^:m^

' vív \W\ ! F I f I í 1 1' ' ! ' ' I f í ti f i 'f ^^ ri 1 i í 'I 1

IP > . I

LI Li

III

llllfllilllillilllllll

Wllllllll

I {' .1'

''S/3<^ :f^\

Presenteei to the LiBRARY of the

UNIVERSITY OF TORONTO

by Dr. António Gomes Da Rocha Madahll

ll!llll!lllllll!lllll'

l! LTII

I li

III

m\

ii I

' I "ill Íií^^í^^l^l^'^1^

' I 1 li ''I 1 i I íl ' I

fíltílfllili

I

! II

I ! I li I lilli I jilli^^^^^^^

III

'/,r/^.^^ ^/sAá

O

i^íCe^

z ^7^/'

fmwMK^o^-m^ s^j.^

P R I M E 1 R A P A R T E

DA HISTÓRIA

ECCLESIASTICA DOS

Arcebispos DeBraga,E Dos Santos, E Varões illurtreSjque floreccráo nefte Arccbiípado.

Por Dom Rodrigo da Cunha Arcebifpo , è^ fenhor de Braga^, Primà^^das Hefpanhas.

Cy?^

Anno

1634-

!

Offerecida a Sereníssima Vi:rcemSanta

Maria de Bra2:a. ,

Em Vraoii, fcm tod.i< c: luencas necejjartas, fsr Alanoel Cnrd.-z.o mercador d* liurat.

Ij> IlliUlUIUir iM '

••t>«^..

te

•C^

*^^

l

i

.^

A P P R o V A C, A M.

VJ ejle liuro intitulado, Hiftoria Ecccleíiaílica dos Arcebif- pos da íaiita Igreja de Braga , compoUo pello Illufirifsimo, l^ ReuerendiJsimoJenhorD6Rodr/go da Cunha Ar cebifpo Primá^^ cujo nome manifejla bem a excellencia defeus efcritos^dos quaes co gr ande fundamento pojj o affirmar o quefanto AmhrofiofermaS 48. dife dehitftrmao de certo Bifpo ('taiica facúndia res diuinas dif- feruit , vt prxdicacio eius plena fueric Sacerdotij gratia, oracoris eloquência , inftkutione dodoris. Nec mirum^ íi is,qui in Pó- cificio Priniacus honorcm obtinet,obtineacetiam in prasdican- do Primatus cloquium j oprefente eíià mui conforme a nofia [an- ta Fe Cathohcajj' bons costumes ^Isf me parece dignifsimo defe im- primir. Lisboa , emfaá Francifco da cidade hoje 24. de laneiro de 16^4.. FrDiogodoSaluador.

V

APPROVAC, AM.

I com fumo goTio efteliuro intitulado ^ Hiftoria Eccleííafticá dos Arcebiípos dafanta Igreja de Braga, & dos varões fan- tosq em íeu Arcebiípado floreceraõ , coos Concilias Prouinciaes que nellafe celebrarão , compofio pello lllujlrifsimo fenhor Ro- drigo da Cunha Arcebifpo do dito Arcebifpado^tfPrima^dasHef- panhaS) todo eile he hu ramalhete deflores celejliaes,i^ diuinas;ao qual naó so a forma que a excellencia defeu Autor lhe deuÇque he a fuprema que neíte género pode auer)ofa^inJigne^ mas tambe a ma- téria de grade proueito efpiritual pêra as almas, iS'' nao menor eru- dição pêra os doutos: pello que me parece dignifsimo defe efiampar^ em Lisboa nejia cafa de S, Roque dlfí^ompanhia de i^^f^- 'ultimo de laneiro. 16^4. Doótor lorge Cabral.

V

Illas as informações podcfe imprimir cftcliuro intitulado, Bifloria Ecclefajlica dosArcebifpos da S. Igreja deBraga, & depois de impreíTo tornara a efte Cõfelho cõferido fcu origi- nal pêra fe lhe dar licéça pcra corrcrXiíboa 3 1 . de laneiro de 1 63 4.

Gafpar PeretrA. D loa» da SyhA. Francifco Barreto. Maneei da Cmha.

Fr.Ioaode í^afctncelles.

APPROVAC.AM.

\

PO R mandado cie fua Magcftade no fcu defcmbargo do Pa- ço^vicfteliuro intitulado, Hifloria Ecclejidfiica dos Arce- bifpos da S. Igreja de Braga^if dos 'varjosfantos qmllaflorece- r4o,compoíto pello ílluftriííimo,& Reuercndillimo ícnhor Rodrigo da Cunha Primaz das Hefpanhas , & não coufa em qfepoíía reparar, & tudo he conforme a muita piedade, co- nhecido zelo da verdade, «5,: iníígne erudição _, q em vários trata- dos témoíbado,& todo efte Reino confcíla.EmLifboa na cafa deS.Roque da Companhia de Iesv. ij.dcFcuerciro.1^34.

Diogo de Areda,

QV Efe pojfa imprimir tjle liuro Vitia a enformarão do Dou- tor Diogo de Areda, i^ licenças do finto Officio , tf ordi- nário , ^ depois de imprefo tornara a efta mefaperafe taxar , ttjem iJ!o nao correrá. Lisboa zi. de Feuereiro de 16^4.

CahrsU SéLizMU ^x/rett. L»M,B4net«t

>^?^<5. ^>^.gÍR?*^ ^^ yÍ^9r^<^$HÍin^

A

A V I R G

SENHORA NOSSA,

PADROEIRA DA IGREIA, E Cidade De ^R^ÀGÀ.

Eílosmefmos títulos ^Virgem Santíssima^ que -vos offereci o tratado da Prima^^a de Braga, he também 'voj^o o com que agorafayo a lu^ dos Arcebifpos da mefma Igreja. Injusioforafepara os publicar , lhe bujcajje outro faiior. Obra foi ^ofa fubircm d dignidade defia primeira de Htfpanha , que ^os U- uantou altares y^ fe confagrou a ^oj^o nome. Ta es os efcolhesies^ quaes es pedia ^ofio feruiço , í^ auerem de ficar por esia 'via o exetnplar do clero de húa Prouincia taó Catholica , a quem^ejfo Filho Chrislo lESV tinha guardada a empre^^a deleuarempello mundo a gloria defuafagrada Cru^. Em a^ofio empara confio re- fucitar na memoria dos homens a fama, que debaixo do mefmo em- pí^c^anhara^ tuútas Prelados , 'Iffi^do perfeitos , ^ morrendo "Ê^antos,

PRO-

PROLOG O

Ontinuoufe o animo com que efcrcuemos as vi- das dos Bifpos do Porto,quando tiuemos aquella dignidadcjdcpois que fomos promouidos a ella Primacic'il deBragai& logo traçamos de tirar aluz as vidas de feus Arccbifpos, a quem a muita anti- guidade tinha quaíí de todo efqueddos j em húa,& outra acção pretendemos querer imitara S.Damafo nas vidas,q eícreueo de íeus predeccílbres jfe o animo foi efte^ofim íe dilculpa os im- poíTiueis ,q fc nos repreícntaraõ, aííi porque eík obra confta de coufas tãoantiguaSj&táoatrazadas j q quaíí nãocftáo na jur- dição da memoria, como porque para auerigualas , importaua reuoluer cartórios, apurar duuidas_,a ondeamcfmaantiguidade faz confuraõ.Eftas,& outras rezoés(alé do goucrno de Prelazia, tão dilatada^ S: taõ ocupada) nos tiueraõ quaíí diuertidos deite intenco.Ejapòde fer foi deíconfiança tornarmos a elle. AIgúas peílbas de erudição, & autoridade fabendo q nos ocupauamos neíla obra nos informarão decouíâs muito importantes a efta hilloria , que fe puderaõ efcondcra quênão foíTe muy veríado na lição delias. Q^ádo efta primeira parte íècomcçaua a impri- mir,nos mandou iua Mageíiade,q Deos guarde,aíliílir àdefcnía da Villa de Vianaj& porventura q daqui lhe naceria, faír menos pulida,Emendáoíè,& melhorãoíe entre maõs muitas coufas,em q naõaduircia o eítudo perfíado. Na aueriguação da verdade, entramos íèmprccóaninioliure,&:derapaixonado. Côas vidas dos ArcebirposeícrcuemoySWos varões íàntos, ôc illultrcs do Arcebifpado. Não era bem dinidifieaefcrituraaqueileSjaquem a graça, Sc natureza fez quaíí irmãos. eíias rezoés faea pri- meira parte,feimperfeita,de algija maneira defculpada. Trabalha- remos q na fcgunda (começaracÕ o glorioío S. Giraldo, no tempo de noílbs Reis,) aja tpcnos queemendar,&: não fera pe- quena felicidade igualarfc o effeitoxom o animo ^ he género de fatisfação moítrala ainda cm defejos.

5x-^. 3íi ffi ^iW ?íM m^. msJMM^tm

rgy.-iCJ-zJg-.jf-.gag: ae;3ag:rac-

FRANCISCVS PINTO Da Veiga.

VJfiudio, ingenio^fiio tibi , Br achara, nuper Hefperi<e ajíermtíiirafitprema mitr<e, Nunc oOgitParcas truncata retexerejila,

Letfhnaf^ ^ondM cedere Pegafeis: Iam prideu Vitaf anãos ^prima^ tiara

Donans orbi iterum cernere Pontífices. Vrbs,quam mixtafalo Durij pr^labittir ■unda^

Hoc dederat múnus Pr^ful is ante tuis. Quos igitur tanta caligine merferat auum.

Vtfpes humana -vixfuperejfet opis Viuuntfãcrorum próceres ^monumenta^^terr is

Virtutum referunt munere, CFGNA,tuo, Gaudete ô Jnim^ tali prdcone beatiõ

Nuncfimul in C4I0 -viuitis^iníj^folo. Hic documenta datis mi feris mortalibusjlhc

Fulcite iraperif mole labantis ónus. Vefirà etenim doar inâ ânimos formata iiiumtm

Chriflo regna dedit qu^Mahumetis erant, Oceani^ domas rabiem ^ uiãricia Chnjii

Ignoto tribuit figna ^viderepolo. Et, quo nulla dies ^què mirabile t>idit^

Império metas folis, isf orbis habet. Cernitis antiqua lapfos ah origine mores ^

Ne decus id labes obruat iUa, date. Hocfatagit ^elo Pr^ful, cura^ paterna

Mira ijetuflatis lux^baculi^ nitor. Pr^claris pollensfludifSi opibufj^ Minerus Clã pia Cecropiopenna leporefluit.

r<«.j—

Lí6UUiifh

x.

Ltcuim iter ingrefsis maiorum- lâmpada profcrt^

Ne pudor àprifca nonjit ahire "via. He?'ois magnifoboles, ciii slirpis origo

Clara per innumeros continuatur aitos: Quorum pr d cl are gesiis bellhj^ ^ ^^K'^^

Lufiadum lati nomen in orbe ijiget: Queis hicphis reddet luci<; , quámfumpfa ah illis.

Nam Jua laus magnum, non aliena facit. A Ccelo is tantus datus efl mortalibus author,

Virtutem Dtfcriptis fpargat "^bi^, fuis. Scribere dumçj^ ^^i% wdulget gentibm ^teuum

Canefcatfeclis innumerabililus. Nam mente, iffludio ^incendo Jeculafecit

Secula nepojfent a^lla nocerefibi.

h^^*á^^'5f'^h'*

!

,#

fo/.I.

' x^-jc 3t:*^ar Jgjr:»: lar m '.apaiLM :

tv t= *- :*rad>';

r'jg3r r ^^K-^sz^ti ^. í^?!]

r::3t jr:x-:^--r^M.^3írjtL

c'-Jg -^-y jrrgjr jc jr3«r:«--y»-'jr i

: arr- ^í:at jr jtrarr.r

FV

AC A

DA CIDADE DE

BRAGA^EQVAES FORAM SEVS

FVN DADORES.

CAPITVLO PRIMEIRO.

Ttokm, l>b-2.c.6 Plin. nat.

hji.hb.if

\c.zo. \Anton.in iúncr.

C I D A D E de Braga he húa das nobres, & antiguas , não íò de Portu- gal, mas anida de toda Hefpa- nhaj& nas armas,& gloria mi litarigoal côas mais famoías-, Ptolomeu,o Emperador An- tonino, &: Plínio lhe chamão Augufta, que hc o mefmo , q imperial, titulo com que os Emperadorcs lionrauão as ci- dades leaes, que mais íc auan- tejauão no íeruiço do impé- rio Pvcm.ano. Com o mcfmo titulo deAaruftas , íaò co- nhccidas , nomeadas Meti- da, Artorga , & Caragoça in- figne cidade de Aragão, &

outras mais de Herpanha,por que o ganharão por obras de valor, & por mercê , fauor dos Emperadorcs Romanos. Rica lhe chama também Au- fonio j quãdo diz falando áss cidades lUullres de Heípa- nha. Qíu^finupclaguaãatfe Bra

charadiues. A rezão parece que he tirada de Plinio, o qual affírma, que foy efta terra fertiliísima de ouro,& outros metaes,& diz de opinião de alguns , que de Aílurias,Galliza,& Lufitania, Te tirauão cada anno vinte mil liuras de ouro, que íàõ vinte- mii marcos da moeda, q hoje corre, &: acreccnta, que em I

A nenhúa

ciarei vr hes verbo IJiIfalíí,

4-

Duart,

NfM.dff- cyiff. de Fortug,c,

22.

Cafitulo primeiro

lib. ^j\.

)-J-

Itb. I.

yiifupra

nenhúa outra terra durou por tãto têpo efta fertilidade.No- touobêluftino quando dií- fc , cjue era ella Prouincia de Galliza, tão rica de ouro, que cm finos, &: peíados torrões, o Icuantauão da terra os ara- dos,quando a laurauão.E dos Aílurianos diz Silio Itálico, que não tinhaÓ outro oíficio mais que tirar ouro das en- ' traiihas da terra.

AUurauarus. Vifcerihiis lacera tellurls mer-

gitur imis. Et redit infelix effbjfo con- colorauro. E fe ouucrmos de dar credito aos Ppetas acharemos,quc ate nos rios de antre Douro & Minho auia ouro em fuás áreas: afsy o âiílc Silio Itálico do Lyma,a quem osRomanos chamarão rio do eíquecimen- to,o qual Icuando fua corren- te ao mar Oceano, junto à villa de Viana perde o nome, metêdofe cm fuás agoas, delle diz o Poeta. G)ui^ fuper Grauios lucentes

"voluit arenas, Inferuíe referens popults obli-

uiaLethes. A mefnía riqueza Icua no no- me,& nas arcas, o rio Douro, que principio à comarca de

antrc Douro , Sc Minho, & corre j unto à cidade do Por- to, o qual compara Silio ha- lico com o Paótôlo de Alia, rio abundante de ouro. Hmc certant Paólole tibi Du

E aindaque as arcas deftcs rios nãofejãodeouro, como os Poetas fingirão , achafe poré nellcs algú em meudos graÕs. A caufa he por auer neftc Rei- no muitas veas de ouro, Sc quando as terras onde eftà ef- condido felaurão, ou rom- pem , as agoas do inuerno as íeuão , ôc nos rios , Sc arcas dcllcs,ondc fe vãometer,fi- cãoallcnradosos graõsdo ri- co,& preciofo metal, q ncllas fe vè.Illo acontece ao Hcrmo de Phrigia,aoPaâ:òlo de Afia, ao Ganges da índia , Sc ao Pa- do de Itália, tam celebrados dos Poetas por abundantes,&: ricos de ouro . Elias Vineto tem para fy, que Braga fe cha- ma rica pclla grande fertilida- de dos valles da comarca de an tre Douro,&: Minho,em cuio coração cftà allentada , Sc de cuias riquezas participa igo- aes ( fe não melhores) as das veigas, Sc campos mais abun- dantes de Hcfpanha. Logo be aífenra o titulo, & nome de

rica

d. l,b.

l.

Duarte

NHn.d,c, 2 2.

NoCorní^ ta de Au fonio vhi fupra.

fundação da cidade de Bragas.

Arrae!

€.12.

S anu Ag. lih.l. c.

1

'r

rica^que Auzonio a Braga^ pois nclla auia tantas minas_, tantas veas , &: rios de ouro^ tanta abundância, òc fertilida- de de frutos j íe lhe naõ foi dado por algíja liberalidade iníignc^cjue vfafie com o Po- uo Romano feruindoó com algum dinheiro de importân- cia perafocorro de fuás ligioês exércitos . Tudo fe pode preíumit da generolidadc dos antiguos moradores de Bra- gados quais na milicia fizerão illuftres façanhas, moílrando ânimos esforçados , & húa contumácia generofa contra os Romanos,que luarao lan- gue quarenta annoí em os conquiftar.

t Da origem de Braga ha cinco opinioês,toda5 lhe dão diuerfos fundadores.' Come- çando pellosmais antiguos. Dom Mauro Ferrer he de pa- recer , que foi fundada por Egypcios,&;tiraefta cõiedu- radehúa pedra antigua, que cftànas coftasdacapelladeS. Geraldo junto a Sc , com húa dedicação à Deofa líis , q diz aísy. Ijidifacrum. E daqui ar- gue,q aos Egypcios perten- ce cita fiidação , porq elles fo- rão os q primeiro leuantaraó tépIos,&; venerarão cõfacrifi-

cios a efta Deofa, <Sc a feu ma- rido Ofiris.E fe lhe pcrgutar- mos quando vieraõ os Egyp- cios a antre Douro,& Muiho pêra edificar Braga, rcfponde facilmente, q vieraõ em cópa- nhiadelupiter Oílris marido de líis, quando paílbu a ¥{cí~ panha, & depois de fua morte acalcanharão aHercules Egyp cio ícu filho,aquellea que cha maraò Marte pellas façanhas, òc cíforço militar quádo vco às mefmas Prouincias de Hef- panha,cq dariaò principio a cf ta cidade/undando nella o tc- plo de líís may de feu capitão, & Príncipe Hercules . A iuda efta opinião a cartado Biípo do Porto Hugo, q adiante lã-^ ciaremos , o qual alíirma o ArcebifpoCaledonio, que os Egypcios forao os q fundarão o téplo a líIs nefta Cidade de Braga.

3 Da veneração deftesDeo- fes entre osEgypciostrataDio doro Siculo,&: dcfus Sacerdo tesS. Ambrofio. Do letreiro que acima referimos daremos mais larga relação na vida de S.Pedro de Rates, pêra onde referuamos fua íígmficação.

4 Outros feguindodifferé- tc caminho faó de parecer, que foi fundada por Gregos,

i.hi(f.

S. Amb. in Fpijf,

Epifcof.

£f^.çeí ttas untig. r.8. .

&

4

Capitulo primeiro

FUn. l't>'

•dM..

H-

m,^.

& não íaõ fracos os fundamé- tos a que íearnmáo , porque tem por íy a autoridade de Plínio, Autor gtauiísinio, o qual falando particularmente de Braga^diz que foideGregos fua ongcm,faõas palauras. A Client comientHs Bracharum^ Hehni^Gronij^ C afiei íum Tide Gr^corum fohoJes omnia. E os Galleoos antiaos publicauão de ly , t] procediao At Gregos comoaftifmaTuftino. Gaílccí ãUtemGvtecamfibi originem af- fenint. E fendo Braga cabeça, & lugar principal de Galliza, cila auia de fer a primeira na dação. E prouafe fer ilfo aísy : pello nome deGrauios^que os pouos deantre Douro_,& Mi- nho tiucráoporaquelle tépo, oqualfe diriuou com. "pouca corrupção do nome, Graios, q tinhão os Gregos , q a po- uoarão como bem notou Si- lio Itálico dizendo. Et quos nunc Grani os mutnto

mmincGramm. OEnccc mifere domas y/Htola^ Tide. E quaes fofsé eftcs Gregos , q edificarão Braga,& pouoarao antre Douro, & Minho, c*^as mais terras deGaUiza, viando ellas de húa liberalidade tão ; generoza , q não í ò lhe dcraô

fer,honr3,&: naciméto,mas a- inda feus próprios nomes, hc couía íabida,q foraõ quatro il lullres capitães Gregos , os quaes tornando pcra fuás ca- las da guerra,& incédio deTro ya, aportarão a força,&: ri- gor de tcpelladcs, q correrão no mar,ein as prayas,& terras deGalliza. Eítcsíe chamar ao Diomedeí, Teucro, Altur, & AmphilocOjOs quais côas ge- res cj trazião pouoarao a ma- y or parte defta prouincia , & de Allurias agrcftes então, & aíperiíTimas . E André de Re- zende fala da vinda de Diome- des,como de couía certiííima, dizendo , q feus cõpanheiros habitarão a terra, q cae da ou- tra par te do rio Douro ( q he efta de BragaJ conferuandofe por muitos annosemlcu mo do de viuer Grego, de forte, q por excellencia erão conheci- dos,&: nomeados por Graioí, q tanto vai como Gregos. E depois cotrompendole o vo- cábulo, fe chatnaraõ Grauios , ou Gronios,como os nomci Pcmponio Mella. Da entrada deftes iníígnes capitães em Galliza,teftemunha depois de luft ino,Vazeu,eVolaterrano^ Floriaõ de Ocampo,frey Ber- nardo de Brito, & o Bifpo

frcy

tiq.

3.r. 'exti- ttm Híf-

fomx. lufitiu d, Itb. ^j^. yhlater, Geog. c. Áe HtffA nia.

no 11^9. Flor.Uy,

& 42. Brit. i.p.

monarth. c. 11.

fundação da cidade de BragíLu.

5

Sa»doual nas aiit:- med. dl Tui,

Duart.

Nun.díf erif.c.vl.

Brit.i.p. monarch llb,Z.C.b

frei Prudcncio de Sandoual, os quais largamente coiitaõ cila vinda , 6c apontaõ algíías das cidades que fundarão , en- tre as quais íem duuida deuia entrar -Sraga, pois era a prin- cipal dos Pouos Grayos , ou Grauios , da comarca dantre DourOj& Mmho. Cayo cila fádação pellos annos de 1 1 jo. antes da vinda de Chrifto. 5 Outros tem por opinião, q foi Braga fundada_, por Car- thagineíes , aquelles q vicraõ com o capitaõ Himilcon , & ficarão antre Douro, &c Mi- nho^pella ocaíía5,que logo ài remoSj& lhe deraõ o nome de Braga^q hoje tem. Sahio o ca- pitão Himilcon Carthagines das prayas de Andaluzia^com húa groíla armada pêra defco- brir alguas terras de Luíitania, &c Galliza^ &: alcançar noticia da gente, & couías mais nota- ueis q aly paílauaõ.Depois de dobrar o cabo de S.Vicente,& o de Eípichel,que antiguamé- te fe chamou promõtorio Bar , barico,& naueo;ada toda a co- I lia dcPortugal o rioDouro grandillimas tempeftades, cançado ja dos trabalhos da nauc^acão de mares, e climas, q não tinha vifto, nem efprc- mcntado , lhe foi forçado to-

mar porto,&: entrar com to- da afrota.pella foz do Douro, onde à pouca diílancia achou hua pouoaçaõ de Gregos , q viuiaÕ com policia ( era efte o lugar de Gaya,quecíl;à defrõ- te da cidade do Porto ) dos quais foraõ bem recebidos os Africanos,& tal conformida- de, &: amor, tomarão entre fy, &c fc deraõ por tão pagos da companhia, que muitos dos Gregos Ihâ quifcraõ fazer na jornada,&embarcar elle na mefma frota. Dahy cõtinuou Himilcon fua derrota vendo todos os portoí de mar,q vaõ atê o rio Minho , onde achou

bom gazalhado na gente Grc- Com eíta or-

ga,quc ali viuia

dem foi defcobrindo os ma- res ,q rodcaõ as terras de Galli- za,&Bifcaya onde fe lanção nellcs os montes Pirincos. cluida cfta nauegação tornou Himilcon pcllo próprio cami nho q leuara demandando os portos q tinha reconhecidos. 6 Cheo-ando a corta de Por- tugal fobrcuco hua tépcftade tão riguroíà , q fe viraõ quaíl perdidos,& queredo tomar o porto dosGregos,q acima dif- femos,era o lugardeGaya,o naõ pudcraõ fazer tanto a fcu faluOj&: fem rifco da armada.

Ai

qu

Capitulo primeiro

qnão perdefsê muitas em bar çoés_, laluandofe a gente em bateis_, com que os Gregos lhe acudirão. Vendo Himílcon a frota dcftroçadaj& a impoísi- bilidade _, que auiapara íe re- parar o danoj que a braueza dos mares, & força dos ven- tos lhe tinhaõ caufado , com o parecer dos principaes capi- tães da armada, determinou deixar a gente , mais cançada, & mal tratada do marjCÕ pro- uifaõ bartante , atê virem de Andaluzia embarcaçoés,emq íetornaíTem. Com efte acor- do tratou Himilcon o nego- cio com os Gregos do lugar, pedindolhegazalhado pêra a- quelies foldados , & licença pêra ficarem cm fua compa- nhia, &dos mais Gregos da comarca, em quanto não vi- nhão embarcaçoêí a buícalos, &: a pagar a boa obra, q delles eíperauão. Tãofacil foíper- fuadir aos GregoSjComo difíi- cultofo obrigar aos Africanos a ficarem em terras taõ aparta- das da fua,entreas efperanças, ^ temor de não verem mais a pátria. Himilcõ fe fez a vela,

6 tornou pêra Andaluzia on- de ertaua o exercito dos Afri- canos.

7 ' Entretanto os Cartha^i-

nefes , que ficarão no porto de Gaya cmAntredouro,&:Mi nho, demaneira íe ouuerão os naturais da terra , aísi lhe fouberão grangearas von- tadeí,queforáo delles muibé hofpedadoSj& tão familiarmé te os admitirão a fua conuer- fação,que alguns delles efque- cidos de fua própria natureza fe cafarão na terra , &: tratarão como naturacs. Seguirão íeu exemplo os mais Africanos, os quaes leuados da fertilida- de do íítio , & bom animo, q nos moradores dcUe conhe- ciaõ,determinaraõ de confen- timento comum, viuer ncfta prouincia,& aparenrarfe léus naturaes, com condição, que elles lhes deílem terras em que fundaílem húa cida- de, que fe gouernafle pellas leys dos Carthaginefeí , fem dependécia algiía dos Gregos, ou de feus magiftrados . De boa vontade vieraõ os natu- raes na petição dos Africanos, & afsinandolhes vários íítios lhe contentou mais o pofto onde eftà a cidade de Braga. Começarão a obra, pêra mo- rada fua dandolhe nome fe- mclhante ao do rio Bragada, que íe lança no mar dentro das terras de Carthago , de

lUC

fundação da cidade de Bragd—i.

TolomeH

Viflo lo- co.

1

que faz menção Tolomeu^ & outros autores , òc os Turcos, & Mouros cm cu- jo poder ellà agora aquella Prouincia, mudado o nome IhechamãoMegarada. ef- ta memoria do leu rio Braga- da, dado por titulo à noua fú- dação qucfazião_,quizera5 os Africanos ter fempre prefen- te a pátria onde naceraó , ali- uio vnico das faudades em q paflaõ a vida os defterrados. Se ja o não fizerão com a té- ção j que tiueraõ fempre os q fundarão de nouo algúas ci- dadcsjpondolhe os nomes da- quelles lugares onde naceraõ, como vemos em muitas de Hcfpanha, & entre Douro,^ Minho^onde os moradores íe chamarão Grauios dos Gre- goSjOu Grayos,qo pouoarão como atraz apontamos. Suce- dco efta fundação pellos an- nos da criação do miido 35'5 1 quatrocentos & trinta ^ híí, antes do nacimento de Chri- fto , como affirma Frei Ber- nardo de Brito, òc outros au- thorcs q feguc; com efta opi- nião vai o PadreCofme de Ma galhaês no Epigramma , que fez a fundação dcfta cidade. Naufrágio eieãi defgnat md- ma Pícni

Dant nomen títulos , Ò^ noua iura loco.

jEdificata , duces ítalos age Brachara -"vince,

P<enus aitjproauos Marte imi- tar e tuos. 8 A quarta opinião he dos que iulgão, que foi Braga fun dada por Gallos Ccltas.Apon taóna graues authores^ &: a le- guem Florião deOcampo, &c Garibay dizendo que os Tur- dulos,Andaluzes,& osGallos Celtas moradores naLufita- nia nas ribeiras do rio Gua- diana, determinarão fair de fuás terras , & entrar pello mais interior de Hcfpanha a c5quiftar,<S<: afundar nouos lugares ; concertados na jor- nada pellos annos de trezen- tos & quinze, antes do naci- mêto de Chrifto Senhor nof- fo, fairão mais de trezentas mil peífoas , & forão cami- nhando pêra a ribeira do Te- j o,oade fizerão algíjas pouo- açoés. Paliarão o rio, & mar- chando adiante pellas terras, qhojeíaõda Coroa de Por- tugal, pouoarão Coimbra, & outros lugares ate chegar ao rio Douro,ondc pararão pêra defcançardos muitos traba- lhos que auíão padecido na jornada. Não quiferao osTur

chron.

c.li.

Flor. l,b,

Garmat lib.^. c. ic.

A4

dulcs

Capitulo primeiro.

dulos hir adiante, & ficarão aly. Os Gallos Celtas, que tã- bem íe chamauao Brachatos atraucílaráo o Douro, 5c ctc-

dc fund;

ribe

pois cic tunciarcm nas riDeiras delic húa pouoaçaó _, que cha- marão Portoíiallo dode di- ícm tomou o nome o Reino de Portugal , forão pouoara cidade de Braga_,& outros lu- gares _, que caem na comarca de antre Douro_,& Minhotos quaes tomado o nome deíeus fundadores fe chamarão Bra- charo5 , & coda a Prouincia Gallogrccia da miftura dos Gallos, & Gregos_,qucauia na comarcajE dahy corrompen- doíe o nome íe chamou Gal- liza , que hc o que hoje tem. Lãçaõ ertanoua pouoaçaó de Braga^feita pellos Gallos Cel- tas , no anno de 296. antes do iiacimcnto de Chrifto. 9 A quinta , & vitima opi- nião hc do Doutor loaõ de Barro5 na Gcographia de an- treDouro,e Minho,o qual a entender^quc foi Braga fun- dação dos Romanos,dizêdo, que cóforme a memorias aii- tiguas, parece que foi edifica- da quando Roma triunfaua, & íe regia por Confulcs , ou em tépos macs antiguos, por qStrab^

)ao , Pli

inio , & outros

autores ja fazem delia mcn- çãOjíS,: acrccenta/que quando em PvOma ouue as guerras ci- uis entre Cefar , &: Pompeo muitos cidadaõsRomanos fo giraõ pêra os portos de Hcí- panha , & algús , que ficarão quà do tempo de Cefar leua- dos da fertilidade da terra fc efqueceraõ da própria em que nacerão , & que por cita re- zaõ fe achaõ em Braga nomes Romanos efcritos cm pedras, quais faõ Valerios^Lucios ,Ser uilios^TerencioSj Crifpino5_, e outros, donde parece que fi- ca com a opinião de fere Ro-

manos os fundadores

pois

lhe não da outros. 10 Entre opiniões tão va- rias não he coufa fácil inter- por iuizo,ou dar parecer. Aco liado ao de Plinio por fua au- toridade, & com a de luftino tenho,que os Gregos compa- nheiros de Diomedes , forão os primeiros que lançarão os aliceíles ao edificio da noua fíí dação de Braga , porque fem duuida Gregos forão os que pouoarão antre Douro,&Mi nho,& a mayor parte de Galli za. Depois muitoí annos com a entrada dos Cartha^inefes íe illuílrou , & ennobreceo a cidade com nouos, & ricos

edificios.

Dião

Co, -

lo-

fmdaçao da cidade de Bragã-i.

edifícios , crecco a nobreza , miílciplicoii o pouOj &: íiibio a çrrande opulência a noua po- uoaçao. Como hlha natural da Colónia de Carthago foi Bra<:a tábem herdeira do ódio que aquella cidade tratou íempreao PouoRomanOjpor que nas guerras _, que ellc teuejhc deu a cntender^q niío degenera ua de filha de taõfa- moía may. Nem menos del- áiiíc áo. origem , & principio dos Gregos íeus progenito- rcs,porque delles herdarão os Bracharenfcs a viueza do en- gcnho,a habilidade, & íutileza natural, que tem, ^ dos Car- thaginefes o esforço ,a valen- tia ^ ^ valor nas armas com q igualara5,re ja naõ excederão, as mais nacoés. Eftes foraõ os progenitores que tcue Braga. Erta íua antigua, & nobre fundação , conforme a mais certa, & íeguida opinião dos Autores, que temos referido. Auidaquc a primeira fc pude- ra também feguir com mui- to fundamento , pclla autori- dade do Arccbifpo defta Igre- ja Caledonio , òc do BiípodoPortodõ Hugo.

CAPITVLO II.

DAS GVERRAS QVE teue Braga no tempo dos Romanos.

DIFICADA a cidade de Bra-

ea com tao

fclices princi- pios,foi multi plicando demancira , c]ue em grandeza , & numero de gen- te, fefesmuy populofa. No anno de lyy.antes da vinda de Chrillo, na guerra, que os Bracharenfes tiueraõ com o Pretor Romano Lúcio Po- fthumio Albino,foraõ mor- tos afio de efpada trinta & cin CO mil Bracharenfes. Sucede- rão nefta batalha os recontros varios,quc refere frey Bernar- do de Brito , na qual poflo cj os Bracharenfes ficarão ven- cidos, moftraráo com tudo o inucnciuel animo que tinhaó, & esforço pêra reíílfir atodo o poder dos exércitos Roma- nos.

z Porem fenefta batalha lhe faltou a fortuna , bem os acõ- panhou na jornada contra os

narch.li.

meímos

IO

Capítulo Çegundo^

Dicímos Romanos _, quando tomando por capitão ícuao valcroío Bracharcnfc Apnma- no^aqucnialguns pella origc que trazia de Africa chamaó Aí:ricano _, entrarão pcllas ter- ras dos inimigos^cm que fizc- raõ cruel eítrago^ deílruindo, & arruinando todos os luga- res confederados do Pouo 'Honiano.Sahyollie ao cncÕ- t-ro com hum^roílb exercito

! Luc.Flor

./il-.x.in \bello Ik

I

O Pretor Marco Manilio;

po-

rem não podendo refiílir ao esforço com que pelejauão os jSracliareníes, foi por elles mi ferauelmcnte desbaratado _, fi- ncando no campo fcm vida a mayor parte da gente dcfcu exercito.

3 Com a mcfma ventura fe- guiraõ a vitoria _, & pouco tê- po depois alcançarão outra naõ menos illuílre do Pretor Calfurnio Pizao , o qual vin- do de Roma confiado na boa gente que trazia , ôc no valor de fcu animo^ quis cometer o exercito vitoriofo _, cuidando reftaurar em hiá dia, as pcr- das^que em muitos tiuera_,dos Bracharcnfcs o Pouo Roma- no.Porem não Ihefucedco co mo imaginaua , porque roto feu cxcrcito_,& mortos no ca- po perto de fcis mil foldados^

& entre elles Terêncio Varro Queltor^peflba de grande cõ- ta,elle le acolheo a toda a prcf- ía^chorando fua dcfgraça. Fi- carão os Portugueíes de an- tre Douro, & Minho taò ani- mados com efta vitoria , òc tão fenhores de tudo o que ocupauaõ os Romanos , que a lhe não morrer o feu capi- tão Brachareníc de hum de- faftre iunto de liúa cidade , q tinhaõfitiada, chamada Blaí- tophenifes,fem duuida acaba- rão entaõ de todo o poder dos Romanos.

4 Bem conhccco em outra ocaííaõ o Pretor Dccio Bruto o valor , naõ dos homens, màs ainda das molheres de Braga , quando entrando pcl- las terras de antre Douro , & Minho^peraas fogeitar,& me ter debaixo do wwo Romano, chegado perto dos muros de Braga, achou nos moradores tanto esforço,quc vindo com elles a batalha de tal modo fc ouueraÕ os noíTos^que os Ro manos lhe foraÕ largando o campo,& fe retirarão aos reais c5 perda de muitos foldados, fazendo as molheres de Bra- ga tais feitos de armas , & io- gando delias com tanta deftrc za_jComo fe as tratarão fem-

pre.

Brit.d. If.Z.c.zá

vbtjfufra

Brit. d,

i.pMlp.^.

c.iz*

Antiguedades de BragO—i.

II

prc , & fora efte exercício de íua proíiliaõ.Com eíta^ & íe- melhances vitorias auidas co- rra os Romanos alcançarão os Bracharenícs o nome de valeroíos _, com que forão te- midos ícnipre delia nação _, & de todas as eílranpeiras.

CAPITVLO III.

D O S I T I O QJ- E

tinha Braga no tempo dos Ror^:anos , ip" de aigúas an- tiguidades , qfe achao nella domefmo tempo.

S memorias antiguas, que ha em Braga moftraÕ que foi fempre ci- dade grandioía. Sua primeira fundação , òc aílcnto naõfoi no lugar onde hoiefevè. Te- ue feu principio iunto à Igre- jadeSaõ Pedro de Maximinos onde fe moll:rão hoic ruiiias de grandes cdiíicios , que dão tcrtemunho de íua anrigua ma ieftadc , & ainda aparece hum como meo circulo kigar^ on- de ertaua o ampliiteatro , cm i que os Brachareníeí ao modo

Romano cclebrauao fuás fe- itas. E correndo deS. Pedro ate o holpital de Saõ Marcos_, íè vem ruinas , que moftraõ^ que atê ly fe eft endia a cidade antigua.Tambem ha raftos de aucr aquedudlos mui vzados no tempo dos Romanos , c5 que fe prouia a cidade de agoa. Merece memoria hííaílas grã^ dioío^pello qual fe trazia agoa do rio A.ue , &c íè tomaua por cima da ponte de Men- guterres diftante quatro le- goas defta cidade,& correndo por cima do mofteiro de Fon- tarcada vinha demandar o ca- ftello de Lanhofo _, & da ly fe metia cm Braga^ agora leuan- tando em arcos nos lugares baíxos,agora decendo por an- tre montei _, & ferras , de que hoic fe vem finais , & ruinas, &o affirmaópeílbas antiguas,

& de grande autoridade com o

teltemunho de vifta. Durou fempre Braga em fua maiefta- de,em quanto os Romanos fenhorearaóHcfpanha, por- que lhe dedicarão memorias, éí leuantarao colunas , como logo veremos. Parte das pe- dras em que fe vem eftas me- morias fc acharão em Braga, parte vierão de outroslugarcs, trazidas por ordé do illullrif-

limo

]2

Caf>ittdo terceiro,

íimo Senhor ArccbiípoDom

Diogo deSoiifajqa rcílaurou,

& iiiuíircu CTrandes edifi- o

cios.

i Eiitrc todas as pedras^ a q parece mais antigua hcaque hz menção do Empcrador OdtauioAugLilio.Heamaior das doze colunas_,quceftaõ le- iiantadas no campo de Santa Anna^ao redor da meíma her mída. Seruiaõ de guias de ca- minhos às legiões , &: exérci- tos Romanos pcra naõ err are quando pafiauaõ de híjas a ou trás cidades. Erta coluna deq himos falando fe Icuantoua AuguftoCeíàr cm teítemu- nho da obedicncia,que a pro- uinciadcGallizalhedeu. Era coufa vzadanaquelle tempo, quando cntraua Coníul , ou PrcconfuljPretor, ou Legado na prouincia_,dcpois de lhe fer dada obediência , cícreuereni cm húa pedra aqucUe aâ:o de fogeição , com que fora reco- Khecido o Magiftrado, fican- do cm lugar de efcritura pu- blica , para fempre conÃar. Naõ moftra eil:a pedra oCon- fulado cm que fe pos^ mas fa- b"cfc que foi quando Oótauio ficou abfoluto fcnhor do Im- pério Romano pcllosannos 7Z4.da fundação dcRoma 17.

annos antes da vinda de Chri- 11o Senhor Nolloao mundo, diz afy.

C.C^SARI.AVG.F.

PONTIF. AVGVRI CALLECIA.

Querem dizer efta prouincia de Galliza a Cayo Cefar Au- guílo Fclice^Põtifice , Augur.

5 A ntes que paliemos adia- te,he neceílario aduertir pêra melhor entêdimento deííe le treirOj& dos mais que lança- ranos depois delle _, q os Em- peradorcs Romanos logo q víurparaõ o gouernoMonar- chicodo Império, também pêra fy tomarão todos os ti- tulos dos mais honrados ma- giílrados que tiueráo os Ro- manos, pêra moílrarem que íe nãoapartauáo do antiguo goucrno, & qucexercitauão o poder de todos os ofíicios,

6 diíjuidades de Roma,

4 Chamarãoíc Auguítos^ titulo que fe deu a 0(5í:auio, &: foi o primeiro Empcrador que com clle íe nomeou ,por- queaucndo vencido a prouin- cia do Egypto no dia que tri- unfou delia, o faudarão com eílc nome diriuado do verbo augeo , como dizendo. Quod Romam auxerit^ q acrecentou

a Roma

Camil

Borrtl.de

cathec.c,

21.W. II.

Anúzuidaãe s de BraoO-^.

13

i.fv

.nxOr.Wf;

Clcf in

Lb.i.Fa.

Siktrd.

•« h-XtcÕ

Verbo ã:..

a PvOma , outros dizem que vem eílc nome de Augúrio, palaura dos íacrincios_, òc que por ifto todas as couías de gra cie cilima , ôc íantidade fecha- m^auaó auguílas j aísy o diílc Ouidio.

Súãa yocant ãugufla Paires,

aimiUa yocantur TcmplaSocerdotum rité di- cata manii. E naó aos templos , mas a- inda aos muros chamou Vir- gdio AuíTuftos.

Centim oratores augufia ad- m>€nia res^is

Ire lubet.

A imitação de 0<5lauio daua o Senado PvOmano efte titulo a todos os Emperadores _, co- mo ampliadores do império; úsy o enrendeo Ouidio qua- do diíle.

Augeat imperinm nojlrí ducis^ au^eat annos. 5 Chamarãofe Augures, porque fe tinha por coufa ía- grada adiuinhar pello voo, de canto das aues , és: por outras íuperftiçoés, &: quem fe auã- tcjaua nella ciência era tido cm erande conta do Senado, ^candauaeíteoracioem peí-

foas illaíIrcSj Sz de grande re- 1 í

Plutarch

putação. A eíle íim pêra pa- recerem mais religioíos , to- marão o5 Emperadores o ti- tulo de AugurcSj aiuntandoo aos maisjcom queíe eníober- beciaíua grandeza. 6 Também íe intitulaua5 Pontificcs Máximos. Foi efta dignidade mui illultre emRo ma, porque entedia com gra- de íupcrioridade nos ritos , d<. ccrcmonias dos templos, & nas coufas tocãtes à Religião. Numa Pompilio lhe deu a prcíidencia íbbre os íacriíí- ^,^,^^, cios , & poder Tuprem.© em \"> '^'''* tudo o tocante a elles , ôc a- ^'^"'*' uendo creado quatro da or- dem dos Senadores , fez a Pontifíce Máximo com po- der fuperior aos outros. Per- tencia a efte officio fazer guar- dar a Religião, interpretar as coufas fagradas , telas em ve- neração, declarar em que al- tares íe auiaõ de fazer os facri- ficios, Sc em que dias, ôc tem- pos: & o lurifconfulto Pom- ponio affirma, que as leis dos Romanos fe interpretauão pello Collegio dos Pontífi- ces. Por titulo nobre o aiun- tou Augufto Ccíàr, com o de Emperador, fendo o pri- meiro que fe nomeou am- boSjimitandooosEmperado- j

l.z.íJe- ittde ex hisjf.orig iur,

Giither. de vet. iM rePentifl cJtb. I.

B

rcs.

14

Qãptulo tercenoj

Shtten in OfUíi. s. Jjlde.eth' moJtb-'~) c.iz.reta tus tn c clerosver pePontí- ftx zi.d. \RKfmUb, 3 .antiq, Romcin,

fin,

Baroit.to. 4. anna Chnjii 383,

in Tácito

ITaeitMb 3.

-res q o fcguiraÕ , auendo que coiiLiinha aos Moiiardias de húcam grande império com ogouerno temporal terem iuntamente autoridade fuprc- nia no cfpiritual, òc couíàs fagradas . Conferuaraõ eftc titulo ate o tempo do Empc- rador Graciano,o qual paliou prouifoês cm que madou lhe não chamaílem PontificcMa- ximo . Víàõ agora delle os Summcs Pontífices Vigairos de Chrifto na terra, em quem aílenta milhor por rezao do grande, & fobcrano poder, que tem em toda a Igreja Ca- tholica.

7 O poder deTribuno, com que íe nomeaõ, fegundo Vo- pifcOjfoi parte do poder real, O primeiro Emperador,que annexou eíte titulo aos da di- gnidade imperial, foi lulio Ccfar, outros querem que foíle Oólauio Augufto.Auin- cularaõno afy pêra fe fazcré a- ceitosao pouo, moftrando.

que

if(

conleruauao o gouerno antiguo,&:obrauáo,não com poder fuprcmo de Empcra- dorcs, fenaõ com a iurdicao das dignidades, & oííicios do Senado Romano. Húa das prcrogatiuas,entre outras, de I rtemxagiftrado era fer inuio-

laucl, que valia o mefmOjque hum íeguro real pêra não po- derem íer oftendidos os que o adminiilrauão. Por eita re- zao ellimauaõ a dignidade os Empcradores Romanos , pa- rccendolhc , que com cila ti- nhaõ fua vida mais fegura das treiçoés , que acompanhaó a fortuna dos Reis , & grandes Monarchas.

8 A dignidade de Conful, que também tomarão, era a íuprema, & maior, que auia entre os Romanos . Subiafc a ella por eleição , & duraua humannojfc bem ouueal- gús Confules , que for ao per- petuos,comoVitclio.Por cUes fe contauao os annos , como notou Claudiano quando dií- fe.

Friigíbus alternls^non confide^ computai annum.

E veo a valer o mefmo a pa- laura Conful , que a palaura anno , em algúas leis, que di- zê,/«e die,Í!f Confule , que lí- gnifica fem dia , & fem an- no , Ordenauaõ os Conlu- ies tudo o queconuinha ao gouerno da Republica Ro- mana, & das Prouincias. Eraõ árbitros da paz , & da guerra, faziaó iuntas pêra clei-

Schard. tnlexver. Cofiíl.

l.l.f.edi tionis ff. d: edcnd» l.Ji arbi- ter,ff. de rohc.t. l. cií taber- nam, f.i íf.depig.

ÇO

es.

Anúnúdades de BraoíL^^

15

r/m. nat. h<fi.libq., c.yo.

D:o;i.lib. 43-

GracJjf-

cept.fore,

16.

7

eleições cie dignidades^exccií- tauão as conlultas do íenado. Elle titulo procurarão ocEm- pcradorcs , que andaíle vnido amageftade imperial por ler o mais nobre que auia emRo- ma.

9 Também fe chamauaõ pays da pátria, O primeiro ci- dadão Romaiio^a quem o po- uo aclamou coro efte titulo^ foi MarcoTullio Cicero^quã- do com a facúndia de íua lin- j^oaíahio contra a coniuracao de Catilina , depois dellc o to- mou IulioCeíar,«Sc à Adriano íe deu iuntamcnte com o im- pério. O Emperador Tibé- rio, o náo quis , ôc Nero o rccufou por lhe parecer não ccnuinha afua pouca idade. A Trajano foi dado pellas obras, que fez em beneficio publico da cidade contra as enchentes do Tybre , &c foi aclamado pello fcnado, & pouo Romano, com titulo de Óptimo Principe,quc de- pois íe deu a outros Empera- dores.

O titulo deGermani-

10

co tomou Tibério Ceíar por auer vencida, Sc fogeita a pro- uincia de Alemanha , depois à íua imitação qualí todos os Emperndorcs fe chamarão

' Germânicos.

Também fe nomcauão Da cicos. Britânicos, (ScParthi- cos, ouporrezãode^auerem fogeitadas eíías prouinciaí, como fez o Emperador Mar- co Aurélio, ouporfe quere- rem honrar com os títulos delias. I

O titulo de Máximo, que tantas vezes fe lhe da he adu- lação com que o pouo queria engrandecer as vitorias , que alcançauão os Emperadores, ganhadas coma grandeza de ícu esforço.

II Com cfta brcuedecla- ração,que feruirà pêra os que tem menos noticia dos titu- los dos Emperadores , Sc an- tiguidades Romianas j, torne- mos aos letreiros , que fe a- chão em Braga de tempos an- tiquilfimos teílemunhas íem fofpeitade íua nobreza, li A Segunda pedra he do tempo do Emperador Adria- no rilho adoptiuo de Traja- no , & íeu fobrinho; diz af-

Bi

IMP.

16

Capitulo terceiro.

IMP.C.ÍS. TRAIANO. ADRIANO, AVG. PONT. MAX.TRIB. POT.XVIII.COS. III. P.P. A.BRACARA.AVG.M.P. XXIII.

Quer dizer. Eíla coluna foi polh ao Emperador Ccfar Trajano Adriano Augufto , Pontífice Máximo, Tribuno dez oiço vezes , Conful três, pay da pátria. Pos íc vinte &

três milhas de Braga , que faõ mais de fetc legoas & mea. 1 3 A terceira pedra he dedi- cada ao EmperadorMarco Au relio diz afsy.

IMP.C^SARI. DIVI.SE- VERI.PIÍ.FIL.DIVI.MARCI ANTONINI. NEP. DIVI ANTO- NINÍPII PRONEP.DIVI ADRI^ ANI. AB NEP. DIVI TRAIANI PAR.ETDIVI NERV..£AD. NEP. M. AVRELIO ANTO- NINO PIO FELICI AVG.PAR. MAX. BRIT. MAX. GERMANI, CO.MAX. PONT. MAX. TRIB. POT. XII. IMP. III.CON.IIII. P.P.PROCOS.

A foma dcfte letreiro íàÕ li- fonjasao Emperador Marco Aurélio , quer dizer .Ao Em- perador CeíarMarcoAurelio, Antonino Pio Fclice Augu- fto,Parcico Máximo, Britâ- nico Máximo, Germânico Máximo, Pontífice Máximo, Tribuno doze vezes,Empera-

dor três, Conful quatro , pay da patria,Proconíul , Filho de Diuo Seuero Pio, neto de Di- uo Marco Aiitonino,biíneto de Diuo Antonino Pio,cres- neto de Diuo Adriano, q nar- ro neto de Diuo Trajano , & quinto neto de Diuo Nerua, 14 A 4. pedra eitas letras.

^ DIVI

Antimidades de Braoa^.

17

DIVI. ANTONíNIPÍÍ. NEP. DÍVI SEVERIPÍI. MAGNI FILIO ANTO- NINO PONT. MAX. COS. II. PROCOS.

FORTíSS.PRINCIPI A BRACARA.

M. P. III.

Querem dizer . Eíla coluna ' foi dedicada àAnconino Pio íilliode Diuo Antonino Pio neco de Diuo Seuero Pio Grande, Ponciííce Máximo, Confulduas vezes, Procon- iul,Forciíhmo Principe, Le- uantouíe ella coluna três mi- lhas de Braga , que he diftan- cia de quafi húa legoa. 1 5 A quinta coluna, que hc a mais antigua , & gallada do

tempo , fe dedicou ao Empe- rador Maximino, & íe pos no meo da praça publica , & hoie íe coníerua hija Igreja, com o nome de Saõ Pedro de Maximinos de que açima fa- lamos , &c hi^a porca da ci- dade , que fe chama de Ma- ximinos , não porque íeja taõ antigua como à Igreja, màs porque leua o caminho pêra ella. Dizem as letras aísy.

IMP.C^SAR. C.IVLIVS. VERVS MAXIMINVS. P.F. AVG. GERM. MAX. DAG. MAX.SARMATIC.MAX. PONT.MAX.TRIB.POT.V. IMPER. VII. P.P. COS. PROCOS. ET. C. IV- LIVS VERVS MAXIMINVS NO- BILIS C^S. GERMA MAX. PRINC. IVVENTVTIS FILIVS D. N. IMP. C. IVLII VERI MAXI- MINI. P.F. AVG. VIAS. ET PONTES TEMPORIS VETVSTATE COLAP- SOS RErtitucrunt.CVRANTE. QJDECIO LEG. AVG. G. Pret. PR>€F.A BP.AC.AVG.M.P.

B3

Sua

IS

Capitulo terceiro,

Sua llgniíicaúáo he. O Empe- rador Ceíar Caio^Ialio^ Vero, Maximino^Pio, Felice Aitgu- ftoj gram vêcedor cie Germâ- nia , gram vencedor deSar- { macia^gram vencedor de Da- cia^ Pontiíice Máximo , íínco vczesTnbunOjfete vezes Em- perador, Conful, Proconful_, ôc Caio luiio Vero Maximi- no nobiliilimo Ceíar ^ gram vencedor de Alemanha^ gran- de Príncipe dos macebos P^o- manoSjFilho de noílo fenhor, oEmpcrador Caio IulioVero_, Maximino Pio Felice Augu- fto_,mandaraõ concertar os ca- minhos, & pontes, que o te- po tinha arruinado.Teue car- go da obra Quinto Decio ca- pitão da Legiaó Augufta Ge- mina dos Pretorianos, & o concerto começou hua milha da cidade de Braga A ueulta. 1 6 Quaií fo liemeftes cami- nhos , & pontes,naõ ha noti- cia, podiaõ fer os que leuaÕ a Viana, & a Barcellos pêra a parte do mar, porque cftes crão mais afperos , & as pon- tes a de Prado lançada fobre o rio Càuado ^húalegoa de- ita cidade, & outra na villa de Barcellos fobre o mefmorio duas legoas abaixo da de Pra- do.

17 As mais pedras t] cítáo no campo de Svinta Anna faõ medidas de caminhos,dcdica- das aos Emperadores Adria- no,Comodo, e Caracalla,por lílb as deixamos,& as na© po- mos aqui.

1 8 Dentro da cidade ou- tras memoriaSjCm pedras an- tiquas. No alpendre daSê da

^ j c ^ parte de tora lunto a porta

traueíla eftà húa dedicação de

templo a algíí dos Deoíes da

Gentilidade, com eftas letras,

CONDITVM SVB IMP. C^- SÀRIS PÀTRIS TATRl^.

Quer dizer foi edificado efte templo fendo Emperador Ce- íar Pai da pátria. Podia elle Emperador íer lulio Ce— far, porem como a pedra naõ he inteira, &: lhe faltaõ letras ficamos com efta duuida. 1 7 No Hoípital de S . Mar- cos iunto aoMofteiro das frei- ras de Noíla Senhora dos Re- médios eftaõ as letras feguin- tes.

AMAP.ANTVSSENECIO NIS H.S.E.

Aqui eftà fcpultadoAmaran- to Scnecio.Não fe íabe donde veo cfta pedra. O nome con- forma

jintiguidades de BragO—í.

19

torma com o cia villa de Ama- rante_,mas o ccmpo naõ, por ler tundacla cm aiinos mais checados aos noílos. zo Na Igreja de S, loao do Souto parochia defta cidade, eíU húa pedra com as letras Ic CTuintes.

o

Q^aNTYS L.TVS Cl VALENTI-

Ni. F. H.s- pater FILIO.

F, C.

Quer dizer. Quinto Lucio fi- lho de Tuíco Valentino eftà aqui íepultado,reu pai lhe mã- dou leuanuar efta íepultura. II Dentro da cerca do Col- legio de S. Paulo dos Padres daCompanhia defta cidade cie Braga, eftà húa pedra eftas letras.

IMP.CAESARI. TRAIANO ADRIANO AVG. PONTIF. MAX. TRIB.POTEST.XIX.

COS. III. P.P. A.BRACAR.AVG. I ALE.M.P. XXXV.

Em partes defta pedra eftão as letras gaftadas , o q íc quer dizer. Ao Emperador Gefar Trajano, Adriano Augufto, PontiEce Max. Tribuno i?.

vezes,Coníul tres^ pay da Pá- tria, de Braga Augufta 3j.mii paílbs , que vem à fer pouco mais de onzelegoas. zz No jardnn dos paços Pontificais ha muitas memo- rias antiguas cm pilares,& pe- dras quadradas, com Epita- phios de íepulturas , abertos com letras Romanas,gaftadas do tempo, & coníumidas da antiguidade . Entre os letrei- ros de doze pilares , que aly Te vem,os que íe podem ler com algum ílntido, a fora outros, que eftaõ quebrados , faõ os que fe leguem.

TARQVINVS. CATVRONI. F. XI. AN. H. S.E.

Quer dizer. Aqui eftà fcpul- tado Tarquino filho de Catu- ron , de onze annos de ida- de.

LARIB. FL. SABINVS. S.V.S.L.

Quer dÍ2;er.Dedicacío aos La- res ( que os antiguos errada- mente tinhao pellas almas,ou Deofes das caías ) Flauio Sabi- no fendo viuo , deixou por

B4

legado

20

Pi í

ítiíote

rcetroy

'

iecacio aiy meímo ella íepiil- tLU-íij& ciosíeus. i5 De varaõ aílinalado^ que fahio no tempo dos Ro- manos delia cidade de Braga pêra o gouerno de Prouincias eftrangeiras, ha memoria em Tarragona cidade principal do Reino de Catalunha cm húa pedra antigua,C|Lie cíH na rua de Eícaimalincr,& íaz cáo de húBracharcníe.chama- do Quinto Poncio, quede- uia ícr naquella cidade peíloa abaiifada , & dizem as letras

aísy.

QJ^ONTIO.QJ.QVTR. Seucro BRACARO Omnib. Honor, ia fua Rcp. Funâ:o Fia.

Quer dizer cila eftatua fe pos à Quinto PontioScucro filho de Quinto da Tribu Quirina^ natural da cidade de Braga^on- de teuc todos os carços . & oííicios honrados, &c iunta- mente o- de Flamen (nome dos Sacerdotes Romanos.) 2.4 Alem deftas memorias, que fe achaÕ nas colunas, òc pedras referidas , ha outras , q

, não denotaõ menos antigui- dade j & nobreza nefta cida-

i: de. Delia fahiáo féis vias , ou

caminhes militarcsidos (inco trataAntonino Pio_,& outros autores. O primeiro íahia pê- ra as cidades do Porto,Coim- bra , Leiria , Alcobaça, de Lis- boa.O ícgundo he o caminho maritimo,que leuaa Fao, & Eípozcnde. Alguns autores foi peiraõ fer o lugar de Fão o de Aquas Cclenas , que íc np- mea nos Concilios,de que cm feu lugar trataremos,vill:o co- mo o rio Càuado, que ahi íe mete no mar ,fe chama Cela- nius dos antiguos ^ & vem a fer o meímo , que Áquas Ce- laniaSjOu Celenas. E também porque conformaõ as milhas do itinerário do Emperador Antonino as líncolegoas que hadeBraga,ao mefmo lu- gar de Fáo.Iuliano fala confu- íãméte neftamatcria.Êpoem dous lugares dcíle nome iun- to a Braga , pegado ao mar a que chama Fáo , outro mais perto no território de Bra- ga. Outros dizem,que Aquas Celenas he Iria Flauia , q ago- ra fe chama o Padraõ. Outros quehc o lugar de Saõlorge dcCodeceda duas legoas.do Padrão, que em outro tempo fe chamou Celenes. t j O terceiro caminho mj- litar,vai por Ponte de Lyma,

a Tui

Dom. lib.i,c.

III adtisr Ó8.

Antiguidades de BragO—i.

21

a Tuijlria Flauia, Ôí Corunha. He o caminho c]ue leuou lu- lioCdar quando veoa Luli- cania , t^ GaUiza. O quarto

ires , que

íc

de Gire

P

cortaua a lerra c diuide Portugal de Galhza, ôj Icuaà íerra^q chamaoPor- telladeHonic Lobios_,Ore- íe^ (Ik Lugo. Deíle caminho íàhia outro,&: he o quinto^pe ra Aírcrga^^' Leão_,de que faz menção o Emperador Anto- nino. Em todos auia colunas, & letreiros Romanos. 16 O íexto caminho heo que leua aGuimaraés^&Ama- rante, de que naõ falou o Em- perador Antonino, poré delle coníla por pedras , & memo- rias antiguas.

C A P I T V L O. IIII

D A D I FI S A M DE

Hefpanha , Conuentos iti- ridicos^que nelía oum^ co- mo Braga foi dos mais conhecidos delia.

Crecêraà no brezaj& títu- los deíla ci- dade de Bra- ga^auer fido

Mm

I Conuento iuridico,& Chan- cellaria no tempo dos Roma- nos de toda a prouincia de antre Douro, èc Minho. Pêra o que íe ha de notar, que os Romanos em diucríos tem pos fizeraõ diuerfas reparti- ções de Heípanha. Noanno 195. antes do Nacimento de Chnílojfoy Heípanha diui- dida em Citerior, & Vlterior, & ambas prouincias Preto- rias. Os primeiros Pretores foraõ CaiOjOu Gneò Scmpro- nio Tuditano,& Marco Hd- uio. Com tudo os termos de- itas duas prouincias íe varia- raÕ,& confundirão em diuer- fos tempos , porque no anno ly^.antesdavindadeChriílo, toda Hefpanha íc fez hi^afò prouincia _, & osHefpanhoes íe foraõ queixar aRoma da ti- rania dos Pretores , auendo duzentos annos _, que rega- uaõ o campo leu langue. E no anno de 177. Marco Cláudio Marcello foy Pretor de toda Hefpanha. Porem lo- go no anno de 165. antes de Chriífo vir ao mundo/e tor- nou Hefpanha a diuidir cm duas prouincias, chamandoíe Hefpanhaciterior aquella par te, que iaz dos montes Piri- neos ate os Marianos, qhoje

chamao

22

Capitulo quarto.

chamão ferra Morena , & cò- prcndia os Reinos de Ara- gão_,Naiiarra^Caftcllaa velha^ Leaõ , & Galliza^ a o rio Douro. A tudo o mais cha- marão HeípanhaVltcrior_, q hc Andaluzia j & Luíitania, em que íc comprcndem os P.einos de Murça , Granada, Cordoua, & Seuilha, que an- tiguamcnte íe chamauão o nome de Betica , a Eíirema- dura,& o Reino de Portugal, a o rioDouro^que era a Lu- fitania.

z Depois, no tempo que Pompco teue ogouerno de Helpanha, achando os Ro- n'ianos,quc fe naõ podiaõ ^o- ucrnar por dous Magilirados p rouinciás taõ dilatadas,as di- uidiraõ em trcs : Tarraconen - íe,Betica,& Luíítana. NaTar- raconeníe , que era a maior por comprendcr tudo , o q não era Andaluzia , Eftrema- dura, & Portugal,puzcraõ fe- te Chancellarias , a que cha- mauão Connentos iuridicos. Eraóeílcsos lugares onde as partes acodião com fuás ap- pellaçoês,e aggrauos,pcra nel- les fenecerem , & íe dar final determinação a fuás contro- ucrllas. AíTentarão os Roma- nos, como pcífcas de grande

goucrnonaadminiftração da Republica ellas Pvclaçoes, & Connentos nas cidades mais principais,<í.\: cabeças das Pro- uincias,& cm tal dirtãcia hi3.as das outras, c]ue as partes naó rccebeílcm oppreílaõ de lon- gos caminhos , em irem re- querer fua iuíliça . Fazião os Proconíules , òc Pretores das Prouincias a guerra no veraõ, tendo per cxcrcicio as ar- mas .No inuerno fe recolhião a iulcrar as caufas , & determi- nar duuidas neil:es Conuen- tos iuridicos , vzando da paz em proueito dos opprimi- dos.

3 DeftasChancellarias a ma- ior puzeraõ na cidade de Tar- ragona, porque era como ca- beça de toda a Prouincia , que delia tomou o nome de Tar- raconenfe.A fecunda íe aílen- tou na cidade de Caragoça, que entaõ fe chamaua Saldu- ba. A terceira, em Carthagc- na. A quarta em Clunia , que hoic fe chama Corunha no Biípado de Oíina , & he titu- lo de Condado. Aquinta,em Aftorea cabeça dos Aíluria- nos. A íexta,cm Lugo cidade de Galliza. A fecima Chan- celaria aflentaraõ na cidade de Braea.Tinha eila Chãcellaria

Gtlgh de AmU nothe.itr» d^ Igyeja de Ôfma f.3.

muito

GrandeZj^s de BragO-j.

23

Narur ' m^^^i^o nuioi' iurdiçaõ que to- hjiMb.}J\ das as outras , porque Çlinio ^-'í-i- j lhe aillna vinte & quatro ci- dades com íuas comarcas , tV cm íeu diíhicio auia duzentas & íetenta & ílnco mil peílbas queacodiaõcom íuas deman- das a elta Relação. 4 Nas prouincias Betica, & Lulitana,auia outras íeteChã- cellarias, aílentadas nas cida- des principais daqucUas pro- uincias. As de Bctica^ ou A n- daluzia eraõ as cidades de Ca- diz^ Seuiila , Cordoua,& Eci- ja. As dcLulitaniaeraõ as ci- dades de Merida na£ftrema- dura, Bejaj ouBadajos^como d"fi2'iJ querem alguns. Si Santarém tbíMrodi' cm Portugal. Muitas deitas B.iiaj05. , ^jjpjgj eja5 iuntamente Co- lónias dos Romanos. Trataõ delias , & dos Conuentos iu- ridicos difufamente Plínio, Sexto Rufo, Strabão MarcianoCapella, 6c outros.

G,l

f.i

C A P I T V L O. V.

DA GRANDEZAQZE conferuou Braga na entra- da dos Vândalos , Sueuos, Jlános/mPormgaljt^ Gal li^a.

M quãto du- rou a Coroa, & Reino dos Sueuos em Portugal , & Galliza, coníeruou Braga a grandeza que tinha, feruindo de Corte aos Reis Sucuos,que nella tinhaõ feu allento, &: pa- ços reaes,&: daly dauaõ leis a todas as outras cidades , lu- gares de fua iurdição. 1 Co ufa fabida he , como pellos annos de 41 o.do Naci- mento de Chriílo começou a decimar o Império Roma- no, tendo o gouerno dclle Arcádio , & Honório filhos do grande Emperador Theo- doíio, &foi Hefpaiiha entra- da de nações barbaras,que a íc nhorearão , & tirarão da fo- geição do império Romano. Sairaõ eftes Bárbaros das três

Prouincias do Nort e , Gocia,

111» ■*

Suécia,

chron. an\ no .].xo>

Brito 2.f. mcnarch.

24

Capitulo qt-iinto,

Sueciaj& Noruega, entraado por Itália j d: França ate che- garem a Hcípanha^aíloiandOj êc deílruindo tudo /azcndo- fe íenhorcs de í^raiides Pro- iiincias , metidas debaixo de íeu iuf^Oj com o duro pefo de fuás armas.Eraõ alguns de na- ção Godos , que depois íe íi- zeraõ fenhorcs de toda Hcí- paiiha, outros Gatos , q ocu- parão Catalunha, outros Vã- dalo.í,que fenhorcaraõ a Bcti- ca,&: dclles tomou o nome de Vandalia^que corruptamé- te íe chama Andaluzia. Ou- tros SueuoSjSilingos , ^ Ala- nos. Ficarão osGodos na Gal- liaNarbonenfcj que depois íe chamou França Gótica, & os Sueuos, de que agora trata- mos, depois de mudarem vá- rios litios,vieraõ defcançar nas terras, que hoie íàõ da Coroa de Portugal , & parte do Rei- no de Leão , do Tejo ate os campoSjq chamarão dos Go- dos, que caem nasterraída mefma Coroa.

3 Foraõ crecendo tanto em poder,com a felicidade de fuás conquiftas, que tiueraõ ani- mo pêra pertenderem lançar aos Vândalos de fuás terras-, & o mefmo tétaraõ com os Go- dos , cuia potencia era mais

auantejada, querendo mouer~ lhe guerra, ik entrar com elles em batalha. Foi íeu primeiro Rei, ôí capitão Hermencrico, o qual com o valor de fuás ar- mas fc fez fenhor de GaUiza, Sc Leaõ-, ôc Rechila filho íeu, 6: fucccílbr no Reino, crecco no poder de modo, que as couías dos Sueuos hiaõ mui auante em profperidadc. Naõ eraaísy nas matérias da Fè,& verdadeira Religiaõ,cm que fi- cauão mui atraz, porque não feguindo a de Chriílo NoíTo Saluador,huns delles eraõ Ido- latras, outros Arrianos. Con- uerteoíe Rechiario filho de Rechila, mas durou pouco nos vaílalos o efpirito , & feruor catholicojporque com a mor- te, & mudança do Príncipe a íizeraó também na Fc,& os Reis,que depois íucederaó no eftado dos Sueuos, afsy abor- recerão , & perfeguiraõ a P^e- ligião Catholica. & miniif ros delia , que roubauão, &de- ílruyão as Igrejas,deílerrauão osBiípos, & Sacerdotes, & poredidos mandauaõ pren- der todos os que em feu Rei- no fcsuiííem a bãdeira de Chri fto.

4 Começou efta perfcgui- ção , no tépo dei R ei Maídra,

òíác

BrttJ. c.

deíirukaOíÇ^ reHí^iíir^cão de BraoO-^.

25

oc de leu íiilio Rcmiímundo, Continuou com niayor cru- eldade no tépo de R^echiliano^ o qual não íó dcílcirou Bií- pos_,mas ainda mandou mui- tas almas glorioías aoCeo por meo do martyriOj c5 que aos corpos tirou a vida . Final- mente forao crecendoas he- regias Arrianas com a perti- nácia dos Reys Sueuos emas fauorccer , & emparar , atè- quevierão a deixar eila mal- dita íeita no tempo de Theo- domiropella pregação ácS. Martinho de D ume ^ òc dos Arcebifpos delia Igreja ^ co- mo em íeu lugar diremos . j Em rodo o tempo , que durou o Reino dos Sueuos atê ElRey Leouigildo .0 de- li ruir _, & acabar de todo^ em que correrão 163. annos, foi ícmpre Braga Corte dos mefmos Reys , &: cidade illu- ftre, cabeça de todo o Reino, conleraando a grandeza em que fora prin- cipiada.

CA P I T V L O. VI.

DA ENTRADA dos Mouros emHefpânha^ i^ como Bra^a foi deitrui- da , llf depois reflaurada^ ÍP'dadapt;llosRejs de Lélio a eUa Santa Si.

Adellruicão, q Leouigil- do íes no Rei no dos Sue- uos , coube muita parte ã cidade de Bra- ga, porque perdeo a grande- za de Corre daquellcs Reys, como ia perdera a honra de Chanceliaria , & Conuento iuridico,morada dos Procõ- fules Romanos, com a entra- da,&: ícnhorio dcs Sueuos. A eíla calamidade particular íe aiuntou logo a comum de to- da Hefpanha , com a entrada que nella fizcraõ os Mouros deAfrica pellos annos de noí- ía redenção 713. os quais fazendofe fcnhores de Anda- luzia , & da mayor parte de Hefpanha^eatrarão a primei- ra vcs pellas terrasdcPortugal, òí Galiiza : chegarão a Braj^a, j

" c" íT

(Capitulo feifio}

& viando com ella cio mcí-

cc

mo furor bárbaro, com que tracaiião as mais cidades^ a de- llruirão,& roubarão fazen- do nella grande eltrago. Paf- faraó adiante ate o rioMuiho, & vendo a efterilidade da ter- ra de Galliza_,& o pouco fru- to que tirauão de fua con- quiíía, determinarão .voltar pêra as terras deEllremadu- ra, mais abundantes, <k fer- tis , que as de Galiiza. i Com fua ida teuc lu- gar cl Rei Dom Pelayo pêra mandar reftaurar as cidades deftruidas . Acodio logo a Braga, como mais principal, & que eltaua diante de todas. O niefmo fez depois ElRei Dom AfFonfo o cacholico , o qual famdo com hum podc- roío exercito de Galiiza foi cobrando, & reftaurando a a cidade do Porto tudo o que os Mouros tinhao de- ílruido. Neftc eftado fe acha- ua Braga , quando reinando Silo, & Mauregato fizerão os Mouros outra entrada por entre Douro, & Minho, & chegando a ella a deílruiraó, &c puzeraõ por terra , naõ fi- cando em mais que a Igre- ja de Saõ Pedro de Maximi- nos , o A4orteiro de Saõ Mar-

tinho de Dume, & o de Saõ Frutuoio , a Igreja de São Vitouro, que íe vniraõ, k. annexarão às Igrejas de Lu- go, ôc Cõpoftela , em quato Braga fe não redificaua.&tor- nauaafcuantiguo ier.Com a mefma condição , ^ clauíula deu ElRey Dom Aftonío o Caífo parte da cidade, aisy deltruidacomo cifaua,aosBií- pos de Lugo, como coníta de húaeícritura, quceífã noar- chiuodefta Igreja . Vltima- mcnte fe reftaurou fendo Bif- po Dom Pedro,como em íua vida diremos. Daquclle tem- po ate hoie eítà debaixo da íogeição dos Arcebifpos de- ita Igreja , que delia , & feu termo íaõ íenhores com todaaiurdiçáociuel, ôc cri- mCjmcro , & mixto império, femappellação, nem aggra- uo nas cauías ciueis pêra as Relações Rcacs por doação,q delia lhe fizeraÓos Reys de Leaõ confirmada pella Rai- nhaDona Tareja molherdo Conde Dom Henrique, & pellos fenhores Reys delle Reino , que depois fucede- raõ.

3 Aiudou a pouoar efta ci- dade, & a reftaurar, & engrá- decer a delia, o Conde D5

Henri-

deííruifao.Çf reflauraçaodeBrãOíí^>.

27

Henrique^ t^: a Rainha Dona Tareja lua niolhcr,hõrandoa, não lo c5 a fazer algú tempo Corte, de caía íua na vidaj mas ainda cfcolhendoa por lepukura na morce , manda- doíe enterrar na Clauílra da melma em hiia capella, que fe chamo udoí Reis,por ler íepulturafua.-donde da hy amuitos anos pafloii ícus oí- íosperaa capelia mor, que de nouo fundaua, o Arcebif- poDomDiogodcSoufa.Os muros, que cercão a cidade, íaõ antiguoscas torres fortes. Com a liberalidade , que nella vzaraõ os Arcebifpos , mo— ftrandofc em a ampliar gene- rofos, foi crccendo em edifí- cios, & grandeza. Delia tem faido Varões eminentes em fantidadc : grandes cm le- tras ,&iguaes nas armas aos mayorcs capitães de Hefpa- nha : de todos em feu lu- gar faramençao cita hirtoria. He regada com as agoasdo rioDèllc, quelcua fua cor- rente iunto ao melmo lugar, d<. não fertiliza fuás vci-- gas , & campos , mas ainda os faz apraziueis à vilta, &c os torna com as flores, de que os vefte ,hua alegre, & per- petua primauera Ha na ci-

dade caíaSj& fmiilias mui no brcsjos moradores paíTaõcc dous mil,& oitocécos.Aléda SèCathedral ha quatro Paro- chias , Sa5 loao do Souto: Santiago da Cidade : Saõ Vi- touro, Saõ Pedro de Maxi- minos. Os Mofteiros faõ leis; trcs de Religiofos , & três de Religiofas . Os nomes faõ: Saõ Frutuoío de Religiofos da Piedade : o Collcgio de Saõ Paulo da Companhia de lESV; o MoílcirodoPo- pulo da ordem' de Santo Ago- llinhodos Eremitas; o Mo- íleiro do Saluador de Reli- giofas de Saõ Bento : o dos Remédios de Francifcanas: o da Conceição da mcfma Or- dem.

CAPITVLO VII.

COMO A CJDA DE de Braga foi a primeira de Hefpanha , que rece- beo a de Chriíío Senhor Nojfo,

; C A B A M OS

^A ^ com os titulos,que !^>5^¥i¥ or"3raõ a cidade de

Cz

Braga

aâatataaaiiMH

-'-^^íS^mlofeifih. <>k:A^.V;-:'f\

I

BragáièiTiquâtò republica fc- CLilaf ^ tratando íô do gò-^-- "rl(bi1tí($ politico _, ícm atê gora FiiiÇair mão de outra preroga- tibá mayor^ Sc mais excellste, que a illultra . Prerogatiua -eípiritual , 3c diuina, baltantc fopcralhepòra Goroa, & dar òCetro , Sc Império de todas as deHcípanha. lílo he feriei- la a'primeira,que recebco a Fe deChrifto Senhor NoíTo^ de- pois dasProuincias de Palefti- líà^ Goufa certa he,<que aglo- ria, ôc grandeza das cidades tio mundOj depois de vira el- íc Chrifto Senhor Noflb^náo confiltc nos antiguos tro- pheos j ou arcos triumphais: não nos capitães valerofos, que com íuas proezas mere- cerão triumphos dignos de immort ilidadc : não nos pa- ços, & edifícios funtuoíos; mas em Teus ciàãd2Òs auerem fido os primeiros , que deraõ Os nomes a Ghrifto •, aceita- rão íua Fe; militarão em fua bandeira . Roma fc fez fe— nhora de grandes prouincias com o esforço de feus capi- tães •, porem nunca chegou, notcmpo, quefoi goucrna- tlâ por Reis , Corifules , & imperadores /àquèllc fuprc- !n3i2?í'"^o;-^<^ honra , ôc glo-

-íjfíâr..

ria , em que- (e-í/io depoi^. que abraçou a Fe de Ghrillo, com que fc fez cabeça, & Rainha do mundo , reconhe- cida, & venerada por todos os Rcys , &c Monarchas deL Ic. Eftáhea prerogatiua ma- yor de Braga. Deixando poisi as outras, que tanto a illuíira-{ raõ , com íe adiantar a todas^ as cidades cm receber a de Ghrifto, mais que todas fe Icuantòu , ôc cnnobrecco. . 1 Aiuntafc a efta primei- ra exccllencia , outra fecundo." que igualmente a engrande": ce, ifto he, fer Primas de to-' das as Ses , ôc Igrejas de Hef^ panha , Metropolitana de delz íufFraganeas, que nos tcm-^ pos paíladoslhe reconhecerão íogeição nas caufas Ecclcíia- fticas , ôc nodefpacho, &dc-^ terminação delias. ^aÂ-O 3 Goufa íabida hè^ que veo o gloriofoApoftolo San- tiago pregar a Hefpanha , como o tem a tradição antir; quifsima,& fc proua coma autoridade de muitos Su-- mos Pontiíices, ôc autores grauifsimos, como du-emos na vida de Saõ Pedro de Rates feu difcipulo , ôc pri-^ mciro Arccbifpo defta Igre^- jade Braga. Veo o gloriofo

:0 .\l.

^j30-

Pregação da Te em BragO-s.

29

Cd. cu

tr&tR de

Aflorga

Apoftolo de leruíalem por mar delembarcar cm algú dos portos decncre DourOjôc Mi- nho,que entáo era da Prouin- ciade Galiiza. Demandou a cidade de Braoa como mais

o

principal, & cabeça de toda a ProLiincia , òc ahi começou a precação doEuangelho, íc— guindo o exemplo de Chrirto íeuMeftrc, &dos Apoll:olos, Quebulcando as cidades mais populofas deraõ ncUas prin- cipio á publicação da Lcy da Graça Chrifto Senhor Noflb pregou em lerulalcm, & Ca- farnaú, cidades principais de ludca \ Saõ Pedro cm Antio- chia, depois em Roma; Saõ Paulo em Damafco-, Saõ Mar- cos cm Alexandria- Saõ Lu- cas em Thebasj òí outros cm outras cidades femelliantes. O Aportolo Santiago fcguin- do a mcfma ordem pregou primeiro cm Braga cabeça de Galiiza , depois nas cidades mais principais de Hefpanhaj que com lua preíença vifitou. Conuerteo cm Braga àFède Chrifto alguns dos morado- res j & fez aqucllc iníigne mi- lagre , que admirou os ludeus, & gentes, qual foi reíucitar a Saõ Pedro de Rates morto a- uia muitas centennas de an-

nos , como em fuavida di- remos.

4 EílaFè tão antigua re- cebida nos corações dos Bra- chareníes, pregada por San- tiago j & prouadacom o Tan- gue, que derramou logo por cila o illuftre martyr Saõ Pe- dro de Rates, coníeruou fem- pre Braga , quando mais ar- dião as perfeguiçocs dos ti- ranos , dando ao Ceo mar~ tyres , que confeílaraõ a Chri- fto,^ Prelados illuftresa efta Igreja,que pregarão com gra- de fcruor , & zelo a meíma Fe Catholica,afè darem a vi- da por cila , como veremos no difcuiío delia hiftoria. E aindaque antes dos Sueuos, com a abominauel hcregia de Prifcilliano , & depois de en- trados eftcs Bárbaros com a maldita feita de Arrio , que elles íeguiaó,íe viraõ os Chri- ftaõs de Braga em grande a- perto , perfeguidos , & mal- tratados dos hereges , com tudo com a confillaõ da no coração, & na bocareíí- ftiraõ a fua fúria , animados de feus Paftores , os quais com animo inuenciuci tomauão fobrefy os golpes dos here- ges, padecendo pclla pure- za da Fé, perfeguiçoés, &

C3

deltcr-

30

'Capito/o

oitauo.

dedcrros.Cóiíerciclos os<S'ue- uos f elh pregação de S. Mar- tinho de Dutne , tornou a Chrilbndade de Braga a co- brar forças , & lançar raizes perfcuerando na _, que rece- bco , ainda depois q os Mou- ros a ocuparão, porque nefle raeímo tempo lhe não falta- rão Prelados , que fua prè' ^nçáo, <?.' exemplo deraõ mo- íf ras da Fe viua que nelles ar^ dia.

CAPITVLO VIII.

DAS DIVISÕES ,Q^E

fe fi^eraÓ dos Bifpados de Hefpãnha , ,l;f dos que Je afstnaraó 4 Metropoli de Braga,

k^^^Xã. Or aueripuado >^1a lídU-'? F^ temos, que ia ^LÃ i^^^\ antes da primei- ra diuiíaõ dos BifpadosdeHel panha/eitaem tempo do gra- de Emperador Conftantino, auia Bilpados diítintos , &: fe- parados em qualí todas as ci- dades de Heípanha, & auia Metropolitano Primaz de to- da clja j o Arcebiípo de Bra^a

- - - -- '. ^ ^

.•^

fuceílordeSaó Pedro de Ra- tes,a quem o ApoíloloSaii- tiatro deu eíte titulo, fazen- doo primeiro Biípo , & Pri- maz de Hefpãnha. O meímo Santo Martyr, &:illuílre Põ- tificc Saó Pedro poz Bifpos cm muitas cidades de Portu- gal , & Galliza , como em fua vida veremos, & fc moílra ifto bem das cartas dos Sij- mos Pontifices enuiadas aos Bilpos deHeípanha,muito an- tes de ftadiuifaõ, cm que j ale chamauáo alguns, Bifpos da primeira Sè, queheomcímo, que Metropolitanos . E quando íe celebrou o Conci- lio Ehbcritano auia efta di— ftinçáodcBilpadoJcIara: por- que os Padres, que naquella grane congregação íe acharão, Hrmão nomeando cada hum fua dioceíi , & a cidade de que era Bifpo. , com a diíf inçáo de Metropolitanos , òí Bif- pos da primeira Sè. He bem verdade, que no tempo, em que os Emperadores leuanta- raõperlcguiçoés contra algre- ja , & durou em Helpanha a Idolatria, & adoração dos Deoícs da Gentilidade, craá jurdição dos Prelados mui curta, & limitados léus ter- ritórios, porque no peito da-

r.EcclfÁ

la'lj q t; rafíH itá Chron atí

no.z',c, Mj

de f^arg. n í híft aé, Msridá,

It 2 ca

uiell

es

igrejas [MÍfraga neas aBmga^'

H

Dextra ««.314. Jf,lim„Qn 519. n.

PadilloA. \ Ertt. z p.

ci^ícilcsSantos Prelados náo ri- liha lui;ar cobiça , ou ambi- ção, ./-v ivÇ"'^'i> "^ homa dos biipos era padecerem traba- lhos por Clinllo, & darem a vida por tlie. Deitas nquezas dp Ceo taziaó muita conta, 6,: pouca das demarcações da terra, iobre que então nenhú litigio auia: nem dezejos de ampliar jurdiçoés ,ouacrecé- tsr 13 lípados.

i Coaconueríaó docTtan- de Conilancino amanheceo ij a líucía Catholica a luz ao (a grado Euangclho, eilcndeole pelio mundo, creceraõ com ilío os lubdito^aos Prelados, as outlhas aos Paílores efpi- rituaesicom cilas creceo tam- bém a jurdiçáo, & ao mefmo palio a renda . Por fe euitarê . diícordias toi neceílario fazer j uouadiuiíaõ, ou reformar a | anrigua de todas as Igrejas de Heípanha,affinando aos Me- ! tropolitanos as q Iheauiãode j fcr luífragaaeas, & os limites, a que cada hu fe auia de ellen- dcr. Fezíe a primeira diuiíaò cm tempo do grande Conftã- tino , cm bíí Concilio de To- ledo , a que ellc peílbalmentc aíliftio ,como querem graucs autores , contra o parecer de j Morales,que nega cila vinda

de Conílantino a Hcíp.wha, cçm algús fundamentos , que tem fácil repo ih. O certo bc, que a diuiíaó íc fez , çoipb co- itada biftoria geral deneípa- '^^"^^ nha^ & nella íe côílituiraõ l-m- YJtyci„i CO Igrejas Metropolitanas, a n? <»"«. j faber,Cartbagena,quc depois '^f^^'^|i fepaíloua Toledo, Tarrago- \dcap.it na, iVíerida> que le paliou a Igreja de Com portela. Braga, &: Seuilha,qboje permanece em feu próprio aílcnto. A cada húa delias íeallinaraõ os Biípados fuUraganeos , que auiaõ de ter: trataremos íò dos de Bfa^a, os mais pertencem à billoria de Heípaaba, &: íe iMoraUt. podem ver em Morales,Pa- j''^'*"-^

FaiitU d loco.

dilha. Mariana autores dd-iManan, la. -I''^'» ^' ^•

3 Dez Igrejas fuffraganeas couberaõ a Braga neíla diui- íaó, as quais naõíò eraó. do P^eino deGalliza, &Callella, mas ainda da Lulítania, de que era cabeça Metida : os nomes faõ.

AUurica. Agora Aílorga em Caílella a velha. T«í/€. Tuiem Galbza,i sbssí ^ Liicus. Lugo cm Galliza. Conimbrica.Coimhià cm Por- tugal.

Iria Flauia .. O Padraó cm Galliza j mudouíceíla Igreja

C4

P

era

32

Capitulo oitauo.

pêra Compoftela. Britonia. Agora Ouiecío , ou (como querem outros) Mon- donhedo- & alguns dizem c[ foihú lugar nelle Arcebiípa- do^quc hoje fe chama Britian- doSjCiicre Viana , & Ponte- dehma.

Vifeum . Vifeu em Portugal. Lamecú. Lamego cmPurtugal. ■Egidita. Hoje a Guarda em Portugal , foi lugar que fe chama Idanhaa velha. Auria.Q^ he OrenfeemGal- liza.

Razis Mouro aíTina outras Igrejas a Braga nclla diuiíaõ de Conftantino, & diz que foraò, Dume,o Porto, Oren- fe , Ouicdo, Aftorga , Brito- nia , Iria, ou Compoftela, Aliubra , Ifa, Tui. Das duas Igrejas de Aliubra, &Ifa,não temos noticia algúa, a Igreja de D ume não ellaua ainda fundada , & aíli naõ he mui certa a demarcação de Ra- zis.

4 Depois defta diuifaõ , go- zou a Igreja de Braga o direi- to de Metropolitana íbbre as Igrejas,que temos rcferido,atè que le fez outra no Concilio deLugo celebrado cm Gal- liza no anno de j65>. ao pri meiro dia de laneiro. Reinan-

do Theodomiro. Nefte Con- cilio fe leuantou cm Metro- politana a Igreja de Lugo^com íogeiçáo á de Braga , ^Iheaf- Tmaraõ por fuíFragancas íin- CO Igrejas Cathedraes , Oren- íe,o Padraó, Aftorga , Tui,& Britonia, Ficarão a Braga f a quem tirarão as finco referi- das) féis fuffragancas lòmente, Coimbra, Vifeu, Lamego Ida- nha, ou a Guarda, Porto, & Dume . A cada húa deftas fe limita o território, & diftriól:o q ha de ter. A Dume íenáo mais jurdição, quefobreafa- miha,& cafa real, Qual cila fol- ie diífcmos ja noCaralogo dos Bifpos do Porto, & o diremos outra vez, quando tratarmos daquclle Concilio. 5 As terras , que fe deraõ à Metropolitana de Braga íaó as que íe leguem, de que ha hoje mui pouca noticia. DizoCó- cilio. A Igreja Metropolitana de Braga tenha as Igrejas ao re- dor , & Centocellas , Coctos, Gentes millia, Laineto, Gilio- les, Adoncffe, Aportis ,Ailó, Ccutédones, Laubis, Celeoío, Citania,Cereícs , Pctroncio, Equeftsad faltum. Alcmdifto os lugares de Panoyas , Lcta, Bragança , Aftiaftigo , Tare- go , Aunego , Aíetrobio , Be-

c. 4.T>p«

'

refle

«p^w»

Igrejas íuM^d^MâMa BragO-i .

■ent,'-.c-

refle , Palanrulíco Ceioíciic- qtmmio, que íãô na õbedien- idia íòtrinra lucrares.' ^' ^'■'^^^■^'- \6 Coin lurdiçao iiíás*ícis ; Igrejas Catkcdraes referidas , jSf*ria Metropolitana de Lu- igòjCjue também lhe era íogci- ítáyticoua Igreja Primas de iFtàgapor todo o tempo que diirou o Rcirio dos Sucuos. Com a queda, > i3<: ruina deílCj pèrdco Braga muita parte da gTántJeza , ?l:iurdição que ti- nha, porque todo o cuidado doí Reis Godos era cmgran- deccr a Toledo _, como cabe- ça de leu império , aindaquc fòiíle a curta da iurdição,& fa- zenda alhea : Tirarão a digni- dade de Metro pohtana, a que fçra ieuantada à Igreja de Lu- go, porque Braga fenão glo- rrallc de ter como Primas Ar- cíbifpos íuííragancos, ôc não cònferuafle poÃe tão manife- íii de ília Primaha. Também Merrda ficou engrandecida as Igrejas de Coimbra, Viíeú, Lamego, &r Idanha , que lhe dèú , & tirou a Braga cl Rei 'Rècefuinrho à inftarícia , ôc j0etição'de Orócio Metropo- litano dá niefma Igreja de Mc ffícíá;emhuÇ5cilio , qucahi rc^cclebroit,"^! que prefidio Q mdmQOi:QUcio,& allégp_u

que perccnciad a ÍMk -pr oiiiíí-'^

7 No atino de' Chrillo <Í75 . quarto dei RciVuãba aos ' 7.deNoucmbro , fc celebrou humConcilo Prouincial em Toledo , que foi onze ordem dos que andão impfef- fos , cm que fc òi^denou dutra diàifaó dos Bifpados de Hcí- panha, pcra ccftarem algúas * duuidas , que fobrc os limites 'j/J^ ^* dclles entre Prelados parti- 26. cularcs auia. Não trataremos das outras Cathcdraes , &c fp diremos de Braga , que ncfta repartição ficou c6 oito Igre- jas , diz o Concilio afsy. Bra- ga, & fua Metropoli tenha a mefma Braga, Dumc , Porto, chamado também Fclfabolc, Tui, Orenfe , Iria, Lugo,&ri- tonia, &Aílorga. ■^H'^M

8 Comcftas Igrejas pcr^' manccco Braga, cm quanto" durou o Reino dos Godos em Hefpanha . Com a ruiiia delia, & entrada dos Mouros, perderão todas as Metropolis de Hefpanha a íurdição, que tinhaó nas fuffragancasjpellos mouros aíTolarê, & deílruiré tudo.O pouco, que ficou em Braga depois que foi dcftruí- da,fe encomendou ao Bifpo de Lueo , como ia diílemos.

cent.j. e. 52.

Mdria» lib.ó.c.

Cátp.

em

Capitulo oit^HOy

cm qunnto a cidade íe naó rc- llicuya,& rcrtauraua. 9 Taiitoque foi reedificada pello Biípo Pedro , & en- trou nella porArcebiípo o glo riofoS. Geraldojlogo lhe forão rcílituidas as Igrejas íufíraga- neas anciguas •, as de Galliza com pouca controueríiaias de Portugal , Coimbra,& Lame- go à força de breues Apoíloli- cos^qucperailTo elle, ôc feus fucccíTores ouucraô dos Su- mos Pontífices. Tiueraõ de- pois varias mudanças as fuf- fragancas de Galliza , ôc Por- tugal^com as cjue fez o Reino, & a Metropcli de Merida pê- ra a cidade de Compoftela , & com ano ita erecção do Bifpa- do de Lisboa em Arcebifpado. De tudo tratara largamente a fcgunda parte defta hilloria. Aduirtindo que a villa de Via- na deftc Arcebifpado foi em te pos mui antiguosBiípadOjdc q na pouca memoria. Depois fe aiuntou ao Bifpado de Tui:da hy vco à iurdição de Braga, pcllo modo que diremos na fegunda parte defta hiftoria, quando chegar ao tempo que iíloacontccco. IO Ncíh illuftrc cidade de

I Braga, chamada Auguíla por Magcltofa, rica por opulenta,

emula dos tropheos,^ trium- phos Romanos,Corte,& mo- radaRcal dos Principcs ,&:Pveis Sueuos, primeira de Hefpanha naconfiiraQ,& profiílaõda Fe, Primas na honrn,& dií^nidade Pontifical, regada com o fan- gue de illuftres martyrcs,may, & progenitora de varões aba- lifadós nas armas , &c em todo o género de ciências; nefta fi- nalmente,a quem ficão curtos todos os louuores mayores, foioaílento , & morada dos Prelados defta Igreja cuias vi- das damos a luz.

C A P I T V L O. IX.

DOS concílios

Prouinciaes , quefe celebra- rão em Braga.

Orquc nos ha de fcr ncccíla- rio falar mui- tas vezes ne- fta hiftoria , j nos Concílios, que fecelcbra- I raó em Braga , pede a ordem delia, que os lancemos aquij&r demos hua breuc relação do que nelles paflbu , & tépo em quefe celebrarão.

1 Não

Concílios que Çe celebrarão emBrag.

VL_i.

iS

& fag. 32. cr

I i Naõ ha duuida , que íe \ congrecraraõ em Brasra aleús CGncilíos_,antcs do primeiro, comqucíahioalúz frei Ber- nardo J.e Brito tirado da li- uraria de Alcobaça , porque pêra o bom goucrno de- lta Igreja, «Sj de fuás Tuffira- gaiíeaSjtSj pcra acodira vários calos dcimportancia,que na- qucllc primeiro tepo dapri- mitiualcrreja acontecerão, de força íeauiaõ de aumtarCõ- cilios. E também não ha du- uida, que depois do primeiro íe celebrarão outros , de que não temos mais noticia , que afnrmaU:) luhano em vários lugares^dizendoj que em Bra- ga fe aiuntaraò Concihos pê- ra acodir às heregias , que an- dauão ateadas por toda GalU- za. Os Concilios de que nos ficarão aólas , & de que fazem menção os autores íaõ finco, 3 Começando pello pri- meiro ^& mais antÍ2uo,elIefe celebrou, fendo Prelado defta Igreja de Braga Pancraciano pellos annos de Chriílo 41 o, conformea melhor conta. O motiuo queouue pêra fc a- luntartoia entrada dos Ala- nos, Sueuos,&; Vandalos,pel-- las terras de Luíítania,& Galli 7a. Eraõ elles parte Gentios,

& parte Arrianos,& as mayo- res crueldades , que executa- uão,era contra as Igrejas , & Sacerdotes, roubando tudo o que nellas achauão : abrião as íepulturas dos Santos,& pro- fanauão , & queimauão as ía- gradas relíquias. Pêra reme- dear clle dano conuocou Pancraciano, Arcebifpo que entaõ era de Braga, Concilio dos Biípos feus íuíiraganeos, «Si: dos mais quefe acharão em Braga fugidos da violência, &: força dos bárbaros pêra íc dar ordem a fe cfconderem as re- hquias dos Santos , demodo que nem viellem as maõs , & poder dos Herejcs , & Idola- tras : nem por mui efcondidas fe pcrdefle a memoria delias. Os Prelados ^ que fc acharão nerte Conciho,eftaõ nomea- dos ncUe. Diz afsy traduzido em Portueues , como o trás frei Bernardo de Brito , & he mui digno defer vilto , &c ía- bido de todos,

4 Primeiro Concilio Bra- charcnfe , celebrado em tem- po de Pancraciano Biípo da primeira Sê, (que vem a fcr o mefmo,qiic Metropolitano.) Aiútandofe os Bifpos Elipã do de Coimbra \ Pamcrio da Idanha -, Arifberto do PortOj

Dcodato

2-pM.6

C.2.

CapituL

o nono.

HifloY.

de Cueca

Deoíicito de LiigOj Gclaíio de Merida ; Ponramio de Aíjue- da;TiDurcio de Lamego; A^a- thio de Iria-, Pedi-o de Nuiiia- cia(que era CamorajOu Soria) na Igreja de Santa Maria de Braga ^ o fenhor Pancracia- no Biípo da primeira dií- fe. Manifefto vos hc irmãos, &c companheiros meus , co- mo as gencesBarbaras deítrue roda Heípanlia^ aííolão os cé- plos,& põem à cfpada os fcr- uos de lESV Chriíloj profa- não as memorias dos Santos, feus oíTos, templos, &: fepul- turas \ quebraõ as forças do Império , trazendo tudo na meíma inquietação, que tem as areftas mouidvis com a fú- ria do vento . E fora das Pro- uincias de Celtiberia , &c Car- perania , todas as mais que atê os montes Pireneos,eftão debaixo de feu poder. E porq efta defaiientura eftà ia quafi pendendo fobre nofias cabe- ças , me pareceo chamaruos, pêra que cada hu proueia as coufas que lhe tocão , & to-

cios mntamente acudao a co- mum neceílldade da Igreja- Proueiamos companheiros o remédio das almas de noílhs ouclhas^ porque a multidão dos trabalho; as naõ conílrá-

ia a íeguir o cõfelho dcs mãos; períeuerar no caminho dos peccadores , & deícanlar no aíTento peílilencial , apofta- tando da verdadeira. E pê- ra iílo ponhamos ante os o- Ihos de nofios íubditos exé- plos de noíla conftancia , pa- decendo por Chrifto parte dos muitos tormentos , que ellc quis íofrer por amor de nos E porque algus dos Ala- nos , Sueuos, & Vândalos, íaõ Idolatras, & outros íegué a hercgia Arriana,me pareceo de volío coníentimento pro- mulgar fen tença contra icme- Ihantes erros, pêra mayor fir- meza daFêCatholica. Que vos parece ? Reíponderão.Iufto, piadoío. Tanto , & conueniê- te negocio. Pãcraciano. Creo em hum Deos verdadeiro , eterno naÕ gerado, que não procede doutré, o qual criou o Ceo , &r 3 terra , Sc as cou- fas que ahi fe encerrão viíi- ueis , & inuifiueis. Todos os Bifpos. Do próprio modo o cremos nos . Pancraciano . Creo cm húVerbo gerado do mefmo Padre antes dos tem- pos, D cos de Deos verdadei- ro , da própria fuftancia do Padre, fem o qual fc não í"ez coufa algúa, & pello qual fo-

rao

a.iBLrJ^»i■eJ■^*"

CorícilíGs quefe celebrarão eyn BraoO-j.

17

rão creadas todas as couías. Todos os Biípos. Da pró- pria maneira o cremos nòs. Pancraciano. Creo no Spi- rito Santo _, que procede do Padre , & do Verbo , com elles em Diuindadc, que fa- lou pella boca dos Proferas_, veo fobre os Apoílolos _, &: encheo deíua graça a Maria MaydcIESV Chriílo. To- dos os Biípos . Da própria maneira o cremos nòs. Pan- craciano . Creo que neíla Trindade não ha mayor , ou menor, primeiro, ou derra- deiro , mas em rrcs diílin- tas Peílbas ha híia i^ualda- dc , hija Deidade , híja Diuin- dade. Todos os Biípos. Do próprio modo o cremos nòs. Pancraciano . Condeno, ex- comungo, reprouo , anathe- matizo todos os que fenti— rem, tiuerem, & pregarem o contrario . Todos os Bií- pos . Da própria maneira os condenamos nòs. Pancra- ciano . Creo que os Deo- fes dos Gentios faõ Demó- nios, tem boca, & não fa- lão, olhos , & não vem , ou- uidos , ^ não ouuem , nem ha rcfpiração em fua boca. Todos os Bifpos . Da pró- pria maneira o cremos nòs.

Pancraciano. Creo^ que Noí- íb Deos Trino cm Peílbas, & hum em eílencia fez codas as couías dc nada , & creou de terra a nolío pay Adão , d: a Eua dc feu lado, deífruyo o mundo por agoas , deu ley a Moyfes , & nelles vkimos tempos nos viíítou por leu Filho, queíegundo a carne naceo da geração de Dauid. Todos . Da própria manei- ra o cremos nòs . Pancra-

ciano .

Cond

eno

)rouo.

excomungo , & anathcmati- zo todos os que tiuerem , & íentirem, & pregarem o contrario. Todos. Do pró- prio modo os condenamos nòs . Pancraciano . Agora, parecendouos bem a todos, ordcneíc o que conuem fa- zer das rehquias ,& memo- rias dos Santos , principal- mente das de noílbPadie S. Pedro de Rates Apoitolo delia Prouincia , que San- tiago parente dc Noílb Sal- iiador deixou nelía pcra fal- uaçãodas almas.

Leunntoufe Eiipndo Bií- podé Coimbra, & diirenão poderemos todos cumprir iílodamcfma maneira-, mas parecendouos bem, faça ca- da hum conforme lho pcr-

D

micir

38

£aptulo IX.

miciro tempo.

OsBarbaros eftão entre nos, combatem a Lisboa , ganha- rão jà Merida, Aílorga do próprio modo , & viraó bre- ucmenreíobre nos. Partafc cada hum a feu Bifpado , &: conforte os fieis , elconda os corpos dos Santos em luga- res decentes , & mandenos húa relação dos lugares , & couas onde os dcpolitarem, porque não venhão a efquc- cer por difcurío de tempo. Refponderã todos . Parece— nos iufto , bom , & conue- niente confclho , vifta a ne- cefsidade do tempo. Pancra- ciano. Da própria maneira me parece amim , que a vos. Idcuos todos em paz , fi- que noílb irmão Pontamio, vifta a deftruição de fua Igre- ja de Merida, que os Bárba- ros tem opprimida. DiíTe Pontamio. Irnicei cu tam- bém pêra confolar minhas Quelhas, & pêra padecer iun- tamente com cilas trabalhos, & perfeguiçoés pcllo amor de 1 E S V Chrifto •, porque não recebi a dignidade de Bifpo pcra o tempo da prorpcridade;masantcs pêra o dos trabalhos»

.. Pancraciano. Excellcntes

palauras , iufto coníeiho,ap- prouo a partida •, Dcos te cò- ícruc. Todos osBifpos.Cõ- íèructe Deos neíle bom con- fclho , que nos também ap- prouamos. Todos iuntamê- te. Vamos na paz de I E S V Chrifto Senhor NoíTo . Pan- craciano, em nome de Dcos, Bifpo de Braga. Pota mio, em nome de Deos , Biípo de Merida . Elipando, em no- me deDcos,Bifpo de Coim- bra. Pamerio, Bifpo da Ida- nha . Arifbcrto Bifpo do Porto. Dcosdedit, em no- me de Dcos Bifpo deLugo. Gelaíío , Bifpo de Eminio ( que hc Águeda, ) Tiburcio, Bifpo de Lamego. Agathio, Bifpo de Iria . Pedro cm no- me de Deos, Bifpo deNu- mancia , que hc Camora, ou Soria. Ate qui o Concilio pri- meiro.

lafio.

CAPI-

Concílios que fe celebrarão em Bra^O-^.

39

Aforai Itb.il.c.

51-

CA P I T V L O. X.

S E G V N D O CON- cilio de Bra^a,

SEGVNDO

Concilio íc cÕgregoUjSê- do Lucrécio Arccbiípode- fta Igreja^Reynando em Por- tugal, &: GallizaThcodonii- ro Rcy dos Sueuos^no anno de Chriílo de quinhentos &c fcíenta três, como querem alguns j & no de quinhentos & fcíenta & quatro na opi- nião de outros. As. cauías que ouuc pcra fe celebrar fo- rão fundadas na noua con- uerfão dos Sucuos à Fe de Chriílo SenhorNoíl'o_,de que tratamos, &c adiante fala- remos na vida de São Marti- nho. Dcfejaua ElReyThco- domiro, que íeus vaílallos foíícm bem inílruidos na Fe que profeílarão , & que per-

maneceílem naquclle cfta.ío, & fe deílerraílcm os abuíos, que auia,nacidos da Ignorân- cia do Pouo. Tratou com o Arccbifpo Lucrécio , ^ com S.Martinho os meos conuc- nientcs pcra confcguir o bem das almas , que pretendia. Ai- fcntoufe y que conuinha cha- mar a Concilio todos os Pre- lados doReyno, pei;anellcíc dar forma de crer , & enlínar aosParochos a doutrina, que auião de dar afeus frcigueíes. Aiuntarãofe pêra eiic elíeito em Braga oito Biípos íulfra- ganeos. As; matérias que aly tratarão forão de grande im- portancia , ^ íingular dou- trina 3 como do Concilio tra- duzido , que aqui lançamos fe pode ver . Foy tido por primeiro em quanto fenão dcfcubrio o que atraz fica lan- çado , que foi na verdade o primeiro em ordem. z Primeiro Concilio Bra- charenfe celebrado no tercei- ro anno de Theodomiro Rey dosSueuos ao primero dia de Mayo iunto ao tempo do Papa Honório primeiro. Como no anno terceiro dcl Rey Theodomiro ao primei- ro de Mayo íeaiunraílcmos Bifpos fcguintcs daPronincia

D

de

40

Capitulo X.

de Galliza j Lucrécio , An- clrc , Martinho , Coto , Hil- dcnco, Luccncio , Timothco, & Miliofo, & por manda- do do fobrcdico Rcy Thco- domiro fcachaílcm na Igre- ja de Braga Metropolitana da mefma Prouincia , afsentados iuncamentc os BiípoSj & tan- bcm os Sacerdotes, & aísi- ftiiido os miniftros , òc to- jo o Clero, Lucrécio Bifpo da mefma Igreja diíle . Mui- to tempo ha ( irmãos fantif- íImos)que defcjauamos íc ce- lebraíTe entre nos hum Con- cilio de Sacerdotes , fegundo o que ordenão os veneraueis Cânones , & os decretos da doutrina Catholica, & Apo- ftolica : porque quando os Sacerdotes iuntos cm nome do Senhor bufcao com fau- dauel altercação aquillo que (fegundo a doutrina Apolto- lica) fuftenta a vnião do fpi- rito com vinculo de paz, não fòcaufaó húa concórdia con- ucniente às regras, & orde- naçoésEccleííaílicas,mas efta- I uel femprc,& firme no amor fraternal. Agora pois que nof- fo gloriofiííimo , d<. pijlllmo filho , infpirado do Senhor, nos conccdeo com autorida- de Real hum dia, que defcja-

uamos ha tantos , pêra eftc aiuntamento,& pêra que vni- dos todos confidcraflemos o que conucm : tratemos pri- meiro ( íc vos parecer bem ) do eílado da Catholica. Depois difto íe lerão os iníli- tutos dos Santos Padres , re- ferindo os Cânones dellcs , & no fim de tudo íe tratarão toda a diligencia, certas cou- ías, que pertencem ao ferui- ço de Deos , & ao ofiicio dos Sacerdotes, pcra íc porucn- tura algúas couíàs , ou por dcícuido de ignorância , ou por inaducrtencia da muita antiguidade, fc guardão en- tre nos diuerfamente , ou fe tem por duuidofas , fe tor- nem ( como he rezão ) a húa forma razoauel , & verdadei- ra . Todos os Bifpos diíle- rão. O procedimento de vof- ía Santidade he iulto , por- que a cauía defte noíTo aiun- tamento foi pêra nos redun- dar algum proucito , de fe dar ordem nas coufas da Igreja. O Bifpo Lucrécio diíle. Tra- temos primeiro dos eftatu— tos , como ja diílemos aci- ma ; paraque dado cafo , que a conragião da heregia de Prií- cilliano foíle deícuberta,& denada ha muito têpo nas Pro

uincias

Concilios que fe celebrarão em Braoa^.

uincias de Herpai'iha,todauia, porqnáo aja alguc/.j por igno ranc!a,OLi enganado(como hc ordinário ) cícricuras apo- criphaSjCÍ-tè aindainficionado côa pcílc deílc erro ^ declare- íc mais abercamete às peíloas ignorantes , porque cites co- mo habitão no elUemo, Ã: derradeira parte deltaProuin- cia,ou tem poLicOjOa quaíi nenhum conhecimento , da verdadeira erudição. Creo q labc voíla Fraternidade^ q na- quellc tépo , cm q a peçonha da nefandiílinia íeita Priícilha na^iníicionauaeftas regiões ^o bcatiilimo Papa da cidade de Roma Leão ^ que foi quaíí o quadragefimo íoceílor do ApoíloíoS. Pedro j mandou fuás bulias ao Synodo_, quefc aiuntou em Galhza contra a heregia Priíciihana,por Tori- bio Notário daSê Apoftoli- ca-, por cuio mandado tambe os BifposTarraconeníeSjCar- thagincnles^LuritanoSj& An- daluzes, feito entre fy Conci- lio.&cfcrita húa regra da Fe, contra a herecriadc Priíciliia- no,cõ algús capitulos^a man- darão a Balconio_,quc então era Bifpo derta Igreja de Bra- ga : pcllo quCj pois temos a- qui àmão o treslado da Fe ío-

bredita, com todos ícus ca- pítulos,parecendo bem a voí- ias Reuerencias , recitelc pêra

enlino dos ignorantes. To- o

dos os Bifpos diilerão. Muy neceílaria he a lição deílcs ca- pítulos , pêra que declaran- doíeaos mais rudes os anti- vuosinílitutos dosSantosPa- dres , íe conheção os enga- nos da heregia Priícílliana, abominados, ó«: condenados de tempo antiguo , pellos ío- cellores do Bcmauenturado Apoftolo S. Pedro. Leofe o treslado da com íeus capí- tulos _, que por não caufarem prolixidade le deixão de ajun- tar a ellesaótos. Depois da li- ção dos capítulos diííerão to- dos os Biípos. Poílo que a li- ção fe referilíe neceíTariamen- te y todauía íe declarem com mais euídencia, & chaneza por capítulos diitíntos as couías, que íe hão de euítar, pêra que os que menos fa- bemas entendáo : &c pondo fentença de excomunhão, íe condenem finalmente os en- ganos do erro de Prifcillia— no , pêra que qualquer Clé- rigo, Monge, ou fccular,que for achado crer , ou defen- der coufa íemelhante, íe a- parte logo do corpo , como

D3

mem-

'42-

Capitu

lo X.

aieaibro podre da Igreja, pêra que da macula de íua companhia, 6c maldade _,não naça alcrúa aíronta aos fieis na opinião dos que verdadeira- mente crem , quando os vire millurados com tal gente, Os capitules, que fe propuíeraõ contra a heregia PrifciUiana, & fe tornarão a ler contém o feguinte.

1 Se alguém não confcílar, que o Padrc^ Filho,&: Spiritu Santo faó três pelloas dehúa íullancia , virtude , &c poder afsy como enlína a Igreja Ca- tholica,&Apoll:olica,masdií'- fer q he húa peílba fòmentejde tal modo, que o mefmo íeja o Pay 5 que o Filho,&: Eípiri- tu Santo, como dillerãoSa- bellio, Prifcilliano , feia ex- comungado

% Se alguém fora daSantif- íima Trindade introduz ou- tros não íei que nomes de di- uindade^ dizendo, que a mef- madiuindade he a Trindade, afsy como osGnofticos, & Prifcilliaiio diíl'eraõ,feia exco- mungado.

3 Se alguém diz, que o Fi- lho de Deos Noilb Senhor lES V Chrillo não foi , antes denacer da Virgem, como diíleraó Paulo Samofaceno,&:

Photino, & Prifcilliano,íeia excomungado. 4 Se alguém não honra ver- dadeiramente o Nacimento de Chrifro íegundo a carne, mas finge diliimuladamcnte, que o honra ieiuãdo no mef- mo dia, & ao Domingo por- que nãocrè,que Chrilto tem verdadeira natureza humana, afsy como diílerão Cedron, Marcion,Manicheo , & Prif- cilli^no , feia excomunga- do,

j Se alguém cré,que os An- jos, & almas humanas forão da íurtancia de Deos , como diílerão Manicheo, & Prifcil- liano, feia excomungado.

6 Se alguém diz , que as al- mas humanas peccarão pri- meiro citando no Ceo,& por ifto forão mandadas aterra, viuerem corpos humanos, como diíle Priícilliano , feja excomungado.

7 Se algué diz , que o Dia- bo não foi primeiro Anjo bõ, feito por Deos, nem lua na- tureza ler obra de Deos , mas diz , que procedeo das treuas fem têr criador,que o f ormaf- fe , mas que elle he principio femfuftancia domai ,como diíferao Manicheo , & Prifcil- liano, feia excomungado.

S Se

Concílios que fe celebrarão emBragO-^.

43

8 Sealguécrè, que o Dia- bo ks algúas creattiras immií- das , &c que o Diabo por lua própria autoridade hz os crouocs _,rayQs , cempellades, (Sc eltcrilidades , como dilVe Priícilliano, leia excõmua-

gacío.

9 '^e alguém crc , que as al- mas, &í corpos humanos el- tão lo<íeitos a fimios , e-eílrel- las fadadas, como os Pasaõs, & Priíciiliano diíleraõ, leia excomungado.

10 Se alguém crer, que os doze íííinos, conuem a faber, as ellrcl!as,que os Machemaci- cos collunilo obíeruar,eílão repartidor por cada potencia da alma, ou míbro do corpo, correípondendo aos nomes dos doze Patriarchas , como diíle Priíciiliano , íeja excõ- muncjado.

11 Se alguém condena os cafamentos humanos ,& abo- mina a geração dos que na- cem dellesjcomo diíleraoMa- nicheo,(í^ PrifeillianOjfeia ex- comungado.

li Sc alguém diz, que a or- c^anização do corpo humano hc obra do Diabo,&: a forma- ção dos mininos no ventre de Tuas mãys diz que le faz por índartria do Demónio, por

reiçaõ

onde nao cre a refur

das carnes,como difleráo Ma-

nicheo , & Priíciiliano ^ íeia

excomungado.

n

Se algaê diz , que a cria- ção de todas as couías corpo- raeSjnao he obra de Deos,mas dos Anjos mãos, como diííe- rão Manicheo,& Prifcilliano, íeia excomungado. 14 Se alguém cuida, que os manjares de carne, que Deos deu pêra vío dos homens, íaõ immundos, &: fe abílêdelles, não por caufa de afíligir feu corpo,mas pellos tèrpor cou ia immunda, come eruas, cozidas iuntamente a car- ne,por elle refpeitOjComo en- ílnarãoManicheo, & Priícii- liano, feia excomungado. 1$ Se algum Clérigo, ou Monge tiuer em fua com- panhia alguas molheres em lugar de parentas adoptiuas, morar com ellas, ainda que Ihefeiãomui coniuntas por parentefco , não feneío may, ou irmã, como enfinaua a lei- ra de Priíciiliano, íeia exco- mungado.

1 6 Se algué, na quinta feira de Pafchoa , que fe chama da Ceado Senhor, não ouue as miílas da Igreja guardando o ieium, ate a hora coíf amada

depois

D 4

44

Qafitulo X

depois de Noa , mas hon- ra a tcíla , & quebra o icjum deída hora dcTerça em que fe dizem as miílas dos defuntos conforme a feita de Prifcilha- nOjfeja excomungado. ij Se alguém ler as efcritu- ras, que Prifcilliano depra- uou, conforme a íeu erro, ou os tratados, que Diâ:inio aii- t^s de íc conuerter cfcrcueo debaixo dos nomes de alguns Patriarchas, Prophetas , ôc Apollolos , fingindoos con- formes a feus erros, & dcfen- der,ou feguir íuas ficções Ím- pias , ícja excomungado. 18 Propollos eftes capítu- los, & tornados a ler o Biípo Lucrécio diíie. Pois faõ de- claradas , mais i&cil, & mani- feftamente, ainda pêra o en- tendimento dos ignorantes, as coutas que os Catholi— cos condcnão , ôc abominão, me parece confecutiuamen- te ncceííario ( parecendo bem a voíTas Paternidades) q fc nos declarem os inílitu- tos dos Santos Padres , refe- rindo os Cânones antiguos, & fc não todos , ao menos fe leaõ algus poucos, que pcrtê- cem pcra inftrucção da dici- plina Sacerdotal. Todos os Bifpos diflerãoContentanos

efle parecer , & coufa con- ueniente , que aquelles a que apouca curiofidadefez por- uentura eíquecer das Coníf i- tuiçoés Eccleíiaílicas , oução, & guardem as regras dos San- tos Cânones. E íendo lidos por hum liuro diante de todo o Concilio os Cânones dos Synodos,aísy Vniucríaes,co- moNacionaes,© Biípo Lucré- cio depois da lição acabada diílc . Aooraxonhecereis ir- mãos meus da própria lição dos Cânones, como os Sacer- dotes cõgregados não nos Concílios Gcraes, mas ainda nos Nacionaes ordenarão de vniforme parecer as coufas q conuinhão à ordem Eccleíía- ftica , prouendo ícgundo re- queria a necefsidade de cada coufa , feíxuindo nífto a fen- tença da doutrina Apoítoli- ca, que diz. Approuay as cou- fas, qfaõ boas,&guardayas. Por tanto,fe parecer bêa voílà Charidade, ordenemos entre nos certos capítulos peraque as coufas que não guardamos todos dehummodoferedu- zão totalmente a hiía própria forma, auendo refpeíto a cer- tas ceremonías Ecclcííafticas, que fe guardaò , príncipalmê- te nos confins defta Prouin-

cia.

Concílios que fe celehr<>nao ctuBví:.

c>

^'l-J.

45

cia^nao porcontumacia^nem Deos o permita , mas como diílemos acima , por igno- rância, & pouca cLinofidade. Todos os Bifpos diílerão te- mos por coLila neceílaria , & muy proueitoiaj queaquellas ceremonias , que com vario, & deíordenado coftumc,2uar da cada num de nos, vnidos entre todos , pella graça de Deos íe celebrem com animo conforme. E por tanto íe ha aigú a couía grande ou peque- na j, em que pareça citamos difterétes torneie , como elH dico,a liua forma ; ordenan- do pêra ifto os capítulos ne- ceílarios , tendo principalmé- te com nofco inftrucçãoda Apoftolica fobre certas couías particulares,que a pru- dência de voflb predeccílor Profuturo de venerauel me- moria alcançou algú tempo do íoceílor do Bemauentu- rado Apoft olo S. Pedro \ Lu- crécio Biípo diíle. Com rezão lembraftes,írmãos meus^a au- toridade daSè Apoífolica, a qual poifo que no tempo em que veo tolíe muy íabi- da , todauia por firmeza do teíHmunho , & inifrucção de muitos , parecendo alsya nofia conformidade pois a te-

mos entre mãos, leafe diante J de todos . Todos os Biípos dilkraõ.Iuílobe, pois quefc fez menção da íobredita au- toridade, que ouçáo todos os circuníí:antes a douti ina, que contem, Leofe então a auto- ridade daSè Apoífolica diri- gida ao Biípo Profuturo, que por euitar prolixidade íe nao aiuntou a elfas aâ:as : depois de cuja lição diíle oBifpo Lu- crécio . Agora vemos mais claramente como nos fauore- ce a doutrina Apoífolica, por tanto conforme ao parecer de vofla Fraternidade, íe algúa coufa por ignorância he diíFe- rentemente guardada por al- guns,reduzafc a Iiúa forma, &■ regra igual por capitulos or- denados entre nós. Propuze- rãoíe os capitulos que conti- nlião o íeguinte. 15) Aprouue a todos de co- mum coníentimento , que fe guarde liíja própria ordem de cantar nos oííicios de Mari- nas , & Vefporas , & não fe miíturem , nem confundão os particulares coft umes dos Morteiros com a regra co- mum da Igreja, zo Aprouue também , que pellas vigilias, & milíasdos dias íblenes , fe leão na Igreja

todas.

46

Captuío X.

codas, &c as mcímas licoés, & não outras clifíerentes. II Alem curto aprouuc,(^ os Biípos não laudcm ao po- uo de hum modo 5 & es Sa- cerdotes doutro, mas todos de hum modo , dizcndo^Do- mmusjicpobifcumjco mo íeíè no huro de Ruth. E o pouo rei jp onda. Et cumfpiritu tiio^ aísy comoeníínarãoos Apo- lloíos, ik o guarda todo o Oriente , & não como o mu- dou a heregia de PrifcilUano. rz Aprouue também, que as miílas fe celebre pella meí- maordê, que Profuturo Bif- po antiguamcnte deita Igre- ja MetropoUtana recebeo cm efcrito por autoridade da meP maSêÀpoíliolica. 23 Aprouuealemdifto, que ninguém deixe de guardar a-

Tl

quellc modo de bautizar,quc teue de tempo antiguo a Me- tropohtana Igreja de Braga, Ãr recebeo o íobredito Biípo Profuturo pêra tirar a duuida de alguns, fcndolhe mandado pellos roceíTores do Bemaué- turado Apollolo S.Pedro. 14 Aprouue também , que guardandofc a Primaíla do Bifpo Metropolitano , os mais Bifpos fegundo o tem- po de fua coníàgração pre-

cedão huns aos outros na oi- c!cm dosallentos. ij Aprouue ale diílo, que das rendas Ecclefiaíticas íefa- ção trcs porções iguaes , híia pêra os Biípos, outra pêra os Sacerdotes , a terceira pêra a fabrica,&: alampadas dalgre- ja . Da quarta parte o Arci- prcfte,ouArcediagOjquc a ad- miniílrar faça fua ração ao Bifpo.

tC Aprouue também, que nenhum Bifpo oufe orde- nar Clérigo de outro Bifpa- do, conforme à prohibiçao dos Cânones antiguos, íaluo quando lhe moftrar rcuerc n- das afsinadas pello feu pró- prio Bifpo.

27 Aprouue alem diH:o,que por quanto alguns Diáconos defta Prouinciacoftumão tra zcr as Eflòlas cícondidas de- baixo das túnicas , de tal mo- do que não parece terem dif- fcrença dos Subdiaconos^tra- gão daqui cm diante as Eitó- las em cima do hombro , co- mo he rezão.

28 Aprouue também, que não fejaliciío a nenhú dosLci- tores , por as mãos nos vafos fagrados do altar, nem a ou- tros alguns,íenão aos que fo- rem ordenados pellos Bifpos

cm

Concílios que Çe celebrarão emBragO-A.

47

cm Subdiaconos, 19 Aproiiue demais dillo, que os Leitores não cantem lia Igreja cm habito, & or- nato lecular, nem deixe íeus grãos contorme ao rico gen- tílico.

30 Aprouuc também , que nenhúa coufa do tellamen- to velho íe cante na Igreja compoíla em verío , como mandão os Santos Câno- nes.

3 1 Aprouue também , que não feja licito aos homens,^ molheres lei^ros entrar a co- mungar dentro na capella,íe- não íò aos Clérigos, como ella ordenado nos Cânones anti^uos.

3z Aprouue alem dill:o,quc os Sacerdotes , que não co- rnem carne, por cuitar a fof- peitadaheregia de Priícillia- no, os obriguem a comer al- gúavez cruas cozidas car- ne, &: íedeíprezarem efte pre- ceito, conuem ( íegundo que os Santos Padres anti^uamê- te ordenarão acerca dos taes) pclla íoípeita deíla hcregia, ícrem excomungados , & re- mouidos totalmente do olfi- cio Sacerdotal. 33 . Aprouuc também, que aqucllc5 que faó excomunga-

dos por heregiajOu outro cri- me qualquer, ninguém pre- iuma comunicar com elles, como mandão os anti^uos e- llatutos Canonicos_5 os quais le alguém deíprcza volunta- riamente , fc aparta aíy meí- mo da comunhão dos fieis. 34 Aprouuc demais diílo, qucaquelles que íe dão aíy mefmos morte violeta, oucó ferro , ou com peçonh a , ou dcfpcnhandofe, ou enforcan- doíe, fe não faça por elles co- memoração algúa no íacrifi- cio , nem fejão fcus corpos leuados àícpulturacom píal- mos ^ porque ha muitos, que por ignorância víaõ diílo. Aprouue também , que fc vfc o meímo com aquelles que faõ iuftiçados por fuás mal- dades.

35- Aprouue também , que aos cathecumenos, que mor- rem fem a redenção do bau- tifmo, do próprio modo fc- náo faça commemoração no facrificio,nem oíficio de pfal- mos, porque também ilto fc introduzio por ignorância. 3<J Aprouue alem diílo, que os corpos dos defuntos cm nenhum modo fc fcpultcm détro nas Igrejas dos Santos, mas quando for nccelíario,da

parte

48

Capitulo X.

parte deFóra , iuato ao muro da Igreja, onde não hc tanto de cltranhar _, porque íeas ci- dades ate noííbs téposguar- dão firmillimamcnte eltepri uilegio , que dos circuitos de ícus muros adentro, íenão íe- pulte o corpo de qualquer de funto de nenhú modo^quan- to mais o deue de têr a reue- rencia dos martyres vencra- ueis.

37 Aprouue mais, que fc algum Sacerdote depois defta prohibição fe atreuera ben- zer o óleo da Chriíma, ou fa- grar igreja , ou altar , ícja de- poi^o dcfcu officio, porque os Cânones antiguos prohi- bem tudo illo.

38 Aprouue também , que ningué fubá de leigo ao grão de Sacerdote fcm q primeiro aprenda por anno inteiro no ofiicio deLeitor,ou deDia- cono a doutrina Eccleliaílica, &:arsy doutrinado por cada dos grãos fubá aoSaccrdo- cio. Porque aílàz repreheníl- uel hc, que aquellc, que ain- da não aprendco,comcce a cnfinar, fendo iíto princi- palmente prohibido pcllos antiguos ertatutos dos Pa- dres.

^9 Aprouue demais difto.

queíe pella liberalidade dos fieis, ou nas fcílas dos mar- tyres, ou na comemoração dos defuntos le oftcrece al- gúacoufa, íe aiunte fielmen- te na mão de Sacerdote, & por tempo determinado , ou húa,ouduas vezes no anno fediuida entre todos os Clé- rigos, porque nacem grandes diícordias da deíígualdade , quando cada hum em fua fo- mana toma pêra fy aquillo q fe oíferece.

40 Aprouue alé difto , que ninguém fcatrcua, a trelpal- íar os preceitos dos Cânones antiguos , que agora íè refe- rirão nefte Concilio. Eíc al- guém por cõtumacia os que- brantar, conuem que o depo- nhão de feu officio.

Deixados os capitulos. Lu- crécio Bifp o diíTc. Poisjàcó 'O fauor diuino determinamos aquillo que pertencia à firme- za da Catholica, & ao offi- cio do eitado Eccleííailico c5 vnanime conformidade , co- mo era rezão,refl:a agora,que cada de nos trabalhe , por cnfinar, òí inftruir feu Bifpa- do de todas aquellas coufas, que faudauelmente íaõ infti- tuidas, mediante a graça de Deos . Eíc algum de aos em

luas

Concílios quefe celebrarão em Braoa^,

49

: íuasfreigticzias depois de la- bidas as conilicuicoés defte Concilio achar al^ú Clérigo, OU Mõge cõcrario a elta dou- crina_, ouo íencirviuer ainda cm alí^ú erro da íeicaPriiciUia- na , & o não deitar logoí-òra ua Igreja excomungado, & anarhemacizado de cal modo, que nenhú dos fieis fe acreua acomcr, comunicar ho- me fcmclhance^ faiba aquelie q ral home receber , q fica fo- geico d excomunhão de todos nollbs irmãos , & reo fem duuida da fencéçaDiuina.To- dos osBiípos diíTcrão.Qinef- quer coulas , que mediante a graça Diuina forão determi- nadas por nos de comum cÕ- ícntimenco, he neceíTario fc guarde vigilante cuidado, as quaes peraque alcance fir- meza de conforme Cõfticui- cão ,cada fealfiae ncrtes a.^os por íua própria mão. Depois Ic feguio a fofcrip- ção dos Bifpos. Lucrécio Bif- po loeícreueo. André Biípo íoeícrcueo. Martinho BiCpo foefcreuco. Coto Bifpo focf- creuco. Hildirico Biípo foef- creuco. Lucrécio Bifpo foef- creueo.TimotheoBilpo foef- crcueo. Miliofo Biípo íoeí- crcueo.

CAPITVLO. XI.

TERCEIRO CONCI-

lio Bracharenfe.

TERCEIRO

Concilio de Braga íc cele- brou no an- no de Chri- II0571. aos 15' diasdcDezc- bro ReinandoAriamiro filho dei Rcy Theodomiro. Prefi- dio nelle o Arcebifpo S.Mar- tinho de Dume. Cócorrerão pêra íe celebrar os melmos motiuos,& rc7oés, queouue no Concilio paliado, porque defcjando Ariamiro ícguir.ÔC imitar a piedade,& zelo de leu pay Theodemiro , tratou de aumentar o culto diuino , &; deilerrar de feus vaíTallos to- dos os abufos que ficarão das hercgias paíTadas . Pêra illode confelhodeS. Martinho fez ajuntarCócilio cm Braga,on- decõ os mais Bifpos fijftraga- neos acodio també o deLugo Metropolitano ja reconhece- doluperioridadeao de Braga como a Primas de He^panha Tratarão os Prelados,q aly fe acharão o Metropolitano

E &

50

(Capítulo XI.

I

.5^ Primas S.Martinho maté- rias mui importantes à Fè, Sc reformação dos coftumcs;tu do fcpòdc ver no melmoCò- cilio, que aqui lançamos, & começa aísy.

Segundo ( afsy fc tinha er- radamente íendo o terceiro) Conciho Brachareníe.

Reinando Noílb Senhor lES V Chrifto, & correndo a era de 6 IO. no legiídoanno dei ReyAriamiro aos quinze dias de Dczembro^ajuntandofe os Bifpos da Prouincia de Galli- za^afsy da jurdição de Bra- ga , como de Lugo, com feus Metropolitanos por manda- do do gloriolíílimo Rey aci- ma nomeado, na Igreja Me- tropolitana Bracharenfe_,con- ucmafaber, Martinho, Ni- tigio, Remifol, André, Lu- cencio , Adorio , Veólimero, Sardinario , Viator, Auila, Polemo , Mayloc- eftando eftes Bifpos aíTentados, & prefentcs todos os Sacerdo- tes ; Martinho Bifpo de Bra- ga diíle. Porinfpiraçáo diui- na tenho pêra mim, qucaco- teceOjPadres Santiííimos,q de ambas eftas Metropolís nos ajuntalíemos em humfò Có- cilio, ordenandoo afsy o fan- tiíTimo Rey nolIb fíIho,pcra- 1

que não fones alegremos da villa híjs dos outros,mas pe- raque juntamente pratique- mos as couías, que pertence à orden\& diciplina Eccleíia- ftica, porque noEuangclhofc efcreue,q diíle o Senhor i onde quer queeftiuerem dous , ou três jútos em meu nomejahy ertarei eunomeo delles. Ni- tigio Biípo da Igreja de Lugo dilfe , nem íe pode crer outra coufa fenão, qconuem prin- cipiar, & leuar ao fim aquiUo que pertence ao proueito de noílas almas: Mar tuiho Bifpo diíIe.Cuido que fe lembrarão voílas Fraternidades, q quan- do íeajuntou o primeiro Cõ- cilio de Bifpos na Igreja de Braga-, depois de muitas cou- fas,q íe determinarão pêra c5- cordia daverdadeiraFè^decre- tamos tambê algúas, q cõpré- dem o direito dosCanones fa. grados,cuj o proueito pêra fe trazer a memoria c6 mais fa- cilidade fera fe lea em vo /la prefença o melmo papel ern q fecõtèm,sédo todos derte pa- recer.Todos os Biípos d.ilfe- rão.Conué qucfe leão, /5«: os oução todos os quceftão pre- fentcs . Lidos pois tod os os capitulos do primeiro Con- cilio , que fe não ajuntão

ae

ftes

Concílios que Çe celebrarão em Bra^^O-/.

a cftes aclos por euicar prcli- xidadc.Marcinho Bifpo diíle. Eílas couías pois (]uc agora íe acabarão de referir, & que então nos parecerão diícrc- pancesencreíy, diiuidoíàs^ou pouco ordenadas, eílão em citado pêra com o fauor de Deos alcançarem íuainuio-

lauel fi

rmeza , & as couías

então nao vierao a memoria, ou pareceo trabalhofo acu- mular muitas juntas naquel- Ic primeiro Concilio , parece neceííario trazelas agora à no- ticia de voíla ianta Cliaridade, pcUo particular rcípeito de ferem apuradas, ventilandoas emdjfpucaefpiritual, porque os Santos Padres noílos pre- deceíTores, ou fizerão ajuntar Synodos Gèraes de todas as partes por refpeito da con- formidade da Fe verdadeira, afsycomo oNiceno contra Arrio,onde fe acharão 3 18. & noConftantinopolitano co- rra Macedónio ijo.õ^node Ephefo contra Neílorio. 200. & no de Calcedonia contra Eutiches 630: ou ajuntarão particulares Synodos , cada hum em fua Prouincia , por tirar difcordias, & emendar negligencias de alguas pef— foas.E conforme pedia a qua-

lidade áâs. cidpas , & o exceí- ío de cada hi.m , afsy coníli- cuirão particulares , &duu- nas fentenças dos Cânones mediante o Spirito Diuino, que relidia entre elles , as quaes nos conucm ler mui- tas vezes , & guardalas . JE porque mediante a graça de Chrillo não haja nelk Pro- uincia coufa duuidofa , acer- ca da vnidade , & inteireza da , nos conuem agora trabalhar particularmente , por ver fe achamos algúa coufa digna de repr en faõ, & alhea da doutrina Apoíloli- ca, quea ignorância , ou ne- gligencia introduziílè entre nós: & recorrendo aostefti- munhos das fantas efcritu- ras, ou aos eflatutos dos Câ- nones antiguos , òc inter- pondo o confentimento de todos,emcndcmos com mo- derado difcurío as que nos não contentarem. E primei- ro de tudo ( íe afsy vos pa- recer bem ) lidos os precci- í tos, que o Bem.auenturado Apoftolo SaÕ Pedro eícrc- ueo claramente em fua Epi- llola, pêra regra dos Sacerdo- tes , tudo aquillo que virmos fe faz entre nos fora do teor q eníiiiou o Principe dos Apo- J

,E i ftolos.

52

Capimio XI.

Itolos^trabalhcmos fem deté- çaalgúa de o reduzir a emêda^ peraq não aconteça, que pre- gando aos outros , &c ícndo nós imperfeitos , Icjamos có- dcnados por aqliadiuina íen- tença^que diz .Tu aborreceíle a diciplina , & lãcallc minhas palauras dctraz das coitas. To dos os Bifpos diíTerão. Deíe- jamos que fe traga a efte lu- gar a Epiftola do Apoltolo S. Pedro \ de que íefez menção, & ouuir o texto onde cnfina os Sacerdotes. Trazêdoíe en- tão o liuro,re rcíiriraõ da pro- priaEpiftola as coufas feguin- tes. Velhos, rogauos eftecõ- panhciro voíTo na idade , que apacêteis as ouelhas de Deos, que mora cm vos , prouen- doas, nãoforçofa, masvo- lútariamente,conforme Deos quer : nem por reípeito de intercíTe infame , mas gracio- famente : nem como íenho- res dos outros Sacerdotes, mas na forma de quem apa- ccta rebanho,&dc todo o co- ração , pcra que quãdo appa- rcccr o Principe dos Paílo- res , recebais a coroa de glo- ria , que nunca perde feu lu- ftro. Lidas cftas coufas , diíle-

Irão todos os Bifpos. Agora que temos conhecimento do

que fe refirio da Epiftola do Bemauenturado ApoftoloS. Pedro dcíejamos comofa- uor da graça de Deos obe- decer aos preceitos diuinos, & imitar a forma da carta A- poftolica, que nos foi lida, em tudo o que diz ^ por que nãoacõteça,q procedédoem algúas couías fora de ordem^ fejamos{o que Deos não per- mita) condenados pordiuino juizorantes feguindoas piza- das dos Santos Padres mere- çamos fcr participantes de íeudeícanfo, & mereçamos com cUes alcançar a incor- ruptiuel coroa de gloria pro- metida. Pello que todos jun- taméte pedimos a voíla Cha- ridade , que com prendendo breuemêtc todas ellas coufas em particulares capitulos, & o modo comoíe haõ de emé- dar, as ajunteis a efte tratado, pêra que íendo curiofamentc lidas, &: trazidas com euide- cia ao conhecimento de to- dos nc)s,as foefcreua^& afline cada hum com fua própria mão pêra lua emenda, &: con- firmação •, & cftas coufas de- terminadas pêra perfeição do oííicio Epifcopalaproueitem naõ pêra nòs,mas ainda pê- ra noílbs fuceflbres.

I Aprou-

Concílios quefe celebrarão em Braoa^.

5S

I AproLiue a todos os Bií- pos , & ainda relcua, que dií- corrédo osBiípos por todas as Igrejas , d: por íeus Biípa- doSj primeiro de tudo exami- ne os Clérigos acerca da ordc, que guardão em bautizar , d<. celebrar Miíías , & do modo que celebrao na igreja os oífi cios: &: achando que proce- dem bem^dem graças a Deos, &: quando não , deué enhnar os ignorantes, & mandarlhe, que em todas as maneiras (cÕ- forme diípoem os Cânones anriguos ) os cathecumc- nos concorráo à purifica- ção do exorciímo vinte dias antes doBautifmOinos quais íerà elpecialmente cnfinado aoscathecumenos o Symbo- lo^que começa. Credo m ynú, Deura Patrc?n,Í!fc. Depois q os Biípos examinarê fcusCle- rigosneftas matérias^ ao dia fe- guintCj chamado o pouo da- quella Igreja^o eníinem a fu- gir dos erros da Idolatria , ôc outros crimeSj como íaõ^ho- micidio. adultério , juraméco falfojteftimunho falío,& dos mais peccados mortaes i ôc q não facão a outré o que não querião lhes fizelíem a elles, &quecreãoa rcfurreiçao de todos os homés , ^ o dia do

' juízo, no quaicadahúha de receber íegundo íuas obras ròc depois diito feito fc parta o Biipo daquellalgrejapera ou- tra.

i Aprouue,que nenhu dos Blípos andando por feus Bif- pacloSjtomealgua outra cou- la pellas Igrejas mais q o re- conhecimento de fua digni- dade,queíaÕ dous íoldos, peça nas Igrejas parochiaes a terceira parte das oííertas do pouo, mas aqlla terceira parte íe guarde,ou pêra cera,ou pê- ra a fabrica da Igreja. E cada anno fe façadaly fua ração ao Biípo, porque íe o Biíjpo to- mar aquella terceira parte deí- poja a Igreja de cera, &c de te- lhados .Da mefma maneira os Sacerdotes,que faõCuras,náo os obriguem a íeruir aos Bií- pos em matérias algúas a mo- do de íeus ercrauos,porq cila ercrito,que não gouernem co mo fenhores dos Sacerdotes . 3 Aprouue, que os Biípos não recebão dadiuas als^uas por ordenarem os Clérigos: mas ,a(sy como eftà eícrito,a- quillo querecebcm da mão de Deos gracioíãmeiíte dem no de graça ; íe venda a graça de Deos , & impoííção das maós por nenhú preço, porq

E 3 adiíi-

54

Capitulo XI.

adiffinição aiitigua dosPadres afsy o determinou a cerca das ordens Eccleííaíl:icas,dizendo que feja excomungado o que der, & receber. E porque al- gúa> pellbas Togeitas a muitos crimes , & que íeruem indig- namente no altar, alcançarão ella dignidade, nao por tefti- munho de boas obras , mas por largueza de peitas. Por tanto conuem ordenar os Sa- cerdotes, não por refpeito de dadiuas , mas primeiro por rigurofo exame , & depois por telhmunho de muitas peílbas.

4 Aprouue,que poraquel- le pouco de balíamo bento, quefe coftuma repartir pel- las Igrejas pêra o Sacramento do bautiímo , pcllo qual fc coftuma pedir a cada pcílba, que o leua,hija moeda chama- da trcmiíTcs , que he a terça parte de hum foldojfenão pe- ça daqui cm diante coufa al- gua, porque não aconteça, que aquillo, que fc confagra pêra faude das almas pella in- uocação do Spirito Santo, vcndendoo nos da maneira, que Simão mago quis com- prar por dinheiro o dom de Dcos, íejamos vendidos na condenação eterna.

5 Aprouue,quctodas as ve- zes que os Biípos forem ro- gados por qualquer dos fieis pcra coníagrar Igrejas, não peção algiía dadiua ao funda- dor como íe lha deuefle , mas fe clle por lua liure vontade oíFerccer algiía coufa, nãoíe lhe engeitc, mas lecftiuer po- bre, ou necefsitado não íe lhe peça coufa algua . E com tu- do aduirta cada hum dos Bií- pos , que não confagrc Igre- ja fem primeiro receber pa- trimónio pêra o fcruiço del- ia confirmado por doação em cfcrito, porque não hc culpa leue a temeridade de cÕ- fagrar húa Igreja fem cera, &fem renda pcra fuftenta- ção dos que hão de fcruir ncl- Ia , como fe fora húa cafa par- ticular.

6 Aprouuc, que fc alguém edificar Igreja, não por deua- ção da , mas por intcreílc dccobiça , parra com os Clé- rigos a metade do que nella fe recolhe das oífertas áo pouo, pois fundou Igreja cm fuás terras por caufa de ganho, co- mo cm muitos lugares he fa- ma que fe faz ainda agora. E iílo fe dcuc guardar daqui cm diante, que nenhum Bií- po confmta tão abominauel

coufa.

Concílios que celebrarão emBraga^.

55

couía , nem ouíe confagrar Un'eia hmdada mais debaixo decóuição tributaria^ que do patrocinio, & inuocaçáo dos Santos.

7 Aprouue , que cada hum dos Bilpos mande por fuás Igrejas^ qaquelles que leuão íeus mininos ao bautifmo, íe voluntariamente quizeré por lua dcuaçáo oferecer algúa coulaíelhe receba:raas fe por neceísidadc, & pobreza náo tem couía que ofterecer _, não lhe íeja tomado pellos Cléri- gos penhor algum contra íua vontade ^ porque muitos po- bres com efte temor deixão de trazer íeus filhos ao bau- tiímo, os quais íe por ventu- ra neíte meo têpo da dilação partirem deíla vida fem gra- ça do Bautiímo , conucm fc tome coma de fua perdição àquelles, por temor de cuja auarezaíe apartarão da graça do bautiímo.

8 Aprouue que fc alguém demandar algú Clérigo accu- fandoo de fornicação fe lhe peção duas, ou três teftimu- nhas conforme ao preceito do Apoílolo Saõ Paulo-, o qualíenão puder prouar oq diííe, dando as tcíKmunhas, a pena de excomunhão, que

merecia o accuíado , fe ao j accuíador,

9 Aprouue,q depois que to- das as couías forem ordena- das, no Concilio dos Sacer- dotes fe proponha cm toda a

maneira .que a

ha d

lade vir emca^

Pafch da h

oa

luc

um anno.

fe declare pello Bifpo Metro- politano, a quantos dias do mes , & a quantos de Lua íc ha de celebrar, o qual dia os mais Biípos , ou Sacerdo- tes notarão no Kalendario, & vindo o dia do Nacimento do Senhor eílando o pouo prefentc o denunciara cada em fua Igreja depois de fe dizer o Euangelho.E no prin- cipio da Quareíma ajuntan- doíc as freigueílas vizinhas por três dias , & correndo as Igrejas dos Santos cantando pfalmos,celebrê Ladainhas :& ao terceiro dia,ditas asmiflas à hora nona,ou decima, & del- pedindo o pouo,fe lhe enco- mende a guarda dos iej uns da Quarcfraa,&: meada ella, lhe lembrem, que vinte dias an- tes oíFercção à purificação dos exorcifníos os mininos, qucfc ouuerem de bautizar. IO Aprouue, que por quã- to pello defatino de hum er- ro introduzido ha pouco, ou

E4

por

56

(Capitulo XI.

I

por ventura pcUa corrupta podricíáo aincía da antigua hc- regia de Prifcilliano , loube- mos que alguns Sacerdotes pcrlcucráo no atreuimento deíla p reíunçáo_,ouíando ce- lebrar miílas pcllos defuntos depois de tcré bebido vinho, & feita collação. Por tanto iílole guarde com amoefta- çáo de íentença publica, òc euidentc, que íe algum Sacer- dote depoisdeíie noíTo cdí<íto for comprendido mais ne- ítc dcfatino de cÕfagrar obla- ção no altar, não elfando em icj um, mas tendo comido al- gíjacouíâ, íeja logo priuado de feu oíficio , òc depoílo das ordens por feu próprio Bif- po.

1 1 Ordenadas afsy eftas cou- íàs , aprouue a todos pêra cõíirmacão da guarda delias . que cada as aílinaíle por íua mão , feito entre todos eftc acordo, quefealgu pafla- dooshmites deites capitulos fe quizer tornar aos coJf umes defordenados^alem de encor- rer em excomunhão de todo o Concilio, faiba que tem fo- breíy verdadeira fentençade priuação de fua dignidade.

Martinho Bifpo da Igreja Metropolitana de Braga, foer

ícreiíi nelles ados.

Remiíol, Bifpo da Igreja de Vifeu , íoeícreui neíles a- d:os.

Luccncio Bifpo da Igreja de Coimbra, íoefcreui nelf es awlos.

Adorio Bifpo da Igreja da Idanha, íoeícreui nçrtesaétos.

Shrdinario , Bifpo da Igre- ja de Lamego, foefcreui neftc Concilio.

Viator, Bifpo da Igreja de Magalona , íoefcreui neíles aótos.

Nitigio, Bifpo Metropo- litano dalgreja de Lugo, foef- creuineftes a<5los.

André , Bifpo da Igreja de Iria, foeícreui neíles aólos.

Auila, Bifpo dalgreja de Tui, íoeícreui neíles aâios.

Pulento_, Biípo da Igreja de Aftorga , foeícreui neíles aólos.

Mayloc.Bifpo da Igreja de Britonia , íoefcreui neíles aólos.

I

CAPI-

Concílios que celebrarão emBrag/t->.

37

CAPITVLO. XII.

QVARTO CO N cílio

Bracharenfe.

QVARTO

Concilio de Braga jfe ce- lebrou fen- do Rey de Heípanha Vuamba no anno deChriílo Ó75. cento &: três annos depois doCócilio atraz referido. Gouernaua então e- rta Igreja o Arcebiípo Lcode- cilioluliano, que nelle prelí- dio. As rezoés,que ouue pêra fe c5gregar/oráo faber ElRey a necefs idade , que auia de re- formação em alguns abufos prejudiciaes ao elíado da Igre- ja,a que quis acodir dando or- dem que íe celebra ífe elteCõ- cílio , em que íe tratarão ma- térias de grande importância^ como fe pode ver do tranfun todelle^queaqui lançamos. Foy Nacional vifto alfiílir nclle o Arcebiípo de Seuilha luliano.

Terceiro ConcilioBracha- renfe ( por tal era tido antes de fe achar o primeiro/endo o

quarto ) celebrado ao quarto anno dei Rey Vuamba^no an no de Chriílo feiícétos & fe- tenta & hnco.

Por ordê do Spíríto San- to foy ajuntamos na Cidade de Braea onde nos concrrcíia- mos pêra auer de tratar áàs coufas que indeuidamente íe fazem dentro na Igreja; por- que ajudandonos aquelle q diz fe achara no mco dedous, ou três j onde quer queforé jíítos em íeu nome^cortemos pella raiz os erros mal intro- duzidos, leuantandonos c5- tra elles com animo confor- memos igual deíejo de apro- ueirar . Ajuntandonos pois em hum corpo pêra determi- nação Synodal , &r aílentado ca4^iial no lugar q lhe era de uido, começamos primeiro a tratar do Sacramento da San- ta Fè , porque com a vaida- de dos que difputao , ou com a ignorância dos que pouco fabcm, fenão tiueíle alçTum erro neife Sacramento. E co- mo nos apuraílemos na ver- dadeira Fè, & nella como eni eípelho nos moíf rallcmos pu ros; demos graças ao Omni- potente Deos de ver , que a nenhú de nós efcurecera a nc- uoa de algum erro cifmaticói

mas

Capttdo XII.

mas a to Jos nos moílrou idó- neos nelte Sncramento a pii- ra^c verdadeira pregação A po- ílolica: ^ cambe porque eíla

reera de noíla Fè, a tornamos

^c

arcrerircom as próprias pa-

lauras , ^ fenccnças queíabc- mos , foi declarada no Con- cilio Niceno. Cremos emhú Deos Padre todo podcrofo, feitor do Cco, òc da terra , & criador das coufas vifiucis, & inuifiucis, &em Senhor I E S V Chrirto Filho dcDcos Vnigenito, nacido do Padre, antes de todos os tempos, Deos de Deos, lume de lume, Dcos verdadeiro de Deos ver- dadeiro, nacido , & não feito, & omufion com o Padre , cõ- ucm afabcr,da mcfma fuflan- cia com o Padre, pello qual faõ feitas todas as coufas que ha no Ceo, & na terra, o qual por amor de nôs , & de noíTa falua ção deceo dos Ceos , & encarnou do Spirito S.& na- ceo deMaria Virgé,& feiío ho padeceo fo poder dePõcio Pilato, foi fcpultado,& rcfur- gio ao terceiro dia : fubio aos Ccos,aílenroufeàmáo direita de Dieos Padre : outra vez ha devir julgar viuos, & mor- tos,cu jo Reyno não terá fim. Cremos também no Spirito

Santo Senhor^ &c viuificador, q procede doPay,& doFilho, &: o Pay , & Filho íe ha de adorar,& gloriíicar,que falou pcllos Profetas j & húa íanta Igreja Catholica , & Apollo- lica,confcíramos hum bautif- moperaremiílaõ dos pecca- dos , cípcramos a refurreição dos mortos, & a vida do mil- do, quehadevir.Amen. De- pois do Sacramêto defta San- ta Fe, íc refirio no ajíítamen- to de todos nòs hum mani- fefto , & juntamente deíaco- ftumado erro , que ja ou- tros da feita dePriícilliano foi condenado nas fantas confti- tuiçoés mandadas pellos Pa- dres de Africa, òc Oriente a cfta fanta Igreja de Braga,por mão de hum vcnerauel Sacer- dote, cuja lembrança nos fer- ue de honroía benção, o qual fe deue atalhar com tanto ar- tificio de íabedoria, quanta he a preuerfidade que íe pro- ua fer eníínado : porq de cer- tas pellbas nos foi refirido , q offerecião nos facrificios do Senhor leite em lugar de vi- nho , & que tinhão perafy auerfe de dar ao pouoa Eu- chariília lançada no vinho, pêra inteireza da comunhão, & o peor de tudo he,que não

fal-

Concílios que celebrarão emBraga^.

59

hltão aigús Sacerdotes, que põem luas iguarias nos valos do Senhor , ^ ouzão de co- mer nelles. De outros Sacer- dotes le nos diile , que eíque- cida a ordem do collume Ec- cleliaílico ouzão dizer milla íem Eílóla , & c]ue na foleni- dade dos martyres lançando relíquias ao pclcoço,& allen- tados em cadeiras tem pêra ly_,quchc jufto íeré leuados não menos, que pellos Diáco- nos reueftidos em aluas ; & também , que muitos Sacer- dotes íem approuação mo- ráo com molheresj & queal- gus delles oprimem a íeus ir- mãos honrados jacom grãos de ordens com açoutes in- conííderados, & que alem di- ílo alguns leuados da cobiça íimoniaca approuao debai- xo de concerto aqucllcs que íchão de ordenar, pêra que depois de ordenados recebão delles o dinheiro prometido-, & quedebilitãOj & deminue os criados da Igreja em leu próprio feruiço faz êdo dano ascoufas Eccleííafticas. To- das as quaiscoufas jnos pare- ceo ajuntar em ordem de tí- tulos apartados , porque não pareçáo referidas confufa— mente;: •J!;í:í,;^^o:)!';iííí

I Como quer que todo o crime, Sc peccado íe apague com íacriHcios oflerecidosa Deos , que fica pêra fe dar ao Senhor em íatisfaçlo de deli- ólos quando na própria obla- ção do facrificio íe cometem erros? Fomos informados certeza,quealgúas peílbas en- golfadas em ambição climá- tica ofterecem nos diuinos fa- crifícios leite em lugar de vi- nho cõtra as Difpoíiçoés Di- uinas,& Conítituiçoés Apo- ílolicasj outras, que dão ao pouo a Euchariftia lançada em vinho em' comprimento da comunhão-, outras final- mente, que oíFerecèm vinho efprimido da vua no oSacra-- mento do Caliz do Sen hor, a qual coufa quam contraria íeja à doutrina Euangelica, Òc Apoftolica , & contrapofta aocoltumeda Igreja com fa- cilidade fe proua da própria fonte da verdade,da qual pro- cederão os próprios myíle- rios Sacramentaes , porque quando o Meftre dg verdade encomendou afeus dicipulos o verdadeiro facrificio d^ nof- fa íaude,{àt)emos que lhe não foi encomendado leite debai- xo deíle Sacraméto mas pão, & vinho fomente \ & afsy õ

dl

iz

r

6o

Capitulo XIL

o diz a verdade Euangelica. Tomou lESVS o páo ^ & o Caliz,& bêzédoosdcuaícus dicipulos.Deíxclc logo de of- ferccer leite no íacriHcio pois nos rcfplandece hu claro , ôc manifello exemplo da verda- de Euangelica, o qual não dei- xa otíerecer outra coufafòra de pao,& vinho. E quanto a íc dar ao pouo por inteireza da comunhão a Euchariília junto ao Sangue:nem iílo ad- mite o teftimunho trazido do EuangelhOjOnde encomê- dou aos A poftolos , íeu Cor- po , ^ Sangue , porque apar- tadamente fc faz menção da encomenda do pão , & apar- tadamente do Caliz. Porque o pão molhado não lemos que Chrifto o ácííc a outros, íe não foi àquelle dicipulo , a quemafopa molhada decla- raíle por vendedor de feuMe- ftre, fcm moftrar todauiaa inrtituição deite Sacramento. E quanto a fecõmugar o po- uo com vinho efprimido do cacho, conuem a íàber,de ba- gos de vuas , hc coufa dema- íiadamcnte confu farporque o Caliz do Senhor f conforme difputa hum certo Doutçr) dcueíe olTerccer com aeoa, &C vinho miíl:urado_,porque ve-

mos na agoa cntédcríe o po- uo , & no vinho moiliraríeo Sangue de Chriilo, por onde quando no Caliz íe laça agoa no vinho , fc ajunta o pouo a Chriílo,^^ o pouo dos fieis k ajunta , & incorpora com aquelle em qué crè . A qual incorporação, & ajuntamen- to da agoa,&vinho de tal mo do fc miftura no Caliz do Se- nhor , que aquella miftura íe não podefeparar, por onde íc alguém ofícrecer vinho íò- mente, começa o Sangue de Chrifto a eítar fem nòs : íc a agoa eftiucr , começa a e- Ibr fem Chrifto . Pclloquc quando fc oíFerece o cacho fomente, no qual íe moftraó os clíeitos de vinho,fc paí- fa por alto o Sacramento de noílâ redenção íinificadona agoa : por onde não pode o Caliz do Senhor fer agoa por ílfò,ou vinho apartado, fc hum^&outro fe não miftura. E porque delia matéria pro- cederão ja muitas,&muy no- taucis fentcnças de noílbs an- tepaííados, cujareligiofa pie- dade pêra com Deos nos enfinou os copiofos cfTcitos deites Sacramentos , & nos declarou fuás verdadeiras ia- ft:ituiçoés,cõucm que todo o

erro.

Concílios quefc celebrarão em Braga^,

6i

erro, & prcfunção ícmelhan- te ccílc daqui cm diante, porque a delordcnada vniao dos mãos não enfraqueça oeílado da verdade.Por tan- to não feja defte tempo cm diante licito a peííoa algúa oíFcreccr outra coufa nos di- uinos facriíicios fe não ior pão íòmcnrc , & o Caliz mi- ílurado com vinho Sc a- goa , conforme ao decreto dos Concilios antiguos : &c fazendo alguém daqui cm diante fora daquilio queeíH mandado ceiTarà de facriíícar tanto tempo , ate que emen- dado com legitima íatisfação de penitencia torne ao offi- cio de fua dignidade, que per- deo.

z Dcucfe prouer com to- da a diligencia &c cuidado_,que aquelles,a cujo cargo parece cííar o lugar do goucrno,não fejãoviilos fazer afronta aos celeíliacs Sacramentos , por- que nos foi dito f coufa que he horriucl de ouuir , & a- bominaucl de crer) que al- guns Sacerdotes leuados de facrilega temeridade tomao osvafos do Senhor pêra fcu próprio fcraiço , & põem nelles as iguarias cm feus ban- quetes , da qual maldade ad-

mirados choramos , t\: cho- rando paímamos de ver que a humana temeridade prepa- re pêra íy mefmaconuire na- quelles vsfos_,emque fabc ter inuocado o Spinto Santo , ôc depois de farta coma gui- íados de carne no me imo lu- gar em que foi viíla cele- brar os diuinos myíícrios, & naquelles meímos vafos em queíòmcntc offereceo os Sacramentos por perdão de feus peccadoSjnaqucUcs mcf- mos íàtisfaça a vontade de feu paflàtempo . E por tan- to a peíToa que daqui em diante ffDr de tal prefunção, que conhetendo os diuinos vafos , & o vfo deíies,os mu- dar aíeu próprio fcruiço , ou os tomar pêra comer, ou be- ber nelles, fera condenado em priuação do grão , ou oftício que tiuer de tal modo que fendo fecular fique íogeitoa perpetua excomunhão , & íendo Religiofo , fique de- pofto de feu oíício . E de- baixo dcfta fcntença de con- denação fc comprenderão também aquelles , que íà— bendoo tomarem pcra feus vfos próprios os ornamentos Ecclelíall:icos,vèos, ou quacf- quer veí}imetas,&: alfayas,oa

F

62

Capitulo XII.

as entregarem a outrem pê- ra ferem dadas , ou vendi- das.

