reverenda en su gracia. / /
Liorna y junio a 9 de 1 646. / /
Menor siervo de vuestra Ilustnsima Reverenda,
fray Francisco de Pamplona / / indigno Capuchino.
APF — Lettere d'ltalia, vol. 46, f 1. 245.
418
NOTA — ■ O Padre Vigário da província, André de Liorna, escreve a Mons. Ingoli, em carta de 9 de Junho de 1646, consultan- do-o a propósito de Frei Francisco de Pamplona, capuchinho espanhol, que viera do Congo com obediência do Padre Prefeito. Este religioso fazia-se acreditar ainda com documentos da Propaganda Fide, do Nún- cio em Espanha, do Padre Geral da Ordem e cartas do Padre Prefeito. Havia grande dificuldade em o acompanhar por mar ou por terra até ao primeiro lugar da província de Roma, e como um breve de Urbano VIII proibia a todo o Religioso entrar em Roma sem licença de seus Superiores, desejava saber se em virtude dos documentos apre- sentados podia e devia mandá-lo acompanhar, porque multi multa dicunt e queria pensar bem de todos. A resposta serviria de pauta para o futuro.
APF — Lettere cTltalia, vol. 46, fl. 244.
4Z9
128
CARTA DE FREI MIGUEL DE CESSA AO PADRE GUARDIÃO DE SEVILHA
(12-6- 1646)
SUMÁRIO — Treslado de vna carta que el Padre Fray Miguel de Cessa escriuio / al Padre Guardian dei Conuento desta Ciu/dad de Seuilla, de los Padres Capucbinos, / que es vno de los dos Religiosos que despa/chò el Padre Prefecto desde los Reynos dei / Congo, y por quedar indispuesto no prosi/guio el viage, y desde Renteria la remitio, su / fecha en 12. de Iunio de 1646. anos. /
Mi Padre Guardian, la paz dei Senor sea con vuestra Cari- dad. Por vna carta dei Padre fray Angel de Valencia verá el discurso de nuestro viage, q fue muy bueno, gloria a Dios. A el Hermano Fray Frãcisco de Pamplona y a mi nos man- daron bolver a Roma a dar quenta a la sacra Congregacion, de la grande necessidad que ay de ministros en Congo, donde todos son Católicos, y no saben las Oraciones. Al fin bolvimos cõ el próprio Nauio hasta el Reyno de Venim, y tuuimos desgracia, que dimos en vnos baxos, y con vna tempestad se nos rôpio el timon, y el arbol mayor fue a la mar con otras muchas cosas, y perdimos la lancha, y vn Nauio de Olandeses nos amparo, y a el Hermano Fray Francisco y a mi nos encommendò a otro Nauio de Olandeses que yva a las índias con esclavos. Este nos lleuó quarenta dias, y nos dexò en vna isla sin queremos llevar. Era en la Isla todos Católicos, y estauan sin Cura. Alli estuuimos algunas semanas, y yo les administre los Sacrametos, que tenian todo recado. Y creemos que nuestro Nauio no pere- cio, sino que le ayudarõ y sacarõ dei peligro. A la isla donde
estávamos vino outro Nauio Inglês, y este nos amparo, y traxo á Inglaterra, dõde en vna Ciudad nos tuvierÕ 16 dias presos, y yo enfermo. Al fin nos dierõ passaporte para Frácia, y como yo estaua enfermo, fue fuerza q el Hermano Fray Francisco se fuesse a Roma. Yo quede en Cales, donde estuue dos meses maio en nuestro Convento, que me regalaron mucho. Lleva- ronme a Paris, y de alli vine a Espana, pero muy acabado. Sino fue la Mission de Andalazuia, aora avrá buena ocasion. A todos essos mis Padres mil saludes. / /
Fecha en Renteria a 12. de Iunio de 1 646 anos. / /
De vuestra Caridad siervo Fray Miguel de Cessa, Capuchino.
Com licencia, impressa en Sevilha, Por Iuan Gomes de Blas. Ano 1646.
BIBLIOTECA COLOMBINA (Sevilha) — 63-2-30. — Exemplar único, publicado em Portugal em Africa, Lisboa, Novembro-Dezembro de 1952, pelo R. P. Leite de Faria.
421
129
CARTA DA PROPAGANDA FIDE AO NÚNCIO EM MADRID
(15-6- 1646)
SUMÁRIO — Alguns Padres Capuchinhos da Província de Castela desejam ser incorporados nas missões da Província da Andaluzia, mesmo sem a aprovação do Provincial e Definitório da mesma Província, pouco amigos de missões.
Vacando buona parte dei luoghi de Missionarij Capucim di Andaluzia destinati alli Negriti, fanno instanza à questa Sacra Congregatione de Propaganda Fide alcuni Sacerdoti deiristesso Ordine, delia Prouincia di Castiglia, che si decreti loro la Missione sotto la Prefettura dei Prouinciale di Anda- luzia, senza altro consenso dei Prouinciale et diffinitorio di Cas- tiglia, che per essere poco amoreuoh delle Missioni, ncusano d'approuarli. Si desidera però, che Vostra Signoria si informi diligentemente di quel che iui conuenga di fare e ne dia qui auuiso; e per fine me le offero e raccomando. / /
Di Roma, li 1 5 Giugno 1 646.
APF — Letere Volgari, vol. 24, fls. 73 V.-74.
422
130
CARTA DA PROPAGANDA FIDE AO NÚNCIO EM MADRID
(16-6- 1646)
SUMÁRIO — Recurso de vários Padres Capuchinhos à Propaganda Vide, para serem enviados a missionar os infiéis — Dei. xa-se ao Núncio o esclarecimento do assunto.
Essendo ricorsi à questa Sacra Congregatione de Propa- ganda Fide alcuni Sacerdoti Capuccini delia Prouincia di Cas- tiglia, quattro de' quali fanno instanza d'essere annouerati frà li Missionarij Capuccini delia Prouincia d'Andaluzia alli Ne- griti, et altn 17 d'esser impiegati nella conuersione degl'jn- fedeli, non ostante la contradittione dei deffinitorio delia loro Prouincia, si è risoluto di incaricare, come si fà col mezo delia presente, la prudenza di Vostra Signoria, che dopo d'hauere inteso sopra le dette instanze il Padre Generale dei detto Ordi- ne, il quale sarà costi à visitare la sua Religione, determini secondo ch'ella stimerà piu ispediente al seruitio d'Jddio. / /
Dourà insieme significar qui à la Sacra Congregatione la determinatione che haura fatta, acciò che occorrendo si possano fare le speditioni per la missione delli detti Religiosi; e per fine me le offero e raccomando. / /
Roma 16 Giugno 1646.
APF — Lettere Volgari, vol. 24, í ls. 83- 83 v.
423
131
CARTA DO PADRE GONÇALO JOÃO A EL-REI (25-6-1646)
SUMÁRIO — Minas de Benguela e do Congo — Relações do Rei do Congo com os holandeses — Acção dos Capuchinhos Povoação, porto e fortaleza na foz do rio Cuanza.
Quarendo dar conca a V. Magestade de algúas couzas dc Angola, aonde estiue trinta e sinco annos, para onde me torna a mandar a obediençia nestes nauios que partem, me mandou V. Magestade fizesse este memorial.
Há em Benguella, aonde estiue, tres minas de cobre muito boas: e na era de 1620 mandou o Guouernador Manoel Serueira Pereira as mostras delle a El Rey de Castella e eu vi este cobre fundido, que pareçia ouro.
Há em Congo minas de prata, e cobre; e como El Rey de Congo fes vir os olandezes, e matar muita gente branca, fica tudo á disposição de V. Magestade.
Será neçessario ir ordem de V. Magestado ao Guouernador para se fazer diligencia sobre aquelles frades barbados (*) que forão para Congo, a onde dizem fizerão tomar a voz (2) de Castella.
Pella experiençia que tenho de Angola, será boa conue- niençia fazer-se a nossa pouoaçam iunto á foz de Coanza, e junta- mente húa fortaleza aonde aia porto para os nossos nauios que vam do Reyno, e Brazil.
(*) Referência aos Capuchinhos ou Barbadinhos. (2) No original: vos.
424
Sobre tudo hé neçessario que V. Magestade mande com breuidade socorro áquella praça, por ser de grande importância, porque sem Angola não há Brazil.
[Despacho a margem ] : Veja-se no Conselho Vltramarino, e havendo que consultar, se faça. Alcantara 25 de junho de 646.
(Rubrica de D. João IV)
AHU — Angola, cx. 3.
425
132
CARTA DO NÚNCIO EM MADRID AO SECRETARIO DA PROPAGANDA
(4-7-1646)
SUMÁRIO — Envia duas cartas dos missionários Capuchinhos acerca dos progressos realizados na missão do Congo — Refe- re-se a dois padres Capuchinhos mandados a Roma,
Ill.mo e Reu.mo Signor mio Osseruandissimo
Dal Padre Basilio Baldenugno, Cappuccino, essendo io stato richiesto d'inuiare á V. S. Ill.m* 1'aggiunte lettere, sodisfò uolon- tieri alia sua istanza, anche per non lasciare occasione alcuna di confermare á lei il mio continuo desiderio di seruirla.
Mi capitò, alcuni giorni sono, la copia d'una relatione circa 1 progressi, che hanno fatto ín seruitio di Dio e delia Religione Cattolica quei Padri Cappuccini (1), che furono due anni sono mandati al Congo; e se ben'io mi persuado, che la medessima notitia possa esser stata trasmessa costa, per uia di lettera, ò portata da due de' medessimi Padri, che come hò inteso, si erano incaminati uerso Roma (2), per dar conto di quanto occor- reua loro in quelle parti, tuttauia non essendone io sicuro, hò stimato mio debito inuiarla, come faceio, qui aggiunta á V. S. Ill.m&, con certeza che mentre non le sia ancora peruenuta, non possa esser senon di molto gusto alia Sacra Congregatione,
(*) A carta do Núncio em Madrid refere-se às cartas de Frei Boaventura de Alessano, de 4 de Junho de 1645 e de Frei João de Santiago, de 1 1 do referido mês e ano. Cfr. does. n.° 92 e 94.
(2) Referência aos Religiosos Frei Miguel de Cessa e Frei Francisco de Pamplona, de que falam os documentos precedentes.
426
et, á V. S. Ill.m& medessima, á cui ncordo la mia continua osser- uanza, e le bacio con tutto 1'animo le mani. / / Di Madrid, 4 Luglio 1646.
Di V. S. Ill.ma e Reu.,Da
[Autógrafo] : Deuotissimo Seruittore Obl.mo
Giulio, Arciu.0 di Tarso
APF — SRCG, vol. 247, fl. iiq.
133
CONSULTA DO CONSELHO ULTRAMARINO SOBRE AS MINAS E SOCORRO DE ANGOLA
(5-7.1646)
SUMÁRIO — Conveniência de socorro a Angola — Feito ele tratar das minas, lembrando que sem Angola não há Brasil.
Vendosse neste Conselho o papel incluso do padre Gonçalo João da Companhia de Jesus, sobre as cousas de Angola e suas minas (1).
Pareçeo dizer a V. Magestade que será conueniente tra- tarse logo de mandar este socorro a Angola, e feito elle, o que V. Magestade tem resoluto, e com isso comcluydo, e as cousas mais emtaboladas, se poderá entaõ tratar destas minas; e lembra o Conselho a V. Magestade que sem Angola naõ há Brasil, como refere o Memorial que se acusa, e se tem representado a V. Magestade.
Lisboa, 5 de Julho de 646.
aa ) Jorge de Albuquerque / João Delgado Figueira / Saluador Correa de Sá j Benauides / O Marquez de Montalvão
[Despacho à margem] : Agora que se acaba com o socorro do Brasil, tenho ordenado se entre logo com este de Angola. Lisboa, a 2 de agosto de 646.
(Rubrica de D. João IV)
AHU — Angola, cx. 3 — Cód. de Consultas Mixtas n.° 13, fl. 348.
(*) Cfr. documento n.° 131.
134
MISSIONAÇÃO DO ANO BOM E BENIM (17-7-1646)
SUMÁRIO — Escassez de missionários na ilha de Ano Bom e no Reino de Benim — Manda estudar o problema com informa- ções a prestar por Frei Francisco de Pamplona.
Neila nauigatione al Congo si troua unTsola chiamata Nouon (*) lontana di S. Tomé quaranta leghe in circa, e dalla línea equmotiale uerso íl Sur un grado e mezzo, habitata da mori, gouernati dà un Portughese che li fà lauorare à beneficio dei suo Signore Portughese e padrone di queH'Isola, la quale gli frutta da tre mille scudi in circa all'anno. Ne ui è alcuno che habbia cura di queH'anime, tutte cattoliche, ma ogni sei anni una uolta li uiene mandato un Sacerdote dà S. Tome, íl quale fermatouisi quindici giorni, se ritorna alia lui Isola. E quel Gouernatore dice non uolere accettare frati senza ordine di chi gli può comandare.
Neila medesima costa si troua un Regno chiamato di Benin, lontano dalla línea equinotiale uerso íl Nort[e], cinque o sei gradi, il Rè dei quale è cattolico e si tratta con gran polizzia all'u- sanza d'Europa, e sarebbe molto facile la conuersione de quei popoli circonuicini, et ogni sei anni uà in quel Regno da S. Tomé un Sacerdote, e fermatouisi 15 giorni, ritorna alia detta Isola.
APF — Memoriali, vol. 412, fl. 26.
(*) A designação estropiada de Insulam Nouon e de Regnum Bonin e Bonin, corresponde, exactamente, à Ilha de Ano Bom e ao Reino de Benim, no golfo da Guiné.
429
NOTA — No verso do documento pode coligir-se, em letra do Secretário da Propaganda Fide, Mons. Ingoli, a data de 17 de Julho de 1646, confirmada pelo documento seguinte:
Referente eodem Eminentíssimo D. Cardinali Estensi de Missio- nibus faciendis in Insulam Nouon (1), ad occidentale Affricae iacen- tem, et ad Regnum Bonin (*) in continenti Affricae praedicti lateris occidentalis, in quibus locis sunt Catholici sine sacerdotibus, et ad illos praefatae Insulae uisitandos, non nisi singulis sex annis ab Jnsula Diui Thoma; sacerdos unus accedit, et in prsefato Regno Bouin (1) est Rex Christianus, qui habet súbditos cum poliria uiuentes. / /
Sacra Congregatio iussit de praedictis locis, de personis mittendis, et de modo tenendo in expedirione Missionum praedictarum diligenrius informari eumdem Eminentissimum D. Cardinalem Estensem per fra- trem Franciscum de Pamplona, Capuccinum Laycum.
APF — Acta, vol. 17 (1646-1647), fls. 162 v., n.° 12, Congregação XXXV, de 17 de Julho de 1646.
430
135
CARTA DE FREI ÂNGELO DE FARNESE À PROPAGANDA FIDE
(17-7-1646)
SUMÁRIO — Oposição do provincial de Roma à partida do missioná- rio, sen castigo por pretender ir para o Congo e pavor suscitado no convento entre os outros religiosos.
Eminentissimi e Reuerendissimi Signori
Frat' Angelo da Farnese, Capuccino, diuotissimo Oratore dell'EE. W. R.me, humilmente 1'espone, come li giorni passati essendoli stato detto dal P. Ildefonso da Milano, Compagno dei M. R. P. Procuratore, se egli fosse andato uolontieri alie Mis- sioni dei Congo (*), scnuendo quel Padre Prefetto que messis est multa, sed operarij pauci, et hauendo questo accettato uolontieri 1'offerta dei Padre e preparandosi per quest'effetto, dal P. Prouinciale gli ne fú ascoltata la colpa in publico refetto- no di Roma, alia presenza di piú di 150 frati, con parole pun- gitiue, in modo che li poueri frati no hanno piú ardire di domandare d'andare alie Missioni, come se questo fosse cosa poco honorata, e infame, dubitando anche di nó essere persegui- tati dal detto P. Prouinciale, si come fà all'Oratore, poiche nõ solo Fhà mortificato in publico, ma di piu hà prohibito ad un frate, il quale s'era offerto d'andare per suo Compagno, che nõ pratichi ne parli con quello, e che no uada nella cella d'un'altro
(*) No original: Gongo.
43 1
jnfermo, per rendergli odiosi e il frate e la Missione, onde supplica l'EE. W. R.me uoglino prouedere cõ la loro prudenza al detrimento notabile che nceue tanto la Religione quanto la Chiesa stessa dei gouerno di questo Prouinciale. Che il etc. Si riceuerà per gratia. Quã Deus.
APF — Memoriali, vol. 412, fl. 41.
NOTA — O assunto foi tratado em sessão cardinalícia de 17 dc Julho de 1646, como se vê a £1. 46 v.
43 2
136
PROBLEMAS DA MISSÃO DO CONGO PROPOSTOS PELO PADRE PREFEITO
(17-7- 1646)
SUMÁRIO — Resposta da Propaganda Vide aos quesitos do Padre Boa- ventura de Alessano — O problema da sncesao do Bispo do Congo e Angola — Ideia de Bispo in partibus.
Referente eodem Eminentissimo D. Cardinali Estense statum Regni Conghi ex relatione Patns Bonauenturae de Ales- sano, Praefecti Missionis Capuccinorum in praedictum Regnum. Jn qua primo. Ingressum suum cum suis Socijs in praefatum Regnum per fluuium Zaire significabat; 2.0 fauores et gratias cjuas Missio suscepit a Comité Pinnae (1), magnate eiusdem Regni; 3.0 statum Religionis Cathohcae in eo Regno et opera- norum penuriam; 4.0 Mortem D. Aluari Régis, et successionem in Regnum D. Garziae eius fratns; 5.0 Abusus et errores quos Missio in eodem Regno obseruabit. Videlicet: pluralitatem vxo- rum, venditionem filiorum infra decennium constitutorum etiam haereticis Hollandis; 6.° Baptismum administratum plunbus infantibus a quinquennio infra non baptizatis ob defectum Sa- cerdotum, quorum illud Regnum extrema penúria laborat; 7.0 Regionem illam esse populatissimam, et propterea instabat pro noua Missione Capuccinorum, pro qua expediuit Fratrem Fran- ciscum de Pamplona, Capuccinum Laicum, praecipuum Mis- sionis Conghi institutorem et factorem, ob authoritatem qua pollet apud Regem Catholicum, et nonnulla petebat pro Missio- nis necessitate.
(*) Leia-se: Pindae.
28
433
Sacra Congregatio in primis iussit commendari diligentias praefati Fratris Bonauenturae ac Sociorum in praefata Missione inchoanda, et perficienda; 2° inter Missionanos Conghi adscri- psit infrascnptos Fratres Capuccinos, a Patre Procuratore Gene- rali eiusdem Ordinis propósitos, et approbatos, ad quem in pos- terum pro Missione praedicta Religiosis Capuccinis prouidenda uel augenda recurrendum esse dixit, et non uni tantum Pro- uinciae eamdem Missionem esse consignandam. / /
Fratres autem a dicto Patre Procuratore propositi et appro- bati sunt qui sequuntur:
Frater Dionysius de Placentia Concionator, quem Sacra Congregatio declarauit Vicepraefectum huius Missionis in iti- nere; Frater Joannes Mana a Pauia, Concionator, Prouinciae Bononiae; Frater Bonauétura de Coreglia, Concionator, Prouin- ciae Aragoniae; Frater Luduuicus Antonius de Malega, Con- cionator, Prouinciae Andaluziae; Frater Franciscus de Veas, Concionator, Prouinciae Castellae; Frater Antonius de Teruel, Concionator, Prouinciae Valentiae; Frater Franciscus a Cilento, Concionator, Prouinciae Lucaniae; Frater Joseph a Pernambuc, Concionator, Prouinciae Castellae; Frater Petrus a Rauenna, Sacerdos, Prouinciae Romanae; Frater Antonius Maria a Monte Prandone, Concionator, Prouinciae Piceni; Frater Seraphinus a Cortona, Concionator, Prouinciae Tusciae; Frater Hieronimus de Monte Sarchio. Sacerdos, Prouinciae Neapolitanae; Frater Felix de Vigliar. Laicus, Prouinciae Aragoniae; Frater Joannes de Rouezzano, Laicus, Prouinciae Tusciae. / /
2.0 quoad petitiones Praefecti, Sacra Congregatio, de gla- dio uulgo stocho, benedicto a Papa, ad dictum Comitem Pin- nae (*) mittendo, dixit pleniores informationes de dicto Comité a Fratre Francisco de Pamplona praedicto assumendas esse, ut in sequenti Congregatione possit ad huiusmodi petitionem pre- cise responden. Pro metalleis et coronis emendis, pro quibus
434
erit a Sanctissimo obtinenda benedictio cum indulgentia ex- traordinária, ad Conghum deferendis, scuta decem decreuit. Pro reliquijs uero iussit adiri Eminentissimum D. Cardinalem Ginettum, S. D. N. Vicarium, et pro Agnus Dei eiusdem Sanctissimi Domini Vestium Custodem, et quoad licentiam negotiandi ín Regnis Régis Catholici pro magistro nauis qui Missionários duxit in Conghum, promittentis se ducturum sem- per quoscumque Missionários ad Conghum dirigendos, si eam a praefato Rege Catholico, mediante Nuntio Hispaniarum con- sequatur, Sacra Congregatio iussit plenius informari Eminentis- simum D. Cardinalem Albornotium, ut possit discuti huius- modi articulus, an licentia sit a Rege petenda. Nomen autem magistri nauis est Joannes Bernardus. / /
Et denique quoad Episcopum Angolae in locum mortui Episcopi creandum, ob necessitatem, quam de Pastore habet Conghus, Sacra Congregatio nihil potuit decernere, cum a controuersia inter Regem Catholicum et Lusitanos dependeat. Nonnulli tamen Patres dixerunt posse Sanctissimum aliquem creare Episcopum cum titulo in partibus infidelium cum admi- nistrationem Angolae et Conghi. / /
3.0 Quoad abusus, praecipue venditionem fihorum, Sacra Congregatio dixit huiusmodi contractum esse illicitum, prae- sertim si fiat cum haereticis, illumque pro posse, prudenter tamen, esse tollendum, sicut et alios abusus, quos Missionarij contra Legem Diuinam et Christianam disciplinam in eo Regno irrepsisse compererint. / /
4.0 Et postremo, Breue et Litteras petitas decreuit ad dictum Comitem et alios, ut in Memoriali.
APF — Acta, vol. 17, fls. 165-167 v., n.° 17. — Sessão cardina- lícia n.° XXXV, de 17 de Julho de 1646. — SRCG, vol. 247, fls. 139- -139 v.
NOTA — Na congregação cardinalícia de 3 de Agosto do mesmo ano foi tratado o problema da bênção do estoque para o Conde de Sonho, nos termos seguintes:
435
Referente eodem Eminentíssimo D. Cardinali Albornotio info- mationes assumpas de gladio a Sanctissimo Domino Nostro benedicto iuxta Praefecti Missionis Conghi petitionem, Comiti Pinnae (1), Domino principali in eo Regno, Sacra Congregatio audita aemulatione inter dictum Comitem et Regem Conghi existente, ita ut quanquam inter eos bellum exarserit, quae posset ob dicti gladij Missionem ad dictum Comitem augeri, cum praeiudicio Missionariorum, censuit pro- nunc non esse gladium praedictum ad praefatum Comitem mittendum, sed modo sufficere, ut ei gratiae agantur nomine Sanctissimi et Sacrae Congregationis de ijs quae praestitit et fecit pro prioribus Missionarijs.
