. pe aad RE de PA sea ns o a ta tie ada ate TE e ee ae ate Sig en eget ate RS nae wee eee oy, Y Chath rot et ry Bb Carr = ; Fe ; AURA M Pees ee 3 J - ) E 2 SE age DT. E OT ML ET Be LA Pia : 4 e AT MR Ra sry gee acs D AM SOL DATE ETES BPA gs | rs) AM Joes % Py REVISTA | DO MUSEU PAULISTA E: PUBLICADA : POR H. von IHERING, Dr. med. et phil. Director do Museu Paulista, socio honorario da Sociedade Anthropologica Italiana, da Academia de Sciencias em Cordoba, da Sociedade Geographica de Bremen, da Sociedade Anthropologica de Berlim, da Academia de Sciencias de Philadelphia, da Sociedade dos Naturalistas de Moseow, da Sociedade Entomologica de Berlim, do Museu Ethnologico de Leipzig, da Sociedade Scientifica do Chile, da Sociedade Senckenberg dos naturalistas de Frankfurt a. M. e do Museu zoologico do Pará. A, bé aS Fey eee MO TO NS 4 ida OO us o VOL. III. Sol + | Typ. A VApoR DE HENNIES IRMÃOS, RUA CAIXA D’AGUA, | C 1898 REVISTA DO MUSEU PAULISTA Bo " PUBLICADA “POR “E von IHERING, Dr. med. et phil Director do Museu Paulista, socio honorario da Sociedade Anthropologica Italiana, à da Academia de Sciencias em Cordoba, # \ da Sociedade Geographica de Bremen, da Sociedade Anthropologica de Berlim, ! da Academia de Sciencias de Philadelphia, da Sociedade de Naturalistas de Moscow. ' da Sociedade Entomologica de, Berlim, = do Museu Ethnologico de Leipzig, da Sociedade Scientifica do Chile, - da Sociedade Senckenberg dos Naturalistas de Frankfurt a. M., do Museu Zoo ogico do Para, da Sociedade Scientifica Argentina, da Sociedade Zoologica de \Londres, da Sociedade Nacional de Agricultura e do Instituto Archeologico de Pernambuco. ) VOLUME LY xt REA Er. dra REVISTA DO . MUSEU PAULISTA PUBELICADA POR H. von IHERING, Dr. med. et phil. Director do Museu Paulista, socio honorario da Sociedade Anthropologica Italiana, da Academia de Sciencias em Cordoba, da Sociedade Geographica de Bremen, da Sociedade Anthropologica de Berlim, da Academia de Sciencias de Philadelphia, da Sociedade de Naturalistas de Moscow, da Sociedade Entomologica de Berlim, do Museu Ethnologico de Leipzig, da Sociedade Scientifica do Chile, da Sociedade Senckenberg dos Naturalistas de Frankfurt a. M., do Museu Zoologico do Para, da Sociedade Scientifica Argentina, da Sociedade Zoologica de Londres, da Sociedade Nacional de Agricultura e do Instituto Archeologico de Pernambuco. VOLUME IV S. PAULO TYPOGRAPHIA DO «DIARIO OFFICIAL» 1900 INDICE SS O Museu Paulista no anno de 1898, por ZI. von lhering Descripçäo de ninhos e ovos das Aves do Bra- zil, por Carlos Euler : Aves observadas em Cantagallo e Nova Fri- burgo, por À. von Ther (03 AE Joaquim Correia de Mello, por José de Cam- pos Novaes Catalogo critico- “comparativo dos ninhos e ovos das Aves do Brazil, por H. von Ihering . Alguns Fosseis paleozoicos do Estado de Para- na, por L. Kayser É : 3 Nota sobre o Curare, pelo Dr. J. Bach . A Hyla pulchella Dum. Bibr. e a funcçäo chromatica, por P. A. Schupp Observações sobre alguns Caracóes dass do Brazil, por Henry Suléra ON: Archeologia Rio Grandense, por Z A1. Paldaof Sobre alguns Peixes de S. Paulo, Brazil, por Cart H. Eigennann & E. Allen A. Norris Notas sobre Coccidas, por 7. D. A. Cockerell + Às Coccidas brazileiras, por Adolph Hempel Os Caracões do genero Sola ve por H. von Lhering : : Bibliographia Periodicos recebidos em permuta para a Bi bliotheca do Museu . À : Errata -. . : : : - . PAGS. ee ue AS. De E. a 0 Museu Paulista no anno de 1898 H. VON IHERING A reducçäo da verba a menos da metade da que teve no exercicio anterior e a reducçäo do pessoal scien- tifico-technico da repartição, prejudicaram muito o ser- viço e o progresso do Museu no anno passado. Não continuaram a ser preenchidos os logares de entomolo- gista, de naturalista viajante e de preparador. Sahiu do serviço o custos Sr. W. Moenkhaus, sendo substi- tuido pelo Sr. A. Hempel. Dessa maneira, o Museu sentiu, mais do que as outras repartições congeneres, a difficuldade da situação e fazemos votos a fim de que esse periodo não continue por muito tempo. Nessas circumstancias as acquisições feitas foram limitadas a um quadro de C. Parlagreeco Na roça, com- prado por 2:800$000reis e a uma valiosa colleeção de - objectos ethnographicos dos indios Carajás, do Rio To- cantis, comprada ao Sr. José M. Palmeira da Silva por 2:000$000 reis. Noto entre esses objectos duas grandes mascaras. para dança, como são figuradas na obra de Castelnau II Pl. 9, um machado de peara semi- lunar com cabo enfeitado, lanças, instrumentos de mu- RUA sica etc. Sabemos pelas publicações de Coudreau que esses indios Carajás, um dos typos mais nobres e sym- pathicos dos nossos indigenas, admiraveis pela belleza de suas industrias, estão hoje reduzidos a alguns grupos de miseraveis vagabundos «civilisados». Nao podemos deixar de lastimar esse facto, sentindo que delle não curassemos em tempo. a fim de reunir materiaes re- ferentes à cultura desses antigos donos do paiz. Tudo o que nesse sentido se fez pertence à iniciativa de viajan- tes extrangeiros. Nao será possivel que participemos dessa tarefa? Nao se achará uma unica pessoa illus- trada, cujo patriotismo seja capaz de offerecer os meios que expedições dessa ordem exigem ? Essa idéa se nos apresenta por que ao mes- mo tempo em que tratamos desse assumpto acha-se de novo em viagem, na região do Rio Xingu, o Dr. Hermann Meyer para completar os seus estudos sobre os indigenas do Brazil. Entre os objectos adquiridos mencionamos mais os seguintes : Do Sr. Chr. Enslen, em S. Lourenço. Rio Grande do Sul, mammiferos. reptis, e diversos ninhos do pequeno marsupialio Micoureus pusillus Desm., especie de gam- basinho que no inverno se esconde num ninho con- struido na macega de capim secco e onde o Sr. Enslen encontrou até seis animaes dos dois sexos reunidos. Observei ao mesmo tempo um ninho da mesma especie, no Ypiranga, que era mais pequeno e continha um ani- mal só; o ninho é globuloso, feito da massa densa de um cipó ot de capim e folhas seccas. Do Sr. Zsl, S. Paulo, uma collecçäo de borboletas cacadas em Ubatuba. Do Sr. 4. Devantier, S. Lourenço, Rio Grande do Sul, uma colleeção de borboletas. Do Sr. R. Krone, Iguape, um craneo de Notro- therium. (Coelodon Lund) e mais ossos de mammiferos tirados da gruta do Monjolinho, perto de Yporanga, um craneo do homem prehistorico tirado de um samba- qui, couros e ovos de aves. Os ossos petrificados foram Se ORS transmittidos ao eminente especialista Dr. Florentino Ameghnio que os estuda e delles tratará nesta Revista. Entre os objectos offertados sejam mencionados: Dos Srs. Lion e C., S. Paulo, amostra dos sa- es mineraes de Stassfurth, Allemanha. Do Dr. H. Stempelmann, Santa. Fê do Rosario, 83 especies de coleopteros argentinos. Dos Srs. Drs. Howard, Washington, Cockerell Mesilla Parck Noak em Campinas, Edrcall S. Paulo, Capps em Poços de Caldas, Ule no Rio de Janeiro, Alvaro da Silveira, S. João del Rey, piolhos vegetaes da familia Coccidae. Do Sr. Al. Hummel, S. Manoel do Paraiso, re- ptis e ovos de curiangos e de outras aves. Do Sr. E. Gounelle, Pariz, diversos coleopteros e lepidopteros. Do Sr. P. Mabilde, Porto Alegre, hymenopteros e outros insectos vivendo de parasitas em larvas de borboletas. Do Dr. J. Dutra, S. Leopoldo, Rio Grande do Sul, abelhas indigenas e dipteros. Do Dr. M. Weber, Amsterdam, conchas d'agua doce do Java. Do Sr. Valencio Bueno, Piracicaba, uma coruja preta (Syrnium huhulum Daud). Do Sr. major Cornelio Vieira, Tatuhy, um chopim do brejo (Pseudoleistes guirahuro Vieill). Do Sr. major Cornelio Schmidt, Rio Claro. uma cobra sucury, viva. Do Sr. Carlos Bruch, La Plata, 22 couros de aves argentinas. Do Sr. Mario Rodrigues, S. José do Rio Pardo, um magnifico gavião de pennacho, Thrasaetus harpyia L. morto na fazenda Santa Aliceaos 15 de Agosto de 1897 e exposto agora em cima do armario das aves de rapina. Do Museu Nacional do Rio de Janeiro, 6 espe- cies de crustaceos marinhos. Do Sr. Jacintho B. de Godoy, St. Antonio da Vargem Alegre, Minas, um mico, Cebus sp., um saguim, a MY ve. Hapale aurita Geoffr. e diversos reptis e morcegos. O mesmo Sr., cuja coadjuvação ao Museu nos é de grande valor, remetteu-nos outro caixão que não chegou às nossas mãos por ter-se desviado a carta que continha o conhecimento. Do Dr. Francisco Cavalcanti, S. Paulo, uma grande cobra boi-peba (Xenodon sp.) de Piracicaba. Do Dr. Alfredo de Carvalho. Recife, um cai- xão contendo conchas marinhas e d'agua doce de Per- nambuco. Do Dr. ©. Sapper, Coban, Guatemala, conchas d'agua doce de Nicaragua. Do Dr. Florentino Ameghino, La Plata, ostras da formação guaranitica na Patagonia que por mim foram reconhecidas como especie nova e deseriptas como (Ostrea guaranitica nos Annales de la Socie- dade Cientifica Argentina tom. 47, Buenos Ayres, 1899, p. 61— 62. Do Dr. Z Bach, La Plata, amostras de turfa de Irara, Minas Geraes. O sr. Bach julgou essa turfa de valor industrial, mas a analyse que, conforme o meu pedido, foi feita no Instituto Agronomico de Campinas não confirmou essa idéa, mostrando que a turfa con- tem 382°, de cinza. A turfa européa contem muito menos cinza. A turfa européa é formada de raizes duras da Erica, a nossa pelas de Gramineas e Cyperaceas, que são mais ricas em saes mineraes. Hs- sas turfas representam pois, mesmo quando não estão muito misturadas com terra, um combustivel de quali- dade inferior, que entretanto na localidade onde é abun- dante, poderá servir de base ao desenvolvimento da in- dusiria. Do Banco União de S. Paulo, uma collecçäo de amostras de marmore de Itupararanga perto de So- rocaba, que está exposta no armario n. 27, na sala B. Do capitão F. W. Hutton, Christchurch, Nova Zealandia, conchas miocenas da Nova Zealandia. Dos Drs. M. Cossmann em Pariz, P. Oppenheim Berlim, A. Zittel Muenchen, E. Suess, Vienna, con- chas fosseis, terciarias. E Do Sr. Manoel Lopes de Oliveira, S.. Paulo um tembeta (enfeite para o beiço inferior perfurado) feito da resina de Jatahy pelos indios Cayuás do Esta- do de S. Paulo. Do Sr. Benedicto Camargo, S. Paulo, busto do Tiradentes, obra de phantasia visto que não existe retrato authentico, mas de interesse e uma bandeira do Club Republicano de S. Paulo offerecida ao mesmo tempo. Do Dr. Antonio Ignacio de Oliveira Campos, Monte Mór uma pedra schistosa, polida, comprida, de uso desconhecido, que aos indigenas talvez servisse para o preparo de fibras vegetaes. Do Sr. John C. Mather, Taubaté, uma collec- ção de peixes fosseis e impressões de plantas schis- tos betuminosos de Taubaté. De um interesee es- pecial são os restos vegetaes que mandei ao habil conhecedor das plantas fosseis da America do Sul, Dr. Fr. Kurtz Cordoba, que os está estudando. Seja-me permittido repetir a expressão da nossa gratidão a todos esses distinctos senhores que tanto contribuiram para o progresso do Museu. Infelizmente perderam-se diversas caixas destinadas ao Museu, tendo as cartas que continham os conheci- mentos, por descuido no Correio, sido postas em caixa falsa cujos donos, pouco escrupulosos, retiraram da Es- tação as encommendas. Refere-se isso especialmente à encommendas que nos mandaram de Minas, o Sr. Ja- cintho B. de Godoy e do Recife, o Dr. Alfredo de Carvalho. "Tivemos durante o anno o prazer da visita de varios sabios europeus como do Dr. Hermann Meyer que estudou com interesse especial a nossa collecção ethnologica, achando nella diversos objectos que julgou de summo interesse e valor, do Dr. Z Bach de La Plata, do dr. Hr. Ohaus, de Hamburgo, que veio ao Brazil só na intenção de estudar os coleopteros da fa- milia Rutelidae e sua biologia e do Sr. E. Gounelle, de Pariz, que estudou por mezes os coleopteros deste Estado. Os dois ultimos especialistas me felicitaram pelo Lan ae desenvolvimento da nossa collecçäo entomologica, di- zendo que ella, embora ainda pequena, era a unica no Brazil que para o especialista europeu, merecia essa denominação e o adeantaria nos seus estudos especiaes. Realmente, dedicamos muita attenção no anno passado a essa secção e especialmente à entomologia economica. O Sr. 4. Hempel estudou com dedicação os piolhos vegetaes da familia Coccidae, sobre a qual o leitor achará informações extensas por elle fornecidas neste volume. Tive occasião de verificar a. existen- cia da phylloxera em videiras americanas importadas de Rochester, N. J., pelo Sr. Nelson Smith e que em Minas o Sr. Dr. Alvaro da Silveira reconheceu phylloxeradas. Do mesmo Dr. Alvaro da Silveira como de muitas outras pessoas, recebemos plantas doentes para examinar, especialmente videiras. Assim, os nos- sos laboratorios para entomologia systematica e econo- mica prestaram bons serviços à agricultura. Neste sentido, a Sociedade Nacional de Agricultura do Rio de Janeiro, que me distinguiu com a eleição de socio hono- rario, exigiu a dn coadjuvação para a elaboração de um projecto de lei cujo fim seria acabar a impor- tação continua de pestes vegetaes. Alem da secção entomologica ficou mais desenvol- vida a das aves do Brazil, como se verificará no pre- sente volume desta Revista e no do anno passado. A colleeção consta agora, além de aves extrangeiras, pouco numerosas, de tres salas com exemplares empa- cs e numerosos couros guardados em armarios de gavetas. De 602 especies de aves observadas até ago- ra neste Estado, 510 se acham representadas na col- lecção do Museu. As especies não representadas são quasi exclusivamente as que se encontram na fronteira com o Estado do Paraná, no Rio Tieté baixo e na zona occidental perto do Rio Grande, de Franca ete., e onde por falta de naturalistas viajantes e de meios não podemos mandar fazer collecçäo. A secção ornitholo- gica completamente classificada e descripta com Cata- logo conservado em dia é, nesse sentido, a que mais adeantada se acha; outras secções do Museu bem dis- lod ( tinctas são as de conchologia e paleontologia. Menção especial merecem tambem as aranhas, bem estudadas pelo Sr. W. Moenkhaus, existindo materiaes ricas não determinados ainda e que se acham entregues aos Srs. Eugen Simon em Pariz e W. Moenkhaus em Cambridge, Mass., afim de serem estudados. Um acontecimento desagradavel, que se deu no prin- cipio do anno seja aqui mencionado, o roubo que se deu na secção numismatica, entrando os gatunos, subindo pelo para-raio, e roubando moedas de ouro no valor de 8004000 reis. Em vista deste facto foram defendidas por grades de ferro as respectivas janellas e foi creado um destacamento policial ao qual está confiado o poli- ciamento nocturno do Monumento. De grande valor são as numerosas obras e perio- dicos apresentados à Bibliotheca do Museu, merecendo menção especial a obra sobre a Patagonia e Cabo Horn, do Governo Francez, as publicações officiaes dos Esta- dos Unidos da America do Norte sobre Ethnographia, Geologia e Agricultura, manuscriptos hieroglyphicos mexicanos reproduzidos por Sua Alteza o Duque de Loubat, a serie completa dos Annaes do Museu em Marselha e as publicações das Academias em Berlim e Pariz. A Bibliotheca do Museu em troca da sua Re- vista, geralmente bem acceita, recebe cerca de 150 periodicos scientificos referentes a historia natural, an- thropologia e geologia. KE’ preciso accrescentar que muitas Sociedades, Academias etc., com a maior libe- ralidade possivel nos deram series completas de suas publicações e deste modo, com despesas realmente pe- quenas, a Bibliotheca do Museu está se desenvolvendo em uma bibliotheca de historia natural que de modo excellente está representando certos ramos da sciencia menos cultivados nas outras bibliothecas publicas e especiaes desta capital. O Museu foi visitado no anno de 1898 por 32965 pessoas. São Paulo, 30 de Setembro de 1899. DESCRIPÇÃO DE NINHOS E OVOS DAS AVES DO BRAZIL POR CARLOS EULER = e O presente estudo compõe-se das partes : A) PARTE DESCRIPTIVA B) PARTE COMPARATIVA C) PARTE BIOLOGICA Segue, servindo como annexo, o artigo do Dr. H. von Ihering sobre as aves de Canta- gallo e Nova Friburgo PARTE DESCRIPTIVA | ORDEM: PASSERES, A. OSCINES Fam. Turdidae Turdus rufiventris (Vicill) Sabii-laranjeira E" o mais commum dos nossos sabiás e passaros de gaiola. Nidifica em arbustos isolados, cercas vivas, de preferencia nas laranjeiras, dentro da folhagem basta, em alturas variaveis de 2 a 4 metros; às vezes mais alto. Já encontrei um n'uma mangueira a mais de 10 metros de altura, outros sobre tocos de apenas meio metro. Sempre com base muito solida, o ninho é posto ora livre sobre uma forquilha de galhos fortes, ora encostado no tronco mesmo, mas sempre escondido na folhagem. A construcção tem a forma de um cesto com espaçosa — 10 — tigela e bastante volumoso. O exemplar que tenho à vista é positivamente de forma oval, que encontrei já outras vezes. Na sua base mede 17 centim., ao com- prido, e 15 ditos na largura. Na superficie o seu maior diametro é de 15 ditos, e o menor de 11 ditos. O diame- tro interior da tigela é de 11 sobre 8 centim., a sua profundidade é de 5 ditos, quando a altura exterior do ninho mede 11 ditos. A base é feita de diversos ramos flexiveis (faltam os rijos), que são presos por uma solida argamassa de barro ou terra humida. Esta mesma ligac ‘40 tambem se observa na parede lateral onde, porem, os ramos são substituidos por raizes. O barro transborda em parte no exterior e na orla; nesta é misturado com raizes finas e brunido. Por fora a parede traz um basto enfeite de musgo verde; o inte- rior da tigela é bem acolchoado com fibras de raizes finas e macias, mas não leva barro. O) todo é pesado e solido, a parede é rija e grossa, offerecendo em todas as partes boa resistencia. Poe 4 ovos de campo verde- amarellado coni numerosas manchas e pintas cor de ferrugem, claras e escuras, que terminam em dentes pontudos, repartidas sobre a totalidade do ovo. A forma do ovo é um pouco bojuda, com pontas alon- gadas. O seu comprimento orca em 29 ™/,3 a sua largura em 20 ditos. Não encontrei ovos de Turdus rufi- ventris de campo azul-verde com desenhos pretos, como Wied os descreve para esta especie, nem posturas de 5 ovos como pretende Burmeister. Turdas albicollis (Vicill) Sabiá poca Menos frequente que o sabia-laranjeira reparte com este o modo de viver e de nidificar, habitando nos mesmos logares. Os seus ninhos acham-se nas mesmas condições, e suas dimensões, material e feitio são as descriptas para T. rufiventris, embora um pouco menores e mais relaxadas, A forma dos ovos é mais redonda com pontas avolumadas; têm 27 ™/m de com- yh | ge ES primento e 20 ditos de largura. O seu campo é de linda côr verde-mar ; as manchas vermelho-escuras acham-se repartidas symetricamente sobre a superficie total, e säo mais tenues do que as do T. rufiventris, no qual às vezes, attingem o comprimento de 5 m/m. Ludwig Holtz, Jl. f. Ornith, 1870, pags. 22 e 25 descreve os ovos d’estes dois sabiäs com accurada exactidão e que combina perfeitamente com a minha definição ; confunde, porem, os de leucomelas com os de rufiventris, devido à designação erronea de quem lhos remettera. Turdus fumigatus (Licht.) O Principe Wied (Beitr. 3, p. 649) achou o seu ninho posto em arvores copadas, nas forquilhas ou sobre um galho grosso. KH’, segundo o seu dizer, de todo semelhante ao do T. merula da Europa, feito com pequenas raizes e mesmo alguns talos verdes, bastante espaçoso e acolchoado com raizes finas e raminhos seccos. Em Dezembro continha 3 ovos alongados, de linda cor verde, cobertos de manchas côr de couro, principalmente na sua ponta grossa. Fam. Timeliidae Mimus saturninus (Licht.) Sabii do sertão Burmeister (HI p. 127) refere que esse sabia faz o seu ninho nos bosques do campo e põe 4—5 ovos es- verdeados com manchas cor de ferrugem, cerredas na ponta anterior. Sobre a fórma do ninho nada adeanta. Azara deu uma descripçäo que se não acha de accôrdo com outra dada por Molina que lhe empresta um feitio artistico. Em Cantagallo não encontrei nenhuma das 3 especies brazileiras do genero. L. Holtz dá as seguintes informações sobre o ovo do Mimus modulator (Gould) : Forma oval, curta ; Pann LES côr: campo branco-amarello com tinta verde. Desenho : manchas alongadas de cor de vinho e outras azuladas, desbotadas, cobrindo o ovo inteiro, com concentração. na ponta superior. Comp. 25 m/m, largura 20 d.º (J.! f. Orn. 1890. 22). Troglodytes musculus Naumann Guaricho, Cambaxirra (Rio-Jan.°) Curwira (S. Paulo) Nidifica em buracos, cavidades de toda especie, de- baixo dos telhados, em arvores Ocas etc. Com rami- nhos seccos forma uma base chata e larga, e sobre esta confecciona uma escudella da raizes finas, cabel- los e pennas. Põe 4 ovos de côr vermelho-clara, pintados densamente de salpicos mais escuros. Na parte posterior destaca-se uma corôa pouco distincta, de: pontos pardo-escuros. Forma arredondada; comprimen- to: 17mm, largura 13 ditos. Uma vez escolhido o logar para a construcçäo do. seu ninho, é de uma obstinação que vai atê a teimosia: em conserval-o. Tive uma notavel prova disso. Ne portão da nossa chacara existe uma caixa para receber: a correspondencia. E° um receptaculo de madeira, quasi un com 35 centim. de altura sobre 25 ditos de largura, coberta em fórma de telhado. Tem uma porta que só se abre uma vez por dia para retirar a corres-. pondencia, e ao lado uma fresta de 23 centim. de com- primento para 24m/m de abertura. Um casal de cam- baxirras achou este pequeno edificio apropriado para nelle constituir familia, introduzindo-se pela fresta e af- frontando os numerosos inconvenientes e perigos inhe- rentes ao lugar. Começou em Dezembro. a trazer mate- riaes. Assim que havia uma pequena accumulação destes, a pessoa encarregada de retirar as cartas se apressava a proceder à limpeza da caixa, atirando para fóra o: chamado lixo. Isso durou até fins de Janeiro sem que o passaro desacoroçoasse do seu plano. Quem afinal deu- se por vencido fomos nós, resolvendo recompensar tanta constancia pela ulterior não intervenção. Assim que o passoro não encontrou mais obstaculos, concluiu em ee A ee poucos dias a sua tarefa, redobrando de actividade. En- cheu totalmente o fundo da caixa com material gros- seiro (ramos seccos ) na altura de cerca de 8 centim. e no canto opposto à fresta que dava passagem ás cartas e jornaes ; installou sobre esta base o ninho propriamente dito, sendo este uma tigela de 9 centim. de diametro e 5 ditos de fundo, Ei com raizes bem torneadas e ali- zadas, algumas pennas, e ahi deitou uma postura de 4 ovos. Mas as constantes e inevitaveis perturbações não lhe permittiram incubal-os devidamente, e a postu- ra gorou. Faz pelo menos 3 posturas por anno de 3a 4 ovos cada uma. Nunca encontrei posturas de 5 ovos, como indica Burmeister. Quasi que não descança na sua vida reproductiva. Já em Junho começa a tratar da nidificação e até Abril é encontrado ou incubando, ou criando. Todavia, o maximo dos ninhos corresponde ao periodo de Outubro a Março. — As noticias que dão Wied, (Beitr. 3,b.745) e Burmeister (S. u. 3.137) con- firmam as minhas. Thryophiius longirostris (Vieill.) Encontrei-o em principios de Agosto construindo o seu ninho na capoeira perto de um corrego, seu domicilio favorito. Estava suspenso a menos de 1 metro de al- tura num pequeno arbusto e formava uma tigelinha oblonga, assaz funda, aberta por cima e presa a uma forquilha horizontal. O material consistia em talos e raizes, tecidos frouxamente e entufados. Ficou destrui- do antes da postura e nada della posso dizer. Fam. Motacillidae Anthus luteseens Puch. Segundo Azara, faz o seu ninho bem escondido na moita do capim e põe 2 ovos esbranquigados com pin- tas pardas concentradas em corda na parte posterior, esparsas na anterior. L. Holtz, J.! f. Orn. 1870, p. 9 da as seguintes medidas pee esses OVOS : Compr. 19/,-, larg. 14 d.º, casca lisa, lustrada, SAUT RE Quanto a côr e o desenho combinam com a descripção de Azara, accrescenta porem desenhos azul-cinzentos e garatujas pretas. A postura em Buenos-Aires é de 3 e 4 ovos. Segundo Sternberg, J.! f. Orn. 1869, p. 268. A. lutescens faz nas moitas uma pequena excavação que guarnece de talos e raizes, formando uma tigela bas- tante funda. Fam. Mniotiltidae Geothlypis velata (NVicill.) Esse excellente cantor esconde o seu ninho nas moitas de capim no pasto, jardim, plantações e sobretudo no canni- co do brejo. Consiste em uma tigelinha muito bem feita de folhas de junco secco artisticamente trançadas, por fóra, e no interior de raizes finas. A parede é densa e re- sistente. A tigela acaba numa ponta, tem 8 centim. de altura exterior e 4!/, ditos interiormente. Diametro ex- terior: 9 centim., interior 6 ditos. A borda não é tra- balhada, as pontas das folhas resaltam. Põe3 ovos de campo branco com uma meia tinta linda e fraca en- carnada. © desenho mostra poucas manchas violêtes diluidas, e numerosos pontos vermelhos escuros, que se reunem em corda na parte superior. Fórma nor- mal; comprimento; 19m/m. largura. 13 ditos. Basileuterus stragulatus (Licht.) Vive na visinhança dos corregos e rios e nunca a abandona. Achei o seu ninho em Outubro num barranco à margem de umcorrego, escondido por verduras pendentes ac.* 2 metros de altura, posto numa saliencia do barro. Representa uma bola relativamente grande de diversos ma- teriaes seccos e frouxamente reunidos. Entrada no centro muito larga, quasi do tamanho do interior da bola. Esta é trabalhada mais cuidadosamente, tecida e revolvida de finas gramincas. Diametro da bola: cerca de 15 centim., da camara 7 ditos, da entrada 6 ditos; continha 2 ovos de forma normal, de 20 m/m. de comprimento e 15 ditos ea dp de largura. Cor branca, salpicada de manchas e pon- tos de côr violeta e ferruginosa, formando corda na ponta posterior. Basileuterus auricapillus (Sw.) Nidifica na matta ou na capoeira no chão em moi- tas de folhas seccas ; sua construeção lembra a da Py- riglena leucoptera. O ninho consiste em uma tigela com coberta in- teira posta sobre uma camada de folhas, e feita de capim finissimo. Forma uma perfeita e macia almofa- da artisticamente preparada. A coberta é formada de diversos materiaes seccos, como talos, raminhos, corti- ças etc. e distingue-se pelo seu grande tamanho. Não encobre totalmente a tigela, deixando aberta a sua par- te anterior, na extensão de cerca de 3 centim. Altura total do ninho sem a base das folhas: 14 centim.; largura : 10 ditos; diametro interior da tigela : 7 ditos; fundo: 4 ditos ; espessura da base: 4a 9 ditos; dita da parede da tigela: 2 ditos; diametro interior da camara : 7 ditos. Es- ta é bem acolchoada com talas finas, cortiças e perfei- tamente alizada. Poe 2 a 3 ovos de forma normal, um pouco cheios no centro. Comprimento : 17m/m; largu- ra: 12 1/2 ditos; sobre campo branco destaca-se uma co- roa larga de pontos azul-cinzentos, misturados com ou- tros côr de vinho, que tambem envolvem a parte pos- terior e alguns escassos na parte anterior. Fam. Vireonidae Wireo chivi (Vicill.) O Principe Wied (III p. 795) encontrou o ninho suspenso na forquilha de um galho, collocação identica com o do Oriolus galbula L. Tinha a forma semi-es- pherica, sendo feito artisticamente de fios de tillandsia verde e paina branca, entremeiados e fortemente ligados com talos de gramineas. a 200 Era bastante fundo e guarnecido interiormente com aquelles. Em Deze ubro continha 5 filhotes. Do genero Hylophilus, Temm. que pertence a essa sub-familia e cujos representantes não são raros na nos- sa zona, não pude observar a nidificação e nem tão pouco achei observações alheias, Fam. Hirundinidae Progne domestica (Vicill.) O seu logar favorito é o telhado das igrejas, onde ajuntam-se aos centos. Em Setembro arribava todos os annos um casal delles na nossa fazenda onde escolhiam o cano do telhado ou alguma cavidade na parede para es- tabelecer o seu ninho. Ulteriormente o faziam na va- randa sobre um caibro debaixo da telha. Era uma tigela chata feita de palha e excremento de gado, solidamente argamassada, mas sem ser brunida. O caibro redondo obrigou a andorinha a munir a tigela de duas pequenas pernas que abraçavam o caibro. A gamella, com 10 centimetros de diametro interno, estava bem forrada com pennas. N’essa singela construcção o casal empregou um tempo relativamente longo. Absorveram cerca de 8 dias em escolher o lugar proprio, começaram a trazer o pri- meiro material em 6 de Outubro. Decorridos 20 dias parecia o ninho concluido, pelo menos d'ahi em deante não trabalharam mais, o que d'antes faziam diariamen- te, porem nunca alem das 10 ou 11 horas da manhã. Somente a 3 de Novembro achei o primeiro ovo no ninho; a 7 o segundo, e o terceiro a 11. Na noite de 16 para 17 a femea foi assassinada pelos ra- tos, e de manhã achei o seu cadaver jazendo no soalho da varanda. Na autopsia encontrei o quarto ovo per- feito e prestes a ser posto no dia seguinte e completar a postura de 4, que é anormal. Os ovos são de côr branca pura e lustrados, com a ponta anterior muito delgada e fina; comprim.° 25 m/m, largura 16 1/2 ditos RR HE iss Tachycimeta albiventris (Bodd.) Wied (Beitr. 3. p. 364.) descreve do seguinte modo o ninho dessa especie: «Encontrei o seu ninho num tronco de arvore velha, que as aguas haviam arrancado e enterrado na areia. Estava collocado entre a casca e a madeira e consistia em um punhado de palha e her- vas seccas, misturadas com pennas, entre as quaes dis: tinguiam-se as encarnadas da arára e as verdes do suru- cud. Era muito pouco fundo, e em principios de Ou- tubro continha 2 ovos brancos». Tachycineta leucorrhoa (Vicill.) L. Holtz (Journ. f. Orn. 1870.11) descreve os ovos colhidos por Ch. Sternberg em Buenos Ayres: Fórma oval conica, cor branca, casca forte, um pouco aspera, pouco lustrosa. Comprimento 20 m/m, largura 14 ditos. Atticora cyanoleuca (Vicill.) Tem o mesmo habito como a Pr. domestica, da qual parece uma reducção, niditicando nos telhados das casas, nas villas e fazendas. Seu ninho é identico em forma e material com o da Pr. chalybea, porém sem argamassa. A gamela, pelo seu interior bem acabado e liso, contrasta com o seu exterior disforme e mal feito. Tem 8 centim. de diametro, por 4 ditos de fun- do. Este é bem atapetado com pennas de pato. A postura é de 4 ovos brancos lustrosos, de forma bojuda e de 15 m/m de comprimento sobre 12 1/2 ditos de largura. Stelgidopteryx ruficollis (Vicill.) Essa é a especie mais numerosa das nossas ando- rinhas. Em Fevereiro vinham aos milhares pernoitar no tabual do brejo. Cava galerias, por vezes bem com- pridas, em todos os barrancos, tanto de barro como de areia, ao longo dos caminhos, vallas etc., na altura de DES 1 a 2 metros, assim como se aproveita de cavidades já existentes, como as galerias de Galbula tridactyla, canos de telhados e outras. As suas proprias galerias excedem as vezes de 1 metro de extensão; tambem ja achei seu ninho em cavidade apenas coberta, com me- nos de 10 centim. de fundo. No fim da galeria pre- para um espaço mais largo que guarnece com pennas e algumas palhas, e ahi põe 4, 9,e até 6 ovos brancos, de forma normal. Comprimento : 19 m/m; largura 13 1/2 ditos. Fam. Caerebidae Certhiola chloropyga (Cab.) Jai em Junho começa a construir seus ninhos nos jardins, pastos, arbustos e cercas vivas. Colloca-o quasi sempre à pouca altura, em logares abertos e expos- tes, fora da folhagem. Consiste numa bola de mate- rial macio, como palha, folhas de junco, cortiças, ca- pim etc. que no seu centro encerra a camara. Tambem emprega algodão em rama, quando ao seu alcance, usando-o então com grande prodigalidade para cobrir todo o exterior do ninho, como em geral a abundan- cia e a superfluidade são característicos deste ninho. A entrada acha-se no centro da bola e, em alguns ca- sos, é protegida por pequeno alpendre feito com as pa- lhas que circumdam a abertura As paredes são gros- sas e compactas, o seu material solidamente reunido. A camara não tem enchimento, mas o material ahi acha-se cuidadosamente alisado. O ninho não se acha preso n'alguma forquilha, mas simplesmente sobreposto num galho extremo. Tem 10 a 12 centim. de dia- metro exterior; o da camara mede 5 à 6 ditos e o da entrada 3 ditos. O ovo, dos quaes costuma por 5, é de forma alongada com pontas obtusas; o seu compri- mento é de 17 m/m, a largura de 12 ditos. São de campo branco esverdeado e inteiramente salpicados de linhas e pontos pardo-amarelios; na parte posterior existe, quasi escondida debaixo do desenho geral, uma coroa de manchas azul-cinzentas desbotadas ; algumas d'estas extendem-se para a parte anterior. Da Te MES Os ninhos do sai amarello ou caga-cebo são de erande frequencia, ja porque o passaro tambem o e, já porque elle nunca o esconde, utilisando-se quasi sem- pre de arbustos à beira dos caminhos. ‘Tanto mais ex- tranhavel é a sua exagerada sensibilidade relativa a sua construcção. O mais leve toque nesta o faz aban- donal-a irrevogavelmente. Por isso o povo pretende que elle, para cada postura, faz varios ninhcs com o tim de enganar os curiosos. Seja como for, o facto de construir mais de um ninho cada vez observei-o frequentemente, e a sua sensibilidade não deixa de con- trastar fortemente com o seu habitual comportamento que é todo de grande familiaridade, assim como com a escolha do logar sempre exposto para a collocação do seu ninho. Ha certos passaros conhecidos por con- struirem ninhos de mero recreio (Spielnester) ; 0 nosso sai parece fazer parte d'esta categoria. Tambem deve notar-se que mostra uma habilidade e agilidade espan- tosas na construcção dos seus ninhos; em menos de 2 a 3 dias o aprompta, e, para ir mais depressa, vi-o varias vezes utilisar-se simplesmente do material do seu ninho abandonado na construccäo do novo. Bur- meister affirma que o ninho do caga-cebo é por vezes aberto por cima; provavelmente refere-se aos ninhos não acabados, pois o ninho com ovos é sempre uma bola fechada, collocada por cima de um galho extre- mo, e não dependurado deste, como erradamente o disse E. Goeldi na sua monographia, pag. 267. Creio que varios autores confundiram o ninho do Todirostrum poliocephalum Wied, que é uma bolsa suspensa, com o ninho desta Certhiola. Assim Vieillot conta que em Cayenna, Certhiola chloropyga faz um ni- nho artistico que suspende num cipô, o que aqui se di com Todirostrum e não com Certhiola. Ainda mais, no ninho daquelle nota-se por fóra os seus excremen- tos accumulados em uma especie de estalactite, como pode formar-se n'uma vela exposta accesa ao vento, 0 que justificaria o appellido de caga-cebo para o Todi- rostrum. Nos ninhos de Certhiola nunca observei esse facto, e visto a grande semelhança, embora superficial, =e CODE cad dos dois passaros, é provavel que haja confusão entre elles relativamente ao appellido. Fam. Tanagridae Ramphoccoelus brasilius (L.) Tre-sangue A sua parada favorita é nos logares pantanosos e ter- ras baixas. Alli encontra-se o seu ninho mettido nas moitas de capim ou junco. E' formado com este material e representa uma tigela aberta. Embora bem e cuidado- samente trancadas as folhas, o ninho não offerece so- Jidez bastante para que se possa levantal-o. O interior é guarnecido com finos pedunculos, sem arte. Tem 7 centim. de diametro, e somente 3 ditos de fundo. O material é empregado com prodigalidade, principalmen- te no lado exterior e froma um tufo, escondido nos canniços. Põe 2 a 3 ovos de linda cor verde-azul e bem lustrosos que mostram diversas pequenas manchas e pingos inteiramente pretos e intermeados com alguns trasos muito finos da mesma cor. Forma normal com pontas suaves e agudas. Comprimento: 22 m/m; lar- cura: 16 ditos. FTanagra sayaea (L) Sanhacu. Sanhaco Cominum em todas as localidades abertas. Seu ninho encontra-se no jardim, nos cafezaes e plantações, ora baixo, ora em alturas, onde gosta de disfarçal-o na folha- gem dos galhos extremos. O material principal é com- posto de pedunculos da planta Lippia urticoides, que aqui cobre exclusivamente grandes espaços de terreno. As suas flores seccas são conservadas pelo passaro e co- brem a parte exterior do ninho, que, alem disso, é en- feitado com musgos, lichens, cortiças e flocos de paina. Os pedunculos são bem trançados, juntamente com rai- zes e hervas diversas. A paina é cardada em pequenos flocos e cuidadosamente introduzida no tecido. O ninho oi | a forma uma tigela que tem 11 centimetros de diametro, tanto no alto como na base; a sua altura é de 8 d.s, o diametro da gamella de 7 d.s e o do fundo de 4 d.s. A espessura da parede comporta 2 centim. O interior é guarnecido com poucas raizes finas. Põe 3 ovos de cor branco-amarellada e cobertos de numerosas man- chas e pontos cor de couro, com logares mais escuros, Na parte posterior existe uma fraca corda de garatujas pretas. O desenho é muito conchegado e mal deixa ver o campo, dando ao ovo um aspecto fortemente mos- queado. Forma alongada com a ponta anterior obtusa estirada. Comprimento: 24 1/2 m/m, largura 17 ditos. Tachyphonus coronatus (Vcill.) Tehá E" uma das mais frequentes Tanagras que o povo chama de Tjá por causa do seu pio habitual. Vive nos jardins, plantações e capoeiras e move-se muito no chão. Esconde o seu ninho na espessura do sarçal. Achei-o em Outubro no toco de uma arvore derru- bada que mal tinha 40 centim. de altura, e na vizi- nhança do corrego. Estava occulto entre os renovos da cepa. A base muito frouxa do ninho consistia em ta- los e folhas seccas; a tigela, com diametro de e.? 7 centim. era feita de algumas raizes e bem alizada. Põe 3 ovos muito lindos. Sobre campo côr de carne clara, de tom quente, estão distribuidas espaçosamente grandes e largas manchas vermelho-escuras, com con- tornos ora diluídos, ora bem limitados, ora intensos, ora mais pallidos e misturados com vigorosa garatuja e pingos côr de sepia escura. Na parte posterior esses desenhos concentram-se. O aspecto é muito harmonico, produzido pela transição dos differentes tons do encar. nado. E” um dos mais lindos ovos que eu conheço. Fôr- ma alongada, ambas as pontas egualmente obtusas. Com- primento: 23 1/2 mm; largura: 17 ditos. Trichothraupis melanops (Vicill) Embora frequente no matto virgem, encontrei só- mente uma vez o seu ninho. Era uma tigela ordina- ria, sem arte, feita de raizes sobre uma base frouxa de raminhos. Era posto a 1 metro da altura num peque- no arbusto dentro de um taquaral. Quando o achei em Novembro continha 3 filhotes. Phoenicothraupis rubica (Vicill.) E" muito mais raro do que o precedente. Achei o seu ninho na boscagem de uma plantação antiga, escondido nos galhos de um arbusto muito copado, apenas a 1 metro de altura. Como todos os ninhos de Tanagridas conhecidos até hoje, tem a forma de tigela cuja base e parede é feita com ramos seccos fortes, em parte ainda providos das suas folhas. São ligados entre si por meio de raizes, e finas plantas trepadeiras. O interior é forado com abundancia de cabellos vege- taes compridos e finos, e tem o diametro de 7 centim. com 4 ditos de fundo. Altura exterior do ninho: 7 cen- tim. e diametro da base 14 ditos. Põe 3 ovos de campo branco com tom azul-cinzento sobre o qual achão se os- palhadas numerosas manchas e pingos pardo-amarellos, que se concentram na parte superior, formando uma cupola. Por baixo desta distingue-se um cordão estreito de pontos escuros azulados. (Comprimento: 24 #/n5 largura: 18 ditos. Calliste tricolor (Gm.) Sete cores Quasi tão frequente como o Sanhaço, porem mais retirado nas capoeiras. Sempre encontrei os ninhos nas bananeiras, postos entre o talo da folha ou tambem en- tre as fructas verdes do cacho, e egualmente na secção do tronco cortado à foice. Construcçäo e mate- rial são identicos com as do T. sayaca, sómente as raizes do fundo da tigela são substituídas por cabellos e hervas finas, e no enfeite exterior falta o musgo, e HAN fo Se notam-se cortiças, folhinhas seccas e um pouco de paina. A altura da tigela mede 7 centim., o diametro exterior: 8 a 9 d.8,o interior: 6 d.® e o fundo: 3 1/2 ditos. Põe 3 ovos; campo côr de carne clara, salpicada totalmen- te de pontos mais escuros. Sobre estes vê-se uma du- zia de manchas largas de cor pardo-amarella, realçadas de fina garatuja preta. Toda a coloração é viva e de tom quente. Fórma oval com pontas quasi eguaes. Comprim: 20 ™/,,; largura: 15 ditos. Calliste brasiliensis (L.) O Principe Wied (Beitr. 3p.477) descreve o seu ni- nho. Encontrei, dizelle, o ninho desse lindo passaro em Novembro num arbusto copado, posto n'uma forqui- lha de 4 galhos. Era em fórma de tigela, e feito ar- tisticamente de paina branca, misturada com poucas raizes, musgo e cortiça. ( interior achava-se guarne- cido desta ultima. Continha 2 ovos de forma alongada e campo branco, com marmoreado roxo e pequena ga- ratuja preta. Arremon semitorquatus (Sw.) Seu ninho acha-se sobre a terra n'uma moita de capim ou de folhas seccas, e consiste em uma espacosa tigela coberta cujo tamanho surprehende em relação ao do passaro. KE’ uma volumosa agelomeração de ma- terial secco, como folhas, talos, juncos, frouxamente reunidos, mas fincados cuidadosamente uns nos outros. A cavidade do centro é feita exclusivamente de radicu- las trançadas e bem alisadas. O todo descança sobre uma base, construida pelo passaro, feita de folhas seccas, que tem 30 a 40 cen- tim. de diametro e 70 ditos de espessura. A altura do proprio ninho é de 19 a 20 centim. e a largura de 13 a 19 ditos. Altura da caverna: 8 centim. ; largura: 7 d.°° ; Diametro da abertura: 6 d.º ; espessura da parede tambem 6. Em 4 de Novembro achei-o occupado com a RE AE construeção quasi terminada. Ainda que não tivesse tocado no ninho, o passaro abandonou-o. Em 11 de Novembro achei segundo com o passaro incubando 2 ovos. São de forma alongada com pontas suaves. Campo branco lustrdos; na ponta posterior uma frouxa corôa de manchas e pontas pardo-vermelhas e escuras e bem marcadas, das quaes algumas poucas se extendem para a ponta anterior. Um dos ovos mostrava na corôa uma fina garatuja de traços pardos. Comprimento : 23 1/2 m/m; largura: 17 ditos. Saltator similis (Lafr. et Orb.) Trinca-ferro Frequente na capoeira. Achei allio seu ninho no chäo sobre um grosso galho cahido e posto sobre uma das suas forquilhas. A parte essencial da espaçosa tigela são folhas sêccas, muito grandes e largas, bem juntadas e seguras por alguns talos. O interior é guar- necido de raizes, elos, e hervas miudas; o caracter da construeção é frouxo e de pouca arte. Altura do ninho : 8 centim. ; diametro da gamella: 8 d.s ; fundo: 4 1/2 d.® ; espessura da parede: entre 1 e3 ditos. Os seus 2 ovos são realmente lindos, de campo azul-verde, tom muito agradavel, casca lisa e lustrosa. Na parte pos- terior existe uma estreita corda de curiosos rabiscos finos e pretos, muito intrincados, sobresahindo alguns pontos mais vigorosos. Forma alongada com a parte anterior muito obtúsa. Comprimento: 28 m/m; largu- ra: 20 ditos. Wied ( Beitr. 3.525.) achou o ninho collo- cado n'um tronco de arvore velha, feito de musgo e contendo em Dezembro 2 filhotes. Saltator caerulescens (Vicill.) Habita o Sul do Brazil. Burmeister (S.U. 110 p. 201) conta que se acha o seu ninho nos arbustos e arvores pequenas, em férma de tigela feita de ramos e folhas seccas e que põe 2 ovos verdes com linhas e pontos TANT ee finos na ponta grossa, conforme relata D'Orbigny (Voy. pl. 28 fig. 4) Procnias tersa (L.) Nidifica nas cavidades de arvores velhas, mas de preferencia nos buracos de barranco de barro e nas ga- Jerias do Galbula e Ceryle, onde põe 3 a 4 ovos bran- ‘cos sem lustro, sobre uma ligeira camada de talos e raizes. A fórma do ovo é alongada com a ponta an- terior fina e estirada. Comprimento 25 mm; largura : 47 ditos. A côr dos ovos e sobretudo o seu modo de midificar não estão de accôrdo com o logar que este passaro occupa actualmente no systema da classificação, porque as Tanagrinae e Euphoninae constroem todos os seus ninhos abertos em forma de tigela, postos nos arbustos e poem ovos de variada e linda coloração. (Ao publicar esta observação no Journal fiir Ornithologie ‘do anno 1867, o seu editor, Professor Dr. I. Cabanis julgou dever acompanhal-a da seguinte annotaçäo : « Uma valiosissima observação, que faz lembrar as an- dorinhas, Hirundo viridis Temm., Procnias IL») Devo ‘consignar aquio facto de ter 27 annos depois E. Goeldi, em suas monographias, reproduzido litteralmente essa an- motação, assim como a minha observação relativa, sem designar a fonte. Chiorophonia viridis (Vicill.) Essa especie e os gaturamos Euphone violacea (L.) e E. pectoralis Lath. são muito frequentes no Estado do Rio, principalmente a primeira especie; mas -apezar disso nunca consegui encontrar os seus ninhos. Burmeister (S. U. 3.193) fallando do genero, disse que midificam nos bosques espessos e que poem ovos muito alongados de forma, e de côr vermelho-pallida com pon. tos pardo-vermelhos na parte superior. Thienemann, ma sua obra: Fortpf. d. ges. Voegel, tab. 32. f. 17-20 representa esses ovos. PR Fam. Fringillidae Swealis flaveola (L.) Canario da Terra O canario faz seu ninho em cavidades de arvores, em páus cos de cercados do pasto onde gosta de fazer companhia aos vira-bostas, e tambem em ninhos fecha- dos de outros passaros quando os encontra abandona- dos. Assim o achei de posse do ninho de Arundini- cola leucocephala e sobretudo da Synallaxis cinnamomea Gm., cuja confortavel morada lhe parece agradar devéras. Quando se resolve a construir casa propria elle dontenta- se com uma ruim camada de palhas e pennas que deita no fundo do buraco escolhido. az uma postura de 4 ovos de côr pardo-clara, pintados com numerosas man- chas e pontos cor de sépia, às vezes bastante grande e cobrindo todo o campo irregularmente de modo a mal deixar vêr a côr do fundo. Esses desenhos agglome- ram-se na parte superior. Forma normal. Comprimen- io: 20 mio largura: 15'/ditos. E dloliz sro one 1870, 14, descreve o campo dos ovos que recebeu de Buenos Aires (1) como sendo azulado ; aqui sempre o achei pardo-claro. Swealis arvensis (Nilll.) (S. luteoventris, Meyen.) D'essa especie, com- mum no Rio da Prata, C. Sternberg e L. Holtz dao as seguintes noticias: (J.! f. Orn. 1869, 271e¢1870. 13.): Nidifica nos cardaes e suspende o ninho entre os car- dos ou colloca-o nas moitas de capim. E’ feito de talos de capim e raizes em fórma de tigela, guarnecida interiormente com clinas e radiculas. E' funda e cui- dadosamente alizada, de parede espessa, porêm frouxa- mente trançada. Em Novembro continham os ninhos 3 à D ovos alongados de casca lustrada e de campo branco (1) A observação refere-se a S. pelzelni Sel. (Ihering). com fraco tom azul-esverdeado, coberto totalmente de manchas variadas no tamanho e cor, umas pardo-ver- melhas e outras azul-cinzentas diluídas, formando corôa na parte superior. Comprimento : 19” /m; largura : 15 ditos. Embernagra platensis (Gm.) Burmeisters S. u. 3.224. Vive no Rio Grande do Sul e La Plata, nos rios e lagos e ahi faz o ninho nos bosques espessos em forma de tigela. E" grande, feito de ta- los de gramineas e contem 5 a 6 (2) ovos de campo branco com manchas de varias formas pardo-roxas re- partidas egualmente sobre a superficie total. Sclater and Hudson dizem que o ninho é construido bem escondido no chão em baixo do capim. Zonetrichia capensis (Miill.) Tico-lico Figura obrigada de todos os jardins, campos, pomares etc. é o tico-tico, que assim quasi se torna domestico. O seu ninho acha-se naturalmente nos mesmos logares, jardins, pastos, caminhos, plantações etc; posto nos pequenos arbustos, roseiras, laranjeiras, nas moitas de capim, no chão, debaixo dos repolhos na horta, nas saliencias dos barrancos ete., emfim em toda parte mais ou menos coberta, nunca passando de alturas medias. Hm relação ao tamanho ea qualidade do material existem grandes divergencias nos ninhos. Assim dos dois exemplares que tenho à vista, .o ta- manho de um é justamente o dobro do outro. Um repousa sobre um largo embasamento de folhas seccas e outros vegetaes, o que falta inteiramente no outro. A tigela e a sua parede são construidas cuidadosamente com raizes e talos, principalmente a orla e a cavidade que contem uma macia almofada tecida com hervinhas e cabellos. As medidas são as seguintes: Diametro exterior : 9 centim. no primeiro e 12 d.ºs no segundo ; do interior: 6 em ambos; altura: 6 e 8 d.; fundo 5 ae d.os em ambos. A parte exterior do primeiro mostra um curioso enfeite. Achava-se posto n'uma laranjeira da qual algumas folhas haviam cahido na areia, que destruiu o seu limbo deixando intacto a nervura, es- branquiçada pelo tempo. Estes esqueletos, com aspecto de finissimas rendas, o tico-tico os empregou em grande quantidade para adornar todo o lado exterior do seu ninho que desapparecia completamente debaixo deste delicado e original ornato. Os ninhos postos na terra ou nos barrancos levam de preferencia enfeites de mus- go verde, e em todo caso o tico-tico deve ser incluido no numero dos artistas em construcção de ninhos. As mesmas importantes variações que se notam nos ninhos repetem-se nas posturas dos ovos, quanto a sua forma e côr, destacando-se em dois typos tão constantes, que me levaram a principio a suspeitar duas especies di- stinctas, suspeita que mais tarde verifiquei ser improce- dente. O primeiro typo tem 21 m/m de comprimento e 15 d. de largura, o segundo tem 191/22 e 15 ds. A forma do primeiro é oval, alongada, com as pontas an- teriores estiradas ; a do segundo é oval, curta, com pon- tas obtusas quasi eguaes às posteriores. O campo do primeiro é de pronunciada côr verde-amarella clara, e do segundo de lindo verde-agua, sem o tom amarello. No primeiro notam-se pingos e pontos de côr pardo-ver- melha que abrangem a superficie total do ovo, em par- te diffundidos, e que cobrem a ponta posterior em forma de cupola e não de corda. No segundo este desenho tem a cor de vinho, escura, concentra-se n'uma corda fortemente demarcada na parte posterior, deixando po- rém ambas as pontas sem manchas, salvo alguns pin- gos raros e fracos. Essas differenças, que se observam logo à primeira vista, são constantes nas diversas pos- turas, e nunca achei estas com os dois typos mistura- dos. L. Holtz J.!f. Ornith. 1870 p. 12. tambem encontrou, nos ovos recebidos de Buenos Aires, os dois typos acima descriptos, mas não vai até attribuil-os a duas especies. Burm. J.' f. Orn. 1853 p. 162 egualmente salienta grandes differengas no tamanho e desenho dos a) ae ovos de diversas posturas. O facto é pois notavel, mas em geral os autores não o avaliam como anormal, por ser observado em muitas outras especies em maior ou menor gráu. N’esses dias tive ensejo de verificar a exactidão desta opinião. Um casal de tico-ticos fez o seu ninho n'um arbusto do nosso jardim. Poz 3 ovos em dias consecutivos: 18, 19 e 20 de Agosto. Quanto a côre desenho, são bem concordantes, apresentando os do meu segundo typo. Na forma e dimensões surgem as va- riações. (O 1.º posto em 18 é o mais pequeno, tem a forma curta e mede 18 m/m sobre 15 ditos. O 2.º & o maior: 21 m/m, 15 ditos e o 3.º 19 m/m, lóditos. A forma destes dois & normal alongada e contrasta com a do primeiro. Como se vê a differença no comprimento destes 3 ovos de uma mesma postura é bastante sen- sivel e corrobóra a opinião citada. A postura do tico-tico aqui é de 3 ovos, e faz pelo menos 3 daquellas ; outros anctores fallam em 4 ovos e até 5, o que para mim deve ser originado pelo que vou expôr. Os seus ninhos são dos mais victi- mados pelo vira-bosta (Molothrus). E’ muito raro achar-se, nas localidades onde este habita, um ninho de tico-tico que não contenha um ou mais ovo deste in- trujão. Esta preferencia deve ter a sua razão, além da grande frequencia e favoravel exposição dos ninhos, na ilimitada e nunca assaz provada dedicação do tico- tico para a sua próle. A consequencia d'esta é em geral a anniquilação parcial ou total da mesma em be- neficio do usurpador. A desgraça já começa com os ovos, que o vira-bosta não hesita em destruir para dar espaço ao seu. Si consegue tirar ambos, o filhote vira-bosta prejudica enormemente os seus companheiros, filhos legitimos, pela sua monumental voracidade e su- premacia do tamanho e forças, abusando destas ao ponto de expulsal-os do berço. Presenciei a morte dos pequenos tico-ticos dentro do ninho por inanição e falta de alimentação, consequencia do feroz egoismo do seu funesto camarada hospede. Muitos d’elles devem suc- cumbir mais tarde por anemia e miseria, pelo menos aS (J oa encontra-se o joven vira-bosta perseguindo com imper- tinente insistencia e por muito tempo, às vezes mezes, os seus pacatos tutores sem que appareçam os filhos legitimos. Já o vi accossar a sua madrasta quando esta já estava incubando uma segunda postura, e a sua caradurice vai até mendigar a qualquer pequeno pas- saro que lhe atravessa o caminho. Ammodromas manimbe (Licht.) Não encontrei essa especie em Cantagallo. Bur- meister 4/1 Orn. 1895. 105 e 48: U:05:228 da uma deseripção do ninho que achou em Nova Friburgo. Estava posto num arbusto perto do Rio e consis- tia em uma tigela cuidadosamente feita de finos talos seccos entremeiados com paina de Asclepiadeas, preso pela sua parede num galho fino que, com algumas das suas folhas, fazia parte integrante do ninho; a orla era bem trançada e alizada. Continha 2 ovos de campo branco rosado, com uma corda de manchas bem mar- cadas de cor bruno-vermelha de differente força. VWolatinia jacarini (2, Serra-serra ou serrador Todos conhecem esse frequentissimo passaro, cujo macho, posto num galho s3cco, executa com invejavel perseverança aquella curiosa gymnastica, dando um salto de 1 metro de altura para recahir logo no mesmo logar, e acompanhando-o infallivelmente com um curto pio. O seu pequeno ninho é posto nas cercas de espi- nheiras e arbustos onde o esconde à pouca altura do solo. Forma uma tigelinha chata, feita frouxamente de pedunculos no interior e de finas raizes e elos exte- riormente. Tem 7 centimetros de diametro e apenas 3 1/2 ditos de fundo. Os 2 ovos são redondos, com 16 m/m de comprimento sobre 12 1/2 de largura. São brancos, fortemente esverdeados, salpicados de man- a Do ee chas cor de vinho e bruno-vermelhas, que na extremi- dade posterior se reunem em cupola. Paroaria cucullata (Lath.) Cardeal Habita o Sul. Disse d'Orbigny que faz o ninho nos bosques à pouca altura, sendo uma tigela espaçosa de talos seecos, e que põe 3 a 4 ovos alongados, de cam- po branco com salpicos cerrados de côr pardo-verde, mais escuros na parte grossa. Medem 27 por 20 m/m. Paroaria capitata (Lafr. et d'Orb) Cardeal Nidifica nos bosques à altura media e põe 3 a 4 ovos brancos com pingos pardo-cinzentos. (D’Orbi- gny Voy. Ois. 278, 167.) Coryphosphingus cucullatus (Miill.) Cardeal Habita o sul e nidifica na capoeira à certa altura, pondo 3 a 4 ovos brancos com salpicos pardo-cinzentos, cerrados na parte posterior e diminuindo na direcção da ponta anterior. Spermophila caerulescens (Bonn. et Vieiil.) Colleira Muito commum na nossa zona, onde vive nos jardins, capinzaes, etc.e gosta de fazer o seu ninho nas roseiras e outros pequenos arbustos. k' uma tigelinha relativamente funda, trabalhada com certa arte, embora de parede transparente. Em- prega exclusivamente finas radiculas como material. Tem 5 centim. de diametro e outrotanto de altura, com 4 ditos de fundos. Os 2 ovos de campo branco esverdeado são inteiramente cobertos com manchas alongadas e pontos de côr pardo-amarella, distribuidas: irregularmente, entre as quaes notam-se algumas poucas. azul-cinzentas, e na parte superior pequena garatuja: preta. Comprimento 17 m/m., largura 12 1/2 ditos. FAM. ICTERIDAE Ostinops decumanus (Pall.) Guäxe Ninguem que andou pelo interior aesconhece os: ninhos do guáxe, suspensos das arvores gigantes do: matto, no meio das barbas de velho, de que são feitos, em forma de bolsa comprida, cuja extensão às ve- zes é maior de 1 metro, balançando no vento. Só na occasião de derrubadas é que se pode obter semelhan- te ninho, e casualmente faltou-me essa occasião e com. ella o ensejo de observação e descripção minucio- sai Por isso seguirei a que deu o Principe Wied, co- mo sendo a mais fiel (Beitr. III p. 120). O Japú (O. cristatus) disse o Principe, faz o ni-. nho em fórma de bolsa estreita, comprida, arredondada. na base que tem 10 a 16 centim. de largura, solida- mente atada a um galho da grossura de um dedo, e tendo uma entrada lateral em forma de fenda. O ma- terial consiste exclusivamente em barba de velho (Til- landsia usnoides) tecida mui artisticamente e tão solido. que só com muita difficuldade se rasga. No fundo da bolsa o passaro faz uma forte almofada com musgo, folhas seccas e cortiças, onde põe os seus 2 ovos de: forma alongada. Sobre campo alvacento mostram uma marmorização de côr vermelho-violeta, desbotada e al- guma garatuja mais escura. Em Novembro achei ni- nhos vasios, outros com ovos, e outros com filhotes. Presumo que faz até 3 posturas annuaes. Cassicus haemorrhous aphanes (Perl. Guaxe. Japira Segundo Wied (Ill p. 1230) faz um ninho de todo identico ao do precedente, sómente um pouco me- nor, chegando o seu comprimento até 70 centim. O Principe encontrou-os em Novembro e Dezembro com 2 ovos. Sua côr era branco-azulada, salpicada de pingos violêtes. O tecido do ninho é um pouco trans- parente de modo que se percebe o passaro incubando, sobretudo o seu dorso encarnado. Cassicus persicus (L.) Japur Wied Beitr. 3,b p.1234. O seu ninho é ainda identico ao dos precedentes, porem mais curto (30 centim.) O Principe Wied (IU p. 1284) não obteve os ovos. Burmeister (II p. 74) os descreve como sendo bastante esphericos, de campo branco-azulado e salpicado com pontinhos pardos. Icterus jamacai (Gm.) Soffré E” ainda ao Principe Wied a quem devemos a de- scripçäo deste ninho, embora não bem authentica. No Beitr. II p. 1199 diz o Principe: Um dos meus ca- cadores trouxe-me o ninho, que porem não corre- spondia ao que se conhecia delle até lá. Achava-se posto nos galhos horizontaes de uma arvore, a c.* 9 pes de altura; e não estava suspenso. Era uma bola de ramos seccos, fechada por cima, com uma entrada lateral. Em Fevereiro estava vasio. Icterus xanthornus (Gm.) Habita a Amazonia. Burmeister III p. 269 refere y (led que faz o ninho, semelhante ao dos guäches, em fór- ma de bolsa comprida suspensa livremente. Os ovos são de campo branco-azulado com muitos salpicos par- do-vermelhos e manchas maiores na ponta posterior. Icterus cayannensis (L.) Encontro. Pega Burmeister. (IH p 271.) denominando essa especie NX. chrysopterus, disse que faz uma bolsa frouxa de talos seccos, que suspende e põe ovos de campo branco-azulado salpicados de vermelho-pardo. Aphobus chopi (Vcill.) Vira-bosta Azara refere que esse passaro nidifica em galerias nos barrancos e põe 4 a 5 ovos inteiramente brancos. Burmeister viu-o sahir dos buracos de um barranco; outros pretendem que põe em arvores ócas. Pseudoleistes guirahuro (Vicill.) D Orbigny representa na sua obra (Voy. Am. Mer. Ois. pl. 48. f. 4) o ovo branco-azulado salpicado de vermelho. I'órma fortemente espherica. Pseudoleistes virescens (Vicill.) Do ninho dessa especie que habita o Rio (Grande do Sul e La Plata, Chr. Sternberg J. f. Orn. 1869, 273, disse o seguinte: Escolhe os cardaes espessos e suspende ahi o seu ninho entre os talos de 3 a 4 car- dos approximados, inserindo-os solidamente na parede do ninho. O ninho é uma tigela funda artisticamente feita com raizes, talos de gramineas, acolchoada com radiculas e clinas. A parede é espessa, solida e cul- dadosamente trançada e alizada. Em Dezembro con- tinha 3 ovos, além de um quarto introduzido pelo NT | EE Molothrus, ra LeawHoltgeno--Us'f; Orme A870, Lo da a seguinte descripçäo d'esses ovos: Fôrma alongada e casca lustrosa. Comprimento: 29 m/m.; largura: 19 d.º. Campo branco: desenho: manchas compridas côr de vinho, outras cinzentas desbotadas, cobrindo vunifor- memente toda a superficie. Molothrus bonariensis (Gm.) Vira-bosta Não faz ninho, mas põe seus ovos em ninhos alheios. Nesses achei duas variedades ou typos con- stantes dos seus ovos, o que a principio me induziu a suppor duas especies differentes de vira-bostas, hypo- these que abandonei posteriormente. Na realidade o nosso virabosta, como o cuco da Europa, possue posi- tivamente a faculdade de adaptar o colorido dos seus ovos ao dos ovos do passaro que escolha para tutor, facto hoje admittido pelos ornithologistas. No primeiro typo a forma do ovo é fortemente oval, pouco alongada com ponta obtusa; comprimento : 24 m/m ; largura: 19 d%. No segundo, a forma é es- pessa, curta, redonda, quasi espherica e ambas as pon- tas egualmente obtusas, medindo 21 1/2 m/m de com- primento sobre 18 d.s de largura. A coloração do primeiro é de tom geral vermelho, a do segundo: verde. No primeiro o campo é de côr branca com tom vermelho e o desenho consiste em manchas e pintas de cor violete diluida, com outras de côr pardo- vermelha, clara, de contornos fixos. Ambas pequenas, numerosas, denteadas e repartidas com grandes interval- los sobre o total da superficie com uma ligeira con- centração na parte posterior. No segundo o campo é de côr branco esverdeada e os desenhos de côr pardo- amarella com poucas manchas azul-cinzentas. Todas as manchas são menores do que as do primeiro typo e distribuidas sem intervalios maiores. A casca do primeiro typo é aspera, sem lustre, a do segundo é lisa e lustrosa. A frequencia dos dois typos é quasi egual. on 7 Ee Otypo vermelho acha-se exclusivamente nos ninhos do tico-tico, que raras vezes escapa a essa violação ; 0 typo verde encontra-se em outros ninhos, como Trichas ve- lata, Tanagra, Spermophila caerulescens etc. Muitas vezes acha-se mais de um ovo de vira-bosta n'esses ni- nhos; o maximo que encontrei foi de 3 em ninhos de tico-tico. N'um desses os vira-bostas haviam, respeitado os 3 ovos do proprietario, de modo que este teria de incubar 6 ovos e criar 6 filhotes si eu não lhe tivesse alliviado a carga; no outro, 2 dos 3 ovos do tico-tico estavam atirados fóra do ninho e jaziam perto quebrados. Em outro caso encontrei o tico-tico incubando, e mais tarde criando, 2 dos seus e 2 do vira-bosta. Pa- rece-me que o vira-bosta ora respeita os ovos, ora Os destróe ; algumas vezes achei-os apparentamente respei- tados, mas depois verifiquei que tinham um pequeno furo e o seu conteudo derramado no ninho. Duvido que elle ponha em ninhos vazios. Ch. Sternberg remetteu ao dr. L. Holtz 58 ovos deste Molothrus collec- cionados em Buenos Aires, e este publicou no IL f. Orn. 1870, 15, um estudo valioso sobre os mesmos, comparando-os com a minha deseripção. Opina o Sr. Holtz (o que de bom grado acceito) que os meus dois typos pertenciam a uma só especie, M. bonariensis. Em 22 ovos coloridos achou os predicados des- criptos por mim para ambos os typos quanto a forma e cor; 26 dos ovos remettidos, eram porèm, interramen- te brancos, sem colorido nem desenho! Em presença deste facto o auctor absteve-se de pronunciar ulterior juizo, convindo os respectivos naturalistas procederem a experiencias de incubação com estes ovos brancos. Este appelo dirige-se ao Sr. Sternberg, pois que eu nunca achei ovos brancos de virabosta e não tenho es- perança de achal-os. Molothrus badius (Jeill.) Como a especie precedente, põe em ninhos alheios. Existe em Minas Geraes e vai até o Rio da Prata. L. Holtz, Il. f. Ornith. 1870, 19, dá a seguinte descripção AE a do ovo: «Forma oval curta. Campo amarellado, manchas pardo-amarellas e outras cinzentas diluídas, cobrindo cerradas a superficie total do ovo, mais densas na parte posterior. Comprimento: 24 m/m; largura: 18 d.™». Cassidix oryzivora (Gm.) Melro. Recenxão Nada se conhecia do seu modo de reproducçäo até que E. Goeldi publicou nas suas monographias a interessante observação que segue: «Em Dezembro foi-me trazido um ninho de guaxe (O. cristatus) com 2 filhotes, dos quaes um legitimo guaxe e outro quasi do mesmo tamanho com falta de pennas amarellas na cauda. Criei-os e no fim desen- volveu-se o perfeito melro. Do que ficou demonstrado que essa especie de Cassidix procede como os seus parentes os vira-bostas, confiando os seus ovos aos cuidados de outros passaros. Fam. Corvidae Cyanocorax chrysops (Viill.) Gralha Burmeister III p. 3284 dá a seguinte e laconica observação sobre o seu ninho: « Nidifica sem arte em arvores altas e põe 2 ovos branco-azulados com man- chas pardas ». Melhores informações encontram-se nas Monographias Brazileiras de E. Goeldi, que diz: «O ni- nho é disposto em arvores compridas e espinhentas, sin- gelamente composto de fortes varas, tão ralo que as vezes os ovos cahem atravez. A postura consta de 6 a 7 ovos grandes, de bello campo azul-celeste, ornado - de desenhos brancos, côr de cal». C. pileatus vive no Sul e não o encontrei no Estado do Rio. eee a 1 ORDO: PASSERE®. B. CLAMATORES Divisão IL. Oligomyodae Fam. Tyrannidae Taenioptera nengeta (L.) Burmeister (11 p. 516) refere que esse passaro, um dos mais communs nos campos geraes de Minas, faz o seu ninho perto das habitações sobre as palmeiras ma- cahubas entre os talos das suas folhas e põe 4—5 ovos brancos, esphericos, segundo D'Orbigny. Fluvicola albiventer (Spir) Burmeister descreve (II p. 520) 0 seu ninho que é posto nos arbustos baixos, feito quasi exclusivamente de algodão e contem 2—3 ovos esbranquiçados com manchas pardas na parte posterior. (D'Orbigny). Sisopygis icterophrys (NVicill.) Faz o seu ninho nas margens dos corregos onde vive; poe 4 ovos esbranquiçados com manchas e pingos pardo-escuros que se concentram na ponta posterior. (D'Orbigny) Arundimicola leucocephala (L.) Burmeister: SUN 812; JL Orns, S030 Gm Wied (III p. 822) descreve o ninho do seguinte modo : «Estava coliocado na forquilha de um pequeno arbusto no brejo e consistia em uma bola fechada, com pequena entrada, feita de paina, pennas e talos, mistu- rados com poucos fios de Tillandsia ; o interior alcochoa- do e forrado com lã e pennas. Em Dezembro, continha 2 ovos inteiramente brancos.» Burmeister refere que esse passaro põe 4 a ovos brencos -e curtos com casca gredosa (II p. 518 e I. f. Orn. 1853 p. 166). CEIA CRUE Casualmente escapou-me a descripção d’esse ninho nas minhas publicações. Tive, porem, muitos exempla- res em mão, sendo o passaro muito frequente e sendo raro o brejo que 240 seja habitado por um casal d'elle. Posso confirmar o que Wied disse, quanto à po- sição, forma e material do ninho; o numero de ovos porém excede geralmente a 2. Burmeister fallaem 4 a 5; eu nunca achei mais do que 3. Nos meus apontamen- tos encontro os seguintes dados: 1863, 24 de Out.° em construccäo. 3 de Dez.º idem; 16 d.º incubando 3 ovos. 1864, 10 de Out. incubando ; 2 de Nov. construindo ; 1865, 6 de Fev.° construindo: 2 de Out.” construindo ; 1866, 29 de Jan. construindo ; 1867, 4 de Jan. construin- do nos juncos. 13 de Março, 3 filhotes em companhia dos paes que os alimentam; os 3 ainda têm a pluma- gem da femea adulta: cinzenta com a cabeça branca. Dos 3 filhos criados em Out.” pelo mesmo casal e que ainda andavam na vizinhança, juntos, o macho mostrava já em Março grandes manchas pretas no colorido cin- zento primitivo. Ovos brancos alongados; comprimento : 15 m/m, 1argura: 12 ditos. Copurus colonus (Vicill.) Nidifica em arvores ócas, utilisando-se geralmente de ninhos abandonados dos picapäus pequenos (P. mi- nutus). Em vista das suas pennas caudaes extrava- gantes, essa escolha não deixa de admirar. Elle limita-se a guarnecer o fundo da cavidade com algumas folhas e Eis. e põe 3 ovos brancos, sem lustre e de fórma Dons com pontas obtusas. (Comprimento : 18 a 19 m/m; largura : 15 ditos. Machetornis rixosa (Vcill.) Habita os campos do interior e limpa o gado dos carrapatos, como os Ants. D' Orbigny viu-o incubando À a5 ovos que tinha posto n'um ninho abandonado do João de barro (Furn. rafus); os ovos eram de cor rosa pallida, cobertos intensamente com manchas ver- melho-ferrugineas, parte compridas e parte redondas e concentradas na ponta posterior. e Todirostrum poliocephalum (Wed) Seu ninho é uma bolsa curta e redonda que elle suspende de preferencia num limoeiro na visinhança de um corrego, a 1 ou 2 metros de altura. A esphera tem 9 a 10 centim. de diametro exterior; a entrada praticada no centro, tem 3 centim. sendc protegida por um tecto saliente. A camara redonda tem 6 centim. de diametro, e a parede, em partes, vai até a espessura de 2 ditos. O material principal é paina misturada com talos e palhas. O alpendre é feito exclusivamente com palhas; a camara é guarnecida de lã vegetal. O lado é molle, porém espesso e de grande solidez. Exterior- mente é adornado de varias pequenas folhas e pedaci- nhos de cascas, e por baixo pende uma cauda deste material de 7 a 8 centim. de comprimento. Põe 3 ovos de linda côr encarnada com tom amarelo; na parte superior existe uma corôa estreita de manchas escuras e garatujas. Fôrma oval. longa, com pontas sua- ves. Comprimento: 16 m/m; largura: 12 ditos. O Pr. Wied, Beitr. 3, p. 964, dá uma descripção exacta d’esse ninho. Os habitantes contaram-lhe que esse passaro procura sempre collocar o seu ninho na visinhança de um outro de marimbondos, facto que não observei. Euscarthmus nidipendulus (Wied) O Principe Wied (Il p. 950) descreve o seu ninho como segue: «Esse ninho artistico estava sus- penso n'um galho delgado e feito exclusivamente da paina branca prateada de uma graminea em fórma de bolsa alongada com a parte inferior espherica e fechada, e uma pequena entrada lateral protegida por um al- pendre. Todo o material se achava solidamente feltrado e misturado com folhasinhas e flóres e parece ter sido trabalhado em estado humido, sendo duro e solido.» Orchilas auricularis (Vicill.) Faz egualmente um ninho suspenso em fórma de bolsa, 6 que parece ser caracteristico do genero, e mesmo das Platyrhynchinae em geral. Este está pen- BS | QUE durado a pouco mais de 1 metro num arbusto. Tem 16 centim. de comprimento, e na base 6 a 7 d.* de largura. A entrada redonda acha-sea 6 centim. acima da esphera e tem 3 d. de diametro. E” egualmente protegido por um alpendre construido com finos ta- los e raizes encruzadas e tem 4 centim. de saliencia. A parede do ninho é formada com ramagem, talos, folhas seecas e lã, solidamente tecida, e exteriormente enfeitada com cascinhas, levando um appendice do mesmo material de 10 centim. de comprimento. E’ mais cui- dadosamente feito do que o do T. poliocephalum. Inte- riormente existe um forro de paina. A camara tem 3 1/2 centim. de fundo abaixo da entrada e 6 d.” acima da mesma. Põe :3 ovinhos ovaes com pontas finas de linda côr branca semeado de alguns riscos vermelhos claros. Comprimento 14—15m/m: largura: 10—11 ditos. Hapalocercus meloryphus (Wicd) Achei em Outubro o seu pequeno ninho suspenso em um arbusto de uma roçada, a 1 metro de altura e fóra da sua folhagem. O ninho consiste em poucos talos seccos, porem elasticos, que se achavam frouxa, mas artisticamente torneados e tecidos formando uma leve meia esphera. Este tecido tem maiores malhas do que o tamanho dos ovos. Estes são protegidos por um li- geiro colchão de finas radiculas enroladas. A altura exterior da tigelinha mede 4 centim., o seu diametro superior : 9 1/2 d.- eo fundo 21/2 a3 ditos. Os 2 ovos mostram, sobre campo branco, ligeiramente amarellado, uma corôa pequena de pintas pardas, mal visiveis. A sua forma é reforçada com ponta fina anterior; 0 seu comprimento 15 m/m ; largura: 12 ditos. Serphophaga nigricans (Vicill.) 2 Esse passaro esperto e vivo é encontrado sempre na vizinhança da agua corrente e ahi nidifica, suspen- dendo o seu ninho por baixo das pontes, nas ribancei- ras excavadas, debaixo dos telhados dos moinhos, enge- bee nhos ete., sempre em posição coberta e protegida. E” um cadinho fundo quasi sempre fixado a duas fibras ou raizes, a modo de um balanço. O cadinho tem na sua abertura 9 centim. de diametro, e 10 ditos de com- primento. O diametro interior é somente de © decim. e a profundidade egualmente de 5 decim. A espessura da parede comporta entre 2 a 3 centim. E” construido quasi exclusivamente com punhados de musgo, entre- meados com alguns talos e raizes. Interiormente tem um basto colchão de pennas de pato e gallinha. A construccäo é frouxa, sendo o material usado com grande prodigalidade; o todo tem o aspecto de uma bola de musgo. Poe em Julho, Setembro e Dezembro cada vez 3 ovos brancos com tom esverdeado, e sem desenho. Iórma arredondada com Jens obtusas. Gom- primento : 16 m/m; largura: 12 1/2 ditos. Ornithion obsoletum (Temm.) Tive occasiäo de observar o ninho deste pequeno passaro, assaz frequente nos arrabaldes do Rio de Ja- neiro, no corrente anno. N'uma mangueira da nossa chacara vi em principios de Julho um grande tufo de cabellos de Tillandsia suspenso num galho fino a cerca de 10 m. de altura, que, embora não tivesse form a decisiva, me prendeu a attenção pelo facto de não existir aquel- la parasita na mesma arvore nem nos seus arredores. Não tardei em verificar que era obra da O. obsoleta que entrava e sahia daquelle mólho. Em fins daquelle mez vi-os alimentar filhotes e em 6 de Agosto toda a familia tinha abandonado o ninho. Dias depois um for- te vendaval derrubou o galho e com elle o ninho veio abaixo. E” uma enorme agelomeração de fios de uma ro- busta Tillandsia de côr verde, fortemente tecidos e en- trelagados, semelhante aos ninhos de guache, separada em duas metades eguaes pelo ponto onde se acha fixa- da no galho, caindo cada uma do seu lado, e dos quaes uma encerra o ninho comquanio a outra pareça unica- mente servir de contrapeso. Ambas têm 25 centim. de comprimento. O ninho acha-se completamente es- condido na extremidade de um d'estes pennachos. EK’ de forma espherica com o diametro de 7 centim. faltando-lhe uma secção que representa a entrada do ninho. Esta tem um diametro de 3 centim. e a cama- ra é de 5 ditos. A esphera é solidamente fixada nos fios da Tillandsia, e confeccionada com finos talos, pedunculos e paina amarella, tudo perfeitamente amal- camado e feltrado, formando parede espessa, embora macia. (O interior é totalmente atapetado com paina ; na orla da entrada os talos e raizes são cuidadosamente torneados e alizados. A entrada, como o ninho intei- ro, está escondido debaixo do envolucro de fios de Til- landsia, que ultrapassam de 5 centim. o ninho. A factura d'essa pequena habitação, tão bem protegida e escondida, classifica o seu minusculo autor entre os grandes artistas em nidificação, e o que mais surpre- hende é a notavel desproporção existente entre o seu tamanho e o da sua casa. À posição do ninho não me permittiu verificar o numero e fórma dos ovos, nem o dos filhotes, que julgo ter sido de dois; um destes, ao deixar o ninho, enforcou-se no emmaranha- do dos fios de Tillandsia da entrada e achei a sua mu- mia presa nos mesmos. Elainea pagana (Licht.) E” um verdadeiro artista na confecção do seu ninho e nao fica atraz dos beija-flores neste sentido. Representa o seu ninho uma linda tigelinha feita com grande elegancia, de 5 centim. de altura sobre o dia- metro de 6 d.º e com a profuadidade de 3 d.” , sendo a gamella um perfeito segmento de esphera. © esque- leto é formado de finas raizes muito bem e solidamente entrancadas. A sua parte exterior é adorvada e embu- tida totalmente com pequenos musgos e lichens perfei- tamente lavradas com consistencia de papelão. Este gracioso ninho acha-se collocado sobre algum ramo de mediana grossura de uma arvore, perto das casas ou +10 pasto ou capoeira, às vezes nas alturas, às vezes mais baixo, e perfeitamente adaptado ao logar por meio wa AA ee de duas pernas que abrangem solidamente o galho. Alem disso, o ninho, pela sua forma e cor é tão iden- tico com a casca do galho, que o supporta, que muito. difficil se torna distinguil-o, mesmo a curta distancia, julgando-se vêr uma simples crescencia do galho. A orla superior do ninho tem c.* 1 centimetro de espessura,, é cardada, bem lisa, e em todo o ninho não se salienta uma unica palhinha desegual, denotando grande pacien- cia e arte. A tigela é acolchoada com pouca pennugem e cabellos, e contem 3 ovos de fórma reforçada, com pontas finas, de côr branca salpicada na parte superior de algumas manchas violètes e vermelho-escuras, em parte desbotadas. O seu comprimento é de 21 à 22 mm e a sua largura de 16 d.º Elainea brevipes (Wied.) Euler, JL f. Ornith. 1867 pag. 229. Egualmente um artista. O seu ninho é em forma de bolsa, sempre preso por baixo dos barrancos e sus- penso nas raizes pendentes e ao abrigo da chuva e do vento. Tem 22 centim. de comprimento. A parte su- perior é estreita e alarga-se para baixo até 12 centim. onde termina em esphera. A entrada é praticada na: metade inferior da bolsa; é redonda com 3 1/2 centim. de diametro, sendo protegida por um alpendre que desce suavemente ao longo da parede na extensão de cerca de 2 centim. A camara ë espaçosa, tem 7 a 8 centim. de profundidade. O material consiste em musgo, paina e cortiça fina, trabalhado frouxamente e não feltrado. O interior é guarnecido exclusivamente de paina. Põe 3 ovos de cor branco-nivea, sem lustro nem desenho. Fór- ma normal, pontas arredondadas. Comprimento 19 m/m;, largura”: (14 ja tio dd, RRhynchocyclus olivaceus (Temm.) Confecciona tambem um ninho notavel em férma de bolsa qne suspende n'um galho extremo de uma ar- vore de capoeira a 6 e até 10 metros de altura. O ninho, a = não é suspenso a modo dos do guache à mercê dos ventos, porque o galho que o sustenta fica enterrado na sua parede até ao meio do ninho e dá-lhe assim certa estabilidade. À sua forma é a de uma esphera com um comprido tubo que serve de entrada. A esphera tem 10 centim. de altura e 9 d.º de largura e forma a camara de quasi eguaes dimensões porque a parede é muito delgada. No plano da extremidade inferior existe a entrada com 6 centim. de diametro para a qual conduz o tubo de 15 d.s de compr'mento. Este repre- senta um cylindro suavemente recurvado até 45º cuja abertura cahe abaixo do nivel da esphera. A melhor idéa da forma geral desse ninho daria a de uma pipi- nha com uma longa torneira curva. Acima da esphe- ra o galho, que o sustenta, é enlaçado pelo material na extensão de 12 centim., o que dá ao ninho o aspecto de bolsa. O material é composto de cabellos vegetaes, pretos misturados com alguns talos; a esphera é soli- damente tecida, o tubo muito mais frouxamente ; a pri- meira sem enchimento. Em Novembro achei um ninho com 4 ovos fortemente incubados. São de lindo colo- rido. Sobre campo de cor amarello-avermelhada bem pronunciada, um pouco mais intensa que a côr de carne clara, achão-se espraiadas grandes manchas da mesma côr mas de tom mais escuro e em grandes intervallos, realçadas por alguns pontos mais escuros ainda. Não se reunem em corda, mas se tornam mais juntas na parte posterior. Casca lisa e lustrosa; forma oblonga com pontas ligeiramente obtusas. Comprimento 19 m/m; largura: 14 ditos. E” facto que todos os seus ninhos que achei em numero superior a 10, estavam sempre collocados na immediata vizinhança de um ninho de marimbondos, dos quaes uns occupados, outros não. Pitangus sulphuratus maximiliani Cab. et Hein. BEMTEVI Assim como o passaro, o seu ninho é dos mais frequentes. Acha-se nas localidades abertas, de prefe- a IG ae rencia em arvores seccas isoladas, às vezes altas, ou- tras vezes baixas, posto na forquilha dos ramos fortes, e consiste sempre em uma perfeita esphera. O mate- rial são vegetaes seccos de varias qualidades, bem e solidamente ligados entre si, denotando pronunciado instincto artistico. A bola tem um diametro geral de cerca de 29 centim. À vasta camara oceupa o centro com um diametro de cerca de 10 centim.; sem enchimento, po- rém, com a parede bem alisada e composta de mate- rial mais fino do que o exterior. A larga entrada tem 8 centim. de diametro e é protegida por um al- pendre pouco saliente. (reralmente a postura consta de 4 ovos oblongos com pontas agudas, de 31 a 32 m/m. de comprimento sobre 20 a 21 m/m. de largura. Cam- po branco com uma corda de pontos pardo-escuros e outrosa zulados, deixando cerca de 3/4 partes da superficie immaculada. No ovo fresco o campo branco já tem um tom amarello que augmenta com a incubação. O Principe Wied (Beitr. 11], 338), e apoz delle, Bur- meister (11 p. 361) chamam a cor do campo dos ovos de Bemtevi de azul pallida, o primeiro, e de verde pallida o segundo, o que não concorda com as minhas obser- vacoes. Autor mais moderno, porém, L. Holtz, JL f. Orn. 1870.4, dá para os 14 ovos colhidos em Buenos Ayres por Ch. Sternberg, o campo de cor amarella esbranquiçada, o que vem confirmar a minha descripção. Myiozetetes similis (Spir) O seu ninho e a sua frequencia são eguaes ao precedente, e assim como o passaro, poderia-se consi- derar a sua reducção. Escolhe as mesmas localidades e muitas vezes acham-se os ninhos de ambas as especies na mesma arvore. A bola com 14 centim. de largura, tem a altura de 20 centim., sendo, pois, menos espherica do que a do Bemtevi. A camara é proporcionalmente ainda maior, tendo o mesmo diametro que a do Bemtevi, apesar das dimensões menores do ninho. EK’ tambem central e revestida de talos de capim secco. FAST A O alpendre do Bemtevi transformou-se aqui em ca- nudo em posição quasi horizontal de 13 centim. de comprimento com 8 centim. de diametro. E' feito, com bastante engenho, de talinhos seccos e finos e apresenta, não obstante a sua transparencia, boa solidez. A sua ligação com a parede do ninho é suavemente fundida na parte superior. Nem todos os ninhos mostram este appendice com as dimensões indicadas, mas elle sem- pre existe em maior ou menor escala. Põe 4 ovos de forma normal, um pouco ponteagudos. De campo branco, mostram raras manchas de cor de vinho com logares mais escuros e irregularmente distribuidas, na parte superior mais densas; a inferior é immaculada. O seu comprimento é de 23 a 24 m/m., e a sua lar- gura de 16 a 17 m/m. Pitangus lictor (Lichl) O Principe Wied, Beitr. 3, p. 846, Muse. cayennensis, disse que achou seu ninho em fevereiro com filhotes voando pela primeira vez, e que o ninho era uma meia esphera aberta por cima. Os ninhos que observei aqui sempre eram fechados na forma descripta. Myiodynastes solitarius (NViill.) Faz o seu ninho na forquilha de uma arvore sec- ca isolada, consistindo em uma tigela chata feita ne- eligentemente com poucos ramos seccos juntados sem arte, e que não se pode levantar sem destruir o ninho. Ahi põe 3 ovos pontudos com 23 m/m de compri- mento e 17—18 m/m. de largura. Sobre campo branco são cobertos de manchas compridas de cor vermelho- parda-escuras, umas por cima das outras e que se reu- nem na parte grossa em uma corda larga e muito malhada. a a Megarhynchus pitangua (L.) NEI-NEI Achei diversas vezes o seu ninho nos galhos cul- minantes de arvores isoladas e de pouca folhagem, na capoeira, na visinhança d'agua. E” pequeno. de con- strucção relaxada, feito com poucos raminhos seccos que fcrmam um pequeno giräu, que mal segura os 2 ou 3 ovos. Estes são de forma oval e as suas pontas pouco differem. Medem 26 m/m. ao comprido e 19 a 20 m/m. na largura. O seu campo tem um fraco, mas agradavel tom vermelho-amarellado, e sobre elle são distribuidas regularmente manchas de côr pardo-elara e azul-cinzenta, em parte desbotadas, e de forma alon- cada, com pontas agudas e curvadas, que se condensam um pouco na parte superior. Os desenhos azues são tão numerosos como os pardos; estes encobrem em parte aquelles, ambos são fortes e bem demarcados, o que di ao ovo um aspecto excessivamente mesclado. Como todos os ninhos dos tyrannos, o de Nei-nei é sempre construido em localidades abertas, muitas vezes em arvores seccas e nunca escondido. Si nenhum au- tor o menciona é porque a sua posição elevada e a sua insignificancia o subtrahe à vista, protegendo-o ef- ficazmente apesar da sua collocação exposta. Hirundimea bellicosa (Vieill.) Sempre encontrei este passaro nos telhados das fazendas e povoações e nunca nos bosques. O Princi- pe Wied fez a mesma observação e disse que onde não ha edificios, isto é na matta, elle escolhe os ro- chedos para a sua moradia habitual. Este amor às pedras vai ao ponto de elle leval-as para o seu ninho. Pude observar um casal, durante alguns annos, nos te- lhados da fazenda, que nunca abandonava, onde proce- dia à caça dos insectos volantes e chilrava constante- mente. Num dos paioes uma das janellas do primeiro andar conservava-se sempre fechada por um contra- vento de madeira, sendo o peitoril egualmente de ma- deira. Um dos cantos foi escolhido pelo casal para assentar duas vezes por anno o seu ninho. Começava por guarnecel-o com uma camada de pe- drinhas de diversos tamanhos até o de uma nôóz. Eram pedaços de tijolo, de reboco, seixo etc., em numero de 30 a 40 cada anno. Dispunha-os irregularmente ladea- dos até encher o canto totalmente. Sobre esta camada deitava palhas e pennas e for- mava com ellas uma tigela chata de cerca de 7 centim. de diametro e apenas 3 cent. de fundo. No interior da gamella as palhas estavão bem alizadas; no exterior sobresahiam irregularmente entre as pedras. Ahi poz cada vez 2 ovos alongados com pontas bastante obtusas de 22 a 23 m/m. de comprimento sobre 15 a 16 m/m. de largura. Campo branco com tom amarellado, e na parte superior uma corda larga de manchas escuro-ver- melhas com algumas poucas côr de violéta e uma gara- tuja preta. Alguns pingos escuros na parte anterior. Quando tinham filhotes e nas horas de maior sol, vi muitas vezes a mãe protegel-os por largo tempo dos seus raios, abrindo e extendendo as azas sobre o ninho. Mwiobius barbatus (Gm.) Encontrei o seu ninho na matta virgem, suspenso cerca de 10 metros de altura num taquaral. Achava-se escondido numa moita de folhas e cipds seccos e não poderia ter dado com elle sem o repetido entrar e sahir do passaro. A sua forma é a de uma bolsa estreita, alargada na base, com vasta entrada late- ral, e mettido inteiramente dentro de um involucro de for- ma conica que o esconde e ultrapassa de 3 a 4 centi- metros. Visto de lado, o ninho, apparece como um feixe de crina vegetal preta, e sómente visto pela base verifi- ca-se a sua verdadeira construcção. Ahi a metade da base do cartuxo é fechada pela base da bolsa interna; a outra metada serve de entrada. O material consiste quasi exclusivamente em fina crina vegetal preta, tanto na bolsa como no cartuxo ; na base deste os cabellos ap- parecem como penteados. O tecido é bem feito, espesso ee |) a e solido, sobretudo na base da bolsa, onde constitue uma almofada macia. O interior é bem guarnecido de cortiças. O tubo acha-se suspenso num galho fino e fle- xivel que entra em parte dentro do tecido. © compri- mento total deste edifício é de 22 centimetros, o diame- tro da base do cartuxo tem 13 centim., o da bolsa 10 centim., inclusive o espaço que fica entre esta e o cartuxo. Largura da bolsa : 5 centim.; diametro da entrada es- condida: 3 1/2 centim.; espessura da almofada: 2 1/2 cen- tim. e da parede: 1 1/2 centim. Em fins de outubro estava o passaro incubando 2 ovos de forma alongada com 18 m/m. de comprimento e 13 m/m. de largura. O Principe Wied, que achou varios destes ninhos e dá uma extensa noticia sobre elles (Beitr. 3, p. 934) descreve os ovos como brancos, sem desenho. Os que eu achei têm campo branco com ligeiro tom vermelho, que augmenta de intensidade na ponta posterior. Pouco atraz do centro do ovo nota- se uma coroa da largura de 5 m/m. formada de manchas e pontos de cor violéte-avermelhada e de encarnado-es- cura, muito apertadas, das quaes algumas poucas se ex- tendem sobre a ponta anterior. A posterior está cheia de pingos identicos ; a anterior é branca. À corda des- taca-se com grande vigor e separa o ovo em duas me- tades, das quaes uma malhada e a outra sem malhas. Empidonax bimaculatas (Lafr. et d'Or.) (Empidochanes Euleri Cab.) Sem ser frequente esse passaro tambem não é raro no Estado do Rio ; habita tanto na matta ccmo nas lo - calidades abertas. Constroe o seu ninho em pequenas cavidades e sobre saliencias dos barrancos à beira dos caminhos e corregos, geralmente a pouca altura, e sabe adaptal-o com tal perfeição ao seu ambito que difficil se torna distinguil-o do mesmo. (Consiste numa pequena ti- cela chata, feita de finas raizes solidamente trançadas. O interior é guarnecido de talos, e o exterior re- vestido amplamente com musgos verdes. O seu tama- nho varia muito, conforme as localidades a que se acha — dl — adaptado. A gamella mede geralmente 5 centimetros de diametro, a cavidade 2 1/2 centim. e a parte exterior tem até 6 cent. de altura. Na maioria dos casos a_ parte posterior falta e é substituida pela superficie do barranco. Em setembro. outubro e novembro contém 3 ovos arrendondados com a ponta fina suavemente obtusa. O tom do campo é amarello-avermelhado, claro e quente que vae morrendo aos poucos pela ponta anterior até deixar a sua extremidade totalmente branca. Na ponta opposta existe uma corda de manchas ir- regulares, largas e bem marcadas, de côr vermelho-es- cura e azul-cinzenta, estas em parte diludas. O com- primento do ovo éde 16 !/, m/m, a largura 12!/,m/m. Pyrocephalus rubimeus (Lodd.) C. Sternberg e L. Holtz, (Jl. f. Orn. 1869 e 1870), dão noticias mais minuciosas sobre a mesma especie e sob o nome de P. coronatus. Sternbere achou nos arredores de Buenos Ayres varios dos seus ninhos pos- tos sobre as acacias de 8 a 20 pés de altura nas for- quilhas horizontaes afastadas do tronco. E' uma tige- la muito chata, feita exteriormente com raizes, lã e musgo, e interiormente com lã, crina e paina, tudo cuidadosamente tecido e alisado. (Contém em novem- bro 3 ovos alongados de casca lustrada e de campo cor de barro amarello com manchas pardas, pardo- pretas e cinzentas desbotadas, formando larga cinta na parte posterior e escassas na anterior. Comprim. 17 m/m. Larg: 15 m/m. As posturas variam na côr do desenho. D'Orbigny achou varias vezes o ninho deste lindo e nos campos geraes do sul bem conhecido passaro, dizendo que continha 4 a 5 ovos esbranquicados com manchas rubro-pardas e pretas. Myiarchus ferox (Gin.) Habita este passaro exclusivamente localidades abertas e baixas capoeiras, onde é muito frequente, es- colhendo para o seu ninho de preferencia cavidades E im bem abertas ou saliencias em arvores seccas. Ahi ap- plica uma camada de materiaes macios, como paina, cabellos e algumas pennas. Sobre estes achei sempre collocados pedaços de pelle de cobras ou lagartos de diversos tamanhos em immediato contacto com a pos- tura de 4 ovos, adherindo geralmente a estes. São de forma normal com pontas finas e medem 22a 23 m/m no comprimento e 16m/m na largura. Sobre campo amarello mostram garatujas de côr azul-cinzento e fus- co-vermelho que encobrem v ovo inteiro com excepção das duas extremidades. Burmeister (Il p. 471) pre- tende que o ninho é bastante grande e feito de talos sem arte e a pouca altura, contendo 3 a 4 ovos es- branquiçados com numerosas pintas pardo-vermelhas e pretas, sobretudo na ponta posterior. Eyrannus melancholicus ( Vicill.) Constrôe o seu ninho a pouca altura nas arvores isoladas da capoeira ou no pasto, colocando-o numa forquilha fora da folhagem. Consiste em uma base de pouca solidez feita de poucos raminhos e sem revesti- mento. E’ quasi plano e a gamella tem cerca de 12 cen- tim. de diametro. Põe 3 ovos de fórma curta, redonda, com pontas obtusas de côr branca. Na parte superior exis- te uma coroa irregular de manchas cinzentas e côr de vinho desbotada e poucas cor de sepia que se perdem na ponta em pingos miudos. (Comprimento: 22 m/m ; largura: 18 m/m. O Principe Wied Beitr. (3. b. 884 e Burmeister IL p. 464) dão deseripções identicas deste ninho. Milvulus tyrannus (/.) Sternberg, Jl. f. Orn. 1869, 259 e L. Holtz 1870, 5, achou os ninhos sobre arvores isoladas nos campos de Buenos Ayres a alturas que variam entre 8 e 40 pés. E” posto numa forquilha em forma de tigella cuidado- samente feita de talos, la e muito musgo pardo e bem guarnecido com crinas, pennas e paina. Põe 4 a 5 ovos, e-raro é o ninho que não tenha um ou mais fado Gay orm ovos do Molotkrus sericeus. Os ovos são de forma alongada, casca lustrada e tem 21 m/m. de compr. e 16 m/m. de larg. Campo branco amarellado, manchas alon- gadas côr parda, pardo-preta e cinzento-desbotada, em larga corda na ponta superior. Burmeister, (2 p. 467) conta sobre o seu ninho o que disse D'Orbigny, a saber: «Esconde o seu ninho em arbustos copados a pouca altura. Os seus ovos parecem-se muito com os do T. melancholicus e são um pouco menores. Sobre campo branco são cobertos de pingos de côr de ferrugem que se condensam na parte superior e ahi se reunem em manchas maiores.» Fam. Pipidre Chiroxiphia caudata (Shaw) O seu ninho é encontrado no matto em pequenas arvores e arbustos, suspenso numa forguilha horizontal =~ em forma de cadinho. Tem sómente 7 centim. de diametro e é muito acanhado para o tamanho do pas- saro. O tecido é frouxo e transparente. feito de elos seccos e fibras vegetaes; no angulo formado pela for- quilha o passaro pendurou um penacho comprido de fibras e na parte inferior do cadinho algumas pequenas folhas seccas em forma de appendice. Falta lã ou musgo. Os dois ovos são relativamente grandes, de fórma normal com pontas um tanto obtusas. A sua cor é de branco-amarellada e na parte superior destacam-se man- chas pardas, claras e diluidas, misturadas com pingos escuros. Este desenho vae diminuindo brandamente em direcção da ponta anterior, onde se dissolve em raros pingos. Todo o colorido é muito harmonico e de tom quente. (Comprimento: 23 m/m; largura: 16 a 17 mm. O Principe Wied, (Beitr. 3.413,) achou este ni- nho em março com a femes incubando 2 ovos. Es- tava collocado na forquilha de um arbusto, n'uma pi- cada. A sua descripção confere com a minha, salvo a presença de musgo e lã. ee — Chiroxiphia pareola (L.) Burmeister (2 p. 442) menciona que R. Schomburgk achou em fins de abril e maio, na matta, este rie feito de musgo e contendo 2 ovos. Chiromachaeris gutturosa (Desmn.) (Pipra manacus, Euler, Jl. f. Ornith. 1867, 223.) , () seu ninho é muito semelhante ao da Ch. cau- data quanto à sua forma e collocação. A sua profun- didade porém é do dobro: 4 centim. com o diametro de 6 ditos. Acha-se na capoeira, nos arbustos baixos, feito de talos finos de capim, sem arte e sem enchi- mento. Tambem põe 2 ovos de fórma alongada. Sobre campo branco são salpicados totalmente com pintas compridas pardo-amarellas, ora claras, ora escuras, e na parte superior observam-se alguns desenhos de cor cinzento-desbotada. Comprimento: 19 a 20 m/m; lar- gura: 14 m/m. Fam. Cotingidæ Attila cinereus (Gim.) Esse original passaro faz o seu ninho na matta, em pequenas cavidades nos barrancos. Achei-o em novembro num buraco de 20 centim. de fundo na ribeira vertical de um riacho a 3 metros acima do nivel d'agua, e escondido pelas raizes e hervas penden- tes. No plano humido desta caverna estava posta a tigela, espaçosa e solida, em posição bem nivelada, apesar de forte declividade do solo que o passaro soube cor- rigir admiravelmente pelo emprego judicioso do mate- rial. Este consiste para a base em raizes e; para a parte superior em folhas e pedunculos. O exterior é totalmente revestido de finas radiculas pretas, bem tor- cidas e atadas e adaptanto-se às asperidades da terra. Na frente a parede é enfeitada com musgo verde. O interior do ninho é guarnecido de finos pedunculos. Diametro exterior da tigela na base: 15 centim.; na orla: 13 centim.; no interior : 10 centim.; fundo : 3 1/2 centim, Altura na frente, 7 centim. e atraz 6 centim. Em 6 de novembro este ninho continha 1 ovo; cem 11 de novembro 4. Sao de linda cor de carne com uma corôa na ponta posterior composta de largas manchas pardo- vermelhas que variam entre claro e escuro e penetram se umas às outras. Notam-se ainda algumas poucas de cor azulado-desbotada. Estas manchas de 5 tons saem da coroa e passam com largos vazios para a parte an- terior, dando ao ovo um aspecto muito malhado. For- ma grossa com pontas obtusas. (Comprimento 24 1/2 m/m, largura 19 1/2 ditos. Rupicola crocea (L.) O gallo do Pari que antigamente fornecia seus pellos para o manto imperial, faz um ninho aberto col- locado nos rochedos: faz duas posturas nos mezes de dezembro e abril de 2 ovos esbranquicados cobertos de pontos pardo-amarellos. Pachyrhamphus polychropterus (Neill.) 