a ol areia ve sas papa Pants RATE de MER ap a pe & re - . eira A NE us SP rate mad ria era ‘ COR lus nes RTL renee pa MOON lane oe PME Ar o pi ol NORA rio var a = Se Be ne Kay oy vo 4 " New As! fy. AD oat tan Gry man hs Vy Ah Oe A ef ob RA LAN yeh À \ ET MATE i ago APART A tg Th Pe meet ( ith: PE ACK AR ) Dd Wate à aS) A HR } E 67 boi Ah LANGUE ONU Hart RO SA APP LL ES! MET a ERS, iy fa) rin FAL Upon) LA, q A L ‘ee x du M AU) MH REVISTA ] To TOMO X SAC PAULO TYP. DO “ DIARIO OFFICIAL” isis SA eae \ À "AP: ‘Ae y dt; MAR Le Vv Le n a + i > É ol a t way ADVERTENCIA Apés uma interrupçäo de quatro annos 1eappa- rece a Revista do Museu Paulista. Foi esta pausa motivada por multiplas circumstancias, sobretudo pelo periodo anormal pelo qual, em 1915 e 1916, passou o Museu, com a sua vida regular suspensa pelos trabalhos do inquerito administrativo a que nelle se procedeu e, como consequencia, lhe trouxe a mudança de direcção. Alem desta ordem de ques- tões de vida interna, occorreram os lorgos e Jaboriosos tramites do inventario, geral e minuciosissimo, pro- cedido em todas as collecções do Ypiranga, por or- dem do Governo do Estado de São Paulo. Este serviço, que desde muito se impunha inadiavel, occupou durante varios trimestres — além dos dignos e conscienciosos inventariantes extranhos ac esta- belecimento, os srs. drs. Antonio de Barros Barreto, Reynaldo Ribeiro e Sebastião Felix de Abreu e Castro — todo o pessoal do Museu. Em Agosto de 1916, ao dr, Hermann von Ihe- ring substituiu na Directoria do Instituto, o dr. Ar- mando da Silva Prado, nomeado en. comraissao. Mui- to poucos mezes occupou, porém, o novo iirector o cargo, de que o afastaram as exigencias do seu movi- mentado escriptorio forense. Em Fevereiro de 1917 cabia-nos substitail-o, egualmente em commissão, e em virtuds da indicação altamente honrosa. do nosso mo- desto nome, feita ao Exmo. Sr. Presidente do Estado, Dr. Altino Arantes, -pelo Exmo. Sr. Secretario do In- terior, Dr. Oscar Rodrigues Alves. Alheio até então à esphera dos museus ao assumir a direcção do Mu- seu Paulista agitava-nos o receio, tão justo quanto fundado, das responsabilidades do cargo, e o receio EG | es de não podermos corresponder plenamente à tão desvanecedora investidura e à confiança manifestada pelos altos poderes do Estado. Assim nos ia caber trabalhar em terreno novo e desconhecido, animado apenas pela vontade de bem cumprir o nosso dever e bem servir ao Brazil. Nesta conjunctura valeram-nos, acima de tudo, o apoio mora! e material do Secretario a cuja pasta se subordina o Instituto, o Sr. Dr. Oscar Rodrigues Alves, que, mau grado as grandes difficuldades da época atravessada, soccorreu quanto pôde o Museu, — cuja dotação, de 1916 para 1917, se reduzira de quasi 35 por cento, em virtude de disposição legis- lativa, — e conseguiu para o orçamento de 1918 o restabelecimento de grande parte das antigas verbas. Prestigiador de seus auxiliares, incansavel em promo- ver o incremento das repartições a cuja vida superin- tende, attendendo carinhoso aos institutos scientificos do Estado, fez o Sr. Dr. Oscar Rodrigues Alves o que pôde em prol de nossa instituição e não pode- mos deixar de exprimir quanto foi tal interesse con- tinuo e extenso no sentido de nos promover a ef- ciencia da commissão assumida. Cabe-nos ainda exprimir funda gratidão pelas grandes demonstrações de amizade, e serviçalismo, contemporaneamente havidas do Sr. Dr. Arthur Neiva, o eminente scientista, em tão bôa hora collocado à testa da defesa sanitaria do Estado de São Paulo, pelo actual governo. Chefe de Serviço em Man- guinhos, discipulo muito querido de Oswaldo Cruz, summamente relacionado nos circulos de natura- listas, conhecedor perfeito da vida dos grandes mu- seus do mundo, havendo longamente trabalhado em Washington, em Buenos Ayres, em Stockolmo etc., ao lado de scientistas illustres, não só lhe de- vemos os mais experimentados e excellentes conse- lhos e indicações como suggestões de optimas ini- ciativas e a approximação de varias personalidades eminentes entre os homens de laboratorio do Bra- zil e do Exterior. a hg cu Apenas empossado da Directoria do Museu co- gitâmos immediatamente da organização de um tomo da Revista que havia mais de tres annos não se editava. Assim, pondo-nos a campo tratämos de angariar, e com a maior rapidez, elementos para um numero de quinhentas paginas. Tornava-se neces- sario demonstrar ao publico, em geral, e sobretudo aos Institutos do Universo, em relação com o nosso, que a vida scientifica do Museu Paulista recomeçãra. Assim recorremos a quantos naturalistas e cultores em destaque de sciencias biologicas no Brazil conhe- ciamos, solicitando-lhes o amparo para o novo nu- mero em elaboração. Tivemos a grande satisfação de receber de todos os lados adhesões as mais desvanecedoras e comprobatorias de uma sympathia sobremodo honrosa. Cabe-nos aqui exprimir quanto ficâmos a dever ao nosso presado primo e amigo Sr. Dr. Henrique de Beaurepaire Aragão, o joven e acclamado proto- zoologo, uma das fortes individualidades de Mangui- nhos, como se sabe. Por seu intermedio puzemo- nos em communicação com varias das nossas mais elevadas personalidades de laboratorio. Honrou-nos com um excellente artigo sobre assumpto em que é tido como mestre e sua recommendação valeu a Revista a optima contribuição do Sr. Dr. Lauro Tra- vassos, o tão jovem e reputado helninthologo de Manguinhos e a do Prof. Mello Leitão, cuja aucto- ridade em arachnologia tanto honra a nossa cultura das sciencias naturaes. Da congregação do Museu Nacional recebemos contemporaneamente os mais efficientes auxilios, re- presentados pelos trabalhos dos Professores Alipio de Miranda Ribeiro, Alberto Betim Paes Leme e Alberto J. de Sampaio, nomes täo prestigiados no nosso paiz, quanto no Exterior, e cujas contribuições para o estudo das sciencias naturaes no Brazil tem o relevo que se sabe. Ao mesmo tempo ao nosso appello correspon- diam os dignos naturalistas do pessoal restricto e OW ia desfalcado do Museu: o entomologo Sr. H. Lueder- waldt e o botanico Dr. EF. C. Hoehne com diver- sos artigos merecedores de justos encomios, inedi- tos, conscienciosos e resultantes de aprofundado es- tudo. De varios especialistas, altamerte reputados, recebiamos simultaneamente valiosas contribuições como os artigos dos tão acatados botanicos e ento- mologos que são os Drs. Alvaro da Silveira, Adol- pho Hempel e Adolpho Ducke. Refez o ultimo destes naturalistas o seu ainda inedito Catalogo de vespas socraes do Brazil pondo-o em dia com as ultimas descobertas scientificas. Do Revm.° Sr. D. Amaro van Emelen, O. S. B., cuja sciencia apicola tanto é conhecida e consultada, nos veio o valioso e curioso estudo de um caso de symbiose entre abe- lhas domesticas e sylvestres. Do saudoso Ricardo Krone, emerito conhecedor das nossas questões de prehistoria, tão incipientemente estudadas ainda, uma contribuição nos chegou de alto valor documental, do Dr. Alberto Childe, o erudito conservador de an- tiguidades orientaes no Museu Nacional, um estudo sobre assumpto summamente interessante, do Sr. Julio Melzer, reputado coleopterologo, optimas obser- vações sobre um caso em que disserta com verda- deira mestria. Com a contribuição do Dr. João Florencio Gomes, o joven e reputado herpetologo, um dos mais brilhantes elementos do Instituto de Butantan, chegára rapidamente o nosso tomo às quinhentas paginas fixadas para o seu desenvolvi- mento. Attendendo ao facto porém da longa solução de continuidade havido na publicação da Revista, decidiramos, mediante previo assentimento do Dr. Secretario do Interior, dobrar-lhe o volume, e isto nos proporcionou o ensejo do recebimento de novos artigos de real merecimento. Affeitos às questões ethnographicas relativas aos indigenas de São Paulo, trouxeram à Revista tres excellentes estudos o virtuoso e abnegado missiona- rio Frei Mansueto de Val Floriana, evangelisador forrado de glottologo, e o Sr. Dr. Geraldo H. de Paula Souza, o joven e prestigiado professor da Fa- — VII — culdade de Medicina de Säo Paulo, cuja elevada cultura geral o levara 4 observaçäo dos nossos ulti- mos Kaingangs. Deu-nos o eminente zoologo Pro- fessor Alipio de Miranda Ribeiro quatro artigos sobre a sua especialidade predilecta, além do bello estudo de controversia impresso no principio do livro. Para lhes apontar a importancia e o interesse basta lembramos que nelles descreve nada menos de cinco generos e vinte especies novas de peixes brasileiros e amplia consideravelmente as descripções de nume- rosas outros generos e especies da nossa ichtyofauna. Do Dr. Frederico Hoehne, igualmente valiosas foram as comunicações relativas à descripçäo de varias novas leguminosas, assim como as do Sr. Lueder- waldt relativas à biologia, tão mal conhecida ainda dos bradypodidæ e o estudo dos valiosissimos pa- drões vicentinos de nossa archeologia, recentemente incorporados ao Museu, pormenorisada e erudita- mente estudados por Benedicto Calixto, perfeito co- nhecedor dos assumptos ventilalos. Ao volume en- cerra a bibliographia de obras nacionaes e estran- geiras referentes ao estudo das sciencias naturaes e biologicas no nosso paiz organisado pelo Sr. Andréa Do, Bibiiothecario-traductor do Museu. Extensa esta resenha, trabalhosa e paciente, representa meritorio labor e prestará, estamos certos, real serviço aos seus consultantes. Era do nosso dever manifestar pelas paginas da Revista o jubilo causado, em nosso Instituto, pela passagem do centenaric da fundação do Museu Nacionale o profundo pesar que nelle cau- sara o desapparecimento dos amigos illustres que foram o sabio geologo Dr. Orville A. Derby e o tão modesto quanto erudito e operoso Ricardo Krone. De accordo com excellente ponto de vista dos an- tigos redactores de nosso orgão — que em quasi todos os volumes fizeram inserir artigos relembradores dos grandes vultos de naturalistas a quem deve o Brasil serviços eminentes — resolvemos publicar no pre- sente tomo os tres estudos de Alfredo de Carvalho sobre o Barão de Langsdorff, Swainson e Waterton, We nao.sd pelo que valem, como em homenagem à memoria do illustre e mallogrado historiographo e brazilologo pernambucano tão cedo arrebatado a vida. Devido a grande irregularidade na ordem da entrega dos artigos não nos foi possivel reunil-os, como tanto fora de desejar, segundo a similitude de assumptos a que se subordinam, sob pena de demo- rar immenso a publicação do volume. 5 Durante vinte annos ( 1895-1915), redigida a Revista pelos Srs. Dr. Hermann Von Ihering e Ro- dolpho Von Ihering, dos summarios dos nove tomos que a este antecedem resalta a noção das preferen- cias dos dous naturalistas pelos assumptos em que se especialisaram, angariando justa e dilatada nomeada. Até agora, quasi exclusivamente, foi uma re- vista de Zoologia. Dos cento e oito artigos que nella figuram oitenta e dous correspondem a assum- ptos zoologicos, de systematica, quasi sempre, quinze a anthropologicos e ethnographicos, oito a questões paleo-zoologicas. Sobre mineralogia, geologia e bo- tanica nenhuma contribuição jamais se inseriu a não ser umas summarias considerações para c esta- belecimento de um museu botanico, do Sr. Taubert e uma pequena notica descriptiva das cavernas da Ribeira do Sr. Ricardo Krone. Assumindo a redacção da Revista. pretendemos modificar-lhe um pouco os moldes. Nella publicare- mos, sem distincção especial, contribuições que se refiram não só a todas as sciencias naturaes como à biologia em geral e à archeolcgia paulista. K' o nosso intento editar, dentro em breve, e no menor prazo possivel, novos tomos da Revista, que para tanto já temos abundante e optimo mate- rial reunido : trabalhos realizados no Museu, de cor- respondentes do Instituto e collaboradores diversos. Desejamos e faremos o possivel para que o nosso orgão possa sahir com uma regularidade compensa- dora da grande e ultima demora de sua distribuição. JA E à CHER As difficuldades oriundas da contlagração mun- dial e a alta excessiva de todo o material de im- prensa, sobretudo de gravura, fizeram com que não nos fosse possivel illustrar o nosso periodico como desejariamos faze-lo. Esperamos que em breves e melhores dias haveremos de supprir a semelhante inferioridade e inconveniente voltando aos antigos padrões da Revista. Altamente injusto seria de nossa parte deixar de consignar aqui quanto tivemos a nossa tarefa diminuida pelas attenções e vontade de servir com que, no Drareo Official, fomos sempre acompanhado. Cabe-nos portanto manifestar a nossa funda gratidão aos dignos Director daquella grande casa de trabalho, Snr. Horacio de Carvalho, e Gerente Snr. Dr. Bento Lucas Cardoso, de quem recebemos sempre todas as gentilezas. Ao digno Chefe das Officinas, Snr. Rubem Leal, os nossos muito especiaes agradecimentos. Desve- lou-se em servir ao Musen pelo cuidado com que encaminhon a impressão da Revista, o interesse para que a sua factura fosse a mais cuidada e os prazos de publicação diminuidos. Por todos estes serviços os nossos mais cordiaes protestos de vivo reconhecimento. AFFONSO D EscRAGNOLLE TAUNAY, Professor na Escola Polytechnica de S Paulo. Director, em commissão, do Museu Paulista. Paulo, Outubro de 1918 INDICE GERAL INDICE GERAL O Museu Paulista nos annos de 1913, 1914 e 1919 Relatorio do Museu Paulista referente ao an- no de 1916 . Notas Myrmecologicas. por IH. Luederwaldt . As jazidas mineraes brasileiras, pelo Prof. Dr. Alberto Betim Paes Leme. Scytodidas e pholcidas do Brasil, nm Prof. Dr. C. F. de Mello Leitão. Um caso de symbiose entre a apis sid e uma melliponida indiigena, a jaty, por D. Amaro van Emelen O.S. B.. O Mandapuçã, pelo Dr. Alvaro da Silveira . Notas de prehistoria paulista: o cemiterio do Pombéva, por R. Krone Descripção de sete novas especies de cocci- das, por Adolpho Hempel . Descripção de uma nova especie de aleuro- dido, por Adolpho Hempel Contribuição para o conhecimento da fau- na helminthologica do Brasil. Especres brasileiras do genero Thelazia, Bosc. 1819, pelo Dr. Lauro Travassos Ipemea Glaziovii U. Dann. pelo Prof. A. J. de Sampaio . aD AR Ce ear ae Considerações sobre os generos Brachyplatys- toma e Platistomatichthys de Bleeker, pelo Prof. Alipio de Miranda Ribeiro . /e/6 — XIV — + O Herbario e o Horto Botanico do Museu Paulista, por H. Luederwaldt . Catalogo das Vespas Sociaes do Brasil, pelo Dr. Adolpho Ducke Notas Ixodidologicas, pelo Dr. Henrique de Beaurepaire Aragao Observação sobre os cerambycidas do grupo de compsocerinr, por Julio Melzer . Orchidaceas novas e menos conhecidas dos ur- redores de S. Paulo, por F. G. Hoehne. Industrias metallurgicas na antiguidade, pelo Dr. Alberto Childe Contribuicao para o conhecimento dos ‘ophi- dios do Brasil — Opludios do Museu Ro- cha ( Ceara), pelo Dr. João Florenc o Gomes . Ensaio de Grammatica Kainjgang, por Fr. Mansueto Barcatta de Val Floriana Uma critica ao « Vocabulario da lingua dos Kainjgangs» do Visconde de Taunar, por Fr. Mansueto Barcatta de Val Flo- riana Tres generos e dezesete especies novas de peixes brasileiros determinados nas col- leccoes do Museu Paulista, pelo Prof. Dr. Alipo de Miranda Ribeiro Catalogo e revisão das leguminosas do Her- bario do Museu Paulista, com a de- seripção de algumas especies e vare- dades descobertas no mesmo, pelo Dr. E. G. Hoehne Lista dos peixes brasilemros do Museu Pau lista ( Primeira parte), pelo Prof. Alipio de Miranda Ribeiro = aa PSS 003 229 965 629 647 TOD Se ee Notas sobre uma visita a acampamentos de indios caingangs, pelo Prof. Dr. Geraldo ER dean Souza els, io. Lista dos peixes brasileiros do Museu Pau- lista ( Terceira parte), pelo Prof. Ali- node Miranda Ribeiro os. Dous generos e tres especies novas de pei- ves brasileiros determinados nas col- lecções do Museu Paulista, pelo Prof. Alipio de Miranda Ribeiro . Observações sobre a preguiça ( Bradypus tedactylus L.), em liberdade e no ca- ptiveiro, por H. Luederwaldt . Notas de archeologia pawlesta, por Benedi- cto Calixto O primeiro naturalista de S. Paulo, por Af- fonsond tes Paunagos Ms: U centenario do Museu Nacional Tres naturalistas, por Alfredo de Carvalho . Necrologia: Orville Adalberto Derby ECA AG IR TORE Gye ls)! cee Bibliographia, por Andréa Dó Relatorio relativo ao anno de 1917. PGS. 865 875 909 929 939 More INDICE ANALYTICO | Le eg eee fy MAS UE ti Nae he An Q à. 4 a eo Es o a + INDICE ANALYTICO ADMINISTRAÇÃO DO MUSEU : Advertencia . BESSY SEs ALES DARE SERPENT © Museu Paulista nos annos de 1913, 1914 e 1915. RO o NRO ET RM PRE Relatorio do Museu Paulista referente ao anno de 1916 Relatorio do Museu Paulista referente ao anno de 1917 BOTANICA : O Mandapucä, pelo Dr. Alvaro da Silveira, com uma estampa fora do texto. A Ipomea Glaziovii, pelo Prof. A. J. de Sam- palo, com sete estampas fora do texto . O Herbario e o Horto Botanico do Museu Paulista, por H. Luederwaldt, com uma estampa fora do texto Orchidaceas novas e menos conhecidas dos arredores de S. Paulo, pelo Dr. F. C. Hoehne, com tres estampas fóra do texto. Catalogo e revisão das leguminosas do Her- bario do Museu Paulista, com a de- scripcdo de algumas especies e varie- dades descobertas no mesmo, pelo Dr. F. C. Hoehne, com oito estampas fora do texto PGS. : 973 289 LR ETHNOGRAPHIA E ANTHROPOLOGIA : O cemiterio do Pombéva, Ricardo Krone; com dezesete figuras intercaladas ao texto e tres fora do texto . Ensaio de Grammatica Kainjgang, por Frei Mansueto Barcatta de Val Floriana . Tina critica ao «Vocabulario da lingua dos Kainjgangs» do Visconde de Taunay, por Frei Mansueto Barcatta de Val Flo- riana RR digit ih Ahn EBD iy te IRL Notas sobre uma visita a acampamentos de indios Caingangs, pelo Prof. Dr. Geral- do H. de Paula Souza, com seis estam- pas fora do texto. GEOLOGIA E MINERALOGIA : As jazidas mineraes brasileiras, pelo Prof. Dr. Alberto Betim Paes Leme. ZOOLOGIA : MAMMALOGIA : Observações sobre a preguiça, Bradypus tri- dactylus, L por H. Luederwaldt . IcHTYOLOGIA : Considerações sobre os generos Brachypla- tystoma e Platystomatichthys de Blee- ker, pelo Prof. Dr. Alipio de Miranda Ri- beiro, com oito estampas fóra do texto. Tres generos e dezesete especies novas de pet- ges brasileiros determinados nas collec- ções do Museu Paulista, pelo Prof. Dr. Alipio de Miranda Ribeiro . oa PGS. 161 O29 69 193 629 — NXI — Lista dos peixes brasileiros do Museu Pau- sta (1. Parte), pelo. Prof. Dr. Lo de Miranda Ribeiro Lista dos peixes brasileiros do Museu Pau- lista (3.2 Parte), Le Prof. ane de Miranda Ribeiro Dous generos e tres especies novas de peixes brasileiros determinados nas collecções do Museu Paulista pelo Prof. Dr. Alipio de Miranda Ribeiro, com duas estampas fora do texto OPHIDIOLOGIA : Contribuição para o conhecimento de ophi- dios do Brazil: Ophidios do Museu Rocha ( Ceará ) pelo Dr. João Florencio Gomes. Se Pee AG STIRS VAN EAD ARE ENTOMOLOGIA : Notas Myrmecologicas, por H. Luederwaldt, com duas estampas fora do texto Um caso de symbiose entre a apis mellifera e uma melliponidea indigena, a jaty, por D. Amaro van Emelen. tes Descripção de sete especies novas de coccidas, pelo Dr. Adolpho Hempel, com uma es- tampa fóra do texto . ; Descripção de um nova especie de aleurodi- de, pelo Dr. Adolpho Hempel Catalogo das Vespas Sociaes do Brasil, pelo Dr. Adolpho Ducke one Observação sobre os cerambycidas do grupo de compsocerini, por Julio Melzer, com uma estampa fora do texto. PGS. 799 780 903 145 471 — XXI — ARACHNOLOGIA : Scytodidas e Pholcidas do Brazil, pelo Prof. Ur. C. F. de Melio Leitão, com trinta e oito figuras intercaladas ao texto. Notas Ixodidologicas, pelo Dr. Henrique de Beaurepaire Aragão 50k pene HELMINTHOLOGIA : Especies brazileiras do genero Thelazia, Bosc, 1819, pelo Dr. Lauro Travassos, com tres estampas fóra do texto. PREHISTORIA : Industrias metallurgicas na antiguidade, pelo Dr. Alberto Childe ; ARCHEOLOGIA PAULISTA : Nolas de archeologia paulista, por Benedicto Calixto. pio LES evry de DIVERSOS : O primero naturalista de S. Paulo, por Af- fonso VE. Taunay À O centenario do Museu Nacional Pres naturalistas, por Alfredo de Carvalho. NECROLOGIA : Dr. Orville Adalberto Derby. Ricardo Krone. BIBLIOGRAP HIA. PGS. AAT 815 829 8695 STO 909 929 939 di Le A ih Lá bn 404 Cor O MUSEU PAULISTA NOS ANNOS DE 1913, 1914, 1915 Excerptos dos relatorios da Directoria aos Exmos. Srs. Secretarios dos Negocios do Interior +— O MUSEU EM 1913 Excerptos do relatorio do então director Dr. Hermann von lhering PESSOAL Não houve modificação alguma no quadro do pessoal. O zelador do Museu, por determinação de V. Excia., foi desi- gnado para escolher o material que conviésse ao Museu da grande Colleeção Limur, adquirida pelo Governo do Estado. VISITANTES A frequencia do Museu por parte do publico foi de 68.102 pessoas em 1913; esse total é inferior ao de 1912 (73.485), devendo ser levado em conta que nesse anno de 1912 houve uma affluencia de 10 mil creangas no dia da commemoração da Independencia quando, em 1913, nessa data, foi o Museu visitado por 3.347 pessoas, apenas, isto é : o duplo de uma bôa frequencia nos domingos communs. COLLECÇÕES Além das remessas «le material colligido pelo natura- lista-viajante (ao todo 12 caixas a houve os accréscimos constantes da lista annexa. TRABALHOS SCIENTIFICOS Os estudos scientificos concluidos durante o anno terão publicidade na Revista do Museu Paulista, vol. IX, cuja impressäo foi iniciada em Maio de 1913. Até o fim do anvo, o Diario Official havia impresso apenas 260 paginas, trabalho extremamente moroso que prejudica tambem na re- gularidade das permutas com publicações congeneres. A lista de taes trabalhos é a seguinte: Os bugios do genero Alouatta ( Mammif.), com est. V-VII, por H. von Ihering, pag. 231. Protecção ds aves por H. von Ihering, pag. 332. Os Gambás do Brazil, Marsupiaes do gen. Didelphis, por H. von Ihering, pag. 338-356. Ae = Biologia geral das Cuculidas brazileiras, por H. von Ihering. Novas contribuições à ornithologia do Brazil (com tres estampas ), por H. von Ihering. O Museu Paulista nos annos de 1910, 1911 e 1912. Necrologios : Dr. Eugenio Hussack ( com est. I), por H.. von Ihering, pag. 25. Dr. Theodoro Peckolt (com est. IL), por H. von Ihe- ring, pag. 55. Analyse der suedamerikanischen Heliceen, Philadelphia, 1913, por H. von Ihering. Tres Chalcididas parasitas do « bicho do café» ( Leo- coptera coffeella Tineid) com com 3 fig. no texto e est. III, fig. 1, por R. von Ihering, pag. 85. As diga que vivem sobre a preguiça, Bradypophila garbei n g. n. s p ( Lepid. fam. Pyralyd.) com fig. e est. HI, fig: 2, e H. von Ihering, pag. 123. Diagnose de uma Eucoila ( Hymenopt. Cynip.), parasita das « Moscas das frustas », por R. von Ihering, pag. 224. O genero Parachartergus Reo Do Wt. ( Vespas sociaes ) por Rk. von Ihering, pag. 226. As especies brazileiras de Nilionidas ( Coleopt.) e a po- sição systematica da familia pelo estudo das larvas, est. III, figs. 2 e 3, por KR. von Ihering, pag. 281. George Marcgrave, o primeiro sabio que veio estudar a natureza do Brazil, 1638-44, por R. von Ihering, pag. 307-315. Duas especies novas de Peixes da fam. Cichlidae, por R. von Ihering, pags. 333-337 : Biologia de varias especies de Pinotus por H. Luederwaldt. O Museu continua a servir a muitos especialistas para as suas pesquisas, facilitando eu o mais possivel, todos estes estudos, que, às vezes, adeantam tambem a classificação das nossas collecções. Isto refere-se particularmente à revisão da nossa rica colleeção de cobras, a que esta procedendo, o assistente do Instituto Serumtherapico de Batantan, Dr. João Florencio Gomes. No iaboratorio de entomologia trabalharam, de vez em vez, os srs. A. Hempel do Instituto Agronomico de Cam- pinas, Gr. Bondar, da Escola Agricola « Luiz de Queiroz » de Piracicaba, Fr. Iglesias desta Capital e outros. Tivemos tambem o prazer de auxiliar nos seus estudos os srs. Dr. E. Brumpt, da Faculdade de Medicina, Dr. João Bach, de Ala- gõas e A. Usteri ( botanica ). Collegas de outros museus que nos visitaram com a intenção especial de estudar o nosso material que se refere ás suas especialidades foram: os srs. A. Dueke do Museu do Pará, ( hymenopteros ). E. Gounelle de Paris (Cerambycidae ). Ao Jado destes estudos, conti- nuaram as consultas feitas por cartas e oflicios, bem como a consulta da nossa bibliothsca por scieutistas residentes nesta Capital. 7 a, .. Da À KE DAS D. de à Unia lamentavel perda para o trabalho scientifico do Museu representa o desmembramento da, Estação Biologica do Alto da Serra. A mesma, em começo do anno, passou a ser propriedade federal, dependente do Ministerio de Agri- cultura, visto oomo o (Governo do Estado nada resolveu sobre a doação que eu lhe fazia. Pouco depois, porém, a Secretaria da Agricultura manifestou desejo de ter a dita Estação e matros nellas comprehendidas sob sua direcção e, apóz accordo com o Governo Federal, passou o dito estabe- lecimento a depender do serviço florestal do Estado. EXCURSÕES O naturalista-viajante, sr. Ernesto Garbe, emprehendeu em Abril uma longa viagem pelo sertão de Minas e Bahia, acompanhando o curso do rio São Francisco. Fazendo centro primeiro em Pirapóra, depois na cidade da Barra, colleccio-. nou amplos materiaes de todas as classes de animaes; em especial, segundo minhas indicações, acompanhou a biologia das aves. | Assim, forneceu-nos ricos materiaes de ovos e ninhos, acompanhados de dades preciosos que me ermittiram desenvolver grandemente os . meus respectivos estudos ora no prélo (vol. IX da nossa « Revista» ). Da mesma forma recebemos abundante material ichthyologico que em boa parte tambem foi estudado. JARDIM BOTÂNICO O Jardim Botanico atraz do edificio devido aos bons serviços que pudemos continuar a dispensar-lhe, ainda que com parcos meios, continuou a prosperar, transformando-se em um bosque promettedor e viçoso, que já encerra um ele- vado numero de essencias florestaes. Esse parque presta assim bons serviços para o estudo da nossa flora e ao mesmo tempo constitue um refugio para a fáuna tão acossada neste arrabalde. Em grande contraste com os campos das vizi- nhanças, onde os desoccupados dão caça aos ultimos passa- rinhos, aqui no parque abriga-se uma avifáuna bastante variada, demonstrando assim quão pouco é preciso para rea- climatar esses elementos tão uteis na nossa natureza. No relatorio apresentado no começo do anno passado já expuz quanto havia a dizer com relação à área abrangida por este parque; nada foi modificado no correr de 1913 e assim limito-me a confirmar quanto disse, chamando a at- tenção de V. Excia. para o facto de que o terreno situado atraz do Museu é insuficiente para os fins biologicos desta re- partição, inconveniente que vertamente cada anno mais se fará sentir. Sériamente prejudicado foi o serviço no Jardim Botanico e até no proprio edificio do Museu, pela constante falta de agua de que soffrem os encanamentos do edificio. eae ae LISTA DAS OFFERTAS AO MUSEU Do Cap. Henrique Setua, de Santa Rita ( Goyaz ), uma colleeção de peixes e uma de anthophilos. Do Gymnasio Sciencias e Lettras, da Capital, uma arara vermelha. Do Padre L. Brentano, São Leopoldo de Rio Grand: do Sul). varias especies de vespideos. Do Dr. Emygdio Dias Moraes, de Amparo, uma collecção de ovos. De D. Maria Elisa Rodrigues Neves, desta Capital, uma espada, dragonas ete., que pertenceram ao seu fallecido ma- rido, contra-almirante João Baptista das Neves. De Joaquim M. Rodrigues, do Paraná, alguns fósseis. LISTA DAS PERMUTAS Museu de Entomologia, de Berlim, 12 especies de cinei- dellidos. Ad. Ducke, do Pará, uma collecçäo de Anthophilos bra- zileiros. Gr. Bondar, de Piracicaba, uma colleccäo de objectos bio= logicos. E. Gounelle, um coleoptero raro. O MUSEU EM 1914 Excerptos do relatorio do então director Dr. Hermann von lhering. Durante o anno de 1914, o Museu Paulista funecionou regularmente como nos annos anteriores e tambem as suas condições geraes, como estabelecimento scientifico, conser- varam-se inalteradas. Não obstante terem continuado a vi- gorar as mesmas disposições orçamentarias, exiguas em extremo, o que es qualquer desenvolvimento de maior vulto, foram, ainda assim, consideraveis os progressos reali- zados, principalmente nas colleeções de estudo. E são estes materiaes classificados que nos habilitam a responder com rigor scientifico ás muitas e variadas consultas que ultima- mente nos têm affluido. Estas, pelo seu numero bastante elevado, fazem entrar o Museu Paulista em uma nova phase, que é a da sua utilização pelos scientistas e estudiosos do Paiz, dedicados à investigação de problemas que se ligam as condições naturaes do nosso Paiz. PESSOAL Não houve modificação alguma no quadro do pessoal do Museu. Gozaram de licença 0 preparador Sr. João L. Lima, que teve direito a 6 mezes com vencimentos integraes, o porteiro sr. Ricardo Lopes, 6 mezes; durante a ausencia deste ultimo, as suas funccdes foram desempenhadas pelo sr. André Soares e, para attender ao accrescimo geral de serviço em todaa repartição, foi, no começo do anno (1 de Feve- reiro ), auctorizado a contractar mais um servente, ou sejam tres ao todo. VISITANTES Durante o anno de 1914, o Museu foi visitado por.... 62.419 pessoas, frequencia algo inferior à do anno anterior ( 68.102) mas perfeitamente explicada pela economia que nestes tempos precarios se impõe ás classes pobres. O dia de Setembro » não foi solennizado oficialmente; o cre- scido numero de visitantes desse dia (4.864 ) foi devido em parte 4 kermesse organizada pelo « Centro do Ypiranga ». AQU ERA COLLECÇÕES Além dos acrescimentos habituaes, resultado das excur- sões do proprio pessoal do Museu e notadamente do natura- lista-viajante sr. Ernesto Garbe, deram entrada no Museu: uma grande collecgio mineralogica, paleontologica e archeolo- gica, comprehendendo a maior parte da « Colleeção Limur », adquirida na Europa pelo Governo do Estado. Nao contando o Museu com pessoal suficiente para encarregar-se de mais este serviço, puramente mineralogico, e achando-se o material todo em lastimavel desordem, foi todo o conjuncto guardado em caixões, tal qual como fôra recebido: sómente a parte authropologica e paleontologica foi estudada minuciosamente pelo director, que incorporou grande parte às colleeções ja existentes, ficando outra parte, por falta dos necessarios mo- veis, guardada de maneira provisoria. A parte mais valiosa desta collecçäo é sem duvida a archeologica, que, além de muitas preciosidades, contem objectos authenticos, collecio- nados por Boucher de Perthes, no valle do Somme e por Lubbock, na Inglaterra. Trata-se deste modo de objectos comprobatorios da existencia do homem junto com o Mamuth, o urso e a hyena das cavernas e outros grandes mammiferos da Europa; é notavel que taes artefactos ainda estejam provi- dos do rotulo original, da mão propria do Boucher de Perthes. Acerescimo valioso para o começo do herbario já organizado no Museu pelo sr. Hermann Luederwaldt, representa o ex- tenso herbario Usteri, recebido da Escola Polytechnica. Trata-se de um total de mais ou menos 10.000 exemplares, cuidadosamente preparados pelo dr. A. Usteri e quasi tudo classificado. Tambem esta secção, a botanica, não poude ser desenvolvida convenientemente, por falta de pessoal e acom- modação, e, entretanto, é preciso dizel-o, depois de suprimida a secção botanica da Secretaria da Agricultura. S. Paulo está desprovido de serviço botanico que habilite qualquer interessado, scientista ou agricultor, obter informações as mais triviaes sobre a nossa flora. Apezar de tudo, ainda assim o Museu não raro attendeu ás consultas que lhe são dirigidas. TRABALHOS SCIENTIFICOS Os trabalhos scientificos realizados pelo pessoal do Museu Paulista consistem apenas em parte de publicações impressas. Muitos estudos foram apenas iniciados, outros reverteram em beneficio das colleeções ou das consultas. Entre estes ultimos trabalhos convem mencionar os novamente emprehen- didos pelo Dr. H. von Ihering com relação as formigas cuyabanas como exterminadoras das saúvas e o sr. Rodolpho von Ihering que, por solicitação do sr. prefeito da Capital, estudou a proveniencia das mariposas nocturnas ( Myelobia smerinthia ), que na primeira quinzena de verão infestaram a cidade. q Ss O >» Co o “Saw Como já o mencionamos no relatorio apresentado nas primeiras pagmas da nossa Revista, vol. IX, cada anno augmenta o numero de scientistas nacionaes ou aqui resi- dentes, que se utilizam do material accumulado e dos estu- dos realizados neste Museu. Trata-se principalmente de medicos que buscam os pontos de contacto da medicina com a historia natural e de agronomos que precuram conhecer os animaes uteis ou nocivos à lavoura e 4 criação. Procura- mos por todos os meios facilitar taes estudos, rejubilando-nos com essa boa comprehensão dos fins scientificos deste instituto. Durante o anno de 1914, utilizaram-se das colleccôes scientificas do Museu: Prof. Dr. F. Brumpt (da Faculdade de Medicina de S. Paulo, varios hematophagos, vectores de parasitas huma- nos, plantas etc. ) Prof. Dr. A. Bovero ( da Faculdade de Medicina de S. Paulo ), esqueletos para fins de anatomia comparada. Dr. João Florencio Gomes ( do Instituto Serumtherapico do Butantan ), estudo do nosso material de cobras. Ad. Hempel ( Instituto Agronomico de Campinas ), en- tomologia economica. Gregorio Bondar ( Escola Agricola Luiz de Queiroz ). entomologia economica. Francisco Iglesias, entomologia-economica. Dr. A. Usteri, botanico, trabalhos de reorganização do nosso herbario, sr. Julio Melzer, particular, amador, estudos de coleopteros da fam. Cerambycidae : Julio Costa, prof. da E. Normal de Guaratinguetá : exercicios praticos de conservação e preparação de animaes ; Dr. F. Filippone, Montevidéu : molluscos. Alem disto, os varios institutos scientificos, taes como “Oswaldo Cruz”. de Mavguinhos, Rio de Janeiro; Instituto Agronomico de Campinas, a Camara Municipal de S. Paulo e muitos particulares continuaram a fazer-nos consultas. PUBLICAÇÕES Em Setembro do corrente anno foi terminada a impres- são do vol. IX da "Revista do Museu Paulista.” O tempo gasto para a confecção dum volume de 533 paginas foi de 16 mezes, devido á extrema lentidão com que o Diario Offi- cial fazia a composição por falta de pessoal e de typos. Sao doze artigos que correspondem ao exercicio de 1914. Alem disto foi impresso e entregue, em 8 de Dezembro, o fasciculo 3 das Notas Preliminares, contendo os artigos scientificos pu- blicados pelo Museu, estudos dos seguintes auctores : DR. H. VON IHERING Os bugios do genero Alouatta ( Mammif. ) com estam- pas V—VI. RODOLPHO VON IHERING Protecção às aves; Os gambás do Brazil, Masurpiaes do Gen. Didelphis ; Biologia e classificação das Cuculidas brazileiras ; e No- vas contribuições para a Ornithologia do Brazil com est. IV, VII e IX; Rodolpho von Ihering. As especies brazileiras de Nilionidas ( Coleopt.) e a po- sição systematica da familia pelo estudo das larvas, est. III, fes. 26-3. natureza do Brazil, 1638 - 44. Duas especies novas de peixes da fam. Cichlidae ; Notas entomologicas ( Nilio n. sp. e um 8.