PS pes > SS ao ns cd eme matar REVISTA DO usou Paulis PUBLICADA POR He VON TERING, DR, MED. ET PII, Director do Museu © VOLUME IX G SAO PAULO Typ. do «Diario Official» 1914 A ie -— 9) INDICE Museu Paulista nos annos de 1910, 1911 e et sê Necrologio : Eugenio Hussak (com Est. I), por E VON [HERING Necrologio: Dr. Theodor Peckolt (com Est. II), por H. von IHERING Tres Chalcididas parasitas do «bicho do café» (Leucoptera coffeella) (Tineid.) com 3 figs. no texto e Est. III. fig. 1, por R. von [HERING O genero Pterombrus Sm. (Ilymen.) Est. IU, fig. 5, por ApoLpHo Ducks. As traças que vivem sobre a «preguiça», Bradypophila garbe: n. gen., n. sp. (Lepid. fam. Pyralid.) com figs. e Est. II, fig. 2, por R: von IHERING. ipidae brazilerros (Coleopt.), gen. Xyle- borus nn. spp., com 5 figs., por FRAN- CISCO IGLESIAS As especies bras ileiras do é gen. Mega- chile (Hymenopt.), como supplemento ao «Ensaio das Abelhas sslhitarias do Bra- sil», com figuras no texto, por CURT ScHROTTKY RER A Diagnose de uma “Eucoila, (Hy menop. Cynip.) parasita das «Moscas das fru- ctas», por R. von IHERING . age O genero Parachartergus R. v. Ih. (Vespas sociaes), por R. von IHERING. 10) Emendas ao Catalogo das Chrysididas do Brazil, por ApoLpno Duck 11) Osbugios do genero Alouatta (Mammif.), com Ests. ÍV - VE por H. von InERING. 12) 13) In As especies brazileiras de Nilionidas Coleopt.) e a posição systematica da familia pelo estudo das larvas, Est. III, figs. 2 e 3, por R. von IHERING . George Marcgrave, o primeiro sabio que veio estudar a natureza do Brazil, 1658 - 44, por R. von IHERING. Protecção ds Aves, por H. von IHERING. Duas especies novas de Peixes da fam. Cichlidae, por R. von IHERING . . Os Gambas do Bra: sil, Marsupiaes do gen. Didelphis, por H. von IHERING. Insectos contra insectos : as Coccinel- lidas, com Est. VIII, fig. 1, por Fr. IGLESIAS + ONE SR ARE Notas entomologicas (Nilio n. sp. e um 8.º pasasita de a por R. von IHERING. : Broiogia de varias especies de Pinotus (Coleop.) de S. Paulo, por H. Lur- DERWALDT . Biologia e classificação das Cuculidas brasileiras, por H. von IHaRING. Novas contribuições para a Ornitho- logia do Brazil com Ests. IV, Ville IX, por H. von IHERING. Bibliogr aphia zoologica referente ao Brazil — 1911 a 1918, ae R. von IHERINS. QUE AGDE PAGS. Data da publicação das copias separadas dos artigos deste volume : N. 1. 2023. NX 945 Ne anh eh O Tora NE ka 10 = XII 915 37 Nid aed d— O14: ON a 6 dA N. 17 a 19— V 914; N. 20 — VII 914; N. 21 — IX 914. Distribuição do Volume: fins de Setembro de 1914. O MUSEU PAULISTA À na NOS ANNOS DE | 1910, 1911 e 1912 Não houve modificação digna de nota no quadro do pessoal do Museu durante o periodo que aqui relatamos. Apenas o logar de secre- tario de linguas extrangeiras soffreu repetidas substituições ; esse cargo occupado até Fevereiro de 1912 pelo sr. dr. C. Brandenburger é agora preenchido pelo sr. A. Dó. O sr. Francisco Günther que ha muitos annos já prestava bons serviços ao Museu, enviando especimens raros e completando a nossa collecção de peixes do mar, foi contractado em Setembro de 1911 para o cargo de desenhista e preparador auxiliar de entomologia. Ambas as funcções eram cabal- mente desempenhadas pelo desditoso auxiliar, quando a morte nol-o veiu arrebatar em 9 de Janeiro de 1912. Em Fevereiro de 1912 foi contractado para o cargo de desenhista o artista sr. Bento Bar- bosa, de cuja lavra são as illustrações originaes do presente volume. Como auxiliar do taxider-- mista entrou para o serviço do Museu o sr. Hen- rique Schwebel. Como voluntarios, auxiliares dos trabalhos do sr, R. von Ihering, e a titulo de estudo, fre- quentaram por algum tempo os nossos labo- ratorios os srs. Alberto M. Vaissier, estudante nee, A] de medicina e Carlos da Cruz Azevedo, do curso gymnasial. O dr. José Marianno Filho, hoje as- sistente de physiologia vegetal no Jardim Bota- nico do Rio, fez estudos no laboratorio de Ento- mologia, afim de preparar a sua these de douto- rando, cujo thema versava sobre as Meliponidas do Brazil. Os srs. Francisco Iglesias do Instituto Serumtherapico do Butantan, Adolpho Hempel e Gregorio Bondar, do Instituto Agronomico de Campinas, repetidas vezes trabalharam em nossos laboratorios. Ao sr. Adolpho Hempel, o eminente es- pecialista em Coccidas, devemos não só a gen- tileza de ter-nos completado sempre a classifi- cação de nossos materiaes novos deste grupo, como ainda a elaboração graciosa do Catalogo das Coccidas do Brazil, que publicamos em 1912 como Vol. III dos nossos «Catalogos da Fauna Brazileira». Podemos mencionar ainda como hospedes do Museu Paulista dous naturalistas de nomeada, os srs. prof. Dusén e M. Dukinfield Jones, que ambos trabalharam durante algum tempo na Es- tação Biologica do Alto da Serra, o primeiro colligindo plantas, o segundo lepidopteros. Das viagens emprehendidas pelo pessoal do Museu merecem menção especial as seguintes. Em Maio de 1910 o director, dr. H. von Ihe- ring, seguiu para Buenos-Aires, onde foi tomar parte no Congresso Internacional dos Ameri- canistas, aproveitando em seguida as facilidades que o Governo argentino proporcionou aos con- gressistas, para realizar uma excursão ao Alto Paraná, attingindo não só a celebre cachoeira do Iguassu e a respectiva Colonia Militar, como tambem o ponto final da navegação. O nosso director, que até aquella época nas suas excursões só havia percorrido a região Toc) a do litoral do nosso paiz, teve assim excellente opportunidade de conhecer tambem a parte occi- dental do Brazil meridional. No mesmo anno o dr. von Ihering esteve em Piracicaba, onde, a convite da Universidade Popular, foi realizar uma conferencia sobre a destruição das nossas mattas. (*) O custos do Museu, o sr. Rodolpho von Ihering esteve na Europa nos mezes de Março a Novembro de 1911. Dedicou a maior parte deste tempo a estudos zoologicos nos labora- torios da Universidade de Vienna e do Labo- ratorio de Entomologia do Museu de Paris. E’-nos um grato dever agradecer aos dous il- lustres chefes desses institutos scientificos, pro- fessores K. Grobben e E. Bouvier, as amabilida- des e regalias dispensadas ao nosso funccionario, que por esta forma conseguiu tirar o maior proveito de sua viagem. O sr. H. Luederwaldt esteve duas vezes no Estado de Sta. Catharina, e, comquanto tivesse ido especialmente para convalecer, asssm mesmo nos trouxe boas collecções de animaes e plantas que lá colligira. O naturalista-viajante, sr. Ernesto Garbe percorreu varias zonas do paiz, colleccionando como sempre optimo e abundante material zoo= logico para as diversas secções do Museu. Em outre capitulo mencionaremos exactamente O itinerario seguido. Os visitantes. — A frequencia do Museu por parte do publico attingiu o maximo que O edificio pode comportar. Nos annos de 1906 a (*) Veja-se Rev. do Mus. Paul. Vol. VIII, p. 485500, «Devastação e conservação das mattas». DER hat 1909 elevou-se de 40 a 63 mil o numero de visitantes; em 1910 foi registrada uma frequen- cia de 67:181 pessoas e em 1911 0 numeroise visitantes elevou-se mesmo a 91. 025; em 1912 ainda foram registrados 78.485 visitantes. Com tal frequencia, em domingos apraziveis, a média de visitantes é superior a mil pessoas e desta forma as 19 salas franqueadas ao publico chegam a fi- car literalmente cheias, de forma ase tornar dif- ficil mesmo a simples inspecção das collecções: O dia 7 de Setembro, que o Monumento do Ypiranga commemora, foi aqui dignamente fes- tejado em 1912. Graças aos esforços empregados pelo governo, a solemnidade teve brilho exce- pcional, devido ao concurso das escolas publicas, que enviaram para mais de 10.000 creanças; O monumento artisticamente ornamentado, bem como o grande jardim onde se armaram bar- racas para os peguenos convidados, apresentavam bellissimo aspecto. O serviço de guarda nos dias de visita con- tinúa a ser feito pelos serventes e jardineiros do Museu. À vigilancia durante a noute, que antiga- mente era feita por policia, passou a ser confiada desde 1911 a guardas-nocturnos contractados. O «Guia pelas collecções do Museu Pau- lista», que era vendido ao preço de 400 réis O exemplar, e que fôra publicado em 1908 em edição de 3 mil exemplares, exgottou-se no correr do anno de 1911. À nova edição que em breve tencionamos imprimir, será conside- ravelmente melhorada e enriquecida por nume- rosas illustrações. As colleeções. — De ha muitos annos que o Museu lucta com a falta de espaço em seus varios departamentos: nas salas de colle- tm 9 —— cções franqueadas ao publico, nas collecções de estudo e laboratorios e na bibliotheca. Assim nem seria possivel fazer grandes augmentos, o que ainda impedem a falta de recursos e de pessoal, Desta forma o que se tem feito nas collecções expostas ao publico é substituir os especimens velhos por outros de preparação nova, os ques, sendo possivel, são montados em grupos, pelo que se torna a observação mais attrahente ao visitante. O preparador, sr. João E. Lima, dedicou boa’ parte de seu terão. a esses trabalhos, conseguindo assim dar realce a varios armarios. Mencionaremos nas salas das aves os armarios de beija-flores e das aves aqua- ticas; o dos pequenos mammiferos, etc. Tam- bem mereceu maior cuidado a rotulação dos especimens ; lentamente estão sendo impressos todos os rotulos, serviço este que já se acha concluido para a maior parte das secções. Quatro armarios novos foram collocados na galeria do pavimento superior e ahi figuram objectos ar- cheologicos ; desta forma poude-se dar um ar-. ranjo mais racional a esta secção. Em um dos grandes armarios da sala de Ethnographia fi- guram agora os artefactos dos indios do Estado de S. Paulo: Guaranys e Cayuas, Caingangs; Chavantes; nos outros armarios agrupam-se os materiaes concernentes às outras nações bra- zileiras. Os armarios novos da galleria encerram respectivamente : artefactos de pedra e de cera- mica dos nossos indios; o terceiro armario con- tem uma valiosa collecção de objectos de pedra da cultura calchaqui (em parte originaes, em parte copias obtidas em permuta com os mu- seus de Buenos-Airese de La Plata). O quarto desses armarios mostra uma variada série de artefactos dos incas, que muito obsequiosamente o sr. dr. Max Ule adquiriu para o nosso Museu. — fo) == Com relação a esta ultima acquisição devemos ainda extender os nossos agradecimentos ao dr. Larraburre y Unanue, eminente estadista peruano que obteve licença para a exportação dessas col- lecções, o que do contrario não teria sido pos- sivel em vista das leis peruanas que vedam a sahida de taes preciosidades archeologicas para fóra do paiz. Para o mesmo fim interveio ainda a nossa legação no Perú, à qual egualmente endereçamos os nossos agradecimentos. Segundo os estudos feitos neste Museu, nesta materia de archeologia comparada, a cul- tura prehistorica do Brazil meridional foi em certa época largamente influenciada pela cultura antiga do Perú, sendo por este motivo de grande proveito para os nossos estudos e de interesse para os visitantes, poder-se comparar desta for- ma directamente os respectivos documentos das duas culturas, Na collecção de estudos houve tambem notaveis accrescimos. A secção entomologica occupa agora 20 armarios do typo Ihle (so gavetas), sendo que os lepidopteros occupam 8 armarios, os coleopteros 4, os hymenopteros 2, eters tambem para a collecção malacologica foram adquiridos 8 armarios do mesmo typo. “Tambem asicolleccoes ide estudo: «de aves, (ovOsme pe quenos mammiferos foram ampliadas conside- ravelmente, de forma a occuparem 15 armarios de typo Ihle, que correspondem perfeitamente a todas as exigencias. Os accrescimos, alias consideraveis, verifi- cados nas collecções, são devidos quasi exclusi- vamente ao trabalho do sr. Ernesto Garbe, nosso naturalista viajante, que percorreu ainda nesses annos varias regiões do paiz, conforme se verá dos itinerarios descriptos em outro capitulo, reunindo assim abundantes e variados materiaes de todas as classes animaes. As principaes per- mutas effectuadas com museus congeneres ou collegas particulares vem mencionadas em lista annexa ; poucas foram as offertas de maior valor e as compras que puderam ser efectuadas. Com relação às colleccdes do Museu de- vemos ainda registrar dous casos pouco agra- daveis, de tentativas de roubo, ambas felizmente frustradas pela intervenção do pessoal do museu. Em um caso tratava-se de um pobre operario que fôra irresistivelmente tentado pela belleza dos fac-similes dos matores diamantes do mundo; foi preso na occasião em que, durante as horas de visita tentava apoderar-se do falso thesouro. O outro attentado foi praticado por um estu- dante de direito que a altas horas di noute ar- rombou a sala em que se acham os objectos historicos e de la ia subtrahindo as peças mais preciosas da chamada collecção «Campos Salles» valiosos mimos de ourivesaria e pedras preciosas recebidas durante o seu governo pelo illustre ex- presidente da republica, dr. M. F. de Campos Salles, que as offereceu ao Museu Paulista. Tambem por esta occasiio os serventes e o porteiro conseguiram presentir em tempo o gatuno, evi- tando assim prejuizo consideravel Excursões, — Já mencionamos algumas das viagens realizadas pelo pessoal do Museu. Aqui queremos relatar as excursões que foram de maior proveito para o enriquecimento das collecções. O sr. E. Garbe, depois de permanecer algum tempo no Museu, de Janeiro a Março de 1910, mezes estes em que reformou as collecções de reptis e amphibios guardados em alcool, seguiu — T2 — em Marco, para Baurú e Jacutinga e ainda em Abril se demorou na fazenda do sr. Wingers ; em Maio permaneceu caçando na fazerda La- geado em Santa Cruz do Lageado; em Junho, passando por Avanhandava, foi à fazenda S. ER ae na margem direita do rio Tiete; em Julho proseguiu até Itapura, voltando só então para: d Paulo. Em 23 de Agosto partiu cm nova excursão, cabendo-lhe a taréta de explorar a: região de Franca, e foi nos arredores dessa cidade que elle se demorou até meiados de Setembro ; seguiu então para Patrocinio de Sa- pucahy onde permaneceu até fins de Outubro, quando seguiu para Jaguaré em Minas; os mezes de Novembro e Dezembro foram consagrados à caçadas em diversas fazendas na Borda da Matta, bem como os primeiros mezes do anno de 1911. Em Março viajou por Ituverava, passando- se dahi para Sete Lagoas, onde ficou até fins de Maio, para caçar depois na matta virgem do Rio Grande. Depois de breve estadia em 5. Paulo, seguiu em Novembro para o Estado do Rio de Janeiro, afim de pescar no rio Parahyba, em Campos, S. João da Barra e Atafona; em seguida occupou-se algum tempo com a pesca na Lagoa Feia, e depois à beira-mar, perto de Macahé. ee 1 Em 1912 seguiu o sr. Garbe novamente para Porto Cachoeiro, onde aliás já estivéra em 1906, desta vez para procurar material mais abundante de certas especies de summo Interesse. Dahi seguiu para Pirapora, no Estado de Minas Geraes, e, tomando esta localidade como centro de suas excursões por toda a região, reuniu assim ricas e interessantes collecções dessa fauna. Os srs. Luederwaldt e Giotto Casadio esti- veram em Julho de 1912 em S. Manuel, onde foram buscar mudas de plantas indigenas para o parque e o jardim do Museu. A região, ainda poucos annos antes tão rica em boas mattas, já hoje se acha grandemente transformada, es- pecialmente pelas “derrubadas que se fizeram para o plantio de extensos cafezaes. Por occasião do eclipse em 10 de Outubro de 1912, o sr. Luederwaldt foi enviado a Chris- tina no Est. de Minas para escolher a locali- dade mais apropriada como ponto de observa- ção para uma commissão de astronomos do Chile, chefiada pelo sr. dr. Ristenpart, que havia pedido o nosso auxilio neste sentido. Por oc- casiio do eclipse o director do Museu acom- panhou essa commissão em seus trabalhos, e por sua parte fez interessantes observações bio- logicas durante o phenomeno; neste mesmo volume dedicara algumas paginas ao assumpto. Além disto o Museu lucrou ainda com esta viagem, por ter ella offerecido opportunidade ao dr. von Ihering para adquirir diversos especi- mens de objectos domesticos usados ha algumas gerações atraz, mas que em Minas Geraes ainda são conservadas em uso, especialmente nas fa- zendas mais afastadas. Assim mencionaremos o «mancebo» columna de madeira com perfu- rações nas quaes são fincadas as candeias ou lam- padas primitivas de mecha, na qual qualquer gordura serve de combustivel. Uma industria singular, que egualmente constitua novidade para nos, foram as panellas de steatite, que pode ser trabalhada no torno como a madeira. Tendo o sr. C. Schrottky, antigo funccio- nario do Museu e hoje residente no Paraguay, manifestado desejo de percorrer a região limi- trophe daquella republica com o Estado do Pa- raná, foi elle encarregado de colligir tambem. para o Museu Paulista diversos mater aes da- quella região ainda tão pouco explorada. De facto os resultados corresponderam à nossa ex- pectativa e obtivemos assim um grande numero de insectos e especialmente de abelhas, que até agora só eram conhecidos do Paraguay. Serviços annexos. — Tanto o Monu- mento do Ypiranga em que funcciona o Museu, como o jardim eo parque botanico que o cir- cundam, reclamaram constante attenção para a sua boa conservação. O monumento, aliás edi- ficio de construcção aprimorada, tem o seu ponto fraco, o telhado. Anno por anno, tornou-se ne- cessario proceder a reparos mais ou menos ex- tensos para tomar as gotteiras. Nos ultimos tempos era especialmente a parte que cobre as galerias do andar superior, que mais deixava a desejar. Agora, felizmente, depois de ter sido coberta to- da esta parte com chapas de metal, parece que o mal está sanado de vez. O edificio todo re- clamava de ha tempos uma pintura geral; não podendo ser feito agora todo esse serviço, foi tentada, a titulo de experiencia, a pintura a oleo nas partes mais sujeitas ao tempo. O jardim tambem deixava muito a desejar e, comquanto fosse ainda recente o seu acaba- mento, por toda parte os trabalhos executados reclamavam reparos, quer por terem sido mal calculados, como no caso da canalização das aguas pluviaes, quer porque durante a sua execução não fora exercida a necessaria vigilancia. À vegetação já agora da ao monumento o desejado “realce, com os bosquetes bem desenvolvidos; os gram- mados entretanto necessitam de reforma “ceral, bem como os caminhos. Tornou-se necessaria a construcção de barracões e estufas; a arca que abrangem essas construcções é de cerca de 400 mq. A velha casa que servia de moradia aos jardineiros foi derrubada, sendo construida outra, pela Se- cretaria das Obras publicas, a qual alem disto ficou encarregada de varios outros trabalhos menores. No parque continuaram os trabalhos de plan- tação de mudas de vegetaes da flora indigena. Para a rotulação dos especimens bem classifica- dos foram encommendados na Europa rotulos de porcellana, com os dizeres impressos. Natu- ralmente com os poucos meios que podem ser consagrados a este parque botanico, ao mesmo tempo mostruario e jardim de estudo da flora do Brazil meridional, os trabalhos progridem lentamente. Varias familias de plantas já estão entretanto, optimamente representadas, como se- jam as Filices, samambaias, palmeiras, taquáras e em geral as bambusaccas, bromeliaceas, orchi- deaceas, coniferos, as maranthaceas, melastoma- ceas, bignoniaceas e varias outras familias. De grande importancia para as investigações biologicas do Museu foi no correr destes annos a Estação Biologica do Alto da Serra, fundada em 1909 pelo Dr. H. von Ihering. Foram co- lhidas nas esplendidas mattas daquelle estabe- lecimento as variadas e bellas plantas ornamen- taes da secção florestal do jardim botanico do Museu. O director entregou-se ahi a estudos re- lativamente a formigas, coccidas, e des minho- cas, entre as quaes duzs especies colossaes do genero Glossoscolex ; estas attrahiram especial in- teresse, visto que até agora nada se sabia da vida das mesmas. O assistente do Museu tambem fez ahi estudos de insectos, especialmente dos que se desenvolvem na taquara. Dentre estes mere- cem menção particular as lagartas de Myelobia, as conhecidas mariposas que ahi em certos an- nos se desenvolvem de modo extraordinario, e, sendo depois attrahidas pela illuminação das ruas. — ae affuem em massas para a nossa capital, de for- ma a se tornarem verdadeiras pragas, como acon- teceu no verão dos annos de 1910 a 1911. Este laboratorio do Museu foi visitado por numerosos naturalistas, merecendo menção es- pecial os Srs. Drs. Adolpho Ducke, do Museu do Pará, José Marianno Filho, do Rio de Janeiro, P. Dusen de Stokholme, H. Lohmann de Kiel, M. Dukinfield Jones de Londres, John Willis director do Jardim Botanico do Rio de Janeiro, etc. O Dr. H. von Ihering que se encarregou particularmente do custeio do estabelecimento durante estes 3 annos, -offereceu a Estação (de presente ao Governo do Estado, que porèm não # Acceitou. Fazemos votos, entretanto, por que de qual- quer forma ainda seja possivel manter e fazer prosperar este estabelecimento de estudos, que e a primeira Estação Biologica até agora creada na America do Sul. Erabalho scientifico. — Todo o traba- lho scientifico do Museu continua a cargo do director e de seu assistente, o custos. Como uni- co auxilio na parte material das investigações prestam-lhes cooperação o Sr. João L. Lima, taxidermista, que adquiriu bons conhecimentos d s mammiferos e das aves do Brazil, e o Sr. H. Luederwaldt, preparador de entomologia, a quem devemos a boa ordem da collecção scientifica dos insectos e a observação da biologia de gran- de numero de especies. O preparo do catalogo das formigas do Brazil, trabalho insano e fasti- dioso, de que:'se >encamegow o Dr. El. vom Ihering, tambem foi grandemente auxiliado pelo Sr. Luederwaldt. Ainda varos outros estudos — 17 — do director do Museu estão em elaboração, como por exemplo sobre questões anatomicas dos peixes da familia Scienidae, investigações zoogeo- graphicas e biologicas, etc. De resto a lista das respectivas publicações feitas até esta data, em continuação à que foi communicada no relato- rio do volume VIII desta revista, € a seguinte: Publicações scientificas do dr. Hermann von lhering 1909. Nouvelles recherches sur la formation magellanienne. Ann. Mus. Nac. Buenos-Aires. vol. XIX, p. 27-43. 1910. Zur Kenntnis der suedamerikanischen Heliciden. Abhdl. der Senckenbergischen Naturf. Gesellschaft, Frankfurt a M., Bd. 32, p. 417-427 com estampa 28 e 4 figuras. 1910. Ueber brasilianische Najaden. Abhdlg. d. Senckenbergischen Naturf. Gesellschaft, Frank- rart 2 ML. Band 2, p).113-140; com: Est, 12: 1910. A questão dos indios do Brazil. Rev. do Museu Paulista, vol. VIII, p. 1712-140. 1910. João Barbosa Rodrigues. Rev. Museu Paulista; vol. VIH, p. 24-37 1910. Os Botocudos do Rio Doce. Revista do Museu Paulista, vol. VIII p. 38-51 com es- tampas II-VI. 1910. Description of two new species of Po- tamolithus. The Nautilus. vol. XXIV. 1910, p. 15. 1910. Os mammiferos do Brazil I. Revista do Museu Paulista, vol. VII 1911, p. 148-272. 1910. Systematik, Verbreitung und Geschichte der suedamerikanischen Raubtiere. Arch. f. Na- turgesch. 26. Jahrgang, 1910, D. 113-179 1911. Revista do Museu Paulista vol. VIII, 582 p. e VII estampas, (publicada a 15 de Maio). en a Lo 4 ee — ee Toute Devastação e conservação das mattas. Revista do Museu Paulista vol. VIII, p. 485-500 (Conferencia realisada a 25 de Dezembro de 1910 na Universidade Popular de Piracicaba). 1911. Os insectos nocivos da figueira. Cha- caras ie © intaes vol. Ill n.92%p> o-1ideRem allemão: «Ueber suedbrasilianiscre Schaedlinge der Feige», Deutsche entomol. Nat. Bibliothek, Jahre, Peine 20-21. 1911. As viagens de William John Burchell. Rev. Mus. Paul., VIII. p. 482-484. 1911. Sur l'histoire des faunes terrestres des forétes du Brésil. Compt. rend. Acad. d. Scien- ces Parisien. 16, 16 detabul ip 1065 —o7- 1911. A patria das nuvens de gafanhotos. Chacatas “e @usntaes, volaille nus. pere; 1911. Phylogenie der Honighienen. Zool. Anzeiger. Bd: XXXVIII, Ausust 1911, ps 129- 186 con oT die. 1911. Die Umwandlungen des amerikanischen Continents waehrend der Tertiaer-Zeit ; mit 1 Ta- fel. Neues Jahrbuch fuer Mineralogie und Geo- logie, Beilage Bd. 32, 1911,1p. 1342176) com Est oy: 1912. Zur Biologie der brasilianischen Me- liponiden, Zeitschrift f. wissenschaftliche Insek- tenbiologie “VIN ror> feitor pr ere p. 43-46. 1912. Biologie und Verbreitung der brasi- lianischen Eciton Arten. Entomologische Mittei- lungen Bd. I, Berlin p. 226-236. 1912. A ethnographia do Brazil meridional. Actos del XVII Congresso internacional de Ame- ricanistas, Buenos- Aires 1912, p. 256-264. * * * O Sr. Rodolpho von Ihering, além dos es- tudos z ologicos e de histologia que fez nos la- boratorios de Vienna e Pariz, dedicou-se no Museu ao estudo da systematica de varias fami- lias, quer de vertebrados (cobras e peixes), quer de insectos. Com relação a estes ultimos inves- tigou questões biologicas referentes a diversas especies prejudiciaes, sob ponto de vista econo mico ; outro thema interessante tanto sob pouto de vista biologico como histologico ao qual de- dicou especial attenção foi o estudo das «tato- ranas», as conhecidas lagartas urticanres das bor- boletas Megalopygidas. Estavam ainda ao cargo deste assistente do director os trabalhos de im- pressão das nossas publicações, bem como o atelier photographico. Publicações scientificas do s”. Rodolpho von lhering Na Revista do Museu Paulista vol. VIII. Os Amphibios do Brazil, I, Gymnophiona (fig. 1-6) p. 89-11; Fosseis de São José do Rio Preto (fig. 1-2) P. 141-146; | As cobras do Brazil (fig. 1-35), Pp. 273-379; Álgumas especies novas de peixes d'agua doce, p. 380-404; Cobras e Amphibios das ilhotas de «Aguapé», P. 454-461 ; Algumas especies novas de Vespas solitarias, Pp. 462-475 ; Em outras publicações scientificas : As Moscas das fructas e sua destruição, 2." edição correcta e augmentada, folheto de so pa- ginas para distribuição gratuita pela Secretaria da Agricultura do Est. de S. Paulo. Numerosos artigos sobre varios assumptos mo- mentosos, de biologia e historia natural applica- da, em jornaes diarios e na revista agricola «Cha- caras e Quintaes». Trabalhos scientificos do sr. H. Luederwaldt Beitrag zur Ornithologie des Campo ltatiaya. Zoolog sche Jahrbuecher, Bd. XXVII, Heft 4, 1909, p. 329-360. Insektenleben auf dem Campo Tiatiaya. Zeit- schrift fuer wissenschaftl. Insektenbiologie, Bd, XV 1910; He) up. 251-235. Vergiftungserscheinungen durch Verletzung mit- tels haariger oder dorniger Raupen. Zeitschrift fuer wissensch. Insektenbiologie Bd. XV, 1910 Heft 11, p. 398-40T. Zur Biologie xweier brasilianischer Bienen. Zeitschrift fuer wissensch. Insektenbiologie, Bd. XV. 1910, Hetf 8/9, p. 297-298. Sphex striatus Sm. (Prionychus johannis Fabr.) bei seinem Brutgeschaeft. Ztschrft. fuer wisse nsch. Insektenbiologie, Bd. XV, 1910). Meith rae: Elo: Die Frasspuren von Cephaloleia deyrolh Bal. Zeitschrift fuer wissenschaft. Insektenbiologie, Bo. KM 19 ro; Eleit 2 dp. 51-63. Contribuição scientifica do sr. Adolpho Hempel, do Instituto Agronomico de Campinas, pu bii- cada pelo Museu Paulista. As coccidas do Brazil, Vol. IV dos «Catalo- gos da Fauna Brazileira» editados pelo Museu Paulista. Não ha negar que nestes ultimos annos o estudo das sciencias naturaes, acompanhando de longe embora, o desenvolvimento intellectual que se opera em todo o paiz, recebeu tambem um impulso apreciavel, principalmente no que diz respeito à sua applicação à medicina e à agricultura. Não é certamente só isto que aspiramos nós outros, que cultivamos as sciencias naturaes. Como qualquer ramo da biologia, a zoologia requer um estudo exhaustivo, aprofundado em todos os detalhes, quer sejam estes conhecimen- tos directamente aproveitaveis pelas outras scien- cias ou artes, quer não. Nem mesmo é possivel prever em caso algum, que serviços nos possam prestar taes noções; não raro muito indirecta- mente uma observação acurada vem esclarecer duvidas em se tratando de investigar problemas às vezes muitissimo diversos na apparencia. E” muito natural, entretanto, que agora, ao se Iniciar uma nova phase de estudos biclogi- cos, sejam elucidados de preferencia os proble- mas mais momentosos, estudos estes indispen- saveis para que se possa encontrar os remedios para grandes males ou molestias tanto do ho- mem como dos animaes ou das plantas. Uma vez encaminhados nestes estudos, mui- tos investigadores, incidentemente talvez, serão levados mais tarde a extender o seu campo de acção em zoologia, vindo assim auxiliar-nos na taréfa da investigação systematica e ecologica da fauna do nosso paiz. Emquanto que no Pará o Museu Goeldi num estorço isolado trabalha pelo estudo da fauna e flora da região amazo- nica, no Rio de Janeiro e em São Paulo os museus de historia natural são secundados nesta taréfa por varios outros institutos, especialmente de medicina ou hygiene e de agricultura, nos quaes investigadores conspicuos produzem traba- lhos utilissimos á zoologia pura. «Exempla sunt odiosa», mas não podemos resistir ao desejo de salientar os Institutos «Oswaldo Cruz» em Man- guinhos e o Agronomico de S. Paulo em Cam- pinas. E si a estes nos referimos em especial aqui, é porque são esses dous estabelecimentos que mais frequentemente nos enviam especimens para a respectiva classificação. Outras consultas nos foram dirigidas ainda por varios institutos, como o Serumtherapico do Butantan e o Insti- tuto Pasteur de S. Paulo, a Escola Agricola de Piracicaba, etc. De entre os particulares com os quaes aqui no paiz possamos manter relações de permuta, bem poucos ha e estes, quasi todos são colle- ccionadores de borboletas. Mencionaremos a este respeito os distinctos cavalheiros Srs. E. May e Julius Arp, ambos do Rio de Janeiro, com os quaes temos permutado com bom proveito para as nossas collecções. E’ muito natural que taes amadores escolham de preferencia um grupo de animaes attrahentes pela belleza das cores e ele- gancia das formas; deste modo tambem são os lepidopteros diurnos um dos grupos mais bem estudados da nossa fauna. Fazemos votos, porém, para que successivamente se va despertando en- tre esses nossos auxiliares amadores, o gosto pela collecção de outros insectos, talvez me- nos lindos, mas egualmente attrahentes, princi- palmente pelo interesse que desperta o estudo da sua ecologia. Lista das offertas recebidas pelo Museu Paulista Dr. José Marianno Filo (Rio de Janeiro), varios insectos, especialmente abelhas; Bel Fausto Lex (Barretos), — peixes raros, diversos insectos e fructos de palmeiras e Ma- racujá gigante (Passiflora macrocarpa) ; Fr. Civatli (Rio das Pedras) — 3 especies de palmeiras para o jardim botanico; Jeronymo Franco (Boa Esperança) — cedulas antigas para a coll. numismatica ; — 23 — Nicolau Soares (Uberaba) — idem ; Benedicto Cabral (S. Paulo) — idem ; Adolpho Ducke (Pará) — duas boeboletas ra- ras (Morpho hecuba) ; Prof. Chr. Enslen (54 Lomrenços Est: Rio Grande do Sul) — uma pequena collecç Eção; de borboletas e Phasmidas ; C. Schrottky (Puerto Bertoni, Paraguay) — varios mammiferos raros e uma collecção de conchas ; Antonio Chrispiniano B. Freire (S. Roque) — Columnas e florão de uma antiga igreja dos Je- Sumas de 54. Roque” Maurilio de Carvalho (Baurú) — 3 conchas do Pará (Strombus goliath) e estrellas do mar. ‘Dr. Hermann von Ihering — 4 grandes pal- meiras «Butiã» e 4 Agaves para o jardim do Museu; Fr. Mayntzhusen (AI to Paraná, Paraguay)— uma valiosa collecção de objectos ethnographi- cos dos indios Guayaquis; A. Wachsmund (Cascata) — varios especimens para o herbario e diversos animaes; Ernesto Garbe (S. Paulo) — uma grande e valiosa collecção de borboletas em cerca de 400 exemplares ; José Puga (Ituverava) — um coleoptero Me- gasoma ; Por intermedio da redacção do «Estado de S. Paulo» — 2 peixes fosseis da Serra do Ara- ripe, Ceará (Belonostomus comptoni e Rhaco- lespis buccalis); Conde de Prates (S. Paulo) — 14 aves em- palhadas ; Dr. Simões da Silva (Rio de Janeiro) — um sombreiro dos indios quechuas de Cuzco, Perú; Dr. Bueno de Miranda (S. Paulo) — casulo de Trichoptero ; — 24 — Dr. Alfredo Monteiro (Poços de Caldas) — pequenos mammiferos (Chironectes): Irmãos Dell’ Antonio (Pilar) — uma ave, «Suindara» (Strix flammea perlata) ; Dr. Hugo Luedecke (Museu de Porto Alegre) — varios insectos ; Instituto Pasteur (S. Paulo) — reptis, amphi- bios e um bugio (Alouata fusca) ; João Lindenberg (Minas Geraes) — duas lar- vas gigantescas de besouro (Megasoma) ; A. H. Schwarz aa R.' Gr do aves e biologia de Sul) es Haras : Jardim Publico da Capital de S. ‘Paulo — varios animaes mortos dos viveiros e um gua- ra (Canis jubatus); E. Gounelle (Paris) — varios Cerambycidas do. Brazil : Dr. Walter Horn (Berlim) — 30 especies de besouros da fam. Cicindelidae, em 64 exem- plares; Deutsche Tiej-See Expedition 1898-99 — (Allemanha) — varios insectos ; Zoologisches Institut der Universitaet Leipzig — uma pequena collecção de vermes ; Dr. E. Lynch Arribalzaga (Argentina) — col- lecção de gafanhotos argentinos. NEGROLOGIO Dr. Eugenio Hussak POR HERMANN VON IHERING Já uma vez consagramos nesta Revista (vol. II, 1897, p. 17 ss.) um artigo biographico a um dos poucos naturalistas que entre nds se têm dedicado a estudos mineralogicos. Era admiravel a pacien- cia, a perseverança e devoção com que Henrique Bauer, em pleno sertão, longe dos centros da scien- cia soube proseguir nos seus estudos e analyses. Bem differente é o caso de Eugenio Hussak, cuja perda hoje lamentamos. Scientista de carreira, formado em universidades da Austria e Allemanha, tambem aqui no Brazil viveu sempre em contacto com collegas de alta competencia, tendo à mão não só sua rica collecçäo particular como ainda as dos estabelecimentos scientificos aos quaes dedicou suas forças e onde dispunha dos recessarios instrumentos opticos, bem como installação completa para analy- ses chimicas e a respectiva bibliotheca. Un natu- ralista de tão alta competencia, em circumstancias tão favoraveis, naturalmente devia occupar lugar saliente no serviço da exploração scientifica do paiz e po- demos dizer que era geral a confiança nas suas clas- sificações e que são tão numerosas como são valiosas as suas investigações sobre a petrographia do Brazil. Logo o seu primeiro trabalho no Estado de S. Paulo tratando dos «augito-porphyrites do Paranápanema» foi de alta importancia pratica, demonstrando a ori- o Gare 2 gem da «terra rôxa», que é apenas o producto da decomposição dos referidos mineraes. Emprehendendo esboçar aqui a vida e a obra scientifica de um fallecido amigo e collega, desejo em primeiro lugar patentear vu profundo pezar que os antigos companheiros do eminente scientista sen- tem por sua perda, e particularmente os que na Commissão Geographica e Geologica de S. Paulo e no Museu Paulista acompanharam de perto a sua grande actividade scientifica. O Museu do Estado, de conformidade com as boas rel:ções que o ligam áquella Commissäo, da qual antigamente fez parte, conserva em grata recordação a memoria do sau- doso companheiro de trabalho, ao qual além disto deve o obsequioso auxilio, prestado por numerosas informações sobre questões da sua especialidade. Deu-se mesmo o caso de uma interessante col- laboração entre elle e quem escreve estas linhas. Em 1903 appareceu em S. Paulo o sr. Christovam Barretto, de Amargosa, no Estado da Bahia, trazendo uma interessante collecçäo archeologica, que ao mesmo tempo envolvia a solução de um curioso pro- blema mineralogico que desde logo attrahiu a atten- ção não só do pessoal scientifico do Museu como ainda dos srs drs. Hussak, Derby: e rlorence da Commissäo Geographica. Sobre esta collecção, que foi adquirida pelo Museu do Estado, publiquei em 1904 dous estudos, um no vol. VI desta Revista, p. 990-597 e outro no Relatorio do Congresso dos Americanistas, XVI Sessão em Stuttgart, Agosto 1904, p. 507-515, que inclue o parecer do dr. Hussak sobre a constituição mineralogica do blóce bruto de nephrite que Christovam Barreto nos havia trazido de Amargosa. (Com este estudo ficou provada a occurrencia natural de nephrite no Brazil, cahindo assim a theoria de Barbosa Rodrigues, segundo a qual os artefactos indigenas de nephrite encontrados no Brazil teriam sido importados da Asia. O dr. Hussak voltou ao assumpto em outro estudo publi- cado em 1904 nos Annaes do Imperial Museu de Vienna (op. 5d). No seguinte esboço da vida e da obra scienti- fica de E. Hussak sigo o artigo que meu distincto amigo dr. Miguel Arrojado Lisbôa publicou no Jor- nal do Commercio do Rio de Janeiro de 7 de Ou- tubro de 1911; eu me teria limitado a reproduzil-o, se os motivos acima indicados e o ensejo de com- pletar os dados biographicos não me tivessem obri- gado a uma collaboração. As informações seguintes sobre a vida e os trabalhos de Hussak são, pois, essencialmente, da lavra do dr. M. Arrojado Lisbôa, que como um dos melhores conhecedores da geclogia do Brazil se pro- nuncia com a competencia que neste ramo da scien- cia me falta. Não cbstante, em muitos pontos o juizo emittido coincide quasi textualmente com o que eu disséra no necrologio que dediquei no Estado de São Paulo de 14 de Setembro de 1911 ao pran- teado scientista. Accrescentei ainda algumas infor- mações que devo à gentileza da exa. sra. d. Her- minia Hussak, viuva do illustre morto. «Quasi despercebida passou entre nôs a noticia do fallecimento do professor Eugenio Hussak, a 5 de Setembro, em um pequeno hotel da cidade de Caldas. O importante papel que representou no desen- volvimento da sciencia mineralogica e petrographica neste paiz, a sua nomeada entre os mestres consu- mados da sua especialidade e a sua consideravel ba- gagem scientifica exigem maior divulgação da sua vida e dos seus trabalhos. Francisco Eugenio Hussak nasceu em Wilden, em 10 de Março de 1858. Foram seus paes o ad- vogado John Hussak e Thereza von Wagner. Ca- sou-se em S. Paulo com d. Herminia Hennies, de quem hcuve dous filhos, ainda menores. Foi collegial do Gymnasio de Gratz, cuja Uni- versidade cursou. Passou-se a Leipzig, completando ahi os seus estudos de sciencias naturaes. Mas, foi voltando a Gratz que recebeu o grão de doutor em philosophia. Em Leipzig encontrou-se com o grande Fre- derico Zirkel e delle foi amado discipulo. en Fe Zirkel, allemão, foi um dos fundadores, é sa- bido, da moderna sciencia que recebeu o nome de petrographia. Sorby, inglez, mostrára, em 58, que as rochas podiam ser reduzidas a placas delgadas, de centesimos de millimetros de espessura. Ficära assim assignalada a diminuição da importancia dos caracteres morphologicos dos materiaes para a sua determinação : Sorby demonstrara a importancia da microscopia no estudo dos mineraes e das rochas. Com Zirkel, em Leipzig, iniciou-se Hussak no estudo microscopico dos mineraes e das rochas e delle receben certamente um grande influxo, muito maior do que o de Doelter, de quem foi assistente em Gratz. Daquelle mestre fallou sempre com ca- rinho e respeito pela sua auctoridade. Graduado, passou-se a Vienna d’Austriae, ahi, ouviu as lições de Tschermak. Serviu tres annos no Real Instituto Geologico. Preparou em Vienna o seu livro, impresso em Leipzig, em 85: «Anleitung zum Bastimman der gesteinbildenden Mineralien». Foi essa obra divulgada e traduzida em outros paizes. A edição norte-americana appareceu em 93, vertida pelo professor E. G. Smith, de Wisconsin. A esse tempo, pelo apparecimento da edição de Leipzig, em 85, estava firmada a sua reputação mundial como petrographo e mineralogista. Foi então chamado por Laspeyres à Allemanha. Como seu assistente esteve primeiro em Kiel e de- pois em Bonn. Esteve na Allemanha até 87. A sua bibliogra- phia de 76 a essa data, conta 21 numeros. Teve a rara fortuna de publicar, com o mesmo successo, livros para mestres e para principiantes: o seu «Ka- techismus der Mineralogie» foi um livrinho escolar que em 96 contava cinco edições allemãs. Nas Universidades e museus da Allemanha e da Austria examinara Eugenio Hussak algumas col- lecções brazileiras, de rochas e mineraes que, en- costadas, aguardavam classificação. Em Vienna vira as de Helmreichen, em Bonn as de Krantz, em Berlim examinéra uma velha collecção do Rio Grande do Sul. Em tudo vira grandes novidades. O Bra- zil seria a sua terra promettida. Hussak jamais gostou de esgravatar onde outros haviam trabalha- do. Não se aprazia em emendar e corrigir aos outros. Procurava sempre campos virgens de ob- servação. A sua resolução estava tomada. Iria ao Brazil. Seria questão de opportunidade. O acaso fel-o encontrar-se, em Bonn, com um discipulo brazileiro, Jordano Machado. Alexandre Brodowsky enviára de Callas, dos tuneis da Mo- gyana, uma variada collecçäo de rochas nephelini- cas, que o discipulo brazileiro escolhera para a sua these. Hussak acompanhou com esmero a elabo- ração e redacção do trabalho. Pelo seu microsco- pio, passaram, uma a uma, as delgadas laminas dos preparados. Tudo investigou e esmiuçou. A these de Jordano Machado foi uma estréa brilhante. Não teve sequencia; o petrographo estréante trocou o microscopio pela lavoura de café, Abandonou então Eugenio Hussak o seu logar de professor na Universidade e entregou-se à sorte de uma viagem com o seu discipulo; este, de uma feita, diante o enthusiasmo do mestre pela terra brazileira, confirmou as tradições hospitaleiras da sua patria, offerecendo-lhe por algum tempo, morada na fazenda de seu velho pae. De provações foram os primeiros tempos. Na velha fazenda não havia realmente occupação para um mineralogista... Labutar de dia na lavoura, à noute, ao descanso, desvendar os segredos da terra, eis uma perspectiva... Mas faltava-lhe o apparelha- mento. Nem microscopio, nem placas, nem o seu indispensavel laboratorio. Foram mezes de deses- pero. Havia que voltar à Allemanha. Faltavam- lhes recursos... Encontrou no Paço Imperial, solução provisoria para a sua vida. Ao Imperador disse alguem que o mineralo- gista, que Rosenbusch recommendava em elogiosa carta, estava aqui desoccupado. Passou então a dar prelecções a D. Pedro de Saxe. Um incidente per- turbou, logo, o curso das lições. O discipulo quiz caminhar com muita presteza... D. Pedro de Saxe desejou logo iniciar os seus estudos com a publi- cação de trabalhos originaes... O professor austriaco disse-lhe, muito fleugmaticamente, que ainda era cedo. Primeiro aprende-se e só depois é que se ensina... O Principe deu-se por offendido. O pro- fessor insistiu. A scena acabou por um gesto im- perativo... O professor tomou o caminho da porta, silencioso, humilhado, mas, inabalavel, a resmungar : «Primeiro aprende-se, depois é que se ensina»... Foi esta scena um prenuncio da fatal molestia que victimou o Principe discipulo... Hussak estava hospedado no velho hotel Be- resford, alli mesmo, em frente ao Paço, em Petro- polis. Foi arrumar a sua mala. Nesse mesmo dia queria deixar a cidade serrana. Foi um homem muito simples e nas crises da vida foi às vezes criança. Ao hoteleiro, contou, com simplicidade, a scena que o humilhára e as suas difficuldades finan- eciras. Este era philosopho e sagaz. Consoleu o professor e não o deixou partir... Pela manhã seguinte, à porta de Hussak batia com empenho o dr. Stoltz. Ia a mandado de D. Pe- dro Il, o Imperador magnanimo. Este pedia ao professor que fosse à sua presença. ussak com- pareceu logo, perfilado e reverente, como sabe sel-o um austriaco diante a Majestade Imperial. A satis- facção que. ao professor, não daria o Principe, pre- sente, deu-a com singeleza e carinho Sua Majesta- de... E as lições ainda continuaram por algum tempo, pouco tempo, é verdade... Foi Orville A. Derby, quem assegurou ao pe- trographo a sua adequada posição, na Commissäo Geographica e Geologica de S. Paulo. Foram vinte annos de brilho para a sciencia petrographica no Brazil.» Por numerosas viagens, o dr. Hussak familia- risou-se com grande parte do Brazil central e me- ridional. As suas primeiras excursões dirigiam-se ao valle do rio Ribeira e ao Estado de Parana. Como geologo do Planalto Central do Brazil tomou parte na exploração scientifica de parte do Estado de Goyaz, em 1892. Nesta viagem foi atacado da traiçoeira doença de beri-beri, restabelecendo-se completamente graças a uma viagem à Europa. Entregando-se mais tarde à exploração geologica do Estado da Bahia e especialmente do rio São Francisco, de novo o scientista foi atacado tão for- temente da mesma doença, que os transatlanticos se recusaram recebel-o para nova viagem à Europa. Por meio de telegramma ao director de uma das linhas de vapores, sr. Ballin, conseguiu o dr. Derby que afinal o dr. Hussak pndesse embarcar com rumo à Rotterdam. Depois dum tratamento que se ex- tendeu por dous mezes no hospital da universidade de Bonn, seguiu como reconvalescente para Meran. Não obstante os conselhos dos medicos, resolveu, depois de uma estadia de 8 mezes na Europa, voltar ao Brazil, onde reassumiu o seu cargo no Estado da São Paulo. D'aqui seguiu ainda ao Estado de Espirito Santo e em 1902 ao Estado de Minas, onde em Diamantina se deu ao estudo do minerio primitivo dos diamantes, extendendo as suas excur- sões até ao rio Jequitinhonha. Nos annos de 1903 e 1904 emprehendeu se- gunda viagem ao Eslado de Minas em companhia do engenheiro dr. Miguel Arrojado Lisboa, com a intenção de explorar as jazidas de platina e palladiura. No anno de 1908 acceitou o chamado do Go- verno Federal e desde aquelle tempo trabalhou no Serviço Geologico Nacional no Rio de Janeiro. In- felizmente a paralysia das extremidades inferiores tornou a molestal-o, atacando tambem o systema nervoso central. Nova viagem à Europa não deu o resultado desejado e debalde aqui procurou allivio nos banhos de Caldas, onde em 7 de setembro de 1911 falleceu. A sua beila colleeção mineralogica bem como a sua bibliotheca foram adquiridas pelo Governo Federal, que as entregou ao Serviço Geologico. Graças à gentileza da sua viuva, d. Herminia Hus- sak, a bibliotheca do Museu Paulista tambem rece- beu uma rica série de publicações do pranteado collega. «EK’ notavel a obra de Eugenio Hussak. A sim- ples inspecção da sua bibliographia deixa patente a originalidade da sua producção. Favoreceu-lhe nisso tambem a natureza inexplorada do nosso paiz. Os seus trabalhos são, em regra, novas conquistas da sclencia. A mineralogia e a petrographia eram sciencia muito pouco cultivada entre nós. Ella se implan- tara aqui, com Gorceix, na Escola de Minas de Ouro Preto, mas, quando o professor austriaco che- gou a S. Paulo, realmente, ella não tinha, no paiz, cultor apparelhado con os detalhes da technica então moderna. na Europa. Em São Paulo, o acaso, diga-se, reuniu um geologo, um mineralogista petrographo e um chi- mico, todos emeritos nas suas sciencias. Taes eram Derby, Hussak e Florence. Tiveram de fazer tra- balho commum, com harmonia de vistas, e valeram- se mutuamente dos recursos das suas sciencias. Para solver os novos problemas tiveram de crear uma nova technica. Isoladamente nenhum delles teria produzido a sua obra, porque se não teria creado essa nova technica. A decomposição das rochas obrigou o geologo a estudal-as nos residuos da bateia, processo iniciado por John Gordon; nos mesmos residuos poude o mineralogista encontrar com facilidade reunidos os minusculos mineraes que estud: u, e o chimico teve necessidade de desenvolver a observação das reacções micro-chimicas nas perolas para o maçarico. Desse trabalho commum, e de aptidões espe- ciaes, resultou o surto brilhante das sciencias geo- logica, mineralogica e micro-chimica em S. Paulo. U seu progresso não tem agora sequencia. De Eugenio Hussak, póde dizer-se, foram todos os seus trabalhos contribuições a sciencia. Descobriu, estudou e descreveu grande numero de mineraes novos: Brasilita, Lewisita, Zirkelita, Tripuhyta, Derbilita, Senaita, Florencita, Chalmer- sita, Gorceixita. Ao Brazil, pagou o seu tributo de gratidão denominando brasilita o primeiro mineral novo que descobriu. Na moderna nomenclatura mineralogica fez figurar o nome de seus mestres, dos seus ccm- panheiros de trabalho: prestou homenagem a Chal- mers, o maior emprehendedor da mineração pro- funda no Brazil, e à Escola de Minas, na pessoa de Costa Senna. Foi, pois, reconhecido e até mes- mo gentil... Continuando o estudo iniciado por Derby, o mesmo desenvolvido na these de Jordano, deu con- sideravel impulso à petrographia das rochas ne- phelinicas e, de um modo geral, à das rochas eru- ptivas brazileiras. Pelo seu microscopio passaram, póde dizer-se, todas as rochas modernamente clas- sificadas, estudadas ou descriptas, de proveniencia brazileira. Tambem teve Hussak a sua obra anonyma, tanto nos trabalhos de discipulos como nos escriptos de profissionaes. Assignalou diversas substancias mineraes de valor economico : oxido de zirconeo em Caldas, pla- tina em Minas, carbonados e diamantes em S. Paulo, corindon, aqui e no Uruguay, cassiterita, monazita, e tantas, tantas outras, Para o estudo das jazidas mineraes deixou duas contribuições verdadeiramente notaveis, acolhidas com elevado interesse no meio scientifico europeu. Foram os estudos sobre a formação aurifera da Passagem e sobre a occorrencia do palladio e da platina no Brazil. Ao emprehender este ultimo. assignalou aos mestres russos, que lhe enviavam amostras do Ural, novidades de observação que lá haviam passado despercebidas. Emprehendeu um estudo systematico dos mi. neraes pesados, dos cascalhos diamantiferos, desen- volvendc consideravelmente esse trabalho que fora iniciado por H. Gorceix. Sobre esse assumpto deixa valiosa producção inédita. Ha anzos começãra a escrever uma mineralo- gia do Brazil. Da somma consideravel de trabalho original que publicou sobre o assumpto, das innu- meras observações inéditas que para essa obra guar- déra, da habilidade que mostrou escrevendo livros didacticos póde-se prevêr, esse seu novo volume encerraria a synthese de toda a sua obra minera- logista. A sua morte, ainda por isso, deve ser sinceramente lamentada. Foi um profundo mineralogista. Não foi geo- logo feliz. Deixou sinceros amigos; discipulos: no Brazil ou brazileiros, não deixou um so... Assim, ainda mais lamentavel foi a sua perda... A sua producção scientifica foi muito superior à cultura do nosso meio especializado. Por isso as futuras gerações brazileiras encontrarão na sua obra ainda maior encanto... Possa o paiz dar a sua vaga, no Serviço Mi- neralogico, a um digno substituto. A bibliographia completa de Eugenio Hussak mostrará como à competencia alliava grande acti- vidade.» NACHRUF Lecce end Dr, Eugen Hussak VON Dr. HERMANN VON IHERING (Mit Bildniss) Bereits einmal widmete diese Zeitschrift, (Band It, 1897. =. 17 ff,) einen biographischen Artikel einem der wenigen Naturforscher, welche sich un- ter uns mit dem Studium der Mineralogie beschäftig- ten. Bewundernswert war die Geduld, Ausdauer und Hingabe, womit Heinrich Bauer, abseits von den Zentren der Wissenschaft, im Hinterland (sertão) seinen Studien und Untersuchungen zu obliegen verstand. Sehr verschieden davon spielte sich das Le- ben Eugen Hussaks ab, dessen Verlust wir heute beklagen. Er, der Naturforscher von Beruf, war ausgebildet auf den Universitaeten Oesterreichs und Deutschlands, lebte auch hier in Brasilien stets in Fuehlung mit Collegen von anerkannter Autoritaet, verfuegte ueber eine eigene, reiche Sammlung und diejenigen der wissenschaftlichen Institute, denen er seine Kraft widmete und wo auch die notwendigen optischen Instrumente sowie ein vollstaendiges La- boratorium fuer chemische Analysen und eine ent- sprechende Bibliothek nicht fehlten. Ein Naturfor- scher von so hoher Befaehigung musste natuerlich unter so guenstigen Umstaenden einen hervorra- genden Platz im wissenschaftlichen Entdeckungs- Dienst des Landes einnehmen und wir koennen sagen, dass sich seine Bestimmungen allgemeinen Vertrau- ens erfreuten, wie ueberhaupt seine Studien ueber die Steinkunde Brasiliens ebenso zahlreich wie wert- voll sind. Schon seine erste Arbeit im Staate São Paulo ueber die «Augit-porphyrite des Paranapane- ma» war von grossem, praktischem Werte, indem sie den Ursprung der «Roten Erde» nachwies, die nur ein Zersetzungs-Produkt der bezueglichen Minerale ist. Wenn ich hier das Leben und wissenschaftli- che Werk des verstorbenen Freundes und Collegen skizziere, so wuensche ich in erster Lienie den tie- fen Schmerz zum Ausdruck zu bringen, den die chemaligen Collegen des eminenten Gelehrten ueber seinen Verlust empfinden, insbesondere diejenigen, welche in der Commissio Gecgraphico-Geologica und im Museu Paulista seine grosse wissenschaftli- che Wirksamkeit in der Naehe zu begleiten Gele- genheit hatten. Das Staatsmuseum bewahrt schon gemaess der guten Beziehungen, die es mit der genannten Com- missão, deren Unterabteilung es frueher war, un- terhaelt, ihrem lieben Mitarbeiter ein dankbares Andenken, zumal es sich ihm noch ueberdies fuer die Erteilung zahlreicher Informationen verpflichtet fuehlt. Trat doch sogar der Fall einer interessanten Zusammenarbeit des Verblichenen mit dem Direktor des Museums ein. Im Jahre 1903 erschien naem- lich hier der Herr Christovam Barreto aus Amar- gosa im Staate Bahia mit einer sehr interessanten archaeologischen Sammlung, welche zugleich die Loesung eines curiosen mineralogischen Problemes in sich schloss, eines Problemes, das ausser dem wissenschaftlichen Stab des Museums auch die Auf- merksamkeit der Herren Dr. Hussak, Derby und Florence von der Commissão Geographica auf sich gezogen hatte. Ueber diese Sammlung, welche das Museum erwarb, veroeffentlichte ieh im Jahre 1904 zwei Studien, und zwar eine im VI. Bd. unserer Revista, p. 000-07 und eine andere in dem «Be- richt des Amerikanisten-Congresses, 14. Tagung, in Stuttgart, im August 1904, p. 507-515. In letzte- rem Essai hat auch das Gutachten Dr. Hussaks ueber die mineralogische Beschreibung des rohen Nephritblockes Platz gefunden, den uns Christovam Barreto aus Amargosa gebracht hat. Durch diese Arbeit wurde das natuerliche Vorkommen des Ne- phrites in Brasilien dargetan. Damit fiel aber die Theorie von Barboza Rodrigues, wonach die in Brasilien gefundenen Kunstprodukte von Nephrit aus Asien importiert worden seien. Im folgenden Abriss des Lebens und wissen- schaftlichen Wirkens von E. Hussak folge ich in der Hauptsache dem Artikel, den mein verehrter Freund Dr. Miguel Arrojado Lisboa am 7. Oktober 1911 im «Jornal do Commercio» von Rio de Ja- neiro veroeffentlichte und auf dessen Wiedergabe ich mich beschraenkt haben wuerde, haetten nicht die oben angefuehrten Gruenae und der Wunsch, die dort gemachten Angaben zu vervollstaendigen, mich zu einer Mitarbeit bestimmt. Die folgenden Angaben ueber das Leben und die Arbeiten Hussaks stammen also hauptsaechlich aus der Feder Dr. Miguel Arrojado Lisbôa, der als einer der besten Kenner der Geologie Brasiliens sich mit dem Sachverstaendniss ausspricht, das mir - in diesem Zweige der Wissenschaft abgeht und dessen, Urteil trotzdem es in den meisten Punkten fast woertlich mit dem Nekrolog uebereinstimmt, den ich im «Estado de São Paulo» am 14. Sep- tember 1911 dem dahingeschiedenen Naturforscher gewidmet hatte. Ausserdem fuege ich noch einige weitere Daten ein, welche ich der Liebenswuerdig- keit der Frau Hermine Hussak, der Witwe un- seres ausgezeichneten Freundes, verdanke. «Fast unbeachtet circulierte unter uns die Notiz vom Tode des Professors Eugen Hussak, der am 5. September 1911 in einem kleinem Hotel der Stadt Caldas verschied. Die wichtige Rolle, welche der Verstorbene in der Entwicklung der Mineralogre und Gesteinskunde dieses Landes spielte, sein guter Name unter den anerkannten Meistern seines Faches, und seine ansehnlichen wissenschaftlichen Samm - = 3 Rees _lungen verdienen eine ausgedehntere Bekanntschaft mit seinem Leben und seinen Werken. Franz Eugen Hussak wurde in Wilden am 10. Maerz 1858 geboren. Seine Eltern waren der Rechtsanwalt Johann Hussak und Therese von Wa- ener. Er verheiratete sich in Sao Paulo mit Frau- lein Hermina Hennies, die zwei, noch minderjäh- rigen Sohnen das Leben schenkte. Er besuchte das Gymnasium und die Univer- sitaet zu Gratz. Zur Vervollstaendigung seiner naturwissenschaftlichen Studien siedelte er nach Leip- zig ueber. Er kehrte aber nach Gratz zurück, wo er zum Doctor der Philosophie promoviert wurde. In Leipzig machte er die Bekanntschaft des beruehmten Friedrich Zirkel, dessen Lieblingsschii- ler er wurde. Zirkel, ein Deutscher, war be- kanntlich einer der Begriinder der neuen Wissen- schaft, die den Namen Petrographie traegt. Der Eng- laender Sorby hatte 1858 gezeigt, dass man Steine zu feinen Plaettchen von hundertstel Millimetern reduzieren kann. Damit war eine bedeutende Ent- wertung der morphologischen Charaktere der Mi- nerale fuer deren Bestimmung gegeben: Sorby be: wies damit die Wichtigkeit des Mikroskopes fuer die Mineralogie und Steinkunde. Bei Zirkel in Leip- zig wurde Hussak in das mikroskopische Siudium der Minerale und Gesteine eingefuehrt und von jenem Gelehrten wurde er sicherlich sehr beein- flusst, mehr als von Doelter, dessen Assistent er in Gratz war. Von jenem Lehrer sprach er denn auch immer mit Liebe und mit Achtung vor seiner Autoritaet. Nach seiner Promotion ging er nach Wien, wo er die Vorlesungen von Tschermak hórte. Er arbeitete hier drei Jahre in der Koeniglichen Geo- logischen Reichsanstalt. In Wien machte er auch sein Buch: Anleitung zum Bestimmen der gesteinbildenden Mineralien» druckbereit, das im Jahre 1885 in Leipzig ge- druckt wurde. Dieses Werk fand auch in anderen Laendern Verbreitung und Uebersetzungen. So er- schien eine nord-amerikanische Uebersetzung 1898, welche von Professor E. G. Smith aus Wisconsin herriihrte. In jener Zeit begruendete das Erscheinen seines im Jaher 1885 zu Leipzig verdffentlichten Werkes seinen Weltruf als Petrograph und Mineralog. Da- mals berief ihn Laspeyres nach Deutschland, wo er als dessen Assistent zuerst in Kiel, dann in Bonn wirkte. Sein Aufenthalt in Deutschland waehrte bis zum Jahre 1887. Von se nen 66 Veroeffentlichungen erschienen in dieser Periode 21. Er hatte das sel- tene Geschick, mit dem gleichen Erfolge Buecher fuer Lehrer wie fiir Schueler zu veroeffentlichen : sein «Katechismus der Mineralogie» ist ein Schul- buch, das schon im Jahre 1896 in Deutschland 5 Auflagen erlebte. An den Universitaeten und in den Museen Deutschlands und Oesterreichs untersuchte Eugen Hussak einige Sammlungen von Steinen und Mine- ralien aus Brasilien, die dort aufbewahrt wurden und ihrer Bestimmung harrten. So sah erin Wien die Sammlungen Helmreichens, in Bonn die von Krantz, in Berlin pruefte er eine alte Collection von Rio Grande do Sul. Ueberall sah er viel Neues ; Brasilien erschien ihm so als sein gelobtes Land. Hussak liebte es naemlich nicht, da herumzustoe- bern, wo andere schon gearbeitet hatten. Er ver- schmaehtes, andere zu ergaenzen und zu verbessern. Er suchte immer ein unbebautes Feld der Beobach- tung. Sein Entschluss stand darum fest; Er werde nach Brasilien gehen, wann, das haenge von der guenstigen Gelegenheit ab. In Bonn fuekrte ihn der Zufall mit einem bra- Silianischen Studenten, namens Jordano Machado zusammen. Alexander Brodowski hatte von Caldas aus den Tunneln der Mogyana eine bunte Samm- lung nephelinischen Gesteines geschickt, welche der brasilianische Student fuer seine These auswaeblte. Hussak begleitete mit Aufmerksamkeit die Azsar- beitung und Drucklegung der Arbeit. Stueck fuer Stucck der feinen Steinpræparate wurde unter das Mikroskop genommen. Alles untersuchte und priif- te er aufs genaueste. Die These Jordano Machados, war eine glaenzende Erstlingsarbeit. Es folgte ihr aber keine andere; der debutierende Steinkenner vertauschte das Mikroskop mit dem Kaffeebau. Damals gab Eugen Hussak seinen Piatz als Leh- rer an der Universitaet auf und begab sich mit seinem Schiiler auf gut Glueck auf die Reise. Der junge Brasilianer bewies bei dieser Gelegenheit an- gesichts des Enthusiasmusses seines Lehrers fuer sein brasilianisches Heimatland dessen traditionelle Gast- freundschaft, indem er dem Gelebrten fuer eine Zeitlang Wohnung auf der Fazenda seines alten Va- ters anbot. Die erste Zeit war voller Strapazen. Auf der alten Fazenda gab es wahrlich keine Arbeit fuer cinen Mineralogen... Tagsueber sich in der Land- wirtschaft abmuehen und nachts zur Erhodlung die Geheimnisse der Erde entschleiern, das war keine Perspektive : Dazu fehite ihm auch alles Arbeitsgeraete: weder Mikroskop noch Otjekttraeger noch das unentbehr- liche Laboratorium. Das waren Monate zum Ver- zweifeln. Er musste nach Deutschland zurueckkeh- ren. Hs fehlten ihm alle Subsistenzmittel... Da fand sich am kaiserlichen Hof eine vorlaeu- fige Loesung fuer seine Zukunft... Jemand sagte dem Kaiser, dass der Minera- loge, den Rosenbusch in einem schmeichelhaftten Briefe empfahl, sich dort beschaeftigungslos aufhalte. Daraufhin erhielt er die Vorlesungen fuer den kai- serlichen Prinzen Dom Pedro von Sachsen. Ein Zwischenfall stoerte jedoch alsbald den Unterrichts- kurs. Der Schueler wollte naemlich mit grosser Eile vorangehen: Dom Pedro von Sachsen wollte seine Studien mit der Publikation von Original-Ar- beiten beginnen. Der oesterreichische Professor erklaerte ihm aber in aller Gemuetsruhe, das sei noch zu frueh. Zuerst muesse man lernen, bevor — 41 — man Ichren wolle. Durch diesen Bescheid hielt sich der Prinz beleidigt. Doch der Lehrer bestand auf seinen Standpunkt. Die Scene endete mit einer gebieterischen Gebaerde... Der Lehrer nahm seinen Weg zur Tuere, wortlos, gedemuetigt, aber uner- schuetterlich, wobei er wohlin den Bart gemurmelt haben wird: «Zuerst muss man sich ausbilden, be- vor man sich etwas einbildet»... Dieser Vorfall war ein Anzeichen der fatalen Krankheit, der spaeter der prinzliche Schueler zum Opfer tiel... Hussak logierte im alten Beresford-Hotel, das gerade dem kaiserlichen Palais im Petropolis ge- genueberliegt. Er ging daran, seinen Koffer zu pa- cken. Noch am naemlichen Tage wollte er die Bergstadt verlassen. Er war eben ein äusserst ein- facher Mensch und in den Zeiten von Lebenskrisen benahm er sich zuweilen wie ein Kind. Dem Ho- telbesitzer erzaehlte er ganz harmlos den ganzen Vorgang, durch den er sich gedemuetigt fuehlte und gestand zugleich seine pekuniaeren Verlegen heiten. Der Wirt war ein Philosoph und ein Schlauberger. Er troestete den Professor und liess ihn nicht abreisen... Am anderen Morgen klcpfte Dr. Stoltz mit Ungestuem an Hussaks Tuere. Er kam im Auftrag des hochherzigen Kaisers Dom Pedro II. Dieser liess den Professor bitten, vor ihm zu erscheinen. Hussak trat gleich darauf vor den Kaiser, aufrecht und doch mit Ebrfurcht, wie sich eben ein Oes- terreicher vor der kaiserlichen Majestaet zu geben versteht. Die Genugtunng, welche dem Professor der auch anwesende Prinz nicht gegeben haben wuerde, gab ihm mit ungekuenstelter Liebenswuer- digkeit Seine Majestaet... Darauf hin wurden die Unterrichtsstunden noch cine Zeit lang fortgefuehrt, nur kurze Zeit allerdings... Orville A. Derby sicherte dem Petrographen cine angemessene Anstellung in der Commissão Geo- graphica e Geologica von Sao Paulo. Nun folgten 20 glanzvolle Jahre fuer die Mineralogie in Bra- silien». — 42 — Durch zahlreiche Reisen wurde Dr. Hussak mit cinem grossen Teil von Central und Suedbrasilien bekannt. Seine ersten Excursionen gingen ins Ri- beira-Tal und nach dem Staate von Paraná. Als Geologe der Commissão do Planalto Central do Brazil (Commission fuer das Centrale Hochplateau von Brasilien) war er an der wissenschaftlichen Erforschung eines Teiles des Staates von Goyaz in Jahre 1892 tätig. Auf dieser Reise wurde er von dem boesartigen Beriberi-Leiden heimgesucht, wovon er sich nur durch eine Europa-Reise erholte. Spaeter unternahm er die geologische Erforschung des Staa- tes Bahia und besonders des S. Francisco-Stromes. Dabei befiel ihn abermals dieselbe Krankheit, dies- mal aber so heftig, dass die Dampfer sich wei- gerten, ihn fuer eine neue Reise nach Europa mit- zunehmen. Nur durch ein Telegramm an den Di- rektor jener Linie, Herrn Ballin, erreichte Dr. Derby schliesslich, dass Dr. Hussak sich nach Rotterdam einschiffen konnte. Nach einer mehr als zweimonat- ligen Behandlung in der Universitaets- Klinik zu Bonn begab er sich als Reconvalescent nach Meran. Trotz des aerztlichen Abratens beschloss er nach einem mehr denn 8 monatlichen Aufenthalt seine Rueckreise nach Brasilien, wo er seinen Dienst in Sao Paulo wieder aufnahm. Von da begab er sich nach dem Staate Espirito Santo und im Jahre 1902 nach Minas, wo er dem Studium des Urgesteines der Diamanten oblag. Seine Excursionen fuehrten ihn hier bis an den Jequitinonha-Fluss. In den Jah- ren 1903 u. 1904 unternahm er eine zweite Reise nach dem Staate Minas in Gesellschaft des Inge- nieurs Dr. Miguel Arrojado Lisboa mit der Absicht die Platin-und Palladium-Lager zu untersuchen. Im Jahre 1908 folgte er cinem Rufe der Fe- deral-Regierung nach Rio, wo er seitdem im geo- logischen Dienst wirkte. Ungluecklicherweise kehr- te die Laehmung der unteren Extremitaeten wie- der, die sich auch auf das Centralnervensystem er- streckte. Eine neue Reise nach Europa gab nicht den erwarteten Erfolg und vergebens suchte er hier in den Baedern von Caldas eine Besserung. Hier starb er am 7. September 1911. Seine herrliche Mineraliensammlung wie seine Bibliothek wurden durch die Regierung angekauft und dem Geologischen Amt ueberwiesen. Dank der Liebenswuerdigkeit seiner Witwe, der Frau Her- mina Hussak, erhielt auch die Bibliothek des Mu- seu Paulista eine reiche Serie der Arbeiten des zu frueh dahingeschiedenen Collegen. Das Lebenswerk Eugen Hussaks verdient alle Beachtung. Schon ein fluechtiger Blick auf das Verzeichnis seiner Verceffentlichungen offenbart die Originalitaet seines Schaffens. Dabei beguenstigte ihn allerdings auch die Unerchlossenheit unseres Landes. Daher sind seine Arbeiten in der Hegel neue Eroberungen fuer die Wissenschaft. Die Mine- ralogie und die Petrographie wurde zuvor unter uns wenig gepflegt Man machte sie hier durch Gorceix an der Bergbauschule von Ouro Preto hei- misch, als aber Hussak nach São Paulo kam, hatte sie im Lande keinen einzigen Vertreter, der sich auf die Details der damals im gebideten Europa ueblichen wissenschaftlichen Technik verstanden haette. | Man koennte sagen, der Zufall habe in São Paulo einen Geologen, einen Mineralogen und Pe- trographen und einen Chemiker zusammengefuehrt, alles in ihren Disciplinen verdiente Gelehrte. Es waren Derby, Hussak und Florence. Sie hatten ein gemeinsames Werk zu leisten unter einheitlichen Gesichtspunkten, wobei sie sich gegenseitig mit den Hilfsmitteln ihres jeweiligen I'aches unterstuetzten. Um die neuen Probleme zu loesen hatten, sie eine neue Technik zu schaffen. Allein wire keiner mit seiner Arbeit fertig geworden, weil diese neue Te- chnik nicht zustande gekommen sein wuerde. Die Zerlegung (Decomposition) der Gesteine zwang den Geologen, sie aus den Rueckstaenden in den Waschschalen zu studieren, ein Prozess, der von John Gordon eingefuehrt wurde; in denselben Rueckstaenden konnte der Mineraloge mit Leichtig- keit die Kristalle finden, die er studierte und der Chemiker musste die Beobachtungen der chemisch- mikroskopischen Reaktionen weiterentwickeln durch das Loetrohr. Von den besonderen Vorzuegen dieser Zusammenarbeit ruehrt der glaenzende Auf- schwung der Geologie, Mineralogie und Mikro- Chemie in São Paulo her. Dieser Fortschritt haelt heute nicht mehr an. Von Eugen Hussak kann man sagen, dass alle seine Arbeiten Bereicherangen der Wissenschaft waren. Er entdeckte, studierte und beschrieb eine grosse Anzahl neuer Minerale, wie Brasilita, Lewi- sita, Zirkelita, Tripunita, Senaita, Florencita, Chal- mersita und Gorceixita. Den Tribut seiner Dankbarkeit erwies der Ge- lehrte Brasilien, indem er das erste neuentdeckte Mineral Brasilita benannte. In die moderne No- menclatur der Minerale fuehrte er die Namen sei- uer Lehrer und Arbeitskollegen ein: so huldigte er Chalmers, dem besten Kenner der brasilianischen Tiefengesteine, und der Bergbauschule in der Per- son Costa Sennas. Indem er das von Derby be- gonnene Studium fortsetzte, gab er durch die Aus- arbeitung der These von Jordan der Petrographie der nephelinischen Gesteine und damit der brasilia- nischen Eruptivgesteine ueberhaupt einen maechti- gen Anstoss. Man kann sagen, dass alle neu klas- sifizierten, studierten und beschriebenen Steine bra- silianischer Herkunft sein Mikroskop passierten. Ausserdem leistete Hussak auch eine sogenann- te anonyme Arbeit, in den Arbeiten seiner Schue- ler und in Fachschriften. Kr wies verschiedene mineralische Substanzen von wirtschaftiichem Werte nach: so das Zirco-oxyd in Caldas, das Platin in Minas, Carbonat und Dia- manten in Sao Paulo, Corindon ebenda und in Uru- guay, Cassiterita, Monazit und viele, viele andere. Fuer das Studium der Erzlager hinterliess er zwei äusserst bemerkenswerte Beitræge, welche mit hoh- em Interesse in den europaeischen wissenschaftlichen, Kreisen aufgenommen wurden. Es waren dies dic Studien ueber die goldfuehrende Formation von Passagem und ueber das Vorkommen des Palla- diums und Platins in Brasilien. Bei dieser letzten Arbeit wies er die russischen Fachleute, welche ihm Proben aus dem Ural geschickt hatten, auf neue Beobachtungen hin, welche dort unbeachtet geblie- ben waren. Er betrieb ein systematisches Studium der Schwermetalle und der Diamantkiese und fuehrte so das von Gorceix begonnene Werk betraechtlich weiter. Darueber hinterlies er ein unverôffentlichtes wertvolles Material. Schon vor Jahres hatte er begonnen, eine Mi- neralogie von Brasilien zu schreiben. Aus der statt- lichen Summe seiner darueber publizierten Origi- nal-Arbeiten und den unverOffentlichten zahlreichen Beobachtungen, welche er fuer dieses Werk auf- bewahrte, sowie aus der Geschicklichkeit, die er in der Abfassung von Lehrbuechern bewies, laesst sich vorausahnen, dass dieses sein neuestes Werk die Summe seiner ganzen mineralogischen Lebens- arbeit dargestellt haben wuerde. Sein Tod ist daher auch noch aus diesem Gesichtspunkt zu be- klagen. Er war ein tiefgruendiger Mineraloge, aber kein besonders gluecklicher Geologe. Er hinterliess aufrichtige Freunde und Schue- ler; in Brasilien oder unter den Brasilianern aber nicht einen einzigen... Umso beklagenswerter ist sonach sein Verlustm. Seine wissenschafttiche Produkticn uebertrifft um vieles die des Betriebes unseres wissenschaft- lichen Milieus. Deshalb werden seine Werke ei nen noch groesseren Beifall bei den kuenftigen bra- silianischen Generationen finden. Moege das Land die Luecke im mineralogi- schen Dienst, durch Berufung eines wiirdigen Nach- folgers ausfuellen koennen. Das vollstaendige Verzeichnis der Publikationen zeigt, wie Eugen Hussak mit grosser Sachkenntnis eine grosse Wirksamkeit verband. Bibliographre der avissenschafilichen Arberten Dr. Eugen Hussaks 1 — 1876 — Eruptivgetein von Krecszowice. Verhandlung der k. k. geologischen Reichsanstalt 1876. 73. Vienna, 1876. 2 — 1878 — Die basaltischen Laven der Eifei. Sitzungsberichte der K. K. Akademie der Wis- senschaften zu Wien. LXXVIL, April 1878. Vien- na, 1878. 3 — 1878. — Mikroskepische Beobachtungen (Heminth, Zirkon, Schlacke). Tschermaks munera- logische und petrographische Mitleilungen. 1878. 1. 275-279. Vienna, 1878. 4 — 1878 — Ueber den sogenannten Hy- persthen-Andesit von St. Egidi in Untersteiermark. Verhandlung der K. K. geologischen Reichsan- stalt. 1878, 338-340. Vienna, 1878. o — 1878 — Die Trachyte von Gleichenberg. Mitteillungen des naturwissenschafilichen Vereins für Sterermark. Graz, 1878. 6 — 187& — Beiträge zur Kenntniss der Erup- tivgesteine der Umgegend von Chemnitz. Sitzungs- berichte der k. kh. Akademie der Wissenschaften zu Wien. 1878, LXXXIL, 114-231. Vienna, 1878. 7 — 1880 — Eruptivgesteine von Schemnitz. Augit-Andesit von St. Egidi. Neues Jahrbuch für Mineralogie. 1880. J. 287. Stuttgart. 1880. S — 1881 — Pikritporphyr von Steierdorf, Banat. Verhandlung der k. k. geologischen Reichs- anstalt. 1881, n. 14, 258-262, Vierna, 1881. 9 — 1882 — Ueber einige slpine Serpentine. Tschermaks mineralogische und petrographische Mitteilungen, 1882, V. 61-81. Viena, 1882. 10 — 1883 — Ueber den Cordierit in vulka- nischen Auswiirflingen. Sitzungsberichte der kh. k. Akademie der Wissenschaften zu Wien. 1883. i XXXVII, April, 322-360. Vienna, 1883. 11 — 1883 — Basalt und Tuff Ban im Bara- nyer Comitat. Zschermaks mineralogische und pe- trographische Mitteclungen. 1883, V. 289-291. Vien- na, 1883. 12 — 1883 — & A. Peiz — Das Trachyt- gebiet der Rhoope, Jahrbuch der K. K. geologischen Reichsanstalt, XX XIII, 115-130. Vienna, 1883; Ref. : Neues Jahrbuch f. Min. Geo., 1884, I. 70. 13 — 1884 — & C. Doelter. Ueber die Ein- wirkung geschmolzener Magmen aus verschiedenen Mineralien. Neues Jahrbuch f. Miner. Geol., 1884, I. 18. Stuttgart. 14 — 1884 — Mineralogische und Petrogra- phische Notizen aus Steiermark III: Ueber das Auf- treten porphyritischer Eruptivgesteine im Bacherge- birge. Verhandlung der k. k. geologischen Reichs- anstalt, 1884, p. 247. Vienna, 1884. 15 — 1885 — Ueber einen verglasten Sandstein von Ottendorf. Tschermaks mineralogische und pe- trographische Mitteilungen, 1883, V, 529. Vienna, 1884. 16 — 1885 — Ueber Eruptivgesteine von Stei- erdorf im Banat. Verhandlung der k. kh. geologi- schen Reichsanstalt. 1885, 185. Vienna, 1885. 17 — 1885 — Anleitung zum Bestimmen der gesteinhildenden Mineralien. Leipzig. 1885 Engli- . sche Ausgabe von E. G. Smith, Nova York, 1886; 2.2 edição, 1893. IS — 1885 — Ueber es und Aus- scheidungen in Eruptivgesteinen. Neues Jahrbuch fiir Mineralogie, 1885, I, 78-80. ‘Stuttgart. 1885. 19 — 1885 — Ueber den feldspathführenden kornigen Kalk von Stainz. Mitteilungen des natur- wissenschaftlichen Vereins für Steiermark. Graz. 1885. 20 — 1885 — Ueber die Verbreitung des Cor- dierits in Gesteinen. Neues Jahrbuch für Minera- logre. 1885. IT, 81. Stuttgart, 1885. 21 — 1887 — Ein Beitrag zur Kenntniss der optischen Anomalien im Flussspath. Zeitschrift für Krystallographie und Mineralogie. 1887, XU, 093, Leipzig. 1887. | 22 — 1889 — Notas ah a sobre os augito-porphyritos do Paranapanema. Boletim n. 2, da Commissao Geographica e Geologica da Pro- vncia de S. Paulo, 35-39. 8. S. Paulo. 1889. 23 — 1890 — Ueber Leucit Pseudokrystalle im Phonolith (Tinguait) der Serra de Tinguá, Estado do Rio de Janeiro. Brazil. Neues Jahrbuch für Mineralogie, 1890, 1, 166-169. Briefliche Mittei- lungen. Stuttgart. 24 — 1890 — & G. Woitschach. Repetitorium der Mineralogie und Petrographie fiir Studirende der Naturwissenschaften. Breslau. 29 — 1891 — & Francisco de Paula Oliveira. Reconhecimento geologico do valle do rio Para- napanema. Boletim da Commissão Geographica e Geologica da Provincia de S. Paulo. N. 2, 1889, 3-31. S. Paulo. 1889. Abstract: Neues Jahrbuch für Mineralogie, 1891, I, 303-304. (Referate). 26 -- 1840 — Contribuições mineralogicas e petrographicas. I, Notas sobre zeolitos do Augito- Porphyrito de S. Paulo e Santa Catharina. IJ. Es- tudos de um cascalho aurifero virgem do valle da Ribeira. III Pseudo-crystaes de leucita em phonolito (tinguaito) da serra do Tinguá. IV. Interessante en- domorphose por acção de contacto de augito-por- phyrito com grez; rio Tiété. Estado de S. Paulo. V. Phyllitas com oltrelita e com magnetita do Es- tado de S. Paulo. VI. Noticia resumida sobre a occurrencia de corindon em S. Paulo. Boletim da Comissão Geographica e Geologica do Estado ders. Paulo Nit; SÃO. 27 — 1891 — Ueber cubischen Pyrop und microscopische Diamanten aus diamantfiihrenden San- den Brasiliens. Annalen desk. k. Naturhistorischen Hofmuseums, IV, 113-115. Vienna, 1891. 