3athmidurus melanoleucus Euler Jl. f. Orn. 1867 p. 223. Esse passaro faz um ninho fora de proporção com o seu tamanho, o que parece ser caracteristico do genero porque o seu parente, P. viridis, tem a mesma inclinação. Achei-o em meado de outubro occupado com a construcção do seu lar. Formava um grande mon- tão de diversos materiaes, collocado cerca de tres metros de altura sobre o caminho do nosso jardim na extre- midade dos galhos de uma pitangueira. Apesar das suas dimensões exageradas, o ninho ficou concluido em 12 dias de trabalho. Ambos os passaros eram muito activos e traziam às vezes molhos de material que exce- diam o seu proprid tamanho. © todo apresentava uma massa redonda de cerca de 30 centim. de altura com 2º centim. de largura. No centro acha-se a camara, relati- vamente pequena, com 9 centim. de diametro, cujo ac- Nr cesso é dado por uma abertura redonda de 5 centim. de diametro e collocada na metade inferior do globo. O material é grosseiro, mas macio, isto é, não contém galhos nem ramos. E” uma accumulação de talos, folhas, lã, corticas, ete., reunidas sem arte, mas com grande solidez. Parece-me que o passaro aproveita tudo quanto lhe cãe no bico, pois que na construcção deste ninho tambem entraram algumas tiras de panno morim branco apanhadas na vizinhança da casa. À ca- mara esta atapetada com folhas seccas de junco. N’este edificio, balougado pelo vento, o passaro começou a incubar 4 ovos em 2 de novembro. São de fórma estirada com pontas delgadas e de côr clara de choco- late com um tom cinzento, sem lustre nem desenho. O seu comprimento é de 22 a 23 m/m. e a largura de 15 a 16 m/m. Pachyrhamphus viridis (Vicill.) Seu ninho assemelha-se muito ao do precedente e dif- re somente pela sua collocação que, em vez de ser pendurada na extremidade de um galho, é fixa numa forquilha superior de uma larangeira. O material é da mesma especie, porém falta a li e a cortiça, e a sua forma é a de um globo de 25 centim. de altura sobre 18 centim. de largura. A camara é redonda, com o diametro de 9 centim., egualmente atapetada de folhas de junco. A abertura mede 5 centim. de diametro e acha-se praticada na metade superior do globo. Este ninho, principiado em 29 de Setembro, continha em 7 de Novembro 2 ovos do mesmo tamanho, aspecto e cor como os de P. polychropterus. P. viridis era menos activo do que o seu parente; levou mais de um mez para concluir o seu ninho e fazia varias vezes dias feriados, 2 ou 3 seguidos. Burm. S. U. 2.455 attri- bue um ovo representado na obra de Thienemann, tab. 27 fig. 19, a P. viridis, resp. nigriceps. segundo o qual seria de côr verde-pallida com uma forte corôa de manchas verde-pretas, quasi no centro do ovo. Nao sei de que passaro será este ovo, mas affirmo que não é de P. viridis. ND is Pyroderus scutatus (Saw) O Principe Wied (Beitr. 5.406) ouviu contar que o Pavão do mato nidifica nas arvores e põe 2 ovos. Cephalopterus ornatas (Gcojfr.) Burmeister (S. U. 2 p. 420) pretende que esta especie faz um ninho sem arte, com ramos seccos nas culminancias das arvores mais altas, e que põe 2 ovos. 22 Divisão II. Tracheophones Fam. Dendrocolaptidæ Furnarius rufas (Gm.) João de barro Burmeister Jl.f. Orn. 1853, 168 e S. U. 3p.3. Pela originalidade do seu ninho este passaro occupa um dos primeiros logares, e chamou a attenção, não só dos na- turalistas, mas do povo sobre si. Não habita a zona da matta; por isso não o pude observar em Cantagallo; mas encontrei-o em viagem no Estado de Minas, na re- gião dos campos, onde é muito frequente e conhecido por todos, porque procura de preferencia a vizinhança das habitações e povoações. A mais circumstanciada noticia sobre o seu curio- so ninho é Burmeister quem a dá do seguinte modo : Ninguem persegue-o porque é tido como passaro «ca- tholico», pois que o povo pretende que elle não traba- lha no seu ninho aos domingos e faz sempre a entrada deste do lado exposto ao oriente. Verifiquei logo a inexactidäo do ultimo dizer; quanto ao primeiro pôde ser explicado pela grande celeridade com a qual costu- ma construir o seu voluminoso ninho, não levando mais MOST cics de 5 a 6 dias para acabal-o. Principiando-o por acaso numa segunda-feira, terminarä antes de domingo. Este ninho é realmente uma obra estupenda para tão pequeno obreiro. O seu comprimento na base passa de 30 centim., a sua altura attinge até 23 centim. e a largura a 18 centim. e assim é colocado em forma de forno de barro subre um forte ealho horizontal d’al- euma arvore secca, isolada, ou algumas vezes na cu- mieira de um telhado ou cruz de uma egreja. «Accres- centarei que depois que se construiram as estradas de ferro, escolhe de boa vontade as travessas dos postes telegraphicos, muitas vezes no centro das estações e no meio do seu ruidoso movimento. Na face comprida, e sempre do lado esquerdo, des- te edificio feito exclusivamente de barro, acha-se a en- trada, sendo uma abertura vertical semi-elliptica e bas- tante alta para admittir o passaro em pé. O interior é dividido em dois compartimentos deseguaes por uma parede de meia altura que principia na entrada, servin- do um de corredor e o outro de camara. Nesta o pas- saro dispõe | um leito de hervas seccas, cabellos e pen- nas e põe 3 e 4 ovos inteiramente brancos. A primeira postura é em setembro, a segunda em janeiro e já em agosto trata da construcção do ninho. Tanto o macho como a femea oceupam-se activamente da mesma, levan- do grandes bolas de barro que vão buscar nas estradas, amassando-as com o bico e com os pés e dispondo-as em camadas successivas de cerca des centim. cada uma até fechar a aboboda. A grossura da parede é de 5 a 4 centim. e o peso de um destes ninhos foi de 9 libras. A indole do passaro é das mais familiares; é corajoso e defende a sua casa contra qualquer agressor. O Principe Wied e Burmeister dão mais duas espe- cies como construindo identicos ninhos de barro, send porém, o facto duvidoso por não se firmar em ob- servações proprias. Ch. Sternberg no Jl. f. Orn. 1869, 262 faz uma -descripção identica deste ninho do Hornero, como o cha- mam em Duenos-Ayres, onde é commum. SS 2 Somente contesta que o passaro empregue pennas para o seu leito, facto que lá não encontrou uma só vez, apesar de ter examinado mais de 100 ninhos. Attri- bue-o a algum hospede, como Tachycineta leucorrhoea ou Troglodytes musculus, que se approveitam do ninho do Eurnarius inhabitado. L. Holtz, Jl. f. Orn. 1860, 8, da a seguinte de- scripçäo dos ovos: Forma ora oval alongada, ora curta ; casca fragil, lustrada, um pouco aspera: cor branca sem desenho. Médidas medias de 58 ovos: comprimento : 21 mim Jareura; 21. m/m. Lochmias nematura (Licht.) Passaro e ninho acham-se na margem dos rios pe- quenos e corregos. Encontrei este em principios de Ou- tubro num barranco perpendicular cerca de 3 metros aci- ma do nivel d'agua. A cavidade em que estava collo- cado era proveniente de uma raiz grossa que tinha apo- drecido ; media horizontalmente 40 centim. de fundo. Ahi o passaro tinha estabelecido uma insignificante e frouxa camada de musgo e pennas para por 2 ovos. Es- tes são relativamente grandes, sendo de comprimento 26 m/m e de largura 19 m/m: a sua côr é branca pura. Sclerurus umbretta /Licht.) E. Goeldi (The Ibis, Julv 1896) achou o seu ninho em dezembro numa picada de matto virgem na serra dos Orgãos. Num barranco vertical a 40 centim. aci- ma do solo o passaro tinha praticado uma galeria ho- rizontal de 5 centim. de diametro, que terminava nu- ma cavidade espherica, onde se achava o ninho com 21 centim. de diametro. Este formava uma camada chata de galhos seccos e continha 2 ovos brancos, com 28 m/m de comprimento e 21 m/m de largura. Em 1834 Ménétriés achou e descreveu 2 ovos aver- melhados com manchas escuras dentro de uma abertura de ninho de cupim, que passiram por pertencer a Se. ey) ee umbretta, até que a descoberta de Goeldi veiu demons- trar o engano do naturalista francez. Synallaxis cinnamomea (Gm.) Povoa todos os nossos brejos e constrôe ahi o seu extraordinario ninho, semelhante ao que Burmeister (S. U. 3p. 36) descreve para Anumbius frontalis, com- quanto eu não possa concordar com a descripção do Prin- cipe Wied Beitr. 3, b. 692. O ninho acha-se collocado ora n'algum arbusto secco ou em folhado no meio do brejo, e, n'este caso, a pouca altura acima do nivel d'agua, ora n'alguma ar- vore baixa, muitas vezes 'arangeira, quando as ha, na immediata vizinhança do brejo. Em ambos os casos é um immenso amontoado de ramos seccos que encerra no seu bojo o pequeno ninho propriamente dito. Póde comparar-se a sua forma com a de uma grande retorta cujo gargalo é virado para cima, porque o todo repre- senta uma esphera dca com um tubo de entrada appli- cado verticalmente ao longo da sua parede exterior. As dimensões destes ninhos variam muito; a maior que achei era de 60 centimetros para o comprimento, e 30 centim. para a largura; o tubo tinha um comprimento de 28 centimetros com 7 centim. de abertura na extremidade superior, e que mais em baixo alargava-se para o dobro. Este volumoso edificio repousa sobre alguns galhos fortes que o possam bem sustentar pela sua posição. Como ficou dito, o material é composto exclusivamente de ramos seccos da grossura de um cano de penna e vão até o comprimento de 40 centim. O transporte destes pesados materiaes exige certamente grandes es- forços; por isso vi o passaro, neste afan de arrastar e carregal-os, fazer frequentes pousadas em caminho para o ninho, afim de tomar folego. Elle finca estes ramos uns dentre vs outros, cruzando-os apparentemente sem plano, até formarem aquelle amontoado, e sem auxiliar- se de qualquer outra materia para a sua ligaçäo. Ape- sar disso - o edificio é muito resistente e solido, e a pa- + Or rede não permitte em parte alguma uma vista para o interior. O tubo da entrada, collocado sempre no fim do eixo longitudinal da casa, é egualmente feito de ra- mos encruzados; na sua ligatura com a parede a sua construeção participa da irregularidade desta; na sua parte superior, porém, os ramos acham-se fincados com certo methodo e lembram, pela sua disposição, a entrada de certas ratoeiras de arame. Fora desta parte todo o exterior é eriçado das pontas soltas dos ramos. No centro deste castello existe o verdadeiro ninho, uma pequena tigela feita com talos e folhas seccas, e atape- tada levemente de paina, onde o passaro põe 3 a 4 ovos de forma oval com pontas obtusas. Sua cor é branca com tom verde; seu comprimento 19 1/2 m/m ; sua largura 15 1,2 m'm. Emquanto o edificio se con- serva habitavel o passaro se utiliza delle; porém sem augmental-o, como dizem que o faz o Phacelodomus rufifrons. Elle tambem não é sensivel às visitas per- turbadoras. Aberturas que pratiquei, para examinar o interior, elle as reparava constante e rapidamente. Synallaxis albescens (Temn.) O seu ninho é da mesma especie do precedente. Consiste tambem em um grande castello de ramos sec- cos com um tubo de entrada comprido. A principal e quasi unica differença é representada pela construcçäo e posição deste tubo. Syn. cinnamomea o faz em for- ma de chaminê collocada em posição vertical; no ninho de S. albescens elle é deitado horizontalmente em con- tinuação do eixo longitudinal do edificio. A extremi- dade do tubo de S. cinnamomea é formada de ramos fincados verticalmente; a do S. albescens, de ramos cruzados em todos os sentidos, o que faz d'este tubo um cylindro eriçado de pontas. Como sustentaculo do ninho S. albescens procura uma forquilha horizontal algum arbusto enfolhado na capoeira ou plantações perto da agua e prefere exposições encobertas e altu- ras menores, que raras vezes passam de 1 metro. Achei os ninhos de muito variadas dimensões, conforme os BE logares. Naturalmente não se pode esperar grande ac- cordo no seu modo de construcção, pois que um mon- tão de gravétos difficilmente obedece a medidas rigo- rosas. (O que surprehende é a grande aceumulação de material por cima do ninho verdadeiro, onde às vezes attinge a uma grande excrescencia de forma conica. Mais surprehendente ainda é o facto de encontrar-se sem- pre pedaços de pelle de cobra, menores e maiores, in- troduzidos e fincados nos ramos do ninho. Pode ser que o seu fim seja afastar a cobra cipó, que é grande consumidora de ovos de passarinhos. — Às medidas nor- maes d'estes ninhos são as seguintes : comprimento do castello, inclusive o tubo da entrada: 42 a 50 centim.: largura: 23 a 30 centim. altura: 40 centim.; diametro interior: 7 ditos; diametro da extremidade do tubo : 4 a 5 centim. A caverna é relativamente pequena, de cerca 10 centim. de altura sobre 7 a 8 centim. de largura. O seu fundo é formado de ramos postos com regularidade em ordem concentrica, inclinados para o centro, onde dei- xam uma ligeira cavidade. Esta é forrada com uma camada de folhas verdes e frescas de uma planta da familia das solaneas, formando almofada. Na orla são empregadas inteiras; mas no centro são picadas em pequenos fragmentos e trabalhadas solidamente, consti- tuindo uma especie de feltro, de modo que se póde retirar a almofada inteira sem quebral-a. Em novem- bro achei-o incubando 4 ovos brancos sem desenho. A sua casca é muito delicada, sem lustre e transparente. Forma normal. Comprimento 20 m/m; largura 14 m/m. Hallando de Syn. cinnamomea, o seu S. caudacutus, Beitr. 3, b. p. 692,0 Principe Wied refere-se do seguinte modo ao seu ninho: «Encontrei o seu ninho n'um pas- to bastante afastado da agua, na forquilha de um ar- busto, feito de la animal e vegetal em grande quanti- dade. E' uma bolsa grossa feita sem arte, tem uma pequena entrada, e em fins de novembro continha Z ovos brancos arredondados. Supponho que teria posto mais 2.»—Como se vê, esta descripção não combina com a minha, mas adapta-se perfeitamente ao ninho de Arrun- a: ae dinicola leucocephala, do qual aliás o Principe dá por sua vez uma descripção exacta. Accrescentarei que as duas especies e seus ninhos acham-se nas mesmas lo- calidades. Phacellodomus rufifrons (Wicd) O Principe Wied dá uma descripção do seu ninho : «Este passaro é interessante pela curiosa construcção do seu ninho. Achei-o em meado de Fevereiro quando continha ovos. Nos galhos inferiores e flexiveis de ar- vores de média altura achei muitos delles depois de sahir da região da matta. Elle forma uma grande ag- glomeracio de ramos seccos da grossura de meio dedo, entrelaçados e accumulados em todos os sentidos e mo- dos, cujas extremidades sobresahem por todos os lados, e têm 3e mais pés de comprimento. Os ramos são li- gados entre si por diversos materiaes. Perto da base ou lado inferior o passaro deixa uma pequena entrada redonda, por onde sobe no interior até a camara ata- petada de musgo, la, cortiça, fios e capim secco, na qual repousam 4 ovos brancos e redondos. Quebrando o grande involucro, encontra-se este pequeno ninho arre- dondado e egualmente fechado por cima, no qual o pas- saro assenta mollemente e seguro. Augmenta annual- mente o edificio, de modo que se acham estas casas do comprimento de 3 a 4 pés, suspensas num galho, e tão pesadas que um homem mal as carrega. Abrindo- as encontra-se primeiro o novo, e em seguida a serie de ninhos antigos, que às vezes servem de habitação a ratos sylvestres». Burmeister disse que nos campos de Minas este passaro é conhecido por todos por causa do seu enor- me ninho que se avista de longe e se destaca na pai- zagem. Automoilus leucophthalmus (Wied) Encontrei o seu ninho na matta virgem, sempre perto do corrego, semelhante ao de Lochmias nematura, no ee) a fundo de uma cavidade n'um barranco vertical, a cèrca de 2 metros acima do nivel d'agua. O ninho, porém, é feito. com mais cuidado do que o d'aquelle. Era composto exclusivamente dos pedunculos de uma 2specie de Ver- benacea, sobrepostos uns aos outros sem ligamento, mas formando assim mesmo uma tigela chata de bas- tante resistencia que, se pode levantar sem quebral-a. A gamella tem 8 centim. de diametro e não contém enchimento. Quando o solo da cavidade tem grande declive, o passaro sabe corrigil-o por meio da accumu- lação do material, dispondo-o de modo a que a super- ficie da tigela fique em plano horizontal. Assim o ni- nho que medi tinha na sua parte anterior 5 1/2 cen- tim. de altura e na posterior sómente 2 centim., no dia 1 de outubro continha 3 ovos inteiramente brancos, de fórma alongada, com pontas quasi eguaes. Comprimento: 29 1/2 m/m; largura: 19 m/m. Thripophaga erythrophthalma (Wied) Relata o Principe: «Numa roçada, com algumas arvores altas, achei o seu ninho. De um dos galhos dependurava-se um fino e comprido cipó, e na sua ex- tremidade achava-se fixado o ninho formando uma bola alongada feita com pequenos ramos seccos, sobrepostos uns aos outros, com entrada lateral. Não pude colher o ninho, por sua posição alta. Em janeiro continha fi- lhotes». Xenops genibarbis (7/1) Constou ao Principe Wied (Beitr. 3 b. 1155) que nidifica em arvores ocas. Dendroplex picus (Gm.) Disse o Principe Wied (Beitr. 3 b. 1134) que incu- ba em arvores ocas. Picolaptes tenuirostris (Licht.) E' a-especie mais frequente dos nossos trepadores E: 1e e habita tanto na matta como na capoeira, onde achei o seu ninho em fendas de diversas arvores em altura média do solo. Sobre um leito de poucas folhas seccas põe 2 ovos brancos de fórma normal, seu comprimento é de 25 m/m a largura de 18 ditos. Fam. Formicarüdæ Grallaria imperator (Zafr.) Wied (HI p. 1027) conta que os Botocudos lhe asseveraram que este passaro faz o seu ninho no chão, o que combina perfeitamente com o seu modo de viver, e que põe ovos de cor azul-verde. Myrmeciza loricata (Licht.) Vive exclusivamente no chão, na matta virgem, on- de encontrei o seu ninho num taquaral, posto sobre ra- mos e folhas cahidas, em forma de tigela bastante mal feita de talos e raminhos sem ligação entre si. Em no- vembro continha 2 ovos incubados, de fórma normal com pontas obtusas. O seu comprimento é de 21 1/2 m/m, a sua largura de 16 m/m. O campo branco do ovo é tão estreitamente salpicado de finos pontos vermelhos que o ovo parece de côr encarnada. Na ponta posterior esta côr é misturada com um lindo tom violete. Alguns pontos e traços mais escuros destacam-se espaçadamente sobre este colorido agradavel e harmonico. Formicivora squamata (Licht) Segundo Burmeister, vive embrenhado na espessura dos bosques e nidifica na terra, onde poe 4 e 5 ovos brancos, com manchas pretas e encarnadas. Pyriglena leucoptera (Vicill.) Constantemente na terra ou regides baixas da matta, este genuino papaformigas constréde o seu ninho no sar- eal ou na terra mesmo. Achei-o no chão, encostado a — 66 — uma arvore, ou em cima de um toco baixo, ou nas sa- mambaias. A sua forma é a de uma bola fechada, com entrada no centro, composta de palhas e folhas seccas de Maranthaceas. Apresenta grande falta de solidez pois o seu mate- rial não é tecido nem torcido, mas simplesmente sobre- posto. Querendo levantal-o desmorona completamente, o que impediu-me de medil-o. As suas dimensões são relativamente grandes e a camara é bastante espaçosa. Poe 2 ovos de forma normal com pontas obtusas. Sobre campo branco são marmoreados por fina gara- tuja vermelha, e na metade superior existem manchas irregulares côr de vinho com pontos mais escuros e entre- meados de outros cinzentos. Não se formam em corôa. O comprimento é de 25 m/m, e a largura de 19 m/m. Thamnophilus palliatus (Licht.) Encontrei um ninho escondido numa cérea de es- pinhos a cerca de 2 metros de altura, suspenso numa for- quilha horizontal, em forma de cadinho fundo e espa- coso. A factura é exclusivamente de finas hervas e talos, ligados com muita arte e formando um tecido apparen- temente frouxo, mas realmente solido e resistente, em- bora transparente e leve Por fôra existem varios enfeites de musgo verde © interior bem alisado é enarnecido totalmente com crinas de cavallo, que são introduzidas no tecido, e não tem colcha. Os dous calhos da forquilha são enlaçados do mesmo material e no seu ponto de intersecção a parede do ninho é bem arredondada. Na frente, pelo forte espaço que os se- para, a dita parede corre quasi em linha recta de um œalho ao outro. © diametro superior do cadinho mede 12 centim.; a altura no exterior: 8 centim. e a profun- didade : 6 centim. Em 15 de outubro encontrei o passaro construin- do; em 25 estava incubando sobre 2 ovos de forma alongada com pontas obtusas. que mediam 22 m/m de comprimento, e 16 m/m de largura. Campo branco ligeiramente avermelhado; casca lisa, lustrada. O de- senho consiste em tracos e garatuja encruzados de cér violête escura, cobrindo o ovo todo, deixando, porém. grandes vazios. Na ponta grossa formam uma fraca coroa. Por aqui e acolà notam-se algumas manchas cin- zentas desbotadas. Os dous ovos são deseguaes no seu desenho ; no segundo quasi não se distingue a coroa, os traços são muito mais finos, desbotados e cobrem o ovo totalmente sem deixar claro algum. Thamnophilus ambiguus (Swv.) Encontrei o seu ninho num pequeno arbusto na capoeira. EK egualmente uni cadinho suspenso nos dois galhos de uma forquilha horizontal, e esta forma de ninho parece ser propria ao genero Thamnophilus. Aqui o material é composto de palhas finas e de peduneulos. O interior é feito com raizes finas em pequena quanti- dade ; por fora acham-se alguns elos seccos. O tecido é frouxo, embora bem feito, transparente em toda parte. A ligação com os galhos da forquilha tambem é fraca e pouco solida. () aspecto geral é de um molho de palha e mostra prodigalidade no emprego do material. O diametro superior do cadinho tem 7 centim. ; assim como a sua altura tambem é de 7 centim.: o interior tem 4 centim. de fundo, e a parede tem partes com 3 centim. de espessura. Poe 3 ovos de cor branca, com manchas numerosas e pontos azulados e diluidos, prin- cipalmente na parte superior. Algumas outras vermelho- escuras reunem-se numa _ coroa irregular; as pontas ficam inteiramente brancas. O seu comprimento é de 19 m/m e a sua largura de 14 1/2 ditos. O Principe Wied, Beitr. 3, b. 1006, disse ter achado o seu ninho posto entre as folhas de wna Bromelia mal feito de musgo, talos e pennas, contendo em dezembro 2 ovos alongados, com manchas cor de azeitona cinzenta sobre campo amarello sujo e com corda na parte posterior. |” evidente que se trata de uma outra especie. Thamnophiius torquatus (Sv.) E’ rara esta batära. Encontrei o seu ninho na matta n'um pequeno arbusto a cerca de 1 metro de altu- ra. E’ um cadinho espaçoso e fundo, firmado numa forquilha vertical e preso num dos galhos como uma bandeira na -ua haste. Este galho entra no compri- mento todo do ninho e no logar onde este toca no galho da frente, é preso neste sómente num ponto. O ninho é construido com finos pedunculos de graminea e solidamente tecido, embora um pouco transparente. O exterior é revestido de palhas e cortiças, o interior com delicados cabellos vegetaes rubros. A fórma do ninho é a de uma esphera da qual se cortou a ul- tima quarta parte, de modo que a entrada do cadinho é mais estreita do que o seu diametro no centre. À con- strueção é solida e resistente, apesar da fragilidade do material empregado. Altura exterior: 9 centim; lar- gura no centro : 9 centim. ; na superficie: 7 centim.; fundo 6 centim. A parte superior é tenue; no centro e na base a parede attinge até 2 centim. de espessura. Em principio de outubro continha 3 ovos relativamente grandes, de fórma oval, grossa, com pontas obtusas. Comprimento 23 m/m; largura 17 m/m. São brancos, salpicados com raras manchas cinzentas e cor de vinho, em parte largas, que engrossam na parte superior. Dysithamnus mentalis (Temm.) Encontrei o ninho deste pouco frequente passaro num arbusto baixo da capoeira, a cerca de 2 metros de altura. E” uma tigela funda suspensa como uma rède numa forquilha horizontal, cujos galhos entram em cerca de 3/4 partes da orla do ninho. Este é feito com raizes e cabellos muito finos: o tecido é frouxo e trans- parente, embora artistico. A parte exterior traz um lindo enfeite de finos musgos, o que faz tomar o ninho por uma simples bola do. mesmo. O arbusto que o supportava tinha fornecido este material, pois que se achava coberto delle. A bocca da tigela tem 7 centim. ae Le de diametro, ea sua profundidade é de 6 centim. Neste gracioso ninho achei em novembro 2 ovos ligeiramente incubados. Sobre campo branco mostra um desenho côr de vinho claro, parte em fórma de manchas, parte em finas linhas dispostas em zig-zag. Este desenho abrange o ovo todo, sendo mais intenso na parte su- perior. A forma do ovo é rigorosamente oval com pouca differença nas duas pontas. O seu comprimento é de 18 1/2 m/m e a largura de 14 1/2 mm. Hf. ORDO: MACROCHIRES Fam. Trochilidæ Beija-flores As phrases inspiradas que Buffon dedicou aos bei- ja-flores na sua obra monumental, tornaram-se classicas e conhecidas por todos. Para estas despretenciosas ob- servações bastará destacar as seguintes palavras, que caracterizam perfeitamente o modo de nidificação da fa- milia: «O ninho que elles constroem corresponde à delicadeza do seu corpo.» E effectivamente assim é; a mesma elegancia, arte e harmonia, que se acham reunidas em tão alto grau nesta obra prima da natureza que se chama beija-flor, tem o seu reflexo na forma e estructura do seu ninho. Feito quasi sempre de fina paina branca ou amarella, em forma de taça ou de cadinho, Elainca brevipes, Wied. . - . . Myiarchus forox, Gm. . . - . . Aria Reimereus Eps 6 A og a a Copurus colons Me 2 |= Pachyrhamphus viridis, V.. . - : Pachyrhamphus rufus, Bodd. . Phyllomyias brevirostris, Spix. + . Tyrannus melancholieus, V. . - . Myiodynastes solitarius, V. EU Hapaloe ercus meloryphus, Wied. ce ic Orchilus auricularis, V. . o Empidonax bimaculatus, Lafr. ct Orb. Todirostrum poliocephalum, Wicd. . Rhynchocyclus sulphurescens, Spix. . Pitangus sulphuratus, lL. + . - - Pyriglena leucoptera, V. . - - Lochmias nematura, Licht. 1 eS was Hirundinea bellicosa, V.. . . + - Thamnophilus ambiguus, Sw. + + Thamnophilus torquatus, Sw. . +. Thamnophilus palliatus, Licht. - - Arremon semitorquatus, SW. . - Picolaptes tenuirostris, Licht. . : Automolus leacophthalmus, W ied. Molothrus bonariensis, Gm. ACT Ostinops decumanus, Pall. . +. + + Cassicus haemorrhous, L. . - =: -; Lampornis violicauda, Bodd. . +: - Thalurania glaucopis, Gm. . +. Phaethornis squatidus, Natt: RER Psittacula passerina, L. . . - Pteroglossus wiedi, Sturm. . . - - ros on viridis, Wie TE RC | POSTURAS ENCONTRADAS EM Outubro Julho Agosto e Outubro Outubro Novembro Setembro, Outubro, Ja- neiro e Abril. Setembro, Outubro e Ja- neiro Outubro, Dezembro e Ja- neiro Setembro, Outubro e De- zembro Setembro e Outubro Outubro Outubro Novembro Outubro e Dez2mbro Outubro e Dezembro Novembro Dezembro Outubro, Novembro ce Ja- neiro Outubro Outubro Outubro Setembro, Outubro e No- vembro Outubro e Dezembro Outubro e Novembro Setembro Outubro e Dezembro Outubro Setembro, Novembro e Dezembro Outubro e Novembro Outubro Outubro Novembro Outubro Outubro Setembro até Janeiro Agosto e Setembro Agosto e Setembro Março Junho, Agosto e Setembro Novembro Dezembro, Fevereiro e Março Outubro Setembro POSTURAS ENCONTRADAS EM Trogon aurantius. Spix. . Crotophaga ani, L, . . . Guira, guirã Gly . a Chelidoptera tencbrosa brasiliensis, Picumnus minutus, L. Chrysoptilus melanochlorus, Gm. Dendrobates passerinus, L. Leptoptila reichenbachi, Peiz. Chamaepelia talpacoti, Odontophorus capueira, Spix. Crax carunculata, Temm. . Crypturus tataupa, Temm.. Crypturus noctivagus, Wied. Tinamus solitarius, V. . . Butorides striata, L. . . Gallinago frenata, Il. . . Porzana albicollis, V. . Limmopardalus nigricans, Aramides saracura, Spix. . Gallinula galeata, Licht. Porphyriola martinica, L. . Jacana, Jacana SLi o ao 00 Podiceps dominicus, L. . . Nettion brasiliense, Gm. . Temm. Setembro Setembro, Outubro, vembro ce Marco Agosto, Setembro e vembro Novembro Novembro Setembro, Outubro e vembro Abril Setembro, Outubro, De- zembro, Janeiro, Feve- reiro, Março e Maio Setembro, Outubro, No- vembro, Dezembro e Ja- neiro Novembro e Fevereiro Setembro Junho, Julho, Setembro, Janeiro, Fevereiro, Mar- ço e Abril Setembro e Outubro Outubro e Dezembro Dezembro Setembro Janeiro Setembro Outubro Ontubro e Janeiro Novembro Setembro, Outubro, vembro e Janeiro Outubro Setembro e Janeiro No- No- No- No- pe Tabeligalm: é Numero maximo dos ovos por cada postura nas especies observadas PÕEM 2 OVOS: Catharista atrata, Bartr. Asturina nattereri, Sel. Salv. Chiromachacris gutturosa, Saltator similis Lafr. Orb. Volatinia jacarini, L. Spermophila caerulescens, B. V. Basileuterus stragulatus, Licht. Arundinicola leucocephala, L. Arremon semitorquatus, Sw. Pachyrhamphus viridis, V. Myiobius naevius, Bodd. Myiobius barbatus, Gm. Hapalocercus meloryphus, Wied. Hirudinea bellicosa, V. Pitangus sulphuratus, L. Pyriglena leucoptera, V. Lochmias nematura, Licht. Myrmeciza loricata, Licht. Picolaptes tenuirostris, Licht. Thamnophilus palliatus, Licht. Trochilidae. Chelidoptera tenebrosa brasilien- sis, Sel. Picumnus minutus, L. Chrysoptilus melanochlorus, Gm. Dendrobates passerinus, L- Columbidae. Gallinago frenata, Ill. POEM 3 OVOS : Ibycter chimango, V. Tinnunuculus cinnamoninas, Sw. Scops brasilianus, Gm. Tanagra sayaca, L. Rhamphocoelus brasilius, L. Calliste tatao, L. Tachyphonus rufus, Bodd. Phoenicothraupis rubica, V. Trichothraupis melanops, V. Zonotrichia capensis, Mill. Serphophaga nigricans, V. Empidonax bimaculatus Lafr. O. Synallaxis cinnamomea, Gm. Hapalocercus meloryphus, Wied. Geothlypis velata, V. Certhiola chloropyga, Cab. Sisopygis icterophrys, V. Desm. Elainea pagana, Licht. Elainea brevipes, Wied. Basileuterus auricapillus, Sw. Basileuterus stragulatus, Spix. Copurus colonus, V. Tyrannus melancholicus, V. Myiodynastes solitarius, V. Orchilus auricularis, V. Todirostrum poliocephalum, Wied. Thamnophilus ambiguus, Sw. Thamn:philus torquatus, Sw. Automolus leucophthaimus, Wied. Crotophaga ani, L. Guira guira, Gm. PÕEM 4 Ovos: Polyborus tharus, Mol. Progne domestica, V. Atticora cyanoleuca, V. Sycalis flaveola, L. Turdus rufiventris, V. Turdus albicollis, V. | Trgolodytes musculus, Naum. Synallaxis albe:cens, Temm. Megarhynchus pitangua, L. Myiozetetes similis Spix. Rhynchocyelus sulphurescens, Spix. Myiarchus ferox, Gm. Attila cinereus, Gm. Pachyrhamphus rufus Bodd. Psittacula passerina, L. Crypturus tataupa, V. Limnopardalus nigricans, V. Gallinula galeata, L. Aramides saracura, Spix. Porphyriola martinica, L. Jacana jacana, L. Podicepes dominicus L. POEM DE 6 Ovos: Stelgidopteryx ruficollis, V. POEM MAIS DE 6 OVOS: Ibycter chimachima, V. Odontophorus capueira Spix. Crypturus noctivagus, Wied. Porzana albicollis, V. Nettion brasiliense, Gm. Tinamus solitarius, V. == Aves observadas em Cantagallo e Nova Friburgo POR H. VON IHERING O presente artigo apresenta-se como um appendice ao precedente do Sr. Euler. Procurando eu exa ninar de modo minucioso a nomenclatura por elle usada foi necessario organisar a lista completa das aves daquella zona para formar uma segura base systematica para as interessantes co nmunicações biologicas do Sr. Euler. E' grande o nu nero das especies descriptas como provenientes do Rio de Janeiro e parece que entre el- las ha algumas que em verdade não occorrem naquel- la região. A seguinte lista de 368 especies refere-se, entretanto, apenas às aves que vivem no interior mon- tanhoso do Estado mencionado, na região de Canta- gallo e Nova Friburgo. O que sabemos sobre a ornis de Cantagallo estã quasi exclusivamente baseado nas observações de Car- los Euler, excepto algumas poucas indicações feitas por Lund e Burmaister. As collecções reunidas por Euler foram determinadas no Museu de Berlim por Cabanis que dellas tratou em varios artigos publicados no Jor- nal fuer Ornithologie. Esforce-me por verificar com exactidão o verdadeiro significado das denominações usadas por Cabanis, o que quasi sempre me foi possi- vel. Não sei, entretanto, dizer o que significa : Penelope jacquaçu Spix Elainea brevipes Wied — 150 — Como as collecções reunidas por Euler estão guar- dadas no Museu Zoologico de Berlim é provavel que ali seja possivel esclarecer as duvidas que se pren- dem a essas especies, que Euler afirma ter obtido em Cantagallo. Onde houve conveniencia ajuntei na se- guinte lista as denominações usadas por Euler nas suas antigas publicações. Parte dessas correcções estou devendo ao Sr. Euler mesmo como as de Tachyphonus coronatus, My- iozetetes similis e Saltator similis. Sobre Euscarth- mus orbitatus Wied, communicou-me o Sr. Euler a se- guinte observação de Cabanis, tirada de uma carta: «O exemplar de E. orbitatus do Sr. Euler combina perfei- tamente com os nossos typos de E. limbatus. Parece- me que o Sr. Euler tem razão comparando o seu passa- rinho ao E. orbitatus de Wied ao qual pertence tal- vez, como synonymo, tambem E. zosterops Pelz.» Sobre Atticora tibialis Cass. escreve-me o Sr. Eu- ler «Observei-a só uma vez em Cantagalo, isto é, nos mezes de Marco até Maio de 1868. N'um barranco alto onde se achavam 4—5 canaes excavados pelo cui- tellão (Jacamaralcyon tridactyla) appareceram, à tarde, antes do por do sol, em numero variavel até 40 ou mais, voando e gritando até que uma depois da outra desappareceram nos buracos mencionados do barranco. No mez de Maio, desappareceram e nunca as vi mais». Parece, pois, que se trata de uma migração excepcional, não me constando que essa especie da America Cen- tral tenha sido encontrada no Brazil. O Sr Euler ca- çou um exemplar do sexo feminino que mandou ao Museu de Berlim. Philydor lichtensteini Cab. Hein. considero agora como uma boa especie que recebi do Estado de São Paulo (Alto da Serra e Iguape) e que é intermediaria entre as outras duas. Elainea brevipes Wied que Euler obteve em Can- tagallo é, segundo a communicação que me fez o Sr. von Berlepsch, considerada por Allen como ave nova de Neopelma. aurifrons Wied. Se Euler realmente teve — 151 — a mesma especie com Wied, não póde ser exacta a opinião de Allen visto que Euler observou bem o ni- nho e os ovos. A cidade de Nova Friburgo está situada na mesma região como Cantagallo à distancia de apenas 8 le- œuas mais ou menos, de modo que se póde presumir que a fauna seja mais ou menos identica, o que está provado pelas indicações que reuni pelo estudo da li- teratura. Burmeister passou algum tempo em Nova Friburgo e além das proprias colleeções estudou as que um naturalista ali estabelecido, Beske, possuia. O British Museum em Londres obteve por Youds e Reeves aves de Nova Friburgo, mencionadas no respectivo catalogo. Tambem o Museu em Vienna obteve aves de Nova Friburgo sobre as quaes Pelzeln publicou um artigo no periodico «Nunquam Otiosus» por L. W. Schaufuss Dresden 1872 p. 291—292 no qual se acham enume- radas 50 especies. Algumas das especies mencionadas precisam de nova confirmação como, p. expl., Pionus menstruus L. que Burmeister iz ter caçado em Nova Friburgo, quando essa especie parece ser do Norte do Brazil e Euler obteve P. maximiliani, Na seguinte lista significa B. Burmeister, P. Pel- zeln, L. Lund, Y. Ycuds como observadores das respe- ctivas especies. A lista consiste em 368 especies. E” provavel que seja bastante completa e que a avifauna aaquella re- 2140 consista mais ou menos em 400 especies. Entre ellas ha algumas que não são proprias à região como a andorinha Atticora tibialis Cass., especie de Columbia e do Peri que só em um verão foi observado por Eu- ler, mas então em bando não pequeno. As observações de Lund sobre aves de Nova Fri- burgo são incluídas no artigo de Reinhardt sobre as aves dos campos de Minas publicado em 1870 em Ko- penhague nas Videns Kabelige Meddelerser, as de Burmeister são contidas no seu livro Systematische Uebersicht der Vogel Brasiliens. Oe 2 i. A. Passeres: Oscines Turdus rufiventris ( Vierll.) Gantagallo, N. Friburgo P. Turdus albicollis V. ( crotopezus Euler Ill p. 404) Cantagallo. Turdus albiventer Spixæ N. Friburgo P. Turdus leucomelas Vieill. (albicollis Euler) Cantagallo Merula flavipes (Viell.) Gantagallo ; N. Friburgo B. e P. Donacebius atricapillus (L.) Cantagallo. Thryophilus longirostris (Vieill.) (Thryophilus striolatus Euler.) Cantagallo; N. Friburgo B. Troglodytes musculus Nawm. (T.furvus Euler) Cantagallo Anthus lutescens Puch. N. Friburgo B. Parula pitiayume (Vieill.) Cantagallo. Geothlypis velata ( Vieill.) Gantagallo; N. Friburgo B.e P. Basileuterus stragulatus (Licht.) Cantagallo ; Nova Friburgo Lund. Basileuterus leucoblepharus ( Vieull.) N. Friburgo B. e P. Basileuterus auricapillus (Sws.) (B. vermivorus Euler) Cantagallo; N. Friburgo B. Vireo chivi (Vieill.) Cantagallo. Hylophilus poecilotis (Temm.) N. Friburgo B. Cyclorhis ochrocephala (Tsch.) Cantagallo ; N. Fri- burgo B. e P. Tachycineta albiventris (Bodd.) Cantagallo. Progne domestica (Vieill.) (P. dominicensis Euler) Cantagallo. Atticora cyanoleuca ( Viel.) Cantagallo ; N. Friburgo B. Athcora tibialis (Cass.) Gantagallo. Stelgidopteryx ruficollis (Vieill.) (Cotyle flavigastra Cab.) Cantagallo. Dacnis cayana (L.) Gantagallo ; N. Friburgo B. Certhiola chloropyga ( Cab.) Cantagallo (G.flaveola Euler) Chlorophanes spiza (L.) Gantagallo. Procnias tersa (L.) Cantagallo; N. Friburgo B. Chlorophonia viridis ( Vieill.) Cantagallo; N. Friburgo B. Euphonia æanthogastra (Lund) N. Frigurgo Y. Euphonia chlorotica (L.) (violaceicollis Cab. Euler) Cantagallo. Euphoniu nigricollis ( Viel.) Cantagallo. — 155 — Euphonia violacea (L.) Cantagailo; N. Friburgo Be Y. Euphonia pectoralis (Lath.) Gantagallo ; N. Friburgo B. Hypophaea chalybaea (Mik.) N. Friburgo Y.eP. Pipridea melanonota ( Vierll.} Gantagallo; N. Friburgo B. Calliste tricolor (Gm.) Cantagallo; N. Friburgo B. Calliste festiva (Shaw.) Cantagallo; N. Friburgo B. e Y. Calliste thoracica (Temm.) Cantagalo; N. Friburgo B. Calliste cyanerrentres (Vieill.) Gantagallo (O. citri- nella Euler.) Calliste flava (Gm.) N. Friburgo B. e Y. Calliste brasiliensis (Li) N. Friburgo B. Stephanophorus on (Vierll.) Cantagallo ; N. Friburgo B. e Y. Tanagra sayaca (L.) “antagallo. Tanagra cyanoptera ( Vieill.) N. Friburgo Y. Tanagra palmarum (Wired) Cantagalo. Tanagra ornata (Sparrm.) Cantagallo ; > N. Friburgo Y. Rhamphocelus brasilius (L. ) Cantagallo: N. Friburgo Y. Phoencothraupis rubica ( Vierll.) Cantagallo; N. Fri- burgo B. e Y. Tachyphonus cristatus (Gin.) Gantagallo; N. Friburgo Y. Tachyphonus coronatus ( Viedll.) (nigerrimus Euler nec Gm.) Cantagallo ; N. Friburgo Y. e P. Trichothraupis melanops ( Vierll. ) (T. quadricolor Euler) Cantagallo; N. Friburgo B à Yael: Pyrrhocoma ruficeps (Str ick.) N. Friburgo P. Nemosia ruficapilla (Val) ste th SN. Fri- burgo Ÿ+e1P. Nemosia flavicollis ( er ) Gantagallo ; N. Friburgo P. Thlypopsis sordida ( Lafr. et d Orb.) FR ne Arremon semitorquatus (Sw.) Gantagallo; N. F ribur oi. Saltator similis (Lafr. et d'Orb.) N. Friburgo Lund e P.; Cantagallo (S. magnus Euler nec Gm.) Sallator maximus ( Mill.) (S. magnus Gm.) N.Friburgo B Orchesticus abeillei (Less.) N. Friburgo Lund. Cissopis major (Cab.) Cantagallo; N. Friburgo Y e B. Pitylus fuliginosus (Daud.) Gantagallo ; N. Friburgo B. Pitylus brasiliensis ( Cab.) Cantagalo; N. Fr iburgo B.eY. Guiraca cyanea (L.) Cantagallo : N. Friburgo Y. Oryzoborus torridus (Scop.) Cantagallo. — 154 — Spermophiia superciliaris (Peiz.) (S. euleri Gab.) Can- tagallo. Spermophila nigroaurantia ! Bodd.) Cantagallo ; Nova Friburgo B. Sperimophia cwrulescens (Bonn. et V.) (S. ornata Eu- ler) Cantagallo. Spermophila faleirostris (Temm.) N. Friburgo P. Phonipara fuliginosa (Wred) Cantagallo. Voiatinia jacarinr (L.) Cantagallo; N. Friburgo Lund. Sycaiis flaveola (L.) (S. brasiliensis Euler) Cantagallo. Zonotrichia capensis (Mit; (Z. matutina Euler ; Z. pi- leata aut.) Cantagalo; N. Friburgo P. Poospiza thoracica (Nordm.) N. Friburgo B.e Y. e P. Ammodromus manimbe (Lacht.) Cantag.; N. FriburgoB. Coryphosphingus preatus Wired. Cantagallo Paroaria iarvata (Bodd.) N. Friburgo Y. Ostinops decumanus (Pail.) Cantagallo. Cassicus hæmorrhous aphanes (Beri.) Gantagallo. Motothrus bonariensis (Gm.) (M. sericeus Euler) Can- tagallo; UN. Friburgo B.1e Y. e P: Icterus tibiairs (Sw.) Cantagallo ; N. Friburgo B. Aphobus chop: (Veerii.) Cantagallo. E, B. Passeres: Clamatores ad. OLIGOMYODAE Arundinicola leucocephala (L.) Cantagallo. Alectrurus tricolor (Vieill.) Cantagallo. Cybernetes yetapa (V.) (Alcetrurus risorius Euler nec V.) Cantagallo. Sisopygis icterophrys ( Viel.) Cantagallo; N. Friburgo B. Je E Cnipolegus cyanirostris (Vieiil.) N. Friburgo Mus. H. von Berlepsch. e P. Muscipipra vetula (Licht.) Cantagalo. Copurus colonus ( Vieill) Cantagalo; N. Friburgo B. Piatyrhynchus mystaceus ( Vieril.) Cantagallo. Todirostrum poliocephalum (Wied). Gantagallo ; Nova Friburgo P. Euscarthinus orbitatus (Wied.) (imbatus Cab. H.) Can- tagallo. Euscarthmus guiaris (Temim.) N. Friburgo P. Ceratotriccus furcatus (Lafr.) Cantagallo. ig meee ventralis (Temm.) N. Friburgo P. Jrchilus auricutaris (Vierlt.) Gantagallo. Hapaloce ‘cus melorhyphus (Wied) Cantagallo. ja ogonotr ICCUS CXIMIUS (Temin.) Cantagallo ; N. Fri- burgo Bs.e P. Serphophaga nigricans (Veerli.) Cantagalo; N. Fri- burgo P. Serphophaga subcristata (V.) N. Friburgo P. Mionectes rufiventiris - (Licht.) Cantagallo; N. Fri- burgo P. Capsiempis flaveola (Licht.) Cantagallo; N. Fri- burgo B. Phyilomytas brevirostris (Spix) Cantagallo ; N. Fri- burgo Baresiks Phyliomyias griseocapilla (Lafr.) Cantagallo. Elainea caniceps. (Sw.). Cantagallo. Elainea pagana (Licht.) Cantagallo. Legatus aibicolits Vest. Cantagallo. D ii similis (Spix) (Saurophagus lictor Euler Il p. 226) Gantagallo ; N. Friburgo Y. Rhynchocyclus sulphurescens (Sp'x) Cantagallo. Pitangus sulphuratus masiniliant (Cab. Hein.) Gan- tagallo. Sirystes sibilator (Viertl.) Gantagallo ; N. Friburgo P. Myiodynastes solitarius ( Vedi.) (Scaphorhynchus audax Euler) Cantagallo; N. Friburgo B. e Y. Megarhynchus pitangua (L.) Cantagallo; N. Friburgo yew. : Muscivora swainsont (Peiz.) Cantagallo ; N. Friburgo B. Hirundinea belitcosa (Vieill.) (Muscivora ferruginea Kuler) Cantagallo. Myiobius bar batus (Gm) (M. xanthopygius Euler) Ganta- gallo; N. Friburgo. Myobius nævius (Bodd.) Cantagallo; N. Friburgo B. Einipidonax. bimaculatus (Lafr. et @ Orb.) (Empido- chanes euleri Cab.) Cantagallo. — 156 — Empilochanes fuscatus (Wied) N. Friburgo P. Myrochanes cinereus (Spix) Cantagallo. Myiarchus ferox (Gin.) Gantagallo ; Nova Friburgo P. Tyrannus melancholicus ( Vrerll.) Cantagallo. Milvulus tyrannus (L.) Cantagallo. Oxyrhamphus flammiceps (Temm.) N. Friburgo Y. Pipra rubricapilla ( Briss.) Gantagallo ; N. Friburgo B. Pipra leucocila (L.) Cantagallo ; N. Friburgo B. Machaeropterus regulus (Hahn et K.) Cantagallo; N. Friburgo B. e Y. Chiroxiphia caudata (Shaw.) Cantagallo; N. Fri- burgo P. Chiroxiphia pareola (L.) N. Friburgo Y. Iheura militaris (Shaw.) N. Friburgo Y. e B. e P. Chiromachaeris guiturosa (Desm.) (Pipra manacus. Euler) Cantagallo; N. Friburgo B. e Y.e P. Ptilochloris squamata (Wired) N. Friburgo Y. Heteropelma virescens (Wied) Cantagalle; N. Fri- burgo P. Neopelma aurifrons (Wied) (Elainea brevipes, Wied, Euler) Cantagallo; N. Friburgo P. Tityra inquisitor (Licht.) Cantagalo. Tityra brasiliensis (Sw) N. Friburgo B. Pachyrhamphus viridis (Vieill.) P. nigriceps Euler) Cantagallo; N. Friburgo Y. Pachyrhamphus rufus (Bodd.) (Bathmidurus melano- leucus Euler) Cantagallo; N. Friburgo B. e P. Pachyrhamphus polychropterus (Vieill.) Gantagallo. Lathria virussu (Pelz.) Cantagallo Attila cinereus (Gm.) Cantagallo; N. Friburgo P. Lipaugus simplex (Lacht.) Cantagallo. Plubalura flavirostris (Vierll.) Cantagallo; N. Friburgo Ba ey ON Xipholena atropurpurea (Wired) N. Friburgo B. Ampelion cucullatus (Sw.) N. Friburgo B. e Y. Aimpelion melanocephalus (Siw.) N. Friburgo B. Tijuca nigra Less. N. Friburgo Y. Cotinga cincta (Kuhl) Cantagallo ; N. Friburgo B. Calyptura cristata (Vieill.) Cantagallo; N. Friburgo Be Y. — 197 — Jodopleura pipra (Less.) Cantagallo ; N. Friburgo Y. Pyroderus scutalus (Shaw) Cantagallo ; N. Friburgo B. Chasmarhynchus nudicollis (Veerll.) Cantagallo ; N. Friburgo B e P. C. Tracheophones Lochmias nematura (Licht.) Cantagallo ; N. Friburgo Lund. Synallaxis ruficapilla (Veerll.) Cantagallo; N° Fri- burgo Lund. Synallaxis cinerascens Temm. Cantagallo. Synallaxis spixr Scl. (albescens Euler) Cantagallo ; N. Friburgo B. Synallaxis connamomea (Gin.) (S. mentalis Euler) Can- tagallo; N. Friburgo B. Siptornis pallida (Wied) N. Friburgo B. e Lund. Automolus ferruginolentus ( Wired) Cantagallo. Automolus leucophthalmus (Wied) Cantagallo. Philydor atricapillus (Wied) Cantagallo. Philydor rufus (Vieill.) Cantagallo; N. Friburgo Lund. Philydor lichtensteini Cab. et H. Cantagallo. Heliobletus contaminatus Pelz. N. Friburgo B. Xenops rutilus Licht. Cantagallo. Xenops genbarbis Ill. N. Friburgo B. Anabatordes fuscus (Vieill.) Cantagallo. Anabazenops rufo-superciliatus Lafr. N. Friburgo Bye: Pi Sclerurus umbretta (Licht.) Cantagallo; N. Fri-burgo B. e P. Sittosomus erithacus (Licht.) Cantagallo. Xiphocolaptes albicollis (Veerll.) Cantagallo; N. Fri- burgo B. Picolaptes squamatus ( Licht.) Cantagallo ; N. Friburgo B. Picolaptes tenuirostris ( Licht.) Cantagallo;N. Friburgo B. Xiphorhynchus procurvus (Temm.) Cantagallo ; N. Friburgo B. e Y. Dendrocincla turdina (Licht.) Cantagallo. Dendrocolaptes picumnus \ Licht.) Cantagallo ; N. Fri- burgo Lund. Batara cinerea ( Viel.) N. Friburgo B. Thamnophilus quitatus Veil. Cantag rallo. Thamnophiius leachi Such. N. Friburgo ves: Thamnophilus doliatus (L.) Cantagallo. Thamnophilus palliatus (Lacht.) Cantagallo; N. Fri- burgo B. Thamnophilus torquatus Siw.) T. scalaris Euler) Cantagallo. Thamnophilus severus (Lachi.) Cantagalo, Thamnophilus coerulescens ( Vierll.) Cantagallo. Thamnophilus naevius Licht. N. ¥ riburgo Ber Thamnophilus ruficapilus V. N. Friburgo P. Thamnophilus ambiguus Sw. (T. nigricans Euler) Can- tagallo. Biatas nigropectus (Lafr.) Cantagallo; N. Friburgo B. Dysithamnus xanthopterus Burm. N, Friburgo B. Dysithamnus gulluraiis (Lacht.) Cantagallo. Dysithamnus mentais (Temm.) Cant tagallo. Myrmotherula melanogaster (Spr 2) Cantagallo. Myrmotherula brecicauda (Sin) C Cantagallo. Myrmotherula qularrs (Sprx) Cantagallo ; N. Friburgo B. #Herpsilochinus rufinarginatus (Temin.) Cantagallo. Herpsilochmus pileatus (Licht.) N. Friburgo B. Formicivora rufalra (Lajr et d Orb.) Cantagallo. Formacivora genaer De Fil. N. Friburgo P Formicivora squamata (Licht.) Gantag allo: N.Friburgo P. Formicivora malura (Terin.) N. Friburgo ds Formicivora ferruginea (Licht.) Cantagallo. Terenura maculata (Weed) Cantagallo. Pyriglena eee (Veell.) (P. domicella Euler) Cantagallo; N. Friburgo P. Rhopocichla ai desaen (Wired) Cantagallo. Myrmeciza loricata (Licht.) GU Cantagallo ; N. Friburgo B. e”. Percnostola funebris (Licht.) Gantagallo. formicarius colma Gm.) Cantag allo: N. Friburgo B- Chamaeza brevicauda (Vieill.) Cantagallo ; INS Egas burgo P. Grailaria vinperator (Lafr.) Cantagallo. Conopophaga lineata (Wied) Cantagallo ; N. Friburgo Bier. EN — Conopophaga melanops ( Vierll.) Cantagallo. Corythopis calcarata (Wied) Cantagallo. Hi Macrochires Heliothrix auriculatus (Nordm.) Cantagallo; N. Fri- burgo B. Rhamphodon nevius (Dummont) Gantagallo; N. Fri- burgo B. Glaucis hirsuta (Gin.) Cantagalo; N. Friburgo. Chlorostilbon pucherani (Bowrc.) Gantagallo. Thaiuranca glaucopis (Gin.) (Glaucopis frontalis Euler). Cantagallo; N. Friburgo Y. Thalurania erephile (Less.) N. Friburgo B. e Y. Lampornis volicauda (Bodd.) Cantagallo ; N. Fri- burgo B. Petasophora serrirostris ( Veeili.) Cantagallo. Polytmus thaumantias (L.) N. Friburgo B. Leucochloris albicollis ( Vieril.) Cantagalo. Argyrtria brevirostris (Less.) Gantagallo; N. Friburgo B. Argyrtria tephrocephala ( Vierii.) Cantagllo. Eucephaia smaragdinea (Gould) N. Friburgo Reeves. Hylocharis sapphirina (Gin) N. Friburgo B. Hylocharis cyanea (Vreull.) N. Friburgo B. Phaethornis eurynome (Less.) Gantagallo ; N. Friburgo Eyes: Phaethornis squalidus (Natt.) Gantagallo; N. Friburgo B. Pygmornis pygmaeus (Spix) Cantagallo; N. E riburgo ne Aphantochroa cirrhochloris Vierll. N. Friburgo Y. Ciytolaema rubinea (Cm) Gantagallo ; N.F ribur go B. Floresuga fusca ( Vierll.) Gantag allo: N° Friburgo B. e Y. Cephalolepis delalandii ( Vieill.) Cantag gallo : N. Fri- burgo B. Calliphlox amethystina (Gin.) Cantagallo. Smaragdochrysis wridescens Gould N. Friburgo Reeves. Lophorns magmficus ( Veerll.) Gantagallo ; N. Friburgo ONE Prymnacantha langsdorffi (Bonn. et V.) Cantagallo ; N. Friburgo B. e Y. — 160 — Chaetura zonaris (Shaw. Cantagallo; N. Friburgo B. Chaetura pelasgra (Weed) (Acanthylis oxyura Euler) Cantagallo; N. Friburgo B. Caprimulgus rufus Bodd. N. Friburgo B. Nyctidromus albicollis (Gim.) Cantagallo. Macropsalis creagra (Bp). Cantagalo; N. Friburgo B. Lurocalis semitorquata (Gin.) N. Friburgo B. Nyctibius aethereus (Wed) Cantagallo. Nyctibius grandis (Gm.) Cantagallo; N. Friburgo B. III. "ici Chloi onerpes erythropsis (Vieill.) Cantagallo. Chloronerpes aurulentus (Temim.) N. Friburgo Y. Chloronerpes brasiliensis (Sw.) Cantagallo. Chrysoptilus melanochlorus (Gm.) Gantagallo ; N. Fri- burgo Y. Melanerpes candidus (Otto) Gantagallo ; N. Friburgo B. Melanerpes flavifrons (Vieill.) Gantagallo; N. Fri- burgo Y Dendrobates maculifrons (Spix) Cantagallo; N. Fri- burgo B. Celeus flavescens (Gin.) Cantagallo; N. Friburgo Y. Campophilus robustus (Licht.) Cantagallo. Ceophlowus lineatus (L.) Cantagallo; N. Friburgo B. Ceophlous erythrops (Valenc.) Cantagalo. Picumuns cirrhatus (Temm.) Cantagallo; N. Fri- burgo Y. Picumnus pygmaeus (Licht) N. Friburgo Y. IW Coccyges Boryphthengus ruficapillus (Vieill.) Cantagalo. Ceryle torquata (L.) Cantagallo; N. Friburgo. Ceryle amazona (Lath.) Cantagallo; N. Friburgo Be" Xe Ceryle americana (Gm.) Cantagallo; N. Friburgo B. Ceryle inda (L.) Cantagallo. Trogon atricollis Vieill. Cantagallo; N. Friburgo B. ey. Trogon viridis (L.) Cantagallo; N. Friburgo Y. — 161 — Trogon aurantius Spix. Cantagallo; N. Friburgo B. Galbula rufoviridis Cab. Cantagallo ; N. Friburgo Y. Jacamaralcyon tridactyla ( Vieill.) Cantagalio : N. Friburgo: Bi. e Y. Bucco swainsont Gray. Cantagalo; N. Friburgo Y. Malacoptila torquata Hahn et JK. Cantagallo; N. Friburgo Y. Nonnula rubecula (Spix) Cantagallo; N. Friburgo B. Chelidoptera tenebrosa brasiliensis Sel. Cantagallo. Crotophaga ani (L.) Cantagallo. Guira guira (Gm.) Cantagallo; N. Friburgo Y. Diplopterus naevius (L.) Cantagallo; N. Friburgo Bi e ¥. Dromococcyx phastanellus (Spix) Cantagallo. Piaya cayana cabanisi (Allen) Cantagallo; N. Fri- burgo Y. Neomorphnus geoffroyi (Temm.) Cantagallo. Coccyzus euleri (Cab.) Cantagallo. Rhamphastos ariel ( Vig.) Gantagallo ; N. Friburgo B. Rhamphastos dicolorus (L.) Cantagallo; N. Fri- burgo Y. Andigena barllon (Veell.) Cantagallo; N. Friburgo e Vo Pteroglossus iviedi (Sturm) Cantagallo. Selenidera maculirostris (Licht.) Cantagallo; N. Fri- burgo Y. WV Psittaei Ara maracana (Veil) N. Friburgo B. Conurus leucophthalmus ( Viecll.) Cantagalo ; N. Fri- burgo B. Conurus aureus (Gm.) Gantagallo ; N. Friburgo B. Pyrrhura cruentata ( Wied) Cantagalo; N. Fribur go B. Pyrrhura vittata (Shaw) Cantagallo. Pyrrhura leucotis (Licht.) N. Friburgo B. Psittacula passerina (L.) Cantagallo. Brotogerys tirica (Gm.) Cantagallo. Brotogerys chiriri ( Vieill.) N. Friburgo B. Chrysotis farinosa (Bodd.) Cantagallo. ieee Chrysolis aestiva (L.) Cantagallo. Chrysotes vinacea (Weed) N. Friburgo Lund. Pionus maximeliant (Vreril.) N. Friburgo Lund. Pionus menstruus (L.) N. Friburgo B. Triclaria cyanogaster (Vreill.) Cantagalo; N. Fri- burgo B. Pionopsittacus pilealus (copo Cantagallo ; N. Fri- burgo B. Urochroma surda (Jil.) N. Friburgo Y. WE Striges Strix flammea (L.) Cantagallo; N. Friburgo B. Asio mexicanus (Gm.) N. Friburgo B. Syrnium perspicillatum (Lath.) Cantagalo. Syrnium hylophilum (Temin.) N. Friburgo B. Scops brasilianus (Gin.) (S decussata Euler) Cantagalo. Glaucidium ferox ( Veerll.) Cantagallo. Giaucidium punuilum (Temm.) N. Friburgo B. WIT Accipitres Catharista atrata (Bartr.) Cantagallo. Cathartes aura (L.) Cantagallo. Polyborus tharus (Mol.) Cantagallo Lbycter chimachima ( Vieril.) Cantagallo. Micrastur ruficollis ( Vierll.) Caïtagallo ; N. Friburgo B. Antenor unicinctus ae Cantagallo. Geranospizias caerulescens ( Vieill.) N. Friburgo B. Astur pectoralis (Bp.) Cantagallo. Accipiter tinus (Lath.) Gantagallo. Accepiter erythrocnemis (Gray) (A. striatus Euler) N. Friburgo B. Accipiler pileatus (Temm.) N. Friburgo B. Heterospisias meridionalis (Lath.) Cantagallo. Buleola brachyura (Vieill.) Cantagallo. Asturina natterer: (Sel. Sale ) Cantagallo. Asturina nitida (Lath.) Cantagallo; N. Friburgo B. Busarellus nigricollis (Lath.) Gantagallo ; N. FriburgoB. Leucoplernis lacernulata (Temm.) Cantagallo. Thrasaetus harpyra (L.) Cantagallo. — 165 — Morphnus quianensis (Daid.) Cantagallo Kuler e B. Spistastur melanoleucus ( Veeril.) Cantagallo. Spisaetus tyrannus (Weed) Cell N. Friburgo B. Hlanoides forficatus (L.) Gantagallo ; N. Friburgo E Leptodon cayennensis (Gin.) Cantagallo. Harpagus diodon (Temin.) Cantagallo. Harpagus tidentatus (Lath.) Cantagallo. Ictuna plumbea (Gm.) Cantagallo ; N. Friburgo B. Falco aurantius (Gin) Cantagallo. Tinnunculus emnamominus (Sis s.) Cantagallo; N. Fri- burgo B. E% Hlerodiones Leucophoyx candidissima (Gin.) Cantagallo; N. Fri- burgo Y. Butorides striata (L.) (Ardea scapularis Euler) Cantagallo. K Anseres Carrina imoschata (L.) Cantagallo. Nettion brasiliense (Gm.) Cantagallo. KE Columbae Coluinba pluinbea ( Viecll.) Cantagallo ; N. Friburgo B. Zenaida auriculata (Des Murs) Cantagallo. Chamaepelia talpacoti (Temm.) Gantagallo; N. Fri- burgo Y. Peristera cinerea (Teinm.) Gantagallo ; N. Friburgo B. Peristera geoffroy: (Tenin.) Cantag calo; NE riburgo B. Leptoptila veichenbachi (Pelz. ) (Peristera frontalis Euler) Cantagalo. Geotrygon violacea (Temin.) Cantagallo. Geotrygon montana (L.) Cantagallo; N. Friburgo B. XII Gallinae Odontophorus capueira (Spix) Cantagallo; N. Fri- burgo B. — 164 — Cras carunculauta (Ternm.) (G. rubrirostris Euler) Can- tagallo. Penelope superciliaris (JU.) Gantagallo («Jacupemba»). Penelope jacquacu (Sprx) Gantagallo («jacu-açu»). Pipile jacutinga (Spx) Cantagallo. XIII Paludicolae Linnopardalus nigricans ( Vieill.) Cantagallo; N. Fri- burgo B. ° Aramides saracura (Spix) (A. plumbeus Euler) Can- tagallo ; N. Friburgo B. Porsana albicollis ( Viel.) Gantagallo ; N. Friburgo Lund. Creciscus inelanophaeus (Vierll.) Cantagallo. Gallinula galeata (Lath.) Cantagallo. Porphyriola martinica (L.) Cantagallo, XIV Limicolae Jacana jacana (L.) Gantagallo. Belonopterus cayennensis (Gm.) Gantagallo. Totanus flavipes (Gin.) Gantagallo ; N. Friburgo B. Gallinago frenata (Jll.) Cantagallo. X VII Pygopodes Podiceps domimeus (L.) Cantagalo. XIX Crypturi Tinamus solitarius ( Veeill.) Cantagalo. Crypturus obsoletus (Temm.) Gantagallo; N. Friburgo B. Crypturus tataupa (Temm.) Cantagallo ; N. Friburgo. Crypturus noctivagus (Weed) Cantagallo. Cryplurus pileatus (Bodd.) Cantagallo. LO 4 EI A DE M ORREL 1 A AQUIM ( Jf ) Joaquim Correia de Mello « JOSE’ DE CAMPOS NOVAES Entre todas as personalidades, que illustraram Cam- pinas—este fôco da vitalidade mais pujante do Estado de S. Paulo, nenhuma mais modesta pela vida recata- da, nenhuma mais operosa, nenhuma conseguiu fora do paiz um respeito mais profundo pelos seus meritos de observador sagaz. Nessa mesma penumbra de modestia que o cercou e da qual foi forçado a sahir nos seus ultimos dias, é que se torna tão sympathico obrigando aquelles que de- sejam reconstruir a série de suas descobertas a um tra- balho difficultosissimo ; porque pareceu sempre escon- der aos olhos profanos a serie de seus escriptos, que será sempre uma mina inexgottavel de agradaveis sor- presas quando os annaes da sciencia botanica forem com- pulsados com a tenacidade necessaria para de lá trazer- mos à luz os seus trabalhos espalhados na Europa entre seus numerosos correspondentes. (1) A redacção desta Revista com a publicação do presente trabalho deseja prestar justa homenagem 4 memoria do benemerito botanico cam- pineiro J. Correia de Mello e agradece ao distincto auctor a auctori- zação de reproduzir o artigo acompanhado do retrato que foi estam- pado no DIARIO DE Campinas aos 16 de Abril de 1899. — 77. von Ihering. — 166 — Era uma série de diamantes amorosamente lapida- dos com os quaes elle mimoseava, ora um, ora outro dos seus pares e profundos admiradores. A série de elementos biographicos que consegui colligir dará, assim o espero, uma idéa bastante exacta das suas descobertas mais notaveis. Quanto ao retrato moral do bondoso velhinho, que tantas creanças fez novamente sorrir a seus paes au- xiliados perante as creaturinhas, cuja pathologia elle tanto e tão desveladamente soubera aprofundar e revi- gorar com os expedientes do seu espirito inventivo e perspicaz, já a penna fulgurante do poeta campineiro, Dr. Francisco Quirino dos Santos, (*) que pessoalmente o conheceu, nos deixou fielmente burilado. Resta a fazer ainda uma tarefa mais urgente, qual a de congregar e enfeichar na sua biographia os seus titulos scientificos, como existe já para Frei Velloso e Freire Allemão, nos annaes do Instituto Historico do Rio de Janeiro. Essa tarefa tomo-a agora em proporções mais con- sentaneas com minhas forças; maximé attendendo à im- possibilidade de remontar às fontes e aos annaes das sociedades scientificas todas das quaes era elle membro proeminente. A sua existencia perpassou sem incidentes nota- veis, como convem a um excellente burguez e amoro- so pai de familia. Não me consta que lhe tivesse acontecido incidente algum sensacional. Sua vida não differe das niuitas outras, de paulistas bem educados, porém sempre guiados pela mais estreita honestidade, como convém a todo o bom cidadão que sabe ser util, merecendo o respeito dos seus contemporaneos. (*) F. Quirino dos Santos—Almanak de Campinas seguido do ae Rio Claro para 1873, pagina 81. — 167 — Nasceu J. Correia de Mello em São Paulo, a 10 de Abril de 1816 e falleceu a 20 de Dezembro de 1877. Seu pai, portuguez, tornou-se brasileiro adoptivo, depois de ter sido na sua patria capitão de cavallaria, e ter prestado bons e perseverantes servigos na conta- doria da fazenda provincial. Fôra o preceptor de seu filho nas primeiras letras ; entregando-o mais tarde aos cuidados do latinista André da Silva Gomes, muito apreciado educador, que o pre- parou para encetar a carreira juridica na nossa Academia. Já se tinha bem iniciado no terceiro anno lectivo no Corpus Juris, quando falleceu seu progenitor, que lhe legou a orphandade e a pobreza, apanagio forçado dos empregados publicos, deixando-o sem meios de pro- seguir na carreira encetada. Cogitou de se fazer militar, carreira para a qual a sua constituição debil não o tinha predestinado. Nesse momento critico deparou-se-lhe em S. Paulo um dos patriarchas da Independencia, F. Alvares Ma- chado de Vasconcellos, que reconhecendo no Joven Mello uma capacidade singular e aproveitabilissima, chamou-o para juncto de si, levando-o para praticar em sua pharmacia de Campinas. Affeiçoando-se a elle, levou-o ao Rio de Janeiro, em 1844, afim de inicial-o no curso regular de phar- macia. Recebeu seu diploma, optime cum laude, das mãos do Dr. J. V. Torres Homem. De volta a Campinas em 1836, o illustre parla- mentar offereceu-lhe sociedade na botica, emquanto ia à Corte trabalhar pelo Brasil. Durante os vinte annos seguintes continuou na faina quotidiana das manipulações chimicas, exercitando-se, ao mesmo tempo, na cura gratuita, especialmente das creanças, em que se tornou insigne; assim como na applicação da medicina popular da nossa materia me- dica da flora inexgottavel e mysteriosamente desconhe- cida do Brasil. 168 — Lentamente foi colligindo factos e observações de pathologia e os effeitos beneficos obtidos pelos cwran- deiros, que com boa critica foi annotando até se accu- mular no repertorio de medicina domestica que appa- receu editado sob o escudo do diploma dontoral do dinamarquez Dr. Langaard. O Dr. Theodoro J. H. Langaard era um desses espiritos vastos e observadores, que vindos do estran- geiro no meiado do seculo, se congregaram em Cam- pinas numa pleiade illustre entre os quaes ennumera- mos: Hercules Florence e o Dr. Ricardo O’Conor Gumbleton Dauntre. Todos, ao lado de J. €. de Mello, elaboravam ale- vantados problemas scientificos, quer nas sciencias na- turaes, medicas e historicas cujos especimens ora davam em resultado no Diccionario de Medicina Popular— ora em excavações de ineditos, como a Genealogia Paulista, offerecida pelo Dr. Ricardo e editada pelo Instituto Historico do Rio; ora em experiencias chimi- cas, como as feitas em collaboração com Hercules Flo- rence sobre a Photographia. Os documentos sobre esta ultima descoberta scien- tifica, das mais uteis do nosso seculo XIX, e que foi effectuada em Campinas por Hercules Florence e com- pletada pelas subtilissimas manipulações chimicas de J. C. de Mello, estão em poder dos seus netos que devem dar-lhe a publicidade que merece Não reivindicaram publicamente a invenção, por coincidir com identica descoberta de Daguerre e Niepce em França. Este facto só, devidamente explanado, dará idéa da profundeza das pesquizas a que se entregavam neste recanto provinciano esse conjuncto de homens superiores. O preclaro Dr. CG. F. Philippe von Martius agra- decendo em carta, ao editor Henrique Laemmert, da- tada de 18 de Novembro de 1867, usa de phra- ses alevantadas referindo-se a essa bella obra do Dr. Langaard : to «Ao auctor e ao editor de uma importante obra nova, quasi sempre me trazem à memoria aquelles dois herdes homericos que pelejam juntos num carro de guerra, um, brandindo as armas valorosamente, o outro dirigindo ousado os cavallos frementes. Do mesmo modo ayisto daqui, por occasiao da pu- blicação do sr. Dr. Langaard, v. s. unido com um va- loroso combatente, sentindo-me irresistivelmente levado a applaudir a ambos em testemunho de minha sympa- thia e approvação de uma grande empreza literaria digna de louvor». O leitor, à primeira vista, pensaria que cabe ao collaborador modesto que nem quiz que se offerecesse aos olhos de von Martius a parte que lhe cabia no triumpho desse magno prelio; elle sô deixära a seu amigo referir-se a elle na 2.º edição, cujo prefacio re- fere-se à parte botanica sómente; quando é notorio, em Campinas, que seu trabalho se extendeu a uma colla- boração effectiva sobre toda a obra: «Sendo as plantas medicinaes indigenas do Brazil, diz o Dr. Langaard, de grande importancia medica, e tendo muita applicaçäo, maxime no interior do paiz, lembrei-me de as tornar mais conhecidas ; e, para esse fim, de muito me valeu o auxilio do meu distincto e sabio amigo o Hlmo. Sr. Joaquim Correia de Mello, ilustrado pharmaceutico da cidade de Campinas». A modestia excessiva, e o desprendimento com que alienava de si os seus trabalhos e descobertas, foi sem- pre um predicado indelevel de seu caracter. Von Martius cuja obra classica sobre a Materia medica brasileira tão bem soube prezar o seu conti- nuador campineiro, por elle aliás então ignorado, en- carregou um seu collega de Munich (Baviera) o Dr. J. B. Ullersperger, de dar um parecer critico. Referindo-se à contribuição da botanica medica in- digena, reconhece o relator o merito da tentativa e as lacunas forçadas do nosso meio scientifico ainda embryo- nario : | « Naturalmente, diz este relator, näo podemos exi- — 170 — gir que todos esses novos corpos tenham passado pela analyse chimica e pela physiologia experimental, como acontece sempre, quando o medico europeu descobre no velho mundo alguma planta medicional ainda des- conhecida; muitas vezes, pelo contrario, somos obriga- dos a contentar-nos com os resultados do empirismo menos scientifico.» Aquillo que lá é a excepção, por aqui é e será a regra, por muito tempo. No dominio da chimica medica, sous serviços são notorios. Procurou Mello isolar corpos e extractos di- versos que elle enviava perfeitamente acondicionados para os especialistas européus, que consignavam nos annaes da pharmacopéa as suas valiosas contribuições ; pelas quaes mereceu ser nomeado membro correspon- dente da British Pharmaceutical Conference, de Lon- dres. Quanto não me foi grato ler na obra classica de Flukiger, (*) tratando dos balsamos, o topico seguinte sobre o Cabureiba preto : «Um bello exemplar desta substancia Myrocarpus frondosus Allenão, acompanhado de elementos de her- bario, foi offerecido a um de nós (Hambury) por Mr. J. Correia Mello, de Campinas, Brasil. E' uma resina com o aspecto do «Balsamo de Toulou», mas tinto com uma côr mais escura, e me- nos vermelha e de uma dureza maior». Na literatura medica do seu tempo será facil col- ligir muitos outros exemplos das suas investigações ex- perimentaes sobre os medicamentos indigenas ; dominio scientifico esse onde conta bem poucos successores na classe medica brasileira. * * * Durante a elaboração do Diccionario de Medicina Popular, as aptidões especiaes para a sciencia das plantas se revelaram aos olhos dos amigos intimos. (*) Flukiger et Daniel Hambury —Histoire des drogues d'origine vegetale, volume I, p. 379. Mais tarde, apôs a diffusäo pelo Brasil dessa obra tão necessaria de vulgarisação de tantos segredos cio- samente armazenados na tradição dos curandeiros e empiricos, que de um momento para outro tiveram que rever as suas plantas ao lado da correcta classificação scientifica, mais notoriedade ainda adquiriu pela sanc- ção e approvação dos extrangeiros, que nesse reposito- rio botanico iam se orientar “sobre as propriedades das plantas medicinaes indigenas, ou acclimadas, ou usadas nas drogarias do interior do paiz. Começaram a aflluir ao seu gabinete as corres- pondencias cheias de pedidos, e de problemas cuja so- lução esperavam não só da sua competencia, como da sua posição sedentaria numa região tropical apenas herborisada às pressas por viajantes que não podiam acompanhar a evolução embriogenica e morphologica de diversas classes de plantas, mal representadas em especimens seccos nos Museus Europeos. Logo começaram a prezar o seu concurso nos problemas propostos pelos especialistas que pediam os seus pareceres sempre proficuos; e foram estes amigos longinquos que o propuzeram como membro de varias sociedades scientificas, entre as quaes se conta a Li- nean Society de Londres, em cujos annaes (*) pude eu colligir as memorias botanicas assaz interessantes, que procurarei summariar nas notas que seguem : I. No volume X, pag. 1, do Journal linneano o celebre viajante Spruce, que colligiu e classificou os Musgos e as Hepaticas da America Meridional, leu perante a sociedade um trabalho de Correia de Mello sobre as Papaiacee. Esta memoria descreve o Jaracatiá (“aracatiá do- decaphylla P. DG.), que por sua inconsistencia na fructificação, desfaz-se toda depois de secca; o que im- possibilita sen estudo nos herbarios, pelos botanicos que não podem estudal-o na planta viva. (*) The Journal ot the Linnean Society — Botany—volume X—XVIII. Demonstrou as aflinidades das Papaiace:e com as Pasifloraceas. Desereveu tambem o Mamão (Carica Papaia L.) «Em resumo, diz Spruce, apenas pode-se dizer que as Papaias possam ser ditas «bem conhecidas». Porque de muito poucas dentre ellas nossos her- barios contêm especimens de ambos os sexos, e suas inflorescencias, mesmo daquellas tidas e havidas como as mais communs, ainda não tinham sido traçadas em todas as suas faces embriogenicas evolutivas antes do trabalho do Senhor Mello, o qual, esperamos, conti. nuará suas interessantes investigações não só sobre as Papaiacee, como sobre todas as plantas a seu alcance, que por suas proporções e sua perecivel natureza, não podem ser estudadas em herbarios seccos.» Eis, portanto, traçado o elogio e o quanto se espe- rava da sua capacidade de observação nas regiões tro- picaes, onde todas as arvores estão vivas, e não são simples mumias de museus, cuja evolução só aqui póde ser acompanhada e descripta à medida que passam por diversas phases morphologicas e embriogenicas. Il. No volume XIV pagina 4, do mesmo Journal, se encontra uma optima e longa diagnose sobre a Ci- sampelos vitis de Velloso, que Miers (*) reconheceu ser a sua Odontocarya ocuparata Miers, que esta de- senhada na sua obra monographica sobre as Menis- perimacee. Tal diagnose o botanico inglez diz ser a exacta contraprova das suas observações e analyses desse ge- nero diclinio, da familia das Menispermiaceas. No volume anterior, no XJ, do mesmo Journal da sociedade Linneana, pagina 261, onde estudou uma serie de plantas dos arredores de Campinas, elle ja tinha dito que «acreditava pertencer ao genero Odon- tocarya de Miers»; mas que por outros motivos revi- sou levando a especie para o genero Durasua de (*) Miers--Contributions to Botany, taboa 100, vol. II. Thouars. A retificação do especialista inglez deante da bella diagnose de Mello reunindo a fôrma feminina à fórma masculina da especie, bastam para demonstrar a rigorosa perfeição das suas descripções. HJ. Nesse mesmo volume XI, lemos uma longa carta enviada a G. Bentham intitulada — Notes on some Brazilian plants from the neighbour hood of Campinas — lida a 4 de Novembro de 1869. Referem-se estas notas a colleccdes de plantas de varias familias, interessantes sob diversos aspectos. Observou a immersäo das flores da Arachis hy- pogea L., vulgo Mendom, sob a terra, e comparou-a com a Voandzeia subterranea que os africanos aceh- maram aqui. Reviu a serie de Cucurbilaceas dos arredores que Pacifico Mango, de terrivel memoria em Campi- nas, classificira e estudára segundo as propriedades medicinaes. Diagnosticou minuciosamente em latim a especie unica do genero Anisosperma de Manco, que desde então se tornou definitivamente constituido e acceito na sciencia. Referiu-se ao Pacovi do genero Aflpinim cultiva- da nos quintaes e pertencente à familia das Zingê- beraceæ ; enumera as Cannaceas, vulgo biry; e as Maranthaceas cultivadas como a araruta, e o Caeté das mattas. Sobre as Musaceas cultas, e sobre as Heliconias das circumvisinhangas da capital paulista, e muitas ou- tras plantas interessantes ou pouco estudadas fornece noticias uteis aos phytologistas. IV. Segue à pagina 263 do mesmo volume XI, a diagnose da Myrocarpus frondosus Allemão já as- signalada atraz. Essas dissertações, todas de valor scientifico pelas novidades emittidas, dão perfeita idéa das suas predi- lecções e dos seus recursos bibliographicos ; assim como das lacunas insanaveis de que se achavam, ha 30 annos, — 174 — rodeados os botanicos brasileiros antes da vasta publi- cação da Flora Brasiliensis. Armado desse repertorio, as numerosas duvidas. que, a cada passo, detinham a penna de Mello, cessariam em grande parte. Onde o Podromus dos De Candolle nada adian- tava ha 30 annos, agora encontramos explanado, sys- tematisado e gravade em grandes planchas no formato folio maximo dos herbarios seccos. Nas monographias mais recentes é facilimo reco- phecer, com sufficiente probalidade de certeza, se temos. uma especie nova ou mal descripta para offerecer aos especialiastas europeus. Na cryptogamia microscopica ainda laboramos nas: mesmas condições de Correia de Mello. Se de um lado as novidades scientificas são mais numerosas; de outro lado, os meios de classifical-as ainda não estão elaborados de modo sufficiente para po- dermos desbravar o terreno ainda maninho dos seres. inferiores. ie A obra capital, na qual se absorveram todos os lazeres de Meilo, que nella concentrou toda a activida- de intellectual do seu ultimo decennio de vida operosa em pról da sciencia, foi sobre as bellas e matisadas campanulas de colorido, proporções, attitudes e nume- ro que attingem os mais altos cimos das florestas, so- bracando com seus multiplos ramos até encobrir a fo- lhagem dos maiores gigantes das selvas; quando não são arvores como as Zecomariæ (Ipê) que se revestem exclusivamente de esplendidas flóres antes de desenvol- verem as folhas. Havia muita confusão nos generos e muitas incer- tezas nas especies, distribuidas sem precisão alguma nos herbarios ; porque não estavam acompanhados das ca- psulas multiformes alongadas e lineareas até cerca de 50 centimetros ou echinadas e ovaes, como as que deno- minam pinturescamente—«pentes de macaco». Quanto as tiges, de uma estructura anatomica curio- sissima, com lenhos sobrepostos cruzados e alternados com o liber da casca; estavam dispersas nas collecções sem ser possivel aproveital-as por falta de indicações que as identificassem com as flores classificadas nos herbarios. Um dos mais auctorisados botanicos francezes, O venerando Mr. Dr. Edouard Bureau, professor do Mu- seu de Paris, deliberou dirigir-se aos naturalistas, mais sedentarios e residentes nas regiões tropicaes da Ame- rica, onde fulguram as bellas flóres das Bignonias para que com mais cuidado e certeza reunissem as flores aos fructos maduros e não se olvidassem tam- bem de addicionar a estas os lenhos da base dos caules. Para que essas pesquizas viessem a tomar as pro- porções duma monographia de especies bastante com- pleta que viesse servir de complemento à sua Mono- graphie des Bignonacêes, obra primorosa em que es- tabeleceu apenas os generos, acudin-lhe a idéa de apro- veitar os naturalistas que conhecia na America Meri- dional. Essa empreza scientifica tornou-se, tanto para o respeitavel especialista francez como para o seu colla- borador brasileiro, a norma e fim de todas as suas fa- culdades mentaes, dirigidas para a elaboração de um pro- blema vasto como a bella e rica familia vegetal que, ao lado das Orchideas, mais exorna de cores brilhantes a primavera eterna do Brasil. Eis como o proprio Mr. E. Bureau (*) narra a sua feliz correspondencia ligada com o nosso modesto e ope- roso conterraneo : —- «Occupando-me desde muito tem- po da monographia das Bignoniaceas, tive que dar uma attenção especial ao estudo das tiges. Quando co- mecei este trabalho, muitos dos fragmentos de lenho x pertencentes a esta familia existiam, é verdade, nos (*) E. Bureau—Buletin de la Societé Botanique de France- Sé- ance du 5 Janiver 1872, pag. 15. museus botanicos ; mas a maior parte dos especimens estavam sem denominação e indeterminaveis. Não se podia, portanto, cogitar de extrahir do exame delles conclusões applicaveis a uma classificação natural. Nes- se ponto de vista, a colleccäo de tiges de Bignoniaceas deveria ser refeita inteiramente e em condições de dif- ficuldades de todo peculiares. Effectivamente, os fructos são, em muitos casos, indispensaveis para darem-se ao trabalho de marcar os pês sobre os quaes elles colheriam os especimens em flores e voltarem n'uma outra estação para colher os fructos e cortar a tige. Estas, por causa das differenças que apresenta a madeira, segundo a edade, deveriam ser representa- das por pedaços que indicassem a madeira segundo as diversas épocas do seu desenvolvimento ; deve- riam ser tiradas amostras de todas as grossuras, des- de a parte mais espessa do tronco até os ramusculos mais gracis. Certamente era exigir muito. tedigi, todavia, instrucções nesse sentido, e as en- viei para todos os correspondentes que pude encontrar na America do Sul e na America Central. Minhas pri- meiras tentativas nesse sentido datam de 1868. Hoje possuo (1872) mais de 150 especies de Bi- enoniaceas, cuidadosamente recolhidas com flor, fructo e tige, ramos e muitas vezes tambem com raizes. Tres quartas partes (3/4) approximadamente desta colleccäo provêm das pesquizes de Mr. Correia de Mel- lo, que reside em (Campinas, provincia de S. Paulo, no Brasil, e de Mr. Glaziou, director do Jardim Publico do Rio de Janeiro. Graças ao zelo e à actividade destes dois botanicos, haverá d'ora em diante pouca cousa a ajuntar para a historia do Sul do Brasil». A colleeção de Mello foi numerada até a 65° especie recolhida por elle, e acompanhada de notas numerosas distribuidas em uma serie de correspondencias ou me- morias, que se foram completando umas às outras du- ee el = rante um decennio, notas estas que estão em poder do signatario destas linhas. As discussões sobre os caracteres genericos for- mam o conteudo de longas dissertações, que receberam completa acceitacäo por parte de Mr. Bureau que del- las se aproveitou largamente nos seus estudos sub- sequentes. Mr. Glaziou , recolheu em suas vastas excursões botanicas outro tanto, até aquella data; e como perse- verasse a colligir mais de duas dezenas de milheiros de plantas, conseguiu addicionar ainda, durante os 15 annos seguintes, antes de partir do Brasil, uma serie riquissima em novas especies. Pena foi não lhe ser permittido juntar a seus im- mensos trabalhos de herborisador, notas mais minucio- sas sobre a procedencia de grande parte das Bignonia- ceas ; pois lemos a cada momento nas listas dos her- barios citados na Flora Brasiliensis, à pagina 245— Bigroniaceas, por exemplo : Lunvia NITIDULA, J. C. Mello, a Provincia Sante Pauli prope Santos, N. 49—Glaziou Ns. 4105, 4711, 6645, 11249 e 12993, locis haud accuratius addicts grobabile maxima pro parte e Provincia Rio de Ja- nero. Isto prova, que seas colheitas foram mais nume- rosas, e levadas a cabo num espaco maior de tempo e de territorio, näo foram acompanhadas de commen- tarios, où mesmo de annotações comparaveis às profun- das confrontaçües diagnosticas de Mello. A correspondencia de Mello com Mr. Bureau pro- seguiu activamente de 1868 até o cerco a Paris em 1871, em que enviou de uma só vez, uma grande me- moria contendo ao lado dos especimens floristicos, bel- los desenhos que Mr. Bureau destinava às Transactions da Linnean Society, devidos ao habil pincel «shvl full pencil» de Miss Francisca Correia da Silva Mello, na phrase de J. Dalton Hooker, o patriarcha dos botani- cos inglezes. O intermediario que se encarregara de remetter o — 178 — precioso deposito scientifico. Mr. A. L. Garraux, (que nao cheguei a conhecer, por ter se retirado de S. Pau- lo ha muitos annos) por um motivo qualquer indepen- dente da sua vontade, não conseguiu rehaver noticias do manuscripto entregue aos seus cuidados. Esse facto foi um golpe tremendo no animo de Correia de Mello, que se descurou d’ahi em deante de seus estudos predilectos, com grave damno para sua fama e para a sciencia brasileira. Durante vinte annos ouvi circular em Campinas versões e lendas sobre esse precioso monumento scien- tifico ; até que, em 1895, resolvi utiliser os meus estu- dos botanicos na reivindicaçäo dos restos que ainda po- dessem ser aproveitados desses trabalhos. Recebi de D. Candida da Silva Mello um maço de papeis repletos de entrelinhas, de notas à lapis, divi- vidos em séries de annotações distribuidas em cadernos sem nexo apparente. Encontrei o fio de Ariadne desse labyrintho, pela numeração dos especimens de herbario enviados em memorias successivas a Mr. Edouard Bureau. Bastava, portanto, um pesado trabalho de coorde- nação e de eliminação das repetições, baseado na esco- lha das melhores lições do texto definitivo. O que me custou de trabalho para elaborar em ordem scientifica nesses rascunhos informes em que os orgãos nem ao menos eram observados e descriptos segundo o methodo usual; só aquelle que for exami- nar essas notas multiformes poderá julgal-o pelo que valem. Depois de passado a limpo em um volume folio da minha penna, procurei saber se ainda seria tempo de enviar essas notas impressas a Mr. Bureau que pos- suia, quando menos, os originaes anteriores a 1871. E enviei uma respeitosa carta a Mr. Bureau, que devia ser-lhe entregue de mão propria; mas della não recebi resposta. Em compensação, a outra copia identica da mes- ma carta, foi mandada para Berlim onde está de posse — 179 — dos papeis de Correia de Mello o Dr. Karl Schu- mann, a quem Mr. Bureau encarregou de dar a ultima de mão ao seu manuscripto das Bignonias, para que fosse publicado, em nome conjuncto, na monumental Flora Brasiliensis. Este illustre botanico do Museu de Berlim res- pondeu ao Senhor Dr. Alberto Lofgren que, effectiva- mente, possuia muitos manuscriptos acompanhando todo o herbario de 65 especies de Correia de Mello; mas que lhe não servia de auxilio algum, por não entender o portuguez. Isto escrevia elle um anno antes de sahir o 1. fasciculo das Bignonias; razão pela qual sustive qual- quer publicação até poder junctar o texto latino, tra- duzido por mim, às notas preciosas, que demonstra 0 valor e importancia irrecusavel que pelo confronto de ambos se transformam em commentarios mutuos. Ora, é obvio que Mr. Bureau já tinha expremido todo o succo das annotações de Mello; e que, portanto, é inutil cogitarmos até que ponto fora isso feito, visto o Dr. Karl Schumman ter apenas coordenado as ulti- mas novidades na materia. Desses factos, até a minha tentativa de fazer valer os trabalhos do conterraneo antes de sahir do prelo o f.º fasciculo na Flora Brasiliensis, haviam decorrido bons vinte e seis annos; por isso nada parecia poder reviver na memoria dos dois sabios collaboradores eu- ropeus, e vir reclamar o logar especialissimo que lhe cabe na turba multa dos viajantes que colligiram sem notas os especimens mal coordenados dos berbarios de- positados nos museus europeus. Lê-se no prefacio devido à penna de Karl Schu- mann: (*) «Nenhum orgäo ha de maior peso no systema, quando se tem de coordenar as Bignoneaceas, do que a indole e a forma dos fructos. O preclaro M. Bureau examinou e pintou em sua (*) Flora Brasiliensis — Bignoniaceæ, pag. 12., prefacio. a obra excellentissima e esplendidissima Monographie des Bignoniacces as capsulas de muitos generos desta familia com maximo cuidado. Durante muitos annos recebeu, principalmente da America do Sul, maleriaes wmmensos de capsulas que teve sob seus olhos prescrutadores ; com estudo diligentissimo este auctor celeberrimo resolveu as fór- mas mais intrincadas de diversos generos que na flo- ração se parecem tanto umas com as outras, € que nem o preclaro Pysamus De Candolle no Prodromus, nem os celebres Hooker e Bentham nas suas (Genera Plantaruin conseguiram confeccionar e que só elle conseguiu bem dividir e circumscrever». Só falta nesse esplendido e resonante latinorio O nome daquelle modesto coleccionador desses thesouros da flora americana que permittiram tirar do cahos uma das mais bellas familias de Phanerogamos tro- picaes. Apenas encontramos Mello citado na serie de via- jantes apressados que tudo reuniram às carreiras € sem critica. Ha, nesta emissão, uma injustiça clamorosa, e uma preterição que a publicação da monographia das Big- noniaceas na Hora Pavista ha de tirar do nada para a claridade dos archivos da sciencia. Algumas conjecturas são permissiveis de se emit- tir a respeito do destino ulterior do manuscripto en- viado a Mr. Bureau, por intermedio de Mr. A. L. Garraux. Ha ao menos um ponto de partida bem firmado pelas palavras seguintes encontradas, numa nota sobre o genero Haplolophinin de Kunth: «Sendo esta planta interessante não só pela sua "aridade nos herbarios, como porque ella firma o ge- nero Hapolophiun de Kunth, até agora duvidoso; € sendo possivel que por causa da guerra com a Prus- sia se tenham perdido os opontainentos que sobre es- ta planta remet a Mr. Bureau datado de 9 de Julho de 18703 por isso aqui reproduzo todo o con- teudo desses apontamentos que não continham a de- seripção das corollas, com as necessarias addicgoes e alterações». Ahi esta firmado o facto da perda de parte das dissertações. que foram novamente recopiadas das no- tas refundidas e melhoradas. Observando as datas e os papeis usados nas notas em meu poder, torna-se desde iogo patente tres ma- nuscriptos principaes. O primeiro contem uma alluviäo informe de rascunhos no primeiro periodo dos seus estudos, que motivaram a carta honrosissima de Mr. Bureau, datada de 20 de Novembro de 1868. O segundo, que denominarei suppiemento a esses rascunhos, contem melhor texto em papel azul, de carta, em que recopiou e melhorou grande parte das notas anteriores. Este manuscripto é anterior a 1870. O terceiro, em papel de requerimento, é posterior a essa data, e a nota acima citada pertence à desser- tação bellissima sobre o genero duvidoso que elle elu- cidou, o qual esta contido nas paginas 89—95 dessa 3.2 parte. A metade, portanto, do manuscripto, contendo a materia mais largamente explanada é certamente ine- dita; ou antes não chegou às mãos de Mr. Bureau conjunctamente com as plantas estudadas nos ultimos annos. Mas, ha um segundo facto importante que a mo- nographia publicada na Flora Brasiliensis nos attesta. _ Consiste esse segundo ponto firme da questão, na citação, senão de todos os numeros do herbario de Gorreia de Mello, ao menos da maior parte inciu- sive a ultima 652 especie colhida e descripta nos ma- nuscriptos. Se não ha engano nas informações que colhi a esse respeito, esses ultimos numeros do seu herbario foram — 182 — enviados a Europa depois do fallecimento de Correia de Mello. Donde se conclue: que effectivamente alguma par- te importante das dissertações poderia se ter perdido em companhia dos desenhos e das plantas cujas dupli- catas Correia de Mello conservou para si. Neste caso, segundo uma versão, consta ter sido perdido em naufragio o precioso manuscripto, essa perda foi restituida pelas duplicatas; segundo outras conjecturas gratuitas, houve desvio devido a algum in- termediario infiel que o quizesse usar sobrepticiamente, o que se torna possivel tambem. Mas eu positivamente affirmo, fundado nas mais pacientes pesquizas bibliographicas que essa obra nunca foi nem poderia ser publicada durante a vida de Mr. Ed. Bureau, que é a unica pessoa que pode- ria della usar sem ser denunciada por qualquer bo- tanico. Primo: consegui reunir todas as memorias de alguma importancia sobre Bignonias ; nellas nada denun- cia o uso desses apontamentos perdidos. Secundo : entre os botanicos qualquer planta só tem valor acompanhada de notas sobre a procedencia, e com nome certo de quem a apanhou. Se notas como as de Mello fossem publicadas, acompanhando taes plantas, seriam desde logo reconhecidas por Mr. Bureau, por serem taes dissertações escriptas em resposta às suas questões, que suggeriam ao nosso patricio a for- mula exacta das replicas. Tercio: um especialista domina a sua provincia tão despoticamente ou mais do que o Czar os seus do- minios. Nada escapa às suas vistas de argos, que prescruta e rectifica, segundo seu systema, todas as plantas novas, to- das as collecgdes de viajantes, que são os primeiros a sub- metterem às suas denominações todas as especies novas. Um tal arbitro existe vivo ha 30 annos de 1868 — 1898, para nada ter deixado passar despercebido, e esse é o proprio Dr. Edouard Bureau — 183 — Na communicação à Socrelé Botanique, acima ci- tada, elle diz possuir tres quartas partes de suas 150 especies enviadas por Mello e Glaziou. Mostrando-se Mr. Bureau tão satisfeito do seu thesouro não accusou omissão de especie alguma em 1872; portanto, em data posterior ao facto do desvio do manuscripto, elle devia tel-as todas. Desse conjuncto de circumstancias creio poder acreditar que, se os seus papeis existem, elles chegaram às mãos do destinatario. Em breve, poderei enviar a Monographia da Flora Paulista contendo as bignoniaceas, acompanhadas das notas todas de Mello. So então poderá Mr. Bureau ou o mais accessivel Dr. Karl Schuman nos informar a verdade deante das notas impressas, e dizer-nos quanto ha de inedeto na publicação das notas ultimas de Mello. Correia de Mello, tal como o vi, era um velhinho modestissimo. Nunca seus comtemporaneos suspeitaram todo o me- rito intrinseco desse bemfeitor das creanças e dos pobres. Só muito no fim da vida começou a transparecer a aureola de celebridade que da Europa culta se refle- ctia sobre sua personalidade. Não tenho senão vagas recordações desse excel- lente velho, que veio preoceupar-me tanto posterior- mente com os seus valiosos estudos botanicos. Todavia, lembro-me das suas visitas ao Culto à, Screncias, onde os directores o recebiam com todas as deferencias devidas a um espirito superior. Via-o encetar discussões com o Dr. Moretson e com Mr. Bentley sobre darwinismo, e evolucionismo e outras questões das quaes nada pescava então. — 184 — Sei, por tradiçäo, que Mello tomava o partido dos Cuvierianos de velha e solida tempera. Esse velhinho, que nunca conheci pessoalmente, tinha então cerca de 60 annos, magro, com uma testa oval, firme, serio e prescrutador, mas de maneiras lha- nas e prasenteiras. Delle conta-se como facto authentico, que D. Pe- dro II fora visitar a galeria de retratos da Linnean Society de Londres, da qual era socio (fellow) muito admirado e prezado pelas suas valiosas contribuições. Os sabios ciceroni que informavam sobre os va- rios socios que tinham a subida honra de figurar nessa selecta galeria de retratos, conduziram o monarcha brasileiro deante de um semblante para elle totalmente desconhecido. Com indescriptivel assombro os sabios inglezes, verificaram que era um desconhecido essa personalidade para todo o sequito imperial, inclusive o proprio D. Pedro II, que conhecia na ponta dos dedos as obras e os feitos mais ou menos notorios das mais obscuras figuras do mundo scientifico europeu, aos quaes D. Pedro Il costumava embasbacar enumerando-as aos proprios autores. Shocking ! Most shocking ! Que fiasco para um monarcha tão salvo que não conhecia um subdito desse valor ! Voltou ao hotel e tratou de indagar quem era esse senhor Joaquim Correia de Mello, de Campinas. Dentre varios paulistas houve um que escovando bem a memoria exclamou: -—Ora, conheço-o muito. O Joaquinsinho da Botica. O Imperador tomou a serio a licçäo. Vindo a Campinas em 1876, na occasião da inau- curação do gaz, mandou que o fossem procurar. E desde esse momento collocou-o ao seu lado na mesa e nas viagens de troly. Tive occasiao de acompanhal-os numa excursão à — 185 — fazenda Sete-Quedas, do Visconde de Indayatuba, em que o monarcha não o abandonou um momento. Queixou-se Mello, então, que seus numerosos cor- respondentes não conseguiram enviar-lhe nenhuma das erandes obras de von Martius. Effectivamente, nunca deparei em seus escriptos com uma unica citação desse autor fundamental sobre as nossas plantas conhecidas. O imperador apressou-se em enviar-lhe esse pre- cioso repositorio da botanica brazileira. Mello, mostrando o presente inestimavel aos ami- cos, exclamava : —Que pena que me viesse isso às mãos tão tarde, quando já me sinto cançado e desilludido. Se o pos- suisse quando trabalhava com ardor, ter-me-hiam sido poupados tantos erros e repetições de cousas já sabidas e descriptas por outrem. Nenhum obice é mais insuperavel do que essa ausencia de bibliothecas especiaes de sciencias natu- raes, para não fallarmos nos herbarios authenticos dos Museus. Desde o momento em que seus talentos de obser- vador se patentearam perante as sociedades scientificas, uma multidão de pedidos de plantas lhe foi encher o gabinete de trabalho. Especialistas de todas as classes de plantas pediam o seu concurso, afim de recolher novos materiass. Cercavam todos o pedido de encomios que enca- reciam o seu desejado concurso. Edouard Marren pedia-lhe Bromelias, Nylander Lichens, Cogmaux Cucurbitaceas, Miers Menispermea- ceas, Spruce Papayaceas, Reichenbach Orchidaceas, Bentham, Hooker, tudo quanto pudesse addicionar ao herbario de Kew. A todos satisfazia liberalmente; mas se esque- cia do modo convencionado de fazer relembrar seu nome nas publicações, enumerando a serie das plan- tas em ordem continua para ser citado nos herbarios geraes. — 186 — O desprendimento com o qual alienava de si todas as novidades scientificas parecia aconselhal-o a esque- cer o lemma dos De Candolle : Nomina mutant, numera manent. + Os nomes variam segundo o progredir da sciencia ; mas a numeração pura e simples dos especimens floris- ticos depositados nos herbarios dos Museus, é immuta- vel como a procedencia e o nome do viajante que os recolheu Dahi, o facto de só ser lembrado o nome de Mel- lo nas 65 plantas do herbario de Mr. Bureau, especial às Bignoniaceas; ao passo que os numeros de André Regnell, em Caldas,e os de Pacifico Mango enumera- das nas plantas que enviou de Cuyabä a von Martius, são lembrados em todos os tratados e monographias de flores Universaes ou Brasileiras conhecidas. Como prova demonstrativa do desapparecimento de seu nome nas obras em que collaborou enviando plantas, desenhos e notas, basta relatarmos os resulta- dos praticos do estudo sobre o genero Alberta. José Dalton Hooker, filho, o coripheu darwiniano da botanica, recebeu e publicou nas Transactions da Linnean Society, Secção Botanica, do volume XXVII, pagina 520, sobre a Marmeladinha do campo, Ru- biacea que erradamente denominavam Gardneria ses- silis, e que com os desenhos e diagnoses de G de Mello foi collocado no genero Alberta com o nome especifico, de Melloana, Hooker. Karl Schuman refundindo essa classe das Ru- biaceas na Flora Brasiliensis, com quanto reconheces- se o valor da contribuição, foi forçado, apezar de um tal padrinho, a restituir o nome especifico—sessvlis-quod maxime doleo, pondo na synonimia, verdadeiro hospi- tal de invalidos, o nome especifico-Melloana. Conservou o genero Alibertia assignalado por Hooker, mas regeitou o novo nome de Melloana, por- que já existia um outro (sessilis) que forçoso era con- — 187 — servar para obedecer às leis da nomenclatura e ao direito de prioridade. Prevalece, portanto, agora a especie Alibertia ses- silis Schumann. Nem Mello nem Hooker têm mais direito algum de ser lembrados a proposito dessa especie rara e curiosa. Se Correia de Mello, pelo contrario, tivesse posto um simples numero ao lado do seu preparado, seu no- me ahi teria sempre permanecido ao par das denomi- nações novas. Eis o valor do aphorismo botanico de Pyramus De Candolle : Nomina mutant, numera manunt. O circulo dos seus amigos não podia, excepto nos poucos mencionados acima, acoroçoal-o e excital-o ao trabalho botanico senão de um modo todo platonico. As sciencias naturaes têm no Brazil riquezas inex- gottaveis; mas força é confessar que esses estudos es- tão ainda apenas theoricamente recommendados pelos jornalistas, que os encarecem como si se tratasse de bel- las artes, que são boas para se applaudir como espec- tador, mas nunca para participarem desses labores de valor apenas recommendavel como ornamento só pro- prio de povos excessivamente civilisados. Um sabio, authentico como Correia de Mello, era um objecto de curiosidade com o qual a Nação nada tem que vêr, nem cousa alguma a esperar delle. Os proveitos promettidos são tão longinquos que não mereciam no seu tempo attenção alguma especial, anão ser a admiração de um caso raro e inexplicavel no nosso meio provinciano de ha trinta annos atraz. Agora começa a mudar um pouco a face das cousas. Com a federação dos Estados, o Pará e São Paulo têm Museus e commissões scientificas. Minas tentou esse luxo e foi a primeira verba 188 — que em momento de apuros se lembrou de supprimir ex-abruplo. Mas, para Correia de Mello bastava a sua filha e dedicada collaboradora, a desenhista aprimorada que seguia os vôos mais ousados das meditações do sabio paulista. Ajudava-o carinhosamente a preparar as bellas e raras flores que trazia das suas excursões nos campos e mattas da visinhança, desenhando e colorindo com es- mero flores exoticas, tão diversamente lindas das nos- sas feracissimas selvas primitivas, já bem devastadas agora. Para julgar da proficiencia artistica da senhcra d. Francisca de Salles Mello, dou a palavra a J. Dalton Hooker. talvez o botanico que maior quantidade de mi- lheiros de gravuras e planchas lithographadas coloridas tem publicado neste seculo tanto no Bolanical Magasine, como nas floras das colonias inglezas, e em Icones diversas : «Tenho o prazer de fazer chegar-lhe meu caloro- so agradecimento pelo bonito e exacto desenho da Mas- melladinha do Campo, que tanto por habil arte, quanto por semelhança botanica e utilidade nada deixa e desejar. Peço-lhe dar licença de enviar meus cumprimentos à linda artista D. Francisca de Salles Mello». A este gracioso cumprimento correspondeu a in- serção dos desenhos nas Transactions da mais respel- tavel sociedade de sciencia naturaes que existe. À apotheose final veio alcançal-6 no seu recanto, onde sempre se conservou alheio à va popularidade das massas. Compatriotas, naturalistas como elle proprio, La- dislau Netto, Capanema, e José de Saldanha da Gama, recebiam cartas com honrosissimas referencias a esse patricio de Campinas, ou antes, iam como este ultimo sorprehender nos museus as riquezas desencavadas das nossas selvas por um patricio ignorado dos proprios brasileiros : «Tantas vezes, diz Saldanha da Gama, apreciei em Pariz os bellos especimens por V. S. enviados ao senhor — 189 — Bureau, auctor da Monographia das Bignoneaceas, amos- tras tão sabiamente preparadas e tão admiradas pelos hotanicos da Europa, que, como brazileiro, sinceramente felicito-lhe pelos assignalados serviços prestados por v. s. à sciencia, para nesta occasizo offerecer-lhe algumas das minhas publicações sobre a flora do nosso paiz, esperando que as acceite como um signal de apreço para com sua pessoa». Estava bem de volta a celebridade, que sua mo- destia e repulsão pelo ruido espalhafatoso da nossa im- prensa diaria, o faziam sempre excusar-se de amenisal-a com suas contribuições. Mas, o publicista, o velho e denodado apostolo da Republica, Dr. Francisco Rangel Pestana, concitou-o a romper o silencio systematico com a carta honrosissima para ambos, de onde extrahimos estas palavras : «Creio que V. S. conhece o jornal A Provincia de São Paulo e seu programma; por isso não me julgará importuno vindo solicitar a sua valiosissima col- laboração na—Secçäo scientifica. Sei que V. S. tem trabalhos importantes que dão muita gloria a si e à sua Patria e que uma excessiva modestia e desconfiança de não encontrarem elles acceitação real da parte de seus compatriotas fazem V.S. não entregal-os à publi- cidade entre nós. Permitta-me, porém, que eu ouse contrarial-o no seu proposito, pedindo alguns desses trabalhos para a Provincia de São Paulo. Tenha paciencia; V. S. já não tem direito a que- rer a obscuridade em seu paiz; o mundo scientifico proclamou-o uma gloria brasileira e os paulistas da geração nova reclamam com enthusiasmo para si um pouco dessa gloria». Não sei si um tão caloroso appello o demoveu a enviar ao ilustre mestre do jornalismo alguma contri- buição (*). A conservação desta preciosa carta demons- (*) Apenas conheço como vulgarisação a lista de plantas campi- neiras, postas em seguida á biographia do nosso botanico por F. Quirino dos Santoz, no Almanack de 1878. Eu tra ao menos que, commoveram as palavras affectuosas cheias de profunda admiração, da parte de um patricio illustre. Campinas conserva d'elle duas memorias. Uma :— a arborisação do jardim da Praça da Ln- prensa do Rio desenhada pelo Dr. Alberto Lofgren, quando engenheiro da Paulista; outra: —a Escola Correia de Mello, que tantas creanças tem iniciado nas letras. Resta um monumento que desejo seja — ere pe- rennius—são as dissertações ineditas que os competen- tes archivaram como um commentario ao lado do texto da Hlora Brasiliensis para a qual foi escripta. Esse livro não estava redigido, nem nunca deveria seu auctor preparal-o em fôrma systematica. Mais uma vez elle se esqueceu de si para só se lembrar da Patria e da Sciencia que o reconfortou nos ultimos dias. Catalogo critico-comparativo dos ninhos ¢ ovos das aves do Brasil POR EE VON DHE RENG O presente artigo está ein connexão intima com o do Sr. Carlos Euler, adeante publicado neste volume, e a respeito do qual ajunto algumas observações. Nos annos de 1867 e 1868 publicou o Sr. Carlos Euler, então consul suisso em Cantagallo no Estado do Rio de Janeiro, no Journal für Ornithologie de Caba- ms, quatro artigos sob o titulo «Contribuições para a historia natural das aves do Brazil». Esses artigos re- presentam, sem duvida, o melhor que foi publicado sobre a biologia das aves do nosso paiz e por essa razão era de lastimar que tão importante estudo, publicado em al- lemão e num periodico pouco accessivel, não fosse co- nhecido entre nós. Nessas circumstancias será bastante agradavel para os amadores da historia natural que tendo o Sr. Euler ac- ceitado o meu pedido, resolvesse publicar uma traducçäo ampliada e modificada nesta Revista. O manuseripto foi por mim revisto e modificado quanto à denominação das especies, de modo que o preste artigo corresponde na sua classificação moderna, ao estudo que publiquei no volume terceiro desta Revista sobre as aves de S. Paulo, que, na sua grande maioria, são identicas às do Es- tado do Rio de Janeiro. =—— 192 — Como appendice accrescentei uma lista de todas as especies de aves até hoje observadas no interior do Es- tado do Rio de Janeiro em Cantagallo e Nova Friburgo. Espero que essa publicação contribuirá para animar mais estudos analogos. Se as pesquizas systematicas em vista do grande apparelho que exigem em colleceções e literatura quasi se prohibem às pessoas que vivem longe dos grandes centros da civilisação, ao contrario, a ob- servação biologica recommenda-se aos mesmos de um mo- “do bem especial. Ha de fazer-se ainda muito e uma mul- tidão de descobertas interessantes neste sentido promet- te recompensar os esforços do habil e zeloso observador. E” singular, mas é verdade, que a maior parte de aves tão caracteristicas do Brazil como os tucanos e arassa- ris, gaturamos, papagaios, sassys, pica-paus, gaviões etc. não seja ainda conhecida ou estudada com relação à sua biologia e propagação. As pessoas que neste sentido se dedicarem a novas observações podem, para o exame scientifico do material obtido, francamente contar com o auxilio deste Museu. O presente artigo fornece-me occasiäo para des- crever ninhos e ovos até hoje desconhecidos, segundo os materiaes do Museu Paulista, e de referir-me à li- teratura de um modo mais extenso do que foi pos- sivel ao Sr. Euler. Entre a literatura por mim citada menciono alem de varios artigos insertos nesta Revista vol Eos Hao à Allen, I. A. On a collection of Birds from Cha- pada, Matto Grosso, Brazil made by M. H. A. Smith Part I Bolletin American Museum of Nat. Hist. New York Vol. HI, 1891 p. 337 ss.; Part II Ibid, vol. IV 1892, p. 330-350; Part. Tl e IV Ibid. Vol. V, 1898 p. 107-158. Aplin. O. V. On the Birds of Uruguay. Ibis 1894, VI Ser. Vol. 6, London 1894, p. 149-214 e PI. V. Bertepsch, H. von und Jhering, H. ron.. Die Viegel der Umgebung von Taquara do Mundo Novo Zeitschr. f. ges. Ornithologie 1885 p. 97-184 e Taf. VI-IX. — 195 — Brehm's Thierleben. II Aufl. vol. 4-6, Leipzig 1879. Cowes, H. Key to North American Birds. Il Edit. London 1884. Dalgleish I I N.