3 Porque fabcmosfcr man- dado jpor antiguainílituição da Igreja, que a todo o Saccr- dotc,quando he ordenado , íc lhe cinjão ambos os hombros com a Ellòla,pcraque aqucllc, a quem íe manda eltar í^m te- mor entre as coufas profpe- ras, & aduerfas^apparcça ícm- pre cercado cm hú, doutro hombro com ornamento de virtude. Porque rezão pois não toma ao tempo de facri- ficar aquillo,quc não duuida ter recebido no Sacramento de fua ordem? Pelioque con- ucmem toda a maneira, que aquiilo que foi dado a ,cada hum na confagração da hon- ra , iíTo mefmo conferue na oblação, ou recebimento de fua faude, de tal modo , que quando o Sacerdote, fe chega a f olennidadc da miira,ou pê- ra ofFcreccr facriíício a Dcos por fy mefmo , ou pêra rece- ber o Sacramento do Corpo, & Sangue de Noífo Senhor lESV Chriílo, não chegue de outro niodo,que com a Eftò- la pofta fobrc ambos os hom- bros damaneira que foi con- fagrado ao tempo que lhe de-

rão ordens,de tal maneira, q apertado o pefcoço por cima doshõbroscòa Eílòla venha a fazer diante dos peitos o íí- nalda cruz com ella, &c fe al- guém fizer outra cofa, fique íogeito a pena de excomu- nhão merecida. 4 Aindaquc a antigua infti- tuiçáo dos Cânones ordenaílc muitos preceitos, & rcfolutas conlUtuiçoés fobre atreuimc to femelhãtc, nos todauia pôr breuidade , & defejando tirar toda a ocaílão de fornicação determinamos toda a au- toridade, que fe guarde o fe- guinte. Que nenhum Sacer- dote , ou peílba Ecclelíaftica, fem honcílo, & competente teftimunho prefuma tratar fecreramentecom quacfquer molhcreSjfc não for com fua própria may íòmcnte. E não íò deixe de tratar com mo- Iheres eftranhas,mas com fuás próprias irmãs , & paren- tas, porque libertado ellc com a licença das irmãs , & paren- tas fe não faça intrometido pêra cometer a maldade: & o tranrgreíTor defte preceito faiba que ficará fogeito às leys das penitencias por efpaço de féis mefes. ^ Pois hc coufa proueitofa

pêra

Concilios quefe celebrarão em Bragd-.',

63

pêra os Sacerdotes tratarem os myllerios diuinosj toda via íe de cèr grande reío;uar do, que torça cada núem vzo de lua maldade própria, aquiUocomquedeueru con- tentar fò a Deos, mediante a pureza de lua conciencia^por- queeltà eícrito.Ay daquelles que fazem a obra do Senhor cnganofa, <Sjtibiamente.Pel- loque Tendo referida em nof- íb aj unramento , pêra effeito de lhe dar remédio à deteíta- uel prefunção de vilgus Bií- pos^íoubcmos como alguns dellcs quando hao de ir à Igreja lançao as rcliquias ao pcicoço nas íolênidades dos martyres, pêra com a gloria de mayor apparato , fc enfo- berbcccrem diante dos ho-- mens , & ferdtft leuados , cm certas cadeiras por Diáconos reuelHdos em aluas , como fe cllcs foliem arca das fa^ra- das rcliquias. A qual preiun- cão detcílauel, deue ler dero- gada cm tudo , porque não

Ipreualcça íòmente a vaidade disfarçada com appareciade fantidade, fe o rcfpeito de ca- da eftado não conhecer o modo,qiic lhe hedeuido. Por tanto fe guardara nefte par- ticular o antiguo _, t\. foienne

collumc, que em quaelqucr dias de feíla leuem íobre ícus hombros a arca do Senhor, não os Biípos,fcnão os Lcui- tas,aos quacs fabemos, que na ley velha foi encomenda- da a meíhia obrigação. Mas leoBilpo quizericuar por li" melmo as relíquias , não ícja elle leéíado cm cadeira pcílos Diáconos , mas a cm com- panhia da prociílaodopouo, que vay aos aj untamentos, q íe coílumão fazer nas lantas Igrejas , & dcfte modo lerão as rchquas do Senhor leuadas pello mefmo Bifpord: quem fabédoclfesinftitutos dilatar a execuçãojcm quanto viucr no cargo fcrà fufpcnfo da ad- miniftração do Sacramento do altar.

C Como quer que o Apo- ftolo mande arguir,rogar , & increpar com toda a paciécia, foubcmos como alguns de nolTos irmãos, deixada cif a doutrina, fcagallão contra os qja faó ordenados, &: os mal tratão tantos açoutes,quã- tos poderão merecer faíteado res de caminhos; por tanto a- quelles, q ja merecerão grãos Ecclcílafticos, como íaó os Sacerdotes , Abbades,& Diá- conos, quefòn das srraues

F X

OL

••cweavr^viMa

64

Capitulo XII.

1 6c raorraes culpas, mo dc- uem fcr fo^eitos a caftií^o de açoutes, naohccoiiLienicn- cc , que qualquer Prelado a cada paíTo, conforme a ícu golloj & vontade osfo- gcite a dor , Ã: caftigo de a- çoutcs , lendo ellcs os feus inais honrados mêbros, por- que não aconteça , que fe- rindo elle os membros j que lhe faõ logeitcs perca a rcue- récia, que lhe deuem feus fub- ditoSjConformeaquilIo, que hum certo Sábio diíle; O que hecaífigado brandamente reípeito a quem o caftiga , & a reprcnfaõ de aípercza de— maííada, nem admite correi- ção , nem emenda . Por tanto íe alçucm leuado de malícia voluntária , & enfobcrbccido com a licen- ça da dignidade que tem, imaginar que deuem fer ca- lligados fora defte modo, que temos ordenado os fo- brcditos fubditos honrados ja com ordens , conforme ao modo dos açoutes,que lhe der, fera caíligado com pena de cxc5munha5,&: deílerro. 7. Porque naõ conuem, que o Dom do Spirito San- to fc compre com dinheiro, porto que fobre cfla mate—

'■> que rao de Sa-

ria aja dmcrlos documen- tos dos Cânones anticjuos, toda via, porque he nccefla- rio , que íe atalhe mais ve- zes àquillo que ícm ceifar íe comete :*por ranto,inlf ituin- dohíía forma de noua coníli- tuição ordenamos quem por dar cerdote a qualquer peílca q feja, aceitar dadiua algúa , ou promeíías delia, aííi antes co- mo depois de íer ordenada, & confentir de. algum mo- do fer peitado por cíle reí- peito , ou feja aqucllc que deu , ou o que recebco, íerá priuado de fcu grão confor- me à fentença do Concilio de Calccdonia. 8 Não conuem aos Rei- tores das Igrejas fer diligen- tes na admini1[?ração de íuas coufas , &c remiUbs nas da Igreja . Porque fe diz que alguns Sacerdotes defbara-^ tão os criados da Igreja em feu próprio feruiço, acrecen- tando o proueito da fazen- da própria , & continuando a deífruição das couías deDeos. Por onde quem com eíta negligencia dilatar o melho- ramento das couías diuinas, feja obrigado com particu- lar preceito, peraque íendo

calo.

Concílios que Çe celebrarão eyn BragO-..

65

caio , que com as coufas , & rendas da Igreja acrecentaíle proueico a íua tazeiída pró- pria , ôc ouuefle com ifto ne- gligencia, em melhorar os bens Eccleriarticos,& Ihecau- faíle diminuição , & perda, reftiCLia à Igreja tudo o que lhe diminuyo em ícus bens^ a cuja cuil:a,*?v: dclpeza fc lhe prouar cêr acrecencado fua fa- zenda. E fepor ventura ga- itou algiJa couía doíeupelio proueico,& fuftanciada Igre- ja, & recebeo algua perda, ou fez algúa defpeza, que cla- ramente íe prôue, fe lhe recõ- pêíe tudo da fazenda da meí- •malgrcja , por cujo proueito ^e proua , que fez as taes áçÇ- pezas.

9 Com ifto damos gra- ças ao Omnipotente Deosj depois rogamos pella paz, íaude , & muitos annos de vida "do« piadolííTntio Rey Vuamba amador de Chri- íloNoílb Senhor, cuja de- uaçãonos ajuntou nell:e ía- lutifero Concilio , rogando u clemência diuina , que a glo- ria de Chrifto confirme feu Rcinoatéa vltimavelhice, & no lo" conceda" áquclléDeõs, que com o Padre ^ & Spirito Santo , yiue, e tem gloria pê-

ra íempre dos ícmprcs. A- mcn.

LedigioBifpo em nome de Chrill:o loeícreueo.

luliano cm nome de Chri- fto, Biipo de Seuilha fcefcre- ueo.

Genitino em nome de Chri- fto Bifpo da Igreja de Tui íoefcreueo.

Froarico por vontade de Deos , Biípo da Igreja de Bri- tonia ioeícreueo.

Ifidoro Bifpo da Igreja de Aftorga foefcreueo.

Aíario Bifpo da Igreja de Orenfe confirmo.

Retogero Bifpo da Igreja dcLugo íoefcreueo.

Hidulfo por íobrenome Félix Bifpo da Igreja de Iria íoeícreui.

Atê qui o quarto Conci- lio Bracharenfe.

■**í>¥

t

F3

CAl'í-

66

Capitulo XIII.

CAPITVLO XIII.

CELEBRASEO quinto Concilio de Braga.

QVÍNTO Cócilio En- chareníe le a- júcou no an- uo de 1^66. fendo Arcebilpo defta Igreja o fancillimo ^ Ôc doutillimo varáo frey Earcholomcu dos Marcyres, gonernando o Reino de Portugal a Rainha dona Cacherina na menor idade delRey DomSebaftião feu neto. Abriofe em oito de Setembro dia do Nacimento de Noíla Senhora. AíTiftiráo

ncUe trcsBiípos íulíragancos^ Dom loáo Soares, de Coim- bra.-Dom Rodrigo Pinheiro, do Porto: Dom António Pi- nheiro , de Miranda; todos peíloas eminentes cm letras. Faltou o Biípo de Vifeu por eftar aquella Igreja neíla con- iuncão fem Partor. Fizerãofe Conllituiçoés , & Decretos muy bem ordenados^ fegun- do pedia o tempo,&: o ellado dascoufas. Durou ajunta íc- te mcfes , & veo a fe publicar o Concilio ao primeiro de Abril do anno feguinte de mil & quinhentos ôc fefenta &c íete. Foy apreícntado em Roma ao Papa Pio V. ôc vi- fto por autoridade Apoftoli- ca : efti imprcflb em liuro particular,que anda nas mãos de todos.

HSSSS

VIDA

6/

',í^^

VIDA

DE S. PEDRO

DE RATES.

PRIMEIRO ARCEBISPO DE BRAGA, Primas das Hefpanhas.

C A P I T V L O XIIII.

Trèga neíla a ley 6mngelica,çf funda^ a Igreja de ^raga^.

liftaS.Ioao. Falaó difcorde^

i,v;í>' '\\\\\\\\\\\\\\\\<\\\\m\f

O I dc todas as Prouincias do mundo ( iião falando cm Palelli- na) a primeira que recebco a luz do Euangelno cfta nofla de Herpanha^anticipandofe a todas as outras naFè,cm pro- noftico da muita vantagem^ qyc lhe faria no zelo de a prè- gar,& dilatar. Teue por mc- ftre , & pregador defta fua fe- licidade^ ao grande Apollolo Santiago, irmão do Euange-

osautores no anno dcíua vin- da a Helpanha. Parece mais prouauellançala no de 57. da Encurnaçio de Chrifto,& vi- timo do Império de Tibério Cefar jCm que a põem Flauio Dextro. Defembarcou o fa- grado Apoftolo neíla coíia do mar,quc corre do Douro aciGallizaj&em Braga co- meçou a dar principio a fua pregação; porque aly era bem fe cmpregaíTe primeiro íeu zelo , Sc gcneroíídade, a onde

Dex. in

fhron.an

Cn.ufíi 56.

Paãã. r*

hifl. Ec

if cet^

F4

mais

6S

Qapitulo XÍIIL

6

00-

mais reinaua a Idolatria,«Sí aí- lilliáo os Archiflamines, ou Sacerdotes maiores daGenti- lidade. Era neíle tempo Bra- ga cidade illurt:re,& Conuen- to luridico dos Romanos a que acudiãoas caufas ciucis, & crimes de muitas cidades 6c pouos , em tudo accomo- dada pcra iiclía fe fundar a pri- meira ^ & principal Igreja de Heípanha.

t Entrou em Bríi^a o Santo Apoíl:olo_,^ pêra entrar com eftrõdo detrouao ( cujo filho o chamara Chrifto Noílb Se- nhor) fc foi a húafepultura celebre , onde jazia encc-rrodo de feiícentos annos Santo Profeta ludcu de nação, & que aly viera dar com outros catiuos mandados de Baby- lonia porNabuchodonofor, chamado Malaclífas o velho, ouSamuel o moço_,& em pre- fença de infinito pouo, cha- mado por clleo refucitou^em nome de lES V Chrifto, aqué vinha pregar , & publicar por verdadeiro Deos. Bauti- zou o pouco depois, & dan- dolhc nome de Pedro o eí- colhco, &c tomou por pri- meiro, &c principal de todos feus dicipulos. 5 Ia fe deixa ver o efpanro.

& admiração, que nos âni- mos de todos caufariajaquelle prodigio-, rcfpeitauão , & ve- nerauãoao Santo Apoílolo como homem vindo do Ceoj ouuiãoiio como a embaixa- dor do Verdadeiro Deos ^ & como a meílapeiro de tão ale- grés nouas lhe entregauão poraluiçaras fuás almas, pêra que tirandoas das treuas da gentilidade, lhes abrifie a luz da Fe , & metefe no caminho dafaluaç^o.

4 Conuerriãofc também alguns dos Iudeus,de que auia grande numero em Braga^aíli pella riqueza, comercio da Cidade, como por aly aíllílir o deíembargo,onde fe deípa- chauão as caufas de toda a Prouincia. -

j" De Btaga (deixando jàfci- taBifpo delia a São Pedro) fe foi o íàgrado Apoílolo a ou- tras cidades de Hefpanha ,c5 o niefriío intento de nçllas pregar o Euangclho; Em Ca- ragoça edificou por mandado da Virgem Senhora Noíla. ( que fendo ainda naquclle. tempo viaalhe appareccq^a fua primeira Igreja , quclioje cl\arnão do Pilar , SaiK^iario dos mais notaucis Áo múdo,e

de cuja fijdação,& progrefios

atè

S. Tedrode Rates.

ICí7í1.Aíl

eh, el eh Bordaizs

FetrusCe tiediis m-

UoHin.iH

\r'tscanon. q.zzx.z

acecheganui

\ a i magcllacíe , em que hoje a vcmos^hà grandes volumes elcritos. ó Viíitada a mor parre àc Heípanha , & publicado nclla o EuaiigellTO, voltou o Santo ApoítoloaBragaa vi- litar aquelles Chrillãos, pri- mícias da Fe de Europa. Achou os ainda fem Igreja, cm que fe cclebraílcm os my- llerios lacrados. Pêra lha con- lagrarfpois a contradição dos Gentios não daua lu^ar a ou- tro mais publico ) accomo- dou em forma de capella hía coua junto a hum templo da DeolallisjOndechamauáo os BanhoSjC leuantando nella al- tar com titulo da Virgem Senhora Noílà,diíl'ealy mif- ía aíliftindolhe feus dicipu- los, aíli os que trouxera de leruíalem , como alguns , que por Heípanha fe lhe ajii- taráo,&: outros Chriílaos , q fe puderão achar prcfentes . Effafoia primeira fundação da Cathedral de Braga, os pri- meiros fundamêtos daquelle templo , onde depois íè cria- rão, òí íepultarão tantos lan- tos , & elclarecidos varões: efte o fegundo Santuário, que na terra teue a Rainha dos An jos, edificado pcllo Patrão,&"

o Paire AJonlh

if«.íí de Zarago

ca.

dcteníor de Heípanha. 7 Çntregou logo 6>ntiago aquella noiía Igreja ao ieu BiipoS. Pedro, & declaran- doo pello primeiro, & prmci- pal de toda Heípanha ^ o in- líruyo moíírandclhe qi;aes pelicas auia de ordenar Bií- pos , com que ritos , ík cere- monias adminiíbar os Sacra- mentos , &c outras coufas , q abaixo nos contara S. Atha- naíío , & a carta do Bifpo do Porto Hugo, onde com par- ticularidade íe refere. Seguiofe depois a partida do SãtoApo- ftoío a leruíalem , por Fran- ,<ça,lnglaterra,<5<: outras terras q hojcfaó de Venezeanos,on de també pregou o Euange- lho,embarcandofe em dos Portos de Galliza , que então fe chamaua Bri^antiú.ôc a^o- ra parece fer o da Corunha. Gaílou por Heípanha neíla fua peregrinação quatro an- nos ; veo no de 37. voltou no 1 -^^*''''' de 41 . com grande ícním^en- i Carus to dos filhos , que por eftas '^' ^"•^^ partes deixaua.Logo no anno' feguinte de 41. íucedeo feu marty rio fendo dcgollado por ElRey Herodes na fefta da Pafchoa. O dia de fua entrada cmHefpanha/e fcíkjaua neí- la, com particular fclênidade

corno

70

Qapiulo XJIII.

nas adJí- Max.

Bift4f. An

Chujli

37-

Ca yo, tn

37-

como o cellifica Heleca Ar- ccbiípo deCaragoça naqucl- las palauras.iVíc?»í?nV? dicf^fe- fius^ab ipfius in Hijpania in- grejju Sanai lacohi Zehedd Jilij cehbris habetur. 8 Da certeza delh vinda fò, duuidáoosque não querem pefar quanto monta húa tra- dição continuada por tantos feculos, & recebida por tan- tas Igrejas , quantas íaõ as de Hefpanha. FÍ7erão delia par- ticulares tratados •, o Condc- ftablede CaftcUa Ioa5 Fer- nandez de Vellafco \ D5 loão Eeltran de Gucuaia Arcebií- po de Compoftcla- Frey Frã- cifco de Xodar Carmelita ^ Dom Mauro Fcrrer Cailella-, loão Mariana, & GafparSan- chczda Companhia de leíus. Biuar, & Caro : comenta- dores dcDextro .aonde ie po- dem ver os autores jque a dão por certa.

CAPITVLO XV.

POEMSE O TESTI- munho de Sc.to Athanafio Bifpo de Caragoça,isf a car tadoBifpodoPortoD. Hu- go^emquefe confirma a que timos dito.

NT RE os

theíouros, q a malicia dos tcmpoSj ou a incúria de nof fos antepaílados, nos tinbaef- condidos , não tórao meno- res huns fragmentos deaigúas obras de SatoAthanaíIoBiípo de Caragcça, ôcdicipulo de Santiago,delcubertos La pou- cos annos pello Padre Bartho- lomeu André de Oliuençada Companhia de lESVS lente de Theologia no feu Collegio de Alcalà, & Prouinciai de Cerdenha^ naocafião que vi- íítaua aquclia Prouincia-, aly os achou em hua liuraria da mefma Ilha, & depois em ou- tra de Aragão , &c os comuni- cou ao Padre leronymo Ro- man de ia HÍ2:uera da mcfma

Com-

S. T^edro de Rates,

71

et

Catal.di htjfos í'»rto c

2:1. p.

Companhia, varáo bem vcrfa- do cm toda aanciguidadcj do qual depois vieráo às mãos do Biípo frey Pnidcncio de San- doual ^Chronilla de fuaMa- gertadc, de Efcolano. D.Mau- ro CaiUllafcrrcr,& de outros que c5 grandes approuaçoés os publicarão, como nos cm outro lugar diílemos . Os fragmentos dizéafsy. t EgonouiSanãum Petrú, primum Bracharenfem Epifco- pum , quemantiqmm piophe- tam fufcitauit Sanãus laco- bus Zebedtei filius magifier meus. Hic "venerat cum duode- cim tribubus mifsis àNabuchO' donofor in Hífpaniam Hierofo- lymis, duce Nabucho-Cerdan, <vel Pyrrho Hifpanorum pr^- feão. Diãus eU hic Prophe- Ta Samuel itimor , 'vel Mala- chias fenior,propter mor gr a' uitatem , i^ ^vultus pulcbritu- dinem Vrupropheu filius. Fa- ãus Epifcopus muitos lud^orú adfidem conuertit dicensfe "Yt- nijfe cum illorum maioribus^llf pradicajfe trãfmigratis,obffJJe "peró Viginti annis poU. adutn^ tum eorum inHiJpania. Hic yir Apoftolicus , acceptis á Sanão Jacobo Inflimtionibus Apoíio- lieis ^^uangelio., Í!f ordine mif- f^e , ae cehbratione Sacramen-

' torum j '))enit Bracharam^Epi- íiola^ Jpcíiolico plenas Jbiritu jcripfit ad Ecclefias/in quibus Epif copos infiituit , 'vt Irien- fem^ Amphilochenfem , Eminie- fem , Portuenfcm , 'vbi Sanãú Bajilium condijcipulum pofuit^ qui illiper martyrium fublato jticcefsit infede Bracharenfi Epitaciumin Tudenf. Ifii^i- ri diuiniplane^j Apoíiolici^ in- íiar Apo(hlorum non in ^vria femper njrbe morabantur , fed 'vbi rapiehat illos Spiritus Sã- ãusferebantur,'Ví Epttacius^ qui nonfolum in Tudenfidiace^ Ji,fed in 'vrbe Lufitani^eAnt' bracia pradicauit : quijignis, i^ ijarietate linguarum jpra^ dicationem illujirabant '. nec fali ibant pradicatumjedmul- tis difcipulis comitati^'Ut fecit Chriftus, Petrus , lacobus , ^ Apofioli cxteri. Vai em Por- tuguês. £« conheci a São Pedro B^o de Braga j a quem ofendo hum dos Profetas antiguos^rc' fucitou Santiago , filho do Ze- bedeu, meu mefire. EUe tinha <vindo com as do%^ tribus , qut de lerufale madara Nabucho- donofor aHeJ]panha, fendo capi tão Nabucho-Cerdam, ouPyr-^ rho prefeito dos Hefpanhoes. Chamoufe efi;e Profeta Sa-' muel o moço , ou Malachias

CPe-

72

CapiVdlo XV.

o -velho pella grauidade de jíUs cojlumes , l^ fermcfnra de feu rojlo. Foi filho de Vrias Profeta. Feito Bifpo comterteo muitos ludeus á dic^ndo, que elle Viera comfeus antecef- fores , Í!f lhesprègara,tf mor- rerauinte annos depois de che- garem a Hefpanba . Esie ija- rão Apojlolico , recebendo de Santiago as inTiituicots Apo- flolicasy o Euangelho , is^ orde de celebrar mifa , tf os mais Sacramentos ^yeo a Braga j ef- creueo muitas cartas cheas de Jpirito ApoUolico dsJgrej.ts, em^posBiJj)os]Ccmoforao Iria, Amphilochia , Eminio , ^ o Porto : onde pos a Sâo Baflio feu dicipulo , o qual depois dt feu martyrio lhe fucedeo em Braga Jjf pos em Tui a Epita- cio. Esles Varões diuinos ., ^ <uerdaddramente Apoftolicos^ nao [e d&ixauaofempre eUar em bu lugar , mas á imitação dos Apojlolos difcorriao por todos aquelles onde os leuauao S pi- rita Santo: como Epitacio , que nao pregou em Tui , fenao também em Ambracia , cidade de Lujitania : illujlrando todos fua pregação com milagres , ijf variedade de línguas. Ntelles fahi^to fés a pregar o Euagelho, mas leuauao cofgo muitos dicipu

los.d imitach de Chrisio. SaS Pedro,Santiago,i:f,m4Í<s Apo- ftoíos. '

3 QMaes fejão as cidades cie que ncltcs fragmentos fçfaz menção j he ccico,c|ue Iria fecíiama hojeo lu£çar do Pa- drão cmGaliizajBifpado muy antiguo_,que ícpafiou aCom- poftèla depois que íe acharão as relíquias do glorioío Apo- ítol o Santiago. Aniphilocliia fe chama Oreníe, cidade Epif- copal no Reino de GaUiza; foy edificada por hum capi- tão Grego chamado Amphi- loco, que lhe deu o nome-,de- pois de perder eftc conferuoii ode Orenfe, que hoje tem. Eminio he a viila de Águeda no Bifpado de Coimbra, cida- de antiguamcnte Epifcopal, como adiante diremos-,o Por- to cõferua hoje o meímiO no- me, & grandeza. Ambracia^ onde foi pregar Santo Epita- cio , o Bifpo Sandoual a íàz Plafencia , dentro da qual ain- da hoje dura certa torre cha- mada , Torre de Ambros, íun- dação de Gregos , em memo- ria de outra Ambracia de Gre- cia^agora Larta^ãc que fazem menção Ptolomeo, Strabam, & Phnio. 4 A carta de Hugo , qucfe

li.

Sãj Tedro de ^R^tes.

7i

; an. Chrif

ti

> )■

tn cems^ ad Dcx.\

íeí^ue deícobrioo Leccccado Gâípar Aiuarcz Louíada no Cartório de S. Cruz de Coim- bra é liaro antigiio de pcr- íjaminho de letra «^Totica.iura- métecõaChronica de SãPiro: tralairei Francifco de Bjuar entre os elogios deFlauio Dex rro,&:faz delia méção na pri- meira apologia peílo meímo Dextro, & em outros lu^a- res. Diz afsy Hugo, referindo as palauras deCaledonio. j S . Petriis ciuis Br achar e- fis^quilif Samuel diólns, a Sa- cio lacobo loannis fratre ^ Ze- bedccifiliofufcitatusjn Epifco- píiBracharcfcm cófecratus cí/, Í5f ab eo mij^iis muitos ibi eius generis ex tribubus difperfisjj' ghiles couertit. Inde digrejfus, Tyde, Mce^ predicai:, i^ per tota marítima ora adpromonto riú'ufij^ Cynthiú,fiue et Vlyjeú. Infiituitquè ex difcipulis fui magiflri^ quosfecú adduxerat, Epifcopos Portucale , Eminio, ConimbriC'e,Vlyfipone,Í!fvltra N er eu promotor iú, ai ws: i!f ad eius exepiú,non in yna tantum Ciuitate cómorabatur ^fed ^lo Jidei, mediterrânea citra,Í5^''ul tra Tagú,populof(j^/ibi cómif- fos ambieSyEgitani.ejCa lletiíC, Emérita, Ambraciee^i^f inalijs Fethnú,^ Ltétanorú urbibus

yerbii Der dijieminat^^ tr^fa- 610 ad Panonias Durwjn B ra- charam Jugujlam redijt.Qum- decim menfibus •'vix fere ehrpfs eius magifier lace bus ad C^- farauguíiam ecdicidam excita- rat in honorem Deipar^e Vir- ginis , creatOíjj inibi Athana- JíQ, dijcefsit , (f Bracharã ije- nit, 'ubifacrat eidem Domina cumPioHiJpalenJi ,1^" Elpidio Toletano Epifcopis, iff alijsex primis eius difcipulis aliam ^diculam in quadam crypta prope Balnea iuxta tcmplum ab Aigyptíjs Jfidi quondam di- catum , Í5^ inde Brigantia na- icim tranfcendcns m Britania appulit^ reliSlo Brachar^e Sane to Petro eius Vicário , i^ pri- mário inter alws , quos facra- rat in Hijpania, Epf copos.

Sao Pedro cidadíio de Bra- ga,o qual tíibemfe chamou Sa- muel^refucitado por Santiago filho do Zebedeojrmao de lor.o, foi confagrado Bijpo de Braga-, CQuerteo muitos ludeus dasTri bus q andauão efpalhadas,e mui tosGetios. Partio daly a pre- gar a Tui^ e aoPadrao/por to- da a cofia do mar ate o cabo de S.Viccte,ou deLishoa.Dos dici pulos defeu mesire,q cofigo leua uafirdenoualgúsBifpos, no Por- to,Agueda,Coinibra,l!fLif boa,

G &

74

Capitulo XV.

Isf outros alem do cabo de Fini- Herra^ imitando a [eu mestre naofedeixaua eflar em híiajò cidade , antes com o ^elo da correndo todos os lucrares do fertao^ àquem^ i^ Mc do Tejo^ if uijitando os pouos que lhe for ao entregues , femeou apa- laura de Deos na Idanha , em Calencia ^ Merida , Plafencia, tf em outras cidades dos Ve- tots^ Iff Lu(itanos. PaJJando o Douro em Panonias,fe tornou a Braga Augufia . Pajfados quaji quinze mefes , feu mefire Santiago edificou emC aragoca hum pequeno Oratório em hon- ra da Virgem May de Deos^Í!f pondo a hypor Bifpo a Athana- fio fe recolheo a Braga^onde c6 Pio Bifpo de Seuilha , Elpidio de Toledo, l^ outros de [eus principaes dicipulos, confagrou ámeÇma Virgem outro peque- no Oratório em lugar foter- raneo junto aos Banhos , í^ perto do templo , que antigua- mente os Egypcios kuantarao à Deofa Ifis. Dahy indofe em- barcar à Corunha ^ foi tomar porto em Inglaterra,deixando em Braga a São Pedro por feu Vigairo , tf Primas entre os mais Bifpos^que confagrara em Hejpanha. 6 Do templo cíclíís em que

fala Caledonio, junto do qual fe edificou a primeira Igreja defta cidade ^ ha ainda oje memoria cm hija pedra, q eitá detrás da Capella de Saõ Giraldo, & diz aísy.

IJidi Aug.facrum. Lucrécia Fida Sacerd. Per P.Rom.tf Auguft. CÓuetus Bracar Augufl. D.

As letras, & vcrfos, quefefe- guemnãoíevem hoje nefta pedra •, dcuiaõ eftar no tempo queíc conferuaua inteira, & não tinha a diuiíaò que agora moftra depois que o tempo a foi gaftando: memorias ha que elbuerão nella.

Titus Ctclicus Tripés. Fronto,if M.t^ L.Titi Ftlij Pronepotes Ceclici Frontonis renouarunt.

Afpice quãfubito marcet quod

fioruit ante! Afpice quamfubito, quodiietit

ante , caditl Nafcentes morimur ,fimfjj ab

origine pendet, Ipfaq^ <uitafutcfemina mortis

habet. Parece que quer dizer . A Chãccllaria de BragaAuguíla,

dedicou

Sao Tedro de '\R^te$.

7S

lyffmsm in( npiio tiibds ati'' tiqms. I LoayCítm notts ad I tertium I ConftUít Bra(har.\ Eltas Fi- naus m | comst.ad Itb. df vf hihus iUh Jir.Aiifo- \nij.

dedicou dle céplo a lils Augii íla íendo Sacerdoniza Fida Lu- crécia pclloPouo Romaiio^& pcllos Auguílos, Tino Cclico Tripés Fronto _, & Marco, & Lúcio filhos de Tito , biínc- tos de Célico Fronto o reno- uarão.

7 Tinha aDeofa líis particu- lares donzellas que a íeruiao, & lhe coníagrauão íua pure- za j húa dertas , ou a principal era Lucrécia Fida, Fundarão o templo os Egypcios em tem- pos muy antiguos, como dif- íemos atraz. Puzeráono em melhor forma os de Braga, & vltimamenteo renouaráo os de que fala a pedra. Anda eíle letreiro cm luito Lyplío , em Loayfa , & Elias Víneto. Os vltimos dous diftichos pa- recem de tempo mais moder- no , porque nem elles fazem muito ao intento dos redifi- cadores , nem em obras feme- Ihantes, coftumauao por taes poeíías. A íua ícntença he di- gna de outra pedra mais pre- ciofa_, que a em que elles fe liaõ.

CAPITVLO XVL

DEFENDENSE OS

fragmítcs de Sf.to Àtbana- Jio ; refutcofeas re^és dos que os impugní-.o.

fe pode facilmêtecrèr a cõtradicão

com que ai- Eflaçoc gí\s Autores s^<^59 pretenderáo desacreditar elles ~; fragmentos, deícobrindo ( a íeu parecer ) nelles tantas , ik cão manifeítas defconucnien- cias,quea ferem ainda aíli aui- dos por de Santo Athanalio íeriaa mayorde tcdas.Bemíe poderão paílár em fdecio pel- la repofta , que ja outros lhe derão- mas por não parecer, q calandoas fe admite , as pore- mos também aqui. Dizé pois em primeiro lugar diícorrédo pella narração dos fragmétos. z Com que rczão pode di- zer Santo Athanaíio,q íeu cõ- dicipuloSão Pedro de Rates, & dicipulo do grade Apollo- lo Sãtiago viera as dozeTri bus mandadas de lerufale por Nabuchodonoíor aneípanha, fe nem Nabiichodonofor veo ^

G i

nunca

1(^

Captulo XV.

nunca a efta Prouincia , nem venceo das doze Tribus,em tjiie eftaua diaidido o pouo ludaico, mais que as duas de Leui, <S<:dclLidà, cuja cabeça era a cidade de lerulalem^que elle deílruyo,& não as ou- tras dez, que percéciaõao Rei- no de Samaria, & propria- mente fechamaua Ifrael, com quem cile nunca teue guer- ra , nem a podia ter , pois ao tempo, que veo fobre leru- falem,jaas dez Tribus eraò deftruidas , & leuadas catiuas aSyria por Salmanazar Rey dos Afsyrios , como íe con- ta no capitulo 17. do 4. liuro dosReys.

3 Em íegundo lugar exa- minando aqucllas palauras, que Sa5 Pedro fe chamara pri- meiro Samuel o mais moço, ou Malachias o mais velho, pella grauiJade de fcus coftu- mes , & fermofura de feu ro- llo, filho do Profeta Vrias. Dizem^bem poderiao os He- breus defterrados dar aSaõ Pedro o nome de Samuel o moço, quando viuia entre elles, porque ja tinha paflâ- do outro Samuel mais anti- guo nos annos, de q ha gran^ de méçáo,no primeiro, Sc fe- gundo liuro dos Reis, onde fe

contáoos íuceílos de leu ^o- uerno,no tempo que foi luiz do pouo de Deos ; mas q d\cs lhe chamallem Malachias o mais velho naõ podia por ne- nhúa maneira íer, porque o outro Profeta Malachias, que a feu reípeito auia de íer o mais moço , & he o vitimo entre os Profetas , a que cha- mamos menores , foi muitos annos adiante, & profetizou em ludea muito depois de acabado ocatiueirode Nabu- chodonofor , & redificado o templo,como bem conieflu- raraõ feus cxpoíítores, em eí- pecial os Padres Gafpar San- chez, de Cornelio á Lapide da Companhia de lESV. Alem difto o ProphetaVrias,de quê dizem foi filho , fe he aquelle de que fe faz menção em Je- remias, & foi morto por loa- chim Rey de ludà, nem pare- ce teue filhos, nem foi cafa- do,pois diílbnenhúa menção faz o texto fagrado , nem São leronimo fobre elle. 4 Em terceiro lugar conti- nuando co os fragmentos em quanto dizê, q Saõ Pedro de- pois de refucitado, recebendo de feu meftre Santiago as In- ftituiçoésApoílolicas,oEuã-

gelho , & ordem da miíTa,

.

Sao "Pedro de '^tes.

77

&: ctlebraç.io dos Sacnmen- ccs.veoa Bracra. Arquem ais V. Sc a primeira ordcnijquc tiiie- rão as Coníliiuiçoés Apofto- licas, Sc a primeira vez que le viraõ e^criras/oi por SaõCle- mcnredicipulo de Saó Pedro ja depois de ter fua Cadeira cm Rema, & por ventura de- pois de íer morto ? como as dcii Santiago a feu dicipulo SaÕ Pedro tantos annos an- tes ? E íe dos EuaneeliRas Foi o prim.eiro cj eícreueo buan- eeiho SaÕ Matheus , oito an- nos depois de Chriílo íobido vfdeMaf\^ aos Cccs , Sc HO tcrceifo do ■'^;";_;;;'':l Império de Caligula.prègan- >Euai:geh | do ja SaÕ Pedro , & Saõ Paii- ffarric.jf' lo em PvOma , coní:orme os melhores cxpofitores, como deu a feu dicipulo Saõ Pedro, ogloriofo Santiago Euange- Ihocm Heípanha logo que vco a eila, fc ainda o Euange- Iho não era efcrito, nem o foi dahy a muitos annos? Quem o ercreuco?Ou aq Euangelifta o auemos de atribuir? c Dizem em quarto lugar, que Saõ Pedro de Rates- naõ podia inílituir Bifpos em ci- dades que não crao no mun- do,nem foraõ da hy a muitos annos edificadas. AdeEmi- nio,quc vulgarmécc nomcao

por Águeda, começou a ícr Cathedral no terceiro Cõcilio de Toícdo,m2Ís de quinhccos &c quarenta annos adiante dos tempos em q viuco SaõPcdro de Rates. A do Porco come- çou pouco menosj fe os Sue- uos,como pretende íeus mo- radorcSjfcrão os q lhe deraõ principio em o íício q hoje lc. 6 Dizem em quintolugar, que a todo o bom juizo pa- recera couía eícufada _, ^ íu- perHuarefucirar o SantoApc- itolo homem q auiamais de íeifcentos annos ( confor- me às contas que fazem bons autores) era morto, pêra o fa- zer Bifpo de Braga , quando pêra outras cidades de igual grandeza, fe contentaua os que enta Ó viuiaõ, & delles lhe dauaBiípos, que íantiíhma- menteas soi-ieri^auaõ, fem os ir bufcar ao outro mundo, donde trazellos tinha írran-

o

diflimos inconuenientes, por ventura mayore? , que os ja apontados. Porque fe S. Pedro quando lhe chamaiiaõ Samuel o moço, ou Mala- chias o velho, & era hum dos derterrados de lerufalem , vi- nco conforme a ley de Deos, como em efteito viueo , íal- uoufefem duuida, & íua ai-

G 3

ma

7^

Qafítulo XVI.

ma quando fe apartou de feu corpo foi Icuada ao íeyo de Abraham , onde hiaõ as dos outros juílos, & dahy na ploriofa RefurreicaÕ de Chriílo íahyo tambcglorio- fa, íobindo com cllc aos Ccos em companhia das mais que então o acompanharão . E não feria bem, queahúaal- ma, queeR-auanoCeo, tirai- íeDeos da bemauenturança^

6 lhe furpendelíe por tantos annos o que ja lhe tinha da- do^por húa tão leue occaíião, como vir a ícr Biípo deBraga, aucndo tantos que o podião íer ; quanto mais,quea bem- auenturança, de que íuaahna jagozaua, na opinião dos me- lhores Thcoioíios acoitados a Santo Thomas pede de lua mefma natureza perpetuida- de na duração, em forma que não p o fla acabar.

7 Dizem vitima mente que ainda que eftcs fragmentos não tiuerãoalgíjadas contra- dições que padecem, bartaua pêra ferem dados por faltos apparecerem tão de repente, que nenhum dos autores an- tiguos argua, nem leuante a matéria principal dellcs •, nem dos modernos hàquemfea- treua aos admitir por naó

admitirem tantas impofsibih- dades.

8 Atéqui chcCTrloos auto- res de que imos falando, os quaes aconíelhão que osfrag- mentos íe tornem a recolher àsliurarias da lihadcCerde- nha, &: Aragão , onde primei- ro forão achados. 5> Rcípondendo agora ac- ílas contradições, aduirtimos ao leitor que por nenhum caio põem duu ida os autores, qucduuidão deíles frajnnen- tos, cm S. Pedro de Rates ícr o primeiro Bilpo de Braga, vc principal dicipulo de Santia- go, porque iílo confcílao li- beralmente, &comno{co vc- nèrão íuaspreciofas relíquias. He pois a iua duuida princi- pal íobre elle ler ludcu de na- ção vindo com os dcílerra- dos de lerufalcm aBabylonia, & da hy a H elpanha,& íer (de- pois de morto na ley deMoy- lesmais de feiicentos annos) rcfucitado outra vez^ á: feito Chriilãopor Santiago, pêra eíFeito de conuerter os ludcus feus^naturaes , & i^ouernara Igreja de Braga_,como íeu pri- meiro Bifpo, & Paftor. IO E porque daqui come- cemos i faõ tantos os Hiilo- riadores, que admitem por

aucri-

S.Tedrode Rates.

79

auciiguada a vinda de Nabu- chodonoíor a Heípanha, que íóreferilos ícria grande mo- leíHaxicáonos os que na mar- gem allcgamos. Não íaõ me- nos os que aílentáo íercm mandados os ludcus peilo meímo Nabuchodonoíor a todas eftas Prouincias^como conquiíladas por elle. E íe cilc Rey não venceo das do- ze Tribus mais que as duas

Fir.eiid:.

SaloTKO.

B;:uír til

De.xtrít

nii.jS.n.

yírraes dialog.z

^2'.vir/o\ todas eftas Prouincias^como

tib.uc.a.

de Leui , & ludà , quando de- íiruyoaIeruíâIem,com nudo muitos dos fogidos , & que poderão efcapar do deítroço desamaria por Salmanazar, he de crer íe rccolherião a íeus irmãos os da Tribu de ludà ate ferem junta mente leuados catiuos a Babylonia. Enefte íentido be pode eícreuer Sãto Athanaíío , que Nabuchodo- noíor venceo as doze Tribus j quanto mais , que íem eíla conie(5tura íe falua o que o Santo efcreueo, ôc dizemos fragmentos j porque vindo Nabuchodonoíor por fuás grandes vitorias a fer fenhor de todas as terras ^ que forão de Salmanazar, como euiden- tementc fe colhe da Efcritura Sagrada^&o nota Iuliano,cn- trando nas meímas terras os Hebrcos das dez Tribus , &

inChrcn. anChri-

íicando feus catiuos ^ bem os podia mudar pcra onde qui- [qUí^ juntamente com os que Icuoude leruíalem das duas Tribus deLeui ,&íudà^como feuabíoluto íenhor: ô>: ainda que os fragmentos parece dizem que todas as doze Tri- busforãode leruíalem, toma o Santo Icrulalem por toda Palertina , como he frafe vul- gar na Efcritura Sagrada.onde pella cidade principal, & Mc- tropoli de to da a Prouincia fc entende o Reyno cuja cabeça . E com eíleito de Paleíti- naf

airaoas qozc

:TribuSjque vierão aHefpanha por ordem de Nabuchodonoíor_,porque as dez Tribus fairão no cati- ueiro de Salmanazar , as duas no de Babylonia : aísy que nenhua contradição padecem neíle particular os fragmen- tos _, nem lha achaõ quantos autores dão por certa a vinda de Nabuchodonofor a Hq[~ panha , & com cUe, ou de or- dem fua,a grande multidão de ludeus que a pouoaraõ, Òc inficionarão,

II Menos contradição tem ainda o que em fegundo lugar allegão, por<]ue náo he ne- cefíario, pêra de dous homés do meímo nome fe chamar

G4

hum

so

Cajniído XVL

mais velho ^ outro niaii moço, que ambos viuáo ao meímo tempo _, doutra ma- neira tiraríehia nas famílias co da a boa diílinçáo, onde por cll:c5 termos mais velho ^ & mais moço ie fmiíicáo ho- mens ^ queviuerío hunsdos outros muitas centenas de annos ; he efta dillinçao do velho , & do moço ^ por or- dem aos que depois forão^pc- raqueíe entenda de quemh- láo , não fempre dos preíen- tes. Os Hebreus deílerrados, que conhecerão, ou tiueráo noticia do noílo Saõ Pedro quando era Malachias^chama- uáollie mais velho \ não logo,, mas quando depois veo a íer nomeado o outro Malachias, o mais moçOjpor ferem am- bos Profetas, & ambos Va- rões SanciíTímos. Bem fabe- mos , que SaÕ leronymo faz a Malachias o mais moço, que he contado entre os Profetas menorg;s , ja nacido , & pro- fetizando no cerco de lerafa- lem, & he dos que també fo- rão deílerrados, e nefte fenti- do vai ainda menos a contra- dição fep"unda contra eíles fragmentos , pois então era direitamente chamarem os Hebreus a São Pedro Mala-

(■"tde cmm.

chias o velho, & ao outro Profeta Malachias o moço, viiio como ambos erão do nicimo tempo , òí o noíío o antecedia nos annos. Porem mais certo parece que Mala- chias o moço morreo, & profetizou em ludà depois de acabado o catiueiro , íí^l redih- cado o templo,<?c que não fo- ráo hum & outro contempo- râneos. A íegunda parte da duuida ferefponde, queain- daque a Eícritura Sagrada não Cormlã diga que o Profeta Vrias tiuef- fc filho , tudo não o nega, &o argumento deomiííaò, naõ condue, nem tem força. Bafta pêra lhe darmos credito hum autor que o airirma,ain- daquc outros o não digaõ. li Ao que dizem em ter- ceiro lugar das conilituicoês ApoftcIicas,&: Euangelhohc muy facil a repoita, porque aindaque o primeiro, que pos em cfcritura eílas Coníf itui- coêsfoiSaõ Clemente, &o primeiro, que cfcreaeo Euan- gelho S. Matheus •, toda via como a boa ordem pedia, que antes de os Sagrados Apoíío- los fediuidirem pello.mundo aflcntaííèm entre fy o que auiaõde pregar, mandar, ordenar acerca do Euançelho,

O

&

S.Tedrode Rates.

81

Ã: adminiftraçáo dos Sacra- iT.entos; alsy era bem, quedou poreícrico, ou de memoria leiíaíle cada hum eílas mef- mas couíasjpera as eníinarem^ darem aos fieis , principal- mente aos que ordenallem Biípos , Òj Paltores das oiie- Ihas j que íe vieílem ao reba- nho de Chriíto. Tal aconte- ceo ao Apoftolo Santiago- aquellas meímas coufas , em queaflentarãoos Apoílolos, edetreminaraõfe guardaíTem pcUosChrillãos nell:a,& na- quella matéria , a que os frag- mentos, chamão Conllitui- çoés Apollolicas, eflas deu,& eníínou a íeu dicipulo Sa5 Pedro de Rates, fem lhe íer neccílario efperar pellas que cícreueo,& publicou SaõCle- mentcjcomo também aquel- le meímo Euangelho,que elle vio , òc ouuio , &r de que foi teftimunha de vifta, como dicipulotão ertimado deChri- fto^eíTe mcfmo, que foi o que depois efcreuerão os quatro Euangelitt^as , & Saõ Paulo chamaEuangelhofeUjeíle deu, & enílnou ao mcfmo Saõ Pe- dro de Rates, como íem con- tradição algúa eícreucm os fragmentos. I 13 A quarta contradição

das Igrejas em que Saõ Pedro de Rates pos,&: ordenou Bií- pos cuja fundação querem fa- zer de menos antiguidade : íe reíponde, que no que toca ao Porto,onde Saõ Bafilio foi o primeiro Bifpo,nenhúa duui- da ha foi cidade mais antigua que a pregação doEuangelho, ou vinda de Santiago a Hei- panha,naõ no litio,que hoje tem, porque eíle efcolheraõ osSueuos j mas no deGaya, donde fe mudou como dilíe- mos no Catalogo dos Bifpos do Porto. Chamauafe entaõ Calc,& pello bom Porto,que aly faz o Douro, íeveoacha- mar Portocale , donde o Rei- no tomou o nome de Portu- gal i faz de Cale mcnçaõ An- tonino no feu itinerário. Emi- niojuntoa Águeda foi lugar antiquiílimo , òí nelle ouue Bifpo na primitiua Igreja, po- ílo por Saõ Pedro de Rates, & defte Bifpado fe faz men- ção no primeiro Cõcilio Bra- charenfe , que traz frcy Ber- nardo deBrito tirado da liura- ria de Alcobaça , &; o lança- mos no cap. 9. dcíla hiftoria dõdc fe conuence q faõeíles lugares mais antiguos,do que os contraditores alfirmaõ. 14 A quinta contradição

em

I /». c. r.

c.z.fag. 26.

82

Qafiudo Xn.

em quanto fazem alheo de to- do o juizo auer tal reíur- reiçaopor tão Icuecauía^co- mo a de ler Bifpo de Braga Saõ Pedro j refpondemos^q naõ era Iciie cauíà , antes de muito peio bufcar pcra húa Prouincia como a de Heípa- nha hum homé_, a quem por leu profecajói natural coníie- cido de ícus auòs , deíi'erra- do com ellcs refpeitallem, & veneraílem os ludeus, que naqucUe tempo viuiao por eilas partes. Leucmentc culpa quem tem por muito reíuci- tar Santiago a SaõPedr o mor- to de feiícentos annos pêra fundar a emHeipanhajpera íer Primas de todaella , pêra fullituir as vezes de fcu Me- ílre Santiago, que íe aufenta- uai em fim pêra fer Meílre, Pay, & Apollolo dos Hefpa- nhoeSjComo lhe chama o pri- meiroConciiiode Braga.Bem íe vc quaes eftauão então os ludeus de Heípanha^^: quan- to necefsitauão de quem por natural os conuencefe, por da mefma ley algua hora os encaminhaíle , Sc por morto de tantos íeculos os encheíe deefpanto. Afsy que não foi leuc o fim a que efta prodigio- I fa rcfurreição fe ordenou : foi

digniílima ca prouidcnciadi- uina pois delia íe íeguirão ^ ôc leguem ainda tantos bens. 15 Epofto que foiprodi— giofa eita rcfurreição de Saõ Pedro morto de tãtos annos, não he com tudo marauiiha, & milagre tão nouo,quenão aja outros femelhantes, com que fepoílã confirmar, & cõ- ucncer a opinião dos que o negão. Seja o primeiro o que fe conta de Saõ Maurilio Bif- po Andegauenfe em França^q hoje fe chama Argies. Dizen- do miíTaeile Santo chegou a ellc húa molher com filho, q eílaua em artigos de morte, pedindo lhe deíle o Sacramé- to da confirmação peraque morrcíle com a graça delle. Amauao a may muito pello auer alcançado íendo elferil por orações do meímoSanto. Deteueíe elle muito no íacri- ficioda mií]a,& entretanto o moço cfpirou . Pareceoao Santo , que por culpa fua morrera fem o Sacraméto da Confirmação , ôc foi tanto o fentimento que teue , que de- terminou calli^ar em fv aqlle deícuido com nouas,c afperas penitencias. Pêra eítc eftcito íe íahio fecretamçnte da cida- de, & fe embarcou em hum

nauio

/^V

r'

S. Tedro de Rates.

83

nauio, ciõdc íaindo em terra íc concertou com húa pefloa principal pêra Ihecultiuar,^,: ter cuidado de húas hortas . O ClerOj5.: pouo de Argies vcn- doíeíem Paftor ficaraó ma- goados,&: confufos^ &c muico mais depois que Deos c5 va- rias viíoés os foi períuadindo, que buícaírem íeu Prelado. Tratarão de o fazer, & cfco- Ihendo quatro cidadãos dos mais calificados , & prouen- doos de todo onecellario pê- ra o caminho, lhes ordenarão que não tornaílem fem lhe trazerem o fcu Bifpo,por quê tanto fufpirauão. i6 Muitos annos andarão neib demanda ate que por húa reuelação que tiuerão do Ceo chegarão a caía daquella peí- íoa principal, & viraõ a Mau- rilio queleuaua ortaliça pêra o íeruiço de feuamo ^ conhe- cerãono , & marauilhados fe lançarão a feus pès ,& lhe dif- fcrão quem crão,& ao que vi- nhão pedindolhe fe tornafle comellesa Argies pêra bem, e proueito daquellas ouelhas, que Deos lhe tinha encarrega- do . Turboufe o Santo com aquella nouidade tão repenti- na, depois de tanto tempo de aufcncia. E ainda que lhe fa-

zião grande força os rogos, Si lagrimas daquelles cidadãos, nao fe deixou vécer dclles,an- tes coníultou com o Ceo o q auia de fazer, & pondoíe hv.a noice em oração adormcceo^ & viohum Anjo,quelhe dií- fe fe leuantaíle,& fizefle o que deíejauaõ fuás ouelhas , pois por luas orações Deos as ti- nha guardado. Com ella re- uelação do Ceo fe pos o San- . to Biipo no outro dia a cami- nho acompanhado de muita gente, & defembarcando no íeu Biípado foi recebido de feus fubditos com grande fe- ll:a,& alegria de todos. En- trou na cidade , & foi à fe- pulrurado moço,onde fazen- do oração a Deoj que o reíu- citaíle, ao mcímo paílo que o Bifpoíe leuantou da oraçaõ, fe ergueo o moço da fepultu- raaucndo muitos annos que jazia enterrado nella. Chrií- mou o logo , chamoulhe Re- nato, que vai omeímo que duas vezes nacido •, dedicou o à Igreja, & Deos o ornou de tantas virtudes, que mereceo fuceder noBifpado ao mefmo S. Maurilio, ^ refplandecer com muitos milagres , iV fer digno dicipulo de tão grande meftre.He de Sãto Antonino

Anton.z,

p.daftitn. hl/?. ti. I o

oq

ue

H

Snri9 r, to.em i3 de Sftíb.

Flejfant. \

2. p. 1 7.

de Set'if.

V^tnehio

ttm.Uno

fpec.hiji.

tib-i-jx.

Capitulo XVI.

o que temos referido, de Lou- 1 lenço SuriOjRibadenerajVin- cenciOjcS: outros Autores. 17 Tenha o fcgundo lugar outro milagre femelhantc de Sáto Eítanislao Bifpo de Cra- couia feito em hum defunto de três annos que rcíucitou. Comprou efle Santo pêra íua Igreja híía herdade a home chamado Pedro^era ja morto, auia três annas , &c os herdei- ros por comprazer a ElRey de Polónia Boleslao moueraõ demanda ao Bifpo dizendo q lhe tinha vfurpado aqlla he r- dade.Naò ouíàuaoas teftimu- nhas dizer a verdade com te- mor dei Rey. Pedio o Santo três dias pêra trazer aly ao vê- dedor defunto. Concederao- Ihos z ombando da promella, de muito mais da confiança de quem a fazia. Gaitou o Sá- to os três dias cm oração , & no fim delles depois de dizer miííafoi à fepultura onde cfta- ua o defunto -, mandou tirar a pedra, & defcobriro corpo-, tocoulhe o bordão, que ti- nha nas mãos , & mandou que fe leuantaíTe.Obedeceo o morto , & leuado a j uÍ2 o de- pôs claramente que o preço da herdade lhe fora entregue, & encarregou a todos os pre-

ícntes fizefícm penitencia de fcus peccados , &c íe arrepen- deílem da molcltia , que cen- tra j uíHça auião dado a Ella- nislao. O Santo Bibiípo lhe perguntou íe queria viuer al- guns annos ncile mundo^que lhos alcançaria de Deos. £í- colhcoPedro tornarfe antes à ícpultura,que ficar em húa vi- da taõ pcrigoía, dizendo ao Santo que eílaua no purgató- rio , òc que lhe ficaua pouco tempo de pagar os peccados que auia cometido, que mais queria cftar leguro de íua íal- uação,que porfe encontin- gencia de perdela , tornando ao golfo dcíl:e mundoj ío lhe pedia que rogafle a Deos lhe remitiíle aquellas penas, Sc o leuaíle dcprella a gozar da bemauenturança- Pvefereelíe milagre Lourenço Surio , Vi- Ihegas , Ribadenera , & ou- tros.

1 8 Naõ he menos notauel, o q efcreuc o Padre frey Fran- cifco Gonzaga de outra refur- reição igualmente prodigiofa qucnas Canareasfcz oBema- uenturado Saõ Maclouio in- do de Efcocia a viííralas. Foi eíte Santo varaõ o primeiro pregador Apoftolico queti- ueraõ aquellas ilhas. Ncllasan-

Sario to. 3. 8. de\ Aíayo c. 16.

riiieg cr

Ribad. Flofmt. 'i 7. d.e Aíay}

De ori^im nc ReliJ gwnis Fric.^. pJH frin.

tou

S^o Tedro de Tl^ates.

85

dou rcceannoseníínando_,cõ- ucrccndo^»?!: conquiítancio al- iras pcra o Ceo. Entre outros milagres que fez de grande ef- panto pêra os naturaes foi re- lu citar Gigante de eftra- nha grandeza morto de mui- tos annos, o qual rererio , &: contou os tormentos que pa- dcciác no Inferno os ludeus, 6v; Ge tios .Foi bautizado pcUo Santc,& viueo depois muitos annos com grande admiração dos que o viaõ, «Sc rcíultou do milagre grande fruto fpiritual em todos os moradores da- quellas ilhas.

19 Eemadmirauelhco qdc huafanta donzella nofobre- nom.e também admirauel, & no nome Chriílina^cótaÕ au- tores muy graues.Morreo ci\a Santa de idade de doze annos em SantoTrudon cidade de Alemanha •, foi leuada ao lu- gar do Purgatório ,ondevio, & confiderou os grandes tor- mentos que nelle padeciaõas almas , & doeo de náo po- I derajudalas_, ÔJ focorrelas-,da- hy foi aprezentada diante do Tribunal Diuino, onde Ihefoi dito, que efcolheílefe queria ficar na bemaucnturança, ou tornar ao corpo, & fazer pc- I nircncia pellas almas do Pur-

gatório, de cujas penas tanto lelaítiraara/pcraasaliuiar, & alcançar poí liio depois may.or oloria. Eicoll;co a Santa tor- narao mundo, Viueo quaren- ta & dous annos gaílados em aiperas penitencias, ^ obras admiraueis em aj udadas almas do Purgatório. Depois íe toi pêra oCeo onde alcançou ma- yores grãos de gloria. Saõ au- tores deíla hiitoria lacobo Biípo de Ancona , Dioniíío Cartufiano,LaurencÍQ Surio, frey Dimas,Ò<: outros. 10 ciles , & outros cxc- plos que pudéramos referir, ficara a rcfurreição de Saõ Pe- dro de Rates menos duuidoía no parecer daquelles que por noua, & rara a quifcráo im- pugnar , vendo "que lendo da melma qualidade, & com as incímascircunllancias os mi- lagres que referimos naõ ouue ate gora quem os j ulgaíle por fufpcitos , nem quem tomaíle a pena pcra calumniar. os au- tores que os aífirnuo,&dáo por certos.

t

4. Áe na» f*tfí. Art.

Sí,r to.^, mcHJe Ih

rltj, Damaf,

tYAt. do

Purgat.

H

GAP.

-fl"

86

Capimlo XVÍI.

íL\'-^'C

CAPltVLO XVÍI.

C O N.Tl N VA A MA TE- ria do capitMÍo pajfado em defanfaò dos . fragmentos . de. ' fanão Athanajw. . .. > -;. r

EDE mais a quinta obiec cãó cõtra os fragmétos re- loiíicr onde dtaua a alma de São Pedro quando o refucitou Santiago. O modo mais facil delhereí- ponder he, q quando as almas íairaõ do S ey o de Abrahaõ, & Purgatório com Chrifto re- íucitado na manhã de fua Re- íurreição, & aos quarenta dias fífbiraó com elle ao Ceo,nâo foialyàdc Sao Pedro, antes porque aísy importaua ao da Igreja, Tc ficou na terra po- fta no lugar que o mefmo Se- nhor lhe deftinaria atê outra vez íc vnir com feu corpo, quando por orações de San- tiago nelle entrou. Nem con- tra ifto faz o verfo de Dauid. Captiuam duxit captiuitatem-^ Porque pêra í'e cumprir bafta- ua acompanharem ao Senhor tantos milhares de almas quã-

tas o acompanharão j &r aísy corno èfte texto nada emba- raça aos Theologòs,que c^ii- dão ficarão ainda aquclle dia da Afcenfaõ de Chrifto rnui-- tas almas no Purgatório aca- bando de penar o que ihes fal- tatia, aísy pouco pode emba-' raçar fer kíía das que ficarão (naõ no Purgatório ) a deSaÕ Pedro, pois íicaua pêra tanta gloria de Dcos , íem poriílo padecer violência o texto fa- grado.

1 Mas porque luliano Aci- preíle de Toledo diz, qdehúa das cadeiras doGeoveo a al- ma deSaõ Pedro -entrar ou- tra vez cm íeu corpo , poftoq naTheologia o naó temos por tão vifto como na hiftoria: fa- lando agora na meima cõfor- midade parece não implica efte feu dito^porque aindaquc ferepreséte difficukoío depois de húa alma ter a pofie da bem auenturança priualla delia ^ iílo corre quando Deos obra de Icy ordinária, & não quan- do por fua omnipotência, a que nada he impoíTiucl , quer fair de todo o curfo ordinário. Quantos Thcologos conce- dem que das penas do Infer- no, aonde cftaua padecendo, tirou Deos a alma do Em—

perador

In adtierf 150.

Sao Tcdro de ^ates.

87

S.lho.in

(j.i.art 2 ad c^mntii

Et tu 4ci

ditiombus

tertii

pítrt.q.

drt.^.éà

ejuirttum

Durando

m ^.dijf,

4Í-7- 2.

adttrttu..

Gxbricl

fuftr Ca-

nen mif*

íca. ,6.

Ut.y.^a^

Cordnb Ib. I. q ^i.tnfine Ledefm*

sr.i^.fd i6). f

Frçterea. ^buUnfe tio 4. dos Kfjs (ap.

4'í- 57- Hiriq.-n

fnitjmitli.

^.c.i6.n.

3. disfer

tom^ ept- rtiaÕIlhef tAS njt vi da de S. Crtvtrit,

Emperador Trajano pcra a le- r uar à bcmauenturançajcábem podia tirar doCeo a de Saó Pe- dro pêra a meter em ocalioés de nouos mcrccimcntos,com que lhe acrecentaíle a gloria quando depois tornaíle aella. SeinlHo(como acima faziío) que a bemauéturança pede de íy perpetuidade_j & he tal ac- çáo,q luo pode acabar, dou- tra maneira naÕ íeria perfeito bem, & deixaria folicitos os bcmaucnturados.Dirlheemos quenê todos os Theologos cntédem a natureza dabcma- ucntu rança ícr de fy mefma eterna,baíU feio porq nenhúa força externa a podecorróper, oqbaftapera tornar feguros os que delia gozlo, alem de fer taõ grande bem , que não deixa aduertir aos bcmauen- turados íè acabará, ou não ,a fim de por iíTò terem algúfo- brefalto,como lhe não cauíè nenhij, poder Deos efíeito tirarlha quando queira obrar tudo o que lhe hc pofsiuel. Com outras rczoés defendem os Theologos as palauras.re- fcridas de Iuliano,as quais dei- xamos por Efcholaílicas , &: por não pertencer agora aue- riguar o ponto defta queftão. 3 Na fubira, & repentina

apparição deilcs fragmentos em Cerdenha,& Aragão, que he o que no vitimo lugar ca- lumniauão,tem menos rczáo que em aigúa das deíconue- niencias pafladas . Quantos liuros apparecerão no mundo de q não auia noticia nenhúa? Quantos por fe não fazer cafo dciles andão efquecidos,q ain- da dcícobriraÕ muitas verda- des, q hoje Ic ignoraõ? Grade bem íbra íe fe poderão deíco- brirosq ou o medo dos tios,ou a tyrania dos Mouros fez cíconderemHerpanha,ou embarcar pêra fora dclIa?Se va lera algííacouíà efta obiccção, quantas obras de Sãtos,& au- tores grauifsimos ,q de nouo fe publicarão feruiria virem a luz de mayor afronta, &:có tu- do acontece pello contrario. Eftimaíè hoje muito maisS. Dionifio Areopagita depois q feus efcritos andaõ nasmaós áz todos, eftando ícpultados no efquecimcnto quafi izoo. an- nos.Ninguéconhcceo 0$ Ida- cios,os Valclaras, os SãPiros, os Ilídoros,os Sebaftianos, & outros q hoje fe lem tan- to gofto, &c proueiro fenão de poucos annos a cila parte, em que homens curiofos , & amigos do comum os pu-

H2.

blicaraó

iiS

Capimlo XVIII.

InUanem Acítierf.

■m- 44- ». 190.

'■.etpag.zé [^'•99

VEcclefde {lui foi.

'^fchola- JHs hift.de f^alen^. i f. íib. 2 ir.i.

'0^aur.li. t. Í.22.

PiUAY.M,

?

•^ r

blicaráo achandoos enrola- dos em pergaminhos , de (]ue ja íenáo fazia conta. Muitas coufas antiguas deícobrc a ida de prefente,& defcobrirão as futuras em q os que hoje faõ, ôc depois feguirem fc hão de achar ignorantes. 4 Quáto mais q náo foi a ma- téria deftcs fragmétos nos fe- culos paílados tãodeíconhc- cida_,que não faça delia men- ção Caledonio Arccbifpode Braga (cuja vida adiante efcre- .ueremos) naqueelleefcreueo de Sa5 Pedro de Rates_, & fica cm parte referida acima na car- ta dcHugo Bifpo do Porto. Caledonio viueo.pellos annos deiUo. ha 1373. HogoBifpo do Porto florecia pellos an- nos de II 00. como íc vè<la Hiftoria Comportelanacujo autor foi. Tem mmto dos mefmos fragmentos Flauio Dextro, quali tudo lunano, Aciprcftc de Sãta lufta é To- ledo,& cõtemporanco deHu- jTo.Dõs modernos os recebe, &feftcja dõPrudéciodeSan- doual Bifpo deTui,& Pãplo- na, o Chronifta Gafpar Efco- Iano,Dõ Mauro Caífella Fer- rer na hiftoria de Santiaeo:Fr. Francitco de Biuar nos com é> ros deFlauioDcxtro.

CAPITVLO XVIII.

EM QFE SEPROSEGVB auida de SaÓ Pedro de Ra- tes primeiro Àrcebijpo de Braga.

Sfcntada na forma q aci- ma vimos a refurreiçaõde SaÕ Pedro de Rates por feu meftrc Satiago, rcfta paífarmos ao mais de íua vida , fe ja delia temos da- do algíja noticia no Catalogo dosBifposdo Porto. Sobre a pátria dcíle Santo Arccbifpo ha algíjas opiniões . Braga o pretende para fy, o parecer de luliano , q lhe chama cida- dão delia , ôc o mefmo nome lhe da o Arccbifpo Caledonio na carta q atràz referimos, Frã ça o quer nouamente por feu natural aautoridadcdeRo- bcrto Cláudio presbytero de Longres,o qual lhe por pá- tria a cidade de Limoges^q por outro nome fe chama Ratia- ftú cóforme a lulio Ccfar , & Ptolomco, & daqui di7,q to- mou Saõ Pedro o febrenome de Ratenfe, ou Ratiftenfe.

Ã"

l.f.C. 2.

Inltaritin adHtrfn. 172. &

TnjHtt

Gat.Chri [fian.fag,

344-

Sao Tedro de *\Rjates.

89

Icrcm.c,

'26.

A terceira, & mais certa opi- nliohe que foi ludcii de na- ção nacido na Proiiincia de Palclliina _, &(como melhor fc ccUigc dos fragm ecos de San- to Athaíiario)dehúa das duas Tribus Saccrdotal^ouRcalvê- cidas j & leuadas catiuas a Ba- bylonia por Nabucliodono- íor. Seu pay fe chamou Vrias, «?\: parece aquclle a quéElRey loachim mandou tirar a vida por lhe pregar o que clle não queria ouuir, & o refere em ília profecia Icremias leu con- temporâneo. TeueSaõ Pedro o mefmo de profecia que feu pay. Sahio dell:errado os mais catiuos de Babylo- nia peilos annos da creação do mundo 4743. conforme a conta dosSetentajantes davin da de Chrift o quinhentos & oitenta & fere. Do nome pró- prio que então tinha nos não confia j conftanos porem o chamauão 05 do feu tempo, & os que depois delle (qlc- guirão » Samuel o mais mo- ço, ou Malachias o mais ve- lho , pella femelhança que ti- nha nafantidadecom os pro- fetas Samuel , & Malachias, de quem ha grande memoria nos liuros fagrados. 1 Era na fermofura do ro-

llo,ôv: compoíição dos mcm bros qual vcrdadeiramenre pedia o nome de Malachias, que conforme aos m.clhores intepretes vai o meímo que Anjo do Senhor. Sahio com os íèus naturaes de Eabylo- nia a Helpanha, quraido a ella foraõ mandados por Nabu- chodonofor ordenandoo aí- I íy a diu ina prouidencia pêra q aquelles catiucs tiuefiem com quem íe coníolar ncll:a noua aHição . Foi íua morada na Prouinciadeantre Douro Ôc Minho, &(íegundoefcreueo Caledonio, refere Hugo) morou,»3c toi cidadão dcíla ci- dade de Braga, na qual não la- bemos dizer fe morou os annos q teue de vida em H.q(~ panha , nem fe ncUa o tomo u a morte. Como quer q foíle, Santiago o refucitou mais de quinhentos annos depois de morto,c5 efpanto de todos os q tiuerão noticia defta prodi- giofa refurrcição . Pòslhcpor nome Pedro no bautifmo em memoriado gloriofoSaõ Pe- dro Príncipe dos Apoílolos, & ordcnãdoo logo Sacerdote o deu por primeiro Prelado a eífa Igreja , & por pedra fun- damental ào edifício cípiritual delia.

H3

Pai-

90

Caftmlo XFIII.

3 Paímaua o pouo coma pregação de home morto de, tantos annosjconuertuoíe muitos , & não era menor o numero dos Hebreus quan- do lhe ouuiaó referiras coufas de fcus antepaflàdos,& como elle antiguamête fora daquella ley , & agora profeílaua a de Chriftojpor a outra fer ja aca- bada, íegundo por fcus pro- fetas eftaua muito dantes pro- fctizado.Diícorreo por diucr- fos lugares de Hefpanha;inlli- tuyo varias Igrejas, dandolhe nouos Bifpos, huns dos que aprenderão na mefma cfchola de feu meftre Sãtiago , outros dos que elle próprio con— uertia , & lhe parcciaõ mais proueicofos , & acomodados pêra regerem almas. Forao en- tre eltcs , dous principais Saõ Baíilio, a quem encarregou a Igreja do Porto,& Santo Epi- tacio a de Tui,ambos primei- ros Bifpos delias. Também nomeou outros nas de Iria Flauia, de Amphilochia, de Eminio, Coimbra,& Lisboa, de cu j os nomes nos não ficou noticia algíja . A todas eílas Igrejas vifítaua, & acodia o Santo com particular vigilân- cia , como aquelle a quem Santiago entregara a primeira

Igreja de Hefpanha , debaixo de cuja obediencia,&emparo, auiaõ de cílar as outras , que pellos annos adiáte fe foílem inftituindo,

4 No tempo que o glorio- fo Saò Pedro eltaua gouer- nando a fua Igreja de Braga, foi em lerufalem morto por Herodes Santiago feu meítrc na volta quede Hefpanha fi- zera àquclla cidade, naforma que nos aótos dos Apoftolos fe conta.Por diuina reuelaçao alguns dos dicipulos que en- tão trazia cõíÍgo,fe fairão com o fagrado corpo de Paleftina, «Sj embarcados no porto de loppe , ou laíFa tomarão a via de Hefpanha, & chegarão à coll:a de Galliza , pêra aly lhe darem a fepultura, que o Cco Ihetipha determinada. Os par ticulvires defta tresladação re- ferimos ja em outro lugar,on- de acrecentamos como na ci- dade do Padrão fe ajuntarão muitos dos dicipulos do San- to Apoílolo,que por Hefpa- nha viuiaõ efpalhados c5 os mais que de Paleftina trazião as fagradas rcliquias; & aly c5 grade veneração as collocarão debaixo de hum altarjdizendo miíla fobre ellas, como então fe coftumaua. Naõ nomea

AHorAz

Cata!. I

Fl

auio

1

S.Tedrode Rates.

91

Bi fiar. in ' Dext.atit

Chufli

^Rodeft 1 Cdrm ad Dext.an

Chriftt

Flauio Dextro entre osdici- pulos que aqui íe acharão a Saõ Pedro •, porem coniedtu- rão graues autores,que a tudo fc acharia preícnte não co- mo particular , mas como ca- beça de todos jdilpondo, Sc ordenando as ccremonias da- quelle piadofo , & rchgiofo ado . Vefe hoje no mcfmo lugar hua coluna com osvcr- (os feguintcs.

Cum Sanãõ lacobofuit htcc

allata columm^ Ara^ infcripta fimul^ qu4 fuper eUpoJita^ Cuius difcipulifacrarút cre

dimus ambas ^ At^ exhis aram coUituere fuam.

$ Entre outros artigos da noíla Tanta Fc, prègaua Saõ Pedro de Rates com mayor fcruor aquclle, que fabia fora particularmente apõtado pot feu meftrc Santiago na infti- tuiçáo do Credo, quando os íkgrados Apoftolos antes de íe diuidirem pello mundo o ordenarão; ifto hc,quc o Ver- bo Eterno encarnado naceo de Santa MARIA fua May, ficando cila fcmprc Virgem, antes do parto , no parto , &

depois do parto. Com muita atenção, &c piedade recebiaò os Hcrpanhocs,& ouuiaõefla verdade. Foi a principal a fi- lha de hum Rcy ( alli fe cha- mauão então os ícnhores das cidades particulares)ou Regu- lo de Braga, & íeudiftridío, a qual leuada da fermofura de- lta virtude a confagrou por voto a feu criador. Confír- maua o Santo a doutrina que prègaua muitos milagres. Deu íaude afilha do Regulo, aqualeftaua doente de lepra, & com o milagre fe bautizou ella, & fuamay, & ambas fo- rãoinftruidas nos myiterios da Fe. Naó podendo entre tâ- to opayfofrera mudança da filha,dcíejou vingar fe no me^ llrc,q lhe iníinaraaquella dou- trina , com lhe tirar a vida. 6 Soube Saõ Pedro como o bufcauão pêra o martyrizaréj & parecendolhe q fua prefen- ça era ainda ueceflaria a fuás ouclhas(por ellas afsy lho pe- direm) fe aufcntou de Braga na forma que a feus pregado- res, & fieis aconfelhara Chri- fto. Porem mandando o Rcy em feu feguimcnto o foraõ al- cançar no lugar que hojecha- mão Rates , quatro Icgoas de Braga,ondc ja auia pouoação

H4 d<

92

Capitulo XVIIL

\

cleChrillaos,& ígrejaj& aly diante do altar, aonde o acha- rão de giolhos os miniltros do tyraiio , lhe tirarão a vida com cruéis golpes de cutila- das, & eftocadas, fem ncnhú dos fieis íe atreuer alhe dar fe- pultura^ pello medo queti- nhão dos Gentios. Mas orde- nou aDiuina Prouidécia que os próprios algozes o metcf- íem debaixo das paredes da mefma Igreja, q puzcraõ por terra, cobrindoo de pedras, porque de ningue fofieacha- do^ncm reu€rcncic.do,&q de- íia maneira eftiueíTe ate fc lhe dar fepultura na Forma q logo diremos.

7 Succdeo feu martyrio,fc-

gundo Flauio Dextro,pellos

anncsde4j". de nolíareden-

çáo,fendo Vigairo de Chriíío

na terra Saõ Pedro ^ & Empe*

radores Caligula, & Cláudio

feu fuceííor, òc tio.O Marty-

rôlogio Romano, & Breuia-

rio Brácharcnrc,o poecm 16.

de Abril,em que nclla cidade

fe fáz fuá fefta.Rèzão delle alê

defta Igreja os Padres de Saõ

Bento pello Breuiario nouo-,

os de Saõ Domingos por

caderno particularapprouado

pellos Summos Pontifices .

. A ndãofúas lições nos Breuia-

.T-

riosantiguos de Toledo, 6c Santa Cruz de Coimbra ,& nos de outras igrejas deHcf- panha, q a eík de Braga tiue- r.ioja algum tempo ícgeição de íuffraganeas. 8 Falando de Saõ Pedro , & íeu martyrio Flauio Dextro, tem híias palauras , que gran- demente diuidirão aos auto- res defte tempo j hunsporca- lumniarem as obras que cm feu nome pouco haíairaõ a luz, & as darem por falias , & mentirofas •, outros por de- fendclas como verdadeira s,& próprias de cfcritor tão graue. Diz pois aísy Flauio. Floret memoria Sanãi Petri Ratenjís 'an.chr.f, martyris primi Bracharenfs Epijcopi , qui occifus eíi anno 4j .ad Ratem oppidum Bracca- rorum in regione ophirina a ne- potibus ophir illic appuljis nome ohtinente. Vem a dizer , que por aquclles tempos em que hiacomfua hiiloria era cele- bre a memoria de Saõ Pedro de Rates martyr, & primeiro Bifpo de Braga , o qual na re- gião Ophirina afsy chama- da dos netos de Ophir , que a cila vierão,fora marty rizado pellos annos quarenta & fin- co de noíla redenção, j 9 Aindaquc feja certo (dizê

in chrm.

6;.

os

S.Tedrode Rates.

93

Gen,e,\o,

Faral. li.

\

os que encontrão as obras de Flauio Dcxtroj que no anno de 4j. padcceíie martyrio cm Rates o ^lorioío SaõPedro,«S: que íollc o primeiro Biípo de Braga, porque ell:a verdade tem por ly o Martyrologio Romano,a tradição deita Igre ja,a autoridade de grauilsimos cfcritores, os Breuiarios das mais Igrejas , d<: famílias Rcli- giolasrcom tudo, que Rates caiíle na regiaõ de Ophir tão celebre nas Diuinas letras, on- de cada anno vinhao carregar as nãos deSalamaõ de madeiras preciofasjde ouro, & pedraria íiniísima, íò o poderia dizer quem não foubelle a falta que naquellc lugar de todas eílas CO ufas.

1 o Mas a eftes fe pode rcf- ponder, que Flauio Dextro nunqua diíle fer a terra de Ophir em q S. Pedro foi mar- ty rizado aquella meíma a que Salamão mandaua fuás nàos pella riqueza de feu comercio, ouro, & pedraria que daly le- uauão; diíle que íe chama- ua Ophir dos netos de Ophir, de quem faz menção Moyfes no Geneíis,& o Autor do Pa- ralipomenon dizédo que aly aperrarão na diuifaõ daslin- ^oa?;, pouoando aquella Pro-

uíncia, ôc dandolhe o nome deíeu auo;& que eíla comar- ca, <5c parte de terra le chamaf- íe Ophir em algú têpo ha ba- cantes conicâ:uras , porque ainda hoje temos perto do Douro a comarca que ncUe vem dar com o nome da Fei-

ra, que parece

diriuadodode

Ophir •, &: fe bem a comafca da Feira difta por algúas k- gòas de Ratcs^& tem no meo o rio Douro, naó heiíloba- ftantepera ate la fe deixar de ellender o nome <le Ophir. 1 1 Quanto itiais que naÕ muitolõgc de Rates,ondefoi o martyrio do Santo,hca o lu ^ar de Faõ vizinho da villa de Efpo7;endc,onde òrio de Pra- do entra no mar , & faz hum porto acomodado pcra nelle íepoderern recolher eftran- geirõs, como cremos fe reco- liíeraó os decendehtes de O- phir , quê por áiy pouoaraó, fundando ó lugaí de Faõ, que ate no nome leua muito pêra Ophir, & por Ventura fe cha- mou afsy 'de fèu principio mu dandolhe o tempo , & os an- hos as letras. Faiiòrecem eftá

às

opinião alguais peífoas em matérias de 'antiguidade dizendo,que dieFaõ atê a villa da Feira cótria' a Prouincia

Ophirma

LotifAtU, & outras

94

Qafuulo XFIII.

eaf.i.

Ophirina afsy nomeada em foraes antiguosde que ha me- morias na torre do Tombo. E daqui vco o nome de Faria^ com que hoje he conhecida grande parte defta Comarca nomcodaqual efta lítuadaa Igreja de RatcSj onde padeceo martyrio o noílb illultre Pre- lado SaÕ Pedro j donde fe co- lhe quecõ pouca corrupção ficou a efta Comarca o nome de terra de Faria que hoje tem diriuado da Ophirina, com q antiguamente fe nomcaua. E ainda fe as ruinas de Ca- ftello muy antiguOjqnella ou- uc ^ o qual conferua o nome de Caílello de Faria aílaz co- nhecido nas Chronicas de Portugal.

II Secom tudoiflojfenaõ daõ ainda por contentes , àí cuidãoque a terra de Ophir, de que fala Dextro, & a da Ef- critura Sagrada hc todahííaj faibaõ que fe ao prefentc fe não vem por antre Douro, ô^ Minho, ou pello Condado da Feira as madeiras prcciofas, as pedras,& ouro,que fe carre- gana nas nãos de Salamaó, as ouue em tempos antiguos , q por cíía rezão chamou à cida- de de Braga o Poeta Aufonio rica . como mortramos atràz

. JíS

declarando o verfo.

QjM^ fnu ^elagí iaãatfe Bracbara diues.

Onde dcfcobrimos as muitas riquezas, que nefta Comarca auia)& ainda quando não foí- fcm próprias da terra, podião fer de carregação doutras par- tes , & aqui , ou no porto de Faõ,& Efpozcnde , ou em qualquer outro defta cófta,q pertcnceíle ainda à Prouincia de Ophir, ou Faria carrcgaren- fe pêra Paleftina , na torma q hoje na cidade de Lisboa fe carrega pêra todos os Reinos de Europa, a pedraria do Ori- ente •, & na do Porto , & villa de Viannaos açucres , & pao do Braziljiiaõ ícndo eftas cou- fas nacidas ncfte Reino , antes vindas a elle de outros bem eftranhos.E afsy não vaõ muy fora de caminho os autores, que por eftas partes puzcrão o Ophir de Salamaõ leuados ou do nome daFeira,oudc Faria &:Fa6.Podêfe ver as re- zoés queapontão emBiuar, & outros modernos. 1 5 Mas deixando efta quc- •ftão do verdadeiro lugar de Ophir tão difputada pellos Efcriturarios , & tornando a

Saó

BitiAf. itt

Dext.an^ 66, f^g,

144.

Pelliccr in Gtng. cal. 442* «. 38. Roderie. Cure. in n»t. nd Dext.att, Chr/f^-J

S.T^edrode Rates.

95

,Sao Pedro de Rares^ (cu fagra- cio corpo elteuealgus dias cie- baixo das pei.iraí,& entulho onde o deixarão os miiiiftros deíeu marcyriOj ate que foi por Diuina reuelação deícu- bercoa hu ermitão^ que por aqiielies montes fazia penite- cia, chamado Fchx , lamdo do lugar onde oSanto jazia gran- des labaredas de fogo _, & ou- tras luzes verdadciramcnrece- leftiaes, que como com o de- do o eilaiiaõ moílrando. Cha- mou o ermitão pcra o acom- panhar neíla íanta obra a íobrinho leu da mefma vida,e inrtituto jambos alimparão o ki^ar A' apouco trabalho en- còtraráo as preciolas rehquias. Derãolhe aly fepultura ^ cfpe- randonoCeoque viria tem- po/em que por reípeito de Saó Pedro o mefmo lu2;ar foi- fc mais ferquentado dos fieis, & fuás reliquias tiueííem a dè- uida veneração , Si Deos por ellas obraíle infinitos niiia-

grés, ^

14 Cuprio o Ceoaosdous ermitães o que efpcrauao, porque a poucos tempos nao obftantcs as perfeguiçoes dos Gentios fe leuanrou aly hija IgrejSj depois Moíleiro deR eh"eioros da ordem de S3.0

Bento, guardas, & como rhe-

íoureir/)s do la<irado depofito & r

por muitas ccnteiia<; de anãos, ate que, extinguindo o tempo os Religiolos, aquclle Moílei- ro veo a ficar em Igreja paro- chial, em que ainda hoje fe co- íerua.

I $ Obrou Deos fempre , Si ainda hoje obra muitos mi- lagres pellas íagradas reliquias dcíle illurtrc martyr. Hum Sacerdote chamaíJo Pedro doente de húa lon^a enfermi- á:{àç, que lhe tinha debilitadas as forcas, cncomendandofc ao Santo alcançou faude perfeita, & lhe foi dar as^ graças à íua Igreja,ondc?gardecidoda mer- cê todos os dias dizia miíla ^^ ajudaua nos oííicios diuinos.

16 Huamclherdolugarde FaÕ cega auiadousannos foi vilitaralepulturadoSãto,cn- comendoufe a clle com o pei- to por terra, & os olhos íeitos duas fontes de lagrimas ^ rece- bco virta nelles,& rompeo cm louuores áo gloriofo martyr. Outra molher que nãoouuia chegandofe à fua fepultura co- brou o fentido perdido.

17 Viuia alíombrado do De- mónio hum homem por no- me Pedro , & era muy mal tratado do fpirito infernal ;

liurouoo

jsa^

96

Capmlo XVUL

LÍLirouoo Santo delia tribu- lação fazendo o milagre pu* blícamétcéprezença de mui- tos^que o viráo coniosolhos.

18 Hum moço a quem acidente de pariezia tinha toiiiidoj & com a boca torci- cla^ 6c vcka a húa orelha-.polio diáte das rcíiquias do Saco alcá çoa íkude miiagrofa ^ & íe foi pcra íuacazatão íaõcomo fe níica cÍLiera enfermidade alíjija.

1 9 Da Igreja de Rates com o may or apparato que foi pof- íiucJ, & nos diremos quando aly chegara hilloria, tresladou o íenhor Arcebifpo Dom Bal- theíar Limpoo corpo do glo- rioío Saõ Pedro pêra a Sc de- lia cidade a 17. de Outubro de i$S^' dandolhe capella parti- cular á maõ dcreita da capella mor. Eftão as relíquias íagra- das fobre o altar em hum fe- pulchrode pedra dourado letreiro que diz afsy.

Aqui iac!^ o corpo de Sao Pedro Martyr dicipulo do Jpoíiolo Santiago, tresladado da Igreja de Rates por Dom Baltasar Limpo Arcebifpo de Braga a eflafepultura , quefe lhe /espe- ra may or -veneração, tf por fer o primeiro Prelado de^ia Igreja aos ij.de.Oiaubro de lyji.

;Pçra mayor coníolacãç dos naturaes dcíla cidade , & pêra quecmcodoscrcceíTc o fel pei- to dcuido ao Santo martyr, quis oArccbifpo Baltheíar ncaíle defora aparte da cabeça do Santo, pcraque cm gCvindcs necefsidades pudeíle ler Icua- danas prociílòcs, 6<:comíua villa mouer o Ceo a piedade, c miíericordia. Pcra elte eíFeito fc encaíioou é prata , &c fc pos no thcfouro deílaSè entre ou- tras muitas rehquias que nella cítão.

zo Na Capella cm que as re- líquias fc coUocarão ordenou o Arcebifpo DomBalthezar Limpo íincocapellaés. Rèzão todos os dias o oíficio Diui- no,& dizem duas miífas. O altar do Santo he priuilegia- do •, tirafe nelle hua alma do Purgatório offerecendo por cila aly o diuino íacriíicio. por efte rcfpeito grande fre- quência de Sacerdotes de todo o Arcebiípado, a quemfcen- comédão miflas naquelle al- tar, & fe dizem todos os dias muitas.

II De Saõ Pedro foi fempre celebre a memoria por todos cif es Reynos. No anno de 410 feaiuntou cmBragao primei- ro Concilio de que ja fizemos

menção

Sao ^afilio.

97

&66.&

lo».

\ luliAHoir.

■j 190. I AíeraUs lin chren.

D.Mm- rofcr. lih 2.C ic. Brit.z.p. mottAr li.

Biu^tr nd Vext.un té. fcm.

^.n6 &

Ca^o in- net, ad [jDext. AH 67.

Fr» l.ius ât Souflt na kiflo. de S.Do. Itb G.e.i

Cíititl.i.f

cap.2.

D;xt,an.

Chnf.y

íklian. in

aduerf.

m ¥ «• 171.

menção, a fim de proiier que os Alanos, &i Sueuos não deí- acataíícm íuas fagradas rcli- cjuias, como de ordinário íà- ziáo a todas as q podiaó defco- brir : chamalhe aly o Conci- Tio Pay, & Apollólo dcHeí- panha, como aquellcdeque tinha recebido a depois áo Apoftolo Santiago. E Icrciié deSaõ Pedro de Rates ale dos Ereuiarios que ja referimos, Flauio Dextro, luliano, os au- tores da hiíloria EccleílaíHca de Hefpanha , Morales , Dom Mauro Ferrcr, frey Bernardo de Brito, Biuar, Caro, dou- tros que ellcs referem.

»«■■ M I I I I III !■ Ml III I 11 ..

. CAPITVLOXIX. SAM BASÍLIO S B- gundo Arcehijpo de Braga.

A5Baíílio,ou Bafileo(dequê jaefcreuemos largam éte no Catalop"odos

O

Bifpos do Porto ) foi,confor- me a Flauio Dextro, luliano, &aos mais autores, que de- pois os feguirão,dicipulode Santiago, & ou veocomelle de lerufale a Hefpanha, como parece mais prouauel : ou foi nu dos que por fua prègaçHo

receberão- a Fècncie outros q por cites Reinos conucrteo, c irouxealyo SancoApoílolo. ' Continuou com elle,em quá- : to íe deteue emHefpanha,po- ' quandoTèouucdc partir o deixou na companhia de S.Pe- dro de Rates, peraq lhe aiudaf- fe a plantara Fe,c leuar por diá te a pregação do Euangellio. z A vida q na cõpanhia.dc S, \ Pedro fez Saõ BaúliOjas virtu- des que obrou , o zelo q mo- ftraua na cõueríaõ dos infiéis^ mouerão ao Santo Prelado co mo cabeça,Ò<: Primas de todos os de Heípanha ao nomear, &: fagrarpor Bifpo dacidade-do Porto,afsy pello ter jútode fy, & íc poder aproueitar de feus confellios , como por aquella Igreja pedir a prefcnjjadehú taÕ grande Paftor.''. c:"' :''^ " -'. 3 Notcpo, q S.BallIiogo- uernaua a Igreja do Porto,vic- ráo aCalliza trazidas de lerufa- le as reliquias de fcu meíbe tiago,na forma q ja noutro lu- gar referimos. Achoufe sédu- uida na ccllocação delias círia Flauia,hoje o Padrão , com os maisBiípos Hcfpanhoes cha- mados pcraiíTo pcUos qas acó panhauãoj ou mouidos inte- riorméte pello Spirito Sáto^q das Prouincijs por ondcan-

I dauão

fAg 86.

CatAlMt Bi ff os âa Port» c.z p.t.

Cdúíiulo XIX,

daulo «rpalhados os fez virá obra tão pia , & religiofa. Aly fe conhecerão todos j aly íe de- ráo de nouo as mãos , pcra mayorcs fcfuores concinuarê na conucrraÕ dosHcfpanhoes, a quem o Cco de nouo fauo* recia com o thcfouro Ao cor- po de hum Apoftolo taõ pa- rente,&r taõ amado deChrifto. 4 PrcTidio a efte ado Saõ Pe dro de Rates Arcebifpo de Braga como Prelado de ma- yor , òc mais autorizada Igre- ja entre todas as de Herpànha. Por feu confclho fe tornou cada hum a fua eftancia, & Saõ Bafílio âdo Porto. Aly pcrfcuerou com os mefmos exemplos , & feruores por cf- paço de mais de fetc annos ate que em Rates feu condicipulo Sa5 Pedro foi martyrizado no anno de 45'. do Nacimcnto de Chrifto , & ellc eleito Arcebif- po de Braga pcUo Clero da mefma cidadc,no primeiro dia domesdcNoucmbro, q de- uia fer do mcfmo anno. í Pouco ou nadafabemos do que em Braga fez , afsy de virtudes , como de milagres Saõ Bafilio.Dc crer he feria em húa/e outra coufaefclarecido, como de ordinário eraõ os va- rões que beberão na fonte pu-

riííímada efcholade Chrillo> & feus Apoftolos.Naõ he pe- queno argumento defta ver- dade o tellimunho que delle derão as Igrejas de Hefpanha efcolhendoo pêra em compa- nhia de Santo Athanaíio Bif- po de Caragoçâ, & Elpidio de Toledo vifitar emfuascadeas ao Apoftolo Saõ Paulo prezo em Roma, &:Ihe leuaracol- Icéla ou efmola j que os fieis lhe ofíercciaõ pêra aliuio de •fuás necelTidades ^ remédio dos mais ChriftãoSjá quem a crueldade de Nero trazia grã- demente atribulados. Cõtae- fte fuceílb í uliano com as pa- lauras íeguintes. In memoriji Sanã^ ItifU reperi,quõdEcck f<e HifpanU elegerunt Atbana^ Jiii C^farAUguflanú^Elpidm To letanúi Bafilm Bracharenfem, qui cu alfjs^etia exIudaifmo,lsf Gentilismo Paulú njinãú íío- m<e nji fitar ent^ipfii^ munera^isf refeãiones deferentes confola- renturiqíiod ipfe Paitlus cap, i o. EpiíioU adHebrsos do^et dum dicit:l:t ^inculh rneis cópafsi eflisiid^fuitfub m^fe Septcbris anno Dní quínquagefimo nono. 6 Eftimougrãdcméte oSã- to Apoftolo a muita charida- de dos ChrirtaõsHeípanhòes, & alcgroufe fobremaneira : c5

abod

67

Sao 'jBaJí/Jo.

99

a boa vinda de tão SantosPre- ladoSjCm que não foi menos a cõíolação de vere acjuellc pro- dígio do mundo , aquclla trõ- beta do Eiiangelho,aquelle ra- yo da metido entre mal fci- tcrcs com tanto golto deíua alma, que por nenhúas hon- ras do mudo trocara aquellas íuas cadeas.

7 Diz Juliano que o Santo Apoilolo agradece© por carta às Igrejas de Heípanhaaqucl- la obra, & vilita , fem duuida porque teue paraíy queella carta do Santo Apoílolo fora cícrita não aos Hebreus de le- rufalem, fenão aos que viuião por Hcfpanha, como foi opi- nião de alguns antiguos ,&í o he hojedc muitos modernos allegados pellos expoíitores da meíina carta,onde íe pode ver.

8 De Roma voltou São Ba- íilioà lua Igreja, & delia em breue têpo á cidade de Plaíen- cia, onde foube eftaua prelo ' Santo Epitacio BifpodcTui, aiH pêra oferuir em fua prifaò, como pêra dar animo aos fieis, peraq naquelle trabalho 'naõ perdeíTcmacòfiança. EmPla- íencia o prenderão , & me- terão na mefma cadea , on- de cítaua Sãto Epitacio,&: am- bos cm vinte & três de May o

7«» foi. 12.

i.p.r.2

Farg.ltb;

2*C.2

na perfeguição de Nero (o an- no certo íenaõ fabejíairaõ del- ia a padecer glorioío marryrio executado nouas , & varias inuençoés de tormentos, 9 Delta" opinião he o Biípo de TuiD. fr. Prudencio de Sã- Wl^f^ doual,.& nos a feguimosno Catalogo dosBifpos doPorto. Delia íeapartaMoreno deVar- gas na hiítoriade Merida , on- de aftirma côa autoridade do Padre leronymo Roman de laHiguera,que Santo Epitacio companheiro no martyriodc Saõ Bafilio era Bifpo Metro- politano de Merida poílo aly pelloApoitolo S.Pedro quã- do veo a Heípanha , & que na meíma cidade de Merida , ou em Braga padeceo martyrio em companhia de S. Baíílio. Proua elte diicurfo com as obras de Flauio Dextro efcri- tas de mão , como íairão da liuraria do morteiro de Fulda, que dizéaísy falando de Santo Eçitaáo.Petms •ut Chrijii Vi- carms Hijpanias adijt , imagi- nes AntiochiadeUtasaffert^Epe netum ibi Stxti firmi tn Betica reliquir, tf Emeriu Epitatiú. Saõ Pedro como Vííjairo de Chrifto veo a Heípanha trou- xe deAntiochia algiãas imagês, deixou em Motril cidade de

U

Anda-

iCO

Capitulo XIX.

A' d.cap.

Andaluzia a Epeneco por Bii- po, ^ emMerida aEpicaciOj òc ainda que as palauras, Isf Emérita Epitatium , faltem no liuro imprelío de Flauio Dextro, podia íer por erro, ou deícuido de quê o copiou, porque em fauor delias eíH o telhmunliode autores cra- uilsimos que as virao no ori- ginal do Morteiro de Fulda, como afiirma o mefmo Mo- reno de Vargas. IO Náo ha duuidaqucno mefmo tempo concorre© ou- tro EpitacioBiípo de Tui po- fto naquella Igreja pello Pri- mas de Braga S, Pedro de Ra- teSjComo íc proua dos frag- mentos de Santo Athanaíío, de cuja autoridade fenão po- de duuidar como temos mo- ftrado . Q3I deíles dous fof- fe o companheiro no marty- rio'deSa5Bafiliomal lepòde aueriguar, & menos a cida- de em que padecerão. Muy prouaucl he foíle em Braga, ou em Merida, &c não em Pla- fencia como quer oBifpode Tui , porque o Epitacio , ou Epiteto,que aly padeceo mar- tyrio,nãoconcorreo no mef- mo tempo com o noílo S. Ba- ldio, nem com os dous Epita- cios de Tui,& Merida porque

toi muitos annos depois , co-

foi muitos annos d moíevè de Flauio Dextro, q o põem no anuo de zój-, do Nacimento de Chriílo. II E (íc aucmos de dar cre- dito aRodrigo Caro ) Ambra- cia onde Dextro diz que pa- deceo Santo Epitacio, náo he Plafenciacm Caltella, como querem muitos , mas hc hum lugar em Portugal perto de Braga, que fe chamou Bracia, &íe pode conieóturar ícriaa villa de Bracellos diftante três legoas da cidade de Braga , on- de efte Santo padeceria niarty- rio , Se a conie(5tura parecer leue,não hc contudo alhea de matérias taõantiguas, onde fe julga mais por opinioens du- uidoías^ que por verdades cer- tas, as quaes nefte argumen- to faõ difticulrofas de achar. Fazem menção do mar

li

tyrio defte Santo os Martyro- logios,Romano , de Víuardo, Maurelico,&: Molano,&: dous de mãoantiquiísimos , liií da Igjrcjade Plafencia, outío do. Mofteiro de Rorís defte Arce- bifpado,q prirtieiro foi dcCo- neeós Regrantes , & agora he anncxoao Collegio de Braga dos Padres da Companhia de I E S V. Anda fua vida em efcritos demaõ, & em hum

Dext.an Chrifii

Caro in nottsDex

trum M , 65.

Floílan-

Sao TiãÇillo,

lOI

ta not'^ May.

Chron an.Chrif.

37'

CAtalJ.os Bifpos do Forta d

.f^C. 2.

Floflancorum de Heípaiiha; que íillcga Baronio,&; nòs a eí- creiícmqs jano Catalogo dos Biípos do Porco. 13 Importa comtudoad- uertirduas conías :a primeira que fedeue fazer grade diftin- çáo entre dous Santos Ball- lios , ambos do mcínio nome, & ambos dicipulos de Santia- go •, hum o noflb Biípo do Porto, ôíArcebiípode Bra- ga , outro Biípo de Carthage- na ,cujafefta íc celebra aos 4. de Março , em que a põem o Martyrologio Romano ; am- bos diílinguc clara , & aberta- mente Dextro , ambos cõ- fundio luliano tendoos por hum ; donde veo aatribuir as obras de hum ao outro_,&: jul- gar a ertc noílb por natural de Granada, 3c aquelle mefmo manco, que pedindo címola à porta doTemplo chamadaEf- peciofaalcãçou faude da mão de SaÕ Pedro, fendo alyleua- do por Teus pays ludeus de na- I çáo j ôc profiliaó. Mas ja dif- íemos em outro lugar , como o manco que íarou Saò Pedro não fora onoíTo Saõ Balllio, fenão o outro Biípo de Car- thagenapellos fu ndamentos , quenomeímo lugar aponta- mos.

14 A íegunda coulàj qix ÍCideue aducrcir hc, que Julia- no faz ainda no anuo de 59. viuo ao noílb Saõ Baíllio^pois naquelle Setembro diz foi eí- colíiido pêra villtar em Ro- ma a Saõ Paulo. Pello que pa- rece não padeceo martyrio no de 57. em que nòs o puze— mos no Catalogo dos Biípos do Porto cncoitados a auto- ridade do Biípo de Tui Dom Prudenciodc Sandoual.Por- uentura fucedcria node íeí- íenta ficado deíla maneira go- zando eíla Igreja de Brasa de leu cuidado Paíloral quinze annos inteiros , que tantos vaõdeió. de Abril do anno de4j, em que Saõ Pedro de Rates foi martyrizado a ly. deMayo do defeílenta em que Saõ Baíílio padeceria pellaFè. Gouernaua a Igreja de Deos neíle tempo o Apoílolo Saõ Pedro, &:ocupauaa monar- chia Romana o Empctador Cláudio Nero.

t

d..c.

íolef. de\ 16.

I3

CAP.

«^w.

I02

(Capitulo XX.

Brh.z.p. monarc. lé.i.

tnmanuf. Vdfconf. tndtfcrip Portug,

Dex. sn,

Chrtfli

300,

yafAuan

Gariklib 7.^.44, Padil.cet 4 c. 14, BiMar 4d Dcxt.A». ^00. com

4.».4.

Caro an, ^ooJtt.h. Romart. in wAnH- fcrtptis. Duarte Nun. dif crip.c.Ao

CAPirVLO XX.

SJM SILFESTRE Mártyr deBraga.

O R naõ dize- rem alguns de- maííadamête a- feicoadosàscou- ias delta Igreja que lhe tira- mos os Santos ArGcbirpos,q outros lhe dão,quifcmos aqui fazer memoria de Saõ Silue- ftre , a quemfrey Bernardo de Brito , o Padre Gofme de Ma- galhães, &r António de VaÍGÓ- cellosfazé Arcebifpo deBra- ga, & o dão por íuccflbr de Saõ BaflUo . O fundamento nos o não vemos, nem clles o apontaõ.Sobre tudo nenhum dos autores, que o poderão chamar tal , lhe arsinaraõ cfta Igreja-/e bem o chamao már- tyr de Braga , como fa5,Dex- tro , loão Vafeu , Garibay , Padilha,Biuar,Caro,frey Icro- nymo Roman , Duarte Nu- nez de Leão, de cuja autorida- de nos não parcceo apartar- nos , alem de o martyrio de Saõ Silueltre com o de Saõ Virou ro,Torcato , Cucufate,

& Santa Suzana íuceder pel- los annos de Chrirto trezen- tos & leis na perfeguiçáo de Diocleciano(como em feu lu- gar diremos jem que eíla Igre- ja tinha Arcebifpos de nome bem difíerente \ ôc nefte em q agora imos íuceder a SaÕ Ba- íilio Santo Ouidio. Pelloque ainda que reconhecemos, Sc eftimamos a Saõ Sylueftre co- mo martyr gloriofo deita ci- dade, nemelleíofrerà ©faça- mos intrufo na dignidade Pri- macial, nem ella ncceísita tan- to de Arcebiípos martyres ,q hajadehonrarfe osalhcos ondeosproprios,&: verdadei- ros faõ tantos.

CAPITVLO XXI. HERMOLJO.

Erão húas pa- lauras de lu- liano ocaíião a algíjs terem por Arcebif- po de Braga , ã: fuceflor de Saõ Baíllio a Hermolao: as pa- lauras dizem: Pofimortem Ba- jilij Bracharenfis pr<edicat ihi

Hermo-

íidMert

Santo Ouidio.

103

Dex, Alt I34.M.3

Bermolauspoíi Toletams.Co- mofc fora o mefmo pregar cm Braga, qucfer Arcebiípo de Braga.O certo he que Hcr- molao pregou cm Braga, co-

mo clcrcuc

fc

íuli,

ano

)OU-

1

CO depois da morte âc SaõBa- íilio i mas quefoíTc feu Arce- biípo,& íuccíTor do Santo, nem elle o diz, nem ainda o a- cena. Se foi Arcebifpo de To- ledo o aueriguarao os que à fua conta a hiftoria daquella Igreja: nos o nlo achamos no- meado por tal ê os Catálogos comuns, porem traio Dextro, & o recebc,& approua por tal frcy Francifco de Biuar , aquê remetemos. os curiofos.

ÇAPITVLO XXII.

SANTO OVÍDIO

terceiro Arcebifpo de 'Bra- ga.

A N T O

^ Ouidio efcla- recido porsã- gue, & muito mais por fuás raras virtudes foi Romano,& da primeira nobreza daquella cidade . Viueo fendo Gentio

cm amizade CO o grade Philo- fopho Séneca , & c6 Máximo Cefonio varão Cõfular, grade no nome,enas obras.Seguioo quando na conjuração Pifo- niana, foi dcfterrado por Ne- ro u ilha de Sicília , ou Cerde- nha, &: foube trocar as delicias de Roma pellas incõmodida- dcsdo dellerro pornaÕ def- emparar naqucUa afflieçaõ a ícu amigo.

1 Entendemos fe cõucrteria a de Chrifto noíTo Salua- dorpella pregação dos Apo- ftolos Saõ Pedro, & Saõ Pau- lo,como o fizerão outros no- biiifsimos Romanos . Depois foi mandado a Hcfpanha* (fe- gundo alguns conicóturaõ ) por ordem de Saõ Clemente Papa a fim de em Braga o ele- gerem por feu Prelado na oc- cafião que vagaua cfta Cadei- ra pelIamorte,& martyrio de Saò Baíílio^íè ja oSanto fenão defterrou de Roma por não poder fofrer as injull:iças,& deuaííidoês de Nero,que corh fua vida efcandalizaua ain- da os mais perdidos daquella Republica.

3 Mas ou vicííe poreíle^ou poraquelle rerpeito,J3Íua vin- da foi depois dos verfos , que emfeulouuor copos o Poeta

l4

Marcial

104

Capítulo XXII.

\lih»j Efè

lik-j.Epi\

Marcial quando o vio ir dc- ftcrrndo com Cefonio, & de- pois conferuar em vukos de cera Tua imagem. Dizem afsy .

Maximus ille mus Ouidl €£-

foniiis kic efi, Cuiusadbuc ^ultum ijtuida

cera tenet Htinc Nero damnauit ^fed tu

damnare Ne ronem Aufiis es , l!fp-ofugi _, nontm fatafequi. j£quoraper ScylU magnus co- mes exulis ifii^ Qui modonolueras confulis ire , comes. Si ^iãura méis madanttir nó-

fnínachartis, Etfas eíi cineri mefuperejfe

meOj Âudiet hcecprafensjl^enpura^j

túrbajuíjje Illi ts y ScneC4 qitjd fuit ille

fuo. Celebrando o mefmo feito de Ouidio o antepõem aPylades, no que lhe acontcceo Ore- íles íeu grande amigo , & diz mandanaolhe por ventura A- gum retrato de Cefonio,quá- to os verfo; do Epigrama dão a entender.

Facundi Senec^pctens ami- cp:s

1

Caro proximus , auí prior

Sereno. Hic ejl Maximus ille , quem

frequenti Félix litera pagina falutat . Hunc tu per Siculas fecutus

landas ^ O mãlis Ouidi tacende lin-

guis, Spreuiíli Domini furentis

iras. Miranir Pylademfuum ye-

tuflaSi Hccfit qui comes êxul i pa- rem is. Quis dijcrimina comparei

duorum? B^fjli comes exuliNeroms.

Ao mefmo Ouidio pertence também outro Epigrama de Marcial, em que o certifica, que não eílima menos o dia de feu nacimento que cahio no primeiro de Abril, que o feu próprio, ao primeiro de Março , pois ncfte recebeo vida , naquellc hum amigo q eílima mais que a mefma vida.

Si credis mihi Quinte( quod

mereris) Natales Ouidi tuas Aprihs, Vt noíiras amo Martias Kalendas. Félix 'Vtra^ lux diefj^ hobis.

lib.^.Efi

Sirnandi

J

Santo Ouidio.

105

MagalX inM 5.

Brach c,i

Âaa''r.m] u^valef/is\ ad Mar | tial. diFlo

43- J Binar. ad

Dex. an.

Caro in 1 Vex. an.

\Dcxt. à.

an

95'

í

Signandi melioribus lapillis^ Hic <-vitãm tribuit ^ Jedhic

amicum^ Plusdiínt Quinte mihi tua

Kalendt€.

Outros Epigramas ha de Mar- cial pêra Óuidio feitos ( como dizíamos ) quando o Santo ainda eftaua em Roma . Q^e comclle, &c não com outro do meírno nome fale o poeta, o fentem os Padres Coime de Magalhães, (3<: Mattheus Ra- dero ambos da Companhia de I E S V S , frey Franciíco de Biuar , & Rodrigo Caro^ comentadores deFlauio Dex- tro ^ mouidos todos de boas conie<Siuras,que ncUes íc po- dem ler , & fundados na auto- ridade de Dextro , que aberta- mente lhe chama cidadão Ro- mano.

4 Foi degrandifsimavtili- dade pêra erta Igreja a Prelazia de Santo Ouidio. Florecerao em feu tempo nella grandes fantos^entre os quais fe con- taõ íís noue filhas de Lúcio C. Atilio , & de Cahia fua mo-^ lher,cujas vidas Ic verão adiã- te. Elleas preferuou da mor- te, por fuainduRria fe bauti- zaraõ , & com fua fazenda le criarão, creceraõ,& vierào a

darem grandiíllnias feruasde Deos _, & vltimamente a pa- decer martyrio , em tellmiu- nho, & abono de noflafanta Fè.Dalhe os parabéns deite il- lullre feito o Padre leronymo Roman da Companhia de I E S V S em hum hymno, q em louuor das Sãtas copos, onde entre outras coufas diz.

Gaude Sacerdos Ouidi Tu Bracharenfis Pontifex^ Qiu meruiflijilias Tçt ad poios tranfmittere.

5 O anno cm que foi eleito para eltaCadeira Pr.macial,diz Flauio Dextro foi o de nouen- ta& íínco cm que fucedeoa SaóBafiHo-, não porque na- quelle morreíle feu anteceílor, pois não paílbu dos feílenta do Nacimêto de Chriflo, mas porque ate então parece eíle- ue vaga cfta Igreja , como que eiperaua por hum tal Prelado, &tão digno fuceílbr dos léus primeiros dous lumes j^aÕ Pedro , & Sao Bafllio . Con- tinuou no gouerno de -fua Igreja por alguns annosro na- mero certo fc não íabc. Se morreo quando foi eleito feu immèdiato íuceílbr Saõ Poli- carpo , chegouaos annos 1 50.

■■■■Ml ■■■— ^— j ■■ III ^^— ^i— ■^— "^^

de

Sandoual lilf.de Tui foU 43-

I06

Qaptulo XX 11.

Fafcocel. ind fcrip.

in AÍ. S. de Prim. f 34.

de nofla redenção , & trinta Ôí íinco de íuaPrelaíIa. Do género de lua morte não ha certeza :os de Braga Ihecha- mão comummente martyrj& parece que o foi, porque em tempo de Flauio Dextro cm que ja fe celebraua íuafella, a dos Tantos martyres admitia, Ò<:feí1:ejauaa Igreja Catholi- ca. Martyr lhe chama o Padre leronymo Roman em húa carta íua,que anda lançada nos liuros authêticos do Cartório defta St. O mefmo titulo lhe dão os Padres António deVaí- concellos, & Coime de Maga- lhães daCõpanhiadelESVS. 6 Seu corpo (agrado poíTue efta Se , & o venera em par- ticular fepultura metida na parede bem junto à porta da íancriftia à mão dercita quã do íaem delia ; tem letreiro que diz afsy. OJ?a Beati Omdij tertij Epijcopi Bracharenjis. He particular auogado do mal dos ouuidoSj em que tem fei- to notaueis milagres , por vc- tura porque nefta parte pa- deceria algum grande tormen- to: comoacontccco a Santa Águeda ficando auogada dos peitos , Santa Luzia dos olhos, Sãta Apollonia dos dêtcs pella merma re2 ão. Tem nejlte Rei-

no algúas ermidas onde no dia

deíualeíta.

que vem aos três

de lunho, íe venera fua me- moria com miíla , & pre- gação, como fe faz na cidade doPorto no íítio que chamão a Bandeira junto ao moftciro da Serra de Cónegos Regrátes de Santo Agoílinho. 7 Finalmente íe hadead- uertir que fe não celebra o Sã- to nefte mes , k. dia, por ncllc cair íua bcmauenturada mor- te, mas porque efta Seoeí- colheo por não ter em lunho Santo algum que propriamé- te lhe percença.De Santo Oui- dio efcreuerão Flauio Dextro, luliano , & os mais de que no diícurfo de fua vida fizemos menção. Gouernarão por eltc tempo a Igreja deDeos o Papa Saõ Lino lucellor do Apoíto- loSaõ Pedro, & depois delle Cleto primeiro do nomc,Cle- mentc primeiro, Anacleto, Euarillo, Alexandre primeiro. Tiucraõ a monarchia do Im- pério Romano,depois de Nc- ro,Sergio Galba,OthoSyluio, Aulo Vitellio, Vefpafiano, Ti- to Vefpaííano, Domiciano, Cocceio Nerua Hefpanhol, como quer S. líídoro , Vi- , pio Trajano , & fcu íobrinho ElioAdrianotábéHeíjpanhoes.

CAP-

hro.pag 9.

Saox^afcos BifpcÇf màrtjn

BArrúr.

in chtro- grafh. íit. Ctila- taináfàl.

74-

CAPITVLO XXIII.

S A M MARCO loao Bijpo^i^f martyr.

ORcftes an- nos padece o martyrio na períeguiçáo ao Empera- <JorDomiciano oglodoío S. Marcos por íobreiíomc loáõ pcra vir noiírar, & enriquecer a cidade de Braga com o the- fouro de fuás fagradas reli-- quias que nclla fe vcnèrão. -Foi efte Santo primo^& com- panheiro do Apoftolo Saõ Ber nabejteuc por meftre ao Prin- cipcdos Apoftolos Saõ Pedro em cuja efchola aprcndco , & na do Doutor das Gentes Saõ Paulo, com quem veo a ¥{t(- panha, & pregou na antiguã Bilbilis pátria do poeta Mar- cial , que eftà íítuada -onde a- gorâíevèa cidade de Calata-^ yud,ou(como querem alguns com melhores fundamentos) no monte Baubala mea Icgoâ da mcfma cidade , no Bifpado de Tarraçona do Rcyno de Aragaõ. Daqui voltou o San-

Ito peira Roma ohdé pregou^ «5<:cm outra cidade de Itália^ que íuliano chama Allio , & hoje fe conhece cbrii o hoine de Caílcllo de fanta Scucrã. Foi edificada pòr Gregos^ 6c pcllos Aborigíilcs pouòs ian- tiguos Itália. Sàõ Pedirò õír- denou^d: fagrôu Bifpoâó nòf- fo Santo, òc o ehiiiou a publi- car o Euangelhô ã outros pó- uõs de Itália chamados Eqtii- colosj òs quais cáhiáò junto aos Sabinos ^de que fazem iiiê- çáo Phnio j & òutrós autores. Aquipella pregação da al- cançou gloriofa pàlmá de mar- tyrio na perfeguiçãò Do- miciano fendo Prefidcíite Má- ximo. DcfteSântõ fe faz mé- ção cm muitos lugatcs dòs ac- tos dos Apoftolos y &c na Epi- ftola ad Coloífenfes lhe cha- ma o Apoftolo Sáó Pàulò pri- mo de Saõ Bernabe ^ & tàmbé fala ncUé em outros lugares. Cahio ícu martyrio aos zy. de Setembro cm que o pocm o Martyrologio Romano ,Scò nôíòu Baronio no mefmo lu- gar.

1 FoitrcslaJádoocorpô gloriofo martyr para cfta ci- dade de Braga oíide jaz em húa capclla antiquifsimà da iri- uocação , & nome do mefmo

in aduerf M4rh

Plm. lÁ,

neid. lilf. 7- Õuid.

fitfi. itb. 3*

AA Cot.

SànÉô

108

Capitulo' XX IIL

dPanuA

Santo líta no campo dos Re- médios em. hum ícpulchro antiguo de lafpc cuberto com hua pedra que guarda as ia- gradas relíquias. Por eilas obra Deos muitos milagres , ôc faõ viíitadas,&: veneradas de mui- ta gente que concorre de va- rias partes deantrc Dourou Minho. A terra que fe tira de juntoà íepultura íerue de re- médio pêra varias enfermida- des, & com deuação he leuada pêra cura de muitos doentes. EíH junto àcapella fundado hum hofpital em que fe curão enfermos pobres : deílc Santo tomou nome a rua que cha- maó de Saõ Marcos , porque leua àcapella ode eftà o corpo fagrado.

3 Vifitou a oAciprcfíe lulia- no vindo a Braga em compa- nhia do Arcebiípo de Toledo Dom Bernardo , fendo Arc^ bifpoSaõ Giraldo.Deteuefe al- guns mefcs no lugar , & affir- ma que vio as preciofas reli- quias com os ollios , Sc vene- rou com o peito por terra. Delle he o que temos referido do martyrio, ôc tresladação pêra Braga deite rico rhefou- ro. Também faz menção de- ite Santo o Padre Vafcócellos, mas com menos noticia delle

da que nos deu íulianc; por- que nem alcançou, quefora o Santo aquclle Marcos celebre da igreja Primitiua dicipulo tão nomeado , & cflimado dos cjous íagrados Apoítolos, nem que fora martyr illull:re de Chriilo pella pregação da Fe. Porem conforma com Ju- liano, em quanto diz, que de- pois de morto foi tresladado pcra Braga. O tempo , 6c mo- do porque efta tresladação fe fez lios cncobrio a antiguida- dcjôc os annos que fepultarão com eíla outras muitas me- morias antiguas , que illuitra- uão a Igreja de Braga.

CAPITVLO XXIIII.

AS SANTAS NOVE irmãs gémeas. Virgens , if martyres.

M O Sa con- tar neile capi- tulo as vidas de noue ir- mãs virgens, &: martyres glorioías de noíla fanta Fè^nacidas todas de hum parto mais prodigiofo ainda

-r na

jis Santas noue irmãs.

IC9

tdufrfa

H'-y.Rc

^■Ih.I oh ftJ.a m M.f. ai

f í. »rf tí>rats de

CUfOS >^A

C í rttnhé em Ualh

na graça , que na natureza^ pcis nclie íc vio o Cco co- roado com nouc fcrmoíiííi- mas eftrellas cujos admiraueis rcíplandores igualmente o or- não acile, & ennobrecem a cjdade de Braga pátria íuaj òc de Teu pay , a quem luliano cFarra cidadão delia . Foraó fill-as cfta? Santas donzcllas de Lúcio Carilio, ou como outros melhor conjcituraó Lrcio Cavo Atilio varaõ Co- fularnaturaldc Braga , Go- uernador das Prouiucias de I.ulirania,& Galiza pellos Ro- manos, ^ de Calfia fua mo- iher moradores ni cidade de Praga anibosGencios,& gran- des idolatras.

Foi

pois

o calo

fc

me

chcgandofe a hora do parto a Callia fe vio nelle may de no- uc filhas que por a miukidaõ a eípantarão , &: enuergonha- raó . Fioufc da parteira ( que Mémn ^^ liÇ^es do Breuiario de Ci- Mdu f4g. guéçaxhamaõSilla, &: depois

li" H?\ ^^^ ^^^"^^^ 5 ^ marcyr) & raan- tflMM! ) doulhe que fcm ninguém fa- jfn*stei- herdaquella monRruoíídade

qr.iat em rr r

iiuCiKí tomalie as crianças , òí atoga- jmto A das as entcrraflc aonde nuqua Ey^eflx mais apparcccflem. Quis que Ssntahe] logò aly disntc de feus olhos Sí/L ^^ executaíTeaquella crueldade.

mas Dccs ordenou as couías demancira, que cem outia gente que fobrcueo , cuuc de íairda preícnça c'e Cóllla animo de cm lugar mais rcti- rado por em execução precei- to taõ deshumano. Jacllaua aparelhada a dar a morte às noue irmãs , quando indo cõ- íiderando a cada húa per (y as achou a todas bellas , & ftr- moías. Parecialhe que com os clhos , &: geflo, lhe pediao as innocentes vida ^ òi como era chriíl:ã fentiaíc interior- mente moucr a conccderlha. Temia porem a ira de Calíia fe algúahoravieílcem noticia det£.lcouía, mormente que fe lhe naó dcfcobria modo que as pudeíTe criar . Porem a tudo acudio a Diuina Pro- uidencia porque as mininas forão liures da morte , & bau- tizadas porordêdoArccbifpo defta Igreja SãtoOuidio,dãdo lhes pornomeIancbra,ouGene ucrâj Eumelia^ou Eufemia,Vi- toria^Marciana, Germana^Gé- ma,ou Marinha_,QMÍtcria5Baíi lifajVuilgeforte^ ou Liberara. 3 Entregues aamàschriftãs crecerão as noue irmãs em vir tnde,& íàntidaíe ainda mais q nos corpos jC nos annos, tíào por mcítreao Sáto Arcebifpo

K

Ouidio

lio

CapndoXXIIII.

OuiHib qas iníinou, & inftru yordecuja' efchola fairaõ dou- tiiíimasnos myfterios de nof- líífantaFè. Asfdçoés doro- ftOj o ar, & géíto que de íí dauão com a confronta- ção de feus nacimentos fo- raÕ abonando o teftimunho da parteira , que muito de- pois lhe declarou a cada húa per fy,& a todas j tintas co- mo erão irmãs, & filhas do Gouernador Cayo Atílio na- cidas do mefmo parto de fua molhèr Callía, a qual as man- dara matar, & tudo o mais que em fcu nacimento acon- tecera, &c acima deixanios re- latado . Creraõ as Tantas don- zcllas o que lhes dizia, & certas ja da verdade defta re- lação determinarão viuer to- das juntas na mefma cafa, af- fy pcra fe poderem confer— uar melhor na FèjComo pera- q creceíTem mais na virtude , & fantidade com os exem- plos húas de outras . Vota- rão pureza virginal, conía- grando fuás almas , &C cor- pos àquellefcnhor, que com taõ milagrofo parto as fize- ra nacer , nacidas as liurara da morte, que fua may lhe mandaua dar , criandoas , &

fuftentandoas atê ly com pro- - ^

uidencia taõ particular, 4 Naõ fe falaua em outra coufa fe não na fanta vida que as noue irmãs faziaÕj pafmauão todos de entre tan- ta fermoíura, prudência, Ôc outros doens da natureza, porque fe fazião eil:imar,a- uer tanto reíguardo , de cau- tella , mormente pretenden- do muitos mancebos no- bres, òí ricos cafar naquella cafa onde pellas irmans fe- rem tantas em numero , òc os dotes naõ mais que as boas partes naturaes de cada húa, cuidauaõ feriaõ logo admi- tidoí ; fucedendo tudo ao contrario , porque a nenhú dauão ouuidos, nem outra repofta mais que dizerem, ti- nhaõ ja todas efpòfo, aquém por nenhu cafo deixariaÕ, pois nem em riquezas , nem em gentileza, ou nobreza po- I deriaõ achar outros, que o isualaífem . Naõ atinauao os Gentios onde hia dar a repo- fta das fantas irmãs, fe bem a julgauão por verdadeira, pello grande conceito que tinhaõ formado de feus me- recimentos. Nem fe atre- uiaõ a inquietallas demaíía, ou fobegidão jtanto fc faz efti- mar, e venerara virtude,ainda

dos

As Santas noue irmãs».

íl

dos próprios inimigos. Eira uão porem deíejoios ía- ber quem feria aquelle cfpoío de cada húa^ de cjucm táo pagas viuiaõ todas > &: por cjLiem engeicauão os nobres^ os ricos , ^c os mais pcra cíli- mar, & pretender cie íua pá- tria.

j- Vierâõ entre tanto gra- des prouiíoés y ôc decretos do Eniperador, & fenado Ro- mano a Lúcio Atilio j cm que íc lhe ordenaua perfeguiílèa ferrOj& afogo a ley dos Cíiri- rtãos , naõ deixando com vi- da nem com fazenda a todos quantos a profcflkfiem. To- marão ellcs decretos a Cayo Atilio eftando na cidade de Tui junto às ribeiras do rio Minho ; tilihâ elle ja noticia das nóue irmãs,pella fama que corria de í dafermofura^í^ pu-* reza j mandou as trazer dian- te fy pefa faber delias emq ley víuiáo , & qual determi- nauão íeguir daly poí diantC; Chegadas a Tuy, 6c appre- fcntadasem ícu tribunal^ ve- do ja com os olhos^ & achan- do ainda mais do que antes IheContauão^lhe perguntou onde naccrão, cujas filhas crão , âz a quem adorauao , fe aos Deofes immortaes au-

tores, 6c confcriíadorcs do impcrio Romanoiíea ÍESV Chriílo crucificado per feus próprios naturaes ? Rcfpon- dco Gcíicuera, ou Genebra a quem as outras obedeciáoi quanto à pátria ícnhor, fo- mos todas nacidas na cilade de Braga 3 noílb pay es tu mcfmo, ôc tuamolherCaU /ia noílà may ? A Fe que pro- feflamos hc a de lESV Chri-f fto noílo Senhor , verdadei- ro Dcos, & verdadeiro Ho- mem j a auem fe os feus cru- cificarão, naõ foi por culpas próprias que não ouuc, nem podia auer em fiia pcíloa, mas por deíla maneira faluar ao género humano, refga- tãdoo da tirania do Demónio com o preço de feu próprio langue.

6 Pafmado Atilio do que ouiraa Genebra mandandoa recolher com as outras ír- mansj&: vigiar com boa guar- da j depois de aduertir na> íei-^ coes 3 Ôc gei^os de cada húa, que grandemente lhe rcpr€4 fentauão a Calfiajfe foi a con- tarlhe o que ou u ira , ôc en- formarfe com ella íe leua- uão áquellas eõulas algiim caminho , Naõ pode Cal- fia ( ordenándoo afsv Dcos

'II iWiiiillBi t

Kl

jera

112

Qafitulo XXI III.

IDcos pêra mayor gloria das Sancas Virgens ) negar o que rinha paílatío , & claramente confeíTou ao marido a verda- de •, porem acrccentcu que cila mandara matar as nouc filhas que parira, & que com effeito lhe diflèra a parteira as matara_, mas que poderia bem fer o não fizeílc _, òí ferião aquellas mefmas cm que lhe faiaua^ o que com facilidade íe poderia aueriguar afsy pella meímaparteira^que ainda en- tão viuia, como pella con- frontação deíeu parto com o naci mento das noue irmãs, &: pellas amas que as criarão. Pedio depois defta tão ma- niferta ^ & hberal coníiílaõ Calíia a feu marido a deixaf- íe falar com aquellas donzel- las , porque por ventura com cila íe manifeftariaõ mais, & fe declararia melhor a falíída- de, ou verdade do que lhe ou- uira.

7 Vindas à prefença da may as noue Virgens^ ou- ue nas primeiras villas gran- de fobrefalto dehíja,& ou- tra parte j nem Calíía por re- conhecer em cada hua dei- las íua própria imagem po- dia falar, nem as filhas ven- dofe com a may fabiaõ o que

auiãoJe dizer. O íirndoque aly paflaraõ foi , que Calíia reconhccco as noue irmãs por filhas , &: ficou delias de— fenganada que ja mais àú- xarião a de Chrifto, em que fe criarão aindaque na emprefa deixaílem a vida à força de puros tormentos . Com efta reícluçaò a dei- xarão taõ afeiçoada à nofla fanta ley, que não teue mais animo pêra pedir às filhas íe apartaííem dcila ; antes prc- tendeo perfuadir ao marido fe óuueíle com os Chriílãos brandamente _, &: com aquel- las noue donzellas , quando naÕ com piedade, peilome- nos com diísimulação. Po- rem como Cayo Atiho te- mia as íeys dos Emperado- res , não dando nada pellas amoeftaçoés da inolhcr íe rcfolucoa por as Santas Vu"- gcns a tormento, & o execu- tara fe por via de Çalíia, & reu elação de hum Anjo as Santas não efcaparao de luas maõs tomando vários ca- minhos quacs o Ceo a ca- da hGa lhe hia defcobrindo ate finalmente alcançarem to-- das a palma do martyrio na forma que iremos contando. A fefia de todas juntas fe ce-

icb

rou

As Santas noue irynas.

11%

Icbrou por muito tempo em Hefpanha aos 1 8. de laheiro, como tcíliHca lulianOj não obílancc cclebraríe a de cada húaem particular fcgundo o dia cm que derramarão Tan- gue pella defenfaõ de noíla íànu Fe.

CAPITVLO XXV.

DEFENDESE O nacimento das Santas noue irmãs Js^prouaje com outros femelhantes.

Lgijs ouue, q cmfeuscícri- tos puzeraj duuidana tra dição deíla Igreja, ôc de outras muitas, onde a fefta deltas gloriofas Virgens & marcyres fc cele- bra, quanto ao particular de ferem todas gémeas, que no mais bem admitem o q delias referiremos. Pello que nos pa- rece© antes de entrarmos na hiftoria dcíeus martyriosdar- mosaqui húa brcue noticia de

outros partes igualmente mi- lagroíos, & prodigiofos ; pe-^ raque não fique dte difficul- toíb de crer, por mais impof- iuiel que pareça. 2. E peraque vamos com di- ftinção perguntamos primei- ramente fe faz aqui duuida ne- fte milagrofo parto íerem as que delle naccrao tantas em numero ? Sc rodas íerem fê- meas ? ou fe por ventura con- fifteadifficuldade em ches:a- rem as noue u^mas a idade,q pudeílem profeífar, ôc con- fefiar a de Chrifto ,atê por ella darem fuás vidas,& derra- marem íeu ianque?

Não fe pode duuidar do parto por numerofo, porque no Peloponefo pario húa mo Ihcr quatro vezes^ línco filhos de cada parto . Em Roma fc vio o meímo em húa efcraua do Emperador Augufto Ce- fara qual pario finco filhos de hum ventre, no campo. Laurentino. Em Alemanha ouue húa molher como affir- maRauifioTextor, que pa- no feíTenta filhos , finco de cada parto i & ainda que na- turalmente, conforme à opi- nião de Arirtoteles , feja eftc o mayor numero dos filhos que podem nacer de híj parto:

PllX. Itb.

Getlítb. 10. noã» Atic,f.3'

I.J?p4ter

fde/elHt

K3

con-

314

Capitulo XXV.

\âefiíiU

contudo rlinio , ôc outros

Cerra/.in' n J \

l.Arcfiii autores O eitcnclem ate o nu- l/f »• f -i* mero de fete, trazendo exem- plos de partos femelhan restos quaes no Egypto eráo muy frequentes atribuindo efta fe- cundidade às agoas do rio Ni- lo^ que fertiliza aquellaPro- uincia. Nem os luriíconíul- tos defconhccem o parto de fete filhos j porque o julgáo por natural ^ &: entre os par- tos numcrofos que , refere de granes autores aponta eítc o lurifconfulto Paulo, Ôi o não reproua Vlpiano, E que efta fecundidade Icja tão pró- pria nas molheres de entre DourOj & Minho, onde na- cerão as Santas noue irmãs, como natural nas do Egypto, íe proua com muitos exem- plos de molheres, que parirão trcSj& quatro juntos: & húa onuc na quinta deVillamayor daHõra deTcixcira por nome Branca da Rocha a qual pario quatorle crianças dehú parto viuas, & que receberão o Sa- cramento do Bautifrno. Ia fe vjraõ em outras Regiões a- borfos de doze, vinte, dc(t- tcnta criaturas. De dous par- tos pario certa Alemã , que naquclle tempo viuiaemlta-

Fí/flj,. ' lia, vinte & hum filhos, onze ,

l.antiqui ff. JJpars htere.pct. l &fi p4« iiíVci ff. ttiem.

Barbofa in rsm^f. ador l. ííb.^Mt. loj.w. Z.

Tlin.li.j r.ii.

Mben.

r»al.li.<^, tf ^.c.

w

Chromtr

por húa vez , 6c dez por outra , chamauafe Doiothea. O Conde Verbofíao em Po- lónia ouue cm íua molher de hum ventre trinta & féis filhos ; naccrãolhe em vinte de laneiro doannode izóp.contao Martin Chro- mcro autor daqueila nação de grande diligencia , & autori- dade.

5 Q2?m não fabe dos 3 éj. filhos òd filhas que juntos pa- rio Margarita filha de Florên- cio quartoConde de Holãda, molher de Hcrmanno Con- de de Hennemberg,noanno dci27j.ounodc 12.78. todos, viuos,c todos em cftadoqpa deílcm receber asoa do fapra- do Bautiímo , como auto- res grauiísimos:& ainda acre- centáo alguns que em certo moílciro deReligioías de São Bernardo chamado Luíduno fe conferua ainda hoje a íepul- tura defta Margarita,^ de íeus 3Ó5 filhos com o epitaphio, que podem ler os curioíos no Bifpo de Vulturara Symaõ Maiolo, onde fe diz que às fêmeas íe pos o nome de líà- bel , aos machos de loá.o,6c q o parto foi em fefta feira San- ta às noue horas da manhã doanno de 12,76 eftando a

Conde-

jinehr. n CUm.

S'

de Siiciroi m 127c! j>ag 308.1 Meyer] innal. li.

9-

.'^^arcel. Donat.iit

bifl.mfd, .-.24.

MayoL diescanic eellequia

Sdnt^^ noue irmãs.

115

D.lhf.

fnmíi, ei ibi fcribi

Ib.i d \fi(nfi\'ítio

\6 nrt..^

Condeça nos qiiarcc^& dons de íua idadcFicalogo quedeí- contentar por numerolo o parco das noílas noue ir- mãs hc querer por vicio na verdade dos q acabamos de re- ferir,t\:de oacros femclhantcs, que íc acharão nos meímos autores^ & ter íò por verda- deiro o que não palia do ordi- nario^ou íe vecom osoihos. 4 Menos duuidoro,(?>:fabu- loíofaz ainda dcí1:c parto das Santas Porcuguefas o ícr to- do deíemcas ;pcrq comoa na- tureza cm femelhantes prodi- gios perde muito de íua vir- tude ^ Sc efíicacia pella efpa- Ihar por tantos fogeitos, bem (c deixa ver chegara a cada híí com menos vigor, &c naõ po- derá íair cem o mais perfeito, &: femprc delia pretendido , q he a geração de machoj& não de fêmea, como mais nobre naquellaefpecie: mais fácil fi- caua logo ã natureza iendo os indiuiduGs deíle parto noue auercm de fcr todos fêmeas, q todos machos. E por aqui fe deixa ver, que tudo o que íe lhe oppoem de fabulofo he fcm fundamento , & afim de negar o que em boa filoío- phia fe não pode contradi- zer.

5 Kem cuidamos quejanê por nunieroío , nem por ler todo de fen eas deixará de pa- recer verdadeiro o parto çíc Callia^por vital íy,pois lendo ofuccílb natural nao parece lepodião formar as noue fi- lhas em tanta perfeição, que che^aílem viuas a durar tan- cos annos. E peraque conol- íos meímos exemplos nos cõ- uenção os que tem o contra- rio,refpcndcmq em Egypto nacião muitas vezes íete ôc mais criaturas juntas j mas Solino que o conta , nem ou- tro algum autor diz viuião por muitas horas, quãto mais per muitos annos , como vi- ueraõ as noue Portuo-ueías. Os aboríos de doze, vinte, &c fetcnta criaturas , erão abor- íos, & por taes janãofizem proua em parto que todo fe lo grou. Vioíe,he verdade,o Có- deVerbofiao de húa vez pay de trinta ôc leis filhos j mas por tão pouco tcpo q nenhú durou efpaço confidcrauel . Os trezétos & feílenta &c íín- co da CondeíTa Margarita , ale de não paífar cada hum na grã- deza da quá:idade do dedo me nor da mão de hum homem, na mcfma hora que naccrão,

morrerão,

K4 6 Menos

Ii6

Capitulo XXV-è

V ■Jí—

6 Mjiio^erãoos quatro fi- lhos,& oiitms tantas filhas de Faulla em tempo de Augufto; os íínco de íua criada, outros tantos que ouue cm íua mo- Iher o doutor íoaõ Celími, é Berna cidade de Suizcros no anno de 1554. três machos_, de duas fêmeas, & com tudo o meímodia que osvio nacer, eííe mcímo os vio morrer. Como pode logo íer que as Santas noue irmãs naceílem perfeitas,conrinuaílem , òc fe lograílemviuas por tantos ?.n- nos contra a comum reera da natureza , que nos partos cm que fe moílra mais liberal de indiuiduos,ahy he mais eí- caíTa de perfeições , & mais a- uarcnta deanno.^?

7 A rcpolta vnica , & prin- cipal a cilas ob:ecçoés era per- guntar donde íe collige que o parto de Calíía,em queDeos tiraua a luz noue donzcUas pcra tanta gloria fua , as quais com profeílarcm a virtude da pureza acreditaííem em Hef- panha o eftado virginal , & darem fua vida, Tangue pcl- la Fèa multiplicaíTem na mef- ma Prouincia,era natural, & naõ verdadeiraméte mila^ro- 10 ? Qj£em diíTe fe auia de me- dir eile prodigiofo fucelTo

pellas leys da natureza ? De- modo que fendo tudo o de- mais neílas glorioías irmãs railâgrofo , o parto ha de fer natural? E afsy dizemos q aindaquc por força da nature- za quando as Santas naccílem noue juntas íe naõ podeílem conferuar por muitos dias vi- uasjpodiaõ com tudo quando a graça as padrinhaua5& a om- nipotência Diuina era a que as tiraua a luz.

8 Mas pcraque naõ pareça nos valemos demilagres,eíla- do no que pode a natureza, & no que lem pertinácia fc não pode negar : nas hiílorias humanas encontramos cm noffo abono, òc juftifícação prouas efricaciiLmas. No fim deite capitulo poremos os au- tores em que íe achao . Duas porem deforça auemos de re- ferir aqui, com que fc verifica bem fer verdadeiro o parto das noíTas noue irmãs San- tas.

9 Antes que paílcmos a Reinos eftranhos comece- mos pcUo que fucedeo no noíTo de Portugal neftc Arce- bifpado de Braga quinze Ic'

j goas da meíma cidade . Mo- raua na villa de Chaues hííâ molher nobre por nome dona

Maria

Santas noiíe irmas^.

\\f

Maria Mantclla, ou Mareei- la eafada com hum homem principal do lugar deAnhele^ chamado Fernaó Gralho. Efta mandou hum dia chamar â hum caz eiró feu pcra oocu-* par em feruiço de cafa ; tar- dou elle, & náo chegou ao te- po que lhe fora ordenado ; re- preadeo o a fenhora , & elle fe dcículpou q naõ viera mais cedo porque de hum parco de fua molher lhe nacerao duas crianças que o obrigarão a lhe buícar amas que lhe deíTem leite porque nâo perece ílem. Efpantadaa íenhora do cafo lhe reípondeo, que naõ po- dia crer que parco de dous fi- lhos foíTe íegicimo^ances o ti- nha poradulterino,& lhe pa- recia que â dous pays fe auia de atribuir . Mal pareceo ao marido Fernâò Gralho a re- porta de fua molher, acodio logo com reprenfaÕ, & o Ceo naó tardou com o caftigo. IO Andando o tempo veo ella a conceber , & o marido pcllo que lhe tinha ouuido começou a vigiar o parto. Su- cedeo que fendo elle hum dia aufente pario ella {çx.t míninos machos taõ petfeitos em to- dos os membros como feo parto fora de hu . Foi igual

ao cfpanto á perturbação Ve^ do com os olhos o humero dos filhosj & coma confide-^ ração a afronta que delics lhe auia de refultar le o parto fof- fe pubhco na vilía^ & chegãf- fe à noticia de feu marido. Vé- dofe neite aperto intentou feito cruel indigno de inay, qual foi efcolherdoá mininos hum que deixou em caía com vidados féis fentenceoU à mor- te , & cõmeteo a execução a húa eícrauâ , aquém õs en- tregou com ordem que logo os foíle atogàr no rio Tâme- ga para que nãõ appareceífém mais no mundo. II Hiaaefcrauatiraravida aos innocences bufeando o rio que auia de fer o inftrumé- to defuâ morte. Quando de repente appareceo íeu amõ Fernão Gralho , a quem ella deu as ilouas do parto de fua fenhora , dizendo que parira hum mi nino. Perguntoulhe o amo que era o q Icuaua cu- bcrto \ naó queria a eícraua refponder, inííou o âmo , & com ameaças lhe mandou de^ claraíTe o que leuauà.Náõ pó-^ de ella reííílir , & veo a cônfef-^ far pêra onde híá,e a execução mortal que queria fa2ef ríáá innocétes criáçàí5,pedindolhe

que

r -- ~'

kH^

capítulo XXV.

\

que à não deícubriííe, pois ihc não hia niílo menos que a própria vida, Tomou o pay os mininos , & deu os a íeis amas pcra que os crialíem. 12, Crecerão elles j & che- gacíosa idade de trcsannos,© pay os veílio damefmaiibrc que tinha dado ao ííliio que ficara cm cafa , & pellas amas os mandou trazer ante fy dia de feira pêra os ver juntos. O de caía tomou húa cana, &: fazendo os jogos próprios da quclla idade fe pos acaualo nel- la,& começou pellacaíàa pai- far carreiras. Entrou a enueja nos outros mininos , & qui- zeraõ também fer figuras na- quella fefta ^ bufcaráo canas» &: entrarão no jogo ; forriofe a may , & zombando diílc. Também os villafinhos que- brem correr como o noílo Fer- não Gralho ( queafsy fecha- maua o de cafa.) O marido lhe refpondeo.Pois íabei, que o pay^ & may de Fernando , fjõ os mefmos que dos outros,& melhor he ferem ganhados q perdidos. O mefmofoi ouuir ifto a molhcr que darlhe hum acidente mortal nacido do fo- brefaltodeverviuos os filhos que tinha por mortos , & ca- iado da cadeira em q eftaua

íc lhe acabou j untamentea vi- da.

1 3 Crccerío os fete moços, & vierão a ler homés de mui- ta importância . Edificarão ■&: dotaráo íete Igrejas a ía- ber Santa Maria de Morei- ias 5 Santa Locaya , Santa Maria Demcrcs anncxa ho- je a comenda de Carrezedo, Santa Maria de Caiu a o anne- xa a comenda de Noguiraj Vi liar de perdizes, o Moíleiro DozOjde que ainda hoje ha no ticia, & a mctad a da Igreja da villa de Chaucs . Na meiíiia Igrej a tiuerao capella particu- lar da inuocação de Saõ Domingos conhecida pcllo nome de capella dos Gralhos^ Auianella altar em quefe <íi^ zia mifla , & três arcos meti- dos na parede cora húa fepul- tura cm que elUua a may filhos ao viuo retratados com húas letras que diziaõ aísy» Aqtiija^Maria MantelU com fius filhos arredor delia. Dcf- íczfc a^capella auera feteiita an- nos pataíc reformar o edificio da Igreja. Dura hoje a admi- niftração delia em hum decé- dente defta geração dos Gra* lhos. Anda tfta hiftoria na bo- ca de todos os moradores da- quclla villa , & em cfpccial na

familia

Santas mue. irmãs.

119

Eiuay in cÕtDext, 4». 1 3 8 . n.6.

Seu/a Fio. de Heffanh e-i- ex- eel.i.u.^

fan^ilia dos Gralhos. Apon- to u a Biuar com po uca certeza por falta de infonnaçãosa que leguem outros autores.

14 PaíTaiido aos Reinos eftranhos,contaíe por coufa aueriguada que chegando cer- ta pobre com ires crianças gémeas confi-go a pedir címo- la à CondeíTa de Alterf no Reino de Suécia chamada Ir- mentrudis , ella lhe rcfpon- dco:que pois aneccííidadea obrigauaa viucr da charidade dos fieis , deixaííe em caía a- quelles filhos _, peraque não foííem teftimunhas de fua dc- foneftidade, pois não era pof- íiuel naccrcmlhe todos defeu marido . Cortou efta repofta o coração , ôc efcandalizou grandemente a pobre mifera- uel , & com os olhos no Ceo arrazados cm lagrimas , pedio a Deos, que a CondeíTa expri- mentafle cm íy como fe com- padecia a innoccncia , ôc ho- neftidade de hija caiada com a multiplicação dos íilhos no parto.

15 Foy afsy, porque cm menos de hum anno fe achou Irmentrudis com doze filhos todos nacidos na mefma hora, todos viuos , todos de hum parto , Ã: taõ perfeitoSjComo

íc não fora mais de hum íò. Veolhelogo à memoria qfe manifeílaua o parto todoa ieu marido , feria j ulgada delle^Sí caíligada por adultera •, pello que conferuando hum dos mininos , ordenou a hi;a cria- da fua , de quem fazia confiã- ça , lançaíle os outros no rio . Mas foi a boa forte dos onze, que leuandoos ella enuoltos na fayaacafo encontrou com o Principe feu fenhor . Teue elle curiofidade de lhe pergun- tar que leuaua , & ella indu- rtria pêra lhe refponder que huns cachorros , que parira húa cadella fua,os quaes hia la- çar no rio. Mollrai ( tornou o Principe ) fe prcfta algu deiles pêra o criarmos. Não fenhor_, reípondeo a criadajquc vão ja todos mortos, & dencnhúa maneira pêra voíTa excellencia os poder ver . Dizendo illo, deu a andar com toda apreífa pêra húa janella donde auia de lançar as crianças no rio , que lhe paílaua por baixo, temen- dofe que íè acurioíldadedo Conde paílaíle adiante , feria defcuberto o parto da fenho- ra,& fua impiedade. Sofreo o fenhor mal a reííftécia da cria- da , & feguindoa vio o que le- uaua,dando com os olhos em |

-- oiizc

j:o

£apituh XXV.

onze crianças todas da meí^ ma bcllcza. Paímado delia, te muiro mais dacaufa porque crio condenadas à morcCjCjua do ainda não comcçauaõa vi- Lier , manda a criada tenha o nciToceo em fej^rcdo , & diea à Condefia cllaua bcni fcico cudo o que lhe cncomc- dara.

I ^ C hamou logo o Gon- de a íeu moleiro , homem depredar, íl'por íiiaviadcii adiaerfa^ amas os onze mini- nos pondo todo o cuidado, (k vigilância cm fua boa cria- ção. Creceraó,chegarão a ida- de de féis annos , queria os o py leuar ja pcra caía , òc tra- tar ao defcuDcrto como filhos feu? . Mandou pcra iílo veilir a rodos da meíma libre de que andaua vellido o que a may confcruara, naõ auia diíFcren- çalios no corpo, nas feições, nos geít^seraõ os mefmos. Eisqiic cm hum dia defefta, entrao todos pclla porca den- tro da camará onde a Condcf- fa eftaua,aprercntalhos o C5- de , & com a boca chea de ri- fo ♦, vejamos ( diíle) fcnhora fc vos atrciicisa medizcr qual deftes doze he o voíTo filho? Errauaõ os olhos da may em tanrafeniclhança. Entre eftas

perplexidades acreccnta oC5- | de j pois eíles ia 5 os onze que mandaftes lançar no rio , pêra nellc acabarem a vida, mas o ^Cco os cohferuou pêra alegria voílà, òi honra dcfta caía: Foi- Ihc logo contando tudo o que no caio paíTarà, &c como fe criarão os filhos , & o mais fuceílo de fua vida ate aquclla hora . Pafmada a Condcfíá do que via, &ouuia lançada aos pcs do Conde lhe pcdio perdão : òc diante de hua ima- gem de nofia Senhora , pcra- que defte caio fícafle eterna memoria, fizeraõ ambos doa- ção à May de Deos daquclíc fitio, ^ lhe prometerão de ncUe edificar hum moííeiro de Saõ Bento , como edifica- rão, ondefcmpredcfdoanno de 800. em que ifto fuccdco, atê o prcfentc íc criarão gran- des íogeicos alli cm letras , como em virtude Os miai- nos tomarão por íobrc nome Guulphen,que vai o mcfnío que cachorros , cem alufaS aos que fingia leuar a criada quando foi perguntada pcllo Conde, ôi fcraó o tronco de- lia nobiliííima família no Rei- no de Suécia,

17 Tcue eftc fuceflb por tc- ftimunhastodoaqlle Reino

em

gar»

Santas nouc ir 'mas.

cm que por muicos íccalos íoi celebradillinio , ceue a ca- ía Giiuciphen^qiic por con- íeruau íua memoria (.ícixoii o appcllido de Altorfe ^ d: tomou o que ihc deu taõ no- taucl accntecimcnto , teue a fundação do moileiro das Vinhas j onde em pinturas de grande preço, cm efcri-- turas de grande autoridade, ôí principal menix na boca de todos aqaelles Religioíos íe vio por grande efpaço de annos a verdadeira relaçio dcilc , fcm nenhum autor, ou daquella idade ^ ou dos que depcis le íeguiraÕ fe atreuer a lhe por tacha de fabuloío, pêra que nelle ^ & no outro que acras referimos riueílem as noílas nouc Virgens, & martyres abonado teílimu— nho de íeu prodigiofo naci- mcnto . Saluo fe noíTos ef- critores, &naturacs,tcm por afiunto crer os prodigios,& milagres , que ou a natureza, ou a graça obra por terras eftranhas , & negar os que na fu3 fe vira5,qualhe o de Chaues que atras contamos, & o parto delias noue Virgés, de que feda por autora a tra- diçãode tantas Igrejas, q(co- mo acima diziamos) celebra-

I uaó a fcib Heílas beniaLicr.- taradas írmans : acujcsniar- tyrios em particular he bem que ja nospaílemós,auiían- do por vitima concluíàã de- ite Jiícurfo a quem o ler, que quando íe não der ain- da por contente cem csca- fos taõ íemcihantes que aqui lhe referimos , poderá achar outros ainda mais prodirio- íos no Biípo de Vukurara Simão Maiolo , cm Pedro Bouill:au, Cláudio Teíleran- te, & Francifco Btlforeírio, de quê rccolheo grande par- te o autor que fez o liuro que intitulou hiRo- rias prodigio- íàs.

Mayol. 1 d-es (om ' ni,colloq,

Pedr.Ed' liijliia p. j 1. c. 31. ClitHd. leJJ.r.p,

CAPI-

12;

Capitulo XXFL i_Jleu

nrr.

Martjr. \iRo'inane tzo.de Ití

\Martyr. ; Vfuarâo (20 /«/;/<

CAPÍTVLO XXVI.

SANTA LIBERATA

Virgem,isf Martyrjma das nouê itmas.

Omcçãdopor Santa J.ibcra- ta ^ pocm o Martyrolo— gioRoinanOj & JeVÍ uardo a íua feíla em zo JeIulho,com nomede Vuil- scfortc. O Romano à\t afsy. InLiijitaniaSanCl.i Vuilgefor- tis Virginis , tf martyris^ qiu proChrãiianafide,acpudi€Ítia decertans , in cVuce meruitglo- riofum obtinere trmmphiim. O de Víuardo. In Portugallia Satiã^ Vuilgefortis Virginis^ Isf martyris, qiu amore casii- tatis , ^ Chriflian^ fidei in cruce moriens , feliciter tran- Jitiit ad Dominum. Vem hum, j&: outro a dizer, que em Por- tugal aos io.de lulho padeceo martyrio pella Fè,& caftidade Santa Vuilgefortc , pofta em hiia Cruz.

•:i Antes que expliquemos ;as palauras referidas , cm q fc contem o martyrio de Santa Vuilgeforte,hcneceirario de- clarar os nomes porqeílaglo- ,rioía Santa he nomeada-, huns

lhe chamáo Vuilgeforts , ou- tros Liherata , osTudefcos, OntcÓmera , q vai o meímo q alegrc^íem triiteza,& Icmma- Icnconia. De todos nos aduir- tcm Flauio Dextro , Iuliano,o Martyrologio Portugues_^Mo rales^Padilha, Marieta, Fr.Ber- nardo de Brico^IacoboGrelíe- ro^Antonio de Vaíconcellos, fr.Luis dos Anjos, outros. 3 O nome de Liberara deu ocaíião a quafi todos os auto- res de noflo têpo_,afsy Caftc- Ihanos como Portugnezes, a confundiré outra Santa Li- berara,cuja fcila celebra em i j de lulho a Igreja de Siguença, poraly gozar de feu preciofo corpo, fendo ellas em fy bem diífercntes. Porque Santa Libe rata dcSiguença foi Ií:aliana,& natural (fegundo temos por mais prouauel)dcComo cida- de do Ducado de Miláo cele- bre pcllo fcu fàmoío lago, Sc por ferpatna de ambos os Pli- nios, tio,&: fobrinho, Scáz Paulo louio Biípo deNocera, q cfcreueo a hiíloriade ícu te- po.A nòfiaSátaLiberatanacco êBraga na forma q ja di liemos. AS.Liberata deltaliapoc oMar tyrologio Romano çm 1 8. de lanciro dadolhc o titulo de yirgc. Nouocõmi SãttcLiberãta

Áíartyr. lujitio,

Itdtj. Moral.lí

O.C. ly. I

Aííirieta h..\.c.\^ r.Befn, _ . À.da mcnarch

ll.^.C.lS

Jacob.

GreJJ. de crticclib. i.r.íjS. y.ifí on- /-cLm dif erip.Por,

Fr. luis dos yln- j os no lar diA Port. pag.ii.

Aíartyr,

Romum. !

i^.IannÀ

rtj.

Âííirtjr,

f^fuardo

iS.Ianu.:

<uirzinis:

I

Santa Lif^ercií

(L^.

«k-4-

-1 1

como também faz Víuardo. Anoíiátoi alem de virgem marcyr pclla Fe, & pella caíli- c!ade, padecendo em lo de lu- Iho. A Italiana tresladou de Florença pcra Siguença o Bif- po Dom Simaõ Giron com particular licença no Pon- tificado de Bonifácio VIII . c]ue íncedeo entre os annos doSenhor 1294. &: 1301. co- mo conlla do Breuiario da- qucUa Igreja, nas lições das matinas em i $■. de Iulho,quã- do aly fe celebra ella feíla j a nofía Santa Liberara nunqua foi a Itália , nem entrou na ci- dade deComo nem na de Flo- rença.

4 Porventura que fe o Bif- po Dom Simaõ coníultaraa Igreja de Como pátria de San- ta Liberaca , acharaaly melhor cnfcrmaçáode íua vida, por- que fcgundo lem.os em Baro- nio nas annotaçoês ao Mar- tyrologio Romano em 18. de Ianeiro,ella fe guarda nos car- tórios daquelia Igreja. Mas comocmSis^uençaauia mui-, ta noticia da Sãta Liberara Por tugueía , facilidade , por os efcritorcs daquelle têpo não fazcrê djílinçáo entre híía & outra ,acom.odaráo à Italiana. as coutas q eraõ próprias da

PcrtugLicfa,ea efta muitas cia'; c] pertence a. Itália iia. Aducr- tiraò delia cSfjzaõ ,conÍ!.ika- dos íbbre a màteriaj per car:as íuasdeA^ollo-Setébro.e Ou- tubro de mil & quii^hentos 6l nouenta & hum ao 111a- ftriílímo , & Reuerencilhmo fenhor Dom ApoOinho de Caílro noflo predeceiíor os Doutores Alonfo Villeoas beneficiado em SaÕ N4arcos de Toledo \ Fernão B can có- nego de Badajos, & o Padre leronymo Roma delaHigue- rada Companhia ce lESVS^ pelloas bem conhecidas por doutas, ik. diligentes nas anti- guidades , & hillorias dc.Hef- paiiha, cuja autoridade te- nros por íem duuida ferem be differeDtes as duas Santas Li- beratas,de Itália, ou Siguença, & a de Portugal, y Continuando agora com o que pertence a noíla Santa j íua vida foi peifttiílirra,- por- que íaindo de iua cala , & pa-. tria quando fe apartarão en- tre fy as Santas noue irmãs íe retirou por muito tempo a hum ermo -^ aly fe deu todaà contemplação, das couías di- uina^ cm companhia de ou- tros chriílaós^, que a quize- raó imitar viuendocom elles

«•(

Li

cm

124

Capitulo XXVI .

c.i2-n.y

DíS.AH,

Chnfti ,138.

li

Juliano in rhron.

j».x j8.e/ I in Acbier.

cm forma de Religião •, donde parece foi a primeira que ne- llas partes do Occidente co- meçou a vida folitaría. Do q fe pode bem ver a grande glo- ria derta cidade de Braga , pois não foi a primeira que fora deludearccebeo aFè^ a pri- meira que deu virgens, àc marcyres ao Ceo ( como vimos em Saõ Pedro de Ra- tcSj& naquella Princefa^a que o meímo Santo conuerteo ) mas*tambema primeira que no Occidente profeílou ávi- da eremitica, que depois fe dilatou tanto, & com tanto aumento da , & religião Chriftam.

6 Defte ermo foi tira-

da, & leuada prefa çom to- do^ feus companheiros Sáii- ta Liberara à cidade de Am- philochia , agora Ourenfe, conforme a Flauio Dextro, ou à de Cale, como parece mais prouauel , & o diz cx- preílamente luliano, pêra aly ou a poder de tormentos per- derem ávida, ou deixarem a Fè. Cale fe chamou anti— guamente hija grande pouoa- çáo que fícaua na 1 margem efqucrda do po Douro , a quemdecc pêra fua foz,aIy aonde agora efta Gaya, a qual

com toda fua jurildiçáoafsy efpiritual como temporal fe veo pcllo tempo adiante, & ja no Reino dos5ueuos a mu- dar pcra a outra margem do rio,eiç q vemos edificada a n^ biliílima cidade do Porto,que de Cale& Portus íc chama cm latim Portucalc , & delia todo o Reino Portugal, como mais copiofamére tratamos no Ca- talogo dos Biípos doPorto, 7 Trazida pois à cidade

de Cale ( ou pello nome da- gora ) ao Porto diante do tirano ( que alguns querem folie feu próprio payjSan-- ta Liberara, Òc íeus compa- nheirosi pêra que maisaate- morizaíTe com a villa detan- tas mortes, quiz que padc- ceíTe diante delia aquclle ge- nerofo eíquadraõ, que cm vida a acompanhara , & íe— guira. Foi muito pêra vera conftancia que todos mo- ftraraõ entre tantos , & tão vários tormentos •, mas mui- to mais a íjeneroíídade com que a glorioía Virgem os a- nimaua, & não deixaua ate de todo os vcrefpirar. 8 Por afrontar a pureza da Sãta ordenouCayo Atilio,ale uallcaccrtolugarondehomés 1 perdidos lhe fizeflé força-, mas j

a Vir-

í>p.c,i.

S.cnta 0:^iter'ia^

12$

2 9

a Virgem gloriofa com o fa- | uorcToCeoíedcfciícIco delles | valercíamentc , & conforme o pedia, ^ lhe eftaua prome- tendo alíniíicação defeunomc Vtiilge forte. Eíia he a peleja, q os MartyrologiosRomano,& ce Víuardo dizc nas palauras, (^ ja referimos tcuca gloriola Santa Liberara pella callidade. Cepois a mandou o pay cruci- ficar, 3c na truz a teiie viua ate lhe corcirem a cabeça, como cícrcueluliano, &diz cxpreí- ínmcnte o Brcuiario de Si— çucnca.

*) Foi feii martyrio pellos annos de Chrillo 13S ,como cxpreílamente o tellífica FJa- uio Dextro dizêdo, Anno Do- mini centefmo tri^efimo oclauo V^tiilgefor risquei Liberata Ca- tilij Lufítanorum regtdi Jilia pafa eH Amphilochij. Toma- rão grande deuação comeíla Santa todos os pouos de Ale- manha, chamáolhe ordinaria- mente Sita OenfomeKy que vai omeímoque alegre, &íeni triíle7a. Porventura Ihcda- riáo efte nome pella extraor- dinária alegria coque fofrco a morte, ou porque a tem por Santa auogada contra o mal de malenconia. As relíquias àcí\ia erande Virgem , ôz Mar-

lyr fcpultaraõ os ChrilUos na mcíma cidade dt Cale Naú íabcmos fc tresladaílem daly pêra outra parte^porq as de Si- guença(como jadillemos)íaõ as de Santa Liberara de Itá- lia.

CAPITVLO xxvn.

SANTA QjlTERlA Virgem, b' Martyr.

Aõha duui- da fcr cila glo rioíaSátahúa das iioue fi- lhas de Lúcio C. Atílio ,aíli o diz palauras_ claríílimasíuliano.yir-^íí? mea cehbratur mazna rcli^ione Sn- ãa Quitéria Jj oãoforores eius per Hijpanias filias Lucij Cati- l/J •■virí Confitlaris^ tf Pr^fidis Galecu^ ijf Lufitanu , pátria Bracharenjis , tf eius terr^ reguli. Q^er dizer, nefles tem- pos íefeltejacõ grande deua- ção por toda Hcípanha Santa Qoiteria, &c fuás oito irmans filhas de Lúcio Catiliovaraõ CõfuIarPreíídéte de Gahza,«Se de Lulítania natural de Braga^ , Sc fenhor da mefma terra. I

ííãntr

L3

Con

126

Capitulo XXVII.