28 — 1891 — Noticia dos mineraes das areias diamantiferas da Bagagem e Agua Suja. Em «Ja- sidas diamantiferas de Agua Suja», por Gonzaga de Campos, Rio de Janeiro. S. Paulo. 1890. Abstract : American Journal of Science, 3. séries, XLII (CXLII). 1892, 77-79. Abstract: Zertschrift für Krystallographie und Mineralogie, XXI, 405, 408. Leipzig, 1895. 29 — 1895 — Ueber Brazilit, ein neues Tan- tal (Niob) Mineral von der Hisenmine Jacupiranga. Siid São Paulo, 141-146, II Ueber brasilianische Leucitgesteine 147-158. IIT Nochmals die Leucit- Pseudokrystall Frage —Neues Jahrbuch für Mine- ralogre. 1892. I, 141-159. Abstract in American Journal of Science. XLV. (CXLV). 164-164 New Haven. 1898. *O — 1893 — Sobre o deposito diamantifero de Agua Svja perto de Bagagem. Minas Geraes. Relatorio parcial da Commissão exploradora do planalto central do Brazil, pelo Dr. Luiz Gruls, 105 128. Rio de Janeiro. 1893. 3! — 1894 — Mineralogische Notizen aus Bra- silien. (Part: IL.) \6 Ueber den Baddelyt (Syn, Brazilit) von der Eisenmine Jacupiranga in S. Paulo (295-411). 7 Ueber Schwefelkrystalle in zersetzten Pyriten der Umgebung vou Ouro Preto in Minas Geraes (411-412). 8 Ueber Skoroditkrystalle von der Gold Mine Antonio Pereira bei Ouro Preto (412-413) Tsehermaks mineralogische und petro- graphische Milteilungen. N. F. XIV, 1894, 295-- 413. (2 plantes). Vienna, 1895. Abstract of n. 6 Mineralogical Mag. and Jour. Miner. Soc. 1895. XI, n. 50, 110-111. Abstract of n. 6. Neues Jahr- buch fur Mineralogie, 1896, I, 14-216. Abstract: Zeitschrift. fiir Kristallographie und Mineralogie, XXVI, 324-325. Leipzig. 1897. 1894. Sobre a es- tructura geologica da região do Estado de Goyaz, examinada pela Commissäo Exploradora do planalto Central. Relatorio apresentado pelo Dr. Luiz Cruls. Rio de Janeiro. ? 32 — 1895 — Mineralogische Notizen aus Bra- silien, Brookit. Cassiterit, Xenotim Monazit und Kuklas. (Part I) Tschermaks mineralogische und petrographische Mitteilungen, n. F. XII, 357-375, Wien, 1891, Abstract. Zeitschrift fii Krystallo- graphie und Mineralogie (Groth), XXIV, 429 430. Leipzig, 1895. 33 — 1895 — Ueber Brazilit. Neues Jahr- buch für Mineralogie. 1893, 11, 89. Briefliche Mit- teilnnger. Abstract: Zeitschrift fir Krystalogra- plie und Mineralogie (Groth), XXIV, 164-166. Leipzig. 34 — 1895 — Ueber ein neues Perowskit- Vorkommem in Verbindung mit Magneteisenstein von Catalão, Staat Goyaz, Brasilien. (Mit einem Holzschnitt) Newes Jahrbuch fiir Mineralogie, 1894, 11, 297-300. Abstract: Magnetic iron ore in Brasil: Journal Iron and Steel Institute, XLVI, 286-287, London, 1895. do — 1896 — Katechismus der Mineralogie, 9. edição. Leipzig, 1896. 36 — 1896 — (& G. T. Prior). Lewisit and Zickelite, tow new Brasilian minerals. Minera- logical Magazine and Journal of the Mineralo- gical Socrety. 1895, XI, 80-88. Reprint, 1-9. Abs- tract: American Journal of Science, Ath séries, T. (CLI), 71-72. New Haven 1896. 37 — 1897 — Sobre a occurrencia de cinabrio em Tripuhy, Minas Geraes. Revista Industrial de Minas Geraes. Anno LV, n. 23, 191-293. Ourc Preto, 20 de Abril 1897. 3S) Aer —= a GOP ae Priors On sine puhyte, a new antiminate of iron from Tripuhy, Brasil. Mineralogical Magazine and Journal of the Mineralogical Socrety. XI, 302, 1897. Separate. Abstract: American Journal oj Science, 4th séries. V. 1898 (CLV). 316. Abstract: Bulletin de la So- crêté Française de Mineralogie, XXI, 86, Paris, 1898. Abstract: Zertschrift fiir Krystalographie and Mineralogie. XXXI 185-186. Leipzig, 1899. 39 — 1898 — Ueber ein neues Vorkommen von Baddeleyit als accessorischer Gemengteil der jacupirangitähnlichen basischen Ausscheidungen des Nephelinsyenites von Alno, Schweden. Neues Jahr- buch für Mineralogie, 1898, I, 228-229. Stuttgart, 1898. 40 — 1897 — Das Zinnober-Vorkommen von Tripuhy in Minas Geraes, Brasilien, Zectschre/t für — SI — praktische Geologie. Februar, 1897, €3-67. Berlin, 1897. Abstract: Zeuschrift fiir Krystalographie und Mineralogie, XXXII, 185, Leipzig, 1900. 44 — 1898 — (& G. T. Prior). On Der- bylite, a new antimonotitanite of iron from Tripuhy, Brasil. Mineralogical Magazine, 1897, XI, n. 92, 176-179, London, 1398, Reprint 1-14. Abstract : Neues Jahrbuch fiir Mineralogie, 1898, II, 196- 197. Abstract: Bulletin de la Societé Française de Mineralogie, XXI, 133 134.. Paris, 1896. 42 — 1898 — Ueber eine merkwiirdige Um- wandlung und secundäre Zwillingsbildung des Bro- okits von Cipó, Minas Geraes, Brasilien. Newes Jahr- buch für Mineralogie, 1898. Il. 99-101, plate. Stuttgart, 1898. Abstract: Zectschiaft für Krysta- lographie und Mineralogie. XXXIII. 180. Leipzig, 1900. 43 — 1898 — Der goldführende, kiesige Quarz- lagergang von Passagem in Minas Geraes, Brasilien, Zeitschrift fiir praktische Geologie Oktober. 1898, 349-397, Figuren. Berlin, 1898. Partial abstract by W. Lindgren: Transactions American Institut: of Mining Ergineers, 1900, XXX, 626-612, II. New York. 1901. Abstract: Zeetschrift fur Kiistalogra - phie und Mineralogie, XXXII, 207-208. . eipzig, 1900. 44 — 1898 — Mineralogische Notizen aus Bra- silien (Part IIL). 9 Ein Beitrag zur Kenntniss der sogenannten “Iavas” des brasilianischen Diamant- sandes 334-341. 10. Die mineralischen Begleiter des Bahianischen Diamanten 342-359. Tschermaks Mineralogische und petrographische Mitteilungen, N. F. XVII, 1893, 334-399. Vienna, 1899. 45 — 1900 — (& G. Prior) On Senait, a new mineral belonging to the limenit group from Brazil. Mineralogical Magazine, June, 1898, XII, ns. 04-30-32. London, 1898. Abstract: Bulletin de la Société Française de Mineralogie, XXI, 178. Paris, 1898. Abstract: Zectschift für Kristallogra- sa und Mineralogie, XXII, 272-274. Leipzig, 1900. 46 — 1900 — Ueber ein leukokrates gemisch- tes Ganggestein der Serra de Caldas, Brasilien. Neves Jahrbuch fur Mineralogie, 1900, J, 22-27. Stutt- gart, 1900. . 47 — 1900 — (&G. T. Prior). Flor: neite a new hydrated phosphate of aluminium and the cerium earths from Brazil. Meneralogical Magazine, XII, ns. 57 244-248. London, 1900. Abstract : Ame- rican Jounal of Science, GLX, 404. New Haven, 1900. Abstract: Zeetschiyt fiir Kristallographie und Mineralogie, XXXVI, 165-166. (Groth), Leipzig, 1902. 48 — 190! — Katechismus der Mineralogie. 6. edição Leipzig, 1901. 49 — 1903 -- Nota sobre a chalmersita, mi- neral do grupo da Chalcosina, encontrado na mina do Morro Velho. Annaes da Escola de Minas, n. 6, 91-97. Ouro Preto, 1903. 50 — 190% — Sobre a raspita do Sumidouro, Estado de Minas Geraes. Annaes da Escola de Minas, n. 6, 99-103. 1902. Ouro Preto, 1908. 91 — 1903 -- Ueber den Raspit im Sumi- douro, Minas Geraes, Brasilien, Centralblatt für Mi- neralogie, Geologie and Palãeontologie, Jahrgang 1908 p. 723-725. Abstract: Zeitscnrift für Minera- logie and Krystallographie XLI. Leipzig, 1906 p. 647-648. o2 — 1903 — (& Reitinger J). Ueber Mona- zit, Xenotim, Senait und natürliches Zirkonoxyd aus Brasilien. Zeitschrift fiir Krystallograplue, XXXVII, 550579. Ill, Leipzig, 1903. Abstract: Mining Magazine XI, 398 London, 1903. 03 — 1904 — Ueber Chalmersit, ein neues Sulfid der Kupferglanzgruppe von der Goldmine “Morro Velho” in Minas Geraes, Brasilien. Central- blatt fur Mineralogie, Geologie and Palieontologie, 1902, n. 3, 69-72. Stuttgart, 1902. Abstract: Eng- lish translation in Transactions of the Institution of Mining Engineers, XXV, 798, New Castle upon Tyne, 1904. D4 — 1904 — Ueber die Microstructur einiger brasilianischer Titanmagneteisensteine. Neues Jahr- buch f. Miner. Geolg., 1904, I, 94-113. 09 — 1904 — Ueber das Vorkommen von Pal- ladium und Platin in Brasilien. Sitzungsberichte der K. K. Akademie d. Wissenschaften zu Wien. Math. nat. Klasse, Bd. CXIII, Abh. I. Vienna, 1904. Abstract: under title: Occurence of Palladium and Platinum in Brasil, American Journal of Science, CLXIX, 397-399, May, 1905. © 06 — 19404 — Mineralogische Notizen aus Brasilien. (Ueber einen neuen Chondritfall, nahe Uberaba in Minas Geraes, über Nephrit von Bay- tinga in Bahia und über Hamlinit aus diamant- fiihrenden Sanden von Diamantina. Minas Geraes), Annalen des K. Kk. Naturhistorischen Hofmuseums, XIX, Heft J, 85-95. Vienna. 1904. Abstract: Ame- rican Journal of Science, CLXIX, 202 203, Feb. 1905. OT — 1904 — Ueber das natiirliche Vorkom- men von Nephrit in Brasilien. Briefliche Mitteilungen aus Dr. H. v. Iherings Bericht des Internationalem Amerikanisten Congresses XIV. Tagung Stuttgart, 1905 p. 510-514. OS — 1906 — Ueber Atopit aus den Mangan- erzgruppen von Miguel Burnier, Minas Geraes, Brasilien. Centralblatt fiir Mineralogie, Geologie und Paliiontologie, 1905, n. &, 240-245. Stuttgart, 1905. 09 — 1906 — Ueber das Vorkommen von gediegenem Kupfer in den Diabasen von S. Paulo. Centralblatt fur Mineralogie, Geologie und Pa- läontologie, 1906, n. 11, 333-335. Stuttgart, 1906. 60 — 1906 -~ Ueber Gyrolith und andere Zeo- lithe aus dem Diabas von Mogy-Guassu, Staat S. Paulo, Brasilien. Centralblatt fiir Mineralogie, Geologie und Paliiontologie, 1906, n. 11, 330-332. Stuttgart, 1906. 61 — 1906 — Ueber die chemische Zusam- mensetzung des Chalmersit. Centralblatt fiir Mi- neralogie, Geologie und Palüontologie, 1906, n. 11, 392-3933. Stuttgart, Juni, 1906. — 4 — 02 — 1966 — Ueber die Maganerzlager aus Brasilien. Zeuschraft fiir praktische Geologie, XIV, Juli, 1906, 237-239. Berlin, 1: 06. €3 — 1906 — Ueber das Vorkommen von Palladium und Platin in Brasilien. Zeitschrift für praktische Geologie, XIV, Sept. 1906, 284-298. Berlin, 1906. Traducçäo de M. A. R. Lisboa, pu- blicada com o titulo de “O Palladio e a platina no Brasil. Annaes da Escola de Minas de Ouro Preto, n. 8, 77-188. Ouro Preto (1906). Separate. Resumé : Neues Jahrbuch fiir Mineralogre, 1, 1905, 246-348. 64 — 1906 — Ueber die sogenannten “Phos- phat-Favas” des diamautführenden Sandes Brasi- liens. Tschermak's Mineralogische und Petrogra- phische Mitteilungen, N. F. XXV. 335-331. Wien, 1906. Abstract: Bulletin Société Française de Mi- neralogie, XXIX, 368-370. Paris, 19u6. 65 — 1007 — Ueber Hussahit. Centralblatt fur Mineralogie, Geologie und Paläontologie Jahrg. 1907 p. 533-536. 66 — 1908 — Ueber die Diamantlager im We- sten des Staates Minas Geraes und der angrenzenden Staaten S. Paulo und Goyaz, Brasilien. Zeitschrift fiir praktische Geologie, XIV Okt. 1906, 318-333. Ber- lin, 1906. Abstract: Neues Jahrbuch fiir Mineralogie, 1903.41) 169; 67 — 1909 — Ein neues Vorkommen von Phe- nakit in Brasilien, Centralblatt f. Miner. Geol. etc., n. 9, 268-270. Stuttgart: NECROLOGIO Dr. Theodor Peckolt POR HERMANN VON IHERING A cidade do Rio de Janeiro, que na metade do seculo passado se ufanava nos circulos scienti- ficos interessadcs no estudo da nossa flora, de uma pleiade de excellentes naturalistas da altura de W. Schwacke, João Barboza Rodrigues, A. F. M. Glazi- ou, E. Ule, P. Dusen e outros, perdeu neste anno na pessoa do venerando mestre, a cuja memoria este necrologio é dedicado, o ultimo grande traba- lhador daquella epoca, o nestor dos naturalistas do Brazil. Theodor Peckolt, que ainda na quadra dos © seus 80 a 90 annos não descançava de sua faina scientifica, publicando as suas ricas experiencias, falleceu a 21 de setembro de 1912. Os dados, que nos servem de base para esta biographia, são tira- dos principalmente das seguintes fontes : a) Fr. Hoffmann. Pharmazeutische Rundschau, New York, vol. X, 1892. p. 263-265: Theodor Peckolt (com retrato); b) B. Reber. Gallerie hervorragender Thera- peutiker und Pharmakognosten der Gegenwart, Ge- nève, 1897 p. 125-129 : Theodor Peckolt (com re- rato e indice de publicações) ; c) J. Urban. Martii Flora brasiliensis vol. I, 1, 1906 p. 74: Theodor Peckolt ; d) Henrique Carlos Carpenter. «Jornal do Com- mercio». Rio de Janeiro, 20 de outubro de 1912: Theodor Pekolt ; «Certos acontecimentos», diz H. C. Carpenter, «pela importancia que assumem, não devem ficar em silencio, principalmente se esses acontecimentos fi- guraram nas paginas da Historia, registrando, entre outras virtudes, aquellas que determinados indivi- duos possuiram e exerceram, e que servirão de exemplo e de admiração para os contemporaneos e para os posteros.» «E” sabido que os homens que possuem virtu- des e dons excepcionaes entregam-se e dedicam-se às suas vocações, pouco se importando muitas vezes do juizo, que delles fazemos, antes querendo tra- balhar no silencio, com receio de serem pertubados nas arduas tarefas a que se entregam. O sr. dr. Theodoro Peckolt, ha pouco falleci- do, está incluido no numero destes homens extra- ordinarios que só tem em vista realizar a vocação extraordinaria que o destino lhes traçou e ter como prazer e honra a satisfação do homem. que cumpriu o dever. Pouco conhecido em nosso meio pela excessi- va modestia que o caracterizava, deixa, não obs- tante, innumeros amigos e discipulos. Não deveremos silenciar sobre o desappareci- mento de entre os vivos do dr. Theodoro Peckolt, porque seu nome está gravado na Historia das Sciencias que elle illustrou com numerosos traba- lhos originaes e não devemos deixar que a im- prensa extrangeira, primeiro do que nós, lhe teste- munhe a admiração e a gratidão, pois foi no Brazil que elle desenvolveu sua prodigiosa actividade, sem- pre em beneficio da sciencia, do allivio dos seus semelhantes. Muito poucos dentre nós podem avaliar o va- lor deste homem extraordinario, porque seu immen- so trabalho foi ao mesmo tempo prodigioso e si- lencioso, embora sempre persistente e honesto. Neste trabalho, todo em pról do engrandeci- mento das sciencias que abraçou e que tão alto elevou, gastou uma preciosa vida sem procurar, e até evitando o applauso e a publicidade do valor Foram seus progenitores o Capitão de lancei- ros Carlos Peckolt, fazendeiro, e d. Eleonora Alcker- mann Peckolt. Filho de pais pobres, teve rudes principios e triumphou na vida só confiado em seu trabalho, que foi por elle honrado, e immortalisou seu nome, o qual elle lega a seus numerosos descendentes, brazileiros distinctos, em destaque na sociedade em que vivem. Peckolt era um grande amigo do Brazil, e interessava-se por tudo aquillo que a elle se rela- clonasse : suas finanças, seus homens, seus destinos. Acompanhava com verdadeira sympathia todos os progressos materiaes e moraes deste grande paiz. Assiduo leitor do Jornal do Commercio, co- nhecia e discutia nossas cousas e homens politicos e a todos surprehendiam a exactidão de seus concei- tos e a originalidade de suas apreciações, em as- sumptos tão extranhos aos seus labores absorven- tes e quasi exclusivos da chimica e da botanica. E' que Peckolt aportara ao Brazilem Novem- bro de 1847, permanecendo entre nós 65 annos, assistindo assim à principal phase historica de nossa patria e à constituição da nossa nacionalidade.» Em Setembro de 1848 Peckolt começou a ex- ploração do paiz; viajava montando um cavallo que havia adquirido com as suas primeiras economias, nos Estados de Rio de Janeiro, Espirito Santo e Minas. Naquella epoca não existiam estradas de ferro e os caminhos eram os mais primitivos, mas a grande hospitalidade, que caracterisa a população do sertão, abriu-lhe as portas. Ilavia então bem poucos medicos no interior das provincias e os co- nhecimentos pharmaceuticos do jovem naturalista collocavam-no na posição vantajosa de poder prestar reaes serviços aos doentes que o consultavam. Em compensação destes serviços recebia, alem dos ho- norarios, interessantes objectos da historia natural, valiosas contribuições para a sua collecção botanica. Em começo do anno de 185) demorou-se Peckolt algum tempo entre os Botocudos Nac-nanouc do O methodo que tanto contribuiu para os suc- cessos sempre crescentes e nunca interrompidos que elle obteve no mundo scientifico, o escravisou por completo. Levantava-se cedo, sempre à mesma hora, 6 1/2 da manhã. Tomava uma frugal refeição: café ou choco- late, conservas ou doces em lata (só se utilizava de productos por elle analysados, o que fazia de graça, recommendando-os aos amigos intimos). A’s 8 horas da manhã abandonava sua confor- tavel residencia da rua Haddock Lobo, em demanda da sua pharmacia da rua da Quitanda. Ahi chegado, lia demoradamente o Jornal do Commercio. Das 10 172 da manhã, até ds 3 1,2 da tarde, entregava-se ao estudo das plantas, analysando-as em seu laboratorio, que possue perfeito apparelha- mento para analyses. Das 4 as 9 da tarde, dedicava-se aos assum- ptos commerciaes de sua casa, retirando-se depois para sua residencia. Após o jantar das 8 horas da noute, até tarde, preparava a collaboração numerosa que mandava para todas as revistas pharmaceuticas da Europa e da America. Não descançava aos domingos: desde pela ma- nha até altas horas da noute, dedicava-se à betanica, classificação de plantas e registro dos trabalhos scientificos que havia executado durante a semana. Nunca o vimos distrahir-se. Nunca o vimos afastar-se do programma que era seguido paciente- mente dia após dia, mez após mez, anno após anno... EK" que talvez, como Ernesto Renan, Peckolt achava que o melhor meio de se distrahir era va- riar de occupação. É assim viveu mais de 90 annos. Nasceu aos 13 de Julho de 1822 em Pechern (Niederlausitz) na Silesia, provincia allemã e falle- ceu a 21 de Setembro de 1912 no Rio de Janeiro, de suas descobertas, e principalmente sem procurar obter auxilios da Nação Brazileira que lhe é de- vedora de inestimaveis serviços. Tornou conhecida dos centros scientificos não sómente a riqueza de nossa flora pelo numero de suas raras especies, como tambem pelas suas pro- priedades de gozo, alimentação e curativas. Muitas dezenas, centenas de especialidades phar- maceuticas, utilizadas aqui e no extrangeiro, são descobertas do dr. Theodoro Peckolt, que dellas não tirou privilegio, nem outro proveito senão o de ter tido a honra de ser o primeiro a ter o conheci- mento de suas propriedades para que outros as explorassem em proveito de seus semelhantes e de si mesmos, Se quizessemos citar o numero das plantas que elle analysou qualitativa e quantitativamente, teriamos que citar para mais de 6.000, todas ellas indigenas, desconhecidas, ou então utilizadas empiricamente, sem que suas propriedades physicas e chimicas fossem conhecidas. Só quem conviveu com este sabio e só quem conhece as difficuldades que taes emprehendimen- tos acarretam, mórmente quando são realizadas às expensas do proprio investigador, é que póde dar o devido valor à força da vontade, à intellectualidade alliada à experimentação, cousas que raramente se encontram no mesmo individuo, como no dr. Peckolt, que a estas qualidades juntava uma erudição muito pouco vulgar. Como elle, ainda não temos exemplo de ta- manha capacidade de trabalho. Seu trabalho não era desordenado, mas, como em todos os actos de sua vida, se desenvolveu com a precisão do mais rigoroso methodo. Dirigia e geria a antiga e conceituada phar- macia Peckolt, e, apezar dos muitos affazeres, lhe sobrava o tempo para realizar a obra que legou e que o immortalizará, e que, sendo scientificamente apreciada, se verá que só podia ser executada por uma organização privilegiada, como era a de Peckolt. — D = Rio Doce, voltando em seguida ao Rio de Janeiro. Os recursos que lhe fornecera a excursão pelo ser- tão permittiram a Peckolt apresentar-se ao exame pharmaceutico no Rio de Janeiro e em Novembro de 1251 abriu uma pharmacia em Cantagallo no Estado do Rio de Janeiro. Em Cantagallo naquel- le tempo havia ricas plantações de café e bellas mattas intactas, explendido campo para as pesquizas do jovem botanico. Nada menos de 17 annos re- sidiu Peckolt em Cantagallo, ganhando ahi o pro- fundo conhecimento de nossa flora que o distinguiu. Tambem com algumas questões zoologicas vemol-o occupado e foi particularmente um bom serviço prestado a sciencia o estudo das Trigoniidas, das abelhas sociaes do Brazil As abelhas referentes às suas observações biologicas foram classificadas pelo competente especialista, Frederic Smith, do British Museum, mas na remessa succedeu que varios numeros foram trocados, o que determinou confusão de nomes. Graças a algumas cartas que trocamos a respeito, conseguimos elucidar o assumpto, e desta forma pude aproveitar do melhor modo as obser- vações de Peckolt na minha monographia sobre a Biologia das abelhas sociaes do Brazil (op. 210). Cantagallo attingiu naquella epoca, uma impor- tancia para a investigação da natureza do Brazil como depois nunca mais alcançou. O emerito H. Burmeister la esteve algum tempo; Carlos Euler alli dedicou-se ao estudo da biologia das aves. O trabalho de Euler é de tanto valor que o Museu Paulista se gaba de ter prestado um bom serviço aos estudantes da ornithologia brazileira, reeditan- do-o em portuguez no volume IV de sua Revista, em uma segunda edição revisionada, traduzida do allemão. Como Euler, tambem Peckolt procedeu de modo criterioso, não procurando celebrizar seu no- me por meio de descripções de novas especies, mas dedicando-se a estudos biologicos, destinados a apro- fundar nossos conhecimentos. Já naquelle tempo os trabalhos scientificos de Peckolt tinham o caracter elevado que lhe grangeou amigos e admiradores em == OT == todos os paizes. Successivamente elle estudou as plantas brazileiras das diversas familias, observando as condições nas quaes vivem e se multiplicam, co- lhendo dos caipiras informações sobre as suas deno- minações triviaes, seu uso e suas propriedades phar- maceuticas. O herbario fornecia-lhe os meios para comparação morphologica das numerosas especies e no laboratorio aprofundava o trabalho, dando infor- mações detalhadas sobre a composição chimica das plantas medicinaes, de seus alcaloides e outras sub- stancias extractivas. Não conhecemos exemplo de outro naturalista, versado egualmente em estudos bo- tanicos e chimicos, que tão profundamente tivesse estudado e esclarecido por invastigações proprias o estudo economico, pharmaceutico e chimico de qual- quer flora tropical. E” singular nestas circumstan- cias que os resultados do consciencioso e incansavel scientista tivessem sido tão pouco conhecidos e apre- ciados como foram, nesta sua segunda patria. Em assumptos historicos e politicos tambem só se preoccupava e interessava pelo Brazil, isolado do resto do mundo, menos do mundo dos phenomenos naturaes, cujo estudo absorveu toda sua attenção. Não que fosse participante do principio de Se-- neca whe bene, ibi patria. Era brazileiro de coração, porque fundas im- pressões lhe causára nossa patria. Aqui chegando, não ficou no Rio de Janeiro. Internou-se pelo interior, penetrou em nossas florestas virgens à procura de plantas e todos os materiaes que se relacionassem com a historia na- tural, enviando para o Museu Nacional e para os museus allemães especimens raros ou importantes que encontrava em suas excursões. Nestas excursões se via a braços com difficul- dades de toda especie, tendo por diversas vezes sido atacado pelos Botocudos, que das nossas diversas tribus de indigenas era a mais temida por seus combates e traiçoeiros ataques. Triumphou, porém, destas difficuldades presenteando estes selvagens com rosarios, fitas de cores, canivetes e mais tarde estes — 62. selvagens tornaram-se seus amigos e auxiliares nas excursões que realizava, sendo as principaes atra- véz de toda a serra dos Orgãos. Percorreu grande parte do valle do Parahyba e margens dos rios Pomba e Canoé. Atravessou grande parte do Estado de Minas, fazendo na cidade de Diamantina seu centro de excursão. Alimentava-se nestas excursões exclusivamente de pesca e caça que ns selvagens procuravam para a subsistencia, passando grandes privações. Dormia ao relento, nas praias e margens dos rios e muita vez expoz-se ao ataque dos selvagens e das féras. Contava que uma das mais serias contrarieda- des por que havia passado foi a travessia do rio S. Antonio, que fazia numa canda que vinha repleta de plantas raras por elle colhidas, colleccionadas e classificadas, sossobrando a canôa e morrendo a tri- pulação, perdendo elle grande parte de seu precioso trabalho, salvando, porêm, a vida. Foi nestas excursões que Theodoro Peckolt começou a celebrizar-se. Colheu objectos raros, desconhecidos, que, en- riquecem nosso Museu Nicional e principalmente os museus allemães e os de Stockolmo e Upsala. Muitas plantas novas collecionou e classificou, que foram, por pessoas competentes no extrangeiro julgadas de valor. Muitas destas plantas ainda hoje enriquecem os jardins botanicos de Berlim e Munich, Datam deste tempo as solidas relações estabelecidas com dr. von Martius, auctor da «Flora Brasiliensis», obra monumental e immorredora, na qual Peckolt foi talvez o principal collaborador pelos materiaes fornecidos: plantas, flores e sementes, por elle co- lhidas, colleccionadas e classificadas e enviadas ao sabio allemão. Mas será tempo de continuarmos a biographia do nosso sabio. Theodoro Peckolt cursou humanidades no Gym- nasio de Friedeberg. er oq Foi depois pratico de pharmacia, primeiro na cidade de Friebel, onde permaneceu até 1841, e depois nas cidades de Meseritz, Waldeck, Neu- brandenburg, a primeira na Polonia e as outras no Ducado de Mecklemburg. Como pratico destas pharmacias, Peckolt reve- lou sua poderosa vocação, e o Governo allemão nomeou-o pharmaceutico militar, o que não o sa- tisfez, matriculando-se nas Universidades de Rostok e Gottingen, onde alcançou nota de approvação brilhante. Não sómente elle se distinguia neste curso universitario entre seus pares, como grangeou tam- bem a sympathia de seus professores, entre os quaes conta-se o dr. Reichenbach que o enviou com carta de recommendação para o Director do Jardim Bo- tanico de Hamburgo, onde se collocou. Ahi fez amizade com os sabios Drs. von Mar- tius, Eichler, Wiegand, Goeppert, Daniel Hanbury em Londres, Oberdoerfer em Hamburgo e Dietrich em Praga e outros, que, reconhecendo as aptidões de Peckolt, o aconselharam a sahir daquelle campo estreito e a vir estudar a flora tropical, ao que elle accedeu, pouco depois, embarcando no navio «In- dependencia», a 28 de Setembro de 1817, chegan- do ao Rio de Janeiro a fins de Novembro desse mesmo anno, gastando na travessia 60 dias. Collocou-se no Rio como pratico de pharma- cia e, estabelecendo relações com pessoas do interior do Estado do Rio, para lá partiu, satisfazendo assim suas ambições de naturalista. Foi neste periodo que realizou as excursões que acima enumeramos, e quando colheu as boas e difficultosas collecções. Possuidor destas collecções, veio ao Rio. Ex- portou-as para a Aliemanha e nesta occasião fez o exame de sufficiencia na Faculdade de Medicina do Rio, obtendo seu diploma de pharmaceutico. De novo regressou para o Estado do Rio, fixando resi- dencia na cidade de Cantagallo,, onde se relacionou com a familia do pastor protestante Frederico Sau- erbronn, o fundador da cidade de Nova Friburgo ; vasou-se em 1854, com a filha deste, d. Henri- queta Sauerbronn. Sendo alli empregado de pharmacia, no curto espaço de 8 annos fez a analyse qualitativa e quan- titativa de cerca de 3.000 plantas. Em 1868, voltou ao Rio de Janeiro, fundando a Pharmacia e Drogaria Peckolt. Pubhcou muitos artigos e particularmente obras sobre Zoologia, Botanica, Entomologia. Sobre estes assumptos, foi o principal collabo- rador de todas as revistas que se publicam na Al- lemanha do Norte. Publicou tambem muitos artigos originaes no Jornal Geral Pharmaceutico da Austria, Jornal Pharmaceutico Dic Rundschau; Jornal Pharmaceuti- co de Nova-York ; Bericht, (Jornal) da Sociedade Al- lema de Pharmacia de Berlim. Além destes trabalhos originaes, pnblicou 437 numeros de analyses de plantas, côcos, raizes, ve- getaes. Km virtude de suas descobertas que se succe- diam todos os dias, obteve muitos titulos honorifi- cos, dentre os quaes destacamos por serem os pri- cipaes : Em 1852 foi nomeado Membro Correspondente da Real Sociedade Botanica de Regensburg. Em 1853, igual distincçäo da Real Sociedade Pharmaceutica da Allemanha. Nas Exposições Geraes do Rio de Janeiro que se realizaram de 1861 a 1866, obteve medalhas de ouro e os numerosos productos pcr elle expostos, constando de productos pharmacognosticos, essencias, oleos, novos alcaloides, o Governo Imperial os jul- gou de tão grande valor que os adquirio e enviou para Londres e Pariz, onde figuraram nas exposi- ções, alli realizadas, sendo altamente apreciados. Na Exposição Geral de 1870 obteve o Grande Di- ploina de Honra. Já desde 1862 que D. Pedro IT havia apreciado o fecundo trabalho de Peckolt, e quando publicou — 65 — nessa data diversos fasciculos e monographias, foi condecorado com o Officialato da Ordem da Rosa. Em 1863, a Academia Nacional de Medicina do Rio o admittio como membro. Em 1864 a Academia Celebre Cesario Leopol- dina Carolina Germanica propoz que por decreto fosse nomeado, como effectivamente o foi, com ti- tulo unico e honrosissimo de Doctor Honoris Causa. Em 1265 foi nomeado Membro Correspondente de todas as sociedades pharmaceuticas da Austria e da Russia. Em 1869 foi agraciado pelo Rei da Suecia com o titulo de Commendador da Estrella do Nor- te e membro honorario correspondente da Sociedade de Geologia de Buenos Aires. Em 1887 foi acceito como socio honorario das sociedades pharmaceuticas da Inglaterra. O dr. Flueckiger, illustrado Professor de Phar- macognosia na Universidade de Strassburgo, em seu testamento constituio o dr. Theodoro Peckolt mem- bro da Directoria do Jury da Medalha Flueckiger. Em 1885 o dr. Fournier, Professor de Bota- nica de Pariz, e que é autor da Secção Asclepiada- ceas da grande obra «Flora Brasiliensis» de von Martius, deu denominação a um novo genero que classificou de Peckoltia. EK” socio honorario da Sociedade Pharmaceu- tica de Berlim. Aos 13 de Julho de 1892, quando completou Peckolt 70 annos, recebeu um valiosissimo presen- te: um rico album com 125 photographias de pro- fessores de Universidades allemãs, francezas, ingle- zas, austriacas a norte-americanas, todas com cari- nhosas e distinctas dedicatorias e assignaturas au- thenticas. A enumeração das publicações scientificas do Dr. Peckolt segue ao fim da traducção allema. Não podemos concluir de melhcr modo este necrologio do que fazendo nossas as palavras com as quaes o Snr. H. C. Carpenter conclue o seu om 66 == sentido e bem escripto artigo no Jornal do Com- mercio : «Divulgando estes traços biographicos do Dr. Theodoro Peckolt, tribvtamos uma pallida homena- gem a um daquelles homens modestos mas dignos da gratidão de um povo e da sciencia que elle abraçou e tanto honrou.» NACHRUF De. Theodor Peckoit VON HERMANN VON HERING Die Stadt Rio de Janeiro, weche in der Mitte des vorigen lahrhunderts in den wissenschaftlichen Kreisen, die sich fuer das Studium unserer Flora interessieren, so ausgezeichnet durch vortreffliche Naturforscher von der Bedeutung eines W. Schwa- ke, João Barbosa Rodrigues, A. F. M. Galziou, E. Ule, P. Dusen u. a. vertreten war, verlor in der Person des verehrungswuerdigen Meisters, dessen Ge- daechtniss dieser Nachruf gwidmet ist, den letzten | hervorragenden Arbeiter jener grossen Epoche, zu- gleich den Nestor der brasilianischen Nuturforscher, einen Gelehrten, der selbst noch in einem Alter von 80 bis 90 Jahren nicht ermuedete seine rei- chen wissenschaftlichen Erfahrungen zu verceffent- lichen. Die Daten, die uns zur Grundlage fuer diese Biographie dienen, entstammen hauptsaechlich folgenden Quellen : a) Fr. Hoffman. Pharmazeutische Rundschau. New-York, vol. X., 1892. p. 263-265: Theodor Peckolt, mit Bildnis. Lt) B. Reber. Gallerie hervorragender Thera- peutiker und Pharmakognosten der Gegenwart, Genève, 1897, p. 125-129: Theodor Peckolt, mit Bild und Verzeichnis seiner Werke). c) J. Urban. Martii Flora brasiliensis, vol. I, 1900, p. 74: Theodor Peckolt. SEA Qui d) Henrique Carlos Carpenter. Jornal do Com- mercio. Rio de Janeiro, 20 de Outubro de 1912: Theodor Peckolt. Gewisse Ereignisse, sagt H. G. Carpenter, duer- fen schon wegen ihrer Wichtigkeit nicht mit Stillschweigen uebergangen werden, zumal solche, welche auf den Blaettern der Geschichte verzeichnet stehen und die Vorzuege kuenden, welche bestimmte Persoenlichkeiten besessen und ausgzuebt haben und durch welche sie den Zeitgenossen und der Nach- welt zum Vorbild und zur Bewunderung dienen. Man weiss, dass Maenner von Tuechtigkeit und ausserordentlichen Talenten sich ihrem Beruf ganz und gar hingeben, wobei sie sich oft wenig um das Urteil der Mitwelt kuemmern, und es vorziehen, in der Stille zu schaffen, mit dem begreiflichen Wunsche, in der Verfolgurg der schwierigen Aufgabe, der sie sich widmen, nicht gestoert zu werden. Der kuerzlich verstorbene Dr. Theodor Peckolt gehoert auch zur Zahl dieser ausserordentlichen Maenner, welche nur die Verwirklichung des Le- bensberufes im Auge haben, welchen ihnen das Schicksal vorgezeichnet hat, und ihnen das Bewusst- sein erfuellter Pflicht zur Befriedigung und Ehre gereicht. Er war unter uns wenig bekannt, hinterliess aber doch, bei aller Bescheidenheit, die ihn auszeich- nete, zahlreiche Freunde und Schueler. Wir duer- fen beim Scheiden Dr. Theodor Peckolts aus den Reihen der Lebenden nicht stillschweigen, weil sein Name in die Geschichte der Wissenschaft, die er mit vielen Orginalarbeiten bereichert hat, einge- schrieben ist. Auch duerfen wir es nicht zugeben, dass die auslaendiscbe Presse ihm friiher als wir ihre Bewunderung und Dankbarkeit bezeugt, da es doch Brasilien war, wo er seine fruchtbare Taetig- keit immer im Dienst der Wissenschaft und zum Heile seiner Mitmenschen entfaltete. Ganz wenige von uns koennen den Wert dieses ausserordentlichen Mannes schaetzen, weil sein im- menses Lebenswerk sich eben im Stillen vollzog, — 69> unermiidlich, bewundernswert, und ehrenvoll. Bei die ser, dem Fortschritt der Wissenschaft gewidmeten Arbeit, verbrachte er sein ganzes Leben, ohne den Beifall und die oeffentliche Anerkennung des Wer- tes seiner Entdeckungen zu suchen, ja sich eher ihr zu entziehen suchend. Auch bemuehte er sich nie um Unterstuetzungen der brasilianischen Nation, die ihm also fuer seine unschaetzbaren Dienste zu Dank verpflichtet bleibt. Er machte in den wissenschaftlichen Kreisen nicht allein den Reichtum unserer Flora in Hinsicht auf die Zahl ihrer seltenen Arten, sondern auch deren Higentuemlichkeiten als Genuss-Nahrungs- und Heilpflanzen bekannt. Dutzende, ja hunderte von arzneilich hier und im Ausland verwerteter Pflanzen wurden von Dr, Theodor Peckolt entdeckt, der davon keinen eigenen Nutzen zog und sich damit begnuegte, als erster ihre besonderen Eigenschaften erkannt zu haben, es anderen überlassend, den Nutzen solcher Heil- pflanzen zum Wohl ihrer Nebenmenschen und dem eigenen auszubeuten. Wenn wir die Zahl der Pflan- zen, welche er quantitativ und qualitativ untersucht hat, angeben wollten, muessten wir mehr als 6000 Namen citieren, alles einheimische Gewaechse die bis dahin unbekannt oder nur empirisch verwer- tet waren und deren botanisch und chemisch-physi- schen Eigentiimlichkeiten erst von ihm festge- stellt wurden. Nur wer mit diesem Gelehrten zusammenlebte, nur wer die Schwierigkeit, welche derartige Unter- nehmungen verursachen, kennt, zumal, wenn fiir alle Arbeit der Forscher selbst die Kosten zu tragen hat, der allein kann sich genuegende Rechenschaft von seiner Willenskraft, Befähigung und seiner Geschick- lichkeit geben, Eigenschaften, die sich seltenin einem und demselben Individuum in dem Masse wie bei Peckolt vereint findeo. Wir kennen ausser ihm kein zweites Beispiel so ausserordentlicher Arbeitskraft. Dabei war sein Schaffen nicht unsystematisch, im Gegenteil, wie alle Handlungen seines Le- bens, war es nach peinlich genauer Methode einge- richtet. Ausserdem leitete er persoenlich die alte, gut renomierte Apotheke Peckolt. Er stand frueh, immer zur selben Stunde, um 6 1/2 Uhr auf. Dann nahm er ein einfaches Früh- stiick, Kaffee oder Chocolate, Buechsenconserven oder Doce (Suessigkeiten, Confitüren)— er genoss nur von ihm analysierte Producte, wobei er die Analysen umsonst ausfuehrte und die bewaehrten Producte dann in seinem Bekanntenkreise empfahl. Um 8 Uhr frueh vearliess er sein gemuetliches Heim in der Rua Haddock Lobo und begab sich nach seiner Apotheke in der Rua Quitanda. Dort angekommen pflegte er mit Musse das Jornal do Commercio zu lesen. Von 10 1/2 bis 3 1/2 nachmittags oblag er dem Studium der Pflanzen und machte Analysen in sei- nem Laboratorium, das dafuer eine vollstaendige Ausruestung besitzt. Von 4 bis 5 Uhr widmete er sich den ge- schäftlichen Angelegenheiten seines Hauses und zog sich dann in seine Wohnung zurueck. Nach dem Abendessen um 8 Uhr, bis in die spaete Nacht, ar- beitete er an den zanllosen Beitraegen, welche er fuer fast alle pharmaceutischen Zeitschriften Europas und Amerikas verfasste. Nicht einmal an den Sonntagen goennte er sich Ruhe: Von morgens bis in die spaete Nacht trieb er Botanik, bestimmte Pflanzen und brachte die wissenschaftlichen Arbeiten ins Reine, welche er waehrend der Woche ausgearpeitet hatte. Nie- mals sahen wir ihn sich zerstreuen, niemals sahen wir ihn von seinem Programm abweichen, das er mit Zaehigkeit Tag um Tag, Woche um Woche, Jahr um Jahr verfolgte... Vielleicht fand Peckolt wie Ernst Renan, dass das beste Mittel, sich zu zerstreuen, der Wechsel der Beschaeftigung ist. Und so lebte er bis zum Alter von ueber 90 Jahre. Geboren wurde er am 13 Juli 1822 in Pechern, bei Muskau (Niederlausitz) in der preussischen Pro- vinz Schlesien, und starb am 21. September 1912 in Rio de Janeiro. Seine Eltern waren der Ulanenrittmeister Carl Peckolt und Frau Eleonora Ackerman Peckolt. Als Sohn weaig bemittelter Eltern hatte er zunächst mit viel n Schwierigkeiten zu kaempfen die er aber tiberwand in ernstem Streben und anhal- tender Arbeit. So brachte er seinen Namen, den er einer ausgezeichneten, und zahlreichen Nachkom- menschaft hinterliess, zu hohen Ehren. Peckolt war ein grosser Freund Brasiliens und interessierte sich fuer alles, was auf das Land bezug hatte, fuer seine Finanzen, seine grossen Maenner und seine Zukunft. Er verfolgte mit aufrichtiger Anteilnahme alle materiellen und moralischen Fortschritte dieser seiner neuen Heimat. Als fleissiger Leser des Jornal do Commercio kannte und diskutierte er alle unsere Angelegenheiten und Politiker, wobei er durch die Schärfe seines Urteils und die Urspruenglichkeit seiner Gedanken ueber Gegenstaende die seinen zeitraubenden und fast ausschliesslich chemischen und botonischen Ar-. beiten ferne lagen, ueberraschte jedermann. Im November 1847 landete Peckolt in Brasi- lien, verweilte sonach 56 Jahre unter uns und war so Augenzeuge der Hauptphase der Geschichte. un- seres Vaterlandes in der Constituierung unserer Nationalitaet. Im September 1848 begann Peckolt dio Er- forschung des Landes. Von seinen ersten Ersparnis- sen erwarb er sich ein Pferd und reiste in den Staa- ten Rio de Janeiro, Espirito Santo und Minas. In jener Zeit gab es keine Eisenbahn und die Wege waren sehr primitiver Art aber die grosse Gast- treundschaft, welche die Bevoelkerung des Hinter- landes characterisiert, oeffnete ihm ueberall die Tueren. Damals gab es im Inneren werige tennae longiores. Segmen- tum medianum sine separa- tione inter partem dorsalem et partem posteriorem. Ab- dominis variae partes, nigrae. 10:3/4 milum. 2.20" 7. |. argentinas Ducke o. Caput sparsius, pronotum den- se, subtiliter punctatum. Ab- dominis segmentum primum nigrum, 14 1/2 millim. Gig. rufiventris, Gress. —.Caput, pronotum, mesonotum et scutellum valde nitida, fronte et verlice politis, pro- noto sparsim punctato. So- lum basis segmenti abdomi- nalistprima era | Me io 6. Pronotum valde elongatum, sparsissime sat subtiliter pun- ctatum, sparsim pilosum. Ab- domen valde elogatam ca- pite thoraceque simul sum- puis aequale vel longius, se- gmento primo basi sat dis- tincte petiolata, segmento 6.º elongato. Alae breves, cellula cubitali 1.º vix | longiore quam 2.º Long. corp. 12-14 millim.’ 1907, p. 145-1485 1010, pate 9. Fox, W.: Third Report on some mexican hymenoptera principally from lower California. Pro- ceed. Californ. Acad. of Sciences V. 1895. 6. Smith, F.: Descriptions of new genera and species of exotic hymenoptera. Trans. Ent. Soc. London, 1869. 7. — : Descriptions of new species of hy- menoptera ia the coll. British Museum. 1879. & Turner, R. E.: Notes on the Thynnidæ, with remarcks on some aberrant genera of the Sco- lide. Trans. Ent. Soc. London, 1908. | 9. — : On the Thynnidæ and Scoliidæ col- lected in Paraguay etc., em: Beiträge zur Kenntnis der Hymenopterenfauna von Paraguay von Embrik Strand. Zool. Jahrbücher XXIX, 1910, p. 179 ss. As traças que vivem sobre a preguiça Bradypophila garboi n. gen. n. sp. (LEPID. FAM. PYRALID.) POR RODOLPHO von IHERING (Estampa III, fig. 2) Tendo morto a tiro uma Preguiça (Bradipus marmoratus) nas margens do Rio Doce, Est. do Espirito Santo, o naturalista-viajante do nosso Museu, sr. Ernesto Garbe reparou que de entre os longos pellos do animal surgiam e desappareciam, rapi- damente, pequenas borboletinhas amurello-escuras, pouco maiores que as da «traça». Com effeito poude colligir cinco exemplares desses pequenos lepidopteros, pertencêntes à familia Pyrabde. Da literatura já conheciamos duas especies de borboletinhas que egualmente haviam sido encon- tradas sobre «preguiças» : Cryptoses choloepi Dyar (Bibl. 1) do Panama, cujo hospedeiro é o Choloepus hoffmanni, a pre- guiça vermelha; e Bradipodicola hahnel: Spuler (Bibl. 6) especie tambem neotropica (sem indicação de localidade) de especie não determinada do genero Bradipus. E. A. Goeldi, em Monographia dos Mammiferos do Brazil, 1893, pg. 125, diz que «no pello felpudo, de cabellos longos e macios, as preguiças as vezes carregam um museu de parasitas. Já se observou ahi uma alga e de hospedes do reino animal posso mencionar por experiencia propria: carrapatos, por vezes de tamanhos enormes, pequenos Blattides (ba- ratas) e até Microlepidopteros (traças) ». Quanto aos Ixodidas, na publicação de Beaurepaire Aragão. Mem. do Inst. Osw. Cruz, Tomo III, fase. 2 vem mencionados Amblyomma geayi e varium como pa- rasitas das Preguiças; no presente estudo enume- ramos quantos microlepidopteros se conhecem com o mesmo habitat. Nada nos constou, entretanto, com relação a Blattidas que vivam sobre Brady- podidae; e não sabemos si o dr. Goeldi tratou al- gures mais extensamente do assumpto, dando a clas- sificação de tão interessantes hospedes. Os nossos exemplares não combinavam com nenhuma das especies descriptas e, recorrendo ao emi- nente lepidopterologo norte-americano, já acima men- cionado, dr. Harrison G. Dyar, tivemos a certeza não só de ser nova a especie, como tambem o genero. Sendo a nervatura das azas um dos caracteres mais aproveitaveis para a classificação damos aqui, alem do desenho da nossa especie, tambem as res- pectivas copias das duas outras. Os especimens ty- picos de Cryptoses choloepi estavam tão mal con- servados, que o auctor as descreve apenas como sendo cinzento-escuras, com 16 mm. de envergadura. Bradypodicola hahnels & descripto como tendo o corpo anterior bruno-avermélhado, as azas ante- riores são de egual côr e tem alem disto muitas linhas transversaes mais escuras; as azas posterio- res e o abdomen são branco-sujos, com tom cin- zento ; o corpo mede 6,8 mm. A nossa especie que denominamos Bradypophila garbei n. gen. n. sp. de accordo com a chave de classificação das sub- familias das Pyralidas — cf. Sir. G. F. Hampson (Bibl. 4, pg. 991) pertence ao grupo das Chrysauginae (Aza posterior com nervura mediana não pectinada ; proboscis presente; aza anterior com nervura 7 bifurcada com 58 e 9, e sem tufos de escamas na cellula; as nervuras 7 e 8 da aza posterior con- fluem ; os palpos maxillares faltam). Nesta sub-familia o nosso genero fica collocado segundo a chave de Sir Hampson (Bibl. 5, p. 636) junto ao gen. Uliosoma (Palpos Geiss dirigidos para baixo, e medindo pouco mais do que uma vez o comprimento da cabeça, nervuras 4 e 5 bifurcadas; nervuras 2 faltam tanto à aza posterior como à an- terior). Ainda que desta forma, pelos caracteres uti- iizados na chave, os generos Ulisoma e Bradypophila se confundam, esta semelhança de facto não existe. Distinguem o nosso genero sobretudo a conforma- ção da cabeça e das coxas das patas anteriores, caracteres estes que Bradiypophila tem em commum com Cryptoses. Este ultimo genero, no emtanto, por ter presente a nervura 2 da aza anterior, avi- sinha-se ao gen. Acutia, como o affirma Dyar Hibeit:): Bradypodicola Spuler distingue-se, no que diz respeito à nervatura, por ter os ramos 7, 8 e 9 bi- furcados de um mesmo ponto; no mais asseme- lha-se bastante a Cryptoses. Nervatura das azas das tres especies : E 7 EE \ a a S SE EN A) Bradypodicola B) Cryptoses choloepi C) Bradypophila garbei hahneli Spul. Dyar. n. gen. n. Sp. Damos em seguida uma chave para a differen- ciação destes tres generos de traças que vivem na pelle das Preguiças : A) Nervura 2 da aza ant. presente : a) Vertice da cabeça muito proeminente, concavo.—Bradypodicola, Spuler. aa) Vertice menos proemi- nente, fronte sempre convexa . . . . .—Cryptoses, Dyar. AA) Nervura 2 da aza ant. falta; vertice proemi- nente, fronte concava — Bradypophila, R. v. Ih. — 126 — EBradypophila nov. gen. Palpi directed downwards, as long as head, thickly coverd with close sitting hairs, which con- ceal the joints ; head and prothorax coverd with long hairs, perfectly close sitting on the former; vertex prominent, the front being concave; anten- nae of female simple, 2/3 the length of wing; legs smoothly scaled; coxa and femur of the fore leg greatly developed, very thick, though flat; fe- mura Il and III also somewhat flatned. Fore wing with the costa nearly straight, the apex rounded ; vein 2 absent; 3 anastomosing with 45 4, “stalkeds "6 anastomosed “with TES stalked from 7; veins 10 and 11 absent. Hind ba with vein 2 absent, 3 from angle, 4, 5 stalked ; 7 from upper angle, 7 anas stomosing with 8 Type: Brad. garbe: n. sp. Bradypophila garbei mn. sp. (Est. III, fig. 2) (Exp. al. 20 mm. length of body 7 mm.) Head and prothorax golden ochreous; the remainig parts of thorax and abdomen dirty yellow ; legs somewath more cearer yellow. Fore wing dirty yellow with obscure, illdefined brown patches along the costa and on the cell; hind wing paler dirty yellow, cilia cream. Hab. Rio Doce Estado do Espirito Santo (inha- biting the fur of Bradypus marmoratus. specimens, n. 16285 in the Museu Paulista, 1 specimen presented to Mr. H. G. Dyar, U. S. Na- tional Museum, Washington, who has kindly given me his authority that the species may be conside- red as undescribed. Literatura —_—~_—~ 1. Dyar, Harrison G.; A Pyralid inhabiting the Eur of the living Sloth; Proc. Entomol. Soc. Washington, 1998, vol. IX, n. 1-4, pg. 142-144. 2. idem; A further note on the sloth moth ; loc: ste oba vol! Xp: S1-82. 3. idem; More about the sloth moth ; loc. s. cit., 1912, vol REV po 60-70. 4. Hampson, Sir G. F.; Revision of the Moths of the sub-fam. Pyraustinae and fam. Pyralidae ; Proc. Zool. Soc. 1398, p. 540-761. o. 7den ; On the classification of the Chrysau- ginae (Fam. Pyralidae) ; loc. s. cit. 1897, p. 633-692. 6. Spuler ; Ueber einen parasitsch lebendnen Schmetlerling : Bradipodicola hahneli n. sp. Biol. Centralblatt, Leipzig, 1906, vol. 20 p. 690-697 6.º edem ; Festschrift fiir J. Rosenthal, Th. I, 1906, pg. 88-a 88-k. Ipidae hrazileiros Diagnose de duas expecies novas POR FRANCISCO IGLESIAS Kyleboras hagedorni n. sp. A 9 mede 3 mil. de comprimento por 1 1/4 mil. de largura. A côr é de um castanho-preto, luzidio nos elytros e mais claro no thorax. Os ely- tros são porticulados e a juncção dos mesmos é em relevo (não é im- pressa), são cobertos por pequenos pellos que são mais compridos nos lados e na extremidade dos ely- tros; na base dos elytros, isto é na parte posterior, notam-se pequenos espi- nhos dispostos em duas series em cada elytro, sen- do maiores os espinhos da serie interna proxima à juncção dos elytros. (Fig. 1). Xyleborus hagedorni n. sp. Os elytros terminam Femea, 18 vezes o tam. nat. arredondados. O scutellum écordiforme. O thorax é corcunda- do, ponticulado, escabroso, formando arestas maiores na parte anterior; o seu comprimento é egual 4 me- tade do comprimento dos 7 elytros. À abertura por onde 4 apparece a cabeça é perfei- 7 tamente circular, ornada de 7 pequenos pelios. A cabeça é retrahida, ponticulada, co- / berta de pellos, com forma | mais ou menos espherica, | cor amarella luzidia. O thorax na parte in- 4 | ferior e as pernas tem a . Fig. 2. X. hagedorni: cor castanho-amarellada ; 0 A) femea, vista de perfil; B) macho, visto de perfil 2 abdomen é castanho. O & é muito menor do que a 9; mede 1 3/4 mil. de comprimento, sendo recurvado. A côr é uni- forme, mais clara do que a da femea, tendo quasi a mesma côr que o thorax desta ultima. Os elytros são cobertos de pequenos pellos ruivos e o thorax tambem. Na parte posterior dos ely- tros notam-se rudimentos de espinhos. Habitat: Butantan, S. Paulo. Fig. 3 X. hagedorni : Foi encontrado em Ou- a) maxillar; b) labro com palpos ; ¢) antenna, tubro de 1912, numa espe- cie de acassia. Ataca arvores vivas. Em signal de admiração e gratidão, dedicamos esta nova especie ao sabio entomologista allemão Dr. M. Hagedorn. Xyleborus iheringi 1. sp. A 9 mede 1 3/4 ou quasi 2 mil. de compri- mento por 1/2 mil. de largura. — 130 — Cor castanho-escura, luzidio tanto nos elvtros como no thorax. A parte mediana posterior do thorax é completamente liza e a anterior revestida de pe- quenas pontas, que a tor- nam um tanto sem brilho. Os elytros que são ponticu- lados e cobertos de pellos dis- postos em fileiras, na parte posterior terminam em curva, onde se notam espinhos que | Het) AR, : ire Fig. 4. Xyleborus theringin. sp. tornam um pouco CONCaVa femea, a) visto de cima; b) visto a- superficie: por ellesteom= CESSA prehendida ; a juncção dos elytros não é impressa. O thorax na parte inferior, e as pernas são amarello- castanhos eo abdomen castanho. A cabeça é saliente com pellos na parte an- terior. O & mede 1 mil. À côr é mais clara do que ada SL Semelhante ao Xy- reins REA ol aa leborus sentosus. Eickoff. arvore com galeria de X. iheringi, (A, Habitat ÿ Butantan, entrada do insecto adulto); A mesma ga- . leria vista de perfil; (B: a camara onde S. Paulo. Foi encontrado, He ea eo) em Fevereiro de 1913, num Lucalyptus robusta de 2 annos de edade. O eucalyptus succumbiu ao ataque do insecto. Dedicamos esta nova especie ao eminente scien- tista e director do Museu Paulista Dr. H. von Ihering, a quem somos gratissimos pela amizade com que nos tem distinguido. Butantan, Abril de 1913. Brasilianische ipiden Beschreibung zweier neuen Arten VON FRANCISCO IGLESIAS Kyleborus hagedorni n. sp. (Ig. I-IIf) Das Weibchen misst 3 mm.in der Laenge und 1 1/4 mm. in der Breite. Die Farbe ist braun- schwarz, glaenzend an den Fluegeldecken und heller am Thorax. Die Fluegeldecken sind punktiert, ihre Verbindungsstelle ist erhaben (nicht eingedrueckt) sie sind mit kleinen Haaren bedeckt, die an den Seiten und Enden groesser sind; an der Fluegel- basis, d. h. hinten sind kleine Dornen und zwar an jeder Kluegeldecke eine doppelte Reihe, wobei die groesseren Dornen der inneren Reihe der Vereini- gung der Fiuegeldecken am naechsten sich befindet. Die Fluegeldecken sind abgerundet (Fig. II-A). Das Schildchen ist herzfoermig. Der Thorax ist punktiert, rauh, hoeckerig, mit Stacheln vorne. Seine Groesse betraegt die Haelfte von derjenigen der Fluegelde- cken. Die Oeffnung, durch die der Kopf erscheint, ist vollkommen kreisrund und mit kleinen Haaren versehen. Der Kopf ist zurueckgezogen, punktiert, mit Haaren bedeckt, von. mehr coder weniger kugelrunder Gestalt und gelber glaenzender Farbe. Der untere Teil des Thorax und die Beine haben kastanienbraune Farbe, das Abdomen desgleichen. Das Maennchen ist bedeutend kleiner als das Weibchen (siehe Fig. H-B); es misst 1 3/4 mm. wenn es zurueckgebogen wird. Die Farbe ist einfoermig, heller als beim Weibchen; es hat beinahe dieselbe Farbe wie der Thorax des ersteren. Die Fluegeldecken und der Thorax sind mit kleinen rotbraunen Haaren bedeckt. Am Hinterteil der Fluegeldecken bemerkt man die Ansaetze von Dornen. Vorkommen : Butantan, São Paulo. Dieser Kaefer wurde im Oktober 1912 in einer Akazien-Art gefunden; er greift lebende Baeume an. Wir widmeten die Art in dankbarer Ver- ehrung dem bekannten, deutschen Entomologen Dr. M. Hogedorn. Xyleborus iheringi 1%. sp (Fig. IV.) Das Weibchen misst 1 3/4 bis 2 mm. in der Laenge und 1/2 mm. in der Breite. Die Farbe ist dunkelbraun sowohl an den Fluegeldecken wie am Thorax. Der mittlere hintere Teil des Thorax ist vollstaendig glatt, der vordere mit kleinen Stacheln versehen, die ihm ein wenig den Glanz nehmen. Die Fluegeldecken sind nicht punktiert, reihenweise mit Haaren besetzt ; sie sind hinten gekriimmt, und haben hier auch Dornen, welche die Oberflaeche an dieser Stelle etwas concav erscheinen lassen. Der Thorax an seiner unteren Seite und die Beine - sind gelbbraun und das Abdomen kastanienbraun. Der Kopf hat an dem vorderen Teile hervortre- tende Behaarung. | Das Maennchen misst 1 1/4 mm. Die Farbe ist heller als die des Weibchens. Diese Art aehnelt dem Xyleborus sentosus Eickoff. Vorkommen: Butantan, São Paulo. Unsere Exemplare wurden im Februar 1913 in einem Huca- lyptus robusta — Biumchen von 2 Jahren gefunden. Der Eucalyptus ging infolge des Angriffes ein. Diese neue Art dedicieren wir dem hervorra- genden Naturforscher und Director des Museu Paulista, Dr. H. von Ihering, dem wir fuer seine Freundschaft, durch welche er uns auszeichnet, sehr verbunden sind. Butantan, Abril 1915. Erklaerung der Figuren : Fig. 1. Xyleborus hagedorni n. sp. 9, 18-fa- che Vergroesserung. Fig. 2. *X “hagedornz, A): Q im Perfil By: . & im Perfil Fig. 3. X. hagedorni, a: Moxille 6: Labrum mit Palpen; c: Antenne. Fig. 4. Xyleborus theringi n.sp. Q A): von Oben gesehen ; B): im Perfil (beide stark vergrüssert). Fig. 5. Querschnitt eines Stammes mit einer Gallerie des X. cheringi. la: Eingang). Derselbe Gang im Perfil (6: Brutkammer). As especies hrazileiras DO Genero Megachile SUPPLEMENTO Ao “Ensaio sobre as Abelhas Solitarias do Brazil” (Rev. Mus. Paul. Vol. V, p. 330—613, 1902) POR CO SO ROM ae. O genero Megachile Latr. representado no Brazil por um numero de especies extraordinaria- mente grande, foi estudado muito superficialmente no tomo V desta Revista, devido à exiguidade de material disponivel. As colleeções do Museu Paulista têm, porém, augmentado consideravelmente nos ultimos annos, e ainda que não tenha a pretensão de conhecer toda a fauna brazileira do grupo, posso agora apresen- tar em conjuncto o que é conhecido do Brazil e despertar a esperança de poder determinar as espe- cies tão difficeis a distinguir, o que at4 agora era quasi impossivel. Nas chaves synopticas esforcei-me por incluir todas as especies descriptas, mas sendo as descri- pções (de Smith e oulros) deficientes quanto a ca- rateres que julgo necessarios para uma classificação definitiva, é bem possivel que uma ou outra espe- cie não tenha sido collocada como devera ser pelas respectivas affinidades. Os caracteres do genero Megachile já foram mencionados no vol. V desta Revista. Desde então o genero Lithurgus foi tambem encontrado no Brazil. Distinguem-se os dous generos da seguinte forma: a) As mandibulas fortes, largas principalmente no apice, com 3, 4 ou 5 dentes; o pygidium do macho profundamente chanfrado ou as suas margens denticuladas — 1.º Gen. MrGacuiLE Lat. b) As mandibulas mais finas, no apice com 2 ou 3dentes, mas nunca muito largos, no apice; o pygidium do macho termina em um dente ou es- pinho agudo — 2.º Gen. Liraursus Latr. Nas descripções são usados termos technicos cuja explicação dou acompanhada de figuras um pouco schematisadas. Na cabeça distinguem-se as partes seguintes (Fig. 1) m — mandibulas cl — clypeo s.n. — scutum nasale fr — fronte V — vertice o. — olhos compostos oc. — olkos simples ou ocellos ant. — antennas, compostas de RE 00 - é = E (Fig. 1) Cabeça de Megachile RUE AU aie (Veja-se a explicação das letras) fl. — flagellum Nas azas distinguem-se nerveras que delimitam as cellulas (Fig. 2'; as nervuras são designadas por letras, as cellulas por numeros; os nomes correspondentes são OS mesmos nas azas anteriores e nas posteriores. a — margem anterior ou ner- vura costal b — nervura subcostal c— » mediana d— »n submediana e — ~» transverso-mediana i= » cubital q — » transverso-cubital primeira h — nervura transverso- cubital segunda i — nervura radial k — » | transverso-discoi- dal primeira ou nerv. rec, I 7 — nervura transverso-dis- coidal segunda ou nervy Teen 2 m — margem exterior m — margem posterior (Fig. 2) Aza de Megachile as ae (Veja-se a explização das letras) 1 — cellula costal (| 7 — cellula radial 2 — cellula mediana | 8 — cellula discoidal 1.º 3 — cellula submediana 1,4 9 — cellula discoidal 2.4 4 — cellula anal | to — cellula submediana 2,8 5 — cellula cubital 1.4 |) rx — area apical ou apice 6 — cellula cubital 2,8 || 12 — angulo anal No corpo e nas pernas distinguem-se as partes seguintes : (Fig. 3) (Fig. 3) Corpo de Megachile (Veja-se a explicação das letras) pt — prothorax d — dorsulum ou mesonotum S — scutellum mt — metanotum ou postscutellum Sm — segmento mediario pl — pleura abd. — abdomen TB So 2a bo NE DC ES CUS mento abdominal p | — pygidium ou epipygium sc.v, — escova ventral cx — coxa tr — trochanter Pi fies CRU t. — tibia cl. — calcar mtt, — matatarso ts. — articulos tarsaes 2-5 uw — unha CHAVE DE CLASSIFICAÇÃO DAS ESPECIES i. to BRAZILEIRAS ? O clypeo armado com um processo bispinoso ; especie grande, 14 mm. O clypeo sem processo bispinoso! 0. 2 ne O abdomen completa- mente preto, nem as pernas nem as tegulas são ferrugineas . . . O abdomen é todo elle ou em parte ferrugineo ou tem faixas de pellos brancos ou amarellos, ou as pernas ou as tegulas são distinctamente fer- rugineas A MRE A Em cada lado da base do abdomen uma pennu- gem de pubescencia Dames (20 05 1. assumptionis 2 CO (2. hypocrita) en 10. Sem pennugem de pellos brancos na base do ab- domen . . O clypeo chanfrado ou emarginado O clypeo nem chanfrado nem emarginado. . O scutellum não pon- tuado, com a margem posterior elevada. O seutellum pontuado, com a margem poste- rior não elevada. A margem anterior do clypeo engrossada; a escova ventral branca. A margem anterior do clypeo não engrossada, a escova ventral preta Todo o abdomen é fer- PUPIREO : 52116. : Somente uma parte do abdomen ferrugineo ou todo o abdomen preto (alem das faixas, etc.) . O dorsulum coberto com pubescencia preta O dorsulum coberto com pubescencia fulva As tegulas sempre fer- rugineas ou amarellen- tas e o dorsulum com pubescencia fulva. O dorsulum nú on co- berto com pubescencia preta, cinzenta, branca. Abdomen sem faixas de pellos Pelo menos alguns seg- mentos com faixas de pellasvelaros: .. visi Or o. fiebrigi (4. nudiventris) 9. proserpina 6. theringe 8 9 (7. rubriventris) (8. pulchra) 10 (9. ventralis) 11 14: 14. 15. 1e Só os segmentos 4 e 5 com fiixas. : Tambem os primeiros segmentos com faixas. As faixas incompletas sómente nos lados dos segmentos . As faixas o ae pelo menos em exemplares frescos) .. 4 As faixas ebdominaes brancas ou brancacentas As faixas são amarellas ou amarellentas . Especies di, 13-14 MINE o ge Especies pequenas 8 112- 9mm. ig eee Antennas vermelhas. O flagellum fulvo em- baixo, o articulo ue preto As azas com a Mal radial e o apice dene- CEOs des TAP eae As azas sem partes de- negridas. ee A escuva ventral nos se- gmentos 4-6 preta. A escova ventral in- teiramente branca ou amarellenta, ou preta só no apice ou nos lados. O scutum nasale não pontuado ou pontuado só nos lados; o 2.º articulo do flagellum geralmente muito curto, mais curto do que o primeiro . (10. pilosa) 12 (11. vegelans) 13 14 Da 15 16 (12. r'uficornis) (13. moderata) (14. encongrua) (19. susurrans) 16. gracilis 18 19 21: 23. O scutum nasale intei- ramente pontudo ; o 2.º articulo do flagellum ge- ralmente täo comprido ou maior do que o pri- meiro : bres A base do abdomen ferruginea . À Tode o abdomen preto À margem anterior do clypeo emarginada . A margem anterior do clypeo não ou só im- perceptivelmente emar- ginada : A pubescencia fulva for- ma uma linha curva que passa entre os ocellos; o metatarso III mais curto que a tbia; o calcar III branco () A pubescencia fulva for- ma uma linha egual à de leucocentra, e uma pennugem em frente do ocello anterior; o me- tatarso Il tão comprido (ou quasi) como a tibia ; o calear III vermelho . Especies grandes (13 EME Hants: Especies pequenas bik mm). À - O clypeo no meio com um pequeno dente O clypeo no meio sem dente yj i. 2 A escova ventral. no apice preto . . A 1 7 21 18. (19. 20, 23 al alr. 24 25 Ai . anomala vigilans) leucocentra fussoras) beroni gigas A escova ventral intei- ramente branca ou ama- rellenta. . . 1126 29. O segundo articulo do flagellum distinctamente mais i a do ir O ‘primer: . 1892 rubricata 0 segundo artículo do flagellum não é mais comprido do ae o pri- meiro' . . . 23. guaranitica 26. O pygidium con | pellos pretos erectos: uz vs crst2tocompacia) O pygidium coberto com curta pubescencia cin- zenta e entre a mesma alguns pellos pretos . (25. oprifex) 27. As faixas abdominaes muito largas. . . . 26 paraguayensis As faixas abdominaes estreitas =... Linant (ie hegueyaque 28. Especies grandes: 14 OUR “e: Mais A) eo) 20 Especies pequenas : me- nos que 14 min(P e ss 29 A escova ventral nos lados dos segmentos 2-4 e nos segmentos 5 e 6 inteiramente preta . . 28. possogran= densas A escova ventral branca ou apenas no ultimo se- gmento com pellos pre- LUS Co Net LE SADOT. an 30. O mesonoto pelo menos na parte posterior com pontuação escassa, e por conseguinte brilhante . 31 (*) As especies de 13,5-14 mm. acham-se em ambas as secções desta chave. 31. 33. 30. O mesonoto opaco de- vido à pontuação muito densa Epi rr, A pubescencia embaixo da cabeça e do thorax branca Desa, A pubescencia embaixo da cabeça e thorax côr de ocre pallida O clypeo na margem anterior simplesmente emarginado, o scutellum mais brilhante, o arti- culo terceiro das anten- nas mais comprido que o segundo ; o metatarso HI tão comprido como a tibia . AL: Yt O clypeo na margem anterior duplamente si- nuado, o scutellum mais pontuado, o articulo ter- ceiro das antennas egual ao segundo ; o metatarso HI mais curto que a tibia . MATTER Os tarsos 1 exterior- mente com pellos fus- cos extraordinariamente compridos . KR Os tarsos I sem pellos muito compridos. O artículo 3 das anten- nas evidentemente mais comprido do que o 4.º. O articulo 3 das an- tennas apenas mais com- prido do que o 4.º A pontuação do vertice perto dos. olhos escassa (29. laeta) 30. anisitsi 31. frieser 32 andromorpha 94 Ba: levimargi- nata 39 34. aureiventris 36. 40. pax (VW 43. 44. A pontuaçäo do vertice densa "émet: Entre o mesonotum e o scutellum com pube- scencia amarellenta . Entre o mesonotum e o scutellum sem pube- scencia amarellenta . As tibias II co n pellos compridos As tibias III sem pellos compridos . de is O abdomen ferrugineo. O abdomen preto Os segmentos abdomi- nae; sem faixas . Pelo menos alguns se- gmentos abdominaes com faixas . ess As faixas ça muito largas . As faixas estreitas ou brancacentas As faixas estreitas . As faixas A ee no meio. Todos os segmentos com faixas Os primeiros dous ou tres segmentos sem faixas A forma e o colorido como Coelioxys . A forma e o colorido differentes . né oh. Aces cellala sradialeenso muito escurecida. ; A cellula radial fusca ou azulada. : Cabeça e thorax intei- ramente preto-pilosos 36 30. liinae 37 (36. rava) OT. gon) hrenæ (7. rubreventris) 39 (9. ventralis) 42 23, 38. gquarantica anthidioides 39. coelioxifor- 44 Ad 67 AG mis 4€. AT. 49. O0, ol. 53. = IMÃ Cabeça e thorax branco, cinzento, ou amarellen- to-pilosos . . . : A maior parte da esco- va ventral branca A maior parte da escova ventral preta . Especie grande (13 mm) do Amazonas. Especie pequena (11 mm.) de São Paulo Com tomento branco ou amarellento na sutura entre o mesonoto e o Scutello ss. edad Sem tomento branco na sutura scutellar A veia costal da aza ferruginea . É A veia costal fusca. As faixas abdominaes brancas. As faixas abdominaes amarellentas . . j Menor 7,5-8,5 mm.: a 3SCOVA inteira: mente brancas, roles Maior (11 mm.); a es- cova nos lados preta A margem anterior do clypeo denticulada A. margem anterior do clypeo um pouco emar- ginada . . Maior (10-11 ,5mm. ): pernas TI largas, A melhadas . . Menor (9,5 mm. e ; as pernas III estreitas, pre- Unser iaarah old e 43 40. AT stenodesma (41. pullata) 42. nigropilosa elapuae (44. semellima) (45. propinqua) 93 04 46. paulistana AT. verrucosa DD. 06. cn 90 09. 60. 61. Espaço entre os ocellos e os olhos excassamente pontuado Espaço entre os ocellos e os olhos densamente pontuado DR, O mesonoto muito den samente pontuado Os pontos do mesonoto separados por interval- los maiores que os ee tos mesmos : À escova ventral | in- teiramente amarellenta. A escova ventral preta no apice NE Os segmentos abdo mi. naes 1.3 com as mar- gens ciliadas de ama- rello, o quarto e quinto inteiramente amarello- tomentosos. 5 = As faixas dos a tos eguaes. . A tibia III com “pellos compridos . ; Sem pellos compridos nas tibias III. O segmento mediario com compridos pellos amarellentos : O segmento mediario com pellos não extraor- dinariamente compridos OQ clypeo com um forte tuberculo O clypeo sem tubreulo. Abdomen com pellos compridos no lado dorsal Abdomen sem pellos compridos nolado dorsal 5 à 56 48. 39. 49, 20. OS 30. 99 ol. 60 aureiventris separata lamae bicegor xanthura rava terrestras 2. tuberculifera 63. 67. 69. Calcares pallidos ou ama- rellentos Calcares pretos ou | fuscos As pleuras cobertas com Paine pretos . As pleuras cobertas com peilos brancos. Os lados da escova ven- tral pretos. ps Os lados, como o resto da escova, brancos O scutum nasale sem pontuação . e O scutum nasale Eee tuado 4 A margem anterior “do clypeo com numerosos denticulos . A margem do clypeo sem denticulos : O metanoto (postscu- tello) com uma linha transversal de pubescen- cia branca. O metanoto sem pübe- scencia branca Maior ; no lado do cly- peo com O Due fulvo-pallida Menor ; no lado do Fa peo com pubescencia branca . Especie grande ( DL o clypeo extracrdina- riamente curto Especies menores (11 mm. ou menos); o cly- peo de comprimento or- dinario . (53. levilimba) DA. liiderwaldte do. pseudopleu- ralis 64 (06 constructrix) 65 OT. trigonasprs 66 O8. inquirenda 37. gomphrenae 68 69 (09. urbana) 60. brethese GL. ypirangensis 70. aA. Em ==, 146 — O clypeo com a mar- gem anterior chanfrada tendo uma só impressão O clypeo com a margem anterior irregularmente sinuada, sem impressão marcada no meio As azas na base ama- rellêntas” MEME, As azas na metade an- terior fortemente escu- Tecidas =, - MA, d O clypeo com uma crista baixa transversal sem pilosidade . sn O es sem crista transversa Gia do : As coxas L com espinhos distinctos As coxas I sem espi- nhos distinctos O abdomen inteiramente ferrugineo . O abdomen só em par te ferrugineo ou inteira- mente preto : O metatarso | alongado em um processo com- prido que passa alem dos outros articulos. O metatarso I sem tal processo. Todos os segmentos ab- dominaes pretos f Os primeiros dous ou tres segmentos abdomi- naes ferrugineos 69. — . squalens . parsonsiae . xantoplera bertonti assumptionis (8. pulchra) 23. 6 (6. guaranitica barbatula = 10: LI; 13. Os femora TIL com um dente no meio Os femora III sem den- te no meio As coxas I com dous espinhos ; o articulo api- cal das antennas dilata- das; a base do clypeo com uma linha de Piqui pretos As coxasl com um es- pinho; o articulo api- “al das antennas não dilatado ; todo o clypeo com pubescencia dou- Pada esc : Os femora IL extraor- dinar:amente engrossa- dose cre as Os femora III nic muito engrossadas E Os trochanteres I com espinho . Os trochanteres I sem espinho aqu (o . Os tarsos I id alee tados. Os tarsos 1 peer à No mesosterno um pe- gueno espinho deante das coxas II. Sem espinho no me- sosterno. HER É As tibias II com um dente alem do calcar As tibias II sem dente. O dente das tibias I situado no meio da tibia é forte c coberto com pellos compridos. q 67. curvipes 68. MANAOSENSIS (69. crassipes) 30. anistist (14. incongrua) tupinaquina vernoniae 19. 16. WE 18. 19. — 148 — O dente das tibies II situado perto do apice da tibia e sem pellos compridos . Ny O dente direito; os tar- sos I sem lobulos O dente curvado; cs tarsos 1 com lobulos As bochechas armadas com um dente As bochechas sem dente O thorax coberto com pubescencia fulva, as pernas ferrugineas; 0 pygidium profundamen- te chanfrado . O thorax coberto com pubescencia cinzenta ; as pernas pretas ou quasi pretas; 0 pygidium com denticulos . As coxas J com espinhos rombos ou quadrados . As coxas Icom um es- pinho agudo . . . Ao lado do espinho co- xal uma pennugem de pellos erectos fuscos Sem pennugem de pellos erectos do lado do es- pinho O metatarso I termina rum lobulo comprido . O metatarso I sem lo- bulo comprido Os metatarsos 1 muito dilatados Os metatarsos I pouco dilatados ou simples 14 72. jundiana 73. chamacoco t6 17 q es . sancli-paule ~ my . melochiae 18 76. helicitarsus 19 (77. lobitarsis) (78. hilaris) 23. 20. 26. 28. O pygidium sómente chanfrado, seus lados Simples aj à o +: O pygidium em cada lado do chanfro com denticulos . à A aza anterior com a cellula radial e as par- tes visinhas fortemente esemteeidas. 24/2 Ol A aza anterior sem par- te alguma muito escu- recida a. Bi Todos os metatarsos amarellento-claros Os metatarsos Il e II ferrugineos ou escuros. O articulo 13 das an- tennas dilatado é O articulo 13 das an- tennas não dilatado. A tibia I inteiramente ferrdd incas es +» i. os A tibia I preta com o apice avermelhado . As pernas fuscas, só as tibias mais ou menos ferrugineas. q As pernas ferrugineas . O espinho da coxa 1 ex- traordinariamente pe- queno e escondido de- baixo dos pellos. O espinho da coxa I não muito pequeno . As pernas pela maior parte ferrugineas As pernas pela maior pamtespretas/ (soa os A metade apical do se- gmento 9.e o sexto se- 4 Oo oC (19. strenua) 26 (80. lentifera) 81. bernardina (82. pallipes) 83. framea (84. rectipalma) 29 37. gomphrenae 30. 31. 34. 30. gmento abdominal in- teiramente cobertos com pellos pretos A metade apical do se- gmento 5 com pellos Re O o sexto se- gmento amarellento-pi- loso . Spe Best si O metatarso Jll com franjas muito curtas O metatarso III em ambos os lados coin franjas muito mais com- pridas do que o diame- tro do metatarso. Os tarsos I com grossas franjas de pubescencia branca marginadas de ferrugineo . Os tarsos I com uma franja mais fina de pellos brancos e fuscos mes- clados As pernas pretas As pernas ferrugineas . A cellula radial distinc- tamente escurecida; a pubescencia em geral amarellenta . Sabia A cellula radial não es- curecida ; e pubescencia em geral brancacenta As pernas inteiramente ferrugineas. As pernas pela maior parte ou inteiramente pretas : O abdomen quasi nude O abdomen com densas faixas fulvas Ss q: 31 (85. clavispinis) 86. botucatuna (29. opi fea) 23. guaranilica 39 39. coelioxifor- mas 63. parsoniae (87. denticulata) 30 36 88. orba 89. capra 36. CO ~) CO No) 40. A1. Uma linha de tomento branco na sutura entre o mesonoto e o scutello Sem tomento branco na SUPERA EDS O abdomen pelo menos em parte ferrugineo O abdomen preto (ou só o extremo apice fer- TUSMEO, À, . So. a base do abdomen ferruginea . À 2 A base co apice do abdomen ferrugineos ts segmentos 1-4 em parte e a carena do pygidium ferrugineos . Uma linha transversal de tomento branco na parte posterior do me- SOHOLOM@ ER “mm Sem linha Rome se tomento branco : As pernas inteiramente ferrugineas. . As pernas pela maior parte escuras. As pernas ferrugineas . As pernas pretas Todos os segmentos com faixas Os primeiros segmentos Semp faixas» po «1 : As tibias I ferrugineas nao dilatadas . : As tibias I pretas, di- latadas . As faixas Diodes estreitas e brancas . As faixas abdominaes largas e amarellas . 90. paranensis 62. squalens 38 rubicunda) agilas) nigribarbis) AI 94. geraffa (09. urbana) 95. lamnula 42 43 65. berloni 44 96. minuscula (97. exaltada) 98. thygaterella — 152 — As especies que não pude examinar pessoal- mente estão tambem incluidas na chave precedente; mas devido às descripções nem sempre sufficientes, julguei necessario differençal-as, visto que não posso responsabilisar-me pela boa posição das mesmas. As- sim colloquei entre () todas as especies que me são desconhecidas. Escudos nasaes, Clypeos e Mandibulas esquerdas de : I— Meg. fiebrigi IV — Meg. lwederwaldti Il — Meg. bicegoi V — Meg. pseudopleuralis HI — Meg. tuberculifera VI — Meg. trigonaspis VII — Meg. bertonii . Descripção das especies do gen. “Megachile” 1. Megachile assumptionis Schrot ky 19C8 (Abril) — WM. assumptionis Schrottky, Anal. Soc. Cient. Argentina LXV, p. 233 n. 1 Q of. 1908 (Maio) — M. armigera Friese, Flora og Fauna, 69 q. @ Preta, a cabeça branco-pilosa, o clypeo com um processo bispinoso armado; a cabeça, o meso- notum e 6 :cutellum grossamente pontuados, bran- cacento-pilosos, sendo os pellos mais densos nas pleuras e no segmento mediario; as pernas são pretas, os tarsos amarellento-pilosos ; as tegulas são ferrugineas, as azas hyalinas, no apice são escuras, as nervuras pallidas. O abdomen é preto com faixas de curtos peilos deitados, de côr amarella sobre a margem apical dos segmentos 1 atê 5; o segmento anal densamente coberto por curtissimos pellos amarellentos; a escova ventral brancacenta. Comprimento 14 mm.; largura do abdomen 4 mm. 4 Preto, a cabeça globular, o clypeo e a fronte cobertos por pellos sericeos muito densos, amarellos; o clypeo tem na base um curto processo obtuso-trian- gular, nu: o thorax e as azas como da 9; os tarsos I em frente com franjas curtas, atraz com franjas compridas de pellos brancos; os segmentos abdo- minaes 1-5 com faixas amarellentas como a Q, o sexto segmento ccncavo, bilobado, os lobulos no apice denticulados ; o setimo segmento invisivel, o ventre branco-piloso. Comprimento 19 mm., largura do abd. 5 mm. Hab. Paraguay (Assumpção e Villa Rica), e pro- vavelmente sua distribuição alcança até Matto Grosso. 2. Megachile hypocrita Sm. 1853 — M. hypocrita Smith, Cat. Hymen. Br. Mus. I, p. 184, n. 122 ©. — 154 — 9 Preta, a cara densamente pontuada, o ver- tice liso e brilhante, aos lados do clypeo e na in- serção das antennas um pouco de pubescencia cin- zenta; as mandibulas largas no apice, este armado com dous ou tres dentes obtusos muito curtos; nos lados do thorax e nas pernas a pubescencia é fusca ; em frente e atroz das tegulas e de cada lado no segmento mediario um pouco de pubescencia branca; todos os tarsos tem em baixo pubescencia es- cura, rufo-fusca, em cima ella é densa e fusca escura, o articulo basal dos tarsos posteirios é largamente dilatado e subconcavo em cima; as azas são fuscas escuras, sua margem apical mais pallida. O abdo- men é subtriangular, agudo no apice e tem um fraco lustre metallico; em cada lado do segmento basal uma pennugem de pubescencia branca; em baixo a escova ventral é branca-amarellenta. Com- primento 13 mm. Hab. Pará. Nota: O unico exemplar descripto por F. Smith é provavelmente um individuo velho e gasto, visto como a superficie dorsal quasi não tem pu- bescencia e as azas são rotas nas margens; pelo aspecto geral parece pertencer a um outro genero ; é porem uma verdadeira Megachile. (Traducção da descripção original ; não conheço a especie). 