º parasita de Leucoptera.) Bibliographia zoologica referente ao Brazil, 1911 a 1913. Diccionario da Fauna do Brazil ( no almanaque de ”Cha- caras e Quintaes”, de 1914, pag. 253 - 320. Livrinhos das Aves — com estampas coloridas, trabalho popular para escolas. HERMANN LUEDERWALDT Biologia de varias especies de Pinotus ( Coleopt.) de 5. Paulo. FRANCISCO IGLESIAS Insectos contra insectos. As Coccinellidas, com est. À E fos IR à EXCURSOES De. H. von Ihering demorou-se alguns dias na fazenda do Dr. Lopes Martins, afim de estudar o viveiro de formi- gas cuyabanas, estudo ja ha tempos iniciado no Museu e agora continuado com bom éxito. O naturalista-viajante sr. Ernesto Garbe, tendo caçado nos primeiros mezes do anuo nos arredores da Capital, se- guiu em maio para Castro, no Estado do Parana onde se de- morou mez e meio; em seguida, foi para Santa Maria da Bocea do Monte, onde caçou durante algum tempo, dirigin- do-se depois para o curso do Rio Uruguay, cuja fauna foi iucumbido de estudar; assim esteve a principio em Uru- guayana, subindo e descendo depois o rio conforme as con- veniencias ; ahi permaneceu ainda até a presente data. O Custos, sr. Rodolpho von Ihering, seguiu, a pedido da Camara de Monte Alto, em Agosto, para aquella região, afim de verificar o valor scientifico de um achado paleontologico : apesar das multiplas excavações que foram feitas, só pude- ram ser obtidos alguns óssos fragmentarios, restos de gran- des säurios que correspondem ao periodo intermediario en- tre os chamados grês de Baurú e de Botucatu. Geoges Maregrave, o primeiro sabio que veiu estudar a +. "E tien Diz Or O sr. Joao Lima acompanhou o Prof. Brumpt da Faculdade de Medicina de São Paulo em excursão a Albuquerque Lins, obtendo não só bons materiaes para o Museu, como tambem auxiliou grandemente aquelle distincto scientista em suas investigações. O sr. H. Luederwaldt seguiu em Dezembro para o Es- tado de Santa Catharina, onde se demorou um mez e meio, collecionando invertebrados, principalmente os representantes das especies de vermes, geoplana e lumbricidas, estudadas ha tempos pelo celebre naturalista Fritz Mueller. O JARDIM O bello e elegante jardim em frente do Museu, que pelo seu constructor, o engenheiro Arsenio Puttmans, me foi entregue em estado imcompleto e que zonsegui successiva- mente melhorar com excepção dos grammados que necessi- tavam duma refórma completa, foi confiado pela Secretaria da Agricultura ao sr. Navarro de Andrade que, no exercicio, a que me refiro, reconstruiu as sargetas que em grande par- te tinham sido destruidas e reformou os grammados. ACQUISIÇÕES Do sr. Schwanda Junior: colleccäo de couros de mam- miferos e aves. Do sr. Curt Schrottki, collecçäo de abelhas do Para- guay e do Brazil Meridional. OFFERTAS AO MUSEU PAULISTA RECEBIDAS DU- RANTE O ANNO DE 1914 Exma. Sra. D. Luisa de Siqueira Macedo, uma garru- cha de pederneira, (transformada para espoleta), que foi usa- da pelos voluntarios na guerra de Paraguay. Dr. Luiz Pereira Barreto, dois craneos de bois fran- queiros. Figueiredo & C., colleeção de notas e de moedas antigas de Bancos e Camaras Municipaes ; | Francisco Mondino, couros de onça preta e pintada de outros mammiferos de Matto Grosso. Companhia de Pesca, Santos ( Nogueira & Almeida), 1 peixe frade e um grande peixe-lua ( 140 kºs.) Cap. Jayme Marcondes, uma bengala que lhe foi ofte- recida pelo General M. F. de Campos Salles, que a usára. Sr. Francisco Novaes, algumas moédas de cobre do Bra- zil Imperio. Escola Polytechnica de S. Paulo ( com auctorização do Governo ) transferencia do Herbario do Dr. A. Usteri. (98, pacotes, com cérca de 10.000 especimens.) Secretaria do Interior, a colleeção mineralogica, paleon- tologica e archeologica, constituida por 30 caixões ( chama- mada “Colleeção Limur”), da qual parte foi reservada para as escolas normaes e para a Faculdade de Medicina, por cuja verba correu a acquisição. Sr. Jacques Kesselring, objectos historicos da região da Estrada Madeira, Mamoré, no Amazonas, e uma camisa de indio. Sr. Maj. Henrique Silva, diversos peixes de agua doce, do Rio Doce, Minas Geraes. À LE bo 1 O MUSEU EM 1915 Excerptos do relatorio do então Director, Dr. Hermann von ihering OS SERVIÇOS DA REPARTIÇÃO Tanto a exposição das collecções ao publico, como o tra- balho scientifico-technico, funccionaram com regularidade. O Museu foi visitado, durante o anno de 1915, por 64.062 pes- soas, 0 que é um pouco mais do que no anno procedente. Uma modificação séria soffreu o serviço pela reducção da verba para expediente e acquisições, de 34 para 20 contos de réis. Dando-se o caso de que todo o pessoal extra-nume- rario está sendo pago pela referida verba, a consequencia natural seria a reducçäo correspondente do pessoal. Visto, porêm, o estado de crise pelo qual passa a vida economica, tambem, em nosso Paiz, resolvi reduzir as despesas o mais possivel e conservar intacto o pessoal. Em vista de taes diffi- culdades, não foi possivel augmentar consideravelmente as colleeções e a bibliotheca, e tornou-se mesmo necessario inter- romper a distribuição da /evista. No pessoal da repartição houve algumas modificações. O amanuense sr. Mario Passos, em virtude de permuta, re- tirou-se a 25 de Agosto do logar que por longos annos occu- pou, sendo substituido pelo sr. Arthur Pinto Payaguá. A 31 de Outubro perdemos, por fallecimento, o estimado collega sr. Bento Barbosa desenhista, a cuja famila o pessoal do Museu, representado no enterro, auxiliou por meio de uma subscripção. A 17 de Novembro entrou, para substituil-o, o sr. Paulo Ver- gueiro Lopes de Leão. Do serviço de guarda-nocturno, não feito a meu contento no primeiro semestre, pelos srs. João Baptista e Arnese Ma- rino, desempenharam-se do melhor modo, na segunda metade do anno, os guardas Luiz Stevani e Fortunato Bega. Coincidiu com a mudança do pessoal a installação de um relogio registrador que funeciona com toda exactidão. O sr. H. Luderwaldt voltou a 26 de Janeiro da excur- são ao Estado de Santa Catharina, reassumindo o seu logar. Muito sentido foi nesta repartição o fallecimento do illustre estadista, senador dr. Bernardino de Campos, protector desta repartição, que fundou, quando pela primeira vez presidente do Estado ; bem como muito sentida foi a morte do nosso antigo collega sr. Orville Derby, chefe do serviço geologico do Brazil. Foi grande o numero de visitas de distinetas persona- lidade durante o anno. Entre ellas mencionaremos os srs. H. Cameron Forbes, ex-Presidente das Ilhas Philipinas ; Roger Simons, do serviço florestal e Henry Ferguson do ser- viço geologico dos Estados Unidos; dr. H. Lotz, do serviço geologico de Berlim; dr. E. Rimann, do serviço geologico do Rio de Janeiro; J. Rose, do serviço botanico em Washington ; Paulo de Camargo Porto, do Jardim Botanico, do Rio de Ja- neiro; Olavo Bilac; Ad. Duke do Museu do Para e dr. Ph. Von Liitzelburg; do serviço botanico de Miinchen. COLLEOÇÕES E TRABALHOS SCIENTIFICOS O facto mais importante a ser registrado é a installação da secção botanica, organizada de conformidade com as or- dens do Governo, que a este Museu transferiu o grande her- bario da extincta secção botanica da Commissão Geographica e Geologica de S. Paulo. Esta, junctamente com as colle- ecções já existentes, foram accomodadas no 2.º andar da torre occidental, onde, com o auxilio de diversos operarios, foi pre- parada a respectiva installação. Actualmente, as tres salas D. 6, 7, 8 contêm o herbario e a pequena bibliotheca especial, ao passo que em tres outras salas se acham accumuladas as collecgdes de amostras de madeiras, de cipós, borracha, se- mentes, fructos e objectos em alcool. Interinamente o sr. H. Luederwaldt accumula este ser- | viço com o de entomologo; apesar de desempenhar-se do me- lhor modo possivel e a meu pleno contentamento de ambas as funeções, claro é que este estado de cousas não poderá prolongar-se sem prejuizo para uma das secções. Pessoal— mente, occupei-me, durante mezes, da bella colleeção de amos- tras de madeira, agora classificada e disposta segundo o systema botanico. o O naturalista viajante sr. Ernesto Garbe conservou-se no começo do anno nas margens do rio Uruguay, no Estado do Rio Grande do Sul, particularmente em Cacequi, voltando no mez de Maio, depois de se ter demorado ainda algum tempo em Santa Maria da Bocea do Monte e Boi Preto, no mesmo Estado. Outra excursão o levou, desde 25 de Setembro, a ilha de S. Sebastião; de ambas as viagens trouxe ricas collecções e consideramos como um dos melhores successos dos ultimos annos a exploração do rio Uruguey, cuja fáuna aquatica até agora poucas vezes tem sido estudada. Si os resultados não corresponderam de melhor modo à nossa expectativa, a culpa não foi do habil e diligente caçador e preparador, mas assim das incessantes chuvas, que estas elevaram extraordinariamente o nivel das aguas e diflicultaram a pesca. Na primeira metade do anno, preocupei-me com o estudo osteologico de nossos cetaceos. A nossa colleeçäo encerra um esqueleto de Balenoptera «cutorostrata, Lac. e outro de 18 metros de comprimento de Balwnoptera musculus L., bem como partes isoladas destas especies e de Megaptera nodosa Bonn. e Balaena australis Desm., todas as especies da costa do Estado de Sao Paulo. O Custos do Museu, sr. Rodolpho von Ihering, além dos trabalhos que lhe competem, fez estudos systematicos e bio- logicos em diversas ordens da fáuna brazileira, publicando a respeito varios trabalhos mencionados na respectiva lista. Com relação a escorpiões tem prompta uma monographia de todas as especies braziieiras, destinada a ser publicada no proximo numero da Revista do Museu. Tive o occasiäo de franquear as collecções para fins de estudos scieutificos, aos srs. Prof. A. Bovero, illustre lente de anatomia da Faculdade de Medicina de São Paulo ( osteolo- gia); dr. João Florencio Gomes, assistente do Instituto Se- rumtherapico ( herpetologia ); Julio Melzer, especialista no grupo dos Cerambyeidas; M. Brade, botanico dedicado espe- cialmente ao estudo dos Filices; sr. Ad. Ducke, do Museu do Pará ( entomologia hymenopteros ). Além disso, estudaram no Museu, durante maior espaço de tempo, o sr. dr. Heitor Maurano, que aqui preparou a parte systematica da sua these de doutoramento em medicina ( Do Escorpionismo ) e o sr. Bel. Fausto Lex, que aqui se preparou para um concurso de Historia Natural, no Gymnasio de Cam- pinas. Ainda os seguintes srs. tiveram proveito das nossas collecções, para fins “seientificos: — T. Christowski ( Aves ); H. Maniser, funccionario do Museu Anthropologico de S. Pe- tersbugo ( Ethnographia ) O. A. Salley ( Biologia das aves ) ; M. Gude ( Curso nos methodos de preparação ). Pelo pessoal da repartição foram publicados, durante este exercicio, os seguintes trabalhos : | Dr. Hermann von Ihering: The classification of the family Dendrocolaptidae, The Auk, Vol. 32, Cambridge, pag. 145-153. PI. XI-XII. Commissão das Linhas Telegraphicas Estrategicas de Matto Grosso ao Amazonas — Annexo 5, Molluscos, Rio de Janeiro pag. 1-14, com 3 estampas. Rodolpho Von Ihering: 1) Estudo Biologico das La- gartas Urticantes ou Nr 5 Annaes Paulistas de Medi- cina e Cirurgia. Vol. III n. 6, pag. 129-139 — Est. VII. — 2) (Osso bregmatics do Pod e em geral dos Simios, Carnivoros e Desdentados brazileiros ; loc. s. cit. Vol. n. 2a 4, pag. 126-130, Est. VI. — 3) Os escorpiões do Brazil Meridional, loc. s. cit. Vol. V, n. 2 a 4 pag. 73-81. ne Gt OFFERTAS — AUGMENTO DAS COLLECÇÕES Do Instituto Pasteur — 1 tamandua bandeira. » » » — 1 jabiru. Do Sr. Fausto Lex — em Barretos Uma grande borbo- leta ( gen. Arsenura e outros iasectos ). Do Sr. Nicolau Toledo Mello — ( Serra Negra ) 1 gavião vivo ( Polyborus tharus ). Do Sr. Sacoman — Bairro do Ypiranga — 1 tamanduá- mirim, vivo. Do Jardim Publico da Capital — Uma grande tartaruga do mar ( morta ). Do Sr. J. de Arruda Campos — Agua Vermelha — 1 jabiru. Da Secretaria do Interior — 1 fléxa de indio. Do Museu Nacional — Rio de Janeiro — Moldes em gesso de ossos de baleia. Do Sr. Christiano Euslen — Boa Vista, Rio Grande do Sul — 1 colleeção de diversos objectos preparados : insectos, conchas, guaiquica ( marmosa pusilla ). Da Commissão Geographica e Geologica de S. Paulo — 1 grande herbario da extineta secção botanica. Do Sr. Roberto Linguanotto — Uma bala de canhão en- contrada no Bosque da Satide e 1 ninho de ave. Do Sr. J. de Sampaio Ferraz — 1 secretaria estylo ja- ponez, que pertenceu ao Dr. Prudente de Moraes. EM PERMUTA Do Sr. Carlos Bruch —. La Plata, Argentina — Uma colle- cção de formigas. Do Sr. Zikan — Espirito Santo — 1 collecçäo de besou- ros da familia Cicindelidæ. Do Sr. Julio. Melzer — São Paulo — numerosos besouros da familia Cerambicidæ. Da Smithsonian Institution — Estados Unidos — Uma colleeção de carangueijos. POR COMPRA Do Sr. H. Pinder — 3 aves 9145-9146-9148. Do Sr. Benedicto Pedroso — Plantas e troncos para jar- dim botanico e herbario. Do Sr. J. K. Schwanda— Miritiba, Maranhão — Uma colleeção de couros e aves 9137, 9141. Uma colleeção de couros de mammiferos 3172, 3178. Relatorio do Museu Paulista REFERENTE AQ ANNO DE 1916 Pelo Director, em Commissão, Affonso d'E. Taunay Sao Paulo, 30 de Abril de 1917. Exmo. Sr. Dr. Oscar Rodrigues Alves Dignissimo Secretario dos Negocios do Interior : A V. Excia. tenho a honra de enviar o relatorio do Museu Paulista, para o anno de 1916, de accôrdo com a recommendação recebida por intermedio do sr. dr. Carlos Reis. Assumindo a Directoria do Museu a 27 de Fevereiro proximo findo, julguei que o meu antecessor já houvesse apresentado à apreciação de V. Excia. este documento. Para o redigir, sirvo-me dos apontamentos no archivo do Museu encontrados, notas de actos ofliciaes e informações do pessoal que no Estabelecimento trabalha. Durante o anno de 1916 passou o Museu Paulista per fundas modificações quanto à constituição do seu pessoa! dirigente. A 4 de Janeiro nomeava Ex”º. sr. dr. Eloy Chaves, então Secretario interino do Interior. uma commissão encarregada de proceder a um inquerito administrativo sobre as nórmas a que se cingia e regiam a direcção do Museu. Ficou esta commissão constituida pelos srs. dr. Antonio de Barros Barreto, lente da Escola Polytechnica de S. Paulo, Reynaldo Ribeiro, lente da Escola Normal e Sebastião Felix de Abreu e Castro, chefe de secção na Secretaria do Interior DIRECTORIA. — TRABALHOS DA COMMISSÃO. — IN- VENTARIO GERAL Procedeu a commissão a exame nas contas relativas à gestão do sr. dr. Hermann von Ihering, e, ao mesmo tempo, procedeu a inventariação do material existente no Museu. Começou a sua inspecção a 11 de Janeiro de 1916; a 10 de Maio assumiu o Custos do Museu, sr. B. Rodolpho von Ihering a direcção do Estabelecimento, interinamente, Dos trabalhos da commissão resultou o laudo, a V. Excia. apresentado, sobre o directorado do dr. Hermann von Ihering, que em principios de Agosto foi dispensado do cargo de Di- rector do Museu, para o qual foi nomeado o sr. dr. Armando Prado. Proseguiu a commissão no inventario encetado ; levou-o acabo com uma minucia e pertinácia dignas dos maiores elogios. Ficou a direcção munida de um precioso instru- mento de avaliação e localização de suas collecções. Reali- zado com methodo perfeitamente orientado, e verdadeira in- telligencia do assumpto, de prompto póde este inventario geral permittir à Directoria apresentar este ou aquelle ob- jecto reclamado e exposto ou conservado em qualquer das numerosas salas do edificio. Commentando estes servicos, ja tive, ao assumir a di- recçäo do Museu, a occasiäo de a V. Excia. recommendal-os. Os agradecimentos que V. Excia., em nome do Museu, à commissão endereçou, foram os mais justos. Tornava-se imprescindivel a organização desse inventario geral que, assim mesmo, por absoluta falta de tempo, não poude ser ultimado. Assim, quanto à descripção dos objectos ao publico ex- postos, na sala de numismática, e de que apenas havia sum- marias indicações. PESSOAL Desligou-se do Museu, em principios do anno ( Feve- reiro ), o dr. Paulo Vergueiro Lopes de Leão, que exercia o cargo de desenhista. Foi dispensado o sr. Ernesto Amadeu, servente, por mo- tivo de restricção de despesas. A 18 de Outubro entrou em exercicio do cargo de amanuense o sr. Fernando Prado de Azambuja, que obtivéra permissão para permutar com o sr. Arthar Pinto Payaguá, desde algum tempo a servir na Secretaria, A 13 de Novembro entrou no goso de uma licença de tres mezes o zelador sr. Rodolpho Von Ihering. Os restantes funecionarios do Museu estiveram em exer- cicio assiduo de suas funeções durante todo o anno. VISITANTES DO MUSEU Em 1916 foram as nossas salas de exposição visitadas por 66.247 pessôas ou sejam mais 2.185 do que em 1915. Temos a convieção de que muito maior teria sido essa fre- quencia, si os percursos nas linhas da S. Paulo Light fossem reduzidos. O simples facto do estabelecimento de via dupla durante todo o trajecto abreviaria sobremaneira o tempo gasto, para trazer da cidade ao Museu os visitantes. Não se realizou a 7 de Setembro commemoração alguma especial, allusiva à grande data nacional, assim mesmo foi nesse dia o Museu visitado por 4.455 pessoas. EXCURSÕES Durante o anno apenas realizaram os naturalistas do Museu duas excursões. Constituiu a primeira na viagem do srs. Ernesto Garbe e IH. Luederwaldt a Piassaguéra, com o fito de alli pescarem alguns grandes bôtos, intento que se não poude realizar. Approveitaram os dous excursionistas a opportunidade para angariar exemplares da fáuna e da flora dos mangues, que ao Museu recolheram. Tendo o sr. dr. Armando Prado conhecimento de que em Barretos haviam sido descobertos importantes fósseis, du- rante os trabalhos de perfuração de póços, para lá fez seguir o sr. E. Garbe, que passou cérea de tres semanas, em No- vembro e Dezembro, a examinar os restos: assignalados, achando-os muito fragmentados e de diminuta valia. Ap- proveitou-se do facto de achar-se naquella região para caçar pescar, conseguindo reunir algumas dezenas de passaros. centenas de peixes e insectos, alguns mamiferos e ainda. al- guns objectos que julgou interessantes. BIBLIOTHECA Poucos foram os consultantes, extranhos ao Museu, que à sua bibliotheca viéram ; devido isto, em parte, aos trabalhos da Commissão e ao inicio da catalogação geral, de accôrdo com o systema decimal, emprehendida pelo bibliothecario sr. Andréa Dó, segundo as determinações da Commissão, e de que foram redigidas 707 fichas, correspondentes a uns 3.500 volumes. Escasseäram muito as publicações a ella enviadas, de- vido. aos acontecimentos que ao mundo enluctam. A remessa da circular, aos amigos e correspondentes do Museu, notifi- cando a posse do sr. dr. Armando Prado, fez com que nos viéssem ter à mão numerosos folhetos e revistas, sobretudo no te-americanos. A retirada de mais de cinco mil volumes da bibliotheca particular do dr. Ihering, livros que se achavam misturados com os do Museu, occasionou profundo desarranjo em nossas collecções. Estão ellas agora com a catalogação em andamento, organizando o bibhothecario as fichas que deverão assignalar- lhes a localização exacta e permittir-lhes a immediata con- sulta. Os serviços de encadernação de livros foram absolu-- tamente insignificantes, por falta de verba. Decidiu a Commissão que se procedesse a um inven- tario geral de todos os livros da bibliotheca. Adquiriu-se um livro especialmente impresso para esse fim, onde estão sendo registradas todas as obras das nossas collecções e egual- mente todas as novas aquisições da bibliotheca. REVISTA Durante o anno de 1916 só foram expedidos os tomos da Revista directamente pedidos à Directoria. Nao permittiu a escassez da verba de expediente a re- messa de algumas centenas de volumes devidos aos corre- spondentes do Museu. O periodo de transição porque passou o estabelecimento não consentiu à Directoria cogitar em imprimir um tomo novo da Revista. TRABALHOS SCIENTIFICOS E OUTROS Dentre os trabalhos realizados pelo pessoal do Museu e scientistas que o viéram visitar ou nelle estudar, cecorrem-nos os seguintes: Os do dr. Hermann von Ihering sobre Mol- luscos, Vermes e determinações botanicas no herbario do Museu; do sr. Rodolpho von Ihering sobre entomologia e zoologia em ceral, como preparação para a sua obra recen- temente publicada a « Fauna Brazileira » : do dr. Heitor Mau- rano sobre moscas: dos srs. Fausto Lex, Adolpho Hempel, Francisco Iglezias sobre entomologia; Julio Melzer sobre ce- rambycidas. dr. Lauro Travassos sobre vermes; professor dr. Achilles Bovero, da Faculdade de Medicina de São Paulo, sobre anthropologia. Durante o anno inteiro o dr. João Florencio Gomes, assistente do Instituto Serumtherapico de Butantan, com ex- traordinaria assiduidade e dedicação, estudou o volumoso material de ophidios que o Museu possue, fazendo-lhe as de- terminações, com a proficiencia que lhe é reconhecida, não só no Paiz como no exterior. Poucos foram os scientistas extrangeiros que ao Museu viéram ter em 1916; extranhos a São Paulo, e nelle estudar, Citemos entre outros o dr. Joseph Nelson Rose, do United States National Musewm, reputado botanico, especialista em phanerogamos, em geral; Frank M. Chapman do American Museum of Natural History, ornithologo bem conhecido nas rodas scientificas e A. Salley egualmente ornithologo, residente em Santa Catharina. Os srs. Ernesto Garbe, João Leonardo de Lima, natura- lista-viajante e taxidernista do Museu, occuparam-se du- rante o anno, sobretudo na conservação e reparação das col- lecções: os trabalhos do Inventario (Geral tomaram-lhes longos dias de serviço, assim como ao entomologo sr. II. Luederwaldt, que, no emtanto, proseguiu os seus estudos e observações myrmecologeios e botanicos, sobretudo acêrea das formigas e da flóra dos arredores de São Paulo, em vista de memorias que está a redigir para o tomo decimo da Revista. CONSULTAS Sobre assumptos scientificos, recebeu o Museu consultas de estabelecimentos congeneres, instituições publicas e par- ticulares e de diversas pessoas. O - + a Te: He. Entre ellas citemos as do dr. A. Ronna, de Uruguayana, sobre escorpiões: do. dr. Gomes de Faria, de Manguinhos, pedindo a classificação de molluscos e de uma Polydora que perfura cascas; do dr. Jesuino Maciel sobre uma aranha va lycosa raptoria ); do dr. João Florencio Gomes, um rato sylvestre ( ocodon cursor ), abundante em Butanten; do dr. A. Carini sobre uma coruja (a pisorphin1 choliba); eum ophidio ( thamnoagastis natterei); do sr. Francisco Donato, da Lapa, Sao Paulo, sobre um escorpionidio caseiro ( scuti- gera forceps ); do dr. Theophilo Maciel, São Paulo, sobre insectos perseguidores da apis mellifera; do dr. M. J. Alves, sobre cocidas que atacam as aveneas; do dt. Francisco de Paula de Magalhäes Gomes, de Bello Horizonte, pedindo classificagio de hymenopteros parasitas; dos srs. Amaral Cor- reia & Comp., pedindo instrucções para combater certo gor- œulho ; do sr. A. M. Borba, lavrador solicitando informes sobre um gafanhoto; do sr. J. A. P. Gago, da Penha, São Paulo sobre formigas que atacam os pomares; do dr. Adol- pho Lutz requerendo classificação de varios molluscos de agua doce; do dr. Pirajá da Silva, Bahia, sobre coleopteros carunchadcres de varios cereaes; do sr. L. A. Pereira, de Antonina, sobre um mollusco (balanus tintinnabulos ) ; do sr. Adolpho Hempei, sobre a classificação de varios in- sectos; de d. Amaro van Emelen O. S. B., sobre nomen- elatura de apídeos e classificação de melliponidas; do sr. Francisco Dias da Rocha. da Fortaleza, Ceara, sobre de- terminação de numerosas aves; do sr. Francisco Iglesias, numerosas ccnsultas sobre entomologia; do sr. Conde A. Barbiellini, sobre larvas de coleopteros e coleopteros, além de numerosas respostas dadas a consultas de menor impor- tancia, ao Museu endereçadas de muitos pontos do Estado de São Paulo e do Brazil. PERMUTAS A 21 de Setembro combinou a Directoria do Museu, com o sr. dr. Frank Chapman, conservador da Secção ornitholo- gica do Museu de Nova York, uma permuta de aves, de quantas fosse possivel mandar-lhe, contra especies amazoni- cas, exemplar por exemplar em equivalencia. Fez-se esta remessa dentro de poucas semanas. A 13 de Fevereiro recebeu o Museu, do dr. Juan Tre- moleras, de Montevideo, uma colleeção de coleopteros cara- bidos, com trinta e nove exemplares; expediu-se uma caixa a este naturalista, contendo material equivalente, das du- plicatas do Museu. DADIVAS E ACQUISIÇÕES Pouco numerosas foram as dadivas ao Museu em 1916, Entre as mais valiosas mencionemos : — 24 — Do Exmo. Sr. Dr. Eloy Chaves, então Secretario inte- rino do Interior: 2 albuns referentes ao monumento erecto, no Prado da Moóca, em honra a memoria de Bartholomeu Lourenço de (Gusmão, acompanhados pela caneta de ouro que serviu para as assignaturas do termo de inauguração do mo- numento. Do dr. Hermann von Ibering uma osssada de baleia, que lhe fôra remettida pelo dr. Pirajá da Silva. Do sr. H. Luederwaldt uma grande collecgao de fétos da flóra catharinense, cincoenta especies, com quinhentos exem- plares. Do dr. Antonio de Barros Barreto, uma collecção de vinte e oito notas de diminuto valor, bilhetes de bonde e outros objectos que serviram de moeda divisionaria nos Estados do Norte. Do dr. José Bach, amostras ae schistos betuminosos do Estado de Alagõas. Entre outras pessoas, offereceram exemplares e aves, inse- ctos, mammiferos, crustácios, plantas, fructos, sementes e etc. , a Companhia de Pesca Santos e a Companhia Silex, os srs. Drs. A. Ronna, Fausto Lex, Antonio de Barros Barreto, José de Campos Novaes, Hermann Luederwaldt, conde Barbiellini, dr. José Bach, Tenente Coronel Pedro Dias de Campos, Ar- chitecto Kurt Brade, L. Friederichs, Pedro do Couto Junior. Annibal de Sousa Serrra, Felippe Antucei, Dr. Jesuino Ma- ciel, Julio Conceição e os Directores da Escola Agricola Luiz de Queiroz e do Jardim Publico de S. Paulo. MATERIAL EM MÃOS DE NATURALISTAS EXTRAN- GEIROS E NACIONAES Os acontecimentos da conflagração européa têm impedi- do a devolução de material do Museu desde longo tempo en- viado, para determinação a diversos naturalistas europeus como o dr. Adel Seitz, de Darmstadt e o director do Pom- mersches Museum, de Stettin (Lepidopteros e cicadidos, ) professor J. Silvestri, de Portici, Napolis. De Buenos Ayres espera o Museu a colleeção de Pom- pilidas que esta em mãos do dr. J. Brethes; do. Smithso- nian Instituto uma colleeção de crustaceos, de cuja determi- nação se encarregou Miss. Rathbun, secretaria dessa notavel instituição. A pedido da directoria, prestaram-se para determinar ma- terial do Museu os snrs. drs. Henrique de Beaurepaire Ara- gão, Lauro Travassos, do Instituto Oswaldo Cruz e Alipio de Miranda Ribeiro, do Museu Nacional, scientistas dos mais acatados nos meios nacionaes e extrangeiros. Promptamente estudaram o material enviado, que foi recambiado, reintegran- do-se às svaas collecções. JARDIM E HORTO BOTANICO Os trabalhos do Jardim e Horto Botanico continuaram a cargo do sr. H. Luederwaldt que dedicadamente continuou a transplantar para © horto numerosos especimens da flóra in- digena e alienigena. Acham-se ambos muito bem tratados, tanto quanto foi possivel fazer com tão escasso pessoal -— tres homens e um meniuo — para uma “área de cérea de oito hectares. Por falta de verba, não foi posssivel estercar o jardim, como se devéra fazél-o, nem tão pouco promover a restauração dos grammados. Um serviço penoso é o daréga realizado a braços, sendo conveniente o estabelecimento de uma rêde de canalização que a permitta por intermedio de esguichos. EDIFICIO DO MUSEU Acha-se o edificio do Museu bem conservado. Durante o anno de 1916 não soffreu reparos de grande monta. Como numerosas portas e janellas estivessem empenadas, mandaram, tanto a Commissão, como o sr. dr. Armando Prado, concertal-as. As portas exteriores, gradis e portões foram enverniza- dos e aliuminados. No telhado fizeram-se diversos pequenos reparos, assim como nas cálhas. As fendas notadas nos portaes da galeria do andar ter- reo não augmentaram, segundo o demonstram os testemunhos, nelles collocadas em Março de 1914. MATERIAL FORNECIDO PELO MUSEU Em 1916, das colleeções do Museu apenas sahiu para a Escola Normal do Braz, por ordem da Secretaria do Interior uma pequena colleccäo de aves e de conchas. GUIAS E PUBLICAÇÕES DO MUSEU Não se reimprimiu, no anno transacto, o Guia das Col- leccdes do Museu Paulista, que é tão pedido e tanta falta faz, assim como nenhuma das demais publicações editadas pelo estabelecimento. NOVAS SALAS DE EXPOSIÇÃO Como era natural, não se poude, no anno de 1916, abrir nenhuma sala nova de exposição ao publico; nem hou- ve mesmo nenhuma tentativa de adaptação de algum apo- sento do andar terreo para este fim. eT Pe PN SIRO AT SP A ry TR ELA 4 \ nny = São estes, Exmo. Sr. Dr., os principaes tópicos sobre cs quaes me occorre representar a V. Excia. e attinentes aos diversos serviços do Museu. A V. Excia. apresento os sentimentos da minha mais alta consideração. AFFONSO D’ESCRAGNOLLE TA UNAY, Director, em commissão, do Museu Paulista. EXCURSAO SCIENTIFICA DO NATURALISTA VIAJAN- TE DO MUSEU PAULISTA A BEBEDOURO, BARRETOS, VILLA OLYMPIA, de 10 de Novem- bro a 3 de Dezembro de 1916. Em meiados de Outubro deste anno, chegou ao Museu Paulista uma remessa de 6ssos fósseis, amostras de diversas pedras e de terras provenientes de um poço de Villa Olym- pia, no noroéste do Estado de S. Paulo. O remettente desses achados, o professor sr. Fausto Lex, de Barretos, communicava-nos, ao mesmo tempo. que no poço, talvez, pudéssem -ser encontrados outros melhores achados, mediante exploração systematica. Para este fim, o Director do Museu, Dr. Armando Prado, mandou-me em 10 de No- vembro proximo passado a Barretos. Alli cheguei após treze horas de viagem. No dia. seguinte, procurei o professor Lex, afim de obter informações seguras a respeito dos taes póços. Villa Olympia esta sita em uma outra estrada de ferro, ou melhor, no ponto terminal actual da Estrada de Ferro S. Paulo — Goyaz. Tive, por conseguinte, que voltar a Bebe- donro e dahi seguir pela linha da Goyaz. O trem partiu às 6 horas da manhan de Barretos e chegou ás 11 e 40 a Villa Olympia. Aqui tratei incontinenti de procurar o poceiro que achára os fósseis remettidos pelo Prof. Lex. Na manhan de 12 de Novembro p. p., fui, em companhia de um official do poceiro, ao sitio do proprietario dos pócos, o sr. Jacomo Picorato, afim de com elle conferenciar Este senhor approvou immediatamente a minha pro- posta, pedindo apenas uma indemnização, que lhe prometti desde que encontrasse objectos de valor ou destruisse 0 poço, fazendo as excavações. © proprietario queria continuar a excavar o poço, apezar de não ter encontrado agua à pro- Poa MINT © + #nndidade de cincoenta metros. Os 6ssos já achados estavam a 38 ou 40 metros do solo, em terra escura e em camadas de arenito vermelho. Estando a roldana e as respectivas córdas em péssimo estado, vi-me obrigado a procurar na villa uma armação de maior resistencia. Tive tambem que pedir ao Museu, uma corda mais comprida, por ser insufficiente a que eu trouxéra, bem como ama lampada electrica, em virtude de ter-se a luz aberta apagado à profundidade de 25 metros. O diametro do poço apenas alcançava, em muitos loga- res, tres palmos e meio, reinando, por conseguinte, no logar dos trabalhos ( 40 ms. ), absoluta escuridão. Os poceiros usaram por occasião do serviço uma rolda- na fraca, que não offerecia segurança, com uma corda re- gular ligada a uma táboa, para nesta se sentarem. Assim desceram ao poco. A corda, tendo o centro de gravidade na sua extremi- dade inferior, virava-se com a pessôa ao redor do seu pro- prio eixo, o que causava desmaios e vertigens, tornando, as- sim, a descida bastante perigosa. Para evitar qualquer accidente, construi uma espécie de elevador: como plataforma servi-me de um barril que tinha no fundo uma cruz de madeira, em cujas quatro extremidades Yoram ligadas quatro cordas tensas até a altura de 180 centi- metros por outra cruz de madeira. Assim tinha o barril ama posi- cão fixa entre as 4 cordas e o elevador mesmo era suspenso do cabo da roldana. Tanto o barril, como o operario, podia-o fazer descer a. qualquer profundidade, para examinar as paredes do poço, —Depois de chegarem, de São, Paulo, a corda grossa e 1 lampada electrica e experimentar o “elevador” do poço com uma carga de pedras, começou o trabalho subterrâneo, — Apesar do poceiro não ser um homem pesado, o seu peso, 0 do barril, o das ferramentas e o da corda grossa exigiam 4 ho- mens fortes para permittir a subida e descida. Ao tempo em que o poceiro excavava óssos e pedras, nós examinavamos o material excavado, velho, encontrando ape- nas pequenos vestigios de 6ssos, e tambem o dente de um saurio. — Depois de, um trabalho de dois dias, com poucos achados interessantes, desistimos da empresa. N’um poco da Villa Olympia, encontramos ainda, alem de alguns fragmentos de 6ssos, alguns pedacos interessantes de formação calcica, sobre os quaes o Dr. Barros Barreto publicarä detalhes. Tambem em outros logares dessa região foram encon- trados fósseis, especialmente na occasiäo de excavação de poços. Infelizmente, maiores excavações custariam muito di- aheiro e o Museu Paulista não tem verba para tanto. Emquanto esperava os instrumentos de S. Paulo, caça” va e pescava diariamente, muito embora aquella região não Po fo EE seja muito apropriada para isso, por falta de mattas. Os poucos restos de florestas estão quasi todos destruidos pela queimada de róças, de modo que os arbustos faltam com- pletamente. Alem disto, reinava extraordinaria secca que im- pedia a propagação dos insectos. O ribeirão da vizinhança da villa não se presta à pes- caria de rêde. Apenas em uma lagôa, a uma distancia de cinco kilometros da villa, conseguiu-se um bom numero de peixes. Visto as condições da excursão. estou satisfeito com o seu resultado: reuni 58 passaros, 180 peixes, mais ou me- nos, 16 conchas e 230 insectos, uma cobra, um cachorro do matto, apanhado numa ratoeira de lobo e ainda alguns objectos. A 2 de Dezembro, à 1 hora da tarde, parti de Villa Olympia, chegando, a 3, às 9,12 horas da manhan a S.Paulo. ERNESTO GARBE. Naturalista viajante do Museu Paulista. NOTAS MYRMECOLOGICAS POR H. LUEDERWALDT Entomologo do Museu Paulista I Nomenclatura das formigas do Estado de S. Paulo. II Novas formigas. HI Nidificacao etc., da ‘‘ Atta góldii, ‘‘luederwaldtii’’ e “nigrosetosa”. th = Nomenclatura das formigas do Estado de São Paulo Fez o estudo das formigas, nas ultimas déca- das, immensos progressos. Era em 1886 0 nume- ro de todas as espécies conhecidas avaliado em 1.200; em 1893 attingiu a 2.000 e em 1910 a 9.031! A fáuna myrmecologica mais rica, encon- tra se na região neotrópica, com 1.467 espécies, das quaes 961, pertencentes à America do Sul, quando a indo-malaica, que se lhe segue, conta ap- proximadamente apenas 1.169. Citou o sr. dr. H. von Ihering, em 1895, no tio Grande do Sul 84 espécies, emquanto que a nomenclatura seguinte, do Estado de São Paulo, importa em 315 especies. Acerca dos outros esta- dos brazileiros, ignoro si existem dados estatisticos. No Estado de São Paulo, nos ultimos annos. o colleccionador, foi especialmente o Museu Paulista ; fóra delle, em annos anteriores, os drs. Lutz e A. Goeldi. O restricto numero das localidades, abaixo registradas, onde até agora foram colleccionadas formigas, com certa dedicação, deixa entrever no- vos achados provaveis; crêmos, porém, que em lo- gares dellas distanciados centenas de kilometros. Só o prof. dr. A. Forel, que estudou a maior parte do material myrmecologico dc nosso Museu, classificou nos ultimos annos perto de 80 novas formas, colleccionadas exclusivamente no Estado de São Paulo pelo Museu Paulista. Além do dr. Forel o sr. prof. dr. C. Ennery determinou formigas do Museu. A lista seguinte representa um estudo prelimi- nar para um catalogo das formigas brazileiras. 