! Fahnt.

2- Contão delta Santa os autores que eícreucraõ íua vi- Brimrio da , que mandando feu pay quando foubc da aufencia, & ftigida das filhas gente que lhas bufcaílc , & trouxcílc outra vez a caía 5 deu a pou- cas jornadas com Quitéria, & com todos os qucconíigole- uaua. Perfuadirãoíe feriaó lo- go todos mortos à força de tormentos, afsy pellaFèquc profeíl'auão,& perfcguia tan- to Cayo Atilio, como por íe- rem complices no delito da filha acompanhandoa em fua fugida . Mas Deos difpôs , & ordenou as couías de maneira, que Quitéria foi bem recebi- da do pay,3«: com os mais paf- fou com diflimulaçaÕ. 3 Tinha Qm teria grande trato , & familiaridade com o feu Anjo da Guarda. Appa- rccialhc de ordinário cm for- ma viííucl, (& com confelhos a cncaminhaua ao que via fer mais fcruiço Diuino. Elle lhe aconfelhou que rctirandofca tempos de fuás criadas, & mais trafego da cafa do pay, fubiífc ahiá monte que den- tro da cerca dos paços ficaua, & a hiftoria chama Oria j & aly paílàflc algíías horas tra- tando com feu efpofo,& com

os cidadãos da gloria, que de boa vontade lhe aísiílirião. Vieraõ a notar os da caía de Cayo Atilio cilas taofrequé- tcs faidas da Santa ao feu mo- te, Sc como os entendimen- tos dos homcs íaõ prontos cm julgar todo o mal , entra- rão cm fofpeitas que fazia a Santa aquelles caminhos le- uada de intentos dcshoncftos, afrontofos pêra fua pcíloa, & muito mais pêra a cafa de feu

4 Chegarão eílas fofpei- tas a Atiliojporem aSanta Vij;- gem as 'desfez com tão cííca- zcs argumentos de fitainno- ccncia, que o pay nãofò íc deu por fatisfcito, & dcfenga- nadodo que malicio lamente lhe quifcraõ perfuadir , mas ainda liberalmente lhe conce- deo fizcíle da ly por diante, ainda com mais frequência a-

Suellas fuás retiradas do mo- o que melhor lhe pareceflc. Em oração eflaua a Santa húa vez neftc monte quando ap- parecendolhc o feu Anjo cm forma muito mais fermofa,& rcfplandeccnte que a ordiná- ria, lhe reuclou como Deos era fcruido Icualla em breuc pc ra fy , pclla gloriofa morte do martyrio.

5 Quan-

Síínta Qmteriã—f.

127

l

5 Quando a Santa deceo cio monte achou pqr hof- pcdes de ícu pay dous dos principacs ícnhorcs daqucllas Prouincias,cjueavinhão pedir por niolhcr^ chamaa hiíloria a hum dcUcsGermanOjdo ou- tro calla o nome. Inclinauafc A cílio a dar a hlha a Germano pcllo bem que lhe eílaua elle cafamcnto-, mas cila confidc- rando o perigo em que aqucl- las bodas a meciaó de perder fua pureza, recorrendo à ora- ção pedia a Deos lhe dcfco- brifie caminho por onde pu- delicperícuerar virgem , co- mo a íua Diuina Magefta- de tiiíha por voto prometi- do. Aqui lhe tornou a appa- recer o feu mefmo Anjo, que a certificou da protecção Di- uina prometendolheda parte domeímoSenhorj queperíe- ueraria-toda a fua vida virgé;

6 no cabo delia feria premia- da com glorioía palma de martyrio . Ordenoulhe mais feíaille da cafa do pay pêra aquellas terras onde cUc a iria guiando , Icuando coníigo de íuas criadas, & conhccidos,& de outros chriftaõs , osquea quizefiem acompanhar. 6 Logo que fe foubeda partida , ou fugida de Qnjte-

ria , quiíera Germano ir cm feu alcance, mas Atdio(por a couía íe fazer com menos eílrondo , & mais fuauidade) ordenou fo fie gente de fua ca- fa, aqual perfuadiíle à filha dci- xaíTe os intentos que leuaua^ (ík fc cornafle à fua obedien- cia,&:accitaífe as bodas de Ger- mano , pois aquillo era o que lhe conuinha pêra viuer quie- ta , & autorizada. Adiante co- taremos o que a eftes meíla- gciros aconteceo com Santa Quitéria. Entre tanto com a boa guia do feu Anjo foi a Santa dar cmhíã valle, aqucm cercaua hum monte chamado Columbino,ou Columbario, não muito aípero de íubir, o qual no mais alto tinha húa ermida dedicada ao Principe dos Apoftolos Saõ Pedro. Aly diíle o Anjo à Santa que fe- ria íua morada, & dos ícus ate que Deos foífe feruido corti- prir as promeílas que Ihcauia feito . Afsyfoi, porque na- qucllc monte, & ermida ga- llauáo todos muitas horas em oração , paíTauáo as noi- tes cm vigias -, viuiaõ cm per- petuo jeium,&pcnitcncia:cm fim fazião vida mais de Anjos quede homens. 7 Pertencia o monte, &

L4

ermida

i~á

Capitulo XX VIL

crmiJa is terras de hum Tc- nlior,a quem huns chamão Lenciano_,OLitros Lucíiuan,ho mem apoílata de noíla fanta Fè, &: íobrcmanciraauareiito, porque alem Ác outras tira- nias que centra íeus vaflallos tinha executado de nouo mã- dará deípojar todas as Igrejas dcrcudominio da prata, que nellasauia , & traraua de ane- xar os ChiiíHos, a quem as pcrfeguiçoés dos Gentios dei- xarão com vida, ainda com mayores tributos dos que Ibc eráo portos pêra poderem vi~ ucr. De tudo teuc reuelaçao Santa Quitéria , pello que de- terminando de tirar daquelle miferaucl eílado aeílc deíauê- turado peccador íe foi com fua companhia (eráo por todos trinca molheres,& íeis homés) cidade onde moraua , & aly com húa mais que humana ;fcrtaleza o reprendeo a elle de fuás maldades , & a outros dous Bifpos também apoda- ras da Fè,prometendolhc a to- dos da parte de Deos peidaõ^ ; quando quifeficm emendar ifuas vidas , & lançar maõ da penitencia fugindo da juíliça Diuina^que cllaua pêra defcar- tegar (obre elles, canfada ja de eíperar fua emenda , 5r de

íofrer íeus grandes deíafo- ros.

8 bailio de fy Lenciano, Ôc querendo arremeter à San- ta jpera por fua própria ma 5 lhe tirara vida/endo impedi- do dos íeusj fe contentou por então com mandar meterem hum cárcere a ella,6<:atodos osqueaacompanhauão. Aly cíHueraõ eftreitillima guar- da, fcm lhe darem fuítenta- çáo algúa corporal. Mas Deos teue particular cuidado de to- dos mandandolhe o ícu Anjo que osanimaíTe, ^<. confolaílc apparecendo no próprio cár- cere vcftido de luz , & fermo- fura,de tal maneira que pcl- la que fe via fora , & pello ce- leftial cheiro, que de todo a- qucile cárcere íe ícntia íair , as guardas fcconuerteraõ,& pe- dirão o fagrado Bautiímo à Santa, que deboa vontade lhe foi dado, inftruidos primeiro nos myftcrios de noífa Santa Vè^d<.:í outros muitos^quepor fua induílria vinhâo ao cárce- re ouuir a palaura Díuina.Cõ- correraõ cambem a tomar a benção da Santa Virgem vá- rios enfermos ; a todos alcan- çou de íeu Diuino efpofo a faude afsy corporal como ef- piritual, faindo de fua prcfen-

ça

Sdnta QmteriíL-..

129

ça muitos cegoSj & aleijados com virta , pes ,&: mãos, ad- mirados todos, & louuando a Diuina mifericordia^quc taÕ liberal íe molhaua com feus Santos.

9 Perdia Lcnciano a paciên- cia com as nouas deftcs pro- dígios •, atribuyaos todos a ar- te magica, Òc a poder diabóli- co . E determinando de não deixar com vida nem a Santa QLiiteria , nem aos que leua- dos de fuás palauras feguião fua doutrina, com animo de dar a execução eftes danados intentos fe Tahio de feus pa- ços acompanhado de muita gente de armas . Ia eílauais portas do cárcere quando íu- bitamente lhe faltou todo o a- lcnto,&: mouimento pêra en- trar nelle, ficando immouel, cego, òí fem ouuir/eito hum tronco^ou húa cílatua de pe- dra, ordenando© afsy Deos pêra proueito feu , & daquel- les que o acompanhauaõ. entenderão logo os criados donde lhe vinha o mal, & dó- de poderia cfpcrar , ^ auer o remédio daquellc feu fubito acidente. Tomarão no nos braços , òc aprefcntaraó no a Santa Quitéria, & cm feu no- me prometerão de cumprir

lhe foílc

idado.

quanto me toílc man( íe cila o tornaua a fua antigua íaudc, ^ ao cílado cm que pouco auia fe tinha viílo.Pe- dioaSanta não mais que fe- gurança pcra os guardas do cárcere, & pêra todos aquel- les que por lua pregação ie ti- nhão conuertido à noílalan- taFc, qucnemfcrião prcfos, nem vexados nas peflbas _^hõ- ra , ou fazenda . Com ilto fe pos em oração*, & a. pouco efpaço Léciano cobrou o ou- uir, &c com.clle o conheci- mento do miíeraucl cftado a q o tinhaõ chegado feus pec- cados; chorou, lamcntoufc, pedio perdão à Santa , & a íeus companheiros , olíere- cendoíc a toda a latisfação, quando Deos foífc ícruido de lhe reílituir também a vi- fta. Fcslhe Santa Quitéria o final da Cruz nos olhos , ba- fe j and olhe nellcs, & como fe aquelle fpirito leuara coníigo a vifta, afsy lha reílituyo pcr- fcitilsima com grande con- tentamento do mefmo Lcn- cianOjC de todos os prcfentcs, que grandemente íecompa- dcciaó de ver ao fcuPrinci- pe cego , mormente depois queellc moftraua arrependi- mento de ter perfeguido a-

íía

que

130

Cdpttulo XXVIL

j aqucllabemauencurada com- j panhia. Quis leuar coníigo a j íèiis paços a Santa Q^reria, mas a. Virgem íc eícazou de entrar nellcs , dizendo que o iiao faria em quanto fc não .'dérpejaílem de tudo quanto tinhaõ alhco , mormente da fazenda das Igrejas^ ornamen- tos fagrados , bens dos ; OhrirtaõSjque na períeguiçáo paíkda lhe foraõ com tanta ; mjuftiçaroub^dos. \ lOJO .Sempre foi difficultofo dcreftituiro malleuado.Nem ainda em tempo que emfy exprimentaua Lenciano tan- tas marauilhas pode acabar cõ- íígo comprircfte confelho da Santa, antes pello náoouuir outra ve;í de fua boca íe a- partou delia trifte, &: malen- conizado. Tornoufe Santa Quitéria com todos os fcus ao íeu montCjd: aly viuia imi- tando na terra o-quc í"azé no Ceo os eípiritos, bemauentu- radps. Rogauapòr Lenciano, por feus vaflàllos, pellos dous Biípofi de què ja Éilamos; & obraua tanto a graça no cora- çâo de todos quaiito fe vio na grande mudança de Len- ciano., porque cm brcues dias arrependido de fuás culpas fez reftituição inteira às Igrejas

do q lhe tinha leuado,aOs chri" ílaòs de fuás fizêdas, <.\: pellos pobres rcpartio com grr.nde liberalidade muitos theíou— ros.. . uio:} BUíiíiom l II Perafe afíesurar fe eítas obras erao aceitas a Dcos liia- dou Lenciano pedir a Santa QjA^ceria quizeiie veríe com elle na lua cidade, Òc paço^ aceitou o a Santa -Virgem, porque ja não auia os mcon- uenientcs paííados , ôí logo que entrou pellas portas uc Lenciano podo os olhos nclle leuada de hum elpirito mais que humano , bemauemtura- dojdiíle, fois íenhor poisem vidaíoubeíles fazer peniten- cia de vollos peccados . Sem duuida algúa fois hum dos queaDiuiua bondade eíegeo pêra lhe comunicar os grandes bens que no Ceo tem apare- lhados a íeus efcolhidos.- As meínias nouas vos dou a vos íantos Prelados •, he verdade que como fracos cailles , mas também hc verdade que co- mo generoíos vós Icuantailcs. Pcrícuerai que não eftà niuy longe .voiía redenção.-paíla.rçis embora dcrta vida pêra a eter- na_,teiliiicandocó voílb fin- guc o grande preço que fazeis devoíIàFc, Também minha

1"

-?eri-

Sdnta OiHteriO-^.

121

pcrigrinação clU ja no fim, | porque dacjui a onze dias I me tara Deos , & aos que ; comigo viucm am.erce tantas I vezes por clie amim indigna 1 de tanto bem prometida , Ic- uandonos a gozar de lua glo- ria pclla illullre palma do mar- tyrio.

\z Foi grande o aluoroço com queLenciano,<3v: os dous Biípos receberão as alegres nouas de íeu perdaÕ. Naõ fe lhe deícobria porem com^o em tão breue eípaço piídelícacó- tccer perderem a vida Santa Quitéria, & íeus companhei- ros lendo martyres , parecen- dolhe que ninguém íeatrcuc- ria na cidade aonde elle era íe- nhor, & taõ poderoío , a co- meter tal crueldade, E peraq cm íua aulencia naó aconte- ce0c algum delallre íeíoicÕ a Santa , & todos os mais que a acompanhauão, & grande numero de íoldados pêra aly a guardarem , &: defenderem aquelles onze dias cm que a Santa virgem dizia fe acabaria por martyrio feu dcfterro. Mas quem pòdc impedir as traças da Proiiidencia Diur- na ? Chegado ao monte Lcn- cianocom a fua gente de ar- l mas, em lugar dolílcncio, òl

quietação que aly buícauao Santa Quitéria , icus compa- nheiros yòí os dous Biípos, que também Ic lhe queriaó dar por dílcipulos , não íe ou- uiapor todoaqucllc deílrito mais que ellrondo , 5c ruído de armas, <Sí outros impedi- mçntos,&: iuquicraçocs que a gente militar coíluma trazer confino. Pedio então Santa Quitéria a Lenciano os dclpc- diHe a todos, porque quando Deos quizelle defenclellos, ou- tros prefidios mais aponto ti- nha com que o pudeílc fazer, Icm çntre tanto lhe íerê eltcr- uo, antes grande ajuda pcra continuar nos exercicios pêra que le recolherão âqueíle mo- te.

1 3 Em quãco Lenciano da- ua ordem a que a íua gente militar dcixaíVe o m.onre de Pombeiro, &: fc recollicflc á cidade C Atiho,& Germano, pay , & efpoío que pertendia íer de Sanna Qiiiteria , eípera- uaõ ambos com ízrandx cui- dado aos que tinhão cnuiado bufcar a Sanca Qmccria. En- contrarão na ertcs depois de jacllarà fombra ào cm paro, & protecção de Lenciano, & por cila cauía fcnãoatrcucfão a violência a fazcré voltar

a caía

152

Capitulo XXVII.

a caía do pay , íe bem lhe per- liuidirão com grandes rczocs o qmzefie fazer de íua vonta- de . A reporta foi que como ella tinha Je muito tempo ef- coihidoj &: tomado por eípo- fo a Chrirto lES V , a quem de ícus primeiros annos fe cõ- íagrara, idlhe iiao ficaua ki- Par de aceitar a Germano , a outro qualquer queaprete- cíeíle , ou feu pay lhe bufcaí]c_, & muito menos de viucr on- de pudeílèm correr perigo eíles íeus bons intentos ^ & íàntos propoíítos. Referida crta reporta a Cayo Atiiio, dandoíe comeJla grandemen- te por afrontado Germano _, armado com o poder , »& li- cença do que pretédia por fo- gro , & muito mais de fua ira, & furor , ajuntando grande numero de íoldados, ÒJ guia- do por alguns dos que íàbiaõ onde Sáta Quitéria Hcaua, deu como de repente fobre aquel- la bemauéturada companhia; òi íem ficar nenhum dos que aly fe acharão com vida , os paílou todos ao fio daefpa- da. Foi a primeira Santa Qm- teria morrendo às maÕs de [m aportara, a quem a hirtoria , chama Dumano . Aconte- cerão cm feu martyrio dous

calos bem notaueis.Foí o pri- meiro que em lhe cortando a cabeça a Santa Virgem a to- mou com fuás mãos^ &ícfoi andando com eila ate a ermi- da de Saõ Pedro , que ja diílc- mos eítaua naquelle monte. O ícgundo , que por todo a- qucUceípaço a forão acom- panhando innumeraueis An- jos, entoando cânticos de ale- gria.

14 Qs mais que aly pa-

decerão forão trinta donzel- las companheiras de Santa Qj.iiteria ; a húa íò nomea a hirtoria de ícu martvrio, & diz íe chamaua Columba^on- \ tros ha que lhe daÕ o titulo j de Infanta, mas nada dizem de íeu pay , nem de que cida- de , ou P^eino era . Padecerão também naquelle dia,os dous fantos Biípos, (S:Lenciano o íènhor daquella terra,cuja pe- nitencia foi ta õ grata a Deos, como por fua boca a Santa Virçrem o certificara . A fora ertes fe nomeaó Simplicio,Re migio,& Columbano:demo- do que por todos vieraõ a fa- zer numero de quarenta peí- foas , as mais delias ou quaíi todas Portugucfas , fe o mar- tyrio de Santa Quitéria foi dentro nerte Reino, porque

no

Santa o^d^rrinho-s.

133

luUar,. hl chrov. \pig. 25.

«■19-

no particular de aueiiguar a cic^adc onde aconrccco íia gra- de diiierhdade de opiniões co- das nacidas da muica incerte- za que temos das coufas de Hcípanha , pella grande bar- baria, &deícuido de todas as boas letras, que nella intro- duzirão os Mouros, queiman- do todos os cartórios, fk. me- morias antiguas donde íe po- dia tirar a certeza dcftas, & ou- tras muitas antiguidades . luliano eícreue que Santo Honorato íuceíloj de Santo Eugénio o primeiro do nome entre os Arcebifpos de Tole- do íepultou com grande po- pa, &apparatoa Santa Qui- téria no lugar perto de ícu mar ty rio , que elle diz fe cha- maua Adura^ èc depois mu- dou o nome em Margueli:^a pcllos anncs deChriílo 130. obrando Deos fempre naqucl- le lugar infinitos milagres peDa intcrceílao dcrta gloriofa Portu- gucfa.

t

CAPITVLO XXVIIl

S2'Ê['-TA 2^J'Rl'NHA Virgem l^ mm-tyr hiM das Santas noue irmãs.

INDAQVE 110 particular do marcyrio dcfla SátaVir- iiê não tenlia- mos a relaçáo , & certeza que defejauamos, com tudo nos coníta pella autoridade de Fla- uio Dextro, ôc luliano foi húa das noue hlhasdeCayo Atiiio, & Calha,& que pella décniaò daFè, & pureza padeceo glo- rioíamente em Galiza júto da f^g- ai« cidade de Amphilochia perto deOrenfe, fuííraç^anea entáo deftc Arcebirpado,húa das q o tépo confumio íer tao cele- bre na antiguidade. Aspalau- ras de Flauio Dextro faõ as fe- çmmtcs.JmphitochiJinGallecia Sanãa Marina ^elMargarita Virgo tf martyrprofde Chri- fliarht^lffpudicitiapaJJa efi. Em Galiza na cidade de Amphilo- chia padeceo martyrio pellaFê, &c pella pureza S.Marinha, ou MargaridaVirgé e marty r . Quã íí o mefmo dizé as de luliano.

Dextro

IuIíaíio, itt chroii,

u

M

Marina

I «»■ I

134

Cdfttulo XXVI 11.

Baron, itmot iS, Mij.

Marina prope Amphilochiii ur- bempaj^aejfedicimr, O Mar- tyrologio Romanocmi8.de lulho íó diz. Galleci^ in HijpcU nm. Sanób.^ Marina Virginis l:f Martyris, Em Galiza da, de Santa Marinha Virgê Ã: Mar- tyr onde Baronio nas fuás an- notaçoes nos r^cte ao Flòf- fantorum deHefpanlia, &ao thcfouro das pregações , que cícreueo frey Thcmas dcTru- gilho da crdé do^ Pregadores. Porem tudo o que òt{\.cs au- tores podemos collcgir vem íòa dizer que Santa Marinha padecco duas Icgoas da cidade de OreníejOnde agora chamao Agoas fanraSjpeJias trcs fontes que aly arrebecaraÕ de três íal- tosque na terra deu a cabeça da gíoriofa Virgem, & martyr quando lha cortarão como da de Saõ Paulo reefcrcuc. Forao ícmpre, & faó ainda hoje tão milagrofas eftasfontes^quanto mortraõ os innumeraueis enfermos q bebendo dcllas,ou lauandoíecõfuaagoa recupe- rão a íaude perdida donde ícm duuida tomarão o nome. 2. Moftrafe tábêncftcmef- mo lugar debaixo da terra, hií forno em q pello tirano a Sãta foi lançada, naõ lhe fazêdo mal I ofogo^c tcdclheomeímoref-

peito q em Babylonia tcuc aos trcs Ifraelitas cõpanhciros de Daniel quando por mandado dcRey bárbaro foraò lançados naquella grade fornalha. Aqui neítc meímo forno fe confer- ua pequeno buraco pello qualhc tradiçãoq íahio delle a Santaquãdoa quizcrão abra- zar j ój foi o milagre notauel, porc] por nenhiia via hc capaz dcdar paflagéa corpo huina Ho,pormai> dchcadoquefeja. Mas feuDiuino efpofoa quem a Santa tanto amaua,& eííiiTivi- ua, parece lhe comunicou ain- da neíla vida os dotes dos be- mauenturados/otilizandolhe, & efpiritualizandolhe íeus mé- bros como ícnao occuparao lugar j o que por ventura tam- bém íe deue a pureza da glorio fa Virge pella qual aísy como nefta vida viuia jacomoAnjo, afsy tinha as prerogatiuas de Angélica , entrando & íaindo fem lhe fazerem pejo , nem re- fiftencia outros corpos com íua quantidade. 3 Lcuantoufe em honra

da Santa fno mefmo lugar que fe cré foi o de (eu mar- tyrio, &r hcoqucdiíiemosfe chamaAgoas fantas)húa Igreja em feu louuor onde íe guar- dáo, L^ veneraõfuas prccioías

úm

relíquias

\'

SantA Eufemia^.

155.

/;i'.

IO. c.\ in

chran.

tàftt. 4

^.coitar. C.3.

relíquias , 6c pello tempo em diante íe lhe edificarão outras muitas, & muito fumptuoías i por toda Hcfpanha , em efpe- cial nas cidades de Toledo _, ôc Scuilha. Em Galiza fc viraõ cm tempos antiguos vários mo- ftciros com o nome delia San- ta . Morales nos certifica que o de Saõ Saluador de Leres jú- toaPonteaedra entre outros muitos Santos íe dedicou tã- bem a Sanca Marinha, ôc acre- ccntaquefua íiindação he de mais de feifcentos annos . O Padre fr. António lepes faz ta- bcm méçaõ de dous antiquif- íímos mofteiros defta SantajO primeiro chamarão Santa Ma- rinha de Tofto edificado en- tre ferras afperiííimas em terra que chamáo Soneyra perto de Mugia, & Mal pica. 4 O fecundo mofteiro cha- marão Santa Marinha de Val- uerde edificado na lerraCo- rulhon fobre Villafranca, mea IcCToa do infi^ne moíleiro de Carrazedo noReino de Galiza, ao-ora da Ordem deCiftcr, em feas principios de fradesBétos. Foi feu fundador ElRey Dom Bermudo o II. do nome na era de loiy.q faõ annos dcChrifto 989. o que tudo moílra a gra- de deuação q de tempos anti-

guos fe tem eíla gioriofa Sa- ca nos Reinos de Hcfpanha. A mayorcÕ tudo foi no Reino de Portugal. Ha em feu nome leuantadas grande numero de Igrejas, ôc ermidas por todos os Biipados do Reino,& no de Coimbra húa villa não das dc- menos importãciada Serrada Eilrella chamada S. Marinha. 5 He porcgrandea cõtulaõ que ha afsy na reza defta San- ta como nas pinturas q em fuás Igrejas íe vem, porque tendo pouca noticia delia os que or- denarão os Breuiarios de varias Ses de Hcfpanha , &c os pin- tores lhe foraó applicando as CO ufas de outras duas Santas Marinhas , de q ha grande me- moria nas hiílorias antiguas , húa Alexandrina Virgc, outra Antiochena Virgê &c martyr, querendo dar a conhecer a noífa Portuguefa,cu jas fcm du uida faõ as Igrejas q em nome de S. Marinha vemos leuanta- das nefte Reino : (k tudo de ordinário as pinturas afsy de íeus retabolos,como de íuas pa redes faõ Jiora o q pertcce a S. Marsarida.ou Marinha de An- tiochia,horaoqàoutradeAle xandria,q c5 o nome de Mari- nho , & habito de Religiofo viueo longos tempos em hum

Mi

moílei-

Ii6'

CafttuloXXVIIL

TlofpiytB, ^g.dc Ih- 11*0,

\truhb.i' de Sadd. Marina.

morteiro de Religiofos fa- zendo oíílcio de Donato ferti ler conhecida atê fua morte; &aísyà primeira Santa Mari- nha pertéce a pintura do dra- gão que das entranhas lança a Santa Virgem & íaUia/ porque em lua vida fe conta á tentou o Demónio em figura de dragão fingindo, pêra mais a efpãtar^q a engoha, e tornaua logo a vomitar. A fegunda fc pode pintar vertida deReligio- íb criado à portaria do mortei- ro húmininOjOu trazédo pcra a mcíma comunidade varias ca

ualgaduras carregadas de man- to Í5

timcnto j oííicio em que aly fc ocupaua^ ?k fcruia pello falfo tertimunho q lhe leuãtou híía molher de mao viuer dizendo que a forçara , & ouuera delia hum filho ; pello que foi Çtn- tcnceada do feu Abbadc a criar o minino a porta do morteiro furtentandofcdas efmolas que os Religiofos lhe dauão ate q chegando o dia de fua morte qucrendoa amortalhar conhe- cerão fer dõzclla, &c innocente do crime que fe lhe tkiha falfa- mente arguído,5<: ella com tan ta paciência fofrera 6 A verdadeira pintura da noíTa Marinha Portugucfa fe- ria pintar a Santa ja metida

em hum forno de grandes labaredas , & ella andando fobre as brazas , & entre as chamas, como entre roías, & branda viração ; ia cor- tandoiheoal<7oz acabeça,que pulando dos hombros da três milagrofos íaltos , arrebentan- do de cada hum aly aonde ca- bia lua fonte de agoa faudauel pêra todo o género de enfer- midades , como acima deixa- mos cfcrito , tomado da tra- dição tão calificada o dif- curfo de tantos annos. Foi íeu martyrio ou no mcfmo an- nodci3o. ou não muitode- pois do em que padecerão fuás íantiflunas irmãs. 7 Efcreuem de Santa Mari- nha,alem dos que ja temos re- feridos , Ambroíio de Mora- les, Marieta, Affonío Ville- gas , frcy Thomas de Trugi- Iho, frey Bernardo de Brito, frey Luis dos Anjos, Antó- nio de Vaíconcellos, o padre Hiriberto Rofuueido no pri- meiro liuro das vidas dos pa- dres, nas annotaçoés que fis à vida de Santa Marinha de Alexandria, frcy Fran- cifco de Biuarj& outros.

(.?.)

lo.c.iS.

Marieta

/».4.í-.i4

Fille^ms FlsJJant. Brit 2f . men, //,j Io» Fr .Luis J.osAnjoi líirâim

l^afconc. in diferi f Por.píj

44Í-

Bitt.tn ca meta. ad Dexi. an 138, «.J.

CAPI-

I

S^ma Eufe?nia^.

IS7

y

Sex an.

133,

CAPITVLO XXIX.

SANTA EVFEMIA

Virgtm^lff martyr.

ANTA Eufemia foi a quarta filha cieC. Acilio, & o'c Calíia fua molhcr , fegundo a ordem cjuc leuamos em as contar. Padecco glorioíamcnte por Chriílo nollo S^uador, de- fendendo , & acreditando fua com aquella meíma con- ftancia com que o fizerão fuás noue irmãs. Três coufas nos eicondeo ncífa bemauentura- da Virgem &: martyr o tem- po; o género de íeu martyrio, p lugar dclle, & o tirano que a mandou atormétar. Do mar- tyrio naõ dis nada a fua lenda, porque toda fe ocupou em tratar de íua trcsladaçao pêra a Igreja de Santa Marinha íua irmãj Sc vltimamcnre pêra a de Orcnfe onde hoje fc ve- nera feu fagrado corpo, como logo diremos. Do lugar apõta Dextro a prouincia de Ga- liza dizendo. In eádem Galle- cia S.Euphemia Virgo^ mar-

ryr. E luliano. Ampbilochium^ ^biejl corpus Sanã^ Euphe- mia , nunc Anipben dicitur in Galecia . A cidade de Amphi- lochia^aonde cfta o corpo de Santa Eufemia.fe chama aflora em Galiza Amphen. Amphi- lochos chamarão os antiguos aqucllespouos,a q hoje perté- ce a cidade de Oreníedchum Amphilocho Grego vindo das guerras de Troya^q aly po- uoou, & Amphilochia a fua principal cidadela que depois os Sueuosderaõnome Vuar- mfee,& os dagora Oreníc, co- mo ja diflemos . Eíla cidade ferua hoje_,& em grade eíli- ma ocorpo deS. Eufemia, poré qfoíle o próprio lugar de feu mar cy rio nem Dextro, lu- lianojnem nenhil outro autor q mereça crcditOjO eícreue. 1 O q parece mais prouaucl hcqaly naquelle próprio lu- gar onde ícu corpo foi acha- do,& dõdc foi dado pcra algre jadeS. Marinha^ cSí derta pcra Oréfc padeceoaS. Virge.-íica na Comarca de entre Douro, Ã: Minho nas rayas de Gali- za, & Portugaljonde chamão Riocaldo, pellas muitas veas de agoa quente, q aly arreben- tào , entre hum valle que fa- os cabeços da ferra deGere^^.

M 3 Forma

lílllAH,

Ll/l.li.^J

fupra Cl

13^

Capitulo XXIX.

Forma no mais alço de hum delles a natureza húa alegre, & apraziuel veiga, a que os vizinhos por não fer muico comprida , &c ellendida daõ nome de Campilho, lugar próprio pêra as feitas, òc jo- gos dos paítores , em quanto pello vallepace, ou leftea o gado , de que a terra he alias a- bundante . Aqui ( como em outras ocaííoés coítumaua) íe achou certo dia , & fcm cõ- panhia algúa , hija paftorinha por annos , & vida de grande innocencia j vio entre as talif- cas de certos penedos , que cerrauão a veiga,rair húa maõ, & ncUa hum anel de ouro, após que fe Iheforao os olhos, fem outra conííderaçao mais que enriquecerfe com elle, ^ leuallo a íeu pay, que embaixo no valle moraua . Tudo foi o meímo , tirar o anel do de- do onde o achara , &: ficar muda; de modo que fem falia fe recolheo à fua aldca , & fem faber nem poder dizer mais, quemoftrar o anel , & fazer final pêra onde o achara. Paf- mou o pay , & pafmaráo to- dos os de cafa da marauilha, & efperauão que amanhe- ceíle pcra irem com a minina onde encendiaõlhefucederao

cafo porque perdera a falia, & donde trouxera o anel. Fa- raó, eftaua ainda a maõ entre aquellas meímas taliícas em que a minina a vira , & tor- nandolhea rcftituir o anel, a muda íe achou logo com falia taõ perfeita como le dantes nenhúa couía lhe tiuera íu- cedido.

3 Entre as alegrias do pay, & fobrefalto dos prcfentes , fe ouuio húa voz íaida den- tre os mefmos penedos que dizia , aqui eíla o corpo de San- ta Eufemia s, mudayo pêra a Igreja de Satã Marinha. Pou- ca dilação ouueda voz a exe- cução . Deceo logo o pay da paltorinha do monte, veo dar recado na pouoação, le- uou coníigo o Parocho,& os moradores tomarão o fanto corpo , que o Cco logo Ih^ manifeítou , & comprocif- faõ a mais íolenne que lhe foi poíliuel,no ícpulchroquc fofria fua pobreza o collo- caráo na Igreja de Santa Ma- rinha , aquella mefma onde elles ouuiãomifla, & era a fua parochial.

4 Seguiraõfe após efta trcs- ladação infinitos milagres, ninguém aly bufcaua faude q que a não achafle,acreditando

Deos

Santa Eufemia-^.

139

Deos fua gloriofa martyr a hzer auogada de todas as en- fermidades . Era por cfte reí- peico frequentadillimo o lu- vinhão a ellecm roma- &Gali-

par-

g3r>

na de todo Portugal ,

za^edificauãofe em outras tcs varias Igrejas donomcda meíma Santa , & não fe con- tentando a sente de dar íeu nome a lugares fagrados^o da- uão também a pouoaçoés de que ainda hoje íenomeaõ al- gúas pellosRcinos deCaftcllai &:no de Portugal em pouca diftancia da villa dos Algodres no Bifpado de Viíeu ha a de Santa Eufemia , onde em 16. de Setembro fe faz hiía gran- de feira a que acodem merca- dores de todo o Reino. $ Aquypois neite lugar de Campilho 'junto a Rio cal- do cremos foi o martyrio da Santa Virgem, porque ha aly fitio acomodado pêra hija boa pouoação, & de crer he efti- uefle aly edificada , fe bem nenhíís veftigios fe defco— brcm hoje deita antiguida- de.

C Na Igreja de Santa Ma- rinha fua irmã cfteuc o glo- Iriofo thcfouro por muitos annos . Delia pretenderão furrallo por muitas vezes

os Galegos ^ & íairaõ por al- giias com feu intento , fe não que a Santa milagrolamente íe tornaua logo àquelle lugar, renouandofe com clle mila- gre de cada vez mais íua de- uoção , & indo fempre cm crecimento o concurfo da gente mouida danouidade q via, &: das nouas graças que aly íeachauão.

7 AlTi foi andando o tempo ate vir a dar nos annos de mil cento & líncoenta &: tres,cm que em Portugal reinaua o gloriofiílimo Rcy Dom Af- fonfo Henriques, & na Igreja de Oreníc prcfidia hum íanto Bifpo por nome Pedro Segui- no varaõ de cfclarecida virtu- de , & muy particular deuoto da gloriofa Virgem & martyr fanta Eufemia. Doyafc de ver eftar fcu corpo em híja taõ pe- quenalgreja &: em h\x lítio cn talado entre dous montes , & incapaz doutro edifício ma- yor . Defejaua coUocallo on- de eftiuelTe com mayor de- cência , & veneração, E inté- tara fem duuida mudallo a íua Igreja Cathedral, fe os mila- gtes palífados,&: o defejo que a Santa moftrauadealy fe per- petuar, o não eftoruaraõ.

8 Mouidocomtudodcou- \

M4

tro

140

CãfiUiloXXlX.

\

\

tro mayor elpiritOjaparcihan- doíe primeiro com jeiuiiSjpe- niceiíLia? , óí outras afíliçoês do corpo j mandando enco- mendar eftesíeus incétos por todooíeuBiíjpado, inílando comoraçoês,&: íacriíicios aííi próprios como aihcos \ inuo- cando íobre tudo o fauorda mefma Santa, a quem deíeja- ua em todaaquella Tua preten- çáo agradar, buícando pêra iíío o dia que lhe parecco mais acomodado , & em que feria menos fentido, fingindo h\:iQí nouena à Santa fe deixou aly cliar , & fez perder as fof- peitas aos de Riocaldo ^ que com trazerem grandes vigias íobre o fanto corpo por en- tão íc defcuidaraõ, nem íen- tirão o furto fc naõ ja quan- do lhe não pudcrão dar rcme- dio.Lcuouo BifpoDom Pe- dro as fagradãs rehquias pêra Oreníe _, coUocou as na íua em capella própria, húadas collateraes a mayor , pcra- queficaíTeni mais veneradas, & feguras , fechou as cm húa

fermòfa

arca de bronze

bem

dobradoj chapeandoa por fo- ra com laminas de prata , que jáaiy falcão j &deuia de rou- f bar a impiedade, òí auareza de 'algiji^s foldados em tempos

de guerras. Sobre tudo abrio I na parede da mefma capella arco bem capaz da arca cerca- do com íuas grades de krro douradas , «Sc nella pos, ã: fe hoje a Santa Virgem, & martyr, obrando Deos por fua iiitcrceílaõ infinitos mila- gres.Sucedeo tudo iílo em 17. de Agoílo , cm que cila trcs- ladaçáofe celebra, &:nosde- zaíeis fua inucnção , quando a Santa fc dcícobrio ápaft ori- nha na forma que acima dei- xamos referido , luliano diz que a fcíla delia Santa cae no primeiro de Dezembro.Mar- tyrologios antiguos ha quea põem em 13. de Abril . Em Portugal a feílejão cm 16, de Sete mbro,porque como nof- íos antepaífados lhe não fa- biáo o dia proprio^eícolhcrão o cm que íe celebra outra San- ta Eufemia também Virgiem^ & martyr , & natural da cida- de de Pilidia na Grccia,aquella que approuou os decretos do Concilio Caiccdonenfc no quetocauaàs duas naturezas deChriífoem hum fuppoílo contra o hercc?e Eutiches,por que fazendo o Pacriarcha de Conftantinopla Anatolio cf- creuer em hum papel o que

chron.

tocaua a eftc artigo de nofla

Santa

LegsSfS cLiií. in Br:. Ba- ronif

«.2-f.

II |i-i«.« m*i«i ^

J

Santa Eufemia^.

141

Baron.ia

ar.not.zo

■■MítYtij.

lahca Fe íe^ando o conícfla- mos os Carholicos,<S; noutro o dcluaiio dos hereges, pondo os a ambos de comum con- fcntimentodehuns & outros fobre o corpo da Sáta-' fechan- do depois, ic íellando a íepal- turajquando foi abrilla acha- rão o papel dos hereges aos pès de Sanca Eufemia, & o dos Ca- thoiicos apertado em fua mão, ecncoílado ao coração como quem o ellimaua,& veneraua. De outras iantas do meímo nome fe faz menção no Mar- tyrologio Romano a 2.0. de Março , & a 3. de Setembro como aly fe pode ver,aj untan- do o que íobre eíles lugares elcreue o Cardeal Baronio. 5) Guardaíeno thefouroda Sede Orenfe como principal peça dellc o anel que a pafto- rinha achou no dedo da Santa; hc de ouro baixo com hiãa pe- dra que parece topázio , leuafe dentro em húa caixinha de prata com fua rede dourope- ra milhor fer vifto , ôc tocado dos enfermos: & por fer pren- da de híía tal efpofa de Chrifto noílo Saluador ã fua vifta , ôc toque fe obrãomuitos,& gra- des milagres em todo o géne- ro de enfermos. 10 Eícreuem de Santa Eu-

femia o Breuiario de Orenfe em 17. deAgoílo.(Fes aquella reza o Bifpo Dom Afíonfo immediato fuccflor de Dom Pedro Seguino , que nos fur^ tou a Santa Eufemia , & diz que tudo o que aly põem o ouuioa pcíloas íidc dignas , q a tudo íe acharão prcfcntes) Morales , frcy loaõ dcMaric- ta, frey Bernardo de Brito, frcy Francifco de Biuar_i ^^y Luís dos Anjos, &c outros.

Me mies Itb. 4.Í'.

13-

Brit tom

•23

Biu/ir ad

Dex. an. 13 .«.5. Fr, Luís no ÍArd.

CAPITVLO XXX. í"'^-4

SANTA GENEBRA Santa Germana, Santa Ba~ filiffa , Santa Vitoriais anta Marciana. ^^

GLORIOSA

Sãta Genebra, aquella, aquê as mais irmãs reípcitauão,& obcdccião comoamay, pade- ceo martyrio na cidade dcTui, fegundo luliano em o primei- ro deNouembro. Chamãfedo nome defta Santa muitas mo- Ihercs em Portugal pella par- 1 ticular dcuação que lhe tem.

I.

luliana, in chron.

Que

em

142

C^.pimlo XXX.

lulian, chyo f^g.

21.

mon, lib. 5.C.18. Fr, Ltiis dos-^njos KO lard.

huLtr Dex.an. 138.

; Víifcori.

ií« àcfcr.

\i.fag.zi

C^. em foi o tirano por cujo mandado padeceo^que género o de feu martyrio, em q iugar elleja rcii corpo íc náo labe ate hoje , nem noílos hiíloriado- res o eícreuem.Eíla breue me- moria achamos em luhano, em frey Bernardo deBnta^nos Padres frey Luis dos Anjos, frey Franciíco de Biuar,<Sí An- tonio de V"aíconcellos_, que to- dos concordão íer húadas fi- lhas de Cayo Atiho , & de íua molher Calíia.

2. Santa Germana padeceo cmCarthago cm ip.delaneiro, com Paulo, Geroncio , laoua- rio 5 Saturnino, Succeílb , lu- lio Cato, òi Pia, dos quaes não duuidamos fcriaõ també Por- tugueres,& companheiros íêus quando por fugir da perfegui- çaõde íeupay aieuou o Spi- ritoSãto a terras tão eílranhas. Faz de todos menção o Mar- tyrologioRomano no mefmo dia, & os autores que atras deixamos allegados. 5 De Santa BardiíTa diz lu- lianoj que parando na Syria, quando fe apartou de íuas ir- mãs, foi ahi m.artyrizada cm defenfaõ defua pureza, & nof- fa Santa , ao primeiro de

INouembro . Seguindo a lu- liano , diííe elegantemente , o

padre leronymo Romã dela Higuera,quc todas as trcs par- tes do mundo ennobreccrão com feu langue cilas glorio- ías nouc martyres. Santa Ger- mana là Africa morrendo cm Carthago, Sãta Baíiliíla à Aíía morrendo cm Syria , as outras fcte a Europa morrendo em varias cidades delia ^afsy o afiir- ma em hum hymno , que co- pos cm louuor das iiouc vir- gens, que trás o Bifpo de Tui, &dizarsy.

Te Syria o BafiUa. Colit^ Germana Africa^ Et Gemueram próxima j Tudenfis '~orbs Oceano.

Eumdiam^ Abogriga Colit caput GalUci^ Culni frequentam annuo Cantu refultans debito.

O "VOS inf ratice Martyres Et Virgines caílifsim^ SIgnÚ 'veUris ^irginibus Tui /íeis ad mar ty ri um.

Per Afric4,percjj Afie Europa per confima. Difperf* nutu cíclico Orlem facrajiis fanguine.

Com tudo parece que em Hcfpanha foi o martyrio de Santa Bafiliíla em híía cidade, que antiguamente fc chamaua,

me

Igltf. àe luifol,

43-

Santa Genebra,Çf mais irmãs.

143

em lacim Syrmium. Florião de Ocãpo quer que íeja Motril, outros a f-ucm Vciles mala- ia; aiitros Frií^iliaiia naPro- uinciadaAndalu2Ía,<S>: naqucl- la parte, que pello Reino de Granada toca no marMediter- raneo. Donde entendemos , a- ucrfe de ler cm luliano/alando delta Santa Virgem. InSvrmio Síinã.e BaJiHJfcc fororis SanSlce QjfjterÍ£ , Òc naõ in Syria. A mefma aduertencia fc deue fa- zer no Marcyrolo£;io Roma- no em 2.9. de Agolío em quã- to apõem em Smirna , dizcn- ào/ípud Smirnam natalis San- ã<e BajilU , fendo a verdadeira lição, apud Syrmium natalis SanSlíC Bajilijfíe, 4 Santa Vióloria foi mar-

tyrizada em Cordoua , j unta- mente com hum companhei- ro feu por nome Acilclo. O Prefidentede Andalufia Dion os mandou a ambos açoutar cruelmente, & meter em hum cárcere cfcuro onde quatro Anjos os acompanliaraó por muitos dias. Tirados daquellc lugar com grandes pedras ao pelcofo foráo lançados no rio Guadalquibir:mas nao fe indo ao fundo,a Sãta Viótoria cor- tarão os peitos y faindo delles I leite em lugar de fangue, &a

icccandoaace de todo dar feu {pinto a Deos. A Santo Acil- clo cortarão a cabeça cm 17. de Noucmbro,em cujo dia iuce- dcocm Cordoua hum nota- uel milagre, que conta Ado- cem as palâuras íegumtes. yl>i ob condemuationem mortis eorâ eodem die ipforum Mártir ij 1 7. Nouembris , rof^c ort<c fingulis annis diuinitus colligâtur. lílo he que em 17. de Nouembro em que Santa Viòto ria , Sã- to Acilclo padecerão nacem milagroíamcnte roías na cida- de de Cordoua lendo no cora- ção do inuerno . O Martyro- logio Romano chama a Santo Acilclo irmão de Santa Vid:o- ria , mas parece que não foi mais que companheiro feu, íaluofe irmão aly quer dizer naFè,5<: deícjo de derramar fangue pella defender. Falia de SantaVidoria Prudencio,San- to lúdoro no h ymno do Brc- uiario Godo, &c outros. $ Santa Marciana padcceo mais adiãte alguns annos , que fuás irmãs no de 155-. na cida- de de Toledo. Tcue (eu mar- tyriocoufas dignas de grande memoria porque vendo a San- ta fobre certa fonte hum idolo que pcUos pès lançaua agoa, entrando o Efpirito de Deos

nella

die 17, Nmebr.

Prud, fíynt. 4. dí' Mar-

l<4

Qa^itulo XXX.

rnclla o fcs cm pedaços , pello qua! foi prcfa , açoutada, poita cm íugar onde podeíTe perder fua pureza^defendendoa Deos com hum groílb muro que entre cila , tk. o primeiro que a quis afrontar ícsde nono ap- pareccr. Foi lançada a bcítas feras , mas hum leaõchegan- dofe brandamente a ella lhe beijou os pèsjium touroaíc- rio nos peitos , ^ vitima- mente com hua feridade hum leopardo fe foi agozardefcu cfpoío. Certo ludeu que pri- meiro que todos bradara íela- çaíle a Santa a bcftas feras , foi queimado com toda fua fami- lía, pegandofelhe o fogo às ca- fas, as quais tentando depois edificar outros ludeus fubira- mentc morriao. Todas cftas coufas refere o hymnodcfua fefta, que anda no Breuiario Godoj&dizafsy.

Sacr<e trmmphim martyris Celebret njox Ecclefi^: Cammajit cimãis ijna Marciana in íaudtVirgmis.

Qu^pafsioms prsmium Dum tendit^ adipifcitur Vltro adpaUíiramglorhe Judet prompta concurrere.

B^cc nam^ adiiantc D^monis Cernens allufiteffigiemy

\ Subciiius larga perpttint Fluebut ijnda gnjuhus^

Qmmpr^dopudicitix Dum inter ymhrasfequitur. Oblata ex. templo c^litus. , Seduditurmaceria,^ iíTil"

Emifin nam§^ beftijs^ :\ . -: leopercttrrtt percitm Adoraturus "veniens Non-comeflurus Firginem.

Atferapernix corpore^ Et maculofo tegmine Lethali dente ad njltimum MembrapuelU laniat.

Moxfiagris c^efa trahitur Ceifa ad Pretor is atria, At^ ludis illicitis, Proíkrnit msbra Virginis.

Vinãa deindt Uipite profana '-você includitur^ Sedp^nasfert biasphemi^^ Ruinas iff incendia.

Taurus de hincprojiliens Forma, tfmugitu horribili Sulcabat eius teneras Papillas iãu -vulnerans^

Pofl hos triumpkos anima Finclis elapfacorporis: Plaudenspetit ad libera S ummi poli f afligia. DeoPatriJit gloria^i^c.

6 Quaíi com o mefmo gé- nero de martyrio padeceo ou- tra Marciana na Prouincia de Africajq chamão Mauritânia

Cefarieníe

Santa Genebra ^Çf mais irmãs.

145

-1

Ittliano in chroii»

Dextro. an.Chrif.

iS5'

Ccíarieníe.Faz delia menção o iVíartyrologio Romano em 9. de laneiro . Teuca pclla mef- ma que a noíla o Cardeal Baronio, mas contra o rexco do meímoMarcyrolo2Ío,que : poê a Africana (como vimos) a noucdc íaneiro , & 9 Porcu- í^uezaa doze de lullio , dizen- do: Toleti Sanã^ Marcians Virginis l^ raartyris , qu.^pro Jide Christibejlíjs obie£la^arij^, a tauro difcerpta Martyrio co- ronatur. Alem de o eícreuer aísy expreílamente Iiiliano . Marciana paj^a efi Toleti anno 15 j. álíquantopofl jororeSj 12. lulij', mentiofit alterius fafsy fe ha de ler, & não huius co- mo tem a impreflao de lulia- no de que víamos) inMarty- rclogijSfl!f licet obierit a tauro dilacerata , tamen h^ec altera longe ytusiior eH . De Santa Marciana efcreucumbem Fla- uio Dextro as palauras fe- guintes . Toleti patitur San- ãa Marcianafilia Catelij Re- giili Lujitani^fororcf^ oão alia- rtm Virgimim^^lio^ i^ Late- rano Confulibns.

l

CAPíTVLO XXXI,

s A H pohrcivnpo

quarto Arcebifpo de Braga. \

^^^^^ VcedcoS.Po-

^ '^0S ^^^^rpo n San-

^*^P| CO Ouidio.

CO

r^^^ Côílanospor ^^^ autoridade de

luliano. Brachar^poft Sanãú Ouidium Sanãus PoUcarpus EpiJ^opus Bracharenfs ad an- num i}o. Em Braga depois de SantoOuidio íucedeo Saó Po- licarpo Bifpo de Braga pclios annos de Chrifto 130. NaÕ íà- bemos fc então foi cleito^ou fc atê efte tempo feellcndeo feu Pontificado , entrando tam- bém nelle os annos que go- uernou Santo Ouidio:nem te- mos taó efiicazes conjeituras que padeceria martyrio^como as que tiuemos de Santo Oui- diorporem como viueo em tc- po de tantas perfeguiçoés de crer he lhe fariaDeos a meíma mercê _, &c nelle particular o igualaria a feus antccclíores.Se ria erro manifefto querer con- fundir o no ífo Sãio Policarpo outro do mefmo nomcBif po de Efmirna , & dicipulo de S. loaõ Euangcliíla , cuja

m chron, K.41.

N

fclla

146

Capitulo XXXII.

\inehron. «.80.

fcftaíc celebra a 16. de laneiro. Foraõ entre íímuy diffcrentes quanto àspeflbas, ^ lugares de fuás Prelazias j nos mereci- mentos ambos valerão muito diante de Deos , & ambos cõ- priraÕ com a obrigação de íeu nome/e Policarpo vai o mef- mo que o que toma, Â: arre- bata o Ceo. Quando Saó Po- licarpo entrou no goucrno de- fta era 5ummo Pontifice de Roma o Papa Alexandre primeiro do nome, &Euipe- radcírda Monarchia Romana Adriano.

CAPITVLO XXXII.

SERERIJNO QVIN rO Arcebifpo de Braga.

A Z luliano Aciprcfte de Toledofuceí- íor dcSaòPo licarpo a Sc- reriano com húas palauras que pouco mais vem a dizer em la- tim do que temos dito em Portuguez. Floret memoria Sanai Fabiani Epifcopi Bra- charenjis fucce(?oris Sereriani, qui fuccefsit Policarpo.Todo "o

,\*íSN\\\\\i\V\\\\\\TO\\\\\\*\

mais q de íuas obras fe poderá eícreuer cfcõdeo o tepo , co- mo fez aoutrasmuitas de q pel lo diícurío defla hiftoria nos queixaremos aindaq debalde, pois ficão em magoas eftas queixas , &c feitos taò dignos de eternidade como os queo- brarão tantos , & tão illuílres Prelados defta Igreja fepulta- dos em eterno cíquccimcnto.

CAPITVLO XXXIII.

S AM F A B I A M VI.

Arcebifpo de Braga.

S mefmas pa- lauras cõ que luliano nos deu a Sercria- no por fucef- for de S. Policarpo nos dão a S. Fabião por im mediato a Se- reriano, como delias fe \e. Flo- ret memoria Sãfti Fabiani Epif copiBrackarenfisfuccejJoris Se- reriani^qui fuccefsit Policarpo. Acrccéta logo. Obijt í o.Kale- dasSeptcbrisanno z^o.Succefsit ílli Narcijfus. Morreo S. Fa- bião aos 13* de Agofto do an- no de 230^ fucedéolheNarcif- fo.O tépo de fua eleição,os an nos q goucrnou ^ qual foi ÍUd

CrhtH*

morte

SãoFahiao.

147

morte, quaes as principaes obrns , que fez cm bem de luas oiicíhas íabc Deos, que as remunerou , &:a an- tiguidade que as conhecco, ôc eftimou, pois por elias o ajútou ao catalogo dos bem- aucnturados.Gouernaráo por cftesannos a igreja de Deos depois do Papa Alexandre pri- meiro Saõ Sixco í. S.Tclesfo- ro , Saõ Hisjino , Saõ Pio I. Santo Aniceto, Saõ Soter, Santo Elcutherio, Saõ Viclor I. Saõ Zeferino, Saõ Calix- to , Saõ Vrbano I.& Saõ Pon- ciano, Tiueraõ o Império Ro- mano depois de Adriano os Empcividores Antonino Pio, Marco Aurélio Antonino feu fuceílor, & genro, com Lúcio Vero, Cómodo, Flel- uio Pertinaz j Didio luliano, Septimio Seuero , Antonino Geta,Antonino Caracala feu irmão , Macrino , ôc feu fi- lho Diadunieno . Helioea- balo, Alexandre Seuero exccllente prin-

P

cif

3e.

CAPITVLO XXXÍIII.

S A M FÉLIX VIL Arcehifpo de Braga.

A autorida- de referida no capitulo atras diz luliano que a Saõ Fa- Diáo iucedco S. Narciílo. O q pudera fer fc eilc depois no an- uo,Z70. nos nomeara cwitro fanto do meím.o nome .com que cuidáramos foráodousiO primeiro eíle de que agora fallaro outro o fegundo, a que os Alemães chamão o (eu Apoftoío particularmente os da cidade de Aufburg , cm la- tim Augufta. Mas como naÕ falle fenão de hú, aquelle racf- mo que pregou por Alema- nha , & padeceo em Girona, Keceíla ria mente auemos por horadefair da ordem , com queellevai leuando os Arce- bifpos delia Igreja, & dar por fuccííor de Saõ FabiaÕ , não a faõ Narciílo como clle faz,fe- náoa faõ Félix pellos funda- mentos q na vida de faõNar- ciíroapõraremos,& agora não he neceílario anticipar.

Ni

Afsy

J48

CapmlõXXXJllL '

í in chron. h^g' 34

1»> 122.

i~ *Aísy que Sap Fclix foi

íuccflor de Saõ Fabião naCa- tkira de Braga^ &a goucniou pcUos aiinos de 141. & cr^j ce- lebre fua memoria nodez88, como aponta íulianonas pa- lauras fcguintcs. Aíemoriace- leb¥Ís:eratperhQí; tempus. fPa- k do anno i88.*em cjuc leuaua íualiiíiori^) I;? Galle- aa Sa3ã'.FeÍ!ci^ Ep/fcopi Bra- char^n.jfís,, qui fègebat Ecck- fuimAnno 2-4f, Quantas cou- ías çoTOP em riquilllmo the- Touro; vão cícondidas neílas palauras rauy dignas de íe íaberem, que o tempo efcu- receo íem delias nos dei-- xar mais que huns ]eues in- dícios , porque pudeílemos conjciturar as obras ^ & ma- rauilhas que acenao . Naõ ganhou o Santo memoria tão ccrebre por toda Galli- za em tempo de tantas pe r- feguiçoês, cm que mais que nunqua reinaua a idolatria fcm obras na opinião dos ho- mens fòra do curfo ordiná- rio , & verdadeiramente Di- uinas . Bem cremos he efta cidade de Braga , de quem pudéramos dizer o que feaf- fírma de Roma, que feus edi- fícios cftão fundados fobre oífos de martyres, & fobre

corpos j cujas ahiias à força de merecimentos ganharão o Ceo. Por rnartyr temos tam- bcni ao noílo Saõ Fthx ^ fe vai algúa coulaaconjeicura, que com bons autores acima fi- zemos de Santo Ouidio, cu- ja fella , &L memoria por ií- lo dizíamos cclebrauaa Ijirc- ja , porque dera íua vida em defeníaõ da Fc^ viílo como por aquellcs annos íò os mar- tyres eraõ feílejados , o que ainda agora por eílcs em q tan to fíorecia a memoria do nof- ío Saõ Félix íe í^uardaua inuio lauelmente. Tiueráo o Sumo Pontificado por elle tempo depois de Ponciano, Antero, òi Saõ Fabião , & forão Em- peradores de Roma depois de Alexandre Seuero^Cayo lulio Maximino , de quem ha gran- des memorias em Brat^a, & o Empcrador Gor- diano.

t

12-

CAPI-

Grato,

149

CAPITVLO XXXV,

GRATO OITAVO

Arcebifpo de Braga.

' lultanoitt ehron.

».28l.

Amos a Gra- to o oitauo

lusarentreos o

Arcebilposde Braga por en- tendermos cjue em nenhum outro lhe cabe melhor , íe- gundo o que íe colhe delulia- no , em quê íò o achamos no- meado por Arcebiípo defta Igreja. Falando pois luliano de Grato diz afsy. Magnamha buit amicniam Melantkius cum Grato Bracharenfi Pontífice^ ad quem GrattimSixtus Papa Ut terás mifit^ls' adPalmatium Toluanum , cateros^ Toleta- nos antiUites. Quer dizer Me- lancio Arcebiípo de Toledo teue erande amizade com Grato Arcebiípo de Bragada o qualGrato SixtoPapa cícreuco cartas, & a Palmacio ^ & mais Biípos deToledo.Bê cremos começou eíla amizade entre Grato, «5c Mehncio do tempo, queambos íeruiãoaSè déTo ledo ; Gral o íendo nella Arce-

diago, òc Mclancio tendo ou- tras dignidades pella? qur.cs foi íobindo àvluma de Arce- biípo . CõtinuaraõncíLibca correípondencia todo o dií- curfo de íuas prclszias j ajuda- do fehú a outro, jegundo o re- queria a necelsidade dos têpos. 1 Porucntura foi o noílb ArcebifpcGrato de naçáoGre gOjCcmo c foi leu amigo Me- lácio,naturaes ambos deAthe- nas,&: grandes conhecidos de Saõ Sixto aísy m.eímoAtl.e nieníe. DeMelancio labemcs o trouxe a Hefpanha da cida- de de Roma quando \eo a ellaomcímo Saó Sixto antes de íer eleito Summo Pon- tiíicecíe trouxe tábem a Grato íique debaixo da meíma con- ieòlura, O certo he que Mela- cio fe ficou em Toledo, Sc aly perí^uerou atê íer eleito Arcebiípo : & que Grato da- quella , & da dignidade de Arcediago, foi tomado pêra cíl:a,dandoo a conhecer ao cle- ro de Brasa Teus raros mereci- mentos »^ virtudes. 3 O Papa SaõSix to antes de ferPontifice reíldio cm Heí- '; panha,& nella preíidio como i delegado da SèApaftolica em ; humConciho de Toledo,cO' mo bem o proua Padilha

9 (^ II'

K^

con-

"—m

150

Capitulo XX XV.

Uom.

f , . concra Morales allec^^ndoa- H.n.ix^\ qucllas paiauras de luliano. I Ãíelantbius Atbenis ijenit To- ktumquemfecum attukrat cu OJw San6ius Sixtus, quiposiea fuit Romanuí Pontifex. Dcíle tempo ficou taõakiçoado aos Biípos Heípanhoes j q depois de creado Sumrno Poiííifi- celhecícreueo carcas em eípe- ciai aoArcebiípo Grato iiiftru- indoo em alguas matérias im- portantes às Igrejas de Heípa- om. 1. 1 nha . Andahúa deftas no pri- ]CoHc.f^>g\ mciro tomo dos Concilios, 'conieçaaísy. Epijlola SanCti Sixti Pap^ prima ad Gratum quendíim Epifcopum. Epifcopus Sixtiis Grato Cocpifcopojalun. Nãoteue o autor que ajuntou efta'í cartas noticia de que ci- dade fora Bifpo Grato, deue- mola a luliano como outras muitas memorias doi Arce- bifpos deftaSè. 4 Contem o principio da carta o grande contentamen- to com que o Santo Pontifi- cerecebeo outra de Grato por nclla moílrar o amor que ti- nha a noflafan ta Fèj& o ódio que aborrecia os erros dos que mal viuiáo . Saõ as pró- prias palauras. Deleãari y l^ ^aiidere. me plurimum in Chri- sio lESF Domino no/iro dile-

ãwnis tUic (cripta fecenit^ qni- bus ewdenter oflenditur^quart' tum catbohcam diligis fidem^ quantum praiiorum bominum dttejlaris error em. Continua depois a carta com dous pon- tos eílcnciacs, o primeiro tra- ta da geração do Verbo Éter- no^que proua com toda a eru- dição daSagrada Eícritura.No ícgundomoílracomo os Bií- pcs condenados podem ^ & deu em appellarperaa Apo- Aolica,& Romana à qual pro- priamente pertence decidir cm Hnal íuas caulas. A data da car- ta he ao primeiro de Sctébro, íendo Conful Valeriano , ôí DeciOjifto he no anno deChri 11:o conforme a Baronio z6o. em que Grato ellaua gouer- nandoerta Igreja.

5 Outra carta efcreueo Saõ Sixto aos mais Bifpos de Heí- panha,a qualfele nomeímo primeiro tomo dosConcilios,

6 começa. Dikã.fsimis fra- tribiis perHijpaniarum Prouin- cias conjlitutis. luliano nas pa- lauras que acima deixamos re- feridas , diz que faó Sixto eí- creueo a Palmacio Toletano, Cccteros^ Toletanos Epifcopos. Onde com euidencia errarão osimpreílorcs porque ouue- raó de dizer, c^teroscj.^ Hífpa-

ni^

Qrato.

151

riís EpiJ copos; pois bem fcciei- ' ^ xavcr, que cios Arccbi.ípos cie Tcledo os menos cõcorrerão comSaõ Sixto Papa, & aísy. mal lhe eícreucria a todos.quã- uo muito o fez a Palmacio, mas não foi a carca cujo titulo acabanios de reíerir, porque eíl"a íe clirigio a todos os Biípos de He{panha,e a nenhu em particular •, & íe a algum ouucra devir dirigida, auia de ícr ao Primaz de Braga Gratc^ 6.' naõ aPalmacioacuja Igreja ncShúa fosicição dcuiaõ as de Hcfoanha. Eíta feg-unda carta de São Sixto tem a dataade- 2cAàí de lulho no Ccnfulado de Vnleriano,& Decio^ que he o mefmo anno deiéo. ^ aísy foi efcrita pouco tempo primeiro que a de Grato. 6 Viueonoíeu Arcebif-

padoGrato por alguns aímos. Sc entrou logo nelle depojs do de 145-. em que era Arce- bispo Saõ Feliy ja tinha de Ar- ccbiípo de Braga quinze ân- uos, porque tantos íe contao ate o de z6o em que lhe efcre- uco Saõ Sixto. Os mais que paílou naõ o fabemos: certeza nos {-!ca,q em todos feria gra- to a Dcos,& a os nomes fegu- do a obrigação de íeu nome. Tiucrao poreífcs annos a Ca- 1

dciraPõtifical deRom-adejiois 1 de Saõ Fabiaó^Cornèlrò^Lu- ciOj&Eftefanoí.a quéluccdco S. Sixto II. do nome martyr de Chrillo pella confiííao da Fè. Imperarão depois de Gordia- no os dous Philipes pay;, & filho primeiros Imperadores Chriftaõs^os dousDecios pay, & filho , Virio GalloA' Volu- fio íeu filho jValeriano, & Ga- lieno pay,&: filho grandes perfeguidores da Igreja Ca- tholica.

CAPITVLO XXXVI.

SAM SECVNDO^ OV Secimdino IX. Arcebifpo de Braga.

O Martyrx)- loí^io Roma-

o

de

no aos 25) Abril fa Igreja

a

men-

ção dos íantos martyres Aga- pio, &Secundino com cífas palauras tornadas cm Portu- guês . Em Cirtc de Berbéria os fantos martyres Agapio, & Secuudino Biípos,os quaes depois de hum largo deílerro.

N4

lue

152

CafituloXXXVL

laliAn. in

que padecerão nefta cidade , paflaraõ de fcu illuftrc Sacer- dócio aglorioía coroa do mar- tyrio na perfegLiição do Em- pcrador Valeriano, na qual a furiofa raiuados Gécios fe em- brauecia pêra proua da Fe dos juftos. Depois acrecentaou- trosgloriofos martyres, que com eiles dous padecerão , Emeliano foldado , Tertúlia , & Antónia Virgens , & outra molhcr com dous filhos feus ambos nacidos de Kum parto. Naõ fe foubc determinar oCar AtÁ Baronio nas annotaçoés a cfte lugar em que cidades os dous Santos Secundino, &: Agapioforaó Prelados; nem o Biipo Equilino , Vfuardo, Adon , & Surio diíTcraõ mais dcUes que nomearemnos ílm- pleíméte por Biípos paíTando pellos lugares de feus Bifpa- dos.

1 Juliano Acciprefte de

Toledo falando dclles deu a Sccundino a Prelazia de Bra- ga , a Agapio a de Carthagena com as palauras feguintcs. Cor- pora SanSljrum martyrú Aga- pij Carthaginmfis Hijpanu, isf Secundiniyel Secundi Bracha- renfis inHifpania m^jforumCir- tem urbem Numidu in exiliú, Tibipajsifuntfub Vahriano , à

quo pafsi funt exdium. No que concorda admirauelmentc o MartyrologioRomano.Cõ- lla logo .que o Sáto Secundo, ou Secunduio foi Arcebifpo deBra^a dellerrado da íuaígre- ja pellaFe peraNumidia jun- tamente com Agapio Bifpo de Carthagena. Conllatambê que em Cirtc onde elteuc de- gradado (Agora Coni]:ancina corte anciguamente DelRey Maísiniíla ) foi martyrizado gloriofamentc SaõAgapio, SaÕ Emcliaõ, Santa Tercitlla, Antónia, &aditoíamaycom os dous filhos innoccntes.

3 Parece q não durou çSáto Prelado Secundinopor mui- to tempo nefta Cadeira , nem emfeu defterro, porq em lu- Ihodo anno de 2.60. viuia ícu anteceílbr Grato, como íe da carta que naquelle annoSaõ Sixto lhe eícreueo : & fe padc- cco o defterro Saó Secunduio por mandado de Valcriano (cuja prizão por ElRey dePer- íia Sapor fucedeo dous , ou trcs annos a diante no anno de 163 . ) ficalhe efte Icue eípa- ço de pouco mais de dous an- nos, pêra o defterro ,& Pre- lazia.

4 Pcrfeuerarão os corpos dos glorioíos martyres cm

Ahica

na.

Miraut

inno Epf I p.verb. •onjlãti-

Secundo.

153

' Mián cL

Sur. die

Africa por miiicos annos na meínia cidade em que pade- cerão , ôc daly forão tieslada- dos a Hefpanha , Reinaado Dom Aftonfo o íexto,ac]uc chamarão Emperador-, man- dou os o Rey Mouro de pre- íenre ao Conde Dom Raimú- do senro do melmo Dom Ailonío . Deu nos noticia de- lia tresladação luliano acre- cenrando as palauras acima re- feridas as feguintes. Horum corpora delata funt ad H;jpa- mas{^ã\ã dos dou3 Santos Bifpos , & não dos mais , que no martyrio os acompanha- rão ) mijfa dono Comití Rai- mundo género Imperatoris Al- dtfonfifexti. Não aponta lu- liano o diaj& anno deíf a tres- ladação , nem o lugar em que as Santas Reiiquias forão col- locadas^ mas por coula cele- bre o deuia callar,& com tudo ate elle bem nos encobrio a antiguidade. Do martyrio de Saõ Secundino ^ & mais com- panheiros íeus fe pode ler Su- rio nas vidas de Saõ Mariano, & São laCobo. Bcda põem fua fefta não como o Martyro

:

logio Romano aos Z9. de Abril, mas aos 30. de Março. Dos Emperadores que nefte tempo gouernauão o Impé-

rio Romano ja diflemos.íe- i rj?m Valenano , òc Guiieno ícu. filho, o Sammo Pojntiíi- cado tinha Saõ Dioniiio lacei- lorde Saõ Sixto II.

cAPiTVLo xxxvri.

^^ A M THEOPÍilLO

Saturnino ^Is^ Reuocatd mar tyres de Viana.

Ertcncêa eíla liiíloriaos.Sá- tos, que com dtulo de mar- cyres_, ou cõ- felíores nacerão, ou morre- rão nefteArcebiípado^porraes contamos a Saõ Theophilo Saturnino, 6c Reuocata glo- rioíos caualleiros de Chrifto naturaes da Villa de Viana húa das principaes poucaçoés de antreDoLiro, &: Minho, qaa- tiguamente entrana na demar^ cação deGaliza fundada junto ao mar na foz do rio Lima. Foi primeiro cidade Epiícopal muitos annos atê que no de óio.fe vnio ao Biípado deTui, Depois fe encorporou neífe Arcebifpado . Da crrandeza,

anti-

.«.■\t<V;'d I

A Í.Max m chron.

154

Capitulo XX XFIL

lih. I. f.

da âoArc Santo,

an.Chrif

Vafe» in

anti2uiclade,& nobrezadcfta Villa eícreuefrey Luis de Sou- fa. He na comodidade do íl- cio, fcrmofura dos edifícios, &nobreza dos moradores hú'a das principaes do Reino. z Efta ciueraõ por pátria os glorioíos martyres, Sc iiella própria pêra mayoriurtrcícu triumpharaõ da idolatria dan- do íuas vidas pella Jefenfaó da Fè.Foi oTirano por cujo mã- dado padecerão lulio Miner- uio Gouernador dcílas partes de Hefpanha pello Empcrador Valeriano. De tudo nos certi- fica Fíauio Dextro dizendo. Viande in Gaíluia prope Tudo ciuitatempafsifiint Sanai mar tyres Theophilus , ÍP* Sattirni- nus, Isf Reiwcata '-virgo Çub lulio Mineniio, in perfccutione Impsratoris Vahriani^ qiufep- timaefi, eademij^fub Decio. O Padre António de Vafconcd- ios allegando a Dextro acre- centa oannoera quccftes glo- riofos martyres padecerão ^ & foi o de t6o. do Nacimcnto de Chrifto, em que começaua a fer Arcebifpo de Braga Saõ Secundino , ou acabaua de fer Grato feu antcccíTor. 3 Põem a fcíla deites glo- riofos Santos o Martyrologio Romano em 6. de Fcuerciro^

mas ícm apontar o lugar de ícu martyrio. Com o mefmo filencio pafla Vfuardo nasad- dicoês a Moiano j Galazino osbz martyres ctnlloiTia^mas como cofturTxa leuar aly to- dos os martyres de que não teue noticia onde padecerão, não fez couía noua em leuar la também aos noílos Santos. Alem dos autores ja nomea- dos cfcrcueo delles frcy Pru- dcncio de San^doual nas anci- puidadcs de Tui, pondoos na qaelle Biípado por Viana ai- gúa hora lhe pertencer depois que deixou de íer Biípado par- ticular, como foi muitos an- nos,não no íitio onde hoje eíH, mas no monte que lhe fi- ca ao Norte, & fe chamaao preíente de fanéla Luzia. Ef- creueo também Je fanta Rc- uocata o Padre frey Luis dos Anjos no feu Lirdim de Por- tugal, onde a conta por martyr, &: natural de Viana.

i

i

?'>gAS'

P^tSl-

CAPI-

Caledonio.

m

CAPITVLO XXXVIIÍ.

CALEDONIO X,

Arcebifpo de Braga.

Aledonio ce- lebre pella a- mizade q te- uecõSaõCy- priano Bifpo de Cartlia^o foi (fecundo opi- niao de Pamelio) natural de Africa ^ & nella Bifpo 3 como parece fe colhe de varias car- tas de SaõCypriaiio; & fegun- do outrosEípanliol defta Pro- uincia de antrc Douro, & Mi- nho. Teue em quanto viueo continua guerra com os herc- gesNouacianos perfeguindoos logo que em Africa Nouato natural de Carthago fe come- çou a declarar por inimigo da Igreja , pregando , & cfcre- ucndo que não auia nella po-^ der pêra perdoar peccados aos jabautizados j nemfede- uião chrifmar os que tiucílem recebido o fagrado Bâutifmo^ ou caiar os q híja vez viuuaí^ fem . E também quando feu dicipulo Notiaciano fe oppos

cm Roma a Saõ Corlielio pre- tendendo tiralrihe o Sunnno Pontificado i íicaffe com ellcjCom o que inquietou gra- uiílimamente a Igreja dando principio as Idfmas , Co q por varias vezes fe vio taõ afíligi- dá.

z Em híía , &: outra CoU" fa fe moftrou Caledonio filho da Igreja, & obedientiíTimoa Cadeira de Sao Pedro. Sahio a campo.com a hngoa ,, &: com a pena, porque em ambas era eminentiflimò;&: tal eftrago fez nefta cafta de heregéSjq ate defuâ fombraâuiáo medo» De pois que em Africa os cohuen- ceopaílcua Roma em com* panhia do Bifpo Portunaro 3 como efcreue SaõCypriano,&: aly defpregandõ mais âs velas de fua eloquência de todo õ ponto tonfundiõ ao herege, & feifmatieo Nouaciaiio^ <Sí fez patête a iuftiçá de Saõ Cor- nelio verdadeiro iucèílbí do Apoftolo Saõ Pedro. 3 Daqui de Roma vol- tando outra vez a Afticà paf- fóu âHefpanha. A ocaííaó não podemos faber, feria pefâájU" dar efta Ptouincia, onde en- tão andaua aòezà â petfegui- çáõ dosGetios,& feinauâ mUÍ I to a heresia pella vizinhança

Capitulo XXXVIIL

de Africa. Deufeloíjo acoiihe-

cer pcUas obras , dezcjauãiio

em íy as cidades onde chega-

ua , ou prégauaj 6i fe ajgúa íe

viafem Prelado eílà a toda a

força o pretendia. Mcreceoo

porcmíò a cidade de Braga na

vacância de Saõ Secundo, de

cujoilluftre martyriopor íu-

ceder na mefma Africa onde

fe criara, d>c fora Bifpo Cale-

donio dcuia ter grande noti-

cia.

4 Entrou na fua Igreja, &: como entrauatao dcfejado, òc

Ícom tanta opinião de letras_,& íàntidade facilmente acabou com fuás ouelhas tudo o que delias pretendia. Os^ que por medo das perfeguiçoés palia- das tinhaõ deixada aFècom.- pungidos com a pregação, &c amoeftaçocs do Santo Prela- do abjurarão , & anathema- tizarão feus erros , &c nao dei- xauão animo naqiselle cora- ção,& entranhas taõ compaf- ííuas , & verdadeiramente de pay pêra lhe negar a peniten- cia, 6í reconciliação que pe- dião , Todauia como por a- quellcs tempos femclnantes reconciliações fe fazião mui- to de vagar,^ depois de com- pridas moftras de dor,»& arre- pendimento ouue ( fegundo

parece) alguns que o quizerão notar de fácil, òc metcrlheef- crupLilo naquclla matéria lem- brandolhc que da facilidade no perdão íc tomaua ouzadia pêra os crimes , que quem íentia fempre aberta aporta pêra entrar na cafa quando quizcfle, também não eftima- ua fairíe delia quando a von- tade lho pedilíe. j A eftcs auifos acrecenta- rão cartas^ &: (fegundo íe mo- ílra da que logo referiremos de Caledonio) parece cfcreue- ráoa Saõ Cypriano,cujas le- tras erão .então celebres na Chriftandade , peraque o San- to Doutor o aduirtiílè, como taõ amigo feu ^ daquella facili- dade em admitir à Igreja osq delia íe apartarão por apoífa- zia . Da melma carta íe colhe que não diísimulou SaÕ Cy- priano o que de * Caledonio lhe eícreuião antes logo lho fez a faber lembrandolhe a cau- tela com que naquelle parti- cular era bem íe ouueílè, por- que aquella íua facilidade não folie em prejuízo dos que ainda cílauão leuantados, & em dano dos ja caidos, fazen' doihes cílimar em menos a mi fericotdia quando fe lhe daua taõ barata.

Qãkãonlo,

157

/?? ccne. aiT> X'. ar.. 268

e L^alcdonio iz aísy tornada

!.

i-^t-V

I G Chegou a carra cie S.Cypria I noas niãosdeCaledoniOjVio, & leo tudo o de q era norado,e porq iiiuitas das coufas/j nel- ía íecontinhão, naõ relarauão o calo como palíaua^pera intci rar ao Santo Prelado Ihcefcre- lico outra carra dãdoihc ficlmê te cota docjacêly tinha feito, pcraq íe em algúa coufa fe def- uiara ào caminho da verdade, cllc como amigo leu particular & mcflre de todos o encami- nhaílc. A carta d--^' trasBiuar, &d em Portuí^uez

Caledonioa Cypriano^if?' aos mais Sacerdotes ^refide em Car thago faude. Afiecejsidade dos tipos nos obriga a q nao ceda- mos temer ari ame nte reconcilia- ção aos q a pede. Por & he necejfa rio adiíirtiruos , q aquelles q a primeiral^e^carraófacrijicâdj aos ídolos fe tentados a Jegim- da fe deixarão deflerrar por nt-cfacrificar , Í!f perderão fiia fa'::{enda , íp" bens , nos parece que purgarão com ifio o primei- ro deliSlo ^pois largando o que tinkao , l^f fazendo penitencia [eguema ChriUo Por tanto Fé- lix minilíro de Decimo meu 'vi- •^nhc , a quem eu conheço mui- to berA^tf Viãoria Jua molher, llf Lúcio todos fieis defierrados.

tf q !argarhfuasfa^end.is^i:f \, eUciO em poder dofifco^ tf Bona t^.bcm desterrada ^a que feu ma- rido como arrajlos trouxe aofa crificio^tf em qn^nto elle^tf ou- tros facrificau^.o lhe tinhtioas mãos gritando ella entretanto que nao confentia em talfacrifi- cio,queelles erao os que facriji- caujo^ todos pede mifericordia di-^endo qco esles aãos recupe- rarão a ^qtinhao perdida .,tf arrepcdendofe cófejj'arf:.oa Chn flo. E pofloque mspareceo que fe lhe deuia conceder mifericor- dia.,c'ótudoos enuiamos aVoJ^a prefença peraq nh cometamos aJgúa coufa q pareça nouidade. Aquillo q entre -uosfe determi- nar nos efcreufj. Saudai aos nof- fos njos q te dos fo is noffos. Deos yos guarde felices annos de '■vida^isf jaude.

7 Be fe deixa ver deíla carta o q Caiedonio elia pretédia. Pêra purgara calúnia õ cíeile os de Bragaj ou aigús Bifpos feus vizinhosefcreueráo aS.Cypria no determinou o íapiéciílimo Prelado moftrar ao lagrado Doutor, & a fcu Cabido mais pof cxéplos qcõ rezoés quaes eráo os que eile admitia a pe- nitencia. Pêra iíf o lhe cnuiou a Félix minift ro do Bifpo De- cimo fua molhcr Vivfloria ,

O

&

158

Capitulo XXXVJII.

Sc outro Chriftão por nome Lúcio, & Bona afsi mefmo cafada^a quem depois defacri- fícarê a primeira vez aos ído- los, quiferão os Gentios obri- gar a que repeti ílem o mefmo aéto pareccndolhc que o pri- meiro fora mais por coníer- uar as vidas , & fazenda, que porafsyo fentirem no cora- ção : mas clles pcríeuerando confiantes profeíTarão liberal- mente a dcChrifto, per- dendo honra, fazenda, & a própria pátria , & com cftc a- parelho , & moftras de verda- deira contrição fetinhaò vin- do aCaledonio pedindo recõci liaçáo a fanta madre Igreja.

8 Eftcs pois Ihecnuiaua Caledonio,pera que viífe fe fe- ria a cerrado, negarlhe, ou não, o quepedião : & por aly fizcf- fc conjeitura qual feria a pe- nitencia dos outros reconci- liados, quando aquclles en- uiaua 3 Carthago , &c fazia du- uida em os admitir , por não cometer nouidadcs;.

9 Rcccbeo Saõ Cypria- no cfta carta de Caledonio como de amigo fcu particu- lar, alegrandoíc , & fcftcjan- do grandemente o modo com queícauianaquellas matérias tão conforme á boa opinião.

! quede fuás letras, & íàntida- de tinha, Rcfpondeolhe com húa carta, cujo principio em Portugucz vem a dizer. Cy- priano a Caledonio feu irmão faude. Recebemos ipofias cartas, irmão charifsimo aj?aí<i pru- dentes, iff cheas de inteire':!:^, i^ Fé; nem nos ejpantamos de tudo fazeres com madure^a^^ confelhopois fois taÓ exercita- do nas efcrituras fagradas . Acertado he o 'ijojfo parecer a- cerca de darmos a reconcilia- ção a nojjos irmãos , da qual el- lespor 'Verdadeira penitencia, Is^ gloria da confij^ao de Chri- ftofefica^eraÓ merecedores jufii- fcadofe as mejmaspalauras, com que dantes fe tinhao conde- nados.Vxl Saõ Cypriano men- ção delta íua repoíla ao Clero Romano , inuiandolhe a mcf- ma carta de Caledonio,a quem ellcs muito bem conhecião do tempo que naquella ci- dade reíidira. Arcpoílaquede SaõCypriano ouuc Caledonio a mandou a todos os Metro- politanos de Hefpanha, aísy pêra juftificação fua,como pe- raq clles tabc foubeflcm co- mo cm femclhantes matérias, fcauiãodcauer. Aísy o acha- mos cm Marco Máximo, di- zendo . Succefsit Narcijfus

Cale

Epifl.23

M.Max tn chratit

!edo7

orno.

i>Ç»

<fw. 43(7. B XO.

Caledónia adquemjcrílnt San- ãiis Cyprianus ^ cuius epiflo- las tranfmittit ad omnes Me- tropolitanos Hifpanicc . Ou- tras cartas andão do meímo Santo, em que faz particu- lar menção do noílo Prela- do.

IO Ha cr^^nJc memo-

ria cm Flauio Dextro de Ca- iedonio : entre outras cou- ías eícreue, queícu nome era celebre por toda Hefpanha, & que com outros Biípos llílira em hum Concilio de Carthago , & nelle ^andau^. aílinado . Per Hi^ani^ cele- bris erat memoria, Pompo-- nij Paulati, Caledonij Bra- charcnjts , Lueiani Cccfaraii- gujlani Epifcopi , qiii pr^te}-- quamquod fuerunt fcriptores egregtj , Concilio cuidam Car- thaginenji , cum alijs Africa- nis interfueriint , if fubfcri- pferunt.l' orem efte Concilio em que fpefcreueo Caledo- nio não chegou a noíla no- ticia , como também nenhúa de fuás obras , fendo efcritor famofo,como lhe chama Dex- tro . Sabemos comtudo por relação do Bifpo do Porto Dom Hugo cm hua carta, que cfcreuco ao Arcebifpo de Braga Dom Mauricio, que

Caledonio coaipos elegante- mente a vida de Saõ Pedro de Rates. Lançamos a carta no ca- pitulo ij.deíla hiíloria. 1 1 O tempo de feu go-

uerno nem por conjeituras íe pode aueriguar ,faiuo que viueo, Sc foi contemporâ- neo deSáó Qypriano, & che- 2oa ao anno de duzentos «Sc feílenta & cito , cm que te- ue por fuceílor a Saõ Nar- ciííb , como efcreue Dextro. Era então Su mmo Pontifi— cc depois de Sixto II, feu fu- ceílor DicnyíiOjEmperador de Roma Gallieno . De Ca- ledonio efcreucm os ja rcí^e- ridos Dextro , Marco Máxi- mo , luliano , & dos moder- nos Biuar, que hora lhe cha- ma Santo , hora Beato , no- mes que lhe nãodaõ ou- tros autores mais antiguos.

(t)

an.Chrif >Ó8.

Bieiar i..\ eag.

O2

CAPI-

í6o-

(Capitulo XXX IX.

J>ext. an

Chrip z68.

in cUron,

CAPITVLO XXXIX.

SAM N A R C I S S O XI. Arcebifpo de Braga.

Vardamos pc- raelle lugar as rezoss porq nosdeíuiamos acima na vida de Saõ Félix da ordem de Ju- liano em contar os Arcebif- pos de Braga no particular de ler o mefmo SaõFelix fucelíor de Saõ Fabião, & não SaÕ Nar- ciílb como cUe aly o fazia. Se- ja a primeira a autoridade de Flauio Dcxtro,c[uc a Saõ Nar- ciíío põem logo depois de Ca- ledonio/& não de Fabião, co- mo fe ve de fuás palauras . Ca- ledonio Bracharenfi ^ad quem fcrihit Sanóius Cyprianusyfuc- cefsit Narcijjus-^ fegue a Dex- tro MarcoMaximo continua- dor de fua hiftoria,5«: Arcebif- po de Caragoça affi miando o mefmo. Succefsit Narcifius Ca ledonio^ad quemfcribit Sanãus Cyprianus^cuius epiflolas traf- mittit ad omnes Hifpanu Me- tropolitanos.

' i Seja a fegúda rezao, o cjue os mcímos tempos pedem. lu- liano diíle que S. Fabião pade- cera a 13 .de Agoílio anno 2.30. como referimos em lua vida> mal podia logo iucederlhe São Narcilío, porque eite foi mar- tyrizado no anno de zyy. co- mo logo veremos. E era quaíí impoísiuel tiueííe4j.annos de Arcebifpo em tépo que osBií- pos durauão muy pouco _, ou por logo darem luas vidas por ChriftOjOu por ferem ja quã- do erão eleitos de muita ida- de,

3 Com igual facilidade fe conuence não íer eíleglorio- fo martyr Bifpo de Girona^ como alguns o quiferaõ fazer, entreos quaes heo Padre Pe- dro de Ribadeneira nos Sãtos extrauagãtes. Moueofeporaly padecer Saò NarciíTo, & fe in- titular Bifpo^mas ate os mora- dores daquella cidade virão quaó mal encammhada hia eíla opinião, porque o Padre lofeph Ramon da Compa- nhiadelESVS morador no Collcgio de Girona Sc na- tural de Catalunha a cujoPrin- cipado aquclla cidade perten- ce , efcreliendo ao Padre A n-^ tonio de Caftellobranco fo- bre efta matéria húa carta ,

que

Flofanto. 18. ãc nia.rç6u

Sao JsÇ^rcifo.

if)í

que temes em noílb podsr, abertamente diz que nem íer SaòNarciíío natural, nem BifpocieGirona tinha funda- mento algum na antiguidade, o que proua com o próprio letreiro da ícpultura do San- to, que per nenhum caio o chama Bilpo de Girona , não deuendo callallo,poisnifto hia taõ intereííada aquella cidade. O letreiro diz aísy. AnnoDo- mini z-j. quarto Knlendas No^ uembris beatiis Narcifus Epip copm díi mi[fam cehbrat paf- fus fuit Gerimdcc in loco "vbi mmc lacetEcclefut Cathedralis^ ciim Diácono Felice. como íe diílera.No anno do Senhor de dozentos ôc fetenta Ôc fete a vinte ôc noue de Outubro o bemauenturado Biípo Nar— ciíío dizendo miíla padeceo martyrio em Girona, com Fé- lix Diácono no lugar em que agora jaz a Igreja Cathcdral. Que coufa mais fácil, & me- nos pêra callar que aquella pa- hurajEpifcopuSjaaccentaúhe^ kuitis '-vrbisy ou Gerund^ quan- do elleoouuera íido, mas os antiguos reípeitarão naquelle Epitáfio igualmente a verda- de em que não quizeraó fal- tar. 4 Não vão por aqui os fun-

damentos porque efte Reino, òc a villa de Santarém preten- dem por feu natural a SaoNar- ciíib, Ôc os cidadãos de Braga por íeupaltor, mais calefica- dosfaó,^ na antiguidade fe cftabclecem com a autorida- dcdeFiauio Dextro , de Mar- co Máximo, & deluliano, a quem os modernos quafi to^ dos vaó/cguindo. Repitamos as palauras de Máximo, & Ju- liano, as de Dextro ja acima as puzemos , porque cambem nellas temos ocafiaó pcra dií~ correr pello mais de fuami- lagrofa vida ^ diz Máximo» Per hsc têmpora ceUbr is erat memoria Sanãi Narcifsi Epif- copi Bracharenfo in Hifpama Rh^UOrtim ApoUoh ^ inijrbe GerimdapajTiis ejifiib Aurélio. Fuit hic ciuis Scalabitanus in Lujttania , qui diuinitus ad-- monitus , reliãis Bracharen- fibus^V^ndeliam petit. Quer dizer. Por eífe tempo ( hia no annodeChriílo feircentos& doze) era celebre a memo- ria de Saõ Narciífo Bifpo de Braga em Heípanha Apo- flolo àos Rheciosj padeceo na cidade de Girona no tem- po de Aureliano , foi natural de Santarém na Lulífania, Sc por infpiração do Ceo ^

v>ff.

O 3

deixan-

■"*•

162

Capmlo XXXIX.

Chron

j chron.

deixando os de Braga fe foi a Vindelia. Iiilianodiz. A''^m'f- fiis Bracharífis Epifcopus^Apo- flolus AuguJ}^ Rhíetiorum re- uerfus in Hijpaniam cum Archi- diaconofiio Felicejj' focio mar- tyrium Gerundce hoc tempopt fub Aureliano Pr,etore,tf Pr^~ Jide proChriflopatitur Mc qua- o mefmo que o que diz Má- ximo . A cidade de Augulla àos Rhccios íe chama hoje. Augfburg, tem íeuBifpofuf- fraganeo a Mocrúcia, ou Mcnz na lingoa própria dos Ale- mães,

$ AíTentada afsy a verdade que Saó Narciílo foi por nacimcnto Portuguez, por eleição Arcebifpo de Braga, & fuceíTor de Caledonio. Palfan- do a contar por ordem fua vi- da, elle naceo na vilia de San- tarém de pays ricos, & de srande nobreza , como nos certifica M. Máximo , porque foi parente muy chegado de Pomponio Paulato Biípo de Toledo varão da primeira , & melhor nobreza deHcfpanha, & dos mais bem aparentados de toda ella. Eftudou cm mo- ço as letras humanas , & em mãccbo asDiuinas,nellasfahio eminentiílimo , mas foi o íem comparação muito mais no

exemplo de íua vida, & nas grandes virtudes , em que fe exercitaua.As letras, & exem- plo o puzcraõ na Cadeira de- lia cidade, onde com o tervi- uiáo os naturaes della,& todos os do Arcebilpado húa vida bemauenturada j mas quando mais o dezejauáo , ellima- uão, entaõ lho tirou o Ceo por particular infpiração Di- urna, ordeiiandolhe deixafle Braga , & fe paílaíle a pregar o Euangelho a Alemanha, onde era neceílaria fuaprefença, & o efperaua grande fruto no proucito das almas. 6 Obedeceo o Santo, pos fe a caminho , acompanhado de hum Arcediago de Braga cha- mado Félix ; chegando a Ale- manha foi demandar aquella Prouincia em que cae a cidade de A ugfb urg, chamada pellos latinos Augufta Vindelicorumy ou RhéCtwrum. Nella íem faber onde ellaua fe agazalhou cm caía de Hilária Rainha que auia íído de Chipre , a qual de- pois de perdida a Ilha íc reco- lhera a Alemanha, & na cidade de Augsburg viuia com húa fua filha por nome Afra mo- Iher pouco honefi:a,como de ordinário o erao as de Chipre. Cuidou Afra quando fe vio

com

SaõJ^^Qtrcifo

163

cem Narciílo em caía leria co- mo qualquer dos oucros,que a coflumauão frequentar , mas a poucas palauras enren- cíeoler Bilpo de grande fanti- dade, mormente depois que o vio paflar toda a noite em oração cercado de húa luz ce- lellial, & oouuio afearlhe o cftado em que viuia, o perigo que corria fua faluaçao íe neile perícueraua, oeícandalo que daua ácidadetão pouco efpe- rado de húa pefloa tão illuílre cm que todos tinhão poftos os olhos , pêra por ella regula- rem íuas vidas. 7 Elias rezoés, & muito mais o exemplo do Sãto Bil- po mudarão aquella peccado- ra. De improuilo deu de mão às galas , éc veftjda de peniten- cia pedio o íagrado Bautifmo, que recebeo em companhia de lua may Hilaria,emquemtã- bem obrou muito a Diuina graça, & de outras fuás cria- das Digna, Eunomia , Entro- pia,que aísy como a acompa- 1 nharaõnas culpas,aísy lhe qui zcrão também fer companhei- ras na conuerfaõ delias. 8 Conuerteo poraquellas terras outros infinitos Ale- mães à nolla fanta FèSaõ Nar- ciílo ,^ obrou tantas , & taõ

eftupendas marauilhas , q por ellas lhe chamarão Apoltolo de Auguíla. Depois que teue jafeitoChriítam grande par- te da Prouincia , ordenados Biípos , & Sacerdotes q a go- uernalíem (entre os quacs foi Dionyfio irmão de Aha^a que encomédou a cidade de Au'2- burg) paliou outra vez a Hel- panha depois de noue mefes de aulencia com animo de íc reílituyr aos feus deBraga on- de era grandemente deíejado. 9 Trouxe o caminho de

Alemanha por Catalunha , &: dilcorrendo em forma Apo- ftolica pellos principaes pouos daquelle Principado veoà ci- dade de Girona onde por aísy o pedira neceílidade pregou may or zelo o íagrado Euã- gelho. Deu logo tanta luz nos olhos aos Gentios , que não a podendo íofrer , acuíaraõ o Santo diante do Prclídente L, Cefonio Macro^o qual o man- dou prender , & trazer diante de íy; mas vendoo cem muita eonílancia, &quec5nenhús tormentos deixaua de confef- (ar a Chrilto, finalmenae de- pois de o atormentar cruelmé- te o mandou maur a ferro to muitas feridas , & golpes . O letreiro de lua fepultura,como

I

04

acima

r64

Capitiío XXXIX.

dii

acima vimos , ciiz o tomou a morte eílando dizendo miflà, peraque acjuelle que toda a vi- da viucra lacnlicado a DcoSj acabaíTe vltimamente em ia- criíicio.

IO Foi martirizado com o Santo o íèu Diácono Feiixfc- Jiciííimo por tal morte , &: tal compnhia.-Santa Afra, quede Alemanha com fua may ^ & fuás três criadas viera acom- ps nhando a Saõ Narciílb, tam- bém aquclle dia foi queimada viua pello mefmoTiranOj pur- gando como fogo íâgrado do martyrio o profano , em que algúahora viaera. Seis dias de- pois padecerão com o mefmo Santo tormentos de fogo Sã- ta Hilária may de Afra , Santa Digna , Santa Eunomea, &c Santa Eutropia fuás criadas^ como fe refere no Breuiario da Igrçja de Augsburg , que per ordê Cardeal Ottho Tru- chíís Bifpo delia feimprimio em Roma no anno de i jyo. !i Ficarão as ía^radas reli- quiaS de Saõ Narciílb na cida- de de Girona, ondepadeceo. Aly íaõ veneradas , èc eftima- das de todos os Reinos de Hefpatiha, conforme os mui- tos milagres, que Deos nollo Senhor por ellas obra. He efte

Santo Patrão daquclla cidade^ & da de Augíburg.Dcfta por- que nella pregou a Fè_, & foi o ícu primeiro Apoíloloj da- quella , porque polluc o pre- cíofo theiouro de fuás relí- quias.

li He celebre por toda

Hefpanha o que em Girona acontcceo a Carlos Rey de Si- cília, òc a Felipe Rey de Fran- ça na ocafião em que íaziaõ guerra a Dom Pedro Rey de Aragão. Tinhão ja os Fran- ceíes ,& Sicilianos entrado a- quella cidade á força darmas: andauão na mayor fúria do fa- ço os foldados ^ & como pêra eftes nenhum lugar hafagra- do entrarão na Igreja^ onde o Santo cí^a fepultado, preten- derão com violência roubar todo o preciofo queíeruia em íeu fepulchro ^ mas indo pêra lançar maó da primeira peça fubitamente fahio daqucllc íâ- grado tumulo hum exercito de mofcas de híía noua feição, o qual efpalhandofe por fol- dados, & cauallos, afsyosal- uoroçou,& atormentou, que íem tino nem acordo algum defempararão a cidade,& a dei- xarão liure , ficando muitos dellcs mortos no capo. ElRey (Jc França fc recclheo a Perpi-

nhã

ao

T eterno I.

165

Baron, Aí-triyr. 1'í^.ALir tij.

Barrar. tit.Giro-

Rthadeíi,

J-lolJcitlt.

2. p. 18 eleA<farço Bíuay time. ad Vext an

i77«-2; Cfirus ai

27-. lit-

bar;, choroor.

o

ttt.:sC)fO-

11 a.

AÍjgAlh tn Al. f.

tn

nhão, onde dentro de poucos dias morreo. Sucedeo eíle mi- lagre em 8. de Setembro de 128Ó. & foi tão celebre por to- da França, Heípanha^q paf- íarão em prouerbio as moícas dcSaõ Narciílb.

13 Pocm o Martyrologio RomanoaSaõNarciílba i8.de Março. A cidade de Aiiglbiirg o fellejaeniit?.deOutubrOj& então diz o letreiro de fua íe- pultiira cjuc elle faleceo, Delle efcreue Marco Velcero nos íeusannaes, & Biípos de Aug- fbiirí?, o ^longe Segifmun- dono Chronicon Ecçlellaíli- coda nieíina cidadc_,Henrique EaifachioAbbadedeSãta Afra nos Biípos de Augufta, Riba- deneira , Biuar , Caro , Barrei- ros _,& Magalhães, não falado nos ja nomeados Dextro_,Ma- ximo,Iuliano. Imperaua pel- lo« annosde 177. ou 175. (co- mo temos por mais prouauel que o Santo padcceo) Aurelia- no fuceílor deClaudio;eouer- naua a Igreja de Deos o Sum- mo Pontífice Félix.

14 He ncceflario aduertir- mos no fim da vida de SaóNar ciílo cjue alguns autores o quizeraõ confundir com ou- troNarcillb Bifpode lerufalé, íendo ambos difitTcntes afsy

pellas igrejas quegouernarão, como pcUos annos em que vi- ueraó.Foj também Saò Fílix Diácono de Saõ Narciflb, &: Arcediago da de Braga, & padcceo martyrio juntamen- te com o Santo, & foi outro bem diferente de Saõ Fclix ir- mão de Saõ Cucufate cie Bar- celona, que tâfnbem em Giro- na padeceo glorioíamête pella Fè,como com juizo o nota Biuar.

CAPITVLO XXXX.

PATERNO PRIMEIRO donome^tfXII. Arcebijpo de Br acra.

HEGADA a nouadomar tyrio de Saõ Narciílb a ci- dade de Bra- ga,depoisdea feílejarem co- mo merecia húaral conílan- cia,entre as alegrias de o terem no Ceo por martyr , & as tri- ftezas de o perderem na rerra por Prelado tratarão de lhe dar fuceílor. Foi eíle lium San- to varão afamado em letras, &c fantídade , que então viuia, &

parece

an 2 77.

166

Capitulo XXXX,

-■-i^

{in ch^on. \fag. 53

parece íeruia elta Sè, chamado Paternojiome que ellaua vcr- oadeiraraentepronorticádo as entranhas de pay que pcllo diícuríodefcu goucrno nelle acharão íuas ouelhas,Muy ne- ccflaria foi apefloadeParerno pêra encher o lugar que eutao largaua hum tão Santo Arcc- bifpOj&taS valerofo martyr como Narciílb^mas cíle fe ou- ue tam.bem, que nem nadili- j gencia com que acodia pello bcrri dos feus , nem no zelo que defendia a , & pcríeguia os hereges, ocharáo nunqua menos os de Braga. Falando luliano dagrande opinião cie fantidade, quede íi deixara Pa- terno depois de morto a enca- rece com as palauras feguintes. Celebris erat memoria Paterni Bracharenfs ad quem FelixPa- pafcripjiti item idem Pontifex fcripjít; ad Benignum Epifcopum TarracoKenfem. Era celebre a memoria de Paterno Bifpo de Braga , a queni efcreueo o Pa- pa Fehx, como também a Be- nigno Biípo de Tarragona. 2. Acartado Summo Pon- tifica hefem duuidaa primei- ra entre as decretacs, quean- daÕemfeu nome, no primei- ro tomo dos Concílios. Diz o íbbrefcrito . Charifsimo atí

'"■dl

I dileã/fsimo P^iternoCoepfccpo^ Felix Epifcopiis in Domino fa~ lutem. Segue o teor da carta. Gaiidere mepíurímum^l^ extd- tare in Dcnuno dileSíionis tu^ fcriptafeceruut , (rui hm em de- ter ojlendis qiiantimi catholicâ diligisfidem^ i^ quamurd hcçre- ticum detefiaris errarem. Vem a dizer o muito que fe alegrou com a íua carta ^. pello amor q nella moftrauaa Cacnolicaj «Sc aborrecimento aos hereges: no fim o amceíla. Vtpro íiatu -ck(ice , «y Sacerdotumeiíís

pro -vinhus elaborme Uitdcas^ Í!f ordmem Sanã^c Roman.^^ tf Jpoftolicíe Ecclef,^ per omnia teneasj yt frucimfos manipulos Domino repr^f entes . Que po- nha todo o Teu cuidado em de- fender a Igreja Catholica , & citado Sacerdotal, & que em tildo j & por tudo guarde , & íe acomode às ordens da Is:re- ja Romana, & Apoíl:olica,pe- raque íuas oífertas íejao agra- daueis a Deos noflo Senhor. No mais da carta fediz muiro do modo com que fe ha de preceder na acufaçáo dos Bií- pos,&; Sacerdotes, òc quaes peílbas deites podem denun- ciar-como fuás caufas dcuem ir por appellaçuo a Apoílo- lica dando por nullo , & de

nenhum

Sao Saiamao.

167

ílores 3. f-j« cap,

2qS.

nenhum vigor tudo o que cm contrario fe ordenar. Sua da- ta parece foi pellos annos de 27/. o mefmo em que Paterno foi eleito pêra Arcebifpo de Braga , & Sa5 Félix pêra Sum- mo Pontifice Aproueitoufe muito delia Graciano pêra os capitules do Decreto que na margem allcgamos. 3 A outra carta de que lulia- no faz menção eícreueo Saó Félix a Benigno Bifpo de Tar- ragona (he a terceira no pri- meiro tomo dosConcilios das que pertencem^a efte Papa) chea toda de grande epudiçao, que com euidencia conuen- ce vários erros de muitos he- reges daquelle tempo. Nem húa nem outra apontão as ci- dades em que Paterno , & Be- nigno foraó Bifposi maior di- uidi he a em que por illo fica- mos aluliano poiselle no lo declarou. SaÕ Félix foi marty- rizadoemjo. demayodoan- no de zyj- .ainda que alguns lhe eftendem a vida mais adiante atêo de 185. Paterno parece que não venceo o de 290. por quanto jaftelle era Arcebifpo de Braga feu luceíTor Salamão, comologo diremos. Viueo po rem eíles q teue de vida cheo de virtudes, & merecimentos.

que na cílimação dos homés o fizeraõ celcbre,& na deDeos gloriofo.Gouernauão porefte tempo o império Romano de- pois de Aureliano , Tac-ito òc Floriano , Probo , Caro com Carino &c Numcriano feus fílhosDiocleciano,e Maximia- no grandes perfeguidores da Igreja. Os Papas foraõ Félix, Eutychiano, Caio^ & Mar- cellino.

CAPITVLO XXXXI.

S A M S A L A M A M XIII. Arcebifpo de Braga.

A vida do Ar- cebiipò Grato falando de Me lancio Arce- bifpo de To- ledo por ocafião da amizade, que entre íí tiuerão , diílemos como Melancio fora Grego de nação , & natural de Athe- nas trazido por Saó Sixto fe- gundodonorne a Heípanha, &dcixadonella,& no íerui- ço da de Toledo quando voltou pêra Roma. Agora a- crecctamos que deite Melãcio

foi

fufru Cãf }5'

capitulo XX XXL

fug. 3J.

ãiã. fag.

íoiirmáoSaUmão , cuja vi'ia ! eomcçamos a contar, & am- bos tios c1eMella,ou Melancio Bilpo de Synocufura no Egy- pco : taes os faz na opinião de muitos luiiano dizendo. Bea- tus Salamon ecdem annõ ( vay leuando ahiíroria no de 290.) fratcr Melanthij Tvktani , ^-vt quidani dicunt pr^eU jedi Bra- ',chareitfi.f'utertjj patruus MelU, à:el '^ídanthij Epifcopi SyKo- cujlfr^ iii jBgypto De lua cria- ção , Qi eftudo, das dignidades que teue antes de íer eleito Ar- cebifpp delta não diz na- da IuÍiano,& aisy dcforça alie- mos de paílâr elle ao anno de fua eleição, que Foi no de 190, A opinião grande quede fuás letras , 6c fantidade auia o promoueo íem duuidaaeíla mitra. luliano lhe chama. Vir fanãus , llf egregié doBus , llf peritus. Varão íanto íobrema- neira doutora íabio. 2. Na ocafíão em que o

elegerão andaua por Hefpa- nha com grandes forças a he- resia dos Samofatenos : nesa- uão eftes hereges a Diuindadc dcChrifto, diziaõ que nelle não auia mais quea peíloa hu- mana, &:fó como homem, ÔJ não como Deos auia de fer a- dorado.-fentia muito o Sajito

Prelado ver ateada blasfémia tão diabólica j prccuraua por fy como PrimaZj& pcUos Bif- pos de mais au toridade de Hcf- panha atalhallaíogo em íeus principioSjCÓuécêdoa jacom autoridades clariííiinas da ía- grada Efcrituraj ja com decla- rar ao pouo a vida , òc Del- íímos coftumes de íeu autor. Foieíle hum homem foberbo chamado Paulo Samoíateno Bifpo Anticchia,o qual lo- igoqtiefe vio porto naquella xiii^iidade viando mal daau- «orid^de, «Sj-JNgndas Ecclelialli- cas fc d<eu a f odo o género de vicios, &veoa íer de grande efcandalo a toda a Igreja Ca- tholica , a qual não foítcndo íeus abominaueis coftumes, vendo que ja não podia darlhe remédio procurou caliigallo com o priuar da dignidade em que ofauor ,& ambição o ci- nhão pofto. I'*^ ' rfJv-r 3 Pêra proceder nifto mais juftificada o naó quisiazer íe- não em publico ConciÍio,cjue na mefma cidade de A ntiochia feconuocou autorizado com a prefcnça , & prudência de S, Gregório Bifpo de Neoccfa- rea,a quem a multidão, & grã- deza dos milagres que fez de- rãoonome de Taumaturgo.

Nclle

\

Soo

SaL

ãrr<í^Q.

'^^■^cijiiiiiiaitBafcrij .

/

^ag. 28.

2%

Ncllc foi condenado por Iie- itícico, «5c íacrilego cerro de^ Paulo,»?c eile depoílo da cadei- ra Epilcopal , que indignamê- re poíluya_,ôiem ícu lugar elei- to Domno filho de Demetria- noBilpo queauia fido daquel- la Igreja.

4 Illo publicaua , & prè-

gaiiaaopouoo noílo zelofo Prelado Salaniaõ,& muito fa- zia_,(Sj obraua por atalhar àhe- rcgià. Porem naõ parando ain- da aqui feu zelo, com outros deus meos eíícaciílmios pre- tendeo a fogar de todo efta ícmcnte diabólica. Foi o pri- meiro auiíar por carta fua ao Summo PontificeSaõMarccl- Imo do que em Heípanha paílaua acerca da heregia de Paulo, peraque Tua Santidade lhe defiè o remédio que mais conueniente lhe pareccíPe. Enuioulhe a carta por hum Diácono feu peflbade impor- tância, o qual de palaura o auia de enformar bem de codas as particularidades tocantes ao meímo negocio. Tudofeco- Ihe da repolfa do Summo PontificeSaõ MarceUino, que anda no'prim.eiro tomo dos Concilios. E começa alsy tor- nada em Portusiiez.

MarceUino Bifpoda Santa

Igreja Catholica tU cidade d^ ' Roma ao.Bifpo Saiam ao fau.í^ em o Senhor . Bem mojtrdo as cartas de V. Fraternidade que nos deu o ■'vojfo Diácono com quanto lonuor ijos deixais le- uar da "Verdade da Catholi- ca , ^ com quanto cindido an- deis às obrigações de ^^Ijo of" ficlo Paíioral , dandonos con- ta dos erros q agorafe lettanta- raÓ nej?as yofasProuicias/jfc. lunto ao fim da carta torna a dizer. Com tudoprouasles muy amado irmão a affelto com que refpeltais a Fe Chnsíam pois defejals gtuzrdar pontualmen- te tudo o que pertence á regra dos Padres , è/ mandados Ca-^ tholicos y defpre':^ando erradas^ if prejndlciaes doutrinas ^tf enjinando os preceitos Apojio- llcos , isf regras da Verdadei- ra Fè , ilfc. A carta foi cfcrita a íeis de Setembro fendo Con- j fulesDiocleciano,& Conílan- tino.

f A fíaz encarecido fica o grã- de zelo deft e íâto Prelado as palauras tãograues , &: taó multiplicadas do Papa S, Mar-

eei!

1110

qp

arecc naoacaoaua

h

de achar rezoés, q ao juPro lhe explicaíTem o muito q fentia dos íàntos trabalhos, ô»f; cuida- do Paftoral de Salamão,

P

Mas

170

Capitulo XXXXL

■-- t

6 Mas como a carta cíc

Marcellino naõ nomea a cida- de cm queSalamaõ eraBifpo^ &c pode aucr alguém a quem pareça tomamos pêra nos o que naõ he noflb , luliano lo- go depois das palauras que ja referimos acrecentaas feguin- tes. JdSalomonem Br achar en- femfcripjit Marcellinns Ponti- fex . A Salamaó Bifpo de Bra- ga cfcreueo faõ Marcellino Pa- pa. E como efta carta de Mar- cellino hepera o Bifpo Sala- maõ fcguefc com euiden- ciafoi onoíTo, bem merece- dor fem duuida -do muito qucaly o louua o íanto Pon- tifice.

7 Com efta carta de íàõ Marcellino fc opôs de no- uo o fanco Prelado ao furor dos hereges, & fe de todo não cxtinguio aquelles incêndios, pello menos quebroulhe as forças. Mas pêra que efte bem não ficaíTc dentro dos ter- mos do Arcebifpado de Braga, &fe cõmunicaílcaos mais Pre- lados de Hefpanha, paliou Sa- lamaõ ao fegundo meo,que a- cirna começauamos a dizer to mado por remédio da noua heregia.

8 Foi ellc ajuntar em Bra- ga Concilio , como efcreue

luliano . & porque afsy o pe- .dia o tempo , & ocafiaõ cre- mos ícria Nacional. Nelle fc- guindo os padres aly congre- gados os decretos do Conci- lio de Antiocliia,em que di lie- mos prefidiraS.GregorioTau- maturgo, tornarão de nouo a condenar a Paulo Samofateno com a íua noua blasfémia abo- minando fua memoria,& apar tandoo do numero dos fieis, fulminando cenfuras grauifsi- mas contra quem ouíaíle fe- guillo , ou defendello. NaÕ fc achou nefte Concilio Melan- cio Arccbifpo de Toledo , a caufa naõ efcreue luliano; ef- creue porem que antes delle ti- nha mandado a feu irmão Sa- lamaõ os acíios do de Antio- chia com húacarta fua peraque melhor lhe conftafle de tudo o que aly paflara,&; dos funda- mentos porq aquelles padres cõdenaraó ao maldito herege, de q fe podia ajudar o Cõcilio de Braga quãdo fe cõgregaíTc. 9 Fechado o Concilio man- dou delle hua copia Salamaõ aMelanciorcfpondendoIhe à carta que fobre o de Antio- chia thcauiaefcrito,&pcdin- dolhc fizcfle executar feus de- cretos como taõ proucitofos ao bem de todas as Igrejas de

Hefpanha

dfag.6i

d.pjg6s

cleiíidcs a íciis grandes mereci- mécos.Deixaua quando mor- reo na Cadeira de Saõ Pedro a Saõ Marcellino : no impé- rio Romano aos Emperado- rcs Diocleciano, & Maximia- no.

CAPITVLO XXXXII.

SINAGIO.OV SINA- grio XIIII. Arcebifpo de Braga.

<^£m^^ Irado da ter- W^Êi raperao Ceo 1/^A o Bemauen--

P^ turado Sala- ^^ mão^eícolheo

B J

I O Clero de Braga pêra Prelado

Sinagr

Hcípanha O meímo encarre- gou, &L encomendou aos ou- tros Bifpos: nem íeria íem fru- to 5 porque o zelo como nc- ílas marerias procedia o faziáo vigiar fobre todos, & naõ per- der ponto no que pêra bem^& acrcccntamcnto da Fe lhe pa- recia neceílario. IO GoLiernou o Santo Bif- po Salam.áo (pello que de lu- lianoconfl[a)noue annos eíla Igreja de Braga, foiíe no de 2^99. a gozar dos prémios tão

•íú,

171

leuaSmai^io varau emqi-cin melhor viaoiieouxadas as vir- tudes de fcu anteceííor ifoia eleição pellos annos de >0o. como achamos em Iuliiiao;& y^'

! 1

não íaz pêra cuidarmos foifua Ud/mii» eleição mais cedo dizer Flauio '^^'''f'

r>. n r>- i>3 rt.ror.

Dextro que Horecera Sina- amuz^e, grio no aiino de 190. porque não he boa illação , ílorecia Sinagrio, logo era Arcebií- pode Braga, porque como a vida de Sinagrio foi compri- da antes de íer Arcebiípo, aísy teue também tempo pêra fe fazer celebre , & fmiofo cm forma que com eíla fama, ôc celebridade entraíle noArce- bifpado onde depois a foi con- tinuando , & acrecenrando obras mais illuítres , ôc 'gran- dioías.

í Foi eftc anno de 300. (Baronio o põem no de 30J. ) o em que por opiniaõ de Dex-^ tro,& Juliano íe celebrou em Heípanha o Concilio Elibcri- tano na cidade de Eliberi jun- to a Granadaj& naõ em Coiy- bre doCondado dcRuiicihon cm Catalunha , como bem prouanafiiaChoroí^raDhia o doutiísimo Gal par Barreiros. Nelle dizem os mcfmos Dex- tro , & Juliano fe achou táoc o noíío Sinagrio,&: qfoi entr^

P2: OS

luUa. d.

faU I.^^.

172

£aptulo XX XX II.

[an.^o^

Paâtlha '37

os Prelados o que aííinou em primeiro lugar j em íegun- do Oíío Biípo de Cordo- uajem terceiro Saberio de Se- iiilha^ em quarto Melancio de Toledo, preíidindo Felix Bií- po deGuadix.

3 Deuocafiáoa fe ajun- tar cfteConcilio quererem ver & tratar nelle os Prelados de Hcípanha o remédio com que não desfaleccílem os fieis nas prcíentcs períeguiçoés dos Chriftaòs,que erão grauilli- mas : & com que meos íe po- deria aplacar a Deos peraque ellemoueíle os corações dos Principes inficis aqnão per- íeguiííem com tanta fúria Tua Igreja.

4 'Temos hoje defte Con- cilio oitenta _, & hum decretos em muitos dos quaes, ou por rigurofos , ou por parecerem fcifmaticos quizerão duuidar alguns autores, em efpecial

^' Baroniojmas depois confide- randoos melhor os veo a jul- gar por Catholicos . Sairão em fua defenfaõ Fernão deMen- doça,& Padilha ambos com notauel erudição , como fc pode ver em fcuscfcritos.

5 Saídos defte Concilio os dezanoucBiípos que nelle fe acharão lhe foi intimado.

& aos mais Prelados deHeí- panha hum decreto dos Em- peradores Romanos (erão en- tão Diocleciano, & Maximia- no, ou Conftancio , &Gale- rio) em que lhe mandaua en- tregalsêaíeus miniftros quaes querhuros fagrados que ou eíliueflem em íeu poder, ou delles tiueflem noticia , pren- dendo aos que logo naõ obe- decião. Mas como todos per- íeueraflé cortantes não infifti- rãomais,& os deixarão liures. Fomos atê aqui com a narra- ção de Dextro,& luliano. 6 Defcontentanos porem nella diferem que fe achou nefte Concilio o noílo Sina- grio. Saõdous os principaes fundamentos porque nosmo- uemos . O primeiro porque como até então não eftaua decretado que os Biípos nos Concílios ouardaflem a or- dem no aííentar , & foeícre- uer que tiuerão na fagração, corria ainda preíídir fempre o Primaz como Dignidade mayor , & cabeça dos mais Bifpos na forma que no pri- meiro Cócilio de Toledo pre- íídio Paterno Arcebifpo de- rta Iprcja por fer a Primacial de toda Heípanha .-logo não fe achou aly Sinagrio Bracha-

renfe,

IiítianAn: 32.

Sao Vitom'ó\^ feíis cotnpí^^nheiros 7nãrtyr, i-^<^i

FaddLt VaÇíu in

cap. 29.

reníc , vifto como Felix Biípo de Guadixíoioq preiídio ao 'Concilio. -oiobi

7 ; O legando porq a Igreja (] aly íe da a Sinagrio naqiicl- le Concilio^ cõformeícve nas íoiciipçocs que rras Loaiza, lie aEpagicníe^ ou Bigcrreníe dií- fcrcnciílima da Bracharcníe, por<^ Bigerra , ou Vilhena, comoaíaz Padilha, ou Bcjar como Pedro Anconio Bcu-

ter o lente Valeu ambas em te- posantigu os, cidades Epiíco- paes.Se ja Sinagrio não era Bií- po Francês, & deTarba de Bi- "orre, húa das íuílratianeas ao Arcebifpo de Aueh,que em la- tim íe chama Bigerra, & ícus naturaes Bi^crrones, c] por al- gum refpeito particular aly íe acharia preícnte.Ellas, Si ou- trt's cauías pêra não termos pello Sinagrio Brachareníè o q anda aíllnado no Concilio Ehberitano apontamos ja na noíla Primazia de Braga,&aísy não ha peraq tornallas aqui a repetir.

8 Durou o gouernode Si- nagrio dez ate doze annos,por quepellosde 314. davindade Chrifto era Arcebifpo de Bra- gaLeonciOjComo adiante dire- mos. Noíeutépo padecerão em BragaSaÕ Vitouro^ Santa

Su?;ana,Sí5>ía>çu{-ar6jS?iòTGr-i çado, Sab r^iiuíílre mart^i'©».

:Ç<DncOÍTQC>:!$ÍKK^ant>C^^S,SiíT,

nios PÓ!:ihçe>;MarceIÍ!g:ft-|vía6 ccllo,EuíibÍ0-,^& Mciíjadcs, E : dosEmperador-cs alcáçouDiq-:, |clceiano,&;.Maximia,no, Con-" ílancio^ÂTrCaíerio ,^^ vitima- mente o grande ÇoníV^mino,.

C A P I T3Í &0 XX5ÍXPÍÍÍ."

S A M ri TO FR O,

Santa Susana , 'SaÓ Cil-

cufãte ,' ^M i Tòrcaío , í?"

Sao SíiHéfire màftyrés de

Braga.-

i

i'íU.j.\.

J-\it^u yi.

."!' I

E ejfie o pró- prio lugar é q b^f dcuem.os fa- ^ zerméçãode- íl:cs glorioíos

l-'ajen m chrcu.fa,

10.

AíoraU. lo.c. 1-1

Paddh'

marcyres, aindaq o Padre frey Bernardo de Brito lhe quiz an ticipar o tcpo dcíeu mar cyrio, &lãçallos noímperio dcNero, quando oglorioío Apoílolo cias Gentes Saõ Paulo ycyo a, /'"^■'i'^ Heípanha: Temos em.nòílo bvarw;./» fauor a Flauio Dextro , que os ""'• "'^ poenoannode 300. Valeu no tzJprf. dejoó.cõ quêíc.vãoMorales, Padilba,Baronio,& outros.

P3

174

Capitulo XXXX IH.

i He pois cjefaber que

'goucrnandoalgrcjade Braga Sinagrio, cuja vida acabamos de contar no capitulo paflado, ouuenella humnianccbo ca- thecumeno por nomcVidlor, varaó de bom nome , ôc que antes do bautifmo javiuia co- mo Chriftaó abominando os ídolos, & zombando de fua falfadiuindade^natural de hija aldeã perto de Braga chama- da Paços .Sabia Viílor ao cam- po húa manhã de Abril em ocaílaó que os Gentios fahiaõ também a correr os campos, leuando com grande fefta as imagês de Ceres, & Syluano com as quais lhe dauaõ muitas voltas, íacrificandolhc a certas paragens vários animaes ,con- fundindo cm híja duas íolen- nidades, â que chamauaÓ ^w- barualia^c^nc quer dizer cerco dos campQSjpclIas voltas com queeni prçcilíaõ os cingiaõ,& Suilia pellos porcos que então lacrifícauaõ aCcrcs,por lhe dar annoprofpero, & fértil, En- controufe Vidiorcom a pro- ciílàõ , & como era manccbq conhecido de todos quizcraó os q hiáo nclla ajuntallo afy, pêra que juntamente os aju- dafle a íellejar. Efcufoufc Vi- d:ot com o nouiciado Chri-

llão em queandaua, cujas pri- meiras experiências eraõ fugir dos ídolos, & de tudo o que leuaíTe pêra fua veneração. In- llara5 os Gentios, &pcllo me- nos quizeraòrc coroaíle tam- bém com húa capella de flores, quaes clles todos traziaõ na ca- beça pêra fcftejar afalfa Deofa. Nem erta quis aceitar o vale- rofo foldado , protcftando que naõ poria cm fua cabeça flores profanadas nos altares dos falíos Deofes, a quem pri- meiro fe offcreceraõ. 3 Amotinoufcopouocõ eftaregofta, &:leuantando a voz cm furiofos gritos , bra- dauaõ a Ceres,& Syluano por vingança , & ao Gouernador da cidade Sérgio ( que entaó a- certou de chegar) por jultiça. MandouScrgio aparecer dian- te de íy a Viáor , perguntou- Ihe porque cauía deíprezaua os Dcofcs , a quem os Empc- radorcs Romanos por fuás leys mandauão adorar . Aco- dio o Santo mancebo mui- ta conftancia, confeílândo a Icy deChrifto,queprofeflãua, dando cm fauor delia rezoés tão viuas 5 que não tendo que rcfponder os Ge tios, nem que allcgar cm contrario o Prefí- dente valendoíe da força, &

vio-

SaÕ VitouroyÇf feus companheiros mart. 1 7 5

violência ( armas da ignorân- cia) o mandou acara húa aruo- re,& açoutar cruelmente, per- ícucrando o Santo naquelle tormento comrofto, &c cora- ção alegre. Cheo entretanto de paixão o Tirano mandou vir de nouo laminas de fogo, pentes de ferro , «V outros in- flrumêcos de crueldade, Ã: lhe fez com elles queimar , ôc dcl- pedaçar todo o corpo ate lhe apparecerem as entranhas. Fi- nalmente vendo que naõ de- fiftia de confeílar a Chrifto, ôc quedos circundantes alguns Ic inclinauãoa nolfa fanta Fe, ordenou a hum de feus mini- ílros lhe cortaífe a cabeça , ôc defta maneira o mandou tri- umphantc pêra o Ceo onde, fendo bau rizado verdadeira- mente em feu próprio fangue, foi gozar da palma do marty- rio. Executoufe efta fentença fobre a ponte de pedra porque fe paíla hum pequeno regato, que daly a pouca diftancia fe mete no rio Defte, chamafe o lugar detêpos antiquifsimos as Golladas, & he tradição có- ftantelheveo o nome poro Sani» aly fer degoUado. 4 Ficou o corpo deSaõ

Vidlor no campo,pera fer co- mido dasfcras,porem cilas lhe

tiueraõo reípcito , que o Ti- rano,c feus miniftros naõfou- beráo guardar, Entretáto buf- caudo os Chriftaõs ocaííaõ de o recolher , cfperarão o ma- yor íílcncio da noite quando os Gentios cançados da fefta do dia precedente fe entrega- rão todos ao fono. Foi o prin- cipal ncllc piadofo officio Saó Silueílre,a quem alguns auto- tores fazem Bifpo com pou- co fundamento , como atras deixamos prouado . Sepulta- rãno perco do lugar de feu martyrio , onde depois felhe leuantou Igreja em feu nome a qual com ciculo de Abbadia vnidaà Gamara Arcebifpal de Braga pcrícucra hoje, Sc foi ja em cempos paliados mais ce- lebre por fer morteiro deSaõ Bento, como na vida de Saõ Marcinho diremos. í Acharão ao outro dia menos os Gentios o Santo corpo, & folpeitando logo o queera vieraõadar queSilue- ftre o leuara,& lhe dera fepul- tura, lançarão maò delle, con- feíTou o piadofo furto, & não fendo pofsiuel fazerenlhe def- cobrir onde o puzera o mef- mo Sérgio o condenou à mor- te mandandoo degollarcomo ^pagandolhe Deosa

citp4 a#.

lofTo o foi

P4

honra

176

CaptPílõ XXXXJIL\\\3 hãx

honra que deu ao martyrSa5 Vitouro com o fazer partici- pá:e da mcí ma coroa do rnar- ry rio^& dar animo àcjuciles ncmos Chriítaõs pcraque re- colherem íeu corpOj& o ccl- locaílcm coni o do Santo ca- checLimeno Vi'ftor. fí.i NaSrardou muito que tambénãofoíiem preíos por : Chníláos Santa Suíana irmã '■ ueSaò Vi(5tor,Saõ Cucufacc, &Sa5 Torcaco outros dous u'maõs naCLiraesde Braga, & todos degollados por ícntcn- ça de Sérgio , de cujos corpos íefezo mcímo por induílria dos Chriftaõs , que fora feito dos de Saò Viítor , & Saõ Sil- ueftre_,ajuntandofe emhúíe- pulchro os corpos todos,afsy como ellauão juntas no Ceo fuás almas gozando do pre- mio de íeu gloriofo marty- rio.

7 Na Igreja de Saõ Vi6í:or (chamaíe vuigarméteSaõ Vi- touro ) eftiuerão as preciofas relíquias deftes inuenciueis ca- ualleiros ate o annode iizo. em que pêra Compoílellaas tresladou o Bifpo daquella ci- dade Dom Diogo Gclmires, deixando em fua fepultura alguns pequenos oílos de San- ta Suzana , ordenandoo afsy o

j Ceo, peraquc eíia cidade não j ficaíle ícni algúa reliquia de I hum tão preciofo the.ouro. Soubeic delles mandando o illuílriííimo íènhor Ap-o- itinho de Callro Arcebiípo Primaz abrir a íepultura no mes de Outubro do anno de ijpo. Deixou parte das rch- quias aly onde eiUuão , parte collocou no Santuário do feu m.ofteiro do Populo , da ordé dcSanto Acoílinho dos Erc- mitas , que naquelle tempo ediíicaua em Bra^a. Faz mcn- çã o da tresladação deftes San- tos pêra Compoftella o Lecé- ceado Mohna na deícripçao do Reino de GaHza dizendo.

Aly em CÓpoJlella alem do glo- riofo Ejiao outros corpos de yida a-

prouada: De muitos milagres bemfolen-

nic^ados, QuefaÓ Cucufate^SiliieJlre,Íff

Frutofo^ E Santa Sufana hum corpo

preciofo^ EUà logo junto aquella ci- dade, Eíies focorrem por necefsi-

dade Seottpoalarga de fer mui chmwfo.

8 Defta

Sao VitouroíÇf fct^ís companheiros mart. 1 7 7

8 Deílatrcsladaçáo, &

furto das fagradas relíquias da- remos relação mais larga na vida do Arcebifpo Saõ Giral- do em cujo tempo fucedeo. Cuidarão alguns que poro LecenceadoMolina não fazer menção neftes feus verfos de São Torcato/eria por fer tref- ladado porSao Rozendo da fe- pulcura onde diíTemos eil:aua em Saò Vicouro pêra o mo- ííeiro de Cellanoua em Gali- za , & não pêra Compoftella. Mas foi confundirem a Saõ Tcrcato Bifpo deGuadix ,& dicipiilo de Santiago com o noílo martyr de Braga , cujas rdiquias nãoforão nunquaao morteiro deCellanoua: lebem o foraõ as de outro SaÕ Torca- to Bifpo de Guadix.Differente tambcm he eíle Saõ Torcato doutroArcebifpo delia mefma Igreja Félix Torcato a q vul- garmente chamaõ Saõ Torca- de,como em íua vida dire- mos.

9 Ouue também grande confufaõ entre Santa Suzana virgem martyrizada em Iria Flauia, & a nollà natural de Paços irmã de Saõ Vitouro', porque fazédo muitos deam- bas húa, diziaõ que não Braga, mas o Padrão fora o lugar de

^ o

feu martyriorfaõ porem diffe- rentiíhmas ,6c ainda que am- bas parece cõcorrerão no mef- mo tempo, todaiiia comodi- uerfas as põem Flaaio Dextro Un. >oo. falando primeiro da de Gali- za , & depois da Bracharen- fe.

Naõ he menor cnleo o

chroH»

IO

em que fe virão outros com oglorioíoSaõCucufate, por- que vendo eílaua feu íàgrado corpo em Paris no infigne mofteiro de Saõ Dionis em capella parricular,& por outra parte vendo que a SèdeCom- poílella fe prcíaua de o ter ain- daqueleuado a furto da Igreja de Saõ Vitouro de Braga, pêra fe não mal quiftarem cora al- gúa dertas duas cidades con- jeiturarão que na tresladação do elorioío Martvr deuia de auer algúa amigauel compofi- ção entre Galegos , & France- íes repartindo as íantas relí- quias em forma que aísy Pa- ris como Compoífella pu- deflem dizer crão depoííto de tão rico thefouro. Por aqui foi o autor do Martyrologio Portuguez concluindo a tref- ladação de faõ Vitouro , Sil- uál:re , Suzana, Torcato , &: Cucufate com, as palauras fe- guintes. O que dia^emos annais |

Com'

178

CapttuloXXXXIII.

Sm, to A- 3J./«/. Eqiid Mb 6.c.i^6.

Moral, libíe.t.z Martst. j.p.lth z t.-jS.

P.tddh. leent.^.e. 19.

Carrd.m I anna. án,

3*4-

CqnipostelUnos quefeii corpo [h- ia cie Sanca Suzana ) foi tresla- dado pira confpoUella je pode entCfidcr da 'mefma maneira q do corpo de Sao Cucufatefi qual nâo era todo fenao parte delU:, porque a outra parte efiâ no tnojteiro Real de S. Dioms jun- to a París'em capella própria. II Porem iiáo aconteceo aísy, neni entre Galegos, & Franceíes ouucalgúa hora tal compoílçao, ou repartiçáo, porque o SaiHo Cucufàtc que foi a França , &c de quem go- za Paris íoi natural de Barce- lonaj & ahi martyrizacío , & £cpultado,& depois tresladado a Saõ Dionis:falão dclIeSurio, Padilha , Carrilho , o Bifpo Equilino , Morales,Marietaj& oatros,(5<: todos o diilinc^uem do noílo, quenaceo, & pade- ceo em Braga, Ôj foi tresladado à Igreja de Santiago de Com- poílella na forma que acaba- mos de referir.

li Tornado a faÕ Vitou- ro ( a quem podemos chamar o capitão defta companhia de martyres) &r ao lugar de fcii martyrio^nelle edificou o Ar- cebifpo Dom Agortinho de Caílro hiía pequena ermida,a

I fim de nella meter hua pedra, fobre a qual he tradição foi o

Santo dcíroiiado, & cítaua no meo do caminho com me- nos decência da que fc deuia ao langue que fobre cila íe derra- mou. Quando forão os pe- dreiros a leuantalla pêra a mo- uerem de feu lugar metendo as maõs por baixo da facecõ queficaua aííentada na terra he fama conílante as tirarão tintas cm fangue tao frefco co moíc naquella hora íairadas veasdo lanto martyr. Aco- diraõ logo muitos dos prefen- tes,& com os lenços recolhe- rão o preciofo liquor , que de- pois applicado a diucrfas enfer- midades tinha eífeitos niila- grolos. A pedra fc meteo den- tro na capella íechada gra- des, mas demaneira que pode fer viíla de fora Dillinguéíe claramête nclía algúas nódoas de fangue , & por efte refpeito a tem os moradores defta ci- dade em 2i'ande veneração. 13 Conclue o Doutor fr. Bernardo de Brito a vicia de S. Vitouro com querer dar a origem a hua findda montaria que em Braga fefaz na vefpe- ra , madrugada do dia de S. loaõ Bautifta, a que vulgar- mente chamaõ do porco pre- to,& porque elle a defcreuc elegância, queremos vacom

íuas

fuasmcfiTias palauras queíaõ as feguintes.

Quero aduertir de cami- nho hum anciguo coftume, que dura na cidade de Braga conferuado ao que íe pode crer deíde eftes antiguos , ou em memoria do que fuce- deo no martyrio dos Santos, ou por guardar aquelle modo de refta ainda que gentihca, todauia conuertida em melhor vfo ,& heque em vcfperade Saõ loaõ Bautifta (c põem a cauallo a gente principal da ci- dade , & paliando o rio Defte, junto ao qual foráo (comoja contamos)martyrizados os tos , Sc fe faziaó os jogos ^ & feftas de Ceres , & Syluano, findem que emprazao hum porco , & gaftada a tarde cm feftas , vaó ao dia do Santo pe- la manhã fazer hija montaria com hum porco negro , que lhe tem aparelhado , & fol- tandoo lhe feguem o alcance ao fom de cornetas , & vozes q rcpreíéntão verdadeira mõ- taria,&vem fcguindo contra a cidade todo o tropel da gente, ik fe ao paflar do rio fe lança ao vao^&paíTa pella agua o dão aos moleiros das azenhas que ha na mefma ribcira,& toíiian do a ponte fica da gente da ci-

SaÕ Vitouro>(f [eus companheiros mãrt. 1 79

Idade.E ella montaria que hoje chamão do porco preto^cuido eu que alude à memoria referi- daj quando diz. Suilibus 'Verõ Jinitis furtim d Chrifiianisjepe- liunmr . Ate qui íaó palauras de freyBernardo de B rit o.

Melhor nos parece q por fe- ftcjar ao Sáto Prccurfor orde- narão os antiguos de Braga q na fua vcfpera , & dia ouueíle verdadeira montaria de muitos porcos monteies , &c outras feras _, de que j unto ã cidade a- uia grade quantidade por eftar toda cercada de efpeflbs bof- qucs, onde fe criauão,& mul- tiplicauão com dano dos cam- pos, »5dfeáras vizinhas. Efteexc- rcicio,portoque faltarão as fer- as, & íe pouoáraõ os bofques, ficou fempreem vfo/azendo- fe em modo de mõtaria a lou* uor, & hora do Santo. 14 As feitas q diílemos cha- mauaòos Gentios Ambarua- lia^ & Suilia eraõ doutro mes, &:dia,&: quando a q referimos fe inftituira por fazer allufaÕ a cftas,&conferuar conuertido em melho r vfo o que no mar- tyrio do Santo aconteceta,fi- zcrâna Os Bracharenfes a ii. de Abril dia próprio de Saõ Vitouro, & não em 23. &: 14. de lunho quando fefellejao

Bautiilâ,

380

Capitulo XXXXIIII.

{■Martyr,

tjiex. aih Ihoo.n. 8.

1! j

' monarc.

Bautifta, feguindonifloo co- ílume vniuerfal Ja Igreja Ca- tlioiicaja qual pêra comma- yor facilidade ir tirando os ri- res gentilicos , que pelio dif- curfo do anno tinha intro- duzido a Idolatria os foi mu- dando 5 & conuertendo ( mas nos mefmos dias ) emcerc- monias fagradas , muitas das quais ainda hoje perfcucráo,& íeexcrcitãocom grade folen- nidade,& magtííadc. 1$ Tiroufe por alguns an- nqs no tempo do iilurtrifsi- mo fcnhor Dom AfFonfoFur- tado de Mendoça noíTo ante- ceílbr ella fingida montaria, parecendo aos do gouernoda QÚaáe que não cóuinha achar- fe íua nobreza naquelle taÕ Icuc excrcicioj mas depois ad- uirtindo noutros coftumes^ q :pelIoquctem de antiguidade uao lo ie toier ao,mas venerao n^efte Reino,ordenou que afe- ita fe reftituiílc outra vez , co- mo cm eíFeito fe rellituyo. íó DeSáo Vitouroefcre- ue o martyrologio Romano, Dextro, os autores Hefpa— nhocs /rey Bcrnarcío de Brito, <Sc outros: dos mais feus com- panheiros cícreuerão os que pello diícurfo defte capitulo deixamos referidos.

!!•

CAPITVLO XXXXIIII.

SA'NTA ENGRACIA Virgem ^Isf martyr natural de Braga , Ò" defoito compa- nheiros fem martyres.

Odefe quei- xar Braga de humpreciofo roubo , que lhe tinha fei- to a antigua Lufitaniafquc ho- je fe chama Portugal ) o qual dcfcobrio Flauio Dextro pêra mayor hora deíla cidadè,refti- tuindolhe o q fempre foiíeu,e lhe tirou o dcícuido dos paíla- dos. Eílethcfouro hca Vir- gem & martyr Santa Engra- cia, a qual fendo dantes tida por natural de Lufitania , fem lhe darem lugar certo onde naceíle, nos tirou toda aduui- da Flauio Dextro dizendo que nacera na cidade Augufta de Braga.Saõaspalaurasas quefe ícp-uem. Ibidem ( fala de Cara- goça) San€íii Engratia njirgi' nis i!f martyris ex Vrbe Bra- chara Augufla.Do mefmo pa- recer he o Padre frey Luís dos

Anjos

Santa Eno;rãcia^.

isr

lib. 10. c,

5'

Anjos, o qual pocin clia San- ta cncrc as nacuracs cieBr2g[a. Tábem o rckre afsy a mcí- ma autoridade de Dextro o doutor Martim Carrilho na vida de Saõ Valero , poíloque cUe hc doutro parecer , fcguin do a António de Nebrixa^ Ik a Dom Mauro Ferreiros quaes dizem que cila Santa ioi natu- ral de C.arac^oçaíundados cm huns veríos dePrudencio mal intcrpretados^que trazem pel- b íua opiniao^qucrendo q va- lha mais húa conjcitura^ que a autoridade exprefía de Flauio Dextro. Deixando pois a no- ua opinião de Nebrixa, que com duuida fcguc o Doutor Carrilho, damos lugar a San- ta Engracia com o illuftrc te- ci

ftimunho de Dextro entre os Santos naturacs de Braga, a qual fe pòdc gloriar de pro- duzir em fy cao cxcellente planta.

2- Foi efta Santa filha de hu Rcy, ou Regulo ( titulo que no tempo dos Romanos ti- nhão os Principes, & homens ricos que gouernauáo alguas terras. )Efte (c chama Ontco- mero , ôc tinha o ícnhoriode grande parte dcLuíitania,em q encrauão tabcm alguas terras de Galiza.Era a Virgem Engra

o o

ciaChriftá , & auia fóto voto de cailidade.Tratou feu pay de a caiar com hií capitão, que al- guns autores chamáo Duque de Pv.uiíclhon nas faldras dos montes Pyrcneos nas frontei- ras de França. Feito o caíamen- to quiz Ontcomero mandar íua filha como conuinha a grandeza de leu ellado :fora5 com ella dezoito peíToas prin- cipacs de fua caía , & corte, &c alguns delles parentes fcus, cu- jos nomes eraõLupercio tio da gloriofa Sãta,Optaco,Suceílo, Marcial,Vrbano, Quintiliano, PubhOjFronto, Fclix , Cecilia- no,Euáto, Primiitiuo_j&Apo- domio : outros quatro diz o Poeta Prudencio que fe cha- mauão Saturninos, & fua len- da acrecenta , q alem defte no- me comum tinháo algús par- ticulares, que erão Matutino, Carsiano,Ianusrio, & Faufto. ApreíTou a illuftveVirgem fua jornada porque tcue reuc- laçaõ do Ceo que nclla auia ds padecer martyrio , &: ir ce- lebrar outras bodas mais ale- gres com feu Efpofo Chrifto, a quem tinha prometida fua pureza.

3 Pofta a caminho fcus c5- panheiros chegou à cidade de C.ara2oca,ondceftauaPublio i

Q^

Daciano

I82

CapmloXXXXlIII.

DacianoConiiílario emHef- panha dos Emperadores Dio- clecianOj&MaximianOjO qual vco a ella pêra mádar almas ao Ceo , & regar a terra com o langue innocentede iníinicos marcyrcs a que tirou a vida. Foi tcrribel , &c cruel pcrllgui- çâo erta em Hcípanha. Flore- cia nella por cite tépo a Chri- ftandade, ^ na cidade de C,a- ragoça mais que em todas as outras , porque corri a pre- lença , & aílento que nella tinha a Virgem gloriofiHima do Pilar elkua fantiíícadâ , & aífinada por cafa fua . He cer- to que padecerão nella mais martyrcs , que em algíía outra dcHeípanha. Prudencio a cha- ma caía de martyrcs, & â igua- la com Roma affirmando que em todas fuás portas fe acha Tangue derramado porChrifto íaõ os verfos, Vix parens orbis ^ populofa

Pícni Ipfd ijíx Roma j infoUo lo-

cata. Te decuÉ noíiruní fuperarè in ísio

Munere digna eíi Omnibus portis facer immo-- latus Sanguis exclujit genus inui- dor um.

Dccmonum^iS' nigras pepiãit tenehras

Vrbepiata. 4 Entrando â Santa uefta ci- dadej& achandoa toda inquie- ta cõ as mortes, & pregoes da j uftiça,q cada dia íc ouuiáo pel las ruas ; enformada da deshu- manidadc q íe procedia cÕ- tra os Chriftáos,incitadadehií fcruorofqeípiritO)& amorDi- uino, q em leu peito ardia,foi muita preíla acompanhada dos dezoito fidalgos parentes Si criados de fua cala ao lugai: ohdceftauaDaciano,& ani- mo varonil, &c forte o repren- deo dos tormentos , & m orte q daua aos innocentes Chri- lláos por adoraré Deos verdadeiro ^ & deíprezarc os falíos Dcofcs da Gétilidade. Fi- cou Daciano palmado de ver a fcrmolura,&: graça da Virgem Èngracia , o acõpanhamento que trazia,& Uberdade q ^i- laua;& perguntando pcUa cõ- dição dclua peíloa,pclla pátria, que deixaua , &: pella téçáo que procuraua pellos Chri- ftãos , gente aborrecida , & o- diofã aos Emperadores, & cõ- denadà por fuaslcisj conftan- dolhe de tudojfem refpcitar ao q fe deuia à nobreza do langue detãoilluftredõzella,amácíõu

meter

- - - ■- I

I.-S.3!

Carrilha à. Ice o.

meter no cárcere com ícus c5- panheiros ^ &" vendo que to- dos eítauaõfirrqcí cm ícu pro- poíico os mdndoLi açoutar co grande rigor . Reprendia en- tre canto a fantaVirsé a cnicl- dcide de Daciano , & na may of forçado tormento fazia dei le táo pouca conta , que bem moíhaua na alegriíí do roíto qiic o naó ellmiaua , nem ao Tirano que amandaua acor- im:nrar. ; ^qB 'k-iil «nij^t; $ '■ EmCjaragoçanoCon- ocnco de lanra Engracia, que pollueo thefouro daíepulcur; ra da Santa ha húacolumna de mármore , onde a tradição ancigua,& piedade dos cida- dãos rem por certo que foi açoutada a Santa Virgem , & porque a deuação do pouo era tanta^que a leuauão a pedaços como reliquias pêra remédio de infirmidades^por fenão aca- bar de todo fechouíe cõhíjas grades de ferro com que fe coníerua hoje, & he tocada, venerada de todos os que com deuaçaõ concorre àqiicl- le Diuino Santuário. 6 Depois do tormento

dos açoutes , em que a Santa íe moítrou inuenciuel/oi mã- dada arraftar pella cidade ata- da ao cabo de hum cauallo

como blasfema toncra a Ma- ?eftadé do Império. Hiaa Sa- tã iiiuy alegre ueíte cormerí-^ TO< i & goltaua de ò paílccer par ChrUto efpoío fcu^cW gou. quebramaila icm fbrças) & fem alento / ^ o l^íraDiQ a mandou meter no cárcere.^ pê- ra com mayorcs tormentos pròuar 'fua tirmeza t No^ dia íesuince foi a Virp;cm Icuada qual' os torménos a deixarão diante; do Tirano; o qual co- nhecendo fua décerm.inaçáo, &aconll:aneia com quecfta- ua" a mandou pendurar em al- to] òc rafgarlhé o 'corpo-com vnhas de i:erra ^^as quaes o r 5- perão taó interiormente :que lhe deícobriráo "as- entranhas, & de volta coliialgua carne lhe tirarão hum pedaço do fí- gado , que depois com gran- de veneração fe guardou mui- tos annos , & o vio o Poeta Prudenciocomo teftimunhaj quando diz. jori£T

■iiii^f o ftôín •'!!'> 'jArr!^:?

Vidimtis -partem iecoris r.e- uulfam hi^m '^àltijp

Vngulis longe iacuijfe pref-

Mors habet pallens aíiquid tiiorum

Te quo^ 'viiia.

»i-

Q-i

Não

184

Çafitulõ XXXXIUL

Naó contente o Tirano com eftc tormento, o qualfòba- ftaua pcra lhe tirar a vida , afsy como cílaua pendurada lhe mandou cortar o peito eí- qucrdo ate lhe dcícobrir o coração . Corrido o Tirano da muita conílancia á^ San ta a mandou tirar do tormento, & veítirhúavcftiduraque fe- ria , ou por cobrir as chagas, porque o não moueflem a pie dade,ou(como temospor mais certo ) pcra lhe dar mais pro- longado tormento. Afsy foi tornada a Santa ao cárcere, dei- xando efmaltado o caminho com grande copia de fanguc, que corria das chagas,& a rou- pa que lhe vcftiraõ fetingio, & enfopou toda nclle , de mo- do que mayor pena foi pêra a Santa dilatarlhe o Tirano a morte, que darlha, como no- tou bem Prudencio. 8 Finalmente vedo o Ti- rano o animo, &: valor da Vir- gcm,& que naõ.aproucitauão nada os tormentos , mandou que lhe mcteflem hum crauo de ferro na cabeça , com que acabou de receber a palma do raartyrio ^ Sc deu a alma a feu Criador . Não lhe atrauefla- raõ a cabeça com o crauo,nem lho meterão pella tefta como

dizem os que cfcreuem fua vi- dará moftrão algíáas pinturas antiguas,mas por cima da ca- beça no mais alto delia lho pregarão . Illo fc vcTia pre- cioia reliquia da cabeça da San- ta , que fc coníerua hoje na ci- dade deC,aragoça,& cftà aber- ta por cima com hum buraco da groíTurâ de hum dedo . O crauo tema mefma groííura, & efta tinto em fanguc com cvn.iM ajguns finais dosmeolos da *»yí^<. Santa, como dão teftimunho os que o virão, & tiuerãocm fuás maÕs.

9 Morta a gloriofa Vir-

gem mandou logo Daciano làir do cárcere Icus compa- nheiros, & pronunciou con- tra elUs ícntcnça de morte, a qualfe executou fora da cida- de , onde forão degoUados no mefmo dia, que a Santa pade- cco . Foi fepultado ícu cor- po honradamente, porque em fua fepultura afsillirão Anjos^ & Efpiritos bemaucnturados, que decerão do Ceo a honrar otriumpho da Santa Virgé. Saó Prudencio Bifpo de Tar- ragonafoi o que lhe fez o offi- cio da fepultura, não com ref- onfos triftes mas com jubi- os , & cânticos alegres. Viuia eftcfanto Prelado, no tempo

Fc

c3

\%S

oiiepadeteo a Virgem Engra^ cm, &ajudaua j & conforca- ua os Chriílaõs a padecer rnar- tyrio na cidade de C,aragoça, onde reiídia. Sepultada eíla Santa por niiniíkric dos An- jos como Santa Catherina no monte Sinay, foi íuaíepuku-^ ra muy írec]uentadaj& ticía em grande veneração em tempo dos Godos , & a vilicauaõ os eílrançeiros como hum dos notaueís Santiiarios do mun- do, Nelle íe recolherão as cin- zas dos lantos martyrcs de C^aragoça , & fe chaniaua a Igreja das íancas Maflas* IO SaõBraulio Bifpo da

mcfma cidade Iheredííicou o templo pellosanncs de Chri- íto 669. fazendo outra Igreja encima da foterranea, onde eftauaaantigua-, foiillocoftu- medaquelles primeiros tem- pos,nos quaes íe ediíicauáo as Igrejas debaixo da terra pello perigo que corriao fendo vi- ílas pellos Tiranos. Depois a entrada dos Mouros emHeí- panha procurarão os Cacho- licosefcondcras reliquiasdos martyres , ou leuallas coníigo pellas não profanarem as mãos íacrilegas dos Árabes. Naõ puderão tirar as delia Igreja por fer o thefourò delias muy

grande , efcondcrácnas debai- xo da terra no melmo i igar ondeeílauão3 & íc vem hoje. Foi eíla Igreja derrubada pel- los Mouros j polloque a ío- terranea ficou cm feu íer pc r»- manecendo íemprc Chriítaós nella &na de noíia Senhora do Pilar!

II Recuperada C,aragoça por EiRey Dom Aííonío lor- nou eíle Santuário a íe vene- rar, & honrar como dances. Noannodci58í>. ande Ma- yo fe acharão os corpos de Santa Engracia.^ & feus com- panheiros, fazendoie hi:a obra na Igreja das íantas Maílas,em a qual cauando os oííciaesa terra na altura que erancccíla ria pcra fcgurar osaliceíieS íe ! defcobrio hum íepi- Ichro grá- \ de de mármore, & cauando a I baixo acharão outro, mais pe- i queno betumado ao redor, a-^ brirãno , & viraÕ décrò doiis vazosde pedra, hum déllescó el-bas letras en talhadas. £w^r<?.f;rt? V h-ginis ji\o olicro auiaeílas. Lupercíj martyris . No fepul- chro grande eííauão os oílbs dos dezaíete companheiros de ■\ Sauta Engracia com titulo íe- I parado, á:as fantas Maílas dos I innumeraueis martyres quei- ^ mados em C,aragoça, cujas

„.-. Q^

cinzas

ISÓ

CaptuloXXXXIIII.

cinzas por ordem cJo Ceo íe tornarão naquelksMaíIasprc- cioías ,qucos Chriítáos reco- lherão 3 & meterão no íepul- chro , & da hi em diante íe ve- I neraráo femprc com ertc no- me. Depois de íe acharem as fantas relíquias fe chama efta Igreja de Santa Engracia per- dendoíe o nome comum que dantes tinha das íantas Maflas. Celebra a Igreja de C,aragoça eftaícílaa 13. de Março com húa prociíTaõ foIcniíTima , & com out/as três fcfteja as relí- quias òt^cs fantosihúa em dia de SantaEngracia a i <í.dc Abril; outra dia de Saõ Lambcrto martyr a 15). de lunho ; outra dia dos innumeraueis marty- res a 3. de Nouembro. li Noanno de i4js>. El- Rcy de Aragão & Nauarra Dom loaÕ o II. pay do Ca- tholico Rey Dom Fernando padecendo híía grande enfer- midade nos olhos,&: têdo qua (i perdida a vifta , não lhe va- lendo os remédios da terra a- codioaos do Ceo tomando por valedora a Santa Engracia, pedio que lhe trouxcflèm o cranocom que lhe pregarão a cabeça pcra o por nos olhos, prometendo àSanta que fe lhe iítcauçaua faude lhe auia de

edificar hum Conuento deRe- ligíofos de Saõ leronymona íua Igreja. Acodio a Santa com mezinha do Ceo , òc cobrou ElRey inteira íaude,5í recu- perou a vifta perdida. Tratou logo de comprir o voto, & de fundar o edifício, & não o po- dendo effeituar por ocafião de guerras,que teue , & da morte q depois lhe fobreueo, ElRey Catholico Dom Fernando feu filho opôs em execuçãb,&no annodei493. fe deu principio à obra , &: fabrica do mofteiro com magnificência^ & grande- za Real. Continuou a depois da morte de ElRcy Catholico o Emperador Carlos Qujnto íeu neto , íucefior da Monar- chiade Hefpanha, honrando, & engrandecendo eftc Con- uento com largas mercês que Ihefez. Recopilou omartyrio, & as exccUencias defta Santa, & feus companheiros Prudê- cio cm hum elegante hymno, & Marco Máximo Bifpo de C,aragoça cifrou no Epriga- ma feguuitc grande parte de fcuslouuorcs.

Encratis oh niueos mores, nl-

mum^pudorem, Et mage martyrij nomim

charapolo efi.

Chrini

Max.

addit.fol.

128.

J

Si': o Leôncio i

1^7

C(t. áf.c,

5-

Bmar.An

Chrijlt

Cárri,n4

\vtd.tdeS, I Valer. c.

%

SMoyaU fc.io. fjó } Man AH.

cap. 12. \Brit.2.p.

Mcnarc. \(l.^.C.2t I 'Kibade. \Thf.z.p. \-i6.Afril

Chrifii Sponja placeí Jupe-

runtíjj hommiij^ parenti; Ctefiire^eijj -vrbis certapatro

na manct. Sanguine. nohilitat quam fu- jo,íf corporejeão, Peãinihus^ bujlofola reliãa

fiio Tepta dicata Jílú ■■videi htcc in corpo re degens. , Diç^nau/^ore amm^ lawea. diznus honor. Mciij , meitm^j gregem fart-

ólifsima refpice 'UÍ?'go, Qujtihipro templis ^peãora nojlra damus. Hm c patrona tuis mala qiU'^ ám^cnibus arce. Nos quefahite bea , hoUibus obdefores.

Efcreucm a vida dcfla Santa depois de muitos autores que cita Padilha , Ôc Biuar , o dou- torCarrilhojMorales^Mariana, frcy Bernardo de Brito , lliba- deneira, &: outros.

CAPITVLO XXXXV,

^^iVÍ LEÔNCIO

XV. Arcebijpo de Braga.

Vccdcm da- qui por dian- te mais alegres tépos ua Igre- ja Catilolieia com o Iiijperio do grande Cõ- ítanrino, em q a Fe começou a refucitar, &: tomar alento a religião Chriílá. lagouernaua Conrtantino^ & jaabjuradaa idolatria ícguiaas bandeiras ce Chrillo quando Saõ Leôncio natural de Conftantinopla^ 6í. Filoíofo íapientirsimo eraAr- cebifpo deBraga,naõ quefoíle eleito depois do bautiímo de Conftanuno , porque alguns annos antes iuccdeo íua elei- ção , mas porque entrou cm Braga gouernando ja efle ex- cellente Empcrador , viílo co- mo no de 3 14. lhe eícrcueo S. Melciades Papa , & aos mais Bifpos de Hefpanha, nomean- do íô três no principio da car- ta 5 Marino , Bencdiílo , & ;l

Q4 Leoncioí

1S8

Capitulo XX XXV,

Chron-.

b<<^.3ia.

in chn».

Leôncio ^ o primeiro na opi- niáode lulianoBifpo de To- ledo i o fcgundo de Tarrago- naj o terceiro de Braga_,quehe o noílo Leôncio. A matéria, &: faíUnciada carta he moftrar como as caufas dos Biípos , ík as que faõ de grande peio ^ ie~ não deuem determinar em fi- nal íèm autoridade da Sc Apo- llolica _, onde por appellação haÓ de ler remetidas: ôc junta- mete decidir qual dos dous Sa- cramentos Bautifmo, & Con- firmação hc mayor, & mais fuíbncial pêra a íaluaçao. Vl- timamente reproua o jejum do Domingo , & quinta feira-, porque naquelle tempo fe fa- zia mais como rito gentilico. que como penitencia, Sc cere- monia Chrillam . Anda efta carta no primeiro cómodos Concilios.

i Pêra ajudarem a feftejar o bautifmo do grandeConftan- tino diz luliano que manda- rão a Roma as Igrejas de Hef- panha noannode324.aham Concilio,que naquella cidade fc cclcbraua ê acção de graças por mercê ra5 grande , alguns de feusBifpos, entre osquaes forão os de mayor importân- cia o noílo LcÕcioJeBraga:& Marino de Toledo. Preíidio

SaòSilueftrePapa^aíliíliraõ o grande Conrtantino cõS. He- lena fua may , &: z84. Biípos. De canjinho íe ordenarão va- rias coufas em fauor da Chii- ílãdade,& gouerno de luas Igrejas , ôc fecõdenaráo as he- regias de Hipólito, Calixto, &c Viâ:orino,como íe ve do mcí- mo Concilio, que anda lança- do no primeiro tomo onde os» mais fc ajuntarão, & do que

Bare)i ,

íobre elle eícreucBaronio. 3- -«""•

5 Noannofeguintedesij. fe celebrou em Nicea cidade deBithyniao primeiro Con- cilio Geral de toda a Chriílan- dade. Chamou a elle o Papa Saõ Silueftre os Bifpos aísy Orientaes,como Occidentaesj acudirão com preíla , & aluo- roço todos os quefe puderâõ achar prefentes, que foraõ em numero 318. Mandou Coii-^ llantino ( que também quiz com a magellade de íua peíloa honrar aquelle aâ:o j prouer com magnificência de todo o neceílario aeíle grande ajun- tamento de Prelados , òc a í uas familias , & criados , fazendo elle,como fe acha em bons au- tores , osgaftos da ida^ &c vin- da , fem confentir queacodif- fe, &aífiíliírealyalgum,fcnão' àculla de fua fazenda. Entre o s

que

32Í-

SaÕ Leôncio*

lífp

in-i*

Bt$éMt

314-. '

que fc acharão no Concilio conta luliano a Saõ Leôncio Arccbifpo de Braga ; a Cofto de C^aragoçaj aNacalio Arce- diago de Toledo. Dextro a- crccenta os Bifpos de Scuilha, & Barcelona fem os nomear^ & Natal Toledano , &c outros muitos das Prouincias Betica, ^Tarraconenfe/cm fezcr mé- çáodo nolTo Saõ Leôncio. 4 Naóícachaõ as foícrip- çocsdeftcs Padres entre as que temos do Concilio, ôc fòdc Hcfpanha anda nclle aífinado Ollo Bifpo de Cordoua, que pello aísy ordenar o Concilio, & o pedir Conftantinopreíi- dio nclle,deixando oSanto P5- tificc Silueítre(q por íua mui- ta idade, & ii^dirpofiçocs fe não pode achar prefcnteja prc- lidencia daquelle grande ajun- tamento a quem elle a quiíefle encomendar j mandando dous Sacerdotes de Roma,Vi- dor , &c Vincencio , não pêra prefidirem, como bem proua Biuar, mas pcra em feu nome confirmarem os decretos que aly fe eftabclcceflem. ^ Porem nem por faltara firma do noflb Saõ Leôncio ncftc Concilio, & dos mais Bifpos nomeados porDcxtro, & luliano feda lugar a fofpei-

tar vicio no que cllcscfcreue- raó, porque cm Eufebio q en- tão viuia , achamos as palauras fe^uintes . £x ipfis Hífpanijs ijnus nomine , ist fam4 celebri- tate injignis cutn alijs mulús af- fuit. Como dizendo , que Oíio varão cclcbcrrimo íc a- charáo das Prouincias de Hcf- panha outros muitos. Tam- bém aly acha menos o Cardeal Baronio aos íàntos Bifpos Spi- ridiaõ,& Herpocracio, & Cy- non Prelados de mâyor fama, &cõíideração que muitos dos que no Concilio aíílíliraõ. C He pois de faber que por a multidão dos Prelados fer grande, òc por fecuitarem ou- tros inconuenientes de prece- dências que nas fofcripçocs Í)odia aucr, tomou por mc- hor expediente por na- quelles adds o feu nome por toda a fua "P^rouinciaoBifpo qu€ o u ncUa fo flc cabeça dos mais,ou quando elVc não cfti- ucífe prcfente, o que prece- delle na fagração. Por efte ref- peito afllnou Ofio Bifpo de Cordoua por todos os dcHef- panha dizendo. OJim Epifco- pus Cordubenfis ProuincU Híf- pan't4^dixityita credo fcut fu- periusfcripmm tfl . PcHos de Egypto Santo Alcxãdre Bifpo

lib.ycj

Bãren.i. 4inChrif.,

266,

,A9C

:-T.

