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ANNO I

BRASIL - E. de S. Paulo Mattão, 15 de Fevereiro de 1925

N.° I

Ijgp

Revista Internacional

io Cspiritismo

PUBLICAÇÃO MENSAL DE ESTUDOS ANÍMICOS E ESPIRITAS

Rary of princeton

Direcior: CAI RB AR SC EI UT EL

INARY

Collaboradores : DIVERSOS

SUMMARIO

O nosso titulo e intuitos

Um Grande Espirita

O «Pró e o Contra» na Questão da Sobrevivência

Os presentimentos de Catulle Mendes

Os «Camp. Meetings» Espiritas

Casos apparentes de reminiscências de vidas anteriores

Photographia Fluido-Magnetica e Ra- dio-Actividade Humana

O Progresso Humano e os Phenome- nos Psychicos

Um retrato do Dr. Gustave Geley

Chronica Extrangeira

Ecos e Noticias

Uictor F)ugo 9 granòe poeta espirita

ANNO i

Brasil - - E. de Sáo Paulo

Mattão, 15 de Fevereiro de 1925

Revista

- N. 1

Internacional do Espiritismo

PUBLICAÇÃO MENSAL DE ESTUDOS ANÍMICOS E ESPIRITAS

Diredor: CAIRKAIt SCHUTEI.

Collaboradores : DIVERSOS

0 NOSSO TITULO E INTUITOS

0 © G ©

O titulo e subtítulo que adoptamos para esta publicação comprehende uma vasta area de traba¬ lhos e conhecimentos que marcam na hora actual um movimento de accentuado progresso na marcha da humanidade.

O incremento que os estudos psychicos teem tomado em todos os paizes do mundo, quer com o auxilio das vozes avulsas e desautorisadas, pro¬ pagando as consoladoras e edificantes verdades da Revelação Nova, quer com o valioso testemunho dos representantes da sciencia, affirmando a reali¬ dade dos seus factos inconcussos, demonstra per¬ feitamente que o Espiritismo, embora batido e ex¬ plorado em todos os meandros, é uma Doutrina vencedora, que abriga em seu augusto templo muitos milhões de almas.

E é para notar que a somma de provas, o avultado numero de testemunhos e o valor intellec- tual dos observadores, constituem uma verdadeira revolução no despotico dominio do esteril pre¬ conceito ou da jatancia cathedratica, que deser¬ tarem do seu velho Syllabus os seus melhores or¬ namentos, hereticos contra o dogmatismo scientifico, mas representantes da numerosa pleiade de sábios de valor, a quem se deve o moderno incremento dos estudos experimentaes.

As phalanges dos estudiosos, inicialmente quasi desertas, foram se successivamente engrossan¬ do, e não ha mais quem possa negar que o Espi¬ ritismo avassalou o mundo.

E nem podia se prever outro resultado, pois o Espiritismo abrangendo o campo latíssimo de acquisições scientificas nos domínios da chimica, da pbysica, da biologia, da astronomia e até da medi¬

cina, tem como principio, a existência e sobrevi¬ vência da alma após a morte do corpo, sem o que nenhuma sciencia pode prevalecer.

Submettendo-se aos processos do methodo positivo, iniciado por Bacon e erigido por Comte, Littré e outros, elle garante a pesquiza da Ver¬ dade.

Todos os emprehendimentos realizados e que se forem realisando no terreno do animismo expe¬ rimental, bem como os que se acharem na area do espiritismo propriamente, ou vulgarmente dito, serão lembrados por esta revista.

O escopo principal do nosso programma é demonstrar e propagar, que no homem existe um dualismo, composto de corpo e espirito, e esta de¬ monstração não deve ser feita por méras especula¬ ções philosophicas, mas por meio de verificação experimental.

Estes estudos, indispensáveis á elevação hu¬ mana e á vida social, constituem o maior legado ás gerações vindouras.

Por toda a parte do mundo congregam-se esforços para a divulgação da Idéa Espirita. Asso¬ ciações, federações de associações, congressos na- cionaes e internacionaes, dão conta dos progressos que o Espiritismo vae realisando.

, Entrando como parcella, embora insignificante, nesse concurso universal, nós julgamos impulsionar a cultura de um estudo, a tantos titulos salutar, atacando as fronteiras do desconhecido e pondo a descoberto uma faixa riquíssima de noções indis. pensáveis á evolução da humanidade.

Que Deus nos ajude e permitta aos Gênios Tutelares serem comnosco nesta obra de espiritua- lisação humana.

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Revista internacional do Espiritismo

UM GRANDE ESPIRITA

As Experiências de Victor Hugo

As mezas que se movem

0 poeta conversava com os seres do Além-Tiimulo ^ ^ ^ ^

- - 0 testamento espirita do exilado de Jersey

VlCTOR HUGO, o grande poeta francez, f foi sempre, corno ninguém ignora, per¬ seguido pela preocupação constante do de¬ pois da morte .

Foi em Jersey, no deserto que Victor Fiugo fez as suas primeiras sessões de Es¬ piritismo. Nessa terra do seu exilio, na sua deliciosa casinha de Marine Terrace, Hugo passava muitos dias e muitas noites a con¬ versar com os Espíritos.

Cuidadosamente asactasde suas sessões eram escriptas em um livro especial e esse curioso documento foi encontrado por Paul Maurice, piedoso amigo de Victor Hugo e executor testamenteiro da bagagem litteraria do grande escriptor.

O livro de actas é quasi que do prin¬ cipio ao fim, uma sé¬ rie de diálogos entre Victor Hugo e seus invisíveis interlocuto¬ res, que não raro se diziam espiritos d e grandes mortos. Estes, se ás vezes respon¬ diam por banalidades, frequentemente tam¬ bém respondiam por notáveis poemas e por sublimes paginas de philosophia.

Sully Prudhom- me o celebre poeta francez, membro da Academia, morto não ha muito, teve occa- sião de percorrer esse livro precioso de diᬠlogos mediumnicos.

A sua opinião a respeito é das mais interessantes para a nos¬ sa causa. Prudhomme diz de facto, que as paginas espiritas de Jersey são, muitas, ve¬ zes, iguaes, ás mais bellas de Victor Hugo, e ás vezes mesmo superiores .

As actas de Jersey eram escriptas pe¬ lo proprio punho de Hugo ou pelo de Augusto Vacquerie, amigo do poeta e seu iniciador no Espiritismo.

Toda a família de Hugo se achava

presente quando chegava a hora da con¬ versa com o Além-Tumulo. Muitas noites foram passadas assim, as mãos estendidas sobre uma mesinha que indicava como de costume, por meio de pancadas, as lettras do alphabeto destinadas a formar palavras e depois phrases.

Varias celebridades da época frequen¬ tavam as sessões espiritas de Victor Hugo. Os mais assíduos eram entre outros, Vac¬ querie, o libertário húngaro Teleki, o ge¬ neral Le Fló, Jules Alexis e muitos outros.

Mme. Girardin essa, chegou a Jersey a 6 de setembro de 1853. Eoi eda quem venceu as ultimas resistências do poeta ás

suggestões de Vacque¬ rie, que pedia a Hu¬ go tentasse ao menos corresponder com as almas dos desappare- cidos.

Victor Hugo, po¬ rém, recusava de ma¬ neira peremptória, por¬ que via na interroga¬ ção dos mortos uma pratica que elle qua¬ lificava de «sacrí¬ lega». Entretanto o grande escriptor acre¬ ditava na possibilida¬ de de uma conversa¬ ção entre as «duas bordas do tumulo», para nos servirem da felicíssima expressão de William Stead, e, com o correr do tem¬ po, o Espiritismo nun¬ ca teve adepto mais fervoroso que Victor Hugo.

E as sessões de Jersey tornaram-se fa¬ mosas.

Por varias vezes Vacquerie teve dis¬ cussões acres com os Espiritos que se manifestavam. E quando mais tarde se lhe dizia que podia ser perfeitamente que Vic¬ tor Hugo fosse o communicante inconsciente das respostas do invisível, Vacquerie res¬ pondia : «Certo os espiritos de Jersey eram excepcionaes, extranhos, caprichosos. Que

Revista Internacional do Espiritismo

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importa ! Eu accredito nelles, como acredi¬ to nos onagros.

Era impossível que Victor Hugo fos¬ se o autor das respostas do invisível, por¬ que muito raramente elle tomava lugar na mesa, contentando-se com o assistir a sessão como simples espectador, ou como secretario encarregado de escrever as lettras á medida que a mesa as dictava.

Depois da chegada á Jersey de Mme. Girardin, as sessões tomaram uma nova feição, entretanto nas primeiras tentativas lançou-se mão de uma mesinha quadrada, sendo que o insuccesso foi completo; jul¬ garam que a forma do movei «contrariava o fluido». Victor Hugo queria fazer cessar as experiencias porém, Mme. Girardin respon- deu-lhe : «Os espíritos não são cavallos de praça á espera da bôa vontade do freguez; são livres e vêm a nós quando entendem chegado o momento opportuno». E, firme no seu intento, comprou num bazar uma mesinha redonda que, como a precedente, se conservou immovel.

Um dia, emfim, a mesinha teve um movimento. Essa sessão foi commovedora. Vacquerie pediu a entidade presente désse um significado da palavra em que elle pen¬ sava. « Traduz » pediu Vacquerie a pa¬ lavra que tenho no pensamento». E a mesa respondeu : «Soffrimento». Vacquerie pen¬ sava : «Amor».

A essa interpretação intellectual do pensamento de um dos assistentes digno de toda a confiança o interesse dos expe¬ rimentadores augmentou. «Quem és ? » perguntou-se ao espirito. E a mesa res¬ pondeu: «Leopoldina». Esse nome produ¬ ziu uma viva commoção. Era o da filha que Hugo acabava de perder. Mme. Hugo chorava, Charles Hugo outro filho do poeta, interrogava a sua irmã.

Toda a noite se passou numa con¬ versação angustiosa, mas consoladora, com a desapparecida.

A partir desse dia, as communica- ções realizaram-se com regularidade. Mui¬ tas vezes mesmo em pleno dia consulta¬ vam-se os espíritos. Esses marcavam, ás ve¬ zes, a hora da sessão seguinte e ninguém faltava ao Rende z-Vous.

Era raríssimo que Victor Hugo tomas¬ se logar em torno da meza. O médium era, ora Mme. Hugo, ora seu filho Charles, que parece ter possuído uma certa força me- diumnica.

Victor Hugo formulava as perguntas e re¬ gistrava as respostas, que as vezes desaprovava, recebendo mesmo, outras vezes , rudes licçõcs dadas pela Entidade com mmu cante Isso não o impedia, todavia, de tratar com o maior respeito os seus correspondentes occultos,

que se exprimiam em verso ou em prosa, e para os quaes Hugo se dava ao trabalho de improvisar estrophes ou tiradas philoso- phicas.

Como dissemos a alta sociedadade de Jersey frequentava a casa do poeta. Um jo¬ vem inglez tornara-se particularmente nota¬ do pela sua assiduidade. Um dia, o joven inglez em questão chamou á meza Lord Byron, o grande poeta inglez. Charles, que não sabia inglez , e que servia de mediium observou que ser-lhe-ia muito difficil acom¬ panhar as lettras da communicação se essa fosse dada em inglez.

Byron não respondeu ao convite de seu compatriota ; porém, decorridos alguns momentos, foi Walter Scott quem se mani¬ festou em seu lugar, dictando os dois ver¬ sos seguintes :

Vcx not the bard , his lyre is broken,

His last song sung , his lasc wotd spoken

Como muitas das pessoas presentes ignorassem o inglez, a mesma pessoa que procurara attrahir á reunião o Espirito de Lord Byron traduziu nestes termos a com¬ municação assignada por Walter Scott :

Não atormentae o bardo , a sua lyra está

/ quebi ada

O seu ultimo poema cantado , a sua ultima

/ palavra dita

O Espirito communicara-se numa lín¬ gua desconhecida do médium.

* * *

Victor Hugo- regressou espirita do exí¬ lio, convicto da immortalidade, e até o seu ultimo dia não cessou de corresponder com os seres de Além-tumulo. Muitas vezes o grande poeta, nas suas obras posteriores aos longos dias do exilio, fez allusão ás grandezas do invisível.

O seu fim foi o de um verdadeiro es¬ pirita. Ninguém ignora, do facto, que o itn- mortal poeta confessou a sua crença em Deus, porém recusou as orações da Egreja, pre¬ ferindo ser chorado pelos pobres, aos quaes deixou uma grande somma de dinheiro.

O genial escriptor morreu com a cer¬ teza de que uma nova vida ia abrir-se pa¬ ra elle e que ia penetrar nesse Além-tumu¬ lo, no qual o haviam precedido tantos ami¬ gos e seres queridos que, emquanto o es¬ peravam, lhe tinham, nas suas conversações mediumnicas, frequentemente manifestado a sua constante affeição.

Eis, finalmente, uma das esplendidas tiradas, deixada nas suas «Obras Eosthu- mas», excellente dadiva dos grandes pensa¬ mentos, que constituem o testamento philo- sophico do autor dos Miseráveis :

Revista internacional do Espiritismo

«O que é que faz o homem livre?

A alma. Que diz livre, diz respon¬ sável.

Responsável nesta vida ?

Effectivamente não, porquanto nada ha mais demonstrado do que a prosperidade possivel e frequente dos máus e o infortú¬ nio immerecido dos bons durante a sua pas¬ sagem sobre a terra.

Quantos homens justos não tiveram angustias e misérias até o seu derradeiro dia ? Quantos homens criminosos viveram até a mais extrema velhice, no gozo pacifi¬ co e sereno de todos os bens deste mundo, nelles incluindo a consideração e o respei¬ to de todos! É o homem, então, responsᬠvel depois da vida ? Evidentemente sim, pois que não o é durante ella. Alguma cou¬ sa, pois, delle sobrevive, para se submetter a essa responsabilidade a alma.

A liberdade da alma explica a sua im- mortalidade. A morte não é, portanto, o fim de tudo. Ella não é senão o fim de uma cou¬ sa e começo de outra. Na morte o homem acaba, e a alma começa. Tome-se por tes¬ temunho o que considerar o rosto de um ente amado com essa anciedade extranha, feita de esperança e de desesperança. Digam esses que atravessaram essa hora fúnebre, a ultima da alegria, a primeira do luto, digam si não é verdade que bem se sente que ainda ha a/li algue,n, que tudo não acabou r

Sente-se em roda dessa cabeça como o frémito de azas que acabam de ex¬ pandir-se : uma palpitação confusa e inau¬ dita fluctua no ar ao redor desse coração que não bate mais. Essa bocca aberta pa¬ rece chamar o que acaba de partir e dir- se-ia que deixa cahir palavras obscuras no Mundo Invisível.

Eu sou uma alma.

Bem sinto que o que darei ao tumulo não é o meu Eu, o meu Ser. O que cons- titue o meu eu, irá além.

Terra, não és o meu abysmo.

O homem outra cousa não é senão um captivo.