APF — Acta, vol. 17, fls. 179-179 v., n.° 12.
43 6
137
CARTA DO PADRE JOSÉ DE LISBOA AO SECRETÁRIO DA PROPAGANDA
(28-7-1646)
SUMÁRIO — Tendo sido nomeado missionário para o reino dos Negri- tas e não se realizando tal misão, deseja ir para o Congo.
Illustnssimo Senor, my Senor
Los dezeos que siempre he tenido de predicar el Santo Euangelio, en tierra de infieles, me ha obligado a solicitar con todos los médios posibles, y auiendo Dios nuestro Senor sido seruido de que la Sacra Congregacion, de Propaganda Fide, me hisiese honrra y fauor, de senalarme por uno de los Reli- giosos Missionários desta Prouincia de la Andaluzia, de los frailes menores Capuchinos, de N. P.e San Francisco, in Reg- num Nigritarum, por causa de las guerras, y falta de embarca- çion para aquellas partes, se dilata de tal suerte la Mission, que oy está imposibilitada. / /
Por lo qual suplico a V. S.a Illustrissima se sirua de con- tinuar el fauor, y conseguir de la Sacra Congregacion, uaja con los Religiosos que ande ir al Congo al mismo effecto de pre- dicar nuestra Santa Fe. Pues como sabe V. S.a Illustrissima, embian a pedir mas Missionários. Io le tengo notable affecto aquella tierra, y particular inclinacion, por saber la lengua que ally hablan. Y fiado en el amparo de V. S.a Illustrissima no tendran mys dezeos el logro que pretendo, a quien Nuestro Senor guarde como puede, y dezeo, para bien de su Iglesia. //
437
Deste Conuento de los frailes Capuchinos de Cadiz, en 28 de Julio de 1646 anos.
Besa la mano de V. S. Illustrissima
Su menor Capellan
Fr. Joseph de Lisboa. Sacerdote Capuchino. APF — SRCG, vol. 145, fl. 280.
438
138
CARTA DA PROVÍNCIA DE CASTELA AOS CARDEAIS DA PROPAGANDA
(27-8-1646)
SUMÁRIO — Pedem uma missão de treze Religiosos seus, no Reino do Congo — Que fosse nomeado Prefeito o Provincial e um Vice-Prefeito — Que os missionários fossem examinados e aprovados previamente pelo Definitório provincial.
Eminentissimi et Reuerendissimi Domini
Cum ex praescripto Domini Vrbani 8, atque Vestrarum Eminentiarum, Religiossi nostn Ordinis numero tredecim Missionanj, in Regnum Congi directi fuerint, qui vt certa rela- tione cognouimus, magnos progressus in vinea Domini atque in animarum salute procuranda breuissimi temporis spatio efe- cerunt; quae cum in nostra Castellae Prouintia nuntiata sint, multorum Religiossorum eiusdem Prouintiae ad laborandum in eadem Dei vinea et ad infidelium illius Regni animas ad aeter- nam vitam dirigendas, animi et affectus erecti sunt, maxime cum certo nouerint messem quidem esse magnam, operários vero paucos. / /
Quapropter enixe a Nobis deprecati sunt, vt ad Vestrarum Eminentiarum pedes humiliter postrati efflagitemus: vt huic Prouintiae Castellanae aliam Missionem ad praedictum Regnum Congi concedatis Missionanorum numero non amplius quam tredecim, vt Apostolici Collegij typum teneat. Et vt ad deside- ratum exitum dieta missio perducatur, humiliter petimus, vt Vestrae Eminentiae Patrem Prouincialem huius Prouintiae, qui pro tempore fuent, praefectum eiusdem Missionis consti-
439
tuant, potestate eidem concessa, simul cum diffinitione eiusdem Prouintiae, examinandi, aprouandi et assignandi ad praefatam Missionem illos quos idóneos iudicauennt, et similiter Vice- praefectum constituendi. Et quia ex assignati aliqui infirmari, vel alio quopiam impedimento praepedin poterunt: vt Illustris- simus Sanctissimi in hispaniarum regnis Nuncius examinatos, et aprobatos a Prouinciali et Diffinitonbus, subrrogare possit, eidem Illustrnssimo Domino Núncio commitatis, et gratias atque facultates ad ministerium praedictum exequendum prio- nbus Missionariis concessas, his Missionaras elargiatis. / /
Illud etiam pro comperto habentes, Praelatos huius Pro- uintiae Missiones ad infidelium animarum salutem procurandas, a Sacra Vestrarum Eminentiarum Congregatione directas, summo affectu prosequtos fuisse, et nulla ratione eisdem infen- sos, solumque inordinatam aliquorum solicitudinem odisse, et execrasse, qui sine Praelatorum notitia et examine, seipsos idó- neos superbe íudicantes, ad dietas Missiones assignan surreptitie curarunt. Ex quo máxima inconuenientia in dies oriri poterunt, et ex similium hominum numero muitos in alns Missionibus in índia, atque in diuersis mundi partibus retrocessisse, et ad infidelium sectas ad cultum ventris et ad luxunae faeces decli- nasse constat. / /
Igitur, Eminentissimi Domini, Valete in Domino, et in ípso nos charos habentes, a vobisque enixe suplicamus vt his nostns littens annuuentes, responssum benignum concedatis, vt ardentíssimo Religiossorum huius Prouintiae Sancti Euan- gehj propagandi dessiderio fiat satis. //
Dattum Matriti, Toletanae diaecessis, die 27 Augusti anni 1646.
Vestrarum Eminentiarum humilimi serui et filij Prouin- cialis et Diffinitores Prouintiae Castellae Capucinorum //
44°
aa ) Fr. Leander a Murcia, Minister Prouincialis
Fr. Alexander a Valencia, diffinitor
Fr. Bonauentura a Toleto, diffinitor
Fr. Franciscus a Tecla, diffinitor
Fr. Bernardinus a Quiroga, diffinitor
Eminentissimi Reuerendissimi Domini
Cardinales S. Congregationis de Propaganda Fide.
APF — SRCG, vol. no, lis. i-i v.
44 1
139
CARTA DO PROCURADOR GERAL DOS CAPUCHINHOS AOS CARDEAIS DA PROPAGANDA FIDE
(Julho— 1646)
SUMÁRIO — O problema da provisão de missionários da Missão do Congo — Apresentação de novos missionários para apro- vação da Propaganda Vide, destinados àquela Missão.
Em."1 e Rev.mi Signori,
II Procuratore Generale de' Capuccini espone humilmente all'EE. VV. RR.me come è impossibile íl poter assegnare ad una sola, o pm Provincie delia sua Religione íl provedere dè Missionanj íl Regno dei Congo; mentre ne una ne 3, o 4 Pro- vinde assieme hanno tanta abbundanza de Frati di poterne somministrare la quantità, che richiede, e sempre pm nchiederà 1'ampiezza di quel Regno, onde stima necessário lasciare la cura di tal facenda al Generale, e Comissário General delia me- desima Religione per provedere quel Regno de Frati atti ad un tanto ministero. E di presente attesa 1'instanza dei P. Pre- feito di quella Missione propone all'EE. Loro li sottoscntti sog- getti, Frati tutti dotati di spirito, e qualità bisognevole per il servitio di Dio, e propagatione delia fede in quelle parti, frà quali ve ne sono sei de' nominati da quel P. Prefetto, mentre gli altn per la notitia che se ne ha, non sono molto approposito. Si è ancora havuto nguardo ad elegerne 5 delle provincie di Spagna per indurre que' Supenori à piu facilmente addoperarsi per trovar 1'imbarco per il Congo; però supplica humilmente l'EE. Loro ad approvare 1'infrascntti come li piu habili, ed
approposito, fra quelli si sono sin hora esibiti a questo Sacro Tribunale. II che, etc.
P.° P. Dionísio da Piacenza P. Província di Bologna. E questo si potrebbe eleggere Vice Prefetto per íl viaggio.
2.0 Gio. Maria da Bologna P. Província di Bologna.
3.0 Bonaventura dà Coreglia P. Província di Aragona.
4.0 Luibi Antonio da Malega P. Província d'Andalucia.
5.0 Francesco da Veas P. Província di Castiglia.
6.° Antonio da Teruel P. Província di Valenza.
7.0 Francesco da Cilento P. Província delia Basilicata.
8.° (Cortado).
9.0 (Cortado).
10. ° Serafmo da Cortona P. Provincia di Toscana.
1 1 . ° Antonio Maria da Monte Prandone P. Provincia delia
Marca.
12.0 Girolamo da Monte Sarchio Sacerdote Provincia di Napoli.
13.0 Felice da Vigliar Laico delia Província d'Aragona. 14.0 Gio. da Rouezano Laico delia Provinda di Toscana.
P. Simpliciano da Milano Procuratore e Commissano Ge- neral de Capuccini supplica humilmente che li sopranominati siano ammessi da questa S. Congregazione come atti a tale Ministério.
APF — SRCG, vol. 247, fls. 140-140 v.
443
140
MEMORIAL DE FREI FRANCISCO DE PAMPLONA AO CARDEAL PREFEITO DA PROPAGANDA
(Julho — 1646)
SUMÁRIO — Propõe os meios que julga aptos para conduzir missioná- rios às novas missões de Ano Bom e reino de Benim.
t
Eminentisimo Senor
Fr. Francisco de Pamplona, religiosso lego Capuchino, dice que para que admitan religiosos en la Ysla de Nouó (1), an de yr por orden de Portugal o dei gobernador de Santo Tomé, a quien está sujeta; que los que hubieren de yr al Reino de Benin podrán yr sin esta atençión, como mejor pareçiere a vuestra Eminência. / /
El médio que se le ofreçe es que la Sacra Congregaçión haga que Su Santidad haga la costa dei nauio, que se hallará quien baya o flete nauio extranjero por cantidad de çinco mil ducados, con que se ba siguro de los enemigos de la fe. Asi mesmo se puede comprar un patachuelo, y aprestado y probeido de lo neçessario para yr a [hjaçer este seruiçio a las almas, juzga que cuidandose de la candad de los fieles, se podrá [h]açer a costa de tres mil escudos, que dé Su Santidad. / /
Si no pareçieren a propósito los dichos, se le ofreçe uno de menor cantidad: casso que hubiere nauio que Hebe los Reli- giossos al Congo, se compre un barco luengo con lo neçessano,
(*) Ano Bom, no Golfo da Guiné.
444
para que dei Congo bayan los Religiosos a las partes referidas; costará el barco 600 escudos y el sueldo de los manneros 900 o mil. Si nada de lo dicho fuere a propósito, yr confiados en la Prouidençia diuina a ber qué dispone su diuina Majestad. Si la relaçión fuere corta, le disculpe la falta de salud con que anda dias [h]a. Respondera a todas las dificultades que se ofreçieren a la Sacra Congregación, a más de [h]aber relaciones más dilatadas en poder de Monsenor Inguli.
Sierbo yndigno de Vuestra Eminência
fr. Francisco de Pamplona / / yndigno Capuchino
APF — Memoriali, vol. 412, fls. 210-210 v.
445
141
ACÇÃO DE FREI FRANCISCO DE PAMPLONA NO REGRESSO DO CONGO A ROMA
(Agosto — 1646)
SUMÁRIO — Vem do Congo a Roma pedir reforço de missionários para o mesmo reino — Procura excluir os italianos e nomear apenas espanhóis, para induzir ou reduzir aqueles povos a obediência política do Rei de Espanha.
II Prefeto dei Congo nmanda due de suoi Compagni a sup- phcar íl Papa si vogha degnare di mandar altri Frati per agiuto dt quella Missione.
Nei principio di questo medesimo mese di Giugno giunse in Roma Fr. Francesco de Pamplona, Laico, che ai secolo haveva servita la Corona di Spagna di Capitan generale per mare e per terra, e però restando molto grato à quella Corona anco nella Religione, fu ascntto dal Bonauentura d'Alessano, Prefetto dei Congo, tra gli altri suoi compagni per 1'impresa di quelle Mis- sioni, e gh fu di non poca utilità per quel viaggio. Questo porto nuove come íl detto Prefetto con gl'undici compagni assegnatigli era giunto in quel Regno 1'anno avanti al fine di Maggio, con grandissimi patimenti e che volendo dar in terra nel Contado di Pinna (1), furono incontrati de vascelli Olan- desi che 1'intimorno guerra, e fecero il possibile per impedir lo sbarco, si che si trovorno piu volte a gran pericolo delia vita tutti li nostri, ma protetti dalla Diuina mano, alia quale cal- damente s'erano raccomandati. / /
Restati libn de quel pericolo furono ncevuti con singolar devotione et applauso da quel Conte e da tutto il popolo, e per-
(*) Leia-se: Pinda.
H6
ché nella prima occhiatta di quei Paese s'accorsero che messis erat multa, operarij autem pauci, consigliati assieme tutti, si risolse che dovessero tornar indietro dui di loro, acciò piíi effi- cacemente dovessero alia S. C. de Propaganda Fide et al Papa la gran necessita di quei popoli ciechi et abandonati, senza alcuna guida per la Strada dei Cielo, acciò mosso à pietà la S. Santità con gl'Eminentissimi delia sudetta Congregatione si compiacessero destinar in quelle parti maggior copia d'Ope- rarij, giache molti dé nostri di diverse Provincie s'offrivano d'andare, e particolarmente delia Provincia nostra Romana.
Ma giunto finalmente detto F. Francesco de Pamplona in Roma, senza íl destinato compagno, qual era restato nel viaggio infermo, cominciò a trattare con la S. Congregatione e col Papa, per mezzo di alcuni Cardinali Spagnoli d'escludere 1 Frati Itahani da detta Missione, e di condurre solo Frati Spagnoli, per indurre e ridurre quei popoli dei Congo alia devotione dei Rè di Spagna. Ma essendole stato opposto gagliardamente sopra di ciò, fu rimossa in petto dei P. Procuratore nostro Generale la nominatione de Frati che devessero andare, quale nominò 6 Spagnoli et 8 Italiani di diverse Provincie, cioè dalla Pro- vincia di Bologna il P. Dionísio de Piacenza et íl P. Giovanni Maria di Pavia, Predicatori; dalla Província di Napoli il P. Gironimo da Monte Sarcio, Sacerdote; da quella di Basilicata il P. Francesco dal Cilendo, Predicatore; dalla Marca il P. An- tonio Mana da Monte Prandone, Predicatore; dalla Toscana P. Serafino da Cortona, Predicatore e Fra Giovanni da Rovez- zano, Laico, e dalla nostra Província di Roma il P. Pietro di Ravenna, Sacerdote di boníssimo spinto, Guardiano in atto nel Convento di Farnese, e però chiamato a Roma, dove fatte le necessane provisioni e speditioni, alia fine d'Agosto di quest'anno 1646 s'inviò per Spagna in compagnia dei detto F. Francesco da Pamplona.
APRC — Annali delia Provincia di Roma, II vol., p. 209 e sgs.
447
142
CARTA DO PADRE BOAVENTURA DE ALESSANO AOS CARDEAIS DA PROPAGANDA FIDE
(3- io- 1646)
SUMÁRIO — Propõese enviar a Roma, como embaixadores do Rei do Congo, os Padres Ângelo de Valência e João Francisco de Roma, a relatar oralmente o estado religioso do país, que julgava em grande parte ainda critão e católico.
Eminentissimi Signori
Desiderando grandemente íl Signor D. Garzia II, Rè dei Congo, di mandare Ambasciatore á cotesta Santa Sede Apostó- lica, quale apertamente potesse á bocca manifestare ai Sommo Pontefice, et all'Eminenze Vestre, le calamità e misene, par- ticolarmente spirituali, ín che si ritroua il suo Regno, per man- camento de Ministn Euangehci, ne potendo per hora, per causa de uari) impedimenti, mandar alcuno de suoi con tal carico, mi hà fatta instanza, che 10 uolessi assegnar due de nostn Padn, quali desideraua mandarli costi per suoi Ambasciatori: e se bene per la penúria de Missionanj, e per la necessita ín che si ritroua questo Regno di Operanj Euangelici, mi constnngesse per una parte á non condescendere á tal dimanda; nondimeno considerando la grauità dei fatto, mi sono nsoluto, con il con- senso degl'altn Padn qui presenti, di destinar á tal vfficio il Padre Angelo de Valencia, et il Padre Giouanni Francesco de Roma, Predicatori Capuccini e Missionarij Apostolici in questo Regno, quali per esser lett[e]re uiue, che potianno á pieno informare 1'Eminenze Vestre dello stato miserabile di questo Regno, ancor che in gran parte Christiano e Cattolico, non
448
mi stenderò a darle relatione, tanto dei fehce successo delia nostra Missione, come anco delia inesphcabile deuotione di questo Rè alia nostra Rehgione, e delia necessita che hà questo Regno di esser prouisto di Vescoui e Religiosi, nmettendomi in tutto e per tuto all'informatione che le daranno detti Padri; solo supphcarò humilmente 1'Eminenze Vestre che per quel santo zelo, che hanno delia gloria di Sua Diurna Maestà e delia salute deH'anime, che si degnino sentir da detti Padri Io stato lagnmeuole in che si ritroua questo Regno, che già 160 anni in circa riceuè la Fede Cattolica, senza già mai hauerla perduta, e la necessita che tiene di esser aiutato da cotesta Santa Sede Apostilica; e uísta e ponderata tal necessita, uoglino per ogni modo dar soccorro et aiuto á queste pouere genti, quali fanem ■petunt, nec est qui frangat eis (*) ; e qui finisco di piíi a darle humilissimamente, inchinandomele, con augurarle dal Signore íl colmo dogni uera felicita. / /
Da S. Saluatore, 3 de Ottobre 1646.
Di Eminenze Vestre Reuerendissime
Humihssimo e Deuotissimo Seruo nel Signore
Fra Buonauentura d'Alessano Capucino Prefeito delia [Missione].
APF — SRCG, 247, fl. 182.
29
Q) Trenos, IV, 4.
H9
143
CARTA DE D. GARCIA II REI DO CONGO A D. FILIPE IV REI DE ESPANHA
(5- io- 1646)
SUMÁRIO — Manifesta a sua amizade feio Rei de Espanha conde- nando as revoltas contra ele, especialmente a indepen- dência de Portugal — Ocupação de Luanda pelos here- ges — Agradece desvanecido o envio dos Capuchinhos — Manda como embaixador Frei Ângelo de Valência.
Sacra Real Magestad
Muito hei deseiado se offeressesse occasiaõ em que pudesse manifestar o affetto do meu coração para com a Pessoa de V.a Magestade Cattholica, e sua Real Coroa: e o sentimento que hei tido das eleuacioes que contra elha ha auido. Este manifeste em publico dizendo meu sentir contra os rebelos de V.a Ma- gestade, quando elhos se persuadeuam auia de aprobar sua accion, e la de seu Rey entruso. NaÕ dexó isso de gerar em seus ânimos aborresimento a minha Pessoa, e Reyno. El, e eu esperimentamos os danhos de estes desatinos, pois de lançe em lançe ha uindo hum Porto, e Plaza, que era de tanta ímpor- tanza á V." Magestade Cattholica, em poder dos emfieis eni- migos da nossa Santa Fé: os quais se bem se me uendem por amigos, me fazem o maior danho, priuandome do bem maior, empidendo quanto de sua parte podem ó ingresso dos Ministros Euangelicos em meu Reyno, que é o que sobre tudo sento. / /
Para fugir tantos danhos, mntamente agradecer á V.s Ma- gestade Cattholica á grande mercede, que ha feito á mim, e a tudo meu Reyno em dar embarcação si liure, e prouer de tudo
45°
o necessário com tam franca, e liberal mano, como tam Cattho- lico, e Christianissimo Rey aos Religiosos Capuchinhos Mis- sionários, que Sua Santidade me ha mandado, he resoluido suposto que agora naõ é possible uam algunos dos meus, nomear por meu Embaxador ó P.e Frei Angel de Valencia, Predicador Capuchinho, fidelíssimo uassalho de V.a Magestade, e Mis- sionário Apostólico em este Reyno do Congo. E representará á V.a Magestade fielmente, tudo ó que á bocca le tenho comu- nicado, e tam bem ó que Sua Santidade, como Padre e Pastor uniuersal da Igreja, será seruida recomendar á V.a Magestade em beneficio desta Christandade, e spero em Deus será meio efficas ó que tomo, para que se logram meus desejos de que ueia establecida e dilatada a Santa Fé Cattholica em meus Reynos, e em possessiaõ pacifica dos seus á V.a Magestade Cattholica, cuia Sacra, e Real Pessoa guarde ó Ceo. / / Congo 5 de Outubre 1646.
a ) Rej dom Garcia + AGS — Secretarias Provinciales, Maço 2639.
NOTA — De toda a evidência a carta foi escrita por um missio- nário Capuchinho, espanhol ou italiano, mais provavelmente pelo pró- prio Fr. Ângelo de Valência.
45 1
144
PETIÇÕES DE D. GARCIA II REI DO CONGO A D. FILIPE IV DE ESPANHA
(5- io- 1646)
SUMÁRIO — Série de fedidos que o Rei D. Garcia envia a D. Filipe IV de Espanha, em matéria de armada para a conquista de Luanda, governo, minas e missionários Capuchinhos.
Peticiones dei Rey dei Congo D. Garcia II, a la / Magestade Cahtolica dei Rey de Espana / Nuestro Sefíor
1 — Primo que su Magestade Catholica se sirua embiar armada competente por mal al puerto principal de Angola, hechando parte delia en el de Pinda, o Rios de Dandi, o Vengo, para que junto con su gente (que tendrá preuenida) pueda facilmente tomar la Ciudad y puerto de S. Pablo de Loanda.
2 — Suplica tambien que los Gouernadores que ponga alli su Magestad no sea vno solo, sino dos, para que con mas acierto y madureza este gouernada aquella Plaça.
3 — Que a dichos Gouernadores les ordene conserue siem- pre la paz y vnion con los dei Congo, y se ayuden y valgan los vnos à los otros contra otros enemigos quando la ocasion lo pidiere.
4 — Que los tales Gouernadores, soldados o moradores que su Magestad embiare para recidir, o habitar en aquellas partes de Angola, en ninguna manera sea Portuguesses (*).
(*) Este documento, anexo ao precedente, pelo que lhe damos a mesma data, está escrito no mesmo espírito. Não admira, antes é natural, que para conseguir do Rei de Espanha o que lhe solicitava,
452
5 — Que se sirua su Magestad dar embarcaciõ a los Reli- giosos Capuchinos Missionários que su Santidad embiare al Reyno dei Congo.
6 — Suplica tambien se sirua su Magestad embiarle dos o tres mineros, hombres entendidos en la matéria, para que descubra las minas de oro y plata que ay en su Reyno.
AGS — Secretarias Provinciales, Maço 2639.
não quisesse que este lhe enviasse Portugueses. Dada a revolução e independência de Portugal, em 1 de Dezembro de 1640, o pedido era verdadeiramente desnecessário...