1 ttdDext.

f

i li

-

L-'

■'^■•- •'' ^^-^^^^^^^z»^^^-^^^^^^^^"-^'^' X ^ ^ ? <^^r

;jde ' Alexaiidtia... , & alsy os mâi». Cabia ao.'Hoílo S..>Leon- ciacomoPrimâz de Heípaiiha ler o quGálíinafle por coda a fuaP-rouinciá,«i3s deuíe áqucl- la honra a Oiiopor rerTídõo r,i)£eli4cnte do Goncilio^ '&íò ípfiu: dèe Fet|>cito firmou ioob tdè^ois de VKÍtoiv& Vmcécio, por- ellcs o taierem em iioinc do P.apa Saõ ■Siíueílre, primei- ro que Eodo&ios mais Ptelá-

- dos.^e niftofcomo foípeita Biuar) íenão teue também reí- peito.a repreícntar Oiío aPrò- uincia que entre as mais do mimdoj não falando nade Pâ- 'leíliiaa , foi a primeira qne r«-

- cebeo a luz do Eiaangelho ía- •gradç. '. ■;■*■.'■ :;j».;>. Oi <: « ij ■■■ ' ! /Dar conta^ das cauíás -porque elle Concilio feajun- -tou : dos Decretos que neile k eftabeÍcGcrão3 & outras par- ticularidades, q o fizeraÕ cele- bre he dos autores que eícre- uem hiftdria Pontificalj<& an- naesEcclefiafticosrbafte dizer aqui em íóma que ,delle fairaõ Arrio,Phocino,& Hebio con- denados, approuada a igualda- de do Verbo Eterno íegunda pcíloadaSantifsima Trindade o Padre Eterlio, & ordena- do o íymbolo que começa. Credo inDeú^l^c. donde pou-

l^-í

CO depois eõpos Santo)Atha- naíio o que anda cni fèuríó-; me. Si di ?: .Qj^cumqu è '%fuhfil- '-, j

mis ej?e . ' Em fim aly fedeu fa- * ma j &c rcíplancíor a nofla lan- ça íè j que ate aqu elle tempo viuera clcondida pellas couas da terra, ôc perlcguida péllos- Emperadores Romanos com , a fúria das períiguiçoés paíla- //) das. 1 ÕLà oíioii oh

8; •• Voltou de Nicèa a Eíerpa- nha fechado ja o Concilio Saõ £eolicio,ôc com trazer gran- \^^]) des dcfejos de chegar à fua Igreí ja,& ie empregar todo em leu - ícruiço, como naquclla jorna- da o fizera no da ígrejaCatho- lica j ordenou a Diuina Proui- dencia que três legoas de Bra- ga na Villade G^iimaraês o to- mallea morte : aly deu leu el- pirito a Deos , Ôc íe foi a gozar do premio de feus trabalhos, peregrinações. Faleceo a 19. de Março de 31-6, Efereue de íua morte luliano com eftas breues palauras. Sanãus Leon- tius Bracharenfis Pontifex re- diem ex Concilio moritur Gtii- maranij in Gallecia^ qtu time dkebatttr Appollonia 1 9. Mar- tij , anno 3 16. Faz menção Ac Saõ Leôncio aos mefmos de-, zanouc deMarço de 52^.0 Mar tyrologtoRomano.Chamalhc |

d.^ag. j^o\

)0

Bifpo mas náo lhe nomea o Bilpado_, nem o lugar de fiia morte. Saõ as palauras. Eodem diefdnèloriim Apollonij^i^Leo- tij Epifcoporum. Na Villa de Guimarães nenhúa noticia ha deíuaíepultura. A tyrania,í5<: barbaria dos Mouros nos lon- gos annos que reinarão cm Hefpanha confumiráo as mais deftas memorias . Era Summò Pontifíce ncíle anno de 3z6; Sàò Siluertre íuceílbr do Papa Mclciades ; & Empcrador o grande Conftahtínô .

CAPITVLO XXXXVI.

A P OLL O N I O XVI

Jrcehifpo de Braga,

Intirão eran- deméte o cle- ro, &pouo de Braga mor- rcrlhc tanto á

'porta o grande Prelado Saò

^ 1

Leôncio-, eíperauano comal-

uoroço_,& poriílo feriao mais

ds lagrimas que o chorarão.

Déraõlhe por fuccílbra Apol-

, loiiio; por tal o nomea lulia-

1 no. Leontio inSede Bracha-

Apollcnw. 1 9 i

renjfuccedií Apollonius . Naõ deuia tardar muito a eleição, porque a Igrej a de Dcos go- zaua de paz,ò<: liurcmente po- dia exercitar as acções tocan- tes a íua obrigação . Naõ dei- xamos de íolpcÍtar,q foi Apol- lonio aquelle melmo quecõ Saõ Leôncio anda no Marty- rologio Romano a is>.de Mar- ço quando àiz. Eodem die San- ãorum Apollomjy tf Leontij Epifcoporum, ^oto^uc ajuntai- los ambos o Martyroloeio . íem a henhu nomear Bilpado, & ieiído (como ternos proua- docomiuliano)eíl:e Leôncio noílb^ &c íuceflor íeu Apollo- nio , indicio lie pêra afsy o cÕ- leiturarmos.

2, No tempo dcftefanto

Prelado , íendo Arcebiípo de Toledo Natal ^ aquelle que no Concilio Romano fe achou, como no capitulo paliado ef- creucmos , fe celebrou na meíma cidade de Toledo ou- tro Concilio , em que por or- dem de Conftantino , &:deli- cençadcS. Silucftre(como o nota Juliano) fe puzerao em. melhor ordem os Biípados de Hefpanha^ou pêra o difermos com as palauras de Dextro . Epifcoporum antiqua fedes^qu^e fuos fines a mfe rant^receperiít . |

òe

Chron,

Dex,att.

Chrijíf

3a8.

_l

Ig2

Çapra r.S

MoraM.

PadilbA [cent.i.c.

íc cornarão a rdlituir aos Bif- pos de Hefpauha as terras an- tiguas qucandauão alienadas. Pcra iílo íe aílentarao as mef- mas finco Mcnropoles,qucdá - tes auia,Tarragona na Prouin- cia Tarragoncníe , que cntáo comprcndia osReinos de Ara- gão^, Valença , Ôc Catalunha: Mcndana Prouincia deLuíi- tania, que depois íe paliou a Compollella: Carthagena na ProuinciaCarthaginenre/lon- ãc fe mudou pcra Toledo: Se- uilha na Prouincia Bccica ago- ra Andaluzia. & Braga na Pro- uincia de Galiza. A Tarragona fc aílinaráo dez Bifpados 5 a Carthagena 19.-, a Mcrida 8. a Seuilha 9.3 Braga os dez íe- guintes , Aftorga,Tui,Lugo, Coimbra ^ o Padráo_, cujo Bif- pado fe paflbu a Compoftella; Briconia, quecfleue onde ago ra he Ivlondonhedo,ou (como outros querem) hc Britiandos híjalcgoa de PontedeLyma; Vifeu , Lamego , Idanha a vc- lha,donde fe paílou a Cathc- dral pcra a Guarda, & Oren-

5 Por cfcufado temos tratar aqui fe ouue antes deftc Con- cilio j& ordem de Conrtanti- no dinifaõ de Biípados cm Hefpanha , ou fe eíla foi a pri-

Capmlo XXXXVL

meira vez queícdelHnguiraõ, òí Telhes determinarão certos Innitcs, quando aspalaurasde Dextro que ja referimos , & outras de luliano que logo ci- taremosacíiáo moílrando tão claramétc.Iuliano falado deíU diuiíaõdizafsy. Non quodtúc c^iperint In Hijpama Aletropo- Us ^qiufemper fuerunt nb Apo- fiolis . O raefmo diíTemos fa- lando do glorioío SaÕ Pedro de Rates,o qual co mo Primaz de todos eíles Reinos jCrigio^ &z deíbnguioCathedraeSjdeu- Ihe Bifpos, naõ com jurdição confufa , mas bem ordenada^ qual pede a Icrarchia Eccleíía- ííica, ôc coníla das Epiftolas DccretacSj que deixamos refe- ridas ^ efcritas aos Biípos de Hefpanha cm comum , <&: em particular aos de Braga, & de outras Igrejas, das quaes fe ve que antes defte tempo auia cm Hefpanha Bifpos diltintos, ôc difterêças de Bifpados, chama- dofe alguns Biípos da primei- ra Sè,que hc o mefmo que Me tropolitanosicomo cm íeulu- gar jàmoítramos. 4 Tornando aoBifpoApol- lonio , elle no feruiço defta Igreja acabou em paz,deixan- doa cm melhorordem pclla di-

uiíaÕ do Concilio Toledano,

_

Ttiii. ta^l i9'

^faprac.S

Domiciano.

19 i

r 'lÉll

6j muito mais por lua íui- gulannduítria, &íaiKos tra- balhos, dos qiiaes hoje goza o premio merecido na conipa- iihia dos íantos Prelados de- fta Igreja anteceflores feus . Era amda no anno de fua mor- te Sum.mo Pontífice Saó Sil- ueíhe^ & Emperador Con- ílantino Magno.

CAPÍTVLO XXXXVIL

D O M I C IA N O,

que alguns intitulao Arce- bijpo de Braga,

A Chtono-^ logia dos Ar- cebiípos de Braga, que cí- ereueo Padi- lha,nofim do re2;undotomo da hiítoria Eccleííaflica dnda nomeado logo depois de Saó Pedro de Rates entre os Ar- ccbifpos dcrta Igreja Domi- ciano, oqualpellos annosde trezentos & quarenta &fcte diz Padilha íe achou, Ãraíli- nou no Concilio a qutí vul-

garmente cham.amos Sardi- ceníepor fe celebrar cm Saí^ dica agora Triadith-, cidade de Thraciá , & ainda que não pos mais qnçDomitianusEpif- €opus chiitatis AtigufiíCjté pe- ral! Padilha q o nome de Au- gurta era próprio de Braga, \Si por aqui le refolue fer Domi- ciano íèu Arcebirpò. Ptimeí- ío que clle foi dcíle parecer Vafcu ieuadó da meíma con^ jcitLira, que potier de hum hi- lloriador caó grâue , d: taõ ' benemérito de He í panha, liáò era pouco de eftimarj le neíla Prouiiicià nãbõúuera' outras cidades ,que a íeu pf bprio no- me ajuntarão os íobic nonies de Augullas.Eíla repollànos faz duuidoío fc tomado á Do^ miciano pêra aSè dcBràga fica- remos cm reílítuiçáo aoutras^ que iguais motiuòs o pod6 prctéderpera íy.Chamòuíe,& íc chama ainda hojeBràga,Br^ chara Augujlã: mas tâinbem a cidade de C,aiagoça cm Ara- gão fechamóu^ & chama C4- faraugufla , Merida na Luíi- túnu, Emérita AtiguíLt^Adov- ga ^ Afiurica Auguíla , Xatiua no Reino de Valença , Sètdhis Aiigusid^Bt]ã^òn^SLÒ.z]ò^ .Pdx Aiiguíia. Coú\ que rezão lo- go poderemos pretender mais

R juíliça

in chtàm

foi. ^Jl vtrf.

194

CapttuloXXXXVII.

juftiça no Bifpo Domiciaiio que qualquer das cidades no- meadas.

i làTe quizermos fair de

Herpanha^quantas cidades en- conaaremos com o titulo de Au guitas ? em França as três, Augujia Vocontwrum^ Augujla Aufcorú, ou ^utiorú , Augufla Pf^tona^é vulgar Dich,Aux, e Olta cidades cachedraes nobi lifsimas.No Viãmõte,Auguiia Taurinorum , Turin , corte hoje dos Duques de Saboya. Na Alemanha , Augujia Tibe- rij , hoje Regeníhurg, ou Ra- tifbona, Augusta Treuirorum, na hngoa da terraTrier,& pê- ra nos Treueris , Augufla Vin- dèlicorum ^ Auíburg,de quem falamos na vida de Saõ Nar- ci ílo. Augusta Veromanduorum^ cujo nome ao prcfentc he Vérmand Abbai^ porque de- itruindofe a cidade- antigua- mente Epilcopal, & fuíFraga- nea ao Arcebiípo de Reaes , fe fundou aly hnm notaueí mo- fteiro de São Bento^pcllo qual fediz Vermand Abbadia, Que diremos logo a tantas^ & tão illuftres cidades , fe nos quize- rcm pedir por Bifpo a Domi- ciano? Tomarlho pcUo nome de Augufta que Braga tem de- pois do próprio, he manifefta I

lèm rezão , porque por ellas o terem cm primeiro lugar, & antes do titulo que acrecen- tão como por moftradordas prouincias onde eftaõ edifi- cadas , pêra afsy ferem melhor conhecidas , náo perdem an- tes ganhão por mão às outras efta contenda.

3 Por mais acertado te-

mos largar todo o direi- to de Domiciano à cidade de Beja, cujo Bifpo o faz A m- brofio de Morales dizendo, que aílinou nefte Concilio. Domitianus PacisAuguft^Epif- copus .Ou à de Aftorga a quem o Biuar , ou com mais cer- teza á de Badajòs , onde foi primeiro Bifpo como affir— mãooChroniílaGil GonçaU ucz de Auila , & Morenc^e Vargas , trazendo em confir- mação diílo huns efçritosde maóda Uuraria do Efcurial, que leo o Doutor Rodrigo de Ofma, onde eftaaflinado Domiciano com efta firma. Domitianus Epifcopus Pacis Augufla , a qual elles pro- uão foi a cidadtí de Badajòs; q fe tira toda a duuida,vifto como os no flbs Arcebiípos de Braga femprcfocfcreuerão primeiro o nome da fua cida- de , & depois fe queriaõ acrc-

lib. 19. c.

Binar a { De M.An. .

Itatrt EccleftA, I d*!gr€J4 de ti Ada' jos%

f^argA's ; hiffor. ie Mcrtdíi li Z.C. li

centauao

Idacio /> oíí Epitacio

Í95

centauaõ o lobreiíome de Au- guíU dizendo ; Domttianus BrachaVíe Augufl^e Epijcopus. Sobre tudo no anno de crezé- tos & quarenta de íete^em cjue o Concilio Sardicenle íe cele- brou^ era ídacio Biípo defta Cathredal, como diremos no capitulo ícguinte: o que to- talmente o exclue de Braga, aindaque como no principio diziamcs no lo quizeraõ dar Vaícu , Padilha , &oBiípodc Portalegre Dom Amador Ar- raes quando diile quenoCõ- cilio Sardicenfe fora Braga cha- mada cidade Auguíla, o que fe i não acha em outro lugar fe- não na firma do Biípo Do— miciano ; no que falou com algum defcuido do que tinha acima cfcrito , quando cha- mou a Domiciano Bif- po não de Braga, mas de Be- ja-

^1

.H-

CAPITVLO XXXXVIÍI.

I D A C I o, o V E'PI-

tacio XVll. Árcebifpo de Braga.

Orto o gran- de Conllan- tinopellosan nos de 337. & deixando por herdeiros íeustres filhos Cõ- ftantino,Conll;ancio,& Con- fiante por quê repartio o Im- pério, cabendo a Conílantino aquclla parte a que depois cha- marão Império Oriétal, dei- xou logo no principio de íeu goiíerno corromper da herc- gia Arriana, pcrieguindo gra- uilfimamente em quanto a vi- da lhe durou aos Cacholicos, com lhe coníiícar fuás fa- zendas, jà com os priuardas honras da Republica , final- mente com à força de exquifi- tos tormentos lhe tirar a vida. ForãoosBifposq então viuiaõ os a q coube o mais áspero de- ita pcrfeguição,e aquelles prin cipalmentc q mais íe dauão a conhecer,ou pella fama de fua íanticíadc, ou pell^ dignidade de fuás Cadeiras.-:''

Ri

Mui-

192

Capitulo XXXXVIIL

m ehron.

z Muitos auia naquclla

confúhção em Hefpanha a quem por fuás letras , &c eí- critos acometiaó graiiciemen- tc òs Arriauos. trão três os principaes:Oílo Biípo de Cor- doua, aquclle que prefidio 110 Concilio de Nicea : Olympio ArccbifpodeToledo, quede Thracia tinha vindo delíerra- dorldaciOjOuEpitacio Arccbif- po deBraga^de quê diz luliano que fucedeo a ApoUonio.L^o- tio in fede Bracharenfi fuccedit ApoUonms yhuic i^Idatius. E porque do anno de fua eleição naõ fabcmos o certo,pera me- lhor declararmos o mais que delle efcreueo luliano , íera neccílario tratarmos hix pou- co de Orio,& Olympio. j . A Ofio períeguiraõ a toda a fúria os Arrianos , aca- bando com o Emperador Cõ- ftantino o tirafle duas vezes, de Cordoua , onde viuia cancado dos trabalhos , & na- quella idade o trouxeílea Cõ- ftantinopla,onde quando pel- lo mefmo Emperador lho pe- dir,não quizcíle condenará Santo Athanafio,a poder de tormentos perdelfe a vida. Aísy foi que perfeuerando fir- me Olío contra o que lhe pe- dirão na prcícnça do Empera-

dor , fem o herege refpcitar a hum varaõ taõ eminente, a quem feu pay eft imara tanto, íoi açoutado , &c com vários tormentos dcípédaçado, co- mo o conta Sozomeno dizen- do . Verberibus , njt fama eíi ibi fenexHofus c<efus. Emais claramente Sócrates . Simul atqiié fenex ille eorum fidei afsentiri abnuebat , plag^ illi erant infiiã^ , membraquè ma- chinis diHorta . Naó talando doutras perííguiçoés,&: afron- tas de que larga conta San- to Athanafio , & íe podem ver na carta que efcreueo aos do Ermo , porque toda he hum memorial do muito que Ofio padeceo por nolla fanta Fè.

4 A OlympioBifpo fátifsimo de Toledo, òc varão doutiísi- mo perfiguiráo também pel- la os mefmos hereges Ar- rianos.Defterrarãono deThra cia ( onde era Bifpo ) pêra Hef- panha . Viuendo em Toledo, lhe dcraõ por feus grandes merecimentos aquella mitra: ,ao queajudou não pouco fer elle Português de nação natu- ral de Lisboa-, mas ainda afsy o não deixarão os hereges viuer quieto calunias a fim de o odiaré CÓS. Athanaíio peraquc,

ou

Sofon.lib 4.r.5.

Socratet lib, z,c.\ 24.

5 .Àthan Efifl. ai folítarii vitam 4- gentes.

Mian in hro.pag. 42.

Idâdoí, OH Epirdcio

\97

&

n:t CIO.

OU dc grado, ou de força/olíc em lua condenação: mas tudo foidcbaldc^porque todas eílas .pcrí;guiçoês nuncjua pudc- rcióeicureGer a firmeza. & pu- reza-de íua conílancia, cjiial a lih 1. CO-! viãoatè cm ícu nome prono- íticada os hereges. Ha grande í>cr7»''*, mençáoem Santo AgolUnho 2;iC:::«|deOlympio:chamalhc. Vir Pcbgta- -magnsinEcclefiaJj' in Chrijlo glçrU. Varão glorioío pêra Dtccs, Òí pêra com os homés, & nas letras o põem entre os írinèos , Cyprianos , Hilários, Ambrolíos, Grcgorios , Inno- cencios , Bafiliosjlcronymos. Celebra a Igreja a fcfta de Sãto Olympio,& a põem o Marty- rologioRomanoaos ii.de lu- Iho cõertas palauras. J>? Thra- cia Sanai Olympij Epifcopi^ quiab Anianis fede depulfus <onfè(^oroccubuit. 5 Tudo ifto diíTemos afim de paliarmos ao que luliano acrecenta do noíTo Santo Ar- ccbifpo Idacio, ou Epitacio. Vai luliano fazendo memoria do muito que naquclle tempo padeciaõ os Bifpos catholicos pericguidos pellos Arrianos ; diz cie Oíio, de Natalio,&: de outros grauilUmos , SantiíTimos Varões , & então conciue.I» quibus mirecUruit

MímK.iH 41.

'Rpiratms Epifiopus Brachãrt- jfii.F-orãoeítcs Prelados -nico' íLinciâde fua Fe entre tantáá pcrííguiçoé';, e dcllcrro$,çftrèl ias rerplanclefcntes ;màs oSol de todos foi £j)ÍLacio Arcebií^ po de Braga:tantofea'vâlor,& esforço auantejou atodos ò"s mães. -■ -••"•' ' ''- "^ - -■ 6 Cõgregoiífe pellos annos de Chnllõ 3/9. em Riminc ci- dade de Itália , ÔC luffraganeaa Rauena o CohalioAriàíinen- ferconcorrerãoa elle 510. Bif- posCatholicoSjC 80. Arrianos. Naõ faltou em' ajuntamento faerado Epitacio, morméte achandoflc aly Gíio,&0 lym- pio fcus cópânhciros nas per- feguiçoés dos Arfiaiios,^^ len- do a caiifa q âly fe tratauâ a de S. AthanafiOjeiTi que tanto hia aos Bifpos Catholicos porei- Ic defender a Fe do Concilio Niceno , & fcr a principal oc- cafiáo dos trabalhos que en- tão todos padeciaõ em Rimi- ne . Afsy como entre os mães perfeguidos pellâ adniira- uelmentc reíplandccera Idacio^ afsy aqui entre os congrega^ dospella defender por excellc cia fe auantejaua.Tomou a pe- na, Sc do melmô Concilio j dizIuliano,eícreueoaConítã- <

cio, quam deliberados eílauão '^j",\y^.,f*i

ÍMlian.

R 3

tod

CS

19$

CafUuloXXXXVni.

todos aqucllcs Bifpos Catho- licos a morrerem pella Fe cn- íinada , &c decretada no Con- cilio NicenOjpor iíTo fenaó cã- çaflc em os perfcguir, porque clles naõ caiifariáo nunqua cm padecer.

7 AchoufctambecmCor- doua em outro Concilio a que Oílopello muito que valia, òc podia com os Bifpos de Hel- panha , chamou a muitos del- íes . Qujs cftc íanto Prelado { fanto lhe chama muitas ve- zes San to Athanaíio,& os Sy- ros çclcbrão fua fcfta 35. de Noucmbro j no cabo de fua vida(paflauajà cntaõ de cem annos) purgar diante daquelle grauiífimo ajuntamento de Padres (erão elles mais de céto) a culpa em que cairá quando por pcrfuafaó de Conílancio Emperador , & muito mais por fua muita velhice comuni- cou com os dous hereges Vr- íacio, & Valente conocnados por Arrianos , & grandes fau- tores de ícu meftrc Arrio. Ef- candalizoueftaacçaõ aos Ca- tholicos que delia fouberão,& foubcrãona todos , porque os hereges pello muito que fazia em ícu credito , òc do mefmo Emperador a publicarão por todo o mundo . Cahio O fio

no mal q tinha feito, òc como daly parece fc fcguia qucrc- gcitaua também os Decretos do Concilio Niccno, & daua por bem condenado a Santo Athanalio : em prefença da- quclles íantos Prelados decla- rou primeiramente que cUc femprc no animo , & na von- tade fora Catholico,& quenú- qua lhe paílãra pcllo pcníamé- to crer outra couía que o que cria, & cníínaua o Concilio NicenOjde quem nunqua íe a- partàra, que por fua grande mifcria , de que eftaua grauif- íimamente arrependido admi- tira a fua comunicação Vrfa- cio,&: Valente por fenãoa- trcuer jàafofrer as importu- nações de Conftancio , as ca- lumnias dos hcreges,6«: muito mais por entaõ entender que ellcs tratauãodc viuerCatho- licamentc , &: deixar de perfe- guir os fieis.

8 Chorou Ofío eíla fra- queza toda a vida , & não fe dando ainda por contente c5 o que naquellc Concilio auia feito, quando chegou à hora da morte declarou em feu te- ftamento morria na Fc do Cõ- cilio Niccno , «5<: anethemati- zaua Arrio ,& fuás blasfémias com quem nunqua quizera

paz

iHÍián.m

chroH.

Idacio L ou SpíMcíô.

199

SaHtelJf- doro de vtr.tllHf. *. 14. Moral. lib.it.e.

37.

Brit 2.p. mtn.li.y

lan.Chrif.

(6j. Dtxu An ChriJ}. l6ti

JulÍ4M. in

chrà.pa£.

paz ncnhúapor cllea naó que- rer com Deos ^ & fua Igreja. Dcfta maneira deu fua alma a Deos acabando cm paz na ci- dade de Cordoua, onde por muitos annos fora Bifpo.Dou tra maneira conráo fua morte Santo Iíídoro,Moralcs,& frey Bernardo de Brito ^ dizendo fora defeftrada , & repentina: mas o que deixamos referido hefem duuida o certo , como fe pode ver mais largamente no Cardeal Baronio,&: em Fla- uio Dextro.

9 Logo a pos a acção da

pcnitcciaj & coníiílaõ de Ofio íe tratou o negocio de S. Atha- naíIo,& correndo os votos, naò ouuc nenhú dos prcfen- tes y que o naÕ declaraíle por innocéte,&fòra de todas as ca- iu mnias com que os hereges oinfamauão.Naõ conta Dex- tro entre os Bifpos prefentcs a efte Concilio o noífo Idacio, ou Epitacio , contao porem luliano , & acreccnta que em Braga fez também ajuntar ou- tros, em que fe condenarão os mcfmosArrianos, & feefta- belcceoa do Cõcilio Nice- no,& de feu autor Santo Atha- naílo,& por ventura que com os olhos neftes Conciliosdc Cordoua,& de Braga efcreueo

Santo Athanafio. Diuerjis con- filias per Galiiam , Bijpaniam, \^/Éplne i^ Romam celebratis , omne^ tum. quiineo conuentu fuère luci- fugas , quífe et iam nunc occul- tant^i^t qUitArrijfuntyfapiunt:^ Auxentium dico Mediolancfetn Vrfatium^i^ Valmtem com- muni calculo ijnius Jpiritus in citati anathemate percujferút. Querédo dizer que cm vários Concílios, que fe tiucráo por França , Heípanha , & Roma todos aqucUes Padres leuados do mefmo efpirito cÕdenaraõ aos hereges Auxencio de Mi- lão, Vríacio , ôc Valente , que como aues no(5turnas anda- uãopor antaõ efcondidos. 10 Neftc Concilio ce-

lebrado em Roma no anno de 364. referido por Santo Atha- naílo fe achou também Epi- tacio, como eícreue luhano, em companhia de Gregório Arcebifpo de Toledo , & Hi- merio de Tarragona. EUe aca- bado naó acabando em feus peitos o zelo da Fè, & ódio da hcrcgia deráo todos daly con- íigo em Tianha cidade de Ca- padócia nas raizes do monte Tauro,onde fouberaó eíbuaó juntosem outro Concilio os Bifpos da Igreja Oriental , & Ihcleuaraó osDecrctos,que no

IH chron, P^i' 44-

uerf.fsg 106,

R4

Romano

200

Capitulo XXXXVIII.

Romano ícacabauio defa2er, tV-ordem do Papa Feliríegun- do do nome ficfanellcprcíídi- rem' CO mo legados Apoítoli- côs.' Chegarão ao Concilio onde com íiia preiençn alegra- rão grandemente aquelk -ve- rierauel ajtintamento. '■ íi A prejídencia do Conci- lio de Tianha" com que o Pa- pa Pélix' honrou a EpitaciOj & a grande amifade que com S. Baliho Magno teue nos fazem forpeicar poderia fer Grego de nação , & hum daquelles Bif- pos dcfterrados deThracia por Cõftsncio como o foi d finco, & douro PreladoOlympio ícu concêporaneo depois elei- ta Bifpo de Toledo emHefpa- nha onde impcraua Cóftácino grande Catholico, òc verda- deiro imitador das virtudes de íeu pay:ou pello menos fendo moço Epicacio íeria mãdado a Coilrtantinoplacomo o eráo muitos dos Hefpanhoes pella comunicação , que entaõ auia entre eftasProuincias. Daqui entendemos fe conhecerão S. Bafiho Magno , <^ Epitacio , efcreuendoíè , & tratandofe com amizade, poftoquedas caitas de hum, & outro íicalle pouca noticia : com tudo em SaÕ Baíilio anda a que comc-

ça. Quoniam nifíjperantibus^ íjfc. onde o íanto Doutor louua com palauras de muito encarecimento íua grande Fe, ík fantidadc. Chegão as me- morias de Epitacio aoanno de 366. do Nacimcnto de Chri- fto , Naõ coníla íè foi o viti- mo de íua vida^ou fe viueo al- guns mais adiante. Gouerna- rão a Cadeira de Saõ Pedro por eíles annos depois do Pa- pa Saõ Siluellrc, Marcos, lu- lio,Liberio, Sc Saõ Félix II. do do nome: o Império depois do grande Conftantinc tiue- rão Conllantc, Cóftancio , & Conftantino feus filhos , de- pois luliano Apoftata, louia- noj ôc no Oriente Valente , ôc noOccidentc Valentinianofeu irmão .

CAPÍTVLO XXXXIX.

LJMPADIO XFIII.

Arcehifpo de Braga.

R A N D E

cõcendaíenos oílcrece no prefenrc capi- tulo étre d oUç

graues autores Heípanhoc<

.^.íi.4A

&

antiguos

hamfãdio.

201

I .inciguosambos_,&: a quem co- mo lume dahiltoiia Eccleíía- ftica de Heípanha leuamos kmpre diante pêra não errar, entre tantas,& táo efpeflas cre- uas quantas a confundcm_,&: efcurecem. Pêra melhor deci- dirmos a cõtenda, pois de for- ça nos faz elte noíTo aíTunto arbitro nella. He dcíaberque Icuantandofe pellos annos em que imos com eíla hilloria em Galiza Priícilliano herege mal- dito_,inquietou j& perturbou grandemente por fy , & pellos Biípos que o feguiao todas as Igrejas de Hcípftiha , & mui- tas das de França pella viíínhá- ça, & trato , que entre húas, & outras fempre ouue . Pêra it dar remédio a efta peçonha fcacodioà mais apurada tria- ga dos CatholicoSj qual foi ajuntar Concilio ao qualfoA íem chamados os Bifpos das terras inficionadas , que como diflemos eraõ Hefpanha , & Frâiiça . Efcolheofe pcra efte ajuntamento a cidade de

C ara^oca alsy em reueren- cia do iníignc Sanétuario , & Igreja da Virgem do Pilar taõ celebrada,&: venerada no mu- do, como por ficar quaíí no coração das Prouinciâs onde rinhaabranHdoa hcrcgia, &

muito accõmodada pcra aiy poderem vir os Bilpos Fran- ceíes.

i Difcrepão os autores no anno em que elle Concilio fe publicou, & celebrou. Alguns o põem no de 580. outros lo- go no que {t íeguio de 381. Dextro no de 384. Ói: não pa- receo a diuerlidade de três , ou quatro annos de tão pouca importância ao Arcebiípo Garcia de Loayfa, que por el- la não julgallè eílc Concilio por outro diíFeréte do que an- da na íua coUcição com titulo deC^aragoça; & na verdade bem pezadas ãs rezocs que pêra iflb ha tem muito de pro- uaiiel efte juizo. Mas não he agora tempo de nos diucrtir- mos com elle ^ abaixo terá feu lugar.

3 Acodiraõj como jaco- meçauamos a dizer,a elle Cõ- cilio muytos Prelados ; conta Dextro entre elles a idacioMe- tropolitanõ de Bragâj& lulia- no ( efte he todo o ponto da contenda entre Dextro, <?c lu- iiano ) chema ao Bracharenic que aqui fe achou Lampadio. As adas do Cocilio de C,ara- goça , que trás Loayfa també nomcaõaldacio.mas fem I?re- ja . Os que nomea Dextro

384. «.7

"Dext, d.

an, 384. lidian. sfi 'líiucrf.

lucremos

202

CaptdoXXXXVIUL

ÍUí

queremos vao com luas pa- lauras como andáo na impref- íàõdefr.FrãciícocíeBiuar. C^- faraugufU alterum Cóciliiicó- trahitur ^ pr.^fuit Phsdagius Epífcopus^interfuerunt^ Epif- copusBurdeg(tlcfs,Epifcop9 To Icfanus , HeUnenJís(qui uenits cx Ltijitaniaobijt GanaCíC Ve- rocoíji oppido occafum ijerfus^ Tokto difias xxiiij. Aí. paj?. ) interfucre etiam Idatius Me- tropolitãnus Bracharenjís, Au- denttus Metropolitanas Tale- tamis , Etherius Epifcopm Of- fonenfís, Cartherius "vxamenfs , Líipus Epifcopus Telenjis , Fa- hrius Epifcopus Ctefaraugitíta- . nus^if alif inquibus EmiUBar- cinontnfis^ ex Galha Sanãus Martinus Turonenjis. Saõ em Português. Ajuncatc Concilio em C,aragoça,prehdionelleo Bií po Phecíagio (falta a cidade donde era Bifpo ) foraõ pre- rentcsoBifpo de Bordeos , o de Tolofa , o de Helna ( que vindo dePorcugal morreoem Ganaça lugar diílante de To- ledo i4.milhas)Idacio Metro- politano de Braga, Audcncio de Toledo, Etheriodc OlTo- noba, Cartherio de Ofma, Lo- po de Tela (efteuejuntoaPa- lencia, & tcue muitos annos Biíno, que agora he o mcfmo

de Palencia) Valério de C^ai a- goça5<S<: outrGS,cntre os quaes Ic achou também Emiia de Barcelcna^d: Saõ Martinho de Turon.Os q andao em Loayla íaóiO primeiro phedagio pre- íidcntCji. Delfino, 3. Eutichia- no,4. Apcllio, 5.Idacio,<í.Au- gencio, 7* Carterio, S.Valerio, 5>. Lucio/ema nenhum porá cidade onde era Bilpo. IiJia- no põem quatro Metropoli- tanos de Hefpanha , Lampa- dio de Braga, Idacio dcMcri- da,Leonas de Cartha2;cna . If- mario de Tarragona,^ outros de França, como Phitadio de Narbona, Delfino deBordeos, Saõ Martinho deTuron. 4 Aísy que Dextro cha-

ma ao noflo Arccbilpo q aqui aílillio Idacio, & luliano cha- malhe Lãpadio.He de ver qual dos dous tem por fy a rezão, òc qual menos inconucnien- cia pêra o feguirmos. Eftao por Dextro primeiramente os tempos mais vizinhos aos dc- fte Concilio, & afsy poderia fabcr mais delle que luliano. Naceo Dextro no anno de 368. & quando o Concilio fc celebrou tinha jade idade 16. que pêra quem logo ác moço foi inclinado à hiftoria , & de- terminou eícreuera Eccleíía-

flica

m adi-ter, d. fag.

lio. tíi

471-

Lampadio.

203

ítica deHefpanha^erão baftan- ces pêra não poder ignorar as coutas q então fucedíaó, mor- mente húa tão notória como os Bifpos que naqucllc Con- cilio tão celebre íe acharão,

5 Acrccentafc em fcgun- do lugar em fauor de Dextro,

6 cm rczáõ dos mcfmos tem- pos ícr por eftesannos Arce- biípo de Braga Idacio, cuja vi- da acabamos de efcreuer , & cuja memoria diíTemos chc- gaua ao de 366. náo porque então logo mocreíle^mas por- que dahy em diante naó en- contramos com elle. Pois fc agora lhe Flauio Dextro mais iS.annos de vida,& o faz ainda viuonode 384. náo ha rezáo pêra os não aceitar- mos.

6 E fc Idacio do Conci- lio deC^aragoça não he o nof- ío de Braga porque a viuer ate oannode384. teria cntaõ de Prelazia jó.annos , vifto co- mo fcu anceceflbr Apollonio faleceo pellos annos de 318. de q memoria conílaqlogo en- tãoldacio foi eleito Arcebifpo? & não poderia aucr algús an- nos de vacância, mayormcn- tc em tempos que os Hereges Arriaiios podiaÕ canto , & fuás prctenfoés > & valias cm-

baraçauaõ as Prelazias, preten- dendo fubir a ellas ? Mas dado que logo no mcímo anno, & amda no meímomes,foí]e ciei to Idacio, que m uitos crão pê- ra aquella idade, onde os ho- mens viuiaõ tanto,56. annos de Bifpadoi quando no mef- mo tempo de Idacio teue Ofio Bifpo de Cordoua mais de 60. annos de Prelado pois era Bif- po no anno de 300. emquefe celebrou o Concilio Eliberita- no, & moirreo no de 360?

7 Nenhúa das-rezoés aci- ma allegadas nos pode conué- cera não aceitar delulianoo Arcebiípo Lampadio que nos da ; não porque anteponha- mos fua au toridadc ã de Dex- tro, que bem dillinguimos o que a cada fe deue,mas por- que fofpeitamos vicio no tex- to de Dextro : & temos cui- dentcs argumentos pêra cui- darmos que aqucllas duas pa- lauras,íí/^íi«í Metropolttanus Br achar enJis^z\i\3LÕáç. áizzr no próprio originaI,iVíg/-rí7/>o//><í- nus Emeritenjís.

8 Seja o primeiro funda- mento ( & aqui começaõ os ã da parte de luliano fe nos of- ferecem) que na verdade nos nomes dos Bifpos dcfte Con- cilio ha grande corrupção nos

cxcmpla-

Biuitr IH Dex. 4«. ioo.cem.

204

Capitulo X XXXVI II í.

IBjiren annal to. 4, ann,

^ b) .

3oi»

exemplares de Fbuio DexcrOj porque o de Rodrigo Caro ccjnaísy, C-efaraupiJU alterú Concilium contrabkur pr^fuit Phsga dias Ep ifcopusBurdega- k-nfis. Oiidc ddífcfcdo tex- to de Biuar que naÕ nomeao Eiípadode Phegadio , 5c o faz outro di'fterc4itc do Biípo de Bordeos, E íe quizefmos cõ- fcrir os mcfiTtos nomes com CS de Garcia de Loayla^aly cm lugar de Lúpus ^ ãnàa^Lucius, ôí emSeuero Sulpicio autor daquelle tempo íe pocm ncfta própria ocaíiaÓ Ithacio por Biípo de Oííonoba , & nao Etherio como efcreue o tex- to de Dextro . Chamafe tam- bém aly Cartherio Biípo; de Ofma^aaeiKlo de chamarfc de Tui, como diz íuiiano. Fi- ca logo que nos tranfuntosdo Concilio ha grandiíllma cor- rupção nacida dos que três la- daráodelles,oa daquelleseícc- piares . O Cardeal Baronio íe queixa que derte Concilio não ternos mais que huns pe- quenos fragmento? , eíles fobrcmancira viciados nas fir- mas dos Bifpo5 qucalliftiraõ. Culpa he logo da efcíiturâ ^ Sc não da pouca diligencia, ou ad- j uertcncia de Dextro andar no Concilio Idatnis^-)Ot Lampit-

dius , Brachítrtnjis por Em&ri^ tenjis.

9 CJ fegun<3o fuiidameu-

taièja que neiíhúdos autores, que falaó iicíl<2 Concilio ,fazé a ídacio ArceBifpo <lc Braga^íal- uo Dextro nelte dugar , que [o fpeitamos v ic iad o ^a ntcs to- dos diz^m fer aqueile mcímo ídacio de. quem pouco aii^s, no meímo anno tinha et- crito Dextro , que cm Meti- da auia celebrado hum Conci- lio cotia Prifcilliano. E como elle fcr^ o primeiro .i que ítrde- nuncioii da hercgia deílc He- rcíiarcha por Higiiiio Biípo de Cordoua^&o principal pcrfe- ' suidor àc kus -erros- kndo entaõ,& muitos atíiios adiãii- j t-eviuo, deforça auia de fèf alyprefente pello menos por leilão murmurar filtauão os Bilpos de perto, onde íèiaclia- uáo os de taõ ionjK^^âfc^ Í^\s Itjhr.

ídacio a quem e% ciafencià íe" auia de cílranhaf , f)òrqt.íe que dei le efcreue. '<7er/-è Idaclú ni- hilperhi , nihiifdnãí hahui[je d-efinio^fiiit audax, íoquax^ im- prudens ^ pKefíímpnwfus ; que não tinha nada de fantidadc, muito de ouíadia, de locacida- de, & de defpejo , tamben cí- cteueria ^ deixaua por fobcrbo de fe achar no principal ajun-

Seucr. Siilpi libi 2* /dcr.

fupra.

tamenro

hamVddiQ.

205

ajuntamento que em reu cem- 5 po ouueia em Herpanha,onde acodiraõ os Dclíiiics dcBor- dcos, os Martinhos de Turon, tacfamofos naíantidade.Foi io £o ao Concilio .corno aftirma luiJano, 5c o diílera Dextro íe feus efcritos chefiarão a noílos tempos com a pureza com <^ fairaó de fuás máos.

10 Por aqui temos rcfpon- dido ao que fazia pclia parte de Dextro, a cuja memoria, »!k diligencia , não fc pode por defeito. Teueo quem o co~ piou,ou a letra gothica em que o acharão taó cega,& gaílada òio répo q a palaura Emerittjis faria parecer Bracharenjis.

1 1 De Idacio Arcebifpo de Braga poder na occaíiaõ deíle Concilio fer viuo , & acharíc ncllejcoufa he que poderia íer, mas como então íe tomauão pcra as Prelazias homés de mayor idade,&: a quem por re- zão de íua ancianidade rclpeitaí ícm os íubditos5parecê muitos annos deBifpo fincoêta & íeis, porq de Ofio íe conta por gra- de marauilha checar a tantos.

o

ElHmàramos muito a mefma multidão de annos no ncíTo Idacio, &Ihe ell:enderamos a vida atè os tcpos do Concilio de C_,aragoça íe Lapadio Arce-

I biípó dcíla igreja aly não alli- ílira, &as conuenicncias que apõtamos não pedirão acharfe também nclle Idacio Metrcpó litano de Mcrida. No q toca a não íabcrmos mais dcLãpadio qucaíliibr neíteCccilio-^prou- ucraa Deos parara íò nclle : muitos outros auemos de en- contrar em q nos íuceda o meí- mo , & muitos deixaremos de contar entre os Arcebiípos de- ita Igreja,que na verdade o fo- rão , por não chegarem a noí- fa noticia memorias delles.

CAPITVLO L.

ÂVERIGVA SE SER efle Concilio o mefmo que an- da em Loavfa: dajse húa hre- ue reíiíÇíto cie quem- foi o here- ge Prijcill/ano,

^^ EM qui {éra- mos paflàrpel la matéria de- íle capitulo por não per- tecer direitamcte à hiiloria de s Arcebifpos de Braga, mas o fcr Prifcilliano natural do Reino deGaliza,cde Bilpado antigua- méte íulíraganeoa le deB raga,

S ôcTc

206

Capitulo L.

d, locis

& fe condeiivir no Concilio fua heregia nos obriga a fazer menção dcllc.

1 O Arcebiípo Garcia de

Loayfa filiando do Concilio de C.ara:^oça efcreue as fec^uintes palauras. Fiiit aliud C^Jarau- giijianum ConciliumpoU hoc, in qiio primo damnata e/i h^rejts Prijcilliani, cm etiam Aquita- nU Epifcopi ínterfuerunt\Itha- ciusjjf Idíicius ^ quiin hoc fub- fcribunt flrenue fe gefferimt m extirpanda Prifcilliani impie- tate^ Seiíerus Sulpicius lib. z. Querem dizer^depois daquelle Concilio (quccllealy poé)ou- uc outro em q primeiro fccõ- denou a heregia de Prifcilliano, onde tambê íc acharam os Bif- pos de Aquitania; &osdous Ithacio,& Idacio que aly foef- creuem fe ouuerao generofa- mentc na extirpação da heregia de Priícilliano,como contaSe- ucro Sulpicio nor.liuro. 3 As rezoês que pudcrão mouer a Loayfa a ter cftes Có- cilios por differentes parece fo rão,porq no Concilio de C,a- ragoçadeq falamos no capitu lo paílãdoaflirtio S. Martinho comoapõta Flauio Dextro, & luliano i alíiílirão Lampadio^ Leonas^ Ôi Ifmario Mctropoli- l tanos de Braga,Carthagena , & I

Tarragona j entre as fufcrip- çoês nenhijafelèdeS. Marti- nho, nécó íeu próprio nome, a de Bilpo de Turon,né a de algú dos três Metropolita- nos.O Côcilio deC^aragoça ce lebroufe no anuo deChriilo de 384. em q o poéDextrojelle de Loayía no de 380. como defeu principio cõlla, ou como quer Baronio no de 3 8 1 .No deC,ara ^^^-^i- 1" goçacondénoufe Prifcilliano, &:íeus fecazes Inftancio,&: Sal uiano Bifpos em Galiza, ôc Hi- giniodeCordouarno de Loay- fa nê húa palaura ha q acene cm condenação de Prilcillianirtas^ todos feus Cânones falãoem matérias de reformação, nada em heregias.ErteSj&outros íe- rião os motiuos deLoayfa por- que julgou eílcsConciliospor diíFcrentes.

4 Poftoqueeftas rezoês te- nhâo aparência de verdadeiras, cótudo porque nas hiítorias deftes tempos fe não acha me- moria de outro Concilio de C,aragoça , & porq aísy píire- ceotãbéa Seuerino Binio va- rão doutifsimo em toda a anti- guidade , os naó julgamos por differentes.Eafsyallentando,q o noíToCõciho, & o de Loay- fa todo he o mefmo ; refpõdc- mos,qfaltarénefte as firmas de

S.Mar-

Líimpadio.

207

Conc.Cz-

5 .Marcinho,& dose]uacroMe- cropolicanos nio he por elles sly íe náo achnrcm,íciiáo por- que né as de todos andaõ ncl- Ie_> como nem cm Flauio Dex- tro, o qual depois de contar ' a muitos acrecenta, if ali/ , & outros , querendo dizer que os nao pii nha aly a todos.

j A variedade do anno de 380 381. ou 384. náo he ba- íiante pêra fe terem por diíFe- rcntes ; ode38o. que põem o de Loayía pode andar viciado,

6 quando náo, o andará o de 384. de Fiauio Dextro j mas mais íoípeitamos o primeiro. Faltar a condenação de Priícil- liano, Inftancio , Saluiano , &c Higinio,ou foi porque fe náo quiíeraó cançar coma tresla- dar, pois o auiaõ de fazer no pri meiro Concilio Toledano,on- de anda por exteiifo^ ou por- que os hereges Prifcillianiflas a tirarinõ da ly.Nem hc verda- de q fe não acena palaura no ConciHo que toque a Prifcil- liano, porque no Cânone 7. fe ordena. Vt nemo fibi doãoris nomm imponat. que ninguém íe chame doutor,o que fe difle por rczáo de Prifcilliano, o qual fendo home leigo fe cha- maua mcfl:re,Ã: doutor.

f> Na 5 tratarão os Prela-

dos deíleConcjlio de prccede- cias de lugarcs,ne íe íàbe ao cer to qual áos Mctropclitanos rcíeridos preíidio. Dextro diz que Phitadio , ou Phedagio de Narbona , &c nos Cócilics de Loayía cíHaííinado elle Prela- do no primeiro lugar Porécó' ífa do principio do mefmoCó cílio q náo ouue prefidencia. Deuia Phitadio Metropolita- no de Narbona afllilir como legado da Ápollolica,&por eíía rezaõ lhe deu Lampadio Metropolitano & Primaz de Braga o primeiro lugar fias fir- mas : ^ o mefmo íizeraõ os mais Metropolitanos de Heí- panhareconhecédoaSc Apo- ftoiicaRomana,&a peííoa q rc preíétaua oSiimoPrelado delia. 7 PrilcillianOjCuja vida pro- metemos neílecapitulojfoi na tural deGaIiza,hoir»c nobre, &: ricOj de íutil, mas peruerío engenho, dcfcjoíode nouida- des:ouuioaos dicipulosdehú Marcosde nação Egypcio, que vco a Hcfpanha,todos feiticei- ros A' nicrromáres, dados a vi- cios,efobremaneiratorpc5.Di ziaÒ q nas peílbas da Sãtiííima Trindade náo auia diílinçao, nc nos caíãmêtos vinculo du- rauel,antcs fe pocíiafazer diuor ciocomo,e quádoacaíd híí lhe

S i pare

208

Capitulo L.

parecelle. As almas tinhao por dcíuíbncia Diuiiia,os corpos por íogeifos aos fignos cele- llcs predominantes em cada mébro detal maneira q vinhaõ a negar a liberdade. Rcconhe- cião ao Demónio por autor, & criador de todo o viíiuel,em fim enfmauáo outros deíua- ríos íèmelhantes cm tudo ávi- da que viuiáo.

8 taes meílres. fahio em breue Pnlcilliano monítro do Infernojmas porqde ordi- nário as monílruoíídades pel- lanouidade queté acháo quê as receba com aplaufo^ achou Priícilliano cópanheiros , hús do pouo, outros da nobreza, alguns tábédo Sacerdocio,em queentrauãoBiípos taÕ cegos, éc ignorantes q lhe dcraõ ou- uidoSj& íeroraocoíeus erros pello que tinhaÕ de profanos , (Vlaciuos , eípalhandoos por todaHeípanha.

9 Naõ fe pode efconder ta- tá impureza entre os cõplices dellartracouíede remédio, foi o primeiro q fahio a capo Hi- ginio Bifpo de Cordoua, & porque elle fe não atreueo a extinguir o peftilencial fogo que viatãoateado,cõmunicou o negocio Idacio Metropo- litano de Merida,o qual de-

mafiado zelo entedeo logo oBilpo Inílancio principal bu tor dcPriícilliano,& de palaura nos pulpitoSj&poreícritonas cartas o deu a conhecer por he- rege publicando, & cõdenãdo feus erros .Foi iílo deitar azei- te no fogo aos hereges racende- raõfe inais,caheregia publica- da,& dada a conhecer por home como Idacio,&moll:ra- da effeito na peílba de hu m Bifpo como câncer furioío to- mou nouas forças,5j do remé- dio fez peçonha pêra empeo- rar.Não podia foffrer Idacio q híj homem fècular perdido, & cheo de vicios qual era Priícil- liano foíle mertre deBiípos^ap pellidandofe por cfte refpeito meftre,&doutor:íentia muito q Higinio Bifpo de Cordoua (aquelleq primeiro denunciou dePrifcilliano)fe declara fie por feu dicipulo, Ajútou em Meti- da hil Concilio,outro em ou- tra cidade de Luíítania, q Dex- tro não nomea : vltimamcnte vedo qné ainda aísy aproueita uanada,fezcÕfeu zelo ajútar CõcilioNacional em Cjarago- ça dos Bifpos de Hefpanha, & França,ondcja tabê entrara a cótagiaõ do nouo herege. Vie~ raõ ao Concilio Prelados gra- uiílimos Phitadio , ou Phe-

dae

IO

Lnmpadio,

2C9

gadio Metropolitano de Nar- boiía^quejà prcfidira em cu- rro Concilio no Delfinadoj Dclííno ArccbifpodeBordeos aquéa Igreja hoje celebra por Santo aos z4.deDezébroiLco- nas Metropolitano de Cartha- gena,& Lampadio de Braga: &; lobre todos o grande S.Marti- nho dcTuron, & outros que noiucão Dextro, & Juliano. I o Todos fem diícrcpan- cia ncuhúa condenarão ao im- piíilimo herege, cfcus lecazes^ podo grauiílimas penas a que daly cm diante os cõmunicaí- íe. Publicou a fenteça, ^ ficou como Vigairo do Concilio na queile particular Ithacio Biípo de Oflbnoba no Algarue,pera- q Te ainda perfiftiílem em íua cÕtumacia aggrauaíTe as cêfu- r3s,& chegaííe a mayores cafti- goSjinuocando abraço fecu- lar^&r quando foíle ncceílario relaxandolhe os q fe achaílem mais culpados. Nomeaua par- ticularmente a fcntcnçadoCó cilio trcsBiípoSjInílancio^Sal- uiano^ Higinio. Os dous primeiros vendofe afretados, & condenados pelloConcilio, por ver íe afsy podião melho- rar fua caufa dcrao em outro atreuimento peor ainda q os 1 paliados. Saçraraõ aPrifcilliano

em Biípo de AuiLi^mais por íe authorizar aLsy,q a fcu niellrc_, porque imaginaaão clles que ficariáo dcículpa,ô*: coran- do íua cauía, quando íedilIeíTc q íeguião , nâoahiJ home lei- go,& profano,mas a a quê íe mereci métos por Rebgioío fubirão a dignidade de Biípo. 1 1 Os dous Idacios deMeri- da,& OíFonobaj confiderando q não podiáo atalhar mal táo grande fem algúa viclcnciaja- cudiráo ao braço íccular,&.' ai- cançaráodoErnperador Gra- ciano foílem deilerrados fora de Hefpanha. Afsy íe cumprio logo por prouizão lua,na qual mandaua q das igrejas , villas, & cidades onde foílem acha- dos , fem rccuríb outro al- gu , faiflem em termo limita- do pêra as Prouincias que íeus minilliros lhe alIinarido.Tiue- raõ noticia os hereges dellc de- creto,& antes q juridicamen- te fe lhe intimaíie íetorao fain do pêra diuerfos Reinos como melhor lhe cílaua. OstresBií- pos Prifcilliano,rníHcio,&Sal | uiano tomarão a via dcRoma, leuauãomuitasqueiíras cõtraos Biípos do Cócilio de C.arago- ça,ê efpecial cótra os dous ída- ciosj intêtaráo oífcreccllas a S. Damafo então Sijmo Pótifice;

S í

mas

2IQ

Capitulo L.

mas como elle por outras vias tiidia informações verda- deiras do que paílaua, nem vcr,nemouuir os quis, &a fe náo fairem efcondidos da quella cúria fem duuida fo- rão prcfos , & ca (ligados co- mo mereciaõ. Saluiano antes de partir de húa doença que lhe deu j acabou em Roma em fua apoftazia,&: pertinácia. Os dous que ficauao tomarão o caminho de Milaó, & foraõ ter com Santo Ambrofio _, o qual tendo noticia de fua vin- da logo os lançou de fy , & não confentio que fe detiuef- íem na quella cidade. Tão vni- dosviuiaõ cftesdous fantiíli- mos Doutores Ambrofio, & Damafo contra a hercgia^ tan- to a aborrecião , & perfeguiaÕ òs autores, & fautores delia. 12, Quando pello Ecclefia- ftico fe viraõ fem remédio, ou rccurfo algum , fofpeitan- do que dadiuas , & oíFereci- mentos lho abririao , & faci- litariaõ pellofecular,meteráofe com os validos doEmperador, & tanto lhe offereccraõ que vierão a impetrar outra contra prouifaõ, peraquea dodefter- ro fe não executafle,ncmos Bifpos pudeílcm entender clles , ou com quem tiueíle

fua voz. Contentes com o deí- pacho voltarão a Hefpanha publicando vinhão vitoriofos defeus contrários. 15 Era poreftes tempos

Voluencio Proconful de Hef- panha, homem parcial, ami- go de nouidades , & muito mais de dadiuas. ConheceraÕ- Ihe a condição, & com força de dinheiro o eftimularaó cõ- tra Ithacio , & como fe fora de fua jurifdição o Icuaraó a dar fentença de morte contra elle^ & fem duuida íe executa- ra fe o fanto Prelado fenaõ fo- ra eícondido a França, onde foi bem ou u ido do Prefeito Pretório, o qual mandou lo- go a Voluencio lhe enuiaílca Prifcilliano, & Inftancio, & todos os mais, queíe dauaõ por cabeças daquella conjura- ção . Como Gregório ( que aílí chamauão o Prefeito ) os ouue em íeu poder,remeteoos a Roma ao Emperador , mas elles comprando aly os fauo- res afeus validos fizeraõ inhi- bir ao Prefeito pêra não pro- ceder contra elles , nem con- tra os mais , & que a caufa fe cometcífeaoVigairo deHefpa nha de cuja venal j urtiça cÕce- biaõ ainda melhoresefperãças, q da do Procõful Voluencio.

14 Su-

LamPadio.

211

14 Sucedeo tudo lílona ocaíiaõda morcede Graciano quando Clemente Máximo íe leuantou com o Império pello motim do exercito , & lem contradição de importân- cia foi obedecido das Hefpa- 11 has, França, Inglaterra, ôc Alemanha. Nefta mudança de goucrnoacoftaraó os Bifpos ídacios ( que ate ly andarão taõ perrcguidos)com Clemen- te Máximo, o qual como Ca- tholico os recebeo com hora, &c emparou íempre com jufti- ça : relataraõlhe tudo o que tinha fucedido , & depois de bem informado pêra tudo ir mais fem íofpeita de ódios , ôc parcialidades lhe pedirão obri- gallea Prifcilliano , & Inftan- ciOj & aos feus principais allia- dos deíTem rezão de Çy no Có- cilio que então feajuntaua cm Bordeos, & eftiueíTem pello quealy fe determinaíTc . Aísy o decretou Máximo, &:com cfFeitoosdous Bifpos Prifcil- liano , & Inftancio foraó pre- fos, & aprefcntados no Con- cilio onde também fe acharão os dous Prelados ídacios . A conclufaõfoi que a Inftancio como publico , fk manifefto herege priuou o Concilio do Bifpado , & o mandou fair de

toda Hefpanha.-a Priícilliano remeterão ao braço fecular de Clemente Máximo, & o íize- raõ leuar prefo à cidade dcTre- uiris onde elle puzera íua cor- te. Scguirãono os dous ída- cios, accufarãono como Ca- tholicos,& naõ podendo Prif- cilliano darrezaõ concluden- te,dcpois de grades altercações, ôc muita variedade, veo final- mente a fer condenado à mor- te, como herege apoftatadc noíla íanta . Cortarãolhe em Treuiris a cabeça com alegria geral dos Catholicos, ôc gran- diífima raiua dos hereges. Mas não acabou aly com ellc fua preuerfa feita , antes como Idra infernal cortada aquella principal cabeça rebentou c5 muitas outras, com grauiífi- mo danno da Igreja Catholi- ca, ate que a muita vigilância dos Prelados Hefpanhoes, ôc a mefma natureza da mentira,q per fy vem a cair , ôc desfale- ce r,dc todo afepultaraõ, no que valerão muito os Prela- dos que foraó fuccdendo ne- fta Igreja , dando principio a fcu prandc zelo o Arcebifpo Lampadio,quc como alam pa- da , ôc tocha de grande ref- plandor os alumiou. ij Defte illuftrc Arcc-

S4

bifpc

'•—.-ZXtf^-i'^'-

212

Capítulo LI.

biípo não temos outra me- moria , nem noticia cio anno em que morreo. Tinha por clle tempo que aíliftio no Có- cilio deC.aragoca oSummo Pontificado 5aõ Damafo fu- cc0or de Saó Fclix II. & de Li- berio, & o Império Occiden- tal depois de Valédniano,Gra- ciano, & Valentiniano o mais nouo ; & o Império Orientai Theodofio, Por cites annos faz menção Dextro de dons Bifpos chamados Lampadios, humdcOreto, outrode Bar- celona fuceííor de Paciano pai do mefmo FlauioDextro.

CAPITVLO LI.

AM DAMA

Pontifce Romano.

r<?Q&,^.r

s o

EMtãogran- de prerogati- ua a virtude dos Santos, q não os ho- ra a ellcs , mas ainda as cidades, & lugares onde naceraÕ. A rczão eftàclara,porqueascou* ias mais raras íaó as que tem mais preço-& todas as ter- ras daÕ Santos, como não dão I todas ouro, nem pedras prc-

cioíàs. E afsy aquellas que os cnáo,^ostemno Ceo por padroeiros não ha duuiJa que íaõmais illuftrcs , que as ou- tras, que os nao tem. Porque a nobreza das cidades não c5- íífteíòna clemência dosares, fertilidade dos cãpos,&magni- ficécia dos edifícios, mas mui- to mais na virtude, & valor dos varões ilíuftres, qucdefy produzem . Daqui procede- rão as competências, qucfete cidades de Grécia tiuerão fo- bre qual delias auia de ícr pá- tria do gr ande Homero ,aué- do cada hua que não podia al- cançar mayor honra,que ter a eftc iniígne Poeta por íilho, Sc natural íèu. A meínia deman- da moue Caftella ao Reino de Portugalj querendolhe tomar pêra (y ao Papa Saõ Damaío pcra íe honrar, & enriquecer comelle, ainda que feja rou- bando ao Arcebifpadode Bra- ga ,&àvillade Guimarães o que por tantos titulos he fcu. L A viila de Madrid hc a que mais iníilic em eftc íanto ferícu natural. Trás por íy a autoridade de Flauio Dextro, o qual diz afsy.LH^eriofiiccedit Ditmafus ex Mantua Carpeta- norú^alíjfacium ex Egeditar^n Liijitanum,alij Tarraconenfem

. I. ■, I ^Km^a^ ■■■ ^. ■■■■■■■ ■■■— 1^»^ , ua

Quzt

fhro».4H\ Chrifí,. '

SaÕ Damafo.

213

SiculJt. I

Orgf.lhtf

Img Cajf

|^'£■r^.6'«'

\ mar ah.

! Madeira

in difcHT.

montis

Sãn.cap.

147.

CtlGõfal de '•ttitLt Grernd. de Mad íap.J.

Beuter.p,

,x.cap,2;)

Onuf, d: Romaum FontM i

c]ucr dizer, a Liberio íucede Dainaíocle Madrid 5 outros o fazem Portngucz natural da Idanha; outros de Tarragona. O meímo dizem Marineo Si- culo, Dom Scbaílião de Oroí- co , Gregório Lopez Madeira, & omeltre Gil Gonçalucz de Auila nas grádezas de Madrid, onde affirma q eíla villa con- lerua de muitos annos eíta tra- dição confiante, & mollraa Parochiade S. Saluador onde foi bautizado,& em memoria de que illo afsy paílou nel- la pintada a Imagem do Santo. Tarraeona cidade antigua , Sc nobre de Catalunha pretende também elle Santo, &allcga cui feufauor a mefma autori- dade de Flauio Dextro, & ao Doutor Bcurcr,que afsy o diz na fua Chronica geral de hízí- panha. A Idanha lugar antiguo do Reino de Portugal, onde elteue o Biípado que depois fe paílou pêra a Guarda,pretende tambcni eíla honra, pella qual f tz o luear referido de Flauio DextrOj& Onufrio Veronen- Ic autor araue na hiftoria dos Pontinces Romanos impref- ía em Veneza no anno de 1 j f 7. 3 Em quarto &c vitimo la- gar, fendo a primeira no direi- to^ & jiiftiça da cauía, eíHa

villa de Guimarães delle Arcc- bifpado de Braga dirtante delia três legoas , a qual cite San- to por íilho, & natural fcu mayores fundamentos , & cer- teza,que os outros lugares que referimos. Prouaíe claramen- te com a autoridade de dous Brcuiarios antiquiíTimos defta Se de Braga , & de Euora , os quacs conftantemcnte aííir- mão na lenda defte Santo q foi natural de Guimarães . O mefmo tem o mellre loaõVa- feu , Ambroíio de Morales, Garibay,Pincda, Dom Mauro Caftella Ferrer , hum Marty- rolopio antiquiílimo da Igre- ja de Palcncia ondeandáo cilas palanras. Natale Sanai Da- mafi Hifpani Vimarenenfis \ o meímo affirmão o Cardeal ; Ccfar Baronio , &c Padilha na hill:oriaEcclehaílicade Hcípa- nha, íò pella autoridade deífa Igreja de Braga , que como a Santo natural de fcu diílrito Ihefefteja o dia, &c canta offi- cio próprio , &c o tem por ícu como couía certa, & aucrigua

1 da. Alem deíl:es teílimunhos cão autorizados dos eftrangci- iros temos outros dos natu- raes, que naõ faõ demcnos cÕ-

i ta:o do meíl:rc André de Re- zende na carta que eícrcueoa

Bar-

f^afen iri; ehre. an. 87. & 369. Aíerales It.io.c.^. Garib.in cõpe.htfi. l-p.lf.j, c.)2. Pineda mcnarch Ecclí. p,

Maié'

rõFerrer

tnhiJI.D.

lac, lih.

2 c, 23.

BartH,

tom. 4.

Padilha

cent.^,e.

fé.

214

Capitulo LI.

tn chrog, titjvla- ãrid. Brito 2.

Fr. Luss tias An \jei tig LíT dimpaq, 98.

SarhfíC iaremif. ord li, ytit.^9

Bercholaineu de Cabedo Có- nego de Toledo , onde fc lhe queixados autores qiiequcrc fazer efte Santo natural dcMa- drid, ou de Tarragona , o de Gaípar Barreiros Cónego de Bayyftr. £uora ^ o dc frei Bernardo de Brito ^dc frei Luís dos Anjos, deManoel Barbo ía,&: doutros que ícria infinito nomear , os quaes coní^antcmente aíTcn- tão ícr Saõ Damafo natural de Guimarães , onde k guarda feu dia, &c fcílejacomo padro- eiro, &: a Igreja Collegiada da mefma villa lhe faz ofticio fo- lenne pello ter por natural^ Sc muitos pello mefmo refpeito fe chamaõ do feu nome. 4 Deixando pois as opi-

niões contrarias,a que refpon- demos autores Portuguezes, que temos allegado -, aílenta- mos por certo que Saõ Dama- fo foi natural de Guimarães deíle Arcebifpado de Braga, & que por Santo nacido nelle, & por honrarmos efta noíTa hi- íloria com tãoillullrePon- riíice ,fclhedeuianella o pri- meiro lugari mas por não fa- irmos da ordem dos tempos, Ôr continuação de annosque leuamos , ©guardamos pcra efte. Stu pay fc chamou An- tónio: teueo coníípo em Ro-

o

ma lendo Pontífice _, & a íua niay , & húa irmã chamada Irena, ou Evria , como coníla do epitáfio da íepuitura de q adiante trataremos . Foy eile Santo o primeiro Heípanhol, que ícallcntou «a Cadeira de Saõ Pedro por morte do Papa Liberio no anno dc 367. de- pois de grades altercações en- tre léus amigos, & os de Vrci- fino , ou Vrfino Diácono , o qual, depois de eleito Saõ Dar mafo , pretendco víurpar o Summo Pontificado. Mas ve- do logo nos primeiros dias co m.o não podia prcualecer con- tra Saõ Damaío, fobornou os de fua facção a dous Diáco- nos homens deprauados por nome Concordio, & Calixto, os quaes acuíaraõ o Santo Pó- tifice arguindolhe que come- tera hum adultério . Sentio o Santo muito efte golpe , por- que como era naturalmente honefto , Sc guardara íempre pureza de Virgem,como afiir- ma Saõ leronymo^ laflima- uafe de fe lhe arguir hum cri- me tão alheo de fua honefii- dade,&de fanta infâmia da pcí- foa que repreíenraua . Foilhe neceflãrio defcnderíe publica- mente,& moftrar ao mundo^ q eftaua innocente. Fez ajútar

hum

Sao DarndÇo.

215

hum Concilio em Roma de quarenta Biípos ,os cjuacs co- nhecendo dacaulaoderaó por hure da culpa de que íora calu- niado , & condenarão aos fal- fos acuíadorcs,caftigandoos graues penas, lançandoos do grémio da Igreja^ ficando com eíla approuação mais apurada a virtude do Sanco. No meí- mo ConciUo fc ordenou que a pena q íe auia de dar ao acula- do fedeíle ao acufador con- fiando de fua calúnia, & fal- íídade.

)■ Eftaua a Igreja nefle tê-

po com algúas inquietações, porque na Oriental eraõ taõ fauorecidas as heregias de Ar- riOjquedifficultolamente Ica- chaua quê publicamente ou- zaíle profeflkr a Fe doConci- hoNiceno. Padecião porella martyrio muitos Catholicos em Alexandria , Conftantino- pla ^ & Antiochia , & muitos varões Santiílimos, Ârdoutif- fmios a defendiaõ com fcu exemplo , ÒL doutrina : entre os quaes tinhaó o primeiro lu- gar o grande Bafilio, S. Gregó- rio Nazianzeno , & Pedro Bif- po de Alexandria. No Occi- dente eftaua a Chriftandade em paz , & quietação pofto q não faltauão em muitas partes

alguns , que prccurauao de- fender os deíatmos de Arrio: contra os quacs le oppos va- ronilmente o Santo Pontífice aproueitandofe das letras do diumo, & eloquente lerony- mo , óc da fabidoria de Santo Ambrofio Arcebiípo de Mi- lão contra A polhnar, & ou- tros hereges , que inquietauaõ a Igreja cõblasfemiaSj ^' erros abominaueis,pretcndédo afiir- m.ar que o Verbo Eterno to- mara carne humana íem alma racional , & que as peílcas Di- uinas erão entre ly deiíguaes. Fez ajuntar Concilio em Ro- ma,no qual fe condenou a he- regiado Ímpio ApoUinar, &as de todos os hereges da quelles tempos , como confta de húa carta do Santo Pontificcefcri- ta a Pauhno Biípo de Antio- chia.

6 LcLiantandòfe ncfte tépo outras heregias , & falias dou- trinas nas Prouincias do Orié- te,pera as cortar pella raiz per- fuadio Saõ Damalo ao grande Emperador Theodoílo ( que também era Hefpanhol)ajun- tafle Concilio geral em Con- ftantinopla, como erneíícito fez. Acharaófe nclle 150. Bif- pos, os quaes conformes to- dos confeííaraõ a Fe doCocilio

Niccno,

2l6

Capitulo LI.

Niceno , ôc condenarão a Ma- cedónio, & a outros hereijcs. Confirmou Saó Damafo tudo o decretado nellc Cócilio, que foi em ordem o kgundo, ôc primeiro Coníhntinopolita- no^&: hum dos quatro gcracs, que Saó Grcgono rcípcitaua como os quatro Euangelhos. Fez ley o EmperadorTKeodo- lio em que mandou que todos os iubditos do Império feguií- íem a Religião que enílnouS. Pedro em Roma , & que pro- fcííauaíeu ruceíTorS.Damaío, cõdênando todas as mais dou- trinas que foliem contrarias a cila. Também fe celebrou em tempo deíle Santo Pontifice outro Concilio na cidgide dc^ AquiléiajOnde íe achou Santo Ambrofio grande perícguidor dos hereges,

7 Ouue na primitiua Igre- ja certos Sacerdotes q ííruiaó nas aldeãs como companhei- ros , ou vigairos dos Biipos,&: poriíío fechamauão Chorepif- copos da palaura Grega , Chore^ que quer dizer aldeã. Eraõ en- tão neccíTarics, porque como os Bifpos tinhão reíeruado pê- ra fuás peíloas prouer aos po- bres,& partir com elles os bcs da Igreja j conuinha que ou- ueíTe quem por outra via os a-

judafie , ^ defcarrcgaíie_,pGr.í não podiãocom todo o traba- lho. Depois eítes Chorepiíco- pos , poílo que de íua iiiítitui - ção naõ tinhaõ niayor digni- dade que os Sacerdotes j com tudo vieraõ por íoberba, & ambição a víurpar tanto do of- íicio Hpifcopal , que fe mctiaõ em alguas acções , &: cercmo- nias próprias dos Eifpos , & alhcas do Sacerdócio. Pareceo ao Santo Pontifice que conui- nha atalhar a eíla dcfordem, òí por decreto publico mandou que naó oui^cííe mais eíles Chorepifcopos fundado em q Chrillo Senhor Noflo não ti- iiera mais que Apcflolos que íaóos Biípos, & dicipulos a quem repreíentaõ os Sacerdo- tes.Dellies Chorepifcopos tra- tamos nas annotaçoés ao Dc- cretOjOndccitanjos muitos au- tores que dellcs falaõ. 8 Ordenou o Papa Sao Da- mafo muitas coufas ncceíla- rias ao bem vniucrfal da Igreja^ como foi mandar que todos os fieis dizim.alícm os fruitos q rccolheflem, que não fizcílem tratos vfurarios, nem vfaílem de feiticcrias j & íuperíliçocs: mandou que a ^íil]"a dos dias folénes fc cantaífc â hora de ter- ça: ordenou q no fim dccada

tn cap.

ti.?.. Ai/lt 68.

F

jlaimo

Sdo Damafõ.

217

to.^.an, 384.

píalmo (e difleíle e toda a Is^rc- jn Cacholica,, G/ír/rt PãtriJjFi Iio^if Spiritui Sãfro^cm q íc da igual, ^perpetuo louuor astrcs Pclloas da Sátilsima Trindade. Ordenou mais que íe ca,ncaílc Ailckiia nas miílas c| íe celebrao pcllo diícuiío do anno^íédo co ítumecãtarfe íó pclla Pafchoa. Mádou cj o Sacerdote antes de começar a miíla dillcíle a cóíir- laõ szèralcomo a^jora íe faz. Au toriiou a veríaõ q S. leronymo fez ca lagrada efcritura, nia- dou q ic lelíe nalí^rejajporq ate o leu têpo a mais vulgar,& re- cebida era dos fetéta Interpre- tes.Encarregou aosBifpos a re- fidccia em leusBifpados , mo- rtrádoiiiecomo era de direito Diuino.Edificou ê Roma dous templos íuntuofiíTimos, híi dentro da cidade em honra de S.Lourenço Martyr , o qual fe chama cõmunmcnte S. Lou- réço inDamafo,outro em lou- uor dos A poftolos Saõ Pedro & Saò Paulo no próprio lugar em que feus íàgrados corpos forão primeiro íepultados,po- rtoque Baronio duuida deíbs fundações.' Acabou as Igrejas das San tas Virgés, & Martyres Ruíina,& Secundaj & fazendo buícar léus corpos os acllou,& mádou por é ricos fepulchros

ornados dcveríoséíeulouucr.

9 Fez na Igreja Vaticana húa tonte bautifmal de fabrica ^ &: grandeza marauilhofajem q no Sábado de Paíchoa íc íazia a bê- çaõ das fontes,& íe bautiíauão todos os cathccumenos,&: mi- ninos q auia nacidade.Ncílafó teacõtecco \'\í\ notauel milaí^rc celebrado o Santo a íolénidade da béçãoj& foi q chegando home filho íeu nos bra- ços pêra oílereccr ao bautirmo,

, como a gente q concorria era fnilita,&r/5 a'pci'fo grande faze- do força hús aos outros por íe adiantaí^,,^ ícre os|»primeij:os cahib ao pay a criança na fonte^ de fe foi ao íi3do íení apparecer por grade efpaço Iall:imaj& cópaixão de todos os q a virão. Acodio o Sato Põtiíice às iagri mas do pay q choraua a perda do filho, & grande cõfianca noCeo alcançou da Diuina Mi fericordiaqo minino tornafie viuo,& faõaciraadarJí^oa.Bau-

1 r

tizouo logo o Santo , & reiío Chriftaõ o tornou a feu pay com dobrada vida, a da alma por virtude do lagrado bau- tiímo , & a do corpo por íuas orações , & merecimentos.

10 Foi elegante Poeta, &ef- creueo em vcrfo heróico mui- tas obraSjparricularméte epita-

T fios

218

Capitulo LI.

fios que mandaua dculpir nas rcpiil curas dos martyres, Efcrcueo breue, & clegaiite- menteas vidas de codos os Põ- tifices Romanos fcus predecef- foreSj aindaque Baronio cécfta obra por alhea , & indigna de tão excelente iuizo como o de Saõ Daniaío. Iníticuyo a fefta da AfsLipçáo deNoíla Senhora, como diz Genebrardo , & po- Itoque o Emperador Mauri- cio a mandou muitos annos a- diante celebrar ba íe de entêder-, \]ue eftaua ja ífiilituiid^''cofticí declara Baronio. , Fez em vida miHCosmJÍjigres-^cntie ©s.cmae^; deu virta a hum ccí^o pondo- Ihe a mao íobre os olhos_,& di- zendolhe aquellaspalauras. Fi- des tua tefahmmfaciat. ForaÕ os tempos em que Saõ Dama- ío teueo Summo Pontificado fecundiíHmos de varões emi- nentes em letras , & íantidade .como eraõ Saõ leronymo, q nem Saõ Damalo teue eftrei- ta amiíade, lhe pedia feu pa- recer j Ôc eoníelho em todas as matérias de importância, re- mctendolhefempre as de mais peio , & confideraçáo ; Santo Ambroíío Arcebiípo de Mi- lão, Santo Agoftinho Bifpo de Bona em Africa, Santo Hila- I rio em Frãça,S. Balílio Ma^iio,

San Gregório Naziãzeno , Ci- rilo Biípo de Icrulalem, Santo Euíebio Biipode Vcrícli , Saõ Martinho de Turõ, Santo Efré Syro, Santo Epiphanio,o Ab- bade Arccnio ^ & outros mui- tos que íe podem ver emTri- thcmio,(^Ballarmino. 1 1 Chegando o Santo Pon- tificc a idade de quaii oitenta annos , auendo dezanoue três meies , &: alguns dias ,quego- uernaua a Igreja de Deos , pal- iou da vida prefente no anno deChrillo 385. foi fepultado "na Igreja que elle fundou nas Catecumbas onde eftauão Teu pay , may , & irmã, ôc dahy andando o tempo forão fuás reliquias trcsladadas à Igreja de Saõ Lourenço onde rcíplande- cerão com milagres. Seu nome anda no Catalogo dos Santos, ôc fazem delle menção o Mar- tyrologio Romano, &: o de Vfuardo aos onze de Dezébro, que foi o diaJe fua morte. O Cardeal CeíarBaronio traz hús verfos, que Saõ Damafo man- dou por na fepultura de fua irmã Irena, a qual frcy Luis dos Anjos diz, que foi com feu irmão a Roma de tenra idade aonde viueo ate quaíl zo. annos dedicada a Deos em clau íura de rcligiofa não dentro

o

7rirh.de

fnpt.Ec clcf. Pell.tr, m chron, an 'o 370.

t/ím, 4. a)h 384. >hlU

No lafd

em

SiíoTaternoII.

í9

em al^um morteiro mas em iua caia com habito relieioío, apartada coda das couías do mundo,& entregue a contem- plação das do Cco. O epitáfio diz ais y.

tíoc mmulo fncrat^ Deo nunc

mtmbra quiefcunt, Etfo ror efi Damaji^ nonuji qui- ris, Herena. Vouerdt lucfefe Chrãio cu o»/-

ta mane r et Virgims a)t merititm fanãus

pudor ipfeproharet. Bis denas hyemes nec dum com-

pleuerat ^tas: Propojttum mentis pietas njtne-

randapuelU Magníficos fruãus dederat me-

lioribusannis: H,€C germanaforornojlrrnunc

teftis amor is. Cum fugeret mundum dederat

mihipignus honeflum^ Quamjibt cum raperet melior

time regia c<eíi, Non timuit mor tem , cclos cum

libera adiret: Sed dohii,fateor, confortiaper-

dere 'ijit<€. Nunc-ijeniente Deo noHri re-

minlfcere Virzo Vt tuaperDominumpríC^et mi-

hifacula lúmen.

CAPITVLOLÍI.

AM PATERNO 11. do nome ^ ou P arruino XIX. Arcebijpo de Braga.

J OI S. Pater- no de nobre geração, &: da principal gen^ te de Galiza^ dotado de muitas partes, infig- nes letras , grande virtude. Antes de íer Prelado teue ami- zade muy direita cõSanto Am brolío Arcebiípo de Milão ,<!:>: com Simacho varão muv illu- ftre, & principal peííoa do Se- nado Romano,os quaes Iheeí- creuião^tSi o trarauão fami- liandade^não quaudo eraAr-' çebiipo dell:a Igreja , mas ain- da em íecularjConhecendo bem otalentOj& partes de q era do- tado. A modcftia_, & exemplo CO qiieviuiaofazião andar nos olhos de todoSj^'Jauaõ preço aluas brandes letras, & dou- trina. Eilando vaga a Cadeira Metropolitana , òc Primacial de Braga , foi eleito pêra ella porcómimi conientimento do Clcro,<S>: pouo da cidade pcllos

T:

annos

220

(Capitulo LII.

luUan.tn

\ ehro.pag.

annos de 39Z. 011393. Sagrou- fe logo com dous BifpoSjhum chamadoSymphofio de Oren- íc, outro Diótinio de Aftorga, Eraõ effces Prelados hereges inficionados comos erros de Prifeilliano, & como taes efta- uão apartados da Igreja , & condenados pcllos BifposCa- tholicos de Hcípanha. Tanto queelles fouberáoque Patcr- nofora ordenado pellos Bifpos hereges , & fagrado Arcebiípo deBraga^fizeraõ congregarCõ- cilio na cidade de Toledo, onde juntos todos depois de deícu- tida a caufa , & bem examina- da deráo íentença de priuação contra Paterno depondoo do Arccbifpado ; & tratando de lhe dar íuceíTorproueraõ a Igre- ja Primacial de Braga emSaõ Profuturo, que de Africa auia chegado a Hefpanha, como adiante cm fua vida contare- mos.

2, Grande foi o horror que efta fentença do Concilio cau- fou no coração dePaterno_,náo por fe ver priuado da dignida- de Primacial^ que não era na- da ambiciofo , mas porque c6 ella lhe abrio Deos os olhos pêra conhecer quã mal aducr- tido fora é fc deixar fagrar por Bifpos apartados da Igreja, &

cõdenados por ella. Qi-ieixoufe aos meíraos Symphofio,& Di- <5linio , porque fendo elles he- reges , & condenados por taes fe atreueraÕ afazer aquelle adio da fagração. Afeoulhes a cul- pa _,& tanto obrou com efta amoeftação a graça Diuina nel- les que cílando naquelle mef- mo tempo(eraoannode40o.) publicado outro Concilio em Toledo feforaõ ai y todos três com outros Bifpos, que tabem osdous auião ordenado afim de pedirê mifericordia de fuás culpas com deteilação publica de feus erros.Chegados ao Cõ- cilio , & admitidos nellcjSym- phoíio abjurou em prefença de todos aquellesPadrcs a here- gia de Priícilliano,& temerida- de q cometera em fagrar algús Bifpos de Galiza , &: a meíma confiílaõ fez Didinio declara- do tãbé por nereticos os huros q em fauor de Prifciiliano auia efcrito, de que fe faz menção no Concilio Bracharcnfe tido por primeiro . O noílo Arce- bifpo Paterno também cõíci- fou q fora ordenado pellosBif- pos hereges,& q íabia a íeita de Prifciiliano, mas tato que fora Bifpo fe apartara de todo delia com ahçáo dos liuros de San- to Ambroíío,

3 Era

SaoTaterno II.

Bar tojç^, 'Chrijii

238.

3 Era nefte tempo ja mor- to Saõ Profuturo , a quem cm outro Concilio celebrado em Toledo fora dado o Arcebiípa-' do de Braga com o acima dilTe- mos. Feitas as confilloés pro- cederão os Padres do Concilio a íeiítençadefinitiiiacontra os culpados ja penitentes, & re- conciliados. Aonoílb Pater- no, a Symphoíío, &: a Dióti- nio rcftituiraó as Igrejas que dantes tinháo. Porem orde- narão que não foílem admiti- dos à comunicação dos Bifpos ate ferem difpeníados pellaSc Apoftolica,ou por Saõ Simpli- ciano Arccbiípo de Milão, que pêra iílb tinha autoridade do SummoPontifíce.

4 Com eftas , & outras fentençasque fe deraó contra os Priícillianiftas íe fechou o Concilio , & forão taõ verda- deiras , &c de coração as ab- jurações que de feus erros fi- zera ó eíles Prelados que vie- raÓ depois a fer Santos , con- Icruando ate morte a pureza da Fe que neítc Concilio profeí- faraõ.viuendo com grande exê pio, de excrcitandoíe em to- do o (zenero de virtudes . Ce- Icbra a Igreja de Aílorga afe- íiade Saó Diólinio a dous do mes de lunho . Tem officio

próprio, &nas lições que íe rezão às matinas fe refere aucr fido Grego de naçaõ , &: fe c5- tão muitos adtoi de virtude em que íe exercitou ; obra Dccs muitos milagres com a terra que íe tira de lua íepultura. Sua vida eícreuê, depois de outros PadilhajBiuar, & GilGòçaluez de Auila. A Symphoílo chama o me imo Concilio velho re- ligiofo , &a Paterno louuadã- dolhe o titulo de defeníor da verdade Catholica ^ & defcu- bridor dos erros dos hereges, Dextro lhe chama Santo,& varão muy pio como adiante diremos,

S Breuemente foi admi-

tido o noílo Santo Arcebif- po pella Apoílolica à co- municação dos mai; Prelados de Heípanha , como confia da carta, que o Papa Anafta- fio eícreueo aos Padres do Concilio de Toledo, em que lhe mandaua recebeíllm a lua communicação o Santo Pre- lado Patrumo , cu Paterno. O mcfmo lhe eícreueo Saõ Simpliciano Arcebiípo de Mi- lão , como alírma luliano. Reconciliado o Santo Ar- cebifpo com grande alegria dos Padres do Concilio co- meçou logo a entender no ,

Cent. y,

Chr>(l, 38S«.3.

Gtl.Gon. no theat, I EccUJtít» Jlico de ■^ftergi cap.6.

fhlian.

in aittcr. p<íÇ.88.

T3

gouer-

222

Capttuio LU.

Ifília» in in thron

AÍArqttes no defef. e, 10,^.2

gouerno de fua Igreja , & tratar com codas as forças de apagar ofogodaheregia, que por fcu Arcebifpado andaua ateado.Fez ajuntar Cõcilio em hum lugar de Galiza chamado Aquas Cclenas, agora o Padrão

conforme algur

ns, ou como

». 1 . cum

an.Chrif. 386.

querem outros o lugar deFaõ defte Arcebifpado, pêra o meí- mo cffeico, de que fazem men- ção luliano , &c o Padre frey loaò Marques.

6 chegado o anno de Chri- fto de 405. conforme a melhor conta, íè ajuntou em Toledo hum celebre Conciho Nacio- nal de 19. Bifpos , que errada- mente fetem por primeiro,ío- brea mefma matéria da here- gia de Prifcilliano , a qual ain- da cftaua eftendida por toda Hefpanha. Neftc Concilio co- mo Primaz delia preíldio , ôc teue o primeiro lugar Paterno como delle fe ve,& o atfirmão Dextro Juliano, Marco Máxi- mo ,& outros autores que ci- tamos no tratado da Primazia defta Igreja, onde prouamos clariífimamente efta verdade, a qualconfeíTa Biuar nos còmé- tarios a Flauio Dcxtro,& a tem por certiífima.Nefte Cõcilio fe íizeraõ vinte decretos muy im- portantes à reformação , dos

1

, 6|.

Chro.fag 49-

in chron. an ^07.

quaes fe colhe as qualidades, & partes que requeria o Conci- Ho tiuellem aquelles que auiaó deíerminiífros dalgreja.Trata delle Concilio largamente Pa- jcf„f. ^ dilha na hiftoria Eccleííaftica, onde põem todos os decretos delle. Affirma luliano que veo acfte Concilio de Toledo,em que prefidio o nollo Primaz Paterno , Exuperancio Bifpo Metropolitano de Rauêna va- rão fanto, cuja Igreja preten- dia contra a de Milão, íer Pri- maz de Itália. O mefmo diz Flauio Dextro. Era Exuperan- cio pretendente da Primafia de Italia,& com tudo não preíí- dio no Concilio , antes prefi- dio Paterno Metropolitano de Braga,& Primaz de Hefpanha: donde fe tira grande argumen- to em fauor delia Igreja, a que reconheceo, &c refpcitouade Rauêna como a Primaz. 7 O Padre frey loão Mar- ques quis conjeiturar .contra ella prefidencia taó euidente de Paterno , dizendo que no Cõ- cilio Toledano auido comíí- mente por primeiro nas col- lecçoes de Garcia de LoayíajOn de elle aífir ma que foi Saõ Pro- futuro eleito Arcebifpo dcBra- ga ,não prefidio Paterno aísy mefmo Arcebifpo defta Se , fe

não

d. cap. 10

í'2.

S^o Paterno II.

22S

não outro de difterente lirrcía, íe bem do melmo nome dado por rezão q Paterno Bracha- rcníe elhuia então depoílo do Arcebilpadoj que adiante no Concilio de Aquas Celenasfe lhe cornou a reíiicuir. De am- bas eílas couías coníla o con- trario, & com cuidencia como ja moRramos , porque Pater- no Bracharenle prcfidio nefte Concilio como Primaz ^ ja. depois de rcíbtuido a Tua digni- dade. As conjeituras do Pa- dre frev loaõ Marques naõ po- dem valer mais que a autori- dade de três hilloriadores tão oraues como Flauio Dextro, Marco MaximOj«5>i luliano, &c os próprios aélos, ôí modo de proceder do Concilio , onde Paterno Arcebiipo de Bragaíc chama prcíidente, ôc propõem em primeiro lugar o queiede- ue tratar. Tambem.preíidio no de Aaucfs CeienaSj& nelle con- denou a heresia dos Prilciliia- niílas reconciliado ja a Igreja, >5j rcllicuido a íua dignidade; & aísy mal podia aly ler reo,& prehdente juntamente. Se aduertira o Padre fr. loaõ Mar- ques q erte Concilio de Aquas Celenas antecedera no tempo ao que anda com nome de primeiro de Toledo, fuppofto

que nelle faz reconciliado a Pa- terno,naõ ouucrade euardara eleiçáodeProfuturo peraquã- do ella naõ era nccclíaria, pois Paterno ellaua hábil peia íer- uirluaPrelaíia^òc com eífeito reílituidoaella. 8 Fechado o Concilio de

Toledo em que prefidio Saó Paterno, elle le veo pêra a lua Igreja de Braga, onde con- tinuou com a obra que tinha começado , qual era a pagar de todo a heregia do Reino de Galiza, <Sj plantar nelle a ver- dadeira Fe, (V dou crina Catho- lica . Ocupado nelia obra^ Ôc outras de grande coníideraçaOj & importância o achou a mor- te no anno de 407. em que foi gozar da bemaueniurança, de- pois de auer trabalhado, & pa- decido muito em feu officio, an.cbyf ôc obrigação Palloral. Santo 4*7''*-7' lhe chamaDextro,e varão mui- to douto, Sc pio. Saó as palau- ras. Sanãus Paternus Epifco- pus Bracharenjis , ^ui Concilio Toletano 19. Epifcoporum pr^- fiiit multis labor íbus , íít* tegri- tudinibus anxius moritur , njir egregiè doãus , i^fpius. Juliano nos lugares citados lhe chama também Santo , & varaÓ dou- to , òc prudente, & nos o no- meamos afsy fundados na au-

T4

toridade

21 4

Capítulo LI L

cap. j.

toridade de dous aurores, tão graucs , & antiguos. Foy Pre- lado deíla Igreja muis de it. annos-, era Summo Pontífice da Igreja Promana por ell:e ce- po depois dcSiricio,&Anafta- lio,o Papa Innocecio I.& Em- peradorcs do Oriente, Occi- dente Arcádio, & Honório fi- lhos do s^randc Thcodoíío.

o

9 Por eíles annos, como dif- femos no principio delia hi- íloria, entrarão em Hefpanha as nações Barbaras dos Godos, AlànoSj Vândalos , & Sueuos, os quacs a íenhorearão , Sc re- partirão entre íy ficando qua- cadahua de luas Prouincias íogcitas a feu Rey particular. Aly diflemos como os Sueuos ficarão nas terras que hoje faó da Coroa de Portugal, & parte do Reino deLcaõ.Por tanto da qui cm diante iremos aponri- do os Reys que íenhoreauão Hefpanha deixando a fuceífaõ dos Empcradores que ti- nhaõ perdido o me- lhor delia.

CAPITVLO LIII.

A M PROFVrvRO I. do nane XX. Ârcebifpo de Braz^.

AQVELLE CóciliodeTo icdo,onde por Ic deixar íagrar dos dous i3ií-

pos então Priíciliianillas Sym- phofiOj&Didinio diííeiíios to ra priuado de lua Cadeira S. Pa- terno, acrecencamos logo fe lhe dera pcllos Padres do Con- cilio por íuceílbr a Saõ Profu- turo. íuliano o faz vindo a ^"i'^»''» Hefpanha de Africa dizendo. A ' Profiiturus presbyter AfriCíC ' ijenit in Hijpanidm^ip' oh egré- gias ^uirtutes^ Iff mentis fanãi- MÊemfuccedit Paterno in Sede Bracharenji. Foi efta fuccflãõ naó pella morte de Paterno, porque então Ihefucedco Pan- craciano, como em lua vida di rcmosjmas por fua priuação, & depoííção do Arcebiípado pello crime, que na fagraçao cometeo,admitindo a cila Bií- pos hereges tendo obrigação

de

Dtftnfor

Sao Profuturol.

2 2$

Femicto

6o. í. j. biijor nc- ner.

de os euitar como Cacholico, (Sede os calligar como Metro- politano íeu c]ue era , & como Primaz de todas as Igrejas de Hefpanha.

3 Não he taõ fácil de al-

cançar a caufa que tirou aSaÕ Protuturo de Africa pêra o tra- zer a Heípanha. Conjeicurao Padre frei loaõ Marques íeria mandado por Sãto Agollinlio (cujo dicipulo diz foi,<5' ermi- tão leu no niolíeirodoHorto) ao primeiro Concilio de Tole- do, pcra que aílilliíle nelle , Sc dahy paflaíTe a Belém com as cartas que do mefmo Santo le- uaua a Saõ ler ony mo j & que aqui no Concilio vendo aqucl- les Padres íua grande íabidoria, & rara modeiíia o elegerão por Arcebifpo derta Sc na vacância de Paterno, Pcra prouar ella conjeituraaííenta como prin- cipio verdadeiro que efte noílo Profuturo heaquellede quem fe faz menção nas cartas lo. & 149. de Santo Agoílinho , húa peraSaõIeronymo , & outra pêra o meímo Profuturo. 5 Naó falta quem duuide

defte juizo, & cõjeituras do Padre frey loaõ Marques no particular do noílo Profuturo fer o portador das cartas de Santo Agoítinho pêra Saõ Ic-

ronymo , &c aquelle a quem o mefmo íanto efcrcue. Os mo- tiuos faó que ao tempo que íanto Agoílinho eícreuia ao fa- grado Doutor era ainda Sa- cerdote, &c naó Biípo como elle o diz em outra carta_, fizé- do menção deíla primeira que Iheenuiaua por Profuturo c5 eílas palãims. Quasad te adhuc presbyter literas pr^paranera mittereper quendam Profutu- rum fratrem noflrum tfc. E como Santo Agortinho foi eleito Bifpo no anno de3,9j". parece muy cedo pêra mandar ao primeiro Concilio de To- ledo celebrado no anno de 400 a Profuturo, fmco annos an- tes de elle fe ajuntar, & alguns mais ie fe celebrou no anno de 405. como tem Dextro, &: ou- tros autores.

4 Coníirmafe eíle funda- mento côas palauras do meí- mo íanto bc ponderadas. Diz elle a São leronymo que lhe tinha eícrito pella via de Pro- futuro j mas que eleito Bifpo naquella conjunção naó pode fazera jornada, aísy pello im- pedir a noua dignidade , como porem breue morrer. Saõ as palauras. Dum proficifci difpo- nit collega nobisfaólus/s" Epif- copatus farcina detentus hreiíi

defunãus

22Ó

Capitulo LI 11.

deftmólus eít. Onde clariííima- mente o íaerado Doutor da a entender que Profucuro na Africa j òí antes de íair delia, foi tomado pêra oBiípado que breuemente largou , por Deos o ieuar pêra o Ceo j donde íe ve quedefta íua jornada pêra Belém a fmco annos, os Pa- dres do primeiro Concilio de Toledo lhe não podiao dar a Cadeira de que priuaraõ a Pa- terno, nem osllnco annos íe podião declarar por aquellcs termos. Breiíi defimãus efi, que denotão tempo mais cur- to , &c abreuiado. 5 As rezocs referidas com

quefe impugnão as conjeitu- ras do Padre Marques temais de aparência que de força. A nos vainos tanto em Saó Pro- futurofero dequcfala,&aquê cfcreuc o SantoDoutor,que quando com rezoês euidentes, íe nos prouaííe era outro , dei- xaríamos de o ter por tal . Di- gamos primeiro o modo, &c òcaííão porque veo a Hefpa- nha,&: a que fim, & depois di- remos como íe não encontra com o que delle achamos em Santo Agoftinho relponden- dois rezoes^quetroxemosem (-ontrario. /: Entrou Profuturo em

oeníamento , ôc aílcntou con- ligo de pcrigrinar aos iantos lugares de lerufalem 3 deu con- ta de leu intento a leu mellre Sáto Agoílinho,oíanco Dou- tor lhe aprouou aquella fua ida; pcdiolhe depois que em Belém íe viíle com Saõ le- ronymo , que então aly viuia, Ôjoviiitaík de íua parte, & ihedeíleas cartas que porclle lhe eícreuia.Sobre tudo lhe en- comendou quiíeííe faber do mcfmo Saõ leronymo que íentia a cerca da origem das al- mas ponto que íeduuidauai& ignoraua tanto por aquelles tempos . Vltimamente lhe a- coníelhou quifeíle de caminho paílar por Hefpanha, & achar- íe em algum dos muitos Con- cilios que nella íe celebrauão contra os hereges Priicilliani- rtas 5 &: aduertir grande c5- ííderação o que aquelles Pa- dres dilfiniao acerca da doutri- na de Priícilliano, queaffirma- ua ferem as almas da fufran- cia de Dcos , & relatar tudo a Saõ leronymo , peraque elle viftos , & examinados os De- cretos das Igrejas do Occidcn- te^pudeíle melhor reíponder- Iheao que porelielhe manda- ua perguntar. 7 A parelhoufeS. Profuturo

SaÕ Profuturo I.

227

pcra a jornada, tSc primeiro tra- tou da de Heípanha peta onde partio. Chegado a cila, faben- do que em Toledo íe tinha pu- blicado Concilio, fe quis achar nclle , de como difle que era dicipulo do grande Agoitinho, &: hia enuiado por elle aSaõ leronymo , não obftante fer ainda Prés bytero3 lhe derao lu- gar entre os mães Bi{poSj& foi hum dos que affiíliraõ no Có- cilio. Tratouíe aly acauíàdc Symphoíío,DidtiniOj Pater- no na forma que no capitulo paííado contamos. Votou nel- la Saõ Profuturo, falou tanto ao certo , & tanto como dici- pulo de quem era,que logo to- do aquelle ajuntamento pos os olhos nelle pêra grandes cou- fas. Sucedeo pello difcurfodo Conciho que os dous Biipos Symphofio, & Diótinio forão auidos, cv' condenados por he- regeSj& Paterno quecomelles fe lagrara por indigno do Ar- cebilpado que poíluhia, pello queopriuarão logo aly dellc, & puzcraó como vimos acima ê feu lugar aS.Profuturo.Não valeriío ao nouo eleito efcuzas alo-uas, ouue de abaixar os hombros à carga, & deixar os intentos de fua perigrinaçao. -Vco c!e Toledo pêra Braga , vi-

nco poucos annos no Arcebis- pado , (Sc cm breue tempo fe foi gozar , naõ da ler u falem da terra , pêra onde hia , mas da Ccleftialj premio de feus gran- des merecimentos.

CAPITVLO. LIIII.

AIVSTASE O D I S- curfo pajfado com o que de S. Profumro efcreue Scito Ago- flinhoirefpondefe as obieiçoes^ Í5J' declarafe quantos Conci- ctlios eUãO infertos uo pri- meiro de Toledo .

encontra o prcfentc dif- curíooqdcS. Profuturo ef- creueo o San- to Doutor, fendo ainda Presby- tero^a Saõ leronymo , que por irmão feu chamado Profu- turo lhe tinha primeiro man- dado cartas. Perquendamfra- trem nojlrum Profuturum. fe íabe que osBifpos cliamão a outros Bifpos irmãos ,' & do mefmo modo os Sacerdotes a outros Sacerdotesj chamar Sá_ to Agoftinho Sacerdote a Pro_ ^

fi

uturo

228

Capitulo LU II.

futuro irmão foi chamaríhe Sacerdote, Tal chama ao noílo Profaturo liúiãiio. Profuturus Presbyter .4/>/Víí,ApareIhoufe pcraa jornada da terra rantaj& com eíícito fe partio a Hefpa- nha Profuturo , liio diz fanto Agollinho. Dumproficifci dif- poivt ^ não de Africa pêra Heí- panha, mas de Hefpanha pêra Palcíiina fegúdo melhor íc co- lhe úcS. ícronymOjO c|ual auê- do às mãos as cartas de fanto Agortinho refpondendo às q leuaua Profaturo diz. Et item Profuturum rctraSliim de itine- re^tf EpiJcopumfaãnm ^udoci morte conjumptus e(i , onde a- qucilas palauras ^ retraãum de itinere , faò a declaração do proficifcidifponit. Ebemfe vc que quem he tirado do cami- nhoja eífaua ncile^como çm Hefpanha cllauaS. Profututo onde foi feito Bifpo como o era fantoAíToftinho.iflo he no- bis coUega jaãns ^ não qucja então fanto Agoíiinho quan- do fizcraõ Bifpo a Profuturo o foílèjporque a eleição defte pê- ra Braga fuccdeo primeiro que a do fanto Doutor^íc não que comocfcreuea faõ leronyrao ja Bifpo diz que Profuturo o foi como ellc o era. As palauras de íanto Agoílinho , breui de- I

fimãus efi^ as de íaõ lerony- mo_, <ueIoci morte fub tatus eíi^ reíponJcm ao pouco tempo j que Profuturo gozou a íua Prelazia , leuandoo Deos pcra íy em menos de dous an- nos,

t Ficará eftedifcurfo mais claro íc íe diílinguirem bem os Cócilios que naquelle chama- do primeiro de Toledo andão infertos.Sinco diílintos, &di- uerfos defcobrirà aly quem fi- zer diligencia, porque taqtos eílão claramente no meíhio texto, & todos íínco ajuntou em hum Garcia de Loay faj por ventura com bom fundamen- to, porque todos pertenciaõà mel ma matéria , Sc íe congre-

garão to.

3

fobr

e o me imo argume-

Digamos a ordem ,& an- nos em que foraõ celebrados. Ajuntaraõfc alguns Prelados deHçfpanhaem Cóciliocõtra os Priícillianiftas , íizerãonos reconhecer fcus erros,&£cmcr íuasccnfuras. Forao cõuenci- dos por hereges Symphoíío Bifpo de Orenfc, & Diítinio Sacerdote, elfcs tomarão o ca- minho de Milão, 3c foraõ va- ler íe da autoridade de fanto A m broho.Ouuioosbéofanto, 6c pclla emmenda que lhe pro- j

meterão.

S^oProftituro I.

229

meterão ( comando a palaura a Sympholio (^ náo ordenaria Biípo a Did:inio)os enuiou ao Concilio, qdenouo fcpubli- cauaem Toledo, cícreucndo aos Padres delie íirandes coiiías c luaabonaçáojd: dado miúda conta de ícus propofitos . Em íaindo ceMiláo mudarão de pa rccer.poiq Symphoíio íagrou Biipode Ailorgaa Dicl;inio,& ambos íagrarãoa Paterno Ar- cebilpo delta Igreja. O nouo Concilio a c] íanto Ambrofio eícreuia le celebrou fem os três apparccerem,, pelloqforão em auíencia condenados cm priua- ção de fuás dignidades,^: na de Paterno foi pofto Profuturo, como temos dito, tudo pellos annos de 391. ou 393. em que fanto Agoftinho ja viuiaem Bona depois do bautifmojpar- ce fecular^parte Sacerdote. 4 Apertados os três Bifpos, Paterno,Symphofio, & Diól:i- nio com a noua condenação, começarão a entrar em fy , & a reconhecer íeus erros, & peraq fua penitencia foílea todos no- tória acodirão a outro Cocilio no anno de 4oo,ou de 405'. que tambe cm Toledo fe ajuntaua, &: aly com grandes lagrimas conreflarão fuás culpas, &ab- j urarão a hcregia , dctellarao a

I

PrifcilIiano,& íuadoucrinaríi- | nalmencealy íe mollrarao vei- ' dadeiros,& Heis CatlioUcos: &c foraõ outra vez admitidos ao grémio da Igreja j & viando a- cjuclles Padres de íuabcgnini- dade rellicuirão osnouos pe- nitentes a íuas Igrejas. Sym- phofioieíicoucom ade Orê- fe, Diólinio com a de Aílorga, Paterno com a de Braga vaga jàpor morte dcS. Protuturo, que nclla tora cm leu lugar prouido.

5 Muito foi o exemplo dos três Rifpos reconciliados pêra de nolla tanta Fe, mas eraõ por outra parte em graõ nume- ro os hereges , tomauao cada dia nouas torças ^ dauão calor com a potencia, &furoraíua feita, em fim naõ perdiaõ pon- to em a publicar, & dilatar,íem embargo do que nos''Conci- lios paliados fe tinha decreta- do. Tornouíe a ajuntar ou- tro Concilio em Toledo no Pontificado de ínnocécio pri- meiro, não muito adiante do anno de 40f.Prcíidio nelleo nofioS. Pater no jàrecõciliado,

6 rcftituido a íua Igreja, a que como a Primaz de toda Helpa- nha cabia, & pertencia de direi- to aquclla prclidencia.

6 Tornarão dahy a mais de

V quarenta

230

Capmlo LIIIL

quarenta annos depois defte Concilio a leuantar cabeça os PriíciUianiítas. Gouernaua en- tão a Igreja de Dcos o grande S. Leaõ Papa. E como o zelo deíua Fe o fazia acudir mais de prcíTa onde o perigo eramayor, efcreuGO a S. Tonbio Notário da Se Apoftolica Bifpo de Allorga, &íuccílbr de S. Dióti- nioq cllccom as vezes Apo- ftolicâscjuclhe daua fizeíle a- j untar Concilio^emq de to- do puzeíle fim à maldita feita de Prifcilliano. Afsy fe fez , & nerte Concilio fe ordenou a re- gra da Fèq depois fe mandou ao Arcebiípo de Braga Balco- nio pêra lhe dar fua autoridade como Primaz, òc a confirmar, pois fenão achara prefentc no Concilio r fucedeotudopellos annos de 448.

7 Temos diftintos finco Concilies. O primeiro em que Symphofíoj & Di(5tinio fairao a primeira vez cõdenados qua- do fe forão valer de S. Ambro- fio.Segúdo oaqfantoAmbro- fio efcreueo em fauor de Sym- phofio,e Di(5tinio_,& elles pro- meterão, mas naõ quiferaÕ ap- pareccr , & forão condenados em aufcncia.Terceiro oemq penitêtcs juntamente Pater no, a quem tinhaõ fagrado , fe

foraòapprefentar,&: ouueraõ abfoluição reftituidos a feus Bifpados, Quarto o emq prefi- dioS. Paterno comoPrimàzdas Hefpanhas em têpo do Papa Innocenciol. Quinto o em q eftabeleceoarcgradaFè,^ pre fidioS. Toribio fendo Síímo Pontífices. Leaõ Magno. To- dos eftes fincoConcilios andão infertos naquelle primeiro de Toledo , q íe diz celebrado an- no de 400. ou como te Dextro anno de 405. & todos hc necef- fariodiftinguir pêra fenão cõ- meteréna hiftoria os erros em que cairaõ por falta defta aduer tencia grauiílimos autores. 8 Moftremos agora como de todos eftes finco Concilies fefaz méção nas aílas do q an- da nomeado por primeiro To- ledano. Faz fe méçaõ daquelle primeiro por rezão de cuja ícn têça,& penas contra os hereges diflemos fe foraó Symphofio, & Didinio valer de fantoAm- brofio,& do fegíjdo, cm q naõ quiferaÕ apparecer,& foraõ pri uados de fuás dignidades naql- las palaurasq começão.Aí<í^»ií «Oílonde os Padres dizem que bem fe deixa ver a paciência q vfaraõ elles aindaq naõ qui- feraÕ appareccr noConcilio de Toledo pêra onde os citarão,^

eh a-

Sao Prof^Uíro L

âsí

^Ot^^t^^^JÊà^ámi

chamauáo pêra ícrem oiuiidos I ponque naõcompriraõas con- dições cjiie elles meímos aly puícraõ na preíença de íanto Ambroíio. Prometerão ao ían- to atemorizados do primeiro Concilio que íe achariaõ no q de nouo íecõgregaua, & Sym- phoíío naó lagrariaBifpo a Di- clinio.Nem lu!a,ne outra cou- (a compriraõ, porque naó qui- íeraõ apparecer no Concilio, nem fizeraõ caio diílb,& mui- to menos da íagraçáo de Diéti- nio^que fora proiíibida a Sym- pholio.

5> Do terceiro cm que os

tresBiíposfe reconciliarão, & outros mais confta daquellas palauras dosPadres,quc come- ção.Excepufunt-, em q depois de promulgados os Cânones, qaly tinháo ordenados man-^ daraÕ que fe leílem as confif- íoésdos Biípos reconciliados, ô: todas vinhão aífinadas por clles entre as quaes eftà a do noílb Arcebiipo S. Paterno. IO Ao quarto Cocilio em q elle prefidio pertence a carta de Imiocenciol. que no melmo Concilio anda, c^ entrou no Pontificado noannode4oo.ou 40i.Do quinto he a regra da que Te mandou a Balconio lu- ceílor de S, Paterno em tépo de

S. Lcaõ e] no anno de 440. foi eleito Sumo Põtificc.A elle vi- timo cõ todos os quatro iníèt- tos nelle,& celebrados é annos taÕ diueríos chama a coUecçaõ de Loayía Concilio Toledano primeiro.

C APITVLO. LV.

SEGVESE O MAIS OVE pertcce d yida de. S. Pro futuro.

Ornado agora ao noíloS.Pro futuro<,& aoan no de ília parti- da de Africa pê- ra Heípanha/Ha podia muy fuceder no primeiro em q o fanto viueo é Bona Sacerdote, irtohe no de 3 92.. ou 3 9 3. & lo- go no niefmo ano fer eleito no Concilio de Toledo por Arce- biipo de Braga (aindaq íuliano poé alguns annos adiante ella eleição)e morrer poucO depois, íicádo efta Igreja vaga ate o íc- guinte Cócilio de Toledo ceie* brado no anno 400. ou 405. cm qaella foi outra vez rertituido S.Paterno-nêauemos deimagi nar q a morte apreíiada de S. Profuturo o não deixou gozar dcíeu Arcebifpado alguns an- nos, porque a lerem íb dous, &c ainda três , bem (c podia \

dizer

cljyoHi

Vi

232

CaptuloLV.

dizer dellc que pouco o logra- i'a,on que brcuemente o logra- ra^ iié nos víamos inconuenié- tepcralhc não ellendcrmos a vida ate perto dos tempos do Concilio em que S. Paterno foi relUtuido, iíto he ate oanno de 400. íe os termos porque fa- laõ nabreuidadede lua morte fanto Agoftinho , & íaõ lero- nymo o não impedirão. Fica- íe aísy dando melhor rezaoa duas coufas que deforça íe haó de perçútar. A primeira como íaindo de Africa S, Profuturo Sacerdote lhe eícreue fanto Agoftmho como Bifpo,& cõ- fulta fobre a eleição do Primaz de NumidiajOuCarchagoj&q pertencia lílo a hu Sacerdote qual foi S. Profuturo ê Africa? Refpondcfe q bc podia ferlhe a carta efcrita a Braga,e querer fa ber o SátoDoutor o q lhe pare cia daqlla eleição.E q muito he cõfultaííe a húBifpo irmão feu, a que clle chamaua^^/í^r ergo. z A dillancia dos lugares não tira a comunicação antes iílb faõ c^MUs^amicorÚ colloquia ab- j^/?f íi.ComoProfuturo era ho- me de erande iuizo tinha mui- : ta noticiadas pefloas,q naquei- la dignidade podião íer eleitas, quer íaber delle fanto Agolli- nho, qual julga por de mayo-

res merecimentos . Não foi a morte de Profuturo taõ apreí- íada que não deíle lugar a eíía comunicação.

3 A fegunda coufa que fe de perguntar hecomoíendoa morte de S. Profuturo noBiípa j do taõ apreílada , que parece nem pêra íe fagrar lhe dão tem- po Santo Agoftinho, & S. le- ronymo aquelles feus tão a- pertados termos. Breui defun- ãws , "veloci mortefublattís , S. ProfuturoBracharenfe teue va- gar pêra cõfultar a Se Apoílo- lica em coufas tão graues , &c auer delia repofta ^ polia em execução como no Concilio Bracharenfe auido commú- mente por primeiro fe refere. Dizem aly osBifpos congrega- dos falando Lucrécio. Pr^- cipue cum iff de cateris quibuf- dacaujis insíruâiione apud nos Sedis Apoflolica habemus , qu<e adin[lruãionê quÓdâ ijenerad^ memorize pr^edeceJ^orislpeUriPro futuri ab ipfaBeatifsimi Petri Cathedra direãa ^í/.Principal- mête tendo nos inftrucção da SèApoftolica lobrc certas cou- fas,a qual veo dirigida daCadei ra do BemauéturadoS, Pedro e repofta de híía pergílta q lhe fez antií^uaméte voílo predeceílbr Profuturo de boa memoria.

Depois

SaoProfuturo L

i3i

Depois ordena o Concilio que as Miíías íe digão com as cere- monias, Òc pellaordé queaSè Apoíloiica deu por eícrito a Profuturo \ que ninguém no modo de bautizarfe aparte do que íempre vfou a Metropoli- tana de Braga , o qual modo ouue por eícrito da Se Apo- íloiica Profuturo . Pêra todas crtas coníultas por mais eftrei- tos que pareção os termos dos dous fagrados Doutores q referimos ^derão lugar a Profu- turo os aniios q neílalgreja vi- ueo,porq quando menos,pella conta de luliano foraõ dous,& podiaõ fer três , òí mais fem fe fizer violência algtJa às palauras referidas.

4 Por não tornarmosdepois à duuida que aqui logo fe pode refoluer, dizemos q dos dous Profuturos Arcebifpos defta Primacial,o de q imos eícreuê- do foi o de que falou o Cõcilio de Braga nas palauras referidas, òí não o fegundo do nome cu- ja vida adiante terá feu lugarj porq clfe fegildo como aly ve- remos viuco pellos annos de Chriífo $t$. ôc o Concilio como diremos na vida deLucre cio fc celebrou no de 563 .ôcnão parece paço o de 3 8. annos, q diftoudoCõciliOjpcra fe dizer

nellea Lucrécio de Profuturo 1 W.Quondam i:enerandte memo- riíêprsdecejsoris nu Profiituri. Melhor caê as palauras fobre o Profuturo I. do nome cuja vi- da imos referindojpois naqucU le tépo era falecido auia mais de 163. annos, o II. Profuturo em efpaço de anno j ou ain^ da menos q durou nefta Igreja, podia emprender as couías que aly os Padres do Concilio atri- bué aoProfuturo de que falão. 5 Reífadiícutirhúa cãjeitu- ra do Padre Marques em quáto faz a S. Profuturo dicipulo de Santo AgoíHnho, & ermitão da fua ordem no morteiro do Horto.Temefte juizo grande contradição nos Cónegos Re- gulares de fanto Agoitinho , q querendo pcra fy ao fanto Ar-* cebifpo Profuturo não íofrem que outrélho tome , Pennoto religiofo do meímo habito , & cónego de faó loaõ de Lateraó quer prouar que lhe pertence trazendo pêra iíío algunsfun- damctos dos que referimos, í?íaque temos dado foJução. Porem a religião dos Ermitães de íànto Agoftinho tem por fy mais fundadas rezoés pêra dc- fcder que he efte fanto feu^ tra* las o Padre Marques onde fe podem ver.

V3

6 Alem

234

(Capitulo LIIII.

Caro ~ad Dext.an.^ ^19 foi. 144.

6 Alem das que elle apon- ta ha outra mais eÔicaz^ eíla he o titulo dchúa carta ^ que Pau- lo Orofio eícreueo de Africa a efte Santo Prelado , o qual diz afsy . Saneio^ i^ ijenerabili Di- ro eiufdemfub Auguflino ercmi condifcipião Profuturo Epifcopo Bracbarenfi Orofius preshyter, quehe o meímo que chamar Paulo Oroííoafaó Profuturo íeucondicipulo no meímo er- mo debaixo de Agoftinho, & confeílar que ambos erao er- mitães do mefmo Santo. Que Paulo Orofioo foíTeconífa de Flauio Dextro como diremos em fua vida. Efte titulo dei- xou notado o padre frei Luis. dos Anjos em huiiiliuro em que copiou varias coufas que tirou de liurarias que leo em Remos eftranhos quando tra- zia entre maõs as Chronicas defta Ordem. Não diz on- de achou as palauras referidas^ porem Trithemio faz menção de hum liuro de Epirtolas de Paulo Oroíío, o qual podia eftar em algúa daquellas liura- rias que vio , & reuolueo o padre frei Luis cios Anjos^ po- lloque dclle nao tenhamos no- ticia. Do mefmo parecer he também Rodrigo Caro , & fe acoilaà opinião que affirmaq

foi faõ Profuturo monjCj ou ermitão de fanto Agoftinho,

6 traz pêra ifto a autoridade de luliano, que acima referi- mos.

7 Fundou faõ Profuturo alguns mofteiros, ou eremito- rios neíte Reino- Conjeituras ha que foi fundação fua, & re- colhimento de ermitães deíla Ordem o mofteiro de SaõMar- tinho de Sandediftante húa le- goa & mea da cidade de Bra- ga junto ao rio Aue, o qual foi depois de Religiofosaa Or- dem de Saõ Bento edificado de

nouo por SnÕ Frutuo(jp Ar- cdbifjTo defta Igfeja , agora co- menda ife ordem de Chrifto. Pellos annos de ^95. em que veode Africa a Fíefpanha íàõ Profuturo diz Flauio Dextro que entrarão em Portugal os monjes negros. Monachi nigri. E ainda que não íie fácil de re- foluer que ermitães , ou mon- jes negros forao eftes que en- trarão em Heípanha nefta oca- f aõ^comtudojdeixando outras opiniões^ não faltão autores graues que dizem foraÕ ermi- tães de íànto Agoftinho , que paííaraõ de Africa a Hefpanha pêra nella ftidarem mofteiros, ôc fazerem vida folitaria^ & re- ligioía.

Dext. chron.an^ 419.

Care \J. an. 41^

8 Don-

São Profuturo í.

áJ5

8 Donde feconcluc que foi íao Profuturo ermitão j & di- cipulo de íanto Agofbinho, o primeiro que neíte Reino pla- tou a Religião dos Eremitas, donde hão laido tantos íojei- "tos abalizados em letras , tan- tos Prelados , & varões illu- ílres de que couberaõ a eíla depois de íaõ Profuturo dous lUulbiífimos Arcebifpos, que a honrar£o3& illuílrarao :eítcs foraõ o fenhor Dom frei Ago- AinhodeCallro^ &:o fenhor Dom frei Aleixo de Menefes, cujas vidas daremos a luz qua- doahiftoria chegar aos felices annos «m que go ucrnarão ella Igreja.

O Concluamos a vida de 5. Profuturo com as palauras de fanto Agoftinho na carta 149. chamalhe aly o fagrado Doutor , alter egop\Mio Ago- ftinho, encómio que pene- trará bê quem bem penetrar que coufa feja Agoftinho, Da amizade dille faó íeronymo, ampares facit \ ant inumlt. ou faz em tudo íemelhantes àos que íè amão , ou ja os acha fei- tos. A femelhança entre Pro- futuro, ^ Agoftinho he tanto a própria, que por confilTaõ do mefmo fanto Profuturo era outro clle fem difcrepancia

nenhúa. Ventura foi da cidade deBra^a merecer outro A 20- ftinho,antes o meímo Aeofti- nho por Prelado na pelíoa de Profuturo. luliano , & outros autores graues lhe chamáo fan- to , &: como tal o venèraõ , &: por milagrofo os Religioíos de íanto Acjoftinho dos Ere- mitas cm toda Hefpanha. Aísy o nomea o Senhor Aíccbifpo Dom frei Aleixo de Meneies em vários lueares do defenfo- rio defta Ordem que deixou ef- crito de mão , & nos comuni- cou hum rcliriofo sraue delia. Afsy lhe chama também o pa- dre frei Luis dos Anjos, em hús notados feus de maõ. Coníir- maõefta tradição , & poíle va- rias eftampas deftc illaftre Pre- lado, onde fe vc eículpido , & pintado com refplandor , & ti- tulo de íanto . Foife a gozar dabemauenturanÇa depois de tèrgouernado fua Igreja quaíí dous annos ; tantos lhe da o padrefrei Luis dos Anjos em hunseícritos de maõ que dei- xou , que vem a fer pellos an- nos de 395. Gouernauapòrefte tempo a Igreja de Deos o Papa Siricio, & o Império Arcadioj & Honório.

Itílian. iu chron. I p^^.49. I A/arcj.in dcfenf.d. i

Í.2. I

Fr, Luis

dosAnjos in vita I D. ^go,-

V

CAP-

236

Capitule LV.

Chro>i_

CAPITVLO. LV.

P A N C R J C*I 0,0V Pancraciano XXI. Arcibif po de Braga.

N T R O V

nclk Arcebil- padoProfutu- ro pella ícncé- ça dada contra íaõ Paterno no Concilio Tolc- dano pellos annos de 3í?z. ou 393. conforme a melhor conta Icuou oD eos pêra íy antes que iaó Paterno foíle reftituido a Braga no Concilio de Toledo, c] íe celebrou no anno de Cnri- ito400.de íorte cjucdousfu- ceíTores ceue faõ Paterno,hum deíua priuação, outro de íua rnorte.O primeiro diílemos foraProfuturOjO legundo íe chamou Pancracio,ou Pancra- ciano. Por íucefibr lho da Ju- liano com grandes abonos , de recomendações de fua fé, zelo, relidâo , & letras . Entrou na Prelazia em tempos alíaz cala- mitòlos , & na may or (u ria da conquiíla dos Godos,Alànos, Sucnos , & Vândalos , quando

efpalhados por Hcfpanha, naõ perdoauão a profano , nem fa- grado. Erão clles Bárbaros húa miftura de toda a maldade^ parte Chriliáos inficionados comaheregiadeArrio , parte Gentios , ik grandes Idolatras, mas todos muy conformes em perfeguir os Catholicos,& em roubaré , tk porem por terra as Igrejas ,profanarem,& queima

remas lagradas reli

quias

de-

tterrarem os Bifpos , & mais pefloas dedicadas ao culto Di- uino,& cometerem outras im- piedades , & abominações fa- crilegas.

2, Temeofe Pancracio do que poderia fucederà fua Igre- ja, & a todas as mais de Hefpa- nha,quis prouer com rcmcdio: publicou Concilio pêra Braga no anno de 410, feguindo ou- tra melhor conta da que lena- mos no Catalogo dos Bifpos do Porto onde lançamos efte Concilio no anno de 4x1 . Ajú- taraõíe os Bifpos q a fúria dos Bárbaros deixou vir (porque os mais andauão defterrados) o Metropolitano de Merida Pontamio, ElipandoBifpode Coimbra, Arifbef to Bifpo ão Porco , Pamerio Bifpo daída- nha, Deodato Bifpo de Lugo, Gelallo Bifpo de Águeda, Ti-

burcio

l-p.e, 3.

FancrdCíõ.

217

burcio Biípo de LamegOj Aí^a- cio Bilpo de Iria , Pedro Biípo de Nuiiiancia.

3 He muito pêra ver a fa- la com (]ue Pancracio deu prin cipio ao Concilio . Propõem primciramencc aos Padres aly congregados o pêra que os cliamaua, que era pêra lhe en- carregar a obrigação que ti- nhaõ de naquelle tempo taó pcrigofo não deíempararé luas ouelhas,delliesaíIiftirem com exemplo , com doutrina , com conítancia^ padecendo por el- las ate darem a vida : mandaos ellar a todos vigilantes , cora grandilTuTio cuidado , villo como os Bárbaros não podiaõ tardar muito, pois poíluiaõ muita parte de Hefpanha ; & pello eftrago que fizeraó em outros lugares aíTolando Igre- jas , matando à eípada os íer- uosdc Deos, profanando as memorias , as reliquias , as fe- pulturaSj os cemitérios dos Santos, podiaõ bem conjei- turar o que feria em fuás cida- des quando la chegaílem. De- pois, porque os Bárbaros de quemfetemia5 ,& por quem cíperauão,erão parteArrianos, parte Gentios,os animou a cõ- denarem fcus erros com híía proíiílaõ da Fe que fizerão.Vl-

timamcnte tratarão entre íy o modo com que as fa^radas re- liquias naquclla perlcguição, em elpecial as de Saõ Pedro de Rates ( a quem chamão Pay, &: Apoltolo de Helpanha , mandado por Santiago , pêra lhes faluar luas almas) não fof- fem afrontadas , & dciacatadas, Pozfe obrigação aos Biípos que nas fuás dioceíes as mãdaí- íem eíconder em lugares fo- terraneos,&: fizeílem dilf o híía relação autentica , que man- darião a Pancracio , peraque fe não perdeíle a memoria , nem das reliquias_,nem do lugar on- de íc collocauão. 4 Entre os mais Padres do Concilio alliílio também co- mo ja diflemos Pontamio Bií- po de Merida ^ cuja Igreja ti- nhão os Bárbaros ja dellruida. Quando foi ao dei pedir dosPre lados pcra íeus Bilpados,difle o prcfidente Pancracio, que íc foliem em paz 3 refponderaõ os mais fique noílb irmão Pontamio por cifar deftruida fua Igreja pellos Bárbaros. Ao que o zeloío Prelado re- plicou dizendo,que lhe não fo- fria o animo deixarfe ficar au- fente de fuás ouelhaSj& priuar- íe dos trabalhos , &: calamida- des, que com ellas podia pa-

ÁíerciX* da na, hi» Jlor. de MeriâA III"» 2.*.

decer,

23 8

Qapmlo LVL

Eptji,

,i8<?

deccr^doanimo que ihe podia dar , porque náo aceitara a dig- nidade Pontifical pêra deícan- ço fe não pêra trabalho . Dig- niísima íentéça de andar elcri- ra na memoria, <k coração dos Prelados. Quando foaraõ eftas palauras nas orelhas de Pancra- cio^d: dacjuelleíagradoajunta- mento.naõíepuderão cerque logo aly lhe não deílemos pa- rabéns com palauras de grande encareciméto. Pancracio diíle. Optimum ■■ver hum ^ inJiiim con- jilium^profeãmn approbOjferiiet te Deus. Querendo dizer ò que palauras? ò que cõlelho, como me contenta eíla ida. Deos feja em vofla guarda, &fauor, os mais diflcraôDeos vos coníer- uenefla boa determinação, q a todos parece bem. $ Naõ podia fanco Ago-

ítinho deixar de ter diante dos olhos a Pontamio Bilpo de Merida , &c aos mais Bifpos deíle Concilio quando efcre- u êdo a Honorato íobre a obri- gação dos Prelados na perfe- guição de fuás Igrejas,fe as po- diaõ, ou não podiaõ defempa- rar por íaluarem as vidas, ain- da quefoílecom perigo efpiri- tual deíuas ouelhas,reipondeo delia maneira , tornando cm Português fuás palauras. Dejle

modo fe ouuerao muitos fantos Bifpos deHefpanha^ então fugi- rão quMojà mo tinhao ouelhas^ (i que ajiijiir, por ferem acolhi- das parte delias aparte mortas^ parte côfumidas nos cercos^par- te leuadas catiuas : mas ainda ajsi os mais delles fe deixarão eftar com as que ficarão no meo daquella multidíw de perigos. E fe alguns as defempararao ^ isto he o que nos dic^rnos que fe naÓ deuefa^r , porque os taes cai- rão, ou por erro, ou por temor. Atê qui íaõ palauras de fanto Agoftinho . Lançamos cíle Concilio de Braga por inteiro no capitulo nono deíla hifto- ria, aly fe podem ver , Ôc notar fuás particularidades. 6 Pouco depois deftcCõ- cilio entrarão também os Bár- baros pellaProuincia de antrc Douro ^ &; Minho, & executa- rão nella as mefmas cruelda- des ) que pcllas mais terras de Hefpanha tinhão cxxcutado. Defterrarão de íuas Igrejas aos Bifpos mais zelofos,& os obri- garão catiuosaandar nas obras publicas : tal aconteceo a Arif- berto Bifpo do Porto , como em fua vida diílèmos; tal ao Bifpo £lipanJo,à Eííeno Sa- cerdote, ôc a outros muitos. Mas a principal fúria da perfe-

guição

Catai.

dosB:fpos do Porto I p.r.3.

Fancracio.

1 3

239

guiçaõ cahio fobre Pancracio como cabeça dos mais Prela- dos, & em cjuem os hereges prctendaõ dcrnballos a todos. Efcreuendo delta períeguição o meímo Bifpo Arilberto,a Samerio Arcediago deftaSéde Eragajdizafsy. Doleofuper te frater mi , doleofuper Epifcopu, tf cdpHt ncfirum Pancratium^ doleofuper exulatwnem "Vejlra ijidear Deus miferiam noUram oculis mfericordu fiu. Onde claramente a entender o de- fterro de Fancracio cm com- panhia do meímo Samerio c6- padecendoíe de ambos , mas muito mais de Pancracio^a que chama cabeça lua, ou porque aísy eftimaua fua virtude que o trazia fobre a cabeça,ou por- que como era Primaz de toda Heípanha, a clle cabia bem,

6 naõa outrem o nome, 6c ti- tulo de cabeça de todos.

7 Pello difcurfo da carta lhe diz muito da braueza , & fúria com que fehia acendendo a perfeguiçáo , porque Coim- bra era tomada , Elipando Bif- po ( deuia fer da meíma cidade) hiacatiuoj muitos feruos de Deos eraõ mortos à efpada,Lif- boa cÕprara àforça de dinheiro lua liberdade , a Idanha eftaua cercada, & apõta outras varias

calamidades, que padeciaõ)(S(r fc podem ler na mefma carta, que lançamos no Catalogo dosBifpos do Porto. 8 Outra carta lauçamos

tambêaly do meímo Arifber- to,pera o Arcediago Samerio: onde lhe diz que paíTando por Coimbra a noua(chamauáo a velha onde antiguamcnte era Condcixa)que Ataces Rcy dos Alanos cdiíicaua , vira aly an- dar trabalhado na obrados mu- ros ao Bifpo Elipando, & ao Sacerdote Eílèno que gran- demente íe conlolarajajudan- doosaleuar aquella calamida- de comúa,da qual auia boas ef- peranças íairiaõ cedo, por quá- to Cindafunda mclher do mef- mo Ataces 5 & filha de Herme- nerico Rey dos Sueuos era Ca- thoiica, & terçaua pellos Fieis. $ Muito prouauel he que acabaria Pancracio a vida no deilerro, porq naõ temos me- moria tornaíle a efta Igreja^ mas nem ainda nelle durou muito, porque eftado em Bra- ga no anno de 410. em que ce- lebrou o Concilio, ja no de 411. tinha porfucelíoraBalco- nio, tantos forãoos trabalhos que nelle padeceo:fe jaaefpa- da dos Bárbaros lhe não tirou a vida,& o fezgloriofo martyr

d^

i.p.í.j.

540

Capitulo LVIL

deChrirto^ foi Sumo Pontí- fice em cjuanto gouernou o íanro Arcebifpo Pancracio In- nocencio primeiro . Rey dos Sueuos HcrmeniricOjdos Ala- nos; AtaceSj dos Vândalos Gú- derico.

CAPITVLO LVII.

BALCONIO XXII

Arcehifpo de Braga.

ORTO,ou

pellos traba- lhos do derter rOjOLi pella cf pada dos Bár-

baros o íanto Arcebiípo Pan craciodeulheo clero de Braga por ícLi íuceílbr a Balconio va- rão de f^rande nobreza , & ri - quezas, & na virtude, òc gene- rofidade qual o pediaÕ aquclles tempos tão calamitoíbs : viníe nellc grande efficacia em con- fundir os liereges,& muito ze- lo em os conuertcr . Teue no GilGeçai i^icímo zelo por companhei- à! AhiI.i ro a feu erande amigo faò To- ribio Biípo de Aftorga^ & por feu confelho emcaminhaua as CO ufas mais importantes de fua

■no theat. ie Aflor

Igreja. Era faõ Toribio varaõ de muita experiência , & íanti- dadc, &: febre tudo era Notá- rio nos Reinos de Hefpanha doPontiíiceíaõLcáo Magno. Com as calamidades prelentcs, em que os Bárbaros tinhão metidos todos eíles Reynos, por o fauor que lhe dauáo re- lucitou de nouo a maldita feita de Priícilliano íepultada em tantos Concilies, que contra cila fe congregarão, i Naó defcaníâuaS. To- ribio por extinguir eíle incên- dio, agora fc ajuntauacom o^ Prelados , agora os auifaua por cartas fuás citando auícntes,co- mo fez a Idacio Bifpo então de Lamego , ík depois delta Pri- mazia, & aCeponio aquém nãofabcmos a Igreja ^proua- uel he que foíle a de Braga co- mo quer Gil Gonçaluez deAui la, & que o nome de Ccponio efteja viciado deuendo dizer Balconio ( que então era Me- tropolitano deftaígreja)& não Ceponio de quem não ha no- ticia. Efcreueo lambem S. To- ribio ao Síimo Pontífice São Leão dandolhc conta de todos os erros , ^ hcregias em que via cair aos Hcfpanhoes. An- da em repoil:a da carta de Saõ Toribio outra de Saõ Leão

admi'

^alcomo>

241

adiDÍiauel, &; por vencLira a mais elegante , ôc erudicaquc íc acha entre todas as íius De crecacs.Rcfcréna cm vulgar os Hiítoriadores Hefpanhoes^nel Icsícpode ver.

3 No fim dcfta carta em-

comendaua SaõLcaõ a Saõ To- ribio acodiíle ao verdadeiro re- médio deíies males ^ fazendo ajuntar os Bifpos cm Conci- lio em que clle , (5c os Prela- dos Idacio , &c Ccponio , ou Balconio preíídiriio como íeus legados. O primeiro a quê Saó Toribio fez 3 faber cila ordem do Síímo Pontiíicc, foi o Arccbifpo Balconio, pedin- dolhcquepor fua grande re- ligião , & zelo da , foílc o primeiro^que quizeíTc dar exc- plo aos demais naquella obra de tanto feruiço Diuino , afsy como precedia a todos na dig- nidade Pontifical. Menos pa- lauras baftauão pcra o Arce- bifpo Balconio, publicou lo- go Concilio Prouincial aos ícus fuffragancos no lugar de Aquas Celenas j que como ja outras vezes diíTemos , era Faõ nelic Arcebiípado. 4 Achoufe prefente Saõ

Toribio nefte Concilio fem duuida, por afsy lho ordenar o PapaS.Leaõ^& ncUe preíidio

os doas Prelados Idicio , ik BalconioLegadosApoitolicos pcraeíie elíeito, Condenoure aqui com grande efficacia de rezocs o maldito Priíciiliano, anachematizoufefua me4T!oria^ fulminarãoíc grauilhmas cen- íuras contra leu$ defclores^pro ueofe decretos aos muitos abuíosj & ritos gentílicos, que tornauáo a creccr na Igreja a entrada dos Barbaros.Faladc- fte Concilio luliano, quando àxz.Synodus habetur prope Bra charam Aiigufiamin Galkcia. Onde faó bem de norar aquel- las palauras,^rci^e Br acharam^ porq prouáo muito a opinião dos q dizem q Aquas Celenas era o lugar q agora chamamos Faõ,& fica finco legoas diftáte deBraga na cofiado mar^&nío o lugar de S- lorgcdcCodcííe- da, nem o Padraó mais de de- zoito léguas diílantes defta ci- dade, fobrc q não các bc a pro- ^o(\(^20 prope ^6 át fy pede me- nos legoa5, & diftancia de me- nor confidcração. f Grande menção faz tam- bém o Concilio Bracharenícjt auido cõmijmentc por pri- meiro, deftc em que imos fa- lando,logo no principio , & propofta doArcebifpo Lucré- cio aos mais Bifpos diz af^y.

Chron,

X

Credo

242

Capitulo LVII.

I

Credo atitem '-uefir^ Beatitudi- nis fraternitatem noJ?e^ quia eo tempore , qito In his B^egionibus nefandifs im^e Prisa/Iian^feã<e njenenafírpebant , Beatifsimus Papa VrhisRomte Leo^qui qua- dra gefimus fere extitit Apo- Uoli Petri Juccejior per Tori- bium Notarntm Sedis fu<ç ad Synodum Gallecu contra im- piam Prifcillianifeãam fcripta fua direxit . O porruguez diz cín brciies palauras o que aci- ma fica dito em muitas. 6 Fechado o Concilio de

Aquas Celenas animando Saô Toribio cora o exemplo de Balconio Arccbifpo Primaz aos mais Metropolitanos de Hcfpanha , intimandolhe tam- bém a ordem que tinha de Sa5 Leaõ Papa os fez congregar na cidade de Toledo, & aly j untos em Concilio tratar^^ decretar as mcímas matérias que no de Aquas Celenas íe tinháo pro- pelias, U decretadas . Preíldio nelle o melmo S. Toribio pel- la comiílaõ do Síámo Pontifi- ce, & legacia de que vfaua. No anno deite Concilio variaÕ os autores; mais prouauel lie foi celebrado no de 447. ou 448.no no do Pontificado de S. Leaõ. O ajuntamcntofoigrauiísjrao porque naõ faltou ncnhíí dos

Metropolitanos Heípanhoes: aly íe achou ode Merida, ode Tarragona , o de Carthagena, «Sc Seuilha: naõ efteue preientc o Arcebilpo Balconio por ter ja celebrado outro Concilio fo bre a mefma matéria cm A- quas Celenas como fica di- to.

7 Marco Máximo Arcc-

biípo de Caragoça-,o conta en- tre os que afí-illiraõ nelle , ten- do contra fy com euidcncia o texto do meímoCÕcilio, quan- do diz . Incipit regula jidei Ca- tholiCíC contra omnes herefes, isf quam maximè contra Prifcillia- nifias , quam Epifcopi Tarra- conenfes, Carthaginenjes , Luji- tani^ (s^ Estiei fecerunt, tf cum pr^cepto Pap<€ Fr bis Rom^Leo- nis ad Balcomum Epifcopum Galleci^ tranfmiferút.Em por- tuguez. Começa a regra daFè Catholica, contra todas as he- regias , Sc principalmenteas de Prifcilliano , a qual fizeraõ os Bifpos de Tarragona , Cartha- gena,Mcrida,& Seuilha,&mã- daraõ por ordem do Papa de Roma Leaõ ao Biípo de Gali- za Balconio. Bem fe colhe de- ftas palauras a aufencia deBal- coniosporq fe eftiuera prefente ouuera de dcípachar,cõfirmar, e allinar a regra da Fè,&:não era

nccella-

iSf '

%'ílcomo»

24i

1.

Dccellâria cnuiaríclhe a Bra-

8 Por defender a Máximo ài{fc íêu comentador Rodri- go Caro , que aly mefmo no Concilio ihe dcraó os Padres a Balconio a regra da Fe , por af- (y o ter mandado S, Lcaõ pcra elle-a fazer executar na fua Pro- uincia de Galiza , onde era ma- yor a ncceílidade : &: que nem apalaura tranfmiferunt , quer ílgniScar outra coufa» pois pc- ra íc verificar baftaua que a re- ffra da vicfie de húa mão em outra , atô dar nas de Balconio. Naò refponde eíla íaidaà eru- dição , òc engenho de Jcu au- tor ;, porque não pode fofrcr o verbo tranfmitto a interpre- tarão que clle lhe da , & ainda que 3dmitamos,quc não quei- ra dizer ( como na verdade quer) que de Toledo vco a re- gra da a Braga pêra fe en- tregar a Balconio ; íe elle tam- bém foi prcrcnte,& nella deu fcu voto, & a ajudou a fazer^ òi ordenar , porque diz o Có- cilio que a fizeraõ os Bifpos de Tarragona, de Merida,de Carthagcna _, & Scuilha, &^ cala o de Braga ? Não fora*ifto aggrauar em prefcnça Pre- lado tão illuftre, & de tantos merecimentos, & que na exe-

cução dos preceitos Ápoílo- licos fora o primeiro , m.anda- doajuntar Concilio cm Aquas Celenas ? Dcmancira que te- I iic lembrança faõ Leaò citan- do aufcntc de por preceito à quelles Prelados que clles át(- ícm a regra da a Balconio, não a tiueraõ osprcfentcs de o fazer participante na glo- ria de a compor , alsy como o fora no trabalho de aííirtir? 9 Da aufencia de Balco-

nio fc não pôde duuidar. Da lembrança do Sumo Pontifi- ce ( logo quefoi certificado de como íc não achara prcíen- te) em nuiíar, antes obrigar a I íaõ Toribio , & aos mais Pa- j drcs do Concilio lhe enuiaí 1 fcm a regra da Fe , fe deduz ! cfficacillimo argumento da au- j toridadc , & dignidade Prima- I ciai , que afsy o Vigairo de { Chrifto , como todos os Mc- j tropolitanos de Hefpanhaaly { naquelle "Concilio congrega- dos rccotihecerao em Balco- nio j òc fenão ^rgníit»mos que outro fim podia aqui aucc fcnaõ foi dat4hc fu» autori- dade , &: confirmalla Balconio como Primaz de todaHcfjia- nha , pcra com eíla confir- mação ficar mais autorizada, & liure de toda a calumnia.

■f

X 1

Nías

■^Mni— III i0m»

H4

Cdfmlo I^yiL

€a\

./.17.

tom.íjm "•447

Mas por^que ja tratamos cftç ponto no liuro da Primazia de tta Igreja, o não fcguimos maisagord. E lembramos que naõ acode bem pellaMetropo- iicana de Toledo quem diíler .fe mandou a regra da Fe a Bal- conio^náo pcra clle a confir- mar como. Primaz, mas pêra afazer executar na fua Prouin- cia ( onde eraõ imayorcs as ne- cefíldades ) como delegado do Concilio j porque nem pcra lhe darem os Padres aquelle cargo era neccíTario preceito do Sumo Pontificc,ncm a Pro- uinciadeBalconio neceííitaua mais que as outras da regra da j ant^s por ventura menos, porque -ncnhúa outra, coufa continlia efta mais, que aquillo mefmo que no Concilio de Aquas Gelenas auia pouco fe decretara contra os Prifcillia- niílasa& mais hereges , que fe .tinha prouido cScazmentc nas coufas de Galiza, íô AntesfoiíingularacÕ-, jeituracom que deu faidaBa- ronio a não fe achar prefcnte neile Concilio o noílb Arce- bifpo-, porque como auia pou- co fe ajuntara com os Bifpos dafug Prouincia fobreasmcf- mas matérias que aly feauião detratar, & decretar cm Aquas

Çclenas , ôc cUcs o tinhâo-fei- to com tanta prudência, &.ía- tisfação, não auia peráque d* nouofe ajuncaííem outra vez em Toledo j baílaua mandii; rem la as adias do íea ConcF- lio,como cremos mandarão, ôc fer o prefidente o mcfmò faõ Toribio, que tambê o fora em Aquas Cclenas,pcra aquel- Ics Padres fe darem porfatif- feitos , & os aucrem por cícu- fos . Sabendo contudo fàó Lcaõ o que paífaua , ôc que Balconio faltara no Concilio combreuidade mandou a To- ledo , ôc pos preceito aosMc- tropolitanos aly congregados que elles manda íTem a regrada Fèa Balconio^ &fuftancíadí> que no Concilio fe decretará pêra ellc a confirmar como Primaz , ôc naõ ficar exporta, como diziamos^a algúa calum- nia* A regra da Fe, que os Pa- dres daquelle Concilio manda- rão aBalconio pêra a autorizar traduzida das aólas do primei- ro Concilio Toledano na co- lecção de Garcia de Loyafa hs a feguinte.

Regra

%tlcomo>

245

REGRA DA FE C O N- tra todíts as heregiits princi- palmente cotra os Prifcillia- nisiiis^ a qualf-^eraÓ os Bif- pos Tarraconenfes, Car tha^ ginenfes, Lufitanos , Í5f An- (íalw^espor mandado do Pa- pa Leão , ò^ a mandarão a Balconio Bijpo de Gali^-

C Reinos em hum Deos verdadeiro ^ Padre Om- nipotente , &: Filho , & Efpiri- to Santo, Criador das co ufas vifiueis , & inuiliueis, pello qual todas as coufas faó feitas no Ceo , ôc na terra, Deos, que he húa Trindade daDiuina fuftancia. Que o Padre não he o mefmo Filho , mas que tem Filho que não he o Payj que o Filho não he Padre, mas que o Filho de Deos he da natureza do Padre. Que hc também Ef- pirito Santo Confolador, que nem he Padre, nem Filho, mas procede do Padre, &: Filho •, al- ú que o Padre naÕ he gerado, o Filho he gerado , &c o Efpirito

I' Santo naõ hc gerado, mas pro- cede do Pay,Ô^ do Filho.O Pa- dre heaquclle a quem íe oiiuio

ella voz do Ceo.Efte he o meu Filho amado , de quem eu me latis fiz, a eíle ouui. O Filho he o que diz. Eu íahi do Padre, ôc de Deos vim a elíe mun- do. O Coniolador heo Efpi- rito , de que o Filho difle : íe eu não for ao Padre, naõ vira o Confolador. Que efta Trinda- de he diílinta em Peílbas, vni- da em fuflancia, indiuifiuel , & indiíTerente em virtude, poder, ík maseftade. Fora delta , não cremos auer outra naturezaDi- uina, ou de Anjo,ou de Eípiri- to , ou de algúa virtude , que íe polia ter por Deos. Cremos pois que eííe Filho de Deos, gerado de Deos Padre , antes totalmente de todo principio, fantificou o ventre da Virgem M A R 1 A, & recebeo delia ver- dadeira humanidade, fem obra de varão , cóuem a íaber, duas naturezas , Diuina, & Huma- na juntas totalmente em híía Peíroa,qualheNoílb Senhor I E s V Chrifto. Que não ou- uenclle corpo imaginário, ou de algum modo fantailico, mas folido , & verdadeiro : que ouue fome , & fede, & fc compadeceo, chorou, ôí ío- freo tantas calamidades corpo- raes. , Sc finalmente , toi cru- cificado pellos ludeus , mor-

V3

to.

246

Qaptulo LVIIL

1 to 3 & íèpukadoj & refuci- tou ao terceiro dia , òc conuer- íou. depois com ícus dicipu- losj&aos quarenta dias depois de ília ReÍLirreiçáo fubio aos Ceos . £ a elle Filho da Virgé chamamos também Filho de Deos,& ao Filho de Deos tam- bém Filho da Virgem; Cremos a futura reíurreiçáo da carne humana: que a alma do ho- mem náo he de fuílancia Di- uina j ou de Deos Padre , mas chamamoslhe criatura feita pel la vontade de Deos . Sealgué oudiíier, oucrer qelte mun- do , & todas íuas coufas naÕ íoraõ feitas pello Omnipoten- te Deos , feja excomungado. Se alguém diíler, & crer queo melmo Deos Padre hc Filho, ouEípirito SantOjíejaexcõmú- gado. Se alguém diíler, ou crer que o mefmo Filho he Padre, ouEfpirito SantOjfeja cxcómú- gado.Se alguém diíler , ou crer que o Filho de Deos tomou fomente carne humana fem alma, íeja excomungado. Se al- guém diííerjOu crer que oElpi- rito Santo he Padre, ou Filho, feja excomungado. Se alguém diíler , ou crer que Clirifto não naceo , íeja excomunga- do. Scalguem difler, ou crer que naceo aDiuindade,íeja ef-

cõmungado. Se alguém crer c] a Diuindade deChriíl:o f oi con- uertiuel,ou pafsiuel,íeja exco- mungado. Se alguém diíler,ou crer que o Deos daley antigua foi outro diílcrente do da ley Euangclica,íeja excomungado. Se alguém difleíjOu crer queo mundo foi criado por outro Deos diííerenre daquelle de quem Jhe efcrito No principio fe^Deos o Ceo , Í5f a terra , fe- ja excomungado. Se alguém diíler, ou crer que os corpos humanos não hão de refurgir depois de mortos, íeja exco- mungado. Se alguém difler,ou crerqueaalma humana hc par- te, ou fui^anciade Deos, fe- ja excomungado , Se alguém diíler, ou crer que fe hão de ter por authêticas, & dignas de veneração outras eícrituras fo- ra daquellas, que a Igreja Ca- tholica recebe, feja excomunga do. Se alguém diífer , ou crer fere aD luindade , & Humani- dade húa natureza em Chri- fl:o,feja excomungado. Se al- guém diíler , ou creer que ha algíja coufaDiuina que íe poíla entender fora da Santiílima Trindade, feja excomungado. Se alguém tem pêra ly que ha de dar credito a Mathcmatica, ou Altrologia , íeja excomun-

gado.

"Bah

como.

H7

Bar»n.to 6. '"'».

47-

eado.Se alguém diíler, ou crer que os calamentos das pelloas, quefegundo aley Diuina íaõ lícitos, le hão de euitar como abominaucis,íeja excomunga- do. Se alguém diller , ou crer que as carnes das aues , ou ani- maes , que forao concedidas pêra mantimento, não íò le haõ de deixar por via de penité- cia corporal^mas ic hão de abo- mmar^feja excomungado. Se alguém no erro dePriíciUiano leque, ou profefla lua ícita, pê- ra fazer no Bautilmo da lalua- cão outra coula difterente do que faz a Cadeira de Sa5 Pe- dro,íeja excomungado. A tequi he a regra da fè. II Efte Concilio de To-

ledo foi o primeirOjComo no- tou Baronio, em que tratan- dofe da Peílba Diuina do Eípi- rito Santo na regra da Fe, que ja referimos fe acrecentou a- quella palaura j à Patre FiliOíj^ procedit j que o Efpirito Santo procede do Pay,& do Filho •, o que fe acrecentou naõ por au- toridade fò dos Bifpos, que no Concilio fe acharão, mas tiran- doodacarradeSaõLeaõ Papa, efcrita a faõ Toribio , na qual condenando CS erros de Prií- cilliano diz claramente que a Diuina ^efloa doEfpirito San-

to procede do Pay,& doFilho. Aíhfoi continuando ella ver- dade Catholica em muitos Concilios, que depois ie cele- brarão emHeípanha,nos Sym- bolos da , que nelles íc Hze- raõ.

11 Contamos ate gora o c] pellos vlrimos annos de íua vi- da fucedeo ao Arcebiipo Bal- conio, por enfiarmos as cou- tas pertencentes aos Concilios de Aquas Celenas , & de Tole- do, onde a hercgia de Prilcil- liano foi denouo condenada. Agora fera necellàrio tornar hum pouco atras , & dizer da carta que por Paulo Orofio lhe cícreueo Auito Presbytero natural de Braga , varão fa- mofo em letras , & fantidade, que por aquclles tempos alli- Ifiaem lerufalem Pêra o que he de íaber , como querendo a Diuina mifcricordia manifeftar à fua Igreja as relíquias de íeu primeiro martyr fanto Efte- uão, & de Gamaliel , Nicode- mus,& Abibon, cujas ícpul- turasauia mais de quatrocen- tos annos que eílanão eícon- didaSjfem ícfabero lugar del- ias , às foi reuelar a hum fanto Sacerdote Grego de nação , & morador em lerufalem por nome Luciano, o qual as dei-

X4

CO brio

248

Capitulo LVII.

\ Baron> in aot. ad Aíartyr. 1 3. die

cobrio na forma que a Igreja Cacholicanos eníina, fazendo defta manifeilaçáo , ou inuen- ção particular fefta aos trcs de Agoí]:Oj& pondo todas as par- ticularidades delia nas liçocs da qucUe dia,

14 Aconteceo eíla mani-

feíi:açao quaíi naquelle meírno

tempo, em que Paulo Oroiío

chegauaa leruíalcm pellosan-

nosde4r5. Quando o vio o

Sacerdote Auito^ como ambos

crão da mcíma terra, & ambos

do feruico da meíma Sè.vendo

que logo fe queria partir^ por

eníiquecer lua pátria com raõ

grande theíouro , & obri";aro

lanto martyr a lhe ler rauora-

uel diante dcDeoSjdetcrminou

mandarlhe algúa parte daquel-

las fagradas reíiquias, auendoas

deLucianOjComqucm corria

familiarmente . Teue Oroíio

por fingular felicidade voltar

de Paleííina a Braga carregado

com o preciofo theíouro. £n-

trcgoulho Auito, & comelle

lhe deu também a carta feguin-

te, cujo fobreeícrito dizia.

Ao Be^tifsimOjlsf mui amado

scpreemo Senhor oPapaBal-

conio^ a todo o clero, is^pouo

daJgreja de Braga ^AiiitoPres-

bvtero faude eterna deseja em

o Senhor.

Dentro cõtinha. Desejo, i^ rogo q tenhais fempre le branca de mim^afsi como eu a mio perco de Ipos em quanto me he pqfsiuel, còpadecendome grade dor mi- nha de ijoj^as tribulações , i!f derramando la^rima^ contimuu neftes Cantos lugares pella de~ jhuifio de no [[a pátria, per aque o Senhor , ou nos reUitua a li- berdade, pois nos quis amoeflar com o ca(ligo, ou mais huma- nidade àquelles q permitia pre- ualecerem. Eufem diiuida Bea- tifsimos irmãos ( como tomo por tefiimunha ao mefmo Senhor lESF Chriflo )pormuitU'S'Z>e- ^es me quis ir pêra ej?a terra, pêra junto conuofco padecer yof- Jos males, ougojlar de ijojlos bens : mas impediofe meu defejo "Vendo os inimigos ejpalhados por toda Hejpanha,ijf receei que deixando os lugares fantos , Isf porijentura naô chegando a ej?a terra, pagajfe íU penas da ousa- dia inconjiderada atalhada de todas as partes : masfoiferiiido o mifericordiofo Deos de offere- cer a meu defejo, Isf '^ojfo mere- cimento a graça defua liberali- dade, permitindo que meu ama- t.fsimo filho, Isf companheiro no Sacerdócio Orojio,fofie manda- do a eflas partes pellos Bi(pos Africanos , cuja char idade, ^

conjola-

^alconio.

349

confclacão me fe\parecer ^quan- do o Dl , que njos tinha a todos prefentes . Depois diílo em fer ferindo o bemauenturado , tf ruerdadeiramentefanto^ i!f pri- meiro mart.yr janto Ejieuão, co- roa de nojja gloria em Chrijio. lESVydefe reuelar , is^ mani- fejlar emdentemente com mila- gres^ i^ ■'Virtudes naquelles pró- prios, dias , em que o mefmo Oro- Jiopreparaua cora incriuel defejp fim partida^ cujas relíquias aui- das por 'Vontade. de Deos^rnepa-, receo mandar a ijojfa Charida-, de , peraqut prefente como auo- gado , l!f defenfor , tenha por, bem acodir a i;oJ[fds petições,, pois quando padecia martyrio.. chegou a rogar por feus próprios inimigos. Afsy que irmãos Bea- tifsimos , tra-^endoo eu de contii nuo na memoria , Ist auendo oc- cafiãoàcomodada, i^ ordenada por Deos , não perdi ponto em atcancãf "àlgua parte "dõTâTpU' nouamente achado ^doSacer dote, a quem elle fe reuelou , a qnal grángeada com breuidade.^i^ ai'-. can,cadacom[egredo^nãome de- tiuéem i^ola mandar. MâdoWoJ finalmentepello fanto filho ^ & companheiro meu no Sacerdo^. mo Orofio as relíquias do corpo defanto ÉUeiúo primeiro mar- tyr , afaberpó de fuá carne^ij/

i

n?ruos , ^ o qiiefepode cre^ mais firmemente ^ isf certamen- te os oJ?os duros , mais chèirofos que todas as confeições ^ Isf per- fumes exquifitos em manifesto final de fuafant idade; t^ pòrqtit nâopudej^e auer algúã diiuida^ <-Dos mando juntamente a méfma caria ^ÍSf relação do Santo Sa- cerdo te , a quem foi feita are- mUch^a qual elle à minha peti- ção , i^ emfè defia njerdadè ef- creueo primeiro em Grego , i?" depois a:traduc^io em Latim; a qual 'eu. defejo^ fantos\ hf hema- tienturados irmãos \^ que 'Vdsà r-ecebais tao finceramente^quãto ella hi-vtrdadeLra; porque èfíou certo, queafsícomoofanto mar- p)irfe- quis reuelar y tfmanife- fiar pêra bem do mnndo] que em tanto perigo anda^ afsy feijòs amardes tão grande penhor, co- mo elle merece, com aprefença de taI defenfor, 'vruireis daqui pQr:.d'm7ítefeguros , y quietos. A graça de-NoJfo Senhor! ES F ChriflD^isi' do Efp ir ito. Santo fc- jaconuofco irmãos amantifsimos em o Senhor. Amen: Do fuccíTo qjjexiueraô cilas íagrudãs reli- quiaSjdiremos na vida de Pau- lo OtqíÍo,^ quciii Auico as en- tregou.

14 Era Auico fcm duuida

'vnacíirai defta cidade Presby ce-

ro

250

Marq dejenfe

limo ,..p

é e.% ,

is ttar, in lent. átJ

Qafitulo LVIL

lodeíbSè, como lhe ehama Idaciojfalando da inuençâo do corpo de fanto Efteuáo , na- quelías palauras. Extantexhis geUii EpiJioUfupra diãi Pres- byteri Luciani^ ifjanãi Auiti Presbyteri Brackarenjis y qui tunc Hierofolimis degehant. Se- guem a luliano os Padres frei loaõ Marques, frei Bernardo de Brito , frei Francifco de Bi- uar, &c António deVazcon- ccIIos,&: outros muitos. Efta verdade fcmoftra bem doaf- V'xt an fef^Q com que Auitoefcrcue

in Jjfi r Part, fag

qu<

aos de Braga , como lhe chama pátria fua , como dcfcja ver-

*Patlt ^c <^o"^ fl^«A comofobrc tu- do a enriquece com othcíou- ro das rcliquias de fanto Eftc- uão , peraqucinuocandoo na- quella fua pcríeguição,quc dos Bárbaros nouamcnte entrados padcciáo , tiueíTcm quem de Deoslhcalcançaflea conltan- cia,&i paciência q o Santo mo- ftrou no feu martyrio. ly A Auito chama Ida- cio Santo, como temos referi- do, titulo com que cambem o nomeão outros autores. A vi- da que fazia em leruíaJcm, os Tantos exercicios, cm qucan- daua,a."; peílbas a quemtrataua com mayor familiaridade , co- mo eraoS.Presbytero 7-ueia-

Csnad dl Virtiiluf,

\

no, moílraó bem quanto ac jufto lhe afienta o titulo de Santo,com que graues autores o nomeaõ. Deuia acabar feus dias naqucUcs mcímos luga- res fagrados , onde a deuaçáp, & piedade o leuarão. 16 Omaisqtocaaonoflo Arcebifpo Balconio, & delle pudemos defcobrir,he qi?c em íanta vclhice,mas fobrc manei- ra moleltâda pclla fúria , & crueldade dos Bárbaros, aca- bou fua vida,aflillindo fempre a fuás ouclhas com doutrina, & exemplo como bom , & fielpaftor, indofe a gozar da bcmauêturança não longe dos annos de 448. tendo de A rcebif po quaíí 36.Gouernaua a Igre- ja de Deos depois de Zozimo, Bonifacio,Ccleí\inOj & Sixto, oPapaS.LeaóMagno.Era Rec- ciario fuceílbr de Rcchila Rey dosSueuos.