O prisioneiro escala penosamente os muros da sua masmorra, trepa de saliência em saliência, colloca o em todos os in¬ terstícios e sóbe até ao respiradouro. Ahi, olha, distingue ao longe a Campina, aspi¬ ra o ar livre, a luz.

Assim é o homem.

O prisioneiro não duvida que encon¬ trará a claridade do dia, a liberdade; como pode o homem duvidar si vae encontrar a Eternidade á sua sahida ? Porque não pos¬ suirá elle um corpo subtil, ethereo, de que o nosso corpo humano não póde ser senão um esboço grosseiro ?

A alma tem sêde de absoluto e o

r

absoluto não é deste mundo. E por de¬ mais pesado para esta terra. Ha duas leis a lei dos globos e a lei do Espaço. A lei dos globos é a morte. O limite exige a destruição. A lei do Espaço é a Eternidade. O Infinito permitte a expansão.

Entre os dois mundos, entre as duas leis, ha uma ponte : a transformação. A am¬ bição do vivo dos globos deve ser, pois, tornar-se um vivo do Espaço.

O mundo luminoso é o Mundo Invi¬ sível. O Mundo Luminoso é o que não ve¬ mos. Os nossos olhos carnaes veem á noite. Ah ! do que vive com os olhos aber¬ tos sobre o mundo material e com as cos¬ tas voltadas para o mundo desconhecido !

A morte é uma mudança de vestimenta.

Alma, tu estavas/ vestida de sombra, vaes ser vestida de luz. E no tumulo que o ho¬ mem faz o ultimo progresso.

Na morte, o homem fica sendo side¬ ral. A morte é a vindicta da alma. A vida, é o poder que tem o corpo de manter a alma sobre a terra, pelo peso que faz nella. A morte é o poder que tem a alma de arrebatar o corpo fóra da terra pela assimi¬ lação.

Na vida terrestre, a alma perde o que irradia ; na vida extra-terrestre, o corpo per¬ de o que pesa.

A morte é uma continuação. O meu olhar penetra o mais que é possivel nessa sombra, onde vejo, a uma profundidade que seria amedrontadora, se não fosse su¬ blime, dealbar-se o immenso arrebol da eternidade.

As almas passam de uma esphera a outra, tornam-se cada vez mais luz, apro¬ ximam-se cada vez mais e mais de Deus.

O ponto de juncção é no infinito.

O que dorme e desperta, desperta e que é homem. O vivo que morre, desper¬ ta e que é espirito».

O Espiritismo e a

Por mais influencia que venha o Es¬ piritismo exercer sobre o futuro das socie¬ dades, não se julgue que substitua elle sua autocracia a outra ou que imponha leis isso não fará, porque, proclamando o di¬ reito absoluto da liberdade de consciência e do li vre-arbi trio em matéria de fé, elle quer que a sua crença seja livremente ac- ceita, ou acceita por convicção e não por imposta.

Por sua natureza, elle não póde nem deve exercer pressão alguma pois pros¬ creve a fé-céga e quer ser comprehendido.

Allan-Kardec

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&== 0 pró e o Contra na

Questão da SobreviYeqcia

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j/K possibilidade da sobrevivência sob o ponto de vista scientifico.

Meu bom e eminente amigo, o Pro¬ fessor Richet, apresentou uma exposição admiravel, um resumo synoptico dos phe~ nomenos estudados pela Pesquiza psychica, sob o ponto de vista d'um materialista eru¬ dito, e os grupou em sua importante obra «Trai de Metapsychique». Seu trabalho não seria acceito pela grande maioria de seus collegas que, não estando ao par dos factos, são, por isto mes¬ mo, relativamente igno¬ rantes; mas é interessan¬ te notar que, si bem elle esteja ao corrente dos factos, cujos verda¬ deiros aspectos estão em conflicto com o materia¬ lismo, M. Richet conti¬ nua ainda assim mate¬ rialista.

Nenhuma censura se subentende aqui : tra¬ ta-se de uma posição definida e philosophica.

E' bom ver esta posição sustentada com compe¬ tência, tanto para os phe- nomenos interessados na questão, quanto para o que toca a nossa acceita- ção ou á nossa rejeição da possibilidade ou da plausibilidade da sobre¬ vivência humana.

Si a fortaleza do Prof. Richet póde ser tomada de assalto, é pouco provável que um successor qualquer possa se fixar n'u ma fortaleza de solidez igual.

Richet provas de um espirito nota¬ velmente franco, porque diz: «Eu nada nego» 1

Por outro lado, elle se mostra um agnostico perfeito, quando diz que nós es¬ tamos immersos na profunda obscuridade e que nenhuma chave possuímos destes mysterios.

Mas eis aqui, justamente, onde me acho cm desaccordo com elle. Eu tenho o

espirito menos aberto que elle, porque nego muito; sou menos agnostico, porque tenho uma hypothese de trabalho que desejo, ou verificar ou destruir.

Presentemente, bem que o Prof. Ri¬ chet esteja ao par dos factos, dir-lhe-ei que não está ao par da minha versão, do pon¬ to de vista «espirita», Eu podel-a-ia cha¬ mar «nossa theoria», salvo não me assistir

o direito de alistar ou¬ trem n’ uma posição dis¬ putada e pouco ortho- doxa. Porque estaria elle sciente do meu ponto de vista? Mesmo quando tenho formulado minhas opiniões theoricas, as tenho feito sempre de maneira vaga e apologé¬ tica, porque as quero confrontar com os factos e porque quero me fun¬ damentar sobre os mes¬ mos factos, de preferen¬ cia a uma qualquer opi¬ nião ou theoria precon¬ cebida extranha aos fac¬ tos.

Mas com o meu amigo Prof. Richet é preciso seguir outra orien¬ tação. Inútil é impor¬ tunar insistindo sobre os factos, si bem que de alguns dentre elles, de ordem subjectiva, eu te¬ nha uma opinião mais consentânea que a

sua, assim como na ordem objectiva elle

tem tido vantagens que eu não tenho tido. O que o perturba inteiramente é a falta de theoria. Elle afronta corajosamente o vacúo; não procura tecer hypotheses antagonistas; contenta-se em dizer que os factos são mysteriosos, inexplicáveis e um tanto «in¬ sanos» quando interpretados conforme a sciencia orthodoxa os ousa interpretar. E é bem assim que parece, com o limite a que a sciencia orthodoxa se inipôz.

Ainda mais loucas devem parecer nos-

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sas theorias a seu respeito. Mas os factos novos pedem uma nova theoria para sua interpretação. Ha cousas no universo, as quaes a sciencia biologica não tomou ain¬ da em consideração. Se algum dia ella che¬ gar a tomar em consideração um outro factor da vida physica, então verificará que as diffi- culdades desapparecerão gradualmente. E o mesmo Richet sentirá, cedo ou tarde, que pode achar uma chave para esses factos, uma linha na qual os poderá enfileirar, um ponto de vista que lhe permitte de os interpretar de uma maneira mais agasalhadora e me¬ nos perturbada.

Não é preciso admirar que, do seu ponto de vista actual, estes factos parecem extranhos, perturbadores, mysteriosos e incrí¬ veis. O admiravel é, que a sua lealdade, ao par dos factos e da verdade, lhe per¬ mitte de os acceitar como fazendo parte das realidades do Universo. Elles fazem, com effeito, parte mas ha outras cousas que são também a realidade. E quando nós ti¬ vermos acceito o Ether e o incorporarmos ao nosso systema, esta cousa que actual- mente a sciencia biologica ignora comple¬ tamente, como, de resto, todas as sciencias, exceptuando uma metade da Physica, en¬ tão o horisonte começará a se esclarecer, o nevoeiro desapparecerá, e uma estrella, ou mesmo um sói, virá illuminar a nossa obs¬ curidade. Eu disse que tenho mais a negar que a affirmar. O Prof. Richet se abstém de negar, mas algumas de suas asserções são temerárias. Elle nega com hesitação ; affirma com vigor. Procedimento, de todo, admira¬ vel ; mas nessa conjunctura, terei a teme¬ ridade de seguir um caminho opposto. Vou negar com vigor e affirmar com hesitação. Somente num alvo de claridade e de pre- sição, creio preferível de exprimir minhas affirmações sob uma forma positiva e dog¬ mática que, sem esta explicação preliminar não estaria de accordo com a natureza do objecto. E devo esperar que os meus crí¬ ticos comprehendem bem que, quando aban¬ dono as negações pelas asserções, não for¬ mulo do mesmo modo senão uma hypothe- se de trabalho, fazendo unicamente um es¬ forço para construir uma concepção racio¬ nal das leis e princípios da sobrevivência humana.

A evidencia para a sobrevivência, de¬ ve se basear no seu proprio valor, tanto quanto a hypothese, sem ser entravada pe¬ las superstições triviaes.

Tenho a negar e a repudiar algumas destas superstições, d’uma maneira solem- ne e, neste terreno, eu sei que estou de accordo com os espíritos mais rasoaveis.

O Prof. Richet, e talvez, outras pes¬ soas no campo physiologista parecem

desejosos de transformarem estas supersti¬ ções dos séculos das trevas» á éra scienti- fica, mas não se pode acceitar esse modd de proceder. O assumpto é bastante difficil em si, com estas complicações impossíveis e inúteis.

A minha primeira negação é então di¬ rigida contra a «resurreição de um corpo».

Durante séculos a humanidade se acos¬ tumou a pensar nos mortos, como se elles estivessem enterrados num sepulchro espe¬ rando qualquer acontecimento futuro, e os que acceitavam esta particularidade eram, naturalmente, pouco propensos, e alliar a nas apparições dos defuntos, a menos que não fosse possivel encontrar seus tumulos vasios.

Hoje julgamos absurda a idéa de um corpo resuscitado e errante ; portanto, a his¬ toria das crenças populares nos mostra que tal opinião era corrente; algumas vezes con- cebia-se o corpo de um suicida, para ga¬ rantir o seu repouso difinitivo. A razão des¬ ta pratica absurda é sem duvida, analoga á idéa do Prof. Richet, a saber que a personalidade estava ligada tão intimamente ao corpo material, que toda a apparição posthuma, visivel ou tangível, não se po¬ dia explicar, senão pela utilisação do refe^ rido corpo. Durante a Idade Media mesmo, certos padres da Egreja não podiam sepa¬ rar a idéa de uma resurreição final, da no¬ ção de um tumulo abandonado, d'uma col- leção de partículas originaes do corpo, du¬ ma reconstitução dessas partículas em or- gãos, em seguida d'uma revivificação.

Mas, os factos nenhuma justificação permittem de semelhante idéa, e os que sustentam o ponto de vista «espirita» de¬ sejam como o physiologista, que não se admitta sem reserva tudo o que concerne a desintegração posthuma, a decomposição, a incineração, etc. As concepções materia¬ listas que sobrevivem ainda das crenças po¬ pulares devem ser inteiramente abandona¬ das. Si se acha que uma apparição ou um phantasma possúe traços e marcas physicas do instrumento material abandonado, então é preciso acceitar o facto e, como é neces¬ sário, procurar algures uma explicação. Ne¬ nhuma explicação baseada sobre a revivifi¬ cação de um cadaver pode ser, um ins¬ tante, acceita.

Isto parece, na verdade, a explicação nova e clara, mas á luz dos modernos co¬ nhecimentos, deve ser posta de lado e con¬ siderada caduca.

Quando nós affirmainos que os factos sustentam a doutrina da sobrevivência , não é por IS TO que entendemos.

As praticas egypcias antigas e suas idéas sobre a morte, deviam ter s;do desa-

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gradaveis e dolorosas. A noção de que a alma sobrevivente ou tinha necessidade de alimentação, de utencilios e apparelhos, que se depositava no tumulo nesta intenção e para sua commodidade, eis uma idéa bem infantil da humanidade, que tem causado muita pena aos sobreviventes, especialmen¬ te aos sobreviventes pobres, quando medi¬ tavam se não seriam obrigados a qualquer cousa essencial, ou se não teriam negligen¬ ciado o indispensável para tornar agradavel a existência futura do sêr caro desappareci- do.

As crenças ecclesiasticas da Idade Me¬ dia eram, de certo modo, superiores a isto, Podia ser penoso enterrar a pessoa amada no frio e no escuro para os séculos sem fim ; mas, em todo o caso, existia a crença que o elemento material ficaria em paz até o seu despertar, e da sua reconstituição pelo Poder Divino. Era-se muitas vezes atormentado e perturbado sobre a sorte da alma que podia, dizia-se, ficar em sofrimen¬ to sem auxilio sobrenatural da evocação do padre. Esta tem dado motivo a tantas do¬ res, porque no fundo ellas não eram supe¬ riores ás crenças egypcias da antiguidade. Sabe-se, apezar d’isso, que a phrase «resur- reição dos corpos» é susceptível de uma interpretação rasoavel para os crentes, co¬ mo, por exemplo, aquella que eu expliquei no meu livro : « OHOMhM E O UNI l EK- SO » e na terceira parte do « RAYMOND ». Mas. a sciencia nada tem com as praticas ecclesiasticas. O seu dever é examinar os factos sob um ponto de vista inteiramente novo e differente. Nós devemos pretender, e pretendemos que o corpo physico, logo que concluiu a sua obra, fica completamen¬ te abandonado e acaba, que seus átomos podem servir ainda para outras formas da vida e que nenhuma especie de personali¬ dade ou de identidade lhe fica associada.

Quanto ao saber no que se torna a personalidade, e o que, depois da morte, lhe serve, para o futuro, de instrumento, é uma cousa que é preciso investigar, e que é preciso adiar.

Nenhuma preoccupação cultual se de¬ ve misturar a este estudo ; é, francamente, uma pesquiza scientifica a fazer. Pode ser que nós ignoraremos o que virá a ser a per¬ sonalidade, mas é possível, apezar de tudo, imaginar em uma hypothese de trabalhos.

Uma hypothese deste genero se forma no meu pensamento : sua genese se encon¬ tra nos escriptos de São Paulo, de (demen¬ te de Alexandria, de Origenes e de ou¬ tros padres da Egreja. E’ bem provável que suas idéas n’ aquelle tempo, fossem coir demnadas como hereticas, mas isso não prova que ellas eram falsas.

Para evitar os malentendidos eu de¬ sejo fazer observar que todas as minhas advertências se referem aos corpos com- muns e ás pessoas vulgares. Se existe um caso de um «corpo» excepcional, pedindo um estudo especial, e si, verdadeiramente, um sepulchro estava vasio, é um caso que eu não abordarei aqui ; pode ser que eu possa dizer mais, em tempo e em lugar mais propicio. Por óra eu trato da ques¬ tão das apparições e da sorte dos homens vulgares. Os factos nos fazem suppôr, que, por vezes, elles apparecem depois da sua morte, mas o que é certo, é que o corpo physico fica no sepulchro ou em qualquer logar onde os sobreviventes collocaram-n'o. Si se admitte franca e inteiramente este ponto, põe-se fóra de discussão uma expli cação materialista e grosseira e o terreno fica então desembaraçado. Depois a pesqui¬ za pode seguir livre desses impecilios de crenças antiquadas. Nunhuma sobrevivência do corpo physico existe. Entretanto nós que julgamos nos acharmos, ás vezes, em com- municação com personalidades sobreviven¬ tes, temos sido informados por estas, que ellas possúem «corpos» tão reaes e substan- ciaes como outr' ora ; que se acham idênti¬ cas a um gráu semelhante que mantém a mesma apparencia, o que lhes permitte co¬ nhecerem-se e que é por meio desses cor¬ pos ou instrumentos de manifestação que elles veem uns aos outros- e é assim que elles, com o auxilio desses corpos se acham, algumas vezes, em condição de se coinrnu- nicar comnosco.

