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Seminário Central do Ipiranga 1940

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Semana de Estudos sobre "O PRO- TESTANTISMO NO BRASIL", reali- zada no Seminário Central do Ipi- ranya, de 19 a 23-S-1940

- 1940 - Tip. Orfanato Crist. Colombo

NIíIIL OBSTAT ,

Scti. Pauli, die 19.a septembris, a. 1940

Can. A. A. de Siqueira Censor.

IMPRIMATUR

f Josephus Archiep. Paulop. Sancti Pauli, die 19 a seplembris, anno 1910.

APRESENTAÇÃO

As páginas que se vão Ler foram escritas numa semana de estudos sobre o Protestan- tismo no Brasil que se realizou no Seminá- rio Central da Imaculada Conceição do /pi- ranga em S. Paulo, de 19 a 23 de Agosto

Trabalho de seminaristas, elas se perfu- mam de e piedade; trabalho de semina- ristas diáconos nas vésperas de transpor as portas do Sacerdócio, elas se não ressentem da mentalidade inacabada de estudantes.

E, se rruiis não fora. para recomendar ple- namente o livro bastaria por si o nome do Paftrc Agnelo Rossi, Presidente entusiasta ãa Semana e mentor esclarecido dos traba- lhos. Assíduo e fervoroso pesquisador do problema protestante em nossa Pátria, tendo de seu primeiro livro Dire tório Protestante no Brasil^ as mais lisongeiras referências dos próprios protestantes, o Padre Agnelo Rossi é seguramente a melhor apresentação que os seminaristas de São Paulo podiam preten- der ao pensar nesta publicação.

Queira Deus N. Senhor, sempre largo e dadivoso em Suas bênçãos, quando Impetra- das pelas mãos puríssimas da Imaculada Con- ceição. Padroeira do Seminário, abençoar os esforços ifne estas páginas representam, pa- ra que elas produzam muito fruto não intre os seminaristas mas também entre os lugos que se interessam pela causa de Deus e da Igreja.

São Paulo, 19 de Setembro de I94Qr

Padre Manuel Pedro da Cunha Cintra. Reitor do Seminário.

4

ÍNDICE

pag-

Apresentação 3

Programa da «Semana de Estudos sobre

o Protestantismo no Brasil > 5

I Necessidade do estudo especializado

do 'protestantismo no Brasil 7

II Armas contra o protestantismo 18

III O protestantismo na história do

Brasil 32

IV ^- A literatura evangélica no Brasil 13

V O pancristianismo e sua repercus- são no Brasil 50

/ Apêndice I Um documento protes- tante 76

Apêndice II Bibliotéca anti-prolestante 107

PROGRAMA DA «SEMANA DE ESTUDOS SOBRE O PROTESTANTISMO SO BRASIL» realizada no Seminário Central da Ima- culada Conceição do I piranga, de 19 a 23 de agosto de 1040. sob a presidência do Padre Agnelo Rossi

Dia 19: Necessidade do estudo especiali- zado do protestantismo no Brasil Mentalida- de católica a respeito do problema protes- tante enlre nós A verdadeira posição Estatísticas mostrando o avanço do movimen- to protestante.

Conclusão: Existe o perigo; é preciso com- batê-lo, usando das armas convenientes.

Relator: Arquimedes Galo Arguente: José Cantinho de - Moura.

Dia 20: Armas contra o protestantismo Formação do clero Como encarar este problema nos Seminários A Ação Cató- lica — Métodos de combate Distinção de classes de protestantes e modo de agir com as diversas classes O padre e o protestan- tismo em sua paróquia A Cruzada de Ora- ções do Secretariado Nacional de Defesa da Fé.

Relator: Vicente Aguiar Arguente: Teodoro Bibiano.

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Dia ?/.• O protestantismo na história do Brasil Porque os protestantes não gostam (lu argumento histórico Paralelismo en- tre a influência do catolicismo e do protes- tantismo era nossa história pátria Ville- gaignon. Nassau, e oulros piralas. Algumas acusações que os protestantes fazem á Igreja no Brasil (campo histórico).

Relator: Américo Sérgio Maia Arguente: Isaac dos Santos.

Dia 22: A literatura evangélica no Bra- sil — Sociedades Bíblicas Traduções por- tuguesas — Vendedores ambulantes Como industriar os católicos a respeito das bíblias protestantes Um resultado do livre exa- me: Testemunhas de Jeová.

Relator: Luiz Sampáio Arguente: João Barreto.

Dia ?3: 0 paneristianismo- e sua reper- cussão no Brasil Salomão Ferraz e a Igre- ja Católica Livre. 0 perigo desse movimen- to: liturgia romana em vernáculo, naciona- lismo, padres apóstatas, cisma como pro- ceder praticamente.

Relator: Jorge Marcos de Oliveira Arguente: João Correia Machado.

I Necessidade do estudo especializado do protestantismo no Brasil. Mentalidade cató- lica a respeito do problema entre nós. A verdadeira posição. Estatísticas mostrando o avanço do movimento protestante.

Conclusão: Existe o perigo é preciso com- batê-lo, usundo de armas convenientes.

Diácono Arquimedes Galo.

Conhecer o meio ambiente em que vai ope- rar, ha de ser o primeiro passo a quem se impõe qualquer ação social ou religiosa.

Desprezar este ponto básico é arriscar-se ao fracasso total ou condenar-se a colher par- cos frutos de esforços ingentes. Denota certa inexperiência.

Para fugirmos a esses erros, antes da in- vestida contra o protestantismo, devemos fo- calizá-lo no seu aspecto atual. E o que ten- tamos com este trabalho. 0

ASPECTO ATUAL DO PROTESTANTISMO

Surgiu èle nos primórdios do século XVI e, castigo de sua revolta contra a Igreja, mer- cê de seu princípio desagregador o livre exame retalhou-se com o decorrer do tem- po, só nos Estados Unidos da América do Norte, em mais de 300 seitas. Entretanto,

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apesar das divergências que as earaterizam e separam, a ponto do constituírem novas doutrinas, estão ligadas em operações co- muns, especialmente na lula jurada à Igreja Católica Romana. Desta arte, embora sejam fracas em separado, inspiram cuidados na sua união para a guerra contra Roma e des- vio a que reduzem as almas remidas pelo Sangue Divino. .

Essas energias congregadas em oposição à Igreja oferecem um perigo que não é lícito desprezar.

Que o povo simples e ignorante não aqui- late as consequências pavorosas da operosi- dade protestante é explicável. Mas que o cle- ro se mostre insensível diante deste proseli- tismo constante se explica pela falta de in- formações verdadeiras do movimento evan- gélico em nossa terra. A divulgação de esta- tísticas e dados informativos sobre as seitas, as denominações, as sociedades missionárias etc. etc, como se fez com a divulgação dos ensinamentos do Pe. Crivelli S. J. deveria pro- duzir, máxime no clero, a conciência da rea- lidade protestante em nosso País, e, conse- quentemente, o desejo de lhe dar combate inteligente e ativo.

Porque o protestantismo evoluiu muito. Lu- tero, seu fundador, não o reconheceria mais, tão mutilado está pelas contínuas am- putações. E' uma demolição terrível de dog- mas, diz p Pe. Leonel Franca. Os conhecimen- tos antigos, portanto, não bastam, e a lu- ta vantajosa exige que seja encarado qual

se apresenta em nosso meio, porque seguro se palmilha terreno conhecido.

F.' mister por conseguinte, descobrir e es- tudar as seitas ativas entre nós. Deve-se exa- minar sua estrutura íntima, elementos, fim, modos de propaganda e campo de ação. Iden- dentificá-las em padrão comum seria erro grave. Atribuir-se-lhes-ia uma unidade vanta- josa, desejada mas inexistente.

Essa pesquisa, esse estudo especializado do protestantismo é indispensável para se ajui- zar de sua força e fraqueza, de suas possibili- dades e ameaças.

Combalido com inteligência e caridade, por certo, passará ao domínio da História ape- nas como tentativa malograda.

E' o que desejamos e esperamos.

MENTALIDADE DOS CATÓLICOS A RES- PEITO DO PROBLEMA

Não se pode esconder que este perigo, até pouco tempo, era insuficientemente conside- rado.

O problema protestante entre nós era des- curado. Pio XI. de saudosa memória, preocu- pado, mamfestou-o ao Embaixador do Bra- sil junto ao Vaticano, o Dr. Luiz Guimarães Filho.

Como dissemos, talvez possa esse letargo ser atribuído à falta de informações sobre o estado geral do protestantismo no Brasil.

De fáto. Si pululavam jornais e folhetos confutando algum erro (nem sempre conser- vando as normas da moderação cristã) eram.

0

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no entanto, vozes isoladas, que ap?gando-se a pontos gerais de doutrina, não davam uma visão global da situação, do verdadeiro es- tado das coisas. Não negamos também a exis- tência de polemistas da envergadura do Pe. Leonel Franca. Mas não se conhecia o esta- do real do protestantismo no Brasil. Falta- vam informações que .dessem dele uma idéia integral por meio de estatísticas reveladoras e de análises claras. Mercê de Deus, isto nos proporcionou o «Diretório Protestante 6o Brasil . complicação de dados oficiais das várias denominações evangélicas empenhadas no proselitismo entre os brasileiros.

Por ocasião do Concilio Plenário, de 1939, Sua Santidade Pio XII. o Papa gloriosamen- te reinante, ordenou que se procurasse debe- lar os males que provêm dos erros protes- tantes no Brasil.

Patenteava, portanto, haver entre nós um grande perigo protestante, pois, noutra hipó- tese seria uma prescrição ridícula e indigna de uma recomendação pontifícia à tão conspí- cua assembléia.

Foi Roma que falou, foi a guarda avança- da da que deu alarme. Ter-se-á enganado? A experiência dos séculos rejeita tal suspeita.

Ha perigo, e do alto do Vaticano a voz de combate foi dada. resta pelejar. <

Não se pode duvidar da boa vontade de todos. Mas infelizmente o que não lisonjeia o próprio capricho, máu grado sua importân- cia, ás vezes, não demove. Cada um esteja de sobreaviso contra esse laço diabólico.

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O apêlo do Santo Padre ha de ser atendido. Suas palavras paternais avisam-nos de que nâo se trata apenas de questão de igrejolas e que é falso dizer que o protestantismo não medra entre nós. Contra essa afirmação está o avanço biblista.

ESTATÍSTICAS

Dia a dia cresce o protestantismo enlre nós. Basta, para que nos certifiquemos, vol- tar os olhos, de relance embora, ao desenvol- vimento das seitas 12), sociedades missioná- rias (7), e sociedades cooperativas (4). que operam inteligente e persistentemente no pro- selitismo: Suas igrejas, estações, casas de ora- ção multiplicam-se. Suas excursões de pro- paganda e fundação de novos núcleos, suas visitas domiciliares e convites intensificam-se. Suas faculdades, fcom vista ao estabelecimen- to de uma universidade), seus asilos, hospi- tais vão surgindo. Têm escolas para formar enfermeiras que irão depois exercer aposto- lado junto dos doentes. " Possuem imprensa poderosa e bem montada, como a «Imprensa Metodista*, de São Paulo, atualmente uma das maiores editoras do País. Nela impri- mem-se mensalmente milhares de livros, fo- lhetos, jornais, cartões e revistas de propa- ganda. Além desta, ha outras de igual valor e capacidade como a «Casa Publicadora Batis- ta» no Rio, a «Casa Publicadora Brasileira», dos Adventistas, em Santo André e outras me- nores em Garauhuns. Porto Alegre, etc.

Mas a menina dos olhos dos protestan-

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tes que lhes tem trazido grande número de adeptos é a instituição das Escolas Domi- nicais. ; ■.!'""!

Vejamos pela voz eloquente das estatísti- cas seu progresso em 20 anos:

Note-se o crescimento espantoso dos dez últimos anos: de G0.U."> alunos subiu para tf.!'.. 164 alunos.

Poder-se-á depois disto dizer que não ha perigo, que o protestantismo não vinga no Brasil de Nossa Senhora da Aparecida? Não vingará mesmo, si despertamos. acordá- mos. E' mister, porém, trabalhar muito an- tes que o sol transmonte.

Dizer, portanto, que não ha perigo é ne- gar a evidência. estão as estatísticas, as relações. Abra-se, como é dever dos futuros atalaias da Religião, o «Diretório Protestan- te no Brasil». Ver-se-á logo o progresso, a alividade incansável dos sectários. Folheiem- se o «Pro Ecclesia». a Estrela do Mar», o «Mensageiro do S. C. de Jesus» a «Cor» e co- nhecer-se-á a grande ação protestante.

Mas ha outro mal. pior do que a defecção do católico em particular. E o indiferentismo religioso, o materialismo degradante que o protestantismo cria e fomenta. De fálo. A tolerância mútua entre as seitas gera no con-

19)5 - "Congresso de Panamá" 1925 - "World Missionary Atlas" 1932 - "Congresso do Rio de Janeiro" 1330 - "Congresso de Oslo"

Escolas 474

1.275 2.275 3.912

Alunos 17.252 60.145 1 17.842 •66.164

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vertido pouco importância à religião, porque desorientado no meio da divisão de doutri- nas contraditórias, queda-se êle perturbado. Desapontado anle essa confusão em que caiu, não se preocupa mais com a verdade. Aceita qualquer cousa, mas sem convicção. E' o indiferentismo.

Segue-se-lhc o ódio á Igreja Católica. Por- que não é ela tolerante como as demais?

Graves erros que podem prejudicar sobre- maneira a mentalidade dos brasileiros. Amar- gos frutos da difusão do protestantismo. Dei- xá-lo-emos proliferar? Não, porque combate- remos a arvore maléfica, ou melhor, conti- nuaremos combatendo, porque a luta está travada.

De fato. Não são mais apenas aquelas esca- ramuças isoladas numa ou noutra cidade, num ou noutro jornal, numa ou noutra revista. Nem é mais apenas aquele ataque geral refu- tando erros comuns, pairando nas generalida- des sem produzir muita impressão, porque não se percebia bem o adversário que hoje se acha desmascarado, descoberto e à vista.

A citada publicação do cDiretório Protes- tante no Brasil> contribuiu para denunciar o protesjantismo tal qual é e indicou suas pos- sibilidades e as armas de combate.

Descobrindo o inimigo, encarecia o men- cionado livro a necessidade duma campanha ativa e imediata na reação católica Felizmen- te, no mesmo ano, ecoava a voz do Sumo Pontífice Pio XII, pedindo providências nesse selor. O episcopado nacional, sempre solíci-

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lo à voz de Roma. constituiu no C .ncílio Plenário Brasileiro uma Comissão Especial sobre o protestantismo, afim de estudar um plano inteligente de ação contra esse inimi- go. Repercutiu favoravelmente a iniciativa a ponto de em outubro do mesmo ano passa- do constituir-sc no Rio de Janeiro o «Secre- tariado Nacional de Defesa da Fé>. que. pelo boletim Pro Ecclesia . sempre em atalaia, vi- gia os movimentos adversários c os prooama, afim de desmascara-los. Circulando de início para combater o protestantismo, poucos me- zes depois, corajosamente, tomava sobre os seus ombros outra missão altamente apos- tólica: defender os católicos da falsidade es- pirita. O Secretariado Nacional de Defesa da progrediu sensivelmente nestes primeiros mezes de sua existência e promete, com o au- xílio de Deus. ser uma poderosíssima arma contra o virus protestante e espírita no Bra- sil. O Boletim *Pro Ecclesia» que iniciava seu primeiro número com tiragem de 2.000 exemplares, sairá no próximo número, que é o 7.o, com tiragem de 50.000 exemplares.

E agora é justo que se diga que as auto- ridades eclesiásticas percebendo o sorrateiro veneno que nos minava, informados de sua situação real, estão combatendo com vanta- gem o inimigo.

Os donativos e bênçãos do episcopado ao «Pro Ecclesia». entre as quais avulta a Circu- lar n.o 1 do Exmo. Sr. Arcebispo Metropoli- tano de S. Paulo, são aprovações que por si resolvem certas objeções superficiais e uv

consistentes, qual seja a vantagem que advi- ria aos inimigos do conhecimento de suas for- ças. Pior seria ocultá-las. Isto nâo resolveria o problema, pelo contrário, poderia causar surpresas desagradáveis.

Agradeçamos a Deus que nos fez ver em tempo o perigo. Um inimigo descoberto mais facilmente se vence.

CONCLUSÃO

As considerações precedentes nos levam á persuasão de que realmente e\iste o perigo protestante e que. graças á divulgação dos dados e estatísticas referentes às seitas, é pos- sível saber quais os recursos de que dispõem, quais as regiões onde proliferam e quais suas armas prediletas.

Descrer do avanço e progresso protestan- te seria tapar olhos e ouvidos à realidade.

Existe, portanto, o perigo em nossa Pá- tria, que tradicionalmente católica, náo pos- sui entretanto uma população convictamente católica pelos conhecimentos doutrinais e pe- la prática satisfatória de sua religião.

Urge. portanto, tomar as precauções neces- sárias que nossas circunstâncias histórico-lo- cais estão exigindo. Indicar quais sejam es- sas medidas c armas pertence ao trabalho se- guinte e assim nos seja lícito estatuir a con- clusão final: existe o perigo protestante em nossa terra: não é boa tática desprezá-lo mas devemos conhecê-lo a fundo para mais fa- cilmente combatê-lo.

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Amparemos nosso estudo e nossas ativida- des com o zêlo santo da salvação das al- mas e o Senhor abençoará nossos empreen- dimentos.