º I. Notes on the Birds of Pay- sandu, Republic of Uruguay by. E. Gibson. «The Ibis» 1885 p. 275-283. Dalgieish, I. I. N.º I. Notes on a Collection of Birds and Eggs from Central Uruguay. Proc. Royal Physical Society of Edinburgh Vol. VI, 1880-1881 p- 232-204, Pl. VII and VII. Dalgleish, I. I. N. Ul. Notes on a: second Col- lection of Birds and Eggs from Central Uruguay. Proc. Royal Phys sical Society of Edinburgh Vol. V lll, 1883—1884 p. 77-88. Dalgleish I. I. N.º IV Notes on, a Collection of Birds and Eggs from the Republic of Paraguay. Proc. Royal Physical Society of Edinburgh Vol. X 1888— 1889, p. 75—88. Euler, C. Descripcäo dos ninhos e ovos das aves do Brazil. Neste Volum. pg. 9ss. Goeldi, E. As aves do Brazil I. Rio de Janeiro, 1894. Ihering, H von. As aves do Est. de 8. Paulo. Nesta evista, Vol, III, 1898, p. 113 ss. Nehrkorn, A. Katalog der Eiersammlung, Braun- schweig 1899. Reinhardt, 1. Bidrag til Kundskab om Fuglefau- næn 1 Braziliens Campos. Videnskabs Meddelser f. d. Naturh. Vorening. Kjébenhavn I e IL 1870. Sclater, PL and Hudson, W. H. Argentine Ornithology. London vol. I, 1888 e II 1889. Em geral, não tratei das especies das quaes Euler communicou as suas observações, sendo raros os casos em que elle parece ter-se enganado. Assim trocou elle as medidas das duas especies de urubü e a des- cripção dos ovos do pequeno frango d'agua Porzana albicollis refere-se na minha opinião ao Creciscus me- lanophaeus. Enganos desta ordem são sempre possi- veis quando não se obtem a ave do respectivo ninho, et: ae mas alem deste unico caso não sei outro em que o Sr. Euler, observador habil e consciencioso, pareça ter- se enganado, visto como a descripção inexacta dos evos de urubú é devida a indicações erradas da literatura. Resultado tão lisongeiro o Sr. Euler só poade obter por ser seu proprio colleccionador. A colleccäo do Museu Paulista não foi tão feliz. Sabendo os colleccionadores que só ovos acompanhados pela ave de que provêm para nós são de valor, em caso que não puderam obter, apresentaram outra, confiando em aflirmações de caçadores ou outras pessoas. Acon- tece o mesmo com os naturalistas que fazem collecções para vendel-as e assim não foi só este Museu varias vezes illudido, mas dá-se o mesmo caso com outros tambem, sendo prova disto as numerosas correcções, que tenho de apresentar com referencia ao Catalogo do Sr. A. Nehrkorn, especialista dos mais notaveis neste ramo de sciencia. cuja colleeção é uma das mais completas que existem e a cuja liberalidade a nossa collecção esta devendo specimens raros e inte- ressantes. E' esse, pois, o fim especial do presente artigo de comparar com a nossa colleccäo as informa- ções reunidas na literatura e por meic de um estudo critico e comparativo separar as observações exactas e confirmadas das falsas. Ajuntei numerosas descripções novas e julguei conveniente indicar as medidas dos ovos e as variações nelles observadas, visto como é pre- ciso conhecer os limites dentro dos quaes se movem as variações. Ha ovos que já foram duas vezes descriptos e nunca de modo correcto como o de Ammodromus ma- nimbe, outros a respeito dos quaes divergem as de- scripções de differentes observadores. Parece, pois, que Já era necessario proceder, afinal, a um exame critico como é o presente. Espero que esse estudo e o do Sr. Euler possam contribuir para que mais observado- res liguem attençäc a um dos capitulos mais attrahen- tes e amaveis da nossa natureza—a biologia das nossas — 195 — aves. Comquanto nem do sabiá-una e do gaturamo, nem da gallinhola ou do sassy, do tucano, do papagaio e de numerosissimos outros typos geralmente conhecidos se conhegam os ovos e ninhos—ha um campo vasto aberto ao estudo. Entre as observações communicadas em seguida ha duas que merecem ser notadas especialmente; re- ferem-se a materiaes applicados na construcção de ni- nhos. O primeiro são umas fitas finas, lustrosas e es- tiradas, brunas, que são por muitos beija-flores usadas para o ninho, representando material extremamente ap- propriado, fino e molle. São essas as escamas terminaes da samambaia arborescente do matto. O segundo é a conhecida barba de pau, a Brome- liacea Tillandsia usnoides. E’ com esse material macio que algumas aves constroem o ninho, sobresahindo entre elles o japu, Ostinops decumanus, cujos ninhos pendentes, em forma de bolsa comprida são quasi ex- clusivamente feitos de barba de pau, que é applicado como a arrancam das arvores, de modo que continua no ninho a viver e, às vezes, a florescer. A grande maioria dos outros passaros que deste material fazem uso para a construcção dos ninhos ap- plica somente o fio axial solido bruno ou preto da barba de pau. Examinando massas velhas e mortas de barba de pau encontram-se fios que perderam completa- mente a derme, a casca cinzenta, e são esses fios que servem aos guaches para fazer as bolsas elegantes dos seus ninhos. E” singular que essa observação seja tão pouco conhecida que nem Euler nem Goeldi a te- nham feito e que ainda ha pouco no Museu Paráense esses esqueletos axiaes da barba de pau fossem conside- rados como um typo novo de lichen (cf. Ibis 1897 p. 364). Não são só os guaches e japuis do genero Cas- sicus que fazem uso deste elegante material. Muitos dos ninhos mais simples que no interior são forrados de ,,crinas de cavallo” o são em verdade de fios axiaes da barba de pau e ha um passarinho que delles constroe um ninho extremamente ortificial, uma especie ou talvez — 196 — todas as especies do genero Rhynchocyelus. O ninho é suspenso como o do guache, mas a entrada é debaixo e lateralmente. Muito melhor do que do Brazil é conhecida a bio- logia das aves da Argentina e do Uruguay. Aprovei- tando-me da respectiva literatura pude dar informações sobre muitas especies, cuja propagação no Brazil ainda não foi observada. Do mesmo modo procedi com as especies cosmopolitas ou distribuidas até a America do Norte referindo -me à respectiva literatura. Proceden- do assim, quiz apenas informar o leitor do que está co- nhecido sobre a propagação dessas especies, mas sem af- firmar que ellas procriem tambem no Brazil, o que é possi- vel, mas não provado. Acceitei, pois, todas as especies já observadas no Brazil, às vezes só no Rio Grande do Sul ou só na Amazonia, e bem possivel é que parte dellas só temporariamente occorra no Brazil e não se propague nelle. Em alguns casos, notei differenças pronunciadas entre os ovos da mesma especie, mas de provenien- cia differente, seja entre S. Paulo e Rio Grande do Sul ou entre a America do Norte e o Brazil. Limito- me, entretanto, apenas a tocar no assumpto, por não dis- por das necessarias series para um estudo comparativo exacto. S. Pauls, 7 de Setembro de 1899. L ORDEM PASSERES L. Sub-ordem Oscines Fam. Turdidæ Não obstante serem os sabiás, que pertencem a essa familia, das aves mais conhecidas do Brazil, não está bem examinado e descripto o ninho das diversas especies e o mesmo acontece com os ovos. Na constru- cção da parede e da base do ninho os sabiäs gostam de applicar barro para a ligação dos ramos e raizes, mas essa massa argillosa falta no interior do ninho, segun- do as minhas observações, confirmando as do Sr. Euler. O Principe Wied, porem, diz que o ninho é forrado de uma camada de barro na especie Turdus rufiventris e que contem dois ovos que são verde-azues, às vezes com alguns pontos pretos. Tudo isso refere-se prova- velmente e por engano a uma outra especie de Turdus e de modo algum ao sabia laranjeira. Como, entretan- to, Goeldi (Aves I p. 253) tambem descreve o ninho do sabiä-laranjeira como «cuidadosamente rebocado de barro por dentro» limito-me a notar essas diver- gencias e a exigir novas averiguações. Das especies do Norte do Brazil nada consta sobre a nidificação. * Turdus leucomelas Vieull. Selater and Hudson p. 1. O ninho é feito a pouca altura em arvores ou arbustos, medindo o diametro exterior 14 centimetros, o interior 8 ditos e a altura 13 ditos. E” uma tigela funda bem trabalhada de raizes de paredes grossas reforçadas — 198 — pelo revestimento de barro e enfeitadas exteriormente de musgo. No interior do ninho e na orla não repara -se barro. Os ovossão : um pouco menores doque osgido RE. rufiventris. Temos uma postura com 3 ovos medindo os ovos 28—29 X 20 mm. tendo sobre campo verde-azul claro salpicos finos, brunos. Os ovos da outra postura, de > ovos tambem, me- dem 29 21—22 mm. sendo, pois, maiores e tendo tambem as man- chas maiores, asse- melhando-se aos ovos da especie se- guinte. * Turdus albe- FIGURA 1 collis Vierll. Nehr- korn p. 36; Allen Ninho do sabiä branco Ip. 341. O ninho Turdus leucomelas Vieill assemelha-se ao da especie preceden- te, sendo, porem, feito com menos cuidado. A cavi- dade interior é formada não só de raizes, como tambem por talos e algumas folhas. O nosso continha 2 ovos cujas dimensões são de 29—30> 22 mm. A côr é verde-azul, clara, com numerosas manchas e salpicos de côr clara bruno-vermelha mais numerosas e contluentes n'uma cupola no polo rombo, sendo algumas das man- chas mais escuras. As medidas dadas por Nehrkorn são 29 > 20— 22 mm. e as dadas por Allen parecem ser um pouco menores ainda. — 199 — « Turdus rufiventris Vieill. Euler p. 3. Nehrkorn Dr OT. Turdus crotopesus Licht. Euler p. 3. Nehrkorn p. 30. Turdus funngatus Licht. Euler p. 5. * Turdus albienter Spx. Allen I p. 341. Allen diz que o ovo é bastante variavel em côr, medindo 1, 15 x 0.90 pollegadas, sendo de forma alongada, azul- esbranquicado, com manchas avermelhadas. De Merula flavipes (Veerli.) o sabiá-una, não se conhece o ninho e ovos. Em geral, não são bastante estudados e conhecidos os ninhos e ovos das diversas especies de Turdidee do Brazil e as descripções, em parte, são contradictorias. Fam. Timeliidae + Thryophilus longirostres Vieul. Euler p. 8; Nehrkorn p. 45. O ovo que temos, de Iguape, mede 18 X 14 mm. e tem sobre o campo brancacento man- chas profundas roxas e superficiaes bruno-amarelladas que na ponta obtusa formam uma corda densa, às vezes indistincta. O ninho, que é maior do que o do curruira, é mal feito de talos e raizes. x Troglodytes muscuius Nawi. Euler p. 7; Nehr- korn p. 47. Dalgleish HI p. 81. O curruira é outra especie commum cuja biologia não esti bem estudada. Goeldi diz que o tempo da propagação é de Maio até Dezembro. como parece enganado por um erro na ta- bella de Euler. Que o curruira ponha ovos em Maio de certo é um caso excepcional e não os põe nos me- zes de Junho e Julho, começando a construccäo do ni- nho em fins de Julho e continuando com a criação até Março ou Abril. O numero de ovos, é em geral, de 3—4 às vezes D ou 6, mas não 9 como o diz talvez por engano Hudson na Argentine Ornithology I p. 15. O Sr. Euler escreve-me que no Rio de Janeiro encontrou curruiras pondo ovos em Junho e Julho, mas que em Cantagallo não. No Rio Grande do Sul, o D ls periodo da propagação é interrompido no inverno e aqui em S. Paulo tambem. No Rio Grande do Sul e nas Republicas do Rio da Prata o tempo da propaga- ção do curruira restringe-se aos mezes do verão. Troglodytes genibarbis Sws. Nehrkorn p. 46. O ovo mede 20,5 X 14,5 mm. sendo branco com salpicos pardos que, na ponta obtusa, formam uma corsa. Thryothorus rutilus V. Nehrkorn p. 47. O ovo que mede 17—20 X 13—15 mm. tem o campo branco ou avermelhado-esbranquigado e numerosos pontos rôxo- pardos que na ponta obtusa formam uma corsa. Nehr- korn descreve, p. 46, tambem os ovos de Th. amazo- nicus Shp. e griseipectus Shp. provenientes da Amazonia mas não me consta que essas especies sejam encontra- das na parte brazileira da Amazonia. Cistothorus polyglottus V. Nehrkorn p. 47. O ovo, que mede 16,5 X 13 mm, assemelha-se ao do curruira. x Momus saturninus (Licht.) Euler p. 6; Nehrkorn p. 49. O ninho do sabiä-pôca é um girão simples e grande, mal feito, de ramos seccos. Um ninho que em Ypiranga obtivemos a 13 de Outubro de 1899 mede cerca de 30 centim. no diame- tro exterior, 10 centim. no interior e tem a altura de 17 centim.; é feito de ramos seecos, compridos, haven- do entre elles um de 35 centim. de comprimento. Es- tava collocado a 2 m. de altura num arbusto entre 3 galhos divergentes; é forrado de raizes finas. A postura consistia em 3 ovos cujas dimensões são 29— 30 X21 —22 mm. O ovo é de campo verde-claro, coberto de nu- merosas manchas bruno-avermelhadas, mais numerosas no polo rombo e outras, profundas, cinzento-roxas. E’ pois evidente que os ovos que Nehrkorn referiu a esta especie medindo 25 X 18 mm. pertencem a ou- tra especie, provavelmente lividus. Em outra postura de 3 ovos já chocados as me- didas variavam de 29 —31 X 20, em outra de cinco ovos de 29 de Outubro as medidas eram de 27—29X 20 — 21 mm. Dois entre estes ovos eram mais escuros e já — 201 — chocados, os outros mais verdes e sem embryão. A côr do ovo é bastante variavel neste genero sendo alguns ovos mais claros, verdes, com manchas ora maiores e desbotadas, ora menores, e outros mais escuros, visto como as numerosas manchas se confundem numa rede irregular, bruno desbotada. Muitas vezes, os ovos têm manchas calcareo-brancas superficiaes. FIGURA 2 Ninho do Sabiá póca Mimus saturninus (Licht.) Mimus modulator (Gould) Euler p. 6; Nehrkorn p. 49; Aplin p. 162; Allen I p. 342; Dalgleish TI p. 244. O ovo mede 28—30X20—21 mm. Dalgleish diz que a postura é de 4 ovos. Mimus triurus V. Nehrkorn p. 49. O ovo mede 27X20 mm. : 282 Mimus lividus (Licht) Nehrkorn p. 49. O ovo mede 25x18 mm. Não se conhece o ninho do «Sabiá da praia». Donacobius atricapillus (L.) Nehrkorn p. 50; Goeldi p. 259. (Goeldi diz «dispõe o ninho em touceiras de junco bem escondidas e de accesso não muito facil». O ovo, caso não haja engano, segundo Nehrkorn mede 24x16 mm. e tem sobre campo azul-cinzento numero- sas manchas castanhas, tão densamente collocadas que o ovo parece quasi bruno-uniforme. Fam. Sylviidee Polioptila dumecola V. Nehrkorn p. 27. O ta- manho do ovo é de 15, 5 X 11, 5 mm. Nehrkorn diz que todas as especies de Polioptila têm o campo do ovo azul-claro ou branco-azulado com manchas bem mar- cadas bruno-escuras. Não se conhecem bem os ninhos. Fam. Motacillidæ * Anthus lutescens Puch. (rufus Gm.) Euler p. 9; Nehrkorn p. 93. O ninho é feito de talos de gramineas, sem cuidado, contendo, às vezes, misturadas algumas pen- nas e mede 9 centim. no diametro exterior, 6,9 centim. no interior. A cavidade é funda; o ovo mede 19— 20 X 14 mm. * Anthus nattereri Scl. O ninho é maior e mais chato, com a cavidade pouco funda, feito de talos, às vezes com raizes de gramineas sendo para fora collo- cados os mais grossos e mais escuros, para dentro os finos e mede 14 centim. no diametro exterior, 9 no interior. O ovo mede 2i—22X 15 mm. e tem sobre o campo cinzento-esbranquiçado numerosos pontos e sal- picos bruno-cinzentos. Anthus correndera V. Nehrkorn p. 93; Sclater and Hudson I p. 19; Aplin p. 163 Pl. V fig. 1; Dal- gleish III p. 81. O ovo é branco-azulado com salpicos cinzentos e bruno-pallidos. A postura é de 3 a 4 ovos, cujas dimensões são de 20 X 14 mm. roger 09 Noto que os ninhos de Anthus que aqui observei são mal construidos e sem cuidado, de talos de grami- neas, o que se observa tambem nos canarios do genero Sycalis, em Ammodromus e outras especies que vivem nos campos no chão e alli constréem o ninho. Fam. Mniotiltidæ * Parula pitiayume V. Nehrkorn p. 88. Não co- nheço o ninho desse passarinho não raro do matto. O Principe Wied diz (IL p. 707) que o achou collccado numa forquilha, mas não o descreve, dizendo apenas que era bonito e pequeno. Os nossos ovos medem 19X 13 mm. e são lranco-amarellados com salpicos roxo-brunos pouco numerosos. Nehrkorn diz que o ovo é branco com algumas manchas roxo-brunas, medindo 16 X 12 mm. Sera, pois, preciso fazer observações no- vas exactas. * Geothlypis velata (V.) Euler p. 10; Nehrkorn p. 90. O ninho é bem caracteristico e facil de conhecer pelo revestimento exterior de largas folhas de grami- neas do banhado. O ovo mede 19X 13 mm. segundo Euler, 20 X 14,5 mm. segundo Nehrkorn, 19X 14 mm. segundo os nossos exemplares. Basileuterus stragulatus (Licht.) Euler p. 10. Basileuterus flaveolus Baird. Allen I p. 345. O ovo mede 20 X 15 mm., é branco, com salpicos bruno- avermelhados mais numerosos e densamente agrupados no polo obtuso. Basileuterus auwricapillus (Sws.) Euler p. 11; Nehrkorn p. 90; Goeldi p. 269. O nosso ninho tem a coberta formada essencialmente de talos finos de ca- pim que sobre a entrada circular sobresahem, diver- gindo, em fórma de alpendre. Tenho duvidas se esse nosso ninho effectivamente é o de B. auricapillus. * Basileulerus leucoblepharus (Vieill.) Nehrkorn p. 90. O ninho corresponde bem à descripcao feita por Euler relativamente ao da especie precedente. Um que conseguimos em Itatiba, em Novembro de 1899, foi con- struido no chão e o Sr. João Lima que o obteve admi- — 204 — rou a coragem do passarinho, que em vez de fugir, pro- curou resistir. O ninho é uma tigela bem elaborada de talos de capim misturado com algumas raizes finas. e crina vegetal, medindo 10 centim. o diametro exte- rior, 6 ditos o interior e 6 ditos a altura. Do lado de: traz nota-se um prolongamento da parede do ninho destinado a cobril-o de cima e feito de modo pouco. cuidadoso de talos, folhas e raizes. Deste modo é co- berta a parte posterior apenas do ninho, ficando livre e aberta a anterior. A postura consistia em 3 ovos de forma oval, curta, brancos, com numerosos salpicos e pontos vermelhos que no polo rombo formam uma larga cupola. O ovo mede 20—25 X 15—15,5 mm. Fam. Vireonidæ * Vireo chive (V.) Euler p. 12; Nehrkorn p. 73. O ninho esta suspenso na forquilha de um ramo e forma uma tigela funda feita de capim e folhas largas de jun- cos para fóra e revestida de musgo verde, forrada do capim fino por dentro. E” parecido com o da Geothlypis. mas delle se distingue pelo musgo que reveste a superficie: exterior, e que alli está segurado mediante fios prove- nientes de teias de aranha e de casulos tecidos por la- gartos de borboletas, notando-se entre elles esses casu- los mesmo e os saccos em que as aranhas guardam os. seus ovos. (O ninho tem a altura de 8 centim., o dia- metro exterior é de 8, o interior de 5 centim. O ovo mede 205 mm., sendo branco com pontos e salpicos. pretos pouco numerosos na metade do polo obtuso. Ha ovos com as manchinhas mais numerosas e outros quasi sem ellas. * Vireo olivaceus (L.) Nehrkorn p. 73. Pouco: differente. Allen obteve essa especie da America do Norte e do Matto Grosso. Hylophilus awrantufrons Lawr. Nehrkorn p. 74. O ovo mede 19 X 13 mm., é branco-amarellado, com uma corda de salpicos roxos e pretos no polo obtuso. EK’ essa especie da Venezuela e Guyana que tambem occorre no Brazil na região do Rio Negro. Das nu- merosas especies brazileiras desse genero não se co- nhecem os ninhos e ovos. Hylophilus poecilotis Temm. Temos na collecçäo um ninho que é indicado como proveniente desta es- pecie. EH’ uma bola fechada, construcção grande, de 21 centimetros de altura e 10 de largura, de paredes gros- sas feitas com folhas de gramineas molhadas e em parte sujas de lodo. Parece que o material consiste em folhas molhadas de Cyperaceas e Gramineas tiradas da agua. O ninho está collocado entre os galhos diver- gentes de um arbusto. A entrada & na frente, em baixo do cume e bastante pequena, medindo apenas tres centimetros de diametro, e sendo por cima abrigado por um vestigio de alpendre. À cavidade do ninho é funda não chegando o dedo ao receptaculo dos ovos e às paredes lisas, brunidas. Cyclorhis viridis V. Nehrkorn p. 74. O ovo mede 24> 18 mm. sendo de cor branco-avermelhada com alguns salpicos roxos e brancos como os de Vireo. Cyclorhis cearensis Baird. (albiventris Sel. Salv.) Nehrkorn p. 74. Ovo semelhante ao precedente medin- do 23 X 16,5 mm. Não é conhecido o ninho das espe: cies de Cyclorhis. Fam. Hirundinidæ * Cotyle riparia (L.) Brehm V. p.514. Essa an- dorinha cosmopolita cava nos barrancos, à beira do rio, um canal de 5-6 centimetros de largura e um metro de comprimento que no fim se alarga em furna para receber o ninho. O ovo, que é branco, mede 17 x 12 mm. E” especie do hemispherio septentrional que no inverno extende as suas migrações até a India e na America atê o Amazonas e Matto Grosso, mas não se sabe se nidifica na America do Sul. * Tachycineta albiventris (Bodd.) Euler p. 14; Nebrkorn p. 85. O ovo mede 19X 13,5 mm. O Sr. A. Hempel observou essa especie no Rio Mogy Guassú. Os ninhos que encontrou no mez de Setembro estavam collocados em — 206 — trencos mortos ou ócos, feitos de capim e formados de pennas e continham 4—5 ovos brancos cujas dimen- saes variam de 17 X 13 até 20 13,5 mm. Tachycineta leucorrhoa (V.) Euler p. 14; Nehr- korn p. 89., Sclater and Hudson | p. 52., Aplin Ip. 166 Essa andorinha faz com capim secco e algumas pennas um ninho simples em baixo do telhado ou em arvo- res ôcas e põe 9—T ovos brancos do tamanho dos da especie precedente. Ihrundo erythrogastra Bodd. Nehrkorn p. 85. Especie da America do Norte que é encontrada tam- bem no Amazonas e em Matto Grosso. Não conheço o ninho que provavelmente é feito de barro como o da H. rustica da qual é apenas uma variedade americana. O ovo mede Z0 X14 mm. + Progne purpurea (L.) Nehrkorn p. 86. O ovo, que é branco, mede 25—27 X 18 mm., às vezes sô 22X17 mm. O ninho é feito em cavidades de arvores ou em baixo das casas e consiste em talos e capim com algumas pennas. | * Progne domestica (V.) Euler p. 15.; Dalgleish TI p. 79; Sclater and Hudson I p. 26; Nehrkorn p. 36. Quando o ninho esta collocado em logar abrigado é fei- to apenas de capim e raizes finas com algumas pennas e cabellos, medindo o diametro exterior 18 centimetros. Hudson diz que quando a entrada do ninho é larga de- mais o passarinho fecha-a em parte por uma mistura de barro e palha, devendo nesse sentido ser re&tificad a descripçäo de Euler caso ella não se refira a Tr. chalybea, o que acho bem possivel. O ovo mede 24X17 mm. conforme os nossos, 29 X 16, 9 mm. segundo Euler. A postura consiste em 5 ovos (Hudson) ou 4 (Euler). Progne chalybea (Gm. Nehrkorn p. 86. O ovo mede 23 X 15 mm. Progne tapera (L.) Nehrkorn p. 56; Sclater and Hudson I p. 27. Na Argentina essa andorinha para fazer o ninho toma conta do ninho do João de barro (Fur- narius rufus), às vezes pondo fóra da propria moradia o casal que o fez. Não conheço observações relativas ao Brazil. O ovo é do tamanho do da especie prece- dente. A postura consiste em 4 ovos. Alticora melanoleuca (Wied) Nehrkorn p.86. O ovo mede 18 X 12, 5 mm., sendo de presumir que o ninho seja feito em buracos ou galerias subterraneas. * Atticora cyanoleuca ( V.) Euler p. 15., Nehrkorn p. 86; Aplin p. 166; Sclater and Hudson | p. 33. Goeldi e eu encontramos essa especie nidificando em baixo dos telhados. No Museu nidifica desde meiado de Agosto entre os capiteis das columnas. E” singular que na Argentina essa especie tenha outro costume. Apline Hudson dizem que essa andorinha faz o seu ninho em canaes subter- raneos, aproveitando-se das que por outras aves ou mam- miferos foram feitos. O ovo do que Euler diz que mede 15,9 X 12,5 mm. acho de 18 14 mm. e Nehrkorn diz que mede 17X 12 mm. Em todo caso, é essa uma das especies cuja biologia carece de mais informações. * Allicora fucata (Temi.) Aplin p. 167. Como Aplin achei tambem aqui em S. Paulo essa especie cons- truindo o seu ninho em canaes subterraneos feitos no barranco do rio Tamanduatehy. Ocanal teve o compri- mento de meio metro alargando-se afinal em furna que continha o ninho, que mede 14 centimetros no diame- tro exterior, 7 no Interior, sendo construido de capim e forrado de pennas, contendo 4 ovos. O ovo é branco e mede 18X 13 mm. Aplin achou a postura composta de 5, Euler de 4 ovos. Em Mundo Novo, Rio Grande do Sul, obtive em Novembro de 1882 um ninho com filho- tes e com o passaro, e que foi feito numa arvore ôca. * Petrochelidon pyrrhonota (V) Nehrkorn p. 87, Coues p. 23 (P. lunifrons). Especie da Americo do Norte que alli se produz fazendo ninho de barro e pondo ovos de 17X 12 mm. brancos, com algumas manchinhas pardas. No inverno emigra para a Ame- rica meridional e até Buenos Aires, mas não me cons- ta que alli se reproduzisse. * Steigidopteryx ruficollis (V.) Euler p. 15; Nehr- korn p. 18. Nidifica em canaes subterraneos como diver- sas especies de Atticora. Nehrkorn diz que o ovo mede — 208 — 20% 14, eu achei 20X 13,5 mm. A essa especie refere-se o que Goeldi, p. 206, diz de «Cotyle flavigastra». Fam. Coerebidae + Dacnis cayana (L.) Obtivemos do Sr. R. Kro- E roe ne, em Iguape, o ninho a QE 7 eo ovo. O primeiro con- LES é À siste apenas numa mas- a sa de barba de pau ex- am. tendida na altura de 47 Sy centim., como uma cor- à tina, entre os galhos de uma arvore, contendo no meio a pequena camara que mais ou menos tem 6 centim. de altura e ou- tros tantos de largura. O ovo é de fórma curta, com a ponta aguda ar- redondada mais romba do que entre os outros passarinhos é a regra e mede 17K 13 mm. O campo é branco-esver- deado, com numerosos a a OF i pontos e manchinhas pro- SS fundas, desbotadas, cin- Ninho do Sahy-azul zentas, que formam na Daenis cayana (L.) ponta obtusa uma corôa e manchinhas e garatujas pretas superficiaes. A ponta aguda é quasi isenta de pontos. Coereba cyanea (L.) Nehrkorn p.94 Taf. HI fig. 26; Allen, I p. 347. Nada consta sobre o ninho. Nehr- korn diz que o ovo mede 20 X 14, sendo de côr branco- escura ou uniforme preta. Segundo Allen, o ovo mede 0.75 X 0,59 «inches» ou 19 X 14 mm. e tem a cor branca, com manchas rochas que só na ponta romba são densamen- te distribuidas. Como Allen diz que este ovo foi obtido em 13 de Outubro d2 1882, em Chapada, Matto Grosso, — 209 — junto com as aves do mesmo ninho, parece-me certo que o ovo figurado por Nehrkorn pertence a outra especie. Certhiola chloropyga Cab. Euler pag. 6. Mam, | Lanagridac * Procnas tersa (L.) Euler p. 25. Um dos nossos ovos mede 24X 18 o outro 25 X 18 mm. Hypophaea chalybea (Mik.) Nehrkorn p. 95. O ovo desse gaturamo é amarellado com manchinhas roxas, medindo 17,5 X 13 mm., caso não haja engano como o desconfia Nehrkorn, que descreve os ovos de duas especies da America Central como uniforme azues. Não se conhecem, pois, até hoje, os ninhos e ovos dos gaturamos, passarinhos tão característicos e conheci- dos do paiz. Veja-se Euler p. 26. Tanagrella vela (L.) Nehrkorn p. 95. Ovo de 22 >< 17 mm., branco-cinzento com numerosas manchi- nhas pardo-cinzentas. Calliste tricolor (Gm.) Nehrkorn p. 95; Euler p. 28. Calliste brasiliensis (L.) Euler p. 23. Calliste margaritæ Allen. Allen I p.354 O ovo mede 21 X 13—15 mm. e tem o campo amarellento com numerosas manchinhas rôxo-brunas. Stephanophorus leucocephalus V. Nehrkorn p. 95; Sclater and Hudson I p. 38. O ninho é enconirado em cima de arvores na altura de 3-4 m.; é simples, pou- co fundo, forrado de capim e contêm 4 ovos que são branco-azulados com manchas profundas, cinzento-roxas e com salpicos e garatujas pretas, superficiaes. O ovo mede 24 X :7 mm. * Tanagra suyaca (L.) Euler p. 19; Nehrkorn p. 96; Allen I p.355. O nosso ninho mede no diametro exterior 11 centim., no interior 7 centim. O musgo que o reveste exteriormente é em parte atado por teias de aranha. Tanagra episcopus (L.), *cyanoptera V., coelestis Spix, cana Sw., palmarum Weed, * ornata Sparrm., bonarvensis Gm. Nehrkorn p. 95-96. Os ovos de todas essas especies são semelhantes entre si em tamanho e desenho, que consiste em manchas numerosas, cinzen- — 210 — tas, sobre campo esbranquiçado e com salpicos e gara- tujas ou linhas curtas, pretas. O de T. palmarum é branco, com manchinhas avermelhado-pallidas, medindo 22 X 15,9 mm.; o de T. ornata mede 25 X 17 mm. * PRhamphocoelus brasilius (L.) £uler p. 19; Nehr- korn p. 96. As medidas do ovo indicadas por Nehr- korn são 2417 mm. Isso combina com os nossos, mas um delles mede 25 X 18 mm. As medidas dadas por Euler säo menores. O ninho que temos näo corresponde bem à de- scripçäo de Euler, por ser maior. Mede 14 te no diametro exterior, 7 centim. no interior e tem 4,5 cen- tim. de altura interior. E’ feito de folhas de junco e e de cipos molles com as suas folhas ; as paredes grossas e forradas de fibras vegetaes, talvez de Tillandsia des- cascada. A ligação dos elementos é perfeitamente boa. Rhamphocoelus ctrosericeus Lafr. et @ Orb. Allen I p. 397. O ovo assemelha-se ao da especie precedente. Phomicothraupis rubica V. Euler Bs 20; Nehr- korn p. 97. O tamanho dos nossos ovos é de 25—26 X 18 mm., parecendo ser 24-25 X 18 a regra. * Tachyphonus rufus Bodd. (T. melalencus Sparrm.) Allen 1 p. 359; Nehrkorn. p. pi O compri- mento do ovo ¢, segundo Nehrkorn., 22-20 AMIE * Tachyphonus coronatus (V.) Euler p. 20; Nehr- korn. p. 97. O ninho, de que temos varios exemplares de S. Paulo e Piquete, é parecido com uma tigela, cujo diametro extericr é de 11—1% e interior de 6—7 cen- tim., feito de raminhos e cipós em parte providos com suas folhas e muitas vezez por fóra feito de folhas de junco e forrado dentro de talos de raizes fixas. Os ovos são branco-encarnados, com manchas e salpicos branco- vermelhos e algumas manchinhas e garatujas pretas. O tamanho varia de 24—26,9 X 17— 18,5 mm. * Tachyphonus cristatus Gm. Os ovos que de Igua- pe recebemos do Sr. R. Krone são de forma curta, brancos, pouco lustrosos e medem 22—23 >< 17mm. Sobre cam- po branco existem pontos e manchinhas avermelhadas, profundas, e mais algumas maiores, superficiaes, pretas. — 211 — + Trichothraupts melanops V.(T. quadricolor V.) Euler p.21. Os ovos que recebemos do Sr. Krone de Iguape assemelham-se aos do Tachyphonus coronatus e medem 25X 18 mm. O campo é branco, um pouco encarnado, as manchas profundas são roxas, as exterio- res bruno — escuras e muito mais numerosas n'um delles do que no outro. Em baixo do polo obtuso nota-se uma corda pouco distincta. Pyrrhocon« ruficeps (Streckl.) Nehrkorn p. 97 Taf. Ill fig. 28. O ovo mede 19,5 X 14,9 mm. e tem o campo branco com poucas manchas escuras, mais numerosas no polo obtuso. Arremon seimitorquatus Si. Euler p. 23. Arremon polionotus Bp. Allen Tp. 363. O ovo é de forma muito alongada, medindo 25 X 16 mm., branco, com salpicos brunos, mais numerosos no polo obtuso. Saltator maximus Mull. Nehr Korn p. 88. O nosso ovo mede 27 X 20 mm. Saltator similis Lafr. et @Orb. Euler p. 24; Allen I p. 365. Segundo Allen o ovo mede 25 X 18 —20 mm., sendo de cor azul-clara com garatujas pre- tas. O ninho achava-se n'uma moita espessa à altura de um metro. Euler dá as medidas do ovo de 28 x 20 mm) Tres ovos que obtivemos no Ypiranga, a 12 de Outubro de 1899, são de forma bastante alongada, me- dindo 29X 18 e 28X 19 mm., sendo de côr linda azul-clara, com algumas manchinhas e garatujas grossas que no polo rombo formam uma corda. O ni- nho estava collocado entre tres galhos divergentes de um arbusto a 2 metros de altura; é uma tigela bem feita, de 11 centim. dealtura, com o diametro exterior de 12 e o interior de 8 centim., construida de talos e macega e forrado de raizes finas. Saltator caerulescens V. Euler p. 25. Bur- meister (Reise La Plata II p. 480) diz que d'Orbigny figurou 6ovo (Ois. Pl. 28 fig. 3) e que o obteve tam- bem. O ovo, diz elle, é verde com garatujas pretas na ponta romba. Saltaior atricollis V. Nehrkorn, p. 98. Os ovos — 212 — säo brancos com algumas manchas brunas na ponta > romba e medem 26,9 X 20 mm. Julgo provavel que esses Ovos só por engano fossem attribui- dos a essa espe- cie, visto como os das outras especies todas combinam bem tre si. Cissopis ma- jor Cab. Nehr- korns op. 198: 10 ovo é um pouco maior de que o de C. leveriana cujas medidas são 3020 mm. A côr é cinzento- avermelhada com manchas deshota- das, pardas. Rein- hardt (IL p. 320) FIGURA 4 observou em Mi- Saltator similis Lafro ct d'Ort. pas Ol nna era pequeno, feito de palha de taquaraçu, sendo uma simples tigela que con- tinha dois ovos brancos densamente cobertos de salpi- cos bruno-amarellos. Schistochlamys ater (Gm.) Allen I. p. 367. O ovo mede 23— 25X 15-17 mm., sendo sobre o campo branco-amarellado coberto de numerosissimos salpicos bruno-escuros. Das especies brazileiras de Pitylus, Orchesticus, Lamprotes, Thlypopsis, Nemosia, Eucometis, Orthogonys, Pyranga, Pipridea não se conhecem os ninhos e ovos. — 213 — Fam Fringillidae Guiraca cyanea (L.) Nehrkorn P. 105. O ovo mede 22,9 X 15 mm. e tem o campo cinzento-azul com mumerosissimas manchinhas cinzentas. * Oryzoborus torridus Scop. O ninho é feito sem arte de talos e raizes mais grossas para fóra, mais finas para dentro. O ovo, que mede 19 X 14 mm. é bran- co-cinzento com manchinhas bruno-cinzentas e alguns ae e garatujas pretas que faltam em parte dos ovos. « Spermophila caerulescens Bonn. et V. Euler p. 32; Nehrkorn p. 105; Sclater and Hudson I p. 46. O ninho, que é tecido de raizes finas, mede Saté 7 centim. O nosso tem o diametro exterior de 7,0 interior de 4 centim. Os ovos são em numero de 3 e mede n 17—18 & 13 mm. Spermoplula superciliaris Pelz. Nehrkorn p. 105. O ovo é semelhante ao da especie precedente po- rem um pouco maior, de 19,5 X 16 mm. Spermoplula ngroaurantia (Bodd.) Nehrkorn p. 405. O tamanho do ovo é de 16,5 X 12,5 mm. O desenho & o mesmo, as manchinhas são cinzentas. Spermophila castanerventris Cab. Nehrkorn p. 105. O ovo mede 17 12,5 mm. Spermophila gutturalis Licht. Nehrkorn p. 100. O campo do ovo é cinzento-avermelhado, o desenho o das especies precedentes,as medidas são 16,5 x 12,5 mm. Spermophila minuta L. Nehrkorn p. 105. Ovo como o da Sp. castaneiventris. Spermophila lineola L. Nehrkorn p. 106. O ovo é brancacento com manchas profundas roxas e super- ficiaes escuras, medindo 17,5 X 13 mm. * Volatina jacarin: (L.) Euler p. 31; Nehrkorn p. 106. Nehrkorn diz que as dimensões dos ovos são de 16—18 X 12 mm. O numero de ovos da postura é de 4, medindo os nossos 18 X 11,5—12,5 mm. Chrysomitris ecterica (Licht.) Nehrkorn p. 107; Aplin p. 170 ; Sclater and Hudson I p. 65. O ninho é feito na altura de alguns metros na forquilha de alguns galhos, de talos e capim e forrado de crinase pennas. Os ovos, — 214 — que medem 16,5 '< 12 mm., são frageis e brancos segundo Hudson, brancos com pontos finos escuros segundo Nehr- korn que porem se refere a exemplares obtidos do Chile. * Sycalis flaceola (L.) Euler 26; Nehrkorn p. 110. Nehrkorn descreve de um modo um pouco differente o ovo em comparação com o de Euler. Segundo elle o ovo mede 19-22 14—15 mm., sendo branco com manchinhas mais ou menos escuras. Os nossos medem 19—20 x 15 mm. e são brancacentos com manchinhas branco-cinzentas, às vezes distantes e às vezes tão che- gadas que a superficie do ovo parece ser parda. Sycalis pelzelni Scl. Nehrkorn p. 110; Sclater and Hudson I p. 66. Hudson, diz que essa especie faz o ninho bastante grande, forrado de cabellos de cavallo e põe 5 ovos densamente salpicados de branco-escuro. O ovo mede 17,5 X 13 mm. segundo Nehrkorn. Hudson observou que esse canario de preferencia faz o seu ni- nho no do João de barro. * Sycalis arvensis (Kutl.) Nehrkorn p. 111; Dal- gleish TI p. 84; Sclater and Hudson I p. 69 (S. lu- teola). Hudson diz que essa especie põe 5 ovos alon- gados, brancos, com manchinhas brunas. Eu acho o ovo da nossa variedade de S. Paulo, maior Cab., como Nehrkorn diz, branco com numerosos pontos e salpicos bruno-avermelhados que na ponta romba formam uma cupola ou corda larga. As medidas variam de 17—18 X-18—14 mm. Dalgleish achou o ninho no chão fei- to de capim fino e contendo 4 a 5 ovos. « Zonotrichia capensis Mill. (pileata Bodd.) Euler p: 275 Dalgleish Il p. 2465 Nehrkornp. 1145 "Aplin p. 170; Allen I p. 372. Um ninho feito no fim do verão é mais simples e descuidadosamente composto do que os outros. Vale a pena observar se os ninhos do verão e das ultimas posturas são feitos com mais des- cuido do que os da primavera. Poospiza personata (Siws.) Sclater and Hudson T p. 90 (P. nigrorufa). O ninho é feito no chão ou pouco acima delle num arbusto. O ovo é azul-claro com sal- picos brancos e pretos, irregulares. Poospiza assimilis Cab. Nehrkorn p. 115, Taf IV, fig. 50. O ovo, que mede 19,0 x 15 mm., é azul carre- gado com alguns pontos ou manchinhas pretas, FIGURA 5 Ninho do Tico-tico do campo Ammodromus manimbe ( Licht.) + Ammodromus munimbe (Licht.) Euler p. 31; Nehrkorn p. 116. O ninho é feito no chão com talos e capim secco, construcçäo simples, um pouco escondi- da por um tufo de macega. Contem 2 ou 3 ovos de forma curta, medindo 19--20 * 15 mm. e de cor uni- forme branca. Sendo assim tres posturas que obtive- mos junto com o passarinho estou certo que a descri- pção de Burmeister a que Euler se refere e a de Nehr- korn são falsas, referindo-se a outras especies. Embernaga platensis (Gin.\ Nehrkorn p. 113; Dal- gleish IV p. 77; Holland Ibis VII Ser. Vol. I, 1895 p. 215. Holland achou na Argentina o ninho no chao, embai- xo de hervas, no mez de Novembro; era uma tigela feita de capim que continha 3 ovos. Esses são brancos Si com numerosas riscas lineares e com manchas bruno- roxas na ponta romba. A descripçäo que Nehrkorn da do ovo, que mede 23x 17 mm. sendo pardo-cinzento com manchas escuras desbotadas parece-me referir-se a outra especie, não correspondendo com a de Holland. Burmeister (Reise La Plata II p. 483) diz que o ovo é espherico, amarello, com linhas e manchas cinzentas. Dalgleish diz que @Orbiguy figurou o ovo na sua obra de viagem Pl. 22 e diz mais que o ovo mede 26 X 19 mm., que é pyriforme-oval, branco, com salpicos e li- nhas róxo-escuras no polo rombo. As descripções de de Nehrkorn e de Burmeister referem-se, pois, em ver- dade, não a essa especie. Coryphospingus cucullatus (Mill) (CG. cristatus Gm.) Euler p. 32; Nehrkor p- 19; Allen I p. 371... Allen diz que o ovo mede 0.83—0. sms 620.63 inch. o que será mais ou menos 21—22 X 16 mm. e que são de côr branco-azulada e cobertos por toda a parte de salpicos e manchinhas castanhas. Nehrkorn diz que o ovo é branco, medindo 18 X 14 mm. Referindo-se a descripção de Allen ao seu collecionador excellente e que sobre os ovos que collecionava ajuntou dados minuciosos, data etc. não duvido que Nehrkorn foi illudido. A des- cripção de Allen está conforme com a de Burmeister. Paroaria cuculata (Lath.) Euler p. 32, Dalgleish Ip. 246, Pl Vi fie. 9: Nebrkorn p; 119, Aplin p. 168; Sclater and Hudson I p. 47. As medidas dadas por Euler não combinam com as de Nehrkorn que são 23,9—25,5 X 17.5 mm. O ninho que Dalgleish obteve era feito de elos e forrado de cabellos de cavallo e con- tinha 3 ovos. Dalgleish denomina essa especie, por en- gano, de P. dominicana. Paroaria capitata (Lafr. et d’Orb.) Euler p. 32. Paroaria larvata (Bodd.) Nehrkorn p. 119. O ovo, que mede 21,9 X 17 mm., é um pouco mais escuro do que 0 da P. cucullata. Gubernalrix cristata (V.) Nehrkorn p. 119. O ovo, que mede 25 x [8 mm., é azul-claro, com poucas manchas pretas, regularmente distribuidas. — 217 — Fam, Ieteridee FIGURA 6 Ninhos de japú collocados num coqueiro * Ostinops decumanus (Pall.) “Euler, p. 33; Nehrkron p. 99; Allen I p. 376. O ninho do Japú, que mede um metro ou mais, é feito essencialmente de barba de pau, mas não exclusi- _ FIGURA 7 e Ninho do Japú wamente como .o diz Euler, Ostinorsdecnmanus (ale | es entrando na construcção da parede talos,. capim: ow macega e folhas. E' suspenso com preferencia em co- queiros. Os ovos que medem 32—34 X 25—26 mm. parecem bastante variaveis nas manchinhas roxas que: em um dos nossos são desbotadas, faltando no outro. Na nossa figura marca a flechinha a entrada do ninho. , + Cassicus haemorrhous aphanes (Berl.) Euler p. 34 ; Nehrkorn p. 99. O ninho do guache-é feito de- capim e barba de päu ,ás vezes ainda viva com a epiderme cinzenta bem conservada. O ovo mede 28—30 X 19—20 mm, Ê tem manchas profundas roxas. e superficiaes brunas, re- unidas às vezes na ponta. obtusa em corda. O Sr. Hempel viu muitos desses ninhos suspensos em ar- vores no rio Mogy-guas- su no mez de Setembro e especialmente em ingás. São bolsas suspensas, cur- tas, de 40 centm. mais ou menos de comprimento e feitas quasi exclusiva- mente de capim. Cassicus albirostris Veesll. Nehrkorn p. 99; Dalgleish) IV p. TE O FIGURA 8 É : Ninho de guache ninho é uma bolsa estrei- Cassicus haemorrhous ta e comprida feita exclu- aphanes (Berl.) 5 a sivamente de fibras des- cascadas de barba de páu. Parece que essa observação, facil de verificar, não foi ainda publicada por outros autores. Goeldi (Ibis 1897 p. 364) trata esse ma- terial como sendo novo e interessante typo de lichen. Os fios da barba de ét te pau ou de Tillandsia usnoides tem um Cassicus albirostris Vieill eixo central preto que se apresenta em massas mortas de: — 2i9 — parba de pau e que pode ser preparado com facilidade em plantas vivas. Esse fio central assemelha-se muito à crina de cavallo, differindo, porem, pelas ramificações. O ninho mede 50—80 centim. e ha de mais de um me- tro de comprimento. A entrada como em todos esses ninhos suspensos das Icterinas é uma fenda na parte estreita e superior do ninho. O ovo mede 23X 16,5 mm., é de forma oval-alongada, esbranquigado, com numerosos salpicos bruno-avermelhados. Cassicus persicus (L.) Euler p. 34; Nehrkorn p 99; Allen I p. 377; Goeldi Ibis 1897 p. 361-365. Allen diz que o ninho é feito de capim ; segundo Wied, porem, consiste em fios descascados da Tillandsia (barba de pau). O ovo mede 27—30 X 19 mm. segundo Nehr- korn, 25,5—27,5 X 18 —19 segundo Goeldi. Amblycercus solitarrus (V.) Nehrkorn p. 99; Aplin p. 171. Aplin considerou como feito por essa especie um ninho feito de fibras vegetaes e compridas «cabellos de cavallo» em forma de bolsa, de 50 centim. de comprimento. O ovo mede 2919 mm. sendo branco com poucas manchas e garatujas branco-escu- ras. Burmeister (Reise La Plata Staaten II, 1861, p. 494) diz que os ovos são alongados, esverdeado-claros, com manchas grandes, vermelhas, Cassidix oryzivora ((rm.) Euler p. 38; Goeldi p. 284. Goeldi e Kuschl disseram no periodico Ibis que os ovos dessa especie são postos nos ninhos do che- cheu, Cassicus persicus e japu, Ostinops decumanus. Goeldi, entretanto, ja em 1894 publicara o facto. A descripção do ovo deu Kuschl no Journal e ( Jrnitholo- gie vol. 4—5, 1897 p. 169. O ovo mede —24 mm. e a sua côr é verde com ee e garatujas isoladas, pretas . Loyd e Barshall (Ibis 1898, p. 166) observaram ovos de Cassidix em ninhos de Cassicus persicus e affinis e de Ostinops decumanus. Dolichonyx oryzivorus (L). Coues p. 401; Nehr- korn p. 99. Passaro conhecido na America do Norte sob o nome de bobolink. Nidifica alli no chao, na ma- cega, pondo 4—6 ovos de 21 X 16 mm., de côr cin- — 220 — zenta com manchas brunas. A especie occorre na Ama- zonia e em Matto Grosso, mas nao sei se alli nidifica: ou se comparece sO em certa epoca do anno. * Molothrus bonariensis (Gin.) Euler p. 36 ; Nehr- korn p. 100 ; Sclater and Hudson I p. 72; Aplin p. 172, Burmeister (Reise La Plata I p. 495) diz que oovo foi. figurado por d’Orbigny (Ois. Pl. 45 fig. 4). As medidas do ovo variam em geral de 23 -25 X 18-21 mm. Ao lado dos ovos descriptos por Euler occorrem no Rio Grande do Sul eno Rio da Prata ovos brancos com poucos salpicos ousem elles uniformes branco-esverdea- dos, lustrosos. Molothrus rufoaxillaris Cass. Nehrkorn p. 100; Selater and Hudson 1 p. 86. Hudson achou que essa especie tem o costume parasitico do virabosta, mas. que põe os seus ovos exclusivamente no ninho do Mo- lothrus badius. O ovo assemelha-se completamente ao: do M. badius e não ao do M. bonariensis como Nehr- korn diz e cada uma das duas femeas põe 9 ovos. Entre os 10 ovos assim reunidos Hudson não poude: distinguir os das duas especies nem entre os filhotes, eguaes entre si. Molothrus badius V. Euler p. 38; Nehrkorn p. 100; Dalgleish I p.245 Pl. VIT fig. 4; Aplin p. 173 ;: Sclater and Hudson I p. 95. Não é exacto o que Euler diz sobre o modo parasitico da propagação dessa especie. Toma, às vezes, conta do ninho do Anumbius, mas, em: geral, constrôe na forquilha de um galho o seu ninho; forrado de cabellos de cavallo. Assim o declaram Aplin’ e Hudson. A postura consiste em 5 ovos. A postura de quatro ovos que Dalgleish obteve era tirada de um. ninho da Taenioptera, mas de certo o casal do Molothrus só tomara conta do ninho. As medidas do ovo são: 24-26 X 18—19 mm. Agelaeus thilius (Mol.) Nehrkorn p. 100; Scla- ter and Hudson I, p.97. O ninho é feito de capim em arbustos à margem de rio ou banhado, e contem 4 ovos que segundo Nehrkorn medem 21—24 X 16— 18 mm. e são pardo-cinzentos com manchas profun- — 221 das roxas e superficiaes brunas. Hudson diz que só na ponta romba säo salpicados de bruno e preto sobre campo branco. E” possivel que essas descripções se re- firam a especies differentes. Agelaeus flavus ((rm.) Nehrkorn p. 100; Sclater and Hudson | p. 98; Dalgleish I p. 228. O ninho é feito de capim, cerca de | m. de altura acima do chão, em arbusto, e contem 4 ovos brancos, salpicados de bruno, especialmente na ponta romba. O ovo mede 23 X 17mm. A postura é de 3—5eem geral de 4 ovos. Agelaeus ruficapillus V. Selater and Hudson p. 99. O ninho é feito a pouca altura, nos banhados, e muitos se acham reunidos no mesmo logar. Os quatro ovos são de côr branco-azuiada com manchas pretas na ponta obtusa. Leistes superciliaris (Bp.) Sclater and Hudson I p. 100. O ninho é feito de capim no chão e contem quatro ovos brancos salpicados de bruno-vermelho. Amblyrhamphus holosericeus (Scop.) Sclater and Hudson I p. 101. O ninho é feito de capim e fixado em arbustos no banhado, à pequena altura. A postura consiste em quatro ovos de campo azul-claro com pou- cas manchas pretas. Burmeister (Reise La Plata IL, p. 491) diz que o ovo é por toda parte densamente sal- picado de vermelho. Pseudoleistes quirahuro (V.) Euler p. 35; Nehr- korn p. 101. O ovo mede 25 X 19 mm. e tem salpi- cos roxos e brunos mais numerosos no polo obtuso. Pseudolerstes virescens (V.) Euler p. 36; Dal- gleish 1 p. 279; Sclater and Hudson I, p. 103; Nehr- korn p. 101. Oovo mede 24—25 X 17-20 mm. Dal- eleish achou o ninho a 2 pés acima do chão feito de capim, com uma camada grossa do lodo, e forrado de cabellos, contendo 5 ovos. Trupialis defilippir (Bp.), Holland p. 215. O ni- nho é feito de capim, no chão e contem 3-4 ovos brancos, alongados, com numerosos salpicos bruno-ver- melhos. Nehrkorn diz, p. 101, que o ovo dessa espe- cie se assemelha ao do Tr. militaris L. que descreve como cinzento-enearnado com manchas brunas, medindo 29—30 X 20—21 mm. Sturnella magna (L.) Nehrkorn p. 101. Especie da Guyana e do Rio Branco. O ovo mede 29 X 22 mm. e tem sobre campo branco salpicos roxos e brunos. Gymnomuystax melanicterus (V). Goelti Ibis 1897 p. 369. O ninho é uma tigela feita de macega e cipó. O ovo é branco-azulado com grandes manchas escuras. Icterus pyrrhopterus (V.) Sclater and Hudson I p. 107; Nehrkorn p. lul. O ninho é suspenso na extremidade de um galho e construido de lichens. O ovo é parecido ao dol. baltimore que mede 22,5 X 16 mm. sendo esbranquiçado com manchas e garatujas roxas e brunas. Icterus jamacam (Gm.) Euler p. 30. Icterus cayanensis L. Euler p. 39; Nehrkorn p. 102. O ovo mede 22 18 mm. Icterus xanthornus (Gm.) Euler p. 35 ; Nehrkorn p. 102. Nehrkorn diz que o ovo mede 25 X 17,9 mm. e que tem sobre campo pardo-cinzento garatujas grossas bruno-denegridas. Essa descripção pouco combina com a de Burmeister. Lamprosar tanagrinus (Spix) Nehrkorn, p. 125. O ovo, que Nehrkorn obteve do Pará, mede 21 17,5mm., é de forma bastante arredondada e tem o campo pardo- claro com manchas brunas e salpicos pretos distribuidos sobre toda a superficie sendo mais densas na ponta romba. Aphobus chopi (V.) Euler p. 35; Sclater and Hudson I p. 109; Dalgleish IV, p. 78. Hudson diz que o ovo é branco, mas Dalgleish achou diversos ninhos com 4 ou D ovos que medem 24-26 X 18—19 mm., sendo de cor azul-clara com linhas finas e algumas manchas roxas no polo rombo. O ninho é uma tigela feita de capim e folhas de coqueiro, collocado nos coqueiros com prefe- rencia. Fam. Corvidee . Cyanocorax coeruleus (V.) Nehrkorn p. 17. Taf. I fig. 1 Nehrkorn descreve o ovo recebido por mim Seana do Rio Grande do Sul; mede 36% 23 mm. Os que de Iguape obtivemos do Sr. Krone medem 33 X 23-24 mm. e tem o campo azul-verdoengo com numerosas manchas pardo-claras. Cyanocorax chrysops (V.) Euler p. 40. Uroleuca cyanoleuca (Wied) Allen 1 p. 153. O ovo mede 33 X 25—24 mm. e tem o campo azul-claro e numerosas manchas brunas que são maiores na ponta romba. II. Sub-ordem. Clamatores DIVISÃO 1. OLIGOMYODAE Piana. ee ann dee Sub-fam. Wseniopterinze Tenioptera nengeta (L.) Euler p. 41; Dalgleish 1, p. 2497 Aplin po tio El Ve -fie..3-4. O ninho é feito em arvores e consiste em talos e raizes, sen- do forrado de cabellos e pennas. O ovo, que mede 27—30 X 20-21 mm., é branco com manchas pouco numerosas, roxas profundas, e brunas superficiaes na metade romba. | Burmeister (Reise La Plata Il p. 460) diz que d'Orbigny (Ois. Pl. 57 fig. 4) figurava o ovo que é globuloso liso, Justroso e uniforme-branco com tom azul. Burmeister diz que obteve o ovo dessa especie e o de Teenioptera coronata V. e que ambos são uniformemente brancos. Não sei explicar essa differença na descripção senão presuminlo que as manchas do ovo indicadas por Dalgleish e por Hudson às vezes fazem falta. Creio que não pode haver duvida de que as descripções e figuras de Dalgleish e Aplin que bem combinam entre si devem ser consideradas como exactas e caracteristicas. Tenoptera wupero(V.) Aplin p. 176; Nehrkorn, p. 136; Dalgleish II p. 244, Pl. VII, fig. 2. Aplin obser- vou um casal que o seu ninho teve no de João de barro. , O ovo mede 2º—24 X 17 mm.; a côr é branco-amarel- lada, uniforme, ou com algumas manchas escuras. Bur- meister (Reise La Plata IT p. 460) diz que o ovo é mais alongado do que nas outras especies e branco uniforme. Toemoptera dominicana (V.) Nehrkorn p. 136. O ovo é branco-amarello claro com algumas manchas brunas e mede 24 X 13,5 mm. Eluvicola pica (Bodd.) Nehrkorn p. 136. O ovo é branco com algumas manchas brunas é mede 17,5 X 13 mm. Fluvicola albiventer (Spix) Euler p. 41; Nehrkorn p. 137. O ovo assemelha-se ao da especie precedente. F:GURA 10 Ninho da viuvinha Arundinicola leucocephala (L.) * Arundimecola leucocephala (L.) Euler p. 42; Nehr- korn p. 137. O ninho, que é bem caracteristico, foi = DU) — bem descripto e figurado (Abbildungen Lief. 14) por Wied. E' collocado entre os galhos divergentes de um arbusto ou de um pé de junco construido de talos e capim e forraao de pennas. A entrada nessa bola fechada è na frente pouco embaixo da cupola e mede 3—4 centim. de diametro. As dimensões do ninho são 18 centim. de altura, 9 de largura. Quanto aos ovos parece-me que houve engano por parte de Euler quanto às medidas. As nossas combinam com as que Nehrkorn indicou, sendo 19 —20 < 14—15. Alectrurus risorius (V.) Sclater and Hudson I p. 124 ; Dalgleish I p. 279. O ninho é feito no chão, de capim secco e contem 3 ovos branco-amarellados. « Svsopygis icterophrys (V.) Euler p. 42; Sclater and Hudson I p. 126; Nehrkorn p. 147. O ovo, que mede 21 X 16 mm., é de côr branco-amarellada com poucas manchas que são grandes e avermelhadas. Essa descripçäo não combina bem com os ovos que obtive- mos do Sr. Krone e cujo campo é branco com manchas pequenas branco-amarelladas. Burmeister (Reise La Plata II p. 461) diz que d'Orbigny figurou o ovo (Ois. Pl. 45 fig. 3) que é branco com uma corôa de salpicos pretos na ponta romba. Cnipolegus cyanirostris (V.) Burmeister (Reise La Plata Il p. 457) obteve os ovos que são brancos com pontos pardo-pretos, pouco numerosos, na ponta romba. Cnipolegus comatus (Licht.) Nehrkorn p. 157. O ovo que mede 18,5 xX 13,5 mm. é branco amarellado com poucas manchas bruno-claras, bem marcadas, que são mais numerosas no polo obtuso. Lichenops perspicillatus (Gin.) Sclater and Hudson I p. 181; Nehrkorn p. 137. O ninho é feito de capim e contem quatro ovos brancos com algumas manchas na ponta romba, segundo [udson. Nehrkorn descreve o vvo de modo differente, dizendo que é branco ama- rellado com manchas roxas profundas desbotadas e bru- nas, grandes, que na ponta romba formam uma corôa, medindo 21,5 X 15,5 mm. A descripção de Burmeister (Reise La Plata Il p. 458) combina com a de Hudson dando como medida de comprimento 7°”. o que é me- nos do que Nehrkorn diz. Copurus colonus (V.) Euler p. 43; Nehrkorn p. 137. A descripcäo do ovo cuja côr é branca, é bem differente entre esses dois auctores. Segundo Euler é de forma curta medindo 13—195X 15 mm. Nehrkorn, ao contrario, o descreve como muito alongado medindo 19— 20,5 X 14 mm. Machetoris rixosa (V.) Euler p. 43; Aphn p. 178; Sclater and Hudson I p. 133; Nehrkorn p. 137. O ninho é feito em päus ocos ou em ninhos deixados de João de barro ou de Anumbius. O ovo é branco-ama- rellado com numerosas manchas alongadas, roxas e bru- nas e mede 23-24 18,5 mm. Burmeister (Reise La Plata Il p. 459) diz” que VOrbigny figurou os ovos (Ois. Pl. 51 fig. 3 e t)e que são ambos dessa especie e não do Tyr. melancholicus cujo ovo @Orbigny figurou, PI. 34, TO, o, Subfam. Platyrhynchinæ * Platyrhynchus mystaceus V. Temos um ninho e um ovo colligidos em Iguape por R. Krone. O ninho ê uma tigela bem feita cujo diametro exterior é de 6 centim. e o interior de 4 cent., sendo a altura de 4 cent. As paredes são construidas com pedaços curtos de folhas de macega e junco fixados exteriormente por fios finos de fibras vegetaes e forrado com fios pretos descascados de barba de pau. Contrasta singularmente a cor alvacenta da parede com a preta do revestimento interior do ninho. O ovo, que mede 18><14 mm., é de côr branco-amarella, sem lustro e tem entre o meio e a ponta romba uma zona pouco marcada de finas man- chas vermelho-claras. A fórma do ovo é curta, sendo a ponta aguda relativamente bem obtusa. Esse ovo assemelha-se aos do genero Todirostrum; quanto aos ninhos são muito differentes. * Todirostruin poliocephalum ( Wied.) Euler p. 43; — 227 — Nehrkorn p. 138. O ovo que mede 16 X 12 mm. é de cor branco-encarnada com manchinhas avermelhadas bastante numerosas na ponta romba, onde formam uma larga coroa. O ovo descripto por Nehrkorn de Chiriqui é menor e com menos manchinhas. Todirostrum cinereum (L.) Nehrkorn p. 138. O ovo é branco com pontinhas vermelhas no polo obtuso e mede 1712 mm. Todirostrum maculatum (Desm.) Goeldi Ibis 1897 p. 368, fig. J. O ninho as- semelha-se ao descripto por Kuler por ter alpendre sobre a entrada e appendice caudal. Os ovos medem 16 X 11,5 mm. e são brancos com nu- merosos pontos vermelhos. * Huscarthmus nidipen- dulus Wied. Euler p. 44. O Principe Wied descreve, HI, p. 952, o ninho e diz que ia figural-o na obra «Abbil- dungen» mas não o acho re- presentado naquella obra. O que obtive em principio de Outubro do anno corrente com dois ovos é uma bolsa pyriforme, suspensa num ra- minho. O ninho tem o com- primento de 13 centm. sem o appendice de algumas fo- lhas seccas de 26 centim. e mede 8 cent. de diametro na parte inferior. A entrada é uma abertura redonda de 3 cent. de diametro, coberta por um alpendre de 4 cent. de comprimento. O ninho é feito de talos, raizes e folhas Freura 11 d ) Ninho do Cagasebo e macega, etc. e forrado de Euscarthmus nidipendulus Wied. — 228 — paina. Este ninho estava collocado a cerca de 1,5 M. aci- ma do nivel de um arroio e continha dois ovos. Estes são brancos com tom esverdeado e cobertos de sal- picos finos vermelhos, que deixam livre o polo acumina- do e são mais numerosos no polo rombo onde formam uma corda. As medidas são 28X 14 mm. Foi morta a femea quando sahia do ninho, mas o macho encontrado tres vezes com ella e afinal morto ao lado do minho era da especie E. gularis. + Huscarthmus gularis Temm.Berlepsch und lhering, Pme mNehricorn/;p. yilies. O ninho assemelha-se ao da especie precedente na fôr- ma e nas dimensões differin- do pelo alpendre que é fraco composto apenas de talos e espigas de capim. O ninho é forrado tambem de capim e não de paina e mede 8 cen- timetros no diametro em bai- xo tendo o comprimento de 26—28 centimetros. E" una bolsa que em baixo é arre- dondada e sem appendice fei- ta de macega e capim, barba de pau, talos e raizes. O ovo mede 16 —i7 X 12 mm. e tem sobre campo branco com tom amarellado inanchinhas roxas e brunas, mais nume- rosas no polo rombo. Kuscarthmus margari- tacewenter (Lafr. et d Orb.) Nehrkorn p. 138. O (ovo assemelha-se ao da especie precedente e mede 19X 13. FIGURA 12 Kuscarthmus striaticollis Ninho do Euscarthmus gularis (Laf vr.) Nehrkorn p. 138. Temm. O ovo mede 17 X 13 mm. 229 — Orchilus awricularis (V.) Euler p. 45. O ninho combina com o de Todirostru:n. Hapalocercus meloryphus (Wied). Euler p. 43. Hapalocercus flaviventres (Lafr. et d'Orb.) Sela- ter and Hudson I p. 138. O ninho é feito em pouca altura na forquilha de um arbusto e construido de capim. A postura foi encontrada no mez de Outubro e consistia em 3—4 ovos branco-amarellados com o polo obtuso mais escuro, amarello-cinzento. + Serphophaga mgricans (V.) Euler p. 46; Sclater and Hudson Ip. 41; Dalgleish I p. 248, Pl. Ill fig. 3. Os nossos ninhos medem 9—10 centimetros no diame- tro exterior, 4,3 centimetros no interior, sendo feitos de raizes e lichens e forrados de paina. Os ovos me- dem, em regra, 16—1T7X 12—13 mm., mas temos um de 18 X 13 mm. A cor do ovo é uniforme, branco- esverdeada ou branco-amarella, mas não amarello de enxofre como Nehrkorn diz. (Combina com a nossa descripção a de Dalgleish, mas não a de Hudson que de certo se refere a outro passarinho, dizendo Hudson que o ovo é branco com manchinhas cinzentas e pre- tas no polo obtuso. Os ninhos que o Snr. A. Hempel trouxe do Rio Mogy-guassu são feitos de musgo verde e forrados de paina e pennas medindo o diametro inte- rior 4—s centimetros e exterior 8—10 centimetros, sendo o tamanho do ninho bem variavel. A postura é de 2 ou 3 ovos. + Serphophaga subcristata V. Sclater and Hudson I p. 147; Dalgleish IV p. 82 ; Nehrkorn p. 138. O ninho é menor e feito com mais cuidado do que o da especie precedente. O diametro exterior é de 7 centi- metros, o interior de 3,5 centimetros. E’ uma tigela funda, feita de capi n, musgo, lichens e pennas e forrada de pennas brancas. O ovo mede 14—15 X 11— 12 mm. Temos dois ovos que são de pontas bem obtusas, de forma curta, medindo 14 X 12 mm. A côr é branco- amarellada. O revestimento exterior do ninho de lichens E) parece caracteristico. A postura é de dois ovos. DD Subfam. Elaineinæ Cyanotis azaræ (Licht.) Selater and Hudson I p. 144; Nehrkorn p. 139. O ninho é uma tigelinha bem e artisticamente elaborada, as paredes compactas feitas de pedaços de folhas de junco reunidas em estado humido e talvez de algum modo grudadas. Está fixado de um lado a um tronco triangu- lar de junco, medindo 7 centimetros na altura e 5—6 no diametro. A borda da entrada é muito estreita quasi li- near. Para baixo o ninho fica mais estreito, formando afinal apenas um en- volucro delgado do tronco do junco. O ovo que mede 15,5xX12 mm. é branco- amarellado e tem, às vezes, na ponta romba uma corôa estreita, pallida e desbotada. A postura consiste em dois Ovos. FIGURA 13 Leptopogon amaurocephalus Cab. Ninho do papa-piry. Allen IV p. 153. O ovo, que mede Rn ai “re 49--20xX14 mm., é branco, uniforme. Não se conhece o ninho. Phyllomyias burmeisteri. Cab. et Heine. O ni- nho é uma tigela simples, feito de alguns talos e rai- zes e forrado de talos grossos de barba de páu des- cascada. Exteriormente, é enfeitado com pedaços de lichen. E” pouco fundo e mede 9—10 centimetros no diametro exterior, 5—6 centimetros no interior. Nao conheço os ovos. Ornithion obsoletum (Temm.) Euler p. 50. Não se conhecem os ovos. * Elainea pagana (Licht.) Euler p. 46; Nehrkorn p. 139. Os nossos ninhos medem no diametro exterior 7 e no interior 5 centimetros, e têm o revestimento exterior de musgo e lichen fixado por meio de algo- dão, sendo forrado de pennas brancas. O minho é construido de talos e raizes fixas e tem — 21 — a borda bem elaborada e revestida tambem de lichen. As medidas dos ovos são 21—225 16 mm. segundo Euler, 17—19 X 15 mm. segundo Nebrkorn. A mesma differença noto entre nossos ovos sendo os do Ypiranga menores do que os de S. Sebastião que medem 21 >< 16 22 X 17 contra 19—20 5X 15 nos do Ypiranga. A cor dog ovo é branca com tom encarnado e uma larga coroa de manchinhas redondas, roxas, profundas, e bruno- avermelhadas, superficiaes. Em alguns ovos extendem-se essas manchas sobre a metade aguda. Dous ovos que em Novembro obtivemos em Itatiba medem 2216 mm. Desconfio que os ovos de 17> 15 mm. de Nehrkorn se referem a outra especie afim e que como medidas do ovo de El. pagana deve-se considerar 19—22 15—17 mm. « Elainea obscura (Lafr. et d O16.) Nehrkorn p. 139. ig: a ninho que em fins de Outubro obtivemos com dois ovos bem chocados, é feito sem arte. E uma construcçäo relaxadamente feita entre tres galhos di- vergentes de um arbusto, uma tigela chata, feita de talos, raizes e barba de pau descascada e exteriormen- te enfeitado com pouco cuidado com alguns pedaços de lichen e musgo. O diametro do ninho é de 8—9, a altura de 5—6 centimetros. Os ovos medem 21—22 X 15—16 mm., e são branco-encarnados com uma lar- ga corôa de manchas cinzento-roxas, profundas, e bru- no-avermelhadas, superficiaes, na metade romba. + Hlamea albiceps (Lafr. et @ Orb.) Allen IV p. 153; Nebrkorn p. 139. Um minho que obtivemos em Ypirang a a 18 de Dezembro de 1899 com 2 ovos é uma tigela pouco funda, feita de talos, e forrada de capim fino e talos de efflorescencia de capim. Exte- riormente, tem enfeite de algumas folhas seccas e teias de aranha. Os ovos são de forma encorpada, mais curta do que nas outras especies atins e medem 18 x 14,5 mm. As medidas dos ovos variam nessa es- pecie de 18-20 14—15 mm. A côr do ovo é bran- ca, com uma larga corôa de salpicos finos, de cor bru- no-avermelhada. O minho mede 7 centim. no diame- — 232 — tro exterior, 5 no interior e 7 na altura. Outro ni- nho recebido em Janeiro tem exteriormente enfeite de alguns pequenos pedaços de lichens. Nota-se a differença entre esses ninhos das espe- cies alliadas de Elainea. Feitos com capricho e arte e enfeitados exteriormente de lichens são os de Elainea mesoleuca e pagana distinguindo-se o ultimo por ser forrado de pennas; os de obscura e albiceps são mais simples, feitos com pouca arte e com pouco ou sem enfeite algum. Entre os ovos distingue-se o de E. obscura pela cor amarellada. Os de albiceps e meso- leuca são semelhantes, mas a corda extende-se na pri- meira especie atê ao equador do ovo e na outra limi- ta-se ao polo rombo consistindo em manchas maiores e mais escuras. + Hlainea mesoleuca (Cab. w. Heine) Nehrkorn p. 139. Pouco differe da especie precedente; o ovo me- de 18— 19 16—15,5 mm. As manchas formam no polo rombo uma larga co- roa de manchas bruno-avermelhadas e outras menores, roxo-pallidas. © ninho é chato, medindo no diametro exterior 9, no interior 5 centim. e 4 centim. na al- tura. E' feito de raizes, de barba de pau descasca- da, lichens e exteriormente revestido de lichens. Esse ninho foi apanhado a 22 de Novembro de 1898 com um ovo em Nova Hamburgo, Rio Grande do Sul, pelo Sr. Schwartz e junto com a ave. Eluinea brevipes Wied. Euler p. 48. E” essa especie sobre a qual na literatura näo acho as necessarias in- formações. O ninho de modo algum corresponde aos de Elainea e dos generos alliados, não me restando du- vida alguma que essa especie nada tenha que vêr com o genero Elainea, mas julgando provavel que seja afim aos generos Euscarthmus e Orchilus. O Sr. von Berlepsch escreve-me que, na opinião do Dr. Allen, esta especie de Wied representa a ave nova de Neopelma aurifrons Wied, mas, como já observei, Euler obteve a mesma especie e observou as aves aduitas, o ninho e OS OVOS. os 12900 Myiopatis viridicata (V.) Elainea placens Sel. Nehrkorn p. 139. O ovo corresponde ao de E. albi- ceps. «+ Legatus albicollis (V.) Nehrkorn p. 139. O ovo, segundo esse auctor, é branco-amarellado, com manchas brunas na ponta romba e mede 20xX15,5 mm. O Sr. R. Krone mandou-nos sob este nome dois ovos que medem 2316 mm. e que são de côr bruno-cinzenta com manchinhas escuras que na ponta romba formam uma corda. Como os ovos de Elainea e dos generos afins combinam bem entre si, penso que o engano que deve formar a razão dessas descripções tão differentes foi commettido pelo Sr. Krone, talvez por determina- ção inexacta. * Myiozetetes similis (Sprx) Euler p. 981; Nehr- korn p. 139. O ovo é de forma oval-alongada, bran- co ou encarnado-branco com manchas pardas no polo rombo e mede 2417 mm. Os nossos medem 25 X 17 mm. e alguns delles têm as manchas mais ou rûe- nos regularmente distribuidas em toda a superficie, ou- tros têm-n'as só na ponta romba em forma de cupola ou de corõa. A Muscicapa cayanensis Wied é Pitan- eus lictor e não esta especie. que por engano Euler na sua primeira publicação, II p. 226, tratou de Sauropha- gus licter. Myiozetetes cayennensis (L.) Nehrkorn p. 159. As manchas, que são roxas e pardas, formam na ponta romba uma corôa. O ovo mede 22,5 X 17 mm. Myiozetetes texensis (Gir) Nehrkorn p. 139. O ovo assemelha-se ao de M. similis, mas as manchas são mais escuras e mais numerosas. Rhynchocyclus olivaceus (Temm.) Euler p. 48; Nehrkorn p. 140. Segundo Nehrkorn o ovo mede 20,9x15,9 mm. e tem sobre campo encarnado-branco manchas profundas roxas e superticiaes, bruno-pretas, menores. E” provavel que os ninhos que desse genero temos e que correspondem à descripcäo de Euler pro- venham da especie seguinte, KR. sulphurescens Spix. — 234 — Esses ninhos medem cerca Figura Id Ninho de Rhynchocyelus sul- phurescens (Spix) de 30 centim. na altu- ra 20 na base e são fei- tas de fibras descascadas de Tillandsia. (Barba de pau. Rhynchocyclus sulphu- rescens (Spec) Allen IV p. 153. O ovo é parecido com o da especie preceden- te. As manchas bruno-cla- ras são só um pouco mais escuras do que o campo branco-encarnado. A fór- ma do ovo, que mede 20X17 am je alongar da. = Pitangus sulphuratus maximilrant (Cab. et Her- ne) Euler p. 52; Nehr- korn p. 140. As medidas dos nossos ovos variam de 27 X 20 mm até 30 X 21 mm. e segundo Euler de 51—32 >< 20—21 mm. As medidas de 27 24 mm. que Nehrkorn publi- ca, parece-me, referem-se a um engano, talvez typo- eraphico. Pilangus sulphuratus bolivianus (Lafr.) Aplin p. 179 ; Dalgleish IT p. 247 PI. VIII fig. 1; Sclater and Hudson I p. 150; Nehr- korn p. 140. Nehrkorn diz que o ovo mede 29 >< 20 mm., sendo no mais semelhante ao da especie precedente. Dalgleish diz que o ninho é grande, fechado em cima e com entrada lateral e que a postura consiste, em 4 raras vezes em 5 ovos. FIGURA 15 Ninho de Bemtevi Pitangus sulphuratus maximiliani (Cab. et H.) Pitangus lictor (Lacht.) Nehrkora p. 140 Nehr- korn achou as medidas 2518 mm. * Myiodynastes solitarius (V.) Euler, p. 20. Subfam. Tyranninae * Megarhynchus pitangua (L.) Euler p. 54; Nehr- korn p. 14. Segundo Euler, o ovo mede 2619—20 mm.; segundo Nehrkorn, 295<22 mm. Os nossos me- dem 28—2921 mm. Muscivora siwainsont Pelz. Nehrkorn p. 140. O ovo que mede 22,515 mm., é pardo-cinzento com manchas e garatujas pardo-vermelhas, que, embaixo da ponta romba, formam uma corôa densa. Hirundinea bellicosa (V.) Kuler p. 55; Nehrkorn a — 236 — * Myiobius naevius (Bodd.) Nehrkorn p. 141; Allen IV p. 153; Sclater and Hudson I p. 102. O ni- nho é suspenso na forquilha de um arbusto, mediante aleumas fibras e teias de aranha e mede 8 —10 centim. no diametro exterior, 4 centim. no interior e 7 centim.. na altura. E” uma tigela funda, feita de talos de capim: e macega com paina, revestida por fora, às vezes, com musgo e forrada de talos finos de capim. Essa descri- pção combina com a de Hudson, excepto que esse au- tor o achou forrado de pennas. Os ovos medem 18— 19<13—14 mm. e são amarello-pallidos ou branco- amarellados, com manchas bruno-avermelhadas situa- das em baixo da ponta romba, numa corda vermelho- deshotada. Myiobius barbatus (Gin.) Euler p. 56. O ninho é bastante differente do da especie precedente. * Pyr ocephalus rubineus (Bodd.) Euler p. 593. Nehrkorn p. 141; Dalgleish III p. 83; Sclater and Hud- son I p. 154 O ninho é construido sómente pela fe- mea e feito de raizes de paina e lichens, fixados por teias de aranha + forrado de pennas. A postura con- siste em 3 ou 4 ovos de 15—12,5 mm., de forma oval arredondada, de campo branco-amarellado e com man- chas roxas e pretas, formando, às vezes, uma coroa. Dalgleish diz que o ovo é bruno-amarello, com uma coroa de manchas bruno-escuras. Empidochanes fuscatus ( Wied) Nehrkorn p. 141. O ovo que mede 20,5*X 16 mm., é branco-amarellado,. com pintinhas isoladas, roxas e brunas. Os que obtive- mos do Sr. Krone, de Iguape, medem 23X16 mm. e têm manchas fortes, brunas. Acho bem differentes es- sas descripções, provavelmente devido a algum engano. Como o ninho que acampanhou os ovos é 0 de Elai- nea pagana, especie à qual podem ser bem attribuidos tambem esses ovos, não duvido que houve engano por parte do Sr. Krone. Empidonax bimaculatus Lapr. et d'Urb. Euler p. 58; Allen IV, p. 153. As medidas indicadas por Al- len são 18-94 mm. * Myiarchus ferox (Gin.) Euler p. 58; Nehrkorn p. 42; Dalgleish IV, p. 29. Os nossos ovos medem 23-2417 mm. As observações de Dalgleish sobre M. tyrannulus Mull., de certo se referem a essa especie. As medidas do ovo são um pouco menores, Empidonomus varius (V.) Nehrkorn p. 143. O ovo é branco-amarellento, com manchas alongadas, re- gularmente distribuidas e que são roxas, profundas, e brunas, superficiaes. O ovo mede 21x16 mm. Os nos- sos ovos confirmam esta descripção de Nehrkorn. Empidonomus aurantio-alro-cristatus Lafr. et d’Orb. Nehrkorn p. 143; Sclater and Hudson I p. 158. O ninho é uma construeçäo relaxada de alguns talos. A postura consiste em 4 ovos, que são brancos com manchas roxas e brunas, medindo 1914,5 mm. « Tyrannus melancholicus ( V.) Euler p. 60; Nehr- korn p. 143; Dalgleish IV p. 83 ; Sclater and Hudson, I p. 159. Hudson dia que a postura é de 4 ovos. Es- tes parecem bem variaveis no tamanho, sendo as medi- das representadas na serie que temos de 23—2717—19 mm., sendo 23X17—18 a regra. Dalgleish diz que o ovo é figurado em «Ibis» 1859, PL V, p. 121. * Milvulus tyrannus (L., Euler p. 60; Nehrkorn {4355 Dalgleish,. |] p;280 e dl, p. 248, PL VII tg. 2; Sclater and Hudson Ip. 161. D'Orbigny figura o ovo (Ois. PL 44, fig. 3) segundo Burmeister que diz ser o ovo figurado mais salpicado do que é a regra. A postura é de 3 ou 4 ovos. Fam. Oxyrhamphidae Nada consta sobre a biologia. Fam. Pipridae Metopia galeata (Licht.) Allen IV p. 154. Dois ovos foram encontrados no mez de Outubro, que me- dem 23X16,5 mm. O ovo é branco-amarellado com numerosas estrias e manchas brunas, densamente co- bertas, que formam no polo obtuso uma corôa larga. Pipra fascrata Lafr. et d’ Orb. Allen. p. 154 O ovo, que mede 2116 mm., tem o campo. branco-cin- zento coberto quasi por toda parte de estrias longitu- dinaes e manchas pequenas, alongadas, bruno-roxas. Chiroxiphia pareola (L.) Euler p. 62. * Chiroxiphia caudata (Shaw). Euler p. 61; Nehr- korn p. 144 Nehrkorn diz que as manchas são alongadas e formam no polo obtuso uma corôa e que as medidas são 23—25X16—17 mm. Chiromachaeris manacus L. Nehrkorn p. 144 Taf. VI, fig. 38. O ovo, que mede 20X15 mm., é cin- zento ou esverdeado-cinzento, com manchas alongadas, desbotadas, bruno-cinzentas, mais numerosas no polo obtuso. + Chiromachaeris quiturosa (Desin.) Euler p. 62. Dos nossos dois ovos, mede um 2014 mm., o outro 22% 15 mm. Um tem o polo obtuso quasi privado de manchas, o outro tem-n'o denfamente salpicado. As manchas formam, em baixo do polo obtuso, uma corôa pouco distincta. O ninho que temos está collocado na for- quilha horizontal de um galho e mede 8 centim. no dia- metro exterior, 6 centim. no interior. A profundidade interior é de 3 centim. O ninho é transparente. feito de raizes e talos e forrado com alguns talos de capim. Exteriormente, é revestido de varias folhas seccas de arvores, Sobre ninhos e ovos dos generos Piprites, Ma- chaeropterus, Ilicura, Ptilochloris, Heteropelma e Neo- pelma, nada consta. Fam. Cotingidae Tyra cayana (L.) Segundo Lloyd (Ibis 1898, p. 166), essa especie põe em cupins ou em termiteiros. Assim o observou na Guyana. * Tityra brasiliensis (Sw.) Obtivemos do Sr. Krone, em Iguape, o ovo, que é de forma oval alongada, com pouca differença entre os dois polos, medindo 32 >< 22 mm. A superficie é lisa e lustrosa, a cor cinzento-en- carnada pallida, com manchinhas profundas branco-cin- — 239 — zentas, desbotadas, que formam uma corda pouca dis- tincta em baixo do polo obtuso e com garatujas, linhas e manchinhas bruno-escuras, irregularmente distribui- das. Nada me consta sobre o ninho. * Hadrostomus atricapiltus V. Nehrkorn p. 144 O ovo, que mede 26 < 18 mm., é cinzento-claro, com manchinhas e garatujas cinzento-escuras, especialmente no polo obtuso, e, às vezes, com algumas ees hi- neares pretas. Os nossos medem 26><18 e 27i9 mm,, e as manchas são restringidas à corôa em dit das sobre toda a superficie em outros. O minho, caso o nosso seja authentico, é uma simples construcção de fibras vegetaes, dispostas symetricamete, em circulos ou espiraes. O ninho é pouco fundo, quasi chato e mede 18 centim. no diametro. Pachyrhamphus viridis (V.) Nehrkorn p. 144; Euler p. 65. Nehrkorn diz que o ovo mede 22x16 mm. e que é branco-cinzento com manchas e garatujas cinzento-escuras, às vezes com garatujas bruno-pretas, formando em alguns exemplares uma coroa. Pachyr hamphus niger (Spix ) Nehrkorn p. 144 Taf. IV pag. 40. Ovo de 2116 mm., de cor bruno- cinzenta com salpicos bruno que em cima formam uma corôa pouco marcada. . Pachyrhanphus polychropterus (V) Euler p. 65. Os nossos dois ovos, que recebemos do Sr. Krone, medem 23x16—17 mm. e são cinzento-claros com manchinhas alongadas e estrias cinzento-escuras e bru nas irregularmente distribuidas, mais fortes e numero- sas no polo obtuso. Segundo Euler, os ovos das espe- cies de Pachyrhamphus seriam bruno-chocolate unifor- mes, mas creio que isto só por excepção aconteça. Pa- rece, segundo diz Nehrkorn, que os ovos dos generos Pachyrhamphus e Hadrostomus se assemelham mas são bastante variaveis. + Pachyrhamphus atricapillus (Gm.) Nehrkorn p. 144. O ovo assemelha-se ao do P. niger, sendo um pouco mais claro. Attila cinereus (Gin.) Euler p. 65. — 240 — Attila citriniventris (Scl.) Nehrkorn p. 145 Taf. IV >. 39. O ovo assemelha-se ao da especie precedente e mede 24<19,5 mm. Rupicola crocea (L.) Euler p. 64; Lloyd (Ibis 1896 p. 429). O ninho é feito, segundo Lloyd, nos ro- chedos e construido de pedaços de fibras de coqueiros que são grudados por meio de massa. A postura consiste em dois ovos salpicados, um pouco maiores do que os dos pombos. Phibalura flavirostris (V.) Goeldi. On the Nesting of Phibalura. Ibis, 1394, p. 484—490 e figura. Goeldi observou essa ave na Serra dos Orgams, onde apparece só no verão, criando duas vezes no anno, nos mezes de Novembro e Setembro. O ninhu é apenas uma massa de lichens, wsnea longissima. A postura consiste em dois ovos de 22-23X19 mm. que são de campo azul- verde-claro com uma corda de manchas escuras no polo obtuso. « Ampelion cucullatus (Sw.) O ovo que do Sr. Krone obtivemos é de forma oval-alongada com dois polos quasi eguaes com a superficie lustrosa e mede 3423 mm. O campo é cinzento-amarello e coberto de nume- rosos salpicos e manchas bruno-cinzentas, desbotadas, em parte confluentes. Nada me consta sobre o ninho. Pyroderus scutatus (Shaw) Euler p. 66. Nehr- korn descreve o ovo de P. orenocensis Lafr. que é cinzento-amarello com algumas manchas brunas e mede 4532 mm. Cephalopterus ornatus (Geoffr.) Euler p. 66. A familia das Cotingidas é uma das que menos são conhecidas quanto à sua propagação e biologia. Nada é conhecido relativamente aos ninhos e ovos dos generos Lathria, Lipaugus, Casiornis, Phoenicocercus, Tijuca, Cotinga, Xipholena, Jodopleura, Calyptura, Hæ- matoderus, Querula, Cephalopterus, Gymnoderus, Chas- marhynchus. Ao ultima desses generos pertence o fer- reiro ou Araponga. on Divisäo IL Tracheophones Fam. Dendrocolaptidæ Os ovos säo sempre uniformes nesta familia e quasi sempre brancos, sendo notavel a excepção que esta fa- zendo o genero Phloeocryptes com os seus ovos de côr verde-azul escura. Geositta cunicularia (V.) Aplin p. 181; Sclater and Hudson | p. 166; Nehrkorn p. 148. O ove mede 24X19 mm. O ninho é feito subterraneamente em canaes que na Argentina são feitos como dependencias das ex- cavações do viscacha. O canal mede 1—2 m. e alarga em furna que contém o ninho forrado de capim. A postura consiste em 5 ovos. * Furnarius ie (Gin.) Euler p. 67; Dalgleish Dey "248. Aplin p. 181; Sclater and Hudson I p. 166: Nehrkorn p. 148; Goeldi Der Zoo- logische Garten yale: 27/1866, p- 265. O ovo mede 29X21,0 mm. se- gundo Nehrkorn. Noto como sin- gularidade que te- mos um ninho de Gu Joao de barro du- plo ou de sobrado, Ninho do João de barro um em cima de Furnarius rufus (V.) outro. A postura é de 4 ovos, segundo Dalgleish. As medidas do ovo variam de 28-—30x21— 22 mm. Furnarius figulus (Licht.) Nehrkorn p. 148. O ovo mede 30x 22 mm. Furnarius albogularius (Spix) Allen. IV p. 154. Os ovos medem 25—30x20 mm. == Dine * Lochnias nematura (Licht.) Kuler p. 69; Allen IV p. 154; Goeldi, «Ibis», 1894 p. 490, ss. e fig. 2—3. O passaro excava no barranco um canal de 20—40 centim. de comprimento em cujo fundo alargado esta col- locado o ninho bem feito de folhas, macega e taquara, sendo uma bola fechada com entrada lateral. A pos- tura consiste em dois ovos de 24—26X19 mm., segundo Nehrkorn, de 25—26X19 se- gundo OS Nossos ovos. * Phioeocryptes melanops (Veecll.) Aplin p. 182; Scla- ter and Hudson I <16 melanops (Vieill,) mm. Temos tambem o ninho de Iguape. + Synallaxis ruficapilla (V.) Berlepsh und Thering p. 142; Nehrkorn p. 148. O ovo mede 19X15 mm: sendo branco-esverdeado, segundo Nehrkorn, sendo as medidas dos nossos 20X16 mm. O ninho é uma construcção singular de ramos seccos e muitas vezes ornado pela mistura de cascas velhas de cobras, pe- daços de caracões etc. (O nosso mede 42 centim. de altura, 30 centim. de largura e tema entrada situada + cima, de um lado, ou excentrica. A postura é de Ovos. oy: ae * Synallaxis cinnamomea (Gm.) S. ruficauda Spix. Euler p. 69; Nehrkorn p. 148. A entrada do ninho é de cima como na especie precedente Os ovos medem 19 == 2) Clone são mais esver- deados do que o das outras espe- cies affins. + Synallaxis albescens Temm. Nehrkorn p. 148; Sclater and Hud- S@ueeeyep. 179: Holland !bis 1895 p.216. Holland e Hudson afirmam que a entrada do ninho é de cima. O ovo mede 23 X 19, à mm. se- gundo Nehrkorn, 2a (—13. mm. segundo os nossos OVOS. FIGURA 18 A descripção de ninhos e ovos sie que Kuler deu de S. albescens não se refere a esta especie mas a se- guinte. * Synallaxis sprxr Sel. Euler p. 69 («S. albes- cens»); Nehrkorn p. 148. O ovo mede 20 X 14 mm. segundo Euler, 19X14 mm. segundo Nehrkorn, 20X15 mm. segundo os nossos ovos. © ninho que ha pouco obtivemos corresponde à descripçäo de Euler e tem a entrada do lado. da Synallaxis cinnamonea V. FIGURA 19 Ninho da Synallaxis spixi Sel Synallaxis azarae Orb. (frontalis Pelz.) Allen IV p. 154; Nehrkorn p. 148. A descripçäo do ninho dada por Allen é insufficiente, não indicando a situação da entrada. Como, porém, as medidas do ninho são 12 de altura, 8 de largura parece fora de duvida que a entrada é de cima. O ovo mede 20 —2116 mm. Siptornis pallida (Wied) Nehrkorn p. 149. O ovo mede 11X17 mm. 7 op 2 © Anumbius anwmbi (V.) Ihering Voegei d. Lagoa dos Patos p. 144; Sclater and Hudson I p. 189; Aplin p. 183; Nehrkorn p. 149. O ninho é feito de espi- nhos, ramos ete num arbusto, medindo 50-60 centim. na altura e 30 na largura. A entrada é em cima e o canal desce em linha espiral à camara que é forrada de capim. A postura consiste em cinco ovos que me- dem 1919 mm. Phacellodomus rufifrons ( Wired) Euler p. 73. Phacellodomus striaticollis (Lafr. et @ Orb.) Aplin p. 183; Dalgleish I, p. 281e, IV p. 79; Sclater and Hudson I p. 195; Nehrkorn p. 149. O ninho corre- sponde ao da especie precedente, mas no interior con- tem duas camaras ligadas entre si por um canal es- treito. Como Aplin encontrou os ovos na camara exterior parece que a interior representa o primeiro ninho já deixado, mas de certo a respectiva observação não é exacta. Dalgleish e Gibson affirmam que ha duas camaras entre si ligadas por canal horizontal e que a interior, forrada de raizes finas, cabellos e pen- nas, recebe a postura. Dalgleish trata a primeira ca- mara apenas como passagem ao ninho, de que diz que suspenso na extremidade de um galho é feito de ra- mos seccos. A postura consiste em 4 ovos branco- amarellados cujas medidas indica Nehrkorn de 2416 mm. e Dalgleish de 25X17—18 mm. Dalgleish com- para com razão esse ninho ao de Anumbius com a dif- ferença de entrar o canal em rumo vertical. Ao mesmo grupo de ninhos e ligado especialmente aos de Phacellodomus temos de notar o que em seguida descrevo de Tripophaga. * Tripophaga selateri Berl. O ninho deste passaro é uma massa grande composta de ramos seccos entre- lacados em forma de botina suspensa na ponta de um galho e com a entrada na ponta anterior inferior. Essa entrada da a uma sala profunda torrada de capim e da qual em cima uma entrada pequena de 3 centim. de diametro conduz à camara interior que é forrada tam- bem de capim e na qual é depositada e chocada a pos- RR Emo tura. A dimensäo maior no ramo diagonal é de 40 centim., a da base de 30 centim. A entrada na ponta anterior mede 6 centim. de diametro. O Sr. Joao L. Lima, que descobriu esse interessante ninho, observou que o passarinho quando sentiu a presença de gente desceu da camara interior e superior à outra situada logo atraz da entrada, esperando alli algum tempo antes de fugir. Esse ninho é, por conseguinte, composto de sala e alcova. E’ assim que o temos observado em tres ninhos absolutamente iguues entre si. FIGURA 20 Ninho de Tripophaga sclateri Berl. A 12 de Outubro o ninho descripto continha 3 ovos lisos brancos, de fórma oval, com pouca differença entre os dois polos medindo 23X16—17 mm. — 247 — Temos na collecçäo outro ninho desse grupo e do mesmo tamanho, differindo pelo revestimento exterior de musgo verde e pela camara an- terior mais chata ecoberta de excre- mentos, oquenun- ca occorre nos ni- nhos de Tr. scla- teri. Creio, por conseguinte, que será de outra es- pecie esse ninho. O Principe Wied observou o ninho de Tr. erythro- phthalma mas não poudeobtel-o, por estar collocado alto de mais. Pela descripçäo parece que foi um ninho semelhante ao nosso. Tripophaga erythrophthalma (Wied) Euler p. 75. Automolus leucophthalmus (Wed) Euler p. TA. Xenops genibarbis (Il) Euler p. 75. Noticia in- completa. Sclerurus umbretta (Licht.) Nehrkorn p. 149. O ovo mede, segundo Nehrkorn, 26,521 mm. Os que de Iguape recebemos do Sr. Krone säo maiores medindo 30x22 mm. Dendroplex picus (Gm.) Euler p. 75. Noticia in- completa. Picolaptes tenwirostris (Licht.) Euler p. 75. O ovo da especie argentina P. angustirostris V. mede 2065 19 fam: Xiphocolaptes major (Vreill.) Dalgleish IV p. 80. Dalgleish obteve os ovos do Paraguay. O ninho é feito em pau Ôco sem ser forrado. A postura consiste em 3 ovos brancos, de forma oval, e de superficie escabrosa. As dimensões do ovo são 35—38x25—26 mm. FIGURA 21 Secção mediana do mesmo ninho (fig. 20) = ei Fam, Formicariidæ Thamnophilus guttalus (V.) Nehrkorn p. 150. O ovo, que mede 27X21 mm., é brancacento ou cin- zento-encarnado, variado com manchas, garatujas e li- nhas roxas e brancas. Thamnophilus major (V.) Nehrkorn p. 150. O ovo é bastante variavel assemelhando-se em tamanho e côr ao da especie precedente. x Thamnophilus naerius (Gm) O Sr. J. Zech trou- xe nos de Piquete um ninho com tres ovos que obteve no mez de Outubro de 1896. O ninho é uma tigela profunda, feita de capim e revestido por fóra de musgo, com pouca arte. O ninho mede no diametro exterior 12 centim., no interior 7 centim., sendo a altura no interior de 4 centim. A postura cons.ste em tres ovos que medem 22—23x17 mm. e são brancacentos com salpicos bruno-vermelhos e com manchas grandes, da mesma cor, que são limitados à metade romba, for- mando em baixo do respectivo polo uma coroa irregular. Outro ninho que obtivemos com 2 ovos é semelhante, porém menor; é suspenso entre dois galhos horizontaes e divergentes. Thamnophilus maculatus (Lafr. et d Orb.) Nehr- korn p. 150. O ovo assemelha-se no desenho ao da especie precedente e mede 22,5 X 17 mm. Thanmophilus ambiguus (Sie) Euler p.67; Allen IV p.499. O ovo mede, segundo Euler, 19x14,5 mm: e segundo Allen 21X16 mm. e assemelha-se ao do Th. naevius. Thannophilus cirrhatus (Gin.) Nehrkorn p. 150. O ovo mede 23X17 mm. e assemelha-se ao do Th. naevius, sendo porem marcado alem das manchas de garatujas e linhas brunas. * Thanmnophitus ruficapilius (Veedll.) Em fins de Outubro do anno corrente recebemos um ninho com tres ovos. O ninho é suspenso entre dois galhos hori- zontaes. E’ uma tigela com o diametro exterior de 10 centim.; o interior del ela altura” de'9 “centimã WR 2 (0 Yala feita de capim enfeitada de musgo e forrada de cabel- los caudaes de cavallo. Os ovos são de forma curta, encorpada, de campo branco, quasi sem lustro, e cobertos de numerosas manchas, salpicos e linhas de côr roxo- bruna maiores e mais numerosas no polo rombo onde formam uma larga corôa ou cupola de manchas con- fiuentes. As medidas do ovo são 2317 mm. O tom das manchas que é avermelhado-quente entre as Ty- rannidas costuma ser frio, azulado-cinzento nos ovos do genero Thamnophilus. FIGURA 22 Ninho da Choca Thamnophilus ruficapillus (Vicill.) Lhamnophilus doliatus (L.) Nehrkorn p. 150. O ovo não differe do da especie precedente, como tambem o da especie seguinte. Thamnophilus migricristatus Laicr. Nehrkorn p. 150. — 20 — pan radiatus V. Allen IV p. 155. O ovo que, mede e 22,517 mm., assemelha-se ao do Th. ambiguus, sendo porem mais densamente e por toda par- te coberto de estrias e sae ale roxas e bruno-escuras. Thamnophilus torquatus Sic, Euler p. 79. Thamnophilus palliatus (Licht.) Euler p. 77; Nehr- korn p.151. O ovo assemelha-se ao de Th. cirrhatus e mede 19,5 X 15,5 mm. segundo Nehrkorn, 22 x 16 mm. segundo ar Dysithamnus mentalis (Temin.) Euler p. 80. Formicivora squamata (Licht.) Euler p. 76. * Formicivora ferruginea (Licht.) Do Sr. Krone obtivemos de Iguape dois ovos que medem 21—22X16 mm. São de forma um pouco curta com o polo an- terior bastante obtuso, de cor branca, com salpicos e manchas roxo-brunas e linhas desbotadas, irregulares, formando uma rede. As manchas são num dos ovos maiores e restringidos ao polo obtnso, no outro me- nores e distribuidas sobre toda a superfície, * Pyriglena leucoptera (V.) Euler p. 76 ; Nehrkorn p. 151. As medidas do ovo são, segundo Euler, 20x19 mm. segundo Nehrkorn 24+17 mm. Os nossos, que são: de Iguape medem 25-2619 mm. Pyriglena atra (Sw.) Nehrkorn p. 151. O ovo não differe do da especie precedente. Myrmeciza loricata (Licht.) Euler p. 76. + Myrmeciza squamosa Pelz. auge no dois ovos de Iguape pelo Sr. Krone que medem 2216 mm. e correspondem à descripção que da especie precedente deu Euler. Um é mais pallido, com as manchas desbo- tadas e quasi faltando no polo attenuado, o outro é por toda parte densamente coberto de salpicos e garatujas bruno-vermelhas superficiaes e roxo-claras profundas. « Chamaeza brevicauda (V.) De Iguape recebemos. pelo Sr. Krone dois ovos que são brancos, lisos, pouco: lustrosos e sem poros grandes, de forma curta, encor- pada, com os polos quasi iguaes e que medem 2824 mm. x Grallaria imperator Lafr. Euler p. 70; Nehrkorn p. 151. O ovo é uniforme verde-azul claro, = Sat oe de forma curta, com o polo anterior bem obtuso. As medidas do ovo de Nehrkorn são 3630 mm., as do nosso proveniente de Iguape 35x28 mm. O campo é pouco lustroso e provido de poros largos, chatos. Fam Conopophagidæ * Conopophaga lineata (Wed) Nehrkorn p. 151. Nehrkorn diz que o ovo é branco-amarellado, ou côr de carne clara com uma corda indistincta de manchinhas e que mede 20,5—21X17— 17,9 mm. Temos quatro ovos que em Outubro de 1896 o Sr. Zech collecionou em Piquete e que medem 22 — 23518 mm. O ovo é branco amarellado e tem no polo rombo uma corûa de manchinhas desbotadas e confluentes de côr bruno- - lara ou parda e algumas manchinhas isoladas. Dois ovos que recebemos de Iguape do Sr. Krone medem 23—24x18 mm. e são de côr encarnada-ama- rella com as manchas da coroa bem profundas, desbo- tadas. Caso a descripçäo de Nehrkorn não se refira a outra especie, as medidas indicadas são menores do que de costume. Talvez que nas diversas regiões essas medidas e cores variem. O ninho, que temos do Pi- quete, é uma tigela cuidadosamente trabalhada que parece ter sido collocada sobre uma pedra ou no chão, visto que é livre de todos os lados e achatado no fundo. Q diametro exterior é de 11 centimetros, o interior de 6 centimetros, a profundidade interior de 3,5 centimetros. As paredes são feitas de folhas largas de plantas aqua- ticas que foram ligadas em estado humido. O interior é bem forrado de grossas fibras vegetaes. * Conopophaga nigrogenys Less. Obtivemos do Sr .Krone dois ovos colligidos em Iguape que medem 22-21X17 mm. e dos quaes um tem o campo branco- amarello e outro amarello-encarnado-claro. As man- chinhas desbotadas da corôa são menores e mais isola- das do que na especie precedente. Talvez os ovos des- criptos por Nehrkorn sejam provenientes dessa especie. O59 _ IT ORDEM MACROCHIRES Fam: Trochilides São bastante insufficientes os dados que existem na literatura com referencia aos ninhos e ovos dos beija-tlores. Não é possivel determinar os ninhos das especies mais conhecidas com essas indicações às vezes contradictorias e incompletas. Nehrkorn diz que as dif- ferenças do tamanho dos ovos são tão insignificantes nesta familia que deixava de indicar as medidas. Creio que mesmo assim as especies que aqui temos podem ser distinguidas segundo seus ovos, mas muito mais acontece isso qnando aos ninhos. Como, porem, a nossa serie não é grande, desisti de dar as correcções e notas comple- mentares que posso offerecer para outra occasiäo Heliothrix auriculatus (Nordin.) Euler p. 86. Rhamphodon naevius (Dumont) Nehrkorn p. 152. Temos o ninho que é suspenso n'um cipó e munido de uma cauda comprida de folhas sec- cas e raizes, medindo 24 centim. O ninho proprio é pequeno, feito de raizes finas, sem ser forrado e me- dindo > centim. no diametro exterior. Glaucis hirsuta (Gin.