CAPITVLO LVIII.

P A V L O O R O S IO

injigne efcritor Ecdefaflico

AVLO Oroíío Efcritor grauiíli- mOj&cloquétif- íimo, foi natural de Bra^.i , ou da Comarca de

Portugal I

til o Oro fio.

2Sl

Dextr.a

ehren.dii

307-

;4»7-

Porcugal, que chamamos entre Douro ^<S«: Minho do dillri- 0>oi.i«íle Arcebiípado. Pouca rezão tem quem nolo quer co- rnar pêra Tarragona , ou Cor- doua , porque na verdade exa- minado bem íeu direito pou- co^ ou nada lhes pertence. Am- bas o pretenderão ; Cordoua icm fundamento; Tarragona com algum, por dizer Flauio Dextro. Suh Paciano Barcino- nenfi Epifcopo nafcimr Paulus Orofim iunior , Tarraconenfis ciiiis^ diÇcipulus Sanai Augusli- «•/. Sendo Paciano (era o pay de FiauioDextro) Biípo deBar- celona naceo Panlo Orofioo mais moço cidadão de Tarra- gona . Ehe de notar, que fez menção Dextro nelte kis^ar de Paciano Biípo deBarcclona leu pay, naõ por pertencer àquella cidade o iiacimenco de Paulo Orofío ya quem ellc chama ci- dadão de TarraíTona: mas afim o

dèflizer celebre o Pontificado de Paciano, pois nellcnacera hum Varaõtaõ eminente, &co- nhecido no mundo por feus cícritos,& rantidadc:ou( o que parece m.ais cerco ) pello pa- rentesco, que Paciano tinha Paulo Oroíío , como confeíla I o mefmo Dextro dizêdo.-P/í«- ' ius Orofuis Flauij Oro/j filíus.,

confangutntuf.jj Paciani patris mêi, cmifij^ Tanaconenfis.hky que amcnção,queno tel-timu- nho de Dextro íc faz de Pacia- no Bilpo de Barcelona, ou na- ceo de affeição , ou de paren- tcfco^ & não por querer llgni- ficar q aly naccra Paulo Oro- íio,aquem clle faz cidadão de Tarragona.

z Alem defteTeílimunho deFlauio Dextro , tem Tarra- gona outro do mefmo Paulo Oroíio,quc de fy confeíla on- de naceo , chamando fua a ci- dade de Tarragona , que vai o mefmo que pacria , terra de feu nacimenco. Diz ellc afsy, fazendo húa breue relação das cidades quejàno Império fo- raõ nobiliíllmas, & agora eraÕ húas pequenas aldeãs , ou ca- faes depois de as aílolar a fúria dos Bãrbâvos. Extam adhuc per diuerfâs ProuinaiM in magnarâ Vrbiumrumis^paru4^i^ paupe- res tedesfigna m i feriar um, Is^ m mi num indicia feruantesjn qui- bus nos quo.jj in Hífpama Tar- raconem nojlram, confoíatione miferi^ recentis , oflendimus . Por Tarraf^ona eftaS outros

Uífl

fa

grauiUimos aurores, como lao Volaterrano, Pedro António Beuccrjfr.Francifco dcBiuar,& osmais qiieallega oPadpe frei

loaò

difetif d.

25:

Capitulo LVIII.

loaó Marques.

3 Puzcmos os fLindamentos de Tarragona : reíla mollrar- mos os de Braga , a que íe náo pode dar ca5 ficil loluçáo. Co- mecemos pellos que achamos na carta de Auico. em que fala- mos no capitulo paílado. Aly eícreue aos de Braga aqucUe íeil natural , que quando vio a Oroíío íe lhe reprefentou os tinha a todos prcícntes o que náo foi íòporHefpanholjque deílcs muitos tinha em lerufa- Itm^diC nunqua de nação táo pia faltarão pcrigrinos naquclla cidade: foi por Oroíío os co- n hcccr a todos , &r lhe dar no- uas detodoSjdo Arccbifpo Bal- conio , do clero , & de todo o mais pouo , a quem náo era poíliucl conhecer Oroíío fc por aly pafiàra de caminho, & aly fcn40 criara. Chama tã- bemna mcfma carta A nito fi- lho feu a Oroíío , não húa,mas muitas vezes. Bem fabcmos o coftume daquelle tempo, cm que os Sacerdotes , ou Biípos de mayor idade, chamauão aos demenosannos filhos, mas o contentamento com que Aui- to recebcoaOrofiOjC as pergú- tas que lhe fez , nos dão pro- babiliilimas conjeituras que Oroíío foi em Braga dicipulo

deAuito ,&por eííarezáolhe chama também tantas vezes filho. Sobre tudo íe Oroíío náo tinha mais com os de Bra- ga que ler de nação Heípa- nhol , porque de tão boa von- tade aceitou trazer as rcliquias do fanto protomartyr Eíleuáo à mcí-ma cidade , ficando cila taõfora do caminho de Tarra- gona?

4 Mayor proua ne ainda queapaíladaaquc nos ían- to A^ollinho. Éícreucndoelle aS. leronymo por Oroíío lhe diz ertas palauras tornadas cm Portuguez . Veo ter comigo o Religioffsimo mancebo Orofo , irmco meu napa^ Catholica^fi- lho na )dade , companheiro na honra do Sacerdócio, fotil no en- genho , eloquente na pratica , à fertiorado no defejo , com animo defer ijafo proueitofo na cafa de Deos Nojjò Senhor, pêra con- trariar asfaljas^í^ danofas dou trindí^que matauaÔ as almas dos Hefpanhoes mais miferauelmi^ te do que ofe\ aos corpos a efpa- da dos Bárbaros . DeBa terra pois(que hejúto do marOceano) ^veo ter comigo , atraido da fa- ma de poder ouuir demimalgúa coufa daquellM^que defejauafa- /'er,^í:.Muy longe fica do mar Oceano a cidade de Tarracjona,

&

2. EfiL aS.

Fáulo Orofto.

253

& muito junco ao Mcditerra- ncOjpois he cerco que em íeus muros bace o meímo mar , & pegado a clle eítà íicuada. Co- mo era logo aquçUe Orolío de quem fala íanco Agoftinho de junto ao Oceano, íe Tarrago- na eíH taõ defuiada dellc? 5 Vejamos agora íc diz bem com a cidade de Braga íítuala íanco Agoílinho júto ao mar Oceano^pois o porto querem mais vizinho dilla delia íinco Icgoas. Os quca rodeão entre Douro, &Minho^ía5 na cofta cio Oceano a cidade do Porto, MacozinhoSj Villa de Conde, Efpozede,Viana,Caminha; al- guns finco legoaSj outros ain- da mais diílantcs da cidade de Braga. Com tudo por terra vi- zinha ao maracõrauão os an- tigos,& cõtemporaneos de S. Agoftinho , como Aufonio quãdo delia efcreueo.

Qu^lÍj Jinu pelagi iaSlat fe

Br achar a dines.

E como efta foílea opinião dos

autores daqlla idade, e ainda de

outros mais antiguos, a Braga

quis dar por pátria deOroíio S.

Agoílinho,e naó a Tarragona.

C També cila em fiuor de

Braçra a carta deS.Braulio Ar-

cebifpo de C,aragoça pcra S.

j Frutuofo ,entaõ Prcsbytero,

&: depois A rccbifpodeílalgrc- ja.Tralla tr.Ioaõ deMarieta na vida deS.Toribio o q delia nos lerue he o feguince. EJ^a Pro- uincia em qyiueis stprefoiabu date de hoas letras, ip' a£ude^a^ Isf pêra ijos tra^r á memoria algus dospajlados , ^os Ubrai dos elegatijiimos ^i^ dom ifs imos 'varoês Orojio Presbytero^ tf ToribioBiJpo.Bc wcmos q pcl- la força das palauras, aísy per- tence aBraga Orofio como lhe pertéce S.Toribio,por fere va- roês nacuraes da fuaProuincia, de dcBifpados fuíFraganeos co- mo era Aíl:orga,onde S.Tod- bio foi Biípo j& afsy como nin gué vedo o ceífimunho de tal Prelado, ouzaria citar fora de Galiza a S .Toribio,e fazello na tural de- Catalunha ,a'fsy pella mcfma autoridade de ncnhúa maneira lhe hc licito tirar da mefma Prouinciade Gahzaa PauloOrorio,&: Icuallo a Tar- ragona.

7 Alê dos fundamctos refe- ridos temos autores muy gra- nes, qfazc natural de Braga a Paulo Orolio; íàõ clles Frácií- codePadilha/r.íoaõMarques, fr.Bernardo de BritOjallcgã- doemfeu fauora Maneei Se- uerim de Faria Chãtrc^d: Có- nego deEnora^cuja autoridade

Aíarq.

t)l)! fitp.C.

10. í.^. Brito z.p. rricHC.rch lib. 6 cap

^7»

254

Capitulo LIX.

fòfquando faltallem outros) podia fazer prouauel a juftiça delia cidade.

8 Os fundamentos em con- trario por íy fe desfazem j não negamos a Tarragona foi ci- dadão feu Paulo Orofio , me- receo a feus moradores da- rcnlheaquellepriuiJegio , não no dia de íeu nacimento, por- que não naceo , mas depois jade fer capaz delle, oupor feruíços que fezà própria ci- dade_,ou por ella fe querer hõ- rar aquella noua adopção. Dextro quando efcreueo. Pau lus Orojius nafcitur cmis Tar- raconenjis. Quis dizer. Naceo Paulo Orofio, ó que agora he cidadão de Tarragona. Aquel- les termos deqvza omeímo Orofio quando chama a Tar- ragona lua Tarraconê noUra: ao muito moftraõ q foi Hcf- panhol ; o mefmo pudera di- zer de Sagunto^ & de Cartha- gena: quátas vezes nefta hiílo- ria chamamos a Braga noíla, fem por illb fermos delia na- tural: faõ modos de falar , que ou a affeição, ou o domicilio, ou ambas as coufas juntas tra- à pena fem por iílb perigar a verdade , ou fc

le, ou lenegare as pá-

trias cm que nafcerao os que dcUcs vzão.

CAPITVLO LIX.

CONT ASE O MAE S que pertence a Vida de Pau- lo Orqfo.

Aulo Orofio nacido é Bra- sa no anno de 370. teue por pay a Fia- uio Orofio varaõ de conheci- da nobreza, & muito parente de faõ Paciano Bifpo de Barce- lona,aquelle cujo filho foi Fla- uio Dextro famofo efcritor Hcfpanhol. Começou logo cm íeus primeiros annos a a- prcnder todas as boas letras,& quando chegou a ij. de íua idade era confumado nas humanas , & com tanta emi- nência que fanto Agoftinho lhe pode encomêdar cfcreuef- fe a fua Ormefla múdi ^como lo go diremos. Teue por meftre (ao que fe colhe por boas con- jeituras)âqui mefmo emBra- gaahijfanto Prcsbytero por nome Auito,o qual mudando a pátria, & paflandofe a leru- falem,acabou naquelles íàntos lugares a vida felicillimaméte.

Orde-

Fmdo Orojio.

255

Oidenouíe Oroíío de todas as ordens, &: feapplicou com grandiísimo cuidado ao ferui- ço deita Sè. Eltando nelle^por valerem então muito , & terc deitado erandes raízes os hc-

fin-

í?

iDext.aih '400.

f

Í4H-

reges Prilciliianiílas, que gião ler nofla alma da mefma iurtanciadeDeos ,porfabcro que acerca deite ponto, então muy altercado , fc auia de crer^ paííou a Africa com ani- mo de fe dar por dicipulo de íanto Agoftinho ^ cuja fama então era celebre por todo o mudo. O íãto Doutor o rcce- bco com notauel alegria_,& ai- uoroço, porque logo vio nel- leprande lutileza de engenho, grande curioíídade de íaber,& íobre tudo grande defejo de aproueitar mais ainda noef- piritoque nas letras. 2, Aprefentou juntam e-

te Oroíío a fanto Agortinho certas cartas, que fobre a mef- ma matéria da origem da al- ma, & outras queftoés to- cantes aos Prifcillianiíhis por cUe lhe enuiaraõ três Biípos defterrados de França, & que depois o vieraõ também afcr cm Catalunha : Horetes (ou- tros lhe chamão Hcrodes) La- zaro, òí Prudencio : febem o Cardeal Baronio quer fe cha-

maflem Eutropio, ^ Paulo. Como quer que fcfie, OroHo pello que em fua alma fcntia dcaproucitamcnto,& melho- ria cípiritual entendeo fora Diuina prouidencia,& miferi- cordia,& naõ coníelho, ou perfuafão humana, oquealy o trouxera. Aísy o diz a íanto Agoftinho com as palauras le- guintes, tornadas em portu- 2UCZ. Deoí me mandou ter com -vofco, delle efpero o que de njos pretendo. Quado conjidero o co- mo fe tracGuijir aqui^entao co- nheço o porq "vim . Sahi de mi- nha pátria fem Dotade ,[em ne- cefsidade , fem confenthnento^ obrigado de híia ocultauioíen- cia^atc quepu\ospcs nefia ter- ra^ onde finalmente 'Vim a co-- nhecer, qera madado Dir terço ijofco.'Nnõ quis logo que che- gou Oroíío confuítar a íanto Agoílinho fobrc as principaes queíloésaqhia,bufcou tcpo acõmodado,v5c efpcrou q o ia- errado Doutor fedeíocupaílè de muitas coufas,q trazia entre maõs . Elle mefmo o conta c6 as palauras íeguintes. Ia eutt^ nhafinificado a V. Satidade o q particularmste defejauafahs r, mas ainda "Vos naÓ tinha dado dijfo memorial , porq efperaua -Deruos dcfocupado de outras ô-

Y

braf

256

Capitulo LIX.

: BinãT hl ' Dext,an,

j Chrifti 414.

i brííí ^ hiescÓpondo^ÍP' ditando, í

3 Pouco leíabé os annoSjCÍ na efchola de Agoftinho leu meftrcgallouOroíIo : hús os eftêdemai4. outros nem pcrfeko lhe concede. Os ter- mos de talar de S. AcToilinho nerta ida de Orolio naõ ío- frem grandes dilações, porem o aueriguallas he pouco neccí- fario ao intento que leuamos.

4 Quis fanto Agoftinho que viflc íaõ leronymo, & ti- uefle noticia de tal foseito, como Orolio-, pêra ellefim tomou por expediéte naõ lhe relponder à duuida principal íobrequeoconlultarada ori- gem das almas^eícuzandofe Tua infufficiencia, & dizendo- Ihc que ninguênaquelles pon- tos lhe daria melhor fatisfação doquehúíanto velho íobre- maneira erudito/Sc de quem ouuira grades coufasjque por fe retirar dos embaraços do mundo eílaua recolhido em Belém , chamado leronymo, que íe lhe parecelle irconílil- tallojheefcreueria porelle, &: lhe pediria o ouuiire,& fatisfí- zeííe fegundo aquella grande ciência que Deos lhe dera.

5 Aceitou Oroíío a jornada^ Icuou cartas de grande recomé dação de S. Agoftinho ; delias

íaõ as palauras que acima ja re- petimos^em q o chama irmão leu na paZjhlho na idade,com- panhciro no Sacerdócio ^ luril noengenhoj eloquêienapra- tica^aleruorado no deíejo.Po- ílo a caminho fem fazer dila- ções por outros lugares, bre- uemente chegou a terra íanta. E pcrqueodeíejo ja lhe não íofria outra coula , le foi logo ver S. leronymo^o qual li- das as cartas de íanto Agofti- nho^pondo os olhos no porta dor,delcobrio ainda nelle mais do que as cartas relatauaó. No põto da duuida principal o in- ll:ruyo tudo o que na matéria alcançaua, & o íatisfez de ma- neira, q fedeu por quieto, & cõtente. Efcuzoufe porê de ef- creuer íobre aqlle particular, por não parecer enlinaua a tal doutor comoS.Agollinho, tomado por capa delta lua hu- mildade o odio que entaõ recebiaõ muitosBiípos íeuseí- critos, porque tédo elle cõpo- íl:o contra PeWio,& moftra- do com euidenciaíer herege,

Tl .

contudo em hum Concilio, que nouamente íe congregara em Dyosfpoh(chamãolheago ra S. lorgede Lide) cidade fuf- fraganea à Metropoli de lerufa Icm,fora dado por Catholico,

com

Tmdo OrcCio.

257

como cj todos oscply fc acha- rão cftauáo deíabridos com S. lerony mo ^ por ccr rcntido,& eícrico outra coufa. Tudo diz

0 faiito/.indaq embuçado , na repoíla à carta de S. Agofli- nho com aspalauras ícguintcs. Recebi amor ao honrado '-va- rão Orojío Preshytero irmão njeii,tfJilho •'vofio^afsy por fuás partes^cofhoporfer enuiadopor Ipos-.porc chegou em tempo muy trabalhofo^em o qualme eUi me- lhor ca liar ^q falar ^ e cÓueqcef nofos eíludos, tf q(como dic^

Apio)Çt '1)7^ dafacúdia canina. 6 Apartouíc com grandes íaudadcs OrofiodeS, lerony- nio-, tais as merecia o amor,& afabilidade com q o tratou. Fez Teu caminho por leruíalé^por não fair de Palcflina Icm ver aqucllafantaCidade,& lugares confagrados coma prclença, & fangue de Chriílo. Achou , aly afcu mcfi:reAuito,como referimos jdc quem foi mui- feftejado , afsy por ferem am- bos naturaes, como pcilas no- uasquclhc deu de lua pátria dos conhecidos , & cm eípe- cialdo ArccbifpoBalconio , a que parece deixara naquclla Cadeira j quando íc aufentou de Braga.

1 7 A uia Oroíí o de fazer pou-

ca detença cm Ierufalc,ôs: por- que Icnão partiílc íem Auito moftrar àíua pátria a muita lembrança, que delia tinha^alé da carta que cícrcueo a todos emgèral,& referimos na vi- da de Batconio , ouuc de Lu- ciano (aquelleSacerdotc,a quê lanto Eílcuáo' reuelou por a-- quelles mcfmos dias o lugar onde eílaua ícpultado ) algus oíl"òs^& carne do gloriofo fan to martyr , & a hiiloria da mefma inucnção os entregou a OrofiOjpcraq de fua parte os dcííccm Braça cm arguméto de feu amor , 6c como penho- res CÓ q o fanto Leuita íe daria por obrigado a daly por dian- te a tomar debaixo de fua pro- tecção, pois lhe ficauaper- tecendo como depoíítaria de fuás ReUquias.

8 Aceitou a piadofa carga profio,&: contente fobrema- neira com ella^ic veo a Hefpa- nhatédoíempre os vetos prof peros ate Bcna^ondc defêbar- cou.Aquircpartiocõ o glorio fo S. Agoftinho das fagradas reliquias,q trazia obrãdoDcos por ellas infinitos milagres,& ediíícádoíe muitas Igrejas em hora do olorioío fanto proto- martyr^como fe ve em S. Ago '^' ' dousliurosq cie-

liinho, enos

Y3

lia

258

Qãptulo LIX.

lEayon.in

i

fta mnteriaefcreueoEuodioBjí po Vzalenfe. De Africa palía- ua a Hcípanha_,mas chegando a Ilha de Menorca , íoube co- mo os Bárbaros tinhão toma- dos todos os caminhos por onde auia de paílar a Portugal, & a Braga. Auendo outro cõ- felhojôc apertando também êom elle as faudades de íanto Agoftinho determinou voltar outra*^ve« a Affica ^ pêra nella cíp'erar , o em que parauaó os infortúnios de Heípanha. %^ Antes cie partir, pêra

agradecer aos da cidade de Ma- gona a hofpedaVem que lhe, Hzeraõ repartio com •clles das iquias do Sato marty r Efte- o que trazia, as quaes o Bif- po SçUero pos na Cafl^redal. Naõ fe podem^facilmente re- latar os muitos milagres qué Deos naqucUa cidade obrou pella interceflaój& merecime-» tos do feu n>Q|%)^» Conuer- teoíe hííagrande Synagoga , q ai^4*iâ^ílj^ei-iÃ,vendofe ne- ftacouerfaõ muitas das mara- uiihas, qi^d pello defcrto lhe fucéderao, as quaes refere ^à- uero Bifpo da mefma Ilha na carta , que mandou a Hefpa- nha^ondeaponta notaueis mi- lajrres.

o

I o Dcíla volta trabalhou

*e

grandemente Orofio porde- íaiitorizar era Africa a Pelagio, a quem (como dfílèiTaoà) ti- nhão os Biípos do Concilio deDiospoli dado -por Catho- lico.Fez celebrar contra elle outros dous Concílios, o de Mela, ou Mileuitano II. & o de Carthago: era ambos lahio condenado porhe^e, & íua doutrinadada por peruerfa,& diaoolica . Depois de aiguns ^nnos ouue finalmente Oro- íío de acabar íeu caminho , & chegar a Braga , viuendo ain- da Balconio,a quem eritregou a mayor parte das relíquias, queíahiode lerufalem . Per-,^ deofe nefta a memoria de theíburo taó preciofo , & naó fe íabe ao certo onde foi col- locadq. Ha nella húa arca an- tíquiííima cuberta de laminas de prata ,onde fe lançarão as

vHaJiq^ias de muitos Santos, mas íem nomes. Nella^enten-

*d'em*o*s fe recottiefaõ também eftas de S. Efteuáo, & obraria Deos {lor ellas.os Tnil^res , q em Menorca,(S«r Africa foi fer- uido obrar,fenão que aly tiue- rao a curioíídade , & agradeci- mento dos Bifpos Seuero , & Eup4jÍPo qf e os celebrarão ^ o cxcplo de fanto Agoftinho, & qua odefcuido de fe deixar

pafiar

e. (mUA

naílar tudo cmrilencio. II Elcreueo Oroíio, co- mo autor famoío" obras de muitaconfideração.A piimei- ra foi os fete Jiuros "dn Horme- íia{ outros lem ) Or chefia mil- flf/,à petição de fancoAgoíli- nho ,a qucnf tánibem os de- dicou, nos quaes fazendo mê- ção de todas as calaniidades, que fucederão no mundo , moftra que aos ChriíHos íe deuia durar ainda o Império RomanOj contra o que pe- dião feus pecados , & que pel- lo culto do verdadeiro DeoSj auia ncUe paz , & quietação. Calumniauaõ nelle tempo os Gentios a religião ChriíH , & publicauãoler cila a cauía da queda_,(5i: deftruição do Impé- rio, a quem oculto dos ído- los tiuera íempre florente, & em proíperidade. Aprouando efta mefma obra de Oroíio diíle Gelafio Papa . Louuamos também a Orofio 'varaóerudi- tifsimopella hiítoria tao necef- faria , que com admirauel bre- uidade efcreueo contra lU calii- niM dos Gentios. Tinha traba- lhado primeiro no mefmõ ar- gumento o Poeta Prudencio contra Symacho Prefeito de »b>ma, éc trabalhou depois S. AcToftinho nos ii. liuros

Fdíilo Oroíio. ^—

259

da Gi^de de Dcos que com- pôs.

li Efcreueo mais Oroíio humliuro Apologético con- tra os Pelagianos, outro da rc- zão da alma , dous de cartas pêra íanto Agoftinho , òí ou- tras peíloas, elcreueo também fobre osCantaresdeSalamão: Santo Agoftinho lhe mandou o feu tratado contra os Prif- cillianirtas, &Origiuiftas,ref- pondendo as perguntas, que o mefmo Oroíio íobre a ma- téria Ihefez.Louuaraõno mui- to,como vimos,o meímo Tan- to Agoftinho, &: faõlerony- mo , íanto AjJoftinho cha- mandolhe religioílfiimo mã- cebo-, íotii no engenho, elo- quente na pratica, aferuorado no delejo , íaõ leronymono- meandoo Vir um bonorabils , varaõ digno de toda a honra, ^cio Mas quem quifer ler íeus Elo- ^^'"^^'■'■ giosmaiscopioiamentc, veja aíanto Antonino, a Vinccn- cio Beluacenle,a Trithemio, a Couarruuias , ôc frei Bernar- do de Brito, Sc outros que nellesfe acidarão citados. 13. No particular de fua

morte , ou lugar delia, não te- mos coufa certa Marco Má- ximo diz morreo em Cartha- CTcna no anno de 47 r .tendo

2p't!t.ià

Trithcnt, deferia^ Eccl.lllk ' Coujíb À var. eap, i6,n,tii Brit.2.p.- manar c. lib- 6, c, 27.

Y 4

M.Max rhroH.ãfi 471.

mais

2 6o

Capimlo LIX.

\ i'á. antro- 'foi.

{Padil.ch

Chnjíi

'3 4- \J\íarq

[cio p.^

mais de ccnco de idade. Saó as íuaspalauras. Paulus Orofius Târraconenfs ciuis centená- rio maior lijeniens ex Africa CarthagineSpartaria moritur. Volaccrrano ^ Tarafa , & Pa- dilha o fazem morto em Afri- ca, de ftáo em Carchagena, porem naó daorczão ncnhua. O certo hc que cm Africa vi- ueo alguns annos debaixo de íànco AízoíHnho , ícndo dici- puio_, òí ermitão leu como claramente affirma Flauio Dex tro , & o por certo o Pa- dre frei loão Marques. Vin- do pêra Hcípanha podia mor- rer em CaiMiagcnaj donde fo- raõfcus ofibstresladadosaRo ma, & ícpultados na Igreja de Santo Eufebio , onde ellaua feu pay J&: tinhão próprio ja- figo os da familia Oroáia. De- dicou Ifidoro Bifpo de Cordoa, ua o mais nouo a Paulo Oro- íío o feu liuro das Allcgorias, Dex.au. como qucr Dextro o qual lhe chama o mais nouo pêra o di- ilinguir doutro IfidoroBiípo de Cordoua mais velho na ida- de qefce fcgundo. Marco Má- ximo falando dclfa mcfma obra dedicada a Paulo Qxo- íio» traz húas palauras, que embaração , & fazem cuidar que naõ íalou Dextro do nol-

4'3

in chroit.

(o Paulo Oroíío , fenáo dou" tro diílerentci diz aísy Máxi- mo. Sanãus JJidoriisJenior de- dicai librum Allegoriartim Oro fio Epifcpo Legionis Septim^ Gemina in Hijpania^ondc mu- dou o termo iunior de Dextro em fenior j & acrecenta o Bif- pado de Leaó a Paulo Oroílo, lendo afsy que em nenhum outro autor íeacha folie Bif- po. No particular do termo fenior ^i^j' iunior , íenaõ encon- trão Máximo , ôc Dextro. Porque eíle comparou o líl- doro de quem falaua com ou- tro(foraõelles dous emCcrdo ua) da meí ma cidade, que ti- nha paliado, òí Máximo faz dcllc allufaõ ao grande Illdoro de Seu ilha taõ conhecido em Helpanha , que foi muito de- pois. No outro ponto do Bif- pado de Lcaõ , mais cremos q o PauloOroíIo de quem hú,& outro falou, hc difterencc do noílb, ainda queíemelhatc no nome , na pátria , & no tem- po j afsy concilia a Dextro, ôc Máximo frei Francifco de Biuar,reípondcdoa Pcnnoto. O meftre Cano conta a Paulo Orofio entre os Santos cano- nizados/antas foraõ fuás vir- tudes,& merecimentos.

CÃP.

pro Dex,

são Q^í^^^xiíniluino^^^c.

261

Dex. 424.

CAPITVLO LX.

SAM MAXIMILIA-

no , ^ Vakntino Bifpos ^ Isf martyres.

EcundiíTimos de Santos fo- raõ os tcpos emqueBalco niogoiierna- ua cita Igreja. Alem dcAuito, &: Paulo Orofio nosderaõ tá- a Maximiliano,& Valétino celebres ambos na inllgnc vil- la de Viana íecjundo Dextro. Prope Tilde in Gallecia m oppi doViancJtSaSli PòtificesMaxi- milianus, if Vakntinus clartt. , Ia Viana nos tinha dado os fantos Theophilo, Saturnino, Reuocata martyrcSjporque naó foíle menos fecunda de fogeitos raros na fantidadc, do que íempre o foi dos mefmos cm todos os exercicios pró- prios da paz , ou da guerra, Nefta villa nos achamos ao té- poquefe imprimem as vidas deftos Santos^ aílirtindo ade- fenfaõde feus portos por or- dem de fua Mageílade/jnde

clliucmos duas vezes com a melmaordcm, & cargo. Pcl- la grandeza com que nos rece- berão, & fcílejaraõ feus mora- dores quando nclla entramos, ou pella obrigação do officio de Prelado na paz, ou pella de Fronteiro mor na milicia , lhe reconhecemos íiranJes obri- caçoes. Traz o Martyrologio Romano eíles dous Sátos em 2.9. de Outubro, onde diz: e odem diejanãoriim Epijcopo- riim Maximiliani martyris, iff Vakntini confefioris . Onde a palaura confejjor, qnc fe ajun- ta a íaõ Valencino, & cm Dex- tro a ambos eftes Santos Pre- lados lhe não nega a palma de martyrio , vifto como a to- dos os martyres q diante dos Tyranos profeílauão,& con- feíTauãoaFè deChriílo, cha- mauaõ cófeííores, quaesforaÕ os noííos dous íannfsimos Bifpos quando mais atormé- tados eraõ pellos Vândalos na íua períeguição. z

de feus Bifpados : podeíe con- jeiturar foraõPrelados da meí- ma villa de Viana em quanto foi Bifpado particular , como jàdilíemos. Molano os quis leuar a Viena do Delfínado, masfem ncnhu fundamento.

Tc

Não fabemos o lugar

rfr..trd. dte 29.

.ti

Qaptulo LXI.

CtfsÍAn. in colLit Gcikid.õíe

íVir.iUiiJl.

\

ra7j.

I Se alçada do Martyrclogio f dcíícdia i9.de Outubro anda- ra como íeacha cm mu ices ef- cricos de mão, auiaíc de Icraf- fy. Eodem diefanãoriim Epif- coporum Maximil/ani marty- risjip" Falitimconfejjòris Fie- í?'^ , mas entre a palaura Vícn^ meterão depois a íantaEnfe- bia^ aS.Narciílb,S. íoaõ , &c S. Doiiato,q nosde maõ ialta5,& deixarão a palaura Vienn^ , pê- ra aajuntaré a laõTheodoro, dizendo. Vitnn^e depojitiofan- ãi Theodori -. fem embargo que nada pertencia a Viena, poríer dicipuio,& fuceííor de iaõPacomio no [jouerno do feu mcftciro onde morreo, &■ foi ícpultadoj como fe pode ver em Caísiano Genadio , & Equilino, Nêhe poíliueldei- xaíFem de falar neiie, quando fora outro Theodoro Fran- cês Saõ Gregório Turoncníe, & Vincencio Beluacenfe, que com tantas particularidades, & miudefas efcrcueraõ dos confcífores de França.

^?^

CAPITVLO LXI.

F A L E R I O I. DO nomeXXIII. Arcebifpode Braga.

O RR EO

o Arcebiípo Valério pel- los annos de 416. em que

lhe fucedco Idacio II. do no me,& tile parece foi ofucef- fordeEalconioj ifto he con- jeitura noíla, porque lhe não achamos outro fuccílor, &c os annos,que correrão do de 448. cm que ainda viuia Balconio ate o cmq eílamcs^naõ laõ ca- pazes de muitos outros. Te- mos as palauras fcgaintes de luliano, que nos dao noticia dcftc Prelado. íí/í^rm ex íama- cen(i Epifcõpus Bracharenjís fiiccejfe.rat anno 4^6. Falerio. Continuaua ainda faõ Leaó o Pontificado Romano. Era Reciario Rey dos Sucuos, Theodorico dos Godos.

ííílían,in

fhrt

55'

GAP.

Ida cio II.

26i

CAPITVLO LXII.

IDACIO II, DO N 0- me XXIIII. Arcebífpo de Braga.

E mais conhe- cido nas hirto rias o Arce- bifpo Idacio (cõ cuja vida entramos) pclla cidade deLamc go, onde primeiro foi Prela- do, que peíia de Braga, onde vltimamente o puzcraõ feus mcrecimêtos: mas não he eíte o enleo , que em fua vida íc acha. Confundea grandemen- te não fe diltino^uircm outros três Idacios,quc ouue emHcf- panha,todos Bifpos, &c todos varões de grande nome. Do primeiro q foi Arcebifpo de- ita Primacial, diíTemos em fua vida.Com elle cõcorrerao ou- tros dous Idacios humMetro- policano de Metida , a quem chamão porfobrenome oCla- ro , outro Bifpo de Oflonoba no Algarue, ambos grandifsi- mos perfeguidores de Prifcil- iianOjC feusfequazes,dos quacs

também jàfalamos em outros lugares.Foi o Idacio dcMerida, aquelle de quem efcreueo Tan- to Ifidoro. Idatius Hífpania- rum Epfcopus cognomento , {p* eloquio Clarus. E Bellarmino quafí pellas mefmas palauras, Idatius Jiue Ithatius Clarus E- pifcopus Hifpanus de quo multa Sulpitius in hiiioria facra . O quarto na idade, & nome hc o noílb Idacio. Outro ouue do meímonome também etcri- tor de húa breue Chronica , q floreceo mais de cem annos adiante defte tempo cm que leuamos a hiíloria. O q fe po- de alcançar da vida , & fucef- fos de noílb Idacio he o fc- guinte.

1 Foi Idacio de nação

Sueuo, como querem algús, & de profiflaõ Gentio. Con- uertcofe à noíTa íanta pel- los annos de Chrifto de 410. na flor de íua idade, quado o tempo lhe pedia as folturas de mancebo, &as liberdades de Idolatra . Tomou Deos porinílrumento de fua con- uerfaõ a íanta vida , & prega- ção dos Bifpos Sueuos, pella qual muitos do pouo, logo os nobres, vltimamente os Reis foraõ deixando as treuas da gentilidade , & abraçando a

Ifidor. dt vir illhjí.

Paddh.

CCHt.^.C, 14.

1

uz

204

Capiíído LXII.

\

luz do íàgradoEusngelho. Po- rem então mais obrou nos co- rações de todos a palauraDiui- na , quando cóucr tido ja Ida- cio lhes prègaua mais com o exemplo de fua conuerfaó, que com rezoesdefuaeioquê- cia ; & na verdade era grande eftimulo pêra todos feus na- ruraes verem hum homem de juízo cão claro, de fabcr tão perfeito, de prudência tão co- nhecida,, deixada a vaidade do5 ritos gentílicos^ fazerfe na ef- chola de Chrifto por fojeição aíeus Diuinos preceitos húa criança ^ & por humildade o minimode codos,nomeando- fc pello appcllido de pecca- dor na forma que faõ Mat- thcuscm fua fagrada hiftoria tomou pcra fy o de publi- cano.

3 Com efta coníideração auendofc de dar a conhecer por quem fora antes de Chri- ílaÕ , pondo de parte a nobre- za de íeusauòs, a antiguidade de fua familja , efcreuco de fy. Idatij ad Deum comierfio

peccatons. Conuerfaòa Deos de Idacio peccador.

4 Feito Chrillâo, & ap- plicado pelia grande eminên- cia de feu engenho aos myf- terios fagrados , depois de ai- j

guns annos de íeruiço da Igre- ja, veoa fer eleito Bifpo de Lamcgo.Eitando no goucrno deíla Igreja pella grande f^tis- fação que deile tinha o Sumo Pontiíice fao Leaó o Magno, Iheeícrcueo fobre arcducçaõ dos hereges Prifcillianiftas de Hcfpanha,^: o fez i^lla ieu le- gado cm companhia doutro Bifpo por nome Cáponio ( q nós julgamos com duuida fe- ria Balconio Arcebifpo de Braga como em fua vida difíc- mos) & deíaõ Toribio Bifpo de Aftorga,& por virtude de- fta comiliaõ prcíidio no Con- cilio de Toledo , que errada- mente anda com titulo de pri- meiro em companhia de faõ Toribio.

j Doqueimosacontar nos por teftiniunha o Padre fr. Bernardo de Brito a fantolli- dorOj&r a Laymundo em que cUe diz anda o cafo mais por extenfo. No tempo q Theo- doricólley dos Godos íogei- tou por armas o Reino dos Sueuos , & grande parte das mais Prouincias de Hcfpanha, rccolheoíc a França , onde de ordinário tinha fua corte. Dei- xou no Reino vencido algus capitães, que em ícu lugar o p-oueruaílem. Eraõ cfl.es pella

mayor

Idãcio IL

26 \

niayor parte eílrangeiros^tra- tduão íò de íe enriquecer a íy^ íem atentarem à vtilickde dos pouos j tiranizandoos com tributos, & leuando mais do qucaÍLiftanciade íuas fazen- das podia abranger . Eraõ as queixas Icm conto , nenhum o remédio delias pclla auíen- ciado Rey, & informações de íeus miniítros , os quaes por executarem fua cubica dcf- faziaõ a rezaÕdos qucixoíbs com lançarem tudo â rebe- lião y ^ deícontentamento do eftadoprcfente affirmando q pêra ter os vencidos em fogei- çaó mayores opprefsoés ain- da eraõ neceilarias. 7 Defeíperados os Sue-

uos do remédio acodiraó aos Bifpos , & mais peílbas Ec- clefiafticas peraque ellas tra- taílem entre fy em que ma- neira poderiaõ íair cie tan- tas miíerias. Tomoufe de- pois de varias coníuitas por expediente partirem alguns Biípos a França, & aly in- formarem a Tlieodorico das tiranias de fcus Gouernado- res cubcrtas com o zelo de feu Real feruiço , ma; na ver- dade nacidas de peitos inimi- gos , & cobiçofosj porque os Sueuos naõ tratauao mais que

de íe conferuar debaixo de fua protecção íem lhes lembra^ rem tempos paílados, de que Ihefariaõdc nouo preito mc-^ nagem , quando Theodoríco aísy o ordenalTe. queriáo que elle per íy vielfc gouer- nalos , ou quando naõ lhe dc& húa peflba natural, & confidente, em qucfe achaf- fe a lealdade de bom' vaíTal- lo , & o amor de bom patri- cio.

8 Logo todos puzeraõ os olhos em Idacio, porque eraõ muy conhecidas íuas grandes partes 5 aceitou a jornada pcl- io interelle do bem publico^ &c em companhia de outros Prelados íe pos a caminho , 3c a poucos dias cfteue na corte de Theodoríco . Admitidos a audiência elle em nome de to- dos reprcfentou , ôc períua- dio ao Rey quanto lhe era encomendado , o qual pago da eííicacia, & bom termo de fuás rezoês, õc mouido tam- bém da preíença de tantos Prelados logo fenl mais di- lação fez recolher a França os Gouernadorcs, ôz aos Siie^ uos deu licença pêra de íua na ção efcollierem por Rey hu q cõformefuasleis,(3í coftumes os gouernaííe rcconheccndoo

a elle

2(i(i

Captulo LXII.

in chrcn

\inchren.

aclle,&: aos mais Rcys Go- dos feus decendentes com pequeno tributo. í> Ia fc vc quam bem rece- bido feria Idacio cm Portu- gal com taõ alegres nouas: por lhe gratificarem cftc grande feruiço feito a fua pá- tria, eftando entaõ vaga a Pri- macial de Braga por morte de Valério o puzeraó nella ti- randoo muito contra fua v5- tadeda cidade de Lamego on- de cftiucra^ muitos annos . E porque ( como diziamos ) efte grande Prelado fe fez mais conhecido no mundo por Bifpo de Lamego, que dc- fta Igreja, por não dizerem os daquela cidade que o tra- zcmos à de Braga fcm fun- damento , poremos aqui os autores, que depois de ícu o fizcraó noíTo , peraque vejão quam bem fundada leuamos noílã j uftiça. Em trcs lugares o nomèa Arcebifpo de Braga luliano . O primeiro no an- no de quatrocétos òc ííncoéta & féis . Idatius tx Lamacenfi Epifcopus Bracharenjis ^ fuc- cejferatanno 4^6'Valerio. Ida- cio Bifpo de Lamego paíTado a Braga fuccdcra a Valério no anno de quatrocentos & fm- cocnta & fcis.O fcgundo. Per

hc€C tcpora Turibius S. Leonis I prius notar ius, pátria Brigatiú in Galecia , faãus monachus pofi longas peregrinationes fe- cum multdí adduxit reliquias, ad Galtciam reuerfus .feri bit ad Idatium^ tf Cepomum^ Ida- tiuminquam Epifcopum Bra- charenjem , ^t illi confulant miferrimo Galecu Tiatui re- pulluJafcente tunc Prifcilliano rumh<ereji. Ia dcfte lugar de- mos relação, porque por vir- tude defta carta de Saò Tori- bio Bifpo de Aftorga, Lega- do de Saõ Leaõ cm Hefpanha, Sc por outra do mefmo Papa prefidío Idacio no Concilio de Toledo, que anda com ti- tulo de primeiro , fendo ainda Bifpo de Lamego, a qual pre- íidencia fe lhe cometeo pello grande zelo com que defen- dia a Catholica, & perfe- guia aos hereges. O terceiro: Florebàt per h,ec têmpora Ca~ flinus Epifcopus Bracharen- fis , qui fuccejíit Idatio anno 494. Florccia por efte tempo Caftino Bifpo de Braga o qual fuccdeo a Idacio no an.de 45>4. A luliano feguiraõ Segiíberto, loão Vafeu,Francifco de Padi- Iha, &c frei Bernardo de Brito. Sobre todos os ja nomeados cftà a autoridade de Santo

Segther, Ati.Chrif.

420. Paidl.eet

5.f.i4.

Biit. vbi fufra.

Ifld

oro

Id^cio IL

267

ílidoro nos íeus varões iliu- ' ílies •, & o original do moílci- rode Alcobaça no titulo de íuas obras o chama Bifpo de Galiza, ^ na fraze dos efcrito- rcs ,& Concilies daquclle tê- po vai o mefmo q Metropoli- tano de Galiza, qual entaõ era oArcebifpodc Braga. 10 GoucrnoLiídacio cfta Igreja por eípaço de trinta & oito annos com aqucUc mef- mo zelo j & prudência que na de Lamego moftrara , experi- mentada em tantas ocafioés, & cm. fanta velhice fe foi a go- zar do premio de fcus largos, 6»:continuos trabalhos pade- cidos na reducçáo dos here- ges Prifcillianirtas que o pcrfe- guiraõ femprecomo inimigo mortal. Paliou defta vida pel- los annos de 494. depois de fua conuerfaõ 74. Eícreueo híia C hronica do que íucedeo no mundo em cento & dez annoSjComeçando no primei- ro Confulado deTheodoíio,o qual pella conta do Cardeal Baronio cahio no anno de trc- zctos ôc oitenta , acabando no oitauo do Império de Leaó, que foi no de quatrocentos & nouenta. Nclla continuando com Euíebio Cezarienfe, ou pêra melhor dizer com Saõ

lercnymo^ conta muy parti- cularmente as crueldades coni que os Bárbaros acormenra- uão os Hcfpanhoes , fk dc- If ruyaõ fuás Igrejas, pcllo que feouuera de intitular Idatkis Archiepifcopus Bracharenfis , & não Epifcopus Lamacenfs. pois quando a compôs, ôc quando fahio com ella a luz auia muitos annos era Arcc- bifpode Braga. Gouernaraõ a Igreja de Deos por eftes an- nos depois de Saõ Leaõ , Hilá- rio, Simiplicio, Fclix , & Gela- fio:& o Reino dos Godos Ala- rico , ôc Gefalarico, dos P^eis Sucuos ha pouca noticia.

CAPITVLO LXIII.

SANTO A P O L L I'

nar Bifpo , i^ Martyr.

O 2 A eíle

Arcebifpado as precioíàs reliquias do aloriofo fan- to ApoUinar, ou Apollina- rio,á: he nclle taõ venerado feu fagrado corpo que fora injuftiçapaflarcm íílencio íua vida fem dar algúa nociciído

qi

ue

268

Capitulo LXIII.

queatradiçáoclos paílados a- pregoa cie íiias obras , & telH- raunhaó os preíentes de íuas marauilhas. Guaidamos pêra eftc lugar a vida defte fanco le-

r T 1

uados do parecer de luliano Aciprerte de Toledo , de que logo trataremos. 2, Perto da villa da Torre de Moncoruo na Comarca de Tralos montes eftàolugar de Vrros pouoaçáoantigua, cm cuja Igreja(q em tempos atra- zados foi matriz ) jaz o corpo dogloriofo fanto Apollinar^ vilítado _, & frequentado dos moradores de toda a Comar- ca, & de outros de terras muy remotas pellos grandes mila- gres q Deos N. S. por fuain- terceííaõ obra naquelle lugar. 3 O Lecenceado Gafpar Al- uarezLouzada teuepera fy q fora efte fanto Bifpo Francês, entre outras memorias que deixou na torre do Tombo fc achou a feguinte. Santo Apol- linario BifpoFrances,ttfeu cor po,ou a mayor parte delle enter- rado em lugar q chamao Vr- ros ajunto do Douro termo da Villa de MÓcoruo Reyno de Por tiigal Arcebifpado deBraga . Achou efta memoria na tor- re do Tombo loaõde Mel- lo Feo Abbade de Vrros, en-

tre outros papeis que buí- caua pêra hua Igreja do pa- droado Real fobre que an- daua em requerimentos. Indo ao lugar de Vrros Francês , peílba ao parecer de confidcra ção^viíitar o fepulchro^&reli- quias de S. ApoUinario pella informação que teue de feus milagres, diíle que o fanto era Bifpo Francês , & que mere- cia fcr muy venerado^porq era conhecido por todo o mundo pellas marauilhas que obraua. 4 luliano Acipreftc de inaâmr,

Toledo teue pêra fy que fora ^'*-2'43- cfte Santo aquelle infigne ef- critor Sidónio ApoUinar Bif- po Aruernéíe em França,cuj3 vida depois de Gregório T u- ronére,Génadio,BeIIarmino,c outros efcreue Baronio no 6. tomo dos annaes^ onde rela -fiig.iozx ção de feu illuífre nacimento, j^ """• dos oííicios,&: magiftrados q ^^6^^' ocupou,das obras q compôs, dacharidadeqcom os pobres vfou,& finalmente da fantida- decom que acabou a vida:flo- receo pellos annosde48o. em que leuamos efta hiftoria. 5 Vindo luliano a Braga o Arcebifpo de Toledo D.Ber nardo no tempo q viíitou efta Prouincia como legado que era da Apoftolica, vol-

tando

Santo Apcllinar.

26q

raiido pêra Callclla teuc no- ticia e] ellaua no lugar deVrros cicíle Arcebiípado o corpo de S. Apollmar, &: enformadoíc deíla verdade achou q era Si- dónio ApoUinar, cuja fefta ce- lebra a Igreja a i^ .deAgofl:o;& q aly tora trazida grande par- te de íuas fagradas rcliquiasiaf- fy o teftimunhacoas palauras ícguintes.jEr rediens ad Casiel- in itmere audiui corpus ejfe S. Jpollinaris^t^ doãumfuijfe percepiSidomúÀpoUinarcEpj- copii Aruernenfem^cuius ftíium agitur 13 , AuguTit , cuius hona pars corporis illuc adlata eíi, efta opinião pafia luliano Icuado das informações q teue, de c] rcfulta grande hora a eftc Arcebiípado em ter décro é fy as relíquias de Prelado taõ ranto,& efcritor taó iníígne. 6 A tradição antiguadoLu- gar, òí de toda a Comarca q foi efle fanto Frãces de nação, Bifpo, & juntamente marcyr^ conta que veo de húa po- uoação quceftàda outra par- te do Douro,& fe chamou an- tiguamentc Calábria ,& hoje Calaure_,no limite da villa de Almédra^fituada no mais alto de mote cercada ao redor de muralha aruinadsj onde fcvc letreiros antiguos , & outras

memorias q dão finacsde gra- de antií^uidade Das raízes do monre pcra a parte do meo din nace húa ribeira muy frefca q quaíl o rodea todo, onde fc ve húa ermida da inuocação de Nofla Senhora do Capo com muitas pedras antiguas^ & le- treiros gaftados do tcpo,& lumidos dos annos. Nclle te, òc pouoaçocs vizinhas he fama cõftantc q prègaua o fan to aos moradores: dclle veo fa gindo pcra o lugar de Vrros, perfeguido dos inficis quelhc querião tirar a vida porq prè- gaua aChriito, &: publícaua íualcy. Trazia o íanto bor- dão nas maósj&pera proua de íuaFê, e cófuíaõ dosq nella naó querião crcr,bateocõ clle na terra, & logo como íe fora hua plãta verde pcgcu,e laçou rai- zes,floreceo,eTcfez aruore. Ao delia arrebetou húa fóte cia- ra^cujas agoas imirauão em tu doas do rio Doviro,como qfc nellc tiueraõ íeu nacimétorpor q indo clle enuoico tinhaõ tábc as agoas da fóte a meíma cor, e logo íe coauão tanto q as do Dourotornauãoaíeu natural. 7 Os torm.cntos q o fanto padeceo fe vem pintados no rctabolo da capella a onde eíla. No painel da parte direira,

23

fc

no

Qaptulo LXIII.

femollraofanto lançado no chão atado pellos pês adous touros brauos pêra o arraíta- remàvifta do Tyrano, cjue o mandaua atormentar j & el- les perdida a braueza natural femoftraò taõ manfos, que nem forças tem pêra arra- llarem o íanto . Da parte ef- querdaeftà ofanto aílentado à porta de húa Igreja veftido de Pontifical , & dous touros agioihados beiiandolhe a mão. Vele em outro painel pregar o fanto aos Gentios, arrimado aos muros de hum templo^ou caía antigua, & dentro , & fo- ra delia muita gente vellida de roupas largas ao parecer magi- ftrados , S>í peíToas de autori- dade. No vitimo painel eftà o fanto pofto em oraçaõ mi- tra na cabeça junto à aruore em que fe c õuerteo o feu bor- dão , & detrás delle o algoz com hum alfange na maocõ que lhe tirou a vida,& lhe deu a palma degloriofo martyrio. 8 Ao lado efquerdo do

altar na parte da Epiftola eftà o fepulchro do fanto leuanta- do fobrc quatro leões de pe- dra com o feu retrato aberto nalageaj que cobre o tumu- lo com capa , báculo , & bre- uiario . Fica debaixo delle a fe-

pultura antigua do mefmo fan to toíca, 5^ íem nenhum arti- ficiOj donde fe tiraua terra que leuauão os enfermos pcra cura de varias enfermidades. p Saõ infinitos os mila-

gres que obra Deos pellos me- recimentos defte Santo. Sen- do Abbade daquclla Igreja loaõPíz foi a ella certo Viííta- dor do Arcebifpado, o qual defcófiando de eftarem aly as relíquias do Santo quiz fazer experiência do que auia nafe- pultura: procurou abrila , & o mefmo foi intentar a obra que perder cm continente a vifta dos olhos. Abriraõfelhc porem os da alma, &vio,& conheceo o erro em que cairá nacido de fua incredulidade. Recorreoao fanto, &fazen- dolhe híía nouena no mefmo lugar, recuperou a vifta per- dida.

IO Hum moço por no-

me Francifco da villa de Ra- nhados aleijado de hiãa perna que trazia fobre húa muleta, indo em romaria à Igreja do fanto, & cncornendandofea ellc alcançou faude , & fcm aleijão nenhua partio pêra fua cafa deixando a muleta pendu- rada nas paredes do templo em teftimunho de fua cura, &

dT

S(^nto Apollinar.

271

do milagre do Santo. II He grande o numero

de homens, & moços quebra- dos^a quem eíle íanto deu in- teira faudc. He particular auo- gado derte mal , porque cha- mandoo,& pedindolhc rcmc- mediOjOu com orações, ou comllieofferecercmhua mif- ía lhe alcança logo remédio, como íc vio em muitos que neíle anno de 634. & nos paliados publicarão efte mi- lagre com grande gloria do fan to martyr.

12, homem de Riba deCoalcuaua hum minino fi- lho feu doente em romaria ao fanto , pêra lhe pedir faude na enfermidade que padecia. Mor reo a criança no caminho, po- náo deixou o pay de ir por diante : chegou à fepultura do fanto, proftoufe diante cíella, offereceolhe com lagrimas o minino morto,pediolhe vida, o fanco lha alcaiíçou liberal- mente , & refucitou o defun- to com admiração de todos. 15 Leuando hum jorna- IcirohiTia pedra em hum carro pcra a fepultura cíofanto,quã- do de nouo fe fazia , queren- doa meter dentro da Igreja os boys fe detiueraõ na entrada, & agiolhãdo primeiro ambos

feleuantaraõ, foraõ cami- nhando com a pedra reconhe- cendo , (k venerando a fanti- dadc do lugar , onde jazião as reliquias de tao grande mar- tyr.

14 Outros muitos mila-

gres fe contão dcfte fanto , os quais andáo na boca , òc na memoria dos moradores da quellc lugar,& dos outros vi- zinhos, de que tiuemos çn- formações verdadeiras de pef- foasdaComarca que hoje faõ viuas, & fentiraõ emfy, & experimentarão os meímos milagres. O fcnhor Arccbifpo de Braga Dom Frei Berthola- meu dos Martyres quando vilítaua a Parochia de Vrros, hia fempre em romaria a Igre- ja , & capella de fanto Apol- linariojÃ: aly com o peito por terra veneraua fuás reliquias, & dizia, que ainda que não foílem de algum dos fantos Apollinares de que fe tinha no ticia,podia5fer doutro do mef mo nome, & de igual fanti- dade, como bem moftrauão os milagres que Deos Noífo Senhor por eíle obraua. I y Náo fabcmos ao certo o tempo em q efte fanto flo- receo,& alcançou a coroa de martyrio.LãçamoIo nefte lu-

Z4

^ar

272

í

Capitulo LXIII.

gar correndo os aniios de 4í^o por cair nelles o Pontificado de Sydonio ApoUinar como acima diíTcmos. Em cjuanto na5 vier quem lhe ache lugar mais certo, tcrà ella memoria taõdciiicíaa íeus merecimen- tos na hiíloria que imos te- cendo dos Arcebiípos, 6c ían- tos de Braga.

CAPITVLO LXiriI.

C A S r I N O XXV. Arcebifpo de B raga.

O R morte do Arccbilpo Idacio fu ce- de o na cadei- ra Primacial

59-

\

iião loco]

de Braga Caftino varaõ muy catholico , & religiofo de j^rã- de nome, como telrimunha luliano dizendo. Flor ebat per h^c têmpora CaflinusEpiÇcopus Bracharenjis,qiiifuccefsit Ida- tio anno 494. fuit aiir apprime çâtholicus. Tãbé nos noti- cia luliano de húa legaciaApo- ftolica^q o PapaHormifda lhe cometeo cõítituindoo Vigai- ' rofeunaProuinciaBracharcfe,

faõ as palauras de luliano as q

Tc íeguem. Cum Orientis Ep/f-

copi curarirecufarent, Hormif-

da Pontifex pofuit Vicários ^

loanmm Epifcopum Tarraco-

nenfem Proiúncufiu Vicariú^

Salv.fiium B^tic^^tfpartis Lu-

Jitanice, Celfum Carthãginenjís

Prouincia _, Caftinum Bracha-

rejisiiulfetcjj idem Pontifex, iJt

qui in allqua regione reperi-

rentur^ irentcj^ omnes cum con~

fefsionejidei Catholico detesta-

tioneijj illorum errorum, qui

tunc grajfabaníur, i;j' omnes

Catholiciy qui pergerent ad re-

giones infeãas b^rejipro uiati-

cofdei fu^fecum ferrent tejii-

moniafideifiu, ea^ tabidis pu-

bliciefidei conjignata. Querem

dizer: naõ querendo os Bif-

p os do Oriente aceitar curado

Papa Hormifda pòs por Vi-

gairos íeus na Prouincia de

Tarragona aoBifpo delia loaó,

& na de Andaluzia,& parte da

Lufitania a Saluílio : na Car-

thagineníc a Ceifo , òc na de

BragaaCaftino : ordenou o

meímo Pontifice que rodos

os que fe achaíTcm em algiáa

terra foíTem a confiflaõda

Catholica^ & deteftação

dos erros que entaõ auia^ Sc

que todos osCatholicos ,que

fofiem a terras inficionadas de

hercgias.

C^Hhw.

271

I

hcregias Icuallem por moftras cieíua hum inltrumenco delia firmado com autoridade publica.

1 Pêra entendimento de- itas palauras de Iuliano,& no- ticia do que por ellies tempos paíl'aua,& do oííicio de Vigai- ro, que o Papa Hormifda deu ao noíío Arcebilpo Caílino^ ^ aos mais Metropolitanos acima referidos: he de íaber, quctãtoquco Papa Hormií- da foi eleito Summo Ponti- fice^ vendo que eftaua a Igreja Catholica muy affligida, & que as heregias Arriana,(S,: Eu- tychiana eraó muy fauorcci- dasdo Emperador Anaftaíio, & deTheodorico em Itália, & deTracimundo cm Africa^tc- ue ordem com Thcodorico, pcraque deíTc calor a que em Roma fc celcbraíle hum Con- cilio, em o qual fe difputaíle muy de propoíítoa verdade da Religião Catholica. Ajun- touíc o Concilio, & nellc íe condenou de nouo o erro de Eutyches,& fe approuou , & confirmou o Conciho Calce- donenfe : &: porque hum dos principaes defeníores da herc- giaEutychiana eraloaõPatriar- cha de Conítantinopla^ man- doiio o Papa Hormiida amo -

cllar que Ic aparcaíle da- quellaíeita, 5c confellaííecm Chrilto Senhor' Noíío duas naturezas. O ímpio Patriarcha com o fauor do Empcrador Analtaíío não não obede- ceo à amoeftação do Sumo Pontifice , mas ainda tratou mal depalaura aos Legados da Apoll;olica,dosquaei era o principal Ennodio Biípo de Pauia ,miandandolhe que lo- go fe íaiílbm de Conllancino- pla:& fazcndoos embarcar em hum nauio velho , <í\: roto, os ameaçou que lhe mandaria tirar a vida íetomallcm por- to em alí?um lugar de Grécia. Porem Deos que naocoílu- ma deixar ícm caítigo íeme- Ihantes deíobediencias , deu a efte Ímpio Patriarcha o que juftamente merecia, porque antes que Ennodio chegafle a Itália , deíjpcdio oCeo hum rayo fobre elle, que o abrafou, & lhe tirou a vida , deixando com a morte vaga a Cadeira

o

deConll:antinopla,que inju- ftamentepofluya. O mcímo cartigo teue o Empcrador A- naftalio, o qual com igual fo- berba,^ arrogância reípon- deo ao Papa Horm.ifda, ^ lo- go vio fobre fy a pena, & vin- gança delia, que o Ceo tomou

lança n-

;74

Qafitulo LXIÍII.

\

Baranjo. é. cmi.

ÍChrifft j i *

llhcfc, U.

3 •<••;.

lançado outro ray O com que o priuou da vída, &c do im- pério. I 3 Neíie tempo o Papa

Hormiída como Paítor vigi- laiitiísim.o que era tratou de acodir às igrejas de Hefpanha preuenindo osPrelados delias^ peraque com cuidado aren- dcííem a que fc não íntrodu- ziíFe aigum erro em feus Bif- pados dos que cftauao con- denados pcllo Concilio_, que mandara celebrar^ íobre o que cícreuco tambcm varias car- tas a todos os Prelados dcHef- panha em. comum, & cm par- ticular húaaoBiípo loaõ de Tarragona, & outra a Saluftio Biípo de Seuilha, nas quaes os faz Visairos , ôc Legados fcus comctêdolhe luas vezes Apo- rtolicas pcra congregarê Con- cilio^ & ordenarem tudo o q tocaíTe à matéria da Fé. Deflas cartas faz menção Baronio_,& Padilha^ entre as quaes anda húa pcra todos os Bifpos de Hefpanha com a copia da c5- denaçãodos hereges Gregos, ôc formada Fèpera com cila fe guardarem os fieis decair em feus erros , ôc não admi- tirem a fua comunicação pcf- foa algúa tocada delles fcm pri meiro os abjurar, ôc fazer pu-

blica prohííaõ da Fe, pelio teor da que na carta lhe en- uiaua. A ocaíiaõque o Papa tcuepcra mandar eílc auizo, ôc caiTtcla a Heípanha/oi por virem a Africa muitas pcííoas do Império Oriental inficio- nadas pella mayor parte dehe- regia, & com animo deafe- mear pellos lugares por onde paílauão . Sendo pois certifi- cado o Papa Hcrmifda por íoaõ Metropolitano de Tar- ragona , que alguns Gregos vinhãoaHefpanha,& que fua comunicação, juntamente a vizinhança de Africa, podia fernociuaaos HcípanhoesCa- tholicos, ôc pega r lhe o mal de que andauáo contaminados, mouido com zelo de verda- deiro Paílor o fanto Pontífi- ce lhe da na carta que dilTc- mos faudaueisauifos,& docu- mentos do que feria bemfa- zcrfcneíta matéria. 4 A proteitação , ôc con- fiílaõ da Fè,que o Papa diz ne- fta carta auião de allinar as pcííoas Oricntaes que quizcí- íem fer admitidas à comuni- cação dos Hcípanhoes , traz Baronio, cujo treslado em Portuguezdizaíli. O que em primeiro lugar conuem fii^er pêra falua cao da alma he guar- dar

67^.

CaHino.

27$

d.an./^i']

■MÀM

te,

dar a reç^ra da njerdadeira Fe. Í!f níío defuiar dcu coufas que eflao decretadcvs pellos anti- guos , nao deuendo efquecer o q Chrijio Nojfo Senhor dijfe a S. Pedro tu es Pedro , i^ffobre efta pedra edificarei minha Igreja,l:fc. Proícgue anathe- matizaiido todas as hercgiaSj & conclue dizendo. £y^ eu em algúa coufa tentar de me apar- tar deHaprofiJ?ao eu mefmo me condeno lisf ejiaprofijfao afsi- neipor minha maÓ ^ Í5^ a enca- minhei ao Santo ^ isf <^enera- uel Hormtjda Papa da cidade de Roma .

$ Efta proíàíTaõ da Fe a-

uiaó de fazer todos os eftran- geiros, que das partes Oricn- taes vieííem 3 Hefpanha , pcra com cila como pedra de to- que fe darem a conhecer aos Catholicos,& poderem fer delles recebidos afuacõmuni cação ', alem de fcr neíle tem- po ( como o notou Baronio, & aponta luliano) coufa muy vfada cm Hefpanha , quando algum catholico fahia delia, & hia pêra as partes do Orien- te leuar coníígo eftà profiílaó da Fè, como triaga contra a peçonha das heregias que por aqucllas Prouincias andauão mais acefas . Tal era a Fe dos

Hefpanhoes , taõ pura , & tão viua naqucUes tempos , que verdadeiramente cnuergonha a frialdade da que le enxerga neftcsnoílos.

6 Das cartas do Papa Hor- mifda , & do q dizé Baronio, &c Padilha não confta mais quede dous Vigairos, ou Le- gados que o Papa fez em Heí- panha ; a faber loaõ Biípo de Tarragona na meíma Prouin- cia, & Saluftio Biípo Á^St- uilha nas Prouincias de An- daluzia, &c Luíitania. A eftes ajunta luliano outros dous Legados , a faber. Ceifo Biípo de Toledo na Prouincia Car- thaginenfe^& CaftinoBifpo de Braga na Prouincia Bracha- renfe-, & acrecenta que por cartas do Sumo Pontiííce íí- zcraóSynodos em fuás Igre- jas os Bifpos loaõ de Scuilha^ Afcaniode Tarragona, Cafti- no de Braga, Ceifo de Toledo, todos varões em virtudes , letras eminentiíTimos. íoan- nes Bifpalenfis ( diz luliano) Afcanius Tarraconenjis-, Caíii- ms Bracharenjís ^ Celfus Tole- tanm literis^ljf fanãitatepr^- flantes Epifcopi frequentes Sy- nodos habent infuis fedibus li- teris Bormifd^ Pap4.

7 Dura a memoria defte

l__l_l_ 11- 'III I -i !■ - - llfTt»

cxcellente>

tH chroHé

p4g»6t.

\76

Capitulo LXV.

cj;irellence,& fanto Prelado , a te os -annos de 524. em cjuc deuiâfuceder íún bcniauentu- rada morte, porque no nieí- mo anuo achamos afcu fuc- ccíToT Valério como logo di- remos . Foi Arcebifpo defta Igreja 30. annos^ porque fcn- doeleiro no anno de 494. mor- rcopellos ânuos de5Z4. pofto Que luliano diga quefoipcl- los annos de jjo, em q ha ma- nifeílo erro daimpreílaó, por- que doutra maneira fe en- contraria configo mefmo lu- liano pondo a Profuturo In- ce ffor d€ Valério no anno cm que morreoem Itália ElRey Theodoríco^ que foi o de j-ió. Era SummoPontificc por efte tempo depois de GcIafio^Ana- ílaíio, & Symacho, o Papa Hormifda , òí loaôíeufuccí- ror,& soucrnaua oReino dos Godos Amalerico. Dos Reys Sueuos por cftes annos naõ ha noticia ; naõ mereciaÕ nome porque o tinháo de hereges, & eftaua todo ícu Reino conta- minado com a pcruerfa feita de Arrio.

CAPITVLOLXV.

VALÉRIO II. D O nome XXVI. Arcebifpo de Bm?a.

E Valério II. do nome não

remos mais q

as palaurasdc luliano. Flo- rebatumc Valerius Epifcopus Bracharenfs, qui CaBinofuc- ctjkrntab anno ^^o. mfanãa Sede Bracharenji. Florccia en- tão Valério Bifpo Bracharcn- fe, o qual tinha íiicedido a Cartíno no anno de 550. Ia diílcmos andaua viciado efte algarifmo porque dizendo a - diante luliano que Profutu- ro fucedera a Valério no anno da morte de Theodonco Go- do Rey de Itália, comoefta foíTc no anno de ^z6. bem íe deixa ver cahio a fuccílaõ de Valério muitos annos antes do de 5 jo. & ainda alguns pri- meiro que o de 5x6. pois de ncccfsidade lhe aucmosdedar algum tempo de gouerno an- tes

chrorf ^ag.6o.

CbrijU.

Padtlhn cet.b.c.

Tj-cfíítHro 11.

277

m chyon, fug.61.

tes (Jc Profutiiro feu fuccf- lor. Dizemos loro que pa- rece poderia Vaicrio íer elci- ro peilos annos de quinhca- tos Ôz vinte quatro , ôc du- rar ate o principio de quinhé- tos Ã: vinte ímco, em que foi 3 gozar da bemauenturan- ça no Pontificado do Papa Félix JI II. do nome íuceííor do Papa loaõ, Reinando em Hefpanha Amalaríco.

CA PITVLO LXVI.

PROFFTFRO II.

do nome XXVII. Arcebif- po de Braga.

A M B E M

elle íanto Prc

lado íc logrou

pouco no Ar

cebiípado:foi

rcebiípo de Tar-

raeona íucedeo a Vaicrio no

o

anno de quinhentos & vinte finco , & pouco depois mor- reojdellcefcrcueoluliano. jPro-

futurus Archiepifcopus Tar- raconenfisfuccedit Valeria. A-

prmieiro

I ciniadcixaniosaucriguado não j fer erte (como algús cuidara õ) o ProfutLiro de quem fala o primeiro Concilio de Braga entre os impreílos . Gouer- naua por elle tempo a Igre- ja de Deos o Papa Fclix IIII, & rcinauaem Helpanha Ama laríco.

CAPITVLO LXVII.

SANTO AVSBER- to XXVIII. Arcebifpo de Braga.

Oraõ taõ a- preíladas as mortes dos dous Prela- dos Valério, & Profuturo , de que tra- tamos nos capitules palia- dos , que ambos naõ che- garão a ter hum anno de Pre- lazia nefta Cadeira de Bra- ga , & afsy não ouue tem- po pêra delles nos ficar al- gija memoria. Sucedeolheo illuftre, & fanto varaõ Auf- ucrto , ou Aufberto Fra-- mengo de nação ^ ao qual

•5í«-4

Aa

lendo

171

Qãpitulo LXVIL

Maityr. 13. de

VfMrd. tod.die. Baron.iH

KOt

íendo cílrangciro deraõ íuas pcrcízrinas virtudes ella Ca- dcira Primacial de Braga, depois foi pregar a Fiandes, onde niorreo deixando de íy illu lhe nome, & com riculo de Apollolo daquella Pro- uincia . lie venerado em coda ella. Fazem memoria deite ían- to Prelado o Martyrologio Romano , & o de Vfuardo, Baronio, Molano , ò>: outros muitos que refere, os quacs o nomeaõ porBiípode Cam- Moia. m bray :Iuliano , Marco Maxi- miaitfm j^q Pcdro Cabilon, o Bif- cemh. po Equilino , rrei Prudencio Eqmhno. Jg Sandoual, leronymoRo- ' '^■^'^^'j man delaHiguera, o Padre I Coime de Magalhães nos lu- MagaU gares que adiante referiremos, *r/r'^r'' & o Cataloeo anci^uo dos \no íimo \ Arcebiípos deita Igreja o no- \àosAnjas nicaó pot PrcIado delia, &: não ha duuida que o foi, & queiucedeo nella por morte deProfuturo, como diz ex- preflamente luliano com as palauras íeguintcs. Eodeman- no Pro futuro Bracharenji fiic- cedit Aufuertus-uir egregiepe- rltus , if/fanãus in Sede Me- tropolitana Bracharenfi. Chá- malhe luliano nelle lugar muy douto, & muy iantocomo realmente o era.

Chren.

\rí

61.

2, Tanto que foi eleito

Arcebifpo de Braga , logo no meímoannoteue h.m reuela- çáo do Archanjo Saõ Miguel peraque lhe cdiíicaíle, & con- lagrailchum templo no Rei- no de Galiza na Ilha Tum- ba, hoje Tambo defronte do Padraõ, a cuja coníagração af- liítiraò osBilpos íeus fuítraga- neos. DodeTuy no lo certi- fica Sandoual nas Antiguida- des daquella igreja . iVíarco Máximo põem eita dedicação as palauras ieguintes. Auf- bertus Bracharenjis Epifcopus à Diuo Michaele Archangelo diuinitus admonitus in injula Tumba prope maré Gallaicum, nec proculà Britânico templum cumfuffraganeisMichaeli dedi- cat.O mcímo afíirma qualí as mcímas palauras Franciico Maurolico.

3 De hija embaixada ce-

lebre nos da noticia Marco Máximo que fez a França, pouco depois de eleito Arce- bifpo por mandado daRainha Crotildes molher de Amala- ríco Rey dos Godos , a dar conta aos Reys de França icus irmãos dos aggrauos que re- cebia de feu marido Amalari- co por conicruara Religião Catholica em que fora criada.

Sand.

Chr»n.

foi. 1.82. verj.

17 Cíí/f, Noutm.

Santo Aíisherto.

279

Mt-àÍAX

in chron, vi. lá^

T IH

1/.

B.tron.tc,

FMlíl.Ut

As rczocs que ouue pêra fa- | ztr o nofib íanto eila cm- j baixada , ôc ler eleifo pêra I cila aponraremos adiante. O ! lugar donde nos conlhi que | elle a fez he de Marco Máxi- mo, que diz afsy. Ausbertus Bracharenfs Epifcopus ijir ecreo-ius literis, prudentia , tf rdi-y'wne , à Regina Crotdde Amãlaríci Regis Vuijegotho' rum htereticiconiuie Catholica Ic^ãtus ad fratres eius Gallo- ríín^ Rezes fecretò mittitur eo- d(m nmpore. Querem dizer no nicímo tempo Aufberto Bilpo de Braga, varão abali- zado cm letras j prudência^ & Religião foi embaixador a Fra- ca mandado em fegredo pella Rainha Crotildes Catholica^ molherde Amalaríco herege Rey dos Vuifegodos com re- cado a fcus irmãos Reis de França.

4 A caufadefta embaixa- da, & o íim pcraque fe fez, òc lucefloque teuehe neceíía- rio referir peraque íe entenda melhor . Prccopio, & Gre- gório Turonéíe referidos por Baronio , & Padiiha contaõ que Amalaríco Rey de Hef- panh3,«S<: de Gália Narbonen- íe por poíluir pacificamente as terras que tinha em França

cafou com Crotildes filha de! R.cy Clodoueo, que fui o pri- meiro Chriítaõ , que ou ue na- quclla Prouincia •, o qual an- tes de morrer partio o Reino entre quatro filhos qiie ti- nha Childcberto, Clotareo^ Theodcríco, 6z Clodomi- ro. £ra Amalaríco Arriano, & Crotildes Catholica 5 da difPerença da religião nacco a diícordia , & ódio, & era tão grande o que A^malaríco tinha a íua molher que a tra- tauacom palauras muyafron- tofas , & íaindo a Rainha pê- ra ouuir m-ilía , <5>:aí]iftiraos oíficios Diuinos nas Igrejas dos Catholicos lhe manda- ua o herege Rey lançar cou- fas im mudas pcra a affligir , & injuriar ; Sc chegou a taleftrc- mo o ódio ejue lhe tinha, & crueldade com que a trataua que hum dia a ferio deirja- neira que a Rainha laftima- da eniopou hum lenço em fangueque corria das feridas, & o mandou a feu irmão Childeberto com queixas das injurias , defprezos com que leu marido a trataua. Ell:a embaixada leuou o ían- to Prelado Aulterto, como afiirraa Marco Máximo, ain- ufoUZ^ daque Procopio , Gregório 1

Aai

T

uro-

2HO

Capitulo LXVII.

Turonenfc ^ Baronio , & os mais aucores,quecontaõefte caíonáo nomeao o embaixa- dor delia.

$ Chegado o fanto Pre-

lado a França deu conta do negocio a que hia , òc enfor- mou a ElRey das afrontas que padecia a RainhaCrotildes lua irmã, dandolhe claras moftras delias no lenço tinto cm fan- gue , que lhe aprefentou , o qualeftaua pedindo vingança das injurias que a Rainha pa- decia por fer catholica, &: ver- dadeira chriftã. Tanto que ElRey Childeberto vio o len- ço banhado em fanguCjtS: ou- uio as eflicazes rezoês com queSãto Aufberto o perfuadia a logo acodir ao perigo emque eftauaa Rainha fua irmã por conferuar a pureza catholica, cheo de paixão, & defejo de vingança ajuntou hum gran- de exercito ^ òc com elle veo a Hcípanha. Gregório Tu- ronenfc , a quem fegue Baro- nio, diz que Childeberto paf- íou de França aHefpanha com fua gente , òí chegou a hua ci- dade mí^ritima, onde eftaua Amalaríco, o qual vendofe fem as forças necelíarias pêra refiftir ao poder com que vi- nha contra elle o Francês fcu

cunhado , determinou fuçir por mar , & apreílandoo o medo, ò deteue a auareza,por- que cílando ja pêra íe embar- car lhe lembrarão certas jo- yas de muito preço, que lhe ficauaõ no thezouro que dci- xaua , & tornando à cidade pêra as tomar , & leuarconlí- go achou que Childeberto a tinha ja entrado , & cftaua íenhor delia j & não podendo entrar na cidade , nem tornar ' íecom íegurançaaomar, en- tre aperto , & defeiperação fc acolheo o miferauel here- ge ao fagrado de hiía Igreja dos Catholicos, parecendo- Ihe que aly poderia elcapar comvida. Porem não per mi- tio Deos que a Igreja valef- fe a quem tantas vezes a ti- nha profanado , & perfcgui- do , & antes que Amalaríco entraíTe nella lhe deu hum foldado húa lançada, com que acabou mifcrauelmentc a vi- da . Eflc fim teue o maldito herege perfeguidor da Re- ligião Catholica , & da inno- cente Rainha Crotildes, po- ftoque Procopio, ík fanto líl- doro referem o fuceílb doutra maneira.

6 Profeguindoo Francês a vitoria, que felifmente ouue

contra

.»**■

Santo Aust;€rto.

ifttn^'ita,Sá'fi^MrJ^

âáí

contra o herege icu cunhado c defpojou de iuâs riquezas_> 6: mczouros , &c com elles, de íi:a irn^ã íc tornou vkorio- ío pêra França, No caminho mcrreo a cathoiica, &c rcU- gioía Rainha Crotildes,& toi enterrada em Paris junto a feu |.^y Clodoueo . Entre outras peças ricas , &c de muito pre- ço, que auia no thezourode Amalarico achou Ghildcbcr- toíeflèntacahces, & quinze patenas todas de ouro, & pe- dras precioias,& outros vazos do culto Diuino riquiilmios; os quaes mandou repartir pcl- ias Irrcjas de França. 7 Cite rol o íucefloda

embaixada, que fez o nolío fanto Prelado: pêra a qual de- uia íer cfcolhido pella Rainha, ais y pella autoridade da peííoa, dignidade , como pcUas muitas letras , d>í grande zelo que tinha de acodir pella Reli- gião , &: Catholica: ao que íeajuntaua íer Framengo de nação, vizinho do Rcyno de França , &: quaíí natural dclle^ & por ventura que vicíle a ríclpanha com a Rainha ^ & aísy Goncorriaó muitas rezoes pêra ícír preferido neíla embai- xada a todos os mais Prelados defeus Reynos.

8 Goncluido com tào proí- pçrofucèílb eíU negofeio Te re- colheo Aufbercoà lua ígic- ja, onde fua muita chatidÃdej Ã: zelo da íahiação das alnias o meteo noutro mayor, Rci- nauãocntaõ ipor todoòRti- no de Galiza os dcfuaríos^ & heregias Arrianas, porque co- mo osReis Sueuos eílauao in- ficionados delias ieguíaõ os membros a cabeça j & os vaí- íalos ao fenhor , & afsy erà o remédio difiicultoío. Prègauà o fanto Prelado contra a maU dica feita, moftrando a ceguei- ra em que andauáo os que à fe- guiaõ 3 òc perfuadindo com rezoes viuas que àbrclçaífeni a verdadeira Reli^ziaõ Githoli- ca , fora da q liai íe não podiaò faluar i Tanto pocíeõ exem- plo da vida 3 & torça do efpi- ritocom que prcgaua qaba- lou o coração S.o Rey 3 & mais peíloas da cafl Real ^ os quaes conucr tidos a Deos em humConcilioj que logo por or Jem do meímo Rey fez a- juntarofanto Prelado abju- rara 5, &i Jcteílaràõ íolcniie- mente í1 hercgià Arrianà èm

o

que ate encaõ Viucrao: & fi- zeráó húa publica fcoiífííTaó daFèi primeiro ò Réy í & Rainha, depois feu filho Âria-

Aa3

inirol

282

Capitulo LXVIL

in chro».

mirOjlogo os Bifpos hereges, ôc após elles os nobres, ôc cortezaõs do paço^aqueip. fe- guiraóo vulgo, ôc gente po- pular . Aponta Marco Máxi- mo que foi efta conuerfaõ no annoclej3i. & ajunta queà imitação delia fez depois ou- tra abjuração femclhante em Toledo ElRey Rccaredo com as mefmas cercmonias dcte- ftandoafeita Arriana. Saõ as palaurasde Marco Máximo as quefefeguem. TuncSueuorú jitfohnnis renunciatio^l^f abiu- ratio hterejts Ariana , iif Jídei confefsio, njt pofl faãa eftjub Reccaredo Rege Gothorum Ca- tholico Toleti cum eifdem c^e- remonijs. ^bmrauerunt primú Rex , llf Regina^isf Ariamirus eorum Jilius , deinde h^retici Epifcopi ,poH Palatini , ljí'po- pularesin Concilio, quodcolle- git Regis império Ausbertus Epifcopus Bracharenjis ante- quamproficifceretur in Belgiú cum alijs Epifcopis. Querem dizer o que ja temos referi- do.

9 Deftc Concilio, que

por ordem delRcy fez ajun- tar o Arccbifpo Auíbcrto, naõ temos Cânones, ou De- cretos alguns , nem por ven-

'tura

os aucria.

porq

uc

fófc

cõgrcgou pêra a prcfiííaõ da Fè,q de nouo faziaõosReis,& Reino dos Sueuos. Naõ nos conrta quacs foílem eftes Reis nem como fe chamauáo, & a rezão he porque do tempo dei Rcy Rimiímundo ate a entrada de Theo^míro no Reino dos Sueuos, que foraÕ quaíí cem annos ^ paflaõ os Autores com tanto filencio as coufas daquelle Reino, quené da fuceílaò dos Reis, néain- da dos nomes delles fe lem- brarão 5 como fe ve de Jor- nadas, Santo líidoro, ôc da Chronicados Oftrogodos re- feridos por frei Bernardo de Brito i & Laimundo que mais fc cftende nefta matéria naõ faz mais que referir os nomes de alguns ,os quaes fe naõa- chaõ em outro autor : faó fuás palauras as que fc fcguem , as quacs trás frey Bernardo de Brito. Multis deinde Suetiorum Regibus in Arrianam h^erejirn permanentihus, pojl Theodulu, Varamundum^ Mironem, Pha- ramirum , ^ alios , tandem RegnipGtefiatem Theodimírus ftifcepit. Querem dizer depois difto permanecendo muitos Reis dos Sueuos na heregia Arriana depois de Thcodulo, Varamíido, Miro,Pharamiro,

' &

,p mon.

d. ca

tp.io.

Santo Aii-herto.

2%l

& oucros,finalmentca Theo- dimíro veo o fenhorio do Reino. Parece que foi iítoju- íto caíti^o de Dcos dado em ratisfaçáode íua perfídia herc- tica^em a qual depois defta ab- juração tornarão a cair ate o tcpo dei Rey Theodimíro, o qual com a pregação , & dou- trina de Saõ Martinho de Du- me abjurou a hercgia Arria- na , & abraçou com todos os Suenos a pureza catholica co- mo diremos cm íeu lugar. IO Naó labemos fe logo

depois deíle Concilio , ou al- ^11 ns tempos adiante deixou Santo Aufberto íua Igreja, por ir pregar a Flandes donde era natural. O certo hc que elle emprendeo efta jornada, & ao que parece feria por Di- uina reuelaçaó^, como acon- teceoaíaó Narciíío com a de Alemanha. Temos nefte par- ticular o teftimunho de Mar- co Máximo que diz aísy. Idi

irt chron. ' ^'^^'t^KÍ^^^ ^ legatiOM , acl Belgiú foi 183. parriam reuertitur , i^pradi- cans ibidem , eius gentis ba- be tur Apojlolus adannum^i i . Q^r dizer ; tornado Aufber- to da embaixada foi a Flandes fua pátria , ôc pregando nella hetido por Apoftolodaquel- lagentepellos annos de 531.

A vida dcfte fanto breuemen- te refere Molano 3*3. de De- zembro, &: diz que em Cam- bray fe celebra o tranfito de Auíberto Bifpo da mefma ci- dade raro em virtude , & fan- tidade, em cujo tempo a Igre- ja que lhe foi entregue gran- demente florcceo : diz mais que refplandeceo em tempo de Dagoberto infigne Rey de França, fendo Sacerdote de vida muy approuada, & q em feus dias , ík com fua prega- ção começou marauilhoíà- mcnte a floreccr a Religião Chriftã na Prouincia deHe- nao, & que teue nella por di- cipulos a Laudeiino , 6c a ou- tros varoés Apoftolicos com cuja pregação começou a Catholica a refplandecer por codaaquellaProuincia, Laíli- mafe deauer poucanoticiada vida defte Santo , & naó fica- rem delle outras memorias : diz finalmente que foi fepul- tado na Igreja de fa5 Pedro, que hoje elH dentro dos mu- ros da cidade de Cambray ein Flandes, & fe intitula A bba- dia de fanto Auíb erto. Cele- braíe feudiaa 13. de Dezem- bro,em o qual o põem oMar- tyrologio Romano : obra Dcos Noílb Senhor por cllc

Aa 4

muy tos

2 84

£aj}ití/Jo LXVII:

4tt c.ãt

■foi Í9Z.

muytos milagres •. Contiíc j cnrre os Biípos de Cambray^ & aísy o noir.ea Mcbiio , ói- *n p-efa»: ^ti^ào <n\re coíiuertco a Pro- fituLiii»-, uiHCia ríc Haiinoiíia (íjue ago- ra íc chama Henao ) à Fe de CimíloS. Nofib. 11'^' O Padre íeronymo R^ornan dela Higuera cm húa cavra,(pe eícreueo a Ga! par Aludires LouZada rcpolla de ouri-a^ cm que foiconlulcado ícbre antiguidades deíla íanra *I-greja , a qual eílà lançada r-o pl'imciro tomo dos liuros aii- thenticos do cartório delia ^ te piera fy queefte fantoAuft er- ro Biípo de Cambray , 3c pre- gador Apoílolico da Prouin- ciadcHcnao hconolío Au- íhctto Arcebiípo de Braga. Prouaõcom as rezoés que re- feriremos tiradas da mcAiia carta heípaiihol em que eflaó. Depois de apontar a no- ticia q ha da vida deílcíantOj trazendo às palauras de Marco MaximOj& deMolano nos lu- gares referidos diz nisy.Deaqui colijomtichdi cojlts^ loprimero^q mfefahe bien lauida dejlefdn- , como parece fue Prelado de Braga ^y paru uluioenFIã- des : fegundo que predico m Flandes ,y en ejpecial en Cam- bray, y hi-z^ grandíproutcho en

tampo de Dcgoherto hijú de Cíofario,j nieto de! gr íi de Clo- dmíeo , )' qiíeja^e en Camhraj\ y es Janto, aqui tenenros que cl Bracharenfe pajTo a Flandes: tenemos que predico en Cam- bray , que fue en los tiempos de los hijos de Clodoueo , quatro hermanos ^y hennanos de Cro- tilde hija de Clodoueo^ qtie esltí- uo anos en Flandes : la concur- rencia de los tiempos es la mif- ma , 'i)no el nombre , fin que por esios tiempos fe baile otro Auf- berto en ningun autor fino ti Bracharenfe. E depois dcrcf- ponder adiias difficuldades, q mouc^qual foi a rczão porque deixou luas ouelhas, òc aqué as encarregou continua di- zcndo» T nofe marauilleij.m. qifenofe baile fino en Primo ObifpoCabilonenfe.,y en Ma.xi~ mo q Ausberto fuejje Ar^obifpo de Braga , y fe baile tn otros que fue en Cambray^ que afsia- contece a autores -, que llaman aS.Dionyfio Obfpo de Athema^ ctros de Paris. Direa i^.m. mifentimientOj que yo tengo ai de Cambray , y ai de Braga por njno ,jv afsi lo ejcriuo por las ra^nes dicbas, que a mi po- bre jui^iofon de harta fuerca., Ciber dei que predico en Cam- bray,que esluuo enFl andes ^que

con-

Santo Ausherto,

285

concurrio con Dagoberto , que dexo Obifpo enfu lugar en Bra- ga , quefe ha de pedir Jino de' monjlracwnes de Euclides , que en ejhts matérias nofe admiten^ ni entre cuerdosfepiden ,fegun lo qual tengo a eíiepor elSanto^ que pone el Martyrologio Ro- mano a i^. de Dec^cbre, ^m2.\s abaixo conclue dizendo. T es bienprobable que por la deuo- cion que tenia a S. Pedro de Ratesprimero Arfobifpo Bra- charenfe pu^ejfe nobre àquel- Ia Iglefia de S.Pedro, que llamá Molano Sanãi Pètri^quejifue- ra delprimero Pontífice Roma- no aríadiera^Principis Apojlolo- rum.Qom eltas conjeicuras,&: outras tem por certo efte gra- ue autor íer o noíTo fanto Ausberto o mcfmo que pre- gou em Cambray,&: foi Biípo daquella cidade. IX G raiide autoridade tem os elcritos do Padre lerony- mo Roman , & muito credi- to fe deuea fuás opiniões j po- rem nefta o não podemos fe- í^uir, porque feconuence de feus mefmos fundamentos nãofer o Auíbcrto Bifpodc Cambray de que fala Mola- no em leu Martyrologio a 13. Dezembro , o mefmo que o noílb de Braga ^ porque ú

noflo,conformea Marco iMa- ximo, luliano, &: Sandoualj floreceo pcllos annosde jji. nos quaes paílbu a França a embaixada que aucmos refe- rido, 6c tornand-o a Flandes fua pátria pregou ^ &: conuer- teo nella os moradores de Hã- nonia : o outro Santo Auf- berto floreceo cem annos de- pois no têpo dei Rey de Fran- ça Dagoberto filho de Clo- tarioll. o qual reynou deza-^ féis annos, &: morreo noanno de 646. como affirma Molano dizendo. Dagobertus Clotarij filius regnat annis fexdecim mo- rituranno (í4(;/No anno fe- guintc de 647. põem fua mor- te Baronio feguindo a Aimo-^ ino : donde confta cuidentc^ mente que não podiaó eíleá dous Auíbertos ferhum fò, pois entre o tempo de hum, òc outro correrão largos cem annos. Engainouíe leronymo Roman com o Clotario de quem era filho Dagoberto, porque auendolhe de dar por pay ãClotario II. do nome,nc to deChilpcrico,& bifneto de Clotario primeiro , lhe foi dar a eftc feu bifauô ; & queni ad- uirtir bem neftes dous Clo- tarios, facilmente julgara com noíco.

Com

recapt tuUt.cj.

tomZ.*n naU anu.

1 l-í >—

2S6

Ccipitulo

LXVIIL

} 13 Com eíle argumento

da ordem dos tempos, cjue hc muy forçoío, fe desfazem to- das as conjeituias contrarias, <Sj fica ccirendo com euiden- cia que o nolío íanto Arce- biípo fíorcçeo em tempo do primeiro Clotario íiiho do grande Clodoueo, irmão de Crotildes, cuja embaixada eileleuGu a França, & naó no de Clotario ÍI. do nome pay deDaejoberto quando viuia Tanto AufbertoBiípode Ca- bray, comofe prouadeMo- lano, «5^i o temos molbado. O certo he que pregou em Flan- òits comoaííirm3MaximOj& fez srãde fruto fua precação. Nao nos çoníta íc tornou a Braga, mais cuidamos mor- rco era Cambray , èc ellà en- terrado na Igreja de faõ Pedro, & faz os milagres , que apon- ta Molano. Por ventura íaõ as obras deíle iníigne Prelado as que fe atribuem ao outroAuf- bçrto Bilpo de Cambray,que foi c&m annos adiante, por fe ter delle mais noticia , &: muy pouca do noíTo fendo o Apo- íuoíode Flandes, & a quem todas squellas Prouincias de- uem a luzido (agrado Euangc- Iho.; Duri fua memoria te o annode ^ji. Tinha porcílc

tempo o Sumo Pontificado o Papa Bonifácio II. fuceííorde Félix íni.& era ReydeHef- panha Amalaríco.

CAPITVLOLXVIÍI.

IV LI A N O I. DO nome , l^ XXIX. Arcebif- po de Braga.

í$tm^^ã O K morte I ^?Í te)|% de fanto Auf- *^a WM^S^ berto,ou pcl- pju la auzcnciaq !^^ fezdeíualgre

ja pcra França ( como quer o padre leronymo Romã na car- ta referida no capitulo atraz) lhe fucedo naPrimazia de Bra- ga luliano Arcebifpo de Tole- do,o qual pellos annos de 53 4. tinha íocedido naquella Igre- ja ao fanto Prelado Montano. teftimunho deita íucefsaÕ o Aciprefte de Toledo luliano àizcaáo.Sanão Pontijici Auf- bertofiiccedit infede luUanus Toíetantis.,regncibat túc Thctt- dis,quifuccejierat in folio Go- thonim Amalaríco .Qncx.ái'Ltr. fuccdeo ao íanto PrcladoAuf- bcrtoíuliano Bifpo deToledo,

laliati, Chrc.fag 61.

lho- m.ii 7 A' ma) o \tr dad, de Dcxt.fd,

PadilhA fio CmaI. dcsAree- bifpcs de

revnaua

luliano L

287

trafl. prtm

h.c.

Z.9.

rey naua enta.õThaidis,ò qual lucederano Rcyno dos Go» dos a A malaricOj& logo abai- xo diz que ÍLiliano o qual auia íuccdido na Igreja de To- ledo a Montano toi creslada- do a Braga. lulianusfuccejjèrat in Sede Toletana Montano^ ne- cefsitatls canja, maximlj<euic~ tibus PrifciUianiftis , transla- tus efl Bracharam. Icronymo Roman na carta referida no cnpirulo atraz tem pêra ly que eíte Juliano foi primeiro Ar- cediago de Braga •, Ôc que nel- la ficou eleito por Arcebiípo pellu auíencia de íantoAuf- berto, & que depois foi tres- ladado pêra Toledo. Naõ traz por cila lua opinião autor ne- nhum queaproue ; & contra ella elU o lellimunho claro de Juliano, oqualaífirma que de Toledo veo o noílb Arce- biípo Juliano pêra Braga : de- uia íernecellana íua preíença pêra acodir com remédio à heregia dosPnícillianirtaSjque naquelle tempo andauamuy ateada por Galliza, 2. Delta translação ^ Si

mudança de Juliano pêra a Ga* deira de Braga fe pode mal formar argumento em fauor ^'■"1 da Primazia delia contra Tole- ^^' do, porque no tratado que

aei

fizemos íobrc cila matcna molhamos ja fua pouca for- ça , & eíficacia, vilto como os Prelados aíli nos tempos paf- fados, como preíentes palia- rão lempre de liiáas a outras Igrejas , atentando ou a ma- yor comodidade, & proueito delfas, ou daquellas ouclbas, ouaoutrosreipcitos particu- lares approuados pellaSèApo- ilolica , & na5 íempre à dig- nidade da Igreja pêra ondeie mudauáo ^ como prouamos com alguns exemplos . Naõ ficou memorij de obra algúa, que fizeíle efte Prelado fendo Arcebifpo delia Igreja í com o meírno filécio paílaõos au- tores quetrataõ dos Arcebif- pos de Toledo , porq Padilha naó apõta delle couía algúa, & o Chroniila Thomas Ta- mayo diz fomente q fucedeo aMontano 110 anno de j'34- Bem entendemos leria acaufa o pouco tempo que viueo em j húa, & outra Igreja . Foifua morte pellos annos de 538» porque nelle achamos jaaíeii fuceflor Eleutherio comoa- diante veremos . Tinha por cftes annos a Cadeira de S.Pe* dro depois de loaõ Il.e Agapi" to oPapaSiluerio. E era Rey de Hefpanha Theudis.

i :

GAP.

S'8

Capitulo LXIX,

' ^eAPITVLO LXIX.

EL E V T H E R I O XXX. Arcebijpo de Bra-

ga.

Or-l;;!-!

r/j

! chro. 16,

O N T I^

nuando com aordé delii- iiano Aciprc- íledcToledo, a quem imos ícguindo na íii- ceíjàõ dos Prelados defta Igrc- /«/;:«. in ja,encrou nclla Eleiítherio por P^. morte de luliano . Succefiit, ãiz cWcy poflmodim Inliano in Sede Bracharenfi Eleutherius: Foiefte Prelado grande zela- dor da pureza Catholica , va- rão verdadeiramente Apoílo- lico, fantifliraOj& de eminen- tes virtudes , com cujo exem- plo ^ com a pregação de S. Martinho de Dume íe come- çou adar principio à conuer- íaô dos Sucuos , que depois fcliímentc íc vco a concluir no tempo dei Rey Theodimíro, como diremos na vidadeSaõ Martinho.

2, Confultou Eleuthcrio

ao Papa Siluerio por carta pe-

dindolhe dcclarafle leíepo- dia5-toieraraÍgunsabuíos,que íc comcciaõ nos Sacramentos, & outras propofiçoés, que pa reciáo heréticas por íerem contrarias às que a Igreja ti- nha , & cn/maua. Vigilio, que cntaõ gouernaua a igreja de Deos pcilo Papa Silueno de- ílcrrado na Ilha Poncia , reí- pondco acarta outra chea de erudição, & doutrina, que anda no íctrúdo tomo dosCõ- cilios entre os decretos do Papa Vigilio , Sc a trazem Ba- ronio , ^ Padilha . E ainda q o titulo naó diz mais que Dihãifsimo fratri Eutherio Vigilius , ôc à amargem eftà Ekutherio , Vigilio ao muy a- mado irmão Eleuthcrio j íem lhe chamar Biípo, nem por a cidade donde o era :com tudo da palaura irmaõ , de que vza fe entende bem íerBifpo a peí- íoa a quem eícreue, éc das pa- lauras da carta , que logo refe- riremos íe colhe que oBif- poa quem hia dirigida mo- raua /w extremis mundi parti- btts^ nas vitimas partes do mu- do, que na fraze dos autores Romanos faõ os Reinos de Portugal,& Galliza. 5 No particular do Biípa- do naõ fe ertendeo Baronio

Bar os. an

279. faâii h,

cenuú.c»

amais

_l

Eletuh

t \nm ■li; n*»!' ijpianii.úijarl^

etubeno.

2Hg

M.Max (hro.x-íl,r, iSò. iíilian.in cLra t.ia 6. a

a mais que dizer as palauaas fe*

guiares Qjijjndmautem fuerit Eleuthtrius adqutmjcnbit^i^ ciiiiis ciuitatis Epifcopus licet nulla mentiofít^ tatncn ipfum fíiijje Epifcopn in extremis Hif- t>ãni<e oris Occeano coniunciís^ 'í>elin Lujitama^ant mGallecia fatispojjumus ex epiíioU ar- gumento collígere. líto he,q lhe parecia íer algú Biípo na Lulí- tania,oucmGalliza.Deilaclu- Ilida lios tiraó M. Maximo,& Itiliano^os quaes claramente dizé c| aEleucherio Arccbiípo de Braga íe eícreueo eíta carta, como a varaó celebre naqaelle tépo,& peííoa de grandes le- tras, Tesúdo o nomea Juliano. Ponhamos as palauras de hu, & outro-.as ds M. Máximo di- zem. Ekutherio Epifcopc Era- charenji Figilius Papafc ribit. As de luliano íaõ. Ekutherius Epifcopus Bracharenfis ceie br is habetm\íid quem nntea fcripjit Vigiliiis Papa . A carta de Vigi- lio tornada em porcugucz, he afeguinte.

FIGILIO AO MF T

amado irmão Eleutherw. 3 Com muita alegria recebe- mos ds cartas de ipojfaCharida- de cheas de perguntas catholi- Cds , tf damos muitas gracM a

Dcosporjerfcruido deprouer a [lias ouclhas nas ultimas partes do mundo de taespaUorts s qUè pojiaó darlhepafto falidaucí tm abundada^ i^ defendei las, pêra qnao jejao dejpedaçadds pello inimigo ant/guo demaneird,què nco cayaó nos lacos de fuás trei'- coes 'por onde fem duuida alca^ çareis a graça da bemauentura-^ ^a prometida pello cuidado que tcdes de inquirir^ if perguntar o que conuem , por ttr noticia perfeita da doutrina do Ceo; porque ( conforme eflá efcri- to ) bemauenturados os que ef- codrinhaófeus tefiimunhos , tf CS bufcf.o de todo o Coracao. Tratando irmão charifsimo,tf cójiderâdo em nojfo peito as cou fasfobreqnos aueis cófiãtado^ acho q defejais ter a regra daFè Catholica , caminhando pelUs mefmAS pi^^das^pellas quaes fa beisfifúdòu aFè dos Apoflo los '.tf aindaá(como dijfe oReal Propheta)o fom delles (e derra- mou por todo o mundo tècsfns da terra fe algúas coufas ha nef fa Igreja^qeíià a ojofa cóta^ q nãOesiejão claras com perfeita lu^^ quifeftes recorrer à mejma fóte^dóde manou a agoa jãuda^ uelfi qual intento abraçamos a char idade deuida ^ pella con- fiança que tiuejíes de querer fer

bb

inteiraij

290

Capitulo LXIX.

inteirado de ^>oJfcí^ duuidas mjjas.repofl^ts. Por tatojãudâ- do em o Senhor a -u. Char ida- de , refponderemos a cada hka de ijofiai perguntas o qite acer- ca delias tema autoridade da Se Jposiol/ca, conforme a dici- plina Catholica dandouos nos capítulos feguintes regras fan- tas pêra "vojfa mflruccao.

Primeiramente os que diluis qiiefe contaminarão comahe- regia de PrijciUiano:fanta^l!f religiofamente julgais aiierem dejer caíiigados coma detefla- cãó conueniente à Reliiiao Ca- tholica , porque de tal maneira fe querem abster de comer carne comprotefio de fingir abíiinen- cia , que mais parece o fa\em por abominar ( conforme afeu erro) a comida da carne , que naopella deuacao que fingem: no que Ceguem o abominauel er- ro de Manicbeu, cuja fuperfi:i- cíto efláprohibida^ i^ anathe- mati^ada,porq crc efi:esferim- míido o mantimento da carne ^q a misericórdia deDeos deupera afuflentaçao humana^ em o q os catholicos jufgao nao auer ne- nhúa coufa immúda^porqoApo- folo S.Paulo Doutor das Getes efcreue afeu dicipulo Tito dic^e do/od.ts as coujíufaó limpas aos limpos ^i^ pêra os qo naofaó, co-

mo os infiéis nenhiia coifa ha lim pa,porqfua alma , ij7^Juas con- ciencias carecem de toda a lim- pe':^. Confejjaó com a boca que conhecem a D eo suporem com as obras o negao., jendo ahomina- ueis^Í5f mcredulos^if nao apro- uadospera toda a boa obra. E o me fmo S.Paulo efcreuedo a Ti- motheojohre osmefmos erros, dic!;^ qnos tépos vindouros alguns Je apartarão da Fe , dado ouuidos a efpiritos de erro,i^ doutrinas do Demonio^q hypocrefiafa- lâo mentiras, iff tendo cauteri- zadas as concienciasprohibira Ó o cafamento, i^Je abjierao dos manjares ^q Deos criou,peraqos fieis^i^ os q conhecer 6 a njerda- de os recebefem c6 fa^imento de graças , porq tudo o q Deos criou he , ijf nenhúa coufa fe ha de defpret^ar, antes fe ha de receber, dado por ella aDco^gra ^as . Por tanto feguindo os Te- neraueis Padres eíia doutrina julgarão qdeuiaófer condena- dos efpecialmente aquelles q fe absfmejfem de comer carne,i:f q crefê qfe auiao de euitar as cou fas qfojfem mifluradits carne, porque tâbe Nojfo Senhor lefu Chrifi;o preuenw isio amoejian- donos quado dife. O que entra pella boca nao contamina ao ho- me ^antês as coufas q fie por ella

o con-

EleutK

'oerio.

\9l

o contaminaótpello que nem re- prouamos a abstinência que a- orada a Deos ^ nem recebemos em no[J'a companhia os que abo- tninao as criaturas Senhor.

E no que toca a comofe deue celebrar o Bautifmo , tambt di- remos a nj. Char idade o q eíia- beleceo,lf guarda a autoridade Apostólica , tf pois no fim dos pfalmos coflumao os Catholicos d/^er , Gloria Patri^ Isf Filio^ íjf Spiritui Sanão^nouo erro hc dizer o q nos diT^is q tirando húa das dicocs conjuntiuas al- guns quero diminuir o Docabulo perfeito da T rindade^diçii^ndo. Gloria Patriy if Filio Spiritui Sanão. E a me.fma rec^o eui- dentemente moflra que tirando húa ccnjunçao quere dar a ente- der q apejfoa do Filho , (f do Efpirito Sato he húa mefma. E pêra conuencer o erro dos qiflo di^c,baiia o cj Chrifio N.S. en- fmou q aos q crejfé,fe lhe dej?e o Bautifmo com a inuocaçao da Trindade, dizendo. I de, Í5f enfi- nai a todas as gctes bauti^an- doas em nome do Padre , i^ do Filho, tf do Efpirito Santo ^ tf nao diffe em nome do Padre^ f do Filho Efpirito Satofenaoco ignaes distinções miidou qfe no meaft oPay^tf o Filho^tf o Ef pinto Sato^tf afsy he coifa cla-

ra q os. que quer c ir contra efla cofifâo to tal me t efe apartao da doutrina do Senhor^if.perfeue- randonefie erro, nao podem fer da nojfa companhia.

Também aquelles que auen- do recebido a graça do Bautf- mofaudautl tornao a fer bauti- c^dos pellos Arrianos , aberta tem a porta do Inferno. Com eíia 'VOS mandamos certos ca- pítulos tirados de nojfo ar chi- uo,em que ^vaopoflos emfua or- dem os Decretos ejlabelecidos por noffos antecefores em os tê' pos pajfados^nos quaes conuem muyto aduertir com efpecial charidade,porqpor nojfos pec- cados , eíta maldade fe leuan- tou entre muita zente. Remete- mos a 'vojjòjui^^o , tf dos ou- tros Bifpos qfe a qualidade Jjf deuação do penitente parecer que merece perdão fe lhe conce- da-.porem a reconciliação deUes não ha de fer por impofiçao de maÓSyque obra pella inuocaçao do Efpirito Santo ,fenão cope-' nitêciaproueitofa reflitumdoos àfanta comunhão.

Quanto ao queperguntais a- cerca de como, tf quando fe aja de tornar a cofagrar aígúilgre ja.A q efliuer caída reflaurar- fea da fabrica da mefma Igre- ja^ tf ^uendofe leuantado dos

Bb

alicef-

2gZ

Capitulo LXÍX.

aliceJfeSyjtm duuida nenhúaje conja^rarà com' nt) [fa' foléne, fã^^etidofe todooifficio da cófa- gracúO, porem nao je auendo de por ara, bailará hen^da !an~ çandolhè agoa benta tornando- Iheapor o Santuarto^quttinha^ no lugar donde foi tirado. No <iue toca afeitada- Paf- i choa^nosa celebramos efie anno, : querendo Deos^aos ii.de Abril;, : ísf quanto' à orderndxi preces no facrificio da mij?a,efid^ em nenhú tempo , nem emfeiia al- gúaas mudamos Je nao quefem- pre confagramos , ^ offerece- mos os doens aDeos de hum mef- ' mo modo . Porem nas feflas da Pafchoa^daAfcenfao djSenhur, isfnafelia do EJpirito Santo, :if'da Eplphania , occorrendo ■feBas de Santos, fa^mos come- moração ddtalfefta em dias c6- uententès . No mais guarda-

mós a ordem cojiumada , pello quetambem'Vos enuiamos com eflao texto da^ preces Canóni- cas que Cita recebido por tradi- ção Apoftolicã . Epera quenj. C bar idade faiba em que lugares fehade' acrecentar o que eflà ordenado pêra as feUas , tam-

: bem acrecentaremos as preces de . dia de Pafchoa.

Com iíto temos refpondido às

pergunta/i de ■'V C bar ida de , Isf

rogamos a Deos Nojjo Senhor quanto podemos multiplique os ■doesdefua graça em todas ^ts Igrejas da Religião Catholica, ilf- em todos aquelles qf enfieis, ^ queje]a (eruido gu.irdar a todo ojeu pouo das treicots dos inimigos efpirituaes, 15'' corpo - faés . Também •'vos manda- mos relíquias dos Bemauentu- rados Apojhlos , ò^ Martyres, esperando de njojfo bom defejo^ que CO jeus merecimentos feja yoJjaFé ajudada,e acrecetada.

Se algum Bijpo , ou Presby- tero nao baUti^ar conforme ao preceito Diuino , em nome do Padre , Í5f do Filho, i:f do Ef- pirito Santo ^ fenaó em húapef- foa , ou em duas da Trindade, ou em três Padres , ou em três Filhos,ou em tresEfpiritos San .tos,eíte talfej a lançado daí gr e- ja de Deos.

Nenhúapejfoa douta ^ ou ig- norate duuidafer a Igreja Ro- mana fundamento, tf forma de todas as outras Igrejas, do qual fundamento nenhu dos que bem crê- ignora auert tomado prin- cipio todas as Igrejas, por q ain- daque a eleição de todos os Apo- (iolosfoi igual tudo aoBema- ueturado S.Pedro foi cócedido q precedefk aos mais , ijfpera iffo foi chamado Cephas ^porque

he

Eleutherio.

293

bc cabeça , i:f o primeiro de to- dos os ÃpoHolos . E o que pre- cedeo na cabeia he necefiario que fe figa emfeus membros-.pel- locjafanta Igreja Romanapor Jeu merecimento confagrada a y>o^do Senhor^^ fortalecida a autoridade dosfantos Pa- dres, tema Primaria de todd^ as Igrejas , í?* a ella haÔ de fer trazidos afsi os negócios gra- nes , j«/;^05 , ^ querelas dos Bifpos , como todas as quesíots, Í!f canfas mayores de todas as Igrejas como afua cabeça-.tfaj- Jiquemfabe que precede a outro ^ nao Ihefeja graue, nem mole fio, que outrem lhe preceda a elle, porque a mefma Igreja, que hea primeira, de tal modo quer con- cederfuas ye^s às outras Igre- jas que entendao q faÓ chama- das peraparte do trabalho,^ naopera todo o poder. Pelloque he coufa clara ferem referuadas à mefma fanta Si Apoíiolica todas as caufas dos Bifpos que apellãopera ella , if todos os ^ negócios de coufas mayores, principalmente que em todius ejias coufas fempre ha de fer c6- fultada^i^fe haÔ de efperarfuas repoHas,Efe algum Bijpo aten- tar apartarfe defte caminho , faiba que ha de dar conta de fy a mefmafanta ApofloUca^

nao f em perigo de fua honra. Dada ao primeiro de Mar^o, fendo Confules os efclarecidos ojarozs Folujtano , l^ loao. 4 Ifto contém a carra De- cretai do Papa Vigilio íuccf- for de Syluerio em repofta das duuidas Tobrc que foi confultado pello noílo Pri- maz Eleutherio.Náo temos noticia do oue continháo os Decretos que dÍ7, fe tirarão do archiuo Romano, nem as pre- ces, que íc hão de acrccentar na mifla nos dias mais folcn- neSjporque fenaõ imprimirão elta carta Decretai, a qual anda lançada nos liuros que eftão no archiuo defta Igreja, Os CófuIcSj & data delia mo- ftraõ fer feita pcllos annos de 538. qfoi ofcgundodo Ponti ficado do Papa Syluerio co- mo affirma Baronio. j No tépo defte iníignePre- lado veo S.Martinho aGalli- za,& íua pregação, & dou- trina teue principio a cóuer- faõdosSueuos^como ja tc0i- mos,& veremos maiilargamê tecmlua vidâ.-alsy o dilzíulia- no. Huius Epifcopi tepore Mar tinus GtíCcus natione \ quifuit prius Epifcopus Dumicjis prope Bracharam conmrtit Sueuos. 6 Dura a memoria defte fan

I to.f.^^

CÍUtoloc9

tn chron.

Bb 3

to

294

Capitulo LXX,

to Prelado, atè o anno Ác^^o. ' era q M, Máximo diz q foi pê- ra o Ceo.Iuliano lhe chama va rão fanco , & lhe por dici- puloalaó Fulgencio : grande honra pêra ElcLitherio íair de íuaeíchola hum taó abaliza- do íanto , t^ inílgne Doutor. Foi a gozar da bemaucnturan- ça depois de ter treze annos, ou mais daPrimaziadeftalgre- ja. No tempo de feuglorio- ío tranllto gouernaua a Igre- ja de Deos o Papa Vigilio. Era Rey dos Godos AguiJa,depois deTheLidis,& Theudifclo.

CA PI TV LO LXX.

LV C RE CIO XXXI.

Arcehifpo de Braga.

M M. Máxi- mo, & lulia- no achamos a Lucrécio Ar cebifpo Pri- maz dcfta Igreja de Braga, os qj^saffirmáo quç foi fucef- M,Max for de Eleutherio. Marco Ma- i&-7,verf ximo diz ã(sy. Elçutherio Bra- charenfi defunão fuccedit Lu- cretius : quehe omcrmoque Miati. ellà dito. luliaho diz. £/g»í/;í;-

62!^^^' ^^^^ "^'^ Sanãus hoc anno mo- ritfir , fuccedit illi Lucretius m

Sede. Br achar enji. Ncíte anno morreo Eleutherio varaõ lan- ço, a quem íuccdeo Lucrécio na Sede Braga. Donde íe ve o erro em que cairaõ o doutií- ílmo Cardeal Ccfar Baronio, S>í Mariana na hiltoria de Hei- panha , em quanto aftirmáo que Lucrécio íucedeo ao Ar- cebifpo Profucuro enganados com húas palauras , q íc achao no Concilio Brachareníeaui- do por primeiro, nas quacs íe chama Profuturo predeccflbr de Lucrécio, falando os Padres do Concilio com o mefmo Arcebiípo Lucrécio,^: pcdin- dolhe que todos fe vniílem,& conformaílem cm fuás Igre- jas guardando os mefmos ri- tos5& ceremoniasfagradaSjCO mo as ouuera jade Roma íeu predecefior P rofu tu ro. As pa- lauras dizem, i^r-^c/^w^ cum if de cateris quibiijdam caujis in- JlruSUonem apudnos SedisApo- Uolica habemus , qu4 adinter- ^ rogationem quondam "veneran- díC memorize pr^edecefforis tui Profuturi ah ipfa Beatifsimi Petri Cathedra direãa eU . Querem dizer j principalmen- te tendo nos inftrucção da Apoftclica fobrc certas couías , a qual vCo dirigi-- da da Cadeira de Saõ Pedro

c m

to.j.an.

Chnjh

468. Ãíarian.

Lucrécio.

295

f ; adilua VLcut 6.

cm reporta de húa pergunta quclhetezantiguamentevoí- lo precicceílor Profiicuro de boa memoria. E poftoquc feja certo auer dous Profuturos Prelados deíla Igreja prede- ceílores de Lucrecio_,como em llias vidas temos moltrado, nenhum delles foi immcdiato antccellor íeti, porque ambos florcceráo muitos annos an- rcs.iS: fe meterão muitos Pre- lados cm meyo entre elles , & Lucrécio , de quem foi immc- diato anteceílor Eleutherio, como claramente dizem Má- ximo, &í lulianõ , &c o eflà moítrando a palaura, qiionda, que na força da iatinidade lan- ça mais longe do quefaó os . annos, que corre entre o Pre- lado paliado, & o que imme- diatamente lhe fucede. z Começou cfte illuftre

Prelado a gouernar íua Igreja com grande zelo da pureza daFè,& dalaluação das almas, & ardentes defejos da refor- mação dos coftumes. Corre- do o anno de 563 , no primeiro dia de Mavo. conforme a me- Ihor opinião de Baíonio,Mo- rales ,& Mariana', a quem fe- guimos no Catalogo dos Bif- posdo Porto (poífoquePa- 1 dilha na hilloria EcclcúalHca

tenha perafy q foi no anno de 561 .outros no de 564 )reinan- do Theodimíro no terceiro anno de íeu reinado o noíTo Arcebilpo Lucrécio fez ajun- tar Concilio Prouincial em Braga dos Bifpos de Galliza,&: Portugal _, de que era Metro- politano, pêra confirmar aos Sueuos naFè que tinhão re- cebido pclla pregação , & mi- lagres defaõ Martinho de Du- me, a q ajudara muito a dou- trina do meímo Lucrécio. Ne- íle Concilio depois de íe tra- tarem couías tocantes a Fe, «.V deteftação , & abominação das hercgias dos Prifcilliani- llas , fe ordenarão Decretos muy importãtes peraaadmi- niftraçãodos Sacramentos,& reformação da diciplina Ec- clefialbca. Não fazemos aqui efpecial menção delles,porquc no capitulo ío.deíla hiftorialã çamos eíleConcilio, oqual hc tido cõmíjmence pello primei roBrachárenfe,& o trazé Gar- cia deLoayfa,Padilha,& fr. Ber nardo de Brito. Teue pêra fy M. Máximo q foi nacional eftc Concilio: porem dos auto- res referidos fe moftra o con- crario,porque não confta que fe achafle nelle Metropolita- no algum, nem Bifpo de Hef-

panha.

In eolUn I Côc.Hifu 1 Paitlh. cent. 6, caf 33. Brito 2-f monare. 1 Ub. 6.caf

13-

Bb

296

£ap'ttulo LXX.

d.cent,6.

panha^niais cjue os de Galiiza, &c alguns cíc Portugal , donde fc ve que não foi nacional,co- mo imamnou Marco Maxi- mo.

5 Muitas coufas ha ncíle Concilio dignas dependera- çáojcomo bem notou depois deBaronio Padilha^ as cjuaes nos dão noticia dos collu- mes,cjuc auia nas Igrejas de Hcípanha poraquelletempo,

6 dos abuios quccorriaó ncl- la. Começando pcila relação, que oArcebifpo Lucrécio fez, propondo aos Prelados do Concilioa condenação da fei- ta de Prifcilliano , q auia mui- tos annos eftaua decretada pcllos Bifpos de Hefpanha , & a regra da Fè,qucfe mandou a BalconioArcebifpo de Bra- ga , íe colhe claramente que auia ainda neite tempo here- ges Priícillianiftas em Hefpa- nha , pois pareceo neceíTario aos Bifpos que fe acharão pre- fentes, propor nellc ly.Cano-

ncs, pêra de todo defterrarcm efta heregia mais prejudicial ainda que a de Arrio. 4 Também pudéramos

formar queixas do fecretario, ou notário deíleConcilio,por não lançarem asaâ:asdclle a carta,que diz cfcreuco o Papa

a Proluturo Prelado dcrta Igrc ja_,a qual por brcuidade naó pocm , & pois íe leo no Con- cilio ( como cUe diz ) também fc ouuera de tresladar j & lan- çar nelle. Tiucramos com ifto mais Epillolas Decretaes das que andão impreflas, efcritas pcllos Síámos Pontifices aos Prelados de Hefpanha.Naõ fa- bemos defta que Papa a ef- creueOj nem a qual dos dous Profuturos: ainda que temos por mais prouaucl foi cfcrita ao primeiro do nome , como cm fua vida tocamos. He gra- de dor faltamos erta carta,que deu ia fcr doutifsima , & de muita erudição \ a breuidade com que eícreucraõ, os anti- guos nos fez eltc dãno,& del- le nacco ficarem muitas cou- fas enterradas em efquecimé- to: milagre he podellas rcfuci- tar,& darlhe luz. 5 Também nos confta

pcUo terceiro Decreto defte Concilio quam antigua he a differença da faudação _, que guardaÕ os Bifpos na milía em faudar ao pouo dizendo os Bifpos. PaxiJobíSj da que os Sacerdotes quando dizé. J^o- minus Fohifcum, ôc poftoquc o Concilio ordene que não aja mais c.ftá differença, com

tudo

Lucrécio^

297

cent.6 c. 34-

tudo a determinação (le le in- rrct{Lizio)naó perlcuerou,por ■cjuc hoje íe guarda o modo an tiizuodeíaudarxomo le vc do Ccremonial Romano. 6 Vlcimamente he de pÕ- derar o <|ue íe decretou no ca- pitulo li.dcrteCõciLo. Man- dalealy -que na Igreja íenaõ cantem veríos,ou hymnos, nem outras poelías, fendo que japorcíle tempo, &: muitos annos antes vlaua a Igreja de hymnos que nella íe cantauáo, cõpollos pcra clle ctleito por íanto Aunbroíío , Pradencio, Scduhoj& outros: v^ oq mais he depois dcfte Conciho eícre ueo muitos o Papa íaõ Gre- gorio^que nella íe cantaõ. Naó íabcmos que caufas aueria pe- raafsy o determinar o Conci- lio : de crer he feriáo muy vrgentes porem hoje naõíe guarda efte Decreto, d>L íe can- tão os hymnos ^ &: veríos cõ- formea ordein doMiíIal, & Brcuiario Romano, &: do que ha tantosannos via cita Igreja de Braga. Outras annotaçoes a e lie Conciho íe podem ver em Padilha^as quaes não refe- rimos por naó alongar mais ahilloria.

Porem porque nos ha

ocaíiocs repecilo,

he muito í de aduertir queporeuitarem os Padres aqui congregados asduuidas de precedências de lugares, a que jaós Prelados deHcípanha íehiáoafl^eiçoaa» do^ ordenarão que nos Con- cilios, quanto aos lugares , & íofcripçoés íe tiueíle relpei- toà fagraçãodecada hum,^ não à dignidade , precedendo, porem os Metropolitanos aos Bilpos , aindaque folícm me-

nos antií^uos.

de fer neccííario em muitas | ' deóoy. ao primeiro dia dcía^

8 No fegundo annodo

Reinado de Leuuigildo Rcy dos Godos cm Hclpanha, & vndccimo de Theodimíro Rey dosSueuos em Galliza íe celebrou outro Concilio na cidade de Lugo no primeiro dia de laneiro do anno de 569. como confta de húa eícritura, que traz Morales , & a reíere Padilha, polloque luliano diz que toi no anno quinto de Theodimíro. A efcritura co- meça afsy. Tempore Sueuorum fttb era 607- die Calend.Ianua- ru Theodmfrus princeps Stie- uorumConcíliúin ciuitate Luco fieri p}'<€Cepit ad confirmanda fidc Carholicam.tf pro dimrjis EccUJi<e caufis, Qner dizer: no cepo dosSueuos corrédo a era

Aforai, ih llr.

Páll'i. an 6 c,

37 62.

nciro

298

Cãútulo LXX .

Brita li.é.r.j^

M Max chron foi

cafí 18, de Prtm,

neirò Theodomíro priacipe dos Siicuos mandou ajuntai" Concilio na cidade de Luí^o, pêra fe eonnrmar a Fe Cacíio- lica , Si fe trataré diuerías cau- ías da Igreja.

5) Nefte Concilio preíl-

dío o noílo Arcebiípo Lucré- cio como conlla do Conci- lio , que traz frei Bernardo de Brito, poítoquc Marco Máxi- mo atHrma que prelidíoncl- le íàõ Martinho de Dume, q elledizcra por efte tempo Arcebifpo de Braga . Porem deueíe mais credito ao Conci- lio referido, ondeie nomeaõ naõ íò LucreciOj que nelle pre- íidío, mas também os outros Prelados , que nelle fe acha- rão^ entre os quaes eíleue pre- zente , òc allinou S. Marti- nho Birpoqentaó era de Du- me:>S: ais y femoftra ciaram e- te que ainda não eraArcebirpo de Braga, & que Lucrécio que o era prelldío no Concilio cõ- uocando , & chamando a elle os Bifpos de Portugal, Ga- liza , que refere Brito, & nos apontamos no tratado da Pri- mazia.

10 Facilmente fe pudera5 conciliar eítas duasopinioês, fe difleramos que Lucrécio preíidío nefteConcilio deLu-

go, que íoi o primeiro, & Saõ 1 Martinho prelIdio no íegúdo, que íe celebrou no anno de quinhentos & fetenta&dous cm que ja era Arcebiípo de Braga, pois no meímo anno preíidío no Concilio,que cõ- mt^mentefe tem por íegundo de Bra^a .Porem naõ fofre efte modo de concórdia húa eícri- tura antigua, que eílà na Igtc- jadeLugo ,& trata do íegun- do Concilio Luceníc, porque delia conítanão íe achar nel- le íaõ Martinho , como bem aduirtiraõMorales ,& Ferrer, fundados na mcíma efcritura, que referem. Alem de a efte Concilio^ ao Prcíidente dcl- le Nitigio Metropolitano de Lugo mandar íaõ Martinho o cõpendio dos Concilies Orié- taes, que de Grego traduzio em Latim , como affirma Va- feu dizcuào.Idem fanãiís Mar tinus in compendium contraxit Concilia Orientalia , isf Niti- gio Litcenji Epifcopo Metropo- litano , ac tcti Concilio Lucen- ci tranjmijit. O meímo tem Baronio 3 o que he manifefto argumento de nelle fenãoa- J7.^ char , pois em tal cafo oftere- cera de maõ em maõ o com.- pédio,& não o mandara com aquclla carta fua, que no prin-

Moral. /'b.il. c. 62.

Fcrr.líb. i.c.zz.

in chron, an. ^6^,

.Chrtfi

cipio

Lucrécio»

299

J-'erJíb.2

i,f, cap. 4-

cipio delle vemos. Do que tu- do conita como nem no pri- meiro, nem no íesundo Con- cilio de Lugo prelidío S. Mar- tinho de Dumc , antes no pri- meiro prefidio Lucrécio Pri- maz de Braga, &: no fegundo NitigioBilpo Metropolitano íiaqucUa Igi'eja. 1 1 Pois falamos nefte C5- cilio de Lugo, não hc rezão paliar cm lilencio hiJa tradi- ção notauel que ou nellc, co- mo aflirma Ferrer, ou ja no primeiro da mefma cidade de Lugo-como com Morales , & Brito o eícrcuemos no Cata- logo dos Bifpos do Porto, te- uc origem . He pois a tradi- ção que na Igreja Cathcdral de Lugo fe põem , & colloca fcmprc o Diuiniílimo Sacra- mento do altar dentro do Sa- crário em forma^ que a fagra- da Hoftia pofla fer vifta , de adorada dos q cnrraò na mef- ma Igreja. Sem duuidâ por- que na meímia cidade em algú deftesdous Concílios fe de- cretou,& eftabeleceo a verda- deira prezêça de Chrifto Nof- fo Deos nefte Diuiniílimo, & altiílimo Sacramento , a quem os hereges daquelle té- po tanto contradiziaõ . Pêra memoria deite Beneficio quis

íempreaquella Sètcrà fuá vi- fta a íeu Criador Sacrarnétjta' do, tomando o Reyno de Gjlliza a meíma Hoftia, & Cálix por armas , ôc brazão defua nobre2a,o que não fez nenhum outro Reyno de Ca- ftelkjíe bem algúas Igrejas de Aragaõ, & Nauarra qui- zeraõ imitar a de Lugo em te^ rcm a Sagrada Hoftia deícu- berta^ quaes cilas fejão naõ aponta Morales no lugaf que dcixatrios referido. 11 Tornando ao primei- ro Concilio de Lugo/ em que prcfidío o noíTo Lucrécio Pri- maz de Braga, como temos moftrâdo , depois de os Pa- dres delle tratarem o que coil- uinhãâo íím peraque fe ajun- tarão, a rogo,& petição dei Rey Theodimíro , por rezoês de conueniencia,quc fe apon- tarão, fizeraõ Metropolitana a Igreja de Lugo , & a leuanca- raõ à dignidade Arcebiípal; fi- cando porem fogeita â Igreja dcBraga, a quem auia de re- conhecer como a Igreja fupe- riof , & Primaz. 13 No tratado Pri-

mazia defta Igreja Braga moitramos bem aos autores que defendem a de Toledo, &c pretendem impugnar a noílã,

CAf^ iS,

iuam

300

(Capitulo LXX.

quaõ malíedeíembaraçãodo argumento , que deite fcko contra elles refulta , porque nenhúa foluçuo he baílante ao desfazer, vifto como ter Metropolitanos íogeitos hc íó de Cadeira Primacial^ o que entre as de Heípanhaíó íc vio em Braga, nunqua em Tole- do ; òí íc não aponténo com a autoridade de hum Cõcilio inteiro , como nos morra- mos , &: apontamos a de Lugo ainda depois de Metro- politana. Não he poíliuel q aqucllcs Padres aly congrega- dos Tofreílem^ ou inouaflem híía couía taõ contra os Saera- dos Canones^jfe na Cadeira de Braga fentiíTem , ou vcneraí- femlò o direito Metropolita- no íobreas deGalliza,(S^nãoo Primacial íobre todas as de Hcípanha,que nellaauia. 14 Ncrte Concilio fe c5-

cluyoadiuifaÓ dos Biípados, que íc principiou no Bracha- reníc, & feallinaraó à Igreja de Lugo Icuantada ja em Mc- tropohtana, & ao feu Prela- do Nitirio os lufares da Co- marca, que pofluyao onze Condes, & outros chamados Cairega, Lemos, ijf Cauarcos. Aílinaráoihe por fufFraganeas íínco Igrejas em Galliza,Oré-

fe, Aítorga, Iria Fiauia, que he

0 Padraò , Tuy , & Britonia, queheOuiedo, ou Bntiandos neíteArcebiípado entre as vil- las de Viana _, ôc Ponte de Li- ma : das pertencentes a elta Cathedral de Braga fizemos particular mêção ncll;ahifl;o- ria, per iílb as não repetimos aqui.

1 j Nefte Concilio fe acha- rão com o Primaz Lucrécio noueBifpos, que íenomeaõ no fim do mcfmo Côncilio,q traz Brito com as palauras Ic- guintcs. Ej}^ he a diu/faó que Jí^rao Lucrécio , Ederico ,

Adulfo^Lucencio , André , Ti- motheo , Martinho , Melio^, Polemio , isf Anila no Syno- do de Lugo de todas as Igrejas, que ha no Reyno dos Sueuos , a qual ''vio 5 ^ louuou opijfsimo Principe Theodimiro , a quem Deos uida , i:f 'vitoria^ Í!f todos dij^erao Amen. Garcia de Loayfa naColIecção deite Concilio , Morales,Padilha,& Mariana naõ fazem niençaõ dos Bifpos , q nelle aííiiftiraõ, pellos não acharem nos ori- ginaes donde o tresladaraõ: pello que le deue à diligencia de frei Bernardo de Brito, !k a frei António de lepes a noti- cia que temos delles, & també

í

r/>.8.

ã.i:. 14.

í'c

to.i.ret, !• Anno

Chri/J: 563.

Li

icrccío.

\Faf.chro

\Lõlcr.2. ip.r.lS.

Piidsl.cet 7.C.37.

Moral

Br!tid,!i4 Catai, I.

íclhedcue aquenojrdáodos luearcs onde alguns eraõ Bif- pcs j porque como dellcs íc vc Lucrécio era Arcebií- pode Braga j Martinho era Biípo de Duir.e , Lucencio de Coimbra, André delriaFla- uia, Adulfo.diz Vafeu feguin- do a Dom Lucas de Tuy^q foi BiípodeLeaõ; ôc Lobcrano liuro das grandezas da cidade, 6c Igreja de Leão , a quem íe- gue Padilha,diz o meímo_, Ti- motheoeraBiípo do Porto, Meliozo de Britonia agora Ouiedo,ouBritiandoSjHelde- rico de Lugo , Coto de Tuy. 16 Nelle Concilio íeaííi- naõ os termos, &: demarcações doBifpado de Dume cÕhúa Jingoagem , ôc modo de falar taõ eícuro que embaraçou a graues autores, porque íendo íòas palauras eftas tornadas e Portuguez. A de Dumicfe deu por jur dição a família , i:f criados da cafa Real , fobre ci- las fe íízeraõ muitos difcurfos como fe pode ver em Mora- Ics , & fr, Bernardo de Brito . No Catalogo dos Bifpos do Porto tratamosefta duuida,^: refolucmos q a jurdição , q fe deu ao Bifpo de Dume foi fo- bre a familia,c\: criados da cafa, &: adVual feruiço delRey,dòde

depois teuc erige a dignidade de Capcilaõ mòr^qhojc dura, & que delies fe hao cie cateij- deras palauras referidas. 17 Poéíc em quelHo íobrc eilê\ & outros Concilios de Hefpanha , como podiao os Reis mandar ajuntalIos,& or- denar q nelles fe creafséde no- uo Arcebiípados, ôc Bifpados, fcni pêra illb confultarc, ôc a- ueré licença do SíTimo Ponti- ficc, ao qual como cabeça nas coufas Ecclcílaílicas, ôc Vigai- rodcChrifto pertence difpor, ôc ordenar o q conué ao bem das Igrejas. O Doutor fr. Ber- nardo deBrico moueo depois <Je outros a duuida,& pcra fair delia apõta varias íoiuçocs. A verdadeira be a q vltimamcte refere, ôc tiueraõgrauiílimos autores ; afaber, q os Reis de Hefpanha,5i o Primaz, & Me tropolitanos delia tinhão efpe ciai autoridade do Papa pêra a- jutar Cc)CÍlios,aIeuãtarnouas Metrópoles, & ordenar todas as mais couías tocantes ao elfa do Eccleíiaftico, fem pêra ifib auere de recorrer a Se, Apoílo lica é cada cafo particular. Pel- lo q nada faziaõ, ou intetauão neílamateria,féautoridadcdos Sumos Pontiíices, como íe ve das palauras de húaefcritura,q

|-

Brit.d.c, 14.

Cc

depois

Capitulo LXX.

tomrj.an 572.

depois de Morales traz Ba- ronio j & faõ as que fe Cegue. Ezo Theodimirus Rex co£— nomento etiam Mirus GalU- cU totins ProuincU Rex^Deo, eiufjuè gmetrki gloriofe Ma- rine , ac ceteris Sanais cupiens famulus ejje , i^ferims coadu- nato, num Dti^Concilio in Lu- cenji iam pr^fau Protimcu njri^e , omnmm catholicorum Epifcoporum ,feu religioforiim '-virorum , nohis ab ipjis inti- matum esi, i;no animo ^cordetj^ perfeClo : authoritatt etiam Sedis Apoflolic^ Sanai Petri, cuius legationem l^cti excepi- mus. Eu Theodimíro por ío- breiTome Miro, Rey deno- daaProuincia de Galliza^dc- íejando fer feruo, &c criado deDeos, & da glorioia Vir- gem Maria fua may , &c de todos os Santos, ajuntando na cidade de Lugo da meíma Prouincia por vótade deDeos hum Concilio de todos os Biipos catholicos , ôc varões relisiiofos^nosfoipor elles in- timado citando vnanimes , ôc perfeito coração, & c6 au- toridade daSèApoilolica de S. Pedro ^ cuja embaixada rece- bemos com aleí;!ria,&c.Don- de íe moítra claramente , que com autoridade dos Sumos*

Pontific-es íe cclebrauaó os Concílios de Heípanha , po- rtoque nelles fe náo declare. Conrta mais que ElRcy Ario- niiro tanto que entrou na íu- ccílaõdo Reino, por morte de feu pay Theodimíro, te- ue logo embaixada do Papa loaõ, ôc com ella recebeo os poderes necellarios pcra no Ecclefiailico ordenar com os Prelados de íeuReyno, o que foíle importante ao bem das Ig rejas delle.

18 Concluída finalmen-

te a noua erecção da Metro- poli de Lugo , & feitas as di- uifoés dosBifpadosj&as mais coufas importantes ao eftado das Igrejas, & Chriftandade dos Sueuos,íe fechou o Con- cilio,& o Arcebifpo Lucreci o fe veo pêra Braga conti- nuar com fua obrigação , pregando com a doutrina , & enlínandocom a vida. Deuia paílalacom as enfermidades q a velhice traz config-o.ou com aquellas q acompanhão a ab- ílinécia dos jullos,& o rigor comqfetratão aly. Com cie - fejos deconualecencia,diz lu- liano , que fe fahio de Braga, Sc fe recolheo no ermo Liba- nieníe , dous cõpanheiros, 1 Arcediago de Braga, outro

Bilpo"

Baron.ct' tato loco.

rhron.

S .(^Martinho de Dumty^

"•• Táfia

30|

on

Biípo ToIctinOjCliaiiiado Tii- nbio. Lucrecius^ diz luliaiio, timore grattc Tmktudinis de- jcrit Sedtm Bracharcnfem , è?' rctipitfe ad erémum Li- banienfem cum focijs ^fcilicet Archidiacono Bracharenji , ^ Turibio Toletino Epifcopo . Efte ermo Libanieníe he ho- je oquechamão ciefertosde Santilhanaem Afturias , dos quacs daremos mais iarga re- lação na vida de faõ Tolo- bcu Arcebirpo defta Igreja , que aly fe rccolheo. Nelles acabou a vida faíitamente Lu- crécio : dura fua memoria atè os annos de quinhentos iSc leííenta U nouCj cm o qual ou no aniio feguinte de qui- nhentos !k fetentalhefucedeo faõ Martinho Dume. Era por eílc tempo Summo Poil'- tifice depois de VigiHo, òc Pe- lado loaõ III. do nome: & o

Rey dos Godos Leiíuigildo,

&dos Sucuos Theodimíro^

o qual morreo no anno de

quinhentos & fctcnta^Si

Ihcfuccdeo Ariamí^

rofeu filho*

(.?.)

CAPITVLO LXXl.

: A M MàRTInHO de Dume XXXII. Arce- hifpo de Braga^

Vem fao Martinho ã Braga,

conuerte os Sueuos , funda

o mofteiro de Dume^ljf

he eleito Bifpo

delle.

A V i D A

Santo Ar- ccbifpo Elcií- thcrio deixa- mos cícrito como no tempo de feu Ponti- ficado começoii a cònuerfaó dos Sufeuos,& teue principio em Gálhza,& Portugal a Reli- gião Catholica, q auía muitos anos trocarão osRcysSueuos, pellos erros, & heregias de Ar- rÍQ,como temos dito nella hiftoria^ Sucedeo pois q dcfí:- jando muito ElRey Theodi- míro alcâçar faude pcra feu fi- lho o PrincipeMiro^q de ttiui- tosdias viuia enfermo, &c{c cuidaua não feria de muita du ra, fez por íèus embaixadores

f*p.c.'ê^i

r«,

ífp

Cc z

grandes o _^ ^_

304

£at)itulo LXXI.

grandes ofiertas ao ícpulchro do glorioío confeíTor deChri- llo faó Martinho Biípo de Turs , ou Turon cm Fran- ça a fim de alcançar íaudc.Naõ teue cííeico eíta primeira em- baixada,nem alcançou o en- fermo remédio pcra fcu mal, por o pay , & clle fcguircm a maldita íeica de Arrio. Porem prometendo ambos de abra- çar a verdade Cathclica, que enílnaua a Igreja Romana, cm vida profcílara faó Marti- nho, ícgundando com ou- tra embaixada veo por me- recimentos do gloriofo Con- feíTor de Chriltoa alcançar o pay a faude , que pcra o filho pretendia , & ambos a da al- ma abjurandãa abominaitel hcregia de Arrio , & abraçan- do a decretada no lagrado ConcihoNiceno. - i Eftando as coèíàs dos

Sueuos neftes termos, &o Rey , 3<, Príncipe apoftados í a ferem verdadeiros catholi- cos : ordenou a Diuina Pro- uidcncia que naquelle mef- mo tempo que de Turon fe partirão os embaixadores de Theodimíro pcra Portugal, trazendo coníígo parte da ca- pa de faõ Martinho , por cu- ja intcrceflaõ o Principe logo

que veneralíe a íagrada reli- quia auia de alcançar faude, partiílc também de ler ufalem pcra Heípanha (mouido pel- ío EípiritoSáto)hú varaõ lau- to qucentaõ aly viuia , &c íe chamaua Martinho , pêra que pregando a meíma Catho- íica ao Rey Theodimíro , & fua corte, lhe íizefle aborrecer a heregia deArrio,a quem pcl- lo mihigreda laude do filho ja abominaua , & deíejaua abominaílem todos feus vaf- fallos.

3 Era Martinho natural

de Vngria , como nos certi- fícaó vários autores, & entre cl Jes Aimoino , Marco Máxi- mo , Venâncio Fortunato, & faò Gregório Turoneníè, & o mcfmo Santo o confefla defy nos verfos, que del- le refere o Bifpo de Segouia Dom loão Perez nos Eícho- lios que faz aos claros va- rões de Sãto Ilídoro dizendo.

Pannonifs genitusytranfcêdens

tcquora ijaUa^ Galleci<e ingremium diuinis

ntitibus aâlus. Onde ac^ucllas primeiras pa- huns jPãnoni/s lenitus vale o mcfmo q nacido emVngría , a qual os geògraphosnalingoa

M.Max ' ■hren.fol i86,ver/ rctutnt, j de laud, \ S. Marti ttt. I

Greg.ln runj/b.^ htfl.Frãc^

lati-

S .Q^íartinho de Dumç^.

■*-' •■' ■•«i^*»>»^--«*sw*5í5njwiís-««^

áQí

tn

chro-.i

latina charaaó Pãaonia como jfie vula:ai*.<S^ íe acha a cada pai- ío nos hiftoriadorcs.aindaque lulianohede parecer concra- riOj porque faz a eíte Santo cie nação Grego, & deuia fer por O Santo íet muy veríado nc- lla língua.

4 TiraraÕno de fua pátria (da quicomeção os quedelle cícreuema relação de íua vi- da, íem nos dizerem nadados pays , & primeiros annosde Tua mocidade ) & o Icuarãoa Paleílina alsy os deíejos de viíltaraquelles íantos lugares, como a ocaíiaõ , que na cida- de de lerufalem , onde então viuiaÕ tantos homens famo- fos cm letras poderia ter de eítudara philoíophia, & Sa- grada Efcritura, depois das le- tras humanas pêra que tinha raro engenho. E aísy foi por- que em lerufalem aprendeo a lingoa Grecra , & Latina em q foiemincntiirimo,& íobrc tu- do a philoíophia moral, &i le- tras Diuinas em taó fobido grão, que na õ ouue cm íeu té- po quem lhe fizcíFe veiita-

gcm

f -.'. Acodiaõ a leruíàlem muitos peregrinos de todas as partes da Chriftandadc, em cfpecial de Hefpanha : dellcs

í (ordenandooafsy Deos)íein- formaua Maicinho do eJla lo cm que cílaua a Fe naqucUes Reynos. Soube como Hore- ccndo primeiro aly muito a Religião Catholica, íegui- dados Reys Sucuos,vicra de França demandar as partes de Galliza hum herege por nome Ayax , natural da meí- ma Prouincia , mas criado cm França na corte delRey Thco- dorico, &c muito íeu validoj o qual peruertendo primeiro a FLcmiimundoRey dosSue- uoSj pella Híduílria da Rainha fua molher filha de Theodo- ríco, cujo mcftre, &como ayoelle era , perucrrera apos o Rcy todos ícus vailalos , cm forma que o Reyno inficio- nado com a maldita íeita, fc a- uia de todo perdido; mas que o Rey que agora tinhao , por fer de boa inclinação, 6c gran- de entendimento, «3^" ver que pellas" orâçoés de Icui-Bilpos hereees não pudera alcançar a íaudc que dcíejauaao Prínci- pe herdeiro de íeus elladc«-,cn- trara cm pcnlamentos de ab- jurar a hcrcgia , j& í"a^el'{e da mefníaFè^ 6j crença que lao Martinho Bifpo dcTuroii íe- guira psra ver íc por íuaiiiter- ccíliõalcacauaofiíhQa íaude

Ce 3

que

306

Capitulo LXXL

que lhe fakaua, & queaeíle fim tinha mandado embaixa- dores a Turon pedir ao fanco Bifpo,q aly jazia, faude pcra Miro acompanhados de gra- des dadiuas . Acrecencauaõ porem que era muito de te- mer que ainda em cafo que o Rey recebeíTca verdadeira Fèjdcpois os miniílros da mal- dita feita , pella grande valia, que com elle tinhaõ lha fizef- íé deixar, ou pcllo menos im- pediíTcm ao mais Rey no acci- talla,porque faltauaoSacerdo- tes zelofos por cuja índuílria, fe fizeíTem calar aquelles mi- niftros do Inferno, & fc fo- mentaíTem , & leuaílem por diante os bonsdefejos,quc no pouo fe viaó, de deixarem a Arrio , pella repugnância que achauão em fua doutrina, & pellos coftumcs tão deuaf- íos em que viuiao os de fua feita.

6 Compadeciafc faõ Mar- tinho da gente Hefpanhola, ouuindo eftas coufas; dcfcja- ua ác ter ocallaõ de elle fer o que lhe prêgaíle a verdadeira Fe 3 porem eftaua tão fatisfei- tode viuer,&aucr de morrer naquelles mcfmos lugares, onde o Saluador do munda yiuera, & morrera,que fe não

podia perfuadir a deixalios .En tre eftas perplexidades citan- do híja noite porto cm oração Ihereuelou Deos era vontade fua fe partiíle de Paleftma a Hcfpanha, & fc embarcaííe em certa nao de Hefpanhoes, que no porto de loppc acha- ria aparelhada. O Santo o fez aísy,&:combom vento che- gou a Hcfpanha, defembar- cando , como temos por cer- to, cm algum dos portos de entre Douro, & Minho,não vindo direito à França, & a ci- dade de Turon, como contra o que expreflamente cfcrcue faó Gregório Turonenfe qui- zeraõ conjeitnrar alguns au- tores.

7 Defembarcou faõ Mar- tinho cm Portugal na mefma ocaíião 5 em que de França ti- nhaõ chegado a fegunda vez os embaixadores de Thcodí- míro ricos com a rcliquia da capa de íàõ Martinho,^ mui- to mais coma faude que com cila trouxeraõ ao Príncipe. Eftauá o Rey contentíííimo, & fobremaneira defejofo de largar a maldita feita Arria- na, quando lhe vemnouas que a Braga { refedia cntaõ nerta cidade a Corte dos Sue- uos) era chegado hum ho-

mem

S.iQy^ídrtmho de T>umc^'i.

hof

1

ca^. 6^i

mcm de nouo habito, de prczença venerauel , de peni- tencia rara , de cortumcs fan- tillimos , & íobre tudo do meírno nome que o Santo àt quem recebera a faude pcra oHlho. Feio logo vir diante fy Theodimíro , &c por Deos afsy o permitir íe lhe aíTci- çoou tanto nas primeiras vi- ftas , que de todo íe lhe cntre- gou_j& o fez fenhor de feu co- ração , & vontade . A mef- ma afteiçaõ lhe cobrou oPrin- cipe Miro , òi com elle toda ã fidalguia SueUa,a quem fc- guio o mais Reino, pcllo qual em breuc efpalhoua fama de fua vinda , & muito mais a de feu exemplo^ & raras vir^ tudes.

8 Achou em Braga por Ar- cebifpo faõ Martinho hum varaõ degfandcfantidadc por nome Elcuthcrio , de quem acima falamos. Logo o efpi- ritodc hum^ & outro ( por- que eraõ muy fcmelhantes nosintentos)federà5as maõs pêra de todo deftcrrareni den^ treos vafallos de Theodimí- ro a hercgia de Arrio. Come- çarão pello Rey , que neftè particular nenhíja difficulda- depos,como ncrri ó Prínci- pe feu filho pclla promeflai

' que a Deos tinha feito^ &: â feu íeruo faõ Martmho Biípo de Turón Ic lhe daua á iau- de, que comelieito deu . Erâ pêra ver o feruor com que os mães íenhores do Reyno iè^ guiraõ o cxéplo de léus Priív cipes , &a outra gente o de feus fenhores. Aliiltiâ â to- dos j &c ã todos inílruyâ fãò Martinho^ primeiro em Bra- ga, ôndé foraó as principáes recóciliaçoés dos hereges ; de- pois pcUas cidades do Reynój pellas villas, pellos lugares, pellas aldeas,queanéíihúapor pequena que fofle dcixaua acodir com a prczença,quan- do entendia era afsy neceílaiio pêra Icubeni. ) . :\

9 Reconèialiadosjàaò pre- mio da igreja Cathòlicâ os Sueuós , recolheofe faõ Mar- tinho a Braga : & porque tra^ zia nos olhos não plantará Catholica nos Reynós de Gallizà , mas ainda a Religião do Patriarchá (aó Bento , em cuja regra ,& vida monachal he muy vefdíimel foílè iil- Itruido por fãõ Mauro ^ oíi por algum outro de íeus diçi- pulos , pedio á ThéodirnífOj (fé ellè não foi d que lha õf^- fcrcccõjã Igreja de Duí1ie,que de pouco auia edificado em

Ce 4

honra

S08

Cãptulo LXXL

rhron.fol

honra de faõ Martinho em ac- ção de graças^ peila faudc que ao filho cicra , pêra junco delia edificar hum molleiro da íua Ordem. Mais fez ainda Theodimíro, porque ajudan- ,do à fabrica do mortciro^an- tes fcndociico que aromem toda a íua conra, fazcndoo de obra magnifica , como apon- ta Marco Máximo, logo que iSé.vcrf o vio pouoado deMonges,dc licença de Lucrécio Arcebifpo que era de Braga por mor- re de Eíeucherio, oleuancou cm Cachedral fuíFraganca a Braga, fàzcndoJhcaílinar de- pois no Concilio de Lugo por fubditos a familia , ôc cafa keal na forma qucjà eícre- iiemos no Catálogo dos Bif- pos do Porto, & diíTemosem íèu lugar. NefteBifpado, de nouo creadofoieIeito,& no- meado por Bifpo o fanto va- rão Martinho com alegria dei Rey Theodimíro , & de toda a corte , & logo foi fagrado pello Arcebifpo Lucrécio, pê- ra exercitar o poder da ordem PontificaL

IO Com a noua digni-

dade Epifcopal creceo em laÕ Martinho o zelo, & feruor do bem das almasyachauaem Lu- crécio feuMetropolitano que

í

' lhe reípondia a ícus intentos* porque cm nada que queria, & intentaua no íerui^o Diui- no Ihefalcaua o lanto Prela- do. Por indurtria de íaõ Mar- . tinho , & pêra melhor fe ío- eftabelecercm as couías da Fé, publicou Lucrécio Concilio emBraga,&foi o ícgundo dos que íc celebrarão ncíla cidade, íe bem,poi'fcro primeiro dos impreílòs , teue ate noíTos ce- pos o nome de primeiro, co- mo jà deixamos dito na vida do mefmo Lucrécio, onde também demos algua noticia de feus Dccrctos,taõ faudaucis naquella ocaííaõ pêra o bom gouernodas Igrejas de hlú- panha. Dcucle tudo ao gran- de zelo de faõ Martinho , co- mo também o Concilio , que fc celebrou cm Lugo , cm que foi preíldcnte o meímo Lucrécio ^ como em fuc lugar dif- femos.

fupue.jo

d, CfOm

CAP.

S.^i^dartifiLo de 'Dumc_;.

309

CAPILVLO LXXII.

HE ELEITO SAM

Martinho Arcebifpo deBra- ga , refplandece em "Virtu- des , l5f chama a Concilio os Bifposfuffraganeos.

O R T O

Lucrécio co- mo a ninguê trazia Theo- dimíro mais. nos olhos que a faó Marti- nho,logo foi nomeado, & cieito por Arcebifpo de Bra- ga, não obftantes as muitas eí- cuzas, com que procuraua lançar de feus hõbros efta no- ua dignidade , nacidas todas, & inucntadas por fua humil- dade.Venocraõ os rogos do Rey, doClero, &do pouo, & aceitou íaõ Martinho a mi^ tra de Braga, ficando também com o gouerno de feu mo- fteiro, & Bifpado de Durae. Então fe viraó refplandccer mais aos olhos de todos as grandes virtudes , de que ate ly íabiaò os P^eligiofos de Dume , porque poíto na digr

nidade Primacial as cõmuni- cauaa íeus íubdiros: apren- diaõ todos dclle a prudência na decilaó das caulas^a julliça cmdaracadahú oícu.orieor cm cartigar os vicios onde era necciiario , o caftigo pu- blico, a miíericordia onde a emenda, & conhecimento da própria culpa a pediaõ, a pie- dade , a efmola,onde íe íentia, & ainda íofpcitaua a ncccfsi- dadc , a religião pêra Deos na aíliftencia , & frequência dos officios Diuinos , d mao tratamento de íy próprio nos jejuns ,nos cilícios, nas dici- plinas ,& muito em particu- lar na cama i fobre as vigias ferem tão frequentes, que mais faltou no choro nas ho- ras, que fc dizião de noite, deixandofe ficar nellc em ora- ção por largo efpaço,& com tantas coníolaçoês do Ceo, que por lhas não impedirem o deixauão continuar nella feus capellaésjíe bem por ou- tra parte viao que leuando aquellemodode vidão per- deriâo mais de prefla. X Ia o Saiito tinha alguns annosde Arcebifpo quando poraísy odczejar ElRey A- riamíro filho , & fuceílbr de I Theodimíro,& também pcra

íe

3!0

Capitulo LXXIL

fe acabarem de aílencar alguás couías importantes às IgrejaSj qiiccomo a Primaz lhe dc- luaõ íogeição, conuocou fcgú do Cõcilio em Braga no (tgxx- do arino de AriamirojdeChri lio qiiinhécos & feteca &:dous cm quinze de Dezêbro.Foraõ de muita importância os De- cretos derte Concilio pellos abulos, que com ellc fe reme- diaraõ,em efpccial os que per- tenciaõ aos &irpos , & Sacer- dotes; porque a elics fe man- dou íobgraues penas cclebraf- fcm fempre cm jejum, & naó depois de terem comido, co- mo coftumauão a fazer nas miílasdos defuntos : aosBif- pos que fc moftraiTem mais íolicitos na viíita de fuás Igre* ps , & ncllas náo grauaíTem nem ao pouo, nem aos Paro- chos , pedindolhe pêra fua fu- ílentaçáo o que clles naó po- diaõ dar , nem ellcs leuar por fer manifefíamente contra o que os Cânones fagrados ti- nhao dcterniinadotmas dillo, & dos íantos Prelados , quê aíllfliraõ no Concilio temos , dito no cap. 1 1. defta hiílo- ' ria, onde lançamos o mefmo Concilio, & Decretos j qnellc íeíízcraõ. 3 Era a ocupação do íàn-

to Prelado depois do apro- ueitamento de fua alma, aten- der ao de íuas ouclhas. Viílta- ua, enlínaua, & remediaua tanto cuidado a cada húa co- mo íe ciuera aquclla {ò,òc a tO" das como fc náoforaó mais que húa. Nunqua efta cidade, éi Arccbifpado fc vi o mais flo rente em todos os bonsco* ftumes , que fe profeílauáo entre Chriltãos , que no tem- po dcftc fanto Prelado , cujas obras heróicas recopila cm poucas palauras a íua Icnda^ que anda no Breuiario Bra- charenfc na terceira lição de fua fefta dizendo. Infatigahi" li fpiritu fana doãrinampr^" dicatiit^ Cathoticam fidemjlabi- liuitjfanãa Religionis normant conflituit , E cckjicis formauit, monajleria códidit. He o meí- mo que dizer. Pregou com humefpirito incanfaucl dou- trina faáj eftabeleceo a Ca^ tholicã, fez regras da fanta Religião, ifto he, determinou as ccremonias, de que no cul- to Diuíno feauiade vzar,re- formou as Igrejas , fundou moíleiros . Pello incanfauel cfpirito, & zelo fcruorofo, com que pregou aos Sueuos, & Godos a pureza da doutri- na A poftolica, lhe chamauaó

os

S.Q^Íartinho de 'Dumc^.

311

os eícritores deícii tempo, «í^ CS que depois dcllc íe ícguiraÕ Apoíloio de Hcípanha , co- luna da Relitiiaó Cíiriílá^ re- gra, & exemplar do ciílco Di- uino , cV finalmente reforma- dor do ettado Eccleriaftico,&: hindador dos monges Heí- panhoes , títulos com q hon- rou Galliza , todas as Pro- uinciasde Hefpanha.

CAPITVLO LXXIIL

DOS MOSTEIRO S

que fundou faó Martinho neíia Prouincia de entre Doure ^l^ Minho.

N T R E

todas as ex- cellencias de- íleíanto^ne- nhúa lhe có- uem mais,q a de fundador de morteiros, & pay de monges. Naõ queremos agora trazer a diíputa , lefoielle o primeiro q a Hefpanha trouxe os reli- oiofos da Ordem de faó Bcn- to por não parecer tiramos lua antiçTuidade ao rcliíriofiííi- mo morteiro de íaõ Pedro de

Cardenha na dioccíí de Bur- gos^ò,: a de íaò Cláudio j unto aos muros de Leaõ, ao de (aÕ Turibio deLienana,&: cm Por tugal no Bilpado de Coimbra aLoruaõ^Sc ao daVacariçatres iegoas da mcfma cidade pcra a banda do norte na eílrada Real^q leua ao Porto, onde chamão a Serra de Buílaco agora Igreja parochial vnida ao Collccio de Coimbra dos PadresErmitaés de íanto Ago- rtinho j os quaes fe diz foraS edificados viuendo ainda o gloriofo faó Bcnto,por mon- ges, que elle pêra iilo de Itália mandou. Não falando logo neftes morteiros, & conce- dendolhe liberalmente a pre- ro^atiua de primeiros ; com tudo nas terras da coroa dos Reys Sueuos nenhúa duuida temos foi o primeiro faõ Mar tinho que edificou morteiros da Ordem do gloriofo Patri- archa faõ Bento . Começou pello de Dume nos arrabal- des de Braga , dedicado ao glo- riofo íaõ Martinho Bifpo de Turon , afsy por a Igreja , a q . acortaua fer da inuocaçáo do mefmo fanto , leuantada(co- mo acima tocamos ) por Theodimíro , em acção de graças, pella íaude que filho

dera

512

T

Qapitulo LXXIII.

F/.Ant. íep to.} eem 3 ,4» Chrijii, éSz.

dera , como pella particular deuaçãOjCjue o noílo Ía5 Mar- tinho lhe tinha , por fer natu- ral feu (era também íaó Mar- tinho de Turon Vngaro de nacimento) & de íeu próprio nome.

z Foi logo em fua pri- meira fundação o molleiro de Dumc leuantado cm Igreja Cathedral, & o feu AbbadeS. Martinho confagrado em Bif- po, &: ncíla prerogatiua foi o primeiro, que na ordem de faó Bento fe vio de Abbadia Bifpado , de que depois ouue muitos , & peraque aponte- mos alguns em Hefpanha he certo, que ElRey Vuam- ba crigio nella forma dous , a faber o moíleiro de faõ Pedro, & faõ Paulo nos arrabalde; de Toledo, a que chamauao Pre- torienfe , & o da pequena vii- la de A quis no Bifpado de Merida em rcucrencia do gra- de confeíTor de Chriílo íaó Pimcnio Bifpo que fora de Dume , aqucllc que firmou no fexto Concilio Tolcdano, òi aly cítaua enterrado. He bem verdade que não dura- rão eílcs dous Bifpados ,mais queatêoConciloii. de To- ledo, porque aly à petição de Eniigio fuceííordc Vuamba,

foraò extintos j Sc tornados Abbadias,como íe ve do meí- mo Concilio. Taes dizem fo- rão também os de faõ Salua- i2.'c.I dordcLeirc, Santa Maria de Nagcra, faó Martinho de Ab- belda, ôz outros erigidos to- dos em Cathedraes , â imita- ção do noílo de Dume,o qual abrio caminho na Ordem de íaó Bento a cfla noua digni- dade, & deu exemplo pcra também íe fundarem muitas Cathedraes , logo de feu prin- cipio, ô*: fc admitirem em ou- tras os Rcligioíbs de fan Ben- to , de maneira que todo o Cabido ficaua de Religiofos feus ,no que ouue mais fre- quência pcllos Reinos de In- glaterra , Eícocia , Alema- nha, ôc outras Prouincias do Norte. Durou o moíleiro de Dume por largos annos em Biípado, floreccrão nellc gra- des fantos , & vco a íer pro- uerbio comum. Brachara n^num tantum hahet Mani- num Dumienfem ^ monaflerium ^tro de Dume plures hahet Martinos Bracbarenfes , Bra- ga não tcue mais que hu Mar- tinho de Dume^porem o mo- rteiro de Dume tem muitos Martinhos de Braga. 3 Antes que paflcmosà

fundação

S .(^^artinho de Dumç_j,

313

Fundação de outros mollci- 1 los , nos parcceo referir aqui hum nocauel milagre _, que na íiircia de faõ Maitinho dcDu- me aconteceo, nao obítante quereremno leuaros autores Ca{lclhaaos,comoAmbroíío deMoraleSjoPadVefr. Anco' niode lepes, òí outros à ígre- jade Oreníc, mouidos com argumentos de taõ pouca im- portãcJa,quãta Ihemoílra fr. Bernardo deBrito,a quê reme temos oleicor. Andaamaraui lha em S .Gregório Turonêíe, o qual diz lha cocou Florécia- no embaixador extraordinário por ElRey de Fráça na Corte de Ariamiro^de cuja boca Fio récivino a ouuio muitas vezes. 4 Foi pois o cafo, que co^ mo a Igreja de S.Martinho de Dumeíefundaílénocápo fo- ra dos muros da cidade cm lu- gar a que Thcodimíro fahia arecrearíc muitas vezes , pêra a entrada, & cercuito fer mais frcíco, & apraziucl , mandou poraly plantar muitas parrei- ras,& no caminho que leuaua direito aporta principal armar húa fermofa latada, a que cha- maua a latada de faó Marti- nho . Era tempo em que as vuas começáo a tomar cor, quando Ariamíro fez húa de-

lias íaidas , como leu pay co- ílumaua. Acompanhauáono muitos criados feus ,era pe- rigo que cada hum ie quize- íe fazer nouo em tocar , ôc goftar das vuas, que por fer- moíaSi& ja meãs pintadas , fe vinhão aos olhos , & eípcrra- uão o apetite. OReyporem tendo refpcito a faõ Marti- nho , cuja era a parrcira,gaar- daiuos ^diíTe , que não toqueis as vuas, pêra que não acerte- mos de oííender a leu dono, & fenhor. Achauafe aly hum moço , a quem 0 Turoncnfc, chama chacorreiro dclRcy, eíle tomando o dico por gra- ça , & querendo delle mefmo fazer fcíla,le as vuas,difle,fão, ou não faõ de Saõ Martinho, iílb náomeconlla amim, o cm que não d uu ido he na v5-^ tade que tenho de ascomerj tudo foi hum dizer cftas pa- lauras, & afremáííarfeà par- reira, pendurandofe de húa la- ta com a mão direita, & pega- do com a efquerda cacho, que melhor lhe parecco: ain- da o nãò tinha cortado quan- do fcntio fecarfelhe o braço cf querdo , &: pe^arfclhea mão com dores cão agudas àlata^ de que fe pendurara ^ que não as podendo (ofrer gricatia

Dd irrc-

314

Capitulo Lixm.