SUBSÍDIOS PARA RESPONDER ÀS OBJEÇÕES:

1 Embora dividido e subdividido em seitas, protestantismo estabeleceu frente^, única de combate à Igreja Católica.

2 Supondo mesmo que, em grande par- te, os protestantes sejam estrangeiros, por ex. luteranos alemães, sempre são almas a re- clamar nosso apostolado eficiente e zeloso.

3 Entre brasileiros tem grassado o pro- testantismo, fazendo até apreciáveis conquis- tas, como se prova pela atuação dos chefes nacionais do movimento evangélico entre. nós.

4 O crescimento das igrejas, escolas do- minicais etc... não não é proporcional ao aumento natural da população, mas o excede. A explicação está no proselitismo acirrado dos sectários e na falta duma campanha organi- zada dos católicos.

5 0 maior perigo do protestantismo é fomentar o indiferentismo religioso e a in- credulidade. (

6 O conhecimento do protestantismo do século XVI é necessário, não porém suficien- te. Muitas denominações desinteressam-se, na- da querem saber dos primeiros reformadores. Esses ccrentes» folgam e riem-se da pessoa que os procura refutar com argumentos contra Lu- tero, Calvino, etc. 1

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7 A divulgação dos métodos c das verda- deiras posições protestantes não é um ato que prestigia a heresia e sim condição imprescindí- vel para dar-lhe eficiente combate.

REALIZAÇÕES PRATICAS:

1 Nos Seminários, casas de formação re- ligiosa, organizações da Ação Católica, de- vem-se estabelecer centros de informações so- bre o protestantismo no Rrasil e especial- mente nas regiões onde se acham localizados os centros.

2 As estatísticas e dados fornecidos pe- lo Secretariado Nacional de Defesa da serão divulgados e comentados.

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II Armas contra o protestantismo. - Formação do clero. Como ene irar este pro- blema nos Seminários. Ação Católica. Méfo- dos de combate. Distinção de classes de pro- testantes e modo de agir com as diversas classes. O Padre e o protestantismo em sua paróquia. A Cruzada de Orações do Secreta- riado Nacional de Defesa da Fé. 1

.Diácono Vicente Aguiar.

INTRODUÇÃO

Todo o trabalho que devemos empreen- der contra o protestantismo pode resumir- se no seguinte:

a) Conquista dos nossos irmãos separados;

b) Ofensiva ao erro;

c) Defensiva de nossa atacada ou arrancada de muitas almas.

A) FORMAÇÃO SACERDOTAL

a) estudos eclesiásticos. Além da forma- ção espiritual intensa, o Padre deve ter, co- mo primeira arma para o combate, sólida for- marão inleletual. Não precisamos encarecer- ihe a necessidade, pois sabemos que. além da propaganda pelos livros, jornais, escolas e obras filantrópicas, etc, aproveilam-se os pro- testantes também de todos os modernos co-

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nbecimentos para a difusão de suas ideias Para o P.jdre, a

1) história eclesiástica é sumamente neces- sária, uma vez que os protestardes comba- tem a Santa Igreja desde a sua primitiva or- ganização, seus fundamentos.

2) o dogma: vemos diariamente quanto é impugnado, e, portanto, quanto devemos es- tudá-lo.

3) necessárias a filosofia e a literatura. Aquela para lhes desmascarar os sofismas, esta para um arcabouço incontestável a nos- sos escritos e pregações.

4) entram também no programa os estu- dos sociais, a que nos animam os' próprios protestantes. Num congresso em Havana es- tudaram teses como esta: cAção Social. Ati- tude da Igreja diante da comunidade. Pro- blemas industriais e rurais, etc.» (1) Aqui no Brasil temos bem organizada a Junta Ge- ral de Ação Social d.i Igreja Metodista, com séde no Rio de Janeiro.

5) frisemos ainda o estudo da Sagrada Es- critura, que, sendo única regra de para os protestantes, ocupa em seus estudos lugar pre- ponderante: esmeram-se em sabè-ia mesmo de cór. Notemos porém que suas Bíblias não trazem os Dêuterocanônicos, e suas objeções trazem sempre idênticos argumentos.

b) estudo especializado do protestantis- mo. Além dos estudos eclesiásticos havemos de conhecer p protestantismo em sua própria

l - Padre Camillo Crivelli S. j. "El protestantismo y la Ameri- ca Latina".

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origem, evolução e atuais modalidade^ para eficazmente combatê-lo: pt

1) Não basta um conhecimento, embora exa- to, do protestantismo clássico do século XVI.

2) Isto é necessário, porém insuficiente, se deixarmos à margem o protestantismo mo- derno, em sua grande evolução, imensa di- versidade doutrinária, e em seus métodos e planos novíssimos de combate. Vejamos por exemplo se este não é verdadeiro plano de A. C: cO reino de Deus virá quando homens e mulheres de boa vontade, imbuídos do es-' pírito do Cristo, sentirem mais fortemente a sua responsabilidade social e procurarem vi- ver dentro da sociedade os ideais do Mestre... O homem deve viver sempre, onde quer que esteja, dentro da sua atmosfera» (2).

Devemos pois concluir pela urgência de um estudo sério e especializado, para se conhe- cer bem a evolução das seitas protestantes e assim lhes opor armas adequadas. Si na sua proliferação, elas se adatam às condições sociais modernas, é necessário para compa- tê-las saibamos como elas vivem e prosperam. Não seria bom médico aquele que aplicasse sempre o mesmo remédio à uma enfermi- dade sem lhe observar os progressos. Por- tanto, saber dos protestantes os planos, mé- todos, organização, trabalhos empreendidos ou realizados, as armas que empregam, as clas- ses de pessoas atacadas ou vulneradas por

2 - ''A Ação Social da Igreja", por Huberto Barbieri, Reitor da Faculdade de Teologia Metodista de Passo Fundo (R. G. do Sul).

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êles, conhecer enfim as necessidades locais, para garantir o apostolado profícuo.

Depois desta formação esmerada, podemos esperar nossa

B) INFLUÊNCIA SACERDOTAL

1) Colocado no paroquiato ou em qualquer meio que a Providência lhe reservar, o traba- lho preliminar do Padre será conservar, apro- veitar e aperfeiçoar o elemento bom dos fiéis para o apostolado. E' certo que estes são ávidos da doutrina e da verdade como se po- de notar em nossas missões paroquiais Ali, às vezes, a forma literária é sacrificada, e no entanto para o confessionário o povo acor- re em massa. A influência do Padre depen- de de sua virtude certamente, mas, em gran- de parle da formação inteletual que êle pos- sue. Por isso a formação sacerdotal pelos estudos eclesiásticos e especializados é ab- solutamente necessária. E' tanto mais urgen- te esta influência quanlo sabemos que o ve- neno protestanle se vai inoculando por meio de homens e mulheres preparados para es- te trabalho. E nós, pelo fato de sermos cristãos devemos vigiar o patrimônio de nos- sa fé.

2) Aos leigos da A. C. acresce um direito a mais de receber a influência sacerdotal. Eles formam a «MANUS LONGA SACERDO- TISA que por direito e ofício deve entregar- 'se ao apostolado sob a direção da jerarquia

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E' indiscutível portaulo a influência do Pa- dre para lhe garantir o êxito da açâo, d«^

C) TRABALHO SACERDOTAL.

1) Investigações pessoais. O primeiro tra- balho é de investigação.

Pode ser por exemplo:

a) qual a denominação evangélica do local?

b) qual o seu propagandista?

c) sua cultura e antecedentes?

d) qual o meio e classe mais infestados? etc. Depois traçará o plano de combate.

2) Instrução geral dos fiéis. O arsenal de doutrinas está compendiado no Catecismo do C. Tridenlino que deve ser explicado ao po- vo pelo pároco, no correr de cinco anos.

3) Instrução especial dos fiéis. Alem da. instrução geral dogmática e moral dos fiéis, vem a instrução especial sobre aquelas .ver- dades católicas impugnadas pelo protestantes. Urge portanto o Catecismo Paroquial para as crianças e também para os adultos. Uma al- ma bem formada não vacilará diante das in- sinuações da heresia.

Salientemos um ponto de grande impor- tância: lonuir conhecido e amado o SANTO PADRÉ. Creio que a causa principal da in- quietação moderna, política, social e religio- sa, vem de marcharem os homens às ton- tas sem orientação, porque arrancaram de seu lugar na sociedade a Nosso Senhor Jesus Cristo. E o Papa deve ser nosso CHE- FE SUPREMO porque êle é Jesus Cristo vi-

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vo e continuado na terra. Otimo meio de realizar este trabalho junto dos fiéis é a di- vulgação das ENCÍCLICAS E ATOS PON- F1CIOS. terá o Padre grande arsenal de doutrinas para pregações, conferências ele.

E' também incrível que os fiéis não co- nheçam e não amem o seu BISPO DIOCE- SANO, o representante imediato do Santo Padre.

•4) Formação dos leigos da Ação Católi- ca- O Padre deve formar especialmente os leigos da A. C. no mesmo plano de instru- ção geral e especial como dissemos. Bastar- nos-ia a vontade expressa da Santa Igreja para nos dedicarmos a este setor insubstituí- vel em nossos dias.

O Exmo. Snr. Arcebispo de Bogotá. Dom Is- mael Perdomo, na sua Pastoral publicada na quaresma deste ano. apresenta a Ação Ca- tólica como excelente arma contra os pro- testantes dando normas muito oportunas pa- ra o apostolado leigo.

«A Defesa da e a Campanha contra os protestantes deve fazer-se com a coo- peração dos seculares e especialmente dos membros da A. C, sob a direção da jerar- quia. Com este objetivo devem organizar comités de catequistas e propagandistas, os quais alem da preparação geral na doutrina ca- tólica devem ficar especializados em o que se refere ao protestantismo. Tais comités de- vem funcionar tanto nas povoações como nos campos; devem vigiar as atividades e meios dos propagandistas e informar o pároco pa-

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ra dele receber as indicações que a prudên- cia lhe sugerir. A organização paroquial pre- para a campanha de conjunto que deve fa- zer-se em toda a diocese e em toda a nação. Nesta campanha pela e religião tenham-se em conta as seguintes advertências:

lo 0 movei fundamental deve ser a ca- ridade para com os que erram: amar o pe- cador e perseguir-lhe o erro. Movido desse espírito de caridade cristã, devemos estar dis- postos a receber os protestantes de brtfçvs abertos se quiserem converter-se; ■_

2.o Advertir os fiéis que se abstenham de assistir, mesmo por simples curiosidade, às conferências e cultos protestantes; a ne- nhum filho deve agradar ouvir falar contra sua Mãe e contra a verdade que ela lhe ensinou;

3.o Os católicos não devem receber folhas, folhetos, etc. difundidos pelos protestantes, e muito menos lê-los;

4.o E' proibido aos pais de família colo- car os filhos nas escolas e colégios protes- tantes, porque incorrem em gravíssimo pe- cado expondo a e salvação de suas almas.»

Toda esta sábia orientação para os leigos da A. C. está colocada nas mãos da jerarquia eclesiástica, à qual primariamente compete a extinção do erro e o ensino da verdade.

Devemos portanto conhecer bem os

D) MEIOS PARA A INSTRUÇÃO RELIGIOSA.

1) Dentre estes o primeiro é o catecismo, o mais eficaz para resistir aos protestantes

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e impedir a germinação de suas ideias. A de- ficiência de conhecimento claro e prático do catecismo é, às vezes, notada mesmo em certos meios organizados de A. C, onde. en- tretanto, é notável a ciência teorética de pon- tos amplos c profundos da Teologia. No ca- tecismo teremos ocasião de divulgar a His- tória Sagrada, partes da Sagrada Escritura, principalmente o Novo Testamento. Servirão de casos edificantes, mais eficazes por certo que muitos dramas e filmes sem fundamen- tos doutrinários.

2) São também meios, sermões, homilias, instruções em geral e conversações particu- lares. . '

3) As primeiras comunhões, quando bem celebradas, deixam sulcos profundos nas al- mas infantis.

4) A imprensa, pela propaganda e distri- buição de livros e jornais, folhas volantes, etc. : a formação da Biblioteca Paroquial.

õ) O trabalho nas escolas, colégios, a es- cola paroquial, sinão mantendo-os, ao menos Aêles influindo

6) As obras de caridade e beneficiência alar- gam os horizontes do apostolado.

7) Ponto de máxima importância é a Obra das Vocações Sacerdotais. Precisamos de mui- tos e santos sacerdotes. Basta dizer que me- lhor medram os protestantes, onde menos sa- cerdotes temos na peleja.

Depois destes vários meios de instrução re- ligiosa, vejamos os i

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E) MODOS DE UTILIZAR AS. ARMAS CON- TRA OS PROTESTANTES e algumas dificuldades ou escolhos:

1 Devemos distinguir, primeiramente, as classes de protestantes:

a; Os defensores da católica, que o fa- zem unicamente por tolerância e res- peito para com as convicções alheias. Contra estes, pensamos que se deveria simplesmente demonstrar a verdade ca- tólica.

b) Os de bôa fé. educados na heresia e persuadidos de estarem com a verdade. Contra estes, do mesmo modo se deve agir.

c) Os de fé. São em geral os igno- rantes caluniadores da Igreja Católica. Cegos voluntários, mais vale rezar por êles que moslrar-lhes a verdade que não querem ver.

d) Vêm agora os apóstatas, com os quais

se deve proceder com energia e manifes- tar aos fiéis, que eles cuidam seduzir, a causa da sua apostasia, que geralmen- te é um fato externo e de domínio pú- blico.

2 Devemos enfim advertir os fiéis de que se abstenham de lèr os escritos e bí- blias protestantes, de ouvir-lhes as conferên- cias e de educar os filhos em seus colé- gios. (3)

3 - "DiretiSrio Protestante no Brasil". Padre Agnelo Rossi. C. 7.o.

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0 Código de Direito Canónico permite a lei- lura das bíblias protestantes ;ios estudantes de Teologia e Exegese^ quando estas não são acompanhadas do anulações impugnando o dogma católico íc. 1100). Para leitura dos fiéis se permitem as edições feitas sob a vigilância dos bispos com anotações tira- das dos Padres da Igreja e de outros escri- tores católicos, (c. 13!M).

A leitura dos livros e escritos protestantes que propagam o erro ou atacam a Igreja Ca- tólica, além de proibida pelo c. 1399, n.a 2, traz a pena dç- excomunhão reservada «specia- li modo» à Santa (c. 2318, § l.o). Esta pena compreende lambem as pessoas que guardam tais livros consigo: «legentes vel re- (inentes».

Os pais ou tutores que concienlemenle edu- cam seus filhos no protestantismo, além de suspeilos.de heresia (c. 2319, § 2o.) incorrem em excomunhão latcie sententiae* reservada ao Ordinário, (c. 2319. § lo., n.° 4). Eles expõem os filhos a perderem a verdadeira fé. Nos lugares porém em que houver ne- cessidade de se utilizarem colégios e escor- ias protestantes, deve-se recorrer ao arbítrio do Ordinário diocesano e sujeitar-sc às cau- telas que este impuzer (c. 1371) (4).

Apontemos somente alguns ESCOLHOS a evitar no emprego das armas contra os protestantes :

1 As discussões formalmente públicas, proibidas pela Igreja.

4 - Encíclica de Pio XI, 31 - XII - 29. Leão XIII, I - VIII - 1899.

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2 Argumentar com falos históricos não provados. Contra os protestantes temos ver- dades históricas de sobejo.

3 Estilo picante, injúrias Neste ponto não devemos seguir-lhes o exemplo. Vestígios de indignação, paixão do escritor, não obte- riam o fim desejado.

4 Não ignorar, mas aproveirar-se dos fo- lhetos e opúsculos que distribuem para co- nhecer bem os erros que procuram implan- tar e assim instruir eficazmente os, fiéis.

Terminemos este ponto apelando para a prudência e caridade, necessárias em todo o apostolado sacerdotal contra a heresia protes- tante (5).

F) A arma de todo o apostolado deve ser a Oração.

Sem ela todas as armas que consideramos, armas de ordem inteletual, moral, pedagógica e social, serão ineficazes. Sem o auxílio da graça nada podemos. Alistemo-nos, portanto, à «Cruzada de orações a que. nos convida o S. N. D. F. do Rio de Janeiro. Cada um re- ceberá um protestante, como afilhado, pelo qual deverá rezar e fazer sacrifícios, até que lhe chegue o dia da volta para o aprisco da Igreja Católica (6). E si por ventura durante toda nossa vida sacerdotal, salvássemos urna alma teriamos trabalhado muito, por- que uma alma vale o preço infinito do San- gue de N. S. Jesus Cristo.

5 D P. B. c. 7°.

6 - "Pro Ecclesia". n.o 4.

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SUBSÍDIOS PARA RESPONDER ÀS OBJE- ÇÕES:

1 O seminarista pode aprender no seu currículo escolar os métodos gerais e práti- cos de combale ao protestantismo, fazendo sua aplic.ição depois, na vida sacerdotal, con- soante as circunstâncias.

2 Desde o Seminário deve adquirir co- nhecimentos sobre as seitas que operam na sua diocese.

3 A Ação Católica pode prestar uma ex- celente colaboração na luta contra o protes- tantismo. Evidentemente não dispensa, pelo contrário requer a orientação inteligente dos padres. Exemplo ótimo deu-nos a A. C. da Colômbia que estabeleceu como assunto prin- cipal do plano 11)40 o estudo das denomina- ções protestantes.

4 Se a A. C. favorecesse o ideal protes- tante (o sacerdócio dos leigos) não se com- preenderiam as violentas invectivas dos jor- nais evangélicos, por ex. : O Jornal Batista, con- tra esse providencial movimento de recris- tianização da sociedade. Ademais." a união com o Romano Pontífice e a hierarquia é a cousa mais detestada pelos nossos inimigos.