3. Megachile fiebrigi Schrottky Fig. 4, I, pag. 152: Escudo nasal, Clypeo e Mandibula 1908 — M. fiebrigi Schrottky, Anal. Soc. Cient. Areentina.LXV/"p.,25%, Nao, O. 1909 — M. planiceps Friese, Deutsche Entom. Zeitschr. p. 236, 9. @ Preta, fusco-pilosa, o clypeo com a margem anterior chanfrada, em simi-circulo, liso no meio, nos lados finamente pontuado, o mesonotum coberto com pontuação fina e espalhada, o scutellum liso, brilhante, sem pontuação, pelo menos no meio, seu , apice um pouco levantado; o abdomen é nu, quasi sem pontuação, o pygidium opaco com pellos muito curtos ; as azas são subhyalinas, as nervuras fuscas ; as tegulas e as pernas pretas ou fuscas, os tarsos em baixo ferrugineo-pilosos; os calcares pallido- amarellentos, a escova ventral branca. Comprimento 12-13 mm., largura do abdomen 4-5 mm. Hab. Norte da Republica Argentina ; Paraguay ; Estado de S. Paulo. Mus. Paul: Est. S. Paulo: 9 Rincão IL 1901; Rio Feio 1905. Nota. Megachile tergina Vasch. do Perú e Bolivia (Rev. Entom. Caen, 1908, p. 223, n. 2) éa julgar pela descripção, synonyma de M. fiebrigz ; não estou porém seguro da identidade, schando-se M. teraina na secção: «Escova ventral preta ou, si é pallida na base ou no centro, sempre preta de- baixo do sexto segmento» ; a escova da nossa espe- cie é totalmente branca. 4. Negachile nudiventris Sm. 1893 — M. nudiventris Smith, Cat. Hymen. be. Mus... J. p. 486, n.2€ (mec Schrotthy!. Rev. Musa Pawls-V op. 489, nui 7): @ Preta, a cara com pubescencia preta, curta e espalhada, e uma mistura de pellos cinzentos aos lados do clypeo; no meio da margem ante ior do clypeo uma pequena chanfradura, as antennas em baixo amarellentas ; a pubescencia no disco do tho- rax é anteriormente preta, posteriormente e nos lados do segmento mediario cinzenta; os tarso em baixo cobertos com pubescenc a vivamente amarel- lenta, no resto as pernas tem uma pubescencia cin- zenta, curta, espalhada, um pouco fusca em frente das pernas anteriores, os calcares pallido-amarel- lentos. O segmento basal do abdomen coberto com pubescencia cinzenta; de resto é nú e tem um brilho metallico; em baixo a escova ventral é branca. Comprimento 13-14 mm. Hab. Brazil. (Não conheço a especie). — 156 — 4, Megachile nudiventris atahualpa n. Suhspe 2 Mgra, clypeo veritceque fusco-hirtis, la- teribus facrer albo-hirtis paucis pilis fuscis inter- mats ; clypeo convexo dense punctato inargine antica in medio per pauce emarginata ; mandi= bulis punctatis, 4-dentatis, dentibus omnibus acu- tis. Mesonoto creberrime punctato, disco sparsius et subtelius, fuscoque prloso ; scutello rotundato, punctalissimo, postice longs pilis fuscis celratis, segmento medio dense in medio fusco — lateribus albo-piloso, area basal -- ut videtur — impun- ctato ; pedibus nigris. fusco — et cinerascents — hirtis, tarsis posticis ubsque fusco-hirtis, tegulas fusco-ferrugineis, alis subhyalinis, cellula radiale infuscata, apice cellulae medranae quoque, nero. rec. 2.º paulo ante apicem cell. cub. 2.% mstructo. Abdomine sublililer punctulato, segmento primo utrinque albo-hirto ; scopa ventrali maxime alba. Long. corp. 11 mm. lat. abdom. 3,8 mm. Hab. Peru. Mus: «Paul. +9) Type... Pert. Ao descrever a forma typica de Smith não é mencionada a côr das azas; é pois possivel que atahualpa seja especie distincta. 5. Megachile proserpina Schrottky 1908 — M. proserpina Schrottky, Anal. Soc. Cient. Argentina, LXV, p. 233, n. 2, O. 1902 — Megachile nudiventris (nec Sm.) Schrottky, Rev. Mus. Paul. V, p. 439. Q Preta; a cabeça branca, pilosa; o thorax com pellos pretos e brancos; o abdomen nú, a es- cova ventral brancacenta; os tarsos em baixo fer- rugineo-pilosos ; o clypeo plano com uma larga giba transversal na margem anterior, no disco fina- mente pontuado; o vertice, o mesonoto e o scutello com escassa pontuação muito fina; o abdomen mais densamente pontuado, o pygidium opaco, as azas. — 157 — pretas com brilho azulado ou violeta, as nervuras pretas; as tegulas e as pernas são pretas, os cal- cares amarellentos. Comprimento 14 mm., largura do abdomen 5 mm. Diftere de todas as outras especies pela giba transversal do clypeo e pela côr preta das azss. Hab. Argentina (Missiones); Paraguay; Est. de S. Paulo, Est. do Amazonas. Mus. Paul. 99 Est. de S. Paulo: Jundiahy, Rio Feio etc., Est. do Amazonas, Manäos. Em meu trabalho publicado no vol. V desta revista, esta especie foi erradamente indentificada a M. nudiventris Sm. 6. Megachile iheringi 7. sp. 2 Magra, capite supra omnino albo-hirto, tamen vertice, clypeo, area mlerantennali margi- nibusque oculorum pilis fuscis vestitis, orbitis pos- tacis oculorum brevius fusco-hirtis ; mandibulis ad basim parum dense punctatis, longitudinaliter sul- catis, apice sinuoso, angulo antico obtuse biden- tato ; clypeo dense, paruin crasse punctato ; mar- gine antica 4-denticulata ; vertice punciato, par- bus reliquis capitis a pubescentia obscondits ; antennis nigris. articulo primo flagell: globoso, segundo fere duplo longiore, reliquis mimoribus. Thorace breviter nigro-hirto, mesonoto crebe pun- ctato, sculptura scutelli, segment: medi etc. ab- scondita ; pedibus nigris fusco-hirhs, calcaribus posticis tegulisque fuscis; alis atris caeruleo-mi- cantibus cellula cubstali secunda nervum recur- rentem secundum ante apicem acciprente. Abdo- mine — ut videtur — crebre punctulato, dense nigro hirto, epipygio fusco-hirto, scopa ventral fuscatra. Long. (capite extenso) 15 mm., lat. abdom. 4,8 mm. Preta, a cabeca, em geral branco-pilosa, po- rém o vertice, o clypeo, a area interantennal e as margens interiores dos olhos com pellos fuscos, as margens posteriores dos olhos com pellos fuscus mais — 158 — curtos; as mandibulas na base com pontuação não muito densa e com um sulco longitudinal ; seu apice é sinuoso, o angulo anterior obtusamente bidenta- do; o clypeo com pontuação densa mas não muito grossa, sua margem anterior com 4 denticalos ; o vertice pontuado, as outras partes da cabeça escon- didas debaixo da pubescencia; as antennas são pre- tas, o primeiro articulo do flagellum é globoso, o segundo é duas vezes mais comprido, os outros são mais curtos. O thorax preto com pubescencia curta, o mesonotum rugoso-pontuado, a esculptura do scu- tellum, do segmento mediario etc. escondida de- baixo dos pellos densos; as pernas são pretas e fusco-pilosas, os calcares Ill e as tegulas fuscas ; as azas são pretas com brilho azulado; a se- gunda cellula cubital recebes o egundo nervo trans- verso-discoidal antes de seu apice. O abdomen pa- rece ter a pontuação muito densa e grossa, mas é densamente coberto com pellos pretos, o pygidium é fusco-piloso, e a escova ventral quasi preta. Com: primento 15 mm., largura de abdomen 4,8 mm, Hab. Est. de São Paulo. Mus. Paul. 9 Jundiahy, 25, I 1900 (Typo!) Dedicado ao illustre director do Museu Pau- lista, sr. dr. H. von Ihering. 7. Megachile rubriventris Sn. {S79 — M. rubriventris Smith, Descr. New Spec Elym pio, nel eo. 9 Cabeça e thorax pretos, o abdomen fer- rugineo. Com ligeira pubescencia cinzenta na cara, preta no vertice; o flagellum é fulvo em baixo. O thorax com pubescencia preta em cima; no segmento mediario, nos lados em baixo e tam- bem nas pernas é cinzenta; em cima é preta nas pernas; o articulo unguiculado dos tarsos é ferru- gineo; as azas são fulvo-hyalinas, as veias e as tegulas são ferrugineas. O abdomen é ferrugineo, brilhante e com fina pontuação chata; a pubescen- cia é branca em baixo, excepto nos dous segmentos apicaes, onde é preta. Comprimento 10 mm. Hab. Santarem (Est. do Pará). Não vi esta especie. Mus. Paul. Equador (Friese det.) 8 Megachile pulchra Sn. 1879 — M. pulchra Smith, Descr. New Spec. Hym; plie. 28, Gras P Cabeça e thorax pretos, vestidos com pu- bescencia fulva, o abdomen e as pernas ferrugineas ; o flagellum das antennas fulvo em baixo. As azas são fulvo- hyalinas, sua margem apical ligeiramente escurecida, as nervuras rufo-amarellentas ; as pernas algumas vezes ma's ou menos marchadas de preto, algumas vezes inteiramente ferrugineas. A margem apical dos segmentos abdominaes com ligeiras faixas pallidas; em baixo vestido com pubescencia pal- lido-fulva. Comprimento 13 mm. & Muito parecido à femea, mas tem a metade apical das mandibulas ferruginea e as antennas in- teiramente dessa côr, sendo sômente um pouco fuscas em cima; os tarsos I dilatados, o metatarso es- tirado num longo processo que se estende alem dos articulos subsequentes; todos os articulos atraz com franjas ou pubescencia comprida e encrespada, fusca nas pontas; as coxas I armadas com espinhos pre- tos; as azas como na femea; o segmento apical do abdomen com uma depressão profunda, sua margem debil:nente chanfrada. Hab. S. Paulo de Olivença, Est. do Amazonas. Não conheço a especie. 9. Megachile ventralis Sm. 1879 — M. ventralis Smith. Descr. New Spec. Hym. p. 75, n. 40, Q. @ Preta; o thorax densamente coberto com pubescencia cinzenta debilmente tingida de fulvo em — 160 — cima. O vertice com pallida pubescencia fulva; os Jados da cara cinzentos; oclypeo fortemente pon- tuado, sua margem anterior arredondada. As azas são hyalinas sua margem apical escurecida; uma mancha amarella na cellula radial; as nervuras e tegulas rufo amarellentas; as pernas cor de breu avermelhado-escuras com fraca pubescencia cinzenta, a dos tarsos fulvo-pallida, a do metatarso III fusca- escura. Abdomen cordiforme, brilhante, com o py- gidium opaco e muito finamente pontuado; em- baixo o segmento basal e um pequeno espaço no meio do segundo segmento com pubescencia branca, nas outras partes com pubescencia preta. Compri- mento 12 mm. Hab. Ega, Est. do Amazonas. (Esta especie não é bem caracterisada, e pode ser que fique melhor collocada em uma outra secção; não a conheço). 10, Megachile pilosa Sm. 1879 — M. pilosa Smith, Descer. New Spec. Ryne poi Mes a. Ap Q Preta, coberta com pilosidade variavel dou- rada; a cara com curta pubescencia pallido-dourada, em frente da inserção das antennas tem um pouco de pubescencia preta; o clypeo fortemente pontuado, sua margem anterior serrilhada. O thorax com curta pubescencia pallido-dourada; as azas fulvo- hyalinas, a margem apical do par anterior fusca, mais escura em uma linha que passa pela cellula radial; as nervuras ferrugineas, as tegulas amarel- lentas; o thorax em baixo, bem como as pernas, tem uma pubescencia fina, curta e espalhada, mais densa nos tarsos, no par posterior fulvo em baixo. Abdomen piloso, os segmentos 4 e 5 com faixas pal- lido-fulvas. e sexto densamente piloso ; a escova ven- tral é fusca no meio e pallida nos lados. Compri- mento 9 mm. Hab. Fonteboa, Est. do Amazonas. (Não vi esta especie). — 161 — 11. Megachile vigilans Sn. 1879 — M. vigilans Smith, Deser. New Spec. Hym. podia 146; ©. 9 Preta com a base extrema do abdomen em cima e os dous segmentos basaes em baixo ferru- gineos. A cara com pubescencia fulva; o clypeo nú, pontuado, com um espaço brilhante, não pon- tuado no meio; sua margem anterior é emarginada, o flagellum é fulvo-escuro em baixo. O thorax com curta pubescencia fulva em cima, no segmento me- diario mais comprida; as azas pallido-fulvo-hyalinas debilmente escurecidas no apice, as nervuras e as tegulas ferrugineas; as pernas côr de breu aver- melhado-escuro; o par II e III ferrugineos em baixo, os tarsos com viva pubescencia fulva em baixo. Abdomen brilhante, coberto com fina pontuação chata; as margens apicaes dos segmentos franjadas lateralmente com pubescencia fulva; o segmento apical opaco e coberto com uma fina pilosidade cinzenta; a escova ventral fulvo-pallida, mas preta nos dous segmentos apicaes. (Comprimento 11 mm. Hab. Pará. (Compare-se tambem MW. anomala, da qual talvez é a forma amazonica; a base ferruginea do abdo- men e as pernas mais escuras por emquanto ser- vem de caracter differencial à M. vigilans). 12. Megachile ruficornis Sy. 1893 — M. ruficornis Smith, Cat. Hym. Br. Mus: 1, .p: 188, Dn. 1998, 0. © Preta, as antennas e as mandibulas verme- lhas, estas ultimas fuscas no apice; a cabeça e o disco do thorax cobertos com pubescencia fulva ; nos lados e em baixo é cinzenta; as pernas ver- melho-amarellentas ; as azas hyalinas. amarellentas na sua margem anterior; as tegulas e as nervuras pallido-rufo-amarellentas ; todas as margens apicaes dos segmentos abdominaes tem uma estreita faixa branca; a escova ventral é amarella muito pallida, — 162 — mesclada nos lados e no apice com pellos pretos. Comprimento 13 mm. Hab. : Brazil. (Descripção demasiado incompleta, faltando todos os caracteres inorphologicos ; não conheço especie alguma com estas cores). 13. Megachile moderata Sm, 1879 — M. moderata Smith, Descer. New Spec. Elgin. FD. toll, do TR 9 Preta com as azas fulvo-hyalinas, as mar- gens apicaes dos segmentos do abdomen com faixas brancas muito estreitas. A cara com pubescencia branca nos lados e entre as antennas, um pouco fulva entre cs ocellos; as mandibulas ferrugineas com dentes pretos; o flagellum fulvo em baixo com o articulo apical preto. O thorax em cima com es- cassa pubescencia fulvo-pallida, curta ; no segmento mediario, nos lados e em baixo é brancacenta ; as pernas côr de breu avermelhado-escuro, mais pal- lidas em b:ixo, e cobertas com pillosidade branca, deitada ; a dos tarsos em cima mais ou menos fulva, em baixo vivamente rufo-fulva ; as nervuras das azas e as tegulas rufo-amarellentas. A escova ventral fulva, nos lados marginada de preto; o abdomen em cima é coberto com fina granulação e tem uma curta e escassa pubescencia, visivel quando vista de lado. Comprimento 14 mm. Hab. : Ega, Est. do Amazonas. (Não conheço a especie que, embora não conte- nha descripção de caracteres morphologicos, parece reconhecivel.) 14. Megachile incongrua Sn. 1879 — M. incongrua Smith, Descer. New Spec. VID p. 19,00 AS NO so: Q Preta, com as pernas ferrugineas. A cara densamente coberta com pubescencia branco-amarel- lenta; as bochechas tem uma pubescencia analoga, — 163 — porem mais comprida; o apice das mandibulas é ferrugineo. A pubescencia do thorax é semelhante à da cabeça; o mesonotum e o scutellum são densa e finamente pontuados ; as azas são subbyalinas, sua margem apical e a cellula radial escurecidas, as nervuras e as tegulas ferrugineas. O abdomen bri- Ihante, com o pygidium opaco e coberto com fina pontuação chata; es margens apicaes dos segmentos franjadas com pubescencia branca, usualmente mais ou menos interrupta no meio; a escova ventral branca. Comprimento 9 mm. d' Do mesmo comprimento; as pernas ferru- gineas, mas um tanto manchadas de fusco, os tarsos pretos em cima e com franjas de pubescencia branca. A fronte revestida com pubescencia fulva, as bo- chechas densamente barbadas com pubescencia pal- lida; os tarsos I simples. os trochanteres com um espinho agudo angular; as azas como na femea. O abdomen oblongo, a base profundamente concava, as margens dos segmentos constringidas ; as margens apicaes lateralmente com franjas brancas; a margem do pygidium arredondada; os segmentos ventraes tem uma grossa franja branca marginal. Hab. : Tonantins, Est. do Amazonas. (Não vi esta especie). 15. Megachile susurrans fai. 1836 — M. susurrans Haliday, Trans. Linn noe) XVI p. 320, nt 13°49. @ Cabeça e thorax fulvo-pilosos ; e abdomen com faixas brancas ; as tegulas e as pernas ferru- gineas ; os femora, as tibias I e os metatarsos no lado exterior denegridos. Preta, de estatura entron- cada; as pernas amarellento-pilosas ; as azas hya- linas, as nervuras ferrusineo-smarellas; a escova ventral brancacenta. Comprimento 9 mm. ; expansão das azas 19 mm. Hab. : Brazil, São Paulo (qual ?) (Em vista de ser a descripção tão resumida, não me é possivel reconhecer a especie). — 164 — 16. Megachile gracilis Schrottky 1902 — M. gracilis, Schrottky, Rev. Mus. V p. 4395 n. 2 Q. (excl. d). P Veja-se a descripçäo no lugar indicado. Hab. : Jundiahy, Est. de S. Paulo. Mus. Paul. 2 Jundiahy 28. I. 00 (Typo). 17. Megachile anomala Schroltky 1902 — M. anomala Schrottky, Rev. Mus. Pants Vo dt stl a 190% — M. campinensis Schrottky, Anal. Soc, Cient. Argentina, LXV, p. 236, n. 8, ©. 9 Especie muito variavel; a pubescencia do vertice e mesmo do mesonotum torna-se fusca e atê preta; a escova ventral algumas vezes é preta sO no apice, outras vezes tambem nos dous ou tres segmentos apicaes. Os caracteres constantes são : 0 espaço não pontuado no meio do clypeo e o scutum nasale quasi inteiramente liso. O articulo 2.º do fla- gellum é um pouco mais curto do que o 1.º Em exemplares frescos não é difficil ver um dente muito pequeno na margem anterior do clypeo; o tama- nho do corpo varia entre 10 e 12 mm. Hab. Brazil, Est. de S. Paulo; Est. do Ama- zonas; Paraguay. Argentina, Missiones, Perú. Mus. Paul. 99 Est. de S. Paulo, Ypiranga, Jundiahy, Campos do Jordão, Rincão; Est. do Ama- zonas : Manaos; Peru. Nos mezes ‘de Janeiro, named Março, Maio, Agosto, Dezembro. 18. Megachile leucocentra Schrottky 1908 — M. fossoris leucocentra Sehrotiky, Anal. Soc. Cient. Argentina, LXV p. 236, n. 9, 9. @ Preta, o clypeo trapeziforme, fina e espa- cadamente pontuado ; as mandibulas vermelhas; a — 165 — cabeça em frente, as pleuras e o peito cinzento- pilosos; o vertice, o mesonotum e o scutellum fulvo-pilosos, os pellos no disco do mesonotum muito curtos e algumas vezes ausentes. O flagellum em baixo ferrugineo. A cabeça eo thorax muito densa- mente pontuados, opacos; as tegulas ferrugineas ; as azas amarellento-hyalinas, com as nervuras fer- rugineas ; as pernas fusco-ferrugineas, em algumas partes mais claras, fulvo-pilosas, os calcares brancos. A base do abdomen é ferruginea e fulvo-pilosa, todos os segmentos tên na margem apical cilios caducos amarellentos; o pygidium é invertido py- riforme; a escova ventral brancacenta, no apice preta. Comprimento 13 mm. ; largura do abdomen 4,9 mm. Hab. : Paraguay; Est. de S. Paulo. Mus. Paul. : Est. de S. Paulo, Victoria de Bo- tucatu, Rincão, Rio Feio. Nos mezes de Fevereiro e Outubro. Talvez seja identica à especie seguinte ? 19. Megachile fossoris Sm. {879 — M. fossoris Smith, Descr. New Spec. Elma Ps | TH) 42; «O: | Q Preta, com a base extrema do abdomen e as pernas ferrugineas. A cara em cada lado do caraya. Estas duas especies divergem, en- tretanto, na conformação deste detalhe de estructura: a margem orbital de A. caraya termina na gla- bella, emquanto que em A. /usca ella se prolonga em forma de bordo entumecido por sobre a glabella, em direcção à do lado opposto. Átraz deste rebordo tranversal da glabella a testa é concava, emquanto que ella é quasi uniformemente plana em A. caraya. Alem disto estas duas especies que habitam a região ao sul da Amazonia ainda tem de commum a confor- mação da metade posterior do osso palatino, que é quasi horizontai, emquanto que nas especies ama- zonicas, especialmente nos machos adultos este osso soffre atraz uma curvatura para cima. A crista nasal da À. caraya & quasi rectilinea ; em A. fusca eila é concava, em forma de sella. Entre as especies da margem septentrional do Ama- zonas tambem A. siraminea tem o osso nasal curto e concavo, emquanto que as cutras especies o tem apenas muito pouco curvo, quasi direito. Hensel deu certo valor à forma do maxillar inferior, isto é à grande proeminencia do mesmo em A. fusca em comparação com A. seniculus ; entretanto na nossa serie ha craneos em que esta differença não existe e tainbem a largura dos in- cisivos tão pouco como o comprimento da serie dos molares não tem valor differencial. Em geral os caracteres especificos bem pronun- ciados observam-se melhor nos machos velhos e durante os meus estudos apreciei, em especial, o valor dos seguintes caracteres: a conformação da margem orbital superior e dos ossos palatinos e nasaes. Alem disto verifiquei que ainda um outro osso, que até agora não hava sido estudado, deve ser tomado em consideração: é o osso hyo de. A por- ção principal deste osso que designamos como sendo o corpo, é entumecida na sua parte anterior-superior, por onde se estende a cavidade geral. A margem inferior d-sse corpo, de onde, de cada lado partem os longos e bem desenvolvidos cornos posteriores, é que menos tranformações soffreu. Ainda que em todas as especies de Alouatia esse osso hyoide tenha passado pelas modificações necessarias para a sua funcção de capsula resonante, comtudo a respectiva forma é caracteristica para cada especie, de modo que só por elle é possivel fazer a classificação dos especimens. No proprio corpo do osso, na sua porção entumescida, encon- tram-se diversidades, como sejam o estreitamento posterior, que falta apenas em A. belzebul, especie esta que aliás entre todas tem o osso hyoide mais entumescido. À porção mais caracteristica é em especial a margem posterior e a lamella que, partin- do dahi vae ter em cima à abertura larga do corpo, lamella esta que denominaremos «tentorio». Em A. sen culus este tentorio é pronunciadamente arqueado- convexo com margem anterior ou superior recta. Em A. belzebu! elle é concavo, en A. fusca chato ou ligeiramette concavo, de modo que a margem livre superior é quasi sempre convexa. Em A. caraya o tentorio falta de todo ou, havendo vestigios, é chato, baixo, com margem superior recta. A margem posterior do tentorio entre os dous cor- nos trazeiros é chanfrada em A. caraya, estreita em A. belzebul, um tanto larga em A. fusca e muito larga e arqueada em A. seniculus. Fig. A Larynge e osso hyoide de Alouatta fusca, vendo-se emcima o osso com a sua abertura dirigida para d'ante ; dos processos posteriores parte O «ligamento», pelo qual se une à larynge. Caracteristica tambem é a altura do tentorio considerada na proporção da abertura de resonancia, como se o verifica pela tabella seguinte. Expri- mem essa relação em percentagem da altura da abertura de resonancia os seguintes algarismos da altura do tentorio: A. caraya 0-11; A. belze- bul 35, A. fusca 48-66; A. seniculus 71, sempre do sexo masculino. E” evidente que assim A. senzculus com ten- torio extraordinariamente longo e muito arqueado bem como A. caraya com tentorio muito reduzido ou de todo ausente se distinguem sem difficuldade das demais especies. Si tomarmos em consideração tambem os exem- plares femininos e juvenis vemos que os tentorios nestes casos são sempre muito baixos ou faltam in- teiramente, o que explica a forma deste orgão em A. caraya. Nas femeas adultas de A. belzebul o tentorio tem apenas metade da altura que se obser- va no macho, e na femea de 4. fusca elle é pro- porsionalmente ainda mais baixo; na femea de À. caraya o tentorio falta inteiramente. Em um ma- cho novo de A. fusca n. 40%, ao qual ainda fal- tam os dous molares posteriores, tambem o ten- torio ainda não existe. Para melhor comprehensão do que fica exposto com relação a estas particularidades do osso hyoi- deo, reproduzo desenhos desses orgãos de todas as espacies brazileiras; quanto aos detalhes relativos às dimensões, reunimol-os na seguinte Tahella das medidas do osso hyotdeo ESPECIE | Ee EE = É Si E Zé | E2 | = JEES| EESER Werbelvebul) game gh. Elid a 39,0 3D AL phelzebul’ Qui vse.) > BAhox2B8hdo eee 20 30 A. fusca 2204 gy. .| 58) 32/14,5] 30 48 AtGfusca.. 22080 Setesiie 62/88) 21811227; 0066 Motes Glad: sey 4411028400 Gre 22 27 A. seniculus q . .| 66|39,5| 18,5) 26 71 A. caraya g . . .158,5| 33,5) 4,5) 40,5 11 Aicaray antqdesar WN 54) «52 One 0 Aa VD, er) «Bb 0 — 242 — Das especies Alouatta vllosa e palliata infe- lizmente não disponho de material. Será facil ve- rificar pelo respectivo exame si os ossos hyoideos das especies central-americanas pertencem ao grupo de sen.culus ou de caraya. Entre os numerosos ossos hyoideos de A. caraya do Museu Paulista ha um exemplar com uma estreita lamella transversal en- tre os cornos posteriores e ainda um outro especi- men com lamella identica, atraz da qual se encaixa uma exigua cavidade em forma de sacco. A margem posterior é arredondada em A. se- nevlus e belzebul, rhomba ou um tanto chanfrada em A. fusca e nitidamente chanfrada em A. caraya. Uma outra questão que ainda deve ser men- cionada é a feição dos cabellos frontaes, dispostos em rodopio mais ou menos triangular e que des:- gnamos como o «tupete»; já o mencionei ao des= crever A. belzebul e observo que tambem nos exem- plares de machos velhos de A. seniculus e stra- minea da nossa serie os tupetes estão bem desen- volvidos. A’ maior parte dos exemplares de A. caraya que tenho presentes elle falta, mas Sclater o figura em seu trabalho nos Proc. Zool. Soc. London, 1872, p. 6 e tambem Burmeister menciona-o na Descri- ption phys. I], 1879, p 48. Mais adiante à pa- gina Ol Burmeister acha que o tupete falta à es- pecie 4. fusca, o que entretanto devo desdizer à vista dos nossos exemplares. Evidentemente Bur- me ster não conheceu exemplares machos bastante velhos e assim tambem & de suppor que, ao ser examinada uma boa serie de machos velhos de 4. v.llosa, se verifique ser erronea a opinião de Sclater, quando diz faltar o tupete a esta especie. E” pre- ciso tomar em consideração que é muito bem pos- sivel que taes caracteres proprios aos individuos mais velhos, em alguns delles nunca cheguem a se de- senvolver. Esse conjuncto de caracteres que até aqui vi- mos estudando, uma vez examinado com relação a — 243 — todas as especies do genero, permittirá o agrupa- mento natural das mesmas. Tomandc em consideração só as especies bra- zileiras podemos, nesta base, estabelecer dous gru- pos, dos quaes um abrange as especies do Brazil medio e meridional, emquanto que ao outro perten- cem as especies amazonicas. O primeiro delles tem uma margem orbital larga, emquanto que na se- gunda ella é fina. Caso isto levasse au estabeleci- mento de dous subgeneros, Alouatla s. str. com- prehenderia as especies amazonicas que são as que ha mais tempo foram descriptas, inclusive os typos dos varios nomes genericos propostos. Por outro lado A. caraya contrasta com todas as demais especies, principalmente com relação à forma do osso hyoideo. Nestas circumstancias e emquanto não disponho de informações precisas sobre as especies central-americanas, prefiro deixar apenas apontadas estas questões, para resolução ul- terior. A grande dificuldade nesta discussão é que nos faltam em absoluto quaesquer dados para a apre- ciação do desenvolvimento phylogenetico do orgão de resonancia em que se transformou o osso hyoideo. Varios outros macacos, como por exemplo os Ateles possuem dilatações analogas da garganta ou da la- ringe mas não ha ahi nenhuma interferencia do osso hyoideo. Não podemos esperar que obtenhamos esclarecimentos da parte de achadcs paleontologicos e assim apenas nos resta a comparação morpho- logica como base para a discussão. Evidentemente os saccos de resonancia a principio da frente se justapuzeram ao corpo do osso hyoideo, vindo a ficar collocados, depois, em uma simples depressão do mesmo, o que successivamente conduziu a uma concavidade e finalmente redundou nessa entume- scencia do corpo do osso hycideo. A ultima phase desta transformação parece ter consistido no desenvolvimento da parte posterior da cavidade e assim ainda hoje esta porção do orgão é pequena ou falta de todo em A. caraya. O grande crescimento deste recesso posterior, a conformação arredondada e entumescida da mar- gem posterior e o desenvolvimento da lamella as- cendente são as ultimas phases deste processo evo- lutivo. Está de accordo com esta interpretação o que vimos nos especimens femininos, em que este orgão não sO é menor, como tambem a lamella ascendente, isto é o tentorio, ê muito mais curta e o recesso posterior menos volumoso. F7 que a fe- mea se assemelha mais neste respeito à forma ju- venil commum aos dous sexos, ou por outra, as fe- meas mantem durante toda a vida os caracteres juvenis, emquanto que nos machos quanto mais velhos, tanto mais pronunciadamente nelles se evi- denciam as particularidades caracteristicas da especie. Do que fica exposto resulta que, sub ponto de vista phylogenetico ha a distinguir no desenvolvi- mento do genero — Alouatta duas phases, distinctas com relação à transformação peculiar do osso hy- oideo ; por emquanto nos é conhecida só uma dellas, a da formação do tentorio com o recesso posterior que elle inclue. Este ultimo processo já é a phase final e on- togeneticamente elle se repete, visto como o tentorio ainda falta nos machos novos; é muito provavel que nas femeas novas se dê o mesmo, mas infe- lizmente não pude examinar taes especimens. As femeas conservam-se durante toda a vida nesta phase de macho novo e em uma das especies, 4. caraya geralmente nem nos machos velhos o tentorio não se desenvolve. Neste sentido A. caraya apresenta a modalidade mais primitiva desta evolução e, pa- rece-me que tambem quanto aos demais caracteres, em especial aos do colorido, podemos suppor o mes- mo. Deste modo deveremos considerar aquellas es- pecies, cujos machos velhos tomam um vivo colo- lorido vermelho, como as que soffreram as modi- ficações mais profundas. O colorido primitivo do genero Alouatta seria portanto semelhante ao que actualmente ainda obser- vamos em A. caraya, isto é pardo ou pardo-ama- rellado nos individuos novos e nas femeas velhas e bruno-escuro até quasi preto nos machos velhos. Um exame meticuloso das bolsas resonantes e dos outros caracteres que vierem ao caso nos ge- neros Zriodes, Cebus e outros affins tomando em con- sideração tambem as formas juvenis, dará certa- mente os melhores resuitados, no sentido de se poder concatenar as modalidades, que se observarem nesses generos aparentados, com as que ficam descriptas para Alouatia, cujo osso hyoideo transformado, portanto, ainda se nos afigura como um caso isolado. Para facilitar a classificação das especies da mossa fauna, elaboramos a seguinte Chave de classificacao das especies brazileiras do genero Alouatta segundo caracteres osteologicos A Margem orbital superior grossa, com 3 a 6 mm. de espessura; face dos palatinos horizontal, margem inferior do osso hyoideo chanfrada ; ten- torio curto ou ausente: a Margem orbital supe- rior entumescida, ex- tendendo-se até a gla bella; ossos nasaes cur- tos, concavos: tentorio não muito longo, em geral plano ou concavo. A. fusca aa Margem orbital superior pouco entuinescida, ter- minando aquem da gla- bella; ossos nasaes alon- gados, quasi planos; tentorio ausente ou mui- tO pequenos === À. “caraya AA CC bb — 246 — Margem orbital supe- rior fina, com 2-3 mm. de espessura ; margem inferior do osso hyoide arredondada ou alarga- da; tentorio bem des- envolvido. Face dos palatinos cur- vada para cima; ossos nasaes longos, apenas ligeiramente concavos : Frontal acima da gla- bella plano; compri- mento basilar nos ma- chos de 111 a 113 mm.; recesso posterior do osso hyoideo largo, tentorio longo e convexo. Frontal acima da gla- bella ligeiramente con- cavo, muitas vezes la- teralmente com covinha antes do inicio da crista temporal; comprimento basilar do macho de 101 a 106 mm. (excepcional- mente até 111mm), Re- cesso posterior do osso hyoideo de tamanho re- gular, tentorio concavo. Face dos palatinos ape- nas curvados para cima quasi horizontaes. Ossos nasaes curtos, fortemen- te curvados, concavos. Frontal acima da gla- bella quasi plano ; com- primento basilar de 90 a 100 mm. Osso hyoi- deo desconhecido e A, As seniculus belzebul straminea Parte especial das especies brazi- leiras do genero Alouatta Alouatta fusca Gcofr. São synonymos desta especie Myceles urs nus de Wied e Hensel, c tambem a figura publicada por Humboldt representa o mesmo animal, emquanto que a descripçäo do mesmo auctor se refere a uma outra especie. Em consequencia deste equivoco, isto é por ter sido a descripçäo de uma especie do Orinoco, acompanhada da figura deste nosso bugio, o nome especifico ursinus frequentemente tem sido mal applicado. Esta especie occorre 20 Brazil meridional desde o Rio Grande do Sul ao longo da Serra do Mar, até a Babia, e segundo Burmeister até ao rio S. Francisco. Desta forma temos no Estado de S. Paulo a especie 4. fusca na região littoral, emquanto que na região do Oeste vive A. caraya. Em geral só os exemplares machos adultos, mais velhos adquirem a côr ruiva-viva, emquanto que os mais novos são mais escuros; nas femeas predomina o colorido bruno, quasi preto. Pelo exame do material da collecçäo do nosso museu distingo duas formas locaes; uma meridional que occorre entre o Rio Grande do Sul e o Rio de Janeiro e outra septentrional, da Bahia, Espirito Santo e regiões adjacentes de Minas Geraes. A esta ultima forma refere-se Juhl, segundo o qual no Museu de Paris havia destes especimens trazidos pelo principe Wied. Tambem a descripçäo mais an- tiga de Geoffroy refere-se a esta subspecie, como se deprehende da indicação de que as pontas dos pellos dorsaes são de côr amarello-dourada. — 248 — Os nossos exemplares do Espirito Santo e de Theophilo. Ottoni, todos da região do rio Doce, comquanto de colorido variavel, tem a particularidade ca- racteristica em am- bos os sexos de ter- minarem os pellos dorsaes em longas ra 1 pontas amarello-pal- lidas. Nas femeas em geral o colorido é mais escuro. A côr Secções mediaria: do osso hyoide Alo- ruiva quando mais ualta fusca fusca Geoffr. (fig. 1) e Al. fusca gugriba Ih. (fig. 2), machos adultos. Osal- avi 2 ] = garismos estao collocados no recesso poste- evidente, à; Malls 78s dente aa fama membrana sseer” cura do que na varie- dade meridional. Ao contrario, nesta ultima, predomina nos ma- chos o tom ruivo e bruno-vermelho e as femeas são bem mais brunas, denegrides, quasi bruno-pre- tas. A esta subspecie meridional damos a denomi- nação de ALOUATTA FUSCA GUARIBA subsp. n. Os machos velhos tem um tupete bem desen- volvido ; varios auctores o puzeram em duvida, mas “sem razão. EK’ muito provavel que não haja especie alguma de Alowatta na qual os individuos mais velhos, ou ao inenos parte delles, não adquira um tupete. Alouatta caraya Hunb. Esta especie foi descripta em 1811 com o no- me de Simia caraya por A. v. Humboldt e em 1812 como Stentor niger por E. Geoffroy ; ambos os auctores referem-se à descripção de Azara. Troues- sart reuniu correctamente a synonymia; accre- scentaremos que H. Winge (E Museu Lundi, VI, 2, p. 4) empregou para a mesma o nome Mycetes seniculus. A. caraya & especie do Brazil central, occorrendo tambem na Bahia e nas regiões occi- dentaes dos Estados de São Paulo e Paraná. Na Ar- — 249 — gentina encontra-se segundo Burmeister no Grão Chaco e em Corrientes. Conhece-se esta especie ainda de varias regiões do Matto Grosso, e da Bo- livia e Paraguay. A indicação de Trouessart, de que A. caraya tambem se encontre em Borba, no curso inferior do rio Madeira, baseia-se em indica- ção erronea. Entretanto é certo gue os afluentes da margem direita do Amazonas são habitados em seu curso inferior por outras especies de bugios que não as do curso superior. Desta forma a expedição de Castelnau obteve A. caraya no curso superior do rio Araguaya e A. belzebul no curso inferior ; Natterer que caçára o A. sen'culus no rio Madeira obteve o A. belzebul proximo a emboca- dura do mesmo rio. O. Thomas mencio- j na A. caraya de Inambari do sudeste de Perú e EL. Festa a L (Boll. Mus. Zool. To- LORIE rino, A VII, n. 438, sg. 3e E 8 AO Secções medianas do osso hyoideo de 1903, P- 3) obteve Alouatta caraya Hemb., machos adultos. Os 4 k li - algarismos estão collocados à esquerda da exemplar Es do Ho Fe Jamina ascendente do tentorium, que ral do Equador perto alta no n. 4. 1/2 do tamanho natural. zs de Vinces, estabele- cendo para os mesmos a subspecie equatorialis. Como se deprehende de nosso mappa, as zonas de distribuição de 3 especies diversas de Alouatta con- finam na região de Chapada no Matto Grosso e circumvisinhanças, portanto das cabeceiras do rio Paraguay e ao norte dellas. Comprehende-se, pois, que as varias expedições que percorreram essa zona tenham obtido ahi especies diversas de bugios. Nat- terer colleccionou A. caraya nas cabeceiras e no curso superior do rio Paraguay, emquanto Castelnau menciona A. chrysura ou siraminea dessa zona. E' muito provavel que nesse caso a proveniencia do exemplar tenha sido mal indicada, porque o espe- cimen, que alias é A. seniculus, não fora obtido nas cabeceiras do Paraguay mas na zona adjacente do systema do Amazonas. Em geral mesmo as rotula- ções de Castelaau devem ser acceitas com certa reserva, como o mostra o caso de uma concha do genero Lela do systema Araguaya, que aquelle auctor menciona como proveniente do Rio de Janeiro. Alouatta belzebul L. Ja demos acima informações detalhadas sobre esta especie; a distribuição da mesma limita-se à zona dos afiluentes da margem direita do Amazonas, do rio Madeira até o littoral. Cope recebeu-a de Herbert-Snuth, de Chapada no Matto Grosso. O que Cope affirma com relação à direcção dos ca- bellos da testa, não é exacto, ou antes é uma ge- neralização menos acertada de um caso isolado. Natterer caçou esta especie em Borba no curso in- ferior do Rio Negro. Do Pernambuco ella foi men- cionada já em 1648 por Marcgrave e Piso, mas de então para cá nunca mais houve confirmação a respeito. Seria tempo que o governo de Pernam- buco dedicasse alguma attenção à exploração scien - tifica da flora e fauna do respectivo Estado, o que ja agora ha mais de 250 annos não se faz. Spix obteve esta especie no rio Tocantins, Castelnau no rio Araguaya. Alouatta straminea ‘pz Foi Spa quem em 1823 primeiro descreveu esta especie, segundo exemplares do nordeste do Brazil, isto é do Amazonas superior e do rio Negro. Seis annos mais tarde E. Geoffroy deu-lhe o nome de Mycetes chyrsurus descrevendo exemplares da Colombia; habita tambem a Venezuela, de onde procede o nosso exemplar. O respectivo couro, cuja cor geral é bruno-vermelha, tem no dorso e na metade apical da cauda, os pellos terminados em pontas amarello-douradas. Não se trata apenas de uma variante do colorido de A. sen'culus porque 3 o craneo é sensivelmente menor. As cristas tempo- raes ficam um pouco mais distantes umas das ou- tras do que em A. sen'culus, ainda que, como nessa especie, ellas se prolonguem sobre a margem orbital externo. A margem orbital externa é fina, só pouco engrossada e prolonga-se sobre a glabella em direcção à do = lado opposto. Os rae palatinos mostram ap2nasligeira cur- vatura posterior. São de notar as pequenas dimen- sões e a forma concava dos ossos nasaes. Neste sen- tido a presente especie approxi- Secções medianas do osso hyoide de 4. belzebul (fig. 5) e 4. seniculus (fig. 6). Os alga- ma-se Mais de vale rismos estão collocados no recesso posterior, li- : a De mitado à direita pela curta Jamella a-cendente fusca, especie es do tentorium; figuras de machos velhos, 1/2 de ta na qual Os tamanho natural. ossos nasaes dos machos velhos não medem senão 19-20mm., em- quanto que em A. seniculus, alem de medirem 20-26 mm., são apenas ligeiramente curvos. Para o fim de facilitar a comparação dos craneos damos a se: guinte Fig. 5 e 6 Tabella das medidas dos craneos de Alouatta straminea e A. seniculus | ESPECIE res superiores silar bital — Ss = Comprimento to- Comprimento ba- Largura inter-or- Largura maxima Série dos mola- Comprimento dos OSSOS nasaes Numero A straminea & B.20 116, 100 a 50,0] 36,8] 17,8 A. seniculus “| 769! 133,5] 112) 14| 52,5] 38,5] 25,5 A. seniculus | 771) 134] 110) 15/50,4] 30) 26 A. seniculus Q| 766} — | &8 12,8) 52,5) 33) 16 A. seniculus ¢| 773) 115) 89,5) 11) 52! 36/ 19,8 — 252 — Alouatta seniculus L. EK” uma especie amazonica, que falta apenas nos afluentes da margem direita do Amazonas, entre o. rio Madeira e o littoral, sendo que ahi é substituida por A. belzebul. Quanto às affinidades de À seni- culus com a especie septentrional A. straminea, veja-se o que ficou dito acima, ao me referir a esta ultima. Ao que parece a presente especie é mais ow menos constante no seu colorido ; ha comtudo va- riedades com pello dorsal ruivo claro, mas não com metade apical da cauda amarellada. Humboldt dew a esta especie o nome wrsina, e por engano illus- trou sua diagnose com uma figura do bugio do Brazil meridional; dahi, como já o dissemos, provêm os frequentes enganos de ser dado o nome wrsinæ à nossa 4. fusca. Em geral a synonymia estabelecida por Trowessart & correcta, com excepção de A. seni- culus Winge, que pertence à synonymia de A. caraya. Um incidente engraçado deu-se ainda ultima- mente com relação a exempiares desta especie. D. G. Elliot (Annals and Magasin of Natural History, 8 Sec., Vol. V, London 1910, p. 80) des- creveu especimers do rio Juruá como representan- tes de uma especie nova, que elle denominou A. juara porque como explica, provinham do rio Juara em seu curso em territorio peruano. Tão pouco se trata de uma especie nova, nem mesmo de uma subspecie indescripta, como não ha nenhum rio com o nome de «Juara». Alem disto Ællot não consultou nem mesmo mencionou a unica publicação existente com relação aos simios da zona do Juruá e que fora por mim publicada no Vol. VI desta revista, 1904, pg. 408. Finalmente o auctor em questão nem de passa- gem se refere aos exemplares de A. seniculus que por: este museu foram enviados ao Britsh Museum, a cuja collecçäo entretanto se refere. Entretanto foi especialmente com o fim de evitar desatinos como. este aqui exemplificado que o vffereci ao mur — 253 — seu londrino uma serie quasi completa dos dupli- catas da nossa collecçcäo de macacos do Juruá. E ainda que o British Museum tivesse recebido effe- ctivamente bugios da região peruana do rio Juruá, teria sido necessario, a bem do estudo mais apro- fundado da questão, comparar esse material com os exemplares recebidos do Museu Paulista e colligidos pelo sr. Ernesto Garbe. Ao quanto eu saiba não houve outra exploração scientifica da região do Juruá, alem da que foi promovida pelo Museu Pau- lista e si portanto as indicações do sr. [ll oi se re- ferem aos especimens colligidos por esta occasião, tambem é falso que exemplares de macacos em questão provenham da região peruana do Juruá, visto como o sr. Ernesto Garbe trabalhou apenas em territorio brazileiro, do mesmo afiluenle do Amazonas. A respeito das duas especies central-americanas A. palliata e villosa qre talvez devam ser consi- deradas como der:vadas ou de A. belzebul ou de A caraya, nada posso adiantar aqui, por me fal- tarem os necessarios dados sobre os seus caracteres osteologicos. A distribuição geographica dos bugios A distribuição geographica dos simios tem im- portancia capital para a apreciação da historia da região neotropica e suas provincias e de entre as respectivas especies, é em especial o genero Alouattu que mais nos deve interessar, porque ao menos uma parte desses bugios não vive adstricta à região das mattas virgens. (Queremos crer que o mappa da distribuição geographica de Aloualta à qual aqui damos publicidade tambem poderá ser considerada como typica para os demais macacos, bem como outros animaes que habitam as florestas. Tomando por base as considerações acima ex- postas e confrontando no mappa a distribuição das — 254 — varias especies de Aloualla, verifica-se desde logo o facto de que em cada uma das zcnas geographicas assignaladas não se encontra senão uma unica es- pecie do genero em questão. Naturalmente, nas regiões limitrophes as duas especies confinantes co- habitam a mesma zona, em extensão variavel, mas ainda assim com certas restricções, porque as con- dições de vida favorave's para cada especie variam. Assignalamos neste sentido o que se observa com relação ao bugio preto, A. caraya, que tempora- riamente pode adaptar-se à vida nas caatingas e que mesmo chega a emprehender a travessia das regiões dos campos. À enorme area de dis- persão dos bugios pretos que, atravessando todo o continente, se extende desde a região cafeeira do Estado de S. Paulo até os cacoaes do Equador, explica-se em virtude do modo de vida desses ma- cacos, como deixamos assignalado ; atravessando os campos ou seguindo a vegetação das margens dos rios ou vivendo mesmo nas capoeiras, foi-lhes pos- sivel realizar taes migrações. Uma zona inteiramente a parte habita a es- pecie das mattas virgens da serra do Mar do Brazil meridional, Alowatla fusca. Está claro que a zona actualmente occupada por estas especies & apenas uma pequena parcella da antiga area, extensissima, e que o centro de dispersão das especies de Aloualta devem ter sido as mattas tropicaes do pé da cordilheira dos Andes da Bolivia, do Perú e Equador. E singular que a especie venezuelana evidencie maiores affinidades cra- neologicas com a especie do Sul do Brazil do que com A. seniculus, principalmente no que diz res- peito à forma dos ossos nasaes e palatinos; por outro lado A. fusca occupa uma posição isolada pelos caracteres das margens orbitaes da glabella. Evidentemente existiram antigamente formas de transição e precursores desses bugios ruivos; delles descende A. fusca, que veiu ter ao Brazil meridio- nal, emquanto que na região em que elle se origi- nou, essa raça se extinguiu. — 255 — Ha ainda varios outros dados zoogeographicos que tambem nos assignalam a antiga existencia de uma zona de mattas ou pelo menos de terras altas que se extendiam da Bolivia pelo Matto Grosso até São Paulo e Rio de Janeiro; mais tarde a solução d: continuidade foi acarretada pela formação dos valles dos rios Paraguay e Parana. Gorroborando taes conclusões, podemos lembrar a distribuição dos generos de caracoes Strophochei- lus ou Bulimaus; a este respeito fiz uma communi- cação à Academia de Sciencias de Paris apresentada pelo pref. E. Bous.er, (Compt. Rend. 1911, n. 16, p. 1065-1067). Os animaes que habitam as mattas e que são dotados de meios de dispersão limitados, são detidos em suas migrações, tão bem pelos campos abertos como pelos mares. Si portanto existirem especies identicas ou affins em mattas separadas por esta forma, devemos suppór que ao tempo da respectiva dispersão, as zonas de mattas e campo devem ter apresentado outra configuração. E' isto justamente que nos mostram as condi- ções zoogeographicas da America do Sul e Central, e, quanto mais adiantada se revelar a distintção es- pecifica dos elementos faunisticcs hoje em dia iso- lados, tanto mais antiga deve ser a separação dessas zonas. EXPLICAÇÃO DAS ESTAMPAS ESTAMPA IV Ossos hyoides de bugios vistos de frente, com a margem posterior para baixo. Tamanho natural. Fig. 1. Hyoide de A. fusca Geoffr. n. 2201, 4. Fig. 2. Hyoide de À. susca guar.ba lh. n. ROME. Fig. 3. Hyoide de A. fusca guarba lh. n. 413 q. Fig. 4. Hyoide de A. fusca guar.ba jh. n. PRE eee — 256 — ESTAMPA V Com excepção da figura 7, em que o osso é visto do lado, as demais figuras representam o osso hyoide de frente. Tamanho natural. Fig. 5. Hyoide de A. seniculus L. ¢ Fig. 6. Hyoide de A. belzebul L. ¢. . 7. Hyoide de A. caraya Humb. n. 1472, g. Fig Fig. 8. Hyoide de A. caraya Humb. n. 1401, q. Die Briillaffen der Gattung Alouatta VON H. VON IHERING (Mit Taf. IV u. V) Der sexuelle Dimorphismus, die mannigfachen Veränderungen, welche das Fell, mamentlich in Be- zug auf seine Färbung, nach Geschlecht und Al- tersstadien durchläuft, die zumeist ungeniigende Zahl der untersuchten Exemplare und andere ähnliche Ver- haltnisse haben dahin gefiihrt, dass man gegenwirtig über die wenigen Arten von Brüllaffen, welche in Súd-und Mittel-amerika leben, noch ganz unvoll- kommen unterrichtet ist. So ist es gekommen, dass man noch in den letzten Jahren die Zahl der ver- meintlichen Arten vermehrt hat und es scheint mir daher angemessen, meine eigenen Erfahrungen, welche ich in der begonnenen Monographie Jer Säugetiere Siidbrasiliens niederlegen will, schon jetzt hier kurz mitzuteilen. Die schwierigste Art ist zur Zeit wohl die am längsten bekannte A. bezebul L. Gerade von dieser Art aber besitze ich jetzt eine gute Serie von Bälgen und Schädeln aus Maranhão, welche mich in die Lage verserzt, die kürzlich veróffentlichte Darstel- lung von G. Dollman (1) einer kritischen Priifung unterziehen zu kônnen. Die erwähnte Sammlung stammt von Miritiba im Staat Maranhão und ich verdanke dieselbe dem fiir unser Museum erfolgreich tätig gewesenen Natu- raliensammler Herrn F. Schiwanda, dessen Tod wir aufrichtig beklagen. Derselbe hat meinen Anwei- (1) G. Dollman, Ann. & Mag. Nat. Hist. Ser. 8, vol. VI, 1910, pag. 422-424 — 258 — + sungen entsprechend allmahlich sich in der Prärpara- tion der Felle vervollkommnet, leider aber, wie das Neulingen nicht selten passiert, die Schidel zum Teil verwechselte. Ich habe daher nach den Ge- schlechts — und Alterscharakteren der Felle und Schã- del, Schusswunden usw. eine sorgfältige Kritik geübt und zwei Exemplare aus der Betrachtung ausgeschie- den. Die weiterhin gegebene Liste von Massen tiber- hebt mich einer eingehenden Besprechung der einze- nen Exemplare, und ich gebe daher hier nur die Far- benverhältnisse der verschiedaen Felle an. Zunächst die Exemplare männlichen Geschlechts: Das jüngste der mir vorliegenden Individuen ist mutmasslich N.º 2750, durch das anhängende Scrotum als Männchen erwiesen, aber mit falschem Schädel versehen. Das Riickenhaar ist in der Mitte dunkelbraun, an den Seiten blass graubraun mit hellgelben Spitzen von Seiden — oder Goldschimmer. Am Anfang des Riickens liegt zwischen den schwarzbraunen Schultern ein Wirtel gelbbrauner, divergierender Haare. Nacken und Oberkopf sind dunkelbraun, mit gelblichen Spi- tzen, ein kleinerer Wirtel divergierender Haare hegt vorn auf der Stirn. Der kurze Bart ist schwarz wie auch der Oberarm; der Unterarm wird heller bräun- lich, die Hand ist rostbraun, die Fing r sind blassgelb behaart, über die Riickenmitte zieht ein schwärz- licher, breiter Streifen. Die Basalhilfte des Schwanzes ist blass-rotbraun, mit gelblicher Sprenkelung, die Endbälfte dos Schwanzas hellbraun. N. 2749 ist ein erwachsenes, aber noch nicht ausgefärbtes Individuum. Die Haare am Vorderrand der Stirn sind aufgerichtet, aber nur ia schmaler Zone. Die vorherrschende Farbe am Riicken ist rot- braun, die Haare sind grossenteils leicht gekrau- selt und mil goldigen Spitzen versehen. Die Extremitäten sind dunkelbraun, ! üsse und Hinde blass-rotoraun behaart. Kinn und Bart schwarz- braun, der Schwanz hell-rotbraun, gegen die Spitze mehr rótlich. N, 2747 schliesst sich unmittelbar an das vo- rausgehende Individuum an, ist aber von bedeutend = Ugo dunklerer Färbung auf Kopf und Nacken schwärz- lich mit rotbraunen Spitzen. Die langen Haare der Flanken sind hell-rotbraun, der Schwanz schwarz mit diister-rotbrauner Spitz. N. 2484 hat auf den Rücken blassbraune Fär- bung mit dunklerer Mitte. Die langen Haare der Flanken sind teils blass-rotgelb zum Teil mit gold- gelben Spitzen, die Extremitäten dunkelbraun bis Schwärzlich. Der ScEwanz schwärzlich, mit rot- braunen Ilaaren durchsetzt, die nach der Spitze etwas heller werden. Die Haare am Vorderrande der Stirne sind in schmalen Streifen vertikal aufgerichtet, das Fell nater und hinter demOhr ist blass-gelbbraun. Hände und Füsse sind blass rotbraun, behaart nach den Fingern hin mehr gelblich. Dieses Tell entspricht somit ziemlich gut jenem der A. discolor. N. 288) ist ein grosses, typisches Stück von A. belzebul mit glinzend schwarzem Haar auf der Oberseite, welches an den Flanken in dunkel-kas- tanienrot iúbergeht. D:r Schwanz ist fast einfarbig, schwarz, nur in der Endhilfte sparsam mit kurzen rotbraunen Haaren durchsetzt. Ellenbogen, Ohrrand sowie Hiinde und Füsse sind rotbraun behaart. Eine ziemlich breite am Aussenwinkel der Augen endende Binde aufwärts gerichteter Haare nimmt den Vorderrand der Stirne ein. Im Vergleiche zu dem vorhergehenden Yelle erweist sich dieses durch den Stirnschmuck aufgeri- chteter Haare, den Nimbus wie ich ihn im Folgenden nennen werde, als iilter. Die Temporalcristen nähern sich einander in ihrer Verlingerung über das Stirn- bein auf1) mm., aber bei n. 2747 bis auf 11 mm. wahrend sie bei der Mehrzahl der erwachsenen männ- lichen Schädel 22-25™ von einander entfernt bleiben. N. 2747, welches von der helleren Seitenfär- bung abgesehen, ganz dem typischen belzebul gleich- kommt, hat das Gebiss fast so stark abgenutzt wie n. 2879, aber die Stirnplatte aufgerichteter Haare ist noch niedrig nnd wenig entwickelt. Unter den Individuen weibiichen Geschlechts liegen mir jiingere Stadien vor als bei den Männchen. — 260 — Das Tell n. 2900, das jiingste der mir vorlie- genden, ist von gelbbrauner Farbe, zum Teil na- mentlich hinter den Schultern rotbrann überlaufen. Uber der Riickenmitte etwas dunkler. Die Extremitã- ten sind braun, Hiinde und Fiisse blass-rctbraun, der Schwanz braun und gelbgrau gesmischt, in der End- halfte blass-rotbraun Auf dem Kopfe ist der Nim. bus schon deutlich, indem die Stirnhaare, welche gelbbraun und nach hinten und aussen anliegend sind. An dem zugehórigen Schädel sind die beiden hintersten Molaren noch nicht durchgebrochen. Das nächst-ältere Fell n. 2881 ist von grau- gelber Farbe, am Kopfe, den Extre nitäten und dem Schwanze sowie auf der Rückenmitte dunkler. Hände und Füsse sind rotgelb, respective an der Basis rôtlich tiberlaufen; die Schwanzspitze ist hel- ler, graugelb gefärbt. Die Haare in der Mitte des Vorderrandes der Stira sind aufgerichtet. Mehr oder minder ähnlich sind die Felle n. 2485 und 2486 swie 2751 und 2754. N. 2054 ist von vorherrschend rotgelber Farbe, die Haare, namentlich an den Seiten, leicht gekräuselt, lang, mit goldiger Spitze. Breit und fast ebenso tief ist der Nimbus, dessen Haare aufrecht sind. Die - Endhälfte des Schwanzes ist einfarbig heil rotbraun. Bei n. 2148 ist der Nimbus auf eine schmale, dreieckige Stelle zwischen den Augen beschränkt und bilden die zusammenstossenden Haare eine Crista. Die Gesammtfarbe des I elles ist hell gelbgrau, nach den Seiten hin rotbraun, vielfach mit goldgelben Spitzen. N. 2752 hat den Nimbus auf einen schmalen Saum beschränkt; die Grundfarbe ist ein mattes Rotbraun mit Grau durchmischt; Bart, Schaltern, die Basis der Extremitäten und des Schwanzes sind schwarzbraun, über die Mitte des Schwanzes läuft ein rotbrauner Streifen, die Endhälfte des Schwan- zes ist gelbraun. Das Fell n. 2880 ist fast ganz schwarz oder schwarzbraun und hat die rotbraune Fárbung auf den Scheitel und die unregelmässigen Partien des Rückens beschrânkt. — 261 — Die Endhälfte des Schwanzes, Füsse und Hinde sind rotbraun behaart. Der Nimbus ist schmal, auf die Gegend zwischen den Augen beschränkt. Was die Schädel betrifit, so sind die Temporalcristen bei Männchen wohl entwickelt, aber in ihrer Annihe- rung erheblich verschieden. Es gibt auch weibliche Schädel mit deutlich entwickelten Temporalcristen, die aber etwas weit auseinander stehen. Die Schädel sind im ganzen etwas niederge- drückt, die Nasenbeine sind lang und an der Wurzel nur wenig konkav. Der obere Orbitalrand ist fein, meist nur 2mm. breit. Besonders auffallend ist auch der Winkel, in welche; die Gaumenbeine nach hinten aufwärts gebogen sind. Die schwicheren Eckzihne und die geringeren Dimensionen des Schä- dels lassen denjenigen der weiblichen Tiere leicht von den minnlichen unterscheiden. Auch sind die Nasenbeine am weiblichen Schiidel kürzer und konkav. Tabelle der Schädel und Kôrpermasse von A. belzebul —== |] | Kôrpermasse Schädelmasse | = ES Ee . IE IE D = ER =< “o = — co — =] co G| 2900] 380] 450] 11] 92,5] 71] 10) 51] ? 9881} 420) 515] 12, 97] 72,5! 10/475] 2 2485] 500] 550) 12) 103] 80] 12525 31] j 8751] 460] 525] 11) 102) 81,5) 11| 46 30 2486] 4£0| 565] 11,5] 105] 84] 10) 51,5 3 “| 2753] 460] 540) 11,5) 104] 80} 11] 46,5 31 2754| 490] 575) 13) 108, 85) 13) 51.5) (32) 33 2880] 450) 490) 12,3} 109} 85118] 51 30,5 9748] 460] 500| 11,0) — 101] 12,5] 50 33 | «| 2749) 540] 530} 12,6] 123,8] 104] 15,8] 52 35 d'| 2847] 530] 590 14,0) 125) 104] 16,5) 54 37 2484] 570| 600} 14,0] 127,5| 105] 18] 54 35 3 2879) 590) 590} 13,5] 126,5] 105,5] 15,5) 54] 36,8 ee ee AE mae nan — 262 — Kine Vergleichnng der Schiidelmasse der vor- stehenden Tabelle und der Charaktere der Felle weist darauf hin, dass diese zusammenlebenden Tiere einer und derselben Species angehóren. Es ist aus den Schiideln keinerlei Anbalt zu gewinnen fiir eine Tren- nung verschiedener Species und die beträchtlichen Variationen in der Farbe des Felles hängen gros- senteils vom Alter der Individuen ab. Das Anfangs- stadium der Färbung ist ein graugelber Ton mit dunklerer Rückenmitte. Weiterhin wird die Far- bung bei einzelnen Fellen lebhafter gelbrot (n 2749-2748-2754), wobei der Seiden-oder Goldgianz der Haarspitzen besonders auffällt Dies ist Stentor stranuneus Geoffr. oder Simia strammea Humb. In der Regel erhilt sich lingere Zeit der graugelbe Ton, unter Beimischang von rotbraun, besonders an den Seiten und dies ist die Form, welcbe Spx A. discolor nannte. Felle endlich, wie n. 2750 ähneln A. pzlliata Gray, wogegen die Felle n. 2747 und 2879, 2880 und 2652 die ausgebildete Form von A. belzebul darstellen. Es ist hierbei zu be- merken, dass die letzte Alierstufe der Färbung bei einigen Individuen friiher, bei anderen spiiter er- reicht wird, und so erklärtes sich, dass man auch alte Exemplare im Kleide von A. discolor antrifft. Ebenso ungleich wie der Uebergang zur Altersfär- bung vollzieht sich auch die Ausbildung des Nimbus ober der dreieckigen Stirnplatte von aufgerichteten Haaren. Ich komme hiernach zu dem Ergebnisse, dass dis charakterische Färbung von A. belzebul erst in relativ hohem Alter erreicbt wird, und dass A. straminea Geoffe. und discolor Spix das Kleid der jiingeren und mittleren Alterstadien repriisen- tleren. Die Darstellung von Dollman, wonach A. dis- color als gute Species anzuerkennen wire, ist somit als unrichtig zurückzuweisen. Dieses Ergebniss meiner im Laboratorium ange- stellten Studien steht ganz im Einklang mit den von dem Sammler im Walde gewonnenen Erfahrungen. Herr F. Schwanda schreibt mir Folgendes dariiber : — 263 — «Was die Haarfarbe der Briillaffen anbetrifft, ist die Behauptung des Herrn G. Dollman nach meiner Ansicht nicht zutreffend, da in den sich zusammen haltenden Familien (bis 7 oder hôchs- tens ) Stick) sich Individuen mit ganz verschiedenen Farben befinden, schwarz, gelbrot und graubraun. Ich glaube die Pelzfarbe ist ganz unabhingig, weil man auch Junge findet, die mit ihren Miittern in der Iarbe tibereinstimmen. Die Briillaffen leben meistens bei den Fliissen, jedoch so, dass irgendwo in der Nihe festes Land ist, wo sie bequem Friichte holen kônnen. Wo kein Wasser vorhanden ist, halten sie sich nicht auf. In der Frühe bei Tagesgrauen brüllen sie gewühn- lich, versammelt auf einem der hóchsten Bäume, dann gehen sie der Nahrung nach und um die Mit- tagszeit suchen sie schattige Bäume und Schlingplan- zen auf und ruhen während der heissen Zeit. Um 3 Uhr gehen sie wieder essen und versammeln sich auf einem hohen Baum zum Abendkonzert. In der Regenzeit brüllen sie auch beim Tage sehr oft und wirmen sich gerne an der Sonne, besonders wenn sie nass geworden sind.» Bevor ich auf die einzelnen südamerikanischen Arten von Alouatta und deren Verbreitung niher eingehe. müssen noch einige Angaben über die ent- scheidenden, csteologischen Charaktere gemacht wer- den. Meinen Erfahrungen zufolge zerfallen diese Arten nach der Beschaffenheit des oberen Randes der Orbita in zwei Gruppen. Bei der ersten der- selben ist der Orbitalrand fein, diinn, meist nur 1,5-2,9 nm. dick, nicht aufgeworfen. Hierhin gehóren A. belzebul. seniculus und straminea. Stark verdickten, 3 bis 6 mm. breiten oberen Orbitalrand haben A. fusca und caraya. Letztere beiden Arten verhalten sich aber darin verschieden ; bei A. caraya endet der Orbitalrand an der Glabella, bei A. fusca setzt er sich als wuls- tig vrdickter Streifen auf dieselbe fort in der Richtung gegen jene der anderen Seite. Hinter — 264 — diesem queren Glabellarwulst ist die Stirne konkav, wihrend sie bei caraya fast gleichmässig eben ist. Diese beiden, siidlich des Amazonengebietes lebenden Arten stimmen unter einander auch darin überein, dass die hintere Hälfte des Gaumens fast horizontal verläuft, wiihrend sie bei den Amazonas-Arten be- sonders bei erwachsenen Männchen hinten aufwärts gekriimmt ist. Der Nasenrücken ist fast gradlinig bei caraya, sattelformig konkav bei fusca. Von den nôrdlich des Amazcnas lebenden Arten hat straminea eine ebenfalls kurze und konkave Gestal- tung der Nasenbeine, während dieselben bei den anderen beiden Arten schwach gebogen, fast ge- rade sind. Hensel hat auf die Form, respective das starke Vortreten des Unterkieferwinkels, bei A. fusca im Vergleiche zu A. sen culus Wert geleget, aber unter meinen Schideln befinden sich solche, bei denen die- ser Unterschied nicht zutrifft und auch die Breite der Schneidezihne bietet keine sicheren Anhaltspunkte, ebenso wenig wie die Linge der Backenzahnreihe. Im Allgemeinen sind die unterscheidenden Art- charaktere am besten bei alten Mirnchen ausge- bildet und habe ich, wie oben bemerkt, von beson- ‘deren Wert die Beschaffenheit des oberen Orbital- randes sowie der Palatina und Nasalia gefunden. Daneben hat sich éin andere:, bisher nicht beach- teter Knochen als wichtig herausgestellt, das Zungenbein. Der Kôrper desselben ist durch die an seinem Vorderteile nach obenhin eindringende Hohlung blasig aufgetrieben. Am wenigsten Ver- anderungen hat der Unterrand dieses Kürpers er- fahren, von welchem an jeder Seite die langen und mächtigen hinteren Horner entspringen. Das Zungenbein hat zwar bei allen Arten von Alouatta die gleiche Tmbildung in eine Schallblase erfahren, aber dis Ausbildung ist im Einzelnen charakteristisch verschieden, sodass man die Arten danach unterscheiden kann. Schon der aufgeblasene Teil des Kürpers bietet Verschiedenheiten dar und ist in dieser Hinsicht namentlich die Verschmäle- — 265 — rung nach hinten bemerkenswert, welche nur bei A. belzebul vermisst wird, welche Art überhaupt den breitesten, am meisten aufgeblasenen Zungenbein- korper besizt. Charakteristisch ist nun vor allem der Hinterrand und die von ihm ausgehende, zur weiten Offnung des Kôrpers hin aufsteigende Lamelle, welche ich im Folgenden als Tentorium bezeichnen werde. Dasselbe ist bei A. seniculus stark gewülbt mit grad- linigem, vorderem oder oberem Rande. Bei A. bel- zebul ist es konkav, bei A. fusca flach oder leicht konvex, so dass der freie obere Rand fast immer kovex ist. Bei A. caraya fehlt das tentorium in der Regel gänzlich und wo es sich findet, ist es flach, nie- drig, mit geradem Oberrande. Der Hinterrand des tentorium zwischen den beiden hinteren Hórnern ist zugescharft bei A. caraya, schmal bei A. belzebul ziemlich breit bei A. fusca, sehr breit und gewólbt bei 4. seniculus. Charakteristisch ist auch die Hohe des tentorium im Vergleiche zu jener der Schallüffnung, wie sich das aus der beiliegenden Tabelle ergiebt. In Pro- zenten der Héhe des Schalloches beträgt die Hohe des tentorium bei A. caraya O-11, bei A. belzebul 35, bei A. fusca 48-66 und bei A. seniculus TI im minnlichen Geschlecht. Es ist hiernach klar, dass A. seniculus mit aus- serordentlich langem, stark gewülbten und A. caraya mit extrem reduziertem oder giinzlich fehlendem Tentorium ohne weiteres von den übrigen Arten zu unterscheiden sind. Von A. belzebul besitze ich eine Serie von Exemplaren, welche eine ziemliche Va- riabilitaet erkennen laesst. Im Allgemeinen ist das tentorium flach und in der Mitte von einer breiten De- pression eingenommen, ein Zungenbein aber (N. 2943) hat das tentorium sehr gewoelbt wie bei seniculus, ist aber doch in der Mitte concav. Bei diesem Zun- genbein inserieren sich die Hoerner hoch am Seiten- rand wie bei sen'culus, sie sind aber gracil, subcylin- drisch wie bei den anderen Stuecken, denen sich dieses Hyoidbein anch darin anschliesst, dass das Schalloch “2 mm hoch, im Verhaeltnis zur Hoehe des Kno- — 266 — chens (67 mm) wie 48 : 100 sich verhaelt, waehrend bei seniculus das Verhaelinis wie 35-40: 100 sich gestaltet. Wie oben bemerkt, sind die hinteren Zungen- beinhoerner schlank, fast cylindrisch bei A. belzebul, wogegen sie bei den anderen Arten comprimiert sind, breit, fast bandfoermig; nur bei A. caraya sind sie zuweilen schlank, subeylindrisch. Von besonderer Bedeutung fuer die Unterschei- dung ist das Schalloch. In seiner Laenge entspricht es bei & in Prozenten der Laenge des Hyoidbeines dieses zu 100 gesetzt, 35 — 40 º bei A. seniculus, 33-47 º/o bei A. fusca, 48-58 ‘/, bei A. belzebul nnd 69-76 º/, bei 4. caraya. Die weiblichen Tiere haben dieselben Verhaeltniszahlen, nur bei A. fusca sind sie groesser, 06-610/o, in Foige der geringeren En- twicklung des tentorium. In dieser geringeren Entwi- cklung des tentorium unterscheidet sich A. fusca von A. seniculus im weiblichen Geschlechte, darin der 4. caraya sich naehernd. Die Breite des Schalloches kommt bei 4. belzebul nahezn jener der Laenge des Loches gleich, ueber- trifft sie aber um ein Geringes bei A. seniculus und fusca, wogegen bei 4. caraya ihr Mass weit hinter jenem der Laenge zurueckbleibt. | Die beiden Unterarten von Alouatta fusca un- terscheiden sich auch charakteristisch im Zungenbein. Dasjenige alter Maennchen von 4. fusca fusca ist 04-97 mm lang, mit flachem, niedrigen tentorium, dessen itoehe 10-14 mm betraegt, mit wenig ge- schwungenen, fast geradlinigem, freiem Rande. Bei alten & von 4. fusca guarida misst der Knochen 61-68 mm in der Laenge, das tentorium ist 19-20 mm hoch, meist in der Mitte bogig vor- springend, mit stark verdicktem, etwas aufwaerts gebogenem, freiem Rande. Nur ein Exemplar hat das tentorium ziemlich gewoelbt und seinen freien Rand fast geradlinig. Ziehen wir nun auch das weibliche Geschlecht und jugerdliche Exemplarem mit in Betracht, so lernen wir die Verhältnisse bei A. caraya verstehen, — 267 — insofern nämlich das Tentorium sehr niedrig ist oder ginzlich fehlt. Beim erwachsenen q von 4. belzebul ist dasselbe nur halb so hoch als beim &, beim ¢ von A. fusca verhiltnissmissig noch niedriger. Dem Q des A. caraya fehlt das tentorium gänzlich. Ei- nem jugendlichen ~ von A. fusca N. 409, bei welchem die beiden hinteren Molaren noch nicht durchgebrochen sind, fehlt das Tentorium. Zum Verständniss des hier Bemerkten gebe ich die Abbildungen der Zungenbeine aller brasilianischen Arten sowie eine Tabelle der beziiglichen Masse. | ART Prozenten der Hohe der Schalliftnung genbeines cenbeines Hôhe des Tentorium Grüsste Hohe des Zun- Grüsste Breite des Zun- Hohe der Schalloffnung Hühe des Tentorium in neles ul Ab 4 | A | 40} 121355 | 35 Assbelzelml O o poda | 5 28: h:6:14. BP 30 A. fusca & 2204. | 58 | 32 [445] 30) 48 Aes inseay sg 22-32. [1062 | 38 | 18 | 27 | 66 Ae disc Os a posa Ao lit 22 Gamer 2k A. seniculus o”. .| 661895 |185| 26| 71 A. caraya & . . | 58,5 |33,5 | 4,5 | 40,5 | 11 A. caraya ¢ | 54 | 32 0 A. dd A. earaya O, senalbusdb 121 Deja rude Von A. villosa und palliata besitze ich leider kein Material. Es wird sich spiter leicht danach entscheiden lassen, ob die Schallblase der zentrala- merikanischen Arten in die Gruppe von seniculus oder von caraya gehort. Unter den zahlreichen Schallblasen von A. gra befindet sich eine mit einer schmalen, queren Lamelle zwischen Hinterhérnern und eine andere mit einer ebensolchen Lamelle, hinter welcher sackformig eine schmale Héhlung sich einschiebt. Der Hinterrand selbst ist gerundet bei A. se- niculus und belzebul, mehr oder minder kantig bei SD A. fusca, scharfkantig bei A. caraya. Ein anderer Punkt, welcher hier noch besprochen werden muss, ist der Nimbus. Ich habe diese mehr oder minder dreieckige Stirnplatte aufgerichteter Haare schon von A. belzebul erwähnt und bemerke, dass sie auch bei den mir vorliegenden alten Minnchen von A, seniculus und stramimea gut entwickelt ist. Bei meinen Exemplaren von 4. caraya feblt sie meinstens, aber Sclater bildet ste (Proc. Zool. Soc. London, 1872, p. 6) ab, und auch Burmeister (\eser. phys. II, 1899, pag. 48) bespricht sie. Weiterhin pag. 9! meint Burmesster, dass dieser Nimbus bei A. fusca fehle, was ich durch unsere Exemplare ais unrichtig widerlegen kann. Offenbar haben Burmeister keine alten Mânnchen vorgelegen und es ist daher zu vermuten, dass auch Sclaters Meinung von dem Fehlen des Nimbus be A. villosa sich beim Studinm von Serien alter Exemplare, zumal männlicher, als irrix erweisen wird. Dabei ist immer zu bendenken, dass es wohh môglich ist, dass derartige, in späterem Alter auf- trerenden Kennzeichen bei einer Anzahl von Indi- viduen überhaupt nicht zur Ausbildung gelangen. Die in vorausgehenden erodrterten Verhältnisse werden, sobald sie einmal fiir alle in Betracht kom- menden Arten feststehen, gestatten, eine natürliche Anordnung derselben zu unternehmen. Bei Berücksichtigung der brasilianischen Arten ergeben sich zwei Gruppen, deren eine dem mittle- ren und südlichen Brasilien angehort, walrend die andere amazonisch ist. Erstere hat einen breiten Or- bitalrand, be: letzterer ist derselbe schmal oder dünn. Sollte man hiernach zwei Untergattungen unter- scheiden, so wiirde Alomata s. str. den amazonischen Arten zugehoren, welche die am längsten bekannten sind und fiir welche die verschiedenen Gattungsna- men aufgestellt wurden. Andererseits ergibt sich aber auch ein Gegensatz zwischen A. caraya und allen iibrigen Arten, namentlich mit Riicksicht auf die Schallblasen. Ich ziehe es unter diesen Um- stiinden, so lange mir Genaueres iiber die centrala- — 269 — merikanischen Arten nicht bekannt ist, vor, die Frage nur anzuregen. Hine grosse Schwierigkeit fiir diese Diskussion erwiichst aus dem gänzlichen Mangel von Anhalts- punkten fiir die Beurteilung der phylogenetischen Entwicklung des Schallaparats. Sackformige Ausstiil- pungen des Kehlhopfes kommem auch bei anderen Affen vor, wie z. B. auch bei Ateles, aber sie haben keinerlei Beziehung zum Zungenbein. Palaeonto- logisches Material wird nach dieser Richtung hin kaum zu erwarten sein und so bleiben nur die mor- phologischen Verhiltnisse für die Diskussion übrig. Offenbar baken die Schallsiicke zuniichst von vornhe dem Kúper des Zungenbeines sich angelagert und sind «ann allmäblich in eine schwache Einsenkung desselben zu liegen gekommen, die successive durch Vergrosserung zur Aushéhlung und blasiger Auf- treibung des Zungenbeinkirpers fiihrten. Ver letzie Vorgang in diessem Processe scheint die Ausbildung des hinteren Teiles des Hohlraumes gewesen zu sein, und wir finden noch heute bei A. caraya den hinteren Teil der Zungenbeinhühle nicht, oder nur in geringem Grade ausgebildet. Die Vergrésserung dieses hinteren Recessus, die Rundung und Auftreibung des Hinterrandes uud die Vergrósserung der aufteigerden Lamelle sind dann die letzten Stadien dieses Entwickelungspro- zesses. Damit in Einklang steht es, dass die Schall- blase des weiblichen Tieres nicht nur kleiner ist, sondern auch die aufsteigende Lamelle resp. das Tentorium kiirzer, den Recessus posterior weniger umfangreich hat. Das Weibchen steht eben auch in dieser Hinsicht der gemeinsamen Jugendform niher, respective es behält zeitlebens infantile Charaktere, während bei dem Männchen, je älter es wird, um so mehr die charakteristischen Besonderheiten der Art zum Ausdruck kommen. Auf die Literatur neber den Kehlkopf und die Stimmsiicke der Briillaffen gehe ich hier nicht ein. Genaue Intormationen findet man in dem Buche von — 270 — Brandt: Observationes anatomicae de instrumento vocis mammalium, Berolini 1826, p. 14, bei G. Cuvier Leçons d’anatomie comparée, vol. IV, p. 467, T. I» und bei Meckel, «Vergleichende Anatomie, vol. IV, p. 725». Besonders eingehend behandelt diese Frage das treffliche Werk von M. Weber: «Die Säugetiere, 1904», wo p. 78 das Zungenbein, p. 223 der Kehlkopf behandelt ist und eine gute Darstel- lung vom Larynx und Hyoid von Mycetes resp. Alouatta nach J. Müller fig. 177 gegeben wird. Zur Erleichterung der Bestimmung der brasilianischen Arten moge der folgende, auf osteologische Charactere gegriindete Schliissel dienen. Schliissel zur Bestimmung der brasilianischen Alouatta- Arten nach osteologischen Characteren. a Oberer (rbitalrand — stark. 