■LttflMtfi ^iMl_i|iii,i.'~W

ú

irremíeliaueimcnte , chariían - do pálios prczentcs íhc aco- diíkrn, &i porS. M^rcidnoa í^Liéoftcníiera , Iheperdoáfle, tíbua ElRey fazenda oràcío dentro Ra Igreja ^íahio às vo- zes do miíerauel,& lâbendo o <]ueera, quiscom fua própria ejpada deeepar a maõ do atre- uido^ porem adutrtido dos íeus que nãoera aquclle oté- po de acrecentar caUigos-a ca- ll:igos,& poríê da parte da j u- i^iça Diuina ,q tão rigurcfa- inêtecatligaua ao delinquen- te,anres ocafião dcf acodir por perdão a fua niiíericordiai en- trarão todos na Igreja, & po- ítos por cerra pedirão a Deos íleuantaííe a mão de fua ira,co- mo leuantou rcltit-iiiiido o braço ao cuipadoj & alegrado -o Rf y por fe ver tamisem òc{- pachadoem fua petição. Não •diz o Turonenle fc achafle prefent<;a eftcmilagrco nof^ lo S.Marrinho,que ja auia an- tios era Arcebifpo de Bragaj fe não cftcuc aly, he certo, ofeftejariajprimeiro com ac- ção de graças , logo com o diuulgar por toda a part€,eníl- nandoaos fieis^quc dalyaprê- deífem a eftimar , & rcfpeitar as coufasconíã^radas aos San*- tos, pois o Cco portão leuc

ocaiiãò, como era cacho'; duua* âi parreira de fcu íeruo ' Martinho, afsy fe moílraua oífendido.

■5 'Palkmos aos outrosiiio^ ' Íicir0s,de que també íabemos forão edificados por íaô Mar- tinho ^ & Icja o prirrveiro de- pois dodeDumeoaquc-cha- maráo Máximo na dioccfi de Britonia, agora Britiandos , junto as ribeiiasdo Lima^ na -margem direita do Pvio, co- ineçando de fua fonte. F-icaua cite morteiro -nas raizes do monte Arga: deulhconome <íe Máximo afsy a funtuofi- dadedefeus edifícios, como o grande numero de feus Rc- ligioíos ,q âiy ícruiãoaDeos Noílo Senhor .j de queman- •da hum nocauel elogio, parte de hi3a pratica , que o Abbade Pollemio Çc% aos feus Rcii- giofos de P-edrofo: reícrefè no procmio das cõfticuiçoés «o- uas de faõ Bento, qucfeiido Gerai da Congregação deftcs Reinos o Doutor frd Leão, fcimprimioem Coimbra no anno de 1^19. diz afsy con- ucrtido de Latim cm Portu- guez. Lembramos irmãos de q maneira aqlles Anjos habitado- res do moJleiroMaximo^yeJlidos de cilicio no efpiriío^i:f')}irmde

do

S .Q^^Iartinho de Dumt^.

315

no(^o Padre faÓ Bento ^fuflen- tatiíw emjeus hombroso Ceo^tf tcrr-a^lf com fuás orações líber tauU eíie Reino do cathieiro da perjidia Arriana^nao menos fa- biamente necios,que ignorante^ mente fabios. EJhsfaÓ os (lut guardauão a regra ^q nojfofari' tifsimo Padre efcreueo forfua própria mao^ tra^ndoa na bo- ca por eilima , {7' no coração por obferuancia, Ejiesfao os q merecerãofeu amor , fua adop- cj.o^ttfua benção , feruos abe- coados de Deos^ isf eílimados dos hcmtns. Eíiesos q derwite^ tf de diafem cej^ar fe ertcómí- dau^.o íify^ MS outros a Chri fio nojjo Saluador.Eíies os^yi-^ ucndo ijmdos em coração}^ hfia ■vÓtade^ em biiamor ^ a(y mefmos erto efpantofos , i!f dos feculares julgados por Anjos Ifé fiidos em corpos humanos: ^ q coufa mais efpantofa,que njiue- doem hum moUeiro tao rico^ táo eslimado do Rey^llf do Rey^ no ferem emfuoípejfoas tao po- bres , tao humildes i nacidos mais pêra o remédio dapobre^ que pêra o de fuás propritts ne- cefs idades , negando á fy afu- fientaçao peila pouparem pêra os outros. Corrião par^lhtsa dèuação dos monges ^llf os nouos fogeitos^que o Ceo cada dia lhe

dauapor companheiros, Erire- quiciâo'õ MoUtifo áporfi a tútn fuiU doações Os féis , if nós Religiofos delle erecia ú def pre^o da^rique^ycrecia a Im^ mildade, Dejpejauafe a terra depeccadores^ enchiafe o Ceo de fantos. Ate qui oAbbadePoi- lemio,

6 Aqui menos cie hua iegoà deíla cidade pêra aparte do Oc cidcnte temos o terceiro mo- íteiro edificado por S.Marti- nho^náó mui longe dos ann os de ^Cí. He verdade,q o Cõ* de Pedro faz feu fundador a DóPáyo Gutcerrês da Syíua, gouernadorde Portugal por ElRey de Gaílella,& Lcaó D6 Arfoiífo Vl.do nome. Porem conííderàdas as couras,& pefa das de vagar as mcmorias^que defte moílciro fe acháo aísy neílé , como por outros defta fagradaOrdé.diíFerentes foraó íeus prmGipioSi&: muito mais aiicigafuafúdação.Heefte o de S. Martinho de Tibáés cabeça de coda efta Religiãoi & porq náo pareça, que tiramos fua fundação a Payo ^ &: a da^ mos a S. Martinho fem funda- mento na autiguidadc.aquina fua clauílra velha de q foi leua ào pot minifteriódos Anjos o fepulchro em q fe guarda o

I

Dd

corpo

3i6

Capitulo LXXIIL

corpo do gloriofóS. Giraldo, como diremos em Tua vida, eftaua húa pedra com a era de Ceíar 600. em que parece foi aly polla^q vem a fazer os an- nos de Chrifto $61. têpo em q ogloriofo S. Martinho era Biípo de Dumc. Alem difto entre os liuros do cartório do moílciro dePedroíocm hum decouías antiquiíTimas fc ve cambe copiada húa carta de fr. Drumario pêra fr. Fontano ambos Rcligiofosdc S. Ben- to,cuja dataheem7.de Ou- tubro anno yyi. as palauras quizemos porem latim por- que ncllas temos hum aranzcl de morteiros edificados por faõ Martinho , dizem afsy . De fruãu ^entris tui ( fala de S. Martinho, &c pella frazcdo pfalmoisi.) pofuerunt Deus, tf fanãiis Pater noíier Bene- diãusfuper fedes fuás monafle- riumfcilicet Dumienfem^Anto- ninú^Fiãorium, Tibianenfem^ Villare,Fargenfe , Magnatefe, Turris, Claudinum^ Cabanenfe^ A ^r enfeude quibusjtcut de Pe- tri retíbus,fas ejldicere,i!f rti- pebatur rete pr^ multitudine pifcium.Aconí\.ruiçá.o das pa- lauras he clara . No que toca ao morteiro de faõ Marti- nho deTibaes,qconracncrc

os edificados pello noílo ían- 1 to Biípo, taleftauaja pellos annos de ^71. em que a carta íeeícrcuia: logo diremos de ca da hum dos outros, apontan- do onde fe edificarão , & em q forma hoje pcrfeuèraõ. 7 Ale defte teftimunho

tão claro, tirado da pedra que rcfcrimos,& da carta em que

acabamos

de fal

ar

lue am-

bos fazem ao morteiro deTi- baés fundado cm vida 4c faõ Martinho , temos contra o Conde Pedro as palauras da vida de faõ Giraldo, clcri- ta por Dom Bernardo Bifpo de Coimbra ^ fcu companhei- ro, & grande amigo,o qual fa- lando como de Tibaés fora Ic- uado o fepulchro em que col locarão o fanto diz. Quod in Ttbianenfi mona^erio à longis retro temporibus in magna re- uerentia feruabatur . Ifto he, o qual fe guardaua aly de tem- pos antiguos,o que í'c nao pu- dera dizer , quando o mortei- ro fora edificado por Payo Guttcrrcs daSyIua,em tempo que goucrnaua o Reino por Dom AfFonfo o VI. porq do principio de feu gouerno,que foinoannodcioSo. ate o da morte de S. Giraldoemy.de I Dezembro de II o9.vaÕfõ i5>.

annos.

S. Quartinho de Dumç_y.

317

annos^efpaço que per nenliúa maneira íofre poderfc expli- car com o á longis retro í em- porikts ^ como íc diíleramoSj cíc tempos miiy anciguosdo Bifpo Dom Bernardo. 8 Acreccntafc contra o

mcfmo Conde Dom Pedro a doação q a Infanta Dona Vr- raca fillia de £lRey Dom Fer- nádo o Masno fez a lorgc Bif- podeTuy de alguns mortei- ros de Portugal. & entre elles, medietatem monafterij Tibia- nenfs^quodefiinlitore de Ca- vado Território Bracharenfi^ ^uodmonaflerium donauit mihi Domina Fallafqmda. He fua dacanoanno de 1071. noue annos antes do goucrno de Payo Gutterres da Sylua. To- marão mal CS ReligiofQs de Tibaés a renuncia que fez na Infanta Dona Vrraca do pa- droado do feu mofteiro Do- na Vallafquida , derãolhe fuás qucías por carta efcrita aRedu fo,q dcuia fer peíToa de obriga- ção de Vallafquidaj refpon- deolhe. Viaaiojfacarta ^ Ò»* mojireya a Dona Vallafqui- da , mandoume que 'VOs certe- jicajje da eflima em que 'Vos ti^ nha , t^ que ^os efcreuejfe que aos filhos de S, Bento nacido de \ fungue Real^do moUeiro de Ti-

bats^da njiila de Varí^eaytf de Manhedo ejiaua bt ter empa- droeirosReaeSyperaque melhor os defcndejfem , ip' enriqutcef- fem^ como faria Dona Vrraca \ filha de ElR.ey Dom Fernando. Eftas rezoés pella parte con- traria traz fr. Bernardo de Bra- ga, religiofo da mefma Ordc. Outros argumétos^& conjei- turas fc pode ver no Padre fr. António lepes, pello q vem a cõcluir fer o próprio fundador de Tibaés S. Martinho, Óc feu rcdificador Payo Gutterres da Sylua. Forão grandes os tran- zes que correo cfte mofteiro, hoje he de notauel reforma- ção A' cabeça dos de faó Ben- to de Portugal. p Tornando ao roteiro do monge Drumario na fua carta pêra Fontano, depois do mo- fteiro de D ume nomea logo Antoninúfi de fancoAntonio, q bem fe deixa ver, he o q nós chamamos vulgarmente Sato ^«íÍí<7.Eftaua edificado no te Brito perto da freiguezia de Barbudo ao norte defta noílâ cidade de Braga: teuc feu prin- cipio pellos annos jój. Fa- lando deliePollemio,aquem acima allcgamos , & cujo dif- femoí era o Hlogio dos Rc- ligiofos do mofteiroMaximo,

ík m. s.

to. l.Cct,

Dd

fazendo

"■pliWMBy**- - ""

.1 .Vv

^ I § C-a^ituk

tazèiiíioalkizãõab nome de

Mòkir-c, dizY Qwd.dicam de

i Jnrcnmis noJMj, nan MàUris'^

\fed"aMeís'i, qtés WErenufépa-

PK^-s"Ant6nijlfamaEremi l)'tft

('■ ciílt&fés pVièdiCiH fub nnm j-ó^. ? Q\T?:'vos direi dos nõíl os An- . rcil^iiiés, náode Moure , mas de oÚFOjaos <]uác^,-como ver- •dadt»õ6£fmicâésde noílo pay laftCô Antão os apregoa a fa- líia^ptJr dignos habitadores do deíéíDo deído áiio de ^6^. &c.' ;Fiõfêceoneftemoftciro mui- to o ciílco Diuino, auia ncllc toda a noite Laus per cms^ch^x- niauãore õs feiJs monges vul- garmente pella muita fanti- dadc^ que profeílauão imita- dores dos de Dume. Foidè- lliruido pclios MouroSjdcpois rédificado no anno de 1031. poi: hum Sacerdote chamado Nuno For jas,&: depois no an- no de 1096. emz4.de Abril I doado ao bemauenrurado faó Giraldo pêra fua Sc por Nuno Soares padroeiro delle , a qual doação confirmou, & ouue por boa o Conde Dom Hen- rique,& íeu filho ElReyDom Affonío o fez couto alguns anroi mais adiante. 10 Sç2.uç{q Fiãoriníim,

He efte fem dunidá odelaõ Vítouro Igreja taõ conhecida

LXXIII.

'■ -™ ■- - .^i.ii-i ■■ ^

héíla cidade : deufe pêra nella víucrc frades, & fer Priorado do moíleiro de íanto AnracS deM<5ureao íeus Reii^ioíos porhiim Vaíco Mendc/^ cuja doação (e guarda no moíteiro de Tibaés feita em dez de No- uembro no anno 5(55. Conte eftás palauras . Vobis <z>iris Dei de monasierio de Moure damus.Fillam ncsiram cum omnibm ndfepertinentibtis^ cu Ecclefa S^.ãi Fi£lorisp-o am- mnbtís noflris^V' amoreDei^lPt ihi faciatis templum fanãum Domini -ijobis habitaculum 1 o. Notiemb. ann. j-ój. Pella doa- ção que fe fez a íaõ Giraldo do moíleiro de fanto AntaÕde Moure, cujo Priorado era íaõ Vitouro de Braga , ficarão os Arcebifpos íendo Abbades

d efta Igreja , como hoje o Ííj5^ oh cr. -; -.:..a v:

1 9''-y^ ^''; Tibianenfe^ht o mef- mo que o de Tibaés , diíTe- mos o que nos pareceo baila- ria pêra darmos noticia delle, Fillare , chamafe hoje faó Sal- uador de Villar de Frades , foi edificado íem duuida por faõ Martinho, & na Ordem de íaõBéto pcrfeuerou por mui- tas centenas de annoá . Eftà quaíl na mcfmadiftancia de Braga , & Barcellos, pofto na

marízcm

S.çí^íartinho de ^umc^:

319

maro^m ào Rio Caua.iocm lagaríobrernaiíeira frelco , d: apraziuel, He cradiçáo aiiti- qiiiíimu que hum dos Ab- badcs defaó Bento, que nclle floreceráo, mctendoíe pello boíque do inoíleiro leuado da contemplação dos bés da gloria, de que Deos Ibe quiz dar algum íentimento , &:co- nhccuiiento períeucrou im- mouel nomefmo lugar mais de letcfita aiinos , ícm iielles nunqua comer, nem dormir, nem dar , ou fer villo de peííoa algúa . Recolhido a ca- ía depois daqucUc largo cfpa- ço , pareccndolhe que vi- nha de dar hum breue pa íleo pella horta, achou tudo taó mudado, & trocado que nem conhecia, nem era conhecido dos frades que aly morauão. Paímados de taó grande ma- rauilha , fabido por conjci- turas euidcntes , que cUe era o Abbade, q aly fora em outro tcmpo,& delaparecera fem fe íabcr que caminho leuara, perguntando donde eftiuera, & cm que forma de vida gafta- ra aquelles annos: contou co- mo ínindo húa madrugada a palíear pella cerca do molíei- ro cm ocaíiaõ, que os paíTari- nhoç todos íe desfàz-iaõ em

louuores de feu Criador paí- íando cem a conílderaçao das mu ficas áà terra às-doCeo, fe lhe puzera em hum ramo húa aue pequena n.'j corpo, varia, & fermofa nas cores^& de voz , òc armonia táo íua- iic que em íèus dias nunqua ouuira tal : eífa dliuera oa- uindo todo aquelle tempo, ' íemclarfè deíy, nem dos an- nos que paífaraò parecendolhc todos hum breue moriíeuto. Viueo ainda alguns dias de- pois eíte íanto Religiofo. Na fepultura em que o enterra- rão, íelauroude obraderele- uo cífc milagroío fuceílo, que ainda duraua no tempo q osConegos Regulares de S. loão Euágehíta tomarão pof- fe delfe morteiro por doa- ção que dcUe fez ao meílre loaó íeu fundador neftes Rei- nos, & depois Bifpo de La- mego, & Vifeu o Arccbifpo delia Igreja de Braga Dom Fernando da Guerra , pêra cu- ja vida guardamos o mais que delle íe poderia dizer. II Vargenfe^I^lagnaten-

fe, forão a principio moftei- ; ros, & ambos fundados por S*MartinhojO primeiro íc cha mouS.Bêtoda Varfea,mea Ic- goa de Barcellos:hc hoje Igre-

Dd

ja

32G

Capitulo LXXIIL

ja parochial vnida ao moliei- lo de Villar de frades, por re- nuncia, quedcllc fez o Ab- bade Vafco Roíz Chantre de- ita Se varão de muita virtu- de, ôc fantos exemplos , foi dos primeiros Cónegos Re- gulares, que ncfie Reino ílo- rcceraô , viuco no reinado de Dom Aifonfo o Qinnto , ôc era Villar de frades ellá fepul- tado, 5aõ Martinho de Ma- nhcdo fe vnío tábcm no mcf- mo tempo, pcUo mefmo Ar- ccbifpo Dom Fernando da Guerra a Villar de frades ; era então abbadia fccular , ôc nc- íla forma pcrfeucra Koje,com fea Vígairo, que adminiílra os Sacramentos aos freigue- zcs : dilla pouco cfpaço do mcfmo moíteiro. 13 Tiirris ,0 moftciro

de faõ Saluador da Torre ,a quem antiguamente chama- uão S.Saluador de Dume,por fcr colónia fua,&: grande imi- tador de íua obfcruancia : he hoje de faõ Domingos, vnido ao moílciro de Viana pcllo Illurtrifsimo fenhorDom frei Bartholamcu dos Martyres Arccbifpo Primaz: era ao tê- poda vniaó abbadia íccular, & jàdt muitos annos falta- uão aly Rcligiofos. Claudinum

he o mofteiro de faõ Cláudio,, he hoje Igreja parochial, teue por fundador a íaõ Mar tinho. Sòillo nos confta delle , & não mais.

14, Cahanenfe^ heíâÕIoaõ de Cabanas, foftentou em fua proíperidadc fctcnta & finco monges, que naquclla moíi- tanha como águias gencro- fas poíêraõ fua morada, hoje he reíidécia de dousRcligiofos A^enje chamouíe íaõ Cofmc de Azere ,cíH cm Valdeucz, hehojc Igreja parochial. ij Temos dadobreue-

mente conta dos mofteiros, que achamos na carta de frei Drumario pêra Fontano, to- dos íemduuida fundaçãode faS Martinho. Outros acha- mos ainda neftc noíTo Arcebif pado de q temos prouaucis jeituras íoraÕ também porcl- le edificados,mas como a cer- teza não he tanta , & o outro fundador que felheaílina feja íaõ Frutuofo , pêra fua vida guardamos o que delles pudé- ramos cfcreucr. 16 Foi efta obra de fundar morteiros hua das principaes emquefe ocupou íaõ Marti- nho, porque com o exemplo dos monges fe reformauão os mães Ecclcliaflicos , & a

çcnte

o

S. Quartinho cie 1)umcj.

321

gente Portugueza íe aíFei— çoaua à religião , dando de niáo aos goltosj & paflacem- pos do mundo por fcguira Chrifto crucificado , como fcguiraõ muitos ^ enchcndoíc demaneiraos morteiros , que pôde dizer Drumario de tan- tos , quantos nomeou na lua carta. Riimpebamr rete pr4 miiltitudine pifcium. Alem di- fto tinha ndles a gente pobre (de que íemprc ouue grande numero entre Douro, & Mi- nho) o remédio de fuás necef- íidades,porqueas mais defuas rendas, que eraõ copiofas , fe gaftauáo com os mifcraucis, tomando pêra fy os Religio* fos o que precifamente ba- ftaua pcra fuftentaçáo da vi- da : alem doutro fruito muy principal ^ que daqui íiacia, a raber,a continua oração,quc pello Rcy,pello Rcyno,& to- dos os eftados delle fazião õs Religioíos a Deos NoíTo Se- nhor» as quaes ,como de gen- te tão fanra, não podcrião dei xar de fcr muito agrada- ucis 3 fua Diuina Mageftadc.

CAPITVLO LXXim.

X> O $ L 1 F R O S,

ip* obras que compôs o glo- rtojofaó Martinho.

Cupoufc tã- bem S.Marti- nho nacõpo- íição de mui- tos, ôc vários tratados, de que fe pudeílèti* rar proueito efpiritual , pcra não fef pfoueitofo a fuás ouclhas com a lingoa no puí-

obra

pico , com as obras na con- uerfação , mas muito mais a pena nos liuros; gaftounos a mayor, ôc melhor parte delles o tempo, enuejândo como a- uarento efte riquiílimo the- fouro à Igreja de Braga , 6c ao mundo todo a luz, & dou- trina, que daqui poderiãô to- mar os íieis,*ainda os que nos ficarão correrão muitos an- nos por de Séneca, o que não he piqueno louuor de faõMar tinho , pêra quem conhece o cílylo daquelle graõphilofo- pho:mas ja neftas vitimas im pr^efloês deFrãça,&Alemanha

vem

322

tij kU,-j. 5>^'b. de jt rip Ec- íl c.t^. Ifiili. •verbo Martin^

Ifil áe

20, Afar leíl.

ãffcript.

EccUf

á.c, 1^.

vem com titulo de íeu pró- prio autor. Acharfeaó no ;. tomo da Bibliorheca dos Pa- dres impreíla em Leaõ de Fra- ca no anno i j-85>. Q primeiro íc intitula Forma homíU a»/- r-f, faz menção dclleíànto Ifi- doro: o Breuiario delia Sè^Si- gibcrto , &: Trithemio^dizem o dedicou a ElRey Miro , que foiTheodimíro, ou Ariamí- ro leu fuceílor. O outro tra- tado tem por titulo ^^ mor/- hiís. Totalmente perecerão as fuás cartas , em q íanto Illdo- ro diz. Hortabatur nd emen- datwnem^vitíe ^ conuerfaticní f dei. orar ionis infiantiam, ele- tmojynarum dijlribmionem^ ijf fuperomnia ( cultum omnium <T'irtutum)pietatem. Ex horta- ua à emendada vida^vida con- forme à Fè, inftancia na ora- çáo„ largueza nas efmòlas , & íobre tudo à piedade, afieõ, & gala de todas as virtudes . Também fe pcrdeo o outro tratado, a que o Breuiario de Braga nomea. Opufctilú de cor- reóiione ruflicorú^ qui cújideUs tj^ent idólis honor e exhibebant. Da emenda dos rufticos , que fendo fieis, faziaõ honra aos Ídolos, Sigiberto affirma que S. M.i-rtinho por maõ de Paf- chaíio tresladou de Grego cm

Capítulo LX XIIIL

latim muitas íentenças de Er- mitães doEgyptOj andãoal- oúasna5 vidas dos Padres im- prcílãs em Leáo de França no anno de lóiy.illuílradas pello Padre Hiriberto Rofuueydi da Cópanhia de IESV,onde fc poderão ler.

X A principal obra lite-

rária de faó Martinho, de que hoje gozamos, he a colleiçâo, & recopilaçáo , q fez de mui- tos Cânones, tirados dos CÕ- ciliosOricntaes, efcritos em Grego, de que no Occidcnte, & particularmente por Hcf- panha,ncnhúa noticia fc ti- nha , pclla ignorância da lín- gua Grega. A eftes conuerteo o Santo na Latina, &: faõ muy allegados no Decreto de Gra- ciano, fe bem com nome de Martinho Fapa,auendo de fcr com o de faõ Martinho Bifpo de Dume 5 ou Arcebifpode Braga jO que nãoaducrtimos nos Comentos ao Decreto, quando ao capitulo , / quis presbyter , explicamos quem fora S.Martinho Papa, áuédo de explicar que fora S.Marti- nho de Dume^ou oBracharê- fc,de quem ja tínhamos dado noticia,& nomeado porhym dos rccopiladoresdoDccrcto no prologo do mefmo liuro.

foi. 768.

BaroH.to, 7. atin.

Chrip. 583,

Dcd

ICOU

S.Q^Íértinho de T>mnt

c_>.

S3i

Dedicou ell:a íua Colieição dos Cânones Orientaes laõ Martinho a NitigioArccbiípo dcLijgOj&aoCõcilioqaly íe *ajuntou:o titulo diz aísy. Do- mino meò hecttifsimo^ aC Apoíio lic£ [edis honon fufpiciendo in Chriíio fratri Nntgio Epif- copo , njel ijniuerjo Concilio Liicenfs Ecclefi^ , Martinus Epifiopus^^c. Eftc heaquellc n'crmoNifigio que fe achou no Conciho de Braga, ôc Lu- go como temos dito. 5 Por todas cftas obras

ircrcceoíaõ Martinho efcrc- tier delle feu contemporâneo faõ Gregório Turoneníe In tantum fe literis imbuit ^ iJt nulli fecundas fuis temporíbtis haheretur. Eftudou, & foube tanto, que a nenhum de íeu tempo foi inferior, fendo q concorrerão com elle neíle fe- culo dos quinhentos , pêra os feifccntosannoSjde Africa os Fulgencios , os Ferrandos , os EugippioSjOS Vi(5lores,os lu- nilios ,os Primaíios, os Li- teratos : de Aíía os Andres CcfariêfeSjOS AnaftailosSinai- tasrdc Europa os Ennodios, os Mafcclhnos, os Auitos^os BoecioSjOS CaíTiodoros, os Lconcios,os luífos Orgilli- tanosjdc Milão, os Dacios,

os Vciianciosj os Euoo;rios, òc outros de que tcuc boa noti- cia o Turoneníe, quando aísy elcreuiadeS. Martinho. Lou* ua depois diílo ao Santo de grande poeta, òc traz em pro- ua certos verfos , que na por^' ta principal de fcu morteiro de Dume ( que ficaua pcra a cidade) mandara efeulpir, os quaes por elegantes andauáo na boca de todos:mas como a fúria dos Mouros delfruyo aquclla Igreja -^ ôc moíleiró^ perdeofe a pcdra,& perderão - fe os vcríos, & a hos íò nos fi* cou a magoa de nao podef^ mos gozar de fua elegância.

CAPITVLO LXXV.

DA oiti R I O S A

morte do bemauentiirado S, Martinho de Dume,

EMOS da- do a noticia? que nos foi poííiueldavi da,& efcritos deS. Martinho. Reífa agora íua morte bemauêf urada,dc q íempreviueo faudofo ^ pello

multo

jui I I MiiMlIlii^

3 24

Capitulo LXXV.

muico que dcfejaua veríe com Dcos. Cahio eníermo ja cheo de annos , armoufe com os Sacramécos daígrcja próprios daquclla hora , & Ibbrc hua pobre caina cu berço dcíacco, &c ciiiza^ cfpcrou o efpofo de íua alma Chriílo lESV, o qual Ihenaõfakoii em ocaíião. taõ apertada, &lheapareceo nnqucUa taõ alegre , & doce prelença, com que coíluma chamar as ahnas dcs U\às mais amados, pêra as bodas eternas. Trazia em Ita companhia a Rainha dos Anjos , o ^lorio- fo faÓ Martinho Bifpo de Tu- ron,dequcm íempre como natural í eu, ^ do feu nome fora deuotiílmio: entre tacs auogados , & defenforcs fe toi cótentiílimo deíla vida pêra a eterna cm vinte de Março do anno de ^^}. chorando os feus pello perderem, alegran- doíe osbemauenturados pel- lo ganharem . Antes de mor- rer ordenou ícu teftamento^ em que difpos o queconui- , nha pêra fua alma , deixando j alguns legados ; nomeou por executores , òz teftamentci- ros aos Reis deftc Reino , co- mo conrto do IO. Concilio Tolcdano celebrado em tem- po dclRey Receíuindo, on-

deie leuou o meímo tefta- mcnco per hum fidalgo cha- mado Vuamba , òi ElRey oc - denou aos Bifpos tratalícmda execução delle, poiscllauaà conta dos Reys a obrigação deocomprir. Quaes foliem os legados do teítamento, 6.: particularidades delle nosem- cobrio o tempo, & nos íl- cou cila curta memoria, que os Padres daquclle Concilio nos deixarão da efcricura , cu- jas letras mereciaõ eterna lem- brança.Enterrarão o íantono ícu moíleiro de Dume , onde elleue muitos annos vene- rado dos fieis , que em feu fepulcbroachauãoo remédio de fuás necefsidades. Diziafe cõmíímente pellos milagres que hum obraua em França, outro em Portugal, ter Deos metida na maõ , & entregue fija omnipotência aos dous Martinhos : ena verdade , quê bem conílderar as maraui- Ihas feitas por hum, & outro facilmente aísy o julgara, i Com a entrada dos Mou- ros em Hefpanba , & com a dertruiçaõdefta cidade/ & mo fteiro de Dumc,efconderaõ os fieis as lanças relíquias, pêra que os Bárbaros as não ò.cÇq- iiimaílemi mas foi demaneira

S

ue

S .Q^Iarfmho de Dumc^,

325

que (cmpre íe cõferuou a me- I moria, donde cftauao recolhi- das ^icêq tornado melhores pos ,ac]ucllcs meímos q rcdi- íicarão o moíleiro as colloca- ráo outra vez no leu próprio Icpiílchro leu atado febre duas colunnas na Capella mor da meíma Igreja pêra aparte da cpiíioIa.Dacjui as tirou o illu- ítriilimo íenhorArcebiípo de Braga Manoel de Sou fa_,& asfcchou no mefmo fcpui- chro dentro do altar môr_,pera a (eu tempo as tresladar a efta Sc, <5j por entretanto dcííma- ginaraosde Dumc que não pretendia tirallos/enão Tegu- rallos na poííe de tão rico the- zouro , lendo a traça verdadei- ra trazellas a Bracra fem fer fcn tido primeiro que as mortraf- íe coUccadas no lugar onde dcíejaua^ pois mal podiao ad- uertir os que as defendiaõ, fc foltauão ou não de dentro do altar, que por efte rerpeito eícolhcra pêra ofantodepo- fito.

3 Faícceo o Arcebifpo Manoelde Soufa primeiro q pudeíle por em execução efte reuderenhoi& comoelleíó, & poucos outros fabião do lu gar das fagradaá reliquías,com lua morte feperdeo a memo-

^

ria,& certeza ácQc eílauãoj fe còftaua ícr na igreja deDu- . mc.Entrou no Arccbirpado o illuilriíiimOj&Reuendiíiimo fenhor DõFr. Agoíl:inhode Caftf o,& como tão zeloío da honra, & gloria dos fatos Pre- lados ícus anteceííorcs , man- dou por todas asfgrejas,&mo ftciros de fcu Arcebiípado fa- zer,e fez por lua pelica muitas penitécias,jejus^diciplina^,ora çoés,cím.clas, outras obras pias,pcraqaDiuina bondade, &i mílcricordia íc dignafle def- cobriro corpodoícgíidoApo ílolo dePortu.^al S.Martinho, aquém como a depoíito de taó bcmaucnturado efpiri- to defejaua dará veneração, qpellosreusPortuguczes,cujo mcftrc tinha fido naFè,&:pel- los mães lieis, a quê com ícus fantiflimos,& doutiííimos cf- critos aknriiara,lhe era tão de- uida.

4 Entre cflcs pêíamctosmo uido , como clle dizia , de húa efficacia, a que não podia rcíí- ílir^ mandou desfazer o airar mor da Igreja de Dume,ondc fe achou fepulchro de pe- dra como de cíhcmòs , & pê- ra a pouca arte e] então auia na efcultura,de obra mais q ordi- naria,porq tinha na frotalcira

Ec CS

326

Capitulo LX XV.

os doze Apoltolosabcrcosao cizel; noalcov & meo da mef- ma frõtaleiraa SãtillimaTrin- dade^em cada canto dos ge- rogliíicos,q fe coítumáo pin- tar c5 os Euangcliftas ^ Anjo, Aguia,Leaõ,eTouro.Foi gra- de o aluoroço dos prefcntes, & muito mayor o doArccbif- porchaniarãofe os homés ve- Ihosda freigiiezia,& outros da cidade,rcconhecerão o fepul- chrojtertificaraõ fer o q eltiue ra primeiro fobre as colunas na Capclla mor refpeitado de todo o pouo como de laò Martinho,& particular de- uaçáo , fk piedade venerado dos fcreniílimos P^eis Dom loáoo lí, & Dom Manoel, & yitimamentedo Infate Luís, quádo paíTaraõ em ro- maria a Santiago de Gailiza, íegundo clles viraõ porfcus próprios olhos nos vltimos dous fenhores,&: do primeiro lho relatauão íeus pays^í^ tam- bém fc acharão prefentcs. $ Reconhecido o fagradofe pulchro,aindaq grádiílima cõtradição da freiguezia,o fez o ArcebifpoPrimàz tresladarcõ a mayor dececia,Ã:folénidade, q Ihefoipoííiuel ao Morteiro deS Frutuoío,&: entregar aly àquelles Tantos Religiolos,pe-

raqfofsê íeus depoíítarios cm qianto fe preparaua lugar na íua Sè.x^briole ao tépo da en- trega ofagrado íepulchro,& foi tão celertial, &diuinoo cheiro q todos os preféces fen- tirão,&: por muitos dias íe íen tio naquella cafa, q realmente lhe parecia viuiaõ na gloria. E- ra a íua fonte as fágradas reli- qiiias cõprindofencllas tanto àletra oàcS.Vãvlo.Chrifliho- nus odorjumus. Notouíeícrê tcdos CS oílbs do íanto em cf- pecial os das canas / pernas fo bre maneira grandes^quaes or- dinariamente íàõ os homés de Vngria,dõdeS. Martinho era natural. De todos os do corpo a cana de dos braços fe achou menos rbemfofpei- tamos a leuariao coníígo íe us Religiofos quando obriga- dos da fúria dos Mouros fe paílàráo às ferras de Aílurias^ poucas legoas antes do por to de Ribadeu,& nãológedõ de agora eítà Mondonhedo edificarão outro mofteiro o mefmo nome de Durne , & inuocação dcS. Martinho,por q em húa doação q fez àquel- lesReligiofos,&aoBifpoTheo dimíro certa fenhora por no- meApala^é louuor de S. Marti nhoacrecéta. Cum reliquu nof

cuntur

S .Q^d^rtinho de Du?nç_j>

Í27

cimtur cfie in Mendunio^i^Du nncfis Sedís Prouinci<e Gal!^- cu: CUJ2S relíquias eíião em Mondonhcdo (chamaíe tãbé eíte feíiúdo moftciro Dume de Mondonhcdo) & em Du- me da Prouiacia deGallizaj q he o noíío dcfta cidaderafsy q temos por muy prouauel,q cRa cana do biaço,q nos falra, foi a c] cnriqucceo a Dume de Mondonhcdo, & lhe trouxe todos os bés aísy erpírituaes, comotêporacs ,em que por muitos annos fevio florcccr. 6 De S.Frutuoío fe trcs- ladou o fngrado corpo c5 pro ciiiàõmuy foléne peraeftaSé noãnode KJoó.Armouíe pe- ia iíl: o, & pozíedefeflatodaa cidadereftauão as ruas alcati- fadas de boninas ^ as janelas de tapeçaria,as portas de alta- res^ í^perfumes. Nos morado resde Braga fe via riqueza, cocerto,louçanía,& febre tu- do deuação, cada tinha a- quelle dia por proprio,& cui- daua q íe não vencia aos de-- mais,naocÕpria fua obri- gação. Ouue vários jogos, & fedas de c3uallo,dãças, íolías, em fim moftraua efta cidade q íahia a agradecer ao feu Apo ftolo morto os bés.q delle re- cebera viuo.Forao collocadas

as (agradas rcliquias no altar da Capclla de SátaMartha,jú- to aS. Pedro dcRates àparcc di reita do alrar mor da Se dcíla Igreja de Braga,em tumu- lo de pedra dourado de obra curioia, fechado c5 húas gra- des , & ao dclle abertas as letras que fe fcguem.

Aqui efiào corpo de S. Marti' nhoArcebifpo qfoi deita Satã Igreja de Braga ^pellos annos de 574.0 qualfi ArcebifpoDo fr. Agoftinho de Itfit de ha mtmoria noSynodoq celebrou no mes de Outubro do anno de 1606. tresladou da Igreja de Dume , na qual primeiro foi Bifpo^i^f nella efiauafepuha- do^tfo collocou neste tumulo.

O Collcgio da Copanhia de lESV deita cidade celebrou a tresladação dasreliquias dcrte fanto c5 muitos verlos elcíjã- tes,&epigramas rcltosem leu louuor,di{correndo por fua vida,& milagres , applicando a cada híj particulares encó- mios. Adiãte os laçaremos pc raq os curiofos os poílaõ ver. 7 Vinco S.MartinhojCÕfor meoTuronéíe^&rAimonio, afsy na dignidade deBifpo de Dumc,como deArcebií po de

Itiron.U

Irarti c.

37-

3 f.39- 1

Ec 1

Braí^a

328

faptplo LXXV-

20 Mur- éj leã.

Baron to.

lep.te^j, íct.i.ítn.

IfJoy d: \vir ilhifl. liiron. '^Lt/rpra fená. li, j .carmi.

Binga qualí trinta aiinos. Morreo conforme ao Breuia- rio tiefta no de quinhen- tos &c oitenta ôc noue , & por eíl;a conta entrou em Portu- gal no clec|uinhétos & feflen- ra , nefte tempo põem íua entrada o Cardeal Baronio, Fr. Bernardo de Brito tem pcra íy que morreo alguns annos antes pellas rczoes que apon- ta, ôc conclue que foi íua morte no meímo anno, em que fuccdeo a de Ariamíro Rcy dos Sueuos, de quinhen- tos ôc oitenta & três . O mcf- mo afíirmafrci António de lepes , &c he mais conforme ao q tem luliano acercada fu- ceflaõ do Arcebiípo Benigno fuceflbr immcdiato de S.Mar- tinho,como adiante em, fua vi da diremos . Elcreucm dcfte illulhe Prelado fanto Ilídoro, o meímo Turonenfe , & Ve- nâncio Fortunato_,a quem faõ poucas todas as palauras peia os louuores de íaõ Martinho^ porque ora lhe chama lu- me clariílimo, que efpalhou pcUo mundo aluz do myfte- rio da SantiíTima Trindade, ora o compara com Elias, com faõ Pedro,com faõ Pau- lo, com Santiago, com faõ loáo, lembrando ao Reino de

Portugal quanto lhe deuc, pcis IcinicltredeíuaFê, re- gra de íeus coftumes, laura- dordefcus corações como arado da Cruz , &: da palaura Diuina, enfim paíior que ha de emparar , & goucrnar íuas cuelhas, ate que na oloriajjf^f ~i>num ouile^is^ ^mis pastor. Voi notauela deuaçao, que Ve- nâncio teueao noílo íaõ Mar- tinho , a piedade com quele lhe encomenda,peraque la no Ceo rogue por elle, pella Rai- nha fanta Radigunda, que en- tão indaviuia nomoíicirode Putiers , àí pella Abbadeíía Inês , cm que tantas vezes fa- la cm íeus elcritcs . Aos Au- tores que ja nomeamos fc po dem ajuntar Siçibcrto ,Tri- themio, Morales, Bellarmi- no , Mariana, & outros mui- tos. Quando morreo o glo- riofolaõ Martinho era Pon- tífice da Igreja Romana de- pois de loáo 5 & Bencdido, Pelagio II.& Reyde Hefpa- nha o catholicoPrincipeRe caredo; o Reino dos Suecos fe acabou com a entrada que nellefezLeuuigildo, & fica- rão os Reys Godos fenhores de toda Fícípanha.

ftr/ft c.\

19. é-

Thti.vbi

adUrm.

Je fcrtp,'.

Er:icjUjl\

Mãrianà'

hifl.de

Ihfptunh

/.j. c, ^,

CAP.

S .Quartinho de DH?nc^u

III >lliiMW

3^9

CAPITVLO LXXVI.

POESIAS VARIAS feitiíí em lomor de S. Mar- tinho,na tresladaçao defuas reliquhis peni ejta Santa de Braga,

MARXÍNVS A B

Oriente Deo duce nniii^

gatmHifpaiiiam.

Ç\ Fid trepidas Martinet

^-* aliofubfole calentes

(liucre''vrbes ,patriam defere

Chrifius aitj Nec dejiderio nimium tangare

parentuni J, confcende ratem, te mare%l:^

aiira ■■Vocanti Litttis in Hefperium <vemes^

'vbitorua luporim Ora premes, ouihuspabula Uta

dabis. Errant mi He méis fineíegem

mútUibusa^nte^ Tu dux erraatis ^tu pater esio

gyêgis. IN H I S P A N I AM

^enitns pr^eficitur Du-

mienJiEccleJí^e.

Félici Hífpanos ratis ãppulit

alitefines^ Nec mora c.eleíiera Br achara

jentit cpcm.

En Mar t mus adest^ ardentis

abcrefaUilU

Milk '-vòlant, borrem tártara^

Chrijliis ouat; H<erefis in flamas ^pieta4 ifigau

diafurgit. Exornat meritum Dumia mi'- tra caput. Brachara ne inuideas^ tilUs ejl

Pater illefuturus Exigua efl tanto Dimiamitra ^iro' THEODIMIRfMREGEM

ah Ariana h^ref remcdt, Filium ^Eterno Patre Re^ími-^

norem Híerefi infeãus Theodimifus

inquit Credidi j tabes eadem Sueuús

Inficit omnest Você Martini mdiorafanUÉ Audio; infeãus populiis loqUctc Aiidiat ^ dicètmifer heu jtpuU Noãe iacebam^ . {tus APFD SVEVOS HAiRESt

Ariana infeãospr^edicdt

Spiritus iiíefácer Mar tini b^c

intonat cre^ Peãoris arcanos pande SueUt

finus. AtquaíemfobokmDininam âg-

hcfce Piírentii Accedet remoilovia mama tiiõ Hícrefisjlfe -velUtfol celei\dif

cutit 'xmbras^

E

c 3

Ft

■ii<»i«.jj',ii iJtn líWinii

3áO

Capitulo LXXIV'

Vt Incem excipitis ^pandeSueue

Jinus^ C<ecigen4 magnum eflhomini

darepojfejalutem, Císcorum regnis hanc dare

quantus honorl v,

, .-■■■■ ■«

PRISCILLIÃNA

harefi damnata in i. Concilio

Brachartji^cui Epifcopus in-

terfuit, Dumienfe ca-

nobium adi-

"• Jicaí.

Diu inajpiram <voxfapien-

tiam Martini^ iniquarH reprobat hícrefim.

Prifcillianus dux cohortis Viãus^ait^focij recedo. 'vjitato robore fpiritus Depr^elianti quisfapientia. Sanus refiJlttlnoUra lúgit Castra fuis populator au- dax. lungit phalanges pr^f diá- rias^ '■ En Dumiéjis iugera pVccdij Metitur^ in nos tecia iji-

ãor Turrigero ^edeficat para- tu. Audispamntite duce Bel- luam

Ma rtine ? ferrumfentiatj ^ pyram.

\

Prifcillianus fic Olympn \ Hydra ijiam expediet cruenta.

DIVVS MARTINVS

poU morrem Lucretij Jrchie- pifcopus renunciatus Concilium

\i.Epifcoporum indixit, quod eji fecundum Bracharenfe. Viderat infano rugitu errare

leonês^ Martinus , rábido <^iderat ore

lupos. Palores prcperatejnqiiit^ pro-

perate tyrannus Tartareus' tendit retia mille

gregi, Protinus occurrunt álacres; er-

rantihus aiunt Jduenijfe ouibus Jentiat Orcus

opem. Injcelus esl ar manda phalanx^ I Martine tremifcant Tartara^-uirtutisjydera tan-

gat apex. Qua patet auxilium Primatem

Hifpaniapofcit Te Martine igregis tumemor

eUo tui- Ille njibrentur , ait ^facraful-

mina,fulminet ather. Hcerejis auãoresfulminanoftra

prtmant. Quid nos ; <Dt fpeculuin ^it4

melioris amemur.

Paftorum

S.í^íartmho de ^umc^.

33 í

Paílorú pktas duólat in aflra

greges. Brachara Concilium hoc 've-

nerare, hocfujpicit orbis. Dijce htnc Primam gloria qua^

tatuiifi:

E X S r N O D I S Patrum Orientalium mul- ta ex Gr^co Latine níertit.

Focepotens calamo^fuú Mar-

tinusouile 'liiija- Seruat : Auernaksflix ligat ima

cartes.

£.-^ . íii ^ O .

Gr^ca Patrum moHUmektá le-

gens^plebs accipe dixit Dogmata^ qu^efuerant Graca^

Latina damus. Inflar apis , <^ifo benc olentes

floribus hortos j Percipitisjideijithyma^ mella

date.

VOLVMEN S C R I~

pfit quatuor iJirtutú ad Miro-

nem GalUcu Regem cuí

titulus, Formula ho-

neUcet>it<e,

Infiruit in ^vitium Martinus

mille cohortes, Nonpatitur fcelerum tõllere

moníira caputy Nuncface^nunc ferro ^ nunc ejl I fcelus arte piandum.

ReXi aitj)dic totó dogmata códe

Jinu. Difcutit trrorum C4cam pru-

dentia noãem. luflitioc humanum lanx regit

(Cquagefius. yiãricem oUentat mentis con-

ftantiapalmam. Laudatum nbus ponere difce

mo dum. Formula a>iuendi regno pr4-

fcribitur: illa Vtere^erunt regni temporafau^

fia tui,

SCRIPSIT OPFS^ culum de correãione ruíHcúrú^

quiSamaritanorum more

Deumjimuljs^ Ido-^

la colebant.

ímpia dumfequeris radiantis

Jgna metallii O plebs^mUra Er ebi prodígio*

fa ^ides, Quid demens tua prouuluisgt-'

nua ante Baalem? Protinus error is contrahe ^e-

latuiy Te Patet ^mplexu excipiet

Martinus^Olympi Ojlendit 'Veram{tufequéPè)iUe

^uiam. En líber in mánibtís ^ titulam

lege.diuidècultum "-^ ^'« "^ Dijsofferfaljis njerbéra^thura^

Deo.

Ee 4

LL

332

Capitulo LXXVII.

I JhUí i67-

•f^tf

LIBRFM EPISTOLA-

rumfcripfir.,1^ alia --vo-

Miffa frequens cafios defcribit

. epifiola mores. ^uo yox ire neqiut^ littera mif-

Japoteft. Non 'vni tantum mittuntur

-. opujcuíagenti. Ega6 adeimt O^cidtkjfj^ pla-

E^ Martine tihíterritrum^n-

aiiUior orbis Instruão orbe libris , a^ocibtis

mlrap&tis.

CAPITVLO LXXVII.

BENIGNO XXXIII. Arcebifpo de Braga.

VLIANO põem a Be- nigno pòr íu ceílor de SaÕ Martinho de Durnc com as palauras que fe fcguem. Saneio Pontijici Mar tino fuccôdit inSede Braóha- renfi Bmignus 'virfanãíts,qui ciiraíilijs inter fiiit 3. Concilio

ToJetano. Na ordem da fuceí- íaõ concorda Juliano com Marco JVlaximo, &: com am- bos íeronymo Roman de la Higuera nos lugares que a- diancc citaremos. Porem que feachaíle no terceiro Conci- lio Tokdano não coníla , a n- tes parece íe proua o contra- rio do mefmo CQncilio im- preílo, queanda .nacollccçáo de Garcia deLoayía, porque nelle aíiinou Pantardo Arce- biípo d cila íanta Igrejas^: im mediato fuceíTor deBcnigno> como em íua vida diremos. Pode bem íer, q aíTiftiria cm outro Concilio dcToIcdo,de que, não temos nem memo- ria, nem ãõiãs , & que efle na conta, & ordem de luliano foífe o terceiro , poiloque o não íçja nade Loayía, quecó* íufamente ajuntou muitos, & os mcteo todos debaixo de hum titulo íòjcomo jaem ou tro l'jgar deixamos prouado. Foi Benigno varão illuftre, Sc de rara virtude , como coníla de lula carta que lhe cícreueo o PapaPclagio II. a qual anda no z.tomo dos Concílios en- tre as epiftolas Dccretacs dc- il:c Sumo Pontífice. Keem repoíla doutra ,• que o lanto Primaz lhe efcreuco conful-

tando

54-

"Benkno.

Cu

333

tando aSè Apoftolica ma)* & meílra de todas as Igrejas^ íc CS Bifpos podiáo mudaríe de húas cidades pêra outras, lem inccruir licença ,& con- íentimento do Sumo Pon- tificc Romano, A carta hc toda chea de erudição, & dou trina, autorizada com mui- tos lugares da Efcricura Sa- grada acerca da mudança , lobre que fora coníultado: poremos fomente o princi- pio delia, porque fcm mais leitura acharemos logo qual íofle a virtude do noílo Pre- lado Benigno approuada , & canonizada pclla boca do Pa- pa Pclagio, diz afsy.

EPISTOLA PELA- gij Pcíp.ç II. ad Benignum Arcbiepifcopum.

AN, ET QjTATENVS liceat Epifcopis de yna ci- uitate in aliam tranjtre,

Dileãifsimo fratri Be- nigno ^ Pelagius Epifcopus. Leais fraternitatis nu literis '~oigoremfidei m^, quem dudú nou-efiimtís , agnouimus , con- gratulares dileãioni tiu, qíiod ad cuflodienduM ChriUigre-

gem paJloraUm curam •-jigi- lanter impendis , tf pro tuis fiibditis jolicims exijlis; ad noílram enim Utitiam , í?" be- nefaãa perueniunt , i^Jiali- qua fecus quam oportet pro- uenerint , non módico nos w.é- rore comurbant .Mazna enim gratulationem diurna concedit gratia , quando tribuit inter nos, i^ falutaris difciplin^ normas literis conferre , Í7* peruenire ad pacificorum ilu- dia favit peroptata . Exigit ergodileãio tua confuka Se^ dis Apofiolice , Jilicitum for et Epijcopum tranjire,aut muta- ri de ciuitate ad ciuitati^i^c. Em Portuguez quer dizer.

CARTA D O PAPA Pelagio II. ao Arcebijpo Benigno.

Pelagio Bifpo ao amado irmão Benigno Arcebifpo, Tanto q lemos d i;oJ?a carta logo en- xergamos nella a "viue^a de ijoj^a Fé., que de muy longe tí- nhamos conhecida , i^ Dos da- mos as graças do cuidado ^ i^f 'Vigilância pafloral , com que guardais o rebanho de Chrifío^ tf defendeis njojfos fub ditos. Todas as obras boas nos cau- faó grande alegria ^ tf as que

onao

334

viiuld LXX VIL

\íH Chron, ! an Chrs '/?' 53 1.

[vcrf.

fel. 103.

\VC7f,

i/upra caf

o mo jaó ^ l^fucedem ccmonh ■dfwm. nes dao arandiUima trfjh^a . AUrceheparticuhn' quenosfa^a Diuina -bonda- de^ quando nos lugar perã entre nós conferirmos ^ Is'' tra- tarmos por cartas o que con- uempcrafefa'^rem regrai de doutrina faudauel ^ iff nos dei- xa chegar ao fim d efe] a do da pac^, Id' concórdia , pella qud deiiemos a Deos facrificios pa- cíficos. A questão fobre que confultais a Jpoílolica he, fepode hum Bifpo mudarfe de hm cidadepera outra^ i^c. z Delta carta faz men- ção Marco Máximo com as palanras ícguinccs. Benignus Epifcopus Br achar enfis flor et ^ ad quem Pelagius Papa 11. huius nordinisfcribit^íumijj de conUantia Fidei, de que alijs pr.tclaris njirtutibus laudat. Benigno Bifpo de Braga flo- recCj ao qual Pelagio Papa II. dcftc nomceícrcnc, &o loií- ua de cõftanre na , & dou- tras exccllentes virtudes, Ic- ronymo Roman de laFIigue- ra em hua carta que anda no primeiro tomo dos liuros do Cartório defta Igreja, de a re- ferimos na vida de íanto Auf- berto affirma o mefmo, fa- j 7cndo tambcm menção de- 1

Hta Decretai do Pana Pclapio de cujo íobreícrito íc náo pudera alcançar que o Be- nigno, a quem o Papaeícre- iieo era Arcebiípode Braga, fe Marco Máximo no lo não declarara.

3 He muito de notar chamar nella o Papa a Benig- no Arccbiípo, òí náo Me- tropolitano, com.o naquclle tempo íe vfaua, em o qual aos Prelados, que agora cha- mamos Arcebiípos , chama- Liáo então Bifpos da primeira Se, ou Metropolitanos, íem fe vfar o titulo de Arccbiíp o, que aqui lhe da o Sumo Pon- tifice. Donde vieraõ a dizer Autores grauiíli mos, q cfta palaura Arcebiípo fe intro- duzira em Heípanha depois daexpuKaõ dos Mouros, co- mo aíírmaõ os queimpu- gnão a efcritura dos votos de Santiago , em a quril fir- mou o Arcebiípo de Cantá- bria , dizendo , que não con- flaua de hiftorias, ou efcritu- ras deHefpanha,quecm tem- po dclPvey Dom Ramiro pri meiro ouueíle nella cfte ti- tulo de Arcebifpo.

4 Contra elles rcfpon- dendo a cOa objeiçao , mo- flra doariflimamente Dom

Mauro

395

' ■C.16J0I. 20 Z

Mauro Ferrcr quaõ mal en- caminhados foraõ os que íe - guiraõ íemelhance opinião^ porque, como elie bc proua, o nome de Arcebiípo hede muitos annos introduzido na Igreja, & fe víbu íèmpre cm todas as idades nas de Hei* panha antes ainda de nella en- trarem Mouros,como coníla dos Concílios que aponta , & fe ve claramente dellia carta do Papa Pebgio em que no- mea,& da titulo de Arcebií- po ao noílo Benigno , como vfado ja,& praticado cm Hef-^ panha. E fe nos Cõcilios; ciei- la fe não intitulauão afsy os Arcebiípos, era porque o no- me de Mctropcliranos,de que vfauão, tinha mais de affabili- dade, quede mageftade, 6c os Prelados daquelle tépo âma- uãoatêno efcrcucr o que os mollraua pays j- ôc fugiaõde qualquer lombra de íenhor. Com outros fundamentos re- futa Ferrcr a opinião contra- ria que nellc fe podem ver. 5 Tornando ao noflb Pre- lado ^fabemos que íe achou prefente à cõfagraçao da Igre- ja Cathedraí deToledo,que fe fez pellos annos de Chriílo jSy.fendo Rey Recaredo.Cõ- uerteofe eíle Principe àFèCa-

thohca, deixando a hcrc.na deArriõem que fora criado, a qualabiurou, >íic detcílou pu- blicamente , & com clle h ic- raõomeímo todos (eus vaí- íallos. Parece que oíangue do gloriofo martyrfantoHermi- nigildo feu irmão lhe fcruiâ no peito,& dahipediaa Deos pella conueríà5 de todos os Godos , ôí Sueuos feus natu- raes com mais efficacia do q ode Abel pella vingança de íeu irmão Caim* Foi grande ajuda pêra fe confeguir elfe bem de coda Heípanha cer ElRey Rccaredo por coníe- Iheiros osdows irmãos íaõ Le- andro i ôc íaõ Fuígencio tios íeus,os quaescõ grande cui- dado trabalharão nefte nego- cio, êc tanta diligencia [ujze- raõ nellé, queo tinhão con- cluido aos dous mefes primei- ros cio Reinado de Recare- do,reduzindo efte excellente Principe à pureza da Fe Ca- tholica- Entre outras virtu- des que dellc celebra fánto líi- doro, engrandece a liberalida- de, cõ que fauoreceo. rellau- rou,&enriqueceoas Igrejas, reftituindolhe todos os bens, tituloSj& preminencias,q íeu pay Leouigildo Iheauia rou- bado. A principal entre outras

obras

33Ó

(^apimio LXXVIL

íuUan, in ■.9-'

obias de Kcligiio que fez ^ foi reilaiirar a Igreja mayor cie Toledo tantas vezes profa- nada pellos Biípos Arrianos nos tempos atraz . Sagrouíe algreja,&: peiaaíagraçáo del- ia le a; u ncaraó comÊuphemio Prelado de Toledo o iioílb 'Benieno, & outros Mecro- policaiios , Fezfe a íagraçáo a treze de Abril do anno de Chriíio de quinhentos ik oi- tenta &í lete em preíença dei RcyRccaredo, & da Rainha Bada , òc de muitos Bifpos, Abbades, & fenhorcs do Rei- no.

6 Não fe contentou o

fanto Prelado Benigno com as obras que tinha feito cm fua Igreja , pregando , & en- finando _, mas ainda íe quii fa- zer peregrino , romeiro leuado do feruor da deuação que tinha às reliquias dos ían- tos. No anno de quinhentos & oitenta Sc oito foi a Franca viíitar o fepulchro ácS. Mar- tinho Bifpo dcTurSjCuja fa- ma era então muy celebre , òc obraua Dcos por elle muitos milagres.Nefta fanta peregri- nação lhe fobreueo húa doen- ça mortal^quelhe tirou a vida na mefma cidade de Turs, on- de cila enterrado fcfjundo.o

f^g.i\3,

quepclla autoridade ílc Gre , . . "orio i uroneníc attirma 1 liano dizendo. Petrus cogno- mento Benignas , ijt creditur, Epijcopus Bracharenf.s , dum anm ^^2>. "vifitat Turonefe- pulchrumjanãl Martmi Pon- tifcis Turonenjis , moritur, tf ibidem^jepelittw^ ijt consiatex Gregorij Turon enjis libro , in - quam deniiraculis confejforum cap. 15. O anno àcss^. cm q luliano poemefta jornada de Benigno elH viciado por erro da impreííaõjporq ouuera de por o de 588. cm qu-e n^i ver- dade aconteceOjp^orque no fe- guintede 589. entrou Pantar- do íeu immediato fuceílor na dienidade de Bra^a , como lo- go diremos. Sinco annos go- uernou eil:a igreja o lanto Prelado Benigno , iempre com grande fima de laari- dade, 110 fimdellcslefoigO' zar da gloria eterna . Prefidia nertc tépo na Igreja de Deos o Papa Pclagio II. & era Rey dos Godos ^ &: Sueuos Rcca- redo.

GAP.

Tontardo.

337

CAPITVLO LXXVIír.

PJNTJRDO XXXniL

Arcebifpo de Br a cr a.

O anno fe- guinc^ depois da morte do ArcebiípoBe nignOjqcayo no de 589. Foi eleito pêra a dig- nidade Primacial delia Igreja Pantardo,oqual achamos no mefníoannocm hum Con- ciho de Toledo terceiro na or dem dos q andaõ imprellbs^ em o qual allmou os mais Prelados que nelle íe acharão. Era fenhor neíie tempo dos ReinosdeHefpanhaElReyFla uio Recaredo filho de Leoui- gildo que fora grande herege Arriano . Defuioufe o filho da doutrina do pay,& to- cado da graça Diuina íe con- uertco, tendo noCeo a Teu irmão o illuílre martyr Tan- to Ermenigildo que por clle intercedia ^ & na terra a faõ Lcandro,& íaõFulgencio tios icuSj que o inftniyão , en- íínauáo,moílrandolheo ver-

dadeiro caminho da fuluação^ & acegueira dos erroi da he- regia Arriana , como jàdiíle- mos.Cõuertido o Rey deter- minou ajuntar Conciho^ cm o qual clle,& íua molher a Rainha Bada publicaméte pro feílaíséaFè, òí Religião Ca- tholica^q tinhão abraçado^ & abjuraísé a hcregia de Arrio em que dantes viueraó. Con- gregoufe o Concilio na cida- dade de Toledo no quarto an no de Teu Reinado , na era de 62.J. quehe o anno de Chri- fto de j85?.Foi nacional de to- dos os Biípos dcHclpanha^iS^ França Gorbica^ 6c no nu- mero dos Prelados na grande- za j íuftancia, Sc peio das ma- térias,q ncile íe trataraõ/oi dos m.ais celebres, &demayor importância q por eftes tem- pos emHcfpanha ou ue. Acha- rãofe nelle íinco Arcebi(pos_, a laber Maííona deMerida,Eu fi^mio de Toledo ^ Leandro de Scuilha^Migecio de Narbona_, Pátardo de Braga. Aílétarãofe pella ordé dafagração^e por fer maisantiguo q todos ^ teue o primeiro lugar depois delRey Rccaredo^MaíTona illuítrePre lado de Merida, dotado de ra- ras virtudes^comorcferePauIõ Diácono ê íua vida^Sc Loayfa

More», âc r.tyg: h'fiof. de Aferi J.

Ff

nas

338

Capitulo LXXX.

\cAf. 4.

caf.

28.

nas íoícriploes do mefmo Concilio. Era o noflb Arce- biípo Pancardo o mais mo- derno na lagraçáo de todos os Metropolitanos que fe acha- rão no Concilio^ porque no meímoannodejS?. em que fe celebrou, fci eleito pêra a dignidade Primacial de Braga, depois da morte doArcebiípo Binigno, como acima diíle- n\os,òc por efta rezáo aílinou no vitimo lugar por guardara ordem que le tinha dado no Conciho Bracharêíe tido por primeiro: cm que fe decretou, q os Prelados fe aflentaflem nos Concílios conforme o tempo de fua fagraçáo fem rclpeito a mayor Prelazia,co- mo molhamos no tratado da Primazia de Bra^a. i Os Prelados de Por-

tugal , & Galliza, que fe acha- rão nerte Concilio com feus Metropolitanos de Merida,& Braga, foráo Palmado Bifpo de Badajoz, ou Beja,Pedro de Oílbnoba no Algarue junto a FarOjPaulo de Lisboa, Elcu- therio de Salamanca , Poíli- donio Bifpo de Eminio junto a Águeda, Neuíila,& Gardin- go de Tuy , loaõ de Dume, Conftancio, &: Argiouito do Porro, SuniladeVifcu.Phi-

lippe de Lamego , Domini- codeIria,ouo Padrão, Be- cilla deLugo,Falacio deAftor- ga^ Lupacio de Orenfe. 3 A rezão porque aííi-

nãodousBiípos dehúa mef- ma Igreja neítc Concilio, co- mo Conltancio,& Argiouito do Porto, Neuíila, &c Gar- dingode Tuy, temos dado largamente no Catalogo dos Bilpos do Porto, onde diíTe- mos,que ElRey Leouigildo ordenara que todos osBifpos que publicamente náo pro- feílaflem a heregiaArrianafof- fem derterrados de fuás Igre- jas , em eíFcito o executou afsy , priuando delias aos Bif- posCatholicos , & mandan- doos defterrados pcra varias partes, pondo em leu lugar Bifpos here^es,quegouernaí- fem as Igrcj as que ficauáo íem paftor. Concorrerão a efte Concilio afsy os Prelados Ca- tholicos ,comoos Arrianos, ertes abjurarão as heregias cm que viuiaó , & poífo que lar- garão as Igrejas aos verdadei- ros Bifpos , q delias foraõ de- fl:errados,não perderão por if- fo o titulo,q dantes tinhão,& fe aílinaraõ como Prclados,in titulandoíe Bifpos daquella; mefmas cidades onde viuiâo

-,,- - Mini- -T rgi» '■ 3— fci:.-^ t I— ^-^^^—

intruíos

Fon tardo.

Tiafci*

339

Gavc. I osíyf. m

h:it!i; Cie oral U

ii.c. n.

\dicl.loea.

incrufos como norarao gra- uillimos autores. 4 He muy digno cíc pon-

deração o modo com que le ailina o nollo Arccbiípo Pan- tardo dizendo. Pantardm in Chrijli nomine Ecclefi^ Catho- líca Bracharenjis Metropoli- tanus Epifcopiis GalUcUPro- iúnciíe , his Confiitittionihus, quihus in urbe Toletana inter - fiiiannitens , tampro me^quam profratre meo N itigioEpifco- pQ de ciuitan Luci fiibfcripfi. Pantardo cm nome de Chri- fto Bilpo Metropolitano da Igreja Catholica de Bragada ProuinciadeGalliza coníenti, &: aííiaeineRes decretos ,emq me achei na cidade de Toledo afsy por mim como por meu irmão Nitigio Biípo da cida- de de Lugo.

<• A muita idade de Nitigio Metropolitano de Lugo atri- buc Loayía não fe achar nclle Conciho , &: acrcccnta que a femelhantes Prelados impe- didos jàpellos annosfecuílu- mauaalíinarcoadjutorcs,que por elles gouernaflem , & af- líftiflem nos Concilios. Por ventura q por vizinharê tan- to as Igrejas de Braga,ô,i: Lugo aceitaria eftc cuidado Pantar- do, &í cj dahi lhe viria aííinar

per Nitigio no Concilio.-fe ju o mefmo Nitigio impedido por outros rcrpeitoso não c5- ílituio (eu prccnrndcr. Achaõ íe neíle Concilio dous Biípcs q ambos fe afllnão de Lugo, Nitigio por quê aíTinou Pan- tardo,&BccilIa,qaflinou por fy. Loayía os por diíTerêtes Bifpados, íc ambos do mef- mo nome,húcmGallizajOU- trocm Aílurias , Nitigio diz fcr Metropolitano de Lugo ^/ff^*. cniGalliza, Becilla Biípo de Lugo nas Afturias.

Não fatisfaz porem cfta faida a Padiiha na hilloria Ec- cleííaftica , mas quando pre- tende dar outra , paíla com dizcr,que tcdas eftas dificul- dades, & incõuenientes reful-

tão de auer erros nos origi-

o

eet.6.c

naes

luc

íe

os naoouucra.

ccflàraõ as qucftoês referidas. Confeíiamosos erros de que Padilha^&Moralesfe qucixão, mas não temos por tão mal fundada a repofta de Loavíâ, que por elics a ajamos de cn- gcitar.Mclhor fe pudera ainda rcfponderquedos dous Me- tropolitanos deLugo, Nitigio era o verdadeiro, BccilIã o in- trufo porLeouigildo,&: q não podêdoacharfe prcfêtcNitigio (foíleeita^ou outra a rezão

Ff

de

i^.o

Qafitulo LXXVIIL

I 2. f. mo Harth hb

v^-x

I de fua auícncia) aíliillio com tudooinçruío, & herege por náo tèt impedirncnto -pêra il-

7 irei Bernardo de Briro ; tem pêra íy que ncfte. Conci' lio íe acharão dous Arcebií- pos de Braga, o noílb Pantar- ; do, & ovitro por nome luha- no, q cambe alhnou no mcf- mo Concilio: corri elle fe vay o LecenceadoGarpar Aluarez Louzada em húa memoria q fez de algúsArcebifposde Bra ga , & tratando defte Conci- lio dizqueaííinoanelle lulia- no com as paíauras feguintes. lulianus BracharenJisEcchJiá Epifcopus fubfcripfit^ 3c acre- centa que efte era Arriano in- trufo porLeoiii^ildo,& Pan- tardo que aíimou em quinto lugar depois clelRey Recare- do Bifpo Catholico . Porem como o nome de luhano fe não ache no Concilio que re- fere Loayfa , nem Morales^ Padilha,ou Vafeu o nomeem entre os que aíliíliraõ nelleji- ccnça nos fica pêra nos con* tentarmos com o noíTo Pantardo fanto, ôc catho- lico fem admitirmos a Julia- no intrufo,& herege. 8 Depois que fe fechou j

o Concilio ^ veo o Arcebif- |

po Pantardo pêra ÍLa Igre- ja j onde continuou em en- íinar, ôí pregar a luas oue- Ihas fazendo inteiramente of- ficio de bom pallor. Era fua preknça mais neceflaria que nunqua pêra acudir à noua conueríaó de íeus íubditos, os quacs fe tinháo apartado da hcrefria Arriana , òccõme- çauáoa viuer como Catho- hcos; a todos aíTittiajinílruia, & doutrinaua comapeíToa, com o coníelho , ôc muito mais com o exemplo. Ne- llas obras acabou fantamen- te ávida polTio que dellenos não ficou outra memoria. Tinha porcftes annos O Su- mo Pontificado o Papa Pe- lagio II. & o cetro <le Hefpanha Reca- redo.

CAP.

Santo Eílâuao>

34 I

/ufa C.

iS.M.r.},

CAPITVLO LXXIX.

S A "N r O E S T E-

uao Abb^dt do moUeiro de. Rates.

A vida de fa 5 Pedro de Ra- tes primeiro Arcebilpode Braga deixa- mos reterido^como o ermitão Feiix^& íeuiobrinho, os que acharão o corpo do íanco lhe deraõ iepukura^cíperando no Ceo , q breaemente naqueile lugar íe leuaiiraria Igreja , & moileiro onde íoas íagradas relíquias fofrem viílcadas , & veneradas dos Chriílãos. Não diíTemos aly em que cepo fe deu principio ao Molleiro, porq a Igreja confta que fe fez logo. Pódeleconjeiturar que foi íua fundação primeiro q a Heípanha viefsé mandados pdlo fanno Patriarcha os Reli- giofosdeS.BentOjporq naõ fe pode duuidar auer em Hefpa- nha muito primeiro q o fan- to naceíle monges, & moftei- ros fundados como jadiíle- mos em outro lugar. 2, PcUos annos de 3 o?»

ihmiiiã.i

faz menção Flauio Dextro do moílciro de Ticulcia na Carpetania aonde fe ajunta o rio Henarcs c6 o Tajunha_, edificado pellos glorioíos gcs , ^ marcyres de Chnfto íaó Philiberto, &i Fabriciano. Eíleue Ticulcia fcgundô Mo- rales onde agora he Bayona pegado Aranjues taõ cele- bre por todo o mundo. O meímo Dextro nos certifica da vinda â Hefpanha de cer- tos Religioíos a que cllc cha- ma Monges negros pellos an- nos de 393, CanaU{'R,oáÚ2,o CaroleCanacc, húadas cida- des que Tolemeu poeninos \I)t:.\t*tu Turdctanosda lem do Gua- *^^ ^"'^ diana)/» Lufaania Monachini- gri ah anno 393 . nome que muito depois derão os fagra- dos Cânones aos filhos de faó Bento, que agora propíiarnê- te fe chamaõ taes. No Conci- lio Eliberitnno pellos annos de 300.no deG,aragoça pellos de 380. ou 384. no de Toledo ftj^,\ auido por primeiro pellos de ; 6. 40Ó. ou pouco ítiais adiante j'^*^'^-'^"* ha grande menção depeíloas dedicadas a Dcos eRe no- me de monges afsy homens, como molhercs -, & como cm todas ãs coufas de pie- dade efte Reino de Porfjgal,

Ff3

&i

342

Capitulo LXXIX.

ôídelle erta Prouincia de en- tre DourOj& Minho fe auen-

cajoii

femi

•re aos mais

chro.jag

W9-

Helpanha,de cxer he come- çarão por acjLii a fundar íeus moll;eiros,& que o de faõ Pe- dro de Rates íeria o primeiro que nclla fe fundaílc. 3 Fizemos efta aduerten- cia pêra virmos à narração de hum fanto Abbadc do moitei rode Rates por nome Eíle- uáo,de quem diz Marco Má- ximo íe achou entre outros muitos q aíliftiraõ no tercei- ro Concilio de Toledo, òc tã- bem por nos parecer efte mo- rteiro hum dos maisantiguos defte Arcebifpado. E bem era fo íle o primeiro, o que foi de- dicado ao primeiro Martyr de Heípanha o gloriofo íaò Pe- dro de Rates primeiro Ar- cebiípo, &c Primaz de toda cila . He bem verda de, que nas íirmas^que defte Concilio trazem Loayfa , & Morales, fenão acha a do Abbade Efte- uão: mas como aly faltão ou- tras,naõ he muito faltaíTe tam- bém efta. Marco Máximo o conta entre os mais , & o faz da Ordem de faõ Bento dizê- do . Sanãus Stephanus Abbcvs Ratenjis Ordinis Sanai Bene- diãi; parece qofeu moftei-

ro de Rates tinha nefte tem- po aceitada a re[^ra do lan- to Patriarcha. Naõ podeauer duuida ler efte mofteiro á:\ Ordem de faõ Bento , afsy pella memoria, & tradi-çáo quediílo ouue fempre entre os naturaes da terra , como porhum Breuedo PapaLcaó X. que trata da crcaçáo das comendas nouas,&: íe guarda nefte cartório, no qual lhe chama o Summo Pontífice mofteiro de S. Bento naõ húa mas muitas vezes. 4 No particular da vida

de S.Efteuáo AbbadCjnenhiJa noticia podemos deícubrir, aquelle Pay dos lumes.2«/ "J?/- det in ahfconditoiã faberia bem galardoar. O mefmo Marco Máximo parece poe fua mor- te no anno de quinhentos & nouenta & oito, noue mais adiante do Concilio em que fe achou, &aíIinou. Diz afsy: SanCliis Stephanus Rate pro- pe Bracharam Augufiam: cm Rates junto a Braga fanto Efteuáo . Algúa foi peita te- mos que efte lanto Abbade Efteuáo he aquelle de quem faz menção o Martyroloí^io Romano a 13. de Feuereiro, em cujo tranfito appareceo grande multidão de Anjos

que

Santo Tolobeu.

343

Eiirot). in br.

c. 1^. ty

[Hom. '.n

queíe deixarão ver dos pre- íences , como refere faõ Gre- gorioj &q em lugar de Rea- te íe ha de ler aly Rate^Ac mo- do que não fique Reate cida- de de Itália, íenáo Rate mo- rteiro de Portugal i porque cfte lauto foi contemporâneo de íàõ Gregório , deuiade ter grande noticia de luas vir- tudes.

CAPITVLO LXXX.

SANTO TOLOBEF, ou Tobeu XXXX. Jrce- bifpo de Braga.

E L LO S

teftimunhos de MarcoMa ximo,&: lu- liano nos lu- gares que adiante referiremos, temos por certo que foi faõ Tolobeu Arccbifpo deftalgre ja,&: que delia íe fahio ao ae- ferto da Pvcligião^pera ahi aca- bar a vida tratando Deos, & conílgo fò. Pouco fora dar erta Prouincia de entre Dou- ro, & Minho tanto quanto

deu á fagrada Religião de faó Bento, íe Ihenaõ dera cam- bem efclarecidos íogeitos,que a ajudaílem a fundar , & hon- rar por todos os Reynos de Hefpanha,quando nclla a pri- meira vez entrou. Naõ íe cõ- tenta Deos íò de edifícios de pedra, nem muito quem lhe não da mais que a fazéda: os que fe entregaò por verda- deira fogeição a íeu feruiço clles faõ os que oíFerecem a Deos mayor , ôc mais eftima- do facrificio. Tal foi o glorio- fo fanco TolobeUjOu Tobeu, de quem imos falando, i Começauaeftandoel-

le gouernando íeuArcebif- pado de Braga afundar o mo- íleirodeiaó Martinho de Li- euananas montanhas de San- tilhana cm Afturias hum fan- to monge natural de Palencia, & de nobilifsima geração, por nomeToribio. Eraõ grandes os milagres,que Deos por elle obraua, & grande afama com que por todas as partes íe pu- blicauão: chegou a Braga, ou- u ioos, & ponderou os o Arcc- bifpo Tolobeu,quãdo a pou- cas horas de conlideração clle fe íentio mouer de húaDiuina infpiração pêra ir fcr feu con- panheiro naquella fanra em-

Ff

prez;

344

Cafitulo LXX

preza^ íò rcpaiaua no modo com c]ue poderia deixar o Ar- cebifpado : nias Deos,cujaera aqueila inlpiração , óc íancos mouimentoSjlheabrio o ca- minho cjual então lhe pa- recco, & nos hoje não pode- mos referir por não acharmos diílb memoria. O cerco he que o fanto Arcebiípofoi ,& íe ajuntou a ToribiOj & com ícu exemplo leu ou depois a muitos outros,entre os quaes íe contão Synobi Diácono, Euíebio, Euíoílomo^ & lofa- fo. Todos receberão o habito de íaõ Bento da mão. de faõ Toribio , & todos perfeuerã- do nelleatèa morte acabarão fantamente,&: faõ auidos ho- ]Cyôc venerados pcrfantos. 5 O principal trabalho

de faõ Tolobeu foi ocuparfe todo na cultura, & edifício deluaalmaj fazendofc rem- plo agradauel da Diuina Ma- geílade^ em fegundo lugar aqucUes íeus fantos compa- nheiros , trazia pedra pêra o edificio que hiao fundando, ordenandoo Deos afsy ^ pera- que aquelle molfeiro foííe pcilo tempo adiante requiíli- mothciourode fantidade,& tamben) peraq naquellagran- 1 de perfeguição dos Mouros,

que eftaua pêra vir íobreHcf- panha, tiueílem no meímo molleiro, pclla afpereza, &: íolidáo de ieu ílcio^onde íe ef- condcr, & íàluar as fagradas reiiquias, que por não íerem profanadas dos inííeis^tirauáo de feus lurares antiguos. De todas cilas coufas daoccnta os Chronillas de íaõ Bento, Sandoualjôc kpesj por todas paliamos, com ter tão gran- de parte nellas faõ Tolobeu: mas por não íerem íua^ nos contentamos com moftrar os autores em que fe podem i ler.

4 Omoflciropcrfeucra a- inda hoje debaixo dadicipli- na , ôc regra de íaõ Bento : no principio foi fua inuocaçaõ de faõ Martinho o de Turon; mas depois trazendofe pêra aly o corpo de íaõ Tonbio Biípo de Aif orga, de quem l tantas vezes falamos , perdco o nome da primeira inuoca- ção , & ainda o do próprio fundador S. Toribio inõge, & tomou o de S. Toribio Bifpo. Alguas ermidas poré fícaraó no mais aípero, & interior da montanha,& entre cilas a q íe chamados Anjos por aly vi- rem de ordinário conueríar o fanto monge os cfpiritos

S.mâ.fm djçãa do 'inoftcíro j de S . lo fibio. lef. cciít. 1. /tnn.

Ctl. Gõct

de /!'.úUt theat.dí

)emaucntU'

Sjinto Toloheií.

3'4-5

bcmaucncurados com tanta familiaridade, como íe o tiuelkm por bemaucncura- do. O mcfmo he de crer fa- riaõcomfcus cIicipiilos> em eípecialcom o Arcebilpo S. Tolobeu , o qual no meímo mofteiro acabou a vida > nelle jaz lepukado , ainda que do lugar de fua fepulcura fe nãolabe.

j" Marco Máximo , & Ju- liano fcm nos dizerem mais que o cempo,& lugar em que fíorecia a memoria de íaó To* lobeu_,(Sc que fora primeiro Arccbifpo de Braga , paflaó pella relação de fuás virtudes: nos contentáramos íenos diíTeraõ a que Arcebifpofu- ccdera , ou quem a elle lhe fucedeo,quando fe retirou ao mofteiro de Lieuana : mas ifto fizeraõj & por iflb o dei- xamos ficar nefte lugar, ate lhe acharmos o fcu próprio. Aspalauras de Máximo faõ. ^chrmfoi PcY h<ic tempora inmónte Li- 21-j.verj banienfi Aiiurtm cehbris ha- betur memcria SanSli Tolõbei Epifcopi Bracharenjis in Bi- fpania. fala do anno de 611. Mim. m luliano tem as palauras feguin its.FloretSanãus Tolobetisin eremo Libanicnfitertia die lu- lif , quipriusfuerat Epifcopus

Max, iti

ehron..

Bracbdrenjis : an:bos fe refe- rem não ao tempo defua vi- da , ou morte, mas ao de íc js milagres, &c frequência de íua romagem no lugar de íua íe- pulturaem3. de lulho quan- do fe celebra íua fcfla. O pa- dre frei António lepes pcem vbifA^rÁ a fundação do mofteiro de faõToribio,que faõ Tolobeu ajudou a fuiidar^pcllos annos de;37.mas como também fa- la nella acercado tempo com algum efcrupulo,eíre melmo nos fica pcra lho não aífinar- mos certo, «5i determinado.

CAPITVLO LXXXI.

S AM P E D RO IV- lidtto XXXFl Arcebifpo de Braga.

Hamamos a efteíanto Ar- ccbifpo Pe- dro luliano, ou luliano Pedro por concordarmos o nome que Ihedào Aciprefte de fanta íufta com o que achamos aílinado no terceiro

Conciijo,

>4^

Capítulo LXX XI.

Inlian iii

oc. lei

fkona !iíf ^f. 21.

5

Concilio^ quarto, & (extode i Toledo pcllosannos deChri- -íto 633. & ^3 íí. porque Iiilia- no o chama Pedro^ & cile hr- liia nos Concílios Iiiliano. B..,, He bem verdade que no 'quarto Concilio de Tole- Loajf.,ii\ Jq põem Loayla,com quem

Cor. vt/l (e^^^y O doutor frei Bernardo dcBíico, dous Arcebifpos de Braga^hum por nome Pedro, outro luliano^&dizquc am- bos aly andáo firmados. Mas não Foi afsy, & o crio nacco todo dos que copiarão cfte Concilio dos fcus primeiros originaes, porque achando ao noílb Arcebiípo Petrus In- lianiiSfiw luliamis Petrus Me-' tropolitanus Br achar enfis^ não aducrtindo que o nome com- porto de dous era húíò, o de- uidiraõ , & derão também a dous ArcebiípoSjhum Pedro^ outro luliano , fazendo tro- peçar a Loayfa,& frei Bernar- do de Brito. Outra conjei- tura Çqs Padilha melhor enca- minhada porque ao Pedro q achou, Epifcopus Bracharm- Js faz Epifcopus Biterienfii^ a - goraBifiers, ou Linguadoc. em França , ôc fe deixou ficar com o Arcebifpo luliano, que elle teuepello próprio deBra-

g3-

ivias porque nao pare-

ça nos mouemos por quael quer hmdamcntosduppondo (como na verdade he) que o Arcebiípo de Braga luhano.

íeachou nos Concílios

qiuar-

to & íexto de Toledo , & que nos meimos afiiilío tambenà como conlU de íua firma o Metropohtano de Narbona Sclua, faremos aproua defta noflk opinião ciara tomandoa das palauras de luliano qu-e di zem aísy. Tempore Sefinandi (goucrnou doanno63i. pêra o de 63 j-) jioret Epifcopus Bra- charenjis S. Petrus, poHea Nar honcjis adannumc^C.mortuus. Florcceo no tempo de Seíl- nando faõ Pedro Bifpo dc; Braga , que depois o foi de Narbona , morrco no anno dc 6/^C.

4 S. Pedro não podia íer mu dado de Braga pcra Narbona derdoannode63i.em qucco mcçou a reinar Seílnando ate o de fua morte 646. fe não em ocaííaõ cm q algreja deNarbo na,ou eftiueíTe vaga por mor- ce,ou o feuMctropolitano im pedido por muita idade , &c indifpoíiçoés j de modo que nãopudcflegoucrnar,&: foíle neceflario darfelhe coadjutor, o que por nenhúa via acon-

d^j^cgxzo

tcceo

Sn^edro lult^no.

i47

-

cecco por todo cíle tempo; porque Narbona efteue tam- bém prouida com oíeu Ar- cebiípo Scliiaj que náo con- tente elle com acodir , & aíli- ftir ao que era próprio de íua igreja , òc como das portas adentro rfahia de França, de não fazendo caio de jornada taõ comprida , & de tantas legcas, le vinha a Toledo por naõ faltar naquelles ajunta- mentos j onde íe tratauao nc- eocios de tanto bê,&: vtilida- de da Igreja Catliolica. Tal o achamos firmado no Con- cilio quarto de Toledo, anno 633. tal no ícxtOjanno63<S.aly mefmoondeaífillío, & aíTi- nou o noílo Arcebifpo lulia- no. Naõ foi logo a mudança do noílo faõ Pedro a Narbo- na nos finco annos que cor- rerão de hum a outro Con- ciho.

y Menos podia fer antes,

&i logo no principio do Rei- nado de SefinandOjCm q lulia no diz floreceoj ifto hedo an- no de 631. ate O de 63 3. em qíc ajiãtou o quarto Cõcilio To- lcdano,porque então neceíTa- riamente auiamos de dizer fo- ra faõ Pedro pêra Arcebifpo de Narbona antes de Seluâ ^ a- quelleqfc acha nos Cócilios,

qScIuaforafeu fuceííbrjOii immediato,òu depois do im- mediato porqa brcuidãdc do tempo , & eftreiteza de dous annos,naõ daua cfpaço perã mayor numero de Arcebif- pos . Mas refpoiíder por eílá maneira tern manifella con^ tradição na morte de S. Pedro Iuhão,a qual foi oito ahnos de pois deSelua fe achar no fexto Concilio Toledano : & afsy mal lhe podia fuceder antes do quarto, quando faõ Pedro ainda era viuo , & por ventu- ra fe não tratauà de fua mu- dança.

6 Pcllo que aceitando à

Garcia de Loayfa, &:âopádré frei Bernardo de Brito j o Pe- dro que nos dão iio quarto Concilio Toledano , dei- xando nos ficar com o luliã- no que aly achamos firmado^ ambos parece que fazem hum nome, & húa fópeíToájiftó he faõ Pedro Iuliano,cuja prè fença honrou os tempos dei Rey SefinandOjCuja autori- dade deu íèr, & alma ao quar- to y & fextõ Concílios Tole-^ danos, em que fe achou , cujd velhice j & bemauenturada fcpultura enriqueceo a cidadtí de Narbona , pcra onde en- tendemos foi mudado depois

348

Qapitido LXXXL

íi.p. C.8.

da morte do Arcebilpo Selud, gOLiciiiando aquclia cadeira de íeis pêra oitoannos^. 5c ou- tros tantos pouco niais ou menos cfta de Braga. 7 Aíllftiraõcom clle no

quarto Concilio de Toledo líldoro Arcebiípo de 5euilha, Scluade Narbona,Elieuáo de Merida, luíto deToledo,Au- daxde Tarragona : de Portu- gal aíiiíliraõ também Germa- no deDume, Profucuro de Lamego,Monteris da Ida n ha, Siciíclo de Euora , Scruo de Deos de Lagos no Algarue, Vearico de Lisboa , Anfiulfo do Porto j Mctropio dcBri- tonia, ou Britiandos , Moda- rio de Beja, Laufo de Vireu,&: por ErraultioBifpo de Coim- bra PvCtano fcu Arcipreíle. No fexto Concilio aíliíliráo Sclua Metropolitano de Nar- bona, íulianodc Braga, Eu- génio de Toledo , Honorato deSeuilha : de' Portugal Si- ciíclo de Euora, Profucuro de Lamego , Pimenio de Dume, Méccho da IdanhaVíibefodo Porto(ourrospoé tábêAniiul fo,mas erradamete , como te- mos efcrito no noíío Catalo- go dos Biípos áo Porto)Viari codeLiCboa, Renato de Co- imbra.larico dcVifeu. Derão-

le os afientos de , òc outro Cõcilio pella antiguidade da ia gração. Nelles deixamos ap- pontadooque baíic quando tratanjos dos Biípos do Por- to, aly íc podem ver. 8 Concluindo com o q

toca a S. Pedro luhano, elle veo a morrer em Narbona no anno de 646. Sua morre feíle- jou faó Frutuoío,queodeuia de conhecer, com hum epi- grama de que faz mcncáo tií- bem luiiano^pcrquc logo a- crccenra. Mcrtmis dd annum 6^6. njtfaãiim cehbrat San- ãus Fruãuofus Archiepifcopus Bracharífis . Nos o rcpetira- mos aqui íc o acháramos em hiliano, ou tiueramos noti- cia dclle: porem, cu pormiui- to íabido j ou por andar entre as obras do íanto q íepcrde- ráo,dcixou luhano de o refe- rir, mas ainda afsy lhe agrade- cemos erta noticia ,& o farão como mais intcrcíladcs os que tem goílo das letras hu- manas , cuja parte tão prin- cipal he a poella, pois a vem acreditada em dous tao no- raueis Prelados, faõ Frutuo- fo, & faõ Martinho de Du- fy-t^c-lA* me,conio em fua vida dilTe- mcs ; goucrnaua a Igreja de Dcos ao tempo que íaõ Pe-

dro

T morado.

3i.c>

' ckren.

dro íuliano faleceo, depois de - Pcbgio lí.S.GregorioMagoOj Sabaniano,Bonibcio 1ÍÍ. Bo- nifácio IIÍÍ. Dcusdedic, Bo- nifácio V.Moiiorio/veuerino, íoaõ ÍII í. o Papa Thcodoro. Era Rey dos Godos Cir^daf- uinrho.

CAPÍTVLO LXXZIL

MANVCINO XXXni ArcehJÇpo Braga,

•^ - - I !■■ l-TT * *■ '— - " IWI-*-»

V^^^?-*^*^ 4 P n- - p rei -^ 'o

I âJ pl#Al&- ^^ íeu lucef- j •láli^l^ íor -Pavíora- ciof-'b ívilia-

no com tan- ta breuidade^ &: iocerrcza do tempo era qucfcrao Árcebií- pos defta, Igr.eja j ^ quafi no:; não deu niíiÍ5 q- Icus $j ornes. Di'! :iUyrManuc:nifanS!J'iim ,\ '■ "T//n celehis efi ínemcria Tc-

na íaau Sede Brsc;a Panora- cáò. Com cila brcuidadc paf- íaluliario (cm apontara eau-

í ia, porque foi dcllerrado , Ôí lançado de íaa igreja , nem as dicuníiancias com que eftas coufas pàflàrao , êc con- tentaíe com tazcr meiiçáo q florecia íua memoria peilos

I annos de 66o. que íàõ zriais de vinte^alcm donde vay sfta hi- íloria. Por não acharmos outro lugar onde pudeíTc entrar mais cómodarnenie lhe damos cfíe, Enúoorb- iliíuircmos ao ícn próprio (qi!ando defcobrirmos outra noticia mais ciara d 3 feu f 'o- «erno.

CAPÍTVLO LXXXIlí-

.PANORAcio xxxrxii.

Ârcshifpode Braga.

at,l^'' mdeexu-\ \ i (^4^^^^ suíoridaácdc

.cutlaccejsítmjede Jan-' \\ J^^J^hM^;^ íuiiaiL^o f<;re-^ Br achar snlí Panoratiusx i .MÁVjtí^tfJC rid4n6câpi- lebre a mcnicria ao muy jÈ^i^^àà»^ tuío atraz lu-

laiilt . CU! fiíccefsitmfede fan ãa

hc ceie

lâíiro varaó Manucind na ci dadw' de Toledo ,, Oínde eíle^ uc deílerrado , &: cin Braea onde foi Arcebifpo , & da hv degradado, a quen"^ fucedco

. eedso Pànorscio a Manuílno, tia dignidade Primacial dcBra ga.peraaaud Foi eleico^ou por cáuía da morte, ou do dcíler- ro dcManucino.

Gg

CAP.

«Ill

350

Capitulo LXXXIIII.

CAPITVLO LXXXIIII.

P O T A MJ O O PE-

nitente XXXIX. Arccbif- po de Braga.

Orventuraq fccom open famento qui fermos cor- ^ rer as hifto- rias Ecclefiaílicas^ & fazer húa breuc rcpitiçao de todos os ca fos de penitencia que por ef- pantoíos fecontão nellas,não achemos outro que iguale ao que temos entre máos^aindaq com cUe venhão a compara- ção todos os penitentes, cuja conuerfaÔ efpantou o míído. Heefte o ráto,& humiliíTimo varaõ Ponmio Arccbifpo de Braga,em quem por famofo pcnicétc tiueraõ as idades paf- íadas muito que enuejar,& teraÕ as vindouras muito que aprender.

z No oitauo Concilio

dcToledo achamos cfte fanto & illuílrePrclado,autorizan- do fua prefença aquelle gra uc ajuntamento q íe celebrou

noannode Chriílo (Sji. no j-. do reinado delRey Receí- uintho Principe rcligiofiíli- mo. Teue o primeiro lugai Oroncio Metropolitano de iMerida^o fcgúdo António de Seuilha,o terceiro Eugénio de Toledo, o quarto o nollo Po- tamio Metropolitano de Bra- sa.fesuindo todos nosaísêtos, firmas a ordê da íagraçao^q naquelle tépo íe vfaua. Segui- rão depois os mais Bifpos de Hefpanha, & os que aíTinão de Portugal, & Galliza faõ Candidato de Aftorga, Abié- cio de Euora , Filimiro deLa- mcgo , Vnadila de Vifeu , A- deodatodeBeja, Hermenfre- do de Lugo, Sona de Orenfe, Sifebertode Coimbra. Com ertes Prelados fe acharão ou- tros varões illuftres deHefpa- nha. Trataráoíe neíle Con- cilio muitas coufas importan- tes à Religião Catholica , cul- to Diuino,& reformação dos coítumcs, pêra o que íe orde- narão 13. decretos quePora- mio os mais Prelados con- firmou, ^autorizou. 3 Fechado o Concilio re- colheofePotamio a fua Igreja: eflando no gouerno delia exer citando todas as obras por- cj fe fazia amado de Dcos,&

eltimado

y

Fotamio.

351

cíHmadodos homens , o ini- n:iigo do género humano, q não cella de tentar t)S que ve mais adiantados na virtude, mais amigos da penitencia,& cuidadolos da laluaçao , ar- mandolhc,comoaDauid,cõ aviíia de húa molher, depois de muitos dias de côbatc ofez vltimamente cair, ofen- dera Dcos, mas com tanto recato que ninguém mais que os dous íoubc,ou teue íofpei- ta daquclla fraqueza. Paílou a força da tétaçáo, tornou em fy Potamio, vio o miferauel citado em que tinha caido, <S>: como por fua miferia íe via fora da graça de Deos^re- bentaua de dor, & fentimcn- to,as lagrimas, os fufpiros, que de dia , & denoite Jhc la- hiaõ dos olhos,&do peito ti- nháo pafmados aos de fua fa-* miha, não labendo a ocaíião de tão repétina nouidadcPri- uoufeda mefa, da conuerfa-' cão, naõ dormia , não faláua, em íim fua vida era abrir o Ceo com fufpiros, & desfazer o corpo com penitencias* 4 Naõ contente ainda

diftOjCntrcgando o gouerno do Arcebifpado a que lhe pa- receo o faria fatisfação,dei- xando a cidade íe foi a higar

dcícrto, (Sj aly retirado entre poucas paredes cm continuo jejum, tk pranto durou por quafi nouc mefesj no fim dos quaes labendo que em Tole- do eílaua junto Concilio, que foi o decimo na ordé, & coilccção de Garcia de Loay- fa,de lua própria letra cícrc- ueo àquelíegraucajuntanien- to leu pcccado,pcdindolhe pe nitencia, & relatandclhe par- te da qucjacinha feito pclla mcfma culpa. Grandes ferião as circunflancias com que a*:^- grauaria fua caida ^ & preten- deria moílrarfe indigno áo lu gnr em que fora pofto, onde o precederão tantos Prelados íãntiiíimos, efptlhos dcpu- reza_,a quem elle afrontaua em auerfido feu fuccífor. Cha- mauãoaquelles Padres à car^ ta de V otamio ^ohlíterandíj pa- gina , ^ abolenda literarum ekmenta digna de íerrifcada, & apagada rporc mais digna he ella de fer eícrita cõletras de ouro3porqfabidahea íenteça de SiGregorio. j^d pretiú £ter n^ Yit^peccatorú turpitudines atterútur ^flendo déaurantW. Carta efcrita lagrimas ,hc carta de ouro j digna de viucr pêra fépre&,de íe não perder, neaindaa menor virgula delia,

G22, So o

r.%.

C.6.

3 52

Capitulo LXXXJIIL

nos ficou derta a pequena noticia que fe acha no decreto do Concilio de que logo po- remos a copia.

j" Lida a carta de Potamio, pellos Padres do Concilio ad- mirados de fuceílo taõ pouco erperado^pcrfu adidos que ou por temor, ou por humilda- de fe imporia ícmelhante cri- me^porqnem dapeíloa, nem da vida, nem da dpinião,& fa- ma de Potamio tal fe podia, preíumirrjuntos todos osBií- pos Èrà confelho particular determinarão apparcceíle em ília prefença Potamio, & que depois de perguntado, & in- quirido fe determinaria delle o que pareceííe . Deípedirao ^comaquelle íeu decreto, & còm o meímo mcnfaoeiro de Potamio outro, o qual che- gado àcafa onde o fanto pe- nitente eftaua lhe notificou a ordem dos Bilpos^ & o citou

Ipera em prefença apparecer cm Toledo , onde o ficauão todos efperando. 6 Sahiodaquclle cárcere

Potamio veftido de Taco c5 rofto , & habito de penitente, & nefte modo íem mais ou- tro aparelho, fe pos ao cami- nho : chegou a Toledo , & fe apprefentou naquelle grauca-

j unta me to. Caufou nos pre- íentes cõpaixao tão miferaucl eípcâ:aculo.Difle primciramé te quem era , a dignidade que tinha,o peccadoem que ca- irá, & dilleo com tal íentimé- to,quc todos desfeitos em la- grimas perfiííiaõ cm pro- fundo iilencio. Então da- quelles fantos Prelados , to- mando a mão não obrante o queacabauadeouuir , & ti- nha diante dos olhos, de no- uo pèrgútcu da parte dcDeos todo podcrofo a Potamio , q lhe diflcfle na verdade fe era o Potamio ( tão desfigurado o tinha a penitencia) Arce- bifpo de Braga, &le na ver- dade efcreuera tal carta à quel- le Concilio , & cometera o crime quenella, & aly na prc- íença de todos confeflàua : ou fe por violência algúa , ou dc- fejodeviuer abatido entre as gentes fe impunha aquellete- llimunho, porque fe aísy fof- fe, Deos o caftigaria como in- famador da dignidade Eccle-

T > r

íiaflica , & de peíloas cuja ra- ma he mais de fuás ouelhas do que própria.

7 Eftaua entre tanto Pota- mio com a cabeça baixa , os olhos desfeitos cm lagrimas, tendo a todos os circunftãtes

em

Fotamio.

353

cm continuo pranto , & aífii- çáo : mas peraque daquelle calo cm que também mereci- cía era a miícricordia,(Sí abíoi- uiçáo (e não deííe fauor à hy- pocrclia, & fingimento, or- denarão de calligar comas Icys de piedade o Reo pre- fentc, & com todasas de ju- ftiça tapar as portas a quem fópor humildâJcquifcíle ef- perdiçar íua fama ellando c6- llicuido em dignidade Eccle- ílallica.

8 AíènrençacõtraPotamio, foi priuaréno pêra fempre do gouerno do Arcebiípado_,íer- uir toda fua vida das portas adentro de hum moíleiro em oflicios humildes,peraquecíc- fta maneira o pay de toda a bondade, & piedade foíle fer- uido de lhe conceder o per- dão , que com tantas lagry- mas,& abatimento próprio bufcara.No que tocaua a dig- nidade quiferaõ os Padres lhe íicaíle o nome de Arcebifpo viílo como elle de fua pró- pria vontade fem ninguém a iíTo o conftranger, manifefta- ra no Concilio fua culpa , & fe offerccera a toda a pena que mereceflc.Nomearaõ por Ar- cebifpo de Bragaa faòFrutuo- foBiípo deDume,a quem os

Padres do Concilio encarre- garão o gouerno dcfte Aice- bifpado , d: de toda a Prouin- ciadeGalhza. Foraõ os que fulminarão a fentença os vin- te Prelados aífiítcntes com os Metropolitanos Eugénio de Toledo, Fugitiuode Seuilha, Saó Frutuofo deBraga •, eraó de Portugal, & GallizaÇe- farioBifpode Liíboa, Sozi- mo de Euora, Ermenfredo de Lugo, Ilpidio de Allorga, Flauio do Porto. 9 Mas porque fempre

os Padres íicaraÕ duuidofos que tal crime como aquelle, não cabia cm peflba da vida, exemplo , & autoridade de Potamio, & porque também entre os prefentes foi muy louuada , antes admirada a- quellaconfiflaõ, & peniten- cia, & Potamio,fe bem con- denando, era acclamado por fanto , peraque não ouuefle quem Icuado da opinião de valer por fingimentos fe im- pufcílc femelhantes crimes, decretarão que qualquer Bif- po , Sacerdote , ou Diácono^ quede íy confcílaíle publica- mente algum peccado mor- tal, ou com verdade, ou com mentira foífe priuado de fua ordc, de dignidade. Ne^^ enim

Ge 3

abfol-

354

Capitulo LXXXIllI.

\

ahjolui{áã aly por rezao oCó- cilio ) poteft is qui in Je ipjum dixerip , quod diãum in alio punir etur , quoniam omnis qui Jibi fucrit mortis caufa maior homicida ft. Porque fc não pòdc abfolucraquellc que co- rra fy confcíTar coufa que dita doutro fe caftigàra , nem po- de aucr maior homicida que o que fcmata afy próprio. I o Aceitou Potamio a

fcntcnça com amefma humil- dade com que a bufcara, & [ orque com palau ras não po- dia, pois lhas impedia a for- cado ícntimcnto com íolu- ços arrancados do inrimodo peito agradeceo àquella graue congregação a mifericordia que com cllc vfauão . Aqui era ncccíTaria a pena do elo- quentilTimo Doutor faõ Ic- ronymo com mais rczão que a nolTa^pera efcreuer cm abo- nação dchiía penitencia, & humildade tão extraordiná- ria : porque fc fc admirou o doutiífimo Santo, & defcjou pcra dignamente engrandecer a Fabiola mayor facúndia que a fua, quando vio aquella ma- trona da principal nobreza de Roma depois deviuuaraíc- gunda vez cuberta de faço, & de cinza ir mcterfc nos alpen-

dres da Igreja de faõ loáode Lateráo entre os penitentes publicos,a hm de alcançar ab- loluição do peccado,que co- metera por ic caiai legunda vez íendo viuo o primeiro marido ^ fe vira cfte grande DoutoraonoíTo penitétePo- tamio com a meíma libre de Fabiola,que eftremos de en- carecimento faria em louuor de taõ raro exemplo de peni- tencia, & humildade. Grande não íe pode negar foi a q mo- ftrou Fabiola , grande fua pe-*' nitencia , mas fe fe compara com a de Potamio, tanto à- quem fica húa da outra, quã* tahea diífercnça que vay de híja a outra peflba; porque Fa- biola era (fe nobre) molher particular, Potamio Arcebif- po de Braga Primaz das Hef- panhas ,coroa(como o pro- prioConcilio lhe chamou)da- quelle nobiliíHmo aj untam é- to, varão de grandiílima íàn- tidade, & que andaua nos olhosde todos. Digamos logo com mayor rczão pcUo nof- fo penitente o que faõ lero- nymo difíe pella iriatrona Fa- biola. Qiupercata fietus iíie non purget ? Qms inmteratas macuhu hdc lamtta no ahíuttl Que pcccados não purificara |

tal

T^otamio.

355

MartiAl lib, í . Efigr.z I

I.

■p.f . 9.

tal choro? Q^ue nódoas não la- » uarão tais lagrimas? Com hua leiíe mudança parece que cõ- pcteaPotamio o louuor dou- tro Romano, de quem diíle o Poeta Marcial.

Maior decept£ fama ejl,t^ glo- ria dextra.

Si non erraj^etjfecerat illa mi- nus.

}^c verdade que errou, mas quem também depois do erro acertou, elle erro lhe pode ícruir de gloria , & fama-, me- nos fizera, fe não errara, pois coma penitencia do erro fez eterna íua memoria. Tudo o que de Potamio temos con- tado relata melhor o teor de fua fentença , q anda no mef- mo Concilio, & nos puze- mos no Catalogo dos Bifpos do Porto , mas por fazer tan- to ao cafo a tornaremos agora a repetir: diz afsy.

DE CRETO ACERCA de Potamio Bifpo,

I r Pudéramos tocar de ejpa- ço afonorofafrauta da frater- nal alegria, por quanto a diui- na piedade nos ajuntou a todos concordes , isf unidos, is^ con-

iiinha euitar a triUe^a^pois me diante a dicipUna parece tínha- mos renouadas as regras que pêra ella deraÔ nofos predecef- fores. Mas em lugar do inííru- mento alegre lançamos mao dos trifles , i^ pecados feUros^ Ijf em lugar de '^erfos cantamos lamentações-^ gemendo acompa- nhamos as lagrimas de Jere- mias , if dioi^mos. Acaboufe o goíto de nofio coração , l^ nojfa muficafe conuerteo empranto^ ja diante de nosfe não <i)í mais que ays.pois em nojfos olhos ije- mosderribada a coroa de nojfa cabeça jjuando coufa tão no- hre , Í!f que tão fublime grão alcançara cayo em lugar tão 'baixo , ti' humilde. He pois de faber , que eílandonos emfan- tapaT^, tratando das leys Ec- clefiafticas , fe trouxe a noJ?o ajuntamento hum memorial de confiffao confufa, isf de letra digna antes defer rifcada , que Potamio Bifpo de Braga com- pufera de feus próprios defei- tos jditara de fua nota ,lsf ef- creuera de fua mãop qual aber- to feleo pello chorofo ajunta- mento , mais com lagrimas que compalauras , aquillo que con- tinha o papel digno defer rifca- do, i!f as letras indignas defe- rem riflas. Ajuntados então 1

<^g4

em

S6

Capitulo LXXXIIÍL

■ntmmmmieé t

emfegredo^e particularméte os Bifpos fizemos apparecer dian- te nos ao próprio Bifpo, a qíicíft filiando mai :: com lagrimas q com re^cs lhe moííramos aber- ta a efcntura de feus defeitos^ ijf nojfa confiífaó , a qual to- mando elle, tf tornandoa a ler fendo perguntado por nòsfe era aquella intimação obra fita , Í!f defua, nata , af firmou que tudo o que tinha lido eraÓ palaura-s fuás, if ofnalfeu. Outra ^e\ o amoejlamos , l^ efconjura- mospello nome Diurno que df- fejfe com verdade fepor njen- turafe leuantaiia afy aqtíeUè falfo teHimunho^ou alguém com algíia -violência q confrangia a ijfo. Ao que elle cofn '^o^ che- rofa , Isf os clhos arra^des em lagrimcíó, partindo íUpalauras com foluços jurando pello nome de Deos bradou que ijerdadti- ramentc confejjauafeus defei- tos, f em 'violência algua o con- franger à confijfao delles j ^ queja por efpaço de quafi noue mtfesfe tinha priuado dogouer no defua igreja , Isf metido em hum lugar esireitopera alyfa- T^er penitencia. Sabido então ^ (sf declarado por fua fiel con- fiffaó, que elle cairá em pecca- do de dcshoneflidadt^ aindaque os cânones [agrados determi-

nem que os tais lhe fejao tira- díínfuds dignidades , nos toda- via guardando as leis de mife- ricordia lhe n^.o tiramos o no- me de honra , que ellefe tirara afy próprio pella confijfao de feupêccadOj mas determinamos com firme autoridade que elle ftruife emoffitios de perpetua penitencia ,if mi ferias, achan- do fer melhor que elh caminhe pellos afperos , ijf trabalhofos caminhos dapenithia peraque algiia hora chegue à morada do defcanfo , que deixandoo à largue'^1 defua ^ontadefepre cipitajje na eterna condenação. Determinamos entf.o por elei- ção comum de todos que o '-vene- rauel Bifpo de D ume Frutuo- fo goueãnafje a Ignja deBra- ga dtmantira que tornandoa fcH cargo o gouerno de toda a Metropoli daProuincia de Gal lic^a^de todos osBifposJjfpouos defua jurdçao ^ ilf o cuidado de todoó iU almas daquella ígre ja, de tal modo os componha, tf conferue que glorifique a Nofo Senhor coma inteire^ defeii trabalho , à/ anos conten- tamento com apa'^defua Igre- ja. E porque importa preuenir ao futuro pêra que no efiado da pa^^fe nao leuante algúa inquie tacão de demandx procurou >

noffa

S. Frutmfo

357

'Iran.de

Vnm.i.

Brach.c.

nofa ijiffilancia ajuntar a ef}e decreto a fentenca dos Padres que juiiamente condenarão ao dito Bijpo Potamio. 12 Defte decreto fe tira

bom argumento em fauor da Primazia da Igreja de Braga, como ja mortramos em ou- tro lugar, onde diíTemos que as palauras de que vfaõ os Pa- dres do Concilio, chamando a Potamio coroa de íua cabe- ça le não podem referir a ou- tra luperioridade mais qucà de Primaz, que Potamio Ar- cebiípo de Braga tinha íobre todos os Prelados do Conci- ho,dequeelIeeraacoroa, & cabeça, & como tal fentiraõ íua queda,manifefl:ando a dor, que caufou em todos com palaucas de grauiílimo fcnti- mento.

1 3 Fechado o Concilio

veo pêra Braga Potamio em companhia de íaõ Frutuofo ícuíuceílor no Arcebifpado; & recolhendofe no molleiro de Dume comos Religiofos que ahy viuiaõ, continuou em riguroíiííima penitencia acè que Deos o leuou pêra o deícanfo eterno a gozar da companhia daquelles efpiri- tos bemauenturados, a quem com fua admirauel conuer-

íaó alegrou. Náo íàbemos o dia em que íuccdeo feu glo- rioío tranllto, íe bem foi qua- íl dous annos depois de íua priuação no de Chrill:o 6j8. Pello inííçne exemplo de pe- nitencia que deixou o venera eífa Igreja de Braga , como a varão íanto,í^ retrato viuode humildade,& penitencia. Por efte tepo em que fe fechou o Cõcilio,& lhe fucedeo na dig nidade Primaciais. Frutuofo gouernaua a Igreja de Deos depois de Theodoro Marti- nho,& Eugénio o PapaVitalia no i & reinaua em Heípanha Recefuinthofuceílor deCin- dafuintho.

- -- -

CAPITVLO LXXXV.

S A M FRvrVOSO XXXX. Arcehifpo de Bra- ga.

NACIMENTO^

^ criação do gloriofo S. Frutuofo^

OVTRINA he cõmú dos Sãtos Padres dar Deos mui tas vezes os nomes àquelles, a quem pêra

>y

358

íy cícolheo conforme ao que depois haõ de vir a fer, & vir- tudes que hão de exercirarj a Abraham deu efte nome, porque o tinha predcílinado pcra pay de todos os fieis ja faõ Pedro o de pedra , porque íb- bre elle determinaua fundar fua Igreja^ afsy o fez também a outros, de quem feria lar- go tratar. Entre cftes fe pode contar, & cera grande fun- damento o gloriofo confeíTor de Chriftofaõ Frutuofo ver- dadeiramente, como de Ía5 Bento diííe íanto Thorras Re if nomine Fruãmfus, Fru- tuofo nas obras, & nomernas obras pcllas marauilhas que obrou cm íeruiço da Rehgiáo Chriftaã cm quaíi todos os Reynos de Hcípanha : no no- me pellos incomparaueis be- nefícios, que o Cco fez àquel- les queemfeus perigos, & nc- ceíTidades chamauáo porfeu fauor , como em muitos exé- plos moílrarcmos pciJo dif- cur iode fua vida. i Naceo o gioriofo con- feíTor, & fantiínmo Primaz das Heípanhas naquella Pro- uincia de Galhza, que vizinha com o Reino de Leáo ,& fe chama hoje terra de Vierço, chamada dos antiguos Vergi-

Capitulo LXXX J/^.

dum , de que feu pay era fe-

nhor, como doutras muitas villas,6<: lugares q Ihevierao, aísy por herança de íeus an- cepalfados, como auidas em caíairxnto fua molher ma- trona de igual nobre2a,& apa- rentada j untamente com a ca- fa Real , como o era íeu mari- do , &: lho chama a ambos ElRey Chindafuindo em húa doação de que abaixo dire- mos. Encobrionos o tempo os nomes de hum , &c outro, & os officios, que peíloa taó illuílrc exercitaria por mcrcc de feus Reys,& premio de me recimentos jafsy na paz , co- mo na guerra. diz o Bre- uiario defta nofla na lenda Ué. do Santo, que foi capitão do '1^^' exercito do Rey fem declarar fe o era geral , ou de aigúa c6- panhia; mas de crerhe, que peíloa de tantas prendas ti- ueílc o primeiro lugar naguer ra , èí como dcífe deuefabr o Breuiario .-doutra maneira cia qualquer oííicio militar de pouca importância pêra delle fe fazer memoria em par ticular.

3 Tiuerão ,alem de íàõ

Frutuofo, feus pays húa filha, que caiarão com hum caua- leiro cm tudo igual fcu,fc não

na

I I

Afrtl

S.Frutiwfo

3 59

na condição, porque era de- mafiadaniente cubiçolb, co- mo íe vio no que logo con- taremos, & foi ocaííão de lhe Deos encuruar os dias da vida, & íe ver a pobre ícnhora qua- Ti no meímo tempo viuua, que caiada.

4 Sahia muitas vezes à

caça opay dofanco^exercicio a que era muy inclinado , ã: de caminho viíítaua íeus pa- ílores , & codas as cafas do campo, de que tinha muitas; porque íuaauíencia náofizeí- le deícuidados aos quinteiros : leuaua coligo ao mininoFru- tuofojCujo vnico trabalho era andar notando por entre a- quelles montes, & valles, em qucdece, & fobe a terra de Vierço,as lapas jasconcauida- des, 6c o mais retirado das íer- ranías, cobiçandoas, pêra nel- las fe dar todo a Deos em vida comtemplatiua fora do tra- fego humano. Com eftcs pen íamentos lar^aua al^íias ve- zcs palauras , de que o pay vi- nha a entender que o filho fe criaua , & crecia mais pêra Deos , que pêra o mundo. E fe bem lhe não deu nunca azo afedefcontétar do mundo no modo em que o criaua,& tra- taua trazendoo fenipre muy I

luzido.&com grande aconi- panhamento de criados, fa- zendoo exercitar cm todas as boas manhas de filho de quê era,(Sy: verdadeiro dclcendente de íeus progenitores, toda via Frutuoíb nos exercícios , c]o habilitauão pêra o miado era- pregauao menos tempo que podia, deixãdofe logo ver hia aclles mais por obedecer ao pay, que pella inclinação,quc a iílo o leuaíle Nos de pieda- de era todo,& em todo o tem po, retirandofe dentro em fua caía, jaarezar, a meditar, jãalerhuros cfpiricuacs, al- cançando poredavia tal co- nhecimento do pouco que vai quanto os mundanos cll:imão ^ que efperaua pel- la morte do pay, pêra de todo lhe dar demao ; o que muito primeiro fizera, fe não fora pello defgoftar, ôc molelliar, porque notauelmen te íeaíHi- gia em ver fe não continuaria a nobreza de fuacafa naquelle filho.

5 Tratou muitas vezes de o cafar,mas o fanto moço c5 hum prudente defuio lhe hia pcrfuadindo deílc primeiro vida a fua irmaã, que como mais velha , &: molhcr pedia nãofedilacar tanto, porque )

en-

i

j

« 1

cucáo lhe ficaua a ciie mais a- conco o co.tarfe quâiicío ja o viíieni (em nc^uella prsciia brigacão por outra via cvm os nisÍGios iatftíitos ds íe^usr

ti r^^^-jtt

CAPnVLG IXXXVL

a vida icligioía fe bzia a irmã deíaõFiutucfo deíçonccíVía- ãiid. 5 & punha Vvirips .^cba- ; | quês a qualquer çafamcn'íO^,| | que íèlhs DtícrctÍ2_j ase quç íi- | nalinentc Dao pode cngeitai; o de ha m m.iMcebo cm tudo

z.is.C£]fbr«rãQic:/i bodas co- í

frandcs feitas, íç.bsravdc 0CíU-<

cos diasypcrqMc ppay noi-

Liá,& ctó laõFzutU.ofo-vcoá

enfermar, ti riioirercni bse-

ue icmpo deixando por ;

herdeiro a íaóFra-

tuofa de íeus

R E C R B E S A M Fruiííofi) o habito defad Bê" ta ^fiindii o 'i}}Qsieiro ãtfio hãio , if Pcsíor^l^' outros muWús de 'Rd(<'-'icíh.Â^ Re-

Ce J

í>:£i.-

:)! -iz ; Ú

bo de per cm 'cxccujao os propoktos ar:, q íc: cíiara , q

.que d.cÍ3:?;do.'AÍ5^da'd£0.0;Cii- í

-•;;; i [rdiado coia iC^ clho .Ko .jliirc* j;

I f' t7,ue o..io.o-!iiiíar,dc :biis voií-

ir

ir-- r ■\ r 11 •■ «

.! ii ! !?:aGC, ícliao.loía.oYíiTí.tjJocío

1 Trni 111 MU

p^|iínõçra'Biíp®rn$a > Tonando

I h' íídadí,:(icfrqnb da íííiáó de tào

'|:|;ilkiítrfePrí2bdo qucítaPruíno-

.' pi; ío rornarroivabicc Patiiar-

: >| ÍI i cb S .BãcgciDajii^Q- Tc?iãcio

cora

S'Fntíí4ofo.

36r

com grande alegria de íua alma , adiuinhandolhe o co- ração os muitos, & gran- des frutos j que dacjuella ten- ra planta ao diante auiaõ de nacer. Deteueo algum tem- po em fua caía, &c compa- nhia, inílruindoo em todas as boas artes do efpirito de q depois veo a íer taõ grande mertre.

i Daqui fe fahio Frutuo- fo com boa licença de feu melire, leuado do amor da vida íolitaria, & lembrado da- quellcs montes, que na íua terra íendo minino vira , & defejara peranelles uiuerdef- conhecido do mundo , Sc da- do todo a Deos, como nos de Subbcocm Itália o fizera feu Padre Saõ Bento . Cor- reoosa todos hum por hum, contentoufe mais daquellc em que logo edificou omo- Iteiro de faó lulto, & Pa- íior martyres gloriofos de Chrifto, &naturaes da villa de Alcala de Henares, a quem os Latinos chamao Complu- tum , &r cllepor iíío Ihede- uia chamar o mofteiro de Complutica , afsy como os que foraõ feguindo varian- do pouco o vocábulo lhe chamarão Compludo como

ainda agcra fe chama. Naò J íabemos dizer íe cílaua então aly edificada a vilja, que agora fe diz Molina Se- ca, ou fe depois fe veo ae- dificar como parece mais proLiauel^, pois o Santo buf- caua lugares fclitarios , Òc a- partados do trafego das gen- tes . O certo he que ella te- ue o nome do pequeno ri- beiro chamado Molina que vay leuando feu caminho pellas fraldas do monte, an- tiguamcnte chamado Ira-- go , agora Porto do Rauanal no Biípado de Aílorga.

5 O mefmo foi ter cafa Saõ Frutuofo, que veríc cer- cado de prande numero de dicipulos , huns que de no- uo tomauão o habito de monges, outros que leua— dos de íua fanra conuería— ção, & notauel fama, que de íuas virtudes auia,deixa- uão os mofteiros anti^uos,

6 fe vinhaó a morar com clle ; nenhuns fearrependiaõ da cfchola , porque o mo- fteiro florccia em todo o género de fantidade, & no temporal era hum dos bem dotados de toda Hefpanha, afsy porque o Santo lhe appltcou grande parte de

Hh feu

Gil GoNÇt de Anti,

ihfAtr.dt

36;

Capitulo LXXXVI.

de feu património , como porq ElRcy Cindaíuintho o tomou debaixo de fua pro- teiçáo , & cnnqiiccco com srandcs dadiuas. He bem vcr- dade que no principio o encontrou , leuado das fal- fas informações do cunha- do de São Frutuoío , o cjual naó podia leuar em paciên- cia, verle defraudado dos bés, de que jàíedauapor íenhor, quando o vio veítido no ha- bito da Religião em caía de íaõTonancio •, chegou a tan- to a valia deílc fidalgo com ElRev mòrinente quando íc lhe veo olierecer com a pel- íoa , & fazenda pêra hiía jor- nada de confideração , cm que hia muito da reputa— çáò, òí credito de Heípa- nha, & neceflariamente lea- uiaõ de fazer grandes gafl:os,q totalméte mandou íe metelíe depofle dos bens de S .Frutuo lojou jàertiueflcm appiicados ao íeu morteiro, ou ao diàte íc lhe pudefié applicar.Teue no- uas derte taõ injufto decre- to dei Rey Saõ Frutuoío , acodio a Deos com todos teus Rcligioíos, pêra que lhes valeíle , ^ acodille . Não lhe fliltóu por muitos dias feu jfauor , porque o cunhado

recolhendoíe da Corte , & tratando de exercitar o que alcançara , cayo em cama , &c delia íe não leuantou ie não pêra a íepultura , ceílaudo com íua morte eftatrojnen- ta.

4 Bem entenderão logo todos, òí ate aomeímo Rey Cindafuintho naõ paílou por alto^ donde viera aquel- íe cailigo ao defunto, ^ pu- blicamente fe contaua pellas praças, que quem quizcíle comer o leu em paz, & por muitos annos, fe não atre- uefle a inquietar o Abbadc de Compludo,nemaos léus monges , porque tuihão a Deos por dcfenior tanto a olhos viftos,corao mortra- ua o cafo que acabamos de contar.

5 E pêra que ninguém, folie ouíado a molellalos da ly em diante, ácodio ao meí- mo Cindaíuintho Saõ Fru- tuoío pêra que lhe confir— rr.aíle todas as doações , que ertauão feitas aos Santos lu- ílo , & Partor , & lhe def- fe plenária licença peraq cm outras partes de íeu Reino íe ediíicaflem nouos moftei- ros,vií-l:ocomonaquclle não cabiaõ os muitos dici—

pulos

S'FrutHcfo.

63

pulos cjiie Deos lhe trazia. Aísy o tez ElRey como nos conliadchúa eícncura dada cm dezoito de Outubro era de Ccíar íeiícentos óc oiten- ta 2c quatro, que vem a íer no aiino de Chriíto íeiícentos & quarenta & íeis , em que fir- máo o meimo Key Cindaf- uintho, a Rainha Receberga lua molhcr, Eugénio Arcebií- po de Toledo , Candidato Biipo de Aíliorga^ cm cujo Biípadocahia o molleiro, & outros Abbades entre os quaes he hum Ilefonlo, eíle hc o grande fanto Ilcfonío Arce- bifpoaísy mefmo pcllos tem- pos adiante de Toledo. Aqui nclla doação demarca o Rey o couto de Compludoj & faz menção de varias peças , que lhe oíicrecco, como íaõ ca- liz de prata com híja patena fobrc dourada, húa cruz aísy meímo íobredou rada, todo o ornato de hum altar, hum fmo a quem gaba de grande voz , & muito fonôra , vá- rios liuros , como o Pfaltei- ro , os Diálogos ( deuiao íer os de SaõGreíTorio)humPar- íionnrio , & outros. Aqui nc- fta doação chama pior varias vezes o Rey a SaõFrutuofo bemauentura(ío,íani5liírimo,

& nacido de iancrue Rcai - Guardaícna Igreja de Allor- ga, a quem Ic vco a annexar pcllos tempos adiante a Ab- badia de Conipludo, como ainda hoje perleucra^ ôc fe- gundo fua data , he húa das mais antiguas eícrituras , que em Heípanha Te podem a— char.

6 Poftas as coufas do mo-' fteiro de Compludo na al- tura em que as vemos pel- los merecimentos de São Fru- tuoío , ôc pclla autoridade Real , viuendo os monges delle como Anjos na terra^ Sc efcufando a preíença de íeu paftor , por também fe liurar de muitos que alyo bufcauáo, & fe dar com mais quietação a Deos hum dia, quando menos o cíperauao, lhe defaparecco da villa, & íe meteo mais pella montanha dentro , onde fazendo húa pequena cella , le empare- dou dentro, fazendo vida de reduzo , fem da ly íayr, comendo o que lhe leua- ua hum dicipulo que ou por Diuina reuelação , ou por o Santo fe lhe deícubrir, veo a faber delle.

7 Nada fabemos do tempo que nefla coua viueo

o íanto

Hl

11

364

(Capitulo LXXXVL

o íanco^mas eonftanos que afsy fantificoucõíuapefloa, & prefençaaquellelugar,que veo a fer hum dos principaes morteiros que em Hefpanha teue a ordem de faõ Bento, chamado íãò Pedro de Mon- tes , principiado por faõ Fru- tuoío , rellaurado por laõ Genadio , & doze compa- nheiros Teus, na era de no- uccentos & trinta & três ^ que faõ annos de Chriflo oi- tocentos & nouenta & fin- co _, & pouco depois fendo ja Bifpo de Aftorga dilatado em mayor magnificência . Fica efte morteiro ( eíchola verda- deira de innumeraueis fantos, & Prelados ) três legoas afa- rtado da villade Ponferrada, òc féis do de Ccmpludo na mefma Prouincia de Vierço Bifpadode Artorga. Dura a- indahoje debaixo da dicipli- na de faõ Bento ^ mas não Abbadia por ly , nem com a profperidade antigua ^ mas Priorado de Valhadohd ca- beça da congregação de toda Hefpanha.

8 Outros morteiros e-

dificou na terra de Vierço de que temos pouca , ou ne- nhúa noticia. Sofpeitas ha q foi hum delles oquechama-

uáo Viíuneníe junto a Vil- lafranca.Tambem a Igreja col legiadaderta Viliafoiem Icus prmcipios morteiro da or- dem de íaõ Bento, hum dos principaes que em Heí- panha íe íoi^eitaraõ ao dcCki- niem França. Não duuida- mos poderia ter porfeu fun- dador a Saõ Frutuofo, & não íeria pequena gloria íua. De Vierço paliou a Galliza Saõ Frutuofo , de bom prin- cipio fundou logo nclla o morteiro Feoneníe,mas qual elle foíle , & em que para- gem fituado nos efcondeo o tempo : huns o fazem a- quelle mefmo, que fe cha- mou Saõ Pedro de Calo— go junto a Villanoua deA- roca , outros Saõ loão do Poyo , não muito dirtante de Ponteuedra. Aly vizinho pa- rece ertaua o de Caífroleon, de quem diz íaõ Valério (a- quelle que cfcreueo a vida de Saõ Frutuofo) fer edifi- cado por hum dicipulo do mefmo Santo , fe Caftro- leon he o mefmo ( como fe cuida ) que Caftroueon, hum monte fronteiro a faõ loaõ do Poyojíítio accom- modadiílimo pcra a vida, que naquellcs tempos fà— 1

ziaõ

/

S-FrutH:Ç\

j )

ziaõ CS monges de faõ Ben- to.

5? Enuejauão grande--

mcPite as outras Prouiijcias de Htípanha o bem c|uc poíiuyaõ os Reinos de Gal- liza, d<. Leão com terem em íyaSaó Frutuoío, & a tan- tos moíieiros edificados por fua induílria , & cheos de infinitos dicipulos feus to- dos varões Apoílolicos , & verdadeiros imiradores deíeu mcílrc Peraifto faziaõc|uã- co podião pêra gozarem de fua preíença. Entre todas íe aL cnrajoLi mais a de Anda- luzia porque eíla lhe oíTere- cco luio muy apropofico pê- ra edificar hum nobihllmio moíleiro nouelegcasdillan- ' te do mar, &c da Ilha deCa- diz ( que por eíle relpeito o fanto lhe chamou Nono ) lo- go taõ florente em íeus pri- meiros annos , que o vio P.ccipuum mir^ magnitiidinis, i5' egreghm., como lhe cha- ma o Autor de fua vida. io Não foraõió os ho-

mens os que por Andalu- zia ícguiraõ o exemplo de tao srande fanto. Onue muitas donzcllas de nobiliíiima ge- ração , a quem fez tanta for- ça o defejo de o imitarem

' que dando de n.á© a todos o. regalos do mu n do íc v i s. hãc a cile pedirlhe regra de Lem viucr j &: íogeitaPidofc cm tu- do a íua obediência . Foi co- mo cabeça , &c guia das mais húa por nome Benta dcta- dade todas as partes qiicfaô de eílima em hCa molher ; era calada de pouco, febem ainda náo fazia vida com íeu marido. Eíía ajuntando coníígo outras oitenta deíc- melhantes prendas , indofe ter com o íanto ao fcu mo- lieiro Nono^taes rezoes lhe foube dar, taõ claramen- te vco a conhecer era trazi- da por Deos, que logo lhe mandou alyjuntoafy edifi- car hum pobre edifício pê- ra nelle feruirem ao Eípofo

1.

das virgens decujo amorvi- nhão tão preíasj quam loi- ras de tudo o que do mun- do lhe podia roubar a aíFci- çáo.

1 1 Naõ fe pode crer a

poeira , q por todas as partes de fíeípanha leuantou cite íuccflo : imaginauaófe ja os pays fem filhas , os maridos íem molheres, os irmãos fem irmãs fc em breue náofoflem à mão a faõ Frutuofo, & com a força do braço real o não

Hh 5 obrigaííem

3 66

Capitulo LXX XVI.

brigaílem a não recebera leu modo de vida molheralgua. Vaõfe a ElRcy, eftranhaõlhc com palauras peíadas fofrer queas molhcres deixem fcus maridos, as filhas feus pays, mouidas de húa noua leuiaii- dade introduzida porhú Er- mitão , que com capa de fan- tidadc cobria ( quanto pode a malícia humana ) mil torpe- zas, q a efle fim ( diziaõ) hiao encaminhadas eftas falias con- uerfocs de tantas donzellas,& de taõ pouca idade. O q mais íe queixou foi o efpofo deBe- ta , a quem a hiíloria chama Ardingo(refpondÍ3 aDczem- bargadordopaço delRey ) & como valia tanto com Cin- dafuintho vco a lhe perfuadir, que fe fizeflcm perguntas à molhcr , & pello que ella ref- pondefe íe j ulgaflé as demais. Cometeofc o negocio ao Go- uernadordaquella Prouincia: foiíe ao mofteiro a onde viuia Benta,chamaa a perguntas, & do que delia ouuio ficou taõ affeiçoado à vidados monges daquelle mofteiro nouo, taõ dcuoto de Saõ Frutuofo, tão edificado das grandes vir- tudes que daquellas Religio- I fasfoube.quctiuera por gran- de façanha (afsy o conreíTou

diante delRey ) não fe deixar | aly ficar P^eligiofo com o fan- to, &íua bemauenturadacÕ- panhia . Liure ja Benta da- quella afflição creceo tanto em virtudes, quanto nem Saõ Frutuofo fabia explicar, por- que fempre que falaua delia o fazia com admiração,^: to- do o tempo que viueo pro- curou fer encomendado cm fuás orações, pedi ndclhe feu parecer nos negoceos mais árduos, Ãrdifficultofos que fe lhe oífcreciaÕ , tendo íuas repoftas por oráculos ,& fuás cartas pcllos mais fieis con- felheiros que podia bufcar, nem defejar.

I";

CAP.

S.Frutuofo.

167

CAPíTVLO LXXXVir.

MILAGRE S^Q^E

Deos NoJ?o Senhor obrou pormeo defao Frutuvfo ^an- tes de entrar em Portugal,

NT ES que nos recolha- mos CO mSaõ Frutuofo a Portugal, di- gamos alguns dos milagres, q fora delle lhe fucederaó.Foi muito principal que palian- do em Galliza a húa ilha com alguns monges feus a fim de buícarem nella íltio, pêra mofteiro defcuidandofe os marinheiros de amarrar o bar- co em quanto fe alõgauão da praya,as ondas o leuaraó pel- lo mar, de forte que quan- do voltarão ja o viraõ taõdi- ftante de fy , que mal o alcan- çauão com a vifta: deraõfc to- dos por perdidos, pello lugar fer deferto,& elles não terem aly que comer , nem efperan- ça de chegar àquella paragem outra embarcação , em que pudeííem voltar a pouoaao.

Puzeraõíe todos cm oração,] pedirão a Deos mifcricordia, íe não quando olhando huns pêra os outros vem faltar de entre fy Saó Frutuofoj então íe lhe dobrarão as triítczas, porem bufcandoo com os olhos , eis que o vem vir ao leme do barco taõ alegre, &( contente, taõ direito a elles como fe em toda a vida apren- dera a arte de marinhagem. Perguntaraõlhe quem o le- uaradalyatèo barco, efpaço tão difl:ante,fe o puzcrãolà os Anjos , ou fora febre as a- goas,mas nunquapuderaõ ti- rar do fanto outra repofla mais, que mandalos confiar em Deos no meo de todos os perigos , porque elle teria cui- dado de tirar de todos a feus feruos,como tirara aos filhos delfraeldeEgypto, abrindo- Ihe o mar vermclho,& os paf- íara da banda da lem do lor- dão quando vinhão a entrar na terra prometida- z Outra vez andando na vilítados mofteiros, que fun- dara em habito vil , àc def- calço, foi achado de laura- dor de condição, & pco* res obras.Efletendoo por ef- crauo fugitiuo procurou re- telo à força de pancadas, &

Hh

ou-

3 68

Capitulo LX XXVII.

outras varias injurias ,pren- dendoo, & cncaniinhandoo à aldeã onde moraua pêra da ly Ihebuícar olenhor de quê cuidaua hia acolhido. Ncnhúa outra palaura íc ouuia aoSan- to entre citas afrontas íe não aqucilajUaôíou efciauo,não íou catiuo mais que do P^cy da gloria de cujo catiuciro nem qucrOjiiem pretendo fer liurc. Pagou logo o miieraucl laurador o mal que fizera^ por que entrado o Demónio nel- Ic o tratou com tanta deshu- manidadc, que elle a íy pró- prio ie desfazia às vnhas,& aos dentes dando pcllos tron- cos das aruores, ^ellas pe- dras com a cabeça como fe ncnhúa outra couía preten- dera mais que acabar ávida. Porem Saõ Frutuoío rogan- do a Deos por elle o largou^ & deíapreílou o mao eípirito reconhecendo primeiro feu peccaJo, &c pedindo perdão delle proftrado com grande humildade, & íogeição aos pès do Santo.

3 Coftumauaalgijas v€"

zes Saõ Frutuoío leuar neílas vifitas hum jumeiííinhoaísy com alguns liuros por onde eftudauaj como com alguns regalos pêra osfeusReligiofos

enfermes j qi,e de tudo o fa- zia ícr piòuido o giáde amor com qr.e o^ trataua. Sucedeo pois que partirão híia vez cm ocaíiaõ defraudes chuuciros em que os ribeiros hiáo crcci- dos lhe cayo em hum dcllcs o feu jumenro. Sencio o Santo a perda dcs liuros , & a falta que íarião aos doentes os mi- mos que entre cUes iheleua- ua. Fez Icuantar o jumento, querendo íaber ate onde chegara a agoa, achou toda a carga enxuta, como ie a que- da tora no meode húacílra- da j & não em parte , onde o animal com quanto leuaua lobre íy ficou debaixo do rio.

4 ConcertoufeeiTiScui- Iha com certos marinheiros peraquc o leuaflèm altalica^ que hoje chamão Seuilha a velha, pêra nly viíitar o cor- po de iaó Geroncio : era o tempo quando ou'.;eraõ de tornar chuuofo pello q dif- íimulaudo o arraiz com a partida auíèntandoíc do bar- co fe deixou ficar com íeus companheiros por onde quis. Impovtaua aoSanto fazer na- quellcmermo dia volta a Se- uilha,& como não aparcceísé

os que oauiao

de Icuar

fol-

tando

S.TrutmÇo

369

caiido o bnrco le meteo nellc lem velaj& íem rcmos^o qual a preciofa carga hia taõ di- reito j d<. bem marcado como íeforaí^ouernado pello mais deílro piloto daquella ribeira. Outra marauilha aconceceo aqui cambem muito notauel, & foi que desfazendofeo Ceo com agoa^íSj durando a tcm- peítade todo o tempo que o barco durou na paflagemj Ê^ota lhe cayo dentro,nem em Saõ Frutuoío le via molhado hum fio do feu manto, co- mo o vio, k. notou oArcebif- po que entáo era de Seuilha^ a fôra outra inumerauel gente, que logo ao íair do barco lhe veo tomar a benção. 5 No tempo que ainda

viuia, ouemCompludo, ou cm íaó Pedro dosMontes,em ocafião que por aquellas bre- nhas andauáo certos montei- ros à caça de veados , fe aco- Iheo ao lanto húa corça aco- çada dos caês , & caçadores: defendeoa elle de huns, & ou- tros_,& foiella taó agradecida, quedocampooíeguioatc o morteiro, taõ domeftica co- mo fede pequinina fe criara comgentcxomia dafuamão^ jazia deitada aos feus pèsjacõ- panhauao pêra onde quer que

I hia com mais caricias, que íe fòra hum cachorrinho; le a ta- zuo ficar em caía , auendo S. Frutuoío de auícntarie delia, afsy fe entrifticia, c^ magoaua ate outra vez o tornar a ver^ como íe tiuera vlode rezaõ. Por eftas,& outras boas par- tes ^tinha,lhe era oSãto aíici- çoado,ajudandoíe da gratidão daquelle animal a ler mais grato a feu criador de quem tinha recebido outros mayo- res benefícios. Acõteceo pois que hum moço traueflb,por dar pena a Saõ Frutuoío, em tempo que a achou em lugar pêra iílb,lhe matou a lua cor- ça , mas pagou o logo com húas rijas febres q lii£ derão, & o puzeraõ em grande riíco da vida , a qual íe não perdeo de todo, foi porque à petição de alguns , o Santo,quc nada* fabiado matador,nem do que lhe tinha fucedido , logo que do fucelfo teue noticia o viíi- toLiem fuacaíàjpos íuas la- cradas mãos fobre elle , dan- dolhe de improuifo a faude qne Deos ( por dará feu fex- uo aquella pequena aífli- ção) lhe tinha tirado.

CAP.

370

Capitulo LXXXVJIL

CAPITVLO LXXXVIII.

TRATA S..A M Friituofo de ir a lerufalem, impedelhe ElRey o pajfo ofa^er Bifpo de Dumejonde efcreueo a regra que chamao de SaÓFrutuofojdafe noticia dos Bífpos de Dume.

Azião todas eftas mabui- Ihas , Ôc ou- tras ^q feria Í5 go contar/a- moíi Jíimo por codaHerpanha a Saõ Frucuofojbufcauáono todos em fuás eiifitmidades, & ncceílidadcs, & nenhú fa- hia de íua prefença fem o defpacho que bufcaua . Com o fruto de fuás pregações fe defpouoauãoas cidades , & fe enchiáo os ermos de nobilif- fimos fogeitos , fendo de cada vez mais', &c mais osquefe conuertiáo a Deos.Por jafal- tar ao Santo lugar ondereco- Iher tantos dicipuloSj ôc mui- to mais por fugir da aura po- pular_, determinou paílar a le-

ruialem, peraaly no ícruiço. daquelles íantos lugares , on- de foi .obrada nolla redenção, acabar o que lhe rellaua de vi- da. Não pode íerranto emíe- grcdoapartida, quealgús não íoubellem delia. Auilaraõ lo- go a ElRey Receíuintho, que jàtinhaíucedidoaCindaluin- tho , peraque a nao foftreíle por não perderé feus R.einos hum homé^que eralcm duui- da a cclúnade todaHcfpanha- Acodío o P^ey a tcdaa prclla, &c a toda a vigíajpondo guar- das nos caminhos, peraque S, Frutuofo não pudeílc pa.Oar fem lhe cayr nas maõs •,& afs y foi, porque o tomarão , ôc o trouxeraõaElRey,oqual pcl- lo reter, & tirar de todo a ef- perança de poder fazer aqucl- la jornada ; cflando na mef- ma ocaííaõ vago o Biipado de DumCjO fez eleger por Bif- po,&: o mandou refidir na íua dioceíe, encomendando aos monges daquelle mofteiro,& muito mais ao Arcebifpo de Braga o naodeixaflem fazer compridas jornadas fòradellc, & ainda nas da porta o trou- xcflera de olho porque fe não anfenfaíTe, & tornafie a in- tentar a romaria de lerufa- lem.

z Sã-

S.TrutHoÇo.

371

2, Sagrado jaSaõ Fr ucuo- íocmBiípodeDume, & re- colhido por cita occafiaõ a Portugal, & a cila noíla cida- de de Braga , nao fe pode crer o fruto que daqui fez, afsy no bom goflcHiOvdos morteiros que deixaua fundados em va- rias partes de Hcípanha, co- mo no íeu de Dume,onde foi recebido , Òc feftejado corno hum Anjo do Ceo. Aqui ten- do ja autoridade de Biípo ef- creueoaregra dos monges, a quechamão de Saõ Frutuofo, & nos podemos chamar o contraponto do canto chaò da de Saõ Bento, Por ella alem da própria ícqouernarão mui tosannosos monges de Saõ Bento de tocía Hcípanha, co- mo aquelles que pella mayor parte morauâo em mortei- ros edificados ou por S. Fru- tuoío , ou por feus dicipulos, ou eraÕgouernados por mõ- ges, que delles lairaõ,como reformadores dos demais. Ani mo tiuemos de por aqui toda erta regra aísy noLatimem q o Santo a efcreueo,como na noíla linCToacem Portugueza, mas pareceonos pertencia irto, mais aos Chroniftas de faõ Bento que coni rezáo íe deue

IP

d

rezar tanto de hurn logeito

foí

tãoefclarecido, como emHeí- panha deu fua fagrada Reli- gião, naõ deixando perder na- da do que lhe pertence , & muito menos a regra porque íe fizeraõ íantiííimos tantos efquadroés de monges coiiio hoje gozáo da bemauentu- rança.

3 Com tu Jo pêra que de- ftj regra demos qualquer no- ticia. Ella fe diuide em 1 3 .ca- pítulos Nos dous primeiros põem o íanto húa breue dif- ferença entre os morteiros , que propriamente fe podem chamar taes , & entre outros que íõ no nome o eraõ. Cha- ma aos verdadeiros , & pró- prios, ps que íe fundão de li- cença dos Prelados, em cuja dioceíe caem , guardao algúa regra das approuadas, òc laõ eícholade perfeição. Molfei- ros falíos, & fingidos chama aquelles a- quem faltáo eítas "três particularidados, ediíican-, doíe fem licença dos Bifpos;. viuendo fem regra , .<& náo fe tratando nelles da virtude, pello menos da verdadeira, q da fingida-, & íimulada não faltaraõ.aly aparências»

4 Com dous intentos fe ediíicaua erta fcgunda forte de morteirosro primeiro peracõ

eita

372

Capitulo LXXXVIII.

cila capa os que nelles viuiaõ, OLifoílem leigos, ou Eccle- liafticos feliurarem , & izen- taremdc pagar dízimos àíua parochia,& outros tributos a (cus Príncipes , porque co- mo os verdadeiros mofteiros nada difto pagauao , preten- diaõ os falfos nome fingi- do lançar tabe de íy eílas obri' ga^oés, no que auiagrandijí- llraosinconucnienteSj & vi- n hão muitas vezes a perder os verdadeiros rcligiofos pellos fairos,& mentiro fos.

5 O fegundo intento era, que não podendo muitas ve- zes os pays dar vida a feus fi- lhos , & filhas, íè ajuntauão outros parcntesj& de co- mum coníèntimento edifica- uão hum dertes recolhimen- tos,em que viuiao em comu- nidade , mudando íó o habito fecularjôiT tomando algum mais honefto, & humilde, pê- ra afsy com capa de religião,

6 feruiço Diuíno meterem em cabeça ao mundo q não por falta de poílibílidade,mas de vontade deixauão de vi- ucr como pedia fua nobreza, òí eftado . E como de ordi- nário os filhos aceitauão a- quclla vida por refpeito dos pays,dur3uão nella em quan-

to elles viuiaó,depoÍ3 de mor- tos desfaziãofe os mofteiros, cada leuaua a parte q nas partilhas lhe cabia ; donde acharmos muitas vezes nas efcrituras antiguas feitas a ou- tras Igrejas , ou mofteiros doados eíles que fe desfazião, & herdauão por naõ fere pro- priamente mofteiros , fe não no norfie , ou os vrcmos paíTados a homens fcculares, &: continuados em fuás fa- mílias, O queaduertimos pc- raque quem vir nefte noflb Reino de Portugal, & achar nas doações antiguas feita taõ \ frequente menção de tantos j.m oilciros^não cuide logoe- i raõ dos verdadeiros , tV co- mo perpétuos , fe não deftes tcmporaes , & como edifica- dos a vidas,& ainda menos íe- gundodurauaa vontade dos que aly íè recolhião,fe bem ao tal lugar lhe ficaua fempreo nome dos mofteiros , & por clle era ordinariamente cha- mado , & nomeado. Diz lo- go Saõ Frutuoío que le ad- mitão a viuer debaixo de fua regra mofteiros quefore pró- prios,* os fingidos por nenhil cafo, porq os té, & julga por deftruiçaõda verdadeira fantí- dade, & diciplina regular.

6 No

S'Frutíiofo.

373

6 No terceiro capitulo

dirpoem a forma em que haõ de ler eleitos osAbbades,man- dandoqucpor iienhií modo íc tomem peraelle ofíicio os cjucde pouco tempo tiucrem vindo àRcligiáoi mas os que por longa experiência foraõ prouados por todo o género de mortificação. Aquienco- menda também ábsmeímos Abbades fujão quanto lhe for poíliuel do trato dos fecula- res^ ordenando a elle fim as demandas dos feus morteiros não por fuás próprias pcíToas, fe não pellas de ícus procura- dores , pêra com ifto teré me- nos conuerlaçaó com elles. 7 No quarto capitulo

trata dos que hão de fer rece- bidos ao habito , no qual pcf- foa nenhúa exceptua, mini- nos_, velhos, moços, varões, liures, elcrauoSjCom tal con- dição que cftes tragão carta dalforria de feus fenhores. Po- rem ordena que em todos fc facão primeiro grandes expe- riências pêra fc ver o efpirito que os trazà Religião j húa delias hecftejão rrcs dias, ^ três noites à porta do moftei- ro,&: aly comão, & dur— mão,foffrendoas reportadas, q oporteiro,& mais Religio-

íos

s lhe cíerc

le cierem. A outra qi;e fejáo primeiro muy bem cxa minados íe deixão no mun- do alçíía fazenda, porque em calo que a tenhao ja reparti- da toda aos pobrcs,então mã- da os recebão , & não doutra maneira,ficando féprc o mais moderno no vitimo lugar da comunidade.

8 O quinto capitulo to- do he da obediência^ que deué os monges a ícus Abbades, & Prelados, como lhes hão de declarar todos íèus penfamé- tos, defcobrindolhc não as tentações ,mas também as virtudes^ pêra melhor ferem delles guiados , & encami- nhados . Aqui trata também do Celleireiro, & do cuidado que deueter da gente mais pequena do i-norteiro,emcf- pecial dos mininos, que aly fecrião, pêra que não achem menos os mimos de fuasmays. 9 No fexto fe encomen-

da a cura, & regalo dos enfer- mos,a que não quer falte na- daj poré a os enfermos cncomé da a paciência, & foffrimento, pois béfe deixa ver quãto def- diz com híj Religiofo fer def- contentadiço,&: mal foffrido: &: como por mais cuidado q fe tenh3,núqua pode aucr nos

li

moftci

374

Capitulo LXXXVIII.

mofteiros os regalos das ci- dades,

10 No fetimo trata o íaiito como hão de fer tentados os que em mayor idade vieré à Religião^porque corre mui- to perigo venhaÕ buícar no fim dos annos o deícanío, q por ventura no mundo não puderáo alcançar ^ a eííes or- dena os ocupem de cõtinuo, & não deixem ellar ocioíos, & a elies encarrega gallem o tempo em chorar os pccca- dos da vida paííada,& naquel- la hora vitima de fua vida pro- curem cmmendar o que nas outras paíladas efpcrdiçaraõ.

11 No 8. fe contem as partes , que dcue ter o paftor do moiVeiro , ou foíle queel- le per ly guardaua o gado , ou que tinha cuidado dos mais paíiores , chama a efte mayo- ral , lembrandolhe que de fua boainduftria dependia o re- galo dos enfermos , a criação dos mininos,&o gazalhado dos hofpcdes^porq eíle fògc- nero de gêtc comia carne nos mofteiroj;. Alem dirto da Iam fe veílião os monges , &c do gado que fe vendia, fereme- diauão. outras faltas da com- m unidade _, & fe refgatauaõ muitos çatiuos: & peraque

folgue de exercitar cfte officio, lhe traz a memoria lerem to- dos os Patriarchas antiguos paftorcs , lem eíla ocupa- ção os impedir, antes aju- dar muito a alcançar fantida- de.

II No capitulo 5). apon-

ta as boas partes^ que dcue ter o Abbade, & em particular quatro coufas cm que as ha de moílrar. Primeira cm pro- curar que íe digaõ as horas Canónicas com toda a pon- tualidade. Segunda cm fe ajun- tar com todos os mais Abba- des da monranha(fala particu- larmente com os da terra de Vierço) no principio de cada mes, peraaly rezarem húas la- dainhas com muita deuação por todos feus fubditos , pe- raque Deos lhe de çraça pê- ra os goucrnar bem , & elles fe aproueitarem defcu gouer- no. Terceira que feja dili- gente na lição das fagradas ef- crituras, & vidas dos íantos Padres ,d6de ha de tirar luz,& cfpirito pêra poder gouernar. Quarta que fempre receba à fua mefa os mondes hofpe- deSjque Vierem de tora,& os peregrinos queacodirem aos morteiros, porque eírcs faõ os de quem diz o Senhor , fui

h^f-

<S

S'FriUHcfo.

375

hoípedcj&iecolhertefníCj&c. 13 No 10. fala cio Prior

domoftejfOjO qual quer que ícja íolicitp, & cuidadoío cíos bens cemporaes cia caía , pcra- qae o Abbadc dercanfando ncllc poíla atender às couías

eípincuaes

ohncra o cambem

a dar conca codos os meles ao Abbade da meíma fazenda, pcraquc dcíla maneira a trace, &L nienee com cuidado ^ & não como íenlior proprio,pe- raque tenhão delia íuj'parce ospreros,oscaciuos,&:oucros neceliicados, a que os moftci- ros cuílumáoacodir. 14 No II. cmcomenda

com grandes palaurasa obe- diência, que os monges de- uem guardar, não fòaos Ab- bades, & Priores, le não ram- bem aos Decanos (chama De- canos a cercos Relio-ioíos^que tinhaõ cuidado dos mais re- partidos de 10. em 10, ou de io.emzo. conforme parecia ao Abbade. )Ertes quer íejão amados como pays , & cerni- dos como íenhores daquelles q os ciuerem a fcu cargo: po- rem aduirceos que naõ acu- dão aos Abbades cm coufas,& penitencias de pouca impor- cancia,mas por íy asrcpartão, Sc facão executar fem repli-

ca, ou eicuzaaiiTua. I) No II. da regras aos

Decanos , ôj lhe aponta o em que parcicularmence hão de aduercir, & zelar pcraquena communidade não aja im- perí-eiçoés.Em parrcicular or- dena que quando os Mondes le ajuntarem aos Domingos, o Abbade inquira diligcncc- mencc delles fe cem odio h 'is aos oucros , & os Decanos di- gão ncírc parcicular o que notado , porque de codos fe deftcrre pefte caõ pcrniciofa como he a da diícordia entre os que profcflaõ Rclií^iaõ. iG O 13. contemos ter- mos que fe deuem guardar com os que na Relieião de Saõ Benco fe chama 5 exco- mungados. Pêra o que íe ha dclaberqueem varias parces da regra defteglorioíoPacriar- cha íc põem gcncro de pe- nicccia a que chamaõ excomu- nhão, em q fe mãda ao delin- quéce por culpas graues viucr aparcado da comunidade ícm o craco , & comunicação áos oucros,em pa5,5: agoa,&: on- eras penitécias q pareccr,atè o culpado de todo ter lacisfei- co fua culpa. Falando pois de- iicsexcõmúgados S Frucuofo diz eílas formaes palauras.

li 2,

Qiian-

376

Capitulo LXXXVIIL

Q^Liando algum for por fua culpa excomungado leja re- colhido em húa cellalò^ &i íolitario , onde lhe não daraõ decomer mais que paõ, &a- goa , &c ifto a tarde quan- do cearem os monges . Sua reção fera não mais que meo paò com pouca agoa fema béção do Abbade.Elleja o ex- cõmungado na cella priua-- do da conuerfação de léus ir- mãos íem fer vificado mais q de algum que lhe ordenar o Abbade . Efteja meo deípi- do^ ou veílido de cilicio def- calço , & occupado nos fcr- uTços baixos do moftciro. Po- rem fc a penitencia ouuer de durar dous, ou trcs dias nellcs fe lhe não darã nada de comer. Vltimamente põem o San- to algúas palauras com que fe ha de falar ao excomungado todas injurioías,tS: afrontoías peraquc del1:a maneira conhe- ça fua culpa vendofe tratado com rigor, & emcndandofc tema cair ao diante cm ou- tra femelhantc.

17 Acodião aqui ao moftci- ro de Dume onde S.Frutuofo era Bifpo todos os Abbades dos mais , que por Hcfpa- nha cftauão efpalhados , com fuasduuidas , &: leuauão co-

mo oráculos as repoftas que o fanto lhe daua. Era pêra ver a alegria, a charidade,&: a facili- dade com que aquelics Reli- molos íubditos do íantoPiela

o

do íc ocupauãoemagazalhar os hoípedes, o cuidado q ti- nhãode os mandar aos íeus mofteiros contentes, & ricos dos exéplos que aly notauaõ em cípecial em S. Frutuofo, que a todos era hum viuo re- trato de perfeição.

18 Não herezãoq paííemos adianteíem primeiro darmos húa breue relação dos illuftres Prelados q teue a Igreja deDu me,donde fairão três tão iníig nescomoforaÕS.MarcinhoS. Frutuofo,& S Rofcndohõra, òí lulfre de toda Hefpanha. diífemos na vida de S. Marti- Ap.i-.7j. nho de Dume como em íeus dias fe leuantou em Cathedral o mofteiro deS. Martinho q elle edificara por ordédelRey Theodimíro, & q o mefmo fanto fora o primeiro q teue aqucllaPrelazia, dódc foi tref- ladado por morte do Arcebif- po Lucrécio pcra eftalgreja de Braga, & as gouernou ambas cm quanto viueo,

19 Com cfte principio taõ fclicc que Saõ Martinho deu com fua prcfènça,& gouerno

à Igrc-

S'Friíiiiõfo.

177

a Igreja, S<. de Dumc foi ci- la creccnJo não lòem quanto durou o fcnhorio dos Reys Sueuos em Galliza; mas ainda no tempo dos Godos, & de- pois da ruina de Hefpanha quando nas Ses náo auia mais que Biípos titulares^ & depois de rellaurados alguns lugares de Galliza, ã: Portugal tam- bem íe acha noticia delles. 20 A S. Martinho de Du- me fucedco o Bifpo loao A- chouíe no 3 . Concilio de To- ledoannode ChriftojS?.

Benjamim confirmou em Toledo o decreto delRey Gú- demaro no anno de 610.

Germano:aííinou no quar- to Còcilo dcToledo,áno 63 3 . Pimenio :aíliftio no fexto Concilio de Toledo anno 638 RecimiroíucePxor de Pi- menio : firmou no Tetimo Cõcilio de Toledo anno 64a. Auianchimaro , era Prela- do de D ume notépoq fe ce- lebrou o 8. Concilio de To- ledo no anno de 6 j'3. Porclle aíTinou hum A bbade chama- do Ofdulfo.

S. Frutuofo fucedeoa A- uianchimaro, foi tresladado peraa Igreja Primaz deBraga, ficando o gouerno deDu- me,como adiante veremos.

Vnicencio; aíliiiio no ij. Conciho dcToIedoanno í8S. Quádo começou a primei- ra rcltauração de Heípauha pclío Reino de Galliza ha no- ticia de alguns Prelados Je Du jme. Suarioanno83o,

Martinho íe achou na fa- graçaò da Igreja dcOuiedo no Concilio que aly fe celebrou no anno de 831.

Suaringo annosuj. Saó Roíendo anno 5)73. Nuno anno ioiy Não achamos memoria dou- tro Bíípo de Dume. ii Por cfies annos fe re-

lUurou algreja/Sí de Braga como;dircmos na vida doBif- po D. Pedro: então fe vnio,& encorporou a Sede Dumccó adcBraga,& fe lhe vniraó fuás rendas. Hojehc Igreja paro- chial^que fegoucrna porliu Prior íobre quem carrega a cura das almas . ii Não íe perdco no re-

gifto de Roma a memoria de- ite Bifpado de Dume, porque uo anno de 1451. íe intitulou. Bifpo delle por letras A po ílo- licas fr. André de Torquema- da-Biipodeaneldo illuíirifsi- moíaihor Arccbiípo D. fr. Baltafar Limpo como acha- mos emfr.Ieronymo Romã.

'mM*>

Ii

CAP.

37S

Capitulo LXXXIX.

CAPITVLO LXXXIX.

VAI S A M F R V'

tuofo ao Concilio X. de To- ledo onde he eleito Arcebif- po de Braga : ijemperafua Igreja , ^ trata da refor- mação do Clero , ^ pouo delia.