5 No catecismo para as crianças minis- íra-se 'o ensino gera! da Igreja ,e conforme as circunstâncias, isto é se os protestantes exercerem alguma influencia no lugar ou so- bre as crianças, ensinam-se com mais cari- nho as verdades impugnadas pelos herejes e o modo de agir com èles.

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6 No combale ao protestantismo o pa- dre deve sempre usar linguagem caridosa e evitar palavras injuriosas ou trazer à báila casos pouco edificantes. Usar desses meios é dar a impressão de que nos desfaleçam argumentos de maior peso.

7 Os padres apóstatas, transformados em pastores (geralmente balistas e «doutores»)., se rebatizam e são forçados a publicar sua «conversão^, onde falseiam, sem escrúpulos, alguns fatos. Voltam aos lugares onde. coffljo sacerdotes, exercem seu ministério e, com des- façatez, atacam em conferências previamen- te anunciadas, as verdades católicas, chegan- do muitos dèles a usar expressões indignas e baixas... Desmascarar esses falsos profetas, pa- tenteando seus intuitos e os fatos que os fi- zeram apostatar que são normalmente do conhecimento público é obrigação do sa- cerdote afim de precaver os incautos. -

REALIZAÇÕES PRATICAS:

1 Prestigiar a Campanha de' Orações do Secretariado Nacional de Defesa da Fé-

2 Prestigiar o S. N. D. F. e o seu bo- letim «Pro Ecclesia». com nossa colaboração de propaganda e de contribuição generosa e espontânea. quando o S. N. D. F. esten- der pelo Brasil todo sua organização e suas agências (secretariados, representantes etc.) po- deremos ter uma campanha organizada, me- tódica, eficiente contra o protestantismo e o espiritismo.

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3 Estender sempre mais os benefícios da religião pela multiplicação de obras so- ciais e de caridade: conferencias vicentinas, orfanatos, santas casas, dispensários...

4 Organizar' caravanas de jovens cate- quistas e também outros excursionistas que percorram as regiões (povoações, bairros, fa- zendas) infestadas pelos protestantes.

5 Organizar escolas bíblicas ou de Ex- plicação da Sagrada Escritura, tendo como texto, por ex , a Concordância dos S. Evan- gelhos de D. Duarte L. e Silva.

6 Dar nossa contribuição, ao menos a da oração, para que nos grandes centros se fundem pensionatos para jovens universitá- rios, estudantes etc, nos moldes gerais da Associação Cristã de Moços (com sede social bem aparelhada, biblioteca, esportes, ginásti- ca etc). Os protestantes fazem isso nos EE. UU. da América do Norte, cora grandes resul- tados. Devemos, no Brasil, não deixar-lhes a dianteira.

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III O Protestantismo na História do Bra- sil- Porque os Protestantes não gostam do ar- gumento histórico. Paralelismo entre a his- tória do Catolicismo e do Protestantismo na História pátria. Villegaignon, Nassau e outros piratas. Algumas acusações que os Protestan- tes fazem à Igrêja no Brasil (campo histó- rico).

Diácono Américo Sérgio Máia

Século XVI. Século de derrotas, século de conquistas. Revoluções nos estados, revoluções nas almas. Conquistas de terras, conquistas de espíritos. Filhos da luz em marcha glo- riosa para Deus. filhos das trevas a surgir revestidos de anjos reformadores. Piratas e salteadores herejes assolam os mares.

Portugal glorioso, com seus destemidos da Escola de Sagres, estende seus domínios pa- ra além mar. Suas caravelas descobrem terras para o Ocidente.

Por acaso ou propositadamente, pouco im- porta, em abril de 1500 cie, fazendo da Cruz redentora seu padrão de conquista, toma posse da nova terra descoberta por Cabral. Ela é sua pois "Per occupationem primo acquirilur pro- prietas: quod ante nullius est, in naturali ralionc occupanti concedi! ur». (1)

I - Direito Romano.

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Pertencendo ao descobridor, a nova ter- ra pertence igualmente ao Reino de Deus, pois antes de ser terra de Portugal é Terra de Vera Cruz.

Nas caravelas portuguesas vieram os con- quistadores do grande reino que tem por li- mites só os umbrais da eternidade. Em no- me de Jesus êles vêm trabalhar na conquis- ta das almas, por mandado do soberano ter- restre, vêm esculpir os caracteres de uma no- va raça.

Protestantes luteranos, calvinistas et reli- qua, nascidos da revolta contra a autorida- de, têm algo de semelhante na difusão de seus erros com o maometismo. Eivados de ódio contra a Religião Católica e todo poder constituído, inundam os mares com seus ca- ravelões a viver de saques e roubos. Desco- berta que foi a Terra de Vera Cruz, com suas riquezas naturais, para esta parte do glõbo dirigiram suas atividades nefastas. Coloniza- dores e colonos vivem em sobressaltos com seus ataques constantes. Protegidos ou não por govêrnos ambiciosos, em particular ou organizados em companhias de conquistas / aventureiras, procuram em todas as partes da colónia infiltrar-se juntamente com seus érros.

Villegaignon na Baía do Rio de Janeiro. Maurício de Nassau com os holandeses em Pernambuco e Baía, Jacques Rifault com os franceses no Maranhão. Em avassaladoras con- quistas de norte a sul aparecem São Luiz, Maurícia, França Antártica, etc.

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Roupagens maltrapilhas de injustos agres- sores acobertam os partidários de um no- vo credo, cujos membros indesejáveis mui- tas vezes, tornam-se intoleráveis aos próprios patrícios. Novos bárbaros de novos mundos, destruidores de templos, incendiários de ci- dades e aldêias. profanadores de direitos de conquista, à força de alfanges e enganosos ar- tifícios, procuraram se estabelecer neste tor- rão signado pelos cinco brilhantes do Cruzeiro do Sul, fadado ao florescimento da verda-* deira religião do divino Crucificado o Ca- tolicismo.

Aparecendo nas páginas da história pátria como manchas rubras legadas à posteridade, procuram os atuais partidários do protestan- mo, desde que não podem apresentar nenhuma justificação, ocultar nos véus do silêncio e esquecimento, as tristes origens de seu apa- recimento no "Brasil.

Missionários Jesuitas e mais tarde de ou- tras ordens religiosas, espalham-se pelo imenso território à cata de selvagens, em busca de almas para Deus. São os aráutos do Catoli- cismo, da religião que é alavanca não do progresso espiritual como também do mate- rial. Foi ela que, como o seu divino funda- dor, abriu os olhos ao grandes cégo, à espe- ra do prodígio, tao som do mar e à luz do céu profundo».

O Brasil acorda e. aos poucos, ergue-se, tendo os passos ainda incertos, amparado pelos braços dos apóstolos da cruz que lhe apontam a seguir a rota para a grande mar-

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cha que ora enceta em pós de um futuro brilhante.

A História pátria não olvida encómios aos feitos gloriosos dos denodados operários do Evangelho nas plagas brasílicas. Desde o sen descobrimento até nossos dias, suas pági- nas estão a nos atestar o que foi e o que con- tinua a ser o desvelo da Religião Católica em prol da felicidade e grandeza de um po- vo. Enumerá-los seria tão prolixo quanto nar- rar a história toda de nossa formação. Apon- temos apenas os falores preponderantes que tiveram os mais altos relevos na arquitetura do edifício da raça:

Educação Unidade de língua Unida- de pátria.

1 Educação. Os povos se elevam no ter- mómetro das civilizações pelo grau maior ou menor de formação inteletual e moral. Filhos legítimos da Igreja Católica, os primeiros pa- dres aqui chegados, fundam capelas pelas al- deias do litoral e do interior e ao redor des- tas, relembrando o surgimento de cidades da Idade Média, vão aflorando os conventos e com èles as escolas a princípio elementares e primárias, aparecendo depois os colégios e até Faculdades Superiores de Letras. Por to- do o território evangelizado surgem os nú- cleos inteletuáis com uma plêiade de jovens esperançosos, primícias douradas de esforço desinteressado. Quasi Iodas as escolas são unicamente dirigidas por padres. Até em nos- sos dias, nas cidades populosas ou nos mais remotos sertões, onde quer que existam almas,

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a salvar, povos a instruir, está tainbein o Catolicismo com os seus padres a ministrar, juntamente com os princípios básicos de mo- ralidade, a ciência e a arte. Todos, trabalhan- do pelo comum dos filhos da mae Pátria, ane- lam o bem espiritual de cidadãos da Pa- tria superma. Plasmadores de uma inteletua- lidade sadia, aspiram para o Brasil um futuro brilhante e cristão que se antevê nas eli- tes da sociedade hodierna.

2 Unidade de hmguar. Percorrendo o Bra- sil de norte a sul. em contato direto com o aborígene, teve o missionário a feliz idéia de logo aprender a língua falada em geral e mi- nistrar os ensinamentos nesta mesma língua, para isto compilando as suas regras, apare- cendo a primeira Gramática das mãos de An- chieta. Orientadores de conciências, seguiam os passos dos filhos da terra unificando suas ações e dirigindo-as pelo Código Divino. Uni- ficando igualmente a sua língua, contribuí- ram para a unidade nacional do idioma, cu- jas vantagens por todos se fazem sentir. l£' a língua da mãe pátria que se conserva atra- vés o oceano, marcando um traço indelével de ação benfazeja do apóstolo do Evangelho.

3 Indivisibilidade do território. Traba- lhando pelo bem espiritual do indígena, os padres, no verem sua ação ameaçada com a invasão de infiéis a implantar sua doutri- na eivada de erros não podiam deixar de se interessar igualmente com os habitantes da colónia pela defesa do território.

Junto aos governadores, junto ao povo, jun-

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to aos soldados exerciam sua influência em prol da vitória dos ofendidos. O património do cristianismo que à custa de suores e de martírio dos seus' fora constituído, não ha- veria de sucumbir sob os golpes nefandos do adversário hereje. E' necessário defendê-lo. custe embora a vida a muitos dos nossos. Com a sua ajuda e patrocínio, os soldados se encorajam, faz-se sagrada a defesa do terri- tório pela defesa da fé. 0 bárbaro invasor re- cua, retrocede, desiste. 0 Brasil é uno, o Bra- sil é nosso.

Um verdadeiro antagonismo existe en- tre a história da Religião Católica no Brasil e a do Protestantismo. Assim como é impos- sível mencionar os benefícios da primeira, impossível lambem o é os prejuízos da se- gunda. De passagem apenas acenemos alguns dos inúmeros conhecidos pelo público.

O Visconde de Pôrto Seguro, respondendo à pergunta: «Foi util para o. Brasil a invasão e guerra holandesa?», diz: «Grande responsa- bilidade envolve a resposta, quando ao pen- sar em dá-la, como que acometem aos nossos jDuvidos os lamentos de tantas vítimas, cho- rando a perda dos seus parentes, dos seus bens, e até, algumas, da sua própria honra Confessamos que o primeiro impulso do nos- so coração é deixar a pena e chorar com elas.» (Hist. Brasil, apud Gal. II. 398) «O primeiro historiador de Nassau, diz Soutbey, confessa que os peculatos, as impiedades, os roubos, os assassínios e a luxúria infrene des- ta gente (refere-se aos holandeses) a tornaram

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r,

infame. Passava mesmo com-) rifão que dis- te lado da linha nada era pecado, e na ver- dade, era como se a sentença fosse artigo dc tão habituais e atrozes eram os cri- mes^ Hist. Brasil R. Pombo, IV vol. pag. 351).

A tolerância religiosa apregoada no iní- cio do domínio foi logo cerceada. o culto protestante podia funcionar publicamente nas igrejas profanadas, os seus ministros tí- / nham uso de ordem. As concièncias católi- cas não tinham para onde apelar.

A sua religião havia sido suprimida, os ministros de Deus afastados para outras par- tes da colónia.

Outros e outros males infligidos aos pací- ficos habitantes de terra poderíamos mencio- nar. Notemos porém que. si algum bem pro- porcionaram os invasores protestantes no seu domínio no Brasil, foi éste tão pequeno em vista dos prejuízos e horrores causados que desaparecem ante nossos olhos de patriotas. Julgo desnecessário apontar a erosão social da heresia protestante (pie dia a dia se acen- tua no sêio da Pátria.

Principais chefes invasores não são menos merecedores de invetivas nossas.

Entre êles. aparecem em primeira plana Nicolau Villegaignon e Maurício de Nassau.

O primeiro, apóstata do Catolicismo, que- rendo embora conservar seu título de Cava- lheiro de Malta, mantem-se em uma atitude de indecisão entre a verdade católica, os interês- ses particulares e o erro protestante. Um de

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seus primeiros historiadores (Lery) afirma que que em seu lempo fôra cognominado o cCain da América», por ter èle derramado o sangue de seus próprios irmãos de credo.

O segundo, movido por interesses e glórias para a auréola de Conde, foi mais governa- do pelos que o rodeavam que governador. Deixou alguns benefícios pagos pelos tribu- tos pesados dos colonos. Sua memória se apa- ga nas páginas da história como a de um conquistador dos nossos direitos.

O sangue de nossos heróis banhando os Guararapes clama contra as iniquidades per- pretadas pelos invasores holandeses em Per- nambuco.

Nos vários piratas que até nós vieram, co- mo tendo ação secundária na história pátria, vemos salteadores ousados, tendo em vista unicamente o roubo e saque era nosso terri- tório. Entre èles aparecem: Jaime de Lancaster, Jacques Rifault, Cavendish.

Protestantes, seguindo sua original tradi- ção, inimigos da verdade quando lhes é mo- lesta, tanto dogmática como histórica, não podendo defender-se das acusações feitas pe- la voz da história, jogam essas mesmas acu- sações sobre a gloriosa Igreja Católica em Terra de Santa Cruz. Suas armas são as de todos os tempos: calúnias, menliras, sofismas, absurdos, aceitos tão somente por aqueles que sobre os olhos trazem vendas espessas.

Dizem não visarem os missionários ape- nas a propaganda do Catolicismo, mas o do- mítio de possessões materiais, servindo-lhes

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a Religião de recurso para escravizarem as conciéncias. ,

O insuspeito prolestante Soulhey, hislo- riadôr nosso, responde a injuriosa acusação:

« Nenhuma habilitação para o seu ofício fal- tava a estes missionários. Eram zelosos da salvação das almas; tinham-se desprendido de todos os laços que nos. ligam à vida, e assim não não temiam o martírio, como antes o ambicionavam.» (2)

Gandavo. na primeira história pátria, ter- mina um capítulo sobre os trabalhos dos Je- suítas no Brasil: «Outros muitos benefícios e obras pias têm feito estes padres e fazem ho- je em dia nestas partes, a que com verdade não se pode negar muito louvor. Basta saber- mos quão aprovadas são as suas obras por santas e bòas, e que sua tensão não é outra (sic.) sinão dedicá-las a Nosso Senhor, de quem somente esperam a gratificação "e pré- mio de suas virtudes.» (3)

A Igreja descuidava a instrução, dizem.

As páginas de todos os historiadores es- tão aí a nos atestar o contrário. Escolas eram fundadas por todas as partes evangelizadas da colónia, não nas cidades mas até nas simples aldeias. Somente quem se obstina a fazer barreira contra a verdade histórica pe- de negar este fato por todos inconteste.

Em síntese, podemos dizer que a história do Protestantismo no Brasil é sombra, que a do Catolicismo é luz. Que a primeira são nuvens

2 - Apud H. Galanti - Hist. do Brasil - T. I, pag. 200.

3 - História da Província de Santa Cruz, pag. 142.

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sombrias a pairar sobre o céu da Patria, que a segunda é ouro sobre azul.

SUBSÍDIOS PARA RESPONDER ÀS OBJEÇOES:

Com a publicação de iUm documento pro- testante» daremos, em apêndice, a refutação das objeções históricas.

REALIZAÇÕES PRÁTICAS:

1 Avivar nos seminaristas e estudantes o entusiasmo pelo estudo pormenorizado da História Pátria, que, na realidade, é a apolo- gia do catolicismo e um argumento descon- certante para o protestantismo, máu grado as malévolas afirmações, insinuações e ten- tativas de Pedro Tarsier, Alípio do Yale e outros historiadores evangélicos.

2 Os padres devem aproveitar as ocasiões proporcionadas pelas festividades ou comemo- rações civis (por ex. descobrimento, aboli- ção, fundação de S. Paulo...) para mostrar ao povo qual foi o papel da Igreja nesses acontecimentos. '

Z - Influir nos professores de História do Brasil (nos ginásios, escolas normais, gru- pos escolares...) e também nos autores dos textos afim de que, com lealdade e justiça, considerem e frizem a contribuição da Igre- ja na formação do povo brasileiro.

4 Tornar conhecidos os benefícios da religião na vida nacional (por exemplo: for-

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mação da raça pelo caldeamento de tipos"". di- ferentes; unidade territorial; espírito hospita- leiro do povo etc.) A coleção «Brasiliana», tão rica em outros aspectos da vida nacional, apresenta, a este respeito, grandes lacunas.

5 Divulgar breves biografias dos nossos heróis: bispos, padres virtuosos falecidos, apóstolos leigos. Isto não é auto-glorificação e' sim demonstração da exuberante vitalidade católica.

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IV A literatura evangélica no Brasil. Socie- dades Bíblicas. Traduções porluguêsus. Ven- dedores ambulantes. Como industriar os ca- tólicos a respeito dcts bíblias protestantes. Um resultado do livre exame: Testemunhas de Jeová.

Diácono Luiz Sampaio.

Mais vasta do que pode parecer à primeira vista, é a literatura protestante no Brasil.