0 auctor começou este trabalho no anno de 1908, sob -— pes os auspícios do sr. dr. H. von Ihering, continuan- do-o até esta data. E' possivel, comtudo, que nos ultimos annos tenham occorrido publicações recentes sobre novas es- pécies. Estas memorias não as recebemos em vir- tude da conflagração européa; dahi o facto de se acharem lacunas mais que provaveis nc nosso tra- balho. Apontamentos geographicos (*) Alto da Serra, Estação: Linha de São Paulo -- Santos, na Serra do Mar. Zona de matta virgem, humida e àspera. Avanhandava : Estado de São Paulo, interior, matta virgem e campo. Baurú: Interior do Estado, matta virgem e campo. Belém: estação da «S. Pauio Railway », perto de S. Paulo. (Campo e matto. Sotucatúi: Interior. Campo e matta virgem. Butantan: Arrabaide da Capital de São Paulo. Campinas: Campo cultivado. Campo Grande, Estação: Linha São Paulo -- Santos. (Campo e matto. Campos do Jordão: Fronteiras de São Paulo e Minas. Na Serra da Mantiqueira. Alt. 1.200 ms. sobre o nivel do mar. (Campos com capões ralos. Cantareira: ua Serra da Cantareira, perto de São Paulo. Matta virgem. Morro Pellado: Interior, municipio de Rio Claro. Conceição de Itanhaen: Villa à beira mar, en- tre Santos e Iguape. Matto e mangue. Cubatão. Estação: Linha São Paulo -- Santos. Zona de mangue e matto. Franca: Interior. (Campos. (*) Estes apontamentos relativos à localização das for- migas, que aos leitores brasileiros serão superfluos, destinam- se aos ledores extrangeiros da « Revista ». Guarujá : no littoral da ilha de Santo Amaro, perto de Santos. Matta virgem. Iguape: Cidade da costa, ao sul de Santos. Mangue e matta virgem. Ilha do Casqueirinho : Pequena ilha com matta virgem no mangue, perto de Santos. Ilha de São Sebastião: Costa do mar ao norte de Santos. Matta virgem. Ilha da Victoria: Costa do Estado de São Paulo, ao norte de Santos. Ituverava: Interior. Matta virgem e campo. Jaraguá: Montanha mediocre da Serra da Can- tareira, perto de Taipas, a 20 klms. de São Paulo. Matto e campo. José Menino: Arrabalde de Santos. Jundiahy : Interior. Campo e matta virgem. Matto Grosso: Um resto de matta virgem de 1 klm. quadrado, pouco mais ou menos, nas vizi- nhanças de São Paulo ( Ypiranga). Piassaguéra, Estação: Linha São Paulo -- San- tos, ao pé da Serra do Mar, na vizinhança de Santos. Matta virgem. Pilar, Estação: Linha de São Paulo -- Santos. Campo e matto. Piracicaba : Interior. Matta virgem. Ribeirão Preto: Interior. Região caféeira. Rio Grande, Estação: Linha de São Paulo -- Santos, perto da Estação de Alto da Serra. Campo. Salto Grande: Interior, no rio Paranápanema. Zona fertil de matta virgem. Santos: Clima humido-quente. Zona de mangue. São Bernardo, Estação: Linha São Paulo -- Santos, nas vizinhanças de São Paulo. Campo. São Manoel:. Interior. Zona caféeira. Sao Paulo ( Capital do Estado ). Nas vizinhan- ças da Serra da Cantareira. Campo sécco, com al- guns restos de matto. Alt. 700 ms. sobre o nivel do mar. Sorocaba : Interior. Campo. Ypiranga: Suburbio da cidade de São Paulo, onde se acha o Museu Paulista. Nomenelatura das formigas do Estado de Sao Paulo J. SUB-FAMILIA : PONERINAE ACANTHOSTICHUS ( ACANTHOST. ) — serrulatus, Sin. Franca. PARAPONERA — Clavata Fabr. Ituverava. ACANTHOPONERA — dolo fog. Ilha de Ss. Sebastião, Alto da Serra, Salto Grande, Ituverava. Ip. — dolo, var. schwebelr, n. var. Alto da Serra. Ip. — mucronata Rog. Matto do Governo. HoLcoPoNERA — simples Hin. Salto Grande. Ip. — striatula Mayr. var. angustiloba For. Ypiranga. Jp. — striat., subsp. obscura Hin. Estado de Sao Paulo. Ip. — striat., var. stinplicoides For. Santos, Raiz da Serra. Ecraromma ( Korat.) — edentatum Rog. Ypiranga, Salto Grande. Ip. — ( Korat. ) edent., var. iris. For. Butantan. Ip. — Eorat. stregosum Hin. Ypiranga, Campinas. Ip. (EOTAT.) — strig. var. permagua For. Franca, Sao Manuel. Ip. (ECTAT.) — tuberculatum Ol. Ituverava, Franca. Ip. (PARECTATOMMA ) — ? triangulare Mayr. Ypiranga. Ip. (GNAMPTOGENYS) — annulatuin Mayr. Raiz da Serra. Ip. ( GNAMPT.) — mordax Sin. Ypiranga. ae CENTROMRYMEX --- brachycola Rog. var. paulina For Ypiranga. Ip. — gigas For. Ypiranga. DinoPoNERA — grandis Guér. Estado de São Paulo. NEoponERA ( NEoPoN.) — aprcalis Latr. Jaraguá, S. Grande, Ituverava, Franca. Ip. (Nropon.) — crenata Rog. . Ilha de S. Sebastião, Raiz da Serra, Alto da Serra, Ypiranga. Ip. (NEoPoN.) — cren., forma moesta Mayr. Santos, Alto da Serra, Ypiranga, Salte Grande, Piassaguéra. à Descripta por Mayr, como subsp., pode comiudo ser considerada apenas forma, por encontrar-se muitas vezes nos ninhos do typo. Ip. ( Neopon. ) — obscuricornis Em. var. latreil- ler For. Raiz da Serra, Ilha de São Sebastião. Ip. ( Neopon.) — rellosa Fabr. Ilha de S. Sebastião, Piassaguéra, Alto da Serra, Ituverava, Salto Grande, Franca. | PacayconNpyLa ( Pacuyc. ) — harpax Fabr. Raiz da Serra, Salto Grande. Ip. ( Pacuyc. ) — striata Sm. Ilha de Säo Sebastiäo, Iguape, Raiz da Serra, Alto da Serra, Ypiranga, Jundiahy, Salto Grande, Ituverava. Euponera ( MESOPONERA ) — leveillei Em. Botucatu. Ip. ( Mesor.) — marginata Rog. Ypiranga, Franca, Ituverava. Ip. ( TRACHYMESOPUS ) — stigma Fabr. Raiz da Serra. PoNERA — distinguenda Em. Salto Grande. Ip. — disting., var. histrio For. Raiz da Serra, Salto Grande. Ip. — cheringi For. Alto da Serra, Campos do Jordäo Ip. — inexorata Wheel. var. inexpedita For. Alto da Serra. Ip. — parva For. var. schwebeli For. Alto da Serra. Ip. — schinalzr Ein. Alto da Serra. Ip. — schmalzi var. paulina For. Alto da Serra. LEPTOGENYS ( LOBOPELTA ) — heringi For. Raiz da Serra. ip. ( Losop. ) — luederwaldti For. Ypiranga. ANOCHETUS ( AnocH.) — altisquamis Mayr. Raiz da Serra, Alto da Serra. Ip. ( AxocH ) — altisquamis forma fumata, n. f. Ypiranga. ODONTOMACHUS — affints Guér. Ilha de São Sebastião, Piassaguéra, Pi- lar, Matto do Governo. Ip. — chelifer latr. «Ilha de São Sebastião. Raiz da Serra, Ypiranga, Campinas, Baurú, Franca, Ituverava. Ip. — haematoda L. var. hirsutiuscula F. Sin. Ypiranga. lo. — hacinat., subsp. insularis Guer. Guarujá, Raiz da Serra, Piassaguéra, Ypiranga, Franca. Ip. — haemat., subsp. minuta. Em. Conceição de Itanhaen. Ip. — hastatus Fabr. Piassagnéra, Alto da Serra. II. SUB-FAMILIA : DORYLINAE Eciton ( Ecrr.)— burchelli West. ( foreli Mayr 9), Ilha Je São Sebastião, Raiz da Serra. Alto da Serra, Rio Grande, Matto do mas bé Ltd à... Dies Le O, Governo, Salto Grande, Franca, Jun- diahy, Ypiranga. Ip. ( Ecrr.) — quadriglume Hall. (*) ( Latreil- ler Lep. e fargeant Shuck. &.) Alto da Serra, Pilar, Jundiahy, Franca, Salto Grande. O até agora não foi encon- trado perto de Sao Paulo. Ip ( Kerr.) — vagans Ol. (dubitatum Hin. 3 ?, segundo Ihering ). Franca. Ip. ( Ecir ) — vag., subsp. francanuin 1hering. Fran- ca, Ituverava. Ip. ( Lasipus ) coecum Latr. (juriner Shuck & ) Raiz da Serra, Ypiranga, Ituverava, Jundiahy. Campos do Jordão. Ip. ( LaBip. ) — crassicorne Sin. ( esenbecks West. d', segundo lhering ). Ypiranga, Franca, Ituverava. Ip. ( LaBip. ) — praedator Sm. ( & descripto em 1906 por Forel. ) Ilha de São Sebastião, Guarujá, Rio Grande, Ypiranga, Salto Grande, Itu- verava, São Manuel. Ip. (Lapin. ) — schlechtendali Mayr (hartigi West. 3, segundo Lhering ). Alto da Serra, Ypiranga. Ip. ( Lapin. ) — hartigi Westw., subsp. hansi Foi Estado de São Paulo, Ip (Acamatus) — diana For. Ituverava. Ip. ( ACAMAT. ) — alligert Shuch dg. Estado de Sao Paulo. lp. ( ACAMAT. } — legicnis Sm. Raiz da Serra, Alto da Serra. In. ( Acamar.) pilosum Sin. (halidayi Shuck à, segundo Ihering. ) Franca. (*) A subsp. dulcius For., n. 14.207, não foi collec- cionada no Estado de Säo Paulo, como diz Forel no seu « Formicides néotropiques », Extr. Ann. Soc. Ent. Belg., LVI, 1912, pag. 42, mas perto da Bahia a ee E' provavel, que halidayi Shuck, não seja o 4 de pilosum Sin., como Ihering indica, mas com maior pro- babilidade de raptans For. Os 99 da ultima especie, como tambem halz- dayr, não são raros aqui; no emtanto, piloswir nunca foi encontrado nos ar- redores de S. Paulo. Aqui existe ain- da Acam., legionis Sm., cujo d é conhecido. Ip. ( Acamat. ) — luederivaldti Em. & (15.748). Ypiranga. Colleccionado sómente em um exemplar. Ip. ( Acamar.) — pseudops For. var. garbei For. Franca. Ip. ( Acamat. ) — raptans For. Ypiranga. III. SUB-FAMILIA : MYRMICINAE Arta — laevigata Sm. Ilha do Casqueirinho, Ypiranga, Franca. Ip. — sexdens L. var. bisphaerica For. Ypiranga. Ip. — sexd. var. rubropilosa For. Raiz da Serra, Cubatão, Santos, Ypi- ranga, Belém, Salto Grande. ACROMYRMEX — aspersa Sin. Estado de São Paulo. Ip. — aspersa, subsp. dinidiata For. Ypiranga. Ip. — coronata Fabr. subsp. homalops Em. Cantareira. Ib. — discigera Mayr. Ilha de São Sebastião, Raiz e Alto da Serra. Ib. — mesonodotalis Ein. Ilha de São Sebastião, Ilha da Vi- ctoria, Raiz da Serra. Ip. — moeller: For. Ilha de São Sebastião, Salto Grande. Ip. — moell. var. mewmerti For. Estado de Sao Paulo. Ib. — moell. subsp. modesta For. Nha de São Sebastião, Raiz 4 Serra, Franca, Ituverava, Salto Grande. Ib. — negra Sin. ranga, Gampos do Jordäo. Ib. — nigra var. muticinoda For. Estado de São Paulo. Ip. — subterranea For. Alto da Serra. Ip. — subterran. var. brunnea For. Raiz da Serra, Alto da Serra, Ypi- Raiz da Serra e Alto da Serra, Ypi- ranga Ip. — sublerran. var. depressiusculis For. Cantareira, Sao Bernardo, Serra. Myocepurus — goeldit For. Ypiranga. Ip. — luederwaldti For. Ypiranga. TRACHYMYRMEX — oethevi For. Matto do Governo. CYPHOMYRMEX — Olitrix For. subsp. lecta Ypiranga. Ib. — rimosus Spin. Franca. Ip. — rimos. var. fusca, Em. Santos, Alto da Serra. Ib. — rimos. var. major For. Sorocaba. Ip. — strigatus Mayr. Raiz da Serra. | MYRMECOCRYPTA — squamosa Sin. Ypiranga. SERICOMYRMEX — squainosus Sin. Estado de São Paulo. Alto da For. DE PT Per Go FO DR ao Sted es OPA ee Res 7 Ip. — scrobifer For. Ypiranga. APTEROSTIGMA — wasinanni For. Estado de Säo Paulo. Ip. — pilosum Mayr. Matto do Governo. OCHETOMYRMEX — mayre For. Estado de Sao Paulo. \VASSMANNIA — auropunctata Rog. Sartos. Ip. — auropuncl., var, nigricans Em. Raiz da Serra. Ip. — amropunct. var. obscura For. Santos. Ip. — cheringr For. Estado de São Paulo. ID. == Jutzy For. Estado de São Paulo. RHOPALOTRIX — peliolata Maur. Estado de Säo Paulo. PROCRYPTOCERUS — striatus Sin. Estado de São Paulo. Ip. — striat. subsp adlerz: Mayr. Y piranga. Ip. — striat. var. schmalzi Em. Cantareira, Alto da Serra. Ip. — subpilosus Sin. Ypiranga. In, -— subpil. subsp. lepidus For. Ypiranga. CRYPTOCERUS — angustus Mayr. Raiz da Serra. Ip. — atratus L. Raiz da Serra, Poço Grande, I*ranca, Salto Grande. Ip. — clypeatus Fabr. Baurú, Piracicaba, Ituverava, Morro Pellado. Ip. — depressus Klug. Ypiranga, Franca, Sorocaba. a on Em ta ee ee 1 = Ÿ + i d ‘ Ip. — depress. var. sorocabensis For. Sorocaba.. Ip. —? grandinosus Sin. Estado de São Paulo. Ip. — menutus Fabr. Santos. Ip. —pineli Guér. Ypiranga, Piracicaba, Botucatu. Ip. — pusillus Klug. Ypiranga, Franca, Salto Grande. CREMATOGASTER --- ? acuta For Ituverava. Ip. — bingo For. Alto da Serra. In. — brevispinosa Mayr. Ypiranga. In. — brevispin., var. schuppi for. Estado de Säo Paulo. In. — brevispin., var.-sericea For. À Botucattt Ip. — brevispin. subsp. tumulifera For. Ypiranga. Ip. = clydia: For. Botucatu. Ip. — ? crassipes Mayr. Franca. : Ip. — curvispinosa Mayr. Santos, Alto da Serra, Ypiranga, Ava- nhandava. Io. — distans Mayr. Alto da Serra, Butantan, Franca. Io. — dist. var. corticicola Mayr. | Ilha de São Sebastião. Ib. — dist., subsp. parviceps For. Ypiranga. Ip. — dist., Mayr. var. rugiceps Mayr. Ypiranga, Botucatu. Ip. — evallens hor. Botucatu. Ip. — goeldi For. Campo Grande, Ypiranga, Piracicaba. Ip. — theringt For. Ypiranga. In. — limata Sin. Santos, Raiz da Serra. Ip. — limata var. parabiolica For. \aiz da Serra.. Io. — lutar For. Alto da Serra. Ip. — lutzi., var. florida For. Estado de São Paulo. Ip. — ( PaysocREMA ) montezuinia Sin. Ilha de São Sebastião, Ypiranga. Ip. — ( Prysocr.) montez., var. fumata For. Cubatão. In. — ( Puysocr.) montez., var. ramulinida For. Ypiranga. Ip. — quadriforinis Rog. Ypiranga, Salto Grande, Campos do Jordao. Io. — quadrif., var. gracilior For. Santos, Ypiranga, Botucatu. Ip. — rochar For. Ypiranga. TRANOPELTA — heyert For. Ypiranga. SoLexopsis — albidula Em. var. postbrunnea For. ; Franca. Ip. — clylemnestra Ein. var. leda For. Alto da Serra. Ip. — corticalis For. subsp. margotae For. Ypiranga, Io. — decipiens Em. var. scelesta For. Bauri, Ip. — franki For. Ypiranga. Io. — franha., subsp. «dae Lor. Ypiranga. Ip, — geminata Fabr. Ilia de São Sebastião. Santos, Alto da Serra, São Paulo, Campos do Jor- or AS dão, Franca, Ribeirão Preto, Salto Grande, Ituverava. Io. — gem., var. diabola Wheel. Ilha de São Sebastião, Raiz da Serra e Rio Grande. Do. — theringe For. Raiz da Serra, Campos do Jordão. In. — laeviceps Mayr. Sorocaba. Io. — picta Em. subsp. gensterblumi For. Ypiranga. In. — pylades For. Raiz da Serra, Ypiranga, Santos. Ip. — pylad., var. incrassata For. Uha de São Sebastião. Ip. — succincta Em. var. nicar For. Franca. To. — tenuis Mayr. Raiz da Serra, Ypiranga. » Io. — tenms var. mainuiscens For. Santos. Monomorium — pharaonis L. José Menino, Piassaguéra. Ip. — ( Martia) heyerr For. Ypiranga. Ip. — ( MARTIA ) rastratum Mayr. var. lueder- waldt: For. Salto Grande. MEGALOMYRMEX — 2heringr For. Alto da Serra. PogoxomyRMEX ( EPHEBOMYRMEX ) naegele For. Ypiranga, Salto Grande, Ituverava, Piracicaba. PHEIDOLE — ( ELASMOPHEIDOLE ) aberrans Mayr. Ypiranga. Io. — anastasu Em. var. sospes For. Ypiranga. Ip. — angusta For. Ypiranga. Ip. — auropilosa Mayr. Ypiranga. Ip. Ip. Ip. Ip. Ip. Ip. Ip. Ib. Ip. Ib. Ib. Ip. TD: Ip Ip. Ip. Ip. Ip. Ip. Ip. — bambusaruin For. Alto da Serra, Säo Paulo. — breviconus Mayr. subsp. sarcina For. Botucatu. — ? crassipes Mayr. Iranca. — emeryt Mayr. Alto da Serra, Ypiranga, Cantareira. — emer., var. alpinensis For. Alto da Serra. — fabricator Sm. Raiz da Serra. — fallax Mayr. Franca. — flavens Rog. subsp. asperithorax Em. var. nugas For. Baurt. — flav. subsp. asperith. var. semipolita Hin. Raiz da Serra. — flav. subsp. tuberculata Mayr. var. putata For. Santos. — gertrudae For. Santos, Raiz da Serra, Botucatu. — guilelini-inuellert For. subsp. avia For. Rio Grande e Alto da Serra. — guil.-muell. subsp. buccuienta For. Alto da Serra. — guil.-muell. subsp. heyeri tor. var. injuncta. Alto da Serra. | — guil.-muell., var. ultrix For. Botucatu, — hraepelini For. Estado de Sao Paulo. — luige: For: Cantareira. — lutsz, var. heinzi For. Estado de São Paulo. = ORYONS fF or. Ypiranga, Salto Grande. — oxyops, subsp. régia For. Ypiranga, Botucatu. Ib. lo. Ip. Ip. Ip. Ip. 10. Ip. “To. Ip. Jo. o dp E oe rte oe Gs AS Poti DE) Ar — radoszhowskir Mayr. var. acuta Em. Ypiranga. — radoszk., var. discursans For. Botucatu. — radoszk., subsp. parvinoda For. Ypiranga, Bauru. — radosch., su'sp. parvin. var. erubens For. Estado de São Paulo. — radoszk., var. saviozae For. Estado de São Paulo. — risit For. | Matto do Governo. — rufipilis For. Ypiranga. — rufipilis var., divena For. Alto da Serra, Campus do Jordão. — triconstricta For. Franca. — triconst., var. ambulans ( Em.) For. Franca. — wolfringrt For. Estado de São Paulo. LEPTOTHORAX --- schwebeli For. Ip. Alto da Serra. — vicinus Mayr. Ypiranga. TETRAMORIUM -- reilteri Mayr. Estado de Säo Paulo. PsEUDOMYRMA --- acanthobia. Ip. Ip. Jo. Ip. Ip. Sorocaba. Botucatu. — championi Fer. susp. haytiana. For. var pau- lina kor, Estado de São Paulo. — denticollis Em. Ypiranga, Ituverava, Salto Grande. — dentic., var. infusca For. Ypiranga. — elegans Sm. Santos. — flavidula Sin. Ypiranga, Franca, Ip. — goeldir For. Sorocaba. Ip. — gracilis For. Raiz da Serra, Ypiranga, Guarujá, Ituverava, Franca, Sorocaba. Ip. — mutica Mayr. Santos, Raiz da Serra, Ypiranga, Can- tareira, Campos do Jcrdão, Alto da Serra. : Ip. — pallens Mayr. Alto da Serra. Ip. — pall. var. gibbinota For. Bauru. Ip. — schuppt- For. Estado de São Paulo. Ip. — triplarides For. Jtuverava. IV. SUB-FAMILIA : DOLICHODERINAE DoricHoperRUs — attelaboides Fabr. Raiz da Serra. Ip. — ( Monacis ) bespenosus Ol. Ituverava, Salto Grande. Ip. — ( Hypocuraca ) gebbosus Sm. var. integra For. Ituverava. DoRYMYRMEX — goelda For, var. dubia For. Botucatu. Ip. — goeld., subsp. fuinigatus For. Ypiranga. Ip. — cheringe tor. Franca. Ip. — (Conomyrma ) pyramicus Rog. var. allico- mis For. Santos. Ip. — (Conom.) pyram., subsp. flavus M. Cook. Botucatu. Ip. — ( Coxom.) pyram., var. nigra Perg. Santos, Conceição de Itanhaen, Ypi- ranga, Franca, Ribeirão Preto. Ip. — (Conom. ) pyram., subsp. brunneus For. Ypiranga, Piracicaba. IRIDOMYRMEX — drspertitus For. subsp. micans For. Alto da Serra. Io. — humelis Mayr. $ Rio Grande, Conceição de Itanhaem. Ip. — hunul., subsp. angulatus Em. Estado de São Paulo. Io. — miquus Mayr. Botucatu, Sorocaba. Ip. — inig., subsp. succinea For. Alto da Serra. Ip. — leucomelas Em. Tarinoma — atriceps Ein. Ip. — atric. var. breviscapa For. AZTECA — aesopus For. Ip: Jp. Ib. Alto da Serra, Salto Grande. Alto da Serra, Ypiranga. Raiz da Serra. Sao Paulo. chartifex For. var. spirits For. Estado de São Paulo. delpim Em. Estado de São Paulo. goeldir For. Estado de São Paulo. theringr For. Estado de São Paulo. lanuginosa Ein. Matto do Governo. muellerr Em. Ilha de São Sebastião, Rio Grande, Ypiranga, Ilha Victoria. muell.. forma nigella Em. Matto do Governo. - muell., forma wacketi Em. Matto do Governo. Encontra-se junto com o typo e por isto sómente uma forma. ulei For. var. gibbife a For. Nha Victoria. Ip. — wlei, subsp. nigricornis For. Ypiranga. V. SUB-FAMILIA: CAMPONOTINAE BRACHYMYRMEX — coaclus Mayr. Botucatu. In. — ? goeldm For. Botucatu. Io. — lóngicornis For. var. inununis For. Raiz da Serra, Ypiranga. Ip. — snicroinegas Em. Ypiranga. Ip. — patagonicus Mayr. Santos, Raiz da Serra. Ip. — patag. subsp. cordemoyr For. Ypiranga. MYRMELACHISTA — arthuro For. Ypiranga. Io. — arth. car. brunneiceps For. Matto do Governo. : Ip. — goeldw For. Botucatu. Ip. — hloeterst For. Botucatu. Ip. — ( DecamarA ) muelleri For. Santos. Ip. — paderewski For. Estado de São Paulo. Ip. — rush For. Botucatu. In. — (Decam. ) ulez, var. dubia For. Santos. PRENOLEPIS ( NYLANDERIA ) /ulva Mayr. Raiz da Serra, Ypiranga, Jundiahy. Piracicaba, Campinas. Ip. — ( NYLaND. ) fulva subsp. fumata For. Raiz da Serra, Rio Grande, Ip. — ( NyLAND.) ? goeldi For. Ituverava, Ip. — longicornis Latr. Ilha de São Sebastião. . Ip. — ( NyzaND) vevedula ( Nyl.) Mayr. Ypiranga. Ip. — ( NyLAND.) veved., var. antillana For. Sorocaba. Ip. — ( NyYLAND.) vivid., subsp. docilis Hor. Raiz da Serra. Camponotus — (CoLoBorsis) paradoxus Mayr subsp. janitor For. Alto da Serra. Ip. — (Myrmamptys ) alboannulatus Mayr. Alto da Serra, Cantareira. Ip. — (Myrmams.) alboannul., var. nessus For. Alto da Serra. Ip. — { Myrmamp. ) fastigatus Rog. Ilha de Sao Sebastiäo, Santos, Franca, Campos do Jordäo. Ip. — (Myrmams.) fastig., subsp. naegilu For. Estado de São Paulo ? Ip. — ( MyrmamB.) fastig., subsp. vagulus For. Bauru. Ip. — ( MYrRMAME. ) fastig., subsp. verae For. Ilha de São Sebasiiäo, Raiz da Serra, Rio Grande. Ip. — ( Myrmamp.) novogranadensis Mayr. Santos, Cubatão. Ip, — ( MYRAMAMB. ) novogranad., var. modestior For. Botucatu. Ip. — ( MyrMams. ) pelletus Mayr. Santos. Ip. — (Myrmamp. ) ? personatus Em, Ypiranga. Ip. — ( MyrmoTURBA ) maculatus Fabr. Rio Grande. Ip. — (Myruor.) maculat., subsp. bonariensis Mayr. Rio Grande, Ypiranga. Ip. — ( Myrmor.) maculat.. subsp. cingulatus Mayr. Ilha de Säo Sebastiäo, Alto da Serra, Yiranga, Avanhandava. Ip. — ( Myrmor.) maculat., subsp. cingul., var. lamocles For. Ypiranga, Franca. Ip. — (Myrmor.) maculat., subsp. fuscocinctus Ein. Ypiranga. In. — ( Myrmor.) maculat., subsp. guatemalensis For. var. scheflert For. Campos do Jordäo. Ip. — ( Myrmor.) maculat., subsp. parvulus Em var. opica For. Ypiranga. Ip. — ( Myrmor.) maculat., subsp. semillimus Em. Franca. ID. — ( Myrmor.) melanoficus Em. Piassaguéra, Rio Grande, Ypiranga Franca, Salto Grande. Ip. — ( Myrmor.) punctulatus Mayr. subsp. lili For. Ypiranga. Ip. — ( Myrmor.) punctul., subsp. termitarius Em. Ypiranga. Ip. — ( MyrmocIgas) agra Em. Avanhandava. Ip. — ( Myrmoc.) lespesa For. Ypiranga, Piracicaba, Campos do Jor- dão. Ip. — ( MyromcaMELUS ) blandus Sm. Botucatu. (Myrmorurix ) abdominalis For. subsp. atriceps Sin. Ypiranga. Ip. — ( MyrmorH.) abdomin., subsp. cupiens For. Pissaguéra, Rio Grande, Ypiranga, Franca. Ip. — (Myrmor. ) abdomin., subsp. fuchsae For. Ypiranga, Campos do Jordão. Ip. — (Myruor. ) renggert Em. Ypiranga, Salto Grande, Bauru. Ib. - Ens Ib. AD: Ip. Ip. Ip, Ip. Ib. Ip. Ip. Ip. Ip. Ip. Ip. lp. Ip. Ip. — (MyrMoru. ) rufipes Fabr. Alto da Serra, Campo Grande, Ypi- ranga, Campos do Jordão, Franca. — ( MyrmoTk.) rufip., forma cajurensis, n. f. Alto da Serra. Pilar. — ( MYRMorTH ) sexguttatus Fabr. Ypiranga. — ( MYRMOBRACHYS-) carameno: Em. São Paulo, Franca, Campos do Jordão. — ( MyRmoBR. ) crassus Mayr. Guarujá, Rio Grande, Ypiranga, Cam- pos do Jordão, Franca, Salto Grande, São Manoel, Ituverava. — ( MYyRMoBR. ) crass., subsp. brasiliensis Mayr. Ypiranga, Botucatu. — ( MYRMOBR. ) crass., subsp brasil., var. cla- via For. Estado de São Paulo. — ( MyrMoBR. ) senex Sin. Bauru. — (Myrmospuincta ) ruficeps Fabr. Franca. — ( MyRMEPOMIS ) sericeiventris Gu r. Ilha de São Sebastião, Raiz da Serra, Jundiahy, Baurú, Piracicaba. — — balzani Ein. Rio Grande, Poço Grande. — conescens Mayr. Alto da Serra. = cuide Har. Botucatu. — emeryiodicatus For. subsp. decessor For. Alto da Serra, “São Paulo. — emeryiod., subsp. decess., var. opitrix For. Ypiranga. — excisus Mayr. Santos. — excis., subsp. trapezoideus Mayr. Raiz da Serra. Ip. — cheringe For. Ypiranga, Bauru, Botucatu. Ip. — lutze For. Estado de Sao Paulo. ID. — paves For. Botucatu. Inem — schmaltz: Em. Rio Grande. In. — trapeciceps For. Ypiranga. Ip. — ? trapezoideus Mayr. Salto Grande. In. — tripartitus Mayr. Botucatu. Novas formigas brazileiras (1) Camponotus ( Myrmothrix ) renggeri Hin., até agora tomado por subspecie de Camponotus rufipes F., deve formar em virtude de ordem biologica, uma especie propria visto como nunca consirde ni- nhos como o faz rufipes, vivendo sempre em bura- cos naturaes, apenas augmentando-os um tanto. Camponotus ( Myrmothrix ) rufipes F., forma cajurensis, nova forma (11.813, 17.492 ), Q Esta forma differe do seu typo pela côr parda ou pardo-vermelha do corpo, especialinente do abdomen, pelo menos quanto avs soldados. Peél- los não vermelhos, mas de cor amarello-dourada. O prof. A. Forel já a mencionou em 1911. (*) Até hoje, é apenas conhecida na região da Serra do Mar, por exemplo, na Estação do Alto da Serra, bem como na do Pilar, não, porém, se encontran- do mais na vizinhança de São Paulo. Esta forma acha-se commumente na Serra, onde vive junto com o respectivo typo, mas sempre só em ninhos certos. H. Luederwaldt leg. — Anochetus altisquamis Maur., forma fumata, nova forma (18.898, 17.214). © Inteiramente parda ou mais ou menos par- do-vermelha; mais claras são as pernas, antenas, a ponta do abdomen e, ainda talvez, o petiolo e as mandibulas. Em numerosos exemplares tanto do Ypiranga, como tambem de Christina ( Est. de Mi- nas Geraes ). H. Luederwaldt leg. + (1) Este artigo devia ser o primeiro da série. Um descuido na entrega dos originaes veio causar-lhe a interpolação. ( N. do A, ). (*) Dr. A. Forel «Ameisen des Herrn Prof. yon Ihering aus Brasilien etc.» Deutsche Entomol. Zeitschrift 1911, pag 310. e Pachycondyla metanotalis, nova espécre C1719 ox, Q Muito semelhante ao Pachycondyla harpax, tambem é distincta a sua carina facial, a qual deve, no sentido estricto, separar os generos Necponera e Pachycondyla; differencia-se comtudo da pri- meira pelos caractéres seguintes: Metanoto com- primido, em cima muito mais estreito de que o da harpax; o petiolo não é cubico, como nessa, mas semelhante ao da Neoponera villosa, apenas mais curto; na parte anterior alcança o seu tamanho maior, decrescendo para traz quasi immediatamente ; a superficie superior é marginada e tanto quanto a trazeira, confundem-se completamente; inclinando-se para a frente. Corpo um pouco maior e robusto como o da harpax. Os olhos como os da mesma especie. Christina (Est. de Minas Geraes). 1 Ex. H. Luederwaldt leg. Acanthoponera dolo Rog. var. schwebeli, nova var. (17.556). © Differe-se do typo por falta de ambas as espinhas do metanoto, assim tambem quanto à es- pinha do petiolo. Um pouco menor do que o typo. Estação Alto da Serra ( São Paulo). Alguns exem- plares. E. Schwebel leg. Eciton ( Labidus) praedator Sm. (19.448). 9 Habito geral é o de uma rainha de cupim. O corpo anterior ( cabeça, thorax, petiolo) só um pouco maior, do que o de um operario bastante grande. O abdomen, porém, extracrdinariamente desenvolvido; os segmentos pardos, brilhantes das costas e ventre, separados entre si por membranas largas e brancas, com excepção do primeiro se- gmento : formando o abdomen total um só sacco de Ovos. Cumprimento total 33 mm. Abdomen cylin- drico, mais grosso (no terceiro segmento ), tendo uma largura de 11 mm. e uma altura de JO mm. O corpo anterior 7 mm. de cumprimento. ==> 5 5 = jo Cabeça em posição vertical, muito mais alta de que larga, 4.5 — 3 mm., de largura egual, occi- put em toda a sua extensão igualmente arqueado ; brilhante, pontuado finissima e distanciadamente, em cima do sulcus frontalis pintas de olhos densissima- mente aggrupadas o que torna a cabeça mais opaca. Mandibulas cylindricas, progressivamente afi- nando-se, fracamente curvas e quando fechadas, to- cando-se no meio do labrum ; finamente pontuadas. Palpi masxillares e labiales com 2 articulos. La- brum forte transversal, na margem posterior duas vezes mais largo de que comprido, chato, para de- ante bem estreitado, angulos anteriores arredonda- dos; margens lateraes um pouco sinuosas, margem posterior fracamente arredondada. Margem anterior emarginadamente larga, achatada e um pouco an- gulosa. Clypeus largo-trianguiar, ligeiramente abo- badado, transformando-se no sulcus frontalis, bem distincto e rectilineo. Este terminando em uma co- vinha, pouco mais ou menos, no meio da cabeça. Areae frontales muito curtas, sem os lobulos eleva- dos do operario, maior por dentro ao lado das an- tennas. Cova das antennas arredondadas, por fora sem sulco facial do operario maior. Scapus quasi rectilineo, extendendo-se apenas até o fim do sulco frontal, comprimido. Na margem inferior estreitan- do-se ligeiramente para a ponta; a parte extrema rectilinea. Funiculus quasi tres vezes do compri- mento do scapo, setiforme, com 11 articulos. O pri- meiro articulo mais curto, o ultimo mais comprido ; os outros diminuem-se paulatinamente. Olhos au- sentes. Thorasx muito mais comprido de que alto, sem rudimentos de azas. Pro-mesothorax sem su- turas, em cima muito mais estreito de que abaixo ( visto de frente ), decrescendo em forma de telhado, muito mais alto de que o metathorax, em cima re- ctilineo, angulo posterior bem arredondado. anguio anterior distincto, mas tambem muito obtuso; na frente rapidamente declinando e, ás poucas, termi- nando no cabeção um tanto saliente. Metanotuin horizontal, em cima arqueado, quasi quadrado, com angulos fortemente arredondados. O petiolo tem apenas um articulo; postpetiolo inteiramente cicatrizado com o primeiro segmento abdominal e delle se destacando sómente pela côr mais clara e por uma borda finissima. Esse arti- culo cobrindo o metanoto, esta com elle ligado por meio de uma saliencia bem curta; absolutamente differente da dos operarios. Apresenta-se como uma chapa curta e vertical, com mais de gue 2.5 mm. de largura, convergente para traz. Esta chapa ca- vada gamelliforme na sua superficie anterior e com bordos bastante agudos; o bordo anterior em cima encurvado para dentro accentuadamente, em ambos os lados, uma sinuosidade na parte posterior; an- gulos anteriores (visto por detraz) larga e forte- mente salientes e na porta largamente embotados. Membranas lateraes ao abdomen comportam de 5mm. em cima 2-3 mm. de largura. Segmentos costaes e ventraes aplanados; os primeiros, do se- gundo em deante, pouco mais ou menos equivalentes a o mm. (O primeiro seginento cobre o petiolo e me- tanotum (a saber decrescendo fortemente para baixo e para atraz), 8 mm. de largura, em cima aos lados 3 mm. de comprimento, encima, na parto anterior, no meio, profundamente encolhido. Us 3 segmentos seguintes quasi eguaes, transversaes, de forma um pouco quadrada, os angulos arredondados. Pygidium fortemente arqueado, para traz bem estreitado, com o bordo anterior largo, quasi rectilineo; atraz com sinuosidade curta; em cima impressão oval e chata ; a membrana lateral bem estreita. © segmento anal corresponde a figura 2 em «Genera Insectorum » fasciculo 102 pag. 6: de comprimento quasi igual a largura, 1.7 mm, mais ou menos, atraz arredon- dado; em cima e abaixo densamente pelludo, curto e de côr amarellada. Cada qual das 5 placas cos- taes, no meio, com um grupo de pintas finas -bas- tante densas. Segmentos ventraes transversaes. O primeiro segmento ventral com bordo posterior bas- tante rectilineo. Os 4 segmentos seguintes com bor- \ do anterior profunda e angulosamente encurvados ; bordo posterior do segundo segmento quasi recti- lineo, com saliencia triangular no meio; o do 3.° segmento ligeiramente encurvado e o do 4.º distin- ctamente anguloso. O ultimo segmento ventral para traz bem estreitado, cordiforme; tambem o bordo curto posterior com um corte profundo e anguloso ; tendo a superficie uma impressão chata. Todos os segmentos ventraes quasi sem esculptura. O aguilhão é visivel, ambas as suas sedas têm comprimento superior a 1 mm. Pernas em todos os femures e em todas as ti- bias bem comprimidas. Estas de largura quasi igual sómente um tanto estreitadas para a ponta, um pouco encurvadas, com um espinho comprido, terminal. Todos os pés com 5 articulos. Todas as unhas simples. A côr brilhante, parda na cabeça, no thorax, petiolo e nos segmentos dorsaes ; amarello-parda nas antennas, pernas e nos palpos, segmentos ventraes e no labrum. Membranas brancas, opacas. Antennas e pernas pelludas, curtas e ajustadas ; além disto, o vestimento bem humilde. Tres vezes o encontrou auctor Eciton praeda- tor no ninho: uma vez, no matto abaixo de um cepo de arvore, as outras vezes, no campo em ter- miteiros deshabitados ou, pelas formigas anterior- mente despojados de Corzitermes sp. Não se deu ensejo para examinar os primeiros dois ninhos; no terceiro, porém, no dia 23. X. 16, conseguiu feliz- mente descobrir uma femea! Os operarios do Mu- seu encontraram o respectivo ninho no horto bota- nico, chamando-lhes a attenção os ataques furi- bundos, que lhes fizeram. Antes de abrir-se o ter- miteiro, fez-se uma insufilação de ether sulphurico no buraco praticado por um ferro agudo, para ton- tear as formigas. Em seguida tapou-se cos terra, o buraco, bem comc varias outras aberturas, pelas quaes as correições surgiram em bandos enormes. Depois de abrir-se o termiteiro, passados £0 minu- tos, mais ou menos, viu-se o seguinte: Logo nas entradas e corredores do envolucro muito duro, do termiteiro, vestigios abundantes de inse- ctos muito numerosos documentaram a presenga de ra- pinantes. Tambem como nucleo exterior estavam amontoados em diversos logares, restos de insectos mortos. Os ovos finos e brancos achavam-se em uma massa só, espalhados em diversos logares, a moda dos termitos, distribuidos certamente pelos ¢ 9, não po- dendo fazel-o a femea por causa de seu grande ab- domen, nem tão pouco o poderia uma rainha de cupim. Infelizmente esqueci-me de colleccionar ovos, restabelecendo-se de pouco a pouco as formigas do desmaio etherico e difficultaram bastante os trabalhos. Quando, em outra manhan, queria reparar a minha falta, era já tarde demais, porque as correições tinham levado, durante a noite, toda a criação. A rainha estava por mais on menos, no meio do nucleo e morta por ter sido alcançada pelo ether. Além de certo numero de larvas miudas de 3-7 mm., esbran- quigadas, fivalmente articuladas (13 artículos?) — verosimilmente as larvas das correições — estiveram em innumeros casulos claro-pardacentos com nym- phas de operarios, que se achavam amontoados soltos em todas as partes no nucleo, nos corredores e nas cavidades, importando a sua quantidade em um litro e meio. Os casulos são approximadamente de forma de uma pêra, de côr claro — ou escuro-isabel, opaca ; os mais pequenos tem 2,5, os maiores 8.0 mm. de comprimento. Estes têm no seu maior circuito, 3 mm. de diametro, todos a mostra no pólo delgado, uma côr parda. Os machos tinham já sahido. En- contrando-se, porém, innumeros tubos vasios de 20 mm. de comprimento e 7 mm. de largura pardo- claros, opacas, cylindricos, bastante delgados, elas- ticos, provenientes, não ha duvida, dos machos. O comprimento total destes tubos importava provavel- mente em 23-25 mm., pelo motivo de não encon- trar-se um unico completo. Não achamos nerhum dos habitantes no ninho, dos cupins, e sim a colonia de nm Camponotus ab- dominalis-cupiens de um Crematogaster sp. no en- volucro. O motivo, pelo qual o praedator tolerava estas formigas ou, pelo menos, 0 maior Camponotus na sua intima vizinhança, é talvez a mesma das martas, que não roubam na vizinhança do seu ninho, para não revelar a presença. Para descobrir talvez mais ninhos de correições examinamos o jardim botanico bem como a sua vi- zinhança, no dia seguinte, mas sem resultado algum. Isto, e o facto, de não se encontrar mais esta for- miga desde a destruição do ninho em cima referido, a saber, desde 6 mezes, na vizinhança do Museu, dá a concluir que, pelo menos as especies maiores do genero Eciton têm ninhos duradouros em certas dis- tancias. A manutenção de taes ninhos exige um grande territorio de caça. Tambem as observações feitas com E. coecum, no borto botanico, sustentam esta opinião. Porque tambem esta especie parece não existir mais em roda do Museu, desde a destrui- ção do ninho descripto pelo Dr. H. von Ihering. (9) A rainha do Eciton praedator vive, sem duvida, durante varios annos. No decurso da sua existenca, fecunda-se annualmente pelos “cd”, provavelmentie para evitar incesto, por exemplares provenientes de outros ninhos. O tamanho de seu abdomen faz ac- creditar em sua existencia mais prolongada. O des- envolvimento é similhante ao das rainhas dos ter- mitos. Num cnpim recente encontram-se apenas ¢ 9 com abdomen pouco ou nada desenvolvido; em ni- nhos velhos, porém, geralmente, taes specimens re- velam abdomen bem inchado. A observação em cima relatada por von Ihe- ring, | c. pag. 227 «Die Ameisen von Rio Grande do Sul» Berliner Entomol. Zeitschr. Bd. XXXIX, 1894, pag. 382, a saber, que Eciton não tem ninhos ambulantes, mas ninhos duradouros, foi comprovada exactamente quanto a Eciton-Labidus, pelas indicações acima referidas. E” possivel, que ninhos recentes em que a rainha está em estado movel, forçados pelas circumstancias exteriores, ve- (*) Dr. H. von Ihering « Biologie und iVerbreitung der brasilianischen Arten von Eciton», Ent.Mitt, 1912, B. I, no 8, pag. 228. Rs OO é jam-se obrigados a emigrar para o fim de se es- tabelecerem novamente, como tambem fazem outras especies, por exemplo Acromyrmex nigra. Uma vez, o abdomen crescido, e especialmente em casos de alcançar o tamanho do exemplar do Museu, pro- hibe-se uma emigração por si mesmo. Fica a rainha completamente inutilizada para mover-se no chão mais do que am millimetro. Pôdem-se encontrar fe- meas novas, de vez em quando, em romarias de for- migas ambulantes; não se distinguem por se as- semelharem superficialmente às grandes operarias. A nossa rainha devemol-a ao jardineiro do Horto Botanico do Museu Paulista, sr. Angelo Amadio, que já, repetidas vezes, mereceu os nossos agrade- cimentos pelos objectos entregues às nossas collecções. elt Nidificacao etc. da Atta góldii, lue- derivaldti e nigrosetosa Myocepurus géldi Forel. Tempo de enxamear: X, XI, I, II. Muito commum nos campos ao redor da Ca- pital de São Paulo. escapando à vista por sua pe- quenez ; ao passo que frequentemente descobrem-lhe os ninhos os trabalhos da terra. Esta formiga se alimenta sempre no chão, nunca em cima de plantas. Recolhe as flores brancas da «aroeira vermelha» Schinus terebinthifolius Raddi. e amontoa-as em frente ds suas entradas; collecciona sementes de Bidens pilosus L., bem como excrementos de la- gartas. Säo os ninhos subterraneos, nos campos ou em capoeiras etc., a uma profundidade de 30 cms., äs vezes até 1.20 m., em cavidades redondas de dia: metro de 10 cms., mais ou menos. As paredes destas cavidades säo polidas e, näo raras vezes, em parte cobertas com excrementos escuros das formigas. Apresentam-se as culturas de cogumelos muito differentes das das outras especies de Atta; estão suspensas do tecto das cavidades, umas ao lado de outras, como as roupas em um armario. Attinge- lhes o cumprimento 4.5 cm., geralmente porém, mostram-se mais curtas e com uma espessura de 1.5. Estes lobulos compõem-se, como sempre, de materia molle, porosa, rescendendo aos cogumelos e pene- trada de mycetos, geralmente de côr amarello-parda. Consiste em serragem fina, palhinhas cortadas, pe- dacinhos de folhas, flores e fragmentos de flores etc. Em diversos buracos encontraram-se grandes e pe- IT ta quenas quantidades de pedaços maiores de plantas, no fundo amontoadas, escondidas na terra, que não empregam para as culturas de cogumelos. Creio que este material, aqui sujeito a um processo de fermentação, servirá mais tarde, em pedacinhos, para a organização das referidas culturas. Retiram as formigas o respectivo lixo dos ninhos, depondo-o fora, perto das sahidas. As colonias são pequenas em relação às de Atta s. stv. e Acromyvmex e contém, talvez, quando muito, algumas centenas de wwe Os olheiros correspondem ao tamanho das formi- gas, de 2 mm., de diametro e säo redondos. Em regra apenas existe um; por occasião da enxameação e talvez, do augmento dos formigueiros, abrem-se numerosas portas, vinte e uma chegâmos a contar. Em tempo secco as formigas erguem, ao redor dos olheiros, monticulos funiliformes bem regulares quanto ao volume, que, entretanto são derrubados pela primeira chuva. Em tempo chuvoso, porém, a área collada forma pequenas cratéras, cujos