Como conciliar estas asserções com a que precede? É ah i justamente que inter¬ vém a minha hypothese de trabalho, hypo¬ these que não é acceita por mim, mas por muitos outros que caminham ás apal¬ padelas na mesma direcção; hypothese que nós podemos lêr em muitas palavras de São Paulo, o que nos faz pensar que este genio inspirado a tinha entrevisto, embora não pu¬ desse exprimir nos termos que nos convi¬ riam.

Si eu sou tentado a chamar «minha hypothese» é porque (condições psychicas á parte) eu fiz um estudo do Ether, do Espa¬ ço, de toda a Vida. Ella me parece, assim, uma entidade mais familiar, substancial e pratica, que para muita gente que não es¬ tuda não o é, e também para quem ella apresenta «um não sei que» de indefinido, vago e imaginário.

Entre os homens de sciencia o Ether não tem sido estudado senão pelos physi- cos, e mesmo para estes ha excepções. Elle tem sido negligenciado pelos chimicos, e não tem, provavelmente attrahido a atten- ção dos biologistas e physiologistas de ne-

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nhuma escola. Apesar disso si o Ether é uma realidade do Universo, pode ser que seja dotado de funcções chimicas e biológi¬ cas, assim como das funcções physicas co¬ nhecidas da sciencia.

Nós o conhecemos familiarmente nos phenomenos da Luz, da Electricidade, e do Magnetismo. Começamos a associal-o tam¬ bém definitivamente á Elasticidade, á Cohe- são, á Gravitação e, gradualmente, aprende¬ mos que a maior parte da Energia do Uni¬ verso e, certamente, toda a energia poten¬ cial lhe pertence e não á Matéria.

A matéria atômica é uma cousa, mas o Ether é outra cousa ; estes dois elementos estão, talvez, em acção ; de facto, estão. O vinculo entre elles é a Electricidade. Mas se nunca houvesse possibilidade de os unificar admirando-os como manifestação distincta de um unico Principio, não ha duvida so¬ bre o qual seja o mais importante. O Ether é o elemento fundamental; a Matéria é um elemento, provavelmente composto das mo¬ dificações do Ether. No fundo, tudo isto é da physica orthodoxa, salvo na prova que não está igualmente feita para que todos os physicos sejam forçados a admittir.

Pode existir divergências legitimas de opinião, mas isto é um ponto de vista scien- tifico bem reconhecido e racional. Está bem fundado na deducção dos factos e inteira- mente independente de considerações psy- ehicas.

Supponhamcs, então para a discus¬ são, que admittimos o Ether e o Univer¬ so physico dotado destas funcções que a maior parte dos physicos lhe attribuem, nesse caso se apresenta uma questão preci¬ sa ; não se deve levar em conta as discus¬ sões philosophicas e em ultima analyse, a mesma theoria biologica ?

Para explicar tudo isso que eu disse seria preciso um volume. Nesta discussão preciso ser breve e manifestar-me mais hy- pothetico do que sou em realidade. Mas quando abordamos a Biologia, somos for¬ çados a ser hypotheticos, e a hypothese do trabalho que eu exponho, deve scr acceita sem resistência até que se encontre os fac¬ tos, que estudados por longo tempo e com cuidado, são capazes de estabelecer e de servirem de chave racional dos phenome¬ nos que muito reaes, nos parecem appa- rentemente inexplicáveis.

Para o Prof. Richet os factos parecem completamente inexplicáveis. Elle tem im¬ pressão de que trabalha na obscuridade e que «a unica affirmação prudente consiste em dizer que verdadeiramente nada sabe¬ mos, absolutamente nada do Universo».

Sob este ponto de vista, meu agnos- ticismo é menos profundo do que o seu.

Eu sinto que temos uma idéa e não ha quem saiba si ella é ou não digna da nossa con¬ fiança senão seguindo-a. Não importa que a chave tenha mais valor que tudo. Eactos isolados sem serem ligados por uma theo¬ ria, são, para assim dizer, seres indóceis e desconcertantes. Não se pode consideral-os como pertencentes á sciencia, que é um systema de conhecimentos organisados.

E a razão que os Biologistas são em geral tão hostis é que, faltando-lhes a chave, sua consciência repugna mesmo os factos.

Toda a honra do Prof Richet é que, apezar da sua repugnância, elle esteja prom- pto a acceitar os factos; mas me parece que os envolve de difficuldades inúteis, insistin¬ do sobre a matéria ; nunca cs compre- henderá por concepções sómente materiaes. Rigorosamente falando nada podemos com- prehender se nos limitamos unicamente ás concepções materiaes. Concentrando-nos sobre a matéria, eliminamos dos nossos pen¬ samentos a maior parte do Universo. Este contém outras cousas além da matéria, co¬ mo sejam o magnestimo, a electricidade, a luz, o ether; contém também a vida, o pen¬ samento, o espirito, a consciência, a memó¬ ria, a personalidade, o caracter. Nenhuma destas cousas é material ; entretanto, cousa assaz bizarra, algumas delias entraram em associação com a matéria pelo curioso pro¬ cesso da Incarnação.

E’ verdade que, durante um certo tem¬ po, Intelligencias habitam corpos materiaes que por meios apenas conhecidos, ellas tem inconscientemente construído. E evidente que existe um Principio Formador, capaz de operar com os átomos da matéria, ou antes com as moléculas mais complexas nas quaes se acham grupados os átomos. As¬ sim, graças à Energia que estas moléculas recebem do sol, entidades não materiaes são capazes de se manifestar normalmente, em associação com a matéria.

A ligação é tão intima que nós temos aprendido a indentif ical-as aos modos mate¬ riaes da manifestação e somos levados a suppôr que ellas não podem existir por si.

Ignoramos porque ellas tem necessi¬ dade de uma habitação ou de um instru¬ mento pertencente ao universo physico, mas podemos suppor que isto não lhes falta por uma razão desconhecida. Sabemos que ellas se servem da matéria, si bem que não sai¬ bamos porque, nem como. Mais os factos demostram actualmente que a associação com a matéria não é essencial, um sine qw.mon para a sua existência.

Podemos suppôr que ellas podem se servir de outra cousa, se os factos nos dão esta indicação.

(a seguir) OLIVER LODGE

Revista Internacional do Espiritismo

<3> 9

OS PRESENTI MENTOS DE

CATULLE MENDES

hm 1904 morria, em Paris, victimado por uma tuberculose pulmonar, o grande poeta Albert Samain.

Dia seguinte ao das suas exequias, a que todo o Paris intellectual acorrera, Ca- tulle Mendès, o illustre poeta da origem por- tugueza, cuja obra é mundialmente conhe¬ cida, jantava em casa de amigos seus, na rua S. Petersburgo, em Paris.

A conversação cahiu, naturalmente, so¬ bre a desapparição de Albert Samain.

Foi uma morte analoga à de Al- fred de Mussef e digna de um romântico ! disse alguém.

É facto respondeu Catulle Mendès cuja philosophia de bom humor era legendária. Porém, não era assim que eu desejaria morrer.

Como era, então, mestre ?

Á mesa ! replicou alegremente Mendès. De resto eu exprimi em versos esse desejo !

- E com vóz sonora, o poeta decla¬ mou os versos seguintes de sua composição:

Bonjour, mort ! Quelle haridelle !

Tu n’es pas belle, nom de nom !

Bah ! J’arrose ton asphodèle D’ um dernier verre de Chinon !

Encore un rondei pour Manon,

Encore, sans fúnebre tirade,

Um baiser dans l’or d’un chignon !

Quand tu voudras, ma camarade !

(Bom dia , morte ! Que munia !

Com franqueza , tu não és bei la Não importa ! Rego o teu asphodelo Com um ultimo copo de Chinon !

Ainda uma rolondilha em honra de Manon , Ainda, sem fúnebre tirada.

Um beijo, numa nuca dourada !

Ao teu dispor , minha camarada !)

E, tendo esvasiado o copo, o poeta com o olhar perdido no vago, accrescentou :

- Ah ! mas não será assim que eu morrerei !

Quando penso na minha morte, tenho

os olhos como uma visão de horror! Pare¬ ce-me que morrerei numa catastrophe, num incêndio de theatro, num desastre de cami¬ nho de ferro !

;Jí

* H*

Algum tempo depois do episodio que acabamos de narrar, alguém lembrava ao poeta outros versos em que Mendès, no seu poema La Grivedes Vignes, cantava o seu pouco temor da morte, por causa das lembranças da sua primeira canção de amor.

Podesse eu morrer como cantei, suspirou Mendès . . .

Mas não terei essa felicidade ! Desgraçado de mim. Tenho amado a belle- sa das flores, o encanto da luz, as mulhe¬ res e o vinho, morrerei de uma morte hor¬ rível, sozinho, mergulhado nas trevas da noite ! . . .

*

* *

No dia 8 de fevereiro de 1908, ás quatro horas da manhã, sob o tunnel de Saint-Germain, o cadaver de Catulle Men¬ dès era encontrado pelos guardas da linha. A caixa craneana fôra quebrada como uma noz e a matéria cerebral tinha espirrado por todas as fendas. O poeta tivera, alem disso, uma clavícula e uma perna cortadas pelas rodas do comboio.

O infeliz estava vestido de casaca e a sua bengala e a sua cartola achavam-se ao lado do cadaver.

Mendès voltara de uma recepção mun¬ dana. Na Vespera tornára o trem de meia noite, para voltar para Saint-Germain, onde morava. Tendo adormecido, acordou muito provavelmente quando o comboio se apro¬ ximava da estação dessa cidade, e como sob o tunnel o trem diminue sensivelmen¬ te a marcha, Catulle Mendès, acreditando se perto do cáes do desembarque, prepara¬ va-se para descer, illudido, talvez, pelas lu¬ zes que elle tomou pelas da estação. E foi, segundo toda a probabilidade, dessa manei¬ ra que se enganou e cahiu, morrendo de uma morte atroz, sozinho, mergulhado nas trevas da noite, como elle proprio o anun¬ ciara.

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Revista Internacional do Espiritismo

ü €spiritismo ao ar livre

Os “Camp-jMedings” Espiritas

fVlinguem ignora os progressos que o * ^ Espiritismo tem feito em todo o mundo. Pode-se dizer que não existe um lugar do pianeta em que os Espíritos não tenham t\ito prevalecer a sua benefiea influencia, attrahindo as almas para a vida na Immor- talidade. Mas onde o Espiritismo conta maior numero de adeptos e admiradores é nos Estados Unidos da America do Norte.

E é muito razoavel que assim seja, porque, como sabem os cultores do EspD ritismo, foi na America do Norte, na humil¬ de aldeia de Hysdeville, aldeia esta situada no condado de Wayne, circumscripção de Arcadia que, por intermédio das irmãs Fox, os Espíritos deram as primeiras manifesta¬ ções na linguagem typtologica, ou seja por meio de pancadas, prendendo a attenção dos homens para uma nova ordem de phe- nomenos que vinham iniciar a humanidade na trilha do dever que conduz á Perfeição.

A partir dessa época uma grande par¬ te do povo da União Americana tomou verdadeiro interesse pelos phenomenos me- dmmnicos, chegando a forçar os sábios americanos ás pesquizas, e d’ahi á funda¬ ção de associações de Estudos Psychicos, taes como existem muitas na America do Norte.

Aquelles que conhecem o genio ame¬ ricano sabem que o que caracterisa esse povo, é a idéa de grandeza, elles sentem

uma necessidade irresistível de fazer tudo em ponto giande e ainda mais, de crearem emprezas fora do commum, exquisitas mes¬ mo, vamos dizer, que não apresentam ca¬ racter de similaridade.

E’ assim que deliberaram a creação dos «camp-meeíings» espiritas, onde mani¬ festam as suas convicções em reuniões-co¬ losso que se realisam em épocas determi¬ nadas

Attrahidos pelas manifestações da Na¬ tureza, elles acham que o lugar propicio ás grandes manifestações do pensamento é o da Natureza, e varias pessoas deram inicio á fundação dos «camp-meetings», sendo que o primeiro, fundado á margem do pi¬ toresco Lago Pleasant, no Estado de Mas- sachusset, a cem milhas de Boston foi inaugurado em 187d. De facto, é um sitio encantador e, desde então, centenas de mo¬ radas foram construídas na encosta das collinas que cercam o Lago. Quando o es¬ tio chega, essas habitações são invadidas pelos nossos confrades americanos e um verdadeiro acampamento espirita, ou mais ainda, um minusculo Paiz-Espirita se im¬ provisa em torno do poético e tranquillo Lago.

Depois de 1873, a moda dos «camp- meetings» espalhou-se e, em quasi todos os Estados, foram organisa- das reuniões idênticas.

A partir de Maio até Outubro, esses lugares de reuniões espiritas campestres são frequentadissimos. Em troco de uma somina módica, os viajantes podem \iver nos ho¬ téis e cotíazes que formam os « canip - meeüngs » transformados, com o andai dos tempos, em verdadeiras emprezas sabiamente organisadas.

Todas as mediumnid^des oos- siveis e imagináveis se encontram reunidas em um camp-meeting. Um serviço de informações dos mais completos é orgamsado e o viajan¬ te, que acaba de chegar, sabe im- mediatamente em que ponto do «Paiz-Espirita» pode eucontiar um médium de incorporação, typtologia, escripta automatica, escripta sobre ardósia, «trompette,» transporte, ef- feitos photographicos, etc., etc.

Quotidianamente conferencistas de nomeada fazem ouvir a sua palavra a mi-

U Lago Colby, onòe 5e acha o «Uamp» (Perto òo Lago Helem, Floriòa)

Revista Internacional do Espiritismo

o> II

lhares de auditores, que bebem os seus ensinamentos a largos tragos, e que pelo pensamento se elevam ás mais altas esphe- ras.

Os Camp-me- etings nos Estados Unidos contam-se ac- tuaimente por cente¬ nas. As conferencias sáo methodicamente traçadas e seguem um programma ascenden¬ te, do qual cada as¬ sumpto é tratado a seu dia.

Na grande cal¬ ma da natureza, ao abrigo das arvores

Alguns eôif icioõ òe um «camp» perto òo Lago Helem

0 «Camp meeting» espirita òe Unset bay

seculares esses espíritos esquecem-se por um instante a agitação das cidades. Expe¬ rimentam uma grande quietitude, e natura- lisados cidadãos d’ um «Paiz» nascido quasi por milagre vivem à moda ca terra; fraternalmeníe, igualmente, de accordo com a applicação exacta das idéas de simplici¬ dade e igualdade, lembradas pelo Chi isto.

