Skip to main content

Full text of "Resenha musical (Araraquara/São Paulo), n.19-27, 1940"

See other formats


^eéen^a ItluóícaL 

Diretor: Prof. CLOVIS DE OLIVEIRA Caixa Postal, 18 — ARARAQUARA 



Ano II 



ARARAQUARA, Março e Abril de 1940 



NS. 19 e 20 




I 



jAtonóo jAnníbal da ^f-onéeca 

Ilustre pianista brasileiro 



Pág. 2 



RESENHA musical 




“Resenha Musical” publicará no próximo número 
o 2.° Suplemento Musical 

“l.° Estudo Brasileiro” — Artur Pereira 
— para piano — inédito. 



Tamanho natural 

Frente: “Prêmio Ondina F. Bonora 
de Oliveira, 1938, Araraquara”; 



O premío em seu fino estojo. 

Verso: Conservatorio Dramatico e Musi- 
cal de Araraquara, Curso de Piano, 1C33. 



— PRÊMIO — 

"Ondina Faria Bonora de Oliveira" 



Em 17 de Abril último às 15 horas, na Secretaria do Conser- 
vatorio Dramático e Musical de Araraquara, efetuou-se a solenidade 
da entrega do Prêmio “ONDINA F. BONORA DE OLIVEIRA” 
— 1938 — a srta. Annita Castellan, diplomanda de 1939. O referido 
prêmio foi instituído pelo prof Clovis de Oliveira aos \alunos do 
Curso Normal de Piano do Conservatorio de Araraquara, hoje o mes- 
mo acha-se suspenso por determinação de seu doador. 



*—• •••: •• ' ■ >V ' ' 




RESENHA MUSICAL 



Pág. 3 



DISCURSO 



Publicamos na íntegra, o 
Discurso pronunciado em 
17 de Abril último pelo sr. 
Prof. Clovis de Oliveira, 
Diretor de “Resenha Mu- 
sical”, por ocasião da co- 
lação de Gráu dos Diplo- 
mandos de 1939, do Con- 
servatório Musical de Ara- 
raquara, representando o 
paraninfo, sr. Prof. Sa- 
muel Archanjo dos Santos, 
D.D. Membro do Conselho 
de Orientação Artística do 
Estado, que por motivos 
de força maior não poude 
comparecer. 

Surpreendido pelo encargo honro- 
so de representar nesta primorosa 
festa, o meu nobre e distinto amigo, 
sr. Prof. Samuel Archanjo dos San- 
tos, que os srs. Diplomandos, em fe- 
liz momento de reflexão, elegeram 
para o paraninfado deste áto solene, 
sinto-me envanecido pelo ensejo que 
se me apresenta para, mais uma vez, 
patentear a minha admiração por 
vós, srs. Diplomandos, e pelo vosso 
digno homenageado, membro emi- 
nente do Conselho de Orientação Ar- 
tística do Estado de São Paulo, per- 
sonagem de projetação notável e ro- 
busta influência no cenário artístico 
nacional. 

E é em nome do vosso egrégio Pa 
raninfo, e, no meu, que nêste ins- 
tante elevo, respeitosamente, meu 
pensamento a Deus, pedindo bênçãos 
e carismas a flux para vós que o 
dignificastes com um convite que 
mais parecia um artístico râmo das 
flores mimosas do vosso bondoso co- 
ração e o perfume dos bélos senti- 
mentos que o exornam em abundân- 
cia, trescalante de suaves olências e 
irizado na delicada policromia de péta- 
las assetinadas, do que um protocolar 
ofício. 

Êle vos agradece, enternecido, a 
vossa expressiva prova de amisade. 



* 

Vós, Diplomandos de 1939, mere- 
ceis os nossos louvores, pois fosteis 
felizes na escolha do vosso patrono, 
para este áto que simbolisa a conclu- 
são do vosso curso em o nosso Con- 
servatório. 

Fosteis felizes, porque o vosso Pa 
raninfo vos estima e é um bom na 
extensão da palavra. Exemplo vivo de 
lutador vigoroso e incançável, dota- 
do de raros dótes de coração pela na- 
tureza, êle vem vencendo, galharda- 
mente, a trilha longa de uma bri- 
lhante carreira artística que, inicia- 
da nos bancos escolares, se elevou 
à regência pedagógica das classes es- 
tudantinas, alteando-se, mais tarde 
à direção suprema de uma escola de 
música de administração complexa e 
difícil, como a do Conservatório de 
São Paulo, em cuja orientação impri- 
miu, com o melhor de suas energias, 
um cunho artístico e moral de notá- 
vel valôr que muito contribuiu para 
o renome daquele estabelecimento de 
ensino. Chamado pelo Govêmo do 
Estado, para prestar o seu impor- 
tânte concurso ao Conselho de Orien- 
tação Artística do Estado de São 
Paulo, tem desenvolvido vasta e pa- 
triótica ação em pról do elevamento 
do nível artístico do nosso Estado e 
quiçá do Brasil. 

Honesto sob todos os pontos de 
vista, não deixando-se levar nem pela 
inveja e nem pela ambição, êle é um 
paradigma à vossa futura carreira 
artística ou profissional. 

Com a sua presença esbélta, varo- 
nil, cativante; com o seu semblante 
expressivo, franco e risonho; com o 
seu olhar cintilante, perscrutador, 
onde a severidade e a bondade se 
manifestam prontamente; com a sua 
voz flexível, modulável à expressão 
dos afétos, suave ou vibrante, entu- 
siasta ou exaltada, qualidades essas 
aliadas a uma lúcida inteligência, 
tem sobrepujado todas as pelejas que 



Pág. 4 



RESENHA MUSICAI 



se lhe depararam em sua longa jor- 
nada. A sua vida tem sido de conten- 
das e de vitórias dignificantes. Mas, 
como já escreví algures, para um lu- 
tador honesto de vigôr e coragem não 
há intempérie que o afaste da luta. 
Não há barreira impediente ao seu 
progredir constante e firme. 

Eis, srs. Diplomandos, em poucas 
palavras, o perfil admirável, invejá- 
vel, do vosso preclaro Paraninfo. 

Tomai-o como vosso temoneiro pe 
lo roteiro das grandes aspirações ar- 
tísticas realizáveis, das sublimes 
virtudes e do acrizolado amôr à Pa- 
tria! 

* 

Diplomandos de 1939! 

O trabalho: só o trabalho honesto 
e fecundo, produtivo e santo, póde ele- 
var cada vez mais o nivel de nossa 
Patria. 

E à mocidade cabe a maior par- 
cela desse trabalho. Pelo trabalho 
vós vos tornareis dignos de vosso 
esforço. 

E, ao iniciar amanhan a vossa car- 
reira profissional, não deixeis de en- 
sinar pela música do vosso Pais, por- 
que só ela poderá dar ao carater em 
formação da nossa mocidade, o sen- 
timento de brasilidade de que ne- 
cessita. Deveis instruir pelas nossas 
melodias, pelos nossos ritmos, enal- 
tecendo os nomes ilustres da Histo- 
ria da Música Brasileira. 

Depois de vos dar êste conselho, 
inspirado no mais acendrado patrio- 
tismo, no mesmo patriotismo que le- 
vou-me, em 1938, a instituir como 
estímulo aos alunos do Conservató- 
rio — do Curso Normal de Piano — 
o prêmio “Ondina Faria Bonora de 
Oliveira”, medalha de Ouro, o qual, 
correspondente ao periodo letivo da- 
quele ano, foi entregue às 15 horas 
de hoje, a distinta diplomanda srta. 
Annita Castelan, — assentado sobre 
as côres verde e amarelo da nossa sa- 
grada bandeira, àquele humilde ou- 
ro, com seus reflexos, conclama que 
todos os nossos empreendimentos de- 
vem fundamentar-se no amor à Pa- 



tria, incentivo básico para a infinita 
grandeza do Brasil! — concito-vos, 
srs. diplomandos, a caminhar na vos- 
sa carreira com a mesma distinção e 
brilho com que findais, hoje, o curso 
do Conservatório. 

Ide: as alegrias de vossos lares, a 
bençam de vossos pais, o ósculo de 
vossos irmãos, aguardam-vos! 

* 

Não vão muitos dias, sua Excelên- 
cia o Ministro da Educação, sr. dr. 
Gustavo Capanema, pronunciou um 
discurso sobre o valor das artes como 
fator educativo e moralizador de um 
povo, e a necessidade que o Estado 
tem de ampará-las. 

Discurso que bem serviu de adver- 
tência a todas as autoridades do país 
que, nas rédeas do poder, ainda não 
tinham dado às artes o lugar que 
lhes competia na instrução e educa- 
ção do povo. 

E’ precisamente neste ponto, srs., 
que a minha alma sente-se feliz, sen- 
te-se, mesmo, empolgada, pela retili- 
nidade da ação governativa do nosso 
município, a cuja frente se encontra 
o espirito moço e culto do Sr. Dr. 
Camilo Gavião de Souza Neves. 

Srs., Henrique Cezar Muzzio, no- 
tável critico de arte que viveu nos 
fins do século XIX, no Rio de Ja- 
neiro, escreveu, um dia: 

“Não é preciso praticar as artes 
para conhecer a sua utilidade, para 
protege-las e honrá-las.” 

Senhores, essas palavras me vêm 
à memória providencialmente, neste 
momento. Oportunas, me vêm pre- 
cisamente na ocasião em que nós to- 
dos, aqui, presentes, presididos pelo 
nosso ilustríssimo Sr. Prefeito Muni- 
cipal, assistimos neste ambiente ma- 
gnificente de arte, a colação de gráu 
dos alunos do Conservatório Drama- 
tico e Musical de Araraquara, que 
concluiram o curso em 1939. 

Praticar as artes, Srs., não é pos- 
sível a todos. Para praticá-las, pre- 
cisa haver vocação, que de per si, é 
o gosto aliado à aptidão. Em cada 
(Cont. na pág. 25) 



RESENHA MUSICAI 



lȇg. 5 



Um Quarteto de Radamês 

Gnattali (*) 



Num dos últimos dias de Dezem- 
bro a Radio Nacional convidou-nos a 
ouvir, em seu estúdio, a primeira 
execução pública do Quarteto de cor- 
das de Radamés Gnattali. A obra é 
dedicada a Jorge de Lima e traz a data 
do ano de sua execução: 1939. Inter- 
pretaram-no, superiormente, Romeu 
Ghipsmann, Célio Nogueira, Edmun- 
do Blois e Iberê Gomes Grosso. 

Dado o prestigio que desfruta o 
jovem compositor, cuja obra se tem 
imposto pelas excelentes qualidades 
de fantasia, imaginação criadora e 
técnica realizadora que a distinguem, 
não julgamos desinteressante comu- 
nicar aos leitores de RESENHA MU- 
SICAL algumas impressões acerca 
desse acontecimento musical de pri- 
meira plana. 

Radamés Gnattali, rio grandense 
do sul, pertence à mais nova gera- 
ção de compositores brasileiros, pois 
está apenas entrado na casa dos 
trinta anos. Seu aparecimento, co- 
mo compositor, no Rio de Janeiro, 
deu-se em memorável Concerto Ofi- 
cial promovido pela Escola Nacional 
de Música, em. 1931, e dedicado, ex- 
clusivamente, a obras de vanguarda 
da jovem escola brasileira. Nesse 
concerto os números subscritos por 
Gnattali obtiveram a mais convin- 
cente consagração. Depois disso a 
sua produção se tem multiplicado, 
sendo um marco importante a Fan- 
tasia Brasileira, para piano e orques- 
tra, ouvida pela primeira vez em um 
dos concertos sinfônicos dirigidos 
por Villa Lobos. E’, pois, de um mú- 
sico que já conquistou as suas es- 
poras de cavaleiro, na crônica da ar- 



Prof. Luis Heitor Corrêa de Azevedo 
Rio, 7-II-1940 

te brasileiro, que nos vamos ocupar, 
comentando a sua derradeira obra: 
o Quarteto. Dele falaremos com o 
respeito que nos merece a sua indis- 
cutível autoridade. 