453
145
CARTA AO PAPA INOCÊNCIO X SOBRE A NOMEAÇÃO DOS BISPOS
(1646)
SUMÁRIO — Que fosse confirmado o Bispo apresentado por D. João IV para o Congo — O expediente de Administrador Apostólico era sofístico, contra o direito e a própria bula da criação da diocese, portanto inaceitável.
Beatíssimo Padre
Hauendo inteso s'insta a la Santità Vostra per Adminis- tratore delia Chiesa di Congo che amministn le cose, che non si possono hauer si non di Vescouo, e credendosse per certo, che il motiuo sia zelo delia Religione, e delia propagatione delia fede, e proueder a la salute di quell'anime tanto necessitate, in ogni modo perche la Santità Vostra habbia maggior campo di eleger quello che sarà effetiuamente di maggior seruitio di Dio, se supplica a degnarse d'hauer benigna consideratione.
i.° Che 1 motiui, che hora si fano per la prouisione de Administratore sono gli stessi che fà Sua Magestà di Vescouo già di lui nominato. / /
2.0 Che Sua Magestà, la quale hà tanto senso di non si preiudicare nella nomina di quei Vescoui, non si potra si non stimar delusa con una sola differenza di nomi, poiche secondo il Ius, li Administraton di Chiese Uacanti habent potestatem ordinariam, e non essendo d'altro canto li Vescoui si non Admi- nistratori delle Chiese, il stesso è prouedere di Administraton, che proueder di Vescoui. / /
3.0 Che non solo si potra Sua Magestà estimar delusa con questa sola differenza di nomi, ma molto piu è fatto di pre-
454
chedersegli per questa via il obtener delia Santa Sede e Santità Vostra la prouisione è preiudicante al ias che hà, e al possesso, perche come ensegnano 1 Dottori, una uolta, che il Papa con- cede Administratori a la Chiesa Catredale per oppositionem manus preuidica al tus elegendi et nominandi. / /
4.0 Perche essendo la Chiesa di Congo, per expressa con- cessione delia Sede Apostólica, de praesentatione pro tempore existentis Régis Portugalliae utpote dotata ex eius redditibus, come expressamente dice la Bulla delia eretione, hauendo Sua Magestà nominato D. frà Christophoro di Lisbona, persona molto degna, non si può dire che non sia preiudicata dandogh. V. Santità Administratore, e non il stesso da lui nominato. Massime hauendo Sua Magestà delia Sede Apostólica il ius nominandi li Administratori delle Chiese, che sono nelli suoi dominij, come ancora uene preiudicata leuandosegli il pnui- legio che hà, de che non possa forastiero habber beneficio, ni meno Prelatura ín suoi regni, e il contrario uensimilmente la tale prouisione di Administratore, non solo non portarebbe remédio a i mali, che ui sono, ma causarebbe da uantaggio, per la raggione di Stato, grandi disgusti e consequenze, che la Santità Vostra, secondo la sua gran prudentia [e] zelo desi- dera euitare, non dando remédio, che porta certo pencolo al infermo, senza speranza di liuramento, contra quello che il lus tanto racomanda; in la nomina d' Administratori non se deue attender al nome, ma a la intentione di qui nomina.
BADE — Cód. CVI/2-9, fl. 477.
NOTA — Sem data nem assinatura, o documento parece-nos ser de 1646, ano em que se tratava em Roma de solucionar o grave pro- blema da provisão das dioceses ultramarinas de Portugal, à margem das normas estabelecidas pelas próprias bulas de fundação. Quanto ao autor julgamos que seja o Padre Nuno da Cunha, S. J., assistente da Companhia de Jesus em Roma e encarregado de negócios de D. João IV de Portugal.
455
146
CARTA CREDENCIAL DO REI DO CONGO AOS EMBAIXADORES CAPUCHINHOS
(5- io- 1646)
SUMÁRIO — D. Garcia.Afonso II nomeia seus embaixadores à corte de Roma dois missionários Capuchinhos, um espanhol e outro italiano, com plenos poderes em matérias impor- tantes a tratar para bem e utilidade da coroa do seu reino.
LITTERAE CREDENTIALES
Beatissime Pater
Hisce meis credentialibus Iitteris et scriptura, a me subs- cnpta et sigillo meo régio munita, constituo et declaro oratores meos ad Sanctitatem vestram RR. patres fr. Angelum a Valen- tia et fr. Joannem Franciscum a Roma, concionatores capucinos et hujus regni Congi missionários apostólicos, íisque omnem meam potestatem et facultatem loquendi, et matérias cum Sanctitate vestra, bonum et utilitatem hujus coronae Congensis concernentes, tractandi haud aliter, ac si ego personaliter vel ín própria mea regia persona íd agerem, attnbuo; hinc et ípsis plena in omnibus adhibeatur fides, et omne íd quod ípsis trac- tabunt et determinabunt cum Sanctitate vestra, ego ceu bene factum, firmum et validum habeo.
Congi, 5 Octobris 1646.
Sanctitatis vestrae Filius obedientissimus
Rex Dom Garcia
456
GIOVANNI FRANCESCO ROMANO — Relazione delia Mis- sione de Frati Capucini al Regno dei Congo, Napoli, 1648, p. 50.
— MICHAEL A TUGIO Obr. cit., VII, p. 197. — PAIVA
MANSO — Historia do Congo, Lisboa, 1877, p. 187-188. — D. JO- SEPH PELLICER DE TOVAR — Mission Evangélica al Reyno de Congo, Madrid, 1649, fl. 38 v.
457
147
CARTA CREDENCIAL DO REI DO CONGO AOS EMBAIXADORES CAPUCHINHOS
(5-10-1646)
SUMÁRIO — Vide documento precedente.
Copia delia lettera di Credenza, che íl Rè dei Congo scriue à Sua Santità per li suoi Ambasciatori
Per questa mia lettera di Credenza e scnttura da me fer- mata e sigillata con il sigillo delle mie Armi Reali, constituisco, e dichiaro per miei Ambasciatori à Vostra Santità h R. R. Pa- dri Frat' Angelo da Valentia, e Fra Giovanni Francesco Ro- mano, Predicatori Capuccini, e Missionarij Apostolici in questo Regno dei Congo, e consegno loro ogni mio potere, e facoltà, come se io personalmente, e per mia própria persona Reale lo facesse, poter dire, apportare, et allegare in tutte le materie, che sono importanti per bene et vtilità di questa Corona dei Congo con Vostra Beatitudine, et in tutto dargli intiero credito, e tutto quello che trattaranno, e determinaranno con Vostra Santità in mio nome, lo dò per ben fatto, fermo, e valido.
Congo 5 di Ottobre 1646.
Figlio obedientíssimo di Vostra Santità
Rè D. Garzia.
BADE — Cód. CVÍ/2-9, £1 518.
458
148
CARTA REVERENCIAL DO REI DO CONGO AO PAPA INOCÊNCIO X
(5- 10- 1646)
SUMÁRIO — Rende afectuosa reverência ao Papa, como rei católico, e agradece o envio de missionários evangélicos — Pede que lhe sejam enviados, para o futuro, missionários Ca- puchinhos, bem como Bispos para sagrarem outros Bis- pos, ordenarem sacerdotes e estabilizarem a religião.
LITTERAE REVERENTIALES
Beatissime Pater
Praesto Sanctitati vestrae toto mentis affectu obedientiam, ceu filius S. Romanae Ecclesiae, simulque grates reddo debitas pro sollicitudine, qua ministros evangélicos mihi pro hoc regno Congi mittere intendit.//
Supplico Sanctitati vestrae, ut ii quos deinceps ablegavit, sint fratres S. Francisci, capucini nuncupati, cum ego et totum meum regnum illos aestimet, ceu veros Dei servos, et pariter ut sint in amplo numero, cum regnum sit vastum, et in eo nonnisi 16 sacerdotes repenantur, ob quam penunam populus in spintualibus non parum patitur. / /
Rogo itidem Sanctitatem vestram, ut cum ministris evan- gelii etiam episcopos ad hoc regnum mittere dignetur, quate- nus alios episcopos consecrare, sacerdotesque ordinare possint, et ita religio catholica in regno firmius stabiliatur, et perdu- «*.//
Tandem obsecro, ut gratias illas, quas pro universali hujus regni commodo impetrandas oretenus meis oratoribus commisi,
459
et quas scnptotenus ídeo, ne sim taedio, non exprimo, impertiri non gravetur Sanctitas vestra, cujus personam et dignitatem supremam Dominus, etc. Congi, 5 Octobris 1646.
Filius obedientissimus Sanctitatis Vestrae
Rex Dom Garcia
GIOVANNI FRANCESCO ROMANO — Obr. cit., p. 50 — MICHAEL A TUGIO — Obr. cit., VII, p. 197. — PAIVA MANSO — Obr. cit., p. 188-189. — PELLICER DE TOVAR — Obr. cit.,
a 38 v.
460
149
CARTA REVERENCIAL DO REI DO CONGO AO PAPA INOCÊNCIO X
(5- io- 1646)
SUMÁRIO — Vide documento precedente.
Copia delia lettera, che il Rè dei Congo scriue / a Sua Santità, de / lingua Portoghesa in Italiana
Rendo a V. Santità, con tutto il mio affeto, obedienza come figlio che sono di Santa Chieza Romana, e giuntamente le rendo la debita gratia dei pensiero che hà di mandarmi Mi- nistri Euangehci per questo Regno dei Congo; e chiedo à Vos- tra Santità che quelli che da qui auanti mi mandará, siano frati di S. Francesco Capuccini (1), perche io, e tutto il mio Regno gli stimiamo molto, come uen Serui di Dio: e che di piu siano in buon numero, perche il Regno è grande, et in tutto il Regno non ui sono se non sedeci Sacerdoti; per la qual cauza i Popoli patiscono molto nello spirituale. / /
Chiedo ancora à Vostra Beatitudine, che con li Ministri euangehci si degni mandar Vescoui per questo Regno, perche possino consecrare altri Vescoui, et ordinar Sacerdoti, et in questa maniera uenga à perseuerare la Religione Catholica nel Congo; e finalmente concedermi le gratie che io hò communi- cato à bocca alli miei Ambasciatori, per ben vniuersale di questo Regno, le quali non pongo in scritto per non tediar à
(*) É perfeitamente visível que a carta foi inspirada pelos missio- nários capuchinhos.
461
Vostra Santità; la cui persona, e dignità suprema conserui tro Signore per il bene delia Chnstianità. Congo 5 di Ottobre 1646.
BADE — Cód. CVI/2-9, fl. 518.
Rè D. Garzia.
46:
150
CARTA DO PADRE BOAVENTURA DE TAGGIA AO SECRETÁRIO DA PROPAGANDA FIDE
(9- io- 1646)
SUMÁRIO — Recepção dos Capuchinhos em Amesterdão — Seus tra- balhos apostólicos nesta cidade — Excepcional fervor dos católicos holandeses — Estima dos hereges pelos Capu- chinhos — Partida do Padre Taggia para Lisboa.
Ill.mo et Rev.mo Signor
Per altre due mie ho avisato V. S. dei recetto mísero nos- tro di Angola in Amstradamo, di che in questa mia non devo dire altro, per haver duphcati 1'avisi; hora mi resta informare V. S. Ill.ma delia missione d'Amstradamo, instato in cio da molti, tanto secolari, quanto nostn Religiosi Cappuccini: spe- cialmente dal M. R. P. Mário, Vicario Generale in partibus; saprà dunque V. S., come trovai vera, et realmente. La primi- tiua chiesa in questa Città, et bene questa S. Pasça passata passorono il numero de communicanti ben 2000, anzi intesi sino al numero di 3000, sono già ben dua millia figliole spin- tuali con voto di virginità. Non posso spiegare la devotione di tali cattolici, il calore, la stima fanno delle cose divine et de sacerdoti, ma il numero de missionarij non è molto evidente, si che ben spesso alia Pasça, come intendo, restano molti senza potersi confessare, et certo che io chiamo ben aventurati li PP. Missionarij di queste parti, quali se non ríducono in molto numero li eretici all'obedienza delia Romana Sede, confermano però molto bene li loro fratelli. / /
463
Hora avedesi Ill.mo Signore, haver in queste parti li Padri nostri Cappuccini la sua missione li anni passaci, hora di pre- sente sono, salvo che quatro in numero in piu parti divisi, ben discosti 1'uno dall'altro molte leghe, per haver li Padri nostri revocati albuni, con buoni fondamenti crederò io, pure sucedese grande pregiudicio a tali anime, che bramano tanto li Padri Cappuccini, in difetto de quali succedetero alcuni gravi incon- venienti, ch'il P. Mano suddeto si condolse meco molto arden- temente: quando paresse bene a V. S. Ill.m* proponer ciò in Congregazione, mi nmetto, poichè, verum fateor, Li Padn Capuccini per conditione di loro professione sono molto sti- mati, et dico dell'eretici, consideri V. S. Ill.m* il caso:
Noi Padri venuti dal Brasile, per tre volte andavano per la città d'Amstradamo in santo habito, et sebene il concorso dietro à noi era numeroso ben di migltare di persone, pure niuno ardi farei alcuno affronto, ne pur per segno, anzi che veneravano le nostre persone con moita compassione, sino uscire una publica voce (questi sono S. Apostoli di Gesíi Chnsto): et da molti erauamo visitati, et alcuni di loro teneri alia conversionc, me pregavano non partirmi, che faria piú frutto ivi che fra negri, et che dal molto Rev.d0 P. Mário et da Catolici communiter fu stimato à miracolo, facendomi instanza li Signori Governa- tori, (meco passati con ogni possibile benignità) mutati 1'habito da religioso, per oviare à qualche accidente, concludendo poi che niuno era piu efficace à formare li cattolici Romani nella loro rehgione et convertire ad essa li altn d altra, quanto questo habito, pigliando l'habito alie mani etc.
Se paia bene dare in ciò alcuna provisione, mi rimetto altre tornatene aviso il nostro M. R. P. Generale proveda de Padri missionan Fiamenghi. Parte domani per Lisbona per dar scanco di mie persone a quel Rè, et vedere che cosa si possa sperare di quella parte per incaminarsi novamente a Congo,
464
Brasão de Francisco de Sotomaior No sen túmulo na igreja de Mesão Frio
(Arquivos de Angola. 1943)
d'ogni cosa pontualmente aviserò V. S. Ill.ma; non altro che baciare le mani et pregarli dal Gelo, ogni vera exaltatione. Amstradamo, li 9 ottobre 1 646.
Di V. S. Ill.m et Rev.ma
Servo devotíssimo
Fr. Bonauentura di Taggia, Cappuccino V. Prefetto de Congo.
Ricordo a V. S. Ill.ma quando la Sacra Congregazione hab- bia per bene, ritornasi a Congo, dove desidero, piú che mai morire et finire li miei giorni, ut dicam cursum consumavi — consequentemente bisognando fermarmi in Portugalo, saria conveniente mi si mandassero due religiosi, per non stare cosi solo senza havere un fratello a cui mi confessassi, et quando giudicassero bene ciò, La pnego con ogni possibile instanza farmi asignare un certo P. Lorenzo Suno, delia Província di Génova, tile, inquam qui audivit in choro per p duras vices ( dum oraret pro missione nostra ), baec verba, nesciens a quo: Non est qui portet, non est qui portet, etc.
Essendo molto ben necessarij Religiosi animosi, et qualifi- cati, nonisi decet missionarium apostolicum esse delicatum, bene seio, et bene expertus sum praxi, etc.
V. S. Ill.ma non permetta, se cosi li parerà, secondo Dio, resti io excluso, ma confermato, volendo et desiderando sopra modo morire tuto questo sarcino, etc. [fl 316].
APF — SRCG, vol. 94, fls. 313-313 v. e 316.
30
465
151
CARTA DA PROPAGANDA FIDE AO PROVINCIAL DA ANDALUZIA
(15-10- 1646)
SUMÁRIO — Estranha a exclusão do Padre João de Vergara da missão para que fora nomeado e manda que, removidos os obstáculos, farta aquele missionário para a sua missão.
Ancor che non paia credibile à questa Sacra Congregatione de Propaganda Fide che la Reuerentia Vostra habbia escluso íl Padre Giouanni di Vergara dalla missione delh Negriti, che egl'approuato già per idóneo dal difhnitorio di cotesta Prouincia, hà ottenuto dalla medessima Sacra Congregatione, alia quale è stato proposto per uia di Monsignor Nuntio di N. Signore ín Ispagna, con tutto ciò, desiderando la sudetta Sacra Congrega- tione che si osseruino dai Prefetti li decreti, hà hauuto per bene d'auuertirla, come fà per mezzo delia presente, che h Missionarij non possono senza il placet delia Sacra Congrega- tione esser rimossi dalle loro missioni, ò mutati. Doura però Vostra Reuerentia, caso ch'ella hauesse per qualche accidente, ntardata sin hora 1'andata dei detto Padre, leuare ogn'impedi- mento, si che egli possa trasferirsi con li suoi compagni alia missione assegnatali, con auuisar poi quà quanto ella haurà operato, e Dio la prosperi. / /
Roma, i5 8bre [Ottobre] 1646.
APF — Lettere Volgari, vol. 24, fl. 126.
466
152
CARTA DO PADRE BOAVENTURA DE TAGGIA AO SECRETÁRIO DA PROPAGANDA FIDE
(i6-i i- 1646)
SUMÁRIO — Regressa da Holanda a Lisboa — Desfaz as más impres- sões do Governo contra os Capuchinhos missionários no Congo - — ■ Deseja voltar para o Congo — Pede lhe enviem dois companheiros, em especial o P.e Lourenço Súrio.
111."10 Signore mio Osseruandissimo
Amuai, 111."10 Signore, d'Amstradamo, di d'onde due mie scnsse á V. S. 111."", hieri 1'altro in Lisbona, per comparire auanti sua maestà, et leuare ogni raggione di sospeto in questi delicati tempi; quando apena arriuai in terra, et intrato in casa d'una signora nostra benfatrice, intesi che sua maestà mi douea sicuramente carcerare per le grandi cose che si diceuano pubbli- camente contro li nostri Padn di Congo, et di noi, quali spa- ciati da sua maestà cõ tanti fauon, all'aperta in Congo faceuano le parti di Castella, cÕ grandíssimo pregiudizio delia Corona di Portugallo, cõ cento et miH'altre imposture; restai a questo far di modo et giudicai esser uoluntà et grande giudizio di Dio 1'esser tornato à dietro, sebene có tanti trauagh et miserie, perche riaprisi la porta delia missione, ficiata e chiusa cõ tanti catenaci.
Questo inteso cosi, uestito d'habito secolare uenuto d'01an- da, comparui al Signor Conte carne [re]ro maior di S. Mages- tade et al Signore Secretario di Stato, perche uedessero 1'inno- cenza nostra et d'altri nostri Padn; doppo due giorni comparui
467
á parlare al Rei et Signora Regina, quali uiste 1'imposture et intesi li nostn trauagli, cõ altri seruizij fatti alia Corona, reli- giosamente si mossero cõ tanta compassione et amore uerso di me, che mai nceuati tanta sodisfatione á segno tale, che mi pregò S. Magestade instantemente li facessi un traslato di quanto haueuamo passato in si lungo uiaggio et pngionia á mano d'eretici; ne mi spedí da S. Magestade che prima non li presentasi petitione di ritornare a Angola et Congo, cú prima bona occasione, et mi rispose esser contentíssimo di quanto 1'hauea discorso, ma che mi responderia findo prossesso in altro giorno; il certo sarà, come intendo, tanto dal Signor Fugine, Camerero maior, et ambasciatore di Francia, che potro ritor- nare; ne facio parte a V. S. Ill.ma per piu rispetti, massime per quelli che mi partecipò il Signor V. Collettore hauer scntto in Roma non esser bono si mandino altri Padn Missionanj per Portugalo, poiche spero in Dio benedetto di ncauare potet passare altri Padri non solo per índia ma per Congo, tanto piíi che il Signor ambasciator di Francia á instanza dell'Eminentis- simi Cardinali d'Estrés et Grimaldi, trauaglia in cio efficace- mente, ma s'acerti V. S. Ill.m* che il mio arriuo in Lisbona gioua in estremo.
Desidero me si mandino quanto prima almeno due padri, per trouarmi cõ un laico solo, salte per confessarmi (morto uno compagno in naue, e 1'altro molto amalato inuiai d'Amstra- damo á Roano per curarsi, fatto però inhabile per andare piu per mondo), ma digià, Ill.mo Signore s'auerta, muno sij vassalo dei Rè di Castella, di che sò certo hauer scritto quanto auiso due volte in Roma, et pure hanno inuiato il P. Zaccaria da Finale per Prefetto delia missione dell lndie, cõ esser vassalo di Spagna, che una cosa cõ 1'altra fu causa esser nmandati cÕ tanto ngore improuisamente; uno di questi Padri desidero sij il P. Lorenzo Suno, sacerdote delia prouincia di Genoua et l'altro goderò sij predicatore; intratanto poi s'anderà negoziando per altri..
468
Non altro, li bacio le mani et priego dal Cielo á V. S. Ill.m* il colmo di sua uera exaltatione. Lisbona, li 16 nouembre 1646.
Di V. S. Ill.m4
Seruo humilissimo
f. Bonauentura di Taggia // Cappuccino Indegno.
À cui sogiongo che il signor ambasciatore di Francia scnue dei medesimo tenore aH'Eminencissimi d'Estrés et Grimaldi. Saluto infinitamente il signor Domênico (?) Verusio.
APF — SRCG, vol. 97, fk 157-158 v.
469
153
CARTA DE ANTÓNIO TELES DA SILVA A EL-REI D. JOÃO IV
(18-12-1646)
SUMÁRIO — Despacho de missionários para Angola — Mau sucesso dos navios e traição dos holandeses, aprisionando-os — Vitórias do governador de Angola e sua morte — Ata- ques holandeses à Quiçama, onde mataram 80 portugueses.
Senhor
Dous nauios despachey deste porto para Angolla, hum em que embarquey os frades Capuchos Missionários Apostólicos, a que V. Magestade se seruio mandarme que desse nauio, e pas- sagem para aquelle Reyno, e outro com hua carta que V. Mages- tade me ordenou que remetesse com breuidade ao Gouerna- dor Francisco de Sottomayor. Também do Rio de Ianeyro foram outros dous nauios de mayor porte. E todos quatro tiue- ram infeliz successo naquella costa, porque a hum dos do Rio de Ianeyro deixaram os Directores da cidade de Loanda entrar como amigos, e despois o tomaram por perdido, &í ao outro ren- deram huãs naos suas, hauendo pelejado dous dias. E aos que daqui foram, os fizeram dar á costa. E aprisionando todos os Portuguezes, que nelles hiáo, despois de os haue- rem feito trabalhar em suas fortificaçoens alguns mezes, os embarcaram todos em hum nauio para o Reciffe de Pernam- buco. E chegando a elle com huá fragrata de sua guarda, deram em hua noite, os mesmos Portuguezes (que eram oitenta e seis) á costa, por industria, no porto da Candellana, donde se sal- uaram, e ficam naquella campanha.