Os carn p-meetings , não lia duvida, exercem uma influencia salutar sobre os

que querem com since¬ ridade penetrar os mys- terios do homem e da Natureza. Além disso a conformidade das cren¬ ças faz com que cada um dos participantes dessas colossaes reu¬ niões tire uma força maior de pensamento do exemplo dos seus visi- nhos,

A variedade de me- diumnidades reunidas nos comp-nieetings d á também de seu lado in¬ teressantíssimos resulta¬ dos, pois que os mé¬ diuns, enconirando-se em meios tão favoráveis, as suas faculdades tomam um incremento prodigioso.

No nosso paiz é bem diffic.il que a idèa dos camp-meeímgs seja levada a effei- to, mas chegará o dia dessas estações bal¬ nearias, completamente transformadas, ser¬ virem de meios de instrucção, de retiro es¬ piritual, onde os «banhistas» e os «vera¬ nistas,» encontrarão o descanço para o cor¬ po e o recreio para o espirito, além do com¬ pleto restabelecimento da saude.

A PERFEIÇÃO

O amor géra a perfeição de todas as cousas, pois elle mesmo é a perfeição.

O espirito é votado á conquista des¬

sa perfeição, que é a sua essencia e o seu destino, Elle deve, por seu trabalho, appro- ximar-se da intelligencia soberana e da in¬ finita bondade; deve, portanto, revestir pro¬ gressivamente a forma mais perfeita que caracterisa os seres perfeitos.

Pamphilo.

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Revista internacional do Espiritismo

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\ REVISTA hindú Kalpaka , nos a noticia recente do resultado de uma «enque ^ te,» sobre o caso de reminiscências das vidas passadas, phenomenos observa¬ dos em quatro meninos, pelo Dr. Rao Bahadur Syam Sunderlal.

A «enquête» foi ordenada por S. A. o Mahajarah de Bhartpur, tendo sido feita com perfeito conhecimento scientifico.

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1.0 C ASO DO JIBMNO "PRABBU”

() caso deste menino me foi indicado por S. A. o Maharajah de Bhartpur no mez de agosto de 1Q22.

Elle tem o nome de Prabbu (brahamane), é filho de Khairati (brahamane). de Sa_ limpur (Estado de BHARATPUR) e no momento da «enquête» tinha 4 annos-7 mezes e 18 dias de idade.

Depois que começou a falar, Prabbu contou a seu pae as lembranças que pre¬ tendia ter de uma existência anterior. A «enquête» a esse respeito comporta duas pha- ses: na primeira, o menino foi interrogado mesmo na casa de seu pae, no mez de março de 1923, pelo naib Thesildar. Na segunda, o menino, a meu pedido, foi condu¬ zido á Hatyori, cidade onde pretende ter vivido em sua ultima existência. O Thesil¬ dar de Weir, levou-o em sua companhia e chamou immediatamente quatro das princi- paes notabilidades da cidade: Dharam Singh Foujdar, com 60 annos; Foujdar Azmat Singh, com 50 annos; Foujdar Sam Singh, 73 annos e Harknath Brahmane, com 40 annos. O menino e o Thesildar chegaram á noite e as notabilidades da cidade foram levadas á presença do menino dia seguinte a 1 hora. O menino foi interrogado na presença delles.

Eis aqui, palavra por palavra, as declarações do menino, feitas, seja em casa de seu pae, seja em presença dos notáveis de Hatyori e a resenha controlada dessas de¬ clarações :

DECFARAÇÕES DO MENINO CONTROLE DAS DECLARAÇÕES

A) em casa de seu pai.

1. ° Eu era, em minha vida precedente

Harbuxy brahmane, da cidade de Hatyori, no Bhartpur.

2. ° Eu tinha dois filhos, Ghure e Shyan

Lai e duas filhas KoJiila e -Bholi; uma casou com Ramhet , de Kho>/i, outra Gokal de Navar.

Eu recebi dinheiro pelo casamento da primeira, mas consenti o matri¬ monio da segunda sem indemnisa- ção pecuniária alguma.

3. ° Eu tinha uma casa em Hatyori.

4. ° A casa de Swarupa Jal era contí¬

gua á minha.

5 o _ Swarupa Jat tinha um filho e uma filha.

6.° Havia uma vereda elevada calçada de pedras.

Havia um açude, no meio do qual existia uma casa e acima do açude um Chhatri (cenotaphio com cupola.)

E’ exacto que um indivíduo chamado Harbux, filho de Muhde, havia morado em Hatyori e morreu ha cinco annos, mais ou menos.

Todos esses detalhes são completa¬ mente exactos.

Exacto.

Exacto.

Exacto.

Exacto.

Exacto em todos os detalhes.

7.o

Revista Internacional do Espiritismo

13

8.° Haviam duas casas ahi, uma sobre outra no açude.

Q.o Hatyori tinha poços de agua po¬ tável :

a) Panhariwala , sombreado por du¬ as figueiras sagradas;

b) Kankarwula. sombreado por a- meixeiras ;

c) Mooliwala, sombreado por man¬ gueiras.

lo. o Eu tinha uni Gujar da aldeia ue

Bliore como Jaynian.

ll.o - Ha uma inscripção numa fortaleza onde existe uma serpente.

12.0 - No anuo da fôme (Sambat 934) eu estava em Hatyori e tinha uma junta de búfalos com a qual culti¬ vava meus campos.

13.o Eu morri na vivenda de meu pai, em um buugalow fora da aldeia.

14.o Eu vivi depois da minha morte no mundo espiritual (o mundo de Deus).

15.0 Fantasia infantil sobre a divindade.

16.0 Deus me disse que fosse á Salirn- pur (actual lugar do meu nascimen¬ to).

1 7.0 --- O nome de minha mulher era Ganjo (que significa calvo)

18.0 Meu pai chamava-se Mudhe.

19.0 Meu tio materno vivia em Bugaon .

20.0 Meu sogro morava em Burhwari.

2i.o Moola Jat cahiu em meu poço, e eu pude tiral-o são e salvo.

Exacto.

Exacto.

O poço Panhariwala é com efíeito, sombreado por figueira.- sagradas.

O poço Kankarwala é secco e ja esta¬ va secco no tempo de Harbux

As ameixeiras que sombreavam de- sappareceiam ; não resta senão uma figuei¬ ra.

O poço Mooliwala é desconhecido.

Existe u m poço Jhasroya wala, som¬ breado por uma mangueira e uma figuei¬ ra.

Esta aliegação não poude ser contro¬ lada.

Na fortaleza não existe, nem inscrip¬ ção, nem serpente, mas ha uma legenda na aldeia.

Harbux devia nella crer como os seus ] compatriotas.

Exacto.

Errado. Harbux morreu em sua casa da aldeia, depois da morte de seu pae.

Sua mulher se chamava Gauron, mas davam-lhe o apellido de Ganjo, porque ella era um pouco calva.

Exacto.

Exacto.

Exacto.

Não se poude controlar o feito Ninguém na cidade delle se lembrava.

O Tehsildar nota que o menino emquanto se o falar como um bébé.

interrogava.

punha se a sorrir e a

B) DECLARAÇÕES FEITAS EM HATYO¬ RI NA PRESENÇA DOS NOTÁVEIS:

O menino confirma iodas as declara¬ ções precedentes e accrescenta cou¬ sas inéditas taes como estas:

Elle tinha ties irmãos: l.o Gilla, que lhe sobreviveu ;

2.o Ghunni , cuja morte precedeu à sua ;

3.o O nome de 3.0 irmão elle uao se recordava mais

Elle encontiou um dia uma ser¬ pente na capoe'ra, hypnotisara-a, depois batera-a contra uma arvore mat mdo-a.

Harbux não linha senão um irmão, Sheobux , mas Ghunni e Gilla eram seus primos irmãos (filhos de seu t«o B/tola)

Ghunni morreu bem antes de Harbux. Não se poude encontrar uma confir¬ mação deste feito.

o> 14 <==>

Revista Internacional do Espiritismo

Elle era Purohit da aldeia de Rh.... Exacto. O filho de Harbux é ainda

padre da tgreja desta aldeia.

Elle declarou não se lembrar de outros nomes dos membros de sua familia, senão os que desig¬ nara .

Ao que toca sua existência no além-tumulo, elle disse que não se lembrava.

Quando o controle terminou, pediu-se ao menino que encontrasse a sua antiga habitação. Elle se pôz a caminho, deu alguns passos, depois parou, exitando. O Tehsil- dar tomou-o oela mão, e o menino recomeçou a andar depois de um momento. De¬ pois de alguma exitação elle foi , por si mesmo, até á sua antiga casa e tomou « seu filho » Ghure pelo dedo. O caminho para ahi chegar era longo cheio de tortuosidades , mas o meni¬ no nem por isso deixou de chegai ao fim. As casas estavam em ruinas, chegando ao lo- gar onde estava o portico da sua, deteve-se, incerto, e não poude situar exactamente a sua habitação no meio das ruinas accumuladas. ahi O menino não reconheceu pessoa alguma de Hatyori, reencontradas como sendo suas conhecidas na sua vida anterior e não poude se lembrar o nome de outras, salvo as designadas.

O Naib Tehsildar accrescentou, para concluir, que o menino, não foi instruído por pessoa alguma sobre estas cousas e que o seu caso é um caso authentico de lembran¬ ça de sua vida precedente.

Em consequência, seguindo o conselho do honrado C. C. Watson, agente acre¬ ditado do Governador Geral de Rajpoutana, procurou-se completar os testemunhos e assegurar que elle não tinha tido instrucção previa. Tomou-se então precauções para in¬ terrogar nitidamente o pae do pequeno, saber como elle se lembrava de sua vida ante¬ rior e si alguém da aldeia de Salipur tinha alguma familiaridade com Hatyori.

Eis aqui o testemunho de Khairati, pae do menino, tal como foi obtido pelo Teh¬ sildar de Weir (Rajpoutana) graças aos esforços de S. A. o Maharajah de Bharatpur :

Testemunho de Khairati , pae do menino « Prabbu » de Salempur, Paragnah Weir Es¬ tado de Pharapur, levantada por Ram Singeh, Naib Tehsildar.

« l.o Horoscopo de Prabbu foi tirado ao seu nascimento, eu o encerrei num vaso « logo que voltei para minha casa.

« 2.0 Foi a mim que Prabbu falou primeiro de sua ultima incarnação. Elle exclamou « um dia de repente, que seus caros filhos estavam em situação e que elle

« queria auxilial-os. Repetiu isto varias vezes, e quando eu lhe perguntei quem

eram seus filhos ou onde estavam e porque dizia asneiras, elle calou-se.

« Mais tarde, sentado ao lado de sua mãe, que batia manteiga, elle disse que

ella era avarenta de manteiga, emquanto que sua precedente mãe fazia-o sen- tar-se ao lado da mantegueira e lhe dava grandes bocados. Ella perguntou-lhe onde estava sua precedente mãe. Elle replicou que estava em Hatyori, que seu « verdadeiro nome era Harbux, e que deviam chamal-o assim e não Prabbu.

« Outra occasião, dormindo ao lado de sua mãe, estremeceu e exclamou: «Oh

meu Deus ! meus filhos estão em triste situação». Disse-se, então,' que contas¬ se sur precedente incarnação, o que fez narrando factos repetidos por Nâib l< Tehsildar, e a noticia repercutiu por toda a aldeia.

Eu nunca estive em Hatyori e nenhuma relação tenho ahi com pessoa alguma , * nem tenho parentes , nem negocios commerciaes.

« 3.o Eu sou o pae de Pralibu. A historia da sua incarnação passada foi feita pri¬ meiramente pelo menino a mim e a minha mulher.

Outros ouviram-iTa em seguida. O horoscopo poude ser estabelecido e mos¬ tra que meu filho nasceu na noite de Mah Sudi 2.0 Sambat 1973 e que está « com 4 annos, 7 mezes e 18 dias.»

Os casos seguintes foram também por mim completamente observados. Elles apresentam, pelo menos/ detalhes interessantes :

2.0 ( ASO (IIIIIDA.

Um Rajpoute, filho natural, chamado Chhida, da aldeia de Mhowa, situada sobre o Chambal, rio do Estado de Gwalior, tinha tido uma questão com a filha viuva dum brahmane desta mesma aldeia.

Revista Internacional do Espiritismo

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O brahmane dispôe-se a accusar o Rapjout pelo roubo de mais postaes e um mandato de prisão foi expedido contra Ch h ida. Este tendo sido informado, embrenhou- se nos barrancos proximos do rio. Eile lhe deu cinco rupias (moeda dos indios), afim de procurar um sino e de offerecer, em seu nome, ao templo de Shiva, em Mhowe Pouco depois, Chhida foi morto por um agente, quando repousava sob uma arvore.

Então, cinico annos mais tarde, em uma de suas Uournées», eile vae a casa de uma famiiia brahmane, na aldeia, para vender mercadorias. De repente, um menino da casa de 4 annos, approximou-se, apoderou-se de alguns objectos e retirou-se com elles.

O mercador perseguiu-o. Quando approximou-se do menino, este lhe disse que apoderando-se dos objectos, não fazia senão entrar na posse de seus bens. Eile se lem¬ brava, dizia, de ter, em sua precedente existência, dado dinheiro ao mercador para com¬ prar um sino, dinheiro de que o mercador se tinha indem damente apropriado!

Este incidente fez grande ruido. Uma velha senhora, mãe de Chhida, veiu ver o menino. El la levou-o para sua aldeia e o menino soube reencontrar, em Mhowa, a casa que eile dizia ter habitado quando fôra Chhida!

* * *

3.o CASO DE KASIII RAM

Kashi Ram, o joven Paiwari , foi morto em 1908 por Chhotey Lai, filho de Bliag- want Sing, zemindar (proprietário) da aldeia de Nonenhta, Bhind, òwalior. O crime foi commettido no decurso de uma viagem em que ambos iam á côrte de Suba, para um processo que interessava o zemindar e onde o Patwari se preparava para dar testemu¬ nho contra eile.

Depois de haver atravessado á enxuto o rio Kami, e cheio de raiva, procurou o Patwari, com o intuito de ganhar a causa. Não obtendo o que desejava, matou-o , cor¬ tou-lhe os dedos da mão direita, pondo um na escrivaninha portátil do morto , a qual collocou sobre o seu peito e evadm-se -para o território bntannico adjacente . A policia fez uma pes- quiza e foi expedido o mandato de prisão contra o assassino, mas em vão. Eu vi o processo da policia.

Logo depois, na visinha aldeia de Risalpur, nasceu um menino, cujo. corpo trazia todas as marcas de violência i constatadas eni. -Pai-wari no momenfo em que eile foi morto. Este menino chama-se Sukh Lai, filho de Mihi Lai. Nasceu sem os dedos da mão diieita, as costellas como que quebradas e grudadas; eile disse ter conservado a lembrança da sua vida precedente a do drama que a terminou. Eu vi o rapaz e conservei- o em minha casa, mais ou menos por oito dias. Eile lembrava-se, dizia, de todos os principaes aconte¬ cimentos de sua passada existência , si bem que os detalhes se apagassem cada dia da sua memória. Seu pae e seu irmão mais velho, confirmaram estes factos, emboia tivessem elles repugnância em divulgal-os, por motivo de um possível escandalo.