\ Euler p. 82 ; Nehrkorn p. 152. Chlorostilbon splendidus * V.) Dalgleish HI p. 79; Nehrkora p. 152 = (pucherani). No Rio Grande do Sul, donde Nehrkorn obteve os respectivos ovos não vive pucherani, mas a espe- cie ou variedade afim Ch. splendidus. Dalgleish descreve o ninho e os ovos. Thalurana glaucopis (Gin.) Eu- ler p. 85, Nehrkorn p. 192., Goeldi FIGURA 23 p. 227. Os ovos medem 13 X 8 — 9 Ninho do Beija flor Tha- mm. O ninho mede 40—43 mm, turania glaucopis (cM) no diameiro exterior, 20—27 mm. no interior, variando na altura de 35—50 mm. E° feito de paina branca e revestido exteriormente por pedaços ORO 299 — cinzentos de casca fina de arvores, mas nao de lichens. Ao menos acho assim cs nossos. Alem disto, é notavel o emprego de fitas castanhas na orla da tigela que pro- vêm de escamas de feto e samambaia. E” preciso com- parar mais ninhos e de diversas localidades para conhe- cer as variações e os caracteres significativos. « Lainporms migrecollis V. (violicauda Bodd.) Euler p. 84. Os nossos medem 1610 mm. Euler diz que o ninho é feito de raizes; 0 nosso é construido de paina aver- melhada e enfeitada por fora de lichens e mede 43 mm. no diametro exterior 27 mm. no interior. Chrysolampis moschita (L.) Goeldi p. 230. O ni- nho, segundo Goeldi, é figurado por Gould; tem a for- ma de calice e consta de li com enfeite exterior de lichens. « Leucochloris albicollis (V.) Kuler p. 85; Nehrkorn p. 192 ; Goeldi p. 226. Os ovos medem 14X10 mm. Argyrtria brevirostris ( Less.) Euler p. 85. + Argyrtria lactea (Less.) Te- mos um ninho de Itatiba que é seme- lhante ao da Thalurania glaucopis, sus- penso como elle na ponta de um galho. E” uma tigela de 40 mm. de altura cujo diametro exterior mede 40 e o inte- rior 20 mm. E’ feito de paina e ex- teriormente revestido de pedaços finos de casca de arvore. O ovo é cylin- drico e mede 13,9xX8 mm. Huylocharis sapphirina (Gin.) Euler p. 86. « Phaethornis eurynome (Less.) Euler p. 82; Nehrkoru p. 155. Phacthornis squalidus (Naltt.) FIGURA 24 Euler De S2 Ninho do Beija - flor Phacthornis pretrii (Less. et agen da tie Del.) Allen IV p. 155. O ninho éar- (ess. et Del queado, medindo 13 centim. no comprimento e estava collocado n'uma raiz pendente de um barranco de um rio. — 294 — Não sei se o ninho figurado pertence a essa especie ou a Ph. squalidus. Cyylolaema rubinea (Gm.) Euler p. 86. Flovisuga fusca (V.) Euler p. 85; Wied (Abbil- dungen Lief. 15) figura o ninho. Lophornis magnificus (V.) Euler, p. 86. Goeldi p. 233 diz, que o ninho é figurado por Gould, cuja obra não posso consultar. à « Hupetomena macr- ura (Gm.) O Sr. Hem- pel, achou no mez de Se- tembro o ninho figurado à margem do Rio Mogy guassi. E' bem trabalha- do, de paina e enfeitado por fora de lichens fixa- dos por teias de aranha. A altura é de 54, o dia- metro exterior de 52, 0 interior de 30 mm. Os Winhp db Pointer dois ovos são alongados Eupetomena macrura (Gm.) medindo 15,9xX11 mm. FIGURA 25 Fam. Cypselide. Todos os ovos dessa familia são brancos e mais ou menos ellipticos. Todas as especies fazem uso pro- fuso de saliva viscosa para a fabricação do ninho. Tanyptila cayanensis (Gm.) Sclater Bull. Orni- thol-Club. VI, 1897 p. XXVI. Goeldi, A lenda ama- zonica do Cauré. Bol. do Museu Paraense, vol. Il, p. 430 s. s. e Estampa; Nehrkorn p. 153. Goeldi verificou que o ninho desse andorinhão corresponde completamente a descripçäo que da espe- cie afim T. sancti-hieronymi, da Guatemala, deu Salvin. Esse singular ninho é uma bolsa de cerca de 1 M. de comprimento collocada em altura consideravel no tronco de uma arvore. As paredes do ninho säo feitas de la vegetal ou paina, formando 1 tecido de 1 centim. de espessura e grudado ao tronco. A entrada é em baixo ; no Lerço superior existe uma divisão in- terna horizontal, formando uma tigelinha destinada a receber os ovos. Pedacinhos do ninho deste pseudo- cauré (o «cauré» do Amazonas, é o gavião Falco albi- gularis aud.) vendem-se no mercado do Pará, porque a superstição lhes attribue a propriedade de augmentar a fortuna e dar felicidade. O ovo, que Nehrkorn obte- ve da Guyana, mede 18xX11,5 mm. Chaetura cinereicauda Cuss. (pelasgia Wired, Acanthylis oxyura auct.) Euler p. ST; Goeldi 1. c. p. 438. Euler, observou um ninho não acabado ao qual faltava a tigela do ninho. A especie afim da Ame- rica do Norte Ch. pelagica L. faz o mesmo ninho e o ovo mede 25X17 mm. Chaetura zonaris (Shaw) Allen IV, p. 195; Euler, p. 86; Nehrkorn, p. 154; Goeldi p. 431. Não se conhece ainda o ninho. H. Smith obteve os ovos, mas nada disse sobre o ninho. Os ovos medem S7X24,9 mm. segundo Allen, 33 22,5 mm. segundo Nehrkorn. A differença é notavel. Na colonia de Mundo Novo, Rio Grande do Sul, entravam esses an- dorinhões em grande quantidade de algumas centenas de noite em grandes arvores ocas. Parece que os an- dorinhões da familia Cypselida são os unicos passaros que têm esse costume de entrar para pernoitar em ar- vores ocas e em bandos numerosos. Cypseloides senex (Temm.) Allen IV,p. 150. O collecionador H. Smith, que notou «o ninho era feito de materias frouxamente unidas e collocado num logar abrigado embaixo de uma pedra sobre o qual passava a agua de uma cachoeira». O ovo mede 28X18 mm. Fam, Caprimulgidæ Caprimulgus rufus Bodd. Nehrkorn, p. 146. O ovo mede 3022,5 mm. é branco-amarello com man- chas roxas e bruno-pallidas, pouco visiveis. — 256 — Caprimulgus nigrescens Cab. Nehrkorn, p. 156. O ovo é amarello-cinzento com manchinhas e garatu- jas bruno-pallidas desbotadas e mede 24,5x18,5 mm. Caprimulqus parvulus Gould. Allen IV, p. 106; Nehrkorn, p. 150. O ovo corresponde na côr e no desenho ao da especie precedente e mede, segundo Ailen, 2621 mm., segundo Nehrkorn 24,919 mm. Caprimulgus oceliatus Tsch. Nebrkorn p. 196. O ovo assemelha-se ao precedente e mede 20><17 mm. Stenopsis longirostris (Bp.) Nehrkorn p. 156 O ovo assemelha-se ao da especie precedente e mede 21,9 20,9 mm. * Nyctidromus albicollis (Gin.) Nebrkorn p. 156 ; Allen IV p. 156; Euler p. 89. Nehrkorn diz, que as medidas variam de 28—3221—22 mm, os que temos de S. Paulo medem 28—31%X22-23 mm., 0 que com- bino com as indicações de Allen. As medidas dadas por Euler, 26,5><20,5 mm., são menores do que corresponde à regra O campo não é branco como Euler diz; mas branco-amarello ou amarello-encarnado com as manchas às vezes pouco visiveis, às vezes numerosas e grandes, mas sempre desbotadas. Hydropsalis torquata (Gin) Nehrkorn. p. 197. O ovo que mede 27x20 mm., é cinzento-claro com manchas profundas rôxas e manchas e garatujas super- ficiaes amarello-cinzentas ou pardas desbotadas. Hydropsalis climacocerca Tsch. Nehrkorn p. 157. O ovo pouco differe do da especie precedente e mede 26,9X20mm. Hydropsalis furcifera (V.) Aplin p. 188 Pi. V. fig. 5; Nehrkorn p. 157. O ovo mede 2ë—29X21 mm. A cor é amarellada com numerosos pontos, linhas e garatujas cinzento-pardas. Nehrkorn, descrevendo o ovo de Macropsalis forcipata Nitsch, diz que a figura do ovo dessa especie dada por Aplin é escura demais. Parece assim que Nehrkorn quiz tratar de H. furcifera e não de forcipata e a descripção corresponde com ade Aplin, mas Macropsalis forcipata é ave maior, cujo ovo, com toda probabilidade, excede a 30 mm. no comprimento. Chorderles vm ginianus (Gim.) Nehrkorn p. 157. Ovo de côr cinzenta com numerosas manchas roxo-cin- zentas profundas e cinzento-pardas superficiaes, medin- do, segundo Nehrkorn, 29xX22 mm., segundo os nos- sos exemplares provenientes da America do Norte 30—532x22—25 mm. * Chordeiles acutipennis Bodd. Euler p. 99; Nehrkorn p. 157. O campo é cinzento-amarello, e não branco como Wied o disse, coberto de manchinhas rô- xas profundas e de garatujas superficiaes bruno-cinzen- tas. O tamanho dos nossos é de 26 X 19 mm., sen- do a indicação 36 X 19 mm. de Nehrkorn, erro ty- pographico. x Chordeiles rupestres (Spix) Nehrkorn p. 158. O ovo assemelha-se ao da especie precedente e mede 28xX20 mm. Nannochordeites pusillus (Gould.) Nehrkorn p. 158. O ovo mede 23X17,5 mm., tem sobre campo branco-amarello manchinhas profundas roxas e superti- ciaes bruno-pretas. Podager nacunda ! V.) Euler p. 90; Dalgleish TI da Amin, paisey PLV fies 7: nee and Hud- son Il p. 15. As medicas do ovo são 34—357 >< ?4—25 mm. Dalgleish encontrou nos mezes de Outubro e No- vembro varias posturas de dois ovos. ' Nyctibius jamacensis (Gin.) Euler p. 89; Goeldi Ibis 1896 p. 299 ss. e fig. 1—2. As especies de Ny- ctibius poem os seus ovos em arvores, troncos etc., em contraste com todos os outros generos de familia que nidificam no chão. Nychbius aethereus (Weed) Nehrkorn p. 158. O ovo assemelha-se ao da especie precedente e mede oo X20 mm. Nyctibius grandis (Gin) Euler p. 90. Nada me consta sobre os ovos das especies dos generos Eleothreptus, Lurocalis e Macropsalis. e oye) 2 ~ Ili, ORDEM PICI Fam. Picidæ Os ovus de todos os pica-paus são brancos e em geral lustrosos, excepto nos generos Celeas e Picumnus nos quaes o lustro falta eu é pouco notavel. Colagadas campestres (V.) Allen IV p. 156; Nehr- korn p. 164; Dalgleish IV p. 81. O ninho é feito em cupins. A postura consiste em 4—6 ovos, cujas medidas são 2824 mm. segundo Allen, 29x21! mm. segundo Nehrkorn. Dalgleish obteve do Paraguay uma postura de 3 ovos achados no tronco de um coqueiro. O ovo é de forma alongada, oval, de superficie lustrosa, medindo KE mm. Na indicaçäo do cumprimento do ovo de 1 pollegadas, de certo ha um engano. Cao ae icola (Malh.) Sclater and Hudson J; pag. 24; Aplin p- 189 PL V fig. 6; Nehrkorn p. 164; Dalgleish HI p. 87. Esse pica-pau “do campo constróe o seu ninho, em barrancos, cupins ou en arvores ôcas de madeira molle. A postura consiste em 4—5 ovos. que medem 29X23 mm. Chloronerpes aurulentus (Temin.) Nehrkorn p. 165. O ovo mede 23,5X19 mm. * Chrysoptilus melanochlorus (Gm.) Nehrkorn, p. 165, diz que o ovo mede 53X20 mm., havendo de certo occorrido algum engano. Os nossos de Iguape medem 27—2 2842] — 22 mm. e os da especie afim Ch. cristatus do Rio da Prata medem 31X23 mm., segundo Nehrkorn. Com referencia a especie mencio- nada argentina diz Hudson que em Setembro ou Ou- tubro excava n’uma arvore uma cavidade perpendicular de um pé de couprimento na qual põe 4 -5 ovos, o que confirma Dalgleish HI p. 56. Melanerpes cruentatus (Bodd.) Nehrkorn p. 165 obteve do Pertti o ovo que mede 19X15 mm. + Celeus flarescens (Gin.) Obtivemos do Sr. Krone em Iguape, dois ovos que são de fôrma oval e se dis- tinguem pela côr branca sem lustro. A superficie é co- — 299 — berta de poros finos numerosissimos e outros pouco numerosos maiores. As dimensões são 31xX22 mm. Celeus jumana (Spix) Schulz, W. A. Ueber Nest und Eier von Celeus jumana Journ. f. Truithol. 1899 p. 306—309. O Sr. Schulz obteve, perto do Pará, 4 ovos dessa especie que em presença delle foram reti- rados da arvore junto com o pica-páu. Gomo, porem, o respectivo caçador já antes tinha cortado uma aber- tura na arvore não é certo que os ovos que retiraram fossem da mesma ave. As dimensões eram 31X20,7... 2 QUI ss PAX ED. 20.5><10 mms, O ultimo ovo se realmente pertenceu à mesma especie, é abnorme, talvez o primeiro que a respectiva ave poz. Os ovos não tiveram lustro, o que combina com a minha ob- servação e o tamanho regular parece ser 29—51X21 mm., o que está de conformidade com as nossas ob- servações. sendo essa especie quasi do tamanho de C. flavescens. Picumnus cirrhatus (Temm.) Euler p. 91; Nehr- korn b. 168. Oovo mede 16X12 mm. segundo Euler, 17€ 2,9 mm., segundo Nehrkorn. + Picumnus temmincki Lafr. Obtivemos de Iguape pelo sr. Krone um ninho e dois ovos que são branco- esverdeados, pouco lustrosos e medem 15X12 mm. O ninho é feito num tronco de madeira molle. E” uma cavidade trabalhada com muita arte e symetria em cujo fundo arredondado sobre algumas serralhas estavam collocados os oves. O diametro do ninho ou do canal vertical é de 6 centim., o da abertura redonda de 23 mm. O comprimento do canal ou sua altura vertical é de 13 centim. Nada me consta sobre o ninho e ovos dos generos Dendrobates, Cerchneipicus, Campophilus e Ceophloeus relativamennte às especies brazileiras. iV ORDEM. COCCYGES Fam. Alcedinidae * Ceryle torquata (L.) Sclater and Hudson II p. ; Nehrkorn p. 160. Essa especie maior entre os pp = «martim—pescadores» excava no harranco do rio um canal de 1—2 metros de comprimento que no fim se alarga para formar a camara dc ninho. Segundo Nehrkorn, o ovo mede 42—48 S<62—4 mm, distin- guindo-se pelos poros numer ‘osos densamente collocados e pretos no fundo. Os nosscs medem 43—45 >< 33— 39 mm. * Ceryle amazona Lath. Nehrkorn p. 160. Dos nossos dois ovos, um mede 35x 26 mm., o outro 33 x 27 mm. Nehrkorn indica as lidas 33 X 2 29 mm. * Ceryle americana (Gin.) Nehrkorn p. 160 diz, que as medidas do ovo são 24,5 19 mm. Um que temos do Rio Grande do Nul, de Nova Hamburgo, pre- parado pelo Sr. A. Schwartz mede 23 X 17,5 mm. O polo anterior é nesta especie bastante ponteagudo, sendo obtuso nas outras duas especies mencicnadas e creio que por engano foi refirido a essaespecie. Dous ovos e de Iguape recebemos pelo Sr. R. Krone medem 23 X 19,9 mm. Fam. Momotidae = Baryphihengus ruficapillus (V.) Goeldi, p. 178, (Momotus levaillanti). Não se conheceu até agora o ovo dessa especie que Goeldi confundiu com Momotus brasiliensis. Obtivemos os ovos pelo Sr. R. Krone de Iguape. São brancos, de forma encorpada com os dois polos subiguaes e com numerosissimos poros fi- nos e outros maiores que, às vezes, se prolongam em curtos sulcos. <20 mm. Conurus jendaya (Gin.) Euler p. 101. Conurus aureus ((rm.) Euler p. 101; Nehrkorn p. 175. O ovo mede 28 X 22 mm. Um pouco maior é O ovo de GC. nenday Vieill do Paraguay, especie que não foi ainda observada no Brazil, segundo Dalgleish Vip. 82: Pyrrhura vittata (Shaw) Nehrkorn p. 175; Dal- gleish IV p. 82. A postura é de © ovos que são postos numa ca- vidade de arvore dca que não é forrada. O ovo mede 29X20,9 mm. Myopsittacus monachus (Bodd.) Euler p. 100 e 161; Nehrkorn p. 175; Dalgleish IN p. 84; Sclater and Hudson p. 43; Aplin p. 192. Os ovos examinados , por Nehrkorn medem 28x20,5 mm. O ovo é, segundo — 265 — Daleleish, acuminado em ambos os polos e a postura consiste em 3-8 ovos. Dalgleish diz que 3-4 e às vezes uma duzia de casaes inhabitam o mesmo grande ninho oecupando cada casal duas camaras. x Psittacula passerina (L.) Euler p. 102; Nehr- korn p. 176; Goeldi p. 108. Segundo Nehrkorn, o ovo mede 18x14,5 mm.; o nosso mede 1915.5 mm. Psillacula selateri Gray. Nehrkorn p. 176. O ovo mede 18,015 mm. Brotogerys tirica (Gm.) Euler p. 101; Nehr- korn p. 176. O ovo mede, segundo Euler, 25—26 X 22-23 mm., segundo Nehrkorn 19 15 mm. O nosso que de Iguape recebemos do Sr. Krone mede 2217 mm. Não duvido que Nehrkorn fosse en- vanado, pois as medidas que indica se referem a uma especie de Psittacula. As outras especies de Brotogerys, que Nehrkorn mediu, têm ovos de 2518 mm. e são especies de tamanho menor do que B. tirica. A diffe- rença, porém, entre as medidas indicadas por mim e Euler, fazem crer que houve mais um engano que, de momento, não posso esclarecer, acreditando, porém, que Euler deu as medidas correctas. Brotogerys virescens (Gm.) Nehrkorn p. 176. O ovo mede 23x 17 mm. Brotogerys deriilei (Gray) Nehrkorn p. 176. 0 ovo mede 23,5 X 18,5 mm. Chirysotis farinosa (Bodd.) Euler p. 102. Chrysotis aestira (L.) Euler p. 102; Nehrkorn p. 176. O ovo mede 37X28 mm. Chrysotis amazonica (Bross) Euler p. 102. Chrysotis ochrocephala (Gim.) Nehrkorn p. 176. O ovo mede 30X29 mm. Chrysotrs canthops (Spx) Nehrkorn p. 176. O ovo mede 3225 mm. Pionus menstruus (L.) Nehrkorn p. 176. O ovo mede 32X28 mm. Deroptypus accipitrinus (L.) Euler p. 102. Nao se conhecem os ovos do Cuyuyu (Pionopsitta- cus), do Sabiá-cica (Triclaria), dos generos Urochroma, Caica e da maior parte dos papagaios e periquitos. Além disto, é preciso notar, que muitas das observações aqui compiladas são incompletas. MW ORDEM STRIGES Fam. Strigidae Strix flammea L. Essa especie cosmopolita é com- mum em S. Paulo e vive no Museu, entre cujas co- lumnas faz o seu simples ninho. Obtivemos, por acaso, um ovo alli deposto. O ovo é branco e mede 40 X 30—31 mm., a postura consiste em 6 a 9 ovos. Fam. Bubonidae Asto accipitrinus (Pall.) Selater and Hudson IT p. 49; Nehrkorn p. 12. Essa coruja nidifica no chão e põe, segundo Hudson, 3 a 4 ovos, quasi esphericos, brancos como são os de todas as corujas e que medem 40— 47x24—26 mm. E' essa outra especie cosmopo- lita que vive de preferencia no brejo. Brehm diz que a postura consiste em 6 a 10 ovos. Bubo magellanicus Gm. Euler p. 104; Dalgleish p. 83. O ovo de una especie pouco differente, da America do Norte, B. virginianus Gm., mede 57—59 X42—4T mn. A coruja mencionada põe no inverno ou na primavera seus ovos, no numero de 2 a 6, nu- ma arvore 6ca ou num ninho feito de raminhos, apro- veitando às vezes o ninho abandonado de um gavião. A observação de Azara ha de ser, por conseguinte, correcta. Dalgleish obteve dois ovos de B. magellani- cus, que considera apenas uma variedade de B. virgi- nianus. O respectivo ninho encontrado no Paraguay, em Outubro, era construido no alto de uma arvore, feito de ramos e forrado de capim, contendo dois ovos, de forma arredondada, medindo 5543—44 mm. + Scops brasilianus (Gm.). Euler p. 103; Nehrkorn p. 11. Segundo Nehrkorn, o ovo mede 3530 mm. — 267 — + Speotyto cumcularia (Mol.) Euler p. 103; Dal- gleish Il p. 240; Nehrkorn p. 11; Aplin p. 193; Scla- ter ant Hudson TI p. 52. Os ovos que aqui obtivemos medem 33—34X27—28 mm. Não observei a coruja do campo, quando fez o seu ninho, mas nunca consi- derei a sua galeria como buraco de tatu, por ser mais estreita. Para completar a descripção de Euler, obser- vo que na entrada do canal e adiante della a coruja juuta excrementos seccos de gado e restos da sua co- mida, especialmente pernas de lagartas e azas de co- leopteros ou cascudos. Um canal, que abri, media cêrca de dous metros, mas Hudson diz que ha de 4 metros de comprimento. Um, que observamos, estava curvado de modo que a furna estava perto da entrada. A pos- tura é de 5 a 7 ovos. Dalgleish diz que no Uruguay essa coruja cava as suas galerias de 5 metros de com- primento, pondo 4 a 5 ovos. Glaucidium ferruginewm (Wired). Euler, p. 104; Nehrkorn p. 12 (G. ferox). Nehrkorn diz que o ovo de Gl. ferox V. da Argentina, mede 28X25 mm. Ob- tivemos de Iguape, pelo Sr. Krone, dois ovos de Gl. phalaenoides, que medem 2522 mm. e não duvido que se refiram a outra especie do que a argentina, de que Nehrkorn trata e que será Gl. nanum King. Nada consta sobre os ninhos e ovos das especies brazileiras do genero Syrnium. VIE ORDER. ACCIPITRES Fam. Sarcorhamphidae Sarcorhamphus papa (L.) Euler, p. 106; Nehr- korn p. 2. O ovo mede, segundo Nehrkorn, 91,5X62 mm., mas não é fora de duvida a authenticidade dos respectivos ovos. Seria, pois, de grande interesse, obter ovos do urubú-rei. + Catharista atrata (Bartr.) Euler, p. 106, Nehr korn p.2; Dalgleish IT p. 236 e IV p. 84; Coues Key p. 960. Observei o ninho que era uma simples con- strucçäo de raminhos e folhas, feita no chão, num mat- eG to cerrado no meio de um caraguatal. Os ovos säo brancos, com manchas profundas roxas e outras super- ficiaes brunas, que, às vezes, formam uma corda no polo rombo. São muito contradictorias as indica ções dos au- ctores te as medidas dos ovos. E” certo que as que Euler deu são falsas e trocadas com as da especie se- guinte. Em geral, os ovos do urubi preto são maiores do que os da especie com cabeça vermelha. As medi- das da especie presente são, segundo Coues, 81 X<91, segundo Nehrkorn 72—75xX48—52 mm. Entre os nossos ha alguns mais curtos e outros hem alongados, variando do modo seguinte T1X91, Tool, SIX4T mm. O tempo da propagação e o numero das posturas consecutivas de um anno não é conhecido nem quanto à esta especie nem quanto à seguinte. No Diario Popular, desta capital, foi publicada, a 15 de Agosto de 1896, uma carta do Sr. Vicente Moreira da Silva, de Agua Suja, Estado de Minas, so- bre um ninho de urubú collocado numa pequena cavi- dade, num barranco, onde, sobre a terra e sem preparo algum, estavam collocados os quatro ovos da postura. Dalgleish diz que o ovo foi figurado por d'Orbi- gny. À postura é, segundo Dalgleish, de 2 ovos, que medem 67—-72X47 mm. O ninho é feito em pau 6co ou no chão, ao lado das raizes de uma arvore. Os ovos são muito perseguidos pelos lagartos e pelas cobras. « Cathartes aura (L.) Euler, p. 106; Dalgleish IV, p. 84, Coues Key, p. 559; Nehrkorn p. 2. O ovo assemelha-se ao da especie precedente, sendo um pou- co menor. As medidas são, ae Nehrkorn, 69— 70 X46—47 mm.; 7048 mm., segundo cos ÊTXAS mm., segundo um ovo da Ro colleccäo. Faltam-nos informações sobre o ninho. A postura é de dois ovos, como na especie precedente. Dalgleish obteve em No- vembro dois ovos que eram postos no chão, ao lado de uma arvore grossa. O ovo, figurado tambem por d'Orbigny, mede 63 —65X45 mm. E bem possivel que os ovos dos urubis sejam na America do Norte um pouco maiores do que no Brasil e no Uruguay. er. Fam. Falconidæ Subfam. Polyborinae Polyborus tharus (Mol.) Euler, p. 108; Dalgleish YJ, p: 288; Nebrkorn, p. 2; Barrows Auk I, 1884 p. 111: Aplm;p; 196 - Sclater and Hudson, H,*p. 88. O carancho vive em casaes que são muito dedicados entre si e usam por muitos annos 6 mesmo ninho, feito com raminhos em arvores ou, nas regiões dos campos e pampas, no chão. A postura consiste, segundo Hudson, em 3—4 ovos que medem 59—62,5 >< 47—50,5 mm. i” certo, pois, que a descripção do ovo dada por Goeldi (p. 40) não se refere a essa especie, mas a um caracará do genero Ibycter, provavelmente J. chimachima, cujos ovos podem ser designados pyriformes, o que se não refere aos de Polyborus que são de fôrma oval-curta, sub-espherica. Burmeister (Reise La Plata, If, p. 454) descreve os ovos como pardo-escuros com manchas mais escuras e diz que d'Orbigny figurou o ovo (Ois., Pl. I, fig. 2) e que o mesmo autor (Ois., Pl. II, fig. 3 e 4) figurou os ovos de Ibycter chimango. Dalgleish diz que a postura é de 3 ovos e que o tempo da propagação é nos mezes de Agosto até De- zembro. O ninho é construido em arvores altas feito de ramos e forrado de capim, contendo ossos, espinhos de peixe e outros restos da comida. Os ovos, diz o mesmo autor, são de forma oblonga e medem 56 X47 mm. lbycter chimachima ( V.) Euler, p. 415; Nehrkorn, p. 2. O ovo mede 41—44 35—S7 mm. + Ibycter chimango (V.) Euler p. 108; Dalgleish H, p. 237; Nehrkorn, p. 2; Sclater and Hudson, II, p. 7). O ninho é feito no chão ou em arbustos pouco altos no brejo. A postura consiste em S—4 ovos que se assemelham aos da especie precedente; o nosso mede 45X 35 mm. Dalgleish diz que o ninho é feito no chão, de capim, e que contem tres ovos que medem 42 X 34 mm. Subfam. Accipitrinsæ Circus cinereus (V.) Euler, p. i12; Sclater and Hudson Il, p. 58. O ninho é feito no brejo no chão ; o ovo é branco com manchas pardas. Antenor umcinctus (Temm.) Euler, p. 112; Nehr- korn p. 3. O ovo é branco, com manchas desbotadas, e mede 59 X 40—42 mm. Subfam. BButeoninase Heterospizias meridionalis (Lath.) Euler. p. 112; Nehrkorn, p. 8. O ovo, que mede 59 X 48 mm., & branco com poucas manchas bruno-desbotadas. Geranoaetus melanoleucus ( V.) Sclater and Hudson, II, p. 65; Dalgleish IT, p. 239, PL VII, fig. 3; Nebr- korn, p. 5. Um ninho observado por Gibson era feito em cima de uma arvore, construido de ramos, forrado de la e cabellos e continha dois ovos que sao brancos com manchas avermelhadas. O ovo mede 65—70 X 52 —93 mm. Buteo swainsont (Bp.) Sclater and Hudson, I, p. 60. O ovo é branco-esverdeado, com algumas manchas desbotadas e mede 56 X 43 mm. Buteola brachijura (V.) Nehrkorn, p. 6. O ovo assemelha-se aos do genero Buteo e mede 45 X 38 mm. x Asturina natterero (Sel. and Salv.) Euler, p. 111 ; Nehrkorn p. 6. As medidas do ovo dadas por Nehr- korn são 52X 40 mm. Dos nossos dois ovos de «ga- vido carijó» que medem 47 X 40 e 49X 40 mm. um é brancacento com salpicos brunos distribuidos sobre toda a superficie, o outro tem, alem desses salpicos, uma coroa de manchas brunas no polo rombo. A forma do ovo é curta, os dois polos pouco differem entre si. Da especie semelhante A. pucherani obteve Dalgleish um ninho com dois ovos no mez de Outubro. O ninho era feito em arvore alta de ramos e forrado de folhas sec- cas, pouco numerosas. Os ovos medem 50 X 39—41 mm. — où — Asturina leucorrhoa (Ouoy et G.) Nehrkorn p. 6. O ovo que mede 48 X 37 mm. assemelha-se ao da es- pecie precedente e tem uma coroa de manchas. Busarellus nigricollis (Lath.) Euler, p. 109. Não se conhece 0 ovo. Urubitinga zonura (Shaw) Euler, p. 109. Morphnus guianensis (Daud.) Kuler, p. 110. Thrasaetus harpyia (L.) Euler p. 110. Não se conhece o ovo. Spizaetus tyrannus (Wied) Euler, p. 109. Spizaelus mauduytt Daud. Euler, p. 109; Ber- lepsch und Jhering, p. 169. Fiz observações sobre o ni- nho desse gaviäo de pennacho (veja Euler p. 110) mas nao obtive o ovo. Elanowes forficatus (L.) Kuler, p. 111; Goues, p. 926. A postura consiste em 4—6 ovos que medem 48 X 98 mm. e são brancos com salpicos e manchas castanhas. Rostrhamus socrabilis (V.) Bailey Zool. Rec. 1884, p. 97; Sclater and Hudson, II, p. 73. Gibson achou, segundo Hudson, uma colonia de ninhos desse gavião caramujeiro num brejo. Os ninhos estavam a pouca altura collocados em arbustos. A postura consiste em 3 ovos branco-azues com manchas pardas. O ovo da variedade da America do Norte mede segundo Coues 44 X 37 mm. Elanus leucurus (V.) Sclater and Hudson, II, p. 71; Coues, p. 525. O ninho é collocado em arvores e forrado de capim. A postura consiste em 4—8 ovos de grande fragilidade, esphericos, brancos, com man chas e estrias avermelhadas. O ovo mede 40 X 36 mm Subfam. Falconinsæ Harpagus bidentatus (Lath.) Euler, p. 110. « Harpagus diodon (Temim.) Dois ovos, que de Iguape recebemos do Sr. Krone, medem 42—43 X 34 —35 mm. e são de forma encorpada com os dois polos pouco differentes, de cor branco-amarellada com nume- rosos salpicos e manchas brunas em parte confluentes. = Rie = Ictinia pluinbea (Gm.) Euler p. 111; Allen IV p. 457. O ovo mede segundo Allen 45 X 35 mm. e a cor delle é branco-sujo. Falco peregrinus (L.) O ovo desta especie cos- mopolita ge foi encontrada no Para e na Argentina mede Ol X 42 mm., sendo de fórma sub-espherica e sobre campo av ermelhado, salpicado de bruno. Falco fusco-caerulescens (V.) Sclater and Hudson, il, p. 69; Nehrkorn, p. 9. O ovo é bruno-uniforme e mede 44 X 32 mm. Falco Done Daud. Nehrkorn, p. 9. O ovo as- semelha-se ao da especie precedente e mede 42><35 mm. + Tinnunc oe dota IC (S2es.) Euler, p. 110); Dalgleish Ill, p. e IV,p. 84; Sclater and Hudson ARS Os) OS Ps ae p. 10. O Quiriquiri põe 4 ovos pardo-salpicados sobre campo amarellento. O ovo mede 39—38 X 28—29 mm. As indicações vagas de Burmeister e outros autores parecem ser inexactas. A unica observação que tenho está de conformidade com as observações publicadas por Franjoti no Parvo Popular de S. Paulo de 14 de Agosto de 1897, dizendo: «Não tenho observado seus ninhos senão em päus seccos, isolados, geral- mente em roças antigas ou em campo natural e dentro de ôcos e aproveitam quasi sempre o buraco que tenha sido feito por algum pica-páu de cabeça vermelha. Tenho encontrado quasi sempre dois filhos...e voltam sempre todos os annos a aninhar no mesmo logar le- vando-se em conta que em tres annos seguidos tenho observado sempre um mesmo casal criar seus filhos no mesmo logar» Dalgleish diz que o quiri-quiri de preferencia se aproveita de ninhos deixados de outras aves, que põe 3 ovos, e que o ovo foi figurado em «Ibis», 1859 PL "PA digo; Subfam. Pandioninae Pandion haliaelus (L.) Brehm Thierleben Vol. IV p. 669 e Estampa. A bonita figura de Brehm re- DT eV == presenta o ninho da aguia pesqueira, construcçäo enorme de galhos em cima de uma arvore alta. A postura consiste em 3-4 ovos que medem 99—70 X 44—52 mm. e são brancos com manchas brunas, castanhas ou pardo-cinzentas. VEEL ORDEM. STEGANOPODES + Fregata aquila (L.) Euler p. 115; Nehrkorn p. 236. O albatroz é commum na costa de S. Paulo e alli é dado à propagação a fins do inverno nas ilhas rochosas desertas, das quaes uma tem o nome dessa elegante ave. O ovo mede, segundo Nehrkorn, 66—69 27 41—49 mm. Os nossos variam entre 6776 (49— 91 mm. A cor é branca uniforme, sem crosta Ee sendo inexacta a informação dada ao Principe Wied, que Euler relata. Phalacrocorax brasilianus (Gm.) (vigua V.) Nehr- korn p. 255. O ovo do biguä é alongado, de cor verde-azul clara, revestido de uma crosta branca, calcarea, e mede, segundo Nehrkorn, 50—62 X 35—37 mm. Não pude obtel-o até agora. Se a descripção de Nehrkorn é exacta, o ovo é semelhaute ao de Sula, porem mais estreito. Plotus anhinga (L.) Euler p. 113; Nehrkorn p. 236; Coues p. 730. A postura do «bigua-tinga», con- siste em 3—4 ovos que se assemelham aos do bigua e medem 51-52 < 35 mm. segundo Nehrkorn. Phaeton aethereus L. Nehrkorn p. 297. Essa ave tropical observada no Maranhão e em Fernando Noro- nha, talvez se propague em alguma das ilhas, na costa do Brazil do Norte. como acontece nas Ilhas de Bermuda. A. ave põe no rochedo um ovo de côr pardo-cinzenta com manchas e garatujas pretas | e que mede 64X46 mm. se- gundo Nehrkorn, 55 X 3% mm. segundo Brehm. * Sula sula (L.) Nehrkorn p. 236. Obtivemos numerosos ovos ec! mergulhão da costa ou das ilhas situadas perto della. O ovo é semelhante ao do biguä sendo differentes só as medidas que são em geral de 7—60 <40—41 mm. EN a IX. ORDEM. HERODIONES Fam. Ardeidæ + Ardea cocoi L. Parece que o ovo deste «João grande» não foi ainda observado e descripto. Os que obtive de Pelotas, Rio Grande do Sul, são de linda côr azul-verde clara, um delles com alguns vestigios de massa calcarea depositada em fórma de manchas pe- quenas, o que, às vezes, occorre tambem nas especies seguintes. As medidas são 62 X°46 mm. em um, 65 SAR mm. no outro dos dois ovos. As especies se- punks tém quasi todas a mesma cor. Herodias egretta (Gm.) Sclater and Hudson, IT Pp. 98; ) Nehrkor n, p. 230. Gibson observou nas pampas argentinas n'um brejo uma colonia de 300—400 ninhos dessa especie e de Ardea candidissima e tayazu-guira Os ninhos de H. egretta estavam feitos à pouca altura sobre arbustos, os das outras duas especies eram con- struidos no fundo, elevando-se cerca de 0,5 M sobre o nivel da agua e sendo feitos de ramos. Eu mesmo observei no Rio Grande do Sul, n'um banhado extenso, na barra do Rio Camaquan uma grande colonia de H. egretta e N. tayazu-guira e sel de outras localidades no sul do Rio Grande do Sul onde existem taes colo- nias de garças nidificando em companhia. O ovo de H. egretta assemelha-se na côr ao da especie precedente; as medidas são 53—O7 >< 41—42 mm. * Florida caerulea (L.) Nehrkorn, p. 230. O ovo assemelha-se aos precedentes, sendo, entretanto, a cor um pouco mais escura. As medidas são 42—46 X 32—33 mm. + Nyctanassa violacea (L.) Euler p. 111; Nehr- korn p. 231. O ovo mede 46—49 & 34—38 mm. + Leucophoyx candidissima (Gm.) Nehrkorn, p. 231. (O ovo mede segundo os nossos exemplares 41 — 45X 81-33 mm. + Nycticorax tayazu-quira (V.) Euler p. 114; Nehrkorn, p. 231. Descrevi esse nesta Revista (III — 210 — p. 379) sob o nome de N. nycticorax nævius. Os ovos, que temos deS. Paulo, medem 48—53 X 35—37 mm., os de Pelotas, Rio Grande do Sul 48—54 X 37 —38 mm. Parece bem possivel que um ovo grande dessa especie possa ser confundido com um pequeno de H. egretta, sendo, porem, em geral, a grossura daquella especie de 4] —42 mm., a da presente de 35—38 mm. Canci oma cochlearia L. Nehrkorn, p. 231. O ovo é de côr suja cinzento-azu e mede 45 —50 X 34—36 mm. A’s vezes tem finos salpicos bruno-desbotados. Syrigma sibilatrix (Temm.) Dalgleish IV, p. 85. O ninho do que Dalgleish trata era posto n'uma arvore alta, feito de ramos, sem ser forrado e continha dois ovos de forma arredondada, ntedindo 45—46 >< 38 mm. O ovo é de côr bruno-verde, clara, com algumas pe- quenas manchas vermelhas, differindo pois do typo ordi- nario dos ovos das garças e socôs, assemelhando-se ao do genero Cancroma. * Butorides striata (L.) Euler p. 114; Nehrkorn, p. 231. As medidas do ovo são 38—39X28—29 mm. segundo nossos exemplares de Iguape Tigrisoma lineatum ( Bodd.) Nehrkorn p. 231. O ovo é branco-verde, cor de azeitona e mede 51—52 X37—38 mm. Em vista das duvidas expostas por Nehrkorn essas observações precisam de confirmação. Não conheço o ovo desse «socó-boi» nem o da outra especie do genero Botaurus. « Ardetta involucris (V.) Nehrkorn p. 232. O ovo é de côr clara, verde-amarellada, e mede 33—34,5 X26 mm., segundo Nehrkorn. Um, que temos de Iguape, mede 35X27 mm. Observo nesta occasião que a especie que na Re- vista Ili p. 380, descrevi como A. exilis deve ter o nome de A. erythromelas V. Não conheço o ovo, mas desconfio que seja um pouco maior do que o da A. exilis, que mede 50—31xX24-—26 min., especie que só occorre na America central e até Florida, sendo re- presentada no Brasil Meridional por A. erythromelas. Fam. Ciconiidæ « Eurenura maguare (Gm.) Sclater and Hudson Il p. 107. O ninho é feito no banhado um pouco acima do nivel da agua. À postura consiste em 5—4 ovos brancos. Dos tres, que obtive de Pelotas, Rio Grande do Sul pelo Sr. Sebastião Wolf um tem o polo ante- rior agudo, os outros têm-n'o rombo quasi como o ou- tro polo. A estructura da casca é a da Ciconia, mas o ovo é mais ventrudo. As medidas delle são 69—70 XDD—56 mm. Mycteria americana LL. Selater and Hudson IT p. 106; Lloyd «Breeding of Mycteria americana» Ibis, 1896 p. 5 981. O ninho é feito em cima de uma ar- vore com galhos unidos por lodo e capim numa massa dura. Os ovos são alvacentos, do tamanho do ovo do ganso. A postura consiste em 4 ovos postos no mez de Setembro, na Guyana. Tantalus. loculator «li. JAplin pe 1990. Nebr korn p. 234. O ninho é feito no brejo. A’ postura consiste em 2—3 ovos de superficie escabrosa branco, suja, em parte amarello-suja. O ovo mede 67—T0x44 —45 mm. Fam. lbididee Theristicus melanopis (Gim.) (caudatus Bodd.) Sclater and Hudson Mp 107, Nelrkorn p. 220000 ovo mede 67X42—45 mm. e tem sobre campo branco- cinzento salpicos roxos e brunos e na ponia romba li- nhas e garatujas bruno-pretas. Harpiprion CŒUYENNONSIS (Gin.) Nehrkorn Pp. 229; O ovo assemelha-se no desenho ao da especie prece- dente, tendo, porém, o campo cinzento-verde ou azeitonado e mede 52—95<37—38,0 mm. Phimosus infuscatus (Licht.) Do Sr. Sebastião Wolf recebi tres ovos por elle colligidos perto de Pe- lotas, Rio Grande do Sul. O ovo é de forma elliptica com os dois polos quasi eguaes, de cor uniforme, azul- clara e mede 44—4632—54 mm. A superficie é um pouco escabrosa e sem lustro. Plegadis guarauna (L.) Holland Ibis 1896 p. 318; Nehrkorn p. 225. Os ninhos säo feitos em gran- des banhados onde se elevam pouco sobre o nivel da agua. A postura consiste em tres ovos de cor uniforme azul-escura. O ovo mede 47—05X33—35 mm. Evdocimus ruber (L.) Lloyd Ibis 1898 p. 166 ; Nebrkern p. 229. O guard, que na Revista II p. 384 denominei Guará rubra, não constroe o seu proprio ni- nho, mas toma conta do da garça Leucophoyx candi- dissima, que expulsa. O ovo, segundo Nehrkorn, asse- melha-se ao do Eud. albus L., especie da America do Norte e talvez ainda encontrada na’ Amazonia; esse ovo, que mede 56—G61X?8—41 mm., é brancacento-esver- deado com salpicos e manchas brunas que são maiores no polo rombo. A postura consiste em 3 ovos. Fam. Plataleidæ Ajaja ajaja L. Goues Key p. 621 (rosea); Nehrkorn p. 229. O ninho é uma construcção chata em cima de uma arvore baixa e feito de galhos e ra- mos. A postura consiste em 3 ovos brancacentos com manchas e salpicos brunos e que medem 61—70xX42 — 45 mm. Fam, Phoenicopteridæ Phoenicopterus— ruber L. Coues p. 678 e fig ; Nehrkorn p. 241. Essa especie de flamengo que vive do Pará até “lorida constróe o seu ninho no banhado, amontoando uma massa conica de lodo que na cavidade apical recebe os ovos cujo numero é de dois. A ave, quando choca, deixa fóra do ninho e de cada lado da accumulação terrea as compridas pernas assentado, como montado, sobre o ninho. O cvo é azulado, mas coberto de uma camada branca como o de bigu’i. As medidas do ovo são 83-STX93—5 mm. Phoente open chilensis Mol. Euler p. 114; Nehr- korn p. 241; Hollande lbis 1897 p. 286. O ninho é — 278 — uma columna de lama perto de meio metro de altura com uma cavidade especial para os ovos que se asse- melham aos da especie precedente e medem 89X57. À ORDHEM. PALAMEDEAE Chauna cristata (Sw) Euler p. 119; Ihering Voegel d. Lagoa dos Patos p. 153; Sclater and Hudson Il pi 1225 Nehrkorn p. 241: Daleleish IV p. Sb. A postura consiste em geral em 5 ovos que medem 87— S9X6i—62 mm., segundo os que no Rio Grande do Sul colligi. A superficie do ovo ë aspera com poros grossos. Dalgleish diz que o numero de ovos de uma postura é de 4—6 ovos, que o tempo da propagação é nos mezes de Julho até Dezembro e que o ninho é feito de capim. Sendo, segundo as minhas observações, o tempo da postura nos mezs de Julho e Agosto decerto os ovos que Dalgleish obteve a 20 de Dezem- bro eram segunda postura. Palamedea cornuta L. Euler p. 115. Não conheço o ovo do anhuma nem encontro uma sua descripção exa- cta. Vejo, porém, confirmadoo que disse o Principe Wied por um artigo publicado no Diario Popular desta Capital no dia 17 de Maio de 1897 e assignado Franjotti. O autor obteve em meiados de Agosto, num charco, quatro pintos de pennugem macia e amarellada, concluindo que o tempo da postura do anhuma seja nos fins de Junho e atê meiados de Julho e que con- siste em 4 ou mais ovos, dos quaes ouvi dizer que sejam brancos. XI ORDER. ANSERES Fam. Anatidæ Cygnus melanocoryphus (Mol.) Sclater and Hudson Il p. 125; Nehrkorn p. 242: Gibson observou o ni- nho que é feito no mez de Julho nos banhados de 79 — ro) modo que o pato arminho chega e sae do ninho: nadando. O ninho eleva-se cerca de meio metro acima do nivel d'agua. A postura consiste em 3—5 ovos. A mãe carrega os filhotes recem-nascidos no dorso quando nada. O ovo é cinzento-azul e mede 92—100 x 65 — 66 mm. « Coscoroba candida ( V.) Thering Vogel d. Lagoa dos Patos p. 153; Nehrkorn p. 242. Na segunda metade de Agosto observei na costa da Lagoa dos patos os ninhos desse cysne, o capororoca, com ovos. Ao mesmo tempo já nadava alli o pato-arminho com filhotes nas costas, de modo que a propagação delle começa mais cedo. O ninho do capororoca é feito na praia. EK’ uma construcção de juncos, folhas etc. que se eleva alguns palmos sobre uma collina de areia e que está forrada de finas pennas brancas que a ave, quando deixa o ninho, espalha sobre os ovos de modo que não se os enxerga. A postura consiste em 6—8 ovos brancos de 89-91 X 60—63 mm. Colligi grande porção delles. + Carina moschata (L.) Sclater and Hudson p. 129; Nehrkorn p. 242. O pato do matto pernoita em arvo- res e all constroe o seu ninho. A postura consiste em 10—14 ovos de côr brancacenta que medem 64—71 X46 —47 mm. Os que temos do pato domestico medem 6447 mm. e são branco-esverdeados. + Dendrocygna viduata (L.) Nehrkorn p. 243.0 ovo que mede 47X34 mm. é cinzento-amarellado. Dendrocygna fulva (Gm.) Sclater and Hudson p. 127. Esta marreca é extremamente social e assim tam- bem nidifica em colonias, aproveitando às vezes varias aves o mesmo ninho que então contem 20—30 ovos. A postura, em geral, é de 10—12 ovos brancos. O ninho é feito de folhas e juncos no meio das plantas aquaticas. Mareca sibilatrix (Poeppig) Selater and Hudson II p. 186; Nehrkorn p. 244. O ninho é feito nos ba- nhados e contem 8—9 ovos brancos, segundo Hudson. Nehrkorn diz que os ovos que recebeu do Chile são cinzento-avermelhados e medem 57x42 mm. — 280 — Nellion flavirostre (V.) Sclater and Hudson II p- 131; Nehrkorn p. 245. O ninho dessa marreca é feito à grande distancia da agua no chão, na macega e for- rado de capim e pennas. A postura consiste em 5, ou às vezes G—T, ovos encarnado-amarellados e que me- dem 5635 mm. * Nelhon brasiliense (Gm ) Nehrkorn p. 245. Não tenho informações sobre o ninho. Os ovos, que temos de Iguape, são branco-amarellados e medem 44—46xX 54 mm. Dafila spinicanda (V.) Selater and Hudson II p. 134; Nehrkorn p. 245. O ninho é feito distante da agua no chão e forrado de pennas. Os ovos são 7—8 em numero e amarello-escuros, segundo Hudson. Se elle tem razão, a descripção de Nehrkorn «ovos branco- cinzentos, medindo 54—40 mm.» não parece ser exacta. Parece-me provavel que D. spinicauda tenha os ovos um pouco menores do que seriam segundo as medidas de Nehrkorn, que correspondem à especie D. acuta, que é maior do que esta. Poecilonetta bahamensis (L.) Holland Ibis 1896 p. 319; Nehrkonr p. 245. O ovo mede 53X36 mm. sendo de côr cinzento-encarnada. O ninho é feito no campo, na macega. | dad + Querquedula versicolor (V.). Obtive do Sr. Sebas- tão Wolf um ovo tirado de uma marreca morta em Pelotas, Rio Grande do Sul. O ovo mede 4731, 5 mm. sendo pois de forma mais alongada do que as outras especies do genero. A côr é branca com tom encarna- do-amarello. O polo rombo é mais grosso do que o outro. * Querquedula cyanoptera( V.) Nehrkorn p. 245 ; Coves p. 696. Segundo Coues essa especie poe em Ju- nho, no verão na America do Norte, 9—12 ovos que medem 48—52 x 35-35 mm. e são branco-amarella- dos. Os que Nehrkorn obteve do Chili são cinzento- amarellados e medem 45—47, 5 X 34—36, 5 mm. Spatula platalea (V.) Holland Ibis 1897 p. 286. O ninho é feito no chão à pouca distancia da agua, escondido na herva e forrado de capim. A postura — 281 consiste em 7 ovos de forma alongada e de cor bran- co-amarellada. Metoprana peposaca (V.) Sclater and Hudson I p. 138; Nehrkorn p. 246. O ninho é feito no brejo, de juncos, e com mais cuidado do que em geral usam as marrecas. A postura consiste em 12 ovos de fórma oval, amarellados, segundo Hudson, cinzento-esverdea- dos medindo 6345 mm., segundo Nehrkorn. Nomonyx dominicus (L.) Nehrkorn p. 247. Os ovos são branco-amarellos e medem 54-59 > 39—45 mm. sendo maiores e mais brancos os da Jamaica do que os do Peru. Erismatura vittata Phil. Nehrkorn p. 247. O ovo dessa especie argentina que obtive do Rio Grande do Sul, mede 61 48 mm. XII ORDEM COLUNBAE Fam Columbidæ Columba picazuro Temi. Sclater and Hudson H 140 ; Dalgleish’ Il) p.. 88; Nehrkorn |p., 1820 ninho é chato, feito de ramos; a postura consiste em 2 ovos brancos que medem 35x 26 mm. segundo Nehr- korn, 35—40 X 25—8 segundo Dalgleish. O ninho é feito em altura de 5 M. em arvores. Columba maculosa Temm.. Sclater and Hudson IT p. 141: Nehrkorn_ p. 182. Ninho e ovo como. na es- pecie precedente. As medidas de ovo são 395<29 mm. Columba speciosa Gin. Nehrkorn p. 182. O ovo mede 39X29 mm. Columba rufina Temim. Nehrkonr p. 182. O ovo mede 3927 mm. + Columba plumbea V. Nehrkorn p. 182. Os ovos que temos de Iguape medem 38 >< 27—28 mm. e são brancos. Ram Peristenídale Zenaida auriculata (Des Murs) (maculate V.; Sclater and Hudson II p.141 ; Dalgleish I p. 250; Aplin — 282 — p. 202; Nehrkorn p. 183. O ninho é a usual construc- ção de ramos, feita muitas vezes perto das casas. A postura consiste em dois ovos brancos ou amarellados que medem 29-315(23 mm. A's vezes, observam-se 2—3 ninhos desse pombo na mesma arvore. Zenuda ruficauda Gray Nehrkorn p. 183. O ovo mede 23,5 X 17 mm. Scardafella squamosa Temm. Nehrkorn p. 184. O ovo mede 21,5 X 17 mm. Columbula picui (Temm.) Sclater and Hudson II p. 143; Nehrkorn p. 184. Hudson observou esse pom- bo chocando 2—3 vezes até os mezes de Abril ou Maio. A postura consiste em 2 ovos ellypticos, bran- cos, que medem 21,5X16,5 mm. * Chamaepelia passerina (L.) Nehrkorn p. 184. O ovo mede 22X 16 mm segundo Nehrkorn 23 X 17 mm. segundo os nossos exemplares. Chamaepelia minuta (L.) Nebrkorn p. 184. O- ovo mede 21,9 X 17 mm. * Chamaepelia talpacoti Temm. Euler p. 116; Nehrkorn p. 184; Dalgleish II p. 86. O ninho é feito sem arte de ramos seccos e muito sujos, por excre- mentos. Os ovos são ellypticos, brancos e medem 23— 25 X 18 mm. Obtivemos um ninho feito em cima de um ninho deixado de outro passaro e que continha 2 ovos que mediam 22 X 17 mm. Peristera cinerea (Temm.) Nehrkorn p. 185. O ovo mede 24 X 16 mm. Leptoptila rufaxilla (Rich. et Bern.) Nehrkorn p. 185; Allen IV p. 157. O ovo é branco-amarellado: emede 27 X 21 mm. segundo Nehrkorn, 29 X 21 mm. segundo Allen. + Leptoptila reichenbach: Pelz. Euler p. 116; Nehrkorn p. 185. O ovo é branco-encarnado e mede: 29 22,5 mm. segundo Nehrkorn, 33 X 22,5 mm. se- gundo Euler. Os nossos medem 28— 30,5 >< 22 mm. Leptoptila erythrothorax (Temm.) Allen IV p. 157. O ovo mede 30 X 21 mm. Não sei bem se a especie é differente da precedente. | — 283 — * Leptoptila chloroauchenia Gigl. et S. Sclater and Hudson II p. 144; Nehrkorn p. 186. Hudson diz que a postura consiste em dois ovos brancos que são mais esphericos do que os das outras especies da fa- milia. As medidas são 29 X 21,5 mm., segundo Nehr- korn. Nehrkorn separa dessa especie a L. ochroptera Pelz., cujo ovo diz ser branco-encarnado e medir 32 X 22 mm. Geotrygon montana (L.) Nehrkorn p. 186. O ovo é cinzento-bruno e mede 27 X 21 mm. All. ORDEM GALLINAE Fam. Phasianidae * Odontophorus capueira (Spix) Euler p. 118; Nehrkorn p. 196. O ovo do urú é branco e mede 40—41 >< 30—31 mm. Udontophorus stellatus Gould Nehrkorn p. 196. O ovo é menor do que o da especie precedente, me- dindo 37 X 27 mm. Fam. Cracidae Crax alector L. Mutum do Amazonas. Nehrkorn p. 197. O ovo, como de todas as especies dessa fami- lia, é branco e escabroso, medindo 87—93 X 63—66 mm. Crax sclateri Gray. Berg Ann. Mus. Nac. Bue- nos-Aires V, 1896— 1897, p. 36. O ovo mede 85—95 X61—64 mm. O mutum que põe esses ovos é domes- ticado e põe todos os annos 4—5 ovos. Cras fasciolata Spix. Nehrkorn p. 197. O ovo mede 37X59 mm. Parece que esta especie seja diffe- rente da procedente (cf. Ibis 1897 p. 121.) Cras carunculata Temm. Mutum. Euler p. 117; Nehrkorn p. 197. Segundo Nehrkorn o ovo mede K4X57 mm. — 284 Crax globulosa Spx. Nehrkorn p. 198. O ovo mede 8560 min. Crax daubentont Gray. Nehrkorn p. 198. O ovo mede 9U<61 mm. Mitua mitw (L.) Nehrkorn p. 198. O ovo mede 90x60 mm. Penelope superciliaris Ill. Jaci. Euler p. 117. Penelope jacucaca Spix. Euler p. 117; Nehr korn p. 198. O ovo é liso e mede 725] mm. « Penelope obscura Hil. Jacü-guassu. Sclater and Hudson II p. 146. O ninho é grande, feito de ramos, numa arvore. Os ovos que obtivemos de Iguape, pelo sr. Krone, medem 76—-80xX50— 51 mm. São brancos, com tom amarellado e têm a superficie aspera, devido às largas covas em que são situados os poros e que em parte se prolongam em sulcos communicando com os visinhos. Ortalis motmot (L.) Nehrkorn p. 198. O ovo é es- cabroso, branco e mede 6446 mm. Ortalis guttata (Spix). Nehrkorn p. 198. O ovo assemelha-se ao da especie precedente e mede 68X38 mm. Ortalis albiventris (Wagl.) Euler p. 117. Pipile comanensis (Jacquin). Nehrkorn p. 198. O ovo tem a casca lisa com numerosos poros profun- dos e mede 6648 mm. Pipile jacutinga (Spisx). Ihering Ormth. Forschung p. 8; Euler p. 117. O jacutinga apparece no norte do Rio Grande do Sul, nos mezes de Maio e Junho, em bandos de 4—16 aves, desapparecendo em Dezembro. Numa arvore grossa põe na cova formada por diver- sos galhos divergentes 2—3 ovos brancos, dos quaes, em Novembro, sahem os filhotes. Recebi essas infor- mações do sr. Th. Bischoff. XIV. ORDEM. OPISTHOCONI * Opisthocomus hoazin (Müller) Nehrkorn p. 198. Sobre o ninho, os ovos. os filhotes, etc., da cigarra existem numerosos artigos. publicados por Young, Ur Quelch e outros, cujas descobertas foram confirmadas por Goeldi. Veja-se, pois, Goeldi Boll. Mus. Paräense I, 1895 p. 167 vs. e estampa e a figura do ovo dado no Journ. fur Ornithol. de Cabanis, ISTO, Taf. I. Oovo que mede 45—48><30-—35 mm., é branco ou branco- encarnado, com manchas roxas profundas e brunas, superficiaes. Sobre esses ovos trataram, já em 1881, P. L. Sclater e Nathusius. XV. ORDEM. RALLI tio ie as maculatus (Bodd.) Sclater and Hu- dson Il p. 148; Dalgleish IV p.86. Essa pequena sa- racura faz o ninho no meio do banhado, elevando-se cerca de 0,5 m. sobre o nivel d'agua e põe 7 ovos, des- criptos por Dalgleish; medem 37><27 mm. e são ama- rellos, com manchas escuras no polo rombo. + Limnopardalus nigricans (V.) Euler p. 119; Nehrkorn p. 200. Os nossos ovos desta pequena saracura são brancos com tom encarnado e com man- chas roxas profundas e brancas superficiaes, formando no polo rombo uma corda pouco pronunciada, medin- do 39—41<30—31 mm. O ninho é uma construccäo simples e chata, feito de juncos, medindo 20 centime- tros de diametro. Limnnopardalus rytirhynchus (V.) Não conheço o ovo dessa especie, mas acho descripto o da sua varie- dade, L. sanguinolentus, por Nehrkorn p. 201, que in- dica as medidas 4431 mm. Desconfio que o ovo de L. rytirhynchus será um pouco menor do que o de L. nigricans. Arainides ypacaha (Wieull.) Nehrkorn p. 201 (2), Dalgleish IV p. 87. E" essa a especie maior entre as saracuras e que se encontra na Argentina, no Para- guay e em Minas Geraes. Dalgleish diz que em Outu- bro e Novembro obteve postura de 5 ovos, aos quaes como ninho serviu uma massa depremida de capim. Os ovos são amarellados, com manchas branco-verme- lhas e medem 5739 mm. Os ovos que Nehrkorn at- — 286 — tribue a essa especie, medindo apenas 45 —48X33—35 mm., de certo provêm de outra especie. Talvez sejam trocados os de ypacaha com os de cayanea, cujas medidas elle indica de 50—52x30—38 mm. A especie maior, cujos ovos tambem devem ser os maiores, é A. ypacaha, e a prova é a observação indicada de Dalgleish. + Aramides saracura (Spix). Euler p. 119; Nehe- korn p. 201. O ovo mede 4835 mm., segundo Eu- ler; 4955035 -36, segundo Nehrkorn; sendo tão orande a differença que as indicações de Nehrkorn ca- recem de confirmação, visto como Euler varias vezes obteve o ninho, de modo que não ka duvida. * Aramides cayanea (Müller). Nehrkorn p. 201. Segundo Nehrkorn, o ovo mede 0U—d2X36—38 mm., sendo de côr amarellenta, com manchas roxas e bru- nas. Os nossos ovos medem 50—52xX37—39 mm., corre- spondendo à descripção communicada, mas não são acompanhados da ave. Amaurolimnas concolor ((rosse). Nehrkorn p. 202. O ovo é cinzento-encarnado, com manchinhas pardas e mede 34X31,5 mm. Anurolimnas hauxwelli (Sel. and Salv.). Nehr- korn, p. 202. O ovo é amarellado, com manchinhas brancas e mede 31X22—23 mm. + Porzana albicollis (V.) Euler, p. 120; Nehr- asp p. 202. Os ovos que de Iguape recebemos pelo R. Krone medem 35-36x27—28 mm. e são bran- aa er com salpicos e pontos roxos profundos e pardos superficiaes, que na ponta anterior quasi fal- tam ; combinam com a deseripção de Nehrkorn, cujas medidas são 3° <26 mm. Esses ovos, pois, correspon- dem, nas suas dimensões, aos de P. porzana, que é especie mais ou menos do mesmo tamanho. As medi- das, porém, indicadas por Euler, 3022 mm., eviden- temente se referem à especie menor, que não duvido seja Creciscus melanophaeus V., a cujos ovos a de- seripção de Euler bem corresponde. « Creciscus melanophaeus (V.) Nehrkorn p. 203. Nossos ovos medem 30—33*X22—24 mm. e são bran- cos ou branco-encarnados com salpicos roxos profundos e brunos avermelhados superficiaes, mais numerosos no polo rombo. Referem-se a essa especie os ovos que Euler p. 120 descreveu como provenientes de Porzana albicollis. Creciscus cayanensis (Bodd.) Nehrkorn, p. 203. O ovo é igual ao da especie precedente. * Gallinula galeata (Licht.) Euler p. 120; Nehr- korn, p. 203. Os nossos ovos do frango d agua me- dem 46—48X32— 35 mm.; o campo do ovo é mais escuro amarello-pardo do que nos da Florida, que são um pouco menores, medindo 45—44*X31—32 mm. « Porphyriops melanops (V.) Nehrkorn p. 204. O ovo assemelha-se ao da especie precedente, sendo, porém, mais escuro e menor, medindo 4128 mm Temes quatro ovos dessa especie que o Sr. Sebastião Wolf obteve em Piratiny, E. do Rio Grande do Sul, a 2 de Novembro de 1897 com a ave. Os ovos são avermelhado-cinzentos com numerosos salpicos e man- chas brancas e medem 3% X 28 à excepção de um que mede 38 X 26 mm. O campo do ovo é como o de Gal- linula chloropus, mas não ha garatujas pretas e as me- didas são menores do que Nehrkorn as indicou. + Porphyriola martinica (L.) Nehrkorn, p. 205. Os nossos ovos medem 38—41 >< 27—30 mm. Sao brancos com tom amarello ou FRA e com nume- rosos salpicos roxos profundos e brunos superficiaes, especialmente no polo rombo. + Eulica armillata (Veell.) Nehrkorn, p. 204. Sclater and Hudson II, p. 157. Segundo Selater and Hudson o ovo foi descripto por Dunford (Ibis 1877, p. 175 e 1878, p. 401), dizendo esses autores apenas que O OVO pelas suas dimensões maiores é facil de distin- guir dos das duas outras especies. As medidas segun- do Nehrkorn são 55-61 + 37—39 mm. Um ovo de Montevidêo que julgo proveniente desta especie mede DS X 39 mm., o que bem combina com as medidas dadas por Nehrkorn. (O respectivo ovo é de forma alongada com o polo anterior acuminado, de campo — 288 — avermelhado cinzento com numerosos salpicos bruno- desbotados e outras branco-pretas, redondas e maiores. Fulica leucopyga (Viell.) Sclater and Hudson II p. 157. O ninhe, segundo Dunford, é feito no ba- nhado pouco acima do nivel d'agua e contem 6--8 ovos de côr branco-cinzenta com salpicos e algumas manchas maiores brancas. O ovo desta especie e da seguinte são, segundo o auctor mencionado, menores do que as de F. armillata. Nehrkorn indicando 59 >< 39 mm. como medidas de exemplares recebidos do Chile provavelmente foi iludido. Os ovos que eu acredito ter recebido dessa especie de Montevidêo são semelhan- tes aos da especie precedente, porem mais claros cin- zentos e medem 5456 56 mm. Fulica leucoptera ( Veil.) Sclater and Hudson II p. 159; Nehrkorn p. 206. Os ovos são de forma alongada, em numero de 10-12 n'uma postura, ama- rellentos com salpicos brunos e roxos, Sendo essa a especie menor não posso acreditar que realmeute a elle se refiram os ovos que Nehrkorn obteve do Ghilo e que medem 54—58 x. 36—38 mm. Tambem não jul- vo exactas as medidas dadas por Nehrkorn por I’. ame- ricana Gm. que segundo Cones medem 44—50 X 30— 34 mm. e segundo os que nos temos da Florida 44 45 X 31—33. Mas Nehrkorn diz que medem 52-58 X 34-40 mm.; parece-me que esses ovos são de F. atra L., cujas dimensões variam de 5!- 58 X 36. mm. A variabilidade na largura de 34—40 mm. parece in- dicar que nem todos esses ovos provém da mesma es- pecie, sendo em geral a medida da largura do ovo mais constante e caracteristica do que a do compri- mento. Heliornis fulica (Bodd.) Euler, p. 120. XVI. ORDEM GRUES Aramus scolopaceus (Gm.) Sclater aud Hudson II p. 160; Nehrkorn p. 206. O ninho é feito no jun- cal, a postura consiste em 10-12 ovos que são alva- — 289 — centos com manchas branco-cinzentas desbotadas. As ae são 60—61 44—45 mm. segundo Nehrkorn, —59 42 segundo os nossos. As manchas são alon- g Sm e profundas. No polo rombo notam-se, às vezes, garatujas pretas. Eurypyga helias (Pall.) Nehrkorn p. 206. 0 ovo é encarnado-amarellado com manchas grandes ro- xas profundas, e brunas, superficiaes, medindo 44-45 34—35 mm. Psophia crepitans (L.) Euler p. 121; Lloyd Ibis 1898, p. 166. O ninho é feito em cina de uma ar- vore e contem 7 ovos brancos-sujos, um pouco menores do que os da gallinha. Cariama cristata (L.) Euler p. 121; Sclater and Hudson II p. 162; Allen IV p. 157; Nehrkorn p. 3. O ninho é feito de ramos em 3—4 M. de altura numa arvore. © ovo mede 60-63 X 48-50 mm. sendo esbranquigado com manchas roxas, profundas, e brunas superficiaes, sendo por essa razão comparado por Allen aos dos gaviões do genero Buteo, por Nehr- korn e Hudson aos das saracuras. O Seriema foi por alguns naturalistas reunido às aves de rapina, por outros com os Grues. O ovo foi descripto em 1881 por A. Newton Proc. Zool. Soc. London. XVIL ORDEM LIMICOLAE + Jacana spinosa (L.) (Jacana L.) Nehrkorn p. 2115 Euler p. 122; -Dagleish IV p: 87; Sclater and Hudson II p. 164. As medidas do ovo de piassoca va- riam de 23—31 X 22—24 mm. O Principe Wied deu uma descripcäo errada do ninho e dos ovos, de certo enganado por seus caçadores e Burmeister repetiu o erro. Dagleish descreve o ninho do mesmo modo que Euler. + Arenaria interpres or Kuler p. 123; Nehr- korn p. 211; Brehm VI p. 270. O ovo, que mede 40 x. 30 mm. . é verde-br oe com manchas e garatujas denegridas. A postura consiste em 4 ovos. — 290 — + Haematopus palliatus Temm. Nehrkorn p. 212 ; O ovo é branco-amarellado com manchas rôxas pro- fundas e pretas irregulares, superficiaes e mede 55-57 %X 39 mm. As medidas indicadas por Nehrkorn reve- lam engano typographico. Hoploxypterus cayanus (Lath.) Euler p. 123. Não se conhece 0 ovo. + Belonopterus cayennensis (Gm.) Euler p. 122. Nehrkorn p. 213; Dalgleish II p. 353; Aplin p. 205; Sclater and Hudson Il p. 169. A postura do quero- quero consiste em 4 ovos cujas medidas são 45—47 X 82-34 mm. Dalgleish diz que na mesma epoca de propagação fazem 2 e, às vezes, 3 posturas. Squatarola helvetica (L.) Nehrkorn p. 213; Bre- hm VI p. 255. Especie cosmopolita observada no Pará e Paraguay, cujo ovo se assemelha ao do Quero-quero, medindo 54X36 mm. Charadrius dominicus Mill. Brehm VI p. 257; Nehrkorn p. 113. Outra especie cosmopolita, cujo ovo é parecido ao precedente e mede 46-51>*33-35 mm. + Ochthodromus wilsont (Ord.) Nebrkorn p. 213. O ovo mede 32—37X24 26 mm. sendo cinzento -ama- rellado com manchas escuras como as especies prece- dentes. Zonibyx modesta Licht. Nehrkorn p. 214.0 ovo mede 402% mm. Aegialeus semipalinatus Bp. Nehrkornp. 214. A côr do ovo é einzento-verde com manchas escuras, as medidas são 33- 3424 mm. + Aegialitis collaris V. Nehrkorn p. 215. Oovo é cinzento com manchas pequenas roxas e pretas me- dindo 37X20 mm, segundo Nehrkorn. Os que temos de Iguape medem 28—30X22 mm. e têm o campo cinzento-amarello. Burmeister (Reise La Plata II p. 201) descreve o ovo como branco-amarello com salpi- cos bruno-pretos. Aegialitis falklandica (Lath.) Sclater and Hudson Il p. 173. A ave põe numa cova forrada de capim 3 ovos com campo azeitonado e manchas pretas. ee Himantopus melanurus V. Sclater and Hudson H p. 180. O ninho é como na especie precedente. À postu- ra consiste em 4 ovos pyriformes verde-azeitonados com manchas pretas que são mais numerosas no polo rombo. Himantopus mexicanus Mill, Nehrkorn p. 215. O ovo tem manchas mais numerosas do que a especie precedente e mede 44 46X31—32 mm. Numenius hudsoncus Lath. Coues p. 646. O ovo é verde-amarellado com manchas bruno-pretas e mede 935—58x40 mm. Numenius borealis Forst. Coues p. 646; Nehrkorn p. 216. A postura consiste em 4 ovos semelhantes aos da especie precedente medindo 58—60x39—41 mm. Limosa hudsonica Lath. Coues p. 635. A pos- tura consiste em 4 ovos bruno-azeitonados com manchas pretas que medem 50X86 mm. Macrorhamphus griseus (Gm.) Nehrkorn p. 216. O ovo é cinzento-amarellado com manchas escuras mais numerosas no terço superior medindo 3827 mm. Symphenia semipalmata Gm. Coues, p. 637 ; Nehr- korn p.216. A postura consiste em 3-4 ovos seme- lhantes aos da especie precedente e medindo 51—55X 36— 359 mm. Totanus flavipes (Gin.) CGoues p. 658. A postu- ra consiste em 3—4 ovos pyriformes, amarellados, com manchas brunas e pretas e que medem 40-45x30 mm. * Totanus melanoleucus (Gin.) "Temos um ovo da America do Norte, pyriforme de campo cinzento-ama- rellado, claro, com manchas rôxas profundas e bruno- cinzentas superficiaes distribuidas com regularidade e que mede 5438 mm. « Tringoides macularia (L.) Coues p. 640; Nehrkorn, p.216. A postura consiste em 4 ovos ama- rellados com manchas escuras, lustrosos, que medem 31—3822—25 mm. + Bartramia longicauda (Bechst.) Coues, p. 641; Nehrkorn, p. 216. A postura consiste em 4 ovos de 44—45 X 32 mm. que são amarellados com manchas pequenas, redondas, brunas e rôxas. “o agp ÿreunetes pusillus (L.) Coues p. 624; Nehrkorn, p. 217. A postura é de &—4 ovos amarello-cinzentos com manchas roxas e pardo-pretas. Tringres subruficoliis (V.) Coues p. 642 ; Nehr- korn p. 217. A postura consiste em 4 ovos pyrifor- mes, cinzento-amarellos, com manchas escuras, mais nu- merosas no polo rombo, medindo 35-38>(26-28 mm. Calidris arenaria L. Goues p. 633; Nehrkorn p. 217. Especie cosmopolita que nidifica nas regiões are- ticas e provavelmente na Patagonia. O ovo é amarel- lado com manchas roxas e brunas. Lemonites mmutilla (V.) Coues p. 655 ; Nehrkorn p. 217. O ovo é cinzento com manchas e garatujas pardas e mede 29X21 mm. Heleropygia bard: Comes. Goues p. 625 ; Nehr= korn p. 217. Nidifica na zona arctica pondo 3—4 ovos bruno -amarellados com manchas pardas e garatujas pre- tas no polo rombo. O ovo mede 32X22 mm. Tringa canutus (L.) Nehrkorn p. 217. Não co- nheco descripção do ovo. Gailinago delicata (Ord.) Coues p. 621 (G. wil- soni); Nehrkorn p. 218. A postura consiste em 3-4 ovos pyriformes verde-cinzentos com manchas escuras e garatujas pretas especialmente no polo rombo. O ovo mede 3828 mm. Galinago paraguaye (Vieill.) Aplin p.207 PL V, fig. 8; Dalgleish IV p. 88; Sclater and Hudson II p. 182. O ninho é uma depressão forrada de capim no brejo. A postura consiste em 4 ovos pyriformes de campo azeitonado com manchas escuras. Os ovos que Aplin achou no mez de Novembro medem, segundo a figura, 430v30 mm. Segundo Dalgleish a postura consiste em 3 Kos que medem 42X29 mm. * Gallinago frenata (ill.) Euler p. 123; Dal- gleish If p. 203; Nehrkorn p. 218. A côr do campo do ovo da nárseja varia de cinzento até amarellado, as medidas de 358-41X27—29 mm. A postura con- siste em 3 ovos, segundo Dalgleish. Não se conhece o ovo da gallinhola, Gallinago gigantea Temm. E DORE a Rostratula semicollaris V. Sclater and Hudson Il p. 183; Nehrkorn p. 218. A postura consiste em 2 evos cinzento-amarellos cobertos por toda parte de nu- merosissimas manchas pretas medindo 5625 mm. Steganopus tricolor Vieill. Goues p. 612 (S. wil- soni) ; Nehrkorn p. 219. A postura consiste em 3—4 ovos de forma alongado-pyriforme que o macho choca. O ovo é cinzento-amarello com manchas e salpicos bruno-pre- tos e que mede 31-34x23 mm. AVI. ORDEM. GAVIAE « Phaethusa magnirostris (Licht.) Nehrkorn p. 220. O ovo dessa grande andorinha do mar, que te- mos do Amazonas, é cinzento-amarellado com manchas profundas rôxas, e superficiaes pardas e mede 45-50 35-38 mm. Gelochelidon anglica Mont. (nilotica Hasselq.) Holland Ibis 1897, p. 287; Nehrkorn p. 220. Holland observou os ninhos no brejo, perto de Buenos Aires, sendo simples depressões no chão. A postura consiste em 2 a 3 ovos de côr cinzenta ou azeitonada, com manchas cinzento-escuras e brunas. As medidas do ovo são 4433 mm., segundo Coues. referindo-se a exem- plares da America do Norte; 5230 mm., segundo Brehm. Sterna forsteri Nutt. Nehrkorn p. 220. O ovo é cinzento-amarello, com manchas cinzentas e brunas, que em baixo do polo rombo formam uma coroa. As medidas são 40-41xX30-31 mm. Sterna hirundinacea Less. Sclater and Hudson H, p. 196; Nehrkorn p. 220. Dunford observou na costa da Patagonia uma colonia destas andorinhas do mar na sua nidificação, que consistia em cèrca de 67,900 ninhos. A postura consiste em % a 5 ovos mui- to variaveis, verde-amarellados com manchas escuras, medindo 44X32 mm. « Sterna fluciatilis Naum. Nehrkorn p. 220. Os ovos, como na especie precedente, medindo 4232 mm. 294 — * Sterna macrura Naum. Nehrkorn p. 220. Ovo como na especie procedente. A maior parte destas an- dorinhas, mais ou menos cosmopolitas e observadas, às vezes no Brazil, nidifica em outros paizes, faltando, entretanto, observações relativamente ao Brazil. * Sterna cantiaca Gm. Nehrkorn p. 221; Coues p. 762. Nidifica em grandes colonias. A postura consiste em 2 a 3 ovos ponteagudos, amarellados, com manchas escuras. As medidas do ovo são 92—53xX35 - 36 mm. « Sterna maxima Bodd. Nehrkorn p. 221 ; Coues p. 760. O ovo é branco ou branco- do, com manchas roxas profundas e bruno-pretas superficiaes, que são irregulares e cingidas de orlas desbotadas brancas. As “medidas são 99-63xX46— 47 mm. * Sterna curggnatha Saund. Temos da costa do Brazil alguns ovos sem indicação da ave, que talvez provenham desta especie, visto como são um pouco me- nores do que os da especie precedente, aos quaes mui- to se assemelham, medindo 60—6445 mm. Sterna superciliaris Vierll. Nehrkorn p. 222. O ovo é bruno-cinzento, com manchas escuras e mede 30—3123 mm. Anous stolidus (L.), Nehrkorn p. 222. O ovo é branco ou branco-encarnado, com manchas pardas na metade romba e mede 51—55X37 mm. Micranous lewcocapillus (Gould). Nehrkorn p. 223. Especie dos mares tropicaes, observada como a seguinte em Fernando Noronha. O ovo assemelha-se ao de Anous e mede 41—4631,5 mm. Gygis candida (Gm.) Nehrkorn p. 223. O ovo é cinzento-amarello, com manchinhas e garatujas pretas e mede 40—4430—32 mm. Rhynchops melanura Sws. Euler p. 124; Nehr- korn p. 223. O ovo é cinzento-claro, com manchas roxas profundas e bruno-pretas superficiaes e mede 42—45>31—33 mm. A postura é de 3 ovos. O talha- mar nidifica em colonias. + Larus atricilla (L.) Goues p. 750; Nehrkorn p. 223. O ninho é feito com algas, capim etc., no chão. E ae A postura consiste em 2 a 5 ovos de cor cinzenta, com manchas roxas e brunas. As medidas sao 90 -59 <36—38 mm. + Larus cirrhocephalus ( Vierll. ) Holland, Ibis 1895 Pp. 21656 1897 p. 287, Nehrkorn p. 223. Holland achou os ninhos feitos no chao, em companhia com a especie seguinte, nas varzeas e nos rios da Argentina. O seu ovo é branco-esver deado, com manchas cinzentas desbo - tadas e brunas superficiaes e mede 51 —-55x38 —59 mm. : * aes maculipennis Licht. Sclater and Hudson II p. 199; Nehrkorn p.223. O ovo é verde-amarella- do ou cinzento-verde, com manchas brunas superficiaes e profundas e mede 48—55><35—37 mm. A postura é de 4 ovos. Em geral são os ovos dessa especie um o menores e mais amarellentos do que os da es- pecie precedente. dias dominicanus Licht. Euler p. 124; Nehr- korn p. 224. O ovo é cinzento-amarello, com manchas e garatujas brancas e mede 68—71X47—92 mm. Stercorarius crepidatus (Banks). Brehm VI p. 558; Nehrkorn p. 225. Especie circumpolar e quasi cosmo- polita, que no mez de Julho observei no Rio Grande do Sul. O ovo que mede 55x42 mm. é verde-azeito- nado com manchas e garatujas pretas. A postura é de 2 a 3 ovos e o ninho é feito no brejo, no chão. XIX. ORDEM. TUBINARES Oceanites oceanicus (Kuhl) Nekrhorn p. 226. O ‘ovo, que mede 5425 mm. é branco e tem na ponta romba uma corôa de manchinhas e garatujas encarna- das e brunas O ovos que R. Hall, Ibis (7) vol. 6, 1900 p. 20) observou nas Ilhas Kerguel:s são menores. O ninho é feito da planta Azorella. * Puffinus anglorum (Ray) Nehrkorn p. 236 ; Co- mes p. 786. O ovo é branco e mede 59X40 mm. Daption capensis (L.) Nehrkorn p. 227. O ovo é branco e mede 28x30 mm. -— 296 — Prion vettatus (Gm.). Euler p. 124. Provavelmente, o ovo será branco medindo mais ou menos 45X33 mm. como nas especies affins. Segundo Wied tratam- no faizão na costa da Bahia. Diomedea melanophrys Temm. Nehrkorn p. 328. O ovo do albatroz é branco com manchas runas e mede 103—104X66—68 mm. Não sei se nidifica na costa do Brazil, onde talvez só appareça em certa epo- ca do anno: AR: Hall (ibis (7) vol “6, 1900 ip; 42/85) descreve e figura o ninho de D. chionoptera das Ilhas Kergueles, onde tambem foi encontrado D. melano- phrys. XX. ORDEM. PIGOPODES + Podiceps dominicus (L). Euler p. 124; Nebr- korn p. 238. O ovo é branco-esverdeado e mede 31 — 39x24—055 mn. Podiceps americanus Garnot. Sclater and Hudson IT p. 204 (P. rollandi). Segundo Hudson, este pequeno mergulhão nidifica nos banhados e lagoas nos mezes de Setembro e Outubro na Patagonia, construindo um ni- nho que boia; sahindo do ninho cobre os ovos, como o faz tambem Aeschmophorus major. Os ovos são bran- co-azulados e medem 44 X 31 mm. O verdadeiro P. rollandi é especie das Ilhas Malvinas; não posso neste momento dizer o que será a ave que sob esse nome mencionei nesta Revista, vol. IH, p. 454. E' certo que nem é especie de Podiceps, genero sobre o qual agora estou melhor informado, devido a exemplares recebidos do Museo de La Plata e que provam que realmente o bico é paragnatho nas especies de Podiceps. « Aeschmophorus major (Bodd.) Sclater and Hud- SoD il p. 202. Segundo Gibson essa especie faz no Rio da Prata o seu ninho no mez de Agosto no meio do juncal. A postura consiste em 3 ovos que medem 04 X 30 mm. * Podilymbus podiceps (L) Nehrkorn p. 224 O ovo é branco-esverdeado e mede 42—45x29—51 mm. XXL ORDEM. IMPENNES Spheniscus magellanicus (Forst). Nehrkorn p. 241; Fauvety Ann. Mus. Buenos Aires vol. HI, 1890, p. Dee. Ss Nos mezes de Setembro e Outubro sahe o penguim a costa da Patagonia, 4 praia, para fazer alli, no ro- chedo, seu ninho. Põe 2 ovos brancos que medem 65 <54 mm. O nutrimento preferido do penguim são os polvos que abundam nas gigantescas algas Macrocystis pyrifera. Na costa de S. Paulo appareceram nos mezes de Julho e Agosto. mas não consta que aqui nidifiquem. XXIF ORDEM CRYPTURI + Tinamus solitarrus( Vieul.) Kuler P- 125; Ber- lepsch and ihering p. 182; Nehrkorn p. 248. O macuco põe 10—14 ovos no chao. Os ovos são azues, lustrosos e medem 68—70><47—48 mm. Temos um que mede apenas 64x<45 min., sendo um pouco mais claro na côr. Da especie affim T. suberistatus diz Lloyd (ibis 1898, p. 166) que põe 8—10 ovos mum ninho chato forrado de folhas seecas. Tinamus tam Temm. Nehrkorn p. 247. O ovo é da mesma cor como o da especie precedente mas de for- ma mais espherica, medindo 6255 mm. Tinainus major (Gin.) Ne p248....0 ovo mede 66—67>46 mm. Veja-se tambem Salvadori, Ibis 1861 p. 356. Tinamus gultatus (Nati). Nehrkorn p. 248. O ovo é azul como os das especies precedentes e mede 9]—54X42—43 mm. Crypturus cinereus (Gin.) Burmeister Ill p. 371 ; Nehrkorn p.248. Burmeister referindo-se à descripção de Thienemann diz que o ovo é azul-cinzento, Nehr- korn diz que é cinzento-roxo, côr de chocolate, medin- do 47—4939—40 mm. Parece que ha nessa diver- gencia algum engano. — 298 — Crypturus obsoletus (Temm.) Nehrkorn (p. 248) diz que o ovo é branco, côr de chocolate, as vezes cla- ro, às vezes escuro, e que mede 49X57—38 mm. Os ovos de inambu-guassu de S. Paulo são da variedade clara e medem 50—5235—36 mm. Crypturus pileatus (Bodd.) Nehrkorn p. 248. O ovo é semelhante ao da especie precedente e mede 42 —13X32—33 mm. * Crypturus tataupa (Temm.) Nehrkorn p. 248; Allen IV, p. 158. O ovo assemelha-se ao das especies precedentes, medindo, segundo Nehrkorn, 39—43%X31 mm. Segundo Allen 435x31 —82 mm. + Crypturus parvirostris (Wagl.) Nehrkorn p. 248; Allen IV, p. 156. As medias. dos ovos são, se- gundo Nehrkorn, 37—39xX28 mm., segundo Allen 38829 mm., mas recebi ovos de «Cr. parvirostris» do Perú que medem 4230 mm. "Temos uma grande serie mas sem indicações da especie e parece-me im- possivel separal-as só pelas medidas que de certo va- riam mais. Ha entre os nossos ovos desses pequenos inambus dois typos, um que em geral é um pouco maior, de côr cinzento-encarnada clara e outro em geral de dimensões menores e de côr cinzento-parda. Talvez provenham os primeiros de C. tataupa, os do se- gundo typo de CG. parvirostris. Mas sem conhecer series de determinação exacta nada posso dizer a respeito. Crypturus scolopax (Bp.) Nehrkorn p. 248. O ovo mede 47X39 mm. Crypturus erythropus (Natt.) Nehrkorn p. 248. O ovo mede 48,5—53 38 —40 mm., a côr é cinzento- encarnada. Crypturus scolopax (Bp.) Allen IV p. 158 (C. undulatus). Os ovos são postos no chão sem ninho e medem 5041 mm. Crypturus variegatus (Gm.) Euler, p. 127; Lioyd Ibis 1898 p. 166. Lloyd diz que a postura con- siste em um ovo sd, generalisando sem razão uma observação em contraste com as de Thienemann, que se refere a 5—8 ovos cinzento-encarnados. mn « Crypturus noctivagus (Wied) Euler p. 127; Berlepsch und Ihering, p. 183; Nehrkorn p. 248. O jahó pde os seus ovos, em geral no numero de quatro, no chão. Os nossos medem ©0—5141—44 mm. « Rhynchotus rufescens (Temm.) Euler p. 127; Sclater and Hudson II p. 210; Allen, IV p. 158; Nehrkorn p. 249; Dalgleish lI p. 250 PL VIII fig. 5 e VI p. 88. A postura da perdiz consiste em 5—6 ovos cujas medidas variam de 48—9641—47 mm. segundo as diversas localidades. Ia tambem grande variabilidade na forma, às vezes quasi cylindrica como nos ovos alongados dos Inambus, ás vezes biconica com a zona equatorial bem cheia. Alem dos ovos brunos, cor de chocolate escuro ha outros pardo-cin- zentos e um que temos é cinzento-azul. Dalgleish diz que no Uruguay o numero de ovos de uma postura é de 4 e em Paraguay mais, até dez. * Nothura maculosa (Temm.) Euler p. 127; Sclater and Hudson II p. 213; Dalgleish II p. 249 Pl. VIII fig. 4; Aplin p. 214; Nehrkorn p. 249. A postura consiste em 4—5 ovos, às vezes mais, 5—8. As medidas do ovo variam de 42—16X31—34 mm. Dalgleish diz que às vezes um ninho contem 8—9 ovos que provem então de duas gallinhas. Nothura boraquira (Spix) Nehrkorn p. 249, As medidas do ovo são 4830 mm, Não conheço os ovos das cadornas mineiro e barraqueira. | AXIV. ORDEM, STRUTHIONES “+ Rhea americana (L.) Euler p. 129; Ihering Revista HI p. 465; Sclater and Hudson II p. 216; Nehrkorn p. 200; Dalgleish II p. 251. Hudson diz que a propagação da ema começa no, mez de Julho, dando lugar a combates violentos entre os gallos. To- das as gallinhas d’um bando poem no mesmo ninho que contem 30—60 ovos e. ds vezes, muito mais. São os machos que os chocam e que cuidam dos filhotes. E — 300 — singular o facto contado por Beerbohm e confirmado por Dalgleish que o macho que choca fica muito fu- rioso quando se meche no ninho ou delle retira ovos. De um ninho feito de capim que continha 41 ovos foram em Dezembro retirados 6. No dia seguinte, ve- rificou-se que o gallo irritado tinha completamente destruido o resto. Dalgleish diz que as pennas se ven- dem a 1—2 dollars por libra contra 35 dollars que valem os da avestruz da Africa. Mesmo assim a per- seguição da ema é tão grande na Argentina que em erande parte de seu territorio a ema já não existe mais e que a criação da ave meio-domesticada será o unico meio para impedir a sua destruição completa. Alguns fosseis paleozoicos do Estado do Paraná ROR E. KAYSER EM MARBURG (Hess) Com as estampas Te IT Foi no veräo do anno passado que o Dr. von Ihering, director do Museu Paulista, me dirigiu uma carta perguntando-me se queria fornecer-lhe a descri- pção de alguns fosseis paleozoicos achados no Estado do Paranã. Ao mesmo tempo, declarou elle, que a localidade da proviniencia dessas petrificações era nova e muito importante, não havia porém, por enquanto, es- perança de obter dalii mais material, visto um empre- gado do Museu, mandado para colligir naquelle lugar novas petrificações, ter sido obrigado, por causa de do- ença, a voltar sem resultado proficuo. Tendo acceitado a proposta feita pelo Sr. von lhering, recebi. no fim do anno, uma pequena remessa contendo um exemplar ty- pico de rocha calcarea crystalina de côr cinzenta, dous pedaços de silex branco oolithico (provavelmente de cal siliciosa) com restos de conchas indeterminaveis. O Sr. von Ihering escreveu-me que essas conchas se as- semelham às que apparecem no Estado de S. Paulo nos terrenos permocarbonicos de Piracicaba que consi- dera como pertencentes ao genero Anthracosia, assim como cinco grandes moldes de Spiriferos, constando os tres maiores de gres amarellado, de grãos pequenos e — 302 — ricos em chapinhas micaceas brancas, os dois menores de grès vermelho-amarellado, ferruginoso, mas tambem micaceo. Esses Spiriferos foram collecionados pelo Sr. Tele- maco Borba em Tibagy, Estado do Paranä, que fez delles presente ao Museu Paulista. O Dr. Derby sujeitou-os a um exame provisorio e aflirmou ao Sr. von Ihering que éssas especies foram tambem por elle encontradas no mesmo Estado em Ponta Grossa e Jaguarahyva e comparadas com especies do Devoniano inferior da America do Norte. Os rotulos ajuntados dizem ser provavel que os tres pedaços de pedra pertençam à formação carbonife- ra. Quanto aos Spiriferos, os tres maiores foram de- terminados por Dr. O. Derby no rotulo como Sprrifer cf. buarquianus Rathbun, os dois menores come Sp. cf. duodenarius Hall. Veja-se o estudo do Dr. Orvil- le A. Derby «A Geologia da região diamantifera da Provincia do Paraná, » Archivos do Museu Nacional do Rio de Janeiro, vol. Il], 178 p. 89—99 onde o au- ctor, pag. 93, se refere ao Spirifer | provavelmente iden- tico ao S. duodenarius Hall”, por elle encontrado em Ponta Grossa num leito de schisto intercalado no grés, sendo estas especies que se encontram no devoniano da região do Amazonas, achando-se uma (Sp. duodenarius) tambem no devoniano da America do Norte. Effecti- vamente, segundo me participou o Dr. von Ihering, o professor Orville Derby julga os spiriferos menciona- dos tambem pertencentes à epocha devoniana. Não haveudo noticias mais exactas sobre a origem e as camadas que provêm das amostras acima menciona- das, carecemos de um fundamento seguro para determinar a edade das camadas respectivas. Os spiriferos, porém, figurados nas nossas duas estampas com perfeita exa- ctidão pela mão habil do Dr. E. Beyer, estão conservas das, ainda que não muito bem. Ainda assim permittem elles, pelo menos, fazer a tentativa de determinar ap- proximadamente a edade das camadas das quaes se originam, No seguinte capitulo descreveremos primeiro — 303 — as formas pertencentes, ao que parece, a duas especies differentes. SPIRIFER IHERINGI N. SP. Veja estampa I fig. 1 e 2; estampa IT fig. 1. Dessa especie grande que tem cerca de 50 mm. de comprimento e &0 mm. de largura, temos tres exem- plares, os quaes, como já dissemos, se originam dum gres molle, amarello. Infelizmente, todos os tres são representados por moldes incompletos e muito gastos pelo attrito, sendo assim impossivel de fazer-se uma idéa exacta da especie. O que está conservado melhor é o lado ventral do pedaço representado pela segunda figura da primeira estampa. A concha apresenta-se mais desenvolvida em di- recção transversal, arredondada nos cantos lateraes, tendo a maior largura talvez no primeiro terço do compri- mento. A area ventral é de altura regular. O sino é bastante largo, mas pouco profundo. No meio do seu fundo chato ha uma costa relativamente fraca, desen- volvendo-se, ao que parece, só à alguma distancia do bico. A sella 6 de forma correspondente, pouco elevada e achatada em cima. Os lados apresentam cerca de seis costellas muito fortes, um pouco em fórma de crista (compare-se a segunda figura da primeira es- tampa,) separadas por sulcos não menos largos e que estão com fundo chato. No molde destaca-se o processo muscular que é forte, longitudinalmente estriado e que occupa muito mais de um tergo de todo 0 comprimento da concha. As partes da superficie carecentes de costellas, situadas aos lados do processo muscular, apresentam uma forte granulação. Os processos dentiferos são divergentes e pouco profundos (compare-se a Est. II, fig. 1). Seja-me permittido denominar essa bella especie em honra ao distincto director do Museu Paulista. As — 804 — propriedades mais caracteristicas della são o tamanho consideravel, as costellas simples, muito fortes e pouco numerosas, o sino fraco e dotado de uma fraca costel- la mediana. assim como o processo muscular comprido e forte do molde. Como já dissemos acima, essa especie está deter- minada no rotulo annexo como Spirifer cf. buarqu- anus (Rathbun), sendo esta uma especie do territorio amazonico, a qual, segundo o ultimo tratado de Fr. Katzer sobre o Devoniano da dita bacia (Sitzungsber. d. IX. bohm. Ges. d. Wiss 1897), Hrequentemente é encontrada junto ao rio Maecuru. O Sr. Katzer é de opinião que esta especie, que elle estudava circumstan- ciadamente emquanto demorava no Para, é apparenta- da com o bem conhecido Sp. paradoaus Schl. e ainda mais, segundo elle me participou, com hercyniae Greb. iy’ bastante variavel quanto ao contorno e às costellas. Além de uma variedade de alas compridas, que têm de 16 a 18 costellas, acha-se outra mais breve e mais achaparrada, que tem, quando muito, 12 costellas. No sino esta situada uma costa mediana delgada como nas especies rhenanas mencionadas. Estas poucas noticias. já chegam para fazer-nos conhecer que nosso spirifero paranäense não pode estar intimamente Jigado à especie de Rathbun. Para convencer-me, porem, da certeza desse facto mandei as figuras de Sp. jheringr ao Dr. Katzer pedindo-lhe que me declarasse sua opinião sobre a relação desse spirifero com Sp. buarquianus. - Elle, porém, julga tambem não haver parentesco algum entre as duas especies. Não existe, pois, connexão mais intima entre a nossa especie e a do Amazonas, da qual fizemos men- ção. Quanto, porém aos verdadeiros parentes da nossa especie, é muito difficil averigual-o em vista do nosso material, que é muito imperfeito. Pelo tamanho con- sideravel, pelas costellas poucas e grossas assim como pelo tamanho do processo muscular, Sp. jheringr as- semelha-se ao Sper. primaceus Steining. do mais pro- fundo da região rhenana (Kayser, Abh. d. preuss. gevl. — 305 — Landesanst. Bd. II, Heft I, t. 35), o qual, comtudo, possue uma sella muito mais alta, muito elevada e que termina numa crista aguda; carecendo tambem da crista mediana do sino. Sp. arrectus Hall do gres de Oris- kany na America do Norte poderia ser chamado à comparação, fica, porém, inferior em tamanho faltando- lhe tambem a costela no sino. (Hall. Palaeont. of. Ni one il oro Spirifer borbai Jhering' sp. n. Veja estampa LE iG Are ds A outra especie, differente de Sp. Lherimge como parece, pertencem dois moldes menores, provenientes de um gres micaceo, ferruginoso, mais avermelhado, superficialmente cobertos de uma casca delgada de ferro oxydado pardo (Brauneisenstein). Essa especie differe da precedente pelo tamanho muito menor, tendo de cada lado de 5 a 7 costas mais agudas e estreitas (veja-se principalmente a figura se- gunda da estampa segunda) e a sella mais alta e divi- dida, ao que parece. em duas partes por um sulco situado no meio. Si a esse sulco corresponde uma costella mediana no sino fica indeciso, sendo incomple- tos os dois pedaços que tenho à minha disposição. Essa especie tambem tem as partes basaes dos dentes normalmente divergentes, o processo muscular consideravelmente comprido e grosso, apresentando as partes carecentes de costellas, situadas aos lados delle, uma forte granulação. No rotulo ajuntado está determinada essa especie como Sp. cf. duodenarius Hall (Palaeont. of N. York, v. IV, t. 27, 28), que é conhecido como forma do De- voniano inferior da America do Norte (Schohariegrits e Corniferous limestone), existindo, porém, tambem na America do Sul, por exemplo, nas margens do rio (1) Acceito para essa especie o nome sob o qualo Dr. von Ihering a tem guardado e exposto no Museu Paulista. — 306 — Maecuru (veja-se Katzer, 1. cit. p. 7). Representa uma especie do parentesco do bem conhecido Sp. speciosus Schloth. proveniente do meio-devoniano mais antigo do Eiffel, o qual de cada lado do sino e da sella tem meia duzia de dobras largas, pouco onduladas, separadas por sulcos estreitos. A forma da sella é pouco aprofundada, semelhante à das dobras lateraes. Assim é natural que não haja parentesco algum entre a nossa fórma para- naense e duodenarius. Além da sella que parece ser bipartida, as dobras muito mais elevadas apresentando mais pronunciada a fórma de crista, separadas por lar- gos intervalos, ja chegam para não se admittir a exis- tencia de tal relação. O Dr. Katzer, que examinou tambem a figura desta forma, é da mesma opinião. O material da nossa especie é tão imperfeito, que seria inutil comparar maior numero de fórmas talvez apparentadas—razão porque me limito a fazer menção de semelhança que ha entre o pedaço representado pe- la terceira figura da estampa segunda e o molde do Sp. vespertilio Sow., tasmaniano, figurado ha pouco por Fr. Frech (Zeitschr, der deutsch. geol Ges. Bd. L, 1898, T. 4 fig. 3). Essa especie provavelmente permia- na differe no molde só pelo sino um pouco mais lar- go e pelas dobras um pouco mais numerosas, estando porém o sino dobrado mais ou menos distinctamente, no pedaço, porem figurado por Hrech quasi impercep- tivelmente. Quanto ao nosso spirifero paranaense, não se póde dizer nada a esse respeito. O exame paleontologico dos dois spiriferos não deu resultados sufficientes para determinar exactamente a edade das camadas das quaes se originam. Apezar de termos chegado a concluir que Spirifer jheringe pertence provavelmente ao Devoniano inferior, este resultado, comtudo, não é seguro bastante para ser de valor consideravel, tornando-se assim tanto mais per- ciso examinar, si o que já antes foi sabido sobre os — 807 — depositos mais antigos do Estado do Paraná, talvez se- ja proprio para dar-nos alguns esclarecimentos acerca da edade dos nossos fosseis. O que sabemos até agora sobre as formações pa- leozoicas do territorio paranaense está fundado nas in- vestigações do distincto professor Orville A. Derby. Segundo uma carta dirigida por este sabio ao profes- sor Waagen (Neues Juhrbuch fiir Mineralogie Bd. 1888, II], V. 172) as camadas paleozoicas d’aquellas regides säo de grande extensäo, dando logar sobre uma base de formações archaicas, a dois terraços mui- to extensos: um mais profundo composto de gres e schistos argillosos das epochas devoniana e carboni- fera, e um mais alto composto de gres molle, verme- lho, das formações permiana e triassica. Quanto ao Devoniano em particular, sua existencia foi verificada até agora em dois logares: 1) perto de Ponta Grossa (veja-se L cit. p. 173) e 2) perto de Jaguarahyva proximo à fronteira de São Paulo (Arch. do Mus. Nac. Rio de Janeiro, v.IX, 1890 p. 55). No pri- meiro logar encontraram-se Spirifer aff. duodenarius, Homalonotus. Vitulina etc, no segundo em gres ferru- ginoso pardo-amarellado Dalmanites (gonzaganus Clar- ke), Vitulina, Chonetes, Streptorhynchus, Amphigenia, e tambem spiriferos apparentados com duode narius. Não se póde duvidar que o conjunct desses generos mani- feste alguma connexão com o devoniano inferior, talvez tambem com o meo-devontano mais profundo. São principalmente os Dalmanites e Amphigenia que decidem a questão em favor do devoniano inferior. Na America do Norte Vitulima pertence ao meio-devoni- ano devoniano, (Hamilton) ao passo que na America do Sul e na Africa do Sul já apparece no devoniano inferior. Quanto à edade dos spiriferos dos quaes tratamos aqui, parece ser cousa de importancia cunstarem elles assim como os de Jaguarahyva de gres amarello, fer- ruginoso e micaceo, donde talvez se póde, concluir que são, mais ou manos, da edade daquelles, isto é, que pertencem ao devoniano inferior. — 308 — Parece isso ainda mais provavel, visto tambem, como ja dissemos na introducção deste tratado, o professor Derby, talvez o unico geologo que conhece de vista, as formações devonianas do Paraná attribuir os nossos spiriferos, depois de tel-os examinado, à epocha devo- niana inferior. O Dr. von Ihering participou-me ainda as seguinte informações que recebeu sobre os dois Spirifer do Dr. Schuchert em Washington, observando que a minha REGE II está no Museu Paulista guardado sob o nome de Spirifer borbai Ihering ; sendo dedicada a especie ao Sr. Telemaco Borba em Trbagy que colleccionou esses materiaes. «Os dois Spiriferos paleozoicos, parece-me, corre- spondem aos horizontes de Lower Helderberg e Oris- kany, na America do Norte. Spirifer borbai está in- timamente allado ao Sp. antarcticus e tambem ao Sp. arrectus Hall (murchisonianus Cast.) da formação de Oriskany». «Spirifer iheringi pode ser comparado ao Sp. ma- cropleura Conr. da formação de'Lower Helderberg. Es- sas especies não se assemelham às que, na America do Norte, occorrem na zona carbonifera e tão pouco no devoniano superior, mas sim às do devoniano inferior». Quando já estavam escriptas as deseripções e con- siderações precedentes, recebi duas novas communica- ções, referentes ao mesmo assumpto, e que me obrigam a esta nota supplementar. Recebi o artigo recem-publicado do Prof. von Sremiuradzkt 1 sobre a geologia do Estado do Paraná. Baseando-se em observações proprias, diz o autor que a serra da zona costeira é formada por uma zona larga de schistos crystalinos que julga metamorphicos e que ao Oeste nos «Campos geraes» segue um territorio ex- (1) Siemiradzki, Jos. von. Geologische Reisebeobachtungen in Siid- brasilien. Sitzungs. Ber. d. K. Akad. d. Wissenschaften Wien. Math.-Naturw. Klasse Vol. CVI, Abth. I, 1898 p. 23--39 com Estampa. == SUG — tenso situado menos alto composto de camadas mais ou menos horizontaes de grés amarellados, ricos em mica, com os quaes alternadamente são encontrados schistos argilosos escuros. Segundo Derby, essas camadas são devonianas, nellas encontram-se em Ponta Grossa, Ja- guarahyva e nas paredes escarpadas da Serrinha, ao NE de Palmeira, fosseis que estão distribuidos em dois ho- rizontes, suppostos de ser da mesma idade. Um delles consiste em schistos argilosos, ricos em mica, pardos côr de chocolate e contem exemplares de Spirifer ant- arcticus Morris et Sharpe; o outro é formado por schistos pretos contendo petrificações de Lingula, Dis- cina, Spirifer e outras conchas ainda não determinadas. Estas communicações do meu collega de Lemberg me confirmam na opinião de que as duas especies, aci- ma descriptas, de Spirifer, provêm de camadas da idade devoniana. A occurrencia nessas formações de Spirifer antarcticus, especie de vasta distribuição na America meridional, faz crer que se trate do Devoniano inferior. Tendo já chegado o postscripto precedente às mãos do Sr: vn Ihering, este obteve e me remetteu um outro fossil, da formacäo devoniana do Estado do Parana. Segundo a indicação do achador a petrificação provem da mesma localidade como Spirifer Lhering:, perto de Tibagy. Que provem tambem das mesmas cama- das, prova a estructura da rocha que a inclue e que repre- sentao mesmo grés amarellento e rico em mica, no qual tambem consistem os moldes de Sp. Jheyingr. Quanto à petrificacäo mesma, trata-se de duas valvas de uma concha, adherentes à rocha e conser- vadas como moldes, de cerca de 20 mm. de altura, 35 mm. de largura e 20 mm. de espessura. As duas valvas corr respondem provavelmente uma à outra; es- tão porém um pouco deslocadas e tocam-se sómente pelas extremidades. Da valva direita, resta sómente a metade, a valva esquerda está completa. Como a figura junta desta valva mostra, a concha é de contorno transverso-oval com o lado anterior for- temente encurtado e o lado posterior alongado. Este — 310 — é limitado em cima por uma margem direita cardinal, em frente por uma fraca crista diagonal, saindo do bico, sendo atraz obliqua- mente truncado. Do bico, não muito ARR . alto, obtuso e arredondado, a valva (SS MAR inclina-se ingrememente, sendo a SEM margem inferior em baixo do bico le- k vemente sinuosa e coherente a um Fholadella riadiata Hall afundamento chato que se forma aqui. defina Ro Muito digna de observação é a esculptura. A parte media de ambas as valvas é guarnecida de 8 a 10 cos- tellinhas radiaes, separadas por largos intervallos, em- quanto faltam quasi completamente na parte anterior e posterior das valvas, parte que, então, apparece lisa. Fôra das costellas radiaes existem ainda fortes estrias concentricas de crescimento, um pouco entumescidas a margem da concha. Impressões dos musculos e li- nha do manto não se podem reconhecer. Creio que a nossa concha pôde referir-se à Pho- ladella radiata Hall (Palaeontol. of N. York V. pt. I, Lamellibranch. 1, t. 78, fig. 15—21). E” uma especie dos depositos devonianos inais no- vos da America do Norte, que, porem, foi achada recen- temente pelo Professor Bodenbender tambem nas cama- das devonianas da Argentina e ja descripta por mim (Zeitsch. d. deutsch. geol. Ges. 1897, p. 290, t. 10,fig. 71). A forma brasileira é consideravelmente maior do que os exemplares argentinos e norte-americanos. Entre os individuos figurados por Hall iguala-a sé um que esse autor define como sendo “of unusually large size”. De resto, a concha parandense parece-se com a norte-ame- ricana. As estrias de crescimento não se apresentam tão fortemente na ultima especie; mas, em vista das diffe- renças que os exemplares figurados por Hall mostram entre si em contorno e esculptura, esta anomalia parece demasiadamente insignificante para justificar-se, por causa disso, a separação especifica da forma parandense. Quanto, emfim, à questão da significação da con- cha tratada para a determinação da idade das camadas que a encerram, convem primeiramente constatar, que é mais uma prova da sua dade devoniana, já con- cluida dos acima descriptos Spiriferos. Para a determi- nação mais exacta das camadas é principalmente de im- portancia, que Phol. radiata occorre na America do Norte sómente nas camadas Chemung e Hamilton e que o genero Pholadella não desce alli sob as camadas meio —devonianas. Podia-se concluir d'isso que tambem os grés do Estado do Paraná, com Rh. radiatu e Sprr. theringr mão pertenciam a formação devoniana infe- rior, mas a metio-devoniana. Um apoio para esta opi- nião podia-se achar nas relações da Argentina, onde a mesma concha occorre numa communidade de formas, que, segundo a minha opinião, indica antes a formação meio-devoniana ue devoniana inferior. (Neues Jahrb. f. Min. 1899, I, 255). Explicação das estampas EST Fig. 1. Sperifer Ihering: n. sp. Do devoniano in- ferior (2) do Estado do Parana. 