Convencidos de que a «palavra de Deus impressa é o melhor meio de penetrar nos corações dos homens», não medem esforços os protestantes, por que vejam multiplicados os impressos divulgadores de suas doutrinas.

Esquematizando os meios de sua intensa propaganda, podemos dividi-los em duas clas- ses: '•

1 os meios diretos ou desmascarados, geralmente para seus adeptos; ,2 os indirelos ou dissimulados, pira novas conquistas.

No segundo grupo ^e enquadram os livros e outros impressos que astuciosamente en- cobrem suas intenções sob asselinadas capas de novidade, progresso e utilitarismo. Aqui com todo o lugar, o inimigo em emboscada, é sempre mais perigoso.

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Entre os meios indiretos estão as publicações de contos para crianças cora idéias sectárias, jornais sobre saúde e higiene, livros em que se exalçam as grandezas dos países protestan- tes com críticas exageradas aos católicos. Pan- fletos e livros bem encadernados e vistosos, onde em meio de conselhos consoladores aos aflitos, por entre belas gravuras de quadros artísticos, entremeiada às lições para a ri- da prática, esboçando soluções de graves pro-/ blemas sociais, ensinando virtudes cívicas e estóicas, se oculta o veneno corruptor, fon- te única de inspiração de toda essa atirida- de produtora.

E porque o bem natural encapa as men- tiras e os erros, e porque obras de carida- de se apresentam como o motor único das publicações, vai o nosso povo comprando barato a falsidade que o fará infeliz, quan- do não as recebe gratuitamente. Xão saben- do distinguir a seita, ou não tendo refuta- ção suficiente em sua cultura religiosa, vai aceitando os princípios diluídos, amando-os porque agradáveis, tornando-se assíduos e gratos leitores dos libelos bonitos, quando não passam lógo a assinantes dadivosos das diversas obras sucessivamente publicadas.

Xo primeiro plano, poderíamos colocar as bíblias, os impressos em forma mais modes- ta e algumas publicações abertamente hos- tis á Igreja Católica. ,

SOCIEDADE BÍBLICAS

Partindo do princípio de que a Escritura

U

é a única fonte de revelação e a regra supre- ma da fé, urgia realisa-lo espalhando per toda a parte a bíblia. Logo porém, encontra- ram certas dificuldades: «Si a revelação é necessária a todos, muitos não estão em con- dições pecuniárias de adiquirirem o único mestre». Como resolver o problema.'

Desde o século XVII. tentaram a solução para conseguirem no século XIX (7 de Março de 1801) fundar uma sociedade fornecedora de bíblias para lodos os povos.

Estabelecida na Inglaterra, logo se rami- ficou pela Europa, e em 1890, a sociedade bíblica de Londres contava com 3 297 socie- dades auxiliares. Os recursos pecuniários ain- da não lhe foram escassos até hoje, graças aos quais foram feitas versões em mais de 954 dialetos.

Como conseguem arrecadar quantias tão fa- bulosas?

As palavras que dirigiu Nosso Senhor aos Apóstolos, estenderam a todos os homens: Ide, pregai a todas as nações.

Nesse texto, os protestantes hodiernos en- contram uma ordem geral, frisando bem a responsabilidade de que pesa sobre cada individuo. Exigem muito, para muito po- derem conceder. E é desta maneira que dispensam aos fiéis do difícil apostolado da palavra: Os que fisicamente estiverem impossi- bilitados de pregur. devem usar de suas pos- ses para enviar livros que doutrinem em seu lugar, alem do que a esmola em lais circuns- tâncias; é meio seguro de remir pecados.

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r,

F não poucos industriais pretendem deste modo sufocar os gritos de suas concièncias que clamam contra patentes e grandes injustiças.

Data de 1822 a chegada ao Brasil, das pri- meiras bíblias protestantes, enviadas pela so- ciedade.

Com a ereação, em 1S76, da agência bí- blica no Rio de Janeiro, tomou novo im- pulso, entre nós. a propaganda reformista.

Ante a estensão territorial, dividiram em 1903. o campo de ação, incumbindo-se dos Estados de S. Paulo, Paraná, Sul de Minas, Rio de Janeiro e estados Nordestinos, a So- ciedade Bíblica Americana; Mato Grosso, Goiaz e Distrito Federal permaneceram território de propaganda comum; dos Estados restantes to- mou conta a Sociedade Bíblica Ingleza.

Ê realmente avassalador o movimento bi- blista. Em 1038 distribuíram 282.000 porções bíblicas no Brasil, atingindo em 1939 o assom- broso número de 403588 cópias da Escritura. (D

Antes de prosseguirmos, será ulil lembrar o que ensina a Santa Igreja Católica sobre este assunto.

Contrários aos princípios cristãos no tocante à propagação da fé, e ao respeito dos Livros Santos, foram analematisados os trabalhos pro- testantes, em pról da divulgação indébita da Sagrada Escritura. Assim foram condenadas as Sociedades bíblicas: Leão XII em sua en- cíclica de 3 de Maio de 1824, Pio VIII pela carta de 24 de Maio de 1829, Gregorio XVI

1 - "Jornal BatlsU", 12-9- 1940, pag. 12.

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na carta «Inler praecipuas» de 8 de Maio de 1844 e Pio IX pela encíclica «Quanta cura* de 8 de Dezembro de 1854.

Lastimável é o disperdício de quautias fa- bulosas, empregadas ardorosamente no sen- tido de disseminar o erro. Os filhos das tre- vas nos apresentam com suas iniciativas tris- te lição, mas aproveitemo-la, e com isto mais uma vez se cumprirá a palavra douta de S. Paulo: DUigenlibus Detim, omnia coopcran- tur in bonum. (Rom. 8, 28).

TRADUÇÕES PORTUGUESAS

Muito em voga está a de João Ferreira de Almeida, padre apóstata Português de nas- cimento teve sérias desavenças com o Pre- lado, relirando-se por isto, para a Holanda, onde depois de casar-se, tornou-se pastor cal- vinista. Em 1861. publicou em Amsterdan a primeira edição, substituindo em 1893. o no- me de Padre pelo simples título de Reverendo.

Aliás, isto de encobrir-se com o nome de Padre, bispo e até de papas, não é muito raro, pois se vendeu entre nós, muita bí- blia protestante, editada sob ordem inexis- / tente de Sixto V ou Clemente VII

Outra tradução, a mais divulgada attial- mente, é a do Padre Antonio Pereira de Fi- gueiredo, que a Sociedade Bíblica de Londres achou muito conveniente por ser tradução não da Vulgata, mas sim do grego. Desco- briram nela os editores, espírito quusi pro- testante, e por isso reimprimiram-na. Pouco

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imporia enlrelanto o tradutor. Mais nos in- teressa considerar a apresentação ao públi- co, mesmo porque as últimas traduções silo bem cuidadas. Encadernações luxuosas, dis- posições feitas com muito aparato, material- mente as bíblias dos herejes são apresentá- veis, agradáveis, baratíssimas, quando não gratúitas. Mas sob simpáticos vens de boa impressão, truncamentos de palavras que deixam de si perniciosa margem para erros, ausência de textos, capítulos e até de livros.

Sobre as traduções em vernáculo, Grego- rio XVI exige no. tradutor diligência e sabe- doria à toda a prova, e atestadas pela- au- toridade eclesiástica, por que a falta de dis- cernimento de mãos dadas com a imprudên- cia humana não façam veículos de perdição aos instrumentos de salvação.

Daí o surgir de regras estabelecidas pelas encíclicas e documentos pontifícios.

7a. Regra. São proibidas lodás as tra- duções que não trouxerem aprovação da San- ta Sé, ou não tiverem sido editadas sob a vigilância dos Bispos e que não tenham no- tas explicativas extraídas dos Santos Padres ou escritores católicos reconhecidos.

2a. Regra São expressamente proibidas as traduções feitas por autores acatólicos, es- pecialmente as das sociedades bíblicas.

A respeito da leitura da bíblia as leis vi- gentes são mais brandas que as antigas. Di- zem assim:

I.eclio Scripturae. non omnibus necessária est, ncquc omnibus convcnif. Altamen non omnino interdicitnr; leclioncs anfem uernacu- lae non qnaclibet pcrmiltuntur. nec sine no- tis et approbatione.

Quando Leão XIII abrandou as antigas re- gras de leitura dos Santos Livros, sua men- te não era aconselhar a todos lerem-nos. pois chega a dizer em sua constituição que mui- tos estão proibidos pela lei natural que man- da evitar as ocasiões perigosas à fé.

VENDEDORES AMBULANTES

Não esperam os protestantes tenha o povo o menor incomodo em procurar a bíblia sectá- ria, mas adiantam-se oferecendo e quasi que obrigando a aceitarem o volume bonito da palavra de Deus. São os vendedores ambu- bulantes.

Em automóvel a percorrer ruas, ou sobra- çando embrulhos, se vão, homens de lá- bia cultivada, inundando a cidade de pan- fletos, livros e sobretudo de bíblias. Nada te- mem, ante nenhuma recusa desistem, porque queima-lhes a imaginação a preciosa recom- pensa, que se amoldará à quantidade de vo- lumes espalhados...

Observadores assalariados estudam ponto? estratégicos para a fundação de novos nú- cleos.

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COMO INDUSTRIAR OS CATÓLICOS A RESPEITO DAS BÍBLIAS PROTESTANTES'/

" Ensinar-lhcs as repetidas proibições da San- ta Sé. fazendo ver o conveniente de tal atitu- de.

Para que possam conhecer, entretanto as bíblias dos herejes; instrui-los sobre as ca- racterísticas usadas pelos mesmos.

A ausência da aprovação ua Santa Sé, oji de recomendação de bispos católicos, e a fal- ta de comentários dos Santos Podres e dos doutores eclesiásticos é nota segura de pro- veniência heterodoxa.

O acúmulo porém de todos estes dados não constitue hoje era dia regra segura de origem católica, pois podem os irmãos transviado? chegar a imprimir aprovações pontifícias, re- comendações episcopais, a inserir comentá- rios dos Santos Padres etc. Ha pouco tempo, avisava o fLegionário» S. Paulo) que esta- vam vendendo uma tradução protestante da bíblia com a autorização de um Cardial...

Dois meios entretanto podem ser usados sempre com segurança maior:

Consultar o pároco sobre a legitimidade do livro e não comprar nunca livro religioso algum de vendedores ambulantes, maxime a bíblia.

A ausência dos deutero-canônicos, dos tex- tos e capítulos que lhe são adversos ofere- cera argumento excelente, porém difícil de ser empregado por pessóas não adextradas no uso das Sagradas Escrituras.

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TESTEMUNHAS DE JEOVÁ'

Se absurdo é o principia básica do protes- tantismo, hediondos são os resultados ob- tidos.

Nesta última, parle vai um exemplar, senào o mais lídimo, ao menos expressivo, das con- sequências a que chega a doutrina do livre exame.

A nova seita dos testemunhas de Jeová, levou-o aos campos da estupidez e do ridí- culo. E não são minhas as fortes expressões.

Carlos Russel, o seu fundador.

A leitura da bíblia deu-lhe conhecimento das coisas ignoradas de todos, que cotejadas com os ensinos e contraditórios dos pasto- res protestantes, fez nascer na alma biliosa do snr. Russel extremo rancor contra todas as religiões. Dedicado aos estudos dos San- tos Livros, máxime do Apocalipse, impressio- nou-se terrivelmente com os acontecimentos dos últimos tempos.

Deus revelou-lhe os fantásticos sucessos do fim do mundo, à medida que seus olhos doen- tios devoravam páginas e páginas do difícil livro que termina as fontes sagradas. Com- preendeu todos os mistérios da segunda vin- da de Cristo, mais ainda, mediante cálcu- los infalíveis, descobriu que Xosso Senhor chegára ac mundo dois' anos antes, isto é em 1872 Para pregar a todos essas ma- ravilhas, o tespírito santo» constituiu-o ura dos sete precursores do juizo final, e o nosso herói para melbor se desempenhar das altas

funções recebidas, abandonou os balcões da casa de secos e molhados e saiu a mostrar aos homens de boa vontade as fraudes e em- bustes, falsidades e blasfémias das duas inimi- gas de Cristo: A Igreja de Roma e a protes- tante.

Somos levados a crer que os adeptos des- ta corrente libertária tenham outros fins que não os religiosos ou ao menos cristãos. Co/n efeito, não se compreende como se pode acei- tar min totum» as verdades contidas em livros tidos por sagrados para imediatamente após insurgir-se contra as verdades fundamentais da Santa Bíblia. Ensinam êles que a San- tíssima Trindade é o maior erro forjado pela inteligência de Saiam... O Espirito Santo não é pessoa nem ser, é uma coisa. Jesus Cris- to é apenas o São Miguel do antigo testa- mento, que se fez homem. Os homens, por sua vez, são imortais por exceção. Toda a religião é péssima por imoral e por des- conhecer Jeová, o Deus eterno, que reina em trono de estrelas. Perniciosos todos os go- vernos principalmente modernos, pois nazis- mo, facismo, comunismo são os frutos da Igre- ja de Roma, que por isso recebe o pornográ- fico titulo descritivo de meretriz.

Uma propaganda intensíssima. Publicaram este ano em português, o livro imoral e anar- quista (Inimigos» de Rutherford com uma ti- ragem tolal de 2.110.000 exemplares.

Aliás suas publicações vêm como inunda- ção, mas sem o mínimo cuidado doutrinário. Determinados os assuntos, metem tudo o que

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querem, sem nexo, sem ordem, apenas pro- curam negações demolidoras, que aparecem enfáticas, mas desprovidas de qualquer fun- damento.

Isto não passa porém de uma lógica con- sequência do protestantismo. Negada uma au- toridade doutrinal como esteio da interpreta- ção, e entregue esta aos critérios livres de cada indivíduo, sob sempre suposta inspira- ção do Espírito Santo, segne-se que todas as interpretações devem ser tidas como necessaria- mente certas. Não podem logicamente portanto os protestantes combater os seus adversários russelistas, mas porque reconhecem a autori- dade de cada fiel, devem dizer verdadeiras todas suas afirmações obstrusas, Eles se ma- tam com as armas inventadas para matar a Igreja: o livre exame.

Nós, porem, que sempre procuramos dar o devido respeito aos ensinamentos que Nos- so Senhor nos deixou, cumprindo-os. e que por espírito de verdadeira cercamos de respeito profundo os Sagrados Livros, com- preendemos a necessidade premente de traba- lhar pela conversão dos pobres e cegos ir- mãos transviados, e também temos oportu- nidade favorável para ievaniar um grande agradecimento a Deus. pelo benefício inesti- mável de sermos católicos, e pela graça de nos ter dado seu representante no Magisté- rio Infalível, o Papa.

Nunca, brilha tão fulgente a preciosa gra- ça de sermos católicos, do que ante a pers-

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petiva triste do que sao os inimigos da Igre- ja de Roma.

SUBSÍDIOS PARA RESPONDER ÀS OBJEÇOES:

1 A Igreja nunca proibiu incondicional- mente a leitura da bíblia. Coibiu a leitura dis- criteriosa da Sagrada Escritura (Concílio Pro- vincial de Tolosa, ano de 1228 e Concílio Tri- dentino) em vista da interpretação e das falsificações dos herejes.

2 A multiplicidade de jornais protestan- tes se explica, em parte, pela diversidade de seitas. E' evidente que o órgão da denomina- ção batista não satisfaz aos adventistas.

3 A venda formidável de literatura evan- gélica deve-se atribuir ao aspeto interessante e atraente dos impressos e especialmente à perícia dos vendedores ambulantes (colpor- tores), formados, com cuidado, para esse mister.

4 Outras objeções encontram sua respos- ta no texto da palestra, por ex. : razões por que a Igreja proibiu as versões, por que os protestantes podem distribuir copiosamente as porções bíblicas, etc...

REALIZAÇÕES PRATICAS:

1 Apoiar a cPro Luce» e a < Campanha do Bom Livro» da Editora cVozes de Petró- polis» empenhada na difusão da literatura ca- tólica e no barateamento da bíblia em ver- náculo.

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2 Insistir com os fiéis sobre o dever de cooperarem na obra da Boa Imprensa.

3 Difundir a literatura do Secretariado Na- cional de Defesa da Fé.

4 Novamente insistimos sobre a organi- zação de escolas bíblicas.

5 Influir para que nossa imprensa tenha um aspeto mais interessante e satisfaça às legítimas aspirações dos leitores em geral.

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V O pancristianismo e sua repercussão no Brasil. Salomão Ferraz e a Igreja Católica Li- vre. O perigo desse movimento: liturgia ro- mana em vernáculo, nacionalismo, padres após- tatas, cisma. Conto proceder praíicameniff

Diácono Jorge Marcos de Oliveira.

0 PANCRISTIANISMO.

O protestantismo a si mesmo se reconhece enfraquecido, pelo número acrescido de seitas.

Acêrvo de doutrinas reacionárias contra a Igreja, a Reforma não podia, de modo al- gum, construir inicialmente uma teologia rí- gida. Ao contrário, tendo à base o espírito liberalista do livre exame, o protestantismo não podia pensar em estruturação doutriná- ria absoluta, mas sua vida íntima necessita mover-se. mudar, progredir pela descoberta imaginária de verdades e erros teológicos, de disciplina e culto, pela produção de seitas e seitas até o descalabro do «Tot capita quoi sententiae.»

E é assim, para focalizar apenas uma di- retriz vital, que vemos no correr da Histó- ria, esse esforço incansável e nervoso de aco- modar-se às novidades, de estar em dia com as relações, com os princípios vários que vão aparecendo no mundo inteletual e político.