47°
Estes contam que heuendo o Gouernador Francisco de Sot- tomayor desbaratado a Raynha Gynga, de quem alcançara grandes victonas, tomandolhes ricos despojos, e quinhentas armas de fogo, e sigurando a conquista toda dos Souas con- finantes, morrera em breues diaz com alguas suspeitas de veneno. / /
Com grande sentimento meu dou a V. Magestade esta noua, por hauer V. Magestade perdido nelle hum vassallo de grandes esperanças, porque a prudência, valor & desinteresse com que gouernaua, e fazia respeitar as armas de V. Magestade, era muy parecido ás obngaçoens de verdadeiro Portuguez; e promettiam estas felicidades, com que entrou a gouernar aquelle Reyno, outras muito mayores nelle, se viuera; ainda que o du- uidem as informaçoens de alguns sugeitos, aqui nam pareciam bem suas acçoens, sendo todas effeitos do amor e zello, com que sempre se dezejou adiantar no seruiço de V. Magestade. Também affirmão, que fizeram os Holandezes huã saída para a parte que chamaÕ da Quiçama, e ally mattaram oitenta Por- tuguezes, e catiuaram alguns. E para que tudo seja prezente a V. Magestade com mais particularidade, me pareceu remetter nesta embarcaçam a Manuel Soarez, piloto de hum dos nauios que mandey aaquelle Reyno, o qual representará a V. Mages- tade o estado em que elle fica. / /
Guarde Nosso Senhor a Real Pessoa de V. Magestade como a Chnstandade e todos seus vassalos hauemos mister. / / Bahya, 18 de Dezembro de 1046.
a) Antonio Telles da Silua
AHU — Baía, cx. 5.
47'
154
CARTA DE FREI FRANCISCO DE PAMPLONA AO SECRETARIO DA PROPAGANDA FIDE
(22-12-1646)
SUMÁRIO — Concedida a missão do Congo e de Darien — Projecto de missão em Benim — Que se conceda a Missão do Congo à Província de Castela — Assistência à Missão.
La Pace dei Signore
Sia ne nostn cuon. II Signore Dio si è degnato che Sua Maestà Cattohca habbia concesso tutto quello che hò doman- dato per le due missioni. V. S. Ill.ma lo raccomandi à Dio, et gli domandi che nel tutto si faceia la sua diurna uolontà. Ci hà permesso la missione di i Negri, per doue condurrò 1 frati al Congo, et hà dato licenza per che uadano li quatro frati. //
Súbito trattarò di andare à Seuiglia, per trouare chi uoglia condurre i frati, et dello stato delle cose l'auuiserò. / /
Li due spacci che aspettaua delia Sacra Congregatione per poter lasciare due altri frati in un'Jsola, richiedendolo 1'oppor- tunità, non si sono hauuti, et si 1'hauesse ò che Monsignor Nun- tio lo potesse fare, farebbe questo seruizio à Dio, et si V. S. Ill.ms uuole rappresentare alia Sagra Congregatione che con- uiene dar'autorità ad esso Monsignore: perche in simili casi si scusi lo ncorrere à Roma, essendo causa la dilatatione che si lasci di godere dei seruizio delle anime. Jo non domando per me, perche non sono degno, ne meno deH'impiego che tengo. Faceia V. S. Ill.ma quel che sarà il maggior seruizio di Dio. Con ogni rassegnatione dico Signore, che si in Darien si fará frutto, et io se non mancherò, uoglio tornare à fare altra missione al Regno
472
di Benin, che sono christiani e non hano sacerdoti ed altre parti. V. S. Ill.ma mi risponda, che con questo resterò sodisfatto, poiche à me non tocca far altro che rappresentare, et desidero ancora che V. S. Ill.ma credi non hauere altro fine, che il magior seruizio di Dio.
Questa Prouincia di Castiglia desidera Ia missione che si hà per il Congo: importa ch'ella Io rappresenti à cotesti Signori et che gli si conceda, perche si non uogliuo che uadano, altn non anderanno, essendo potenti appresso S. Maestà et suoi ministri: et si il Prouinciale presente non si fosse mostrato fauoreuole, penso che gl'altri non si sariano mostrati tanto indifferenti. //
La Missione dei Congo richiede moita assistenza; la quale non può essere come conuiene, perche quà si fanno le proui- sioni, et sono grandi, essendo per poueri: si hà mancamento di commerzio, et per inuiare i frati [quando] conuengano stanno ancora lontani quegli di questa Prouincia; lo ricorrere per tutto cio à Roma è cosa molto douuta, si haurà corrispondenza pronta et sicura V. Ill.ma fará quello che piu conuenga.
Madrid, 22 Decembre 1646
Mínimo Seruitore F. Francesco di Pamplona, Cap.
APF — SRCG, vol 145, fls. 227-227 v. — Cfr. Ibidem, fl. 259. — Lázaro de Aspurz, La Personalidade de Fray Francisco de Pam- plona, a través de sus Cartas, em Estúdios Franciscanos, 1952 (53)» n.° 283, p. 99-100. Texto algo diferente, em tradução espanhola, em por- menores sem importância.
473
APÊNDICE
74-A
PARECER SOBRE O LOCAL DO DESEMBARQUE DO SOCORRO ENVIADO A ANGOLA
(6-2-1645)
SUMÁRIO — Os oficiais partidos da Bata no socorro de Angola fedem que lhes seja facultado escolherem o melhor local para o desembarque, uma vez chegados àquela costa.
Em cumprimento do pareçer que V. S.a nos manda que demos sobre o porto ou paragem que na costa de Angolla se deue eleger para se lançar em terra o socorro que S. Magestade hé seruido mandar que V. S.a ynuie desta Praça áquelle Reino, a cargo do capitam mor Antonio Te[i]xe[i]ra de Mendonça e do sargento mor Domingos Lopez de Siqueira, e que cami- nhos se deuem seguir para que com mais facilidade dar condu- ção das moniçoes e menos risco de sermos presentidos dos Olandezes e obujados dos ynimigos naturaes daquellas pro- uinçias, se possa yntroduzir o dito socorro em nossas Conquistas, auendo nós comunicado esta matéria com os pilotos mais prá- ticos naquella costa, e entre as pessoas de mayor experiençia daquellas partes e certoís, que nesta Bahia nos achamos; nos paresse por rezoluçaõ comua de todos, que partido este socorro com o fauor deuino, nos dous nauios e barco de S. Magestade, que V. S.a foy seruido mandar aprestar para esta jornada, se tome ao menos altura de trinta grãos, e segurada a derrota terra de quinze thé catorze e em se fazendo os pilotos por altura do sol com Benguella, se uá correndo a costa tão desuiado de terra que só do tope se leue a hua vista até onze grãos, aonde se coze-- rão com terra a uer o Cabo Ledo, por cinco e seis brassas, e entre elle eo Rio Quanza, tres legoas antes do dito Rio, dem fundo e
477
lansem o socorro, que hirá já preuenido, cÕ toda a breuidade que ser possa, e com a mesma se façaõ os nauios á vella para esta Bahia; e dahy marcharemos até o Presidio de Moxima, primeira fortaleza nossa, pelos altos do Rio Quanza, donde auizaremos ao Senhor Pedro Cezar de Menezes, para que nos mande Socorro de negros, para ajudarem a conduzir as moni- çoés; e sendo cazo (o que Deus não permita) que nos aparte- mos por algum acidente do tempo, e nos naõ tornemos a encon- trar, vamos tomar a mesma altura e meter na enseada do Rio Quicombo, entre Bemguella e Cabo Ledo; e o primeiro nauio que ally chegar espere oito até dez dias pellos mais compa- nheiros, com as munições e gente dentro, por mais segurança da saúde; e naõ chegando, se lançe a gente e tudo o mais em terra, se faça o nauio na uolta desta Bahia, c fique a gente ally esperando o tempo que mais lhe pareçer, fazendo fogos em cruz, para que enxergando os os que vierem, se cheguem ao dito porto; e naõ chegando os mais nauios, e uirem os que esti- uerem em terra dezemganados de naõ ser yá tempo de os espe- rarem, se uaõ a toda a fortuna em demanda do Senhor Gouer- nador Pedro Sezar de Menezes, deixando cruzes na praia e pellos caminhos por donde forem, para sinal de que ally esti- ueraõ, e terem entendido por donde foraõ; e sendo cazo que cheguem os mais nauios a tempo que achem a gente em terra e o outro nauio uindo para esta prassa, lansem ahy todo o mais restante do socorro; e se estiuer aynda o dito nauio, se yncorpo- re[m] todos se uaõ costa abaixo alcançar o socorro na dita parte antes referida, emtre o Cabo Ledo e o Rio Quanza; mas se no tempo que se esperar na emseada de Quicombo, com a comunicação dos Souas vezinhos nos franquearem e segurarem o passo, paresendo nos confidentes e ynclinando os a nós cõ os farregoulos que V. S.a hé seruido mandamos dar para este effeito, nos parece que V. S.a se sirua deixar a nosso arbítrio a eleição dos caminhos que deuemos seguir, porque lá poderemos conhecer melhor as comunicações ou ynconvenientes que pode-
478
rão rezultar de irmos antes por hum que por outro caminho, e por qualquer que emprendermos quererá Nosso Senhor que com a boa disposição e fortuna de V. S.a se consigua todo o bom suçesso desta jornada, para que S. Magestade fique bem seruido e V. S.a com a gloria de por sua ynteligençia e meyo, fique naõ somente socorrido, mas aynda restaurado aquelle Reino; e quanto ao lugar em que V. S.& nos propõem que será bem fique o barco de S. Magestade para trazer a re[s] posta, se ajustará lá com o pratico que nelle uay, e confiarão os sinais que parecerem mais conuenientes para os fazer á pessoa que vier a trazer o despacho do Senhor Gouernador Pedro Sezar. / /
Ysto hé o que nos pareçe, e firmamos todos os abaixo assi- nados. V. S.a mandará o que for seruido, que será sempre o mais aceitado. / /
Bahia, seis de feuereiro de mil seis centos quarenta e cinco. //
Antonio Texera de Memdonça / / Domingos Lopes de Siqueira // Luis de Pereda / / Mathias Telles Barreto / / Francisco Roiz da Cunha / / Antonio Dias Maguinhos / / André Antunes. / /
Dizem as duas emendas atrás Prassa / Conueniençias. O qual parecer eu Gonçallo Pinto de Freitas, escnuaõ da fazenda, fiz tresladar do próprio, que para isso me entregou o Gouernador e cappitaõ geral deste Estado do Brasil, a quem o torney, e a elle me reporto; e uaj per quatro uias. Na Bahia, em 23 de feuereiro de 1645.
Gonçallo Pinto de Freitas
AHU — Angola — cx. 3.
479
76-A
GARTA DE ANTÓNIO TELES DA SILVA A EL-REI ACERCA DO SOCORRO ENVIADO A ANGOLA
(16-2- 1645)
SUMÁRIO — Dá conta da largada do socorro de Angola, do parecer sobre o local do desembarque e de outras notícias.
Senhor
Nas ultimas carauellas que daqui partiram, dey conta a V. Magestade do appresto, que ficaua dando ao socorro que V. Magestade foy servido mandarme que inviasse ao Reyno de Angolla: & estandose lidando nelle com igual calor ao muito que hauia ainda para obrar, chegou a este porto hua embarca- çam fugida do Reciffe de Pernambuco; a qual deu por nouas, que delle hauia partido outra para esta Bahya, com hum poli- tico (que hé dos do concelho da Iustiça) & hum comendor (sic)> governador entre elles) do Cabo de S. Agustinho, & hum secretario, por deputados do concelho supremo: & que o intento era (per hauerem tido noticias deste socorro, &C de que tinha eu aqui armadas) virem a impedir que nam fosse, & sigurarse do receo em que estauão. / /
Com esta noua me fuy assistir na ribeyra, & dentro em vinte & quatro horas, fiz dar os nossos nauios á vella, a tempo que o seu vinha já entrando pela barra; com o que lhes diuerty o cuidado, vencendo com a deligencia, o que mal pode permi- tir o tempo. Sobre a matéria desta embaixada, dou conta a V. Magestade no Gouerno.
480
O socorro partio a oito do prezente: consta de dous nauios, & hum barco dos de V. Magestade, em que vam duzentos & tantos soldados brancos, & quarenta dos pretos de Henri- que Diaz, todos muy bem prevenidos, & armados, affora alfe- rezes & sargentos que lhes dey, dos mais antigos desta praça para os disciplinarem; & para que com mais particulandade seja prezente a V. Magestade o numero, & qualidade da gente, armas, muniçoens, boticas, pagas que se deráo á infanteria, fre- tes dos nauios, matalotagens, & mais gastos que se fizeram, me pareceu ímviar a V. Magestade a relaçam incluza, por me- nor, de tudo o que foy, & se dispendeu. / /
& porque sobre o porto, & caminhos que se hauiam de elle- ger para a dezembarcaçaõ & conducta do dito socorro a nossas conquistas, houve alguã differença nos pareceres, fiz junta de todos os pilotos, & pessoas mais practicas & de mayor experiên- cia daquella costa & campanha, & com os dous cabos Antonio Teixeira da Mendo [n]ça & Domingos Lopez de Sequeira (a que V. Magestade foy seruido que se encarregasse esta jornada) se deliberou, por mais conueniente, o que consta do papel incluzo: & eu me resolvy a me conformar com elles, man- dandolhes passar os regimentos na mesma disposiçam, em que elles o determinarão por assentimento de todos; dando lhes outro particular (de que também inuio copia a V. Magestade) para poderem mostrar aos Holandezes, se por accidente necessi- tassem desta preuençaõ. / /
Entre outros auizos, que no nauio do Recciffe me fez hum morador confidente daquella capittania, me escreveu sobre o Governador Pedro Cesar de Menezes, o capitulo cuja copia será também com esta; & segundo as noticias delle, espero que hade chegar este socorro a tam bom tempo, que nam só se conserue liure de temores dos inimigos naturaes daquelle Reyno, mas aainda longe delle todos os mais que o offendem. / /
Eu lhe mandey também hum fortificador, que lhe poderá ser de préstimo; & o barco com ordem, de que despois de lan-
481
31
sado o soccorro cm terra ficasse naquella costa, com hum prac- tico que nelle vay, em parte donde com mayor desuio pudesse occultamente esperar pelas nouas da fortuna que teue este socorro, & re[s] posta de Pedro Cesar, para com ellas as dar de tudo a V. Magestade. / /
Quererá Nosso Senhor leuallo a saluamento, & darlhe tam bom successo, como aquelle Reyno há mister, & deuemos deze- jar, os que com mayor zello pretendemos acertar no seruiço de V. Magestade. Guarde Nosso Senhor a Real Pessoa de V. Ma- gestade como a Christandade, & todos seus vassallos hauemos mister. / /
Baya, 1 6 de Feuerevro de 1 645.
a ) Antonio Telles da Silua
AHU — Angola, cx. 3.
482
78-A
RELAÇÃO DO CUSTO DO SOCORRO DE ANGOLA ENVIADO POR ANTÓNIO TELES DA SILVA
(23-2 1645)
SUMÁRIO — Pormenorizada relação dos materiais enviados em socorro de Angola pelo Governador do Brasil, Teles da Silva.
Rellaçaõ do que há custado o socorro que mandou para Angolla o Senhor Antonio Telles da Silua, do Concelho de Guerra de S. Magestade, Gouernador e Capitão geral de mar e terra deste Estado, em duas naos e hú barco, que leuaraõ qua- tro Companhias com duzentos e quinze praças, e nellas os da pnmmeira plana, e huã Companhia mais de soldados pretos, do Terço de Henrique Diaz, cÕ trinta e duas praças, sem a gente de mar dos ditos nauios, e tudo a cargo dos cabos Anto- nio Teixeira de Mendonça, e Domingos Lopes de Sequeira, que tudo custou quatro contos, quatro centos sincoenta e qua- tro mil reis, como nas partidas abaixo se declara.
CUSTO DOS NAUIOS
Fretousse a nao Sancto Antonio, cõ dezasseis peças de arti- lharia, de que hé mestre João Aluarez, que vay por capitana, em dous mil cruzados, atrauez de yda e volta, e se lhe deu logo por conta do dito fretamento quinhentos e noue mil, trezentos e cutenta reis 5091380
Fretousse a nao Nossa Senhora do Rozario, com oito peças de artilharia, de que hé mestre Manoel Ferreira Lima, que vay por almiranta, em quinhentos oitenta e seis mil e quinhentos
483
reis, atraués de yd a e volta, e se lhe deu logo por conta do dito fretamento trezentos setenta e hú mil, çento e sincoenta reis 37i$i50
Custou o apresto do barco São Bento, de S. Magestade, em que se pôs duas peças de artilharia e oito mosquetes, vinte e tres mil e nouecentos reis. Sem o breu, graxa, pregaria, emxar- çia, e estopa que se deu dos almazens. E assy mais se despen- deu sincoenta e hú mil reis, que se derão a treze pessoas de mar, á conta de çento e oitenta e tres mil reis, que vaõ a vencer de suas soldadas, á dita gente do mar 74^900
E este barco vay para aguardar algus dias na costa para trazer avizo do Gouernador Pedro Çezar.
CUSTO DOS MANTIMENTOS
Custarão os mantimentos que se embarcarão para a dita infan- taria, para tres mezes de viagem, e para a gente do mar do barco para sinco, que saõ para agoardar na costa e tornarem, seis cen- tos e vinte e sinco mil, noueçentos e sincoenta reis. . 625^950
DIETA
Custou a dieta que se embarcou nos tres nauios, para doentes, sincoenta e quatro mil, quatrocentos e quarenta reis 54^440
DESPENÇA
Custou a agoada e mais couzas neçessanas tocantes á des- pença dos ditos nauios, çento e sincoenta e tres mil, nouecentos reis 1 53^900
BOTICA
Custarão as boticas e mais couzas neçessanas tocantes a ellas, vinte e noue mil, seis çcntos e nouenta reis. Dos quais nouc mil e duzentos e oitenta reis se tirarão de medeçinas dos
484
almazeíís e se comprarão, vinte mil quatro çentos e dez
reis 2 0$^io
i.8io$i3o
Val o atrás 1.8 10$ 130
CUSTO QUE FIZERAO OS PAYOIS, E CONDUZIR OS MANTIMENTOS NOS NAUIOS
Custarão os payois para farinha, poluora, fogoins, grades, pipas, barris, e caixões em que vaÕ os bastimentos, dietas, boti- cas, capueiras, e os carretos de conduzir e embarcar tudo o refe- rido, trinta e noue mil, trezentos e sincoenta reis ... 39$35°
ORNAMENTO
Custou hú ornamento com tudo o neçessano para dizer missa, e hu miçal e cahs, e ferro de hóstias, sincoenta e quatro mil, seiscentos e quarenta reis. E outro ornamento com todo o neçessano se tirou dos almazeíís; e este que se comprou monta sincoenta e quatro mil, seisçenots e quarenta reis... 54$6^o
GASTOS QUE SE FEZ CÕ AS ARMAS
Aforraõsse cento e trinta barris de poluora em couros de pello e dezasseis pessas de embira para amarrar as moniçoes quando marcharem nos paos que levaõ. E custou, e assy mais quatro atambores e quatro bandeiras, tudo çincoenta e noue quinhentos e oitenta reis 59$ 580
mi
VESTIDOS QUE SE DERAO A SOLDADOS NECESSITADOS
DeraÕsse dezasseis mombachas e seis giboins ao embarcar aos capitães para se repartirem cõ algús soldados que naÕ tinhaõ vestido, e custarão vinte e noue mil, e noueçentos reis 2Q$qoo
485
FARRAGOULOS PARA APREZENTAR EM ANGOLLA
Mandaraõse fazer farragoulos de raxeta cõ goarniçois, para se darem de prezente a algús Souas em Angolla. E cus- tarão vinte e noue mil, e noueçentos reis 29^900
Hú NEGRO QUE SE COMPROU PARA GUIA
Comprousse hú negro a Lopo Roiz para guia dos caminhos da paragem donde se há de dezembarcar o socorro, a pedimento dos cabos que leuaõ o dito socorro. E custou o dito negro qua- renta mil reis. E mais dous mil e duzentos reis por hua espada, e chapeo que se lhe deu, monta tudo quarenta e dous mil, e duzentos reis 42S200
SOCORROS, E PAGAS QUE SE DEU A JNFANTARIA E A REFORMADOS QUE FORAO NESTE SOCORRO
Consta pellas listas da matricula averse gastado nos socor- ros que se deraõ desde vinte e quatro de nouembro, que se começarão alistar, até oito de feuereiro, aos que assentarão pra- ça para Angolla, quatrocentos e secenta e seis mil, quatrocentos e dez reis 46654 1 o
Consta pellas ditas listas haverse socorrido aos soldados pretos de Henrique Diaz cõ farinha, desde que se auiaraõ para Angolla, treze mil, quatro çentos e quarenta reis ... ^$440
Consta pellas ditas listas averse dado a trinta e hú soldados pretos, a cada hú mil e duzentos reis. E ao capitão delles dous mil e quatrocentos reis, que tudo junto importa trinta e nouc
mil, e seiscentos reis 3Q$6oo
519J450 2.0551040
Valem as somas atrás, como parece 519^450 2.0555040 Consta pellas ditas listas hauerse dado huá paga de dous
486
mil e quatro çentos reis, a cento oitenta e nove soldados que uão nas quatro companhias, quatrocentos sincoenta e tres mil, e seis centos reis 433$6oo
Deu-se a quatro capitães a dezaseis mil reis, e aos quatro alferez a seis mil reis, e aos quatro sargentos a quatro mil reis a cada hu; monta çento e quatro mil reis io^Sooo
Aos dous capellaés se lhes deu para se embarcarem, trinta mil reis 30^000
Deraõse mais a noue ofiiciaes reformados de Angolla para se embarcarem, secenta e seis mil, e oitocentos reis 66$8oo
Aos dous cabos Antonio Teixeira e Domingos Lopez de
Sequeira, se lhes deu, para se embarcarem, cincoenta mil
reis 50$ooo
Por maneira que as pagas e socorros que se deu á gente de
guerra monta 1. 2235850 1. 2235850
3.2785890
Comforme a esta conta atrás e acima referida, vejo a mon- tar o que se despendeo neste socorro em dinheiro de contado, tres contos duzentos setenta e oito mil, oitoçentos e nouenta reis 3.2785890
O QUE SE ADE PAGAR DE VOLTA DE VIAGEM AOS NATJIOS
Ao mestre da nao capitana se lhe hade pagar de resto do frete á volta de viagem, duzentos nouenta mil, seis centos e vinte reis 2905620
Ao mestre da almiranta se lhe háde pagar de resto do seu fretamento á volta de viagem, duzentos e quinze mil, trezentos e sincoenta reis 2155350
À gente de mar que vay no barco dei Rey se lhe hade pagar de resto de suas soldadas de volta de viagem, çento e trinta e dous mil reis 132^000
3.9165860
487
DE MAIS DO CUSTO AÇIMA REFERIDO SE TIRARÃO DOS ALMAZERS DE SUA MAGESTADE PARA O DITO SOCORRO AS COUZAS SEGUINTES
Cento e onze mosquetes aparelhados, de mais das cento e vinte armas que vieraõ do Reino para o dito socorro, e dezoito armas de fogo que tinhaõ os soldados pretos de Henrique Diaz, os quais mosquetes, cõforme as avaliaçois por donde se carre- gaõ as que se daõ aos soldados, valem a quatro mil reis. E mon- tão quatrosentos quarenta c quatro mil reis 444^000
Doze machados, seis emxadas, seis pás, e seis fouçes, a trezentos e vinte reis cada pessa, e çem moxillas para os sol- dados, montão vinte e sinco mil e seiscentos reis... 2 5$6oo
Quatro arrobas de poloura que se deu para defença do barco de S. Magestade, a trezentos e vinte reis a liura, monta quarenta mil, noueçentos e sessenta reis ^$960
Tres arrobas de murraÕ para o dito barco, a seis centos e quarenta reis [a] arroba, monta mil noueçentos e vinte
reis 1^920
5 1 2$48o
Valem as somas atrás, como parece 5i2$48o 3.9i8$86o
De couzas que se tirarão da botica, de mais do que se côprou para ella, se avaliou em noue mil duzentos e oitenta reis 9$2 8o
Hua arroba de çera, que se tirou dos almazens em vellas, que saõ para dizer missa, a duzentos reis a liura, monta seis mil c quatro centos reis 6^400
Por hú cálix que foy avaliado com o pezo de prata, oito mil novecentos e oitenta reis
Hú ornamento muy uzado, cõ tudo o a elle pertencente $ 188
Por maneira que monta o que se tirou dos almazés de S. Magestade, sem o valor do barco e seus petrechos, qui- nhentos trinta c sete mil, cento e quarenta reis ... 5371140
4.454^000
REZUMO
Por maneira que montou todo o socorro os ditos quatro contos, quatro centos sincoenta e quatro mil reis, os tres mil, digo, os tres contos nouecentos e dezaseis mil oito çentos e seçenta reis em dinheiro de contado, e os quinhentos trinta e sete mil cento e quarenta reis dos almazens, a qual rellaçaõ eu Gonçalo Pinto de Freitas, escriuaõ da fazenda, fiz tresladar do que se tirou dos liuros da Fazenda Real e despesa do Thezou- reiro geral deste Estado do Brasil. E a sobescreuv e asiney e uay por quatro uias. /
Na Bahia, em x x nj de feuereiro de j bjc Rb.