3-6 mm. dick; Gaumenfliche der Palatina horizontal ; un- terer Rand des Zungenbeines kantig ; aufsteigende Lamelle kurz oder fehlend. b Oberer Orbitalrand wulstig verdickt und auf die Glabella hin verlangert. Nasenbeine kurz, bogig eingesenkt ; auf- steigende Lamelle des Zun- genbeinkórpers nicht sebr lang, meist plan oder konkav. fusca bb Oberer Orbitalrand wenig verdickt, vor der Glabella endend; Nasenbeine ziemlich lang ; fast eben ; aufsteigende Lamelle des Zungenbeinkor- pers fehlend oder ganz klein. caraya aa Oberer Orbitalrand diinn, 2-8 mm. dick; Unterrand des Zungenheinkórpers abgervn- det und verbreitert; aufstei- gende Lamelle gut entwickelt. — 271 — c Gaumenfliche der Palatina nach aufwirts gebogen; Nasenbeine lang, nur leicht konkav. d Stirn über der Glabella eben ; Basilarlinge beim Männchen 111-113 min. Recessus poste- rior des Zungenbeines weit, aufsteigende Lamelle lang Wa nen O load dd Stirn über der Glabella leicht konkav, oft seitlich mit Grube vor dem Ursprunge der Crista temporalis ; Basilarlinge des & 101-106 mm. (ausnaims- weise bis 111 mm.) Recessus posterior des Zungenbeines mässig gross, aufsteigsnde Lamelle konkav . . . . belzebul aa Gaumenfläiche der Platina kaum aufwärts gebogen, fast horizontal, Nasenbeine kurz, stark gekriimmt, konkav. Stirn über der Glabella fast plan; Basilarlänge 90-110. Zungenbein unbekannt . . straminea seniculus Aus den vorstehenden Erürterungen ergibt sich, dass in phylogenetischer Hinsicht in der Entwicke- lung der Gattung Aloualta zwei verschiedene Stufen in Bezug auf die eigentümliche Ausbildung des Zun- genbeines zu unterscheiden sind, von denen nur eine bis jetzt uns bekannt ist, nämlich die Entstehung des Tentoriums und des von ihm eisgeschlossenen hin- teren Recessus. Dieser letzte Prozess ist das Endstadium und er wird ontogenetisch insofern wiederholt, als bei jungen & das Tentorium noch fehlt, offenbar auch bei jungen ¢, die mir noch nicht bekannt sind. Bei den © bleibt die Stufe des jugendlichen «& zeitlebens erhalten und bei einer Art, A. caraya kommt es auch beim alten 4 in der Regel nicht zur Ausbil- dung des Tentorium. In dieser Beziehung hat also A. caraya die primitiven Verhiltnisse am reinsten erhalten und ich glaube, es steht nichts im Wege, dies auch in Bezug auf die iibrigen Charaktere, namentlich diejenigen der Färbung, anzunehmen, Wir wiirden danach die Arten, bei welchen das alte & eine lebhaft rote Färbung annimmt, als die am meisten modifizierten anzusehen haben. Die primitive Färbung wiirde fiir die Gattung Alouatta ziemlich ähnliche Verhältnisse dartun, wie wir sie heute noch bei A. caraya beobachten, grau oder graugelbe der alten Q und jugendlichen Tiere, dunkelbraune bis schwarzbraune bei den alten &. Eine griindliche Untersuchung der Stimmsicke und aller einschlägigen Verhiltnisse bei Æriodes, Cebus und verwandten Gattungen und die Beriicksich- tigung der Jugendstadien wird ohne Zweifel auf dem hier beschrittenen Wege weitere Erfolge zeiti- gen und es ermoéglichen, die vorläufig isoliert da- stehende Ausbildung der knéchernen Schallblase von Alouatta mit den bekannten Verhältnissen bei ande- ren, verwandten Gattungen in Zusammenhang zu bringen. Ich lasse nun die Besprechung der einzelnen Arten folgen : A. fusca Geoffr. Zu dieser Art gehüren Mycetes ursinus Wied und Hensel, aber nicht die Beschreibung von Sima ursina Humboldt, wohl aber die von demselben veroffentlichte Figur. Infolge dieses Versehens, dass nimlich zu einer Art des Orinoco eine Abbildurg der siidbrasilianischen Form gegeben wurde, ist der Speciesname wrsinus oft verkehrt angewendet worden. Diese Art kommt in Siidbrasilien von Rio Gran- de do Sul aus lings des Kiistengebirges bis nach Bahia hin vor und nach Burmeister bis zum Rio S. Francisco. So kommt es, dass in den westlichen Gebieten des Staates S. Paulo A. caraya Iebt und im Kiistengebiete A. fusca. Im Allgemeinen kommt die lebhaft fuchsrote Farbe nur alten, erwachsenen männlichen Tieren zu, die jiingeren sind dunkler, bei den Weibchen herrscht diistere, schwarzbraune Färbung vor. Nach dem Materiale unserer Samm- lung muss ich 2 Lokalformen unterscheiden: eine siidliche, von Rio Grande do Sul bis Rio de Janeiro angetroffene, und eine nôürdliche von Bahia, Espi- rito Santo und den angrenzenden Teilen von Minas. Auf letztere Form bezieht sich Auhl, demzufolge vom Prinzen Wed herriihrende Exemplare sich im Par ser Museum befanden. Auch die ältere Beschrei- bung von Geoffroy bezieht sich auf diese Unterart, wie aus der Angabe hervorgeht, dass die Spitze der Riickenhaare goldgelb gefirbt sei. Unsere Exemplare von Espirito Santo und Theo- philo Ottoni in Minas, alle vom Gehiete des Rio Doce, sind zwar in der Färbung variabel, haben aber in beiden Geschlechtern eine charakteristische Eigentümlickeit, ziemlich lange, blassgelbe Spitzen an den Haaren des Riickens. Das Colorit ist im all- gemeinen bei den Weibchen dunkler. Die rotbrau- ne Farbe, wenn sie deutlicher hervortritt, ist dü- sterer als bei der siidlichen Varietät. Im Gegensatze dazu iiberwiegen bei den Miinn- chen der siidbrasilianischen Form fuchsrote und rotbraune Tinten, und die Weibchen sind auffallend diister braun, mehr oder minder schwarzbraun ge- firbt. Diese südliche Unterart mõôge den Namen A. FUSCA GUARIBA subsp. n. fiihren. Bei alten Männchen ist der Nimbus der Stirn wohl ausgebildet. Mehrere Auturen haben dies bezweifelt, aber mit Unrecht. Es ist sehr wahrschein- lich, dass es keine Art von Alouatta gibt, bei wel- cher nicht im húheren Alter und wenigstens bei einem Teil der Individuen der Nimbus zur Ausbil- dung gelangt. A. ecaraya Humb. Diese Art wurde 1811 von A. o. Humboldt unter dem Namen Simia caraya und 1812 von E. Geoffroy als Stentor niger beschrieben. Beide Autoren beziehen sich dabei auf die Beschreibung von Azara. Trouessart hat die Synonymie richtig angegeben, doch ist derselben hinzuzufiigen, das 71. Winge (E Museo Lundi, 11, 2, p. 4) die Art Myce- tes senicuius genannt hat. A. caraya gehort durchaus dem centralen Brasilien an, kommt aber sowohl in Bahia wie in den Staaten S. Paulo und Parana in den westlichen Teilen ihres Gebietes vor. In Argentinien lebt nach Burmeister diese Art im Gran Chaco und in Teilem von Corrientes. Man kennt sie von Bolivien, Paraguay, und von verschiedenen Teilen von Matto Grosso. Trou- essart's Angabe, dass die Art auch in Borba am unteren Rio Madeira vorkomme, beruht auf einem Irrtume. Richtig ist dagegen, dass di» südlichen Zufliisse des Amazonas zum Teil in ihrem Unterlau- fe von anderen Arten von Briillaffen bewohnt wer- den als am Oberlauf. So erhielt die Expedition von Castelnau am Oberlauf des Rio Araguaya A. caraya, am Unterlaufe 4. belzebul und Nalterer, welcher am Rio Madeira A. seniculus jagte, erhielt nahe der Miindung des Flusses 4. belzebul. O. Tho- mas erwihnt A. caraya von Inambari in Süd-ost- Peru und # Festa (Boll. Mus. Zool: Torino, XVIII, No 435, 1903, p. 3) erhielt Exemplare im Kiisten- gebiet von Equador bei Vinces, fiir welche er eine Subspecies equatorzalis aufstellte. Wie aus unserer Karte ersichtlich ist, stossen im Gebiete von Cha- pada in Matto Grosso und seiner weiteren Umge- bung, also an und nôrdlich von dem Quellgebiete des Paraguaystromes, die Verbreitungsgebiete von > verschiedenen Arten von Alouatta zusammen. Es ist daher begreiflch, wenn die verschiedenen Expe- ditionen aus dieser Gegend verschiedene Arten von Brüllaffen mitbrachten. Natterer sammelte sm Oberlauf und im Quellgebiet des Rio Paraguay A. caraya, Während Castelnau von dort A. straminea angibt. Aller Wahrscheinlichkeit nach liegt hier eine Ungenauigkeit in Bezug auf den Fundort vor und das betreffende Exemplar, welches zu A. seniculus gehôrt, wird nicht im Quellgehiet des Paraguay, — 275 — sondern im angrenzenden des Amazonas- systemes _gejagt worden sein. Die Fundortangaben Castelnaw’s ‘sind überhaupt mit einer gewissen Reserve aufzu- nehmen. So hat er z. B. eine bekannte Mvschel der Gattung Leila des Araguyastromes filschlich als von Rio de Janeiro stammend bezeichnet. A. belzebul L. Diese Art, über welche schon oben Niheres mitgeteilt wurde, ist in ihrer Verbreitung auf die südlichen Nebenflüsse des Amazonas, vom Madeira bis ziir Kiiste beschränkt. Cope erhielt sie durch Herbert Smith von Chapada in Matto Grosso. Was Cope iiber die Richtung der Haare an der Stirn sagt, ist unrichtig, respective eine unzutreffende Verallge- meinerung eines einzelnen Befundes. Natterer erhielt die Art bei Borba am unteren Rio Negro. Fiir Pernambuco wurde sie schon 1648 von Marc- grave und Piso bescrhieben, aber seitdem nicht wieder aufgefunden. Es wire an der Zeit, dass die Re- gierung des States Pernambuco der naturhistorischen Erforschung des Landes diejenige Aufmerksamkeit zuwendete, deren sie sich seit mehr als 250 Jahren nicht mehr zu erfreuen hat. Spex erhielt die Art am Rio Tocantins, Castelnau am Rio Araguaya. A. straminea Spix Diese Art wurde zuerst von Spix 1825 beschrie- ben nach Exemplaren aus Nordwestbrasilien vom oberen Amazonas und dem Rio Negro. Sechs Jahre spiter gab ihr E. Geoffroy nach Exemplaren aus Columbien den Namen Mycetes chrysurus. Sie kommt in Venezuela vor, woher unser Exemplar stammt. Das Fell, welches im Allgemeinen rotbraun ist, nat an Riicken und an der Endbilite des Schwanzes goldgelde Haarspitzen. Dass nicht blos eine Farben- varietät von A. seniculus vorliegt, beweist der Schädel, der erheblich kleiner ist. Die Temporalcristen stehen etwas weiter von einander ab als bei senzculus, ver- lingern sich aber wie dort auf den äusseren Orbi- — 276 — talrande. Der obere Orbitalrand ist diinn, nur schwach verdickt und setzt sich tiber die Glabella hin gegen jenen der anderen Seite hin fort. Die Palatina sind nach hinten nur wenig aufwirts gebogen. Sehr auf- fallig ist die Kiirze und die konkave Form der Na- senbeine. Hierin passt die Art besser zu A. fusca, bei welcher alte Männchen die Nasenbeine nicht linger als 19-27 mm. haben gegen 25-26 mm. bei A. seniculus. wo dieselben nur schwach gebogen sind. Die folgende Tabelle mag zur Vergleichung des Schädels von A. straminea mit jenem von A. seniculus dienen. Tabelle der Schädelmasse von A. straminea und seniculus Q © : 1 © = e Ro] [e] o A bo H o © © a ä bi ai bo 13 : mA :H © õ a Ts 2 © vo oH = 28 5 E e A oo E = E © a og a a ot mn a ci dora A pe a © :0 ta O 85 5 © a +» em os Em A a mA A Lo) pá 4 ‘A. straminea o |B 26] 116) 100) 12 90,5 36,8} 17,8 À. seniculus & | 769/133.5| 112] 14] 52,5, 58,5) 25,5 A. seniculus & | 771| 134/110| 15/50,4 39) 26 A. seniculus Q| 766) — | 88128/52,5] 33) 16 A: seniculus © | 773] 115895] 11] 52] 36) 19,8) A seniculas L. Es ist dieses die Art des Amazonas-Gebietes, welche nur en den südôstlichen Nebentliissen dieses Stromes, zwischen dem Rio Madeira und der Kiiste fehlt, wo sie durch A. belzebul ersetzt ist. Auf die nordliche A. straminea und das Verhältniss derselben zu À. seniculus kam ich bei jener Art zu sprechen. Wie es scheint, ist diese Art in ihrer Färbung ziemlich constart, doch kommem auch Variationen mit hell-rotgelbem Riicken vor, aber nicht mit gelber Endhälfte des Schwanzes. Humboldt hat dieser Art den Namen wrsina beigelegt und aus Versehen ein — 277 — südbrasilianisches Tier dazu abgebildet. So ist es wohl gekommen, das manche Autoren den Species- namen wrsina filschlich fiir die siidbrasilianische A. fusca angewandt haben. Im allgemeinen ist die Synonymie dieser Art von Zrouessart richtig an- gegeben, doch gehôrt 4. seniculus Winge in die Synonymie von A. caruya. Ein komischer Zwi- schenfall wurde kürzlich noch durch 8. G. Elliot geschaffen. Er hat auf die Exemplare von Rio Ju- ruä eine neue Species gegriindet, die er A. juara nannte, und von der er angab, dass dieselbe dem Rio «Juara» und zwar dem peruanischen Teile die- ses Flussgebietes entstamme. Dabei ist zu bemerken, dass es sich nicht um eine neue Art und nicht einmal Unterart handelt und dass es auch keinen Juara gibt. Ferner hat Kllot die einzige Abhand- lung über die Affen des Juruä-Gebietes. diejenige welche ich in Band VI der Revista do Museu Pau- lista 1904, p. 408 verüffentlicht habe, nicht berück- sichtigt und überhaupt nicht erwähnt, dass die Samm- lung des britischen Museums, auf welche er sich bezieht, Exemplare von A. seniculus von mir erhalten hat. Lediglich um Missgriffe wie den hier erwiihn- ten zu verhiiten, habe ich dem britischen Museum eine fast vollstândige Suite von Doubletten unserer Juruä-Ausbeute von Affen zugesandt. Sollte tatsäch- lich das britische Museum Brüllaffen vom perua- nischen Gebiete des Rio Juruá erhalten haben, so hatte es die wissenschafiliche Priifung des betref- fenden Materiales erheischt, das Verhiltnis zu den vom Staatsmuseum in S. Paulo eingesandten und von Herrn E. Garbe gesammelten Exemplaren klar- zuiegen. Ich meinerseits kenne keine andere zoolo- gische Exploration des Juruá-Gebietes, als die von dem mir unterstellten Museum unternommene und wenn Hiliot’s Angaben sich auf Exemplare dieser Expedition beziehen, so ist auch die weitere Behaup- tung unrichtig, dass die betreffenden Exemplare vom peruanischen Teile dieses Stromgebietes stammen, denn Herr E. Garbe hat nur die brasilianische Re- gion desselben besucht. Auf die beiden centralamerikanischen Arten, welche sich entweder von A. belzebul oder von A. caraya abgezweigt haben mógen, kann hier beim Mangel der nútigen osteologischen Anhalts- punkte nicht eingegangen werden. Geographische Verbreitung der Brullaffen Die Verbreitung der Briillaffen ist fiir die Beur- teilung der Geschichte der neotropischen Region und ihrer Provinzen von besonderer Wichtigkeit und unter ihnen sind wiederum die Briillaffen hesonders be- deutungsvoll, weil sie wenigstens in einzelnen Arten nicht absolut an den Urwald gebunden sind. Es steht zu vermuten, dass die Verbreitungskarte der Alouatta Arten, die hier mitgeteilt wird, auch für die übrigen Affen und waldbewohnenden Tiere sich als tvp:sch herausstellen wird. Wenn wir auf Grund der vorausgehenden Erorte- rungen und unter Benutzung der beigefiigten Karte die Verbreitung der Arten der Gattung Alouatta untersuchen, so ist zuniichst eine Tatsache sehr auffällig, die nämlich, dass in jedem besonderen geographischen Bezirke nur eine einzige Art der Gattung angetroffen wird. Naturgemäss werden an den Grenzgebieten sich zeitweise zwei verschiedene Arten begegnen, aber auch das nur in beschrinktem Masse, denn die Lebensweise ist bei einigen dersel- ben etwas verschieden. Besonders gilt dieses fiir den schwarzen Briillaffen A. caraya, welcher sich nicht scheut, auch in den Catingas zeitweise zu le- ben und mithin auch Wanderungen durch die Cam- pos zu unternehmen. Vor der Hand bleibt das Verhältnis der beiden centralamerikanischen Arten A. pallzata und villosa, von denen letztere auch noch in Ecuador angetroffen wird, zu den übrigen Arten der Gattung noch unklar. Erst die Untersuchung von Schädeln und Schallblasen kann darüber Entscheidung bringen. é Die enorm weite Verbreitung der schwarzen Brüllaffen, welche sich quer aurch den Continent von den Kaffeeplantagen S. Paulo’s bis zu den Cacao- Pflanzungen im Küstengebiete von Ecuador hin er- streckt, erklirt sich durch die oben angedeutete Le- bensweise dieser Affen, der einzigen Art, welche über Campos hin oder lings der Vegetation der Fluss- liufe von einem Waldgebiete zum anderen wandert und auch niederen Buschwald nicht verschmäht. Ganz isoliert ist das Vorkommen von 4. fusca in der schmalen Urwaldszone des Kiistengebirges von Siidostbrasilien. Es ist klar, dass die heutige Ver- breitung ein sehr diirftiger Rest einer einst weiter- reichenden ist und dass das Verbreitungscentrum der Aloualta-Arten die Tropenwaldungen am Fusse der Cordilleren von Bolivien, Perú und Ecuador, waren. Sonderbarer Weise steht die venezuelanische Art in wichtigen craniologischen Charakteren der stidbrasilianischen Art niher als 4. seniculus, be- sonders in Bezug auf die Nasen-und Gaumenbeine, wihrend andererseits À. fusca in der Bildung der Orbitalränder und der Glabella eine isoierte Stel- lung einnimmt. Offenbar gab es früher Ubergangs- formen und Vorläufer dieser roten Brüllaffen, von denen ein3 Art nach Südbrasilien gelangte und in ihrem Ursprungsgebiete erlosch. Auch andere z00- geographische Tatsachen weisen darauf hin, dass von Bolivien aus über Matto Grosso ehemals eine bewaldete Gebirgskette oder doch hüher gelegene Landschaft nach S. Paulo und Rio de Janeiro hin führte, welche spiterhin im Zusammenhavg mit dem Einbruche der Flusstäler des Paraguay und des Para- nastromes unterbrochen wurde. Besonders müge hier noch aut die Verbreitung der Gattung Strophochecus oder Bulimus hingewiesen sein, welche zu ganz übereinstimenden Schlussfolgerungen führt, wie ich ineiner von Prof. E. Bouvier der Pariser Aka- demie der Wissenschaften vorgelegten Mitteilung ausfiihrte. (Compt. Rend. 1911, N. 16, p. 1065-1067). Waldtiere mit beschriinkten Verbreitungsmitteln sind durch Steppen von anderweiten Waldgebieten — 280 — genau so vollkommen abgetrennt w.e durch Meere. Finder sich gleichwohl identische oder ähnliche Arten in räumlich gesonderten Waldgebieten, so muss zur Zeit der Ausbreitung eine andere Verteilung von Wald und Steppe bestanden haben. Darauf eben weisen uns die zoogeographischen Verhältnisse von Süd-und Mittelbrasilien hin und je weiter die spe- zifische Sonderung der jetzt isolierten faunistischen Elemente gegangen ist, um so linger muss schon die Trennung bestehen. Tafelerklárung Alle Hyoidknochen sind von vorne gezeichnet, mit dem Hinterrande nach unten gerichtet. Na- tiirliche Grosse. TAFEL V Fig. 1 Schallblasc von Alouatta fusca Geoff. o et Cr. Fig. = Schallblase von A fusca guarida lh. N. 1671, ¢ Fig. .5 Schallblase von 4. fusca guarda lh. Ni 41, 0. Fig. 4 Schallblase von A. fusca guarida Th. N. 319, 9- TAFEL VI Karte zur Erliuterung der geographischen Verbreitung der Brüllaffen der Gattung Alouatta. TAFEL VII Nur Fig. 7 ist in Seitenansicht gezeichnet ; die úbrigen Hyoidknochen sind von vorne gesehen. Natiirliche Grosse. Fig. 5 Schallblase von Alowatia seniculus L., 3, Fig. G Schallblase von A. belzebul i. 2: Fig. 1 Schallblase von A. caraya Humb. N. 1402 dg. Fig. 8 Schallblase von A. caraya Humb. N. 1401, a As especies hrazileiras de Nilionidas (Coleopteros) e a posição systematica da familia, pelo estudo das larvas POR RODOLPHO VON IHERING (Estampa III, figs. 2 e 3) (Com um resumo em allemäo — Mit einer deutschen Zusam- menfassung) Os besouros da pequena familia Nilionidae, os quaes pelo seu aspecto lembram certas especies de «vaquinhas» (da familia Coceinellidae), têm sido assumpto de muitas discussões relativas à posição systematica que lhes deva ser assignalada. Os auctores antigos divergiam muito uns dos outros e assim collocavam os Nelzonzdae ora junto às Coccinellas, ora entre os Tenebrionidae. Mo- dernamente havia prevalecido a opinião de conside- ral-os affins às familias inferiores dos Heteromeros (ou Meloideae mihi). Emquanto se conheciam apenas as formas adul- tas, a systematica realmente nada mais podia fazer senão julgar pela conformação do corpo, extremida- des, partes buccaes, etc. ; faltava o estudo das larvas para decidir definitivamente qual o verdadeiro paren- tesco desses besourinhos. Foi por isto que apro- veitamos o ensejo de termos encontrado as larvas, para completar esse estudo de uma familia pura- mente neotropica e sobretudo brazileira. A classificação das especies existentes no Museu Paulista levou-nos à revisão de todo o grupinho, do — 282 — qual aliás até hoje não se conhecem senão 26 es- pecies, sendo 17 dellas brazileiras, inclusive as 9 especies novas que aqui descrevemos. * * * Caracteres da Fam. Nihonidae. Corpo he- mispherico, convexo. Cabeça vertical, bem ajustada ao prothorax ; olhos transversaes ; antennas com 11 articulos, sendo o 3.º sempre bem maior que os outros ; clypeo transverso ; palpos maxillares com 4, os labiaes com 3 articulos ; mandibulas curtas, grossas, com dous dentes apicaes. Prothorax largo, trans- verso, nos lados foliaceo e no meio abahulado ; elytros hemisphericos, muito convexos, com recorte semilu- nar na margem anterior (com uma ou duas excepções apenas), nos lados com margem foliacea (larga adiante, atraz terminando em ponta). Abdomen com 9 se- ementos. Pés curtos, coxes transversaes, 0 par an- terior com intervallo minimo ou nullo; tarsos fili- formes, com 5 articulos nos pares anterior e medio, 4 articulos no posterior. Trata-se de um conjuncto de especies muito homogeneo no aspecto geral e conformação do corpo. O unico genero Nelo que constitue a familia, pode apenas ser dividido em tres grupos de espe- cies, tomando em consideração o caracter, aliás muito secundario, da disposição da pontuação dos elytros. Só uma especie, N. pusillus é um tanto aber- rante, pela conformação do corpo, muito mais alon- gado e menos alto (não hemispherico, senão antes achatado). Veja-se o que fica dito a respeito à pag. 298. Thomson e ainda o catalogo de Gemmiger e Harold incluiam nesta familia os generos Catapotra Thom. do Mexico e Hades Thom. de Java; mas ja no «Coleopterorum Catalogus» de Junk e Schenkling (Pars 2, +. Borchmann, 1910) esses dous generos foram desligados dos Nilionidae. Notas Oecologicas. O que até agora se sabia do modo de vida das especies de. Nilto resume-se quasi exclusivamente às informações de Lacordaire — 283 — (Ann. Se. nat. XXI pg. 152 (1) e no vol. V dos Genera Col., pag. 919); Thomson na sua Monogra- phia nada poude accrescentar, e não nos consta que em literatura mais moderna se encontrem observa- ções mais detalhadas. Do sr. H. Luederwaldt, preparador de entomo- logia do Museu Paulista obtive varios dados refe- rentes a N. bouvieri mihi, observados no Ypiranga (Sao Paulo) e nós mesrtos encontramos varias vezes o N. lutzi com sua cria no taquarussu da Serra da Cantareira, S. Paulo. As larvas foram encon- tradas no mez de Maio 1912. A larva de Nilio bouvieri mili Long. 4 mm. Larg. 4 mm. Os lados são pa- fallplos a começar da maior largura do prothorax em seu bordo posterior até o 9.º se- gmento abdominal; os segmentos res- tantes estreitam-se gradativamente, for- mando o 8.º segmento a curva poste- rior, porque o 9.º segmento não apparece quasi, visto de cima, devido à curvatura da metade posterior do abdomen. A caheça é egualmente curvada para baixo, com o clypeo e a fronte verticaes. Fig. 1 B . o . Larva de Nitiobou- Cabeça attingindo a maior largura 24>? maraltura. dos ocelloss um pouco» es- treitada para traz, na frente convergindo em angulo (1) Transerevemos as interessantes notas do celebre en- tomologista. « Nilio (Latr.) — Ces insectes vivent sur le tronc des arbres, contre lesquels on les trouve collés ou grimpant len- tement. Quand on les touche, ils se cramponnent assez for- tement aux aspérités de l’ecorce, et ramènent leurs antennes sous le corselet; lorsqu’on les tient, ils contractent leurs pattes à la maniére des Coccinella et restent assez long temps immobiles. Leur odeur est assez forte et pareille à celle des Helops. On trouve communément au Brésil deux espéces, N. fasciculatus et reticulatus, Dej. J’en ai rapporté une autre qui paraît rare, N. fusculus Dej. n. sp.». Estes tres nomes especificos são «nomina nuda»; veja-se a lista destes no fim da enumeração das especies (pag. 300). aa 284 = recto; fronte quasi plana, vertice ligeiramente ar- queado com um sulco mediano. Os desenhos das mandibulas, dos palpos maxillares e labiaes e da antenna dispensam-nos de descripção detalhada. Os ocellos são em numero de 4 de cada lado; 3 dos mesmos formam um triangulo muito alonga- do, no mesmo plano da antenna, emquanto que o 4.º ocello fica collo- cado muito abaixo, na face. Com relação à an- tenna observa-se que o articulo basal é mais largo quecom- prido ; 0 2.º artículo, de diametro circular, torna-se gradativa- mente mais fino em direcção à ponta; 5 esta termina em um c' tubercalo que póde ou não ser conside- rado como 8.º articu- = lo; cousa semelhan- te observa-se na fig. 14: Est. XIV destra- balho de Schioedte (1879, e na respe- ctiva descripçäo de Fig. 2 Lagria hirta o au- , ize a 3 o Larva de Nilio bouvieri n. sp. ctor diz : «art. pa nus A — Mento e palpos labiaes ; B — Maxilla o a o com palpo ; C, C’ — Mandibulas, direita e es- apice extremo an A Ca nl membranaceo». O prothorax é egual em seu comprimento aos dous segmentos seguintes reunidos ; em posição natu- ral é enclinado, formando angulo de 45º com a ho- risontal, representada pelos meso e metathorax ; destes segmentos o primeiro é apenas um pouco mais comprido que o segundo; comquanto pouco mais largos, destacam-se bem dos segmentos abdominaes. — 285 — Destes apenas o ultimo, apical, merece menção es- pecial, porque a respectiva forma parece ser bastante caracteristica nas larvas dos Heteromeros. No pre- sente caso, como se vê da fig. J, a valvula superior deste segmento tem apenas uma incisão mediana com os respectivos bordos só pouco divergentes, de modo que as Guas pontas que dahi resultam, são curtas e pouco separadas. E' com pouca differencao que se observa em Lagria, emquanto que nas outras fami- lias, de resto muito affins, como nos proprios Tene- brionidae, esta valvula anal sempre offerece cara- cteres variados, formando em geral espinhos ou gan- chos, que funccionam como orgãos de locomoção, no caso do retrocesso. (*) Os pês são antes curtos e fortes, os tres pares, com ligeira differença, eguaes entre si. A côr geral é bruno-castanha ; nas larvas ainda novas ha apenas a notar as linhas claras transversaes, da divisão dos segmentos; quando um pouco mais crescidas, nota-se uma mancha escura no prothorax, orlada de claro e um tanto recortada no meio. Nas larvas crescidas, a capeca, as duas manchas confluentes do prothorax e duas faixas lateraes, do mesothorax ao penultimo segmento anal, são bruno-averme- lhadas, separadas pela porção mediana mais pallida. O corpo todo, emcima, é revestido de espinhos curtos e de longos pellos, os mais compridos com cerca de metade da maior largura do corpo. De um dos exemplares do nosso material estava justamente sahindo a nympha, achando-se a chitina larval fendida na linha mediana do thorax apenas. (*) Interessante será, neste sentido, averiguar a posi- ção do gen. Phymatodes, tido geralmente como Tenebrionida, mas que tanto Erichson (Archiv f. Naturg. VIII, 1842, pg. 370) como Schiédte (Bibl. 8, 1879, pg. 521, Est. XIV, fig. 1-8) collocaram na fam. Lagriidæ. Esta classificação parece que não prevaleceu, visto como no «Catal. Coleopterorum» (Bibl. 2, 1910, II) este genero não foi incluido em tal fa- milia. Entretanto o 9.º segmento abdominal da larva, «ro- tundatum, inerme», parece, antes, indicar afinidade com Lagritde ; comtudo ha varios caracteres aberrantes que de- mandam estudo comparativo. — 286 — A nympha só pudemos estudar por esse espe- cimen em via de eclosão e examinando as pelles das quaes haviam sahido os besouros adultos. As larvas, reunidas em massa compacta, em numero de 20 a 40 sobre uma area de 2 ou 3 centimetros quadrados apenas, depois de terem defecado, pren- dem-se (collam-se ?) pelo segmento anal à casca da arvore. Os pés das larvas as vezes auxiliam a fi- xação, encravando as unhas nas rugosidades; fre- quentemente, porém, a parte anterior fica em posi- ção elevada, de forma que as extremidades não to- cam a base. Pela fenda thoraxica da pelle larval surge a nympha. Nesta,o que ha de mais caracte- ristico são os 5 pares de «tuberculos halteriformes» dos 5 segmentos abdo- minaes anteriores. Muito semelhantes aos «pro- cessi motorii» da nympha de Lagria hirta, figu- rada por Nchiddte (1. s. elit. isto XIV ie aaa): Nympha de N. bouvieiri, segmentos ab- em Nilo bouviert E Sta dominaes II e Ill ; os «tuberculos halteri- forma é mais pronuncia- formes» («processi motorii» de Schiddte). : damente a de meio halter ou cabeça de alfinete (fig. 3, T) (1). São justamente os O segmentos providos destes corpusculos que emer- gem da pelle larval; os segmentos restantes não possuem taes corpusculos. Larvas de N. lutzr foram encontradas em Maio nos septos abertos de taquarussú (2)e, a julgar pelo material secco de que unicamente dispomos de mo- Fig. 3 (1) Reservamos para um outro artigo o estudo detalha- do destes «tuberculos halteriformes» como os denominaremos, ao nosso vêr com mais propriedade. Comquanto ainda não tenhamos feito o estudo histologico, parece-nos que os cor- pusculos em questão não devem ter funeçäo motora, como o suggere a denominação dada por Schiódte; a nympha de Nilio não se locomove, permanecendo fixa na pelle larval. (2) Juntamente com as larvas destes besouros foram encontrados, nos mesmos septos, varios outros insectos, taes como formigas (Camponotus), Fulgoridas (N. 16773) e cocci- das da fam. Dactylopine: Ripersia taquare Hemp. == 287 e mento, ellas não differem das larvas de N. bouvieri, acima descriptas senão pelo colorido. A cabeça, o prothorax e os pês são amarello-ochre, em alguns pontos tirante ao bruno; os demais segmentos são pretos com ligeiro tom oliva; só nos tres ultimos segmentos abdominaes reapparece um pouco de co- lorido amarellado, pcrém mais denegrido. Os longos pellos que revestem todo o corpo e especialmente os flancos, são branco-sujos. Affinidades da familia Tratando-se de besourinhos que modernamente pouco tem sido estudados, torna-se difficil dizer qual a posição systematica que tenha preval:cido. Fazendo abstracção dos auctores antigos, os Nilionidae foram collocados naturalmente no grupo dos Heteromera, de accordo com o numero de artículos tarsaes (5 nas patas le Il,e 4 nas patas III). Neste grupo o Prof. Kolbe distinguiu um conjuncto de «familias inferiores», com as covinhas coxaes do prothorax abertas atraz, co- xas anteriores cônicas e epimeros do mesothorax alcançando as covinhas coxaes (fam. Meloidae, Py- rechroidae, Pythidae, Anthicidae, Uedemeridae, etc.); em um outro grupo ou «familias superiores», as covinhas coxaes do prothorax são fechadas atraz pela connexão dos epimeros com o prolongamento prosternal intercoxal; as coxas anteriores são coni- cas, proeminentes ou esphericas e embutidas : taes são as fam. Olhnidae, Lagridae, Cistelidae, Tene- brionidae, Aegralitilue e Tentyrudae ; na respe- ctiva enumeraçäo das familias (loc. cit. pag. 391) a que aqui estudamos, foi apenas mencionada, sem indicação quanto às suas affinidades com este ou com aquelle grupo. Mas em um outro trabalho anterior do mesmo auctor (Bibl. 4, pg. 140) a familia dos Nilionidae acha-se collocada no grupo das familias inferiores, por terem sido consideradas as covinhas coxaes como sendo abertas atraz. Mas o exame de um bom numero de exemplares mastrou-nos antes o contrario; essas covinhas possuem um bordo poste- rior que as delimita contra o mesothorax, um septo -— 288 —— apenas, mas que em todo caso ncs obriga a collocar esta familia no mesmo grupo dos Zenebriomdae e Cistelidae, ainda que nestes ultimos o bordo em questão seja bem mais espesso. Nos Meloidae, Mor- dellidae, ete. a covinha coxal é aberta atraz, ou in- teiramente ou ao menos até a metade do 1ado interno. Pelo estudo que fizemos das formas larvaes pudemos reconhecer ainda varios outros caracteres importantes para a posição systematica da familia ; infelizmente, porera, não possuimos material suffi- ciente de larvas de outras familias de Heteromeros, nem tão pouco pudemos saber de descrirções de larvas de varios desses pequenos grupos, egualmen- te até hoje vem pouco estudados. De especial valor foi-nos para tal estudo, entre os trabalhos ao nosso alcance, a admiravel serie de publicações sobre lar- vas de coleopteros do Prof. J. G. Schiôdte no «Na- turhistoriske Tidsskrift» (Vol. 11, Tenebrionidae e Vol. 12, Lagriidae). As larvas dos Nilionidae tem innegavelmente varios traços característicos em commum com as dos Zenebrionidae, de modo a poderem ser consi- deradas como mais chegadas a esta familia do que a outros Heteromeros do grupo dos Meloideae (*). Mas no mesmo grupe dos Zenebrioideae (*) a fa- milia dos Nilionidae avisinha-se muito mais, pela forma larval, da fam. Zagriüdae ; dos outros Te- nebriordeae conhecemos larvas ou descripções destas, apenas dos Cistelidae e Aegiahtidae, que differem sensivelmente da familia que aqui estudamos; dos Tentyrvidae parece-nos que se pode aftirmar outro tanto. Assim collocamos os Nliondae entre os Lagrudae e Tenebrronidae. (*) Em falta de uma denominação para cada um dos. dous grupos de familias de Heteromeros, a que o Prof. Kolbe se refere como «familias de organização inferior» e «familias superiores», propomos os seguintes nomes : HETEROMERA Sect. MELOIDEAE n. (familias inferiores com covinhas coxaes I abertas atraz): Melandryidae, Mordellidae, Rhipi— — 289 — Descripção das especies novas Nilio lutzi 7 sp. (Estampa III, fig. 3) Long. & mm; Lat. 7 mm. Elytra obscure atro-viridis, caput, antennarum art. 1-3, prothcrax, scutellum, elytrorum margines flavi, subtus testaceus, pedes flavescentes, antennarum art. 4-5 rufo-brunnei, caeteri nigri; caput protho- raxque pilis aurentiis, elytra pilis stramineis obtecta. Caput et prothoracis pars media confertim et leviter punctulata, cujus elytrorumque latera validius. Elytra Ôaemispherica, convexa, antice lunata, se- riebus 148 longitudinalibus punctorum instructa, in- ter has series levae. Hab.: Typus (N. 16771, Mus. Paul.) Cantareira, São Paulo. Istam speciem novam dedico praeclaro colle- gae Dr. A. Lutzo in die commemorationis festivae studiorum biologicorum XXXV ennos ad glorizm scienciae brasiliensis peractorum. 30. III. 913. Nilio coffeatus n. sp. Long. 8-9 mm.; Lat. 7-8 mm. Supra brunneo-nigricans vel coffeatus, pubes- cens ; antennae, caput, prothoracis pars media, pec- dophoridae, Cephal idae, Oedemeridue, Pythidae, Anthici- dae, Pidilidae, Xyl phiidae, Monommidae, ‘Trictenomidae ; Sect. TENEBRIOIDEAE 2. (familias superiores, com covi- nhas coxaes I fechadas atraz): Othniidae, Cistelidae, La- griidae, Nilionidae, Tencbrionidae, Aegialitidae, Tentyriidas ; A proposito do nome da penultima familia acima citada, derivado do nome generico Aegialites (Mannerh. 1853), lem- bramos a confusão que estabelece pela sua quasi perfeita homonymia com Aegialitis (Boie, 1822, Aves, fam. Chara- dréidae); a familia que se estabelecesse com esse genero de ave por typo, teria egualmente o nome Aegialitidae. As ambiguidades que dahi resultam, ja nos referimos em nosso Catalogo das Aves do Brazil, 1907, pg. XVII, e aqui nos limitaremos a assignalar essa falha das Regras Internacio- naes de Nomenclatura. codigo esse que entretanto respeita- remos incondicionalmente. tus abdomenque nigrum, pedes nigri, art. tarsorum ferrugiveo-pubescentes. Sutura lineola testaceo-fer- ruginea notata; elytra ornata fasciis alternatim obs- cure castaneis et nigris cum seriebus punctorum colincidentibus. Elytra haemispherica, convexa, antice lunata, seriebus 18 longitudinalibus punctcrum instructa, inter has series tenuiter et confertim punctulata, caput prothoraxque aeque punctnlata : subtus pedes- que tenuissime punctulati. Hab.: Typus (N. 6547, Mus. Paul.) Franca, Est. São Paulo. Nilio bouvieri 7. sp. Long. 6,9 mm.; Lat. 5,7 mm. Supra fulveo-olivaceo-grisescens, vel totus pi- lis griseis tectus ; caput nigrum simulque prothorax in medio, ille in lateribus, elytrorum margines et sutura testaceo-flavi, scutellum brunneam; subtus pedesque testaceo flavi; tarsi clare brunnei, aureo- villosi; partes buccaliae, antennarum art. 1-3 fer- ruginei, art. 4-11 gradatim rubro-brunnei. Prothoracis pars media elevata, tenuissime pun- ctulata, subnitida; cujus latera, elytrorum margi- nes crassius punctulati; elytra haemispherica, con- vexa, quasi tantum longa quam amba sunt larga, antice lunulata, seriebus 22 longitudinalibus puncto- rum instructa, inter has series subtiliter punctulata; subtus pedesque laeves. Hab.: Est. São Paulo: Typus (N. 11510 Mus. Paul.) Ypiranga; N. 9616, Jundiahy. In honorem docti et professores E. Bouvieri plena veneratione hasc species est denominata. Nilio paralanatus n. sp. Long. 7,5 — 8 mm.; Lat. 7,3 — 7,5 mm. Niger; caput prothoraxque flavi, aurantii-pilosi, laeviter punctulati; pedes obscure brunnei; elytra nitida, extra punctulationem laevissimam cum panctis majoribus, irregularibus, in linea recta vel flexuosa (propius scutellum), modo in orbem aut vermicula- tionem incedentibus, instructa; intra istas figuras pubescentia elytrorum est flavo-viridis, extra eas nigra. é Hab.: Typus. Valle do Rio Pardo, Est. de S. Paulo (E. Gounelle leg. XII, 1898); Guayrá, Est. Paraná (CG: Schrottky leg. XI, 01910). Nilio varius n. :p. (Estampa III, fig. 2) Long. 6 mm. : [eats ocmm, Caput rufo-brunneum, prothorax in medio dito, lateribus flavidioribus ; elytra brunneo-nigra, con- fertim fasciolis vel maculis numerosissimis, irregu- laribus ochraceo-flavis ornata, marginibus (neque sutura) ejusdem coloris; antennae pedesque rufo- testacel. Caput prothoraxque valde et confertim pun- ctata; elytra nitida, extra generalem punctalationem laevissimam, punctis majoribus circum maculas tes- taceoflavas instructa. Pars inferior capitis aureo-pilosa, frons, pro- thoraxque pilis nigris munita; pubescencia colore elytrorum concordat, sic supra maculas testaceas sunt fasciculae pilornm flavarum. Elytra haemisphe- rica, convexa, antice quasi recta. Hab. : Est. S. Paulo, Typus (N. 2502) Canta- reira,S. Paulo; Raiz:da Serra: Var. a Differt a forma typica : elytra eviden- ter lunata; color macularum flavidior ; magnitudine forma typica. Hob. = São Paulo, Ypiranga (N. 720% 7224, Mus. Paul.) Var. b Haec forma typo appropinquat, sed magnitudine differt: Long. 8,5 mm., Lat. 7 mm. Hab.: Franca, Estado de S. Paulo. t9 we) 4 | lex CHAVE PARA A CLASSIFICAÇÃO DAS ESPECIES Elytros com pontuação dis- posta em 18 series regula- ses . Elytros com “pontuação dis- posta em 22 series regula- res . Elytros com pontuação irre- gularmente disposta, nunca em series longitudinaes . Especies cujas diagnoses são deficientes, motivo pelo qual não puderam ser incluidas na chave supra. Elytros sem outra pontuação entre as 18 series. Elytros com pontinhos me- nores entre as 18 seres re- gulares Corpo e elytros amarellos Elytros escuros. Sem faixas longitudinaes SO bre os elytros Com 6 faixas longitudinaes avermelhadas sobre os ely- tros. : Especie grande, 10 mm. Especies “medias, T-Smim. Especies pequenas, 4-Omm e o bordo anterior dos elytros não é concavo como de regra Bruno-avermelhado, margens do prothorax e dos elytros e sutura vermelho-amarellados, pellos ruivos; artic. das an- tennas 4-11 pretos. Semelhante à especie prece- dente, mas só os artic. 6-11 das antennas pretos; a pontua- (10) 4 (9) 1) N. testaceus 2) N. perwvianus 3) N. villosus (7) (6) 4, N. fulvopilosus =1 (9,0) 10 it 13 ção dos elytros muito mais grosseira, principalmente nos lados e no apice. Antennas com articulos amarellos. . . Antennas com articulos 1-3 amarellos. ‘ Com sutura amarella. Sem sutura amarella : ely- tros pretos, sua margem, prothorax e cabeça amarellos Cor mais escura, pontuação dos elytros mais forte, pre- thorax maior Bruno menos escuro, pontua- ção dos elytros mais o prothorax menor Elytros escuros, brunos ou pretos ou pretos, com ou sem desenho de outra côr . Elytros vermelhos ou cas- tanhos. 1-9 vermelho-casta- Côr geral nha, sem outro desenho, 7mm ‘ Or geral vermelha, articu- culos 3-1] das antennas Ea tos, 9 mm Em cima o colorido é uni- forme . Em cima o colorido não é uniforme; pelo menos com sutura ou frisos de outra cor eke ua 0 2 SOO Corpo globoso e com lar- gura quasi egual ao compri- mento, que é de 4ômm.; de côr azul metallica em eum: Corpo antes achatado, alon- gado (muito mais do que em 9. N. thomson: 6. N. coccine!- loides (8) (9) mA lbs 8 N. pilosus 9. N amazonicus (12) (11) 10. N. rubrocas- taneus 11. N. lafertei (14) (14) 12. N. aeneus 14 15 16 17 —— 294 -- qualquer outra especie do ge- nero), 4-4,omm. de compr. por 2,9 mm. de largura; bruno, só com os lados do prothorax mais claros (ama- rello brunos) e antennas de egual côr nos articulos ba- saes, os seguintes cada vez mais brunos e só os 4 ulti- mos positivamente pretos Com frisos de côr mais viva, pelo menos a sutura. Elytros sem frisos de côr mais viva. 5 Apa EEE Elytros brunos, com pon- tuação mais forte entre as 18 series e no resto do cor- po; antennas brunas, cabe- ça e prothorax ochre, 9,5mm. Toda a pontuação muito le- ve; elytros e antennas de côr preta, o resto amarello, SD mm, ken rasder pe aeiienvt Apenas a sutura com listra muito delicada, as margens dos elytros parecem amarel- las, apenas devido à transpa- recia ; cor de fuligem (café), corpo, antennas, cabeça e centro do prothorax pretos. Especies brunas ou mais es- curas, com colorido amarello ou ochre abundante, tambem na cabeça e protborax Margem anterior dos elytros direita (sem concavidade) ; centro do prothorax escuro. Margem anterior dos ely- tros concava, elytros. (exce- pto os frisos) brunos, protho- rax inteiramente amarello .. 13. N. pusillus (16) (15) 14 0h suuralis 15240. collaras 16. N. coffeatus 17. A. lebasec 18 19 dO ty Subpubescente ; artic. das an- tennas 1-3 amarellos, os de- mais pretos; 6mm Todo o corpo em cima com longos pellos densos; artic. das antennas 1-5 sesamin 45 min : : Sem pontuação entre. as 22 series, elytros sem frisos, antennas inteiramente bruno- avermelhadas E Com fina pontuação entre as 22 series, elytros con sutu- ra e frisos destacados; an- tennas mais claras na base, gradativamente mais escuras Elytros pretos umforimes (fa- zendo-se abstracção da côr dos pellos); cabeça e pro- thorax amarellos Elytros com manchas irre- gulares, amarelladas Pubescencia verde escura ( «viridi-obscura» Thoms. ) ; Long. 10mm.; Lat. 8,5mm. Pubescencia verde clara («fla- vo virens» mihi), alternada com tufos pretos; Long. 7.0-10mm À À pontuaçäo dos ely tros é irregular e independente das manchas amarellas ; margens dos elytros e suturas ama- rellas . A pontuação dos elytros for- ma os limites de cada uma das manchas amarellas As manchas dos elytros são regulares, ovaes, não muito chegadas umas às outras e de côr ferruginea . 18. N. sallez 19.AN. chiriquen- SUS 20. N. brunneus 21. N. bouviere 22 UN. lanatus 25. N. parala- nalus 24. N. maculatus (23) . 20. N. pantherinus em 296 = — As manchas dos elytros são irregulares, de tamanho va- rio e muito chegadas umas às outras, de forma a con- fluirem às vezes; a côr das mesmas e das margens dos elytros é amarello-testacea . 26. N. varius 24—N. fascicularis Germ. Certamente pertence ao grupo O. Por ser especie brazileira repetimos aqui a dia- gnose segundo Thomsos: «Pallidus, elytris margi- natis, disco fuscis, fasciculato pilosis; magnitudine N. villosi; caput parum cum antennis pallidum ; prothorax villosus, fuscis, lateribus dilatatis, palli- dis; elytra fusca, pilis gilvis fasciculata, margine reflexo pallido; corpus subtus totum pallidum». — N. margmellus Erichs. Pela diagnose pode pertencer tanto ao grupo A. como B.; talvez oc- corra tambem na Amazonia. Será difficil reconhe- cer esta especie e da qual o auctor diz apenas: «Ni- ger, subtiliter aequaliterque cinereo puberulus, ely- tris punctatissimis obsolete punctato-striatis, sutura margineque tenuiter flavo-circumscriptis. Long. 8-9 mm. (e não «3 mm. 2/3» como escreve Thomson, que não converteu a medida original (linhas) em milimetros). Patria: Perú. Fam. NILIONIDAE Gen. NILIO Lair. 1802 Latreille, Ilist. Nat. Crust. et Ins. III, 1802, po Mimos Thomson, Bibl. 9, p. 5-12 e 45. N. 1. IN. testaeeus Thoms. Thomson, Bibl. 9, pg. 9, Est. 3, fig 10 Para. Mus. Paul.: Para. N.2. NW. peruvianus Thoms. Thomson, Bibl. 9, pg. 9 e 45. Perú, Amazonas. N. 3. BW. willosus Fabr. Fabricius, Mant. Ins. II, append. 1787, pg. 579 Thomson, Bibl. 9, pg. 9. Guyane fr., Ama- zonas. N. 4. NW. fulvopilosus Chomp. Champion, Bibl. 3, pg. 471, Panama. N. 5. NW. thomsoni Champ. Champion,, Bibl. 3, pg. 471, Est. 21 fig. 20. America Central. N. 6. IN. coccinelloides Cast. DOT - eel ys Castelnau, Hist. nat. Col. II, 1840, pe. Thomson, Bibl. 9 pg. 10. Brazil. N. 720 mM Imtzit Ro volh. R. von Ihering, cf. antea. pg. 289; Est. TIL fig. 3. Mus. Paul.: (Typo) Cantareira, Est. S. Paulo. N. 8. IN. pilosus (Cast. 297 Castelnau. loc. s. cit. 1840, pg 227 ; Thomson, Bibl. 9, pg. 9 e 40. Colombia, Ama- zonas. N. 9. MW. amazonicus Thoms. Thomson, Bibl. 9, Est. 3, fig. 2. Amazonia. N. 10. NW. rubrocastaneus Thoms. Thomson, Bibl. 9, pg. 11, Est. 4, fig. 1, Guya- na fr. e provavelmente Pará. — 298 — N. 11. NW. laferti Thons. Thomson, Bibl. 9. pg. 9, 11, Golombia. N. 12. MN aeneus 70m. Thomson, Bibl. 9, pg. 45, Amazonia. N. 15. NN. pusillus Kuhnt Kunht—ubi? Mus. Paul. : (teste C. Bruch)... Rep. Argen- tina, Prov. Jujuy. EK’ o typo mais aberrante neste conjuncto tão homogeneo e não extranharemos si houver quem o separe — subgenericamente ? Nao pudemos en- contrar a diagnose original; os especimens da nossa colleccäo devemos ao sr. Carlos Bruch, do Museu de La Plata. N. 14 B®. suturalis Thoms. Thomson. Bibl. 9, pg. 10, Santa Cruz, Bolivia. N. 15. IN. collaris Thoms. Thomson, Bibl. 9, pg. 11, Est. 4, fig. 2, Go- lombia. N. 16. Ne. coffeatus fF. v. lh. R. von Ihering, cf. antea pg. 290. Mus. Paul.: (Typo) Franca, Est. deS. Paulo. N. t7. MN. lebasei Thoms. Thomson, Bibl. y, pg. 10, Est. 3, fig. 3. Co- lombia. N. 18. MW. sallei Zhoms. Thomson. Bibl. 9, pg. 10, Est. 3, fig. 4, Mexico. N. 19 N. chiriquensis Chanp. Champion, Bibl. 3, pag. 471, Est. 21, fig. 21. Panamá. N. 20. N brunneus Thos. Thomson, Bibl. 9, pg. 11, Est. 3, fig. 5, Brazil. N. 21. MW. bouvieri ZX. v. Th. R. von Ihering, cf antea, pg. 290. Mus. Paul.: (Typo) Ypiranga; Jundiahy, Est. S. Paulo. Os especimens de Jundiahy parecem differir um pouco dos typos do Ypiranga. Como porem a serie destes mostra certa variabilidade no colorido (ely- tros mais claros no meio), não pensamos que seja o caso de distinguir subspecies. N. 22. N. lanatus Gorm. Germar, Ins. Spec., 1824, pg. 161 ; Guerin, Icon. Regn. An. Cuvier, 1&43, pg. 122 Est Sl, fig. 8: Thomson, Bibk' 9) pg; 12. Brazil. N.25 MW. paralanatus 2. v. lh. R. von Ihering, cf. antea pg. 290. Mus. Paul.: (Typo) Valle do Rio Pardo, Est. S. Paulo; Puerto Majoli, Guayra, Rep. Paraguay ; Chaco, Miss'ones, Rep. Argentina. N. 24. IN. maculatus Germ. Germar, loc. s. cit, 1824 pe. 162. Thomson, Bibl. 9, pg. 12, Brazil. N. 25. MW. pantherinas Vhs. Thomson, Bibl. 9, pg. 12, Est. 4, fig. 3, Brazil. N. 26. MW. warius ZX. v. lh. R. von lhering, cf. antea, p. 291, Est. III, fig. 2. Mus. Paul.: (Typo) Cantareira. Ypiranga, Franca: Est. S. Paulo. Nota-se alguma variabilidade entre os espe- cimens das varias procedencias, sendo que as man- chas amarellas dos elytros as vezes confluem, for- mando estrias maiores. Sera preciso um maior numero de exemplares para verificar si ha alguma constar.cia que possa motivar o reconhecimento de subspecies. Especies incertas MW. fascicularis Germ. Germar, 100.8. ci 1621, pe. 1072 Thomson, ‘Bibl. 9, pes 12) Brazil N. marginellus Zrichs. Erichson, Wieginann’s Archiv f. Naturg. XII, 154 ep: 1205 Thomson, Bibl. 9. pg. 2, Peru. Nomina nuda N. RECTICULATUS Dej.—? N. maculatus Germ. Lacordaire, Ann. Sc. Nat. XXI, 1830, p. 152. Comte Dejean, Cat. Coleopt. 1837, pg. 220, Brazil. N. ruscuLous De}. Lacordaire 1. cit; Comte Dejean loc. cit. Brazil. N. rascicutatus Dej.—? N. lanatus, Germ. Lacordaire, loc cit.; Comte Dejean, loc. cit., Brazil. N. pistinctus Dejean, loc. cit. Colombia. N. romentosus Dejean, loc. cit. Cayenna. Bibliographia 1) Catalogus Coleopterorwa, Gemmiger & Harold, vol. VII, 1870. 2\ Coleopterorum Catalogus, W. Junk & Schenkling. Pars 2, F. Borchmann : Nilionidae ete., 1910, 3) Champion, Biolog. Centr. Americana, Col. IV; E 1888 po 40; 4) Kolbe, H. J. Vergl. morphol. Untersuch. an Coleopt. u. Grundiage zum System ; Arch. f. Na- turg. 67, Beiheft, 1901, p. 89-- 100. 5) Kolbe, H. J. Mein System der Coleopteren, Zeitschr. f. wiss. Insektenbiol., Vol. XIII, 1908 ; pgs. 286 e 391. 6) Lacordaire Mem. hab. Col. Amer. merid.; Ann. Sciences Nat. XX. 7) Lacordaire Genera des Coleopt. Vol. V, pa 919: 8) Sehiddte, J. C. De Metomorph. Elguthera- torum observationes; Naturhist. Tidsskrift; Vol. XI, 1877-78 (Tenebriones, etc.); Vol. XII, 1879-80 (Lagriæ, etc.) 9) Thomson, J., Monogr. fam. Nilionides ; Musée scientifique ou Recueil d'Hist. Nat. Paris, 1860, pg. 9-11 & 45-46. Die systematische Stellung der kleinen Käferfamilie der Nilioniden Die systematische Stellang der neotropischen, mit Vorzug brasilianischen Käferfamilie der Nilio- niden war bisher schwankend, indem die einen Au- toren sie den Tenebrioniden, wieder andere neuer- dings den «niederen Familien der Heteromeren» zuteilten. Durch die Beschreibung ihrer Larven glaube ich neue Gesichtspunkte beibringen zu kôn- nen, unter denen sich die Frage entgiltig erledigen lasst. Bei meiner Bestimmung des diesbezüglichen Materiales im Museu Paulista ergab sich, dass von den 26 bekannten Nilioniden-Arten einschliesslich der 5 neuen, 17 Brasilien zugehóren. Die nachfol- gende Zusammenfassung beschränkt sich auf das Neue, welches der portugisische Text bringt, wah- -rend fiir das bereits Bekannte auf die immer noch wertvolle Arbeit Thomson's (Bibliographia, n. 9) verwiesen sei. Im Allgemeinen ist die Gruppe sehr hemogen und nur eine Art, N. pusellus Kuhnt, ist abwei- chend durch ihre viel gestrecktere und weniger g-wôlbte Form. Die Beschreibung dieser Art war mir nicht zugânglich und ich verdanke ihren Namen sowie einige Exemplare dem Hrn. Carlos Bruch am La Plata Museum. Ueber die Lebensweise dieser Käfer hat von den iilteren Autoren besonders Lacordaire beri- chtet; ich selber und Hr. Lüderwaldt hatten dann Ofters GelegenLeit, Exemplare von N. bouvieri und lulzi zu sammeln, letztere Art speciell auf dem R iesenbambus. e Beschreibung der Larve von N. bouvieri whi 9 mm lang, 4 mm breit. Die Ränder der Kür- perabschnitte verlaufen vom Prothorax bis zum 5. Abd. Segmente parallel, die übrigen verschmilern sich successive am Abdomen und schieben sich übereinander, wodurch die Wolbung dieses Korper- teiles erreicht wird; ebenso wülbt sich der Kopf nach unten; er hat seine grósste Breite in der Hôhe der Ocellen und verschmilert sich dann etwas nach hinten. Die Stirne ist beinahe flach, der Scheitel etwas gewolbt mit einer Furche in der Mitte. Die Zeichnung (Fig. 2) erübrigt eine ge- nauere Beschreibung der Mundteile. Auf jeder Seite befinden sich 4 Nebenaugen ; drei davon bilden ein recht stumpfwinkliges Dreieck in gleicher Ebene mit dem Fübler, während das 4. viel tiefer im Gesichte liegt. Betreff der Fitihler ist zu bemerken, dass das Basalglied viel breiter als lang ist, das zweite von kreis‘Ormigem Durchmesser, nach der Spitze zu sich verjiingend; das an der Spitze befindliche Külbchen endlich kann als 3. Glied aufgefasst werden. Jedenfalls handelt es sich um ein ähnliches Gebilde, wie es Schiüdte in sei- ner Arbeit (Bibl. 8, 1872, Taf. XIV, Fig. 14) für Lagria hirta bescheibt: .. «articulo segundo....... apice extremo angustiore, globoso, membranaceo ». Die Linge des Prothorax kommt der der bei- den folgenden Segmente zusammengenommen gleich. Von den Abdominalsegmenten ist nur noch das letzte besonders zu erwähnen, weil seine Form bei allen Larven der Heteromeren charakteristisch ist; seine obere Klappe hat bloss in der Mitte einen Einschnitt mit wenig divergierenden Rändera (Sei- ten), sodass die dadurch gebildeten Spitzen nur kurz und wenig voneinander abstehen. Es verhält sich damit ungefähr wie bei Lagria. wiihrend bei den anderen, übrigens nahe verwandten I*amilien, wie den eigentlichen Tenebrionidae, die Analklappe je- — 304 — desmal seine characteristiche Verschiedenheit auf- weist, indem sie im Allgemeinen in Dornen oder Haken ausläuft, die beim Riickwiirtsgehen als Fort- bewegungsorgane dienen. (*) Die Beine sind ziemlich kurz und stark und die drei Paare unter sich ungefähr gleich. Die Hauptfarbe ist kastanienbraun, die jungen Larven zei- gen bloss an den Segment-Absätzen helle Transver- saliinien, wiihrend bei etwas iilteren Larven auf dem Prothorax ein dunkler Fleck mit weissem Rande und in der Mitte mit einem Ausschnitt erscheint. Auf unserer Figur sieht man die Zeichnung der ausgewachsenen Larve. Der ganze Kôrper ist oben mit kurzen Stacheln versehen und ausserdem mit langen Haaren, von denen die längsten etwa die Halfte der Breite des Kürpers erreichen. Ein Exem- plar unserer Sammlung befindet sich eben im Mo- ment der Häutung, wobei die Nymphe gerade aus dem mittleren Rückenspalt herauskriecht. Nur an diesem Exemplar konnten wir die Nymphe studie- ren. Nymphenhiiute findet man ôfters an Baumrin- den hängen. So besitzt unsere Sammlung verschie- dene Belegstiicke, wo man 20 — 40 Häute auf 2 — 3 qem vereinigt sieht, nur mit dem Abdominalse- ement an der Rinde fest gekittet. Manchmal un- terstiitzen auch die Füsse der Larve die Befesti- vung, meist ist aber der Vorderteil des Koérpers so zuriickgebogen, dass die Fiisse nicht mehr die Un- terlage beriihren. Das Interessanteste an der Nym- (*) In diesem Zusammenhange wire es interessant, auf die Stellung des Genus Phymatodes, welches gewohnlich zu den Tenebrioniden gerechnet wird, hinzuweisen. Erzchson nämlich (Archiv f. Naturgeschichte VIII, 1842, fig. 370) wie Schiédte (Bibl. 8, 1879, p. 521), stellten es in die Familie der Lagriiden. Doch scheint diese Einreihung nicht berück- sichtigt worden zu sein, ef. Coleopt. Catal. (Bibl. 2, 1910, II); trotz vorhandener Verschiedenheiten passt aber die Beschreibung des 9. Abdominalsegmentes: «... rotunda- tum, inerme...» eher auf die Lagriiden. phe sind die 5 Paare hantelformiger Tuberkeln (*) der ersten 5 Segmente, welche grosse Aehnlichkeit mit den «processi motorii» der Nymphen von La- gria hirta nach der Darstellung Schioedte’s (I. c. Taf. XIV, Fig. 21) haben. Gerade diese fiinf mit den hantelfürmigen Aus- wiichsen versehenen Segmente treten aus der Lar- venhaut hervor, wihrend die übrigen unter der Haut liegenden Segmente keine derartigen Gebilde aufwei- sen. Die Larven von N. lwtz: wurden im Mai ver- eint mit anderen Insekten resp. Larven in dow In- ternodien des Riesenbambus gefunden. Nach dem mir zur Verfiigung stehenden Material unterschei- den sie sich wenig von der vorhergehenden Art. Kopf, Prothorax und Füsse sind ockergelb, an ei- nigen Stellen ins Bräunliche sp'elead Der iibrige Teil des Korpers ist schwarz, ins Olivengrüne ab- tonend. Nur die drei letzten Abdominalsegmente zeigen wieder eine gelbliche Farbe, aber etwas dunkler als die Vorderteile. Die langen Haare, welche den ganzen Korper, speciell die Flanken bedecken, sind schmutzig weiss. Prof. Kolbe unterscheidet unter den Heterome- ren eine Gruppe von «nieteren Familien», bei wel- chen die Coxal-Grübchen des Prothorax hinten of- fen sind (Fam. Meloidae, Pyrochroidae etc.) und eine Gruppe der «hóheren Familien», bei welchen diese Coxalgrübchen geschlossen sind (Fam. Othnz- dae. Lagriidae etc...). In seinem System der Co- leopteren (Bibl. 5) sagt der Autor nicht, in welche (*) Ich gehe hier nicht näher auf die Bestimmung die- ser «tuberculi halteriformes» ein ; doch scheint es mir ange- bracht, den von Schioedte vorgeschlagenen Namen durch einen zutreffenderen zu ersetzen, da diese Auswiichse gewiss nicht als Fortbewegungsorgane dienen. Ich hoffe gelegentlich durch histologische Untersuchungen dieser Kérpercheu einen niheren Einblick in ihre Funktionen zu erlangen. — 306 — dieser beiden Familien er unsere hier studierten Nilioniden eingereiht sehen will. Aber in einer älteren Arbeit (Bibl. 4) erwihnt er die Nilioniden als zur Gruppe mit offenen Coxalgriibchen gehü- rend (niedere Familien) Die Untersuchung einer ganzen Anzahl von Exemplaren zeigt uns aber eher das Gegenteil: diese Griibchen haben einen Hinter- rand, welcher sie gegen den Mesothorax abtrennt, ein nur unscheimbares Septum, welches aber ent- schieden für die Stellung der Nilioniden in der Gruppe der «hóheren Familien» spricht. Auch aus der Be- schreibung der Larven ergiebt sich schon ohne Weiteres, dass die Nilioniden mehr Beziehung zu den héheren Tenebrioniden aufweisen, als zu den mederen ‘ amilien. Um übrigens diese unhandliche Unterscheidung in «hdhere» und «niedere» Familien durch einen fasslicheren Terminus zu ersetzen, schlage ich vor, die oben als «héhere Familien» bezeichnete Gruppe TENSBRIOIDEAE die als « niedere » bezeichneten Fa- milien MELOIDEAE zu nennen. In der Gruppe der TENEBRIOIDEAE weissen die Nelzonzdae in ibrer Larvenform specielle Beziehungen zu den Lagrvidae auf Von den anderen Familien der Tenebrioideae kennen wir die Beschreibungen der Larve nur von Cistelidae und Aegialitidae, welche jedoch merklich von unserer Familie abweichen. Das Ver- hiltnis zu den Zentyridae scheint ein Aehnliches zu sein. Deswegen halten wir es für angebracht, die Nilioniden zwischen die Familien der Lagriidae und Tenebrionidae zu setzen. George Marcgrave O primeiro sabio gue veiu estudar a natureza do Bracil — 1636 a 44 POR RODOLPHO VON IHERING O primeiro naturalista que veiu à terra de Santa Cruz para estudar a flora e fauna, as terras e es- trellas da nossa patria, bem merece ser conhecido mais de perto por todos nós que nos interessamos pelo desenvolvimento intellectual de nossa patria. E quiz a fortuna que esse precursor dos nossos «Meyer's» fosse uma das personalidades das mais sympathicas e de mais ampla ilustração; George Marcgrave, autor da «llistoria Rerum Naturalum Brasiliae», publicada em 1648. As infcrimações que a seu respeito encontramos nas encyclopedias limitam-se a dizer que esse naturalista allemão viera ao Brazil em com- parhia do principe Mauricio de Nassau, governador das conquistas hollandezas no Pernambuco, que aqui re dedicou a estudos de historia natural e que, de collaboração com William Piso, escreveu o livro que acima mencionamos. São, francamente, por demais laconicas taes in- formações biographicas, em se tratando de um vulto da nossa historia, do valor do Marcgrave, e assim cremos que será bem acolhido um resumo do es- tudo do dr. E. W. Gudger (Popular Science Mon- hly. IX, 1912), em que esse scientista norte ame- ricano reune e commeata todas as informações que poude obter acerca do collega. = 308 = Julgamos ainda opportuno accrescentar alguns dados relativos ao livro de historia natural brazi- leira de Marcgrave, preciosidade bibliographica de inestimavel valor, da qual se encontra um exemplar, em optimo estado de conservação, na bibliotheca particular do dr. H. von Ihering. de veorge Marcgrave nasceu em 10 de Setembro de 1610 em Liebstadt, na Sa xonia, Allemanha, e era filho de familia illustre — ao menos sabe-se que tanto o pae como o avô materno de George eram versados em theologia e sabiam latim e grego, o que naquelles tempos certamente correspondia a ser doutor hoje em dia. Aos 17 annos de edade, man- daram o joven percorrer o mundo, para que culti- vasse as suas naturaes inclinações para os estudos e approveitasse as suas disposições musicaes e de pin- tura. Assim esteve Marcgrave em dez universidades (acalemias) aliemäs, onde estudou mathematicas, botanica, chimica e medicina; por fim, não satis- feito ainda com tanto saber, dedicou-se ao estudo da astronomia, e assim trabalhou durante dous annos no observatorio de Leyden, onde se distinguiu pela ilustração e pela actividade, produzindo trabalhos originaes que mereceram francos elogios dos seus mestres. Gontava Marcgrave 2% annos quando travou relações com Jean de Laet, director da Companhia das Indias Occidentaes, homem de grandes mere- cimentos e apreciador da boa sciencia. Estava, pois, o jovem naturalista bem recommendado ao conde de Nassau, que procurava formar em Pernambuco (ou melhor «Mauricia») a sua corte intellectual. Effectivamente, convidado por Nassau para prestar os seus serviços na exploração scientifica da nova colonia hollandeza, e tentado pelas maravilhas que lhe contavam da natureza brazileira, embarcou Marcgrave em 3.º de Janeiro de 163%, para dahi a a dous mezes pisar em terras pernambucanas. t — — 309 — — Mauricio de Nassau sentia-se bem nesta roda de homens de sciencia e deartistas; alem de Marc- grave, ahi estavam W. Piso, medico; o capellão Franz Plate, ulteriormente professor de th2ologia em Breda; IH. Gralitz, jovem geographo allemão, in- felizmente pouco depois victimado pelas febres ; Elias Herkman, autor de nma monographia sobre a ca- pitania da Parahyba; Peter Post, architecto de no- meada e tambem o irmão deste ultimo, Franz Post pintor de merecimento e autor de numerosos quadros de grandes dimensões, que representavam scenas da nossa natureza, alguns dos quaes foram: offerecidos depois a Luiz XIV. Era este o meio intellectual em que Marcgrave ia desenvolver a sua actividade. Pela sua cultura variada, que se extendia mesmo à architectura mi- litar, o conde de Nassau tinha-o em alta conta, e assim lhe proporcionava todas as facilidades e re- cursos de que necessitava. Era a primeira vez que um astronomo expe- rimentado se dispunha a estudar o céo do hemis- pherio meridional e por isto o preclaro principe installou um observatorio em uma das torres de seu palacio «Freiburg», na ilha de Antonio Vaz, (Recife). Ahi Marcgrave passava as noites a es- tudar as constellações e os planetas. Sabe-se mais que o conde déra ordem aos capitães de navios que colligissem os dados astronomicos de que Marcgrave necessitasse para completar as suas observações. Um grande tratado de astronomia foi o resultado desses trabalhos e o manuscripto, dividido em tres partes, trazia o titulo «Progvmnastica Mathematica Americana». Desgraçadamente, porem, esse precioso ma- nuscripto, antes de ser impresso, foi emprestado a uns e outros dos astronomcs de reputação na Hol- landa, e assim perderam-se duas partes do mesmo, e só uma das tres foi impressa em 1658, o «Tra- ctatus Topographicus et Metereologicus Brasiliæ cum Eclipst Solaris». Assim, pouco nos resta das primeiras obser- vações astronomicas feitas no nosso hemispherio, sahidas do primeiro observatorio que se erigiu na America. Marcgrave vrestava ainda bons serviços à nova colonia hollandeza, traçando plantas ae cidades e fortificações e confeccionando mappas das regiões conquistadas. Eram de sua lavra os mappas que o conde Nassau mandou gravar na Hollanda, mappas estes que então muito commumente se encontravam nas melhores casas hollandezas, como ornamento dos vestibulos. Mas, já na sua segunda edição, esses mappas não lembravam mais o nome de seu autor. Ainda a respeito de outro trabalho, muito pro- vavelmente de Marcgrave, ha duvidas que talvez não seja possivel esclarecer. E” a magnifica collecçäo de aquarellas em que são representadas innumeras especies da nossa flora e fauna; esta série, bem como uma outra no mesmo genero, pinturas a oleo, provavelmente de outro artista, ao todo 1.460 figuras, acham-se na Real Bibliotheca de Berlim. O Eleitor de Bran- denburg adquirira as mesmas do principe Mauricio (então governador de Berlim) pelo preço de 50 mil thalers. Não se sabe o que deva ser attribuido a Marcgrave, visto como tambem ha os trabalhos de F. Post, ao qual já nos referimos, mas cujas obras principaes, pa:zagens, etc., desappareceram. “Assim, por toda a forma, a fatalidade, combi- nada talvez à inveja, procurav? fazer esquecer o nome illustre deste desventurado scientista. Resta apenas o seu livro «listoria Rerum Naturalium Brasilize». Para a confecção do mesmo Maregrave em- pregou os melhores dos seus esforços e, incangavel, durante os seis annos que permaneceu no Brazil, colligiu toda sorte de animaes e plantas, e descreveu e figurou-os de forma a ssrem facilmente reconhe- cidos; reuniu o que poude quanto a informações biologicas interessantes, indicando sempre os res- pectivos nomes em lingua indigena, bem como em portuguez e hollandez. Menciona o livro ao todo 301 especies de plantas, des quaes 200 são figu- radas, e 367 descripções de animaes, acompanhadas de 222 desenhos. No palacio Freiburg de Nassau, o naturalista mantinha um pequeno jardim zoologico e acquarios tanto para peixes do mar como da agua doce. Dos diarios de Marcgrave (que aliás se perde- ram depois de 1730) sonbe Manget que o nosso scientista fizera varias excursões à Parahyba, ao Rio Grande do Norte e para o interior; isto nos annos de 1638 a 40. Os diarios de 1641 a 44, si existi- ram, não foram vistos por Manget ou quem por el- le escreveu a biographia de Marcgrave, na Biblio- theca Scriptorum Medicorum, de 1731. Devia ter sido immenso o material zoologico e botanico reu- nido por esta forma ; o principe Nassau tinha verda- deira paixão por esses estudos, não duvidando mes- mo em transformar o seu sumptuoso palacio Frei- burg em verdadeiro museu. Marcgrave examinou ahi mesmo especimens provenientes da Africa, e sa- be-se de uma expedição ao Pacifico, de onde lhe trouxeram a lhama chilena, que vem figurada pela primeira vez na nossa Historia Rerum Nat. Bra- silize. Ao regressar para a Europa o conde carregou comsigo todas essas collecções e tantas riquezas havia reunido o nosso Marcgrave, que sem empobrecer as suas proprias collecções, Nassau poude presentear os dous museus da Hollanda e ainda varios gabine- tes de naturalistas particulares, com um sem nume- ro de especimens. Em 1644 Marcgrave escrevia a seus collegas da Europa, que tencionava voltar em breve à patria, para ahi concluir os seus manuscriptos e entregal-os ao prélo. Mas, inesperadamente, teve ordem de seguir para a Africa. Ahi, apenas aportou em An- gola, foi poucos dias depois victimado pelas febres (julho ou agosto de 1644). Era o destino que se interpunha à brilhante carreira, que dahi em deante estaria aberta ao jovem naturalista, então apenas com 34 annos de edade. Os seus conhecimentos extendiam-se por todos os ramos da sciencia natural : e, com outro tanto de vida que lhe fosse concedido, como sexagenario, qual Aristoteles, elle teria abran- gido todo o saber humano de seu tempo. Si para a sciencia do seculo XVII, a morte prematura de Marcgrave foi lastimavel, no Brazil esta perda avalia-se pelo estacionamento da investi- cação scientifica, que veiu como que deplorar o mallogrado naturalista: dois seculos quasi de luto fechado. Effectivamente, só depois de 1820 as nossas riquezas naturaes conseguiram attrahir novamente scientistas de valor, como os Spixe Martius, Wied, Castelnau, d'Orbigny, etc. Resta-nos ainda dizer alguma cousa sobre o grande livro de Historia Natural do Brazil do nosso autor, unico legado scientifico pelo qual hoje em dia podemos aquilatar os meritos de Marcgrave. E ainda aqui predomina a triste nota do infortunio. Como | vimos, Marcgrave não teve tempo para concluir a | sua obra principal; o seu manuscripto consistia em folhas esparsas, cada uma das quaes estudava uma determinada especie e poucas são as paginas de con- siderações geraes. Não fora a paciencia de seu grande amigo, Jean de Laet, ao qual já nos refe- rimos, e não teria sido possivel imprimir o pre- cioso manuscripto. E accresciam ainda circumstancias que difficultavam sobremaneira este trabalho já em si tão arduo para quem, como Laet, era leigo na materia, verdadeiros «handicaps», na expressão do biographo dr. Gudger. Talvez, pelo facto de serem officiaes do mesmo officio, Marcgrave e W. Piso, o medico de Nassau, não conseguiram manter relações de boa camara- dagem, e o procedimento ulterior do «physicus» parece revelar-nos que fôra o caracter pouco leal de Piso que motivára as desavenças. Prevendo talvez a sua morte prematura, e te- mendo que o seu trabalho fosse usurpado pelo col- lega, Marcgrave escrevia todos os seus trabalhos botanicos e zoologicos em caracteres cifrados ; outro tanto não fez em astronomia, materia à qual Piso era inteiramente extranho. O proprio Laet no prefacio da Historia Na- tural diz que a decifração secundum alphabetum se- creto relictum lhe custou trabalho insano. Assim, por um lado a difficuldade da leitura do manuscripto, e por outro a natural desordem em uma monographia não concluida, teriam feito desa- nimar quem não se consagrasse ao trabalho com a dedicacão e a pertinacia do benemerito Laet. Finalmente, em 1648, foi publicada a obra. As 132 primeiras paginas são da lavra de W. Piso: «De Medicina Brasiliensi»; a Historia Natural de Marcgrave comprehende 303 paginas, ilustradas com 429 figuras. Não é nossa intenção fazer aqui uma apreciação do valor sicientifico dessa obra; nem isso seria ne- cessario, porque varios scientistas de nomeada já se deram ao trabalho de analysal-a ponto por pcnto. Mencionaremos Lichtenstein, que em 1814 iden- tificou à maior parte dos animaes descriptos por Marc- grave e von Martius, que realizou egual estudo com relação à botanica Poderiamos citar ainda Cuvier e tantos outros naturalistas que enaltecem o valor dessa obra, que tão vantajosamente se distingue das outras congeneres, de seu tempo. Gesner e Aldrovandi eram os autores de maior cotação nesse tempo. Elles, porem, limitavam-se a citar e confrontar os textos dos classicos e quem encontrasse a refe- rencia mais antiga, ainda que ella fosse a mais ab- surda, tinha dado prova da maior competencia e erudição. Infelizmente, não raro ainda hoje, essa erudição medieval consegue, entre nós, offuscar... certas classes. Marcgrave, pelo contrario, estudava no grande livro da Natureza, onde dia por dia encontrava no- vas maravilhas. O perigo consistia justamente em que o natu- ralista, tão preoccupado em observar os factos e seus 314 — detalhes, perdesse de vista as leis geraes que o seu espirito philosophico estava talhado para investigar ; ou por outra, por fazer tanta analyse, poderia es- quecer-lhe a synthese. Devemos lembrar, porem, que Marcgrave devia tratar antes de tudo de colligir os materiaes, para depois, mais commodamente na Europa se entregar às locubrações philosophicas. Temos noticia de tra- balho iniciado nesse sentido pelo nosso naturalista : eram considerações sobre a distribuição geographica das plantas (test munham-no Driesen e de Laet), thema biogeographico este que só muito moderna- mente mereceu melhor conceito na sciencia. Queremos mencionar ainda que Piso parece ter ficado muito descontente com as homenagens que Laet prestou a Marcgrave ao editar a obra deste em 1648; ao menos em 1658 Piso reeditou a mesma obra, já agora com outro titulo («Indiae utriusque Re Naturali et Medica» Amsterdam). Laet Já não contava mais entre os vivos para detender Marcgrave e a sua obra, e assim nessa segunda edição, Piso modificon tudo a seu sabor. Mas alem de se apoderar da propriedade litera- ria do collega fallecido, ao qual só se refere inci- dentemente, o medico de Nassau deturpou de tal forma os escriptos de Marcgrave que a cada passo se encontram inverdades ou erros que não existiam na primeira edição e que devem ser attribuid's, pela maior parte, 4 falta de conheci- mento nesses assumptos por parte de Piso. Desta forma o companheiro de Marcgrave, em vez de co- lher maiores louros, com essa edição de 1658, só conseguiu baixar o conceito em que será tido pelos seus criticos. Discutam os latinistas a inter- pretação que devam dar aos qualificativos com que nos prefacios da 1.º e 2.º edição elle se refere a Marcgra- ve;anós parece que mesmo na primeira dellas já se descobre uma pontinha de inveja mal soffreada. E por ahi se vê que bem avisado andou Marcgrave escreven- do os seus trabalhos em caracteres cifrados, para evitar que alguem se approveitasse dos seus manus- — 315 — criptos, si por acaso viesse a fallecer antes de pu- blical-os («si forte quid humanitus ipsi accidisset antequam ipse illos posset publici juris facere. ..» Laet, Prefacio 1648). Reconhecendo, pois, cs altos meritos do natu- ralista que nos deu a primeira Historia Natural do Brazil, é de justiça salientar ao mesmo tempo o quanto devemos ao Principe Mauricio de Nassau, que proporcionou ao jovem sabio todos os meios para escrevel-a. E ainda é a Jean de Laet, o testa- menteiro literario do nosso autor, que devemos a boa impressão da obra, que sem a intervenção desse seu amigo se teria perdido. Eis abi, em summa, o que hoje sabemos da vida do mallogrado sabio, que com tanto enthu- siasmo dedicära os melhores annos de sua vida à exploração scientifica do nosso paiz. Por mais que se procurasse, fui impossivel des- cobrir algum retrato de Marcgrave; os restos mor- taes, sepultados como os de um desconhecido, estão, talvez para sempre, perdidos na costa africana. Um monumento, porem, «aere perennius», elle proprio se levantou — a Historia Rerum Natura- lium Brasilice. Quando algum dia um scientista moderno puder escrever uma obra que venha a corresponder ao que foi, em seu tempo, o livro do naturalista de 1640, uma obra original, illustrada, que estude o céo e a terra, as gentes, os animaes e as plantas do nosso paiz, quando essa obra se imprimir, o livro de Marcgrave terá festejado seu tricentenario e te- remos feito justiça ao seu autor. PROTECÇÃO AS AVES OR HERMANN VON IHERING O problema O homem torna-se cada vez mais senhor do. giobo, aproveitando todos os recursos que a natu- reza lhe offerece. Como o direito não nasce tão sômente da conveniencia e da reflexão, mas tam- bem da força, e como o homem exerce o seu poder sobre todas as riquezas naturaes, claro é, que elle está no seu direito quando se utilisa de taes vantagens. Este direito, entretanto, não é absoluto, impondo-se o res- peito não só à geração actual, mas tambem às ge- rações vindouras. Não se mata a gallinha, que põe os ovos de ouro, e neste sentido as riquezas natu- raes, particularmente a flora e a fauna, representam um capital de valor inestimavel, cujo usofructo à destinado tão bem às épocas futuras como à presente. Infelizmente a ganancia do homem já causou es- tragos immensos, extinguindo numerosas especies de animaes e plantas, e entre ellas muitas de grande valor economico. Entre os animaes os que mais soffrem na actua- lidade e que mais attrahem a solicitnde dos amigos da natureza e dos governos, são as aves. Ja se contam às centenas as especies brutalmente extinguidas pelo homem. Ii como si a caça desenfreada já não fosse suf- ficiente, são innumeros ainda os factores, que di- minuem ou destroem as condições favoraveis à exis- tencia das aves. As estradas de ferro e as linhas me ieee telegraphicas e telephonicas causam a morte de in- numeras aves, e outras tantas são victimas dos pharoes. A cultura intensa do sólo, que cada vez mais augmenta sua area, expulsa as aves. A destruição de mattas, capões e cercas vivas tira-lhes os nltimos refugios e os lugares apropriados para a nidificação. Nestas condições comprehendeu-se por toda parte a necessidade de oppôr obstaculos ao desappareci- mento de tão bellas e sympathicas creaturas, mor- mente si tomarmos em consideração, que as aves por seu modo de viver e particularment: pelo ex- terminio de numerosos insectos e outros animaes nocivos à agricultura, silvicultura, etc. são valiosos auxiliares do homem e quasi seus alliados. Na Europa, a Allemanha, a Inglaterra e a França são os centros desta louvavel propaganda, e alem das leis regularisando a caça e determinando a protecção das aves, jd existem numerosas reser- vas florestas ou parques naturaes bem como esta- ções de protecção ornithologica. Iniciativas semelhantes notam-se na America do Norte, nas Indias e na Australia. Na America do Norte já existem 10 grandes parques nacionaes com uma superficie total de 2.00 kilometres qua- drados, e na Australia se contam 99 de taes re- servas naturaes. Acontece deste modo, que as aves têm mais protecção em Honolulu e na Nova Ze- landia, nas Ilhas Bahamas, em Malacca e Hongkong, do que no Brazil. Mesmo o interior da Africa está actualmente transformado num centro de pro- tecção aos animaes silvestres, graças a uma con- venção internacional dos respectivos governos eu- ropeus. Deste modo já ha muita cousa feita em favor da conservação de aves raras e muito perseguidas. Nem sempre, entretanto, a fiscalisação das respe- ctivas leis é sufficiente. Na Australia, as aves são divididas em tres classes, que comprehendem respe- ctivamente as que são protegidas durante o anno inteiro, as que é prohibido matar na época da in- cubação, e as que não gosam de protecção alguma. As multas para as infracções da lei variam entre 1 e 25 libras esterlinas. Na maior parte dos paizes tropicaes a lei prohibe a exportação das pelles ou plumas de aves, como por exemplo nas Indias inglezas. Mesmo na China, onde a matança de faisões, garças, etc. para fins de exportação se desenvolveu tanto, póz-se termo a este commercio. As aves de pa- raizo, cujo exterminio estava imminente, hoje têm a sua existencia garantida pcr convenção dos respe- clivos governos europeus, e os unicos exemplares, que ainda de vez em vez se caçam, são os destinados aos museus. Ao passo que assim nos paizes tropicaes a protecção das aves está bem encaminhada por parte das potencias europeas, na Europa mesmo persiste um abuso dos mais lamentaveis e vergonhosos, a carnificina sangrenta com que os italianos, anno por anno, dizimam as aves de arribação. Todos os protestos dos ornithologos e da im- prensa do mundo civilisado não tiveram até agora o resultado desejado, por causa da reluctancia do go- verno italiano. Tratando da questão de uma ma- neira imparcial, deve-se reconhecer, que ha grandes capitaes empregados neste ramo de industria e que não se pode exigir a prohibição desta caça sem indemnisar os empreiteiros e proprietarios pelos prejuizos directos, que terão de soffrer. Na America meridional a exportação de pelles de aves já diminuiu um tanto. Antigamente o Rio de Janeiro exportava passaros em grande quanti- dade, tendo o negociante Beske em Nova Friburgo organisado a matança dos passaros em grande escala. Nos ultimos decennios a Bahia tornou-se o centro da exportação de plumagens de passaros, que em geral são vendidos em leilão na Inglaterra. Ha 15 annos mais ou menos a plumagem de beija-flores não está mais em moda, e a ave mais perseguida é agora a garça. A respeito della existe uma grande literatura, provocada particularmente pela Sociedade Real de Protecção às Aves na Inglaterra, que fez distribuir largamente um folheto intitulado «A His- toria da Garça». A sociedade affirma que a maior parte desta plumagem, que annualmente é vendida nos mercados europeus, é obtida pela caça das aves, e não pela colheita das pennas perdidas, como faziam constar os negociantes. Uma recente publicação do sr. A. Ménégaux, (J) do Musée d'Histoire Naturelle de Pariz defendeu os interesses destes ultimos. Se- gundo este autor ha no interior da Venezuela, es- pecialmente na região do Orinoco, numerosas co- lonias destas garças, que nidificam todos os annos, nas mesmas mattas. E alli, que os indigenas re- colhem as plumas tão apreciadas, conseguindo cada um delles recolher até 25 kilos durante a es- tação. Os donos destes valiosos «garceiros» não ad- mittem a matança das garças. que além disso por lei de 12 de Margo de 1910 são protegidas. A exploração das plumas da garça é uma industria do Estado, para o qual é uma fonte de renda. Ha gar- ceiros tambem nos Estados de Matto Grosso e Goyaz, cujos productos são vendidos em Buenos Aires. Procurei debalde informações minuciosas e fidedi- guas sobre aquella industria. Um decreto (2) do nosso governo federal, de 15 de Janeiro de 1909 prohibe a caça das emas, gaivotas, andorinhas do mar, jabirús e garças; mas como a execução da lei depende das camaras municipaes, O resultado não pode ser o desejado, sem falar na dif- ficilima fiscalisação. Não quero pôr em duvida a affirmação do meu distincto collega, de que na Venezuela existam gar- ceiros, isto é, localidades em que as garças, reu- nidas em grande numero, nidificam em colonias, e que em taes garceiros se recolham as celebres pen- nas ornamentaes. Mas está fora de duvida que tam- bem mesmo na Venezuela se mata immensa quan- 1) A. Ménégaux, La protection des oiseaux et Vindus- : po trie plumassière: Bull. Soc. Philom. Paris III, 1911, pags. 9-28. Veja-se tambem a publicação do mesmo auctor: «Ame- 5 . . 