bordos formam figuras, entre estas o 8 por exemplo, onde as respectivas portas se approximam muito. A Atta goldii, consciente da sua fraqueza, fica immobilisada quando incommodada, encurva-se, si- mulando a morte. Nunca ataca, nem em vista da destruição de seu ninho. Estas formigas enxameam de vp procedendo a copula em folhas de plantas etc., onde as femeas passeam procuradas pelos gg muito mais ageis. Observei uma ©, attacada, varias vezes, por um g', recusar-se à copula, End parte do abdomen contra a folha. Varias vezes occorre que, durante a enxameação nas vizinhanças de um ninho, só se encontrem dd em grande numero e quasi nenhuma 9. Em com- pensação observaram-se, nas visinhanças de um ninho, apenas estas e nenhum q. Para o fim da enxa- meação, emquanto as 99 e os S 4 abandonam o ninho, as Z% começam, outra vez, o seu trabalho, To levando novo material havido de vegetaes. Nas suas excursões os Jd e as GG são muitas vezes atacados por outras formigas, especialnente Pheidole. Myocepurus luederwaidti For. Formigas do campo. Ninhos nos mesmos lu- gares, como os do Myocepurus góldi, mas muito mais raros. Um ninho em condições de ser bem examinado, encontrou-se a uma profundidade de 15 cm. mais ou menos; a cavidade arredondada tinha um diametro de 4 cms. mais ou menos. Culturas de cogumelo não compostas de lobulos separados por baixo pendentes, como no caso da güldir, mas feitas de uma massa só e homogenea, suspensa, quer do fundo da cavidade, quer das radiculas, que haviam penetrado no buraco. Varreduras ao lado da ca- verna. Acromyrmex nigroselosa For. Enxameacao: X, XII. Formiga do campo, legitima e frequente, pelo menos nas vizinhanças da cidade de São Panlo. Ataca, além de muitas outras plantas, as se- guintes: Araucaria brasiliana Lamb., opuntia ficus indica Mill. e, a euphorbiacea Sapium biglandu- losum M. Arg., apesar do seu leite. As folhas aci- culares dos « pinheiros », especialmente das plantas novas, corta-as, completamente, carregando-as. Muitas vezes, estas formigas rompem com os dentes as folhas bem como a casca e as pequenas pilulas finas, brancas, tanto quanto outros exsudatos de resina provém ge- ralmente destas formigas ou das suas parentes. Os ninhos semelhantes aos de Atta negra, mas sempre sem recobrimento; tambem no campo, bem como nas capoeiras ralas, às vezes em termiteiros ; são sempre subterraneos, mas pouce profundos, cr. 10-30 cm., em cavidades naturaes ou feitas pelas formigas, por exemplo, em tocas abandonadas de tatu. Os olheiros dão directamente no ninho ou ficam a uma distancia de 0.50-1 m. ; existem sempre varios, fora mesmo do tempo da enxameaçäo. Cheguei a ob- servar ate 6. Por baixo da cultura de cogumelos de um ninho acharam-se 2 Scatophilus exaratus Burm. ; tambem um Taenilobus sp. habitava o mesmo ninho. Os enxames são tão numerosos como os de 2 Atta nigra, isto é, contendo alguns milhares de ¢ ¢. Vale a pena registrar, a seguinte pequena ob- servação : varios $ $ estavam occupados em fra- gmentar excrementos humanos meio seccos e tran- sportal-os. Nesta occasião, subitamente, uma das formigas atirou-se a uma particula das fézes - ainda, molhada e curioso ! fugiu o animalejo rapidamente demonstrando todas os signaes de grande susto e nojo, a limpar as mandibulas na gramma e na aréa. 4 Ê LL À À á 5 “ TN. Ninho de MYOCEPURUS GOELDII, For Femea de ECITON PRÆDATOR, Sm. Se. er oe Lire LE yen Kern . ALS Dede “dv: Er A FE O? As Jazidas Mineraes Brazileiras 7 pelo ; A Dr. Alberto Betim Paes Leme - J À Professor de Mineralogia no Museu Nacional e na Es- a cola Polytechnica do Rio de Janeiro tm - PE ” fe a LE à E CE VP ee . dé. É F ° { AE As jazidas mineraes brazileiras (1) Uma jazida mineral é um corpo de rocha do qual uma combinação mineral, .ou um metal em estado nativo, póde ser extrahida economicamente. Não existe uma porcentagem, fixada de ante mão, do mineral na rocha a partir da qual essa ro- cha se torna um minerio. Exeinplifiquemos : qualquer rocha eruptiva, qual- quer granito por exemplo, contêm o ferro, o alu- minio, contém a potassa, a soda, a magnesia e a cal. São elementos ou substancias extremamente banaes ra natureza e que têm aliás valor economico ; entretanto o seu preço de extracção, na maioria dos casos, não seria compensado pelo valor da quan- tidade extrahida. Os progressos da metailurgia moderna têm di- latado consideravelmente os limites fixados. Minerios que nenhum valor outrora tinham, são hoje apro- veitados com vantagem. Os minerios de ferro p. ex. contendo phosphoro, mesmo em porcentagem relativamente pequena, permaneceram abandonados até a descoberta do processo Thomas para a trans- formação das fontes phosphorosas em aço. Além de tudo, a proporção do metal no mine- rio, necessaria ao seu approveitamento industrial,f é funcção do valor desse metal. Quando se trata por exemplo do ouro em alluvião, 5 grs. em uma tone- lada 0,0005 op, representa um excellente minerio. Ao lado disso os nossos minerios de ferro de Minas Geraes contendo perto de 700 kilos de metal por tonelada seja 70 °/, ainda não puderam, por assim dizer, ser aproveitados. (1) Prelecção realisada no Museu Nacional, por occasião da inauguração da « Sala Derby », i eo Apezar das considerações precedentes difficul- tarem essa definição, resumiremos dizendo com de Launay, que uma jazida mineral é uma concentra- cão anormal de uma substancia util. De modo a figurar o feitio que pode adoptar uma jazida faremos algumas rapidas considerações sobre a sua genese. Recurrererios a uma hypothese, porque a hypo- these é necessaria à coordenação dos factos. Essa hypothese é a mais vulgarizada na geologia moder- na. Deixaremos de mencionar outras mais recentes e talvez mais arriscadas. A terra foi primitivamente fluida. Durante a sua "consolidação, os diversos elementos chimicos distribuidos até então confusamente, se localizaram mais ou menos por densidade. ‘Emquanto os mais pesados constituam um nucleo central, metalico, era esse nucleo envolvido por uma verdadeira escó- ria, combinação de metaes mais leves, alcalinos e terrosos, com alguns metalloides, o oxygenio e o silício. Essa escória é formada pelos silicatos diversos encontrados nas nossas rochas eruptivas. A classi- ficação por densidade já mencionada, foi perturbada por turbilhões constantes, localizados, analogos aos que ora observamos no Sol. Esses turbilhões deter- minaram a diffusäo de certos elementos metailicos pesados em regiões mais superficiaes. Por sua vez em, torno da escória rochosa se reuniram os elementos mais leves em uma atmos- phera de cuja parcial condensação, consequente ao resfriamento, resultaram os mares. Partindo desse leve esboço. indaguemos como e onde se encontrarão os elementos metalicos densos que valorizam as jazidas mineraes. O seu ponto de partida é o nucleo central, que nos é inaccessivel. A sua presença na escória que envolve esse nucleo, isto é no magma eruptivo, é accidental ; provêm, como dissemos, de turbilhões lo- caes constantes. há rir, E’, pois, em primeiro logar na rocha eruptiva que encontraremos o minerio. Nessa rocha primi- tivamente liquida, magma, o metal em seu composto, isto é no minerio, póde ter crystallizado isoladamente as vezes em concentrações anormaes. Teremos as jazidas de inclusão. Tambem no magma por um processo, que se assemelhou ao processo conhecido em physica pela lquação, pôde se ter dado uma differenciação, sob temperatura determinada, resultan- as segregações de m'neraes utilizaveis. As jazidas de anclusão ou de segregação. têm um volume e formas necessariamente caprichosas. São frequentes nas rochas chamadas basicas, pobres -em silica, rochas escuras e pesadas. Nellas são en- contrados metaes ein estado nativo como o cobre e a platina, metaes oxydados, como a magnetita ( Fe3 04), a ilmenita (ferro titanado ), a chromita ( ferro chromado ) e tambem alguns sulfetos. As rochas acidas, claras, ricas em silica, são caracterizadas pela presença de elementos de grande actividade chimica e de grande mobilidade. os mi- neralizadores. Esses elementos, chloretos, fluoretos, vapor dagua etc., se combinam facilmente aos metaes. Os productos dessa combinação, mais infusiveis do que o magma de onde provêm, se distribuem pelas fra- cturas, pelas fendas de retrahimentos produzidos na massa do magma quando este se sclidifica, ou em suas vizinhanças, formando os veios de pegmatito. Temos assim concentracções mineralizadas em pe- gmatitos nos veios de retrahimento, nos veios de contacto ou de desprendimento immediato. Sado as jazidas de Pneumatolyse ( minereos de estanho, de tungsteneo, etc. ) Os phenomenos que acabamos de mencionar, li- gados à solidificação, portanto, ao resfriamento de um magia em fusão, suppõem em geral a pene- tração dessa magma em uma região mais fria da crôsta terrestre. Esse movimento exige deslocamentos e ruptu- ras da parte ja solidificada e são consequencias do seu resfriamento. Ora, a crosta da terra se acha embebida d'agua como uma verdadeira esponja. pelas fracturas as- sim determinadas. essa agua circula movida pelas condições variaveis de pressão e temperatura. A agua que desce ao longo de uma fractura se aquece, alem disso o effeito da pressão fazendo cre- scer a sua faculdade de dissolver em contacto com as emanações magmaticas, essas emanações serão dissolvidas. Sempre pelo effeito da circulação, quando essa agua mineralizada tiver volvido a regiões mais frias ao longo das paredes de fracturas serão depositados em crostas successivas os elementos dissolvidos. Teremos assim os veios ou filões das jazidas hydro-thermaes. As aguas mineralisadas percorem egualmente os planos de contacto de camadas diversas e ahi constituem jazidas de contacto; imbebem as cama- das permeaveis exercendo às vezes uma acção chimica da qual resulta uma jazida, deposito por substituição. Durante esse tempo, durante todos os tempos, a erosão, isto é, essa raspagem ccnstante exercida pelos agentes atmosphericos sobre todas as saliencias do sólo, destrde as cabeças dos veeiros e outras mas- sas de rochas mineralizadas que afiloram. Os detrictos da erosão se accumulam nos valles, nas praias em alluvides, em futuras camadas sedi- mentarias, Em certos pontos privilegiados se formam as- sim por concentração novas jazidas mineraes. Esses sedimentos podem egualmente ser conse- quencia de um phencmeno chimico secundario deter- minando a precipitação mineraes valiosos, tal sejam os phosphatos, alguns minereos de ferro, alguns cal- cáreos. Os vegetaes incluídos nos sedimentos em con- sequencia de fermentação se transformam, em com- bustiveis percorrendo um cyclo mal conhecido. Todos os sedimentos, finalmente sob a acção do tempo e dos diversos agentes geologicos recrystal- lizam. Quando essa cristallização affecta as jazidas mineraes faz-se ella as vezes com purificação e consti- tuem-se então jazidas de metamorphismo. Tendo, geologicamente definido os differentes typos que podem affectar as jazidas mineraes, con- sideremos, agora, as jazidas mineraes brazileiras a cuja exposição se acha reservada a nova sala Derby. Passemos assim, successivamente, em revista o Ouro, o Ferro, o Manganez, o Cobre, o Chumbo, os me- taes raros os diamantes e os combustiveis que tão grandes interesses despertam actualmente. O Ouro Consideremos o seu cyclo de transformação desde o magma eruptivo até 0 sedimento recente, isto é, o alluvião. Em Minas Geraes, e muito bem o mostrou Hus- sak, as jazidas auriferas as mais primitivas têm li- -gações intimas com um magma granitico. Vejamos de facto a Mina da Passagem, entre as cidades de Ouro Preto e de Marianna. Temos ahi um veio-incluido entre os estratos de um schisto quartzoso e de um schisto amphibolitico. Esse veio contem pyritas arsenicaes associada ao quartzo au- rifero, e em seus geodos notam-se crystaes de feldspa- tho vêm-se ninhos de turmalinas pretas ( carvoeiras ) ; alem disso nos contactos com o schisto apparece, com nitidez, o phenomeno -de metamorphismo, figu- rado pela presença de distheneo, de granadas, de an- daluzita. Alcalis dos feldspathos, acido borico das turmalinas são elementos de um magma granitico immediato. Por isso Hussak considerou como uma apophyse extra-acida de um magma granitico, e um veio de desprendimento immediato desse magma, cujo affloramento é encontrado distante 1 kilometro. Km Morro-Velho, um pouco ao Sul de Bello- Horizonte, o veio se acha encaixado em calco-schistos, O veio ou antes a massa lenticular alongada como uma chaminé, já foi explorada até uma profundi- dade visinha de 2.000 metros (é hoje a mina mais profunda que existe). Ahio quartzo aurifero é tam- bem rico em pyritas arsenicaes e em pyritas magne- ticas; a elle se acham associados crystaes de feld- spatho (albita }, e de scheelita ( tungstato de cal), que indicam uma origem granitica. Todavia, a vizi- nhança parece ser menos immediata. Ha como uma transição para os veios hydro-thermaes. E de facto, pouco alem, em Bicalho, a 3 leguas _de distancia, o caracter hydrothermal dos veios é po- sitivo. A impregnação no schisto, intima em certos pontos, é quasi exclusivamente quartzo com crystaes de pyrita disseminados em sua massa. Tambem em relações intimas com o granito estão os veios de Diamantina que segundo Derby são ver- dadeiros pegmatitos auriferos, ricos em rauscovita, xenotina e zirconita. Ja temos em Minas portanto por assim dizer 2 phases na evolução do ouro : 1.º — Relações immediatas com o granito; (Pas- sagem, Diamantina e Morro Velho). 2.º — Caracteres francamente hydro-thermaes. A intrusão desse magma granitico aurifero e a consequente impregnação hydrothermal parecem ter sido anteriores aos sedimentos denominados itabiritos, da serie sedimentaria recrystalizada de Minas. De facto, os veios parecem, em geral, cortar apenas os schistos argilosos e os quartzitos micaceos inferiores aos itabiritos. Provavelmente, os itabiritos foram constituidos, pelo menos em parte, pela sedimentação de detrictos de rochas impregnadas ou injectadas por veios auri- feros, de sorte que, frequentemente, esses itabiritos são auriferos. Quando os itabiritos auriferos são friaveis, con- stituidos exclusivamente por ferro oligisto, chamam- os Jacutingas onde foram encontradas grandes con- centrações auriferas. Só jacutinga eram as cele- bres jazidas de Congo-Soco e de Maquiné que de- ram até 9 kilos de ouro por tonelada, Poderemos portanto considerar o ouro do ita- birito como um ouro sedimentario. Temos assim uma terceira phase da evolução do ouro. Nas regiões de impregnação aurifera as rochas decompostas, ferruginosas, onde domina o itabirito, concentraram ainda mais O ouro. Apparecem ‘assim as lumonitas ou ocres auri- feras por exemplo perto do Itacolomy de Mariana), constituindo por assim dizer, uma quarta phase na evolução do ouro, Finalmente todas as rochas mais ou menos au- riferas, continúam a ser raspadas pela erosão. Os seus detrictos vão sendo concentrados, — vêm sendo atravez dos tempos geologicos, — nos valles consti- tuindo alluviões auriferos mais ou menos antigos. Assim quasi todos os rios do centro de Minas Geraes são ferteis em ouro. Citaremos, por exem- plo. o rio das Velhas, o Ribeirão do Carmo que passa junto da cidade de Ouro Preto e o rio Pira- cicaba onde se têm feito tentativas de dragagem. Ahi se acha o ouro na sua quinta e ultima jarida. Os estudos ainda muito escassos existentes so- bre outras regiões do Brazil não permittem que nellas se avalie até que ponto pode se applicar o cyclo de evolução que acabamos de traçar. O Ferro Se encararmos o mesmo cyclo de evolução ap- plicando-n'o ao ferro poderemos então partir das proprias rochas eruptivas. O ferro, represeniando perto de 5°/, da com- posição media da crosta externa da terra, acha-se como elemento universal de todas as rochas erupti- vas onde é encontrado sob a forma de silicatos, de sulfetos e de oxydo magnetico, às vezes associado a0 titanio. Não se trata todavia, em geral, de concentra- ções anormaes que fariam dessas rochas jazidas de mineraes de ferro. Essas concentrações anormaes sob a fórma de massas mais ou menos volumosas, segregadas em rochas basicas, constitúem aqui no Brazil geralmen- te as jazidas de ferro da costa, ao longo da serra do mar. São conhecidas essas jazidas em Santa Catharina, no Paraná ( região de Antonina) em S. Paulo ( Ja- cupiranga e Ipanema ). | Provavelmente as jazidas de Angra dos. Reis, de S. Geraldo e de Macahé, no Estado do Rio mal conhecidas, pertencem a esse mesmo typo, assim como, as jazidas de Catalão, em Goiaz ; de Itambé, da Serra do Presidio e outras de Minas Geraes ; de Sao Christovam em Sergipe etc. Nas segregações o ferro e o titanio se sepa- ram conjunctamente de modo que se trataem geral de magnetitas titaniferas ou de ilmenitas. Dessas jazidas faremos referencia maior apenas is de Jacupiranga e Ipanema. Ahi a magnetita esti em uma rocha pyroxenica denominada Jacupi- ranguito, que por sua vez é uma differenciação de um magma nephelino-syenitico. Nas phases de evoluçäo que se seguem isto é, nos veios pneumataliticos e hydrothermaes, o ferro geralmente sob a forma de sulfetos, ( pyritas ) não é explorado como minerio de ferro. As jazidas sedimentarias isto é, na phase que se- gue, são encontradas as principaes jazidas de ferro exploradas em outros paizes. Aqui no Brazil, ou porque não sejam bem conhe- cidas, ou porque outras jazidas sejam infinitamente mais valiosas não se lhes têm feito até hoje referencias. Salvo em sedimentos metamorphoseados isto é, em sedimentos que pela sua antiguidade e devido à acção de diversos factores geolegicos como o calor e a pressão se modificaram numa rocha compacta e crystallina. Nessa cathegoria incluiremos os itabiritos, rocha a que já, nos referimos formada pela alternancia de ferro oligisto e de quertzo; sendo ora quasi um quartzito, ora uma massa lenticular de ferro oligisto compacto com dimensões por vezes consideraveis, O itabirito é um dos termos da serie geolo- gica de Minas. E” encontrada em torno da região da Serra do Espinhaço, em uma faixa de 250 ki- lometros de largura, dirigida grosseiramente de Este para Oeste, desde o rio Doce até a região do Abaeté. A espessura da camada de itabirito póde' attingir 200 metros. Não nos estenderemos sobre o modo porque se fez o metamorphismo nem scbre o typo de rocha que soffre esse metamorphismo. Não nos parece que haja dados positivos. Citaremos algumas jazidas no itabirito com da- dos do nosso competente mestre Dr. Gonzaga de Campos. A jazida de Gaia em Sabará, pode conter 288 milhões de toneladas. As tres jazidas, Conceição, Esmeril, e Caué em ltabira do Matto Dentro, conjunctamente attingem O28 milhões. O Pico de Itabira do Campo, 32 milhões. Em summa, as nove principaes jazidas do ita- birito poderão fornecer perto de 1 bilhão de to- neladas. Todas essas jazidas de itabirito, expostas em seus afloramentos às acções meteoricas e a erosão têm reconstituido novas jazidas de ferro sobre a for- ma de conglomerados itabirilicos que occupam tal- vez 10º da área total occupada pelos itabiritos. Esse conglomerado com perto de 50º/ de ferro é denominado Canga, abreviação da palavra indigena Lapanhoacanga. O Dr. Gonzaga de Campos, attribuindo uma espessura média de 2 metros a esse conglomerado e suppondo que elle occupe apenas 5°/, da área itabiritica, calcula que haja uma reserva de 1.700 milhões de toneladas. Manganez As jazidas de manganez brasiletras, segundo os trabalhos de Derby, parecem pertencer a dois typos. O primeiro typo está representado nas jazidas das vizinhanças de Miguel Burnier, em Minas. Ahi a origem é a francamente sedimentaria. Tra- ta-so de camada de 2 a 3 ms. de espessura associada ao Itabirito, e comprehendida entre calcareos. Derby admitte serem os oxydos de manganez derivados de um carbonato de manganez. Atiribue aliás, uma origem semelhante ao peroxydo de ferro dos itabi- ritos. Acceitando-se essa theoria, de Vogt, a rocha e o minereo seriam provenientes da descalcificação de calcareos ricos em Mn ou em Fe. , Convem notar, em reforço a esse modo de ver, a ausencia de elementos elasticos, tanto no itabirito, quanto no minereo e riqueza em Mn. de certos itabiritos. A esse typo de jazidas pertencem igualmente os minerios de Rodeio, da regiao de Ouro Preto ; os minerios de Bello Horizonte, os depositos de Urucum, em Matto-Grosso ; e os depositos do Para. Quanto ao segundo typo, caracterizado pelas jazidas Queluz — de Lafayette em Minas, a sua ori- gem nos parece menos bem evidenciada. Em estupo minucioso Derby provou serem esses minereos resultantes da decomposição de uma gra- nada manganesifera, a espersartina. A espersartina é encontrada em uma rocha, o queluzito, associada a um pyroxeneo, ao quartzo, as vezes à ilmenita e ao rutilo. Convém notar tambem a presença fre- quente de graphito. Derby vê no queluzito uma segregação magmati- ca. Esse ponto de vista parece ter sido mais ou menos acceito por todos os nossos geologos. Entretanto. Hussak, discorda, considerando o queluzito como uma rocha metamcrphoseada, me- tarmophismo de contacto de um magma granitico com o carbonato de manganez. E de facto, a gra- nada é o mineral de metamorphismo por excellen- cia ao contacto dos calcarios, ende se acha justa- mente associado a silicatos ferro-magnesianos com os amphiboleos formando a rocha denominada —Kam. Além disso, a presença de praphito reforçaria a jheoria de Hiwssak. Segundo Hussak, a origem dos 2 typos de minereos, seria, pois, a mesma, 0 003 Mn., Emquanto em Lafayette teria havido metamorphis- mo por contacto de um magma granitico, em Bur- nier o metamorphismo seria todo elle devido a acções meteóricas, metamorphismo esse que nós chamamos metasomatismo. As jazidas de Cariguaba em Santa Catharina, estudadas pelo Dr. Calogeras, pertencem a esse 2.º typo, assim como as jazidas de Barbacena e as jazi- das conhecidas na Bahia, em Bomfim, na Serra do Itiuba, em Nazaret:, etc. Entretanto, o manganez, associado em menores proporções ao Ferro inagnetico, que se encontra em Antonina, deve ser em qualquer hypothese conside- rado elemento de uma segregação magmatica. O Chumbo. O Cobre. O Zinco. O chumbo, o cobre e o zinco, sob a forma de sulfetos ( blenda, chalcopyrita e galena ) encontram- se frequentemente associados ao quartzo ou à cal- cita, em veios hydro-thermaes. Das jazidas de ga- lena brazileiras. a mais estudada parece ter sido a do Ribeirão do Chumbo em Abaeté, Minas, onde o minerio está associado à calcita. Visitamos juntos o Sumidouro de Marianna, no Vasado, uma jazida de galena, em quartzo, cortando o gneiss. Além disso, são conhecidas jazidas em Yporanga, Apiahy, S. Paulo, no municipio. de Chi- que-Chique, Bahia etc. O cobre ( chalcopyrita ou chalcosina ) no veio se transforma nas regiões submettidas a acções das aguas meteoricas em carbonato hydrado, malachita e azurete. Em Camaquan, no fio Grande do Sul, acha-se em um conglomerado em contacto com uma rocha andesitica, cortado por veeiros de chalcosina. A ro- cha de onde vem esse cobre parece ser um gabbro Identificado em profundidade pelos trabalhos de ex- ploração. Egualmente em (Caçapava e em Quaraim foram reconhecidos minereos de cobre. Em Minas-Geraes, junto & Serra da Moeda, entre os valles do Rio das Velhas e do Paraopéba, parece existir um veio de quartzo cuprifero, cujo afloramento se extende por varics kilometros. O Estanho. O Tungstenio. O Molybdeno. O Thorio. O Zivconio. O Uranio. A cassiterita, asylo do estanho, é, por excel- lencia o mineral vizinho dos magmas graniticos, em geral, presente nos veios de desprendimento imme- diato. Actualmente, consta-nos que um Syndicato Belga está explorando em Encruzilhada, no Rio Grande do Sul, uma jazida da qual o « Museu Na- cional » recebeu recentemente amostras. Ignoramos, todavia, as condições exactas de sua jazida. Devemos notar que o nosso illustre mestre Dr. Costa Senna identificou a cassiterita, ha annos, ao Norte do valle do Rio Jequitinhonha, perto de Sa- Jinas o Quanto ao tungstenio, sob a forma de Wol- fram, foi elle egualmente explorado, em um veio de quartzo tambem perto de Encruzilhada, no Rio Grande Grande do Sul. O Molybdenio é encontrado representado pelo seu sulfeto, a molybdenita, em Bahu, Santa Catha- rina, em veios hydro-thermaes dc quartzo, cortando um gneiss amphibolitico. | O Uranio, do qual se extrahe o radio, tem sido caracterizado sob a forma de niobio-titanatos complexos, a euxenita, em Minas Geraes. No mu- nicipio de Pomba estudamos uma jazida onde a eu- xenita se apresenta como elemento de uma apo- physe ácida, pegmatito, de um magma syenitico. Muito recentemente identificamos uma nova ja- zida desse mineral, mais pobre em titaneo, perto de S. Paulo de Muriahé, na Serra do Pangarito, achan- do-se então relacionado com um granito associado a aguas-marinhas e zirconita. O Thorio acha-se presente na monazita ( phos- phato de terras raras ). tes 79 SE, Essa monazita, é um mineral que existe disse- minado em alguns granitos e gneiss da Serra do Mar, especialmente ao Norte do Rio de Janeiro. Na decomposição e erosão dessas rochas re- sultaram localizações nas praias de bancos de areias, com fórmas lenticulares, onde se operaram concen- trações que têm attingido 30 º/o de monazita. Sempre, pelo mesmo processo, a monazita appa- rece nos fundos de rio ao lado dos elementos den- sos, particularmente dos satellites do diamante. Quanto ao Zirconio, sob a forma de zirconita, accompanha elle frequente a monazita na sua evolu- ção da rocha granitica ao banco de areia. Existem alem disso grande jazidas nas visinhan- cas de Poços de Caldas, tanto em S. Paulo ( Cas- cata ), como em Minas, onde o zirconio se apresenta sob uma forma differente, em mascas que parecem ter sido postas em movimento e precipitadas por um agente aquoso. Torna-se mister um estudo scienti- fico dessas jazidas. Aguas-Marinhas. Topazios. Turmalinas. São mineraes caracterizados pela presença de ele- mentos que classificamos, ha pouco, de mineraliza- dores, e cuja funcção e mobilidade foi definida a proposito dos magmas acidos. Esses mineraes se acham pois nos veios de desprendimento immediato, nos pe- gmatitos. À riqueza da região de Arassuahy, em Minas, nessas gemmas, faz della uma região privilegiada. Nas vizinhanças de Ouro-Preto, a jazida de Bôa- Vista tem sido uma fertil productora de topazios. O Diamante O diamante merece uma menção especial entre as pedras preciosas. Não parece haver ainda hoje accôrdo absoluto entre os scientistas quanto à sua origem. Uns que- rem ver nelle um elemento de um magma eruptivo, outros um elemento de metamorphismo, isto é, um St ee modo de transformação do carbono sob a acção dos agentes de metamorphismo. A sua presença no Kimberlito pareceu dar razão aos primeiros. O Kimberlito é uma brecha, um agglomerado, que enche chaminés vulcanicas na Africa do Sul, ag- glomerado de diabase, de fragmentos de schisto, de granito e de um eclogito, ( rocha metamorphica de granadas ). Os partidarios da origem da metamorphica vêm ao contrario, no diamante de Kimberlito um elemento do eclogito, isto é, de uma rocha de metamorphismo. Entretanto, descobertas recentes do diamante encaixado numa rocha eruptiva, o dulerito, em Oakey, Nova Galles do Sul, confirmariam a sua origem eru- ptiva. Essas considerações têm algum interesse entre nós deante da descoberta recente pelo Dr. Draper, na região diamantifera de Abaeté, de rochas do typo Kumberlito, com a mesma associação eclogitica da Africa do Sul, Exceptuando a descoberta recente do Abaeté, entre nós o diamante foi identificado como elemen- to de rochas sedimentares, embutido em um grez grosseiro, conglomeratico, tanto na região de Dia- mantina, como na região de Lavras, na Bahia. Derby vê na formação da Bahia a continuação da Serra do Espinhaço e, portanto, a continuação da serra diamantifera de Minas. O grez conglomerado diamantifero capeia a Serra de Minas e não parece ter sido affectado, segundo Derby, pela formação aurifera que cortou e impre- gnou essa série. Elemento do conglomerado, o diamante, após a erosão, se concentrou no leito dos rios em pontos privilegiados, poços e canaes, pela dureza e pela densidade do diamante. Nesses pontos são encontra- dos igualmente outros elementos com a mesma equi- valencia physica, embora de proveniencia differente. O diamante denso e duro se encontra no cascalho grosseiro e com elle os seus satellites, em numero Er Rip es de 57, substancias densas das rochas sedimentares, metamorphicas e eruptivas que margeiam a formação. Para terminar faremos algumrs referencias aos combustiveis. A sua origem é vegetal. Eram plantas teste- munhas de uma vegetação cuja exuberancia parece exceder de muito à vegetação actual. Durante os grandes periodos de enchentes caracterizados por verdadeiras avalanches de agua, em geologia o gran- dioso é sempre permittido, os detrictos vegetaes se accumularam nos deltas dos rios ou nas lagôas onde elles desembocavam. A sedimentação mineral super- veniente, capeando esse sedimento, interrompeo o tra- balho de destruição dos agentes microbianos, seguindo- se, a um periodo de fermentação, a formação das hu- Jhas e de lenhitos. Consequente tambem a fermentação, hydro-carburetos, liquidos expellidos pela massa vege- tal impregnaram os sedimentos vizinhos, em schistos betuminosos, e se accumularam em depressões ou convexidades estratigraphicas, sob a forma de petroleo. A formação da hulha se prende às vizinhanças do periodo geologico carbonifero, devido, talvez, à exuberancia da vegetação e as suas condições cli- matericas especiaes. No Sul do Brazil, durante o periodo Permo- carbonifero, isto é o periodo que succedeu imme- diatamente ao periodo carbonifero, — deve ter havido um braço de mar ou uma série de lagôas marinhas de aguas paradas, ao longe de uma faixa ondulosa que, partindo do Rio Grande do Sul junto à costa de Santa Catharina, se internava no Paraná, vindo terminar ao Sul de S. Paulo. Em determinados pontos dessa faixa desembo- cavam grandes rios que depcsitaram, em periodos de enchentes, os vegetaes dos quaes originou o nosso combustivel. Outras sedimentações vegetaes, lagunares, cara- cterizam o periodo terceiro, dando os lenhitos de Caçapava em S. Paulo, de Fonseca, de Gandarella, em Minas, e da bacia do Amazonas. ae LT Wie i A Scytodidas e Pholcidas do Brasil pelo DR. MELLO LEITAO Lente de Zoologia da Escola Superior de Agricultura, Director da mesma Escola I — Phólcidas No volume TI da Revista do Museu Paulista, Moenkhaus publicou um pequeno trabalho sobre ara- nbas, no qual se extende mais para as Pholcidas, de que descreve seis especies novas. No referente, porém, à divisão da familia em grupos e generos se limita a traduzir a chave de Simor. Tendo tido em mãos quasi todas as especies conhecidas do Bra- zil atê a presente data, animei-me a escrever esta breve memoria, com a redescripçäo de todas essas especies e respectivas chaves de determinação. As phólcidas constituem uma das mais homo geneas familias de araneidos, tendo sido criadas por G. Koch em 1850. Por sua disposição ocular, pelo desmesurado de suas pernas, pela disposição de suas peças buccaes, destacam-se de todas as outras ara- nhas entelegynas. O céphalothorax dessas aranhas é curto, largo, quasi circular, não raro reniforme ; a parte cepha- lica é pequena, elevada, como encravada na parte thoracica, da qual está nitidamente separada por um sulco profundo em V; a parte thoracica apre- senta o sulco mediano profundo, às vezes excavado em fosseta. O pediculo que une o cephalothorax ao abdo- men apresenta sempre duas lacinias chitinosas, ora parallelas, ora convergentes para traz, onde se re- unem em V. O clypeo é altissimo, duas ou tres vezes maior que a área ocular, levemente excavado abaixo dos olhos antericres, e convexo e mais ou menos incli- nado adeante. Os olhos occupam toda largura da região ce- phalica e estão dispostos em tres grupos: dois grupos lateraes de tres olhos nocturnos, formados pelo lateral anterior e pelo médio e lateral posterio- Eté res; e um grupo médio, formado pelos dois olhos anteriores, diurnos, muito menores que os restantes. () esterno é plano, largamente cordiforme, tão ou mais largo que longo, com entalhes lateraes, cor- respondendo às coxas, e com uma larga truncatura posterior. As cheliceras são fracas, cylindricas, sub -paral- lelas, soldadas entre si em grande parte de sua ex- tensão, sendo ligadas na parte basal por uma su- tura membranosa; a truncatura apical apresenta uma ponta chitinosa, dura, geralmente aguda, op- pondo-se à garra, que é curta, espessa na base e pouco curva, de quilha inferior levemente serri- lhada. No genero Artema a ponta chitinosa apical é seguida de uma apophyse allongada. O labio é immovel, inteiramente soldado ao es- terno, largo, de ápice largamente marginado e mem- branoso. Os maxillares são, às vezes, estreitos e paral- lelos, mas geralmente são largos, fortemente con- vergentes, contiguos no ápice; a face inferior é desprovida de escópula ou levemente penicillada na ponta. As pernas são excessivamente longas e delga- das; as coxas cylindricas e contiguas, excepto as posteriores, largamente separadas; patellas peque- nas e quasi similhantes ; metatarsos delgadissimos, mais longos que as tibias; tarsos ainda mais del- gados, prolongados em onychio curto e membra- noso, sustentando as unhas. Estas são em numero de tres: as superiores ponco robustas, levemente curvas, inteiramente dentadas; a: inferior muito curva, ponteaguda, com um ou dois dentes mini- mos. O abdomen é de forma muito variavel. O tu- berculo anal é grande, semi-circular ou triangular obtuso. As fiandeiras anteriores são um pouco se- paradas, havendo, no intervallo, um pequenino có- lulo; as fiandeiras posteriores são um pouco me- nores, conicas, fortemente comprimidas, guarnecidas de longas crinas villosas. O palpo do macho é muito caracteristico; o trochanter é sempre pequeno, appendiculado, não raro provido de uma apophyse inferior; femur muito grosso, comprimido e claviforme; patella muito pe- quena, ora annular, ora mais larga em cima do que em baixo; tibia entumescida, oval ou globulosa ; tarso profundamente dividido em dois ramos muito dissimilhantes; o externo é quasi vesiculoso e o in- terno allongado em forma de apophyse muito longa ; bulbo globuloso ou oval com varias apophyses. Os habitos das phólcidas são muito uniformes : são sedentarias e moram nos buracos das arvores, embaixo das pedras, em grutas ou nas habitações humanas. As teias ora são irregulares, for nadas de grossos fios pouco elasticos e pendentes, irregularmente cru- zados em rêde frouxa; ora apresentam no meio um grande lençól de tecido mais denso, curvo em cu- pula, e sustido em cima e em baixo por uma rêde irregular. A aranha fica sempre ao meio da teia, na face inferior, em posição invertida. Todas as pholcidas do Brazil pertencem à sub- familia das pholcinas. Dos sete grupos em que Si- mon subdivide esta sub-familia, quatro são repre- sentadas no Brazil, separadas pelos caractéres da seguinte chave: | A — Esterno bruscamente terminado atraz em pequena ponta obtusa — Arlemeas ; AA — Esterno largamente truncado atraz; B — Olhos anteriores, vistos de frente, dispos- tos em linha recta ou procurva : C — Olhos posteriores, vistos de cima, dispostos em linha procurva (os lateraes adeante dos médios ) — Blechrosceleas ; CC — Olhos posteriores dispostos em linha re- curva (os lateraes um pouco atraz dos médios ) — Pholceas ; BB — Olhos anteriores, vistos de frente, dis- postos em linha recurva — Sineringopodeas. RE ea I — Artemeas As artemeas se reduzem ao genero Artema, que différe de todos os outros das pholcidas por ter o esterno terminado atraz em ponta; as cheliceras providas, além da ponta chitinosa commum, de uma segunda ponta mais longa, cylindrica e truncada; e os maxillares esureitos e quasi parallelos até a pase. Artema — Walckenaer — 1857 « Cephalothorax mais largo que longo, larga- mente arredondado dos lados e com bem nitida e espessa margem; região thoracica com a estria me- diana inteira muito profunda, dilatada em fosseta ; região cephalica pequena, não proeminente, separada por dois sulcos convergentes. Olhos approximados grandes, similhantes ( os médios anteriores não muito menores do que os outros ); os quatro olhos anterio- res equidistantes, pouco afastados, dispostos em linha recurva, quasi recta; os quatros posteriores em linha mais recurva, os médios mais affastados entre si que dos lateraes, mas o