Gonçallo Pinto de Freitas
Relaçam da despeza que fez o socorro que se inuiou a An- gola.
AHU — Angola, cx. 3.
489
103- A
CARTA DE FRANCISCO DE SOTOMAIOR A PEDRO CÉSAR DE MENESES
(20-7-1645)
SUMÁRIO — Comunica ter chegado a Angola para o substituir no governo, pedindo o envio de pretos para os transportes do socorro desde o mar até à vila de Maçangano.
Sua Magestade que Deos guarde £01 seruido mandarme uir do Brazil a estas partes de Angolla a susseder a V. S. no go- uerno delias, o que tiue a meor estrea dos bons suseços que esperamos, porque com tantos exemplos da prudência e cons- tância de V. S. se me asegura menos dificultoso, asertando a obrar o que deuo, em comprimento das hordens de S. Mages- tade.
Ante hontem, que forão 18 de Iulho, cheguei a tomare falia em a Bahia Farta, do cappitam mor de Benguella, Man- noel Pereira, que me deixou mui empenhado com particulares demo[n]trasois de sua lealdade, e dando me notisia do dezas- trado fim do socorro que se mandou da Bahia a V. S., com o sargento more Domingos Lopes de Siqueira, e o cappitam more Antonio Teixeira de Mendo [n]ça, me será forçoso, por restaurar o restante delle, determe algús dias na paragem que chamão do Quicombo.
Siruáo estas regras, em tanto que nos não uemos, de pre- uenir a V. S. para a uolta do Reino em algúa das naos de mi- nha conserua, que as deterey a este fim, em primeiro lugar, porque V. S. o tenha, de fazer a jornada com mais commodo, c para melhor efeito delia, e condução da infantaria, armas, e muniçoís, com que me acho, conuem muito que V. S. mande
49°
ayuntar commigo, e com toda a breuidade, o maior numero da guerra pretta que for posiuel, que me sirua de carruajem, a qual me achará íorteficado no porto mais suficiente de que me puder aproueitar, de Benguella a Uelha athé o Rio Longa, distancia de outo ou noue legoas, sem prejuízo das tregoas, que temos com os olandezes, porque a conseruação delias hé o que S. Ma- gestade em primeiro lugar me emcomenda.
Esta deixo na mão do dito cappitam mor por tres uias e elle me asegura que a remeterá a V. S.,a essa praça de Massanganno, e eu por todos os meos de que me puder ualer, hirey fazendo o mesmo; de mais não serue. Deos me guarde a V. S. como dezeio. / /
Catumbella, em 20 de Iulho de 1 645 / /
Esta tarde com a uiração dou á uella para o Quicombo. / /
Senhor Pedro de Sezar de Menezes. / /
Françisco de Sottomaior
A qual carta do Gouernador elleito dos Reinos de Angolla, Francisco de Sotto Mayor, asinada por sua mão, escrita ao Gouernador Pedro Cezar de Menezes, eu Felipe de Carualho, escriuão da armada e socorro de Angolla nas matérias de Guer- ra. Fazenda [e] Iustiça, fis tresladar de huã copia que eu mesmo auia, feita pella própria a que me reporto e a conçertei com o auditor general Ioão Luis Mafra, comigo asinado, neste arayal de Santa Crus do Quicombo, Reinos de Angolla, em desasete de Setembro de mil e seis centos e quarenta e sinco annos e o sobescreuy.
Phillippe de Carualho Comiguo auditor geral Concertada por mí escnuaõ
Ioao Luis Mafra Phillippe de Carualho
AHU — Angola, cx. 3.
49 1
107- A
CARTA DE FRANCISCO DE SOTOMAIOR A PEDRO CÉSAR DE MENESES
(14-8- 1645)
SUMÁRIO — Enquanto espera a resposta da carta enviada a Pedro César de Meneses, fica-se fortificando Quicombo — É portador da carta o negro António.
O primeiro avizo que fis a V. S. de minha chegada a esta costa, foi em uinte de Iulho, por uia de Mannoel Pereyra, capi- tão mor de Benguella, que a dirigio a V. S. por Phelippe Lop- pes, em hum pataxo que partio daquelle prezidio pera a Loanda, em sinco de Agosto, e conforme o segredo que ouue na maté- ria, para com o flamengo, e a confiança que se tem do portador, espero em Deos que ele aya chegado em paz ao poder de V. S. para ter lugare de resolucr com toda a cautella c breuidadc posi- uel, o despacho da guerra pretta de que nesseçito para condução das monisois com que me acho; entre tanto que espero a hor- dem de V. S. me fico fortificando, nesta enseada e porto de Quicombo, muito capas, a meu uer, de abrigo e defença das naos, as quais vou entretendo, a fim de que V. S. se possa ser- uir, da commodidade e segurança delias, com a lisença que S. Magestade se serue de mandar a V. S. para se paçar ao Reino, despois de eu auer tomado a posse do gouerno desse, e leuantado a omenajem delle a V. S.; aqui se nos tem yá cmcorporado, o cappitam mor Antonio Teixeira de Men- do [n]ça, com o restante dos soldados que se perderão com o sargento mor Domingos Lopes de Siqueira, mas todos tam
492
debelitados, e despidos, que hé maior a despeza e cuidado a que obngáo, que a utilidade que por hora prometem.
O portador desta hé hú negro chamado Antonio, escrauo que foi do cappitam Antonio Gomes de Gouuea, e pera este efeito lhe deu carta de alforria; dizem que yá fes o mesmo ca- minho, em outra ocaziaÕ: clle vai com guias de muene Qui- combo, que no lo asegura com ellas, e disposto a uoltar logo com a resposta que espero de V. S. para a determinação do que deuo fazer; e porque este recado chegue a V. S. por algua via, fico intentando outras, preuenindome asim, contra as dificulda- des do caminho.
Com esta remetto a V. S. a segunda via da que escreui por Benguella, e a copia do papel autentico que me mandou o capitão mor, Mannoel Pereira; de mais não serue. //
Deos me guarde a V. S. muitos annos, para os felisses acresentamentos que dezeio a V. S.
Quicombo, em catorze de Agosto de mil seis sentos qua- renta e sinco. / /
Senhor Pedro Sezar de Menezes / /
Francisco de Sotto Maior / /
Este rio e porto do Quicombo fica em onze grãos e hú terço. //
A qual carta do Gouernador elleito de Angolla, Françisco de Sotto Mayor, por sua mão asinada, escrita ao Gouernador Pedro Cezar de Menezes, eu Felipe de Carualho, escriuão da armada, fis tresladar da copia delia, por mim feita pella própria a que me reporto e a conçertei com o auditor general, comigo asinado. / /
493
Quicombo, em desasete de setembro de mil e seis çentos e quarenta e sinco annos, e o sobescreuy.
Comiguo auditor geral Ioaõ Luis Mafra
Phillippe de Carualho Conçertada por mí escriuaÕ Phillippe de Carualho
AHU — Angola, cx. 3.
494
108- A
AUTO DE PEDRO CÉSAR DE MENESES (28-8-1645)
SUMÁRIO — Respondem os signatários às sugestões de Sotomaior acerca do local que propunha para o desembarque do socorro ido do Brasil, propondo que fosse no Cuanza, ou entre este rio e o cabo Ledo.
Anno do nasçimento de Nosso Senhor Ihesus Christo de mil seis sentos corenta e sinco, aos uinte e oito dias do mes de Agosto, do ditto anno, nas pouzadas do Senhor Gouernador Pedro Sezar de Menezes, neste prezidio de Massanganno, Villa da Uitoria, Reino de Angolla ,pelo ditto Senhor forao manda- dos chamar, o ouuidor geral Domingos Luis de Andrade, o sargento mor deste Reino Viçente Pegado, os capitais mores Gaspar Borges de Madureira, Ioão Suzarte de Andrade, os ofi- ciais da camará, o cappitam Francisco de Mello, Antonio Uás da Costa; os cappitais actuaes Diogo Gomez S. Paio, Mannoel Telles Barretto, Antonio de Touar, o capitam da gente de cauallo Duarte Monis Barreto; e as mais pessoas abaixo asi- nadas, em prezença de mim, secretario destes reinos, Pedro de Torredouro Sappatta, pello ditto Senhor Pedro Sezar de Me- nezes, foi mostrada hua carta do senhor Françisco de Sotto Maior, que uem por Gouernador deste reino, feita em Qui- combo, a coal trouxe Fhelippe Loppes, e nella o ditto Senhor dezia, como uinha por hordem de S. Magestade, a gouernar este Reino, e trazia infantaria e muitas muniçoís, e que estaua for- tificado na dita parajem, e que o Senhor Pedro Sezar de Mene- zes, lhe mandasse a mais gente pretta que pudesse, asim pera lhe carregar as muniçoís que trazia, como pera o acompanhar;
495
pera se uir com a ditta infantaria marchando, e que o acharião no morro de Benguella a Uelha, athé o Rio Longa, na parajem que milhor lhe estiuese, pera se conduzirem com o ditto se- nhor, e fosse com a mor breuidade que se pudesse, e que ms- sem, como práticos que herão nesta conquista, e nas parajens delia, o que se podia fazer pera se dar comprimento, á dita carta, insto ser tanto em seruiço de sua Magestade e bem deste Reino. / /
E consultada a mathena entre todos, se ueo a resoluer, que hera imposivel conduzirse gente desta conquista na para- jem donde o ditto senhor Gouernador dezia, por auer muitas dificuldades no caminho, assi por ficar o Rio Longa em meio que se auia de passar, como por estar a força da guerra da Quissamma no ditto Rio, como muitos quilombos de yagas, tudo gente belicoza, que com qualquer moui mento se auia de leuantar contra nós, tanto que uisem que passaua guerra da outra banda da Quissamma; alem de que, hera mui deficultozo ayuntarse guerra pretta para o ditto efeito, e quando se ayun- tasse, auia mister muita gente branca de infantaria que a acompanhasse, e lhe fosse dando costas, o que oye não há neste reino, por estar muito falto delia, sem embargo que em todo o dito caminho não há agoa, nem mantimento com que se possa passar athé o ditto no Longa; e dado cazo (que hé couza que não podesse ser) que se pudera conduzir a ditta gente branca e pretta, com o dito senhor Gouernador, hé muito grande o caminho pera a infantaria que uem agora de Portugal, por ser gente noua pera uir marchando por terra, com as cal- mas que fazem neste Reino, e as dificuldades dittas, por ser a terra mui enferma, e com muita dificuldade deixaria de adoesser a mor parte delles; demais que a yente pretta, não hé pusiuel poder carregar as mumsoís todas, porque a gente de arco não costuma carregar, e só os filhos dos souas o fazem, e isso tam pouco, que há mister muita cantidade delles pera poucas cargas, e hão de trazer o mantimento que hão de
496
comer e beber: e que se ariscauão a auer huã grande ruína contra o seruiço de sua Magestade e bem deste Reino, que bem nessesitado estaua da uinda do ditto senhor e da gente que trazia; pello que o ditto senhor Pedro Sezar de Menezes deuia de auizar ao senhor Gouernador Francisco de Sotto Maior, se quizesse uir nas naos, com toda a enfantana, athé entre a Coanza e o Cabo Ledo, ou a mesma Coanza, donde com muita façilidade se podia acodir de quá com gente pretta e branca, pera que se recolhesse a infantaria que trás e mais petrechos, sem auer perda nem risco algum, por auer portos muito bons donde poder dezembarcar; e no que tocaua ao olandês, que se nao quebraua por isso as pazes, por quanto dis que toda esta costa athé Benguella hé sua, e em qualquer parajem que de- zembarcar, uem a ser o mesmo; e menos danno hé quebrarse com o olendês quando o tome mal, que arnscarse hua couza de tanta consideração, nem elle tem oje naos nem poder pera que o possa impedir; alem de que, o procurarse socorrer esta con- quista e aos souas vassallos de Sua Magestade, temos obrigação de o fazer sem danno do olandês, e quando elle o queira de- fender, da sua parte se quebranão as pazes e não da nossa; e hé de muita reputação pera este Reino dezembarcar a infantaria onde se aponta, a respeito dos souas aleuantados, e mais gentio; e que este hera o seu pareser e assi o requenão ao senhor Pedro Sezar de Menezes, o auizasse ao dito senhor Françisco de Sotto Maior; e que se mandasse huã pessoa com o dito auizo para que informaçe ao dito senhor de palaura com mais lar- gueza; e que este auto ficasse o treslado delle na secretaria, pera que a todo o tempo constaçe dos pareseres que derão; e asinarão todos, em ditto dia, mes, e anno atrás declarado; e eu Pedro de Torredouro Sappatta, secretario destes Reinos e do senhor Pedro Sezar o escreui. / /
Domingos Luis de Andrade, Vicente Pegado, Diogo Go- mes S. Paio, Martim Correa, Lourenço de Fig[u]eiredo, Man- noel Telles Barreto, Rui Pegado, Duarte Monis Barreto, Ioao
32
497
Zuzarte de Andrada, Antonio Touar Lopes, Ioão Soares Pa- checo, Luis Gonçalues Brauo, Ioao de Souza.
O qual treslado de auto enuiado de Massangano pello Gouernador e Cappitão geral dos Reinos de Angola, Pedro Cezar de Menezes, ao Gouernador e Cappitão geral elleito dos ditos reinos, Françisco de Sotto Mayor, eu Felipe de Carualho, eschiuão da armada e socorro de Angolla nas matérias de Guerra, Fazenda, e Iustiça, fis tresladar por seu mandado, bem e fiel- mente do próprio original a que me reporto e em seu poder fica; e uai na verdade sem couza que duuida faça, e o corri e conçertei com o auditor general da gente de guerra, o cappitão Ioão Luis Mafra, comigo abaxo asinado, neste arayal e forti- ficação de Santa Crus do Quicombo, em os quinze dias do mes de Setembro de mil e seis çentos e quarenta e sinco annos, e o sobescreuy.
Phillippe de Carualho Comiguo auditor geral Conçertado por mí escriuaõ
Ioao Luis Mafra Phillippe de Carualho
AHU — Angola, cx. 3.
498
108-B
CARTA DE PEDRO CÉSAR DE MENESES A FRANCISCO DE SOTOMAIOR
(29-8-1645)
SUMÁRIO — Manifesta o seu contentamento pela arribada de Soto- maior e feia sucessão que nele vai ter — Comunica-lhe o envio do Auto em que verá como se não concorda com ele quanto ao local do desembarque do socorro.
Oye uinte e sete de Agosto, reçebi huã carta de V. S., feita em vinte de Iulho, e aseguro a V. S. que a estimej, assi pellas boas nouas que me dá, como por quem, com a boa uinda de V. S. espero breuemente ser hure deste miserauel desterro, cuia redempçáo agradeço a V. S. e lhe beijo as maõs, ficando obrigado a tudo o que V. S. me mandar de seu seruiço e com muito grande dezeio de dar a V. S. hú abraço.
Pello auto que com esta mando uerá V. S. as dificuldades e discommodos que há, para se não poder conseguir o que V. S. me escreue, e os pareseres que neste particular deraõ as pessoas que nelle uao asignadas, requerendo me o manifestasse a V. S., e avizasse por pessoa que mais largamente relatasse os impo- siueis que há pera se dar comprimento à carta de V. S., para o que mando esta embarcação com o padre Hieronimo da Fonçequa, e o pilotto Antonio Dias, para que de tudo desse rezão mais por extenço a V. S. Eu me fico aprestando para o que for nessesano, com mui grande dezeio de ver a V. S. e estimarej seia com saúde. Cuia uida Deos guarde por largos annos. / /
Massangano a 29 de Agosto de mil seis sentos corenta e sinco annos. / /
499
V. S. me faça mercê de auizar o tempo que se hão de deter os naiuos, por que eu estou determinado a embarcarme na primeira embarcação, inda que seya com discommo- didade. (x) //
Senhor Francisco de Sotto Maior. / /
Pedro Sezar de Menezes
A qual Carta do Gouernador dos Reinos de Angola Pedro Cezar de Menezes, por sua mão asinada, escrita ao Gouernador elleito dos ditos Reinos, Françisco de Sotto Mayor, eu Fellipe de Carualho, escnuão da armada, fis tresladar da própria, a que me reporto e a corri com o Auditor General, comigo asinado./ /
Arayal de Santa Crus do Quicombo, em quinze de Setem- bro de mil e seiscentos e quarenta e sinco annos, c o sobes- creuy.
Phillippe de Carualho Comiguo auditor geral Conçertado por mí escriuaõ
Ioaõ Luis Mafra Phillippe de Carualho
AHU — Angola — cx. 3.
(*) Outra via, praticamente idêntica, de 31 de Agosto, com este período redigido deste modo:
«Cada dia uou achando maiores dificuldades para que V. S. conduza a gente e munisõis que trás, naõ uindo V. S. á mesma Coanza da parte do Sul, e aseguro a V. S. que para os Olandezes o mesmo hé dezembarcar V. S. a donde digo, que no Quicombo, por- que se tiuerem poder, em toda esta costa haõ de defender nossa commonicação». //
500
11 0- A
CARTA DE FRANCISCO DE SOTOMAIOR A EL-REI (14-9- 1645)
SQUMÁRIO — Defende perante el-Rei a António Teixeira de Men- donça das responsabilidades do grave desastre militar do socorro de Angola, sucedido sob o seu comando.
+
Senhor
Em carta do ultimo de Agosto tratei a V. Magestade do desbarate do socorro que partio da Bahia pera estes Reinos de Angola com o Cappitaõ Mor Antonio Teixeira de Men- do [n]ça, e agora sobre sua pessoa escreuo esta em particular a V. Magestade, por fazer escrúpulo de naõ disculpar com seus procedimentos a desgraça do sucesso, afirmando a V. Mages- tade estou até o prezente taÕ bem ímformado delles que creo que naõ desmerece por elle a graça de V. Magestade.
Tomou este porto com os fundamentos de que elle mesmo dá conta a V. Magestade em carta que será com esta e seguindo a condução da Infantena por terra, se lhe adiantou com a mayor e melhor porsaõ delia o Sargento Mor Domingos Lopes de Siqueira, a façilitar a passagem de hum no, impe- dida por hua grande multidão de Iagas inimigos, em cuia em- preza morrerão todos os que a intentarão, e ele naõ pareçe que deixou de mostrar todo o deuido valor em se retirar com as mo- niçoes, e se saber conseruar com taõ poucos e taõ emfermos
(') Vid. documento seguinte.
50/
soldados entre tantos perigos e trabalhos, como padeceu até se tornar a conduzir a este porto do Quicombo, onde eu cheguei a seu respeito, e nelle fica comigo, continuando o seruiço de V. Mgestade com muita pontualidade, esperando como eu da grandeza e clemência de V. Magestade se sirua de o auer por mui disculpado, em fé de que os vassallos somente com o bom animo pagaõ a seu Rey, dependendo os suçessos só da Proui- dençia de Deus, que guarde por feliçes annos a real pessoa de V. Magestade, como a Chnstandade há mister. / / Quicombo, em 14 de setembro de 1645.
a ) Framcisco de Sottomayor
AHU — Angola, cx. 3.
502
110-B
CARTA DE ANTÓNIO TEIXEIRA DE MENDONÇA A EL-REI D. JOÃO IV
(14-9- 1645)
SUMÁRIO — Explica a el-Rei a quem pertencem as responsabilidades do desastre do socorro militar enviado pelo governador do Brasil a Angola, sucedido sob o seu comando.
t
Senhor
Em carta de quinze de Abril auizei a V. Magestade de como auiamoz deitado o socorro nezte porto de Quicombo, sito em onze grãos e hum terço, comformandonos com o regi- mento que trazíamos e pareçer que se tomou com os Cappitaiz e moradorez deste Reino, práticos desta Costa e Sertão, naõ auendo nella outro aonde achássemos a comodidade de poder conduzir á conquista as moniçoíz, que era o de que os prezidios mais nesecitaõ, nem outro Soua que naõ admitindo amizade do olandês esteia á deuaçaõ de V. Magestade, o qual nos deu todos os negros que nos foraõ nesseçarios pera as ditas moniçoíz, e só em Cabo Ledo o pudéramos fazer se o gouernador do esta- do do Brazil, Antonio Telles da Silua, nos dera Henrnque Dias com çem (J) soldados da sua tropa, e todos os negros da Bahia estauaÕ de Casange, e a ella tinhaõ ido desterrados deste Reino, os quaes V. Magestade mandou se nos desse [m] pera a dita condução (2), e só nos deraõ trinta e dous da dita tropa, neces- sitando de sento e sincoenta. / /
(J) No original: sem.
(2) No original: condesaõ.
5°3
E entendendo taõ bem que o olandês nos esperaua do Dande até ao dito Cabo Ledo, como despoiz soubemos por auizo do Cappitam Mor de Benguella, Manuel Pereira. E assim elege- mos este dito porto por milhor, aonde naõ tam somente se nos deraõ todos os negros que nos foraÕ neçeçanos, mas o mesmo Soua Maniquicombo, senhor delle e das terras ali uezinhas, nos foi acompanhando com toda sua gente de guerra e a de outros uaçalos seus por donde pudéramos entrar na Comquista sem seremos sentidos do olandês, nem tomarem ocaziaõ de que dezembarcamos em porto seu. E indo marchando, ao quarto dia de nossa íurnada nos adoeseraõ sento e tantos homens, [o] que nos obrigou a fazer alto, e em poucos dias caJhiraõ doentez todoz os maiz, naõ perdoando aos moradorez e filhos do mezmo Reino, naçido de tomaremos este sertaõ no rigor do inuerno, naõ ficando por nós o admitillo ao dito gouernador, pedindolhe que dilatace mais uinte dias, os quaes bastauaõ pera tomar esta Costa no principio do ueraõ; alem de que tinha chegado huã carauela que sahira de Lisboa.