L G V N S

annos, ainda que não mui roSjViuco o Santo ocupa- do no gouerno do Bifpado, & moftcirodeDumej& com cllc titulo foi chamado ao de- cimo Concilio de Toledo , q fe cóuocaua pêra o Dezêbro do anno de íeifcentos 6c íin- coenta & féis, onde todos os Padres que aly fc acharão o re- ceberão, & feftejarão como aquellcde quem tantas cou- fas tinhão ouuido , & o defe- jauãofobre maneira ver^ & conhecer. Acharão nelle mais ainda do que a fama apregoa-

Iua^ porque efta benção leue íempre a virtude que conhe-

cida,& tratada íe faz mais cfti- mar , & venerar, i Em nenhú outro Pre- lado dos que aly fe acharão puzeraõos do Concilio tan- to os olhos como em Saõ Frutuofo^ porque acontecen- do em quanto durou aquel- le graue ajuntamento a con- fiílaõdo Arcebifpo Potamio, dequeemfua vida tratamos, & fendo priuado por elle da adminiftração do Arcebifpa- doauendoíelhe de dar fucef- for , em que eftiueíle bem,& aíTentaílea Primazia de toda Hefpanha,& juntamente re- fizeífe, & rcftaurafle o que efta Igreja tinh^ perdido com o crime de Potamio, lan- çarão maõ os Padres do Con- cilio da pellba deS. Frutuofo, fendo afsyq deuiaaífiftir no mcfmoConcilio fanto Ilefon- fo comoAbbade q era do mo- fteiro Agalienfe, & que da hi a poucos tempos foi tomado pêra Arcebifpo de Toledo, & outros vinte Bifpos , todos de diocefes mayorcs , mas nenhííde iguaes mcrecimcn- ros.

3 Não cabia Braga de pra- zer quando foube fe lhe tinha dado por Prelado , & fuccf- for de Potamio a Saõ Frutuo-

fo.

/»p.f. 84

S.Frutuofo.

379

lo, deullie por cartas o íeu Cabido, &: coda a cidade os parabéns da noua dignidade, pediolhe le recolheíe o mais cedo que lhe foíTc poííiuel à

fua Igreja j porque defcjauáo ja vello,&:gozallo como pró- prio, não obftante tercmno ate ly taó vizinho cm Dumc. Softreoeftemofteiro, & Bif- pado melhor a promoção de leu Paftor, quando Ihecon^ ftou ficaua também debaixo de feugouerno, porque não quifcraõ os Padres do Conci- ho dar outro Bifpo a Dumc, em quanto cUe viueflc, fe- guindo o exemplo daquelles, que em femelhantc eleição de Saõ Martinho pêra Braga 0 deixarão ficarjuntamenteBif- po de Dumc , donde fora to- mado pêra a mefma Prima- zia.

4 Aqui fc defcarrcgou

tambcm nefle Concilio El- Rcy Rccefuintho da obriga- ção de tertamentciro^ em que como fuceíTordos Reys Sue- uos entrara , & de executor doteftamento de Saõ Marti- nho, pedindo aos Padres con- gregados quizeílem transferir na pcíToa de Saõ Frutuofo a- qucUe encargo , & encomen- darlhe fizeíle cumprir o tefta- I

mento do Santo nas couíàs 6 ate aquelle tempo não efta- uão dadas a execução. Afsy o fizeraõ os Pndres, & afsy o aceitou Saõ Frutuofo : enco- mendarãolhe mais vííle, & confideraíTe também o modo & bom termo, que fc po- deria tomar nos legados , que a pobres deixara íeu antecef- for Rccemiro Bifpo de Dume^ porque por excelfiuos carre- gauão muito aquella Igreja, por ferem em prol de ne- cel]itados,& vitima vonta- de de hum Prelado taó graue, não era bem ficaílcm de todo por cumprir.

S Outras coufas fe trata-

raõ,ô(: diffiniraõ naquelle Cõ- cilio, de que nos não perten- ce agora dar particular rela- ção i mormente tendoo feito na noífa hiíloria dos Bifpos do Porto efcreuendo a vida de Flâuio nono Bifpo daquel- la Igreja , que também aly fe achou prefente com Cefario Bifpo de Lisboa, & Zozimo deEuora. Firma neíle Con- cilio Saõ Frutuofo ja como Arcebifpo Braga, 6«rnáo como Bifpo de Dume,fe bem reteueemvida híja, & outra Prelazia , como ja acima to- camos.

if.c* 9.

íi

6 Ccr-

3S0

Capitulo LXXXIX.

6 Cerrado O CouciliOjd: derpedidos de Tclcdo aíuas Igiejasos Bilpos, que nclle alliítiraõ vco a tomar poíle òà fua SaõFruCLioío. Entrou neíb cidade em Mayo do an- no de íciícciítcs & líncoeiíta &L íete 5 íoi recebido com co- das as dcmonílraçoéi com que os cidadãos delia podiaó íjgniíicat o contétameiíto de o terem coníígo: a feíla poré mayor de codas,& pêra o fan- todcmayor ^ollo íoi a com que o íairao a receber os po- bres, & crianças da terra i le- uaua cada hum ícu ramo nas máos, todos cantauao bendi- to o que vem ^ cm nome do 1 Senhor.

I 7 A primeira coufa que

procurou laõ Frutuoío nelta lua noua diíinidade foi refoc-. mar léus lubditos mais ainda com o exemplo de fua pcflba, que com nouas íeys , ou pre- ceitos,porque quando aquel- Icíalta ficaõ eíles verdadeira- mente mortos, & de nenhú viçTor. Trouxe pêra íeus pa- ços do moíleiro de Dume muitos Rcligioíos de fanta vi- da, & com elles viuia das por- tas adentro em ranta peniten- cia, quanta mal podia íoffrer h'1'.n corpo humano, 6.:arsy

íe viaõ nellc as forças corpo- raes taó gaíladas , a preícnça exterior taó debilitada, q cau- iaua notauel compaixão a to- dos , & tanto mayor, quanto -. maislhedeíejauãoa yida, & íaudc,ccmo a pay,í^ bem fei- tor comum. ísiunca dcípio o cilicio, nunca dormio cm ca- ma, em que íe viíicm outros regalos pêra o corpo mais que huas poucas de vides porcol- cháo,húa manta de Iam de ca- bras por cobertor : jejuaua o mais do tempo , & entáo com m^ayor eftreiteza, quan- do pretendia alcançar de Deos algúa tnerce pêra fuás ouelhas, no que íhe íucederaõ cafos milaçroíoSi

8 Viíítou por fua pcfloa

todo ícu Arcebiípado , & re- m«dcou nas terras onde; en- traua muitos abufos , &c era o_ ícu caminho de or-dinario a. jfem multidão_de_cnados, \ nem gente que deíTc opreíraõ aos pouos.No caíligar das eul pas íempre o fazia amando os culpados , & aborrecendo Gs vicios-, não íoíFria ounelíe nas peíloas Eccleíiallicas efcanda- los, ^ muito menos nos Re- ligioíosrprocurauafoficm fcr- uidas as. igrejas com niage- ílade,& limpeza, obrigando

aos

S.Frutuofo.

381

os Parochos, &aquelles cu- jos craõ os fruitos que as pro- uelíê de todos os parametos^ qucosmyftedos fagrados de íy ertaò pedindo. Eltranhaua fobremaneira em fuás ouelhas o vicio da deshoneltidade^pcl- lo que com feueriílimos ca- ftigos o emendaua quando era publico, ôc quando fecre- to com penitencias no mef- mo foro,& penas que atcmo- j rizaílcm aos culpados , & os acautclaílem pêra o futuro.

9 Braga como Metro— poli,& cabeçada Primazia, foi a que a mayor parte teue, & o mayor fruito recebeo do ztlodefte lauto Prelado, não auendo entre osEcclcliaíHcos, vendo a fuauidade de leu go- uerno , o exemplo de fua vi- da, quem naõ procuraíTe re- tratallo cm fy,ou fofle das por tas adentro pêra com fua pef- foa,& as de feus familiares,ou delias a fora pêra os eftra— nhos.

10 Os feculares também caminhauaó pella mefmaeftra da, porq quando íè vc refor- mado o Ecclefiaftico de força fe ha de ver tal o mais corpo da republica: diz tanto difto faõ Valério efcritor da vida de S. Frutuofo quea náoferel-

le o que efcreue , & o Icc^cico dcfuaercrituraSaó Frutuoío, podia fazer duuida vcrfe cm táo pouco tempo mudança tão notaucl em Arcebil- pado tão eílédido como eíte, & habitado de gentes tão dif- ferentes nos coítumes,& mo- do de viuer. Os que porem mais fe auantejauão craõ os Religioíos; reprefentauão os molteiros no trato,&: conuer façaó huns parayíos na terra, & como taes eraõ bufcados dos quede nouo fccõuertião tantos em numero ,qiie o íantonaõ prègaua deixaflem o mundo , & leguiflem o. ca- minho da Cruz cm comuni- dades Religiofas, mas em fuás cafas próprias, porque cm to- da aparte fe daua Deos por fcruido ^ taó bom de conten- tai era. Muitas vezes lhe alie- gaua que por eftarem muito cheos os mofteiros, & não muito ricos^naõ podião rece- ber fogeitos de nouo , toman- do às vezes o Demónio efta ocâílaõ pêra lhe quebrar os fer uores, quando viíTem os não podiâó executar por obra,que o ponto eftauaem lançarem em toda a parte mão da peni- tencia , pois cfta não fe ataua a lugar , nem o habito , ou mo-

1

ílei

ro.

S2

Capitulo LXXXX.

íleiro era o q^ue fazia o Rc-

licioío.

CAPITVLO LXXXX.

r> O S MOSTEIROS

que Sao Frumofo fnndon ém -vários Inçares de feu Arcebifpado ^ i^ fora delle.

Omcçou o Santo a edifi- car algúsmo- llciros cie no- uoi cious no- meá S. ValeriOjhuni temos a- quià portajv^ he o mefmo q hoje chamamos de SaóFru- tuoío , de que logo diremos: outro íe chamou Turonio de que atcí^ora ncnhúa noticia pudemos alcançar He ver- dade qi;e por algum tempo andamos em foi peita poderia ícr o de Caftro deAuelans na Comarca de Tralos montes pouca dillancia da cidade de Bragáça pêra aparte do Occi- dente,' porque em papeis an- tiguos achamos feraly grãde- mentc venerado Saò Marti- nho Bifpo dcTuronem Fran-

ça por rezão de húa grande re- líquia íua, que no mollciro ícconícruaua,donde fe pode- ria chamar o moíteiro dcTu- ron.Mas tazendo depois m.a- yor diligencia íobre íua funda- ção achamos cairnoannode 667. alguns annos adiante do em c]uc bleceo Saõ Frutuofo: donde íe ve não ler cíle mo- íleiro fundado por crdê fua, ou por renda particular que em íeu teíiamento lhe appli- caílcjcomo diziaõ , Sc con- tauão íeus Rcligioíos, em quanto aly períeueraraó (que foi ate o tcpo de noílos auòs) muitos cm numero , & ricos cm poíleíloês, porque daqui íairaõ boa parte dos reditos.^ queà petição do fcreniilimo ReyDomíoaòo III, levni- ráoaonouo Biípado de Mi- randa , que ellcerigio, ficando o moíleirocm parochia^^í: íò com hum vigairo, qucnellc adminillra os Sacramentos, z Outros molkiroSjíe diz, forão da fundação de Saõ Fru- tuofo. Por talíe tçm oq ou- ue na villa de Tomar^ moílei- ro dos a que chamauão do- brados por lerem de Religio- fos, &c Religiofas diuididos entre fy com íeus clauífroSjtSc paredes em forma que não ,

pude lie

S.Fmtuofo,

3S3

2.;.^. 45

pu deíle perigar a honell idade. Aqui foi Religiolaabcmaué- curada íanca Ircna, ou Eiria, aquellaquedeu o nomeàvil- la de Santarém , padeceo mar- tyrio noannode^yj. feisaii- tes da morte de Saõ Frutuo- (o^Sí li. da fundação do mo- ftciro, que conforme a ifto íu cedeo no anno de Chriílo de 641.

3 Mais direito tem ainda em Saõ Frutuofo,& com mayor rezáo o pode chamar por fú- dadorfeu o molleiro delan- toTirío de riba de Aue, no Bifpado do Porto, íe bem na hiftoria , que efcreuemos dos Bifpos daquella Igreja , difle- mos, cõformandonosconi o Conde Dom Pedro, o funda- ra o Infante Alboazar Rami- res filho delRey Dom Rami- rodeLeaõ legundodonome, 6c da Rainha Dona Aríigaa que chamauãoaZahara (ilto he a frol dafermofura) irmã de Alboazar Iben Albocadão fenhor de Gaya , &c de muitas outras terras na Lufitania. tudo pêra eíle Infante naõ fer auido por mais que re- ftauradordomofteiro pcUos annos de 965. temos cento & Hncoenta & fete antes no de 808. liúaefcritura , em que fe

lhe doa cerra fazenda, & em queairinãoo Abbadefr. Vit cente Affonío, o Prior frey Valco Ramires , outros qua tro Rcligiofos : guardaíè no Cartório do meimo moftei- roj ôc fempre aly foi tradição quedeuia feus primeiros fun- damentos ao sloriofoSaõ Fru tuoío, Q^ntoantiguamente fe eftimaík erta caía moftraó os jazigos, que ncUa de pef- foas de grande confideração, como íaõ o do Conde de Bar- celos DomMartimGil , & de fua molher a Condefa Dona Violante Sanchez,aquelles cu jos foraõ os caíaes , que hoje tem em Chã de Couce. Tam- bém entre os feus teflamcn- teiros nomeou EiRey Dom AfFõfoo II.aoAbbadedeíàn- to Tirfo , & ao mofteiro dei- xou quinhentos marauedis, queícerão de ouro ,como pa- rece, faziao fomma de 615. cru zados, a quinhentos reis por marauedi. n o -r.,-.

4 Podemos tambeiíi co- tar entre os moftciros fun- dados, ou por íaõ Frutuofo, ou de fua licença o de faõ Mi- guel de Rcfoyos no territó- rio deBafto, porque achamos aly fepulturas de pe0bas,que morrerão em tempo do fanto,

como

384

Capitulo LX XXX,

como a de Gomez Soeiro era 708. que raõannos deChri ílo 670. &L no de 701. a do Prior fr. Payo Soeiro. Mo- ílrafc alem diílo Tua antigui- dade pellaíènccnça, que feu Abbade fr. Gomez Aftonío deu contra fr. Hugo Ortíz Abbade do molleiro de So- brado, anno 8 55. como juiz Aportolico Delegado pello SnmmoPoncifice Leaó IIII. Guardafe ainda hoje no meí- mo mofteiro, & com ella ou- tra carta de pergaminho tão comida nas letns , que íò íc podem ver as palaaras fe- euinrcs, Poíi ohimm mum re^ linques eos ad fanai Michaelis Refu^ienjts ^Ôclog^o mais abú- xo.Frarresnojlri Refugienfes orentpro nohh ficut de antiqua alij fratres fecerút^faãa c har- ta era í/e8í>3. que íaõannos de Chrirto 8ij. onde he muito de ponderar aqnelle termo, ab antiqtio ^ porque fe nioftra ter o morteiro ja muitos an- nos de fundação , & como o não achemos entre os que fe contaõ fundados no tempo de S. Martinho neceflariamé- tcaucmos de dizer o foi no de S.Frucuofo.

j" Entre os Abbadcs que

dcfte mofteiroforaõ tomados

pcra grandes Prelazias, dous viera pcraelia noílade Bra- ga,Dom Martinho eleito Ab- bade no anoo deu 7S. & Fernando,comocm leu lugar diremos. Biípo foi também fr. Bento Mendcz, o qual pê- ra eíle efíeito renu,ncioii aAb- badia noannode 105)7» porem não ncs confta de queBifpado fofle.

6 Benção foi também de S. Ffutuoío o grande aluoro- ço com que eítc Religiofo moítciro recebcoa reforma- ção cm que viue hoje por in- duftria de feu cõmendatario o Padre frei Diogo deMurça da lagrada Ordem do efclare- eido Doutor da Igreja S.Iero- nymo , &c a liberalidade com que repartindo fuás rendas em trcs partcSjdasduas fundou os dous Collcgios de S. lerony- mo, &faõ Bento, ambos vi- zinhos,&: ambos na cidade, &: Vniueríídadc de Coimbra; da terceira fuftenta feus Religio- fos verdadeiros imitadores de feu Padre faõ Bento _, & de feu fundador o grande Arccbifpo S.Frutuoío.

7 Aqui junto defta cida- de de Braga tiucmos outros dous moftciros ambos funda- dos por Saõ Frutuofo : o pri-

meiro

SFnitwfoo

385

I nieiro dcS. Martinho de Side t naeílradaqleuadcBragaaGui niaracj pouco dillante do rio deAue.Emhú liurodc viiíca- çocsanciquiííiirjO achamos a (ef^iiinte doação feita por S. Frumcfoera dcCeíar 667 que laõannos áGChni\o 62.9 .f^obií fratribus 'msins de momUerlo S Martini deSadí/ócedimiis re dimsdeLujifinointksmcfynci-s^et jnUentationêhGfphú^Í!fp£regri nQrumlsi'c-i)n'td,tio aly os Re- li-^ioíosatè o annc de 1444.6111 que era ArcebiípoDõ Fernan- do da Guerra. Hojehe cõmé- da de Chrifto. Alguns fazem Q\{c moílcif o mais antiguo di- zédo fora de ermitães de fan- co A^crtinho .muitos annos antes de aucr em Portugal Re- ligiofos de S. Bento ,& depois de o deixarem os ermitães en- trara nclleS.Frutiiofo^&o po- uoaradeReligiofos deS.Béco de que ellc foi Abbade muitos annos depois de fua primeira fundação. O fegundo mortei- ro fechamauaS. Saluador de A rnofo húa lefzoa defta cidade, naeOradado Porto. Vnioo o Arccbirpo lorge da Cofta ao de Ponibeiro no anno de i49j.peraaliuiodos gaílos ,q aly íc fazião com os pobres, &: peregrinos:hoje porem beAb

o

badiaíccuiar.

í unto a Pote de Lima dii rou por muiros tepos , &: em i grandiiTimaRciigiáo o mollci ro de fanta Mana de Miwnda; chamo ulhe em íeu tcíUméto cõaiiuíaó s íeu nom?,& mui- to mais à eípantoía íantidade defcus Religiofos FjRey AíBcnfooil. Santa Maria de Admirãnda^H^QxxzW^ huro do moíiciro dcPedrofo q al- legamos na vida de S. Marti- nho na decima collação diz aí- íi o Abbade a ícus Religiofos. Vrina omass Cafsinenfes fwffe- mmjcut ip'frarres noíiri Mi- radulenfes^qni anno Díii 6 ^9. ar duo in mote fuper Limiam Caf- fníifecerút coiúãi, ip' fepara- tijedalios fie , alios fc o per ar i oporttf. a dizer q dcfe jau a aos feus Monges de Pedrofo quacs erão os do molleiro de Mirada, o qual edificarão aql- les Pvcligioíos emhú mõteal- to no anno de 659 ( he o meí- mo em qmorreoS.Frutuoío) outroCaífino na perfeição,vi- uédo aly húsem comunidade, outros como ermitaês,cõfor- meDeoslhedauaa íentir.Ain da hoje goza efla Igreja de grã des priuilegios^que lhe conce- derão ElRey Dom AíFonfo líl. &c feus fuceíTores.

Kk 9 Ainda

386

Capitulo LXXXXL

9 Ainda aos paflados pu- déramos ajuntar o mofteiro deSaõSaluadordeGanfei jú- to do Minho, & fronteiro à ci- dade de Tuy 3 porque poílo q alguns o tenhão por fundação de S. Martinho de Dume,ou- tros por de DõGaufrido fi- dalgo honrado _, q viueo pel- los annos deChrilto 980. com tudo não hc taõ antigo como S.Martinho, nem tão moder- no como Gaufrido^ o qual foi íeu rellaurador,& não fun- dador como íe dis letras q cíHoem húa pedra do edifí- cio velho,& dizem.Do» Gau- fridtis re^difcaror huius mo- naíterij Sanãi Saluatoris era 1018. he o anno de Chrifto 980. Digamos fegundo as me- lhores conjeituras , & o que em fuás obras( que defejamos íayão a luz ) deixou efcrito o Padrefrei Bernardo de Braga Reliaiofo da Ordem de S. Bê- to varaõ mu y douto em todo o género de antiguidade , q o morteiro de Ganfei he obra de S.Frutuofo,& como tal erti- mado dos Reis defte Reino, emeípecial dcDõ AíFoníoo II. que em feu tertamento o deixou por herdeirode toda a fua prata laurada peraque feus Rcligiofos o encõmendaíTcm

a Deos Noílb Senhor. I o Dada efta breue noticia dos morteiros qcõjeituramos ferião fundados por S. Frucuo fo, o fio da hirtoria pede nos tornemos à narração de lua vida, donde acima nos diuer- timos.

CAPITVLO LXXXXI.

F V N D A S A M

Fruruofc o mofleiro de S.Sal nadarei:/ os motiuos que te- mpera o faT^r.

OgoqucSaõ Frutuofo foi elcitoArcebif po de Braga, começou ale porem cõtéda entre erta Sç^^ leu primeiro Bifpado, & mo- rteiro de Dume, qualauiadc fer o que por fua morte go- zaíle do preciofo thefouro de fuás reliquias . Allegauão os de Dume pertencerlheaelles mais q aBraga,afsy pello titulo de primeiro napoííe, como por fer Religioío de S .Beto,& auerfe de enterrar no leu habi to,& entre íeus irmãos,como ofizeraauia nãomuitos anos

S'Frutuofo.

3S7

I S. Martinho não obliaiite fer tnmbeni Arcebifpo de Braga. Eílauáoja de muito tempo os delta cidade arrependidos de confentir faifie deíeus mu- ros, & de íuaSè hum taõ gra- de, «Sl' taõ íanto Prelado co- mo Saõ Martinho, &: fazia- íelhe mao de íofrcr ou- uirem falar em íemelhantcs preteníoés aos de Dume. Froteftauáo que nem man- dandoo em fcu teftamcnto Saó Frutuofo o largariaõ morto a Dume , poiso Ceo lho dera viuo , òí que os Prelados nem viuos eraó íeus^ mas de fua Igreja,quan- ro mais mortos : que Du- me o perdera quando Bra- ga o ganhara , & que dcfta era próprio Prelado , de Du- me ró como adminiftrador, como fe moftraua firman- do nos Concilios Arcebifpo de Braga , & não deDume. z Ardeo tanto efta con-

tenda entre Braga , & Dume, que quifcrao a diffiniíTe em vi- da o mcfmo fanto por eícu- zarem reuoltas depois de fua morte: refpondeolhe de prin- cipio que o melhor feria en- terrarem feu corpo em hum monturo ^ pois por feus pcc- cados não merecia outra fepul

Cura , ou quando não lança- remno em algum pego do rio Cauado hua pedra ao pef- coçojperaque nunqua mais apparcccíle. Dizialhe cm fe- gundo lugar que da fcpultu- ra, honras do corpo íe de- uia tratar pouco, ou nada, pois finalmente auião de vira acabar,o põtoeílaua nos Mau folèosda alma que íaó as virtu ács^ pellas quaes neíh vida os homens fcíazcmimmortacs, &c na outra bemauenturados. 3 Trabalhaua debalde Saõ Frutuofo cm querer perfua- dir aos de Braga,ou aos dcDu- mc denjiiíícm daquclla preté ião, & não procurafsc ter en- trefy morroaquelle, a quem tanto eUimauão viuo ; por lhe naõ deixar ocafião de ódios depois de fua morte,tra çou demancirao lugar de fua íepultura, q ne Braga o tiueílc propriamente por feu,néDu- mc ficaííe íem elle.Mãdou me diroefpaço,q vay da cidade ate Dume,& bc no meo ^on- de felcuantahu outeiro de fu- bida fácil & vifla gracioía por nome Montelhos fenhor das alegres voltas, q vay dando o rio de Prado por entre cam- pos de eftremada fréfcura , &c f-crtilidadc , atè porem termo

Kkz

aos

388

Capitulo LXXXXI.

aos olhos os montes, com quefelheefconde o mar, & muitas villas de importância, como Ponte de Lyma, Barca, os Arcos de Valdeues,& ou- tras, mandou laurarhum mo íí:eiro do nome do Salua- dor, com intentos de nelle íe íèpultar quando folie Deos ícruidoleuallo pêra fy. Con- tentou o meo de fatisfazer, & aquietar a húa,&: a outra Igre- ja,de que o fanto vfara, afsy aos de Dume, como aos de Bra^a. Acodiaó todos ate os mais nobres a trabalhar no cdificio como íe fora próprio de cada hum : não regeitaua a nenhum Saõ Frutuofo , por- que logo no principio da obra teuc reuelação o queria Deos leuar pêra fy ella acabada ; & como os defejos deíevcrna bcmauenturança foraó nelle fempre taõ acczos,fazia traba- lhar de noite, & de dia os officiaes aífiftindolhe com fua prefença, & mandando do- brar o jornal aos pobres, fc 1 bem com cfte titulo nenhum o queria receber, & poriffc Ihomandaua, com capa, ôc nomcdecfmola. 4 Acabada a fabrica trou- xe Saõ Frutuofo nouos habi- tadores pêra cllaj vieraõ de

vanos morteiros por fatis- fazer aos deíejos, com que todos , òí cada hum pre- tendia não ficar cxcluido da honra, & bem de vizinhar com elle, & participar de fua fanta conucrlaçaõ. Paílouo numero de quarenta, gen- te efcolhida , &c digniílimos filhos de íeu Padre o gran- de Patriarcha Saõ Bento . Dculhc por Abbade a hum Religiofo, a quem de mini- no criara em lua cafa, & fem- pre o acompanhara por no- me Diccncio , homem cm quem cabia bem fcr Prela- do de talccmmunidadc, & efcolhido por hum taõ ma- duro juizo,& prudência como a de Saõ Fru- tuofo.

CAP.

S'Frutiiofo.

3S9

CAPITVLO LXXXXU.

PASSA DESTA 'Vidapera a hemauentur an- ca oglorwfo S.Frutuofo.

A quádoeíla beniaucncu— rada Colónia fe rccolheo noicii moílci ro doSaluadorjazia enfermo o I íanto^^ íe bem a enfermidade aos médicos parecia leuc, elle com riidoa teue pella vitima, <^ aísy fe mandou leuar de íeu paço a S. Saluador. Aly en- fermo como ellaua celebrou de Pontifical na noua íiireja a primeira miíla, pregou a in- finidade da gentCsquealy íea- chou , & exhorcou a todos à guarda daley Diuina,& em ef pecial ofcz^depois de defpedi- dos Cs feculares, aos Religio- fos vindos de nouo,animan- dcos com cfficaciílimas pa- lauras à perfeição/5<: declaran- dolhejcomo ellaua no fim da vida , &: Deos o queria leuar dentro eni breuesdias pêra fy, pello qlhccncarregaua muiro, o ajudaflem fuás orações^ & lacrificios , & nillo lhe pvi- gaííem o amor q lhe tinha, ôc moílraria muito mais la do CeOjCncomendandoos à Di-

i uinaProuid6xia,pcraq os gi'ar daílCj^ cniparalie cm quánfo andaíiem nelVa vida^peiaq ír;c rccellem os bens dacutra^cu- jodeiejo os trouxera à Reli- giaó^Ó^cõícruaua nclla entre o exercício de tantas virtudes, quantas íabia/^ via enreque- ciáo íuas almas. t Entre eíias palauras , &• as lagrimas daquellcs bcmaué- turadosReligioíosJe fez leuar à erifern}ariaj& aly em húa po bre cama cuberto de ciliciOj& cinza perfeuerou alguns dias, em q ofoi cõíumindo húa fe- bre Icnta^villtado fépre de íeus cidadãos de Braga, «5^ de húa in finidadedc pouo , & Rcligio- fos,q acodiáo a tcmar íua íàn- ta béçáo, 6: elle a daua a todos, pedindclhe íe nao entrilliccf- íem iua mcrte,pois hiaago zar dos bens eternos, onde ef- peraua lhe foííem muito cedo companheiros pêra ícr de to- do perfeita fua gloria. 3 Chegauãofc jàos i6. de Abrildoannode 659. termo, de íua vida , ou ccmo quer o BreuiarioBracharéfe, (S: lulia- no o ãno.66)-,mãdouíenaveí- ^^ ^p^n porá leuar à ígreja,e aly de no- | k^? ^ uo recebeoo^Sãtillimo Sacra- ri""/!! metodatuciíariltiaporviatico [^^ 120, & logo após elle o da extrema

Kk 3 vnçáo.

390

Capítulo LXX X XII.

vnçáo, depois perfeucrouem amoroíos , & faudoíos coUo- quios com Deos , & com a Virgem Senhora NolTa, de quêlempre foi deuotiílimo, com o Anjo de Tua guarda, & com outros efpiricos bem- aucnturados todo aquelle dia, ôc noite feguinte ate que no romper da alua pêra os \6. de Abril, dia próprio em que fe celebra fua ferta deu íeu ben- ditiíTimo cípirito nas mãos de feu CriadorjCom as íuas le- uantadas , & os olhos pollios no Ceo onde ficarão depois de morto taõ crauados,&: ele- uados, que a todos os que o vião cauíauão nouas íauda- òts da bemauenturançaque eílauaõ gozando. 4 Seu enterramento fe ce- lebrou mais com lagrimas , que com pompa funeral^por- que os Religiofos receando, perder aquelle precioío the- fouro,não obllante o que o fanto difpunha em íeu tefta- mento, & fe tinha decidido cm fua vida,fem dobrar fmos, nem darem outros argumen- tos de fua morte , antes de a- brirem as portas da Igreja o fe pultaraõemPontifical na meí ma fepultura,q o fanto laura- ra pcra fy , òc fora não mais q

hum pobre nicho na parede da partcdoEuangelho no meo do corpo da Igreja. Aqui o venerou por muitas cente- nas de annos a fua cidade de Braga, & todas as Prouincias de Heípanha não obftantes as calamidades , que com a en- trada dos Mouros lhe fobre- uieraõ : aindaa furia,& im- piedade dejlcs bárbaros per- doou alugar tão (agrado, rel- pcitando o fanto, que o guar- daua , & defendia com fuás prcciolas reliquias.-porque aí- lolando todas as Igrejas , òc moíleiros vizinhos a Braga, & pondo por terra qualquer cafa de oração com quecn- contrauaõ,fòao mofteirodo Saluadorguardaraõintaótocm forma que aquclla Igreja, que hoje nelle vemos, hea mefma que mandou edificar São Fru tuofo.

5 Porem o mal que fe

não atreueo a nos fazer a per- fidia Mahometana,tirando de junto aos muros delia cida- dadehumprelidio tal, como o corpo de feu fantiíTimo Pre lado,porquem fe via autori- zada , & defendida , cfte nos fez a piedade ^ & fanta ambi- ção do Arccbifpo de Com- poftellaDó Diogo Gclmircs,

o qua

J

S.Frtítuofo.

391

o qual vindo viiitar algúas Igrejas , que como pertencé- tcsa íua jurdiçáo , & meia Arccbiípal, tinha nefta dio- cclCjCntre as qucs eraõ as duas deSaó Saluador,&: Saó Vitou ro j aproueirandoíe da auíen- ciado Arccbiípo Saó Giraldo quecnrãcalíiltia em Roma, écc\o dcícuido dos morado- res derta cidade, leuou os cor- pos dos gloriolos martyres, SaòSyluellre, S. Cucuface,6«r Tanta Suzana íua irmã, na for fupraCMp maque jàdiííemos em luavi- ^^"''' da. & diremos mais lar^amé- tcna(egunda parte delia hi- íioria navidade (aõ Giraldo. Também leuou o de Saõ Fru- tuoío, deixando íò na fepul- tura hum pequeno oíTo do íanto, & hum pedaço da ca- pa Arcebiípal com que foi enterrado , abrindo a fepultu- racom tanto fegredo, que pri meito teue as preciosas reU- quiasem CompotlelIa,do q em Braga fe delle , q no las roubara. Alyas collocou no altar morda Igreja do fanto Apoílolo Patrão dasHefpa- nha<: ,& nella perfeueraraoos quatro annos feguintes, em quanto no cruzeiro da mef- ma Igreja pcraa parte da Epi- llola, le lhe lauraua húa fer-

rnoíacapella, em quedcnno deqrolias , òc bem douradas grades em húa arca de prata de feitio raro as collocarão. He cila capella frciguezia do ti- tulo de S.vj Ffucuoío tem delia cuidado hum Cardeal. Cclebralc tanta rragclla- peem Compoltellaa feita de- ite fantillimo Prelado , q nel- la íe diz a miíla principal, não no altar mòf do Apoftolo, mas no de Saõ Frutuoío na fua capella, aílillindo o Ar- ccbiípo e^CardcaeSjConegos, & mais prebendados , como nas mayorcsfolcmnidades do anno.

6 Por aquella pequena

relíquia , quediílemos ceixa- rana íepulturado íanto , ou por vontade, ou por dcícui- do o Arcebifpo Dom Diogo Gelmires, obrou femprc, obra cada dia Deos infinitos milagres , Tarando todo o gé- nero de enfermos, q acodem a lhe pedir remédio: nem pêra eílc fim achamos menos o re- ftantedeíeu corpo, que em todo o tempo elia no íla Igre- ja enuejarà àde Compoílel- la . Defcuido foi de noílos Rcys , chegando com fuás ar- mas tanto adentro do Rcyno deGalliza que fe fizeraõ íe-

Kk4

nhores,

39'

Caphdo LXXXXII.

xiliorcs 3 & poíluiráo cm vá- rios tempos 2 mayor parte dclle não procurarc, ou por- for-ça,ou por concerto , relli-. tuir outra vez a ku lugar, eíle fagrado dcpoílto: mas pa- rece os inípcdio o refpeito, que fempre tiucraõ ^òc guar- darão à caiado íanto Apo-fto- lo j que a ella piedade , <!' não aflilcadc vontade he atri- buamos ella diílmuilaçáo a q não cjuizcramos ter dado nome de deícuido. 7 Orno rtciro de Saõ Sal-

uador fundação, &i íepulta- ra de Saõ Frutuofo pcríe— ueroulonsos annos debaixo da regra , & diciplina de Saõ Bento ^ criarãoíe nellc com a prcíença das Tantas reliquias, & muito mais com a memo- r ia das virtudes de ícu funda dor , grandes fantos: prou- ueraa Deos que nos niocí- cond^ra otcmpo,juntatncn" te com íeus corpos , feus cxc - pios , porque déramos acjui de muito bca vontade rc.la- ç ao dellcs . A entrada dos M ou ros deuia fer a caufa de alv não perfeuerarem,& aaufcn- cia das preciofas relíquias de S. Frutuofo denão procura- rc(na paz de noílos Rcys)tor- I nar ãqucUc fanruario. Entre-

gouo o Arccbiípo Dom Dio- go de Souza aos RcJigioíos de Saõ Franciíco da Prouincia da Piedade a ocaluió diremos em íua vida j ncllc perícueraó ate o prcícntccom toda a edi- ficação, & com grandiílimo proucito deíla cidade, como cada dia expermientaó feus moradores. A inuocaçaõ naõ he hoje de Saõ Saiuador, mas deSaõ Frutuoío , por elle nome fe chama vulgar- mente, cçdcndo o Senhor ao ícruo^ pêra mais o honrar, ^ autorizar entre os ho- mens.

8 Foi Saõ Frutuofo taõ

hmo ío cm íantidade , que do mcfmomodo que a lanto Ifi- doro daõ as Igrejas de Ficipa- nha o primeiro lugar «as le- tras, & doutrinai aísy a Saõ Frutuoío fazem Principe da vida monallica.Eaísy como o outro iiluíírou a Igreja com ícus cícritos , aísy dle a hó- rou com íeus exemplos , po- lioandoos ermos de Relieio- los a imitação aos antiguos Padres habitadores dos dcfcr- tos d aThcbaida.Sairaõ de íua cíchoia famofos dicipulos, os quaes ennobreccraó muitas Cadeiras Epiícopaes de Fíef- panha onde foraõ Prelados.

Entre

S.Frutmfo.

393

Breu.Bra ch.16.

y^pril lei 6,

PaMl.et 6 c jo. Brtt.U é. <-.i7.

cetz.An.

599-^.2.

Entre os mais eminentes Ic contáodous ,hum chamado Theodiíclo varaõ muito dou- to, que depois fundou hum morteiro no ermo, que en- tão íechamaua Capo deLeáo, onde acabou a vida chco de virtudes , òc obras íantas. 9 O outro he o grande

loaõ deValclaracujasinlignes letras ^ òí eloquência nas lin- goas Latina , òc Grega foraõ em Heípanha muy celebres. Foi varaõ digniííimo de fer na quelles tempos comparado, com os mais excellentes Pre- lados , afsy na elegância da lingoa Grega, & Latina como na erudição das fagradas le- tras , rantidade,& inteireza de vida . Foi Portuguez natural davillade Santarém padeceo perfeguiçoés, &c deíterro pel- la detenfaõ da RcligiaõCatho- lica, que defendia acerrima- mente contra ElRey Leoui- gildo , & osBifpos Arrianos. Derãolhe feus merecimen- tos o Bifpado de Girona no Reino deCatalunha.Edificou o mofteiro de Valclara: ef- crcuem fua vida depois de Tri- themio, & fanto iridoro,Pa- dilha na hiftoria Eccleííaftica, lepes, & fr .Bernardo de Brito nafuaMonarchia.

10 Arezãodos tempos em que floreceo parece que repugnaao que aftirma o Bre- uiarioBracIíareníe em quanto o faz dicipulodeSaõFrutuo- ío, porque viuia quaíi cem annos antes deite tempo no em que reinaua Leuuigildo, em que o põem quafi todos os autores que delle efcreuem. Porem pella outra parte eíH a autoridade das lições doBre- uiario antigo Bracharen(e,que afsy o dão por certo.

1 1 Não foi Arcebifpo de Bragaeftc illuíke varão como imaginou o Padre Vafconcel- los na defcripçâo de Portugal, P^i-Í^'* nem com eíte titulo fe acha allinado em Concilio algum. Teue fomente a Prelazia de Girona onde foi Bifpo. Al- guns autores affirmao que tomou o habito da Religião de São Bento no morteiro de Dume junto aerta cidadede Braga, fundados em que co- mo Portuguez receberia em Portugal , não em Caftella o habito,mormentc florecendo tanto naquelle tempo o mo- fteiro de Dume em íantidade, 8c Religião,

1 2 Efcreuem de Saõ Fru- Baren. m tuofojO fcu Chronirta Saõ "tí'"^ Valério, Moralcs, Baronio, 'iQ^jLii

fi

ley

Mãrtit.

*t0ifi. de S. Pedro *le Motes

Itf.ta.2 cèt. 2 an,

Bnt.z.p.

menar.li,

Fr,Dieff. itiFlofié

Ribad. Fhfi6.

394

CapmiloLXXXXIII.

77-

fg

frciloaõMarieta^fr. PriiJeií- cio de SádoLial/r, António de Icpes ,frei Bernardo de Brito, oBreuiario Bracharenfe, frei Diogo do Roíario, o Padre Pedro Ribadenciraj&: outros

CAPITVLO LXXXXIII.

S A M Q^F I R I C O^ ou Qiúrmo XXXXJ.Arce- bifpo de Braga,

A GRAN- de memoria dcílcSãcoPrc lado em íuliá no naqucilas palauras.iVo» multo poJlÇjwri- cm , qui Epifcoptts Bracharen- fis Concilio Toletano interfuit^ i^ tcdijicanít templum Saneia EulalU Barchmonenfis fucce- dit Síinão Ildefofifo , Ò^ regit Tòlètnnam Ecclefam, ad quem ^cut adEruigià Regem fcripfit Sanãus Leô Papa. Querem dizer não muito depois Qui- rico , que foi Bifpo deBraga^ & cftcuc no Concilio de To- ledo 3 ôc edificou o templo de de Santa Eulália de Barcelo- na íucedco a fanto Ilefonro.&

rece a Igreja de Toledo , ao qual Gomo também aElRey Eruigio eícrcueo íaõ Leáo Pa- pa. O mcimo aftirma nos aducríarios cóeftas palauras. QnjricusJdeJ}^ Qiurimis exE- pijcopo Bracharenji Toleta- nus.

z Cabe o feu lugar na

ordem dos tempos a elíe ían- to Arccbiípo logo depois de Saõ Frutuofo cujo íuceílor parece foi. Seu pay fe chamou ClarioEmetrio Quirino, íeu auò Odoarico Qinrino am- bos camareiros dos Reys Go- dos ,&decendentescomoeí- creuem alguns do Preíidente dcSiria Cnino de quem faz mcnçaó oEuangeliítaS. Lu- cas. O tempo que Qniri- co aíTiíHo em Brjga depois de feito Arcebifpo naõcon- Oa por hiftoria algúa. Ju- liano nas palauras que referi- mos dà a entender que antes deíua mudança aTolcdo^fe achou em hum Concilio na mefma cidade, & fundou o templo de Santa Eulália de Barcelona obra ainda pêra as modernas de grande primor, &architeíl:ura. 3 Como quer quefoílci

perdendo os de Toledo neftc tempo, que Braga gozaua de

Saõ

S.Çljijrico.

395

f

in rhron

Í0.7,<~C»t

I mtpran chro» An 66 29

'f^l

Saõ QujricOj ao feu grande Prelado lantollefonfo em ty de laneiro de 667. conforme a Juliano j náo vendo por to- das as Cathedraes de Hefpa- nha cjuem melhor pudeíTe fiiílituir, & íuprir ílias vezes (fiados na pocécia delRey Vua ba^ que o obrigaria a aceitar, cjuandorccufalle ) o elegerão por leu Prelado, Aceitou Qui- lico naõ por fe melhorar mas por gratificar aos Toledanos a lembrança que delle tiuerao, & os dcfejos j que moftraraõ de o ter configo na fija cidade. O Padre fr. António de lepes falado do rucclTor de Sátolle- fon(o , diz que foi Qjajrico Religiofo de S. BentOj 6c Ab- bade do molleiro Agaliéíe jú- to a Toledo cuja benção, & herança particular era dar fo- gcitosperaaquella mitra. Po- rem como naó nega fer pri- meiro Arccbifpo de Braga, nos lhe podemos negar efte fanto ao íeu moíleiro Aga- licnfc , nem a fua Religião. 4 Menos faz contra nos

affirmar Luitprando que foi Saõ Quirico Bifpo de Barce- lona,& que daly o tirarão feus merecimentos pêra o gouer- no da Igreja de Toledo por morte de fanto Ilefonforpor-

que podia acontecer que foílb Prelado de ambas as Igrejas primeiro de Barcelona, & de- pois de Braga , ou de ambas juntamente, como vimos a Saõ Martinho, & aSaóFru- tuoío com a Igreja de Braga, gouernarcm também a de Dume,dondeeraõBirpos, & juntamente deíla Igreja de Braga :& em tempos mais modernos íabemos que o Cardeal Dom lorge da Cofta Arccbiípo de Braga reíídente na Corte Romana poíluyo juntamente com efte Arce- bifpado muitas outras Prela- zias,afsy em Porrug^l como em Itália , de que em íua vida daremos particular noticia.

5 Comeftadiftinção fe conciliáo bem os dous textos de luliano , & Luitprando,di- zendo com efte que foi Saõ Qujrico Bifpo de Barcelona,

6 com o outro que foi Arcc- bifpo de Braga, ou emdiucr- fos tempos, ou em hum mef- mo, tendo juntamente am- bas as Prelazias corno muitas vezes fucedia por aquelles té- pos, o vimos também nos que depois fcguiráo.

6 E dizer Luitprando q

de Barcelona foi SaÕ Qmrico mudado pêra Toledo,ha fe de

entender

396

Capitulo LXXXXIIL

entêcler cjue íucedcria fua tres- ladaçáo cm tepo que o achaíle cm i3arcclona o<:upacio, ou no cdificio temporal cio templo cie Santa Eulália queJe nouo fundou jouem outra fabrica eípiritual do be dasalmasda- qucile Biípado que pediria mais refidir o lanto em Barce- lona que cm Braga. Aísyque náo rcpt ouando a opinião de Luitprando, que nouamente deu a luz cõadcíeu elegante, & futil engenho o doutiisimo

6 nobilijlimo efcritor Dom Thomas Tamayo de Vargas Chronirta de íua Mageftade, temos coíTi luliano nos dous lugares referidos que foi Saõ Qujrico alguns annos Arcc- biípo de Braga, & q illullrou, &: honrou com fua prefença eRalgreja por algum tempo.

7 Chegado o quarto an- uo delRey Vuamb.i^Ã: 6, do Sumo Põtince Adeodato^óyy. do nacimenro de Chrifto fe ajuntou em Toledo Concilio em que airifttraÕ i7.Birpos,&: prefidio Qujrico como Me- tropolitano que craaícusfuf- fraganeos. Os Cânones que aly íe decretarão foraõ deza- leis todos degrade importan- ciSj (V em que o fanto Prelado moílrou bem lua prudência

no2oucrnodosneo;ccios Ec- clcliafticos.

8 Sempre nos mais Icuan- rados montes fa(3 mayores as tempeíbdes, & as torres mais altas laõas primeiras em fcntir osrayos. Montes íaõ por íua grandeza osReys da terra, tor- res íaõ por íua eminência, mas montes em que a cnueja^ o ódio , o íuror , & outras mais tormentas deícarregao íua fú- ria. Gozando eftaua,cm toda a proíperidade_,de leu Ileyno, onde por virtude íobira , &: per esforço o coníerusra o gloriofo Rey Vuamba , quan- do leuado Eruigio de híía ce- ga ambição ^ & cobiçofo cf- pirito de mandar lhe deu fe- cretamente peçonha , & tão violenta que iogo o tirou de feu juizo, & o chegou às por- tas da morte.

6 Acodiraó os que fe acha- rão prefentes em caio taõ fu- bitorafeu paílor Qmrico: veo logo,& vendo aoRey no viti- mo da vida, ordenou primei- ramente lhe deílem os Sacra- mentos próprios daquclla ho- ra,&o veftiíiem cm habito de rcligiofojVifto como fempre em vida o defejara pcra nclle acabar. Alguns efcrcucm fer efta vitima ceremonia traça de

Eruigio

■-S,On^

rico.

397

Y

epes ret. .ítn.(>o\

ttil 3./. cnMfait dosRtys Coda

Ernigio , pofqncf.como tinha iTíírchinaáo leaanraríe com o PvCiíiav veiído qo^eo accidcu- ce da-peçonha hia paliando, c|r.çtiiv^n,<:|uclla maiíeira iiiha bilicai o iíicy pcrà ccntiiiLiar QOVíx ogouerno j como peíloa jàRclii^DÍa, & como tal in- habil, íegundo o que então íe piacka.ua, <S.: depois no de- cimo íexto Concilio Toleda- no íevcoia decretar. Tornou yuaiiiba em (y, & vendoíe iiaquelle habito , por não ád- pir o que híía vezvellira^de bôá vontade renunciou oíley na,<?,: fefoi viua^Reliaiofo ao moileiroque Ilidoro Pacenfc chamaiantaMaria de Vuam-^ ba,& oPadre fr. António dcle- p*cs de Pampliega entre Bur- gos j &: Valladolid ^ ôc depois a S. Pedro de Arlança onde cò- tinuou íete annos em toda a íantidadc , no cabo dos quaes foi a tomar polle deoucra me- lhor coroa. '";^7viií' O Conde Dom Pedro no

7

feuNobilario diz q ElRey Vuá

baeíH enterrado neíla cidade de Braga,liúa legoa diftáte del- ia pêra o nacente. Náo íe apar ta muito defta opinião oDou- tor loaó de Barros na defcrip- ção decntreDouro.&Minho^ porq affirma q nas ruínas da

■mtiguacidddcdcCirania c] eílc m fundada em liG montt-diíK te dcflu cidade- 'hóa itgoh- mea peí-aónacctc,ert-í hiTmói- TnentoaRt!t[uiílimc qeíH me tido em liúa captlla íbtclTa- iiea jaz o corpo delRcy Vuã-^ ba conforme a fama v ú!gdr,ôi diz q heauido porfáí:oK^'al íeja olugar certo da iepulrura dclleReÍrgibio,ík iní;gnePrin cipe mal o podemos alnfmar. Pêra o tirarmos a Bragj,& aos

douslupares'5 apontamos em

q a rama publica q eíla íq-julta

dojtte tllà o coníente,ne o per

mitea- autoridade do Conde

Dom Pedtoi U ò crédito q fe

dàaos eícriros doDGuforloáo

de Barros ,q afsy o tcftemu-

'líbáo ^Bé vemos q pello tere

e'ntfe íy faze^grandes arreíoâ-

dos os da cidade de Toledo,co

mb fe podè'ver €n-.Morales,&

Mi2TÍana,& liiuito mayores os

.R.cligiofo5 do niGÍreiro de Saõ jz/.íS.c.ii

Pedro de Arlança^comoaqíjcl

les q cm vida gozarão de ícus

efclarecidos cxéplos,d:nâmor

te fentê ferem priuadôs deíua

fepuítnra íulianOj&Luitprán-

do no mofteiro de Pampliega

o fazé morto, ^ nada falaõ de V:'*''T'

iuatrcsíadnçao.Se darmos jen ^.^g 3^^

tença nelladuuidá^a deixamos

ao juízo de quem íem paixão

Moríil't,\ 'AíariânÀ

Mhi!t íh\ (hro pag,

1)

LI

aqui-

398

Capitulo LXXXXIJL

[cap.S,

a quizer determinar. Foi Vuá- ba cxcellentiílimo Príncipe, ôí honra da nação Porcugue- za : em ícu tempo íe fez , ou pos em melhor ordem a di- Liiíaõ das Metrópoles de Heí- panha, & íe lhe aílinaraó os Biípados íuíFraganeos , como deixamos dito no principio delia hiíloria.

8 Carrcgauãp ncftetcm

poos annos, as enfermida-^ ; des,& os cuidados íobreQin- rico, achauafe menos fuíh- cie:nrc , & pronto pêra o gouerno de íua Igreja: pêra illo com as licenças , & con- diçoêsrcc|uilitas fez nomear, & fagrar por feu fuccflbra luliano Arccdiapode Toledo pcíioa em cjueconcorriao to- das as boas partes pêra o nouo cargo i ôc logo retirandofe ao deíerto daReligiãoferccolheo no moiteiro dePampliega on de eftaua ElRey Vuamba com habito Pvcl igiofo pêra aly j un- tamentecomelle entender ío configo gaitando cm íantos exercicios o que lhe fobcjaua devida. Acabou em paz aos vinte de Nouembro. Enterra- rãono cm íãnta Lcocadia, & luliano feu íuccíTor lhe fez elegante epitaphio que man- dou abrir na pedra da fepul-

tura. Do anuo particular de íua morte fe não (abe o cer- to j alguns apontáo ode 6Bo. ou 6 81. mas efte mais parece o cm que renunciou , porque feguiido luliano S. Quitico, &: ElRey Eruido fucelior de Vuamba tiuerao cartas de S. Leaõ Papa II. do nome , q en- trou no annode 685. Gouer- naua por eftctepo a Igreja de Deos (depois deVitaliano,Ade odato,Dono,Agatho, & Leaõ II. ) Benedito II. Era Rey de Heípanha Eruigio.

CAPITVLO LXXXXIIII

R E C E S r I N T B O

Jbbade natural de Braga.

N T R E os varões cf- clarccidos da ordem de São Bento , que por eftes tempos floreceraõ, merece grande lugar o Abba- dc Recefuintho natural de Bra ga , varão illuftre em ían- tidade:foiiníignepoeta,& O- rador famofo como o tcftifi- cão os verfos^qucdccontino cnuiaua a Santo Ilefonfo,& as cartas tão cheas dcpiedade^ & erudição que lhe efcrcuia.

" Ocu-

chro.fag»

Luitpr, an 66 j, D.7hom in tiàt.pa! 60»

V.

Santa Vcatrlde.Ç^c.

Í99

Ocupou particularmente íeu ] ciitienho em eícrcuer a vida, '.ik martyrio deíanta Veatricíc; natural dcílacidadcj & outros dezoito ríiartvres feus com- panheiros , que priracifo elli- ; ueraõíepultados cm C^arágo- ça na Igreja de Nofla Senhora do Pilar, He tudo o que aci- ma referimos de Juliano Ar- ciprcfte de Toledo rFaz tam-' bemmençaõ dellc Luitpran- do , & Jeu commcntador Dom Thomas Tamayo de Vargas. Parece que lie cite gra- uevaraõo que em nome do Arccbiípo Liuba aílinou no decimo quarto Cõciiio deTo- Iedo,como adiante veremos.

CAPITVLO LXXXXY.

SANTA VEATRI-

de ^ tf dezoito companhei- ros Martyres.

ESTA

illuftre mar- tyr natural de Braga não achamos ou- tra mcmoria,mais que a q lu- liano nos no lugar referi- do no capitulo paliado. Ncl- lediz que o Abbade Receí-

uintho filho da mefma cida- de "de Braga cantou crií^ver- (os elegantes os louuores 'de* llafanta, & de dezoito mar- tyres^ que dcuiaõ ler com- panheiros /& haturaes íeus. Eltiueraó as fantí; reliquias ícjiultadas na ígrejii deNpí- fa Senhora do Pilar deC,a- ragoça . Em que tempo pa- decerão eftís» gloriofos Ca- ualleiros dcChrirto nos nlo còlifta , «em do lugar on- de derramífáõ, íeu Tangiie peWa Fè. Com a entrada áos Mouros/^' Calamidade ge- rai de de Hélpaiiha íc per- dco a noticia de taõ precio- fo chezourõ.' Damoslhe e- •rte lugar cm quanto não achamos outro -que mais lhe eon- uenha.

.bjint:

. '.T^nonn:

-"*'•■■•«

^újt. iJíJâiiyii' i!i'jjc3

LI;

CAP.

400

«^wwH^^r?

Capitulo LXXXXFL

;m cb joiUíI oííjiiiu

CAPITVLO LXXXXVI.

iS-J M LEODECISJO: . ;. Juliano XX JfeXIi; : Àree-: \úhifpQdeBraga,tíi .i ,iJ.L.t

í •>

.r.T

,rkT

Rçsladado ,a Toledo Saõ Qyifiço par ipprtc de ían- to Ilcfoníb, 1 clcgco o clero de Braga por i feu fuccíTor a LcodcçiHo luliá- no, o qual vulgarmente fecha mauaVrbano. ísíáo fabemos íc he nome próprio , ou fe era appellatiuo que lhe dcflc, d>c ga nhaíTc fua muita vrbanida- dc, & cortezia, pois efta não encontra, antes acompanha muito com a fantidade. En- trou faó Leodcciíío luliano Vrbano ao que parece ago- iiernar efta Igreja pellos an- nos de C6j, o meímo da mor- te de Sáto Ilefóíojnos oito fe- guintcsatèo de 67;. nenhúa coufa notaucl achamos fua, dcucdo clle obrar muitas muy dignas de memoria. Nefte vi- timo que foi o 4.dclRcy Vua- ba fe publicou Concilio na-

, cional nefta cidade deBraga,& foi o quarto na orde dos que jáhojeandáo imprefíos , mas o que cõmunmcnte fcallega com nome de terceiro. 2. Acodiraõ os Bifpos fuf- fraganeoi de Braga , òc com ■clles luliano Arccbifpo de Se- uilha.cuja prefença fes cfte Concilio nacional como prouamos na nofla Primazia. Foraó de fumma importância os noue Decretos , que nellc fe cftabtleccraÕ , rclatamolos em feu lugar , feria fuperfluo repetillos. Prefidío o noíTo Primaz pella autoridade de feu oflicio, & como tal aílinou em primeiro lugar dizendo Leodecifio Bifpo em nome de Chrifto por fobrc nome lu- liano reui,&foefcreuieftasCõ ftituiçoês fegundo nos pare- ceo fazelas por infpiração Di- uina amim , & aos fantos Bif- pos meus companheiros . erte Concilio fe nos acaba tu- do o que podíamos dizer do noíTo Leodcciíío luliano. 3 Depois que fe publica-

rão as obras do Arciprefte de Toledo,ouuc maisluz naslgre jas deHcfpanha cm muitascou fas q o tépo tinha fcpultadas como cm vários lugares dc- fta hiftoria diíTemos.D^s mais

obrigadas

S.Leodecifo.

40 1

in chton. H'7S

obrigadas heícln duuida cila igreja Primacial: Sc pcraq não vamos mais longe deíle mcf- mo Saõ LeodeciTio eFcreuc ò próprio luíiano c|lie de Bra^á foi crcsladado a Toledo/endo afsy que defta cresládação to- talmente ícnãò achaua memo ria nos efcriróres defuavida. Repicamos aqui as palauras,& depois dando juiso íobre ci- las diremos o que lios pare- cer mais aJLiilado cóni a ver- dade. Cekbratur SanBm Leo- .decifus cognomento hãianus diãtió etiamEpifcopus Êracha- tYftfs Vrhamis,qui ijf lulianús diãiís^poslEpifcopusToletamis. GekbrareS.Leodeciho por ío bre nome luliano chamado também. Bifpó Braga Vr- bano, èí lulianOjdepois Bifpo de Toledo. Põem luliano eíla memoria no anno de 667. cm que paíTou de Braga a Toledo Sa5 Q^irico por morte dcfân to Ileíonro,& deuia Ter toma- do pêra Arcebifpo defta ScS>. Leodeciíioi onde pcríeuerou aiè renunciar nelleS. Quirico fcii prcdecclíor pellos annos de 680. ou 681. quâildo por velhice j & indifpoíiçoés dif- íemos renunciara em luliano Arcediago da meíma Igreja de i.Tolcdo,o qual íe náo foi o

melmo que ò nòflb Leodeci- Í!ô luliano, por nenhú modo lhe cabe entrar naquclie Arce- biípado íegúndo a ordena de íuccdérjque át Sáo QinriGO por diante foraÕ kuando os Arcebifpòs de Toledo. 4 Que não fejaaquellè

lulíaho tm quem Saõ Qyiri- co renunciou o níóíroLeúde- ciíío luliano de Brágà parece Goufa euídente,ajnda pcllâ au- toridade doArcipreíte lulia- iio^ a que nos chamamos jpòir autor dcftà mudança, j^orqué luliano falando renuiicia de S. Quirico diz afsVi SanBus Quiriciis mox posimorten^ gte^ riúfRegis Vuamb*e udio , l^ morboconfeãusy,fecerat conjfe- crari inEpifiúpum ToktamM^ y' coadiutorem funm Âfchi- diaconim Toletanse EccUfite lU liam. S, Qmtico védofechièd de anhos 3 & de enferrhidâdtís fez fagrar pot feu fuceíTotâíu* liano Arcediago de Toledo* Que coufa mais fácil a luliano Arciprefte que dizer erà Arcd-i ccbifpo de Braga o nouo elcí- tó,afsy cõrriodiílc eraArcedià go deToledo.Em mayor rèpU tacão ficaua íaberfc q fetoíKá- uapcra áquellaSèhú Priríiàá das Hefpanhãs^ q hCi Arcedia- go fÈuPMáis hõrádò ficátiaQp]

hk

tmó

It

402

CafituloLXXXXVL

rico Arcebifpo de Bra- ga por fuccfíbr do que Arcediago por mais acredita- do que folie. Não he polTiuel que quem fazia menção da cfignidade deArcediagoem lu liano a náo fizeílc da de Arce- bifpo quando dcpreícnteati- ucra.

j- Quanto mais que fe o Juliano de Toledo^ em quem renunciou Saõ Quiríco/ora o Lcodecifio Juliano de Braga ouucraodedizcrem fua vida faõ Félix afsy mefmo Arcebií- po de Toledo pois lha efcre- ueo em tempo que fua memo riaeftaua tão frefca,(Si entre cUe ,&: Juliano fe não metco mais que Segiberto. Porê na vida deífe fanto Prelado efcri- ta por íaõFchx fe não acha me moria de fua cilada em Braga, pello que parece foi outro o Juliano fuceífor de faõ Qoiri coem Toledo j outro o Lco- decifio Juliano Arcebifpo de Braga.

6 Com todas eftas duui-

das , ainda fe poderá ( fe bem não com tanta probabilidade) fuftcntar o que atègora fomos impugnando,afsy porque ne- nhúa repugnância ficaria ten- do Juliano Arciprefte confí- go,como pelloque logo di-

remos da oníiflaõ de íaõFelix. Juliano fe na eleição de Leo- decifio peraTok:do lhe cha- mou lò Arcedirgo daquclb Se _,foi o mefmo que íe quife- ra dizer que falaua daqucllc Juliano que primeiro fora Ar- cediago, & não do outro a que chamarão Pomerio. Alê difto com.o Juliano auia taõ poucas paginas tinha efcrito fera Lcodecifio Juliano Arce- bifpo de Braga, & depois de Toledo_,náoauia peraque rc- petillo outra vcZj nem dalloa conhecer pclla tal dignidade,, baftaua qualquer outra , ainda quefoíle tão inferior. 7 Saõ Fclix diligentiíli-

mofoiem cfcreuer a vidadc faõ Juliano feu antcceíIor,bcm deuia de o conhecer ^ & tratar pois foraó contemporâneos, Ãr moradores na mefma cida- de : porem fe fabe que o ar- gumento de omiílaõ nos au- tores não faz proua conclu- dente. Sc^ç. não acha em Saõ Félix que Lcodecifio Juliano o de Toledo foi Arcebifpo de Braga, achafe em Juliano Ar- ciprefte. Não o nega Félix, af- firmao Juliano. Outros auto- res que em no0bs tempos cf- creueraõ a vida do mefmo fan to, como o Chronifta mor

Dom

S.LeodeciJio.

403

Dom Thomas Tamayo fo- ra 5 íeguindoafaõ FcIix,iS«: ca- belhea meíma rcpofta.

8 Pode bem íer conten- tem eftas rezoês aos que as Ic- rem,óí que noseftranhem pa- rar aqui com a vida de faõ Ju- liano o de Toledo íem relatar- mos o mais que dcUe íe conta: pcUoqueoacrecentarcmos a- qui em poucas palauras^ por- que íc o fanto he também de Braga, diuida he que lhe pa- gamos , & fe he de Toledo íèruiço he que nos poderá remunerar,& agradecer.

9 PreíídioSaS Leodeci- íío luliano fendo Arcebilpo deTolcdo,como mais antigo na fagraçáo^em quatroConci- lios congregados na meíma cidade, o II. 13. 14. ly. onde fempre deu molhas de fua grande virtude. Foi nas letras infignecomodicipuloquecra de fanto Eugénio III. do no- me: foi emparo dos mifcra- ueis ,verdugo(afsylFie chama faõ Fclix ) dos íobcrbos, eraõ fuás rendas afuftentaçaodos pobres , o doce das orfans , orcfgatedos catiuos, a faudc dos enfermos . Quanto de Deos pretendia alcançaua fumma facilidade; cfcrcuco

, vários iiuros , em que difpu-

tou matérias degrauillima im portancia," compôs hymnos, íSi: cânticos de coulas fagradas, cpitaphios,epigrámas emlou- uordos fantos martyrcs, & de muitos Arccbifpos feus predeccílbrcs . Teuc muitas homilias cheas de toda a boa erudição ao pouo. Carteoufe com muitos íantos da lua ida- de, fempre com efpanco dos que liáo íuas cartas. Refor- mou o Brcuiario, fk Miflal de ianto Ilidoro,acrecétou mui- tas oraçoés,&: mandou fc can- taííemnaíua Igreja 'todos os officios Diuihos. Ncllas fan- tas ocupações o tomou aínor- te dez annos hum mes, & fe- te dias depois de Arccbifpo de Toledo^ em 8. de Março anno de noíTa redenção típo.Foi en- terrado em fanta Leocadia , & daly cresladado pêra Ouiedo. A Igreja deToledo lhe celebra fua fertao meímo dia de íeu bemaucnturado tranílto. Foi Arcebifpodç Braga treze an- nos, que juntos aos dez de Toledo vem afazer 13 . de Pre- lazia. Efcreuem delle depois de Saó Félix Vfuardo , Trithe- mio, Vafeu^ Baronio,Padilha, Dom Thomas Tamayo , & outros , o Arcebifpo de Tole- do Dom Rodrigo Ximencz,

Li 4 àr

VfuarL \mM»rt, \SMaitff [ lnth.de Jcriot.Ec

Mart.t, Aíartíj. RtderM. i-e.iz. Padílh* eh. 7. e. 66.

na vida S. IftliÃ' na.

404

! >5^ «í '

Capitulo LXXXX VIL

\ •& depois dclle o Ai)bade Tri- rhciíiio o contundem du- crõ lulianoPomerio aísy Tnef- mo ArcebiCpo deToledo-.mas foiiiiaduertccia, porquecor- rcrâo ítíuicos annos entre hú, & -outro . Era na morte deftt íanciíiímo Prelado Sumo Põ- tifice( depois de BenedicVo II. íoáo V. & Conon) Sérgio., & Rcy de Heípaiiha Egica.

'l!

hXXXXWÍh

Ivi

xx^

y\

CAPITVLO

L I F. È Ã

Arcebifpo de Braga.

Ellos annoS' cíeChriftõ de ^<Ç8o. entrou '^ Liubanogo- ucrno deíla Igreja deBraga fucedendo ncl- la ao fanto PreladõLeodeciliô luliano. Noannõ íeguintêde 68i, o achamos afíinado no 12,. Concilio ToledanOjO qual mandou ajuntar ElRey Erui-

mado no Reyno pcllo eííia- do Eccleíiallico, como aqiiel^ ! ieque tinha cão grande parte na eleição dos Rcys. Ajunta- rãoíc 110 Concilio 35. Bi ípos, 4. Abbadcà, 5. pocuradores, ou Vigairos de Biípos auícn- tes ;, & 15. varões illuftres of- ficiacsdacaíâj&CorcedclRcy. Abriofe o Concilio aos 9. de laneiro do anno de 681. na Igreja Pretorienfeda iiiuoca- çáo dos Apoftolos Saõ Pedro^ & Saõ Pauloj achou íe preíen- tc ElRey Eruígio , & fez húa larga pratica ao Concilio tra- tando nclla da ueccílidade que aviia pêra fe ajuntar j & dos proueitosque íc fcguemdcfe- meihantes congregações .Tra- touíe lego j depois de íe fazer a proííílãõ da fè, de íe coníir- m.ara eleição delRcy, vindo pêra iíTo três cfcricuras q elle apíeícntou,com que juítiíica- ua'fua caufa, moílraua co- mo fora fua eleição legitima. íDepois diílo ordenarãofc trc- zedecretos importantes áo go ucrno das Igrejas , &: refor- mação dos cultumes.Fcchou- íc o Concilio aiy.de lanciro, & no meímo dia ElRcy Er- uigio promulgou húa Icy em coníirmação dosDccrctosdcl

gio aíim de que osPrelados de todo o Reyno approuaílê fua eleição, &clle ficaíTcconíir-il lc;mandando queinuiolaucl-

mente

Liuba.

405

€*f. 34,

CmaI. i.| f c 10. LoAjf. m colite fag

584- ,

M oral.

Ith 12, c.

5i' PadiUh

7.f.57.

Martan

ii.ó.e 17

Brit.itf.

mttiAT.

it.6.e.2Í

mente fc guardaílcm com pe- na de confiícação da decima parte dos bens . AíTiftiraó no Concilio quatro Metropoli- tanos os quaes fc aflentarão, & aírinaraÕ pella ordé da la- graçáo. luliano Metropolita- no de Seuilha teuc o primeiro lugar, luliano de Toledo o fe gundOjLiuba de Braga o ter- ceiro, Efteuão de Merida o quarto-.dc Portugal,&: Galliza aíTinaraõ os Bifpos Tradlcmú- do deEuora,GenccÍG de Tuy, Froarico do Porto, Félix do Padrão , Reparato de Vifeu, loaõ de Beja, Gundjlfo de Lamego, Eufraíío de Lu-- go.

í Dcíle Concilio cfcrcue- mos largamente no tratado da Primazia defta Igreja refutan- do hum argumento que con- tra ella do leu Texto Decreto tomaó os dcfenfores de Tole- do pello poder que aly fe deu aos Metropolitanos daquella Igreja pêra em auíéciadclRey prouerem os Biípados vagos de Hefpanlia. Porem no tra- tado referido moftramos fua pouca cflicacia. Vejafe defl:c Concilio o Catalogo dos Bif- pos do Porto , Loayfa,Mpra- les , Padilha , Mariana, & frei Bernardo de Brito.

3 Afiiflio outroílonof-

ío Prelado Liuba no 13. Con- cilio de Toledo cujos Decre- tos aíTinou. Congregoufe no anno de Chriilo de 683. 34. de Nouembro _, quaíi três an- nos depois do Concilio duo- décimo. Foi nacional porque ncUe fe ajuntarão quatro Me- tropolitanos , quarenta & oi- to Bifpos, vinte fetc Vigairos, dos Bifpos auícntes , & vinte féis varões illuftres dos oífi- ciacs d ô Paço. Celebroufe na Igreja de Sãõ Pedro , fk Saõ Paulo , achoufc nellc ElRcy Eruigio,& deu aos Padres do Concilio hum memorial de coufas que queria fe reforma- fem nellejo qual vifto por to- dos começado pclla profiíTaõ, & confiílaõ da Fc (lendofc primeiro o Symbolo do Con- cilio Niceno) fobrc taõ fanto fundamento foraõ profeguin- do no demais , & ordenarão treze Decretos de grande va- lidade ao gouerno das Igrejas de Hefpanha , &c ao bem cfpi- ritual dos fubditos. Allinaráo nelle quatro Metropolitanos, pella ordem , & antiguidade da fagração, fendo o primeiro como mais anciaõ luliano Mc tropolitanodc Toledo, ofc- gundo Liuba de Braga, orcr-

cciro

^

4o6

Capitulo LXXXXVIL

Loítyf. in

coller.BM

Moral. lih 1 1, c.

li.6 c 17

Brit.d.e» 28.

cciro Eftcuão de Merida, o quarco Florefindo de Seuilha. Bifpos dePorcugal,&Gal- lÍ2a,qáenell:e Concilio (ca- charão foráo Froarico Biípo do Porto , Miro de Coimbra, Reparato de Vifcu , Hilário Biípo de Oreiiícj Gundulfo de Lamego , Félix do Padrão, EufrazíodcLugOjIoaõ de Be- ja ^Traâ:emimdo de Euora, AradeLiíboa. Dellc Conci- lio trarão depois de VafeiT, Garcia de Loay ía^Moralcí ,Pa- dilha , Mariana, frei Bernardo deBrito, &: outfos. 4; '.*' :Tambem achnmós mc-

PaJticit iTioria do noíTo Prelado Liu- ba cm o i4,Concilio de Tole- do, o qual por não poder aíG- ftir peíToalmcnte , mandou por léus procuradores , & Vi- 2iiros adous Abbades varões infignes em virtude , ôc letras, chamados Bamba, &c Reci- fundo, os quaes cm feu nome alímaraõ na maneira feguinte. Bamba Abbade Vifrairo de Liuba Metropolitano de Bra- Ca. Recifundo Abbade Vi^ai- ro de Liuba Mctropolirano de Braga. Defta afliftencia dos deus Abbades cm nome do

ÂiãJof. 1 Arcebiípo Liuba,alem dos cilios,que trazem Loayra,Mo- rales, & Padilha , faz menção

y y

luliano chamando lanto aefte AbbadcBamba como adiante veremos, n .«inci?.ob3j

5 ' Ajuntouíe elleConci- lio nacidadcdc Toledo pou- co mais de hum anno depois do Concilio 13. no anno de 684. petaeftcitode feaccitarc os Decretei do ícxto Conci- lio aèral celebrado em Con- llantinopla contra a heregia de Apoiiinar que negauaduas vontades emChrilto.Ecomo íenáo achalTé naquelleCõcilio Prelados de Hefpanhâ, orde- nou ó PapaLeaõILdo nome por hum Decreto particular, que juntos todos fizeflcmou tro Concilio , di nelle viílem,

6 aílmaflem os Decretos do deConrtantinopIa,como cm clrcito fefez no anno referido, que foi o quinto delRey Erui- gio . Não aílirtiraõ poré mais que os Bifpos da Prouincia Carthamnéie fuffraoancos do Metropolitano de Toledo, os mais enuiaraõ (eus Vieairos, dz procuradores,'5c os do noí- fo Prelado Liuba forao os dous Abbades Bamba, & Re- cifundo, de q acimafalamos, os quaes fem duuida craõ Re- licriofos daOrdemdeS, Bento Abbades em morteiros defta Religião da qual auia muitos,

)or

Bamha^.

407

por todo o Rcy 11 o, &emcí- •pccial na Prouincia de entre Douro, &: Minho, a qual re- .ccbeo as Religiões de íanto íAgoftinho,S. Bento, & de- pois a de S.Bernardo comais piedade, & veneraçáo,&com Tiiayores rendas que todas as outras Prouincias dePortugal. Tratonle noConcilio do erro de Apollinar, & íc condenou em confirmação da ícntença dos mais Padres juntos em Conrtantinopla, & o treslado de tudo íe mandou aRcma no anno feguinte, tendo o Su- mo Pontificado o PapaBenc- di6to íegundo, como íe colhe do meímoConciliOj&dos au- tores que o referem. 6 Eflas íaõ as memorias

que tem.os do noílb Prelado Liuba, o qual pouco tempo depois do anno de 684. cmq fe celebrou cílç Concilio pa- rece fe foi aoCeo, porque achamos a feu fuccílbr Faufti- no no decimo quarto Conci- lio de Toledo pellos annos de 688. quatro mais adiante do em que eftamos. Tinha por erte tempo o gouerno da Igrc jadeDeos o Papa Benediííto 11. Era Rey dos Godos Erui-

gio.

CAPITVLO LXXXXVIII.

B A MB A ABBADE 'varaófamo deste Ar cebif- pado.

01 eftcfan- to varaó Re- ligiofo daOr- dem de S. Be- to , & Abba- de,ao que fe pòdecrer,do mo- fteiro dcSaõ Martinho de Sa- de diftante da cidade de Braga pouco mais de húa Icgoa pcra oNacéte j unto ao rio de Aue. Celebrandofe o decimo quar- to Concilio de Toledo, cm que auia de aííittir Liuba , que então era Arcebifpo de Braga, não o podendo fazer, ou por ocupações, ou por enfermi- dade, tendo boa noticiadas muitas partes que concorriaó no íanto Abbadc Bamba o mandou em feu nome a Tole- do pêra votaria aífinar por el le naquclle graue ajuramento. Achamos a firma deftc fanto varaõcomaspalauras feguin- tes . Bamba afens <-viceDomim

mei

40S--

Ca pHtdo L^iXXXVlll.

niú LiV.hãny Ep;f:opi Bracha- fenfisfmditer. Também aifi- ílio pello Txicíir.o Lii:ba oAb- baae ReciruiiáJ qye-' c(c«ia^í^-F' -o Receluiiuhoj de que cm ícu , f.Q^.' liigár fizeinos-irieÀçáo.'*'^ '"^ a , íéchado'0 GoncilioRâba íc recolíieo ao íeii niolldvo onde viucocom grande excni pio j c>:ercitandoíc cm todo o género de virtudes, peilas quaes mcreccõ que o vçiícÍ'í4- íem cdiTio fáfo depois de mor- ' 10 , & vihcaflemíuas íapraâas relíquias: jaz íepulcado húa Ic- g oa deft a cidade de 'Braga peia o naccntc em "hua! -ígiéja j^- róchial a que chamão íaiK*' Locayadc Britéii:6'sy'que em tempos mais aritiguOs h'c fama' foi mofteiro da Ordem do Pa irinrcha Saò Beíico, & ainda iiojeíe vem nella^iruinas que moftráo ília anri2;uida dc.ElH a-ícpultiira do íanco junto à porta trauefla da parte de fora raza-cõ ochaõ íem obra, ncríi ' artificio algum. Alv he viíka- da de todos os VizinlioSj&r có^^ marcaõs porque nella achão remcdio pêra muitas enfermi- dades leuando terra da mefma fepultura que tem pof mila- grofa pêra íàrar doenças incu- raueis . A fama , & tradição dos velhos tem por cerco eftar

„■

í \\ ot<iifoúohtiiQ A yómè -ne- ;j írcbugáf j & Júliínd tcíl^íiiu- nba de viíU 'q^tid^^Vi^c-^li vin ck>a'Brágà cem õ -'Arèebií^^io de-Tcledó'Dê^Bcpí?irjá'3UÃ)/í;í^ fuiin tr-ããu -ISi-aSaP€M^{ diz' c\h)clií4'(k)í^-pJíPfn€0 Ârchiejyif- copo Tólerãno- Ber^rdã ■mpfi'! coi-jnisfmãí JhhiiTM 'Babiç^qui inter fim Concilio decimo quar- to ToIetáM -vicem '^gem dcnii- m Ltíbmj -Efifcopi Brachars- jfí, dicitnnj^ ./vulgo liUjlínãiis Akb^s Bnmba. Ç^UGV dizcf, cm quanto efíine no t-err icorio de Braga cem 'meu. ícniior Ber- nardo Arccbiípo dcToledo vi : íltei o corpo íáhto Abbade Bamba , o qual eílcueno deci- mo quarto Concilio de Tole^ do, nclie alTínôil porLu- banio Bifpo de Bríiga-. Chíi-- maíc o íanto tíomúmence o Abbade Bamba. ■•.«'•; ; 3 Eftando eíVe fantô cão per todcnòs,<S>: fendo Rcligioío, & Abbkle da Ordem do Pa- triarchaS.Bento/^ fazendo milagr-es a terra onde ellaÕ de- poíitádos ícus oílosj delcuido foi grande dos paliados naofa zerem dclle ftlgúa memoria pc ra crecer á teneraçáo q.opouo Ihetetaõ deuidaa leu lagra- do depofico^ por que Deos o- bra tão exccllentes marauilhas

CAP.

\

Fauííin&*

409

CAPITVLO LXXXXIX.

FAVSriNO XXXXIIII. Arcebifpo de Braga.

Omeçamosa vidadoAice- biípo Faufti- nopellacon- jcicura<^clelle chrifl ^32 ^ Padre fr António de le- 6^}, foi. pes Chroniíla da íagrada Or- 374^^*2 ^efj-j cie 535 Benco_, que o quer dar por Religioío íeu , & af- ias intereíladas váo as Cathe- draes onde encraõ Prelados de taõ fanta Faniilia , ôc muito mais nos tempos em que ago- ra lenamos efta hiftoria, que laõ parte daquelles primeiros trezentos annos,em que to- dos os Religiofos que mor- rerão nefte habito alcançarão a faluaçáo, íegundo a reuela- çaõ certa que diíTo ouue. 2 He pois a conjeitura a- char firmado no decimo ter- cio Concilio de Toledo Fau- ftmo Abbadcj Abfalio, Ge- roncio GailoriOj Gabriel, Si-

í;berío, Felix, Viiandô, & Vincencio^aísy meímos Ab- bades de Saõ Bento, que ti- nháo entaõ ingar,& voto cm todos os Concílios^ & depois faltar logo no decimoquinto Concilio da mefma cidade a firma de Fauftino Abba-- dcnão faltando âs dos ou-- tros,& firmar de nouo hum Arcebifpo de Braga com no- medeFauftino. Ebcmfcvè (diz elk autor) & fe moftra muito diícurío que. eíle Fau- ílino Arcebiípo he aqucilc mefmo,quc antes aífinaua co- mo Abbade , mormente fuce- dendo iiio cm tempos emq pêra as Prelazias fe bufcauao Religiofos , & pêra as mitras capcllos . Bem vemos pode- ria acontecer fer outro o Fau- fdno de Saó Bento, outro o noílb Arcebifpo , que a fe- melhançadonome naõarguc identidade da peílba. Mas iílb não tira a probabilidade que tem a conjeitura do Padre le- pes, a cu ja Religião damos de boa vontade o ArcebifpoFau- flino, & comecemos a efcre- ucroq de fua vida pudemos achar.

3 No primeiro anno dclPvCy Egica luceílbr de Eruigio aos quinze de Mayo do anno

Mm

l

de

4IO

CapiíuloLX XXX IX .

de Chrillo feiícentos & oité- ta &c oiço, & primeiro do Pó- tificadodo Papa Sérgio, fe ce- lebrou Concilio nacional na Igreja de S. Pedro chamada Pretorienfe nos arrabaldes de Toledo, quinze na ordem dos impreílos daquella cidade. Achoufe nelle o noíloArce- biípo Fauftino com outros quatro Metropoikanos^&fin- coéta & íeis Bifpos, onze Ab- badesjO ArciprcftedeToledo, íinco procuradores, ou Vigai- ros de Bifpos aufentes, & de- íafete varoés liluftres ofticiacs da cafa , & Corte Real . 4 Ajuntouíe o Concilio

por ordé delRcy Egica: as cau- las que a iíTo o moucraõ, alem de íe colherem do mefmo Có-

Moftd li

1 c. jé. Padil ret 7. c. 6;.

cilio,as referem largaméteMo rales , & Padilha onde fe pode ver.Prefidío pclla ordem da fa í^raçáo luliano Arcebifpo de Toledo, aquellc cuja vida fi- \fifr.^6. ca acraz referida , & como mais antigo aíTmou também no primeiro lugar: logo Suni- fredo deNarbona , Florcfin- do deSeuilha, depois como mais moderno dos trcsFaufti- no de Braga , no quinto lugar Máximo de Merida.Os Bifpos de Portugal, ^ Galliza, q nel- le fcacharaójforaõFroarico do

Porto , Félix do Padraõ,Eufra lio de Logo, VilkfoníodcVi- íeu, Adelfio de Tuy , Trudtc- mundp de Euora , Lauderico de Liíboa , Miro deCoimbra, Fioncio de Lamego, loaòde Beja,Vinccncio de Dume,Mo nefonfodaldanha.

5 Outra memoria acha- mos deíle lUuílre Prelado no decimoícxto Concilio de To- ledo^ pclla qual nos confta fer mudado dcíla Cadeira Prima- cial de Braga à deSeuilha . A caula paflou da maneira fe- guTíitêTDepois dãmõrtc 5e S. luliano Arcíbifpo de Toledo foi promouído àquella Igre- ja Sifibcrto pornomeaçáo,& apprcfcntaçáo dclRcyEgica. A poucos annos da noua digni- dade, faindo por foberba fora de fy, òí pareccndolhe que o Cco , nem os homens lho eftranhariaó intentou em híí dia de fefta dizer miíTacom aquella mefma Cafula,em que a may de Deos vertira a fanto Ilefonfo , & o fizera fe hum notauel horror lhe não ocu- para os mêbros logoqmãdou abrir o caixão onde como prc ciofa rehquia fe conferuaua.

6 Deftc defatino paflou a outros , q fem duuidaforaõ como caftigos do primeiro^

fezíe

Fmíãma»

tezíc cabeça cie íediciofos^con jurou contra íeu Rey, ^ em certa ocaíiaõ tinha determina- do tirarlhea vida íe hum dos comphccs não defcobrira o crime ao mefmo Rcy, que fez lançar mao de Sifiberto , ôc ter a bom recado , ate o entre- gar a hum ConciUo que pêra elle effeito fez ajuntar em To- ledo, peraque aly foílccalH- gadocomorco de lefaMage- ítade humana, & como per- turbador da paz publica. Veo a parar aacuíaçaoem íenten- ça diftinitiuado Concilio, em que fe ordenou que Sifiber- to folie depoftoda dignidade Pontifical, ôc declarado por publico excomungado, ôc lua tazcnda , & bens confifcados,

6 elle pêra fempre dcftcrracío de toda Hefpanha. Puzeraó os Padres cm íeu lugar , por afsy o pedir ElRey,a Félix Me- tropolitano de Seuilha : em Seuilhaa Fauílino Metropo- litano de Braga: em Bragaa Félix Bifpo do Porco, no- meandoos pêra as Cadeiras a onde os palíauao pella or- dem que vaó nefta efcricu- ra.

7 Congrcgoufe o Concilio referido na Igtcja Precorien- fe de Saõ Pedro , & Saõ Pau-

■li

411

lo em dous deMayodoannc feifcentosiSs: nouenta &tres de nolfa redenção, o íexto do Papa Sérgio , & delRey Egica. AlTiífirao nelle ííncoenta & oito Bifpos , finco Abbades, três Vigairos de Bifpos aufen- ces , dczafeis varões illuílres officiacs da cafa, ôc corte Real. Preíídio Fclix Metropolitano de Toledo depois de ler pa fia- do de Seuilha àquella Cadeira, & aílinou também no primei- ro lugar j nofegundo Faufti- no,jà como Metropolitano de Seuilha i no terceiro Máxi- mo Metropolitano dcMerida^ no quarto Vera Metropolita- no de Tarragonaj no quinto Fclix Metropolitano de Braí^a, & Bifpo do Porco. Os Prela- dos de PorcugaI,& Galliza que nefte Concilio íe acharão fo- raõjFrutuoío Bifpo deOrcníê, Adelfio de Tuy, Potencio de Lugo,Aurelio de Afl:orga,Ar- concio de Euora , Emilla de Coimbra,Fioncio de Lamego, Lauderico de Liíboa, loaó de Beja,Teudofredo de Vifcu, 8 Deraõ ocaíiaõ as mu-

danças feitas neíle Concilio de Félix a Toledo , Fauítino a Seuilha, &: Félix do Porto a Braga pêra dous fundamen- tos aos defenforcs da Pri—

Mm 2,

mazia

T

412

CafituloLXXXXlX.

traã. de Prima,

Primazia de Toledo contra a delia Igreja ; ôc ainda que os temos proppftos , ôc lol- tos cm feu lugar próprio , to- dauiaaqui lhe cabe outra vez mollrarmosa quãtochegao, & os poremos mais em fauor dos de Toledo , do que elles ainda o fazem.

9 Pêra melhor fe enten-

der o primeiro, importa dizer como os três Metropolitanos de Toledo ^ Seuilha, «Sd Braga no meímo dia, ôc acção do Concilio forão poll:os nas íuas Cadeiras íem precedência algúa de tempo , porque tu- do foi vagar Toledo por depoííçáo, &priuação deSi- fiberto , que fcr logo prouí- do em Fclix de Seu ilha , ôc Se- uilha em Fauflino de Braga, vi- timamente Braga em Felix do Porto,o que tudo feito come- çarão a entraras matérias pró- prias doConciho,fendo preíi- denteonouo eleito de Tole- do> fem,nem o de Seuilha , ôc muito menos o de Braga a iílo refiílirem. Aquientraagorao primeiro argumento dos de Tolcdo.Náo íe pode crer, di- zem ellcs,que efta prelídencia naceíTe de antiguidade da pro moçaõ,oufagraçáo àqucllas Cadeiras , pois todas foraõ

no meímo dia , ôc hora j na- ceo logo da mayor dignidade, ôc autoridade do Arcebifpo de Toledo : vioa o eleito de Braga, ôc Seuilha, & naó ten- do com que a contradizer, & refutar fofreraõ fer precedi- dos por não lerem auidos por ambicioíos dodereito, ôc pre- minencias alheas. 10 O legundo argumen- to formão na maneira leguin- te. Se o Arcebiípo de Braga Faullino tiuera qualquer pre- íunçaõjOu ambição à Prima- zia dasHeípanhas, fundada no dereito de lua Igreja , como le auia de periuadir a deixar Bra- ga por Seuilha, ou com q pre- texto fe atreuerião os Padres do Concilio ofFerecerlhe tal mudança, fe na troca fe tor- naua tanto a traz na dignida- de ? elles com tudo que o ele- gerão, & Fauflino q aceitou a eleição , entenderão íem du- uida fe melhoraua na dignida- de,&: autoridade da Igreja,tan to, quanto hiadeSeuilha, ci- dade principal de Andaluzia à Braga, hua das de menor im portancia na Prouincia de Gal liza . Não pretendão logo os nouos Arcebiípos de Braga a PrimazíajCm q os aniiguos ce deraõ,naõ íò aos de Toledo,

mas

Fauíií

mo.

413

mas aiiuiaaos de Seuilha. II Ccmeçancíoa repo-

rta por eftc feguiido argumé- coj dizemos queas circunftan- ciasdo tempo traziáo confi- go ocafioêsj com que os mu- dados líaõ podia5,nem dcuiaõ rcfirtir às mudanças fem ref- peitara mayor,ou menor dig- nidade. O mayor bem deita, oudaquella Igreja, o feruiço doRey,o bem publico,& mui tas vezes a faude,& quietação do que aceita a mudança mo- ucriáoao Síimo Pontífice, & aos Concílios de fuaautorida- de,a c5cedela,&aosReys a pro cu rala. Quem daqui quer fazer argumcto de mayor dignida- de,nê fe lébrados fuceílbs paf- fadoSjnem dos prefcntesquer fazer juizo pêra elles. Quantas mudanças deílas conta Eufc- bio Ceíaricnfe,quantas CaíTio doro na vida de S. Proclo. No mefmotépo q deftcArcebifpa do de Braga paílou pêra o de Lifboa oíenhorDõ AíFonfo Furtado deMedoça noíío ante celíor,fcdo neceflaria fuaaílif- tcncia naquella cidade pcra go uernar oReino,antes de lhe vi- re as letras entrou em Liíboa côa cruz Primacial leuantada, & a leuaua femprc diate de fy, cto q mandou fazer papeis au-

tênticos; táo fora eftaua de na mudança fcntir menos da dig- nidade que deixara. 1 2. A prefidencia de Fclix

ncfte Concilio/m que foi to- mado de Seuilha pêra Arcebif- po de Toledo naceolhe da ma yorantiguidadc na nomeação, & por ventura na fagraçáo. Da nomeação confl:a,porque vaga a Cadeira de Toledo pel- lapriuaçãode Sifibcrto pro- ucraõna logo os Padres cm Fé- lix de Seuilha : depois de pro- uida , cftando ja fem Prelado Seuilha, & vaga pella mu- dança do feu Arccbifpo no- mearão por fuceílbraFaurti- no de Braga: vagou também por efta nomeação, & pro- moção Braga: nefta vacância puzeraó por feu Arccbifpo a Félix Bifpo do Porto. He ver- dade que a antecedência não foi de muitos dias , mas nc- ceífariameHtc pedia tempo, & auia de fer de algúas ho- ras , & cif as balfauão pêra entrar o Decreto do fegun- do Concilio Bracharenfe, & quarto Tolcdano ,que ^os Metropolitanos prefidiffe fem prc o mais antiguo. 13 Nem parece ha du-

uida que ate na fagração de Bifpo era Félix de Toledo

Mm 3

mais

414

(Capitulo C.

mais antiguo que Fauftino de Seuilha,ou Fclix deBraga,por- qiic ainda que Félix emScui- Iha era mais moderno que Fau ftino em Braga^pois com Fau ftinojàBracharenfcaííina no decimoquinto Cõcilio deTo- Icdo Floreíindo de Seuillia, a quem parece fuccdeo Felix, iílo náo tira vir clle de Bifpo doutra Igreja pêra Arcebiípo daquellajComo de ordinário fe coílumaua, & fer primeiro na fagraçáo j o que também mi- lita em Felix o noílb do Por- to , o qual afsy mefmo não era ainda Bifpo no mefmo cilio decimoquinto, pois affi- nou nelle feu anteceílorFroa- rico. Concluimos logo ^ que por dous principies ficou Fé- lix paílado a Toledo preíidin- do no Concilio^primeiro pel- la antecedência da promoção, Ôc confirmação de Metrop.' litano dcToledo- fegundo pel- la antiguidade na fagraçãojco- mo difpunhão os Decretos dos Concilios qucallegamos. Rezão de Primazia nem a ou- ue âqui,nem a podia auer,por- quc nunca imaginarão os Ar- cebifposantiguos de Toledo > pertencerlhcj eífes cuidados começarão no Arcebifpo Do Bcrnardo,como em feu lugar

diremos.

14 Tornando ao Arce.

bifpo FauftinOjdepois de tref- ladado à Igreja dcòcuilha, não temos dellc outra noticia mais que aííiílir no dccimoíetimo Concilio Toledano pcUos an- nosde feifccntos & noucnta & quatro, em o qual aílinou em íegundo lugar depois de Felix Arcebifpo de Toledo. Padilha no Catalogo dos Ar- cebifpos de Seuilha não diz mais que o que temos relata- do de fua translação: dcuiaa- cabara vida por aquclle mef- mo tempo. Gouernaua então a Igreja de Deos Sérgio. Era Rey dos Godos Egica.

CAPITVLO C.

S A M FELIX TorcatoMartyrXXXXV Arcebifpo de Braga.

O V C O

mais temos que dizer ne- lle capitulo da vida de S. TorcatoFclixgloriofo martyr dcnoíla íanta , do que

diT-

S. Félix Torcato

415

i./>,

c.ll

diílemos delle no Catalogo Áos Bilpos do Porco j onde por fcr Biípo daqlla cidade ef- creuèmosíua vida por cxtcfo. 2, Naceo Saõ Torcato Fe

iix na cidade de Toledo de fa- niilia nobre , & que trazia lua deccndenciados Torcatos Ro manos : crioufe de pequeno à lombra da Virgem Senhora No/ía na da lua meíma pá- tria, a cujo leruiço logo nos primeiros annos íe dedicou. Foi fobindo pcllos grãos de Subdiacono, Diácono , & vi- timamente Sacerdote^ masjà de tão conhecida virtude , de de letras táo perfeitas ^ que lo- go o fizeraó Arciprcfte, dig- nidade donde fe tomarão mui tos pêra Arccbifpos da mefma Igreja i & não duuidamos o fora Saõ Torcato Fclix _, íe os deIriaFlauia (agora o Padraõ) íe naó anticiparaõ âo efcolher^ & eleger por feu Prelado; on- de íucedcoà outro fanto Bif- po , por nome Hildulfo Fé- lix , que anda aíTinado no ter- ceiro Concilio Bracharenfe dos que andauão ímpreílbs. Daqui, vagando â Cadeira áó Porto por morte do Bifpo Froarico , os daquella cidade, pello que conheciaõ de fcus grandes merecimentos, o ele-

gerão pêra ella, tirandoo do Padraõ, onde deixaua todos com grandes faudades de lua ia n ta vida, òí conueríaçáo. 3 Ertando na Igreja do

Porco , foraó chamados a no- uo Concilio os Bifpos deHcr- panha por ElRey Égica , com acauíadâ treiçáo de Siliber- co Arcebiípo , de que no capi- tulo paliado íe deu relação. Aly auendo as mudanças refe- ridas dos Arccbifpos Félix de Seuilha pcra Toledo^ & Faufti no de Braga pêra Seuilha elc- geoaquelh grande ajuntamen to de Prelados,^ pos a S. Tor- cato Fehx na Primacial de to- da Fieípanha , não lhe tirando poriíToo gouerno da Igreja do Porto, antes dcixandoo fi- car com ambas ,como nioílra a íua firma no mefmo Conci- ho^ que diz. Ego Félix in Dei nomine Brãcharenjis , l^ Por- tucalenjis fedmm Epifcopus b^c decreta Synodalia à nobis edita fiibfcripji. Cclebtouíe eífeCo ciliopellos annos deChriftò 693 . no 6. de ElRey Egica , Ôc foi o decimoícxto naoídem dos que andão em Garcia de Loayfa . No decimo ferira o eonuocado mais hum annoa- diante node6í;4. não acha- mos airiiliflc S. Torcato Félix:,

Mm 4

>or-

Fadil cet

416

porque não anda aííinado no Concilio cjue traz Garcia de Loayfa, Ic bem Padilha o co- ta entre os Metropolitanos, que aiUítiraõ , & dizforaõ Fé- lix de Toledo j Fauftino de Seuilha _, Máximo de Merida, Vera de Tarragona , & Fclix de Braga.

4 Eftaua gouernando a

Igreja de Braga cftc íanto Pre- lado quando íucedeo pcUos grandes peccados de Heípanha a entrada dos Mouros de quê foiconquiftada, começando a conquiíla Vlic Monarcha de Babylonia , & graó Califa dos Árabes, fendo feus capitães Muça , & Tarif no anno de Chrifto7i3. Eftes foraõ en- trando por Portugal, & Gal- liza dellruindo, & íogcitan- do tudo não perdoando àfa- grado , nem profano .Chegou Muça ao território de Brapa, & faindo a lhe fazer rofto o noílo fanto Prelado coma- quellas armas , com qnc faõ Paulo manda armar ao folda- do Chriftao, rcprendendoo primeiramente das cruelda- des,que vfaua com os homês, & dos facrilegios que cometia contra Deos , o fez fair tanto de fy com ira , que lançando mão delle,& de outros zy.cõ-

Capitulo C.

panheiros íeus todos cidadãos cie Brnga,à força de puros tor- mentos lhe tirou a vida, náo lhe podendo tirar nunca a do coração , & menos da bo- ca confelíandoa íemprccon- fbntcs, & valer ofos,ate final- métc feirem a gozar de Deos, pella illuftre palma do marty- rio cm 16. deFeucreirodo an- no 71 p.doNacimcnto deChri- fto, como afíirma luliano. j O lugar de fua morte

cremos foi naó muito longe donde agora íe venera o cor- po de Saó To reato , húa Icgoa das ruinas da antigua cidade de Citania , & mea da villa de Guimarães j & por ventura feria o mcfmo cm que os en- terrarão os Chrifl:aõs,& fe edi ficou hija pequena erraida,que ainda hoje dura, Sc fe chama Saó Torcade o velho. Aly por meodc húa luzdoCeofoi a- chado o preciofo thezouro,& trazido com grande folcmni- dade pêra o mofteiro dcfeu nome, obra antiquiirmia,& de cuja primeira fundação ne- nhua noticia íc tem. lazem as fagradas rcliquias em capella particular, metidas emhufe- pulchro de pedra tofca, a quê lullentaõ quatro columnas com grades de ferro ao redor

onde

ím adhct»

S. Félix Torcdto

417

ondelaó veneradas de todos os moradores daquclla terra, acrcditandoDeos a intcrcelíaó de íeu ícruo com muitos mi- lagres, que com a terra de fua ícpultura,(Sj azeite de fua ala- pada cada dia heíeruido obrar. 6 Ha ncrta Capella hum

thezouro grande de relíquias, Guc Jeícobre hum letreiro q cllà na parede junto ao altar eícnto de letra gothica qdiz aísv. Nomina iitjiorum quorum hic requiejctint mcbra fanãoru Vlncltíj^Martini^Romani^Fe- licis^Stephani , Leucadice , Cí?- lumb^,Sabin^^Chrisiet<£^Í!f lu finu , Quer dizer os nomes dosjuílos, 6c Tantos cujos corpos aquideícáção laõ Vice te,Martinho^Romano , Fclix-^ EíUuaó , Leocadia,Columba, Sabina, Chrifl;eta,& Iiiftina. Saõ fem duuida os nomes de parte dos 2,7. cidadãos de Bra- ga caualeiros de Chrifto, que juntamente com S Torcato padecerão martyrio pella con- íiííaõ di , Sc honrarão com elle a cidade de Braga onde na- ceraõ. Vefe outro letreiro na mefru a capella onde fe vene- raõ rs íantas relíquias , pcllo qualconfta o anno em que pa dcccD martyrio eftc íanto Pre lado,dizaísy Foi martyrizado

ogloriofoS. Torcato no an- no de íetecentos Sc dez. Ju- liano leua outra conta dos an- nosj como acima aponta- mos, «S>:heamais verdadeira.

7 DeíejouElReyDõ Manoel, como íe vede húa carta , que íobre illb eícreueo ao Cabido de Guimarães, q o íanto cor- po lepaílaflè dódeeílà àquel- la infigne Collegiada Igreja, pêra eltar com mayor dccécia, & veneração^ mas ao gloriofo martyr parece lhe contentou mais o lugar em que derra- mou fcu langue, por dcfenlaõ de íuaíè^& por animar na per- íeuerança delia a Tuas ouclhas-, ôíafsy nunca atègoratiueraó eíleito osbonsdeícjos daquel- le piadoío Rey.

8 Fez doação defte mo- rteiro ElRey Dom Aííonfo Henriquez aos Conigos Re- granres de Santo Agoítinho; &: ordenou aos mcímos fra- des por hua carta íua que fe guarda no cartório da Igre- ja de íánta Maria de Oliuci- ra, fe chamaíle o morteiro primeiro de fanta Maria, & depois de Saõ Torcado, mas nem com iílb perdeo o titulo, & fobrenome antiguo de Saõ Torcado , que hoje conícr-» ua,

9 Ellan

418

Capitulo C.

9 Eílanck» cm poder de Conexos Regrantes pclla doa- ção dclRcy Dom Affonío Hcnriíjuczefte moílciro, ôc juntamenceodaCoftada vil- la de Guimarães , que hoje hc <ie Rcligioíos de São lerony- mo _, recufaraó feus Priores o- bcdecerao Arccbilpo de Bra- ga , allegando prefcripçao cò- tra cile , mas o Summo Pon- tífice Innoccncio III. lhes or- <}enou o rcconheceílcm cm tudo por feu íuperior ^ ôc lhe dcíTem 3 deuida obedicncia,co mo os mais fubditos dadio- cefc , ôc defte Decreto fe fez o capitulo. Cim non liceat de prccfcriptiontbtis j onde fe deuc emendar o titulo do texto, que diz. Idem da Cosia , ^ de

fanão Donato Prioribus ^ por- que (c ha de ler. Idem de Coíta^ íy difanãoTorcatoPrioribiis . como conlla da integrado mefmo texto, que anda lan- çada no liuro quechamãoi^/- dei do Cabido dcfl: a Igreja.

10 Veopor diícurfo de annos a ferprouído eílemo- iteiro cm Priores fccularcsi&r neftc cflado cfiaua , quando o vitimo poíluidor dellc loaó dcBarrosConego deita Sè,por Breuc Apoílolicodo Papa Six to ÍIIÍ. o annexou à Igreja

Collegiada de Guimarães jun- tamente com os de Saõ Gens deMonteIongo,& Tolloés, os quaes logo largou em íua vidaj reíeruando pcra íy íò- mente quaréta mil reis de pen laõcada anno.

Tudo o que temos c5-

II

tado de SaõTorcato deuemos à boa diligencia do Arcipretle de Toledo íuiiano , comofe vera de fuás próprias pala uras, que quizemos repetir aqui . Nonprocid Vimaro intraãii Bracharenji 'vidi fepulchriim Jariãifsimi Torcati, cognomen- toFdicis^ Epifcopi Bracharen- fs 5 íít' martyns , qui interfuit de-cimofextõ Concilio Toletano-, fuit pátria Toletamis^ljftius <urbis Archipresbyter •, inde Epifcopus Irienfis^ inde Por- tuenjis , ^ Bracharenjis j oc~- Cifiis tíi fidei caufa à perfi- dis Sarracenis fub Alu^a anno D.CCIXX. VI. KalendMar- tiãSy ijt legi in Martyrologijs: occifus eji ciim alijs njicintifep- tem ciuibus Brachannfibus ; Eius gratia 'vocatum ifi oppi- dumprope Cóplutú, ideU Giia- dalajaram, njicus Janãl Tor- carifisf injine Toletani Epifco- patíisfanãiFelicis, tf nunc Sa- hélices , Isf prcpe-... coUniam S. Félix Gallecorum , cdebrus

lHlUnÀ\

S.Felix Tcrcato

41V

est tanti "viri memoria. Vem a dizer: que acompanhando el- leàDcm Bernardo Arcebií- do de Toledo, viíítou junco a Guimarães o lepulchro de Saõ Torcato Fclix Bifpo de Braga , & marryr , o cjue fe a- chou no dccimoíexto Conci- lio Toledano, & que cíle ían- tofora natural de Toledo Ar- ciprcrte na mcíma Sè, depois Bilpo do Padraõjdo Porco, & vlcimamcnce de Braga^que fo- ra morco p or cauía da Fe, pel- los Sarracenos, fendo íeu ca- picaõMuçano anno de 719. cm i9. dePeuereiro como ti- nha lido nos Marcyrologios comvinte& fete outros léus cópanheiros cidadãos de Bra- ga: que por íeu refpeico junco de Compludo, hií lugar que de outros fe chamauaGuadala jara, fe chamaua agora a aldeã deSaó Torcato, & nas arrayas do Arcebifpado de Toledo S. Felizes ,agoraSahelices: & que junto da Colonia(outros exê- plares fuprem afalta defte nof- ío comporem Ciuitatenfem) de ciudad Rodrigo cm S. Feli- zes dos Gallegos era celebre fua memoria.

I i Pella relação taõ raeuda de luliano fica o noíTo fan- to Torcato Félix conhecido

D.Man. Ferr.lib.

Z.C.llt

por outro muy diference de aous íanuos do mcírno no- me celebres nas Igrejas de Hefpanha , cem quemmui- cos autores o quizeraõ con- fundir, He o primeiro S.Tor- cato dicipulo de Santiago, & dos que cllcconligo trou- xe de ludea a Hcípanhaj"ou nclla conuerteo, Bilpo que foi de Guadixno Reino de Gra- nada, & raartyr gloriofo de noflafantaFè. Elte heaqucl- le famolillimo Torcato, no dia de cujo martyrio húaoli- ueira , que nas còftas da fua Igreja emGuadix eífaua/e co- bria toda de flor, & outra de azeitonas fermoííílimas, & fazoadas pêra logo delias fe fa- zer azeite, com que íè alumia- uáoas alampadas, que diante de fcu fepulchro ardiaõ . Du- rou efte milagre ate os annos de 714. em que os Mouros crão entrados em Heípanha, & o corpo do fanto íe trcsla- dou de Guadix ao morteiro de fantaCorrrba de Rande Prio- rado do morteiro de Cellano- ua da ordem de Saõ Bento, fú- dação deSaóP.ozendo^como \^g'rjfjl em fua vida diílemos.Aly per Pm<? r. feuerouatè o anno de 1196. ?•*■• '^ em que certos Portuguczes o quiferaó furtar; mas andando

[^

toda

420

(Capítulo C.

I toda a noite , pclla manha íe acharão cora o fagrado furto às portas do mollciro de Cel- lanoua ,repicandoíe por íy os íinoSj&: fazendo acodir os re- hgioíosà marauiiha,quecon- feílàda pcUos PortuguezeSjCn tregaráo o lagrado corpo ^ Sc ellc foi tornado a leu lugarjatè pouco depois ícr tresiadado pcUo Cardeal íacintho(aqucl- le que depois , íendo Papa , le chamou Cclellmo III.) Lega- do neftcs Reinos do Summo Pontifice Alexandre III. com a mayor folénidade que íoi polliuei ao molleiro deCel-

lanoua.

13 Outra tresladaçâo fe

fez do mefmo fanto pêra o al- tar mor, em que ocoilocarao, ôc meterão cm húa arca de pra ta de grande obra , onde fe de figuras riquilíimas todos ospaílosmais notaueisdeícu martyrio . Foiiftopellos an- nos de 1601 .achandoíe na ío- lénidade o Bifpo de Oreníè Dom Miguel, & grande mul- tidão de pouo de toda a Co- marca.Achoufe o coração do gloriofo raartyr faõ,& inteiro íem .corrupção algúa, como também fe ve de feus bra- ços _, cubcrto Je carne frefca, no morteiro de íanta Maria de

ia Vega da Ordé de Ciífer no Bilpado de Palécia. Afeita de- lie iantoíe celebra em Cclla- noua no primeiro de Mayo, cm que o pocm o Martyrolo- giodelànto Ihdoro:fazmcn- ç:ãodelle oRomano aos 15. do meímo mes , outros o põem aos fmco. Padeceo no Icgun- do, ou terceiro do Império de Nero. Eícreuem lua vida Mo- raleSjPadilhaj Brito, DÕMau- roFcrrer,fr. António de lepes, fr. Franciíco dcBiuar, Si ou- tros .Nenhúa das coufas refe- ridas deSaó Tcrcato Biípo de Guadix percéceao noíloTor- caco Fclix,nem leu corpo cif à em S.Torcade de Guimarães, pois o goza , & pollue o mo- íleiro dcCelIanoua com argu- mentos tão cuidentes. Muito menos Ic pode dizer heacida- de de Acci(onde foi Bifpo , Ôc acontecia o milagre da oliuei- ra ) a de Citania , que efteue perto de Guimarães •, porque Acci como diííemos ,hea de Guadix taõ diftante, ík di- ferente de Citania. 14 O outro S. Torcato foi natural de Braga , &c com Saó Cucufate, Sc ianta Suzana pa- deceo martyrio na mefma oca líão,& perfeguição,em que o padecerão SaÕ Vi6lor, vulgar- mente

Moral li 9-c.ii. I

\Padil.cêt

i.c.iy.

\Jr'crr'lib.

Z.C.lí.

Icp.c êí, J

l}r/t.2.p.\

ji-^í- i \úiuar. in

[Dext.an}

66,cÕ.i,\

»>4.

S. Félix l^orcato.

421

mente S. VicouroCacechume- meno,«5v: S, Silucftre_, de cujas Ilidas demos ja relação em íeu 'fup.c,^2' próprio liigat Erraria quê qui- zelle confundir elle Saõ Tor- cato com o dcGuimaraésipor- que íeu corpo clH na Igreja de Santiago deGalIiza,leuado aly dadeS.Vitouro deita cidade, pello Arcebiípo Dom Diogo Gelmircs jComoja diflcmos, de heconílante tradição^ & o teftificão hillorias de incor- rupta, ôc que não padece con- tradição.

15 reíla agora exami- narduas couías nas palauras, que de luliano referimos, por- que íe embaraçarão com ellas algús cfcritores , Sc por lhe não atinarem com a íaida,não duuidaraõ arguillas de falias. Hea primeira: como chamá- doíeo noflofanto martyrdo nome da pia Torcato, ôc de fobrenome Félix, no decimo fexco Concilio Toledano fc firmou Felix,fé fe nomearTor cato, pondo o fobre nome,c5- tra o vzo daquelles téposjon- de íempre os Bifpos firmauao o nome proprio,núca o patro nimico,& da farailia . He a fe- gunda, cm que Martyroiogio achou luliano o que nos con- ta defte fantOi porque nos de

que vlàa Igreja Romana por nenhúa via íe le o q cUe refere 16 Reípondcndo logo a eíl:a fegunda duuida, certo he que em diíFerentes Igrejas ou- ue antiguamentc(& ainda ho- je em algúgs ) diíFerentes Mar- tyrologiosj de que fe foi per- dendo o vzo depois q fe intro duzio oRomano, ode Vfuar- do,Â: outrosi&era coufa muy ordinária terçada Cathedral íeu MariyrologiOjCm q hia do os varões mais illuftresq nella florcceraõ,&: por ventu- ra erão parte dertes as taboas q chamauáo Diptycas j onde íe clcreuiaõ os nomes dos Prela- dos , ôc outros íàntos nota- ueis , paraq dclles ouucííe me- moria; as quacs afsy como fe chamauão Jgiographos , il\o he efcritura de íantos , afsy as podia também chamar Iulia> no Marf^rohgios^ irto he me- moria dos m.artyres. Pergutar agora a luliano em q Martyro logio leo o q nos diílc de Saõ Torcato , he querer pergutar pellos Martyrologios , pellas Diptycas antiquiíTmias das Igrejas do Padra5,doPcrto,de Braga, onde S. Torcato foiBif- po,e pellas dcToledo onde foi Arcipreftejq deforça cada hua deftas cidades o auiaõ de ter

Nn

entre

422

(Capitulo CL

entre os feiís mais ill nitres va- rões , como gloriofo mar- tyrck nofia Fè. Todos elles veria, & leria luliano, por^ pe ra os defcobrir^iSj ler, teue cu- rioridaciej& ocaíloés. 17 Indícios ha ferem aquel- las palauras do Martyrologio Romano em i6.dc Feuereiro quãdo íe celebra a fefta do noí lo íanco Bilpo , & feus vinte & fere companheiros. Item Sanãortím mar ty rum For tu- nati , l:f Fdícís , If aliorum ij. Isfc. em íeus verdadeiros originaes , & primeira fonte. Itt Sanãoriim TorcafiFelicis, tf ãliorú, z-j. & q o defcuido dos que os copiarão daquelles manuícriptoSjdondediz Baro nioforaõ tomados _, mudarão Torcati em Forttinath por lhes parecerê dous , meterão entre Forttmati^di Fdicis a junção_,{7', não auendo de fer afsy,pois todo o nome perté- cia a fogeito.Em Mar •tyroiogio antiquiflimo de mão q foi dos conigos Regra- tes do mofteiro de Roriz de- fte Arccbifpado, que eftà no Collegio da Companhia de lESVSdefta cidade falta a cõ- junçaõ^. Afsyqbé poderia acontecer, q ate no Martyro- logio Romano leria luliano j

parte do q nos deixou efcrito deS.Torcato,& nãohaperaq duuidar de fua verdade. 18 No q toca à primeira du uida das palauras de lulianOjhe coufa certa q osBifpos q aíli- íHaõ nos Concílios íirmauaõ o nome próprio, ou o íobrenome, ficando iílo em feu arbítrio : & cada guar- daua a form^a que melhor lhe parecia. O Arcebifpo de Bra- ga & Toledo Leodeciíío lu- liano,no 13, 14, òc 1$. Conci- lios Toledanos fempre aíll- nou com o fobre nome de lu- liano. Nos Cardeaes da Igreja Romana fe vc efte coftume mais frequente, ainda que ta- bem muitas vezes deixáo o no m.e da familia, & fe firmãocõ o nome da peílba. Náo ouue nefte particular regra táo cer- ta^que pofla fazer argumen- to prouauel por hu^^ ou ou- tra parte. Em Saõ Torcato parece corria mais aigúa re- zaõ de fantidade pêra deixar o Torcato , òí tomar o nome de Félix : por que como aquel- le era argumento de familia il- luftrede que procedia , fazia merecimento em o deixar, pois lhe nacía a omiííàõ de animo humilde, di defejofo de encobrir fua nobreza .

Com

S. Viãor.

423

traH, de Prim, c.

Cem tudo Deos ordenou q | pcllode Torcaro.q efcondia, ! irais cj pcllo deFelix que íir maiia/oíle conhecido cm Por tugal ; aindac}ne tambc pcllo deFelix^ teueaílazdc felicida- de lua memoria em Caftella: comolcvè dos dous lugares deS.Felices noArcebifpadode Toledo, (Sc S.Felices dosGalle- í^os nodcCidadRodrigo.Qnã do padeceo martyrio o glorio íoíáco^ depois de Sérgio loaõ VI. loaÕ VIÍ. Sifinnio , & Cóílantino tinha a Cadeira de S.Pedro o Papa GrcgorioII. & auia perdido a Monarchia de Heípanha ElRey D. Rodrigo. 19 Foiogloriofo S.Torcato Félix o vitimo Prelado, q teuc eflalgreja em quanto durou o Reino dos Godos. Ia diíTemos como em íeu tempo entrarão os Mouros em Heípanha,on- de fizeraõ cruel eflraeo. Che- garãoaBraga, &: executarão nella o furor bárbaro , derru- bando edificios,aílolando , òi podo tudo por terra. Em quã- to durou eíla calamidade ha pouca memoria dos Prelados defta Igreja^ porem confta que confcruaraó fempre o titulo, & honra de Primazes de Heí- panha , como ja em outro lu- ^ar moftramos.

CAPITVLO Cl.

S A M VICTOR

martyr XXXXVI. Ârce- bifpo de Braga,

Oraõ os tem- posdequeeí- creucmosjfe bem calami- tofos pêra o cftado temporal de Hefpanha, felicillimos c5 tudo pêra aRe- ligiaõ,& Catholica,porquc quafi por todas fuás pouoa- çoés,íe virão pelejar valerofa- mente , não íó os Prelados de mayor calidade,&:cõfideração, mas toda a forte de fieis , cuja cóftanciatraziaeípantados os Mouros,abominando entretã to muitos delles fua maldita feita , & paflandofc a militar de baixo das bandeiras deChrilio verdadeiro capitão. 2, Tiueraõíemduuida gran- de lugar entre os mais os Ar- cebifpos de Braga como pri- meiros na dignidade ; fcauiaõ- nos fuás ouelhas alentadas , & como forçadas de feu exêplo. Tal fe moftrou no capitulo paílàdo SaÕ Torcato Fclix ,

Nni

òí

424

'Capitulo CL

. Si ícjs 2.7. companheiros : tal veremos noprelente aS. Vi- dtor com outros dous , Ale- xandre, 5: MucianOjOLi Maria- no, íeizundo a variedade com

... que (c ierão as primeiras letras

deíciínome quando foraõa- chadns parte de íuas relíquias noalrar mor deftaSè, como I020 contaremos. 3 He pois o calo , que va- gado a Primacial de Braga pel- lo slorioío triunfo deS. Torça to Fciixjà depois de deílrnidaa cidade por MuçacapicáoMou ro, o Clero delia tomou por feu Prelado a S. Viólor, cujas letras , ôí virtude entre todos fe auétajaua.Era entaõaPre lazía de Braga náo cargo de honra, mas carga peíadiísima de trabalhos pellarezáo dostê pos,& eftado em qfe via a ci- dadc,& mais terras de Heípa- nha:porem afsy mais acomo- dada pêra híi tal efpirito^ôí: ge- ncroiídade como adeS. Vi- élor. Aceitou a eieição.-não ía- beremos dizer quantosannos depois de morto S. Torcato: poucos dcuiáo íer , pois entre os sloriofos martvres nenhú outro Arcebilpo achamos. Ar dia entre tanto aperíeguiçáo dos Mouros, & naquelles mayor fúria que mais encon-

trauão íuas abominações. Vi- uiãoeícondidos, <k retirados de íuas Igrejas íeus Paílores, huns por couas, outros por deíertos. Al^l!i^s porem , cm que o zelo da era mais fer- uentc^acodiaõ aos lugares de maycr perigo pêra darem ani- mo aos cjue ja ellauão Prcla- dos,& comcçauáo a entrar na batalha da reliizião, 4 Baeçacidade do Reyno dcCartclla era naquella cca- ííaõ o amphiteatrOjCm que os bárbaros exercitauáo mayores crueldades nos íieis . Pêra aly com todo o Ímpeto do eípiri- to foi leuado o Arcebii po Vi- d;or cõos dous cõpanheiros, que ja acima nomeamos,& co mo ate no nome leuauaale- gurançada vitoria, por fuás exhortaçoês a alcançarão pri- meiro muitos martyrcs glorio los ,a quem elle dentro de poucos meies feguío, íendo prelo com os íeus dous com- panheiros,& mar ty rizados to dos com exquiíiios géneros detormentos/ofrendoos tao alegres como quem nellcs ti- nha a fegnrança da gloria , q os efperaua. Sucedeo íeu mar- tyrio j conforme a luliano, em 16. de Setembro do an- no de noílà redenção 734.

ou

S. Víãcn

425

ou em 17. de Outubro^lcnão íaò outros os Santos Vicftor Biípo , Alex-ancire , & Maria- no^que neííc dia poeni niarty- rizados cm Hcípanha o Mar- cyroiogio Promano. As pa- lauras deluliano dizem. Ali- quanto prius , Jcilicet iC. Ka- lendasOãob. Baecia.qu^ Bacia dícitur, niinc Daeca S. Viãor Epijcopus Bracharenfis^Alexa- der ^hf Mucianusmartyres ^i^ concilies.

j Algíías relíquias deíles três marcyres foraõ trazidas a eíla cidade^ & collocadas no altar mor da quando reformou feu edifício o Cõde DõHenri- quc ha mais de quinhécos an- nos.Alyforaõ achadas no té- po do Arccbifpo DóDiogo de Soufa , q faleceo em 1 9. de lu- nho de ij'3z.quandore desfez a capella velha,pera íe fazer a q hojedura^ertando metidas em húa boceta de chúboj& enucl rasem pano delenço^cõ feu ro culo dentro, cujas letras ,erão asfcguintcs. OSSA.BB.MM. VICTOR. EPISCOP. BRA- CHAR.ETSOCIOR ALEX. i!f MVXaáoÇc facilmente, 6c na vitima do nome do fegi^- do c(5panhciro deS. Vidor ou ue algúa variedade^ porq híís a tiL'craõ por V outros porA,&:

na verdade híía, & outra letra . repreíenraua: o q deu occaíia j a julgareao iamo^ ja por Mu- cio^Muciano, Munio , Muni- íio, por Martinho^ Marco^ Mário, ívdaíin.o, em í;m de ta- ras outras maneirasquãcas ad- mitia a Icrra mal coiihecida_,& pcor formada.

6 De todo eíle fucc/lo deu re laçáo cm papel de fua letra, q eltá em noílb poder, ao fe- nhor Arcebifpo fr. AgoíH nhodeCaílrojO padre fr. Ber- nardo de Bmga rcligiofo de S. Bento muy veríado em to- do o género de antiguidade de cujos eícricos faz tanto caio o hiftoriadcr da inefma religião fr. A ntonio deíepes , como ncl le encõtrarão os curiofos a ca- da paíTo.Diz pois,q ellç achou ella memoria no feu cartório de Tibacs, efcrita por hum Religioío, que cntaÕ aly vi^ uia chamado fr.Thecdoro: &: acrecenta que lhe parece cflc Saó Victor hum PvclÍ2Íoío feu celebre então na fua Ordem, & Abbade dos Moíleircs de Tibacs , Miranda , & q del- ia foi tirado pcra Arccbifpo de Bra^a , & leuou conlmo aos outros dous ( também monges) Alexandre, &c Mu- ciano^quãdo fe partío aBacça.

Nn3

"7 Con-

420

Capitulo CL

7 Coníultou íobre os nieí- f mos três íantos martvrcs ao Padre Icronymo Rúmaii dela Higucra da Companhia de le- í us o padre Pedro FranciícOj dameíma Companhia , cuja diligenciacmdeícobriros ían- tos de Porcuíralfoi be conhe- cida entre os íeusReligiolos: mandoLilhe o Padre Higuera por repoíla as palauras de lu- liano na forma que aciraaas relatamos. A carta origmaí deu o padre ao íenhor Arcebiípo Dom fr. Aízoílinho de Ca- íbo3 porem cila não anda en- tre as <jue o mefmo íenhor mandou lançar em liuro,& íc guardaõ neí1:e cartório: a co- pia que o padre Pedro Fran- ciíco guardou pêra fy nos fci dada entre outros papeis ícus onde achamos o que imos ú- creuendo.

8 O Padre Cofme de Ma- galhães o poé entre os Prela- dos deita Igreja, o meímo faz Gaípar Aluarez Loufada. Mas nem iílb , nem o mais^ que temos rcíerido foi baftante pe ra o contarem por tal os que ordenaraõo Catalogo da Sa- criftia.Tão defcuidados íomos cm couías próprias. Igual def- cuido foi o do padre freiTheo doro/cas precioíàs relíquias

achadas no altar velho lecol- locarão outra V€z no nouo: . de crer he que fy j & pois em Heípanha náo achamos leuã- tada outra íepultura ao reíHce das relíquias deíles íantos mnr- tyres/irualhe por taleíte noí- fo altar, & íique lendo aos moradores delta cidade hum nouo, ôcfortiilmio aimazem, como de ordinário chama às íepulturas dos maryrcs Saò Chryíoílomo. Era no tempo que padecerão martyrío Saó Vid:or, & feus companheiros Somo Pontífice Zacharias, Rey dasArturias^óc Galiza Aííonlo o Catholico, 9 Atèqui tinha chegado a vida deile íanto quando por carta f\ia dez;, de Abril dcfte anno de 1634. o Choro niíta mor de fua Mageikdc Dom Thomas Tamayo de Vargas, (varão de fnigular prudécía,& incrediuel erudição em todo o género de boas letras, como íem cila noíla recomendação, o telliíicaõ as obras com que atègora enriqueceo Heípa- nha) nos aduirtio dapreten- ção que no gloriofo S. Vidlor como Biípo íeu, & em feus dous companheiros como na eidos dentro de ícus muros, tinha a cidade de Baeça,íem ad

mitir

«íw

S.Viãor.

4V

micir entralk Braga, nem ain- da em requirimenco de os ancr como proprioij.H porque lhe pareceo fiindana coda noílà julliça nas palauras que aci- ma referimos de luliano da maneira que na imprefiaò íai- raóa luz ^ afiirma auer nellas tantos erros comoíylÍabas,& que pcUos manulcriptos le deuem emendar na forma fe- f^uinte Ali<iuanto prius ^fcili- cet iG.KúkndM Oãobris Bae- ti^^qu^ Biatianúc Baeca S.Fi ãor Epifcopus Biattenjis AU- xander^ ly Marianus martyres^ iff cor^c/iieí . Ficando por for- ça deíla mudança de Bra- charenfis , em Biatienfi:;^^ng3. íemSaó Viâ:or,<S(: Baeça le- nhora dacaufa, em que nunca teue melhor fundada auçáo da qihequifcraõdareítesmanuf- criptos, & ella podia tomar por auer íído o lugar em que os noííos fantos valeroíamcn- tc padecerão, & glorioíbs triú p liara 6.

IO Acodindo pois pello

que nos toca agradecemos em primeiro lugar, & eítimamos aaduerrencia que íe nos da, porque conhecemos o animo de íeu autor , veneramos a erudição de íeus efcritosrporé feriamos notados de muito li-

bcraes , íe por tão leues fun- damentos largaílcmos caõef- clarecidos martyres. Sabemos muito bem , que a Bacça cha- mou Pcolemeu Bi^cia^ os La unos Biatia ^ os Godos Bea- tia, os Mouros,como hoje os Heípanhoes,-ôí5;^p: ôí que em tempos anciguos foi cidade Epilcopal como fe ve, pellos Concilios de Toledo n, 13. 14. ij. doutros. Não nega- mos que poderá andar conta- do por BiCpo fea Saõ Vidor, foi porem fácil fer auido por tal por auer aly padccido.Não he a cidade dcBaeça a que fe enriquece com íemelhanccs furtos. Que não íeja íèu S.Vi- ctor, nem léus dous compa- nheiros,aquellas rehquias íuas que ha mais de quinhentos an nosforao collocadas no altar mor da de Braga,^ achadas ha mais de cera annos nelle o prouão fem fallencia, faluo fe também aqui nos quiíl-rem mudar o BracharenJIi\cm Bia tienfs , como agora o fazem em luliano. Os que naquelle altar collocaraõ as íantas reli- quias viueraõ mais vizinhos ao tempo que o fánto Arce- bifpo padeceo , & puderaó fa- ber com certeza a que cidade pertencia,&em qual padecera.

Nn4

Eiles

42 8

(^apiHtlõ Cl.

EUcs que lhe chamarão. Bra- charífis por deBraga o tiueraõ, &c não por de Baeça. 1 1 Qiianto mais que faz

entrarem duuidaanouahçao de í uhano, que ou poderia na- cerda períuafáo de algum a- feiçoado a Bacça , ou da pou- ca noticia do que fc rinha por taoaueriguado cm Braga. Mui ro he ( copiandofe todos cíles nianuícriptos deíuhano , co- mo tábem nos auiza o qo pu- bhcou imprcíToDó Lourenço

Ramircz dei Prado do oriai-

, . . . ^

nalj queprnneiro veo a mao

do padre leronymo Roman delaHiguera)Icr elle Bracha- renfis^&í não Biatienjis^ como achamos na fua carta^ cuja co- pia guardou o padre Pedro Frãcií'co;c agora apparecer de- pois de íua morte como lição legitima a Biatienjis, & riíca- ca por baftarda , & fuppoííti- cia, a Bracharenfs ? Naô te- mos a Braga por tão pobre de íantos Prelados quenecefsire pêra os auer , de erros de húa impreflaõ. Iflb he pêra outras Igrejas, onde pêra auer íâncida de hc neccílario andala mendi- gando p-.liuros,qucdenouo Te publicão. Mas rambem não fotremoSjque nos autores, cu- jas obra> apparccem de nouo,

quando lua narração diz com os tempos, ík outras memo- rias de particulares Igrejas íe ponha vicio , pclío perigo que dahi reíulta de nada íe dar por certo. Temos por tão juftihcado^ & amigo da ver- dade ao Chronifta mor Dom Thomas Tamavo autor de- fta aduerrencia ^ que nem por lha não recebermos deixara de nos dar outras, nem terá por ra5 mal fundada nofla juftiça fobreSaó Vicftcr, que a não anteponha ã da cidade de Bae- ça. A lua carta, & rezoés íatis- fizcmos com o que antes delia tínhamos cfcrito de Saõ Vi- ítor.

CAPITVLO Cl.

HERON IO XXXXFIL Hermini^ildo XXXXP'III Jacobo IL. Arcebijpos de Braga,

CHAMOS em Juliano q cíles rres Pre- lados de Bif- pcs de C,ara- goça foraó tresladados pêra a

òè

Ferdjfch

'de

/:^

lí'

\ iédeBropa. Porem não apó-

aJne.paA ^'-^ ^^'^^ ^^^ ^^^'^ ^^^"^ ^^^^ ^^^^^

lãdaçãOy nem íe acháo no Ca- talogo dos Eiípos daquella Igreja, que tez Padilha, & alsy difi^.CLikcíanicnte Ic lhe pode oliinar lugar certo O que nos parece he, queforaõ não mais que ticLf lares no tempo, que cíleue encomendada ella Igre- ja à de LugOjComo adiante ve remos. E quando aísy não íe- ja, lhe damos efte lugar cm quanto íe lhe não pode aílinar outro mais próprio.

c APiTVLo cm.

F E R D I S E N DO L. Arcebifpo de Braga,

E os bons àt-

ípfe^^ íejos dográ- f;Ê^!^^S) ^^ í^ey Dom n\(^j^J^W AH-oío o Ca- iÉf>^^^'fwiM^MCT) tholico che- carão a crteito , mais de preíTa onueramosde ver e(la cidade de Braga , & íua Igreja tirada das miíeraueis ruinas,em que a deixarão a fúria mdlitar,*ík: cn- cranhauel odio às coufas de noíla fanra FédosMourosAra

bcs, queporeilaeiurarâo. Vi^ o pijísuiio lley quanta dor^^^,' íencimento cauíaua nos cora- ções de todos os fieis verem a Igreja Primacial de toda Heí- pauha^a cidade antiguamente Chanccilaria do império, ôè Corte dos Reys Sueuos polia por terra ^ fem apparecer de lua antigua mageltade mais que os campos ondecítiuera. Não podia coníidcrar íem grande ientimento que húa fundada pcllas maõs do Apoftolo Santiago, a íegunda Igreja de toda a Chriítanda- dc,em quea may de Deos fen- do ainda viuajaera venerada; a íepultura, & lacrario de tan- tos , ôc taõ fantos Prelados eftiueíícm por terra ícm elle procurar leuantalla,pera qual outra Phenix generoia de íuas próprias cinzas renacer mais fcrnnofa.

t Pêra fair com eftes in- tentos, & obra verdadeiramé- te de Rey Catholico , qual elle era no nome, & nas acções, praticou primeiro o negocio com os de fuaCorte^-Sj depois por confelho de todos, entre- gou a empreza a Ferdi fendo Arcebifpo titular da mefma Igreja ( cík he a primeira me- moria,qdefte Prelado temos)

pe

ra-

430

Capitulo CJII.

perac|ue elle, como mais intc- rcçadojlhe delíe todo o calor. Neíles bons princípios cftaua areftaiiraçáo de Braga, quan- do íobreciindo no íecimo an- no de íeu reinado, di de noíTa redenção 745. nouas guerras com CS Mouros o diuerciraõ deíla taõ íànta ocupação , òí lhe quebrarão demancíra as forças, que não pode tornara clla^ainda que muito o dcíeja- ua. De tudo o que temos re- ferido nosdà relação húa carta dclRey Dom AífonrooCa- ftojque fe guarda no cartório deita Igreja, pelía qual o Rey como em encomenda, & cm adminirtração da também o q então auia defta Igreja à de Lu- go, & diz o faz por lhe fatis- fazero que lhe tomara para enriquecera de Ouiedo, cujo como fundador, & particular protcâ:or íe tinha feito, t 3 Coftumauão os Reys Catholicos fuceílbres de Dom Pelayo porBifpos cm todas as cidades Cathedraes, tanto que as conquifèauaÓ , & tirauão do poder dos Mouros. E ain- da que os Bifpos naõ podiaõ refidir em fuás Igrejas , nem fazer feu officio por naÕ tere rendas perafuafuftcntação,^ dosminiftros Eccieiíafticos,

por as cidades, ^<. téplos elía- rem dellruidos,com tudocó- feruauão íuapoílè, (Sc o titu- lo dos Bifpados, & morrendo hum fucedia outro na meíma dignidade, 6<: Prelazia titular. Por eftarezão recorrerão pri- meiro muitos a Galiza, depois a Afturias bufcãdo a Corte dos Reis j&as cidades Epifcopaes quecítauaóem pèizentas do jugo, & fogeiçaódos Mouros peranellas terem íufèétação, & algija renda pêra paliarem a vida, como tiueraõ na Igreja de Iria , òc na de Ouiedo , on- de a vinte Bifpos titulares fe alíinaraõ Igrejas, de quefc fu- ílentaíTem honcftamente, c6- forme o aperto , neceífida- de daquclles tempos, como conftado Concilio de Ouie- do, que fe celebrou cm tem- po delRey Dom Aífonío o Magno^deque adiante faremos menção,^: de híía efcritura de doação feita por ElRey Dom Ordonho Il.à Igreja de San- tiago, que traz Lobera nas grandezas de Leão que tradu- zida diz afsy.

5 Coiifanotauelhcque

quando os Mouros entrarão em Hefpanha , & a deftruir ao entre aquelles, que fugindo de fua crueldade, fe retirarão às

mon-

Ferdifcndo.

431

moncanhas ds Aítu i' ias ,& Ga- liza fjraó alguns Biipos, que clcixãdoíuas Igrejas em mãos dos Mouros acodiraõ ao Bií- pado de Iria , o qual por eftar no vlciaio deHeípanha qualí n'i0 recebeo dano : de o Bifpo que cncáo prefidia naquella Cadeira por honra do Apofto lo Santiago os recolheo , &c acomodou, aílinandollie cer- tas rendas de que pudeílem vi- uer , &luftentar(ejatèqDeos lhe reílituiíie a herança de feus antepaííados . E porque os Reys que me precederão fauo- recendoos o Ceo tornarão a cobrar muitas cidades , Sc ter- ras, ôi lhe reftituiraõas Cadei- ras Epifcopaesreuafsy mefmo por auer vencido muitas vezes meus inimigos , ôc tirado de feu poder outras muitas ter- ras quero (com confclho dos Bifpos , Sc caualleiros ) que as que pertencem a alguns Bif- pos que como dito he fehão íuftentado na Igreja de Iria (aíabcr ode Tuy, &c Lame- go) Ihefejáo reftituidaSjafsy como lhe foraõ dadas, &c alíi- nadas pellos Padres antiguos: & afsy mefmo fe rellitua a Igreja de Santiago aquillo que antiguamente poíluyo. j Deftaefcriturafe moftra

que ouue Biipos titulares em todas as Igrejas ocupadas pel- los Mouros , óc que fazião rc- zidencia fora delias nos luga- res onde felhe applicauaõ ren- das pêra fe fuftentarem. Tal fu cedeo aos Arcebiípos da Ca- deira de Braga,os quaes depois de ella dellruida por mais de trezentos annos,que eíleue ar ruinada,conferuaraõ fempre o titulo de Arcebifpos, como veremos adiante : &: aindaque algúas vezes foíle cobrada , &c rertaurada pellos Reis deLeao, com tudo não na fuílenta- uão^nem tinhao bafbntegê- te pêra lhe por prefidios,que a defendeflem. Afsy erteue com Arcebifpos titulares até fua re- ftauraçáo , que fefez no tem- po do Bifpo Dom Pedro , co- mo diremos em fua vida. 6 Tornando ao noílb Arce- bifpo Ferdifendo , fábemos q por fua induílria fe tirarão de- lia cidade muitas relíquias de martyres,&: outros fantos Pre lados jque com íuasfepulturas a honrauão,& defendiaõ. Te- mendo que naÕ íícaílem aly feguras , íefoi à cidade de Iria Flauia , agora o PadraÕ , Sc as leuoliconfigo, Ôc juntamen- te muitas efcrituras de grande conforme o

importância

achamos

4 32

Capitulo C.IIIL ,

achamos em memorias anti- guas defte archiuo, & em priuilcgio dclRey Ordonho, cjuedetudofaz menção. Cha- mamos a Fcrdifendo Arcebif- po titular de Braga,porqueatè oArcebiípo Dom Pedro em cjuc efta Igreja começou a cor nar ao que dances era , todos os que íc chamarão Arcebif- pos de Braga pararão em ciculo,& nome, porqueaad- miniftração de fuás terras ( fc algúas lhe ficarão ) & das Igre- jas de Dume S. Frucuofo_, òí S. Pedro de Maximinos , & S. Vicoiwro tudo pertencia ás I Igrejas de Lugo , & Compo- llela/\r não tinhao os Arcebif- i pos em Braga, nemreíídencia i onde morar, nem renda de q | fc pudeílem íuftentar, como , acima dilícmos . Pellos annos em que nos confta foi Arce- bifno Fcrdifendo , era Vi^aico deChrifto na terra depois de Gregório II. & Gregório III. ZachariaSjRey de Afturias,^& Gailiza Dom AíFonfo o Ça- tholico.

CAPITVLO c.iiir.

ARCARICOLI. Arce- bifpo de Braga.

O I o Arce- bifpo Arcari- co varaõ da- do por parti- cular mercê do Cco aos Remos de Hefpa- nha no tempo, que tanto del- le neceííitauão afsy a gente vulí^ar, como os feus mais fa- moíbs , 5^ illuftres Prelados. Foi contemporâneo de Heli- pando Arcebiípo de Toledo, aquelle que perleuerandoalgú tempo na boa, & fiel doutrina da Igreja Catholica deu gran- de exemplo de fy a fua Igreja, ate que perfuadido de feu me- ílrc Félix Bifpo de Vrgel veo a cair noerro,qcllemefmo cn- finaua dizendo que Chrifto Senhor N.era filho adopti- uo de Deos, & por nenhú ca- fo natural. De dicipulo de Fé- lix fe fez Helipando mefl:rc,& pregador daquella mà, & dia- bólica feita, perfuadindoa por fua muita autoridade pri-

meiro

Jl_

ír.ciroa íeiís íubditos depois a outrosamigos de nouidadcs. Foi la u rand o o fogo, quan- do os mais Prelados de Heípa- nha le precatarão , & vieraõ a aduernr^acharaõ qucFelix por Catalunha, Elipando porCa- ílella a maneira de duas fa- chas do Inferno tinhão abra- zado infinita gente ,diflicul- tando a cahdade do mal , Si os autores delle a prcíleza , & eficácia do rcmcdio, que fe não podia por com facili- dade,pcr íerem Bifpos, &:de tanta autoridade, z O que mais fentío , &

procurou apagar o incêndio foi ArcaricoArcebifpodeBra- f^ajafsy pella obrigação de fua Primazía,como pellofcruoro lo zelo de fua .Efcreueo lo- go a Elipando,pedindolhe vif- íe o mao caminho,q leuaua,os nouoserrosque hia metendo em Hcfpanha, tão contrários às Diuinas Efcrituras , onde com tanta euidcncia fe mo- ftraua a verdadeira, de natu- ral filiação de Chrifto NoíTo Saluador . E porq de todo fi- caífe conucncido , largando a pena por huj& outro teftamé to.lhe fez hiía larga , & cõpri- da releição de lugares da Efcri- tura Sagrada j pondcrandoos

cdriCG.

/(■»■>

T^ O

com grande erudição dos Pa- dres antigaos , & ac opanlian- docs de viuas , & efficazcs re- zoés trazidas a íutileza ^ &: agudeza de leu engenho tanto aponto_,que Elipando Icndoas logo começou a afloxar na pregação de feu erro , & a ío- frcr q outros eícreueílem , & diíputaílem contra clle_,como quem queria , 6i dcfcjaua ja tornar outra vez ao que ncíía matéria mandaua crer a Igreja Catholica,& éfinauaó em íèus efcritos os fa^radosOoutores. 3 Naõ contente com clxa grande dilipencia Arcaricoxõ uocou lego Concilio: o lugar não aponta luliano , de quem imos tirando toda cfta narra- ção 3 deuiaíer algíía das cida- des de Galliza em que reinaua Vermudo: os Bifpos os da fua Prouincia, & outros mais q fe pudcílem ajuntar. Aly íc con- denou a noua heregia por vo- to j& decreto de todos aquel- les Padres,& parece fe mãdou de tudo o decretado relação a Elipãdoro qual como jaanda- ua abalado_,& defcõtéte da fua opiniaõ^pella falfidadedclla,& pellas cartas , q na mefma oc- cafião auia recebido do Sumo Põtifice Adriano primeiro do nome, & de Carlos ívíagno

Oo

pouco

434

(Capitulo Cl III.

chro pa(>, 99'

pouco depoisEmperador,ou- ue tctalmente de vomitar a peçonha, & alimpar o cora- ção j & entendimento de ve- neno tão prejudicial. Pêra o fazer com mais credito de noíla íantaFé , ôc porque afsy lho pediáo , & aconlelhaiiáo também o íobredito Empera- dor,& o noílo Arcebiípo Ar- carico, chamando a Concilio aToledo^ertando prefen tesos Biípos Matano de Alcala, Pe- dro de Oreto,Marcello de Va- lença, & outros , proteftou q elle em tudo,& por tudo que- ria eftar na matéria da adop- ção de Chriftó pellas determi- nações da Igreja Catholica^do que tudo fedeu conta a Ro- ma por embaixadores particU'- lares, fendo Siímo Pontifi- ceLeãô III. do nome. Nefte Concilio fe tratarão mais ou- tras matérias de importância, de q não fazemos aqui relação, por não pertécerê a elfa hillo^ ria,& fe pode ver cm luhano. 4 Por outra parte Félix Bif- podeVrgel tabem cahioem fy,& paitindofea Roma de- pois que eíkue naquella cida- de, efperando hum dia ao Su- mo Pontifice na Capellade Saõ Pedro , fe lhe lançou aos pes, & pedio perdão de feu

erro com grandes lagrimas: leuouo nos braços Adriano, ôi íem tratar de outras íatisfi- çoés, ou penitencias , o man- dou outra vez pêra íua Igreja, donde parece o tinhão priua- do os Concílios paliados , en- comendando, & mandando aos Bifposô admiti ílem , & trataíTem como a bom, & íiel Prelado Catholico. S Pcríeuerou ate a morte Elipando em fua penitencia, Si arrependimento.-feftejarão- na, Sc deraõlhe delia os para- béns por cartas os Bifpos de Itália, França, Sc Alemanha-, porem as mais frequétes eraõ as que recebia do nollo Arce- bifpo Arcarico , a quê por to- da a vida reconheceo humilde por elle fer inftrumento prin- cipal de fua reducçaõ. Do erro de Elipando trata larga , Sc eruditamente o padre Gabriel Vafquez,o qual pellas muitas rezoês , que allega contra fua final penitencia,& conuerfaó, a deixa muito em duuida^ co- mo diííemos no tratado da Primazia. O mais que per- tence à vida de Elipando profeguem Morales, Dom Thomas Tamayo , Sc outros. Ao Arcebifpo Arcarico cha- ma luliano doutiílimo, Sc

lantif-

Arzimundo.

43 5

íantillimo : Goiíernou cila Igreja entre os annos deChri llo78o.&797.emq tiueráo a Cadeira de Saõ Pedro ( depois de 2acharias,Efi:euáo II. Efte- uãoIII, Paulo, & Efteuão lIII.)osSúmosPótiÍTÍcesAdria no I. & Leão III EraõReis das Aílurias Sylo, & Mauregato, Vermudo primeiro defte no- me,& vkimamcntc DõAíFon fo o Cafto.

CAPITVLO C.V.

AR G I M FNDO LU. Arcebifpo de Braga.

Articular af- fciçáo teueíé- preElRcyDõ Affõfo o Ca- fto à cidade deOuiedo. Intituloufe Rey delia, mudou pêra aly fua cor- tc,cdificoulhea Igreja niayor, no mcímo íitio ( mas de obra maisexcellente)emq feu pay a auia edificado. Sobre tudo pre tendeo amplialla,& leuantalla a Metropolitana^ tirando a- quclle titulo, & dignidade à de Lugo , que então puíluya pcUo direito antiguo que em algum tempo tiuera de Me-

a I I tropoiícana no tempo dos ReisSueuos,que depois fe lhe tirou quando aqucllc Reino íc ajuntou com o dos Godos, & íe deu Lugo por fulFraga- neaà Igreja de Braga na diui- laõ dos Birpados,q ue fe fez no Concilio de Toledo, de que tratamos cm feu lugar. De- pois da entrada dos Aíouros cmHelpanha,&:deftruição da cidade de Braga começarão os Bilpos de Lugo a intitularfc Metropolitanos dos Prelados titulares , & das Igrejas de PortugalA' Galliza, que cfta- uáo deftruidas pellos Mou- ros, fcm terem outro funda- mento mais qefte pcra a dig- nidade Metropolitica de que vfauáo.

i Pêra melhor expedição de feus defcnhos , pcrfuadio El- RcyDom Aííbnfoaos Biípos das cidades defuaCoroajfc ajij ta/Iem cm Cõcilio na deOuie- do, & aly decõmíj coníènti- mento,&: por votos de todos, íccócluiílea dezejada ereiçao da noua Metropoli, obrigado aos Prelados fuffraganeosaLu go darem obediência aos de Ouicdo,rcconhecendo aquel- la Igreja cm tudo como fupc- rior,domodo que reconhe- cião,& obedeciáo à de Lu^o. |

I

fÍíp.CAf,S

Ooi

Foi

436

CaptuloCVI.

Foi a vontade do Rey a regra dados Prelados: ajútaraÕíeno amio de Chrifto 8ii. exciíi- guiraó o direito Metropoliti- co, cjaeem Lugo pretendiaõ os Prelados daquella Igreja- paíTaráoiioa Ouiedo,como conlla do mefino Concilio , a que comúmente chamamos o primeiro de Oiiiedo . Acha- £ãofe/& aíTinarào nelle Ar- gimundoBifpo de Braga, An- dulfo de Ouiedo, Theodí- miro de Coimbra , Diogo de Tuy, Ouimaredo de Lugo, Gomelo de Aftotsa , Vincen- cio de Leão, Abundancio de Palcncia, loa 5 de Occa. s3-^íb r Naõobftantearefolu- ção tomada neíle prnneiro Concilio de Ouiedõ acerca da V ,., ereiçáodanoua Mctropoli ,a Igreja de Lugo perieuerou titulo que ate aly poíTuyaj ate oanno de 900. fem nunqua fcus Prelados deixarem de íe firmar nas juntas, &priuile- gios Arcebiípos ; ou foffe porque reclamarão os Decre- tos do Concilio j ou porque acharão lhe faltara a autori- dade do Sumo Pontifice ,' ne- ceííariaperaaquclla mudança^ onde osprejuizos, & danos daMetropoh extindla lhe pare I ciaõ notórios. Mas como nos

3 ''•i9*

Reis íe folie continuando fem pre , & perpetuando a vonta- de de acrecentarem Ouicdo, não ceílàraÕ ate totalmen- te a cíFeituarem. Mas diíto diremos na vida do Arce- bifpo Argimiro, por aly di- reitamente pertencer. Tinha por eftes annos a Cadeira de Saó PedrOjdepoisdeLeaõ IIL & íeu fuccíTor Eíleuao V. o PapaPaíchoal L & o Reino de Ouiedo,& GallizaElRcy AfFonfo o Cafto.

CAPITVLO C.VL

NO ST R J NO LIII.

Arcebifpo de Braga.

M TEMPO delRey Dom Alfófo o Ca- fto no anno dçChnftode 83 z coníta de inftru mentos q eftão noarchiuo defta Igre- ja celebraríe hum Concilio em Ouiedo , em q fe achou o noílo Arcebifpo Noftrano,& nelle teue o primeiro lugar de- pois de Ildcberto Legado da Se Apoftolica, q prcíidíp no Concilio.Depois deNoftrano

afliná

DuL

I:

cidw.

437

allina ^ylarcinho Bifpo de Dii- f me . Não ha outra memoria delle Prelado. Gouernaua a Jgrcja de Deos por cfte tépo, depois dePaíchoal , Eugénio^ d: V^alentino o Papa Gregório IIÍÍ.EraReycle Allurias , & GailizaDom Aftonío oCafto.

lib 3.r.3

CAPITVLO c.vir.

DF L C I D l o LIIII.

Arcebifpo de Braga.

Lguas peílbas d outasjôi: en- tre cilas fr, le- ronymoRo- man tempe- ra fy , que Dulcidio , ou Dul- cio Arcebifpo de Braga foi o Prelado , que íe ackou prefen- te na batalha de Oauijo, & aífinou na eícritura da doação dos votos , que íe oferecerão a SantiagOjOs quaes ainda ho- ie duraõ em Hefpanha . Traz cfta eícritura Mauro Fer- rer na hiítoria de Santiago , & he fua data no primeiro de lunhodaeradeSyi. queheo auno de Chriílo 834. Aílina- raõ em primeiro lugar ElRey

Ramiro, & íua molher a Rai- nha Vrraca/Sc leu Hiho ElRey Ordonho,& ícu irmão ElRcy Garcia. Logo depois dos Reis, aílína,& confirma o nolío Ar ccbifpo de Brag3,dizendo Eu Dulcio Arcebifpo Cantabrié- le, quemeachei prcíentc c6- firmo : aílinaraõ mais os Bif- pos Suario de Ouiedo, Oueco de Aítorga,Salamaõ das Aílu- riasj Rodrigo de Lugo , Pedro deIria,com outros fildaigos, & títulos da caía PvCal. i Todaa duuida confifte

em o noílo Arcebiípo aílinar com titulo de Arcebiípo Can- tabrienfe, & não Bracharenfe, como aílmarão todos os Ar- cebiípos de Braga nos Concí- lios , & ados em que fe acha- uão. Mas toda ella ceíla com dizer que anda errada a fo- fcripfió, & onde ouuera de dizer Bracharenfis , fc tresla- dou por ignorância Canta— britjis. Arezão he porque em Hefpanha, onde a vitoria íu- cedeo, èc a efcrituraíefeznãõ auia Arcebifpo algum que íe chamaííe Cantabrieníe , & auia o Bracharenfe, que con- forma muito com o nome Cantabricnfe , em que ouue a equiuocação . Prouaíc mais porque todos os Bipfos que

O03

acom-

43 8

Capitulo C. VIL

acompanharão a ElRey Rami- ro na jornada, & aHinaraõ na elcritiira eraõ prelados de Gal- liza : & naquelle tempo co- ftumauaõ todos osBiípos do Reino acompanhar íeus Reis nas jornadas quefazião. Eaf- fy naõ auia de faltar entre elles o Arcebifpo de Braga, mayor- mente íendo a jornada taõ pia, & de tanto feruiço de Deos. Ecõfirmafe illo» porque não auia ncnhú Arcebifpo de Can- tábria etn Hcfpanha , que pu- de íTeacópanhar a ElRey, & fe o auia em França, & tomou titulo de toda a Prouincia, co- mo quer Dom Mauro Fcrrer, deixando as difKculdades que tem eíla report:a,não tinha pe- raquc vir de França ajudar a El Rey Dom Ramiro, nem nòsparaqueo admitir entre os mais Bilpos deGalliza,pois as hiftorias daquelle tempo nenhúa menção fazem dcfta vinda.

3 E coníla claramente q

a efcritura que traz Dom Mau ro Ferrer elH viciada na cra_, & nas firmas dos Prelados: na era porque fua data foi dez an- nos adiáte daquelle em que fe lança,afabcrnaerade88i. & não na de 871, cm q apoê Mauro Ferrer: nas firmas por-

que o BiípoOuecoque leal- íina Jsíuricenfe le cuucra de aííinar Aurienfe pois foi Bifpo de Orcnfe_, &:náode Altor- ga, como íeconuence clara- mente da mcfma cícritura on- de allinou Salomon Bifpo de Aflcrga,&.' não podião alfinar dous Bilpos da mcfma Igreja no mcímo tempo. A cíle Bil- po Oi:eco pcem no Cata- logo dos Prelados da Igreja de Orcníe emendando o er- ro da cícritura que lhe chama Jjftiricenje , o Doutor Frãcif- co dcCarrcira doCapo conigo, maeifiralda de Orcníe em hum Catalogo M. S. dos Bif- pos daquella Igreja, que nos cõmunicoUjfendo viuo ^ondc proua q na era de 88z. que he anno de Chriito 844 . fucedeo a batalha deClauijo^&quepor aquelle tempo era Oucco Bif- po daquella Igreja , porque na era de 886. que he an- no de Chrifto 848, confir- mou hum priuilegio que o mefmo Rey Dom Ramiro o I. deuâ Igreja deCaflro,que elle vio, & Ico, Sc affirma que he o mais notauel, & curiofo de Hcfpanha: & em húa pedra da Igreja de Caftroeftàeícri- to em letras claras o tempo em que foi fagrada, & o Prelado

lue

Suicídio

439

vo

thea/r.

Bifpo! ^e

■^ftorg.x.

cap. 1 1 .

que fez a fagraçao, & confta q foio BifpoOuecooque a la- grou no aiino de848. Diz afsy. tpifcopHs Obeccus conf. no q naõ aduretío o ClironiftaGil Gonçaluezde Anila pondoa Oueco encre os Biípos de A- ftorga , enganado com a efcri- cura referida, íendo na verdade BifpodeOrenfe. 4 Donde te eira claro argu- niéco,queaísyc3nn n-:i\ã fir- ma do Bifpo de 0:éle Ousco, ôc na datãyôc era eilà viciada a eícritura,aísy oetUtaiibern na firmado Arcebiípo DjIcí- dio,aquem chama Canta- hrienfís ^ deuendo cíiamarlhe Bracharenjis. E de crer lie que auendo Arcebifpo em Braga, comoaaia,elleíolleo qaeaeó- panliou aElRcy , & confir- mou a eícritura, & nio o de Cantábria eftrangeiro porfan giie, defconhecido no titulo, & pella incerteza do lugar on- de era Arcebifpo, Prelado de nenliuadiocefe. Pella que te- mos por miy prouauel que o Arcebifpo deBraga foi o que (cachou naquella batalha, &c que a firma Cantabrienfe eftà viciada , por culpa de que não foube ler,ou copiar o priuile- ^io em fua origem, afíío;uran- dofelheapalaura Bracharenfe,

CMtabrienfe.

/ Deu motiuoefte erro,

à íè por duuida na eícritura re- ferida, arguindoa alguns auto- res de falíà , por allinar nella Dulcidio Arcebifpo de Cantá- bria Metropoli nunca nomea- de entre as de Helpanha , em todas quãtas diuifoés de Igre- jas le fizeraõ nella, em tempo dos Romaiios,Sueuos, & Go- dosj&: aindaque Dom Mauro Fcrrer íàtisfaz com boas re- zoes aos fundamentos cm có* trario. Com tudo não foltaâ duuida.A melhor foluçãõ dei lahe, que Dulcidio foi A rce- bifpo^BracIíarenfe, & não Cá- tabrienfeji^ que no copiar, òi lerda efcritura elleue o erro, como parece coufa certa. 6 Outra duuida fe moue também contra ell:a efcritura, em quáto fe nomea nella Dul- cidio com titulo de Arcebif- po , não fe vfando naquelle tempo, fenão o de Metropo- litano. Mas pêra nolfo inten- to importa pouco , viflo co- mo fò pretendemos prouarâ aíHílencia do Arcebifpo de Brasa, &c não de Cantábria, com ElRey Dom Ramiro no tempo da batalha. Com tudo o Homede Arcebifpo , c5 q fe firmauãoos Metropolitanos^

O04 he

19.

440

QapttuloC.VlII.

/r^'77

d.

fap.j^

he muito mais antiguo em Itália, Ôí: HefpanhajCjue ap- prdente cícricura, comodif- íemos na vida do Arccbirpo Benigno ^ di fe proua de efcri- turas antiguas do mefmo ce- po, fobre que difcurfa larga, & doutamente Dom Mauro Ferrer. Quando Dulcidio re- gia efta Igreja de Braga,gouer- naua aCatholica Romana o Papa Gregório IIII& era Rcy deAfturias, &c Galliza Dom Ramiro o primeiro.

CAPITVLO C.VIII.

G L A D I L A LV.

Arcebifpo de Braga.

M H V M Concilio q fe celebrou em têpo delRey Dom Rami- ro I. foi eleito Arcebifpo de- fta Igreja de BragaGladila Ab- bade de hum molreiro do Pa- triarcha íaõ Bento chamado faõ Paulo de Trubias , junto de Muros em Afturias. To- mou efte Religioío varão o

habito de mõgc naquclle mo- 1 fteiro , a quem fez doação de toda íua fazenda, &i nellevi- veo em companhia dos Reli- giofos,fazcndo vidamuy fan- ta. Foi eleito Abbade, & da hy o tirarão pêra a dignidade Ar- cebiípal de Braga, os Padres de hum Concilio ,que parece fe ajuntou em tempo dclRey Dom Ramiro. Sendo ja Arce- bifpo no anno dcChriftode 86^. confirma todas as doa- ções que de fua fazenda tinha feito ao feu moftciro de Tru- bias, aílinaõ na cferitura os Bifpos Gomelo, Rodiíindo, Scruato, Fronimino,Feliniro, Paterno Abbade. He a data na era deCcfar 901. que he anno de Chrifto 863 . guardafe no ar chiuo da Sc de Ouiedo , a que efte mofteiro de Trubias com outros muitos eftà vnido.Cõ- fíao que temos dito do te- ftimunho do mefmo Arcebif- po Gladila, o qual falando os feus Relidofos Ihedilíeno latim bárbaro daquelles tem- pos aspalauras feguintes.-Pr^c- teritis temporibusfub príncipe Alfonfo eleãione Fratrum,pa- ãum reziiU accefsi roboratu- rus fvna cum Ccçteris presby- ter is ^ Iffratribus , qui me ibi- dem fibi ehgerunt abbatem in-

com-

S.. Comba ^^ S.Leonardo

441.

to.l cet. ) " ■4. Atm.

\Lhnfit

86j.

commutahiliter ibidem cúom- nia mea , ^ fuhfequente domi- nijsimoprincipe, me indignam ad hoc , loco "v estro abflramm^ perjanãum Concilium ad Pon- tijicalemperiienire gradum^de- gensfuper Bracharenfem fe- dem.QucTcm dizer o que jatc mos referido. Trás o padre frei António de Icpes eftas pa- lauras naChronica da Ordem de Saõ Benco,fcm nos dar ou- relaçáo dos annos , ou

tra

lugar cm que fe celebrou a- quelle Concilio, donde íahio Gladila Arcebiípo de Braga, nem do tempo que viueo . Gouernaua por cites annos a Igreja de Dcos,depois de Gre- gório IIII. Sérgio 1 1. Leão II II. & Benedito III. o Papa Niculao primeiro: era Rey de Leão & Afturias Dom AfFonfo o Mag-

no.

^!n-?;-

CAPITVLO CJX.

A N TA C O MBA

Virgem , Is^ SaÔ Leonardo feu irmao.