4 : r . r grets as victims to fashion», Zoologist, London 2 rican egrets as victims to fasl , Zoologist, London XIII, 1909, pgs. 246-252. 2) Não consegui descobrir este decreto mencionado pelo «Birds News». tidade de garças, facto esse que foi provado pela communicação ao Congresso Ornithologico Interna- cional de Berlim, segundo o qual naquella republica em 1898 foram mortas e exportadas 1.538.738 garças e em 1908 apenas 257.961. Faz pouco tempo que correu pelos jornaes uma noticia sobre o cuidado com que os indios do Matto Grosso re- colhiam es plumas das garças. As experiencias do pessoal deste Museu não confirmam absolutamente taes historias e a mesma observação já foi publicada pelo sr. Hagmann, ex-funccionario do Museu do Pará. O nosso naturalista viajante, sr. ÆZrneslo Garbe a meu pedido indagou a frequencia das garças e sua caça nos Estados de Minas e Bahia ao longo do Rio de S. Francisco. As garças alli são muito perse- guidas, matando-se indistinctamente machos e fe- meas. As plumas de «osprey» pagam-se com 3g a gramma, podendo-se obter de uma ave 3-4 grammas. Em geral o commercio de plumagens passou por uma transformação completa no correr dos ul- timos annos. Segundo Ménéqaux existem em Pariz mais de OCO fabricas e ateliers, que se occupam com trabalhos de plumas. Esta industria da pluma emprega mais de 50.000 operarios de ambos os sexos, importando o valor total da producção em 150 milhões de francos. Taes fabricas não se podem utilizar da grande variedade de typos, que a caça no exterior fornece. O que elles necessitam, são ar- tigos mais ou menos uniformes, disponiveis em grande quantidade, para serem beneficiados pelos methodos mais modernos da chimica e da tin- turaria. Deste modo consegue-se imitar os diverscs typos de plumas, inclusive as da garça, e mesmo passaros inteiros se fabricam com elles. O ganso, a galinha, a marreca, o perú e outras aves domes- ticas contribuem largamente para o supprimento destas fabricas, para as quaes as plumagens de aves caçadas importam apenas em 2 porcento da materia prima empregada. Dá-se o caso, que os proprietarios de pavões brancos delles tiram por anno e por ave um lucro de 100 francos. No meio destas aves domes- ticas encontram-se varias, que só de alguns decennios para cá são oljecto de criação. Da avestruz havia apenas uma criação de 69 aves na colonia do Cabo em 1565, quando se começou a domestical-a. Actual- mente alli e nas colonias vizinhas existem mais de 900.000 destas aves, que rendem para mais de 50 m'lhões de francos por anno. Nas republicas Argen- tina e do Uruguay já se criam perto de 100.000, dando cada uma €00 grammas de plumas por anno. A intenção dos propagandistas e dos governus na Europa e na America do Norte é por conseguinte acabar com a matança de aves silvestres, destina- das a fins commerciaes, e substituil-as por aves domesticas ou criadas pelo homem. Deste modo será possivel satisfazer as exigencias da moda, os interesses do respectivo commercio e defender a existencia das aves silvestres. Ha tendencias para influir directa e indirectamente sobre as acções dos governos de paizes extra-europeus, que ainda não comprehenderam a necessidade da protecção às aves. Mas afinal verificou-se que por este modo nada se consegue em definitivo. Chegou-se à convicção, que não é só o direito, mas o dever dos governos de zelar pela conservação das riquezas ornithologicas de seus paizes, dever sagrado este, exigido pelos interesses economicos não sómente da geração actual, mas tambem das gerações futuras. . A Real Sociedade de Protecção às Aves em Londres declarou, que os paizes que até agora menos acautelaram esta parte de suas riquezas naturaes, são o Perú e o Brazil. Não me consta que no Perú já existam medidas officiaes para impedir o ex- terminio das aves. No Brazil já foi publicado (2) o decreto acima mencionado, de protecção de diversos animaes uteis à agricultura. Este decreto é de pouco valor pratico, por falta de observancia. Mas nem por isso deixa de significar o começo de uma nova éra de defesa das riquezas naturaes do paiz. Actualmente pela creação do Ministerio da Agri- cultura já se acha em funcçäo uma repartição pu- blica, encarregada da defesa de todos os interesses da prodvcção agricola. Que nos seja permittido exprimir a esperança de que o ministerio não tarde em elaborar leis sobre a caça e a protecção às aves. Já em 1902, no volume V da Revista do Museu Paulista publiquei um estudo : «Necessidade d'uma lei federal de caça e protecção das aves», que porém até agora não produziu effeito pratico. A merte do illustre estadista paulista Dr. José Bo- nifacio de Oliveira Coutinho interrompeu a elabo- ração do projecto de lei, que tencionavamos redigir de collaboração, de modo que julguei conveniente apresentar o meu esboço ao exmo. sr. dr. Pedro de Toledo, então Ministro da Agricultura. Effectivamente são grandes as difficuldades, que se oppõem à realisação de emprehendimentos desta natureza. Acontece as vezes que as melhores in- tenções do governo federal são anniquiladas por dis- posições contrarias da legislação ou da constituição. O meio mais simples para impedir a exportação de innumeras pelles de aves ou de immensas quantida- des das mais bellas orchideas das nossas mattas se- ria a creação de um imposto de exportação bastante elevado ; mas para tanto o governo federal não tem competencia. Peior do que neste caso é a situação com re- lação à caça, cuja regularisação cabe aos municipios. Deste modo o governo federal vê-se impedido de agir, emquanto das camaras municipaes, quando muito um por cento dellas toma a serio o direite, que a constituição lhes attribue. Não obstante, o assumpto não é de aspecto tão desesperador como parece. Incumbindo os municipios da legislação sobre a caça, a constituição naturalmente havia comprehendido a impossibilidade de decretar leis de caracter geral, em vista das grandes diferenças, que existem em clima, fauna, flora e população entre os diversos Estados da republica. A constituição deveria entre- tanto, ter incumbido os governos dos Estados, e não as camaras municipaes cesta legislação, seguindo tambem neste ponto o exemplo dos Estados Unidos. Tomando mesno a situação tal qual é, com- pete às camaras apenas a elaboração dos respectivos regulamentos, emquanto que é da alçada do gover- no federal a definição da caça e a protecção das aves. Matar passarinhos, beija-flores, pica-paus, ants, bem-te-vis, etc. ninguem pode considerar como caça. E será da competencia do Ministerio da Agricul- tura e do Congresso Legislativo da União, definir o sentido da palavra «caça», declarar quaes sejam os animaes de caça e animaes nocivos que se podem matar, e proteger todos os outros. Claro é, que as condições locaes, as quaes a constitução quer tornar respeitadas, podem differir no mesmo Estado e em diversos annos. Acontece, que um periquito ou passaro em um municipio prejudica a lavoura, sem in- commodal-a num outro vizinho. Em taes casos pode ser permittida a destruição da especie no- civa, mas só pelo prazo de um anno, e em taes eventualidades não ha necessidade de recorrer aos municipios, sendo sufficientes as providencias do governo estadual. Em geral das camaras municipaes do interior dos Estados pouco se pode esperar no interesse da regularisação da caça, e mesmo as grandes cidades não souberam até agora desempenhar-se de modo satisfactorio destes deveres. A camara municipal da capital de S. Paulo, já por varias vezes mostrou seu interesse pela protecção das aves e conseguiu pôr termo à venda de sabiás, gaturamos, pintasilgos etc. nos mercados. Mas no que diz respeito à caça pro- priamente dita, ninguem se importa da respectiva lei. Durante o anno inteiro rapazes e pessoas des- occupadas percorrem os arredores da capital, de espingarda ao hombro, matando não raras vezes gallinhas e cabras ou atirando sobre os proprietar:os que lhes prohibem a entrada em terreno particular e cercado. O grande defeito desta lei é a falta de fiscalisação. Sem a ajuda dos postos policiaes, sem confiscação das armas e pagamento da metade da multa aos guardas municipaes ou estaduaes, que prenderem os caçadores não autorisados, não haverá possibilidade de chegar a condições normaes neste — 324 — municipio da capital. Ao meu vêr ha um unico meio para regularisar a caça : suspendel-a pelo prazo de 10 annos, dando-se deste modo aos animaes dizi- mados o tenipo necessario para sua regeneração, e à população a occasião de acostumar-se à nova si- tuação. Esta medida entretanto não pode produzir effeito, si não fôr tambem prohibida e punida da maneira mais severa, a caça de aves por meio de armadilhas de qualquer feitio. Nos arrabaldes de S. Paulo, é grande o numero de moleques, que deste modo perseguem os ultimos passaros, que por ven- tura escaparam ao «pica pau» de caçadores desclas- sificados. Esta perseguição dos passarinhos chegou a tal ponto, que no Ypiranga, por exemplo, quasi nem cor- ruiras não existem mais. Resumindo nossas considerações chegamos à conclusão, que em primeiro lugar é mister, que O governo federal se occupe da protecção das aves 2 dos demais animaes, que não são de caça, e que por lei seja definido o sentido da palavra «caça». Dos congressos estaduaes deve-se esperar, que com- pletem por sua parte as disposições sobre o assumpto, declarando-as obrigatorias para os municipios, que não tem regulamentos de caça. Conclusões e conselhos praticos A’s linhas precedentes, escriptas ha mais de 2 annos, desejo accrescentar mais algumas observa- ções referentes particularmente à legislação sobre a caça e protecção às aves. Quem não ê versado no assumpto, mal pode imaginar a extraordinaria proporção que quasi em todos os paizes assumiu a carnificina exercida pelo homem entre os elegantes passarinhos e outras aves. Na Europa todos os ensaios de supprimir esta ma- tança das aves, tem sido inutil, por causa da op- posição feita pelos governos da França e da Italia. Calcula-se em 2 milhões o numero das codornizes consumidas annualmente na França; não é pos- sivel por hora pôr um termo ou ao menos dimi- nuir a perseguição dos passarinhos. Assim, por exemplo, na provincia de Udine (Friaul) foram ex- portadas durante os tres mezes de Setembro até Novemiro de 1891 ao todo 4309 kilos de passari- nhos, correspondendo a 206.800 aves, e é certo que o consumo local fci pelo menos tres vezes maior. Nas portas de Brescia em 189l pagou-se imposto por 423.792 passarinhos. Salvador: calcula que no Trentino captura-se 1/2 milhão de passaros por anno. Não menos exigentes são as senhoras com as suas vaidades e doudices da moda. Assim sómente na gare de Hendaye da França, perto da fronteira da Hespanha entraram 149 caixas com pelles de aves, pesando 11.000 kilos, provenientes de mais de 2.600.000 de aves. ‘Todas estas andorinhas, coto- vias, etc. foram importadas em i895 e nos primeiros mezes de 18Y6. A moda do bello sexo, entretanto não se contenta com as aves europeas, importando- as em grande quantidade do extrangeiro. Neste sen- tido a America Meridional contribue largamente. E' celebre e de grande actualidade a questão das «aigrettes», de nossas bellas garças brancas (Hero- dias egretta Gm.) cujo macho na época nupcial tem as costas ornadas daquellas bellas e singulares pen- nas que o commercio conhece sob o nome de os- prey. Já na primeira parte deste escripto (pg. 319) referi-me à defesa dos interesses dos negociantes por parte dosr. Ménégaux. Sabe-se que a moda já não se utilisa mais da plumagem dos beija-flores, mas assim mesmo (se- gundo «Bird Notes» London 1912) é facto que no anno de 1911 nos leilões em Londres foram ven- didas 40.000 pelles de bDeija-flores, e ao mesmo tempo foram accumuladas grardes quantidades de beija-flores preparados nos negocios de Berlim. Os negociantes contam com as mudanças caprichosas da moda, não duvidando que qualquer dia o beija- flor venha a ser outra vez artigo de alta novidade. — 326 — Tanto na Europa (*) como na America do Norte existe uma propaganda energica para melho- rar a protecção as aves. A lei allemã sobre «Vogel- schutz» de 22 de Março de 1888 prohibe a destruição de ninhos e ovos, restringe a captura de aves e pro- hibe a sua matança na epoca de 1 de Março até 15 “de Setembro, com excepção, apenas, de 14 especies de aguias, corvos, etc. que são nocivos à agricul- tura, silvicultura e caça. Na America do Norte é immensa a somma de leis estaduaes sobre a caça e protecção às aves, existindo relatorios annuaes sobre o assumpto, e que são publicados pelo ministerio da agricultura. Na Argentina onde o assumpto não parece sufficientemente resolvido, as diversas leis, decretos, etc., assim mesmo perfazem um folheto de 77 paginas, editadas pelo mesmo ministerio no anno de 1903. Desde 15 annos procura-se na Europa obter combinações internacionaes sobre a protecção às aves, servindo como base as resoluções do Congresso In- ternacional de Ornithologia, que no anno de 1900 se reuniu em Pariz. A principal consequencia desta propaganda foi a convenção «pour la protection des oiseaux utiles à Agriculture» que foi assignada em Março de 1902. Infelizmente a França foi o pri- meiro palz a nao se importar da convenção. e a Inglaterra, centro da mais energica propaganda a favor da protecção das aves, até agora não conse- guiu obter leis de caracter decisivo. E' mister re- conhecer que questões de alta importancia como esta, não podem ser resolvidas apenas de conformi- dade com aspirações nobres. Um dos principaes centros do commercio e da industria de plumas é Londres. Calcula-se que o numero de pessoas oc- cupedas neste ramo de industria seja de 20.00) em Berlim e de 50.000 em Pariz. O problema está em transformar os materiaes empregados nestas fa- (*) Compare-se: «Comparative legislation for the pro- tection of Birds», The gold medall Essay of the pee Society for the Protection of Birds, London, 1909. — 327 — bricas, de modo que a industria não soffra e que as aves silvestres não continuem a ser exterminadas. Parece que se acham bem encaminhados os respe- ctivos esforços. Antigamente matavam-se as ave- struzes da Africa para obter as suas preciosas plu- mas; hoje a quantidade das mesmas estä sendo augmentanda immensamente, devido aos numerosos estabelecimentos de criação de avestruzes que existem em varias partes do globo. Do mesmo modo já é grande o numero de es- tabelecimentos nos quaes se faz a criação de jaca- rês e tantos outros carnivoros cujos couros são apre- ciados. Assim tambem poder-se-hão criar garças e outras aves cujas plumas são procuradas. O que deve acabar é a perseguição às aves silvestres e esta convicção já está ganhando forma pratica em varios actos legislativos. De alto valor neste sen- tido é a nova tarifa aduaneira (Tariff Bill of the U. S. A. de 1913) que prohibe a importação de «aigrettes» e outras plumas bem como de pennas e couros de todas as aves silvestres, com excepção das que se destinam a fins scientificos e das plumas de avestruzes e aves domesticas. As leis federaes e estaduaes na America do Norte parecem actual- mente bastante severas para acabar com a captura e caça das aves silvestres. Com energia extraordinsria procurou-se defen- der e garantir a existencia das aves indigenas na Australia. As respectivas leis prohibem a exporta- ção de pelles de garças e aves de paraizo. Ao mesmo tempo sabemos que no Egypto foi promulgada uma lei em 1912, que prohibe matar e guardar em es- tado vivo ou morto todas as aves protegidas, às quaes pertencem tambem as garças das aigrettes, e sendo fixado em 10 lbs. a licença para servir-se de uma espingarda. Infelizmente entre nós o interesse pela natureza e pela sciencia natural é quasi nullo. Só ha um ramo de sciencia em que a onda. de trabalho serio internacional já entrou em nosso meio — a medi- cina, facto este que registramos com grande satis- — 328 — facção. Pelo mesmo motivo são os estabelecimentos do serviço medico-sanitario que mais entram em re- lação directa com o Museu Paulista, ora precisando in ormaçües biologicas, ora pedindo a classificação de animaes prejudiciaes à saude, ou interessantes por seus parasitas ou pela transmissão dos mesmos. De egual modo recorrem sempre ás nossas collecções os scientistas dedicados à agricultura. Assim o ser- viço de informação do Museu já cresceu notavel- mente. Em geral, os poucos Musens da America meridional destinados ao estudo e à illustração da fauna e flora e historia antiga dos respectivos pal- zes tem cada um as suas especialidades. O Estado de S. Paulo tem as collecgdes zoologicas mais ricas e mais bem estudadas, possuindo alem das collecções expostas ao publico outras muito mais amplas para o estudo scientifico, ao lado de uma boa bibliotheca sobre as materias de historia natural e anthropolo- gia. Mas tudo isto parece ser desconhecido dos il- lustres membros do Congresso do Estado, de modo que as intenções e a utilidade do estabelecimento foram objecto de critica severa, mas completamente falsa, no Senado, e ainda ha pouco na Camara dos Deputados discutiu-se a eventualidade do fechamento do Museu. E os valiosos thesouros de ricos ma- teriaes, illustrando a natureza e a historia do paiz, os quaes sem a continua conservação por pessoal com- petente se perdem — serão sacrificados, como já acon- teceu uma ou duas vezes em Manãos ?! A nossa cultura esta ainda naquelle estado de infancia em que a sciencia só é respeitada de con- formidade com os resultados praticos que fornece à vida diaria. Debalde protestou esta revista contra a devastação das mattas, contra o exterminio da caça e das aves. As seccas que successivamente se estão tornando endemicas neste Estado, são o justo castigo a esses desmandos. A cultura do cafeeiro tira as ultimas reservas do solo uberrimo e passa sobre nosso Estado como uma enchente devastadora. As fontes em grande parte seccam ou já desappa- receram, a quantidade de agua nos rios e arroios diminue. As estradas de ferro, que ellas mesmas são prejudiciaes gastadoras de lenha, tornam acces- siveis os municipios mais remotos, e assim por toda a parte o mesmo triste espectaculo — derrubadas e devastações, sem o minimo ensaio de regeneração das mattas. A distribuição de mudas a particulares é iuxo bem dispensavel: o que, porem, é indispen- savel é a defesa, o registro e regeneração das mattas do Governo. Ninguem melhor do que o pessoal do Museu conhece o grão a que chegou a devastação da fauna e flora do Brazil, e especialmente do nosso Estado. E por este motivo mais uma vez: deve- mos pensar no futuro e procurar salvar a fauna, as mattas, o clima, os elementos essenciaes da produ- cção agricola. As pessoas que viajam de S. Paulo a Santos ou ao Rio, tem perante a sua vista as extensas varzeas planas que nada são do que os residuos de antigos lagos. A deterioração do nosso clima, diminuição das precipitações athmosphericas são factos incon- testaveis; o solo de S. Paulo antigamente coberto de numerosos e extensos lagos e banhados é hoje pobre neste sentido. Portanto, se governar é prevêr, convem com a maior urgencia oppôr-se à transfor- mação completa do nosso clima, impedir a «serto - nisação» do Estado, processo que já ha muito co- meçou e que agora, por nossa culpa, rapidamente está ganhando terreno. E” a biologia que neste sen- tido nos deve guiar com seus ensinamentos e é ella tambem que recentemente recommenda a protecção das aves e a regularisação e fiscalisação da caça. Examinando as condições da Jegislação sobre caça e protecção às aves no Brazil, peço ao leitor comparar o meu artigo acima mencionado, sobre a necessidade de uma lei federal, regularisando o as- sumpto. E’ de lastimar que se tenha escolhido a instituição das camaras municipaes, como base para a legislação sobre caça, visto como a experiencia tem mostrado que ellas, em grande parte, não estão na necessaria altura para comprehender a importan- cia desta missão e não podem, portanto desempe- ee nhar-se della com habilidade. Aqui mesmo na ca- pital do Estado o respectivo serviço deixa muito a desejar e seriam talvez sufficientes as respectivas disposições sobre “aga e pesca, se a observancia dos regulamentos fosse garantida por uma fiscalisação efficaz. Não basta a acção dos fiscaes municipaes, particularmente nos arrabaldes da cidade. Seria neces- sario incumbir desta missão tambem os postos po- licises e autorizar todos estes orgãos a exercer a fiscalização em geral e a confiscação das armas, uru- prcas etc.; em caso de infracções às leis a metade das respectivas multas seria o seu premio. Por toda a parte dentro do perimetro da cidade e durante o anno todo é continua a matança das aves por ca- cadores não autcrizados e por-toda a parte vêm-se ra- pazes com as suas armadilhas a capturar os ultimos passarinhos. No mercado continua o escandalo, ven- dendo-se os pobres dos passarinhos em gaiclas mi- nusculas amalhados em grande numero e sem cui- dado, sem alimento e sem agua. Exijam-se gaiolas de 50x40x40 em. com restricção do numero das aves a um casal por gaicla ou, melhor ainda, prohiba-se completamente a venda de aves silvestres, punindo- se severamente a captura de passaros, e será possivel acabar em pouco tempo com os actuaes abusos. O que antes de tudo é necessario, é a coopera- ção do Congresso e do Governo Federal na decre- tação das leis e regulamentos sobre caça e prote- eção das aves. A opinião de que a acção do Puder Federal seja impedida pela constituição, não é exacta, feitas às restricções a que já ime referi As condições aqui, essencialmente, não differem das outras de grandes paizes da Europa e da America do Norte. Na Allemanha existe uma lei federal de pro- tecção às aves de 1888, mas as suas dispos:ções são em grande parte completadas por leis estaduaes ou provinciaes. Na America do Norte são innume- ras as leis estaduaes de protecção ds aves. Mas ao lado das mesmas existem nada menos de 5 las fe- deraes tratando do mesmo assumpto. Estas são: ma ÎLE = 1) The Lacey-Act, que regulariza a importa- ção de animaes de caça e seu transporte de Estado a Estado; 2) The Tariff-Act de 1897, creando impostos sobre aves e pelles importadas do extrangeiro ; 3) as leis de caça para os districtos de Co- lumbia, Alaska, ete, ; 4) a lei tratando da protecção às aves nas reservas florestaes e parques nacionaes; o) The Tariff-Bill de 1913, prohibindo com- pletamente a importação de aves silvestres e suas plumas, Na America do Norte a experiencia de mais de seculo mostrou que a disposição da Constituição confiando a legislação sobre caça aos Estados não foi feliz. Os varios Estados, vizinhos uns dos ou- tros decretaram leis contradictorias, que tornaram il- lusorios os seus fins. Na questão: servir ao inte- resse commum ou respeitar em absoluto a constitui- ção, o poder legislativo optou pela primeira alternati- va. O Lacey-Act de 1900 e o Mac-Lean-Act de 1912/13 são violações da Constituição, mas que fo- ram votados por terem sido considerados necesarios ao interesse commum. A divisa medieval: ‘ Fiat justitia et pereat mundus’? — (cuinpram-se as leis embora -pereça o povo) não corresponde mais 4 nossa época, que não se deixa estrangular por laços de papel, embora tão sagrados como o da Consti- tuiçäo. Ha um unico ponto de vista, apenas, com- pletamente decisive: o interesse publico ou commum. «Alem dos poderes conferidos pela Constituição» disse Roosevelt (*) «resta inherente à nação um poder decisivo em todosos casos em que a acção dos Estados falha, conferindo a força que em geral é exercida pelas nações soberanas.» Parece-me que entre nós taes conflictos só podem apparecer entre as administrações municipaes e es- taduaes, devendo vencer em taes casos a autoridade (*) R. Th. Zillmer, The significance of the national Bird-Law. Science, Garrison, N. Y, N.º 989, 1913, pg. 841. == 534 = do Governo do Estado e reservando-se aos municipios o direito de votar modificações que por ventura se tornarem necessarias. Em theoria no Brazil não teremos difficuldade com relação à legislação sobre caça e protecção as aves, uma vez que a execução das disposições da lei e sua fiscalisação em geral competem acs Governos estaduaes que, alem dos seus orgãos adequados, ain- da dispõem do auxilio da força publica. A constituição do Brazil, em grade parte mo- delada segundo a dos Estados Unidos da America do Norte, poe o Governo Federal na posição de pro- ceder de maneira egual. Se bem que os detalhes da regulamentação da caça caibam 4 administração esta- dual, disposição aliás muito sabia em vistas da im- mensa diversidade climatologica e biologica dos dif- ferentes municipios de tão vasto paiz, claro é que cabe à União a protecção às avese a de outros ani- maes, e por este motivo compete a este poder defi- nir a palavra caça, dar a lista dos mammiferos, aves etc., que é licito matar, pegar, caçar etc., estabele- cendo deste modo as bases geraes para a legislação subre a caça e protecção às aves. Alem disto pode a União e respectivamente o Poder Legislativo Fe- deral impedir ou diminuir, por meio de alto im- posto, a importação de aves, suas pelles e plumas e tomar a iniciativa com relação à exportação dos artigos mencionados, bem como de orchideas e ou- tros elementos da fauna e flora do paiz. Duas especies novas de Peixes da Fam. Cichlidae Gen. CRENICICHLA («Joanninhas » ) POR RODOLPHO VON IHERING Crenicichia biocellata 7. sp. 215 mm.; D. XXI, 13; A. III, 9; linha lateral =; cabeça 3 vezes no corpo; olhos 6 vezes na cabeça e 1 1/3 no espaço inter-orbital; preoperculo distinctamente serrilhado em sua porção mediana ; o angulo maxillar extende-se até a vertical tirada da margem anterior da orbita; a nadadeira dorsal ex- tende-se até a base da caudal e a nadadeira anal é ainda 1 diametro ocular mais curta; ha 4 series de escamas entre a linha lateral e o primeiro raio articulado da dorsal; pedunculo caudal mais longo que alto : narinas muito mais proximas ao olho que à ponta do focinho; 4 series de dentes no maxillar in- ferior, 6 no superior; 10 cerdas na margem ante- rior do primeiro arco branchial. Denegrido em cima, brancacento no lado ven tral; uma larga faixa escura extende-se da ponta do focinho, por cima do olho, à base da caudal; neste ponto ha uma mancha ocellada quasi do tamanho do olho; o traço obliquo abaixo do olho é apenas per- ceptivel ; duas grandes manchas ovaes, ocelladas na dorsal entre os XII e XX espinhos. Hab. Rio Doce, Est. do Espirito Santo, E. Garbe leg. 1906. 534 = Um outro exemplar de 185 mm., de Porto Ca- choeiro, Rio Doce, Est. Espirito Santo, que de resto combina bem com o typo acima descripto, differe unicamente por ter a segunda mancha ocellada da dorsal menos nitida ; o centro preto é um pouco apa- gado e o annel branco que o circunda é constituido por uma serie de manchinhas brancas. Esta especie é muito alliada à que Hasemann descreveu do rio Parahyba sob o nome de Cr. dor- socellata e da qual possuimos alguns exemplares da Lagoa Teia, Est. Rio de Janeiro, do mesmo sys- tema do rio Parahyba (240 9 300 mm.) Nossa especie, que talvez de futuro possa ser considerada subspecie daquella, é o representante da forma do rio Parahyba, differindo entretanto sensivelmente pelo maior numero de escamas (76-77 em vez de 60-62), pela menor extensão do maxillar e por ter duas manchas ocelladas na dorsal. O n. 2722 mencionado por Hasemann como tal- vez pertencente a Cr. dorsocellata e proveniente de Santarem, certamente é especie diversa; tratando-se de um unico especimen muito novo de 4 centime- tros apenas, é impossivel identitical-o correctamente. Crenicichla biocellata n. sp. 210mm. 5) D. XXI; 13/47 1159: inatas 77 scales in the first row below the lateral line; head 3, eyes 6 in head and 1 1/3 in inter; orbital space; preoperculum distinctly denticulated on its median portion; maxillar extending just to the vertical from anterior margin of eye; dorsal ray extending just to the beginning of the cauda; anal ray still 1 ocular diameter shorter; four rows of scales between the lateral line and the first dorsal rays; caudal peduncle longer than deep; nostrils much nearer the eye than to the tip of the snout; 4 rows of tesths in the lower jaw, 6 in the upper, 10 gill-rakers on the lowcr anterior arch. Dar- ker above white on the ventral side; a broad dark lateral band from tip of the snout passing over the De EE Pace eye to the base ofthe cauda ; there is an large ocel- lated spot; the oblique raye below the eye some- what discoloured (faded) ; two large distinctly ocel- lated spots between the 12th. and 28th. spines. Hab. Rio Doce, Est. Espirito Santo, E. Garbe leg. 1906. Another specimen, 185 mm. Porto Cachoeiro, Rio Doce, Est. Espirito Santo, otherwise exactly like the type, differs only by the second dorsal spot being not as well defined; the black spot is some- what vanished and the white ocellus around is brecken in several spots, instead of being sharply defined. ‘This species is closely allied to Cr. dor- socellata Hasem., differing only by the larger num- ber of scales (77 instead of 60-62), the extension of the maxillary and by having 2 ocellated dorsal spots. By a future revision this species may be considered as a northern subspecies of C. dorsocel- lata Hasem. which hitherto has only been found in the rio Parahyba, wherefrom the Museu Paulista received also some specimens collected by M. E. Garbe (240-300 mm., Lagoa eia, Est. Rio de Ja- neiro). Mr. Hasemann’s n. 2722 from Santarem is surely not the same species; it is impossible to identify correctly that single specimen which measu- res only 4 cm. Crenicichla mucuryna 2. sp. 120-90; nme Do XXI-X AMS dh A ITs 837 linha lateral ==, 96-57 escamas na primeira serie abaixo da linha lateral; cabeça 3 vezes, al- tura 5 vezes no comprimento; olho quasi 5 vezes na cabeça, um pouco maior que o espaço interorbital ; a angulo maxillar extende-se até a vertical tirada da margem anterior do olho; os dentes formam 5 series no maxillar superior, 4 no inferior; 9 cerdas na margem anterior do primeiro arco branchial; a altura da dorsal augmenta gradativamente até o 8.º espinho, o qual mede 1/3 da cabeça; o ultimo (21.º) espinho é apenas muito pouco maior; o 7. raio = da molle da dorsal ë o mais longo, egualando à base da dorsal molle com mais os dous espinhos ante- riores. Nadadeiras pectoral e ventral attingem a vertical tirada do 12.º espinho da dorsal. Pedun- culo caudal um pouco mais longo que alto. A côr geral é bruna, as margens dos labios tem uma faixa preta, um traço obliquo abaixo do olho, outro horizontal do olho à pectoral; a partir desta nadadeira começa uma serie de 9 faixas verticaes, a ultima das quaes se acha sobre a pri- meira escama do ramo inferior da linha lateral; a começar d'ahi estas escamas com poros são brancas na metade anterior, pretas na posterior; não ha ves- tigio de mancha caudal. As nadadeiras verticaes tem varias series horizontaes de manchinhas pretas (3 na parte anterior da dorsal, 4 ou O na posterior). Pectoraes e ventraes incolores. Un terceiro especimem da mesma proveniencia é um pouco maior, 135 mm.; D. XXII, 11; A. IH, 8; poros +, com 57 escamas na primeira serie abaixo da linha lateral. A côr geral é um pouco mais escura, bem como a dorsal, que tem apenas algumas manchinhas entre os ultimos raios. Pare- ce, entretanto, ser da mesma especie que aqui descre- vemos e cujos especimens novos tem o colorido mais vivo. Hab. Typo: Theophilo Ottoni, rio Todos os Santos, affl. do Mucury, Est. de Minas Geraes; E. Garbe leg. 1908. A presente especie, do systema fluvial do Mu- cury, pertence ao grupo da Cr. saxatilis e neste grupo mostra maiores affinidades com Cr. jagua- rensis Hasem. Crenicihela mucuryna n. sp. 120-90 mm. D. XXI-XXII, 11; A. II s-%; pores $4; 56-57 scales in the first row below the lateral line; head 3, depth 5 in length, eye nearly 9 in head, and somewhat larger than interorbital ; maxillary extending to the anterior margins of the = DM = eyes; teeth forming 5 series in the upper jaw, 4 in the fower; 9 gill-rakers on the lower part of the anterior arch. Dorsal slightly increasing to the 8 th. spine, which is three times in the head, the 21 th. only very. little longer; 7 th. soft dorsal the longest, equal to base of soft dorsal plus 2 spines. Pectoral and ventral extending to the vertical of the 12th. dorsal spine. Caudal peduncle somewhat longer than deep. Brownish, tips of both lips black, a very short oblique strip below the eye, another longitudinal from the eye to the pectoral; beginning by this fin, a series of nine vertical bars until the first scale of the lower ramus of the lateral line; the following scales of the lateral line are white on the anterior half and black on the posterior; no caudal spot. Vertical fins with several series of dark spots (three on the anterior dorsal, four to five on the posterior part). Pectorals and ventrals colourless. A third specimen from the same river is so- mewhat larger, 435 mm., D. XXII, 41; A. IILS ; pores =>: 57 scales in the first series below the lateral line. The general colour is somewhat dar- ker as well as the dorsal fin, which has only some dark spots between the soft rays. It seems how- ever to be the same species, which has brighter co- lours in the youth. Hab.: Typo: Theophilo Ottoni, rio Todos os Santos. Est. de Minas Geraes, E. Garbe leg. 198. Our species from the Mucury-systeme, a small river which empties into the sea above the Rio Doce, seems to be the nearest relative of Cr. jagoa- rensis Hasem., hitherto known only from Jagoára, Rio Grande, from the Paraná-systeme, Minas-Geraes. Os gamhäs do Brazil Marsupiaes do genero Didelphis Com resumo em aliemão POR DR. HERMANN VON IHERING Já por outra occasião, isto é, ao discutir as especies dos generos Cebus e Canis, chamei a at- tenção ao facto singular de que muitas vezes entre os mammiferos do Brazil, são as especies mais com- muns e geralmente conhecidas cuja classificação zoologica muito deixa a desejar. Uma tal cruz 4 zoologia é o genero, Didelphis, no sentido restri- cto. Estes gambas, que por toda parte são conhe- cidos na visinhança das habitações do homem, pos- suem duas particularidades que difficultam o estudo das especies: a duração illimitadada do crescimento ao qual só a morte põe termo e a variabilidade co colorido tão ampla como não é conhecida em ne- nhum outro genero. Que o crescimento é realmente continuo, mesmo nos individuos bem velhos, vemol-o não só no couro como no craneo. En: geral, para as respectivas especies um comprimento total do craneo de 100 mm., para as especies grandes pode ser considerado como a medida typica do craneo adulto. Accresce entretanto, que pela maior parte as suturas do craneo persistem abertas durante toda a vida e assim não é de extra- nhar encontrar-se tambem craneos de individuos bem velhos, cujo comprimento importe em 116-120 mm. Toe oo Aqui no Museu surprehenderam-nos as Gimen- sões extraordinarias de animaes de Did. aurila que foram caçados na costa meridional de Sta. Ca- tharina até S. Paulo e que taes animaes grandes e pesados, pela maior parte de cor preta, muitas ve- zes se distinguem por uma cauda extraordinaria- mente grossa. Já uma vez, devido à variabilidade das especies de Didelphis, fui induzido a descrever | uma especie nova, a qual mais tarde não pude mais reconhecer como bem fundamentada, e por esta razão procedi desta vez com todo o cuidado, obtendo uma colleeção tão rica de couros e craneos das diversas regiões do Braz], que posso emprehender o ensaio de definir os caracteres decisivos e a distribuição das diversas especies. Apesar da differença acima mencionada nas dimensões dos craneos obtem-se, como quasi sempre em taes casos, um bom auxilio para o julgamento da edade pelo exame da denta- dura e particularmente da serie dos molares; estes caracteres não enganam, visto que as dimensões cos dentes não são alteradas pelo crescimento do craneo. A serie dos quatro molares superiores que, mor- phologicamente, corresponde ao ultimo premolar e aos tres molares, fornece os melhores dados para se julgar das dimensões do craneo. Devemos conside- rar juvenis todos aquelles individuos nos quaes o ultimo molar ainda não appareceu e nos quaes o terceiro premolar ainda persiste na forma de dente de leite ou está p:estes a ser substitu do pelo dente definitivo. Como adultos designamss todos aquelles exem- plares cuja dentadura é completa e finalmente con- sideramos como individuos de edade avançada todos aquelles cujos premolares já faltam em parte e cujos molares já estão, inais ou menos gastos. A segunda difficuldade, já acima mencionada, para o julgamento especifico representa a côr das cerdas denominadas grannos («Grannen»). Estes pellos rijos e compridos são encontrados em grande nu- mero no dorso e nas costas das especies do genero Didelphis entremeiando o pello curto mais ou menos — 340 — crespo. Taes cerdas são brancas em alguns exem- plares, pretas em outros, e deste modo os respecti- vos individuos tomam um aspecto totalmente diffe- rente, apparecendo aquelles individuos como sendo branco-cinzentos, os outros como sendo de côr preta. Nada sabemos da causa de tão singular variabilidade, que de modo algum podemos pôr em relação com os costumes biologicos. Tanto eu mesmo, como a maior parte dos zoologos que viajaram pelo Brazil, sabemos por experiencia que, às vezes embora ra- ramente, no meio dos filhótes da mesma cria ha in- dividuos da variedade branca bem como da preta. Qualquer que seja a razão desta variabilidade, sem- pre podemos imaginar, que esta mesma causa pro duza un effeito às vezes maior as vezes menor, e que afinal as condições que provocam uma ou outra destas variações de côr, possam prevalecer em uma determinada especie ou em certa região. Obtem-se assim a impressão de que nestas variações observa- mos caracteres de especie em evolução, caracteres que successivamente podem fixar-se dertro das di- versas especies e regiões, de maneira que só raras vezes o antigo colorido 1eapparece por atavismo. Talvez a experiencia venha provar que assim já succedeu em certas regiões e por este motivo é necessario constatar a frequencia porcentual das fa- zes branca e preta para cada uma das respectivas especies e localidades. A monographia mais antiga e tambem a melhor sobre as especies brazileiras de Dedelphis foi pu- blicada em 1856 por H. BURMEISTER e a sua des- cripção é tão exacta e em quasi todos os pontos tão certa que custa comprehenter como até agora poude perdurar a lamentavel confusão de especies. O. THomas em seu catalogo dos marsupiaes, publicado em 4880 reuniu todas as especies americanas isto é, todas as especies vivas, que se conhecem do — 341 — genero Didelphis, foram consideradas como sendo uma unica especie, denominada marsupealis Linné, procedimento summario com o qual não concordou nenhum dos naturalistas que no Brazil fizeram in- vestigações sobre mammiferos. Em seguida.l. A. ALLEN, occupou-se com bom successo, em tres dif- ferentes estudos da systematica das especies de Di- delphis da America do Norte e mais tarde tambem das da America meridional, mas tambem este auctor não foi feliz com relação às especies do Brazil. Entre estes diversos estudos de ALLEN O que para nossos fins tem a maior importancia é o de 1902 sobre os « Opossums » da America meridional, no qual distinguiu dous grupos de especies: o de D. marsupials com orelhas pretas e o de paraguay- ensis cujas orelhas são brancas ou pallido-encarna- das com manchas escuras; menciona apenas duas especies do Brazil, D. marsupialis aurita Wied e D. paraguayensis Oken. Com relação a estas es- pecies temos de observar que D. aurta é uma especie bem caracteristica, cuja distribuição é li- mitada ao Brazil; alem disto a sua especie D. pa- raguayensis comprehende confundidas, duas especies bem differentes e faceis de distinguir. Não sei por hora se a forma typica de marsupralis Linnê, cuja distribuição parece limitada à Venezuela oriental, ás Guyanas, e regiões visinhas do Brazil, e que occorre tambem no Pará, como Bm meister e Goeldi affir- mam, talvez ainda viva no Brazil, até o Rio de Janeiro e São Paulo. O certo é que no Museu Pau- lista estão representadas tres especies brazileiras em numerosos exemplares, e o fim deste estudo é dis- cutir a sua distribuição. Observo ainda que ha dous annos mandei à redacção dos «Proceedings of the Zoological Society of London» um estudo sobre as Didelphidas brazileiras, mas que não chegou a ser im- presso devido ao parecer do meu amigo sr. O. Tho- mas. Dou-me à esperança que em vista da dis- cussão seguinte este meu distincto collega não tera mais duvidas quanto à exactidão dos resultados dos meus estudos. = ie Didelphis marsupialis L. Didelphis marsupialis LixnÊ, Systema nat. X, 1798, p. 94. Didelphis marsupialis ALLEN, Bull. Am. Mus. Nat. Bist) MIA 022970 Didelphis marsupials GopLDI E HAGMANN, Bol. Mus. Paraense vol. IV, 1906, p. 99 (Para. Didelphis karkinophaga ZIMMERMANN, Geogr. Gesch. I, 1780, p. 266; idem, ALLEN loc. s. cit. Le Crabier Burron, Hist. nat. Suppl. III, 1776. p. 272 (Cayenne) Pl. 54. Didelphis concrivora GmeLIN, Syst. nat. IJ, Li SSP pmetos: Dipelphis cancricor a BuRMEISTER, Erl. Fauna Brasiliens., 1856, p. 66, Taf. IV (animal); Taf. V fig. 2 und Taf. VI fig. 2 (craneo), Syst. Uebersicht. 1, 185%, p. 129"(partim): H. Winge, E. Museo Lundi II, A, 1893, p. 49, (pertim) Pl. 1 fig. 9, (Venezuela). O pello desta especie é mais curto do que em qualquer das outras, valendo o mesmo tambem da cauda. Em geral a cor do pello é amarello-parda ou bruno-amarellada. As pernas são pardo-escuras como tambem o pavilhão das orelhas. A cabeça é um tanto mais clara sem faixas escuras, sómente no vertice apparece uma mancha escura. apagada, e outra egual ao redor dos olhos. O pello lanoso é amarello-pardo com pontas brunas. Os grannos cur- tos e pardos são um pouco mais claros que os outros pellos das costas. Na barriga o colorido é um pouco mais pallido, amarello- -pardacento. O craneo distingue-se pela crista alta do ver- tice e por ser o occiput largo e proporcionalmente baixo. O comprimento total deste animal importa geralmente em 712 até 767 mm., dos quaes 381 até 419 mm. cabem à cauda. O comprimento do pé posterior é de 51-57, a altura da orelha 51-57 mm. A zona da sua distribuição comprehende as Guyanas, a Venezuela e a visinhança do Pará. né le Didelphis aurita Wied Didelphis marsupralis WieD, Beitraege zur Naturgeschichte Brasiliens, II, 1826, p. 387. Didelphis aurita Wisp, Beitraege z. Naturg. Bras: 11; 1826,p 1895. Didelphis aurita BuRMEISTER, Systemat. Uener- sicht der Thiere Brasiliens, 1854, p. 180. — Er- laeuterungen zur Fauna Brasiliens, 1856, p. 64, Path animal) *eioTaf: V fig. «3, i Tak. WI fig. # (craneo),—E. Gontpr, Proc. Zool. Soc. London 1894 p. 497 (Serra dos Orgãos, Rio de Janeiro. H. von iHERING, Mamm. Rio Grande do Sul, 1892, p. 99 (p. 6 c. s.; Rev. Mus. Paul. VI 1904. p. 425 Rio Juruá, Amazonas. Didelphis cancrivora Hexsez, Phys. Abteilg. Akademie der Wissensch. Berlin, 1&72, p. 114. Taf. I, fig. 2u.5; A. von Pezzerx. Verhandlungen der zool. bot. Ges Wien XXXIU. Anh. 1883, p. 110 (Sapitiba); H. Winer, E Museu Lundi. II, A, 1892, p. 44, Taf. UI, fig. 4, Taf. IV fig. 10 (partim, Lagoa Santa). Didelphis koseritai H. von ImerINS, Ann. Rio Grande do Sul. 1892, p. 99 (p. 6 copia separada) Var. nigra. Os grannos desta especie são compridos, tam- bem o pello da base da cauda se acha bem desen- volvido. O colorido fundamental é pardo-escuro, um tanto mais claro na cabeça, e com bochecha amarello-pallida. Deante dos olhos ha uma mancha pardo-escura, que se estende para traz da região orbital. O meio da fronte e o vertice são pardo- escuros; uma mancha amarella apparece por cima dos olhos. Queixo e cantos da bocca são amarel- lados; os grannos que nas costas, nos lados e na base das extremidades e da cauda são bastante es- pessos, são ora de côr branca ora preta. Accresce “que as listas pretas da cara, muitas vezes, não são bem distinctas e assim os especimens com grannos brancos parecem tão differentes dos animaes escuros e quasi unicolores-pretos, que fui induzido a dar o ae SE nome especial de Didelphis hoseritzr a esta forma preta. O comprimento total do animal importa em 680-810 mm, inclusive 300-390 mm. da cauda. Os pés trazeiros medem 53-60, a orelha 59-55 mm. Todavia são raros os animaes com orelhas tão com- pridas, como os que ALLEN descreve; as orelhas, alem disto, são menos largas do que em Did. mar- supralas. A distribuição desta especie brazileira esten- de-se do norte do Estado do Rio Grande do Sul por todo o Brazil até o Amazonas, de onde temos varios exemplares de Manãos e do Rio Juruá, tendo Natterer caçado a especie em Borba, Rio Madeira. Didelphis paraguayensis Oken Micouré premier Azara, Quad. Parag. I, 1802, p. 209, (e 1801, p. 244, teste Allen.) Didelphis paraguayensis Oxen, Lehrbuch der Naturgeschichte. I]. Abt. II. 1816 p. 1147; ALLEN, Bull. Am. Mus. Nat. Hist. XVI, 1902, p. 267, partim. Did. azarae Temminck Mon. Mamm. 2.º Monogr. 1825, p. 36. — RENGGEr, Naturg. Tiere Paraguay, 1830, p. 223 (Gran Chaco, Entrerios, - Uruguay). BURMEISTER, System. Uebersicht, 1. 1854, p. 131. — Erl. Fauna Bras. 1856, p. 61 Taf. I.; KR. HenseL, Phys. Abt. Akademie Wiss. Berlin, 1872, p. Ill, Taf. 1, fig. 1 u. 4; H. von Inprine, Mamm. Rio ‘Grande: do Sul, 1892) 'p.98(p.' S"copssepa: Did. lechei Il. von IxERING, Mamm. Rio Grande do Sul 1892, p. 95 (p. da cop. separ.) Did. leucotis WAGNER, Abh. Ak. Wissenschaf- ten, Miinchen, V, 1847 (1850) p. 127 u. Schrebers Saeugetiere. Supp. V. 1800, p. 225. Did. poecilonota Scuinz, Syn. Mamm. I, 1844, p. 904 (Rio Grande do Sul. A cabeça e o pescoço são brancos, uma listra escura começando entre os olhos vae até a nuca . onde, aos poucos se perde no dorso. Outra listra estreita de cada lado passa pelo oiho até a orelha, cuja côr é brancacenta com manchas desmaiadas, ne = pardo-escuras ; as costas, os lados e as pernas são pardo-escuras, os pellos da parte inferior são ama- rello-pallidos com pontas pardo-escuras e são estas ultimas que assim dão à parte inferior um tom es- curo. Nas costas, nos lados e na base das extre- midades e da cauda ha muitos grannces compridos e fortes, de côr em geral branca, mas às vezes tam- bem preta. A parte núa e escamosa da cauda é escuro-pardo-cinzenta na primeira metade, côr de cerne na segunda. O comprimento total varia de 793-957mm., com- prehendida a cauda de 330-425 mm. O comprimento do pê posterior importa em 42-54 mm., o compri- mento das orelhas em 26-31 mm. Didelphis albiventris Lund Carigueya brasiliensibus MarcoravE, Hist. Nat. Bras. 1648. p. 222 (Pernambuco). Tai-ibr brasiliensibus MarcaravE, Hist. nat. Bras. 1648, p. 223 (Pernambuco). Did. albiventris Lunp, K. Dansk. Vidensk. Selsk. Afhandl. VIII, 1841, p. 236 (Lagoa Santa). BuRMEISTER, Syst. Uebers. I, 1851. p. 132; Burmeister Erl. Fauna Bras. 1806, p. 62. Taf. TI (animal) Taf. V. fig. 4-5, Taf. VI, fig. 4, (craneo). Did. poecilotus Waaner, Archiv f. Naturg. 1842, I, p. 358 (“Angaba”, Cuyabä, Matto Grosso); A. von PeLzELN: Verh. zool.-bot. Ges. Wien, XXXII. Anh. 1483. p. 109. Didelphis marsupialis var. albiventris Winck E Mas. Lundi, ll, A. p. 46 (partim) Taf. JII, fig. 3; Taf. IV fig. 9 (Lagoa Santa). Did. paraguayensis ALLEN, Bull. Am. Mus. Nati dist. XVI 1902,:p: 267, -partim: Esta especie é a mais chegada à antecedente, mas é menor, com pello mais comprido e orelhas maiores. A cabeça é branca com tres listras pretas, bem distinctas e destacadas. A nuca e as costas são pardas, a parte inferior de côr branca pura, as per- nas são pretas. A cor dos grannos das costas e dos lados é geralmente branca. = BY = O comprimento varia de 630 760 mm. inclusive 310-360 da cauda. O pé posterior mede 43-4& mm., a orelha 43-94 mm. Esta especie pequena e bem caracteristica acha- se limitada em sua distribuição à região dos campos do interior do Brazil, de onde o Museu a recebeu de Ituverava, Rincão e Franca; alem disto temos especimens do Ceará e de Villa Nova, da margem do Rio São Francisco no Estado da Bahia. Lund descreveu-a de Minas Geraes, Natterer colleccionou-a em Matto Grosso. Seguem aqui algumas palavras sobre os nomes triviaes dos marsupiaes brazileiros. As especies pe- quenas do tamanho de ratos ou de dimensões me- nores são designadas jupati. Metachirus oppossum L. e especies alliadas conhecem-se sob a denomina- ção de Cuica. Para as especies de Didelphis são usadas varias denominações. No roteiro de Gabriel Soares encontra-se o nome de serzgoé. B. G. Al- meida Nogueira escreve sarigue e outros autores escrevem sarohé ou sarigoy; Marcgrave nos da o nome de cariqueya, palavra que no primeiro mo- mento parece differente mas na qual no «c» falta a cedilha, de modo que antes teriamos de escrever sarigoea. A segunda denominação tai-ibi, ou «tai do chão» é corruptéla de sari. A segunda denominação, geralmente usada na Amazonia, é «mucúra» e a mesma palavra encontra- mos no Paraguay onde Azara escreve micuré. Neste caso não é difficil encontrar a elymologia. Almeida Nogueira traduz mbicu por raposa e diz que mbracu quer dizer: dar liquido ou leite. Micu-li significa o zorilho «todo branco» e micu-rê signi- fica segundo Montoya e Bertoni raposa «hedionda» ou «feia». Ne ou neme quer dizer: fedendo. A disposição systematica das especies de Di- delphis é ainda um assumpto dificil e controverso. ALLEN separa as especies com orelhas brancas das que as tem pretas. Não posso conformar-me com tal classificação, em vistas das condições especiaes re ee de D. virgin'ana que tem não só as orelhas mas tambem toda a cabeça branca. Isto é um caso de albinismo parcial que affecta tambem a côr da ore- lha, caso bem differente do das especies brazileiras. Nestas se desenvolvem manchas escuras nas orelhas brancacentas, manchas que em parte das especies, paraguayensis e albiventris, se conservam por toda a vida, em outras, marsupralis e aurita, confluem successivamente, do que resulta um colorido uni- forme preto. A prova da exactidão desta conclusão é dada por caracteres osteologicos. A extremidade anterior do osso zygomatico é grossa e alta em virginiana, marsupialis e aur ita, fina e apontada em para- quayensis e albiventris. Alem deste caracter ha outro que distingue os dous grupos, como já Hensel e Winge o mostraram: a largura relativamente grande ou pequena do terceiro premolar superior definitivo. Este dente é estreito, comprido em pa- raguayensis e albiventris, largo e curto nas outras especies indicadas. Pode-se distinguir conforme este caracter dous subgeneros : Didelphis s. str. com Didelphis marsupralis L. como typo e Lencodidelphis subg. n. com Didelphis paraguayensis como especie typica. As especies do ultimo subgenero são limitadas na sua distribuição ao extremo Sul do Brazil, Uruguay, Paraguay e Norte da Argentina b-m como no sertão do Brazil, isto é, o Brazil central e Estados do Noroeste do Brazil desde o Maranhão até Alagoas. De grande interesse é a occorrencia de Didei- phis marsupialis no Para ao Sul do Rio Amazo- nas. Este facto prova que as especies das Guyanas puderam extender-se ao Pará e taivez até o rio Pa- rahyba ao fim da epoca terciaria e então não exis- tia o caudaloso rio que hoje separa as regiões se- ptentrionaes e meridionaes do Estado do Pará. Tam- bem as especies do genero Cebus que vivem no Ma- ranhão e Pará são encontrados nas Guyanas isto é Cebus apella L. e C. capucinus L. Die hrasilianischen Arten der Gattung Didelphis (!) Schon bei friiherer Gelegenheit, bei Diskussion der Arten der Gattungen Cebus und Canis, hatte ich Gelegenheit, auf die merkwiirdige Erscheinung hinzuweisen, dass es vielfach gerade die allerge- meinsten und bestbekannten Säugetiere Brasiliens sind, beziiglich deren die zoologische Classification uns mehr oder minder im Stiche lässt. Ein solches Crux der Zoologie ist auch die Gattung Didelphis im engeren Sinne. Diese ‘Tiere, welche überall in der Näbe der menschlichen Wohnungen angetroffen werden, besitzen zwei Eigentümlichkeiten, welche das Studium der Arten erschweren: Die Zeitlebens anhaltende Wachstumsdauer und die Variabilität in der Färbung, die eine so weitgehende ist, wie wir sie kaum in irgend einer Gattung kennen. Was zunächst das Wachstnm anbetrifit, so lässt sich dessen stete Fortdauer nicht nur an den Fellen, sondern auch am Schädel nachweisen. Im Allgemeinen dürfte eine Schädellänge von 100 mm. fiir die grósseren der in Betracht kommenden Arten als diejenige des ausgewachsenen Schädels gelten; da aber die meisten Schädelnähte zeitle- bens offen bleiben, so finden wir bei besonders alten Exemplaren auch solche, deren Schädel 116-120 mm. ir der Liinge messen. Hier im Museum fiel es uns auf, dass von der Didelphis aurita an der Kiiste von Säo Paulo und weiterhin bis Sta. Catharina besonders (1) In Bezug auf die Synonymie der einzelenen Arten hitte ich die vorausgehende Darstellung zu vergleichen. = BAG häufig grosse, schwere Tiere angetroffen werden, vor- wiegend in schwarzer Phase, und häufig durch unge- wohnlich dicke Schwaenze ausgezeichnet. Nachdem ich einmal früher durch die Variabilitaet der Arten von Didelphis zur Aufstellung einer Art mich habe verleiten lassen, die ich späterhin nicht mehr anzuer- kennen vermochte, bin ich nunmehr mit aller Vorsicht zu Wege gegangen und bin so allmählich in den Besitz einer so reichen Sammlung von Fellen und Schädeln aus den verschiedensten Teilen Brasiliens gekommen, dass ich den Versuch unternehmen darf, die Abgrenzung und Verbreitung der einzelnen Ar- ten zu praecisieren. Was die oben erwähnte Differenz in den Di- mensionen der Schädel betrifft, so hat man, wie immer in derartigen [illen, an dem Gebisse und besonders an der Reihe der Backenzähne ein gu- tes Hilfsmittel zur Beurteilung der Altersverhält- nisse, welches auch in sofern nicht triigt, als die Dimensionen durch die erwähnte grosse Zunahme des Schiidelsnicht beeinflusst werden. Die Reihe der oberen vier Molaren, welche morphologisch dem vierten Praemolar und den drei Molaren entspricht, liefert die besten Hilfsmittel für die Beurteilung der Schädeldimensionen. Als jungendliche müssen wir alle diejenigen Individuen bezeichnen, bei wel- chen der letzte Backenzahn noch nicht hervorgebro- chen und der dritte Praemolar noch als Milchzahn entwickelt ist oder im Begriff steht, durch den Dauer - zahn ersetzt zu werden. Als erwachsen gelten dann alle jenen Exemplare mit vüllig ausgebildetem Gebiss, (adult) und als sehr alt (vetust) solche, bei welchen die Praemolaren schon zum Teil ausgefallen und die Molaren abgekaut sind. Die zweite, schon angedeutete Schwierigkeit fiir die Beurteilung der specifischen Charactere bildet die Farbe der Grannen. Diese steifen, langen Haare stehen bei den Arten der Gattung Di- delphis am Rücken und an den Seiten zwischen den übrigen kurzen, mehr oder minder wolligen Haaren des Pelzes dicht gedriingt. Sie sind bei einzelnen Tieren weiss, bei anderen schwarz und dadurch bekommen die betreffenden Individuen ein ganz verschiedenes Aussehen, indem die einen weissgrau, die anderen schwarz erscheinen. Wir wissen nichts von der Ursache dieser merkwiirdigen Variabil:taet und kôünen sie in keiner Weise mit den Lebensgewohnheiten zusammenbringen. Sowohl ich selbst wie die meisten anderen, in Brasilien tätigen Zoologen haben die Erfahrung gemacht, dass zu- weilen, wenn auch selten unter den Tieren ein und desselben Wurfes, sowohl Formen der weissen als solche der schwarzen Phase vorkommen. Was immer auch die Ursache dieser Erscheinung sein mag, so kúnnen wir uns wohl vorstellen, dass eben diese Ursache bald in geringerem, bald in stärkerem Masse ihren Ausdruck findet und dass schliesslich auch die Verhältnisse, welche eine der beiden Färbungen veranlassen, in einer bestimmten Art oder in einer bestimmten Gegend das Uebergewicht bekommen kônnen. Wir werden uns daher vor- stellen diirfen, dass es sich dabei um werdende Art- charaktere handelt, welche successive innerhalb der verschiedenen Arten und Wolinbezirke sich dermassen fixieren werden, dass nur noch selten atavistischer -Weise die verloren gegangene Färbung wieder auftritt. Vielleicht werden auch Erfsbrungen dartun, dass diess schon in einzelnen Gegenden der Fall ist und wire daher das Prozentverhältnis der schwarzen und weissen PEase fic die einzelnen Arten und Oertlichkeiten festzustellen. Die älteste und beste Monographie der brasi- lianischen Arten von Didelphis hat uns 1856 H. Bor- MEISTER geliefert und seine Darstellung ist so ge- nau und fast in allen Punkten so zutreffend, dass es schwer begreiflich erscheint, wie noch bis auf unsere Tage die Diskussion und die Confusion der betreffenden Arten hat anhalten kénnen. O. THomas in seinem 1888 ver6ffentlichten Katalog der Marsu- pialia hat alle amerikanischen Arten, d. h. aiso be- kannte, lebende Arten von Didelphis in eine einzige Art D. marsupialis L. zusammengezogen, ein sum- DE ae marisches Verfahren, mit welchem sich keiner der Naturforscher einverstanden erklärt hat, welche in Brasilien selbst Säugetiere studiert haben. Weiterhin hat dann I. 4. Allen in 3 verschiedenen Abhandlungen die Systematik, zunächst der nordamerikanischen, ua weiterhin auch der siidamerikanischen Dzde!phis- Arten gefordert ; seine Darsteliung ist aber in Bezug auf die brasilianischen Arten keine glückliche ge- wesen. Für unsere Zwecke am wichtigsten ist die 1902 veróffentlichte Abhandlung über südameri- kanische Opossums, in welcher zunächst 2 Gruppen von Arten unterschieden werden, die marsupials Gruppe, deren Arten schwarze Ohren besitzen und die paraguayensis-Gruppe, in welcher die Ohren weiss oder blass fleischfarben mit dunklen Flecken sind. Es werden nur 2 Arten aus Brasilien aufge- fübrt, D. marsupialis aurita Wied und Didelphis paraguayensis Oken. Zu dieser Darstellung haben wir zunächst zu bemerken, dass die À. aurila eine gut charakterisierte Art undinihrem Verbreitungs- gebiet auf Brasilien beschränkt ist und dass in D. paraguayensis zwei sicher und scharf zu trennende Arten confundiert sind. Ob die typische D. marsu- piales L., deren Verbreitung auf Ostvenezuela, Guiana und die angr-nzenden Teile des nôrdlichen Brasilien beschränkt ist, auch noch weiter siidlich von Pará vorkommt, vermag ich zur Zeit nicht zu beurteilen. Sicher ist, dass in unserem Museum drei Arten aus Brasilien in zahlreichen Exemplaren vertreten sind und deren Unterscheidungsmerkmale und Verbrei- tungsverhältnisse zu erórtern, ist der Zweck der folgenden Zeilen. Ich bemerke dabei, dass ich schon vor 10 Jahren an die Redaktion der «Proceedings of the Zoological Society» eme Abhandlung über die brasilianischen Didelphiden einsandte, deren Druck auf Wunch meines Freundes, Herrn O. Tho- mas, abgelehnt wurde. Ich gebe mich der Hoffnung hin, dass die folgenden Erórterungen auch bei diesem, meinem verehrten Collegen keine Zweifel mehr an der Richtigkeit meiner Darlegungen lassen werden. Didelphis marsupialis L. Der Pelz ist bei dieser Art kiirzer als bei allen anderen, ebenso auch die Behaarung an der Basis des Schwanzes. Im Allgemeinen ist die Farbe des Pelzes gelbgrau oder bräunlich gelb. Die Beine sind dunkelbraun, die Ohrmascheln ebenso, sehr breit. Der Kopf ist etwas heller ohne dunkle Streifen, nur ein schattenformiger, dunkler Fleck liegt aus dem Scheitel, em ähnlicher ums Auge herum. Das Wollhaar ist gelbgrau mit brauner Spitze. Die kurzen, grauen Grannen sind etwas heller gefärbt als die übrigen Riickenhaare. Am Bauch ist die Firbung etwas blasser, gelbgrau. Der Schädel ist durch hohen Scheitelkamm aus- gezeichnet und dadurch, dass das Hinterhaupt breit und verhältnismässig niedrig ist. Die Gesamtliinge des Tieres betrigt im Allgemeinen 712 bis 776 mm., wovon 381-419 «uf den Schwanz entfallen. Die Liinge des Hinterfusses beträgt 51-57, die Hohe des Ohres 51-57 mm. (?). Das Veroreitungsgebiet liegt in Guiana und Ve- nezuela und Pará: die Ausbreitung der Art in Bra- silien, siidlich des Amozonasstromes ist noch nicht bekannt. Didelphis aurita Wied Bei dieser Art sind die Grannen lang, auch die Behaarung an der Schwanzbasis ist stark enwi- ckelt. Die Farbung ist im Wesentlichen eine schwarz- braune, der Kopf ist etwas heiler, mit blass gelben Backen. Vor dem Auge liegt ein schwarz-brauner Fleck, der sich nach hinten übers Auge fortsetzt. Die Stirnmitte und der Scheitel sind gelblich; die langen Grannen, welcbe am Ricken, an den Sei- ten und an der Basis der Extremitaeten und des Schwanzes ziemlich dicht stehen, sind b:ld weiss, bald schwarz. Hierzu kommt, dass die schwarzen Streifen des Gesichtes oft nicht sehr deutlich ausge- “Te RE prägt sind und so erscheinen die mit weissen Grannen durchsetzten Tiere von den dunklen, fast einfarbig schwarzen Tieren so verschieden, dass ich dadurch veranlasst wurde, der dunklen Varietaet einen besonderen Namen, Ldelphis hoseratza, zu geben. Die Totallänge des Tieres wechselt von 680-810 mm, wobei auf den Schwanz : 00-390 mm. entfallen. Die Länge des Hinterfusses beträgt 53-60, die des Ohres 39-25 mm. Doch kommen Tiere mit so langen Ohren wie die von Allen er- wihnten wohl sehr selten vor. Die Ohren sind übrigens minder breit als bei Did. marsupialis. Die Verbreitung dieser brasilianischen Art erstreckt sich von der nordlichen Halfte des Staates Rio Grande do Sul über ganz Brasilien bis zum Amazonas, von wo wir Exemplare aus Manäos und vom Rio Juruä haben. Didelphis paraguavensis Oken Kopf und Hals sind weiss, ein dunkler Streifen zieht, zwischen den Augen beginnend, bis zum Na- cken, wo er in die schwarzbraune Farbe des Rii- ckens übergehr. Kin anderer, schmaler Streif zieht sich jederseits durchs Auge hin bis gegen das Ohr, dessen Farbe weisslich, mit matten, dunkelgraüen Flecken ist; Riicken, Seiten, Beine sind schwarz- braun, die Haare der Unterseite sind blassgelb mit dunkelbrauner Spitze, wodurch die ganze Unterseite ein düsteres Aussehen gewinnt. Auf dem Riicken, an den Seiten und an der Wurzel der Extremitaeten und des Schwanzes stehen zahlreiche, lange, starke Grannen, deren Farbe in der Regel weiss, zuweilen aber schwarz ist. Die nackte, schuppige Partie des Schwanzes ist in der ersten Hälfte dunkelgrau, in der zweiten fleischfarben. Die Totallinge variiert von 793 bis 957, mm., wovon 330 bis 426 auf den Schwanz entfallen. Die Linge des Hinterfusses beträgt 42 bis 54 mm., die Linge des Ohres 26 bis 31 mm. mt x Didelphis albiventris Lund Diese Art ist mit der vorausgehenden nächst- verwandt, aber kleiner, mit längerem Haarkleid und grósseren Ohren. Der Kopf ist weiss, mit 3 schwarzen, scharf abgesetzten Streifen. Nacken und Riicken sind grau, die Beine sind schwarz, die Un- ‘terseite rein weiss. Die Farbe der langen Grannen des Riickens und der Seite ist in der Regel weiss. Die Totallinge variiert von 630 bis 760 mm., wovon 3!0 bis 360 auf den Schwanz entfallen. Die Linge des Hinterfusses betrigt 48 bis 48 mm., die des Ohres 43 bis 54 mm. Diese kleine und sehr characteristische Art ist in der Verbreitung durchaus auf die innere Cam- pos-Region des mittleren und nôrdlichen Brasiliens beschriinkt. Sie wird in São Paulo im Westen an- getroffen, von wo das Museum sie aus Ituverava, Rincão und Franca besitzt. Unser Museum erhielt sie ausserdem von Ceará und von Villa Nova am Rio São Francisco im Staate Bahia; Lund beschrieb sie aus Minas, Natterer sammelte sie in Matto Grosso. Zum Schlusse mógen hier einige Worte über die volkstiimlichen Namen der Beutelratten Bra- siliens folgen. Die kleineren Arten von der Grosse der Ratten oder noch kleiner bezeichnet man mit «jupatir; Metachirus opossum L. und die damit ver- wandten Arten kennt man unter dem Namen Cuica. Die Didelphis Arten haben verschiedene Namen. Im «Roteiro» von GABRIEL SoAREs begegnet man der Bezeichnung seriguê. B. GC. ALMEIDA NoGUEIRA schreibt saregue und andere Autoren sarohé oder sarigot. MARCGRAVE hat uns den Nemen cariqueya hinterlassen, ein Wort, das auf den ersten Moment fremd erscheint, bei dem aber bloss unter dem «c» die Cedilha fehlt, sodass wir eigentlich sarigueya schreiben müssten. Eine zweite Bezeichnung tae-cbe ist verstimmelt aus sari-ibi, was die tar des Bo- dens dedeutet. Die zweite Benennung, welche ge- ae Dee 3 wohnlich in Amazonas gebraucht wird, ist mucura ; das gleiche Wort treffen wir in Paraguay wieder, wo AzaRa micuré schreibt. In diesem Fall liegt die Etymologie sehr nahe. ALMEIDA NoGugIRA über- setzt mbrci mit Fuchs, Stinktier und sagt dass mbeacu soviel wie «Milch oder Fliissigkeit geben» bedeutet. Mbecu-ti bedeuted weisses Stinktier und mbi-cu-ré bedeutet nach Monroya und BERTONI hässliches, abscheuliches Stinktier; Ne oder Neme bedeutet stinkend. Die systematische Gruppierung der Didelphis- Arten ist ein schwieriges und noch strittiges Pro- blem. ALLEN scheidet die Arten mit weissen Ohren von den schwarzohrigen. Ich kann mich mit dieser Einteilung nicht einverstanden erklären, besonders mit Rücksicht auf die eigenartigen Verhiltnisse bei D. virginiana, bei welcher Art nicht nur die Ohren weiss sind, sondern auch der ganze Kopf. Es ist das ein Fall von teilweisem Albinismus, wel- cher auch die Farbe des Ohres. beeinflusst, also ganz verschieden von den Verhätnissen bei der brasilianischen Arten. Bei letzteren entwickeln sich an den weisslichen Ohren dunkle Flecke, welche bei einem Teil der Arten, wie bei paraguayensrs und albiventris sich lebenslänglich erhalten, waehrend sie bei anderen Arten, so besonders bei mnarsupralis und awrita ailmihlich zusammenfliessen, woraus eine einformig schwarze Firbung resultiert. Der Beweis fiir die Richtigkeit dieser unserer Schlussfolgerung wird durch osteoiogische Chara- ctere geliefert. Das Vorderende des Jochbeines ist dick und hoch bei vergimana, marsupralis und au- rita, schlank und zugespitzt bei paraguayensis und albiventris. Ausser diesen Merkmalen gibt es, wie schon HenseL und WINGE gezeigt haben, noch ein anderes, nach welchem sich zwei Gruppen un- terscheiden lassen: die relativ grosse oder geringe Breite des dritten oberen definitiven Prämolaren. Dieser Zahn ist schmal und lang bei paraguayensis und albiventris, wo seine Breite von 3,0 bis 4,8 mm. variiert, breit und kurz bei den anderen ange- gebenen Arten, wo seine Breite 5-6 mm. betrigt. Hiernach kann man 2 Untergattungen unterschei- den, von denen fiir Didelphis s. str. D. marsupialis als Typus zu gelten hat, eee die typische Art von Leucodidelphis subg. n. D. paraguayensis ist. Die Arten letzterer U bre sind in ihrer Ver- breitung auf Südbrasilien, Uruguay, Nordargentinien und Paraguay beschränkt sowie auf den Sertäo von Brasilien, d. h. Centralbrasilien und die Nordost-staa- ten von Maranhäo bis Alagoas. Von besonderem Interesse ist das Vorkommen von D. marsupials in Pará, also südlich des Ama- zonenstromes ; diese Tatsache beweist, dass Arten von Guyana sich zu Ende der Tertiãr-Epoche bis Pará und vielleicht bis zum Rio Parnahyba aus- breiten konnten und dass somit der mächtige Strom, welcher heutigen Tages die nôrdlichen und siidli- chen Gebiete des Staates Para trennt, noch nicht existierte. Auch die Cebus-arten von Maranhão und Para, C. appella L. und capucinus L. werden in Guyana angetroffen. ———— (O Insectos contra insectos As Coccinellidas POR FRANCISCO [TGEESEAS (Estampa VIII, fig. 1-a e 1-8) A entomologia economica, estudando a biologia dos insectos, tem procurado tirar partido dos mes- mos. E assim que sabemos que ha insectos noci- vos às plantas, insectos que não o são e finalmente insectos carnivoros que se alimentam de outros in- sectos. De posse destes conhecimentos os entomo- logistas têm prccurado conhecer os grupos de inse- ctos a que pertencem e determinar as varias espe- cies destruidoras de insectos, afim de poder prestar- lhes auxilio na sua multiplicação, em detrimento das pragas que assolam as nossas culturas. São os coleopteros e os hymenopteros que neste sentido têm prestado relevantes serviços à agricul- tura. Vamos occupar-nos, desta vez, do primeiro grupo e, particularisando, da familia das Coccinel- lidae. As coccinellidas, na luta contra os inimigos da agricultura representam, sem duvida, um papel im- portantissimo. A coccinellida Cryptolaemus montrouziert Muls., anstraliana, é uma grande destruidora da coccida branca, Dactylopius eriococcus, etc., que, introduzida nas ilhas Hawai, se tem desenvolvido rapidamente; esta coccinellida é actualmente um auxiliar precioso contra as coccidas do caféeiro (Marchal) e em particular o Pulvinaria psidir, um dos maiores inimigos desta cultura. (*) Coccinella repanda Thunb. alimenta-se de pul- goes das laranjeiras, de hibiscus e da canna de assucar. Rhizobius litura L., come differentes especies de pulgões; é uma das especies mais espalhadas em França. Rhizobius ventralis acclimatou-se admiravel- mente na California, onde dá combate à coccida negra da oliveira, Lecanium oleae. E’ interessante notar que, coccinellas estran- geiras, que já prestavam bons serviços nus paizes de origem, naturalizam-se em outras regiões, dando resultado esplendido. Os Estados Unidos ca Ame- rica do Norte, onde a agricultura e tndo que diz respeito a ella, tem progredido extraordinariamente, collocando-se na vanguarda das nações adeantadas, dispendem, às vezes, grandes sommas sómente para acclimatar uma pequena coccinella, pequena na ver- dade, mas que presta grandes serviços. Haja visto o que aconteceu com o já celebre Novus cardinalis. A Icerya purchasi, terrivel praga, foi introduzida em 1X68 na California: o seu paiz natal é a Australia, no emtanto esta coccida “acclimatou-se de tal forma nos Estados Unidos do Norte, e ali tomou incremente que produziu enor- mes estragos nos laranjaes e limoeiros de toda a região. Foram baldados todos os esforços para com- bater o flagello. Diante dos grandes e irremedia- veis estragos praticados pela Icerya, Riley, director da secção de Entomologia do departamento de Agri- cultura de Washington, pensou que o mediosre desenvolvimento da praga no paiz de origem deve- ria ser attribuido ac ataque de algum parasita na- tural, que até então havia passado desapercebido ; conseguiu um credito de 2.000 libras e determinou que o seu agente M. Koebele, fosse encarregado da (*) Esta especie, felizmente, não se encontra em nosso paiz. Nota da Red. = i ae procura do inimigo natural da Jcerya. Dentre as muitas coccinellidas que tronxe, tornou-se notavel 6 Novius cardinalis, que deu os resultados mais surprehendentes na extincçäo da praga. Este pro- cesso, mais tarde, à medida que a J/cerya ia inva- dindo outros paizes, continuou a ser empregado, sempre com bom exito. Nós aqui, tambem, encontramos uma coccinel- lida que está, mui obscuramente, prestando um bello concurso aos nossos laranjaes e roseiraes. E” a Neda sanguinea L. que conseguimos identificar com o auxilio das collecções do Museu Paulista. A primeira observação nossa sobre a Neda sanguinea, foi numa laranjeira, onde vimos tanto as larvas como os imagos, alimentando-se com uma voracidade nunca vista, de aphideos, pulgões da la- ranjeira. Mais tarde notamos que a mesma cocci: nellida se alimentava de pulgões da roseira. Trata- mos de estudar a biologia do insecto e para isso fizemos criação do mesmo. Verificamos que a Veda se alimenta de varias especies de pulgões; todos os pulgões que conseguimos encontrar, lhe offerecemos e ella os comeu com a costumada avidez. A Neda sanguinea põe os seus ovos nas folhas, proximo aos pulgões. Logo que as peque- ninas larvas sahem, ellas começam a comer os pri- meiros pulgões que encontram. Ccemem durante o dia e durante a noute, crescendo com rapidez. Quando a larva attinge todo o seu tamanho ella doira-se sobre si, muda de cor, que se torna amarella, e finalmente transforma-se em nyupha; da nympha sahe o insecto perfeito ou imago. O periodo larval pode durar mais ou menos uns 15 dias, pois, a quantidade de alimento retarda ou apressa o desenvolvimento da larva; o periodo de nympha, segundo nossa observação, é de 5 a 6 dias. Observamos uma larva que começou a se curvar (preparativo para nymphar) ás 12 horas do dia 26 de Fevereiro; no dia 4 de Março, às 6 horas da manhã o imago sabia do envolucro da nympha. Em falta de pulgões, nos primeiros mo- — 360 — mentos de vida o insecto se alimenta da casca da nympha. A larva mede 7 millimetros de comprimento por 2 de largura; as 3 pares de patas são pretas, cobertas de pequeninos pellos. A cabeça é preta (Est. 8, fig. 1-4) luzidia, notando-se os palpos labiaes bem desenvolvidos; dos 12 segmentos, o 1.º immediato à cabeça, que corresponde ao prothorax, é amarello com desenhos pretos; 0 2.º, 3.º e 4.º segmentos têm sobre um fundo preto uma pinta amarella nos bordos lateraes e uma no meio, no dorso; o 4.º se- gmento é quasi todo amarello; o 5.º e 6.º só têm uma pintasinha no dorso ; o 7. é totalmente ama- rello; a seguir deste ulti- mo nota-se uma pequena pinta que vai diminuindo de tamanho, no dorso, até ao ultimo segmento. À côr da larva, emfim, é preta com manchas amarellas em alguns segmentos. Em projecção horisontal os segmentos têm os bordos lateraes angulosos, o que dá um aspecto todo cara- cteristico à larva. Os se- gmentos abdom:naes têm i arestas, dando ideia de pi- que Guite muementade, taade COS. de jáca, As larvas dus Bee ans ta aa rante o seu desenvolvimen- to mudam de pelle. Quando deixam a pelle velha têm as patas e a cabeça kran- cas, tornando-se pretas em alguns momentos. Nympha. (Fig. 1) A larva ao se transformar em nympha, curva-se e muda de côr: torna-se completamente amarella, mais ou menos clara tendo no dorso algumas pintas pretas. Quando se aproxima a occasião da transfor- mação em imago as patas e a cabeça são es- curas. — 361 — O imago (Est. 8, fig. 1-8) é um besourinho quasi semi-espherico, com os elytros de um ver- melho bruno claro; o thorax é preto com uma faxa branca que orla a frente, proximo à cabeça, e os lados, terminando na parte posterior, na juncção dos elytros, em forma de oculos; a cabeça é pequena e preta com duas man- chas branco-amarellas que, às vezes, se unem tor- nando-a toda de uma cor, isto é, de um brazco-ama- rellado. Os palpos labiaes são bem desenvolvidos e servem para fixar a victi- ma no acto de ser comida. (Fig. 2) Um bróto de roseira, Mede 5,5 mm. de compri- atacado pelos pulgões. 