O Quarteto de Radamés Gnattali 
consta de quatro tempos sem ligação 
cíclica entre si. O tempo lento é o 
segundo. A ambiência é francamen- 
te não tonal; uma escala lidia (fá 
com si natural, no primeiro tempo; 
do com fá sustenido, no último) dá 
origem aos principais motivos meló- 
dicos. As harmonias são as mais 
avançadas e pitorescas. Entretanto, 
apesar dessa harmonização não con- 
formista e do emprego de um modo 
exótico, a música de Radamés Gnat- 
tali soa aos nossos ouvidos despida 
de toda agressividade, saborosa, ma- 
cia, se assim nos podemos exprimir. 
E’ este o segredo dos verdadeiros 
mestres e o fruto de uma técnica 
aprofundada e autêntica; enquanto 
certas páginas musicais, com algu- 
mas sétimas desastradas ou uma in- 
significante sequência de segundas, 
apresentam-se cheias de espinhos, es- 
candalizando os ouvidos mais timora- 
tos, outras, dominadas pelo tino su- 
til do verdadeiro talento criador, fa- 
zem passar despercebidas todas as 
ousadias contidas em sua elaboração. 
A música de Radamés Gnatalli — a 
experiência o tem provado — está 
fadada a um sucesso direto e imedia- 
to, entre o grande público. Mas esse 
sucesso o autor não o procura alcan- 
çar simplificando a sua dialética e ba- 
rateando o seu espírito. Ele tem rai- 
zes na própria natureza dessa obras 
tão expontâneas, valorizadas por um 



* Por absoluta falta de espaço deixou de ser publicada no numero anterior. 



m 



Pág. 6 



RESENHA MUSICAI 







métier de artista tão acabado e tão < 
brilhante, como é o de Radamés. . 

Inicia-se o Quarteto com um dese- 
nho rítmico excelentemente achado, 
sobre o qual o violoncelo entoa o pri- 
meira tema, largo, muito cantante: 

Exposto esse tema, que aindo pas- 
sa pelos violinos, cabe mais uma vez 
ao violoncelo apresentar outro tema, 
o segundo do tempo inicial, cujo con- 
torno franco, quasi ingênuo, lembra 
uma canção de roda brasileira. Den- 
tro do melhor espírito de fórma, os 
dois elementos temáticos, uma vez 
introduzidos, são postos em conflito, 
fracionados, modificados, às vezes 
jungidos um ao outro, em habilíssimo 
contraponto. 

Em limites amplos, sem nenhum 
ranço de escola, Radamés Gnatalli 



soube dar aos tempos do seu Quar- 
teto sólida estrutura formal, consta- 
tando-se, além da exposição, uma ela- 
boração temática e uma reexposição, 
em cada um dos tempos rápidos do 
mesmo. 

O desenho rítmico que, em pp, no 
I violino, inicia o segundo tempo, per- 
correndo-o todo, com uma insistên- 
cia raveliana, ora num, ora outro ins- 
trumento, lembra um longuinquo e 
impreciso bater de tambores negros, 
em meio ao qual se destaca a frase 
deliciosa do canto, envolta num jogo 
de sonoridades que hão pode deixar 
de lembrar-nos certas obras da es- 
cola francesa do século XX. 

0 terceiro tempo é, francamente, 
um Scherzo, com a sua frase de in- 
trodução ao geito de certas marchi- 
nhas cariocas de carnaval a que a vio- 




la e o violoncelo respondem com um ritmo que não admite equívocos: 



* M . 



0 









r4- 


r::f- i* I 






t — 








^ tf 








• 








É nesse tempo, no entanto, que o 
Quarteto de Radamés Gnatalli, vai 
encontrar os seus acentos mais ses- 
trosbs, vasados num melodismo ter- 
no, um pouco rebuscado, bem brasi- 
leiro, diriamos melhor, bem carioca. 

No último tempo o tema principal 
apresenta uma particularidade que 
serve para mostrar com que subtileza 
o compositor sabe comunicar à sua 



obra o carater nacional. Já o empre- 
go de melodias em modo lídio era um 
índice desses processos, pois é sabi- 
do que essa feição modal é muito fre- 
quente em certos cantos do Norte. 
No tema em questão temos uma sin- 
gularidade çítmica que também é co- 
mum no populário brasileiro : o acres- 
cimo de meio tempo, determinando o 
(Conclui, na pág. 8) 




I 







j' 



- 






RESENHA MUSICAL 



Pág. 7 



-Chopin - As “Bailadas” 



I 

RESENHA MUSICAL tem o pra- 
zer de publicar um belo artigo, em 
forma de conferência, inédito, da au- 
toria do ilustre pianista brasileiro, 
dr. Annibal da Fonseca. 

Minhas Senhoras, meus Senhores. 

Honrados com o convite para vos 
falar sobre as “Baladas” de Chopin, 
a principio achamos que devíamos re- 
cusar. 

Não que nos fosse desagradavel a 
incumbência; longe disso; a honra e 
o prazer que dai nos vinham eram 
grandes e ademais sentiamo-nos li- 
sonjeados. 

A tarefa estava porém acima de 
nossas forças. Não somos literato; 
tampouco orador e mesmo que o fos- 
semos escasseava o tempo para co- 
ordenar as idéas sobre assunto, por 
tantos motivos, vasto e complexo. 

Depois hesitamos. A tentação era 
grande pois para o pianista nada há 
de mais sedutor que entreter-se a fa- 
lar de Chopin a um auditorio culto 
como o que se nos depara e iniciado 
nas maravilhas da pianistica chopi- 
niana. 

Acabamos cedendo. 

Daremos uma vista d’olhos retros- 
pectiva sobre alguns momentos da 
vida do Mestre que ilustram mais 
que qualquer comentário e ajudam 
a penetrar suas intenções facilitando 
assim a tarefa dos que se abalançam 
a interpretar as suas obras. 

Serão umas sumárias notas biográ- 
ficas mas uteis contudo. E ainda que 
fosse de nenhuma utilidade é tão 
bom falar de Chopin! Chopin é uma 
creatura privilegiada, que se faz 
amar por todos os que lhe admiram 
o genio. Em se tratando dele não é 
possível limitar-se alguém à essa sê- 



Dr. Alonso Annibal da Fonseca 

ca admiração que qualquer celebri- 
dade pode inspirar. 

Quem lhe admira as obras dedica- 
lhe profunda afeição e toma-se do 
desejo de perscrutar-lhe a vida, sa- 
ber o que lhe aconteceu, chorar com 
seus infortúnios, regozijar-se com 
suas alegrias. E isto observa-se não 
só entre os profanos. Liszt, ele mes- 
mo, escreve sobre Chopin um livro 
onde se colhe mais de uma informa- 
ção interessante, mais de uma ob- 
servação preciosa. Desculpai-nos pois 
se nos atardamos em sua biographia. 

Diremos após, numa segunda par- 
te, o que concerne às Baladas, princi- 
pal objetivo deste saráu. 

Sobre as “Baladas” em geral e o 
que compete a cada uma em parti- 
cular e isso mesmo tanto quanto se- 
ja util à sua compreensão e possa 
facilitar a execução da obra por ex- 
celencia de Chopin. 

Em 1794, um francês, vindo de 
Nancy para colaborar na direção de 
uma industria na Polonia, achava-se 
estabelecido em Varsóvia; mais do 
que isso: de tal maneira identificara- 
se com a vida dos nacionais, que se ha- 
via alistado nas hostes de Kosciuzko, 
que pretendia resistir ao jugo da Rús- 
sia que já uma vez desmembrara o 
país sob Catarina II. Esse francês cha- 
mava-se Nicolas Chopin e nesse ano 
de 1794 foi promovido a capitão, esca- 
pando milagrosamente ao assalto de 
Praga, suburbio de Varsóvia tomado 
por Souvaroff. Daí passou êle a pro- 
fessor de francês da família Laczins- 
ki, onde conheceu, entre outras, Justi- 
ne Krzyzanowska, filha de um fidalgo 
arruinado e Maria Walewski, depois 
tão célebre como Condessa Skerbek. 
Uma legitima inclinação por Justine 
teve por epilogo seu casamento com 
ela em 1806. Sua esposa deu-lhe desde 
logo duas filhas e em l.° de Março de 
1809, segundo uns, a 22 de Fevereiro 



Pág. 8 



RESENHA MUSICAI. 



de 1810, segundo outros, deu-lhe um 
filho. Cham$>u-se Fréderic François 
Chopin. 

A familia vivia então em Zelazo- 
wa-Wola, em terras do Conde Skar- 
bek, discipulo de Nicolas Chopin. Daí 
passou de novo para Varsóvia, onde 
Nicolas Chopin devia lecionar fran- 
cês no novo Liceu da Capital e 
pouco depois também na “Escola de 
Artilharia e Engenharia”. O nosso 
Chopin deixou pois seu berço natal 
muito cêdo ; aos 19 mêses. 

Desde tenra idade manifestou o 
pequeno dotes excepcionais para a 
Música, dotes esses que um meio pro- 
pício poude desenvolver com felicida- 
de. A familia Chopin recebia o que 
havia de fino e intelectual em Var- 
sóvia. Aos 8 anos o pequeno tocou 
em público de modo a fazer lembrar 
a precocidade de Mozart. Aos 10. 
compôz uma marcha dedicada ao 
Grão Duque Constantino, irmão do 
Imperador e governador de Varsóvia. 
Este a fazia executar pela sua ban- 
da de música. Os sucessos crescentes 
de Chopin decidiram seus pais a des- 
tinarem-no à carreira artística. De- 
ram-lhe como professor de Música e 
piano Zywny, um violinista aliás, 
apaixonado por Jean Sébastian Bach. 
Mais tarde passou Chopin a receber 
os ensinamentos de Joseph Elsner 
para a composição. Ambos os profes- 
sores reconhecendo as aptidões na- 



turais do aluno, deixaram-lhe uma re- 
lativa liberdade de procéssos e sou- 
beram não comprimir nem estiolar 
em seu talento, muito embóra ape- 
nas em gerrnen. 

Chopin, afóra as horas de estudo 
era sempre folgazão; e muito dado, 
logo formou um grupo de amigos no 
colégio com os quais praticava toda 
a espécie de diabruras. Entre esses 
amigos de infância contavam-se os 
tres filhos e a filha do Conde Wqd- 
zinski, Titus Voyciechowski, Celins- 
ki e outros. Assim passaram-se os 
primeiros anos da infância e da ado- 
lescência até que aos 18 anos, o de- 
sejo de viajar apossou-se de Chopin. 
Um amigo da familia, o Prof. Yorac- 
ki, provavelmente um grande natu- 
ralista polonês, devendo ir a Berlim 
para um Congresso de Historia Na- 
tural, ofereceu-se para o levar con- 
sigo, prometendo aos pais todos os 
cuidados com a saúde do pequeno, 
já então delicada. Seu sonho dourado 
ia ser pois realizado e assim partiu 
êle a 9 de Setembro de 1828 para sua 
primeira viagem. Destinava-se à Ale- 
manha, onde contava passar os dias 
nas salas de concerto. Mas que decep- 
ção! Em vez dos concertos, o Prof. 
Yoracki o arrastava aos debates do 
Congresso e dos Museus passava aos 
cenáculos científicos. Em vez de co- 
nhecer Meyerbeer, era apresentado 
(Continua na pagina 10). 



Um Quarteto de Radamês Gnattali 

(Continuação da pagina 6). 




alongamento do segundo compasso, 
que de 2/4 passa a 5/8: 

Essa intromissão de compassos 
quinários, no último tempo, oferece 
ao compositor ensejo para algumas 
saborosas combinações rítmicas, co- 
mo, por exemplo, quando o I violino 
executa o tema em 5/8 sobre um 



acompanhamento dos demais instru- 
mentos, em divisão binária inalterá- 
vel. O último tempo é longo, traçado 
com pujante imaginação e termina 
coroando brilhantemente a obra no- 
tável do jovem compositor que tanto 
tem ilustrado a produção musical 
brasileira de nossos dias. 