1. Vista dorsal de um molde muito gasto pelo at- trito. 1.º vista ventral deste molde. Fig. 2. A mesma especie, da mesma proveniencia. Vista ventral de um molde um pouco melhor conservado, apresentando ainda os vestigios de uma crista mediana. Os criginaes estão no Museu Paulista. EST, II Fig. 1. Spirifer Ihering: n. sp. Do devoniano in- ferior (?) do Estado do Paraná. Vista pelo lado do bicco de mn molde um pouco disforme. Fig. 2 e 3. Spirifer borbai Ih. n. sp. Da mesma proveniencia. 2. Vista dorsal de um molde um pouco disforme 3 e 3.º vistas ventrale do lado do bico de outro molde. —Os originaes estão no Museu Paulista. NOTA SOBRE 0 CURARE PELO DR. Je BACH Nas minhas explorações do anno de 1897, na ex- pedição que realisei subindo pelo rio (rinoco, passan- do o rio Cassiquiare, deste ao rio Negro para o ma- gestoso Amazonas vi preparar esse veneno terrivel o Curare pelos Indios Guaicas, habitantes das mar- gens do Alto Orinoco, na Guyana Venezuelana. Do rio Cassiquiare realisei um trajecto a pé até entrar no rio Baria, bem abaixo de Solanos, em cujo ponto entrei no rio Negro deixando a povoação de Solanos, à minha esquerda, porque me informaram da existencia, nesta villa, de uma quadrilha de saltea- dores. Approximadamente 2 '/, ou 3 leguas antes de che- gar-se ao rio Cassiquiare existe uma pequena villa, chamada Buenaguardia que conta cerca de 600 ha- bitantes sem a menor industria e que passam a vida entregues à ociosidade e extrema indolencia. Os indi- cenas chamam ao aldéamento Quajo, devido à exis- tencia nas cercanias de muitas e extensas mattas de uma planta com este nome, que produz uma fructa pequena, do tamanho de uma avelã, extremamente oleosa. Os indigenas servem-se d'essas pequenas fructas para com ellas fabricar simples velas que dão realmen- — 314 — te uma luz clara, sem fumo e sem cheiro. Elles fabri- cam essas velas enfiando numa fibra de bambu, rus- ticamente alisada, as fructinhas umas sobre outras, com- primindo-as fortemente entre si e dando-lhes, portanto, a apparencia e o formato semelhantes a uma vela de stea- rina pura. Foi nas: cercanias da villa de Buenaguardia que encontrei os selvicolas denominados Guaicas, os quaes são regularmente doceis 'e trataveis. Os seus agru- pamentos são regulares, constituídos na maior parte de mulheres e creanças ; bem limitado 60 numero de ho- mens. Esses selvicolas são na maior parte de estatura mediana, côr de cobre escuro, testa estreita, cabellos ne- gros e corredios, olhos negros, nariz pequeno, imitan- do o nariz da raça africana, levemente achatado, den- tadura bonita e branca, orelhas grandes. Demorei-me dois dias, apenas entre os Guaicas: tendo notado que o uso de objectos ethnographicos é com bem pouca differença, egual ao das outras raças indigenas dessa zona. O Curare é differente do que vi usar pelos in- digenas dos lados do rio Amazonas. Nos dois dias em que me demorei entre Guaicas pr esen- ciei uma cerimonia bem curiosa para a fabricação, ou para melhor dizer, de parte da fabricação d’esse veneno. O cacique com os outros chefes seus subalternos, realisaram o sorteio de tres indigenas da tribu, os quaes teriam de sujeitar-se à fabricação do terrivel venenQ, Foram sorteados dois homens e uma mulher para esse fim. Reuniram-se, então, 186 indigenas ineluindo os sor- teados e principiaram a fabricação do Curare com as seguintes formalidades O tuchau ou cacique mandou preparar em uma pe- quena clareira uma fogueira pequena e de fogo lento.. Ao seu lado, elle tinha duas panellas de barro quei-, mado, de tamanho differente. A maior destas panellas. estava cheiade uma tintura côr de chocolate claro, na ae ete quantidade de pouco mais ou menos 800 grammas ea menor tinha a capacidade ae 150 grammas. Por sua ordem, a panella menor foi collocada sobre a fogueira conservada a fogo lento e um des indigenas sorteados esvasiou ou verter ncia uma quantidade da tintura até o meio € introduzindo no liquido uma va- rinha de madeira resistente ia-a remexendo. A eva- poração produzida era tão forte que no espaço de 2 1/2 horas o indio tinha vertido totalmente as 300 grammas da tintura, perfeitamente concentrada. Ao terminar essa operação o indigena completamente estonteado, devido à forte evaporação do veneno, foi substituido pelo compa- nheiro de sorteio. Uma hora e meia depois este Indio tambem se viu obrigado a abandonar a manipulação do veneno, victima das mesmas tonteiras, passando a operação a ser feita pela mulher sorteada, que terminou a operação ou manipulação sentindo-se tambem atacada dos mesmos soffrimentos. Ficando, assim concluida a fabricação do veneno, as 800 grammas da primitiva tintura foram reduzidas a um extracto côr de chocolate escuro tendo durado a terceira e ultima manipulação cerca de 1 1/2 horas. Durante esse trabalho, o cacique havia formado, com os 183 indigenas que assistiam à fabricação, um semicirculo cuja abertura era do lado para onde so- prava o vento, de forma que os espectadores não absor- viam as evaporações do veneno. Não pude saber nem obter os vegetaes compo- nentes d'esse veneno porque os indigenas se negaram absolutamente a dar-me esse segrêdo. Pude conseguir a posse da mesma panellinha que serviu para a fabri- cação do Curare e conservo-a em minha residencia. Realmente, vi entre esses indios que o effeito des- se veneno é bem um effeito violento. Esse mesmo effeito violento tambem tive occasião de o presenciar no baixo Orinoco, alguns kilometros acima do Passo do Inferno, onde, ao desembocar em uma volta do rio, foram flechados dois remadores da minha canôa, que, poucos momentos depois de feridos pelas flechas enve- — 916 — nenadas com o Curare, deixavam de existir. Deve no- tar-se que os ferimentos não foram em logares consi- derados mortaes, pois que um dos remadores foi fle- chado na perna direita e o outro no antebraço di- reito. Ambos morreram com o intervallo de poucos momentos e apresentaram symptomas identicos aos da estrychnina. O Passo do Inferno & o ponto mais estreito do rio Orinoco, sendo a sua corrente de uma violencia extraordinaria, visto como elle passa apertado entre duas montanhas talhadas a pique. Tomou tal nome porque ha muitos annos que constantemente alli têm naufraga- do as canôas ou pequenas embarcações que se arrisca- ram a atravessal-o. Deste ponto, tenho uma photographia que eu mesmo tirei. Para passarem sem risco os viajantes costumam conduzir as canôas em pequenas em- barcações por terra, por qualquer das margens e mais adeante lançal-as de novo no rio e assim proseguirem a navegação. O terreno é constantemente montanhoso e mostra sempre quartzo aurifero. Toda a zona que percorri nessa minha exploração é quente, febril e paludosa. Encontrei nella enormes mattas de caji, principalmente na Guyana Venezuelana e no trajecto pelo Orenoco, sendo a maior parte de cajú mimoso (pequenino), de coloração rubra e amarella, sendo mais adstringentes do que os do Brasil, por conterem muito tanino. Em toda esta viagem em ambas as margens dos rios Orinoco, Cassiquiare, Baria e Rio Negro vi ve- getaçäo variada, soberba, luxuriante e opulentissima, encontrando-se extensas mattas de borracha, cumarie immensa variedade de plantas com applicação na medi- cina e na industria, gommas praciosas etc. Tive tambem occasião de apreciar interminavel va- riedade de parasitas, orchideas de aspecto bizarro e surprehendentes de belleza. A jauna de todas essas paragens é opulenta pela quantidade e variedade de passaros de formosissima plumagem e peixes de muitas especies, formatos e ta- — 917 — manhos. Na fauna do Orinoco, junto às margens dos rios affiuentes, encontrei, em diversos pontos, um passa- ro muito semelhante a uma pomba róla no tamanho e formato, mas com uma plumagem totalmente verme- lha, de um vermelho vivo e brilhante; as pernas e o bico eram do mesmo colorido. Nao pude perceber- lhe o canto. Esses passaros andam em pequenos bandos separados e aos pares Oa em casaes; 0 seu vôo é rapido, Atravessei immensas zonas de mineraes e desco- bri, com frequencia, ouro, prata, ferro, cobre, chumbo, carvão de pedra, etc. etc. Na Guyanna Venezuelana estive na pequena cidade de Bolivar. E” a mais antiga desta Republica e tira o seu nome do grande general e patriota Simão Bolivar, que provocou a independencia contra a espanha, a Metropole, não só da sua patria, como tambem da dos outros territorios ou vice-reinados pertencentes à Hes- panha e que são hoje as republicas de Venezuela, No- va Granada, Equador, Peru, Bolivia, Colombia e Gua- temala. As construcções da cidade são no antigo estylo gothico e na praça principal vê-se a estatua pedestre de Simão Bolivar, o libertador, cercado de sete esta- tuas symbolisando cada uma das republicas acima enun- ciadas. Emfim, nessa minha viagem pari-passu dos peri- sos inherentes a todas as explorações identicas, tive momentos de extasis e pasmo indiziveis em face das ri- quezas deslumbrantes de uma natureza uberrima e vir- gem e concentrei-me naquelle recolhimento e adora- ração intima que em todos os passos da nossa vida devemos a Deus, o Creador de tantas maravilhas, a Deus que nunca deve sahir e não sahe do pensamento e espirito do viajor naquellas immensas solidões. A Hyla pulchella Dum. Bibr. e a funcçäo chromatica POR P, A. SCHUPP E vm facto conhecido que certos animaes têm a propriedade cde conformar sua cor com a do meio em que vivem, donde resulta que os mesmos individuos apparecem ora com uma, ora com outra côr. Ha ani- maes em que esta mudança de côr é completamente independente do concurso do individuo, mas é uma lei certa e inevitavel à qual está sujeita toda a especie sem excepção. Assim por exemplo, ha uma especie de lebre ( Lepus variabilis Pall.) que, pardo-cinzenta no verão, torna-se, no inverno, branca como a neve. Do mesmo modo pode-se observar que muitas aves tomam no inverno um colorido differente daquelle que tem no verão, harmonizando mais assim com a monotonia da estação. Outros animaes ha, em que a mudança de côr depende de circumstancias inteiramente individuaes, pelo que, mudando-se estas, muda tambem a côr,o que pode acontecer em intervallos muito pequenos. Esta propriedade de mudar a côr conforme as circunstancias, que se costuma designar pelo nome de funcção chromatica, é chservada em alguns gene- ros de peixes, em certos reptis, em muitos amphibios, como nas rãs e muito em particular nas das moitas e talvez, entre as ultimas, não haja outra em que a va- riabilidade chromatica seja tão pronunciada como na — 320 — Hyla pulchella Dum. et Bibr. (bracteator Hensel) que, tantas vezes temos occasiäo de observar, quando nos dias chuvosos ou tardes humidas do veräo, justamente ao cahir do sol, sahindo dos seus escondrijos deixa ouvir, de cima d'uma arvore ou da folhagem larga e sombria de uma bananeira ou agave sua voz is sante: gli-gli, gli-gl-gh, gli-gl signal, que já vae fa- zer a ronda nocturna e tomar conta dos bichinhos, que a este tempo costumam regosijar-se. A H. pulchella, quando adulta, chega a 50 mm. mais ou menos de comprimento. Quando em repouso, o seu dorso mostra uma dupla convexidade isto é, no sentido do eixo longitudinal como no do transversal. A sua figura é sempre muito graciosa. À parte dorsal da pelle é muito lisa e macia, ao passo que a abdominal é coberta de eranulações as quaes, junto com as ventosas dos pés lhe servem de orgãos para se prender aos objectos lisos e suspender-se. Quanto à côr, é extremamente variavel; ora é cinzenta clara e quasi argentea, ora escura, ora ama- rellada, ora parda de bellissimo verde ou ainda um conjuncto de todas estas cores que mal se pode de- terminar. Ha momentos em que o colorido secco com brilho metallico torna-se logo depois humido, de um brilho vitreo ou esmaltado. O que é constante é uma linha escura, a qual, começando nas fossas nazaes, in- terrompida nos olhos, contintia nos lados em todo o comprimento do corpo como tambem na parte margi- nal das extremidades, sendo ella mesma acompanhada, em toda sua extensão, de outra linha branca. Nas pernas trazeiras prevalece, na parte inferior, a cor branca,ao passo que, na região proxima ao cor- po, se acham muitas vezes coloridos côr de rosa, sem- pre, porém, salpicados de preto. Para dar uma idea da mutabilidade da nossa ra- sinha vou reproduzir umas notas que tomei a respeito em tempos passados. No dia 13 de Março, nas folhas de uma Tillandsia tinha eu apanhado uma Hyla brac- teator ; era de um pardacento claro e tinha differentes — 321 — desenhos irregulares no dorso. Metti-a num vidro de bocca larga e junto com ella um ramosinho d'uma es- pecie de Hibiscus. No dia seguinte, achei a sua côr mudada, num lindo verde que se communicou tambem à listra lateral de que fallamos, com a diflerenca que esta estava mais escura. Tirei então o ramosinho ver- de e ainda no mesmo dia começou a côr verde a mis- turar-se com amarello assemelhando-se assim a rasinha a uma folha no acto de murchar. Esta côr lhe ficou até a tarde. No dia immediato que era 10 de Março, a cor verde tinha voltado em toda sua belleza ainda que nada mais de verde houvesse no vidro. Porém já no outro dia cedo a nossa hyla appareceu parda ama- rellada com brilho esverdeado, mostrando-se na pelle alguns desenhos irregulares. Foi tambem nesse dia, que pela primeira vez na sua prisão, entoou seu canto costumado. Durante o dia voltou a linda côr verde e a linha branca que acompanha a linha lateral, resplandeceu num brilho de seda; à noite, porém, a cór se mostrou mudada em um aquoso verde-cinzento. Nos proximos dias até 21 de Março conservou de novo um vivo verde mudando-se então em um amarello cor de laranja, occasionado talvez por ter sido a räsinha, nesse dia, exposta aos raios directos do sol. Puz então, um raminho verde, ficando este em seguida um mez inteiro (21 de Março— 21 de Abril) no vidro e a hyla todo este tempo esteve com sua linda côr verde, ora mais clara, ora mais escura. Nunca porém achei o animalsinho tão bonito como neste ul- timo dia. O bello e vigorosc verde que lhe tinge o dorso, a fita escura ao lado da cabeça, do corpo e das extre- midades, o risco branco que o acompanha, a mancha cor de bronze indicando o logar dos ouvidos e o iris transversalmente fendido com seu brilho metallico, tudo isto dá-lhe um aspecto tão elegante e direi mesmo en- cantador, que nos da a entender que este animalsinho tem o fim de passar seus dias entre flores. Tirei euntao o ramo do vidro, substituinde-o por uns pedacinhos de madeira. Pouco depois o uosso pequeno batrachio começou a mudar de côr, conver- tendo-se esta em um verde sujo como si fosse mistu- rado com pardo. Assim conservava-se ainda no dia seguinte a côr parda, desapparecendo “iteiramente no dia 30 o verde da mistrra. A razinha mostrava-se então um pardo claro acinzentado, ficando-lhe sempre a linha escura, mas não a branca, que sómente era indicada por um colorido mais claro nos logares res- pectivos. Passados mais alguns dias, o variavel bichinho appareceu com uma nova côr que era semelhante a do chocolate misturado com imurto leite, passando, porém, pouco depois para um bem pronunciado pardo, côr de chocolate. Durante alguns dias, esta côr ficou constante. Só no dia 9 de Maio, via-a mudada em um conzento, terante a pardo, o qual, entremeiado com differentes desenhos irregulares, tornou a rasinha perfeitamente semelhante ao pedacinho de madeira ao qual estava pegada. Depois não observei mais mudança alguma senão em fins de Setembro. Continuei ainda as minhas observações, não só- mente no individuo mencionado, como tambem em ou- tro exemplar, sempre com os mesmos resultados, conformando-se sempre as räsinhas, ora mais, ora me- nos depressa com a côr dos objectos, que as rodeavam. Consegui, deste modo, vel-as passar por todas as cores de espectro solar, menos a encarnada, visto como collocando no vidro uma especie de Hibiscus intensi- vamente encarnada, a reacção sobre a côr dé nossa Hyla ficou absolutamente nulla. tellectindo agora sobre os factos mencionados, sur- gem espontaneamente duas questões interessantes : como se ha de explicar, physiologicamente, aquella varia- bilidade de côr? e qual pode ser o fim da mesma? Quanto à primeira questäo, as experiencias de dis- tinctos naturalistas como Pouchet, Lister e ontros po- zeram fora de duvida 1.º que a mudança de côr nos animacs sujeitos a ella, se faz mediante o apparelho da visão. Prova-se isto pelo facto, que o phenomeno da Juneção chromatica não se da em individuos cegos, nem naquelles aos anaes se cobrem os olhos. 2.º A impressão, recebida pelos orgãos visuaes, é então transmittida, por meio do nervo sympathico. Para verificar isto, basta fazer um córte neste mesmo nervo e vêr-se-à que immediatamente cessa a capacidade do animal mudar a côr e isso na sua totalidade, quando se córta o tronco principal, só parcialmente, porém, quando somente se córta um ramo. 3.º O orgão proprio da funcção chromatica é a pelle. : Para formarmos uma idea do modo. como ella se faz, é mister, lembrarmo-nos que a pelle se compõe de duas camadas, wma exterior, transparente e muito fina, a epiderme e outra a cutis. 1 eputerme, que è composta de cellulas epitheliaes, não contem nem vasos saúgnineos, nem nervos, nem possue, de ordinario, cor propria. A cutis, pelo con- trario, alem de vasos capillares, nervos e differentes glandulas, contem ainda uma multidão de cellulas dis- postas em camadas e cheias de uma materia corante, o pigmento, pelo que se deu o nome de chromatophoros ou porta-côres. E" de observar que as celulas das differentes camadas não contêm todas a mesma materia corante, mas cada uma sua propria de modo que, sendo por exemplo o pigmento de uma camada cinzento, o de outra é pardo, ou verde, ou azul ou de qualquer outra côr. Quanto à suecessão das camadas, porém parece ser lei, que as infimas alojam o pigmento mais escuro tornando-se este successivamente mais claro nas cama- das superiores. Entretanto, esta disposição das cellulas chromato- phoras por si só ainda não basta pará explicar perfei- — 324 — tamente o phenomeno de que se trata. Para isso é necessario saber que as ditas cellulas estäo em contac- to com as ultimas ramificações do nervo sympathico e que este lhes communica a capacidade de se dilatar, contrahir, e mesmo, até certo ponto, mudar sua po- sição. Dahi resulta que o animal pode, conforme as cir- cumstancias, augmentar a intensidade de uma cor e diminuil-a de outra e mesmo misturar as cores das differentes camadas, e assim produzir, na superficie da pelle, aquella variedade de coloridos que admiramos. Todo o processo é pois o seguinte: O animal, percebendo os objectos da sua visinhança, recebe del- les uma certa impressão nos seus orgãos visuaes, esta impressão de continuo se traduz numa disposição corres- pondente no nervo sympathico, o qual, por sua vez, actuando sobre as cellulas chromatophoras determina- lhes aquellas mudanças cujo resultado final & a cor res- pectiva. Accrescento aqui uma dupla observação e vem a ser : 1.° que a passagem de uma cor clara para outra escura, muitas vezes, conforme minhas observações, po- de ser causada pelo simples facto de tornar-se o ar mais humido ; pois embebendo-se então a pelie do am- phibio, em consequencia de seu caracter hygroscopico, da humidade atmospherica, torna-se escura do mesmo modo que a cinza de côr clara quando secca, se torna quasi preta quando molhada. 2.º Em todas aquellas mudanças não se pode pen- sar em intenção da parte do animal, para isso seria preciso que este percebesse não somente a cor dos ob- jectos visinhos como tambem a sua propria e que fi- zesse então uma comparação de uma com a outra, para dahi concluir a conveniencia de conformar a sua côr com a do meio ambiente. Que este facto na realidade não se da nem pode dar-se, podemos evidenciar por uma simples reflexão. Para nos-servirmos de prova da nossa räsinha é um facto que a mudança da côr se faz principalmente — 325 — no vertice e dorso do animalsinho, lugares que, inat- tingiveis pelo orgão visual do mesmo, não podem ser objecto de seu conhecimento, e, por conseguinte, nem de uma comparação, nem tão pouco de qualquer ten- dencia. —E' pois evidentemente erronea a opinião da- quelles que querem attribuir a estes animaes uma es- pecie de juizo e reflexão. Nem tão pouco pode-se admittir o que outros querem, que a funcção chromatica seja um processo meramente mechanico, quer physico, quer chimico-me- chanico. Combatemos tambem esta opinião, não por- que julgamos que a necessidade da intervenção de um acto visual fosse, por si, uma prova em contrario, mas por outra razão que vamos expôr. A rásinha. na sua prisão de vidro, recebe os raios luminosos não só nente dos objectos de sua visinhança immediata, mas tambem de outros objectos existentes no quarto, de côres diversas e muitas vezes mais in- tensas e energicas do que as dos objectos visinhos. Se a funcçäo chromatica realmente fosse um proccesso meramente mechanico, deveria, por certo, determinar ao animal a mudança do collorido aquella côr que mais energicameute lhe fere a retina. Mas não é as- sim; não é a maior intensidade da côr mas sim a sua maior conveniencia que decide o caso, e por conse- guinte é necessario admittir que aqui intervem uma outra causa, que podemos chamar physiologica ou de qualquer outro nome, mas que não seja meramente mechanica. A outra questão que não nos interessa menos, é: qual pode ser o fim daquella mutabiliaade chromatica ? Sei que ha auctores que negam toda a finalidade no universo, não sendo para elles o mundo senão uma successäo de factos sem laço ideal e intencional, uma machina fria e bruta, cuja unica força motora é a du- ra necessidade ; estes, naturalmente, nem na questão presente admittirão finalidade alguma. Porém a quem attentamente observa os phenome- nos da natureza, não podem escapar dous factos : — 326 1.0 que a funcçäo chromatica é propria dos ani- maes, que della precisão para sua protecção ; 2.º que ella é adaptada ao grau de necessidade de cada um. Quanto ao primeiro facto, vemos que os animaes, que se distinguem pela variabilidade chromatica são todos fracos e expostos às perseguições de differentes inimigos. assim a lebre mencionada acima, tem por inimigos não somente diversos mammiferos, taes como a raposa, o cão e outros, mas é tambem perseguida pelo corvo, o gavião e até, durante a noite, pela coruja. Quanto aos peixes, não é menos . verdade, que aquelles, que, conforme os estudos de Agassiz e outros, gozam da variabilidade chromatica, — como a Perca fluviatilis, o Gobius Ruthensparri etc. —não tendo outro meio de se defenderem, necessitam Wella para escaparem aos ata- ques de seus perseguidores, ou tambem para se sub- trahirem à attenção dos bichinhos que lhes servem de alimento. Os pobres batrachios, afinal, que são mais inermes e ao mesmo tempo mais procurados por uma multidão de inimigos: aves, cobras ete. não poderiam subsistir, se a faculdade de imitarem a côr de seu meio não lhes viesse garantir, de algum modo, a vida. Para provar o segundo facto, i. é. que a faculdade de mudar a côr está, em perfeita proporção com o gräu de necessidade dos respectivos animaes, podemos distinguir tres grupos de animaes que aqui vêm em consideração ; o primeiro é daquelles que sempre vivem no mesmo meio, cuja côr partilham ou então em loga- res sombrios e escondidos onde a escuridão mesma os protege. Não conhecemos animal que nestas condições seja dotado da faculdade de mudar a côr, a não ser em caso de tee forçada. Assim no Proteus angui- nus p. e. observa-se uma mudança de côr quando elle, tirado a interior de sua caverna, fica exposto à luz. O. segundo grupo é dos animaes, que são sujeitos, durante o anno,a uma dupla mudança do meio em que vivem, a qual se dá em paizes da zona temperada quando, na estaçäo fria, os mattos e campos, depondo sua verdura, tão rica em escondrijos, se cobrem de neve tão propria de atraiçoar, por sua candura, os pobres animalejos de côr diversa, e é outra na volta da primavera, quando a natureza, torna a pôr seu ornato rico de antes. Estes animaes, pois, passam tambem sómente por duas mudanças de colorido, completamente independen- tes da sua propria actividade, as quaes coincidem com as alludidas mudanças da natureza. São desta classe aquel les mammiferos e aves, que, tendo no verão um colorido pardo ou semelhante, se tornam, no inverno, brancos como a neve, como acontece, p. e., com a lebre citada e differentes outros animaes dos Alpes e regiões boreaes. Afinal ha um terceiro grupo de animaes, que não têm uma morada certa, mas, levam uma vida vaga, ora na terra, ora na agua, ora na folhagem das arvores, ora na casca d'um tronco velho, ora nas fendas d'um muro, ora na corolla d'uma flor, ficando entretanto ex- postos sempre aos olhos de seus perseguidores. E” nestes animaes que a funcção chromatica se observa no seu maior desenvolvimento, podendo elles mudar de côr, conforme as circu nstancias, mesmo em pequenos inter- vallos de tempo, como à o caso com a nossa räsinha. Considerando agora em resumo mais uma vez aquelle admiravel encadeamento organico de que resulta a funcção chromatica e ao mesmo tempo o conjuncto dos factos de que acabamos de fallar, parece-nos que um espirito serio e livre de preoccupações não pede negar, que é impossivel explicar a funcção chromatica como um effeito do esforço individual dos animaes do- tados da mesma nem ainda muito menos do acaso, mas deve-se conceder, que nella se manifesta nm plano sys- tematico, o qual, presuppondo um perfeito conhecimento da natureza dos respectivos animaes e um cuidado be- nevolo do bem estar dos mesmos, nos obriga a admittir, fóra da serie das cousas visiveis, um ente superior, que' com summa intelligencia e benevolencia dirige o uni- verso. Baie (et. FE Observações sobre alguns carações terrestres do Brazil POR EEN Rv SUMTER CHRISTCHURCHE, Nova ZELANDIA Com a estampa III Ha já bastante tempo que o Prof. Dr. von Ihering, director do Museu Paulista, mandou-me obsequiosa- mente para investigação, uma porção de caracdes ter- restres do Brazil, com a supposicäo de que alguns delles fossem proximamente relacionadas com os gene- ros da Nova Zelandia. Sou da opiniäo que algumas das conchas brazileiras descriptas como //yalinia provavel- mente sejam do genero liaminulina, mas isto não se pode saber ao certo sem o exame do animal. O trabalho foi feito debaixo de muitos obstaculos. Não tinha na minha collecção nenhuma das especies ja descriptas que me servisse para comparação, e tive que confiar inteiramente nas descripções escassas e figuras nem sempre satisfactorias do Manual of Conchology. de Tryon. Só pude examinar a dentição de duas espe- cies apenas. No entretanto espero que, as que considerei como especies novas, realmente o sejam. — 330 — FAM. TESTACELLID E Genero Streptaxis Gray 1887 Subgenero Happia Bourguignat 1889 (Ammonoceras. Pfeiffer, 1855 e Scolodonta Déring 1875). Streptaxis ammonoceras P7/ei/fcr Os specimens que tenho accommodam-se perfeita- mente à descripçäo, mas são um pouco maiores. A protoconcha sub-im nersa é lisa. O umbigo que é largo, 2/7 do diametro, & perspectivo, mostrando todas as vol- tas. O specimen maior mede: diam. max. 5.25, min. 4.5; diam. do umbigo 1.5". Hep... Piquete ss. Dano: Streptaxis tumescens n. sp. Estampa HI Figs. 4—4,b Concha um pouco pequena, discoidea, moderada- mente umbilicada, sub-estriada, transparente, brilhante, amarellada-cornea ; espira plana de 3 1/2 voltas, con- vexas ; protoconcha bem lisa; as outras voltas têm estrias sub-equidistantes, que são bem mais pronun- ciadas perto da sutura; a ultima volta é mais larga do que as outras. A sutura é profunda, a abertura obliqua, larga e redondamente lunar; o peristoma é simples; a columella é regularmente arqueada com margens distantes, convergentes; a base ê convexa. O umbigo é aberto, profando, mostrando uma volta, correspondendo cerca de 1/6 do diametro da concha. O animal é desconhecido. Diam. max. 10, min. 8,5; alt 4,5; diametro do umbigo 1.5 mm. Typo. na minha collecção. Hab. Alto da Serra e Cubatão, S. Paulo. — 931 — Streptaxis interruptus 7. sp. Estampa III Figs. 5—5,b Concha pequena, discoidea, largamente umbilicada, sub-estriada, sub-transparente, brilhante, esbranquiçada ; espira pouco elevada, baixo-convexa ; voltas 4 #/4 con- vexas, estreitas gradual e regularmente augmentando ; protoconcha lisa; as outras roscas, levemente estriadas, com interrupções distantes formadas pela callosidade do peristoma de estados primitivos de crescimentc, sendo mais distinctas na base. A sutura é profunda, a aber- tura obliqua, redondamente lunar com as margens dis- tantes, convergentes. (O peristoma é ligeiramente di- latado, com os labios basilar e columellar ligeiramente callosos. O l:bio columellar é curvado para o umbigo, que é largo, mostrando todas as voltas. A base é mais convexa do que o lado superior. Diam. max. 6.70, min. 6.; alt 3,5; diam. do umbigo 2 mm. Typo na minha colleeção. Hab. Os Perts, S.Paulo, { Esta especie é sem duvida, approximada à S. tro- chilionoides d"Orb. (spirillus Gould), mas o numero das voltas é menor, são mais convexas, as voltas sen- do apenas levemente estriadas e tem as interrupções caracteristicas dos antigos labios callosos. FAM. ARIOPHANTIDAE Genero Vitrea, Fitzinger 1888 Sec. Arnouldia Melvill and Ponsonby 1896 (Conulus ole kets fo Witrea semen lini (Moricand) A concha vista pelo microscopio é claramente de- cussada. A protoconcha é miudamente estriada radial- mente tendo linhas espiraes visiveis apenas nas proxi- midades da sutura. A perfuração umbelical é muito estreita e quasi completamente coberta pela dobra co- lumellar. O specimen maior que tenho mede : Diam:. 440% alts 4 mm: Hab. Os Perús, S. Paulo. Genero Stenopus (Guilding) Pilsbry 1891 (Stenopus Guild. + Guppya Mérch + Habroconus C. E.) Stenopus angasi Tryon (guildingi Angas non Bland ) Os poucos specimens que recebi accommodam-se à classificação em Tryon’s Man. Conch. (22 ser. vol. II pag. 182). A protoconcha é bem lisa; não ha es- trias microscopicas espiraes ; a extremidade da colu- mella é levemente callosa e largamente reflexa, cobrin- do em grande parte a perfuração umbilical. Um callo fino reune as extremidades do peristoma. A sutura é distinctamente marginada. O specimen maior mede : Diam. 3,5; alt. 3,25 mm. flab. Rio Grande do Sul. O typo é proveniente da Costa Rica. Stenopus anguineus (Ancey) Estampa III Figs. 10 e 11 Um specimen da concha me foi mandado pelo Dr. von Ihering, do Rio Grande do Sul, e foi obse- quiosamente identificado por Mr. Ancey como a espe- cie descripta por elle de specimens encontrados na Bo- livia. Consegui extrahir o animal secco, a mandibula e a radula. A mandibula (fig. 10) fina, ligeiramente arqueada, acuminada nas extremidades, com uma projecção me- diana na margem cortante. A radula (fig. 11) tem a formula 28—1—28, com cerca de sete lateraes. O ultimo dente marginal largo, — 333 — baixo com dois denticulos separados, o ectocono sendo menor. Nos dentes seguintes o ectocono se une com o mesocono, formando dentes altos, estreitos e bicuspi- dos; então a base de ligação torna-se triangular e o mesocono augmenta outra vez, mas continua ser li- gado com o ectocono; a base dos dentes lateraes é quadrangular e a parte recurvada se extende até a margem posterior, com o mesocono reforçado e o ectocono rudimentar ou obsoleto; o dente rachidiano é quadrangular, e a parte recurvada é quasi tão comprida como a base, tendo um mesocono um pouco comprido e reforçado e duas pepuenas cuspides lateraes. Hab. Pão Grande do Sul. FAM. ENDODONTID É Genero Amphidoxa Albers 1850 ( Sec. Stephanoda Albers 1860 ) Amphidoxa pleurophora (Joricand ) Estampa III Fig. 9 Os specimens que tenho se accommodam regular- mente à pequena deseripção dada por ‘iryon e tam- bem as figuras; o umbigo, porém, é um pouco mais largo. A protoconcha é lisa; as costellinhas distantes e agudas são em numero de sete por millimetro mais ou menos na ultima volta; entre ellas ha numerosas linhas microscopicas e incrementaes, mas não ha estrias espiraes visiveis. O umbigo é profundo e cylindrico. Diam. 2.5; alt. 2.6; diam. do umbigo 0.75 mm. Hab. Os Perús, S. Paulo. Uma das conchas tinha parte do animal secco, de que consegui preparar a mandibula mas infelizmente não pude achar a radula. A mandibula (fig. 9) é arqueada e se compõe de cerca de 19 chapas verticaes, que são lisas, muito fi- nas e approximadas. — 334 — Seria bastante interessante examinsr a radula e os orgãos de reproducção, e espero que mais tarde o Dr. H. von Ihering possa mandar-me alguns animaes bem conservados. Genero Pyramidula Fitzinger 18383 Sec. Gonyodiscus Fitzinger 1833 Pyramidula patagonica n. sp. Estampa II Figs. 6—5,b Concha exigua, sub-discoidea, umbilicada, exigua- mente estriada, não lustrosa, fulvo-clara ; espira baixa, convexa; voltas 3!/2, augmentando regularmente con- vexas, com costellas finas, equidistantes e levemente sinu- adas em numero de 25 mais ou menos por millimetro. A proto-concha é lisa, esbranquiçada, de 1*/2 voltas, sem estrias, espiraes; a sutura é profunda, a periphe- ria arredondada. A abertura é redondamente lunar com a margem simples, extremidades distantes e convergentes. O labio columellar é curto, vertical, ligeiramente extendido sobre o umbigo, que é um pouco largo, cerca de 1/3 do diametro da concha, profundo, sub-cylindrico. A base é convexa. Diam. 1.75; Alt. 1.; diam. do um- bigo 0.5 mm. O animal & desconhecido. Typo na minha colleeção. Hab. Santa Cruz, Patagonia, sub-fossil em: terreno pantanoso. war. compacta, nov var. Concha menor que a da especie typica, com o mes- mo numero de voltas; costellinhas mais finas e mais juntas ; umbigo um pouco mais largo. Diam. 1. 5 mm. Typo na minha collecçäo. — 399 — Hab. Foi-me transmittido do Rio Grande do Sul pelo Dr. H. von lhering. Pyramidula schuppi 7. sp. Estampa III Figs. 7—7 b Concha exigua discoidea umbilicada, estriada, não lustrosa, fulva; espira quasi plana, de 4 voltas, augmen- tando paulatina e regularmente, convexas, com costel- linhas finas, direitas e equidistantes, em numero mais ou menos de 14 por millimetro; entre estas ha linhas microscopicas de incremento. cruzadas por linhas espi- raes. A protoconcha élisa de 1 /2 voltas. A sutura é muito profunda, a abertura sub-vertical, estreita e re- dondamente lunar com margens simples, e extremidades distantes, convergentes. O labio columellar é curto, vertical, não reflexo, o umbigo bem largo, perspectivo, mostrando todas as voltas. A base é convexa. Diam. 1. 8; alt. 0.75; diam. do umbigo 0. 75, mm. O animal é desconhecido. Typo na minha collecção. Hab. S. Leopoldo, Rio Grande do Sul, colligido pelo Rev. Padre Ambros Schupp a quem a interessante especie é dedicada. Esta concha pode distinguir-se, à primeira vista, das especies precedentes pelas costelli- nhas mais distantes e direitas. pelo umbigo mais largo e perspectivo, e pela decussação microscopica. PAM. HELICIDÆ Gen. Thysanophora Strebel e Pfeffer 1880. Thysanophora caeca Cuppy Estampa III Figs. 1—3. Os specimens que tenho accommodam-se em todos os sentidos com os que tenho na minha collecçäo de Florida; demais, dou tambem aqui a figura da concha. A dentição foi publicada por Binney em Ann. N. Y. Acad. Sci. HI pag. 113, mas não tenho esta publi- — 336 — cação à mão, nem a vi nunca. Dou aqui a deseripçäo e as figuras deste pequeno mollusco do Brazil. A mandibula (fig. 2) é arqueada, muita fina, for- mada por cerca de 13 chapas lisas, separadas e verticaes. A radula (fig. 3) tem a formula 5—4—]—4—5. O ultimo dente marginal é miudo, com um denticulo rudimentar; os dois seguintes são largos com quatro denticulos ; os dois seguintes vão se tornando mais estreitos e altos e têm apenas tres denticulos cada um ; os lateraes têm a base quadrada, o mesodonte um pouco curto, e o ectodonte distante e miudo. O dente rachidiano, que tem a base um pouco mais alta do que larga, é tricuspide, tendo o mesodonte um pouco largo e não attingindo a margem posterior da base; as cuspides lateraes são pequenas. Hab. Cidade de S. Paulo. Esta concha parece ser distribuida por uma area bastante grande. A dentição assemelha-se bastante à do genero Hlamimulina. FAW. PUPIDE Genero Pupa Draparnaud 1805 Sub-genero Bifideria Slerki 1893 Pupa iheringi n. sp. Estampa III Figs. 8 e Sa Concha exigua, cylindrica com o apice conico, obtu- sa, cinzenta, lisa e fragil; voltas 6, convexas. A sutura é um pouco funda, a abertura redonda e pentagonal, ver- tical. O peristoma é extendido, especialmente à base, levemente calloso, a callosidade unindo às extremidades convergentes. A bocca tem cinco laminas. A parietal é larga e collocada ao fundo, especialmente a parte acha- tada posterior que se extende até a columella ; na frente é entalhado em cima por uma crista em forma de S invertido. A sobre-parietal, em frente e à direita da parietal, desce da parede da abertura formando uma dobra forte e sinuosa, sendo, ligada à parietal forman- do assim uma só lamina bifida. Bem no fundo da bocca e um pouco abaixo da parte esquerda da parietal acha- se uma lamina pontuda e dentiforme, presa à columel- la; mais em baixo, perto do meio da base, existe ou- tra lamina curta, oval, e pendendo para a esquerda ; no labio exterior notam-se duas laminas, collocadas no fundo pouco elevadas, quasi parallelas entre si; todas as laminas paladares correm na mesma direcção. A perfuração umbilical é pequena e oval. Base convexa com uma pequena contracção atraz da expansão do pe- Listoman Wiad 1. alt. 2:o° mm. Typo na minha collecçäo. — //ab. Cidade de Rio Grande do Sul (Bollaxa), tirado em estado sub-fossil de deposito moderno. Explicação da Estampa III Fig. 1 Thysanophora coeca Guppy, Concha >< 6 « 2 Qa « » mandibiula augmentada Gd « « « dentes da radula muito augmentados « 4-4b. Streptaxis tumescens Suter concha X 2 « 9—9 b. » interruptus Suter concha X 3 « 6—6 D. Pyramidula patagonica Suter concha X 3 « T—Th. « schuppi Suter concha X 8 « 8 Pupa iheringi Suter concha > 10 «Sa. « « « bocca da concha muito augmentada. « 9. Amphidoxa pleurophora Moricand, mandibula muito augmentada. « 10. Stenopus anguineus Ancey mandibula, augmentado ME « « « Dentes da radula muito augmentados. ARCHEOLOGIA RIO-GRANDENSE POR JM PALDAO F EM PORTO-ALEGRE COM A ESTAMPA IV. Nota da Redacçäc.—0 artigo que segue é a repro- ducçäo de 3 artigos publicados em 1898 pelo Sr. J. M. Paldaof em Porto Alegre no «Correio do Povo». Re- fere-se esse artigo as riquezas archeologicas da impor- tante colleccäo do Sr. Arnaldo Barbedo. E’ de summo interesse a occorrencia de tembetás, almofarizes, zoolithos dos quaes até agora nada obtive e vi do Estado do Rio Grande do Sul. Observo que a palavra de zoolitho tomo em sentido mais vasto do que o Sr. Paldaof, incluindo nessa categoria tambem os al- mofarizes em forma de aves, peixes e outros animaes. Esse typo que se conhecia dos sambaquis da costa do Brazil meridional é representado na colleçäo do Sr. Ar- naldo Barbedo por varios exemplares; a figura da Est. IV fig. 8 representa um pombo e a fig. 9 representa tambem uma ave, correspondendo as expansões lateraes às azas, a parte co nprida anterior ao pescoço e à ca- beça. Objecto summamente interessante é figurado em fig. T representando um disco polido de pedra destinado a ser perfurado como os machados circulares, mas só em parte acabado. — 340 — Pois que carecemos ainda de investigações minu- ciosas a respeito dos indigenas do Brazil, tivemos a idéa de comparar uma das mais importantes colleções archeo- logicas do Estado com os estudos ethnologicos publica- dos pelo director do museu paulista, no volume 1.° da sua Revista, nos quaes são reunidas resumidamente to- das as observações feitas por archeologos eximios, espe- cialmente rio-grandenses, como Koseritz, Ihering, Kunert, etc. Havendo, porém, outras por expor, vamos rela- tal-as nos presentes artigos. A colleção, que servirá de base às nossas observa- ções, é a dos irmãos Barbedo. Percorrendo o Estado inteiro e os sambaquis das praias atlanticas, chegaram esses senhores a enriquecer as suas colleçcôes com os mais raros specimens, dos quaes daremos uma simples descripção, para auxiliar a archeologia brazileira e o illustre Dr. H. von Ihering, a quem o Rio Grande do Sul muito deve. * Como ponto de partida, tomaremos os artefactos mais communs, os chamados Machados quadrangula- res. Dos oitenta collecionados, e que provêm de todo o Estado, destaca-se um pela sua grandeza: tem 280 mm. por 120, e foi encontrado em um sambaqui de Mostardas e o menoor tem 7 por 4 cm. e foi achado proximo ao asylo de Santa Thereza, desta capital. Machados entalhados— São sómente cinco os ma- chados colleccionados, que tem um entalhe rodeando a extremidade opposta ao gume. São exemplares magnificos, um dos quaes, o maior, procedente de Palmares, na costa da Lagoa dos Patos, tem 30X13 em. Elles eram adaptados a um cabo, nao ha duvida, pois que se sabe que o dr. João Paranhos tem um nes- tas condições. I*olgamos registrar este importante acha- do, que anulla a supposição emittida de que o entalhe servisse para apoio do dedo pollegar e do dedo index. Machados circulares.—Os machados circulares per- clusos, particularidade rio-grandense, cujo uso ainda parece mysterioso, são em numero de 9, tendo o maior 140 mm. de diametro e sómente 40 de grossura. Este machado circular differe muito dos outros por ser delgadissimo. oi encontrado no municipio de 8. Sebastião do Cahy, mas a maior parte delles provêm dos municipios de Bento Gonçalves e Caxias. Temos a observar que a secção vertical destes ar- tefactos apresenta tres aspectos, considerado o angulo formado pelas duas superficies convergentes do machado. Em uns o angulo é agudo, em outros curvilineo con- vexo, e, finalmente, em outros, curvilineo concavo. Machados semicirculares (Ankeraexte. — Infeliz” mente, a colleção não possue exemplar algum destes objectos rarissimos. O Dr. von Ihering diz que foi en- conirado wm unico specimen no Rio Grande do Sul: nós observaremos que foi achado outro na margem es- querda do arroio Barrica, affiuente do rio Nhucarã e confluente do rio Uruguay. EE’ possuidor deste precioso objecto o illustra ex-presidente do Estado, dr. Julio de Castilhos. Machados duplamente entalhados.—Nem von Ko- seritz, nem von Ihering falam destes instrumentos in- digenas. Entretanto, é de notar-se que a colleção Bar- bedo acha-se enriquecida por quatro destes machados. cuja descripçäo é, em poucas palavras, a seguinte: A forma e a grandeza são as mesmas que as do machado quadrangular ; porém, nas bordas lateraes oppostas ao gume correm duas canneluras parallelas e symetricas. Além disso nota-se um que tem no meio de uma das faces a cavidade dos quebra-nozes e é feito de uma pe- dra siliciosa semelhante ao jaspe. O maior delles pro- cede da Lagoa dos Quadros e tem 14X10 em. Machados de ferro (para tirar mel segundo Kose- ritz).—Devem ter sido empregados para c fim enun- ciado por Koseritz, estes objectos post-columbianos, pois que os seis existentes, todos foram encontrados nas ser- ras e nunca nos sambaquis do Atlantico. O maior spe- cimen tem 90 mm. por 40. im ogee Machados circulares redondos.--Sob este nome classificamos os artefactos que tem as superficies paral- lelas e as bordas redondas, os quaes Waitz menciona (30 vol. 3, pag. 521). Tres destes objectos, feitos do mesmo mineral, fi- guram na colleção, tendo um delles o orifício do cen- tre principiado de ambas as faces. O maior mede 31 cm. de circumferencia e 50 mm. de espessura: são to- dos provenientes do municipio de Bento Gonçalves, an- tiga colonia D. Izabel. Pontas de flechas. —Entre as doze rarissimas acha- das, siliciosas e lascadas, destaca-se uma ponta de fle- cha de 80 mm. de comprimento e 40 mm. de largura maxima, proveniente da Palmeira. A menor tem 3 em. por 2,9 cm.; a mais bonita, porém, ê uma de quartzo hyalino, lascada differentemente das outras. Bolas sulcadas dos charrüas.—Das 40 colleccio nadas, a maior que é de grés, tem 20 cm. de circum- ferencia, e 11 cm. a menor. Quasi todas são de grés; ha todavia algumas de silex e uma de mineral de ferro. Nenhuma dellas provêm dos sambaquis. Muito parecidas com as bolas dos charrüas, exis- tem seis objectos do tamanho de uma avelã. São de erés e foram encontrados em um sambaqui de Torres: eram enfeites, certamente, dos indigenas. Tembetas ou tembetés.—Diz o illustre von Ihering, na Revista do museu: «Ha duvidas si tembetés são ou não encontrados no Rio Grande do Sul.» A alludida colleeção é possuidora de dois destes adornos, encontrados no municipio do Triumpho, e ambos de osso. Em um sambaqui da costa oceanica toi encontra- do outro de dysthenio. Parecido com um tembeté, existe um exemplar de silex liso, que mede em comprido 100 mm. e 17 mm. de diametro. Perolas venezianas.—Na colonia de Bento Gon- calves e na profundidade de um metro encontrou-se um bonito specimen destes artefactos post-columbicos, que deram logar a tantas conjecturas. Tem 10C mm. de circumferencia e é um pouco achatada. A estructura do centro é de vidro, fracamente es- verdeado; a outra, por cima, é concentrica e de es- malte vermelho, e a de cima azul escuro. Tambem no municipio de NS. Leopoldo, a 25 cm. de profundidade dentro de uma panella, acharam-se seis perolas do tamanho de um caroço de azeitona. Uma destas, a mais redonda, é de um azul claro; de azul escuro outra: as tres restantes, porêm, são eguaes de cor verde e listradas de um esmalte branco. Mais adeante compararemos estes importantes acha- dos com as observações que serão feitas sobre as pa- nellas. Cachimbos.—Sao cinco e de barro cs que existem na colleccao Barbedo. O receptaculo do maior delles tem 6 cm. deccm- primento, a chaminé tem só 4 cm. Tem a forma qua- drangular. sendo a face anterior symetricamente sulcada, Outro cachimbo, presenteado à collecçäo por Ku- nert, tem um buraquinho no logar da chaminé e apre- senta a fórma de um parallelepipedo rectangular. Um, de barro cinzento. encontrado no Alto Uru- guay, tem o formato de uma cuia, mede 3 cm. appro- ximadamente de diametro maximo, mas lhe falta a cha- miné. E” mister observar que nenhum delles é oriundo dos sambaquis ; portanto, é logico o que diz Ihering na Revista do Museu a pag. 102: «Us homens dos sam- baquis não conhecem cachimbos, nem bolas.» Mata antas.— Sob este nome designemos uma bola de pedra perfeitamente redonda, encontrada no mu- nicipio de Bento Gonçalves e precisamente em uma das margens do rio das Antas. Mede 90 mm. de circumferencia e pesa a Fagate- la de 7500 grammas. Suppõe-se que os indignas serviam-se della para matar a anta, na occasião mesmo em que esta sahia da , toca. Outro uso não é rasoavel dar-se a essa pedra. devido ao seu tamanho: são necessarias as duas mãos para manejal-a. Acham-se colleccionadas mais duas bolas, medindo a menor 190 mm. de circumferencia, que é inteira- mente lisa e eminentemente espherica, tanto assim que não diffère das bolas dos nossos Dilhares. Esses achados são dignos de se verem. Pilões. —Dos quinze, encontrados em diversos lo- gares do Estado, destaca-se um do comprimento de 67 em., de 30 cm. de circumferencia média. O tamanho do objecto e a sua fórma deixam presumir não ter elle sido empregado como pilão, mas como verdadeira arma. Em um sambaqui de Torres encontrou-se uma pe- dra, que figura na collecçäo, de 90 cm. de comprido, cujo corte transversal apresenta um perfeito triangulo isoscele. As arestas são bem cortantes e intactas, mas as extremidades infelizmente estão quebradas; portanto, ella devia ter sido muito mais comprida e ter tido um cabo. facas.-— Todas as existentes provem dos samba- quis do litoral atlantico. Quebra-noses.—Mais de vinte specimens enrique- cem a colleção. O maior tem a forma quadraagular, apresentando cinco cavidades symetricas sobre um das faces e uma só na opposta. Mede 360 mm. de compri- mento e 140 mm. de largura. Provém da costa da La- goa da Cidreira. A forma e o tamanho dos outros quebra-nozes varia muito, tendo alguns a do cubo, do parallelepipedo, ete. Todos elles foram encontrados nas praias oceanicas. A explicação de Rath, respeito ao uso destas pe- dras, é que ellas por certo eram trazidas das serras do Estado, pelos indigenas, para quebrar especialmente ca- roças de butia, abundantissimos nas praias do Atlantico. Ha, ao contrario, alguns archeologos que pensam que estes artefectos eram empregados na construcção das redes para pesca. Almofarizes (segundo von Koseritz, muletas). — As que logo chamam a attenção do visitante são duas : an. BAe ese. uma do formato de uma pomba agachada, proveniente de Palmares, e outra, encontrada na Vaccaria, que pa- rece uma cruz. Os braços, mais curtos, são perfoita- mente iguaes; o mais comprido acaba quasi em ponta e a cavidade occupa o centro, ou, para melhor dizer, o ponto de cruzamente. Igacabas.—A maior, das dez existentes, mede 2,90 m. de circumferencia maxima, 770 mm. de diametro de boca, 800 mm. de altura e mais de 2 cm. de grossura. A superficie é lisa e externamente ornamentada com figuras lineares de côr vermelha. Foi encontrada em uma fazenda na costa da La- coa dos Quadros em 1892 e a dois metros debaixo do solo. Quando fci descoberta, continha o esqueleto inteiro de um homem, que o fazendeiro mandou novamente en- terrar no campo, e que, comquanto fosse depois muito procurado pelos colleccionadores, não foi possivel ser encontrado. Panellas. —Si bem que na colleccäo figurem mais de cincoenta desses artefactos ceramicos, encontrados em varios logares do Estado, difierem, no emtanto, todos entre si, quer pela forma, quer pelo tamanho. Todos, porém, foram encontrados enterrados. Esta ultima particularidade vem corroborar a nossa opinião e o que Rath afirma, isto ¢: «que parte dos nossos indigenas tinha por costume enterrar dentro de pequenas urnas a cinza dos seus mortos». Examinando minuciosamente os objectos em questão, observa-se em geral serem rarissimos aquelles que in- dicam terem sido postos sobre o fogo, seja pela falta de fuligem, que se nota, ou seja por apresentar a su- perficie privada de signaes, que indiquem ter servido a panella como utensilio domestico. Nas panellas achadas nunca se encontram ossos : portanto ellas serviam para conter as cinzas dos falle- cidos, visto serem as mesmas geralmente pequenas e haver certas, nas quaes mal cabe uma caveira de creança. Ainda para mais consolidar a nossa opinião emit- tida, lembramos que em algumas dessas panellas en- BG contraram-se objectos rarissimos de adorno, como: as seis perolas anteriormente citadas e fielmente descriptas. No Capäo Grande, perto da Lagoa Itapeva, o ci- dadão Luiz Bauer encontrou um objecto de barro, que, segundo a sua opinião, devia ter sido uma vasilha para depositar agua. Tem de altura m. 0.94 e 0.20 de dia- metro; a forma é semelhante à de um cupim. A collec- ção Barbedo possue esse objecto. Pedras sulcadas. —Quasi todos os exemplares exis- tentes foram encontrados na Serra dos Tapes. São de grès, e variam em tamanho, em profundidade, largura: e direcção dos sulcos. Ainda, a bem dizer, não se acha sufficientemente: esclarecido o emprego que tinham as taes pedras ; nós, porém, julgamos que serviam para alisar a superficie dos arcos e das flexas, attendendo a que o Sr. G. Koe- nigswald encontrou sulcos abertos em rocha viva na Serra do Mar e à beira d'agua, achado que priva de adeptos. a supposição de Rau. Zoolithos.—Nas suas Conclusões archeologicas, diz; o ilustre Dr. H. von Ihering: «Assim pois, alli (Estado do Rio Grande do Sul) nunca se encontraram os ma- gnificos zoolithos que, em forma de peixes, passaros, etc., se conhecem em outros Estados do Brazil e da Ar- gentina septentrional, sendo até em todos esses logares, de grande raridade.» Felizmente, a collecção, que estamos descrevendo,, possue um bonito zoolitho representando uma cabeça de: onça. A pedra é um calcareo, tem o volume approxima- damente de 509 cm. e foi encontrada no anno de 1880, em uma igaçaba de S. Gabriel, na margem direita do rio Vaccacahy, a seis palmos debaixo do solo. Sabemos tambem que o cidadão Francisco Furtado, possue um outro zoolitho do Estado, representando a fórma de um peixe. Um pequeno peixe de osso foi ainda encontrado em uma igaçaba. E” pequeno: tem 60° mm. de com- primento e é habilmente trabalhado. — 317 — * Além dos artefactos citados, enumera-se na collec- ção uma pedra de grês, sulcada em todas as direcções, cujos sulcos têm no maximo 4 mm. de largura. Esta pe- dra procede dos sambaquis de Torres e deve ter servido aos indigenas para endireitar as pontas de flechas de ferro, as lanças e os machados. Tambem nos ditos sambaquis encontraram-se peque- nos enfeites de pedra, de forma cylindrica e oval, enta- lhados e furados : indicio certo de terem sido adornos. Finalmente, para contestar a opinião de A. Loefgren, que diz, serem os sambaquis pre-columbicos, accrescen- taremos que no grande sambaqui da Cidreira encontra- ram-se juntos um pedaço de agatha, os maxillares infe- riores do gambä, um crystal de quartzo e, o que mais importa uma bala redonda de chumbo (de espingarda) * O fim desta nossa publicação foi pois, auxiliar em parte as Investigações dos nossos archeologistas, e ser uteis aquelles que se occupam da historia e cultura do homo americanus. Explicação da estampa IV Fig. 1—4. Machados duplamente entalhados, de pedra polida. Fig. o Pedra quebra-noz. Fig. 6, a —c Machados entalhados de pedra polida. Fig. 7. Disco de pedra perfurado, meio acabado. Fig. S—10. Almofarizes. Fig. 11. Ponta de flecha de pedra agatha. Fig. 12. Machado de ferro. Fig. 13. Zoolitho de osso em forma de peixe. Fig. 14—15. Tembetäs de osso. Fig. 16. Tembetä de pedra (diasthenio). Fig. 17. Perola veneziana antiga, chamada de «ageri». Fig. 18—20. Machados circulares perfurados. Fig. 24—26. Caximbos de barro cozido. 1 Les AE ‘ a e » DRA ear) ae à db: dobre alguns peixes de 5. Paulo, Brazil CONTRIBUIÇÕES DO LABORATORIO ZOOLOGICO DA UNIVERSIDADE DE INDIANA, N. 33 POR CARL H. EIGENMANN E ALLEN A. NORRIS As seguintes notas e deseripções são baseadas nu- ma collecçäo de peixes feita pelo Dr. H. von Ihering, do Museu Paulista, nas proximidades de 5. Paulo, em alguns rios que desembocam directamente no Oceano Atlantico e em outros que são tributarios do Paraná. Foram tambem incluidos alguns peixes maritimos de Santos. Somos altamente gratos ao Dr. H. von Ihering por esta colecção e sentimos sô que a _ preoccupacao de outros trabalhos não nos permittisse concluir estas notas mais cedo. Sternarchus albifrons Guenther Colorido uniforme. Barbatana anal 150. Um spe- cimen de Piracicaba. Eigenmannia virescens (Valenciennes) , O comprimento da cabeça é comprehendido 1 1/3 vezes na maior altura do corpo. Barbatana peitoral 16, sendo o seu comprimento comprehendido 1 1/3 vezes no da cabeça, extendendo-se um pouco além da origem da bar- batana anal. Olho comprehendido 1 1/2 vezes no foci- nho, que é comprehendido 2 1/2 vezes cabeça, incluive SO du a queixada inferior. A distancia do anus ao começo da barbatana anal é igual ao comprimento do focinho in- cluindo os olhos. Cor uniforme castanho-escura. Um sp3cim:n de Piracicaba. Luciopimelodus platanus (Guenther) Um specimen de Piracicaba. Pseudopimelodus zungaro (Humboldt) Um specimen. Rhamdia quelen (Quoy et Gaimard) Um specimen de Taubate. Nannoglanis Doulenger A especie seguinte pertence a um genero que evi- dentemente é relacionado com o Nannoglanis de Bou- lenger, se não for identico a este, que até hoje só se conhece do Equador. Alguns dos caracteres da fontanella podem-se at- tribuir à edade do peixe. A barbatana peitoral e a dor- sal não têm espinhas. Ha uma fontanella curta em for- ma de fenda entre os olhos, outra semelhante na base do osso occipital. A cabeça é completamente coberta de pelle solta. Olho sem margem livre. A proeminencia occipital é curta e extende-se apenas além do craneo. Barbatana adiposa comprida. Nannoglanis bifasciatus sp.nov. T'ypo : Um specimen, 70 mm. A largura da cabeça é comprehendida 1 1/2 vezes no seu comprimento, que é 1/4 do comprimento total sem a barbatana caudal. Corpo comprimido. Olho pe- queno, comprehendido 7 vezes na cabeça, 3 vezes no fo- cinho e 2 vezes no espaço interorbitario. A barba maxillar — 391 — tem a metade do comprimento da cabeça. As barbas mentaes não estendem-se até as aberturas branchiaes, e as postmentaes extendem-se um pouco além dellas. A inserção da barbatana dorsal é mais ou menos pelo duplo do diametro do olho mais proximo à ponta do focinho do que à base do raio mediano da barbatana caudal. Seu primeiro raio esta em cima das barbatanas ventraes. A base da barbatana dorsal é um pouco mais curta do que a distancia entre as barbatanas dorsaes. A barbatana dorsal adiposa é comprida; seu compri- mento é comprehendido 4 23 vezes no comprimento do corpo. A barbatana caudal é troncada; seu raio mediano é um pouco mais curto do que os raios ex- teriores. As barbatanas peitoraes, sô um pouco maiores do que a metade do comprimento da cabeça, são compre- hendidas 1 35 vezes na distancia de sua base até as barba- tanas ventraes. As barbatanas ventraes se extendem por metade do seu comprimento além do anus, chegando mais ou menos à metade das barbatanas anaes. Uma estria escura da ponta do focinho atê a base da barbatana caudal. A região debaixo dessa não tem côr. Uma estria es- treita acima da mesma tambem não tem cor ; acima dessa ha uma estria ainda mais estreita, de côr escura, que se une com o seu companheiro do lado opposto na nuca, na barbatana dorsal e em frente da dorsal adiposa, por inter medio de faxas de côr semelhante. A parte basal das barbatanas dorsaes é de côr bruno-escura, o resto hyalino, os raios de côr escura. Barbatana dor- sal adiposa clara, a caudal, anal, as ventraes e peito- raes escuras. D. 7. A. 9. Imparfinis Gen. nov. Relacionado com Rhandella. Uma porção de dentes no vomer. Cabeça mais comprida do que larga; proe- minencia occipital exigua ; cabeça coberta de pelle solta ; espaço orbitario sem margem livre. A fontanella extende- se ate a base da proeminencia occipital com uma ponte atraz dos olhos. A barbatana caudal é igualmente lobada, sendo vu lobo inferior muito mais comprido e largo. DEAN) ana D Emparfinis piperatus sp. nov. Typo: um specimen. 40 mm. Cabega 42/3; D. LG: A. 10. Cabeca um pouco deprimida, queixadas iguaes. À lar- curada cabeça é cerca de t 1/3 vezes comprehendida no seu comprimento. O olho é comprehendido 1 1/2 vez no focinho, um pouco menos de 4 vezes na cabeça; é um pouco menor do que a largura do espaço jnterorbitario. Asbarbas maxillares extendem-se mais ou menos até a ponta das barbatanas peitoraes. As barbas mentaes extendem-se mais ou menos até a base das barbatanas peitoraes, e as post mentaes até o meio das barbatanas peitoraes. O espinho peitoral continuado como um raio carnoso, sen- do a parte espinhosa mais ou menos 3/5 do seu com- primento total e comprehendida 2 1/4 vezes na cabeça. A origem da barbatana dorsal é à meia distancia entre a ponta do focinho e o centro da barbatana dorsal adi- posa, seu meio sobre as barbatanas ventraes, seu espi- nho é menor do que a metade do comprimento dos raios, e igual à parte post-orbitaria da cabeça. A barbatana adiposa é igual à sua distancia do espinho dorsal, mas é um pouco mais comprida do que a cabeça, compre- hendida 4 1/5 no comprimento total. O quinto raio desenvolvido da barbatana caudal decima para baixo é o mais curto, em baixo delle 9 raios, e o maior e 13 mais comprido do que o maior do lobo supe rior; comprehendido 4 1/2 vezes no comprimento. As barbatanas peitoraes não se extendem até as barba- tanas ventraes que são remotas da barbatana anal. Os lados são denso-salpicados, de cellulas pintadas, um pouco maiores e mais numerosas logo em baixo da linha lateral. No dorso ha uma serie de pintas pretas como em Rhcindia minuta à qual esta especie muito se assemelha. As barbatanas peitoraes e ventraes pallidas ; as. dorsaes e especialmente a caudal são de côr escura. Nola sobre o genero Pimelodus. O genero Pimelodus, como se acha definida no South ome — De Dr) te American Nematognathi, pag. 165, contem evidente- mente varios typos genericos que se podem distin- guir pelos caracteres seguintes : a. Barbatana caudal obliquamente arredondada : Goeldiella. aa. Barbatana caudal largamente bifurcada b. Beicos finos, o superior sem margem livre, ca- beça deprimida, o-focinho um tanto largo .. . . Pimnelodus. bb. Beiços largos, o superior com margem livre, reflexo no focinho, com um entalho pouco profundo no meio da margem ; focinho comprido, sub-conico e boc- a estreita c. Intermaxillar com uma carreira de dentes bem MOSeEDVONVIGOS OU Dey Dre Le Iheringichthys. cc. Intermaxillar sem dentes. . . . Bergzella. Goeidiella Gen. nov. Este genero tem por typo o Prmelodus eques Mül- ler und Troschel que é a unica especie que possue os ca- racteres supra mencionados. Foi denominado Goeldiella em honra do Dr. Emilio Goeldi, director do Museu Pa- raense. Pimelodus Zacipède Typo: Pimelodus maculatus (claras Bloch.) Este genero como é descripto aqui comprehende as seguintes especies : Pimelodus cyanostigina (Cope). Pimelodus quadrimaculatus Bloch). Pimelodus ornatus Kner. Pimelodus albicans (Guv. & Val.) Pimelodus pictus Steindachner. Pimelodus clarias (Bloch) O unico specimen desta especie é do Iguape e 6 a variedade b. de E. & E. Pimelodus grosskopfi Steindachner. ses de Pimelodus valenciennis Krôyer. Pimelodus altipinnis Steindachner. Pimelodus fur Reinhardt. Pimelodus spegazzinir Perugia. Pimelodus argenteus Perugia. FYheringichthys (en. nov. Typo. Pimelodus labrosus Krôüyer. Este genero é muito bem definido pela bocca su- gadora e pelos dentes intermaxillares. Temos grande prazer em dedicar este genero ao Dr. H. von Ihering, Director do Museu de S. Paulo, Brazil. Iheringichthys labrosus (Aróyer) Corpo mais profundo que largo, comprimido na direcção da barbatana caudal. Cabeça granulada pon- taguda e quasi conica. Sua altura na margem poste- rior do olho é igual à metade do seu comprimento, igual à largura, e igual ao focinho. As barbas maxil lares extendem-se além da base da barbatana caudal e as postmentaes até ou além das barbatanas peitoraes. As barbas mentaes são curtas. Bocca estreita, largura comprehendida 5 2/3 vezes na cabeça. Beiços grossos e reflexos. © espinho dorsal é tão alto como o com- primento da barbatana dorsal adiposa. Espinhos peito- raes denteados de ambos os lados, e a barbatana dor- sal espinhosa é tão comprida como a sua distancia da barbatana dorsal adiposa. A barbatana caudal é pro- fundamente fendida. A metade superior do corpo é coberta de. manchas escuras que se tornam mais claras em baixo. Olho comprehendido 4 2/3 vezes na cabeça e 1 1/2 vez no espaço interorbitario. Cabeça 3 1/2; altura 5.1/2. . Dol; 6; A. 10/1870)... Um specimen) de) Pira- cicaba. 226 mm. oes. — 4 De) — Bergielia Gen. nov. Typo: Pimelodrs westermanne Reinhardt. Este genero consiste em uma só especie e distin- gue-se dos parentes pela falta de dentes intermaxilla- res. EF dedicado ao Dr. Carlos Berg, director del Museu Nacional de Buenos Aires. Perugia (ren. nov. Typo: Pirinampus agassizr Steindachner. Este genero foi definido por Eigenmann e Eigen- mann mas nao foi denominado. Os seus caracteres distinetivos são: a primeira barbatana dorsal espinhosa, as barbas semelhantes fitas, focinho largo e deprimido, “beiços finos e a superficie postorbital granulosa. E” dedicado a A. Perugia do Museu Civico di Storia Naturale di Genova, em reconhecimento do seu trabalho sobre os peixes da America do Sul. Macrodon malabaricus (Bloch) Um specimen do Rio Tieté e outro de Iguape. Curimatus spiluropsis Ligenmann e Eigenmann Quatro specimens do Rio Tietê e dois specimens de Alto da Serra. Curimatus gilberti Guoy e Gaimard Um specimen de Taubaté. Curimatus gilberti brevipinnis LZi- genmann e Eigenmann Um specimen de Piracicaba. Prochilodus serofa Sleindachner Um specimen de Piracicaba. == SO Parodon affimis Steindachner Tres specimens de Piracicaba. D. Ty A Oui 2 ENS Pate PE: cd GEI vere Uma faxa lateral escura extende-se da ponta do foci- nho até a ponta dos raios medianos da barbatana cau- dal, e uma tenue estria escura acha-se no meio da carreira de escamas, logo acima da lista lateral, no meio anterior do corpo. Uma estria escura mais es- treita e mais apagada do que a estria lateral, entre a primeira e segunda carreira de escamas, extende-se da cabeça à barbatana dorsal adiposa. Quatro faxas es- curas, apagadas, atravessam o dorso, até a lista lateral ; a primeira esta na metade da distancia entre a cabeça e a barbatana dorsal; a segunda em baixo da barba- tana dorsal; a terceira atraz das pontas da barbatana dorsal e a quarta em frente da barbatana adiposa. Parodon tortwosus sp. nov. D. 1, 10 1/2; A. 1,7 1/2. Escamas 4— 37—4. Altura comprehendida 4 vezes no comprimento. Dentes no inter- maxillar 8,no maxillar 2,em cada lado da queixada inferior i. O posterior destes ultimos é de forma conica, re- curvado, e os outros são obliquamente troncados. Ca- beça comprimida, fusiforme, comprehendida 5 1/3 vezes no comprimento, sub-conica, inclusive a queixada infe- rior. Olho pequeno comprehendido 4 3/4 vezes na ca- beça, 2 1/2 vezes no interorbital. A barbatana dorsal inserta à meia distancia entre a barbatana dorsal adi- posa e a abertura anterior do nariz. A altura do pri- meiro raio dorsal é igual ao comprimento da cabeça. Barbatanas peitoraes e ventraes pesadas, as ultimas inser- tas no meio do corpo, em baixo da margem posterior da barbatana dorsal. Uma faxa escura extende-se em ziguezague das aberturas branchiaes para atraz, tornan- do-se em faxa continua nos lados da canda. Ha nove manchas escuras sobre o dorso, e uma mancha maior em cada. lado da base da barbatana caudal. Barbatanas sem cor. Typo: um specimen de 140 mm. de comprimento do Rio" Tete; Anostomus nasutus Aner Um specimen. Characidium fasciatum Penh. Um specimen do Rio Tiete. Barbatana! dorsal VIAS q. Escamas, 5—35—4. Outro specimen. Barbatana dorsal 11, Ay S ls le 33: Leporinus conirostris S/eindachner Tres specimens de Taubate. E eporinus frederici Bloch. Um specimen de Taubate. Leporinus copelandi Seindachner Dois specimens de Piracicaba. Hetragonopterus scabripinnis Jenyns Dois specimens do Rio Grande do Sul. Tetragonopterus rutilus Jenyns Um specimen de Taubaté e outro do Rio Tietê. Vetragonopterus jequitinhonhae Sin- dachner Dois specimens de Piracicaba. Fetragonopterus fasciatus Cuvier Um specimen de Iguape. Wetragonopterus lacustris Liilken Dois specimens de Piracicaba. — 39 6) Wetragonopterus maltifasciatus sp. nov. Linha lateral incompleta, mais ou menos sete es- camas perfuradas. O maxillar tem dentes em quasi todo seu comprimento e extende-se quasi atê o meio da pupilla. Cabeça comprehendida 3 1/2 vezes, altura 2 2,3 vezes no comprimento. Olho 3 [/4 vezes na cabeça e 1 1/3 vez no interorbital. A. 2% D. 11. L. 1. 40. Con- torno dorsal e abdominal quasi igualmente curvos. A frente da barbatana dorsal é equidistante da ponta do focinho e da base dos raios caudaes medianos. A cor do dorso é escura; os lados são muito mais claros e têm uma serie de oito ou nove riscos bruno-escuros entre as carreiras de escamas. Uma mancha funda e escura se acha em cada escama na parte inferior do corpo. Ia duas manchas verticaes sobre o humero, que são apagadas no adulto. Um adulto 70 mm. e dois novos 32 mm. Cubatäo. Catabasis Gen. nov. Typo: Calabasis acuminatus Sp. nov. Um genero de Hydrocyoninae relacionado ao Sal- minus de que differe pela disposição dos dentes. Nao tem dentes no palato. Queixada inferior com uma serie dupla de dentes; os da serie interior säo exiguos e os da exterior säo grandes e conicos, regularmente diminuindo em tamanho do segundo dente a partir da symphysis para traz. Os dentes do intermaxillar for- mam uma serie dupla, os da serie exterior são exiguos e os da serie interior são curtos e conicos. A barba- tana dorsal acha-se atraz das barbatanas ventraes. As escamas são moderadas em tamanho. Catabasis acuminatus sp. nov. Comprimido ; cabeça deprimida e um pouco acha- tada em cima; focinho comprido e agudo; bocca grande. D.-11. A. 25. Barbatana peitoral 12. Escamas 10 —59—6. Cabeça igual à altura do corpo, comprehen- — 359 — dida 3 1/2 vezes no comprimento. Olho comprehen- dido 3 3/4 vezes na cabeça. Espaço interorbitario igual ao focinho e comprehendido 3 1/2 vezes na cabeça. Quei- xadas sub-iguaes e o maxillar extende-se alèm do meio do olho. A origem da barbatana dorsal é equidistante en- tre a abertura anterior nasal e a base do raio me- diano da barbatana caudal e seu segundo raio é pouco maior do que a barbatana peitoral. A distancia entre as barbatanas dorszes é igual ao comprimento da bar- batanana anal. O raio maior da barbatana ventral é comprehendido 2 vezes no comprimento da cabeça. A barbatana caudal é profundamente bifurcada. Cor escu- ra em cima, prateada em baixo ; existo uma mancha escura na base da cauda. Typo: um specimen de 165 mm. de comprimento do Rio Tieté. Cynopotamus knerii Sfeimdachner. Um specimen de Piracicaba. Salminus hilarii Cuv. Val. Os specimens differe n da descripçäo desta especie mas linhas lateraes e pelo facto de não terem os raios medianos caudaes prolongados. Um specimen do Rio Tiete. L. ]. 64. Um specimen do Ypiranga. L. 1. 60. Myletes tieté sp. nov. D. 1, 26; ATI, 35. Serras abdominaes 46. Esca- mas pequenas. Altura comprehendida 1 */, vez no com- primento; cabeça 3 vezes. O perfil é direito desde acima dos olhos atê a barbatana dorsal. decurvo no focinho ; sobe directamente desde a origem da barbatana dorsal até a barbatana adiposa. [la quatro dentes grandes em forma de seta na frente da queixada inferior e quatro dentes menores de forma conica em cada lado da mes- ma. Dois dentes pequenos de forma conica atraz da pri- meira serie no meio. Os dentes da serie exterior da — 360 — queixada superior são subconicos, estreitos e têm a for- ma de seta. Os dentes da serie interior são muito mais largos do que os da serie exterior e têm a forma de seta. O olho tem duas vezes o comprimento do focinho e é comprehenáido 2 !/; vezes na cabeça e */; vezes na largura do espaço interorbitario. Ha uma faxa estreita adeante dos olhos ao redor da ponta da queixada inferior e outra que se extende desde os olhos até o angulo superior das aberturas branchiaes. Uma faxa larga triangular atravessa o dorso em frente da barbatana dorsal e tem a ponta encostada ao angulo superior da abertura branchial. Uma faxa larga ex- tende-se desde a origem da barbatana dorsal até a linha lateral abaixo da qual se desfaz em manchas. Outra faxa, que tem a metade da largura da primeira extende-se desde o meio da dorsal até a linha lateral abaixo da qual continua em serie de manchas. Ha outra faxa que se extende desde a parte posterior da barbatana dorsal e a região entre as barbatanas dorsaes até a barbatana anal, e para frente ao longo de sua base ; outra atravez do pedunculo caudal; outra na base da barbatana caudal. Os cinco primeiros raios anaes e as bases dos cinco seguintes têm a côr castanho-escu- race os cinco primeiros raios dorsaes tem a mesma côr. As outras barbatanas não têm côr. Os lados da cabeça e os espaços entre as manchas e as barbas são prateados. Typo: um specimen de Piracicaba. Stolephorus clupeoides (Samson)? Cabeça 4; altura 4 !/;: D. 14; A. 32. Focinho com- prehendido !/, vez nos olhos. Aberturas branchiaes mais curtas do que os olhos. Inserção da barbatana dorsal no meio do corpo. De outra maneira, do que em Stole- phorus clupeoides (Swainson). Um specimen de 115 mm. Girardinella janeiro Zigenmann. Dois specimens de 8. Vicente e um specimen de Santos. — 561 — Girardinus candomaculatus (/ensel) Quatro adultos e seis novos de Ribeirão Pires. Geophagus brasiliensis Ono ct G. Um specimen de Taubate. Mugil brasiliemsis Agassiz. Um specimen de S. Paulo. Isopisthus parvipinnis (Cuv. d Val.) D. VII, 19; a distancia entre as barbatanas dorsaes é comprehendida 1 !/, vezes no diametro dos olhos. Um specimen de Santos. Warimwus stahli Pocy Cabeça 3! ; altura 3. Olho comprehendido 4 ve- ves na cabeça. D. X—I. 23; A. II, 7; escamas (con- tando do terceiro espinho dorsal obliquamente para traz.) 9—46—4. Focinho curto comprehendido 4 !/, vezes na cabeça. Maxillar comprehendido um pouco menos de 2 vezes na cabeça. Os raios branchiostegos maiores são com- prehendidos 1 !/; vezes no olho. Altura do pedunculo caudal comprehendida 3 vezes na cabeça. Barbatana peitoral comprida e delgada; seu comprimento é maior do que sua distancia da ponta do focinho. Terceiro espinho dorsal comprehendido 2 !/; vezes na cabeça, não extendendo-se até a ponta do maior dos raios molles. Barbatanas ventraes comprehendidas 1 !/; vezes, na ca- beça. Escamas do dorso contêm vestigios de riscos escuros e uma mancha axillar de côr morena; a re- cião acima das pseudobranchias é preta, Ponta da lingua e queixada inferior de eûr escura; barbatanas pallidas. Relacionado com o breviceps do qual differe principalmente nas barbatanas. ~ Um specimen de 7 pollegadas de comprimento de Santos. — 362 — Gerres brazilianus Cuwv. & Val. Um specimen de Santos. Eucinostomus pseudogula Poey. Um specimen de Santos. Pomatomus saltatrix (Linnaeus). Um specimen de Santos. Caranx hyppos (Linnaeus). Um specimen de Santos. Notas sobre Coccidas brazileiras POR E. D.A: COCKERELL I Uma lista de algumas Coccidas colligi- das pelo Dr. Emil A. Goeldi, no Pará Brazil (1) Orthezia praelonga Donglas. Sobre Citrus limetia Risso. (2) Lecanium coffeae Walker. Sobre Psidium guajava L. (2) Lecannm nigrum Nietn. var depressum Tar- gioni-Tozetti. Sobre Hebrscus sabdariffa L. (4) Vinsonia stellifera Westwood. Sobre Lucuma caimito R. S. (9) Mytilaspis citricola Packard. Sobre Citrus li- metta Risso. (6) Aspidrotus articulatus Morgan. Sobre Cordy- line terminalis. Kunth. IX Um novo Eriococeus (Fam. Cocei- dae) do Brazil Eriococcus brasiliensis n. sp. Saccos da femea de côr de creme, 2 ‘/2—3 mm. de comprimento. perfeitamente da forma e textura ordina- rias (1 e. compactamente feltrados) muitas vezes junta- mente aggregados. A femea fervida em soda caustica, não tinge o liquido. Espinhos da derme ordinarios, Og 21—36 micromm. de comprimento, femur com trochan- ter 147, tibia 78, tarso com unha 105 micromm. Unha com denticulo minuto justamente antes da ponta. Digitulos delgados, principalmente os da unha, dis- tinctamente nodosos ; digitulos tarsaes 51 micromm. de comprimento. Antennas de 7 articulações, formula 37 (24) 56, variando a 3 (72) (49) 6, a primeira articulação sendo omittida em todo o caso, por causa da difficul- dade de medil-a satisfactoriamente. As articulações me- dem então em micromm.: (2) 27-39, (3) 39-45, (4) 27, (D) 21-27, (6) Wo-22, (7) 180: Hab. Ypiranga, Brazil, sobre ramos de Baccharis, (A. Hempel. N. 314a; tambem colligido por Dr. IH. v. Ihering.) E” uma pequena especie ordinaria, distinguida pela combinação de caracteres, mas não tem particular proe- minente. AS COCCIDAS BRAZILEIRAS COM AS ESTAMPAS V—XII POR ROGER eM Fee Introducção Em geral, pode-se dizer que os insectos são bene- ficos em dois modos distincta e largamente especiaes : o primeiro, na propagação das plantas, por meio de transfertilisação das flores, geralmente feita por abelhas, vespas, moscas e mariposas; o segundo, por regularizar e fixar o crescimento da vegetação, conservando o ne- cessario equilibrio na natureza, tão essencial para o me- lhor e mais amplo desenvolvimento de ambos : plantas e animaes. EK’ nesta ultima capacidade que os insectos fre- quentemente mallogram os esforços do homem na pro- pagação das plantas, e muitas vezes causam enormes estragos. Tem-se registrado muitos casos de grande destrui- ção por cupim, gafanhotos, largatas e coccidas, ou in- sectos de escamas ou escudos, estes pertencentes às Ho- moptera, uma divisão das Hemiptera ou percevejos; Icerya purchasi Maskell, e Aspidiotus perniciosus Gom- stock, servindo de exemplos familiares deste grupo. Nenhuma familia de insectos é tao importante sob o ponto de vista economico, como as coccidas, por cau- sa da faculdade que possuem de causar grandes estra- — 566 — gos, destruição e perdas a qualquer paiz onde a agricul- tura ea horticultura constituem pingues fontes de renda ; por conseguinte, pareceu-me de importancia reunir e classificar para referencia futura todas as notas que se referem ao conhecimento, habitos e distribuição das coc- cidas brazileiras. Em 1897, o Dr. H. v. Ihering, digno director do: Museu Paulista, publicou um artigo sobre «Os Piolhos. vegetaes.» no Vol. IT, da Revista do estabelecimento. citado. Nesse artigc, estão catalogadas 21: especies de coccidas. Hoje, conhecemos seis vezes este numero ; sen- do a maior parte dellas encontrada na visinhança de São. Paulo, com algumas addicções dos Estados de Minas. Geraes, Bahia e Rio de Janeiro. Aproveito a opportunidade de agradecer aos amigos. que me auxiliaram e de vez em quando me tem enviado specimens de varias localidades. Tambem muito me pe- nhoraram o Prof. T. D. A. Cockerell, do New Mexico Agricultural College, que me tem prestado auxilio de muito valor identificando especies e mandando speci- mens para comparar; e o Sr. Gustavo Edwall, botanico. systematico da Comissão Geographica e Geologica de São Paulo, que tem gentilmente identificado as plantas alimentares para mim. Transmitto tambem os meus agra- decimentos às auctoridades da repartição de Agricultura dos Estados Unidos, que gentilmente me remetteram specimens e litteratura. Remedios | O estudo dos methodos e meios de destruir as coc- cidas e de prevenir seus damnos tem occupado a at- tenção de muitos entomologistas economicos por alguns annos e tem-se obtido numerosos e permanentes resul- tados. Infelizmente, porém, a maior parte destas expe- riencias foram feitas em climas temperados, de modo que pouco ou nada se sabe dos effeitos dos insecticidas nem nos insectos nem nas plantas, quando empregados em paizés tropicaes e em condições differentes. Ainda mais, é um facto bem conhecido que insectos que são, — 367 — comparativamente, inoffensivos no seu paiz natal, quando introduzidos e 1 outros paizes, em condições favoraveis, se propagam tão rapidamente que, em pouco tempo, tornam-se muito perniciosos. Portanto, não ha necessi- dade de argumento para mostrar que o melhor meio de evitar perdas, por causa de semelhantes insectos, é evi- tar que sejam introduzidos e espalhados pelo paiz. Estações de quarentena para plantas e fumigatorios têm sido postos em pratica em diversos logares e especial- mente em California, Estados Unidos da America do Norte, Cap-Town na Africa do Sul, e tem sido efficazes em prevenir a introducção de insectos nocivos. Cada estação está sob a direccão de um entomologista com- petente, e todas as plantas e fructos importados são examinados. Apparelhos e mechanismos para desinfe- ctar e fumigar todas as plantas, sementes e fructos im- portados estão a mão. O agente empregado é o gaz de acido hydrocyanico. * Este gaz tem-se mostrado excel- lente para este fim, matando todos os insectos, não fa- zendo damno algum permanente às plantas e arvores e não estragando os fructos. Tem-se empregado varios liquidos para lavar e es- pargir, para destruir os insectos depois que se estabe- lecem nas plantas ou arvores crescentes ou pomares. Os dois que tem sido mais effectivos são o sabão de azeite de baleia, e uma emulsão de kerosene. Uma solução feita dissolvendo-se 3/4 a 1 kilo de sabão em 4 litros de agua em ebulição, e então applicada às arvores infecta- das por meio de uma bomba em forma de borrifo de modo que toda a parte fique completamente molhada pela solução, tem destruido todos os insectos sem fazer damnos às arvores. A emulsão de kerosene, geralmente, se prepara com a formula seguinte : sabão 250 gramma, kerosene 8 litros, agua potavel ou de chuva 4 litros. Derreta-se * Para uma descripção do tratamento de arvores infectadas pelo gaz de acido hydrocyanico, vede meu artigo sobre Capulinia jaboti- cabae Ther.no Vol. III da Revista do Museu Paulista, 1898,.p. 56-61, — 368 — o sabão em agua fervente; mecha-se a mistura ao fogo e ajunte-se-lhe o kerosene, emquanto ainda quente vê-se que ella é violentamente agitada, devendo depois do seu preparo, ser usada por meio de uma bomba de força. Este processo de mexer e misturar deve ser feito perfeitamente, visto como delle depende a forma- ção da emulsão. A mistura torna-se branca e da con- sistencia de nata e neste estado conserva-se indefinita- mente. Para uso mistura se de 9 a 20 partes de agua e applica-se às arvores em forma de borrifo. Bombas ou pulverizadores podem ser comprados por cerca de 80 mil reis, sendo este o preço da bomba menor feita para tal fim. Póde-se tambem fazer emulsão substituindo leite doce ou azeite pelo sabão e agua. Não é neces- sario aquecer o leite, porêm a mistura muito bem me- xida quando ajunta-se o kerosene. A mistura não se conserva por muito tempo, portanto deve ser feita na oecasiao. Para espargir dilue-se em 9 ou 10 partes d'agua. Espargir é mais efficaz quando as larvas novas estão nascendo e antes de adquirir o escudo protector. Em São Paulo, encontraram-se alguns insectos que produzem sómente uma vez por anno; geralmente em Maio. Outros foram encontrados que produzem durante todo o anno ; emquanto a maior parte das conhecidas estu- dadas produziam duas vezes por anno, de Maio a Julho e de Novembro a Marco. Deve-se espargir a emul- são durante o tempo ennublado e deve-se repetir essa operação uma ou duas vezes, com intervallo de uma semana ou dez dias, para attingir as novas larvas que nasceram depois da primeira vez. Deve-se ter cuidado em não usar excesso de kero- sene, sinão pode-se fazer damno permanente às arvo- res tratadas. As coccidas são tambem combatidas por inimigos naturaes. No Brazil, são infectadas por parasitos das ordens Hymenoptera, Diptera, Lepidoptera e Coleoptera. Muitos individuos dos parasitos creados das coc- cidas brazileiras foram mandados ao Dr. L. O. Howard 369 — da Repartição de Agricultura dos Estados Unidos, po- rèm nenhum relatorio preciso a seu respeito tem-se rece- bido até hoje. O successo do Sr. A. Koebele em intro- duzir o pequeno coleoptero Nocius cardinalis nos dis- trictos de California infectados pela coccida Zcerya pui- chasi Mask. e o exterminando, foi um grande triumpho no dominio de Entomologia economica. ‘Tém-se reali- zado experiencias mais recentes em Ceyl3o e outros paizes, expondo as coccidas aos ataques de um fungo parasitico, com resultados apparentemente bons. CLASSIFICAÇÃO Chave das coccidas encontradas no Brazil © Srmbfamilias Macho com olhos compostos Macho com olhos simples ROY ORICON A 1. — Annel anal da femea com pelos. Ortheszinae. Annel anal da femea sem pellos, rostro pre- sente na femea adulta, pernas presentes em todas as phases. . . . Monophlebinae. 2. —O abdomen da femea terminando num segmento composto, designado pygidium ; o orificio anal sem pellos, a femea adulta sem pernas; 0 in- secto com o escudo em parte feito de pelli- CUS sions AU sarin Cu Dice es O abdomen da famea não terminando num pe miento composto. 12 “3. 3. 3. —Os insectos fechados numa cella : resinosa, com tres aberturas ; o abdomen da femea terminando num orgão parecendo como um rabo, que traz na extremidade o orificio anal; na base da extensão caudal ha uma espinha erecta; per- nas ausentes, ou presentes só com tuberculos CUrtOSMP MEN car A) tise Baehardenae: me * Na preparação das classes tenho emprestado livremente dos arti- gos publicados por Srs. E. E. Green, Prof. T. D. A. Cockerell, e Prof. J. H. Comstock. — 370 — Insectos que não têm este caracteristico . . 4. 4 —A femea com a extremidade posterior partida ; o orifício anal fechado em cima com um par de laminas triangulares . . . Lecanunae. A femea é differente e as laminas triangula- res são auSentes AV APA LY! / 2 0.) 0h Me eee 5. —A femea chata, fechada num sacco de’ material corneo ou de cera : pernas ausentes ou presentes so como tuberculos curtos.—Asterolecaninae. A femea coberta com uma secreção empoada ou fechada num sacco, ou numa casca esphe- rica de material corneo ou de cera; pernas e antennas ausentes ou presentes. Coccinae. Todas as medidas dos pellos curtos e das articu- lações das antennas e pernas são feitas em micromilli- metros. Subfamilia Monophlebinae A femea adulta com um comprido ovi-sacco pos- terior; e com antennas de onze articula- ções idada dei oe . Icerya Sign. A femea adulta sem ovi-sacco, globosa, e com antennas de nove articulagdes. Crypticerya Ckll. Genero Icerya Signoret 1. Icerya brasiliensis 7. sp. Estampa V figs. 1 a 5 e Estampa IX fig. i—1, b A femea adulta elliptica, cor de rosa, as antennas e as pernas de côr pardo escura. Coberta inteira- mente de uma secreção branca, que consiste em um topete caudal comprido, um topste cephalico, uma car- reira lateral e sub-lateral de nove topetes de cada la- do, e uma massa central, longitudinal. Um topete de cada. lado dos topetes, caudal e cephalico, é maior do que os outros topetes marginaes. Ovi-sacco grande, — 371 — branco, mostrando, as vezes, uma tinta côr de creme, com a ponta distante curvada para cima. Em baixo é convexo e levemente estriado longitudinalmente. O dor- so e os lados säo longitudinalmente marcados com 14 ou 15 estrias. No individuo maior, que examinei, O topete caudal tinha 20,5 mm. de comprimento. Os topetes, caudal e cephalico, são geralmente marcados com quatro costellas longitudinaes. O ovisacco tem uma ou duas fendas longitudinaes na linha mediana dorsal donde sahem as larvas. Acharam-se 44 ovos em um só sacco. As antennas têm, em geral, 11 articulações. A quinta articulação é mais curta e, às vezes, se une à quarta, formando assim antennas de 10 articulações. As articulações 2, 4, 6—10 são quasi iguaes em compri- mento. A articuiação 11 é igual ou excede um pouco as articulações 9 e 10 em comprimento. O compri- mento das antennas é variavel; o maior comprimento observado foi de 1,1 mm. Cada uma das articulações de 1 a 10, tem uma volta de cerca de 6 pellos, e a articulação 11 tem uma moita terminal de 15 ou 16 pellos. As pernas tem a forma geral; o tarso é cur- vado perto da ponta distante; faltam os digitulos. Os digitulos da unha são finos, filiformes e curtos. O rostro é grande e está collocado entre o primeiro par de pernas. O mento tem cerca de 28 pellos. O laço rostral se extende alêm da inserção do segundo par de pernas. Numerosos pellos se acham espalhados em am- bas as superficies e ao redor da margem; o corpo acaba por dois topetes ter ninaes de cinco pellos com- pridos. Toda a superficie dorsal é coberta de glandu- las. Estas glandulas são redondas e, segundo me pa- rece, poderão comportar de 6 até 9 partes dispostas em circulo, com um filamento comprido e vitreo no centro. O comprimento do insecto e ovisacco, excluindo os topetes, é de 10,5 mm. A larva, recem-nascida, tem a fórma elliptica, cor vermelha com uma tinta côr de rosa. No dorso : — 372 — ha quatro topetes de céra amarellenta, que com o ce- phalo-caudal do diametro, faz uma mancha da forma de um diamante. Antennas de seis juntas. Articula- ções de 2 a 4 sub-cylindricas e quasi iguaes em com- primento que é de 66. A articulação 1º é convexa no lado interior; a articulação 6.º é de forma de clava, comprimento de 164. Cada uma das articulações. de 2 a 5, tem “um pello comprido e fino, e varios outros mais curtos. A articulação 6.º tem © pellos bem compridos (mais com- pridos do que as antennas) de 640, e cerca de 12 pel- los es O dorso tem muitos pellss finos dispostos. em 10 carreiras mais ou menos longitudinaes e irregulares. Na cabeça ha quatro pellos que ficam entre os olhos; os dois do meio são muito. compridos e se ex- tendem quasi até a ponta das antennas. a seis pelios anaes de 1,35 mm. mais ou menos de comprimento que é quasi o dobro do comprimento do corpo. Ha tam- “bem seis pellos mais curtos de cada lado do abdomen, que tem menos de um terço de comprimento dos pel- los anaes. As margens lateraes do thorax e da cabe- ca tambem têm alguns pellos curtos. O dorso tem muitos poros redondos e secretorios dispostos mais ou menos em carreiras transversaes. Olhos 2, pequenos, conicos, pardacentos, quasi pretos. As antennas e as pernas são de côr pardo-eseura. As tibias de 2.4 e 3.º pares de pernas são de 200 de com- primento; os tarsos e as unhas são um pouco mais curtos; a unha é comprida, delgada, ligeiramente cur- va e entalhada na ponta. Os digitulos da unha são delgados, abotoados, e um pouco mais compridos do que a unha. Não ha digitulos tarsaes. O Comprimento é de 730 mm. Femea do terceiro periodo ; corpo oval; secreção ou cêra geralmente de amarelo clara disposta em duas carreiras lateraes com cerca de 10 topetes cada uma, e duas carreiras sub-lateraes com 8 topetes cada uma, um topete terminal em cada ponta e uma carrei- 9-9 — )/) — ra mediana longitudinal de 5 topetes. As antennas têm 9 articulações, sendo a articulação 9.º a mais comprida. As pernas, mais curtas que as da larva. O laço rostral se extende até a inserção do terceiro par de pernas. O mento tem cerca de uma duzia de pellos curtos. Ambas as superficies do corpo são cobertas de pel- los; os do dorso são em menor quantidade e mais com- pridos. A superficie dorsal tambem contem uma grande porção de poros redondos e secretorios, cada um achan- do-se em cima de um grupo de cinco ou seis cellulas. Estes poros têm a mesma estructura que os dos adul- tos e são mais abundantes na cabeça e nas margens do corpo. Hab. Mandado do Iguape, pelo Sr. E. Young, on- de se acha em tal abundancia sobre o Codiocum sp.? que até mata as plantas. "Tambem se acha no Ypiran- ga e em São Paulo sobre Jecus sp., a roseira e ou- tras plantas cultivadas. "Tem matado diversas arvores de sombra em São Paulo, e está nos casos de produzir cou- sideravel damno para os parques. Os individuos geralmente se agrupam em quanti- dades enormes no lado inferior dos ramos e galhos das plantas. Tambem acham-se em grandes numeros no Lirio- dendron tulipifera L., Lawus camphora L. e numa especie de palmeira. Muitas parasitas Hymenopteras tem se desenvolvido desta especie, mas as parasitas produ- zem pouco damno no insecto, visto que os ovos não são afectados e sahem mesmo quando o adulto está cheio de parasitas. Uma especie de larva de coccinella tem sido observada tambem alimentando-se do insecto emquanto está crescendo. o æ. Heerya schrottkyi n. sp. 3) Estampa IX figs. 203 A femea adulta apparece em massas cobertas de uma secreção branca de formas que é difficil distinguir- — 374 — se os caracteres individuaes. E' certo, porem, que ca- da um dos insectos é coberto de uma massa espessa de filamentos compridos e brancos de uma secreção que parece ser produzida por glandulas que formam dois anneis concentricos no dorso; todos os filamentos se dirigem para o posterior, e alguns attingem o com- primento de 30 mm. No abdomen ha duas manchas de secreção branca. O ovi-sacco é segregado por de- baixo do abdomen e consiste em uma massa espessa de secreção branca e lanigera, muito visgosa, adherindo a tudo que lhe vem em contacto. Despido da céra, é de côr amarello alaranjada, com as pernas e as antennas de cor pardo-escura. Corpo oval, mais largo no pos- terior do que no anterior. O dorso contem dois anneis concentricos de cavidades ou glandulas que o divide em tres areas. O abdomen é enrugado transversalmen- te. Comprimento 7,50 mm. largura, 5 mm. altura, 3 mm. Fervido em uma solução de K O H, tinge o liquido de côr amarellada, e a derme é fina e trans- parente. Antennas, variaveis, de 10 ou 11 articulações; 11 porêm, parece ser o numero typico de articulações, das quaes a ultima ê a mais comprida. Articulações de 1 a 10, cada uma tem uma rosca de 7 ou 9 pellos, e a articullação 11 tem uma moita de muitos pellos. Comprimento de cerca de 1,10 mm. Comprimento das articulações = (1), 110; (2), 123: (3), 97; (4), 665 (0); 66; (6), 75; (7), 98; (8), 98; (9), 93; (10), 84; (11), 173. Formula approximada 11, 2, 1, 3, (7,8,9), 10, 6, (4,9). Pernas, compridas e pelludas. Compri- mento das articulações do primeiro par de pernas : coxa, 191; femur com trochanter, 594; tibia, 604; tarso, 252; unha, 66; digitulos tarsaes faltam; digitu- los da unha, curtos e filiformes. Olhos, pertos da base das antennas, pequenos, conicos, de côr pardo-es- cura. Rostro grande, situado entre o primeiro par de pernas. Laço rostral se extende até o segundo par de pernas. Mento, com cerca de 20 cabellos. As su- perficies: dorsal e ventral são cobertas de pellos e — ST) — grandes glandulas redondas; os pellos porém, da su- perficie ventral são menores do que os da superficie dorsal. Larva, recem-nascida, de cér vermelho alaranjada, elliptica, de 812 de comprimento e 400 de largura. Tem muito pouco de uma secreção branca no dorso. Antennas tem 559 de comprimento, de 6 articulações sendo a terminal mais comprida e claviforme. Comprimento das articulações: (1), 97; (2), 70; (3), (9.2 (2, (9: O), 143. (6), LOL. "Todas as. rh ções tem pellos; articulação 6 tem 6 pellos muito compridos e diversos outros mais curtos; articulaçäo 5 tem tambem um pello muito comprido. Olhos pe- quenos, conicos, de côr pardo-escura. Os seis pellos centraes caudaes são muito compridos, chegando a ter o comprimento de 1,46 mm. Alem destes ha seis pellos mais curtos nos lados mas estes são muito cur- tos tendo apenas 1,5 do comprimento das outras. A margem do corpo e a derme tambem tem numerosos pellos, muitos dos quaes são bem compridos. Ha tam- bem muitas glandulas redondas na derme. Pernas, compridas e finas, com muitos pellos. Comprimento das articulações do primeiro par de pernas: coxa, "9; femur com trochanter, 222; tibia, 244; tarso, 164; unha, 40. Digitulos da unha, compridos, delgados, com as pontas ligeiramente dilatadas. Digitulos tar- saes, ausentes. Unha ligeiramente entalhada. Laço rostral curto, extendendo-se um pouco além do tercei- ro par de pernas. Hab. Jundiahy, Estado de S. Paulo. N'uma ar- vore das mattas, especialmente nos ramos. Colleccio- nados pelo Snr. C. Schrotiky. E” raro. Algumas centenas de especies de Hymenopteros parasiticos foram gerados desta especie. Como no Z brasiliensis, as parasitas são presentes nos adultos, mas não impedem os ovos de sahirem, e por consequencia produze.n pouco damno para este insecto. — 376 — Genero Crypticerya Ckll. 3. Crypticerya hempeli Ck. A femea adulta esta pegada na casca, sub-globosa, comprimento de 8 mm.; largura de 7,5 mm.; altura de 9,39 mm., de côr cinzento escura, com uma camada fina mas espessa de uma secreção pulverulenta de côr de creme. Areas sub-dorsaes marcadas com series lon- gitudinaes de manchas pequenas e redondas, livres de secreção. Pernas de côr pardo-escura. Fervida numa solução de KOH, tinge o liquido de cor de rosa clara. Antennas e pernas depois de fervidas, de côr pardo- avermelhada. Antennas pequenas e curtas, de 9 arti- culações. Formula approximada : (219) (345678). Seg- mentos sub-iguaes em comprimento ; 1.