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Subordína-sc dirctamente a Deus nos pri- meiros momentos de existência, atacando a autoridade religiosa, civil c até os ricos. Apoia e estimula a guerra dos camponeses, mas aper- cebido da superioridade dos príncipes. :;ju- da a exterminar os provincianos revoltados... e constitue de modo inesperado a autorida- de religiosa: Cujus regio, illius et religio..

Ele é intransigente com Cromwel, célico onde impera Kant, faz-se liberal onde o ra- cionalismo domina. E na modernidade, quan- do rusurgem impetuosas as correntes do ab- solutismo único, Napoleão em 1804, Marx em 850, Bismarck em 71 e Bakounine em 75, num esforço de conciliar contraditórios, os próceres do . livre exame, excogitam uma re- ligião universalmente dominadora... o Pan- cristianismo. (1)

ANTECEDENTE^ DO MOVIMENTO UNIONISTA.

Impressionada com a multiplicação de sei- tas, a igreja Anglicana, com Newman à fren- te, inicia o celebre movimento de Oxford, vi- sando unir reformados e romanos. Estudos sinceros de história religiosa e da fundamen- tal convertem Newman e Ward. Os três che- fes restantes, presos ao preconceito das con- cessões mútuas, Pusey, Mariott e Keble per-

1 la comune tendenza universalistica o che dir se voglia

internazionaIis'ica, che si è fatta sentire anche nel campo religioso. Si è perc ó voluto creare come tina "internazio- nale dei protestantismo" ... (La Vera Umtá etc . oag. 278 e nota).

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severam em utópicas negociações formalis- tas... (2)

O ri-sullado oficial do Congresso de Ox- ford foi a creação da English C.harch Union, dedicada a trabalhar perenemente no senti- do unitário. 3) Em 1893. tendo essa asso- ciação ao Lord Halifax como diretor, este orientado pelo Padre Portal, lazarista (-1) pro- põe uma conferenciei enlre eminentes membros do Ánçjiicanismo c da igreji Caióiicu. Esperan- çosos os frutos. 0 santo Padre Leão XIII ale- grou-se admirado, ao receber pelo Padre Por- tal comunicações sobre o estado das questões.

Mas o entendimento não pôde avançar. O arcebispo de Cantorberv exigiu, preliminarmen- te, o reconhecimento das ordenações angli- canas, e, entretanto, após os estudos feitos pelo Cardini Vanghan (5), Leão XIII publi- cava a bula Apostolicae Cnrae, declaran do- as nulas, por vício de fórmi e intenção.

Perdida a orientação oficial, após longo pra- zo de conferências internas, Lord Halifax e Padre Portal encetam as conversações malinen- ses, que terminaram, doutrinariamente impro- fícuas, pois. ao findar a quarta e última con- ferência, os anglicanos estavam agarrados ao orgulhoso e preconcebido princípio: tnem ab- sopção pela Igreja de Roma, nem também, separação de Roma» (6)

Na ante véspera, porém, da morte do Car-

2 - Vera Unitá. pag. 293.

3 - Vie Intel , 25-11-34, p. 32.

4 - Vie Intel , 25- 11-34, p. 32.

5 - Ibidem.

6 - Vera Unitá p. 300.

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dial Mcrciel. H ali fax assistiu a Santa Missa celebrada no quarto do enfermo, rezando, em seguida com o santo moribundo, as ladainhas de Nossa Senhora. (7) Era 21 de Janeiro de 192."). Desta aproximação, si definitivamente nada resultou, apareceu com muito brilho a grandeza da personalidade da Igreja de Ro- ma, irredutível em seus princípios, mas sem- pre a grande amiga de todos os espíritos leais. Foi um dos seus mais eminentes purpurados que recebeu carinhosamente o grande pro- testante inglês, deixando-lhe à sua morte, sen- timentos de forte saudade de agradável recor- dação.

Outro antecedente, de realce, são as nego- ciatas entre protestantes e orientais. Deste intercâmbio nada resultou, pois os orientais se mostraram irredutíveis na dogmática.

\ denominação «pancristianismo». encontra- se, talvez primeiramente, na coleção de do- cumentos da união cristã , Sy dos anos de 15)20 a lí)2». O Santo Padre Pio XI usou-a : «qrui panchristiani uoeantur». mas os protes- tantes, não gostaram da denominação, pre- ferindo intitular o movimento de cristianismo prático.

O primeiro apêlo direto à união universal (dos que reconhecem X. S. Jesus Cristo co- mo Chefe Supremo de sua religião) partiu em 1920, das Conferências Pananglicanas de l.ambeth (9). Foi o clarim do reunir. vão

7 - Vie Intel., 25- 11 -34, p. 35.

8 - La vera Unitá, pag. 315.

9 - La veta Unitá, pag. 375.

passando ao segundo plano, as tentativas ini- ciais, já desaparecem as preparações, para dar lugar a um núcleo, organizado e de ca- rater próprio que se intitula possuidor do precioso veio do verdadeiro cristianismo, que deverá assim o dizem, sombrear acolhedora- mente todos os cristãos de bòa vontade, que conhecem um pouco dos desejos do Divino Mestre.

DOUTRINA

O movimento se apresenta universuiisia. Quer abranger pacificamente todos os cris- tãos, divididos em três grupos, que até aqui se hostilizavam, míopes que eram, ao ler os Santos Evangelhos: católicos romanos, pro- testantes, cismáticos. A feição, entretanto, que anima e basêia este novo tipo do liberalis- mo religioso é puramente reformista. Para ser possível a união dogmática, distinguem êles os princípios aceitos pelas três igrejas, em primários, secundários e laterais.

A descoberta de quais sejam as verdades primárias é fácil: as que estão claramente nos Santos Evangelhos, e que por isto mes- mo são aceitas de todos.

Verdades secundárias são princípios siste- máticos ideados pelos teólogos à base dos primários.

Verdades laterais, são exclusivamente as inovações sem fundamento na Bíblia, e sem vantagens práticas. Eliminem-se as verdades laterais, que nenhum bom cristão, amante da verdadeira e pura doutrina de Nosso Senhor,

GO

pôde aceitar, por novidades hostis. Sejam li- vres de aceitação os princípios secundários, como explicações plausíveis a uns ou outros. E todos abraçarão a essência dogmática, sim- ples, sem complicações ou cadeias, dos san- tos Evangelhos: a doutrina da salvação, as verdades primárias.

O mal até hoje reinante é que, por um de- sordenado apêgo a ninharias, se degladiam irmãos que vivem da mesma fé.

Este princípio é de inspiração modernis- ta e liberal. (10) Aliás Tyrrel, Buonaiúti e Harnack muito se preocupam com a reunião não apenas do cristianismo, (como desejava Tyrrel) ,11) mas de todas as religiões (Buo- naiúti^ | 12) simples frutos da experiência in- dividual sobre Deus. (Harnack) (13)

Três objetivos têm os unionistas: univer- salizar a religião única, libertação da auto- ridade jurisdicional e de magistério do Su- mo Pontífice, relações fraternas e tolerantes das diversas Igrejas.

Não cogitam seriamente do problema da lyiidade dogmática. Isto é secundário à luz do livre exame. Os princípios primários, co- mo eles os chamam, são simples atenuáncias do aspeto liberal. Diz Bodstrom do o protestan- te Nathan Soderblon. Arcebispo luterano de Upsala, que como modernista e racionalista não crê na Revelação divina, nem aceita as

J0 - Vera Unitá, pag. 270.

11 - Idem, pag. 203.

12 - Idem. pag. 273.

13 - Idem, pag. 268.

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sagradas Escrituras. Ensija que Nosso Senhor Jesus Cristo deve ser colocado ao lado de Zaratrusla e Maomé. Nega a existência de um Deus pessoal, oniputenle e oniciente. Ora. o snr. Soderblou é um dos chefes do movimento unionista... (14)

Vê-se, portanto, a oportunidade da expres- são empregada alhures a respeito do pancris- tianismo: procuram os protestantes, atualmen- re. simples reunião de crentes,, som se preo- cuparem ao menos, de uma verdadeira uni- dade religiosa que supõe identidade de crença, de culto e portanto de regimem. Sem estas carateristicas, jamais a Igreja católica trata- rá de qualquer acordo religioso.

Elemento básico da doutrina unionista é quebrar a Rocha em que Nosso Senhor Je- sus Cristo fundou sua Igreja. Nada lhe fere tanto o amor próprio, nada excita com ve- emência igual o acre sentimento de ódio, que a viva da Igreja Romana na autorirade jurisdicional do Santo Padre, na sua infalibili- dade. Reconhece mesmo que o vigor do Catoli- cismo dimana dêsse elemento dogmático, dese- ja, porém, arruiná-lo de qualquer modo. Fa- lhadas, já se passaram várias tristíssimas revoltas violentas e o Papa permaneceu com s^u brilho eterno: quer agora mostrar com o êxito desta nova corrente que o Papado não deve existir, nem é necessário para a vida gloriosa da Igreja de Cristo. \a terceira conferência malinense. admitiram os pancns-

14 - Vera Unita, pag. 310

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tãos o primado de honra do Bispo Romano, mas permaneceram firmes em negar qualquer autoridade real. a menor superioridade juris- dicional ou de magistério do San lo Padre so- bre qualquer bispo. ( 15) F.sta é caraterísti- ca universal, comum a lodos os inimigos da verdadeira Igreja de Crislo: «Ecce Satanás ex- petivil ut cribaret te...» poderíamos dizer.

Alem de tudo o mais, os novos reforma- dores mostram bem a ausência de convic- ção aprofundada do cunho divino do Cris- tianismo, pois eles acham que se pode, e at? se deve, fazer uma permuta de princípios ae fc e vida. como se Nosso Senhor Jesus Cris- to ao fundar sua Igreja nâo lhe tivesse tra- çado as linhas essenciais de fé, de culto, da organização.

O ! a lei das mútuas concessões bem mos- tra o que são e pensam os novéis profetas..

SUAS RAZÕES

Vejamos agora as razões humanas que eles apresentam para que se realize bem cèdo o /novimento unificador, e em seguida, quais o:í textos escriturísticos que dizem abonar o pan cristianismo.

Primeiramente espantavam-se os protestan- tes com o crescente número de ameaças con- tra o cristianismo, ameaças vindas da polí- tica e ciência e que feriam simultaneamen- te às varias seitas. Divididos como se adia- vam, .em múltiplos credos, temiam éles vies-

15 - Vera Unitá, pag. 300.

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sem a sucumbir e assim também perecesse a obra de Deus, o cristianismo. Daí a urgên- cia de uma estreita reunião.

Em segundo lugar, as várias Igrejas nacio- nais começavam a perder a antiga influência... O governo não as presenteava mais com as insignes honrarias de outrora, mas dava ple- na liberdade de culto, igualando assim à Igre- ja oficial, ou simplesmente nacional, qual- quer seita que se apresentasse. (,16) /

Os argumentos de Escritura alegados pelo fautores do movimento., vêm agrupados ua Encíclica Mortalium Ânimos com que o San- to Padre . Pio XI. de saudosa memória, refu- tou e condenou o pancristianismo, concitan- do todos os bispos a iniciar a campanha de defesa da verdadeira doutrina, e atacar esses novos heresiarcas surgidos do seio da maior heresia. ~

São êles:

1) é dever dos discípulos de Cristo abste- rera-se de mútuas guerras; gravíssima obri- gação lhes pesa aos ombros de se unirem pelos estreitos élos da caridade. Tão íntima deve ser essa amizade que entre os discípu- los de Nosso Senhor não haverá maior ou menor, mas todos serão iguáis num mesmo amor. (Luc. 22, 23)

2) Nosso Senhor mandou que seus discí- pulos fossem unidos. Sua oração ao Pai Eter- no, c preceito aos homens. Deixemos pois, as ridículas ninharias que nos separam. (Jo. 17, 11)

16 - La Vera Unitá, pag. 277 e 278.

G4

3) O sina! apresentado pdas Escrituras dos verdadeiros seguidores de Jesus é a união no amor. Jo. 12, 33)

Daí concluírem ufanos: nós. unionistas, é que possuímos a verdadeira fé, capaz de rea- lizar a vontade de Jesus.

ENCÍCLICA «MORTALIUM ÂNIMOS»

Fosse essa agitação do protestantismo atuai uma bagatela na História e o Santo Padre não leria, de modo algum escrito uma encícli- ca especialmente para refutá-la. Os argumen- tos apresentados por èles não fariam mossa a um espírito de certa cultura, mas a exi- gência aparatosa de união feita por èles tal- vez consiga seduzir aos menos avisados. Aqui está todo o perigo. E' um erro que esforça por trazer, ao mundo todo, a caridade que diz ser a ensinada e legada por Nosso Se- nhor. Apresentaremos por isto2 a refutação que dèle fez o Santo Padre.

a) Argumentos . de razão teológica: A verdadeira Igreja de Cristo deve ter uni- dade doutrinária, pois a nos princípios sobrenaturais de verdade apresentados por Nosso Senhor, é elemento essencial na cons- tituição íntima da Religião Revelada. Altera- ção de credo supõe diversidade de Igrejas.

Não pode tratar a Igreja de Jesus de refor- mar a síntese dogmática, teológica, legada por seu fundador mediante os Sagrados Livros ou a Tradição. Incluiria isto verdadeira des- truição da Igreja fundada por Nosso Senhor.

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b) Argumentos Escrilurislicos:

1) Em primeiro lugar acenámos que a ca- ridade não exige união em detrimento da íé. São João, cognominado justamente o Apósto- lo da Caridade, manda aos cristãos: «si quis venit ad vos et hmc doctrinam non affert, nolite eos recipere in domum, nec ave ei dixeritis». Não recebais em vossa casa, nem mesmo saudeis aqueles que vos vêm ensinar uma doutrina diferente Ha que recebestes. (II Epístola, 10.) Logo sempre que Nosso Se- nbor nos preicetuava a caridade, esta não se referia a uma tolerância para com o erro, mas apenas para com as pessoas.

2) O próprio Nosso Senbor (.To., cap. VI), deixou que dêle se afastassem os que não qui- seram aceitar plenamente a doutrina da Eu- caristia (que muitos pancristãos também não aceitam...)

Permitiu portanto a separação afim de que se conservasse a unidade lídima da fé. Como querem pois, os protestantes atuais, propor uma reunião que vem necessariamente que- brar a unidade da dentro da verdadeira Igreja? Estivessem êles convencidos da ver- dade incontéste de suas inúmeras seitas e não pensariam jamais em tal descalabro.

3) Alem disso, Nosso Senhor mesmo deu a razão pela qual não havia unidade de na Judéia, isto é, pela qual os judeus não aceitavam a sua doutrina: -quia non estis ex ovibus meis». (17) Yè-se pois, que sinal ca-

17 - Jo. X.26.

G6

rateríslico dos discípulos de Jesus, não é apenas a caridade externa, de relações, mas que èle é bem mais complexo.

•1) O Santo Padre acena, em circunstância ló- gica, os elementos constitutivos da Igreja, fazen- do ver que os adversários hão são, social- mente, membros da Religião de Cristo, isto é da sua Igreja. «Xosso Senhor, instituiu-a com efeito, como Sociedade perfeita, exter- na e visível, para continuar até o fim dos tempos a obra de reparação do género hu- mano, sob a direção de um chefe, S. Pedro, (Mat. 16.18) pelo magistério da palavra, (Mare. 10,15) e pelos sacramentos (Jo. 5. 3,õ).

Comparou Nosso Senhor sua fundação a um' reino. (Mt 13) a uma casa. (Mt. 16.18) a um rebanho (Jo. 10.16 Jo. 21,15 e 17)» (18)

Tudo isto mostra bem ao vivo que a Igre- ja de Cristo esta bem definida pela unidade de governo único, dc e culto. Pode-se pois pensar em acomodações com adversários que visam quebrar a unidade de regime, são li- bertários em matéria de crença e, portanto não poderão ter unidade de culto?

Os perniciosoí, perigos que oferecem os er- ros 'sectários são, pelo Sto. Padre concentra- dos nesta frase de apurado latim, plena po- rém, de apavorante revelação: «irerum sub horum illecebris blandimentisíjne uerborum, error latet sane gravíssimas, quo catholicae fidei fundamenta peniíus desiiciuntur.*

Especificando-os em ordem geral:

18 - Mortalium Ânimos.

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1) são numerosos seus adeptos e orienta- dos por homens acatólicos eivados de mui- tíssimos erros. Tivemos ocasião de ver quais os princípios do Arcebispo Soderblon;

2) apresenta acentuadas aparências de ver- dade;

3) trata de resolver uma questão que os católicos muito desejam ver resolvida e, por isto, podem ser mais facilmente seduzidos;

4) dispõe de muitos meios de propaganda.

Possuidora única da verdade, a Santa Igre- ja manteve sua posição devida. Não quis ce- der um passo dos princípios doutrinais, certa de" que não compete aos homens cri- ticar a religião divina aceitando isto e re- jeitando aquilo ao sabor de ' preferências in- dividuáis.

Nem se diga que a Igreja poderia incenti- var esse movimento para facilitar a conver- são de muitos homens de bõa fé, pois, si é verdade que alguns mentores do pancristia- nisnio se converteram, é fato também, que não se pode alguém servir de meios péssi- mos para obter um fim apreciável.

Xão ha dúvida, para que se faça a Ião de- sejada união, é necessário «pie voltem os os nossos amigos afastados, ao único redíl. Eles é que abandonaram o rebanho e por- tanto, como bem argumentava De Maistre apoiado no próprio nome de protestante, êles é que estão transviados e devem voltar. E essa volta consiste ena aceitar totalmente os ensinamentos de Cristo de que é deposi-

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lária incontésle a Santa Igreja Católica Apos- tólica Komana, Fóra da qual não ha salvação.