RESENHA MUSICAL 



Pág. 9 



Edições Musicais 

3 



EL METRONOMO — Ro- 
dolfo Barbacci — Buenos 
Aires, Argentina: 

Para os que conhecem a obra de 
Alvin et Prieur “Métronomie expe- 
rimental”, acharão forçosamente o 
livro acima, de Rodolfo Barbacci, um 
trabalho indispensável á bibliografia 
dos assuntos musicais. 

O primeiro capitulo “Parte histó- 
rica”, é iniciado com um princípio 
fundamental: “As belezas de uma 
obra musical se transformam profun- 
damente si se altera o movimento ou 
velocidade.” Compreende-se perfei- 
tamente a necessidade que os anti- 
gos sentiram de possuir um instru- 
mento que determinasse a exatidão 
rítmica. 

Seguindo a róta histórica, estuda 
desde os primeiros rudimentares 
aparelhos “cronometro”, “ékome- 
tron ”,“ ry thmomêtre ”, “ cronometre 

musical”, e outros, analisando as in- 
vestigações e descobertas de Mer- 
senne, Esteban, Loulié, Saveur, D’ 
Ons-en-Bray, Tongeau de Moralec, 
Pelletier, F. Thiemé, Despreaux, 
Venk, Weber, Winkel, Stockel até 
João Nepomuceno Maelzel, autor do 
metronomo aprovado em 1816, de to- 
dos os congeneres o mais difundido. 

Investiga a seguir o metronomo 
atual e a sua parte técnica; constru- 
ção e uso pratico e, também, os me- 
tronomos posteriores ao de Maelzel. 
Consagra um capitulo aos “errores y 
anomalias en las indicaciones metro- 
nomicas”. Assunto assás curioso e 
importante, repetindo uma interes- 
sante passagem do grande Beetho- 
ven, narrada pelo biografo Schind- 
ler: “Afóra o metronomo!, o que es- 



Profra. Ondina F. Bonora de Oliveira 



tá dotado de sentimento não o ne- 
cessita, e o que o carece, nenhum 
proveito tirará desse traste, que des- 
concertará toda a orquestra”. Re- 
pulsa ocassionada pelo nervosismo 
momentâneo, segundo o seu biogra- 
fo, tornando-se, logo, essa repulsa 
em admiração. Depois admirador de 
Maelzel, aconselhava particularmen- 
te o uso do metronomo desse in- 
ventor. 

Expõe aos leitores vários meios de 
suprir a falta do metronomo, finali- 
zando com os “índices Acústicos” e 
no mencionado capitulo, estuda dife- 
rentes sistemas de enumerar sons 
musicais utilizando uma nomencla- 
tura bastante complexa. 

Aconselha a universalização das 
indicações metronomicas ou musi- 
cais homogéneas. 

“Uma obra de arte vista através 
uma lente defeituosa, escreveu Lus- 
sy, póde parecer uma caricatura, 
uma monstruosidade”. 

Musicalmente falando, o ritmo é a 
lente que nos revela a obra de arte. 

“LA NERVIOSIDAD DE 
LOS MÚSICOS — Rodolfo 
Barbacci — Lima, Perú. 

O autor explana neste trabalho 
suas observações sobre a nervosida- 
de dos músicos, com muita inteli- 
gência, resolvendo verdadeiros pro- 
blemas psico-fisiologicos, com rara 
competência e sólida cultura literá- 
ria e técnica. 

O sr. Rodolfo Barbacci é musicis- 
ta de grande nomeada, concertista de 
harpa e piano, sendo na America do 
Sul, lídimo representante da gloriosa 
escola musical italiana. 



Pag. 10 



RESENHA MUSICAL 



CHOPIN — AS “ BALLADAS” 

(Conti n uação da pagina 8) 

a Humboldt e em lugar de ouvir os 
Huguenotes ia vêr os dinosauros. 

Após o encerramento dos trabalhos 
do tal Congresso voltou à casa, porém 
o gosto pelas viagens estava nele 
despertado. No ano seguinte, em 1829, 
parte Chopin para Viena. Em 11 de 
Agosto dá nessa capital seu primei- 
ro concerto, tocando suas “Variações 
sôbre um têma de D. João de Mozart” 
e em um segundo concerto toca sua 
peça “Krakowiak” para piano e or- 
questra e repete as “Variações”. 
Grande sucesso. Além disso, nos sa- 
lões do Príncipe Lichnowski, tocou 
para este ouvir, a Sonata de Beetho- 
ven op. 90, ao Príncipe, dedicado pelo 
autor. 

Após enfim uma série de triunfos, 
passando por Praga e Dresde, voltou 
Chopin a Varsóvia porém com a fir- 
me intenção de não mais aí ficar. 
Apenas não havia ainda fixado defi- 
nitivamente seu itinerário e muito 
menos ainda a data da partida. Quan- 
to ao itinerário não sabemos ao cer- 
to o que o fazia vacilar. Sôbre a da- 
ta, porém, não restava dúvida quan- 
to aos motivos de sua indecisão. 
Eram os belos olhos de Constance 
Gladkowskaia, bela moça e aluna do 
Conservatório de Varsóvia e dotada 
além do mais de belíssima vóz. 

Pela primeira vez sentia-se Cho- 
pin seduzido pelos encantos da mu- 
lher. Enquanto tinha esperanças de 
a encontrar nos diversos salões on- 
de se fazia música, Chopin adiava 
sempre sua partida e assim foi até 
o dia em que solicitado pela gloria 
que o chamava mais fortemente, de- 
cidiu-se enfim a partir. 

Vemo-lo em Breslau a 1 de No- 
vembro de 1830. Pleno romantismo! 

Em 12 do mesmo mês já estava 
em Dresde e a 30 em Praga. 

Daí vai pela segunda vez a Viena, 
onde porém, já não encontra os mes- 
mos encantos que tanto o prenderam 
no ano anterior. Decidiu-se então a 
partir para Paris, também “de pas- 



sagem” como dizia seu passaporte. 
Devia apenas fazer antes uma ligei- 
ra parada em Munich e outra em 
Stuttgart.Em 20 de Julho de 1831 
tomou pois a diligência em Viena. 
Em Stuttgart, em 8 de Setembro 
surpreendeu-o a notícia da quéda de 
Varsóvia, tomada pelos russos. 

Quer a tradição que nesse momen- 
to, tomado do mais nobre sentimen- 
to de desespero pela Pátria infeliz, 
compuzesse seu célebre estudo op. 10 
n.° 12 chamado revolucionário. 

Nada ha de inverosimel, pois no 
momento estava compondo, segundo 
se diz, exatamente sua primeira sé- 
rie dos estudos, isto é, a que traz 
a indicação op. 10 da qual, esse, da 
revolução é justamente a chave de 
ouro. Aliás não só toda essa primeira 
série dos estudos mas parece que par- 
te da segunda também estava pron- 
ta quando chegou a Paris. 

Não obstante, mesmo a primeira 
só foi publicada dois anos após, em 
Paris, 1833 e dedicada a Franz Liszt. 
Posteriormente publicou segunda sé- 
rie, op. 25 e a dedicou á Condessa 
D’Agoult. 

Os primeiros tempos em Paris fo- 
ram difíceis para Chopin. Ainda 
completamente des conhecido na 
grande cidade, custou para se fazer 
introduzir nos meios artísticos e já 
se achava desanimado e pronto para 
voltar à Polonia, quando o acaso o 
fez encontrar o Príncipe Radziwill 
seu velho amigo, em cuja casa em 
Posen estivéra e onde se encontrava 
tudo quanto havia de fino e aristo- 
crático. Há mesmo do grande' pintor 
Siemiradzki um belíssimo quadro in- 
titulado “Chopin em casa do Prín- 
cipe Radziwill”. 

É então por esse seu amigo levado 
à casa do Barão de Rothschild onde 
faz imediatamente grande número 
de admiradores e recebe bélas e múl- 
tiplas propostas de lições. Ei-lo en- 
fim lançado em Paris. É curioso 
constatar que 50 anos mais tarde uma 
aventura mais ou menos idêntica 
(Continua na pagina 14). 









RESENHA MUSICAL 



Pág. 11 



Os bons discos de Chopin 



(Continuação) 

Citaremos ainda um disco de Wi- 
lhelm Backhaus, o H. M. V. n.c 
DB2059, onde se encontra gravada 
sua interpretação do l.° Estudo em 
“ut” maior; assim como os dois dis- 
cos do bem jovem pianista húngaro, 
já um mestre, Eduardo Kilenyi, os Pa- 
thé ns. P. g. 93 (ord. 25) et PAT 105 
(ord. 30), que trazem as op. 10 ns. 1, 
2, 4, 7, 9 e 11, e as op. 25 ns. 2 e 4. To- 
davia, Kilenyi é melhor em Liszt, e 
estes discos testemunham uma certa 
fraqueza fisica, devida sem duvida á 
duração do assento de tomada de 
sons. 

Nota: Ouve-se frequentemente 
gravados pelos amadores certos ar- 
ranjos para canto, de estudos de 
Chopin, entre outros os do Estudo 
“Tristesse” ou “Intimité”, ou ainda 
“Gvief”, como o podemos baptizar. 
A maior parte desses arranjos não 
valem grande coisa, e um só é digno 
de atenção: falamos do Columbia n.° 
4423 (ord. 25 cm.) onde este estudo 
adquire grande expressão pelas be- 
las vozes russas dos “Choçurs Mix- 
tes de la Chauve-Souris”. 

O primeiro disco trazendo u’a Ma- 
nosso conhecimento bôas edições 
destacadas. 

AS MAZURCAS 

O primeiro disco trazendo u’a Ma- 
zurca de Chopin é o H.M.V. DB 
2.788 que traz a Op. 50, n.° 3 
em “ut” sustenido menor (ex. 30). 
De todas as obras do mestre, é aque- 
la que revela melhor seu culto pelo 
grande Bach: escutamos o “Canon 
à l’octave” e logo ao principio, ad- 
miramos a gravidade do texto e lo- 
go deste teremos uma idéia. Horo- 
witz nos dá dele uma interpretação 
que nada deixa a desejar. 

Um outro artista russo Wladimir 



PIERRE WINANDY 

Tradução do 

Prof. Luiz Carvalhosa Garcia 

Pachmann, falecido há pouco em 
avançada idade, foi por muito tempo 
considerado o melhor intérprete do 
Polonês. Ele nos deixou, entretanto, 
poucos testemunhos do seu talento 
em discos: citaremos dele apenas as 
duas mazurcas: em “ut” sustenido 
menor op. 63, n.° 3 (uma das mais 
conhecidas) e a em lá menor op. 67, 
n.° 4 (H.M.V.) n.° DB1.106. Os ou- 
tros discos que se recomendam para 
as mazurcas são todos da marca 

H. M.V. Estes discos são o D.B. 1.462, 
que traz a mazurca em “ut” menor 
op. 56, n.° 3, agradavelmente exe^ 
cutada por Artur Rubinstein; o D.B. 

I. 763, da em “ut” sustenido menor, 
op. 63, n.° 3, por Paderewski ; o D. A. 
1.353 (lx. 25) da em mi menor, op. 
41, n.° 2, com Horowitz as cravo; os 
D. A. 982 e 1.305 (lr. 25) da em fá 
menor, op. 7, n.° 3 e em “ut” suste- 
nido menor, pelo mesmo; D.B. 2.149, 
da em si maior, op. 63, n.° 1 e em 
ré maior, op. 33, n.° 2, executadas 
por Rubinstein sobre uma só face 
(no verso: vêr Bercense). 