Depois do general Saluador Correa de Sá, em cuya com- panhia se emtendia vinhaõ ordens para este Reino, como susedeo chegarem noue dias depois de nossa partida e naÕ admitindo nossas petiçoíz, me fes embarcar, e a cabo de sincoenta e quatro dias, deixando quarenta e trez soldados em terra, desobrigados da falta de mantimentos e do neçeçario para os comprar, fomos seg[u]indo nosso caminho Ieuando ainda muitos doentez em redes até o Rio Cubo, aonde fazendo ponte aiudados de dous ou trez mil Iagas, pello dito Maniquicombo se recolher a suas ter- ras por nossa dilação, nola defendeo (3) o gentio da outra banda, tendoçe comuocado com todos os daquella prouinçia, fazendo para isso grandes perparaçoíz para nos impidir que lhe naÕ atra- ueçaçemos suas terras; e feita a ponte, em cuia defença lhe matamos algua gente, me pareçeo paçar o Sargento Mor Do-
(3) impediu, proibiu.
5°4
mingos Lopez de Siqueira com sento e sete homens que estauaõ capazes de marchar e tomar armaz, para franquiar o paço da outra banda e gainhar o sitio em que o enemigo estaua aloiado, e que fazendo o me mandaçe logo a gente preta para carregarem as moniçoíz e soldados doentez, o que fes pello contrario, porque gainhando o dito sitio foi seg[u]jndo o enemigo dous dias peleiando com elles até os meter em hum matto que tinhaõ, bem forteficado com suas trincheiras e fossos, donde lhe naõ foi posiuel retirarçe sem manifesto perigo, peleiando das noue horas do dia até ás sinco da tarde, em que o enemigo ueio ás maõs com elles, naõ dando uida a nenhum, pello grande dano que lhe tinhaõ feito, matando o mesmo senhor daquellas terras e outros fidalgos uezinhos que o aiudauaõ e só escaparão seis soldados que com a noute tiueraõ lugar de fugir; e depois de chegada esta noua esperei trez dias para uer se se recolhiaÕ mais alguns e a guerra preta (4) dos que nos acompanharão, entre os quaes ouue dous Cappitais que nos foraõ traidorez, com- forme depois se soube, por terem a maior parte de sua gente em aiuda do enemigo, que foi a causa maior de nossa rota (5), mandando os persuadir a que uiessem ás mãos que elles os aiuda- riaõ, como fizeraõ. / /
E a cabo dellez, tendo por serto que naõ escapara [m] mais que os ditos seis soldados e naõ me ser posiuel a comquista pella imposibilidade da infantaria com que fiquei estar doente, me uim retirando para o porto donde auia deixado hum barco para auizar a V. Magestade do suseço e do que intentaua fazer, uencendo na dita retirada grandes defeculdadez, em rezaÕ de trazer comigo todas as moniçoíz e doentez até onde tiue auizo do Cappitam Mor de Benguella, que o gouernador Francisco de Soto Maior ficaua nesta Costa, a quem tinha lá emfor- mado de meu suseço, auizandome que o dito gouernador uinha
(4) No original: prata.
(5) destroço, desbarato.
5°5
tomar este porto por me recolher a sy; e com sua atuda cheguei a elle cõ çem soldados, muitos delies doentez e mal comuale- çidos da doença e mizenas que padeçeraõ, e asim mais todas as moniçoíz e armas dos soldados que morrerão, a quem entre- g[u]ei tudo. / /
E mediante Deus, debaixo de suas ordens e furtuna espero ter melhorados suçeços no seruiço de V. Magestade, poiz [sen- do] hum soldado obrigado das muitaz mercês que V. Mages- tade me fes, naõ pude conseg[u]ir seu real intento, naõ auizan- do a V. Magestade do estado em que as cousas da Conquista estam, comforme a noticia que nos deraõ os moradorez de Ben- g[u]ella, porque o deue fazer particularmente o dito gouer- nador Francisco de Soto Maior. / /
Nosso Senhor guarde a real peçoa de V. Magestade como seus Reinos e senhorios ham mister. Deste arraial de Santa Crus do Quicombo, a 14 de setembro de 1645 annoz.
a ) Antonio Teixeira de Mendóça. AHU — Angola, cx. 3.
506
111-A
CARTA DE FRANCISCO DE SOTOMAIOR A PEDRO CÉSAR DE MENESES
(18-9-1645)
SUMÁRIO — Acusa a recepção das cartas do Governador — Apesar de estar já fortificado em Quicombo, propóe-se seguir o parecer de César de Meneses para o desembarque.
Em re[s] posta da que escreui a V. S.a de Catumbella, por Fellipe Lopes, no nauio framengo- em 20 de Iulho recebi às de V. S.a de 29 e 3 1 de Aogsto (2), com o P.8 Hieronimo da Fonçequa e o pilloto Antonio Dias, e depois da deuida estimação a taÕ boas nouas da saúde de V. S.tt, concidero os descomodos e dificuldades que se me apontaõ no Auto que V. S.a mandou fazer sobre a minha passagem a Massangano por esta parte de Quicombo, e naõ obstante que eu me achaua já nelle fortificado e prestes para partir a alhanar o passo até a Longa, em fé de que a guerra pretta desse reino pudesse chegar a encontrarse comigo na mesma paragem, por me afirmarem (como ainda o fazem) as pessoas mais praticas de Bêguella, e as que [se] liura- raõ do desastre de Domingos Lopes de Siqueira, que naõ nesesi- tauamos de passar por a Quissama, senão de seguir por sima o caminho de Cambambe, muito abundante de agoa e bastimen- tos; hé forsa porem rezoluerme com o pareçer de V. S.a e desis- tir do primeiro intento, naÕ fundado em mais que na conue-
(*) Cfr. documento n.° 103-A, págs. 490-492, em que se pro- punha seguir o parecer de Pedro César de Meneses quanto ao local do desembarque.
(2) Cfr. documento n.° 108-B, págs. 499-500, em que lhe comu- nicava o envio do Auto sobre o local do desembarque do socorro.
507
niençia e ocaziaõ de lançar maõ de híí porto taõ nessesario como este para a comunicação de Portugal com essas Conquistas, e tão liure de preiudicar por elle a fé das tregoas; e dado cazo que eu trouxesse menos poder do que V. S.a deue supor, naõ reparara na falta de agoa e de porto que se conçidera na para- gem que V. S.a me auiza, para deixar de o hir obedeçer em cõfiança da expenençia e zello com que V. S.a o terá aueriguado por melhor para condução deste socorro a essa Praça; e com o auizo desta minha rezoluçaõ torno a mandar a V. S.a o Padre Hieronimo da Fonçequa, e com elle híi dos religiozos da Com- panhia de Ihesus que trago comigo, que hé o Padre Antonio Pires, que V. S.a bem deue conheçer, o qual inteirará a V. S.a do mais, que de papeis se naõ deue fiar, pella incerteza da volta, como hé certo que o Olandês lá naÕ ignora minha chegada. / /
Resta, que V. S.a, com toda a promptidaõ que costuma, me mãde prouer de gastadores e bastimentos pellas paragens que me aponta, emquanto eu com a dehgençia possiuel me faço prestes par tornar a nauegar em demanda delias, em compri- mento das aduertençias de V. S.a, que Deus guarde muitos annos, como dezeio. / /
Quicombo, em 18 de Setembro de 1645. //
Senhor Pedro Cezar de Menezes / /
Françisco de Sotto Mayor / /
O qual treslado da carta do Gouernador e Capitão Geral elleito dos reinos de Angolla, Francisco de Sotto Mayor, por sua maõ asinada, escrita ao Gouernador Pedro Cezar de Mene- zes, eu Felipe de Carualho, escriuaõ da armada e socorro de Angolla nas matérias de guerra, fazenda e iustiça, tresladei da própria, a que me reporto e a concertei com o Auditor gene- ral da gente de guerra, o Cappittaõ Ioaõ Luis Mafra, comigo asinado, neste Arayal de Santa Crus do Quicombo, reinos de
508
Angolla, em dezanoue de Setembro de mil e seis çentos e qua- renta e sinco annos, e o escreuy.
Phillippe de Carualho Comiguo auditor geral Concertada por mí escriuaõ
Ioaõ Luis Mafra Phillippe de Carualho
AHU — Angola, cx. 3.
5°9
111-B
AUTO DE FRANCISCO DE SOTOMAIOR (24-9-1645)
SUMÁRIO — Apesar do parecer enviado por César de Meneses o novo Governador estuda com as pessoas de dignidade o melhor local de desembarque, deixando a salvo as tréguas com os holandeses, firmadas pelo Rei de Portugal.
Anno do naçimento de nosso Senhor Ihesus Chnsto de mil e seis çentos e quarenta e sinco, aos uinte e quatro dias do mês de Setembro, neste arayal de Santa Crus do Quicombo, nas pou- zadas do Gouernador e Cappitaõ geral elleito dos reinos de Angolla, o Senhor Françisco de Sotto Mayor, por elle foi man- dado se aiuntassem as pessoas de dignidade e posto seguintes, a saber, o Reuerendo P.° Mateus Dias, teólogo, professo da Companhia de Ihesus, e seu companheiro o Reuerendo P.* An- tonio Pires, o Reverendo P.° Hieronimo da Fonçequa, o Cap- pitaõ elleito de Embaca Matinas Telles, o Cappitaõ Anto- nio Gomes de Gouuea, o Cappitaõ Duarte de Lemos, o Cap- pitaõ Dinis da Motta, o Cappitaõ autuai do prezidio uindo de Benguella, Cornélio Noels, o Auditor General da gente de guerra, Ioaõ Luis Mafra; e estando todos umtos perante o dito Senhor Gouernador, por elle foi mandado a mí escriuaõ ao diante nomeado, lhe trouxesse duas cartas do Senhor Gouerna- dor Pedro Cezar de Menezes, e hú Auto que com ellas lhe mandara pello Reuerendo padre Hieronimo da Fonçequa, que prezente estaua; e trazendo eu as ditas Cartas e Auto, me man- dou lesse tudo perante os prezentes, como de effeito li, em alta e intellegiuel uós; e logo pello dito Senhor Francisco de Sotto Mayor lhes foi proposto o seguinte, dizendo, que lá todos esta-
5/0
riaõ inteirados dos fundamentos e rezoes, com que elle auia tomado este porto do Quicombo, e fortificadosse nelle, com intento de conduzir o socorro e moniçoes que trazia a Massan- gano, sem preiuizo das tregoas que auia com os olandezes, seguindo em tudo as ordens de S. Magestade, para o que tinha atuzado ao dito Senhor Pedro Cezar, lhe mandasse guerra preta para poder carregar as moniçoes que trazia; e estando deliberado e disposto a atrauessar o certaõ com a infanteria e abrir caminho a Massangano uallendose de algúa guerra preta de Souas amigos para as moniçoes, confiado que no caminho se poderia encon- trar com a que pedia ao dito Senhor Pedro Cezar. / /
Neste tenpo lhe mandara de Massangano dous barcos, escreuendolhe neles duas cartas, de uinte e noue e trinta e hú de agosto (1), e mandandolhe híí auto de uinte e oito do mesmo asinado pellas pessoas mais praticas e principaes da terra (2), declarando ser couza impossiuel a dita condução por esta para- gem, pelos muitos inconuenientes que nella auia, asim de falta de agoas como prolongamento de caminhos, e que elle lhe naõ poderia por esta parte acudir com a guerra preta que pedia para conduzir as moniçoes, po restar tudo impedido de grande poder de Iagas inimigos; e que para os ímformar de tudo mais larga- mente, lhe mandaua o dito Reuerendo Padre, requerendo lhe que com as naos e gente com que se achaua, quizesse passarse a effeituar sua desenbarcaçaõ e condução do socorro que trazia, entre o Cabo Ledo e a Coanza, e que ahi lhe poderia acudir com a guerra preta nessesana e bastimentos, o que tudo mais claramente constaua das ditas Cartas e Auto, que eu escriuaõ lhes auia lido; e preguntando o dito Senhor Francisco de Sotto Mayor ao dito Reuerendo Padre que paragens auia entre o Cabo Ledo e a Coanza, que tiuessem desembarcadouros para se poder desembarcar sem preiuizo das tregoas, respondeu que os auia
(1) Cfr. documento n.° 108-B, pág. 499.
(2) Cofr. documento n.° io8-A, pág. 495.
5"
no Cabo Branco e no Morro dos Nambios, sem preiuizo das ditas tregoas, por serem terras de hú Soua vassallo nosso, cha- mado Songa; e preguntando mais o dito Senhor se auia agoa, respondeu que sim, auia, posto que desuiada hú pouco pella terra dentro; o que uisto pello dito Senhor, disse que elle estaua rezoluto a desoccupar e largar de todo este porto e sitio do Qui- combo, e conseguir a dita desenbarcaçaõ e condução por entre o dito Cabo Ledo e a Coanza, onde mais comodamente o pudes- se fazer, em comprimento do que S. Magestade lhe mandaua, emcomendandolhe em primeiro lugar a conseruaçaõ das ditas tregoas; e segundo o que lhe escreuia o dito Senhor Pedro Cezar, de quem confiaua escolheria o que fosse mais seruiço de S. Magestade, asim que todos os prezentes uísse o que tinhaõ que dizer na matéria; os quaes disserao que uisto nas ditas paragens auer desenbarcadouros e agoa, era couza mui iusta se effeituasse logo o que elle dito Senhor Francisco de Sotto Mavor dezia, o qual ordenou que o dito Reuerendo Padre partisse para Massangano no dia seguinte, segunda feira, uinte e sinco do dito mês, e com elle o dito Reuerendo P.e Antonio Pires, da Companhia de Ihesus, para ambos imformarem melhor de tudo ao dito Senhor Pedro Cezar, e o auizarem que dentro de oito dias partiria elle dito Senhor Francisco de Sotto Mayor deste porto do Quicombo para o Cabo Ledo, onde esperaua tomar falia de gente nossa, que por essas paragens lhe teria lá o dito Senhor Pedro Cezar, para conseguir a dita desenbarcaçaõ e condução; do que tudo madou o dito Senhor Francisco de Sotto Mayor fazer este auto, que assinarão os prezentes com elle; e eu Fellipe de Carualho, escriuaõ da armada e socorro de Angolla nas ma- térias de Guerra, Fazenda, e Iustiça, o escreuy. / /
Françisco de Sotto Mayor / / Mateus Dias // Antonio Pires // Hicronimo da Fonçequa / / Matias Telles // Anto- nio Gomes de Gouuea / / Duarte de Lemos // Diniz da Motta // Cornélio Noels. //
5/2
O qual auto, eu Felipe de Carualho, escnuâo da armada e socorro de Angolla nas matérias de Guerra, Fazenda e Iustiça, tresladei do próprio original que o Gouernador elleito dos Reinos de Angolla, Francisco de Sotto Mayor, enuiou a Massan- gano ao Gouernador dos ditos Reinos Pedro Cezar de Menezes, ao qual auto me reporto e o concertei com o auditor general Ioaõ Luis Mafra, comigo asinado, neste Arayal de Santa Crus do Quicombo, Reinos de Angolla, no dia, mês e anno atrás declarado no dito auto, e o escreuy.
Phillippe de Carualho Comiguo auditor geral Conçertado por mí escriuaõ
Ioaõ Luis Mafra Phillippe de Carualho
AHí I — Angola, cx. 3.
33
5'3
11 3- A
AUTO DE FRANCISCO DE SOTOMAIOR (14- 10-1645)
SUMÁRIO — Estuda com os práticos da costa angolana e com os pilo- tos o melhor local de desembarque do socorro.
Anno do naçimento de nosso Senhor Ihesus Chnsto de mil e seis çentos e quarenta e sinco, aos quatorze dias do mes de Outubro, neste porto e ençeada de Sutto, pello Gouernador e cappitao geral por S. Magestade, dos Reinos de Angolla, o Senhor Françisco de Sotto Mayor- foi madado que perante elle apareçessem todos os pillotos e practicos desta costa dc Angolla; e em ef feito estando prezentes Antonio Dias e Fran- cisco Fernandes, pillotos das duas lanchas que ama mandado ao Quicombo o senhor Gouernador Pedro Cesar de Menezes, Pedro Marques, pratico» Manoel Ferreira pilloto e pratico, uindo por tal no socorro da Bahia, João de Crauide pilloto, logo o dito senhor Gouernador Françisco de Sotto Mayor lhes man- dou que debaixo do juramento dos Santos Euangelhos, e da fé deuida a S. Magestade, declarassem qual era o melhor e mais suffiçiente porto próximo á Coanza onde ouvesse abrigo para as naos, e desembarcadouro para os batteis, e agora para sus- tento da gente, e a capaçidade nessesana para desembarcaçaõ e condução do socorro que Sua Majestade lhe mandaua meter em Massangano, e se no Morro que se dezia dos Nambios, auia as ditas comodidades para o tal effeito, por quanto elle dito senhor Gouernador, mandara diante quando uinha do dito Quicombo, descubnr o melhor lugar e parajem que se achasse, mandando se escoadrinhase toda a costa até a Coanza, ao qual effeito fora
5*4
em hua lancha o dito Ioão de Crauide, que prezente estaua; e fora também em hú batel o cappitao Antonio Gomes de Gouuea, com o dito pratico, Pedro Marques, também prezente, sem acharem parte alguã mais sufficiente que esta dita ençeada de Suto, e só nella achara agoa doçe o dito cappitao Antonio Gomes de Gouuea; pellas quaes rezões, elle dito senhor Go- uernador mandara ancorar nesta pasagem as naos; ao que res- ponderão os ditos pillotos e práticos em comú, que dos portos e lugares acomodados para embarcações, desde este de Sutto até a Coanza, não auia nenhú melhor que elle, por quanto só nesta ençeada se acharia agoa, abrigo, e desembarcadouro, posto que tudo com algús def feitos; e que da dita agoa que hé quazi salobra, se não sabia nem auia pessoa em Angolla que delia desse rezão; e que daqui até a Coanza era tudo costa braba, o que em particular afirmarão os ditos dous pilotos das lanchas de Massangano, Antonio Dias e Françisco Fernandes; dizendo mais que o dito Morro dos Nambios não tinha abrigo algú, e que com todos os uentos auia nelle trauessia, e tinha muitos ratos para as amarras, e não podião desembarcar nelle bateis sem risco de se perderem, e que não tinha capaçidade para desembarcação de infanteria nem monições de Sua Ma- gestade, por que se perderia tudo, e não auia nelle agoa se não a da Coanza, dahi duas legoas; o que uísto pello dito senhor Gouernador, mandou asinassem este auto os ditos pillotos e práticos, para constar do conteúdo nelle a todo o tempo, e asinou também com as pessoas de dignidade e posto que se acharão prezentes, cappitães mores e de infanteria; e eu Felhpe de Carualho, escnuão da armada e socorro de Angolla nas matérias de guerra, fazenda e justiça, o escreuy. / /
Françisco de Sottomayor / / Bertolameu de Uasconce- los // Antonio Dias Borges // Ioão de Crauide / / Françisco Fernandez / / Pedro Marques / / Matias Telles Barreto // Antonio Teixeira de Mendo [n]ça // Francisco Rodrigues
5'5
da Cunha //o auditor geral Ioão Luis Mafra / / Antonio Gomes de Gouuea / / Felix de Moura Barreiros / / Pedro Bar- reiros / / Nuno Vaz Guedes / / Bertolameu Paes Bulhão / / Cornélio Noels / / Cnstouão de Lima Falcão / / Ioao Serme- nho / / Francisco Coelho / /.
O qual auto eu Fellipe de Carualho, escriuão da armada, tresladei por mandado do dito Gouernador, do próprio original a que me reporto, e o concertei com o auditor general, comigo asinado, nesta ençeada de Suto, costa de Angolla, no dia, mês e anno conteúdo no dito auto, e o sobescreuy, digo e o escreuy. / /
Phillippe de Carualho Comiguo auditor geral Conçertado por mí escnuaõ
Ioao Luis Mafra Phillippe de Carualho
AHU — Angola, cx. 3.
113-B
AUTO DE FRANCISCO DE SOTOMAIOR (16-10-1645)
SUMÁRIO — Tomam-se decisões acerca do patacho holandês e das cartas trocadas entre o Director de Luanda e Sotomaior, a respeito da sua chegada e desembarque — Transcreve-se aquela correspondência.
Anno do naçimento de nosso Senhor Ihesus Christo de mil e seis centos e quarenta e sinco, aos desaseis dias do mês de Outubro, neste sitio e ençeada de Sutto, na tenda em que pouzava o Gouernador e Cappitáo geral dos Reinos de Angolla por Sua Magestade, Françisco de Sotto Mayor, por elle foi mandado chamar o auditor general da gente de guerra, o cappi- táo Ioão Luis Mafra, ao qual mãdou que logo comigo escriuão fizesse hú auto sobre a vinda do pataxo olandês, e a carta que nelle viera do Director da Loanda, e re[s] posta que elle dito Gouernador lhe mandara, o qual pataxo no dia de antes, quinze do dito mês, quazi noite, apareçera defronte desta paragem, e amanheçendo uiera ancorar no porto, á uísta das naos do socorro que o dito Gouernador trazia; aonde logo mandando em hú batel o aiudante Afonço Rodrigues Uelho, uoltara tra- zendo consigo outro aiudante olandês, que uinha no dito pataxo, e desembarcando com elle no desembarcadouro das moniçoes, que está pella praya adiante, viera dar auizo ao dito Gouernador, que logo fora falar ao dito aiudante olandês, o qual lhe dera húa carta, dizendo ser do Director da Loanda; e uísta pello dito Gouernador se tornara com ella, dizendo uinha responderlhe, mandando recolher o ditto aiudante em húa tenda, no mesmo lugar em que estava; e sedo as quatro para
5'7
as sinco oras da tarde, lhe mandara a dita re[s] posta pello capitão de mar e guerra Ioão Sermenho, com o cappitáo de infantena Cnstouao de Lima; e o dito auditor general comigo escnuáo, que a dita re[s] posta escreui, por mandado do dito Gouernador, que a asinou por sua mão, e serrada e sellada com o seu sello, dezia o sobescnto: ao Senhor Henng de Redinchouen, que era o dito Director da Loanda; e o dito cappitão a entregou perante nós em mão do dito aiudante olandês, que a reçebeu, e uimos ser a própria; com a qual logo se embarcou, de partida para o dito seu pataxo, do que tudo se fez o presente auto, com o theor das ditas carta e re[s] posta, que de verbo ad ver bum são as seguintes.
CARTA DO DIRECTOR DA LOANDA
Senhor Comendante / /
Por quanto veo a noticia que V. S.a acompanhado com quatro navios ueo á nossa costa, tomou porto, e deitou ancora entre os nossos fortes, e mais botou gente em terra e fes forta- lezas, sem nos disso mostrar comissão ou fazer deuida adver- tência por cuia autoridade V. S.a cá veo e muito menos a quê. //
O qual sendo couza não menos preiudiçial que sospeita, não quizemos deixar não somente de escarmentar, senão tam- bém de mandar a V. S.a de sizo que parta dahi e deixe a nossa costa, para que não aiamos rezão de tomar á mão médios mais ásperos.