4 _ a) larva de coccinellida, d mento por 4 mm. de largu deco NULS DR ra. As azas membranosas !) nympha, fixada numa folha ; c) insecto adulto em procura de são pretas e são cobertas pulgões. totalmente pelos elytros. A coccinellida em questão, tem uma cor tão de- finida que, em vendo-se a uma vez, não se confunde, podendo-se reconhecel-a ao primeiro golpe de vista. E” muito facil tirarmos partido deste interes- sante insecto. E” bastante assegurar a sua multipli- cação e collocal-o nos laranjaes infectados pelos pul- gões ou sobre as roseiras. Não pense o leitor que criar estes pequenos inse- ctos seja cousa tão difficil. Toma-se um vaso ou um quinto serrado ao meio onde se planta uma roseira de pequeno talhe. Cobre-se o vaso e a roseira com uma armação rectangular, cujas paredes são de tela metallica. De qualquer roseira infectada com os pul- gões verdes cortam-se alguns brótos que se collocam sobre a roseira plantada no vaso e protegida pela téla metallica. Assim, bem resguardados, os pulgões se multiplicam rapida e abundantemente. Quande o nu- — 362 — mero de pulgões for grande, então collocam-se algu- mas coccinellidas na gaiola e estas, devido à quan- tidade de alimento, por sua vez, se desenvolvem extraordinariamente. Ora d'ahi é muito facil trans- portar-se as coccinellidas, em forma de larvas, ou como imago para as roseiras ou laranjaes atacados. Em pouco tempo o jardim ficará isento da praga. Como vê o leitor, é até um trabalho pittoresco que não deixa de ter a sua poesia e que, estou certc, qualquer das nossas senhoritas, po- deria fazer, passando assim alguns momen- tos bem agradaveis, no meio das flores, desembaraçando-as dos seus Inimigos por um processo intelligente. O methodo que acabamos de propôr (Fig. 3) Folha de laranjeira atacada para à cr1agao da coc- Dedo MEE ee ebpedllecto We qro imel lida’ Ge ga niall mente, indicado só: mente em jardinagem; quando se tratar de uma ‘grande cultura invadida por uma praga de pulgões, então podemes uzar o processo que está em voga nos Estados Unidos. Escolhemos uma arvore que tenha muitos parasitas e armamos sobre ella uma especie de grande gaiola de téla metallica cujas malhas evitem a sahida, tanto da praga como da coccinellida. A gaiola tem a forma rectangular e em uma das paredes lateraes tem uma porta por onde entra o encarregado da criação. O processo é egual ao precedente, apenas em maior escala: em vez de ser applicado a uma planta no vaso, é no proprio campo que se opéra, abrangendo a gaiola às vezes duas ou tres arvores ao mesmo tempo. S. Paulo, 16 —3-- 914. Noias entomologicas Em additamento a dous artigos publicados neste mesmo volume RODOLPHO von IHERING Mais uma especie nova do genero Nilio (Col.) (Veja-se pags. 281 e segs. deste volume) Durante sua recente excursão coleopterologica ao Brazil meridional, o Sr. E. Gounells teve a gen- tileza de nos reservar as especies de Nílio que col- leccionou. Recebemos assim duas especies, sendo uma (N. 18.680) N. varius que já descrevemos 4 pag. 291 deste volume; a outra, certamente a menor de todas até hoje encontradas, é nova, e em seguida a descrevemos, dando-lhe o nome do illustre espe- cialista ao qual a nossa literatura sobre Longicor- neos deve tantas e tão valiosas publicações. Nilio gounellei n. sp. Copa Simm, lat. 2,0 m0. >” Elytra viridi-cuprea, antennæ, caput, prothorax, scutellum, elytrorum margines laterales (preecipue antice) pedesque testaceo-brunnea, subtus fere niger supra pubescentia aurea vestitus. Caput obsolete, prothorax minute et confertim, elytra valde et dense punctulata, be seriebus 18 longitudinalibus punctorum instructa que difficile est numerari; elytra antice leviter lunata, convexa sed minus hemisphecrica quam in ceteris especiebus ; subtus pedesque nitidi. Hab. : (Typus N. 18686) Jaraguá, Est. Sta. Catharina (I. 914) ab eximio coleopterologo E. Gou- nelle detectus mihique in 4 exemplaribus benevole donatus. Uma 8. especie de parasita da Leucoptera coffeella (Veja pags. 85 e 90 deste volume) Devo accrescentar o nome de mais um para- sita à lista das especies enumeradas à pag. 90 deste mesmo volume. Trata-se de Chrysocharis lividus Ashm., chaicidida pertencente a um genero muito al- liado a Closteroceros (neste genero as azas têm de- senho e as antennas constam de 8 articulos, em quanto que Chrysocharis tem azas hyalinas e an- tennas Y-articuladas). A unica indicação que en- contramos com relação ao parasitismo desta especie nas lagartas de Leucoptera acha-se no Bui. N. 3 de la Estacion Central Agronomica de Cuba, 1905, pag. 20. A proveniencia indicada & Porto Rico. Devemos à gentileza do Dr. Oswaldo Cruz uma copia da diagnose original da especie em questão e aproveitamos o ensejo para transladal-a. Chrysocharis lividus Ashm. (Traducção da diagnose original em: Journ. of the Linnean Society, Zoology, vol. XXV, 1896, pag. 174-6) «JS ¢ Comprimento 0,85 — 1 mm. Preto-azu- « lado, sem pontuação, só os tarsos e os espinhos “«tibiaes são brancos. Azas hyalinas. Abdomen da « femea subsessil, oval, mais ou menos do compri- « mento do thorax ; no macho (o abdomen) é oblongo, «com uma mancha brancacenta na base; - as an- « tennas têm pellos brancacentos, o primeiro arti- « culo do flagello é o mais comprido». « Hab. St. Vicent.» « Descripto segundo um exemplar 4 e uma 9.» Com relação à distribuição de Leucoptera (pag. 86) devo mencionar que tem sido descriptas algu- mas especies norteamericanas deste genero, como L. erythrinella Busk (criada das folhas de Æry- thrina herbacea, e L guettardeila Busk, das fo- lhas de Guettarda elleptica (cf. Proc. Nat. Mus. Washington, Vol. XXIII, 1901, pag. 239). Bioiogia de varias especies de Pinotus de $. Paulo POR H. LUDERWALDT Entomologista do Museu Paulista Os besouros do grupo dos Lamellicorneos e em especial os da fam. Scarabaeidae, sub-fam. Copri- nae, a que pertencem as especies do genero Pha- naeus e Pinotus são insectos de certa utilidade para a agr.cultura e a vegetação em geral. Bastará lembrarmos a sua acção como fertilizadores dos campos, trabalho este ao qual consagram quasi toda a sua actividade, carregando o estrume, Os excre- mentos dos grandes herbivoros, para o subsolo. Neste sentido são comparaveis às minhócas que modernamente tambem tem sido rehabilitadas pe- rante a agricultura, reconhecendo-se nelles elemen- tos incomparavelmente mais uteis do que antiga- mente se suppunha. De algumas das especies do gen. Penotus, mais frequentes no Estado de S. Paulo tomamos os se- guintes apontamentos relativos à sua oecologia : Pinotus nscanius — especie muito frequente sob os excrementos, tanto do gado vaccum e ca- vallar como do homem, e nas carniças e carcaças ; em Abril foi visto comendo goyabas cahidas e pu- demos verificar não se tratar de excepções mas re- petidas vezes encontramos o besouro enterrado por baixo da fructa, chegando elle a excaval-a de tal forma que o seu corpo se encaixava todo na goyaba. A bóla ou pillula de estrume, perfeitamente redonda, acha-se na terra em profundidade variavel de 15 centimetros a 1 metro. Esta especie vôa durante = 300 todo o anno e não raro é attrahida pelos fócos da luz electrica. P. speciosus — foi encontrado com frequencia sob excrementos de vacca, nos Campos de Jordão, a 2.200 m. de altitude ; P. snundus — foi apanhado em S. Paulo junto a uma carniça ; P. mormon — sob excrementos humanos ; P. nobilis, semiaeneus, nisus e crinicollis na bosta de vacca e a ultima destas especies tambem na de cavallo ; P. singularis — que até 2gora só era conhe- cido do Para, foi por nós encoatrado varias vezes nos arredores de S. Paulo; as suas bólas de estrume acham-se a 20 ou 30 cm. de profundidade na terra. Zur Lehensweise einiger Pinotus- Arten von São Paulo VON H LUDERWALDT Entomologista do Museu Paulista 1. Pinotus aseanius Har. Ich weiss nicht, oo der Kifer bereits als ge- legentlicher Vegetarianer bekannt geworden ist, je- denfalls kann aber die nachfolgende Beobachtung eventuell als Bestätigung dienen. In diesem Jahre (1913) im April, traf ich ihn haufig im botanischen Garten de Musems unter abge- fallenen, reifen, aber keineswegs angefaulten Frü- chten der «Goyabeira» Psidium quayava Raddi. (Myrtaceae). Fast immer sassen die Kifer flach in der Erde unter der Frucht in einem selbstge- grabenem Loch und ein Exemplar hatte sich in eine solche direckt eingefressen, wie auch mehrere andere Friichte mehr oder minder angefressen waren. 30] = Gleichzeitig méchte ich hier ein paar Notizen mitteilen, die ich geegentlich über diesen Kifer gemacht habe. Das Tier ist eine der häufigsten P inotus-arten auf den Campos des Staates São Paulo und besitzen wir Exemplare aus verschiedenen Gegenden, so von Campinas, Franca, São Paulo-Stadt und Jundiahy, ferner aus dem Staate Minas Geraes. Ausserdem steckt in unserer Sammlung ein Stiick aus Paraguay ohne Nennung des Gebers und ein anderes aus Co- lumbien, von Staudinger und Bang-Haas bezogen. Harold «Coleopterologische Hefte» XIII, 1875 pag. 66 fiihrt die Art von Cantagallo im Staate Rio de Janeiro auf. Jedenfalls kommt sie auch in den meisten iibrigen Staaten Brasiliens vor, doch scheinen Daten dariiber nicht bekannt geworden zu sein. Wie in Gemmin- ger und Harold, so ist auch im neuem «Coleoptero- rum Catalogus» von Junk und Schenkling einfach Brasilien als Heimat angegeben. Gewohnlich lebt der Käfer unter Kuh-und Pfer- dedung, auch unter menschlichen Excrementen und zuweilen an Knochen; ebenso findet er sich oft am Aas ein. (*) Bei seinen niichtiichen Ausfliigen fliegt er dem elektrischen Licht zu und selost die triibe Petrolum- Lampe lockt ihn an. | Seine Flugzeit scheint das ganze Jahr zu wäh- ren, wenigstens kommen nach unseren Notizen die Monate Januar bis April, August bis Oktober und Dezember für ihn in Betracht. Die etwa haselnussgressen, vüllig runden Nest- kugeln haben unsere Gartenarbeiter beim Ausheben von Pflanzenléchern oft gefunden und zwar in einer Tiefe von 0,10 bis 1m.; Kanäie, welche von der Erdoberfliche bis zu den Kammern führten, waren nicht zu erkennen. Gewühnlich waren die «bolas» oben zerbrochen, wurden aber von den Larven wieder ausgebessert, wobei sich die jiingeren Zeit liessen, wiihrend die iilteren, nahe vor der Verpup- pung stehenden, ihre Arbeit umsomehr beschleu- nigten. So brauchte die eine, jiingere Larve 32 Tage, eine andere, ausgewachsene, welche bereits die gelbliche Reifefirbung angenommen hatte da- gegen nur 7 Tage, um den Schaden auszubessern, obwohl ihre Kugel ebenso stark gelitien hatte, wie die der erst erwähnte. Die Nestkugeln bestehen aus Dung und mit demselben Stoffe suchten die Larven, welche in ihren Kammern auf dem Riicken liegen, die Bruch- stellen wieder zu verschliessen, begniigten sich aber im Notfalle auch mit Kiessand. Oft stahlen sie dies Material von den neben ihnen im Zuchtbe- hälter liegenden anderen Nestkugeln, wobei sie oft bis zur Hälfte ihres Kürpers aus ihrer eigenen Be- hausung hervorkrochen. Die Arbeit geschah in der Weise, dass sie, immer mit dem Bauche nach oben, ihre breite Afterspalte gegen den auszubessernden Rand drükten, dabei alle 6 Beine seitwärts weit von sich streckend utd so den flüssigen Kot langsam hervor pressten. In dieser Lage verweilten sie so- lange, bis der letztere erhärtet war, was immer nur kurze Zeit, vielleicht eine Minute dauerte, worauf sie den After langsam nach unten hin wegzogen, um sich wieder in eine bequemere Lage zu bringen. Im Dezember schliipften drei Kiifer aus, doch “bin ich nicht in der Lage Niheres über die Entwick- Jungsdauer mitzuteilen, da die Larven, welche ich erhielt, sich bereits in vorgeschrittenerem Al- terstadium befanden. 2. Pinotus speciosus Water. Diese schône, griingefirbte Art wurde uns von Herrn Carl Felsche in Leipzig, welcher die Güte hatte, diverse Copriden für das Museu Paulista zu determinieren, als selten bezeichnet. Verfasser fand sie in Januar 1906 ziemlich häufig unter Kuhdung auf dem «Campos Jordao» (Est. de S. Paulo) in etwa 2.200 m. Hone. (*) Lwederwaldt, H. — «Os insectos necrophagos Pau- listas», Revista do Museu Paulista, vol. VIII, 1911, pag. 414. 3. Pinotus mundus Har. In unserer Sammlung stecken 3 Exemplare von Ypiranga, von denen eins ganz in der Nihe eines Aases gefunden wurde. 4. Pinotus nobilis Watel. Im September und November unter Pferdedung und frischem Kuhfladen mehrfach bei Ypiranga auf dem Camp gefangen und, wie die meisten anderen Arten von Herrn Kelsche determiniert. Der neue «Coleopterorum Catalogus» pag. 61 giebt nur Boli- vien, Uruguay und Argentinien als Heimat an. 5. Pinotus mormon Ljunçh. Eine der hãufigsten Arten bei S. Paulo im Januar, März, Oktober und November unter mensch- lichen Excrementen gefunden. 6. Pinotus semiaeneus Germ. Im Oktober und November bei S. Paulo unter frischem Kubhdiünger. 7. Pinotus singularis Kdsche Mehrere Exemplare im Mai und Oktober in São Paulo in der Avenida Paulista gefangen. Die entsprechend kleinen Mistkugeln etwa 20-30 em. tief in der Erde. Bisher war die Art nur von Para bekannt. 8. Pinotus erinieollis Germ. Häufig bei São Paulo auf dem Campo unter Kuh-und Pferdedung, Februar und November. 9. Pinotus nisus Ul. Dies ist wohl die gewonlichste Art hier unter Viehdiinger von welcher ich nachfolgendes Idyll mit- teilen müchte. Eines Vormittags, etwa um 10 Uhr im Juni traf ich einen jungen, noch weichen unaus- gefirbten Kifer (N.º 1120), welcher damit beschäf- tigt war, in einem Campwege ein grosses Stick frischen Rossapfels, das immerhin 3 bis 3 1/2 cm. im Durchmesser aufwies, davonzutransportieren. Der Zweck war offenbar der, das Excrement in Si- cherbeit zu bringen, aber die Art und Weise, wie der Kafer bei seiner Arbeit verfuhr, war vüllig planlos. Er ¢chien zufrieden, wenn er seine Beute nur recht oft umwenden konnte, aber in welcher Richtung, das war ihm gleichgiltig. Bald ging es rechts, bald links, bald vorwiirts, bald wieder zu- riick, wie es sich gerade am leichtesten machte. Der Transport selbst geschah in praktischer Weise, indem der Kifer das Kopfschild unter das Excre- ment schob und dasselbe hierauf gewaltsam empor- wuchtete. Dann stemmte er die Spitze der Vorder- schienen dagegen, um mit dem Clypeus tiefer grei- fen zu kônnen und wiederholte dies Manéver so lange, bis es umkippte. Mit ausgebreitetem KFühler- ficher und lebhaft spielenden Kiefertastern spazierte er dann hinterdrein, nicht gerade eilfertig, um seine Bemiihungen zu wiederholen. Ich setzte das Tier schliesslich mitsamt seinein Rossapfel auf den Camp neben dem Wege. Dieser Eingr'ff schien es aber nicht im Geringsten zn genieren; es machte im Ge- genteil sich sofort wieder an seine Arbeit. In dem niedrigen Grase quälte sich der Käfer vergebens ab, um vorwirts za kommen und versetzte ich ihn daher wieder an eine andere, freiere Stelle, nachdem ich den harten Erdboden dort etwas aufgelockert hatte, um ihm Gelegenheit zu geben, sich eingraben zu kénnen. Etwas eingeschüchtert, blieb der Pi- notus jetzt kurze Zeit still sitzen. Schiliesslich nã- herte er sich dem Excremente wieder und begann sofort zu fressen. Bei dieser Beschäftigung ver- schwand er allmählich unter demselben, umklammerte es dabei, auf den Rücken zu liegen kommend, um sich in dieser Stellung wohl 10 Minuten lang un- gestórt dem Genuss der Nahrungsaufnahme zu wid- men. Nachdem er sich gesittigt, scharrte er sich flach in den Erdboden ein, wo er geraume Zeit regungslos sitzen blieb, bis ich ihn in das Sammel- glas wandern liess. Biologia e classificação das Cuculidas hrazileiras POR HERMANN VON IHERING E — Entroducção A familia das Cuculidas, representada no Brazil pelos anns, almas de gato, sacys e outros passaros bem conheevidos, distigue-se pela propriedade biolo- gica de que varias especies poem os seus ovos em ninhos alheios, impondo assim a esses passaros 0 cuidado da criação dos seus filhotes. E” geralmente conhecido que os cucos europeus, bem como muitos outros membros da mesma familia, especialmente da Ásia, assim o costumam fazer. Na America porem passa-se a cousa por outra forma. Na America de Norte conhecem-se os ninhos de todos os represen- tantes desta familia ahi existentes; quanto 3 Ame- rica do Sul dispomos já de :nuitas observações bio- logicas sobre muitas especies, mas, até agora, taes costumes parasiticos ainda não haviam sido assigna- lados. Sobresahem varias especies de cucos da Ame- rica do Sul pelo costume de nidificar em sociedade ou reunir os ovos de varias femeas num ninho com- mum. Taes ninhos, geralmente grandes, reconhe- cem-se facilmente porque na sua construcção, e es- pecialmente no revestimento interno, são emprega- das folhas verdes. Já por occasiäo anterior chamei attenção ao facto de que ninguem ainda descrevera ninhos nem ovos da subfamilia das Taperinas ou Diplopterinas. Não tem isto nada de estranho com relação às es- pecies mais raras de Dromococcyx, mas é incom- prehensivel, tratando-se de um passaro tão commum como o Sacy Diplopterus naevius Bodd. ou, como a mesma especie se chama agora, Tapera naevia Bodd. Esse passaro é commum quasi per toda a parte, pois apparece em caminhos, pastos, nas cercas e na visinhança das habitações humanas. Alem disto, o macho tem uma voz tão extranha, composta de duas notas, muitas vezes repetidas, que não ha quem não o conheça. Ha alguns annos encontramos um filhote de Tapera naevia num ninho de Synallaxis sprar Scla- ter. Desde aquelle tempo comecei a suspeitar que o Sacy puzesse o seu ovo no ninho da ave acima citada. Esse ninho de Synallaxis spixi consiste em uma agglomeração grande e confusa de pequenos ramos seccos, espinhos e gravetos, entre os quaes se tecem, muitas vezes à guiza de adorno, pedaços de epiderme esfolhada de serpentes. A entrada é situada do lado, estreitando-se logo adiante, e ao fim vae dar numa camara central, bem abrigada. Foi em uma tal camara que o preparador do Museu, sr. João Lima, encontrou, aos 21 de Outubro de 1913, tres ovos de Synallaxis, e outro um pouco maior, de apparencia diversa por ser branco, bem liso, e sem o tom branco-esverdeado que caracterisa os ovos de Synallaxis. Ao preparar os ovos viu-se que estavam bem chocados e o exame dos embryões demonstrou caracteres da estructura do pé, tarso e cabeça, que não deixam por em duvida a identidade desse - ovo. O embryão de Tapera é facil de reconhecer não só- mente pelo seu comprimento, pelos olhos grandes e tarsos grossos e curtos, mas especialmente pela for- mação do pé, que é bem o de uma Cuculina. O quarto dedo é dirigido para traz, mas ainda não tanto como na ave adulta. Assim conhecem-se o ovo, o embryão maduro e o filhote caracteristicamente colorido do sacy e devo assignalar que os respectivos ovos e filhotes não foram encontrados sinão sempre no ninho do já mencionado Synallaxis sprxi.. aa O ninho n. 11 de Synallaxis spriæi, no qual se achou o ovo de Sacy, tem um comprimento de 40 om. e 20 cm. de aliura. Compoem-se de uma parte centrsl contendo a camara para chocar e do cor- redor, uma passagem comprida, um tanto baixa, cuja abertura tem um diametro de 4 cm. Esta constru- cção feita de gravetos assentava sobre uma bifurcação de galhos de um arbusto, tendo por base um ninho abandonado de sabia laranjeira (Zurdus rufiventris). Ny (Fig. 1) Ninho de Synallaxis spixi em que se criou um Sacy, Não havia abertura supernumeraria, possuindo G ninho como adorno externo flocos de cabéllos da lebre, Sylvilagus minensis Thos. A camara era es- pessamente forrada no chão com fragmentos de folhas molles, provenientes de Solanum auriculatum. Os tres ovos de Synallaxis tinham a forma usual, me- dindo cerca de 20 por 15 — 16 mm. e eram de cor pallido-branca, encima um pouco verdolenga. Te Oa ER O ovo de Tapera naevia mede 21 por 17 mm. é de côr puramente branca, liso, com finos póros sem brilho e de forma assaz regularmente oval, sendo o pólo obtuso, sómente um tanto mais largo que o outro. Outro ninho de Synallaxis spixr da nossa col- lecção (n. 23) não se distingue em comprimento e forma do acima descripto, tendo, porém, abundante revestimento de pedaços de epiderme do grande la- garto, Tupinambis tequixin L. Tambem. nelle se acham varios tufos de cabellos de lebre e um lance composto de cabellos, provenientes duma coruja. Neste ninho encontra-se lateralmente e bastante encima, uma abertura accessoria de 4 cm. de diametro. A parede do ninho tem nesse logar 6 cm. de espessura. O ninho já havia sido abandonado. Abrimos varias vezes durante a estação do choco um terceiro ninho que observamos durante muito tempo, sem que a ave o abandonasse; junto damos um desenho do mesmo. A abertura artificial sempre de novo era fechada pelas aves, porém mais tarde, quando os filhotes estavam crescidos, a ave não se dava mais a este trabalho e por isto seria possivel que o Sy- nallaxis no fim da criação, para facilitar os cuidados -da alimentação dos seus filhotes, por si mesmo ti- vesse feito a abertura secundaria. Resta portanto indagar, se o passaro faz ás vezes uma tal abertura secundaria, se esta serve à propria próle ou se os ninhos com os ovos de Sacy differem dos normaes. Quando se abre um ninho de Synallaxis sprxr, retirando parte dos ramos seccos, pode-se facilmen- te examinar o conteudo, o numero e a qualidade dos ovos, sem que, por isto, a ave interrompa a incubação ou deixe de alimentar os filhotes. Logo depois da violação os dous passaros auxiliam-se mu- tuamente para concertar os estragos. Quando indagamos a maneira pela qual a fe- mea do sacy põe o seu ovo no ninho do Synallamxs, não se pode pensar que a ave, relativamente grande, com o seu rabo tão longo, se possa accommodar no Te MAS ees interior do ninho, penetrando pela estreita abertura, a fim de pôr ahio seu ovo e retirar-se de novo pelo mesmo caminho. Para isto o diametro da aber- tura não chega. Para tal fim o sacy deve retirar parte da parede do ninho, fazendo assim nova aber- tura, pela qual introduza na camara do ninho o ovo recem-posto, segurando este com o bico. O casal de Synallaxis, concertando logo o estrago feito, conti- nuará normalmente a incubação. Quando os filhotes tiveram sahido do ovo, a ali- mentação colhida logo não chega mais para a próle do Syuallaxis e do sacy, que em breve se distingue dos outros pintos pela grande differença no tamanho e então o intruso, sem falta, eliminará, ou de qualquer forma porá de lado os filhotes do S'nallaxis. E” pos- sivel que agora a femea do sacy recomece a cui- dar da prole, fazendo uma abertura na parede do ninho para facilitar a alimentação do seu pintinho. Essa abertura accessoria não se encontra nunca nos ninhos novos nem naquelles nos auaes a femea do Synallaxis ainda esta chocando. A” observação bio- logica fica assim reservada uma interessante taréfa, a qual ha de indagar as demais circumstancias que acompanham este parasitismo; por ora conten- temo-nos com registrar os factos e pol-os em rela- ção com aquelles já averiguados nos outros mem- bros da mesma familia. Este capitulo devia entrar para o prelo quando, em boa hora, encontrei o ensaio apreciado dos Srs. Hartert e Venturi sobre aves da Argentina (Novi- tates zoologicae, v. XVI, Tring 1909, p. 159 -- 267). Venturi communica ahi observações em plena harmo- nia com as nossas proprias sobre a propagação da Tapera naevia. O auctor encontrou 1 -- 2 ovos da Tapera nos ninhos de Synallaxis connamomea rus- seala no Chaco, participando que Dinellz os achou em ninhos de Synallaxis superciliosa perto de Tucuman. Assim completam-se as observações feitas na Argentina bem como no Brazil sobre o sacy, cuja denominação vulgar na. Argentina é «cr.spin». Ii. Aves brazileiras que poem ovos em ninhos alheios No capitulo anterior travamos conhecimento com o sacy como representante dum grupo de aves, que se distinguem pelo facto de pôrem sempre os seus ovos nos ninhos alheios de uma determinada especie de aves às quaes tambem confiam os cuidados de chocal-os e criar os pintinhos. A’ mesma familia das Taperinas da qual faz parte o sacy, pertence ainda outro genero snl-americano com duas especies existentes ambas no Brazil. Desse ultimo genero Dromococcyx não se conhece nem ninho nem ovo, o que torna verosimil, que tambem estas especies tal qual o sacy, ponham os seus ovos em ninhos alheios. Os dous generos concordam tambem neste detalhe de que o grito do macho se assemelha mui- to ao do sacy, accrescido sómente de duas outras notas, o que alias se exprime no seu nome «sacy- jateré». As outras Cuculidas que constroem ninhos pro- prios, não tem o grito caracteristico do cuco. Alem das familias das Cuculinas, o parasitismo de ninhos encontra-se no Brazil especialmente en- tre as Icteridas. A maior dessas aves, pertencente à este grupo, Cassidix oryzivor a Gm., põe os ovos nos grandes ninhos pendentes de varias especies de Cassicus, Ostinops e de outras Icteridas. Parece-me que de cada vez ao menos se cria um filhote de cada especie. Goeldi tirou d'um ninho um filhote desta especie juntamente com um pintinho de Cas- sedia. Bem conhecido é o parasitismo de ninhos dos vira-bostas de nome Molothrus bonariensis Gm., e não ha amigo da natureza no Brazil que o não te- nha observado. Euler suppoz que este passaro ti- vesse a faculdade de adaptar a côr dos seus ovos à daquelles pertencentes és aves em cujos ninhos elle os fosse pôr, de forma a distribuir os dous ty- pos de ovos i. e. os de côr principalmente verde e os em que predomina o avermelhado, consoante a + MT especie em que for parasitar. Isto não está de accor- do com a minha propria experiencia; observo, to- davia, que em São Paulo quasi exclusivamente o tico-tico (Brachyspiza capensis Muell.) é encar- regado de chocar taes ovos alheios. Em re- gra, O tico-tico soffre este parasitismo à custa da propria próle, porque o vira-bosta atira os ovos da mãe legitima para fora do ninho ou tira-lhes as faculdades germinativas, dando bicadas nelles. Dao-se, todavia, casos em que se criam junta- mente os pintos legitimos e os adoptivos. Huler viu, numa occasião, sahir da ninhada do tico-tico dous pintinhos deste passaro e dous do vira-bosta. Em ge- ral não sou muito inclinado a ligar, em taes casos, grande importancia ao colorido dos ovos. Na Ar- gentina encontram-se alem dos typos de ovos, des- cripios pelo sr. Euler, tambem outros completamen- te brancos e outros com salpicos escassos e finissi- mos. Taes ovos colleccionei en mesmo no Rio Gran- de do Sul, nunca, porém, no Estado de São Paulo. Outra especie semelhante, Molothrus rufoaxil- laris Cass. da região do Rio da Prata, põe os ov)s ora nos ninhos de Anumbius anumbi Vieill., ora nos de outras Icteridas, dando mesmo preferencia à especie muito alliada de Molothrus badius Vieill. Neste caso é de pouca monta a differença entre os ovos de ambas especies e segundo o affirmam os ornithologos argentinos, deve ser difficil sinão im- possivel distinguir ovos e pintinhos das duas espe- cies em questão. Euler fez a communicação (Rev. Mus. Paul. IV, 1900, p. 36). já por mim posta em duvida, que Molothrus badius se aproveitasse dos ninhos de outros passaros para nelles por os seus ovos, alias muito semelhantes aos de Mol. rufoaxil- laris. Euler refere-se a aves do Estado de Minas, mas menciona observações feitas na Argentina, por que elle proprio não tivera occasião de fazel-as. Ve- rificou-se, entretanto, que Mol. badzus não occorre em Minas, sendo ahi representado por Mol. fringel- larius. O ovo desta ultima especie até esta data não = era conhecido; só uliimamente é que foi encontra- — 378 — do, pelo Sr. KE. Garbe, nosso naturalista-viajante. O mesmo Sr. observa que encontrou os ovos deste passaro só nos ninhos abandonados de Pseudosersura cristata Spix, cujo ninho feito de gravetos é sem duvida o maior de tedos no grupo das Dendroco- laptidas. Possuo uma ninhada, composta de 3 ovos, que foi colligida em outubro de 19!3, nos arredo- res da Cidade da Barra, no Ric São Francisco, Est. da Bahia. Os ovos medem 22,5a 23 mm. de com- primento e 17,9 mm. de diametro ; são pouco acu- minados, de forma que os dous pólos não differem muito; a côr é branca, ligeiramente esverdeeda, a superficie é lisa, sem brilho. Talvez, em boa parte, os ovos brancos do Mol. bonariensis da região do Prata provinham de ninhos fechados de Anumbius e assim Os vvos postos em taes ninhos fechados são sempre brancos, ao passo que aquelles, postos em ninhos abertos, são mais ou menos salpicados ou manchados, sobre campo verdolengo ou avermelha- do. Ridgway acceitou para as especies de Molothrus de cor pardo-bruna, a saber badius e fiingillarius o nome de Agelazodes, porque não só constroem ninho proprio como tambem differem pelo colorido e talhe da aza. Acceitando este modo de vêr, devo observar, entretanto, que o colorido dos ovos não pode ser aproveitado para a caracterisação biologi- ca do genero. Em todo caso, a questão do colorido dos ovos de Mol. benariensis tem a sua importan- cia e necessita de investigação, tanto mais meti- culosa, quanto à respeito ouvimos o modo por que Euler já se manifestou. Si ao fim destes estudos fi- car comprovado que effectivamente os ovos brancos são postos sempre e só nos ninhos fechados, neste caso não sera possivel outra conclusão que a de que o passaro, até certo ponto, pode exercer influencia sobre o colorido do ovo que quer pôr. A's variações do colorido dos ovos, taes como as constatamos segundo a sua distribuição geogra- phica, correspondem outras no colorido dos passaros. A forma typica do Mol. bonariensis da Argentina, que occorre tambem aqui em São Paulo, não diffe- Tha es re no sexo masculino daquella de Mol. bonariensis sericeus Licht. de Bahia, emquanto que as femeas nao podem ser confundidas, por serem as do Sul pardo-escuras, 40 passo que as da Bahia são de co- lorido bruno-cinzento, mais pallido. As subspecies correspondentes da Venezuela, Mol. bonariensis atronitens Cab. e Mol. bon. cassine Finsch distinguem-se essencialinente só pelas dimen- sões um pouco diversas; a primeira das duas for- mas põe ovos pequenos, verde- panies finamente salpicados, ao passo que 0 ovo da subsp. cassint é maior, maculado e com salpicos grossos. Vimos assim que uma especie natural, que ha- bita toda a região do Rio da Prata até à Venezuela e que per toda a parte é das mais communs, encer- ra muitas variações, que se manifestam ora nas pro- porções do comprimento, ora na côr da ave, refe- rentes em certos casos só a um dos sexos e que finalmente ainda com relação ao ninho e aos ovos variam amplamente, assumpto este que bem mere- ce ser tomado por objecto de estndos especiaes. =; Afinal não deixaremos de mencionar, que o Sr. Garbe na mesma viagem pelo Rio São Francisco, perto da Cidade da Barra, na Bahia, encontrou no mez de Novembro de 1913 um ninho de Hluvicola albiventer Spix que alem de 4 ovos alvacentos con- tinha outro, sensivelmente maior e de colorido vive Os ovos de Hluvicola (Est. VIII, sie 6) variam no comprimento desde 17,5: 13,5 a 20: 15 mm.,a cor é branco-suja e o menor delles tem no polo rhombo algumas manchas redondas vermelho-pardas. ‘ O ovo maior (fig. 7) mede 25,3 mm. por 16 mm., a forma é oval, alongada e o pólo trazeiro relativa mente pouco engrossado : é brilhante, pallido-aver- melhado com manchas dispersas, pequenas, aredon- dadas de côr vermelho-parda que se acumulam perto ao pólo rkombo, formando ahi uma corôa. Seria possivel que este achado represente 0 ovo do Dromococcyx phasianellus Spix. ‘ omparando, meticulosamente aquelle ovo com os das lcteridas da nossa collecção, já bastante rica, não o posso — 380 — attribuir a nenhum membro dessa familia. Em geral os ovos dessas aves são mais largos, e raras vezes apparece nelles um colorido vermelho intenso, sendo pouco commum a corôa de manchas no pólo rhom-. bo, que então é composta principalmente de manchas estreitas e garatujas sinuadas. Pelo tamanho e pela forma o ovo assemelha-se bem ao de Tapera ; campo avermelhado, manchas pardo-vermelhas, que formam corôa no pólo rhombo, encontram-se entre as Cuculinas. Nem o facto de o ovo ser branco não repugna é nossa supposição, porque vemos nisto uma adaptação à falta de luz na camera de incuba- ção do ninho, sempre fechado, em Synallaxis. Ha evidentemente ovos em que a côr branca é a primi- tiva, como por exemplo nas gallinhas, Columbidas, beija-flores etc. e outros em que a côr branca só apparece secundariamente, por effeito de adaptação. E' provavel que a principio não havia outra côr para ovos de aves senão a branca; successivamente foram apparecendo as cores variadas. mas só em numero limitado de ordens. Tambem naquellas fa- milias, cujos ovos são todos coloridos ou manchados, secundariamente, e por adaptação a modalidades es- peciaes dos ninhos, pode reapparecer a côr comple- tamente branca. Os ovos das Icteridas da Bahia são quasi todos bem conhecidos. Do outro lado é mister reconhecer que ovos avermelhado-salpiados não occorrem entre os Phoe- mcophainas e Coccyzinas. Alem disto o Snr. Garbe não encontrou na zona do Rio S. Francisco aves do genero Dromococcyx nem ouviu a voz do ma- cho. Nestas condições o parasitismo do ovo acima descripto continua a ser problematico. Iii — Classificação geral e biologia das Cucalidas Ainda hoje podemos dizer com Kiurbringer que o agrupamento systematico especial das Cuculidas é um dos pontos mais controversos da ornithologia; as diflerentes tentativas de classificação divergem de ES 381 pers modo o mais curioso. Successivamente, foram toma- dos em consideração um grande numero de caracte- res anatomicos, afim de estabelecer uma subdivisão systematica da familia, mas cada um desses dados, tomados de por si, da em resultado um agrupa- mento das especies que de modo algum corresponde a um systema natural. Devemos tomar em consi- deração especial os valiosos trabalhos de Sank Beddard, que tomam por base o estudo da la- rynge inferior ou syrinx, da musculatura das pernas e da pterylose, mas que deixam a osteologia quasi inteiramente fora de consideração. Muito ao contra- rio Hibringer, Shufeidt e Pycraft fizeram traba- lho osteologico mais completo, utilisando-se em es- pecial do estudo dos ossos da cintura escapular e da bacia, que forneceram dados valiosos para a dis- tincção de grupos naturaes. Infelizmente estas in- vestigações tão apreciaveis não foram utilizadas para a divisão systematica e mesmo B. Sharpe, que em 1873 ao estudar as Cuculidas africanas iniciava com bom successo a separação das Cuculinas das outras subfamiiias, voltou na sua «Handlist» ao ru- mo pouco satisfactorio applicado por Shelley no Catalogo do British Museum, e assim o genero Eudynamis foi novamente unido a Cuculus, Coccy- zus foi separado de Praya, assim como este genero foi separado de Tapera e outros alliados. Será portanto a nossa primeira obrigação re- conhecer e fundamentar as affinidades naturaes dos varios grupos de Cuculidas. Para tal fim devemos utilizar-nos principalmente dos caracteres osteolo- gicos. A extremidade posterior do sternum, 0 xi- phosternum, mostra em um certo numero de espe- cles um só recorte de cada lado, ao passo que em cutras ha ao todo quatro dé taes incisuras ou, para nos servirmos da terminologia de Fiirbringer os esternos são «biincisos» e «quadriincisos». Si estas duas cathegorias fossem sempre bem delimitadas, el- las nos forneceriam optima base para o agrupa- mento natural dos generos; ha entretanto uma tal transição que o processus intermedius, que no se- — 382 — gundo grupo separa as duas incisuras, às vezes se acha mal desenvolvido em alguns generos, ou por outra, esti em via de desapparecimento. Madarasz nos dá uma ilustração de tal caso, referente a Cacomantis castaneiventris. Si nos afiguramos tal desapparecimento do pro- cessus intermedius em phase ainda mais avançada, teremos as duas incisuras contiguas fundidas em um só recorte grande, e certamente v exame minucioso do genero Cacomantis nos fornecerá ainda outros dados em apoio de tal supposição. Aos caracteres sa- lientados por Fiirbringer accrescentou Pycraft ainda outro, que segundo minha observação merece espe- cial attençäo : é o desenvolvimento que tem o pro- cessus pectinealis da bacia; nos Phoenicophainas, Coccyzinas e Centropinas este processo se acha bem desenvolvido, ao passo que nos outros grupos elle se atrophiou ou não existe de todo. Fürbringer (loc. c. p. 1324) acha que em vista de terem 0 xi- phosterno quadriinciso, as Phoenicophainas se arpro- ximam mais das formas ancestraes. Beddard. por sua vez, declara que este mesmo grupo representa as formas mais primitivas dos cucos, por terem a formula muscular completa e o syrinx tracheo- bronchial. Portanto segundo Beddard aquelles ge- neros de formula muscalar incompleta com atro- phiamento do musculo femoro-caudal accessorio e ainda aquelles que possuem um syrinx bronchial devem ser considerados como sendo cs membros da familia que soffreram maiores modificações. Corrobora este asserto o facto de que na fa- milia Musophagidae, muito alliada às Gucculidas, encontramos o sternum, a bacia e a musculatura tal qual como no genero Phoenicophaes e nos que a este se ligam. Quanto à pterylose, Beddard distin gue dous grupos, segundo a disposição dos «tractos» ventraes, simples (Cuculus, Piaya, etc.) ou duple (Phoenicophaes, Crotophaga, etc.). Mais valor me parece, devemos dar à disposição de taes «tractos» ventracs no peito e no pescoço, visto como elles permanecem separados até a garganta nas Coccy- zinas, ao passo que em todos os outros grupos el- les se fundem no pescoço inferior. Iste parece mos- trar que as Coccyzinas conservaram neste detalhe um caracter dos cucos archaicos, caracter este que alem disto sé se conserva da mesma forma, inalte- rado, nas Musophagidas. Tomando em consideração todos estes pontos acima referidos, accrescidos ainda dos caracteres externos que apreciamos nestas aves, as Cuculidas podem ser subdivididas nos seguintes grupos naturaes : Systema das Cuculidas 1. Subfamilia: Phoenicophainae Loros e zona orbital nus. Tarso forte, sem plumas anteriormente, ambulatorio ; aza de compri- mento medio, arredondada, concava; cauda com 10 rectrizes, coberteira caudal curta; tracto ventral du- plo, fundido no pescoço inferior com o do outro la- do; garganta com plumagem regular; sternum na mergem posterior com 2 incisões de cada lado; ponta pectineal forte, musculo femoro-caudal acces- sorio presente. Syrinx tracheo-bronchial (Phoenico- phaes} ou bronchial (Geococcyx). 2. Subfamilia: Coceyzinae. Loros com poucas plumas, região orbital nua ; tarso forte, sem pennas anteriormente, ambnlatorio. Aza de comprimento medio, concava. Cauda com dez rectrizes, com coberteiras muito longas, alcan- cando mais ou inenos a metade do comprimento da cauda; tracto ventral simples não se fundindo no pescoço infer.or com o do lado opposto. Garganta com pluiras dispostas em duas carreiras, em con- sequencia de se manterem os tractos ventraes sepa- rados até ahi. Sternum com duas incisões de cada lado na margem posterior; penta pectineal forte; musculo femoro-caudal accessorio ausente. Svrinx tracheo-bronchial. 3. Subfamilia: Centropinze Loros e zona orbital densamente plumosos ; tarso forte, sem pennas anteriormente ; aza curta arredondada, concava; cauda com 19 rectrizes, co- berteira caudal curta. Tracto ventral duplo, fundi- do no pescoço cem o do outro lado; garganta com plumagem regular; sternum na margem posterior com uma incisão só em cada lado; ponta pectineal forte, musculo femoro-caudal accessorio, bem des- envolvido. Syrinx bronchial. 4. Subfamilia: Crotophaginae Loros e zona orbital nus; tarso forte, sem pen- nas anteriormente, ambulatorio. Aza de compri- mento medio, arredondada, concava. Cauda com 8 rectrizes, coberteira da cauda curta. Tracto ventral duplo, fundido no pescoço inferior com o do outro lado. Garganta com plumagem regular. Sternum com uma incisão de cada lado na margem posterior. Ponta pectineal ausente; musculo femoro-caudal ac- cessorio presente. Syrinx bronchial. 5. Subfamilia: Scythropinae Loros e zona orbital nús ou com poucas pen- nas; tarso forte, sem pennas anteriormente, ambu- latorio. Aza de comprimento medio, arredondada, concava. Cauda com 10 rectrizes, coberteira da cauda curta. - Tracto ventral duplo, fundido no pes- coço inferior com o do outro lado; garganta com plumagem regular. Sternum com uma incisão de cada lado na margem posterior; ponta pectineal ausente, musculo femoro-caudal accessorio presente. Syrinx tracheobronchial. 6. Subfamilia: Cueulinae Loros e zona orbital plumosos ; tarso fraco, in- sessorial, provido de pennas anteriormente, e cober- to pela plumagem da coxa. Aza comprida, estreita e chata. Cauda com 10 rectrizes, coberteira da cau- da curta. Tracto ventral simples, fundido no pes- coco inferior com o do outro lado. Garganta com plumagem regular, sternum com uma incisão de cada lado na margem posterior; a ponta pectineal ausente; musculo feroro-caudal accessorio ausente. Syrinx tracheobronchial. As 6 familias acima caracterisadas poderão ser consideradas como representacdo em geral grupos nuturaes particularmente para fins praticos; só com relação ao limite que se deverá traçar entre as Cuculinas e Scytropinas ainda nos falta, por em- quanto, a necessaria base. Bem sabemos que o agrupamento que aqui apresentamoa não pode ainda satisfazer a todas as exigencias de boa disposição systematica, que tambem procura esclarecer as re- lações genealogicas. Evidentemente as Crotopha- ginas representam apenas uma subdivisão america- na das Centropinas, que se differenciou pela perda do processo pectineal e de uma rtctriz caudal de cada lado. Ao meu vêr, Shufeldt tinha toda razão quan- do reuniu as Crotophaginas às Centropinas. Caso analogo nos offerecem as Coccyzinas que evidente- mente são apenas uma secção americana das Phoe- nicophainas, apresentando ‘um atrophiamento do musculo femorocaudal accessorio e separação completa dos tractos ventraes no pescoço. Pelo mesmo mo- tivo é que Shelley e Sharpe nos apresentam Praya e Saurothera directamente ligados às Phoenico- phainas. A estas ultimas prendem-se os generos tropicaes da Asia e da America meridional que constituem o grupo das Neomorphinas, que alcan- caram apenas um grão de desenvolvimento um pou- co mais elevado pelo caracter do syrinx bronchial. Taes processos de desenvolvimento ou atrophiamen- to se nos deparam por toda a parte dentro da mes- ma familia e portanto não devemos dar-lhes dema- siado valor. Assim vemos que as Cuculinas se ap- proximam das Coccyzinas pelo atrophiamento do musculo femoro-caudal accessorio, ao passo que pela perda do processo pectincal ellas se alliara às Crotophaginas. Facto analogo encontramos no des- envolvimento do Syrinx bronchial. Em suas linhas geraes esta analyse nos mostra que ha nas Guculidas duas series phylogeneticas di- vergentes, das quaes uma é representada pelas Phoe- nicophainas juntamente com as Coccyzinas dellas derivadas, emquanto que a outra abrange as (en- tropinas accrescidas das tres subfamilias divergentes acima mencionadas. Si passarmos a reconhecer as condições biolo- gicas da familia, devemos considerar as Cuculidas como sendo em geral aves insectivoras utilissimas, que dão caça sem tregua a quantas lagartas, besouros e gafanhotos possam encontrar. A maior parte dos generos comprehende especies sedentarias, restrictas a uma zona de pouca extensão; apenas o cuco eu- ropeo (Cuculus canorus) & eximio voador, pois as suas excursões, em que foge ao frio septentrional, o levam até a Africa e mesmo à Australia. Como pessimo voador mencionamos Coua, cuja carina esternal é muito mal desenvolvida Outros generos como Neomorphus etc. caracterisam-se pelas azas relativamente curtas. Ha muito que as Guculidas despertam geral attenção pelos seus habitos como parasitas de ni- nhos alheios. [la numercsos generos, especialmen- te dos grupos das Phoenicophainas e Centropinas que fazem os seus proprios ninhos segundo o sys- tema usual e põem ovos simpiesmente brancos ; ou- tros generos, particularmente das Crotophaginas sul- americanas são altamente sociveis, o que se paten- teia ora pelo costume de fazerem os seus ninhos muito proximos uns aos outros, ora p-la deposição dos ovos em ninho commum e a associação no chô- co. Muito diversamente destes ha um bom numero de generos que não fazem ninho proprio, mas que deitam os seus ovos nos ninhos de outras aves, as quaes assim tambem ficam encarregadas da criação desses filhotes intrusos. ‘Taes habitos tem as Gucu- linas e as Scythropinas, bem como os generos Ta- on = pera e Dromococcyx da subfamilia Coccyzinae. Tambem os generos que por via de regra fazem ninhos proprios, como o Coccyzus, às vezes encai- xam dos seus ovos em ninhos alheios. Ao Cocey- zus acontece que já sahem pintinhos da casca quan- do a femea ainda poe o seu ultime ovo e é justa- mente esta demora no desenvolvimento dos ovos que occasiona o curioso parasitismo da postura. À es- ta particularidade biologica prendem-se ainda outras que em seguida mencionaremos. E' de notar que todas estas aves que adqueri- ram taes habitos parasitarios, põem ovos relativa- mente pequenos. Alem disto, durante o per odo da reproducção o macho faz-se notar pel? sua voz, um grito forte, com- prehendendo varias notas, repetido incessantemente. As notas do canto do nosso sacy e as do cuco europeu soam mais ou menos como: Provavelmente o comportamento do macho du- rante a epoca da procreação poderá servir de indi- cação quanto aos respectivos habitos da femea, isto é servirá para esclarecer a biologia das especies nas quaes a mesma ainda é desconhecida. Tanto aqui como na Europa, durante a epoca da postura da femea, o macho permanece em uma determinada região e o seu grito tantas vezes repetido deverá servir para atrahir a femea, a qual por seu lado não se prende a nenhuma zona delimitada. Os ovos de todas as aves trepadoras são de cor branca, mas observamos que entre as Muso+ phagidas. tão alliadas às Cuculidas, apparecem tam- bem ovos ligeiramente azulados. () mesmo acontece entre as Cuculidas, onde por exemplo vemos ovos de côr azul clara no genero Coccyzus, pertencente as Coccyzinas que em regra põem ovos brancos ; tambem entre as Crotophaginas predomina a côr azul nos ovos, ainda que sejam em parte recobertos novamente com camadas de cor brarca. Nos grupos archaicos das Phoenicophainas e Centropinas os ovos são brancos, mas entre as Scytropinas e Cu- culinas, grupos altamente rrodificados, predominam os ovos de côr, muitas vezes tambem manchados. FE’ provavel que este desenvolvimento de colorido e de desenho dos ovos em grupos de habitos parasi- tarios tenha a sua origem nestes mesmos factores biologicos. Baseado nos conhecimentos das relações sys- tematicas dos grupos desta familia podemos agora tentar uma discussão da distribuição geographica destas aves. Duas das subfamilias em questão, as Crotophaginas e as Coccyzinas, habitam exclusiva- mente a America; limitados a principio à região neotropica, só mais tarde, depois de estabelecida a ligação entre as duas Americas, é que alguns ge- neros se extenderam tambem pela America Central, às Antilhas e uma parte da America do Norte. Mas nenhuma destas familias pode ser considerada como “originalmente americana e, peio contrario, devemos reconhecer em ambas apenas uma modificação de formas predominantes na Asia tropical. A subfamilia Neomorphinae não pode ser mantida, tal qual foi delimitada por Shelley, visto como ella coincide per- feitamente com a das Phœnicophainas, abstracção feita da modificação do syrinx. Assim sem forçar- mos o parentesco, podemos considerar generos al- lados Geococeyx e Neomorphus da America do Sul e Carpococcyx de Bornéo. A resultados muito semelhantes nos conduz a analyse das Cuculidas da Africa. O genero Cen- tropus, de vasta distribuição na Asia tropical, tam- bem se acha bem representado na Africa tropical e em Madagascar. Por outro lado ha no continente africano um bom numero de especies indigenas do genero Cuculus, emquanto que ellas faltam de todo em Madagascar. Esta ultima distribuição, que ex- clue a ilha Madagascar, enquadra-se bem no schema zoogeographico que nos offerece a distribuição da- quelles numerosos mammiferos asiaticos que no pe- riodo plioceno deram entrada na Africa, sem com- tudo alcançarem Madagascar. Durante o periodo mioceno a fauna asiatica encontrou franca passagem tanto para a Africa como para. Madagascar e isto nos explica a razão de ha- bitor o genero Pachycoccyx tanto a Africa Central como a grande ilha de Madagascar e muito prova- velmente o mesmo se da com r-lação ao genero Centropus. As Phoenicophainas estão representadas na Africa pelo genero Ceuthmochares e em Ma- dagascar por Coua. Vemos pois que tambem a Africa não possue nenhum elemento proprio da fa- milia das Cuculidas e assim devemos considerar esta familia como sendo originaria da fauna euro-asiatica; conclue-se que no periodo mioceno ella enviou re- presen'antes seus para a Africa, para Madagascar e para a America do Sul, onde estas formas immi- gradas deram origem a generos e subfamilias es peciaes. Com relação à America do Sul devemos re- lembrar que, segundo os resultados das minhas in- vestigações, para cá vieram animaes do hemispherio septentrional em duas occasiões, em tempos diversos, seguindo caminhos differentes. A pr'meira destas im- migrações, realizada no periodo mioceno, trouxe-n0s os ursos, Procyonidæ, Didelphidae, ete., typos faunisticos estes que só tiveram entrada na America do Norte em tempo pleistoceno, subindo da America do Sul. A segunda das immigrações mencionadas teve logar ao começo do pleistoceno e foi então que os Masto- dontes, os gatos, os cães, porcos e cavallos etc. bem como o homem vieram à America do Sul. Não nos parece que por occasido desta segunda immi- gração tivessem vindo Cuculidas para a America meridional, mas o que se deu foi que subiram Cro- tophaginas e Coccyzinas até a America do Norte. O pouco que até hoje sabeinos da paleontologia das aves parece concordar com este modo de vêr. O genero Dynamopterus, que Milne Edwards descre- veu do eoceno da França, offerece os melhores pontos de contacto com as Phoenicophainas. Tambem as Musophagidas não faltam no terciario antigo e medio da Europa. Torna-se pois muito provavel que futuros achados paleontologicos venham a con- firmar a exposição que aqui apresentamos sobre o desenvolvimento e a distribuição das Cuculidas. te Biologie der brasilianischen Cuculiden VON HERMANN VON IHERING i — Hinleitung Die Familie der Kuckucksvégel, welche in Brasilien durch die Arts, Alma de gato, Sacy und andere, allgemein bekannte Vogel gut vertreten ist, zeichnet sich durch eine biologische Eigentimlich- k it aus, die nimlich, dass manche Arten ihre Hier in die Nester anderer Vogel legen und diesen die Aufzucht ihrer Nachkommenschaft aufbiirden. Allgemein bekannt ist in dieser Hinsicht der euro- páische Kuckuck, aber auch viele andere Mitglieder derselben Familie, besonders in Asien, haben die gleiche Gewohnheit. In Amerika dagegen steht die Sache anders. In Nordamerika kennt man die Nester von allen dort lebenden Vertretern der Familie, von Südamerika liegen biologische Beo- bacbtungen iiber viele Arten bereits vor, aber pa- rasitische Nestgewohnheiten wurden bis jetzt nicht konstatiert. Besonders bemerkenswert sind eine Anzahl der siidamerikanischen Cuculiden durch ihre Gewohnheit, gesellig zu nisten, oder in einem ge- meinsamen Neste die Kier mehrerer Weibchen zu vereinigen. Diese meist grossen Nester sind auch daran kenntlich, dass zu ihrem Bau und besonders zu ihrer Ausfütterung griine Blatter verwendet werden. Schon bei einer früheren Gelegenheit machte ich darauf aufmerksam, dass man von der Unter- famille der Diplopterinen noch nie Nester oder Kier beschrieben hat. Lässt sich dies fiir die seltenere ee) ee Gattung Dromococcyx leicht verstehen, so ist es unbegreiflich, bei einem so gemeinem Vogel wie dem Sacy (Diplopterus naevius Bodd.), der jetzt als Tapera naevia Bodd. bezeichnet wird. Es ist das ein häufiger Vogel, der sich auch gerne an Wegen und Viehtriften, auf Kinzäu- ri . a . T nungen und in der Nãhe menschlicher Wohnungen sehen lässt. Uberdies hat das Männchen einen so auffallenden, aus zwei Tonen bestehenden, unzäblige Male wiederholten Ruf, dass er jedermann bekannt ist. Vor einigen Jahren nun trafen wir in einem Neste von Synallaxis sprxt Sclater ein Junges von Tapera naevia. Seit jener Zeit lag für mich die Vermutung nahe, dass der Sacy sein Ki in das Nest des ebengenannten Vogels ablegen miisse. Dieses Nest des Synallaxis spixt ist eine grosse, ovale, wirre Masse von ineinander gefiigten, trockenen Astchen, Dornen und Zweigen, zwischen welche nicht sellen zur Verzierung Stücke von abgestreifter Schlangenhaut eingefügt werden. Der Hingang liegt seitlich, ist eng, lang und endet in eine centrale, gut geschiitzte Kammer. In einer solchen nun fand der Präparator des Museums - Hr. João Lima, am 21. . Oktoher : 1913, drei Bier von Synallaxis und ein etwas grüsseres, welches im Aussehen sich dadurch unterschied, dass es rein weiss war, sehr glatt und ohne den weissgriin- lichen Ton, welcher den Synallaxis - Hiern eigen ist. Bei der Präparation erwiesen sich die Hier als stark bebriitet und die Untersuchung der Jungen zeigte im Bau von Fuss, Tarsus und Kopf charak- teristische Unterschiede, welche an der Zugehü- rigkeit dieses Kies zu den Cuculiden nicht zweifeln liess. Der Embryo von Tapera ist nicht nur durch seine Grosse, die mächtigen Augen, den dicken, kurzen tarsus sondern vor allem durch den Fuss als der einer Cuculide leicht zu erkennen. Die vierte Zehe ist rückwärts gedreht. Es ist somit sowohl das Ei. als der reife Em- bryo und das characteristisch gefárbte Junge des = Ba, Sacy bekannt und zwar sind die betreffenden Kier und Jungen nie bei einer anderen Vogelart ange- woffen worden als eben bei Synallaxis spiaze. Das Nest N.º 11 von Synallaxis spixi, in wel- chem das Sacy - Ei gefunden wurde, und zwar am 21. Oktober 1918, ist 40cm lang bei 20 cm Hohe. Es besteht aus dem centralen Teile mit der Brutkam- mer und der langen etwas nerdrigeren Flugréhre deren Eirgangsloch 4 em im Durchmesser hat. Die- ser, aus diinnen Astchen zusammengesetzte Bau sass in der Gabelung eines Bäumchens und rubte auf einem verlasseaen Aimselnest und zwar von Turdus rufiventris. Eine überzählige Offnung fand sich bei ihm nicht vor; als iiusseren Schmuck hat es nur Flocken von Haaren des Hasen, Sylvilagus minensis Thos. aufzuweisen. Die Kammer ist am Boden init zerbissenen und zerkleinerten Stiicken von dicken, weichen, wolligen Blättern gefüttert, welche von Solanum auriculatum stammen. Die 3 Kier von Synallaxis spixi waren von gewühnlichem Bau, ungefihr 20: 15-16 mm gross, von matt weisser, leicht griinlich überlaufener Farbe. Das Ei. von Tapera naevia misst 24: 17 mm und ist rein weiss, glatt, sehr feinporig, ohne Glanz und seine Form ist ziemlich regelmissig oval,indem der stumpfe Pol nur um ein Geringes dicker ist wie der andere. Ein anderes, mir vorliegendes Nest von Syn- nallaxis spixi (N.º 23.) unterscheidet sich in Grosse und Form nicht von dem eben beschriebenen, zeich- net sich aber durch reichlichen Belag mit Epider- misfetzen der grossen Erdeidechse, Tupinambis te- euixin L. aus. Auch an ibm finden sich einzelne 3üschel von Hasenhaaren und ein aus Haaren zusam- mengeballtes Kulengewolle. An diesem Nest betindet sich ziemlich hoch oben an der Seite eine accesso- rische Oeffnung von 4 em Durchmesser. Die Wan- dung des Nestes ist an dieser Stelle 6 cm dick. Das Nest war bereits verlassen. Ein anderes Nest, welches wir lingere Zeit beobachteten und von dem eine Zeichnung beige- — SEL ee geben ist, wurde von uns wihrend der Brutperiode Ofters geóffnet, ohne dass der Vogel es verlassen hätte. Immer wurde die künstlich angelegte Oeffoung bald wieder geschlossen, nur als die Jungen schon heranwuchsen, geschah dies nicht mehr und es wäre müglich, dass die sekundire Offnung von der Synallaxis selbst angelegt wiirde in der Schlusspe- riode der Anfzucht der Jungen. im Interesse der leichteren Fütterung derselben. Es bleibt daher zu untersuchen, ob die sekundäre Offnung immer an- gelegt wird, ob sie der eigenen Brut dient cber ob die mit Sacy-Brut belegten Nester sich darin an- ders verhalten als die normalen. Offnet man durch Entfernung eines Teiles der trockenen Reiser ein Nest von Synallaxis spixi, so kann man sich bequem über seinen Inhalt, Zabl und Beschaffenheit der Hier unterrichten, ohne dass desshalb der Vogel die weitere Bebrütung der Hier oder die Pflege der Jungen aufgäbe. Sofort nach der Storung wird der Schaden wieder ausgebessert, wo- ran sich beide Vogel beteiligen. Sucht man sich “nun die Art und Weise vorzustellen, in welcher das Kuckuckweibchen sein Ei in das Synallaxis-Nest einfiibrt, so ist der Gedanke ganz ausgeschlossen, dass der Vogel mit seinem langen Schwanze durch die schmale Zugangsréhre in das Nest-Innere ge- langen, dort sein Ei ablegen und sich auf demsel- ben Wege wieder entfernen sollte. Dazu istdie Flug- rohre fiir ibn viel zu klein. Er muss also durch Wegnahme von Zweigstiicken eine Offnung in der Nestwand herstellen. Und er wird dann offenbar mit dem Schnabel das kiirzlich abgelegte Ei in die Nestkammer beférdern. Das Synallaxis-Paar wird nach dem Eingriff rasch wieder den Schaden am Neste ausbessern und in gewodhnlicher Weise die Bebriitung vornehmen. Sind aber die Jungen aus- geschliipft, so reicht die angeschleppte Nahrung nicht fiir die eigene und fremde Brut aus und das gefrässige Küken des Kuckucks, dessen Grôssen- unterschied rasch zu Tage tritt, wird auf irgend eine Weise die Mitbewerber beseitigen oder unschäd- DAS lich machen. Vielleicht setzt zu dieser Zeit auch die Wirkung des Sacy-Weibchens wieder ein und wird es aufs Neue eine weitere Offaung in der Nest- wand herstellen, um die Fütterung zu erleichtern. Niemals findet man bei frischen Nestern oder bei solchen, bei welchen das Synallaxis- Weibchen noch mit Briiten beschäftigt ist, die accessorische Offaung. Der biologischen Beobachtung ist hier ein interes- santes Feld erôffnet; vorläufig wird es genügen, die Tatsache anzuführen und in der Weise unter sich in Zusammenhang zu bringen, wie die Er- fahrung an anderen Mitgliedern derselben Familie es gestattet. Dieser Abschnitt sollte gerade zur Druckerei gehen, als mir noch rechtzeitig die wertvolle Stu- die von Hariert und Venturi über argentinische Vügel in die Hinde fiel. (Novitates zoologicae, vol. 16, Tring, 1909 p. 159 - 267). Venture teilt darin, p. 230, Beobachtungen über die lortpflanzung der Tapera naevia mit, welche ganz mit unseren über- einstimmen. Venturi traf 1-2 Eier von Tapera in Nestern von Synallaxis cinnamomea russeola im Chaco und berichtet, dass Denelli sie bei Tucuman in Nestern von Synallaxis superciliosa antraf. So ergiinzen sich die in Argentinien und Brasilien ge- machten Beobachtungen über den in Argentinien «crispin» genannten Sacy. Brasilianische Vôgel, welche ihre Eier in fremde Nester legen. Im vorigen Abschnitt haben wir im Sacy ei- nen Vertreter dieser Gruppe von Vôgeln kennen gelernt, welcher sich dadurch auszeichnet, dass er sein Ei immer demselben Vogel zur Bebrütung und Aufzucht anvertraut. Der gleichen Unterfamilie der Zaperinen, welcher der Sacy angehôrt, ist noch eine weitere südamerikanische Gattung mit zwei Arten zuzurechnen, welche beide in Brasilien ange- troffen werden. Von dieser letzteren Gattung Dro- mococcyx kennt man bisher weder Nest noch Ei TN und es ist demnach mehr als wahrscheinlich, dass auch sie gleich dem Sacy ihr Ei in andere Nester legt. Damit stimmt «ann auch der Umstand übe- rein, dass der Ruf des Miinnchens ganz jenem des Sacy gleicht, nur durch Anhängung von weiteren zwei oder 3 Tünen erweitert, was in seinem Na- men «Sacy-jateré» zum Ausdruck komnit. Die an. deren Kuckucke, welche eigene Nester bauen, haben nicht den characteristischen Kuckucksruf. Nächst der Familie der Cuculidae ist es jene der Icteridae, welche in Brasilien vorzuesweise den Nesterparasitismus aufweist. Der grósste hierher gehórige Vogel ist Cassidix oryzivora Gin., wel- cher sein Ei in die hingenden, beutelfórmigen Nester verchiedener Arten von Cassicus, Ostinops und anderer Icteriden unterbringt. Es scheint, aass mindestens je ein Junges von beiden Arten aufge- zogen wird. Goeldi erhielt aus einem Neste von Ostinops decumanus ein Nestjunges dieser Art nebst einem von uassidix, Am Besten bekannt und von jedem Natur- freund in Brasilien beobachtet ist der Nestparasitismus des Vira-bosta, Molothrus bonaviensis Gm. Euler hat die Meinung ausgesprochen, dass dieser Vogel, die Fähigkeit hat, die Farbe seiner Eier jener der Vogel, in deren Nest er sie ablegt, anzupassen, inso- fern nâmlich die beiden Eitypen, diejenigen mit vorherrschend grüner und die mit rétlicher Grund- firbung auf verschiedene Vogelarten verteilt wer- den. Meine eigene Erfahrung stimmt damit nicht überein, doch muss ich bemerken, dass in S. Paulo, wenn nicht ausschliesslich, sodoch ganz vorzugswei- se der Tico-tico (Brachyspiza capensis Muell.) mit der Bebrüturg dieser nestfremden Lier be- traut wird. In der Hegel geschieht das seitens des Spatzes auf Kosten der eigenen Brut, indem der Vira-bosta entweder die Kier der rechtmiissigen Mut- ter aus dem Neste wirft oder sie durch Anpicken ihrer Entwicklungsfihigkeit beraubt. Es kommen jedoch auch Fille vor, in welchen die legitimen und die adoptierten Kinder neben einander anfge- =" sae = zogen werden. Euler sah sogar in einem Falle aus der Brut eines Spatzennestes 2 Tico-ticos und 2 Vira-bostas hervorgehen. Im Allgemeinen bin ich nicht geneigt, in diesen Fillen auf die Fär- bung der Hier viel Wert zu legen. In Argentinien kommen neben dem gewôhnlichen, von Euler beschriebenen Tvpus der Hier auch rein weisse vor und andere, die Weiss sind mit sparsamer, fein- ster Sprenkelung. Ebenso helle oder weisse Hier habe ich selbst in Rio Grande do Sul gesammelt, niemals aber in São Paulo. Eine ähnliche zweite Art, Molothrus rufoa- aillaris Cassin des La Plata-Gebietes, legt ihre Kier bald in die Nester von Anuinbius anuwmbi Vieill. bald in die von anderen Icteriden und ganz beson- ders von der nahestehenden Art Molothrus badius Vieill. In diesem alle ist der ganze Unterschied zwischen den Hiern beider Arten nicht bedeutend und soll es nach Versicherung der argentinischen Ornithologen schwer oder unmoglich sein, Hier und Nestjunge beider -Arten auseinanderzuhalten. Euler (Revista Mus. Paul. IV, 1900, pag. 36) hat die schon damals von mir bezweifeltc Angabe gemacht, das Molothrus badius seine Eier, welche jenen des Mol. rufoaaillaris gleichen, in andere Nester lege. Euler bezieht sich dabei auf Vogel aus dem Staate Minas, citiert aber aigentinische Angaben, da er eigene Erfahrung nicht besass. Es hat sich nun herausgestellt, dass Mol. badius in Minas überbaupt nicht vorkommt, sondern dort durch Molothrus frin- gillarius Spix vertreten ist. Das ki der letzteren Art war bisher nicht bekannt, wurde unserem Mu- seum aber kürzlich durch Herrn E. Garbe, unseren reisenden Naturalisten. mitgebracht. Hr. Garbe ne- richtet mir, dass die Hier dieses Vogels, von ihm nur in verlassenen Nestern der Pseudoseisura cristata Spix aufgefunden wurden. welcher wohl die erdssten aus Reisern verfertigten Nester unter allen Dendrocolaptiden besitzt. Ich habe ein Gelege, aus drei Eiern bestehend, welches im Oktober 1913 bei Cidade da Barra am Rio São Francisco, im Staate Bahia, gesammelt wurde. Die Kier sind 22,5— 23 mm lang bei 17,5 mm Dicke, wenig zug spitzt, sodass beide Pole nicht sehr verschieden sind, weiss, schwach grünlich iiberlaufen, glatt, ohne Glanz. Vielleicht stammen auch die weissen Hier des Mo- lothrus bonariensis von La Plata wesentlich aus den geschlossenen Nestern von Anumbius und wer- den dann die in geschlossene Nester gelegten Eier weiss, die in offene Nester untergebrachten mehr oder weniger verschiedenartig gesprenkelt und ge- fleckt sein, auf grünlichem oder rôtlichem Grund. Ridgway hat für die graubraunen Arten Molothrus badins und frengillarius eine besondere Gattung Agelaindes Cassin angenommen, weil sie ein eigenes Nest herstellen und auch in Färbung und Flügelschnitt verschieden sind. Indem ich diesem Vorgehen bDeipílichte, bemerke ich jedoch, dass die [irbung des Lies zur biologischen Chara- cterisierung der Gattung nicht verwendbar ist. Unter allen Urnständen ist die Frage der Färbung der Eier von Molothrus bonariensis eine wichtige, welche weiterer Forschung um somehr empfohlen werden kann, als maneinem Ausspruche von Euler cegenilher mt seinem Bedenken sehr vorsichtig sein muss. Sollte sich bei ferneren Studien herausstel- Jen, dass wirklich die weissen Kner nur in ge- schlossenen Nestern abgelegt werden, so wird man sich der Folgerung kaum entziehen kônnen, dass der Vcgel bis zu einem gewissen Grund auf die Färbung der von ihm zu legenden Eier einen Einfluss aus- üben kann oder die zuvor gelegten Kier in Nester mit äbhnlich aussehenden Eiern transportirt. Den Variationen der Kier, wie wir sie der ver- schiedenen geographischen Lage nach zu konstatieren vermochten, entsprechen andere in der Wárbung der Vügel. Die typische Form des argentinischen Moto- thrus bonariensis, welche wir auch hier in São Paulo besitzen, ist im männlichen Geschlechte nicht von jener des Mol. bonar. sericeus Licht. von Ba- hia zu unterscheiden, während die Weibchen gar nicht zu verwechseln sind, da dasjenige der Südform Fn ee dunkelbraun. jenes der Bahia-Unterart aber blass- graubraun gefärbt ist. Die entsprechenden Formen von Venezuela, Mol. bonariensis atronitens Cab. und Mol. bonariensrs cassent WFinsch sind wesentlich nur durch verschiedene Dimensionen abgesonderte Rassen, von dener erstere ein kleines, blassgriines, feingesprenkeltes Ei besitzt, während dasjenige von cassini grésser, dickgesprenkelt und gefleckt ist. So ergiebt sich innerhalb einer natiirlichen, vom La Plata bis Venezuela reichenden, iiberall hävfigen Art eine Summe vou Variationen, welche bald die Grossenverhiltnisse, bald die Färbung des Vogels betreffen, in einzelnen Fallen sich nur auf eines der beiden Geschlechter beziehen und welche auch in Bezug auf Ei und Nest eine ganz ausserordentlich weite Variationsbreite erkernen lassen, die Gegen- stand specieller Studien zu werden verdiente. Zum Schlusse mége noch erwähnt sein. dass Hr. Garbe auf derselben Reise, am Rio São Francisco, bei Cidade da Barra in Bahia im November 1913 im Nest von Fluvecola albiventer Spix neben 4 weiss- lichen Eiern ein solches fand, welches erheblich grósser und lebhaft gefärbt war. Die Kier von Flu- wcola variieren in Grésse von 17,0,: 15.5 bis 20: 19, sind schmutzigweiss und das kleinste von ihnen hat am stumpfen Pole rotbraune runde Flecken. Das grossere Ki misst 23,3: 16 mm, ist von verlingert ovaler Form mit verhiltnismissig wenig verdicktem, hinteren Pole, glänzend, von blassrôtlicher Farbung mit zerstreutstehenden, kleinen, runden rotbraunen Flecken, die sich uahe dem stumpfen Pole häufen und zu einer Krone zusammendrängen. Es wire méglich, dass wir h'erin das gesuchte Ei des Dromococcyx phasinellus Spix vor uns haben. Eine sorgfiltige Vergleichung des Eies mit unserer reichhaltigen Sammlung von Icteriden-eiern hilt mich von einer Zuteilung zu dieser Familie ab. Meist ist das Ei dieser Vogel plumper; warme, rótliche Tone sind selten ebenso ein Fleckenkranz am stumpfen Pol, welcher dann meist aus gewundenen schmalen Flecken besteht. In Grésse und Form wiirde das Ei gut zu dem der Tapera passen ; rôtli- cher Grund, braunrote -lecken, die am stumpfen Pol einen Kranz bilden, kommen ófters bei Cuculi- nen vor. Dass das Ei von Tapera weiss ist, spricht nicht gegen unsere Auffassung, denn es ist, stets im dichtgeschlossenen Nest von Synallaxis untergebracht, dem Dunkel der Brutkammer in sei- ner weissen Farbe angepasst. Es gibf offenbar primär weisse Hier, wie die der Hiihner und Taubenvogel, der Kolibris u. s. w. und solche die erst sekundär durch Anpassung die weisse Farbe annehmen. Wahrscheinlich waren ur- spriinglich alle Vogeleier weiss ; successive ist es dann zur Ausbildung von Farben gekoramen, aber nur in einer beschränkten Anzahl von Ordnungen. Auch in solchen Familien, deren Eier durchweg gefärbl und gefleckt sind, kommt es sekundär durch An- passung an besondere Verhiltnisse der Nester zur Ausbildung rein weisser Hier. — Die Eer der in Bahia lebenden Icteriden sind fast ausnahmslos alle bekanüt Andererseits aber kommen rotliche ge- fleckte Kier bei den Phoenicophainen und Goceyzi- ner nicht vor und endlich hat Herr Garbe weder eine Dromococcyx-art am Rio Sao Francisco erlegt noch den Ruf des Miinnchens gehürt. So bleibt denn die- ser Nestparasitismus bis auf Weiteres problematisch. Allgemeine Systematik und Biologie der Cuculiden Fürbringer’s Ausspruch, dass die specielle Sys- tematik der Cuculiden einer der unerguicklichsten Punkte der Ornithologie sei, besteht noch heute zu recht. Die verschiedensten Klassificationsversuche divergieren in der sonderbarsten Weise. Es sind successive eine grosse Anzahl von anatomischen Charakteren für die systematische Einteilung der Familie in Vorschlag gebracht worden; aber jedes einzelne dieser Kennzeichen giebt für sich allein eine mehr oder minder unbrauchbare Ubersicht der For- men. Einen besonderen Grad der Beachtung ver- d'enen die wichtigen Arkeiten von Frank Beddard, in welchen er besonders den unteren Kehlkopf oder Syrinx, die Beinmuskulatur und die Pterylose be- nutzt hat, während er die Osteologie kaum fiir sys- tematische Zwecke heranzieht. Im Gegensatz hierzu haben ÆFürbringer, Shuseldt und Pycraft die Fa- milie griindlich osteologisch bearbeitet und nament- lich im Schulter-und Beckengiirtel wertvolle A nhalts- punkte für eine Ausscheidung natürlicher Gruppen gewonnen. Leider sind diese wertvollen Untersu- chungen in der zoologischen Nystematik nicht be- achtet worden und selbst B. Sharpe, welcher schon 1873 bei Untersuchung der afrikanischen Cuculiden einen guten Anfang machte zur Abscheidung der Cuculinen von den übrigen Unterfamilien, ist später in der «Handlist» auf das wenig zufriedenstellende Schema, welches Shelley im Katalog des British Museum, angewendet hatte, zurückgekommen, so- dass Hudynamis wieder mit Cuculus vereinigt, Coccyzus von Praya und lelztere von Tapera und Verwandten getren:it wird. Es muss zuniichst unsere Aufgabe sein, die natürlichen Gruppen innerbalb der Cuculiden ausfin- dig za machen und zu ckarakterisieren. In erster Linie haben wir dabei auf die osteologischen Cha- raktere zurückzugreifen Das hintere Ende des Brust- beines, das Xiphosternum, ist bei einer Anzahl von Arten jederseits mit einem, hei anderen mit zwei Einschnitten versehen, oder, um mit Fürbringer zu reden, «biincis» oder «quadriincis». Waren diese beiden Kategorien absolut getrennt, so wiirden sie einen trefflichen Anhaltspunkt für die natürliche Gruppierung der Gattungen bilden, es zeigt sich aber, dass beide in der Weise miteinander verbundan sind, dass der Processus intermedius, welcher bei letzterer Gruppe die beiden Incisuren trennt, bei manchen Gattungen unvollkommen entwickelt, respective in der Riickbildung begriffen ist. Eine dahin gehürende Abbildung hat Madarasz von Cacomantis castanei- ventris gegeben. Nehmen wir an, dass die hervorgehobene Riick- bildung des processus intermedius noch einen Schritt weitergehe, so ist aus den 2 benachbarten Incisuren eine einzige, grosse geworden und eine sorgfältige Untersuchung der Gattung Cacomantis wird offenbar weitere Anhaltspunkte fiir diese An- rahme bieten. Zu den von Fürbringer hervorgeho- benen Merkmalen hat Pycraft noch ein weiteres hinzugefiigt, auf welches ich nach meinen Erfah- rungen besonderen Weri legen muss; die Ausbil- dung oder Riickbildung des processus pectinealis des Beckens, welcher bei Phénicophainen, Goceyzi- nen und Centropinen stark entwickelt, bei den übri- gen Gruppen aber verkiimmert, respective nicht vor- handen ist. Fürbringer hat sich (1. c. p. 1324) da- hin ausgesprochen, dass die Phünicophainen mit ihrem Xiphosternum quadriincisum den Ancestra- len am Nichsten stünden, Beddard seinerseits er- klärt, dass sie mit Rücksicht auf ihre komplete Mus- kelformel und den tracheobronchialen Syrinx als die primitivsten Formen der Kuckuke anzusehen seien. Wir haben demnach mit Beddard die Gat- tungen, bei denen die Muskelformel unvollstindig ist, durch Riickbildung des accessorischen Femoro- caudalmuskels und diejenigen, bei welchen ein bron-' chialer Syrinx ausgebildet ist, als die meist modi- fizierten Glieder der Familie anzusehen. Mit diesen Erfahrungen der genannten KForscher steht die Tat- sache in Einklang, dass sich die den Cuculiden be- kanntlich rächst verwandte Familie der Musopha- siden in Bezug auf Brustbein, Becken und Musku- latur ganz so verbilt wie die Gattung Phonicophaes und verwandte Gattungen. Beddard unterscheidet in bezug auf Pterylose 2 Gruppen, je nachdem die Ventralziige einfach sind (Cuculus, Praya, etc.) oder doppelt (Phoenicophaes, Crotophaga, etc.). Von noch hôherem Wert scheint mir das Verhalten dieser Ventralziige an Brust und Hals zu sein, insofern dieselben bis zur Kehle bei den Coccyzinen getrennt bleiben, bei allen anderen Gruppen am Unterhals mit einander verschmelzen. Die Coccyzinen scheinen hierin ein characteristisches Kennzeichen der archaischen Kuckuksvügel beizu- behalten, welches weiterhin nur bei den Musopha- giden sich gleichfalls unverändert erhielt. Ziehen wir alle die eben besprochenen Momente in Betracht, so wie jene, welche die äusseren Cha- ractere dieser Vügel uns liefern, so gelangen wir zur Scheidung der folgenden Gruppen der Cuculiden: System der Cuculidae 1. Unterfamilie : i? hoenicophainae Zügel und Augenfeld nackt. Tarsus kräftig, vorn nicht befiedert, ambulatorial. Flügel miissig lang, gerundet, concav. Schwanz zehnfederig, Schwanz- decken kurz. Ventraltract doppelt, am Unterhals mit jenem der anderen Seite verschmelzend, Kehle eleichmissig befiedert. Sternum am Hinterrand mit jederseits zwei Einschnitten. Pectinealstachel kraftig. Musculus femorocaudalis accessorius vorhanden. Sy- rinx tracheobronchial (Phoenicophaes) oder bron. chial (Geococcyx). 2. Unterfamiliez: Coceyzinae Ziigel schwach befiedert, Augenfeld nackt. Tarsus kräftig, vorne nicht befiedert, ambulatorial. Flügel miissig, lang gerundet, konkav. Schwanz zehnfedrig, Schwanzdecke sehr lang, mehr oder minder, bis zur Halfte der Schwanzfedern reichend. Ventraltract ein- fach, am Unterhals nicht mit dem der anderen Seite versch solzen. Kehle zwe:zeilig befiedert, da die Ven- traltracts sich bis zu ibr gesondert erhalten. Sternum am Hinterrand mit jederseits zwei Einschnitten. Pec- tinealstachel kriftig; musculus femorocaudalis ac- cessorius fehlend. Syrinx tracheobronchial. 5. Unterfamilie: Centropinae Ziigel und Augenfeld dicht befiedert. Tarsus kräftig, vorn nicht befiedert. Iligel kurz, gerundet, — 404 — konkav. Schwanz zehnfedrig, Schwanzdecke kurz. Ventraltract doppelt, am Unterhals mit dem der an- deren Seite vereinigt. Kehle gleich missig befiedert; Sternuin am Hinterrand mit jederseits einem Ein- schnitt; Pectinealstachel kräftig, musculus femoro- caudalis accessorius gut entwickelt. Syrinx bronchial. 4. Unterfamiiie: Crotophaginae Zügel und Augenfeld nackt. Tarsus kräftig, vorn nicht befiedert, ambulatorial. Flügel mässig gerundet, konkav. Schwanz achtfedrig, Schwanz- decke kurz. Ventraltract doppelt, am Unterhals mit dem der anderen Seite verschmolzen. Kehle gleich- miissig befiedert. Sternum am Hinterrand mit je- derseits einem Einschnitt. Pectinealstachel tehlend, musculus femorocaudalis accessorius vorhanden. Sy- rinx bronchial. 