OS NOTURNOS 

O famoso noturno em mi bemol 
maior, op. 9, n. 2, obrigatorio aos 
pianistas que saem dos princípios é 
para se recomendar aos amadores si 
fôr executado por Paderewski (H.M. 
V. D.B. 1.763, lx. 30). O disco de Al- 
fredo Cortot (H.M.V. D.13 1.321 lx. 
30) não vale nada. Para o noturno 
em fá sustenido maior, op. 15, n.° 2, 
optamos igualmente pela interpreta- 
ção de Paderewski (H.M.V. D.B. 
1.167 lx. 30) ; a mesma obra é igual- 
mente bem executada, sobra um dis- 
co H.M.V. bem antigo (ele data de 
1926 ou 1927) pelo ilustre pianisto 
belga M. Arthur de Greeff (D. 1.379 
lx. 30), porém a gravação não é sa- 



Pág. 12 RESENHA MUSICAL 



tisfatória. Polydor, igualmente, o 
gravou com o concurso de Leónidas 
Kreutzer e este disco é bom (n.° 
95.305 lx. 30). Os dois magníficos 
noturnos: op. 27, n.° 2 em ré bemol 
maior, e op. 62, n.° 1, são executados 
sobre um ótimo disco de Raoul von 
Koczalski (Polydor 95.172, lx. 30). 
Enfim, não deixemos passar em si- 
lencio uma outra gravação do op. 15, 
n.° 2, do qual fazemos questão: o 
H.M.V. n.° D1.721 (lx. 30) do polo- 
nês Mischa Leviztki: este disco data 
de alguns anos, porém sempre é ex- 
celente. 

Deixemos todos os outros. Qual- 
quer dos discos Columbia, de Leopol- 
do Godowski, um pianista russo na- 
turalisado americano, não têm gran- 
de valôr artístico. Este executante 
é mais uma virtuose do que um mú- 
sico. 

AS “POLONAISES” 

Qualquer disco destacado não va- 
le a gravação integral de Arthur Ru- 
binstein. Citemos todavia o H.M.V. 
D.B. 2.014 (lx. 30), que traz a op. 
53 em lá (“Polonaise” n.° 8) exe- 
cutada por Cortot e o Columbia n.° 
D. 13.104 (lx. 25) que nos restitui a 
intepretação Marcei Ciampi da op. 
26, n.°2, em mi bemol maior (“Polo- 
naise” n.° 2). Notemos de passagem 
que o número oficial da “Polonaise” 
op. 53 é “8”, mas que certos catálo- 
gos de discos a mencionam sob n.° 
6. Isto é devido ao motivo, já invo- 
cado, que a verdadeira primeira “Po- 
lonaise” (“ut” maior, op. 3), é mui- 
to desconhecida, e que a verdadeira 
segunda “Polonaise”, que é a gran- 
de “Polonaise” op. 22, com “Andan- 
te Spianato”, é repertoriada á par- 
te, sem número. De fato, aquelas que 
foram continuadas, por exemplo, no 
repertório inglês H.M.V., ou no Co- 
lumbia, sob os n.os 1 a 7, levam nas 
partituras pianisticas: as 6 primei- 
ras. os n.os 3 a 8, e a última, o título : 
“ Polonaise-Fantasie ” . 

Da Grande “Polonaise” op. 22, ci- 
taremos o “Ultrafone” n.° F.P. 1.372 
(mi-lx. 30) de Cario Zecchi. O pri- 



meiro dos pianistas italianos contem- 
porâneos a interpreta de admirável 
maneira, mas omite o “Andata Spia- 
nata”. 

OS PRELÚDIOS 

Para os prelúdios, qualquer edição 
destacada não vale mais que a edi- 
ção integral de Cortot nem mesmo 
as de Lostat, com uma execepção: 
Wilhelm Bakhaus nos dá uma belís- 
sima execução do Prelúdio em “ut” 
maior, op. 28, n.° 1 (H.M.V. D.B. 
2.059). 

OS SCHERZOS 

Estas obras tão possantes e tão pa- 
téticas, executadas em muitos dis- 
cos de grande beleza, outra edição 
integral de Rubinstein. Para o pri- 
meiro Scherzo, em si menor op. 20, 
procurar o disco H.M.V. n.° B8.014 
(ovd. 25) de M. Niedzielski. Para o 
segundo, op. 31, em si bemol menor, 
o mais célebre dos quatro, ter-se-á 
à escolha entre: o Columbia da pia- 
nista inglesa Irene Sharrer, execução 
ao mesmo tempo robusta e sensível 
(D.X. 433 ovd. 30) ; e o Columbia 
n.° D. 15. 225 (lx. 30) do artista fran- 
cês Marcei Ciampi (de 1930), velho, 
mas de uma vivacidade admirável 
e de uma execelente gravação. 

O terceiro, em do sustenido menor, 
op. 39, foi muito bem gravado, há al- 
guns anos, por Mischa Levitzki (H. 
M.V. D. 1.814 lx. 30). Mas este dis- 
co, depois foi suplantado, em quali- 
dade, e deste Scherzo, prefiro a gra- 
vação Pathé n.° 98.071 (ovd. 30), de 
Jacques Dupont. Este vale tanto co- 
mo a de Rubinstein. 

Quanto ao quarto “Scherzo”, o 
mais bonito, dele existe um disco ad- 
mirável, bem recente, o H.M.V. n.° 
D.B. 3.397 (lx. 30) de Wladimir Ho- 
rowitz. Este artista russo é decidi- 
damente o deus dos pianistas. Seu 
disco supera sem contestação possi- 
vel o de Rubinstein. Mas a peça é 
curta de fôlego, e é uma daquelas 
das quais a composição, no dizer do 
mesmo Chopin, o fez transpirar. 

(Continua na pagina 22). 



RESENHA MUSICAL 



Pág. 13 



Do sr. Benedito Valladares 
Ribeiro, D. D. Governador do 
Estado de Minas Gerais, re- 
cebeu o Diretor de RESENHA 
MUSICAL, o seguinte cartão: 

“AO PREZADO AMIGO PROF. CLOVIS DE OLIVEIRA, 
BENEDICTO VALLADARES RIBEIRO CUMPRIMENTA E 
AGRADECE A GENTILEZA DA REMESSA DE TRES EXEMPLA- 
RES DA REVISTA “RESENHA MUSICAL”, QUE SE PUBLICA 
NESSA CIDADE, SOB SUA ILUSTRE DIREÇÃO.” 

Belo Horizonte, 27/3/940. 



“PELA SUA VARIADA E ESCOLHIDA COLABORAÇAO, 
“RESENHA MUSICAL” — É UMA REVISTA DE INDIPENSA- 
VEL UTILIDADE AOS QUE SE DEDICAM AOS ASSUNTOS MU- 
SICAIS, APRESENTADA EM BRILHANTE ASPÉTO MATERIAL, 
REVELANDO A INTELIGÊNCIA E A CULTURA DO SEU ILUS- 
TRADO DIRETOR.” 

Dr. CAMILO GAVIAO DE 

SOUZA NEVES, D. D. Pre- 
feito Municipal de Araraquara 
20/4/40 




Pág. 14 



RESENHA MUSICAI 



CHOPIN — AS “BALLADAS” 

(Continuação da pagina 10). 
tornava conhecido e consagrado o 
seu maior intérprete. 

Com efeito em 1882, a Princesa 
Bibesco apresentava ao “tout Paris” 
em seus salões Ignace Jan Paderews- 
ki o maior pianista depois de Liszt 
e que é ao mesmo título que Chopin 
um grande patriota e foi o ele- 
mento decisivo para a libertação e 
resurreição do País que lhes deu o 
berço e que ambos extremeceram. 
Paderewski, como Chopin, já se sen* 
tia desanimado, devido sobretudo aos 
prognósticos que lhe havia feito um 
grande pianista da época para quem, 
foi tocar e com quem pretendia 
aconselhar-se. 

Este lhe disse: “Você nunca será 
pianista; não tem bôas mãos, falta- 
lhe agilidade e seu toque além de ás- 
pero, carece de colorido!” Imaginai 
por um instante a desilusão produzi- 
da! Leschetitzky, porém, deu-lhe 
tudo isso em dois anos e tornou-o 
o mais célebre de todos os pianistas 
do mundo e o mais ilustre intérpre- 
te de Chopin. 

Mas voltemos a Chopin em 1831. 
Dessa data em diante, a situação de 
Chopin estava feita e brilhantissi- 
mamente. Ainda uma aventura amo- 
rosa ; a segunda que se conhece : Ma- 
ria Wodzinski a quem Cortot cha- 
ma a “noiva de um dia”. O que é 
certo é que se conheciam desde a in- 
fância. Em 1835, encontraram-se em 
Marienbad onde Chopin a via dia- 
riamente e com ela tocava a quatro 
mãos. No ano seguinte, viram-se de 
novo e em Dresde retomavam o ro- 
mance no ponto em que o haviam 
deixado e, segundo parece, o nosso 
artista a pedira então em casamento. 
Ela aceitou. No dia seguinte, de- 
viam, porém, se separar, partindo 
ele de Dresde de regresso a Paris e 
ela dirigindo-se a Varsóvia. Como ex- 
pressão dos sentimentos que o as- 
saltaram nesse momento, veio-lhe 
um tema que ele imediatamente es- 
creveu e lhe dedicou com estas sim- 



ples palavras: “Pour Mlle . Marie, 
Dresde, 1835”. Ela intitulou o poe- 
meto “Valse de l’adieu” e ofereceu- 
lhe uma rosa. Mas... “la donna é 
mobile” e ela mudou de idéia. Diz 
Michel Délines em seu trabalho so- 
bre Chopin: “Certamente ela acabou 
compartilhando da opinião do pai qué 
não achava Chopin, ainda que céle- 
bre, um bom partido para sua filha, 
joven aristócrata. Maria contudo 
prometeu a Chopin uma lembrança 
eterna em seu coração e provou-lhe 
isso casando-se seis mêses depois 
com o Conde de Skarbek.” 

0 coração de Chopin nunca se res- 
tabeleceu desse golpe e à aquela rosa 
que nesse dia ela lhe deu nunca mais 
se separou e murcha, seca, atada 
com uma fita de seda com as pala- 
vras “ a dôr de minha vida” foi ela 
encontrada pelos seus amigos por 
ocasião dê sua morte. Noivos, real- 
mente só se viram aquele dia. Isso 
explica o apelido dado por Çortot. 

Quanto à “Valse de l’adieu” foi 
ela publicada como obra póstuma de 
Chopin por Fontana e traz a indica- 
ção op. 69 n.° 1. 

Outra coincidência curiosa; quasi 
ao mesmo tempo, Liszt via desfeitos 
seus sonhos de amor e casamento 
com a Condessinha de Saint Cricq pe- 
las mesmas razões e da mesma fórma. 
O segundo estudo de Chopin op. 25, 
parece evocar, pela sua leveza, seu 
caráter etéreo, imponderável, quási 
imaterial, a figurinha graciosa de 
Maria de Wodzinski. “Tão leve e vapo- 
rosa como o sonho de uma criança”. 
Assim traduzia Schumann sua im- 
pressão ao ouvir Chopin executá-lo. 

Com efeito, Schumann o ouviu nes- 
sa ocasião. Ao sair de Dresde de volta 
a Paris, Chopin fez uma parada em 
Leipzig, onde foi procurar Mendels- 
sohn. Este o levou direitinho à casa 
de Clara Wieck, noiva de Schumann, 
que também lá se achava. O aparta- 
mento do “papai Wieck” nesse dia 
abrigou, como diz Guy de Pourtalès, 
os tres maiores compositores do mo- 
mento. 