* * ~

4.o CASO I»E ZEMIBiDAlt K1JPOUTE

Um zemindar rajpoute foi morto por seu tio, em seguida a uma discussão moti¬ vada por um campo. O tio desappareceu e a policia não conseguiu api isional-o . não havia prova absoluta. Isto se passou em 1877, no anuo da fome. O assassino voltou pouco depois para sua casa. Nesse meio de tempo nasceu na aldeia um menino. Com a idade de 4 ou 5 annos, brincando com os camaradas, eile ouviu os tiros habituaes aos dias de festa, e repentinamente cahe sem sentidos. Voltando a si, exclamou que acabava de ver um assassino, o qual eile dizia ter sido seu tio n.a existência passada.

Este facto foi o inicio de um grande numero de recordações. O menino reconheceu «seu irmão mais velho da existência anterior». Familiarisou-se depressa com este irmão reencontrado e lhe revelou cousas, de que nenhum outro poderia ter conhecimento. Eile perguntava-lhe sempre o que era feito de sua espingarda predilecta, sua pistola, sua bengala seus instrumentos de musica, etc. Estes objectos eile os usava por vezes e estão em poder de seu irmão. Este convencido do parentesco anterior que os uma tez a descri pção do crime ao Suba, Major Omrt (europeu) Mas este recusou-se a proseguir num trabalho baseado em taes testemunhos. Os dois irmãos, então fizeram seu depoi¬ mento diante do primeiro Ministro Gampat Rao Khake. S. Alteza, o Maharajah Jiaji Rao

Soindia ordenou uma «eequête» que pareceu concludente.

O menino reconheceu alguns dos seus parentes de sua sua existência _antei ioi . Convicto da verdade da historia, o Maharajah fez expedir um mandato de prisão contra

(Continha na pagina 21 )

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Revista internacional do Espiritismo

OS RAIOS V, DO COMMANDANTE DARGET

O Commandante Darget, distincto of- ficial francez, reformado, é o verdadeiro ini¬ ciado, da photographia fluido magnética,

Foi elle o primeiro que conseguiu crear formas mentaes pho- tographicas, fixando energi¬ camente uma chapa sensível, isto é, impressionando clichés com a imagem dos objectos em que pensava.

As suas photographias, chamadas photographias do pensamento, são muito co¬ nhecidas no mundo scienti- fico, e qualquer poderá pro- duzil-as, desde que tenha a força exteriorisadora precisa para crear objectos que a placa impressiona.

O Dr. Baraduc, referin¬ do-se ao commandante Dar¬ get, escreveu :

«As suas experiencias, que, sem o emprego da electricidade, são as primei¬ ras no genero, permittiram-me verificar, pe¬ la primeira vez, a existência das emana¬ ções fluidicas . .

O nosso distincto confrade, Dr. Ga¬ briel Delanne, director da Revue S cientifique et Morale du Spiritismo , escreveu no seu li¬ vro «A Alma é Immortal» : «O commandante Darget conseguiu, por duas vezes differentes, exteroriisar a imagem pensada de uma gar¬ rafa e reproduzir essa imagem sobre uma placa photographica, sem auxilio de appa- relho.»

O distincto escriptor sr. Chaineau tra¬ tando das photographias do commandante Darget, diz o seguinte : na Humanité Inté- grale : «E' preciso fazer eloquente justiça a quem abriu o caminho ; é necessário, so¬ bretudo, pôr em relevo o que distingue os documentos do commandante Darget e fa¬ zer sobresahir o caracter de variedade e de potência pelo qual se reconhecem as notáveis experiencias desse official superior.»

Os grandes jornaes parisienses consa¬ graram importantes artigos á nova desco¬ berta do commandante Darget sobre a ra- dio-actividade humana. A elle referindo-se, a revista scientifica La N ature publica o seguinte :

O Commanòante Darqet

;Q sr. d'Arsonval apresentou á Acade¬ mia de Sciencias uma nota do commandante Darget relativa a photographias obtidas coE locando sobre a fronte um pedaço de papel impresso applicado contra uma placa, cio lado do vi¬ dro, e encerrado, o todo, dentro de um triplo enve- loppe. Os raios chamados vitaes pelo autor, ou ainda raios V parecem ter agido como os raios X. A expe- riencia foi, com successo, repetida por varias pessoas. Porém, facto não menos cu¬ rioso : algumas das photo¬ graphias obtidas são em po¬ sitivo e outras em negativo. Parece, portanto, ser neces¬ sário admittir que existam, pelo menos, duas especies de raios V essencialmente differentes.»

Os clichés fluidicos, diz o sr. Darget, obtem-se ou a secco, ou collocando-se a placa n’um banho revelador. Podem se empregar, indif- ferentemente, placas ordinárias de qualquer marca; quanto ao revelador, emprego ha¬ bitualmente, o revelador de hydroquinone ; porém, pode-se lançar mão de qualquer revelador photographico.

Quando a placa torna-se preta e é preciso deixal-a enegrecer bastante lan¬ ça-se-a no fixador, isto é, no banho de hy- posulfito de soda ; observa-se, então, a ima¬ gem e, quando a placa está desiodada, la¬ va-se-a durante 3 4 de hora.

A placa a secco pode ser collocada sobre a fronte ou sobre a nunca, mantida por um lenço ou por um tecido qualquer; pode-se também collocal-a sobre o coração, sobre o epigastro, ou sobre uma parte qual¬ quer doente ou febril do corpo. Deixa-se-a assim durante muito tempo, uma hora, em- quanto nos occupamos de outra coisa. Pre¬ viamente prepara-se-a no gabinete escuro, embrulhando-a em duas dobras de papel preto. Essa manipulação deve ser feita á luz da lanterna vermelha, como para a pho¬ tographia ordinaria. Colloca-se, então, a pla¬ ca sobre o corpo, o lado da gelatina do lado da pelle de preferencia. Pode-se, igual-

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mente, no gabinete escuro, pegar a placa entre os dedos e mantel-a, durante dez ou quinze minutos, a um centímetro da fronte.

Foi assim que eu obtive as minhas melhores photographias : a Cólera, a Aguia e tantas outras.

A CÓLERA Photographia obtida pelo comniandante Darget, collocando a uma polegada acima da própria fronte, uma pla¬ ca sensível, certo dia em que acaba de ter um forte accesso de cólera.

A ACjJUIA Photographia obtida pelo commandante Darget, coilocando uma pla¬ ca sensive) a uma meia pollegada acima de mme. Darget adormecida do soinno mediumnico.

Um outro processo, consiste em mag- netisar, no gabinete escuro, a placa, durante dez a quinze minutos, mantendo as mãos a uma curta distancia d’ella.

A obtenção das photographias é irre¬ gular, caprichosa, sem que se possa for¬ mular uma lei qualquer, tomando como base os resultados obtidos.

Teem-se ás vezes, sinprezas inauditas,

como quando o raio retira a camisa de um homem, sem ferii-o, deixando-lhe as outras vestimentas.

Si se trata de uma photographia es¬ pirita, em gera!, quando se quer apenas um pouco de fluido, conseguem-se figuras muito características.

Photographia, no banho revelador Si se mergulha uma placa no banho revelador e si se collocam em contacto com eila dois ou tres dedos de cada mão, sobre a gela¬ tina, durante dez ou quinze minutos, obtem- se geralmente effluvios coloiidos a uma ou mais çôres. Si se collocam os dedos do lado do vidro, obtem-se effluvios de formas differentes e um fluido como que irisado. Eu pude, entretanto, por esse processo, obter figuras.

Si se dispõem diversas moedas sobre a gelatina, e si se collocam um ou dois dedos sobre cada moeda, estas se impri¬ mem geralmente, e communicam a sua effi- gie á placa, como si tivessem sido photo- graphadas, pelos processos ordinários, isto é, com um apparelho munido de objectiva, 15 minutos de pose, ou pouco mais, são sufficientes. Algumas vezes a imagem das moedas é colorida.

Photographias fluidas com apparelho Muitas vezes, sob pretexto de que o re¬ trato tem manchas, os photographos inuti- lisam as placas e fazem o cliente pousar de novo. Ora, essas manchas não são outra coisa sinão effluvios do fluido vital. A sra. Agullana, poderoso médium de Bordeaux, produz taes manchas a vontade, prevenin¬ do antecipadamente os photographos, cuja eskipefacção, diante desse facto, e sem li¬ mites. Eu observei, de resto, que, como os magnetisadoies, os médiuns produzem ef¬ fluvios muito facilmente.

O sr. Arsoure, de Liége, enviou-me duas poses , da mesma pessoa, photogra- phadas por elle, no mesmo lugar, a cinco minutos de intervallo uma da outra. A se¬ gunda é notável pelas numerosas manchas fluidicas características que a cercam. Nessas tachas, sente-se que existem figuras inaca¬ badas, manchas proprietaes. Si ern face do nosso leito, na mais completa obscuridade, dispomos um apparelho photographico, com a objectiva descoberta e, em seguida, nos deitamos durante um certo tempo, uma ho¬ ra, poi exemplo, conseguimos, muitas vezes, imagens dos seres ou das radiações do es¬ paço de que nos fala Emmanuel Vauchez.

Os processos que resumidamente in¬ diquei, são forçosamente imcompletos, po¬ rém a pratica conduzirá os experimentado¬ res a resultados cada vez mais animadores, porque estamos no começo de uma vastis sima e nova scieucia.

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* * *

Algumas vezes o commandante Dar- get obtem phsdographias de um genero um tanto diverso mesmo quando piocede as suas investigações fluido-magneticas. Haja vista, por exemplo, a photographia abaixo, mostrando duas meninas e, ao lado d’ei!as, segundo o sr. Darget, os seus duplos , pe- rispi ritos, corpos espirituaes , na phrase de S. Paulo.

Rs òuas filhas òo sr. pinarò magnetisaòas por seu pae

Esta photographia pertence propria¬ mente ao genero chamado espirita. Eis em que condições especiaes o commandante Darget obteve a.

Querendo verificar si os fluidos que um magnetisador transmitte ao sujet são photographaveis, o commandante Darget pediu ao conhecido médium curador sr. Pinard que magnetisasse as suas duas filhas. Começada a operação, o distincto investi¬ gador tentou a prova photographica bus¬ cada ; o resultado foi o que se pode obser¬ var no nosso clichê; a esquerda das duas meninas veem-se os seus duplos ou corpos espirituaes.

Examinando-se bem essa photogra" phia, vê-se que no retrato do corpo mmelie- Pinard tem na mão um bouquet , ao passo que na do seu fantasma, não esse bou¬ quet não existe, como mesmo o braço está estendido e não dobrado á altura do coto- vello.

Outra photographia interessante é a do padre que, não foi obtida directamente pelo commandante Darget, mas sim por um

seu amigo e correspondente que, amigo de um sacerdote romano deliberaram ambos fazer uma experiencia psychica, servindo o padre de modelo, e que deu o resultado que se

Photographia com o duplo òe um saceròote

Abaixo do pescoço do padie, ao peito, lado direito o leitor verificará o perispirito do mesmo padre.

* * *

O commandante Darget teve uma en¬ trevista com um jornalista europeu que pediu-lhe a exposição da historia das suas investigações.

Eis o communicado do lllustre pes¬ quisador :

«As minhas investigações, sobre os fluidos emittidos pelos seres vivos re¬ montam a uns trinta annos. Todavia, em 1894 foi que consegui, com espanto, de resto, das raras pessoas que se occu- pavam da questão, impressionar placas pho- tographicas por meio do fluido vital.

Farei observar que essas impressões eram nitidas no gabinete escuro sobre pla¬ cas não cobertas collocadas no banho re¬ velador e submettidas á acção dos dedos, seja a contacto, seja a distancia.

As impressões assim conseguidas eram muito nitidas, formando uma serie de irra¬ diação a partir da extremidade dos dedos. Essas photographias seriam semelhardes ás obtidas á luz do dia, si as placas não fos¬ sem coloridas, ora de vermelho, ora de verde, ora de amarello, segundo as pessoas e segundo os estados doentes ou sãos de taes pessoas.

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Notar-se-á que o fluido vital parecia agir até então como uma luz um tanto es¬ pecial. Porém vários indícios, me fizerem suppôr mais tarde que essa irradiação po¬ dia muito bem ser diversa da luz e analoga á da ampola de Crookes, á dos raios X, ou á do radium. Si assim fosse, o fluido vital, a que dei provisoriamente o nome de raios V , não devia attravessar os corpos opacos, como o triplo enveloppe de papel preto, vermelho e branco que proteje as placas sensíveis.

Colloquei, portanto, ha alguns mezes» uma dessas placas sobre a fronte, durante uma meia hora, e tive a alegria de verificar que, de facto, a placa sob o tríplice erivel- loppe estava impressionada.

Para completar essa demonstração, in¬ troduzi, sob os trez enveloppes um papel impresso com a palavra «DOYEN», etc., (o la¬ do não impresso do papel tocando a placa sensivel) e obtive, muito nitida, a photo- graphia junta.

A varias pessoas de minhas relações, confiei placas semelhantes em enveloopes fechados e sellados. Essas pessoas obtive¬ ram, mais ou menos distinctamente os mesmos resultados.

phadas em negativo, como é facil verificar pela photographia junta da palavra «AT-

TRACTION*.

Outras pessoas fornecem placas, parte em positivo, parte em negativo.

Devemos crêr que esses resultados são devidos ao phenomeno conhecido pelo nome de «sobrexposição», ou a existência no homem de dois fluidos de sentido con¬ trario? Muitos indícios permittem que me inclinem para esta ultima hypothese.

Ha, ao mesmo tempo, razões para crêr que as diversas partes do corpo, emi¬ tem raios V com uma intensidade de gráos diversos. As primeiras experiencias que fiz em tal sentido experiencias que conti¬ nuo me permittem essa affirmação.

E, para concluir, ao menos proviso¬ riamente, é preciso dizer que nos achamos em presença de uma irradiação absoluta¬ mente especial, que é como que inherente aos corpos vivos. Esses novos raios variam com os indivíduos, isto é, sem duvida, com os seus temperamentos e os seus esta¬ dos moraes cólera, calma, alegria, etc. bem como com os seus estados de saúde.

Aqui nos achamos como na origem da vida. Não parece, portanto, presump- çoso esperar que o conhecimento per¬ feito desses novos raios, forneça regras preciosas para a sciencia e para a conducta futuras da existência.

Ççmmanòante DARG-ET

A idéa Espirita

Uma idéa que rala á alma, ao coração, á razão e ao senti¬ mento, e que ao mesmo tempo presta factos em todos os recan¬ tos do mundo, que podem subor- dinar-se á analvse e ao exame

Entretanto algumas delias, como o sr. sivel Shettle, forneceram as palavras photogra-

mais rigorosamente scientifi- co, e á experiencia e á veri¬ ficação do mais rude e sim¬ ples investigador, é urna idéa que ha de triumphar apezar de tudo; que hade impôr-se e dominar.