* sendo quasi duas vezes tão largo como comprido; 9. curto e largo, inver- samente cordiforme. Pernas pequenas mas fortes; fe- mur duas vezes mais grosso do que a tibia; tarso pouco menos do que a metade do comprimento da tibia; unha grande e moderadamente curva. Derme chitinosa, especialmente nas margens, tor- na-se pardo-escura depois de fervida por muito tempo e tem numerosas glandulas pequenas. Na região sub- lateral da superficie ventral, ha grande quantidade de pellos pequenos e curtos, de cor pardo-avermelhada. Hab. Campinas. Nos ramos da Mimosa. Subfamilin Ortheziimae A femea adulta ordinariamente coberta com lami- nas de secreção branca; ovi-sacco presente; antennas com oito articulações. Orthesia Bosc. Genero Orthezia Bosc. 4. Orthezia imsignis Douglas. A femea adulta tem o corpo largamente oval, de 1,9 mm. de comprimento, e 1,2 mm. de largura, ex- cluindo as placas de cera, e varia de cor entre ama- — OTT — rello-clara e verde escura. A superficie ventral é geral- mente mais escura e uniforme. A segmentação, espe- cialmente para a extremidade posterior, é bem distincta. Olhos pequenos e simples, conicos, situados pertos das antennas. Antennas de 8 articulações. todas fulvas excepto a ultima que é preta; a primeira articulação é muito grossa; a segunda é a mais curta de todas e muito mais grossa do que as seguintes; a terceira é a mais com- prida de todas menos a ultima; a quarta, quinta, sexta e setima são quasi iguaes em comprimento ; a oitava é comprida e ligeiramente fusiforme. Pernas de cor pardo-amarello-clara com tarso es- curo; coxa forte; femur e tibia de comprimento quasi igual; o tarso tem 3/5 do comprimento da tibia. À su- perficie do corpo é ligeiramente coberta de placas de uma secreção branca, cerosa. Os lados e as superficies ventraes tambem contêm algumas placas pequenas de cera. (O ovi-sacco tem de 3 a 5 mm. de comprimento e é composto de placas de uma secreção branca, é fi- xado à extremidade do corpo e geralmente tem a ponta curvada para cima. Os lados são ligeiramente conver- gentes; a superficie inferior é lisa e arredondada; a superficie superior é ligeiramente achatada e marcada com rugas longitudinaes ; a ponta, é truncada, com uma abertura rectangular por onde as larvas sahem. Hab. Mandado das Aguas Virtuosas, Estado de Minas Geraes pelo Sr. Alvaro da Silveira. Tambem encontrado em Campinas pelo Dr. Noack. > Orthezia pracionga Douglas Adulto feminino comprido e estreito, preto, côr de piche, coberto de placas cerosas e brancas, côr de neve. Duas placas grandes e espessas se projectam por cima da cabeça. A superficie superior do corpo é coberta de uma substancia espessa e cerosa, formada da conglomeração de placas, cujas pontas redondas quasi não se extendem até as margens do corpo, deixando assim a derme ex- — 378 — posta dentro das margens lateraes; o meio desta massa é atravessado por um sulco longitudinal; na margem do corpo ha diversas placas estreitas que se extendem para traz e que augmentam em comprimento até a região anal, projectando-se muito e deitando-se nos sul- cos do ovi-sacco. O ovi-sacco é muito mais curto em cima do que em baixo; a superficie inferior é lisa e curvada para cima, especialmente na ponta, de sorte que é mais alto do que qualquer outra parte da super- ficie; entre este e a extremidade da superficie superior ha uma grande cavidade aberta. Os lados e a superficie superior do ovi-sacco são finamente riscados longitudinalmente. Antennas compridas, delgadas de 3 articulações, a articulação 8 sendo a mais comprida, de côr amarel- lada; base e apice finas. Pernas delgadas, de côr amarellada. Comprimento do corpo 2 mm.; com o ovi- sacco, 4.0 mm.; largura 2 mm. Hab. Ypiranga. Nos ramos de Hypts sp. Man- dado ao Prof. T. D. A. Cockerell do Pará pelo Dr. E. A. Goeldi, onde se acha no Citrus limetta Risso. No « Here der schweiz. Entomolog. Gesellschaft » Band 7 Heft 6, 1886, pp. 250—255, o Dr. Goeldi pu- NA uma dsscripção de uma Orthezia que achou perto do Rio de Janeiro, e a classificou como Orthezia urticae 1. Mas o Prof. Cockerell acha pouco prova- vel que esta especie exista no Brazil. Nos «Zoologische Jahrbiicher, Abtheilung für Sys- tematik, Geographie und Biologie der Thiere», XII Band 1899 p. 168, Dr. Goeldi falla de uma Orthezia achada no Pará, que ao principio pensava ser a Orthezia urticae L. O Sr. Jules Lichenstein porém, diz que pode: ser identica com a Orthezia americana, Walker. Esta opinião, no entretanto, carece de confirmação. Subfamilia Coccinae Annelcamal com: 'pelless sujeita a do M Annel anal sem pellos . . o 1. — A femea com um sacco de ale eodão, ou uma caso Om. 2) VR 0. OLS pao Rai Ri eee — 319 => A femea näo assim, mas coberta com uma secreção de algodão pe ordinariamente em borlas. É do 2. —A femea secreta um sacco de algodao : as an- tennas com sete articulações; O ee anal com seis pellos. Eriococcus Targ. A femea secreta uma casca cornea com uma eminencia caudal terminando num orificio ; as antennas säo rudimentares ou com seis articulações ; o annel anal tem oito pellos. Solenococcus Ckll. 3. —As pernas e antennas da femea adulta são bem POCO ASE POULIN) WS! LAT re io 2 As pernas e antennas da femea adulta säo ru- dimentares ou ausentes; o annel anal com seis pellos. Chaetococcus Maskell. 4. —QO annel anal da femea com seis pellos; as antennas de oito articulações. Dactylópius Costa. O annel anal da femea com seis pellos; as antennas de nove articulações. Phenacoceus Ckll. D. —A femea adulta com as EA e antennas bem formadas . SE pee at Sat A femea adulta con as pernas e antennas ru- dimentares ou ausentes 6. —A femea adulta com antennas de nove articu- lações; as pernas bem formadas; o insecto coberto com uma secreção branca. Pseudococcus Westw. A femea adulta com antennas de seis articu- lações; as pernas são presentes; o Insecto faz uma galha na forma dum disco nas folhas. Tectococcus Hempel. A femea adulta com antennas de oito articu- lações; as pernas são presentes; o insecto secreta uma casca globosa e tem o abdo- men com oito pares de espiraculos. Stiginacoccus Hempel. — 380 — 7. —A femea adulta nua, ou fazendo uma galha-. 8 A femea adulta secreta uma casca globosa . 9 8 —A femea adulta é nua, triangular, as antennas são como tuberculos pequenos; as pernas são ausentes. Carpochloroides CkN. A femea adulta fazendo uma galha ou não; as antennas com 4—6 articulações; só O ultimo par de pernas é presente. Capuluua Signoret. 9. —A femea adulta secreta nma casca globosa e dura; as antennas e pernas são rudimentares ; o abdomen tem sete pares de espiraculos. Cryplokermes Hempel. A femea adulta secreta uma casca flexivel; as antennas são rudimentares; as pernas são ausentes; o abdomen sem espiraculos. Aprococcus Hempel. Genero Pseudococcus Westwood G Pseudococcus cacti L. A femea adulta é oval, convexa, de côr de car- mezim, coberta duma massa feltrada de secreção branca. A derme é molle, não chitinizada. As antennas de 9 articulações, comprimento 5 mm., largura 3 mm. Hab. Rio Grande do Sul. Nas folhas do cacto, Opuntia sp. Encontrado 14 pelo Dr. H. v. Ihering. Genero Eriococcus Targ. —_ >. Eriococcus brasiliensis Chil, Fstampa V, fig. 9 A femea adalta é de cor pardo-avermelhada e de forma oval. O annel do anus tem6 pellos compridos. Antennas variaveis. Em algumas especies a arti- culação 3 é a maior e em outras a articulação 4 é a maior, — DSL — sendo 48 de comprimento. Articulagio 1 tem 22 de comprimento. Todas as articulações, excepto a 3*, tem um ou mais pellos. Os saccos do macho são da mesma consistencia e côr que os da femea, mas um pouco menores. O macho adulto éde cor pardo-escura. As antennas são variaveis, e ge- ralmente tem 30 articulações, mas às vezes tem só 8 ou 9. As articulações 2 a 9 são dilatadas nas extremi- dades distantes. A articulação 2 é muito grossa e tem o dobro do diametro da articulação 3. A formula é approximadamente, 10, 2 (93) 87 (456) 1. Todas as articulações têm muitos pellos exiguas, e alem destes, as articulações 8 e 9 têm 1,e a articulação 10 tem 5 pel- los grandes e grossos. O thorax é grande ; abdomen lar- go com varios pellos nas margens de cada segmento. A espiga genital é curta e eacuminada. Azas regulares; a bolsa da inserção dos balanços é grande, e estes são com- pridos e delgadosna ultima articulação, com um gancho na ponta distante. Unhas dentadas como na femea. Com- primento de 0,95 mm. Extensão de 1,87 mm. Hab. Ypiranga. Geralmente se acham apinhados nas extremidades dos ramos da Baccharis dracuncu- tefolia DC. O insecto é activo até pouco antes da gestação, quando constroe um sacco bem teltrado, em que gasta de tres a quatro dias para fazel-o. &. iEriococcus perplexus 7. sp. Estampa V figuras 7 a 9 Os saccos da femea têm até 11 mm. de compri- mento e 5.5 mm. de largura com 1.75 mm. de altura : são fusiformes, mais largos no meio, côr de neve, bem fel- trados, pontudos e tem uma pequena abertura na ex- tremidade posterior. A superficie dorsal pode ser um pouco achatada, e mostra os vestigios de estrias trans- versaes. A femea é de côr amarello-alaranjada com uma listra mediana longitudinal de côr parda. Depois de ser fervida numa solução de KOH mede até 4.5 mm. de comprimento e 2.75 mm. de largura. Tinge o liquido amarello-claro. Antennas variaveis, tem 7 articulações de 30 de comprimento. As articulações 1.5 e 4 são quasi iguaes em com- primento ; formula 1 (34) 27 (96) variando para 3 (14) 27 (65) As antennas são grandes e são pouco reduzidas nas quatro primeiras articulações. Todas as articulações, exepto a 3º, contém pellos. Pernas curtas e reforçadas; a coxa tem 2 pellos e 3 ou 4 espinhos curtos; o tro- chanter tem 2 pelios terminaes e um espinho. O femur é duas vezes mais comprido do que largo ; tibia e tarso são iguaes em comprimento e têm cerca de 7/10 o comprimento do femur; a unha é comprida e curvada ; todos os digitulos são delgados e tem as pentas dilatadas. O annel do anus tem 6 pellos. O mento se acha em frente do primeiro par de pernas; o laço rostral se extende atê a metade da distancia para o par mediano de pernas. Toda a superficie do corpo é coberta de espinhos direitos e curvos, e de glandulas bem pequenas e redondas. O abdomen acaba por um par de pequenos tuberculos. Larva recem-nascida, é de côr de laranja, pyri- forme; o abdo nen acaba por um par de tuberculos que terminam por uma cerda comprida. Entre os tu- berculos ha dois pellos compridos e quatro mais curtos. A superficie do dorso tem seis carreiras longitudinaes de espinhos grandes e agudos, e numerosos pequenos tuberculos. As antennas têm seis articulações ; a arti- culação 3 é a mais comprida. Pernas pequenas; unha comprida, delgada e um pouco curva; digitulos delga- dos. O annel anal ten seis pellos. Ha dois pellos conspicuos na margem da frente entre as antennas. Olhos pequenos. esphericos e pouco conspicuos. O laço rostral extende-se quasi até o annel anal. Hab. Ypiranga. No lado inferior das folhas de uma planta da ordem Myrtaceae. E' gregario e as vezes solitario. Acha-se tambem em Bello Horizonte, Estado de Minas Geraes, sobre a casca e as folhas de Eugenia jaboticaba. = Jon — 9. Eriococcus armatus 7. sp. Estampa V, fig. 10 Saccos da femea ovaes, achatados com uma aber- tura grande de forma elliptica na ponta caudal ; com- poem-se de uma substancia grossa e feltrada. Cor branca com uma tinta de creme; tem 3.25 mm. de comprimento e 2.25 mm. de largura. A femea adulta tem a forma ova ; cor pardo-avermelhada ; o abdomen é enrugado transversalmente. Fervida numa solução de KOH da ao liquido uma cor vermelho-clara. As antennas são bem juntas uma à outra e têm 7 articulações variaveis, 3.20 mm. de comprime_to. A articulação 7 é a mais comprida. Formula approximada 7 (12) 4635. Todas as articulações tem pellos. Com- primen o dos segmentos :— (1) 44, (2) 44, (3) 36, (4) 40, (5) 31, (6) 38, (7) 89. Pernas, curtas; tibia e tarso quasi iguaes ao femur e trochanter. Digitulos tarsaes delgados e com extremidades nodosas, e exten- | dendo-se até as pontas das unhas. Digitulos das unhas maiores e com as extremidades dilatadas. Rostro pe- queno e collocado entre as antennas e o primeiro par de pernas. Mento grande e dimero. O laço rostral é bem comprido. (Olhos pequenos e ovaes. Annel anal tem 6 pellos. Ha dous tuberenlos anaes, que terminam por uma setta comprida e contêm varios pellos, e 4 ou o espinhos curtos e grossos. Os ultimos 5 ou 6 seg- mentos do abdomen contêm nas margens lateraes e no dorso varios grupos de espinhos curtos, grossos e lan- ceolados; cada um desses grupos se compõe de 4 ou D espinhos. Espalhadas sobre ambas as superficies do corpo se acham fieiras redondas, pellos lanceolados e muitas glandulas pequenas de forma cylindrica. Estas glandulas são mais numerosas nas margens lateraes e caudaes do abdomen. ‘Tein o comprimento de 2.70 mm. A larva tem 0.440 mm. de comprimento e a forma oval. As antennas têm 6 articulações; a articulação 6 é a mais comprida. Pernas curtas e grossas; digitulos — 384 — bem delgados. (O annel annal tem 6 pellos. Os tuber- culos anaes não são conspicuos; cada um destes ter- mina por uma setta e contem dois espinhos curtos e agudos. O dorso contem cerca de 16 carreiras trans- versaes de pellos curtos. | Hab. Ypiranga, sobre Baccharis sp. Os individuos se reunem em grupos ao redor do caule perto do chao, ou nas extremidades dos ramos e tambem nas raizes. Genero Dactylopius Costa HO Bactylopius citri Poisd Adulto feminino de corpo alongado, de cor pardo- avermelhada, coberto de uma secreção branca e pulveru- lenta, muito fina, de sorte que apparece uma listra mediana longitudinal de cor escura. A margem do corpo contem um grande numero de appendices bran- cos e lanigeros, geralmente em numero de 17 em cada lado ; os da extremidade posterior do corpo são mais compridos do que os outros. Antennas de 8 articulações, das quaes a 3° e a 8º são as mais compridas ; a segunda é um pouco menor do que a terceira, e a quarta e a sexta são as mais curtas. O tarso tem 2/3 de comprimento da tibia, com os di- gitulos filiformes e muito compridos. Os digitulos da unha são muito curtos. Os lobulos posteriores do corpo contêm, aos lados dos pellos compridos, muitas fieiras redondas, dois espinhos conicos e dois ou tres pellos curtos ; os lobulos lateraes tambem apresentam os mesmos caracteristicos, porem, os espinhos conicos são menores, e as fieiras redondas em menor numero. Hab. Encontrado nas laranjeiras e limoeiras na Colonia Novo Mundo, Rio Grande do Sul, pelo Dr. H. v. Ihering. Af. Dactylopius grandis 1. sp. Estampa V. fig. 11. A femea adulta tem a forma oval, o dorso convexe e arredondado ; cor de laranja escura. O dorso é co- berto de uma secreção branca pulverulenta, disposta em uma carreira sub-mediana e outra sub-lateral lon- gitudinal de cada lado. Em roda da margem lateral ha uma guarnição de topetes curtos e brancos. Os dois topetes anaes são compridos e acuminados. A se- creção às vezes tem uma tinta de amarello. O adulto descança sobre uma massa de substancia branca felpu- da, que contem os filhos. Esta pennugem adhere fa- cilmente a todos os objectos com que vem em contacto. Os specimens maiores têm 7.90 mm. de comprimento, 9.00 mm. de largura e 3.00 mm. de altura. As antennas tem 8 articulações, a 8º sendo a maior. Articulação 1 é grossa, tendo quasi duas vezes o diametro da articulação 2. O comprimento das arti- culações é variavel; articulações 3, 5, 6 e 7 são quasi iguaes; articulações 1 e 2 são quasi iguaes ; as vezes articulação 1 é maior e outras vezes é a 2º que é maior. Formula approximada 8215 (367) 4 O comprimento medio das antennas é de 0.48 mm. Todas as articulações contêm pellos. Comprimento das articulações (1) 67, (2) 71, (3) 49, (4) 36, (5) 53, (6) 47, 17) 49; (8) 98. Qlhos pequenos e conicos. Pernas curtas e reforçadas, contendo poucos pellos ; coxa mais larga do que comprida ; tarso e tibia quasi iguaes em comprimento ao femur ; unha pequena; digi- tulos curtos e delgados com as pontas abotoadas. Os di- gitulos tarsaes são delgados e quasi não chegam até a ponta da unha. O laço rostral é muito curto. O annel do anus tem 6 pellos. Os dois tuberculos anaes não são cons- picuos, mas cada um tem diversos pellos, diversas elandulas de forma triangular e cerca de 15 espinhos curtos, grossos e agudos. Na superficie dorsal do corpo, perto das margens lateraes ha cerca de 32 grupos de glandulas e espi- nhos ; cada um destes grupos se compõe de 8 ou 12 pequenas glaudulas ou poros e de 5 a 8 espinhos cur- tos e agudos. A margem lateral tambem é guarneci- da de uma porção de pellos curtos. A superficie dor- — 386 — sal contem muitas glandulas triangulares, e espinhos curtos e agudos, collocados um a um apparentamente em carreiras transversaes. A superficie ventral do cor- po contem glandulas e muitos pellos curtos. As larvas recem-nascidas: têm a torma elliptica, côr amarella, olhos pequenos, conicos, de côr pardo- escura. As antennas têm 6 articulações: articulação Gé a mais comprida e é igual às articulações 3, 4 e 9 jun- tas. O laço rostral é comprido e extende-se quasi até o annel do anus. [Pernas compridas; unha delgada ; os digitulos da unha e do tarso são compridos, finos e abotoados. Os tuberculos anaes não são conspicuos e cada um tem uma setta terminal. Em roda da margem do corpo ha diversos espinhos curtos e agudos, e cada um dos ultimos dcis segmentos abdominaes contem dois espinhos de cada lado. O comprimento é de 0,46 mim. Hab. Ypiranga e São Paulo, nas folhas e ramos de goiabeira e outras plantas da ordem Myriaceae. Não é commum. 12. Dactylopius setosus 7. sp. Estampa V fig. 12 A femea adulta tem a forma elliptica e achatada, côr de laranja avermelhada. Pernas e antennas ama- relladas. Thorax e abdomen enrugados em sentido transversal. O abdomen termina em dois filamentos curtos e agudos de secreção branca; ambas as super- ficies do corpo são cobertas de um pó branco. No dorso ha uma carreira sub-lateral e marginal, de fila- mentos vitreos que sobresaem em todas as direcções e dão ao insecto nma apparencia de ouriço O specimen maior tem 5 mm. de comprimento e 2,19 mm. de largura. Antennas delegadas e geralmente têm 8 articula- ções; às vezes porém as articulações 3 e 4 se unem entre si formando uma só articulação ; as articulações — 387 — 4 a7 são ligeiramente dilatadas nas extremidades dis- tantes. Todas as articulações têm pellos; a articulação 8 é a maior. Formula approximada & 83 (21) 54 (67). O comprimento das antennas varia de 0.60 a 0.70 mm. Comprimento medio das articulações (1) 89, (2) 89, (3) 102, (4) 64, (5) 84, (6) 62, (7) 62, (8) 133. Pernas compridas e delgadas com muitos pellos. A coxa é curta e larga. As articulações do primeiro par de pernas medem :—femur 335 de comprimento; ti- bia 312; tarso e unha 125. Os digitulos tarsaes são del- gados com pequenos botões nas pontas, e se extendem até a ponta da unha. Digitulos da unha bastante di- latados nas pontas. Olhos, pequenos e conicos O laço rostral é bem curto. (O annel anal tem 6 pellos. Os tuberculos anaes são presentes; cada um termina por uma setta comprida e contem dois espinhos curtos e agudos, uma porção de pequenos pellos e varias glan- dulas exiguas de forma triangular. Ao redor do ori- ficio do anus em grupos, e dispostas em linha singella na margem lateral da superficie dorsal, ha umes glan- dulas caracteristicas de forma cylindrica; cada uma destas glandulas tem 35 de comprimento e 9 de lar- gura. De 3 a D pellos curtos se acham dispostas em roda da abertura destas glandulas. A superficie dor- sal tambem contem muitos poros exiguos de forma triangular, e ha muitos pellos na região cephalica. Ha tambem pellos e glandulas espalhados sobre a superfi- cie do ventre. Hab. —São Paulo. Nas ramas de uma especie de Ficus que se acha plantado como arvore de sombra x em algumas ruas da cidade. Nao é muito abundante. 13. Dactyvlopius secretus 1. s/. Estampa VI fig. 1 A femea é activa; corpo oval e estriado em sen- tido transversal; côr amarello-clara ; o dorso é coberto de uma secreção branca, fina e pulverulenta. A mar- gem lateral contem uma guarnição de pequenos tope- tes de cèra branca. Um par destes topetes que fica na extremidade caudal é maior do que os outros, e entre estes ha um outro par de topetes finos e filiformes. O specimen maior tinha 2.26 mm. de comprimento e 1.25 mm. de largura, mas é provavel que não esteve bem maduro. Mora em galhas de forma espherica ou cylindrica, que forma engrossando uma parte da folha e dobrando-a sobre si, com o eixo maior parallelo com o eixo maior da folha. A galha se acha no lado inferior da folha com a abertura no lado superior, e mede às vezes 12 mm. de comprimento. As antennas são curtas, grossas e têm 8 articula- ções; cada uma das articulações tem diversos pellos grossos; a articulação 8 é mais comprida. As anten- nas têm mais ou menos 0,42 mm. de comprimento. Formula approximada é 8213 (57) (46). O comprimento dos segmentos das antennas é (1) 57, (2) 62, (3) 45, (4) 30, (5) 40, (6) 35, (7) 40, (&) 98. Pernas curtas; as articulações do primeiro par de pernas medem : femur 191, tibia 182, tarso com a unha 102. Os digitulos tarsaes são finos, delgados com as pontas um pouco dilatadas, e não se extendem além da ponta da unha. Os digitulos da unha são grossos e dilatados extenden- do-se alem da ponta desta. O laço rostral é comprido extende-se até a metade da distancia entre o segundo e o terceiro par de pernas. Olhos bem pequenos e ovaes. Annel anal com 6 pellos. Os tuberculos anaes não são conspicuos; cada um termina por uma setta erande e contem dois pequenos espinhos agudos, pellos pequenos, glandulas pequenas de fórma triangular e outras elandulas maiores de fórma redonda. Todas as superficies do corpo contêm pellos e espinhos espalha- dos, e numerosas glandulas pequenas e grandes. O macho adulto tem a côr amarello-clara ; olhos pretos. Comprimento incluindo o estylo é de 0.85 mm. Extensão das azas de 2,25 mm. Ag antennas tem 10 articulações ; a articulação 10 é a mais comprida; as articulações 3 até 9 são quasi iguaes. Malteres curtos SS augmentados no meio; a cerda é fina com um gancho na ponta. Pernas compridas e delgadas com numero- sos pellos. A tibia tem o dobro do comprimento do tarso. Unha comprida e delgada, tem 1/3 do compri- mento do tarso. Digitulos curtos e filiformes. Estylo muito curto eacuminado. O ultimo segmento do corpo contem em cada lado do estylo um pello comprido e diversos pellos mais curtos. Os outros segmentos abdo- minaes tambem contêm varios pellos curtos nas mar- gens lateraes. Hab. : Ypiranga. Em galhas nas folhas de uma planta da ordem Solanaceae. Poucas galhas apenas têm insectos, e é provavel que as galhas são feitas por outros insectos e apropriadas por estes. Dactylopius. Esta especie é acompanhada por uma formiga. (Cer- matogaster ? ) Genero Phenacoccus Cockerell 14. Phenacoceus spiriferus n. sp. Estampa VI fig. 2 _ À femea adulta de forma oval e não muito con- vexa; côr de rosa; ambas as superficies são cobertas de um pó branco. Ia cerca de 36 topetes curtos, bran- cos, de fórma redonda na margem lateral; os 4 tope- tes anaes são um pouco mais compridos do que os outros. As femeas parasiticosas tomam a fórma cylindrica, e sua derme torna-se glutinosa. Os topetes marginaes são um pouco maiores na margem posterior do que no resto do corpo. As antennas têm 9 articulações; a a ane 5 69 major. O comprimento das antennas varia de 0,50 mm. até 0,93 mm. Formula approximada de 3 (12) 9786 (45). O BOL Ent dos segmentos dns _antennas (D 67; (2) OT (Du Ths (4); 42, (5) 142106) 45,..(7) 153) (8) 49, (9) 64. Todos os seamentos das pitas Ho pellos. Pernas de tamanho regular e não contem mui- — 0e tos pellos. © comprimento dos segmentos do primeiro par de pernas é: femur com trochanter 292; tibia com tarso 312. Unha curta e digitulos grandes com as pontas dilatadas. Digitulos tarsaes, filiformes com as pontas abctoadas. Olhos pequenos e conicos. O rostro é curto, quasi tão largo como comprido e contem dois pellos. O mente é dimero e contem numerosos pellos. O laço rostral extende-se atê o segundo par de pernas. O annel do anus contem 6 pellos grandes. Os tuberculos anaes não são conspicuos ; cada um ter- mina por uma setta comprida e contem dois espinhos curtos e agudos, e muitos pellos e pequenas glandulas. Na superficie dorsal perto da margem lateral ha cerca de 35 grupos de espinhos, cada grupo contendo dois espinhos curtos e agudos. Ambas as superficies con- têm pellos e numerosos poros pequenos de forma tri- angular. Além destas ha na superficie ventral dos ultimos cinco segmentos do abdomen muitas carreiras transversaes de fieiras maiores de forma redonda. Larva recem-nascida : tem a fórma oval, côr ama- rello-clara, olhos pardos. Os tuberculos anaes são sa- lientes, terminando cada um por uma setta comprida. Antennas de 6 articulações; a articulação 6 é a maior. As pernas são grandes, e os digitulos finos e filiformes. O annel do anus é munido de 6 pellos. O laço rostral é comprido e extende-se até a extremidade do corpo. O comprimento é de 0,810 mm. Hab. São Paulo. Acha-se nos entalhos dos pe- ciolos das folhas de uma arvore cultivada. Genero Solenococ us Ckll. 15. “olenococcus tuberculus 7. sp. Estampa VI fig. 3 A casca da femea adulta é oval, e o dorso bem con- vexo. Ha uma carreira mediana longitudinal de sete tu- berculos sobre o dorso; e mais duas carreiras de cada Jado, a dorso-lateral com 6 tuberculos ea lateral com 3 — 391 — tuberculos. Em roda da margem lateral ha uma car- reira de 18 a 20 tuberculos. A ponta caudal é ligei- ramente recurvada e tem uma abertura de forma re- donda. A casca é elastica, rija e tem a cor parda; ha porêm- umas linhas de cêra branca radiantes dos tuber- culos, que lhes dão uma apparencia geral de côr de cinzas. Ha duas linhas brancas pouco conspicuas no lado perto da margem ; estas linhas convergem na superfi- cie ventral. A casca é bem segura no galho; no inte- rior é lisa, brilhante e de uma côr pardo-escura. Tem 7 mm. de comprimento, 5 mm. de largura e 3,75 mm. de altura, A femea adulta é lisa brilhante, azulada em cima, amarellada em baixo, e enche completamente a casca, Fervida numa solução de KOH tinge o liquido de uma côr pardo clara. As antennas são representadas por dois pequenos tuberculos, contendo cada um uma moita de pellos. Faltam-lhe as pernas. O rostro é bastante re- movido das antennas, e está situado à metade da dis- tancia entre os dois pares de espiraculos. O mento é pequeno e dimero. O annel anal tem apparentemente S pellos grandes, os lobulos anaes são grandes, tendo a margem interior serrada, e contendo diversas settas. Logo acima do annel anal ha uma chapa dura de for- ma semi-circular que contem % pellos na base. Na super- ficie dorsal adiante do annel anal e tuberculos anaes ha quatro grupos de glandulas grandes e redondas; cada um destes grupos se compõe de 8 até 13 glandulas. Ha carreiras duplas de poros pequenos e redondos ex- tendendo-se dos espiraculos e das antenas atéa margem lateral. De cada lado perto dos espiraculos ha 3 ou 4 grupos de fieiras redondas. Ambas as superficies contêm muitasg landulas fila- mentosas, varias fieiras simples e redondas e outras fiei- ras dobradas em forma do algarismo 8; estas, porêm, são mais numerosas no lado dorsal. A larva recem-nascida, tem a forma elliptica, côr amarella e os olhos pequenos e pardos. Antennas curtas e grossas, de 6 articulaçães; a articulação 3 é a mais — 392 — comprida. O laço rostral é comprido e extende-se quasi até o annel anal. O annel anal contem 6 pellos grossos. Os tuberculos anaes são grandes e cada um termina por uma setta comprida, e contem dois espinhos curtos e grossos na margem interior, e varios pellos na base. A margem lateral é serrada e contem varios pellos finos. Sobre o dorso ha 6 carreiras longitudinaes de glan- dulas dobradas na forma do algarismo 8. Pernas cur- tas e os 4 digitulos são bem compridos e delgados. O comprimento é de 0.52 mm. Hab. São Paulo. Sobre Baccharis. Vive solitari- amente no caule psrto do chão. Os filhos saem da casca pela abertura caudal. Não é commum. 16. Solenococceus baccharidis n. sp. Estampa VI fig. 4 A casca da femea adulta tem a côr pardo-clara, a for- ma oval, lisa, e o dorso muito convexo. Os specimens novos têm as vezes alguns tuberculos pequenos no dorso. Radiando das margens lateraes ha de 1! até 13 fila- mentos ou processos curtos de côr branca, A casca é fina elastica e rija; a ponta caudal é ligeiramente recur- vada, e contem um pequeno orifício de forma redonda. Em baixo ha duas linhas brancas convergentes de cada lado. Tem 4 mm. de comprimento, 3.20 mm. de largura e 2.50 mm. de altura. A femea adulta despida de cera, tem a côr parda e a derme lustrosa. Iervida numa solução de KOH, tinge o liquido de uma cr amarello-parda. Antennas repre- sentadas por dois tuberculos, cada um contendo uma moita de pellos. (Geralmente faltam-lhe as pernas, mas às vezes se encontram nos individuos novos em forma de tuberculos terminados por unha. tostro grande e situado entre o primeiro par de espiraculos. O mento é dimero. =s Rio A ponta posterior do abdomen é chitinosa e pro- longada em fórma de cauda, que contem o annel anal e os tuberculos anaes. O annel anal tem 8 pellos gran- des. Logo acima do annel anal ha uma chapa chitinosa, semi-circular com dois pellos na base. Os tuberculos anaes são salientes, cada um terminando por uma setta grande, tendo outras settas menores. Ha uma carreira dupla de fieiras redondas que se extende dos espiraculos e das antennas até a margem lateral. Ambas as super- ficies contêm muitas glandulas filamentosas, fieiras em forma do numero 8,e alguns pellos e fieiras simples de forma redonda. As glandulas eas fieiras são mais nu- merosos na superficie dorsal. A larva recem-nascida é muito activa ; tem a forma elliptica, côr amarella e olhos pequenos e pardos ; as antennas tem 6 articulações; a articulação 6 é a mais comprida. A articulação 3 é quasi igual à 6 em com- primento. O laço rostral é comprido e extende-se quasi até o annel anal. O annel anal tem 6 pellos. Os tuber- culos anaes são salientes, e cada um termina por uma setta comprida e contem na margem interior dois espi- nhos curtos e curvados e varios pellos na base. Pernas compridas e reforçadas, e os quatro digitu- los compridos e delgados. A margem lateral do corpo é dentada e tem pellos curtos. O dorso contem 6 car- reiras longitudinaes de glandulas na fórma do algarismo S. O comprimento é de 0,44 mm. Hab. Ypiranga e São Paulo. Sobre o tronco e os galhos de Baccharis dracunculifolia D G. Acha-se às vezes em grandes quantidados, e está bem pegado a casca das arvores. £7. Carpochloroides viridis Cill. Estampa VI fg. 5 A femea adulta tem a côr verde-clara, forma irre- gular, approximando-se a uma pyramide triangular. E” mais larga antes do meio. A parte posterior do dorso é — 394 — marcada com 6 ou 7 estrias tranversaes. Quando remo- vido do galho deixa uma mancha de pennugem branca. A derme é grossa, mas fervida numa solução de KOH, torna-se transparente e mostra claramente as re- ticulações As antennas são representadas por dois tubsrculos que terminam por uma moita de pellos grossos. As par- tesboccaes são bem desenvolvidas e muitas vezes despren- dem e ficam cravadas na casca da planta quando o in- secto é removido. Faltam-lhe as pernas. À superficie ventral contem uma porção de cerdas agudas na mar- gem anterior. Tem 3,5'mn.de comprimento, 4,5 mn. de largura e 3,0 mm. de altura. E' viviparo. Hab. Ypiranga e Campinas. Acha-se nos renovos de varios arbustos da ordem Myrtaceae. Genero Capulinia Sign. iS. Capulinia jaboticabae v. Lhering Adulto feminino, de contorno oval, de côr amarello- clara, geralmente com uma secreção fina pulverulenta de cor branca na superficie. Antennas peqnenas, de cerca de 0.075 mm. de comprimanto, de 4--© articulações; a ulti na articula- ção tom una moita terminal de pellos. Faltam o pri- meiro e o segundo par de pernas. O corpo termina por 2 paquenos tuberculos, cada um dos quaes termina por um pello comprido. Na superficie dorsal e nas margens lateraes do corpo ha diversas carreiras de pellos com- pridos, cada um dos espiraculos contem um grupo de 18--25 fieieiras em roda das aberturas externas. Os quatro pellos anaes são curtos, fortes e agudos. Ros- tro grande, situado perto das antennas. Mento, ligeira- mente dimero, com a ponta um pouco recurvada. Laço rostral comprido. (Comprimento 2,40 mm.; largura 1,25 mm. O casulo do macho é pequeno, elliptico, de côr branca, feita de um material fino e feltrado com uma — 395 — abertura na ponta posterior. Comprimento 1,34 mm. ; largura 0,46 mm. Geralmente collocado entre as camadas de casca da arvore. Hab. Capoeira Grande, Sao Paulo, Ypiranga, e nas mattas à beira do rio Mogy-Guassu perto da cida- de de Mogy-Guassu. E” geralmente encontrado debaixo de pedaços de casca, ou nas fendas e gretas do tronco e dos ramos de Eugenia jaboticaba. Os ovos são pos- tos numa massa espessa de uma substancia branca e lanigera, secreta pelo adulto e que geralmente se pode vêr nos intersticios da casca. Onde este insecto appare- ce em grande numero produz muito estrago nas ar- vores. 19. Capulinia crateraformans KHempel Estampa IX, fig. 4 A temea faz umas pequenas galhas em forma de cratera na casca dos galhos e ramos. Esta galha tem cerca de 1,5 mm. de altura, e consiste em um annel exterior de 1mm. ou 1,5 mm, de diametro, e uma pequena eminencia coniforme no centro que pode ser facilmente removido. A cavidade occupada pelo insecto é lisa e forrada de um pó branco. Adulto feminino pequeno, de contorno oval, de côr de rosa, coberto de um pd branco de secreção. Fervido em uma solução de KOH torna-se incolor. To- manho depois de ser fervido: comprimento 0.96 mm, largura 0,73 mm. Antennas pequenas, variaveis, geralmente de cinco articulações, às vezes, porém, a articulação 3 se divide, formando antennas de 6 articulações. Comprimento, 0.096 mm. Formula approximada 31 (24) 5. Compri- mento medio das articulações : (1), 27: (2), 13; (5), 35; (4), 13; (5), 9. A ultima articulação contem uma moita terminal de pellos grossos, Não ha vestigios do primeiro e do segundo par de pernas; o terceiro par de pernas, defeituosos, sem — 396 — alguma articulação visivel, sem unha, é geralmente col- locado tão perto à extremidade do corpo que a metade do comprimento se extende além da margem posterior. Comprimento das pernas 0.177 mm. Rostro grande e bem desenvolvido; mento apparentemente dimero ; laço rostral, comprido, enrolado e extende-se até o segundo par de espiraculos. O abdomen é dividido em segmen- tos e termina em duas cerdas curtas. A abertura anal é guardada por quatro pequenos espinhos. Em roda da margem do corpo e na superficie dorsal, se acham es- palhados pellos pequenos e espiniformes. Os estigmas são chitinosos e bem desenvolvidos, e cada um tem de uma a quatro fieiras pequenas e redondas. A derme @ enrugada transversalmente. Hab. São João d’el Rei, Estado de Minas Geraes. Nos ramos e galhos de Hugena jaboticaba. OSE: Alvaro da Silveira fez a colleeção desta) especie, eames. creve que produz muito estrago nesta arvore fructifera. De uma nota publicada pelo Prof. T. D. A. Cockerell no « Journal of the New York Entomological So- ciety.» Vol. VI, Sept. 1698, pp. 174 e 175, & appa- rente que esta especie foi encontrada tambem no Estado de Sao Paulo, pelo Dr. J. de Campos Novaes. Fallando de C. jaboticabæ v. Ihering, o Prof. Cockerell diz: «o Dr. Noack tambem me enviou alguns specimens collecionados, 27 situ pelo Dr. José de Campos No- vaes em Itatiba, Estado de Sao Paulo, e tenho des- coberto que moram em pequenos galhos de forma de crateras. As femeas têm antennas de à ou 6 seg- mentos. » Ki” muito evidente que as especies examinadas por Prof. Cockerell não eram C. jaboticabe, mas sim C. crateraformans. toi encontrado tambem em São Paulo. As especies de Capulinia podem ser facilmente distinguidas pela seguinte tabella de caracteristicos. Não tenho exemplos de C. salle: Sign. e os caracteres dados aqui são tirados de Signoret, e Townsend & Cockerell. MR dE Comprimento 2.40 Comprimento 0.95 Comprimento 1.50 mm. Antennas 4—5 | mm. Antennas,de 5 a6 | a 1.67 mm. As anten- articulações. Compri- | articulações. Compri- | nas, são pequenos tu- mento das antennas 75 | mento das antennas, | berculos. Primeiro e Faltam o primeiro e o , 97. Yaltam o primeiro | segundo par de pernas segundo par de pernas, | e o segundo par de per- | representado por um as pernas posteriores | nas. As pernas poste- | tuberculo pequeno co- articuladas esem unha. | riores não são articula- | nico. Pernas posterio- O ultimo par de pernas | das e sem unha, Com- | res não articuladas e tem 0.302 mm. de com- | primento das pernas | terminando em uma primento. Uitimo par | do ultimo par 9,1Yimm | unha. Ultimo par de de pernas removido da | Ultimo par de pernas pernas removido da margem posterior. A | muito perto da margem | margem posterior. A femea não faz galha, | posterior. A femea faz | femea se cobre de um nem sacco definido: os | uma pequena galha em | succo de substancia ovos são depositados | forma de cratera. De | branca e lanigera, tra- em uma massa fofa de | 1 a 4 espinhos nos espi- | zendo um filamento uma substancia branca | raculos. Pellos curtos | simplese comprido des- e lanigera. Tem de 18 | nas margens do corpo. | de a ponta. a 39 fieiras em roda de | cada um dos espiracu- los. | Genero Chaetococeus Maskell 20. Chaectococeus bambusae Maskell. O adulto feminino produz uma lã branca que forma uma almofada debaixo, que às vezes parcialmente encobre o insecto; esta 1a frequentemente apparece muito dura e solida. Insecto de côr pardo-escura, alongado, ligei- ramente convexo o geralmente afinando para o lado posterior ; a parte cephalica é muito grande; os seg- mentos do abdomen, curtos e comprimidos. Compri- mento de cerca de 5 mm. Derme muito dura e solida. Antennas, quasi completamente atrophiadas, redonda- mente conicas, compostas apparentemente de tres ou quatro articulações confusas, com alguns pellos termi- naes. As pernas faltam completamente. Annel do anus com 6 ou 8 pellos. A derme contem grande quanti- dade de pellos exiguos e finos no dorsc; na superfi- cie ventral e nos segmentos de cada lado ha um grupo de pequenos orifícios ellipticos collocados bem juntos. — 398 — Hab. Campinas, Estado de Säo Paulo. Nos ramos do Bambu. Genero Cryptokermes n. g. A femea adulta é semelhante ade Xermes ; fechade em uma casca rude de forma espherica. Pernas e an- tennas quasi obsoletas. A parte caudal da derme tem massa densa de espinhas agudas. O abdomen contem sete pares de ospiraculos. Typo Cryptokermes brasili- ensis n. Sp. 21. Cryptokermes brasiliensis 1. sp. Estampa VI. figs. 6 e 7 A casca da femea adulta é aspera, dura, quebra- diça, de forma espherica com um orifício redondo na extremidade caudal, de côr pardo escura e semi-trans- parente; tem 6 mm. de diametro. A femea adulta tem a côr amarello clara e enche completamente a casca. A derme é molle, menos na parte caudal, onde se torna chitinosa e apresenta uma massa com grande numero de espinhos agudos. As an- tennas não apparecem. As pernas são representadas por pequenos tuberculos com unhas, serreados na margem interior. Dois pares de espiraculos grandes apparecem no thorax, e sete pares menores no abdomen. O- annel anal não tem pellos. A extremidade caudal do intestino é chitinosa por uma pequena dis- tancia e tem um collar espesso que às vezes mostra umas reticulações. Ambas as superficies do corpo são cobertas de pequenas e grandes fieiras de forma redon- da, e de pellos de bases tuberculadas. A femea do segundo periodo tem a casca alon- gada, elliptica com as pontas quasi acuminadas. E' aspera como a do adulto, mas não é tão quebradiça. A aspereza é devida ao facto da casca ser formada pela — 399 — secreção de pequenos glohulos de cèra. Despido da casca, o Insecto tem a forma oval, a côr amerellada e tem 8 ou 9 estrias transversaes no dorso. O dorso contem tambem perto da margem lateral sete pares de espiraculos que se abrem nas estrias. As aberturas exteriores são cercadas por uma pequena quantidade de secreção pulverulenta de côr branca., que se avistam cla- ramente por meio da lente. Debaixo do insecto ha uma massa pequena de secreção pulverulenta de côr branca. Fervido em uma solução de K O H, torna o liquido turvo, dando-lhe uma côr de amarello-clara. As antennas são representadas por tuberculos curtos e grossos que terminam por moitas de pellos duros. As pernas são re- presentadas por tuberculos grossos com unhas exiguas, O rostro é grande e extende-se das antennas até além do primeiro par de pernas. O mento é grande dimero. O laço rostral é muito comprido e em geral se acha enrolado. Dois olhos pequenos de forma oval se acham situados logo em frente ás antennas. O collar do in. testino, os espinhos e as fieiras, são iguaes aos do adulto. O abdomen tambem contem na superficie ventral, massas de pellos exiguos. Hab. Poços de Caldas, Estado de Minas Geraes. E' muito abundante nos ramos e caules de Schinus, especie de Mate. Muitas vezes as cascas de 2 até 6 individuos se unem entre si formando uma só massa. A femea no segundo periodo, secreta na extremidade caudal um tubo de cêra branca que contem na ponta uma gottasinha de um liquido transparente. Ao princi- pio julguei que este insecto fosse um Hermes, mas, com um exame mais detido, achei que era necessario constituir um novo genero para poder classifical-o. O Prof. T. D. A. Cockerell, a quem mandei alguns especi- mens, tambem pensa que deve pertencer a um novo genero. Genero Stigmacoccus n. g. O adulto feminino forma uma casca mais ou menos espherica, que tem uma grande abertura no apice. An- — 400 — tennas de 7 ou 8 articulações. Annel do anus, sem pellos. Abdomen com 8 pares de espiraculos. Typo Stigmacoccus asper n. sp. op oP ce = - Stigmacoceus asper i. sp. Estampa IX figs. 5 e 6 , A casca do adulto feminino, é amarella côr do Chromo, com o exierior coberto de bolor e muito as- pero; o interior liso e lustroso, de forma mais ou me- nos espherica ligeiramente comprimida nos iados e com um furo redondo ou alongado no apice. Este furo tem de | a 1.5 mm. de diametro. O interior da casca é espherico, com duas carrei- ras de pequenas manchas de secreção correspondendo aos estigmas do abdomen. I'requentemente uma grande parte do abdomen se acha projectada fora do buraco do apice, mas, geralmente apenas um fio de cor branca sae delle. Comprimento 9 mm.; largura 7 a 8 mm.; altura 8.90 mm. Espessura das paredes das cavidades da casca de 1.25 mm. a 2 mm. Acêra é quebradiça. Diametro da cavidade 5 mm. A femea removida da casca é chata de forma quasi elliptica, com o ab- domem ligeiramente attenuado. Attinge o comprimento de {1 mm. e a largura de 6.5 mm., de côr amarella com uma tinta ou som- bra cor de rosa; derme muito molle, menor na cabeça, onde ha uma area de derme chitinisada e achatada de cor pardo-escura. O abdomen é enrugado transversal- mente. Fervido numa solução de KOH, tinge o liquido de roxo escuro, quasi preto. A derme torna-se molle e incolor, excepto na re- gião cephalica. Antennas variaveis, de 7 ou de 8 articulações, sendo de 8 o numero typico. Comprimento de cerca de 0.950 mm. Cada articulação tem 30 ou mais pellos. Compri- mento Jas articulações: (1), 178; (2), 110; (2), 110; (4), 110; (5), 110; (6), 110 (7), “89: (8) A1 ; : Formula = 401 — approximada : 18 (23456) 7. Pernas compridas e cheias de pellos; a coxa ê quasi duas vezes mais larga do que comprida; o trochanter tem cerca de 36 elandulas redondas ; a bia é geralmente arcada para traz perto da ponta distal e o tarso é sempre curvado. Compri- mento das articulações do primeiro par de pernas: coxa 187, femur com o trochanter 812, tibia 688 ; tarso 390: unha 97. Unha curta, aguda, curvada, e com dois digitulos curtos e filiformes. Faltam os digi- tulos tarsaes. Rostro regular e situado perto das antennas. O abdomen contem 8 pares de espiraculos, cada um dos quaes contem uma porção de fieiras pequenas e pen- tagonaes em roda da abertura externa. Na região do thorax tambem ha dois pares de estigmas, os quaes são grandes e chitinisados, e têm o orifício externo em forma de frasco, com grupos de muitas fieiras peque- nas. Annel do anus sem pellos. A derme na extre- midade posterior do corpo é espessamente coberta de elandulas especiaes, discoides e apparentemente de tres cellulas. O resto da derme contem numerosas glan- dulas e pellos pequenos. Hab. Nas margens do rio Mogy-Guassi, perto de Pirassununga, Estado de S. Paulo. Na casca do ingä, Inga sp. Geralmente são apinhados ao lado inferior dos galhos e ramos. São cobertos de um bolor de cor preta e são acompanhalos de muitos individuos de uma formiga, (Camponotus sp.) Não é commum. Genero Apiococeus n. gs A femea constroe uma casca flexivel de forma espherica. Faltam-lhe as pernas. As antennas são re- presentadas por pequenos tuberculos. O annel anal não tem pellos. A parte cephalica da derme contem uma massa de fieiras pequenas de forma redonda. Ty- po Aprococcus gregarius n. sp. — 402 — 233 Apiococeus gregarius n sp. Estampa VI. fig. 8 A casca da femea adulta tem a forma espherica, é dura e rija, e tem um pequeno orifício redondo de um lado; a superficie é um pouco aspera, não é lustrosa e tem a côr pardo-escura. O interior da casca é liso e pintado de uma secreção branca. Tem de 2 a 3 mm. de diametro. A femea adulta tem a férma espherica e enche completamente a casca. Tem a côr pardo-clara com uma tinta amarella. Fervida numa solução de KOH, tinge o liquido de amarello claro. A parte cephalica da derme é glutinisada e contem um grande numero de fieiras e alguns pellos. As antennas são representadas por pequenos tuberculos, que terminam por uma moita de pellcs espessos e duros. O rostro é grande, rectan- e occupa o espaço entre os dois pares de espiraculos. gular O mento é dimero coma ponta bifida. O annel anal não tem pellos. Os tuberculos anaes não são cons- picuos e cada um contem cerca de 12 espinhos agudos. Ao redor do orificio do anus, ha mais 50 espinhos agudos e cerca de 80 pequenas glandulas redondas, dispostas em duas massas alongadas. A derme, espe- cialmente perto da região caudal, contem muitas fieiras pequenas e redondas e alguns pellos. A derme contem tambem inuitas pequenas invaginações que formam pe- quenos bolsos. Espalhados em ambas as superficies, ha muitos espinhos especiaes deforma conica. Estes espinhos são caracteristicos e pertencem a todos os individuos deste genero. As larvas recem-nascidas têm a forma ovale a côr de laranja amarellada. As antennas têm 6 articulações ; a articulação 6 é a maior. Pernas curtas e grossas. As unhas são muito curvadas; os 4 digitulos são compri- dos e têm as extremidades abotoadas. O abdomen ter- mina por duas settas compridas. Os tuberculos anaes, não são desenvolvidos. Na superficie dorsal entre as settas, ha oito espinhos agudos. A margem lateral — 103 — tambem contem varios espinhos agudos. Em roda da margem lateral do abdomen e da cabeça, ha cerca de 24 espinhos grandes e embotados, em forma de clava ; na superficie dorsal, ha cerca de 16 espinhos mais com- pridos do que os primeiros. Os espinhos do dorso são dispostos em uma carreira transversal de 6, sobre o ultimo segmento do thorax; e de duas carreiras sub- lateraes de 5 espinhos cada uma sobre a cabeça e o tho- rax. O laço rostral é comprido e extende-se até a ex- tremidade do abdomen. Tamanho de 0.360 mm. Hab. Ypiranga. Encontram-se apinhados nos re novos de uma planta da ordem Myrtaceae. Não são communs. Æ4. Apiococeus singularis 1. sp. A casca da femea adulta tem a forma espherica e contem um pequeno orifício redondo de um lado. A superficie exterior é aspera e tem a côr preta, um pouco abaixo da superficie a cor torna-se parda ou côr de café. No interior a casca tem a côr pardo- escura; é lisa e coberta de uma secreção de côr branca, e pulverulenta. O specimen maior tem 5 mm. de dia- metro. A femea adulta tem a forma espherica, côr ama- rello-clara, e enche completamente a casca. IT ervida em uma solução de KOH, tinge o liquido de um ama- relle-dourado. A derme é semi-chitinisada e tem muitas fieiras pequenas e redondas apinhadas na re- gião cephalica. As antennas são representadas por peque- nos tnberculos com a moita habitada de pellos duros. O rostro é granae, mas é situado mais ao lado do ce- phalo do que na especie precedente. Faltam-lhe as pernas. O annel anal não tem. pellos. Os espiraculos são tubos com ambas as extremida- des dilatadas formando disco. O disco exterior é bem coberto de fieiras de fcrma redonda. Grande numero de trachéas finas partem da abertura interior, formando raios. Os tuberculos anaes não são desenvolvidos, mas, a Wes são indicados por uma massa de 6 ou 7 espinhos de cada lado. Ao redor do orificio anal, ha cerca de 16 espinhos pequenos e agudos: duas settas maiores, e algumas fieiras massiças, pequenas, de forma redonda. A derme contem as habituaes fieiras de pellos, invagi- nações e os espinhos especiaes de forma conica. As invaginações da derme são grandes e quasi esphe- ricas. Um individuo que examinei tinha quasi qua- renta destes bolsos. A larva recem-nascida, tem forma e elliptica, cor amarello-clara. As antennas têm 6 articulações ; a arti- culação 6 é a maior, mas a articulação 1 é quasi igual Pernas curtas e grossas. Os 4 digitulos são delgados. O laço rostral é comprido. Os tuberculos anaes não são desenvolvidos. O abdomen termina em duas settas com- pridas. Entre as settas, ha 6 espinhos curtos e agu- dos e dois pellos compridos. Em volta da margem, ha de 28 a 30 espinhos curtos e grossos. No thorax e na cabeça, ha dez espinhos curtos e grossos; estes espinhos são dispostos em duas carreiras sub-medianas e longitudinaes de cinco espinhos cada uma. Tem (0,540 mm. de comprimento. Hab. Ypiranga. Acham-se espalhados solitaria- mente sobre os renovos de um arbusto da ordem Myr- tacae. São muito raros. 2> Apiococeus asperatus n. sp. A casca da femea adulta é espherica, dura, grossa, preta e aspera no exterior devido a uns pequenos tu- berculos. Em baixo da superficie tem a côr pardo- escura. O interior da casca é lisa e é coberta de uma camada fina de uma secreção branca. Tem 3 mm. de diametro. A femea adulta tem a forma espherica, a côr ama- rello-clara e enche completamente a casca. Fervida numa solução de KOH, tinge o liquido de amarello claro. A derme & parcamente chitinizada e tem uma massa grande de fieiras redondas na parte cephalica. — 405 — As antennas säo bem unidas e säo representadas por pe- quenos tuberculos com moitas terminaes de pellos du- ros. Faltam-lhe as pernas. O rostro é grande e é situa- do entre os dois pares de espiraculos. Os espiraculos, menores do que nas especies precedentes, mas, comtem uma porção de fieiras ao redor do orifício exterior e uma grande quantidade de trachéas radiantes no orifi- cio interior. O annel do anus não tem pellos. Os tuberculos anaes não são desenvolvidos, mas, são indicados por uma massa de cerca de 10 espinhos de cada lado. Ao redor do orifício anal, ha mais 30 espinhos, 2 settas compri- das, 2 curtas e cerca de 80 fieiras redondas, dispostas em massas alongadas. A derme contem as habituaes fieiras, pellos e espinhos de fórma conica. As invagina- ções da derme são poucas, pequenas e são semelhantes ds do A. singularis. Hab. Ypiranga. Solitariamente sobre os renovos de uma planta da ordem myrtacene. Não é commum. <6. Apiococeus globosus n. sp. A casca que envolve a femea adulta é espherica dura e rija; é lisa tanto no exterior como no interior; tem a côr branca com uma tinta côr de creme. Num lado tem um orifício pequeno de fórma espherica. Tem 2.7) mm. de diametro. As cascas novas tem a forma oval. A casca não dissolve na solução de KOH. A femea adulta é globosa, enche completamente a casca, tem algumas rugas transversaes no abdomen e é de côr amarello-clara. A derme é molle e contem uma grande quantidade de fieiras pequenas e redondas, api- nhadas sobre a área cephalica. As antennas são peque- nas, de dois segmentos e tem uma moita terminal de pellos duros. As pernas, faltam. O rostro é grande, rectangular e estã situado entre os dois pares de espira- culos. O mento é dimero. O laço rostral é comprido e dobrado sobre si. O espiraculos são tubos com ambas as extremidades dilatadas, formando discos. O disco exterior — 406 — contem muitas fieiras redondas e da ponta interior par- tem trachéas em grande numero, formando raios. O annel do anus não tem pellos. O orifício do anus é guarne- cido com 4 espinhos agudos. Além destes ha cerca de uma duzia de espinhos e numerosas fieiras ao redor do orificio anal. A derme contem um grande numero de ficiras, alguns pellos e os espinhos caracteristicos de fórma conica. As invaginações da derme são pequenas, mas numerosas. Hab. São Paulo. Acha-se na casca de um arbus- to da orden Myrtaceae. E' muito raro. Genero * Teciscocens” a). os A femea é constructora de galhos e tem o corpo oval. Pernas presentes. As antennas têm 6 erticulações. O annel do anus é destituido de pellos. Typo Tectococ- cus ovatus, N sp. 27. Wectococeus ovatus 2. sp. Estampa VI fig. 9 A femea adulta forma galhas circulares, convexas de ambos os lados à semelhança de uma lente. A ga- lha é formada em ambos os lados da folha, mas, tem a abertura só no lado inferior. Os lados da galha em ge- ral são um pouco elevados em roda da abertura que esta cheia de uma massa de secreção solta de côr branca. O interior da galha é liso, de fórma espherica, e co- berto de um pó de côr branca. As galhas maiores teem 8 mm. de diametro e 5 mm. de espessura. A femea adulta é oval, entumecida e tem a ponta caudal acuminada. Tem a côr parda, coberta de um pó branca. A derme é molle. O dorso tem rugas trans- versaes. Tem 2,1 mm. de comprimento e 1,50 mm. de largura. As antennas são bem unidas, curtas, grossas e tem 6 articulações ; a articulação | @ a mais comprida. tg te O comprimento das antennas éde 0.217 mm. O compri- mento das articulações das antennas: (1) 49, (2) 30, (3) 30, (4) 36, (5) 30, (6) 36. Todas as articulações das antennas, e excepto a articulacäo 3, tém pellos. A for- mula approximada é de 1 (46) (235). Pernas, de ta- manho regular. O comprimento das articulações do pri- meiro par de pernas é o seguinte: femur com trochanter tem 151, tibia tem 98, tarso e unha têm 84. Os digi- tulos do tarso e da unha não são muito compridos, mas, reforçad.s e têm as pontas dilatadas. O trochanter tem um pello bem comprido e um outro mais curto. O rostro é grande e esta situado perto das antennas. O mento é apparentemente monomero. O annel do anus é destituído de pellos. O orifício anal é guarnecido com quatro espinhos agudos. Os tuberculos anaes não appa- recem. O abdomen termina por duas settas pequenas. A derme contem muitas fieiras pequenas de fórma re- donda, e pellos compridos. Os ovos são pequenos, el- lipticos e de côr amarello-clara. Hab. São Paulo e Ypiranga. As galhas se acham nas folhas de uma planta da ordem Myrtaceae. Não é commum. Subfamilia Asterolecaniinae O insecto tem uma franja de varinhas crystallinas ; antennas 3 pernas rudimentares Asterolecaniwm Targ. O insecto sem a franja, e com antennas e pernas bem formadas Lecaniodiaspis Targ. Genero Lecaniodiaspis Targ. 238. Lecaniodiaspis rugosus n. sp. Casca da femea adulta oval até sub-circular, côr pardo-clara. Dorso enrugado transversalmente, com um leve sulco longitudinal e coberto de uma secreção fina de cera. Margens lateraes ornadas de 20 até 30 pin- = AO = tas’ de cera. Comprimento 3.25 mm.; largura 2.75 mm.; altura 0.50 mm. "A femea adulta é largamente oval no contorno. An- tennas cylindricas, variaveis, de 8 articulações; com- primento medio 0.302 mm. A formula approximada é 4 (2396) 178 ou 34 (25) 61 (78). Comprimento das ar- ticulações : SR) 496 (3) 45 ; (4) 49: (5) 45; (6) 45; (7) 25; (8) 25. Todas as articulações, excepto avos e 4.º têm pellos. Rostro grande; laço rostral comprido. Pernas presentes como tuberculos curtos e cylindricos, terminados por uma unha comprida. Espi- raculos pequenos, juntos e com algumas fieiras peque- nas e redondas ao redor do orifício. Annel do anus apparentemente com 10 pellos. Logo atraz do annel do anus ha uma chapa chitinosa ccm um corte pro- fundo. O abdomen acaba por dois tuberculos inconspi- cuos cada um com algumas cerdas terminaes e alguns espinhos. Cercando a margem lateral ha alguns pellos cur- tos e espiniformes. De cada lado da região cephalica ha na superficie dorsal um grupo de dois espinhos grandes. um mais comprido do que o outro; atraz des- tes ha outro espinho e atraz deste um outro, formando assim duas carreiras longitudinaes de quatro espinhos em cada uma. Estes espinhos são grandes, ligeiramente curvados, com pontas arredondadas e ligeiramente di- latadas; o comprimento é de 53 a 66. Toda a su- perficie do corpo é coberta de pequenas fieiras em forma de V, e de numerosas glandulas finas e filamen- tosas ; comprimento cerca de 44. Casca do macho de côr creme, forma elliptica ar- redondada em ambas as extremidades ; enrugada trans- versalmente, tendo um sulco mediano longitudinal e um pequeno entalho ao redor do dorso perto da margem lateral. Gomprimento 1.50 mm.; largura 0.81 mm. Hab. Ypiranga. Cobrem espessamente a casca e os ramos de uma arvore silvestre não identificada. Si atacar as arvores cultivadas, ha de produzir muito damno em razão do grande numero. Esta especie = 409 tem uma apparencia superficial com a L. celtides CkIl. mas se distingue desta pelos segmentos das antennas, a falta de pernas funccionaes, e a presença de fieiras e glandulas. Genero, Asterolecanium, Targ: 29. Asterolecanivm pustulans CA. Casca do adulto feminino quasi circular, de côr amarello-esverdeada, com uma pequena margem côr de rosa. Hab. Campinas, Estado de S. Paulo, nos ramos do pecegueiro. Infelizmente, a descripção original desta especie não me é accessivel e por consequencia não posso dar aqui uma observação satisfactoria. 350. Asterolecanium bambusae Boisd. Casca do adulto feminino oval, arredondada, muito convexa, de cor amarello-cinzenta, ligeiramente trans- parente. A casca forma um sacco completo, convexo em cima e chato em baixo, com uma abertura na ex- tremidade posterior para a sahida das larvas. Ao redor da margem da casca ha uma orla curta e fina. Faltam as antennas e as pernas. O abdomen termina por dois tuberculos, tendo cada um tres pellos compridos. Hab. Campinas. Ramos do bambu. «SH. Asterolecanium miliaris Poised. Casca do adulto feminino amarellada, mais ou menos oval, convexa, os lados irregulares, larga na frente, attenuada atraz; margem da casca com uma orla fina e curta. Faltam as antennas e as pernas. Annel do anus com seis pellos. O abdomen termina em dois lobulos exiguos, cada um dos quaes tem um pello comprido. Hab. Cubatão, Cachoeira e S. Paulo. Nas folhas e no tronco do bambu. — 410 — Subfamilia Tachardiinae O annel anal com dez pellos compridos; as an- tennas e pernas rudimentares. — Tachardia, Blanchard. Genero Tachardia Blanch. 32. Tachardia cydoniae 7. sp. Estampa VI, fig. 10. Casca da femea escura, côr de caté, lisa, lustrosa, ligeiramente alongada, com tres processos ou raios de cada lado. Dorso pouco convexo, com uma pequena proeminencia no meio, atraz da qual se acha uma abertura em roda da qual a laca é um pouco elevada. A laca não é fragil. Comprimento 3.75 mm., largura 2.90 mm.; altura 1.50 mm. A femea adulta fervida numa solução de KOH, dá ao liquido uma côr vermelho-escura. O insecto é um pouco mais comprido do que largo e tem tres lobulos de cada lado. As antennas são curtas e grossas, tendo cerca de 0.93 mm. de comprimento, e são apparentemen- te compostas de quatro segmentos. A ultima articulação tem diversos pellos curtos e terminaes. O mento e o rostro são bem desenvolvidos, e situados perto das an- tennas. O iaço rostral é bem curto. As duas glandulas laccaes são grandes e têm as aberturas guardadas por seis ou mais espinhos curtos e agudos. Perto das glandulas laccaes ha dois grandes espiraculos, ao redor das aberturas dos quaes se acham de 40 a 50 fieiras redondas. Perto do rostro ha um outro par de espira- culos menores. As pernas se acham presentes às vezes como pequenos tuberculos agudos. O espinho dorsal é forte e direito, obtuso e tem 0,110 mm. de compri- mento. O annel annal tem 10 pellos compridos. Ao redor do annel anal ha um como ou collar chitinoso que tem 12 pequenas chapas. Estas chapas são de numero variavel. Os lados são quasi parallelos e as extremida- — AU — des finamente dentadas. O collar traz na base muitos tuberculos exigtos e diversos pellos curtos. Sobre o dorso, entre o collar e o espinho dorsal, ha quatro tuber- culos, cada um dos quaes tem de 59 a 60 fieiras gran- des e redondas. Na superficie ventral perto das anten- nas e dos espiraculos ha quatro grupos de cerca de 15 glandulas pequenas e alongadas. A derme tem muito pouco pellos e fieiras. Comprimento 2 mm; largura 1,90 mm. A larva recemnascida, pequena, alongada, de côr roxo -escura, quasi preta. As antennas têm 6 articu- lações. À 5.º articulação tem dois pellos bem compridos. Laço rostral comprido. Pernas compridas e delgadas. O tarso e a unha ambos com um par de digitulos. O corpo termina em duas cerdas compridas, na base das quaes ha diversos espinhos curtos. Entre estas está o annel chitinoso, com 6 ou 8 proeminencias. Dentro deste annel está o annel do anus que contem 6 pellos. De cada lado do prothorax ha um entalho, em que estão situados os grandes espiraculos. As aberturas destes es- piraculos são providas de cerca de 10 fieiras redondas. De cada lado do dorso ha 3 ou 4 carreiras longitudi- naes de pequenos tuberculos cada um dos quaes termina por um pello. Na superficie ventral ha 2 carreiras me- dianas longitudinaes de pellos curtos. Comprimento 0,440 mm. Hab. S. Paulo sobre o marmeleiro cultivado. Cydo- nid sp. Os insectos geralmente se acham solitarios no lado inferior dos ramos. A's vezes, a lacca de dois ou tres individuos se confunde em uma só massa. 33 Wachardia rubra n. sp. Estampa VI, fig. 11. A casca da femea, quando solitaria, é quasi circular com uma pequena tendencia de formar 5 ou 6 lobulos. A laca de differentes individuos geralmente se funde, mas não forma grandes massas. O exterior é escuro e liso e tem muitos filamentos de uma secreção branca Se Sp espalhados sobre a superficie. A lacca, da cor de la- ranja, é quebradiga só em specimens muito velhos. Tamanho dos individuos maiores: comprimento 5 mm. ; largura 4,25 mm.; altura 2.5 mm. A femea adulta, despida de cera, é sub-circular, con- vexa, com a tendencia de formar seis lobulos. Fervida numa solução KOH, tinge o liquido de uma côr ver- melho-escura. As glandulas laccaes são grandes, clavi- formes, e não têm os espinhos na abertura externa como na 7. cydoniae. As antennas têm apparentemente A segmentos ; têm 0,084 mm. de comprimento; são claviformes e a articulação terminal traz dois pellos cur- tos. Rostro e mento pequenos. Laço rostral curto. Per- nas ausentes. Annel do anus tem 10 pellos curtos e grossos que se prolongam pouco além do annel chitinoso. As placas chitinosas sobre o annel caudal. são em nu- mero de dez; os lados são quasi parallelos e as ex- tremidades grossamente dentadas. O espinho dorsai tem 0,089 mm. de comprimento; é obtuso e ligeiramente curvado na base. O par de espiraculos grandes se acha perto das glandulas laccaes e tem grande numero de fi- eiras ao redor do orificio externo; o outro par é pe- queno e se acha perto do rostro com 12 ou 15 fieiras ao redor do orifício externo. Os quatro tuberculos entre o annel caudal e o espinho dorsal são bem desenvolvi- dos e têm bastantes fieiras redondas. A superficie do corpo tem muitos pequenos tuberculos, cada um dos quaes termina em um pello. Os 4 grupos de glandulas alongadas da superficie ventral da 7. cydoniae não se acham nesta especie. (Comprimento 3 mm.; largura 3 mm. ; altura 2 mm. As larvas como na 7! eydoniae. Comprimento 0,900 mm. As partes boccaes são bem grandes, e os fi- lamentos rostraes são maiores do que na 7! cydoniae. Hab. Cachoeira, Estado de S. Paulo; agrupados sobre o tronco e os ramos de uma planta indigena, Croton sp. e na Villa Americana. Este insecto appa- rece em- grandes numeros e podia talvez ser utilizado pela sua lacca ou tinta. — ‘413 — 34 Tachardia parva n. sp. Estampa VIfig. 12 As femeas novas têm uma casca de lacea parda, alongada com um tuberculo de mais ou menos a meta- de do dorso e tres saliencias nas margens lateraes de cada lado. A casca dos specimens mais velhos é globosa etem a côr de laranja escura. Os specimens variam entre 2mm a27ómm de comprimento ede 1,25 a 2 mm de largura. A femea destituida de cera, tem tres lobulos cons- picuos de cada lado. Comprimento 1,25 mm; largura 0,75 mm Fervida em uma solução de KOH, tinge o liquido de côr de rosa. As antennas são curtas e têm mais ou menos a mesma grossura em todo o seu comprimento. As glandulas laccaes são grandes e estão muito perto dos grandes espiraculos. Ao redor da abertura dos grandes espiraculos e na superficie entre estes e os outros espiraculos ha muitas fieiras redondas. Rostro e mento grandes. O laço rostral é curto. Pernas separadas por tubsrculos inconspicuos curtos e agudos. Na superficie ventral em frente às antennas ha dois grupos de cerca de 16 glandulas alongadas, e atraz das antennas ha mais dois grupos de 8 a 10 glandulas em cada um. O espinho dorsal tem 0,146 mm de comprimento, é agudo e tem dois pequenos tuberculos na base. O an- nel do anus tem 10 pellos compridos, que se prolon- gam quasi a todo comprimento além do collar chitinoso e do annel caudal, e se curvam para o lado de fora. O an- nel caudal é grande e tem muitos tuberculos exiguos e alguns pellos na base. Este annel termina em 10 placas curtas e chitinosas que tém os lados quasi parallelos e as extremidades profundas e irregularmente recortadas. Os quatro tuberculos na superficie dorsal entre o annel caudal a o espinho dorsal säo pequenos, mas trazem 40 a 50 fieiras redondas em cada um. Toda a superficie do corpo é coberta de pequenos tuberculos, cada um dos quaes termina num pello. A superficie ventral tem a apparencia de estar coberta de muitas carreiras trans- versaes de pellos exiguos. Hab. Cachoeira e Ypiranga, sobre os ramos de um arbusto da ordem Myrtaceae. Muitos dos in- sectos estão cobertos de bolor preto. Os individuos ge- ralmente são independentes e a lacca raras vezes se funde. 3%. Wachardia rosae n. sp. Estampa VI, figs. 13 e 14 A casca da femea é alongada, cor de laranja escura, com uma bola sobre o dorso e tres proeminencias ra- diantes das margens lateraes de cada lado, dando-lhe uma apparencia de estrella. Ha geralmente dois fila- mentos de secreção branca, logo em frente à elevação dorsal, provenientes talvez dos grandes espiraculos. Muitos dos individuos estão independentes e a lacca é molle e plastica, mas nos specimens mais velhos a lac- ca é dura e quebradiça e geralmente se acha fundida em grandes massas. Tamanho medio: comprimento 4 mm.; largura 3 mm.; altura 1,75 mm. A femea adulta, despria de cèra, tem tres peque- nos tuberculos em cada lado. Fervida numa solução de KOH tinge o liquido de um vermelho escuro, cor de clarete. Antennas pequenas, claviformes, com dois ou tres pellos curtos na ultima articulação. As articula- ções são confusas e pouco distinctas, mas parecem ser em numero de quatro; comprimento 89. Rostro e mento regulares. Laço rostral curto. Pernas ausentes. As aberturas externas dos grandes espiraculos são cer- cados de mais ou menos 60 fieiras redondas. Os esp- iraculos pequenos são bem juntos e têm apenas 5 ou 6 fieiras nas aberturas externas. Os quatro tuberculos dorsaes entre o annel caudal e o espinho dorsal são pequenos e cada um traz cérca de 40 fieiras. O espi- nho dorsal é direito e agudo e tem 0,151 mm. de com- primento. Annel do anus tem 10 pellos grandes, que não se extendem muito além do annel caudal. Annel caudal chitinoso, terminando em 10 placas chitinosas e — 415 — trazendo na base muitos tuberculos exiguos e diversas fieiras pequenas. As placas chitinosas são curtas, estrei- tas na base e têm as extremidades dilatadas e dentadas. Na superficie ventral, perto das antennas e espiraculos, ha quatro grupos de cêrca de 16 grandulas alongadas. Espalhadas pelo corpo ha seis ou mais arcas ovaes em que a derme em parte é chitinosa e tem alguns pellos exiguos e algumas glandulas. As larvas têm a fórma elliptica como T. cydoniae. Comprimento 0,45 mm. Hab. S. Paulo, agrupados sobre os ramos de ro- seiras cultivadas, em diversas partes da cidade. 36. Tachardia ingae. n. sp. Estampa IX, fig. 7 Casca do adulto feminino sub-globosa, com o dor- so ligeiramente achatado e uma abertura perto do cen- tro. Lacca escura, lustrosa, quando a casca é espigada, semi-transparente, grossa, quebradiça, de côr verde- clara, com listras pardas. Alguns filamentos finos de cor branca, geralmente sahem pelo orifício do dorso. A lacca de diversos individuos geralmente se funde, fazendo massa confusa. Diametro 5,25 mm.; altura 3,10 mm. Despido da laeca, o insecto é tribolado. Os tubos laccaes e o osso caudal são do mesmo comprimento e ficam erectos sobre o dorso. Comprimento 3,5 mm.; largura 3 mm.; altura 2,50 mm. Fervido numa solução de KOH tinge o liquido de côr roxo-escura. As anten- nas, pequenos tuberculos, têm cerca de 0,110 mm. de comprimento, e apparentemente 6 articulações. Pernas representadas por tuberculos muito pequenos e conicos, com unhas; comprimento do primeiro par 184. Anten- nas muito juntas. Rostro grande e situado logo atraz das antennas. Laço rostral situado muito perto do rostro. Os estigmas grandes tê dem 140 a 150 fieiras ao redor dos orifícios; os pequenos têm de 10 a 12 ao redor dos orifícios. O espinho dorsal, direito, obtuso e tem cerca de 0.173 mm. de compri- mento. Glandulas laccaes grandes,com orifício oval for- — 46 — rado de numerosas glandulas. Annel do anus com 10 pellos compridos e divergentes ; as placas do annel chi- tinoso são profundamente recortadas; Os tuberculos posteriores têm, cada um, de 45 a 70 glandulas redon- das. A derme contem muitas glandulas e fieiras peque- nas. Hab. Nas margens do rio Mogy-guassú, perto da cidade de Mogy-guasst, nos ramos de Inga sp. Este insecto tem uma apparencia especial e parece tanto a uma baga ou uma semente que se confunde com estas. Não ê commum. Subfamilia Lecaniinae A femea adulta secreta um ovi-sacco; o dorso é nú ou coberto com uma secreção felpuda 4 A femea adulta sem o ovi-sacco; o dorso é co- berto com uma secreção cornea, vitrea ou cerosa À A femea adulta sem o ovi-sacco; o dorso é nú com uma secreção folgada e lanosa ou com delgadas laminas cerosas. Lecanium Iliger 1. — A femea é oval e chata e secreta um ovi- saeco que está alongado para traz, mas que nuncaNcobre LOMINSECIO NE. MAN od DN RR A femea secreta um ovi-sacco; mas 0 insecto é inteiramente ou quasi inteiramente coberto com uma secreção de algodão bem unida ou folgada 3 2— À femea é oval ou alongada; o ovi-sacco es- ta estendido para traz. Pulvinaria Targ. A femea é oval ou triangular; 0 ovi-sacco esta pouco desenvolvido, fazendo uma franja em torno da margem posterior. Protopulvinaria Ckll. A femea é oval; o ovi-sacco tem a fórma de um cone, é estuado e secretado debaixo o in- secto, levantando-o inteiramente do galho ou da folha. Pulvinella Hempel. 3. — A femea é alongada; o ovi-sacco está muito estendido para traz, a secreção é bem unida e cobre o insecto ordinariamente, deixando ex- posta a região cephalica. lachtensia Sign. = Sai A femea é oval; o ovi-sacco não é muito esten- dido para traz, o insecto é inteiramente co- berto com uma massa de secreção branca e felpuda e com uma escama folgada e transpa- rente. Tectopulvinaria Hempel. 4. — A femea adulta é coberta com cera, às vezes grossa; a margem não tem uma franja ou eminencias radiantes; se a cera é tirada enxer- ga-se um corno caudal. Ceroplastes Gray A femea adulta é coberta com cera, não grossa, e tem sete eminencias radiantes e compridas na margem, dando ao insecto o aspecto de uma estrella. Vinsonia Sign. A femea adulta é coberta com uma secreção delgada e vitrea, ou ao menos quebradiça . O. — A femea adulta tem as pernas e antennas bem formadas, a casca tem a fórma dum co- ne com estrias radiantes, as antennas tem cin- co articulações e a casca é sem cellulas de ar. Edwallia Hempel. A femea adulta tem as pernas e antennas au- sentes ou rudimentares RENE STAND Deus À 6— A femea adulta é chata e circular, com a casca vitrea em duas partes, desunida longitudinal- mente na linha central e com cellulas de ar, presentes; as pernas são ausentes, as antennas são pequenos tuberculos. Platinglisia Ckll. A femea adulta é muito convexa, com duas eminencias em fórma de um cone; a casca es- ta em duas partes, mas sem as fileiras de cellulas de ar; as antennas e as pernas são ausentes. Psendokermes Ckll. Todas as especies desta sub-familia, que foram observadas, tinham duas linhas convergentes e brancas, formadas de secreção, empoada, a cada lado. Parece que esta secreção esta formada pelas fieiras stigmataes e serve como uma media porosa, atravez da qual o ar alcança os espiraculos. Ol ©ù — AIR — Genero Lecariuml Wliger: 37. Lecanium branfelsia n. sp. Estampa VI, figs. 15 e 16 A femea adulta chata, de contorno subcircular, de côr pardo-avermelhada, com uma carreira dobrada lon- gitudinal, de cinco ou seis manchas pretas, de forma oval sobre o dorso, e ccm um annel mais claro nas margens. Ligeiramente asymetrica; diametro de 9 mm. Fissura anal tem 1.55 mm. de comprimento. Fervida em uma solução de KOH, a derme dor- sal permanece grossa e de côr pardo-escura ; compõe-se de cerca de 34 placas irregulares arranjadas do modo seguinte: uma area mediana dorsal de 12 placas, ao redor da qual as outras estão dispostas em carreira sin- gela como as escamas no dorso da tartaruga. Os es- paços entre as placas são estreitos e semi-transparentes. Ha tambem uma carreira mediana longitudinal de 50 a 60 pequenos poros redondos. Antennas variaveis, de 6 articulações ; comprimento . de cerca de 0,200 mm.; formula approximada: 36 (12) (45). Comprimento dos segmentos: (1), 31; (2), 31; (3), Tl; (4), 18; (6), 38. A 3.º articulação: “tem às vezes uma articulação falsa. Todas as articulações têm pellos. O primeiro par de pernas é inserto perto das antennas. O segundo e o terceiro par de pernas, bem junto sentre si, mas bem distantes do primeiro par. Per- nas muito curtas e um tanto defeituosas. A divisão entre O tarso e a tibia é geralmente obliterada, e este segmento é geralmente curvado. Comprimento das ar- ticulações do primeiro par de pernas: coxa 44; femur com trochanter 71; tibia, tarso e unha 88. Todos os digitulos têm as pontas dilatadas, e se extendem além da ponta das unhas. Os digitulos das unhas são iguaes em tamanho. Rostro pequeno e situado logo atraz da inserção do primeiro par de pernas. O laço rostral se extende por metade da distancia para o segundo par de pernas. O primeiro par de espiraculos está situado fóra — 419 — do primeiro par de pernas. O segundo par d+ espira- culos está situado fóra do segundo par de pernas, mas proximo destas. As placas anaes pequenas, com os angulos exteriores pouco arredondados e as margens antero-lateraes mais compridas do que as postero-late- raes. Annel anal tem apparentemente 10 pellos. Ao redor das margens lateraes ha uma carreira de pellos finos, collocados longe uus dos outros. A area estigma- tal è caracterizada por um grupo de tres espinhos cla- viformes, dois curtos e um mais comprido, e quatro pellos pequenos. Espalhados sobre a superficie dorsal, ha alguns pellos curtos. A casca do macho é oval, um pouco achatada, composta de céra muito fina, branca e lustrosa. As escamas consistem em uma placa dorsal estreita e sete placas lateraes. (Comprimento 2 mm.; largura 1,5 mm. Larva recem-nascida de fórma elliptica, côr ama- rello-clara ; olhos pequenos, irregulares, de cor parda. Comprimento 592. O corpo termina em duas pla- cas, cada uina acabando em uma cerda comprida e conspicua. As margens lateraes são finamente dentadas. O abdomen tem diversos pellos na margem. Cada area estigmatal é caracterizada por um espinho grande e claviforme e dois outros muitos pequenos. As anten- nas têm seis articulações ; as articulações 3 e 6 são as mais compridas e tem mais ou menos o mesmo con- primento. Pernas compridas e delgadas; os digitulos da unha e do tarso são muito compridos. Hab. Pilar e Alto da Serra, Estado de S. Paulo. Nos lados superiores das folhas de Brunfelsia sp Os primeiros specimens foram mandados para o Museu pelo Sr. Gustavo Edwall. São raros. $3. ELecanium gracile n. sp. Estampa VII, fig. 1 A femea adulta asymetrica, oval, achatada, de côr pardo-amarellada. Co nprimento 3,50 mm.; largura 2,90 mm.; altura 0,50 mm. Fervida numa solução de K O H da ao liquido uma cor de ambar. Depois de ser fervida a derme dorsal per- manece dura e: opaca. KH’ semelhante a L. brun- felsia, mas a porção central da derme se funde em uma sO peça; ao redor da margem ha uma carreira de cerca de 20 suturas, indicando as divisões das placas. Ha di- versos pellos finos espalhados pela superficie. Ha tambem uma carreira irregular longitudinal de 18 a 24 peque- nos poros redondos entre a cabeça e a placa anal. As antennas têm seis articulações, variaveis em com- primento. e medindo de 0.301 a 0.554 mm de compri- mento. Todas as articulações têm pellos. Formula approximada: 3 (26) 145 ou 326 145. - Comprimento dos segmentos: (1), 40; (2), 49; (3), 102— 144: (4), 24: (9), 26 ; (6), 91. Pernas regulares. Comprimento das articulações do primeiro par de pernas : coxa 120 ; femur com tochanter 178; tibia 129; tarso e unha 102. Digitulos da unha grandes, com base balbiforme e as extremidades largamente dilatadas, do duplo comprimento da unha. Digitulos tarsaes compridos, delgados, com as extremidades abotoadas. Mento pe- queno e situado entre o primeiro par de pernas. Laço rostral curto, extende se por metade da distancia até o segundo par de pernas. Espiraculos pequenos, com uma carreira singela de cerca de 36 pequenas fieiras re- dondas que se extendem da abertura externa até a mar gem do corpo. À fissura anal tem 0.730 mm. de comprimento e tem os lados contiguos. O annel do anus tem apparente- mente 10 pellos. Placas anaes pequenas, com fórma trian- cular e os angulos exteriores ligeiramente arredondados, os lados antero—lateraes mais compridos do que os postero—lateraes. Ao redor da margem do corpo ha uma carreira dupla de pellos finos, cada um dos quaes surge de um pequeno tuberculo. A margem é ligei- ramente intercalada nas areas estigmataes, e ahi tem um grupo de um espinho comprido e curvo e dois mais curtos. Larva recem-nascida de fôrma elliptica, côr de laran- ja, cerca de 0.450 mm. de comprimento. Antennas de = Mops seis articulações ; articulação 3 e 6 de quasi igual compri- mento. Laço rostral não enrolado, curto e não se ex- tende até as placas anaes. O corpo termina em duas cerdas compridas. A margem é dentada e tem uma carreira de pellos finos. Os espinhos estigmataes estão em grupos de tres; dois bem curtos e um comprido. Pernas regulares; unha comprida e curva; digitulos da unha compridos e com as pontas grossas; digitnlos tarsaes compridos, filiformes e com as pontas grossas. Hab. Villa Americana, ou Santa Barbara, Estado de S. Paulo. No lado superior das folhas de uma plan- ta da ordem Sapindaceae. 39. Lecanium ornatum 7. sp. Estampa VII, fig. 2 e à. A femea adulta oval, asymetrica, dorso pouco con- vexo; de cor pardo—escura com um annel claro na margem. Nos specimens mais velhos a derme é dura no derso e traz cerca de 24 sulcos radiantes perto da margem, e alguns sulcos irregulares na parte central. Toda a derme é coberta de uma secreção fina, branca e pulverulenta. Tamanho: comprimento 4 mm.; lar- gura 3 mm.; altura To mm. A fissura anal tem 0,625 mm. de comprimento ; lados não contiguos. Fervida numa solução de KOH, tinge o liquido de uma côr pardo-clara. Depois de ser fervida, a derme perde a côr nos specimens mais novos; nos mais ve- lhos, porêm, continua parda e dura. A derme tem car- reiras de glandulas, dispostas em grupos especiaes, de forma redonda ou oval, correspondendo aos sulcos. A derme fica assim dividida, em 24 areas marginaes e 22 a 24 areas centraes, no dorso. Destes grupos, ha alguns grandes e outros pequenos, e cada um contem de 10 a 30 pequenas manchas ellipticas e hyalinas. A derme ventral contem muitas glandulas grandes e tubi- formes, e grupos de fieiras, singelas de forma ae especialmente perto da margem. Antennas variaveis e têm geralmente 8 articula- ções, alguns individuos tem antennas de 7 articulações. Todas as articulações têm pellos, mas as vezes faltam esses nas articulações 3 e 4. Compri nento de cerca de 0.330 mm. Formula approximada : 312 (48) 567 ou 31 248) 567. Comprimento das articulações : (1), 53; (2), 42; (8), 625'(4), 43; (0), 96; (6), 275 (A 205085 4. Pernas compridas. Trochanter, com um pello com-- prido terminal. Unha pequena; digitulos da unha, do duplo comprimento desta, com as extremidades muito dilatadas. Digitulos tarsaes delgados, com as extremi- dades levemente nodosas, não extendem-se além dos di- gitulos da unha. Comprimento das articulações do pri- meiro par de pernas: coxa 133; femur com trochanter 244; tibia 187; tarso com a unha 124. Partes boccaes pequenas e situadas entre o primeiro par de pernas. Estigmatas muito pequenos. Annel de anus com 6 pel- los grandes. Placas anaes pequenas; as duas juntas formando um quadrilatero; os dois lados exteriores, iguaes em cumprimento. Na superficie dorsal de cada placa anal ha quatro pellos curtos perto da extremidade posterior. A margem está espessamente coberta de pel- los compridos, curtos, dispostos em uma carreira dupla ao redor do corpo, cada um dos quaes nasce de um tuberculo. Alguns destes pellos tem 133 de compri- mento e são muito delgados. Hab. S. Paulo. No lado inferior das folhas da ar- vore fructifera Eugenia jaboticaba. Quasi todos os spe- cimens examinados eram parasitados. 4 O. Lecanium perconvexum Chill. Estampa VII, fig. 4 A femea adulta muito convexa, de côr pardo-es- cura, pouco lustrosa, com pintas exiguas de côr mais clara, e manchas irregulares de uma secreção cerosa de côr esbranquiçada. Comprimento 3,25 a 4,5 mm.; largura 2 a 3 mm.; altura 2,25 a 3,25 mm. Fervida em uma solução de KOH, tinge o liquido de uma côr — 423 — pardo-escura. Antennas cerca de 0.089 mm. de compri- mento, representadas por uma protuberancia curta, gros- sa e cerdosa de 5 ou 6 articulações. Pernas muito curtas, afinando para as pontas, de fórma mais ou me- nos de uma cenoura; fermur e tibia mais largos do que compridos; digitulos presentes, curtos e filiformes. Partes boccaes pequenas. Derme chitinosa, de côr par- do-amarella, com numerosas covas glandulares, gran- des, de forma redonda ou oval, e algumas glandulas peque- nasentremeadas. Hspinhas marginaes muito pequenas e singelas ; placas anaes triangulares com os cantos arredon- dados, e os lados antero-lateraes mais compridos do que os postero-lateraes ; annel do anus com poucas cerdas. Casca do macho bem pequena, excedendo pouco a 1 mm. de comprimento e cerca de 2/3 de mm. Ge largura, de côr pardo-clara, lustrosa, rugosa, coberta de uma camada de secreção esbranquiçada, que é facilmente cahidiça. Hab. Campinas, Estado de S. Paulo, e S. Paulo. Abundantes sobre os ramos de Nectandra. Al, Leeanium urichi Chil. A femea é de côr pardo-avermelhada, muito Ins- trosa, quasi circular, regular mente convexa ; os segmeu- tos, marcados na superficie superior por linhas pretas ou escuras, transversaes, interrompidas com intervallos regulares. A fissura anal tem 1 mm. de comprimento, e tem os lados contiguos. Comprimento 4,75 mm ; altura quasi 2,25 mm. As pernas e as antennas faltam. As in- cisões lateraes são muito profundas e grandes, bulbosas, com as margens do bulbo grossas e de côr apparentemente pardo-escura. A margem tem numerosos espinhos pe- quenos e curtos. A derme não é marchetada, mas é co- berta de covas glandulares, grandes, que na luz transmitti- da parecem de côr pardo-escura num fundo de pardo-claro. Hab. Trindade e as Antilhas, na casa duma for- miga, Cremaslogaster brevispinosa Mayr. var. Rio Grande do Sul, Brazil, sobre Smilax campestris, Griesel. e em Campinas, Estado do S. Paulo, Brazil. — 424 — 42. Lecanium silveirai Hempel Femea de contorno sub-circular ou oval, côr ver- melho-clara. Dorso convexo, lustroso, com a derme dura, e é coberto de uma camada fina de secreção ce- rosa. Sobre o dorso ha um sulco mediano, longitudi- nal, mas a derme é depremida ao redor das partes anaes. Fissura anal tem 0,60 mm. de comprimento e os lados são contiguos. Duas linhas de secreção branca e pulverulenta partindo da superficie ventral sobem pelos lados. Quando removido do seu logar de descanço deixa uma mancha redonda de cera branca. Tamanho dos specimens ; comprimento 9 mm.; largura 3,5 mm. ; altura 2 mm. E' provavel que estes specimens fossem immaturos, visto que nenhum delles continha ovos ou larvas. Fervido em uma solução de KOH, a derme torna- se molle e transparente, ficando chitinisada sómente ao redor das placas anaes. Antennas e pernas ausentes. Rostro grande e bem desenvolvido, situado entre o primeiro par de espira- culos. Laço rostral comprido, extende se alèm das pla- cas anaes. Annel anal contem apparentemente 10 pellos. Placas anaes pequenas com os cantos exteriores arre- dondados, e os lados antero-lateraes um pouco mais compridos do que os postero-lateraes. Nas margens ha duas incisões em fórma de ferradura, de cada lado, oppostas aos espiraculos, e nestas a derme é grossa e chitinisada. (s espiraculos estão perto destas incisões e se acham ligados com ellas por meio de fieiras pe- quenas e redondas. As tracheas são grandes e multi- formes. Ao redor da margem do corpo ha duas ou tres carreiras de pellos finos, cada um dos quaes nasce de um tuberculo. Toda a derme é coberta de nume- rosas glandulas grandes e redondas em fórma de mam- mas. Estas têm a côr pardo-clara com um centro claro. Espalhados por meio destas glandulas ha diver- sos pellos e numerosas glandulazinhas filamentosas e delgadas. Eos Hab. Sete Lagoas e Diamantina, Estado de Minas Geraes. Nas raizes das videiras onde causa muito pre- juiso. As raizes da videira, Izabella, parecem ser mais affectadas. Os specimens foram collecionados pelo Sr. Alvaro da Silveira, mas o Sr. Amandio Sobral e dr. Campos da Paz conhecem uma doença por muitos annos attribuida a este insecto. Esta especie é de interesse particular para os agricultores e entomologistas sob o ponto de vista economico, e será difficil de combatel-a por causa de seus costumes subterraneos. Parece intimamente relacionada com L. wrichi, mas infelizmente não temos nenhum specimen dessa especie na nossa collecção. 43. EHecanium oleae Barnard Adulto feminino de cor pardo-escura ou preta, quasi hemispherico, 4 a 5 mm. de comprimento ; cerca de 4 mm. de altura. O dorso tem um sulco mediano longitudinal, e dois sulcos transversaes formando as vezes um H proeminente. Antennas de 8 articulações, das quaes a 5.º é a mais comprida, e a 6.º ea 7.º as mais curtas. Comprimento medio é de 0.390 mm. For- mula approximada : 30 48 21 (67). Placas anaes com os angulos exteriores arredondados e os lados antero- lateraes mais curtos do que os postero-lateraes. Annel do anus com oito pellos. Hab. Esta especie & quasi cosmopolita, sendo en- contrada na Europa e na America do Norte onde ataca uma grande variedade de plantas. No Brazil tem sido encontrada em Campinas 2 no Ypiranga, nas laranjei- ras, goyabeiras e Nerium sp. “4.4. Leeanium nigrum Nic. var. depressum Targ. Adulto feminino pardo-escuro, côr de chocolate, alongado, oval, convexo, com diversos sulcos transver- saes obscuros sobre o dorso, e tem a derme fortemente — 426 — reticulada. Comprimento 4 mm ; largura 2 mm; altura 1.50 mm. Hab. O Prof. Cockerell achou esta especie no Para sobre Hibiscus sobdariffa L.; foi encontrada tambem em Campinas, Estado de S. Paulo, em outras plantas cul- tivadas. 4d Leeantium coffeae Walker. Adulto feminino de côr pardo-escura, convexo, hemispherico, com as margens achatadas. Comprimento ao (im largura, o mm > altura. 2 nr O dorso é liso e lustruso, mas a derme é fortemente re- ticulada. Antennas de 8 articulações, sendo a articula- ção 3 a mais comprida. Annel do anus com 8 pellos grandes. Hab. Achado na India e no Geyläo sobre o caféeiro. Na America do Norte é encontrado na larangeira e ou- tras plantas. No Brazil foi achado na Bahia no caféeiro, no Pará sobre Psidium, em Poco Grande, Estado de S. Paulo, sobre o caféeiro e em Campinas sobre Cycas sp. 4G. Leeanium reticulatum Chil. Estampa VII, fig. 5. Adulto feminino elliptico, liso, sem rugosidades, lustroso, de côr pardo-escura, pintado com manchas inconspicuas de uma secreção cerosa de côr branca. Comprimento 11 mm; largura 5 mm; altura 3 mm. Fissura anal 2 a 3 mm. de comprimento e tem os lados contiguos. A derme é fortemente reticulada ; re- ticulações grandes com 3, 4, 5 ou 6 lados; cada re- ticulação tem uma pinta glandulosa grande, de fórma oval, collocada mais ou men9s num lado. As paredes das reticulações muito grossas. Fervido em uma solu- ção de KOH, a derme torna-se semi-transparente mas retem sua côr pardo-escura. Antennas de 3 articulações. Comprimento medio de cerce de 0,416 mm. Formula approximada 5 (34) — 427 — 826 (17). Em alguns specimens as articulagdes 3, 4 e o são sub-iguaes Em À pers à Comprimento das articulações: (Rip 365: (2), 44: (3), OF CANOE 0 (o), 16; (6) 405 (7), e (8), 53. Todas as articulações excepto as articulações 3 e 4, têm pellos. Pernas re- gulares, de côr parda. Comprimento das articulações do primeiro par de pernas: coxa 110; femur e tro- chanter 198; tibia 132; tarso com a unha 119, Di- gitulos tarsaes muito compridos e delgados, com nós regulares que se dilatam gradualmente. Unha curta e reforçada, curvada, com digitulos desiguaes em tama- nho, grandes e largos, com as pontas dilatadas. Par- tes boccaes grandes, situadas entre o primeiro e o se- gundo par de pernas. Laço rostral curto, não exten- denno-se até o segundo par de pernas. Placas anaes pequenas com os angulos externos arredondados e os dois lados lateraes iguaes em comprimento. Ao redor das margens lateraes ha uma carreira de pellos curtos, grossos, agudos e lanceolados, collocados à distancia de 10.015 mm. entre si. As areas estigmataes são mar- cadas por dois pellos curtos e um outro obtuso de cer- ca de0,160 mm. de comprimento. Hab. Ypiranga. Sobre os ramos de uma arvore da ordem Myrtaceae. Não é abundante. 4%. Lecanium durum 1. sp. Estampa VII, fig. 6. Adulto feminino de côr pardo-escura, irregular, às vezes asymetrico, de contorno oval ou oblongo, acha- tado com a margem posterior ligeiramente entalhada e a extremidade anterior estreita e arredondada. A super- ficie superior é aspera e desigual, com um sulco me- diano longitudinal e uma area dorsal reticulada, cer- cada por pequenos sulcos; e coberta de pequenas man- chas de cera branca. Comprimento 5,75 mm.; largura 3,90 mm.; altura 1 mm. Fissura anal 0,75 mm. de comprimento e tem os lados contiguos. esis Removido da casca da arvore, deixa uma camada fina de cera branca. Fervido em uma solução de KOH, tinge o liquido de uma côr pardo-clara. A derme fica erossa e retem uma côr pardo-escura. E' muito dura e contem numerosas glandulas irregulares de forma oval, cada uma das quaes tem uma grande mancha hyalina collocada quasi no centro. Antennas variaveis com 7 articulações, de cerca de 0,45 mm de comprimento. Formula approximada : 4327 (195). Comprimento das articulações: (1), 44; (2), 53; (3), 67: (4), 146; (D, 44; (6), 44; (7), 49; todas as articulações, excepto a 3.º, têm pellos. A articulação 4 às vezes contem uma ou mais articu- lações falsas. Pernas regulares. Comprimento das arti- culações do primeiro par de pernas: coxa 111 ; femur com trochanter 204; tibia 146: tarso com unha 160. A coxa tem um espinho curto na extremidade proxi- mal. A unha é inuito ligeiramente entalhada. Digitulos tarsaes compridos, delgados e abotoados nas extremi- dades. Digitulos da unha mais curtos, desiguaes em ta- manho e têm as extremidades dilatadas. Rostro pe- queno. Respiradouros pequenos, com muitas fieiras re- dondas ao redor dos orifícios externos. Annel do anus apparentemente com oito pellos. Espalhados pela superficie ventral estão alguns pellos, espinhos curtos e glandulas tubulares. Ao redor da margem lateral ha uma carreira de espinhos agu- dos. Estes são mais ou menos tão compridos como a distancia que os separa; mas são mais numerosos per- to da fissura annal. As areas estigmataes contêm tres espinhos grandes em cada uma. Hab. Ypiranga, na casca de Baccharis dracun- culifolia DC. Não é abundante. 4%, Lecanium gianulosum n. sp. Estampa VII, figs. 7—9 Femea oval chata, às vezes asymetrica; margem adornada com 28 ou 30 pintas de cera, de fórma trian- 429 — gular, dorso coberto de pequenas escamas irregula- res de cera cinzenta, dando-lhe a apparencia da pelle de uma lagartinha. A derme é dura, aspera, rugosa e reticulada, de côr vermelho-parda, com um sulco me- diano longitudinal e uma grande area central de fór- ma triangular. Ao redor da margem do abdomen ha uma guarnição fina de côr branca. Removido do ramo deixa uma mancha branca de cera. Comprimento 4,50 mm.; largura 3,90 mm.; altura 1 mm. A fissura an- nal tem cerca de 1,1 mm. de comprimento. Fervida em uma solução de KOH, a derme per- manece parda, grossa e chitinosa com uma margem fina e transparente. Toda a superficie é coberta na derme de grandes glandulas em forma de frasco, dispostas geralmente em muitas rosetas irregulares com a abertura perto da margem. Em cima das glandulas ha uma camada fina, composta de peças exiguas de forma quadrada. Antennas variaveis, de 7 articulações. Compri- mento de 0,437 mm. a 0,448 mm. Formula approxi- mada: 34(12)756. (Comprimento medio das articula- Ges (nO (e OMY (21429;:(4;,68:, 40 (6) 37; (7), Ol. As antennas são compridas e delgadas, tendo quasi a mesma largura em toda a sua extensäo. Todas as articulações, excepto a 3.º, têm pellos; das ar- ticulações 2, 4 e 7, cada uma tem um pello bem com- prido. A 4º articulação tem às vezes uma ou mais articulações falsas. A’s vezes apparece num individuo uma antenna de 8 articulações distinctas. Pernas cur- tas e delgadas. A margem externa da tibia é leve- mente concava. (omprimento das articulações do pri- meiro par de pernas: coxa 89; femur com trochanter 196; tibia 135; tarso com a unha 153. Digitulos do tarso, compridos e delgados com as extremidades dila- tadas. Digitulos da unha grandes, grossos, desiguaes em tamanho, com as extremidades dilatadas e se exten- dem alem da unha. Partes boccaes pequenas, situadas 4 meia distan- cia entre o primeiro e segundo par de pernas. O laço — 450 — do rostro se extende até o ultimo par de pernas. An- nel do anus tem apparentemente 10 pellos. Placas anaes pequenas, com os angulos externos arredondados e os lados lateraes iguaes em comprimento. A super ficie ventral tem alguns pellos e algumas glandulas pe- quenas e tubulares. Ao redor da margem lateral ha uma carreira de muitos espinhos pequenos e agudos de forma conica. As areas estigmataes são marcadas com dois ou tres espinhos curtos e um bem comprido. Hab. Ypiranga. Nos ramos de uma planta da or- dem Myrtaceae. Não é abundante. 