RESENHA MUSICAI 



Pág. 15 



É provável que Chopin tenha to- 
cado nessa ocasião seus “Esudos” 
op. 25, que devia precisamente estar 
compondo e que só foram publicados 
dois anos após, isto é, em 1837, qua- 
tro anos depois dos primeiros, 
op. 10, publicados como já sabemos, 
em 1833. Schumann nos deixou um 
precioso relato a respeito do primei- 
ro “Estudo” op. 25: “Mais um poe- 
ma do que um estudo” diz ele e 
acrescenta referindo-se à maneira 
pela qual Chopin o executava: “En- 
ganar-se-ia quem supuzesse que ele 
fazia ouvir claramente todas as notas 
que se acham escritas. Era mais um 
fluxo e refluxo de harmonias atra- 
vés das quais percebia-se numa so- 
noridade mais acusada a melodia ma- 
ravilhosa” e mais adiante: “tal qual 
uma harpa eólia da qual se despre- 
endessem as mais doces ondulações 
sonoras e aqui e ali, jogadas espar- 
samente, as notas duma melodia da 
mais inefável doçura.” 

É bem possível que Schumann ti- 
vesse ouvido também nessa mesma 
ocasião a l.“ Balada que já devia estar 
composta, muito embóra só tenha sido 
publicada no ano seguinte. É sabido 
que Schumann tinha uma grande 
predileção por essa obra de seu ami- 
go. 

Enfim, em 1837, Chopin encon- 
trou sua grande companheira para a 
vida na pessoa de George Sand, que, 
aliás, a princípio, inspirou-lhe a mais 
decidida repulsa. 

Por assim dizer, inicia-se então, 
a segunda fase da vida do glorioso 
compositor, período áureo de sua 
existência, em que o artista medita, 
ensáia e por fim realiza suas mais 
importantes produções. Pode-se di- 
zer que esse período inicia-se em 1836 
com a publicação da “1.* Bailada”, 
op. 23, em sol menor. 

Algo diremos sobre as principais 
datas que marcaram sua existência, 
de então até a morte. Logo no ano 
seguinte, 1838, Maurice, filho de 
George Sand, achando-se enfermo, es- 
ta resolveu procurar um clima mais 



ameno e aconselhada por um amigo 
decidiu-se por Maiorca, uma das Ba- 
leares, cuja temperatura, luminosida- 
de e secura do ar muito convinha ao 
pequenito. 

Em caminho, alcançou-os Chopin, 
que já não se conformava com a se- 
paração e juntos foram todos insta- 
lar-se no antigo convento de Valde- 
mosa onde Chopin ocupou desde a 
chegada uma célula tão triste e tão 
sinistra que ele mesmo a chamava de 
sepulcro. 

Alguns de seus biógrafos dão co- 
mo aí esboçada a Marcha Fúnebre 
que mais tarde veio ser parte inte- 
grante desse extraordinário poema 
sonoro que é sua segunda sonata, 
op. 35, também chamada Sonata Fú- 
nebre ou Poema da Morte. Somos le- 
vados a crêr que, si a Marcha Fú- 
nebre aí foi composta, toda a Sonata 
aí foi pelo menos concebida, pois a 
unidade de pensamento revela-se tal 
que impossível seria a ter-se ideado 
aos pedaços. 

Cont. no próximo núm. 




“Revista Musical Peruana”, ns. 1 
a 12, ano I, 1939, editada em Lima, 
Perú 

“Revista Musical Peruana”, n. 13, 
ano II, 1940, editada em Lima, Perú. 

— Registramos com grande pra- 
zer a recepção da explendida “Re- 
vista Musical Peruana”, editada em 
Lima, Capital do Perú, sob a pro- 
vecta direção do ilustre mucisista 
prof. Rodolfo Barbacci, nosso fino 
colaborador, autor de muitos traba- 
lhos de musicologia, critico musical 
de valor e eximio virtuose. A “Re- 
vista Musical Peruana” traz em suas 
paginas, mensalmente, crónicas assi- 
nadas pelos vultos de maior relevo na 
vida artística da America do Sul e 
do paiz irmão. 

“A. P. I. S. P.”, Revista da Asso- 



Pag. 16 



RESENHA MUSICAL 



Removendo o pó do Tempo... 



SUBSIDIO PARA A HISTORIA DE 
ARARAQUARA 

III 

Numa tarde silenciosa, dois ami- 
gos conversavam nervosamente. Dis- 
cutiam. 0 assunto deveria ser mú- 
sica, pois que eram dois músicos, o 
maestro Florindo e o Júlio Porta. E, 
de fato, dessa conversa, surgiu uma 
aposta, uma ceia. O Florindo daria 
uma música para o Porta estudar 
durante um mês e o Porta daria uma 
outra para o Florindo lêr à primeira 
vista. 

O resultado foi o que muitos já 
antecipavam. O Florindo ganhou e 
ganhou bonito, tocando habilmente 
o bombardino. 

Desgostoso, o Porta resentiu-se 
com o Florindo, e, para mostrar a es- 
te o quanto era capaz, aprontou-lhe 
uma surpreza . . . 

FOSCA! FOSCA! trechos da ópe- 
ra FOSCA, vão ser executados por 
uma banda sob a regência do maes- 
tro Júlio Porta. Anúncios eram dis- 
tribuídos por toda a parte e em to- 
das as portas. Muito reclames foram 
pregados nas paredes. O Porta esta- 
va estusiasmado porque ía mostrar 
ao Florindo o quanto era capaz! 

No dia aprazado, a Confeitaria 
Paulicéa, do João de Merlo, regorgi- 
tava de povo. Todos os músicos da 
cidade alí estavam. Um povo curio- 
so, ancioso para ouvir o que o Porta 
tinha preparado com tanto alarde. 

Começou o concerto. Tudo ía bem. 
Mas, como não há bem que sempi*e 
dure, eis que em determinado sólo o 
clarinete enrosca e a banda não deu 
entrada, estabelecendo c o n fusão. 
Atrapalhação geral ! E o maestro, 
sob vaias da massa popular chamou a 



Prof. Clovis de Oliveira 

atenção dos músicos batendo com a 
batuta na estante: 

— “Da capo!” 

* 

Em 1903, havia em Araraquara a 
bem organizada “Società Italiana di 
Mutuo Soccorso”, que no desejo de 
concorrer para o progresso local, re- 
solveu criar uma banda, para o que 
convidou o sr. João Pinto Cardoso 
para organizá-la e dirigí-la. Infeliz- 
mente esta nova corporação não du- 
rou mais do que um ano de exis- 
tência, assim mesmo bastante irre- 
gular 

* 

Julho de 1903 

Mês consagrado ao Sagrado Cora- 
ção de Jesús. (*) 

Preparavam-se na terra araraqua- 
rense muitas festas religiosas Tudo 
obedecendo à direção da sra. Branca 
Corrêa, muito estimada na socieda- 
de local. D. Branca compreendeu a 
necessidade de ser formada uma ban- 
da para dar maior realce ao movi- 
mento festivo anunciado Com essa 
intenção pôs à disposição do sr. João 
Pinto Cardoso, uma importância 
afim de ser adquirido o instrumental 
necessário, o que foi efetuado. 

Batizada com o nome de Italo-Bra- 
sileira e formada por antigos ele- 
mentos da extinta corporação do 
mesmo nome, assumiu a regência o 
Mtro. José Tescari. 

Terminadas as festas religiosas, 
fundiu-se a Itálo-Brasileira com a 
sua congénere Carlos Gomes, que 
atuava sob a regência do Mtro. Ra- 
fael Quaranta. O fim principal desta 
fusão era fazer concon*ência à “Mu- 
tuo Soccorso”. 

Pouco tempo durou esta união. 
Uma vez separadas, tomou a dire- 
ção da Italo-Brasileira, o sr. Manéco 
(*) Hoje festejamos em Junho. 



mm 

■ 



RESENHA MUSICAL 



Pinheiro e da Carlos Gomes, o sr. 
Florindo Castellan. 

A seguir, dirigiram a Italo-Brasi- 
leira, os srs. João Pinto Cardoso, 
João Aranha do Amaral, Jorge Ga- 
latti (hoje residente e mMarilia), au- 
tor da conhecida valsa “SAUDADE 
DE MATÃO”, gravada em disco 
Victor, n.° 34.498, e, finalmente, 
João Pinto Cardoso, outra vez, nas 
mãos do qual ela dissolveu-se, mais 
ou menos, em 1914. 

* 

Por volta de 1910, mais ou menos, 
o Joaquim Cândido que era um mú- 
sico muito conhecido, fundou uma 
pequena orquestra que denominou 
“7 de Setembro”, e para integrá-la 
convidou os srs. Flaminio Ramalho, 
Álvaro Montéro, José Ferreira da 
Silva (Zico Salomé), um sobrinho do 
José Cândido — ainda menino, mui- 
to admirado no violino pela sua pre- 
cocidade — , Luiz Inácio do Amaral 
Gurgel (Nhônhô Gurgel), Benedito 
Gomes, Agenor Arruda, Raul Tobias 
Monteiro. 

Embora muito apreciado, o con- 
junto pouco tempo durou. 

* 

Existiu também em Araraquara, 
a orquestra do João Aranha do Ama- 
ral. 

Também o Angelo Bonetti (Ange- 
lim), fundou uma pequena orques- 
tra a qual teve os seguintes mem- 
bros: Angelim, Américo Brunelli, 

José Furlan (Juca), Nicola Lodá, To- 
más Roda, Antonio Zerbini e um 
flautista cujo nome não poude ser 
lembrado. 

A Orquestra Santos Dumpnt, co- 
mo se chamava, proporcionava à mo- 
cidade araraquarense de então, os 
seus momentos agradáveis que pas- 
sava dansando no Clube Araraqua- 
rense, que funcionava no antigo pré- 
dio demolido em 1936, para dar lu- 
gar ao magestoso Cine Paratodos 
* 

Estamos em 1907, véspera de elei- 
ções. Todos se agitavam e davam 
palpites. A Banda Carlos Gomes, fa- 



Pág. 17 



zia ensáios para tocar nas proximi- 
dades do colégio eleitoral, para o que 
já tinha sido solicitada por uma das 
facções. 

No dia das eleições a cidade foi 
acordava com estrugidos dos fogos, 
que anunciavam o pleito. 

A Banda Carlos Gomes foi postar- 
se na rua 1, principio da Avenida 6 
(hoje Italia), onde ficou preparada 
para sair a qualquer momento. 

Um homem chega às pressas. Era 
o Faria, fiscal da Camara, que vinha 
chamar a Banda para tocar. 

— Ainda faltam uns músicos ! res- 
pondeu o Mtro. Florindo. 

Logo mais, outro fiscal, o Jacob, 
esbaforido, ancioso, nervoso, vem re- 
clamar a presença da Banda. 

— Já irá! desculpou-se, o maes- 
tro. Espero apenas a chegada de al- 
guns músicos 

Parecia que a banda não mais ia 
sair de seu pouso, quando chegou 
apressado o Nhônhô M a g alhães 
(Carlos Leoncio de Magalhães), gri- 
tando : 

— Florindo, música! Nós vence- 
mos! 

E o maestro, sorrindo, erguendo 
um dos braços, deu ordem: 

— Vamos, música p’ros Carvalho! 

Momentos após, a imponente cor- 
poração festejava o vitorioso do plei- 
to postada em frente ao edifício da 
Camara Municipal, que naquele tem- 
po funcionava no antigo prédio, já 
demolido do Banco Comercial do Es- 
tado de São Paulo, em 1938, sito na 
esquina da rua 3 com Avenida 2. 

* 

Em 1911, foi fundada uma banda 
que tem continuado a existir até os 
nossos dias com longas fases de des- 
falecimentos : a Banda Lira Arara- 
quara 

O seu primeiro regente foi o Ma- 
néco Pinheiro, a seguir os srs. Raul 
Tobias Monteiro, Zeferino Bartolo- 
masi e Raul Tobias Monteiro (nova- 
mente), nas mãos do qual ela ter- 
minou em 1915, a sua primeira fase 
de vida. 