espaço interocular não é muito maior do que um diametro de olho. Area dos olhos médios trapezoide, geralmente de base e al- tura eguaes. Clypeo um pouco deprimido abaixo dos olhos, em seguida muito obliquo, em geral tres vezes mais alto que a area ocular e muito mais lonzo que as cheliceras. Esterno mais largo que longo, muito estreitado para traz entre as coxas pos- teriores, onde termina em ponta obtusa. As quatro pernas anteriores são mais longas e mais robustas do que as outras. Abdomen muito alto, globoso, mais alto que largo, a região epigastrica coriacea, muito sailente e, na femea, a eminencia genital situada pouco atraz do meio do ventre. Palpos da femea delicados, de tibia terete, tarso muito mais longo que a tibia com a patella e acuminado. Palpos do macho de femur muito grande, claviforme; patella muito pequena, annuliforme ; tibia espessa e dilatada, tres vezes menor que o femur; tarso pequeno, de Gane apophyse externa grande, denteada, truncada e di- latada no apice. Cheliceras do macho muito de- primidas e excavadas na face anterior, tuberculadas e com uma alta quilha na face externa. Artema atianta — Walckenaer — Ins. Apt. 1827 — Vol. I, p. 656 A. a. — Taczanowski — Horae Soc. Entom. Ross, 1874, Vol. X, p. 103. A. a. — Simon — Proc. Zool. Soc. London, 1894, p. 519. A. v. — Cambridge — Biol. Centr. Amer. — 1902, Vol. IL, p.. 366, pr. 34, É. 19 e 16. Syn.: À. convexa — Blackwall — Ann. Mag. Nat. Hist., 1858, Vol. 2, p. 332; e 1866, Vol. 18;, p. 409:;, 1867, Vol. 19, p.. 394 Pholcus rotundatus — Karsch — Stettin Entom. Zeitung, 1889, Vol. 40, p. 106. Artema atlantica — Banks — Proc. California Acad. Soc. — 1898, Vol. I. p. 212. q —7 mm. Cephalothorax amarello parda- ceuto muito claro, com uma linha mediana fusca, mais larga ao nivel da estria thoracica média, bi- fida na extremidade anterior; dos lados ha algumas manchas pardo-escuras e o meio da margem frontal é proeminente e brunea. Cheliceras ver nelho-bru- neas; maxillares hbranco-amarellados; labio muito largo, diminuindo para o apice, amarello parda- cento, bruneo na base e com uma linha curva trans- versa mais escura, de convexidade anterior, junto ao apice. Esterno largo, brilhante, cordiforme, com pequenas saliencias lateraes, amarello-brunete, sendo a parte posterior bruneo-escura. Abdomen reves- tido de cerdas, projectando-se sobre a base do ce- phalothorax, de colorido branco-pardacento, diffusa- mente manchado de pardo baço. Na linha média do dorso ha uma série de manchas fuscas e de cada lado dessas manchas ha listras obliquas da mesma cor, que se extendem sobre as pleuras. Fiandeiras pequenas, de apices negros. O tuberculo anal é or- lado por uma delgada linha negra e apresenta duas manchas negras transversaes. Epigyno muito des- envolvido e sºliente, bruneo-avermelhado, mais es- curo adeante, clareando para a parte posterior. S — Ta& mm. — Colorido perfeitamente egual ao da femea. As cheliceras têm o segundo dente chitinoso da margem interna quasi negro, e essa margem é levemente serrilhada em sen terço basal ; a face anterior apresenta um como crista dentada em sua borda voltada para a face da chelicara ; essa crista é convexa em sua borda anterior, pontuda, e de colorido fulvo escuro. Palpos esbranquigados, o femur muito dilatado, piriforme, de base mais estreita que o apice, com uma linha escura junto à articulação da patelia; esta é muito estreita, repre- sentada por um annel muito delzado, cerca de cinco vezes mais longa que larga e mais estreita que a patella, com uma apophyse interna e levemente ex- cavada no apice, de colorido egual ao do femur; tarso fulvo-escuro, com apophyse interna quasi ob- soleta, mamillar, e apophyse externa não muito alon- gada, achatada, levemente biobada no apice e le- vemente concava no ponto de inserção do bulbo que é claro, muito dilatado. terminando bruscamente em ponta no estylete que é levemente helicoide, pon- teagudo, quasi negro. As pernas em ambos os sexos são branco-par- dacentas ou bruneo-claras, com anneis negros no apice dos femures e na base e no apice das patelllas e tibias ; junto a esses anneis negros ha outros, ge- ralmente mais estreitos, brancos. O colorido dessa especie, como aliás o de varias phólcidas das habitações, é muito variavel. Nos commodos claros, de paredes alvadias, o colorido geral é branco-pardo-claro e as manchas do abdomen são cinereas e menos abundantes. Nos logares som- brios o colorido é pardacento mais escuro, as man- chas são mais numerosas, mais escuras, fuscas e violaceas. Habitat. — Esta espécie, que é encontrada nas Antilhas, e, no continente, do Mexico até o Paraguay, é muito commum em todo o littoral do Brazil, muito menos frequente em localidades do interior. Il — Blechrosceleas Phólcidas de olhos posteriores dispostos em linha procurva, todos de egual tamanho; olhos an- teriores muito desiguaes, os medios, não raro, cerca de dez vezes menores que os lateraes, dispostos em linha recta ( pelos vertices) e de regra, pouco se- parados. O rebordo. membranoso, ' arqueado, da peça labial é, no entretanto, muito reduzido, e esta parte parece transversa e truncada em linha recta no apice. Pernas muticas em ambos os sexos. Abdomen de forma muito variavel. Palpo do macho - curto e torudo, trochanter sem apophyse, femur muito espesso, patella mais ou menos larga em cima, delgada em baixc, tibia quasi tão longa quanto o femur, oval, e tarso muito curto, com uma longa apophyse externa dirigida para baixo. Cheliceras macho com um dente, de situação variavel. São representadas no Brazil por quatro generos, sepa- raveis de accôrdo com a seguinte chave: A — Olhos médios da fila anterior muito se- parados dos olhos lateraes ; trapezio dos olhos medios de base muito mais larga que a altura — Lietoporus. AA — Olhos medios da fila anterior contiguos ou pouco separados dos olhos lateraes ; trapezio dos olhos medios de base igual du mais curta (rara- mente um pouco maicr ) que a altura. * B — Olhos anteriores sub-contiguos, formando uma linha procurva. Cheliceras do macho com longo dente uncinado e divergente na borda externa — Psilochorus. BB — Olhos medios anteriores mais ou menos separados dos olhos lateraes, formando com estes uma linha recta. C — Abdomen muito convexo; epigyno alcan- cando o meio do ventre. Pernas do segundo par, no macho, de femures um pouco mais robustos e duplamente serrilhados em baixo. — Coryssocneimis. CC — Abdomen oblongo; epigyno mais curto. occupando a base do ventre. As pernas do terceiro par, no macho, é que tem os femures mais robustos, porém não serrilhados em baixo — Blechroscellis. Litoporus — Simon — 1893 Olhos anteriores pequenos, os medios contiguos mas muito mais distantes dos lateraes, dispostos em linha recta; área dos medios trapezoide, de base muito maior que a altura. Olhos posteriores em linha procurva. Abdomen oval curto, sub-globuloso. Pernas filiformes, similhantes. Cheliceras do macho providas, adeante, de um dente interno ou de uma quilha transversa perto da base. Typo — L. aerius — Simon. Este genero é representado no Brazil por cinco especies, que podemos separar pela seguinte chave : a — Cephdlothorax de colorido uniforme : b — Todo animal amarello-claro, excepto o es- terno, o clypeo, os maxillares e o labio que são enegrecidos; ventre com uma faixa azul, curta — L. imbecillus (Keys ). bb — Cephalotorax amarello escuro ; abdomen branco-amarellado, de escudo ventral alaranjado. — L. luteus ( Keys). aa — Cephalothorax manchado : 6 — Cephalothorax tendo no ponto de união da V cephalico com a estria thoracica uma mancha em crescente : c — Abdomen claro unforme ; resto do cephalo- thorax de colorido uniforme — L. fulrus cc — Abdomen manchado; cephalothorax com uma larga faixa — L. iguassuensis. bb — Cephalothorax sem essa mancha em cre- scente : c — Faixa interrompida com uma barra clara transversal — L. aguassuensis, | cc — Faixa inteira : d — Faixa mediana estreita, pardo-avermelhada ao nivel da estria mediana; margens claras; ab- domen verde-claro uniforme. — L brasiliensis. Rae À dd — Faixa mediana parda, bifurcada ao nivel do V cephalico, seguindo-o ; margens do cephalo- thorax com uma linha escura; abdomen azul-cin- zento no dorso, mais claro dos lados e no ventre — L. genitals. Litoporus wnbecillus ( Keys.) . > L. I. — Moenckhaus — « Revista Ga do Museu Paulista», 1898, Vol. I], pag. 104 ( Fig. 4 :) 1 Syn. — Pholcus imbecillus — Keyserling — Spinnen Amerikas, Brazil. Sp., 1891, pag. 170, se Ce Oia SS ¢ — 3,1 mm. Toda aranha é amarello-clara ; o esterno, o clypeo, o labio e os maxillares são mais escuros, ennegrecidos. As pernas têm, junto à extremidade dos femures, no meio dos metatarsos, no meio e na extremidade das tibias, um annel bruneo, e as patellas são brunetes. No vertre ha uma curta faixa mediana azul. Olhos lateraes pos- teriores separados dos lateraes anteriores e dos mé- dios posteriores cerca de dois diametros. Habitat. — Diversas localidades dos Estados do Rio de Ja- neiro e de São Paulo. Litoporus luteus ( Keys.) (Fig. 2.) Pe L. I. — Moenckhaus — « Revista do N Museu Paulista» — Vol. JH, pag. 105. Syn. — Pholcus luteus — Keyserling Spinnen Amerikas, Brazil. Sp., 1891, pag. 171, er. Mo do TLT. 4 — 3,2 mm. Todo cephalothorax, palpos e pernas amarello-escuros; abdomen branco-amarel- lado; escudo da parte anterior do ventre e fian- deiras alaranjados. Abdomen um terço mais longo que largo. Tem o mesmo habitat da especie an- terior. Litoporus fulvus — Moenckaus — « Revista do Museu Paulista», 1898, vol Til, pag. 109; pr. 9, É 4 (Figs: 3 e 4). J — 8,6 mm. — Cephalothorax, labio, maxillares e esterno de cor des- maiada com uma pequena sombra de amarello, especialmente no cephalothorax. Cheliceras um pouco mais escuras, pardo- claras na extremidade. No encontro do V cephalico com a estria thoracica ha uma mancha pardo avermelhada, em forma de crescente. Olhos postos em manchas ne- 4 gras. Pernas pardo-amarelladas, tendo no apice das tibias um annel desmaiado. Palpos ama- rellos. Cephalothorax quasi nú; o resto do corpo revestido de pellos trigueiros e brancos; os do apice do labio são trigueiros e os das cheliceras parda- centos. Abdomen claro. Em torno da base das fiandeiras ha um annel amarello, continuo com uma pequena faixa ventral mediana; adeante dessa faixa o ventre é amarello. Em alguns exemplares a faixa amarella é guarnecida de uma linha fina, e ha, dos dois lados do abdomen, uma faixa azul-clara, lon- gitudinal, mediana. Fiandeiras pardas, de pontas mais claras. Hab. Iguape —S. Paulo. Litoporus 1quassuensis sp. n. 2 —2 mm. Cephalothorax claro tendo a re- giao cephalica fusca; a região thoracica é clara e tem uma larguissima faixa longitudinal mediana fusca que começa na borda posterior e se une à região cedhalica; no ponto de união ha uma gran- de mancha clara em V, de vertice posterior, bem mais larga ao nivel do vertice que nas extremida- des anteriores; essa mancha é unida à parte clara marginal por duas curtas faixas obliquas. O clypeo oastanho escuro. As cheliceras são pardo-claras, le- vemente lavadas de fusco. As pernas são claras com um annel negro na regiäo subapical dos femures e das tibias, com as patellas negras e um annel ne- gro na base dos metatarsos. Esterno claro, da côr do cephalothorax; labio e maxillares pardacentos. O abdomen é subglobuloso, tendo no dorso e dos lados manchas violaceas esparsas, sendo todo ventre de colorido uniforme. O macho que foi apanhado ainda não tende at- tingido a maturidade sexual é do mesmo porte que a femea No cephalothorax a faixa mediana da re- gião thoracica é inteirameute separada da região cephalica por uma larga mancha transversa paral- lela O abdomen tem as manchas violaceas muito mais abundantes, contfluentes no dorso, onde deixam apenas no meio do dorso uma grande mancha trans- versal quasi circular, clara. Hab.: Nova Iguassú ( Rio de Janeiro ). Coll. Blanc de Freitas. Litoporus braziliensis — Mo- enckhaus — « Revista do Museu Paulista », 1888, vol. III, p. 110, DEMO (lies: re 6: S — 3,0mm. Cephalotorax desmaiado, com uma linha estreita, pardo-avermelhada na estria tho- racica. Olhos situados em areas negras. Labio, maxillares, che- liceras e esterno um pouco mais escuros que o cephalothorax. Per- nas pardo-amarellas; metatarsos com um annel basal e metade api- cal mais claros. Femur e tibia com um largo annel desmaiado, precedido de outro escuro, na ex- tremidade apical; base da tibia com um annel similhante. Ab- 6 62 d ; . omen de colorido verde-claro uni- forme, um pouco mais claro no ventre, duas vezes mais longo que alto, mais largo logo atraz da mar- gem anterior, estreitando-se abruptamente logo atraz 5 de ae do meio, e bem mais baixo junto a extremidade posterior. Fiandeiras pardas. Hab. Poço Grande — Sao Paulo. Litoporus genitals — Moenckaus — « Revista do Museu Paulista », 1898, vol. Il, p. 107, pr. 5,f.5. (Figs. 7, Seas C , o —3,0mm. Cephalothorax des- maiado, com uma linha marginal es 7 curae uma faixa mediana parda que, ao nivel do V cephalico se bifurca, seguindo-o. Clypeo com largas faixas convergentes, indo dos olhos lateraes à margem. Olhos em areas negras sendo que as dos grupos oculares lateraes têm uma orla azul clara. Che- liceras pardacentas bem como os maxillzres e o labio. Esterno amarello claro. Pernas amarel- ladas, de metatarsos mais claros e com um annel claro no ápice dos fe- mures e tibias, estas com um annel su- Qt bapical verde-escuro. Palpos pardacentos. Abdomen de dorso azul-cinereo, de lados e ventre mais claros. - Dorso do abdomen com duas linhas longitudinaes parallelas, medianas, formadas por pequenas manchas; dos lados ha outras, similhantes, que se alargam para as fiandeiras. Duas ou tres 9 séries diagonaes de manchas unem as medias às lateraes. No ventre ha uma faixa longi- tudinal que vae do epigyno ao terço medio. Fian- deiras pardas ; epigyno pardo-escuro. Abdomen duas vezes mais longo que alto, regulamento elliptico adeante, terminando atraz em ponta. S— 3,9 — mm. Colorido mais claro; pernas mais longas e delgadas. Cheliceras com o dente commum e mais uma proeminencia romba curta no quarto basai e outra grande, tambem romba, pro- vida de pellos duros e longos, na parte mediana. Hab : — Pogo-Grande “ S. Paulo ). Psilochorus — Simon — 1893 Cephalothorax mais largo que longo, arrendon- dado dos lados e com espessa margem; região tho- racica com a estria mediana inteira, muito pro- funda, dilatada em fossêta; região cephalica pe- qzena, não ou pouco proeminente, separada por dois sulcos convergentes. Clypeo um pouco deprimido abaixo dos olhos, e depois muito obliquo, em geral tres vezes mais alto que a area ocular e muito mais longo que as cheliceras. Olhos anteriores subcon- tiguos, em linha procurva, os médios muito menores que cs lateraes. Olhos posteriores em linha leve- mente procurva, os médios atraz € um pouco maiores que os lateraes. Area dos olhos medios grande, de base um pouco maior que a altura. Abdomen glo- buloso ; o epigyno da femea muito grande e muito alto. Cheliceras do macho providas, na margem ex- terna, de um dente longo, gh e uncinado. Typo: Es pullulus ( Hentz ). Este genero é representado no Brazil por duas especies conhecidas, a saber : a — Esterno e escudo ventral pardos; epigyno bicorne ; area ocular negra — P. ceruleiventris. aa — Esterno e escudo ventral allaranjados ; epgyno com os angulos apenas levemente salientes ; area ocular fulva — P. Fluininensis. Psilochorus ceruleiventris — Mello Leitão — Broteria, 1916, Vol. XIV, p. 18. — 4 mm. Cephalothorax pardo-avermelhado com a estria mediana thoracica e o V cephalico bruneo-vermelho-escuros ; area ocular negra. Che- liceras, maxillares, labio e esterno pardos. Pernas avermelhadas, com o apice dos femures e patellas amarellos, terço apical das tibias bruneo. Abdomen azul-esverdeado, com manchas azues-escuras grandes, em duas séries parallelas, no dorso. Epigyno ver- melho-escuro, muito alto, bicorneo, com uma estria 1orizonta a, na base. .— irl ; | tal, negra, na base. Hab Espirito Santo Psilochoros fluminensis, sp. n. ( Figs. 10 e 11.) 3% — 8 mm. Cephalotorax amarello-claro, ten. do no centro uma grande mancha fulva que vae desde um pouco atraz da estria thoracica até a mar- gem do clypeo, occupando toda a ärea ocular. Olhos nocturnos com uma orla negra. Clypeo muito largo, amarello pallido. Chelice- ras amarello-fulvas, tendo além da ponta chitinosa habitual da chanfradura apical, na face anterior, junto à borda externa, uma apophyse grossa e terete, curta, cinzento-escura, no terço apical: e com uma apophyse levemente curva, uncinada, divergente, provida de pellos trigueiros no terço basal da margem externa. No ponto de soldadura das duas cheliceras ha duas estreitas li- nhas longitudinaes fulvo-escuras, uma em cada che- licera. Esterno alaranjado; labio e maxillares ful- vos, estes mais claros; coxas amarellas. Pernas fulvo-escuras sem annellação, clareando de modo regular para as pontas dos tarsos. Abdomen, no vivo, bruneo-fulvo mosqueado. Nos exem- plares conservados em alcool o abdomen se torna quasi immediatamente azul-esver- deado, mosqueado; ha sempre uma faixa clara na varte anterior do dorso. Ventre amarello, de escudo anterior, sobre as aber- turas dos pulmões, alaranjado-fulvo ; a zona 11 ventral junto ds fiandeiras é amarella, côr de canario. Palpos fulvos; feinur claviforme, com uma apophyse basal interna e uma carena apical, cêrca de vez e meia mais longo do que largo no ápice ao nivel da carena; patella triangular, de ápice in- terno, mais larga que alta, mais estreita que a base do femur; tibia mais longa que larga, com uma apophyse ponteaguda no terço apical da margem interna; tarso muito curto, aberto em duas apo- physes, sendo a interna curva, acompanhando a con- vexidade da base do bulbo, muito longa, bifida na extremidade, ambas as pontas negras e com duas cerdas tambem negras, e a externa seguindo quasi a direcção do tarso, pequena, inamillar, com algu- mas cerdas em ligeiras elevações; bulbo piriforme, de estylete achatado, contorcido, bifido; em todos os segmentos dos palpos ha pellos trigueiros espar- SOS. q— 6 a 7 mm. Todo o animal de colorido si- milhante ao do macho, mas de tons mais claros. Cheliceras sem as apophyses acima descriptas, ama- rellas. Epigyno fulvo, muito alto, de angulos late- raes salientes. Hab.: Pinheiro ( Estado do Rio de Janeiro ). Coryssocmenis — Simon — 1893 Cephalothorax similhante ao de Psilochorus ; olhos posteriores dispostos como nesse genero, mas os olhos anteriores formam uma linha recta ( tirada pelos ápices ). Abdomen subglobuloso ; epigyno gran- de occupando-o meio do ventre. Pernss do macho muito singulares, com os femures do segundo par nm pouco mais espessos, levemente angulosos e du- plamente serrilhados em baixo. Cheliceras do ma- cho muito granulosas na face anterior e providas na mesma face de um dente submediano, dobrado para a margem interna. Typo: CG. callaica-Simon, O genero Coryssocnemis é representado no Bra- zil, até o presente, por tres especies já aescriptas, separaveis de accordo com a seguinte chave : a — Abdomen sem manchas: b — Toda aranha azul-cinzenta — C. occultus. bb — Cephalothorax de colorido differente do do abdomen : c — Abdomen cinzento-azulado ; cephalothorax amarello — ©. discolor. = AO ce — Abdomen castanho esruro no dorso e cla- ro no ventre — O. occultus. aa — Abdomen manchado : b — Gephalothorax com uma grande mancha dorsal em forma de borboleta — C lepidopterus. bb — Cephalothorax sem essa mancha : c — Cephalothorax sem faixa longitudinal : d — Pernas de colorido uniforme — C. banksi. dd — Pernas com anneis nos femures e nas ti- bias — C. togata. cc — Cephalothorax com uma faixa longitudi- nal — C. alliventer. Coryssocnemis occullus — sp. n. 2 — 1,5 mm. Cephalothorax reniforme, bran- co, tendo sémente a área ocular negra; palpos e cheliceras cinzentos. Pernas cinzentas com o ápice das tibias, dos femures e as patellas brancas e com um annel mais claro no terço médio das tibias. Es- terno claro com uma faixa marginal pardo-esverdeada em U largo; labio e maxillares pardos. Abdomen de dorso castanho-escuro com uma estreita faixa um pouco mais clara na metade anterior; na região apical ha um curto entalho clero, de colorido igual ao do ventre que é esbranquiçado uniforme. Alguns exemplares que foram colhidos na mesma teia e que me parecem ser da mesma especie são de colorido uniforme, tendo apenas os olhos com uma orla ne- gra. Hab Estas aranhas foram apanhadas por mim em Pinheiro ( Rio de Janeiro ), nas bainhas de fo- lhas seccas de uma pequena palmeira. Coryssocneinis discolor — sp. n. S — 3,9 mm. Cephalothorax, cheliceras e per- nas pardo-amarellados uniformes; esterno, labio e maxillares levemente ennegrecidos. Abdomen cin- nov RO fs zento negro ou cinzento-azulado uniforme e inteira- mente revestido de pellos trigueiros curtos. Palpos de colorido igual ao das pernas, tendo o femur cla- viforme com uma apophyse romba apical interna e com am pequeno tuberculo sub-basal, na borda in- terna; patella triangular; tibia mais de duas vezes maior que a patella, provida, em sua borda interna, de uma apophyse interna muito allongada, sinuosa, ponteaguda, chitinosa; a apophyse externa é curta e levemente chanfrada ; entre as duas apophyses ha uma ligeira eminencia mamillar ; o bulbo, quasi dei- tado sobre a hematodocha, é piriforme allongado, de apice achatado e levemente sinuoso. Hab.: Nova Iguassi ( Rio de Janeiro ). Coll. Blanc de Freitas. Corysscenemis lepidoplerus — sp. n. 5 — 2,2 mm. Cephalothoray pardo-claro com uma pequena mancha azul-clara mediana, junto à borda posterior ; na parte anterior da região thora- cica ha uma grande mancha parda de bordas enne- erecidas, curvas, de concavidade interna, prolongan- do-se quasi até o clvpeo, de onde voltas em di- recçäo ao V cephalico, unindo-se então uma à ou- tra na linha mediana; na parte média dessa grande mancha papilioniforme ha uma linha longitudinal estreita, fulva, bifurcada adiante, formando um Y muito aberto e lembrando o corpo da borboleta com as antennas; a região cephalica é parda, de colori- do igual ao da mancha papilioniforme ; os olhos es- tão postos em manchas negras. Clypeo e cheliceras pardos Esterno, labio e maxillares são castanho- escuros. O abdomen é mosqueado de azul-negro, tendo uma estreita faixa clara longitudinal no meio do dorso; o ventre é claro com uma faixa media- na longitudinal quasi negra, interrompida em seu tecco anterior pelo epigyno, que é claro, e termi- nando ao nivel do terço posterior. As pernas são claras, de colorido uniforme. Hab.: Nova Iguassu (Rio de Janeiro). Coll Blanc de Freitas. —— #ROZ cae Coryssocnemis banks, Moenkhaus — «Revista do Museu Paulista», 1898, Vol. III, p: 96, pr. 5, f-2. ( Digs. Leeda en Anh, q — 2, 8 mm: Cepha- lothorax desmaiado. Clypeo e uma estreita linha mar- to) ginal do cephalothorax pardo amarellados ; a região cephalica e uma , ADE larga faixa longitudinal da região thora- <] cica são de cor parda. Chaliceras, maxil- lares, labio e esterno pardo-avermelha- dos. Pernase palpos verde-claros, um pouco avermelhados nas extremidades ; os olhos posteriores e os lateraes ante- riores estäo situados em manchas negras semicirculares e os olhos medios ante- 13 riores em mancha negra oval. Abdomen com numerosas man- chas azul-claras, quasi conti- guas; no meio do dorso ha uma 14 estreita faixa longitudinal que vae da borda anterior até as fiandeiras, faixa de colorido amarello. Ventre claro entre o epigyno e as fian- deiras; o epigyno é pardo-avermelhado e as fiandei- ras são pardas, com um annel estreito mais claro em torno da base. JS — 2,1 mm. Cephalothorax, cheliceras, ma- xillares, labio, esterno e pernas mais claros que na femea, comquanto do mesmo colorido. Manchas do abdomen egualmente de azul mais claro; ventre bran- co. Cheliceras providas de uma eminencia comprida, do terço medio da margem interna e que se dirige ao nivel obliquamente para deante, para dentro e para baixo, formando um como espinhv comprido e agu- do, além do dente chitinoso commuin que se encon- tra nas cheliceras da femea; a base desse espinho é granulosa. Ilab.: Poço-Grande ( S. Panlo ). — 103 Coryssocnemis togata ( Keyser! ). (Fig. 15). C. t. — Moenckaus, «Revista do Museu Paulista», 1898, Vol. III, p. 95. Syn. — Pholcus togatus, Keyserling, LE Spinnen Amerikas, Brazil. Sp., 1891, p. 172, pr. V, oh Le. Ss — 9, mm Cephalothorax amarello-aver- melhado ; parte posterior da regiäo cephalica e uma mancha que cerca os olhos diurnos ( medios ante- riores ) bruneas. Cheliceras, maxillares, labio, palpos e esterno amarello-avermelhados. Pernas pardas, com um largo annel amarello na extremidade dos femu- res e das tibias. Abdomen de dorso e pleuras ama- rellos, de dorso ornado de manchas azul-negras, com excepção da parte anterior, sem manchas. Pernas densamente pillosas. Abdomen duas vezes mais longo que largo, cylindrico. Hab.:— Varias localidades dos Estados de S. Paulo e Rio de Janeiro. Coryssocnemis altiventer ( Keyserl ). sá (Fig. 16.) Fe Cia" 16 C. a. — Moenckhaus, « Revista do Mu- seu Paulista», Vol. III, 1898, p. 44. Syn, Pholcus altiventer, Keyserling, Spinnen Amerikas, Brasil. RR IS9L op. 179, prof 120. q — 1, 7 mm. Cephalothorax amarello, com uma larga faixa longitudinal brunea, attingindo adiante o clypeo e comprehendendo toda a região ce- phalica, e terminando atraz na estria mediana tho- racica. Cheliceras, maxillares, !abio e esterno bru- neos, principalmente este ultimo. Pernas amarello claras, tendo junto ao apice dos femures e das tibias um annel bruneo-negro; as patellas são bruneas. Abdomen amarello-claro, salpicado de manchas es- curas redondas; na parte posterior do ventre ha junto às fiandeiras, duas pequenas estrias escuras. O segmento terminal dos palpos é bruneo escuro. Hab. : varias localidades dos Estado de S. Paulo e do Rio de Janeiro. Blechroscelis — Simon — 1893 Cephalothorax e olhos similhantes aos do ge- nero Psilochorus, mas os olhos anteriores formam ( pelos apices ) geralmente uma linha recta e os olhos medios anteriores säo pequenissimos, distinctamente separados dos olhos lateraes. Area dos olhos medios bem ampla, de base egualou muito pouco menor do que a altura. Abdomen oval allongado, raramente subglobuloso. Epigyno da femea variavel, raramente ultrapassando o meio do ventre. Pernas muticas, cobertas de pellos curtos; no macho os femures do terceiro par de pernas são mais robustos do que os outros e sensivelmente espessados para o apice. Che- liceras do macho muticas na margem externa, mas providas na margem interna de uma apophyse de- primida, contigua, dirigida para abaixo. Typo. — B. annulipes ( Keyserl ). O genero Blechroscelas é até o presente repre- sentado no Brasil por cinco especies, das quaes uma nova para a sciencia, e que se podem disunguir pe- los caracteres da chave abaixo : a — Dorso do abdomen sem manchas, às vezes com faixas : 6 — Dorso amarello-azulado ; lado e ventre com faixas longitudinaes azul-escuras — DB. cyanco . te- nial. bb — Todo abdomen de colorido uniforme, ver- de-amarellado — B. viridis. aa — Dorso manchado : 6 — Dorso com uma faixa longitudinal media- na desmaiada e com manchas angulares — B. simoni; bb — Dorso sem a faixa longitndinal acima re- ferida ; | c — Quatro pares de grandes manchas azul- escuras no dorso ; colorido geral cinzento-esverdeado. B. cyaneo-maculata ; cc — Todo abdomen mosqueado de azul-escuro ; colorido geral cinzento-azulado ; rima das fiandeiras alaranjada — B. coerulea. — TOS Blechroscelis cyaneo teniata ( Key- serl: )- (Pigs. Vie 18.) B. c. — Moenckhaus. « Revista do Mu- seu, Paulista», 1898, Vol IH, p. 99. Syn. Pinions cyaneo- un Key- serling, Spinnen Amerikas, Brazil. SAT ANG pro VE fo 42% º — 5, mm. Cephalothorax \ amarello com um largo annel mar- © ginal vermelho ; olhos anteriores col- 18 locados em uma mancha mais es- cura; parte posterior da região cephalica egualmente mais escura. Cheliceras, HN bie. esterno e palpos vermelho amarellados ; pernas bruneo-claras com a extremidade dos femures e das tibias assim como os palpos mais claros. Abdomen amarello de tons azulados, com faixas longitudinaes azul-escuras, sendo duas no dorso, uma larga de cada lado ( nas pleuras abdominaes ) e uma mais estreita no ventre ; todas estas faixas se estendem sómente até o terço posterior do abdomen. Epigyno bruneo negro; a esevação onde estão postas as fiandeiras é amarella, Abdomen duas vezes mais longo que largo, mais es- pesso ao nivel do terço medio e um pouco mais es- “pesso na parte anterior, que ao nivel da inserção das fiandeiras, que são terminaes. 5 — 6. 1 mm. Colorido e desenho perfeita- mente eguaes aos da femea, mas as pernas são mais longas e o cephalotorax que, na femea, é mais lar- go que longo e é no macho tão longo quão largo. As cheliceras têm adeante, na borda interna, na união do terço apical com os dois terços basaes um pequeno- dente ponteagudo, além do dente chitinoso apical habitual. Hab: Diversas localidades dos Es- tados de S. Paulo e do Rio de janeiro. Blechroscelis viridis sp. n. ( Figs. 19 e 20) J — 4 mm. Cephalothorax amarello, muito le- vemente sombreado para as margens lateraes e poste- rior com uma delgada faixa longitudinal vermelha. TOR que começa ao nivel da união da região cephalica com a região thoracica, comprehende a estria me- diana thoracica e terinina junto à margem posterior. Cheliceras, maxillares, labio, palpos e coxas das pernas são de colorido egual ao do cephalothorax, sem o sombreado. Abdomen cylindrico, mais de tres vezes mais longo do que largo, de colorido uniforme, veade- amarellado; no declive apical pos- terior ha duas pequenas manchas escuras, só apreciaveis quando se : observa a aranha por traz; fiandei- ras negras. Pernas de femures ver- 19 melhos. com os apices amarellados, bem como to- das as patellas; tibias ennegrecidas de apices ama- rellos; metatarsos de articulação basal amarella, tendo em seguida uma zona larga quasi negra eos dois terços apicaes assim como os tarsos amarel- los. AS pernas são revestidas de pellos curtos, ex- cepto as tibias que apresentam em sua face irferior densos pellos bem mais longos, trigueiros. As che- liceras apresentam, na base, um tuberculo arredon- dado, situado na borda externa: na face anterior ha apenas um pequeno espinho, curto e negro; na chanfradura da garra ha, além da ponta chitinosa habitual, uma outra ponta de egual ta- manho e colorido. Os olhos estão situa- dos em manchas negras, havendo na dos olhos anteriores uma pequena ponta me- diana. Palpos do femur dilatando-se para o apice, mais longo do que largo; patella curta, com um pequeno nodulo escuro na base e outro no apice, ambos na face 20 externa; tibia mais longa que larga, mais longa do que a patella, dilatando-se tambe. para O apice, onde é bilobada; tarso muito curto, apresen- tando em sua parte externa uma longa apophyse angulosa e tendo no ponto de angulação uma ou- tra pequena apophyse concava; 0 apice do tarso, no pouto de inserçäo da hematodocha, é trilobado, cada lobo com uma cerda trigueira ; bulbo sub- globuloso, prolongando-se em um estylete curvo, de ponta escura retorcida ; esse estylete é proximamente parallelo à apophyse externa. Hab: Pinheiro ( Es- tado do Rio de Janeiro ). | Blechroscelis simoni, Moenckhaus — « Revista do Museu Paulista», 1898, Vol HI, p. 101, pr. V. fete (ele. La ¢ —1,7mm. O cephalothorax é desmaiado, tendo na margem uma linha bruneo-clara; a estria mediana da regiäo thoracica é parda e as estrias ra- diantes são um pouco mais escuras; a parte ante- rior da região cephalica é egualmente um pouco mais escura. Cheliceras des- maiadas; labio e ifaxillares mais escuros. O esterno e a extremidade proximal dos fe- mures são sombreadas de verde; os outros segmentos das pernas são desmaiados. Todas estas partes são revestidas de pellos curtos escuros mais abundantes no labio, nos ma- xillares, no esterno e nas pernas. Abdomen com abundantes manchas de côr azulada, de forma an- gular bem definida; os intervallos entre essas man- chas, uma estreita faixa longitudinal mediana do dorso e uma area sobre o epigyno são de côr des- maiada ; todo abdomen tem pellos compridos, seti- formes, escuros. Fiandeiras desmaiadas, cobertas de finos pellos pardos. Epigyno desmaiado com uma. estreita orla brunea. Abdomen quasi espherico, um pouco mais alto de que longo; epigyno muito grande. Hab.: Poço-Grande (S. Paulo ). Blechroscelis cyaneo-maculata ( Keyser! ). B. c. — Moenckhaus, « Revista do Museu Pau- lista», 1898, V. III, p. 100. Syn.: Pholeus cyaneo-maculatus, Keyserling, Spinnen Amerikas, Brazil. Sp. 1891, p. 173, pr. V. f. 119-a, 119-b e 119-c. — Poy 9 — 4,3 mm. “Cephalothorax amarello-averme- lhado com estria mediana thorácica e a parte pos- terior da região cephalica bruzeas; cheliceras, ma- xillares, labio, esterno e palpos amarello- avermelhados. Pernas pardas com o apice 2 dos femures e das tibias, assim como a 2 base dos metatarsos, amarello. Abdomen de dorso cinzento-esverdeado com quatro pares de erandes manchas azues; ventre mais amarello ; epigyno vermelho-bruneo. Per- nas com pellos pouco abundantes. Ab- domen pouco mais longo do que largo, de dorso muito convexo. — 43 mm. Colorido e dese- nho em tudo eguaes aos da femea, 23 mas de pernas mais longas e abdomen mais terete. Cheliceras tendo adeante, na borda in- terna, uma pequena apophyse e, na uniäo do terço apical com os dois terços basaes, um pequeno dente ponteagudo ; no apice ha a ponta chitinosa commum. Hab.: ( Rio de Janeiro ). Blechrescelis coerulea ( Keyserl ). B. c. — Moenckhaus, «Revista do Museu Pau- lista »;21898, -V. HI, p. 401; Syn.: Pholcus cœruleus, Keyserling, Spinren Amerikas, Brazil: Sp.; 189 -p.: PRE pe NE To q — Cephalothorax amarello com a estria me- diana thorácica e a região cephálica pardacentas. _ Cheliceras, maxillares, labio e esterno ama- GN rellos; palpos pardos. Pernas bruneo-es- curas com o apice dos femures e das tibias amarello. Abdomen cinzento-azulado-claro, 24 mosqueado de azul-escuro dos lados e no dorso; ventre mais claro; epigyno verme- lho-bruneo e elevação onde estão situadas as fian- deiras amarello-allaranjada. Abdomen um terço mais longo que largo, subglobuloso. Hab.: ( Rio de Ja- neiro ). E cs E HI — Pholeeas Olhos posteriores dispostos em linha recurva, estando os olisos médios desta fila situados um pouco adiante dos lateraes; olhos anteriores dispostos em linha recta ( quando tomada pelo centro dos olhos ) ; os olhos médios anteriores são muito pequenos, quasi contiguos mas largamente separados dos late- raes; área dos olhos médios geralmente muito mais larga que alta. A's vezes ha apenas seis olhos, es- tando ausentes os olhos médios anteriores, os ou- tros dispostos em dois grupos. Abdomen de fôrma muito variavel. As pholceas são presentemente re- presentadas no Brazil pelos quatro generos que se- paramos na seguinte chave: A — Os olhos medios anteriores ausentes: B-- — Olhos mediocres, pouco proeminentes, formando duas áreas bastante separadas. Abdomen globuloso ou gibboso — Sperinophora. B B — Olhos grandus e proeminentes, forman- do duas áreas muito pouco separadas; abdomen longo, sensivelmente dilatado para traz, truncado e fino no ápice — Metagonta, A A— Os olhos medios anteriores presentes, de modo que os olhos estão dispostos em duas filas de quatro : B — Olhos anteriores subcontiguos Area tra- pezoide dos olhos medios de base igual ou pouco maior que a altura — Physocyclus. B B — Olhos medios anteriores bem separados dos olhos lateraes; área trapezoide dos olhos me- dios de base muito maior que a altura. — Pholcus.. Spermophora — Hentz — 1832 Clypeo largo e subvertical ou muito proclive. Olhos reunidos em duas áreas lateraes, muito sepa- radas, havendo de cada lado tres olhos pouco pro- eminentes, quasi eguaes, contiguos ou subcontiguos e formando um triangulo de vertice voltado para dentro. Abdomen subglobuloso ou entumescido, po- dendo por excepção ser longo e fusiforme. Palpos da femea delicados, de tarso acuminado, geralmente mais longo que a tibia. Typo: S. meridionalis — Hentz. Ha no Brazil duas especies deste genero, ambas descriptas pelo conde Keyserling, que se pó- dem distinguir : a— Abdomen manchado, subglobuloso, mais alto que largo — S. maculata. aa — Abdomen de colorido uniforme; subcy- lindrico — S. wnicolor. Spermophora maculata — Keyserling, Spinnen Amerikas, Brazil. Np., 1891, p. 2 LT pe VE 1220 rio oi): 25 q — 1,6 