5. Unterfamilie: Seythropinae Ziigel und Augenfeld nackt oler befiedert. Tar- sus kräftig, vorne nicht befiedert, ambulatorial. Flü- gel mässig lang, gerundet, konkav. Schwanz zehn- fedrig, Schwanzdecke kurz. Ventraltract doppelt, am ~ Unterhals mit dem der anderen Seite verschmolzen. Kehle gleichmissig befiedert. Sternum am Hinter- rande mit jedarseits einem Einschnitte. Pectineal- stachel fehlend, musculus femorocaudalis accessorius vorhanden. Syrinx tracheobronchial. 6. Unterfamilie: Cuculinae Ziigel und Augenfeld befiedert. Tarsus schwach vorne befiedert, vom Schenkelgefieder üb rdeckt, insessorial. Fliigel lang, schmal, flach. Schwanz zehnfedrig, Schwanzdecke kurz. Ventraltract ein- fach, am Unterhals mit dem der anderen Seite ver- schmolzen. Kehle gleichmässig befiedert. Sternum jederseits hinten mit einem Einschnitt. Pectineal- stachel fehlend, Musculus femorocaudalis accessorius fehlend. Syrinx tracheobronchial. one Die im Vorausgenhenden characterisierten 6 Unterfamilien werden im Ganzen wohl als natiirli- che anerkannt werden miissen, und namentlich für praktische Zwecke dienen, wobei jedoch zu beachten ist, dass fiir die endgiiltige Abgrenzung der Cucu- linen und Scythropinen zur Zeit noch die unentbehrli- che Grundlage fehlt. Vom Standpunkt der hdheren, auch genealogische Gesichtspunkte — beriicksichti- genden Systematik kann die vorliegende Gruppier- ung nicht geniigen. Offenbar sind die Crotopha- ginen nur eine amerikanische Unterabteilung der Centropinen, welche sekundär durch Verlust des Pectinealprocesses und des äusseren Paares der Schwanzfedern Modifikationen erlitten haben. Mei- ner Ueberzeugung nach ist Shufeldt durchaas im Recht, wenn er die Crotophaginen mit den Centro- pinen vereinigt. Ein ähnliches Verhältniss ergibt sich fiir die Coccyzinen, die durchaus nichts anders sind als eine amerikanische, durch Riickbildung des ac- cessorischen musculus femorocaudalis und die kom- plete Trennung der Ventraltrakte modificierte ame- rikanische Sektion der Phônicophainen. Daher finden wir denn auch Piaya und Saurothera bei Shelley und Sharpe direkt mit den Phénicophainen verein- igt. Unmittelbar mit letzteren zusammengehorig sind die als Neomorphinen zusammengefassten Gat- tungen des tropischen Südasiens und Siidamerikas, welcke nur in ihrem bronchialen Syrinx eine etwas hóhere Entwicklungsstufe erreicht haben. Derartige Processe der Weiterbildung und Riickbildung be- gegnen uns eben innerhalb der Familie tiberall und diirfen daher nicht einseitig überchätzt werden. So sehen wir die Cuculinen durch Riickbildung des accessorischen femorocaudalen Muskels den Coccy- zinen, durch Verlust des Pectinealprocesses den Cro- tophaginen sich anschliessen. Und ähnlich steht es mit der Ausbildung des bronchialen Syrinx. In der Hauptsache fiihren uns somit diese Un- tersuchungen zu dem Ergebnisse der Existenz zweier divergierenden Entwicklungsreihen innerhalb der Cuculiden, deren eine durch die Phünicophainen — 406 — nebst den von ihnen abgezweigten Coccyzinen ge- bildet wird, wëährend die andere die Centropinen umfasst mit den drei eben genannten, von jhnen abstammenden Unterfamilien. Werfen wir nun einen Blick auf die biologischen Verhiltnisse der Familie, so müssen uns die Cu- culiden im Allgsmeinen durch ihre Insektennahr- ung als besonders niitzliche Végel erscheinen, wel- che unter Raupen, Käfern und Heuschrecken mäch- tig aufräumen. Die meisten Gattungen sind auf ein miissig grosses Wohngebiet beschränkt und nur der gemeine Kuckuk, Cuculus canorus, ist ein ausgezeichneter Wandervogel, der seine winterlichen Excursionen nach Afrika und Australien ausdebnt. Daneben gibt es aber auch schlechte Flieger wie z. B. die Gattung Coua, deren Brustbeinkamm sehr wenig entwickelt ist. Andere Gattungen wie Neo- morphus etc. zeichnen sich durch verhältnismässig kleine Fliigel aus. Am Meisten haben von jeber die Kuckuksvü- gel die allgemeine Aufmerksamkeit auf sich gelenkt durch ihre parasitischen Nistgewobrheiten. Während zahlreiche Gattungen, besonders der Phônicophai- nen und Centropinen ‘n gewohnlicher Art ihre Nes- ter bauen und einfach weisse Fier legen, finden wir bei anderen, besonders bei den südamerikanischen Crotophaginen das gesellige Leben hochentwickelt, welches sich bald in dicht nebeneinander stehenden Nestern, bald in gemeinsamer Eiablage und Bebrii- tung in Gruppennestern betätigt. In Gegensatz dazu gibt es eine Reihe von Gattungen, welche kein eigenes Nest bauen, son- dern ihr Ei in die Nester anderer Vogel ablegen und diesen somit auch die Aufzucht ihrer Jungen aufbiirden. Hierhin gehôüren die Cuculinen und die Scytropinen, sowie von den Coccyzinen die Gatt- ungen Tapera und Dromococcyx. Auch die Gattung- en, welche in der Regel ein eigenes Nest anlegen wie das fiir Coccyzus g'lt, bringen gelegentlich Kier in andere Nester unter. Bei Coccyzus kommt es vor, dass schon Junge ausgeschliipft sind, wenn aass letzte Ei abgelegt wird und eben diese langsa- me Reifung der Hier ist die Ursache fiir den eigen- artigen Nestparasitismus. Mit ihm stehen andere biologische Kigentümlichkeiten im Zusammenhang. Zuniichst sind bei allen Kuckuken, welche dieselbe Gewohnheit angenommen haben, die Kier relativ klein. Ferner macht sich bei ihnen zur Fortpflanz- ungszeit das Männchen durch seinen, unziblige Male wiederholten, lauten, mehrtonigen Ruf sehr bemerkbar. Der Ruf des europäischen und des diesbe- züglichen brasilianischen Kuckuks Sacy entspricht den Tônen des untenstehenden Klichés. Wahrscheinlich wird man für diejenigen Gatt- ungen und Arten, deren Nistweise noch nicht bekannt ist, aus dem Verhalten des Männchens während der Fortpflanzang das obwaltende Verhältniss erschliessen kônnen. Das Minnchen, und zwar hier in Brasilien so- wohl wie in Europa, hilt sich zur Fortpflanzungs zeit in einem bestimmten Rayon auf und sein so oft wiederholter Ruf dient zur Anlockung der Weib- chen, die sich ihrerseits an keinen bestimmten Dis- trikt binden. Die Hier aller Klettervügel sind weiss, aber bei den den Cuculiden so nahe stehenden Musophagiden kommen daneben auch solche von blassbliiulicher Farbe vor. Ebenso finden wir es auch bei den Cu- culiden, wo z. B. innerhalb der Coccyzinen mit durchgehends weissen Eiern hellblaue in der Gattung Coccyzus vorkommen. Auch bei den Crotophaginen herrscht die blaue Farbe vor, wenn auch zum Teil durch weisse Kalkablagerungen wieder verdeckt. Bei den archaischen Gruppen der Phünicophainen und Centropinen sind die Kier weiss, aber bei den hochmodifizierten Scythropinen und Cuculinen wer- — 408 — den vorwiegend farbige, häufig gefleckte Hier ange- troffen. Vermutlich steht die Ausbildung der Färb- ung und Zeichnung der Eier bei den Gruppen mit Nestparasitismus in ursächlichem Zusammmenhang mit dieser Lebensgewohnheit. Auf Grund der im vorausgehenden gewonne- nen Anschauungen iiber die systematische Unterab- teilung der Familie kônnen wir es nunmehr unter- nehmen, die geographische Verbreitung derselben zu ervrtern. Zwei der genannten Unterfamilien, diejenigen der Crotophaginen und Coccyzinen sind auf Amerika beschränkt und zwar gehoren sie dem neotropischen Gebiet an, von welchem aus nach der Herstellung der Verbindung beider Amerika einige Gattungen sich iiber Central-Amerika, Westindien und einen Teil von Nordamerika verbreitet haben. Keine dieser Unterfamilien kann als eine Amerika urspriinglich eigentiimliche in Anspruch g-nommen werden, beide sind vielmehr als Modifikationen der im tropischen Asien vorherrschenden anzusehen. Die Unterfamilie der Neomorphinen, wie sie bei Shelley abgegrenzt ist. kann nicht beibehalten werden, da sie von der Modifikation des Syrinx abgesehen, ganz und gar mt den Phônicophainen zusammenfallt. So -erkiirt sich auf ungezwungene Weise die Nahe der Verwandtschaft der südamerikanischen Gattungen Geococcyx und Neomorphus mit Carpococeyx von Borneo. Zu ganz ähnlichen Ergebnissen fiihrt uns eine Untersuchung der Cuculiden von Afrika. Die im tropischen Asien so weit verbreitete Gattung Cen- tropus ist auch in Afrika und Madagascar gut ver- treten. Dagegen besitzt die Gattung Cuculus in Afrika eine Reihe endemischer Arten, aber keine in Madagaskar. Diese letztere, Madagaskar aus- schliessende Verbreitung passt gut in den Rahmen der Verbreitung jener zahlreichen asiatischen Säu- getiere, welche im Pliocaen ihren Einzug in Afrika hielten, ohne aber nach Madagaskar gekommen zu sein. Wihrend des Miocäns stand der asiatischen Fauna sowohl nach Madagaskar wie nach Afrika eine Zugstrasse offen und so wird es sich erkliren, dass die Gattung Pachycoccyx sowohl im Innern von Afrika wie in Madagaskar vorkommt und vermutlich steht das Verhiiltnis ebenso in Bezug auf Centropus. Die Phénicophainen haben in Afrika als Vertreter die Gattung Ceuthmochares, in Madagaskar Coua. Auch in Afrika lassen sich somit keiné eigenartiger Ele- mente der Cuculiden nachweisen und haben wir somit diese Familie als eine solche des europäisch- asiastischer Faunengebietes anzusehen, welche zur Miocänzeit Kolonisten nach Afrika, Madagaskar und Südamerika sandte, die sich in den neuen Wohn- gebieten zu besonderen Gattungen oder Unterfami- len weiterentwickelten. In Bezug auf Siidamerika sei hier daran erin- nert, dass nach den Ergebnissen meiner zoogeogra- phischen Studien Südamerika zweimal nordische Ty. pen empfangen hat durch ráumlich und zeitlich ver- schiedene Wanderungen. Die erste derselben, die miocäne, brachte Biren, Procyoniden, Didelphiden u. s. w. nach Südamerika, Tiergruppen, welche nach Nordamerika erst pleistocän von Südamerika aus eingewandert sind. Die zweite der erwiihnten Wenderungen fällt in den Beginn des Pleisto- äns ; sie brachte nach Südamerika Mastodon, Kat- zen, Schweine, Hunde, Pferde u. s. w. sowie den Menschen. Es scheint nicht, dass durch diese zweite Wanderung Cuculiden nach Siidamerika gelangten, wohl aber drangen umgekehrt siidameri-: kanische Crotophaginen und Coccyzinen nach Nord- amerika vor. Das Wenige, was wir bis jetzt úber die Paläontologie der Vigel wissen, scheint hiermit in Einklang zu stehen. Die Gattung Dynamopterus, welche Milne Eduards aus dem Eocän von Frank- reich beschrieben hat, schliesst sich am ehesten den Phénicophainen an. Auch die Musophagiden fehlen nicht im iilteren und mittleren Tertiär von Europa. Es ist daher sehr wahrscheinlich, dass die hier vorgetragene Schilderung von der Enwicklung der Cuculiden durch weitere paläontologische Beo- bachtungen gefestigt werden wird. Litteratur. 1) Beddard, F. E. — On the structural cha- racters and classification of the Cuckoos. Proc. Zool. Soc. London, 1885, pag. 168-187. 2) Beddard, F. C.— The structure and the classification of birds. London 1898. 3) Æürbringer, M. — Untersuchungen zur Morphologie und Systematik der Vogel. 2 Bde, Amsterdam, 1888. 4) Madarasz, Gyula. — Ornithologische Sam- melergebnisse T. Biros im Neu-Guinea. Termeszet. Füzetek vol. XXII. Buda-Pest. 1899. p. 379-428, (p. 411 Cacomantis cast.) o) Pycraft, W. P.— Contribuiton to the osteology of birds. Part VI: Guculiformes. Proc. Zoolog. Soc. London, 1903, vol. I, p. 208-291, E RN 6) Shufeldt, R. W. — The skeleton in Geo- coccyx. Journal of Anat. and Physiology. vol. XX, London, 1886, p. 244-266. PI. VILIX. 7) Shufeldt, R. W. — The osteology of the Cuckoos. Proc. Amer. Phil. Soc. vol. XL, 190.0. Oligs Pl. E Novas contnbuigtes para a cenbholegia do Brau POR HERMANN VON IHERING (Com as estampas IV, VIII e IX) A) — As collecções ornithologicas do Museu Paulista O Estado de São Paulo é, com relação à sua avifauna o mais bem estudado de todo o Brazil. Os nossos conhecimentos não se limitam apenas ao registro de mais ou menos todas as especies oc- correntes no territorio do Estado ; tambem com re- lação é biologia e à distribuição geographica tem sido trabalhado muito, com satisfactorio resultado. E” verdade, que já em tempos idos, Spix, Lichten- stein, Burmeister e outros especialistas forneceram boas contribuições para o conhecimento da nossa fauna ornithologica; mas, de facto, a primeira ex- ploração systematica do territorio paulista foi rea- lizada pelo eximio naturalista Johann Natlerer, que percorreu o Estado nos annos de 1818 a 1223, re- colhendo aqui nada menos de 47% especies de aves. Os leitores de nossa Revista encontram informações detalhadas sobre a actividade de Natterer no vol. V, p. 13 e seg. Desde então nenhum outro viajante, naturalista ou colleccionador, conseguiu resultados se- melhantes: mas o naturalista-viajante do nosso Mu- seu Sr. Ernesto Garbe, cuja fé de officio em nosso instituto assignala uma fecunda actividade, tem fun- dadas razões para algum dia poder igualar-se ao seu illustre e celebre predecessor. As suas viagens abran- geram não só as mais variadas zonas do nosso Es- tado e das regiões limitrophes, mas estenderam-se tambem, em excursões demoradas, ao Amazonas e ahi especialmente ao seu afiluente o rio Juruá, e alem disto ao Estades da Bahia, do Espirito Santo e Minas Geraes. As duas ultimas viagens que em- prehendeu tiveram por objecto a exploração biolo- gica do Rio São Francisco e os resultados ornitho- logicos dessas excursões, ao menos na parte que encerra novidades scientificas, constituirão boa parte do assumpto aqui desenvolvido. Quando em 1893 me foi confiada a direcção do: Museu Paulista, vim encontrar colleeções de aves armazenadas por um amador, e desde logo iniciei a respectiva classificação no que, seja dito de pas- sagem, me auxiliou grandemente o estudo ao qual ha muitos annos me havia dado, da avifauna do Rio Grande do Sul. Infelizmente o então prepa- rador do Museu, sr. G. Künigswald julgou oppor- tuno publicar o catalogo da nossa colecção do Mu- seu, organizado por minha ordem, dando-lhe o ti- tulo de «Ornis von São Paulo». Esse catalogo pro- visorio, de forma alguma isento de erros, enume- rava o material contido na colleeção do Museu e, en- cerrando um grande numero de aves do Brazil septer- trional, não representava absolutamente uma lista das. “aves de São Paulo. Em tempos já protestei contra semelhante abuso e lastimo que então a redacção do «Journal fiir Ornithologie» tivesse tão poucos conheci- mentos da fauna brazileira que considerasse tal escripto como sufficientemente amadurecido para poder en- trar para o prélo. Tomando tudo isto em conside- ração, não nos resta sinão deixar inteiramente de lado aquelle primeiro escripto referente à nossa col- lecção, de todo imprestavel. Só depois de remo- delado quatro vezes esse catalogo, que publiquei de collaboração com o meu filho Rodolpho, poude dar uma idéa da nossa colleeção, encerrando ao mesmo tempo uma boa resenha da distribuição de cada uma das especies encontradas no Brazil. Quem quizer dar se ao trabalho de revêr a li- teratura ornithologica destes ultimos 5 ou 19 annos, poderá verificar que o Museu Paulista figura sempre citado ao lado das grandes collecções particulares dos senhores von Rothschild e Conde v. Berlepsch, cujas collecçôes são enormemente ricas em especie bra- zileiras, e ao lado dos museus de Londres, Miinchen, Vienna, Paris, ete. Em todo o caso não é grande o numero da- quelles museus que se avantajem ao nosso em re- lação à avifauna brazileira. De 1801 especies e sub- species da fauna do nosso paiz (1550 especies, 251 subspecies) já se acham representadas 1258 em nossa collecçäo e, com relação a ninhos e ovos de aves brazileiras, as nossas collecções serão talvez as mais ricas. O acondicionamento e a conservação podem ser considerados perfeitos. Os couros de aves abran- gem dez armarios duplos, de 34 ou 36 gavetas cada um, e as tampas destas gavetas, providas de encaixe com macho e femea, fecham por assim dizer hermeticamente. Tal dispositivo e ainda a constante fiscalização e um bom envenenamento dos especimens, preservam a nossa collecçäo contra qualquer damno que se pcderia temer da parte das traças, besouros e outros bichinhos nocivos. A unica difficuldade com que luctamos, devido ao clima e à humidade do ar, é o bolôr; comtudo tambem neste sentido a continua vigilancia e algumas pinceladas de ether sobre as partes do couro atacadas de bolor tem dado resultados bastante satisfactorios. Em cada uma das gavetas mantemos uma caixinha com um pouco de camphora e naphtalina e um pequeno recipiente do vidro com essencia de mirbana; preferimos esta ultima drega (nitrobenzina) ao creosoto, porque a sua acção contra o bolor é igualmente boa, tendo a vantagem de não prejudicar as cores dos especimens. Em todo o caso é certo que para o manejo das ga- vetas uma droga liquida tem os seus inconvenientes, e seria muito mais vantajoso poder substituil-a por qualquer preparado solido, volatil. que nos valesse efficazmente nessa lucta contra o bolôr. A collecçäo de aves do Museu comprehende duas secções distinctas. No andar superior do edi- ficio, franqueado ao publico, figura a collecçäo de especimens empalhados; com relação a ella esfor- çamo-nos por substituir as peças deficientes por espe- cimens artisticamente preparados e aos quaes pro- curamos dar um agrupamento o quanto possivel na- tural. Essa transformação que não póde deixar de ser lenta, é natural que o publico não a perceba ; comtudo em todas as secções ella progride e tende a um aperfeiçoamento de todas as collecgdes. A outra secção, inteiramente a parte, formando a col- lecção de estudos, acha-se em uma das salas do andar terreo e alem dos já mencionados armarios em nu- mero de dez, comprehende mais 28 caixas grandes, igualmente bem fechadas, que contêm os couros das grandes aves. Accrescem ainda a collecçäo de ni- nhos e mais 4 armarios com ovos. Todo o ma- terial está bem estudado e augmenta-lhe o valor scientifico o facto de terem passado pelas mãos dos melhores especialistas todos aquelies especimens cuja identificação mais dificil poderia ser objecto de du- vida ; não queremos deixar de lembrar os nomes dos srs. conde Hans von Berlepsch e E. C. Hellmayr, que nos prestaram relevantes serviços neste sentido. Por intermedio deste ultimo collega foram-nos compa- _rados os nossos pequenos Tyrannidas, de classifica- ção tão difficil, com os typos guardadcs nas colle- cções de Vienna, provenientes das caçadas de Nat- terer. Naturalmente, no correr desses estudos tam- bem foram por nós encontradas algumas especies novas para a sciencia. Passarei a mencional-as na lista seguinte, e duas das mesmas, Guracava dif- ficuis lh. & Ih. e Phylloscartes paulista lh. & th. figuram na estampa colorida (Est. JV) que acom- panha este trabalho, limitando-me de resto a citar a respectiva descripção no Catalogo das Aves, pag. 271-72. Os typos contidos na nossa colleeção de aves são os seguintes : Gisella theringi B. Sharpe Monasa nigrifrons ilapurana Ih. & lh. Galbacyrhynchus leucotis innotatus 1h. Piaya cayana guarania Ih. Thamnophilus juruanus Ih. Myrmotherula pyrrhonota amazonica Ih. Myrmotherula brevicauda juruana Ih. Myrmotherula garbe: 1h. Picumnus caipira Ih. Picuinnus sagittatus sharper h. Dendrornis juruana Ih. Dendrocoluptes juruanus Ih. Dendrocolaptes plagosus tardus Ih. & Ih. Guracava dafjicilis Ih. & th. Phyllescartes paulista lh. & Ih. Thryothorus genibarois jurwanus Ih. Emberizoides herbicola ypirangana Jh. & Ih. Einberizoides herbicola itararea lh. & Ih. Xanthornus cayanensis valenciobuenor Ih. O fim principal dos nossos trabalhos não foi o de descobrir especies novas, mas muito antes apro- fundar os conhecimentos da nossa avifauna, procu- rando esclarecer principalmente as condições biolo- gicas das nossas aves, as suas migrações e a sua distribuição. Varias contribuições n'este sentido en- contram-se nos volumes precedentes desta revista e aqui mesmo, em continuação a estas linhas, prose- gulmos na mesma taréfa. Uma das maiores difficuldades, tanto com re- lação às aves como em qualquer outro trabalho de systematica, depara-se nas complicações da nomen- clatura e na interminavel synonymia. Nao seriam tamanhos os aborecimentos si as regras internacio- naes de nomenclatura fossem effectivamente obser- vadas. Um dos primeiros desses axiomas é o em- prego de nomes latinos, respectivamente o de nomes de origem não latina, em fórma latinizada, Mas a despeito disto vemos ainda hoje empregados nomes como «colibri», «Suiri-i», «Hoazin» e outros. Por nossa parte deixamos de acceital-os, 20 menos em- quanto não fôr votada nova regra, peia qual os nomes genericos terminados em «i» devam ser mudados em «1S». — 416 — O respectivo conselho da regra de nomenclatura internacional devia ser tomado por regra geral, forma em que, quasi correntemente os autores norte- americanos a observam e applicam. Um outro artigo das regras de nomenclatura estabelece que sejam aproveitados para a classificação sómente aquelles escriptos de auctores que se utili- zaram da nomenclatura binaria de Linné, mas não obstante, muitos collegas norte-americanos conservam os nomes de Brisson. Outros auctores permittem a existencia de «Sper- mophilus» e «Spermophila», «Pipile» e «Pipilo» etc., procedimento este que por si mesmo se condemna, pois que por esta fórma se torna impossivel distin- guir os nomes de familias e subfamilias que se eri- girem para os grupos que tenham: taes nomes ge- nericos por typo. Os respectivos . conselhos dados neste sentido pelas regras internacionaes de nomen- clatura merecem, pois, ser transformados em pres- cripções, relevando mesmo notar, que muitos au- ctores norte-americanos já adoptaram tal forma. A estricta observação das normas da prioridade, não só com relação à data da publicação das diversas obras como tambem no que diz respeito às especies descriptas ra mesma publicação, evita muita confusão. De todo inadmissiveis são as correções grammaticaes nos nomes genericos e especificos. Tal qual como o auctor escreveu os nomes do genero ou da especie, assim os devemos conservar na nomenclatura, sem nos importarmos da sua forma grammatical, acertada ou falsa, ou si elles nos parecem adequados ou so- nóros. Nem o proprio auctor tem o direito de mo- difical-os posteriormente, uma vez qre tenham sido publicados. Entretanto claro está que 20 ser transferido de um genero para outro, o adjectivo deve tomar o genero do novo nome generico. Só em um caso especial, em se tratando evidentemente de erros ty- pographicos, são admissiveis as pequenas modificações que se tornam necessarias; quando por exemplo uma especie brazileira, dedicada ao viajante Langs- dorff, for estampada como langsdoffi claro é que podemos corrigil-a em langsdorffi. Da mesma forma não se pode criticar a modificação do nome Thrio- thorus em Thryothorus feita por Vieillot, porque o proprio auctor corrigiu o erro typographico no proprio volume da publicação. As melhores consi- derações escriptas nestes ultimos tempos sobre as questões mais discutidas da nomenclatura. são ao meu vêr as de Gregory Matthews, nas Novitates Zoologicae do Museu de ‘Tring, vol. XVII, 1910, p. 492 sgs., em que entre outras defende as seguintes proposições : «auctores não binominaes não devem ser reco- nhecidos» ; «nomina nuda devem ser rejeitados». «a lei da prioridade deve ser cumprida à risca». Comparando bem esta orientação com a que adoptamos em nossos escriptos na Revista e no nosso Catalogo de Aves do Brazil, vê-se que es- tamos de pleno accôrdo e fazemos votos para que por este mesmo methodo se chegue à tão desejavel ordem em questão da nomenclatura ornithologica. Os esforços empregados neste sentido e que encerram não pouco trabalho do mais serio, deverão servir de base para as proximas elucidações complemen- tares. Em todo caso é por esta fórma, combinando OS principios a seguir, que devemos procurar a so- lução capaz de a todos satisfazer, e não por meio de votações ou ainda pela enumeração dos nomes «validos», em listas computadas mais cu menos apressadamente. As nossas resenhas anteriores sobre as aves occorrentes no Estado de S. Paulo fcram comple- tadas em nosso Catalogo de 1967, a ponto de enu- merar 697 especies paulistas. Actualmente a colle- cção exposta ao publico consiste em 1000 especi-. mens empalhados. emquanto que a collecção de estudo encerra 60987 couros. Pode-se dizer que já se acham representadas na colleeção do Museu 3/4 partes das especies de aves brazileiras. O total de especies de aves hoje reconhecidas como occorrentes no ter- ritorio paulista, eleva-se a 689 especies e 6 sub- — 418 — species, ao todo, portanto, mais ou menos 700 for- mas, e é certo que com a continuação dos estudos esta c fra ainda deverá crescer Por outro lado vi- me obrigado a eliminar da nossa lista os nomes de certas especies que antigamente foram consideradas como ocorrentes no Estado de S. Paulo, mas com relação às quaes não foi possivel obter a compro- vação indubitavel. Em todo caso, porem, esta cifra de 700 especies é bastante elevada, tomando em consideração o territorio relativamente restricto. Abrangendo uma area quasi duas vezes maior, a avifauna da Ailemanha conta apenas 490 especies, subspecies e variedades; o total das especies de aves dos Estados Unidos da - merica do Norte não ultrapassa 768. Ja conhecemos sufficientemente bem a distribuição das respectivas especies nas varias zonas do nosso Estado e neste sentido não é muito o que agora accrescentarei aos dados já publicados. Em seus traços geraes temos de reconhecer z00- eeographicamente, duas regiões distinctas no Estado de S. Paulo, a saber, a costeira, que abrange tam- bem as florestas das serras adjacentese a região do sertão, occupada pela maior parte pelos campos e cuja fauna se acha intimamente ligada à dus Es- “tados adjacentes. Salientaremos, porém, que ao mes- mo passo que a fauna da zona flcrestal costeira continuamente empobrece tanto em numero de in- dividuos como de especies, a zona do sertão é con- stantemente enriquecida pela entrada de especies, vindas do Oeste. E’ facto notavel e geral que a fauna dos campos de Matto Grosso, de Goyaz e Minas Geraes invade cada vez mais o Estado de S. Paulo. Em certos casos o proprio povo prestou attenção ao caso, como por exemplo o diz o proprio nome da chamada «cobra nova», Drymobius bifossatus. Quando Natterer viajou no Estado de São Paulo em principios do seculo passado, em parte alguma elle encortrou o «João de barro» (Furnarius badius Licht.), o qual já agora tomou conta não só do valle do Parahyba como tambem se encontra nos arredores das cidades de S. Paulo e Campinas. Assim tambem é possivel que muitas das 220 especies paulistas nao colligidas por Natterer e que agora figuram nas collecções do Museu Paulista, só tenham vindo para o Estado de S. Paulo posteriormente a 1820. Por toda parte, ao examinar a composição da fauna do nosso Estado, deparamos com modificações mais ou menos recentes. A falta de leis de caça e protecção às aves, a extensão das zonas povoadas a immensa devastação das mattas, a destruição da fauna pelos trabalhadores das estradas de ferro, tudo isto contribue para empobrecer e transformar de modo deploravel a riqueza natural da fauna e flora do nosso Estado. E” nosso desejo intenso poder contribuir com este nosso appeilo para que os po- deres competentes volvam a sua attenção a estes problemas de conservação das nossas mattas e da nossa fauna. como tambem já o dissemos no artigo anterior referente à protecção das aves Nao se trata aqui de lastimações sentimentaes, mas sim de serios vicics economicos, problemas cujo estudo e desenvolvimento pretendemos investigar. Até certo ponto é dificil dizer quaes as modificações da flora e da fauna que devemos attribuir à influencia do homem no correr dos ultimos quatro seculos, visto como não existem os necessarios dados sobre a nossa historia natural nos tempos coloniaes. O unico do- cumento do qual nos podemos servir neste sentido, com relação ao seculo XVI, são as cartas tão apre- ciaveis do venerando P.e José de Anchieta. São essas epistolas que nos ensinam que naquelles tempos existia o peixe-boi Trichechus manatus no litoral do nosso Estado; que então, como ainda hoje, em certos tempos appareceram ahi os pinguins, (Sphe- niscus magelianicus Worst.) ; que os rubres guards e papagaios de toda especie ahi eram communs. Hoje o bello guard se acha de todo extincto nesta zona e na Serra do Mar quando muito se encon- tram pequenos bandos de periquitos, tendo desappa- recido de todo os papagaios legitimos, as aráras, tucanos e tantos outros elementos da fauna do li- voral do Brazil meridional. As nossas riquezas naturaes começam agora a gozar daquella sympathia de que tanto precisam para que sejam effectivamente conservadas, e, attingindo ellas tambem circulos mais amplos, como já tive- ram a sancção official pela instituição das festas das aves e das arvores nas escolas, fazemos votos para que estes sentimentos tão louvaveis se concretizem em providencias judiciosas sem as quaes nunca pode- remos alcançar os fins que nos propuzemos. Na Al lemanha, na Hungria e nos Estados Unidos da Ame- rica do Norte não ë mais preciso confiar tanto na acção dos «birds days», porque os governos, as municipalidades e a policia asseguram ahi aos cantores plumados da floresta muito outra garan- tia e protecção que não lhes podem proporcionar as mais amplas sympathias e as mais bellas fes- tas escolares. B)— Novas observações sobreninhos e ovos de aves do Brazil Tendo-me dedicado com certa preferencia ao “estudo biologico das nossas aves, já publiquei os re- sultados de minhas observações nos volumes IV e V desta Revista e num trabalho sobre Tyrannidas im- presso em 1904 no periodico «Auk». Hoje continüo nesta taréfa e à descripção dos objectos novos da nossa collecção desejo accrescentar algumas considerações de caracter geral. Até agora não se fizeram estudos comparativos nem sobre os ninhos nem sobre os ovcs das nossas aves. Os ob- servadores limitam-se a reunir os dados e isto quasi exclusivamente com relação aos ovos. O meu tra- balho será outro, comparativo. Grande, e talvez mesmo a maior parte dos ovos sulamericanos accu- mulados em varios Museus e collecções particulares é material comprado de commerciantes e cheio de enganos. Não só que elles não se acham na altura do estudo scientifico para fiscalisar os dados que lhes foram transmittidos, mas tambem os proprios fornecedores dos ovos causam enganos e muitas vezes são victimas de mystificações por parte dos caçadores, que lhes juntam um passaro qualquer ao ninho que vendem. Foi assim que as nessas pri- meiras publicações contem asserções menos verda- deiras, que successivamente já foram corrigidas, e o mesmo aconteceu ao sr. A. Nehrkorn e ao British Museum. Frequentemente os negociantes vendem ovos de aves que entretanto não vivem nas locali- dades indicadas. (Comparando a verdadeira distri- buição geographica, os enganos da synonymia e as dimensões da ave e de seu ovo, é possivel descobrir muitos erros. Se conhecemos o ovo de certa especie e recebemos o de ontra congenere que é maior, o res- pectivo ovo não pode ser menor. Em muitos generos ou mesmc familias a confizuração do ovo e sua côr é uniforme, caracteristica, e o conhecimento destes factos nos pode guiar. A base de toda a nossa classiêcação é o con- juncto de caracteres morphologicos que o exame das diversas especies nos fornece. Os dados biologicos em geral não são de valor decisivo para o estudo systematico, mas não obstante merecem a maior attenção. A d:fficuldade não está na reunião das obser- vações e seu julgamento criterioso, mas ella nasce com a comparação e conseguinte penetração philo- scphica do assumpto. Os diversos caracteres que nos servem para o systema zoologico. muitas vezes não se desenvolvem parallelamente ou mesmo são con- tradictorios. O problema então está, para ficar com nosso exemplo das aves, em decidir si a conformação do bico, a descripçäo das remiges da aza, das rec- trizes da cauda, dos escudos do tarso, da concre- scencia dos dedos, etc. merecem mais attenção do que outros caracteres. Ha numerosos caracteres adaptivos, que reflectem a maneira de viver e que se podem repetir dentro dos diversos grupos natu- raes e outros que por hereditariedade são transmit- tidos dos predecessores da familia de geração em ge- ração. Sem conhecer a phvlogenese da familia não podemos formar juizo certo sobre o valor systematico dos diversos caracteres morphologicos, e estudos desta ordem são poucos, e para maitos problemas as res- pectivas investigações nem sequer ainda foram co- meçadas. Nestas circumstancias as informações que a bio- logia nos fornece devem ser consideradas como ins- tructivas, e às vezes são como verdadeiros fachos de luz que iluminam o problema. No correr deste estudo tere: occasião de illustrar esta affirmação. Desde o anno de 1904 em que publiquei no «Auk» o meu estudo sobre a biologia das Tyran- nidas recebi varios ninhos novos e ovos que em alguns pontos esclarecem a posição systematica dos respectivos passaros. Refiro-me particularmente aos generos Onychorhynchus e Myrobius. O ninho de On. swainson: Pelz. que em seguida descrevo, lembra o de Myiobius barbatus. Quem vê os ninhos de Myrobius barbatus e naevius um ao lado do outro, não pode duvidar que estas aves pertencem a ge- neros distinctos. De facto as duas especies são dif- ferentes de modo que os dous autores que trataram da classificação das Tyrannidas no ultimo decennio, R. Ridgway e H. o. Berlepsch insistem na neces- “sidade de dissolver o genero, cuja especie typica é M. barbatus. Ridgway acceitou o nome Myiophobus Rei- chenb. para o agrupamento de M. naevius e espe- cies alliadas. Segundo Ridgway (I. c. p. 353) o ninho de Onychorhynchus mexicanus & «pensile, enclosed within a mass of loose straggling material» e o ovo branco-amarellado tem uma corda de man- chas escuras. Na fauna de Brazil ha uma ave só que com relação ao ninho e ovo é comparavel a Ony- chorhynchus e esta é Myobius barbatus. O ninho delle é uma bolsa incluida em baixo por outra, que na parte inferior é aberta e os ovos são de côr pardo- pallida, côr raras vezes representada nesta fomilia, sendo os de Onychorhynchus ruivo-pardos. E” claro que o desenvolvimento do bico e das pennas occi- ptaes do Onychorhynchus representara uma modi- ficação extrema e por este motivo os dados biolo- gicos que venho de expôr são de valor para o co- nhecimento das relações naturaes do genero. A separação de Mizophobus e Myiobins recom- menda-se assim tanto pela biologia como pelos ca- racteres morphologicos. Outro pequeno grupo de especies alliadas entre si 4 o de Myiozetets e Pr- tangus cujos ninhos grandes e cobertos o caracte- risam, como tambem os ovos que são do typo dos das Elaineinas. Deixando estes dois generos fora das T'yranninas, estas se compõem de aves fortes com bico grosso, provido de compridas cerdas na base, e todas ellas constroem ninhos simples ou tigelas chatas e poem ovos densamente salpicados cujas manchas mostram a tendencia de estender-se no rumo axial do ovo. A's Tyranninas pertencem os generos: Megarhynchus, Conopias, Myiodynas- tes, Syristes, Hirundinea, Myiarchus, Empidono- mus, Muscivora, Tyrannus. Parece que as Platyrhynchinas, Serpophaginas, Elaineinas e outras subfamilias de H. v. Berlepsch são bem fundadas ou justificaveis. mas existem duvidas que merecem ser examinadas quanto a Arundinicola, cujo ninho coberto em forma de bolsa os approxima às Pla- tyrhynchinas. Outra familia para a quala biologia nos dá vali- osas informações é a das Dendrocoloptidas e chamo a attenção do leitor às informações dadas no respe- ctivo capitulo. Estou longe de dar valor demasiado aos dados fornecidos pela biologia. Na discussão da familia dos Icteridas o leitor ha de encontrar informações singu- lares sobre os ovos do «vira bosta», Molothi us bona- riensis que costuma pôr sens ovos nos ninhos de outras aves. Na região do Rio da Prata e no Rio Grande do Sul este passaro põe alem dos ovos salpi- cados, outros que são puramente brancos. Provavel- mente estes ultimos ovos são postos em ninhos fecha- dos de Anuinbius etc; mas em todo caso a ave não tem tal costume em S. Paulo e Rio de Janeiro. A cor do ovo neste caso não tem importancia dentro da mesma especie, mas em outros casos ella é constante no genero ou para toda a familia. A mesma especie de Molothrus é interessante por outro caso de variabilidade, tendo no Brazil meri- dional e na Argentina femeas bruno-escuras, ao passo que as mesmas na Bahia (Molothrus bonariensis sert- ceus) são pardo cinzento-claras. As femeas são diffe- rentes e os machos são iguaes. Ligeiras differenças bio- logicas observam-se tambem às vezes entre os repre- sentantes da mesma especie brazileira, do Norte e d» Sul. O ninho de Myrozetetes similis da Bahia é outro do que em São Paulo e os ovos da Bahia são menores, o que tambem se da com os de Zanagra sayaca. A variabilidade das especies não se limita aos caracteres externos da ave; ella se manifesta tam- bem na organização interna e na sua Liologia. Por este motivo é de desejar que o estudo biologico das aves ganhe maior numero de amigos entre nós. Sem o gue Huler e eu fizemos, é pouco o que resta de dados exactos e o que não poderia ser este ramo da sciencia se, em vez de dous, uma duzia de obser- vadores conscienciosos, distribuidos sobre o vasto territorio do paiz tivessem trabalhado ao mesmo tempo! E os que querem prestar reaes serviços à ex- ploração scientifica do paiz devem saber que pouco, bem pouco até agora está feito e que ama compen- sação ideal das mais ricas espera os amigos da na- tureza que a este assumpto quizerem dedicar o seu tempo com paciencia, energia e perseverança. Das aves da -matta virgem por exemplo, bem pouco é o que sabemos. Fam. IBIDAE Harpiprion cayennensis (Gm.) O sr. R. Krone descreveu o ovo no «Estado de S. Paulo» de 10 de Abril de 1903, dizendo que en- controu o ninho na Ribeira de Iguape em Outubro, na altura de 5 m. sobre o chão entre os galhos de —- 425 — uma arvore de «pau d’alho» e que consistia n'um simples amontoado de galhos seccos juntados sem mais cuidado, assemelhando-se ao da garça Hero- dias egretta (Gm.), O ovo, que mede 47: 39 mm,, é de casca pouco lisa, com numerosos póros chatos e de côr uniforme pardo-azeitonado. Fam. TINAMIDAE Crypturus adspersus vermiculatus (Temm.) O sr. Garbe trouxe de Itapura, S. Paulo, tres ovos que medem 54:40 mm. e são de côr cinzento- encarnada clara. Fam. CAPRIMULGIDAE Hydropsalis furcifer (Vieill.) De S. Lourenço, Rio Grande do Sul, recebi tres posturas que mostram a variabilidade da côr, ora branco-amarellada com mistura de cinzento, ora amarellada com leve tom de côr de rosa. O desenho consiste em numerosos pontos e linhas largas es- curas. As medidas variam de 28,5 por 23,3 e 29,5 por 23 mm. Esta descripção combina com a de Oates no Catalogo do Brit. Museum e com a de Nehrkorn de «Macropsalis forcipata», da Argentina, especie que não occorre naquelle paiz. EHiwdropsalis torquata (Gm.) Tenho presentes dois ovos de Joazeiro, Estado da Bahia, colligidos por E. Garbe em Janeiro de 1913. O campo do ovo é pallido, amarello aver- melhado, com manchas superficiaes, pardo-escuras e outras profundas mais pallidas e com linhas curtas e garatujas amarello-pardas. As medidas são 28 por 20 mm. Esta nossa descripção corresponde 4 de Nehrkorn. — 426 — Macropsalis creagra (bp.) Sob o nome de Hwdropsalis psalurus Bp re- cebi do sr. Schlüler um ovo, de Sta. Catharina, o qual não combina com furcifer, especie que aliás não vive em Sta. Catharina e que pelo desenho e tamanho se distingue tambem de Æydropsalis torquata. As dimensões, 31,5 por 2i mm., são mais consideraveis e as manchinhas são mais numerosas e formam no polo rombo uma larga corôa que occupa todo o polo. Nao me coustando que de HH. torquata existisse em Sta. Catharina uma subspecie muito maior, julgo muito provavel que este seja o ovo de Macropsalis creugra. Stenopsis longirostris (Bp.) Os ovos que o sr. E. Garbe obteve em Joa- zeiro, Est. da Bahia. no mez de Janeiro de 1913 medem 25 por 18,7 e 24 por 18 mm. O campo é de côr branco-amarellada, as grossas manchas e largas linhas do desenho são de côr parda. Este ovo é differente do typico de St. longirostris do Chile e, não conhecendo actualmente a relação da ave de Joazeiro com a especie acima indicada, li- mito-me a dar a descripção do ovo. RNannochordeiles pusillus (Gculd) (Est. VIII, fig. 3) A ave não é rara em Joaze:ro, onde o sr. Garbe em Janeiro de 1915 achou 4 posturas de 1 e 2 ovos que jaziam entre os cascalhos que cobrem o chão e cuja côr possuem. Os ovos são de forma oval, de campo branco-amarello com numerosos salpicos e manchinhas pardas superficiaes e pro- fundas; só em um dos ovos este desenho forma uma longa corda ruivo-parda perto do polo. As dimensões são de 25 por 18 e 25 por 19 mm. e portanto um pouco maiores do que as que Nehrhorn indica e menores do que as da collecçäo do British Museum. Chordeiles acutipennis (Bodd.) Os ovos que o sr. Garbe trouxe de Itapura me- dem, 20,5 por LO 2.) por 20 e 30) por 20 mms, variando tambem de côr. Acho notavel o facto de variar o comprimento do ovo de 26,5 até 30 mm. entre as posturas provenientes da mesma localidade. Caprimulgus rufus (Bodd.) (Est. VII, fig. 4) Um ovo que temos da Argentina é brancacento, lustroso e mede 32 por 23 mm. Os que recebi do sr. Ænslen em S. Lourenço, Rio Grande do Sul são de campo amarellado-pallido, um com mais, o outro com menos manchas e medem 32,5 por 24 e 34 por 23 mm. As medidas indicadas por Nehrkorn são por conseguinte muito diminutas. Caprimulgus oceliatus (7:ch.) Alem dos ovos descriptos no vol. V desta Re- vista pag. 30, recebi outro do Salto Grande do Pa- ranápanema, que mede 28 por 20,9 mm. Os ovos salpica ‘os, de 20 por 17 mm., que Nehrkorn des- creve como provenientes desta especie, pertencem por conseguinte a outra ave; não conheço ovo tão pequeno de Caprimulgidas brazileiras. As medidas serão «27:20 mm» e será talvez o ovo de C. par- vulus. Caprimulgus parvulus (Goull) (Est. VIII, fig. 5) Dois ovos de Ypiranga, S. Paulo, medem 27,5 a 28 por 20 mm. e são de côr amarello-avermelhada, pallida com salpicos, manchinhas e garatujas par- das. Dois outros do Paraguay, do Puerto Bertoni, que devo ao sr. Arnold W. Bertoni, medem 27,5 por 20 e são de côr clara, branco-amarella com as manchinhas apagadas. — 428 — Nyctibius griseus (Gm.) (Est. VIII, fig. 2) Estou hoje na agradavel situação de poder com- pletar as informações dadas anteriormente (1. c. vol. IV p. 257) e de confirmar completamente as observações de Goeldi. O sr. João Lima, prepara- dor do Museu, caçou perto do Museu, na varzea, em 21 de Outubro de 1913, um sacho desta especie que chocava um ovo, servindo-lhe de ninho a pe- quena cóva na superficie de uma arvore secca, que- brada, de 7 cm. de grossura. No ponto em que quebrára o tronco da arvore morta, na altura de 2 m. havia uma pequena cova de 3,5 a 4,5 cm. de diametro e de 5 cm. de profundiaade. Nesta cóva sem segurança nem preparo algum jazia o ovo. Este é de forma oval regular, um pouco mais grosso no meio, de côr branco-cinzenta, com manchinhas pequenas pardas e outras intensamente rouxas, que num dos polos formam uma corôa pouco distincta. As dimensões do ovo são 40,5 por 30 mm. Dos dous ovos que até agora se conhecem, um esta no British Museum e o outro no Museu Paulista. Fam. CUCULIDAE Tapera naevia (L.) Já descrevemos o ovo desta especie à pg. 374 deste volume. Fam. TROGONIDAE Trogon viridis (L.) Do sr. W. Æhrhardt recebemos da Colonia Hansa, Sta. Catharina, o ninho occulto num cupim que estava preso ao tronco de uma arvore. Os tres ovos são brancos, pouco lustrosos com algumas manchas amarellas desbotadas e medem 342 34,5: 20. mm. Trogon surucura ( Vieill.) O sr. Chr. Enslen em S. Lourenço, Rio Grande do Sul escreveu-me que o ninho é construido dentro da massa esponjosa de uma planta epiphyta. A ave limita-se a excavar esta agglomeraçäo de raizes e seu ninho está prompto. Os ovos colhidos neste ninho de S. Lourenço medem 27,3: 23; 28: 23 e 27,9: 22,8 mm; os que o sr. Arnold W. Bertoni nos mandou do Alto Paraná, são um pouco maiores, medindo 29 a 30: 33 mm. Fam. FORMICARIIDAE Batara cinerea (Vieill.) Sobre o ninho e ovo desta especie disse o sr. R. Krone no «Estado de S. Paulo» de 10 de Abril de 1903 que o ninho não é suspenso entre ramos como o de Thamnophilus, mas construido sobre base firme. «Este ninho é uma tigéla bastante larga, feita sem cuidado, de talos, barba de pau e folhas nas cipoadas quasi impenetraveis a 2 ou 3 m. sobre o chão, bem escondido. A postura dos ovos é de 3, que são de forma regularmente oval, medin- do 35-36,5 por 25-26 mm. O colorido destes ovos é um branco-escuro e nota-se perto do polo rombo uma corõa de manchas escuras bem como man- chinhas mais escuras quasi rouxas. Fam. DENDROCOLAPTIDAE Em seu ccnjuncto esta familia se nos repre- senta como bem delimitada, e, ainda a subdivisão da mesma, segundo Selater, pode ser considerada feliz. Como, não obstante, as opiniões dos autores divergem com relação a varios pontos, ha toda con- veniencia em consultar tambem os dados biologicos que offerecem os diversos representantes da familia. De accordo com o seu modo de vida, os gene- ros das Dendrocalaptidas formam tres grandes gru- pos: a) de vida terrestre, limitados em seu «habi- tat» aos campos; à) aquelles, que habitam a matta e a capoeira, vivendo a moda das Forinicariidas, e c) aquelles que trepam nas arvores e tal qual como os pica paus ahi procuram o seu alimento. Estes grupos de generos distinguem- -se tambem uns dos outros pelo seu modo de nidificação, bem cara- cteristico. As Kurnariinas que em geral habitam as planicies e os valles de rios, nidificam na terra ou fazem ninhos de barro, como o «João de Barro» (Furnarius). Burmeister encontrou um ninho de Upucerthia luscinia Burm. debaixo do telhado de uma casa, mas certamente este caso é excepcional, porque as demais especies de Upucerthia alojam os seus ninhos snbterraneos nos barrancos dos rios; como Geobates, costumam fazer um longo canal no barranco, com uma camara terminal forrada de pa- lha e folhagem. Provavelmente os outros generos das Furnariinas comportam-se do mesmo modo; ao certo sabemol-o de Lochinias. So Hurnarws con- strôe ninhos sobre as arvores, mas como elle os faz de barrc, ainda assim pode-se consideral-o como emquadrado no typo de construcção seguido pela familia. Os ovos são sempre brancos. Muito diversa é a nidificação das Synallaxinas. Os seus ninhos encontram-se sempre sobre as ar- vores ou no emaranhado da capoeira; para a con- strucção empregam ora substancia vegeta! macia e delicada, ora gravetos e espinhos. Muito frequente é entrelaçarem caracões, cabellos, pedaços de epi- derme de cobra ou de lagarto, à guisa de ornatos. A camara de incubação é forrada com folhagem macia, muitas vezes picada em pedacinhos. Os re- presentantes de Synallaxis fazem ninhos de ma- deira, isto é de galhos e gravetos, emquanto que as especies de Siplornis quasi sempre escolhem pa- lha, musgo e outras substancias vegetaes macias. Muito interessante é que os ninhos de Synalla- gts, já bastante grandes, se transformam nos generos Anumbius e Pseudoseisura em ninhos colossa s — 431 — sem que entretanto haja qualquer modificação no typo de construcção. Nos generos Phacellodomus e Thripophaga a entrada do ninho acha-se situada lateralmente, com um alargamento em forma de antecamara. Por via de regra é na camara central que se dá a incu- bação, mas às vezes a antecamara serve a tal fim, como o registraram Aplin e Venturi. Assim temos Phacellodomus e Thrypophaga intimamente ligados, ao passo que por outro lado, de Synallaxis, Anum- bius e Pseudoseisura acompanhamos uma linha evolutiva de tal forma continua, que certamente a separação de Synallaxis e Anumbius não cor- responde de nenhum modo às condições naturaes de parentesco. Os ovos do grupo Synallaxis são brancos com tom esverdeado, às vezes verde palli- dos ou como em Phlæocryptes e Limnornis de cor azul escura ou verde azulada. Muito mais homogeneo se nos apresenta o grupo das Dendrocolaplinas. A nidificação faz-se em cavidades das arvores, forradas ou não com uma camada de folhas seccas, pedacinhos de madeira pôdre, etc.; os ovos são brancos. E” isto o que se observa em todos os generos que Sclater collocou ra subfamilia das Dendrocolaptinas. Entretanto so- brevêm algumas difficuldades, devidas em parte ao facto de terem sido transferidos, posteriormente, al- guns generos para as Philydorimas, e porque tam- bem nesta ultima subfamilia vamos encontrar, em parte, egual systema de nidificação. Devemos, pois, esclarecer esta ultima subfa- milia bastante confusa, das Philydorinas. Observa- remos desde logo que aqui encontraremos certos generos que pelo seu modo de vida em nada diffe- :em das Dendrocolaptinas ; taes são os generos cujos representantes trepam nos troncos das arvores e fazem os seus ninhos nas cavidades das mesmas : Pseudocolaptes, Xenops, Xenicopsis e muito pro- vavelmente ainda Helioblelus, Philydor e alliados. Seguem-se os constructores de grandes ninhos fe- chados, feitos de galhos seccos : Coryphostera, Anum- — 432 — bius, Pseudoseisura, Limnornis, Phacellodomus, Thripophaga. A respeito do unico genero restante, Automolus, temos observações por parte de Euler, A. leucophthalmus (Wied), cujo ninho é subter- raneo. Primeiro que tudo, estranha-se neste caso que entre as aves que nidificam nas arvores ou nas cavida- des destas, appareça uma que tenha por habito fazer o seu ninho nos barrancos dos rios, em galerias sub- terraneas. Mas nem aqui não se trata de um caso de todo extraordinario, mas de uma manifestação, que tambem em outras familias e subfamilias se repete. Muito instructivo é neste sentido o genero Leptasthenura entre as Synallaxinas; L. aegitha- loides emprega algodão, capim etc. na construcção do seu grande ninho. feito ora entre touceiras, ora em cavidades das arvores. Venturi observou um ninho de L. fulginiceps paranaensis Sel. que se achava de tal forma metido em uma cavi- dade de uma barreira, que ainda appareciam as pontas dos galhos empregados ra construcção. Deste modo comprehende-se, que o primitivo habito de nidificar em qualquer cavidade se possa transformar na predilecção pelas cavidades ou gallerias na terra. Alem das Furnariinas todas e do caso que acabamos de mencionar, ha ainda outro genero cujas especies fazem ninhos na terra, e é este o genero Sclerurus. São passaros da matta, que vivem no chão, e a0 meu vêr, representam apenas um typo aberrante das Dendrocolaptinas, como o confirmam as pennas cau- daes reforçadas e com pontas salientes. Essa cauda, que caracterisa as aves trepadoras, representava um orgão muito util emquanto o passaro vivia sobre as arvores, à moda dos picapaus, mas deixou de ter toda e qualquer utilidade desde que o passaro co- meçou a viver sobre o chão. As especies de Scle rurus encontram o seu alimento sobre o chão, onde com o bico viram as folhas e os galhos cahidos, tal qual como as Grallariinas e Lochmias, em pro- cura de insectos. Tomando taes informações acima expostas por base, e revêndo o systema das Dendroco:aptidas, con- cordamos em quasi tudo com a exposição de Sclater, salvo no que diz respeito à inclusão do grupo dos generos alliados a Anwmbius na subfamilia das Phi- lydorinas. Si a reunião de furnarius e Lochimas numa só subfamilia corresponde às affinidades na- turaes vu si por difterentes modos e em tempos diversos houve uma ada2ptaçäo 4 vida no campo, é assumpto que ainda está por decidir, demandando novos estudos. Mais ainda do que Sclater, a orientação de Ridgway se distancia dos resultados da observação biologica. Não ha nenhuma base morphologica que nos obrigue a dividir as Dendrocolaptidas em duas familias e bem assim não podemos concordar com a separação de Margarornis e Pygarhicus das Den- drocolaptinas, nem tampouco com a inclusão de Xenops nas Furnsriinas. Neste sentido Ridgway se- œuiu a orientação de Garrod,e é justamente neste ponto que divergimos. Quando Ridgway diz: «que as Furnariidas tem narinas schizorhinas e as Dan- drocolaptidas as tem holorhinas», os ornithologos que não podem formar-se uma opinião segura sobre o valor morphologico de tal caracter, suppõem que se trate de uma divergencia radicale decisiva. Mas é justamente o que não se dá. Garrod não foi feliz comparando as feições do foramen nasal do craneo de Furnarius com a estructura correspon- dente, mas muito differente, de Larus. Tal diver- sidade já foi mencionada por Peddard (p. 144) e com muito mais precisão o disse Fiibringer 4 pag. 1419: «Não ligo valor algum à diversidade da con- formação das narinas; a configuração que se nota nas Furnariinas pode muito. bem ser considerada como uma differenciação secundaria da forma holo- rhina dos outros passaros trachecphones». Deixando para mais tarde a discussão mais detalhada deste assumpto, menciono apenas que já o proprio Ridgway distingue (pg. 225) especies schizorhinas nas proprias Dendrocolaptidas. De facto tal differerça consiste apenas em attingir a margem posterior du fora- mi men o apice do intermaxillar ou um pouco alem (schizorhino’ ou se tal não se dá (holorh:no). E”, entretanto, questão de muito pouca monta si o comprimento do foramen méde 1 ou 2 mm. mais ou menos. E não tem muito maisr importancia o segundo argumento capital em que se baseia Ridgway: o comprimento do dedo externo; igualando elle a ex- tensão do dedo medio isto indicaria o parentesco com as Dendrocolaptidas, e, em sendo elle mais curto, o passaro pertenceria ds Furnaridas. Um milimetro a mais ou a menos no comprimento do dedo do pê decidiria da posição do passaro nesta ou naquella familia. Estã claro que não podemos ac- celtar caracter de tão pouca valia como base para o estabelecimento de familias. Nos generos Marga- rorms e Pygarhicus a differença no comprimento dos dous dedos externos é minima, e, não obstante, Ridgway os colloca entre as Furnariidas. A orientação de Sclater é sem duvida muito mais louvavel, pois que nos seus demais caracteres os dous generos em questão mostram toda afinidade com as Dendrocolaptidas. Todos os representantes dessa subfamilia tem unia tal conformação da cauda que é evidente o seu emprego como orgão que au- xilia o passaro a trepar nas arvores, sendo que as pennas tem haste muito reforçada e rija, com ponta saliente. Representa isto una evidente adaptação, à qual devemos dar mais valor do que ao eventual comprimento um pouco maior ou menor do dedo externo. Ao meu vêr as Dendrocolaptinas devem ccn- tinuar a constituir a subfamilia como a definiu Sclater, bastando accrescentar que o comprimento do dedo externo é egual ou quasi egual ac do dedo medio. Resumindo essa nossa exposição, podemos dis- tinguir na familia Dendrocolaptidae as seguintes subfamilias : 1) Furnariinas. — Passaros dos campos aber- tos e das capoeiras nelles comprehendidas, que pro- curam o seu alimento no chão, pelo que possuem um tarso longo e forte. São de temperamento vivo, HR antes briguentos, e dotaics de voz forte, consis- tindo o seu canto em notas curtas e agudas, varias - vezes repetidas em escala descendente. Tanto os ca- racteres anatomicos como os biologicos combinam para o estabelecimento desta subfamilia. 2) Synallaxinas. — Passaros da matta e dos capões, que procuram o seu alimentc nas arvores e entre a ramagem, a modo das Formicaridas e dos passaros canóros insectivoros. A sua voz é egual. mente forte e o grito é repetido. Nidificam sobre arbustos e arvores, construindo ninbos ou com talos, musgos, etc. ou com gravetos. Os ovos são brancos com ligeiro tom esverdeado, ou as vezes são verde claros ou mesmo verde-az>l escuros. 3) Phil: dorinas. — Apenas Automolus e Sc'e- rurus gostam de viver no chão, onde fazem o seu ninho; todas as especies restantes deste grupo ha- bitam unicamente a matta. São passaros trepadores, os quaes entretanto ainda não tem as pepnas cau- daes engrossadas nem a respectiva ponta saliente, ou recurvada; comtudo pela cauda e pela confor- mação do pé devem ser considerados os precursores das Dendrocolaptinas. Nidificam nos ôcos das arvo- res e OS seus ovos são brancos. 4) Dendrocolaptinas. — Passaros trepadores, da matta, com bico ora curto e cuneiforme, ora longo, recurvado; dedo externo longo, de compri- mento egual ou quasi egual ao dedo medio; pennas caudaes com haste fort», engrossada e com ponte saliente, às vezes recurvada. Nidificam sem exce- pção em arvores Ocas e põem ovos brancos. Furnarius assimilis (Cab. d Hcine) Em outubro de 1913, o sr. Garbe observou este «João de barro» perto da Cidade da Barra, Bahia, nidificando num niaho abandonado de Pseudoseisura cristata (Spix). Os ovos são lisos, brancos, lustrosos e medem 25,09 : 19,6 e 25 : 19,0 mm. == = Cranioleuea pailida (Wel) Em uma publicação anterior (loc. cit., vol. IV p. 244) communiquei medidas falsas para o ovo desta especie, baseando-me em Nehrkorn. Não posso ve- rificar a que passaro pertence o tal ovo mencionado por Nehrkorn, mas em todo o caso elle não é o de C. pallida, que não occorre no Rio Grande do Sul (cf. H. v. Ihering, Ibis, 1599 pg. 433); talvez se trate de C. ruticilla. O ovo de C. pallida mede 20,9: 15 mm. e é de côr branca. O ninho que é feito de lichens ou «barba de pau» (Tillandsia wsneoi- des) representa uma grande massa espherica ou um pouco achatada, de 25 cm. de largura, com uma entra- da lateral. Esta não da directamente na camara dos ovos, mas o corredor descreve primeiro uma volta e as vezes cobra quasi em angulo recto. A camara não é forrada feição caracteristica esta, pela qual é facil distinguir este ninho do de Ornithzon obsolelum, que faz uma construcção muito semelhante, um pouco menor, empregando tambem o musgo ou «barba de pau», mas a camara é sempreacolchoada com seda vegetal. No jardim botanico do Museu observamos ha dous annos o ninho desta especie de Cranioleuca, - preso a 2,5 m. de altura no tronco de uma arvore; o mesmo achava-se abrigado entre os bulbos de va- rias orchideas, uma Stanhopia tigrina, e um Oncidium, e envolvido pela ramagem de uma Bigonia trepa- deira. A construcção quasi toda é feita com fibras de «barba de pau» ; a abertura lateral, inferior, dá para uma pequena camara, da qual parte um cor- redor tortuosos, que vae dar em cima e pela direita na camara dos ovos, que é larga, simples e não re- vestida. O tecto do ninho, como se vê pelo accu- mulo de excremento, parece servir de logradouro acs moradores. No mesmo ninho o passaro creou duas gerações no verão de 1912 a 13, mas nos mezes de Novembro 1913 a Janeiro 1914 sahiu uma só ninhada. A ave-mãe não se incommodava com as pessoas que passavam junto ao seu ninho; só quando lhe parecia que estavam examinando muito — ie = de perto a sua moradia, elle se subtrahia muito dis- cretamente ao eventual perigo. Comtudo não é pos- sivel dizer com segurança si a cabecinha que es- preitava pela antecaimara era a da femea ou talvez a do macho. Cranioleuca vulpina (Pelz ) O ninho foi encontrado pelo sr. Ernesto Garbe na cidade da Barra, Bahia, no mez de Outubro de i913. Este ninho estava callocado à margem de uma Jagoa numa arvore baixa pouco frondosa e formava uma bola composta de fibras vegetaes finas e paina. Us ovos são brancos, ligeiramente esverdea- dos e medem 19,5: 14,5 e 20: 15 mm. Synallaxis griseiventris Leiser O sr. Garbe observou perto da cidade da Barra, Bahia, em Outubro de 1913 o ninho, que é uma grande agglomeragao de espinhos do Cactaceo «chi- que-chique», Cereus setosus Giirk. Este ninho muito singular tem o comprimento de um metro, inclusive o tubo de entrada. Dos tres ovos da postura tenho um só, que é largo, um tanto globular, de super- ficie lisa, pouco lustrosa, e de côr verde clara. As suas dimensões são de 21,7: 18 mm. LE’ esta a unica especie de Synallaxis cujos ovos não são brancos, mas evidentemente verdes, embora de côr desmaiada. Phacellodomus ruber (Vc.ill.) O ninho foi observado com os precedentes em arvores baixas, consistindo em um volumoso amon- toado de ramos seccos. Os ovos são brancos, um pouco esverdeados e medem 23: 17; 24: 18e 25: {8 mm. Um ovo da Argentina de Phacellodomus striaticollis Lafr. et D'Orb. (ruber Burmeister nec. Vieill.) guardado em nossa collecção, mede 25: 19 mm. Até agora o ninho e os ovos desta especie = ie ainda nao haviam sido observados, mas ha pouca differença entre esta e a especie mencionada da Argentina. Pseudoseisura cristata (Spix) O sr. Garbe observou numerosos ninhos em Outubro de 1913, perto da cidade da Barra, Bahia. São construidos em arbustos ou arvores rasas, às vezes 3-4 juntos, e neste caso só 0 mais novo é habitado. Nos ninhos não habitados nidificam nu- merosas outras aves. O ovo é branco, ligeiramente esverdeado e mede 26:19, 27:19 até 27,5: 21,4 mm., sendo pois um pouco menor do queo da Ps. lophotes da Argentina. O casal de Pseudoseisura não admitte na arvore que supporta o seu ninho outras aves da mesma especie, tolerando, porem, os outros passaros. pombas, etc. que nidificam nos ni- nhos velhos abandonados. Fam. TYRANNIDAE Taenioptera irupero (Vicill.) O sr. Garbe obteve varias vezes na cidade da Barra, Bahia, no mez de Outubro, os ovos deste passaro. Elle nidifica em arvores ócas, em ninhos velhos de Pseudosersura e em cupins, sem preparar ninhos ou fórro algum. Os ovos são de côr branco- amarellada com ou sem salpicos; o polo rombo é bem marcado, ao passo que o outro é pontagudo. Por este motivo e pela differença do colorido du- vido que o ovo figurado por Oates e Reid Pl. 11, fig. 15 pertença a esta especie. Os ovos de Taen. irupero são só parcamente salpicados no polo rombo. Os nossos exemplares medem 2% por 17 e 24 por 16,9 mm. e combinam com a descripçäo de Nehr- horn, bem como com os ovos provenientes da Ar- gentina. = Agi = Fluvicola albiventer (Spix) (Est. VIII, fig. 6) Os nossos ovos da Argentina medem 19 por 13,9 até 20,3 por 11,2 mm.;os de Santa Catharina 20 por 14,4 mm. Os salpicos do polo rombo são: pouco numerosos e as vezes quasi que faltam. Fluvicola pica (Bodd.) O nosso ninho proveniente da Venezuela foi des- cripto no vol. V, 1902, pg. 294 desta Revista. (is ovos medem 20 por 14-15 mm., são brancos, dous tem salpicos pardos pouco numerosos no polo rombe; o outro exemplar é uniformemente branco. Fluvicola climazura (Vrill.) (Est. IX, fig. 1, ninho) O ninho que o sr. E. Garbe nos trouxe da ci- dade da Barra, Bahia, Outubro de 1913 é uma bolsa que estava na margem do banhado, suspenso: na ponta de uma arvore baixa e mede 34 cm. de comprimento e 16 cm. de largura. E' uma con- strucção pouco artistica, feita de raminhos seccos, folhas de macega e talos de gramineas que no meio incluem numerosos flocos de algodão. A en- trada, bastante larga, prolonga-se no pedunculo de suspensão e não ha alpendre. A camara central é forrada com pennas, os ovos são largos no polo rombo, pontagudos no outro, lisos, um pouco lus- trosos, com pontos e salpicos pardos no polo rombo, às vezes pouco numerosos e faltando às vezes com- pletamente em um dos lados. As medidas dos ovos variam de 18 por 14,6; 19 por 14; 2° por 14,6 mm. Todirostrum cinereum (L.) O ninho bem conservado que o sr. E. Garbe- obteve na cidade da Barra, Bahia, em Outubro: de 1913, é uma bolsa sespensa na ponta de um arbusto — 440 — de espinhos da catinga. O comprimento do ninho é de 42 cm. inclusive o longo apendice caudal; a sua largura importa em 8 cm. As paredes grossas do ninho consistem em fibras e talos de gramineas, entrelaçando numerosos flocos de algodão. O enfeite exterior consiste em folhas seccas. Os ovos são brancos, de forma estreita com o polo anterior acu- minado, pouco lustrosos e medem de 19 por {1 até [7,9 por 12 mm. Cyanotis rubrigaster (Vicill.) Os ovos que tenho de Iguape medem 16,5 por 12 e 17 por 15 mm. e correspondem à descripção dada nesta Revista, Vol. IV, p. 230. Hemitriccus diops (Temm.) Recebi do sr. Arnold W. Bertoni um ninho do Paraguay, que é uma bolsa suspensa, de 20 cm. de comprimento por 9,5 cm. de largura, feito de barba de pão e musgo é enfeitada na superficie com fo- lhas de fetos e musgo. A entrada, que pela parte superior tem um alpendre, mede 42 mm. de dia- metro. Myiobius barbatus mastaealis (Wicd) (Est. VIII, fig. 9, ovo e Est. IX, fig. 3, ninho) O sr. E. Garbe teve a sorte de obter em Theo- philo Ottoni, Est. de Minas Geraes, o ninho desta especie, que combina perfeitamente com a descripção de Euler, reproduzida nesta Revista, vol. IV, p. 49. A bolsa do ninho é em baixo coberta por outra mais larga, incompleta, aberta em baixo e que cobre a entrada do ninho. O nosso exemplar consiste em crina vegetal com mistura de talos, musgo e folhas e tem o comprimento de 50 cm., sendo o diametro exterior de 18 cm., o da bolsa do ninho de 8 cm. Os ovos que medem de 19,2 por 13,5 e 19,5 por 14 mm. são de forma oval, com pouca differença entre = Hi = os dous polos e de campo pallido pardo-amarello, com uma corôa de manchinhas pardas confluentes, que em um ovo fica situado pouco abaixo do polo rombo, emquanto que no outro está perto do meio do ovo. Os ovos que no catalogo do British Mu- seum II p. 203 são mencionados como sendo desta especie, nada tem de ver com ella e são de Myro- bius fasciatus. E' singular que sejam tão differentes os ninhos e ovos de duas especies apparentemente tão alliadas como Mytobius barbatus e Myrobius fasciatus ou naevius, caso já discutido na introducção do capitulo. Pyrocephalus rubinus (Bcdd.) Os ovos da nossa colleeção correspondem à descripçäo e medem 16 por 13 e 17 por 12 mm. Onychorhynchus swainsoni (P¢/2.) (Est. VIII fig. 8, ovo e Est. IX, fig. 2, ninho) O sr. E. Garbe trouxe de Theophilo Ottom, Minas, um ninho com 3 ovos, que obteve em De- zembro de 1908. Os ovos correspondem as des- cripções publicadas, sendo porém o seu campo de côr pronunciada ruivo-parda e medem 20 por 15,5 -16 mm. O que é novo para a sciencia é o ninho, que forma uma bolsa suspensa, de 28 cm. de com- primento e de 16 cm. de largura e cuja entrada de 4,9 cm. de diametro está situada bem em baixo. O ninho é feito de talos, barba de pão, raizes, ete. e enfeitado por fora com folhas seccas. Leptopogon amaurocephalus Cal. O ninho, que «ainda não era conhecido, recebi do sr. Arnold W. Bertoni do Paraguay, que o col- leccionou em Setembro de 1903. E” uma bolsa fe- chada, feita toda de musgo grosso, que tem o com- primento de 21 cm. e a largura maior de 14 em.; a entrada, cuja borda :nferior fica situada a 5 cm. == AAR do fundo, méde 5 cm. de diametro; a camara é forrada de seda vegetal. Não se conhece os ovos. Ornithion obsoletum (Tenn.) Os nossos ninhos são bolsas volumosas, suspen- sas ou fixadas entre as folhas de orchideas, com- postas de lichen, barba de pau e talos; a camara é forrada com paina. A entrada é simples. Os ovos medem 17-18: 12,8-13 mm. e são brancos com uma corôa pouco densa de salpicos e manchas puncti- formes de côr rôxa apagada. Até agora estes ovos eram desconhecidos. Myiozetetes similis (S)77) Os ninhos de São Paulo correspondem à des- cripção de Euler, mas o que o sr. E. Garbe trouxe da cidade da Barra, Bahia, é differente. Este ninho é uma bolsa larga e aberta, cuja entrada grande, de 7 cm. de diametro, se acha no lado anterior. A pa- rede posterior do ninho prolonga-se para cima em um appendice solido de 32 cm. de comprimento e 5 em. de diametro, que estava ligado ao redor de um grosso galho. A bolsa do ninho tem a largura de 14 cm. e a altura de 18 cm., sendo feito, como o appendice, de talos de gramineas, entre os quaes se entrelaçam massas irregulares de paina. Os ovos dos quaes tenho 12 exemplares são brancos com salpicos pardos ora numerosos ora es- cassos. As medidas variam entre 22:15,5 e 23: 15 mm. sendo pois menores que os que temos de Iguape (25: 17). Não noto differenga entre as aves de S. Paulo e Bahia e por isto estranho as differenças apontadas entre cs ninhos e ovos pro- venientes dos dous Estados, parecendo-me valer a pena examinar o caso em series grandes. Myiarchus tyrannulus bahiae Lerl.e Lev. O snr. E. Garbe achou tres ovos chôcos numa arvore ôca em Joazeiro, E. da Bahia, no mez de = 445 Novembro de 1913; recebi só um dos mesmos. O ovo differe da descripção de Oates (p. 209 PI. V fig. 10) pela forma mais alongada, medindo 23,0. 