4 



Pág. 18 



RESENHA MUSICAI 



Eram músicos da Banda, os srs. 
Raul Tobias Monteiro (regente), 
João Pereira, Joaquim Mendonça, 
Antonio F. Ferraz, Estevam Prosilo, 
Octavio Vitalis, Afonso Rogério, 
Amancio Rodrigues, Francisco Pic- 
colo, Bento Tages Navarro, Luiz Vi- 
cente Conde, Afonso Vitalis, Pascoal 
Marino, Manuel Junqueira, Braz Pi- 
nheiro. 

Compunham a sua diretoria os srs. 
dr. Augusto Freire da Silva Junior, 
presidente; João Ignacio do Amaral 
Gurgel, diretor fiscal; Manuel Sebi- 
danes Martins, tesoureiro; Raul To- 
bias Monteiro, regente. 

No Jardim Público — primitivo 
Largo_da Bôa Morte, hoje Praça In- 
dependência — se realizavam os 
concertos aplaudidos pelo numeroso 
público que alí encontravam o seu 
passeio predileto aos domingos e 
feriados. 

Recusada pela Camara Municipal, 
ao dr. Freire Junior, uma subven- 
ção á banda Lira Araraquara, esta 
viu suspensa a sua atividade, re- 
aparecendo em 1917 com os mes- 
mos componentes, porém com ou- 
tro nome, Lira São Paulo Northen. 

* 

Em 1912 (?), falece após prolon- 
gados sofrimentos, vitimado por per- 
tinaz moléstia, o devotado maestro 
Florindo Castellan, deixando acéfala 
a direção da Banda Carlos Gomes. 

Refeita da morte de seu dedicado 
regente, é posto á frente do conjun- 
to em 1915, o maestro Rafael Qua- 
ranta. Figuraram no conjunto os 
srs. Fernando Sarogó, José Lia, Ni- 
coláo Lodá, Rafael Quaranta, Anto- 
nio Pannacci, Miguel Sereno, Amé- 
rico Brunelli, Joaquim Nunes, Victo- 
rio Bonetti, Luiz Rossignamo, José 
Magdaleno, Miguel Cortez, Rafael 
Lia, Pascoal Scrocco, José Lodo, Hen- 
rique Bonetti, Leoluca Bertuca, Ge- 
raldo Angerami e José Corpo. 

Eram seus diretores nessa época 
os srs.Dario Alves de Carvalho, pre- 
sidente; Nicoláo Lodá, secretario; 



Eurico Bonetti, tesoureiro; regente 
Rafael Quaranta. 

Infelizmente, o maestro Quaranta 
transferiu-se para Rio Preto, onde 
mais tarde veiu a falecer, deixando 
acéfala a direção que foi confiada 
tempo após ao maestro José Bovo- 
lenta que a reorganizou ; porém, 
pouco tempo permaneceu nesse car- 
go passando-o ao sr. Francisco Fa- 
rina. E com a saída deste esforçado 
elemento, a Banda Carlos Gomes 
passou por uma fase amarga de 
completo esmorecimento, que durou 
cerca de tres anos. 

Conjugando todos os elementos 
possíveis, a Banda foi reorganizada 
e a sua direção musical entregue ao 
sr. Nino Napoli. Músico da mesma, 
desde a mais tenra idade, foi sem- 
pre um elemento muito dedicado a 
sua corporação. Ocupou diversas ve- 
zes a regencia da mesma, anterior- 
mente, como o mestre substituto. Fi- 
gurou na ítalo Brasileira, quando 
veio para Araraquara e muitas ve- 
zes, tem integrado os conjuntos or- 
questrais. 

E’. este o atual regente da antiga 
Carlos Gomes e os seus músicos, os 
seguintes; Francisco Abritta (Chi- 
co), Jacyr Casanova, Miguel Janota, 
Antonio Lemos, Nicolini, João Reis, 
Rebelo Corpo, Gobatto, Raga (pai e 
filho), Mario Malagoli, Jacinto Bo- 
nini, Arlindo Latorre, Nicola Birlin- 
guer, Victor Grigole, João Ponce e 
Nicola Pititto. 

* 

Em 1915 haviam, duas bandas den- 
tro do município de Araraquara. 
Uma em Santa Lucia, sob a regen- 
cia do sr. José Avella, a Corporação 
Musical “Bento de Abreu” e a outra 
em Nova Paulicéa, que denominava- 
se Lira Nova Paulicéa. 

* 

Em 1917, reaparece a Lira Arara- 
quara, porém, com outro nome, Lira 
São Paulo Northen, reorganizada pe- 
los srs. Flaminio Ramalho, Joaquim 
Oliveira Machado e outros, receben- 



RESENHA MUSICAI 



Pág. 19 



do auxilio diréto da Direção da es- 
trada que lhe emprestou o nome. 

Encampada mais tarde pelo Gover- 
no do Estado, a São Paulo Northen, 
a banda passou a denominar-se Lira 
Estrada Araraquarense. Era diretor 
da Estrada nessa ocasião o sr. dr. 
Theophilo de Souza, que muito im- 
pulso deu para vitalidade do peque- 
no conjunto musical. 

O maestro José Tescari, como fun- 
cionário da Estrada nessa época, foi 
o seu primeiro regente, deixando-a 
algum tempo depois, nas mãos do 
sr. Raul Tobias Monteiro. 

Era a preferida para todas as 
festas, vindo daí uma certa rivalida- 
de entre as duas corporações locais, 
pois que a outra, a Carlos Gomes, 
sob a regencia do sr. Bovolenta, pas- 
sava por uma crise monetaria terrí- 
vel, dessas que fazem até calar a 
voz de Euterpe. 

Em vista desse estado de cousas, 
por volta de 1920, provavelmente, 
foi tentada uma fusão, cuja foi re- 
jeitada, quando a idéa parecia tão 
feliz e acertada. 

Mas o sr. Tobias não permaneceu 
por muito tempo á testa da Lira, 
passando a regencia ao sr. Tages 
Navarro, que convidou para substi- 
tui-lo mais tarde, o sr. Michelino 
Maizano (hoje residente em Jaboti- 
cabal), que veio de Dobrada. Quan- 
do a Prefeitura Municipal concedeu- 
lhe uma subvenção (o conjunto já 
não mais pertencia à Estrada), o no- 
me da Lira mudou para a Banda Bra- 
sileira, denominação essa que conser- 
va até os nossos dias, sob a regência 
do sr. Joaquim Antonio Nunes. 

* 

O conjunto da Lira Estrada de 
Ferro Araraquarense, foi em deter- 
minada época adida á linha de Tiro 
610, sob a regencia do sr. Tobias 
Monteiro. Numa excursão promovi- 
da pelo Tiro de Guerra, a Taquari- 
tinga, a Banda realizou um magni- 
fico concerto naquela cidade. 

Como lembrança da bela atuação 



da Banda em Taquaritinga, o presi- 
dente do Tiro, sr. Luiz Pinto Ferraz 
(Lulú Pinto), ofereceu ao maestro 
Tobias, uma batuta de ébano encrus- 
tada em prata, com a seguinte ins- 
crição : 

“Ao seu maestro Raul Tobias, ofe- 
rece o Tiro de Guerra 610 — Ara- 
raquara, 3-3-919”. 

A pedido da colonia portuguesa, 
aqui domiciliada, foi aqui ouvido no- 
vamente o mesmo concerto, recebem 
do o maestro Tobias mais provas de 
admiração e de amisade do povo ara- 
raquai*ense. E’ dessa ocasião, uma 
medalha de prata, que recebeu com 
a seguinte inscrição: 

“M. Quental oferece a R. T. Mon- 
teiro em memória do concerto rea- 
lizado em 20 de Abril de 1919 — 
Araraquara”. 

* 

Dou por terminada aqui a peque- 
na historia que desejei fazer com o 
fim de perpetuar nos arquivos espe- 
cializados, os nomes modestos de de- 
votados músicos que trouxeram com 
a sua arte quasi amadoristica, a ale- 
gria musical á população primitiva 
e á atual desta cidade florida que 
exorna beleza e riqueza dentro do 
Brasil; e, contribuir, mui modesta- 
mente, para a Historia desta cidade, 
relembrando e fixando nomes e fa- 
tos antigos e modernos que apenas 
tive conhecimento com o trabalho de 
investigação que expuz e os quais 
corroboraram para o progresso de 
Araraquara. 

* 

Aqui fica o meu sincero agradeci- 
mento a todas as pessoas que ex- 
pontaneamente me prestaram infor- 
mações para a composição do pe- 
queno trabalho que óra conclúo. 

Bibliografia: Album de Araraqua- 
ra, 1915; Araraquara (o município, 
a cidade e o povo), 1928, Casas Du- 
prat e Mayença, São Paulo; Alma- 
nak da Província de São Paulo para 
1873, por Luné e Fonseca, São Paulo. 



Pág. 20 



RESENHA MUSICAI 



ALFAIATARIA “BRUNO” 




CASA STELLA 


A tesoura “leader” 




Ferragens, Tintas e Louças 


Sortimento selecionado de 
Casimiras e Brins 




• 


• 




Irmãos Stella 


Secção de Crediário 




Avenida S. Paulo, 57-A — Tel. 4~2-5 


RUA 9 DE JULHO N.° 66 




ARARAQUARA 


ARARAQUARA 










Livros para crianças 




Livros e Papeis 


As mais lindas historias, em ele- 




Musicas - Métodos 


gantes volumes encadernados, com 
gravuras coloridas pela insignifican- 
te quantia de 1$500 cada um. 




A’ venda na antiga 


A’ venda na 




CASA RODELA 


— LIVRARIA RAMALHO — 




Fundada em 1908 


R. 9 de Julho, n.° 78 






ARARAQUARA 




ARARAQUARA 








Renato Zoéga 




CASA BOLOGNA 


CONFEITARIA ZOÉCxA 




Oddone Marsili 


Aceitam-se encomendas para 




Fabrica de Farinha de 
Milho SOBERANA e 


festas 




Torrefação de Café 






Fabrica de Balas, Ca- 


Av. Hespanha, 8-E 




ramelos, Bolachas e 
Biscoitos e m geral. 


Fone : 263 




Rua 9 de Julho, 167 — Telefone, 116 


ARARAQUARA 




ARARAQUARA 








Emporio Ernesto 

Secos e Molhados finos 

Produtos: Aimoré — Reisa e Petibon 

Conservas, salames, presuntos e 
queijos — Massa Hiperglutinada 
— Especial para Diabéticos. — 




CASA ALMEIDA 

Secos e molhados finos 

R. PADRE DUARTE, N.° 31 

Esquina da Avenida Brasil 


AVENIDA HESPANHA, 8-D 




Fone: 171 


Fone, 152 Araraquara 




ARARAQUARA 











RESENHA MUSICAI 



Pág. 21 






Um rei que passou pela vida como um sonho 



Luiz II da Baviera era pálido, al- 
tivo e solitário. Disseram-no louco e 
por louco encerraram-no naquele cas- 
telo de Berg, em cujo lago foi en- 
contrado morto, abraçado ao cadaver 
do dr. Gudemos, seu carcereiro e 
terrível algoz. 

Mas, em verdade, teria sido louco 
este rei, jovem, generoso e apaixo- 
nado que amava a arte e as monta- 
nhas, o silencio e a solidão? 

No recolhimento dos seus parques, 
ou no silencio dos seus salões, que 
buscava sua alma torturada? O mis- 
tério, talvez, da sua própria melan- 
colia ? . . . Interrogaria, ele, na soli- 
dão, como Hamlet, o abismo sombrio 
do Nada? O vazio da existência? A 
profunda inutilidade de tudo? 

Eram longos momentos, esses, em 
que seu espirito, fugindo á triste mi- 
séria e da vida dos homens, busca- 
va o grande seio da natureza e re- 
clinado sobre ele, adormecida, talvez, 
ouvindo a pura sinfonia das cousas 
simples e eternas, que cantava ou ge- 
mia ou suspirava pela voz dos ven- 
tos e das aguas, dos passaros e das 
folhas. 