49. Lecanium zanthoxylum 7. sp. Estampa VII fig. 10 Adulto feminino de cor vermelho-parda, irregular, asymetrico, oblongo, ou sub-circular no contorno, cha- to com um pequeno entalho na margem caudal. Margem fina. Derme do dorso reticulada, dura, aspera, não lustro- sa, com o meio um pouco elevado formando uma ruga longitudinal; é geralmente coberta de pequenas man- chas de cera, dando ao insecto uma apparencia aspera cinzenta, semelhante a uma cicatriz ou botão de flor. As cellulas ou reticulações são pequenas e verme- lhas, e as repartições são grossas e pretas. Na super- ficie ventral a derme é parda, cor de chocolate. A abertura da cavidade que contem os ovos é pequena, de largura de 1,75 inm., e de forma quasi quadrada. Ha uma guarnição estreita de côr branca ao redor da margem ventral. Removido do galho deixa sempre uma mancha de cera de côr branca. Comprimento 5 mm.; largura 4 mm.; altura 1.25 mm. A fissura anal tem 1,20 mm. de comprimento, e os lados contiguos. Fervido numa solução de KOH, tinge o liquido de uma côr vermelho-escura. A derme do dorso permanece dura e parda. A parte central é composta de grandes glandulas irregulares de forma oval, com uma pequena mancha hyalina sub-circular perto da extremidade. Perto da margem ha uma guarnição composta de qua- — 451 tro ou cinco carreiras de pequenas glandulas sub-cir- culares. A mancha hyalina nestas glandulas é appa- rentemente a sua abertura. A porçäo externa da der- me ventral é chitinisada, formando uma guarnição de cerca de 1 mm. de largura. As antennas são dele adas e têm 7 articulações. Todas as articulações, excepto a 3.º têm pellos; a arti- culação 2 tem um pello comprido. Comprimento das antennas cerca de 0,84 mm. Formula approximada : 4 (1237) 56. Comprimento das articulações: (1), 44 ; (2), 443 (3), 44; (4), 98; (5), 36; (6), 31; (7), 44. Pernas curtas e finas, de comprimento variavel. O tarso com a unha é igual ao comprimento da tibia. Comprimento medio do pri neiro par de pernas pelas ar- ticulações : coxa 93; femur com trechanter 164; tibia 102; tarso com unha 102. A coxa tem um espinho curto na extremidade proximal. Tanto a coxa como o trochanter terminam num pello comprido terminal na ponta distal. Digitulos tarsaes, muito en e delga- dos com as extremidades dilatadas, e tem 9,053 mm. “de comprimento. Os digitulos da unha são grandes, desiguaes em tamanho, com as extremidades dilatadas. Rostro pe- queno, situado entre as inserções do segundo par de per- nas. Mento monomerc, com a ponta bifida e com 8 pel- los. Lago rostral pequeno. Respiradouros pequenos. Ao redor da margem lateral ha uma carreira de espinhos curtos, Judo, grossos, collocados com intervallos de 0,111 mm. entre si. Placas anaes pequenas, com os angulos externos arredondados, e os lados antero-late- raes mais compridos do que os postero-lateraes. Hab. Ypiranga. Nos ramos de Zanthoxylum sp. Situado na casca onde tanto se asemelha às cicatrizes e aos botões das folhas que quasi é imperceptivel. Não é commum. 50. Lecanium infrequens n. sp. Estampa VIII, fig. 1 Adulto feminino grande, de côr pardo-escura, de contorno irregular, dorso convexo, tendo às vezes pe- — 432 — quenas manchas de cera branca. O dorso tem seis covas dispostas em duas carreiras longitudinaes e pa- rallelas. As duas covas anteriores são razas, mas as outras quatro são profundas. Entre estas covas a der- me se levanta em rugas grossas e transversaes. A der- me é grossa, não lustrosa, e tem numerosas glandulas ovaes. (Comprimento 8 mm.; largura 6 mm.; altura 4 mm. Fissura anal tem 1,60 mm. de comprimento, com os lados contiguos. Fervido em uma solução de KOH, tinge o liquido de côr pardo-escura. Depois de ser fervida a derme torna-se semi-transparente, mas continua parda, grossa e dura. As antennas têm seis articulações, das quaes a 3.º é a mais comprida. O comprimento medio das antennas é de 0,380 mm. Formula approximada: 31 (245) 6 ou 31 (56) 24. As articulações 2, 4, 5 e 6 são quasi iguaes. Comprimento das articulagdes: (1), 53; (2), 40-44; (3), 156—173 ; (4), 30—44: (9), 443; (6), 40—44 ; todas as articulações têm pellos. Pernas re- gulares; todas as articulações têm pellos na extremi- dade distal. Unha curta e aguda e bastante curvada na ponta. Os digitulos da unha são largos e bastante dilatados nas extremidades. Os digitulos tarsaes são com- pridos, delgados e têm as extremidades dilatadas, ex- tendendo-se além dos digitulos da unha. Comprimento das articulações do ultimo par de pernas: coxa 111; femur com trochanter 209; tibia 133; tarso com unha 124. O primeiro e o segundo par de pernas são largamente separados um do outro; o segundo e o ter- ceiro par, bem perto um ao outro. Partes da bocca pequenas e situadas entre o primeiro par de pernas. Laço do rostro pequeno. Estigmatas grandes com glan- dulas especiaes de forma de bolsas ao redor do orificio externo. Estas glandulas tambem se acham na superfi- cie ventral perto da margem lateral. O annel do anus tem 10 pellos. As placas anaes têm a forma de um hemispherio. A derme dorsal contem grandes glan- dulas irregulares com centros ovaes e manchas hyali- nas dentro destes. Sobre estas glandulas, ha uma casca ( O sa MAS Bie muito fina, composta apparentemente de peças exiguas de forma quadrada. Ao redor da margem lateral ha uma carreira de pellos ralos, curtos e grossos. Hab. Ypiranga. Na casca de Zanthoxylum sp. E' raro. SEI. Leeanium discoides n. sp. Estampa VIII fig. 2 Adulto feminino de côr pardo-avermelhada, sub- circular, chato, com um pequeno entalho na margem posterior. A derme é dura e reticulada : as reticulações, de cor alaranjada, e as repartições grossas e pardas. Su- perficie pouco lustrosa, levemente enrugada por sulcos muito rasos e raiados. Muitos dos specimens mostram tambem uma ruga mediana longitudinal. Os specimens mais novos geralmente são adornados de pequenas man- chas de cera parda, especialmente na margem, que contem de 16 a 20 peças triangulares. Nos specimens mais velhos esta cera geralmente desapparece. Ha tam- bem uma guarnição estreita ao redor da margem do abdomen, de côr branca. Removido do galho, deixa uma mancha de forma oval, de cera branca. Compri- nenoro mm larcuraii.co mim altura 01,90 mm: Fissura anal 2,75 mm. de comprimento, com os lados contiguos. Fervido em uma solução de KOH tinge o líquido de cor vermelho-escura. A derme continua grossa e parda. A côr é differenciada em uma serie de anneis concentricos de côr parda, clara e escura. O annel da margem é estreito, de côr pardo-clara; dentro delle ha um estreito de côr pardo-escura; depois um annel largo de côr pardo-clara, depois um outro estreito de cor escura : depois um outro claro da mesma largura, e finalmente uma mancha parda central de fórma oval. Toda a derme é coberta de grandes glandulas irre- gulares, com as aberturas perto de um lado. Tres ou quatro carreiras das glandulas da margem são me- nores do que as outras. Em As antennas são pequenas e variaveis, e têm seis ar- ticulações. A articulação 3 é a mais comprida e tem às ve- zes uma articulação falsa. Todos os segmentos tem pellos. Comprimento cerca de 0.258 mm. Formula approximada : 31 (26) (45) ou 316 (24) 9. Comprimento das articulações : (1), 36; (2), 31; (8), 106; (4), 27; (9), 27; (6), 31. Pernas curias. À coxa coniem dois, “emo trochanter um pello comprido. Comprimento das arti- culações do primeiro par de pernas: coxa 49; femur com trochanter 124; tibia 57; tarso com a unha 84. Unha pequena, muito curvada; digitulos desiguaes em tamanho, com as extremidades dilatadas. Digitulos do tarso compridos e delgados, com as extremidades di- latadas. O segundo e o terceiro par de pernas, bem jun- tos. Partes boecaes pequenas e collocadas perto da in- serção do segundo par de pernas. Placas anaes peque- nas, com os angulos externos arredondados e as mar- gens lateraes de comprimento igual. Os estigmatos são grandes e discoides, com mais ou menos uma duzia de pequenas fieiras redondas ao redor do orificio externo. Ao redor da margem lataral ha uma carreira singela de pequenos pellos coniformes, separados pelo espaço de 0.120 mm. Ovos de forma elliptica, lisos, escuros, côr amarello- alaranjada. Hab. Ypiranga. Na goyabeira, Psidium sp. e ou- tras plantas da ordem Myrtaceae. Esta especie eviden- temente segrega grande quantidade de mel, pois que é frequentemente coberta de nm mofo preto, e é accom- panhada de uma formiga, (Camponotus sp.) que às ve- zes constroe uma coberta de terra ou de gramma sobre ella. Esta ccherta pode servir de protecção contra a chuva e o sol, e contra Hymenopteros parasiticos. 3%. Lecanium viride Green. Adulto feminino elliptico chato, de cor verde-cla- ra, cerca de 4,50 mm. de comprimento, e 2,20 mm. de largura. A fissura anal tem 0,85 mm. de com- primento, com os lados não contiguos. — 435 — As antennas tém cerca de 0,400 mm. de compri- mento e são de 8 articulações. Formula approximada: 32 (14) 85 67. Comprimento das articulações : (1), 97, (2), 66; (3), 16; (4)57; (5), 40; (6), 31; (7), 26; (8), 48. Comprimento das articulações do primeiro par de pernas: coxa 114; femur com trochanter 185; ti- bia 141; tarso com unha 92. Annel do anus com 8 pellos. Placas anaes pequenas, com os angulos externos arredondados, as margens lateraes iguaes em compri- mento, e as margens lateraes posteriores um tanto con- cavas. Ao redor da margem ha uma carreira de pellos pequenos e juntos entre si. Hab. Descripto primeiro pelo Snr. Green, em 1886 de Ceylão, onde causa muito prejuizo para as planta- ções de café. Dr. Noack tambem o achou em Santo Antonio, perto de Campinas, e nos terrenos do Institu- to Agronomico da mesma cidade. 5353. Lecanium baccharidis Chil. Adulto feminino de fórma oval, chato, de côr pardo-escura, com manchas de céra branca, espalhadas pela superficie; quando uma escama traspassa sobre outra, a parte coberta tem a cor alaranjada com uma sombra esverdeada. A derme é dura e enrugada, com um leve sulco longitudinal mediano e grandes covas glaudulares, mas não é reticulada. Comprimento 4,5 mm ; largura 2.00 mm.; altura 1,25 mm. Fissura anal 1,10 mm. de comprimento, com os lados conti- gnos. As antennas são muito variaveis e têm geralmente 8 articulações ; alguns BR ans têm antennas de 7 articulações. (Comprimento O. 420 mm. O Sr. Co- ckerell da como formula: 3 (24, (18) 567; mas eu te- nho achado muitas vezes 358 (124) (67). Compri- mento das articulações: (1), 53; (2),033 (3), 76; (4), 93, (5) 66; (6),31; (7), 31 ; (8), 57. Pernas regulares, de côr pardo-clara. Comprimento das articulagdss do pri- meiro par de pernas: coxa 1:32; femur com trochan- ter 229; tibia 154; tarso com unha 136. Digitulos — 436 — tarsaes compridos e delgados, com as extremidades. dilatadas. Digitulos da unha muito fortes, com grandes nós. Partes boccaes pequenas, situadas logo atraz da inserção do primeiro par de pernas. Laço rostral curto, não extendendo-se até o segun- do par de pernas. Placas anaes, largas, e quando achatadas, quasi equilateraes. O insecto é viparo. Hab. Ypiranga. Nos ramos de Baccharis dra- cunculifolia DC. 34. Lecanium hesperidum (L.) Adulto feminino oval chato, de cor amarellada ou parda. Dorso molle, liso e lustroso. Comprimen- to de 3 a 4 mm.; largura cerca de 2 mm.; altura de 0,80 a 1 mm. A fissura do anus 0,625 mm; de comprimento, com os lados contiguos. Antennas, variaveis. de sete articulações. Com- primento, cerca de 0.335 mm. Formula approxima- da: 34712 (06). (Comprimento das articulações: (1), 48; (2), 44; (3), 76; (4), 62; (5), 26; (6), 26; (7), 93, Comprimento das articulações do primeiro par de pernas: coxa 79; femur com trochanter 154; tibia 106; tarso com unha 88. Digitulos’ tarsaes compri- dos e delgados com as extremidades ligeiramente dilata- das. Digitulos da unha grandes com as extremidades largamente dilatadas. Partes boccaes pequenas e situa- das entre o primeiro par de pernas. O laço rostral extende-se atê o segundo par de pernas. Annel do anus com 6 pellos compridos Placas anaes curtas, com os lados anteros-latereaes mais curtos do que os postero- lateraes. Ao redor da margem ha uma carreira singela de pellos, collocados bem juntos uns aos outros. Hab. Esta especie é bem conhecida e produz bas- tante damno em diversas partes da America do Norte. Hoi achada em Ypiranga sobre o Oleander (Nerium sp). e em Capoeira Grande sobre as laranjeiras. ASUS 5> Lecanium rhizophorae. CA. Femea elliptica, asymetrica, chata, de côr pardo- escura, com a superficie coberta de manchas pequenas e asperas e a segmentação marcada de sulcos fortes e radiantes. Comprimento 3,00 mm.; largura 3, mm. A derme, depois de ser fervida em solução de KOH, torna-se pardacenta, excepto nas margens extremas, onde se torna incolor; no dorso é fortemente sombrea- da de côr pardo-avermelhada, não está dividida em placas, mas os segmentos são indicados pelos sulcos radiantes. A derme da area dorsal, accompanhando os sulcos, é esparsamente coberta de pequenos orificios elandulares de forma redonda. Area sub-marginal, excepto nos sulcos, é esparsamente coberta de grandes covas glandulares de forma redonda e cor parda, dis- postas mais ou menos em carreiras radiantes. Placas anaes pequenas, formando juntas um quadrado. As partes boccaes são muito pequenas. À margem com cerdas singelas de dois tamanhos; as maiores são um pouco nodosas nas pontas e tem o duplo comprimento das menores. As antennas são de Garticulações;a 3° é muito mais comprida do que as outras, e tem quasi o duplo es CTE da 6.º, e mais ou menos o mesmo das arti- culações 1,2 e 4 juntas ; as articulações 1 e 2 tem quasi o mesmo comprimento ; a 5.º tem justamente a meta- de do comprimento da 2.º; formula: 362145. Alguns dos pellos no segmento 6 são muito curtos e fortes. Pernas bem desenvolvidas, mas a tibia e o tarso não distinctamente separados; coxa um pouco mais comprida do que a tibia; o femur é forte e está junto com o trochanter quasi um quinto mais comprido do que a tibia; otarso tem quasi 5/8 do comprimento da tibia ; unha é forte; os digitulos ordinariamente fortes ; os da unha têm grandes nós; os do tarso têm mais de duas vezes o comprimento da unha. Hab. Gubatão. Estado de S. Paulo. No ladc in- ferior das folhas de Rhizophora mangle. — 438 — 36. Lecanium erythrinae v. Jhcring. Femea grande, de cor pardo-avermelhada ou preta, sub-globular, com as margens achatadas. Comprimento 6 mm. Hab. Rio Grande do Sul. Na casca vermelha da arvore de cortiça (Hrythrina crista gall L.) 37. Lecanium mayteni n. sp. Estampa VII fig. 3 Adulto feminino de cor roxa escura, quasi preta, oval, pouco convexo, com a superficie dorsal dura, um tanto lustrosa e um pouco aspera por causa das covas glanaulares ; a margem é fina e enrugada, com duas linhas brancas calcareas em baixo de cada lado. O dorso tem um vestigio apagado de um sulco mediano longitudinal. O insecto é viviparo. Comprimento 6 mm. ; largura 4 mm. ; altura 1,25 mm. A fissura anal tem cerca de 1 mm. de comprimento, com os lados conti- guos. Fervido nu na solução de KOH, tinge o liquido de uma côr pardo-avermelhada escura. A derme dor- sal continua chitinosa. Ao redor da margem ha uma tira estreita de côr clara e semi- “transparente, mas 0 resto é escuro e opaco. A superficie dorsal é perfura- da com muitas pequenas cavidades e traz alguns pellos esparsos. Antennas variaveis, geralmente de 7 articulações, mas às vezes tam só 6. Todas as articulações, excepto a 3.º, têm pellos. (Comprimento cerca de 0,385 mm. Formula aproximada: 4 (27) 3156 ou 4 (27) (31) (06). Comprimento medio das OE (1), dio (o ata ido Ace LO si ASIE MG) Sie mae. Parnes re gulares; coxa e trochanter, ambos com um pello com- prido. Comprimento das articulações do primeiro par de pernas: coxa 111; femur com trochanter 213, tibia 138; tarso com unha 102. Digitulos da unha grandes, de tamanho iguale com as extremidades dilatadas. Di- gitulos tarsaes compridos, com as extremidades dilata- das. Partes boccaes pequenas e situadas logo atraz do — 439 — primeiro par de pernas. Espiraculos pequenos, com uma carreira dupla de cerca de 30 fieiras pequenas e redon- das que se extendem até a margem lateral. Annel do anus tem apparentemente 8 pellos. Placas anaes pequenas, triangulares, com os angulos externos ligeiramente arre- dondados, e as margens antero-lateraes um pouco mais compridas do que as postero-lateraes. Na superficie ven- tral ha diversos pellos compridos em frente às placas anaes, e dous grupos de 20 a 25 fiejras pequenas e redondas logo atraz das placas anaes. Ao redor da mar- gem lateral ha uma carreira de pellos pequenos, cada um dos quaes nasce de um tuberculo. A margem é ligeiramente deprimida nas areas estigmataes, e cada uma destas traz um grupo de dois espinhos curtos e direitos e um comprido e curvo. Larva recem-nascida oval, chata, de côr parda, de 0.415 mm. de comprimento. Olhos pequenos de cor pardo-escura, de forma conica. Antennas irregulares e apparentemente com 6 articulações. O corpo termina em duas cerdas compridas. A margem do corpo é dentada e traz uma carreira de pellos curtos. Áreas estigmataes, caracterizadas por um grupo de dois es- pinhos curtos e um comprido e obtuso. Laço rostral comprido, extendendo-se até as placas anaes. Pernas com- pridas, unhas delgadas. Digitulos da unha compridos, desiguaes, um grosso e um outro delgado, e ambos com as pontas dilatadas. Digitulos tarsaes, 2, compridos, delgados, com as pontas dilatadas. Hab. Ypiranga. Apparecem solitarios na casca de um arbusto. Maytenus sp. Foi tambem encontrado em Jundiahy pelo Sr. CG. Schrottky. 38%. Leeanium eugeniae n. sp. Estampa VIII fig. 4 Adulto feminino elliptico, com a parte media do dorso enchada, muito convexo, lustroso, de côr pardo-amarel- lada, liso ou pouco perfurado, e com um sulco leve e longitudinal em cada lado da linha mediana; as extre- — 440 — midades são um pouco achatadas ; os lados contrahidos e de côr pardo-escura, têm a derme aspera por cau- sa de pequenas covas e rugas. Ao redor da margem do corpo ha uma borda de côr branca, muito exigua, e um topete de cera branca e lanigera acima das placas anaes. O abdomem tem duas linhas brancas em cada lado. Removido, o in- secto deixa uma mancha pequena de uma substancia branca e lanigera. Comprimento 5.25 mm.; largura do dorso 4 mm., do abdomen 2.5 mm.; altura 3.9 mm. Fissura anal 1.25 mm. de comprimento, com os lados contiguos. Fervido em uma solução de KOH, tinge o liquido de cor pardo-clara. A derme continua dura e parda, e em cada lado do centro ha 7 ou 8 carreiras longitudinaes de pequenas pintas escuras ra- diantes das placas anaes. Contem tambem moitas pin- tas hyalinas de fórma redonda. A derme do ventre, especialmente perto da margem, contem muitas glan- dulas grandes e tubulares. Antennas variaveis, geralmente de 8 articulações, alguns specimens têm só 7 articulações. Todas as articulações têm pellos. Comprimento de cerca de 0.360 mm. Formula approximada: 31 (58) 24 (67). Com- primento medio das articulações: (1), 98; (2), 44; (By ilies Gye 405) ADE O), 2 TELA TUE ae Pernas regulares, trochanter com um pello com- prido e terminal, e diversos espinhos; coxa com um pello mais curto; unha grande e levemente entalhada. Digitulos da unha, de tamanho igual, grandes, quasi do duplo comprimento da unha, bulbosos na base, cur- vos, com as pontas abotosdas. Digitulos do tarso com- pridos e delgados, com as pontas dilatadas. Com- primento das articulações do primeiro par de per- nas: coxa 89: femur com trochanter 222: tibia 169; tarso com unha 111. Rostro pequeno, situado entre o primeiro par de pernas. O laço do rostro é curto e não se extende até o segundo par de pernas. O annel do anus tem apparentemente 6 pellos peque- nos. Placas anaes pequenas, com o angulo externo arredondado, e as daas margens lateraes quasi iguaes em comprimento. A superficie ventral tem duas carrei- ras medianas e longitudinaes de pellos. A margem la- teral & espessamente coberta de pellos grandes e espi- niformes. Os ovos são ellipticos e brancos, quando postos ha pouco; mais tarde tomam uma côr amarello- clara. Larva recem-nascida elliptica, de côr amarello- clara, com olhos pardo-claros. Antennas compridas, apparentemente de seis arti- culações, sendo a articulação 3 a mais comprida. Per- nas regulares; unha comprida; os quatro digitulos da unha e do tarso são muito compridos e delgados e têm as pontas ligeiramente dilatadas. O corpo termina em duas cerdas compridas, e têm alguns pellos compridos e espiniformes na margem. O laço rostral não é enro- lado e não se extende até as placas anaes. Hab. Ypiranga. Nos ramos de um arbusto do ge- nero Eugenia. Não são communs. Encontram-se mui- tos juntos nos ramos, mas raras vezes se amontoam, uns em cima de outros. Seus corpos duros. lustrosos, de côr pardo-escura. têm a apparencia de sementes. SD. Lecanium obscurum Hempel Estampa VIII fig. 5 Adulto feminino preto, elliptico, com o dorso ar- redondado, convexo, lustroso, com manchas exiguas de uma secreção cerosa. A derme é dura e finamente gra- nulada no dorso, e enrugada nos lados. O abdomen tem duas linhas brancas em cada lado. Os individuos mais novos têm a cor verde-escura. Tamanho dos spe- cimens maiores : comprimento 4.4 mm.; largura 3 mm.; altura 2 mm. Pissura anal 0,94 mm. de comprimento e tem os lados contiguos. Fervido numa soluçäo de KOH, tinge o liquido de cor esverdeada. A derme continua dura ede côr escura. Antennas variaveis, de 7 articulações, das quaes a 4.2 é a mais comprida, e a 5."e a 6.2 são as mais a Os curtas. Todas as articulações, excepto a 3.º, têm pel— los. Comprimento 0.550 mm. a 0.361 mm. Formula ap- proximada: 423 (17) (56) ou 472 (13) (56). Compri- mento das articulações: (1) 49; (2), S8—62; (4), 49—62; (4), 80—89; (5), 22—29; (6), 27—29; (7), 49—62. Pernas regulares ; a coxa do primeiro par de pernas tem un pello curto e lanceolado e diversos espi- nhos curtos ; o trochanter tem o lado comprido convexo: e traz um pello comprido; a articulação entre a tibia e o tarso não é distincta; o tarso tem uma constricção perto do meio; unha curta; os digitulos vêm mais ow menos duas vezes o comprimento da unha e são de tamanho igual, grandes, com as basesbulbosas e as extre- midades largas e achatadas. Digitulos do tarso delga- dos, com as extremidades ligeiramente dilatadas. Os tarsos das outras pernas não têm a constricçäo. Com- primento das articulações do primeiro par de pernas :: coxa X0; femur com trochanter 200; tibia 120; tarso: com a unha 111; tarso sem unha 89. Annel do anus com 10 pellos. Placas anaes pe- quenas, com o angulo externo arredondado e as duas margens lateraes quasi iguaes. Partes boccaes bem, desenvolvidas e situadas logo atraz do primeiro par de pernas. O laço do rostro é curto e não se extende até o segundo par de pernas. Ao redor da margem; lateral ha uma carreira singela de pequenos pellos, col-- locados longe uns dos outros. Casca do macho pequena, plana, de côr branea,. muito fragil e composta de 7 pacas lateraes e 2 dor- saes; elliptica no contorno, com o dorso convexo e a parte posterior um pouco mais estreita do que a an- terior. Comprimento 1,355 mm.; largura 0.830 mm. Encontrado nos ramos e nos lados inferiores das folhas. Larva recem-nascida oval, de cor verde-amarella- da, com a ponta posterior do abdomen um pouco acu- minada e terminando em duas cerdas compridas. Olhos. de cor pardo-escura. A margem do corpo dentada,. com alguns pellos curtos, Ha dois grupos de espinhos estigmataes em cada lado, cada um dos quaes se compõe: as BB de dois espinhos muito curtos e outro comprido e cla- viforme. Antennas de 6 articulações, sendo as articu- lações 3 e 6 quasi iguaes em comprimento. Pernas regulares; unha comprida; a ponta bem curvada e ligeiramente entalhada; os dois digitulos de tamanho desigual; sendo um pequeno e fino, com a extremidade pouco dilatada; o outro mais comprido, com a extremidade chata e largamente dilatada. Digi- tulos do tarso tambem desiguaes nc tamanho, sendo um delles mais comprido e mais grosso do que o outro. Laço do rostro comprido, dobrado sobre si e exten- dendo-se até as placas anaes. (Comprimento da larva 0.335 mm. Hab. Ypiranga. Nos ramos de Maytenus sp. Esta especie é muito abundante e se acha tão apinha- da nos ramos que cobre completamente a casca. E, acompanhado de uma formiga. (Camponotus sp.) GO. Lecanium jaboticabae 1. sp. Estampa VIII figs. 6 e 7 Femea asymetrica, sub-circular, chata, de côr verae-clara amarellada, com algumas marcas de cor pardo-clara sobre o dorso. A derme coberta com uma pequena secreção cerosa de 3 mm. de diametro. Fissu- ra anal 0.47% mm de comprimento, com os lados não contiguos. Fervida numa solução de KOH, a derme torna-se molle e transparente. Não é nem tesselada, nem composta de placas, mas é hcmogenea e espessamente coberta de glandulas exiguas e tubulosas, e contem alguns pellos curtos. Ao redor da margem lateral ha uma carrei- ra de pellos curtos e uma outra de pellos compridos, ambas nascendo de um tuberculo. Os grupos estigmataes con- sistem de tres espinhos grossos e obtusos, sendo dois curtos e um comprido. De cada um dos grupos para seu respectivo espiraculo, se extendem cerca de 70 fieiras pequenas e redondas, collocadas em diversas carreiras irregulares. A derme na superficie ventral contem um risco marginal ligeiramente chitinoso, e é AR espessamente coberta de grandes glandulas tubulares e de fieiras complexas e redondas. De cada lado da abertura genital ha um grupo de 50 ou 55 destas fieiras. Antennas grandes, de 8 articulações ; todas as arti- culações, excepto a 3.º? e a 4.º têm pellos ; das articu- lações 2 e à cada uma tem um pello comprido. Compri- mento das antennas 0.513 mm. Formula : 231 (498) (67). Comprimento das articulações: (1), 67; (2) 120; (3), 985 (4), DB; (0), 06300), 27 M) TES). DS meras compridas e finas, com poucos pellos; a coxa tem um pello e diversos espinhos curtos ; o trochanter tem um pello comprido e terminal; o femur não tem pellos ; o tarso e a tibia têm apenas dois ou tres pellos curtos cada um. (Comprimento das articulações do primeiro par de pernas: coxa 111; femur com trochanter 293; ti- bia 213; tarso com a unha 164. Digitulos da unha de tamanho desigual, com as pontas nodosas ; não se extendem quasi além das pontas das unhas. Digitulos do tarso compridos e delgados, com as pontas dilata- das. O rostro regular e situado em frente do primei- ro par de pernas. Lago rostral curto. Annel do anus com 10 pellos. Placas annaes de forma triangular, as duas juntas formando um diamante. Na superficie dorsal, perto da margem lateral, ha uma carreira de glandulas especiaes de forma conica. Estas glandulas, em numero de 24, têm cerca de 0.018 mm. de largura e 0.022 mm. de altura, e formam um annel ao redor do corpo. Estas glandulas distinguem facilmente esta es- pecie de todas as outras especies deste genero. Hab. Ypiranga. Debaixo da casca de Eugema jaboticaba. A descripçäo é tirada de um specimen talvez immaturo. EH’ raro. 61. Lecanium pseudosemen (ill. Estampa VIII fig. 8 O adulto feminino tem 7,5 mm. a 10 mm. de diametro, é globoso, de côr amarella ou pardo-escura. — 445 — O dorso é lustroso e exiguamente tuberculado. A derme é grossa e contem muitas glandulas de tamanho medio, em forma de bolsas. Nos specimens mais ve- lhos a derme é chitinisada, mas nos mais novos é molle e transparente ; depois de ser fervida em uma solução de KOH, yinge o liquido de uma côr pardo escura. An- tennas variaveis, de 8 articulações, de comprimento de cerca de 0.6 mm. Formula approximada : (23) (14) 5867. Articulações 1, 2, 3 e 4, comtudo, variam con- forme os individuos. dE a medio das articu- lachesa (hoor. (2), 110s (oy PGS 883° (6), 668 (Om 48 (7), 40 : (8) 53. Todas as ar ticulações, excepto ada ea 4 tem pellos. Pernas regulares, trochanter grande; femur largo. Comprimento das articulações do primeiro par de pernas: coxa 132; femur com tronchanter 300; tibia 242; tarso 132; unha 31. Digitulos do tarso compridos e delgados, com as pon- tas ligeiramente dilatadas. Digitulos da unha largos, com as pontas largamente dilatadas. Rostro grande e situado atraz da inserção do primeiro par de pernas. Estigmas grandes, com o orifício externo largamente dilatado e com muitas fieiras de forma redonda perto delle. Annel do anus com 10 pellos. Placas anaes de forma triangular, com o angulo externo arredon- dado e as margens antero-lateraes mais compridas do que as postero-lateraes. Ao redor da margem lateral ha uma carreira de pellos exiguos, collocados longe um do outro. A derme dorsal é espessamente coberta de pequenas glandulas tubulares. As areas estigma- taes são profundamente recortadas e são marcadas por tres grandes pellos espiniformes, e 5 ou 6 pe- quenas bolsas contendo algumas centenas de fieiras redondas. Hab. Ypiranga, e Poços de Caldas, Estado de Minas Geraes. Numa planta da Ordem Solanaceae. Foi tambem encontrada em Jundiahy, sobre Solanum paniculatum L, pelo Sr. C. Schrottky. => BES — G2. Leeanium monile Cill A casca da femea adulta na madeira tem 4 mm. de comprimento, 3,90 mm. de largura, e cerca de 2,50 mm. de altura, é arredondada, sub-globosa, regularmente lustrosa, de cor pardo-avermelhada, irregularmente tin- gida. Fissura posterior distincta. Derme não reticu- lada, com poucos pequenos poros glandulares de fôrma redonda, mas contem tambem grandes manchas ovaes ou sub-circulares de reticulações, com intervallos regu- lares; isto @ um caracter especial. Não se encon- tram nem pernas nem antennas no adulto. A larva se acha na casca; esta larvaem embrião tem antennas de 6 articulações; a articulação 3 é a mais comprida; a 6º é quasi tão comprida como a 3"; a 12, a 2, a 4* ea o são quasi iguaes. Os digitulos tar- saes são tambem muito compridos e delgados; os digi- tulos da unha não são semelhantes; um é filiforme, emquanto que o outro é bem reforçado. Hab. S. Paulo. Numa planta que não está iden- tificada. E” raro. 63. Lecanium lanigerum 1. sp. Adulto feminino de cor amarello-clara, grande, sub-espherico, 7 mm. de diametro, coberto completa- mente duma massa de secreção densa de cor branca. Fervido numa solução de KOH, tinge o liquido de côr pardo-amarellada escura. A derme é chitinizada só em manchas, e depois de ser fervida torna-se molle, transpa- rente e incolor. Pernas e antennas rudimentares. As antennas são tuberculos, com uma moita terminal de pellos. As per- nas têm 0. 133 mm. de comprimento, são curtas e cylindri- cas, e têm unhas e digitulos. O rostro é pequeno. Laço rostral curto. Os estigmas são grandes, e ao redor do orificio externo de cada um se acham reunidas algumas centenas de fieiras redondas e algumas outras menores de fórma tubular. A superficie ventral do abdomen está dividida em segmentos por sulcos transversaes, e — 447 — a parte posterior é espessamente coberta de fieiras redondas. Placas anaes pequenas, com as margens postero- lateraes convexas e tão compridas como as antero-late- raes. Ao redor da margem lateral ha um carreira de pellos exiguos, collocados longe wa do outro. A derme dorsal é espessamente coberta de pequenas glandulas tubulares. Hab. Num arbusto da matta que não está inden- tificado, nas margens do rio Mogy-guasst, perto de Itapira, Estado de S. Paulo. E” raro. 64. Lecanium campomanesiae 7. sp. Estampa VII fig. 9. Adulto feminino elliptico, lustroso, muito convexo, “o mm. de comprimento, 0 mm. de largura e 4 mm. de altura. Fissura anal 2 mm. de comprimento com os lados não contiguos. O dorso é branco, côr de cre ne coberto de algumas pintas irregulares de côr verde-es- cura, e tem quatro sulcos irregulares e longitudinaes, formados por algumas cavidades glandulares. A derme não é muito dura, é enrugada e dentada por cavida- des glandulares. Em baixo é concava, de côr amarello- clara, com duas linhas calcareas proeminentes, de cor branca, de cada lado. Fervido em uma solução de KOH, tinge o liquido de côr pardo-clara. A derme torna-se molle e transparente, mas mostra algumas man- chas pequenas, escuras, de forma sub-circular. Antennas variaveis, geralmente de 8 articulações, às vezes têm sd 7. Comprimento cerca de 0.5 mm. Todas as articulações, excepto a 3.º e a 4.º, têm pel- los. Formula approximada: 3 (21) 8 (45) (67) ou 3 (21) (845) (67). Pernas regulares; coxa com di- versos pellos, e cerca de quatro espinhos curtos; tro- chanter com dois espinhos curtos e um pello lan- ceolado ; tibia mais comprida do que o carso. Digitu- los do tarso compridos, delgados, com as pontas dila- tadas ; digitulos da unha grandes e grossos com as — 448 — pontas achatadas e dilatadas. Todos os digitulos se extendem muito além das pontas das unhas. Compri- mento das articulações do primeiro par de pernas: coxa 186; femur com trochanter 267; tibia 191; tarso com unha 142. Rostro bem desenvolvido e situado entre o primeiro par de pernas; muito gran- de, com 8 pellos perto da ponta. Laço do rostro curto. Espiraculos grandes, com os orificios externos muito dilatados e achatados. Aoredor dos espiraculos ha muitas feiras pequenas e redondas. Annel do anus, apparentemente com 8 pellos, posto-que, fosse encontrado num individuo com 9. Placas anaes pequenas, com a mar- gem antero—lateral mais comprida do que a postero— lateral. Ao redor da margem lateral do corpo ha uma carreira dupla de pellos curtos. As areas estigmataes são caracterizadas por grupos de tres espinhos grandes e obtusos, um dos quaes é mais comprido do que os outros e tem a ponta ligeiramente curvado. Ao redor de cada grupo de espinhos estão agglomeradas cerca de 30 fieiras redondas. Sobre as superficies do ventre e do dorso se acha espalhada uma porção de espi- nhos curtos. A superficie ventral tambem contem uma carreira dupla longitudinal mediana de pellos com- pridos. Hab. Ypiranga. Nos ramos da Campomanesia sp. um arbusto muito commum nos campos. E’ raro. Genero Pseudokermes Ckill, 65. Pseudokermes nitens Ciil. Estampa VIII figs. 10 e 11 Escama da femea adulta lisa, vitrea, fina, inco- lor, muito lustrosa, sub-globosa, levantando-se em fór- ma de um cone duplo com os apices divergentes, dividida anterior e posteriormente por um enta- lho raso. Os apices são obtusos e asperos, com algumas linhas ou estrias radiantes e convergentes. A casca é marcada tambem por numerosos anneis con- ceniricos. Comprimento 3 mm.; largura 3 mm.; al tura 2,25 mm. A casca compõe-se apparentemente de 22e duas metades, porque se divide facilmente pelo entalho antero—posterior. Adulto feminino de côr pardo-avermelhada clara, com uma linha mediana de côr preta passando entre os dois cones, e enche completamente a casca. A ponta posterior é ligeiramente fendida, e as margens da fenda são pretas. Fervido numa solução de KOH, a derme torna-se molle e transparente. As pernas e as antennas faltam. Espiraculos pequenos e collo- cados longe um do outro. O rostro é distincto e bem desenvolvido. Laço do rostro curto. Ao redor da mar- gem lateral ha uma carreira de espinhos pequenos e curtos e de orifícios glandulares. A derme tambem contem alguns orificios exiguos de forma redonda. An- nel do anus com 6 pellos compridos. Placas anaes pequenas, com a margem antero-lateral mais com- prida do que a postero-lateral. Logo em frente das placas, cercando estas em parte, ha uma meia-lua chi- tinosa, larga, de côr parda, cuja largura no centro é um pouco maior do que o comprimento das placas. Removido da casca da arvore, o insecto deixa uma man- cha oval de cêra branca. E’ viviparo. Casca do macho pequena, elliptica, convexa, bran- ca, fina e muito tragil. O dorso e a margem são or- nados de diversos pequenos tuberculos. A ponta pos- terior é curvada para cima e contem na superficie dorsal uma pequena placa chata e redonda, que é der- rubada quando o macho sai. Comprimento 1,25 mm.; largura 0,50 mm, Adulto masculino dimorpho; alguns têm azas e outros não. Corpo de côr pardo-escura, oval, mais largo atravez do thorax, e truncado posteriormente. Comprimento total 1,041 mm. ; largura 0,416 mm. Com- primento da espiga genital 0,312 mm. Os individuos alados saem uma semana ou 10 dias depois dos ou- tros. Antennas pelludas, de 10 articulações ; as articn- lações 1 e 2 são curtas e as duas juntas não têm o — 450 — comprimento da 10.% As outras articulações são alon- gadas ; articulação 10 é terminada por um ou dois pellos compridos e nodosos. Azas regulares; não foi encontrado nenhuma haltera. Cabeça pequena, com qua- tro ocellos pequenos. Espiga genital larga e chata, obtusamente pontada. Pernas compridas delgadas e pelludas. Unha comprida e levemente entalhada. Os quatro digitulos são delgados e nodosos; os digitulos tarsaes não se extendem até as pontas das unhas. Nos individuos sem azas, as antennas são de nove articulações : ao resto as duas formas são iguaes. Larva recem-nascida oval no contorno, amarella, com olhos pequenos e pretos. Antennas de 0.152 mm. de comprimento, de 6 articulações, sendo a articulação 3 a mais comprida. O corpotem 0.5 mm de compri- mento, 0.270 mm. de largura, e acaba em duas cerdas compridas. Na margem ha uma carreira de cinco pellos. Cada uma das areas estigmataes é caracteri- zada por um espinho comprido. Pernas compridas e delgadas; unha entalhada. Digitulos tarsaes muito compridos, delgados, com as pontas nodosas. Digitulos da unha, de tamanho desigual, sendo um grande com as pontas largamente dilatadas. O laço do rostro é com- prido, e extende-se até as placas anaes. O annel do anus tem seis pellos. Hab. Rio Grande do Sul. Nos ramos de Myrtius (Blephorocalyx) tweedir. Em São Paulo, na goyabeira e varias outras plantas. Não é commum. Genero Ceroplastes Gray A maior parte dos representantes deste genero tem antennas com seis articulações ; alguns porêm tem an- tennas de sete articulações; e um tem antennas de oito articulações. E’ um facto curioso que naquellas espe- cies que têm antennas de seis articulações, todas as articulações têm pellos; nas antennas de sete articula: ções, a articulação 3 não tem pellos; e nas antennas de oito ~ articulações, as articulações 3 e 4 não têm pellos. — 451 — GG. Ceroplastes janeirensis Gray Segundo o Prof. T. D. A. Cockerell, esta especie é provavelmente identica com Ceroplastes psidi Chav. Temos em nossa colleeção alguns specimens que nos foram enviados de Campinas pelo Dr. F. Noack e que foram classificados pelo departamento de Agricultura dos Estados Unidos como C. psidii. Tenho achado tambem no Ypiranga muitos specimens iguaes a estes. A casca da femea adulta é de côr branca suja, com duas linhas calcareas em baixo de cada lado. A margem inferior da casca é ligeiramente recurvada, e as linhas calcareas se extendem por cima destas coroas, O nucleo dorsal é pequeno, elevado, geralmente branco, mas frequentemente de côr pardo-escura de bolor e de sujeira. A cera ê dura e é distinctamente dividida em sete placas; uma dorsal, uma anterior, uma posterior, e duas lateraes de cada lado. Os nucleos lateraes são inconspicuos. A superficie da cera é enrugada e ligei- ramente deprimida ao rodor dos nucleos, e mostra uma porção de anneis concentricos no dorso. A fórma ge- ralédeun rectangulo com os cantos redondos. Os la- dos quasi perpendiculares. Comprimento 9 mm. lar- gura 8 mm. altura 7 mm. A femea adulta despida de cera é de côr parda- centa, com o corno caudal reforçado, preto, de cerca de 1.1 mm. de comprimento, e virado directamente para traz. Duas carreiras de pequenas cellulas glandulares de côr preta divergem do corno. Fissura anal de cerca de 1 mm. de comprimento. Ha cinco pequenas corco- vas; uma anterior e terminal, e duas lateraes de cada lado. A derme dorsal é chitinisada, e tem uma guar- nição estreita cerca a margem ventral. Essa tem cinco lobulos correspondentes às corcovas do dorso. Fervida em uma solução de KOH, tinge o liquido de cor pardo-escura, côr de café, e o liquido tambem torna-se turvo. Antennas variaveis, de 7 articulações, de cerca de 0,395 mm. de comprimento ; a articulação 46 a mais aay eee ub-iguaes em compri- , sub-iguaes tambem. 17 65. Comprimento comprida; as articulações 1, 2 mento, e as articulações 5, 6 Formula approximada: 4 (22 E articulações : (1), 97—66: (eh © 93—66: (3), 62— (Ay, OVA TOS (6) 26 AOL (6) PS0 ENTRE Todas as articulaçôes, excepto a Ex têm pellos. Pernas curtas; comprimento das articulações do primeiro par de pernas; coxa 120; femur com trochanter 198 ; tibia 158; tarso 97; unha 22. Digitulos tarsaes com- pridos com as pontas abotoadas. Digitulos da unha muito grandes e largos, com as pontas dilatadas. Men- to bem desenvolvido e situado logo atraz do primeiro par de pernas. Laço do rostro comprido, extendendo-se alem do segundo par de pernas. As areas estigmataes são caracterizadas por muitos espinhos lanceolados. Ao redor da margem lateral ha uma carreira de pequenos pellos. A derme contem numerosas glandulas exiguas. Hab. Descripto primeiramente do Rio de Janeiro. Encontrado em Campinas pelo Dr. Noack sobre Psrdium sp. No Ypiranga apparece em outras plantas da ordem Myrtaceae. ots CT ) 67. Ceroplastes cassiae Chavannes Chavannes diz que esta especie se assemelha à pre- cedente, mas é maior e mais rara e se distingue desta por ter a parte anterior da casca fuliginosa. A casca do adulto feminino tem 10 a 12 mm. de comprimento, 6 a 8 mm. de largura e 6 mm. de altura. Hab. Encontrado nos lados dos morros ao rodor do Rio de Janeiro nos ramos de Cassia sp. O Prof. Cockerell julga que esta especie é provavelmente iden- tica com C. ceriferus Anderson. GS. Ceroplastes iheringi CA. Estampa VII[ fig. 12 Casca cerosa do adulto feminino de côr verde-cla- ra, molle, muito irregular, nodosa, sem placas distinc- — 495 — tas, com duas linhas de secreção branca em cada lado. Comprimento de 4 a 5,9 mm.; largura de 4 a 5 mm,.; altura 3 mm. Femea despida da cera tem de 3a 4 mm. de comprimento, 2a 3 mm. de largura, é de côr parda- centa. Fissura posterior de quasi 1 mm. de comprimento. Corno caudal distincto, mas muito curto e largo. Ker- vido em uma solução de KOH, tinge o liquido de côr pardo avermelhada. A derme torna-se molle e trans- parente. Antennas variaveis e geralmente de 7 articu- lações; às vezes, porem, é encontrado um individuo que tem uma antenna de 8 articulações ; todas as articula- ções excepto a 3.º têm pellos. A 2.º é bulbosa e sempre mais larga do que comprida. Comprimento medio : 0,325 mm. Formula approximada: 4 (13) 7 (25)6 ou 4(13) lal a4 12 (56). Comprimento das articulações. (1) 93; (2). 3) 3 (3), 44—53 ; (4), 70—79 ; (5) 381 —39 ; (6), 26—31 ; (7), 40. Pernas compridas. (Comprimento das articula- ções do primeiro par de pernas : coxa 110; femur com trochanter 176; tibia 114; tarso 92: unha 26. Digitulos da unha grandes com as pontas redondas e largamente dilatadas, comprimento 0,04 mm. Digitulos do tarso de comprimento desigual, sendo um mais comprido do que os digitulos da unha. Rostro bem desenvolvido e situado entre o primeiro par de pernas. Mento com 8 pellos curtos perto da ponta. Laço rostral extendendo-se até o segundo par de pernas. Aninel do anus apparentemente com 8 pellos. As areas estigmataes são marcadas por C0 a 40 fieiras e de 17 a 22 espinhos grossos e agudos. Destes espinhos o 7º atê o 10º são muito grossos, e os restantes collocados geralmente em carreiras, são mais delgados. Ao redor da margem ha uma carreira sin- gela de pellos, cada um dos quaes nasce de um tuber- culo. Hab. Conhecido primeiramente do Rio Grande do Sul sobre Bacharis platensis Griset, onde foi colleccio- nado pelo Dr. H. v. Ihering. Em São Paulo apparece sobre Baccharis dracunculifoliae, e tem sido achado no Ypiranga, Cachooira, Itapira e Capoeira Grande. Esta especie secreta uma grande quantidade de mel e como consequencia é geralmente coberta de um bolor preto. Quando um ramo ou galho for coberto destes insectos, as formigas, moscas, vespas e besouros se ajuntam em grande numero para comer o mel. A formiga que acompanha esta especie é Cremastogaster sp. E' com- mum. 69. Ceroplastes amazonicus Nn. sp. Casca do adulto feminino muito convexa, oval, com as margens infero-lateraes muitq prolongadas. A margem anterior é juntada e finamente prolongada ; a margem posterior é finamente nodosa; o dorso é obliquamente truncado; a cera é um pouco mais alta atraz do que adiante; a parte central é um tanto cavada e contem o pequeno nucleo elliptico. A côr é branca suja, com um tinto pardacento na parte posterior. Tamanho dos maiores individuos : comprimento 11 mm.; largura 8.25 mm. ; altura 8 mm.; A cera é dura e quebradiça ; é distincta- mente dividida em sete placas, das quaes a placa dorsal é a maior. Um pequeno nucleo de côr escura é situado no centro da placa dorsal. Outros nucleos não existem. A superficie é aspera por anneis concentricos e por cor- covas lateraes. Na superficie ventral existem duas linhas brancas, parecidas com grede, as quaes, porém não se extendem até os lados. O adulto feminino, despido da cera, tem 6.5 mm. de comprimento, 4.5 mm. de largura e 4 mm. de altura ; com um nó fino na margem de cada area stigmatal, mas sem corcovas distinctas. A derme é de côr casta- nha=clara, delgada e chitinisada. O corno caudal é castanho-claro, tem 2 mm. de comprimento e está em posição horizontal. Fervido numa solução de KOH, o liquido torna-se turvo e da côr de laranja, tinto com cor de rosa. A derme dorsal fica dura, emquanto a derme ventral torna-se molle. As antennas têm 8 articulações; todas, excepto as articulações 3 e 4, têm pellos. (Comprimento cerca de 0.380 mm. Comprimento das articulações : (1) 66; (2) 93-66 ; (3) 66-70; (4) 35-40; (5) 57-66; (6) 26; — 439 — (7) 26; (8) 40. Formula approximada : (3125) (84) (67). Pernas ordinarias, curtas. Comprimento das articu- lações do primeiro par: coxa 111; femur com tro- chanter 222; tibia 147; tarso 79; unha 24; digitulos da unha 40. Digitulos tarsaes finas, um tanto mais compridos do que os digitulos da unha, com as extre- midades finamente dilatadas. Digitulos da unha gran- des, com as extremidades largamente dilatadas. Ao re- dor da margem lateral do corpo ha uma fileira densa de agudos e curtos espinhos conicos. Ao redor de cada area stigmatal ha um grupo de cerca de 50 espinhos maiores. A derme de ambas as superficies tem mui- tas glandulas pequenas. Hab. Manãos, Estado de Amazonas. Provavel- mente sobre um arbusto ou uma arvore não cultivada. 370. Ceropiastes grandis mn. sp. Estampa VIII figse 13—14 Casca do adulto feminino muito grande, oval, truncada, e ligeiramente excavada na margem posterior, acuminada na anterior, com o dorso muito convexo, convergindo em uma ponta no nucleo dorsal. A cêra é muito molle e contem muita agua, e tem um cheiro pungente caracteristico. E” branca no dorso, mas tor- na-se cor de rosa ou de salmão nos lados e nas mar- gens inferiores, e é claramente dividida en placas. Nu- cleos de cor parda, mas os lateraes não são conspicuos. Ha duas linhas brancas calcareas em cada lado até os nucleos lateraes. A superficie é lustrosa e desigual, sendo deprimida perto dos nucleos e do arco caudal, e ligeiramente elevada nos outros pontos. Tamanho dos specimens maiores : comprimento 18 mm.; largura 14 mm.; altura [1 mm. Despido de cera é mais ou menos elliptico em forma, de cor vermelho-clara, como o lacre; comprimento 9 mm.; largura 6, 50 mm.; altura 5,50 mm. (O corno caudal é preto grosso e conico, com a ponta ligeiramente elevada, de 2,25 mm. de compri- mento, e de 2 min. de largura na base, Ao redor da margem lateral ha uma guarnição que é excavada nas areas estigmataes; a ponta posterior formando assim cinco lobulos. Ha seis tuberculos on bolas. Esses estão situa- dos,umsobre o dorso, um na extremidade anterior e dois lateraes em cada lado. A derme é pintada de covas exi- guas, e regularmente lustrosa e molle ; sendo chitinisada só perto do corno caudal e das areas estigmataes. Fer- vido em uma solução de NOH, tinge o liquido de côr vermelha. A derme torna-se molle e transparente. An- tennas, de 8 articulações; das articulações 2 e 5, ambas tem dois pellos muito compridos; as articula- ções 3 e 4 não têm pellos. Comprimento medio 0,500 mm. Formula approximada: 53 (12) 84 (67) ou (53) (12) 84 (67). Comprimento das articulações : (1), 66 ; (2), 66; (3), 84—88; (4), 40=44 (5), 845-9356); 31---40 ; (7), 31—40; (8), 44—48. Pernas regulares; trochanter comprido; coxa com dois pellos compridos e sub-terminaes. (Comprimento das articulações do pri- meiro par de pernas: coxa: 164; femur com trochan- ter 280; tibia 182; tarso 106; unha 22. Digitulos da unha, 44. Digitulos tarsaes compridos, delgados, com as pontas dilatadas, extendendo-se até as extremi dades dos digitulos da unha; estes ultimos são grandes e têm as pontas redondas e largamente dilatadas. Rostro bem desenvolvido e situado atraz da inserção do primeiro par de pernas. Mento com 8 pellos perto da ponta. Annel do anus apparentemente com seis pellos grandes. Placas anaes com tres pellos perto das pontas. Ao redor da margem ha uma carreira singela de pellos peqnenos, cada um dos quaes nasce de um tuberculo. Das areas estigmataes cada uma é caracterizada por 70 até 75 espinhos curtos, redondos e de diversos tamanhos, e por mais de cem fieiras pequenas e redondas. A derme na superficie dorsal é espessamente coberta de curtos pel- los espiniformes e de fieiras. Casca masculina pequena, branca, elliptica, com sete moitas marginaes e duas moitas dorsaes de cêra branca; as marginaes ficam dispostas em uma carreira BIE Sh Mas de 3em cada lado, e uma na ponta anterior. A ponta posterior tem alguns filamentos brancos. Despida das moitas a casca é chata e muito fina. Comprimento 1.5 mm.; largura 0.80 mm. Larva recem-nascida pequena. chata, elliptica, de 0,425 mm. de comprimento, e de 0,220 mm. de largu- ra, de côr de laranja-amarellada, com os olhos pardos. Antennas apparentemente de seis articulações. Pernas curtas; os dois digitulos da unha e os dois digitulos tarsaes são delgados com as pontas dilatadas. À mar- gem do corpo é dentada e tem uma carreira de pellos finos. As areas estigmataes são caracterizadas por 3 ou 4 espinhos curtos e obtusos. O corpo termina em duas cerdas compridas. O laço rostral extende-se quasi até as placas anes. Hab. Ypiranga e São Paulo, nos ramos de Zan- thoxylum sp. Ilex. sp., Psidium, sp, Mechilia flava, Baccharis sp., e em diversas outras plantas, especial- mente nas da ordem Myrtaceae. Foi encontrado tam- bem em Iguape. As cascas dos machos são geralmente collocadas no lado inferior das folhas e bem juntas; as cascas das femeas raras vezes se acham juntas. Não são communs. Esta especie foi primeiramente colleccionada pelo Dr. H. v. Ihering e foi classificada pelo Prof. Co- ckerell como €. albolineatus Ckll., especie das Aniilhas. Um exame ulterior, porém, mostra que a especie Brazileira é differente. 71. Cerosplastos novaesi n. sp. Estampa IX fig. 8 & 9. A casca da femea é muito variavel em tamanho e côr; porém, em geral tem a côr de rosa clara com duas linhas brancas en cada lado até os nucleos late- raes; a forma geralmente é oval, ou sub-circular, ou pentagonal. O dorso é muito convexo. O nucleo dorsal é conspicuo. A cera é deprimida ao redor do nucleo, e elevada, formando sobre o dorso tres tuberculos, pro- duzindo uma apparencia aspera, irregular. A cera é de cor de rosa, amarellada ou roxa, não está dividida em placas, e contem pouca agua. Nos specimens mais velhos, o dorso torna-se mais con- vexo e as bolas de cere se tornam menos conspicuas. Comprimento dos specimens maiores 7,5 mm, largura 7 mm. altura 5,75 mm. O interior da casca é ama- rella. Despido da céra, a femea é lisa, de cor parda ou cor de café, com uma area mais clara no meio do dorso. Placas anaes curtas; corno caulal curto, forte, de cor preta. A derme é dura e chitinisada ao redor dos nucleos lateraes, e é ligeiramente elevada for- mando duas bolas inconspicuas em cada lado e uma na extremidade anterior. Ha uma pequena guarnição de cinco lobulos ao redor da margem lateral do corpo que corresponde aos tuberculos lateraes. Comprimento 9,19 mm. largura 5,29 mm. altura 4 mm. Fervida em uma solução de KOH, tinge o liguido de côr pardo-clara ou avermelhada. A sen dorsal continua dura, e se.ni- transparente, Antennas variaves, de 0,206 mm. a 0,225 mm. de comprimento ; tem seis articulações. Formula approxi- mada: 361 (245). Comprimento das articulações : (1) 31; (2), 20-31; (3), 70-75; (4), 22-26; (9), 22-26; (6). 39-40. Pernas cur tas e apparentemente defeituosas. As tibias do primeiro par de pernas e às vezes tambem as tibias das outras pernas são concavas na margem ex- terna. Comprimento das articulações do primeiro par de pernas; coxa 66; femur com trochanter 93; ubia 46; tarso 44; unha 18. Digitulos da unha 34. Digitulos torsaes delgados, com as pontas os os digitulos da unha sao largos, de tamanho desigual e com as pon- tas dilatadas. Partes boccaes pequenas e situadas atraz do primeiro par de pernas. O laço rostral é curto. Às areas estigmataes são caracterizadas por cerca de 40 espinhos conicos e muitas fieiras pequenas. Annel do anus com seis pellos compridos. A derme dorsal é ho- mogenea, mas contem uma porção de glandulas pequenas. Ao redor da margem ha uma carreira singela de pe- quenos pellos. — 459 — Larva recem-nascida de côr amarella ou alaran- jada, de forma elliptica, achatada, comprimento 0,444 mm. largura 0.204 mm ; a extremidade posterior do corpo um pouco acuminada. Antennas apparentemente de seis ar- ticulações; as articulações 3 e 6 são quasi iguaes em com- primento. Pernas curtas. Os quatro digitulos são com- pridos, delgados, com as pontas um pouco dilatadas. O corpo termina em duas cerdas compridas e tem as mar- gens lateraes dentadas e guarnecidas de alguns pellos compridos. O laço rostral extende-se até o annel do anus. As areas estigmataes são caracterizadas por 2: ou 3 espinhos curtos e obtusos. Hab. Capoeira Grande, Campinas, São Paulo e Cachoeira. Sobre Abutilon sp., Baccharis dracunculi- foliae e Baccharis sp. e sobre Vernonia riedeliw. De- nominado em honra do Sr. Joséde Campos Novaes que muito tem contribuido para o adeantamento do estudo da sciencia no Brazil. Ataca os galhos e os ramos das plantas e parece reproduzir-se com muita rapidez, pois, contei mais de 1300 ovos de um só individuo. Muitos dos specimens dos adultos, porém, são parasitados. Esta especie é tambem acompanhada de uma formiga, Cre- mastogaster sp. Não são muito abundantes, mas se acham muito espalhados. 32. Ceroplastes communis n. sp. Estampa X fig. 1 Casca do adulto feminino, de contorno oval, dorso convexo, cera côr de rosa clara, geralmente coberta de mofo preto, e dividida em sete placas distinctas ; não é lustrosa. A cera é dura e muito fina, de sorte que nos specimens mais velhos a derme é frequente- mente exposta. Removido da casca da avore, deixa uma mancha de cera branca de forma oval. Compri- mento 6,25 mm., largura 5,50 mm., altura 4,75 mm. Despido de cera o insecto é oval; dorso convexo; nu- cleo dorsal alongado e elevado; os outros nucleos não são apparentes. Derme, de côr amarella clara, lustrosa, lisa, um pouco chitinosa, e com poucas covas. Não tem — 460 — bolas. Fervido em uma solução de KOH, tinge o liquido de côr amarello-clara. A derme torna-se molle e semi- transparente. Antennas, variaveis, geralmente de articulações, mas frequentemente têm uma articulação falsa. Compri- mento de 0,460 a 0,495 mm. Todas as articulações, pee a 3.º têm pellos. Formula approximada : 4 (312) 7 (06). Comprimento das ae (1), 10—75 ; (2), 66—70 ; (3), 70—79 ; (4), 129—133 ; (5), 39—40 ; * (6), 35—40 ; (7,) 40—46. Pernas regulares; compri- mento das articulações do primeiro par de pernas ; coxa 155; femur com trochanter 245; tibia 168; tarso 114; unha 3i; digitulos da unha 48. Digitulos tarsaes delgados, com as pontas dilaladas, extendendo- se até as pontas dos digitulos da unha; estes ultimos são largos e têm as pontas redondas e dilatadas. Rostro bem desenvolvido, situado atraz da inserção do pri- meiro par de pernas. Laço rostral curto. (Corno cau- dal muito curto e largo, e inconspicuo. Annel do anus com 6 pellos compridos. Areas estigmataes caracteri- zadas por uma depressão em fórma de ferradura na su- perficie ventral, com cerca de 20 espinhos coniformes, e de 40 a 50 fieiras redondas. A margem do al é coberta de uma carreira dupla de espinhos curtos, agudos e coniformes, e de alguns pellos compridos. A “derme no dorso é homogenia, sem glandulas apparentes. Ovos pequenos, ellipticos, lisos, lustrosos, quasi branco, quando brancos, quando postos, mas tornam-se amarello-claros depois. Hab. Ypiranga. Nos ramos de Maytenus sp. Acha-se em grande abundancia neste arbusto. E' acom- panhado de uma formiga, Cremastogaster sp. =~ 73. Ceroplastes confluens Chil. & Tinsley Cascada femea adulta geralmente sub-circular, con- vexa, com uma pequena depressão ao redor do nucleo dorsal. Nucleo dorsal pequeno, oval, branco, com oito pequenos nucleos dispostos ao redor do nucleo dorsal, tres em cada lado e um em cada ponta. A côr é amarella — 461 — ou branca suja, com uma mancha oval de mofo preto no meio do dorso. Duas linhas brancas se extendem de cada lado quasi até o dorso. A cera é dura enão se divi de em placas distinctas. Comprimento 4.5 mm, largura 4 mm., altura 2,75 mm. Despido da cera it Ancor, pardo-clara, e tres bolas pontudas em cada lado, uma sobre o dorso e uma outra na ponta anterior. O corno caudal é perpendicular, muito curto, de côr pardo-escura. A superficie ventral é ligeiramente constringida. com uma pequena guarnição de cinco lobulos ao redor da margem. Derme lustrosa; nos specimens mais novos é molle; nos specimens mais velhos, porém, torna-se dura e chitinisada, especialmente nos tuberculos. Com- primento 3 mm., largura 2,75 mm., altura 2,50 mm. Fervido em uma solução de KOH, tinge o líquido de cor pardo-amarellada. Antennas variaveis, de 6 articulações ; comprimento de 0,310—0,360 mm. Comprimento das articulações : (1), 44— OT ; (2), 44— 93; (35, 128—141 ; (4), 81—35 ; (5), 26—31 ; (6), 40—44 Formula approximada : 3126 (49). Pernas regulares. Comprimento das articulações do primeiro par de E coxa 106, femur com trochanter 158; tibia 123; tarso 93; unha 20; ditulos da unha 29. Digitulos do tarso, compridos, Digi- tulos da unha largos, com as pontas arredondadas. 0 rostro esta situado logo atraz da inserção do primei- ro par de pernas. As areas estigmataes são caracteri- zadas por numerosos espinhos coniformes. A superfi- cies dorsal bem como a ventral contêm glandulas tubu- lares muito pequenas. Uma carreira singela de pequenos pellos extende-se ao longo da margem lateral. Hab. Cachoeira, Ypiranga, Mogy- -Guasstt. Nos ra- mos do Ingaserro, Mimosa sp. e em outras plantas indigenas. Esta especie foi primeiramente descripta da Jamaica, mas a especie brazileira parece conformar-se com esta. A cêra de 60 ou mais individuos frequen- temente se funde e às vezes o galho inteiro é cerca- do. E” acompanhado de uma formiga, Cremastogaster sp. Duas especies de parasitas hymenopteras fréquen- temente emergem do adulto. — 462 — 74. Ceroplastes floridensis Comstock. A casca do adulto feminino é pequena, sub-circu- lar, convexa, de côr de creme ou branco-rosada, com- primento 3 mm., largura 2,5 mm., altura 1,5 mm. A cêra nãc é muito molle, e nao está dividida em placas distinctas. O nucleo dor sl é elevado, elliptico, branco; os nucleos lateraes não são distinctos. Despida da cera a derme é lustrosa e de côr pardo- clara, não é dura e não tem bolas conspicuas; o corno: caudal é é pequeno e de cor pardo-escura. Antennas va- riaveis, de seis articulações, de 0.273 a 0.298 mm. de comprimento. Comprimento das articulações : Ge 44 3 (2), 44; (3), 110128; (4), 18; (5), 22; (6), 35—42. Formula approximada: + (12) 654. Pernas de coxa larga e muito coneava na extremidade proximal. Comprimento das articulações do primeiro par de per- nas: coxa 66; femur com trochanter 169; tibia 110; tarso 70; unha 18; digitulos da unha 55; digitulos tarsaes 48. Digitulos tarsaes muito compridos, com. as pontas dilatadas; digitulos da unha grandes e lar- gos com as pontas redondas e dilatadas. Rostro situado entre o primeiro par de pernas. Ao redor da margem lateral do corpo ha uma carreira singela de pellos com- pridos, colocados bem juntos entre si As areas estig- mataes são caracterizadas por espinhos coniformes e fieiras redondas. A derme ventral contem pequenas fieiras e grandes glandulas tubulares perto da margem lateral. Hab. São Paulo. Nas folhas e ramos de Ficus sp., Hedera sp. e Citrus sp. Za. Ceroplastes vuriegatus n. sp. Estampa X fig. 2 A casca da femea oval na base, o dorso elevado, formando uma pyramide. Céra lustrosa, distinctamen- ts dívidida em sete placas, sendo uma dorsal e seis Jateraes, Os nucleos dorsaes e lateraes são presentes, — 463 — contém cera deprimida ao redor de si. A cera tem a cor branca e rosa em anneis concentricos ao redor da superficie de cada nucleo; na margem e na ponta an- terior a cor é mais clara. Ha tambem diversas linhas finas, radiantes dos nucleos. O nucleo dorsal é muito deprimido, mas a cera o encobre detraz, formando um capuz. A ponta anterior da casca é acuminada ; a pon- ta posterior truncada, e ambas as extremidades são entalhadas. O interior da cera é da cor de rosa. Re- movido do galho, deixa uma camada de cera branca. Nos specimens mais velhos as linhas radiantes e os anneis concentricos tornam-se obsoletos, e a cera toma uma cor de creme clara. Comprimento 8,25 mm., lar- gura 790 mm., altura 9,75 mm. Despida de cera a derme é lustrosa, côr de salmão, pouco dura, e tem duas bolas proeminentes em cada lado, uma sobre o dorso e uma outra pequena na ponta anterior. O corno caudal é pequeno, largo e chato, de côr preta. Dorso longitudinalmente enrugado, com uma carreira de pro- fundas covas glandulares em cada lado. A margem abdominal é levemente guarnecida e granuiada. KFervida em uma solução de KOH, tinge o liquido de côr de rosa clara. Nos specimens mais velhos a derme é par- da, cor de chocolate, e as bolas são quasi obsoletas. Comprimento 4,50 mm., largura 2,50 mm., altura 1,75 mm. Antennas variaveis, de sete articulações; todas as articulações, excepto a 3," têm pellos. Comprimento de 0,335 mm. a 0,384 mm. Comprimento das articuções: (1), 44—48 ; (2), 58—57 ; (3), 97—62: (4), 89—102 ; (9), 26—31 ; (6), 26—81 ; (7), 40—03. Formula ap- proximada : 4 (32) (17) (56) ou 43217. (56). Pernas compridas ; coxa com um espinho curto na extremidade proximal. Comprimento das articulagdes do primeiro par de pernas : coxa 128; femur com troahanter 200; tibia 138; tarso 89; unha 22; digitulos da unha 40. Digitulos tarsaes muito compridos, com as pontas ligeiramente dilatadas ; digitulos da unha grandes, com as pontas largamente dilatadas; um sendo um pouco — 464 — menor do que o outro. Rostro pequeno, situado entre o primeiro par de pernas. O laço do rostro se extende alem do segundo par de pernas. Cada uma das areas estigmataes é caracterizada por cerca de 50 espinhos agudos e coniformes, de diversos tamanhos, os maiores tendo 0.053 mm. de comprimento; e de 60 a 70 fieiras redondas. A margem lateral tem alguns pellos curtos. A derme da superficie ventral e da dorsal tem numerosas elandulas pequenas. Hab. Ypiranga. Nos ramos de Miconia sp., e de outras plantas da ordem Myrtaceae. 36. Ceroplastes speciosus 2. sp. Estampa X fig. 3 A casca do adulto feminino quadrada ou rectan- gular no contorno; dorso chato; lados irregulares, perpendicularmente entalhados ; bem mais largos do que a base do abdomen. Cera parda, transparente, molle e rija; não esta dividida em placas; com uma area branca de forma rectangular no meio do dorso. Nucleo dorsal branco, um pouco elevado, com uma porção de linhas finas, radiantes, e anneis concentricos em roda. Comprimento 4,9 mm.; largura 4 mm.; altura 2,5 mm. Despido da cera, a forma é rectangular, com centros redondos, os lados quasi perpendiculares ; dorso ligeiramente convexo. Comprimento 3 mm.; largura 1,75 mm.; altura 1,75 mm. Derme molle, de côr pardo-escura, com uma pequena area dorsal de forma oval, de côr mais clara e cercada de uma pequena de- pressão longitudinal, contendo cellulas dermes. A margem ventral tem uma guarnição estreita e fina de cinco lobulos ; corno caudal curto, de cor pardo- escura. Fissura anal del mm. de comprimento. Fervido numa solüçäo de KOH tinge o liquido de côr pardo- clara. Antennas de 6 articulações; todas as articulações tém pellos. Comprimento 0,200 até 0,220 mm. Com- primento das articulações : (1), 35—40; (2), 26—31 ; (3), 66— 70; (4), 18; (5), 22—26 ; (6), 31—35. For- mula approximada : 316254 ou 3 (16) (25) 4. Pernas regulares. Comprimento das articulações do primeiro par de pernas: coxa 70; femur com trochanter 120 ; tibia 75; tarso 48; unha 18; o maior digitulo da unha 26. Digitulos tarsaes muito compridos e delgados, com as pontas dilatadas, um dos digitulos da unha é grande, largo, com a ponta redonda e dilatada ; o outro tem a metade do tamanho deste. Rostro grande e si- tuado entre o primeiro par de pernas. Laço rostral comprido; em alguns specimens extende-se até o ter ceiro par de pernas. Cada uma das areas estigmataes é caracterizada por cerca de 20 espinhos curtos e re- dondos, e por 16 ou 20 fieiras grandes e redondas. A margem lateral do corpo contem alguns pellos curtos. Na superficie dorsal e na ventral ha algumas glandulas espalhadas. Hab. Ypiranga. Nos ramos de diversos arbustos da ordem Myrtacew. Os specimens são geralmente cobertos de um mofo preto. à w 45. Ceroplastes lucidus 7. sp. Estampa X fig. 4 Casca do adulto feminino sub-globosa, céra fina e quebradiça, semi-transparente, de côr pardo-averme- lhada ou pardo-amarellada. Nucleo dorsal proeminente; nucleos lateraes in- conspicuos; a céra é deprimida ao redor dos nacleos, fazendo a superficie aspera e nodosa. Divisões das pla- cas indistinctas ou obsoletas. Nos specimens mais no- vas a céra é de côr de ambar, e a superficie é mais nodosa; nos specimens mais velhos, a superficie tor- na-se mais igual. Comprimento 4,75 mm, largura 4,50 mm. altura, 3,75 mm. Despido da eéra o inscto é de — 466 — côr pardo-clara, com 9 pequenas bolas, duas de cada lado e uma na extremidade anterior. Dorse convexo; derme lustrosa, dura. O corno caudal muito pequeno e de côr pardo-escura. Na margem abdominal ha uma guarnição de cinco lobulos. Fissura anal curta, quasi não chega a ter t mm. de comprimento. Tervido em uma solução de KOH, tinge o liquido de côr pardo- avermelhada. Antennas, variaveis, de 6 articulações; todas têm pellos. Comprimento 0,198 0,250 mm. Comprimento das articulações; (1), 31; (2), 26-31; (3), 19 80; (4), 18 22; (5), 22; (6), 26-35. Formula approxi- mada: 36 (12) 54 ou 3 (612) (54). Pernas curtas. iad eben das articulagdes do aie par de per- nas: coxa 79; femur com trochanter 114; tibia 79; tarso 53; unha 18; digitulos da unha 26, Digitulos da unha grandes, com as pontas largamente dilata- das ; digitulas tarsaes compridas e delgadas, com as pontas dilatadas. Rostro bem desenvolvido é situado logo atraz da inserção do primeiro par de pernas. Cada uma das areas estigmataes é caracterizada por cerca de 36 espinhos conicos e pelo mesmo numero de fieiras grandes e redondas. Ao redor da margem lateral do corpo ha alguns pellos curtos. Espelhadas pelas superficies dorsal e ventral ha muitas grandulas pequenas. A casca do macho é branca, muito pequena e elliptica. Comprimento 1,25 mm. ; largura 0,50 mm. Hab. Ypiranga. E’ muito abundante sobre Bac- charis dracunculifolia, mas tambem se acha em outras plantas do mesmo genero. E” commum. 3%. Ceroplastes purpureus n. sp. Estampa X fig. 5 Casca do adulto feminino pequena, fina, de côr pardo-clara e dividida em sete placas distinctas. O con- — 467 — torno geral e rectangular com os lados mais ou menos perpendiculares. Nos specimens mais novos as placas são bem distinctas e são separadas por linhas de cor pardo-escura. Nos specimens mais velhos o dorso tor- na-se mais convexo, as placas tornam-se indistinctas e a cor é roxa. Nucleo dorsal presente, branco e ligei- ‘amente elevado ; nucleos lateraes indicados por peque- nas depressões. Cera, muito fina e secca, mas bem rija. Comprimento 2,75 mm., largura 2,10 mm., altura 2.10 mm. Despida de cêra, a Naide é dura, lustrosa, de cor vermelho-escura, e enrugada por muitas covas glan- dulares. O corno caudal muito pequeno e de côr es- cura. Jervido em uma solução de KOH, tinge o li- quido de côr vermelho-escura. A derme é chitinizada e toma a cor pardo-clara. Antennas de seis articulações, todas têm pellos. Comprimento 0,178—0,206 mm. Comprimento das arti- culações : (1), 22—26; (2), 22-26: (3), 70-79; (4), 18-—22; (0), 18-22; (6), 28-81. Formula approxi- mada: 36 (12) (45). Pernas curtas. Comprimento das articulações do primeiro par de pernas: coxa 53; fe- mur com trochanter 102; tibia 66; tarso 48; unha 13; digitulos da unha 25; coxa com um espinho curto na extremidade proximal. Digitulos tarsaes compridos e de tamanho igual, com as pontas dilatadas; um dos digitulos da unha é grande, o outro é pequeno, ambos com as pontas largamente dilatadas. Rostro bem des- envolvido, e geralmente situado a meia distancia entre o primeiro e o segundo par de pernas. O laço rostral extende-se alem do segundo par de pernas. Cada uma das areas estigmataes é caracterizada por 20 ou 25 es- pinhos conicos e pelo mesmo numero de fieiras. Ao redor da margem lateral do corpo ha uma carreira sin- gela de pellos curtos e juntos. A derme com uma porção de pequenas glandulas. Hab. Ypiranga. Nos ramos de Miconta sp. e de outros arbustos. 79. Ceroplastes formosus 7. sp. , A casca do adulto feminino é rectangular; dorso convexo ; cera de cor ainarella clara, desigual, dividida em sete placas distinctas, das quaes uma é situada, no dorso, duas em cada lado, uma na extremidade anterior e uma na extremidade posterior. Nucleo dorsal grande, branco, geralmento coberto de um mofo preto; os nu- cleos lateraes não são visiveis. A cera é mais clara no centro das placas lateraes do que nas suas margens, é dura, rija e muito deprimida ao redor do nucleo dorsal. “omprimento 4 mm., largura 3 mm. e altura 2,75 mm. fervido em uma solução de KOH, a derme torna-se molle e transparente © corno caudal tem 0,500 mm. de comprimento; é de cor pardo-escura. Antennas variaveis, de 6 articulações ; todas tem pellos. Comprimento das articulações: (1) 31-35; (2) 26; (3) 1079; (4) 18 —22; (5) 22; (6) 35 - 40. Formula approximada . 3612 (45) ou 3 (61) 2 (45). Pernas cur- tas. Comprimento das articulações do primeiro par de pernas : coxa 75, femur com trochanter 93, tibia 75, tarso 66, unha 18, digitulos da unha 31, digigulos tarsaes 44. Digitulos da unha de tamanho desigual, um gran- de e largo, com a ponta dilatada, o outro menor e mais estreito. Digitulos tarsaes muito compridos e delgados, com as pontas dilatadas. Coxa com dois espinhos curtos na extremidade proximal; o tarso frequente- mente tem uma incisão na margem, donde parece ser articulado. Rostro entre o primeiro par de pernas O laço rostral se extende até o terceiro par de per- nas. Annel do anus apparentemente com 6 pellos. Cada uma das areas estigmataes é caracterterizada por cerca de 20 espinhos conicos e algumas fieiras redondas. Os espinhos conicos são situados em toda a margem do corpo, excepto na região cephalica e na caudal. A derme contem numerosas fieiras pe- quenas. Hab. Poços de Caldas, Estado de Minas Geraes. Nos ramos de Eugenia sp. AG SO. Ceroplastes rarus n. sp. Estampa X fig. 6 Casca do adulto feminino oval. com o dorso muito convexo, de fórma conica, fazendo uma ponta. Gera fi- na, secca e quebradiça, de cor branca, dividida em se- te placas distinctas, duas lateraes em cada lado, uma dorsal, uma na ponta anterior e uma na ponta poste- rior. Nucleos grandes, conspicuos, ovaes, de côr pardo- escura ; placa posterior com dois nucleos. Placas sepa- radadas por areas de cera parda. A cera das placas é disposta em camadas concen- tricas, as do dorso são redondas, as dos lados são quadradas. Numerosas linhas finas tambem radiam dos nucleos. Comprimento 95,15 mm; largura 4,50 mm.; altura 4 mm. Despida de cera, a derme é dura e lustrosa, lisa, de cor pardo-clara, com oito pequenas bolas; duas em cada lado, uma na extremidade anterior, uma no dorso e uma de cada lado do corno caudal. O corno caudal é pequeno, curto, de côr pardo-escura e collocado horizontalmente. Comprimento 5 mm., lar- gura 4 mm.: altura 3,50 mm. Fervido em uma so- lução de KOH, tinge o liquido de côr amarello-clara. A derme dorsal continua chitinizada e opaca. Antennas de 7 articulações; todas as articulações, excepto a 3º têm pellos. Comprimento 0,350—0,391 mm. (Comprimento das articulações: (1), 535— 66; (2), A4 ; (3), 48—57; (4), 97—106; (4), 34—35; (6), 31-- 30; (7), 44--48. Formula approximada; 41372 (56) ou 4 (13) (72) (96) Pernas regulares. Comprimento das articulações do primeiro par de pernas: coxa 133; femur com trochanter 191; tibia 123: tarso 97; unha 22; digitulos da unha 36. Digitu'os tarsaes muito compridos e delgados, com as pontas largamente dila- tadas. Digitulos da unha de tamanho igual, grandes, largos, com as pontas redondas e largamente dilatadas. tostro, collocado mois proximo ao segundo par de pernas do que ao primeiro ; laço rostral curto; não se extende atê o segundo par de pernas. Hab. Ypiranga. Nos ramos dum arbusto indigena. Baro. ST. Ceroplastes cuitus n. sp. Estampa X figs. 7 e 8 A casca do adulto feminino, é irregularmente oval, truncada posteriormente, com o dorso convexo, lisa, lustrosa, branca, côr de creme, dividida em sete placas por linhas de côr pardo-clara. A cera é fina e ligei- ramente deprimida ao redor de cada um dos nucleos. Nucleo dorsal oval, grande; nucleos lateraes e termi- naes pequenos e sub-circulares ; todos os nucleos são de cor pardo-clara, com uma pequena mancha de cera branca no centro. A placa caudal tem dois nucleos. A placa dorsal é a maior; é sub-circular no contorno. Dos nucleos radiam linhas finas; ha tambem alguns anneis concentricos. Ao redor da margem lateral a cera é mais grossa e quasi branca. Comprimento 5 mm.; largura 4 mm.; altura 5,6 mm. Despida da cera a femea tem a derme dura e parda; o corno caudal é pequeno e preto. Ha tres pequenos tuber- culos em cada lado eum na extremidade anterior. Comprimento 4 mm.; largura 3 mm.; altura 2,5 mm. Fervida em uma solução de KOH, a derme continua dura e opaca. Antennas variaveis, de 7 articulações; todas as articulações, excepto a 3.º têm pellos. Comprimento 0,272 —0,307 mm. Comprimento das articulações : (1), 44: (2), 30 —44 (3), 40 —48 5 (4), 60 79% (0), 26 —ols (6), 26, (7) 35. Formula approximada >. 4 (o12)% (96). Pernas compridas. Comprimento das articula- ções do primeiro par de pernas: coxa 128; femur com trochanter 168; tibia 135; tarso 84; unha 26; digtulos da unha 44. Digitulos tarsaes muito com- pridos e delgados, com as pontas dilatadas. Digitulos da unha de tamanho igual, grandes, com as pontas largamente dilatadas. Rostro situado a meia distancia entre o primeiro eo segundo par de pernas; laço ros- tral curto, um pouco maior do que o rostro eo mento. » Cada uma das areas estigmataes é caracterizada por cerca de 30 espinhos conicos, e outras tantas fieiras grandes e redondas. Ao redor da margem lateral ha uma carreira singela de pellos curtos e tuberculados na base. A derme dorsal é composta de placas polygonaes e con- tem muitas glandulas pequenas. A derme ventral tam- bem contem algumas glandulas perto da margem. A casca do macho é pequena, alongada, chata, com sete topetes de secreção branca, cerosa ao redor da margem, e com um. topete alongado no dorso. À ex- tremidade posterior tambem contem alguns fios de se- creção branca. Comprimento 1,50 mm.; largura 0,75 mm. Hab. Ypiranga. Nos ramos da planta Eregeron canadensis L. Raro. s2. Ceroplastes cuneatus 1%. sp. Estampa X tig. 9 A casca do adulto feminino é irregular, oval no con- torno, truncada posteriormente, convexa; a cera fazendo uma ponta obtusa no dorso, é dividida em sete placas indis- tinctas. Cér branca ou creme, com linhas pardo-claras entre as placas. Placa caudal com dois nucleos. Todos os nucleos de côr pardo-escura, com uma pinta de secreção branca no centro. A cera é muito deprimida ao redor dos nucleos e grossa nas margens. Um sulco profundo cerca a placa dorsal, dando à superficie uma apparencia aspera e nodosa. Frequentemente um capuz de cera é formado de traz sobre o nucleo dorsal, às vezes cobrin- do-o em parte. (Comprimento 4,25 mm; largura 3,75 mm. ; altura 3,25 mm. Despida da cera, a femea tem a derme parda, lustrosa e dura. Os tuberculos lateraes são levemente indicados, mas não são distinctos. Com- primento 3,25 mm.; largura 2,50 mm.; altura 2 mm. O corno caudal é muito pequeno e pardo. As antennas são variaveis e de sete articulações. Todas as articulações, excepto a 3.” têm pellos. Comprimento 0,812-— 0,864 mm. Formula approximada : 431 (72) 65 ou 4 (317) 265. Comprimento das articulações : (1), 44— a 5 (2), 39—44; (3), 48—57 ;( 4), 84--101 ; (5), 26; (6 31--35; (7),44--48. Pernas compridas; coxa com dois pequenos ae na extremidade proximal. Comprimanto das articulações do primeiro par de pernas : coxa 106; femur com trochanter 194; tibia 120; tarso 97; unha 20 ; digitulos da unha 35. Di- gitulos tarsaes muito compridos, com as pontas dilata- das. Digitulos da unha de tamanho igual, grandes, com as pontas largamente dilatadas. Rostro situado entre o primeiro par de pernas. O laço rostral extende atê o se- gundo par depernas. Annel do annus apparentemente com 6 pellos. Cada uma das areas estigmataes é cara- cterizada por cerca de 30 espinhos conicos, e por 40 a 90 fieiras redondas. Ao redor da margem lateral ha uma carreira singela de pellos compridos, tuberculados na base. A derme é homogenea, e contem numerosas elandulas. Hab. A cis Nos ramos de Ærigeron cana- densis L. E” raro 8.3. Ceroplastes formicarius n. sp. A casca do adulto feminino é oval ou subcircular, convexa, irregular, ncdosa, com a cera dividida em sete placas, com uma margem lateral mais grossa. A placa caudal é a mais comprida e tem dois nu- cleos. Todos os nucleos têm a côr pardo-clara, e às vezes um - pequeno vestigio de uma secreção branca. Céra molle e humida, de cor de rosa clara, deprimida ao redor dos nucleos, tomando uma apparencia nodosa. Compri- mento 4 mm.; largura 3,20 mm.; altura 2,10 mm. Despida da cera a femea é lustrosa, com a derme chiti- nosa, mas pouco dura, de côr pardo-clara, com um pe- queno tuberculo dorsal. O corno caudal é pequeno, um pouco mais escuro do que a derme. Comprimento da fe- mea 3,9 mm.; largura 2,5 mm.; altura 1,75 mm. Antennas variaveis, de sete articulações ; todas as articulações, excepto a 3.2 têm pellos. Comprimento 0,327 --0,389 mm. Comprimento das articulações : (1), 53 ; (2,) hm = tipo ee 93--66 ; (3), 62-75; (4), 70--89, (5), 28 -35 3 (6), 26-- 31; (7), 35-40. Formula approximada: 43217 (56.) Pernas compridas ; a coxa com diversos espinhos curtos. Comprimento das articulações do primeiro par de pernas : coxa 102; femur com trochanter 204; tibia 146; tar- so 93; unha 28; digitulos da unha 41. Digitulos tarsaes compridos, com as pontas dilatadas. Digitulos da unha compridos e grandes, com as pontas largamente dila- tadas. Rostro situado entre o primeiro par de pernas ; o laço rostral extende-se até o terceiro par de pernas. Annel do annus com seis pellos. Gada uma das areas estigmataes é caracterizada por uma depressão em fór- ma de uma ferradura na superficie ventral, por cerca de 20 espinhos conicos, e por 30 a 35 fieiras grandes e redondas. A margem lateral contem uma carreira do- brada de espinhos conicos collocados bem juntos, espe- cialmente nos lados. Na margem anterior a carreira de espinhos é singela e tem alguns pellos com- pridos. Na margem posterior ha poucos espinhos, mas ap- parecem mais pellos compridos. Ha tambem uma car- reira de pellos curtos na superficie ventral, logo dentro da carreira de espinhos. A derme contem muitas glan- dulas exiguas. Hab. Ypiranga. Na casca de Maytenus sp. Esta especie é acompanhada de uma formiga, Camponotus sp. que constroe uma casa de capim ou de terra ao redor dos ramos onde os insectos se acham congrega- dos. A larva dum pequeno lepidoptero, parece ser-lhe mui- to nociva. Não é commum. 34. Ceroplastes rotundus 7. sp. A casca ds adulto feminino é oval no contorno; o dorso convexo e redondo; cêra lisa, fina dura e que- bradiça, dividida em sete placas destinctas de côr par- do-clara, com linhas pardas entre as placas. Placa cau- dal com dois nucleos. Nucleo dorsal oval, grande; os outros nucleos são pequenos e quadrados ; todos de côr pardo-escura, com uma pequena pinta de secreção branca np, D no centro. Todas as placas tem linhas. radiantes dos nu- cleos e anneis concentricos que lhes dão a apparencia de: escamas de peixe. Comprimento 5 mm.; largura 4mm.;, altura 3, 50 mm. Despida da cêra a femea é parda, com e derme chitinisada ; o corno da cauda é escuro igualmente: como a derme e pequeno; não ha tuberculos distinctos. Antennas variaveis, de sete articulações ; todas as ar- ticulações, excepto a 3º, têm pellos. Comprimento 0,530) — 0,348. Comprimento das articulações: (1), 44 ; (2), 4A (DB) DS OF (4), SO ON (O), 20 La 16) a (7), 40 -44 Forma approximada : 43 (127) (69). Per- nas regulares. Comprimento das articulações do primeiro: par de pernas; coxa 97; femur com trochanter 1783. tibia 114; tarso 97; unha 20; digitulos da unha 39. Digitulos tarsaes compridos, muito delgados, com as pontas dilatadas. Digitulos da unha grandes, com as pon- tas largamente dilatadas. Annel do annus com 6 pellos. Rostro situado entre o primeiro e o segundo par de pernas; laço do rostro curto, extendendo-se além do segundo par de pernas. Gada uma das areas estigmataes. é caracterizada por cerca de 25 espinhos conicos e al- gumas fieiras redondas. A margem lateral contem al- guns pellos compridos e tuberculados. A derme tem muitas pequenas glandulas. Hab. Ypiranga. Nos ramos de Maytenus sp. E' raro.. Mi. Ceroplastes albolineatus CA. Examinando o material do Museu achei uma fórma: que parece ser identica com esta especie. Infelizmente: não tenho nenhum specimen authentico para comparação. A casca do adulto feminino é de côr de rosa clara, oval no contorno, convexa, indistinctamente divi- dida em sete placas. Nucleos presentes, pardos, às vezes. cobertos de uma secreção de cor branca. Placa caudal apparentemente com dois nucleos. Cera molle, grossa, des- igual, deprimida ao redcr de cada um dos nucleos. A casca é apontada anteriormente, truncada e levemente: entalhada posteriormente. Comprimento 6,50 mm.; lar- gura D mm. ; altura 3,80 mm. — 475 — Despida da céra a femea é de côr amarello-clara, com oito tubereulos salientes, collocados tres em cada lado, um no dorso e um na extremidade anterior. O corno caudal é curto e largo, de côr pardo-escura. Derme dorsal dura com uma porção de pequenas covas glandulares, fundas, de côr parda acima dos tu-ber culos lateraes. A margem lateral é ligeiramente enru- gada. Comprimento 4,80 mm. ; largura 8,50 mm.; altura 3 mm. Fervida em uma solução de KOH, a derme torna -se molle e transparente nos specimens mais novos. Antennas variaveis, de sete articulações; todas as articulações excepto a 3º têm pellos. Comprimento 0,350 — 0,384 mm. (Comprimento das articulações : (1), 44— 933 (2), 58—07; (3), 62-70; (4), 89—102; (5), 31 ; (6), 31; (7) 40. Formula approximada : 43217 (56) ou 43 (21) 7 (56). Pernas fortes. Comprimento das articula- ções do primeiro par de pernas : coxa 97; femur com tro- chanter 211; tibia 168; tarso 89; unha 22; digitulos do tarso 50. Digitulos da unha grandes com o dobro do comprimento da unha e as pontas largamente dilatadas. Digitulos tarsaes muito compridos e delgados, com as pon- tas dilatadas. Rostro grande e situado logo atraz do pri- meiro par de pernas; o laço rostral extende-se até o segundo par de pernas. Annel do annus com seis pellos. Cada uma das areas estigmates é caracterizada por 30 ou 35 espinhos curtos, agudos e conicos e por cerca de cem fieiras redondas. A margem lateral tem uma carreira destes espinhos agudos, que se tornam mais ra- ros na região anterior e na posterior, e têm pellos com- pridos interspersos entre elles. Na superficie ventral ha uma carreira singela de pellos no lado interior dos espi- nhos. A derme contem numerosas glandulas exiguas. Hab. Ypiranga. Nos ramos de Maytenus sp. EF? raro. SG. Ceroplastes simplex n. sp. Estampa X fig. 10 > A casca do adulto feminino é oval, convexa, ligei- ramente depremida ao redor do nucleo dorsal, de côr ge ee pardo cinzenta. Sd o nucleo dorsal é visivel; é pequeno elliptico, de côr branca pura. A céra não é lustrosa, h- geiramente enrugada por sulcos e depressões radiantes, não é quebradiça nem está dividida em placas. A cêra é ligeiramente engrossada ao redor da margem lateral. Comprimento 1,9 mm.; largura 3 mm.; altura 2,60 mm. Despida da cèra a derme é dura, lustrosa, de côr pardo-clara com pintas exiguas de côr mais escura. Ha dois pequenos tuberculos em cada lado e um no dorso. | O corno caudal é agudo, curto, apsnas 0,500 mm. de comprimento, de côr pardo-escura. Comprimento da femea 3,50 mm.; largura 2,25 mm.; altura 2, mm. Fer- vida em uma solução de KOH, a femea tinge o liquido de côr de rosa-escura. A derme continua dura e semi- transparente. Antennas variaveis, de sete ariculações. Todas as articulações, excepto a 3.º, têm pellos. Comprimemto; 0,273— 0,807 mm. Comprimento das articulações : (1); 44, (2), 44; (3), 44—48; (4), 66—79; (5), 22—31; (6), 22—26; (7), 31—35. Formula approximada: 43 (12) 7 (56) ou 4 (812) 7 (56). Pernas regulares. Comprimento das articulações do primeiro par de pernas: coxa 79; femur com trochanter 182; tibia 123; tarso 79; unha 22; digitulos da unha 35. Digitulos tarsaes compridos e delgados, com as pontas dilatadas. Digitulos da unha grandes, com as pontas largamente dilatadas. Rostro: grande, situado logo atraz do primeiro par de pernas; o laço do rostro se extende um pouco além do segun- do par de pernas. Cada uma das areas estigmataes é caracterizada por cerca de 50 espinhos conicos e obtu- sos, e pelo mesmo numero de fieiras grandes e redon- das. A margem lateral tem uma carreira singela de pellos collocados longe um dos outros. A derme con- tem muitas glandulas exiguas. Hab. Ypiranga. Nos ramos de uma planta da or- dem Myrtaceae. Colleccionado pelo Dr. von Ihering. E raro. aa ah et Genero Vinsonia Sign. 87. Vimsomia stellifera JVestwood A casca do adulto feminino é estrellada, de sete placas; uma na frente e tres em cada lado; dorso con- vexo, hemispherico, transparente; nos specimens mais velhos a cêra se espalha entre os appendices lateraes, que se tornam mais curtos. Antennas de seis articula- ções, das quaes a 3.2 é a mais comprida, sendo igual às ultimas tres articulações. A tibia é tão comprida como o tarsc; pernas curtas e delgadas. Hab. Pará. Sobre Lucuma caimito. D. C. Collec- cionado pelo Dr. E. A. Goeldi e mandado ao professor T. D. A. Cockerell. Genero Platinglisia Ckll. SS. Platinglisia noacki Chill. O adulto feminino é chato, circular, de 6,50 mm. de diametro, de côr pardo-avermelhado, com as areas marginaes desmaiadas e uma casca vitrea transparente, cada metade da qual tem estrias leves, mas facilmente visiveis, concentricas e radiantes, que nascem de um centro que se acha um pouco no lado da linha mediana do insecto. Com o auxilio do microscopio a casca vitrea mostra linhas de cellulas de ar como a Inglisia, e outras cellulas de ar irregularmente collocadas na area sub- marginal. O insecto tem um sulco profundo, longitudi- nal no dorso, espessamente coberto de poros glandula- res e terminando nas placas anaes. Este coincide com a sutura entre as placas vitreas. O rostro é muito pequeno, com filamentos rostraes curtos, collocados num lado do insecto, perto do centro. A derme, depois de ser fervida, continua de côr par- do-amarella, excepto uma area diferencial marginal in- color; a area parda apresenta grupos de covas glandu- lares irregulares e a arca marginal apresenta grandes covas glandulares de fórma redonda. As antennas são representadas por uma pequena protuberancia perto da margem anterior; são apparente- mente de duas articulações; a primeira articulação tem um ou dois pelos curtos e a segunda tem cerca de seis pellos. As pernas faltam. Aberturas estigmataes peque- nas, globulares e largamente separadas umas das outras. Placas anaes regulares, com os dous lados externos mais ou menos regulares em tamanho. Annel do anus com seis pellos. A margem lateral do corpo contem cerca de cem espinhos agudos, pequenos e grandes, al- ternados e collocados com intervallos regulares. As areas estigmataes são marcadas de um espinho compri- do e curvado na ponta. Mento monomero, com 8 pel- los curtos. Hab. Campinas. Na parte superior de uma planta Myrtacea ; colleccionado pelo Dr. I. Noack. Achado tambem pelo sr. G. Edwall em Alto da Serra, na parte superior de uma arvore da ordem Thymeleaceae. Se acha tambem em S. Paulo, sobre Laurus sp. E raro. Genero Edwallia Hempel Apparentemente relacionado com Marmaisia Sign. Casca do adulto feminino cerosa, dura e quebradiça, de forma conica, com sulcos e rugas radiantes. Antemnas de cinco articulações. Placas anaes curvadas; as duas, juntas, formam um annel. Cada uma das placas contem dez pellos compridos. Typo Ædivallia rugosa Hempel. sy Edwallia rugosa Hempel dstampa X fig. 11—15 A casca do adulto feminino é de côr branca; a céra dura e quebradiça, de fórma conica, tendo a apparen- cia de uma bernaca e é enrugada radialmente, como a concha de Pecten. A base é ligeiramente oval, mais larga no lado anterior do que no posterior; o lado anterior é ligeiramente convexo, de sorte que o apice da casca fica atraz do meio. Não apparece nenhuma cellula de ar. Uma porçäo de anneis concentricos e finos rodeiam a casca parellamente com a base. O interior da casca é liso e lustroso. O adulto feminino enche completa- mente a casca e tem a derme lisa, de côr amarella, cor de limão. Ao redor da margem do corpo ha uma carreira de cerca de 210 pequenos espinhos, de fórina conica, e perto da margen, na superficie dorsal, ha uma carreira dupla de pellos exiguos. As areas estig- mataes são caracterizadas por um grande espinho curvo, com uma pinta redonda na base e um grupo de 13 ou 19 glandulas redondas. A fissura caudal é muito curta e cada lobulo tem um pello mais comprido do que os espinhos marginaes. O orificio anal & cercado de um annel chitinoso, dentro do qual está o annel do anus com 6 pellos compridos. Placas anaes curvas, irregulares, triangulares, com o lado dorsal mais comprido do que o lado ventral. Gada uma das placas tem 10 pellos com- pridos, dois dos quaes são direitos e espiniformes, em- quanto que os outros são mais compridos e flexiveis. Tres destes se acham na superficie dorsal e sete na su- perficie ventral. As placas são collocadas de modo que juntas formam um segundo annel anal con 20 pellos. Logo em frente ao annel do anus ha um grupo de 20 pequenas fieiras redondas. Antennas de cinco articulações, de cerca de 0,1%0 mm. de comprimento; todas as articulações têm pellos ; a articulação 3 tem dois pellos, um dos quaes é bem comprido. (Comprimento das articulações : (1), 22—26 ; (2), 13—15; (3), 31-33; (4), 18—20; (5), 22 —24, Formula approximada: 31542 ou 3 (51) 42. ternas regulares; coxa e trochanter com um pello sub-termi- nal; femur largo, com um espinho curto e agudo perto da extremidaae distal. (Comprimento das articulações do primeiro par de pernas: coxa 62; femur com tro- chanter 106; tibia 84; tarso 57; unha 9; digitulos da unha 17. Digitulos tarsaes muito compridos e delgados, com as pontas dilatadas; os digitulos da unha têm cerca a metade do comprimento dos outros, são ovaes e falhosos. Mento grande, situado à meia distancia en- — 480 — tre o primeiro e o segundo par de pernas. O laço rostral extende-se atê a metade da distancia para o ter- ceiro par de pernas. Casca do adulto feminino 5 mm. de altura; 1,90 inm. de largura; 2,79 mm. de compri- mento. E” viviparo. Gasca do macho branca, muito fina, elliptica, pouco convexa. Dividida em placas; uma no dorso, duas la- teraes em cada lado e uma terminal em cada extremi- dade. A placa dorsal tem um topete de cera quebra- diça. Comprimento de 1,75 mm., largura de 0,75 mm.. Larva recem-nascida de côr pardo-amarellada, oval, com a margem dentada: o abdomen termina em dois lobulos inconspicuos, cada um dos quaes tem um pello comprido e terminal. O annel do anus tem seis pellos compridos, e no abdomen logo em frente ao annel do anus ha dois pellos curtos. As placas anaes são indi- cadas por cerca de seis pequenos pellos. As areas es- tigmataes no pro-thorax e meso-thorax são caracteri- zadas por um espinho curto e grosso. Antennas appa- rentemente de cinco articulações; as articulações 5 e 3 são quasi iguaes no comprimento. "Todas as articu- lações têm pellos; a articulação O tem seis pellos, um dos quaes é tão comprido como as antennas. Pernas compridas ; o trochanter tem um pello comprido e sub- terminal; todas as outras articulações têm dois ou mais pellos. A unha é comprida e delgada ; os digitulos são de comprimento desigual e ligeiramente dilatados ; digitulos tarsaes muito compridos e capilliformes, com as pontas ligeiramente dilatadas. Sobre o dorso não ha espinhos, A margem do corpo contem uma carreira singela. de pel- los curtos. Comprimento 0,575 mm., largura 0,250 mm. Hab. São Paulo, Brazil. Nos ramos pequenos de Eugenia jaboticaba. Devo a acquisição desta especie ao Sr. Gustavo Edwall. Koi elle quem o primeiro achou e me chamou a attenção para ella. Não é commum. Genero Pulvinella Hempel E' semelhante a Pulvinaria, mas o ovisacco é segregado em baixo do insecto e não atraz delle. O ovi- LR sacco é coniforme, e quando completado o insecto des- cança sobre elle como numa almofada. Typo Pulwi- nella pulchella Hempel. 90. Pulvinella pulchella ZZmypel Estampa XI figs. 1—3 Adulto feminino lustroso, duro, elliptico, com o dorso pouco convexo, de cor branca suja, semeado de preto nas rugas perto das margens. Derme irregular e transversalmente enrugada, uma ruga proeminente se extende atravez do dorso logo em frente ao meio. Em baixo é de côr de chocolate, excepto uma listra marginal que é de côr branco-escura. [issura caudal de cerca de 1 mm. de comprimento. (Comprimento 6 mm.; largura 4,50 mm.; altura 2 mm. Fervido em uma solução de KOH, tinge o liquido de côr de ambar escuro. Antennas variaveis, de oito articulações e de 0,441 —0,499 mm. de comprimento. Todas as articulações, excepto a 3.