Pello qual protestamos, em nome e da parte dos poderozis- simos senhores estados geraes das Províncias unidas, nossos superiores soberanos, de todos os desastres, intereçes e dannos, que por aquella rezão se podessem cauzar, e pedimos que V. S.a se sirva conçedernos acto publico da insinuação desse protesto, que nos sirva de re [sjposta. //
5<*
Feito no Supremo Concelho de guerra, oie doze de outu- bro, na era de mil e seis centos e quarenta e sinco. / /
O Director da Costa de Africa da Banda do Sul. / /
Henng de Redinchoven. / /
Por ordem do mui nobre Senhor Director e os Senhores do mui alto Conçelho de guerra / /
Henri = Ghim / /
RE[S]POSTA DO GOUERNADOR
Senhor Henng de Redinchouen / /
Auendome mandado sua Magestade a suçeder ao senhor Pedro Cezar de Menezes, fis elleiçao desta paragem para minha desembarcaçao. por não ser occupada das armas dos senhores estados, mas separada ao domínio de Songa, soua da íurdiçao e destrito da nossa fortaleza da Mochima; e náo obstante esta rezao e as muitas da condição de nossas tregoas, em que se pode e deue fundar a izenção e independência deste meu intento, não deixo porem de reconheçer o motivo de V. S.a para esta sua queixa, em quanto hé fundada na dillação que se offereçeu em fazer sabedor a V. S.a de minha chegada, por obrigação da boa correspondençia de nossos cargos, e da amizade de nossas nações, mas o nauio de V. S.a que aqui nos auistou em oito do prezente, não deu lugar a esta deuida de- mo [n]tração com a sua açelerada volta; e agora em lugar do offerecimento que eu dezeiava fazer a V. S.a de meu animo para todas as ocazióes que se me offereçessem de seu gosto, em discurso de minha asistençia, por estas partes, hé forsa que estranhe antes a V. S.a a sem rezão deste seu protesto, tão contrario a todo o intento e obseruação das condições de nossas tregoas, como V. S.a pode ver nos artigos delias, que são em
5*9
número os seguintes, i. 8. 9. 10. 12. 19. (J) e em conçide- ração delles e de tão manifesta e mstificada aução como a de S. Magestade para a comunicação e socorro de seus vassallos, me hé preçizo e forsozo intentar minha pasagé a Massangano, e íuntamente a partida do senhor Pedro Cezar para o Reino; e quando V. S.a se resolua a empregar suas forsas em opossisão de effeitos tão mstos e tão nessessarios ao serviço de Sua Ma- gestade e conservação de seus vassallos, eu espero ficar bem livre da culpa do rompimento das tregoas, e em decoro delias e das ordens de meu Rey e Senhor Dom Ioão quarto de Por- tugal, e em seu nome e de Sua parte como seu Gouernador e cappitão geral que sou, por elle elleito, protesto por todos os desastres, intereçes e dannos que por cauza do dito rompimento possão aconteçer, asim no mar como na terra, e pesso a V. S.a me conçeda outro si acto publico da insinuação deste protesto, que me sirva de re[s] posta. //
Oie desaseis de Outubro de mil e seis çentos e quarenta e sinco. / /
Francisco de Sottomayor. / /
E não dezião mais as ditas carta e re[s] posta, em fé de tudo o que mandou o dito Gouernador asinassem este auto com elle e o ditto auditor, as pessoas de dignidade e posto da guerra, cappitaens mores e de infanteria abaxo asinados, como prezentes a tudo; e eu Felhpe de Carualho, escnuão da armada e socorro de Angolla nas matérias de guerra, fazenda e justiça, o escreuy. / /
Françisco de Sottomayor //O auditor geral Ioão Luis Mafra / / Bertolameu de Uasconçellos / / Antonio Teixeira de Mendoza / / Mathias Telles Barreto / / Nuno Uás Gue-
(*) Cfr. Monumenta, VIII, p. 511-515.
520
des / / Cornélio Noels / / Cristouão de Lima Falcão / / Anto- nio Gomes de Gouuea / / Luis Pereda / / Manoel de Caçeres / / Ioao Sermenho / / Bertolameu Paes Bulhão / / Françisco Coelho / / Felix de Moura Barreto. / /
O qual auto, eu Felhpe de Carualho, escnuao da armada, por mandado do dito Gouernador tresladei do próprio original, a que me reporto e o conçertei com o auditor general, comigo asinado, nesta ençeada de Sutto, costa de Angolla, em desasete de Outubro de mil e seis çentos e quarenta e sinco annos, e o escreuy.
Phillippe de Carualho Comiguo audittor geral Conçertado por mí escnuaõ
IoaÕ Luis Mafra Phillippe de Carualho
AHU — Angola, cx. 3.
52/
1 14- A
REQUERIMENTO DA CÂMARA DE ANGOLA A FRANCISCO DE SOTOMAIOR
(20-10-1645)
SUMÁRIO — Parecer e requerimento da Câmara de Luanda a propó- sito da carta do Director de Luanda e do desembarque de Sotomaior — Não concorda com o desembarque.
Anno do naçimento de nosso Senhor Iesus Chnsto de mil e seis çentos e quarenta e sinco annos, aos vinte dias do mez de outubro do ditto anno, neste arayal da Alagoa do Suto, pello capitão Martim Correa, e o licençeado Ioão Soares Pa- checo, e o capitão Antonio Vaz da Costa, procurador do conse- lho, foy ditto perante mí escnuão, que per quanto elles auião sido elleitos pellos officiaes da Camara e mais pouo deste Reyno, para uirem dar as boas vindas ao senhor Gouernador Francisco de Sotto Mayor, de sua feliçe chegada e íuntamente para aduirtir ao ditto senhor de alguas couzas que conuinhão ao seruiço de S. Magestade e bem deste Reyno, as quais erão que sua senhoria deuia mandar fazer notório ao olandez como vinha a gouernar este Reyno, e que lhes não vinha a dar guerra, senão de paz, e conseruar as [pazes] que erao feitas entre elRey nosso senhor e os estados de Olanda; e que outro sim, para conseruação deste Reyno, seruiço de Deos e de S. M agestade, era mais conueniente fazersse hua forteficação íunto da Coanza, onde chamão o Outeyro dos Nambios; e que vindo elles cõ esta proposta, passando pelo ditto Outeyro dos Nambios, acharão ser tudo muito pelo contrario do que se íma- ginaua, perquanto segundo seu pareçer hé, pello que virão, e entendem estar o ditto Outeyro muito desuiado da Barra da
Coanza, e delle se não pode deffender a ditta Barra, como outro sim por a costa naquella paragem correr direita e des- cuberta e muito braua, e a [r] rebentar o mar pouco menos de meia legoa da costa, aonde não hé possível dezembarcarsse, nem os nauios estarem seguros; e outro sim não auer naquella parte agoa senão couza de legoa e meia ou duas legoas, pello Rio Coanza asima, donde para se hir a buscar hé forssa passar mnto da fortaleza do olandez, e outras incommodidades, per donde lhes parece ser incapaz de se poder situar na ditta para- gem, como para se auer de fazer era necessário muita forssa para cõ ella situar acudir aos prezidios e franquear a Coanza; no tocante ao que se auia de fazer notório ao olandez, em que o ditto senhor Gouernador vinha a gouernar este Reyno de paz, pello ditto senhor foy ditto que elle auia já mandado recado ao olandez em re[s] posta de outro que o ditto olandez lhe auia mandado, e que obrigado do ditto olandez lhe mandar recado lhe auia respondido, o que não detreminaua fazer sem isso, per que não conuinha á reputação das armas de S. Ma- gestade mandar tal recado, antes de o ditto olandês o auer feito, per quanto as terras em que estaua erão do soua Songa, vassallo de S. Magestade, em que o olandez não tinha nenhú direito; e que asim tinha ia satisfeito com o que era bem e conuinha nesta parte ao seruiço de S. Magestade. / /
E que no tocante à forteficação sobreditta, elle estaua bem informado de pillotos e mais pessoas que o entendião, como na tal parte se não podia fazer, pellos inconuenientes atrás decla- rados. O que tudo pello ditto capitão Martim Correa e o lecen- ceado Ioão Soares Pacheco, e o capitão Antonio Vaz da Costa lhes pareçer era o que conuinha ao seruiço de S. Magestade e bem deste Reyno, mandarão a mí escnuão, fazer este auto, que asinarão. E eu Balthazar Figueyra, escnuão da ouui- doria geral, per falta do escnuão da Camara, que o escreuy. / /
523
Martim Correa / / Ioão Soares Pacheco / / Antonio Vaz da Costa. / /
O qual requerimento eu, Felipe de Carualho, escnuão da armada, hs tresladar do próprio a que me reporto, e que fica em poder do dito Gouernador, e o conçertey com o Prouedor dos defuntos e auzentes, Ruy Pegado, comigo asinado, por não estar por ora nesta paragem outro iuis ou oficial de justiça, mandando o asim o dito Gouernador, neste arayal da Coanza, terras de Songa, é tres de dezembro de mil e seis çentos e quarenta e sinco anos, e o sobescreuy.
Phillippe de Carualho Conçertado por mí escnuaõ Phillippe de Carualho
AHU — Angola, cx. 3.
Ruy Peguado
121-A
CARTA DA CÂMARA DE ANGOLA A EL-REI (2- 12- 1645)
SUMÁRIO — Agradecem o socorro de Sotomaior, ficando animados a lutar para o futuro pela independência de Angola — Confessam a maior confiança no novo Governador e pres- tam as suas homenagens a Pedro César de Meneses.
Senhor
A Camara deste Reyno de Angola, prostada aos pés de Vossa Real Magestade lhe rende as graças da que nos fes em mandar o socorro que trouxe o gouernador Francisco de Sotto Maior, com o qual ficamos muy alentados, e prestes como vaçallos muito leais para em defenssa do dito reino, e seruiço de Vossa Magestade, pormos hua vida e muitas que tiuera- mos: com o ditto socorro em parte nos há esquesido os muitos trabalhos e perdas que auemos tido, que se bem hão sido mui- tos, nos pareçerão sempre fáceis, á uísta de que erao padesidos pella lealdade portuguesa e seruiço de Vossa Real Magestade; os quais nao recontamos pella sertesa que temos que os aja Vossa Magestade muy bem sabido.
Do sello (*) que o ditto gouernador mostra em o seruiço de Vossa Magestade, e do incansauel trabalho com que o executa, nos prometemos doie (2) em diante muy diferentes suçessos dos atéqui; porque deixando àparte os trabalhos que na costa teue, assim no porto do Quicombo, por baixo de Bemg[u]ella.
(J) Leia-se: zello. (2) Leia-se: de hoje.
525
como os que teue até tomar porto a sotauento do Cabo Ledo, aonde botou em terra a gente e munições, que nisto nos reme- temos a suas cartas, como tão bem o rasemos no tocante ao socorro primeiro vindo com Antonio Teixeira de Mendonça, só tratamos do que fes depois de se auer commonicado com- nosco, que foy depois que o Gouernador Pedro Cesar deseu abaixo; aonde commessamos a conheçer seu sello e animo incansauel: porque auendo do Cabo Ledo ao Rio Coanza dez leugoas de terra, de mattos e areais, e sem augoa, e auendo nesse caminho muitos leuantados, que supposto a terra hé do soua Songa, vaçallo de Vossa Magestade, não faltão nella, por esta- rem muito perto do olandês, e metidos com elle: sem embargo destas deficuldades e das que se offeresião pella pouca con- fiança que do olandês se pode ter, comboiou pella dita terra todas as munições e petrexos que trazia, com grandíssimo tra- balho, assim seu como dos moradores que para isso derao negros, e o que mais hé, que comboiou outrosy toda a artelharia que troixe ar[r]astada por negros, couza que a todos pareceo incriuel; e no trabalho que nisto teue mostrou bem o sello (x) do seruiço de Vossa Magestade, porque com grande valor atropellou infenitas dificuldades; porque o ditto seruiço trás sempre diante dos olhos, e a sua ímittação todos despresão os trabalhos.
O estado em que achou este Rejno era miserauel, porque estaua sem gente, poluora, né munições (que ainda que disto auia algúa cousa, era táo pouco que quasi não era nada), ser- cado por todas as partes de poderosos inemigos; e com esta falta e sobra estauamos tais que lá se nao esperaua mais que o ultimo fim, que todos abraçauamos, por nao desdiser hú ponto á obrigação que tínhamos de vaçallos de tal Rej e Senhor, que sem embargo que o Gouernador Pedro Cesar de Meneses tinha feito muito em o sustentar na forma em que
(x) Leia-se: zello.
526
estaua; se este socorro não chegase a tão bom tempo, fora íaçil acabarmos muy prestes, porque a hús matauão as g[u] erras, outros as doenças, e muitas misérias.
Assim que pois Vossa Magestade tem commessado a meter a mão e pôr os olhos em estes seus vaçallos, lhe pedimos com toda a humildade, queira meter seu poderozo braço; por- que o olandês não guarda mais fé que a que lhe hé util a seus interesses; e além da mercê que esperamos reçeber com a res- tauração deste Rejno, se conhece bem quanto hé de utilidade á sua Real Coroa.
O Gouernador Francisco de Soutto Maior deu a omenagé em nossas mãos, conforme a patente de Vossa Magestade, de que se fes autto, em uinte e seis de outubro, cuio treslado uaj com esta, e fica o original; e todo este pouo muy animozo e offeresido a pôr a vida por seu real seruiço, cuios feliçes suçes- sos e Real Coroa nosso Senhor augmente, como deseiamos; escrita em Camara, em Massangano, 2 de desembro de 1645 annos; e eu Balthezar Figueyra, escnuão da ouuidona, que a fis escreuer he sobescreui, por auzencia do escnuão da Camara.
Ioão de Sousa Francisco de Mello da Cunha
Antonio Vaz da Costa
AHU — Angola, cx. 3.
527
ÍNDICES ONOMÁSTICO, IDEOGRÁFICO E GEOGRÁFICO
ÍNDICES ONOMÁSTICO IDEOGRÁFICO E GEOGRÁFICO
Os números entre parênteses indicam nota de fundo de página
A
Adão (Roberto) — Capitão de navio — 328.
Afonso (P.e Miguel) — Missio- nário S. J. — 18.
Aguiar (Francisco Ribeiro de) — Capitão-mor — 369 (2).
Alarcon (D. Gabriel de O cana y ) Secretário de Estado — 164, 165.
Albonoz ( Cardeal Gil Carrillo ) — Protector de Espanha — 320.
Albuquerque (Matias de) — Conde de Alegrete — 327.
Alessano (P.e Boaventura de) — Prefeito da Missão do Congo — -6o, 61, 62, 85, 96, 98, 99, ioo, 118, 121, 129, 130, 132, 135, 138, 143, 144, 145, 156, 165, 167, 177, 179, 188, 210, 212, 219, 220, 221, 227, 248,
273, 291, 304 («), 318 0), 384, 386, 390, 433, 446, 448,
449-
Alicante (Frei Silvestre de) — Capuchinho — 113, 115, 117, 174, 176, 181.
Álvares ( João ) — Mestre de na- vio — 483.
Alvares Cassanji ( Manuel ) — Capitão — 380 (13)-
D. Álvaro VI — Rei do Congo,
— 122, 265, 291, 318, 319, 386, 433.
Ambaca (Presídio de) — An- gola—29, 73, 87 («). Andrade (Domingos Luis de)
— Ouvidor-geral — 495, 497. Andrade (João Zuzarte de) —
Capitão-mor — 495, 497. Andrade (Vicente de) — 333. Ango (Presídio de) — Angola
-87.
Angola (Bispo de) — 196, 199, 200, 202-203, 2I2> 234' 235>
435-
Angola (Rei de) — 153, 154. Angola (Reino de) — 68, 72, 75, 77, 82, 105, 123, 155, 234,
53 1
242, 244, 247, 332, 342, 343,
347. 35 »• 375. 384> 395. 396- 428, 452, 463, 470, 477, 480,
488, 490, 525.
Angolalondo — Soba — 334. Angolaquiato — Soba — 153. Angolaquicaito — Soba — 29. Angra do Negro — Angola —
354- 371-
Anguiano (P.c Mateo) — Histo- riador Capuchinho — 297 (3).
Ano Bom (Ilha de) — 429, 444.
Antequera (Frei José de) — Ca- puchinho— 113, 115, 117, 118, 127, 135, 142, 144, 174, 176, 181.
Antequera (Fr. Juan Francisco
de) — Missionário Capuchinho
— 237, 240. Antequera (Frei Leandro de) —
Capuchinho — 113, 115, 117,
174, 176, 181. António — Escravo — 374. António (Manuel) — Soldado —
334. 339- Antunes (André) — Sargento-
-mor — 333, 479. Antunes (Bárbara) — 327. Aragão (Baltasar Rebelo de) —
333- 377 (10)-
Araújo (Jacinto de) — 28.
Araújo (Dr. João Salgado de) — Abade dc Pera — 12.
Aravale (Fr. Francisco de) — Capuchinho — 173, 175, 225, 237, 240, 323.
Aspurz (P.c Lázaro de) — Histo- riador Capuchinho — 228 (2) , 473-
Aveiro (Duquesa de) — 244.
53 2
Azevedo (António Soares de) — 333-
Azevedo (Francisco dc) — Capi- tão — 380 (13).
B
Baía Farta — A ngola — 34 1 , 354, 490.
Barberini (Cardeal António) — Capuchinho — 160
Barreto (Duarte Monis) — Ca- pitão — 495, 497.
Barreto (Manuel Teles) — Ca- pitão — 495, 497.
Barreto ( Matias Teles ) — Sar- gento-mor — 333, 373, 479. ^
Bartolomeu (Frei) — Missioná- rio da Ordem de Cristo — 105.
Battaglini ( Girolamo ) — Colector Apostólico — 41, 149, 151, 197, 251, 317, 391.
Be as — Vid. Veas.
Benevides ( Salvador Correia dc Sá e) — Vid. Sá.
Bengo — Rio de Angola — 7, 8, 14, 24, 42, 46, 57, 66, 67, 74, 332, 360, 452.
Benguela (Reino de) — 21, 490.
Benim (Reino de) — 141, 232, 420, 429, 444, 473.
Bergara — Vid. Vergara.
Bernardo ( João ) — Mestre de navio — 435.
Bolonha (P.e João Maria de) — Capuchinho — 443.
Borges (A. Antunes) — 196 203 (=).
Brandão ( Ferdinando ) — 102, 103.
Brasil — 13, 71, 77, 84, 105, 123, 142, 154, 229, 247, 283, 332,
335. 345- 384- 394- 464-
Bravo (Luís Gonçalves) — 498. — 10, 30, 32, 43.
Bulhão (Bartolomeu Pais) — Ca- pitão— 370, 371, 411.
Bumbanbace — Embaixador — 373-
C
Cabo Branco — Angola — 512. Cabo Negro — Angola — 370. Cabo Verde — 105, 348. Cáceres ( Manuel de) — Capitão 411.
Cachana — Soba jaga — 374.
Caconda — Angola — 21 (3) .
Cadix — Porto de Espanha — ■ 138, 275, 280, 282.
Cahenda — Soba — 32.
Calabar — Nigéria — 328.
Calado ( Higino Roiz ) — Gover- nador de Benguela — 21, 22,
333 (0.354 O- Caldeira (Frei Mauro) — Missio- nário da Ordem de Cristo — 107.
Calvino ( João ) — Heresiarca — 69, 184.
Cambambe (Presídio de) — An- gola — 29, 73, 84 O), 87, 338.
Capponi ( Virgílio ) — Cardeal Prefeito da Propaganda — 233.
Capuchinhos ( Missionários ) — 56, 108, 150, 162, 163, 196, 215, 218, 232, 239, 244, 245, 251, 256 e segs., 274, 293, 345, 349, 367, 382, 386, 390, 446, 453, 463.
Cardoso ( João ) — Soldado mu- lato — 399.
Carneiro ( D. Filipa ) — Condessa — 160.
Carneiro ( Luís ) — Senhor da Ilha do Príncipe — 350.
Castiglino (P.e Bernardo de) — Capuchinho — 216.
Castro ( D. Miguel de) — Cava- leiro do Congo — 307.
Caven (Fr. Francisco de) — Ca- puchinho — 187.
Cazuangongo — Soba — 32.
Cerdeha (Fr. Boaventura de) — Missionário Capuchinho — 100, ioi, 187.
Cessa (P.e Miguel de) — Mis- sionário Capuchinho — 6o, 271, 420, 421, 426 (2).
Chaves (Francisco de) — Capi- tão — 43.
Chaves (João de Sousa) — Co- missário — 8.
Cilendo — Vid. Cilento.
Cilento (Fr. Francisco de) — Capuchinho — 434, 443, 447.
Coelho (Francisco) — Capitão — 369, 411.
Congo (Bispado do) — 454, 455.
Congo ( Bispo do) — 454, 455.
Congo (Embaixadores do) — 81, 90, 448, 451, 452, 456, 458, 459, 461.
Congo (Rei do) — 7, 29, 33, 35, 41, 64, 75, 83, 89, 94, 121, 171 (1), 182, 204, 228, 257, 287, 302, 3x4, 364, 395.
Congo (Reino do) — 56, 60 61, 62, 75, 85, 88, 92, 96, 98, 99, 105, 108, 112, 116, 118, 121, 132, 135, 138, 144, 148, 156,
533
158, i6o, 162, 163, 164, 165, 177, 180, 182, 187, 188, 190, 192, 194, 196, 205, 210, 215,
2l8, 221, 226, 23O, 242, 244,
245, 251, 254, 256, 268, 276,
281, 293, 3OO, 316, 318, 395,
396, 417, 42O, 424, 426, 429,
43 *• 433- 437- 439- 442- 444- 446, 456, 465, 467, 473.
Córdova (Frei Francisco de) — Capuchinho, 117.
Coreglia (Frei. Boaventura de) — Capuchinho — 434, 443.
Cornélio (Henrique ) — Comissá- rio holandês — ■ 18.
Correa — Vid Correia.
Correia ( Martim ) — Capitão — 497, 522.
Correia ( Elias da Silva ) — Histo- riador — 378 (10).
Correia ( Manuel ) — 333.
Cortesão (Dr. Armando) — His- toriador — 353 (1).
Cortona (Fr. Serafim de) — Ca- puchinho — 434, 443, 447.
Costa ( António Vaz da) — Capi- tão — ■ 495, 622.
Costa ( Manuel da) — 333.
Coutinho ( Manuel ) — Provedor da Fazenda Real — 372 (°).
Coutinho ( Sousa ) — Embaixador na Holanda — 64, 163.
Cravide (João) — Piloto — 514,
Croacem ( Gaspar ) — Secretário
do Director holandês — 6. Crocem — Vid. Croacem. Cuanza — Rio de Angola — 29,
73- 76- 379- 4o1' 478- Cuhanes (Frei Agostinho de) — Capuchinho — 321.
534
Cubo (Rio) — Angola — 335, 338, 339, 504.
Cunha (P.e Francisco da) — Vi- gário de Massangano — 335.
Cunha (Francisco Roíz da) — Capitão — 333, 479.