Louco ? Quem sabe ! . . . 

Porque, poucos souberam sentir e 
amar essa obra como este triste e 
pálido mancebo que mandou cons- 
truir sobre as altas montanhas^da 
sua patria um castelo para cada~úm 
dos heróis wagnerianos: Neusch- 

wanstein, castelo de Parcifal ; Hoens- 
chwangau, solar de Lohengrin . . . 

Na tarde do dia em que pela pri- 
meira vez foi recebido pelo rei-artis- 
ta, — que indiscutivelmente o era 
Luiz II — escrevia Wagner a uma 
de suas amigas de Zurich, a senhora 
Wille: 

“Fui hoje recebido pelo jovem rei 
da Baviera! Desgraçadamente é ele 
tão belo, ardente e generoso que te- 
mo seja sua vida, neste mundo tão 
vulgar, como um divino sonho fugiti- 
vo. Ama-me ele com fervor e entusias- 



mo juvenis. Sabe e conhece tudo que 
a mim diz respeito. Quer ter-me 
sempre a seu lado; que eu descance, 
que termine os Nibellunge. Deseja 
afastar de mim toda preocupação 
material da vida. Que pensais de tu- 
do isto? Não é uma cousa inaudita? 
Não será tudo isto um sonho?” 

Mas o sonho realizou-se. 

Não obstante a oposição do gover- 
no e do povo que tinham em conta 
de verdadeiras loucuras as despezas 
que o rei ordenava em beneficio das 
artes, foi Luiz II, alma refinada de 
artista, que salvou o sonho wagne- 
riano de um miserando desastre. 

Este rei solitário, que altas horas 
da madrugada erguia-se do leito pa- 
ra percorrer sozinho as aleas deser- 
tas dos seus parques; este pálido e 
merencoreo sonhador que aos deze- 
nove anos de idade, subindo ao tro- 
no, revelava-se imediatamente um 
sincero e fervoroso amigo da Arte e 
da Beleza sonhou para Wagner e sua 
obra um teatro que fosse ão mesmo 
tempo ára e consagração. Este tem- 
plo de arte devia surgir, magestoso 
como um monumento erguido ao Gé- 
nio, rico de mármores e bronzes como 
um destes sonhos helenicos sonha- 
dos pelos homens terríveis da Re- 
nascença, afim de uma alameda de 
dez kilometros de extensão! 

Este sonho deixou de ser realida- 
de pela tenaz oposição que ao rei e 
a seus projetos artísticos moveram 
não só o governo e o povo, como os 
musicistas de Monaco a quem a glo- 
ria do criador de Parsifal começava 
a obumbrar. Luiz II não poude, as- 
sim, levar a cabo seus grandiosos 
projetos. Começaram - a chama-lo de 
louco, delapidador dos dinheiros pú- 
blicos. A inveja, a ignorância, as 
mesquinhas rivalidades profissionais, 
ainda uma vez patuavam a ruína da- 
quilo que um nobilíssimo espirito er- 
guia nas azas da fantazia para glo- 



Pág. 22 



RESENHA MUSICAL 



ria de sua patria e de seu músico 
genial. 

E o grande teatro não poude ser 
construído; em compensação Luiz II 
mandou edificar alguns castelos que 
numa lírica oferenda, consagrou aos 
lendários heróis wagnerianos . . . 

Em suas noites de insônia e de 
melancolia, quando sua alma doloro- 
sa recordava, talvez, o seu grande 
amor impossível, passava o rei, so- 
zinho, horas e horas a ouvir trechos 
de músicas amadas que pequenas or- 
questras sabiamente disfarçadas na 
sombra executavam primorosamen- 
te. . . Amava a solidão a ponto, co- 
mo é sabido, de assistir, sozinho, á 
representação das operas de Wagner, 
em cujo espirito sentia fraternas afi- 
nidades místicas e religiosas. 

Era um louco? Era um sonhador? 

Rei que passou pela vida como um 
sonho, muito possuia ele em sua al- 
ma daqueles lendários e puros heróis 
que amava. Belo, jovem, poderoso, 
nada lhe faltava para deixar na his- 
toria uma dessas paginas brilhantes 
que os monarcas moços e belos es- 
crevem com a espada de seu capri- 
cho no frágil coração das mulheres. 
Não o tentava, tal gloria, porém. Ao 
fausto das côrtes, ao brilho das re- 
uniões mundanas, á reverencia con- 
vencional dos áulicos preferia Luiz II 
a solidão e o silencio das montanhas, 
a sombra lírica dos parques, o reco- 
lhimento beneditino dos lugares sem 
ninguém ... E, acima, de tudo isso, 
alta entre as nuvens, longe da terra, 
próxima do céo, essa música que fez 
tremer todos os corações da terra; a 
música de Ricardo Wagner. 

E por isto tudo, foi bem Luiz II da 
Baviera um rei que passou pela vida 
como um sonho. 



OS BONS DISCOS DE CHOPIN 

(Continuação da pag. 12). 

Em edições destacadas, nós temos 
as grandes interpretações de Pade- 
rewki : o H.M.V. D.B. 1.273 (lx. 30), 
que nos dá o prazer de ouvir a pri- 
meira das valsas, a op. 18 em mi be- 
mol maior; e o H.M.V. D.B. 380 (lx. 



30), gravação acústica da qual o la- 
do técnico é bem acabado, mas onde 
a Grande Valsa op. 42, em la bemol 
maior é traduzida de maneira assás 
prestigiosa. Para a op. 42, a qual 
quer podemos preferir o H.M.V. D. 
1.379, ou o Ultrafone F.P. 1.486 em 
que, respectivámente, a executam 
Arthur de Greeff e Cario Zecchi. Es- 
tes dois discos, o segundo sobretudo, 
estão melhor gravados. Apreciamos 
igualmente bastante a Polydor n.° 
95.143, de Alexander Brailowski. 
Gostamos muito menos dos H.M.V. 
n.os D.B. 2.166 de Simon Barer e 
dos D.B. 2.772, de Moritz Rosenthal: 
interpretações muito pessoais e por 
conseguinte, um pouco fantasistas. 

A valsa brilhante op. 34, n.° 1, em 
la bemòl maior, é executada de ma- 
neira deslumbrante por Rubinstein 
(H.M.V. D. 131.160 lx. 30). Para a 
curta e viva “Valse-Minute” (op. 64, 
n.° 1, em ré bemol maior) daremos a 
palma a Wladimir de Pachmann (H. 
M.V. D. A. 761), máo grádo uma so- 
noridade nem sempre exemplar. Pa- 
ra o n.° 2, da mesma op. nós escolhe- 
remos Cortot (H.M.V. D.B. 1.321, lx. 
30) ou Rubinstein (H.M.V. D.B. 
1.495 onde ela é colocada entre o l.° 
e o 2.° movimento do concerto em 
fá). Vejamos agora uma valsa pela 
qual um film “A Valsa do Adeus” fez 
a sua celebridade. Esta valsa não é 
outra senão a em la bemol, op. 69, 
n.° 1. Dela podemos escolher um en- 
tre dois discos: o Columbia n.° D. 
13.103 (lx. 25), de Marcei Ciampi e 
o Polydor 90.197 (lx. 25), de Brai- 
lowski. 

E, para terminar, sôbre um fogo 
de artificio, ouçamos Serge Rach- 
maninow executar a última das val- 
sas, a ágil e ardente Valsa, op. pós 
tuma em mi-menor (H.M.V. D.A. 
1.189, lx. 25) engastada em um dos 
discos da Sonata op. 35. 

As outras gravações de valsas são 
de um caráter um pouco “indus- 
trial”. 

Conclui no próximo número com 
“As obras diversas”. 



RESENHA MUSICAL 



Pág. 23 



Recebemos e Agradecemos 

(Conclusão da pág. 15) 

ciação dos Profissionais de Imprensa 
de São Paulo, ano I, n. 1, Janeiro de 
1940, São Paulo. 

— Não podemos nos furtar de fa- 
zer uma especial referencia a “API 
SP”, orgam da Associação dos Pro- 
fissionais de Imprensa de São Pau- 
lo, pela oportunidade de sua publi- 
cação, como porta vóz da numerosa 
e valorosa classe jornalística do nos- 
so Estado. Revista fina, repleta de 
magníficas colaborações, está apta 
a cumprir a nobre missão que lhe 
puzeram sobre os hombros. Para- 
béns. 

“A. P. I.” — Boletim da Associa- 
ção Paulista de Imprensa, ano I, n.° 
3, Janeiro de 1940, São Paulo. 

— Reiniciou a sua publicação o 
boletim A. P. I., da Associação Pau- 
lista de Imprensa de São Paulo, veí- 
culo de divulgação da nobre entida- 
de. Rico o seu noticiário, publica 
muitas instruções sobre leis de im- 
prensa e informações aos jornalistas 
em geral. Aos seus redatores, en- 
viamos cumprimentos. 

— Recebemos coleções de progra- 
mas das suas atividades artisticas, 
das seguintes sociedades: 

“Renacimiento”, Buenos Aires; 
“El Unisono”, Buenos Aires; “Cen- 
tro de Vinculación y extensión ar- 
tístico”, Buenos Aires; “La Quena”, 
Buenos Aires. 

“Orquestra Sinfónica Nacional de 
Lima” — Instituto de Cultura Italo- 
Peruano — Lima, Perú. 

“Noticiário Ricordi”, Buenos Ai- 
res, n.° 9, ano 3, Setembro de 1939. 

“Noticiário Ricordi”, Buenos Ai- 
res, n.° 11, ano 3, Novembro de 1939. 

“Serviço Social”, n.° 13, Janeiro 
de 1940, São Paulo. 

— Assinalamos aqui o nosso agra- 
decimento aos redatores de “Servi- 
ço Social”, pela gentileza da permu- 
ta. Outrosim, prevaleceremos da oca- 
sião para enaltecer o valor da publi- 



cação que dirigem tão inteligente- 
mente, publicando colaborações espe- 
cializadas e dados estatisticos opor- 
tunos, ao par de um fecundo traba- 
lho de redação. 

“Noticiário Ricordi”, n.° 1, ano 3, 
Janeiro de 1940, São Paulo. 

“Boletim de Associação Guitarris- 
tica Argentina”, ano 1, n.° 4, De- 
zembro de 1939, publicação periódi- 
ca, Buenos Aires, Argentina. 

— Com o recebimento do n.° 4 do 
“Boletim da Associação Guitarristi- 
ca Argentina”, de Buenos Aires, ve- 
rificamos o enriquecimento artístico 
musical da capital portenha, com 
mais uma util e simpática revista 
musical. O número que registamos, 
traz diversos artigos de mérito e 
clichês ilustrativos. Cumprimenta- 
mos os seus redatores pela maneira 
sábia com que o dirigem. 

“O Som de Cristal”, ano II, ns. 17, 
18 e 19 — Dezembro de 1939, Ja- 
neiro e Fevereiro de 1940, São Paulo, 
orgam da Radio Difusora São Paulo. 

“Serviço Social”, ano II, n.° 14, 
Fevereiro 1940, São Paulo. 

“Belas Artes”, ano V, ns. 55-56, 
Novembro e Dezembro de 1939, Rio 
de Janeiro. 

“Som”, orgam da Sociedade de 
Cultura Musical do Rio Grande do 
Norte — Ano V, n.° 3, Fevereiro de 
1940 — Natal. 

“Correio da Tarde”, jornal diário, 
Araraquara. 

“Folha dé Angatuba”, jornal, An- 
gatuba. 

“Noticiário Ricordi”, Fevereiro e 
Março, ano III, ns. 2 e 3 São Paulo. 

“Serviço Social”, Fevereiro e Mar- 
ço, ano II, ns. 14-15 — São Paulo. 

“Gazeta de Paraopeba”, jornal, 
Paraopeba, Minas Gerais. 