16, 5 mm. Empidonomus varius (Vil) O sr. Garbe obteve em Joazeiro, Bahia, no mez de Novembro de 19!3 varios ninhos e postu- ras desta especie. Os ovos são conhecidos, o ninho é uma simples construcção chata, assentada entre os galhos divergentes de um pequeno arbusto e é feito de tals finos de gramineas e outras plantas, dispostas concentricamente. Este genero constrre, pois, o ninho simples, pequeno e chato, à maneira dos generos Myiarchus e Tyrannus. Fam. COTINGIDAE Xenopsaris albinucha (Bum.) (Est. VIII, fig. 10) O sr. Garbe observou este passaro em Joazeiro em 1911 e na cidade de Barra em 1913, nos me- zes de Outubro a Dezembro. Não os encontro1 fora desta epoca, em que era bastante commum na catinga, onde no alto dos arbustos espinhosos constroe os ses ninhos, uma simples tijela rasa de 8 cent. de diametro, feito de talos finos, algodão. folhes e pennas. Os ovos são de forma oval-conica, brancos ou brarco-amarellos sem lustro, com numerosas manchas pequenas e sal- picos de côr parda, mais numerosos no polo rombo, onde formam uma larga coroa que às vezes é pouco distincta. Os ovos medem 16,5: 12 mm. até [RD Simm. Ao meu ver Ridgway tem toda razão excluindo esta especie da familia das Tyrannidas, visto que o tarso é taxaspideo. Na face posterior do tarso dis- tinguem-se duas series de escudos relativamente grandes. As Tyrannidas tem sempre 0 tarso exas- pideo. — Jp Pachyrhamphus viridis (Viiil.) Na cidad2 da Barra, no mez de Outubro o sr. Garbe observon o ninho construido na ponta de ga- lhos. Os ovos são de côr cinzento-parda, clara, pouco lustrosos com o polo anterior agudo, o posterior pouco grosso. Manchinhas e garatujas de côr pardo - desbotada formam em baixo do polo rombo uma larga corda. bem desenvolvida e larga em alguns exemplares, estreita e pouco visivel em outros e algumas manchas se encontram às vezes ainda no meio do ovo. s dimensões dds ovos são 20,5: 14 ate CU tae oy: O ovo que o catalogo do British Museum fi- gurou com este nome (PI. VI, fig. 9) é de outra especie. Provavelmente vem do sr. R. Krone, que me induziu a descrever nesta mesma Revista, Vol. VI, p. 233,sob o nome de «Legatus albicollis» um ovo de Pachyrhamphus. Agora deu-se um caso semelhante com o Bri- tish Museum. Assim todo o material de ovos com procedencia de Iguape deve ser posto em quaren- tena, até que observadores exactos e conscienciosos próvem a sua authenticidade. Pachyrhamphus rufus (bodd.) O sr. Garbe trouxe de Baurû um ninho, ob- tido em Novembro de 1900, gue consistia em uma grande massa de material macio, suspenso entre tres galhos divergentes e medindo 18: 21 cent. A entrada de 4,5 cent. de diametro acha-se collocada na parte inferior, a camara estende-se para o fundo. O material de que o ninho é :on- struido consiste em musgo, crina vegetal, paina e por fóra o ninho é revestido com algumas folhas é talos. O ninho continha 4 ovos que medem 21-22: 16 mm. O campo do ovo é de côr de chocolate claro, mais escura do que na especie precedente e a corôa de manchinhas escuras no polo rombo é i larga e as manchas confluem e estendem se sobre grande parte do ovo, o que causa a impressão de um ovo mais escuro do que é em realidade em re- lação ao seu campo. Chasmorhynchus nudicollis (Vcill.) O sr. R. Krone publicou no «Estado de S. Paulo» de 10 de Abril de 1903 a descripção do ni- nho e do ovo; segundo taes dados esse ninho tem a forma de uma tijela rasa, que no seu feitio lembra os ninhos dos pombos, tendo o diametro de 16 cent. O ovo é de forma mais ou menos oval e mede 38: 29 mm., sendo a sua cor parda vermelhada, e tem no polo rombo uma corôa formada por manchas de côr pardo-escura. Fam. MIMIDAE Mimus saturninus arenaceus Cli. Segundo as observações do sr. Garbe feitas em Joazeiro, Bahia, em Novembro de 1913, este pas- saro põe os seus ovos ora om ninhos que constroe em arbustos, ora em ninhos velhos de Pseudoseisu- ra cristata. Os ovos são lustrosos, de forma alon- gada ou subglobular, com salpicos menores ou maio- res, às vezes com uma corda de manchinhas con- fluentes no polo rombo. As dimensões communs são de 28:21mm., mas ha tambem de 29:20,5 e ou- tros que medem 21 :21 e 25,5 :21mm. Fam. SYLVIIDAE Polioptila leucogastra (Wid) (Est. VIII, fig. 12) O sr. Garbe trouxe ninhos e ovos da Cidade da Barra, Bahia, obtidos em Outubro de 1913. O ninho é uma simples tigela chata, feita de talos de gramineas e outras plantas, dispostas concentri- AIDES camente; por fora a construcção é ornada de al- cumas folhas. (is ovos são brancos, ligeiramente esverdeados com salpicos e manchinhas pardas, que formam uma corda no polo rombo; as suas dimen- sões são de 16:12 12,7 mm. Fam. TANAGRIDAE Cypsnagra hirundinacea (Less.) (Est. VIII, fig. 11) O sr. Garbe obteve um ninho com 3 ovos em Novembro de 1904, em Itapura, E. de S. Paulo. O ninho estava collocado entre tres galhos diver- gentes e fixado por teias de aranha e o3 respecti- vos saccos de ovos. O ninho é construido de talos finos de raizes e forrado de seda vegetal. O re- vestimento externo consiste em teias de aranha, pappus de compositas e pennas de aves. A abertu- ra da tigela tem um diametro exterior de Sômm. e o interior de 52 mm. e a sua altura é de 70 mm. Os ovos são de forma oval, pouco lustrosos, de côr pallido-azul com manchinhas e salpicos pretos no polo rombo, onde formam uma corda. Alguns sal- picos encontram-se tambem no resto do ovo. Às dimensões variam de 22 : 16,9 a 225: 16 «e 25 17 mm. Fam FRINCGIELIDRE Myospiza aurifrons (Spix) O ninho que o sr. E. Garbe trouxe do Rio Juruá, Amazonas, é uma tigela profunda, construida de talos e raizes, cujo diametro exterior é de 10 cm. e em outro tanto importa a sua altura. Os ovos são um pouco lustrosos, brancos e medem 19,5-20 : 15 mn. Os ovos da Argentina que no Catalogo do British Museum são descriptos sob o — = nome ae peruana bp. nao pertencem a esta espe- cie, mas a uma outra, M. manimbe Licht.. Nosso Museu possue M. aurifrons do Rio Juruá mas do resto do Brazil desde o Rio Grande do Sul até Matto Grosso e Maranhão só temos M. manimbe. A culpa da classificação falsa do British Museum cabe à respectiva Handlist, cujas indicações de loca- lidades são demasiado superficiaes. O genero Myospiza encerra apenas duas espe- cies, ambas da America meridional e será mais ra- zoavel considerar M. aurifrons como subspecie amazonica de M. manimbe. Os ovos de Myospiza são brancos, os de Ammodromus genero da America do Norte, são salpicados. O Catalogo de A. Nehr- korn descreveu por engano um ovo de Ammodro- mus como sendo o de Myospiza e proveniente do Brazil. Coryphospingus pileatus (lcd) O sr. E. Garbe achou em Joazeiro, E. da Ba- hia, o ninho que se achava collocado em um ar busto e continha dous ovos. Estes são de forma oval com pouca differença entre os polos, pouco lustrosos e de côr pallido-azul, medindo 19 : 14, 8 e 19,5 : 15 mm. Dous ovos que a nossa collecção possue da Venezuela medem 19 : 15e 20 : 16mm. e são brancos, mas é possivel que tenham perdido a cor azulada. Até agora não era conhecido o ovo desta especie. Cory phospingus cristatus (Gm. Scbre os ovos desta especie divergem as opi- niões. Burmeister, Euler e Allen dizem que o ovo é branco-azulado com numerosos salpicos pardos, e Nehrkorn descreve-o como sendo branco e medindo 18 : 14 mm. A differença das medidas de Allen (21-22 : 16 mm.) é muito grande e talvez o ovo mencionado por Nehrkorn seja o de G. pileatus. = MS — Paroaria dominicana (L.) O ninho que o sr. Garbe observou em Cidade da Barra, Bahia, no mez de Outubro, costuma ser con- struide em arbustos de espinhos, bem escondido en- tre as suas folhas. Os ovos, que se encontram em numero de 2-3 em cada ninho, medem em geral 24 : 16 mm.; 'vanando de: 21: 16 jaté 24 90d mm. O campo do ovo é branco-esverdeado, lus- troso e por toda a parte densamente coberto de salpicos pardos, que no polo rombo formam às ve- zes uma corôa pouco distincta. Neus Betvdee zur Qmithologie Brasilins (Mice ar. TEL: VEL. 1 A—Die ornithologischen Sammlung- en des Museu Paulista Der Staat São Paulo ist in bezug auf seine Vogelwelt der best kekannte Brasiliens. Nicht nur, dass wir im Wesentiichen die im ‘Territorium des Staates lebenden Vügel so ziemlich alle kennen, sind wir auch schon recht weit in der Erkenntnis von deren biologischen Gepflogenheiten und ihrer geographischen Verbreitung fortgeschritten. Wenn auch schon in älterer Zeit durch Spix, Lichtenstein, Burmeister und andere Fachgelehrte gute Beiträge zur Kenntnis unserer ornithologischen Fauna gelie- fert wuerden, so verdanken wir doch die erste sy- stematische Durchforschung des Gebietes unseres Staates nur dem ausgezeichneten Naturforscher Johann Natierer, welcher in den Jahren 1818 bis 1823 den Staat bereiste und nicht weniger als 477 Arten von Végeln in São Paulo erbeutete. Die Leser unserer Zeitschrift sind durch meinen Artikel in Band V p. 13 über Natterer's Wirksamkeit unterrichtet. Seit jener Zeit hat nie wieder ein anderer Reisender, Forscher und Sammler einen ähnlichen Erfolg auf- weisen kúnnen, wie Natterer ; aber der reisende Naturalist unseres Museums, Herr Ernst Garbe, wel- cher schon auf eine äusserst fruchibare Titigkeit im Dienste unserer Anstalt zuriickblicken kann, hat begriindete Aussicht, dem Beispiele seines beriihm- — 450 — ten Vorgängers würdig zu folgen. Seine Reisen galten nicht nur den verschiedensten Gegenden un- seres Staates und der Nachbarstaaten, sondern er- strecken sich in grüsseren Expeditionen auch zum Amazonas und besonders seinem Nebenflusse, dem Rio Juruá, ferner nach den Staaten Bahia, Espirito Santo und Minas Geraes. Seine letzten beiden Tou- ren galten der biologischen Erforschung des Rio São Francisco und die ornithologischen Resultate dieser Expeditionen, soweit sie fiir die Wissenschaft Neues enthalten, sollen in Folgendem mitgeteilt werden. Als ich 1893 mit der Leitung des Staatsmu- seums betraut wurde, fand ich als Grundstock eine eróssere, von einem Liebhaber zusammengebiachte Sammlung von ausgestopften Vügeln vor, zu deren Klassifikation ich sofort schritt, ein Unternehmen, das mir ausserordentlich erleichtert wurde durch die im langjährigen Studium der Ornis von Rio Grande do Sul gewonnenen Erfahrungen. Leider beliebte es dem damaligen Präparator der Anstalt, G. Konigs- wald, den in meinem Ausftrag entwo:fenen Kata- log unserer Sammlung unter dem Titel einer: Or- nis von São Paulo zu verdffentlichen. Jener provi- sorische Katalog, der keineswegs frei von Irrtii- mern ist, enthält die damalige Sammlung des Mu- seums, nicht aber diejenige von São Paulo, sodass zahlreiche nordbrasilianische Arten darin als hier heimisch aufgefiihrt sind. Ich habe friiher gegen die- sen Missbrauch protestiert und bedauere es, dass die Redaktion des “Journal fiir Ornithologie” so wenig Erfahrung in bezug auf die brasilianische Fauna besass, dass sie jenes Schriftstiick für druckreif erachtete. Unter diesen Umstiinden bleibt nichts anderes übrig, als diese erste, unbefugte und. un- brauchbare Bearbeitung der Saremlung unseres Mu- seums von der literarischen Benutzung auszuschlie- ssen. Erst die vierte, vollkonmene Umarbeitung unseres Kataloges, die ich in Verbindung mit mei- nem Sohne Rudolf herausgegeben habe, gibt ein zutref- fendes Bild unserer Sammlung und zugleich eine — PO TT i gute Ubersicht über die Verbreitung der einzelnen Arten im Inneren von Brasilien. Wer sich der Mühe unterziehen will, die orni- thologische Literatur der letzten 5 bis 10 Jahre durchzusehen, wird darin ausser den grossen Pri- vatsammlungen der Herren von Rothschild und Graf Berlepsch an Museen, deren Sammlungen her- vorragend reich an brasilianischen Arten sind, ne- ben jenen der grossen Museen von London, Wien, Paris, Miinchen u. s. w. das Museu Paulista regel- missig berücksichtigt finden. Jedenfalls ist die Zahl derjenigen Museen, welche in bezug anf die brasihanische Vogelwelt dem unsrigen überlegen sind; keine sehr grosse. Von mehr oder minder 1801 Arten und Unterarten (1550 species und 250 subspecies) der brasilianischen Fauna sind 1238 in unserer Sarnmiung bereits vertreten und in bezug auf Nester und Wier brasilianischer Vogel diirfte unsere Sammlung wohl den ersten Rang einnehmen. Sie befindet sich in trefflichem Zustand der Erhal- tung und ist in zehn Doppelschrinken, jeder von 34 bis 36 Schubladen untergebracht, deren mit Glasdeckel versehene Schubladen mit Nut und Fe- der schliessen. Dieser gute Verschluss in Verbin- dung mit regelmässiger Kontrolle und ausreichen- der Vergiftung hat uns in den Stand. gesetzt, uns gegen Motten, Käfer und andere tierische Schädlinge der Sammlung vollkommen sicher zu stellen; die einzige Schwierigkeit, mit der wir stets zu kämp- fen haben, ist, dem feuchtwarmen lima entspre- chend, der Schimmel. Regelmissige Behandiung der praparierten Bälge und Nachpinselung der an- gegriffenen Stellen mit Ather hat aber schliesslich zu einem recht befriedigenden Resultat geführt. In jeder einzelnen Schublade bewahren wir in einem Schächtelchen etwas Kampfer und Naphtalin und in einem Glasgefässe Nitrobenzin, oder Mirban Es- senz, das wir dem Kreosot entschieden vorzie- hen, welches ebenso günstig gegen Schimmel wirkt, wie jene Drog , aber keinen schiidl chen Einfluss auf die Farbe ausübt. Immerhin muss es betont — 452 — werden, dass das Vorhandensein von Flüssigkeit im Innern von Kasten unbequem ist und dass wir noch immer der Hoffnung leben, eine flüchtige Droge von fester Consistenz zu erlangen, welche uns im Kampfe gegen den Schimmel noch kraftiger unter- stützen soll. Die Vogelsammlung des Museums ist eine dop- pelte : zunächst diejenige, welche im oberen Stock- werk des Gebäudes dem Publikum ausgestellt ist, bezüglich deren es stets unser Bestreben ist, weni- cer gelungene Präparate durch bessere zu ersetzen und die isolierten Stiicke zu lebensfrischen Gruppen zu vereinigen. Diese langsame Verinderung in der ausgestellten Sammlung wird vom Publikum ver- hältnismässig wenig bemerkt, geht aber in allen Sektionen stetig vor sich; zweitens die Studien- sammlung, welche in einem Saale des unteren Stock- werkes untergebracht ist, und ausser den schon erwähnten 10 Schränken noch 28 grosse, herme- tisch schliessende Kisten für die grosseren Bilge einnimmt. Dazu kommen, ausser der grossen Samm- lung von Nestern, noch 4 grosse Schränke mit Hiern. Die ganze Sammlung ist vollkommen durch- cearbeitet und dadurch von ausserordentlichem wissenschaftlichen Werte, dass alle in bezug auf -ihre Bestimmung zweifelhaften Stiicke nach Europa sesandt und von hervorragenden Specialisten, na- mentlich von den Hr. C. H. Hellmayr und Graf Hans Berlepsch untersucht wurden. Die besonders schwer zu unterschcidenden klefen Tyranniden wurden von Hrn. Hellmayr in Wien mit den Typen von Pelzeln respektive mit der Sammlung von Natterer verglichen. Natiirlich sind im Laufe der Zeit auch einige fiir die Wissenschaft neue Arten von uns aufge- funden worden, die ich im Folgenden namhaft ma- che und beziiglich deren ich anch auf unseren Ka- talog verweise. Zwei dieser neuen Arten Guraca- va difficilis Ib. & Ih. u. Phylloscartes paulista th. & lh. gebe ich im Anschluss an diese Arbeit in farbigen Abbildungen (Tafel. IV), wieder, im übri- eS gen auf die Beschreibungen in unserem Katalog p. 271-272 verweisend. Diese, durch typische Arten in unserer Sammlung vertretenen Vogel sind im Vorausgehenden p. 415 aufgefiihrt. Emige von ihnen sind von verschiedenen Autoren in die Synonymie anderer Arten eingereiht, einige, von mir als Spe- cies angesehen, gelten nun als Subspecies und um- gekehrt. Im Ubrigen verweise ich in Bezug auf schon friiher vorgenommene Anderungen auf meine in Bd. VI dieser Zeitschrift p. 446 ff. gemachten Bemerkungen. Im allgemeinen kau es uns weniger auf die Entdeckung neuer Arten als darauf an, die Kennt- nis unserer Vogelwelt zu vertiefen und nament- lich ihre biologischen Verhältnisse, ihre Wanderun- gen und ihre Verbreitung zu ermitteln. Verschiede- ne Beiträge dieser Art wurden in den vorausge- henden Banden dieser Revista schon gegeben, und ein weiterer folgt in dieser Abhandlung. * * * Eine ausserordentliche Schwierigkeit bietet, wie überhaupt in aller systematischen Arbeit, so besonders auch be: den Vôügeln, die komplizierte Nomenklatur mit ihrer endlosen Synonymie. Dieser unerquickliche Zustand würde nicht bestehen, wenn die internationalen Nomenklaturregeln wirklich beach- tet wiirden. Eines der ersten Axiome dieser Art ist die Anwendung der lateinischen Namen respective auch von barbarischen Namen in latini- sierter Form. Trotzdem seen wir in der Litera- tur bis auf unsere Tage Namen wie “Colibri”, “Sui- riri”, “Hoazin” und andere sich erhalten; solange nicht etwa eine neue Regel acceptiert wird, wo- nach die auf “2” auslautenden Gattungsnamen in “is” umzuändern waren, sehen wir von der Ver- wendung solcher regelwidrigen Namen ab. Ein anderes Axiom der Nomenklaturregel ist die Verwertung nur solcber Schriften für die Klas- sifikation, deren Autoren sich des binären Systems SAME von Linné bedient haben; aber nichtsdestoweniger behalten viele nordamerikanische Kollegen die Na- men von Brisson bei. Andere Autoren lassen Na- men wie Spermoplilus neben Spermophila, Pipile neben Pepilo u. s. w. gelten, ein Vorgehen, das schon um deswillen aufs Entsch'edenste zu verur- teilen ist, weil die aus solchen Genusnamen gebil- deten Bezeichnungen von Famihen-oder Unterfami- lien-Namen sich nicht von einander unterscheiden lassen. Der betreffende ‘“‘Ratschlag” der internationa- len Nomenclaturregel verdient zur Regel erhoben zu werden, wie er ja denn auch vielfach von den nordamerikanischen Autoren beachtet, respective durchgefiihre wird. Die strenge Befolgurg der Priorität nicht nur in bezug auf Werke verschiedener Jahre, sondern auch in bezug auf Arten, welche in ein und dem- selben Werke beschrieben werden, lässt viele Ver- wirrung vermeiden: — Gänzlich unerlaubt ist die grammatikalische Korrektur der Art-und Gattungs- namen. So wie der Autor den Namen einer Gattung oder einer Art geschrieben hat, so accepti- ren wir ibn in der Nomenklatur, ohne uns darum- zu kiimmern, ob er grammatikalisch richtig ist oder nicht, ob er zutreffend und schôn befunden wird. Nicht einmal der Autor hat das Recht, den von ihm in die Wissenschaft eingefiihrten Namen nachträglich abzuändern. Natürlich richtet sich bei Ubertragung einer Art von einer Gattung in eine an- dere das Adjektiv nach dem Geschlecht des neuen Gattungsna vens. Nur in einem Falle sind kleine Anderungen an den Bezeichnungen fiir Gattung und Art zulässig, da namlwh, wo offenbare Druckfehler vorliegen. Wenn z.B. eine brasilianische dem Rei- senden Langsdortf gewidmete Art, langsdotfi ge- druckt ist, so ist die Korrektur in langsdorffi selbst- verstândlich. Ebensowenig kann man an der von Vieiilot vorgenomenen Anderung des Namens Thr10- thorus in Thryothorus etwas auszusetzen haben, M da weil der Autor noch in d: mselben Werke die Druck- fehlerberichtigung vorgenommen hat. Das Beste, was seit Langem iiber die schwe- bende Nomenklaturfrage geschrieben wurde, sind meines Erachtens die Darlegungen von Gregory Matthews in den Novitates zoologicae des Museum of Tring, vol. XVII 1910 p. 492 ss., worin er un- ter anderen die folgenden Sätze verteidigt : «nicht binominale Autoren sind nicht beriick sichtigt», «nomina nuda sind zurückgewiesen», «das Prioritätsgesetz ist streng betolgt worden». Eine sorgfiltige Vergleichung dieser Grundsät- ze mit denen, welche wir in dieser Revista und in unserem Kataloge der brasilianischen Vogel be- folgt haben, wird ohne Weiteres die Ubereinstim- mung unserer Ansicht dartun und es steht zu hoffen, dass auf diese Weise es bald zu einer Klärung der ornithologischen Nomenklatur kommen müge. Je- denfalls sind diese seit Dezennien schwebenden No- menklaturbestrebungen, in denen ein wichtiges Stiick ernster Arbeit verwirklicht ist, die Grundlage fiir weitere ergânzende Bestimmungen; denn nur auf dem Wege der Verstindigung über die zu be- folgenden Prinzipien, nicht aber durch Abstimmang und mehr oder minder rasch zasammengestellte Lis- ten lässt sich erwarten, dass ein Ergebnis erzielt werden kann, welches allseitig befriedigt. x * * Unsere früheren Aufzeichnurgen über die im Staate São Paulo lebenden Vogel wurden im Jahre 1907 durch unseren Katalog so ergänzt, dass sich die Zahl der in unserem Staat angetroffenen Arten auf 697 erhôhte. Augenblicklich umfasst die Schau- sammlung des Museums 1 000 ausgestopfte Vogel und die Studiensammlung €587 Bilge. Wir kônnen an- nehmen, dass nahezu 3/4 der Vogelarten Brasiliens bereits in der Sammlung unseres Museums vertre- ten sind. Die bisher im Staate Não Paulo nachge- om wiesenen Vogelarten belaufen sich euf 689 Arten und 6 Unterarten, mehr oder minder also auf 700 Arten, eine Zahl, die begreiflicherweise bei Fortset . zung unserer Studien noch wachsen muss. Ande- rerseits aber habe ich mich gezwungen gesehen, noch eine Anzahl von Arten, welche als im Gebie- te des Stasts São Paulo lebend aufgeführt wur- de, zu streichen, weil keine unzweideutigen Belege oder Bestätigungen dafür bisher aufzutreiben wa- ren. Jedenfalls aber ist schon die Zahl von etwa 706 Arten auf dem verhältnismässig kleinem Ge- biete des Staates São Paulo eine relativ sehr gros- se. Auf fast doppelt so grossem Areal werden in Deutschland nur 450 Arten angetroffen und die cesamte Liste der Végel Nordamerikas übersteigt nicht 768 Arten. Verhältnismässig gut sind wir schon über die Verbreitung der angefiihrten Vogel- arten im Territorium unseres Staates unterrichtet und haoe ich den früher gemachten Ausführungen wenig hinzuzufiigen. In der Haptsache zerfallt in zoogeographischer Hinsicht der Staat Sao Paulo in zwei Gebiete, dasjenige der Küste und der damit in Zusammenhang stehenden Gebirgswaldungen und dasjenige des vorzugsweise von Campos eingenom- - menen Sertão-Bezirkes, dessen Fauna unmittelbar mit jener der benachbarten Staaten zusammenhingt. Wahrend nan aber die Fauna des Waldgebietes der Küste eine bestândige Verarmung an Arten und Individuen erleidet, erhôht sich die Zahl der Arten im Sertão bestândig durch Zuzug von Wes- ten her. Es ist eine allgemeine und auffallende Erscheinung, dass die Campos-fauna von Matto Grosso, Goyaz und Minas Geraes immer mehr ihren Einzug in São Paulo hält. In Einzelfällen ist das sogar dem Volksemofinden zum Bewusst- sein gekommen, so z. B. in der successiven Aus- breitung der als “cobra nova” bezeichneten Schlange Drymobius bifossatus. Als Natterer im Anfang des vorigen Jahrhunderts den Staat São Paulo bereiste, hat er nirgends den “João de barro (Lehmhans”), Furnarius badius Licht. angetroffen, welcher unter- == ag dessen nicot nur das Parahyba-Tal besetzt hat, son dern schon gelegentlich in der Nihe der Städte São Paulo und Campinas beobachtet worden ist. Gar manche andere unter den 220 von Natterer im Staate von São Paulo nicht gesammelten Arten, welche jetzt im Museu Paulista figurieren, múgen nach 1820 in unserem Staate aufgetreten sein. U- berall, wo wir den Blick iiber die Tierwelt unseres Staates schweifen lassen, stossen wir auf Verände- rung in ihrer Zusammensetzung. Der Mangel an Gesetzen über Jagd und Vogelschutz, die Ausbrei- tung der Besiedlung, die ungeheure Waldverwii- stung, die Vernichtung des Tierlebens durch die Bahnarbeiter, alles trägt dazu bei, die Tier-und Pilanzenwelt unseres Staates in beklagenswerter, trostloser Weise zu verarmen und zu verändern. Môchte doch unser Appel zu Gunsten der Schonung unserer Waldungen und unserer Tierwelt, wie er auch in unserem vorhergehenden Anfsatz über Vo- gelschutz seinen Ausdruck gefunden hat, in mass- gebenden Kreisen Beachtung finden! Es sind nicht sentimentale Lamentationen, es sind ernste volks- wirtschaftliche Misstände und Probleme, zu deren Studium und Behandlung anzuregen unser Bestre- ben ist. Bis zu einem gewissen Grade ist es ja schwierig, über die Veränderungen sich Rechen- schaft zu geben, welche das Eingreifen des Men- schen im Laufe der letzten 4 Jahrhunderte in unse- rer Tier-und Pflanzenwelt zustande gebracht hat ; denn es fehlep naturwissenschaftliche schilderungen aus älterer Zeit. Die einzige Quelle, die unserer Erkenntnis nach dieser Richtung hin fiir das sech- zehnte Jahrhundert zu Diensten steht, sind die Briefe des vercienstvollen Geistlichen Padre José An- chieta. Durch sie wissen wir, dass in jener Zeit ander Küste unseres Staates noch der “peixe boi’, Trichechus manatus L. (Manatus) lebte und wie noch heute, zu gewissen Zeiten Pinguine, Sphenis- cus magellanicus Forster an unserer Kiiste er- schienen, dass rote Ibisse, Guards, und Papageien aller Art gemein waren. Jetzt ist der Ibis ausge- — 448 = rottet und in der Serra do Mar trifft man hóch- stens noch kleine Schwärme von Periquitos, aber die echten Papageien, Araras, Tukane und so viele andere Elemente der ostbrasilianischen Kiistenfauna sind verschwunden. Môchten die Sympathien, wel- che sich der Erhaltung unserer Naturschätze ge- genwirtig in weiteren Kreisen zuwenden und wel- che auch von Seite unserer Staatsregierung durch die Einftihrung von Arbor-und Birds-days ihre offi- cielle Weihe erhalten haben, in nicht zu ferner Zeit sich zu denjenigen verstiindigen Massregeln verdichten, ohne welche wir niemals das gesteckte Ziel erreichen kénnen! In Deutschland, in Ungarn und in den Vereinigten Staaten braucht man keine Birds-days mehr, weil Regierung, Gemeindebehor- den und Polizeimassregeln den gefiederten Sängern der Gehülze einen weit sichereren Schutz garantie- ren als ihn Sympathien und Schulfeste zu leisten im Stande sind. B) — Neue Beobachtungen uber bra- silianische Vogelnester und Vogeleier Mit einer gewissen Vorliebe habe ich mich seit Langem dem biologischen Studium unserer Vogel gewidmet und die Ergebnisse meiner Beo- bechtungen im 4. und 5. Band dieser Zeitschrift und in einer Arbeit über die Tyranniden im “Auk, Jahrgang 1904 verdffentlicht. Heute setze ich meine Arbeit fort, will aber der Beschreibung neuen Materials unserer Samm- lung einige Betrachtungen allgemeiner Art voran- schicken. Bis jetzt hat man weder iiber die Ne: ster noch über die Hier unserer Vügel vergleichende Studien angestellt. Die Beobachter “beschränken sich eewohplich. darauf, Tatsachen und das fast aus- schliesslich mit Riicksicht auf die Kier zusammen- zutragen. Meine Aufgabe soll eine andere, verglei- chende sein. Ein grosser, ja vielleicht der grósste D. des Teil der südamerikanischen Vüge!l, welcher in den verschiedensten Museen und Privatsammlungen auf- gehäuft liegt, ist von Händlern aufgekaufte Waare, wobei eine Fülle von irrtimlichen Angaben mit in den Kauf genommen za werden pflegt. Nicht al- lein, dass de Verkäufer nicht auf der Hohe des wissenschaftlichen Studiums stehen, um die ihnen vemachten Angaben prüfen zu künnen, so bereiten ihnen die eigentlichen Lieferanten von Eiern auch Irrtiimer, deren Opfer diese hiinfig seitens der Jä- ger sind, welche ihnen zu einem Neste einen be- liebigen Vogel mitverkanfen. So kam es, dass un- sere ersten Arbeiten auch falsche Angaben enthal- ten, welche nach und nach schon berichtigt wur- den. Das Néimliche passierte auch dem Herrn A. Nehrkorn und dem Britischen Museum. Häufig verkaufen die Hiindler Eier von Vôgeln, die an den bezeichneten Ortlichkeiten gar nicht vorkommet. Vergleicht man die wirkliche geographische Ver- breitung, die Irrtiimer der Synonymie, die Maasse der Vügel und die ihrer Eier, so ist es môglicb, hinter viele falsche Angaben zu kommen. Wenn man z. B. das Ei einer bestimmten Art kennt und nun ein solches von einer anderen Art, welche aber grosser ist, erhiilt, so kann das Ei derselhen nicht Kleiner sein. Bei vielen Gattangen und selbst bei Familien zeichnen sich die Kier durch glei- chen characteristischen Bau und iiberemstimmende Farbe aus. Die Kenntnis von derlei Iatsachen kann uns bei der Bestimmung dienl ch sein. Die Grundiage fiir unsere ganze Klassifikation bildet die Gesammtheit der morphologischen Charac- tere, welche die Priifung der verschiedenen Arten uns liefert. Die biologischen Merkmale entbehren im Allgemeinen eines entscheidenden Wertes für das systematische Studium, verdienen aber dessen- ungeachtet die grósste Aufinerksamkeit. Die Schwierigkeit liegt nicht in der Zusammentragung von Beobachtungen und ihrer kritischen Verwer- tung, sondern sie beginnt erst mut der Verglei- chung und konsequenten pbilosophischen Durchdrin- — 460 — gung des Stoffes. Die morphologischen Charactere, welche uns zur Aufstellung des zoologischen Syste- mes dienen, entwickeln sich oft nicht gleichmiissig oder widersprechen sich sogar. Dann besteht die Aufgabe,—bleiben wir bei unserem Beispiel von den Vogelu—, zu entscheiden, ob die Schnabelbildung, die Beschaffenheit der Schwungfedern, der Steuer- federn, der Tarsus-Schilder, der Verwachsung der Zehen u. s. w. eine grüssere Beachtung verdieat als andere Merkmale. Es giebt zahlreiche Anpas- sungscharactere, welche die Lebensweise widerspie- geln und die sich innerhalb verschiedener natürli- cher Gruppen wiederholen kénnen und andere, wel- che auf dem Wege der Vererbung von den Vor- fahren der Fa-uilie von Geschlecht za Geschlecht über- liefert werden. Ohne Kenntniss der Phylog nie kônnen wir uns kein sicheres Urteil über den systematischen Wert der verschiedenen morphologischen Charactere bilden. studien in dieser Hinsicht liegen aber wenige vor uni fiir viele Probleme hat man die betreffen- den l'orschungen noch nicht einmal begonnen. Unter diesen Umstinden müssen wir die Auf- klirungen, welche uns die Biologie liefert, als lehrreich betrachten, sie sind zuweilen wahre Licht- quellen, welche das Problem beleuchien Im Verlauf dieser Studie werde ich Gelegenheit haben, diese meine Behauptung näher zu begriinden. Seit dem Jahre 1904, in dem ich im “Auk” meine Studie über die Biologie der Tyranniden ver- offentlichte, empfing ich verschiedene neue Nester und Kier, welche in mancher Hinsicht die syste- matische Stellung der betreffenden Vügel näher be- stimmen. Ich beziehe mich besonders auf die Gat- tungen Onychorhynchus und Myobius. _ Das Nest von On. swainsoni Pelz, das im Folgenden niher beschrieben wird, erinnert an das von Ayr- obius barbatus. Wer die Nester von Myiobius bar- batus und naevius, neben einander liegen sieht, kann nicht daran zweifeln, dass beide Vogel ver- schiedenen Gattungen angehóren. Wirklich sind die beiden Arten derart verschieden, dass die zwei Au- — 461 — toren, À. Ridgway und H. v. Berlepsch, welche im letzten Jahrzehnt über die Klassifizierung der Tyranniden schrieben, die Notwendigkeit der Au- flósung der Gattung, deren typische Art Adyzo- bius barbatus ist, dartun; Ridgway hat den Namen Myiophobus Reichenb. für die Gruppe des Myiobius neevius und verwandter Arten angenommen. Nach Ridgway (1. e p. 395) ist das Nest von Ony- chorhynchus mexicanus hiingend, in eine Masse losen Gezweiges eingeschlossen. Das weissgelbe Hi weist einen Kranz von dunklen Flecken auf. In der Fauna von Brasilien giebt es nur einen einzi- gen Vogel, der, was sein Nest und sein Ei anlangt, dem Onychorhynchus verglichen werden kann. das ist Myzobius barbatus. Sein Nest besteht aus einer, in eine zweite eingeschlossenen Tasche, wel- che in ihrem unteren Teil offen ist. Die Kier von Myiobius sind blassbraun, von einer Farbe, welche sonst selten in dieser Familie vorkommt, die von Onychorhynchus sind rótlich-braun. Die Ausbildung des Schnabels und der aufrichtbaren Hinterhaupts- federn von Onychorhynchus stellen selbstredend eine extreme Modifikation dar, so dass die biologischen Tarsachen, welche ich soeben anseinandergesetzt habe, von besonderen Wert für die Kenntnis der natirlichen Beziehungen der Gattungen sind. Die Trennung von Myiophobus und Myiobius wird so- mit sowohl durch die Biologie wie durch die mor- phologischen Charaktere gefordert. Eine andere kleine Gruppe unter sich verwandter Arten ist die von Myiozetetes und Pitangus, deren grosse, bedeck- te Nester sie charakterisieren ebenso wie auch die Hier, welche in ibrem Typus denen der Elai- neinen entsprechen. Sieht man von diesen zwei Gattungen ab, so setzen sich die ‘Tyranninen aus starken Vôgeln mit dicken Schnibelo, die am Grun- de mit langen Borsten versehen sind, zusammen ; sie alle bauen einfache flache Nester und legen dicht gesprenkelte Hier, deien TIlecken sich in der Axenrichtung auszudehnen streben. Zu den Tyran- ninen gehyren die Gattungen Megarhynchus, Co- ES Abe oe nopias, Myrodynastes, Sirystes, Hirundinea, My- iarchus, Emprdonomus, Muscivora und Tyrannus. Wie es scheint, sind die Platyrhynchinae, ~er- pophaginae, Elaineinae und andere Unterfamilien, welche H v. Berlepsch aufgestellt hat, gut be- griindet oder begrüudbar : Zweifel, die einer Nach- priifung wert sind, bestehen nur in Bezug auf die Gattung Arundinicola, deren geschlossenes Nest in Gestalt einer Tasche sie in die Nihe der Platy- rhynchinae bringt. Eine andere Fainilie, über wel- che uns die Biologie wertvolle Aufschlüsse giebt, ist die der Furnariiden und ich verweise den Le- ser auf die Angaben, welche in dem betreffen- den Abschnitte zu finden sind. Ich bin weit daven entfernt, die Tatsachen der Biologie zu überschätzen. In der Besprechung der Familie der Icteriden wird der J eser eigenar- tige Beobachtungen über die Kier des “Vira-bosta”, Molothrus bonarensis finden, welcher dieselben in die Nester anderer Vogel zu legen pflegt. Im Geoiete des Rio La Plata und in Rio Grande do Sul legt dieser Vogel ausser den gewodhnlichen gesprenkelten Eiern auch rein weisse. Wahrschein- lich legt er die ar in die geschlossenen Ne- ster vor Anumbius u. - keinesfalls aber hat der Vo- gel in den Staaten a Paulo und Rio de Janeiro eine derartige Gewohnheit, In diesem Falle hat die Farbe des Kies innerhalb derselben Art keine be- sondere Bedeutung, in anderen Fiillen ist sie aber in der Gattung oder in der ganzen Familie kon- stant, Die gleiche Art von Molothrus ist noch durch einen anderen Fall der Variabilität interessant. Die siidbrasilianische und argentinishe Fauna hat braun- schwarze Weibchen, wiihrend die von Bahia (M. bonariensis sericeus) hellgrau-braun sind. Wir ha- ben da also verschiedenfarbige Weibchen und gleich- farbige Miinnchen in derselben Art. Kleinere bio- logische Unterschiede beobachtet man hin und wieder auch unter anderen Vertretern derselben brasiliani- schen Art im Norden und im Siiden. Das Nest von Myioseteles sinulis von Bahia ist anders als das von Sao Paulo und die Eier von Bahia sind klei- ner, was auch bei denjenigen von Tanagra sayaca zutrifft. Die Variabilitit der Arten beschränkt sich nicht auf die iiusseren Charactere des Vogels; sie offenbart sich auch in seiner inneren Organisation und in seiner Biologie. Aus diesem Grunde wiire es zu wiinschen, dass das biologische Studium der Vogel eine grossere Anzahl von Ireunden unter uns fiinde. Sieht man von dem ab, was Euler und ich darüber verôffentlicht haben, so bleibt we- nig an exactem Tatsachenmaterial übrig, was aber nicht der Fall wire, wenn anstatt zweier eine grôssere Anzahl gewissenhafter, über das weites Landgebiet verteilter Beobachter zur gleichen Zeit vearbeitet hätten. Diejenigen schliesslich, welche der wissenschaftlichen Erforschung des Landes wirk- liche Dienste leister wollen, miissen wissen. wie wenig, herzlich wenig bis jetzt geleistet wurde. So wissen wir z. B. recht wenig von den Vügeln des Urwaldes nnd besonders von ihrem Leben. Eine reiche ideale Belohnung winkt cen Freunden der Naturforschung, welche mit Geduld. Energie und Ausdauer sich dieser anziehenden Beschiifugung wid- men wollen. Fam. IBIDAE Harpiprion cavennensis (Gm.) Herr R. Krone beschreibt das Ei dieses Vogels im “Estado de S. Paulo” vom 10. April 1903 also: Das Nest wurde am Ribeira — Fluss bei Iguape im Monat Cktober in einer Hühe von 5 m über dem Erdboden zwischen den Zweigen eines Baumes na- mens “pão d'alho” (Knoblauchbaum) gefunden; es bestand aus einein einfachen Haufen, ohne besondere Sorgfalt zusammengetragener, trockner Zweige, ähn- lich dem des Reihers (Herodias egretta Gm.). Das Ei misst Ci: 39 min, besitzt eine wenig glatte Schale mit zahlreichen flachen Poren und ist von eintônig olivenbrauner Farpe. Fam. TINAMIDAE Crypturus adspersus vermiculatus (Temm.) Herr Garbe brachte uns von Itapura, Staat Sac Paulo, drei Hier, deren Masse 54: 40 mm. sind und die sich durch eine hell graurote Farbe auszeichnen. Fam. CAPRIMULGIDAE Hydropsalis furcifer (Vieiil.) Aus S. Lourenço, Rio Grande do Sul, empfing ich drei Gelege, welche Farbenwechsel, bald gelb- lich weiss mit grauen Tünen, bald gelblich mit einem Stich ins Rosarote, zeigen. Die Zeichnung besteht in zahlreichen Punkten und breiten schwar- zen Linien. Die Masse wechseln zwischen 28,5: 23,3 und 29,5 : 23 mm Die obige Beschreibung stimmt ganz mit der von Oates im Catalog des British Museums gegebenen und derjenigen von Nehrkorn über “Macropsalis forcipata” aus Argen- tinien, einer Art, welche nicht in Argentinien vor- kommt, überein. Hydropsalis torquata (Gm.) Davon sind mir zwei Hier von Joazeiro, Staat Bahia, zu Händen, welche Hr. E. Garbe im Januar 1913 dort gesammelt hat. Der Grund des Kies ist blass rotgelb mit dunkelbraunen Flecken dariiber und anderen blasseren darunter, sowie mit kurzen Linien und gelbbraunen Sprenkelungen. Die Masse sind 28 : 20 mm. Unsere Beschreibung entspricht genau der Nehrkorn’s. Macropsalis creagra (/p.) | Unter dem Namen Hydropsalis psalurus Bp. erhielt ich von Hr. Schtiiter ein Ei, das nicht mit dem von furcifer, iibereinstimmt, einer Art, welche in Sta Catharina nicht vorkommt und welche sich auch durch Zeichnung und Grosse von demjenigen der Hydropsalis torquata unterscheidet. Die Masse, 31,9 : 21 mm., sind beträchtlicher und die Flecken sind zalilreicher und bilden am stumpfen Pol einen breiten Kranz, der den ganzen Pol einnimmt. Da mir nicht bekannt ist, dass von H. torquata in St. Catharina eine gréssere Unterart existiert, halte ich es fiir wahrscheinlich, dass dies das Ei von Macropsalis creagra ist. Stenopsis longirostris (27. Die Eier, welche Hr. E. Garbe in Joazeiro, Staat Bahia, im Monat Januar des Jahres 1915 sammelte, messen 25 : 18,7 und 24 : 18 mm. Der Grund ist gelblich weiss, während die grossen Fle- cken und breiten Linien der Zeichnung braun sind. Dies Ei unterscheidet sich von dem des typischen St. longirostris Chile's und da ich gegenwirtig die Beziehung des Vogels von Joazeiro zu dem eben genannten nicht kenne, so beschrânke ich mich darauf, eine Beschreibung seiues Kies zu geben. Nannochordeiles pusillus /Gould) (Taf. VIII, fig. 3) Dieser Vogel ist in Joazeiro nicht selten, wo H. Garbe im Januar 1913 vier Gelege von 1 u. 2 Hiern zwischen Kieselsteinen, deren Farbe sie auch besitzen, fand. Die Eier sind oval, im Grund weissgelb mit zahlreichen Flecken und oberflächli- chen und tieferen dunklen Schatten ; nur auf einem von den Eiern bildet die Zeichnung einen langen rotlich braunen Krarz nahe am Pol. Die Masse sind 25 : 18 und 25: 19 mm., folglich ein wenig grós- ser als die von Nehrkorn angegebenen und klei- ner als diejenigen der Sammlung des British Mu- seums. Chordeiles acutipennis (DBodd.) Die Kier, welche Hr. Garbe von Itapura mit- brachte, messen 26,5 : 19; 28,5 : 20 und 30 : 20 und zeigen auch Farbenunterschiede. Die Tatsache der grossen Schwankung in der Grüsse des E'es von 26,5 bis 30 mm. unter den Gelegen derselben Ortlichkeit scheint mir besonders bemerkenswert zu sein. Caprimulgus rufus (Lodd.) (Taf. VII, fig. 4) Ein Ei aus Argentinien ist weisslich, glänzend und misst 32 : 23 mm. Die, welche ich aus Rio Jrande do Sul vom Herrn Enslen in S. Lourenço empfing, sind auf dem Grunde blassgelb, eines mit mehr, das andere mit weniger Flecken und messen 432.5: 24 mm. und 34.: 23 mm. Die von Nehr- korn angegebenen Masse sind dsher sehr klein. Caprimulgus ocellatus (Tsci.) Ausser den im V. Bande unserer Revista, p. 301 beschriebenen Eiern erhielt ich noch ein wei- teres aus Salto Grande do Paranapanema, welches 28 : 20,5 mm. misst. Die gesprenkelten Hier mit den Massen 20 : 17, welche Nehrkorn als vor die- ser Species herriihrent beschrieben hat, gehóren infolgedessen einem anderen Vogel an; ich kenne kein so kleines Ei von den brasilianischen Caprimulgiden. Es muss offenbar 27 : 20 mm. heissen und ist es wohl ein Ei von C. parvulus. Caprimulgus parvulus (Gould) (Taf. VIII, fig. 5) _ Zwei Hier aus Ypiranga, São Paulo messen 27,9 bis 2& : 20 und sind von blass rótlich gelber Farbe mit Tupfen, Flecken und bräunlichen Stri- chen. Zwei andere aus Paraguay, welche ich dem Hr. Arnold W. Bertoni verdanke, messen 27,5 : 20 und sind von hellerer, gelblich weisser | arbe mit blassen Flecken. Nyctibius griseus (Gn.) (Taf. VII, fig. 2) Ich befinde mich heute in der angenehmen Lage, meine friiheren Angaben (1. c vol. IV p. 257) ergänzen und die Beobachtungen Goeldi’s bestätigen zu kúnnen. Hr. João Lima, der Präparator unseres Museums, erjagte nale beim Museum, in der Sumpfmiederung am 21. Oktober 1913 ein Männchen dieser Art. das eben ein Ei bebriitete, wobei ihm als Nest eine kleine Vertie- fung in der Oberfläche eines diirren, abgebrochenen 7 cm. dicken Baumes diente. An der Bruchstelle des abgestorbenen Baumes, in einer Fühe von 2 mn. befand sich die kleine Vertiefuny von 3,9 bis 4.0 em. Durchmesser und 5 cm. Tiefe. Darin lag ohne weiteren Schutz das Ei. Es ist regelmiissig oval, em wenig dicker in der Mitte, von weissgrauer Farbe mit kleinen, braunen und anderen stark vio- letten Fiecken, welche an einem der Pole eine nur schwach sichthare Krone bilden. Die Masse des Kies sind 40,5 : 30 mm. Von den zwei Hiern, wel- che man bis jetzt kennt, befinde: sich das eine im Britischen Museum, das zweite im Museu Paulista, Fam. CUCULIDAE Tapera naevia (L) Das Ei dieser Art wurde auf Seite 393 dieses Bandes beschrieben. Fam. TROGONIDAE Trogon viridis (L.) Von Herrn W. Ehrhardt erhielten wir von der Kolonie Hansa in Staate Sta. Catharina das Nest, welches in einem, an einem Baumstamm be- festigten Neste verborgen war. Die drei Kier sind weiss, schwach glänzend mit einigen blassgelben. Flacken und messen 34—34,5 : 25 mm. Trogon surucura (Vi) Herr Chr. Enslen in S. Lourenço, Rio Grande do Sul, schrieb mir, dass das Nest in der schwam- migen Masse einer Epiphyte sich befindet. Der Vogel beschränkt sich darauf, die betreffende Zusam- menhiufung von Wurzeln auszuhéhlen und sein Nest ist fertig. Die in diesem Neste angetroffenen Hier;, messem 2759), 1/2545. 026 15.25 und 2a eee mm ; diejenigen, welche uns Hr. Arnold W. Ber- toni von Alto Parana, Paraguay schickte, sind ein wenig grôsser und messen 29-30 : 23 mm. Fam. FORMICARIIDAE Batara cinerea (Vicill.) Uber Nest und Ei dieser Art sagt R. Krone im “Estado de São Paulo”, dass das Nest nicht an Zweigen aufgehangt wird, wie das von Thamno- philus, sondern auf einer festen Unterlage errichtet ist. Es ist eine ziemlich grosse Schale, die ohne Sorgfalt aus Zweigen, Baumflechten und Blättern in fast undurchdringlichem Gewirre von Schling- pflanzen 2 bis3m. über dem Boden, gut verborgen hergerichtet wird. Das Gelege besteht aus 3 Eiern von regelmissiger Form und 35-36,5 : 25-26 mm. Grôsse. Die Färbung dieser Hier ist schmutzig welss und man bemerkt nahe am stumpfen Pol ei- nen Kranz von dunklen Flecken sowie von kleinen schwarzen, beinahe violetten Fleckchen. Fam. DENDROCOLAPTIDAE Im Ganzen muss diese Familie ebenso als eine wohlbegrenzte gelten, wie ihre Unterabteilung durch Sclater als eine gelungene zu bezeichnen ist. Die Art, wie gleichwohl die Ansichten der Autoren in vielen Punkten divergieren, liisst es ratsam er- scheinen, die biologische Gliederung der Familie zu rate zu ziehen. Nach ihrer Lebensweise zerfallen die Gattung- en der Dendrocolaptiden in drei grosse Gruppen: eine, welche an den Aufenthalt im Camp gebunden ist, eine von Vügeln der Waldungen und Gebii- sche, welche da nach Art der Forimicariiden lebt und eine, welche, den Spechten gleich, an Bäumen klettert und trommelt. Diese verschiedenen Gruppen von Gattungen sind auch in ihrer Nistweise charac- teristisch verschieden. Die Furnariinen, welche zumeist die freien Ebenen und Flussnicderungen be- wohnen, nisten in der Erde oder bauen Nester aus Erde, wie der Tóptervogel (Furnarius). Burmeister fand ein Nest vou Upucerthia luscinia Burn. un- ter dem Dache eines Hauses, wohl ein ausserge- wohnliches Vorkommen, da die übrigen Upucerthia- Arten in den Uferbéschungen ihre urterirdischen Nester anlegen. Sie bauen ebenso, wie Geobates einen langen Kanal in die Boschung, der sich am Ende zu der mit trockenen Grashalmen oder Laub ausgepolsterten Brutkammer erweitert. Wahrschein- lich verhalten sich die anderen Gattungen der Furnariinen ebenso, sicher wissen wir das von Loch- meas. Nur Æurnarius baut freistehende Nester, aber sie sind aus Lehm gebaut, sodass der Bau- plan der Familie eingehalten wird. Die Hier sind stets weiss. | Ganz anders verhalten sich die Synallaxinen. Ihre Nester sind stets auf Bitumen oder im Ge- strüpp der Büsche errichtet und zwar bald aus wei- chem Pflanzenmaterial, bald aus diirren Astchen oder Dornen gebaut. Sehr oft werden leere Schne- ckenschalen, Haare von Siugetieren, Epidermisfe- — 470 — izen von Schlangen und Eidechsen als Zierrat eingeflochien ; die Brutkammer ist mit weichen, oft zerkleinerten Blittern gefiittert. Bei den Vertretern von Synallaxis sind die Nester aus Holz gebaut. d. h. aus dürren Astchen, wihrend die Siptornis- Arten fast immer Grashalme, Moos und weiches Pflanzemmaterial ieniitzen. Von hohen Interesse ist nun die Art, wie die schon mehr als kopfgros- sen Banten von Synallaxis sich bei den Gattungen Anumbius und Pseudoseisura zu Riesennestern ausgestalten, ohne dabei in ihrer Bauart Anderung zu erleiden. Bei den Gattungen Phacelodomus und Zripophaga liegt der Eingang zum Nest seit- lich und ist zu einer Vorkammer erweitert. In der Regel ist die versteckte zentrale Kammer der Brutraum, aber bisweilen dient auch die Vorkam- mer fiir diesen Zweck wie Aplin und Venturi angeben. So schliessen sich einerseits Phacello- domus und Tripophaga eng aneinander, anderer- seits geht von Synallaxis za Anumbius und Pseu- doseisura eine so ununterbrochene Enwicklungslinie, dass die Trennung von Synallaszæis und Anumbius etc. gewiss nicht den natiirlichen Verwandtschafts- bedingungen entspricht. Die Kier sind in der Synallaxis-Gruppe weisslich mit grünlichem Tone, zuweilen blassgriin oder selbst wie bei Phloeocrcyptes und Limnornis tiefblau oder blaugriin. Am gleichférmigsten legen die Verhältnisse bei den Dendrocolaptinen. Als Niststiiten dienen Baumhóhlen, bald mit, bald ohne Unterlage von einigen trockenen Blitern, Stiicken morschen Holzes u. s. w.; die Kier sind weiss. So ist es bei allen Gattungen, wehche Sclater zur Unterfamilie der Dendrocolaptinen stellte. Schwierigkeiten entstehen nun einerseits dadurch, das man verschiedene Gat- tungen später zu den Philydorinen gebracht hat und andererseits dadurch, dass bei letzterer Unter- familie zum Teil die gleiche Nistweise besteht. Wir haben daher die Rumpelkammer der Philydormer hell zu beleuchten. Zunächst treffen wir in dieser Unterfamilie = PE Gattungen, welche in ihrer Lebensweise sich nicht von den Dendrocolaptinen - unterscheiden. Dahin gvehoren folgende Genera, welche an Biiumen des Waldes klettern und in ihren Hôühlungen nisten : Pseudocolaptes, Xenops, Nenicopsis und ihnen werden sich héchst wahrscheinlich Helcobletus, Philydor und Verwandte anschliessen. Dann kommt die an Synailaxis anschliessende Gruppe von Erbauern grosser geschlossener Nester, welche aus dürren Astchen errichtet werden: Coryphoste- ra, Anuinbius, Pseudosesura, Linnornis, Phacel- lodomus, Tripophaga. Uber die einzige noch restierende Gattung Automolus sind wir durch Euler's Beobachtungen an A. leucophthalmus (Wied) unterrichtet; ihr Nest ist unterirdisch angebracht. Es fallt uns hier zunächst auf, dass unter den auf und in Bäumen nistenden Végeln einer erscheint, welcher in Uferbüschungen sein Nest in einer Erdgalerie unterirdisch anlegt. Wir haben es aber hier nicht mit einem aussergewohnlichen Ausnahmefall zu tun, sondern mit emer Erscheinung, die auch in anderen Unterfamilien und Gattungsgruppen sich wiederholt. Besonders instruktiv ist in dieser Hin- sicht die Gattung Leptasthenura unter den Synal- laxinen. L. aegithaloides baut aus Gras, Wolle u. s. w. ein grosses Nest, bald in Gestriippe, bald in Baumhohlen. Venture beobachtete das Nest von L. fuliginiceps paranensis Scl., welches in einer Lehmwand so in einer Hohlung eingebaut war, dass die diirren Zweige, aus denen es zusammen- gesetzt war, zum teil ausserhalb der Büschung standen. So wird es begreiflich, wie aus einem freien in einem beliebigen Hoblraum angebrachten Nest ein in der Erde verborgenes hervorgehen kann. Ausser den simtlichen Furnariinen und dea eben besprochenen Fillen gibt es noch eine weitere Gattung, deren Arten ihr Nest in der Erde anlegen, Sclerwius nimlich. Dieser auf dem Boden des Waldes lebende Vogel ist meines Erachtens nichts als eine aberrante Dendrocolaptine. Darauf weisen die verdickten, am = AB Ende vorstehenden Schifte der Schwanzfedern hin. Der Kletterschwanz diente dem Vogel als wertvolles Organ, solang er an Bäumen auf und absteigend nach Art der Spechte lebte, verlor aber alle Be- deutung als die Anpassung an das Leben auf dem Boden erfolgte. Die Sclerurus-Arten suchen ihre Nahrung am Boden, wo sie nach Art des Grall- arunae und von Lochmias abgefallene Zweige und Blatter mit dem Schnabel umdrehen, auf der Suche nach Insekten. Sehen wir uns auf Grund der vorausgehenden Krürterungen das System der Dendrocolaptiden an, so haben wir an jenem von Sclater wesentlich nur die Einbeziehung der Anum- bius-Gruppe zu den Philydorinen auszusetzem. Ob die Vereiniguag von Æurnarius und Lochmias in eine Unzerfamilie natiirlichen Beziehungen entspricht oder ob die Anpassung an das Leben im Camp mehrmals und zu verschiedenen Zeiten vor sich ging, das zu entscheiden, mag weiterer Forschung anheim gegebem werden. Noch mehr als Sclater setzt sich Ridgway mit den Erfahrungen biologischer Forschung in Wider- spruch. Die Trennung der Dendrocolaptiden in zwei Familien wird nicht durch die Ergebnisse morpholo- gischer Forschung erheiscnt, und die Lostrennung vor Margarornis und Pygarrhicus von den Den- drocolaptinen kann ebenso wenig gebilligt werden, wie die Einreihung von Xenops unter die Furna- riinen. Ridgway ist darin der Aregung von Garrod gefolgt, aber gegen diese Auffassung eben muss ich mich erkliren. Wenn Ridgway sagt: die Fur- nariiden haben die nares «schizorhin», die Dendro- colaptiden, «holorhin», so nimmt der Ornithologe, welcher nicht in der Lage ist, sich über den Wert anatomischer Merkmale ein eigenes Urteil zu bilden, an, es handle sich um durchgreifende Unterschiede. Das ist aber nicht der Fall. Garrod war wenig elúcklich, als er die etwas verlängerte Form der roramina nasalia des Schädels von Furnarius mit dem sehr differenten bei Larus verglich. Schon Beddard hat (p. 144) auf diese Diffe:enzen hinge- Et de wiesen und deutlicher hat Æärbringer die Sache abgethan, wenn er p. 1419 sagt: «auf die nasalen Verschiedenheiten lege ich kein Gewicht; die Con- figuration bei den l'urnariinae dürfte sich leicht als sekundire Diflerenzierung von der Holorhinie der anderen Tracheophonen ableiten iassen. « Indem ich mir vorbehalte, hierüber spiter Weiteres zu be- richten, bemerke ich nur noch, dass schon Redgivay selbst schizorhine und holorhine Arten bei den Dendrocolaptiden (p. 225) erwähn hat. Tatsächlich handelt es sich nur darum, ob das ovale foramen nach hinten bis zum Ende des Intermaxillare reicht, respektive etwas darüber hinaus (schizorhin) oder nicht (holorhin). Die Liinge des foramen um 1-2 mm mehr oder weniger ist aber ein Umstand ohne weiteres Interesse. Nicht anders steht es mit dem zweiten wesent- lichen Argumente von Ridgway, der Linge der äusseren Zehe. Kommt sie der Mittelzehe an Aus- dehnung eleich, so haben wir es mit Migliedern der Dendrocolaptiden zu tun, ist sie kürzer, so handelt es sich um eine Furnariide. Ein Millimeter Zehen- lange mehr oder weniger und der Vogel wird in eine andere Familie gesteckt. Familien von so schwa- cher Begriindung kann man nicht acceptieren. Bei den Gattungen Margarornis und Pygarrhicus ist die Differenz zwischen beiden Aussenzehen eine ge- ringe, trotzdem bringt Redgiway sie zu den Furnarii- den. Das Vorgehen von Sclater verdient offenbar mehr Billigung, denn in ibren iibrigen Charakteren schlie- ssen sich beide Gattungen den Dendrocolaptinen an. Alle Dendrocolaptinen haben einen ausgeprigten Kletterschwanz mit vorstehenden Spitzen der steif verdickten Schafte der Steuerfedern. Das ist eine ausgeprigte Anpassung, die húher anzurechnen ist. als eine etwas gréssere oder geringere Liinge der Aussenzehe. Meines Erachtens sind die Dendrocolapti- nen als Unterfamilie im Sinne Sclaters beizubehalten und ist bei der Definition zu sagen, dass die äussere Zehe der mittleren an Liinge ganz oder nahezu gleichkommt. =i F'assen wir die Summe unserer Darlegungen kurz zusammen, so haben wir innerhalb der tamilie der Dendrocolaptinae folgende Unterfamilien, zn unter- scheiden : | 1) Furnarunae. Vogel der offenen Ebenen und ihrer Buschwaldungen, welche ihre Nahrung am Boden suchen und daher durch langen, star- ken Lauf ausgezeichnet sind. Sie bauen ihre Nes- ter aus Lehm oder im Boden und legen weisse Kier. Sie sind lebbhaft, streitsiichtig und mit lauter Stime begabt, deren schrille kurze Téne meist oft- mals nacheinander und in abwärts steigender Scala wiederholt werden. Anatomische und biologisch? Charaktere vereinen sich in der Anerkennung dies- ser Unterfamilie. 2) Synallaxinae. Vogel des Waldes und der Waldinseln des Campes, welche nach Art der For- micariinen und der insektenfressenden Singvégel auf Biumen und Biischen ihre Nathrung suchen. Auch sie machen sich durch eine laute Stimme be- merkbar und hiiufige Wiederholung ibres Rufes. Sie bauen auf Sträuchern und Biiumen grosse Nes- ter, bald aus Halmen, Moos und so weiter, bald aus dürren Zweigen. Die Kier sind weiss mit blass- orünhchem ‘Tone, bisweilen hellgriin oder selbst dunkelgriinbiau. >) Plulydorinue. Mit Ausnahme von Automo- lus und Sclerurus, welche Vogel gerne sich am Boden aufhalten und in ihm ibr Nest anlegen, sind die Arten dieser Gruppe an den Wald gebunden, Klettervogel, denen noch die starke Verdickung der Schiifte der Steuerfedern und ihre weit vorste- hende, oft eingebogene Spitz fehit, welche aber so- wohl im Schwanz, wie in der Fussbildung als die Vorläufer der Dendrocolaptinen erscheinen. Sie nis- ten in Baumhülen und legen weisse Hier. 1) Dendrocolaptinae. Klettervogel des Waldes mit bald kurzem, meisselformigem, bald langem ge- kriimmten Schnabel, langer Aussenzehe, welche der mittleren an Linge ganz oder nahezu gleichkommt, und starken verdickten Schiiften der Steuerfedern ae A des Schwanzes, deren vorstehende Spitze oft einge- Xrümmt ist. Sie nisten ausnahinslos in hohlen biu- men und legen weisse Hier. Furnarius assimilis (Cal. Hin) Herr E. Garbe beobachtete im Oktober 1915 diesen “Lehmhans” nahe bei Cidade da Barra in Bahia, wo er in einem verlassenen Nest der Pseudoseisura cristata Spix nistete. Die Hier sind glatt, weiss, gliinzend und messen 25, 5 : 16, 6 und: 2908 19.5, mm. Cranioleuca pallida (Wied) Friiher habe ich nach Nehrkorn die Masse des Eies unrichtig angegeben (|. c. p. 244). Von welchem Vogel das von Nehrkorn erwähnte Ki stammt, ist nicht klar, keinesfalls von C. pallida, die in Rio Grande do Sul nicht vorkommt (cf. I. v. Ihering, Ibis, 1909, p. 433), wahrscheinlich von C. ruticilla Cab. Heine. Das Ei von CG. pallida misst 20, 5 : 15 mm. und ist weiss. Das Nest ist aus Flechten oder Bartmoos, Tillandsia usneoides, gebaut. Es ist eine grosse, kugelige oder etwas abgeflachte, 25 cm "breite Masse von weichem Porn Reno in welchem sich seitlich der Eingang befindet, welcher jedoch nicht direkt zur Srutkammer, sondern in sanft aufsteigendem Bogen oder fast im rechten Winkel zu ihr hinftihrt. Die Kammer ist nicht gefiittert und dadurch lisst sich das Nest leicht von jenem von Ormnitheon obsoleluin unterscheiden, welches etwas kleiner und ebenfalls aus Ilechten gebaut, dagegen aber innen mit Pflanzenseide ausgepolstert ist. Ein Nest dieser nue Art beobachteten wir seit zwei Jahren m botanischen Garten unseres Museums, wo es in 25 m. Hohe an einem Baumstamm angebracht ist zwischen den Blattbasen resp. Bulben von drei verschiedenen, dem Stamme angewachsenen Orchi- deen, einer Stanhopia tigrina, einem Oneidium und — 476 — noch einer anderen, überwuchert von den Ranken und Bliittern einer kletternden Bigonia. Die untere, seitlich liegende Offnung fiihrt in eine kleine Kammer, aus welcher ein gewundener Gang nach oben und rechts in die weite, einfache, nicht gefiit- terre Brutkammer leitet. Das Dach des Nestes, reichlich mit Excrementen bedeckt, lisst es als beliebten Ruheplatz fiir Jung und Alt erscheinen. Der Vogel führte im selben Nest im Sommer 1912- 1913 zwei Bruten aus, dann im folgenden Sommer nur eine, von November 1913 bis Januar 1914. Das briitende Weibchen liess sich durch Passanten nicht stóren, entfloh nur in sehr geschickt versteck- ter Weise, wenn man liingeren Aufenthalt vor seiner Behausung nahm. Ob freilich der aus der Vorkammer lugende Kopf jener des Weibchens war oder etwa der des Minnchens, lisst sich nicht sagen. Cranioleuca vulpina (Pelz.) Hr. Garbe fand das Nest bei Cidade da Barra, Bahia im Monate Oktober 1913. Es befandt sich am Rande eines Sees auf einem spiirlich belaubten Baum und bildete eine aus feinen Pflanzenfasern nnd Pflanzenseide zusammengesetzte Kugel. Die Hier sind weiss, etwas ins Griinliche schimmernd und messen dO 9/0 14 9 und 20 elo, allaxi riseiventris (/eiser Synall sg ent (R ) Hr. Garbe beobachtete bei Cidade da Barra in Bahia im Oktober 1913 dieses Nest, das aus einem Conglommerat von Dornen des Cactus “chique-chi- que”, Cereus setosus Gurki, besteht. Dieses einzig- artige Nest hat eine Grüsse von 1 m. inclusive der Kingangsréhre. Von den drei Hiern des Gele- ves besitze ich bloss ein grosses, ein wenig kugel- formiges mit glatter, etwas glinzender Obertliiche und hellgriiner Farbe. Die Masse sind 21,7 : 18 mm. Es ist die einzige Art von Synallaxis, deren Kier nicht weiss sind, sondern hellgriin, wenn zuweilen auch etwas verwaschen. Phacellodomus ruber (Vicill.) Das Nest becbachtete man mit dem voraus- gehenden auf niederen Bäumen: es besteht aus einem grossen Haufen von trockenen Zweigen. Die Kier sind weiss, ein wenig ins Griine spielend und messem).2o,: 19%), 24%: 18 und 29,: 18 mm. Fin Ki aus Argentinien von der Phacellodoinus striati- collis Lafr. et @Orb. (ruber Burmeister nec Vieill.) befindet sich in unserer Sammlung und misst 25 19 mm. Bis heute wurden Nest und Eier dieser Art noch nicht beobachtet, aber es besteht wenig Unterschied mit der erwiihnten argentinischen Art. Pseudoseisura cristata (Spir) Hr. Garbe fand zahlreiche Nester im Oktober 1913 bei Cidade da Barra in Bahia. Sie befinden sich an Sträuchern oder kahlen Biumen, bhisweiler 3 bis 4 beisammen, wovon in diesem alle nur das jiingste bewohnt ist. In den nicht beniitzten Nestern pflegen verschiedene andere Végel zu nis- ten. Das Ei ist weiss, etwas griinlich und misst Clee DO ep 1 Qebist2 iso: ay 2 Arm es: iste also ein wenig kleiner als das von Ps. lophotes aus Argentinien. Das Pseudoseisura-Pirchen duldet auf dem Baume, wo es nistet, keine anderen Vogel derselben Art, wiihrend es sich mit den übrigen Voegeln wie Tauben u. s. w,, welche in seinen al- ten, verlassenen Nestern nistep, ganz gut vertrigt. Fam. TYRANNIDAE Taenioptera irupero (Vicill.) Hr. Garbe sammelte verschiedene Male bei Cidade da Barra im Monat Oktober die Hier dieses Vogels. Er nistet auf kahlen Béiumen, in alten Nestern der Pseudoseisara und in Ameisenhaufen, Me ds ohne sich ein Nest zu bauen und ohne jede Aus- fiitterung. Die Hier sind weiss-gelblich mit und ohne Flecken; der stumpfe Pol ist kräftig mar- ktert, wibrend der andere zugespitzt ist: Aus die- sem Grunde und wegen des Unterschiedes in der Firbung zweitle ich, dass das bei Oates und Reid abgebildote Ei, Tafel Ill, Fig. 15, dieser Art zu- gehort. Die Kier von Taenioptera irupero Vieill. sind nur spiirlich am stumpfen Pol gesprenkelt. Unsere Exemplare messen 23 : 17 und 24 : 16,5 mm. und stimmen zur Beschreibung von Nehrkorn ebenso wie zu den Hiern aus Argentinien. Fluvicola pica (Dodd.) Das aus Venezuela starmmende Nest unserer Sammlung wurde in dieser Zeitschrift Bd. V. 1902 p. 294 beschrieben. Von den Hiern, deren Masse 20 : 14 - 45 mm. betragen und welche weiss sind, haben zwei vereinzelte, braune Spritzer am stumpfen Pole, das andere ist einfórm'g fleckenlos. Fluvicola albiventer (Spiz) (Taf. VIII, fig. 6) Unsere Eier von dieser Art stammen aus Ve- nezuela und warden im V. Band, 1902 pag. 294 dieser Zeitschrift beschrieben. Sie messen 20 : 14 mm, sind weiss; zwei haben einige wenige, braune Flecken am stumpfen Pol, ein drittes Ex- emplar ist ganz weiss. Fluvicola climazura (Vicill.) (Taf. IX, fig. 1, Nest) Das Nest, welches Hr. Garbe in Cidade da Barra, Bahia, im Oktober 1913 sammelte, besteht in einen Sacke, der am Rande eines Sumpfes an der Spitze eines niedrigen Baumes aufgehängt war und misst 34 cm in der Linge und 16 cm in der Breite. Es ist ein wenig kanstvoller Bau aus a ea trockenen Zweigen, Blittern von Unkraut und Grasstengeln, welcher in der Mitte von zahlreichen Baumwollbiischeln ausgepolstert ist. Der ziemlich breite, weite Eingang verliingert sich bis in den Stil, woran das Nest aufgehiingt ist und hat kein besonderes Vordach. Die Zentralkammer ist mit Federn ausgefiittert, die Hier sind an enem Pol stumpf und breit, am anderen zugespitzt glatt, ein wenig glinzend mit braunen Punkten und Flecken, hin und wieder mit nur wenigen, während sie zuweilen vollig fehlen. Die Masse der Hier schwanken zwischen 18 : 14,6 - 19 : 14 und 20 : 146 mm. Todirostrum cinereum (L.) Das gut erhaltene Nest dieser Art sammelte Il. Garbe in Bahia bei Cidade da Barra im Oktober 191%. Der Sack befand sich an der Spitze des Katinga-Baumes. Die Liinge des Vogelnestes beträgt 42 cm, ein- schliesslich des langen, schwanzfórmigen Anhanges. Seine Breite betrigt 8 em. Wie dicken Wände des Nestes bestehen aus Fasern und Grasstengeln, in die viele Baumwollbüschel verwebt sind. Der äussere Schmuck bestehet aus trockenen Blättern. Die Bier sind weiss, von gedrungener Form mit spitzem, vorderen Pol, wenig glinzend und messen 15 : 1! Bice poss tl cosine: Cyanotis rubrigaster (Vicill.) Die Hier, welche wir aus Iguape erhalten haben, messen 16,5 : 12 und 17:13 mm und entsprechen der Beschreibung in dieser Zeitschrift, Bd. IV p. 230. Hemitriccus diops (7emm.) Ich empfing von Hrn. Arnold W. Bertoni ein Nest aus Paraguay. Es ist eine aufgehingte Tasche von 20 cm. Länge und 9,5 cm Breite, gänzlich ere 480 == aus Baumbart und Moos gefertigt und an der Aus- senseite mit den Blittern von Farnen nnd Moos ver- ziert. Der Zugang, der in seinem oberen Teil von einem Vordach überragt wird, misst 42 mm im Durchmesser. Myiobius barbatus mastaealis (Wicd) (Taf. VIII fig. 9, Ei u. Taf. IX fig. 3, Nest) Hr. E. Garbe hatte das Gliick bei Theophilo Ottoni, im Staate Minas Geraes das Nest dieser Ari zu finden. Es entspricht vollkommen der Beschrei- bung von Euler, die im Band IV. p. 49 dieser Zeit- schrift abgedruckt wurde. Das eigentliche Nest ist unten von einem anderen liingeren, unvollständigen, unten offenen Sack, der den Nesteingang verbirgt, bedeckt. Unser Exemplar besteht aus PHanzenhaaren mit Zweigen, Moos und Blättern und hat eine Linge von 50 cm bei einem vorderen Durchmesser von 18 und innerem Sackdurchmesser vor 8 cm. Die Kier welche 19,2 : 13,5 und 19,5 : 14 mm messen, sind oval, fast ohne Unterschied zwischen den zwei Polen und haben eine blasse, braun gelbe Grundfarbe mit einem Kranz von ineinander fliessenden, braunen Fle- “cken, der bei einem Ei ein wenig unter dem stum- pfen Pol liegt, wiihrend er bei dem anderen bei- nahe in der Mitte des Kies sich findet. Die Kier, welche im Cataloge des British Museum II, 203 als zu dieser Art gehorig erwäbnt sind, haben nichts damit zu tun, gehoren vielmehr zu Myiobvus fasciatus. Es ist sonderbar, wie gross der Unterschied der Nester und Eier von zwei offenbar so nah verwand- ten Arten wie Myiobius barbatus und Myiobius fas- ciatus oder naevius ist, ein Fall, den wir schon in der Einleitung des Kapitels erótert haben. Pyrocephalus rubinus (Bodd.) Die Eier unserer Sammlung entsprechen der Beschreibung und messen 16:13 und 17: 12. — 481 — Onychorhynchus swainsoni (Pelz.) (Taf. VIII fig. 8, Ei u. Taf. IX, fig. 2, Nest) Hr. Garbe brachte aus Theophilo Ottoni in Minas ein Nest mit drei Eiern im Dezember 1908 mit. Die Kier entsprechen den bekarnten Beschrei bungen, sind aber in ihrer Grandfarbe von ausge- sprochen rotbrauner Farbe und messen 20 : 15,5 — 16 mm. Was für die Wissenschaft neu ist, das ist das Nest, welehes eine aufgehingte Tasche von 28 em Lange und 26 cm Breite bildet bei einem Durch- messer des Zugangs von 4,9 cm, der ganz unten liegt. Es ist aus Zweigen, Baumbart, Wurzeln u. s. w. gefertigt und von aussen mit trockenen Blit- tern verziert. Leptopogon amaurocephalus (Cab) Das Nest, das bis jetzt noch unbekannt war, empfing ich von Herrn Arnold W. Bertoni, der es im September 1903 gesammeli hat. Es ist eine ges- chlossene Tasche, ganz aus dickem Moos, von 21 cm Linge mit einer gréssten Breite von 14 cm. Sein Eingang, dessen unterer Rand 5 cm über dem Grund liegt, misst 3 cm im Durchmesser. Die Brutkammer ist mil Baumseide ausgepolstert. Die Kier kennt man nicht. Ornithion obsoletum (Temm.) Unsere Nester von dieser Art bilden grosse Taschen, welche an den Bliittern von Orchideen aufgehingt und aus Flechten, Baumbart und Zweigen zusammengesetzt sind. Die Nestkammer ist mit P flanzenseide gefüttert. Der Eingang ist einfach. Die Hier messen 17-18 : 12,8-13 mm und sind weiss, mit einem schwachen, verschwommezen Kranze von Flecken und Piinktchen. Bis jetzt waren die Eier dieser Art unbekannt. — 482 — Myozetetes similis (Spix) Die Eier von São Pauio entsprechen der Be- schreibung von Euler, aber die, welche uns Hr. Garbe von Cidade da Barra brachte, sind davon verschieden. Das Nest ist eine grosse, off ne Tasche, deren gros- ser Eingang von 7 cm sich auf der vorderen Seite befindet. Die hintere Seite des Nestes verlingert sich nach oben in einen festen Anhang von 32 em. Linge und 5 cm Durchmesser, der um einen dicken Ast geschlungen war. Die Tasche des Nestes hat eine Breite von 14 cm und eine Ilôhe von 18 cm; sie ist ebenso wie der Anhang aus Grashalmen, zwischen welche Baumwoile in wirren Massen ver- webt ist, verfertigt. Die Eier, deren ich 12 besitze, sind weiss mit braunen, bald zahlreicheren, bald spärlicheren Flecken. Die Masse schwanken zwi- schen 22:15,5 und 24:15 mm, sind also kleiner als die aus Iguape (20-17). Ich kann keinen Un- terschied zwischen den Végeln von São Paulo und Bahia merken, und wundere mich daher über die Unterschiede zwischen den Nestern und Kiern in den zwei Staaten, was mir der Mühe wert scheint, fer- nerhin näher zu prüfen. Myviarchus tyrannulus bahizse (Berl. & Lev.) Hr. Garbe fand drei bebritete Eier in einem hohlen Baum in Joazeiro, Staat Bahia, im Monat November des Jahres 1913, wovon ich nur eines besitze. Es stimmt nicht mit der Beschreibung von Oates p. 209 Tafel V, Fig. 10 überein, wegen seiner verlingerten Form ; es misst 23,5 : 16,5 mm. Empidonomus warius ( Veil/. I Hr. Garbe sammelte bei Joazeiro, Bahia, im November des Jahres 1913 verschiedene Nester und Gelege dieser Art. Die Kier sind bekannt. Das Nest ist ein einfacher flacher Bau zwischen den auseina- derstrebenden Zweigen eines kleinen Strauches ; es ist aus feinen Gras-und anderen P flanzenstengeln, die kon- zentrisch angeordnet sind, zusammengesetzt. Diese Art baut sonach ein einfaches, kleines und flaches Nest nach Art der Gattungen Miyzarchus und Tyrannws. Fam. COTINGIDAE Xenopsaris albinucha (Bum, (Taf. VIII fig. 10) Hr. Ernst Garbe beobachtete diesen Vogel ke: Joazeiro im Jahre 1911 uud bei Cidade de Barra, 3ahia, im Jabre 1913 in den Monaten Oktober his Dezember. Man traf ibn nicht ausser dieser Epoche, wo er dann auf dem Katingabiumen ziemlich gewübnlich ist. Er baut auf den Gipfeln dieser dornigen Sträu- cher auch sein Nest, eine einfache Vertiefung von S em Durchmesser aus diirren Zweigen, Baumwolle Blättern und Federn. Die konisch ovalen Hier sind weiss oder weissgelb, ohne Glanz, mit zahlreicher kleinen Flecken und braunen Tupfen, die besonders zahlreich am stumpfen Pol sich häufen, wo sie einen breiten Kranz bilden, der zuweilen wenig sichtbar ist. Die Masszahlen der Eier sind 16, 5: 12 bis 17, NEA À 45 Meines Erachtens hat Ridgway sehr recht, wenn er diese Art von der Familie der Tyranniden aus- schliesst, weil ibr Tarsus taxaspid ist. Auf der hinte- ren Seite des Tarsus unterscheidet man zwei Reiler von ziemlich grossen Schildern. Die Tyranniden ha- ben immer einen exaspiden Tarsus. Pachyrhamphus viridis (Vieill.) Bei Cidade de Barra fand Hr. E. Garbe im Oktober das Nest dieses Vogels auf der Spitze von Aesten. Die Hier sind graubraun, ins Weisse spie- lend, wenig gläuzend mit einem spitzen vorderen iis 484 om und wenig dicken hinteren Pol. Fleckchen und braune verwischte Spritzer bilden unterhalb des stumpfer Poles einen bald gut entwickelten breiten, bald schma- len, wenig sichtbaren Kranz ; einige Fleckchen finden sich zuweilen auch mitten auf dem Ei. Die Masse der «Bier sind 20235244 his 202 ee Das Ei, welches der [Katalog des Britsh Mu- seum unter diesen Namen abgebildet hat, (PI. VI, Fig. 5), gehôrt einer anderen Art an. Wahrschein- lich kommt es von Herrn R. Krone, der mich ver- leitet-hat, in dieser Zeitschrift Bd. IV, P. 233 unter den Namen Legatus albicollis cin Ei von Pachy- rhamphus zu beschreiben. So miissen alle Hier, wel- che von Iguape kommen, unter Quarantiine gestellt werden, bis gewissenhafte und exacte Beobachter thre Autenticität beweisen. Pachyrhamphus rufus (edd) Herr Garbe brachte aus Bahuru ein Nest, das er in November 1900 sammelte. Es bestand aus einer grossen Masse von weichem Material, das zwi- schen drei auseinander strebenden Zweigen aufge- hängt war und 1&: 21 cm. mass. Der Zugang mit einem Durchmesser von 4,5 em befindet sich unten, die Brutkammer erstreckt sich nach unten und hinten. Das Baumaterial des Nestes besteht aus Moos, Pflanzenhasr und Baumwolle, nach aussen ist es mit einigen Blättern und Zweigen bekleidet. Das Nest enthielt 4 Hier, welche 21-22: 16 min messen. Die Grundfarbe des Kies ist braun oder hell cho- kolatfarben, dunkler wie das der vorhergehenden Art. Der dunkle Fleckenkranz am stumpfen Pol ist breit, die Klecken fliessen zusammen und brei- ten sich iiber einen grossen Teil des Eies aus, was ihm ein dunkleres Aussehen gibt, als es in Wir- klichkeit in seiner Grundfarbe aufweist. Chasmarhynchus nudicollis (Veil) Hr. R. Krone hat am 10. April 1 03 im «Ks- tado de São Paulo» die Beschreibung von Nest und Ei dieser Art verôfientlicht, wonach das Nest die Form einer einfachen, flachen Vertiefung besitzt. welche in ihrer Gestalt an Taubennester erinnert und einen Durchmesser von 16 em hat. Das Ei ist mehr oder weniger oval uud misst 38: 29 mm; es ist rotlichbraun und hat am stumpfen Pol einen Kranz von dunkelbraunen Flecken. Fam. MIMIDAE Mimus saturninus arenaceus (Chap.) Nach den von Herrn Garbe in Joazeiro, Staat Bahia, im November 1913 gemackten Beobachtu- ngen legt dieser Vogel seine Hier entweder in Nes- ter, welche er selbst im Gebiische baut, oder in alte Nester von Pseudoseisura cristata. Die Eier sind glânzend, von verlingerter oder subglobularer Form mit kleineren oder grüsseren Tupfen, zuwei- len mit einem am stumpfen Pol geschlossenen Fleckenkranz. Die gevéhnlichen Masse sind 2& 21 mm, aber es gibt auch Stiicke mit 29 : 20,5 und andere, welche 24 : 21 und 25,5 : 21 mm. messen. Fam. SYLVIIDAE Polioptila leucogastra (Wied) laio Vill ners, le Herr Garbe brachte uns Eier und _ Nester dieses Vogels von Cidade da Barra, Staat Bahia, mit, wo er sie im Oktober 1913 gefunden hat. Das Nest besteht aus einer einfachen, flachen Ver- tietung aus Grashalmen und anderen Pflanzen in konzentrischer Weise zusam nengeftigt; nach aussen ist das Ganze mit einigen Blittera verziert. Die Kier sind weiss und etwas ins Grüne spielend mit brannen lupfen und Flecken, welche am stumpfen Pol einen Ring bilden. Die Grüssenverhältnisse bewegen sich zwischen 16 : 12 bis 12,7 mm. Fam. TANAGRIDAE Cypsnagra hirundinacea (Less.) (Taf. VIL, fig. 11) Herr Garbe gelangte im November 1904 bei Itapura im Staate São Paulo in den Besitz eines Nestes mit drei Hiern. Das betreffende Nest befand sich swischen drei divergierenden Zweigen und war mit Spinnengeweben und den beziiglichen Kiersäcken befestigt. Das Nest ist aus feinen Zweigen und Wurzeln gefertigt und mit Pflanzenseide ausgefiit- tert. Die äussere Bekleidung hesteht aus Spinnen- gewebe, Pappus von Compositeen und Vogelfedern. Die Brutkammer hat einen äusseren Durchmesser von 80 mm und einen inneren von 52 mm, bai einer Hühe voh 70 mm. Die Eier sind oval, wenig elânzend, von blass-bläulicher Farbe mit schwarzen Flecken und Tupfen am stumpfen Pol, wo sie ei- nen Ring bilden. Einige Tupfen finden sich auch an allen anderen Stellen des Kies. Die Masse schwanken von 22: 16,5 und 22,5: 16 und 23: 17 mm. Fam. FRINGILLIDAE Myospiza aurifrons (Spix) Das Nest dieser Art stammt von Hr. E. Garbe, der es am Rio Jurua, Amazonas, fand; es ist eine tiefe Schale (Mulde), aus Zweigen und Wurzeln mit einem äusseren Durchmesser von 10 cm und ebensoviel beträgt seine Hohe. Die Eier sind etwas glinzend, weiss und messen 19,5-20 : 15 mm. Die Eier aus Argentinien, welche im Katalog des British Museum unter dem Namen M. peruana Bp. beschrieben sind, gehüren micht zu dieser Art, sor- dern zu einer anderen, nämlich M. mamimbé Licht. Unser Museum besitzt M. aurifrons von Rio Juruá, aber vom übrigen Brasilien, von Rio Grande do Sul angefangen bis Matto Grosso und Maranhão, haben wir nur M. manimbé. Die Gattung Myospiza umschliesst nur zwei Arten, beide Südamerika angehôrend, und es wird vernünfuger sein, M. aurifrons als amazonische Un- terart von M. manimbe arzusehen. Die Eier von Myospiza sind weiss, die von Ammodromus, der nor- damerikanischen Gattung aber sind gesprenkelt. Nehr- korn beschreibt in seinem Katalog aus Versehen ein Ei von Ammodromus als das von Myospiza und angeblich aus Brasilien stammend. Coryphospingus pileatus (Wied) Hr. E. Garbe fand das betreffende Nest in Joa- zeiro, Staal Bahia, in einein Strauch, mit zwei Hiern. Letztere sinde oval, ohne merklicten Unterschied zwischen den beiden Polen, etwas glänzend, blassblau, bei einem Masse von 19: 14,8 und 19,5: 15 mm. Unsere Sammlung ist noch im Besitze von zwei anderen Eiern dieser Art aus Venezuela mit den Ausmassen von 19: 15 und 20: 16, von weisser Farbe móglicherweise haben sie die bläuliche Farbe verloren. Bis jetzt war das Ei dieser Art unbekannt. Cory pshospingus cristatus (Gnm.) Uber die Kier dieser Art gehen die Meinungen aus einander, Burmeister und Nehrkorn beschreibt es als weiss und gibt die Masse auf 18 : 14 mm. Der Unterschied mit den Masszahlen Allens (21 - 22 : 16) ist sehr gross; vielleicht ist das von Nehrkorn er- wihnte Ei das des C. pileatus. Paroaria dominicana (L.) Das Nest, das Hr. Garbe bei Cidade da Barra, Bahia im Monat Oktober beobachtete, pilegt in Dorngestriippe gebaut zu werden, unter den Blät- tern gut versteckt zu werden. Die Kier, wovon sich 2-3 Stiick in jedem Neste befinden, messen im Allgemeinen 24:16 mm, wobei aber Schwankungen zwischen: 21:16 und 24,5 : 17 vorkommen. Die Gruudfarbe ist ein Griinlich-weiss. mit Glanz und allenthalben dichtem Besatz von braunen Flecken, welche am Pole zuweilen eine wenig hervortretende Krone bilden. Explicação das Estampas (TAFELERKLARUNG) Estampa Ill Fig. 1. Phylloscartes paulista lh. & Ih. pag 414. Hier Estampa Big. 2: Seer as See da qui 6. SENA > O » 9. | » ni de > P12: Estampa Ega Due. Dr Guracava difficilis lh. & Th. p. 414. Vill. Ovos de aves, — (Vogeleier) Nyctibius griseus. p. 428. Nannochordeies pusillus. p. 426. Caprimulgus rufus. p. 427. Caprimulgus parvulus. p. A2T Fluvicola albiventer. Ovo de especie parasitica, desconheci- da, encontrado no ninho de Fluvicola albiventer. (Ei eines unbekannten, parasitischen Vogels, aus dem Nest von Fluvicola albiventer. p. 399.) Onychorhynchus swainsone. Myrobius barbatus mastacalis. Xenopsaris albinucha. Cypsnagra hirundinacea. Poliophiia leucogastra. IX. Ninhos de passaras. (Vogelnester.) Fluvicola climazura. (Vieill.) Onychorhynchus swainsoni (Pelz.) Myrobius barbatus mastacalis. (Wied) BIBLIOGRAPHIA 1911 — 1913 Zoologia do Brazil POR RODOLPHO VON IHERING Varios motivos forçaram-nos a limitar a presente Biblio- graphia aos trabalhos zoologicos publicados no correr dos annos de 1911 a 1913, quebrando assim com a velha praxe de incluir tambem as principaes memorias anthropologicas, botanicas e geologicas. Apenas algumas destas ultimas, mais ligadas aos estudos zoologicos, vem mencionadas nas ultimas paginas. Descriminando os trabalhos analysados segundo a proce- dencia dos mesmos, alguns leitores poderão reparar, talvez, que uzamos critica mais severa com relação às publicações nacionaes. E, de facto, em quasi todas as contribuições zoologicas da penna de patricios nossos. tivemos de mencio- nar senões ou ao menos a inobservancia de velhas praxes universalmente adoptadas na literatura scientifica. Bem sa- bemos que taes criticas, ainda que justas e visando tão só- mente fins mais elevados, poucas vezes nos hão de poupar as sympathias dos respectivos auctores — mas que importam taes questões pessoaes, quando o fim principal, educativo, for alcançado ? Em toda a bibliographia scientifica que nos vem do ex- terior vêmos respeitados os preceitos estabelecidos pelos con- gressos internacionaes de zoologia. No paiz mesmo temos alguns centros em que se trabalha segundo essas mesm:s normas (os Museus, Instituto Oswaldo Cruz, ete.) — procu- rem os demais trilhar o mesmo caminho, que só servira para realçar-lhes o merito e elevar o conceito que de nos fazem no extrangeiro. Aos amadores. sobretudo, é mais dificil encontrar tal «modus faciendi» ; mas por isto mesmo sempre lhes aconse- nn lhamos achegarem-se mais aos profissionaes, ouvindo-lhes os conselhos. Em qualquer dos nossos institutos em que se es- tuda a nossa fauna, estames certos, cada um dos nossos col- legas receberá com prazer o amador que se lhe apresentar com material colligido e boa vontade para estudar e — principalmente, trabalhar seriamente. Nós mesmos, profissio- naes, nunca vimos desdouro em consultar quem disponha de materiaes mais amplos ou maior practica. Muito descurada é entre nós, ainda, a consulta dos tra- balhos já publicados sobre o assumpto que estudamos. Ver- dade é que muitos dos bons estudos se acham de tal forma escondidos em revistas de pequena circulação ou em livros exgottados que é fastidioso procural-os; mas a tanto nos obriga a honestidade literaria, como é dever, tambem, men- cionar as fontes consultadas. E” por este mesmo motivo que não cessamos de recom- mendar aos nossos patricios a maior prudencia na escolha do orgão em que venham a dar publicidade aos seus trabalhos. Diagnoses de especies uovas ou communicações relativas a biologia de qualquer especie, que possam interessar os natu- ralistas de alem-mar, devem ser estampadas unicamente em periodicos amplamente diffundidos nas bibliothecas dos ins- titutos de sciencia; e ainda, para facilitar o trabalho da consulta aos collegas extrangeiros, as diagnoses devem ser acompanhadas de tradueção (francez, allemão, inglez), bem como pelo menos as conclusões. Aos scientistas que pela maior parte ignoram o nosso idioma é que devemos os me- lhores estudos sobre a nossa fauna e assim é pelo menos pouco delicado sonegar-lhes as nossas pequenas contribui- ções, escrevendo-as só em portuguez e escondendo-as em qualquer folheto. relatorio ou hebdomanario de fancaria. Periodicos brazileiros I) Borerim po Museu GogLDr (Museu Paraense) de Iis- toria Natural e Ethnographia, Vol. VII, 1910 (Para, 1913). Além dos relatorios apresentados ao governo pelo dire- ctor (1909-10), são da penna do Dr. J. Huber duas notaveis contribuições botanicas : Novas contribuições para o conhecimento do gen. Hevea, que contêm : I Observações à systematica e distribuição geographica do genero (em allemão) ; Il Notas sobre algumas especies do Rio Ica; HI A distribuição das especies de /Zevea no Est. do Para ; IV Sobre a variabilidade dos caracteres do gen. Hevea e as possibilidades de uma selecção methodica. = a Será excusado encarecermos o valor deste trabalho, quando o auctor é reconhecidamente o botanice profundos talvez o melhor conhecedor da borracha brazileira. Outro artigo estuda Uma colleeção de plantas de Cupaty (rio Japurd-Caquetä) reunida pelo sr. Ad. Ducke. Esta ex- cursão ao serro arenitico de Cupaty «sem contestação um dos districtos mais interessantes da região amazonica, sob o ponto de vista da geographia botanica », forneceu não só um grande numero de especies novas, como tambem muitos dados æcologicos e phytogeographicos de alto interesse. (Nora) — A’ ultima hora o telegrapho traz-nos a in- jausta noticia do fallecimento do prezado collega e director do Museu Paraense, Dr. Jacques Huber. eis mi | VTT | Rick “ane R + er bas Fox G ER Bes Chi ve ces tda boa rc Seta yee olsen Panay ee aes “dent SANTE NET rept pes: 4 jy ri : “At Her ET ayaa ite da PRES 3 CRT ÉMIS Perit: pr : Ae Enio. Te LRU pus Ne à hy Aes ei MR HS à BIT de tu aie i L Sage 2 5 ato ae moet er i) oe “Ber Lee per bis E ar Revista do Museu Paulista Volk EX sire \ Revista do Museu Paulista Viole IES Est Re Vista di ) Vis ti P, wilista | ol VA Est. II 1 Leucoptera coffeella Guér.-M.; 2 Nilio varius n.sp.; 3 N. lutzii n.sp.; 4 Bradypophila garbei n. gen. n.sp.; 5 Pterombrus iheringi n.sp.; 6-6c Turuenna violascens H. Sch. ur REVISTA DO MUSEU PAULISTA, VOL. IX AN Bento Barboza del, OSSOS HYOIDES DE BUGIOS - GENERO ALOUATTA REVISTA DO Museu PAULISTA — VOL. IX EST. VI Georgetown \ uramaribo — A Distribuição Geographica dos Bugios, genero Alouatta. pe CB NS co - à pe > | 4 ” À PE ore 4 ‘ x REVISTA DO MUSEU PAU ASTA, VOL. Tx EST. VII Sp Nes Se § an E: PE Feb eat + E CS dá ) | Ke > Bento Barboza del. OSSOS HYOIDES DE BUGIOS - GENERO ALOUATTA REVISTA DO MUSEU PAULISTA, VOL. IX EST. VIII LD à lj : Es E be J a b A d 4 A 7 i = il “ A - | "a i - z =] A ; y 4 “ a 2 E E 7 . ari ta « 7 ar ; we j SE , : 1 “e , E pe y ' 4G = 11 = oe a € ã > E i E K [e E g il < + F a b o à, = + Md A ; a 1 Ê i i A ‘ . 2 2 ' Fs 7 > x = o = ay 44 > = = = 2 = EST. IX IX REVISTA DO Museu PAULISTA, VOL. (spaim) siferejseu snzeqieq sniqoihw—¢€ ‘Big (z2d) tuosurems snyduAy0Yyr\uO —z ‘614 CIA) cunzewp ejootan(g— 1 “Bia “PUBLICADA POR ” > ar ra} ÿ # k ro Hh voy DER, MRD. ET, Director do Museu OLE AR AS NE. Sees = : i tt | SAO PAULO | (Typ. do x Diario Official» (914 HT fi \ Pr MOOT. É BL WHOI Library - Serials