mm. Cephalothorax amarello com uma larga faixa mediana longitudinal brunea, faixa que comprehende toda a area occular e se estende adeante atê a base das cheliceras e termina atraz na estremidade posterior da estria media thoracica, esta faixa é mais estreita atraz. Maxillares, labio esterno e pernas amarellos, tendo estas ultimas no apice dos femures e na base e apice das tibias um annel bruneo-escuro. emur dos palpos amarello e os outros segmentos bruneo-negros. Abdomen ama- rello, tendo na linha media do dorso cinco ou seis pares de manchas azul-escuras, sendo as anteriores maiores e indo diminuindo para a parte posterior ; dos lados ha algumas outras manchas arredondadas, mais claras. Labio tão longo quão largo. Esterno arredondado em sua margem posterior. Abdomen um terço mais longo que largo e tão alto quão longo. Hab. Blumenau ( Santa Catharina ). mn" Spermophora unicoior — Keiser- 26 ling, Spinnen Amerikas, Brazil, Sp. 1891, ps 17SNDIE NT, CMRB e264): — 1,7 mm. Toda argile é amarello-clara ; apenas os olhos estäo orlados de vermelho- bruneo. — III — Labio e esterno como na especie anterior. Abdomen um terço mais longo que largo, mas menos alto que largo, subcylindrico. Hab. Serra Vermelha ( Rio de Janeiro ). Metagonia — Simon — 189% Différe de Spermophora por ter os olhos bem maiores e muito proeminentes, o olho interno de cada grupo lateral ( correspondente ac olho medio posterior das aranhas com oito olhos ) um pouco me- nor que os demais; os seis olhos formam daas areas pouco separadas ( cerca do diametro do olho internc ). Abdomen longo, sensivelmente dilatado para traz, onde é truncado e bifido. Typo: JZ. brfida — Simon. , Este genero é representado no Brazil por duas especies até o presente conhecidas e que são as unicas do genero. KHllas se pódem distinguir do seguinte modo : a — Abdomen manchado — M. bicornia. aa — Abdomen de colorido uniforme — A1. bifida. Metagonia bifida — Simon, Ann. Soc. Entom. de Frande, 1893, vol. LXII, p. 318. q — Cephalothorax branco-sujo com a região toracica ornada de duas pequenas linhas fuscas di- vergentes muito separadas atraz Seis olhos grandes orlados de negro. Abdomen branco-sujo, de colo- rido uniforme, duas vezes mais longo que o cepha- lothorax, sensivelmente mais largo atraz onde é truncado, com angulos turbinados e salientes. Hs- terno e pernas de colorido pallido, tendo estas os fe- mures e as tibias com dois anneis fusco-avermelha- dos, dos quaes um é subapical e outro é subbasal. Epigyno muito grande, convexo, fortemente rugoso transversalmente, situado no meio do ventre. Hab. Rio de Janeiro. Metagomia bicornis ( Keyserl) (Fig. 27). M. b. — Simon, Hist. Nat. Ar. 1893, Vol 1, pag. 472. er Lie) Syn.: Spermophora bicornis, Keyserling, Spin- nen Amerikas, Brazil, Sp. 1891, pag. 179, pr. VI, f 124. q — 2,4 mm. Toda aranha é amarello clara. O cephalothorax possue adiante uma curta faixa transversal negra e atraz desta faixa varias man- chas de identico colorido. Olhos cerca- dos de orlas escuras. Esterno com a parte posterior negra; coxas das per- Es nas marchadas de negro. Femures com 27 dois anneis negros; na parte sub-apical das tibias assim como no ápice e na base dos me- tatarsos ha um annel de egual colorido. Abdomen manchado de negro no dorso e na face posterior Abdomen um terço mais longo que largo, estreito adiante, vae se dilatando e espessando para a ex- tremidado posterior onde termina em duas apophy- ses rombas e divergentes, Habit.: Botucatu ( São Paulo ). Physocyclus — Simon — 1893 Olhos anteriores dispostos em linha recta, ap- proximados, quasi contiguos. Olhos posteriores la- teraes contiguos aos medios. Olhos medios occu- pando uma área trapezoide maxima, de base igual ou pouco maior que a altura. Pernas muticas em ambos os sexos, as posteriores muito mais longas que as anteriores, com os femures sensivelmente es- pessados na base. Clypeo, cheliceras e palpos, em ambos os sexos lembram estas mesmas partes do genero Artema. Typo: P. globosus ( Taczanowski ). , Este genero é representado no Brasil par uma unica especie que, pela forma do cephalothorax da femea, é afim do P. Duguesi-Simon. Physocyclus difficile — sp. n. ( Figs. 28 e 29). q — 25 mm. Cephalothorax de colorido unifor- me, desmaiado, assim como o clypeo. Coxas das per- nas da cor do cepualothorax. Maxillares, labio e esterno olivaceos. Pernas de colorido uniforme, amarello-pallidas, 28 de metatarsos e tarsos inda um pouco mais desmaiados. Cheliceras avermelhadas. A forma do cephalotho- 29 rax como no genero Artema. Abdomen azul-celeste, tendo no dorso uma faixa longitudinal mediana branca. Venire alvadio. Epigyno fulvo, muito desenvolvido, com dois grandes cornos muito sa- lientes, dando ao epigyno altura igual à largura da base. O esterno tem a chanfradura posterior con- cava e as margens lateraes terminam adiante em dois angulos agudos bem salientes. Hab. Pinheiro ( Rio de Janeiro ). Phoicus — Walckenaer — 1894 Olhos anteriores dispostos em linba recta, os medios cerca de tres vezes menores que os lateraes, contiguos, mas separados dos lateraes mais de um diametro destes ultimos. Olhos lateraes posteriores contiguos aos medios. Olhos medics occupando uma área trapezoide de base muito maior que a altura. Clypeo mais de tres vezes mais largo que a area ocular, levemente deprimido logo abaixo dos olhos, e depois obliquamente proclive. Pernas muticas em ambos os sexos. Cheliceras do macho providas de um dente dirigido para traz, collocado na base da margem externa; ha um segundo dente junto ao apice. Palpos da femea delicados, de tarso acumi- nado, igual ou pouco mais longo que a tibia. Typo: P. phalangioides ( Fuesslin ). Este genero é representado no Brazil apenas por tres especies, das quaes duas são novas para a sciencia; as especies dadas por Thorell, Blackwall e Keyserling como pertencendo a este genero não pertencem nem mesmo ao grupo das phólceas. As tres especies se separam facilmente de accordo com a chave que ora apresentamos : a — Abdomen allongado, cylindrico ; cephalo- thorax deprimido, plano, com a estria mediana tho- racica bem visivel. 6 — Abdomen com uma faixa longitudinal pal- lida, ramificada, sem manchas ou com manchas par- das; garra das cheliceras sem cerda basal externa negra. — P. phalangioides. . bb — Abdomen com manches azues, em ambos os sexos; garra das cheliceras (no macho ), com uma cerda espiniforme basal externa — P. dubio maculatus. aa — Abdomen globuloso ; cephalotoras con- vexo — P. anomalus. Pholcus phalangioides ( Fuesslin ). P. p. — Walckenaer, Faune Paris: 1802, Vol) pesa P. p. — Waickenaer, Ins. Apt., 1897 Vols Lops, 692;= pr, CMI Hee See P. p. — Blackwall, Spiders Great Britain & Ireland, 1864, Vol. Il, p. 208. P. p. — Simon, Arachn. de France, 1874; Vol. 1,7 p. 261 Emerton, Trans. Connecticut Acad., Sc., 1882, Vol. VI, p. 30, Pe Vi tee P. p. — Keyserling, Spinnen Amerikas, Brasil Sp. 69d tp: Moo: P. p. — Rosenberg, Spinnen Deutschland, 1902, pe 219 prs NEC 00); P. p. — Emerton, Comm. Spiders, 1902, p 128; "11: 90906" DOM P. p. — Petrunkewitch, Ann. Entom. Soc. Ame- rica, 4909, Vol tp SA NOIRE Syn.: Aranea phalangioides, Fuesslin, Verzi Schweiz Ins., 1775., p. 61. Aranea meticulosa, Fourer, 1785, Entom. Pa- ris, p. 407. Aranea pluchii, Rossi, Fauna etrusca, 1790, Vol. Il, p. 134 (ad partem ). Pholcus nemastomoides, Koch, Die Arachni- den, 1838, Vol. II, p. 27. Pholeus ptuchii, Lucas, Rev. Mag. de Zool, 166, Vol. Tsp. 2c. Pholcus americanus, Nicolet, in Gay — Histo- ria Nat., Chile, 1849, vol. III, p. 463. Pholeus atlanticus, Henz, Journ. Boston Soc., 160 Vol NE dp: 284, pr Xs) 67. Pholcus opilionoides, Ann. Soc. Entom., France, feos Vol MP na 120 pr: tr do are S— Ta 8 mm. Céphalothorax amarello des- maiado com uma grande mancha parda em fôrma do folha ra parte mèdia da região thoracica, com- prehendendo a estria mediana thoracica; adiante dessa mancha ha uma faixa longitudinal mediana que se estende pela região cephaiica entre os gru- pos lateraes de olhos nocturnos e adiante dessa faixa ha uma pequena mancha parda onde estão os olhos medios anteriores. Cheliceras quasi tão altas como o clypeo, bruneo-claras, levemente angulosas na borda externa com um dente basal externo, dirigi- do para cima e um pouco para fóra, e um dente apical interno negro, dirigido quasi em linha recta para baixo. Labio, maxilares e esterno amarello desmaiados. Pernas pardacentas, de patelias mais escuras, e com um annel desmaiado, precedido de um outro annel quasi negro, no ápice dos femures e das tibias. Pernas excessivamente allongadas. Ab- domen pardacento, tendo no dorso tres ou quatro pares de manchas grandes, situadas nos dois terços posteriores ; ventre desmaiado, com uma larga faixa longitudinal escura. Palpos amarellados ; o trochan- ter tem em baixo um tuberculo pequeno e obtuso ; femur mais longo que largo; patella triangular ; ti- bia oval, com uma pequena apophyse romba no ápice; tarso glebuloso com a apophyse dirigida para baixo e de bordas laciniadas; a hematodocha é di- sciforme e distincta; bulbo quasi espherico, de es- tylete quasi negro, laminoso, e com tres apopbyses sendo duas em ponta e uma em leque. — 116 — q — 5 a 6 mm. Colorido muito similhante ao do macho; o abdomen, porém, é geralmente de colorido uniforme, apresentando apenas na parte média do dorso uma linha translucida, ramificada, que vae da extremidade anterior até o terço poste- rior; essa faixa é igualmente presente no macho. O epigyno é pouco desenvolvido, occupando apenas o terço anterior do ventre. truncado atraz e tendo adeante duas saliencias ovaes e obliquas. E” esta uma especie cosmopolita. Von lhering observou-a no Rio Grande do Sul. Ella é igualmente muito commum em Bello Horizonte, mas nunca a obser- vamos no Rio de Janeiro. Phoicus dubiomaculatus, sp. n. (Figs. 31 e 32.) e £ — 3 mm. Cepkalothorax des- maiado com uma grande mancha brunea no meio da região thora- cica; na parte posterior da região cephalica, um pouco atraz dos gru- pos lateraes de olhos, ta uma ou- tra mancha parda menos nitida e logo atraz dessa mancha ha um tufo de longos pellos escuros cur- vos, inseridos em pequenos pontos pardo escuros ; a região cephalica è regularmente elevada e leve- mente bicornuda, sendo a base dessa região cepha- lica mais estreita que o apice (onde estão os gru- pos oculares lateraes, de olhos nocturnos ); as la- minas chitinosas do pediculo de união do cephalo- thorax ao abdomen são negras; olhos medios ante- riores situados em uma pequena mancha triangular negra, de base voltada para cima. Clypeo esbran- quiçado. Cheliceras fulvas, tendo na borda externa, na base, um dente curvo e dirigido para cima e para fóra; nessa mesma borda, no apice, no ponto de inserção da garra, ha uma cerda espiniforme ne- gra, curva, quasi erecta; na face anterior ha no terço apical, proximo da margem interna, uma apophyse chitinosa bruneo-escura, entalhada, com duas pontas 31 — 117 — agudas, dirigida obliquamente para dentro, para baixo e para diante; o espinho apical, que se encontra nas outras especies do genero, é aqui levemente obliquo para dentro e levemente curvo, negro. Abdomen cylindrico, acinzentado, mosqueado de branco-argen- teo no dorso, que apresenta uma faixa longitudinal mediana translucida; essa faixa occupa os dois terços anteriores do dorso e termina em uma grande area escura, formada por grande numero de pequeninas manchas azul-escuras ; de cada lado da faixa des- maiada mediana ha uma outra area simi- lhantemente formada de pequeninas man- 32 chas azul-escuras, porém bem menores (cerca de metade da dimensão da area posterior ) e com muitas manchas pequeninas pra- teadas. Pernas amarelladas, tendo no apice dos fe- mures e das tibias um annel esbranquiçado, prece- dido de outro, menos nitide, bruneo escuro; patel- las bruneo-fulvas. Esterno, labio e maxillares bru- neos, lavados de fo-co; coxas anarelladas com a linha de articulação 40 esterno e uma linha longi- tudinal interna bruneo-avermelhadas. Ventre do ab- domen de colorido uniforme, acinzentado ou brunete. Palpos amarello-pardacentos; trochanter pequeno, annular, com uma apophyse interna, tendo de com- primento quasi a largura do segmento, e um pouco curva para o ápice ( concavidade voltada vara o fe- mur ); femur cerca de tres vezes mais longo do que largo, com uma apophyse conica no terço mé- dio da borda interna; patella com a forma commum a outras erpecies do genero, isto é, triangular de vertice interno; tibia dilatada, oval, allongada, mais comprida que larga, mai: longa que o femur, apre- sentando na face inferior, na base, uma apophyse mammillar; tarso com o ramo externo dilatado, giobuloso, com uma pequena ponta negra; apophyse interna do palpo fulvo-escura, dilatada n> apice em tres partes rombas e com um dente uncinado, re- curvo; bulbo quasi espherico, de estylete mais ou ments retorcido e com tres apophyses accessorias, TO se sendo uma espessa, curva, granulosa, bruneo-fulvo- escura, outra da mesma cor, flexionada, e uma ter- ceira ligeiramente bifida, terete, bem mais clara. As femeas desta especie que podemos observar inda eram jovens demais para permittir uma des- cripção definitiva. Observamos tambem um macho que acabava de soffrer a ecdyse e que apresentava o colorido geral, em vez de pardacento, branco- _acinzentado ; nesse exemplar os ápices dos femures e das tibias eram bem negros. Hab.: Pinheiro ( Rio de Janeiro ). Pholcus anomalus, sp. n. q — Lômm. Toda aranha é de colorido. uni- forme branco-acinzentado, tendo sómente uma pe- quena mancha na face, na qual estão collocados os olhos medios anteriores, negra e transversa. Epi- gyno levemente fusco. Olbos anteriores em linha recta tirada pelos apices. Grupos oculares lateraes ( dos olhos nocturnos ) quasi nada salientes. Cephalo- thorax convexc, quasi como o das aranhas do ge- nero Scytodes. Abdomen pouco mais longo do que alto, de dorso muito convexo, subglobuloso, acumi- nado para traz, sendo as fiandeiras terminaes. Hab.: Campina Grande ( Parahyba do Norte ). Coll. Tran- quilino Leitäo. IV — Smeringopódeas As Smeringopódeas são as unicas phólciaas que têm os olhos anteriores dispostos em linha re- curva, estando o vertice dos olhos médios ao nivel da base dos olhos lateraes ou mesmo abaixo. Olhos posteriores em linha recurva. Ellas são represen- tadas no Brazil apenas pelo genero Smeringopus. Smeringopus — Simon — 1890 Os quatro olhos anteriores formam uma linha recurva, os médios geralmente bem mencres que os lateraes, subcontiguos, mas separados dos lateraes um diametro ou pouco menos. Olhos posteriores em linha menos recurva, pequenos, os médios se- parados entre si cerca de dois diametros. Area dos olhos medios trapezoide de ba:e maior do que a ai- tura. Abdomen estreito, longo e terete. Pernas mu- ticas em ambos os sexos. Tarso do palpo da fe- mea pequeno, muito mais curto e dilatado que a tibia. Cheliceras do macho não deprimidas, provi- das na parte apical da face anterior, junto à base da garra, de um vequeno dente simples. Typo: S. geniculatus ( Thorel). Ha no Brazil, até agora de- scriptas, tres especies deste genero, distinguindo-se pelos seguintes caractéres : a) — Ventre com tres faixas longitudinaes dis- tinctas — S. pallidus. a a — Ventre com uma unica faixa longitudinal : 6 — Cephalothorax com uma faixa longitudinal que vae dos olhos à margem posterior; clypeo com duas linhas escuras longitadinaes — S. purpureus. bb — Cephalothorax e clypeo sem os caracté- res apontados acima — S. geniculaius. | Smeringopus pallidus ( Blackwall ). Pholcus pallidus, Blacwall, Ann. Mag. Nat. Hist.,°3.* série, Vol. I, 1858; p. 433; 1861, Vol VII, p. 444. q — 6 mm. Cephalothorax branco-amarellado, as margens lateraes com uma estria dirigida de cada olho medio anterior para a margem do clypeo, bru- neo-negras; dos lados do cephalothorax ha duas manchas irregulares e no meio ha uma faixa lon- gitudinal, manchas e faixa pardo-escuras. Olhos or- lados de negro. Cheliceras, maxillares, esterno e labio pardo-amarellados, e te ultimo de apice mais claro. Pernas pardo-amarelladas com um annel es- curo na região sub-apical dos femures e das tibias e seguidos por outros anneis mais claros apicaes desmaiados ; palpos claros de tarso bruneo. Abdo- men oval oblongo, branco-amarellado, com duas li- = 2) TE nhas curtas, brunetes, dirigidas para traz, e segui- das de uma faixa longitudinal fusiforme, bifida e da mesma cor; a esta faixa se segue uma dupla série de manchas negro-brunetes, ovaes, dispostas aos pares e inclinadas uma para a outra; logo acima das fiandeiras ha um espaço branco-amarellado-claro, limitado por uma linha negro-brunea; os lados do abdomen têm quasi na união com o dorso linhas cur- vas bruneo-negras. Ventre claro, tendo a parte an- terior ao epigyno e tres faixas longitudinaes bruneo escuras ; dessas faixas a média é mais curta e mais estreita que as outras; junto às fiandeiras ha um espaço branco-amarellado. Epigyno proeminente, bruneo-avermelhado. S — 7 mm. Colorido similhante ao da femea. Palpos curtos, muito robustos, amarello-vallidos ; fe- mur de face inferior convexa; tibia grandemente dilatada, de face superior muito convexa; tarso de desenho irregular, allongado, com um espinho curto, levemente curvo, de ponta negra, muito acerada; base da hematodocha proeminente do lado interno e densamente franjado de longas cerdas curvas e com uma pequena saliencia vermelho-brunea ; bulbo pouco desenvolvido, subglobuloso, branco-amarellado, com duas apophyses curtas, fortes, unidas na base, de apices bruneo-escuros. Hab.: Pernambuco. Smeringopus purpureus, Moenckoaus, « Re- vista do Museu Paulista», 1898, vol. II, p. 91, pry PR ® —7 mm. Cephalothorax desmaiado com uma larga faixa mediana de côr parda que se ex- tende no sentido longitudinal dos olhos até à mar- gem posterior do cephalothorax ; esta faixa é mais larga atraz da estria mediana thoracica e depois novamente se estreita; a margem lateral do cephalothorax e tres áreas triangulares com os apices voltados para a linha média do a NIQUES 7 dorso, situadas junto 4s inargens do cephalothorax são de cor pardacenta; mais duas linhas estreitas se extendem dos olhos à margem do clypeo. As cheliceras são amarello-escuras ; maxillares de côr desmaiada, mais escuros nas extremidades apicaes ; labio e esterno pardos, aquelle um pouco desmaiado na extremidade. Pernas pardo-desmaiadas ; tarsos e metatarsos um pouco mais claros; extrem‘dade distal dos femures e das tibias com um largo an- nel branco que é precedido por outro annel pardo- escuro ; patellas igualmente pardo-escuras ; os pal- pos são desmaiados com os tarsos pardos. Abdomen cinzento-claro, apresentando no dorso uma figura em forma de flécha, cujo fuste termina na parte posterior em duas manchas ovaes, separadas por uma área clara; estas manchas são seguidas de mais quatro pares de manchas similhantes às pri- meiras, porém menos regulares em forma e dimi- nuindo de tamanho em direcção à extremidade pos- terior, sendo que o ultimo par não alcança as fian- deiras. Paralelas a estas carreiras de manchas ha mais outros cinco pares, cujas formas são menos nitidamente determinadas e que se extendem obli- quamente para baixo e para traz. Ha, em torno das fiandeiras, um annel largo pardo-escuro; no ventre ha uma faixa longitudinal mediana de igual colorido, separada, porém, do annel que circunda as fiandeiras por uma área clara. Fiandeiras pardo- escuras. Cephalothorax provido de pellos esparsos, longos e trigueiros, especialmente na parte anterior da região cephalica. Cheliceras, labio, maxiilares e esterno cobertos de pellos finos e escuros. Hab.: S. Sebastião ( S. Paulo ). Smeringopus geniculatus ( Thorell). ( Figs. 34 e 39.) : Pholcus geniculatus, Thorell, Ann. Mag. Nat. Hist., 1841. vol. VII, p. 477. Pholcus elongatus, Vinson, Aran. Réunion, Madag., 1864, p. 135. 2 Pholcus tipuloides, Koch, Arachn. Austr., 1872, 2p: «2635 private: Pholcus distinctus, Cambridge, « Journal Lin- nean Society London», 1876, vol. X, p. 389, pr. 15602839: Pholcus margarita, NWorkmann, Ann. Mag. Nat. Hist, 1878) vol: II, p. 458 “pr MSA Pholcus lipuloide, Marx, Proc. Acad. Phila- delphia, 1889, 9. 99, pr. IV, Pholcus tipuloides, Kevserling, Spinnen Ame- ka abranil, Sp. Loves. pa vi ae Smeringopus elongatus, Simon. Ann. Soc. Entom., France, 1890, p. 98. 2 S —9 mm. Cephalothorax par- MAS do-amarellado com duas delgadas linhas negras sobre o clvpeo, partindo dos olhos 34 e se estendendo até a bare das chelice- ras; na região thoracica ha uma faixa pardo-escura de margens negras, que vae dos olhos posteriores até a margem posterior do cephalothorax, sendo mais larga atraz; todo o cephalothorax apresenta, esparsos, pellos curtos. Os olhos estão postos em manchas escuras. Pernas revestidas de pellos cur- tos e finos, trigueiros ; ellas são amarellas ou ama- rello-avermelhadas, tendo anneis brancos nos ápices dos femures e das tibias, precedidos esses anneis por outros negros; tar- sos e metatarsos mais claros que os segmentos basaes; patellas escuras. Palpos em ambos os sexos, curtos e fortes, amarellos. No macho o bulbo tarsal do palpo é bem desenvolvido, mas de estructura relativamente simples, apresen- tando o estylete com o a-pecto de um como tubo conico, projectando-se para paixo e com pontas ne- gras, quando visto pela face externa. Palpo da fe- mea provido de duas unhas simples. Maxillares pardo-amarellados ; labio pardo com uma linha es- cura em sua parte inferior; esterno pardo-escuro ou fusco. Abdomen subcylindrico, de margem anterior 35 arredondada, projectando-se um pouco sobre o cepha- lothorax ; colorido amarello com manchas parda- centas de numero variavel, havendo geralmente no dorso oito manchas, dispostas aos pares e dimi- nuindo de tamanho para a extremidade posterior do abdomen. Epigyno da femea pardo-escuro, com uma lingueta clara com um como tuberculo na ponta anterior. Placas epigastricas escuras. Hab. : Todo o Brazil, no littoral. E” especie cosmopolita. Os autores dão para esta especie, de accôrdo com Simon a designação de Smeringopus elongatus ( Vin- son); no entretanto Thorell já dera anteriormente dessa mesma especie uma descripçäo bem regular, com a designação de Pholcus geniculatus. Assim seudo, aqui fazemos a necessaria correcção, dando o nome de accôrdo com as leis de prioridade, pas- sando o phulcus elongatus de Vinson à synonimia. II Scytódidas As scytódidas são as aranhas que maiores affi- nidades offerecem com as phólcidas, tendo como estas o labio soldado ao esterno; as cheliceras fra- cas e soldadas na base; as pernas geralmente lon- gas e delgadas com as unhas inseridas em um onychio ; e, muitas vezes, o cephalothorax com uma estria mediana thoracica profunda, sendo o cephalo- thorax quasi circular. Na primeira edição de sua Historia Natural das Aranhas, Simon chegou mes- mo a approximar umas e outras, formando uma unica familia; mais tarde, porém, tendo em vista a estructura dos orgãos genitaes, muito complicada nas phólcidas e bastante simples nas scytddidas, se- para-as, collocando estas entre as suas aranhas ha- plogynas e as primeiras nas entelegynas. As scytodidas têm o cephalothorax de fórma muito variavel ( caso queiramos dar a esta familia toda extensão que lhe dá Simon); só no genero Loxosceles apresenta a região thoracica uma estria mediana bem apreciavel. Todas as aranhas brazileiras desta familia têm apenas seis olhos, todos do typo nocturno, simi- lhantes, repartidos em tres pares bastante separados uns dos outros. O clypeo é sempre largo, vertical ou inclinado para diante, sem depressão. As cheliceras são desprovidas de mancha basal e quasi cylindricas, de base obliquamente trancada, tendo o angulo interno prolongado em pequena ponta mais ou menos occulta sob o rebordo do clypeo; são as cheliceras soldadas uma a outra em sua parte basal, estando ligadas em cima por uma sutura membranosa e estão em contacto por suas partes solidas apenas em am punto, ao nivel do terço basal; margem superior prolongada por uma lamina angulosa transparente, muitas vezes mem- branosa, sendo então sustentada por uma haste chi- tinosa movel que segue a borda interna da cheli- cera e termina em ponta aguda. Garra da chelicera ' sempre larga na base, ponteaguda, ora longa e fortemente arqueada, ora muito curta, de base quasi globulosa e ponta curta aciculada. Esterno geralmente variavel com cephalo- thorax, mas quasi sempre prolongado atraz entre as coxas posteriores que são mais OU menos sepa- radas. Labio immovel e soldado ao esterno, grande, mais comprido que largo, estreitando-se para a extremidade obtusa, geralmente um pouco apertado na base. Maxillares fortemente inclinados e con- vergentes, largos na ba-e ao nivel da inserção dos palpos, no resto de sua extensão) estreitos e paral- lelos: a borda apical, truncada em linha recta e mais ou menos membranosa, é contigua com a do lado cpposto. Pernas mais ou menos longas e delgadas ; co- xas sempre iguaes e da mesma espessura, nas es- pecies brazileiras ; patellas pequenas e sempre simi- lhantes ; tarsos sempre desprovidos de fasciculos e de escopulas, providos de um onychio em todas as especies brazileiras. Unhas superiores armadas de dentes numerosos, dispostos em uma ou duas séries. | Ha, não raro, além das duas unhas principaes uma terceira, inferior, longa. As fiandeiras são pequenas e reunidas; as in- feriores são pequenas, cylindricas e levemente se- paradas na base; as superiores são um pouco mais curtas, mais delgadas e levemente curvas para den- tro; cada fiandeira tem um curto segmento apical conico e, na margem interna, na exiremidade do segmento basal, alguns pellos negros, espessos, dis- postos em feixe. Ha sempre um cólulo considera- velmente longo, mais desenvolvido que no commum das aranhas, cylindrico e acuminado; o tuberculo anal é, porém, muito pouco saliente, quasi obsoleto. O tegumento é geralmente glabro on com al- gumas cerdas longas e robustas. Palpo da femea pequeno com a tibia mais lon- ga que a patella; tarso mais longo que a tibia, muito acuminado, sempre desprovido de unha. O palpo do macho obedece geralmente ao mesmo plano; femur terete e um pouco comprimido ; pa- tella nodosa e convexa; tibia mais longa que a patella, mais ou menos dilatada, oval, fusiforme ou globulosa ; tarso muito mais curto que a tibia, de base prolongada em um curto pediculo cylindrico que separa a tibia da hematodocha, que é terminal mas obliqua; bulbo globuloso bruscamente termi- nado em ponta delicada, longa e mais ou menos curva. Das seis subfamilias em que Simon divide as scytôdidas tres são representadas no Brazil por ou- tros tantos generos, que podemos separar de accor- do com a seguinte chave: A — Cephalothorax muito deprimido, com uma estria mediana thoracica profunda e inteira — Lo- XOCELINAS ( Loxosceles ). A A — Cephalothorax não deprimido, convexo, sem estria mediana thoracica. B — Olhos dispostos em tres pares muito se- parados, formando os anteriores uma linha muito recurva — SCYTODINAS ( Scytodes ). CE Tato B B — Olhos approximados ; os anteriores dis- postos em linha levemente procurva — PERIEGOPI- nas ( Pertica ). I — LoxoscELINAS Cephalothorax bastante deprimido, ccm uma estria mediana thoracica profunda e inteira, em continuação com as estrias cephalicas que se re- unem em angulo agudo; parte frontal da região cephalica obtusa; clypeo largo e obliquamente diri- gido para diante. Olhos medianos contiguos, situa- dos adiante dos lateraes que são igualmente conti- guos mas separados dos medianos. Esterno oval pouco mais comprido que largo, terminando atraz em ponta, entre as coxas posteriores que são sepa- radas. Pernas longas, um pouco lateraes e muito finas nas extremidades, providas de cerdas, às ve- zes espiniformes, dispostas em séries longitudinaes ; tarsos com duas unhas sustentadas por um curto onychio. Abdomen oval muito convexo; fiandeiras mais desenvolvidas que no resto da familia. As lo- xoscelinas são aranhas de médio porte, de tegu- mentos molles, com algumas cerdas esparsas; colo- rido geral avermelhado, uniforme. São encontradas sob as cascas de velhas arvores, nas fendas dos ro- chedos. sob as pedras e em geral em logares hu- midos e escuros. Ellas tecem uma teia muito irre- gular. São representadas pelo unico genero Loxos- celes. Loxosceles — Lowe — 1831. Cephalothorax ligeiramente convexo, larga- mente truncado atraz, amplamente arredoúdado dos lados, quasi subitamente estreitado para a frente; margem frontal truncada, arredondada ; clypeo obli- quo; estria thoracica inteira «e profunda. Olhos subiguaes, os dois médios contiguos, situados adiante dos lateraes que tambem são contiguos entre si. Esterno oval, mais comprido que largo, pouco es- treitado para traz; as coxas posteriores pouco se- paradas. Pernas longas e delicadas, dispostas — II, BAIN, HE ou IV, E II — providas de. espinhos ou de cerdas rigidas dispostas em séries. Tarsos - providos de onychio e com duas unhas longas, tendo na base seis dentes. Fiandeiras longas. Typo: L. rufescens ( Duf). Ha deste genero, no Brazil, já descritas, tres especies. Provavelmente o nume- ro é muito maior, mas como todas as especies são proximamente do mesmo colorido, têm escapado à descripçäo. A chave para a diagnose das tres es- 2 pecies já descriptas é a seguinte : a a — Cheliceras não granulosas : b — Tibia do palpo do macho quasi duas ve- zes mais longa que larga; tarso muito mais largo que longo — L. rufipes. bb — Tibia do palpo do macho pouco mais longa que larga e o tarso mais comprido que largo — L. surata. Loxosceles laeta ( Nic.) L. 1 — Simon, Ann. Soc. Entom. Belgique, Dr vol EL pt 24775: É mm. Todo cephalothorax, cheliceras, labio, maxillares, esterno, palpos e pernas de colo- rido uniforme, fulvos, cor de mogno. O abdomen é tambem de colorido uniforme no ventre e no dorso, todo cinzento fusco, revestidos de curtos pellos ne- eros. Hab. Nova Iguassu ( Rio de Janeiro). Coll. — Blanc de Freitas. Scytodes iguassuensis — sp. 0. q — 5 m.m. Cephalothorax alvadio com del- gadas linhas castanho-escuras formando varios de- zenhos; no clypeo ha uma linha transversal, inter- rompida no centro, situada muito proxima da borda, a que é quasi parallela; nas extremidades externas essa linha se dobra em angulo levemente obtuso para cima, indo terminar nos grupos de olhos late- ne raes ; os tres grupos de olhos estäo postos em man- chas pequenas, castanho-escuras ; do grupo ocular médio partem tres linhas longitndinaes, das quaes as duas lateraes são mui ligeiramente curvas de concavidade externa e se extendem até a parte mais alta do dorso; a linha média que parte do grupo ocular médio é dire:ta, termina em ponta em sua extremilade superior e alcança apenas o primeiro terço das linhas curvas que lhe são proximas; logo acima das duas linhas longitudinaes medianas ha uma linha em U, mui fortemente procurva, abra- cando as extremidades superiores das linhas longi- tudinaes; de cada lado dessa linha em U ha qua- tro linhas curtas, obliquas para baixo, para fóra e para diante; na parte posterior do cephalothorax ha uma delgada linha marginal, sinuosa, com um largo espaço claro ao n vel da articulação com o abdomen ; quasi parailelas a essa linha marginal ha duas ou- tras linhas mais grossas, interrompidas; a linua si- nuosa se continúa logo acima das margens lateraes do cephalothorax, havendo acima della uma série de tres linhas curvas que formam outros tantos UU deitados, de abertura anterior e bem mais largos nas alças posteriores ' As cheliceras são brancas, como o cephaloth rax e inteiramente percorridas em sua face anterior por uma estreita faixa longitudinal es- cura; a garra das cheliceras é testacea. Labio e maxillares brancos. Esterno branco, tendo de cada lado tres manchas marginaes quasi punctiformes e um ponto submarginal, todos castanho-escuros. Os palpos têm a face. infericr de todos os segmentos de colorido branco uniforme; vistos pela face dorsal elles apresentam manchas e anneis castanho-e curos em todos os segmento: Pernas brancas, sendo os femure: muito manchados, apre-entandc numerosas manchas lineares obliquas, algumas reunidas em V ; patellas com uma mancha castanho-escura apical na face superior ; tibias e metatarsos com um annel api- cal, um annel basal e uma pequena mancha no terço medio, tudo castanho-escuro. Abdomen de ventre claro uniforme; dorso pardo violaceo, apresentando na metade posterior linhas parallelas, transversaes, sinuosas de voltas largas, algumas interrompidas no meio, castanho-escuras. Hab. Nova Iguassu (Rio de Janeiro ). Coll. — Blanc de Freitas. Scytodes liñnealipes — Taczanowski — Horae Not Entom: Ross, 1879, vol. X; p. 107. | S. | — Keyserling, Spinnen Amerikas, Brazil. Bp tool. DAS priv; 2.112, S. 1 — Simon, Proc. Zoo: Soc. London, 1891, p. 910, pr. XLII, ft 16 e 17. g — 4 mm. Cephalothorax amarello, tendo ao meio linhas parallelas escuras, que começam nos olhos médios anteriores, ndo indo até a extremi- dade posterior, mais finas dos lados e quasi sempre. arqueadas e recurvas atraz. As margens lateraes são negras e, acima dellas, ha uma faixa disconti- nua da mesma côr, havendo fora, de cada lado, al- gumas estrias dirigidas das margens para a parte média do dorso. Nas tres faixas do dorso ha cer- das escuras, umas curvas, recumbentes e outras erectas. As cheliceras são amarellas, tendo na face anterior uma estria longitudinal escura. Os maxil- lares, o labio e o esterno são amarellos. Pernas amarellas; na face inferior dos femures ha duas pequenas linhas negras; na face externa dos femu- res, na parte apical e no meio da face externa das tibias ha uma mancha igualmente negra. Abdomen amarello, manchado de escuro dos lados apresen- tando na parte anterior do dorso algumas manchas escuras e na parte posterior linhas transversaes, mais ou menos nitidas, de igual colorido, disconti- nuas no centro; lados do abdomen manchados de escuro. Palpos da côr das pernas; femur terete, mais longo que largo; patella cylindrica ligeira- mente mais lunga que larga; tibia dilatada no cen- tro; tarso revestido de curtos pellos trigueiros, di- latado na base, ao nivel da inserção do bulbo, de- pois estreitado, levemente pontudo no apice. Bulbo de base dilatada, globulosa, com um estylete curvo, terminado em duas cerdas curtas e negras. Tab. : — 136 — Friburgo ( Estado do Rio de Janeiro ) e Blumenau ( Santa Catharina ). Fôra do Brazil foi esta espe- cie encontrada em S. Vicente, no Mexico, na Ve- nezuela e na Guyanna Franceza. Scylodes fusca — Walckenaer — Ins. apt , 1837, vol: Lo pera: S. f., Simon, Proc. Zool. Soc. London, 1891, pi 01: S. f., Banks. Proc. U. S. Nation. Mus., 1901, vol. XXIV, p. 218 e Calif. Acad. Se., 1898, vol. 1, p. 209. Syn. Scytodes guyanensis, Taczanowski, Ho- rae Soc. Entom. Ross. 1873, vol. X, p. 108: Scytodes guyanensis, Neyserling, Spinnen Ame- rikas, Brazil, Sp. 1891, p. 971. 