A. Herculano

o nirosMVKL

Aquelle que. fóra das puras mathe- maticas pronuncia a palavra irnpos- falta com a prudência

Arago

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O PROGRESSO HUMANO E OS PHENOMENOS PSYCHICOS

r\ progresso é lento, na huma- ^ nidade terrestre.

O systema de Copernico era ensinado por Aristarco, de Sa- mos, no anno 280 antes de Jesus Christo. Os sábios dessa epoca não queriam aceital-o de manei¬ ra nenhuma e, quatrocentos an- nos depois, Ptolomeu, continuan¬ do a tradição classica, tratava essa hypothese de «perfeitamen¬ te ridícula» .

Da mesma maneira pensa¬ vam ainda, no século XVII da nossa era, os juizes de Galileu. Hoje, todo o mundo acabou por admittir e por comprehender que a Terra não está no centro do Universo e que gravita em torno do Sol, em companhia de outros planetas, seus irmãos, arrastada atravez dos abysmos insondáveis da immensidade infinita.

A Astronomia não é a unica sciencia que pode ser chamada em testemunho da lentidão do progresso.

Os problemas phychicos nos offerecem um exemplo analogo. E’ justo, porém, accrescentar que ha menos tempo que elles são formulados á analyse scientiíica positiva e que estão longe ainda de ser resolvidos. Todavia, si, nesse grande assumpto, ha um capitulo que, ha muito está defi¬ nitivamente escripto, é o da sus¬ pensão das mesas, em contrarie¬ dade com a lei da gravidade dos corpos, suspensão que se produz pela acção de uma força desco¬ nhecida. Esse phenomeno é ac- tualmente objecto de discussões numerosas e pitorescas.

Ha mais de meio século, em 1853. o conde de Gasparin, tendo em sua companhia uma duzia de experimentadores sevéres, poz o facto em tal evidencia que as suas experiencias poderiam ter bastado para assentar definitiva- mente a questão.

Vê-se, nessas sessões de es¬ tudos, uma grande mesa de sala de jantar, sobre a qual se haviam collocado 75 kilos de pedra, sus¬ pender-se e partir-se, sob esse peso, balançada pelos seus mo¬ vimentos. Veem-se rotações se operar, sem contacto algum, pois que, tendo-se, por meio de um folie, espalhado sobre a mesa uma tenue camada de farinha de trigo, nella não se encontrou ves¬ tígio algum de dedo.

A isto accresce que todas as experiencias eram feitas por um grupo de amigos, sem auxilio de nenhum médium extrangeiro ou retribuído.

No anno seguinte esses fac¬ tos eram igualmente postos fora de duvida, por Marc Thury pro¬ fessor de physiea e astronomia na academia de Genebra; elles são, outrosim, medidos por meio de uma mesa em equilíbrio, e de balanças.

Como no caso das experien¬ cias do conde Gasparin, as de Genebra são feitas entre collegas da Universidade e sem médium assalariado. Durante essas expe¬ riencias, nós vemos um piano, de um peso de 300 kilos, resoar e elevar-se, quando junto a elle não havia sinão uma criança de onze annos, que estudava a sua

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lição e que era um mediu rn sem o saber.

Muito tempo depois de taes experiencias. em 1869, os sábios da Sociedade Dialectica, de Lon¬ dres, eliminando egualmente o emprego de mediums profissic- naes fizeram, em numero de do¬ ze, pouco mais ou menos, nos seus proprios aposentos, com os seus proprios moveis, examina¬ dos a cada instante, uma série de observações, estabelecendo os movimentos dos objectos sem contacto, a alteração dos pesos, as pancadas rythmadas ; tudo is¬ so sem causa apparente.

O relatorio que estabelece es¬ ses phenomenos é assignado pelo engenheiro electric ista Cromwelí Varley (que lançou em 1860. o primeiro cabo transatlântico en¬ tre a Europa e a America) e por vários membros da Sociedade Real, de Londres.

Alguns annos depois, o Pro¬ fessor Crookes, cuja competên¬ cia na experimentação physica não pode ser posta em duvida por ninguém, fez, por seu turno, as experiencias, que todo o mun¬ do conhece, constatando, com apparelhos registradores, a alte¬ ração do peso dos corpos e pro¬ vando a veracidade dos pheno¬ menos de deslocamento de objec¬ tos sem contacto, de percussão a distancia, etc., etc. . . .

Esses factos são conhecidos, archiconhecidos. Foram observa¬

dos por centenas de experimen¬ tadores, verificados mil vezes, fis¬ cal isados.photographados. Podem se ver no meu livro Forces na- turelles inconnues , photographias directas e sem retoques, a respei¬ to dos quaes eu também estou perfeitamente disposto a dar um prémio de 500 francos a quem nellas encontrar uma fraude qual¬ quer. Varias dessas photogra¬ phias foram feitas na minha ca¬ sa, e, ha nada menos de quarenta annos que eu sigo esses pheno¬ menos de muito perto.

Parece-me que os homens que se deram ao trabalho de ob¬ servar pacientemente o assumpto em litigio não podem deixar de ter a convicção da levitação das mesas e de outros objectos pesa¬ dos, da variação do peso dos cor¬ pos, dos deslocamentos sem con¬ tacto, das pancadas sem choque apparente e respondendo as per¬ guntas. etc.

Falta-me espaço para entrar em outros detalhes, porém, uma vez que me deram a honra de me pedir a minha opinião, baseada n’uma longa experiencia, o meu dever é responder que o ser hu¬ mano, ainda não é conhecido de pessoa alguma, nem dos physio- logistas nem dos psychologos e é dotado de faculdades physicas e psychicas ainda quasi comple¬ tamente ignoradas, mas cuja in¬ vestigação será a gloria da scien- cia futura. Camille Flammarion

( Continuação da pagina ij)

o assassino. Mas este ultimo fugiu, perseguido, aqui e ali, pela policia até Gaya, onde morreu. Elle pediu então á S. Alteza ordenar o eancellamento do processo visto o cul¬ pado não mais existir.

Eu examinei os documentos e os tenho commigo. Fiz vir em 1912 o moço, que tinha naquella occasião 34 annos, com seu velho pae, o qual confirmou este relato. Elle accrescentou que logo após á identificação do menino, lhe apparecera o assassino, a quem o menino censurou asperamente por tel-o assassinado traiçoeiramente e de uma maneira indigna de um Rajpoute. O moço, em 1912, tinha se esquecido de todas estas cousas, ellas não lhe eram conhecidas senão porque ouviu.- dizer.

A historia foi corroborada a i n da pelo coronel Surajpal Singh e o filho do assassi¬ no, ambos officiaes em Gwalior. Suas photographias foram tiradas pelos srs. Desai frè- res, de Lashkar, Gwalior. Dp. Rau Bahaòup 5yam õunòerlal

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UM RETRATO DO

DR. QUSTAVE GELEY

\ lamentável noticia do desastre occor- rido em 15 de Julho (1Q24) que nos roubou um amigo muito querido e fez a metapsychica perder um dos seus mais ar¬ dentes trabalhadores, chegou-me a 17 de julho por telegramma. Eu estava convicto que o Dr. Geley viria á Inglaterra precisa¬ mente para fazer experiencias de photogra- phia supranormal no «College», Holland Park, 59, Londres.

Ehe me havia concedido a honra de associar-me a estas experiencias, que rea- lisar-se-iam a 21, 22, 24 de julho e„dias subsequentes.

Depois da funesta noticia todas as dis¬ posições ficaram sem effeito.

conversação tornou-se, outra vez de um modo inteiramente normal. Por fim ella mu¬ dou de feição, e falando em nome de seu Guia disse : «Eu vi o Dr. Geley, ehe não pode crêr na sua transicção, mas tem ami¬ gos que o auxiliarão. Creio que si delibe¬ rardes resolutamente a experimentardes a photographia na semana próxima, ehe po¬ derá impressionar a chapa, porque era mui¬ to interessado nessas experiencias».

Tomei im mediatamente nota dessas palavras, fiz assignar o documento e passar pelo correio, com o fim de ter a prova da data do timbre postal.

Os arranjos com o «College» foram renovados por obséquio de Mme. Mc. Ken-

Dr. Gfustave Geley

em. seu g-a-Toiiuete cie trstToallx©

Eu estava, então, de folga em Exmouth (Devonshire) com minha mulher. Ahi en¬ contramos de improviso uma enfermeira que, de tempos em tempos fala tnedium- nicamente, em transe, e se interessa pelos factos psychicos. Natural mente falou-se da perda que tinhamos acabado de soffrer, mas ella não conhecia o Dr. Geley, e a

zie, que dirige as sessões. Voltamos para Weybridge dia 19.

Em nossa casa existe uma pessoa que possúe a faculdade da escripta-automatica, com a qual eu faço constantes experien¬ cias. Ella de nada sabia, salvo a noticia do desastre e a annulação dos preparativos. Pedi-lhe :

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«Tornai o vosso lapis».

D. Podeis dizer-me alguma cousa?

R. O nosso pobre amigo não po¬ de comparecer aqui, elle está desolado pe¬ la agonia que lia em sua casa e por todos os motivos.

D. Dae-me o vosso parecer. Mine. Mc. Kenzie me offereceu uma sessão com Hope, amanhã ás 11 horas da manhã. Em vista da vossa resposta, me parece pouco provável que obtenhamos um successo. De¬ vo utilisar-me do meu proprio apparelho (o que poderia melindrar a Hope) ou me ser¬ vir do seu ?

R. Nada de novo deveis introdu¬ zir amanhã na sessão. Podeis ir contan¬ do commigo, que faremos tudo o que as condições nos permittirem. Talvez o Dr. Geley esteja certo de que aqui chegou. Lembrae-vos que a sua chegada foi im¬ prevista e elle estava de bôa saude. Não in¬ sisto sobre estes detalhes que, segundo pen-

Presentes : Mme. Mc. Kenzie, Mlle. F. S. Scatcherd (pratica em matéria de photo- graphia), eu, M. Hope e Mme. Buxton, (mediu ms). Mme. Mc. Kenzie tomou um pacote de chapas embrulhadas e selladas pela casa fabricante das mesmas, justamen¬ te para experiencias deste genero, de cujas chapas conserva uma trintena fechada a chave. O cliché o «fac-símile» desse pa¬ cote. (Nota da Red. : Deixamos de dar o cliché da caixa de chapas, por julgarmos sem importância para a transcripção). As chapas são todas marcadas nus ca mus pela Companhia , para se tomar impossnul uma substituição qualquer , embrulhadas como de costume, depois o pacote amarrado com fi¬ ta de algodão, e sellado com o sello gran¬ de da Companhia fabricante (1 he Imperial Dry Plate Company, bricklewood, London). As duas pontas do amarrilho estão presas sobre o lacre A., sobrepostas ao logar on¬ de o papel envoltorio é collado em baixo

so, em semelhante caso é um dever scien- tifico dizer-se o que se deve sem accusa- ções supersticiosas ou de mysticismos».

Dizem-me que tudo isso provem do subconsciente do médium escrevente, nada discuto. Seja qual for a proveniência des¬ ses escriptos, subconciencia ou outra ; sao igualmente factos auxiliares.

Em 24 eu fui ao «College». Mm. Mc. Kenzie pediu-me que me encarregasse da experiencia.

da entiqueta a, a, a. Mme. Mc. Kenzie af fir¬ ma que ninguém, salvo cila tocou nesses pacotes, e eu, por minha vez affirmo que a caixa de chapas estava, absolutamente in¬ tacta, como foi vendida pela Comp., con¬ servando também os sellos intactos. Esse pacote ficou em minha mão.

O atelier photographico do «C.ollege» tem uma uniea porta de entrada, e uma que para a camara escura, illuminada por uma janella coberta de um tecido ver-

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inelho. O quarto escuro nenhuma porta tem. Referidos experimentadores permace- ram no atelier com Hope e Mine. Buxton. Eu colloquei o pacote de chapas no meio da mesa e os assistentes deram-se as mãos formando uma cadeia em torno, de accor- do com o costume de Hope, que exige canto e invocação e a permanência do pa¬ cote entre as mãos dos assistentes. pre¬ ciso se accomodar, com este processo para não descontentar o médium, embora eu tivesse observado o phenomeno, sem ne¬ nhuma destas exigências).

Terminado isto, tomei o pacote de placa, cortei os amarrilhos tendo tido o

ton se collocaram ao lado do apparelho, mas sem o tocar, limitando-se Hope a abrir os «Chassis-» para expôr as chapas, o que durou quinze segundos, depois fechou.

Eu mesmo fiquei com o apparelho e revelei as duas chapas num banho. Cer¬ tifico que Hope não tocou as chapas, do começo ao fim.

Uma dessas placas estava normal ; a outra mostrava o extra (Eig, 2).

Os traços que nella se encontra não são defeitos de manipulação, elles estão mesmo na gelatida. A 3.a e a 4.a placas fi¬ caram na caixa e no seu papel envoltorkç

Figura 3

cuidado de não destruir os sellos. Entrei no quarto escuro com Hope, onde revelei as placas sem permittir que outro as tocasse. Examinei minuciosamente o chassis queelle me apontou e puz duas placas, assignalan- do-as com a minha assignatura no momen¬ to de tirar do pacote. Eu puz, então, minha firma na chapa e fiquei com o chassis em meu poder. Reuni, novamente os outros experimentadores no atelier com Hope, exa¬ minei com cuidado o apparelho e a lente focalisada sobre as cadeiras onde os as¬ sistentes se deveriam sentar. O apparelho photographico é dos mais simples sem es¬ pecialidade alguma. A lente é absolutamen¬ te própria e transparente. O fundo é de pati¬ no espesso, escuro, negro. A machina está sempre em plena vista. Hope e Mme. Bux-

no outro local do quarto escuro sobre uma mesa do gabinete.

Hope não se approximou delias. Ne¬ nhuma pessoa entrou no quarto escurò. Eu tomei a caixa desembrulhei as placas 3 e 4 e as puz no mesmo «chassis» depois de tel-as assignalado como as outras. O proces¬ so destas foi idêntico ao da primeira, sal¬ vo haver Hope derramado o revelador so¬ bre as duas placas, na banheira que se achava commigo. A 3.a placa contém o retrato do nosso querido Dr. (Eig. 3).

E preciso salientar que a posição é a mesma, somente a imagem está um pouco inclinada e o retrato é muito mais nitido.

Nenhuma fraude pode ser evocada. As pessoas que conheceram o nosso caro e venerado director verão, em seguinda, que

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não lia duvida sobre a sua exacta feição. Os que não tiveram a grande felicidade de conhecel-o, poderão comparar esse retrato com o que a REVUE SPIRITE publicou em agosto (e nós reproduzimos neste nu¬ mero).

se tem dicto, na Inglaterra, que um íruc poderia ter sido explorado para esse fim. Observaranrme : «vós deverieis ter le¬ vado vossas chapas». Propor este argumen¬ to é suppor que alguém tivesse podido, após ao accidente e em poucos dias, pre¬ parar fraudulentamente as placas, envial-as á Companhia, fazel-as ah i marcar, etnbru- lhal-as depois sellal-as e envial-as com o «B. C. of P. S.». . e fazer de sorte que Mine. Mc. Kenzie encontrasse entre trinta pacotes, o pacote preparado.