A REPERCUSÂO NO BRASIL

O Pancristianismo mantém um secrelari;i- do perene. Raízes fundas as tem em Ale- manha, Estados Unido-, Itália. Holanda, Sms- sa, Escócin, Bélgica, Polónia, Portugal e lam- bem no nosso Brasil.

Em nosso país êle apareceu como uma nova seila tendo à frente:

SALOMÃO FERRAZ.

Nasceu Salomão Ferraz cm Jaú a 1880 Apenas terminados os preparatórios no Gi- násio do " Estado cursou Teologia entre os presbiterianos, sendo ordenado pastor aos 21 anos de idade.

Em 1927 separa-se dos presbiterianos, e aparece no Rio de Janeiro como ministro da Igreja episcopaliana. Depois dc mais de 15 anos de bons serviços, Salomão Fernz é forçado a desligar-se da Igreja Episcopalia- na.

E' então que começa o Catolicismo Livre. Em vez de atacar positivamente os outros credos, Salomão incita-os a se unirem re- conhecendo em todos o veio da verdade oculto sob grossas camadas de dissensões e falta de orientação. Faz conferênci ;s em templos baíis-

19 - Dados biográficos (Mensagem).

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las. presbiterianos, visita igrejas católjca -roma- nas, reza pelos bispos, elogia o Exército de Sal- vação, e chega até a fazer conferências em centros espíritas.

Para maior facilidade de ação o herói ino- vador deseja ser bispo. y20) Consegue um passaporte para a Holanda, com recomenda- ções diplomáticas para o nosso representan- te (21). Ia sêr sagrado pelo bispo de LJlrech dissidente jansenista, mas circunstâncias pro- videnciais impediram conseguisse seu intento.

Pouco se incomodou o mentor ousado.

A essência da verdadeira sagração episco- pal está no chamado direto de Deus e reco- nhecimento eletivo da assembleia fiel. (22)

Avulta-se pois o novo bispo. Xão despre- sára o sacramento da Ordem, mas este como os demais, serve apenas como cerimónias ex- pressivas, piedosas, de modo algum, porem, eficazes.

Crê no Sacrifício da Missa, e professa sua identidade com o da Cruz. Crê na perma- nência de Xosso Senhor sob os vens sacra- mentais.

Aceita plenamente o balismo (23), mas dei- xa livre a confissão, testemunho de um arre- pendimento humilde, mas que é feito por uma alma justificada pela fé.

Sua grande tese é >a independência das ca- dêias aviltantes do Bispo Romano». Nosso

20 - Mensagem, pag. 13.

21 - União, 2- 1-938.

22 - Mensaçem, pag. 13 sgs.

23 - Combate acremente contra os Batistas.

70

Senhor fundou unia Igreja livre e democrá- tica, cujos chefes são constituídos pelo povo. Roma 6 apenas uma heresia sustentada pelos poderes públicos, e pela força da riqueza ma- terial. Ela guarda entretanto património dou- trinal em grande parte verdadeiro e por isso êle confia que seus irmãos do episcopado brasileiro por quem reza em suas missas re- conheçam em breve a verdade (21).

Nossa Senhora tem lugar saliente no cul- to católico livre. Ela é Mãe de Deus. Chama-a de Santa Virgem 25).

Os Santos são amigos de Deus. e entre eles Nosso Senhor é melhor compreendido. (26)

ARGUMENTOS.

Idênticos aos dos pancristãos. Caridade, ca- ridade é o que falta no mundo. Ela resolve tudo, tudo sanêia, basta. Adata porem os ar- gumentos de conveniência. O Brasil não vai bem por duas razões: laicismo que se esque- ce de Deus, clericalismo que subslilue a Deus. Arranquem do Brasil estes monstros e é o *pie êle quer realizar, e a nação gozará de saude total, nacional, liberdade absoluta e santa.

PERIGOS DESSE MOVIMENTO.

l.o) Filia-se a seita às linhas gerais do pen- samento cujo representante máximo é o Ar-

24 - Católico, Livre, 5- 11 -937; - Nacional, pag. 82; -

Aleluia, 22 -X - 932. 25- Men?age i, pag. 3. 26 - Mensagem, pag. 34.

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cebispo Sodcrblom, o modernista que nem Deus pessoal admille. Islo constituc ao menos sé- ria ameaça a lodos os credos e até à filoso- fia.

2.o) Usa lambem de toda a liturgia roma- na, após breve evolução. O culto em verná- culo. Ora o esplendor litúrgico, que procu- ra conservar, aliado ao vernáculo oferece o perigo de satisfazer facilmente os fiéis mais rudes, pois terão assim, oportunidade, de. li- bertar-se da onda de mistério que envolve o altar romano.

3 o) Para patriotas avançados, sem critério bem formado, a Igreja Católica Livre repre- senta um meio de cultuar e até adorar a Pá- tria, pois ela em sua liturgia venéra os gran- des brasileiros.

O padre Feijó é apresentado como o fun- dador da nova corrente libertadora, e Rui Barbosa não a incrementou e organizou, por não ter tido tempo.

4.o) Sem confissão, sem celibato, tendo a amparar-lhes o coração formado piedosamen- te, a sunluosidade da mesma liturgia romana, os padres apóstatas parecem encontrar abo- no para se apegarem ao erro. E os pobres dentados verão na simpática facilidade de vi- da que lhes oferece a seita, um convite ame- no para a desgraça disfarçada.

5.o) Não podemos ocultar o maior perigo, lalvez não imediato, mas terrivelmente real de um cisma. Salomão Ferraz tem recorrido ao governo, propondo-lhe a fundação da Igre-

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ja Católica Livro no Brasil, sem apreciável resultado. Pode ser entretanto, que governos oportunistas, preocupados unicamente com o progresso material apoiem a seita que se ufa- na de nacionalista.

G.o) A obra de Salomão Ferraz, infelizmen- te já tem ramificações em S. Paulo. Rio Gran- de do Sul, Espírito Santo e Paraná.

se percebe, bem, portanto, o alcance ma- léfico da inovação libertária.

Salomão Ferraz é amável, agrada a todos, extremamente tolerante com as religiões; suas mudanças bruscas em matéria doutrinária, po- rém, a ingenuidade que transborda de cada página sua. o infundado de suas afirmações fazem-nos pensar que, ao lado do grande pe- rigo que ha em tudo isto, avúlta-se como enigmática e sedutora a atitude da Igreja Ca- tólica Livre no Brasil.

MEIOS DE COMBATE. -

Instrução ao povo, refutação direta da dou- trina e moral da nova seita, exposição cla- ra e sólida ao governo do que seja a Igreja / Católica Livre, parecem-nos os meios de ata- car o jòio pernicioso que mãos disfarçadas ou sem controle, semearam entre nós, tornan- do-o assim patente os olhos do povo, intele- tuais e governo.

Livros, revistas, conferências, tudo que ser- ve de meio de instrução, deve ser usado.

Realçar que grandes chefes do movimento europeu a que se filia o nosso, em vez ce prosseguirem na trilha fácil de uma seita agra-

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davel, abandonaram-se corajosamente aos bra- ços maternais de Roma, por estarem certos de que. apesar de impor sacrifícios, a Igreja Católica Apostólica Romana é a única ver- dadeira.

Seria sobretudo, conveniente, favorecer com a devida prudência à corrente litúrgica aluai, proporcionando aos fiéis inte'igente assistência aos mistérios sagrados, como ordenava o Concílio Tridentino em 1562. 27* Mostrar ao povo que ha grandes conveniências em se manter o culto na linqua latina, pois assim, reléva-se a majestade da liturgia e se paten- têia -mais nítida a linha que nos prende, invic- ta e sempre a mesma, aos primórdios da Igreja. Os males que dessa língua desconhe- cida poderiam advir, são perfeitamente evi- táveis pela pregação litúrgica, pelo abundan- te e fácil material de instrução, como as re- vistas e livros sobre o assunto, e principal- mente, o missal popular em vernáculo.

Enfim despertar em todos os católicos, o amor sincero e leal à verdadeira Igreja de Cristo. Aquela que voou gloriosa sempre, so- bre vinte séculos; que não se afogou enter- rada nas catacumbas; que existe ainda na Rússia perseguidora; que tem a seu favor as prerogativas Iodas da Igreja fundada por Nos- so Senhor, que é garantida nas lutas por uma solene promessa divina: PORT.E IX FERI NON PRMVALEBUíiTt

27 - Denzinger, Enchiridion Symbolorum n. 942.

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NOTAS:

1 As respostas às òbjeções c as realiza- ções práticas foram enfeixadas no trabalho, portanto inútil é repeti-las.

2 Como resultados concretos de maior vulto desta Semana de Estudos no Seminá- rio Central do Ipiranga destacamos:

a) a organização da Exposição da Impren- sa Protestante, demonstração, sem dúvida, im- pressionante do progresso da literatura e im- prensa evangélica no Brasil:

b) uma reunião mensal em que serão for- necidas as noticias mais recentes do movi- mento protestante, orientações, iniciativas etc... principalmente visando formar os padres fu- turos de acordo com as necessidades das re- giões onde irão exercer seu apostolado.

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APÊNDICE I

UM DOCUMENTO PROTESTANTE

Por ocasião do Concílio Plenário Brasilei- ro, realizado na Capital Federal, em julho do ano passado, quis o Governo da Nação ho- menagear oficialmente os membros do Epis- copado, oferecendo-lhes uin banquete no lla- maratí (17-7-1939).

No discurso de saudação, o Exmo. Sr. Dr. Getúlio Vargas luminosamente focalizou a be- nemérita atividade do catolicismo em nossa Pátria.

Mêses depois, surgiu um opúsculo do pastor presbiteriano Revelo. Alfredo Alípio do Vale procurando interpretar as palavras da oração presidencial, desvirtuando-a por completo e acrescentando-lhe graves acusações à Igreja Católica no Brasil. E' este libelo que iremos examinar.

Nole-se (pie este nosso trabalho foi publi- cado em o «Legionário» (S. Paulo), em abril e máio do corrente ano. Reproduzimo-lo po- rém aqui, visto como, em correlação à terceira palestra da Semana de Estudos , considera as "objeções (pie conuuncnle fazem os evangéli-

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cos, em nossa Pátria, contra o papel da Igreja na história do Brasil.

- Padre Agnelo Rossi.

E' psicológico observar como. em geral, os protestantes no Brasil nutrem verdadeira oge- riza pelo argumento das relações entre a Iíeligião e a História Pátria. A razão aliás é óbvia. As primeiras manifestações do protes- tantismo em terras brasílicas estão aliadas à pirataria e às invasões ao nosso território. São, portanto, pouco honrosas.

O catolicismo, ao envés torno u-se mere- cedor da gratidão e veneração dos brasileiros. Basta um pouco de bom senso e justiça para reconhecer os inúmeros benefícios que a Igre- ja Católica tem feito e continua prestando à nação. Gastão de Oliveira, ex-pastor protes- tante recentemente convertido e agora mem- bro da comunidade beneditina do Bio. traz em seu excelente livro Cartas íntimas a um pro- testante páginas sublimes a este respeito

Entretanto, vários escritores protestantes, longe de abraçarem o critério sereno da ver- dade histórica, procuram turvar a opinião pú- blica, assumindo as atitudes mais iconoclas- tas. Procuram amesquinhar o nobre patrimô- nio de nossas tradições sociáis e religiosas e, na sanha de tudo arrasar, lamentam nosso passado histórico, caluniando sem pejo e me- dida. E' a aplicação conciente da norma vol- tairiana. Da mentira e da calúnia ficará sem- pre algum, resquício.

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Chegoii-nos às mãos, ha pouco tempo, por gentil oferta do Aulor, um opúsculo de 31 pá- ginas, que traduz, até certo ponto, essa men- talidade protestante a que acenámos.

Julgamos oportuna uma refutação, máxime porque, afóra leves reparos em alguns jor- nais católicos, não conhecemos uma resposta pormenorizada às afirmações ousadas e ten- denciosas do Revdo. Alfredo Alípio do Vale em oposição ao discurso do Exmo. Sr. Pre- sidente da Nação, por ocasião do Concílio Plenário Brasileiro, realizado em 'julho do ano passado, no Rio de Janeiro.

Analisemos, pois, o interessante documento. (As citações não especificadas pelos nomes de livros se referem ao opúsculo do Reverendo).

introdução Como brasileiro e ministro evangélico se o Reverendo na contingência de tecer alguns comentários às palavras since- ras e idealistas do Sr. Presidente da Repú- blica que. não possuindo ligações diretas com qualquer credo, a todos respeita com seu alto e clarividente critério (Pag. 3).

Crítica Se as palavras do ilustre Chefe do Governo são sinceras, porque perder tem- po em contradize-las, isto é. em mostrá-las não sinceras ou ao menos tendenciosamente in- sinuar que elas não possuem o significado vulgar que lhes atribuímos? Se o Dr. Getúlio Vargas é tolerante e imparcial em matéria religiosa, nenhum favor prestou à Igreja Ca- tólica asseverando o que a História Pátria, com saciedade, atesta: a benéfica influência

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da Igreja Católica na vida social-brasileira. Sc o aluai Presidente da República não tem pendência natural pelo catolicismo mais ainda cresce o valor de seu convite espontâneo ao episcopado nacional reunido em Concílio Ple- nário. Reconheceu o prestígio :1o nosso epis- copado e quis tributar-lhe sua homenagem. Outro testemunho de gratidão, igualmente es- pontâneo, foi o do Instituto Histórico e Geo- gráfico. Foi a própria História Pátria, pelos seus luminares, que homenageou, com reco- nhecimento, a Igreja Católica. Os mestres au- torizados tomaram a dianteira, protestando veneração e respeito ao clero: vozes unâni- mes de elogio às quais também se associou o supremo magistrado da Nação. A autorida- de e a ciência se uniram para aclamar, no episcopado, a Igreja Católica no passado, no presente e no futuro da História Pátria. . . o Reverendo Alfredo Alípio precisava mostrar que era protestante e «protestou», não em suas prédicas, mas pela publicação de seu infeliz folheto.

Confrontemos as afirmações do Exmo. Sr. Presidente da República e as oposições do Paster Presbiteriano.

Ouçamos a palavra do Chefe da Nação: cO Brasil nasceu sob o símbolo da Cruz, e entre os que primeiro lhe percorreram o ler- ritório virgem contam-se os missionários cris- tãos. Enquanto os colonizadores buscavam te- souros materiais, preparando o advento de uma nação forte, estensa, capaz de resistir no

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futuro às mais duras vicissitudes, trabalhavam os apóstolos de Cristo as almas, unindo-as pela fé, aperfeiçoando-as pela moral, infundindo- lhes sentimentos de paz e solidariedade hu- mana, gravando em cada coração brasileiro o divino preceito do mestre. Amai-vos uns aos outros.»

1* Afirmação contestada.

Presidente Os primeiros missionários que vieram ao Brasil eram cristãos.

Reverendo: Os primeiros missionários que vieram ao Brasil não eram cristãos (pag. 5).

Aduz.a í.a prova. No ano 1500 a Igreja Católica perdera toda a posse da doutrina apostólica e se transformara , em sistema polí- tico-religioso (pag. 6).

Crítica: Então, nesse caso, fracassou a Igre- ja de Cristo que tinha a seu favor a promessa de perene assistência divina: «as portas do inferno não prevalecerão contra ela» (Mat. 16> 18). «E eu estarei convosco, todos os dias, até a consumação dos séculos» (Mat. 28, 20) Na hipótese absurda da defecção da Igreja, deveríamos admitir ou a mentira nos lábios de Cristo, ou negar o seu poder, visto como não cumpriu com sua palavra.

Mas se «a Igreja Católica perdera, em 1500, toda a posse da doutrina apostólica», como pôde o protestantismo, que surgiu mais tarde, herdar essa doutrina apostólica? Dire- tamenle do céu por intermédio de Lutero? A vida desse «reformador» não o parece indicar.

Doutra parle, onde cslão as provas rle sua missão extraordinária? Onde os milagres 1

Lutero provou sua missão pela bíblia, respondeu-me um protestante.

Afirmação digna dos preconceitos de quem a proferiu. Não sabia que Lutero tivesse des- coberto a bíblia!. . .

A 2.a prova do Reverendo abrange qua- tro páginas do opúsculo, transcrevendo longa citação de Rui Barbosa em: «O Papa e o Concílio. » )

Crítica: Antes de analisarmos o valor do tcsleinunbo do genial brasileiro, convém ad- vertir que, mau grado qualquer afirmação adversária, sempre ficam de os quesitos que opuzemos á primeira prova dada pelo Pastor.

O Padre Leonel Franca, S. J., em <0 Pro- testantismo no Brasil» (pags. 131 a 134) entre- tanto, nos mostra qual a autoridade do cele- bérrimo livro «O Papa e o Concílio ■>, tão festejado nos meios protestantes. Recapitule- mos algumas informações que o douto jesuíta apresenta: i

a) E' comum enlre os protestantes lançar mão âa autoridade desse livro que Rui escla- recido repudiou e não permitiu se reimpri- misse (V. nota 102 à pag. 132 de <0 Protes- tantismo no Brasil»)- Foi reimpresso, de- pois da morte de Rui quando, segundo as leis, o livro tinha caído em comisso. Citar esse livro é crime de lesa honestidade cientifica

b) A obra publicada em 1S70 na Alemanha

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sol) o pseudónimo de Janus, fora escrila com intentos políticos. Em 1877, pouco depoi.; da questão religiosa com os l)ispos, procurou o anliclericalismo maçónico confiar a adataçâo à língua vernácula dessa obra à pena moça e ardente de Rui. que lambem a prefaciou.

c) Com os anos. a reflexão e os esludos reconheceu a injustiça que se assacava à Igre- ja com «O Papa e o Concílio , vedando, por- tanto, a reimpressão da obra.

d) Confiou aos padres jesuítas a educa- ção de seu filho.

e) Batista Pereira, geuro de Riu, chegou a afirmar, entre outras cousas, que < Rui da ma- dureza envergonhava-se dessa obra de Rui da juventude.»

f) O próprio Rui mostrou pelos seus escri- tos posteriores e pelo seu modo de procedei como mudara de atitudes.