EV aComar- ca de Tralof- montes dous irmãos fan- tos ,qahon- raraõ no tempo que os Mou- ros tinhão ocupada toda a- quella Comarca nadeíVriijçáo geral dcHeípanha. Foraó eíles aVirgemS, Comba, d:feu ir- mão S. Leonardo. Naceo efta fanta minina em hum lugar q chamão Lamas de Orelhão na Comarca de Tralofmontes deftc Arcebifpado de Bragaj era filha de hum laurador po- brCjguardaua o gado de íeu pay,& muito mais fua pure- za, & virgindade, que tinha ofFerecido a Chriífo efpofo feu. Dotoua a natureza de fer- mofura rara,cõ q íc fazia amar, & cobiçar de todos, porque leuaua aposfy os olhos,& co- rações dos que a vião.. .Tinha naquelle tempo

o gouerno

. V OA;'j <-*

4|2

r -iSíil^C Capitulo C.IX,

de toda a Comarca húMouro poderofo que com titulo de Rcy a fenhoreaua ; chegoulhe informação da fermoíura da Virgem Sanca Comba, & de modo íclhe aíTeiçoou^que tra- tou logo de a conquiftar , ou por brandura,ou por força,& violência. Vfou de promeflas, ôc rogos, mas foi em vão por- que a Tanta o defenganou que tinha oíferecido fua pureza a outro efpofo, & Rey mayor, qual era o do Ceo,com quem naó tiiihão comparação os mayores Monarchas da ter- ra. *''^ c z Indignou fe o Mouro co arepoíh, & por muitas dili- gencias, que fez pêra a ver, ôc, íe encontrar com ella -, a fanta fcefcondia femprc de manei- ra, que nunca pode alcançala de vifta. Ardia em raiua o Mouro, & não via remédio a fua paixão. Sucedeo hum dia que faindo à caça a hum mon- te andaua a innocente paíto- rinha defcuidada guardando o

Igado com fcu irmão Leonar- do no mais alto da ferra. Vioa o MurG,V^ corrêdo com mui- ta pr^íTa pêra tomar vingan- ça do deíprezo cõqueotra- taua, valendofeaíànta mini- nadoCeo, que com grande

feruordeelpirito chamou em ícu fauor , milagrofamente íe fez inuiííuel metcndofe por dentro de hiía penedia, qucfe abrio , & a recolheo em íy. 3 Ficou fruftrado o Ivlou- ro fem mais ver aquella a que cuidaua tinha debaixo da lan- ça pcra lhe tirar com cila a vi- da j<Sc milagrofamente ficou o golpe imprcíTo na meíma pedra ondea íãnta fe recolheo. Porem não podendo vingar- fc da Virgem fanta Cõba exe- cutou a ira no innocéte pafto rinhoLco nardo irmão da fan- ta,a quem à força de feridas c5 a lança, que nas mãos leuaua tirou a vida. Ficou efte mila- greimpreíío naquella penedia, ôi. muito mais na memoria dos moradores dolugar.Ncllc cftà híía ermida da inuocação de íanta Comba, & no mon- te onde fucedco o milagre na- ceo logo hija fonte em teíti- munho, &: prouadcUe, cujas agoasfaõ taõ faudaueis , que fe chama comijmente a fonte fanta.Concorrealy muita gê- te em romaria de toda a Co- marca pedindo fauor à fanta em fuás neceílidades. Antó- nio Ferreira cantou eftc mila- gre eleganteméte em oitauari- ma,&cóclue ofuceílb dizédo. |

Senhores

S. Comba , Ç^' S.Leonardo

443

Senhor ef conto o que meus olhos ^irao Vi osfinaes da pedra milagroja. Bebi afama agoajjf outros, que ofentirao Agoafanta lhe chamnojs' preciofa^ ifio os '-U1U0S aospaysyilf aucs ouuirãO Hi floria diuina he^naofabulofa^ Os templos, i^ os altares duO boaprouay E com milagres mil o Ceo o aproua.

Aly '-vem mil cruzes, aly ijem mil -votos Cbuua ora leuao,ora o Ceofereno, Nao efpanta a alta ferra aosfeus deuotos, Nemcanfa ao ■velho^nem ao mo^o pequeno: Dos ije^inhos lugares, ip" remotos Vem os pafiores pedir agoa^ tf feno Aly offerecer "Vem brancas pombas Os mocos Lionardos, mocas Ccmbas,

Efcreuem deftes Tantos o Pa- dre Vafconcellos na defcripção de Portugal , & o Padre frei Luís dos Anjos. O tempo, & dcícuido dos paílados nos 'p^.iji. emcobriraõ o anno em que íucedeo eíl:a marauilha Da- moslhe o prefente lugar em quáto lhe não achamos outro mais pró- prio.

I

CAPITVLO C.X.

A R G I MIRO LVI.

Arcebifpo de Braga.

Choufe efte Prelado em Compofteía na fagração da Igreja do Apoftolo Santiago^ a qual ti- nha mãdado edificar de obra

íuntuola

444-

Capitulo C.X»

I /> f. 12

funtuoía ElRey Dom Affonfo o Magno. Fezfe ci\c aClo a íín còdias do mesdeMayo do an- node 8o9. (poftoqiie alguns variaõ cfta conta) com a ma- yor pompa,& folenidade que acè aqucllc dia fe fizera outro em Hcfpanhaj porque pêra el- le veo a Compoftela ElRey Dom Affoníocom a Rainha dona Ximena , com os Infan- tes feus filhos, 17. Prelados, & quaíl todos os fenhores Hefpanhoes. Confta iftodc híía efcritura pubhca^ quelan- çamos no Catalogo dos Bif- pos do Porto aílas cfcura , de cuja declaração ahy tratamos. OsBifpos que fe acharão ála- gração foraó loão de Auca, Vicente de Leaõ, Gomelo de Aftorga_,Hcrmigildo deOuie- do, Dulcio de Salamanca , Naufto de Coimbra,Argimi- ro de Lamego, Theodomíro de VifcUjGumeado do Porto, lacobo de Coria . Argimiro

T 1

de Braga, Diogo deTuy,Egi- lade Orcnfe , Sifnando de Iria Recaredo de Lugo , Theode- ílndo de Britonia, Elcca de C,aragoça.Naõha ordem al- gua nas firmas, nem refpeiro a dignidade mayor, ou Metro- politana , cada hum dos Pre- lados aíTinou como Ihepare-

ceo.O pouco 5 ou nada que polTuyaõ defterrados de íuas Igrejas ficandclhcíòos títu- los delias era caula de não li- tigarem muito íobre lugares, &c le contentarem com os que lhe ofierecia a forte, íem re- correr a outros refpeitosde mayor conlidcração. 1 Sagrada a Igreja de Cõ- poftela, os mcím os Prelados, queaífilliraõaoaiílo dalagra- ção ajuntarão Concilio on- ze meies depois na cidade de Ouiedoperaleuantar aquella Igreja a Metropolina con- forme a ordem , que auia do Sumo Pontífice, &c fe fupri- mir a dignidade Metropolita- na de Lugo crcada auia m u itos annos quando florecia o Rei- no dos Sueuos , extinóla de- pois no tempo que os Godos íenhorearaõ toda Hefpanha, & refu citada na entrada dos I Mouros, com aruinadeBra- ga , & fuás fuíFraganeas , co- mo em íeu lugar deixamos re- ferido . A carta que o Papa loão IX.efcreuco a ElRey Do AfFonfo fobre a mcfma ma- téria da translação da dignida- de Metropolitana da Igreja de Lugo pêra a de Ouiedo trás Mariana traduzida cm Portuguez, & he a q íe feguc.

loão

Argemiro.

445

IluíÓ Bifpo feruo dos feiuos de Deos à Ajfhri[oR.ey Chrisiianif- jimo 5 íp' aos a^eneraueis Bif- pos , iff Jbhades , tf mais ChrisiaÓs. Pois que no cuida- do de toda a Chrijlandade a prouidencia Ditiina nos fea;^ jucej^or de Sh Pedro Príncipe dos JpoJIolos j pella admoefia- áo deNoJsoScnhor lESF Chri jh fomos apertados ^c6 a qual certa --vo^ de priuilegio amoe- JIgu a S.Pedro dizendo 'Z>osfots Pedro,tffohre efia pedra edi- ficarei minhaJgrejaJJ' -vos da- rei M cbaues do Reino do Ceo^ ijfc. Ao mefino outra ye^ dijfe, chegando a hora defua gloriofa paixdc, eu roguei por ti,porque mio falte tuafè^ÍP^tu conuer ti- do algúa "veT^^ confirma a teus irmlios. Porem pois afiama de ■-uofiafantidade por <uia defres irmãos Jjlpier ao Vifitar a Igre- ja dos Apofiolos^Seuero^tf P>e- ^iderio Sacerdotes , nos he ma- nifejta com marauilhofo cheiro de bondade: com amoeflaçaofira ternal njos exhorto que coma graça de Deos por guia perfe- uereis em hoM obras ^peraque a abundante b ene ao de Sao Pe- dro nojjo protethr , tf a no/ia yos empare: tf tod^ as <ue\es filhos charifs imos que algum de yos qui^^er y>ir , ou mandar ter

nofco,co toda a alegria de co- ração, if gcUo efl)iritual,das-vl timtts partes deGallici;a^da qual Deosyosfe2^gouernadorcs/omo legítimos filhos nofos yos recebe remos E d Igreja de Ouiedo, q conjofio cójentimítOy tf a "vof- fa infianciafi-xiemos Metropoli- tana ^mandamos ^tf cocedemos, q deis todos a fogeicao deuida. Afsimefmo madamos q tude o q osReisyOU outros qiiaef quer fieis jufilamzte haÓ offerecido,oii offe- recert daqui em diante à dita Igrejafeja yàlido^tffirmepera todosepre. Exhorto outro fv a todos q ajaes por encomendados aos portadores deflcts noj^as le- tras. Deos ^jos guarde. 3 DosBirpos^afliiliraõàfa gração da Igreja de Cõpoftel- la^iSsi feajúnrão nefteCõcilio, parte craõ das cidades queeíla- uáoem poder dclRey, parte das q ocupauão osMouros,(S«: tinhão o titulo, & nome de BirpoSjtal era o coftume daql- le tépo^em o qual de húas cida- des,&: outras auia Biípos cuja fuceííaõ nãofalcaua^pofto qas cidades eftiueíle dcfl:ruidas,ou ocupadaspellosMouroscomo acraz tocamos. Eftes Prelados fe ajuntarão na cidade de O- uiedo por ordem delRey, I onde cm comprimento da

pp

con

446

Capitulo C.X»

up.e,iz

j conceflàô Apoíloixa aílenta- laõ que o Bilpo de Ouieúo foflbArcebiípo , ôd nomearão pêra aquella dignidade por vo CO de todos a £f nunigildo Bií- po damelnia igreja. Feita elU crec^aõ, & nomeação, pare- ceo que conuinha, que os Bií- pos, que não tinháo Biípados ajudallem ao deOuiedo, & fe repartiíle o trabalho entre todos , ôc cUe de fua renda os fuftcntaíle , & que afsy a ertes como aos mais Biípos aiíi naí- íe Igrejas na cidade , ôc Biípa- do de Ouiedo _, com cuja ren- da fe fuiUntaficm ^ quando íè celebraílem Concilios , & ti- ueílem onde íe recolher nas entradas, que de ordinário fa- ziaÕ os Mouros nas cidades de que eraõ Bifpos . Em compri- méto dcfteDecretoaíIinaraõ a dczafcii Bifpos q fe acharão no Cócilio doze Igrejas. Coube neíla repartição ao noíTo Ar- ccbií pode Braga Argemiro,& aos Bilpos deDume^á^ de Tuy a Igreja deSãca Maria dcLugo, fundada mca legoa de Ouiedo, por ter rendas capazcspera fu- iknrar tresPrelados.Aos mais fcaííinaraõ outras Igrejas, co- mo diííemos noCaraiogo dos Bifpos do Porto. Também fe aílinaraõ ca^a- pcra moraréos

I

Prelados , quando le aj uncaliê j cm Ouiedo peia celebrar Cõ- cilios. Deita repartição proce- deochamaríeOuiedo naquel- le tempo cidade dos Bilpos porque a ellaacodião os Pre- lados a quem os Mouros lan- çauáode íuas Igrejas, & em Ouiedoachauão iocorro, ôc íuítétação.Acrecentou ElRey Dom Afionío cila noua Me- tropolijis: a engrandeceo com rendas,òi: pnuiiegios. 4 Entre eites Prelados q

airiftiraõ nafagração da jgrcja de Santiago nao põem Mora- Icsaonolio Argemíro Arcebif po de Braga,n orneando todos os q aíliltiraõ nella, tambê na iua opinião afliitío nefte Concilio deOuiedo cclcbrad o onzemefesdepoii dafagração, porque os meímos Prelados que le acharão nella,foraó os q íe ajuntarão em Ouiedo pêra celebraréo Concilio referido no anno de 901. como diz o mefmo Morales. Cõcudo a ver dade he,q em hú,& outro a6to fe achou prcfente,comoafíir- mãoIuliano,Mariana,&fr.Ber nardo de Brito,&: cõfta do in- Itrumento da lagração,q laça- mos no Caralogo,& de pti uilegio delRey Dom Aílonlo concedido no mefmo tempo.

f Aca-

^5-

Mtan. in

chro.fag.

^^urian . It.J.e 18 monarch

CAf,l6.

Cttt/tl d. eap, 1 i.

^Tloeodoniiro

4^7

j- Acabou íe o Concilio

noannode nouccencos & hú, & com elle íe acabarão tam- bém as memoi-ias, que hacjc ArgemírOj o qual não tinha mais que o titulo de Aiccbií- po Primaz de Braga , por porque a cidade eílaua deftrui- da , íem templo , de Icm edi- fícios^tudo os Mouros deíba- ratarão _, S: puzerão por ter- ra com fuás entradas . A íu- ceílaõdos Summos Pontífi- ces depois de Nicolao I. foi continuando em Adriano II. loão VIII. Marino , Adria- no III. Elteuáo VI. Formo- [oy Bonifácio VI. Elleuaõ VII & loão IX. queporeiles an- nos era Paftor vniuerfal de toda Igreja conforme a con- ta de Bellarmino. EraRey de Lcaó , ôc Galliza Dom Affonío o Magno.

CAPITVLO CXI.

T H E O D O M I R O LFII. Arctbifpo de Braga.

ESTE Pre- lado faz mê- ção luliano, dizendo que aiíiífioemhú Concilio quaíi nacional, que fe celebrou em Toledo no an- no iioueccntos & dez do Na cimento de Chrifto fendo Pre lado daquella Igreja Blafio, ou Bafileo. Acharáofe nelíe os Bilpos Egas de Valença, André de Merida, Tlicodo- miro de Braga , Adclfío de Euora,& outros trinta em nu- meroifizeraõ cânones em que tratarão da reformação do cle- ro, &: da mudança da reza. Naõ achamos de Blallo Ar- cebifpo de Toledo^ nem do Concilio referido outra noti- cia mais qa de luliano , o qual chamalántoa cfte Prelado, «í^ diz q morreo no annodc 9z6 <k que lhe fucedeo Viíírano Arcediago da mefma Igreja

Ppz de

in chroH.

448

Capitulo C.XIL

chro.fag. li 12.

deToledo. Náo o achamos po rem no Catalogo dos Arce- bilpos dclIajUem ha outra me- moria íua.Gouernauaa Igreja dcDeos por eftesannos (de- pois de loaõ IX, Benedi(5to IIII. LeaóV Chrill:oLiaõ,Ser- gioIIIJAnartalio III. do no- me ^ conforme a Bellarmino: EraRey deLeaõDom Garcia filho dei Rey Dom Affonío o Magno.

CAPITVLO C.XII.

S I L V AN ATO LFIII

Arcebifpo de Braga.

A MB EM nos me- moria deíle fantoPrclado luliano dizé- do que pellos annos deChri- fto 930. florecião com fama dcdoutiíTimos, & fantiffimos Prelados Siluanato Bifpo de Bra^a,& Florefmdo de Orcn- fe , aos quais Bafílco Bifpo de Toledo fendo viu o cfcreueo. Não diz mais Juliano / Suce- derão na Cadeira de Saõ Pe-

dro a Anaítafio III. Laudo, loão X, Leão VI. Efteuáo VIII. & loaóXI.queporefte tempo tinha o Sumo Ponti- ficado, conforme a Bellarmi- no : era Rey de Lcaõ , & Gal- liza Dom Sancho I. do no- me filho delRey Dom Ra- miro. II.

CAPITVLO C.XIIL

H E R O S LIX.

Arcebifpo de Braga.

Chafe me- moria deftc Prelado cm hija doação, q fez íaõ Ro- fendo ao leu moiíeiro de Cel- lanoua em Galliza a i6.dc Se- tembro do anno de Chrifto 5)41. era de CeíarpSo. no de- cimo anno doReinado de Ramiro em Ouiedo. Entre os Prelados quenellaaflinaraõ fe acha Heros, o qual firmou. Ego Herus Bracharenfis Epif- copiis Metropolitanus. Eu Hc- ro Bifpo Metropolitano ác Braga : os mais Bifpos , que fe

acharão

lie

eros.

'449

foi. 153.

fol.óo.cii

acharão prcícnres,como os te | fere léronymo Roman de la Higuera cm húa carta que cícreueo ao Lecenciado Gaí- par Aluarcz Louzada^qiic an- da no primeiro tomo das cou- fas memoraueis deíh Igreja, íàó OuccoBifpode Ouiedo, Dulcidio de Salamanca , Her- minigildo Bifpo Legado da Apoftolica, Òueco Bifpo de Leáo ^ Ssiamaõ de Aftorga, Diogo de Oreníe , Vimara de Tiiy , Gonçalo de Coimbra. Sandoiialnas íuas antiguida- des de Tuy refere eftcs Pre- lados por outra ordem, de al- gús com diuerfos nomes , di- zendo que em primeiro lugar aflinou Hermcigio Bifpo de Tuy, chamandofe Bifpo , & confeflorpcUos trabalhos que padeceo eftando catiuo em Cordoua \ & que Vimara ta- bem Bifpo de Tuy, que naef- critura aílínou fora fuceííor de Hcrmoigio por renuncia- ção, quefez nelle. Tudo po- dia paílar aíTi, & achar Sando- ual outra efcritura mais corrc- Oi3. , donde tirafle aquella me- moria do Biípo Hermoigio, de que não confta conforme as firmas, que referimos de Icronymo Roman de la Hi- guera: o qual aflirma que ou-

ue cíU cfcricura da mão do Bifpo de Plazcr.cia De ni Pe- dro G;l de Azeuedo com ou- tras mais, que mandara co- piar do moíteiro de Ceilano- ua, fendo Bifpo de Orenfe. Também fazmccãodonoíío Heros Arccbifpo de Braga Dom Mauro Fcrrer dizendo que alíinou na doação , q fez Saõ Rofendo ao moíleiro de Cellanoua.

z Tem.os outra memoria dc- ItcSátoPrcIado cmLuirprãdo, o qual Ihcchama varão fantif- íímo.Concorreocom clleno mefmo tépo , òc foraõ ambos amigos particulares. Viíirouo vindo a Braga em romaria a Santiago deGalliza,& lhe mã- dou parte da fuaChronicaof- fereccndolha com a carta fe- guinte. A ocaíiáo que ouue pa ralha mandar íe colhe da mcf- ma carta , &dizaísy,

Sanãifsimo Patri,àfEm!m- tifs imo Pap^ Heronio meritif- mo Bracharenji Archiepijcopo Ltútprandus Tcletumis Sub- diaconus di latim officium tlli debhtim^lsffalutem , tf/elici- tatem 'eterna precatar. Effia- ghafli à meferuulo tuofreqmtí pene coniiicio fanai fsimeP ater ^ ^ Eminentifsime Papa , qiiod pro tua in rnepr^esiantia iuflius

•3.M?i

Pp3

imperare

450

(Capitulo CXI II.

imperare potuijjes , "Vtpro tua

in me meritifsima obferuantia

adnutum egoparere debui(?em.

Cum inuifi Sanai lacohi Zebe-

dxiJilif^Doãoris,ifJpoíloli no

firifacra ex "voto limina , -r^í

plera^ LuJitanU GallecUcj^

celebriora loca , ^ in primis

fanãifsimi Doáioris^Martyris,

tf Apojloli Petri primi eiuf-

dzm Jpojloli difcipuli^ primií^

Hifpaniarum Álartyris icdem

facram , ac admirabiles re~

liquias ; à te tuif^ minúiris

BracharccAuguflíe teão perhu-

maniter exceptus fum : tunc cu

fermonem /acerem opufculorum

meorum^lsf inte r illa Continua-

tionis Chronici mei duãi adan-

num ^60. ad Chronicon M.Ma-

ximi Benediãini monachifa-

pientifsimi poet^^ ijf Epifcopi

C sfarauguflam^l^f FlauijDex-

tri j tunc inieóla eU tibi cupido

ijidendi lituras meãs, quiaui-

derasDextrum,isf M. Maxi-

mum, tf íiudifs fanSiaru fcri-

pturarú , tf legendarú nostra-

rum rerum hifiorijs folabaris

labores prolix<e, tf infuauis ca-

ptiuitatis inter Mauros, promiji

fiatim mijjurumpartum meum

n^el potius abortiuum fetum,

malui^ qualemcum^ tibi casH-

gandum, quam nuUum mittere,

Jatius ducensparere comiter im

peranti , quam relii£lari comi- j ter efflagitanti- anplaciturum \ Jít hoc meum obfequioluprorfus ignoro. Sifuerit ingratum^tu •■videris, qui iufsifti;finplaceat c et eros annos, quos addideram tibimittam. Vale fanciifsime Pater Jjfjanãum tuú licetpau perculumfenatiim Fidelium^tf minifiros in primis, Clerumf^fa luta, qui •'verfantur inter lupos "vtoues manfuet^, ac bárbaro - rum carnificiníe injingulas ho- ras fubiacent, ferentes cotinuas iniurias , malediãa^ a Sarra- cenis quorum gladius eorú im- pendet ceruibus . S. fenex loan- nes feruus Dei Toletanus an- tifles mui t um te falutareiíibet.^ ac iniunxit mihi de te feire an eius EpiTiola Cyclica in tuas ma nus ^enerit. Iterum , tf tertio 'vale Taleti 4. Idus Oftobris. Ara 981. Em Porcuguez quer dizer.

Jo [antifsimo Padre, tf eminentifsimo Papa Heronio meritifsimo Arcebifpo de Bra- ga^ Luitprando fubdiacono de Toledo rogafaude , tf felici- dade eterna , tf difculpa fal- tar emfua obrigação. Pediftef- meSdntifsimo Pay , tf eminen- tifsimo Papa, a myferuo "Pofo, quafi enuergonhãdome c6 rogos cótinuos,aquillo que maisjufia-

mente

"lie

eroes.

451

mente me pudéreis mandar pel- ' la fiiperior idade que tendes em mim; tf eu pellafogeiçao^q -vos deuo ^obrigação tinha de obede- cer a qualquer aceno iJoJ^o.Qua do fui em romaria àfagrada Igreja de Santiago filho do Ze- bedeu , Doutor ^Í5f Apoflolo nofo, tf aos lufares mais celebres de Portugal ^ÍP' Gali^ , tf prin- cipalmente ao f agrado tcplo, tf admiraueis relíquias do fantif- JimoDoutor martyr^ tf Apoflo- lo Pedro primeiro dicipulo do mefmo Apoflolo , tf primeiro martyr de Hefpanha , em Bra- ga Augufla foi hofpedado em yojja cafa com muita humanida depor n:;os, tf por DoJSos mini- jlros. Então y> indo a falar em meus efcritos , tf entre elles na CÓtinuacão daminhaChronica. que faço ate o anno de 9^0. pro- feguiado a de Marco Máximo monge defaÓ Bento poeta muy fabio , tf Bifpo de C^aragoça^ tf afsy a de Flauio Dextro^logo entr afies em defejos de yer meus borrões por quanto auies njiHo a Dextro , tf Marco Máximo^ tf aliuiaues com a lição dasfa- gradíU efcritunts , tf hifiorias os trabalhos do largo , tf peno - fo catiueiro , que entre os Mou-

Iros padeceis, Prometiuos logo mandar eíie meuparto , ou per a

melhor di^er ahortiuo , tf an- tes quis mhdallo ajsy como Ipay pêra o emendares , que deixallo ficar-, aí/endoque era mai^s acer- tado OL>edécer a "pojlo preceito, que refifiir a rcgos tão comedi- dos. Nãofei de herdade fie ijos contentara eflepequenoferuico. Senão conte tara culpa he "pofia, que me obrigafies Je parecer bt mandarucsei os mais annos q ^ou acrecentando. Guardeuos Deos fiãtifisimo Pay^ tf M yofi- fojantoí ainda que pobre) fiena- do dos fieis. Saudai primeramt- teaos ministros jtf ao clero qan daÓ entre os lobos comoouelhas manfias^tf tcdas as horas efiao fiogeitas a crueldade dos bárba- ros,fiofirendo continUíís iniurias^ tf mcvs pai atirai dos Mouros, cuja efipada efilá fobre feus pef- cocos. Ofanto iJtlho loãofieruo de Deos Bifipo de Toledo ijos manda muito fiaudar, tf ^^ ordenou qfoubefie de Iposfie Ipos fora dada húa carta fiuafiobre 0 Cyclo, Húa^ tf muitM njez^s tenhaes faude , Toledo ii. de Outubro 5 era 9S1.

Defta carta fe colhe a fan- cidade do Bifpo Hcros, os tra- balhos , &c afrontas que pade- cia no catiueiro dos Mouros, a amizade particular com que corria com Luitprádo, o qual

Pp4

lhe

452

CapiudoCXUL

|P'12«9

I

f

lhe ol-íercceo,&: iraiidou par te da íaa Chronica , que con- tinuou a Marco Máximo, & a outra parte dedicou a Tra- ólcmundoBifpo Elibcritano, como coníia de íuas obras , q agora deu aliiz o doutiííimo [wíFí'^??»! Dom Thomas Tamayo de " Vargas. Com eíla memoria íe acabáo as q temos dcíl:e Prela- do, cujas obras, & annos de vida nos efcondeo aopreflàõ em quccllcj òi. os mais Chri- íHos viuião debaixo do jugo dos Mouros. Tinha por eíles annos o gouerno da Igreja de Deos depois de loão XI. Leaõ VII.5íEikuão IX.o PapaMar rino lí.cõforme a conta de Bel larmino.E era Rey de Ouiedo, & Afturias Dom Ramiro III.

CAPITVLO CXIIII.

G O N C^ A L O IX.

Arccbifpo d& Braga.

1 fe

Aõtinhamos noticiado Ar cebiípo Gon- çalo^ & agora nos deu delle lu?. Luitprando dizendo que depois de viíitar ao fato velho

Heros Arccbilpo de Braga vi- ra também emEminio (hej Ci- to a Águeda no Biípado de Coimbra )ao ícinto varaõGon- çalo,oqual ouuira que íu- cedera a Heros dahy a alguns annos na dignidade Primacial de Braga. Saõaspalauras. Có- ueni Eminij Sanãum '^irum Gundifaluà , quem audhã pofi aíiquot annos Juccefsijfe Hero- nio. He Luitprando teftima- nha de ouuida , & não ha ou- tra que o affirme . Nefta du- uida pomos aqui a Gonça- lo entre os Arcebifpos dcíla Santa Igreja por lhe não tirar- mos o lugar que Luitprando lhe dà.

CAPITVLO CXV.

HERMIGILDO

LXI.Arcebifpode Braga.

K

A memoria deftc fato em liLi Concilio Prouincial, q naeradeiooj annode Chrifto 9Ó9.1e cele- brou no lugar deNauego a 17.

Santa Senhorinha deBasíc.

4>3

fag.^8,

CondeD, Fedro tit

domes de lunho. Ncllcaíli- i:oii onoílo Prelado Hcrme- çildode Braga,Thecmiro de Mondonhcdo^Rodeííndo de Dunie,& Cellanoua ^ Gonça- lo de Leão , Siínando de Iria, ViliultodeTui. Faz menção dcfte Concilio o Biipo Sando- líal nas antiguidades deTuy,o cjual nos deu noticia deftePre- lado: Era Sumo Pontífice por cíles annoSjdepois de Marino II. Agapito II. loaõ XII. Leaó VIII.Bencdiífto V.oPapaloaõ XIII.Rey deLeaõ,& Galliza DomBermudoII. porlobre noip.e o^otoío.

CAPITVLO C.XVI.

SANTA SE N HO.

rinha de Bajlo.

Ahio doillu- rtre troncOj &antigua ca- ía dosSoufas de Portugal a Senhorinha , pêra mor honra, & gloriados decé dentes defta nobilifsimafami- lia. Foi filha de Hufo Hufes Bclfajsl , ou Belfager Conde, & íenhor das terras de Vieira,

Vireê íanra^ennorinna , .o

Bailo, ^' outfas muitas dé- tre Douro,&:Minho neile Ar- cebiípado,& neta de Dom So- eiro Belfajal,cm quem o Con- de Dom Pedro começa a con- tar ageração dos Souíàs. Sua may íe chamou Dona Tare- ja íenhora nobiliísima, & foi irmão feu o Conde Dom Gõ- çalo Soares, peílba mAiy aíli- nalada,&: de grande valor nas armas que íeruio aos Reis de Leaó em fijas conquiftas. Era de muy pouca idade fanta Senhorinha quando morreo Dona Tareja fua may. Foi grande o fentimento do Con- de Hufo com erta perda : cre- ciamaisador quando via a fal- ta, que fazia a doutrina, & criação da may aos tenros an- nos de fua filha Senhorinha. Tratou de a offerecer , & de- dicar a Deos, & pêra iflo a deu a criar a hija dona grauifsima, não menos nobre na geração^ queiníigne na virtude, ^' fan- tidade da vida , chamada Do- na Godina Abbadefladomo- ftciro de São loao de Vieira da Ordem do Patriarcha Saõ Bento , & tia , como querem alguns, da fanta minina, ir- de íuamay Dona Tareja. 1 Não fe enganou o pay na eleição que fez de meílra

peia

45-

(^apitulo C.XV.

peraíua íiiha^, porque Godi- i íuccílOj&pedindolhecomin-

na a pos no caminho dctocías 2s virtudes ^ que podiaõ caber cm ráo tenra idade , agora en- íínandca com a paiaura^agora como exemplo da vida, in- íiruindoa de tal modo noa- mor , temor de DCOS3& no rigor da vida religiofa.que veo achegar ao mais alto , & íubi- do grão de perfeição , q íe po- dia cípcrar de táo curtos an- nos. Jeiúaua amayor parte da í o mana , trazia hum cilicio junto da carne , tomaua cada dia húa riguroía diciplina , to- das Tuas obras eraõ penitencia, fuás palauras falar no Ceo , & no eípoío de fua alma Chri- llo lESV.

3 Qnis hum fidalgo no-

biliífimo de fanguc, 6c cafa Real aparentar fe com ella por via de ca(améto,tendo noticia de fuás muitas prendas : buf— cou meos pêra lho dar a en- tender/oubeo a penitente mi- nina,& com hum defprezo fanto , lhe mandou íignificar quedeíiítilfedaquella preten- fáo, porque os intentos, que tinha, erão guiados a outras bodas ditíerentes das que elle procuraua. Vendofeo man- cebo defptezado da íanta, acc- dioao pay,dandolhe conta do

ílanciaíua filha pêra cafarcõ ella. Pr.receoaoCondequclhc vinha bem ocalamento,pcllas muitas qualidades da peíioa q o pedia. Falou com íua filiia, reprcíentandolhe quãto con- uinhaclíeituarfe o matrimo- nio pcllas circunílancias que nelle concorrião. Ouuio Se- nhorinha ao pay, & com húa refolução , 6c conftancia ma- yor que a idade lhe reípondeo quecítaua cafada com Chri- íio cfpofo de íua alma,& que por nenhum modo tomaria outro aindaque foíle o mayor monarcha da terra, pois ren- do oferecida a P.ey , & fenhor mayor fua pureza, a quem a auia dedicado, não podia fem grande facrilegio apartarfe de láoreaes bodas. 4 Moucraõ tanto ao pay efias palauras da filha pronun- ciadascomoferuor do efpiri- to,que lhe prometeo de a não mquietar mais , nem falar em outro cafamcnto. Agradcceo o Ceo ao Conde cfte feruiço, porque teue reuelaçao de hum Anjo,que o aceitara a Diuina Mageftade,ô<: o animauaa que defieohabitode Religiofa de Saõ Bento a fua filha. Obcdc- ceoo Conde à inlpiraçaodo

Ceo

Santa Senhorinha de Bailo.

45 S

CeOjfoi ao morteiro de Vicir.i, declarou a Abbadelía Godina, &: a Senhorinha a tenção que leuaiia/oi flicil de perí uadir ao quetanto delejaua, tomou o habito de Monja com grande alegria de fua tia Godina;«St: en tendendo que com o nouo habito Ihecortiaó nouas obri- gações de mayor penitencia, & mais fantidade, acrecentou asabftinencia? j &c jejuns, as mortificaçoés,&dicipIinas de forte , que íeruia não de excmploj mas de admiração a todas as freiras daquclle con- uento.

5" Eramuy dadaàhção de htiros efpirituaes , porque co- nhecendo Godina íua mefcra, o grande fruito que de íua li- ção fe tira , & como por meo delia fala a alma com Deos , a inílruyo nertcexercicio,&: la- ta ocupação : nella gaftaua muitas horas do dia,& da noi- te , paliando as vidas dos mar- tyres,deque particularmente eradeuotarconliderauaos tor- mentos , que padecerão, as pelejas quetiucraõ com os ti- rnnos^a conflancia com que fcfrcraõ os golpes que lhe ti- rarão a vidarderramaua muitas lagrimas , acompanhadas de I huasenuejas fantas, & defejos

■grandiilimos de tambtm fcr martyr de Chriílo , ík de buí- car Cf alíáo _, em que defle a vi- da por clle. E vendo que lho não prometia o eílado que ti- nha j nem auia modo peia c5- fcguireíle intéto, deu em hCia melanconiaprofundiflima, q qualí a tiraua tora de íy_,& cau- faua grande defconíolação nas Religioías, em particular na AbbadeíIaGodinaj a qual co- nhecendo a caufa da trifteza da fanta , a animou,<Sj confo- lou, dizendolhe que a vida re- ligiofa tomada no íeu rigor, era também martyrio, &c tan- to mayor que o que os marty- rcs padecião , quanto era de- mais duração , porque efte he húa penitencia continua de muitos 'àfinos, o outro hum tormento de breues dias , ou horas,que logo acaba. 6 Animada aVirgem Se-

nhorinha com os fantos con- íelhosdeíua meftra Godina, começou a tentar nouas pe- nitencias , &: abufcar dentro cm caía o martyrio que deie- jaua padecer fora delia . Tra- tauale com muita aípereza, erão as diciphnas niayores, queíebanhauaem fangue,je- juaua rodos os diasdalomana, & não comia nelles mais que

húa

456

Capitulo C.XFI.

húa vez , &: os manjares eraó paõ com (ãl^ôc cinza _, de mo- do que íua vida era hum per- petuo, ôc continuo martyrio, cm cjuc a a morte perícuc- rou.

7 Ncítc tempo chamou

Deos pêra fy a lanta Abbadcí- fa Godina.Foi por vontade de codas eleita pêra lhe fuccdcr no oíHciOj& prelazia a Virgé Senhorinha,na qual dignidade fe tratou com canto rigor,que de noLf o parecia começar a cõ- quiílar o Ceo. Deulhe o Se- nhor particular graça pêra fa- zer milagres . Trazendo hum dia trabalhadores nas herdades do moleiro faltou vinho pê- ra lhe dar,mandou vir vazo de agoa, ôc fazendo íobreelle oíinal da Cruz o cf>nucrteo em vinho marauilholo,' &: lhe aconteceo depois por muitas vezes o mcfmo milagre^ q fez o filho de Deos quando fc ma nifertou ao mundo. Outra vez crtãdoo paõ na eira ja de- bulhado efperando tempo pê- ra fe alimpar, & recolher , fo- breueo húa tempcftade tão grofla que muitas eiras fe per- derão. Vendo a fanta o íirande riícoem queeítaua o remédio do Conuento, & o dos po- bres que fuftentauajacodio ao

Ceo J& poítos os olhos nellc* feito o final da Cruz contra a tempeífade^ que vinha deÇ- carrcgando iobre a terra a di- uidio, &c apartou em torma, que chouendo por todas as partes/ò naquclle filio le vio o ar íéreno , Ôc a terra tão fe- cacomo íe nunca ouuera final de tempellade. 8 Vifitouahum diao glo- riofo Saõ Rolendo primo feu honra, & luífredafamiliados Souías, & ou foíle a lhe dar os parabéns da noua prelazia, ou a fazer vifitaçao no mofteiro^ & Religiofas delle , gaftou a fanta grande parte do dia em 1 praticas elpirituaes, & colic»- i quiosDiuinos . Pareceomal cila conueríaçãoa dous offi- ! ciaes , que concertauão entáo j os telhados da cafa , foltaraÕ i contra ella palauras de mur- muração , atribuindo a fins deshoneftos aquella pratica: não lhe tardou o caítigo mui- tas horas porque logo entrou nelles o Demónio com can- to Ímpeto , que deu com am- bos do telhado abaixo, 6c fu- bitamete os matou. As freiras aÍTligidas com taõ repentino cafo acodiraó a fanta Senhori- nha, a qu-il compadecida del- lescõ a virtude de luas orações

os

Santa Senhorinha.

457

1

os rellicuyoà vida que tinhaõ perdida. Alguns Autores a- tribuem eíle milaure a Saõ Ro fendo jOs quaes íeguimos em fua vida , quando dellc clcrc- uemos. O cerco he,que como os fancos ambos eraó os of- fendidos da murmuração, ambos concorrerão no per- dão da culpa , & cm pedir a Deos vida pêra aquelles mi- leraueis.

S> Achou a lança que não conuinha pêra Religiolas por rezão do lítio o mofteiro de Vieira , onde era Abbadeflaj quis paílaríe pcra outro , que em Barto léus parentes lhe fú- daraõ, a quem o Conde feu pay fizera iargasdoaçoés.Nãó auia pêra o caminho paõ, nem mantimento algum. Olhou a íanca pêra o Ceo pcdiolhe re- médio pofta cm oração, não cardou muito, porque ao ou- tro dia fe acharão à porta do mofteiro íacos de farinha que as P^eligiofas tiueraõ paó ; baftante para o caminho. Nel- le fuccdco húa marauilha bem notauel, que ainda hoje te- ftimunho.da virtude, 6c graça Diuina deita Santa. Chegando ellacõ luas freiras ao lugar de Carrczedo, & querendo rezar aly o officio Diuino , por fer

hora pêra illb,foi,raò grande o eílrondo^que fuás mal for- madas vozes leuãtaraõ as rans de húas lagoas , qcftauaõ per- to,quenão podendo as freiras continuar com a rezajhc mã- douaSantaq fecallallem , & não impcdillèm os louuorcs que as Religiofas dauaõ a feu Criador. Obedecerão cilas taõ pontualmente, que alem de lecallarem., nunca maisappa- receraõ naquclle lugar. IO Eftando no Choro huai noite em oração com fuasRe- ligiofas vio per reuelação Di- uina, que a alma de leii pa- rente laó Rozendo hia glo- riofa a gozar da bcmauentu- rança éterna,leuada por mãos de Anjos, que com muficas feílejauaõ lua gloria. Logo o declarou às Religiolas,as quais notando o dia , & hora fou- bcraó como no melmo tem- po morrera ofanco no íeu mo fteiro deCellanouaem Galiza. 1 1 Com eftes fauores do

Ceo cheeôil a íanca ao fim de fua vida. Prcparouíe pêra a morte, deque ja tinha reuelí'- ção por mèt> de hCia voz do Ceo, què a chamara. Rece-- beo os Sacramentos da Igre- ja com grandiílimadeuação, defpedioíè de fuás RcH^ioías ,

1

íoii

QaptuloC.XVI.

& íefoiaqueilaalniabemauê- turada a gozar dos prémios eternos aos iz.de Abril do an- iiQ de Chriilo 5?8i. íèndo de 58 annos de idade . Sepulcarãna no mcínio moil:ciro(que hoje íc chama do nome da Saora^ & he Igreja parrochial ) junto aíuameítra, & ciaíàntaGor diiia, & a íaó Geruaz, que al- guns dizem era irmão da lan- ça, aindaque o Conde Dom Pedro o não nomea por tal-, porem quando o não íeja_,não ha duuida que foi da gera- ção dos Souzas , & parente da íanca em grão chegado . He venerada fua fepuícura,tS«r frequentada de ronieiros,que cie mui longe vem a ella, pel- los muitos milagres que Deos ahi obra por meo das relí- quias da Santa, 6c da terra de fua fepultura, que tem por milagroíà pêra curar ma- leitas, éi outras enfermida- des.

jz Fora mui largo contar as marau ilhas queDeos obrou porefta Santa depois de fua morte. Chegou a fama delias ao Arcebifpo dcfta Igreja de Braga Dom Payo, & foi certi- ficado q eftaua o fagrado cor- po no fepulchro inteiro, & fc corru pção. Qujs ver com os

olhos clle milagre, (S: tirarleda duuida,em queeltauacó o pai par com íuas própria? mãos. Eis que neíte tempo chega cego de nacimento á fepultu- ra da Santa, pedindolhc luz pcra íua cegueira. Defpachouo cila logo cm preíençado Ar- ccbilpo, dandolhea vifta nos olhos do corpo que lhe pedia, & abrindo os da almaãqqel- le Prelado dcinaneira quede- íiíHo de tocar na fepultura , dando com o cego,Ã: com to- do o pouo que vio o milagre infinitos louuoresa Deos, a- chando que não eraõ neccfla- rias mais prouas^ncmexperié- cias dainCorrupçáo do corpo da Santa áviftade taõ grande marauilíia.

13 Efi;e,& outros iiiilagres fcmelhantGS cia Santa fizerão taó famoío ícu nome, que ti- rarão de íuas caías a grandes Príncipes pêra irem ver, & viíítaraíàgrada fepultura, ã: lhe pedir íocorro cm íuasne- ccfsidades. Sancho Rcy de Portugal primeiro do nome viíitou cmpelíoa as relíquias da Santa , & fez hiía noue- naem fua Igreja pedíndolhe faude pêra o Príncipe D5 Af- fonfo feu filho, q eílaua enfer- mo, &cm perigo de morte. 1

moiuircb

Defpach

ou

ú

S. Senhorinha-^

4S9

Ddpachou a íanra fua pe— ciçáo , alcançando de Deos íaude peraodcence. 14 Agradecido o Rey de- lia merce, íez couto alua Igre ja andando a correndo o cir cuiiopor onde íeauia de de- marcar, & fes q por ordem de GonçaloMédes íenhor da cer- ra_, fe leuanraílem os marcos. Todo efte íuceílo nos relata húaeícritura,q anda lançada nos liuros do cartório deita Igreja de Braga,& diz aísy. In nominejanãs , i^ indi- uidiite Trinitatis Patris, Iff Fi ^ijyi^ Spiritus Sanai. Ego Rex D. Sancius memor humance cÓ- ditionis , iff mortalium cafus perairatisquibusdampartibus Regni mei caufa orationis '~uz- ni ad locum 'ubi corpus Beatif- fnici Virginis Stnorincc requief- cit, inquo preces nosífas pront decet Domino Deoftmdens ipsa Virginem gemitibus , i!fftí]pí- rijs pulfaui , quatenus ipfa a Domino Deo Jiio precibusfuis fiiper faíutem filio meo Domino Alfonfo Regi impetrarei. Qua diãapromtji me ereãurum mu- ni tionis lapides qnos cautum j>o cant in circmtu locifanâiifsi- m^c Virginis , fi petita falus orat tonem fecuta for et ^ immi- nebat enim pericuhm mortis-;

fed oratiombiis gL r efe Virginis expitlfimesl Igitur conjide- rato termino hei per girum pedibus méis ipfa loca peram- bulam., i^ 'Dt competeret Di- di perras erigere , í^^fi^^ per manus D. Gondfalui Aíenen- di j qui tum temporis Princcps erat. Primus lápis ereóiiis eft •X'bi intrat m Bafio riuulus ille de McT^^s^

Sua lígnificação he o que em Toma atraz reterimos.

Naóícefqueceo o Infante Dom Áiíonib de reconhe- cera faude recebida pellos me- recimentos da Santa, porque cm gratificação de tão grau^ de mercê tanto que tomou o cetro mandou palíar híia prouifaõ Real ^ peílaqualrc- cebeo debaixo de íua pro- tecção a Igreja da Santa, íeu couto, & propriedades, lar- gando todo o direito quenel- las podia ter. He íua data em Guimarães era mil & duzen- tos èc íincoenta ôí oito, que vem a cairnoannode Chri- ílo mil & duzentos & vin- te . Anda cila prouifaõ , en- tre outras, lançada nos liuros do arcliiuo deíla fanta igre-

ij- Cotinuaraõ osmaisReis de Portugal nadeuação deftaSãta.

^

ElRey

46o

Capítulo C,X VI.

ElRcy Dom Aiíoníb terceiro filho do meímo Dom Aííon- roíegundo paílou duas cartas em fauor da meíma Igreja^ & terras de íanca Senhorinha. ElRey Dom Pedro Cru an- nexou à própria Igreja os frutos da Parrochiade Tan- ta Maria de Salto cm Barro- (o com certas obrigaçoés,& declara que Dona Inês de Caftro mandara fazer a ca— pella em que cílà fcpulrado Saõ Geruaz . Saõ as palauras da efcritura como as traz o Ghronifta frei António Bran- dão tiradas da torre do Tom- bo as que fe fcguem.

Em nome deDeos amen.Sai- bao quantos efla carta ^irem, como eu Dom Pedro pella gra- ça de Deos Rey de Portugal^ Ij" do Algarue , n honra , l^ feruico de Deos , l^ de Santa Mana fua Madre- , ^ afsina- damente à honra , isf louuor da hemauenturadafanta Senhori- nha de Bafio , ò^ do bemauen- turado SaÓ Gerua^ , tf em remimento de meus peccados fa- ço doação à dita Igreja de Santa Senhorinha pêra fempre ^ em guifa que nunca poJ?afer reuogada^ de todo o direito que ei do padroado da Igreja de [an- ta Maria de Salto do Arcebif-

pado de Braga, isJ'c. E mais a- baixo vindo aos encargos que a da diz afsy. Com tal con- dição que qualquer que delia for Abbade tenha hum capei lãO pê- ra todofempre^ que cante em ca- da hum dia M/Jfafobre o altar, Iff diga Ai horas Canónicas em húa cdpella que na dita Igreja fes Dona Inês de Cajiro aonde eííá c corpo de Saó Gerua':^ E outro fy tenha hum mofinho que ftrua o dito capellco na dita Igreja de tudo o que lhe cum- prir , if tenha pêra todofem- pre três alampadas com a^^eite^ que também de dia, como de noi- te efiemfempre acec^ts ^ i^ húa efié diante o Crucifixo, outra an te huja^feu corpo defanta Se- nhorinha , if a outra na capei- la ante o lugar huja^o corpo de faó Gerua^. Dada em Valen- ça de Riba Minho ^ quinze duu de Setembro, ElRey o mandou, Gonçalo Paes a fe^ era de mil tf tre(^ntos,tf nouéta tf oito. \6 Rèzão deftaíantaos

Religiofos do Patriarcha Saõ Bento onde tem lições pro- priaSjÃ: no Brcuiario de íanta Cruz dcCoimbra.Eícreuê fua vida, fr. António de lepeSjfr. Bernar.deBrito/r.LuisdosAn joSjoPadre António dcVaícõ- cellos, Duarte Nuncz dcLeaõ,

oMarty-

«'■977''

Brtt

2.p.

wonarch '''•7.C.15 Fr, Luts

lard pag

I^afco, in

53". Dm Nii nesna de fcr.p.p^g.

Il4,llã

'ano.

461

líb.iz.c.

i-7'

chro.f.ig. 119.

0 Marcyrologio Português dcs padres da Companhia de lES VS,em ii, de Abril fr. An- tónio Brandão na quarta par- te da Monarchia.

CAPITVLO C.XVII.

1 V L 1 A N O LXII.

Arcehijpo de Braga.

ESTE Pre- lado nos noticia lulia- no drzcndoq foiArcebiípo de Braga, ^ depois mudado ao Arcebiípado de Toledo^on de morreo no anno deChrifto 1038. & com muito fcntimé- to , & lagrimas foi fepultado na Igreja de fanta Eulália. Cha malhe doutorj& eícritor de fa grados Concílios^ òi. diz q fu- cedeoem Toledo ac Arcebif- po Zenapolio . O Catalogo dos Arcebiípos daqlla Igreja, nãopoêeÍLesdousPrclados cn treos mais, outros muitos^ que traz luliano. Os Papas q fucederaõa loao XIII, toraõ Dono,Benedi<íto VI. Benedi- to VII. loaÕXIIII.Ioaò XV. loaõ XVI. GreíTorio V. Silue- , ueftre 11. loaó XVII. loaõ

XVIIÍ.Sergio,BenediaoVIIÍ Icaó XIX.^^Sc BcnedidoIX q ncfte tépo gouernaua. EraRey de LeáoDó Fernãdo oMa;^no,

CAPITVLO C.XVIII.

SIGI F RI D O LXIIJ.

Arcehifpo de Braga.

r?5»

/^^l

(Ml O anno de P|^ 1060. diz lu- )^^^P) lianoqueveo m^i a Heípanha á5;.^g^^^^ Sieiirido Ab- bade do moíleiro de Fulda em Alemanha cm rcmcria a San- tiago de Galliza , pêra vihtar o corpo do íagrado Apoítolo, &cífoi creado Arcebiípo de Braga^q efteue eniTolcdo len- do Arcebiípo Paícoal , & tor- nando depois pêra íua pátria, foi eleito pcllo clero , pouo Biípo deMaguncia; ate qui faõ palauras de luliano tra- duzidas do latim . O padre freiAntonio delepes naChro- nica geral de Saõ Bento taz mençáo de Sigifrido Abbade do morteiro de Fulda ínHgnc naquellc tempo na Prouincia de Alemanha , pondoo no Ca talogo delles titulo deRcli- giofiílimo, & de varaõ de ra- ras partcsj diz que foi eleito

Qq 3 Arce

(hro.^agA

IZI.

ro,3. ff /3| '<?«, 744.1

l/f/. 112. i

4Ó:

QapitdoC.XVIll.

Aicebifpo de Maguncia, &: que veo cm romaria a Santia- go dcGallizacõ osArcebitpos de Colónia , & Treuiris. Mas parece não teuc noticia da eleição de Sifrido em Arce- bifpo de Braga, porque nem Icucmentefalanella, culpa de ertarem ainda em íeu tempo efcõdidas as obras de luliano. Podia reter Sifrido ambos os Arcebifpados, porque o de Braga era titular fomente Tem rêda,& fem Igreja, & afsy não impedia o de Maguncia.Aspa- laurasdelepes facasfeguintes. Sifrido ijaron de EpeHein monge ReUgioJifsimo^y de rara prudência , y con tales partes^ quefu nombre erafamofo en las ProuincUs circunue^/ncu. En elfegundo ano dei Abbadio mu- rio Leopoldo ArcebifpodeMa- guncia , en cujo lugar fuefub- Hittiido Sifrido conguUo de He rico IIII. Emperador, cuyas partes fauorecia. Por eUa cau~ fafue d epue fio, porei Papa Gre goriofetimo. Perofueluegore- fiittiido porVrbanoPontifice fe- gimdo defle nombre. D ejpues de- stosfucej^os Sifrido Arçobifpo de Maguncia, de quien ajamos tratando, Engelberto Arçobif- po de Treuins, Annon ArçobiJ- po de Colónia empredieron a^na

pertgrinacion harto notablcy denota^ porque fueron ejhs tns Prelados a íerufakm^y a San- tiago de Galileia. Boluiendo Si- frido dejla jornada muno el ano de 1084.

z Oannoda morte de Si- frido, queaponta Icpes não parece certo, porque íe cUe foi reílituidoâ Igreja de Magun- cia pello Papa Vrbano II. co- mo lua elciçaó ao Summo tificadocailleno fimdoanno de 1087. ou principio de 1088. (como querBcllarmino)dcfor ça le ha de lançara morte de Sifrido alguns annos adiante do de 1 084, ou atribuir fua re- iHtuição ao meímo Gregório VII. que o priuou do Arce- bilpado i o que tem grande contrariedade com a hiítoria do íanto Pontiíice. Gouerna- ráo a Cadeira de S. Pedro , de- pois de Benedi(5lo IX. Grego-» rio VI. Clemente II. Damafo lí.LeáoIX.ViétorlI.Ellepha noX.Niculao II Alexádrell. óc Grogorio VII. Era Reyde Lcaó Dom AfFonfo o VI. 3 O Catalogo dos Arce- bifpos de Braga , q eftà na Sá- crillia deftaíantaSc , nomea mais alguns Prelados, que flo- recerao no tempo que Braga eíteue ocupada de Mouros,

si li fr ido.

46S

<k encomendada à Igreja de LugOj tk Compolklla . Poré contallos por nolíoshe tomar a Liigo o q he íeii^ pois jamais oforaõdc Braga. baltaa- charemíe allinados emalgúas efcricuras ,& preuilegios com titulo de Metropolitanos, por q je efta dignidade tiucraõ os deLugoem quanto durou o Reino dos Sueuos ,E aindaque no tempo, que íenhoreauáo os Godos toda Heípanha^fe extiníiuio.&acabourcom tu- do côa entrada dos Mouros, &: ruina de Braga , 6c das mais Metropoles,& cidades Epílco- paes de Heípanha, fauorecida Lugo dos Reis de Aíturias , ôc GallÍ7a,tornou a tomar o ti- tulo de Metropolitana, aíTinã- dofe elle os Bifpos daquella Igreja, ainda depois de fcpaílar dnhy peraOuicdo a dignidade Arcebifpal.E confta claramen- te q no tempo queBraga efte- ue encomendada aLugo tinha paaticulares Arcebifpos q fir- mauão com erte titulo, como fc vedos que acima deixamos referidos. Epoftoque não ti- ne íTem rendas em Braga , ti- nhão com tudo o titulo deMe tropolitanoSj&lhefoiaílmada renda na cidade deOuiedo co- mo aosmaisPreladoSjpera del-

ia poderem viuer. '.>{-.■ - 4 Prouaíc o q himos dízen- zendocomeuidencia porque elles Prclados,q a taboa da íá^ criltia chama de Bra^za , não fc intitulão taeSjíe nãoMetropo- litanos de Lugo como adiante veremos, Pelloque íe não. po- de dizer que eraó Metropclir tanos de Braga, por que fe ofo- raõ aísy íc aHinarão,o que não fazem como diícuría bem MauroFerrcr trazédo em pro- uaduas efcrituras,cm que mo ftra que conferuaráo fempre os Prelados de Braga, & Lu- go o titulo dcMetropoIitanos. A primeira efcritara he húa doação q elRey DõOrdonho II. fez ao Moíieiro de S. Pe- dro de Montes no anno de Chrirto 898. onde aíTuia o Bif- po de Lugo RecaredojCom ti- tulo deMetropolitano. A íegú da cfcritura he húa doação q S.Rozendo fez ao feu moíiei- ro de Cellanoua no anno de Chrifto 942..ondeaírmao Ar- cebifpo de Braga Hcros ti- tulo de Metropolino, como emfua vidadiílemos. E pou- co neceíTiiauamos de todas as piouas referidas,quádo temos à mão húa tão euidentecomo he aííinarem na mefma cfcritu raaííi o Arcebifpo de Braga,

f .19 ^ag. 74'

0^4

como

464

Qapítulo C.XIX.

^fufra

ÍXlo.

como o Metropolitano de Lu go. Elta he a da confagração da Igreja de Sandago que re- ferimos na vidado Arccbifpo Argemiro , onde afluía Arge- miro Bifpo de Braga , òí logo mais abaixo depois de outros Prelados Recarcdo Bilpo de Lugo. O mcfmo íe ve no fe- cundo Concilio da cidade de Lugo,& no primeiro deOuic- do, onde íe acharaóArgimun- do Arccbiípo deBraga,& Vui- maredo Bifpo de Lugo anno de Chrifto 8ii . Donde íe moftra a diftinçao, & diuer- fidade deftes dous Prelados, pois humíe intitulaMetropo- litanodcBraga, o outro Me- tropolitano de Lugo.

Pouco papel gaitaremos cm repetir aqui os Prelados deita taboaem que himos fa- lando. E que fora muito ainda lliedcuiamos mais, pello cui- dado com que defenderão as CO ufas de rta Igreja em quan- to a tiucraõ debaixo de fua ad- miniflração.Saõos fcguintcs. Meti'opolitanos de Lugo que a taboa deflaSe confunde com os de Braga. Odoario. Defte Prelado cõfta, que foi varão fanto , & q pro- curou reítaurar Brasa , &fc2 grandes diligencias porq lhe

I

I foíícmrerticuidos íeus bens. Adulfo. Gladiano. Froilano. Recaredo Gonçalo, Payo. Diogo. Pedro. Maurelio. Crefconio . Fe/trio. Defle di- remos no capitulo íeguinte.

CAPITVLO C.XIX

DOM PEDRO LXVII.

Arcebijpo de Braga.

\

E M O S

poílo fim à primeira par te da hiítoria delia Santa Igreja , quafi com aquclla melma boa fortuna, com que a começamos , vindo a ciar em íua reítauraçáo noutro Arcebiípo taó fcmelbanteao que primeiro a fundou Saõ Pe dro de Rates , quanto fera fá- cil collegir a quem ler a vi- da de hum, & outro. Am- bos no nome foraõ Pedros , & nas obras pedras viuas defte edifício; ambos pcríê- guidos pclla fúria do inimigo infernal : ja armada com a po- tencia dos Príncipes Gentios, como miniftros particulares

Icus:

Dom Tedfo.

465

íeus: jacom a dos Clirilláos, ou rcal informados , ou mal intencionados, tudo a Hm de a não deixarem íahir a luz quando nacia , nem cjuando outra vez íercftauraua . Mas todos crtes ardis ^ & traças diabólicas desfez a protecção daqucUe mefmo Deos, que a- indafòra deltas ocaííoés adc- fendeo, &c conferuou , dan- dolhe Prelados, que cm todas fuás mayorcs tribulações a gauernaífem, & emparaflem naFè,que primeiro lhe foi pre- gada pello leu Apollolo San- tiago. Foraóeftesos Bafilios, os Ouidios , os Martinlios, & outros muitos , que feria longo contar, mayormentc tendp nos dada de íua vida, &c acções taõ particular nociciaj o q da do BiípoDò Pedro pu- demosdefcobrir heolesuinte. z Defejando o grande

Rey Dom Fernando primei- ro do nome entre os de Cafte- Iha , & Lcaõ deixar depois de fuamortea feus líllips quie- tos nos reynos,que parte her- dara, parte conquiftara, & in- cluyaó muitas Prouincias de Hcípanha , os rcpartio ainda em vida pcllos tres,q tiucra na Rainha Dona Sancha,deixan- I do nella repartiçáo(o queelle

nao imaiZinaua

donde

Fiiícas, depois naceraò os incêndios, com que íe vicraõ à abra- far j a Dom Sancho como a mais velho deu Callella a velhaca Dom Aftonfo, que logo no nacimento o íeguia, Lcaõ,& Afturiasj a Dom Gar- cia o de menos idade , Galliza com tudo o que eílaua ganha- do da outra parte do Douro, atè oMódego , onde entrauaõ Coimbra, Lamego , Vifeu , & outras terrasa que propriamé- te chamauão Portugal. To- marão cada hum dos nouos Reis poíTe do que lhe perten- cia, & em quanto viucraõà fombrade feu pay quietos, a- creccntauão o aquirido com nouas conquiftas de cida- des, & villas , que de ncuo rcdificauáo , &mandauãopo uoar aly nos mefmos lugares onde eftiueraõ outros anti- guos arruinados, ^ deíli;ui- dos pcUa fúria dos Mouros, q como caftigodcDeos tinháo oprimidas todas efla; Prouin- cias. O q mais fe moflraua zelo fo defta rertauraçào em feus Reinos era ElRey Garcia: parece q não trataua em mais que cm os tornar outra vez áquellaantigua profperidade, quando fe viraó mais floretes.

Qlí

Pe-

466

Capitulo C.XÍX.

3 Pêra irto quis começar

por Braga como principal ci- dade de codas,& como aqueila porquem começara a vida efpi ritual de todaHeípanha, pella pregação do Apoltolo Santia- go. Achou o grande Rey que defle azas a elles léus inten- tos,porque ouuindolhos pra- ticar algúas vezes o Biípo de Lugo VeltriOjOu Veílriano,& o de IriaCreíconio,lobre lhos louarcm lhos facilitarão , ôc fe oíFereceraõ a ferem os pri- meiros pouoadores. Partidos daCorteosdous Prelados le- uãdoasprouifoês pêra a obra neceíTariaSj chamarão pri- uilegios , ôc izcnçoês muitos a quê a comodidade do lítio, a bondade dos are;, afrefcura dos campos de fy mcfmo eíla- uãoconuidando. Lançarãofc os nouosfundamentos da an- tigua cidade no íitio aonde agora fevè, & a Igreja Cathe- dral,q maisleuauáo nosolhos, com o nome da Virge Senho- ra Noíla fe começou a leuan- taripoiem nãoconfta do lu- gar onde fe fundou, nem delle fazem menção as memorias antiguasdoarchiuo defta Se. Ao tempo que começou cfta noua reftauração da cidade não auia nella mais que hum

[ caftcUo chamado de Maximi- nos , onde hoje íe vem ruinas delle , & dos muros antiguos, & alguns dos prefentes, que moraó vizinhos, íe lembraõ irem por aly paredes altas , ôc Icuarle muita pedra delias pê- ra outros edifícios da cidade. 4 Toda a dificuldade efteuc em fe rellituiré á noua Cathc- dral íeus primeiros bens. Poí- fuyaõnos entaó peífoas po- derofas do Reino , Ã: vinhão mal em lhe ferem tiradosrmas o Rey como Catholico, que era, chamado a cortes, fez íà- ber a todos como a fabrica da- qlla obra era em grade íeruiço, & honra da Diuina Magcfta- de,& darfclhe calor perten- cia a fua nobreza •, pello que lhe pedia muito lhe quifeíTem largar todas as propriedades, que tiueíTem daquella Igreja, pois elle daly lhe daua , ôc doaua as rendas,que poíluyão no feu morteiro doCordoa- rio peraque nellas fe pagafie a cada hum pro rata o que fea- chaíTe largaua.

j Não pode a fidalguia

dos preícntes reííftir a taõju- fta petição delRey ^ fizeraõ ceíTao cm fuás mãos dos bens que poíluyão, & elle os en- corporou outra vez nefta Sé.

Dell

es

^onTedro.

467

Dclles íe inll:ituiraõ capellaés que logo começarão n rezar em comunidade o ofíicio Di- uino: applicaráoíeosremane- ccntes pêra as obras Tem ate encáo íe tratar de nomear Bií- po, a quem íe delíe algúa ren- da , continuando a Igreja de Lngo com a adminiftração detudo pellaantigua encomé- da que da dita Igreja lhe fora feita.

6 Neíles termos hiaEl-

Rey Dom Garcia a rcíUu- ração de Braga, & fua Igreja, quando fendo Deos feruido icuar pcra íy a ElRey Fer- nando fubitamcnte parou, oLi pêra melhor dizer, deiandou tudo com as nouas guerras, q logofcfcguiraó. Porque del- contcnte Sancho o filho mais velho doRev defunto da repartição, que o pay fizera de feus Reinos, pretendendo que aelleíòlhe pretencião como mais velho , & que fora fei- ta contra direito , & em graue prejuizo feu,& de feus decen- dentes , leuantando grandes exércitos primeiro contra fcu irmão Dom Garcia, depois de vários fuceífoso veo a prê- der , & fe fez fenhor de ícus eíl:ados, retendoo fempre na priíaõ ate finalmête vir a mor-

rer iiclla.

7 Osfenhores Gallegcs, cujos foraõ os bcs reílituidos deíia Igreja, tornarão apuxar por elles , d<. depois de os aue- rcm comiaõ também os que íe lhe aílmaraõ no moíleiro deCordoario , fem Dom Sa- cho fe atreuer a lhe ir à mão, porque como era entrado de nouo no Reino fem outro di- reito mais que o das armas , que vencera, & puzeraem pri- zão ao Rei,& fenhor proprie- tário , & natural dellc ^ não queria com efta nouaopreílaõ eícandalizallos mais , nem dar ocaííãoa algum aleuantamé- to.Cótinuou com tudo com a reflauracão de Braga, mas menos calor do que o fazia ElRey Dom García,& por lhe parecer afsv necefiario lhe no- meou nouo Arcebiípo. O ar- chiuo , & memorias defta naõ dizem fe era clerigo/e reli giofo,íòlhe chamaõ Dom Pe- dro , de lhe daó titulo de va- rão prudente , magnânimo, zeloío de íua Igreja, & reftau- rador de feus bens . Muitos o fazem monge de Sao Bento,& filho do moífeirodeCellano- uacm GaUiza,fundação de S. Rofendo , ou do de Tybaés vizinho a eífa cidade , mas

'íBMvíR'^

4^8

Capitulo C.Xll

X.

oiilo não conlta ao cerco. 8 Vicenào ainda omcl-

moRey Dom Sancho ( lo- go diremos cJe íua morte ) le deu cao boa diligencia o Arce- biipo Dom Pedro, & fe fez ranço amar de codos os de fua Prouincia , que por não que- brarem com clle tinhaõ por melhor relHcuirem lhe os bes quecõílauaforão de íua igre- ja. Aqui temos húa eícritura nellearchiuOj em que íe con- ta hum grande numero de- lias propriedades , no íím da qual conclue. Estas faô cts coii- foí que aquirio o Bifpo de Bra- ga Dom Pedro , este he o tefia- mento das heranças que o Bifpo de Bra^a Dom Pedro de boa memoria aquirio por fua Ttir- tude ; porque como a Igreja de Braga esiiuej^e defirui da, i^ ar- ruinada^ isf nao tiuej?e Pajlor q procurajfe por ellap -venerauel Pedro recebeo o officio de feu Prelado , is^ das muitas herda- de?,que amiguamente forao de- Jla Metropoli, recuperou fegun- do fuás forcas todas as q atra^ foraÓ nomeadas , tf naofatif- feito com ifo trabalhou em qua to -uiueo que fua Igreja alcan- çajfe a honra^i^ dignidade^que Je lhe deuia. 9 Afsy hia profeguindo

o Arcebiípo Dom Pedro na í reílau ração de íua igreja de- ícjoíodea por outra vez cm lua ancigua grandezarcudo lhe promeciaíuaboamduílriajtu- do o fanco zelo com que en- caminhaua fu.as acções , tudo a facilidade com que le fazia fenhor dos corações dos íidal- gos Gallegos , & ainda dos Caíl:elhanos,a quem era muy aceito , mormente a ElRey Dom Sancho , pello que co- nhecia de íua virtude, & va- lor.

10 Não durou muitos an- nos o fauor,& valia , que teue Dom Pedro com ElReyDom Sancho, porque forão poucos os de íua vida , que lhe tirou a infame treição de Bellido de Oltos_, o qual ellãdo ElRey fobrc C,amora com preccn- fão de a tirar a íua irmã Dona Vrraca,fahio da cidade com ca pa de concertos j & andando tracandoos com ellcíòno ca- po , o atraueífou às punhala- das fcm os íeus lhe poderem valer.

1 1 Com cfte fucccílb Affonfo,a quem Dom San- cho leu irmaõ tinha tãbe deí- pojado do Reyno deAfturias, & Leaó , & obrigado à íe fazer

. Religiofono mofteiro deSa-

L

ízahum

o

'«'I

^om Fedro.

4Ó9

hagum, donde íc faira , & fora fugido peia Toledo, pêra aly viucr àlombra do Rey Mouro dacjuella cidade. Por não fica- rem à Dom Sancho filhos foi jurado por Rey, & o que auia pouco viuia à mercê do Rey Mouro de Toledo , quaíl em hum inftantefe vio fenhor do melhor de todaHeípanlia.Náo fe lhe deu cótudo a poíle dos Reinos de feu irmãoDom Sa- cho fem primeiro tomarju- ramento nas maós do grande Caualleiro Cid Ruy Diaz que elle não fora íabedor, nem cõ- fentidor na morte de Dom Sancho. Porem aggrauou taco crte ado aonouo Rey,pella defcófiança q cótra elle íe mo ftraua,que comando facisfação na peílba do Cid, o deílerrou de feus Reinos , vfando com cllc de termos pouco deuidos a fua fidalguia, & valor, li Deuia entrar também

neíle juramento que fe pe- dioaElRey Dom Àífonfo o noflb Arcebifpo de Braga, & ler elle hum dos que publica- uáo fuccderaamortedeDom Sancho por ordem , & indu- ftria fua, porque ElRey o en- controu íemprc, impedindo- Iheda Apoílolica opallio Arcebiípal: & nao ceifou a

até

ma vontade que lhe tinha de todo c. piiuar da digni- dadeem qucíeu irmão o pu- zera. O direito, ou poderes que fe atreueo a tal exorbi- tância, nos o não fabcmos^ aquelles tempos em que os Reis fe criauão, & viuiáo fem- pre em guerra , lhe faziáo fácil tudo quanto intentauão. Ne- fte Dom Aífonío ( ainda que por outra ocaíiaõ ) teue prin- cipio oprouerbio, làajaoleys onde querem Reys. O certo he que o noílo Dom Pedro nao podefazer outra coufa, mais q ceder à potencia Real,& reco- lhcríè,comooRey Iheman- daua,ahum moífeiro pêra nelle acabar o que lhe reífaua de vida : qual eíte foílè nao ha memoria :bem de crerhe não feria , nem nos Reinos perté- centes a Dom Garcia , nos de Callella , que na repartição dopay couberaóa Dom San- cho,pella muita mão que nd- les teria o Arcebifpo Dom Pe- dro: deuia deputarlhe algum das Aílurias,ouReinodeLeaõ, onde lhe parecia o teria mais fcguro . Aly em fanta velhi- ce todo ocupado na contem- plação da bemauencurança, íé lembranças nenhúas da digni- dade de que fe via priuado.

acaDou

470

Capimlo C.XIX

acabou a vida , deíejado fem- pre de íuas ouclhaSj& nomea- do per íeu Paftor ainda de- pois da eleição de laõCiraieío, que íoi oc] Vac íucedeo. Acha- mos neíle archiuo alguas doa- ções feitas ao Arcebiípo Dom Pedro em tempo cjuejàgo- uernaiia íeu íucelíor ; & a re- záo he porque viuia ainda no moíleiro cm que ElRey Dom Affonfo o fez recoliíer. En- trou o Arcebiípo Dom Pedro neiia Igreja pellos annos de lo-jz. pouco mais, ou menosj durou nella ate o de 1090. em que foi eleito faõ Giraldo. Foi como ja acima começauamos a dizer , excellente Prelado, & ifora hum dos mais notaueis dcfta Igreja/elhe naõ faltara o fauordelRey Dom Affonfo o fexto. As mais das couías que delle deixamos efcritas íelem cmhúaefcritura que anda no liuro, a que chamão Fidei do archiuo deita Sé^ a qual tradu- zida do latim em Portuguez. diz afsy.

1 3 Depois que pellos pecca- dos de feus moradores foiHef- 'panha deUruida ; os Chrijlaos pella m/fericordia de Deos re- cobrando nonas for 1^ as, começa- rão a ganhar o perdido , ainda que em largo num&ro de annos;

porê das terras aquiridcts <-vfa- uaoàfeugoUo ^ trocando huns em pofejioês feculares as Igre- jas dedicadas ao cultoDiuinoJs' fogeitando outros os templos ^ if mofieiros celebr es -antiguamen- te à outros de menos confidera- Ção^os quaes de nouo fundauao. Entre estes foi humP^ey chama- do Ordonho que fogeitou a Igre- ja de Braga ( a qual deuefer Metropoli , l^ may de todas ^ de Hejpanha) a Santiago quan- do a cidade de Braga eflaiia dejhuida , tf feita hum monte depedras . Pajfados nesla for- ma muitos annos ^por morte do Christiamfsimo Rey Dom Fer- nando ^ a qual fucedeo ha pau- CO em nofos tempos, diuidio feu \ reino emires filhos ^ DomSan- ; cho. Dom Affonfo, tf Gar- { cia ; ao qual coube aparte Oc- cidental, em que cae Braga. A elle '-vierao Vejlrio Bifpo deLu- go, Crefconio delria^ com ou- tras pefoas Religiofas , tf ca- ualleiros da terra, tf lhe ro- garão mandaffe reflaurar a Igreja de Braga , tf por nella Bifpo . ElRey pareceolhe bem esta petição, mandou chamar os principaes de Santiago-, aos quaes deu o mofleiro Cordario de feu padroado pellos terras que elles poffuyâo em Braga,tf

lhes

^M

^om PedrG>

^»*anaM0«!^

47 i

lhes dera hlRey Dom Ordonho, Isf quis qUefoJ?mi rejlituidas à Se da dita cidade: i!f os Prela- dos nomeados começarão a edi- ficara igreja de Braga da 7«- ííocaçao da glonoja Virgem Maria . Pajjado algum tempo, femfer ainda eleito Bifpo, fe k- uantou Elliey Dom San-cho cÓ- trafeiiirmaó Dom Garcia^tf o excluyo do Reino. E neíta oc- cajiaÓ de reuoltas fe tornarão os moradores Santiago (fem elle entrar niJ?o)à meter depof- fc do que tinhaê deixado à Bra- ga por ordem dei Rey Gar- cia, retendo juntamente ô mo- Ueiro Cordario ^queo próprio Rey lhe dera ; Dom Sane bofes depois eleger em Bifpo de Bra- ga à Dom Pedro. Porem nem lhe deu rendas , nem tratou de recuperar o quefeu irmão Dom Garcia auia dado, (^ finalmt- te naófes eíie Rey coufa de cott- fideraçâo por ter pouco tempo de "vida. Dom Affonfo njeo a pojfuir todo o fenborio de feu pay jí^ teue muitas guerras Aíouros^j fes celebrar fy no do alcançando dos legados Apoflo- licosfe guardaj^em emfeusRey- nos csfagrados Cânones . Po- rem o Bifpo de Braga Dom Pe-

dro ntio alcançou a zraca deU Rey y tf afsy nem delle outie doações pêra fua Igreja ^ nem fauores dos Legados Apoflo^ licos , antes foi exclui do do Bif pado no fim defua '-vida , i^ o confirangeraó dfe recolher em hum mosteiro ^onde acabou feus diíí6 . E afsy a Igreja de Bra- ga pello pouco que pode ficou po- bre , isf por cauja das difiert- çocs que fe mouerao entre os Príncipes fe nao acabou de edificar ^ tf ficou expofia ã muitos ãggrauos^ de que foraÔ teHimimhas ^ tfc. Elta crocâ ou eícambo íc fez na era de mil & cencô Sc noue. Com efta memoria fe acaba 5 as que achamos do Arcebiípo Dom Pcdio. Tinha por cíles annos a Cadeira Ponciíical de Roma ^ depois de Gregó- rio VII. Viaor III. & Vr- banoIL o Papa Pafcoal II. Era Rey de Calklía, & Leaó Dom AíFonfo oVL

iM>i'^>ilÉnf!Wiii

i I

i

4

!ii^'ii"íu. ^íi tcPíiSi O ; .

■iw V >-ii«.'i íÊkm^tm*j-ái

h

índice

DOS CAPITVLOS

DESTE LIVRO.

APITFLO

primeiro. Fun- da c^^o da cida- de de Braga, íjf qitaesforaÓ Jeus fundadores, -pag.i. Cap. 1. Das guerras que teue Braga no tempo dos Roma- nos, pag. 9. Captnilo 3 . Do f tio , que tinha Braga no tempo dos Roma- nos ^ i^ dealgúas antigui- dades , que Je achaó nella do mefmo tempo, pagina. II. Cap. 4. Da diuifaó de Hejpa- nka , conuentos iuridicos, que nella ouue,tf como Bra- ga foi hil dos mais conhecidos

II,

delia, pag

Capitulo j-. Da grandec^a^que conjeruou Braga na entra- da dos Vândalos^ Sueuos, Alanos , em Portugal , i^ Galli^.pag.z}.

Capitulo 6. da entrada dos Mou- ros em Hefpanha , tf como Braga foi deflruida^ Cf de- pois reflaurada , tf dada j pellos Reys de Leão a esta I fantaSe.pag. 2.^.

Capitulo 7. Como a cidade de Braga foi a primeira de Hefpanha ^ que receheoa Fe de Chrisio Senhor ncjlu.pag.

Cap ,8 . Das diuifoes^qfef^^erao dos Bifpados de Hefpanha^

Rr

tf

índice

Cf dos queje afsinaraó a ': Metropoli de Braga.pag.

30- Capitulo. 9. Dos Concílios Pro~ uinciaes , que fe ctUbrarao

em Braga.pag. 54- Capitulo IO. fegundo Concilio

de Braga pag 3 9. Capitulo 1 1 . Terceiro Concilio

de Braga. pag.^9-

Capitulo iz. Qjiarto Concilio Br achar enfe.pag. 57.

Cdp. i^. Celebràje o quinto Concilio de Braga, pagina 66.

Capitulo 14. Vem Santiago a Hefpanha ,prèga nella a ley Eiégelica, tf funda a Igrja de Braga. pag. 6j.

Capitulo 1^. Poemfeoteftimu- nho defanto Athanajio Bij~ po de C,aragoça, i^ a carta do Bifpo do Porto Dom Hu- go , em que fe confirma o que temos dito pag. yo.

Cap. \6. Defendenfe os frag- mentos defanto Athanafo; refutãofe as re^^es dos que os impugnão.pag. 75.

Capitulo ly. Continua a maté- ria do capitulo pajfado em defenfaÓ dos fragmentos defanto Athanafo. pagina. U.

Cap. 1 8. Em quefe profegue a 'vida de Saó Pedro de Ra-

tfs primeiro Arcebifpo de Braga. pag. SS. Capitulo 19. Saó Baf lio fegun- do Arcebifpo de Braga.pag.

V- Cap. zo. Saó Siluefíre Mar-

tyr de Braga pag. loi. Capitulo II. Hermolao pagina.

lOZ.

Capitulo 12.. Santo Ouidio ter- ceiro Arcebifpo de Braga. pag. 103. Capitulo 23. Sao Marcos loao Bifpo., ij/ martyr. pag. 107. Cap. 2.4. Asfantas uoue irmãs gémeas. Virgens^ i:f marty- r es. pag. 108. Capitulo x^.Defendefeo naci- mento das f antas noue ir- mãs ^ Í!f prouafe com ou- tros femelhantes pagina. 113. Cap. z6. Santa Liberata Vir- gem^ martyr , húa das no- ue irmãs. pag. IIZ. Capitulo irj. Santa Quitéria Virgem ^tf martyr. pag. 10;. Cap. 28. Santa Marinha Vir- gem _, U martyr húa das fantas noue irmãs. pag.

133- Capitulo Z9- Santa Eufemia

Virgem , if martyr pag.

137- ___^

Cap.

Dos Ci^pi fulos.

Cápit. 30. Santa Gcnehra^Sâ-

ta Germana y SantaBajUif^

fa^SantãVitoria^SataMar-

ciana.pag.i^i. Capitulo 31. Sao Policarpo

quarto Arcebifpo de Braga.

pag. i4j. Capitulo 32,. Sereriano quinto

Arcebijpo de Braga. pag.

146. Cap. 3 3 . Sao Fabião fexto Ar- cebijpo de Braga, pagina.

Capitulo 34. Sao Félix feptimo Arcebijpo de Braga. pagina. 14.7.

Capitulo 3 5. Grato oitauo Arcebifpo de Braga.pagina.

J49- Capitulo 36. Sao Secundo ^ou

Secundino nono Arcebijpo

de Braga pag. lyi.

Cap. 37. Sao Theophilo Sa- turnino , i!f Reuocata Mar- tyres de Viana pag .153.

Cap. 38. Caledónia decimo Ar- cebijpo de Braga, pagina.

Capitulo 39. Sao Narcijfo 1 1 .

Arcebifpo de Braga. pag.

i6o. Capitulo 40. Paterno primeiro

do nome , Í!f iz. Arcebifpo

de Braga pag.16^. Capitulo 41. Sao Salamh 13.

Arcebifpo de Braga, pagina

/

Cap. 4i, Sinagia^iou.Sinagrio 1 4. Arcebjpo de Braga pag. 171. ^ ,

Capitulo 43 . Sãó Vitouro^ Çan ^

ta S ufana y faó Xucufatej

faÓ Torcato^Í!ffa6 Siluejlre

martyres de. Flraga.Lpagina

173. ■,■•-, :ít ' " ?•., ;,;.\'- ■•

Capitulo 44. Santa Engracia Virgem^ iff martyr natural de Braga ^y d f oito com- panheiros feus martyr es. pag. i2o.

Capitulo 4f. Sao Leôncio i)-. Arcebijpo de Braga.pagina. 187.

Cap . 4^ . ApoJlonio 1 6 . Arcebif- po de Braga .pag . 1 5) 1 .

Cap. 47. Domiciarw., que aigús intitulaÓ Arcebijpo de Bra- ga pag. 193-

Cap .48. Idacio^ ou Epitacio 1 7 . Arcebifpo de Braga. pag. 1 9S-

Cap,^9.Lampadio 18. Arcebif- po de Braga. pag. 100.

Cap.^o Aueriguafejerejle CÓ- cilio o mefmo que anda em Loavfa •, daj^e húa breue re- lação de que foi o herege Prif cilliano.pag.zo^.

Cap.yi. S. Damajh Pontífice Romano. pag. II z.

Cap.$z. S. Pater no fegundo do nome^ouPatruino 19. Arce- bifpo de Braga.pag.z19.

iul "cãp.

Indi

ice

*S

Capitulo. ^■^. SaÓ Profuturo primeã'0 do nome zo. Ar- eebijpo de Braga, pagina

Capitulíf j4. Ajuítafe o dif— curjo píij^ado como quede de SaÓ Profuturo efcreue fanto Agoflinbo j rejpon- dej^e ás ohieiçoes, i^ decla- ra fe quantos Concílios eíiao . injertos no primeiro de To- hdopag. 12.7

Cap. j-j-. Seguefe ornais, que pertence à ^'ida de SaÓ Pro- futuro.pag. 231.

Capitulo ^6. Pancracio ^ ou Pancraciano zi . Arcebifpo de Braga. pag. z^6.

Cap. 57. Balconio zz. Arcebif- po de Braga. pag. 240.

Cap. ^8. Paulo Orofo infgne efcritor Ecclefafico. pag. Í50.

Cap. 59. Contafe ornais ^ que pertence à a^ida de Paulo Orofo. pag 15-4.

Cap. 60. SaÓ Maximiliano.,tf Valentino Bifpos , tf Mar- tyres.pag.i6i,

Cap. 61. Valério primeiro do nome 2.3, Arcebifpo de Bra- ga.pag. z6%.

Cap. 6t. Idacio fegundo do no- me. 14. Arcebifpo de Braga, pag. 2.6^.

Cap. 63. Santo Apollinar Bif

po , tf Martyrpag. 2.6 j.

Capitulo 64. CaUino 25. Ar- cebifpo de Braga pagina 2.71.

Capitulo <Sy. Valério fegundo do nome z6. Arcebifpo de Bra- ga, pag. 2.76.

Capitulo 66 . Profuturo fegundo do nome 2.7. Arcebifpo de Braga .pag. zy-j.

Cap. 67. Santo Ausberto 28. Arcebifpo de Braga pagina

Capitulo 68. Juliano primeiro do nome, tf 29. Arcebifpo de Braga pag. z86.

Capitulo <r«9. Eleuterio 3 o. Arcebifpo de Braga, pagina z88.

Capitulo 70. Lucrécio 3 r . Ar- cebifpo de Braga. pag. z!).^

Capitulo yi.SaÓ Martinho de Dume^z. Arcebifpo de Bra- ga, pag. ^03.

Cap.-jz. he eleito SaÓ Marti- nho Arcebifpo de Braga^ref- plandece em ^virtudes , tf chama a Concilio os Bifpos fuffraganeos.pag. 3 09-

Cap. 73 . Dos Moíieiros ^ que fundou SaÓ Martinho neíla Prouincia de entre Douro^ tf Minho pag. -^11.

Cap. 74. Dos liuros,tf obrai que compôs o gloriofo S, Mar

tinho.pag. 321.

' -^— .

Cap.

Dos Capítulos.

\

C^.p. y^..Da glorio fa morte

do bemauenturado SaÓ Alar

tinho de Dume.pag. 3 2.3 . Capitulo 76. Poejias ^ (irias

feitas em louuor de SaÓ Mar

tinho na tresladaçaade fuás

relíquias pêra a Santa de

Braga pag. 319. Capit. 77. Benigno i^.Arcebif-

po de Braga pag . 331. Cap. 78, Pantardo 34. Arce-

bifpo de Braga. pag, ^^j. Cap.-jo- Santo Esteuao Abba-

de do mojleiro de Rates. pag.

341. Capit. ^o. Santo Tolobeu^ou

Tobeu 3 5 . Arcebifpo de Bra-

ga.pag.^^y Cap. %i. SaÓ Pedro Juliano 36

Arcebifpo de Braga.pag.^4^ Capitulo 8i. Manucino 37.

Arcebifpo de Braga. pag.

349- Capitulo 83. Panoracio 38. Arcebifpo de Braga. pag.

349- Cap. 84. Potamio o penitente.

3 9. Arcebifpo de Braga.pag.

350. Capitulo. 85. SaÓ Frutuofo 40.

Arcebifpo de Braga. pag.

3Í7- Capitulo 86. Recebe SaÓ Fru- tuofo o habito de SaÓ Ben- to , funda o mojleiro de S. lufto , ^ Paftor^ Iff ou^

tros muitos de Rel'giofos,(f Religiofís.pag. 360.

Cap. 87. Milagres que Deos Nof o Senhor obrou por meo de SaÓ Frutuofo antes de en- trarem Portugal, pagina. 367.

Cap. S8 Trata SaÓ Frutuo- fo de ir a lerufalem , impe- delhe ElRey o paJ?o com o fa^er Bifpo de Dume, on- de efcreueo a regra , que chamao de S. Frutuofo;dafe noticia dos Bifpos de D ume. pag. ^70.

Cap. 89. Vai SaÓ Frutuofo a0 Concilio decimo de Tole- do 3 onde he eleito Arcebif- po de Braga: i^em pêra fua Igreja , i^ trata da refor- mação do Clero, if pouo del- ia, pag. ^-8.

Cap. í?o. Dos mosteiros que SaÓ Frutuofo fundou em vários lugares de feu Arcebifpado, Í!/ fora delle. pag. 3 8i.

Cap. 91. Funda SaÓ Frutuofo o mojleiro de SaÓ Saluador, ^ os motiuos , que teue pê- ra ofa^ifr-pag. 386.

Cãp. 92.. Pajfa deita ''oida pe- va a bemauenturanca o glo- riofo S. Frutuofo. pag. 389.

Cap. 93. SaÓ Qjtirico , cu Quj- rino 41 . Arcebifpo de Braga pag- 39^

Rr3

Cap.

índ

ice

Cãp. 94. Recefuintho Abhade natural de Braga. pag. 398.

Cap. 9;. Santa Veatnde ^-Iff defoito cópanheiros marty-

res.pag.^99.

Cap. 96. SaÓ Leod-ecijio Julia- no 41, Arcebijpo de Braga, pag. 400 ,

Cap. 9-7. Linha 45. Arcebifpo de Braga. pag. ^^.04.

Cap. 98. Bamba Abbade ija- raó Janto defie Arcebifpado. pag. 407.

Cap. 99. Fàuflíno 44. Arcebif- po de Braga. pag. 405».

Cap. 100. SaÔ Felix Torçato tnartyr 45. Arcebifpo de Braga.pag.414.

Cap. loi SaoViãor martyr 46. Arcebifpo de Braga. pag.

42-3. Cap. loi. Heronio 47. Hermi-

nigildo, 48, lacobo 49 Ar- cebifpo s de Braga. pag. 418.

Cap. 1 03 . Ferdifendo jo- Arce- bifpo de B1aga.pag.419.

Cap. 104. Arcarico yi. Arce- bifpo de Braga.pag. 431.

Cap. loy. Argimundo ^t. Arce- bifpo de Braga.pag. 4^^.

Cap. \o6. Nosiram ^i- Arce- bifpo de Braga.pag. 436.

Cap. 107. Dulcidio $4. Arce- bifpo de Braga, pag.4^-'.

Cap. 108. Gladila jj. Arcebif- po de Braga. pag. 440.

Cap. 109. Santa Comba Firgc., Í!7' SaÓ Leonardo fu irmaó. 441.

Cap. lio. Argimiro 56. Arce- bijpo de Braga pag. 44^.

Cap. III. Theodomiro 57. Ar- cebifpo de Braga. pag. 44-/.

Cap.iiz. Silitanato 57. Arce- bifpo de Braga.pag. 44S.

Cap. 113. Heros jp. Arcebifpo de Braga.pag. 448*

Cap. 114. Gonçalo. 60. Arce- bifpo de Bragapag. 4^1.

Cap. ii^.hlermigildo 61. Ar- cebifpo de Braga pag. 4^2.

Cap. 116. Santa Senhorinha de Bafio. pag, 4^^.

Cap. iij. luliano 6z. Arcebif- po de Braga. pag. 461 .

Cap. 118. Sigifrido 63. u4rce- bifpo de Braga pag. 461 .

Cap. 119. Dom Pedro 64. Ar- cebifpo de Braga. 464.

, -1 •.!.-.

Fim do índice dos Ca- pítulos.

índice

índice

DAS COVSAS MAIS

NOTÁVEIS Q_VE-SE CONTEM iieíte liuro.

O primeiro numero (ignifica o Capitulo^a Jtgimdo apagina.

A

Abbade.

Bbadcs de SaÕ Beto tinhaò lu- gar.& voto em todos os Con- cilies, cap. 99. pag. 405), Abbadias de Saõ Bento erigi- das em Bifpados. cap. 73. pag. 311.

Acifclo.

Artyrio de Santo Acif- clo.cap. 30.pag.143. Nacem milagroíamente roías

M

d

no dia, em cjue íoi marty-

fc

rizado. Ibidem.

Efteue no cárcere com fanta Vitoria, Ibidem

QuatroAnjos os acompanha- rão no cárcere por muitos dias. Ibidem.

Afra.

SAnta Afra foi filha de Hi- lária de Chipre, cap. 39.

pag. i6t. Como Saõ NarciíTo Arcebif-

po de Braga a conucrteo.

pag. 163. Criadas que fcconucrteraõcó

feu exemplo. Ibidem^ Padeceo martvrio em Girona

com o mefmo S. Narciílb.

pag. 164.

Rr 4

Agapio.

índice.

.^,

Agapio.

SAgapio Bifpo de Carclia- . gena,ondepacíeceomar- tyrio.cap,36.pag. 1J2.

Agofiinho,

Eliquías que O Arcebif-

po Dom Agoílijnho,

de Caftro tresladou da Igrc

ja de Dume pêra a de

Braga. cap. yj.pag. 3ij.

Águeda.

Villa dcAgueda foi Emi nio cidade antiguamen- te Epifcopal. cap. ij. pag.

Ambracia.

A

A

Mbracia fazem alguns Plafencia. cap. ijpag.

72"

Ampkilochia.

\ MphilochiacidadeEpif- jf~jL copal noReino de Gal-

liza íe chama hoje Orenfe.

cap.ii.pag.7z. Foi edificada por híí capitão

G rego cha mado A mphilo-

co. Ibidem.

Anel.

c

Om hum anel milaíiro-

o

íamcte defcubrio o Cco o corpo de íanra Eufemia, cap. 2p. pag. 138. Como fe guarda eíle anel na SèdeOreníe.pag.141.

Anjo.

QVatro Anjos acompa- nharão aSaõ Acifclo, òc Sãta Vitoria no cár- cere, cap. 30. pag, 143. O Archanjo S.Miguel man- dou a Saõ Auíberto Arce- bifpo de Braga lhe edificaf- fe hum téplo. cap. 67. pag. 27S. Reuelação feita por hum An- jo ao pay de íanra Senhori- nha, cap.i 1j.pag.4j4.

Antiguidades.

Ntigu idades que fe a- charaõ em Braga do

tempo dos Romanos, cap.

3. pag. ii.&feqq,

A

s

Apodomio.

Apodomio Martyr hiídos 18. companheiros

T)^^S CO!;fiS.

de lança Engracia. cap. 44. pag. 181.ÒC 184.

Apollinar.

SAnto Apollinar Bifpo, & marcyr.cap. 63 . pag. zóy. èc íeqq.

Foi Francês de nação , pag. lóS.&feq.

Batendo com o bordão na cer- ra j em proua da , flore- ceo,&: lefcz húa aruore fer- moía, & do arrcbcncou húa fonce. pag. 2.69.

Eftà leu corpo íepultado na Igreja do lugar de Vrros. pag, i68.

Tormencos que padcceo pag. 169.

Os quebrados, que a elle fe encomcndaõ cobraõ fau- de.pag.171.

Milagres que Dcos obra por os merecimencos deftc lan- to,pag.i70.& 2.71.

Deuaçáo com que o Arccbif- po Dom frei Bercholameu dosMartyres vificaua fuás Relíquias, pag. 171 .

O que li ntia acerca delias. Ibi- dem.

Jpollonio,

Ia

Pollonio 16. Arccbif- po de Braga. cap. 46.

pag. 191. &íeqq. Arcarko.

ARcaricoji. Arcebif^o de Braga p.ig. 104. pag. 432.. & leq. Efcreuea ElipandOj& ajunta Concilio.pag,433.

Arc&bifpo

ARcebifpos dcBraga por mais de 30o.annos,quc elleue arruinada conferua- raõ oticulodc Arcebifpos cap. 103.pag.451. Na taboada Sancrartia daSè, íe nomeaõ alguns Prelados por Arcebiípos de Braga, que o náoforaõ,lenáo de Lugo cap. 118.pag.463,

Argimiro,

ARgimiro y6. Arcebif- po de Braga cap. 110. pag.443.&reqq. Achoule cmCompoftela na fa^ração da Igreja do Apo ftolo Santiago pag. 443 .

Argmundo.

\ Rgimundo ji. Arcebif- po de Braga .cap. 1 05. pag.

43;.

<A.-^

Jndice.

43;.&íeq.

Athanafo.

FRagmécos ck fanto Atlia- nnlío , que rratáo deSaó Pedro de P.aces. cap. ij".

pag- 7 1-5^:72- Dcfcndenfe es Fragmétos de íanco AthanaííOj & refu- tãoleas rezoés dos que os impugnáo.cap. 16. pagjj. &: ícqq.

Augusta.

A

Que cida Jes fc o ti- tulo deAugullas, ôc porque rezáo cap. i-pag. i.pag.i93.& 1ÍP4.

Juito.

CArtadc AuitopcraBal- conio Arceblípo dcBra ga.cap. ;7. pag.i48.&feq,

Ausbeno.

SAnto Auíberto íS. Arce- bifpode Braga. cap. 6-j, pag.i77.&feqq. Foi Framcngo da naçaõ. pag.

2-77- ^ Rcuelação que reue doArcha- jo faõ Miguel, pêra liie edi-

ficar hú templo. pag.2.78. Embaixada que fez a França

por mandado da Rainha

Crotild£s,p3g.2.78A' leqq. Faz abjurar a heregia Arriana

pag. 28i.&ícq. Setoi Biípo de Cambraypag.

zS^. icqq.

B.

Baeca.

Aeça foi cidade Epiíco- pal. cap. 101. pag. 4^7. Alguns querem que os três martyrcs Vidlor , Alexan- dre, & Mu ciano não per- tençáo a Braga , mas a Baeça _, mas com pouco fú- damento.p2g.4i6 ôc 4IJ,

Balconio.

BAlconio i2. Arcebifpo de Braga. cap. 57. pag. 240. «S*: feqq. Foi grande amiijo de SaÕ To- ribio Bifpo de Aftorga.

pag. MO. Concilio que congregou pag.

Regra da , que fizcraõ os Bifpos , & mandarão a Bal- conio. 245', ô»:íeq.

Carta que Auito eícreueo a

Balconio

'Das coufis.

Balconio por Paulo Oro- i10.pag.z4S. (SíTleq.

Baltasar.

DOmfr. Baltafar Limpo rrclladou o corpo de Saõ Pedro de Rates pêra a Sc de Braga. cap. 18, pag.96. Ordenou ouuefle íinco ca- pcllaés na capella em qucas lanças relíquias íe colloca- raõ. Ibidem.

Bamba.

BAmba Abbade varaõ fan to do Arcebifpado de Braga. cap. 98. pag. 407. & leq. Onde ertà Icpulcado.pag. 408.

Bafilio.

SAÕ Bafilio fegundo Ar- cebiípo de Braga. cap. 19. pag.97- Foi dicipulo de Santiago. Ibi- dem. Foi Biípo da cidade do Porto.

Ibidem. Achoufe na collocaçãodas re- liquias do Apoílolo San- tiago em Iria Fiauia. Ibi- dem.

Foi eleito das Igrejas de Hef- panha peraco ían:o Atlia- nafio vilitar o Apojtolo.^. Paulo preío cm Roma ^ tk leuarlheefmola.pag 98^

Padcceo njartyrio cm Plaíen- ciacomíanco Epitacio.pag

Outros querem que em Mc-

rida, ou Braga. 9P. & 100, Ouuedous íantos Baldios di-

cipulos de Santiago cap.i 5)-

pag. loo.&íeq. Em que anno íoi martyriza-

do. pag. loi.

s

Bafdijfa.

Anta Baíílifla híja das lau- tas noue irmás, onde pa- dcceo Martyrio. cap. 30. pag. i4i&leq.

C

B

Bemaumturado.

Orno pode tornar ao mundo, &c reíucitar bemauenturado, cuja al- ma via a Deos.cap. 17, pag. 86.& feq.

Benigno.

Enigno33.Arcebirpo de Braga. cap.77.pag,3 31. & feqq-

Carta

Índice .

Gaitas que lhe cícrcueo o Pa- pa Pebgio. pag.335 A' ^cq.

Achou ftprefente àconfagra-

çãoda Igi*cja Cachcdralde Tolçdo. pag. 33X-

Foi a França viíicar ofepul- chro de Saõ Martinho Bif- podeTurs- pag.336.

V

Bento.

Indados Religiofos de Saõ Bento a Porcugal. cap. 79. pag.34i.& íeq. Reu elação de que nenhú dos q em trezentos annos mor reraõ no habito de Saõ Be- to íe pcrdeo. cap, 99- pag.

409. Muitas Abbadiasde Saõ Ben- to erigidas em Bifpados.

cap. 73 -pag. 32- Nas terras da Coroa dos Reis Sueuos , foi o primeiro S. Martinho, q edificou mo- ftcirosda Ordem de S. Ben- ro.cap.73.pag.311.

Bifpado.

íuifoés que fe fízeraõ dos Bifpados de Hd- panha, & dos que feafsi- naraõ à Metropoh de Bra- ga cap. 8. pagina. 30. & íeqq.

Btfpo.

Ifposde Portug:iI,que fe aiíinaraõ no quarto Có- cilio dcTolcdo.cap. 8 1 .pag.

348.

A muitos Bifpos titulares fc aíhnaraÒ Igrejas em Iiia,& Ouiedo pcra íua fuílenta- ção. cap. 103. pag. 450.

Culiunie dos Reis CathoU- cos de por Biípos em todas as Igrejas Cathcdraes tanto que as conquiílauáo cap. 103.pag.430.

Dàfe noticia dos Bifpos de Dume. cap. 88. pag. 376. Òí íeqq.

Bordão.

Ordaõ de Tanto ApoUi- nar ílorcceo , ôc fe kz ar- uore em confirmação da Fe , & ao pe delie arreben- tou húa íontc.cap. 63 .pag

Braga.

Q

Vai feja a cidade de Bra- ga cap. i. pag.i.' Porque tinha o titulo de Aueurta-lbidem, Porque rczão lhe chama Au- zonioricajbidcm.

Da

Dã; CoíiÇcís.

D:\ origem de Braí^a ha cinco

Opinioés.pag.3.

Onerem alijuns foíie funda- da por Egypcios , &: quais íejão íeus fuadamencos. . roidem.

Outros querem foíTe fundada por Gregos.pag.5.6<: 4.

QLiaistoílcm eiies Grcgos^que edificarão Braga.íbidem.

Opinião de outros que querê folkBraga fundada porCar thaginelesj& íeusfundamê tos. cap.i.pag.f .

Qi^iarta opmiaõ hc.cjfoiBraga fundada por Gallos Celtas.

A vitima opinião ne, qne foi Braga fundada por Roma- nos.pag. 8.

Que opinião fe ha de feguir a- cerca da fundação de Braga, cap. i.pag.8 & 9.

GueriaSj&VidoriaSjque teue Braga no tempo dos Ro- manos. cap.2..pag.9. &feqq

Do íitio que teue Braga no tempo dos Romanoíi.cap. 3. pag. 11.^

Antiguidades qfe acharão em

Braga do tépo dos Romanos cap . 3 . pag. iJ.&c feqq-

Foi Braga híi dos mais conhe- eidos Conuétos juridicos, q ouue em Hefpanha. cap. 1 4- pag. 2.1. &c feqq.

grandeza q conferu ou Bra- ga na entrada dos Vândalos SueuoSj Alanos cm Portu- gal,& Galli2a.cap.;.pag.i5 &reqq.

Seruio de Corte aos Reis Sue- uoà.pag i3.

Como Braga na entrada dos Mouros cm Heípanha, foi deííruida, ôc depois rcítau- rada, & dada pello^ Reis de Leaõ a efta lanta Sè. cap. 6. pag. Í5.& feqq.

Paílaò os moradores de Braga de dous mil & oitocentos, pag.iy.

Que parochias , ôc mofteiros tem a cidade de Braga. pag.

Como a cidade de Braga foiá

primeira de Hcípanha,que

rccebeo a de Chriílo.

cap. 7'pag. 27. & feqq. O Apoílolo Santiago pregou

primeiro cm Braga 'cap. 7.

pag. 19. Dos Biípados que fe aiUnarao

a Mctropoli de Braga. cap.

8.pag.3o. Concílios Prouinciaes, quefe

celebrarão em Braga. cap.p.

pag.34.&fcqq. Pertendc ElRcy Dom Garcia

a reílauraçáo de Braga. cap.

ii5>.pag.4íí6.& feq.

Ss

Cachorro

Índice.

F

C.

Cachorro.

Amilia dos cachorros on- de teuc feu cronco. cap. t$. pag. lio.

Caledónia.

CAledonio decimo Arce- biípo de Braga. cap. 38. pag. i;;.&:feqq. Teiie grande amiíade com S.

Cypriaiio. pag. 1/5. Teue continua guerra com os hereges Nouacianos. pag.

Carta de Calcdonio peraSaõ Cypriano. pag. 1J7.

RepoftadcS. Cypriaao. pag. ij8.

Calfurnio.

Ç^ Alfurnio Pizão dcfbara- tado por os Bracharen- fes. cap. z. pag. 10.

o

Cantar.

Nde fe prohibio o can- tar na Igreja verfos^ou hymnos.cap. 70. pag. ^97'

Q

Capellao,

Em ordenou ouueíTe cinco capellaés na ca- pella onde crtaó as relí- quias de S.Pedro de Ra- tes.cap. 18. pag. 96.

C^arago^a

Ç^ jAragoça quam fértil de niartyresj & porque re- zaõ. cap. 44. pag.iSi^

Carta.

Ç^ Artade Auito pêra Bal- coniOjArcebifpo de Bra- ga, cap. J7- pag. 248. & íeq.

Q

Carthaginefes.

Verem alguns, que os Carthaginefes fundaf- fcm Braga. cap. I. pag./.

Cafsiano,

C Cafsiano martyr hum dos 18. companheiros de Santa Engracia .cap. 44, pag. 181. & 184.

Cajlino.

CAftino ij.Arcebifpo de Braga cap. 64. pag.i7i. |

'Das CGiífas.

&: íeqq. Con^ctclhe o Papa Horniifda a legada Apoíiolica. pag.

Ceclliano.

SAõCeciliano martyr dos dcloico companhei- íos dcíantaEngracia. cap. 44. pag. iSi. ów 184.

Chorepfcopo.

CHorcpifcopos eraõ Sa- ceidotes,que íeruiaõ nas aldeãs como cõpanheiros, OLiVigairos dosBiípos^cap.

;i.pag.2.i6. ^

Chainaraõíe aíli de^ Chore, pa- laura Grega^que quer dizer aldeã. Ibidem.

Tirou os o Papa SaÕ Damafo- Ibidem.

Cidade.

E honra de hua cidade ter fanto feu natu- ral cap. 51. pag. 112.

Sete cidades contenderaõ^qual auia de fer pátria de Ho- mero. Ibidem.

A que cidades fe o titulo de Auguílas , ôc porque re- zão. cap. i.píig- 1. &pag. 193- 194.

Colunas.

Olunas varias com fcus iecreircs , que íe achaõ cm Braga aleuantadas a di- ucrfos Empcradores Roma nos cap. 3. pag. iz.&c pag. 16. &leqq.

Comba. C Anta Comba Virgem, & Saó Leonardo feu irmão.

cap. 109. pag. 441. (Sc íeqq. Foi natural deLamas dcOrlhao

Ibidem. Milagres com que Deosaíez

inuihuclen defenfaõde íua

Virgindade, pag. 441. Fonte que naceo onde foce-

deo o milagre. Ibidem.

Concilio.

f~^ OnciíiosProuinciaeSjquc íe celebrarão cm Braga, cap. 5, pag. 3 4. &ícq.

Primeiro Concilio deBra^a. cap í). pag, 35. &ícqq.

Segundo Concilio de Braga, cap. 10. pag. 3í>.&: íeqq.

Algijas cGufas que nellefe or- denarão. Ibidem

Capítulos que nellefe propu- lerao contra a heregia Piif- cilliana.pag.4i.& feqq.

Ss z

Terce iro

índice.

Terceiro Concilio de Braíra. cap. ii.pag. 49. &leqq.

Algi^ias coLifas que nelle Con- •cilio íe ordenarão. pag. jj. & leqq.

Qnarco Concilio Bracharen- k.cap.iz.pag.57, & feqq.

Coufas que nelie íe ordena- rão. Ibidem.

Quinto Concilio Bracharenfe cap.13. pag.6<$.

Quantos Concílios cfl:a5 in- lertos no Primeiro de To- ledo, cap. J4. pag. ziS. &c

Constituirão.

COnftituiçoes Apoftoli- cas quando começarão, cap, 16. pag. 80. Como as deu o Apoftolo San- tiago a faõ Pedro de Rates . pag. 81.

c

Contiento.

OnuentosiuridicoSj que ouueemHefpanha, & comoBraoafoi liú dos mais

o

conhecidos. cap.4.pag. 21. & feqq.

Crotildes.

A

Rainha Crotildes man- da S. Auíbertopor em baixador a França ^ &cau-

íasda embaixada, cap. 67. pag. 278. & feqq.

S

Cumfate.

Cucufate marcyr de Braga.cap.43. pag. 176, 6^177.

D.

Damafo.

Q Damafo Pontífice Ro- mano, cap, 51, pag. 212, & feqq.

Que lugares contendáo ter a eíle íanto por natural, pag. 21 2. & íeq.

Foi natural da villa de Guima- rães, pag. 213, & feqq.

Algúas coulas que ordenou, pag. 214. &íeqq.

D

Decio.

Ecio Bruto vécido por os Bracharcnfes. cap.

z. pag. 10.

s

Digna.

Anta Digna quemfoi^& onde íoi martyrizada. cap. 39- pag- 163.164.

Domi-

Das £o::p'S,

Dcmlciano.

Omiciano que alguns iniiculaõ Arcebiípo de Braga. cap. 47. pag. 15)5, & íeq. Donde foi Bifpo. pag. i5'4-

Dulcidio.

Vlcidio j'4. Arcebifpo de Braga. cap. 107. pag. 437.tl5»:leqq. Achoufe prefente na batalha

dcClauijo. pag.437. Aílinou na efcricura da doa- ção dos vocos/íbidem.

Dume.

Elação dos illuílresPre- lados , queteue a Igre- ja de Dume. eap. S8. pag. 376. Sc feqq.

Durou o moítciro de Dume largos annos em Biípado. cap.75.pag-3i2-.

Que m f u nd o u o ni o fteir o de D ume. pag. 311.

Fioreceraõ nelle grandes fan- tos.das- 312..

Prouerbio que corna , Braga naõ tcuc mais que Mar- tinho de Dume ^ porem, o mofteirode Dume mui-

tos Marrinhos de Brara. Ibidem. Milagres com que Decs caíli- gou a híi por tomar ca- cho de vuas no mioíleiro de Dume.cap.73 . pag. 313.

E.

Egica. LReyEgica fez ajuntar Concilio. Cvip. 99. pag. 410, ôc ícq.

Egypcios.

Verem algús q os Egyp- cios fundaficra Braga, & que fundamentos te-

4.

nhão.cap.i.p3g.3. Eleiitherio.

Leutherio Trigcíimo Ar

cebiípodeBraga.cap.651.

pag. z88. . ••1/

Carta do Papa Vigilio pcra E-

leutherio. pag. 189. & feqq.

luliano lhe chama varaõ ían-

to. pag. 194. Tcue por dicipuloaíaõFulgé- cio. Ibidem.

EUpandú. Roteíiiçáo daFè,& pe^ii tecia de Elipando. cap. 104. pag. 434

Ss 3

—^^t^^mf^'^

Ind,

ice.

434- Autores que trataõde Elipan- do. Ibidem^

Eminio.

EMinio he a villa deAguc- dacap-ij-pag. 72. Foi antiguamence cià^^ác Epií-

co pai. Ibidem. Em Eminio ouuc Bifpo na pri mkiua Igreja poííc por S. Pedro de Rates. cap. 16. pag. .81.

Engracia.

Q Anta Engracia Virgem, & marryr natural de Bra

ga, & 18. companheiros

íeus martyres. cap.44.pag.

180, & fecjq. Que tormentos padeceo.pag.

r83 - Foi íepultada por minillerio

de Anjos. pag. iSj.

Ej)itacio.

Ç Epitacio Bifpo de Tui martyrizado em Plaíen- cia com laõ Bafilio cap. 15). pag. 99.

Alguns queré foííe Bifpo Me- tropolitano de Mer ida. Ibi- dem.

Onde padcceo martyrio- Ibi- dem,

Epitacio, ou Idacioiy. Ar- ceblípode Braga cap. 48. pag. i9j.&íèqq.

Efieiíao.

REliquias de Santo Eíle- uáocomoforaõ acha- das _, & quem trouxe parte delias a Braga. cap. 57. pag. 249. &cz^-j.

SaõEíteuaõ Abbade do mo- lleiro de Rates, cap.79. pag. 341. & feq,

Achoufe no terceiro Conci- lio de Toledo, pag. 342.

Foi contemporâneo de S.Gre- gorio. pag. 3 43.

s

Euanto.

Ao Euanto martyr hum dos iS. companheiros de Santa Engracia cap. 44. pag. 181. &: 184.

Eufemia.

SAnta Eufemia Virgem, & martyr húa das noue irmãs. cap. 29. pag. 137 & feqq. Onde erta o corpo deflaglo- rioíaíanta. pag. 137.

Em

T>a< CCí:p^S.

Em que lugar padcceo mar- tyrio.Ibidein.

Mílcigre notauel com que foi delcuberco íeii ía<!rado cor- po , ôc cresladado à Igreja de íanta Marinha lua irmá. pag. 138.

Como a íaiira eirada da Igreja de íanta Marinha , tornaua aelln.png. 139.

Como foi depois tresladado ícu corpo aSè de Orenle. Ibidem.

Ouue outra fanta Eufemia, q aprouou com milagres os decretos do Concilio Cal- cedonenfe.pag. 140. & leq.

Autores queeícreuemde fan- ta Eufemia, pag. 141.

s

Eunomea.

Anta Eunomea quem foi, & onde padeceo marty- rio.cap,3 5>. .pag .163.& feq.

s

Entropia,

AntaEutropia quem foi^ & onde padeceo Marty- 163.

no. cap. 39- f-^, feq.

Excomunhão.

p

Enitencias que em varias partes das regras de Saõ

Bento fecliamão exciíàiu- nhoes.cap.88. pag, 37;.-

FabiãO.

C Fabiaõ fexto Arcebif- po de Braga. cap. 3 3 . pag. 146.

Faujlino.

FAuftino 44 Arcebifpo ds Braga cap, ^^. pag.

409. & feqq. Foi Rcligioío de Saõ Bento.

pag. 409. Aííiftionodecimotercio Cõ-

cilio de Toledo, pag. 409. AlIiíHo no decimo íexto C6-

cilio de Toledo pa[^. 410. Foi Metaopolitano de Seuilha

pag. 41 1 .& íeqq.

Fauíio.

C Faufto martyr hilcíos 18. companheiros de ían- ta Enggracia. cap. 44. pag. 181. & 184.

R

Egrada , que fizerão muitos Bifpos , & má- daraÕ a Balconio Arcebil-

Ss 4

po

Ind

ice

po de Braga, cap, jy. pa^.

Proíillaõ daFc,q o Papa Hor- miída orcieíiou le fizelie. cap. <Í4. pag. 2.74. t\:íeq.

Em confirmação da o bor- dão de SaóApolIinar flo-

reccOj<5ííe cornou aiuorc.cap. 63 pag. 171.

Milagroíanicnteaproiiou Tan- ta Eufemia os Decretos do Cócilio Calcedoneníc.cap. iS^-pag-HC^ feq.

Feli:>

X.

S

Ao FelixfeptimoArcebií- po de Braga. cap. 34-P^S

.. i47.&req.

Se foi martyr. pag. 148.

Saó Félix Torcaco martyr 45. Arcebifpo de Braga. cap. 1 00. pag. 41 4. Ã: feqq.

Naceo na cidade de Toledo pag.415. , . ,.

Foi Biípo de Iria Flauia. Ibi- dem.

Foidahypcra Bifpo do Por- to. Ibidem.

Foi marcy rizado com outros i7.companhciros na entra- da dos Mouros em Hei- panha.pag 4KÍ.

QnaUoio lugar de fua morte. Ibidem.

Nomes dcalgiís dos martyres

íeus companheiros, pag-

417.

Diferença entre o noílo fan- tOj& outros dous do mef- mo nome.pclg.419, Ôc leq.

SaõFehx martyr hum. dos 18. companheiros de (anta En- gracia. cã\^. 44. pag. i8i. &184.

Ferdifendo.

FErdifendo ;o. Arcebifpo de Braga. cap. 103. pag. 42.9.& feqq- Leuou de Bra^a muitas reli- qujasj&cícrituras impor- tantes pêra a cidade de Iria, por cauía dos Mouros. pag.

431..

Filko.

Arco prodigiofo deno- ue filhas gcmeas^Virgésj &fanta3. cap. 2,4. pag. 108. & feqq. Partos prodigioÍGs de muitos filhos gémeos. pag. 113. & feqq.

Flaiiio.

ELRey Flauio Recaredo irmão de SaõErminigil- ào , & íobrinho de 5ao Leandro, «.S»: Saõ Fulgcncio.

cap 78.pag.337. Concilio queajuntou. Ibidé.

Fronto.

Das Coupis.

Fronto.

Ç Fronto martyr hu dos 18. companheiros de íanta Engracia.cap. 44. pag.iSi &184.

Frutuofo.

C Frutuofo 4o.Arccbirpo de Braga, cap.8;. pag. 3;7. & íeqq.

Seu nacimento , & criação. pag.3j8.«Sc íeq.

Recebe o iiabito de faó Ben- to, pag. 360.

Funda o mofteiro de Saõ lu- fto , & Paftor, & outros muitos de Religiofos , de Religioras,p3g.3 (ío. &rec[q.

Milagres queDeos obrou por meo de faõ Frutuofo antes de entrar em Portugal, cap. gy.pag. 3(í7.&feqq.

Trata de ir a lerufalem, impe- deoElRey comofazerBif- po deDume^ ondeefcre- ueo a regra^quechamáode faõ Frutuofo. cap. ^^. pag. 370.& feqq.

Vai ao Concilio decimo de Toledo, cap. 89. pag. 378. Teqq.

Nellehe eleito Arcebifpo de Braea. Ibidem.

o

I Vem pêra fua Igreja , trata da

reformação do clero, òc

pouo delia. íoidcm. Moíleirosque S. Frutuofofú-

dou em vários lugares de

feu Arcebifpado , & fora

delle. cap. 90. pag. 38z.&

íeqq. Funda S. Fruofo o mofteiro

de S.Saluador , & motiuos

que teue pêra iílb. cap. 91.

pag. 386. & feqq. Suagloriofa morte. cap. pz.

pag. 3 89. & feqq.

G.

Q

Gallos.

Verem alguns que os GaIlos,Ccltasfollèm os primeiros fúdadores de Braga. cap. I. pag. 7.,

Garcia,

E

LRey Dom Garcia pre- tende a reftauração de

Braga.cap. 119. pag.466.&

feqq.

Genebra.

SAntaGencbra hua das no- ue irmãs . cap. 30. pag-

141. Padcceo martyrio na cidade Tui. Ibidem.

Germana

->■*■

. Germana.

Ç Anta Germana hua das no- ne irmãs. cap. 30. pag

Padoceo martyrio em Cartha 20 com outros rantos.Ibi-

£3

dem.

Gema^.

C Ao Gernaz querem algus foííe irmáo de íanta Senho rinha. cap. 116. pag. 4; 8.

G

Gladila.

Ladila 5 j. Arccbifpo de Braga. cap. loS. pag. 440. Foi Abbade de Saõ Bento. Ibi- dem.

Gonçalo,

GOnçalo 60. Arcebifpo de Braga. cap. 114. pag. 4J1.

Gralhas,

Arto prodigiofo nafami- hai& geração dos Gra-

Ihos. cap. zj. pag. 117. &

fec|.

Grato,

GRatooitauo Arcebifpo de Braga. cap. 35- pag.

índice

149.& íeqq. Foi Arccbiípo deToIedo.pag,

14?. Carta que lhe eícreuco o Papa

S. Sixto. pag. I/o. Gregos.

OS Gregos fundarão a Braga. cap. i. pag. 4. &8. Que Gregos foílem eftes. Ibi- dem.

Guerra.

GVerras que teue Braga com os Romanos. cap. z.pag.5>. & feqq.

P

Guimarães,

Riorcsííe Guimarães fo- geitos ao Arcebiípo de Braga. cap. ioo.pag4i8.

Gulodice.

Ilagrccomque Deos caítigou a gulodice de cm tomar ca- cho de vuas . cap. 73. pag,3i3.

He regia.

Das (^OMpiSy

H.

ocjiia

Beregia.

CApicuIosqucfc propu- feraõ no Tegundo Con- cilio Bracharenfe contra a Hercgia Priícilliana.cap.io pag.4i. & íeqq.

Herminigildo.

HErminigiIdo48. Arce- bi(podeBraga.cap loi pag. 4i8. Herminigildo 6i. Arccbifpo de Braga, cap.11/.pag.4jz.

Hermolao.

HErmoIao prega emBra- ga. cap. zi.pag.ioz.& feq. Na5 foi Arcebifpo de Braga.

Ibidem. Qiiem o faz Arcebiípo de To ledo. pag. 103.

H

4i8.

Heronio.

Eronio47. Arcebifpo de Braga-cap. loi.pag.

Heroes.

HEroes.j5>. Arcebiípo de Braga. J tap. 113. pag.

448. .il íL.

Aífinou em híja doação que fez S.Rofcndo ao moftei- rode Cellanoua. pag. 448.

Luitprando lhe chama varaó fantiílimo.pag.449.

Mandalhe parce deluaChroni- ca. Ibidem.

Hefpanha,

Dluerfas diuifoés que os Romanos fizeraõ de Hefpanha cap. 4,pag.ii.&: frqq. Que conuencos jurídicos ou- ucnella. Ibidem.

miaria.

SAntaHilaria foiRainha de Chipre.cap.39.pag. i6z. SegueaSaõNarciíIo Arcebif- po de Braga, que a conucr- teo. Ibidem. Padece martyrio em Girona. pag. 164.

Homero.

s

Ete cidades contenderão qualauia de ler pátria de

Homero

Ind

ice

Homero,cap. 51. pag.tii. HormIJda Ormirda Papa acbdea

arrancar as heregias. j j f3f- <> 4.p3g 2Í74. & íeq. '

o í J j . ;

. lacobo.

Acobo 49. Arcebifpo de Braga. cap. loi.. pag.4i8.

Innuario.

Ao laiuiariomarcyr hum dos 18. companheiros de

SantaEngracia.cap. 44, pag.

181. & 184.

Idacio.

IDacio, ouEpicacio 17, Ar- cebiípo de Braga, cap, 48. .•::pag. i9í.&íeqv]. ' -' v Foiperícguido dos Arriaiios.

jpag.i5)7- ConciIi,o em que preíidio por

ordem do Papa Félix, pag,

2.00. ,

Foi grande amigo de Saõ Baíí-

ho Magno. Ibidem. Idacio ícgundodo nome 24.

Arcebifpo de Braga. cap.

62, pag. 263. & ícqcj. Foi de nação Sueuo pag. 263. ; Foi Bilpo de Lamego. pag. 264 ^ Chronicaq cícreúeo,pag.267.

imperadores.

U;. U'

-ÍJiJ: _^

IMpcradores RorÃaiios em entrando no Império co- mauão pêra {y todos os ti- tulos dos mais honrados magiftrados_,que tiueraõ os Romanos, &porque rezáo cap 3. pag li- Chamauãoíe Auguftos pag.iz Chamauáofe Augures. pag. 13 Intitulauãofc Pontiíices máxi- mos pag. 13. chamauáofe pays da Pátria.

pag.i;. Outros ticulos que fe cha-

mauáo. Ibidem. Colunas com ícus letreiros q le acharão em Braga alcuã- tadas a vários Imperadores cap.3.pag.i2.pag.i(í.&íeq.

A

E

Inferno.

Lima de Trajano tirada das penas do Inferno pêra oCeo.cap. 17.pag.86. & feq,

Iria. M Iria fe aílinaraõ Igre- jasamuitosBilpos titu-

larei

D/rs £cnpiSy

titulares peraíua íullcnta- cao.cap.103.pag. 430.

A

Irma.

S fancas nouc irmãs gé- meas, Virgens, & mar- tyres.cap.i4.pag.io8.&: íeq. Vejafe apalaura.Parco.

TEmplo fundado a Deo- la liis na cidade de Bra- ga, cap.i.pag. 3. &pag-74- èi íeq.

luliano.

IVliano primeiro do nome ap.Arcebifpo de Braga cap. 68. pag.i8<j.& íeqq. Foi primeiro A rcebiípo de To

ledo.pag. 2.87. luliano 6%. Arcebifpo de Bra-

ga.cap. ii7.pag.46i.^ Foi mudado a Arccbiipo de Toledo. Ibidem.

L.

L

Lampadio,

Ampadioig. Arcebifpo de B raga . cap.4$>. pag.zoo &feqq.

Sc aíliílio noConcilio de C^a- ragoça. Ibidem.

Ley.

ONde teue principio o j prouerbio, làvaõleys onde querem Reys cap. iií>. pag. 46Í).

Lenciano.

LEncianoconuertido mi- lagrofamence por fanca Quitéria cap.17.pag. 1 19.& feq. Seu marcyrio outros mui- tos, pag. 131,

Leodeclfo.

QAv Lcodccifio luliano 41. Arcebiípo deBraga.cap.i5>6 pag.400.&'. feqq. Vulgarmente fe chama Vrba- I no.pag. 400. Congregou o quarto Conci- lio Bracharenfe. Ibidem. Foi depois Arcebifpo de Tolc- dojconforme a alguns. pag. 401. & feq. Foi em letras iníigne pag. 403. Reformou oBreuiario,& mií- fal de fantolfidoro. Ibidem.

Tt

Leonardo.

Indi

I Leonardo.

SA6 Leonardo, & faiitaCõ ba fua irmã. cap. 105?. pag. 441. &fec]q. Naceo em Lamas de Orelhão,

Ibidem. Foi morto pellos Mouros, & com que ocaliaõ. pag. 441,

Leôncio.

SAõ Leôncio 1$. Arcebif- po de Braga.cap. 4;. pag. 187. &reqq. Foi natural dcGonftantinopla

pag. 187. Faleceo navilladcGuimaraés. pag. i^o.

L

Letreiro.

Etreiros de varias cold- nas , que íe acharão em Braga .aíeuanradas a diucr- fosEmperadores Romanos cap. 3. pag. li. & pag.i(í. & feq.

' Liberata.

C Anta Liberata Virgem > òc martyr húa das nouc irmãs cap. zó. pag. 111. & íeqq.

Chamoulc Vuilgeforte, ou Ontcomcra, ou Liberata

ice.

Ibidem.

Diftmgucfc de outra fanta Li- berata. Ibidem.

Foi natural de Braga. Ibidem.

Onde padeccQMartyrio.pag. 124. &: íeq.

R

Lyma,

Io Lyma chamado rio do cfquccimento. cap. I , pag. 1. Leua ouro em fuás áreas. Ibidé.

Liuba.

Lluba 43. Arcebifpo de Braga.cap. P7- pag- 404. & íeqq. Achou íe no 12. &: 13. Con- cilio Tolcdano. pag. 404. òi feq.

Liuro.

Vitos liuros fe acha- rão depois de largos annos- cap. 16. pag.87.

M

Lúcio.

L

Veio Catilio pay das no- ^ uc irmãs gemeasjVirgcs, & martyres. cap. 24. pag. lop.&ícqq.

Lucrécio,

Das ÇouÇís,

- I

Lucrécio.

LVcrecio 31. Arccbifpo de Braga. cap. 70, pag. Z5>4.& fcqq. Faz ajuntar Concilio em Bra- ga , pêra coníirmar os Sue- uosnaFé.pag. zs>j.

Lupercw.

Q Ao Lupercio martyr tio de íanra Engracia. cap. 44. pag.i8i.& 184.

M.

Maclottio.

C A5 Maclouio refucitahum Gigante, cap. 16 pag.Sj.

Manucmo.

Anucino 37, Arcebif- po de Braga. cap. 82.

pag. 349.

Marcial.

Oefias em que Marcial Fal lacIeSátoOuidio.cap zt.

pag.104. S. Marcial martyr dos 18.

companheiros de Tanta En-

gracia..cap,44.pag.i8i .ôc

1 84.

Marciaua.

Anta Marciana hua das Tantas noue irmás. cap.

3o.p3g. i43.&Tcq. Foi martyrizada na cidade de

Toledo Ibidem. Maraiiilhas que emfeu marty-

rio acontecerão, pag. 143.

ôc feq. Ouue outra Tanta Marciana-

pag.i44.& Teq.

Marcos.

Q Marcos loaõ BiTpo , & martyr.cap. z3.pag.107. &c Teq. I

Foi primo, & companheiro doApoílolo Taó Bernabe. pag.107.

Teue por meftres aos fagrados Apol1:olosíaõPedro,& laó Paulo. Ibidem.

Veo com íaó Paulo a HeTpa- nha. Ibidem.

Onde pregou. Ibidem.

Onde Toi raartvrizado. íbi- dera.

Foi Teu corpo Tresladado pe^ raBraga, &nelia eílài Ibi* dem. . ^r ;

O Aciprcfte Juliano viíltanclo Teu Tepulchro aíHrma ver Tuas rcliquias. pag. laS,-- \

Tz2,

Marinha .

Marinha.

SAnta Marinha Virgem, & marcyr húa das Tantas no- ue irmãs. cap. z8. pag. 133. & feqq.

Ondepadcceomartyrio. pag. 133. &feq.

Três íalcos deufua cabcça,quá do lha cortarão , & arrebs- taraõ trcs fontes, pag. 134.

Saraõ muitos enfermos com a agoa milagroíà deitas fon- tes. Ibidem.

Vários mofteiros , Sc Igrejas edificadas com o nome de- lia Tanta. pag.i 35.

Confundem muitos efta fan- ta com outras 'duas fantas Marinhas, pag. i^s- &feq.

Qual fcja o verdadeiro modo com que fc ha de pintar ca- da húa deftas fantas Mari- nhas, pag. 136.

Autores que efcreucm de íàn- ta Marinha. Ibidem.

Maninho.

SAõ Martinho de Dume. 32,. Arcebifpo de Braga. cap.71.pag.303. Vem Saó Martinho a BragB, conuertc os Sueuos ^ fun- da o morteiro de Dume,&

índice.

he eleito Bifpo delle. pag.

303. &reqq. He eleito Arcebifpo de Bra-

ga,& chama a Concho. pag

3 o5).& feqq. Morteiros que fundou nefta

Prouincia de entre, Dou-

ro,& Minho.. pag. 311. &

feqq. Liuros, & obras que compôs.

pag.3ii.&feqq. A gloriofa morte do bcmauc-

turadoS. Martinho de Du

me.pag.3i3.& feqq. Pocíias varias feitas em louuor

de Saó Martinho na tres-

ladaçãodeíuas relíquias pe

ra Braga. pag. 3zp.& feqq.

Pfouerbio tom que fe celc-

braua a fantidade de Saó

Martinho, cap. 73. pag.

3 li.

Martyr.

N Ornes dos 18. mnrtyrcs companheiros de fanta Engracia. cap.44. pag. 181. & 184. Quam grade foíle a multidão dos martyres, emC^arago- ça.pag.iSz.

Martyrologio.

CAda Cathedral tinha feu Martyrologio cap.

pag. 4^-1.

100.

Matutino.

■—■—li. I I - , Am

Das Coufjs.

Matutino.

s

Mncucino marcvr dosiS. companheiros de

lanta Engracia. cap.44.pag.

181. &184.

Mãurilio.

CAõMauiilio porque caufa

foge de leu Biípadocap.iíí.

pag. 82,. & íeq. Como foi achado, & tornou

aclle. pag. 83. Refucita moço depois de

muitos aiinos enterrado.

Ibidem.

Maximiliano.

C A5 Maximiliano Bifpo , & martyr de Viana. cap. 60. pag. xói.ôt feqq.

D

Metropolitano.

Ireico Metropoliaano da Igreja de Liigo paf-

fado à de Ouiedo. cap. loj.

pag.43(í.

R

Miguel. Euelaçáo do Archanjo íàõ MicTuel a Aulberto Arcebiípo deBraga.cap.67.

pag. 178.

MiLiare,

Milagre com que foi def- cuberco, & mandado

cresladar o corpo de íanta

Eutemia.cap. 2.9. pag, 138. Milagres que Deos obrou por

meodeS. Frutuolo sntcs dccntrar em Portugal. cap.87.

pag. 367. & feqq. Milagres com que Deos cafti-

gou a hu por tomar hCi ca-

chode vuas.cap.73.pag.313 Milagres que fez íanta Senho-

rmha deBafto. cap.i 1 6, pag.

4)- 6. & feq. Milagres que Deos obra por os merecimentos de íunto

Apollinar.cap.(j3.pag.i7o-

& íeq. Dando com o bordão na terra

fioreceo ^ & fe fez húa for-

moGaruore.pag.i(í5>- VejaíTe a palaurajRefurreição,

Mojca.

Ofcas milagrofamen- te produzidas, pêra caíliigarem os que que- riaõ roubar o fcpulchro deS. Narciílb cap.39.pag 164.

Alosleiro. Ofteiro deRatcs qu ãdo fefúdon.c.7í?.pag.34Í

M

Tt3

Mofteiro

Indce .

Moíleirode Titulcia edifica- do por íaõ Philiberto_, & faõ Fabriciano. Ibidem.

Molteiro de íaõ Martinho Lieuana^ quem o fundou^ & como depois mudou o nome. cap. 8o. pag. 343. & feq.

Mofteiros cjue faõ Frutuofo fundou cm feu Arcebiípa- Áo,^ fora delle. cap. 90. pag. 381. & feqq.

Morteiro de S. Saluador fun- dado por faó Frutuofo _, & porq caufas, cap. pi. pag. ^U. &feqq.

São Frutuofo funda o moftei- rode Saó lufto , & Paftor, & outros muitos de Rc- Iíctíoíos ,& Religiofas. cap. 86pag.36o. &:íeqq.

Mofteiros da Ordem de São Bento, que foraõ edifica- dos em Portugal viuendo ainda o meímo fanto cap. 73 pag- 311. & feqq.

E

Mouro.

Ntradados Mouros em Herpanha,& como Bra- ga foi deftruida.cap. <5.pag. zj.&leqq.

Murmurador. ^ Aftigo que Deos deu.a . dous murmuradores.

cap. 116. pag. 41 6. N.

N

Nabuchodonofor.

Abuchodonofor veo a Heipanha.cap.i6.pag.

19-

NarciJ?o.

SAõ Narciílo vndecimo Arcebiípo de Braga. cap. 39. pag. 160. Sc feqq. Foi natural de Santarém, pag.

i6i.&feq. Pregou em Alemanha, pag.

Padeceo martyrio cmGirona, com outros que tinha con uertido, pag. 163. & feq.

Milagre com que forãocafti- gados os que queriaõ rou- bar íeu fepulchro.pag. 164.

Autores que delíis efcrçuem. pag. 165,

N

Nome,

Ornes que pêra íy to- mauáoos Imperadores Romanos, cap. 3. pag. 12.

N

Noflrato. Oftratoj'3. Arcebifpo de Braga. cap. 106. pag.

436.

Das Çoi^Çis,

436.

Noue.

N

Oue irmãs oemeas todas íantaSjVirgens &Marty- res.cap.z4.pag. 108. & ícqq

O.

Ophir.

COmofe chamcBraga-ou íeus arredoreSjOphirjOU região Ophirina- cap. 18. pag.^i.ôi feqq»

Optatõ.

SAõOptatomartyr com- panheiro de fanta Engra- cia.cap. 44,pag.i8i.&: 184.

D

Ordonho.

Oação feita por ElRey Dom Ordonho II. à

Igreja de Santiago, cap,

105 pag.430 .

Orenfe.

ORen fe cidade Epifcopal chamoufe Amphilo- chia. cap.i^.pag.yz. Foi edificada por Amphiloco capitão Grego. Ibidem.

Ofa.

I

SAÕOfio ajunta Concilio, & piitga nelle íua culpa, cap. 48. pag.198..

Ouidio.

C Anto Ouidio terceiro Ar- cebiípode Braga. cap. zz. pag. 105. & íeqq.

Foi Romano nobihflimo,ami godé Séneca Philoíopho, èí MaximoCeíonio.lbidé.

Como fe conuerteo , ÔJ veo a Braga. íbidem.

Poeíias qne em feu louuor fez Marcial, pag. 104. & leq.

A elle fe deue a criação das no- ue irmãns Virgens, & mar- tyres. pag. 105.

Onde eílàíepultado. pag. 106.

Autores que efcreue delle , & lhe chamaò martyr. pag- io6.

Ouiedo.

EM Ouiedo fe aíTinaraô Igrejas a muitos Bifpos titulares, perafuftentaçáo. cap. 103. pag. 430. Affeiçáo que teue ElP.eyDom AíFonío o Catholico ãci- cidade de Ouiedo qap. Toj. pag. 43 J. >'^ííf,'

Tt4

Porque

Jnd

ice

Porque rezáo fe chamaua O- í uiedo cidade dos Bilpos cap. 110.pag.446.

Ouro.

BRaga fcrtili/íima de ouro cap.i.pag.i.

De Afturias _, Galliza, & Luíl- taniale tirauao cada anno vintcinii liuras de ouro. Ibi- dem-

Rios de entre Douro , & Mi- nho leuauão ouro em íuas arcas.pag, i.

Rios celebrados dos Poetas por riocs, & abundantes de ouro. pag.i. .

P.

Padrão.

O Lugar do Padraõanti- guamente Iria, Bifpa- do mui antiguo, paííado a Compoíicla depois õ che- garão as Rehquias do Apo- Itolo San tiago.i cap. i í .pag.

Pancracio.

Ancracio , ou Pancracia- no zi . Arccbiípo de Bra- ga.cap. f j. pag.23Ó.& feqq. Ajuntou Conciho em Braga.

pag.236. Foi deílcrrado na perfcguiçaõ dos Bárbaros .pag. 235;.

Panoracio.

p

Anoracio38. Arccbiípo de Braga. cap. 83 .pag .345)

Pantardo.

p

An tardo 34. Arcebifpo de Braga, cap 78. pag. 337 & feqq.

Parto.

PArto prodigiofo de nouc irmãs gemeasj todas Vir- gens , & martyres.cap.24,pag

io8.&leqq. Refcreníe outros muitos par- tos marauiihoíoSj&prodi- gioíos de muitos filhos jú- tos.cap.zf.pag.n3.&ieqq.

Paterno.

"P Aterno primeiro do nomc^ &i 12. Arcebifpo de Braga cap. 40.pag.16j. &feq.

Carta peraelle doPapaFclix. pag. 1 U.

VejaíTcj Patruino.

Pttruin o.

'Das coiffas.

Patruino.

C Paterno fegundo do no me, ou Patruino i9.Arce- biípo deBraga.cap.52-.pag. zií?.S«:íeqq.

Teue grande amiladc com Tan- to Ambrofio.pag.iis».

Foidcpofto porle íagrarcom dous Biípos hereges . pag.

Faz abjurar os Bifpos hereges fuás heregias. Ibidem.

He leftituido a feu Bifpado, morto S.Profuturo.Ibidé.

Preíide cm hum Conciho na- cional emToledo.pag.22r, Òi feq.

Paulo,

Bifpos que foraõ eleitos das Igrejas de Hefpanha pêra vifitar a S.Paulo Apo- fíolo prezo em Roma, & leuarlíic cfmolas . cap. ip. pag. 98. Agardcce Saõ Paulo por carta às Igrejas de Hefpanha a- quUa obra. pag. 98. & feq.

Paulo Orojio.

"P AuloOrofíoiníígne efcri- tor Eccleííaftico. cap. jS. pag. 250. & íeqq.'

V

Foi natural de Brasa. pae,2f2.

&feq. Foi dicipulo de fanto Agofti-

nho.pag. t$6. Tratou com S. leronymo.

pag. 25Ó. & feq. Trouxe a Braga relíquias de

fanto Efteuáo. pag. 2J7.&:

24P. Obras que cfcreueo , & onde

morreo.pag. 2jí>.& 2,60.

Pedro.

DOm Pedro Í4. Arcebif- po de Braga. cap. iip. pag. 464. &c feqq. Muitos o fazem monge de Saõ Bento. cap. 115?. pag^

467. Como o encontrou ElRey

Dom AfFonfo,& o priuou

da dignidade Archiepifco-

pal.pag. 469. Nelle teue principio o prouer-

bio,là vão leis onde queré

Reys.pag. 469. Como íe recolheo em hum

mofteiro.pag.469.

I Sao Pedro luliano.

SAõ Pedro Iiiliano 36. Ar- cebifpo de Braga. cap. 81. pag. 345. & feqq. Aífiftio no 4. &c 6. Concilio

d^

IrJ

ice

de Toledo pag,347. Foi mudado pêra Narbona. Ibidem.

S. Pedro ãe Rates, Ida de S. Pedro de Ra- tes primeiro ArcebiípQ de Braga, cap 14.pag.67. ôc fcqq.

Depois de encerrado reifcécos annos o refucicou em Bra- ga o Apoftolo Santiago, png. 68. - ^

Foi Profeta ludeii de nação^& como Tc chamou primeiro Ibidem.

Depois de refucitado o Bapti- zou o Apoílolo Santiago^ & lhe deu o nome de Pe- dro. Ibidem.

Confagrouo Bifpo deBraga^ o primeiro^ & principal de toda Hefpanha.pag. 65?.

Fragmentos de ianto Athana- lio, que tratão deSaÕ Pe- dro de RateSj & explicação delles. cap.i j'.pag,7i.& 72..

Carta de Hugo, que hlade S. Pedro de Rates. cap. ij.

P3g-73.

Onde eíiaua a alma de faõ Pe- dro de RateSj quando o re- íucitou Santiago, cap. 17.-, p-ig.86.

CoiTio podia vir doCeo,«& re fucitar fendo Ecmauentu-

rado. Ibidem.

Sobre a pátria defaÕ Pedro de Rates ha algiias opiniões, pag. 88,

Chamauaíe Malachias, que vai o meímo que Anjo do Senhor, cap. 18. pag. 89.

Pos Biípos em diuerías Igre- jas, & quais fejão.cap. 90.

Pregação , martyrio de Sao Pedro de Rates . pag. 91 . ôc feq.

Como le diga que faõ Pedro de Rates foi martyrizado na região Ophirina. pag.pi & feqq.

Gomo foi achado por diuina reuelação feu corpo. cap. iS pag.95.

Milagres que o fanto fez. Ibi- dem.

Scpulchro do fanto & letreiro quenelleeítapag.96.

Trcsladou o corpo defteglo- rioío íanco pcra a Se deBra ga o Arcebifpo Dom frei Baltaíar Limpo. pag. 96.

Capella,&:altar priuiligiado do finto. Ibidem.

Chamalhe o ConcilioBracha- reníe Pay , & Apoílolo de Heípanha. cap- 18. pag. 9j.

PoeJ:a. Ocíias cm que Marcial louua a fanto Ouidio

Mi^^*— MM I «I I w H-»'i ■III mi» » llil— ^— P

Arccbiípo.

Das Coufiis,

Arccbifpo dcBraga.cap-ii. pag. 104. Podias feitas em louuor de S. Martinho na cresladaçao de fuás relíquias, cap. 76. pag. 3i9.&.'leqq.

s

Policarpo.

Ao Policarpo 4 Arccbif- po de Braga. cap. 31. pag. 14;.

Porco.

c

Vílume de correr o por- co preto em Braga onde teue principio. cap.43. pag.

179-

Potamío.

POtamio o penitente 39. Arcebifpo de Braga. cap. 84- pag.3;o. & feqq, Achoufc no 8. Concilio To'

ledano.pag.350. Penitencia que fez por cair em hum peccadoda carne. pag.

3P-

Pedio penitencia dcftc pecca- do no decimo CõcilioTo- Icdano. pag. 3^1.

Foiporclle priuadodo Arcc- biípado^ái feruio toda a vi- da cm híja religião pag. 3 53.

Decreto acerca de Potaraio. I pag.3y;.&feq.

Prmitiuo.

C Ao Primitiuo Martyr dos i^. companheiros de fanta Engracia.cap.44.pag. 181. & 184.

Prior.

T> Riorcs de Guimarães fogci tos ao Arcebifpo de Braga cap. 100.pag.418.

Prifcilliano.

CApitulosqueno fegun- do Concilio Bracharcn- fe fc propuferaó contra a heregia Prifcilliana.cap.io. pag. 42.. & feqq. Quem foi o herege Prifcillia- no.cap. jo.pag.207.& fcqq

Proftituro.

SAõ Profuturo primeiro do nome, io. Arcebifpo

de Braga. cap.;3 .pag.ii4.&

ícqq. Entrou no Arcebifpado por

dcpofiçáo, & priuação de

Paterno. Ibidem. Foi dicipulo de fanto Agofti-

nho,& leuou cartas delle a

S leronymo.pag.iij.&feq

Foi

Indi

ice

Foi Ermitão o primeiro qu^e nelle Reino fundou a reli- gião cios Eremitas de Tanto

Agoil:inho.pag.2.3j"- Profuturo fegundo do nome zy. Arcebiípo deBraga.cap. 66 pag.177.

Proníerb.io.

PHouerbio com quefeex- plicaua a íantidade gran- de de S, Martinho , èc dos Relipiofos do mofteiro de Dume. cap. 73-pàg. 311. Onde teue principio o prouer biOjlâ vão Icys onde- que- relieys.cap.119.pag.46i?. ^

Publio.

Saõ Publio martyr dos 18. companheiros defanta En- gracia. cap. 44. pag. 181 . & 184.

uehrado.

OVehrados acudindo a Tanto Apolhnar cobraõ laude. cap. 63.pag.171.

'mntiiiano. Qojntiiiano martyr hum dos 18. companhei-

ros de Tanta Eugracia. cap. 44.pag.181 . & 184.

Quirico.

C Qujrico,ou Quirino 41 Arcebiípo de Braga. cap. 93. pag,35>4..&Teqq.

Edificou o Templo de Tanta Eulaha de Barcelona, pag.

394-

ETcreiíeolhcSãto Leaò Papa. Ibidem.

Foi ArccbiToo de Toledo, &

Tuccíior deSico lleToiíío

pag.39y. ^ ;-*v^<'

Com que ocaííaõ veTlioo ha- bito a Elíley Vuamba.pag.

396. Renuncia o Arcebiípado , & faz Te RehgioTo- pag. 398.

Ouiterra.

5 A n ta Qmteria Virgem , &

martyr híiadas noue irmãs.

cap. 2,7. pag. 1 2,5. & Teqq. Trataua TamiUarmcnte com o

Anjo da Tua Guarda- pag.

116. Como foi preTa em o cárcere

&0S que nelle conuerteo.

pag. 12.8. &Teq. Seu martyrio, ôc de outros

muitos pag. 131.

Rayo.

*D^5 coujas.

(

i?^^'0.

R

Ayos que matarão ao Pacriarcha de Con- llátinopl3,& outro aoEm- perador. cap- 94- pag. 273

Recifuintho.

REecifuintho Abbade na- tural de Braga. cap. 94-

Couías queefcreuo. Ibidem. &pag.39P.

Refra.

REgra da contra todas as hereíías,principalmê- te contra os Priícillianiftas. cap.j7.pag. 245.&rec|q. Regra que chamáo de faõ Fru- tuofo. cap. 88. pag.37i.&

Relíquias.

T) Eliquias de Sao Vidor,

fanto Alexandre, &: faõ

Muciano queforaõ achadas

no altar mor da de Braea

o cap. loi.pag. 415-.

Relíquias que na Igreja deDu- meelcondeo o Arccbifpo Dom Manoel deSoufa, pê- ra as trefladar pêra a Sede Braga.cap 7;. pag. 32;.

Como as achou , Si trefladou o Arcebilpo Dom Agofti- nho deCaftro. Ibidem .

Refurreicao.

FOi Saõ Pedro de Rates refucitado depois de íeií-

centos annos.cap. 14. pag.

68. Não foi leue a caufa de Tua re-

fureica5.cap.i6.pag.8i. SaõMaurilio refucitou hií mo

ço depois de muitos annos

enterrado, pag. 83. Santo Eflaniílao reíucica hum

defunto de três annos .pag.

84. Saõ Maclouio re fu cita húgi-

gãte de muitos annos mor

to. cap- 16. pag.Sj-. Como tornou à vida fanta

Chriftina.pag.8j.

ReuelacâO.

REuelaçãoquc emtrezê- tos annos nenhú fe per- deo dos que morrerão no habito de faõ Bento, cap. 95> pag. 409.

Reuocata.

SAntaRcuocata martyrde Viana. cap. 37. pag. 153. &feq.

Rio. T) los que Icuáo ouro em fuás áreas. cap. I. pag. 1.

Vv

Ro'

Irid,

ice.

Romanos.

Vercmalgus cjuc osRo- manos funda iTem Bra- ga cap.i.pag. 8. Guerra? c[ue ceue Braga com os Romanos. cap.z. pag.5?. &C Teqq.

Rofa.

N

Acem rofas cada nnno no dia ^ em que foraõ martyrizados fato Aciíclo^ Òí fanta Vitoria, cãp. ^o. pag.143.

Rofendo.

SA5 P.ofendo luftre dafa- milia dosSoufas.cap.iió.

pag.4J3. Vioa alma de unra Senhori- nha acompanhada de An- jos fabiraoCeo. pag. 4;7.

S.

Sagrííctio. Olemnidade com quefe fez a fagraçáo da Igreja do Apoftolo Santiago em Comportela.cap. no. pag.

444-

Salamao.

Q Salamão 15. Arcebifpo

de Braga. cap. 41. pag. 167.

de íeqq. Foi Grego de nação irmão de

Melancio.pag. 168. EfcrcLiellic faõ Marccilino.

pag.i^í?.

Saturnino.

SAòSaturninoMartyr na- tural de Viana-cap.37. pag lôj.ôc feqq.

Secundino, CA5Secundo_,ou Secundino

9. Arcebifpo de Braga cap.

3^. pag. líi.&fcq. Foi marty rizado em Cirtecõ

outros fantos.pag. ijz. Trefladação de ícu corpo de

Africa pêra Hcfpanha. pag.

Senhorinha.

C Anta Senhorinha de Bailo.

cap. ii6.pag.4;3. Foi de nobihfsmia familia dos

Soufas pag. 45-3 . Nomes,titulos,& nobreza de

feus pays.Ibidem. Criação que teueno moílei-

ro de São Icaó de Vieira.

Ibidcm.&pag.4j4. Reuelaçãoq opay teuc^quca

fizcíleReligiofade faõ Ben- to, pag. 4;4- ^ Era mui dada a lição de liuros

efpirituaes. pag.4;5" Tcue particular graça do Cco

per a

Dds Coufas.

pêra fazer milagres .pag. 4)-6

Foi Abbadcílk no molleiro. Ibidem.

Foi viíitada de São Rofendo

primo íeu , &c como neíla

ocafiaõDcos caftigou a dous

murmuradores.pag.4j-6. &

fcq.

Mudou as freiras pêra outro moíkiro. pag. 47;.

Milagres que fez. Ibidem.

Vio a alma de S. Rofendo ir pêra o Ceo acompanhada de Anjos. pag. 4;7.

Sua morte gloriofa,&: fepul- tura.pag.4c8.

Seu corpo mteirOj5>: fem cor- rupção. Ibidem.

Milagres que fez depois de morta. Ibidem

Asardecido ã fanta Dom San- cho Rey de Portugal fez Couto fua Igreja.pag. 4;8^ &.feq.

Deuaçáo de outros Reys de Portugal a fanta Senhori- nha, pag. 459. & fcq.

Autores quetratão dcfta fanta pag. 460.

Sepultura.

C Epultura do Cõde D5 Hé- riqucj & da Rainha Dona Tarcja fua molher na Sc de I Braga, .cap. 6. pag. 17.

Sereriano.

CEreriano quinto Arccbifpo

de Braga.cap.31. pag. 146.

Sigifrido,

^Igifrido 63. Arcebifpo de

Braga.c.riS.pag 46i.&reqq

Foi Abbadc do morteiro de

Fulda. pag.4^1. Foi Arccbifpo de Maguncia. pag. 461.

Siluanato

Slluanato 58. Arccbifpo de Braga.cap.1ii.pag.448,

SilueTlre. Ç AõSilueftremartyrdeBra ga.cap. zo. pag.ioi.&cap.

43. pag- 17;. . Reprouafe a opinião dos que

o fazem x^rcebiípo de Bra- , ga.& fuceílòrdcS.Bafilio.

Ibidem. Em que anno foi martyriza-

do. Ibidem.

Sinagio. Çlnagiojou Sinagrio 14. Ar- ccbifpo de Braga. cap. 41.

pag. i7i.&feq. Achoufe no Concilio Eliberi-

tano. Ibidem.

Soufa.

T Ronco da nobilifsima familiadosSoufas. cap. iiíí.pag. ^^C.

Vv z

Sucefio.

índice.

Suceffb. AõSuceíío martyr hu dos i8. companheiros de fan- taEngracia.cap.44.pag.181 184.

Sufana,

s

Anta Sufana martyr de Braga.cap.43. pag.ijíí.

T

Theodomiro, Hcodomiro 57. Arcebií po deBraga cap.n i .pag

447.

TheophiU.

' 5 A Tlieophiío Martyr na Curai de Viana. cap. 37. pag.ij3.&feq.

S anti azo.

Antigo veo a Hefpanha. cap. 7. pag. 18. & pag-^7« & feqq.

Pregou primeiro cm Braga. pag.2.5^.

Rcfucicou a faõ Pedro de Ra- tes. Ibidem. & pag. 68.

Entregou a faõ Pedro de Ra- tes a Igreja de Braga. cap. 14.pag.o9.

Em C^aragoça edificou por

mandado daVirgê Senhora NoíTa a fua primeiralgreja, que hoje chamão do Pilar, pag. 68.

Quanto Cepoefteue oApoílo lo Santiago cm Hefpanha. cap. 14. pag. 69.

Solenidade q líe fagrou em Cõpoftda a Igreja do Apo ílolo Santiago.cap.uo.pag 444.

Tihaes.

M

Ofleirode Tihaes fun- dado por S. Martinho cap.73.pag3ij.

Torcato CAõTorcato martyr dcBra ga.cap. 43.pag.176,

Idobeu.

C Anto Tolobeu , o u Tobcu 3j.Arccbifpo de Braga cap. So.pag.343.&:feq.

Foi depois frade de faõ Bento pag- 344-

Torihio,

Z

£lo , & virtude de ião To ribioBifpo de Aftorga. €3^/7 pag.z40. &íeq.

Trajam.

^as couÇds.

' Trajano.

ALma de Trajano tirada das penas do Inferno pe raoCeo.cap.17.pag. S6.ÔÍ < fcq. ■'^ Treslada^ao,

T' Rcsladação de relíquias quefez o ArcebifpoDo Asoftinho de Caftro da Igreja de Dume, pêra a Se deBraga.cap 7y.pag.3iy. Trcsladaçáo do corpo defaõ Pedro de Rates 3 pêra aSè dcBraga.cap.i8.pag.5>6.

V.

VaUntinô.

C Valcntino Bifpo, & martyr de Viana. cap. 60. pag. iói. &fcq.

Valério,

VAlerio primeiro do no- me 23. Arcebiípo de Braga, cap.ói.pag.iói. Valério fcgundo do nome i6. Arccbifpo deBraga.cap.^j. pag.176

Featride. ÇAnra Vcatride natural de BragajÃ: 18. companheiros

martyres. cap 9^- p3g.399- P^iana.

Viana foi primeiro cida- de Epifcopal muitos an nos. cap. 37. pag. 155. SaõTheophilo, SaturninOi& Reuocata martyres natu- rais deViana. pag. 153. &feq. Viana nobre comos inílgnes dousBifpos^& martyres S. Maximiliano,&: Valentino cap.6o.pag.i6i. Fronteiro mòr em Viana- pag. z6i.

Viãor.

C Vi(5lor Martyr 46. Ar- ccbifpo de Braga. cap. lõr. pag. 42,3.&fcqq.

Sa5 Viólorcom Alexandrç,& Muciano,faõ leuados aBae-

ça. pag.4i4-

Todos trcs padecem ahy mar- tyrio. Ibidem.

Algúas relíquias deftes três martyres foraõ trazidas a Braga, collocadas no al- tarmor. daSe.pag.41y.

Vitoria,

Vlârorias que alcançarão os B rachar efes dos Ro- manos -cap- z.pag^p^&ícqq-l

Vv3

Vitoria.

%.■

/.

Ind.

ice

Vitoria.

C Anta Vitoria Iiua das Tantas nouc irmãs. cap. 30. ag.143 Ondepadcceo marcyrio.Ibidé Nacem milagrofamence rofas no dia, cm que foi marti- rizado. Ibidem.

Vitouro^

Ç A5 Vitouro Marcyr deBra- ga.c3p.43. pag.i73.& feqq

Sangue que íayo da pedra cm que foi degollado.pag.178.

E

Voto,

Scriturados votos, que feíizeraõ a Santiago. cap j07.pag.437.

Vrbano.

s

A5 Vrbano marf-T hu dos ! 18. companheiros .2 fanta Engr3cia.cap.44..pag 181. & 184.

Vuamba.

AElRey Vuamba quem deu peçonha.cap. ^3. pag.396. que ocaííaõ tomou o Rey o habito, & fe fez Rclimo-

_^ o

foIbidem,&pag. 397. Onde eítà enterrado. Ibidem.

Vuas.

Ilagre com qucDcos caítigou ahu por to- mar hú cacho de vuas. cap. 73-pag.3i3-

M

Vuilgeforte. ÇAntaVuilgeforteheo mef- mo que fanta Libcrata, &c fanta Ontconicra. cap. z6.

pag. itz.

X

A

Ximena. Rairha Dona Ximena veo a Compoftela l fa- gração da Igreja do Apo- lloloSãtiago. cap. II o. pag. 444.

Z.

Zelo. y^ Elo de Balconio Arcebif- po dcBraeacm conuertcr o. hcr"; 'wS cap, y7.pag.2,4o. Te.cnomeíííiozelo por cõ- panheiro a ícu grande ami- go Saó Toribio Bifpo de Altorga.Ibidem.

Finis Laus Deo.

E%RJTjr.

p hgnihca pagina, c. coluna da pagina, n. numero do capitulo, r. regra, começando a contar do principio do numero.

P2o.c.i.t}.2^.r.'j,Reinoem Principado. P.zo-c.l^n.^.r.^é ^pajíole, em ApoJIcl». 'P. ^ó.c.i.n.^. r.2. Gelaf') de ÁÍeriiaPotamsodc "■ d.-t tmGelaJío d: Aguedi* Potamtod;Merid.i. P,6 ^.c,i.Ltodigio,em Leod!cifta.P.'y t:.x.-a,ii.r»'i'^.(3'h! em (^ h-ií. P. 8i. c. 2. w. 13. r, 10. PortecMe,em VortHcak, P, ^ . c, 2.». iç. r. 1 j, Argies, cm Aagrs.P, i^j. c. z.n 1 r. 4^1 d^da, em UuaÍo. F. 139. e. 2. «. 6> *".I2. deuo^ão, em d(HA<,ão. P. I ijo. c, I. n. 8. r, J. encomtndar efles.em encemmd^tr u Deas efln- Ikide r. 32. dobrado, em laiirado. P. 145. c. 1. n, lA.anttfiHem.vtuJficr.em vetuí^ior, f. 148 r. í. ». 2. >■. 2j. cerebre, em celebre, P. 170. «■• i.h. 7. r. j. anno de iizo.em aun» 1102. P. lií. c. i.n.2,Y. 6.ch.ima,etn chamaH*. P»í^i. c, z.n i, r, ^. que no CÍ' ctiio RomMio,em ^ no Cocilto K ena. P. 1^4. ;• I. n. i. r. 24. Reaes,em Rens. ^'.199 c. I. « ^, r. 18. cr defetiaitti Wj (^íe deupor liurt, P.2«í,c. z ». 3.r. Z chema, emchamat P.zz^,c. I.».8.r'.3. máes de zz. annos, emnf 'ie iz.Minos, P.zza. c, z. n. j. r. i.foi, entfes. P. 242. c. z.n 7, r. 26. 4p e a paUura , defpachar. P. z6o, c. I. ». 3.r, lè. debatx» de S.Agof}inh»,em dtb*uo d/tdi/ciplina de S Agofitnha P. 264, c. z-n. ^r. 15. Capomo, em Ceponto. P, 282 c.z.n, 9. r. 1 y, lornadas , em lornandes, P. 308. c. 2, »• 10. r. lufe fos^»belecerem,em je efiabeltcerem. P, ^iij.c.z, n.^.r, T,-^. ckicorretr» emchocarretro, Pt ^té.c.i.n 6 r". J3. Dumtenfem, entDu- mienfe, er r. ^4. libtanenfem em ItbiAnen/e P, 346. c. it m. 2»»'í 26. Biterienjis , íw Bitcrrenjís, Ibtdem, ou, em no. P, 372. e. 2.». y. r. 32. vremos , em vermos, P.^^^.c. i.w. y. r.14. Afcig£t,em Arttga, P. ^o'j. e, i.». (5,n 8, ne dectmo qaârto Conctlw, em no decimo quinto Concilio. P. j^i%. c. z,H, li. r. 19. VI. Calendas , em IV. Calendas P, 419, c. I. n. 1 1. K, 46. 39. íie Fenereêro.em 26. de Feuereiro P.424. f.2, K.j.infine Prelados,em prcfos. P. 43 3. e. 2. «. 2. r. 3 z mjfa, em rtejla, i'.4j'^. (. I. ». 14, r. 6. de Gonçal Aííndet,em, de Dom Gonçalo Mwhfé,

A '

ÂK^

'> ^V /\**

ÍT^^.-.-t^X^^

(!

^4

I

1 , r

K 1 1

I , iH ' ' '

i

'I'" 1, I I

li

I

|!, i 111

I i i |l

j ! f:,; uni:

1,1' , i.Pii,'i

i1"ii

'lliUi

iii 111,

!

Pli'l'Pii','i!!!niilif' ;tiMni'i!i,l

ii|

l,l,;Ili

P: I I i: .'

Tillil,

illi,Ti|i|ll'

'^:.r '

IrfA-

m^

^i^

IWi

-•;', i!*.

'y^l^

.,^.^vxj-

^^y^

my^M

^TW ■«*'>*"•

^'■'■^^yT^:'^^^'^^:a.i

'•'Mí¥^.

V^HH

■■■

■■■

■■■ ■■

<ãM

mm-^

mM.

J^<m:^í