9 — 9,3 mm. Cephalothorax vermelho-bruneo escuro, com cinco linhas longitudinaes mais claras e indistinctas. Cheliceras, maxillares, labio e ester- no pardo-escuros; os maxillares e o labio têm as extremidades mais claras. Palpos e pernas pardo- amarellados, sendo os femures escuros. com linhas iongitudinaes indistinctas e ainda mais escuras. Abdomen cinzento muito escuro ou quasi negro, com pequenas manchas amarello-translucidas. O la- bio é como festonado, excavado no meio, de angu- los lateraes arredondados e luzidios. Cheliceras co- bertas de pellos trigueiros. f — 6 mm. Cephalotnorax avermeihado. Che- liceras amarellas ou vermelho-pallidas. Maxillares de um fulvo-esverdeado, com uma risca negra na. bórda externa; labio amarello-pallido. Esterno ama- rellado, com ligeiras eminencias manchadas de ne- gro. Pernas de colorido uniforme, vermelho-ama- relladas, mas com manchas negras ou bruueas na face inferior e na extremidade das coxas dos tro- chanteres e dos femures. Abdomen de colorido e desenho iguaes aos da femea. Palpos vermelhos com algans pontos negros; tarso terminado por uma cupula oval, pontuda na extremidade, na qual se articula, em angulo recto, um bulbo oval, piri- — 137 — forme, terminado por um pequero espinho. Hab.: Serra Vermelha ( Estado do Rio de Janeiro ). Fora do Brazil foi encontrada em Bermuda, S Vicente, Porto Rico, Hayti, Costa Rica, Mexico, Venezuela e Guyanna Franceza. Scytodes vittata — Keyserling — Verhandl. zool. bot. Gesels. Wien, 1877, vol. XXVII, p. 212, pe. 212, pr Vi, É A + g—5 mm. Cephalothorax amarello, apresen- tando uma larga orla marginal parda, que se ex- “tende pelas margens lateraes e pela margem poste- rior; no meio da parte dorsal do cephalothorax ha uma larga faixa longitudinal que se extende do grupo de olhos médios anteriores até a parte mais alta do dorso; essa faixa é, às vezes, interrompida e tem em sua parte mediana uma estreita linha longitudinal amarella, na qual ha, por seu turno, uma pequena estria parda. De um e outro lado da linha mediana ha algumas pequenas linhas pardas que limi- tam manchas amarellas. Cheliceras pardas, de apices amarellos; maxillares amarellos; labio pardacento, de margem anterior mais clara; esterno pardo, com manchas mais claras, situadas proximo à inserção das coxas. Pernas amarellas, de femures pardos e com anneis indecisos na base, no meio e no apice das tibias, principalmente nos pares posteriores. Nos exemplares mais jovens e mais claros todos os segmentos das pernas são nitidamente manchados, de femures pardos. Palpos pardos, de tarsos ama- reilos. O abdomen dos exemplares escuros, de ce- phalothorax todo pardo, de desenho pouco nitido, é negro-azulado com raras faixas tansversaes; nos exemplares mais claros o abdomen é negro e apre- senta no dorso e dos lados tres pequenas faixas transversaes, das quaes a anterior termina em baixo, no ventre, adiante das fiandeiras e as duas poste- riores acabam nas proximidades das mesmas. Estas linhas tranversaes claras formam em cima, no dorso, angulos de vertice voltado para a parte an- terior ; na parte posterior do dorso, atraz das linhas, ba um par de linhas similhante:, porém muito cur- tas e pouco distinctas. A parte superior do cephalo- thorax é sem brilho e muito pouco pillosa. Unha inferior do tarso das pernas bem nitida e uniden- tada; unhas superiore: pluridentadas, uma com uma série, outra com duas séries de sete a oito den- tes. Ss — 6 mm. Cephalothorax amarello-brunete pallido, com uma larga orla pardo-escura, nas mar- gens lateraes e posterior, tendo essa orla grandes manchas amarellas uniseriadas ; na metade anterior do cephalothorax ha uma estreita faixa parda di-' reita, que termina junto ao grupo de olhos médios anteriores; de um e outro lado, junto à linha mé- dia, ha uma larga faixa brunea de contornos irre- gulares, mais ou menos sinuosa e occupando toda a extensão do cepbalothorax ; destas faixas partem 4 pequenas linhas obliquas para a orla marginal, sem comtudo a attingir, de modo que os lados do dorso parecem formados por duas faixas muito lar- gas, claras, denteadas na margem interna. Palpos, cheliceras, maxillares e labio avermelhados. Pernas amarellas, de articulações mais escuras ; coxas ama- rello-pardacentas, claras. Esterno pardo, mosqueado. Abdomen pardo; as duas primeiras faixas claras, obliquas, são interrompidas no meio. Na metade posterior do dorso do abdomen ha quatro faixas amarellas, transversaes. estreitas, em V muito aber- to, de ramos quasi horizontaes e vertice anterior ; o espaço escuro que as separa é proximamente da mesma largura que ellas. Ventre claro, um pouco mosqueado de pardo. Tibia do palpo maior e muito mais larga que a patella, dilatada, fusiforme; tarso muito delgado, destacado do bulbo em quasi toda extensão, afilando gradativamente para a ponta; bulbo saliente, fulvo, destacado, subglobuloso, brus- camente estreitado em um estylete apical delgado, filiforme, tão ou mais longo que o resto do bulbo. Esta especie é muito commum em Bello Ho- rizonte e as variações de colorido são ainda maio- res que as assignaladas pelo Conde Keyserling. O macho cuja descripçäo foi feita por mim pela pri- meira vez é muito differente do maior numero de femeas. Encontrámos algumas femeas com o colo- rido do macho; como, porém, ha todas as grada- ções entre os especimens que apresentam o: cara- teres typicos e os similhantes ao macho óra descri- pto, não são sufficientes para crêar variedade nova. Algumas femeas apresentam na parte posterior do dorso uma estreita linha longitudinal amarellada, interrompida, formada por quatro ou cinco manchas allongadas. Hab. : Iguape (São Paulo), Bello Horizonte (Mines Geraes) e Pinheiro (Rio de Janeiro ). “Fóra do Brazil esta especie fora enconirada na Co- lombia. | Scylodes longipes — Lucas — Ann. Soc. Entom. Hrance. 1845; p. Tipi Li 2 S. 1., Keyserling, Verh. zool. bot. Ges. Wien. Tait, ps 2.0. pra Via tos. S. 1, Simon, Proc. Zool. Soc. London, 1891, 2,007; pi. Mulls T 19. | S. L, F. Cambridge, Biol. Centr. Americana, Fee TOM paso o. prol pre Ve Mi lis 2, Solo woaks. Proc. Us Nate Mas. 190%, vol: XXIV, p. 218. Syn.: Scytodes marmorata, Taczanowski, Ho- sao Soc Entom; Ross, 1619, po 196, prol £8. Scytodes taczanowskit, Keyserling, Spinnen Amerikas, Brazil, Sp. 1891, p. 162. q — 85 mm. Cephalothorax amarello com manchas pardas irregulares, ovae, allongadas ; dos lados. no dorso, ha uma faixa longitudinal de colo- rido igua! 40 das manchas, e interrompida por uma pequena linha amarella, mais escura dos lados, Che- liceras amarellas com manchas circulares pardas na margein interna da face anterior; maxillares ama- rellos com estrias pardas junto à margem externa. Labio amarello com a metade apical parda e de margens amarello-claras. Esterno pardo, tendo ao centro uma mancha longitudinal amarella, mais larga em sua parte anterior e acuminada para a parte posterior; além desta ha ainda no esterno, dos lados, tres manchas ovaes da mesma cor e uma outra similhante a estas lateraes adiante, junto ao labio. Pernas amareiias; os femures manchados de pardo; as patellas bem mais escuras; tibias com tres estreitos anneis pouco distinctos, pardos, nas pernas dos dois ultimos pares; tarsos de extremi- dades escuras. Palpos amarellcs, indistinctamente sulcados de escuro, principalmente nas tibias e nos tarsos. Abdomer amarello sujo tendo, de cada lado, uma linha ascendente longitndinal, ennegrecida, que parte das fiandeiras ‘As pontas salientes dessas fai- xas assim como a cavidade formada atraz, no ven- tre, pela união de ambas, são igualmente negras, sendo pardas interiormente. (O dorso e lados do abdomen são cobertos de muitas pequenas manchas negras, ovaes ou irregulares, havendo algumas maio- res, contiguas, junto ao tuberculo anal. Fiandeiras emarellas, sendo as inferiores de face externa parda. Todo o annal é escassamente coberto de peilos. As cheliceras apresentam, em sua face externa, uma ordem de pequenas eminencias transversaes, com algumas cerdas. Maxillares mencs inclinados que nas outras especies, de margens externas não arre- dondadas. Labio de borda anterior arredondada. Abdomen oval. Epigyno formado por duas cavida- des chatas, ovaes, allongadas, approximadas, bri- lhantes, de margens interna e posterior elevadas em um como ourelo. Unhas superiores dos tarsos das pernas com uma série ou duas de oito a nove dentes ( ha duas séries em uma só das unhas); a unha inferior é bem apreciavel, unidentada. Hab. : Blumenau ( Santa Catharina). Fôra do Brazil foi esta especie encontrada na Colombia, Venezuela, Paraguay, Panamá, Guatemala, Mexico, Guyannas e Antilhas. Scytodes maculata — Holmberg — Anales de Agricultura de la Republica Argentina, 1876, vol. IV, p. 3. - S. m., Holmberg — Arac. de la Pampa merid. y de la Patagonia, 1881, p. 127, pr. HI, f. 3. S m, Keyserling — Spinnen Amerikas, Bra- zd. Sp., 1891, p. 163. Ge d — 8 mm. Cephalothorax amarello-par- dacento, manchado de e-curo, tendo no meio do dorso uma larga faixa pardo-escura salpicada de pequenas manchas claras Cheliceras, maxillares, e labio pardo-avermelhado ,. estes dois ultimos de ex- tremidade apical mais clara. Esterno pardo com manchas irregulares mais claras. Pernas pardo- escuras com estrias longitudinaes mais claras nos femures e anneis claros nas tibias. Abdomen pardo, profusamente manchado de manchas irregulares na forma e no tamanho; fiandeiras de colorido uni- forme, pardo; epigyno com duas placas triangulares curvilineas, fulvo. O tarso do palpo do macho é como nas outras especies do genero, dilatado na base e estreitado para o apice; bulbo subglobuloso ao nivel da hematodocha, terminando por um esty- lete delgado com duas cerdas apicaes, entre as quaes se nota uma como garra curva. Hab.: Rio Grande do Sul. O especimen typo desta especie foi encon- trado por Holmberg na Republica Argentina. Scylodes depressiventris — Mello Leitão, Bro- teria, 1916, vol. XIV, p. 13. (Fig. 38.) q — 8 mm. Cephalothorax verme- lho-coccineo, inteiramente ornado de manchas claras irregulares e irregular- mente dispostas. Cheliceras, maxillares 38 e Jabio vermelho-pardacentos, mais cla- ros na base. Esterno vermelho-pardo- escuro, apresentando de cada lado tres manchas claras; além dessas tres ha ainda uma outra man- cha central, em fórma de ferro de lança e uma ultima na parte média da metade anterior, de fór- ma trapezoide, de base posterior, bem mais larga que alia e situada no ponto de união do labio com o esterno; estas duas manchas da linha média do esterno são igualmente claras. Pernas e palpos — 142 — vermelho-coccineo=, com manchas claras esparsas sem ordem e com alguns anneis do mesmo colorido, Abdomen allongado, pardo, apresentando no dorso e dos lados estrias longitudinaes e pontos negros irregularmente dispostos; o ventre é pardo, com duas manchas negras allongadas, formadas por es- trias transversaes muito approximadas. A fórma do epigyno se afasta da de todas as outras especies; as placas vulvares symetricas são muito negras, semicirculares, de convexidade voltada para a linha mediana; a placa superior impar e mediana tem a borda inferior sinuosa; esta placa é igualmente de- negrida. Hab.: S. João d'El-Rey ( Minas Geraes ). HI — PERIZGOPINAS Cephalothorax convexo. oval, pouco estreitado adiante, de fronte larga e obtusa; clypeo vertical, levemente convexo e muito alto; região thoracica do cephalothorax provida de estrias irradiantes mas sem estria mediana. Cheliceras robustas e verti- caes, de garra bem desenvolvida, muito arqueada e larga na base; a margem inferior do sulco ungueal é mutica; a superior é armada de tres dentes des- iguaes, um pouco divergentes. Esterno oval e allongado, estreitado na frente onde ultrapassa um pouco as coxas antericres que são contiguas; labio muito mais longs que largo, estreitando-se para a extremidade livre; maxillares longos, estreitos e paralielos desde a inserção do trochanter, a qual é quasi basal; elles são providos no apice de uma densa escópula, Abdomen oval curto; fiandeiras curtas e espes- sas, acompanhadas de um cóllulo obtuso, bem des- envolvido. Pernas robustas e longas, sem espinhos mas providas de cerdas rijas, inuito-fortes, dispostas em séries longitudinaes muito regulares. Ha desta subfamilia um unico genero que é representado no Brazil por sua especie conhecida. Pertica — Simon — 1903 Cephaiothorax convexo, não estreitado para a parte anterior,sem região cephalica distincta. Seis olhos apprcximados e quasi iguaes; os quatro anteriores dispostos em linha mui levemente procurva, os mé- dios contiguos, separados dos lateraes cerca d: um diametro ocular; olhos posteriores contiguos aos la- teraes anteriores. Cheliceras robustas, de garra gros- sa; a mergem inferior do sulco ungueal é mutica ; a margem superior é submembranosa e tridentada. Labio grande, obtusamente triangular, não sendo, porém, muito mais Jongo que largo em sua parte basal. Maxillares longos, de apices contiguos, mem- branosos. Esterno oval. Pernas (IV, J, IL III) sem espinhos mas providas de cerdas rigidas, orde- nadas em série. Tarsos providos de onychio, com tres nnhas, das quaes as duas superiores são pro- vidas de numerosos dentes bisériados. Abdomen oval. Fiandeiras anteriores robustas e curtas, se- paradas por um cóllulo obtuso. Typo: P. badia — Simon. Pertica badia — Simon, Ann. Soc. Entom., Belgique, 1903, vol. XLVII, p. 12: 5 — 4 mm. Cephalothorax pequeno, oval al- longado, um pouco estreitado na frente, de fronte larga e obtusa, de colorido rubro-castanho-opaco, com pequenos tuberculos de onde partem cerdas; clypeo largo e convexo. Cheliceras pardo-castanhas pouco resistentes. Maxiliare:, labio e esterno pardo- avermelhados. Pernas robustas, pouco allongadas, revestidas de longos pellos, fulvo-avermelhadas. Abdomen curto, convexo, negro, revestido de lon- gas cerdas; os lados e o ventre são do mesmo co- lorido negro uniforme, mas a região epigastrica é convexa e fulvo-avermelhada. Hab. : São Paulo. Rio de Janeiro, 24 de Maio de 1917. Fig. 1 ( Keyserl. ) Fis: \2 > > » 4 » 5 » 6 » 7 » 8 > 9 » 10 a ALL mee ee » 13 >» 14 HN Lo >» LG > ( Keyserl. ) Fig. 18 ( Keyserl. ) ies ie 20 Sa PA L » 22 ( Keyserl. ) Fig. 23 ( Keyserl. ) Fig. 24 > 25 > "26 $i 2 » 28 » 29 » 30 Fig. 3 > uo UI QU US OF € So ER UN y se Je imo I —] Leitão. Explicação das figuras — Epigyno de Litoporus imbecillus ( femea) — — Palpo de Litoporus luteus — ( Keyserl. ) — Palpo » >, fuivus — Moenck. — Chelicera de Litopurus fulvus — Moenck. — Palpo de > brasiliensis — Moenck. — Chelicera de » » » — Epigyno » » genitalis > = Palpo » > » > — Chelicera » » » > — Palpo de Psilochorus fluminensis — sp. n. — Chelicera de Psilochorus fluminensis — sp. n. — Palpo de Coryssocnemis banksi — Moenck. — Chelicera de Coryssoenemis banksi — Moenck. — Epigyno » > > > — Palpo > » togata — ( Keys.) — Epigyno » > altiventer — » = » » Blechroscelis cyaneotaeniata — — Palpo de Blechroscelis cyaneotaeniata — — Palpo de Blechroscelis viridis — sp. n. — Chelicera de Blechroscelis viridis — sp. n. -- Epigyno » » simoni — Moenck. — > > > cyaneomaculata — — Palpo de Blechroscelis cyaneomaculata — — Epigyno de Blechroscelis caerulea — ( Keyserl. ) -— > » Spermophora maculata — (Keyserl.) == > » > unicolor — ( Keyserl. ) — > » Metagonia bicornis — ( Keyser. ) — » » Physocyelus difficilis — sp. n. — Esterno > » > SE — Palpo de Pholcus phalangioides — ( Fuess. ) — Palpo de Pholeus dubiomaculatus — sp. n. — Chelicera de » » > » — Epigino de Smeringopus purpureus — Moenck. — » > » geniculata — (Thorell) — Palpo » » geniculatus — (Thorell) — Epigyno » Seytodes concolor — sp. n. — » » » campinensis — sp. n. — » » > depressiventris — Mello Um caso de symbiose entre a APIS MELLIFERA e uma melliponida indigena a jaly POR D. Amaro van Emelen, O. S. B. —————— 110 —____ UM CASO DE SYMBIOSE Mezes atraz, ao examinar os armazens de uma colmeia de abelhas italianas, deparou-se-me num canto uma communidade de abelhinhas indigenas. Uma casa de Jatys occupava uma das secções ain- da desprezada pelas irmãs extrangeiras. Determinei logo não lhes tocar afim de ver o rumo que toma- vam as cousas, com o secreto desejo de averiguar um caso de symbiose. Nesta primeira visita occupavam as abelhi- nhas indigenas parte dum quadrinho de madeira, guarnecido com cêra moldada para a construcção dum pequeno favo, tendo até, ao que me pareceu, cortado uma diminuta porção da sobredita folha de céra, com o fim obvio de arrastar o impecilho que lhes estorvava a organização do ninho. Era bem no canto do armazem o local escolhido pela Jaty para a criação dos filhos; quanto aos potesinhos de mel tinha-os postos na parte correspondente ao ninho, ao outro lado das porta-secções, porém. O vão escolhido para a camara da prole media dez centi- metros de alto e outro tanto de comprido e cinco de largo, formando uma habitação de meio litro de capacidade. O local destinado ao mel, porém, pa- recia muito menos proprio, pois consistia numa longa faixa de 10 cms. de alto, com quarenta de comprido e dois de largo. (Correndo este vão ao longo das porta-secções, na sua maioria occupadas pelas abelhas apis, apresentava-se muito exposto a ser saqueado logo que estas se lembrassem de en- campar os mantimentos das irmãs indigenas. Por emquanto tudo vivia em bôa paz, pelo motivo talvez de haver safra abundante de flôres, de sorte que andavam as operarias muito atarefa- das, tanto na colmeia extrangeira como na indi- gena. E” mesmo de crer que a azafama em que labutava aquella fosse a causa ou occasiäo da oc- — 148 — cupação pacifica por estas duma parte da colmeia, bem que reduzidissima. Como pudéra a Jaty procurar agazalho neste local? De certo não pelo elvado da colmeia, que ahi não deixam as sentinellas penetrar insecto al- gum, nem abelha extranha, nem vespa, formiga ou mosca. As vespas e formigas attrahidas, quiçä, pelo aroria dos mantimentos amontoados nos cel- leiros, embora corram durante instantes ao longo do alvado, procurando até transpól-o, arrastam-se comtudo appressadamente a menor menção de ata- que por parte das sentinellas. São cobardes e can- telosas, como verdadeiras ladras, embora mais pos- santes, como a vespa, e mais vantajosamente arma- das, ou mais efficazmente defendidas por impenetravel couraça, como a ‘ormiga; por isso correm menor apparencia de perigo. Quanto às moscas que, com impertinente ousadia, procuram transpôr desperce- bidas as primeiras linhas, por meio de ágeis voltas e viravoltas, é interessante notar o furor com que as sentinellas a ellas se arremessam, procurando ferroal-as sem conseguil-o, e como que irritadas e ao mesmo tempo enfastiadas com as repetidas ten- tativas do afoito insecto. Deve-se portanto excluir a possibilidade da penetração do enxame” de Jatys pelo alvado a dentro. Cumpria procurar em outra porta o ponto de penetração. Entrariam pelo tecto? Não, porque o fórro, bem ajustado, vedava toda a entrada. Lobriguei então pequena protuberancia de cêra alva; fina- mente lavrada em tecido delgado que lhes formava o alvado. Por elle, de facto, entravam e sahiam numerosos insectos. Examinando a portinha de cêra, descobri que correspondia a diminuta falta de continuidade nas paredes do armazem no ponto em que repousava sobre o ninho. Ali se achava uma pequena aber- tura, pequena demais para dar passagem a uma abelha italiana, suficiente, porém, para a Jaty. Por ella chegavam aos seus aposentos no canto do armazem, mas não sem ter de atravessar uma zona perigosa, pois a entrada desembocava em pleno na parte superior do ninho da apis, tendo a Jaty de palmilhar uns tres ou quatro centimetros no terre- no em que não só passavam, senão mui provavel- mente estacionavam muitas abelhas. O facto de haverem trensitado por este logar durante mezes faz-me suppor- que apesar de tudo houvera e havia symbiose. Achava-se do lado do nascente o alvado da Jaty. Aconteceu porém, numa visita posterior, ao repôr o armazem que havia arredado do local para examinar a colmeia, collocal-o em sentido contrario ao primitivo, de sorte que foi o alvado occupar o lado oeste. Sem embargo, grande transtorno para os insectos que, a não acertar pela porta de cêra, sua habitual entrada, haviam de percorrer todo o comprimento do armazem da apes para attingir os proprios penates agora removidos para o lado op- posto. Nisto não houve, porém, grande inconve- niente, pois continuou por muitas semanas a mos- casinha mellifera a entrar e sahir pelo lado habi- tual, situado ao nascente, acostumando-se comtudo paulatinamente a trafegar pelo alvado proximo ao ninho. E' este phenomeno mais um indício a fa- vor da hypothese da symbiose. Em março ultimo haviam-se mudado de den- tro da secção para um espaço muito baixo que existe entre a parte superivr das secções e o forro que as cobre. Neste vão de oito millimetros de alto encontrei fatias de cria, na vizinhança sempre dos potes de mel que ainda occupavam a antiga localidade. Parecia em progresso o pequeno povo de pygmeus melliferos. Por isso não tive duvida em remover a cria do logar que julgava inconve- niente por que havia de desmanchal-o cada vez que removesse o forro. Outrosim desejava ver reunida a criação toda num receptaculo facil de remover-se, porque pretendia, uma vez agasalhadas as abelhi- nhas no quadrinho seccional, retiral-as e transplan- tal-as em caixinha appropriada. Ahi tive uma decepção, porque contara sem o hospede. Quando um mez mais tarde, a 14 de maio, fui examinar o armazem, theatro da interes- sante convivencia, não encontrei mais indício al- gum da existencia da Jaty. Apresentam-se-me agora diversas hypotheses. Ter-se-à afastado proprio motu a pequena abelha, pelo motivo de se lhe haver tocado no ninho. indo procurar outra morada mais tranquilla? Ou então haverá sido trucidada ou expulsa pela italiana ? Como então explicar a repentina mudança de rela- ções amigaveis em sentimentos hostis e actos vio- lentos, após sete mezes de pacifica convivencia ? Quer me parecer que o desenlace fatal é de- vido mais a minha intempestiva intervenção do que a qualquer disposição espontaneamente hostil da abelha italiana para com a Jaty. Supponho que a exposição ao ar livre das fatias de cria da melli- ponida indigena e a remoção para outro ponto da colmeia pódem tel-a privado ou notavelmente en- fraquecido o odor da colmeia apis, permittindo so- bresahir o da Jaty. A ser verdadeira esta hypo- these haveriam as apzs estranhado a presença de abelhas domesticas e crias estranhas na sua col- meia, tratando sem demora de eliminal-as. E” aliás facto conhecido dos apicultores que tal acontece com as proprias rainhas que, momentaneamente afastadas, e logo restituidas, si acaso adquirem al- gum cheiro provindo dos dedos do operador, são incontinenti trucidadas pelas proprias abelhas, que, enganadas pelo odor desconhecido, matam a pro- pria progenitora. Em vista de tudo isto parece-me difficil afas- tar completamente a idéa duma symbiose neste caso, embora transitoria e precaria. O MANDAPUCA (Ciposia Mandapusá Alv. Silv. ) Novo genero das Myrtaceas PELO Dr. Alvaro da Silveira Engenheiro de Minas. Ex-Director da Commissão Geographica e Geologica e actual Director da Secretaria de Agricultura do Estado de Minas Geraes, é =. ~ ORE 2” VIE RE LD LES : ibe a th LE E CU GA ao Cine ms mi : nabs: # Bs. E RA ee ne LC EN O Mandapuca Ciposia mandapuçá Alv, Silv. Novo genero das Myrtaceas A planta que aqui vou descrever botanicamente pertence sem duvida alguma à tribu Myrteae de De Candolle, indicada na magnifica monographia de Otto Berg, na Flora brasiliensis, de Martius Pvol XIV pars 1). Essa tribu é dividida por Berg nas seguintes sub-tribus : CONSPECTUS SUBTRIBUUM J. Semen exalbuminosum. Embryo cotylis foliaceis, contortuplicatis; radicula NL | ae a ee Embry) cotylis carnosis, discretis v. margine v. o unino conferruminat’s ; radicula abbreviata Embryo spiralis, subspi- ralis v. uncinato - curva- tus; radicula elongata ; cotylis brevissimis. 1) Stamina creberrima in alabastro incurva 2) Stamina 4-8, in ala- bastro retrorsum plicata MYRCIOIDEAE. EUGENIOIDEAE. PiMENTOIDEA E. MYRRHINOIDEAE. Il. Semen albuminosum. A) Stamina in alabastro recta. Embryo rectus ORTHOSTEMONOIDEAE. — = ISA. == Por essa divisão, o mandapuçä se encaixa per- feitamente na sub-tribu Eugenio deae. Quando po- _rém, Berg indica os detalhes desse grupo, o faz do seguinte modo : Subtribus I]. Lugemoideae. Berg. Germen in- ferum v. semiinferum, 2 —i ioculare, 4 — multi- ovulatum. Calix clausus, calyptratim v. longitudina- liter rumpens v. 4 — 6 lobus. Petala 4 — 6. Stamina plurima, libera; antherae biloculares, longitudinaliter dehiscentes. Stylus solitarius, stigma simplex. Fructus baccatus v. drupaceus. Seminis testa membranacea, arcte adherens v. cartilaginea, nitida. Embryo cotylis carnosis, discretis v. margine v. omnino conferru- minatis ; rostello saepissime abbreviato. Tendo em vista esses caracteres já a minha planta não poderia pertencer à subtribu Eugenioi- deae, porque nem os estames do mandapuçã são in- definidos nem a dehiscencia de suas antheras é longitudinal. Em vez de crear um novo grupo ou subtribu a que devessem pertencer plantas como o manda- puçá, é claro que no caso de que se trata, melhor será modificar um pouco da sub-triba, dados em detalhe por Berg, de modo a não impedir que o mandapuçã se aliste nesse grupc. Indicando, portanto, para maior clareza, sobre a classificação botanica do mandapuçä, a posição que elle occupa no grupo Eugenioideae, datei os caracteres desta sub-tribu de accôrdo com as modi- ficações por mim feitas. Subtribus EuGENIOIDEAE ( Berg) Alv. Silv. Ger- men inferum v. semiinferum, 2 — 4 — loculare, 4 — multiovulatum. Calix clausus, calyptratim v. lon- gitudinaliter rumpens v. 4 — Globus. Petala 4 — 6. Stamina plurima v. 18 — 12, libera; antherae bilocu- lares, longitudinaliter v. poris dehiscentes. Stylus solitarius, stgma simplex. Pructus baccatus v. dru- paceus. Serninis testa membranacea, arcte adherens v. cartilaginea, nitida. Himbryo cotylis carnosis, discretis, v. margine v. omnino conferruminatis ; rostello saepissimo abbreviato. CONSPECTUS GENERUM I. Hypanthium supra germen vix v. haud pro- ductum. CARYOPHYLLUS, ÉEUGENIA, PHYLLOCALIX, STENOCALYX, MERCIANTHES. Il. Hypanthium supra germen valde productum. A. Fructos baccatus v. drupaceus, tunc pyre nis chartaceis. MITHRANTES, CALYCORECTES, SCHIZOCALYX, MYRCIARIA, SIZYGIUM, JAMBUSA, SIPHONOEUGE- NIA, HEXACLAMIS. R. Drupa pyrenis | — 4, crassis, sublignosis v. coriaceis. 1. Semina testa crassa, suberosa — AULACO- CARPUS. 2. Semina testa membranacea — Crposia ALv. SILV. Ciposia Alv. Silv. NOVUM GENUS Hijpanthium supra germen valde productum hemiellipsoideum. Calycis limbus 5 — partitus. Pe- tala 5, sepalis alterna. Stamina 10, ante petala margini libero calycis tubi inserta, oppositipetala et oppositisepala ; filamenta libera recta; antherae li- neares, basifixas, biloculares poris apicalibus dehi- scentes. Ovariunt inferum, 4 — loculare, loculis 1 — 4 ovulatis. Stylus filiformes. Shgina simplex, terminale. Drupa calyce coronata, globosa, abortu i — 4 — sperma, pyrenis corneis. Semen exalbu- minosum, testa membranacea arcte adherente. Æin- bryo cotylis crassis, plano convexis ;° rostello basi- lari, brevissimo. I 1 x voce Cipo, nomine praedi Nomen Crposia ex voce Cipo, praed ubi Mandapuçä primo a me invenitur, derivatum. — 156 — Genus ob antheras apice poris duobus laterali- bus dehiscentibus, valde distinctum. Species unica Crposta MANDAPUÇÃ, ALV. SILV. — Frutex 3 — O — metralis, trunco ramisque griseo-sub2rosis. Ramuli subieretes, novelli tetragoni, glabri, nodis crassis, vetustiores suberosi et sulculis parvis longi- tudinalibusque aucti. Æolia elliptica, obtusa vel sae plus emarginata, apiculata, opposita, coriacea, plana, breviter petiolata, nervo medio utrinque prominente et nervis lateralibus suborthoganalibus fere incon- spicuis, supra fusco-viridia ac nitidula, subtus palli- diora, opaca interdumque flaxescentia, 2 — 6 cm. longa, 2— 3 cm medio lata; petiolus 2 mm. lon- eus. Flores in glomerulis axillaribus dispositi; glo- meruli multiflori, plerumque 4 — flori. Pedicelle in pedunculo brevi articulati, brevissime pubescentes, basi bracteolati, bracteolis squamiformibus linearibus caducisque, subtetragoni, © mm. longi; Pedunculus 2 mm. longus. Sepala 5, lato-ovata, obtusa, viri- dia, margine albo-membranacea, brevissime ciliata, extus sub lente vellutina, intus glabra, petalis bre- viora, Petala 5, ovato-rotundata, prefloratione con- torta, alba, utrinque dense breviterque papillosa, se- palis alterna. Stamina 10, libera; filamenta glabra, petalis valde longiora, 2,0 cm. longa, recta, in ala- bastro dimidiatum plicata ; Antherae lineares, paulle arcuatae, biloculares, apice poris lateralibus duobus muuitae, basifixae, 3 mm. longae, 1 mm. latae, dorso incrassato ad insertionem filamenti valde pro- ducto et in media parte glandula depressa instru- cto. Ovarzum inferum, 1 — 4 loculare, loculis 1 — 4 — ovulatis. Ovula in placentis centralibus medi- fixa, conjuncta, elongata. Stylus simplex, filiformis, circiter 2,9 cm. longus. Sigma subplanum. Drupa elobosa, calyce coronata, abortu 1 — 4 — sperma; 2—3 cm. diametro lata, pyrenis corneis, in fructu maturo 1 — 4, magnis, a pulpa dulci uteolaque for- titer inductis. In cerrados prope praedium Cipo, Minas Ge- raes, Aprili, 1905, et in Serra do Cabral, Minas Geraes, Maio 1910: Alvaro da Silveira; n. 569 in herbario Silveira. Floret Apr. — Junio; fructificat Oct. — No- vembri. Fructus edulis, pulpa dulci et sapore gratissimo ab incolis valde aestimatus. sub nomine Mandapuçã in civitate Minas Geraes cognitus. Alia species, verisimiliter genero Psidio perti- nens, sub nomine Ma”dapuçä etiam cognitur; ejus fructus autem multo minus grati saporis est quam ille Crposiae mandapuçã. * * * Muito conhecido em Minas Geraes é o manda- puçä cuja descripçäo botanica acabo de fazer. Ape- sar disso, só em 1905 ouvi falar, pela primeira vez, na fazenda do Cipó, sobre a existencia dessa fructa. Procurei nessa occasião conhecer a arvore de tão afamada fructa, tendo em vista tambem colher flores que me pudessem servir para a sua classifi- cação botanica. Só me foi pessivel travar conheci- mento apenas com a arvore, nessa occasião sem flo es. Mais tarde, cinco annos depois, indo à serra do Cabral, la encontrei arvores de mandapuçä com abundancia de flores. Pude, então, com o auxilio de fructos que me foram gentilmente enviados da fazenda do Cipó, en- cetar 6 estudo botanico da planta, que logo reco- nheci ser um genero novo das Myrtaceas, tal a disposição especialissima para a debiscencia do pol- len. Nenhuma Myrtacea possuia antheras bilocula- res cuja dehiscencia fosse por meio de póros situa- dos nu seu ápice. Além disso, raras são as Myrtaceas em que os estames não sejam indefinidos, e desta arte, a mi- nha vlanta apresentava ainda a particularidade im- portante e de destaque, de possuir apenas 10 estames. — 158 — O mandapuçã vegeta nos logares pedregosos de terras onde domina a areia. Os pontos em que já o encontrei — Serra e fazenda do Cipó e Serra do Cabral — estão situadcs na bacia do rio das Velhas e têm a mesma con- stituição geologica. A rocha ahi dominante é o quartzito branca- cento, pouco friavel e em camadas com inclinação variavel. Apesar de ser uma planta alpestre, isto não impede que o mandapuçã tambem viva em baixas altitudes da zona do seu « habitat ». Assim, na serra do Cabral, elle habita as par- tes mais altas, a 1.100 metros de altitude, e tam- bem vive muito bem no pé da serra, a £00 metros. Dá-se bem, portanto, em ma zona que apresenta, em altitude, a differenca de 600 metros. Não me consta que o mandapuçã, apesar de ser apreciadissima fructa em Minas Geraes, seja aqui ou em qualquer outra parte cultivada; tão pouco, ignoro si alguem já tentou a sua cultura. Actualmente faz tentativas nesse sentido o sr. dr. George Chalmers, director da (Companhia do Morro Velho, havendo já plantado em sua fazenda do Jaguära, à margem do rio das Velhas, uma du- zia de mudas enraizadas. Eu proprio plantei algumas sementes de man- dapuçä, com o intuito de experimentar a sua cul- tura em meu quintal, em Bello Horizonte. As se- mentes germinaram muito bem e as plantinhas des- envolviam-se regularmente. Aconteceu, porém, que um imprevisto occasionou a perda completa dos exemplares, que apenas tinham cerca de S centi- metros de altura. O mandapuçã, entretanto, merece entrar para o grupo de Myrtaceas cultivadas, cujos fructos, como a jaboticaba, os araçäs, o jambo, o cambuca e tan- tos outros, deliciam o nosso paladar. kK” verdade que nem sempre é facil tarefa con- seguir que uma planta se transporte com todas as suas qualidades para um meio differente daquelle em que ella vegeta espontaneamente. A mangabeira, por exemplo, Æancornia spe- ciosa, GOMES, que na serra do Cabral é uma com- panheiro do mandapuçä, não poude ser conveniente- mente cultivada, ao que me conste, em condições muito difterentes das do seu « habitat ». Receio, por isso, que tambem o mandapuçã não vegete de modo conveniente, fóra do meio em que elle é espontaneo. Quando o meio póde ser facilmente imitado, a aclimação não é difficil e por este motivo é que as jaboticabeiras, as pitangueiras e outras Myrtaceas se transportaram, sem grande trabalho, para os nossos quintaes. Para o mandapuçä, porém. a solução talvez seja mais dificil, porque não só o terreno em que elle vive não é facilmente encontrado — terreno em que ha talvez 60 °/, ou mais de areia —, como tambem é uma planta, sem duvida alguma, alpes- tre. KE’ verdade que ella vive nas baixadas, porém, sómente nas vizinhanças das serras, como nas fa- zendas do Gipó e do Cabral (fazenda João Pio ). E', creio eu, por estas razões que têm sido infructiferos os esforços para a cultura da Hancor- ma speciosa fóra do seu « habitat ». E” possivel, todavia, que as experiencias de- monstrem que o mandapuca poderá viver e fructi- ficar convenientemente em outros meios, apresen- tando condições diversas das que caracterizam a zona do Cipó e do Cabral. Si tal acontecer, é caso de darmos parabens à nossa fructicultura pela acquisição de um dos mais - saborosos productos da benemerita familia das Myr- taceas. Bello Horizonte, Junho de 1917. ad DT 2 Endocarpium et semen. Sect transv mn. Ciposia mandapuca. Der Atv. Srlv EXPLICAÇÃO NECESSÁRIA (1 A especie aqui descripta já foi classificada por Gardner com o nome de MOURIRIA PUSA, collocada porem, na fa- milia das Melastomaceas. Verifiquei este facto depois de ter feito a minha classificação, collocando-a na familia das Myrtaceas, onde me parece mais natural o seu logar. Como nessa familia não houvesse um genero onde a referida especie pudesse ser collocada, criei o genero CIPOSIA. Fica assim explicada a razão por que dei um novo nome à MOURIRIA PUSA de Gardner. Apesar de haver o sr. A. Cogniaux, na FLORA BRA- SILIENSIS, de Martius, collocado o mandapuçä na familia das Melastomaceas, estou firmemente convencido de que o seu logar mais natural é entre as Myrtaceas, de que elle muito mais se approxima até pelo seu proprio aspecto; e neste ponto, estou de accordo com A. Richard e Grisebach, que collocam plantas do genero Mouriria na familia das Myrtaceas. E’, para mim, a collocação mais natural, devendo, re- conhecer todavia, que as duvidas a respeito não são fóra de proposito ; tanto assim, que plantas do genero Mouriria se- gundo alguns monographos, são por outros monographos collocados em outros generos como Petaloma Sw., Bockia Scop., Olisbea D. C. e Guildingia Hook. O antigo genero Paepalanthus, por exemplo, desdo- brou-se em Paepalanthus, Leiothrix e Syngonanthus ; parece tambem que o genero Mouriria deve desdobrar-se em Ciposia e talvez mais alguns, todos porém, na familia das Myrtaceas. Alvaro da Silveira. (1). Quasi ao terminar a impressão do presente volume enviou-nos o Snr. Dr. Alvaro da Silveira esta nota que em folha solta ao seu artigo annexamos. (N, daR.) a Ps é k 1 o » Te > 7 sr fo nae ie Lae E ‘ Ê DRA ala E + ACT PEN ‘4 Def ADR Re A e Se do pe a ; ed val > f a à - Ep SUCRES DE AL oie ro Lee yeh Tike) ES SU AE A LIU Ou bi de OF ALE entink whiny jae Mt ACCUS PAIN fe pe | Er. ‘at TE) OUT notando AAMT mali) BUS AT cas x AND due PIC ea eis ee 1 ñ AT OT LV Tir a silirati Lan | nie = RIAO! HO co (a ee MINT ato oy holy TS LU be A Wek OP Ut NUS WAS ta Vy ADU “Ga naps Side po RARE APITO hry PATTIE AMEN HP cum pred? Bedi os EM cá fiel dE pé Ebert Sie 19 AH L'ut MONA scan LUE ats bce ki | of 10 11 0 CYR ZEN E o ANNE pan RR E ER 1 : : Alb depot ER TÃO See ee BUD qu . Su tonta riers = Tee OF ry itn ae té LE na Aja NS UP EUR MEET UT EA Le . AUTRE e aoe MOE A Te Pog DT ERR | | ht: Ve OF DOTÉ RE BUT AA eed ae pesa a ae - of? athe oe TPM a A ab LL ahve TS te En Bit AOU Pr a TE bp ure FUN AO He: aunt Cee Deere nTn Bien US É as ER ph! (ASA ro E wali tt Hat wwe note RM By o MR TON NII UP soa bode Johan bl pr CTI Duo VU Ae Te vu finding a A pm or TED EL A a 5 Hoa ea i ae yr Yea FO SP ted? oe pata 2 qatar 9 prio rot a ees a A AA ‘ole E 44 M ri ely Ji IP AT à RU cate chi) pans a eut ‘en > Fo ) aa (oleae eur +” ar + f \ E . » i 1» LA 1 bo con os APE TUE di) hay a QU POTN on Rues Eae ta DATE ETC dando AE TL FES MAY wits a tr ie ATEN tre do PA f F F I + - e as ta pi ' > | é : é =» Fi ood a Ri = : ME DCE RICARDO KRONE Membro correspondente do Museu Paulista e dos Museu Nacional do Rio de Janeiro, do Para, Philadelphia, Washington, Vienna, Stockholmo. Tokio, etc. NOTAS DE PRERISTORIA PAULISTA O CEMITERIO DO POMBEVA ces oi 20 me [ip pat Re + PREHISTORIA DO LITTORAL PAULISTA O cemiterio de Pombéva Constitue o principal objectivo da presente ‘com- municação dar publicidade a um achado, que des- venda um modo todo particular de inhumação, usado por uma tribu dos antigos aborigenes da re- gião costeira paulista. Na proximidade de um dos mais modernos sambaquis, situado na paragem Pombéva, ra liha do Mar, ou Ilha Comprida chamada, foram casual- mente descobertos em terreno arenoso, apenas 70 centimetros abaixo da superficie, umas