A' vista de tudo isso Pe. Leonel Franca inquire: < E' honesto atribuir a Rui Barbosa ideias e atitudes por êle expressamente abju- radas, retratadas, repudiadas nos escritos e nos fatos de toda a sua vida de homem ma- duro e refletido?»

2.a Afirmação

Presidente: Os missionários cuidavam das almas.

Reverendo : Os missionários cuidavam do domínio das possessões materiais (pag. 9) e prova pela citação de «Emancipação Religiosa do Brasil» (?!)

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Critica. Os donatários, governadores c his- riadorcs atestam eloquentemente a abnegação, dedicação e sacrifício dos missionários.

Quais foram os missionários donatários, se- nhores de grandes possessões materiais? O Brasil agradeça à admirável unidade da Com- panhia de Jesus a conservação da integridade territorial, afirma Joaquim Nabuco (apud. F. P. Castro Crónica da Igreja no Brasil, pag. 94). I

3.a Afirmação

Presidente: Os missionários ensinavam a lei da caridade: Amai-vos uns aos outros.

Reverendo: Os missionários nada ensinavam de Jesus Cristo, mas o que se referia aos in- teresses de Roma (pag. 10). As escolas serviam para embrutecer (pag. 10).

Crítica: Merece resposta?!

O Reverendo cita palavras do Dr. Getúlio Vargas quando, deputado pelo Rio Grande do Sul, em 102"i, combateu as emendas religiosas no rCongresso. <

TL, no entanto, o Dr. Getúlio Vargas se viu na contingência de, em discurso oficial, re- tratar sua opinião sobre 'a Igreja Católica, o que ainda mais vem corroborar o valor de seu testemunho.

Apreciemos outro trecho do discurso pre- sidencial:

«Na época, pareciam antagónicos os esfor- ços dos pioneiros; postos em perspectiva pela história. drigiam-se entretanto, em idêntico

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sentido os destemidos bandeirantes, afundados nos sertões bravios em bu.ta de ouro e ge- mas preciosas, e os animosos sacerdotes, se- quindo-lhes os passos de gigante, no afan apostólico de aumentar os rebanhos de Cristo.

Tanto são figuras heróicas da nacionalida- de os chefes das monções como Anchieta e os jesuítas evangelizadores do Norte e do Sul.

Nb Brasil Colónia, no Brasil Império, no Brasil República o lugar da Igreja Católica esbí marcado cm destaque, como/fator pre- ponderante na formação espiritual da raça e as suas doutrinas e ensinamentos constituem as bases da organização da família e da sociedade».

Afirmação

Presidente: Jesuítas evangelizadores do Nor- te e do Sul. Anchieta, figura heróica da na- cionalidade.

Reverendo: Jesuítas, seres ultramontanos, ensinaram sempre o que o cristianismo condenou. Anchieta trabalhou em defesa do jesuitismo: foi um herói na execução do mártir evangélico Jacques le Balleur (pag. 13).

Crítica: «£cco il punfo!» Esta sanha anti- jesúitica é tão natural entre os adversários da Igreja, máxime entre os de fé. Isso, porém, sem querer envolver o Reverendo Alí- pio em tal classe. São tantos os preconceitos que uma educação falsa pode causar. .

O Pe. Fernando Pedreira de Castro S. J., enfeixou no seu livro «Crónica da Igreja no

SI

Brasil (pags. 92-94) testemunhos dos histo- riadores mais autorisados asseverando a in- fluência da Companhia de Jesus na história do Brasil. Registemos simplesmente estes: «E' lícito afirmar que o Brasil foi ohra mais dos jesuítas que dos donatários e do gover- no de Portugal. (Dr. J. Mendes de Almei- da). Muito conhecida é a asseveração uo grande Capistrano de Ahreu: «Os sobrehu- manos trabalhos desses insignes heróis en- chem de tal modo as páginas de nossa His- tória colonial," que é atrevimento escrever-se a história do Brasil antes de ser escrita a história dos jesuítas. >

Sobre "Anchieta, tão grandiosa é sua per- sonalidade que nos dispensamos de transla- dar para aqui testemunhos históricos em seu favor. Somente queremos responder à acusa- ção do Reverendo no que concerne ao caso de le Balíeur.

Vamos buscar a resposta na obra do mis- sionário balisla Pedro Tarsier «História das Perseguições Religiosas no Brasil», livro es- critó com o iníúito de despertar o ódio e rancor ao clero (prefácio, pag. 8). Diga-se de passagem que se traia dum libelo infame, editado pela desastrosa (Cultura Moderna . Apesar do furor satânico ao jesuitismo pa- rece que o Autor, após ter considerado as dificuldades na solução desse caso (pois ta- manha é a contradição nas fontes históricas) resolveu assim expressar seu juizo: «Não lhe podemos dar o apelido de <o carrasco de Bolés por não advir ao seu caraler seme-

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Ihanle qualificativo. Anchieta não foi um san- to, não praticou milagres. . . mas lambem não foi um carrasco. A sua presença e auxilio que prestou ao enforcamento de Boles devem ser julgados segundo as boas intenções que teve em prolongar os sofrimentos do au- gusto mártir e não segundo as aparências ex- teriores que indicam sua cumplicidade no crime» (pag. 57, do vol.) Ha uma ponta malícia nessa afirmação de Tarsier e a ex- plicação que da vida de Anchieta pode ser resumida nesta sua expressão: * Anchieta leria sido, talvez, um semi-gênio si não fora jesuíta» (pag. 58). '

Apesar de semelhantes preconceitos anti- jesúiticos o batista estrangeiro foi, desta vez, superado, na apreciação desfavorável de An- chieta, pelo seu colega presbiteriano de Mi- nas. Grande honra para o Reverendo!

õ.a Afirmação

Presidente: A Igreja Católica, fator pre- ponderante na formação da raça e suas dou. trinas e ensinamentos constituem as bases da organização da família e da sociedade.

Reverendo: A Igreja é o maior entrave ao desenvolvimento moral e religioso da família e da sociedade (pag. 14).

7.a prova: Citação longa de «O Papa e o Concílio», de Rui. (Ocupa 3 páginas do opús- culo).

Critica: A resposta foi dada, acerca do valor deste testemunho.

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2.a prova: Oulra longa citação de Emilio Laveleye «O Futuro dos Povos Católicos (li- vro que logrou muito exilo entre os auto- res protestantes).

Crítica: O n.o 5 do Boletim PRO ECCLESIA, trouxe à pag. 2, uma excelente resposta à afirmação do Reverendo. Sob o tilido «Fa- lam dois Pasttores da Igreja Presbiteriana Independente» traz as palavras do Pastor Alfredo do Vale e as do Pastor Otoniel Mota e porque ambas merecem nossa atenção va- mos considerá-las.

Escreve o Revdo. Alípio à pag. 16 de seu libelo: «Em confirmação ao que declaramos, vem em nosso auxílio o grande sociólogo e psicólogo Emilio Laveleye. professor de Eco- nomia Política na Universidade de Liége, que assim se expressa: ...«Vede na Suissa; que diferença entre os cantões católicos e os cantões protestantes. Os cantões puramente latinos mas protestantes, de Neuchatel, de Vaud e de Genebra estão ao nível dos can- tões germânicos de Zuricb e de Berne c, são muito superiores aos de Tessin, de Lais ou de Lucerna» (católicos).

Otoniel Mota, depois de ter viajado pela Europa e baver conbecició a America do Norte, assim se expressa em «0 Estandarte», n.o 23, de 1924, a respeito do livro citado pelo seu colega, Revdo. Vale: < Excelente em seus dias, é absolutamente fora de propó- sito agora. Com a evolução dos povos, aqueles conceitos se tornaram caducos e insusten- táveis. Tive Ocasião de ver isto na Suissa,

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(juandu estivo, cotejando os caniões cató- licos com os protestantes. Citar aquele folheto é um gravíssimo erro: e-' expor o flanco a um golpe certíssimo do adversário.» E o Revdo. Alípio se expoz. . .

3.a prova: O analfabetismo no Brasil é devido à Igreja Católica.

Crítica: 0 grande Leonel Franca, S. J., em «A Igreja, a Reforma e a Civilização» (pags. 379-41S. e Catolicismo e Protestantismo» (pags. 250-2(;5) respondeu exaustivamente a esta questão. Recordemos alguns conyeicos:

a) Cristo disse: Ensinai a todos os povos Ensinai, não a álgebra, a geometria, a geo- grafia, mas ensinai, primeiramente, as verda- des eternas pela pregação.

h) A Igreja sempre buscou a verdade e procurou sempre ensiná-la.

Fiquemos, porém, no terreno da história pátria: J

/; Logo após localizados no Brasil, os je- suitas abriram seus colégios na Bahia, Olinda, •Rio, Espírito Santo, Piratiniuga, São Vicente.

2) Vários padres se especializaram no es- tudo do tupi.

3) E' mister não esquecer a dificuldade de pessjal. Poucos padres para um território imenso, inexplorado, sem recurso e meios de de transporte, com problemas gravíssimos a serem prontamente resolvidos: por exemplo, união entre os habitantes (índios, europeus, negros, mestiços), moralidade....

i-) Diz sabiamente um escritor contempo- râneo que maiores, muito maiores seriam os be-

S8

neficios causados pela religião no Brasil se não fora a perseguição pombalina Roc-Iame-sc pois, de Pombal, diz Soares de Azevedo, reclame-sc de Pombal, que expulsou os jesuítas do Bra- sil e emanou ordens severas conlra as congre- gações religiosas.

5) Nos paises agrícolas, onde a população está muito espalhada, mais dificilmente que nas regiões industriais, se resolve o proble- ma escolar.

6) Os Seminários foram as primeiras es- colas superiores que tivemos.

7) Nosso pessoal, nosso clero é beróico: cada sacerdote se desdobra, quando não quin- tuplica suas _atividades.

6\a Afirmação

Presidente : Xo Brasil Colónia, no Brasil Império, no Brasil República o lugar da Igre- ja Católica está marcado em destaque.

Reverendo: Está em destaque porque per- deu toda sua influência no seio da Europa (pag. 19 e está fadada a desaparecer tal in- fluência no Brasil (gap. 19). O futuro do Bra- sil está nas mãos do evangelismo (pag. 19).

Crítica: 1) Se perdeu toda influência na Eyropa porque a elevação do Cardial Pacelli ao trono pontifício atraiu vivamente a aten- ção mundial e de modo desusado"?

Perdeu a influência e porque então a San- ta Sé possue tamanha representação diplo- mática, se me não engano, a maior do mundo?

2) A profecia do Bevdo. não nos amedron- ta. Não é a primeira nem será a última neste

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Colégios, Curso Secundário. Comercial e Normal: 0

159 colégios particulares rle religiosos com 55.017 alunos.

451 colégios particulares de religiosas com 89.387 alunos.

Total: f>10 colégios particulares com 1-11.501 alunos.

Escolas primárias, profissionais, para ope- rários, Jardins de Infância:

326 escolas particulares de religiosos com 22.G65 alunos.

459 escolas particulares dc religiosas com 48.364 alunos.

Total: 785 escolas particulares de religiosos com 71.02! alunos.

Somando-se os colégios as escolas primá- rias teremos esse belo total de 1.395 escolas com 215.528 alunos.

Creio que esse total é algo visível, não é Reverendo?

Mais um trecho do discurso do Sr. Presi- dente:

«Apezar de separados os campos de atua- ção do poder político e do poder espiritual, nunca entre eles houve choques de maior importância; respeitam-se e auxiliam-se. O Es- tado, deixando à Igreja ampla liberdade de pregação, assegura-lhe ambiente propício a cxpandir-se e a ampliar o seu domínio so- bre as almas; os sacerdotes e missionários colaboram com .o Estado, timbrando em ser bons cidadãos, obedientes à lei civil, compre-

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endcndo que sem ela sem ordem c sem disciplina, portanto os costumes se cor- rompem, o sentido da dignidade humana se apaga e toda vida espiritual se estanca.

S.a Afirmação

Presidente: Estão separados, no Brasil, o poder político e o poder espiritual.

Referendo: A existência da Igreja Romana depende exclusivamente do apoio e da co- operação dos governos; se não fora isto ela teria desaparecido. Da política ela nasceu c da política ela se alimenta para viver, pois a sua vida .espiritual é aparente. A religião romana é de natureza parasitária... do- poder temporal (pag. 26).

Crítica: 1) E' o que costumamos chamar «querer ensinar o Padre Nosso ao vigário .

O Sr. Dr. Getúlio Vargas. Chefe da Na- ção, afirma que estão separados os poderes políticos e espiritual no pa''s. O Revdo. afirma que não. que a Igreja é parasita do governo, que depende exclusivamente dèle e da politi- tica. Uma das duas: Ou o Sr. Presidente ou o Reverendo está sendo mentiroso...

2) Recorde- se o Revdo. que não foi o episcopado que ofereceu banquete ao presi- dente (com intuito de lisonja) mas foi a autoridade suprema do país que homenageou o episcopado.

Vejamos as provas do pastor protestante-

/.a prova: A Igreja procura estar à fren- te de todos os movimentos afim de aproveitar as oportunidades (pag. 22).

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Critica: Sempre que o interesse espiritual de seus filhos esteja em jogo é dever da Igreja, mãe carinhosa, intervir, mesmo com grandes sacrifícios. Não podemos transigir, nem nos acomodar tolerantemente com o erro. Em movimentos simplesmente políticos a Igreja reprova a intromissão de seu clero e dos altos dirigentes da Ação Católica.

?.a prova: As «emendas religiosas» se fos- sem aceitas seriam um assalto ao poder ci- vil ficando o Estado sujeito à Igreja (pag. 22).

Crítica: Nem mesmo chegaríamos ao pon- to de união entre a Igreja e o Estado quanto mais ao de sujeição. / E1 interessan- te notar o atrevimento e alarido que uma minoria audaciosa faz contra os sentimentos gerais, as aspirações genuínas da quasi totali- dade do povo brasileiro. Os deputados dos católicos foram eleitos constitucionalmente, pelo sufrágio livre e confiante dèsles. Defen- dendo os postulados católicos, simplesmente cumpriram seu dever de representantes do povo.

3:ã prova: Os padres, máxinie os estran- geiros, canalizam para o Vaticano grande re- messa de dinheiro (pag. 23}, Esgotam as ri- quezas do Brasil, levando-as para o Vaticano (pag. 23;. As arquidioceses e dioceses são fontes de renda para o papado (pag. 23).

Critica: Até a questão do «money» veiu a baila e com infelicidade.

1) Enviamos para o Vaticano esmolas que se destinam ao mais nobre ideal: a difusão do reinado de Cristo no mundo, especialmente

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nos países cie missão. Publicam-se as esla- lísticas. Alé ha poucos anis o Vaticano «cana- lizava' mais dinheiro para as nossas missões, aqui no Brasil, do que nós enviamos para lá.

Façamos uma suposição. Temos mais de 40 milhões de católicos no Brasil. Tomemos sim- plesmente 30 milhões para nossos cálculos. Es- tabelecendo uma mínima quota anual de 1S000 por pessoa, teríamos uma contribuição brasileira de 30 mil contos para as missões. O Brasil não nem a décima parle dessa quantia. Será que uma contribuição anual de 8100 por pessoa «esgote» as riquezas do nosso Brasil?

Agora, fique o sr. pastor sabendo que o Brasil concorreu em 1939 com 1.660 contos para as missões universais. (Tanto quanto o Brasil contribuiu a pequena Suissa. mais que o nosso país deu a Inglaterra. Demos a metade da contribuição belga, a -terça par- te da holandesa e italiana, a quarta parte da alemã e a decima parte da contribui- ção norte-americana). Não demos, mas também recebemos 710 contos para nossas missões. O saldo de 950 contos correspon- de a tuna contribuição de S030 «per capita ... Esgotou-se a'« riqueza brasileira! Pobre Bra- sil!... (

2) Não pense o «Revdo > que me im- pinge o que diz à pag. 23: «As denominações evangélicas levantam entre si próprias o re- curso para a evangelisação do País e aqui mesmo empregam o seu dinheiro na manu- tenção do trabalho... Preterindo outras consi-

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r,

derações, pergunto: E as coletas levantadas entre os Balistas pelas missões em Portugal no --dia de Missões Estrangeiras?»

3) Os . protestantes são os primeiros a compreender que as missões precisam de re- cursos. Doutra forma não se explica a di- ferença entre a contribuição do mundo cató- lico (em 1937: 58 mil contos) e a contribui- ção dos protestantes (em 1937. 550 mil con- tos) para as missões. Entretanto* seria mui- tíssimo interessante mostrar como o nosso pessoal missionário é mais numeroso, as obras que mantemos são em maior número, os frutos e resultados, são sem comparação mais compensadores que os protestantes, ape- sar dos rios de dinlieiro que empregam. Até o celibato ajuda o padre católico. Enquanto o missionário evangélico precisa manter mu- lher, educar os filhos, ler suas diversões, etc... o missionário católico deixa pátria, família, vive na pobreza e o fruto de sua atividade não vai ser esbanjado em futilidades mas recaí no próprio campo onde missiona.