Eu não penso que o nosso querido amigo estivesse presente a esta experiencia; quero antes admittir a theoria da ideoplas- tia, preconisada pelos nossos amigos os metapsychistas, mas em face de taes pheno- menos prefiro crer que a ideoplastia pode perfeitamante ser exercida mesmo pelos in¬ visíveis. Desde que se concede a existência de forças invisíveis, não se lhes pode recu¬ sar o direito de disporem os meios artísti¬ cos que lhes permittem fazer retratos tão bem como outros meios que lhes facilitam a possibilidade de realizarem experiencias de outra natureza.

Para o que concerne á obtenção do retrato do Dr. Gustave Geley certifico que nós subscrevemos as sete condições que ga¬ rantem a authenticidade do phenomeno :

Certeza absoluta que o pacote de chapas estava intacto ;

2.0 Abertura do pacote pelo mes¬ mo experimentador e assignatura das cha¬ pas, uma a uma, no momento em que eram desembrulhadas ;

3.o Segurança do processo por um photographo experimentado ;

4.o Certeza de que o fundo ne¬ nhuma preparação continha ;

5.0 Certeza de que o « atelier » foi bem examinado e nenhuma fraude poderia prevalecer ;

6 0 Certeza da normalidade do ap- parelho e da lente ;

7.o Certeza que os mediums não podiam intervir nas operações.

É bem lamentável que o nosso dis- tinsto confrade não tivesse podido levar mais longe suas experiencia entre nós, em matéria de photographia supranormal.

Suas aptidões altamente scientificas lhe teriam certamente permittido de tirar delias, conclusões da mais alta importância.

STANLEY DE BRATH, Engenheiro.

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Revista internacional do Espiritismo

(t/iromca

Ao iniciar a nossa Chronica, temos o prazer de apresentar aos collegas da im¬ prensa, aos collegas do collaboração e aos espiritas em geral as nossas melhores feli¬ citações de paz.

A tarefa que foi delegada ao encarre¬ gado desta secção, não deixa de ser difficil e superior ás suas forças, mas como para o desempenho do cumprimento dos nossos deveres não faltam auxiliares que suppram a nossa deficiência, havemos de nos esfor¬ çar, tanto quanto possível, para levar aos leitores desta Revista as notas e resumos de relatos dos principaes factos que se forem verificando em todo o mundo, oriundos da eterna fonte da Revelação, em suas múlti¬ plas variedades de manifestações.

Commuiiicação Kiiiuillitnca cuSit

a e Irlanda

A Light , revista ingieza, publicou a a noticia interessante de uma communicação dada simultaneamente entre a Inglaterra, a Rússia e a Irlanda.

- «Uma pessoa obteve, na Inglaterra com um médium, uma sessão de «Voz di¬ recta». No mesmo momento, ultra-sensivel ás impressões psychicas, uma senhora per¬ cebe manifestações extranhas em sua casa em Dublin. Emfitn, uma terceira pessoa um homem está em Moscow com um indivíduo do paiz que é médium auditivo.

Estas sessões, no momento em que realisavam-se, foram synchronisadas mesmo pelos Espiritos, emquanto que esta operação, feita no plano espiritual, era ignorada dos tres mediums.

A «trompette», utilisada na Inglaterra para as «vozes», pôz a falar e disse: «Não posso comprehender uma palavra do que me contam». Então uma voz intervém, que se exprime rapidamente em uma linguagem inteiramente impenetrável para o auditor, que repete: «Nada comprehendo». Uma se¬ gunda voz se eleva, mais grave que a pri¬ meira, e as duas vozes são ouvidas dialo¬ gando em um idioma desconhecido como se questionassem. Emfirn, em máo inglez, a segunda voz, diz: «In-ter-prete». Eu sou russo. Ha um espirito russo. O barulho que vos ouvis é a linguagem do alphabeto Mor¬

se. Vou vos offerecer a traducção. O amigo Espirito, em Moscow vos fala. Ouvi, eu traduzo.

O ruido do codigo Morse recomeça, com pausas frequentes, afim de permittir ao Espirito dar, phrase por phrase, uma im¬ portante mensagem, traduzida do russo. Esta mensagem precisa uma questão, que é assim também transmittida ao Espirito de Moscow, e a resposta volta a alguns minutos. Mas, o mais extraordinário que pode haver em tudo isso, é que a senhora de Dublin, que nada sabe do que se sabe na Inglaterra, ou em Moscow, recebe, no mesmo momento, a mensagem, palavra por palavra, emquan- o codigo Morse é traduzido por um mé¬ dium inglez. A conformidade das duas men¬ sagens Inglaterra e Dublin foi, de¬ pois estabelecida, emquanto que os dois textos foram comparados. Para melhor com¬ prehender um tal e tão magnifico pheno- rneno, é preciso lembrar que, quando as condições são favoráveis, o espaço para os Espiritos, não existe, e que elles podem transmittir suas vozes a qualquer distancia e de uma vez.»

Iníluencia «los m<‘<3iiaiis

so!>r<‘ Blonu-ais i 3 Ê ib*í

Grande é a influencia que os mé¬ diuns tem exercido e exercem até hoje so¬ bre os. homens illustres. Basta se passar uma vista d'olhos na Biblia para se ficar inteirado de que os antigos reis, nenhuma resolução importante tomavam, sem previa¬ mente haverem consultado os mediums. O rei Saul, vae ao Endor, e pela pythoniza consulta ao Espirito de Samuel á respeito da guerra dos Israelitas contra os Philis- teus. E assim que o Sr. S. Desmonds no «Pearsons Magazine» sobre a missão que o médium tem representado, mesmo entre os incréos, diz : «Si podesse ser estabelecida uma lista dos homens illustres dos gover¬ nos, militares, financeiros, doutores, homens da lei e mesmo homens de sciencia que, seja frequentemente, seja com intervallos vão consultar o moderno magico, ou o psy- chometra, o clarividente, com o fim de me¬ lhor dirigir os negocios públicos ou os seus proprios negocios pessoaes, ver-se-ia que

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essa lista havia de conter os nomes mais conhecidos na Europa e na America. Nella se encontraria dúzias de cabeças coroadas ou de herdeiros do throno».

- cfj xpf

Malorialização «lo amia meclia «lo cabollos

A Vie d'0utre- Tombe constata um caso interessante da materialização de uma mécha de cabellos, em uma sessão do anno transacto, do grupo «L’ESPERANCE» de Spa. A noticia foi transmittida pela directo- ria do grupo, tal como se vae ler:

«No deccorrer da sessão, á conse¬ lho do Guia, diminuímos a luz e foi-nos dito que iamos obter a materialisação de cabellos. O médium adormeceu e alguns minutos depois, vimos ao lado direito a sua cabelleira se agitar e augmentar de vo¬ lume. Um dos assistentes levantou se e exa¬ minando os cabellos, percebeu que elles cresciam e formavam uma mécha de 30 centímetros, mais ou menos, de compri¬ mento. O Guia nos disse que podíamos cortar esses cabellos e os conservar, em lembrança da sessão, o que immediatamente foi feito.

O médium tendo despertado, refez-se a luz completamente e puzemo-os a consta¬ tar : l.o que nenhum signal de corte en¬ contramos sobre a cabeça; 2. o que os ca¬ bellos não eram, nem da mesma côr, nem da forma que os do médium. Fizemos a separação dos cabellos entre os membros presentes e então produziu-se ainda o se¬ gundo phenomeno. Um dos membros, um tanto sceptico, havia collocado sobre um papel a sua parte da mecha dos cabellos e examinava-o de perto, fazendo-os rolar en¬ tre os dedos : de repente, com grande admi¬ ração sua, os cabellos desappareceram, sem que nos fosse possível encontrar traços d'el- les, apesar da mais meticulosa pesquiza. Assignado : pres. j. Brodure; médium, L. Brodure ; secr. J. Antoine ; Seguem treze assignaturas dos membros do grupo que assistiram a sessão.

S.\n O PO II H! SOMIO

Os jornaes de Johannesburg (Trans- waal), diz a «Revue Spirite», nos trazem a noticia, essencialmente espirita, de um acci- dente occorrido na mina de ouro «Village- Deep», u na das mais profundas do Wit- watersrand (3.000 metros), accidente onde desgraçadamente pereceram oito homens, mas ao qual poude escapar o mineiro I lerr drik-Joannes Olivier, graças a um sonho

premonitorio que teve, na noite precedente. Eis aqui em que termos o mineiro salvo conta o facto :

«Antes de descer, eu contei o meu sonho a um dos meus chefes. Elle riu-se de mini. Chegado ao nivel 29, resolvi de repente remontar ao nivel 28. A força desta resolução era superior a mim. Mas apenas eu começara a subir, as rochas se des¬ tacavam de todos os lados. Quando eu voltei a mim era noite. Eu tinha sido ferido na cabeça e ficara sem sentidos. Senti então, pedras em torno de mim. Restava-me um phosphoro. Hesitei por certo tempo ris- cal-o, afinal decidi-me. Por uma sorte pro¬ videncial havia sobre uma saliência da ro¬ cha um velho bico de vela. Apercebi-me que uma pequena trave tinha impedido a rocha cahir sobre mim. Nossos homens - sete indígenas jaziam debaixo de gran¬ des pedras e agonisavam. Ai! impossível de os soccorrer! Lembrei-me do meu so¬ nho, retomei coragem e sem hesitar, arran¬ quei as pedras, uma por uma. Trabalhei muito tempo. Comecei a sentir-me suffoca- do, quando percebi uma corrente de ar e vi ao longe uma claridade. Pude escapar. Enviou-se soccorros para salval-os, mas os meus homens estavam mortos.

Foi bem o meu sonho que me salnou

Com ef feito, Hendrik-Johannes Olivier tinha tido, durante o somno, a visão muito característica da catastrophe. Elle recebeu o aviso para precaver-se e chegando ao local da mina reconstruiu o sonho, narrando-o a um contra-mestre incrédulo.

E, de facto, este, um phenomeno es¬ pirita caracterisado, cujo phenomeno é co¬ nhecido pelo nome de sonho premonitorio.

UUI DONATIVO l)K I.IO tUI.IIOEK

O multimilionário J. M. Morgan deu, á cidade de Washington, uma bibliotheca que, em dollars, representa o valor de 150 milhões de francos. Esta doação foi feita em lembrança do defunto seu pae J. M . Morgan, e o doador declarou que assim procedia para cumprir piedosamente, ordens por elle recebidas, em uma mensagem pos- thuma.

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ni CASO I VriCICKKK AXTK

O diário espirita Cubano « 1 1 0 Y » , pu¬ blicou o seguinte caso narrado pelo sr. Rodolpho Eelice, de San Fernando de Apu¬ re (Venezuela), facto que diz o narrador ter se dado comsigo proprio :

«Sahindo do Cinema com dois amigos, de volta do hotel, caminhava pe-

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las ruas solitárias. Os tres depararam, de repente, á sua frente, uma mulher elegante, a quem resolveram seguir.

Iam a passos largos, e um delles de¬ liberou não acompanhar mais, em seguida o outro o mesmo resolveu. O sr. Felice obstinou, entretanto, á pista da desconhe¬ cida, que cada vez mais tomava uma marcha apressada. Assim sahidos dos quarteirões centraes, enveredaram para os suburbios. O sr. Felice dirigia palavras á mulher, que não respondia nem mesmo lhe voltava o rosto. Si elle a tivesse alcançado, tocar-lhe- ia na mão ou no manto. Subitamente, em plena luz de uma lampada elecirica que illuminawa a rua, elle ficou aterrorisado ao ver a imagem feminina desvanecer-se aos seus olhos.

Olhou, e viu-se no portão do cemité¬ rio da cidade, e como um louco, correu até o hotel, onde os seus amigos o espe¬ ravam.*

O VELHO E O SOVO ESPIRITISMO

O Espiritismo é tão velho como o mundo. Em todas os tempos o Espiritismo tem prendido a attenção dos homens pa¬ ra a Im mortalidade.

O velho Espiritismo é um conjuncto de factos tão authenticos, como aquelles que teem sido constatados ultimamente pelos maiores sábios do mundo. Verdade seja que todos esses factos tinham tomado um caracter miraculoso, sobrenatural, que as religiões e os religiosos lhe quizeram emprestar mas que admiravelmente syste- matisados pelo grande Missionário Allan Kardec, se tornaram uma vereda aberta a novas pesquizas em que o homem de bôa vontade encontra o caminho da bôa orien¬ tação espiritual.

Catalogados os novos phenomenos pelos ensinos que sabiamente deram á Allan Kardec os Espíritos prepostos para tão relevante Missão, e coodificados rnara- vilhosameníe esses ensinos, como se de¬ para nas magistraes obras do Instituitor do Espiritismo, desappareceram o milagre e o mysterio, que tanto ensombravam os ho¬ mens na pesquiza da verdade.

Este exordio nos foi suggerido ao deparar na Rovne Spirite uma memória de M. Cassiopée, illustrado chronista desse jornal, sobre um phenomeno digno de menção, occorrido no anno de 1678.

Diz o distincto jornalista:

Não é de hoje que o nosso velho occidente constata apparições e as guarda em memória. Eutre todas as testemunhas

classificadas se ajunta agora, mais uma; uma carta recentemente descoberta, ende¬ reçada a 11 de maio de 1678, por um certo Reverendo Mr. Fowler a um Dr. Fienri Moore :

«Esta semana, disse elle Mr. Pear- son, que é um eminente ministro do cul¬ to, na cidade de Londres, disse-me que o avô de sua mulher, um homem de muita piedade, e medico do nosso rei seu no¬ me é Ferrar, e eu o julgo irmão do famoso Mr. Ferrar de Littie Giddon tinha feito outFora um contracto com sua filha (a mãe de Mme. Pearson, uma alma verdadeira¬ mente piedosa). Nos termos deste contrac¬ to, ficou resolvido que o primeiro dos dois que morresse deveria, depois da morte, apparecer, ao sobrevivente, si possível fos¬ se; a filha, com alguma difficuldade, termi¬ nou em consentir essa resolução. Pouco depois, a filha, que vivia em Gillingham Lodge, ha tres milhas de Salisburg, cahiu doente e em seguinte a administração de uma poção contendo veneno, morreu re¬ pentinamente. Seu pae vivia em Londres, e na noite em que ella falleceu elle viu o cortinado do seu leito aberto pela sua fi¬ lha. Ella encarou-o. Não havia noticias que ella estivesse doente. Depois desta appari- ção, elle disse confidencialmente á sua criada, que sua filha de Gillingham Lodge devia estar morta.