ossadas hu- manas. Continuada a excavação, achou-se uma série de 22 craneos, conchegados uns aos outros, for- mando um circulo completo de 1 metro e 60 cen- timetros de diametro. Havia ainda dentro desse circulo os demais ossos dos esqueletos. Apesar do maior cuidado só puderam ser retirados quatro cra- neos em condições de servir para estudos, estando os demais já todos fracturados e principalmente acha- tados pelo peso do meio envolvente, que é uma areia fina impregnada de particulas ferreas, cuja cór vermelhaça tingiu todas as ossadas. E” patente que todos estes esqueletos foram trazidos em conjunctc para este logar e enterrados na mesma occasião e, quando se effectuou esta inhu- mação, já estavam as ossadas de todo desarticula- das, porque de columnas vertebraes, costellas e pelvis quasi nada havia, e a posição dos craneos demonstrava claramente, que elles se achavam des- ligados dos respectivos esqueletos na occasião de serem depositados. Não se achou artefacto algum, a não ser uma ponta de flecha, feita de osso de passaro. = 164 ES Bem parco é o conhecimento que possuimos até agora dos povos, que em tenpos prehistoricos povoaram a zona costeira do Estado de São Paulo. (1) Nenhuma dessas tribus desapparecidas de aborigenes nos deixou signal apreciavel de uma cul- tura, com excepção dos sambaquieiros, que pelos seus artefactos zoomorphos de pedra, considerados uten- silios de culto religioso, nos revelaram sua primi- tiva origem de um povo de certos conhecimentos elevados. Reconhecemos que, depois de seculares migrações, aquelle povo chegou à costa do Oceano Atlantico, onde definitivamente se tornou sessil; porque durante um lapso de tempo em que se effe- ctuaram importantes modificações geologicas e geo- graphicas, vemos seguir e acompanhar os samba- quis essas modificações locaes. Affirmado em observações seguras, deve-se con- siderar a duração da época dos sambaguis em mil- lenios, e durante este immenso espaço de tempo O povo que produziu estas casqueiras e as occupava, conservou os seus costumes de vida. Embora esti- vessem nos sambaquis mais modernos os armamen- tos e ornamentos fabricados com maior perfeição e cuidado, do que nos amontoados primitivos, achamos porém em todos elles similhante modo de inhuma- ção de cadaveres e um só typo de craneo humano. Por emquanto devemos reconhecer esse typo de raça americano o mais antigo representante do genero «homo» dessas regiões, e não será facil- mente descoberto o seu antecessor nessas paragens, com as mesmas provas fidedignas de major anti- quidade ; sendo que mesmo os celebres craneos da Lagoa Santa em Minas Geraes não foram acha- dos no primitivo logar de inhumação dos respecti- vos cadaveres, porém em depositos de barro caver- nario, onde enxurradas tinham mesclado restos os- (1) Informações ethnographicas do Valle do Rio Ri- beira de Iguape, na « Exploração do Rio Ribeira de Iguape », pela Commissão Geographica e Geolcgica do Estado de São Paulo. — 165 — seos de animaes extinctos e hodiernos com ossadas humanas. Tambem o facto da calcificação daquelles cra- neos de Lund, pôde facilmente provir do meio en- volvente em que elles estiveram por longo tempo ; assim como eu conservo parte de esqueleto humano . completamente calcificado, proveniente de um dos mais primitivos sambaquis. Para a região por mim estudada, que compre- hende o curso inferior do Rio Ribeira com seus afiluentes. e que se estende na costa do Atlantico desde a barra do Rio de Una do Prelado a NE, até à barra do Ararapira, a SO, apparecem, em fins da época sambaquieira, especiaes difficuldades para observações e pesquisas prehistoricas. Em vão mdagamos em que tempo da nossa éra poderá ter occurrido a desoccupaçäo dos sambaquis; teria ella sido voluntaria ou forçada ? Ca e lá encontram-se sepulturas de aborigenes, parte com vasilhame de barro, parte sem elle, po- rém não se póde ainda estabelecer a ordem chro- nologica, em que esses povos se teem seguido. (Nas informações ethnographicas já citei differentes achados desta natureza e considero a presente pu- blicação mais um subsidio para o fim já anterior- mente visado ). Por emquanto devo differenciar tres distinctos feitios de urnas funerarias encontradas e observei um modo especial de inhumação simples do cada- ver; indício que, desde o abandono dos sambaquis, pelo menos quatro differentes povos seivagens ha- bitaram nesta zona. Falta de alimento não póde ter sido a razão de emigração da costa de um povo conchyliophago por excellencia e creio que os sairbaquieiros foram re- chassados pelos mais primitivos oleiros, que fabri- cavam seus vasos por meio de rollos de barro so- brepostos ; porque na parte superior de sambaquis modernos foram achados poucos estilhaços de louça desta natureza e os sambaquieiros não sabiam fa- bricar louça. De todos estes povos post sambaquieiros e pre- colombianos, e que foram mais ou menos peritos na fabricação de louça, colleccionou-se os obje- ctos manufacturados, porém ainda não existe uma série de craneos, que permitta acurado estudo an- thropologico, meio pelo qual devem resultar valio- sas deducções. A ethnologia, neste caso, deve ser auxiliada pela anthropologia physica, isto é pelo seu ramo de craneometria em especial; não se devendo porém esperar de alcançar por este meio mais do que cir- cumscrever grupos de typos locaes, de tribus quando muito. e procurar reconhecer o seguimento chro- nologico desses grupos, pelos artefactos encontrados nos tumulos, no logar das investigações, ou por outros indicios de egual valor deductivo. O operador tambem deve recordar-se, que com simples tabellas craneometricas e os indices calcula- dos não satisfaz às exigencias de um estudo das particularidades craneanas de um typo local; será de grande necessidade dar uma descripção, a mais minuciosa possivel, da impressão geral, que os re- spectivos craneos produzem no seu aspecto em con- juncto, na sra forma, à vista do observador; im- pressão geral, que devemos considerar dependente, não de influencias externas, mas de consequencia hereditaria, que passa por successão e cujos prin- cipaes caracteres ainda se encontrarão em produ- ctos de mestiçagem. Occupando-me em seguida da descripção dos craneos do cemiterio indigena do Pombéva na Ilha do Mar, darei preliminarmenté uma ligeira explica- ção sobre as medidas tomadas e outros meios au- xiliares, occupados no presente estudo. N. 1. Comprimento maximo antero-posterior: Da glabella à parte mais proeminente do occipital. N. 2. Comprimento antero-posterior melopico : Do metopion ac extremo ponto do occipital. A A + A 4 . — 167 — 3. Comprimento occipito-alveolar : Do ponto ex- tremo occipital ao ponto alveolar. 4. Comprimento occipito-spinal: Do ponto ex- tremo occipital à borda inferior da abertura nasal. o. Largura transversa maxima: Sobre os pa- rietaes, em qualquer ponto delles aonde apre- sentarem maior largura. 6. Largura maxima bi-zyqoinatica : Maior dis- tancia entre as arcadas zygomaticas. 7. Largura frontal maxima: Maior largura dos « frontalis » na altura da «sutura corona- ria» ( bi-stephanica ). 8. Largura frontal minima: Menor distancia entre as cristas frontaes. 9. Largura br-orbital : Maior largura bi-orbital. 10. Largura bi-inalar : Do extremo externo da estreita sutura fronto-malar ao ponto corre- spondente opposto. 11. Largura bi-maxillar: Distancia da extre- midade inferior da sutura maxillo-malar ao ponto correspondente opposto. 12. Largura bi-gomal: Da parte externa do angulo maxillar ao outro. 13. Largura da base do craneo: Distancia en- tres os pontos dos processos mastoides. 14. Largura bi-asterica : Distancia entre os dois asterion ( Linha de Davis ). 15. Largura bi-jugular: Largura inferior do occiput. 16. Diametio basilo-bregmatico : Do basico (ba- sion ) ao bregma. 17. Circumferencia antero posterior, compre- hende os seguintes sectores: A parte swb-ce- rebral vae do ponto nasal, no meio da sutura naso-frontalis, ao ponto « supra-orbitario » ou « supra-nasal », no meio da menor largura fron- tal; a parte frontal, dahi até ao « bregma » ; a parte parietal, do «bregma» ao « lam- bda»; a parte occipital, do «lambda» ao « opisthion » ; depois segue pelo comprimento do «foramen magnum» e do «basion», a N. N. == 168 — margem anterior deste «foramen», continua uma recta para a sutura « naso-frontalis », que foi o ponto de partida da mediçäo. 18. Circumferencia horizontal : Medido sobre os relevos superciliares e o ponto mais saliente do occipital. 19. Circumferencia vertical ou curva-supra auricular : Medido entre os dois pontos su- pra-auriculares passando pelo bregma. N. N. A 20. Partes anterior e posterior da circumfe- rencia horizontal: Separadas da medida an- terior pela curva supra auricular. 21. Linha nasobasilar : Do centro dobordo ante- rior do foramen magnum ao meio da sutura na- so-frontalis (basion ao ponto nasal superior ). 22. Comprimento do foramen magnum. 23. Largura do foramen magnum. 24. Altura nasal: Da sutura naso-frontalis à base do nariz. 25. Largura maxima da abertura nasal. 26. Largura da orbita: Do «dacryon» à mar- gem externa opposta, seguindo a direcção do eixo grande. 27. Altura da orbita: Perpendicular à prece- dente, começando no meio do bordo inferior. 28. Largura inter-orbitaria : Distancia de um dacryon ao outro. 29. Largura maxima alveolar externa: To- mada ao nivel da região mclar. 30. Largura externa posterior alvealar: To- mada atraz do dente de sizo. . 31. Largura anterior palatina: Tomada entre os caninos e os segundos incisivos. 32. Larjura posterior palatina: Tomada na maior largura. 33. Comprimento do «os palatinum » : Do pon- to extremo da espinha nasal à lamella interna do bordo alveolar, entre os incisivos médios. . 34. Altura facial posterior: Do meio da sutu- ra naso frontalis ao meio da arcada alveolar da maxilla superior entre os incisivos médios. N. 35. Altura auricular: Do ponto auricular ao bregma. N. 36. Angulo facial pelo methodo de Camper mo- dificado. N. 37. Conteiido dos craneos em centimetros cubi- cos, medido com areia do mar. Um auxilio de maxima efficacia, para a repre- sentação das fórmas craneanas, é a iconographia, ou desenho geometrico do craneo, por meio de pro- jeccôes orthogonaes. Essas projecções, para mere- cer toda a confiança, devem ser tomadas directa- mente sobre o craneo e dellas resulta uma figura em um dado plano, pela linha de juncção dos pon- tos de intersecção das rectas, que de todos os pon- tos de uma imagem forem descidas perpendicular- mente sobre esse plano. A projecção do craneo deve ser feita em 3 dif- ferentes planos, de concordancia com as suas 3 di- mensões : comprimento, largura e altura; resultan- ds no plano vertical antero-posterior o perfil late- ral; no plano vertico-transversal, as vistas de frente e de traz e no plano horizontal as vistas de cima e de baixo. Muitas discussões já têm causado nos anthro. pologos a escolha do primeiro plano de orientação do craneo, eo maior numero dos corypheos antigos desta sciencia trabalhavam segundo um systema, por cada um julgado o mais perfeito, o mais racional. Bell, Blumenbach, Baer, Merkel, Daubenton, Hany, Rolle, d'Aeby e Broca, todos elles tinham e defen- diam uma orientação especial. Nas reproducções graphicas das cnrvas sagit- taes dos craneos do presente trabalho, que para fa- cilitar estudos comparativos, damos em tamanho natural, encontra-se não só os pontos de orientação horizontal de Frankfort, que são os pontos do meio da margem superior do. conducto auditivo, marcado por A, e os pontos inferiores da margem orbitarias marcados por O; como tambem salientou-se os pon- tos mais usados para este fim, pelos anthropologos de França, que são o ponto alveolar X e o ponto inferior dos condylos do occipital, marcado por C. Na linha ininterrupta da curva sagittal mar- cou-se mais N — « Nasion», G — « Glabeila », Br. — « Bregma», L — «Lambda», Op. — « Opisthi- on» e B—« Basion ». Os desenhos das linhas exteriores dos craneos foram feitos, egualmente como as curvas sagittaes, por meio de um craneographo. usado no «The United States Army Medical Museum », de Wash- ington, sende aquelles desenhos geometricos de- pois diminuidos de metade, por meio de um pan tographo. Seguem na tabella craneometrica annexa os seguintes INDICES : I. Index cephalico. geralmente computado de maior importancia, é o que se haseia sobre © diame- tro antero-posterior maximo e o diametro tra- vesso maximo. (Ns. 1 e 5 da tabella craveo- metrica ). E” calculado pela formula : ©? Este index varia nos craneos 1,2 e 3 do Pombéva entre 78, 4 e 79,8, sendo elles por isso todos « mesocephalos ». Il. Index de comprimento e altura (Ns. beer da tabella é calculado pela formula: 21. Os quatro craneos do Pombéva apresen- tam em média para este index o algarismo 77,9, differindo apenas 1,06 da média “do in- dex cephalico N. I, devido à grande concor- dancia dos craneos em altura. e largura de cada um, concordancia que se evidencia ainda pelo Index N. IV. São « hypsicephalos », ou craneos altos. WI. Index de comprimento e altura supra aurt- cular (Ns. 1 e 35 da tabella ). Calculado pela DS a en Alt. Ra 100. formula : en IV. Index de largura e altura (Ns. 5 e 16 da tabella ). Calculado pela fórmula : mn dis Devido à concordancia das medidas de largura e altura dos craneos medidos, apparece o algarismo 98, 9 como média deste index importante. V. Index facial superior ( Virchow). Calculado pel formulas SE Ce supe ENS. 40 e 34-da Larg. bi-malar A tabella. ) em média 61,6 sendo craneos de face estreita, IV. Index zygomatico facial superior ( Kollmann ), formula : Alt fee. sup. X 10 ( Ns. 6 e 34 da tabella. ) arg bi-zygomat. Pela média calculada em 48,6 säo estes cranecs « chamaeprosopicos ». VII. Index orbital. Calculado pela formula : At orb >< 100 (Ns. 26 e 27 da tabella. ) Cd) Pelo algarismo 79,3 como média deste index, são estes craneos « chamaeconchicos ». VII. Index nasal. Calculado pela fórmula : Lars: r25-X 10 (Ns. 24 e 25 da tabella. ) re A média calculada deste index é o numerc 47,1, classificando os craneos do Pombéva como « mesorrhinicos ». IX. Index palatino. Calculado pela fórmula : REL O (Ns. 92.6 99 da: tabella.) ompr. pal. Uma média de 50,03 colloca os craneos de Pombéva entre os « mesostapbylinos ». X. Index frontal ( Broca). Calculado pela fór- NN) fy ee ENS 5 6" 8 Ga. tabella: ). Diam. transv. max. A média da relacäo entre o diametro mi- nimo da testa e a largura maxima dos craneos do Pombéva é o algarismo 68,7. Outros indices de não pouca importancia não puderam ser tomados, por falta das maxillas infe- riores dos craneos. DESCRIPCAO OSTEOLOGICA O craneo n. 1 da série do Pombéva é o cra- neo de um homem de edäde de 25 annos, approxi- madamente. Acham-se nelle vazios. no lado direito os alveolos do segundo incisivo e dos dois premo- lares, e no lado esquerdo ha falta do primeiro inci- sivo e do segundo premolar. Todos estes circo dentes sahiram « post mortem ». As corôas dos incisivos e dos caninos estão gas- tos pelo menos no primeiro terço do seu bordo li- vre e mostram um gume largo e liso, em que se desenham, desjuntadas, as laminas do esmalte, fican- do descoberto entre elles o marfim. A corôa do premolar é completamente liso e os grandes mola- res apresentam na sua parte culminante as cuspides arrazadas. Os dois dentes do sizo ainda não haviam chegado ao seu completo desenvolvimento. Na norma facialis nota-se a testa bastante es- treita, em contraste com a grande largura bi-malar do rosto, e pelos lados da crista frontal avista-se gran- de parte do craneo médio. Pelo excessivo desen- volvimento da face média parece o contorno do rosto quasi hexagonal. A norina occipitalis é pentagonal, estando as quinas superiores bem arredondadas e as linhas la- teraes pouco convergentes. Ella mostra o arquea- mento parabolico da parte inferior do occipital. Na proximidade da bossa parietal direita ha uma solu- ção de continuidade de forma oval, com os diame- tros de 13 e 11 millimetros e existe no mesmo lado um foramen parietal. Ao 1 fF Pela norma verticalis verifica-se a forma curto- oval da calote, pouco estreitada na parte anterior. As apopnyses zygomaticas são regularmente fortes e arqueadas. Na norma basalis apparece o foramen ma- gnum algum tanto deslocado para traz. O contorno do occipital é quasi semicircular. Falta a maior parte dos ossos que constituem a base do craneo e do foramen magum o bordo do opisthion, até os condylos de ambos os lados. Pela norma lateralis nota-se ser bem conca- vada a sella do nariz e, a partir da sutura naso frontalis, sobe a linha da testa, quasi verticalmente, para inclinar-se depois e seguir, sempre bem ar- queada, para o bregma. De lá continúa em curva mansa para o lambda e voltèa, em movimento mais vivo, pelo occipital abaixo, para o foramen magnum. Existe pronunciado prognathismo do maxillar supe- rior. A espinha anterior do nariz está fracturada e existe uma solução de continuidade de 11 por 10 millimetros de diametro na região supramastoidiana, interessando a parte inferior do respectivo parietal. Descripção especial. O «os frontalis» não é alto, mas vem arqueado. Notam-se bem as arcadas superciliares e a saliencia mansa da glabella. As «tubera frontalia » convergem para a linha media- na no « metopion », que é salientissimo. A sutura coronaria é pouco dentilhada, desde a linha média, para ambos os lados, em extensão de tres centimetros e destes puntos em deante, até aos pontos stephanicos, apresenta ella de ambos os lados complicado dentilhamento. O pterion do lado esquerdo é regularmente formado por H, e do lado opposto não pôde ser observado, por faltar parte dos seus componentes. Seguindo a sutura sagittal, que ho t A corre quasi plana e é lisa, em quatro centimetros de extensão, chega-s+ à uma solução de continui- dade, que atravessa a linha do vertice em sentido perpendicular e se estende approximadamente tres centimetros de cada lado. E” uma fractura posthu- ma dos parietaes, causada pela pressão do material circumdante. Depois continua com bem complicada dentilhação a sutura até o lambda. As suturas oc- cipito-parietaes e spheno-squamosas são ricamente dentilhadas e bem consolidadas. Plana temporalia — 176 — são pouco arqueadas e altas. Os iniones são acha- tados. A parte superior do occipital é relativamente larga e convexa; as linhas nuchae bem patentes. As «tubera parietalia» são arredondadas e não muito salientes. Os ossos malares são fortes e lar- gos e projectam-se um pouco para fóra do seu an- gulo externo. As fossas caninas são bem escavadas. As cavidades orbitarias são quadrangulares. As apo- physes mastoides são largas, não muito grandes, mas nem rugosas ; a do lado direito está fracturada. Na circumferencia antero-posterior participam o fron- tal com 25,1, os parietaes com 24,25 e o occipital com os mesmos 24,25 por cento da medida total. “PA já citada solução de continuidade no parie- tal direito, interessa a lamina externa na extensão já descripta de 13 para 11 millimetros, atravessando porém a espongiosa subjacente. alarga-se a lesão, e apresenta a lamina interna uma falha de 20 por 20 millimetros, approximadamente. Na fractura, locali- zada na parte inferior do parietal esquerdo, já ano- tada na descripção da norma lateralis, dá-se a mes- ma circumstancia a respeito do alargamento da so- lução de continuidade, em direcção 4 parte interna do calote. Quando, depois de exhumado, se esva- siou o calvarium, sahiu de dentro, com a areia que o enchia, o pico de uma ponta de frecha quebrada, feita de pedra. Tomando agora em consideração a forma das fracturas, seu aspecto antigo e a dif- ferença na disposição dos bordos nas duas laminas, está-se levado a suppor que estas lesões foram pro- duzidas em vida do individuo, por frechadas, de- vendo ter resultado desses ferimentos a morte do homem. O craneo n. 2. da nossa série do Pombéva pertenceu em vida 4 uma mulher de edade de qua- renta e poucos annos presumiveis. Post mortem ca- -hiram os dous incisivos centraes e o dente do siso do ladu esquerdo. Incisivos, caninos e premolares PB om! são gastos em dois terços das suas cordas e os grandes molares pelo menos na sua metade. O dente do siso do lado direito tem a corda bem alisada. Apezar deste importante gasto dos dentes näo se observa o minimo indício de carie. Pela norma facialis apparece o rosto volumoso, a testa estreita e baixa. Aos lados da crista fron- — 178 — talis avista-se grande extensão das escamas tempo- raes, que são um pouco abaúladas, e bôa parte dos parietaes. A norma occipitalis mostra um oval irregular e grosseiro, com o culmen arredondado e levemente deprimido e as bossas parietaes salientes. A região acima das bossas supramastoideas, no lado direito, é um pouco encavada, emquanto do lado opposto a mesma região se apresenta relevada, imprimindo 4 vista geral uma forma asymetrica. E E Pela norma verticalis forma o calvarium um oval quasi regular, afinando-se um pouco pela frente e apenas prejudicado pela diferença citada nas re- giões supramastoideas. Os processos zygomaticos são delgados e de curvatura branda nas duas extre- midades. Na norma basalis salienta-se outra vez a asy- metria já citada. A escama occipital apresenta-se de contorno parabolico e o foramen magnum é quasi redondo. A norma laterals mostra a curva sagittalis bastante accidentada. E” pouco concavada a sella do nariz e a glabella pouco desenvolvida. A linha da testa eleva-se no principio quasi verticalmente e inclina-se depois em uma curva viva para o bre- ema, continuando depois, com a mesma animação de movimento para o lambda. O perfil da escama occipital é convexo, desde a sua parte superior até chegar ao opisthion. Nota-se o prognathismo do maxillar superior pela saliencia das jugas dos inci- sivos centraes e dos caninos. Descripção especial. A escama frontalis mos- tra uma saliencia notavel; pouco sobresahe a gla- bella, e as arcadas superciliares mal se delinham, porém as bossas frontaes são salientissimas e re- unem-se na curva sagittal, formando desusada con- vexidade dessa linha ( metcpion). A sutura coro- naria é ricamente dentilhada em toda a sua exten- são dentro das cristas frontaes; ao passar porém pelo stephanion do lado esquerdo, essa sutura se torna singela e quasi apagada até o pter:on, em- quanto no logar correspondente do lado opposto, apresenta o mesmo trajecto da sutura profunda sy- — 180 — nostose. Todas as mais suturas acham-se bem con- solidadas, sendo particularmente complicada a den- ticulação das suturas occipito-parietaes. O plano do foramen magnum passa no seu prolungamento em meia altura do vomer. O inion é pouco saliente e rugoso. A região subiniaca apresenta um torus largo e chato. Os processos mastoides são bem con- formados, sem serem muito grandes; os condylos são fortemente arqueados, o esquerdo delles bastante fracturado. A pars basilaris é curta e larga, bem inclinada e de superficie rugosa. Do lado direito existe o «processus styloideus », confirmando por sua posição consolidada por synchondrosis o dia- enostico da edade vital do specimen. Não existem forancina parietalia. A espinia nasal anterior é bem saliente e erecta. Os malares são largos, sendo o do lado direito extensamente fracturado na sua frente. As cavidades orbitarias são pouco profun- das, irregularmente quadrangulares e além de não haver quasi saliencias superciliares, nota-se na parte superior interna da margem da orbita esquerda au- sencia completa do rebordo de costume, em uma Sey es ge extensão de um centimetro. A abobada palatina apreseuta-se curta, alia e bem rugosa. Acha-se fracturada a arcada zygomatica esquerda. Na cir- cumferencia antero-posterior participa o frontal com 23,8, os parietaes com 25,3 e o occipital com 24,2 por cento do total; manifestando-se assim clara- mente o excessivo desenvolvimento da parte média da calote. O craneo n. 3 do Pombeva é original de um homem que tinha de 30 a 35 annos. Dos seus dentes existem ainda no maxillar superior, no lado direito, o canino, os dois premolares e o primeiro grande molar; do lado esquerdo o canino, todos os quatro molares e o dente do sizo. Todos esses den- tes mostram o gasto typico das cordas correspon- dente à edade citada. Os dentes que faliam, perdeu-os o craneo na-occasião da exhumação. FE’ ainda de notar, que o dente do sizo existente ê excessiva- mente pequeno, participou porém activamente a mastigação durante muitos annos. Este craneo se acha em máu estado de con- servação, faltando-lhe toda a parte interna do na- riz, o soalho das orbitas, grande parte do palatino — 182 — direito e do respectivo maxillar superior, assim ccmo a parte sub-nasal com os incisivos. Pela norma facialis apparece este craneo largo e baixo e a testa de pouca altura. Emquanto o rostc médio se salienta por forte desenvolvimento, impressionam as cavidades orbitarias pelo tamanho e os ossos malares pela extraordinaria largura, as- pereza e sua projecção para fóra do seu angulo ex- terno. Uma nota importante é a existencia da su- tura médio-frontalis, que com dentilhamento fino vae do ponto nasal até ao bregma. A norma occpilalis mostra um pentagonal baixo, cujas esquinas superiores são bem arredonda- das e, descendo as linhas lateraes quasi vertical- mente, se unem peia linha boleada do occipital in- ferior. Os processos mastoides formam bôas salien- cias nas quinas inferiores do pentagonal. Na norma verticalis aprecia-se um oval quasi perfeito, sO pouco estreitado na parte anterior e achatado na frente pela largura da face superior. As apophyses zygomaticas säo fortes e bem arquea- das para fora. Pela norma basalis se verifica, que as suturas basilares e basilo-sphenoides não estão fechadas. A região iniaca é excessivamente saliente e rugosa e a linha nuchae de forte desenvolvimento existin- do mesmo detalhado signal da repartição supra oc- cipital. O opisthion e a parte direita da margem do foramen magnum até o basion, com pequena inter- rupção do extremo direito, se acham fracturados. Falta tambem a apophyse direita da pars basilaris e uma parte do sphenoide do mesmo lado. O con- torno da escama occipital é hemicircular. Pela norma lateralis mostra-se a linha do per- fil do craneo muito movimentada ; da profunda ca- vidade do ponto nasal salientam-se em linha ascen- dente, grossas arcadas superciliares, que escondem — 184 — o ophrion, e, subindo, em alto declive para o meto- pion segue depois a linha em curvatura mansa para o bregma. Sem pronunciado achatamento no ver- tice, centinúa a curva regularmente até o lambda e adeante, sempre fortemente arqueada, para o opisthion. Com grande nitidez se desenham as li- nhas de inserção dos musculos masseter, do inion sobre o plano parietal para o stephanion. Acha-se fracturada a arcada zygomatica esquerda. ho 3d! E A / ZO Descripção especial. A denticulaçäo das sutu- ras é simples nas proximidades do bregma e mais compiicada na parte trazeira do craneo e nas re- giões stephanicas. A sutura sagittal parte da coro- naria, sete millimetros à esquerda da embocadura do médio-frontal. No meio da sutura lambdoide es- querda existe um pequeno osso Wormiano. No frontal, onde se nota acima de salientissimas e grossas arcadas superciliares, um pequeno achata- mento, destacam-se baixas bossas frontaes, que em um plano se ligam ao motopion, pouco saliente. — 185 — A regiäo temporal é achatada e a crista temporal, aspera no seu inicio, voltèa em tinha dupla sobre os planos parietaes, em curva chata e desce pela regiäo supra mastoideana, unindo-se 4 raiz longitu- dinal, bem saliente, da arcada zygomatica. As bos- sas parietaes säo pouco salientes. As apophyses mastoides säo muito volumosas, rugosas e convexas em sua superficie. As numerosas saliencias e rugo- sidades da região iniaca pódem ser representadas pelo altimo algarismo da escala de Broca. A pars basilaris é comprida e rugosa e os condylos occi- pitaes estreitos e arqueados. O aspecto brutal da face é augmentado pela excessiva grossura e o ar- queamento das apophyses orbitarias. Na circumfe- rencia antero-posterior fazem partes, expressado em — 186 — porcentagem, o frontal com 24,4, os parietaes com 29,2 e o occipital com 22,8. ho 3 f \ | , O craneo n. 4 do Pombéva é muito desfalca- do na calote, faltando della quasi toda a metade direita; como porém a parte facial se acha intacta e medivel, entendemos dever aproveitar mais estes dados. Post mortem perdeu o craneo o primeiro in- cisivo e os dois premolares do: lado esquerdo e os incisivos e premolares do lado opposto. Os 2 den- tes do sizo, bem desenvolvidos, ainda não chegaram com suas cordas no plaro de mastigação, indicando para o specimen uma edade de quinze a dezoito an- nos e não podia pairar uma duvida sobre a ano- malia de um canino intraalveolar do lado direito. Não ha o menor indicio de carie dentaria. Pela norma facralis logo se recebe uma im- pressão de rosto juvenil; todas as linhas correm macias e arredondadas. Pelos extremos da linha do diametro minimo frontal avista-se grande parte das paredes lateraes. A norma occipitalis é impraticavel. — 187 — A norma verticalis revela os contornos da ca- lote serem de forma oval irregular, com estreitamento da parte frontal e pouca proeminencia da parte oc- cipital. As bossas parietaes se encontram no meio do plano e são bem salientes. Pela norma basalis se vê na pequena parte da base do craneo, que se acha conservada, a confir- meção da diagnose da edade do specimen em vida ; a sutura basilo-sphenoide é largamente aberta e as cavidades glenoideas são rasas e estreitas. Na norma lateralis apparece-a linha de perfil pouco concavada sobre o ponto nasal, a glabella é pouco saliente e dahi segue a curva frontal bem movimentada para o bregma. Sem apresentar um achatamento no vertice, continüa depois a linha sagittal em curva rasa para o lambda e forma dahi em deanto um quasi hemicirculo sobre o occipital atê o opisthion. Descripção especiol. O frontal offerece uma convexidade notavel, que culmina no metopion e da qual pouco se salientam as bossas frontaes. As ar- cadas superciliares são apenas esboçadas. As sutu- = 1160 — ras, que se podem observar, são quasi fechadas e bem dentilhadas em geral. O pterion é regular- mente formado em H. A escama temporalis forma um hemicirculo e é pouco saliente, assim como taim- bem o é a raiz longitudinal da arcada zygomatica. A região iniaca é achatada e a parte superior do occipital larga e pouco convexa. As apophyses mas- toideas são curtas e pouco desenvolvidas. A pars basilaris é relativamente comprida e bem rugosa. A arcada zygomatica é fracturada na sua parte an- terior, assim como a espinha nasal anterior. Os malares não são muito largos, porém projectados para fóra, tornando largo o aspecto do rosto médio. Ha pronunciado prognathismo da arcada alveolar superior. As cavidades orbitarias são pouco qua- drangulares. — Todos os caracteres physicos deste craneo fazem suppor, que elle pertenceu a um in- dividuo de sexo feminino, porém, devido à sua pouca edade, não quero affirmar isto peremptoria- mente e me contento de etiquetar o craneo como proveniente de individuo jovem. CONCLUSÕES Pelo exame dos craneos do Pombéva em se- parado, encontra-se para elles um conjuncto, como tribu, ou grupo local, muitos caracteres, mais ou menos accentuados e que constituem uma significa- tiva similhança typica. Todos elles apresentam uma testa pouco ele- vada ; não teem bossas frontaes pronunciadas, porém o metopion é proeminente e a linha do vertice muito saliente de perfil. Os occipitaes são salientes e as paredes lateraes dispostas com pouca conver- gencia. Aliura e largura dos craneos são quasi de identico tamanho. A base do nariz é pouco depri- mida. As orbitas são quasi quadrangulares ; os ma- lares altos, grossos e projectados para fora e em todos os craneos se nota forte desenvolvimento da face média. Existe disposição prognatha da arcada alveolar superior anterior e, de conformidade com outros typos de craneos americanos antigos, ha completa ausencia de cárie dentaria e quéda de Gente em vida do individuo. Distinguem-se estes craneos pela sua capaci- dade excessivamente pequena: Achamos o craneo masculino N. 3 com 1.180 cms cubicos e o femi- nino N. 2 com 990 cms. cubicos sómente. Os de- mais craneos, de Ns. 1 e 4, não são mediveis in- ternamente; porém pelas medidas externas da ta- bella e pelos desenhos geometricos deve presumir-se sna plena concordancia com os primeiros, no sen- tido de capacidade do calvarium. Já Virchow chamou a attenção para a occor- rencia de nannocephalia em craneos de origem ame. ricana. No caso de craneus « Goajiros » este scien- tista propendia a suppôr como causa desta quasi microcephalia, a degeneração de raça; no caso dos craneos do Ponbéva, porém, penso não haver ne- cessidade de lançar mão deste arbitrio, tanto mais, quanto pelos estudos do dr. Ehrenreich (*) conhece- (*) « Anthrop Studien », dr. Paul Ebrenreich, pag. 160- mos nos « Karayas » outro povo em condições simi- lhantes. Esse habil observador esteve em condições de observar os Karayas na sua faina diaria e considera - lhes a nannocephalia uma particularidade propria da tribu. Tanto quanto aos Goajiros e aos Karayas tam- bem vale aos craneos do Pombéva a observação. de que nelles não ha um só indício que faça lembrar a apparencia de que não ha pithecoida dos micro- cephalos propriamente ditos. Nutrimos a esperança de poder completar mais tarde o presente estudo da tribu do Pombéva, 4 vista de resultados de futuras pesquisas, que preten- demos encertar. Iguape, Junho de 1817. TABELLA CRANEOMETRICA | Erarnoo More S | Ju. | : ENS pete Nee 2 |e Nese TR A C. 1 || Comprimento maximo antero-posterior . . 169 163! 171 161 2 » antero-posterior metopico , , 172] 164 173] 161 3 » oceipito alveolar. 3° . «as 191 174) — — 4 » » Spinale (ie ray ad Reno 183 173; — — E. 5 || Largura transversal maxima 9.4.0. 133 130 184 6 » maxima bi-zygomatica . . . cd 136 125 141) — 2 » frontal a rn D NT Ne 111 108 122; — 8 » » ENA yee lL pee Ble ose 93 86} 103 91 9 | » birtorbitale Se Siow NS yA Sad 99 91 100 992 10 » mal arn meres ae, sek th ae Ester 107 95 110 102 11 E Dim aliar eer ty aes ie ii eee 94 92 102} 94,5 12 » DÉPOT ANEERE SEE ER 1, cere: Sere 113 108 118) — 13 » basilar Seg Ses ie Ok nek E es o E 99 102 100) — 14 » bi-asterica AE 12 105 103 108| — 15 » bi-jugular RAA AE UE 81 79 83| — A. 16 | Diametro basilo-bregmat. . . . . . .|| — 128 133 125 17 || Circumferencia antero-posterior . . . . || 474| ~474) 491| — 18 » hogizontal a EAU AN 488 470 502; — 19 » vertical Beh eee SORT MER 310 295 305) — 20 || Partes anterior e posterior don. 18 . . 225 232 230) — 263 242; 272 84 21 | Linha naso-basilar . , NU hall vs ae 83. — 22 || Comprimento do foramen magnum ASE. fe 31.5) — — 23 || Largura » » » EE res pro 28) 29.5] 300) — 24 | Altura nasal . . TA 48.6| 45.0) 50.0) 47.0 25 || Largura maxima da abertura nasal ee aan 23.5) 23.0) 22.0] 21.0 26 Largura Calor Dita ER RO EME ap vs 40.6] 38.5} 43.0| 41.0 27 Altura dANOEDItAUr a wee Eve RS ici Be 31-5) 30.7] 35.2] 32.0 28 || Largura inter-orbitaria , . Bee OME 18.6] 18.2; — 18.2 29 « maxima alveolar externa .. p 63.0) 60.5] — 60.0 30 « alveolar posterior externa. , . 51.0) 46.0) — 48.0 31 « antemom palatinaça Ne. e, 24.5) 23.0) 24.0) — 32 « posterior palatina . . . . . . 41.0) 42.0) — 41.0 33 || Comprimento do «os palatinum» . . . . 54.0) 49.5) — 50.0 34 || Altura facial superior . . . .. . . 63.0! 64.0} 68.0} 63.0 35 « auricular Virchow . . . . . . || 113.0] 107.0) 113.0| 110.0 36 || Angulo facial . à: . . . . . . . . |79 20/7620 |75° 40°|76° 40” Siu) Conteudosentiemses 51.559 ff at eae — 990! 1.180} — iii pantersnb-cerebral =) yh). = sth ote 93| 17 27 18 » frontal . me A COR VE UC. 96! 96 90 99 » Parietal rifa es ii O eek a 115) 120 124 105 » occipital ee AV DS 115 115 112] — » do foramen magnum ON RR RT 31 38) — » naso-frontalis, Dn ke, tal | o 92 100 "92 | | Indices : N I 78.7] 79.8) 78.4) — | II Thor’)! issn) Aree tee Fir fee | HI 66.8! 65 6| 66.1] 68.3 IV — 98.5) 99.2; — V 58.9] 67.4| 61.7; 61.8 | VI 46.3] 51.2) 48,2] — | VII 71-510 49.7) 81.8] 78.0 i VIII 48-4) 51-11" 44.0) 4427 IX 76.0| 84.8) — 80.2 | x 70.0} 66.1) 70-0) — | BAOGWIOd Op OH9JIL99 () | | | | | Mm damos Desenhos geometricos das curvas sagitaes de quatro craneos do Pombéva B | he A 7 / A A ae es va | NPA x AA ANT UE Escala: ?/, do tamanho natural. ado OR ay DAT EN Kee L LÉ keg ER ath 4 "As mit E DA ie AE é ub. at eae LU q 1 LUN ve a