Composto e Impresso nas Oficinas 
Graficas do LEGIONÁRIO — Rua 
Imaculada Conceição n.° 59 — Fone 
5-1536 — SÃO PAULO 



Pág. 24 



RESENHA MUSICAI 



Dr. Orlando 0. irgel Como somos acolhidos 



A’ primeira vista parece-nos ex- 
tranho uma revista especializada em 
assuntos musicais, comentar a no- 
meação de um grande engenheiro 
para um elevado cargo dentro de 
suas atribuições profissionais. 

Trata-se, porém, de aplaudir um 
acertadíssimo áto do d.d. Interventor 
Federal neste Estado, sr. dr. Adhemar 
de Barros, que nomeou o notável enge- 
nheiro sr. dr. Orlando D. Murgel, pa- 
ra exercer, interinamente, as altas 
funções de Diretor da Estrada de 
Ferro Sorocabana. 

Profissional competentíssimo, pos- 
suidor de solida e vasta cultura, o 
ex-Diretor da E. F. A., sr. dr. Or- 
lando D. Murgel, se destaca pelos 
seus dotes pessoais de trato fino e 
lhano que geralmente dispensa ás 
pessoas de suas relações de amisade 
e aos seus subordinados. 

Apreciador entusiasta da bôa mú- 
sica, frequentador e realizador de 
concertos, o dr. Orlando D. Murgel 
foi, expontaneamente, um dos pri- 
meiros assinantes de RESENHA 
MUSICAL. 

O meio artistico, social e intelec- 
tual de Araraquara, perdeu com a 
ausência do sr. dr. Orlando D. Mur- 
gel, um dos seus elementos mais re- 
presentativos e propugnadores do 
seu progresso. 

Ao dr. Orlando D. Murgel, apre- 
sentamos os nossos cumprimentos. 



Continuação dos números anteriores: 

De “O Trabalho”, jornal de Ara- 
raquara, 3-3-940: “RESENHA MU- 
SICAL é para Araraquara alguma 
cousa de nobre e sublime, digna de 
orgulho dos araraquarenses, pois que 
traduz o que o Brasil tem de mais 
belo e grandioso falando* dos seus 
compositores e das suas composi- 
ções.” 

Da “Revista Musical Peruana”, de 
Janeiro, 1940, ano II, n.° 13, Lima, 
Perú: “RESENHA MUSICAL, ns. 1 
a 13, Araraquara, Brasil. Publicación 
ágil, llena de interés, dirigida por el 
Prof. Clovis de Oliveira. — Esta co- 
lección nos produce una impresión 
muy agradable, mezcla de dinamis- 
mo y competência, idealiso y capaci- 
dad. — Deseamos al colega larga y 
próspera vida.” 

Do sr. José Caldas Junior, de Re- 
cife, Pernambuco, 23-1-1940: “Para 
a minha coleção de revistas nacio- 
nais, técnicas e de cultura, venho so- 
licitar de V. Excia. o inestimável ob- 
séquio da remessa de um número es- 
pecime da revista RESENHA MU- 
SICAL. 

Na esperança de enriquecer, em 
breve, de novo e espressivo valor o 
meu já precioso conjunto, antecipo 
sinceros agradecimentos, etc.” 

Da Profra. Lucia Fanele, Diretora 
do Instituto Musical “Santa Cecilia”, 

(Cont. na pág. 25) 



CASA GENNARI 

Secção especializada em métodos, peças e instrumentos musicais. 

RÁDIOS — DISCOS — VITROLAS 

Rua 9 de Julho, 136-138 — Fone: 3-7 
ARARAQUARA — * — Estado de São Paulo 




RESENHA MUSICAL 



Pág. 25 



Discurso 

(Cont. da pág. 4) 

um de nós, pôz Deus uma determi- 
nada vocação; contrariá-la é procu- 
rar tédio em vez de atrativos e se- 
dução, condenação e suplicio, em vez 
de satisfação e júbilo. 

Não basta apenas a vocação, que 
quer dizer assombro, que quer dizer 
força. Precisa haver vontade, para 
haver sucésso. 

E o Conservatório Dramático e 
Musical de Araraquara, está apare- 
lhado pelo esforço e diligência de seu 
digníssimo Diretor, Sr. João de Ar- 
ruda Lima, e de seu corpo docente, 
a determinar com pacientes ensina- 
mentos e observações, a vontade e 
aptidão de seus discípulos. 

Mas, ao Conservatório Dramático 
e Musical de Araraquara, não satis- 
faz, apenas, a ação escolar privada. 
A sua missão nobilitante é vasta, ex- 
tensa. E, por conseguinte, os seus 
olhares convergem para a educabili- 
dade artística do povo. Os seus con- 
certos, suas audições, seus festivais, 
conferências e saráus de arte, são 
frutos dessa frutificante visão edu- 
cacional, são afirmações potentes de 
educação popular. 

Conhecer a utilidade das artes, é 
um principio da inteligência hu- 
mana! 

Protege-las, aí, Srs., a lacuna, o 
caos. 

O problema vital das artes, em to- 
do o mundo: a proteção; 

A proteção às artes, desde os tem- 
pos da antiguidade classica, partiu 
do Estado. E, com intermitências, 
chegaram até os dias hodiernos, am- 
paradas ou renegadas. Renegadas, 
sim, porque dentro da humanidade 
ha cerebros e corações impenetrá- 
veis, insensíveis, para os quais a su- 
til beleza das artes, representa fator 
secundário no aperfeiçoamento inte- 
lectual e moral do homem. 

Araraquara, Srs., graças a Deus, 
é uma realidade artística em nosso 
Paiz, porque seus filhos são aman- 



tes do belo, cultuam o belo, prote- 
gem o belo. A existência do Conser- 
vatório Dramático e Musical de Ara- 
raquara, superintendido por João de 
Arruda Lima — essa personalidade 
dinâmica, vibrante de vontade, ini- 
ciativa e perseverança, cujo espírito 
penetra no sentimento de sua terra 
natal, acalentando sua alma, adivi- 
nha seus anhelos de harmonia, feli- 
cidade e progresso, — é uma elo- 
quente e esplêndida afirmação de 
minhas palavras. 

Dos munícipes desta Araraquara, 
fidalga e progressista, a figura alta- 
mente simpática do Sr. Dr. Camilo 
Gavião de Souza Neves, resalta aos 
nossos olhos como um dos propugna- 
dores mais sincéros das artes, prote- 
gendo-as com atos justos de admi- 
nistração modelar, para que, em fu- 
turo, o espírito artístico araraqua- 
rense seja orgulho de nossa Pátria, 
honrando as artes para a gloria do 
Brasil ! 

★ 

COMO SOMOS ACOLHIDOS 

(Cont. da pag. 24) . . 

de Taquaritinga, 8-1-940: “Apreciei 
muito o trabalho apresentado naque- 
le exemplar, sua utilidade é tanta na 
propagação da sublime arte que fiz 
questão que todas as alunas deste 
Instituto conhecessem tão proveitoso 
exemplar. 

Embora tarde, cumprimento-o sin- 
ceramente grata, fazendo votos que 
a RESENHA MUSICAL “pequena 
lira cujas cordas vibram docemente 
nos corações amantes da arte e do 
progresso” — se torne cada vez 
maior e conhecida em todo o Brasil.” 

Recebemos, ainda, cartas das se- 
guintes pessoas: Profra. Sophia 

Mello Oliveira, Comendador M.° João 
Gomes de Araújo, prof. Fructuoso 
Lima Vianna, pianista sra. Maria 
dos Anjos de Oliveira Rocha, Edito- 
ra E. S. Mangione, todos de São Pau- 
lo; da Bibliotéca “Calisto Nobrega”, 
João Pessoa, Paraíba; da profra. Yo- 
le Rodrigues, Lavras, Minas Gerais. 



Pág. 26 



RESENHA MUSICAL 



Aos Leitores 

RESENHA MUSICAL é a revista de 
maior divulgação no Brasil. 

Uma assinatura anual de RESENHA 
MUSICAL custa apenas 12$000. 

RESENHA MUSICAL não publicará 
notícias de concertos, audições ou de 
de festivais artísticos, quando não rece- 
ber dos promotores ou interessado*, 
convite ou comunicado, dirigido diréta- 
mente à Redação ou por intermédio de 
seus correspondentes. 

RESENHA MUSICAL não se respon- 
sabiliza pelos conceitos emitidos nas 
crônicas assinadas. 



Reproduzir artigos, fotográficos e gra- 
vuras especiais ou originais de RESE- 
NHA MUSICAL, É EXPRESSAMENTE 
PROIBIDO. 

RESENHA MUSICAL não mais será 
enviada às pessoas que não tomarem 
sua assinatura. 



Colaboração escolhida e solicitada. 
RESENHA MUSICAL não devolve ori- 
ginais. 

A Redação não fornecerá gratuita- 
mente aos assinantes, numeros atra- 
zados, extraviados ou anteriores á data 
da assinatura. 

• 

Resenha Músical 

publicará no proximo número o 
artigo “Albeniz, sua vida e sua 
obra”, da autoria do ilustre 
Prof. Emirto de Lima, de Bar-r 
ranquilla, Colombia. 

e 

“BELAS ARTES” 

Divulga nossa arte, nossos artistas 
e suas obras 

Espelho das artes plásticas no Brasil 

Assinatura anual 6$ para todo o paiz 
Pr. João Pessoa, 13 - Rio de Janeiro 



Melhor do que uma joia 

Os incontestáveis serviços que presta a eletricidade num lar, cons- 
titui o melhor presente que se pode fazer a uma dona de casa, 
porque, facilitando os trabalhos domésticos, embeleza o lar, 
protege a saúde e, por pouco preço, torna a vida mais 
confortável, pois a eletricidade é realmente barata. 

* 

EMPRESA DE ELETRICIDADE DE 
ARARAQUARA 




RESENHA MUSICAL 



Pág. 27 



Hl*' 0 7 ^ ranciéco Braga tm Boiucaiú 




M.° Francisco Braga em visita ao Colégio dos Anjos, em Botucatú 




MOVEIS CASTELLAN 



Medalha de Ouro da Exposição de Araraquara 

Rua 9 de Julho, 76 — Caixa Postal, 39 — Fone: 463 
ARARAQUARA 





de maio unho 



A CHAVE DO BAZAR 77 É SUA! 

Entre e escolha, lãs, casemiras e qualquer outro tecido do riquíssimo 

estoque 

Tudo é de todos na grande LIQUIDAÇÃO DE ANIVERSARIO! 
Comemorando seu 14.° ano de atividades nesta praça, o 

BAZAR 77 

continuará com a sua famosa e costumeira venda de MAIO e JUNHO 
em que os preços, de tão reduzidos, surpreendem ! 

Visitem sem demora o estabelecimento aniversariante 



9 de Julho, 95 — Bazar 77 Telefone, 8 



Domingos Schiavone 

— Rua 9 de Julho, 40 — 
Esq. da Av. Brasil 

Ferragens e Ferramentas 
Tintas — Oleos 

Cimentos "Perús” e “Votoran" 
Miudezas em geral. 
Produtos “BAYER” para 
Agricultura e Pecuaria 

Telefone, 417 — ARARAQUARA 




CAFÉ DE MEIO SÉCULO 
R. S. Bento, 55 - Araraquara 



RESENHA MUSICAL 

— MENSAL 



É a revista musical de maior circulação no paiz. 

Fundada em Setembro de 1938 — Assinatura anual, 12$000. 

Registrada de acôrdo com a Lei. 

Colaboração escolhida e solicitada Suplemento Musical, especial. 
Correspondentes em quan todas as cidades do Brasil. 
Colaboradores Nacionais e Estrangeiros. 

Diretor: PROF. CLOVIS DE OLIVEIRA 



Redação: Av. Hespanha, 8 - Sala, 4 — Caixa Postal, 18 — Araraquara — Est. S. Paulo