º têm pellos. Comprimento das articulações : (1), 62—66; (2), 53; (3), 84—102 ; 14), 66—84; (5), 66; (6), 35—44; (7), 3813 (8), 44—53. Formula appro- mmmada vor (Oly 267 ou 54) (oly (es YOu.” Pemmas regulares ; acoxa tem varios pellos e um espinho curto e agudo perto da extremidade proximal; o trochanter tem um pello comprido no apice e dois mais curtos. Comprimento das articulações do primeiro par de per- nas: coxa 141; femur com trochanter 306; tibia 198; tarso 119; unha 35; digitulos da unha 62. Digitulos tarsaes muito compridos e delgados, com as pontas no- dosas ; digitulos da unha menos de duas vezes do com- primento da unha, com as pontas dilatadas. Rostro situado entre o primeiro par de pernas ; laco do rostro comprido. extendendo-se até a meia distancia para o ter- ceiro par de pernas. Annel do anus com dez pellos compridos. Ha na margem uma carreira singela de pellos compridos e finos, misturados com alguns espi- nhos curtos. Ha 3 espinhos estigmataes; um comprido e ligeiramente curvado, e dois curtos e grossos. De cada uma das areas estigmataes para os espiraculos se extende uma carreira de cerca de 50 fieiras pequenas e redondas. Espalhadas pela superficie ventral ha nu- merosas glandulas tubulares e pellos. Placas anaes pequenas, com as duas margens lateraes iguaes em com- primento. Ovisacco coniforme, sulcado longitudinalmente com cerca de 16 rugas. A parte anterior é segregada mais ligeira do que a parte posterior de fórma que a mar- gem anterior torna-se convexa, e quando completada, o insecto descança sobre elle numa posição obliqua. As rugas estão mais perto uma à outra na margem pos- terior do que na anterior. A côr é branca com um colorido fraco de creme. Comprimento do insecto 5 mm. ; largura 3.75 min. ; altura 7 mm. Larva recem-nascida de côr pardo-clara, elliptica ; margem do corpo finamente serrada; um pello curto está situado em cada lado de todos os segmentos abdo- minaes; oito pellos curtos na margem anterior entre as antennas. O corpo é terminado posteriormente por duas settas compridas e alguns pellos pequenos. Ha um espinho estigmatal, comprido e direito em cada lado do corpo no pro-thorax e no meso-thorax. Antennss com- pridas de 6 articulações; articulação 3 a mais com- prida, articulação 6 & a seguinte em respeito ao com- primento ; as outras sub-iguaes Pernas ordinarias, di- gitulos tarsaes compridos, delgados, com extremidades finamente dilatadas ; um delles do comprimento do tarso. Unha comprida, curvada; digitulos da unha delgados, com extremidades dilatadas. Laço rostral comprido. Comprimento 0,480 mm. ; largura 0,250 mm. Hab. Ypiranga. Nos ramos de Baccharis dracun- culifolia DG. Não ê commum. Genero Tectopulvinaria n. g. Adulto feminino segregando um ovisacco como Pulvinaria. Inteiramente coberto com secreção branca, — 483 — semelhante a feltro. Antennas de 8 articulações. Typo Tectoputvnara albata n. sp. SK. Tectopulvinaria albata 1. sp. Estampa XI fig. 4 Adulto feminino oval, dorso convexo, inteiramente coberto com secreção branca semelhante a feltro. A se- creção é evidentemente em duas partes; uma ao redor da margem, a outra cobrindo o dorso. Esta segunda parte parece ser segregada em camadas concentricas. Na secreção no dorso estã usualmente uma fina escama transparente, atravez da qual o nucleo dorsal de côr castanho-escura pode ser visto. Irequentemente a secre- ção sobe ao redor das bordas da escama, deixando o centro do dorso abaixado. Nos specimens mais velhos a escama desce usualmente. Margem do corpo abai- xado. Placas anaes de côr castanho-escura, expostas ; quando afastadas das costas deixa um annel espesso de secreção branca. Privado da cera é oval em contorno, sendo mais largo posteriormente, de côr de laranja-es- cura, com as antennas e as pernas pardas. A margem lateral é abaixada, formando uma borda ; dorso convexo com costella mediana longitudinal e 4 ou 5 sulcos trans- versaes. Fissura anal mais ou menos de 0,5 mm. de com- primento. Comprimento do insecto 3,75 mm., largura 3 mm., altura 1,25 mm. O ovi-sacco é curto, convexo, amarel- lento, transversalmente estriado; de 3 mm. de compri- mento e de 3 mm. de largura. Fervido numa solução de KOH, tinge o liquido de côr de laranja com sabor cor de rosa. A derme torna-se molle e sem côr. Antennas variaveis de 7 ou 8 articulações ; sendo 8 o numero typical. Todas articulações têm pellos. Comprimento 0,476 —0,564 mm. Comprimento das articu- lações (1) 79-89: (2) 5T— TO; (3) 9B—111; (4) 5T— 66; (5) 53—66:(6) 85—48 ; (7) 40—44; (8) 62—70. Formula approximada 51 (2845) 67. Pernas grandes ; Bt MS Ps tarso curvado. (Comprimento das articulações do pri- meiro par de pernas: coxa 178; trochanter com femur 400 ; tibia 289, tarso 173; unha 62; digitulos da unha 19: ’ Dicitulos tarsaes delgados, curtos, com extremi- dades levemente dilatadas ; näo se extendem alem da ponta da unha. Digitulos da unha estreitos, com ex- tremilades levemente dilatatas. Rostro pequeno, situado justamente atraz da inserção do primeiro par de peraas. O laço rostral extende-se ao segundo par de pernas. Pla- cas anaes triangulares, o lado autero-lateral mais curto do que o postero-lateral. Annel anal com 6 pellos. Ao redor da margem lateral do corpo estão algumas, (3 ou 4) fileiras confusas de pellos compridos e agudos. A superficie ventral tem muitas fieiras redondas e al- gumas glandulas menores ; emquanto a superficie dor- sal tem numerosas pequenas glandulas ovaes. Adulto masculino de côr de laranja, oval, mais largo transversal do thorax, Antennas de 10 articula- ções, toaas têm muitos pellos; a articulação 10 tem alem disto 5 pellos compridos nodosos. Comprimento das articulações: (1) 62; (2) 70; (3) 102; (4) 159; (5). 2182 (6) 1784" G) ATS (Ses 10780 JOAO: Pernas compridas e pilosas. Espiga genital estreita, de 0,488 mm. de comprimento- O ultimo segmento do corpo com tres pellos compri- dos em ambos os lados da espiga genital; os outros segmentos têm 4—6 pellos mais curtos em cada lado. Halteres faltam. Comprimento do corpo exclusivo da espiga genital 1.450 mm.; largura 0,730 mm. Larva recem-nascida oval, de côr de laranja-ama- rellada. O abdomen termina em duas placas grandes, tendo cada uma dellas uma comprida setta terminal e alguns pellos mais curtos. Ao redor da margem lateral do corpo ha uma fileira simples de pellos compridos. Antennas de seis articulações, a terceira articulação a mais comprida. Pernas curtas, unha comprida, com digi- tulos delgados e finamente nodosos. Digitulos tarsaes muito compridos e delgados, com as extremidades fi- HO e namente dilatadas. Laço rostral muito comprido, sendo enrolado num circulo no abdomen. Hab. Ypiranga e Jundiahy, nos troncos de Ver- nonia polyanthus Less. e Trichogonia salviaefolia. Usualmente acompanhado de uma especie de Cremu«- togaster. Genero Protopulvinaria Ckll. 92. Protopulvinaria conwexa n. sp. Adulto feminino elliptico ou oval, dorso convexo. Um ovisacco branco ê segregado em baixo do insecto, levantando a extremidade caudal 2 mm.. mas deixando a extremidade cephalica ligada à casca. Dorso duro e brilhante, usualmente coberto duma secreção branca, fina e empoada ; esta às vezes sómente existe em bocados, às vezes cobre o animal inteiro. Ha uma fina costella mediana longitudinal, e em cada lado duas fileiras longitudinaes de marcas glandulosas pouco fundas. Os lados são finamente franzidos. Cor em cima escuro-vermelha, usualmente com ume estria mediana de côr pardo-escura; em baixo côr de laranja-averme- lhada. Comprimento 5,10 mm.; largura 4,50 mm.; al- tura 2 mm. Fervido numa solução de KOH tinge o liquido fracamente pardo. A derme fica chitinisada e opaca. Antennas variaveis de 7 ou 3 articulações. Antennas de 7 articulações : 0,381— 0,405 mm. de comprimento. To- das as articulações, excepto articul. 3 com pellos. Comprimento das un (46 (2 SDS (4) 106—123, (5) 35, (6) 24—81, (7) 31. Antennas de 8 articulações : 0,455—0,467 mm. de comprimento. Todas as articulações, excepto articul. 5 e 4 com pel- los. Comprimento das articulações: (1) 66—75, (2) 66, (3) 79—84, (4) 48 —58, (5) TI—8A4, (6) 35, (7) 31—35, (8) 31—35. Formula approximada (85) 1 2 4 (678). Pernas pequenas; comprimento das articulações do pri- — 426 — meiro par: coxa 84; femur e trochanter 191; tibia 151; tarso 75; unha 24; digitulos das unhas 42. Unha muito delgada e fina; digitulos das unhas finos, com extremidades finamente dilatadas. Rostro grande, si- tuado entre o primeiro par de pernas. Laço rostral muito curto. Placas anaes pequenas, triangulares, os dois lados exteriores são iguaes em comprimento. Annel do anus com 6 pellos. Ao redor da margem do corpo ha uma dupla fileira de pellos compridos e agudos. A derme na superficie ventral tem numerosas glandulas compri- das filamentosas. Na superficie dorsal ha algumas fi- leiras longitudinaes de pequenas glandulas redondas. Larva recem-nascida elliptica chata, de côr escuro- vermelha ; olhos grandes, conicos, pardo-escuros. An- tennas compridas, de seis articulações ; articulações 3 e 6 as mais compridas e quasi iguaes em comprimento. O corpo termina em duas placas, cada uma com uma setta comprida terminal e alguns pellos mais curtos. À mar- gen do corpo serrada, tendo uma fileira simples de pellos bastante compridos. Pernas compridas e delgadas, os digitulos da unha e do tarso compridos e finos, com extremidades finamente dilatadas. O laço rostral não extende-se às placas anaes. Hab. S. Paulo. Nos troncos de Smilax sp. Algu- mas pequenas dipteras parasiticas foram creadas dos ovi-saccos desta especie. Genero Pulvinaria Taro. Sit. Aulvimnaria ficus n. sp. Estampa XI fig. 5 Dr. F. Noack em Campinas me contou que ti- vesse achado Pulvinaria psidir Maskell em Campinas e S. Paulo nas folhas de Psidium sp. e specimens de nossa collecção, tambem achados sobre Psidium foram identificados como os mesmos. Um estudo mais preciso dos specimens mostra to- davia que não estão de accordo com a descripção e as — 487 — figuras de P. psedi Maskell. Os specimens são des- criptos aqui como especies novas. Adulto feminino antes da gestação elliptico ou oval, deprimido, pardo-amarellado, a derme finamente arrugada perto da margem. Lobos anaes pardo-escuros, fissura anal apenas | mm. de comprimento. Comprimento do corpo 5 mm., largura 2,25 mm. O ovisacco é branco, homogeneo, oval, convexo, comprimento com o animal seccado e restringido 5 mm., largura 3,25 mm., al- tura 2 mm. A cera do ovisacco é flocosa e adhere firmemente a qualquer objecto que attinge. O insecto começa a segregar o ovi-sacco, segregando pri- meiramente uma franja curta de cera branca ao redor da margem inteira do corpo. Fervido numa solução de KOH participa ao liquido uma côr clara de palha. A derme fica delgada e transparente. Antennas variaveis, de 8 articulações, todas têm pellos; articulação 2 e 5 cada uma com um pello bem comprido. Por acaso e individualmente só se acham 7 articulações nas antennas. Comprimen- to: 0,425—0,540 mm. (Comprimento das articula- ções (1) 48-53, (2) 66—70, (3) 97—110, (4) 53—70, (5) 93—79, (6) 31—48, (7) 31—44, (8) AS—66. For- mula approximada 3 (524) &1 (67). Pernas compridas ; trochanter com um pello muito comprido; tarso um tanto curvado. Comprimento das articulações do pri- meiro par de pernas: coxa 156; trochanter e femur 326; tibia 267; tarso 120; unha 31; digitulos da unha 62. Digitulos tarsaes curtos, delgados com extremida- des finamente dilatadas. Rostro ordinariamente situado entre o primeiro par de pernas; o laço rostral extende- se até além do segundo par de pernas. Placas anaes pequenas, triangulares. o lado antero-lateral mais curto do que o postero-lateral. Annel do anus com 8 pellos. Ao redor da margem lateral do corpo ha uma fileira densamente guarnecida de pellos curtos com bases tu- berculadas e extremidades laminadas, dilatadas e fran- gidas. © abdomen tem alguns pellos compridos em frente das placas anaes e entre as antennas; sendo a — 488 — forma daquellas entre as antennas muito comprida e caracteristica. Cada uma das àreas stigmataes é carac- terizada por um grupo de tres espinhos, dois bem cur: tos e um comprido e curvado, e por uma fileira dupla de 30—35 fieiras pequenas. Na superficie dorsal ha uma fileira sub-marginal de 11—12 glandulas pequenas de forma conica. A superficie ventral tem muitas glan- dulas pequenas e fieiras grandes arredondadas na re- gião anal; no dorso ha alguns pellos exiguos. Hab. São Paulo; no lado superior e inferior das folhas e dos ramos de /veus sp., Psidium sp, Man- gifera sp. (Mango) e Lvora coccinea. Muitos indivi- duos estão pegados nas folhas e nos ramos, causando damno consideravel, especialmente nas arvores de som- bra em algumas partes da cidade. 94. Pulvinaria eugeniae 7. sp. Estampa XI figs. 6 e 7 Adulto feminino antes da gestação oval ou ellip- tico no contorno, dorso brilhante, finamente encrespa- do de covinhas glanulosas; não é muito convexo; côr pardo-clara, com estrio longitudinal mediano amarello. Os segmentos do corpo são indicados por sulcos trans- versaes pouco profundos e por linhas finas de côr pardo-escura. Alguns individuos têm duas manchas dos olhos de côr pardo-escura na região cephalica. Em- baixo fracamente amarello. Comprimento 35—45 mm.; largura 2—3 mm.; altura 1 mm. Depois da gestação o insecto fica amarello e arrugado. Ovi-sacco branco, densamente felirado, direito ou um tanto curvado, um pouco mais largo na extremidade distal, do que naquella na qual se acha o insecto; estriado transver- salmente e tem tambem duas costellas longitudinaes ; dividindo-o em 3 areas sub-iguaes, a do meio sendo um tanto elevada. (Comprimento 5— 7,50 mm.; lar- gura 2—2,29 mm.; altura 1 mm. Antes da gesta- ção o insecto infecciona usualmente os ramos; mas os Ovi-saccos estão quasi invariavelmente collocados nos — 489 — lados inferiores das folhas. Um individuo segregava um ovi-sacco de 7,25 mm. de comprimento em 19 dias. Fervido numa solução de KOH, tinge o liquido ama- rello claro; e a derme fica delgada e transparente. Antennas variaveis, usualmente de 8 articulações, todas têm pellos. As vezes sómente 7 articulações estão presentes. Comprimento 0,321—0,395 mm. Com- primento das articulações: (1) 44—53 ; (2) 4 — 57; (3) 66—70 ; (4) 50—5T: (5) 55—48; (6) 24-81; (7) 24—31 (8) 44 — 48. Formula approximada: 3 (21485) (67). Pernas regulares; trochanter com nm peilo comprido. Comprimento das articulações do pri- meiro par de pernas: coxa 110; trochanter e temur 209 ; tibia 156; tarso 79; unha 26; digitulos da unha 48. Digitulos tarsaes compridos, com extremidades finamente dilatadas ; digitulos da unha grandes, as ex- tremidades redondas e dilatadas. Rostro situado entre o primeiro par de pernas; laço rostral extende-se ao segundo par de pernas. Placas anaes pequenas, o lado antero-lateral mais curto do que o postero-lateral. An- nel do anus com 6 pellos. Ao redor da margem la- teral do corpo ha uma fileira de pellos compridos, laminados e frangidos nas extremidades, postos bastante longe uns dos outros; e dentro desta ha uma segunda fileira de pellos mais curtos, pontagudos. Cada area estigmatal é caracterizada por dois espinhos bem cur- tos, e um comprido, curvado, e por uma flleira dobrada de 30—50 fieiras redondas, estendendo-se ao respira- douro. A superficie ventral tem um grupo de cerca de 100 fieiras redondas ao redor da abertura genital, bem como muitas glandulas pequenas. Tem tambem uma fileira dupla de 6 pellos compridos em frente da abertura genital, e 4 pellos compridos e alguns mais curtos entre as antennas e o rostrum. A lavra recem-nascida, é pequena, elliptica, ama- rello-clara; margem finamente serrada, tendo pou- cos pellos muito curtos. O abdomen termina em duas placas, cada uma com uma comprida setta terminal. Areas estigmataes caracterizadas por um espinho gros- — 490 — so. Antennas evidentemente de 6 articulações, das quaes 3 e 6 são quasi iguaes no comprimento. Per- nas curtas; digitulos tarsaes compridos e delgados. Di- gitulos da unha mais curtos, de tamanho desigual, com extremidades dilatadas ; unhas compridas, delgadas, fina- mente curvadas. Laço rostral comprido, extendendo- se às placas anaes. Comprimento 0,356 mm., largura 0.244 mm. Hab. Ypiranga e S. Paulo. Sobre Æugenria jabo- ticaba e outros arbustos da ordem Myrtacece. As folhas e os ramos infeccionados por esta especie são usual- mente cobertos d'um fungo preto. oS. Fuivinaria depressa n. 2. Icerya brasiliensis. . . . . A antenna da femea adulta. Ss a > . . + + O'tarso da femea adulta. ALS Ory, > ate es Red ADO lan vets e Do Em > + dut + Ar unha da larva. » 6. Eriococcus brasiliensis Ckll. . A antenna da femea adulta. >» 7. Eriococus perplecus n. sp. . O sacco da femea adulta. Tamanho natural. >» 8. > . « . . A antenna da femea adulta. moO: > > . . . . A tibiae otarso da femea adulta. » 10. Eriococcus armatus n. sp. . . A antenna da femea adulta. >» 11. Dactylopius grandis n. sp. . . A antenna da femea adulta. >» 12. Dactylopius setosus n. sp. . . A antenna da femea adulta. ESTAMPA VI Fig. 1. Dactylopius secretus n. sp. . . A antenna da femea adulta. >» 2. Phenacoccus spiniferus n. sp. . A antenna da femea adulta. » 3. Solenococcus tuberculus n. sp. . A femea adulta. Tamanho natural. » 4. Solenococeus baccharidis n. sp. . A femea adulta. Tamanho natural. > 5. Carpochloroides viridis CkI].. .. A femea adulta. Tamanho natural. » 6. Cryptokermes brasiliensis mn. sp. O annel do intestino da fe- mea. ee > > . + A femea adulta. Tamanho natpral. Fig. 8. Apiococeus gregarius n. sp. . . O espinho conico. » 9, Tectocococcus ovatus n. sp. . . A antenna da femea adulta. > 10. Tachardia cydoniae n. sp. . . As placas chitinosas do cor- no caudal. > 11. Tachardia rubra n. sp. « . . As placas chitinosas do cor- no caudal. E QE) VV vv yr v vu Ov ye — 531 — . Tachardia parva n. sp... + + . Lachardia rosea n. sp. . > >» u . . Lecanium brunfelsia n. sp. . > > . As placas chitinosas do cor- no caudal. As placas chitinosas do cor- no caudal. A femea adulta. Tamanho natural. O contorno da femea adulta. A antenna da femea adulta. ESTAMPA VII 1. Lecanium gracile n. sp. . A antenna da femea adulta. 2. Lecanium ornatum n. sp. O contorno da femea adulta. 3. > > - A antenna da femea adulta. 4. Lecanium percoverum Ckll . A antenna da femea adulta. 5. Lecanium reticulatum Ckll . A antenna da femea adulta. 6. Lecanium durum n. sp.. . . A antenna da femea adulta. 7. Lecinium glanulosum n. sp. . A antenna da femea adulta. 8. > > A tibia, o tarso e a unha da femea adulta. 9. > » Uma porçäo da derme mos- trando as glandulas. 10. Lecanium zanthoxylum n. sp. A antenna da femea adulta. ESTAMPA VIII 1. Lecanium infrequens n. sp.. . A antenna da femea adulta. 2. Lecanium discoides n. sp. . A antenna da femea adulta. 3. Lecanium mayteni n. sp. . A antenna da femea adulta. 4. Lecanium eugeniae n. sp. . . A antenna da femea adulta. 5. Lecanium obscurum Hempel. A antenna da femea adulta. 6. Lecanium jaboticabae n. sp. . A antenna da femea adulta. re » > Uma glandula da margem. 8. Lecanium pseudosemen CKll . A antenna da femea adulta. 9. Lecanium campomanesiae n. sp. A antenna da femea adulta. 10. Pseudokermes nitens Ckll. Vista lateral da femea adul- ta, augmentada tres vezes. 11. Pseudokermes nitens Ckll. . Vista terminal da femea adul- ta augmentada tres vezes. 12. Ceroplastes iheringi Ckll. A antenna da famea adulta. 13. Ceroplastes grandis n. sp. . . A femea adulta Tamanho natural. 14 > » : A antenna da femea adulta. ESTAMPA IX 1. Icerya brasiliensis n. sp. . A temea adulta. tamanho | natural. 2. Icerya schrottkyi n. sp. . Massa das femeas adultas. Tamanho natural. 3 > » ae A PR À antenna da femea adulta. 4. Capuliniacrateraformans Hempel. A antenna da femea adulta. 5. Stigmacoccus asper n. sp. A antenna da femea adulta. 6. » di US sd, A perna da femea adulta. > E VM SM VV ve yw 0g vw Be Bee: eee . Tachardia ingae n sp. «im Ceroplastes novaesin. sp. . . > > > >. . A femea adulta. tamanho natural. A perna da femea adulta. A antenna da femea adulta. ESTAMPA X . Ceroplastes communis n. sp.. . Ceroplastes variegatus n. sp. . Ceroplastes speciosus n. sp.. . Ceroplastes lucidus n. sp. . . . Ceroplastes purpureus n. sp.. . Ceroplastes rarus n. Sp. . . Ceroplastes cultns n,Sp. 20 ON Jeroplastesveulhus Mi Sp... = 1% . Ceroplastes cuneatus n. sp. . . . Ceroplastes simplex n. sp. . . Edwallia rugosa Hempel. antenna da femea adulta. antenna da femea adulta. antenna da femea adulta. antenna da femea adulta. antenna da femea adulta. A antenna da femea adulta. A antenna da femea adulta. Um pedaço da derme dorsal. A antenna da femea adulta. A antenna da femea adulta. A femea adulta. Cineo vezes da tamanho natural. O espinho dos respiradouros da femea adulta. A chapaanalda femea adulta. A antenna da femea adulta. Espinhos da margem da fe- mea adulta. A perna da femea adulta. femea adulta. Tamanho natural. antenna da femea adulta. perna da femea adulta. antenna da femea adulta. antenna da femea adulta. antenna da femea adulta. antenna da femea adulta. antenna da femea adulta. glandula da margem da femea adulta. perna da femea adulta. A rerrrrepyr p> > nee > > > oi Ms BA » > » A 14. » » » a > > > ee 16. > > > Vis ESTAMPA XI 1. Pulvinella pulchella Hempel. A > > yee 3. > > ar 4. Tectopulvinaria albata n. sp. . D. Pulvinaria ficus mM. Sp. 9. =. 6. Pulvinaria eugeniae n. sp. ic » » ree Sle We 8. Lichtensia argentata n. sp. . 9. > > SSE OPT eb 10. > > > Dia. = 11. Aspidiotus (Chrysomphelus) pau- eo = O BEN listus n. sp.. . Aspidiotus (Chrysomphalus) pau listus n. Sp.. CR > femea adulta. margem do pygidium da femea adulta. ESTAMPA XII . Pseudischnaspis linearis n. sp. . > > » > > > > PU o + Diasms australis VD." Spe gies e . Diaspidistis multilobis n. sp. A margem do pygidium da femea adulta. A casca do macho. A casca da femea. A margem do pygidium da femea adulta. A margem do pygidium da femea adulta. UD LD] =— Ob) Indice as Coccidas. PAGINA MONTRE RS PARU ike Ol ONE 505 ROSES ey eee a ye a We si ad. Se Oc DOS POMOC CMCC Mpa amma Cs ty AU a ool SOIT DER DU CEE DE eee Soda ra CINE OE LG CSD PET PE SR SG O] ERRA EAU SE Slay AMEN CU Qu Le at go ae À SES SAN E NOTION Shee see alae SOR ot ack RP OR E RAD Aspidiotus Er DR EN VE TR Ag SATA AE AO CE RS eyanophy RA RE a eee ee HAT Sees ESS (Chry Somphalus) 20 AMENER EN AE o BOB (Chrysomphalus) dictyospermi . . . . .. 505 (Chrysomphalis): paulistis; 2...) 2 2. : 504 (Chrysomphalus) scutiformis sc a 508 Grlenmubenesia)camelliag: o so sas qe 501 (Eemiberlesta) atamane, sal dE as wn oe 502 (Morpanena) masKel-=012 0 acct ay BAL A 498 (Odonaspis) janeirensis . De Po AA O0 (Pseudaonidia) trilobitiformis BPC a SANT eal ee (selengspidus)articulatus.. st oye ey 499 D LOPOIeCAMTAE me sli ak AUS AN AT CP Om Role ter Un D EE AU aM nb SE AE ALG POUR AN AMENER AP akg boop salty MR do PRADO MARIE EAN Sen OP RUE A et UT LO 400 USA END tete ne ON AN ET OT PAU nes Arr SES JT OSSI TR ER POS eh” | ang cea gh ween be NS OC ISO TES ON RCN RSR Ga a O RE 7 EN It) poisdiival var maculata: ss sk a Au’ So, cols Capulinia. .: . SIME aR cad A ON SE AM MS NP CHATErALOPMAUS do pra Es soho LINE 395 ADIDAS DUR LUE UE NME 394 CROCODILE Ar Jain gil MEL ANT Te 595 TLE LEE APN ARE EN EE (Re PPT Ce SRE Se Eco) WP CEOM ARNO NU ço bruce te) | US PEU We dade ce TARA AE SUOMI spo. cado qe É A, SARI voce bot oye nek TPE LAON ae 2,0, ANNE: UP AMEN EEE CÉROCOR OT EL NSP Care) 0 oa pel AA Le AO SAR A PU PATES COMMON GUN so so) CRT RE CONS ASS COESO | VR A pe go q TA ho ele Er se AGO. CAMES CAE PEU oes de PR Uy cue MA 470 URGENT EE CET PRE ENST: | ee PES 471 fioridensis formiearius . formosus grandis . iheringi . janeirensis lucidus novaesi . purpureus rarus rotundus simplex . speciosus variegatus Chaetococeus bambusae Coccinae . Crypticerya hempeli . Cryptokermes brasiliensis . Dactylopius er. grandis . secretus . setosus Diaspidistis multilobis Diaspinae. Diaspis australis. cacti. pentagona Edwallia . rugosa Eriococcus armatus . brasiliensis . perplexus Fiorinia fioriniae . Gymnaspis PAGINA 462 aechmeae Hemichionaspis aspidistrae aspidistrae minor Icerya . brasiliensis schrottkyi Ischnaspis 1580 var. brasiliensis longirostris . Lecaniinae Lecaniodiaspis rugosus . Lecanium. baccharidis . brunfelsiae campomanesiae. coffeae discoides durum erythrinae eugeniae glanulosum . gracile hesperidum . infrequens jaboticabae . lanigerum mayteni . monile nigrum var obscurum oleae ornatum. . depressum perconvexum pseudosemen reticulatum . rhizophorae. silveiral . UTC Lee viride .. zanthoxylum PAGINA 508 516 516 216 D7 370 370 aie 209 909 416 407 407 418 435 418 447 426 433 427 438 439 428 419 436 431 443 446 438 446 425 441 425 421 422 444 426 437 424 423 434 430 Lichtensia argentata attenuata Monoplebinae Mytilaspis argentata bambusicola citricola . perlonga pomorum Orthezia . insignis . praelonga Ortheziinae Parlatoria. pergandei Phenacoccus . spiniferus Platinglisia noacki Protopulvinaria . convexa. Pseudischnaspis . linearis . Pseudococeus cacti. Pseudokermes nitens Pseudoparlatoria noacki parlatorioides Pulvinaria depressa. eugeniae ficus . grandis . Pulvinella pulchella Solenococcus. baccharidis . tuberculus Stigmacoccus. = Ton — PAGINA 492 492 494 asper. Tachardia cydoniae ingae parva rosae rubra Tachardiinae. Tectococeus . ovatus Tectopulvinaria . albata Vinsonia . stellifera. — 931 — PAGINA 400 410 0S GARACOES DO GENERO SOLAROPSIS POR H. VON IHERING O presente artigo é destinado a fornecer dados anatomicos sobre um genero de caracoes terrestres brazileiros da familia das Helicidas, sobre o qual até agora nada nesse sentido constava, excepto uma infor- mação sobre a mandibula, que é falsa. Não é raro no Estado de S. Paulo Solaropsis feisthameli Hupé, mas mesmo assim custou-me esforços de annos até que afi- nal consegui obter o caracól vivo, o animal. O animal de Solaropsis feisthameli não offerece exteriormente caracteres que o distinguem dos do genero Helix a não ser que se nota no lado dorsal uma larga fita brancacenta, orlada de preto, na linha mediana, que começa entre os ommatcphoros e segue para traz até o manto. Um sulco profundo limita de cada lado essa faxa dorsomediana. O pé é de côr pallido-cin- zenta, a cabeça pigmentada de preto-azul. Atraz do ommatophoro direito nota-se nos exemplares examina- dos como uma hernia o atrio genital que esses ani- maes, mortos por suffocação em agua, tinham expellido. N'um dos dois notava-se um orifício feminino e outro masculino, no segundo a expressão do atrio chegou ao ponto de mostrar separados dous orifícios do appa- relho masculino e a esse exemplar refere-se a figura que segue, — 540 — A mandibula (fig. 1) é molle e delgada, uma peça cornea, pardo-amarella, arqueada, de 4 mm. de largu- ra e 0,8 mm. de comprimento na qual se distinguem cerca de 38 chapas intensamente li- gadas representando «costel- las». A borda anterior da mandibula é concava, a pos- a terior convexa e prolongada Mandibula de Solaropsis em uma membrana transpa- ER rente. A radula contem na parte anterior cerca de 120 fileiras transversaes e outras tantas na parte immatura posterior. Cada fileira trausversal tem 113 dentes sendo a formula 15—41—1-—41—15. As chapas den- taes são curtas, quadradas, E do ; mas com o augulo exterior mais pronunciado e acu- ) minado. Os dentes säo to- dos uaicuspides, com o me- socono forte nao sobrepas- FIG. 2. sando a chapa basal. Os Radula de Solaropsis feisthameli dentes marginaes só têm o mesocono alongado e sobrepassando com a sua metade distal a chapa basal. Nossa figura dá o dente central, o primeiro lateral e um dos marginaes. O apparelho genital é bem complicado. Observo que não o pude preparar por inteiro por faltar a parte terminal com as glandulas hermaphroditica e da albu- mina, mas as partes essenciaes e importantes para a classificação foram bem preparadas. A parte masculina compõe-se da glandula prostatica (pr. fig. 3) situada ao lado do utero e do vaso deferente, que nasce da extremidade inferior da prostata. Esse conducto esper- matico alarga-se em baixo, formando o penis que para traz se prolonga num appendice grosso, o flagellum. Ao lado do orificio do penis acha-se outro que é o do ephiphallus outro appendice destinado à formação da spermatophora, um tubo largo em cuja extremidade .... Ts. livre se insere o mus- À culo retractor. Um "canal curto que re- ga cebe as embocaduras desses dous canaes prolonga-se para reu- nir-se com o condu- cto feminino num canal commum, cur- | --spp to e largo, o atrio genital, que ao lado do ommatophoro se abre para fora. Quan- do o atrio todo é expresso do corpo, * . como acontece por 0c- casião da copula, for- ma elle uma proemi- nencia conica como uma hernia, na qual bem se distinguem os orificios separados do penis, do epiphal- lus e da vagina. “Do orificio femi- nino sai a vagina que sucessivamente se modifica em ute- ro e ao lado delle o conducto da sperma- totheca (sp. d. fig. 3) Apparelho genital de Solaropsis feisthameli ou do receptaculum seminis, que se di- vide em dous canaes, um estreito, intensamente ligado a parede do utero (di. fig. 3) que representa apenas um appendice glandular ou diverticulo e outro engrossado subcylindrico, curto, que é a spermatotheca e em cujo fundo insere-se um fino e comprido musculo retractor. Entre esses caracteres anatomicos são varios que têm Er CN RE . wt . “ a Dors . LE ; Se 4 es / Ae / ans ’ o EIG. 3 importancia para a classificação. Esses são: a faxa mediana do collo limitado por sulcos, a mandibula mu- nida de numerosas costellinhas, os dentes unicuspi- des da rapula o epiphallus e o flagellum do penis, a Inserção do musculo retractor no fundo do epiphallo e o diverticulo do conducto da spermatotheca. O conjuncto desses caracteres permitte precisar mais ou menos a posição systematica do genero, mas sO «mais ou menos», porque não ha outro genero que oiterecesse a mesma combinação de caracteres anato- micos. A unica noticia contida na litteratura com re- terencia à anatomia de Solaropsis é falsa. Diz Fischer no seu Manual que a mandibala é lisa. Pilsbry tam- bem repete o engano, não sei por quem commettido. Comparando o nosso genero com a classificação das Helicidas que Pilsbry deu no seu excellente Manual de Conchology Vol. IX, 1894 pag. XXXII ss. verifica-se, que Solaropsis não entra em nenhum dos cinco erupos alli creados. Das Helicinae belogona destingue-se So- laropsis pela falta da flecha amatoria e pelos dentes lateraes unicuspides, offerecendo entretanto na presença do diverticulo da spermatotheca um caracter proprio a esse grupo e não observado nos outros. O grupo dos Macroogona offerece bastante analo- fia, especialmente quanto à radula, mas não offerece exemplos de flagello e diverticulo spermatothecario. O apparelho masculino assemelha-se bem ao dos Epiphal- logona, mas o conducto spermatothecario entre elles não tem diverticulo o os dentes lateraes da radula não são unicuspides. Pcndo assim provisoriamente o ge nero Solaropsis no grupo dos Epiphallogona observo que existem tambem relações com os Macroogona e especialmente com o genero Ghloritis. Solaropsis é, pois, uma forma antiga, isolada e de grande interesse anatomico. E" preciso entretanto observar que tomo o genero Solaropsis em sentido limitado a S. serpens, braziliana, feisthameli e especies alliadas. Creio que as especies menores delgadas sem esculptura notavel formam ou- Le SEE ace tro genero para o qual acceito o nome de Psa- dara proposto por Miller. A razão desse procedimen- to é a grande differença que na dentadura existe segundo a communicação ric. 4 que segue. Mandibula de Psadara derbyi Psadara derbyi, cuja descripçäo dou em seguida, foi por mim examinada em 1892, O unico exemplar era novo e o aparelho genital não se achava desenvol- vido. A mandibula é arqueada, delgada de Eca Gi apy 1.5 mm. de compri- Pl mento e com 16 cos- | y/\ yf | A7" tellas bem desenvolvi- LH seit , AE TE 4 20 das mas não sobresa- o FIG. 5 hindo a margem ante- rior. A radula tem ‘na serie transversal 57 dentes, sendo a formula de 28—1 — 28. (O dente mediano tem o mesocono forte, com prido, extendendo-se até a base da chapa dentaria e de cada lado um ectocono curto, agudo. Os dentes lateraes são bicuspides tendo o mesocono forte e um curto ecto- cono. Os dentes marginaes têm a chapa dentaria curta, transversa, alongada, duas pontas compridas curvadas e o lado exterior dellas um curto ectocono. Infelizmente não pude examinar o apparelho ge- nital por ser o respectivo animal novo, não tendo os orgãos da geração bem desenvolvidos. A mandibula com- bina com a de Solaropsis mas a radula é bastante dif- ferente, de modo que acceito o grupo generico propos- to por Miller, devido a caracteres da concha. Dou em seguida a synopse das especies brazilei- ras desses dous generos e chave para a sua classifica - cão e indicação de tudo que se conhece de sua distri- buiçäo geographica, esperando que o presente estudo contribuirá para tornar melhor conhecido esse grupo do caracões. São animaes um pouco raros por serem Radula de Psadara derbyi — 044 — encontrados só nos grandes mattos. Pouco é o que se sabe de sua vida e nada consta sobre a sua propaga- ção, seus ovos especialmente. Em primeiro lugar dou a descripçäo de diversas especies novas. Solaropsis pilsbryi n. sp. Especie grande, solida, assemelhando-se à S. bra- ziliana, da qual differe pelo umbigo estreito, fechado quasi completamente pela margem reflexa da borda columellar da abertura, de modo que do umbigo resta apenas uma fenda estreita. Alem disso é maior e mais elevada do que S. braziliana e tem a abertura, que é mais comprida do que alta na outra especie, tão alta como comprida. tem as medidas: diam. maior 48, menor 42, al- tura 30 mm. e a abertura mede de comprimento 25, e de altura 24 mm. Habitat: Bahia. Recebi essa linda es- pecie do Snr. Dr. Estellita em S. Paulo que me disse tel-a recebido da Bahia. Dediquei-a ao Ilm. Snr. H. A. Pilsbry em Philadelphia a cujo excellente trabalho esse ramo da malacologia deve um grande progresso. rig. 6—8. Solaropsis pilsbryi Ih. (1/1) — 549 — &olaropsis bachi n. sp. Especie intimamente ligada à Solarapsis gibboni Pfr., da qual differe pela espira mais aplanada, de modo que a concha vista do lado apresenta apenas as duas ultimas voltas, não apparecendo por serem deprimidas as outras. Alem disso essa especie brazileira é muito mais pequena do que a da Nova Granada e Equador, sendo as medidas: diam. maior 44, menor 38, altura 22 mm. No lado inferior notam-se faxas e linhas brunas em parte simples, em parte interrompidas; no lado superior observam-se manchas anguladas pardas como em S. gibboni. Um dos exemplares, entretanto, tem o lado superior uniforme pardo-amarello. Habitat: Araguary, Estado de Minas. Tenho muito prazer em dedicar essa notavel es- pecie ao illustre explorador argentino Dr. J. Bach que por numerosas offertas valiosas tem enriquecido as col- lecções do Museu e que especialmente nas suas viagens aos Estados de Minas e Goyaz tem feito e ainda está actualmente continuando a fazer interessantes collecçôes generosamente offerecidas a este Museu. FIG. 9—10 Solaropsis bachi Ih. (1/1) A presente especie pertence ao grupo da Solaropsis gibboni Pfr., que não posso por ora comparar com ella, por não ser representada na colleeção do Museu e da qual talvez representa apenas uma variedade. E” esse o primeiro representante no Brazil do grupo das espe- cies de Solaropsis com a superficie lisa ou apenas es- triada do qual S. gibboni é o typo. A differença no tamanho e na configuraçäo da espira parecem-me suffi- cientes para considerar essa forma mineira especie dis- tincta, o que tambem parece provavel em vista da grande distancia que separa as localidades de proveniencia. Psadara derbyi ne sp. Concha delgada, deprimida, umbilicada, transpa- rente, um pouco lustrosa, cornea, uniforme, sem manchas. A superficie é transversalmente estriada e ornada de granulos finos, for- Tiare rugas Ro não visiveis pela vista não armada. A espira é plana, um pouco concava em cima, à sutura é profunda. As voltas em numero de 4 1/2 (até 5) são regularmente convexas, a ultima não descendente, mais convexa em baixo. A abertura é arredondado-lunar, a margem columellar expansa, cobrindo um pouco o um- bigo. O peristoma não se conhece, porque os exempla- res não são adultos. Drm: maior 12. mm,: menor 10° mmisseAltura T mm. Hab. Ilha de S. Sebastião. O typo descripto acha-se no Museu Paulista. Al guns exemplares novinhos foram colligidos em 1891 pelo pessoal da (ommissão Geographica e Geologica de S. Paulo a cujo illustre chefe, Dr. Orville A. Derby, é dedicada essa especie nova, que é de um interesse bem especial por representar no territorio do Estado um grupo de Helicidas, conhecido até agora quasi só da região andina do Perú e Equador. Obtive tambem o animal sobre cuja anatomia já dei as necessarias infor- mações. rig. 11 e 12: Psadara derbyi Jh. — AT — Chave para a classificacäo das especies brazileiras de Solaropsis a Superficie superior lisa ou apenas estriada; medidas 44—38—22 mm. bachr Th. aa Superficie superior rugoso— granulada. b a granulação irregular. c a ultima volta com duas fossas irregula- res às vezes faltando; o umbigo estreito; medidas 50—45—25 mm. serpens Martyn. cc a ultima volta subangular ou subcarina- da, o umbigo bem estreito; medidas 37 —31—18 mm. vipera Pfr. bb as granulações dispostas em series transversaes d a ultima volta arredondada, o umbigo largo; medidas 42—34—19 mm. brazilianä Desh. dd a ultima volta arredondada, o umbigo muito estreito, quasi fechado; medidas 48—42—30 mm. pelsbra Th. ddd a ultima volta sub-angular, as granulações formando linhas elevadas de zigzag. O lado inferior ao redor do umbigo liso ; me- didas diam. 37; alt. 16 mm. helzaca Orb. bbb granulações irregulares em parte formando linhas curtas elevadas. e granulaçäo irregular; peristoma pardo- roxo-escura ; medidas 40—35—17 mm. pascalia Caill. ce granulação forte irregular, formando linhas transversaes elevadas. f concha grossa, medidas 53—41 -23 amazonica Pfr. // concha delgada, medidas 35—31—17 feisthamel: Hupé. = AS! 2 Chave para a classificação das especies brazileiras do genero Psadara Miller a Espira convexa, pouco elevada ; diversas faxas pardas mais ou menos interrompidas, espiraes. b forma depressa; medidas 21—17—9 mm. rosarium Pfr. bb forma globulosa; medidas 14,5—14— 10,5 mm. | elaps Dohrn. aa Espira chata, aplanada; medidas 12—-10—7 mm. derby: lh. DISTRIBUIÇÃO GEOGRAPHICA DAS ESPECIES BRAZILEIRAS Solaropsis bachi Ih. Araguary, Est. de Minas. Solaropsis serpers Martyn. Pfeiffer, Drouet e ou- tros autores tratando dessa especie da Guyana dizem que ao lado dos exemplares com fossas na ultima volta (S. pellis-serpentis Ch. 1795) ha outras, sem vestigio del- las (S. serpens Martyn 1784). Trata-se, pois, apenas de um caso de variabilidade individual e não de duas especies differentes. Recebi do Dr. von Martens um exemplar do «Brazil» e tambem Pilsbry diz que a es- pecie é encontrada no Brazil. Não conheço, porém, in- dicação alguma com localidade exacta que confirmasse a existencia dessa especie da Guyana no Brazil. Solaropsis vipera Pfr. «Brazil». Solaropsis braziliana Desh. d'Orbigny obteve essa especie em Rio de Janeiro e Santa Cruz âe la Tierra em Bolivia, Hidalgo colligiu a em Rio de Janeiro, nós temol-a do Estado de S. Paulo. A especie que Spix denominou serpens e Wagner pellis-serpentis (Tab. 17 fig. 1) é sem duvida S. braziliana e foi colligida em ai SAO vacates Pará e Maranhão por Spix. A especie occorre pois da Amazonia até o Estado de S. Paulo e a Bolivia. Solaropsis pilsbryi Ih. Bahia. Solaropsis heliaca Orb. Corrientes até Bolivia. Solaropsis pascalia Caill. Pará (segundo Hupé). Solaropsis amazonica Pfr. Amazonia. Solaropsis feisthameli Hupé. Pertence a essa especie S. serpens Spix (Tab. 17 fig. 2) que Spix obteve em Pernambuco e Piauhy. De Bahia a mencionam Hupé e Moricand. EK’ commum no Estado de S. Paulo, donde a temos de Rio Grande, S. Paulo, Piquete. No Estado de S. Paulo só occorre a variedade A, de espira achatada. Os exemplares que temos da Bahia pertencem à varie- dade B, considerada por Dohrn e outros autores como amazonica Pfr., o que me parece não ser exacto. Es- ses exemplares da Bahia têm a espira convexa, mais elevada do que em A e combinam com um exemplar de S. serpens Spix, cotypo de collecçäo de Spix e que recebi do Museu Zoologico de Munich. Parece que a fórma A extende-se até a Bahia, mas é certo que no Estado de S. Paulo só occorre a var. plana (A). Psadara rosarium Pfr. Amazonia, Surinam. Psadara elaps Dohrn Para. Psadara derby: Ih. S. Sebastião, S. Paulo. S. Paulo, Maio de 1900. BIBLIOGRAPHIA “(HISTORIA NATURAL E ANTHROPOLOGIA) POR H. VON [HERING Por falta de espaço vejo-me obrigado a limitar essa bibliographia ás publicações que se referem ao Brazil, ou citando apenas algumas sobre o terciario da Patagonia porque se referem a assumpto tratado por extenso nessa Revista. A. Periodicos da America do Sul Archivos do Museu Nacional do Rio de Janeiro Volume X, 1897—1899, R. de Janeiro 1899. Esse volume, alem de um pequeno artigo do Sr. E. Ule sobre Utricularias epiphytas e outro de D Maria do Carmo de Mello Rego “Artefactos indigenas de Matto Grosso” contem especialmente os valiosos estudos de J. M. Clarke. “A fauna siluriana superior do Rio Trom- betas” e “Molluscos devonianos do Estado do Pará”. Esses artigos ha muito tempo esperados e acompanha- dos de 8 estampas, referem-se a materiaes colhidas em 1876 pela Commissäo Geologica do Brazil, então sob a direcção do fallecido Prof. Ch. Fred. Hartt. — 992 — Boletim do Museu Paraense, Pard Vol. 2, N. 4 ISVS e Vol. TH. N°1, 4900. O 1.º dos dous fasciculos contem um artigo do Dr. Goeldi. “O estado actual dos conhecimentos sobre os indios Jo Brazil” relatando os resultados do respectivo estudo do Dr. Ehrenreich, do que ja tratamos nessa revista Vol. 3. pag. 545. Seguem a continuação do artigo do Dr. Goeidi: Estudos arachnologicos relativos ao Brazil, um artigo do Dr. Goeldi sobre os peixes da Ama- zonia e outro do Dr. Huber: Materiaes para a fiora amazonica. E” de um interesse especial o artigo do Dr. Goeidi, a lenda amazonica do Cauré, acompanhado de uma instructiva estampa, dando a descripção e a figura do singular ninho de Panyptila cayanensis Cab., ando- rinhão da familia das Cypselidas. Esse ninho representa uma bolsa comprida, tecida e fixada na casca de uma arvore alta, tendo a entrada na extremidade inferior. Por engano attribue-se na Amazonia esse ninho singu- lar ao gavião colleirinha, Falco albigularis Daud. (ou rufigularis), que na Amazonia tratam de Cauré. Observo que o respectivo nome de Caburé aqui significa a especie menor de corujas do matto do genero Glaucidium. O outro fasciculo do anno corrente contem um inte- ressante artigo do Dr. J. Huber, sobre a borracha ou caucho e mais dous artigos do mesmo autor tratando da flora da Amazonia. Notamos mais um artigo illustrado do Sr. H. Bré- leman, “dous myriapodes noiaveis do Brazil”, referindo- se a Polydesmus clarazianus Humb. e Saussure e Tri- goniulos Goesii Porat. Annuaric do Estado do Rio Grande do Sul, de 1899, publicado por Graciano A. de Azambuja. Porto-Alegre, Typographa Gundlach e Comp. Entre os artigos desse volume merecem menção o de P. I. A. Mabilde sobre os Coroados (conclusão). — JJ) — o do Jr. F. Araujo. sobre Plantas medicinaes e o do Rev. P. 4. Schupp. sobre o Louva-a-Deus do Brazil. São figuradas, na pg. 262, 4 especies: Coptopteryx ar- centina (Burm.) Sauss. Stagmatotera annulata (Stoll.) Sauss., Theoclytes parallela (Baan n) Sauss., Zoolea ma- croptera (Stoll) Berg. Alfredo F. Rodr zzwes (pg. 194) insiste num pe- queno mas interessante artigo, na aflirmaçäo que o no- me da Lagoa dos Patos não lhe provem duma tribu de indios Patos, tribu imaginaria que nunca existiu mas sim das aves do grupo dos patos. Annuario do Estado do Rio Grande do Sul, de 1900, publicado por Graciano de Azambuja. Porto- Alegre, Typographia Gundlach e Krahe. Entre os artigos de interesse scientifico desse vo- lume mencionamos os seguintes : As arvores do Est. do R. Grande do Sul pelo Dr. João Dutra, continuação do util artigo começado em volumes anteriores, tratando de 8 especies. As aves do Estado do Rio Grande do Sui pelo Dr. H. von lhering, artigo ao qual me referirei na secção de zoologia. Geologia da Lagoa dos Patos pelo P. A. Schupp, par ticipando o facto de terem sido encontradas ostras fosseis na Barra' do Pibeiro. Observo que das respec- tivas ostras, algumas me foram mandadas para serem examinadas; embora mal conservadas creio poder re- feril-as à Ostrea puelchana Orb. Plantas medicinaes do Rio Grande do Sul pelo Dr. F. Araujo. A Lavoura. Boletim da Sociedade Nacional de Agricultura, 2.° tos Rio de Janeiro 1898 e 3.º anno (2 Sr. Vol 11) 189 Entre os us do primeiro volume de nova se- ric noto os do Dr. G. Vert sobre Heliconius eucrates — 994 — Hübn., praga do maracujá, acompanhado de boa estam- pa, do Dr. von Ihering "a lavoura e os insectos noci- vos” e do Di. Aristides Caires sobre a molestia do cafeeiro participando uma carta do Dr. HF. Noack que «não se mostra muito disposto a acceitar a Meloidogyne exigua como causa do mal», duvidas que não posso ad- mittir, pondo-me nessa questão ao lado do Dr. Goeldi. E" de summo interesse o artigo do Barão de Pa- rand, “Os Zebroides”, producto de cruzamento de zebra com egua acompanhado de figuras de dous zebroides criados na Fazenda Lordello, municipio de Sapucaia, Es- tado do Rio de Janeiro. O zebra macho é de especie Equus burchelli. O zebra não é como o cavallo e o touro que cobrem as femeas em qualquer época. O cru- zamento experimentado na Europa sem resultado do zebra com a egua só se consegue quando coincide o cio dos dous, separados fóra do tempo do cio. Depois de 12 mezes nasceu o zebroide que é de côr de pinhão claro com as listas ou zebruras do zebra. O autor acredita que o zebroide supplantará as mulas actuaes. Veja-se tambem essa Revista Vol HI p. 555. Não podemos referir-nes ao segundo volume sem exprimir a nossa profunda e sincera afilicção pela perda lamentavel que a Sociedade Nacional de Agricultura teve pela morte do Dr. Campos da Paz, vulto eminente na propaganda pelo progresso da agricultura em nosso paiz, verdadeiro e digno rival do Dr. Luz Pereira Barreto. Lembro aqui que um bom retrato esboço biographico do finado foi publicado na Lavoura, Vol. 1131808 p. 4. Entre os artigos de interesse scientifico mencio- no aqui com referencia ao anno 1899 o do Dr. Luiz Pereira Barreto sobre sericicultura publicando uma carta referente ao bicho de seda do Brazil (Attacus). O Sr. 4. Miranda Azevedo (p. 58) publica um artigo acompanhado de uma estampa referindo-se a um coleo- ptero da familia Cantharidae que devasta as pimenteiras Cantharis atomaria Germ., especie da qual provavel- mente C. nigro-punctata Blanch. é synonymo. As lar- — 909 — vas vivem nos ninhos de abelhas que constroem «col- meias no solo como Anthophora». Isso parece referir-se a observações feitas em Europa, dizendo entretanto O autor : “Anteriormente a Newport e e a Favre, Guil- ding em uma breve noticia nas Transactions of the Lin- nean Soc. of London Voi. 19 fizera parecer os habitos parasitarios das larvas das Cantharidas com uma espe- cie brazileira, do Rio de Janeiro, pertencente ao genero Horia : H. maculata, cuja larva foi por elle encontrada vivendo a espensas das larvas do nosso Mangagá ou Mangangava, Xylocopa brasilianorum L. (teredo Guild.). Observo que vi Gantharis atomaria causar grandes estragos nas plantações da batata ingleza no Rio Gran- de do Sul e que o Dr. Noack a observou em Campinas em 1897, mandando exemplares ao Museu. Aqui obser- vamos Cantharis aterrima Klug em pimenteiras, toma- teiros e sobre diversas especies de Solanum. Sob o titulo «as pestes importadas» o Dr. Germa- no Vert publicou à p. 67 um estudo referente ao Mar- garodes vitium do Chili acompanhado de uma estampa N.º Il, mostrando as larvas fixadas na cepa da videira. Segundo informaçõos do autor esta estampa é cópia de uma publicada por Giard. No Brazil até agora Marga- rodes não foi encontrado. O nome de especie não é vitium Giard, mas vitis (#. Philippi), estabelecido em 1884. No anno de 1900 em n. I da 1.2 serie—de certo engano, difficultando mais ainda entender o complicado systema da numeraçäo desse periodico e de suas series, annos, numeros, supplementos etc....- acha-se pag. 12 um artigo interessante do Dr. G. dUtra sobre a la- garta cornuta do fumo que pertence à borboleta Pro- toparce carolina L., sendo a mesma especie como na America do Norte e que se debella como a praga do curuquerê, applicando-se por meio de um pulverisador nas plantas attacadas verde de Pariz finamente moido, em suspensão n’agua, na proporção de 500 germs. por 990 - 600 litros de vehiculo. O autor refere-se ao excellente artigo do Dr. Howard no Yearbook of the — 906 — Dep. of. Agriculture. Washington 1898 p. 121--151 sobre insectos nocivos ao fumo e onde essa borboleta e suas larvas são figuradas à p. 128. Revista Agricola. São Paulo Anno V 1899. Diversos artigos desse periodico sao referidos na parte Saar Alem desses noto ainda os seguintes : Loefgren, A. Um inimigo das macieiras, p. 130 tra- tando da Schizoneura lanigera (cf esta Revista I] p. 399) e de um tratamento simples e e efficaz. A. Gomes Carmo trata (p. 453) da Sericicultura. O autor diz «uma ou duas crianças tratam commodamente de cerca de 40.000 sirgos (bichos da seda) que produzem de 40 a 50 kilos de seda em casulos e estes se vendem de 34000 a 48000 rs. o kilo». As experiencias que tenho sobre o assumpto não são favoraveis. Colonos que no Rio Grande do Sul no decennio passado tiveram producção regular de bi- chos de seda a deixaram por não ser lucrosa. Real- mente não é um preço animador—3$000 por kilo ou 540 casulos mais ou menos! Boletim do Instituto Agronomico em Campinas Vol Mes Paulo. 1 GOO: Entre os numerosos interessantes artigos do pre- sente volume mencionamos especialmente: G. dUtra. Os microparasitas do trigo e da canna d'assucar—d. de Campos Novaes. Cryptogamos microscopicos das videiras p. 91 ss.—/. Noack. Molestias das videiras p. 91 ss. e acompanhado de duas boas estampas. —N. Potel o Lecanium viride e sua destruição. —O Dr. Rs descreve como especies novas Botrytis novaesi > Apiosporium braziliense, a fumagina da videira. O seu artigo foi publicado tambem em allemão Zeitschrift für Pflanzen-Krankh. von P. Sorauer vol. IX, 1899 p- 1—10. e Taf. 1. — 991 — Quanto aos artigos dos Drs. G. d'Utrae F. Noack, escriptos sem conhecimento da minha publicaçäo, veja- se o que segue na parte zoologica sobre o artigo do Sr. Noack. O Sr. G. @Utra trata p. 319 ss. Sobre as anguillulas do cafeeiro, o Dr. Noack p. 224 ss. sobre «a podridäo da raiz mestra do cafeeiro». B. Botanica Huber, I. Beitrag zur Kenntniss der periodischen Wachsthums-erscheinungen bei Hevea brasiliensis. Botanisch. Central-Blatt vol. 76, 1898 n. AT p. 1—6. Huber, I. Dipterosiphon spelaeicola. Bull. de V Herbier Borssrer vol. VIT, 1899 (Genève p. 124 ss. Pe LV. Huber, I. und Boscalioni, L. Eine neue Theorie der Ameisenpflansen. Botan. Central Blatt, Beiheft Bd. IX, 1900 Heft 2. p. 1—4. O primeiro desses artigos trata do crescimento periodico da Hevea brasiliensis que fornece a borracha do Pará e que no mez de Junho esta sem folhas, o segundo descreve uma nova Burmanniacea que vive na Guyana brazileira numa gruta da Serra do Laranjal. O terceiro artigo é de grande valor porque é destinado » substituir a theoria de Schimper segundo a qual as formigas das imbaubas do genero Cecropia . servem para a defesa contra as formigas cortadeiras, theoria bem fraca como demonstrei no meu estudo sobre as formigas do Rio Grande do Sul (Rerlin. En- tomolog. Zeitschr. Bd. 39. 1894 p. 364 ss.) e no Ausland 1891 p. 474 ss. Os autores observaram que na Amazonia as plantas e especialmente as arvores myrmekophilas “habitadas por formigas) só se obser- vam na zona de inundação e concluem logicamente que procurando essas plantas as formigas aproveitaram se de cavidades naturaes que offerecem abrigo contra — DD8 — as enchentes dos rios. Será conveniente para o Sr. Huber tomar conhecimento dos meus estudos citados que na parte critica se combinam. Lembro aqui outra nova publicação sobre o assumpto: Heim. The biolo- gic Relations between Plants ond Ants. Washington Reports of Smithsonian Instit. 1898 p. 1—456 Plates. Miller, Carolo. Pryologia Serre, Itatiacae, Minas Geraes, Erazilhe; Bulletin de l’Herbiér Boissier, Vol. VI, 1898 pg. 148S—126. Genéve. Esse estudo do conhecido especialista contem a descripção de numerosas especies de musgos, na maior parte novas e collegidas pelo Sr. E. Ule. na Serra dos Orgãos, do Rio de Janeiro, e nas Serras dos Estados de Santa Catharina, Minas Geraes e Goyaz, tendo sido especialmente rica a Serra do Itatiaya. O numero das especies tratadas é de 154, sendo apenas lastimavel que o estudo não é accompanhado de illustrações. Peckholt, Theod. e Gust. Historia das plantas medicinaes e uteis do Brazil, 7.º Fasciculo. Rio de Janeiro 1899. O novo fasciculo da excellente monographia dos Srs. Peckolt, trata das familias: Phytolaccaceas, Nyctagi- naceas, Alismaceas, Mesembryanthaceas, Portulaccaceas, Tropoolaceas, Lauraceas, Hernandiaceas, Berberidaceas, Menispermaceas e Myristicaceas. De cada especie é indicado 0 nome scientifico, e vulgar, a synonymia e a distribuição geographica. E” dada uma pequena mas concisa descripção das respecti- vas plantas, seguindo-se informações sobre o seu em- prego e suas propriedades therapeuticas e tambem em muitos casos a analyse chimica. E” com summo prazer que estamos observando o illustre Dr. Theodoro Pe- ckolt, continuar, coadjuvado por seu filho, nesses estu- — 999 — dos botanicos e pharmacolocicos, pelos quaes já tem prestado serviços relevantissimos ao paiz e cuja publi- cação começou em 1871. Foshe, M. New or critical calcareous algae. Det Kgl. Norske Videnskabers selshabs Skrifter. Trond- ghem 1899 N° 5 p. — 154. Entre as especies novas de algas calcareas acha-se a de Lithothamnion braziliense Fosl., n. sp., commu- nicado a elle por este Museu sob N. 1047 e 1048 e proveniente de S. Sebastião. E. Ule. Beitrag zu den Blütheneinrichtungen von Aristolochia clematitis L. Berichte der Deut- chen Botanischen Gesellschaft, Jahrgang. 1898, Band XVI. pg. 236—239. E. Ule. Ueber Standortsanpassungen erniger Utricularien in Brasilien; Berichte der Deutschen Gesellschaft. Jahrgang 1898, Band X V1 pg. 308-314. E. Ule. Werteres über Bromeliaceen mit Bli- thenverschluss und Blitheneinrichtungen dieser Fa- milie, Berichte der Deutschen Botanischen Gesell- schaft, Jahrg. 1898, Band XVI pg. 346-362. E. Ule. Ueber einge neve und interessante Bro- meliaceen. Berichte der Deutschen Botanischen Ge- sellschaft, Jahrg. 1898 Band XVII pg 1—6. E. Ule. Ueber einen experimentell erzeugten Aristolochienbastard ; Berichte der Deutschen Bota- nischen Gesellschaft, Jahr. 1898, Band XVII pg. 39-40. E. Ule. Emige Bromeliaceen aus Brasilien, glatter und steiler Felswände ; Berichte der Deut- schen Botanischen Gesellschaft Jahrg. 1899, Band X VII, pg. 43—44. E. Ule. Ueber spontan entstandene Bastarde von Bromeliaceen ; Berichte der Deutschen Botanischen Gesellschaft, Jahrgang 1899 Band XVII pg. 51-64. Err — 560 — E. Ule. Verschtedenes ueber den Ernfluss der There anf das Pflanzenteben ; Berichte der Deuts- chen Botanschen Gesellschaft, Jahrg. 1900 Band X VIII. pg. 122—130. E. Ule. Die Verbreitung der Torfmoose und Moore in Brasilien; Englers Botanische Jahrbücher ; Band 27, Heft 3. 1899 pg. 238—258. E. Ule. Cardamine africana L. in Brasihen ; ÿnglers Botansche Jahrbiicher, Band 28, Hefti 2. 1900. Entre os numerosos estudos publicados pelo Sr. Ule, alguns são dedicados apenas à descripção de es- pecies novas e de fórmas hybridas dos generos Aristo- lochia e Nidularium, outros tratam da familia das Bromeliaceas e de outros assumptos de interesse geral. O artigo que trata da “ Verbreitung der Torfmoose ,, refere-se às plantas Cryptogamas que formam camadas extensas de turfa nas Serras de Santa Catharina e Rio de Janeiro e Minas. O sr. Ule colleccionou 43 espe- cies de Sphagnum, grande parte das quaes eram novas e foram descriptas por C. Müller e C. Warrentorf. Ba- nhados em que occorrem especies de Sphagnum foram encontrados tambem no Estado de São Paulo. Em geral as Serras altas de 2000 metros ou mais de altura e com uma temperatura annual de 14°, offerecem as condigdes mais favoraveis aos Sphagnos. Parece que os Estados de Matto-Grosso, Goyaz, Ceara e outros com um clima bastante secco, são privados desses musgos. E um facto novo e interessante que as es- pecies de Sphagnum, ricamente desenvolvidas nas zonas septentrionaes, têm uma representação tão rica em cer- tas Serras humidas do Brazil. Um facto singular é a occurrencia da Crucifera Cardamine africana L na Serra geral do Estado de Santa Catharina; o Sr. Ule é da opinião que essa singular distribuição geographica explica-se pela antiga connexção geographica entre o Brazil e a Africa. E’ de um interesse especial o ar- tigo sobre «Einíluss der Thiere auf das Pflanzenleben» Ee Bob no qual o autor trata da defeza das Imbaubas do ge- nero Cecropia contra as formigas cortadeiras do gene ro Atta exercida pelas formigas que inhabitam o tronco co da arvore e da dispersão de sementes por inter- medio de sauvas e de morcegos. Rehm, I. Beitraege zur Pilzflora von Sidamertha. V.— VIT Hysteriaceae, Microthyriaceae u. Coryne- haceae gesaminelt von H. Ule in Brasilien. Hedwi- gia, Dresden 1898 p. 1—16 e PI I Não conheço essa publicação tratando dos cogu- melos do Brazil e baseada nas collecções do Dr. KE. Ule. C. Geologia ete. Segundo Censo de la Republica Argentina. Mayo 10 de 1895. Tomo I Territorio. Tomo II Poblacion Tomo III Censos complementarios. Buenos Aires 1898. À Bibliotheca do Museu do Estado recebeu do Governo Argentino essa nova e importante publicação que muito honra o paiz que o publicou e a cujo co- nhecimento mais exacto está destinado. O primeiro volume contem os dados topographicos e climatologicos e capitulos extensos sobre geologia, paleontologica, zo- ologia e botanica, ricamente illustrados. O segundo volume contem dados sobre a população e os diversos elementos que o compõem, construeção publica etc. O numero total da população era em 1895 de quatro milhões (3.954.911) habitantes, dos quaes 42,8 porcento pertenciam a população urbana. hatzer, F. Uber die rothe Farbe von Schichtge- steinen. Neues Jahrbuch fim Mineralogie. 1899. p. 177-181. O autor trata do facto por elle observado em Pará que as camadas depositadas sedimentarias ricas em ferro — 062 — ganham a cor vermelha intensiva mediante a decom- posicão do oxydo-hydrato de ferro, devido à eliminação da agua. Esse processo está se effectuando devido à acção intensive. da luz e do calor, sendo pois este pro- cesso differente da calcinação. A temperatura do chão e sob a influencia do sol não excede em Óbidos à 42.º Hussak, E. Der goldführende, hiesige Quarzla- gergang von Passagem in Minas Geraes, Brasilien. Zeitschiift fir praktische Geologie p. 545-3558. 1598. Descripção geologica e mineralogica da mina de ouro de Passagem, situada a 7 kilometros de Ouro Preto, que, explorada desde o fim do seculo passado, é além da mina do Morro Velho a mais rica do Brasil. Nos annos de 1864—1875 a producção de ouro era de 793 1/2 kgr., e em 1334-1893 de ¥375 ker. e além disso foi separado annualmente do ouro cerca de 36 ker. de Bismutho metallico. Hatcher, I. B. Die Conchylien der patagoni- cchen Formation von H. von Ihering. Science 16 Fever. 1900. O autor combate os dados geologicos a mim dados por Florentino Ameghino, dizendo que as formações patagonica e suprapatagonica (a nossa de Santa Cruz) representam apenas differenças de facies e que no mesmo bloco de material achou reunidas Struthiolaria ornata e ameghinoi e assim outras conchas consideradas de importancia stratigraphica. Nada posso dizer neste sentido visto que nunca estive naquella localidade e que o nosso collecionador Bicego não era pessoa de conhe- cimentos scientificos, de modo que só compete ao Snr. Ameghino defender as indicações que me deu e que publicou. O Dr. Hatcher diz que não o entendi bem o relativamente à formação de pyrotherium e que elle a — 063 — colloca ao cretaceo, mas que Ameghino comprehendeu nelle dous horizontes bem differentes, pertencendo os mammiferos em parte ao mioceno como as camadas de Santa Cruz. A que me oppuz e que parece não ser contestado por Hatcher é a idade praemiocena e talvez cretacea das camadas que forneceram a Ostrea pyrothe- riorum. Hatcher, I. B. Sedimentary Rocks of Southern Patagonia. The American Journal of Science IV. Ser. vol. IX N. 50 Febr. 1900. New Haven, Conn. p. 85—108 with 1 Plate. O Dr. Hatcher gastou novamente dous annos para estudar a geologia da Patagonia, reunindo ricos mate- riaes. O resultado principal é a descoberta de camadas terciarias no Estreito de Magalhães em Sandy Point chamadas «Magellanian beds» e que são mais antigas do que as formações de Santa Cruz, que em parte são sobrepostas a ellas. Perto do Lago Puerredon foram descobertas horizontes cretaceos. O autor reune as formações «patagonica» e «su- prapatogonica», representando apenas variedades de facies e diz que a formação «de Santa Cruz» não con- tem concha alguma mas somente ossos de mammiferos. Nesse caso é evidente que o Dr. Hatcher applica o nome da formação santacruzense de outro modo como usado até agora, especialmente por Ameghino e Ihering. Não me parece isso um procedimento correcto, porque vae augmentar a confusão, já bastante grande. Duvido que o autor tenha razão quando julga a formação eocenica não representada na Patagonia e não acho satisfactoria a discussão da formação do Pyrotherium. Não se entende porque o autor não se refere a Ostrea pyrotheriorum, especie bem caracteris- tica. Tambem não posso achar justificadas certas mo- dificações de synonymia. Rhynchonella plicigera Ih. é bem differente de nigricans, especialmente pelo deltidium; 2 Magellania lenticularis é apenas variedade de cor da — Ele globosa e não pode por essa razão ser comparada à especie fossil. Julgo bem differente a Ostrea ingens Zattel de hatcheri Ortm. e acho tambem os exemplares de Limopsis insolita Sow. que recebi da Nova Zelandia differentes dos specimens typicos da Patagonia. Se não posso deixar de mencionar essas divergen- cias não quero do outro lado negar que esse novo es- tudo representa um grande passo adeante na importante mvestigação geologica da Patagonia. lhering, H. von. Die Conchylien der patagoni- schen Formation. Neues Jahrb. f. Mineralogie. Jahrq. 1899 vol. IT p. 1—46, Taf. 1—11. Îhering. H. von. Descripcions de la Ostrea qua- ranttica. Anal Soc. Cientif. Argent. Tom. 47. Buenos Ayres 1899 p. 03-64. | Cossmann, M. Description de quelques coquilles de la formation Santacrusienne en Patagonia. Journ. de Conchylioi. Vol. 47 Paris 1899 n. 3 p. 223—242 HERO Cpl: Novas contribuicdes ao conhecimento das camadas terciarias da Patagonia e especialmente das suas con- chas ; completando o artigo publicado no segundo vo- lume dessa revista. Outras publicações referentes às conchas terciarias da Patagonia foram publicadas por Ortmann e Pilsbry. Os typos das novas especies des- criptas por ron lhering e Cossmenn acham-se guar- dados no Museu Paulista. Ortmann, A. H. Prehminary report on some new marine tertiary horizons discovercd by Mr. 1. B. Hatcher near Punta Arenas Magellanes, Chi. American Journ. of Science vol. VI1898 p. LTS —AS82. Dos cinco horizontes contém o segundo e terceiro conchas marinas e tambem o quinto. Esse ultimo cor- responde aos “sprapatagoniun beds”, (miocene) os outros a parte mais inferior das camadas de Navidad (eocene?). — 969 — D. Acthropologia Ambrosetti, Juan B. Notas de Arqueologia cal- chaque. 1º serve Buenos Ayres 1900. Volume de 241 paginas com 262 figuras impres- sas no texto, dedicado ds antiguidades calchaquis da Argentina; é essa uma contribuição de summa impor- tancia para a archeologia da America do Sul. Os di- versos artigos que compõem o volume em parte foram publicados no Boletim do Instituto Geographico de Buenos Ayres (veja-se essa Revista II p. 472). Não posso deixar de entrar aqui num assumpto de interesse geral. O autor combate a opinão por mim emittida nesta Revista vol. I p. 79 ss. que o uso de caximbos para fumar seja na America meridional postcolombiano, figurando caximbos de barro cozido e um de steatito de origem calchaqui. Diz mais o autor que no Chaco os indigenas atê hoje usam de caximbos ou pipas para fumarem uma raiz excitante denominada koro, acrescen- tando que o Padre Lozano affirma que entre os cal- chaquis era conhecido tambem o uso do koro. Vê-se por esse exemplo de novo confirmado a ne- cessidade que existe para nós de uma relação intima com os resultados dos estudos archeologicos nos paizes limitrophes. No Brazil não foram achados caximbos nas localidades precolombianas como nos mounds de Marajó e nos sambaquis da costa. E porém bem pos- sivel que isso ainda se modifique em parte, visto que as communicações commerciaes já estabelecidas em tempo prehistorico podem ter trazido a essa zona caximbos e o uso de fumar. Influencia de cultura vindo da região an- dina relevam tambem os poucos objectos de cobre entre nos achados e a distribuição do uso da coca, como demonstrei nessa Revista vol. I p. 124—145. Lhering, H. von. Ueber die vermeintliche Ervich- tung der Sambaquis durch den Menschen. Verhand- — 566 — lungen d. Berliner anthrcpol. Gesellsch. Vol. 30, 1898 p. 454 -460. O autor examinou o Sambaquy do Rio Boguasst na bahia de Paranaguá, ligando attençäo especial às conchas que o compõem. São essas em parte ostras e em parte birbigãos que, porém, não apparecem mistu- rados mas em camadas sobrepostas que têm de ter sido depositadas em modo natural e não pelo homem. Acha- ram-se alguns objectos de pedra e um esqueleto humano, nada de carvão e cacos de igaçabas. Os restos humanos podem ser provenientes de pessoas mortas ou sepultadas depois de elevado o sambaqui. O autor volta a idéa de Carlos Rath: que parte dos sambaquis e especialmente os maiores não foram construidos artificialmente. Antonio de Araujo, Padre. Catecismo Brazilico da Doutrina Christa. Lisboa 1680 Publicado de novo por Julio Platzmann. Leipzig 1898. Julius Platzmann. Der Sprechstoff der guara- nischen Grammatik des Antonio Ruiz überselzt und erläutert. Leipzig 1898. Duas novas publicações do incansavel sabio que toda a sua vida dedicou ao conhecimento das linguas tupy -guarany. De um interesse especial é a segunda que representa uma excellente introducção grammatical no conhecimento da lingua guarany e com tradueção em allemão. Siemiradzki, J. von, Beitraege zur Ethnographie der südamerikanischen Indianer. Mittheil. der an- thropol. Gesellsch. in Wien. Vol. 28, Wien 1898 p. 127—170, com 39 figuras. O autor que viajou em varias partes da America do Sul divide o elemento indigena em quatro typos separados que correspondem a tantos periodos de immi- gração. — 967 — 1. Hyperboreos esquimoides e mongoloides pro- venientes do periodo paleolithico ( Patagones, Botocu- dos e Aruak). 2. Caraibas corr espondendo : ao periodo neolithico. 3. Mongoloides brachycephalos de que fazem par- te os povos de cultura elevada (Tupis, Muiscas) corres- pondendo ao periodo neolithico e em parte do bronze. 4 Guerreiros nomades do typs turano-fennico dos inüios Dacota e dos Aztecos (Quichua, Aymara, Arau- canos) correspondendo ao periodo do bronze. Não me julgo competente para emittir opinião sobre esse systema, que foi rejeitado por Ehrenreich na respectiva critica em Petermanns Mittheilungen. Noto que os «Cainguas» de S. Paulo são identicos com os «Caingue» do Paraguay. A idea «de Ewerton Qua- dros» que os Coroados sejam descendentes dos Caingues do Paraguay parece-me toda falsa e provêm talvez de troca das palavras Kaingangues (coroados) e caingues (cayuäs). De valor são: as numerosas e boas figuras de arcos, flechas etc., des cayuäs, coroados e outras tribus. Steinen, K. von den. Indianerskizzen von Her- kules Florence. Globus Vol. 75, Braunschweig 1899 p. 9—9 e 30-35. Publicação bem interessante pela reprodueçäo de 10 ilustrações referentes a indigenas do Brazil feitas pelo Sr. Hercules Florence e acompanhadas de notas de viagem do mesmo desenhista e de interpretações por parte de GC. von den Steinen. As figuras referem-se aos Apiakas, Bororós, Munduructis e Tschamacocos e foram feitas na viagem da expedição de Langsdorff que de Porto Feliz, em Junho de 1826, seguiu à Cuyabä e até ao Amazonas. Sobre a viagem referiu H. Florence na Revista do Instituto Historico do Rio de Janeiro em 1875. — 968 — E. Zoologia Goeldt, E A. Verzeichniss der bisher avissen schaftlich beschriebenen neuen Ter und Pflanzen- forimen welche waehrend der Jahre 1SS41—1S99 in Brasilien von E. A. Goeldi gesammelt und entdeckt worden sind. Bern 1899. Folheto de ‘9 paginas indicando as especies novas descriptas por diversos especialistas segundo as collec- cões do autor nos Estados do Rio de Janeiro, S. Paulo, Minas, Espirito Santo, Bahia e Pará. Das Tierreich. Deutsche Zoologische Gesellschaft. Uma obra importantissima para todos os zoologis- tas do mundo; consiste em monographias dos diversos erupos do reino animal e cada uma dessas monogra- phias tem por auctor um especialista que conhece per- feitamente o grupo de que trata. Successivamente estas são publicadas independentes dc systema, sendo feitas primeiramente essas que foram promptas. Até agora estão publicadas os seguintes fasciculos. Lief. 1.—Podargidae, Caprimulgidae & Macropte- rygidae (Aves) por E. Hartert. Lief. 2.— Paradiseidae (Aves) por W. Rothschild. Lief. 34. —Eriophyidae (Acarina) por A. Nalepa. Lief. 6.—Oribatidae (Acarina) por A. D. Michael. Lief. 5.—Sporuzoa (Protozoa) por A. Labbe. Lief. 6. —Copepoda I. (Crustacea) por W. Gies- brecht & O. Schmeil. Lief. 7.—Demodicidae & Sarcoptidae (Acarina) por G. Canestrini & P. Kramer. Lief. 8.— Scorpiones & Pedipalpi (Arachnoidea) por KX. Kraepelin. Lief. 9.—Trochilidae (Aves) por E. Hartert. 969 Thomas, Oldfield. On new small Mammals from South America. Annals ant Magazine of Natural History Ser. 7 Vol. II 1899 London pg. 152— 155. Descripção de diversas especies novas de roedores e marsupiaes, entre ellas uma (Peramys rubidus) da erg dahia. Goeli, E. Monographias Brasileiras. As aves do Brasil. Segunda Parte; Rio de Janeiro 1900. Com esta segunda parte, publicada 6 annos depois da primeira está acabado o compendio do Dr. Goeldi, referindo-se à ornithologia do Brazil. Não tivemos até agora na nossa literatura, livro que como este pudesse servir para o estudo da nossa aviaria. O presente volume trata dos passaros, pombas, gallinaceos, pernaltas, palmipedes e avestruzes. Seguem então a enumeração da literatura e os indices dos ge- neros e dos nomes triviaes. Parece que esse volume ja foi escripto ha muito tempo, visto nao ter a nomencla- tura que hoje & usada, de modo que por exemplo das tres especies de Euscarthmus, que o autor encon- trou na Serra dos Orgãos, nenhuma pertence ao gene- ro mencionado e uma (E. aurifrons) até a outra fami- lia. A obra contem varios dados novos referentes 4 propagação das nossas aves, sendo tambem de interesse especial a informação exacta que o autor di sobre as especies por elle colligidas na (Colonia Alpina perto de Theresopolis na Serra dos Orgãos. Essas informações completam a lista que neste vo- lume dei das aves de Cantagallo e Nova Friburgo. Em geral são as mesmas especies que o Sr. Euler observou em Cantagallo, mas notei varias que não são contidas na minha mencionada lista e que são as se- œuintes : Orthogonys viridis Spix. Spermophila gutturalis Licht. Chrysomitris icterica Licht. Cassidix oryzivora Gmel. — 970 — Cnipolegus comatus Licht. Hemitriccus diops Temm. Phyllomyias burmeisteri Cab. Ornithion obsoletum Temm. Empidonomus varius Vieill. Furnarius rufus Gm. Lathria plumbea Licht. Caprimulgus ocellatus Tsch. Nyetibius jamaicensis Gm. Colaptes campestris Vieill. Picumnus temmincki Lafr. Ara nobilis L. Rhostramus sociabilis Vieill. Nao acceitei nessa lista Arremon silens porque as informações dadas sobre a côr do bico demonstram não tratar-se dessa especie da Bahia, mas sim de A. semitorquatus que tambem Euler obteve nessa região. Parece que ha entre essas especies algumas que sô des- de pouco tempo invadiram essa Serra em consequencia da devastação das mattas, attrahindo as aves dos campos como por exemplo: Furnarius rufus, o João de barro e Colaptes campestris, o Picapão do campo. As descripções de ovos e ninhos são baseadas na maior parte nas observações de Euler. As observações proprias já são communicadas em outros artigos, mas, entre as que são novas noto a do ninho da Geotrygon montana e a descripçäo do ovo do jacü-tinga. Goeldi cbteve no mez de Março duma ave captiveiro uma pos- tura de 6 ovos cujas medidas eram de 10—7T3X93—54 mm. Os ovos são brancos. Ihering, H. von. Asaves do Estado do Rio Gran- de do Sul. Annuario do Estado do Rio Grande do Sul para o anno de 1900 publ p. Graciano de Azam- buja. Porto Alegre 1899 pg. 113—154. Depeis de uma pequena introducçäo explicando as divisas principaes na distribuição geographica naquelle T1 — O Estado e dada a enumeração systematica de todas as especies de aves observadas até agora em territorio rio-grandense. Observo aqui que alem das 363 especies enumeradas ainda depois de publicado este artigo re- cebi mais as seguintes: Dacnis cayana L., Macropsalis creagra, Asio accipitrinus, Falco fuscocaerulescens col- ligidas em Nova Hamburgo pelo Sr. A. Schwartz, Porphyriola martinica L. caçado em Piratiny pelo Sp. Sebastião Wolf e Gisella iheringi Sharpe do Sr. Chr. Enslen em S. Lourenço. Ihering, H. von. Critical Notes on the Zoo-geo- graphical Relations of the Avifauna of Rio Grande do Sul. The Ibis July, London, 1899 pgs. 432-—436. O catalogo das aves do «British Museum» contem | numerosas especies indicadas como provenientes de Pe- lotas, Rio Grande do Sul e colligidas por Joyner, e que segundo as experiencias expostas neste artigo, não occorrem naquella região, dando lugar a conclusões completamente falsas quanto a distribuição geographica. A redacção do Jornal Ibis ajunta algumas notas confir- mando a exactidão dessa argumentação. Alem disto observo que desde a publicação deste artigo foi verifi- cado que Joyner, que viveu por annos como engenheiro em S. Paulo, nunca esteve em Pelotas e que elle por via de compras adquiriu de diversas partes do Brazil cou- ros de passaros, explicando-se deste modo com facilidade a occorrencia de alguns enganos com referencia ás lo- calidades. Ihering, H. von. On the Ornis of the State ‘of São Paulo, Brazil. Proceedings of the Zoological So- ciety of London April 1899 pgs. 508 —517. As indicações dadas neste artigo sobre as aves do Estado de S. Paulo baseam-se principalmente no meu trabalho publicado nesta Revista no Vol. Ill sobre as — 972 — aves de S. Paulo. Accompanha este artigo um mappa geographico indicando as divisas e regiões geographi- cas por mim descobertas. Thering, fl. von. Zur Biologie der brasilianischen Glaucidiuim-Arten. Zoolog. Garten. LO Jahrg. N.º 12 Frankfurt a M. 1899 p. 376-380. Participa o autor que o Museu Paulista obteve um exemplar de Glaucidium, do caburé do matto, que o Sr. Capitão José da Costa Leite Sobrinho observou e matou na occaslão que se precipitava e começava a devorar um macuco. Berlepsch, Hans Graf von. On the rediscovery of three remarkable species of Birds of South America. The Ibis VII Ser. vol. 4 London 1898 pag. 60 ss. and Pl. LL. Trata de um novo exemplar de Pipra opalizous Pelzeln do Pará, dando boa figura dessa especie rara e de Chrysolampis chlorolaemus Elliot da Bahia. Sclater, P. L. Onthe Psophia obscura of Natterer and Pelzeln. The Ibis VII Ser. vol. 4 London 1898 p. 220—521 Pl. XL Figura bem essa especie do Pará que foi por en- gano no catalogo do British Museum reunida com Ps. viridis. Bowdler Sharpe. Gisela theringt. The Ibis VIT Ser. Vol. V. London 1899 p. 439. Descripcäo de uma coruja nova allada e talvez identica com G. harrisi da Columbia e obtida em São Paulo e S. Lourenço, Rio Grande do Sul por H. von Ihering que no mesmo periodico vol. VI, 1900 p. 21% informa sobre a proveniencia da especie. Peracca, Dr. M. Descrizione di una nuova spe- cre di Amfisbena del Brazile. Bolletino dei Muser di Zoologia e Anatomia comparata della R. Universitá di orno, cont No 326 Ott. 18968; Descripção de Amphisboena mattogrossensis. Boulenger, G. A. Descriptions of tivo new Siluroid Fishes from Brasil. Ann. and Mag. Nat. Hist. (7) Vol. 2 p. 177—478. Descripção de Brachyplatystoma platynema e do novo genero Leptodoras com a especie nova L. jur- nensis. Boulenger. G. A. Descriptions of three new spe- cies of Siluroid Fishes from Southern Brasil. Ann. a. Mag of Natural Host (7) vol 5, 1900 p. 165—106. As especies novas Plecosfomus heylandi, Loricaria latirostris e Loricaria paulana foram colleccionadas perto de Cubatäo, neste Estado, pelo engenheiro Snr. Heyland. Kerr, I Graham. The external Features in the Development of Lepidosiren paradoxa Fitz. Zoolo- guscher Anzeiger Vol. XXT N 597, 1899 np. 292 — 294 O) pequeno artigo refere-se ao que ha de apparecer nas publicações da Royal Society em Londres, comple- tando ao que nesta Revista vol. I p. 556 já nos re- ferimos. O ovo desse singular peixe do Amazonas e Pa- raguay mede 6—7 mm. e passa por uma segmentação completa como o de Amia. A larva assemelha-se ao gy- rino da rã e tem de cada lado quatro guelras ou bran- chias externas, que correspondem aos arcos branchiaes I—IV. A existencia de branchias externas nas larvas dos Crossopterygios dipnoos e Amphibios demonstra esses orgäos como de grande idade phylogenetica e faz pre- — OTA — sumir que os typos mais primitivos de que descendem eram munidas de branchias externas em todos os arcos branchiaes em confirmação da theoria de Gegenbaur. Géldi, E. Dr. Ueber die Entwicklung von Sipho- nops annulatus. Zoologische Jahrbiicher. Band XI 1899, Jena pg. 170—173, mit Tafel IX. Géldi, E. Dr. Further Notes on the Amazonian Lepidosiren. Proceedings of the Zoological Society of London. Nov 1898, pg. 892— 857. Géldi, E. Dr. Epeirodes bahiensis Keyserling, eine Dimmerungs Kreuzspinne Brasiliens. Zoologische Jahrbücher, Band XI 1899 Jena pg. 161—169 mail Tafel X. No primeiro desses estudos descreve e figura o Dr. Goeldi o embryão de Siphonops annulatus, que é notavel pela existencia de branchias externas em numeros de 2 no lado esquerdo, de 3 no lado direito. O autor recebeu do Sr. Andreas Góldi em There- rezopolis 6 ovos, que acompanhados da mãe, foram en- contrados em terreno secco na occasião de ser lavrado. Os ovos de 10 mm. de comprimento, são transparentes. E” interessante a observação biologica referente à aranha Epeirodes bahiensis, que Góldi viu caçar in- sectos na madrugada mediante sua rêde e que ao levan- tar-se o sol, recolhia-a e levava comsigo a rede para no seu escondrijo com todo vagar devorar durante 0 dia os insectos que nella tinha caçado. Bassett-Smith, P. W., A systematic description of Parasitic Copepoda found on Fishes, with an Enu- meration of the Known Species. Proceed. of the Zool. Soc. London, 1899, Part II, March & April. Catalogo bem valioso dos Crustaceos parasitas da ordem dos Gopepodes, que vivem sobre peixes. O artigo — 979 — trata deste grupo em geral; tirei as especies brazileiras com os seus resp. hospedes, a saber: Da familia Lrga- siidae: Ergasilus longimanus Kr. que vive nas guel- ras de Mugil sp. Da familia Caligidae : Caligus trachy- noti Heller nas guelras de Trachynotus sp., Caligus cho- rinemi Kllr. nas guelras de Chorinemus saliens, Cali- gus irritans Heller nas guelras de Serranus; Lepeoph- theirus monacanthus Heller nas guelras de Pimelodus sp., Lepeophtheirus bagri Dana schre Bagrus sp, Anu- retes heckeli (Kllr.) nas guelras de Ephippus gigas Perissopus armatus (Dana)sobre Mnstelus vulgaris. Da familia Dichelestudae : Lernanthropus pupa Burm. nas guelras de Platax; Lernanthropus belones Kr. nas guelras de Belone almeida; Lernanthropus pa- godus Kr. nas guelras de Eques balteatus ; Lernanthro- pus nobilis Heller nas guelras de Temnodon saltator. Da familia Lernæidae : Lernacocera lagenula Heller. Da familia Chondracanthidae : Trichthacerus periste- dii Kr. nas guelras de Peristethus sp., Trichthacerus molestus Heller nas guelras de Prionotus punctatus ; Blias prionoti (Kilr.) nas guelras de Prionotus puncta- tus. Da familia Lernaeopodidae : Thysanote lobiven- tris (Heller, nas guelras de Rhypticus saponaceus. Sars, G. O. Description of Iherinqula paulensis G. O. Sars. Archiv for Mathematik og Naturvidens- hab Bd. XXII N° 6. Krishania 1900 p. 1—27 Pl. III. Descripção de um novo typo generico de crustaceos cladoceros da familia Macrothricidae de S. Paulo. FE? interessante que o autor examinou vivos esse e outros Cladoceros de S. Paulo, criando-os de lodo secco que daqui a elle remettemos e que tirado da margem de pe- quenas lagoas etc. contendo ovos bem conservados em numero sufficiente para posto nos aquarios povoal-os de numerosas colonias dessas pulgas d'aguas paulistas. — 916 — Giesbrecht, Dr. W. & Schineil, Dr. O. Copepoda (rymnoplea. Das Tierreich, 6. Lieferung. Berlin 1898. Uma monographia destes pequenos Crustaceos que dá a descripçäo e chaves para determinação da tribu Gymnoplea. Os representantes desta tribu não são pa- rasiticos mas vivem no mar, na agua doce e em salinas. Distinguem-se dos outros da tribu Podoplea pela falta de pernas no ultimo segmento do abdomen e pela pri- meira perna do cephalo-thorax que serve como orgão de copulação. As seguintes especies occorrem no Brazil : Familia Centropagidae : Pseudodiaptomus richardi (F. Dahl) I'óz do Ama- zonas. Pseudodiaptomus acutus (IF. Dahl) Ióz do Ama- zonas. Pseudodiaptomus gracilis (TF, Dahl) F6z do Ama- zonas. Diaptomus henseni (F. Dahl) F6z do Amazonas. Diaptomus deitersi Poppe Cuyabi. Diaptomus gibber Poppe Brazil. Familia Pontellidae : Labidocera fluviatilis (F. Dahl) F6z do Tocantins. Bouvier, E. L. Les crustacés parasites du genre Dolops Audouin, Bull. de la Soc. Philomal. de Paris. 6 Ser. Tome X, 1897—1898 pag. 53—81 et 9 Ser Tome I 1898— 1899 pag. 12—10 A familia dos crustaceos parasitas das Argulidas contem os generos Argulus Mill. e Dolops Audouin (Gyropeltis Heller); o segundo par de mandibulas tem a forma de ventosa no primeiro genero sendo allongado e terminando em gancho no segundo. O autor fornece uma excellente monographia e divide o genero em dous grupos: armados e inermes. As especies do primeiro erupo têm os lobos caudaes curtos e a face ventral do escudo provido de espinhos que fazem falta às do segundo erupo cujos lobos caudaes são-compridos. Do primeiro: — ii — (3) erupo existe no Brazil Dolops kollari Heller, do segundo Dolops longicauda Heller que vive sobre peixes. Dol. gayi Bouvier que vive sobre ras representa na America Meri- dional D. ranarum Stuhl da Africa central. Observo que Gyropeltis koseritzi Ihering de Porto Alegre, descripto em 1880 em um jornal allemäo da mesma cidade e en- contrado na cabeca e nas guelras de bagres e outros pei- xes do mercado, parece-me ser synonymo de D. longi- cauda Heller, descripto em 1857. Talvez seja o mesmo que Hensel (Archiv f. Naturg. vol. 34, 1868 p. 358) encontrou na bocca do Dourado, Salminus orbignyanus. Doflein, I. Amerikanische Decapoden d. K. bayer. Staatssammlungen. Sitsungs Ber. math=phys. Classe KH. bayer. Akad. 1899 pag, 177—195. Contem entre outras a descripcäo da especie nova Uca amazonensis. Rathbun, M. J. A contribution to a Knowledge cf the fresh water crabs of America— The Pseudotelphu- sidae. Proceed. U.S National Musewi Washington Vol. 21, 1899 N. 1158 pag. 507-537. O autor diz que o estudo do rico material do Museu de Washington deu resultados um pouco diversos dos de Ortmann. As Pseudotelphusinae são para o autor uma sub-familia bem caracterisada dos Potamonidas com os generos Epilobocera, Potamocarcinus, Rathbunia. São enumeradas 52 especies da sub-familia que na maior parte vivem no Mexico, America central e Norte da America Meridional. No Brazil é só encontrada uma especie nova, Pseudotelphusa agassizi do Pará. — 578 — Nobili, G. Intorno ad alcuni Crostacei Decapodi del Brasile. Eolletino dei Musei di Zool. ed Anat. de Torino Vol. XIV N. 355, 4899 p. 1=6. Estudo baseado em material que o autor recebeu do Museu Paulista. As especies estudadas são Tricho- dactylus dentatus var. cunninghami Goeldi do Rio de Janeiro, Trichodactylus fluviatilis Latr. de os Perus, Dilocarcinus petropolitanus Goeldi de os Perus, Dilo- carcinus panoplus (Mart.) do Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro substituido no Paraguay pela especie affim D. leorellianus Nob., Sesarma rubripes Rathb. de Cu- batão e Uca gibbosa Smith da Bahia. Fox, William T Contributions to a knowledge of the Hymenoptera of Brazil n. 5 Proceedings of the Academy of Natural Sciences of Philadelphia 1898 p. 445—460 (Vespidae), n. O Ibidem 1899 p. 195—200 (A collection from Rio Grande do Sul and S. Paulo) e n. 7 Ibidem 1899 p. 407—464 (Humenidae, Genera Zethus, Labus, Zethoides, Eu- menes, Montezuma and Nortonia). Continuaçäo dos artigos tratando dos Hymenopte- ros colligidos pelo Sr. Herbert Smith em Chapada, Santarem, Rio de Janeiro etc. e uma lista de Hyme- nopteros colligidos em Rio Grande do Sul e em São Paulo, provenientes do Museu Paulista. No artigo n. D o autor descreve 2 novas especies de Polistes, 8 de Polybia, 1 de Chatergus e 3 do novo genero Chater- ginus. O artigo n. 6 trata da collecçäo que o autor obteve do Museu Paulista; contem a descripção das novas especies Salius (Priocnemis) apicipennis, tincti- pennis, iheringii, Pompilus hempelii e Sphex subhya- linus, todas colligidas em Ypiranga; tambem algumas novas especies de Rio Grande do Sul. N.º 7 contem a descripção de numerosas especies novas dos generos Zethus e Eumenes e a do novo genero Zethoides. == ang — Friese, H., Monographie der Bienengattungen Megacilissa, Caupolicana und Oxaea (1. Nachtrag) Annalen d. k. k. Naturh. Museum in Wien Bd. XIV, 1899, p. 239 -246 e Monographre der Bienengat- tungen Exomalopsis, Pthilothrix, Melitoma und Tetra- paedia Ibidem p. 247-—304. O primeiro artigo é o supplemento da monographia publicada no XII. Vol. dos mesmos «Annalen»; o se- gundo contem a descripção de numerosas especies novas do Brazil; entre as quaes do Estado de São Paulo : Tetrapaedia rugulosa, clypeata, pyramidalis, maculata, piliventris e iheringi. Friese H., Monographie der Bienengattung Euglos- sa Latr. Termesc. Fizetek XXII 1899, p. 117—17 2. Continuação da serie de monographias referentes ás abelhas tropicaes. O genero Euglossa é exclusivamente neotropical e por isto de sum no interesse para todos que se occupam com a entomologia no Brazil. O dis- tincto autor descreve no presente artigo varias especies novas do Brazil. Friese, H Neue Arten der Brnengattungen Centris und Epicharis. Termesz. Hizeteh XXIII 1900. p. 39 48 e 117-120. Descripções de 51 especies novas de abelhas da região neotropica, especialmente do Brazil. Eis os nos nes das especies occorrentes no Estado de São Paulo: Centris mocsaryl. proxima, minor, pauloensis; Epicharis iheringi, schrottkyi, cockerelli. Friese, H., Neue exotische Schmarotzerbienen. Entom. Nachr. XXVI 1900 p. G5—G67. Descripções de algumas abelhas parasiticas do Brazil e da Argentina; do Estado de São Paulo são: Melissa maculata, violacea e viridis. =v ASO se Forel, Aug., Von Ihrer Koenigl. Hoheit der Prinzessin Therese von Bayern auf einer Reise qm Siidamerica gesaminelle Insecten. I. Hymenopteren a. Fournus. Berliner Entom. Zertschr. XLIV. p. Ape hs A lista das formigas colligidas pela princeza The- rese de Baviera; são tambem descriptas 3 especies novas de Equador e de Colombia. Bünninghausen, V. o. Die Uraniden der alten und der neuen Welt. Verh. d. Ver. f. Naturwiss. Unterh. Hamburg Bd. X. E” um estudo importante sobre a posição syste- matica dessa dificillima familia de Lepidopteros e a enumeração das especies conhecidas. Binninghausen, V. v. Beitrag sur Nenntnis der Lepidopteren-Fauna von Rio de Janeiro. Tribus Sphingidae. Entom. Zeuschr. «Iris» 1899 p. 107— 150: Grande parte das borboletas enumeradas e descriptas do Rio de Janeiro tambem occorre no Estado de São Paulo; o autor que vivia muitos annos no Rio da de quasi todas as especies a descripção não só do insecto completo, mas tambem a das larvas e chrysalides. Buysson, R. Le nid et la larre de Trypoxylon albitarse F. Avec 2 Pl. Ann. Soc. Entom. France Vol. O7, 1898 pe SA SO: Descripção do ninho e da larva da mencionada vespa solitaria, que nas casas applica frequentemente os mi- nhos feitos de barro nas paredes. — DSL — Wasmann, E. Ein neuer Meliponengast aus Pará Deutsche Entomolog. Zeuschr. 1899 p. 114. Descripção de um insecto (Scotocryptus goeldi) que vive no uinho de uma abelha social indigena do Pari. Stichel, H. Neue Heliconius aus Stidbrasclien. Entomol. Nachr. von Karsch, 25 Tahrg. 1899:p. 28 oF mOi Descripcäo da especie nova Heliconius nanna do Espirito Santo que talvez não é differente de H. phyllis. Druce, Herbert. Description of some new Ge- nera and Species of Heterocera froin South America. Annals and Mag. of Nat. Mist. (7) vol. à, 1900 p. DOT —I 27. * Contem entre outras as descripções das novas es- pecies Cerura phyllis de Porto Alegre, Rio Grande do Sul e de Bapta erina de Rio de Janeiro. Boileau, I Note sur auelques Lucanides nouceaux ow peu connus de VAmérique du Sud. Bulletin de la Soc. Entomol. de France 1899 Paris N. 15 p. 296 ites HU Descripcäo das seguintes especies de coleopters do Brazil: Pholidotus lindei, Metadorcus rotundatus Parry do Rio Grande do Sul, Sclerostomus aurocinctus, Scor- tizus gounellei. As ultimas duas especies foram colli- gidas pelo Dr. Gounelle, a primeira a 2300 m. de altura no itatiaya, a ultima na fazenda do Dr. José A Cerqueira Cezar «val do Rio Paranapanema», nesse Estado. — 982 — Fleutiaux, Ed. Voyages de M. E. Gounelle au Brésil. Eucnemidae. Ann. Soc. Entomol. de France vol. 68, 1899 p. 44- 49. Enumeraçäo de muitas especies colligidas pelo Dr. Gounelle em Pará, Pernambuco, Bahia e Rio de Ja- neiro entre ellas 4 novas. Gounelle, E. Note sur le genre Migdolus. Bull. Soc. Entom. de France 1899 p. 221—222. O autor achou neste Estado na fazenda do Dr. José A. Cerqueira Cezar onde estava hospedado, entre ou- tras numerosos coleopteros novos uma Prionida que julgou nova descrevendo-a sob o nome de Paulistanus no mesmo Bulletin 1899 p. 6. Mais tarde verificou elle que esse typo um pouco aberrante, ja foi descripto sob o nome de Migdolus fryanus Westw. O autor des- creve a femea que não era conhecida. Ohaus, Fr. Bericht über eine entomologische Reise nach Central Brasilien. Stettiner Entomolog. Zeitung 1899 p. 204245. O autor esteve desde Julho de 1898 até Fevereiro de 1899 em Petropolis, dedicando seu tempo quasi ex- clusivamente ao estudo do desenvolvimento dos besouros Lamellicornios da familia Rutelidas. As larvas *vivem em troncos velhos e podres de arvores e devem ser guardadas isoladamente porque são muito rixosas e mordazes. As larvas foram matadas em solução de formalina de |-2º/ aquentada em tubinho de vidro e depois conservadas em solução fria da mesma com- posição. Foram especialmente estudadas as larvas de Macraspis cincta e variabilis que são encontradas em troncos podres da figueira brava. Os ovos que medem 2,5 mm. são depositados em distancia de 10 a 10 cen- timetros no canal que o besouro está excavando e 3 semanas depois sahem delles as larvas. As larvas vivem da madeira mas atacam-se tambem uma à outra. Esse cannibalismo das larvas foi observado entre as larvas ee ae das Rutelidas e Melolonthidas mas näo naquellas das Cetoniidas, Copridas e Dynastidas. A larva adulta de Macraspis cincta mede 7—8 centim. e assemelha-se à de Parastasia figurada por Schiddte18 74 vol. VIII PL X fig. 1. Quando a larva se transforma em nympha a cuti- cula da larva conserva-se ao redor della em contraste ao que occorre nas outras familias dos Lamellicornios onde essa cuticula se enrola numa massa pequena. Os stigmas da nympha são dispostas numa fileira mas a forma dellas é caracteristica para as diversas fa- milias dos Lamellicornios. O tempo total do desen- voivimento das larvas das Rutelidas é calculado em 2 —3 annos pelo autor, que com esse estudo bem infor- Mou-nos sobre a metamorphose de uma familia sobre cuja biologia quasi nada até hoje se soube. Ohaus, Dr. Fr. Beitraege zur Kenntniss der Rute- liden. Stettiner Entomolog. Zeitung 1897 p. 341—440. Ohaus, Dr. Fr. Ruteliden der neuen Welt. Stettiner Entomolog. Zeitung 1898 p. 12-03. O Dr. Fr. Ohaus offerece nesses dous estudos ma- teriaes para o conhecimento da familia mencionada de Coleopteros, da qual é especialista. Podemos esperar mais contribuições do mesmo autor e de um interesse especial visto que no anno passado tem estudado em Petropolis a biologia dos besouros desse grupo. Schulz, W. A. Zur Biologie der südamerikaniphen Cerambyciden Gattung Hippopsis. Entomolog. Nach- rechten von Karsch vol. 25, 1899 p. 193 195. Figura de H. truncatella Bates que se agarra num raminho da capoeira pondo a cabeca e as antennas ao longo do galho e para cima o abdmen, de modo que se assemelha a um curto raminho secco. Caso bonito de mimicry. ai ieee Hempel, A. Descriptions of three new species of Aleurodidae from Brazil. Psyche vol. S N. 280. Aug. 1899 p. 394-395. Aleurodes horridus occorendo no lado inferior da folha da goiabeira, Al. fumipennis que vive sobre gramma e Al. parvus nas folhas de Maytenus. De to- das as tres especies é dada a descripçäo da nympha e da femea. Foram achadas em S. Paulo. Hempel, A. Descriptions of two new Coccidae of the Subfamily Lecaniinae. Canad. Entomol. Vol. 30, dO ON A men 7e Descripção de Edwallia rugosa e Pulvinella pulchella representantes de dous novos generos e especies. Veja- se o artigo do mesmo autor nesta Revista. Cockerell T. D. A. Three new Coccidae from Brazil. Canad. Entomol. Vol. 31 1899 p. 43—45. Descripção das especies novas Icerya hempeh, Mytilaspis bambusicola e Mytilaspis argentata. Rübsaamen E. H. Mittheilungen über neue und bekannte Gallen aus Europa, Asien, Afrika und Amerika. Entomolog. Nachrichten von H. Karsch vol. 25, 1899 p. 225—282 mit 2 Tafeln und 18 Figuren. Entre as poucas galhas americanas descriptas nesse importante estudo ha diversas recolhidos na Argentina e uma em Sapindus sp. produzida por uma Cecidomyia cuja larva é descripta. A galha consiste em deforma- cao da flore foi recolhida em Rio de Janeiro pelo Snr. Ule. A’ pagina 277 o autor trata das galhas de folhas de Schinus molle colhidas em 1892 na Bolivia por O. Kunze. A larvaé a de uma Psyllidae figurada p. 278. — 985 — O autor não conhece bem a respectiva littera- tura. E” bem possivel que as especies de Psylla ob- servadas por Scott (Transact. Ent. Soc. London 1882 p. 443 ss. Taf. 18) e von Ihering Entomol. Nachr. {885 p. 129) sejam identicas. lhering, H. von. Prejurzos causados em S Paulo as laranjeiras por piolhos vegetaes. Revista Agricola Seale, Vol UV, IS99 pe S92 GT: thering, H. von. Praga do curuqueré. Revista Agricaa, Sm Pato Vol ViASID pg. 231-23 3. Hering, IH. von. Notas sobre as especies de As- pideotus. Revista Agricola Vol. VI, 1900 p. 13-18. Os piolhos vegetaes que mais communs se encon- tram em laranjeiras na capital de S. Paulo são Chio- naspis aspidistrae Sign., Mytilaspis citricola Pack., Lecanium hesperidum L. e Lecanum oleae Bern. A esses tem de ajuntar-se ainda Ceroplastes floridensis Comst. | A praga de Curuquerê segundo lagartas e borbo- letas remettidas 20 Musen Paulista pelo Dr. Francisco Salles Gomes em Tatuhy é devida à Alletia argillacea sendo pois alagarta amesma que na America do Norte produz numerosos estragos sob a denominação de «cotton worm.» Os processos para o tratamento da praga são explicados no mencionado artigo. As Coccidas que em Minas Geraes estragam as vi- deiras segundo informações do Dr. Alvaro da Silveira são determinadas pelo autor de Aspidiotus lataniae Sign. Ha outra especie simillima em que as glandulas ceri- feras faltam e que é A. camelliae Boisd. (1867), da qual rapax Comst. é synonymo, sendo A. convexus e cydoniae Comst. synonymos de lataniae. Em vista da variabilidade das glandulas ceriferas o autor reune as duas «especies» em uma. — 586 — Moreira, Carlos. Cuntra os inimigos. A. La- voura Il Ser. Vol. V. Rio de Janeiro Agosto 1899 p. 140—144. O autor tratando do Aspidiotus das videiras de Minas determincu-o de A. cydoniae Comst. A e A Sr 2 oe ul Tv nu À ae Leth do vchtenherger. Revista do Museu Paulista IV. 1900. FL a A Hempel del. o aso) => ae > emma! gel — un Ds = TD en = D 5 — A © ro ss} — E D [er as #1 Lith. Lichtenberger. DATE eae Ja SEE ; BL WHOI Library - Serials LUE andador o mg me iss pe pn a eget ii ease + eee onto gado rea ein ch amet ea rie er vs obey Meade garer ei wee Cr tm se areia nro ea a eia 7 in pi vmar ome ra en dor o gu pet > Tee - re pa ci a POPOL PT ~ Te ay wt