Dois dias depois, elle recebeu a noti¬ cia. E’ isto que elle contou, depois, á Mme. Pearson, sua avó, a um tio e á criada. E eu sei que Mme, Pearson é muito digna senhora.»

l Ui Mctlliiiii do logo o

de etleiios pliysicos

«THE HARB1NGER OF L1GHT», de Melbourne, deu conta de interessante* phe¬ nomenos, de que a imprensa húngara se occupou, cujas narrativas foram reproduzi¬ das por diversos jornaes americanos do norte e australianos. Trata-se de um meni¬ no de 14 annos, Jojann Farkas, conhecido pelo nome = o menino diabolico de¬ vido á mediumnidade que possúe. Julgam- n'o um personagem sobrenatural. Onde elle se acha produzem-se incêndios myste- riosos, e diversos sábios, dentre estes, geologos vindos de longe, teem sido tes¬ temunhos de maravilhosos phenomenos. Elles têm se esforçado para descobrir ema¬ nações de gazes das casas onde está o menino, mas nenhum phenomeno se pro¬ duz na ausência do rapaz. Quando as ma¬ nifestações se verificam o rapaz é victima

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de uma terrível dor de cabeça. Posto sob a vigilância do controle, deu provas cabaes de suas aptidões».

Um dia soffria o menino terrivelmente, chegando a tomar uma cadeira para não cahir ; e de repente, chammas incendiaram o cortinado da cama e as cortinas da ja- nella. Guardanapos saltavam da messa no soio, e garrafas cahiam do buffet quebran¬ do-se.

Em outras occasiões, janellas e portas foram arrancadas quando Fatkas delias se approximava.

UM MEDIITM CLARIVIDENTE

O «City News», de Londres, com a rubrica de Sir Basil Thomson, noticia as¬ sim a mediumuidade de um moço austríaco:

«Quando eu era governador da Mormwood Scrubbs Prison, havia um pri¬ sioneiro que lia admiravelmente os pensa¬ mentos. Para fazer uma experiencia, prepa¬ rei quatro pedaços de papel onde eu havia escripto antes de collocar em enveloppes separados, textos em francez, em inglez.

em italiano e em lingua «fidjiana» de que me orgulho conhecer.

O capellão da prisão e eu fomos ao cubículo do tal homem, que foi convidado a lêr o conteúdo dos enveloppes.

Elle os tomou e os pôs um a um sobre sua fronte Eu não podia distinguir os conteúdos. Eile leu o francez e o inglez com facilidade, como si as palavras esti¬ vessem escriptas na parede ás suas vistas. Ao ler o italiano deteve se. Quanto ao «fidjiano», declarou: «Não distingo clara¬ mente as palavras, mais isto quer, mas ou menos dizer assim». Então soletrou o texto da lingua antiga, fidmente, com um erro, a substituição dum n nor um u. Para dizer a veidade, a minha escripta motivou a confusão destas duas letras.

Acolhemos nesta secção as noticias dos phenomenos que chegarem ao nosso conhecimento, sendo, porém, necessário que elles venham documentados, ou nos sejam os seus relatos enviados por pessoas de inteira confiança.

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Após tantos embaraços e difficulds- des, apparece, afinal, a nossa Revista que, obdecendo ás injimcções do Alto, nem cha¬ mar a attenção dos cultores do Espiritis¬ mo para uma série de phenomenos e de estudos indispensáveis á bôa orientação que todos devem tomar para o descorti- nio da Immortalidade.

Ao encarregado desta secção compe¬ te constatar o movimento espirita que che¬ gar ao seu conhecimento e muito grato fi¬ cará aos confrades do Brasil e do Extran- geiro que lhe transmittirem noticias de or- ganisações e fundações de sociedades e de outros factos que formem o conjuncto des¬ ta collaboração .

Congresso Internado*

na I «lo Espiritismo

Na reunião convocada pelo Comité Executivo e Comité Geral da «Federação Spirite International», com séde em Paris, grande numero de nações foram represen¬ tadas, dentre as quaes a Allemanha, a In¬ glaterra, a Bélgica, a Suissa, a França, a Hespanha, a Hollanda, a Republica Argen¬ tina, as Republicas da Guatemala. Cuba, Porto Rico, etc. Importantes decisões fo¬ ram tomadas, havendo-se determinado o dia õ de Setembro do corrente anuo, par? a abertura do Congresso Internacional.

C«»ntribiiiç»es «te iutensiíieaçao Espirita

Na Hespanha, tres immoveis foram postos á disposição dos espiritas Um em Alicante, offerecido pelo sr. Primitivo Fa¬ jardo ; outro em Sabadeli, ao Centro dos estudos PsychoDgicos ; o terceiro em Bar¬ celona, Instituto Balbé, aos cuidados de Mme. Maria Sabaté.

O Espirif ism<» na Italia

O movimento espirita na Italia se pro¬ paga com animação. Ao lado dos trabalha¬ dores de Génova, de Nápoles, fundam-se outros centros de estudos, assim como jornaes e revistas, tal como «Sinai», cujos esrriptorios se acham ioealisados em Tries-

te. «Luce e Ombra», de Roma, promette augmentai o numero de suas paginas e fa¬ zei sahir a sua re vista mensalmente com 48 paginas.

O Es|, iriíismo na DINAMARCA E NA SUÉCIA

A imprensa inteira da Suécia e da Di¬ namarca trata com particular interesse as questões metapsychicas, consideiadas sob o ponto de vista scientifico e religioso. Em Odense (Dinamarca) existe uma bôa socie¬ dade que funcciona num grande prédio proprio. Na cidade de Aarling, como a de Esberg existem muitos centros em activi- dade.

O Espirií ism«> nas Imitiu*

Ao contrario do que se affirma que a luz vem das índias, agora é que ella come¬ çou a fazer os seus proselytos, devido ao zelo propagandista do illustrado espirita sr. Rishi. Este distincto confrade recruta dia¬ riamente adherentes para Revelação nova, fazendo conferencias populares, nas quaes annuncia as consoladoras esperanças da Doutrina Kardecista.

- Uma nova revista psychica acaba de apparecer em idioma Indostanico, sendo editado em Natalm.

Uma associação fundada nesta ul¬ tima cidade, mantém activos corresponden¬ tes em Calcutá, Bombay, Mandelay, Ran- goon, etc.

Em Armam annuncia-se o appare- cimento de uma revista - « Viet Nam Thanh Nien Tap Chi » (ElanoT.)

A Divulgação Espirita «-ui Cuba

Em Cuba o Espiritismo triumphante venceu todos os obstáculos. Entre ou¬ tras publicações de valor se salienta o dia- rio espirita Hoy , cuja acção comba¬ tiva lhe permitte obter victoria sobre vicío- ria.

Existe na ilha mais de mil socie¬ dades espiritas, perfazendo um total de 70.000 membros.

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- Uma das mais recentes revistis, das que se publicam em Cuba, lembramo- nos da que tem por titulo Labor emns - (Trabalhemos) .

Segundo refere « Hoy », nenhuma pessoa se envergonha em declarar- se es¬ pirita

A AtheiiiiK «los IMiilosoftlio*

Em Athenas foi fundada a Sociedade HHIenica de Pesquizas Psychicas, cipos pri¬ meiros trabalhos versaram sobre a «Premo¬ nição e os Sonhos Premonitorios».

Movíiikiiío E.*>|ilrila na <àraii-ltretanlia

O movimento espirita na Gran- Bretanha é admiravel.

Grandes sociedades perseveram in¬ fatigavelmente nos mais variados trabalhos psyciiicos, e no estudo de todas as cate¬ gorias de phenomenos : a photographia es¬ pirita fornece constantemente provas irre- fragaveis da immortalidade, tendo por au¬ xiliares os mediums Hope, Buxton, Dea- ne e outros. O phenomeno de «Vozes Di¬ rectas» é demonstrado, não sómente a uma aggremiação privada, mas deante de '2Õ0 pessoas reunidas num «hall londonien». A litteratura se enriquece com obras novas, como a traducção de «Joanna D’Arc», de Léon Dénis, por Sir Conan Doyle, etc Ho- race Leaf publicou as Relações de viagem dos mediums inglezes. No Hyde Park, de Londres, os espiritas effectuam sessões de vidência.

Eis|iiri(i.«>iiio na America do Xorle

Na chronica espirita mundial de julho ultimo, assignala a adhesão da «National Independent Spiritualist Association », que ()ossúe na America um grande numero de templos, lyceus, escolas, prédios, círculos de estudos, de demonstração experimental, bi- bliothecas, etc., e constitúe actualmente a liga dos jovens espiritas, cujo numero vae crescendo todos os dias. No ultimo Con¬ gresso, a «National Association» resolveu filiar-se á «Federation Spiiite Internationa!», com séde em Paris, para cerrai fileiras com os seus irmãos do mundo inteiro, no Con¬ gresso Internacional, em preparativos.

A direcção do jornal « Scientific American» está fazendo sessões com uma pessoa de Boston, de quem a imprensa americana faz óptimas referencias de mé¬ dium nidade prodigiosa.

Foi fundado em New York o «Spiritual Science I n s ti t u te».

.Movimento E^jiirila France*

Tanto quanto nos outros paizes do mundo, o portentoso sol do Espiritismo se ergue illuminando os horizontes amplos que. sem a sua bemfaseja claridade, a hu¬ manidade não poderia conhecer.

«Federation Spirite International» trabalha activameníe, mantendo correspon¬ dência continua com as associações fede¬ radas.

A «Union Spirite Française» sys- tematisou os seus trabalhos, de modo a obter pleno successo, publicando o «Bul- letin» mensal sob a direcção do Snr. Jéan Meyer.

- Em Toulouse, Douai, Nunes, Dun- kerque, Bordeaux, Saint-Etienne, Mans, Al- ger, Rochefort, Lion, Roubaix, como em Paris, augmenta consideravelmente o mo¬ vimento de propaganda, são creados novos centros e apparecem novos jornaes. A im¬ prensa franceza aborda, com interesse, as questões espiritas, tornando assim, os seus leitores scientes dos factos que se apre¬ sentam, como testemunhos vivos da Vida Eterna.

KsiiiritiNino na Argentina

A « Cosiancia », excellente socieda¬ de, sob a direcção da Dr. Cosme Marino, e que conta 67 annos de existência, pro- segue com as suas conferencias elucidati¬ vas e doutrinarias. A revista semanal do mesmo nome publica interessantes artigos de fonte espirita.

Sessões experimentaes são realizadas mensalmente.

KM|)iriti.*«iiio ii4» Itrasil

Estamos certo que o Espiritismo fará renascer no nosso paiz, uma nova éra de paz e de progresso espirita, iniciando-se esta nova phase, para o povo brasileiro, no corrente anuo.

Por toda a parte se intensifica o mo¬ vimento de propaganda, erguem-se novas aggremiações e a imprensa vae tomando uma feição liberal, tal é a maneira suasiva porque o Espiritismo se vae impondo.

Aggremiações como a Federação Es¬ pirita Brasileira, a União Espirita Suburba¬ na, do Rio, trabalham incessantemente pela divulgação do Ideal. Jornaes e revistas, co-

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Revista internacional do Espiritismo

mo o Reformador, a Aurora, o Jornal Es¬ pirita, a Seara, o Clarim e outros tantos, levam por toda a parte a semente produc- tora da Religião Cluistã que, em seu ad¬ mirável complemento exalta a Caridade que aperfeiçoa e a que salva.

A seu turno, uma pleiade de denoda¬ dos propagandistas se encarregam da pa- vra oral, salientando a excelsa philosophia, cujos dictados coordenados por Allan Kar- dec, nada deixam a desejar aos que têm fome e sêde de justiça, e querem conhe¬ cer o porque da vida e a bússola que de¬ verá orientai-os para a posse dos seus des¬ tinos immortaes.

Pensar e Sentir

E' mais difficil fazer os homens pen¬ sar do que sentir; quando não puderdes attrail-os pelo raciocínio, tocai seus cora¬ ções pelo sentimento.

0 Juízo Preconcebido

Nós estamos tão longe de conhecer os agentes da natureza e seus diversos me¬ dos de acção, que seria pouco philosophi- co negar a existência dos phenomenos, uni¬ camente porque elles são inexplicáveis no estado actual dos nossos conhecimentos.

Laplance

AS ALMAS virtuosas

A alma virtuosa que tem a paixão do Bem e do Bello, do Grande e que tem a summa posse da harmonia, produzirá obras primas, capazes de impressionarem as mais remissas e commovel-as.

^.ossirki

Condemnação Insciente

Condemnar resolutamente uma cousa por falsa e impossível é se arrogar com a gloria de estar de posse das fronteiras e limites da vontade de Deus e do poder da nossa mãe natureza; e não ha signal de mais notável loucura no mundo do que os encarar na medida da nossa capacidade e sufficiencia.

MONTAIGNE

Os homens mais felizes

Felizes aquelles cujo preparo foi bem começado aqui em baixo, porque assim como elles têm sido auxiliados neste mundo por forças do outro lado, do mesmo modo serão mais promptamente ajudados, quando passarem a grande fronteira ; tornar-se-ão tão ageis como os «anjos», os mensageiros de Deus, no Mundo Espiritual, e deslisarão em radiosos caminhos.

Rev. A. F. Webling

O Espiritismo e a Sciencia

O Espiritismo é a sciencia das scien- cias, cujo estudo fornece conhecimentos, não sobre o homem espiritual, mas tam¬ bém sobre o homem corporeo ; e ensina¬ mentos de ordem moral e de ordem in- tellectual.

Dr. Pinheiro Giudes

U/A BELLO PENSAMENTO

O amor a Deus, o culto do bem e o habito do trabalho, faz a pessoa honesta e santa, compassiva e resignada, bôa e hu¬ milde; emquanto que a riqueza argentaria deixa muitas vezes, quasi sempre, fundos rastos sangrentcs de perversão e maldade nos seus favoritos.

Eça de Queii os

Os Verdadeiros Amigos

Os verdadeiros amigos estão presentes mesmo quando não os temos ao de nós; mesmo quando pobres, são ricos; mesmo quando fracos, gozam saúde; e o que é mais difficil de affirmar, mesmos mortos continham a viver.

CÍCERO

Um conselho do Além

Viajor em marcha pela Estrada do Infinito, que as tuas vistas se voltem sem¬ pre para frente e celere sejam os teus pas¬ sos para galgardes o cume da montanha, donde tudo te apparecerá sob um outro prisma, bem differente do que agora vês!

Procura a Estrada da Vida e não te detenhas paralysado com os accidentes da jornada; caminha sempre com passo firme, estudando as sinuosidades do terreno e com o espirito prompto para afrontar todos os revezes da viagem.

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Revista Internacional

do Espiritismo

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A Revista Internacional do Espiritismo está em corn- municação com as principaes revistas européas, em vista do que, além dos artigos de íundo dos seus collaborado¬ res, publica os relatos, dos jornaes de além mar, conta das conferencias, dos congressos, e na sua Chronica Ex- trangeira e E’cos e Noticias, deixa os leitores ao par de todos os factos e novidades Anímicas e Espiritas occor- ridas no mundo inteiro. A revista apparece regularmente a 15 de cada rnez, com 32 a 40 paginas de accordo com a matéria de urgência, utilidade e actualidade.

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