Cunha (Francisco de Vasconcelos da)-369 (*).
Cunha (P.e Nuno da) — Repre- sentante de D. João IV em Roma — 234, 455.
Cunha (Pêro da) — Meirinho da Corte — 327.
D
Dande — Rio e região de Ango- la — ■ 29, 75, 76, 452.
Dclmor ( Lázaro ) — Reitor do Santo Ofício — 134.
Dias (António) — Piloto — 593, 507, 514, 515.
Dias (Henrique) — Capitão da guerra preta — 153, 154, 481, 483, 486, 503.
Dias ( PS Mateus ) — S. J. — 359,
369- 373- 374 410' 5IG- Dongo (Reino de) — 75, 86, 88.
Duarte ( Frei) — Missionário da
Ordem de Cristo — 105.
E
Elias ( Frei) — Carmelita — 335. Elvas (António Fernandes de) —
Contratador — 23, 65. Elvas (Bispo de) — Capelão-mor
— 156, 158. Embaca — Vid. Ambaca. Emgombe-a-muquiama — Soba
3o- 34-
Esch ( P.' Filipe van ) — Missio- nário C. S. Sp. — 16. Espinosa (Brás de) — 333.
F
Falcão (Francisco de Lima) — Capitão — 369.
Falconi (João Bernardo) — Trafi- cante genovês — 279, 297 (3).
Faria ( Diogo Lopes de) — Feitor
—3-7. 23- 27- 65-
Faria (P.e Francisco Leite de) — Historiador Capuchinho — 89, 95, 245 (1), 290, 367, 421.
Farnese (Fr. Ângelo de) — Ca- puchinho — 431.
Fernandes (Ambrósio) — Capi- tão — 380 (13).
Fernandes ( Francisco ) — Piloto
— 514.
Fernandes ( Manuel ) — 328. Ferreira ( André ) — Armador — 327.
Ferreira ( Manuel ) — Piloto — 514.
Figueiredo (Lourenço de) — 497.
D. Filipe III — Rei de Espanha — 229 (2).
Finali (Fr. Zacarias de) — Mis- sionário Capuchinho — 61, 468.
Foligno (P.e Jacinto de) — Ca- puchinho — 129.
Fonseca ( António Teixeira da )
— Capitão — 333.
Fonseca (P.e Jerónimo da) —
Vid. Saraiva. França (Dr. Carlos) — Médico
— 362 (10).
D. Francisco — Príncipe do Don- g° — 39-
Franco (P.e Filipe) — Reitor do Colégio de Luanda — 40, 369.
Freitas ( Gonçalo Pinto de) — Escrivão da fazenda — 479, 489.
G
Gama (Frei Gonçalo da) — Do- minicano — 137.
D. Garcia II — Rei do Congo — 13, 16, 17, 19, 122, 265, 291, 387, 433, 448, 451, 452, 456, 458, 460, 462.
Génova — Cidade italiana — 138.
Génova ( Frei Salvador de) — Missionário Capuchinho — 61, 396, 397.
Genua — Vid. Génova.
Gimena (Fr. António de) — Ca- puchinho— 173, 175, 225.
Ginga (D. Ana de Sousa) — 39,
64- I53- 3% 38o> 4°7> 4711- Góis ( Manuel de Faria e) —
Escrivão — 23, 65.
Golungo — Soba — 33, 34.
Golungo — Soba — 33, 34.
Gonçalves (António) — 333.
Gonçalves ( Gaspar ) — Capitão
-4°5 O- Gonçalves (Inácio) — Alferes —
333-
Gorjão (Frei Sebastião) — Mis- sionário da Ordem de Cisto
— 107. Gouvea — Vid. Gouveia. Gouveia (António Gomes de) —
Capitão — 340, 342, 373, 374,
401, 493, 515. Grã-Canária — 276, 277, 283.
535
Granada (Fr. Agostinho de) — Capuchinho — 222.
Granada ( P.e Fulgêncio de) — Capuchinho — 413.
Granada (Frei Inácio de) — Ca- puchinho — 174, 176, 181.
Granada (Fr. Manuel de) — Ca- puchinho — 173, 175, 225, 237, 239, 323.
Granada (Fr. Miguel de) — Ca- puchinho — 173, 176, 225.
Gregório XIII — Papa — 105.
Guadalcanal (Fr. Diego de) — Capuchinho — 173, 175, 225.
Guadalupe (Frei João de) —
244 O- Guadalupe (Ilha da) — 216. Guedes (Nuno Vaz) — Capitão
— 37o' 373- 374. 4"- . Guerreiro (António) — Licencia- do — 3, 7, 9, 24, 66.
Gulano — 7.
Gunza-a-C abolo — Soba — 334, 375-
H
Halcon — Vid. Falconi. Hardales (Fr. Blas de) — Capu- chinho — 173, 176, 225. D. Henrique — Rei do Dongo — 39, 4°-
Henriques (Lopo da Fonseca) —
Contratador — 405. Homem (António da Fonseca)
—333-
Hooglede (P.e Hildehrand de)
— Capuchinho — 241 (*), 387. Huarte ( José Maria ) — Escritor
— 228 (2).
536
I
Igreja — De Quicombo — 373.
— De Santo António (Con- go—304.
— De S. Francisco Xavier
— 373-
Ingoli ( Mons. Francesco ) — Se- cretário da Propaganda Fide
— 41, 224, 233, 324, 326. Inocêncio X — Papa — 204 (5 ,
209, 291, 292, 386, 387, 454, 459, 461. Iznajar (Fr. Francisco de) — Ca- puchinho — 173, 175, 225.
J
Jardim (Luís ) — Escravagista — 416.
Jerez (Fr. Francisco de) — Ca- puchinho — 222.
João ( Gonçalo ) — Jesuíta — 45, 48, 49, 50, 54, 343, 379, 428.
D. João II — Rei de Portugal — 88.
D. João IV — Rei de Portugal — 16, 85 (2), 92 (25), 235, 254,
328, 350, 352, 454.
Jorge (Pêro) — Armador — 327. K
Kowalsky (P.c Nicola ) — Arqui- vista da Propaganda Fide — XX, 273.
L
Lagostas ( Morro das ) — Angola -74-
Landim (Nicolau de Lemos) — Governador de Benguela —
.*> O-
Lavai ( Pyrard de) — Escritor —
378 (*>
Leão ( António Belo do) — 333. Ledo ( Cabo ) — Angola — 353,
355' 365- 398. 399- 4o8. 477> 504.
Leiria ( Manuel Gomes ) — 333. Leitão (Francisco Leitão) — 85,
95-
Leitão ( P. Serafim ) — Historia- dor — 55.
Leiton (Francisco ) — Vid. Leitão.
Lemos (Duarte de) — Capitão -411.
Lemos (Nicolau de) — Capitão- -mor — 354.
Libongo — Moeda — 376 (10).
Lima ( Cristóvão de) — Capitão — 411, 518.
Lima ( Manuel Ferreira ) — Mes- tre de Navio — 483.
Liorna (P.e André de) — Capu- chinho — 419.
Lisboa (Fr. Cristóvão de) — Bis- po eleito do Congo — 455.
Lisboa ( Fr. José de) — Capuchi- nho— 173, 176, 225, 437, 438.
Loango — 376 (10).
Longa ( Rio ) — Angola — 338,
375 (8)- 491' 496-
Lopes ( António ) — 333.
Lopes (António Tovar) — 498.
Lopes (Baltasar) — Piloto —
297 (3). Lopes (Filipe ) — 492, 495. Lopes (Manuel Carvalho) —
92(«).
Luanda — Capital da província de
Angola — 6, 8, 9, 13, 17, 24, 28, 37, 42, 47, 58, 63, 65, 74, 77, 86, 88, 94, 122, 339, 360, 400, 416, 452, 470.
Lubemba — Soba jaga — 374.
Lugo ( Marcos de) — Capitão —
37o-
Luís ( Cristóvão ) — 327.
Luís XIV — Rei de França —
108, 163. Lutero ( Martinho ) — Heresiarca
-69.
M
Macedo (P.e Francisco de Santo Agostinho de) — Franciscano
— 254. 255
Machado (P.e Diogo) — Reitor
de Santo Antão — 343. Madureira ( António de) — 333. Madureira ( Gaspar Borges de )
— Capitão-mor — 495. Mafra (João Luís) — Auditor
Geral — 491, 494, 498, 500, 510, 517. Maguinhos ( António Dias ) —
333- 479- Málaga (P.e Luís António de)
— Missionário Capuchinho — 128, 135, 142, 144, 434.
Maldivas (Rei das) — 213, 248. Malhorqttim (António) — 327, 331.
Manicassanje — Soba — 8. Manicasante — Vid. Manicassanj Manicasante — Vid. Manicas- sanje. Manicongo — 7. Manigango — 7. Manimotemo — Soba — 8.
537,
Maniquicombo — Soba — 334, 375-
Manisonho ( Conde de) — 257,
285, 302. Maranhão — Brasil — 47, 234,
321, 360, 367. Marcos (Frei) — Religioso da
Ordem de Cristo — 105. Mascarenhas (P.e António) —
Provincial S. J. — 343. Mascarenhas ( D. Frei Simão )
— Bispo do Congo e Angola
-9i(").
Massangano ( Presídio de) — Angola — 29, 30, 44, 58, 72, 73, 84 0), 87, 213, 332, 354,
355. 365- 374. 398- 4o 49 495- 499> 5 '4-
Mastrilli (P.e Marcelo) — S. J.
— 346.
Mastrilli (P.e João Baptista) — Capuchinho — 296, 313.
Mateus ( Fr. Nicolau de) — Ca- puchinho — 187.
Matos (P.e João de) — Jesuíta
— 102, 120, 209.
Mayenne (Frei Cirilo de) — Ca- puchinho — 244 Q).
Mazarini ( Cardeal ) — 137.
Medela ( Manuel de) — Sargen- to-mor — 43.
Melo (Francisco de) — Capitão
— 495-
Mendonça (António Teixeira de) Capitão — 152, 332, 336, 339,
343- 355- 398. 4°4. 477- 479> 48, 490, 492, 501, 503, 506.
Meneses (D. Bernardo de) — Criado do Rei do Congo — 17.
Meneses ( Frei Fernando de) — Dominicano — 137.
Meneses ( Pedro César de) — Go- vernador de Angola — 3, 6, 8, 14, 20, 23, 26, 38, 39, 42, 46(1)> 58, 65, 69, 91, 355, 358, 362, 365, 374, 392, 398, 401, 478, 481, 495, 499, 510, 514, 519, 526.
Meneses (P.e Sebastião César de )
— Bispo eleito do Porto — 254, 255.
Menezes — Vid. Meneses. Mina ( S. Jorge da) — 47, 95,
105, 206, 330. Milano (P.e Ildefonso da) —
Capuchinho — 431. Milano (P.e Simpliciano da) —
Capuchinho — 443. Mira (Arcebispo de) — 41, 148,
197 (2), 230.^ Miranda (António de Abreu de)
— Capitão-mor — 32, 146, 154,
'55-
Moçambique — 374. Mochima — Vid. Muxima. Molt (Ans) — Adjunto de Nieu-
lant — 9, 47 (*). Mónaco (Príncipe de) — 108. Monteiro (Dr. Nicolau) — Prior
da Cedofeita — 137. Monte Prandone (Frei António
Maria de) — Capuchinho —
434. 443. 447- Monte Sarchio (Fr. Jerónimo de)
— Capuchinho — 434, 443,
447-
Moraes — Vid. Morais.
Morais ( P.e João de) — Notário Apostólico — 194, 195.
Morais ( Manuel de) — Arma- dor — 328.
538
Morentin (Frei Cristóvão de) — Capuchinho — 171, 295.
Mota ( Dionísio da) — Capitão — 411.
Moura (Felix de) — Capitão — 369, 411.
Moura (D. Filipe de) — 206.
Márcia (Frei Leandro de) — Ca- puchinho — 171, 441.
Muxima — Fortaleza — 84, 478.
N
Namboaquiçanda — Localidade na província do Lumbo — 6. Nambnacalombe — Soba — 30. Nambuangango — Soba — 31,
32-
Nancy ( Frei Ângelo de) — Mis- sionário Capuchinho — 94 (31). Nasau ( Henrique de) — 360. Navios — Nossa Senhora da Ca- ridade — 369.
— Nossa Senhora da Es- trela — 370.
— Nossa Senhora do Ro- sário — 483.
— Nossa Senhora da Na- zaré — 369.
— Santa Catarina — 370,
371' 374-
— Santo António — 483.
— S. Bento — 484. Nazareth — Vid. Nazaré — (Na- vio).
Nieulant ( Cornélio ) — Director dos holandeses — 5, 6 e sgs., 46 («)•
Noelbs ( Cornélio ) — Comissá- rio dos Holandeses — 360, 411, 510.
Noels — Vid. Noelbs.
Nola ( P.e Januário de) — Mis- sionário Capuchinho — 213, 297, 313.
Novais ( Paulo Dias de) — Con- quistador de Angola — 87 (9).
O
Ocana (Fr. Juan de) — Capuchi- nho — 171.
Olà (P.e José) — Capuchinho — 216.
O range (Príncipe de) — 14, 81. Orneias ( António da Fonseca ) — Capitão — 19, 25, 28, 38, 67.
P
Pacheco ( João Soares ) — Licen- ciado — 498, 522.
Paiva (P.e João de) — Missioná- rio S. J. — 17, 49, 50, 54, 379.
Paliano (P.e Marcelo) — Capu- chinho — 129.
Pam-plona (Frei Francisco de) — Missionário Capuchinho — 60,
164, 268, 270, 297, 301, 305, 417, 418, 420, 426 (2), 433,
434. 444- 445. 446- 473-
Panasques (João Rodrigues) —
333-
Pancirolo (Cardeal) — Vid. Pan- zirollo.
Paníscola (Frei António de) — Capuchinho — 321.
Panzirollo (Cardeal Giovanni Gia- como ) — Núncio em Madrid —62, 12 (2).
Pavia (Fr. João Maria de) — Capuchinho — 434, 447.
539
D. Pedro II — Rei de Portugal — 245C)-
Pegado ( Afonso ) — Alferes —
333-
Pegado (Rui) — Provedor —
497- 524-
Pegado (Vicente) — Sargento- -mor — 495, 497.
Peixoto ( António Lopes ) — Ca- pitio — 375 (8).
Pereda (António Luís) — Capi- tão — 333, 479.
Pereira (Duarte Pacheco) —
377 0°)-
Pereira ( Manuel ) — Capitão-mor de Benguela — 333, 341, 354, 373, 490, 492, 493, 504.
Pereira ( Manuel Cerveira ) — Go- vernador de Benguela — 87 (7), 88 (10), 6i, 424.
Peres ( Manuel ) — Criado — 44.
Pernambuco — Cidade do Bra- sil — 43, 44, 74, 251, 346, 360, 390, 480.
Pernambuco (P.e José de) — Ca- puchino — 412, 434.
Piacenza (Fr. Dionísio de) — Ca- puchinho — 434, 443, 447.
Piacenzia — Vid. Piacenza.
Pinda ( Condado de) — 256, 272.
Pinda ( Conde de) — 257, 300,
433- 436- Pires ( António ) — Jesuíta —
341- 343- 354 (2). 369. 37°> 371, 372, 376, 379, 510.
Pirez — Vid. Pires. Piacenzia — Vid. Piacenza. Pobladura (P.e Melchior de) — Historiador Capuchinho —
mi2)-
54°
Ponte (João Pegado da) — Capi- tão dos moradores — 11, 43. Porto ( António do) — Jesuíta —
45- 48> 5o- 54- 38°-
Potagem (António Rodrigues) — Armador — 359.
Prado (Fr. Bartolomeu do) — Jesuita Capuchinho — 412.
Priego (Fr. Luís de) — Capuchi- nho — 173, 176, 225.
Príncipe (Ilha do) — 328, 348, 350.
Puebla (Frei Jerónimo de) — Missionário Capuchinho — 1 18.
Q
Quiçama — Região de Angola — 30.
Quicombo (Rio) — 334, 355,
365> 372- 398> 4o8> 4*4» 478> 491, 498, 514.
Quilunda — Lago e região de
Angola — 29. Quiroga ( P.e Bernardino de) —
441.
Quissama — Vid. Quiçama.
R
Ravenna (Fr. Pedro de) — Ca- puchinho — 434, 447. Redin (D. Tiburcio de) — 228.
— Vid. Pamplona. Redinchoven (Henrique de) —
Director dos Holandeses — 389, 393, 518, 519. Ribeiro (Frei Domingos) — Mis- sionário da Ordem de Cristo
— 107.
Rio de Janeiro — Cidade do Bra- sil — 55, 229, 346, 352, 359, 369, 470.
Roelofsz ( Meilink ) — Arquivis- ta em Haia — 16.
Rodrigues ( Cristóvão ) — Capi- tão-mor — 333.
Rodriguez — Vid. Rodrigues.
Roíz (António) — Tendala da guerra preta — 399.
Roíz (João ) — 333.
Roiz ( Lopo ) ■ — 486.
Romano (P.e Giovanni Fran- cesco ) — Missionário Capu- chinho — 129, 448, 456, 458.
Rospigliosi ( Mons. Giulio ) — Núncio em Madri — 162 (1), 189, 191, 215, 217, 218, 227, 230, 232, 239, 321, 332, 349, 368, 427.
Rovezzano ( Fr. João de) — Ca- puchinho — 434, 443, 447.
S
Sá ( Salvador Correia de) — Res- taurador de Angola — 55, 82, 84, 229, 369(2), 504.
Salzadella (Fr. Francisco de) — Capuchinho — 187.
Santa Fé (Fr. Sebastião de) — Capuchinho — 173, 175, 225.
Santiago (Fr. João de) — Missio- nário Capuchinho — 100, 101, 118, 162, 187, 281, 290,
3°4(u)-
Santos (Diogo Fernandes dos) — Capitão — 380 (").
S. Paio ( Diogo Gomes ) — Capi- tão — 495, 497.
S. Salvador — Capital do Con- go — 287.
S. Tomé (Ilha de) — 9, 44, 47, 105, 123, 206, 234, 328, 347, 348, 350, 429, 444.
Sapata (Pedro Torredouro) — Secretário — 495, 497.
Saraiva ( Francisco da Fonseca ) — Sargento-mor — 355, 379 (»), 380 (»).
Saraiva (P.e Jerónimo da Fonse-
ca) — 379 O2). 4o 1. 499- 5°7> 510.
Sardenha (Frei Boaventura de) — Missionário Capuchinho — 1 18, 162, 300.
Sarmenho — Vid. Sermenho.
Sedecuta — Soba de Angola —
337-
Sequeira (Diogo de) — 31. Sequeira (Domingos Lopes de) — Capitão da guerra preta —
332> 335- 336> 338> 343> 355'
477. 479. 48l> 483> 49o- 492- 501.
Sequeira (Nicolau de) — 333.
Sermenho (João) — Capitão de mar e guerra — 369, 518.
Serveira — Vid. Cerveira.
Severim ( Gaspar de Faria ) — Secretário régio — 234.
Sevilha (Frei Gaspar de) — Ca- puchinho — 113, 115, 117, 174, 176, 181, 225, 231, 238,
24*> 324- 349- 4I3-
Sevilha (Fr. Juan de) — Capu- chinho — 173, 175, 225.
Silva (António Teles da) — Go- vernador do Brasil — 245, 346,
359- 4°9> 47°. 47» • 48z' 483- 503.
54 1
Silva (Frei Baltasar da) — Mis- sionário da Ordem de Cristo
— 107.
Silva (Custódio Antunes da) —
333-
Silva (João da) — Ajudante — 333-
Silva (José da) — Alferes — 333. Siqueira — Vid. Sequeira. Soares (Manuel) — Pitoto —
359, 370, 471.
Soares (D. Frei Manuel Baptista)
— Bispo do Congo e Angola
— 91, 19.
Sorrento (P.e Boaventura de) — Missionário Capuchinho — 60.
Sotomaior (Francisco de) — Go- vernador de Angola — 340
O3). 341- 347. 352- 364- 365> 366, 369, 379, 389, 392, 398,
400 (2), 411, 414, 470, 491,
493, 495, 499, 502, 505, 508,
510, 514, 517, 520, 527.
Sousa (Fernão de) — Governa- dor de Angola — 36, 39.
Sousa ( Gabriel Soares de) — Es- critor — 362 (10).
Sousa (João de) — 498.
Soveral ( D. Francisco de) — Bispo de Angola — 19, 91 (21), 129, 140 (1), 146, 271 (b).
Súrio ( P.e Lourenço ) — Capu- chinho — 198, 213, 465, 468.
Suto (Baía do) — Angola — 400, 405.
T
Taggia (P.e Boaventura de) — Vice-Prcfeito da Missão do Congo — 60, 61, 109, 148,
542
150, 156, 157, 158, 159, 160,
161, 182, 186, 194, 199, 204,
214, 236, 243, 248, 251, 255,
291, 3i5, 384, 385, 390, 395,
463, 465, 467, 469.
Távora ( Lourenço Pires ) — Go- vernador de S. Tomé — 329, 33o-
Tecla ( P.e Francisco de) — Ca- puchinho — 441.
Teruel (P.e António de) — Mis- sionário Capuchinho — 132, 134, 190, 192, 193, 211, 321,
434- 443- Teruel ( P.e Luís de) — Capuchi- nho — 132, 134, 190, 210, 321.
Toledo (Fr. Boaventura de) — Capuchinho — 171, 441.
Tomar (Convento de) — 105.
Tovar (António de) — Capitão — 495, 498.
V
Valdenuho (P.e Basílio) — Ca- puchinho — 426.
Valência (Fr. Alexandre de) — Capuchinho — 171, 441.
Valência (Frei Ângelo de) — Missionário Capuchinho — 11 8, 125, 280, 420, 448, 451, 456, 458.
Valência (P.e Apolinário de) — Capuchinho — 313.
Vasconcelos (Bartolomeu de) — Almirante — 369.
Vasconcelos (Luís Mendes de) — Governador de Angola — 87 °).
Veas ( Fr. Francisco de) — Ca- puchinho — 434, 443.
Velez (P.6 Jose Francisco de) —
Capuchinho — 413. Velho (Afonso Rodrigues) — 517.
Velletri (P.e Francisco Maria) — Capuchinho — 1 29.
Ventimiglia (Fr. Francisco Ma- ria de) — Missionário Capu- chinho — 61.
Vergara (Fr. Juan de) — Ca- puchinho — 173, 176, 225, 446.
Vidigueira ( Conde da) — Em- baixador em França — 1 10, II I, 120, 136, 137, 234, 347.
Viegas (P.c Artur) — Escritor,
S. J.-34'(14). 343 (u). 344. 381.
Vigliar (Fr. Félix de) — Capu- chinho — 343, 443.
X
Xerez — Vid. Jerez.
Z
Zaire (Rio) — 95, 139 256. 279.
Zamba — Soba de Angola —
334- 336- 374- Zimbo — Moeda — 377 (10).
543
Composto e impresso na Tipografia SILVAS, LDA. 118, Rua D. Pedro V, 126 Telef. 2 3121 — LISBOA
1 1012 01056 1845
DATE DUE |
|||
ESBÉltflÉiBfcéifeÉiftfBi |
|||
HIGHSMITH » |
[5230 |
Prlnted In USA |