4) Impagável a sugestão do iRevdo.» insi- nuando ao Sr. Presidente da República para fiscalizar energicamente o movimento das Arquidioceses e Dioceses do romanismo» afim de ficar sabendo a fonte de renda que o Brasil é para o papado (pag. 23).

Conselho desastrado do ministro. Se S. Excia. quisesse atendê-lo posso garantir (pie dispenderia maior quantia com os s;>us fiscais do que a soma que as arquidioceses, e dioce- ses, como tais, mandam para Roma:

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a) Ha algumas laxas de chancelaria, raras, que são dadas para custear as despezas, tais como porte, correspondência, pessoal que tra- balhou ou se dedicou a esse estudo. Taxas modestas em comparação das que se pagam nas repartições civis.

b) Outras taxas estabelecidas por ocasião de dispensas em matéria dispensável pela Igreja são quasi todas aplicadas em benefício do Pontifício Colégio Pio Brasileiro de Roma. Note ainda o «Revdo.» que os pobres são dis- pensados desses emolumentos.

í.ã prova: <0 casamento civil é violenta, menle golpeado^ na Pastoral Colletiva por todos os bispos do Brasil (pag. 24)

Crítica: Para nós, o matrimónio é uma cousa santa, instituída por Deus, é um grande sa- cramento como diz São Paulo, e porisso costumamos tratar desse assunto com muita elevação e nobreza. Estamos prontos a re- bater qualquer erro que venha atingir a es- sência do sacramento ou tenda, a frustrar os seus fins principais. Nem quero fazer aqui alusão especial a certas irregularidades, mes- mo no meio protestante, porque não é de nossa índole sacerdotal se comprazer em tra- Xar* de imoralidades. Seja esta a primeira pre- missa.

2) A segunda é a contradição que o Revdo. Alfredo Alípio faz neste item. Como tese estatue a dependência da Igreja ao Es- tado. Como uma das provas aduz este ar- gumento, que para efeito de argumentação, vem fora de lugar e é sumamente contrapro-

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ducente. Se tal é a submissão da Igreja ao Estado, como se explica que aquela, num do- cumento público, invctive contra o contrato civil das pessoas que não fazem também seu casamento religioso, o verdadeiro sacramen- to? Não haveria perigo de perder as graças do Estado e ficar a parasita sem seiva e vir finalmente, a definhar? Será que. o Revdo. estudou lógica?

3) Dessas duas premissas segue- se: 1.» que era ponto doutrinário a igreja sempre/ procla- mou alto e bom som a verdade, mesmo quan- do tal verdade venha a desagradar qualquer pessoa, seja rei, presidente da República, etc. Porque é que Henrique VIII se separou de Roma e fundou o auglicanismo?

2.o Não desprezamos, nem condenamos, pelo contrario, aconselhamos o contrato ci- vil para os efeitos civis; não porém como cousa essencial que dispense a recepção do sacramento do. matrimónio. Enquanto não se ligarem os efeitos civis ao ato religioso, essa será nossa atitude.

!}.° afirmação

Presidente: Os sacerdotes e missionários colaboram com o Estado, timbram em ser bons cidadãos, obedientes à lei civil.

Reoerendo: Os sacerdotes timbram em não obedecer à lei civil i,pag. 24).

Critica: Quem tem conhecimento de causa atesta por ciência própria e comprovada que os sacerdotes timbram em obedecer à lei ci- vil. O protestante não gosta do testemunho

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autorizado, porisso protesta e nega. Pode con- tinuar protestando...

10.a afirmação

. Presidente: Os sacerdotes, graças ao seu bom espírito, compreendem a dignidade hu- mana.

Reverendo: «A dignidade humana não exis- te para os servidores do néo-cristiauismo» (pag. 25).

Provas: Novamente Rui em -O Papa e o Concílio- e uma arenga ap Sr. Presidente, recordando um discurso que o Kevdo. fez ao Dr. Getúlio Vargas, em Lambari (pags. 2r> e 2G), sobre a liberdade de conciència.

Crítica: Sim. Revdo. o Sr. está bem certo: liberdade de conciència para lodos os des- paulérios, para todas as heresias, erros e as- nices. Menos porém liberdade de conciència para os católicos, para a interpretação dos tex- tos petrinos ao sucessor de Pedro, no sumo pontificado. Essa sim que é a liberdade...

Ouçamos novamente a palavra do Chefe da Nação : i

«Tão estreita cooperação jamais se inter- rompeu; afirma-se de modo auspicioso, nos dias presentes e ha de intensilic;tr-se certa- mente no futuro, mantendo a admirável con- tinuidade da nossa bistória, rica de exemplos cristãos e de vultos veneráveis pelas virtu- des sacerdotais, pelos sentimentos piedosos, pelo devotamento cívico, pela cultura e o saber catequistas, educadores, guias de

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almas, mestres de eloquência e soldados va- lorosos, quando a Pátria esteve em risco».

I1.a afirmação

Presidente: A Igreja continua mantendo sua sua admirável continuidade, rica de exemplos cristãos e de vultos veneráveis pelas virtu- des sacerdotais etc. . .

Reverendo: A Igreja perdeu sua continui- dade, perdeu o espirito primitivo (pag. 26).

/.a prova: Agora a Igreja é rica. E o Revdo. lembra-se com prazer e descreve, com calor e satisfação, uma visita e um diálogo que S. Tom az de Aquino teve com o papa Leão X (pag. 27).

Crítica: Que infelicidade, sr. pastor! S. To- maz viveu no século XIII (faleceu em 1274) e l eão X Papa de 1513 a 1521) no século XVI. Como é possivel tal encontro? mesmo na cachola- ingénua, ignorante ou ímpia de alguém. . .- :'

2.a prova: Agora a Igreja depende do Es- tado no desempenho de sua missão espiritual e cita outra pagina de Rui «0 Papa e o Concílio».

Crítica: foi refutado. Entretanto poder- se-ia perguntar: Foi o Sr. Dr. Getúlio Var- gas quem convocou e presidiu o Concílio Ple- nário Brasileiro?

Em seguida o Revdo. pede ao Sr. Presidenle para ler a tíblia que ganhou em Caxambu (pag. 29).

Comentário: Ha mêses (23-12-1939), S. Excia. ganhou outra bíblia ricamente encadernada,

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(|ue lhe foi levada ao Caeteté pelos membros da Sociedade Bíblica Americana. Tão amáveis são os protestantes! Eu mesmo tenho rece- bido vários folhetos, programas, opúsculos. Ficaria muito grato se me remetessem seus livros, suas bíblias ricamente encadernadas... Ficaria mesmo muito grato.

Agora, o trecho final do discurso presi- dencial :

«Acabais, senhores, de vos reunir em con- cílio plenário, o primeiro celebrado em nosso país., e. tendo o cmselho de Sua Eminência o Cardial Legado, preocupados exclusivamente com o bem das almas e dispostos a realizar obra que não desdiga da simplicidade apostó- lica e da majestade severa dos concílios pri- mitivos", verificastes as necessidades reais da Igreja brasileira e acertastes o que convinha para mais fortalecer o seu apostolado e me- lhor realizar a sua alta e sagrada missão.

Assim procedendo, continuais, na vossa es- fera de ação, a trabalhar pelo engrandeci- mento da Pátria.

E isso conhecendo, vos presta o governo esta homenagem e eu ergo a minha taça para vos saudar .

12.a afirmação

Presidente: O primeiro Concílio Plenário Brasileiro procurou realizar obra de bene- fício para as almas, de acordo com a simpli- cidade apostólica e a majestade severa dos concílios primitivos.

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Reverendo: O primeiro Concílio Plenário Brasileiro não teve nem a simplicidade apos- tólica e a majestade severa dos concílios pri- mitivos perden-se na indumentária exagerada dos prelados (pag. 30).

7 a prova do Hevdo.. O concílio funcionou vários dias e suas resoluções não foram publi- cadas. Tudo sob o mais rigoroso sigilo. «O silencio do Concílio Plenário, continua o Hevdo.. algo de significativo teve para o pro- blema religioso no Brasil e sabemos que um dos itens foi o combate ao Protestantismo o que aliás muito folgamos, sendo assim descoberto o mistério (pag. 30).

Critica: 1) Santa ingenuidade do ministro presbiteriano! Se houve mistério, rigoroso si- gilo, como pôde êle saber que um dos itens foi o combate ao Protestantismo e se isso ele soube, com a maior facilidade, como pôde haver rigoroso segredo e porque fazer tanto alarde de mistério?

2) Os assuntos primordiais tratados no Concílio foram dados à publicidade:

a) pela carta do Santo Padre lida na ses- são solene inaugural do Concílio, na igreja da Candelária do Rio, e publicada pelos jor- nais;

b ) pela alocução inicial do Exmo. Sr. Car- dial Legado, também publicada pelos jornais oração a que o Exmo. Sr. Presidente da Re- pública faz alusão no seu discurso oficial;

c) pela carta pastoral coletiva de todo o Episcopado Brasileiro comunicando aos fieis do país os frutos do Concílio, encarecendo es-

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pccialmenlc cslcs assuntos: Obra das Vocações Sacerdotais. Universidade Católica. Combate ao Protestantismo e ao Espiritismo, Ação Ca- tólica.

2.a afirmação do pastor: O contrário dis^o (isto é: do mais rigoroso sigilo) acontece com os Concílios Evangélicos <pag. 29)

Comentário: Pôde cantar essa «cantiga» a outrem que não a mim. Que me diz, porém, do Congresso protestante sul-americano rea- lizado, em 1925, em Montivideu?

Enclausurados no hotel <Pocitos>, coloca- ram-lhe na frente a inscrição: «Impedido para o público». A portas cerradas, puderam dizer certas «verdades», sem maiores conse- quências. Entretanto, tão solertes foram os membros da Federação da Juventude Cató- lica Uruguaia que pouco depois saía a lume o famoso livro «Violando Ia Clausura», que despertou tanlo desassossego nos arraiais pro- testantes... Só ali? Não. Abalou-se o minis- tro norle-americano, em Montevideu, à pro- cura do Sr. Arcebispo D. Aragone, afirman- do que o governo dos Estados Unidos do Nor- te ^não tinha intenções de ofender os católi- cos nem de prejudicar suas relações com os paises sul-americanos e pedia que não se di- vulgasse o livro. Contestou o prelado que sim- plesmente se tratava da publicação das confe- rências de protestantes que tinham vindo, con- soante suas declarações à imprensa, tratar de interesses e assuntos atinentes ao evange- lismo sul-americano...

Porque, Sr. ministro ou então porque Revdo., 'j

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tanlo receio na divulgação das palestras de Poeitos?

Prossegue o Revdo. : Nos Concílios Evangé- licos os assuntos são ventilados para o co- nhecimento das igrejas ípag. 29). O Roma- nismo procede doutra maneira.

Comentário: Também no Concílio Plenário Brasileiro os assuntos serão publicados e trans- mitidos para o conhecimento da Igreja Católi- ca e também para a curiosida/ie dos amigos protestantes, como no caso da Pastoral Coleti- va que o Revdo. citou em seu trabalho, ao fa- lar do casamento civil.

Outra prov:i do Revdo.: Não houve simpli- cidade, mas funções pomposas exuberantes in- dumentárias.

Critica: Indumentárias antigas que se con- servam, para as quais, ao menos parcialmen- te já alguns protestantes querem se achegar, embora contem com grande oposição contrá- ria. O Revdo. é presbiteriano e deve se recor- dar dos debates sobre o uso da «toga», em «O Puritano».

E as funções pomposas? Não, meu Revdo., houve funções solenes litúrgicas que se res- tringiram a tres missas pontificais (de aber- tura, de encerramento e de exéquias) e uma procissão. Nos demais dias, pela manhã, um prelado rezava a S. Missa, com a assistência dos conciliares. Nós não costumamos, sr. pas- tor, dispensar a base sobrenatural da oração... Depois vinham as sessões em que. em ambien- te sereno, calmo, ordeiro, se trataram de ques- tões concernentes ao catolicismo no Brasil.

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Pensa, o Revdo , que não tem assunto ? Tem, sim... Nenhuma divergência de doutrina que diferença com os concílios protestantes!) mas simplesmente aplicação de legislação aos pon- tos práticos, concretos, de acordo com as cir- cunstâncias e regiões.

No final, o abraço amigo e sincero dos ser- vidores de Cristo.

Voltaram depois para seus rebanhos, quer êlcs estejam nestas regiões prósperas de São Paulo, quer na zona tórrida do Norte, nas grandes capitais, como na floresta virgem, cada um no seu posto, consagrando todas suas energias pela -glória de Deus e prosperidade de nosso querido país.

Um belo dia recebem pelo correio um opús- culo: ^Considerações em torno do discurso do Dr. Getúlio Dornellas Vargas. Presidente dos Estados Unidos do Brasil». Alguns dèles nem tiverám tempo para ler o panfleto rece- bido. Outros te-lo-ão lido e lamentado tão peregrina produção. .Mas o folheto verde- amarelo do Revmo. quis fazer furor pelo Brasil afora. Li. a respeito, varias apre- ciações favoráveis em jornais protestan- tes/ Aié mesmo o órgão oficial da Igreja Católica Livre teceu alguns elogios à carta do Revdo. Alípio. Pensei então nos leitores incautos do opúsculo. E' certo que alguns dirão: Quanta ingenuidade ou então, que atre- vimento! Mas é possível que outros infelizes digam: cQue excelente argumentação! Docu- mentação farta e irretorquivel!» Ignorância,

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nímia credulidade, preconceito, tudo é pos- sível. Porisso quis traçar estas considerações.

Conclusão Se quiséssemos, no final, apre- sentar uma analise quasi que diria material do conteúdo do opúsculo do pastor presbite- riano seria esta: as citações ocupam cerca de metade das páginas do folheto. Restam umas 15 paginas originais do Autor. Move à com- paixão vêr como em tão poucas páginas se possa ter acumulado e dito tantas inverdades e como se tenha, manifestado grande prazer em. endossar erros evidentes de outros... Até pa- rece amor doentio ao erro... .Melhor fora ter calado, sr. ministro!

Consideramos em nosso estudo o que o eminente Chefe da Nação, firmado em his- toriadores pátrios, afirmou diante dos padres conciliares e vimos as negações e contrató- rias que às suas palavras opoz o Revdo. Vale.

A estas alturas impõe-se uma conclusão: ou acreditamos na palavra des upaixonada, sin- cera e autorizada do Sr. Presidente da Repú- blica homenageando o -"episcopado ou deve- mos crer nas palavras «protestantes» do pas- tor protestante.

Ou o Dr. Getúlio Vargas mentiu ou o Revdo. Afrcdo Alípio do Vale mentiu.

Creio que não ha outra saída, Sr. Revdo...

Melhor fora não tivesse escrito seu infe- liz opúsculo...

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APÊNDICE II

BIBLIOTECA ANTI-PROTESTANTE

Livros editados em português e que se re- comendam:

Padre Leonel Franca A IGREJA. A RE- FORMA E A CIVILIZAÇÃO O CA- TOLICISMO E PR0TESTAN1SM0 - O PROTESTANTISMO XO BRASIL LUTERO E O SR. FREDERICO HAN- SEN.

Enconlra-se nas boas livrarias. São conhecidas e sumamente aprecia- das "essas magistrais produções do ar- guto polemista, filho da Companhia de Jesus, ataláia da contra as investi- das adversárias.

Dr. Çarlos de Laet HERESIA PROTES- TANTE (Livr. A. Campos R. do Carmo, 13-A S. Paulo). Vihranle polemica com Alvaro Reis da primorosa pena do saudoso jornalista.

Túlio e Celso TRINTA TOLICES PRO- TESTANTES (Imprensa Induslrial-Reci- íe)

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Mons. Nascimento Castro OS D ES VÁRIOS DA APOSTASIA (Livr. Salesiana Lgo. S. C. de Jesus S. Paulo).

Padre Dubois O BIBLISMO (Sant N. Sra. Nazaré Belém Pará).

Neófito - O PROTESTANTISMO Tip. Fon- seca — Porto).

Estes livros mostram, em linguagem po- pular e agradável, as falsidades do pro- testantismo.

Hendrick P. Marchant - PRECONCEITOS SUPERADOS íEdiíora S. C. J. Tau- baté S. Paulo)

Gastão de Oliveira CARTA INTIMA A UM PROTESTANTE ,Livr. Boa Imprensa Rio).

Dois convertidos relatam as razões que os dicidiram a abraçar a religião ca- tólica. Gastão d& Oliveira tem páginas sublimes sobre a influência da Igreja na história do Brasil.

Sacerdote Escossês PORQUE SOMOS CA- TÓLICOS E NÃO PROTESTANTES? Cruzada da Boa Imprensa Cx. 3371 Rio de Janeiro).

Considera, com muita felicidade, as dú- vidas e objeções proj>ostas pelos pro- testantes, refuta-as, bem como Irala das origens do movimento reformista.

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Padre Agnelo Rossi DIRETORIO PROTES- TANTE NO BRASIL (Casa Dom Ncri Campinas S. Paulo).

Estudo especializado sobre cada uma cias seitas e sociedades evangélicas que se fixaram no Brasil, relatando sua his- tória, doutrina, organização, fins, méto- dos e meios, alem de dados estatísticos e elucidativos.

Pro Ecclesia editou três folhetos que mere- cem a mais ampla divulgação: UNI- DADE PROTESTANTE, IMAGENS DE ESCULTURA, A SEITA PENTECOS- TAL. (Caixa 1561 Rio de Janeiro).

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